O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES

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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS MESTRADO EM CIÊNCIA AMBIENTAL JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NITERÓI, 2004.

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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS MESTRADO EM CIÊNCIA AMBIENTAL

JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE

SIL

O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS VESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO

AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NITERÓI, 2004.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL

MESTRADO EM CIÊNCIA AMBIENTAL

JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE

O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NITERÓI

2004

ii

JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE

O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO

AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Ciência Ambiental da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho

Niterói

2004

iii

JOSÉ MAURÍCIO DE BRITO PADRONE

O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES: AVALIAÇÃO DA QUESTÃO

AMBIENTAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Aprovada em 22 de janeiro de 2004.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho – Orientador Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

__________________________________________________ Profª. Drª Janie Garcia da Silva

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Flamarion Barbosa de Oliveira

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Niterói 2004

iv

PADRONE, José Maurício de Brito.

O Comércio Ilegal de Animais Silvestres: Avaliação da Questão

Ambiental no Estado do Rio de Janeiro, 2004.

xv +114p. 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade

Federal Fluminense, 2004.

Bibliografia: p.72-80.

1. Meio Ambiente. 2. Tráfico de animais silvestres.

v

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Acácio Geraldo de Carvalho, da Universidade

Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro, pela orientação

competente e apoio durante toda a realização do trabalho.

Ao Coronel PM Luiz Antônio Ferreira, Comandante do

Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente, bem como

todos os seus integrantes do querido Batalhão, pela presteza e

ajuda na coleta dos dados.

Aos professores e companheiros mestrandos do PGCA,

principalmente ao Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Boher e

a Profª. Drª. Janie Garcia da Silva, pela dedicação, confiança e

reflexões críticas.

À Direção do Espaço Aberto Escola, especialmente a

professora Fabiana Modesto Decache, pela paciência e amizade.

vi

“Todos os problemas pessoais, nacionais ou de combate

tornam-se menores se você não se esquivar deles, mas enfrentá-

los. Toque um cacto timidamente e ele o picará, agarre-o

corajosamente e seus espinhos desintegrarão”

(Almirante Halsey, Marinha dos EUA.)

vii

SUMÁRIO

Lista de Figuras...................................................................................................x Lista de Tabelas ................................................................................................xii Lista de Siglas Utilizadas ................................................................................xiii Resumo.............................................................................................................xiv Abstract .............................................................................................................xv 1. Introdução......................................................................................................01 2. Revisão da Literatura....................................................................................04

2.1. Histórico do tráfico de animais silvestres no Brasil .............................04

2.2. Espécies envolvidas no comércio de animais silvestres .....................18

2.3. Números do comércio ilegal................................................................23

2.4. Rotas internacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros.........29

2.5. Rotas nacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros................30

2.6. Principais instrumentos jurídicos existentes para a proteção

da fauna silvestre ................................................................................32

3. Materiais e Métodos......................................................................................37 4. Resultado e Discussão.................................................................................39

4.1. Principais dificuldades, deficiências e problemas do combate

ao tráfico de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro .............39

viii

4.1.1. Falta de lugar para destinar animais apreendidos ...................39

4.1.2. Falta de contingente.................................................................42

4.1.3. Falta de veículos e equipamento .............................................44

4.1.4. Entraves na legislação .............................................................45

4.1.5. Falta de treinamento adequado e material de estudo ..............49

4.1.6. Falta de apoio por parte dos governos.....................................50

4.1.7. Falta de integração entre os órgãos ambientais ......................51

4.2. Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente/RJ ........................53

a. Atividades desenvolvidas pelo BPFMA..........................................56

b. Atividades realizadas em 2002 ......................................................58

c. Unidade Médico Veterinária no BPFMA.........................................60

4.3. Avaliação dos resultados da pesquisa de campo ...........................63

5. Conclusão......................................................................................................69 6. Considerações finais ....................................................................................71 7. Referências bibliográficas............................................................................72 8. Anexos ...........................................................................................................81

Anexo 1 - Lista da legislação brasileira referente à fauna silvestre............82

Anexo 2 - Lista oficial de animais silvestres brasileiros

ameaçados de extinção .............................................................93

Anexo 3 - Instrumento de pesquisa..........................................................108

Anexo 4 - Fauna apreendida e/ou resgatada entre 1997/2000................109

Anexo 5 - Caso Bwana Park ...................................................................115

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Apreensão de animais silvestres realizada em feiras livres ...............12

Figura 02. Animal sendo transportado no fundo falso de uma bolsa ..................13

Figura 03. Filhote capturado para o comércio.....................................................14

Figura 04. Animal mutilado por técnicas de manejo inadequada........................15

Figura 05. Prática de furar ou cegar o animal para fazê-lo parecer

mais manso para o comprador .........................................................16

Figura 06. Animal sendo transportado dentro de uma garrafa térmica ...............16

Figura 07. Animal anestesiado é embalado em tubo plástico .............................17

Figura 08. Papaguaio-do-mangue.......................................................................19

Figura 09. Arara-macao ......................................................................................20

Figura 10. Tucanuaçu .........................................................................................20

Figura 11. Mico-leão-dourado .............................................................................21

Figura 12. Muriqui ...............................................................................................21

Figura 13. Macaco-aranha-cara-preta.................................................................21

Figura 14. Maracajá ............................................................................................21

Figura 15. Jaguatirica..........................................................................................21

Figura 16. Jacaré-do-papo-amarelo....................................................................22

Figura 17. Iguana ................................................................................................22

Figura 18. Número de animais silvestres apreendidos no Brasil de

1997/2000 .........................................................................................23

Figura 19. Número de animais silvestres apreendidos na região

sudeste de 1997/200.........................................................................23

Figura 20. Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA

em 2000 ............................................................................................24

