O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES
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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS MESTRADO EM CIÊNCIA AMBIENTAL
JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE
SIL
O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS VESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃOAMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
NITERÓI, 2004.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL
MESTRADO EM CIÊNCIA AMBIENTAL
JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE
O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
NITERÓI
2004
ii
JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE
O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO
AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciência Ambiental da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho
Niterói
2004
iii
JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE
O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO
AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Aprovada em 22 de janeiro de 2004.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho – Orientador Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
__________________________________________________ Profª. Drª Janie Garcia da Silva
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Flamarion Barbosa de Oliveira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Niterói 2004
iv
PADRONE, José Maurício de Brito.
O Comércio Ilegal de Animais Silvestres: Avaliação da Questão
Ambiental no Estado do Rio de Janeiro, 2004.
xv +114p. 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade
Federal Fluminense, 2004.
Bibliografia: p.72-80.
1. Meio Ambiente. 2. Tráfico de animais silvestres.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho, da Universidade
Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro, pela orientação
competente e apoio durante toda a realização do trabalho.
Ao Coronel PM Luiz Antônio Ferreira, Comandante do
Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente, bem como
todos os seus integrantes do querido Batalhão, pela presteza e
ajuda na coleta dos dados.
Aos professores e companheiros mestrandos do PGCA,
principalmente ao Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Boher e
a Profª. Drª. Janie Garcia da Silva, pela dedicação, confiança e
reflexões críticas.
À Direção do Espaço Aberto Escola, especialmente a
professora Fabiana Modesto Decache, pela paciência e amizade.
vi
“Todos os problemas pessoais, nacionais ou de combate
tornam-se menores se você não se esquivar deles, mas enfrentá-
los. Toque um cacto timidamente e ele o picará, agarre-o
corajosamente e seus espinhos desintegrarão”
(Almirante Halsey, Marinha dos EUA.)
vii
SUMÁRIO
Lista de Figuras...................................................................................................x Lista de Tabelas ................................................................................................xii Lista de Siglas Utilizadas ................................................................................xiii Resumo.............................................................................................................xiv Abstract .............................................................................................................xv 1. Introdução......................................................................................................01 2. Revisão da Literatura....................................................................................04
2.1. Histórico do tráfico de animais silvestres no Brasil .............................04
2.2. Espécies envolvidas no comércio de animais silvestres .....................18
2.3. Números do comércio ilegal................................................................23
2.4. Rotas internacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros.........29
2.5. Rotas nacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros................30
2.6. Principais instrumentos jurídicos existentes para a proteção
da fauna silvestre ................................................................................32
3. Materiais e Métodos......................................................................................37 4. Resultado e Discussão.................................................................................39
4.1. Principais dificuldades, deficiências e problemas do combate
ao tráfico de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro .............39
viii
4.1.1. Falta de lugar para destinar animais apreendidos ...................39
4.1.2. Falta de contingente.................................................................42
4.1.3. Falta de veículos e equipamento .............................................44
4.1.4. Entraves na legislação .............................................................45
4.1.5. Falta de treinamento adequado e material de estudo ..............49
4.1.6. Falta de apoio por parte dos governos.....................................50
4.1.7. Falta de integração entre os órgãos ambientais ......................51
4.2. Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente/RJ ........................53
a. Atividades desenvolvidas pelo BPFMA..........................................56
b. Atividades realizadas em 2002 ......................................................58
c. Unidade Médico Veterinária no BPFMA.........................................60
4.3. Avaliação dos resultados da pesquisa de campo ...........................63
5. Conclusão......................................................................................................69 6. Considerações finais ....................................................................................71 7. Referências bibliográficas............................................................................72 8. Anexos ...........................................................................................................81
Anexo 1 - Lista da legislação brasileira referente à fauna silvestre............82
Anexo 2 - Lista oficial de animais silvestres brasileiros
ameaçados de extinção .............................................................93
Anexo 3 - Instrumento de pesquisa..........................................................108
Anexo 4 - Fauna apreendida e/ou resgatada entre 1997/2000................109
Anexo 5 - Caso Bwana Park ...................................................................115
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Apreensão de animais silvestres realizada em feiras livres ...............12
Figura 02. Animal sendo transportado no fundo falso de uma bolsa ..................13
Figura 03. Filhote capturado para o comércio.....................................................14
Figura 04. Animal mutilado por técnicas de manejo inadequada........................15
Figura 05. Prática de furar ou cegar o animal para fazê-lo parecer
mais manso para o comprador .........................................................16
Figura 06. Animal sendo transportado dentro de uma garrafa térmica ...............16
Figura 07. Animal anestesiado é embalado em tubo plástico .............................17
Figura 08. Papaguaio-do-mangue.......................................................................19
Figura 09. Arara-macao ......................................................................................20
Figura 10. Tucanuaçu .........................................................................................20
Figura 11. Mico-leão-dourado .............................................................................21
Figura 12. Muriqui ...............................................................................................21
Figura 13. Macaco-aranha-cara-preta.................................................................21
Figura 14. Maracajá ............................................................................................21
Figura 15. Jaguatirica..........................................................................................21
Figura 16. Jacaré-do-papo-amarelo....................................................................22
Figura 17. Iguana ................................................................................................22
Figura 18. Número de animais silvestres apreendidos no Brasil de
1997/2000 .........................................................................................23
Figura 19. Número de animais silvestres apreendidos na região
sudeste de 1997/200.........................................................................23
Figura 20. Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA
em 2000 ............................................................................................24
Figura 21. Armas para prática de caça ilegal, apreendidas pelo BPFMA ..........26
Figura 22. Animal vítima de maus tratos.............................................................27
Figura 23. Animais comercializados por colecionadores ....................................28
x
Figura 24. Rotas internacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros .......30
Figura 25. Rotas do tráfico de animais silvestres no Brasil .................................31
Figura 26. Diagrama de entidades de proteção da fauna silvestre .....................43
Figura 27. Diagrama da rede estadual de combate ao tráfico de animais
silvestres ..........................................................................................52
Figura 28. Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA)
Colubandê/São Gonçalo-RJ..............................................................53
Figura 29. Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA entre 1997
e 2002 ...............................................................................................57
Figura 30. Porcentagem comparativa do número de animais apreendidos
e/ou resgatados em 2002 com acompanhamento veterinário............61
Figura 31. Porcentagem de entrevistados que manteriam animais
silvestres em suas residências..........................................................63
Figura 32. Porcentagem de entrevistados que têm conhecimento de que
é ilegal manter um animal silvestre em cativeiro sem
a devida autorização .........................................................................64
Figura 33. Porcentagem de entrevistados que consideram como prova de
amor o fato de ter um animal silvestre em casa, dando-lhe
água, comida, carinho e todos os cuidados necessários ..................65
Figura 34. Porcentagem de casos que os entrevistados já tenham visto
animais silvestres sendo vendidos ilegalmente.................................66
Figura 35. Porcentagem de entrevistados que denunciariam um conhecido
por manter em casa ou em cativeiro um animal silvestre..................67
Figura 36. Porcentagem de entrevistados que gostariam de ter aulas sobre
o meio ambiente ...............................................................................67
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Efetivo do BPFMA em outubro de 2003 ............................................55
Tabela 02. Atuação e formas de prestação do serviço de policiamento
no BPFMA.........................................................................................56
Tabela 03. Números totais da atuação do BPFMA em 2003 ..............................58
Tabela 04. Comparação de animais silvestres apreendidos 2001/2002..... ........64
xii
LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS APA – Área de Proteção Ambiental BPFMA – Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente CETAS – Centro de Triagem de Animais Silvestres CITES – Comércio Internacional das Espécies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente DELEMAPH – Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico DPMA – Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente FLONA – Floresta Nacional IATA – International Air Transporte Associacion IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IEF – Instituto Estadual de Florestas ONG – Organização não Governamental PMERJ – Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro PPF – Posto de Policiamento Florestal REBIO – Reserva Biológica REDUC – Refinaria de Duque de Caxias RENCTAS – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente SEMADS – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável SSP – Secretaria de Segurança Pública STJ – Superior Tribunal de Justiça SUDEPE – Superintendência do desenvolvimento da Pesca SUDHEVEA – Superintendência do Desenvolvimento da Borracha UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UMV – Unidade Médica Veterinária TCO – Termo Circunstanciado de Ocorrências
xiii
RESUMO
O tráfico de animais silvestres é considerado a terceira atividade ilícita mais
lucrativa do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e o tráfico de armas.
A falta de apoio político para o combate ao tráfico, entraves na legislação,
fiscalização precária, falta de recursos e até mesmo local adequado para destinar
os animais apreendidos contribui para que o tráfico persista. Por este descaso das
autoridades federais e estaduais, torna-se difícil manter o rigor no combate as
ações dos traficantes.
O tráfico de animais silvestres brasileiro é extremamente disseminado por todo
Estado do Rio de Janeiro, tanto por feiras livres como nas ruas e disfarçadamente,
em alguns criadouros e lojas.
Considera-se neste trabalho que atividades educacionais e repressoras ao
comércio ilegal de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro devem ser
urgentes, pois só desta forma será possível reduzir os problemas sócio-ambientais
devido a essa atividade.
xiv
ABSTRACT
The trafficking of wild animals is considered the third largest illegal business in the
world, only losing for the trafficking of drugs and the traffic of weapons.
The support lack politician for the combat to the traffic, the precarious fiscalization,
with few employees, lack of resources and even though local adjusted to destine
the apprehended animals contributes so that the traffic of persists. For this
indifference of the federal and state authorities, one becomes difficult to keep the
severity in the combat the actions of the dealers.
The traffic of wild animals Brazilian extremely is spread by all State of Rio De
Janeiro, as much for free fairs as in the streets, in some store, besides extremely
occurring the direct delivery
It is considered in this work that educational and constrained activities to the illegal
commerce of wild animals in the State of Rio de Janeiro must be urgent, therefore
of this form will only be possible to reduce the partner-ambient problems due to this
activity.
xv
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa, desenvolvido através da experiência
pessoal do autor, ao longo de oito anos de trabalho como Oficial da Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) no Batalhão de Polícia Florestal e de Meio
Ambiente (BPFMA), discute questões relevantes sobre o tráfico de animais
silvestres no Estado do Rio de Janeiro, levantando dados existentes e analisando
as principais dificuldades, deficiências e problemas, buscando sempre a
preservação da fauna e o combate a esta modalidade de comércio ilegal.
O Brasil, com 8.547.403,5 km2 de área, se encontra entre os países
de maior riqueza de fauna no mundo, ocupando a primeira posição em número
total de espécies, com aproximadamente 3 mil de vertebrados terrestres e 3 mil de
peixes de água doce (Mittermeier et al., 1992; IBGE, 2000). É também o país mais
rico em diversidade de mamíferos do mundo com 483 espécies continentais e 41
marinhas, totalizando 524 espécies (Fonseca et al., 1996). Em aves, ocupa a 3ª
posição com cerca de 1677 espécies, sendo 1524 residentes e 153 visitantes
(Sick, 1977a). A 4ª posição em répteis, com cerca de 517 espécies (Mittermeier et
al., 1992).
Esses números só vêm aumentando, pois novas espécies brasileiras
continuam sendo descritas. Números expressivos de novas espécies de roedores
e primatas foram descobertos. Em 1996 foram encontradas, em comunidades
amazônicas, Callithrix manicorensis e Callithrix acariensis, onde eram criadas
como animais de estimação, apesar de ainda serem desconhecidas pela ciência
(Conservation International, 2000). Novas espécies de aves também foram
1
descobertas, uma em 1995 no litoral do estado do Paraná, o bicudinho-do-brejo,
Stymphalomis aucutirostris, e em 1998, o macuquinho-da-várzea, Scytalopus
iraiensis (Bornschein et al., 1995; Silva, 1998).
Apesar da grande riqueza de espécies da fauna brasileira gerar idéia
de abundância, esta normalmente se encontra com números populacionais
relativamente pequenos e associada a expressivos endemismos, o que a torna
frágil perante aos impactos de desmatamento e caça (Mittermeier et al., 1992;
Aveline & Costa, 1993).
Após a perda do habitat, principalmente para o agronegócio, a caça, para
subsistência e comércio, é a segunda maior ameaça à fauna silvestre brasileira.
Atualmente, o comércio ilegal de vida silvestre, o qual inclui a fauna e seus
produtos, movimenta de 10 a 20 bilhões de dólares por ano (Redford, 1992;
Rocha, 1995).
Cabe destacar que, o comércio ilegal, neste estudo apresentado
como tráfico de animais silvestres, é a terceira maior atividade ilícita do mundo,
perdendo apenas para o tráfico de armas e drogas. O Brasil participa com cerca
de 5% a 15% do total mundial (Rocha, 1995; Lopes, 2000).
O atual quadro de degradação ambiental que o país enfrenta é o
resultado de anos de exploração descontrolada de seus recursos naturais. Desde
os tempos coloniais, os governos cogitaram de proteger as florestas e outros
recursos, mas foram inócuas as medidas de proteção, sempre renovadas ao longo
dos anos por meio de cartas-régias, leis, decretos e regulamentos que jamais
produziram efeitos práticos.
Em 1921, foi criado o Serviço Florestal, que começou a cuidar do
assunto com mais objetividade, com o primeiro Código Florestal datando de 1934
(Aveline & Costa, 1993).
2
Mesmo assim, até a década de 50, não havia no Brasil uma
preocupação essencial com os aspectos ambientais. Com o agravamento dos
problemas ambientais e a maior conscientização sobre estes em todo o mundo,
em 1967 foi criado, no âmbito do Ministério da Agricultura, o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal - IBDF, hoje extinto e substituído pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (Aveline &
Costa, 1993; IBAMA, 2000a).
O IBAMA, agência ambiental subordinada ao Ministério de Meio
Ambiente brasileiro, foi criado pela Lei nº 7735, de 22 de fevereiro de 1989, e foi
formado pela fusão de quatro entidades brasileiras que trabalhavam na área
ambiental: Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, Superintendência da
Borracha – SUDHEVEA, Superintendência do desenvolvimento da Pesca -
SUDEPE e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF. Cabe ao
IBAMA, entre outras atribuições, exercer o gerenciamento, controle, proteção e
preservação das espécies silvestres brasileiras da fauna e da flora (Aveline &
Costa, 1993; IBAMA, 2000a).
Esta pesquisa, realizada no Estado do Rio de Janeiro, teve como
objetivo registrar as espécies alvo do comércio ilegal, os números de animais
silvestres apreendidos e/ou resgatados, as principais dificuldades e deficiências
do combate, os instrumentos jurídicos existentes para proteção da fauna silvestre,
bem como outras questões relevantes a respeito deste tráfico.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. HISTÓRICO DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL
A fauna silvestre sempre foi importante elemento cultural do Brasil,
fato este que tem sua origem nas diversas tribos indígenas brasileiras e que
através da pesca, caça e coleta, caracterizava-se como uma das principais
atividades, com a alimentação baseando-se em peixe, animais silvestres, coleta
de mel e raízes, frutos silvestres, larvas e etc. (Carvalho, 1951; Júnior, 1980).
Machado (1992a) e Sick (1997a) observaram que as mais variadas
espécies de animais silvestres eram utilizadas na alimentação dos índios, que
incluía grande parte dos mamíferos e aves, répteis, anfíbios e insetos, como
também seus ovos de algumas espécies.
Com os dentes, ossos e garras desses animais, os índios fabricavam
instrumentos e ferramentas, que eram utilizados para diversos fins, assim como
para adornos, tais como colar de unhas de onça, que é altamente apreciado pelos
índios da região do Xingu.
As aves sempre destacaram-se como animais importantes para a
ornamentação indígena, que de um modo geral, apanhavam penas coloridas de
qualquer espécie para enfeitar flechas, cocares, braçadeiras, colares e diversos
outros itens (Carvalho, 1951; Nogueira-Neto, 1973; Sick, 1997b).
Segundo Santos (1990), os índios brasileiros criavam araras, para
obterem suas penas, utilizadas em sua arte plumária. Carvalho (1951), MEC
4
(1963), Von Ihering (1968), Nogueira-Neto (1973), Santos (1990) e Sick (1997b),
citam que muitas tribos brasileiras costumavam pegar os filhotes de harpia, Harpia
harpyja, nos ninhos para criá-los em suas aldeias e depois aproveitar suas penas
para ornamentação.
Esses adornos eram utilizados pelos índios em seus rituais, festas e
comemorações, e os que usavam as peças mais bonitas eram mais prestigiados
pela tribo.
As populações indígenas também incorporavam elementos
faunísticos em seus mitos, lendas e supertições (muitos presentes no folclore
brasileiro atual), como também em suas canções, danças e obras de arte (Júnior,
1980; Andrade, 1993).
Conforme Júnior (1980), o grupo indígena dos Caraíbas fabricava
máscaras de madeira ou palha, representando animais e as utilizavam em suas
festas e rituais. Além dessas utilizações, observaram crianças indígenas matando
passarinhos com bodoque e bolinhas de barro, e os adultos flechando, em geral
os mamíferos, apenas como esporte ou por treino de pontaria. Os índios também
amansavam espécies da fauna silvestres sem nenhuma função útil, mas
unicamente para diversão doméstica, alegria e curiosidade para os olhos. Esses
animais eram mantidos nas aldeias como xerimbabos (Carvalho, 1951; Cascudo,
1973; Spix & Martius, 1981).
Xerimbabo significa coisa muito querida e é o nome dados aos
animais silvestres, mantidos como estimação pelos índios brasileiros. Nas
aldeias indígenas se encontravam grande número de xerimbabos de diferentes
espécies, araras, papagaios, periquitos, mutuns, bem-te-vis, diversos macacos,
porcos-do-mato, quatis, veados, jibóias e muitos outros. Os índios eram bastante
apegados a esses animais, só que não domesticavam as espécies, mas sim os
espécimes, como também não se empenhavam em reproduzir esses animais,
5
devido a abundância dos mesmos em liberdade. Os xerimbabos eram mantidos
apenas por motivos afetivos e circulavam livremente nas aldeias. Os índios se
preocupavam em manter a alimentação correta de cada animal e tinham perfeito
conhecimento do modo de vida das espécies (Nogueira-Neto, 1973; Sick, 1997 b).
Baseado no trabalho de Musiti (1999), é importante ressaltar que a
utilização da fauna silvestre pelos índios era realizada com alguns critérios, como
por exemplo, o fato de não abater fêmeas grávidas ou animais em idade
reprodutora, logo, sem ameaçar a sobrevivência das espécies.
Vários grupos indígenas de diferentes regiões do Brasil tiveram
contato com os colonizadores e exploradores (Júnior, 1980). A partir daí, mudaram
inevitavelmente sua relação com seu ecossistema. Começaram a explorar mais
intensivamente e seletivamente os recursos naturais e em muitos casos sendo
usados como agentes depredadores dos mesmos (Seerger, 1982).
Começa aí a exploração comercial da fauna brasileira, que pela sua
diversidade gerava a idéia de ser abundante e inesgotável (Ávila-Pires, 1972;
Aveline & Costa, 1993).
Segundo Redford (1992), o comércio de animais silvestres, como
jacarés e sucuris oriundos da região amazônica já era realizado entre os Incas, no
Peru, mas só atingiu proporções maiores depois da chegada da exploração
européia, no ano de 1500.
No século XVI, época da abertura do mundo para a exploração
européia, era motivo de orgulho para os viajantes, retornarem com animais
desconhecidos, comprovando assim o encontro de novos continentes (Sick, 1997
a).
6
Conforme Coelho (1990), em maio de 1500, 10 dias após o
descobrimento do Brasil, uma das 13 caravelas retornou a Portugal com amostras
de riquezas naturais aqui encontradas, entre elas aves de plumagem exuberantes.