Figura 21. Armas para prática de caça ilegal, apreendidas pelo BPFMA ..........26

Figura 22. Animal vítima de maus tratos.............................................................27

Figura 23. Animais comercializados por colecionadores ....................................28

x

Figura 24. Rotas internacionais do tráfico de animais silvestres brasileiros .......30

Figura 25. Rotas do tráfico de animais silvestres no Brasil .................................31

Figura 26. Diagrama de entidades de proteção da fauna silvestre .....................43

Figura 27. Diagrama da rede estadual de combate ao tráfico de animais

silvestres ..........................................................................................52

Figura 28. Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA)

Colubandê/São Gonçalo-RJ..............................................................53

Figura 29. Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA entre 1997

e 2002 ...............................................................................................57

Figura 30. Porcentagem comparativa do número de animais apreendidos

e/ou resgatados em 2002 com acompanhamento veterinário............61

Figura 31. Porcentagem de entrevistados que manteriam animais

silvestres em suas residências..........................................................63

Figura 32. Porcentagem de entrevistados que têm conhecimento de que

é ilegal manter um animal silvestre em cativeiro sem

a devida autorização .........................................................................64

Figura 33. Porcentagem de entrevistados que consideram como prova de

amor o fato de ter um animal silvestre em casa, dando-lhe

água, comida, carinho e todos os cuidados necessários ..................65

Figura 34. Porcentagem de casos que os entrevistados já tenham visto

animais silvestres sendo vendidos ilegalmente.................................66

Figura 35. Porcentagem de entrevistados que denunciariam um conhecido

por manter em casa ou em cativeiro um animal silvestre..................67

Figura 36. Porcentagem de entrevistados que gostariam de ter aulas sobre

o meio ambiente ...............................................................................67

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Efetivo do BPFMA em outubro de 2003 ............................................55

Tabela 02. Atuação e formas de prestação do serviço de policiamento

no BPFMA.........................................................................................56

Tabela 03. Números totais da atuação do BPFMA em 2003 ..............................58

Tabela 04. Comparação de animais silvestres apreendidos 2001/2002..... ........64

xii

LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS APA – Área de Proteção Ambiental BPFMA – Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente CETAS – Centro de Triagem de Animais Silvestres CITES – Comércio Internacional das Espécies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente DELEMAPH – Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico DPMA – Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente FLONA – Floresta Nacional IATA – International Air Transporte Associacion IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IEF – Instituto Estadual de Florestas ONG – Organização não Governamental PMERJ – Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro PPF – Posto de Policiamento Florestal REBIO – Reserva Biológica REDUC – Refinaria de Duque de Caxias RENCTAS – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente SEMADS – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável SSP – Secretaria de Segurança Pública STJ – Superior Tribunal de Justiça SUDEPE – Superintendência do desenvolvimento da Pesca SUDHEVEA – Superintendência do Desenvolvimento da Borracha UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UMV – Unidade Médica Veterinária TCO – Termo Circunstanciado de Ocorrências

xiii

RESUMO

O tráfico de animais silvestres é considerado a terceira atividade ilícita mais

lucrativa do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e o tráfico de armas.

A falta de apoio político para o combate ao tráfico, entraves na legislação,

fiscalização precária, falta de recursos e até mesmo local adequado para destinar

os animais apreendidos contribui para que o tráfico persista. Por este descaso das

autoridades federais e estaduais, torna-se difícil manter o rigor no combate as

ações dos traficantes.

O tráfico de animais silvestres brasileiro é extremamente disseminado por todo

Estado do Rio de Janeiro, tanto por feiras livres como nas ruas e disfarçadamente,

em alguns criadouros e lojas.

Considera-se neste trabalho que atividades educacionais e repressoras ao

comércio ilegal de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro devem ser

urgentes, pois só desta forma será possível reduzir os problemas sócio-ambientais

devido a essa atividade.

xiv

ABSTRACT

The trafficking of wild animals is considered the third largest illegal business in the

world, only losing for the trafficking of drugs and the traffic of weapons.

The support lack politician for the combat to the traffic, the precarious fiscalization,

with few employees, lack of resources and even though local adjusted to destine

the apprehended animals contributes so that the traffic of persists. For this

indifference of the federal and state authorities, one becomes difficult to keep the

severity in the combat the actions of the dealers.

The traffic of wild animals Brazilian extremely is spread by all State of Rio De

Janeiro, as much for free fairs as in the streets, in some store, besides extremely

occurring the direct delivery

It is considered in this work that educational and constrained activities to the illegal

commerce of wild animals in the State of Rio de Janeiro must be urgent, therefore

of this form will only be possible to reduce the partner-ambient problems due to this

activity.

xv

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa, desenvolvido através da experiência

pessoal do autor, ao longo de oito anos de trabalho como Oficial da Polícia Militar

do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) no Batalhão de Polícia Florestal e de Meio

Ambiente (BPFMA), discute questões relevantes sobre o tráfico de animais

silvestres no Estado do Rio de Janeiro, levantando dados existentes e analisando

as principais dificuldades, deficiências e problemas, buscando sempre a

preservação da fauna e o combate a esta modalidade de comércio ilegal.

O Brasil, com 8.547.403,5 km2 de área, se encontra entre os países

de maior riqueza de fauna no mundo, ocupando a primeira posição em número

total de espécies, com aproximadamente 3 mil de vertebrados terrestres e 3 mil de

peixes de água doce (Mittermeier et al., 1992; IBGE, 2000). É também o país mais

rico em diversidade de mamíferos do mundo com 483 espécies continentais e 41

marinhas, totalizando 524 espécies (Fonseca et al., 1996). Em aves, ocupa a 3ª

posição com cerca de 1677 espécies, sendo 1524 residentes e 153 visitantes

(Sick, 1977a). A 4ª posição em répteis, com cerca de 517 espécies (Mittermeier et

al., 1992).