Em 1511, a nau Bertoa, levou para Portugal 22 periquitos tuins e 15
papagaios (Santos, 1990). E em 1530 o navegador português Cristóvão Pires
levou 70 aves de penas coloridas para Portugal (Mayrink, 1996; Polido & Oliveira,
1997). Esses foram os primeiros registros de envio da fauna silvestres brasileira
para a Europa.
Segundo Eduardo Bueno (1997), durante os trinta primeiros anos
após o descobrimento do Brasil, as naus portuguesas que deixavam o país,
costumavam levar em seus porões aproximadamente três mil peles de onças
(Panthera onca) e 600 papagaios (Amazona sp.) em média.
Ao serem desembarcadas na Europa, essas “mercadorias” estariam
logo enfeitando vestidos e palácios do velho mundo. Usar chapéus ornados com
penas coloridas de aves tropicais era considerado de muito bom gosto, e quase
sempre era um luxo reservado apenas às classes mais abastadas.
De acordo com Hagenbeck (1910), no início os animais silvestres
chegavam à Europa, através de poucos viajantes e exploradores, que de
passagem pelo mundo, capturavam, compravam ou recebiam de presente esses
animais. Os mesmos eram comercializados.
O comércio de animais silvestres desenvolveu-se paralelamente com
o crescimento do interesse das pessoas por esses animais, que começavam a
cobiçá-los para estimação. Os macacos sul-americanos, no século XVI, já eram
encontrados como animais de estimação nas residências da Inglaterra (Kavanagh,
1983).
7
De acordo com Kleimam et al. (1996) e Polido & Oliveira (1997),
possuir animais exóticos sempre foi símbolo de riqueza, poder e nobreza,
conferindo um certo status ao seu dono perante a sociedade.
A fauna silvestre brasileira, que até então era utilizada pelos
indígenas como forma de subsistência, passou a ser explorada sem nenhum
critério, objetivando apenas o lucro comercial. Muitas populações locais auxiliavam
os exploradores a caçarem e capturarem esses animais.
Spix & Martius (1981), em sua viagem pelo Brasil, no início do século
XIX, encontraram os índios Xavantes e outros grupos, ao longo do rio Tapajós,
realizando trocas de mercadorias com os viajantes, permutando caça, mel, cera e
penas de aves, por artigos de ferro e cachaça.
Polido & Oliveira (1997) citam que por volta de 1830 a 1850 os
indígenas e caboclos brasileiros além de caçarem para alimentar, também
comercializavam peles de animais, animais vivos, tais como peixes, macacos,
aves, penas de aves, flores, borboletas e outras formas de vida silvestre, que
eram exportadas. Começa a ficar difícil se distinguir a caça de subsistência e a
comercial (Redford, 1992).
A cidade do Rio de Janeiro sempre foi um pólo comercial da fauna
silvestre. Conforme Spix & Martius (1981), no início do século XIX, os mercados
cariocas ofereciam interessante espetáculo ao europeu recém-chegado, onde
eram vendidas as mais diversas formas de peixes e tartarugas do mar, como
também papagaios e outros animais brasileiros ou trazidos de outras partes do
mundo.
8
A exportação, para a Europa, da fauna silvestre brasileira e seus
produtos, sistematizou-se no final do século XIX, com o comerciante alemão68
Carl Hagenbeck (Hegenbeck, 1910). A partir de então, iniciou-se o processo de
captura de várias espécies de animais brasileiros para atender ao mercado
europeu. Os beija-flores eram exportados aos milhares, para abastecerem a
indústria de moda européia, como também eram utilizados embalsamados para
ornamentação das salas européias (Paiva, 1945; Fitzgerald, 1989).
As penas de garças, Egretta spp., e de guará, Eudocimus ruber, eram
utilizadas como adornos de chapéus femininos na Europa e América do Norte, e o
abate desses animais foi tão excessivo, que em 1895 e 1896, Emílio Goeldi (na
época diretor do Museu Paraense de História e Etnografia), encaminhou duas
representações ao governo do Estado do Pará, protestando contra a matança
desses animais na Ilha de Marajó (Rocha, 1995; Polido & Oliveira, 1997).
De acordo com Sick (1997a), no ano de 1932, 25.000 beija-flores
foram mortos no Pará e suas penas destinadas à Itália, onde eram utilizadas para
enfeitar caixas de bombons. Em 1964 chegou-se ao absurdo de importar um
canhão francês para se atirar nos bandos de marrecas na Amazônia, sendo
registrada a morte de 60.000 marrecas em apenas uma fazenda do Amapá.
Santos (1990) e Campello (2000), citam que na década de 60, era comum
encontrar animais silvestres e seus produtos sendo vendidos em feiras livres e no
mercado da Praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro.
Não apenas a exportação, mas também o comércio interno no Brasil
foi evoluindo abastecido pelos avanços dos meios de transporte, comunicação,
técnicas de capturas de animais, crescimento populacional, urbanização,
expansão agrícola e etc., permitindo o acesso a áreas que antes não eram
acessíveis para exploração de sua fauna (Fitzgerald, 1989; Musiti, 1999).
9
Conforme Santos (1992) e IBAMA (1996), a herança cultural herdada
dos índios pela população brasileira faz com que a mesma possua o forte hábito
de criar animais silvestres como de estimação, principalmente as aves canoras. A
manutenção desses animais por amor ou hobby, representa um grande volume do
comércio de fauna silvestre (Casotti & Vieira, 1991).
Esse comércio se encontrava estabelecido no Brasil e era muito
grande, sobretudo o de aves como papagaios, tucanos e araras, sendo comum
encontrar esses animais em lojas de animais dos centros urbanos (Vinicios &
Soares, 1998). Carvalho (1951) e Sick & Teixeira (1979), citam que esse comércio
era realizado também nas feiras livres em tão grande proporção, que alguns locais
se destacavam pelas suas enormes ”feiras de passarinhos”. Era rara uma cidade
brasileira que não possuísse uma feira ou loja que realizasse esse comércio.
De acordo com os dados de Marques e Menegheti (1982), até 1966
era permitida a captura sem limite de aves canoras no Brasil, demonstrando que
não havia um controle, por parte do governo, sobre a caça, captura e comércio de
animais silvestres.
No ano de 1967, junto com a criação do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF, foi baixada a Lei Federal n0. 5.197, Lei de
Proteção à Fauna, declarando que todos os animais da fauna silvestre nacional e
seus produtos eram de propriedade do Estado e não poderiam mais ser caçados,
capturados, comercializados ou mantidos sob a posse de particulares. No entanto,
não foram dadas alternativas econômicas às pessoas que até então viviam desse
comércio e que, da noite para o dia caíram na marginalidade. Como conseqüência
surgiu um comércio clandestino (Vinicios & Soares, 1998).
No Brasil, o comércio predatório e indiscriminado da fauna silvestre, é
uma prática antiga, que passou a ser ilegal no ano de 1967, pois até então não
10
havia legislação que proibisse essa atividade (Costa, 1995). Começa a partir daí a
história do tráfico da fauna silvestre brasileira.
Conforme Rocha (1995) e Polido & Oliveira (1997), atualmente apesar
de ser proibido, ainda é fácil encontrar animais, suas partes e produtos sendo
comercializados. Como um dos exemplos podemos citar a cidade de Belém, no
estado do Pará, que devido à proximidade com a floresta amazônica e a cultura
regional, é um dos maiores entrepostos de comércio de fauna silvestre brasileira.
São encontradas cerca de 15 feiras populares, por toda a cidade, onde o comércio
ilegal da fauna ocorre abertamente e livremente. A maior e mais famosa é a Feira
do Ver-o-Peso, nela são feitas as grandes encomendas que alimentam o comércio
atacadista nacional e internacional de animais silvestres brasileiros.
No Estado do Rio de Janeiro existem cerca de 100 feiras livres que
comercializam animais ilegalmente (Braga et al., 1998). A Feira de Duque de
Caxias (RJ), é considerada a maior feira do país e, apesar de ter sido fechada
oficialmente em 1969, continua sendo realizada, contrariando toda a legislação
(Sick, 1972). De acordo com os dados de Leite (1975) e Amado (1991), até o ano
de 1987 eram encontrados cerca de 3.000 animais à venda, a cada fim de
semana, só na Feira de Duque de Caxias, sendo surpreendente a variedade de
espécies expostas, principalmente de aves. Entre os anos de 1980 a 1983, 191
espécies diferentes de aves nacionais, inclusive ameaçadas de extinção, foram
encontradas à venda na Feira de Duque de Caxias (Sick, 1997a). Infelizmente não
existe um levantamento mais recente que possa atualizar esses números.
11
A permanência dessas feiras encoraja esse comércio, porque
demonstra a impunidade a essa atividade ilegal, além de facilitar a posse, também
ilegal, de animais silvestres, pois a sociedade tem um acesso muito fácil a esses
locais. Os órgãos de fiscalização constantemente apreendem animais em feiras
livres (Figura 1) e no final sempre se encontram animais mortos que não resistiram
aos maus tratos do processo de comercialização, e também os que foram mortos
pelos vendedores, para se livrarem rapidamente das ”mercadorias” com a
chegada da fiscalização (Carvalho, 1985).
Figura 1 – Apreensão de animais silvestres realizada em feiras livres
A história do tráfico de animais silvestres não é apenas de
desrespeito a lei, mas também de devastação e crueldade (Toufexis, 1993). O
comércio de animais silvestres capturados na natureza sempre foi deletério para a
fauna, independente de ser uma atividade legal ou ilegal. Ao se analisar o trabalho
de Hagenbeck (1910), nota-se que o processo de comercialização e as técnicas
de captura, transporte, manejo de uma maneira geral, são as mesmas até hoje,
com agravantes por atualmente ser uma atividade ilegal. Os animais sempre
foram tratados de maneira desrespeitosa (Figura 2), vistos apenas como simples
mercadorias, utilizadas como fonte de renda.
12
Figura 2 – Animal sendo transportado no fundo falso de uma bolsa
De acordo com Hegenbeck (1910), a partir do momento que o
comércio de animais foi notado como uma atividade bastante lucrativa, se tornou
um novo ramo de negócios, com viajantes especializados em obter animais para
vendê-los. Os comerciantes faziam encomendas aos viajantes, que muitas vezes
se utilizavam de intermediários para a obtenção desses animais. Os animais ao
chegarem na Europa eram revendidos para zoológicos, colecionadores
particulares, além de shows e exibições circenses. Atualmente grandes esquemas
do tráfico ainda funcionam assim.
Segundo a RENCTAS (2001), os agentes envolvidos no comércio
ilegal de animais silvestres estão divididos da seguinte forma:
- Apanhadores – caboclos, índios, lavradores e ribeirinhos;
- Distribuidores– barqueiros, pilotos de pequenos aviões,
caminhoneiros e motoristas de ônibus;
- Comerciantes– feirantes, donos de pet shops , criadores ilegais e
avicultores;
- Consumidores– zoológicos, criadores, circos, aquários,
laboratórios, turistas e população.
13
Para Le Duc (1996), o grande traficante (geralmente europeu ou o
norte-americano) possui uma rede de vendedores no país receptor e arruma o
transporte dos espécimes usando métodos variados, geralmente empregando
contrabandistas no país exportador e coletores, que levam os animais para ele.
Um bom exemplo, é a Feira de Duque de Caxias (RJ), onde pode-se encomendar
animais de todas as regiões do Brasil (Vaz, 1990b).
Segundo Hagenbeck (1910), durante a captura desses animais muitos
morriam, pois se dava preferência aos filhotes por serem mais fáceis de se
amansar e para captura-los se matam os pais. Dizia que a morte desses animais
adultos era dolorosa, mas uma necessidade, ou não poderia se capturar os
filhotes para o comércio (Figura 3).
Figura 3 – Filhote capturado para o comércio
Hoje em dia, de acordo com Vaz (1990a) Lopes (1991) e CICEANA
(1999), o transporte se dá por navios e trens e os animais são transportados
amontoados de maneira que não dava para alimentá-los, se mantinham
estressados e para acalmá-los e facilitar o transporte, era oferecido rum com
açúcar aos mesmos, que embriagados ficavam tranquilos durante a viagem.
14
Atualmente apesar de existirem técnicas de manejo adequadas às
espécies, por ser um comércio ilegal, os animais continuam sendo transportados
confinados em pouco espaço, sem água e alimento, presos em jaulas super
lotadas, onde se estressam, brigam, se mutilam e se matam (Figura 4).
Figura 4 – Animal multilado por técnicas de manejo inadequada
Além da ingestão de bebidas alcoólicas, os animais são submetidos a
práticas cruéis, pelos vendedores, que visam amortecer as reações dos animais e
fazê-los parecerem mais mansos para o comprador e chamar menos atenção da
fiscalização. É comum dopar os animais com calmantes, furar ou cegar os olhos
das aves (Figura 5), amarrar asas, arrancar dentes, entre muitas outras (Vaz,
1990b; Jupiara & Anderson, 1991; Lopes, 1991).
15
Figura 5 – Prática de furar ou cegar o animal para fazê-lo paracer mais
manso para o comprador
A taxa de mortalidade durante a captura e a forma precária de
transporte (Figura 6) era sempre alta, devido ao estresse dos animais e manejo
inadequado (Hagenbeck, 1910; Kleiman et al., 1996). Os comerciantes não
possuíam experiência e conhecimento necessário sobre a biologia dos animais e
de como tratá-los. Os particulares que adquiriam esses animais, também nada
sabiam de suas necessidades o que acarretava a uma elevada morte dos mesmos
(Hagenbeck, 1910).
Figura 6 – Animal sendo transportado dentro de uma garrafa térmica.
16
Figura 7 – Animal anestesiado é embalado em tudo plástico
Ainda hoje, a taxa de mortalidade é alta e os animais continuam
sendo comprados por pessoas que ignoram suas necessidades mínimas. Em
muitas das vezes os animais são anestesiados e embalados em tubos plásticos
para não despertar a atenção da fiscalização (Figura 7) e em pouco tempo
acabam morrendo (Vaz, 1990b).
Apesar de todas as legislações e restrições, esse comércio ilegal vem
se desenvolvendo, possuindo variadas e novas técnicas de contrabando, porque o
lucro obtido é gigantesco. Os principais motivos pelos quais essa atividade cresce
no Brasil e no mundo, segundo Le Duc (1996), são:
• “os governos estão cientes do fato de que a fauna é um recurso
economicamente importante, tornando seus esforços e regulamentos
nacionais e internacionais mais restritivos. As pessoas que vivem do
comércio de vida silvestre e querem aumentar seu lucro, se voltam para
as fraudes;
• o tráfico de drogas está se tornando cada vez mais arriscado e difícil
devido aos recursos empregados para combatê-lo. O tráfico de animais é
um investimento de menor custo, menos risco e quase de igual lucro. Os
17
traficantes de animais são freqüentemente, conhecidos pela polícia, por
seu envolvimento nas atividades de drogas, armas, pedras preciosas e
álcool;
• as polícias, alfândegas e autoridades judiciais ainda frequentemente
consideram que o comércio ilegal com animais e plantas não é um crime
sério. Os recursos destinados para combater esse comércio tem sido
muito pequenos e, quando os violadores são pegos, eles não são punidos
severamente.”
São cada vez mais constantes as incursões nas matas tropicais em
busca de animais para fomentar o tráfico nacional e internacional. Manter animais
silvestres em cativeiro continua sendo um hábito cultural da população brasileira:
sejam os indivíduos da classe alta que exibem suas coleções particulares de
animais silvestres como troféus à sua vaidade; sejam os da classe média baixa
que adquire as aves canoras para conduzi-las, em gaiolas, para passear nas ruas,
praças e praias do Estado do Rio de Janeiro e sejam os miseráveis, que se
embrenham na mata em busca desses animais que, vendidos, ajudarão a diminuir
sua fome, ou ainda os cientistas estrangeiros inescrupulosos que buscam na
fauna e na flora brasileira uma possibilidade de seus laboratórios faturarem altas
quantias com a fabricação de novos medicamentos. A realidade é que os recursos
faunísticos do Brasil encontram-se gravemente ameaçados pelo comércio ilegal.
2.2 ESPÉCIES ENVOLVIDAS NO COMÉRCIO ILEGAL
No Estado do Rio de janeiro, segundo o quadro demonstrativo de
fauna apreendida e/ou resgatada pelo Batalhão de Polícia Florestal e de Meio
Ambiente/RJ entre 1997 a 2000, os animais mais apreendidos foram as aves com
13.872, seguida dos répteis com 364 e por último os mamíferos com 226 animais
apreendidos. As espécies mais apreendidas foram da ordem dos Passeriformes
com 5.641 indivíduos. As famílias mais comuns foram as Thraupidae com 883,
Icteridae com 762 e Psittacidae com 334. As espécies mais apreendidas foram:
18
Em primeiro lugar, o canário-da-terra (Sicalis flaveola) com 1613 indivíduos,
seguidos pelo tziu (Volatinia jacarina) com 764, o trinca ferro (Saltator similis), com
646 e o tico-tico (Zonotrichia capensis) com 577 animais apreendidos. Cabe
ressaltar que as espécies mais apreendidas são encontradas no Estado do Rio de
Janeiro e em sua maioria absoluta, as apreensões foram realizadas em feiras
livres (Anexo 4).
No Brasil, apesar de não existirem dados oficiais divulgados sobre o
tráfico, Rocha (1995), através de análise de trabalhos anteriores, reuniu
informações e formulou uma lista com as principais espécies traficadas:
Os papagaios (Psitacídeos) são as aves mais comercializadas no
país e no exterior, destacando-se o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea),
papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papa-cacau (Amazona festiva),
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), papagaio-moleiro (Amazona farinosa),
chauá (Amazona rhodocorytha), cavacué (Amazona autumnalis), papagaio-da-
serra (Amazona pretrei) e papagaio-do-mangue (Amazona amazonica), visto na
Figura 8. .
Figura 8 – Papagaio-do-mangue
19
Os periquitos mais comercializados são: a jandaia (Aratinga
solstitialis), periquito-rei (Aratinga aurea), periquito-da-caatinga (Aratinga
cactorum). As araras ficam em segundo plano devido ao seu maior tamanho,
como, por exemplo, a Arara-macao (Ara macao), visto na Figura 9, (Rocha,
op.cit.).
Figura 9 – Arara-macao
Em seguida estão os tucanos: tucanuaçu (Ramphastos toco), visto na
Figura 10; tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), tucano-de-bico-preto
(Ramphastos vitellinus), tucano-grande-de-papo-branco (Ramphastos tucanus), e
os araçaris: araçari-poca (Selenidera maculirostris), araçari-de-bico-branco
(Pteroglossus aracari), e araçari-banana (Baillonius bailloni), (Rocha, op.cit.).
Figura 10 – Tucanuaçu
20
Entre os primatas, destacam-se os sagüis dos gêneros Callithrix spp.
e Saguinus spp.; mico-do-bambu (Callimico spp.), sagüi-leãzinho (Cebuella
pygmea), bugio (Alouatta spp.), macaco-aranha (Ateles spp.), visto na Figura 13,
macaco-prego (Cebus spp.), muriqui (Brachyteles arachnoides), visto na Figura
12, mico-de-cheiro (Saimiri spp.), micos-leões (Leontopithecus spp.), visto na
Figura 11 e uacari (Cacajao calvus), (Rocha, op.cit.).
Figura 11 figura 12 figura 13 Mico-leão-dourado Muriqui Macaco-aranha-cara-preta
No caso dos felinos, destacam-se a jaguatirica (Leopardus pardalis),
visto na Figura 15, os gatos-do-mato (Oncifelis geoffroyi e Leopardus tigrinus) e
maracajá (Leopardus wiedii), visto na Figura 14, (Rocha, 1995).