Esses números só vêm aumentando, pois novas espécies brasileiras

continuam sendo descritas. Números expressivos de novas espécies de roedores

e primatas foram descobertos. Em 1996 foram encontradas, em comunidades

amazônicas, Callithrix manicorensis e Callithrix acariensis, onde eram criadas

como animais de estimação, apesar de ainda serem desconhecidas pela ciência

(Conservation International, 2000). Novas espécies de aves também foram

1

descobertas, uma em 1995 no litoral do estado do Paraná, o bicudinho-do-brejo,

Stymphalomis aucutirostris, e em 1998, o macuquinho-da-várzea, Scytalopus

iraiensis (Bornschein et al., 1995; Silva, 1998).

Apesar da grande riqueza de espécies da fauna brasileira gerar idéia

de abundância, esta normalmente se encontra com números populacionais

relativamente pequenos e associada a expressivos endemismos, o que a torna

frágil perante aos impactos de desmatamento e caça (Mittermeier et al., 1992;

Aveline & Costa, 1993).

Após a perda do habitat, principalmente para o agronegócio, a caça, para

subsistência e comércio, é a segunda maior ameaça à fauna silvestre brasileira.

Atualmente, o comércio ilegal de vida silvestre, o qual inclui a fauna e seus

produtos, movimenta de 10 a 20 bilhões de dólares por ano (Redford, 1992;

Rocha, 1995).

Cabe destacar que, o comércio ilegal, neste estudo apresentado

como tráfico de animais silvestres, é a terceira maior atividade ilícita do mundo,

perdendo apenas para o tráfico de armas e drogas. O Brasil participa com cerca

de 5% a 15% do total mundial (Rocha, 1995; Lopes, 2000).

O atual quadro de degradação ambiental que o país enfrenta é o

resultado de anos de exploração descontrolada de seus recursos naturais. Desde

os tempos coloniais, os governos cogitaram de proteger as florestas e outros

recursos, mas foram inócuas as medidas de proteção, sempre renovadas ao longo

dos anos por meio de cartas-régias, leis, decretos e regulamentos que jamais

produziram efeitos práticos.

Em 1921, foi criado o Serviço Florestal, que começou a cuidar do

assunto com mais objetividade, com o primeiro Código Florestal datando de 1934

(Aveline & Costa, 1993).

2

Mesmo assim, até a década de 50, não havia no Brasil uma

preocupação essencial com os aspectos ambientais. Com o agravamento dos

problemas ambientais e a maior conscientização sobre estes em todo o mundo,

em 1967 foi criado, no âmbito do Ministério da Agricultura, o Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal - IBDF, hoje extinto e substituído pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (Aveline &

Costa, 1993; IBAMA, 2000a).

O IBAMA, agência ambiental subordinada ao Ministério de Meio

Ambiente brasileiro, foi criado pela Lei nº 7735, de 22 de fevereiro de 1989, e foi

formado pela fusão de quatro entidades brasileiras que trabalhavam na área

ambiental: Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, Superintendência da

Borracha – SUDHEVEA, Superintendência do desenvolvimento da Pesca -

SUDEPE e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF. Cabe ao

IBAMA, entre outras atribuições, exercer o gerenciamento, controle, proteção e

preservação das espécies silvestres brasileiras da fauna e da flora (Aveline &

Costa, 1993; IBAMA, 2000a).

Esta pesquisa, realizada no Estado do Rio de Janeiro, teve como

objetivo registrar as espécies alvo do comércio ilegal, os números de animais

silvestres apreendidos e/ou resgatados, as principais dificuldades e deficiências

do combate, os instrumentos jurídicos existentes para proteção da fauna silvestre,

bem como outras questões relevantes a respeito deste tráfico.

3

2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. HISTÓRICO DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL

A fauna silvestre sempre foi importante elemento cultural do Brasil,

fato este que tem sua origem nas diversas tribos indígenas brasileiras e que

através da pesca, caça e coleta, caracterizava-se como uma das principais

atividades, com a alimentação baseando-se em peixe, animais silvestres, coleta

de mel e raízes, frutos silvestres, larvas e etc. (Carvalho, 1951; Júnior, 1980).

Machado (1992a) e Sick (1997a) observaram que as mais variadas

espécies de animais silvestres eram utilizadas na alimentação dos índios, que

incluía grande parte dos mamíferos e aves, répteis, anfíbios e insetos, como

também seus ovos de algumas espécies.

Com os dentes, ossos e garras desses animais, os índios fabricavam

instrumentos e ferramentas, que eram utilizados para diversos fins, assim como

para adornos, tais como colar de unhas de onça, que é altamente apreciado pelos

índios da região do Xingu.

As aves sempre destacaram-se como animais importantes para a

ornamentação indígena, que de um modo geral, apanhavam penas coloridas de

qualquer espécie para enfeitar flechas, cocares, braçadeiras, colares e diversos

outros itens (Carvalho, 1951; Nogueira-Neto, 1973; Sick, 1997b).

Segundo Santos (1990), os índios brasileiros criavam araras, para

obterem suas penas, utilizadas em sua arte plumária. Carvalho (1951), MEC

4

(1963), Von Ihering (1968), Nogueira-Neto (1973), Santos (1990) e Sick (1997b),

citam que muitas tribos brasileiras costumavam pegar os filhotes de harpia, Harpia

harpyja, nos ninhos para criá-los em suas aldeias e depois aproveitar suas penas

para ornamentação.

Esses adornos eram utilizados pelos índios em seus rituais, festas e

comemorações, e os que usavam as peças mais bonitas eram mais prestigiados

pela tribo.

As populações indígenas também incorporavam elementos

faunísticos em seus mitos, lendas e supertições (muitos presentes no folclore

brasileiro atual), como também em suas canções, danças e obras de arte (Júnior,

1980; Andrade, 1993).

Conforme Júnior (1980), o grupo indígena dos Caraíbas fabricava

máscaras de madeira ou palha, representando animais e as utilizavam em suas

festas e rituais. Além dessas utilizações, observaram crianças indígenas matando

passarinhos com bodoque e bolinhas de barro, e os adultos flechando, em geral

os mamíferos, apenas como esporte ou por treino de pontaria. Os índios também

amansavam espécies da fauna silvestres sem nenhuma função útil, mas

unicamente para diversão doméstica, alegria e curiosidade para os olhos. Esses

animais eram mantidos nas aldeias como xerimbabos (Carvalho, 1951; Cascudo,

1973; Spix & Martius, 1981).

Xerimbabo significa coisa muito querida e é o nome dados aos

animais silvestres, mantidos como estimação pelos índios brasileiros. Nas

aldeias indígenas se encontravam grande número de xerimbabos de diferentes

espécies, araras, papagaios, periquitos, mutuns, bem-te-vis, diversos macacos,

porcos-do-mato, quatis, veados, jibóias e muitos outros. Os índios eram bastante

apegados a esses animais, só que não domesticavam as espécies, mas sim os

espécimes, como também não se empenhavam em reproduzir esses animais,

5

devido a abundância dos mesmos em liberdade. Os xerimbabos eram mantidos

apenas por motivos afetivos e circulavam livremente nas aldeias. Os índios se

preocupavam em manter a alimentação correta de cada animal e tinham perfeito

conhecimento do modo de vida das espécies (Nogueira-Neto, 1973; Sick, 1997 b).

Baseado no trabalho de Musiti (1999), é importante ressaltar que a

utilização da fauna silvestre pelos índios era realizada com alguns critérios, como

por exemplo, o fato de não abater fêmeas grávidas ou animais em idade

reprodutora, logo, sem ameaçar a sobrevivência das espécies.

Vários grupos indígenas de diferentes regiões do Brasil tiveram

contato com os colonizadores e exploradores (Júnior, 1980). A partir daí, mudaram

inevitavelmente sua relação com seu ecossistema. Começaram a explorar mais

intensivamente e seletivamente os recursos naturais e em muitos casos sendo

usados como agentes depredadores dos mesmos (Seerger, 1982).

Começa aí a exploração comercial da fauna brasileira, que pela sua

diversidade gerava a idéia de ser abundante e inesgotável (Ávila-Pires, 1972;

Aveline & Costa, 1993).

Segundo Redford (1992), o comércio de animais silvestres, como

jacarés e sucuris oriundos da região amazônica já era realizado entre os Incas, no

Peru, mas só atingiu proporções maiores depois da chegada da exploração

européia, no ano de 1500.

No século XVI, época da abertura do mundo para a exploração

européia, era motivo de orgulho para os viajantes, retornarem com animais

desconhecidos, comprovando assim o encontro de novos continentes (Sick, 1997

a).

6

Conforme Coelho (1990), em maio de 1500, 10 dias após o

descobrimento do Brasil, uma das 13 caravelas retornou a Portugal com amostras

de riquezas naturais aqui encontradas, entre elas aves de plumagem exuberantes.

Em 1511, a nau Bertoa, levou para Portugal 22 periquitos tuins e 15

papagaios (Santos, 1990). E em 1530 o navegador português Cristóvão Pires

levou 70 aves de penas coloridas para Portugal (Mayrink, 1996; Polido & Oliveira,

1997). Esses foram os primeiros registros de envio da fauna silvestres brasileira

para a Europa.

Segundo Eduardo Bueno (1997), durante os trinta primeiros anos

após o descobrimento do Brasil, as naus portuguesas que deixavam o país,

costumavam levar em seus porões aproximadamente três mil peles de onças

(Panthera onca) e 600 papagaios (Amazona sp.) em média.

Ao serem desembarcadas na Europa, essas “mercadorias” estariam

logo enfeitando vestidos e palácios do velho mundo. Usar chapéus ornados com

penas coloridas de aves tropicais era considerado de muito bom gosto, e quase

sempre era um luxo reservado apenas às classes mais abastadas.

De acordo com Hagenbeck (1910), no início os animais silvestres

chegavam à Europa, através de poucos viajantes e exploradores, que de

passagem pelo mundo, capturavam, compravam ou recebiam de presente esses

animais. Os mesmos eram comercializados.

O comércio de animais silvestres desenvolveu-se paralelamente com

o crescimento do interesse das pessoas por esses animais, que começavam a

cobiçá-los para estimação. Os macacos sul-americanos, no século XVI, já eram

encontrados como animais de estimação nas residências da Inglaterra (Kavanagh,

1983).

7

De acordo com Kleimam et al. (1996) e Polido & Oliveira (1997),

possuir animais exóticos sempre foi símbolo de riqueza, poder e nobreza,

conferindo um certo status ao seu dono perante a sociedade.

A fauna silvestre brasileira, que até então era utilizada pelos

indígenas como forma de subsistência, passou a ser explorada sem nenhum

critério, objetivando apenas o lucro comercial. Muitas populações locais auxiliavam

os exploradores a caçarem e capturarem esses animais.

Spix & Martius (1981), em sua viagem pelo Brasil, no início do século

XIX, encontraram os índios Xavantes e outros grupos, ao longo do rio Tapajós,

realizando trocas de mercadorias com os viajantes, permutando caça, mel, cera e

penas de aves, por artigos de ferro e cachaça.

Polido & Oliveira (1997) citam que por volta de 1830 a 1850 os

indígenas e caboclos brasileiros além de caçarem para alimentar, também

comercializavam peles de animais, animais vivos, tais como peixes, macacos,

aves, penas de aves, flores, borboletas e outras formas de vida silvestre, que

eram exportadas. Começa a ficar difícil se distinguir a caça de subsistência e a

comercial (Redford, 1992).