Figura 14 – maracajá Figura 15 - jaguatirica
21
Em se tratando dos répteis, estão os jacarés (Caiman spp.), visto na
Figura 16; tartarugas, lagartos e diversas espécies de serpentes, (Rocha, op.cit.).
Figura 16 – Jacaré-do-papo-amarelo
Figura 17 – Iguana
Entre as espécies de peixes ornamentais mais raras e com alta
cotação no mercado de Tóquio, estão o Typhlobelus macromycterus, Leptolebias
cruzi, Cynolebias notatus, Pituna poranga, Hyphessobrycon loweae, (Rocha,
op.cit.).
22
2.3 NÚMEROS DO COMÉRCIO ILEGAL
Qualquer iniciativa de quantificar uma atividade ilegal corre o risco de
cometer erros. Por não se submeter a estatísticas ou controles, o tráfico de fauna
silvestre é muito difícil de ser medido em números exatos.
O Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Animais Silvestres da
RENCTAS (2001) divulga os últimos dados oficiais do IBAMA, relativo ao número
de animais apreendidos no Brasil (Figura 18) e na Região Sudeste (Figura 19).
24304
16421
28298
51161
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
1997 1998 1999 2000
Ano
Nº d
e an
imai
s
Figura 18 – Número de animais silvestres apreendidos no Brasil de 1997/2000 Fonte: IBAMA, 2001.
36403070
51964843
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
1997 1998 1999 2000
Ano
Nº d
e an
imai
s
Figura 19 – Número de animais silvestres apreendidos na Região Sudeste 1997/2000. Fonte: IBAMA, 2001.
23
Uma outra dificuldade é a completa inexistência de dados anteriores
para a comparação da evolução dessa atividade. Os resultados demonstram que
há lacunas em nosso conhecimento sobre a real dimensão do tráfico no Brasil e a
necessidade de se padronizar uma metodologia de registro das apreensões
realizadas em território nacional. Um exemplo claro desta situação ocorreu em
2000. Com base nos dados oficiais do IBAMA, os números totais das apreensões
de fauna silvestre na Região Sudeste (Figura 19) foram inferiores aos números de
animais apreendidos pelo BPFMA, somente no Estado do Rio de Janeiro (Figura
20). Isso demonstra a falta de integração e sistematização dos dados entre os
órgãos ambientais.
50 162
38683656
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
AVES MAMÍFEROS RÉPTEIS TOTAL
Classe
Nº d
e an
imai
s
Figura 20 – Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA em 2000 Fonte: BPFMA-RJ, 2003.
Por ser uma atividade ilegal, não existem números oficiais sobre o
tráfico de animais silvestres. São encontradas estimativas, que se baseiam na
movimentação (importação e exportação de animais) do comércio registrado nos
países (Redford, 1992; Rocha, 1995).
24
Segundo Amado (1991), são retirados da natureza, no Brasil, cerca
de 12 milhões de espécimes de animais por ano. De acordo com Block (1987) e
Hemley & Fuller (1994), o comércio de vida silvestre movimenta mundialmente,
cerca de 10 bilhões de dólares por ano, com pelo menos de 2 a 3 bilhões, mais de
1/3, sendo ilegais. Esse valor é uma extrapolação do comércio de vida silvestre
declarado (importação e exportação) dos EUA, mas exclui os peixes e madeiras
(Hemley & Fuller, 1994). Toufexis (1993), Rocha (1995), Mayrink (1996), IBAMA
(1997) e RENCTAS (1999), citam o valor de 10 bilhões de dólares como
estimativa do comércio ilegal de animais silvestres no mundo por ano.
Estas estimativas são oficiosas, pois não foi utilizada uma
metodologia consistente para se chegar a este valor, acreditando-se, inclusive,
que houve algum erro de interpretação dos trabalhos acima citados, ao se
relacionar esse valor para o comércio de animais silvestres no Brasil, já que o
mesmo é estimado para o comércio de vida silvestre, onde se incluem os animais
e seus produtos. No entanto, nas bibliografias consultadas, não foi encontrada
nenhuma estimativa diferente dessa, relativa ao movimento de animais silvestres e
seus produtos.
Segundo Rocha (1995) e Lopes (2000), o comércio ilegal de animais
silvestres oriundos do Brasil corresponde de 5 a 10% do total mundial, baseando-
se no valor de 10 bilhões de dólares por ano, o movimento brasileiro é de 500
milhões a 1 bilhão de dólares por ano.
De acordo com Hardie (1987), Fitzgerald (1989), Hemley & Fuller
(1994) e Le Duc (1996), é estimado (baseado no comércio registrado dos EUA)
que a cada ano o comércio, legal ou não, envolva em todo o mundo os seguintes
números:
25
• primatas: 25.000-40.000 animais vivos, a maioria para pesquisa
biomédica;
• aves: 2-5 milhões de aves vivas;
• répteis: 3 milhões de tartarugas criadas em cativeiro;
2 – 3 milhões de outros répteis vivos;
10 – 15 milhões de cascos;
10 milhões de peles;
30 – 50 milhões de produtos manufaturados.
Várias são as armas utilizadas para a prática de caça ilegal (Figura
21) e que, após a perda do habitat, é a principal causa da redução populacional de
várias espécies (Redford, 1992; Rocha, 1995). Conforme Amado (1991),
CONAMA (1991), Rocha (1995), Mayrink (1996), Braga et al. (1998) e a Polícia
Federal Brasileira (1997), no Brasil o tráfico é responsável pelo desaparecimento,
a cada ano, de cerca de 12 milhões de espécimes de animais silvestres da
natureza. Cerca de 70% desse volume é para atender ao mercado interno
brasileiro, os 30% restantes são exportados.
Figura 21 – Armas para a prática de caça ilegal, apreendidas pelo BPFMA
26
Redford (1992) estima que só na região amazônica são retirados por
ano 4 milhões de animais para atender aos mercados interno e externo. Apesar de
não existir um número exato, sabe-se que é uma quantidade muito grande, e que
o número de animais retirados é muito maior do que o encontrado comercializado,
devido às perdas que ocorrem (Soini, 1972; Coimbra-Filho, 1977; Sick & Teixeira,
1979; Redford, 1992).
Normalmente animais que escapam feridos morrem depois, as peles
danificadas e animais fora do ”padrão” são descartados, as fêmeas são mortas
durante a captura de seus filhotes, que muitas vezes morrem também (Redford,
1992; Costa, 1995). Nogueira-Neto (1973) relata que, durante a captura de saíras
(Tangara spp.), as fêmeas são mortas por não terem valor comercial.
Redford (1992) estima ainda que para cada produto animal
comercializado são mortos pelo menos 3 espécimes e para o comércio de animais
vivos esse índice é de 90%. Para cada 10 animais traficados, apenas 1 chega a
seu destino final e muitos dos que sobrevivem, apresentam péssimas condições
de saúde devido aos maus tratos (Figura 22). Conforme Soini (1972) e Rocha
(1995), o índice de mortalidade é alto, devido ao processo de captura e as
precárias condições de transporte, armazenamento e comercialização.
Figura 22 – Animal vítima de maus tratos
27
Todos os animais traficados sofrem maus tratos. No Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro foram encontradas aves cegadas e com os ossos
do peito quebrados, para evitar que as mesmas cantassem e se movessem,
chamando assim menos atenção da fiscalização (Ellison, 1999).
De acordo com Toufexis (1993), cerca de 80% das aves morrem.
Nogueira-Neto (1973), registra a morte de 90% das saíras (Tangara spp.),
comercializadas nas casas avícolas da cidade de São Paulo, 36% dos filhotes de
papagaio charão (Amazona pretrei) morrem antes de serem vendidos, 70% dos
pintassilgos (Carduelis magellanicus) não resistem ao cativeiro e morrem
engaiolados (Santos, 1992).
Braga et al. (1998), estimam que existem, só no Brasil, de 2 a 4
milhões de animais silvestres nacionais em cativeiros particulares. Nos estados do
Acre e Paraná, o IBAMA realizou cadastramento de animais silvestres em poder
de particulares. Foram registrados cerca de 20 mil processos no estado do Paraná
(IBAMA, 1997). A maior parte dos animais silvestres criados por colecionadores
sofre maus tratos e cuidados inadequados (Figura 23), por ignorância e falta de
interesse dos donos em saber como tratá-los adequadamente (Amado, 1991;
Sobral, 1993). Independente dos números reais, esse comércio ilegal de animal
silvestre é uma atividade altamente destrutiva e que contribui intensamente para o
empobrecimento do recurso da fauna brasileira (Rocha, 1995).
Figura 23 – Animais comercializados por colecionadores
28
2.4 ROTAS INTERNACIONAIS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES
BRASILEIROS
Os países em desenvolvimento são os principais fornecedores de
vida silvestre, com parte de suas populações sobrevivendo dessa atividade
(Hemley & Fuller, 1994). Entre os principais países exportadores se encontram o
Brasil, Peru, Argentina, Guiana, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Colômbia, África do
Sul, Zaire, Tanzânia, Kenya, Senegal, Camarões, Madagascar, Índia, Vietnã,
Malásia, Indonésia, China e Rússia (Rocha, 1995).
Portugal, México, Arábia Saudita, Tailândia, Espanha, Grécia, Itália,
França e Bélgica são citados como principais países de trânsito comercial de vida
silvestre, onde geralmente é feita a legalização de vida silvestre contrabandeada
(Rocha, op.cit; RENCTAS, 1999).
Nas rotas internacionais, alguns países foram identificados
desempenhando o papel de “intermediários” “esquentadores”, ou seja, por onde os
animais traficados permanecem pouco tempo aguardando o seu destino final ou
tempo necessário para dar cunho legal ao transporte. Os pontos intermediários
estão localizados em cidades paraguaias, colombianas, uruguaias e argentinas
próximas à fronteira brasileira.
Se as ações de fiscalizações não são eficazes, o processo é
finalizado com o envio do espécime traficado para os principais países
consumidores: Estados Unidos (maior consumidor de vida silvestre no mundo),
Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Suíça, Grécia, Bulgária, Arábia
Saudita e Japão (Hardie, 1987; Rocha, 1995; Le Duc, 1996).
29
As rotas internacionais, de modo geral, têm por ponto de partida as
cidades brasileiras que possuem aeroportos que operam vôos internacionais,
principalmente nos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belém
(Figura 24).
Figura 24 - Rotas Internacionais do Tráfico de Animais Silvestres Brasileiros Fonte: RENCTAS, 2003.
2.5 ROTAS NACIONAIS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES
BRASILEIROS
No Brasil, a maioria dos animais silvestres comercializados
ilegalmente é proveniente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo
escoada para as regiões Sul e Sudeste, pelas rodovias federais. Nos estados
nordestinos é comum a presença de pessoas, às margens das rodovias,
comercializando esses animais. Os principais pontos de destino desses animais
são os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde são vendidos em feiras livres
30
ou exportados por meio dos principais portos e aeroportos dessas regiões.
(Jupiara & Anderson, 1991; RENCTAS, 1999).
Existem diversas redes montadas, que são realizadas nas rodovias do
país, capazes de percorrer até cinco mil quilômetros de distância. O mapa a seguir
(figura 25) demonstra os principais estados brasileiros envolvidos no tráfico de
animais silvestres no Brasil. Dessa forma, a partir dos diferentes locais de captura,
os animais são conduzidos até os grandes centros urbanos por caminhões de
carga, ônibus interestaduais, automóveis particulares e pequenos aviões
particulares que transitam pelo espaço aéreo brasileiro sem o mínimo controle.
Figura 25 - As Rotas do Tráfico de Animais Silvestres no Brasil Fonte: RENCTAS, 2003.
31
2.6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS JURÍDICOS EXISTENTES PARA A
PROTEÇÃO DA FAUNA SILVESTRE
Desde os tempos coloniais, os governos cogitaram de proteger as
florestas e outros recursos, mas foram inócuas as medidas de proteção, sempre
renovadas ao longo dos anos, através de cartas régias, leis, decretos,
regulamentos, que jamais produziram efeitos práticos (Aveline & Costa, 1993).
A primeira legislação brasileira referente à proteção de animais foi o
Decreto nº 24.548, de 03 de julho de 1934, que regulamentou o serviço de defesa
sanitária animal, com o objetivo de proteger o rebanho nacional contra zoonoses
exóticas e combater as moléstias infecto-contagiosas e parasitárias.
O Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934, estabelece medidas de
proteção aos animais. Esta legislação foi um grande avanço, pois instituiu, em
vários incisos, o que é considerado maus-tratos aos animais nativos ou exóticos,
domésticos ou silvestres. Todos os animais existentes no País passam a ser
tutelados do Estado.
O decreto Lei nº 5.894, de 20 de outubro de 1953, aprovou o Código
de Caça, regulamentando o exercício da caça amadora ou profissional.
A Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, Lei de proteção à fauna, foi a
primeira legislação própria de proteção à fauna silvestre no Brasil, pois tornou a
caça e manutenção desses animais em cativeiro práticas ilegais, estando os
infratores sujeitos às penalidades vigentes no país. A fauna silvestre junto, com
seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, passou a ser propriedade do Estado,
sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.
32
A agressão contra a fauna passou a ser considerada contravenção
penal. Proibiu-se o exercício da caça profissional, como também a
comercialização de espécimes da fauna silvestre e seus produtos, exceto os
provenientes de criadouros legalizados. A caça para controle de animais silvestres
considerados ”prejudiciais”, é permitida desde que obedeça as recomendações do
órgão público competente, quanto às espécies, época do ano, o número de dias e
o local onde é permitido caçar. A caça amadorista é prevista na formação de
clubes e sociedades amadoristas e também prevista a construção de criadouros
para fins econômicos e industriais (Machado, 1992a).
De acordo com Aveline & Costa (1993), a legislação brasileira prevê
a caça apenas nos estados que realizam censos populacionais e possuem dados
sobre a reprodução das espécies. De acordo com Cecatto (1977), a Portaria do
IBDF n0. 1925, de 11 de janeiro de 1971, fixou a data de 30 de abril, do mesmo
ano, para o encerramento definitivo do prazo para comercialização dos produtos
faunísticos que se encontravam estocados.
A Lei n0. 7.653, de 12 de fevereiro de 1988, alterou alguns artigos da
Lei n0. 5.197, e os atos contra a fauna que eram considerados contravenções
penais, passaram a ser crimes inafiançáveis. Como a anterior, não discriminou e
descriminou a caça de subsistência, dificultando a ação penal contra os grandes
traficantes, que realmente deveriam ser punidos.
A Constituição Brasileira, de 05 de outubro de 1988, fortaleceu a
proteção à fauna com seu artigo n0. 225: ”Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Rocha (1995) e Silva (1998) consideram essas legislações dispersas,
falhas e desatualizadas, por isso a maioria dos casos de danos à fauna levado aos
33
tribunais ficava sem reparação. As pessoas não vêem o tráfico de animais
silvestres como delito grave, se escandalizam com os outros tipos de tráficos
(drogas e armas), mas na verdade são todos o mesmo delito (Valentino, 1998). De
acordo com Rocha (1995), Braga et al. (1998) e Ellison (1999), não há registros de
alguém que tenha sido julgado, condenado e esteja cumprindo prisão pelo crime
de tráfico de animais silvestres.
A Lei n0. 9.605, de 12 de fevereiro de1998, Lei de Crimes Ambientais,
conforme Silva (1998), o crime contra a fauna não é mais inafiançável, e a caça de
subsistência é discriminada e descriminada, sendo um importante avanço, pois
devido aos desequilíbrios culturais, sociais e econômicos, grande parte da
população rural brasileira ainda depende da fauna silvestre como fonte de
proteína. Um outro aspecto importante dessa lei é que as penas privativas de
liberdade podem ser substituídas por penas restritivas de direito, tais como
prestação de serviço à comunidade, suspensão temporária de direito, suspensão
parcial ou total de atividades, prestação pecuniar e recolhimento domiciliar. Essas
penas alternativas são um excelente instrumento à disposição dos juizes, para
crimes contra a fauna, que antes saíam impunes.
A Lei 9.605/98 alterou completamente o tratamento penal nos crimes
contra a fauna: abrandou o rigor da Lei 7.653/88, colocou a proteção à fauna em
maior conformidade com o sistema e procurou aproximar-se mais da realidade
brasileira.
Até o momento não há uma lei internacional contra o tráfico de
animais silvestres, sendo importante a cooperação internacional, que deve ocorrer
entre diferentes instituições, tais como as autoridades da CITES (Comércio
Internacional das espécies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção)
em cada país, das polícias através da Interpol e dos serviços alfandegários. O
sucesso do combate ao tráfico de animais silvestre vai depender diretamente
dessa cooperação internacional (Le Duc, 1996).
34
Como os recursos naturais não conhecem fronteiras políticas, é
importante um esforço conjunto do Estado, dos diversos setores da sociedade e
das nações mundiais (Mirra, 1994). O Brasil é participante de várias convenções,
acordos e tratados internacionais relacionados com a proteção da fauna silvestre,
podendo-se destacar a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies
de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).
A CITES foi uma Convenção firmada em Washington (USA), em
março de 1973, entrando em vigor em julho de 1975, tendo como propósito
fornecer mecanismos para restringir e controlar o comércio da espécies
selvagens e seus produtos, em âmbito internacional (Hemley & Fuller, 1994; Le
Duc, 1996; Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1997).
O Brasil é signatário da CITES desde 06 de agosto de 1975, entrando
em vigor em 04 de novembro do mesmo ano. Quase todas as maiores nações
importadoras e exportadoras de vida silvestre são partidárias dessa Convenção.
Os participantes são obrigados a monitorar o comércio global de vida silvestre e
seus produtos (Hemley & Fuller, 1994; Fitzgerald, 1989).
A Convenção funciona com 3 categorias de proteção:
- Anexo I, inclui todas as espécies reconhecidamente ameaçadas de extinção
que são e podem ser afetadas pelo comércio internacional. A comercialização
só é autorizada em circunstâncias excepcionais, mediante a concessão e
apresentação prévia de licença de exportação, condicionada a rígidos
requisitos restritivos explicitamente indicados na Convenção.
- Anexo II, engloba as espécies que, embora não se encontrem em perigo de
extinção, poderão chegar a esta situação caso seu comércio não esteja sujeito
à rigorosa regulamentação.
35
- Anexo III, refere-se às espécies que qualquer das Partes Contratantes, nos
limites de sua competência, declarem sujeitas a regulamentação e que exijam
cooperação das demais partes para controlar o respectivo comércio. Esse
anexo tem a intenção de ajudar os membros da CITES a ganharem das outras
nações, cooperação para reforçarem suas próprias leis de proteção e controle
de vida silvestre”.
A exportação das espécies incluídas nos Anexos II e III também
depende da concessão e apresentação prévia de licença, obedecendo aos
requisitos específicos para cada Anexo, relacionados no texto da Convenção.
A CITES tem sido o maior e mais efetivo acordo internacional para a
conservação da vida silvestre, mas não pode influir, senão indiretamente, no
comércio da flora e fauna dentro do território de cada país, mesmo que signatário;
fato este que significa em algumas regiões perdas elevadas para muitas espécies
em perigo, devido a comercialização interna (Hemley & Fuller, 1994; Secretaria de
Estado do Meio Ambiente, 1997).
36
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Através da experiência pessoal do autor, ao longo de oito anos
trabalhando no BPFMA, como oficial superior da PMERJ, foram analisadas as
principais dificuldades, deficiências e problemas do combate ao tráfico de animais
silvestres no Estado do Rio de Janeiro, bem como os instrumentos jurídicos
existentes para proteção da fauna silvestre.
Foi realizado um minucioso levantamento sobre o quantitativo e as
espécies alvo do comércio ilegal de animais silvestres apreendidos e resgatados
pelo BPFMA, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), no período
de 1997 a 2002. Tais dados foram apresentados através de gráficos e tabelas.