A cidade do Rio de Janeiro sempre foi um pólo comercial da fauna

silvestre. Conforme Spix & Martius (1981), no início do século XIX, os mercados

cariocas ofereciam interessante espetáculo ao europeu recém-chegado, onde

eram vendidas as mais diversas formas de peixes e tartarugas do mar, como

também papagaios e outros animais brasileiros ou trazidos de outras partes do

mundo.

8

A exportação, para a Europa, da fauna silvestre brasileira e seus

produtos, sistematizou-se no final do século XIX, com o comerciante alemão68

Carl Hagenbeck (Hegenbeck, 1910). A partir de então, iniciou-se o processo de

captura de várias espécies de animais brasileiros para atender ao mercado

europeu. Os beija-flores eram exportados aos milhares, para abastecerem a

indústria de moda européia, como também eram utilizados embalsamados para

ornamentação das salas européias (Paiva, 1945; Fitzgerald, 1989).

As penas de garças, Egretta spp., e de guará, Eudocimus ruber, eram

utilizadas como adornos de chapéus femininos na Europa e América do Norte, e o

abate desses animais foi tão excessivo, que em 1895 e 1896, Emílio Goeldi (na

época diretor do Museu Paraense de História e Etnografia), encaminhou duas

representações ao governo do Estado do Pará, protestando contra a matança

desses animais na Ilha de Marajó (Rocha, 1995; Polido & Oliveira, 1997).

De acordo com Sick (1997a), no ano de 1932, 25.000 beija-flores

foram mortos no Pará e suas penas destinadas à Itália, onde eram utilizadas para

enfeitar caixas de bombons. Em 1964 chegou-se ao absurdo de importar um

canhão francês para se atirar nos bandos de marrecas na Amazônia, sendo

registrada a morte de 60.000 marrecas em apenas uma fazenda do Amapá.

Santos (1990) e Campello (2000), citam que na década de 60, era comum

encontrar animais silvestres e seus produtos sendo vendidos em feiras livres e no

mercado da Praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro.

Não apenas a exportação, mas também o comércio interno no Brasil

foi evoluindo abastecido pelos avanços dos meios de transporte, comunicação,

técnicas de capturas de animais, crescimento populacional, urbanização,

expansão agrícola e etc., permitindo o acesso a áreas que antes não eram

acessíveis para exploração de sua fauna (Fitzgerald, 1989; Musiti, 1999).

9

Conforme Santos (1992) e IBAMA (1996), a herança cultural herdada

dos índios pela população brasileira faz com que a mesma possua o forte hábito

de criar animais silvestres como de estimação, principalmente as aves canoras. A

manutenção desses animais por amor ou hobby, representa um grande volume do

comércio de fauna silvestre (Casotti & Vieira, 1991).

Esse comércio se encontrava estabelecido no Brasil e era muito

grande, sobretudo o de aves como papagaios, tucanos e araras, sendo comum

encontrar esses animais em lojas de animais dos centros urbanos (Vinicios &

Soares, 1998). Carvalho (1951) e Sick & Teixeira (1979), citam que esse comércio

era realizado também nas feiras livres em tão grande proporção, que alguns locais

se destacavam pelas suas enormes ”feiras de passarinhos”. Era rara uma cidade

brasileira que não possuísse uma feira ou loja que realizasse esse comércio.

De acordo com os dados de Marques e Menegheti (1982), até 1966

era permitida a captura sem limite de aves canoras no Brasil, demonstrando que

não havia um controle, por parte do governo, sobre a caça, captura e comércio de

animais silvestres.

No ano de 1967, junto com a criação do Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal – IBDF, foi baixada a Lei Federal n0. 5.197, Lei de

Proteção à Fauna, declarando que todos os animais da fauna silvestre nacional e

seus produtos eram de propriedade do Estado e não poderiam mais ser caçados,

capturados, comercializados ou mantidos sob a posse de particulares. No entanto,

não foram dadas alternativas econômicas às pessoas que até então viviam desse

comércio e que, da noite para o dia caíram na marginalidade. Como conseqüência

surgiu um comércio clandestino (Vinicios & Soares, 1998).

No Brasil, o comércio predatório e indiscriminado da fauna silvestre, é

uma prática antiga, que passou a ser ilegal no ano de 1967, pois até então não

10

havia legislação que proibisse essa atividade (Costa, 1995). Começa a partir daí a

história do tráfico da fauna silvestre brasileira.

Conforme Rocha (1995) e Polido & Oliveira (1997), atualmente apesar

de ser proibido, ainda é fácil encontrar animais, suas partes e produtos sendo

comercializados. Como um dos exemplos podemos citar a cidade de Belém, no

estado do Pará, que devido à proximidade com a floresta amazônica e a cultura

regional, é um dos maiores entrepostos de comércio de fauna silvestre brasileira.

São encontradas cerca de 15 feiras populares, por toda a cidade, onde o comércio

ilegal da fauna ocorre abertamente e livremente. A maior e mais famosa é a Feira

do Ver-o-Peso, nela são feitas as grandes encomendas que alimentam o comércio

atacadista nacional e internacional de animais silvestres brasileiros.

No Estado do Rio de Janeiro existem cerca de 100 feiras livres que

comercializam animais ilegalmente (Braga et al., 1998). A Feira de Duque de

Caxias (RJ), é considerada a maior feira do país e, apesar de ter sido fechada

oficialmente em 1969, continua sendo realizada, contrariando toda a legislação

(Sick, 1972). De acordo com os dados de Leite (1975) e Amado (1991), até o ano

de 1987 eram encontrados cerca de 3.000 animais à venda, a cada fim de

semana, só na Feira de Duque de Caxias, sendo surpreendente a variedade de

espécies expostas, principalmente de aves. Entre os anos de 1980 a 1983, 191

espécies diferentes de aves nacionais, inclusive ameaçadas de extinção, foram

encontradas à venda na Feira de Duque de Caxias (Sick, 1997a). Infelizmente não

existe um levantamento mais recente que possa atualizar esses números.