Cabe ressaltar que, no entanto, não foram realizadas incursões ou
pesquisas de campo nas feiras livres, locais tradicionais de comercialização de
fauna silvestre. Essas são apenas relacionadas para justificativa da escolha do
tema.
Foram identificados, através das bibliografias existentes, livros,
artigos de periódicos e artigos de jornais sobre o assunto, sendo analisados e
discutidos.
Foi realizada uma pesquisa de campo junto a estudantes do Estado
do Rio de Janeiro, mais especificamente com 250 alunos de 5ª, 6ª e 7ª série da
escola de classe média baixa, Espaço Aberto Escola, localizada no Fonseca,
bairro do município de Niterói, visando a verificação da consciência destes no que
se refere ao tráfico de animais silvestres. Para tanto, foi utilizado um instrumento
de pesquisa, um questionário pré-teste foi aplicado e recolhido. Logo após foi
37
realizada uma palestra sobre o tema e ao final, o mesmo questionário foi
novamente aplicado, buscando identificar de que forma a tal palestra afetou a
opinião destes alunos. Podendo assim, observar se as respostas do primeiro
questionário aplicado se justificavam na falta de informações a respeito do
comércio ilegal de animais silvestres. A análise dos dados foi realizada após
transformá-los em percentagem e confeccionados gráficos dos parâmetros
relevantes.
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 PRINCIPAIS DIFICULDADES, DEFICIÊNCIAS E PROBLEMAS DO
COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO
Os fatores abaixo demonstram algumas das principais dificuldades
deficiências e problemas do combate ao tráfico de animais silvestres no Estado
do Rio de Janeiro. Estes fatores relacionam-se e estão diretamente ligados a
muitos outros, como:
• Falta de lugar para destinar animais apreendidos;
• Falta de contingente;
• Falta de veículos e equipamentos;
• Entraves na legislação;
• Falta de treinamento adequado e material de estudo;
• Falta de apoio (político);
• Falta de integração entre os órgãos ambientais.
4.1.1 Falta de lugar para destinar animais apreendidos
Desde o início de 1994, quando foi fechado o Centro de Resgate e
Triagem de animais silvestres, junto ao Solar da Imperatriz, no Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, não havia lugar apropriado para a destinação dos animais
apreendidos pela fiscalização e operações policiais no Estado.
Tais animais apreendidos passaram a ser encaminhados para o Rio-
Zoo, local que não se recebia determinadas espécies e grandes quantitativos. Por
ser uma instituição com intuito de visita e lazer e que não possui apenas animais
silvestres em seu plantel, não é atribuição e finalidade dos zoológicos manter o
39
animal em quarentena para a destinação mais adequada. Devido às realidades
descritas, o Rio-Zoo teve casos de superlotação de determinadas espécies
oriundas de apreensões em feiras livres, inviabilizando novos recebimentos. Fatos
idênticos também eram repetidas em diversos outros zoológicos no interior do
Estado, como por exemplo: Niterói, Volta Redonda, Bom Jardim e UENF
(Universidade Estadual do Norte Fluminense), sendo que estas últimas instituições
não eram licenciadas juntos ao IBAMA para recebimento de animais. Esta
realidade deflagrou o indevido encaminhamento de animais apreendidos para
diversos zoológicos e criadouros particulares, culminando com o fatídico caso do
BWANA PARK, em agosto de 2001 (anexo 5). Quando da morte de seu
proprietário, foi descoberta uma série de irregularidades, tendo sido amplamente
divulgado pela imprensa os maus tratos de animais silvestres, mortes e ainda a
grave suspeita que animais para lá encaminhados retornaram para as mãos de
traficantes nacionais e internacionais.
Em 18 de janeiro de 2000, houve um grande impacto ambiental
ocasionado pelo vazamento de aproximadamente 1,3 bilhões de litros de óleo cru,
proveniente da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias). A fauna e flora da Baía
de Guanabara foram gravemente afetadas, ressaltados principalmente o dano aos
manguezais e a fauna ictiológica. Em função deste acidente ambiental, por
iniciativa da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, foi realizado
um Termo de Ajustamento de Conduta (TCO) para a empresa Petrobrás S/A, que
dentre várias outras obrigações, arcou com a construção do CETAS (Centro de
Triagem de Animais Silvestres), localizado na Floresta Nacional Mário Xavier, no
município de Seropédica/RJ, com a parceria da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ). A partir de sua inauguração, em fevereiro de 2003, todos
os animais silvestres apreendidos no Estado do Rio de Janeiro foram
encaminhados para este local. No entanto, isso tem demonstrado ser ainda
inviável para atender a demanda de apreensões. Conforme estatística, apenas do
BPFMA, em 2001 foram apreendidos 3.251 (três mil duzentos e cinquenta e um)
animais silvestres, número este, bem superior em relação à capacidade do
40
referido centro, que é de 2.500 (dois mil e quinhentos) animais, que possui ainda
reduzido número de baias diversificadas para as várias espécies. Outro aspecto
negativo é a localização do Centro de Triagem, distante cerca de 50 quilômetros
da capital. Isso acarreta um maior estresse, a qual já é submetido o animal, em
razão das péssimas condições de cativeiro, tempo de permanência na delegacia
policial para a confecção do registro de ocorrência, agravada pela necessidade de
transporte inadequado até aquele local.
No que diz respeito à soltura de animais silvestres em seu hábitat
natural ou outra destinação mais adequada, não há um número preciso, pois além
de não ser amplamente divulgado, não existe, por parte dos órgãos de
fiscalização, um acompanhamento posterior à apreensão e destinação do animal
para o Centro de Triagem. Presume-se que passado a quarentena no Centro de
Triagem, a totalidade de animais que ali permaneceram são devolvidos ao seu
”habitat natural” ou outra destinação mais adequada, com exceção das baixas
realizadas no plantel.
Atualmente, o único Centro de Triagem no Estado do Rio de Janeiro
é composto por uma equipe de doze funcionários, um responsável do IBAMA, dois
zootecnistas, um médico veterinário, um biólogo, cinco tratadores, um técnico de
serviços gerais e um para a manutenção. Possui uma verba mensal de R$
1.700,00 (mil e setecentos reais) para rações e medicamentos e R$ 6.000,00 (seis
mil reais) para os hortigranjeiros. Quanto à manutenção dos equipamentos,
laboratório, pesquisa e conservação das instalações não existem recursos, razão
pela qual os recintos para quarentena são deficientes, bem como não existem
recintos para adaptação do animal à natureza. Um Posto de Polícia Florestal da
PMERJ foi instalado no interior do referido CETAS, destinado para a guarda das
instalações, bem como para o Policiamento ambiental da região.
41
4.1.2. Falta de contingente
O Estado do Rio de Janeiro possui 92 (noventa e dois) municípios,
com extensão territorial (43.900 Km2). Cerca de 95% dos habitantes vivem em
cidades e vilas. A capital concentra mais de 40% da população total, que é em
torno de 16 milhões de habitantes, ou seja, há cerca de 310 habitantes por
quilômetro quadrado, aproximadamente 16 vezes superior à média nacional e
mais de duas vezes à do Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil. Esta
alta densidade demográfica ocasionou a ocupação do espaço territorial, em
função da expansão das atividades humanas (IBGE, 2000).
Há uma acentuada disparidade de relevo, parte do qual se encontra
preservado, ao menos sob o aspecto legal, em pouco mais de uma dúzia de
Unidades de Conservação de uso indireto (parques nacionais e estaduais,
reservas bilógicas e estações ecológicas), perfazendo um total de 210.000
hectares, área que equivale a, aproximadamente, apenas 4,8% da superfície do
Estado, correspondendo a um pouco do dobro da irrisória média nacional
(Bergallo et. al 2000).
Segundo o “Mappa Florestal do Brasil” publicado por Gonzaga de
Campos (Campos, 1912), há cerca de cem anos atrás, a área de floresta ainda
atingia 81% do Estado. Em levantamento efetuado em 1990, o percentual fora
reduzido para aproximadamente 22%, com a existência de formação florestais
remanescentes cobrindo um total de 929.140 hectares (ibid.). O Estado do Rio de
Janeiro possui diversas áreas protegidas, em nível federal, estadual e municipal,
podendo destacar as seguintes: Parques Nacionais de Itatiaia, Bocaina, Serra dos
Órgãos, Jurubatiba, Floresta da Tijuca. Parques Estaduais do Desengano, Três
Picos, Pedra Branca, Ilha Grande, Tiririca. Reservas Biológicas de Tinguá, Poços
das Antas, Praia do Leste, Praia do Sul. Área de Proteção Ambiental de
Guapimirim, Petrópolis, Maricá, Tamoios, dentre outros. Estas Unidades de
42
Conservação são locais potencializadores para prática de caça e apanha de
animais silvestres endêmicos ou restritos à estas regiões.
A responsabilidade do combate ao tráfico de animais silvestres no
Estado do Rio de Janeiro é dos seguintes órgãos: Federais – IBAMA e Delegacia
de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico
(DELEMAPH) da Polícia Federal. Estaduais – Secretaria Estadual de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADS), através do Instituto
Estadual de Florestas (IEF) e Secretaria de Segrança Pública (SSP), através do
Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) e da Delegacia de
Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).
JUSTIÇA
MP
CONAMA
GOVERNOMUNICIPAI
SMMA
DPRF DPFGOVERNOESTADUAI
SEMASSP
PC PM
IBAMA
GEREXs
CONSELHEIRO
COMITFAUN
IMPRENSAONGs
Figura 26 – Diagrama de Entidades de Proteção da Fauna Silvestre Fonte: IBAMA, 2003.
No Estado do Rio de Janeiro, o IBAMA possui 79 (setenta e nove)
agentes de defesa da fauna, o IEF possui 40 (quarenta) agentes, o BPFMA
possui, contando com o efetivo responsável pela atividade administrativa, 374
43
(trezentos e setenta e quatro) policiais militares, a DPMA possui 46 (quarenta e
seis) policiais civis e a Polícia Federal possui apenas 01 (um) agente, pois a
DELEMAPH (Delegacia de Repressão aos Crimes Ambientais e Patrimônio
Histórico) criada pelo Diário Oficial da União, em 05 de setembro de 2003 e ainda
encontra-se em fase de estruturação. Contabilizando todos os agentes, verifica-se
a precariedade, pois este número é para fiscalizar todos os ilícitos ambientais e
não somente o tráfico de animais silvestres. Outro grave problema é que a maior
parte deste contingente enconta-se lotado na capital do Rio de Janeiro e
executando os serviços administrativos dos referidos órgãos de fiscalização.
4.1.3. Falta de veículos e equipamentos
Os órgãos responsáveis pela fiscalização não possuem veículos
adequados para o transporte dos animais silvestres apreendidos, pois as
superfícies interna de tais veículos não deveriam conter projeções ou saliências,
para evitar injúrias dos animais. Devem possuir ventilação adequada e ao mesmo
tempo, para acalmar o animal e diminuir os efeitos estressantes, o ambiente deve
ser escuro.
Segundo a Internacional Air Transporte Associacion (IATA)
(http://www.iata.org), os veículos mais adequado deveriam ser do tipo furgão
dotados de climatizadores ou veículos tipo pick-up com cobertura para a proteção
e não exposição ao tempo.
Para o manejo dos animais silvestres apreendidos é necessário a
utilização de equipamentos adequados para a contenção, tais como caixas e
jaulas de contenção, luva de raspa, sacos de pano e pau de couro, assim como os
Anestésicos específicos.
44
4.1.4 Entraves na legislação
A Constituição Brasileira de 1988 e as leis federais de proteção à
fauna colocam-se entre as mais avançadas do mundo, mas, principalmente no
Estado do Rio de Janeiro, estão ainda longe de serem cumpridas
satisfatoriamente.
A Lei 9.605/98 alterou completamente o tratamento penal nos crimes
contra a fauna, e em maior conformidade com o sistema, procurou aproximar-se
mais da realidade brasileira, abrandando o rigor da Lei 7.653/88, que caracteriza
como crime inafiançável o comércio de animais silvestres.
O artigo 29 da Lei 9.605/98:
”Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 1º. Incorre nas mesmas penas: I – quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”
A pena para quem comercializa animais silvestres, que na Lei
revogada era de um a três anos de reclusão, passou a ser de seis meses a um
ano de detenção.
45
Entretanto, segundo estabelece o art. 61 da Lei 9.099/95, alterada
pela Lei nº 10.259/01, são consideradas infrações de menor potencial ofensivo
aquelas a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos e cujo rito
processual não seja especial. Os crimes e contravenções apenados até um ano
de prisão são julgados pelos Juizados Especiais, onde se aplicará imediata pena
não privativa de liberdade.
Esta lei visa facilitar as ações no sentido de agilizar a justiça para
atender aos jurisdicionados de forma mais célebre e informal, dispensando
inclusive o ato do inquérito, ou seja, o policial militar, através do Batalhão
Florestal, confeccionaria o auto circunstanciado no local, identificando o infrator e
destino, de imediato, o animal seria encaminhado para o local de triagem ou
quarentena.
Em seu Art. 69, a Lei 9.099/95 prevê que: “qualquer autoridade
policial que tomar conhecimento de uma infração deverá lavrar o Termo
Circunstanciado de Ocorrência, fazendo o infrator apresentar-se ao juiz
competente para o julgamento”. Porém, no Estado do Rio de Janeiro existe uma
Lei nº 2.556, de 21 de maio de 1996. No seu art 24, ela estabelece que o
Delegado de Polícia é a autoridade policial que se refere o art. 69 da Lei nº
9.099/95:
”Art. 24 - A autoridade policial a que se refere o art. 69 da Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, é o Delegado de Polícia,
de que trata o art. 144 § 4º da Constituição Federal.”
Fato este, ratificado pela Resolução conjunta da Procuradoria Geral
de Justiça e da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro nº
002, de 10 de junho de 1996, a qual preconiza , em seu art 1º, anexo I, que:
“O Policial Civil ou Militar que tomar conhecimento da
prática de infração penal deverá comunicá-la, incontinenti, ao
46
Delegado de Polícia da Unidade de Polícia Administrativa e
Judiciária da respectiva circunscrição.”
Desta forma, em virtude da Lei nº 2.556/96 e da Resolução Conjunta
estabeleceu que no Estado do Rio de Janeiro “autoridade policial” é somente o
Delegado de Polícia, não sendo permitido, portanto, à Polícia Militar promover
esta atividade, resultando, em virtude deste fato, uma espera excessiva do animal
apreendido na delegacia policial para a confecção do registro de ocorrência e
posterior destinação, o que ocasiona aproximadamente 90% de óbito dos animais
apreendidos, já que normalmente estão bem debilitados pelos maus tratos na
captura, durante o transporte e as péssimas condições de armazenamento.
O que se verifica é que, com o advento desta nova Lei, o que já era
difícil ficou ainda pior, uma vez que as Delegacias da Polícia Civil passaram
também a ter mais um formulário burocrático para preencher e que onerou mais
ainda seus já abarrotados cartórios, impedindo com isso, o cumprimento de sua
missão constitucional, que é a de polícia judiciária, gerando com isso uma
morosidade da elucidação dos crimes tidos de maior repercussão, causando uma
insatisfação na sociedade e nos órgãos de governo que colocam a Instituição
como ineficaz em sua missão. (Silva & Medeiros, 1998).
Para uma maior eficiência, têm as corporações policiais militares do
Brasil procurado junto a seus tribunais e órgãos responsáveis pela jurisdição dos
respectivos estados membros, buscando esse nicho de mercado policial na
prestação de serviço, visando atender o que preconiza a citada lei quanto à
celeridade e a informalidade e, principalmente, por entender que o Art. 69 desta
Lei remete a visão de autoridade policial também aos policiais militares e não
apenas ao Delegado de Policia Civil, ou seja, abrangendo ai seus agentes na
mesma condição para esta finalidade específica, que seria a lavratura do Termo
Circunstaciado de Ocorrência (TCO).
47
A Polícia Militar do Estado de São Paulo conseguiu através da
Corregedoria do Tribunal de Justiça daquele Estado um parecer favorável ao
intento, igualmente, a Polícia Militar de Santa Catarina, obteve em requerimento
promovido à Procuradoria Geral do Estado, que também se colocou favorável ao
citado pleito.
O STJ, em súmula recente reconhece, a Polícia Militar como órgão
competente para a lavratura do citado TCO, tendo, portanto se tornado
jurisprudência sua resolução para esta finalidade.
O Estado do Rio de Janeiro ainda não reconhece a prerrogativa da
Polícia Militar como autoridade policial para a confecção do TCO, tendo impedido
sua atuação, apesar da exaustão da polícia civil para promover essa atividades.
Diversas Portarias administrativas específicas permitem o
licenciamento de criadouros científicos, comerciais e conservacionistas de animais
silvestres, além de jardins zoológicos. Até o momento não há uma lei internacional
contra o tráfico de animais silvestres. Para isso é importante à cooperação
internacional, que deve ocorrer entre diferentes instituições, tais como as
autoridades da CITES em cada país, das polícias por meio da Interpol e dos
serviços alfandegários. O sucesso do combate ao tráfico de animais silvestres vai
depender diretamente dessa cooperação internacional (Le Duc, 1996).
A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e
Flora Selvagem em Perigo de Extinção (CITES) foi uma convenção firmada em
Washington (USA), em março de 1973, entrando em vigor em julho de 1975. Tem
como propósito fornecer mecanismos para restringir e controlar o comércio das
espécies selvagens e seus produtos, em âmbito internacional. O Brasil é
signatário desde agosto de 1975.
48
Uma outra grande falha na Lei de crimes ambientais (9.605/98), é o
fato desta disposição proíbir a exposição dos animais silvestres para a venda, bem
como seus produtos e objetos, provenientes de criadouros não autorizados ou
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
Porém, a lei não dispõe de mecanismos proibitivos da exposição dos animais pela
internet, fato este que estimula a aquisição de animais não legalizados.
4.1.5 Falta de treinamento adequado e material de estudo
O grave problema brasileiro, incluindo o Estado do Rio de Janeiro é
a falta de conhecimento sobre os assuntos ligados a questões ambientais. Até
mesmo pelos integrantes das próprias instituições que possuem o dever legal de
combater o comércio ilegal de animais silvestres. É criado um preconceito contra
os que estão incubidos das ações de repressão, achando ser um trabalho fácil e
desnecessário. A ignorância sobre tais questões não é característica dos
analfabetos. Muitas das vezes é de autoridades que possuem algum poder de
decisão dentro da instituição.
Os traficantes de animais silvestres se especializaram, contam com
estruturas eficientes. É de todo lícito imaginar que os agentes ambientais do
Estado, diante da complexidade que está se tornando o tráfico de animais
silvestres, além das tradicionais limitações operacionais e estruturais, são a parte
em desvantagem no processo.
As Universidades que detem o conhecimento, não desempenham
um papel atuante na qualificação e formação dos profissionais, não promovem
congressos, simpósios, seminários, além de não realizarem convênios com os
órgãos ambientais, com o objetivo de fornecer, aos agentes empenhados neste
combate, noções de botânica, biologia, zootecnia, entre outros, bem como
estratégias de formulação e implementação de políticas vinculadas à justiça e dos
contextos em que estão inseridas as práticas e significados das ações ambientais.
49
O IBAMA é o órgão competente para regularizar todas as atividades
ligadas a animais silvestres no Brasil, sendo responsável pela produção de vários
atos administrativos, resolução, portarias, instruções normativas, etc... no que diz
respeito ao tráfico de animais silvestres. Um grande transtorno é que essas
publicações são revogadas e refeitas, muitas das vezes, excluindo das normas,
um ecosistema, região ou até mesmo uma Unidade de Conservação. O que
acarreta uma constante consulta e atualização dos fiscais no exercício de suas
funções.