11

A permanência dessas feiras encoraja esse comércio, porque

demonstra a impunidade a essa atividade ilegal, além de facilitar a posse, também

ilegal, de animais silvestres, pois a sociedade tem um acesso muito fácil a esses

locais. Os órgãos de fiscalização constantemente apreendem animais em feiras

livres (Figura 1) e no final sempre se encontram animais mortos que não resistiram

aos maus tratos do processo de comercialização, e também os que foram mortos

pelos vendedores, para se livrarem rapidamente das ”mercadorias” com a

chegada da fiscalização (Carvalho, 1985).

Figura 1 – Apreensão de animais silvestres realizada em feiras livres

A história do tráfico de animais silvestres não é apenas de

desrespeito a lei, mas também de devastação e crueldade (Toufexis, 1993). O

comércio de animais silvestres capturados na natureza sempre foi deletério para a

fauna, independente de ser uma atividade legal ou ilegal. Ao se analisar o trabalho

de Hagenbeck (1910), nota-se que o processo de comercialização e as técnicas

de captura, transporte, manejo de uma maneira geral, são as mesmas até hoje,

com agravantes por atualmente ser uma atividade ilegal. Os animais sempre

foram tratados de maneira desrespeitosa (Figura 2), vistos apenas como simples

mercadorias, utilizadas como fonte de renda.

12

Figura 2 – Animal sendo transportado no fundo falso de uma bolsa

De acordo com Hegenbeck (1910), a partir do momento que o

comércio de animais foi notado como uma atividade bastante lucrativa, se tornou

um novo ramo de negócios, com viajantes especializados em obter animais para

vendê-los. Os comerciantes faziam encomendas aos viajantes, que muitas vezes

se utilizavam de intermediários para a obtenção desses animais. Os animais ao

chegarem na Europa eram revendidos para zoológicos, colecionadores

particulares, além de shows e exibições circenses. Atualmente grandes esquemas

do tráfico ainda funcionam assim.

Segundo a RENCTAS (2001), os agentes envolvidos no comércio

ilegal de animais silvestres estão divididos da seguinte forma:

- Apanhadores – caboclos, índios, lavradores e ribeirinhos;

- Distribuidores– barqueiros, pilotos de pequenos aviões,

caminhoneiros e motoristas de ônibus;

- Comerciantes– feirantes, donos de pet shops , criadores ilegais e

avicultores;

- Consumidores– zoológicos, criadores, circos, aquários,

laboratórios, turistas e população.

13

Para Le Duc (1996), o grande traficante (geralmente europeu ou o

norte-americano) possui uma rede de vendedores no país receptor e arruma o

transporte dos espécimes usando métodos variados, geralmente empregando

contrabandistas no país exportador e coletores, que levam os animais para ele.

Um bom exemplo, é a Feira de Duque de Caxias (RJ), onde pode-se encomendar

animais de todas as regiões do Brasil (Vaz, 1990b).

Segundo Hagenbeck (1910), durante a captura desses animais muitos

morriam, pois se dava preferência aos filhotes por serem mais fáceis de se

amansar e para captura-los se matam os pais. Dizia que a morte desses animais

adultos era dolorosa, mas uma necessidade, ou não poderia se capturar os

filhotes para o comércio (Figura 3).

Figura 3 – Filhote capturado para o comércio

Hoje em dia, de acordo com Vaz (1990a) Lopes (1991) e CICEANA

(1999), o transporte se dá por navios e trens e os animais são transportados

amontoados de maneira que não dava para alimentá-los, se mantinham

estressados e para acalmá-los e facilitar o transporte, era oferecido rum com

açúcar aos mesmos, que embriagados ficavam tranquilos durante a viagem.

14

Atualmente apesar de existirem técnicas de manejo adequadas às

espécies, por ser um comércio ilegal, os animais continuam sendo transportados

confinados em pouco espaço, sem água e alimento, presos em jaulas super

lotadas, onde se estressam, brigam, se mutilam e se matam (Figura 4).

Figura 4 – Animal multilado por técnicas de manejo inadequada

Além da ingestão de bebidas alcoólicas, os animais são submetidos a

práticas cruéis, pelos vendedores, que visam amortecer as reações dos animais e

fazê-los parecerem mais mansos para o comprador e chamar menos atenção da

fiscalização. É comum dopar os animais com calmantes, furar ou cegar os olhos

das aves (Figura 5), amarrar asas, arrancar dentes, entre muitas outras (Vaz,

1990b; Jupiara & Anderson, 1991; Lopes, 1991).

15

Figura 5 – Prática de furar ou cegar o animal para fazê-lo paracer mais

manso para o comprador

A taxa de mortalidade durante a captura e a forma precária de

transporte (Figura 6) era sempre alta, devido ao estresse dos animais e manejo

inadequado (Hagenbeck, 1910; Kleiman et al., 1996). Os comerciantes não

possuíam experiência e conhecimento necessário sobre a biologia dos animais e

de como tratá-los. Os particulares que adquiriam esses animais, também nada

sabiam de suas necessidades o que acarretava a uma elevada morte dos mesmos

(Hagenbeck, 1910).

Figura 6 – Animal sendo transportado dentro de uma garrafa térmica.

16

Figura 7 – Animal anestesiado é embalado em tudo plástico

Ainda hoje, a taxa de mortalidade é alta e os animais continuam

sendo comprados por pessoas que ignoram suas necessidades mínimas. Em

muitas das vezes os animais são anestesiados e embalados em tubos plásticos

para não despertar a atenção da fiscalização (Figura 7) e em pouco tempo

acabam morrendo (Vaz, 1990b).