4.1.6. Falta de apoio por parte dos governos
Segundo Garotinho et al. (2002), na luta contra o crime deve-se
saber que tipo de criminalidade se quer combater prioritariamente, e em que nível
ou se há prioridades; ou se tudo é prioritário. Advirta-se aos apressados que
quando tudo é prioritário, nada é prioritário. Em segundo lugar, é preciso
dimensionar os meios disponíveis em relação aos objetivos que se pretende
alcançar, e as condições reais para fazê-lo.
O poder faz escolhas nem sempre percebidas até mesmo por
aqueles que operam ou gerenciam a segurança pública, e que, na maioria das
vezes, essas escolhas são feitas com racionalidades indecifráveis, sem qualquer
ligação com o objetivo de preservar o ambiente.
Há alguns anos, as forças policiais de alguns Estados eram
estimuladas a reprimir o jogo do bicho, e em muitos lugares isto era prioridade
absoluta, como no Rio de Janeiro, acarretando o emprego de expressivos
recursos humanos e materiais nesse combate. Hoje, o foco passou a ser o
combate às drogas. Cada vez mais os efetivos policiais são direcionados para a
repressão aos traficantes de drogas.
50
O Governo Federal tem o encargo constitucional e legal de reprimir
qualquer tipo de contrabando. Frequentemente, entretanto, a imprensa nos dá
conta de grandes operações, mobilizando a Polícia Federal para reprimir o
contrabando de armas e drogas. Até mesmo a Receita Federal é mobilizada para
reprimir os chamados sacoleiros, pessoas que viajam para o Paraguai para
comprar bugigangas e comercializar informalmente no varejo brasileiro, enquanto
os grandes traficantes de animais silvestres não parecem merecer igual atenção.
Trata-se de escolha ou, por alguma razão, só a repressão ao contrabando de
armas, drogas ou ao contrabando praticado por sacoleiros merece destaque na
mídia.
Devido ao incremento da violência no Estado do Rio de Janeiro, dos
anos 80 em diante, coincidindo com o aumento do consumo da droga,
particularmente da cocaína e com a força expansionista dos cartéis internacionais,
as políticas públicas de segurança carreou os recursos materiais e humanos para
o combate a criminalidade, relegando a segundo plano o combate a crimes de
caráter ambiental.
4.1.7. Falta de integração entre os órgãos ambientais
Não está estabelecido um intercâmbio entre os vários órgãos
responsáveis pela fiscalização do comércio ilegal de animais silvestres que atuam
no Estado do Rio de Janeiro, como troca de dados, desencadeamento de
operações em conjunto, cursos e seminários abertos para todos os órgãos.
O vínculo entre as autoridades federais e estaduais com o propósito
de ampliar e aprofundar o relacionamento institucional é extremamente tênue. Não
existe trabalhos compartilhados de duas ou mais agências ambientais, o que seria
uma grande oportunidade para o entrelaçamento de diferentes filosofias em torno
de um mesmo objetivo, que é o combate ao tráfico de animais silvestres.
51
52
No entanto, o que deveria existir, na verdade, era uma total
integração de todos os envolvidos e diretamente afetados (Governo Federal,
Estadual e Municipal, Polícias Federal, Civil e Militar, Sociedade, Universidades e
Imprensa) no sentido de tentar acabar com a prática do comércio ilegal de animais
silvestres, como sugestiona-se o esquema representado na Figura 27, proposto
pela RENCTAS, no I Simpósio de Produção de Animais Silvestres em Cativeiro,
na Universidade Federal de Lavras/MG, em 2003.
Figura 27 – Diagrama da Rede Estadual de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres
Fonte: RENCTAS, 2003.
M.P.E.
P.M.E.
P.Civil
ONGs
ImprensaUniversidade
P.R.E
Sociedade Civil
FORUM OPERATIVO
4.2. BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE
O Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA), foi
criado pelo Decreto nº 9.529 de 15 de dezembro de 1986 como 23º Batalhão de
Polícia Militar, com sua sede localizada, inicialmente, no Comando de
Policiamento do Interior, em Niterói. Menos de um ano após a sua criação, em 25
de setembro de 1987, esta Unidade teve a sua denominação mudada para
BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE, através do
Decreto nº 10.376/87. Logo a seguir a sua sede foi transferida para as históricas
edificações da Fazenda Colubandê, em São Gonçalo, onde permanece até os
dias de hoje. Cumpre a sua diuturna missão na execução do policiamento
florestal, de outras formas de cobertura vegetal, de outros recursos naturais e da
preservação do meio ambiente em todo o território do Estado do Rio de Janeiro.
Figura 28- Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) Colubandê, São Gonçalo – RJ.
53
Para o cumprimento de suas missões constitucionais, o BPFMA
conta com cerca de treze postos de policiamento florestal (PPF), espalhados pelo
estado. São eles:
• Sede da 1ª CIA (Colubandê, junto à sede do BPFMA);
• PPF 1/2 (Guapimirim);
• PPF 1/3 (Morro Azul);
• PPF 1/4 (Seropédica);
• Sede da 2ª CIA (Cachoeiras de Macacu);
• PPF 2/2 (Santa Maria Madalena);
• PPF 2/3 (Duas Barras);
• PPF 2/4 (Praia Seca);
• Sede da 3ª CIA (Campos dos Goytacazes);
• PPF 3/2 (Quissamã);
• Sede da 4ª CIA (Angra dos Reis);
• PPF 4/2 (Valença) e
• PPF 4/3 (Ilha Grande).
Deve-se salientar que estes postos encontram-se posicionados em
locais próximos, quando não dentro, de áreas de extremo interesse ambiental,
como parques, áreas de preservação ambiental, unidades de conservação, etc.
Pela natureza de seus serviços, o BPFMA tem como clientes todas
as pessoas que moram, trabalham, estudam ou que estejam em visita ao Estado
do Rio de Janeiro, bem como todas as organizações governamentais e não-
governamentais ligadas à defesa, proteção e preservação do ambiente.
O relacionamento operacional da Unidade ocorre de duas formas:
uma interna e outra externa. No modo interno, o Batalhão mantém estreito contato
com outras Unidades Operacionais, em especial aquelas subordinadas ao
Comando UopE, responsável por gerenciar o policiamento de Unidades Especiais,
54
como o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Grupamento Especial Tático
Motorizado (GETAM), Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), Batalhão de
Policiamento de Vias Especiais (BPVE) e Grupamento Tático de Motociclistas
(GTM). Cumpre ainda missões de apoio a outras OPM (Organizações Policiais
Militares). No combate à criminalidade comum e ao policiamento ostensivo
preventivo, o BPFMA cede parte de seu efetivo, por tempo limitado, cumprindo as
determinações emanadas pelo Estado Maior da Corporação.
Dentre os serviços de apoio externo mais importantes, destacam-se
aqueles prestados a organizações como o IBAMA e prefeituras, por exemplo, bem
como a organizações científicas e de estudos, tais como, Universidades e escolas
que participam juntamente com o BPFMA em projetos de educação ambiental.
Para desenvolver suas atividades o BPFMA conta com um efetivo de
374 policiais da própria Corporação, sendo 13 oficiais e 361 praças. A tabela 1,
abaixo, relaciona a cada patente o número de policiais do BPFMA, dentro da
hierarquia da Polícia Militar (Tabela 1).
OFICIAIS LOTADOS NO BPFMA
Coronel 01 Tenente Coronel 01 Major 02 Capitão 01 1ºTenente 05 2º Tenente 03
PRAÇAS LOTADOS NO BPFMA
Sub-Tenente 02 1º Sargento 14 2º Sargento 39 3º Sargento 51 Cabo 87 Soldado 168 TOTAL GERAL 374
Tabela 1 - Efetivo do BPFMA em outubro de 2003 Fonte:BPFMA, 2003.
55
O Batalhão de Policia Florestal e Meio Ambiente procura sempre
segmentar sua atuação, definindo previamente a forma de prestação de serviço
mais adequada (Tabela 2).
ATUAÇÃO FORMAS DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE POLICIAMENTO
• Crimes Ambientais -Postos de Policiamento Florestal (PPFMA)
-Patrulhamento Florestal(PTr)
-Grupamento de Policiamento Florestal (GPFMA)
• Educação Ambiental -Palestras em Escolas -Exposições em escolas e centros comunitários -Visitas acompanhadas ao Batalhão -Apoio a Ed. Ambiental junto as Prefeituras
Tabela 2 – Atuação e formas de prestação do serviço de policiamento no BPFMA, Fonte: BPFMA, 2.003.
Os atributos dos serviços de policiamento ostensivo e de
preservação da ordem pública prestados pelo BPFMA estão identificados a
seguir:
1º) caráter preventivo do policiamento Florestal e Rural;
2º) rapidez de resposta;
3º) força de trabalho tecnicamente capaz;
4º) cortesia no atendimento;
a. Atividades desenvolvidas pelo BPFMA
Com o intuito de fortalecer e estreitar o relacionamento Polícia X
Comunidade, são realizados vários projetos comunitários que cortam com o apoio
e organização do Batalhão. Entre eles vale citar a SEMANA DO MEIO
AMBIENTE, realizada anualmente na semana do dia 05 de junho, em que se
comemora o Dia Internacional do Meio Ambiente. O evento atende crianças de
diversas escolas, creches e orfanatos, que realizam atividades recreação e
educação ambiental. Neste último evento de 2003, reuniu mais de cinco mil
pessoas, entre crianças, patrocinadores, cooperadores e policiais miIitares.
56
O BPFMA desenvolve seus planos e ordens de operações, a fim de
garantir segurança à população, armazenando dados estatísticos de
Operacionalidade.
No ano de 1997, o BPFMA apreendeu dois mil quinhentos e quarenta
e quatro animais silvestres, em 1998 apreendeu três mil e vinte e seis , em 1999
cinco mil e vinte e quatro, em 2000 apreendeu três mil oitocentos e sessenta e
oito, em 2001 três mil duzentos e cinquenta e um e em 2002 dois mil e vinte e um,
perfazendo um total de dezenove mil setecentos e trinta e quatro animais
apreendidos (Figura 29). Pode-se observar que em 1999 houve, por parte do
Batalhão, um número maior de incursões a feiras livres, em função da prioridade
do Comando da época em apreender animais silvestres em detrimento ao
combate a outros delitos ambientais.
2544
3026
5024
3868
3251
2021
1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
Nº d
e an
imai
s
Figura 29 – Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA entre 1997 e 2002 Fonte: BPFMA-RJ, 2003.
57
Delitos 2003 ARMAS PRESOS OCORRÊNCIAS km percorridos em fiscalização
JAN 26 19 131 4217 FEV 17 6 73 3762 MAR 16 19 140 5857 ABR 32 21 161 5908 MAI 33 14 121 3659 JUN 30 20 122 2806 JUL 38 31 186 5227
Tabela 3 - Numeros totais da atuação do BPFMA em 2003 (jan/jul) Fonte: BPFMA, 2003.
b. Atividades realizadas em 2002
O BPFMA, a partir de 2002, além de atuar na parte penal, começou
a atuar administrativamente, notificando os infratores de crimes definidos pela Lei
de Crimes Ambientais. No Estado do Rio de Janeiro, tal atribuição era exclusiva
do IBAMA, porém conforme o convênio firmado em Dezembro de 2001, entre o
BPFMA e o IBAMA, foi delegado esta competêcia ao BPFMA, o qual, no ano de
2002 aplicou cerca de 143 autos de Infração, cerca de 33 relacionados a crimes
contra a fauna, 47 contra a flora, 11 relativo a pesca ilegal, 30 em degradação
ambiental e 3 em poluição, perfazendo um total de 52 áreas embargadas, com um
total de R$ 1.038.810,00 (um milhão, trinta e oito mil, oitocentos e dez reais) em
multas aplicadas.
b.1. Apreensões e resgates de animais silvestres:
De acordo com os Talões de Registro de Ocorrências (TRO), pode-
se constatar que as apreensões e/ou resgates de animais silvestres foram
realizadas nos seguintes Municípios:
58
• Angra dos Reis; Barão de Juparanã; Cachoeira de macacu;
• Caxias; Cidade do Rio de Janeiro Duas Barras
• Eng. Levy Gasparian; Guapimirim; Iguaba Grande;
• Itaboraí; Magé; Mendes;
• Miguel Pereira; Niterói; Nova Friburgo;
• Paracambi; São Gonçalo; Sapucaia;
• Três Rios; Valença; Vassouras.
b.2. Operações:
De acordo com as denúncias da população, solicitações de apoio por
parte dos outros órgãos ambientais, levantamentos efetuados pelos agentes
reservados (P/2) e com os planejamentos estratégicos, foram realizadas as
seguintes operações policiais:
• Coibir pesca predatória no rio Paraíba do Sul, Campos dos
Goytacazes;
• Coibir caça no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis,
Petrópolis e Itaipava;
• Coibir pesca predatória na Baia de Sepetiba, conjunto com os órgãos
IBAMA e Polícia Federal;
• Coibir pesca predatória e/ou utilização de apetrechos irregulares na
lagoa de Marica;
• Coibir comércio e manutenção em cativeiro de animais silvestres em
feira livre, Tijuca;
• Coibir pesca predatória nos rios dos municípios de Campos dos
Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana;
• Coibir pesca predatória e extração ilegal de conchas nos municípios
de Araruama e Arraial do Cabo.
59
b.3. Educação Ambiental:
Na área de Educação ambiental, o BPFMA atendeu só no ano de
2002 cerca de 95 escolas, com um total de 7.055 (sete mil e cinqüenta e cinco)
alunos, em projetos de palestras e visitas, tais como:
• Exposição de material na atividade “Veterinário na Rua”, Parque do
Cantagalo;
• Semana do Meio Ambiente no BPFMA;
• Palestra sobre atividades do BPFMA para adolescentes do projeto
Ação Jovem, Sec. de Trabalho e Ação Social de Iguaba Grande;
• Palestra sobre zoologia e manejo de répteis e primatas, realizada no
curso de soldados do BPFMA;
• Apresentação de material na Exposição Agropecuária de Casimiro
de Abreu.
c. Unidade Médico Veterinária no BPFMA
O número de veterinários, do mesmo modo que de policiais militares,
ainda é insuficiente para que se monitore toda a área sob a responsabilidade do
BPFMA/RJ. Na Figura 30, pode-se ter uma noção da disparidade entre as
apreensões e/ou resgates realizadas somente pelos policiais militares do
BPFMA/RJ, em 2002, do quantitativo que são acompanhadas por especialistas, no
caso de médicos veterinários, o que vislumbra possibilidades de um
acompanhamento direcionado ao animal para tratamento, visando a destinação
mais adequada.
60
PORCENTAGEM COMPARATIVA - Planilha geral X Com acompanhamento veterinário
124
189
13
56
229
172
124
185
415
209
172
129
0 0 026
80
4558
17
153
29
101
10
50
100
150
200
250
300
350
400
450
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Nº d
e an
imai
s
PLANILHA GERAL
COM ACOMPANHAMENTOVETERINÁRIO
Figura 30 – Porcentagem comparativa do número de animais apreendidos e/ou
resgatados em 2.002 com acompanhamento veterinário Fonte: BPFMA/RJ, 2003.
O Batalhão de Polícia Florestal e do Meio Ambiente, considera que
estes animais apreendidos devem ser examinados por especialistas, através de
amostras (fezes, sangue, urina, penas, etc) que possibilitem análises científicas,
contribuindo para conclusão de estudos específicos e detalhados sobre o impacto
das ações antrópicas sobre o ambiente, especificamente sobre a fauna. Isso
poderia contribuir para a realização de estratégias visando a reabilitação e soltura
dos espécimes apreendidos.
Os materiais coletados seriam analisados no Laboratório Veterinário
da PMERJ ou em Universidades e as conclusões destes estudos, juntamente com
as espécies apreendidas, gerariam trabalhos científicos que poderiam ser
61
publicados em congressos e revistas. Como exemplo destes tipos de pesquisa a
serem realizadas, pode-se citar:
• Análise dos endo e ectoparasitas da fauna silvestre apreendida, através de
exames coproparasitológicos e exames clínicos;
• Microbiota cloacal da avifauna apreendida e/ou resgatada, através de
swabs de cloaca;
• Perfil genético de determinadas espécies de aves, através da coleta de
penas, sangue e etc.
De maneira geral, fica claro que se o BPFMA/RJ tivesse os recursos e
mão-de-obra especializada necessária, sem dúvida alguma, poderia ser bem mais
atuante no que se refere ao combate do tráfico de animais silvestres no Estado do
Rio de Janeiro.
A falta de estrutura adequada é reflexo da falta de investimentos no
BPFMA/RJ, por parte do Governo do Estado, que também se dá, em função da
grande onda de violência que assola a cidade, conseqüentemente direciona os
recursos humanos e materiais para o combate a outros tipos de crimes
organizados.
Logo, é muito importante também que organizações privadas
participassem mais ativamente do combate ao tráfico de animais silvestres,
disponibilizando recursos, ou até mesmo patrocinando não só o BPFMA/RJ, mas
outras organizações não governamentais que também atuam no combate ao
tráfico de animais silvestres, a sua grande maioria com papel de orientação.
62
4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Foram analisados os resultados obtidos através da pesquisa de
campo realizada em 2003 no Espaço Aberto Escola, localizada no bairro Fonseca,
situado no município de Niterói/RJ. Para melhor elucidação do tema proposto,
foram referenciados alguns dados coletados no Batalhão de Polícia Florestal e de
Meio Ambiente (BPFMA) do Estado do Rio de Janeiro, que fazem menção ao
combate do tráfico de animais silvestres.
A finalidade foi a de sondar a visão do adolescente, em turmas de 5ª
a 7ª série do ensino fundamental. Cabe ressaltar que, além do acesso facilitado e
a disponibilidade, a escolha se deu pelo fato dessa faixa etária já possuir
discernimento, ter ideal e busca mudanças, portanto é mais fácil mudar a
consciência de um adolescente do que de um adulto, Ao responderem aos
questionários aplicados, os alunos mostraram-se, antes e após a palestra,
totalmente contra a idéia de manter um animal silvestre em sua residência (Figura
31). No entanto, esses números não condizem com a realidade constatada
através das apreensões realizadas no Estado do Rio de Janeiro (Tabela 4).
20%
80%
10%
90%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 31 – Porcentagem de entrevistados que manteriam
animais silvestres em suas residências
63
Apesar da tabela a seguir ilustrar um declínio dos números de
apreensões, que inclusive se mantém no ano de 2003, de acordo com dados do
BPFMA, os números ainda são expressivos diante da ameaça de extinção de uma
série de espécies de animais silvestres existentes na fauna no Estado do Rio de
Janeiro.
Ano 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre
2001 489 944 1085 739
2002 326 457 724 510
Tabela 4 – Comparativa de animais apreendidos 2001/2002 Fonte: BPFMA/RJ, 2003.
O interessante é que os alunos pesquisados têm o conhecimento de
que é ilegal o fato de manter um animal silvestre em cativeiro, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente (Figura 32). Na
palestra, os alunos foram alertados de que não se pode encarar o fato de manter
uma ave, um mamífero ou um réptil em gaiola ou jaula como uma atitude sem
conseqüências.
95%
5%
98%
2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 32 - Porcentagem de entrevistados que têm conhecimento de que é ilegal manter
um animal silvestre em cativeiro sem a devida autorização.
64
Cabe analisar que se estes adolescentes tem conhecimento de que
é proibido manter o animal fora de seu habitat natural, fica difícil imaginar que os
adultos não saibam de que contribuem para a extinção de várias espécies ao
participarem ou serem coniventes com o tráfico de animais silvestres.
Foi perguntado aos alunos, se consideram como uma prova de
amor, o fato de ter um animal em casa, dando-lhe água, comida, carinho e todos
os cuidados necessários. No primeiro questionário, 35% respondeu que sim,
porém após a palestra, demonstrado que ter um animal silvestre em casa contribui
para a extinção de sua espécie, apenas 12% respondeu positivamente (Figura
33).
35%
65%
12%
88%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 33 – Porcentagem de entrevistados que consideram como prova de amor, o
fato de ter um animal silvestre em casa, dando-lhe água, comida, carinho e todos os cuidados necessários.
Este fato retrata a importância de campanhas de conscientização
junto à sociedade. Além disso, há necessidade de um trabalho permanente e
contínuo sobre a questão. Apesar de a educação e a conscientização da
população serem difíceis e demoradas, e terem um resultado em longo prazo, a
importância da educação ambiental é reconhecida no mundo todo com um
65
elemento essencial ao combate dos problemas ambientais, entre eles o tráfico de
animais silvestres.
A Figura 34 demonstra que mais da metade dos entrevistados já
tiveram acesso a algum local de venda ilegal de animais silvestres. O que deveria
ser considerado para a implantação de campanhas de orientação e estímulo às
denúncias.
56%
44%
58%
42%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 34– Porcentagem de casos que os entrevistados já tenham visto animais silvestres
sendo vendidos ilegalmente.
Porém, ao se tratar de denunciar alguém que participe do tráfico de
animais silvestres (Figura 35), mesmo que seja apenas mantendo um canário em
casa ou algum outro animal silvestre em cativeiro, depara-se com uma questão
delicada, pois muitas vezes, tratando-se de um conhecido ou familiar, comete-se o
erro de compartilhar de tal ato, ao enxergar-se tal delito como inofensivo à
sociedade, esquecendo-se de que ele é altamente agressivo àqueles animais e
toda sua espécie. O tráfico de animais silvestres, assim como o tráfico de drogas,
é mantido por aqueles que os consomem. Portanto, qualquer um que mantenha
um animal silvestre, seja em sua casa, sítio, fazenda ou parque, está participando
do tráfico deve ser responsabilizado judicialmente por esta infração, conforme
preceitua o art 29 da Lei nº 9.605/98.
66
58%
42%
62%
38%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 35 – Porcentagem de entrevistados que denunciariam um conhecido por manter em casa ou em cativeiro um animal silvestre.
Loureiro et. al. (1992) esclarecem que, no processo de
redemocratização do país, a criação de leis e instrumentos para a gestão
ambiental no Brasil ainda não implicou na efetiva implementação de políticas
públicas que desemboquem na melhoria da qualidade de vida e na proteção dos
recursos naturais. A questão ambiental coloca, neste final de século, a
necessidade do redescobrimento do sentido e destino da coisa pública, o que nos
induz a refletir sobre a árdua tarefa que a educação ambiental tem pela frente, ou
seja, deve ser alimentada de informações pertinentes de alta qualidade, e ela não
está disponível aos educadores de uma forma ágil o suficiente, e sobretudo, numa
linguagem adequada. A Figura 36 ilustra a porcentagem de adolescentes que
gostariam de ter aulas sobre o meio ambiente, pois ao ser considerada como
campo interdisciplinar, a educação ambiental ainda não ganhou maior projeção e
autonomia entre os educadores.
67
68%
32%
75%
25%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Pré-teste Pós-teste
simnão
Figura 36 – Porcentagem de entrevistados que gostariam de ter aulas sobre o meio
ambiente.
Controlar e reprimir esse comércio é necessário, porém o mais
importante é desenvolver trabalhos educativos e de esclarecimento da sociedade.
O desconhecimento geral dos problemas ligados ao comércio ilegal de animais
silvestres e da perda do patrimônio faunístico, faz com que haja pouca ou
nenhuma participação popular nas atividades conservacionistas. Não se respeita o
que não se conhece. As pessoas precisam entender as conseqüências desse
comércio e por que as leis e dispositivos legais não poderão resolver sozinho esse
problema (Ávila-Pires, 1972; Hemley & Fuller, 1994).
68
5. CONCLUSÃO
Na comparação dos dados oficiais do IBAMA (2001) quanto às
apreensões de fauna silvestre no Brasil e na estatística de operacionalidade do
BPFMA (2003), pode-se verificar a falta de integração e sistematização dos dados
entre os órgãos responsáveis pelo manejo dos recursos naturais. O BPFMA,
somente no Estado do Rio de Janeiro, apreendeu 3.868 animais silvestres em
2000, número este, superior aos 3.070 animais, divulgados oficialmente pelo
IBAMA, como apreendidos na Região Sudeste em 2000.
No Estado do Rio de Janeiro, os Órgãos Federais e Estaduais
responsáveis pelo combate ao tráfico de animais silvestres deveriam constituir um
sistema integrado, um conjunto articulado de partes, pensadas uma em função da
outra, e não funcionando de forma estanque, como se os problemas do seu bom
funcionamento se pudessem atribuir tão-somente a fatores internos. As agências
ambientais responsáveis com o problema do tráfico lidam de maneira pontual,
considerando satisfatório qualquer resultado porventura atingido nas eventuais
ações diretas executadas em feiras-livres e mercados. Não há, portanto, qualquer
preocupação em obter dados sobre quem efetivamente está promovendo o tráfico,
as espécies pressionadas e tampouco os locais de depósito utilizados. A utilização
da técnica de inteligência visa não só obter o conhecimento necessário a respeito
do fenômeno tráfico como também identificar os atores envolvidos e as práticas
empregadas.
Existem sérios problemas que os órgãos de fiscalização enfrentam
para combater o comércio de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro,
como: lugar para destinar os animais apreendidos, falta de apoio político, viaturas,
69
equipamentos, contingente, treinamento e material de estudo. A legislação
também necessita de modificações, aproximando mais da realidade do Estado.
No caso do Estado do Rio de Janeiro e sua relação com o
BPFMA/RJ, pode-se observar que falta um maior apoio, não só com
equipamentos ou recursos, mas com parcerias de cunho educacional junto às
escolas do Estado. Este papel que o BPFMA já vem desenvolvendo há algum
tempo, e que comprovadamente mostra-se eficaz no esclarecimento dos alunos e
propagação da informação.
Qualquer iniciativa de orientação e esclarecimento sobre o tráfico de
animais silvestres é positiva e surte resultado quando é trabalhado e incorporado
na comunidade escolar com clareza e interatividade.
70
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Amado (1991), são retirados da natureza, no Brasil, cerca
de 12 milhões de espécimes de animais por ano, para atender o comércio ilegal.
Esse número é citado também por CONAMA (1991), Rocha (1995), Marink (1996),
Braga et al. (1998) e RENCTAS (1999). Amado (1991), não utilizou nenhuma
metodologia para se chegar a esse valor, sendo a mesma apenas uma estimativa
oficiosa da Associação Amigos de Petrópolis – Patrimônio, Proteção aos Animais,
Defesa Ecológica APANDE. Essa estimativa baseou-se em informações pessoais
obtidas por Amado (1991), na Superintendência do IBAMA e no Batalhão de
Polícia Florestal e de Meio Ambiente do Rio de Janeiro.
Para que desde cedo os alunos formem uma consciência ambiental,
aptos a decidir e atuar na realidade sócio-ambiental, de modo que sejam
colaboradores da manutenção da qualidade de vida, não só deles, mas
principalmente de toda a fauna brasileira é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com
formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e
procedimentos.
È fundamental que sejam desenvolvidas campanhas de
esclarecimento e advertência sobre o tráfico de animais silvestres em conjunto
com ações de apreensão e resgate. Para que isso ocorra, é necessária e
fundamental a participação de todos os envolvidos, incluindo-se o Governo e a
Sociedade, como já citado anteriormente.
Cabe frisar que, em nenhum momento, este estudo pretende esgotar
o tema proposto em si, mas objetivando esclarecer e servir de referências para
pesquisas futuras, buscando sempre a preservação da fauna e o combate ao
tráfico de animais silvestres.
71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro. APANDE, Petrópolis, 1991.
ANDRADE, M. A. A vida das aves. Editora Líttera Maciel, Belo Horizonte, 1993.
AVELINE, L. C. & COSTA, C. C. C. Fauna Silvestre In: Recursos Naturais e Meio
Ambiente: uma visão do Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, 1993.
ÁVILA-PIRES, F. D. Conservação e Extinção In: Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção, Editado pela Academia Brasileira de Ciências, Rio de
Janeiro, 1972, 3-11p.
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BLOCK, R. Illegal wildlife trade: keep informed. Animal Keep. Forum, 14(12), 1987,
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BORNSCHEIN, M. R.; REINERT, B. L. & TEIXEIRA, D. M. Um novo Formicariidae
do sul do Brasil (Aves, Passeriformes). Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação
Ambiental, Rio de Janeiro, 1995.
72
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Z. Controle ambiental para a fauna silvestre no âmbito do estado do Rio de
Janeiro. Anais do VIII Seminário Regional de Ecologia, (VIII), 1998, 951-962p.
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BUENO, E. História do Brasil, projeto editorial da publifolha - Jornal folha de São
Paulo e zero hora/RBS Jornal de São Paulo, 1997.
CAMPELLO, R. O bote do inverno. Revista Veja, Editora Abril, São Paulo, 2000,
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80
Anexo 1 - Legislação Brasileira Referente à Fauna Silvestre
Artigos da - Constituição Brasileira, de 05 de outubro de 1988:
Artigo n.0 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
Artigo n.0 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Leis:
Lei n.0 6.938, de 31 de agosto de 1961 (texto atualizado até a Lei no.8.028 de 12.04.90) - Dispõe sobre a Política nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Lei n.0 4.771, de 15 de setembro de 1965 – Institui o Novo Código Florestal.
Lei n.0 5.197– Lei de Proteção à Fauna, de 03 de janeiro de 1967 - Regulamenta de modo geral o uso da fauna e sua proteção.
Lei n.0 6.638, de 8 de maio de 1979 – Estabelece normas para a prática didático-
científica da vivissecção de animais e determina outras providências.
82
Lei n.0 7.173/83, de 14 de dezembro de 1983 – Lei de Zoológicos - Dispõe
sobre o estabelecimento e funcionamento de jardins zoológicos e dá outras
providências.
Lei n.0 7.643, de 18 de dezembro de 1987 – Proíbe a pesca de cetáceo nas
águas jurisdicionais brasileiras e dá outras providências.
Lei n.0 7.653 – Lei Fragelli, de 12 de fevereiro de 1988 - Altera a redação dos
arts. 18, 27, 33 e 34 da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a
proteção à fauna, e dá outras providências.
Lei n.0 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 – Dispõe sobre a extinção de órgão e
de entidade autárquica, cria o Instituo Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e dá outras providências.
Lei n.0 7.889, 23 de novembro de 1989 - Dispõe sobre a inspeção sanitária e
industrial de produtos de origem animal.
Lei n.0 9.111, de 10 de outubro de 1995 – Acrescenta dispositivo à Lei no. 5.197,
de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna.
Lei n.0 9.605 – Lei de Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998 – Dispõe
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente.
Decretos:
83
Decreto n.0 24.545, de 03 de julho de 1934 - Aprova o Regulamento do Serviço
de Defesa Sanitária Animal - SDASA.
Decreto n.0 24.645, de 10 julho de 1934 - Considera maus-tratos: praticar ato de
abuso ou crueldade em qualquer animal; manter animais em lugares anti-
higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os
privem de ar ou luz; golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou
tecido, exceto castração, só para animais domésticos, ou operações outras
praticadas em benefício exclusivo do animal; abandonar animal doente, ferido,
extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que
humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; conservar
animais embarcados por mais de 12 horas, sem água e alimento; conduzir
animais, por qualquer meio de locomoção, colocados de cabeça para baixo. Decreto n.0 3, de 13 de dezembro de 1948 – Aprova a Convenção para a
Proteção da Flora, Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América,
assinada pelo Brasil em 27.02.40. Decreto-lei n.0 221, de 28 de fevereiro de 1967 - Dispõe sobre a proteção e
estímulo à pesca e dá outras providências.
Decreto n.0 63.234, de 12 de setembro de 1968 - Institui o "Dia da Ave", e dá
outras providências.
Decreto legislativo n.0 77, de 07 de dezembro de 1973 – Aprova o texto da
Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, concluída
em Washington, a 2 de dezembro de 1946.
Decreto n.0 76.623, de 17 de novembro de 1975 - Promulga a Convenção sobre
Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de
Extinção - CITES.
84
Decreto n.0 78/017, de 12 de julho de 1976 - Promulga o Acordo para a
Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e da
Colômbia.
Decreto n.0 78.802, de 23 de novembro de 1976 - Promulga o Acordo para a
Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e do Peru.
Decreto n.0 97.628,, de 10 de abril de 1989 - Regulamenta o art.21 da Lei no.
4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal, e dá outras providências.
Decreto n.0 97.633, de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre o Conselho Nacional
de Proteção à Fauna - CNPF, e dá outras providências.
Decreto Legislativo n.0 02, de 03 de fevereiro de 1994 – Aprova o texto da
Convenção sobre diversidade biológica, assinada durante a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do
Rio de Janeiro, no período de 5 a 14 de junho de 1992.
Decreto n.0 1.282, de 19 de outubro de 1994 – Regulamenta os artigos 15, 19,
20 E 21, da Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá outras providências.
Decreto n.0 3.179, de 21 de setembro de 1999 – Dispõe sobre a especificação
das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.
Portarias:
85
Portaria IBDF n.0 79-P, de 03 de março de 1975 - Regulamenta a caça
amadorista no ano.
Portaria IBDF n.0 51, de 19 de dezembro de 1977 - Aprova os modelos de
Certificado de Inspeção Sanitária.
Portaria IBDF n.0 108, de 02 de abril de 1982 - Aprova formulário de licença para
caça de animais silvestres.
Portaria IBDF n.0 409-P, de 27 de outubro de 1982 - Fixa valores para emissão
de licenças para exposição/concurso de animais silvestres/plantas ornamentais.
Portaria IBDF n.0 49, de 11 de março de 1987 - Regulamenta importação de
animais vivos para quaisquer fins e de material de multiplicação animal.
Portaria IBDF n.0 324-P, de 22 de julho de 1987 - Proíbe a implantação de
criadouros de jacaré do pantanal (Caiman crocodilus yacare) em áreas que não
estejam localizadas entro da Bacia do Rio Paraguai.
Portaria IBDF n.0 132-P, de 05 de maio de 1988 - Trata da implantação de
criadouros comercias para as espécies que não possuam um plano de manejo
específico.
Portaria Normativa IBDF n.0 286/88, de 04 de outubro de 1988 – Determina o
recadastramento das pessoas físicas e jurídicas que exercem atividades ligadas
aos setores de fauna e flora.
Portaria IBAMA n.0 283-P, de 18 de maio de 1989 - Normatiza o registro de
Zoológicos públicos e privados junto ao IBAMA.
Portaria IBAMA n.0 310-P, 26 de maio de 1989 - Registro de Clubes ou
Sociedades Amadorísticas de Caça e Tiro ao Vôo.
86
Portaria IBAMA n.0 1.522 e complementares, 19 de dezembro de 1989 - Reconhece a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçados de
Extinção.
Portaria IBAMA n.0 019, de 17 de janeiro de 1990 - Proíbe a permuta de animais
silvestres entre zoológicos e criadouros científicos e comerciais que não estejam
legalizados.
Portaria IBAMA n.0 126, de 13 de fevereiro de 1990 - Normatiza a Criação
Comercial do jacaré-do-pantanal Caiman crocodilus yacare.
Portaria IBAMA n.0 186, de 22 de fevereiro de 1990 – Institui o Centro Nacional
de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas.
Portaria IBAMA n.0 55 – MCT/CNPq, de 14 de março de 1990 – Aprova
regulamento sobre coleta, por estrangeiros, de dados e materiais científicos no
Brasil.
Portaria IBAMA n.0 332, de 13 de março de 1990 - Licença para coleta de
material zoológico, destinado a fins científicos e didáticos.
Portaria IBAMA n.0 1.531, de 14 de agosto de 1990 - Fixa preços de licenças de
importação/exportação/reexportação -CITES.
Portaria IBAMA n.0 2.161, de 25 de outubro de 1990 - Proteção da Ararinha
azul (Cyanopsitti spixii).
Portaria IBAMA n.0 2314, de 26 de novembro de 1990 - Normatiza a criação
comercial de insetos da Ordem Lepidóptera.
87
Portaria IBAMA n.0 172, de 22 de janeiro de 1991- Normatiza o comércio de
animais silvestres nativos, nascidos em cativeiro, somente entre zoológicos. Portaria IBAMA n.0 631-P, de 18 de março de 1991 - Registro de Federações,
Associações e Clubes Ornitofílicos. ** Revogada pela Portaria n.º 57, de 11 de
julho de 1996.**
Portaria IBAMA n.0 005-N, de 25 de abril de 1991 - Estabelece critérios para o
acasalamento de espécies ameaçadas da fauna brasileira.
Portaria IBAMA n.0 12-N , de 30 de janeiro de 1992 – Revoga as Portarias n.0
170-P de 16 de maio de 1977 e 008-P, de 11 de janeiro de 1978.
Portaria IBAMA n.0 119-N, de 17 de novembro de 1992 - Normatiza a
Comercialização de Peles de Crocodilianos Brasileiros Caiman crocodilus
crocodilus.
Portaria IBAMA n.0 142, de 30 de dezembro de 1992 - Normatiza a Criação
Comercial de tartarugas e tracajás Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis.
Portaria IBAMA n.0 44/93-N, de 06 de abril de 1993 – Regulamenta autorização
para transporte de produto florestal – ATPF.
Portaria IBAMA n.0 90/93-N, de 26 de julho de 1993 – revoga as “Permissões
Prévias” de pesca para embarcações inscritas no IBAMA.
Portaria IBAMA n.0 139-N, de 29 de dezembro de 1993 – Normatiza a
implantação de Criadouros Conservacionistas.
Portaria IBAMA n.0 16, de 04 de março de 1994 - Normatiza a implantação de
Criadouros Científicos.
88
Portaria IBAMA n.0 29, de 24 de março de 1994 - Normatiza a importação e
exportação de espécies da fauna brasileira e exótica. Portaria IBAMA n.0 108, de 06 de outubro de 1994 - Disciplina a caça
amadorista.
Portaria IBAMA n.0 126/94, de 17 de novembro de 1994 – Normatiza o
funcionamento dos Zoológicos Brasileiros.
Portaria IBAMA n.0 1912/94 – Reestrutura a Comissão Paritária de Zoológicos.
Portaria IBAMA n.0 10, de 30 de janeiro de 1995 - Proíbe o trânsito de qualquer
veículo na faixa de praia compreendida entre a linha de maior baixa-mar até 50m
acima da linha de maior preamar do ano (maré sizígia), nos estados do Rio de
Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco.
Portaria IBAMA n.0 11, de 30 de janeiro de 1995 - Proíbe qualquer fonte de
iluminação em faixas de praia para proteção de tartarugas marinhas.
Portaria IBAMA n.0 57, de 11 de julho de 1996 – Normatiza o funcionamento de Federações, Clubes e Sociedades Ornitófilas.
Portaria IBAMA n.0 70/96, de 23 de agosto de 1996 - Normatiza a
comercialização de produtos e subprodutos das espécies de quelônios.
Portaria IBAMA n.0 99, de 28 de agosto de 1997- Altera a portaria 57/96.
Portaria IBAMA n.0 113/97 – Normatiza os procedimentos de registros no IBAMA.
Portaria IBAMA n.0 117, de 15 de outubro de 1997 – Normatiza a
comercialização de animais vivos, abatidos, partes e produtos da fauna silvestre
89
brasileira, provenientes de Criadouros Comerciais e Zoológicos devidamente
registrados no IBAMA.
Portaria IBAMA n.0 118, de 15 de outubro de 1997 - Normatiza a implantação de
Criadouros Comerciais de animais silvestres.