Apesar de todas as legislações e restrições, esse comércio ilegal vem

se desenvolvendo, possuindo variadas e novas técnicas de contrabando, porque o

lucro obtido é gigantesco. Os principais motivos pelos quais essa atividade cresce

no Brasil e no mundo, segundo Le Duc (1996), são:

• “os governos estão cientes do fato de que a fauna é um recurso

economicamente importante, tornando seus esforços e regulamentos

nacionais e internacionais mais restritivos. As pessoas que vivem do

comércio de vida silvestre e querem aumentar seu lucro, se voltam para

as fraudes;

• o tráfico de drogas está se tornando cada vez mais arriscado e difícil

devido aos recursos empregados para combatê-lo. O tráfico de animais é

um investimento de menor custo, menos risco e quase de igual lucro. Os

17

traficantes de animais são freqüentemente, conhecidos pela polícia, por

seu envolvimento nas atividades de drogas, armas, pedras preciosas e

álcool;

• as polícias, alfândegas e autoridades judiciais ainda frequentemente

consideram que o comércio ilegal com animais e plantas não é um crime

sério. Os recursos destinados para combater esse comércio tem sido

muito pequenos e, quando os violadores são pegos, eles não são punidos

severamente.”

São cada vez mais constantes as incursões nas matas tropicais em

busca de animais para fomentar o tráfico nacional e internacional. Manter animais

silvestres em cativeiro continua sendo um hábito cultural da população brasileira:

sejam os indivíduos da classe alta que exibem suas coleções particulares de

animais silvestres como troféus à sua vaidade; sejam os da classe média baixa

que adquire as aves canoras para conduzi-las, em gaiolas, para passear nas ruas,

praças e praias do Estado do Rio de Janeiro e sejam os miseráveis, que se

embrenham na mata em busca desses animais que, vendidos, ajudarão a diminuir

sua fome, ou ainda os cientistas estrangeiros inescrupulosos que buscam na

fauna e na flora brasileira uma possibilidade de seus laboratórios faturarem altas

quantias com a fabricação de novos medicamentos. A realidade é que os recursos

faunísticos do Brasil encontram-se gravemente ameaçados pelo comércio ilegal.

2.2 ESPÉCIES ENVOLVIDAS NO COMÉRCIO ILEGAL

No Estado do Rio de janeiro, segundo o quadro demonstrativo de

fauna apreendida e/ou resgatada pelo Batalhão de Polícia Florestal e de Meio

Ambiente/RJ entre 1997 a 2000, os animais mais apreendidos foram as aves com

13.872, seguida dos répteis com 364 e por último os mamíferos com 226 animais

apreendidos. As espécies mais apreendidas foram da ordem dos Passeriformes

com 5.641 indivíduos. As famílias mais comuns foram as Thraupidae com 883,

Icteridae com 762 e Psittacidae com 334. As espécies mais apreendidas foram:

18

Em primeiro lugar, o canário-da-terra (Sicalis flaveola) com 1613 indivíduos,

seguidos pelo tziu (Volatinia jacarina) com 764, o trinca ferro (Saltator similis), com

646 e o tico-tico (Zonotrichia capensis) com 577 animais apreendidos. Cabe

ressaltar que as espécies mais apreendidas são encontradas no Estado do Rio de

Janeiro e em sua maioria absoluta, as apreensões foram realizadas em feiras

livres (Anexo 4).

No Brasil, apesar de não existirem dados oficiais divulgados sobre o

tráfico, Rocha (1995), através de análise de trabalhos anteriores, reuniu

informações e formulou uma lista com as principais espécies traficadas:

Os papagaios (Psitacídeos) são as aves mais comercializadas no

país e no exterior, destacando-se o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea),

papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papa-cacau (Amazona festiva),

papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), papagaio-moleiro (Amazona farinosa),

chauá (Amazona rhodocorytha), cavacué (Amazona autumnalis), papagaio-da-

serra (Amazona pretrei) e papagaio-do-mangue (Amazona amazonica), visto na

Figura 8. .

Figura 8 – Papagaio-do-mangue

19

Os periquitos mais comercializados são: a jandaia (Aratinga

solstitialis), periquito-rei (Aratinga aurea), periquito-da-caatinga (Aratinga

cactorum). As araras ficam em segundo plano devido ao seu maior tamanho,

como, por exemplo, a Arara-macao (Ara macao), visto na Figura 9, (Rocha,

op.cit.).

Figura 9 – Arara-macao

Em seguida estão os tucanos: tucanuaçu (Ramphastos toco), visto na

Figura 10; tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), tucano-de-bico-preto

(Ramphastos vitellinus), tucano-grande-de-papo-branco (Ramphastos tucanus), e

os araçaris: araçari-poca (Selenidera maculirostris), araçari-de-bico-branco

(Pteroglossus aracari), e araçari-banana (Baillonius bailloni), (Rocha, op.cit.).

Figura 10 – Tucanuaçu

20

Entre os primatas, destacam-se os sagüis dos gêneros Callithrix spp.

e Saguinus spp.; mico-do-bambu (Callimico spp.), sagüi-leãzinho (Cebuella

pygmea), bugio (Alouatta spp.), macaco-aranha (Ateles spp.), visto na Figura 13,

macaco-prego (Cebus spp.), muriqui (Brachyteles arachnoides), visto na Figura

12, mico-de-cheiro (Saimiri spp.), micos-leões (Leontopithecus spp.), visto na

Figura 11 e uacari (Cacajao calvus), (Rocha, op.cit.).