Portaria IBAMA n.0 93¸de 07 de julho de 1998 – Normatiza as atividades que
envolvem importação e exportação de espécimes vivos, produtos e subprodutos
da fauna silvestre brasileira e exótica.
Portaria IBAMA n.0 102, de 15 de julho de 1998 – Normatiza o funcionamento de
criadouros de animais da fauna silvestre exótica com fins econômicos e
industriais.
Instruções: Instrução Normativa n.0 001/89 – Normatiza a ocupação de recintos em
zoológicos.
Instrução Normativa IBAMA n.0 03 , de 15 de abril de 1999 – Estabelece os
critérios para o Licenciamento Ambiental de empreendimentos e atividades que
envolvam manejo de fauna silvestre e exótica e de fauna silvestre brasileira em
cativeiro.
Resoluções: Resolução CONCEX n.0 165, 23 de novembro de 1988 – Aprova normas de
exportação e importação de animais vivos, para quaisquer fins.
Resolução CONAMA n.0 017, de 07 de dezembro de 1989 - Regulamenta a
destinação de peles de animais da fauna apreendidas pela Fiscalização.
90
Mocão/CONAMA/N0 016, de 05 de dezembro de 1991 – Solicita ao
Excelentíssimo Senhor presidente da República, que sejam destinados recursos e
tomadas medidas enérgicas para combater a caça, o tráfico e o contrabando de
animais silvestres em todo o país.
Resolução CONAMA n.0 237, de 19 de dezembro de 1997 - Regulamenta ações
de Licenciamento Ambiental nos Termos da Lei 6938.
Convenções: Convenção para a Proteção da flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, de 1940. Protocolo Para a Regulamentação da Pesca da Baleia, de 02 de dezembro de 1946.
Convenção Para a Conservação das Focas Antárticas, de 1972.
Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES, 1973. Convenção de Ramsar sobre Terras Úmidas Convenção Sobre Diversidade Biológica, de 1992. Acordos e Convênios internacionais:
91
Acordo para conservação da flora e fauna dos territórios amazônicos, de 03 de dezembro de 1973 – Aprova o texto do acordo para conservação da flora e da
fauna dos territórios amazônicos da República Federativa do Brasil e da República
da Colômbia, firmado em Bogotá, a 20 de junho de 1973.
Convênio Zoosanitário, de 1985 - Convênio Zoosanitário entre o Governo da
República Federativa do Brasil e o Governo da República Oriental do Uruguai para
o intercâmbio de animais e produtos de origem animal.
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Anexo 2 – Lista oficial de Animais Silvestres Brasileiros Ameaçados de Extinção
PORTARIA IBAMA Nº 1.522, DE 19 DE DEZEMBRO 1989
(Já retificada pela Portaria IBAMA nº 221/90)
Dispõe sobre a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, publicada no Diário Oficial da União, de 23 de fevereiro de 1989,
RESOLVE:
Art. 1º . Como Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a seguinte relação:
1.0 - MAMMALIA
1.1 - PRIMATES
* Alouatta belzebul belzebul (Linnaeus, 1766). Família CEBIDAE. Nome popular: guariba.
* Alouatta fusca (E. Geoffroy, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: barbado, guariba.
* Ateles belzebuth (E. Geoffoy, 1806).Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-aranha.
* Ateles paniscus (Linnaeus, 1758). Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-aranha.
* Brachyteles arachnoides (E. Geoffoy, 1806). Família CEBIDAE. Nome popular: muriqui, mono-carvoeiro.
* Cacajao calvus (I. Geoffroy, 1847). Família CEBIDAE. Nome popular: uacari.
* Cacajao melanocephalus (Humboldt, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: uacari-preto.
93
* Callicebus personatus (E. Geffroy, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: guigó, sauá.
* Callimico goeldii (Thomas, 1904). Família CALLIMICONIDAE. Nome popular: calimico.
* Callithrix argentata leucippe (Thomas, 1922). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui.
* Callithrix aurita (Hulboldt, 1812). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-de-serra-escuro.
* Callithrix flaviceps (Thomas, 1903). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-da-serra.
* Callithrix humeralifer (E. Geoffroy, 1812). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui.
* Cebus apella xanthosternos (Wied, 1820). Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-prego-do-peito-amarelo.
* Chiropotes albinasus (I. Geoffroy & Daville, 1848). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu-de-nariz-branco.
* Chiropotes satanas utahicki (Hershkovitz, 1985). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu.
* Chiropotes satanas satanas (Hoffmannesegg, 1807). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu.
* Lagothrix lagotricha (Humboldt, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: barrigudo.
* Leontopithecus chrysomelas (Kubl, 1620). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico-leão-de-cara-dourada.
* Leontopithecus chrysopygus (Mycan, 1823). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico-Ieão-preto.
* Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico- leão-dourado, sagui-piranga.
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* Pithecia albicans (Gray, 1860). Família CEBIDAE. Nome popular: parauacú-branco.
* Saguinus bicolor (Spix, 1823). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: soim-de-coleira.
* Saguinus imperator (Goeldi, 1907). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-bigodeiro.
* Saimiri vanzolinii (Ayres, 1985). Família CEBIDAE. Nome popular: mico-de-cheiro.
1.2 - CARNIVORA
* Atelicynus microtis (Sclater, 1883). Família CANIDAE. Nome popular: cachorro-do-mato-de-orelha-curta.
* Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815). Família CANIDAE. Nome popular: lobo-guará, lobo-vermelho.
* Felis colocolo (Molina, 1810). Família FELIDAE. Nome popular: gato-palheiro.
* Felis concolor (Linnaeus, 1771). Família FELIDAE. Nome popular: sussuarana, onça-parda.
* Felis geoffroyi (d'Orbigny & Gervais, 1844). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-mato.
* Felis pardalis (Linneaus, 1758). Família FELIDAE. Nome popular: jaguatirica.
* Felis tigrina (Schreber, 1775). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-
mato.
* Felis wiedii (Schinz, 1921). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-mato, maracajá.
* Grammogale africana (Demarest, 1818). Família MUSTELIDAE. Nome popular: doninha-amazônica.
* Lutra longicaudis (Olfers, 1818). Família MUSTELIDAE. Nome popular: lontra.
95
* Panthera onça (Linneaus, 1758). Família FELIDAE. Nome popular: onça-pintada, pintada, canguçu, onça-canguçu, jaguar-canguçu.
* Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788). Família MUSTELIDAE. Nome popular: ariranha.
* Speothos venaticus (Lund, 1842). Família CANIDAE. Nome popular: cachorro-do-mato-vinagre.
1. 3 - XENARTHRA
* Bradypus torquartus (Desmarest, 1816). Família BRADYPODIDAE. Nome popular: preguiça-de-coleira.
* Mymercophaga tridactyla (Linnaeus, 1758). Família MYMERCOPHAGIDAE. Nome popular: tamanduá-bandeira.
* Priodontes maximus (Kerr, 1792). Família DASYPODIDAE. Nome popular: tatu-canastra, tatuaçu.
* Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758). Família DASYPODIDAE. Nome popular: tatu-bola, tatuapara.
1. 4 - SIRENIA
* Trichechus inunguis (Natterer, 1883). Família TRICHECHIDAE. Nome popular: peixe-boi, guarabá.
* Tiichechus manatus (Linnaeus, 1758). Família TRICHECHIDAE. Nome popular: peixe-boi, peixe-boi-marinho, manati.
1. 5 - CEATACEA
* Eubalena australis (Desmoulins, 1822). Família BALAENIDAE. Nome popular: baleia-franca, baleia-franca-austral.
* Megaptera novaeangliae (Borowaki, 1781). Família BALAENOPTERIDAE. Nome popular: jubarte.
* Potonporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844). Família PONTOPORIDAE. Nome popular: toninho, boto-cachimbo.
1. 6 - RODENTIA
* Abrawayaomys ruschii (Cunha & Cruz, 1979). Família CRICETIDAE.
96
* Chaetomys subspinosus (Olfers, 1818). Família ERETHIZONTIDAE. Nome popular: ouriço-preto.
* Juscelinomys candango (Moojen, 1965). Família CRICETIDAE.
* Kunsia tomentosus (Lichtenstein, 1830). Família CRICETIDAE.
* Phaenomys ferrugineus (Thomas, 1894). Família CRICETIDAE. Nome popular:
rato-do-mato-ferrugíneo.
* Rhagomys rufescens (Thomas, 1886). Família CRICETIDAE. Nome popular: rato-do-mato-laranja.
1. 7. ARTIODACTYLA
* Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815). Família CERVIDAE. Nome popular: cervo-do-pantanal.
* Odocolleus virginianus (Zimmermann, 1780). Família CERVIDAE. Nome popular: caricau.
* Ozotocerus bezoarticus (Linnaeus, 1758). Família CERVIDAE. Nome popular: veado-campeiro.
2. 0 - AVES
2. 1 -TINAMIFORMES
* Crypturellus noctivagus (Wied, 1820). Família TINAMIDAE. Nome popular: jão-do-sul, zabelê, juó.
* Nothura minor (Spix, 1825). Família TINAMIDAE. Nome popular: codorna-mineira, codorna-buraqueira, buraqueira.
* Taoniscus nanus (Tomminck, 1815). Família TINAMIDAE. Nome popular: codorna-buraqueira, perdigão, inhambú-carapé.
* Tinamus solitarius (Vieillot, 1819). Família TINAMIDAE. Nome popular: macuco, macuca.
2. 2 - CICONIIFORMES
97
* Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758). Família THRESKIORNITHIDAE. Nome popular: guará.
* Tigrisoma fasciatum fasciatum (Such, 1825). Família ARDEIDAE. Nome popular: socó-boi.
2.3 - PHOENICOPTERIFORMES
* Phoenicopterus ruber (Linnaeus, 1758). Família PHOENICOPTERIDAE. Nome popular: ganso-do-norte, ganso-cor-de-rosa, maranhão, flamingo.
2. 4 - ANSERIFORMES
* Mergus octosetaceus (Vieillot, 1817). Família ANATIDAE. Nome popular: mergulhão, patão, pato-mergulhão.
2. 5 - FALCONIFORMES
* Accipiter poliogaster (Temminck, 1824). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: tauató-pintado, gavião-pombo-grande.
* Falco deiroleucus (Temminck, 1825). Família FALCONIDAE. Nome popular: falcão-de-peito-vermelho.
* Harpia harpyja (Linnaeus, 1758). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-real, gavião-de-penacho, uiraçu-verdadeiro, cutucurim, harpia.
* Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot, 1817). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: águia-cinzenta.
* Leucopternis lacemulata (Temminck, 1827). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-pomba.
* Leucopternis polionota (Kaup, 1847). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-pomba.
* Morphnus guianensis (Daudin, 1800). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-de-penacho, uiraçu-falso.
* Spizastur melanoleucus (Vieillot, 1816). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-preto, apacamim, gavião-pato.
2. 6 - GALLIFORMES
98
* Crax blumerbachii (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: mutum-do-sudeste.
* Crax fasciolata pinima (Pelzein, 1870). Família CRACIDAE. Nome popular: Mutum-de-penacho, mutum-pinima.
* Mitu mitu mitu (Linnaeus, 1766). Família CRACIDAE. Nome popular: mutum-cavalo, mutum-êtê, mutum-da-várzea, mutum-piry, mutum-do-nordeste.
* Penelope jacucaca (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: jacucaca.
* Penelope obscura bronzina (Hellmayr, 1914). Família CRACIDAE. Nome popular: jacoguossu, jacuaçu.
* Penelope ochrogaster (Pelzein,1870). Família CRACIDAE. Nome popular: jacu-de-barriga-castanha.
* Pepile jacutinga (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: jacutinga.
2. 7 - CHARADRIIFORMES
* Numenius borealis (Forator, 1772). Família SCOLOPACIDAE. Nome popular: maçarico-esquimó.
2. 8 - COLUMBIFORMES
* Claravis godefrida (Temminck, 1811). Família COLUMBIDAE. Nome popular: pararu, pomba-de-espelho.
* Columbina cyanopis (Pelzeln, 1870). Família COLUMBIDAE. Nome popular: rolinha-de-planalto, rolinha-do-Brasil-central.
2. 9 - PSITTACIFORMES
* Amazona brasiliensis (Linnaeus, 1758). Família PSITTACIDAE. Nome popular: papagaio-de-cara-roxa, chauá.
* Amazona pretrei (Temminck, 1830). Família PSITTACIDAE. Nome popular: chorão, charão, papagaio-da-serra, serrano.
* Amazona rhodocorytha (Salvatori, 1890). Família PSITTACIDAE. Nome popular: chauá-verdadeiro, jauá, acumatanga, camutanga.
* Amazona vinacea (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: papagaio-de-peito-roxo, papagaio-caboclo, papagaio-curraleiro, jurueba.
99
* Anodorhynchus glaucus(*) (Vieillot, 1816). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-pequena.
* Anodorhyncus hyacinthinus (Lalham, 1720). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-de-lear-grande, araraúna.
* Anodorhyncus leari (Bonaparte, 1857). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-de-lear.
* Aratinga guarouba (Gmelin, 1877). Família PSITTACIDAE. Nome popular: guaruba, ararajuba.
* Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832). Família PSITTACIDAE. Nome popular: ararinha-azul.
* Pyrihura cruentala (Wied, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: tiriba, fura-mato, cara-suja.
* Pyrihura leucotis (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: fura-pato, tiriba-de-orelha-branca.
* Touit melanonota (Wied, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: apuim-de-cauda-vermelha.
* Touit surda (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: apuim-de-cauda-amarela.
* Triclaria malachitacea (Spix, 1824). Família PSITTACIDAE. Nome popular: sabiá-cica, araçu-aíava.
2. 10. CUCULIFORME
* Neomorphus geoffroyi dulcis (Snethlage, 1927). Família CUCULIDAE. Nome popular: aracuão, jacu-molambo, jucu-porco, jacu-verde, jacu-taquara.
* Neomorphus geoffroyi geoffroyi (Temminck, 1820). Família CUCULIDAE. Nome popular: jacu-estalo.
2. 11 - CAPRIMULGIFORMES
* Caprimulgos candicans (Pelzeln, 1867). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: bacurau, rato-branco.
100
* Eleothreptus anomalus (Gould, 1837). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: curiangu-do-banhado.
* Macropsalis creagra (Bonaparte, 1850). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: bacurau, tesoura-gigante.
* Nyctibius leocopterus (Wied, 1821). Família NYCTIBIIDAE. Nome popular: mãe-da-lua.
2. 12 - APODIFORMES
* Phaethomis superciliosus margaretae (Ruschi, 1972). Família TROCHILIDAE. Nome popular: besourão-de-rabo-branco.
* Ranphodon dohrnii (Boucier & Mulsant, 1852). Família TROCHILIDAE. Nome popular: balança-rabo-canela, beila-flor-de-Dohm, besourão.
2. 13 - PICIFORMES
* Campephylus robustus (Lichtenstein, 1819). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-rei.
* Celeus torquatus tinnunculus (Wagler, 1829). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-de-coleira.
* Dryocopus galeatus (Temminck, 1822). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-de-cara-amarela.
* Jacamaralcyon tridactyla (Vieillot, 1817). Família GALBULIDAE. Nome popular: cuitelão, bicudo, violeiro.
2. 14 - PASSERIFORMES
* Amaurospiza moesta (Hartlaub, 1853). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: negrinho-do-mato.
* Alecrituros risoria (Vieillot, 1824). Família TYRANNIDAE. Nome popular: galito, tesoura-de-campo, bandeira-do-campo.
* Anthus nattereri (Sclater, 1878). Família MOTTACILLIDAE. Nome popular: caminheiro-grande.
101
* Calyptura cristata(*) (Vieillot, 1818). Família CONTINGIDAE. Nome popular: tietê-de-coroa.
* Carduelis yarrellii (Audubon, 1839). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: coroinha, pintassilgo-do-nordeste.
* Carpornis melanocephalus (Wied, 1820). Família CONTINGIDAE. Nome popular: sabiá-pimenta.
* Cercomacra carbonaria (Sclater & Salvin, 1873). Família FORMICARLIDAE.
* Clibanornis dendrocolaptoides (Pelzeln, 1859). Família FURNARIIDAE.
* Conothraupis mesoleuca (Berlioz, 1939). Família ENERIZIDAE.
* Cotinga maculata (Müller, 1776). Família COTINGIDAE. Nome popular: crejoá, quiruá, catingá.
* Culioivora caudacuta (Vieillot, 1818). Família TYRANNIDAE. Nome popular: papa-moscas-do-campo.
* Curaeus forbesi (Sclater, 1886). Família ICTERIDAE. Nome popular: anumará.
* Daonis nigripes (Pelzeln, 1856). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: saí-de-pernas-pretas.
* Formicivora erythronotos (Hartlaub, 1852). Família FORMICARIIDAE.
* Formicivora iheringi (Hellmayr, 1909). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formiga.
* Gubernatrix cristata (Vieillot, 1817). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: cardeal-amarelo.
* Hemitriccus aenigma (Zimmer, 1940). Família TYRANNIDAE.
* Hemitriccus furcatus (Lafresnaye, 1846). Família TYRANNIDAE. Nome popular: papa-moscas-estrela.
* Hemitriccus kaempferi (Zimmer, 1953). Família TYRANNIDAE.
* Herpsilochmus pectoralis (Sclater, 1857). Família FORMICARIIDAE.
* Lodopleuta pipra (Lesson, 1831). Família COTINGIDAE. Nome popular: anambezinho.
102
* Lipaugus lanioides (Lesson, 1844). Família COTINGIDAE. Nome popular: sabiá-da-mata-virgem, sabiá-do-mato-grosso, sabiá-da-serra, virussu, tropeiro-da-serra.
* Megaxenops parnaguae (Reiser, 1905). Família FURNARIIDAE. Nome popular: bico-virão-de-catinga.
* Merulaxis stresemanni (Sick, 1960). Família RHINOCHYPTIDAE.
* Myadestes leucogenys (Cabanis, 1851). Família TURDIDAE. Nome popular: sabiá-castanho.
* Mirmeciza ruficauda (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE.
* Mirmeciza stictothorax (Todd, 1927). Família FORMICARIIDAE.
* Mymortherula minor (Salvatoti, 1867). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: choquinha.
* Neimosia rourei (Cabanis, 1870). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: saira-apunhalada.
* Oryzorobus maximiliani (Cabanis, 1851). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: bicudo, bicudo-verdadeiro, bicudo-preto.
* Phibaiura fiavirostris (Vieillot, 1816). Família COTINGIDAE. Nome popular: tesourinha.
* Phylloscartes ceciliae (Teixeira, 1987). Família TYRANNIDAE.
* Phylloscartes roquettei (Shethiage, 1928). Família TYRANNIDAE.
* Philydor novaesi (Teixeira & Gonzaga, 1983). Família FURNARIIDAE.
* Piprites pileatus (Temminck, 1822). Família COTINGIDAE. Nome popular: cameleirinho-de-chapéu-preto.
* Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831). Família TYRANNIDAE. Nome popular: patinho-gigante.
* Poecilurus Kollari (Pelzein, 1856). Família FURNARIIDAE.
* Poospiza cinerea (Bonaparte, 1850). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: andorinha-do-oco-do-pau, capacetinho-do-oco-do-pau.
103
* Procnias averano averano (Ilermann, 1783). Família COTINGIDAE. Nome popular: araponga-do-nordeste, guiraponga.
* Pyriglena atra (Swainson, 1625). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formigas.
* Pyroderus scutatus scutatus (Shaw, 1792). Família COTINGIDAE. Nome popular: pavoa, pavão, pavó, pavão-do-mato.
* Rhopornis ardesiaca (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formigas-de-gravatá.
* Scytalopus novacapitalis (Sick, 1958). Família RHINOCRYPTIDAE.
* Sporophila falcirostris (Temminck, 1820). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: papa-capim, cigarra-verdadeira.
* Sporophila frontalis (Verreaux, 1869). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: pichochó, papa-arroz.
* Sporophila palustris (Barrows, 1883). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: caboclinho-de-papo-branco.
* Sturnella defilipii (Bonaparte, 1851). Família ICTERIDAE. Nome popular: peito-vermelho-grande.
* Synallaxis infuscata (Pinto, 1950). Família FURNARIIDAE.
* Tangara fastuosa (Lesson 1831). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: pintor-verdadeiro.
* Terenura sicki (Teixeira & Gonzaga, 1983). Família FORMICARIIDAE.
* Thamnomanes lumbeus (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE.
* Thripophaga macroura (Wied, 1821). Família FURNARIIDAE. Nome popular: rabo-amarelo.
* Xanthopsar flavus (Gmelin, 1788). Família ICTERIDAE. Nome popular: pássaro-preto-de-haste-amarela.
* Xiphocolaptes falcirostris (Spix, 1824). Família DENDROCOLAPTIDAE. Nome popular: arapaçu-do-nordeste.
104
* Xiphocolaptes franciscanus (Sneethlage, 1927). Família DENDROCOLAPTIDAE. Nome popular: arapaçu.
* Xipholena atropurpurea (Wied, 1820). Família COTINGIDAE. Nome popular: anambé-de-asa-branca, cotinga, ferrugem.
3. 0 - REPTILIA
3. 1 - CHELONIA
* Caretta caretta (Linnaeus, 1758). Família CHELONIDAE. Nome popular: cabeçuda, tartaruga-meio-pente.
* Chelonia mydas (Linnaeus, 1758). Família CHELONIDAE. Nome popular: tartaruga-verde.
* Dermochelys coriacea (Linnaeus, 1758). Família DERMOCHELYDAE. Nome popular: tartaruga-de-couro, tartaruga-gigante, tartaruga-de-pele.
* Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766). Família CHELONIDAE. Nome popular: tartaruga-de-pente.
* Lepidochelys olivacea (Enchscholtz, 1829). Família CHELONIDAE.
* Phrynops hogei (Mertens, 1957). Família CHELONIDAE.
3. 2 - SQUAMATA
* Lachesis muta rhombeata (Wied, 1825). Família VIPERIDAE. Nome popular: surucu-pico-do-jaca, surucucu. (((verificar nome correto)))
3. 3 - CROCODILIA
* Caiman latirostris (Daudin, 1802). Família CROCODILIDAE. Nome popular: jacaré-de-papo-amarelo.
* Melanosuchus niger (Spix, 1825). Família CROCODILIDAE. Nome popular: jacaréaçu.
4. 0 - AMPHIBIA
* Paratelmatobius gaiageae (Cochran, 1938). Família LEPTODACTYLIDAE.
5. 0 - INSECTA
105
5. 1 - LEPIDOPTERA - Borboleta
* Dasyophthalma vertebralis(*) (Butler, 1969). Família NYMPHALIDAE.
* Eresia orysice(*) (Geyer, 1832). Família NYMPHALIDAE.
* Eurytides iphitas(*) (Hubner, 1821). Família PAPILIONIDAE.
* Eurytides lysithous harrisianus (Swainson,1822). Família NYMPHALIDAE.
* Eutresis hypereia imeriensis (Brown, 1977). Família NYMPHALIDAE.
* Heliconius nattereii (Felder&Felder,1865). Família NYMPHALIDAE.
* Hyalyris fiammctta(*) (Hewitson, 1852). Família NYMPHALIDAE.
* Hyalyris leptalina leptalina(*) (Felder & Felder, 1865). Família NYMPHALIDAE.
* Hypoleria fallens (Haensch, 1905). Família NYMPHALIDAE.
* Hypoleria mulviana (D'Almeida, 1958). Família NYMPHALIDAE.
* Hypothyris mayl (D'Almeida, 1945). Família NYMPHALIDAE.
* Joiceya praeclara (Talbot, 1928). Família LICAENIDAE.
* Mechanitis bipuncta (Forbes, 1948). Família NYMPHALIDAE.
* Melinaea mnasias (Hewitson, 1855). Família NYMPHALIDAE.
* Huschoneura methymna (Godart, 1819). Família PIERIDAE.
* Napeogenes cyrianassa xanthone (Bates,1862). Família NYMPHALIDAE.
* Orobrassolis orhamentalis (Stichel, 1906). Família NYMPHALIDAE.
* Papilio himeros himeros (Hopffer, 1866). Família PAPILIONIDAE.
* Papilio himeros baia (Rothschild & Jordan, 1906). Família PAPILIONIDAE.
* Papilio zagreus zagreus (Doubleday, 1847). Família PAPILIONIDAE.
* Papilio zagreus neyi (Niepelt, 1909). Família PAPILIONIDAE.
* Papilio zagreus bedoci (LeCerf, 1925). Família PAPILIONIDAE.
106
* Parides asceanius (Cramer, 1775). Família PAPILIONIDAE.
* Parides lysander mattogrossensis (Talbot, 1928). Família PAPILIONIDAE.
* Perrhybris flava (Oberthur, 1895). Família PIERIDAE.
* Scada Karschina delicata (Talbot, 1932). Família NYMPHALIDAE.
5. 2 - ODONATA - Libélula
* Leptagrion dardanoi (Santos, 1968). Família COENAGRIONIDAE.
* Leptagrion siqueirai (Santos, 1968). Família COENAGRIONIDAE.
* Mecistogaster asticta (Selys, 1860). Família PSEUDOSTIGMATIDAE.
* Mecistogaster pronoti(*) (Sjoestedl, 1918). Família PSEUDOSTIGMATIDAE.
6. 0 - ONYCHOPHORA
* Peripatus acacioi (Marcus & Marcus, 1955). Família PERIPATIDAE.
7. 0 - CNIDARIA
* Millepora nitidae (Verreill, 1868). Família MILLEPORIDAE. Nome popular: coral-de-fogo.
(*) Espécies provavelmente extintas.
Art. 2º . Os animais constantes desta relação ficam protegidos de modo integral, de acordo com o estabelecido na Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967.
Art. 3º . A não observância da presente portaria constitui intração sujeitas as penalidades previstas na Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967 e na Lei nº 7.653 de 12 de fevereiro de 1988, sem prejuízo dos dispositivos previstos no Código Penal e demais leis vigentes, com as penalidades nelas consideradas.
Art. 4º . Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, e revoga a Portaria IBDF nº 3.481, de 31 de maio de 1973, e todas as disposições em contrário.
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Anexo 3 – Instrumento de Pesquisa
Questionário - Pré-teste e Pós-teste
1) Seria capaz de ter um animal silvestre em sua residência?
( ) sim ( ) não
2) Já havia sido informado de que é ilegal manter um animal silvestre em cativeiro
sem a devida autorização?
( ) sim ( ) não
3) Considera como uma prova de amor, o fato de ter um animal silvestre em casa,
dando-lhe comida, água, carinho e tendo todos os cuidados necessários?
( ) sim ( ) não
4) Alguma vez viu um animal silvestre sendo ilegalmente vendido, seja onde for?
( ) sim ( ) não
5) Denunciaria um conhecido seu, caso soubesse que ele mantém um animal
silvestre em casa ou em cativeiro?
( ) sim ( ) não
6) Gostaria de ter aula sobre o meio ambiente?
( ) sim ( ) não
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Anexo 4 - Fauna apreendida e/ou resgatada entre 1997 a 2000.
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE UMV / BPFMA QUADRO DEMONSTRATIVO DE FAUNA APREENDIDA E RESGATADA 1997/2000
Nome Comum Nome Científico 1997 1998 1999 2000 Total Observação Classe: AVE
Ordem: CICONIFORMES Família: ARDEIDAE Socózinho Butorides striatus - 1 - - 1
Ordem: CHARADRIFORMES Família: CHARADRIIDAE Quero-quero Vanellus chilensis 2 1 - - 3
Ordem: COLUMBIFORMES Família: COLUMBIDAE Juriti Leptotila verreauxi - 2 1 1 4 Pomba pocaçú Columba cayannensis - - 7 - 7 Rolinha Columbina talpacoti - 4 9 8 21
Ordem: FALCONIFORMES
Família: FALCONIDAE Carcará Polyborus plancus - - 1 - 1
Família: ACCIPITRIDAE Gavião - 3 7 3 9 22
Ordem: GALLIFORMES Família: CRACIDAE Jacú Penelope sp 7 4 8 1 20 Algumas sp IBAMA Mutum Crax sp - - 1 - 1 Algumas sp IBAMA
Ordem: GRUIFORMES
Família: CARIAMIDAE Seriema Cariama cristata 1 3 - - 4Família: RALLIDAE Frango d'água Gallinula chloropus - 7 - 1 8 Pinto d'água Laterallus melanophaius 1 - - - 1 Saracura Aramides sp 1 10 - - 11
Ordem: PASSERIFORMES Família: CARDINALIDAE Azulão Passerina brissonii 34 91 57 41 223 Lista RJ Bico de pimenta Saltator atricollis - 3 1 7 11 Trica ferro Saltator similis 122 92 234 198 646
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Família: COTINGIDAE Araponga Procnias nudicollis 11 6 7 15 39Família: CORVIDAE Gralha Cyanocorax sp - 1 - - 1Família: EMBERIZIDAE Bicudo Oryzoborus maximiliani - 8 19 - 27 IBAMA / RJ Bigodinho Sporophila lineola 15 29 18 17 79 Brejal Sporophila albogularis - - - 1 Caboclinho Sporophuila bouvreuil 45 36 28 9 118 Canário da terra Sicalis flaveola 310 475 489 339 1613 Cardeal Paroaria coronata 1 16 117 121 255 Chorão/Boiadeiro Sporophila leucoptera 3 11 5 5 24 Cigarra verdadeira Sporophila falcirostris 31 17 9 7 64 IBAMA / RJ Coleiro Sporophila caerulescens 811 960 1640 1039 4450 Curió Oryzoborus angolensis 25 72 112 158 367 Lista RJ Galinho da campina Paroaria dominicana 29 - 57 124 210 Galinho da serra Coryphospingus pileatus 24 219 163 133 539 Patativa Sporophila plumbea 1 - - 1 2 Pichanchão Sporophila frontalis 22 26 12 21 81 IBAMA / RJ Tico tico Zonotrichia capensis 86 68 236 187 577 Tziu Volatinia jacarina 103 182 302 177 764
Família: ESTRILDIDAE Bico de lacre Estrilda astrild 52 64 131 45 292Família: FRINGILLIDAE Pintassilgo Carduellis magellanicus 3 26 27 34 90Família: ICTERIDAE Corrupião Icterus jamacaii - 16 63 44 123 Garibaldi Angelaius rupicapillus 30 26 36 20 112 Guaxe Cacicus haemorrhous - - 2 5 7 Maria preta Molothrus bonariensis 7 7 8 17 39 Melro Gnorimopsar jacarina 53 88 230 110 481
Família: PARULIDAE Mariquita Parula pitiayumi - - - 2 2Família: THRAUPIDAE Fim-fim Euphonia chlorotica - - 3 1 4 Gaturamo Euphonia sp 8 10 9 2 29 Saíra Tangara sp 48 33 112 28 221 Sanhaço Thraupis sp 77 89 189 69 424 Sanhaço frade Stephanophorus diadematus - - - 1 1 Tiê pardo Orchesticus abeillei - - 1 8 9 Tiê preto Tachyphonus coronatus 2 5 4 1 12 Tiê sangue Ramphocelus bresiliens 29 52 75 27 183Família: TROGLODYTIDAE Catatau Campylorhynchus turdinus 33 3 5 4 45
1
110
Família: TURDIDAE Sabiá Turdus sp 83 105 136 190 514
Família: TYRANNIDAE Bem te vi Pitangus sulphuratus 2 7 15 5 29
ESPÉCIES DIVERSAS 281 1 1 318 601
Ordem: PELICANIFORMES Família: SULIDAE Atobá Sula sp - - 1 - 1
Ordem: PHOENICOPTERIFORMES Família: PHOENICOPTERIDAE Flamingo Phoenicopterus ruber - - 5 - 5 IBAMA / CITES II
Ordem: PICIFORMES Família: PICIDAE Pica pau Celeus sp 1 - 4 1 6 Algumas sp IBAMA Família: RAMPHASTIDAE Araçari Pteroglossus sp - - 3 1 4 Tucano toco Ramphastos toco 2 1 3 4 10 CITES II
Ordem: PSITTACIFORMES Família: PSITTACIDAE Arara Ara sp 8 10 19 15 52 Algumas sp IBAMA Chauá Amazona rhodocorytha 5 - - 2 7 IBAMA / CITES I Jandaia Aratinga solstitialis - 4 - - 4 Papagaio Amazona sp 16 12 19 26 73 Periquitão maracanã Aratinga leucophthalmus 29 14 23 33 99 Periquito - 17 18 40 9 84 Tiriba Pyrrhura sp 7 3 4 - 14 Algumas sp IBAMA Tuim Forpus xanthopterygius - 1 - - 1
Ordem: SPHENISCIFORMES Família: SPHENISCIDAE Pinguim de magalhães Spheniscus magellanicus - - 1 12 13
Ordem: STRIGIFORMES Família: STRIGIDAE Corujinha do mato Otus choliba - 2 2 1 5
Ordem: TINAMIFORMES Família: TINAMIDAE Inhambú Crypturellus sp - 3 - - 3 Macuco Tinamus solitarius - 3 2 - 5 IBAMA / CITES I / RJ
OUTRAS AVES DESCONHECIDAS - - 72 1 73
SUBTOTAL 2481 2954 4781 3656 13872
Classe: MAMMALIA
Ordem: ARTIODACTYLA
Família: HIPPOPOTAMIDAE Hipopótamo Hippopotamus amphibius - - - 1 1 * Exótico
111
Família: TAYSSUIDAE Porco do mato Tayassu sp - - 1 - 1 CITES II / RJ
Ordem: CARNIVORA Família: CANIDAE Cachorro do mato Cerdocyon thous - - 1 - 1 CITES IIFamília: MUSTELIDAE Lontra Luntra longicaldis - - - 1 1 IBAMA / CITES I Família: PROCYONIDAE Guaxinim / Mão pelada Procyon lotor 1 - - 1 2 Quati Nasua nasua 1 - - - 1
Família: FELIDAE Leão Panthera leo - 2 1 1 4 * Exótico
Ordem: PRIMATES Família: CALLITRICHIDAE Sagui Callithrix sp 12 5 15 13 45Família: CEBIDAE Macaco - 8 4 3 8 23
Ordem: RODENTIA Família: AGOUTIDAE Cutia Dasyprocta agouti - - 1 - 1 Paca Agouti paca - 8 5 - 13 Lista RJ
Família: CAVIDAE Preá/Porquinho-da-índia Cavia sp / Galea sp - 3 73 5 81
Família: ERETHIZONTIDAE Ouriço caixeiro Coendou prehensilis - 3 - 1 4Família: HYDROCHAERIDAE Capivara Hydrochaeris hydrochaeris - - - 1 1Família: SCIURIDAE Esquilo Sciurus aestuans 1 - - - 1
Ordem: MARSUPIALIA Família: DIDELPHIDAE Gambá Didelphis marsupialis - 2 4 10 16
Ordem: XENARTHRA
Família: BRADYPODIDAE Preguiça Bradypus sp 10 4 1 3 18 IBAMA / CITES II Família: DASYPODIDAE Tatu - 1 2 2 1 6 IBAMA / CITES I
Família: MYRMECOPHAGIDAE Tamanduá bandeira Myrmecophaga tridactyla 2 - - 4 6 IBAMA / CITES II / RJ
SUBTOTAL 36 33 107 50 226
Classe: REPTILIA
Ordem: CHELONIA Família: CHELIDAE Cágado - 3 12 7 39 61 Tigre d'água Trachemis sp 1 7 121 30 159
Família: TESTUDINIDAE Jabuti Geochelone sp 3 7 - 47 57 CITES II
Ordem: ALLIGATORIDAE Família: CROCODILIDAE Jacaré Caiman sp 16 4 4 29 53 IBAMA / CITES I
112
Ordem: SAURIA Família: - Lagarto - 4 1 - 2 7 CITES II
Ordem: SQUAMATA Família: - Cobra - - 8 4 15 27 Algumas sp CITES II
SUBTOTAL 27 39 136 162 364
ANIMAIS DOMÉSTICOS APREENDIDOS Canário do reino Serinus canarius 3 4 12 23 42
Manon Lochura striata - 1 - - 1
Rouxinol Liothrix lutea - 2 - - 2
Pombo Columba livia - - 30 1 31
Ganso Anser sp 2 - - - 2
Marreco Anas sp - 2 3 11 16
Faisão Phasianus colchicus - - - 1 1 Pavão Pavo cristatus 1 - - - 1 Cavalo Equus caballus 3 3 11 - 17 Cão Canis familiaris 6 2 5 - 13
SUBTOTAL 15 14 61 36 126
TOTAL 2559 3040 5085 3904 14588
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Anexo 5. Notícia da Folha de São Paulo
20/08/2001 - 23h54 da Folha Online
Ibama vai apurar responsabilidades no caso Bwana Park O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, determinou ao presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), Hamilton Casara, que instaure inquérito administrativo para apurar responsabilidades sobre maus tratos e mortes dos animais no Bwana Park, no Rio. Na quarta-feira, 103 animais mortos foram encontrados em um freezer do parque.
Casara disse que, se constatada negligência ou falta de gerência do setor em Brasília, os responsáveis serão punidos na forma da lei, inclusive com demissões.
A comissão de inquérito presidida pelo corregedor José Batista Lima é composta pelo procurador Jurany de Souza Nunes e pelo técnico especializado do setor de fauna João Carlos Alciete Tomé. A comissão já está no Rio de Janeiro.
Segundo Casara, a comissão de inquérito apresentará amanhã uma avaliação do caso. Para enfrentar o tráfico de animais silvestres, considerado o terceiro mais volumoso do mundo, Casara, também por determinação do ministro Sarney Filho, instalou recentemente a nova diretoria de Fauna e de Recursos Pesqueiros do Ibama.
A nova estrutura tem dois objetivos: geração de emprego e renda e combate ao tráfico de animais silvestres. Mas, de acordo com Casara, a modificação administrativa não justifica a demora do Ibama na análise e encaminhamento legal ao relatório da gerência do órgão no Rio Janeiro, enviado à sede nacional há três meses, dando conta do descumprimento da Lei de Crimes Ambientais praticado pelos donos do Bwana Park.
As penalidades da Lei incluem prisão e multa máxima de R$ 50 milhões. O presidente do Ibama explicou que, com o cancelamento do registro do zoológico e interdição da área, os animais serão transferidos para outro local. Para isso, ele já manteve entendimentos com representantes de universidades do país para promover a acomodação adequada dos animais que sobreviveram no Bwana Park.
O presidente do Ibama informou ainda que o Instituto está realizando um grande levantamento em todo o país para averiguação não só em zoológicos particulares mas de todos os criadouros para detectar a situação dos animais em cativeiro. O Ibama irá, também, reforçar a atuação contra o tráfico de animais silvestres.
Por meio do Programa Brasileiro de Proteção à Fauna Silvestre, o Instituto passou a desenvolver ações anti-tráfico compartilhadas com a Polícia Federal, a Infraero, as Polícias Florestais, o Ministério Público e ONGs. O principal alvo do programa são as rotas utilizadas pelos traficantes. O Ibama mapeou todas as regiões brasileiras e identificou os locais de onde saem, por onde passam e para onde vão os animais traficados.
Os agentes do Ibama também dispõem de informações sigilosas sobre a forma de atuação e os nomes dos principais traficantes.
As informações são do site do Ministério do Meio Ambiente.
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