Figura 11 figura 12 figura 13 Mico-leão-dourado Muriqui Macaco-aranha-cara-preta

No caso dos felinos, destacam-se a jaguatirica (Leopardus pardalis),

visto na Figura 15, os gatos-do-mato (Oncifelis geoffroyi e Leopardus tigrinus) e

maracajá (Leopardus wiedii), visto na Figura 14, (Rocha, 1995).

Figura 14 – maracajá Figura 15 - jaguatirica

21

Em se tratando dos répteis, estão os jacarés (Caiman spp.), visto na

Figura 16; tartarugas, lagartos e diversas espécies de serpentes, (Rocha, op.cit.).

Figura 16 – Jacaré-do-papo-amarelo

Figura 17 – Iguana

Entre as espécies de peixes ornamentais mais raras e com alta

cotação no mercado de Tóquio, estão o Typhlobelus macromycterus, Leptolebias

cruzi, Cynolebias notatus, Pituna poranga, Hyphessobrycon loweae, (Rocha,

op.cit.).

22

2.3 NÚMEROS DO COMÉRCIO ILEGAL

Qualquer iniciativa de quantificar uma atividade ilegal corre o risco de

cometer erros. Por não se submeter a estatísticas ou controles, o tráfico de fauna

silvestre é muito difícil de ser medido em números exatos.

O Relatório Nacional Sobre o Tráfico de Animais Silvestres da

RENCTAS (2001) divulga os últimos dados oficiais do IBAMA, relativo ao número

de animais apreendidos no Brasil (Figura 18) e na Região Sudeste (Figura 19).

24304

16421

28298

51161

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

1997 1998 1999 2000

Ano

Nº d

e an

imai

s

Figura 18 – Número de animais silvestres apreendidos no Brasil de 1997/2000 Fonte: IBAMA, 2001.

36403070

51964843

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1997 1998 1999 2000

Ano

Nº d

e an

imai

s

Figura 19 – Número de animais silvestres apreendidos na Região Sudeste 1997/2000. Fonte: IBAMA, 2001.

23

Uma outra dificuldade é a completa inexistência de dados anteriores

para a comparação da evolução dessa atividade. Os resultados demonstram que

há lacunas em nosso conhecimento sobre a real dimensão do tráfico no Brasil e a

necessidade de se padronizar uma metodologia de registro das apreensões

realizadas em território nacional. Um exemplo claro desta situação ocorreu em

2000. Com base nos dados oficiais do IBAMA, os números totais das apreensões

de fauna silvestre na Região Sudeste (Figura 19) foram inferiores aos números de

animais apreendidos pelo BPFMA, somente no Estado do Rio de Janeiro (Figura

20). Isso demonstra a falta de integração e sistematização dos dados entre os

órgãos ambientais.

50 162

38683656

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

AVES MAMÍFEROS RÉPTEIS TOTAL

Classe

Nº d

e an

imai

s

Figura 20 – Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA em 2000 Fonte: BPFMA-RJ, 2003.

Por ser uma atividade ilegal, não existem números oficiais sobre o

tráfico de animais silvestres. São encontradas estimativas, que se baseiam na

movimentação (importação e exportação de animais) do comércio registrado nos

países (Redford, 1992; Rocha, 1995).

24

Segundo Amado (1991), são retirados da natureza, no Brasil, cerca

de 12 milhões de espécimes de animais por ano. De acordo com Block (1987) e

Hemley & Fuller (1994), o comércio de vida silvestre movimenta mundialmente,

cerca de 10 bilhões de dólares por ano, com pelo menos de 2 a 3 bilhões, mais de

1/3, sendo ilegais. Esse valor é uma extrapolação do comércio de vida silvestre

declarado (importação e exportação) dos EUA, mas exclui os peixes e madeiras

(Hemley & Fuller, 1994). Toufexis (1993), Rocha (1995), Mayrink (1996), IBAMA

(1997) e RENCTAS (1999), citam o valor de 10 bilhões de dólares como

estimativa do comércio ilegal de animais silvestres no mundo por ano.

Estas estimativas são oficiosas, pois não foi utilizada uma

metodologia consistente para se chegar a este valor, acreditando-se, inclusive,

que houve algum erro de interpretação dos trabalhos acima citados, ao se

relacionar esse valor para o comércio de animais silvestres no Brasil, já que o

mesmo é estimado para o comércio de vida silvestre, onde se incluem os animais

e seus produtos. No entanto, nas bibliografias consultadas, não foi encontrada

nenhuma estimativa diferente dessa, relativa ao movimento de animais silvestres e

seus produtos.

Segundo Rocha (1995) e Lopes (2000), o comércio ilegal de animais

silvestres oriundos do Brasil corresponde de 5 a 10% do total mundial, baseando-

se no valor de 10 bilhões de dólares por ano, o movimento brasileiro é de 500

milhões a 1 bilhão de dólares por ano.

De acordo com Hardie (1987), Fitzgerald (1989), Hemley & Fuller

(1994) e Le Duc (1996), é estimado (baseado no comércio registrado dos EUA)

que a cada ano o comércio, legal ou não, envolva em todo o mundo os seguintes

números:

25

• primatas: 25.000-40.000 animais vivos, a maioria para pesquisa

biomédica;

• aves: 2-5 milhões de aves vivas;

• répteis: 3 milhões de tartarugas criadas em cativeiro;

2 – 3 milhões de outros répteis vivos;

10 – 15 milhões de cascos;

10 milhões de peles;

30 – 50 milhões de produtos manufaturados.

Várias são as armas utilizadas para a prática de caça ilegal (Figura

21) e que, após a perda do habitat, é a principal causa da redução populacional de

várias espécies (Redford, 1992; Rocha, 1995). Conforme Amado (1991),

CONAMA (1991), Rocha (1995), Mayrink (1996), Braga et al. (1998) e a Polícia

Federal Brasileira (1997), no Brasil o tráfico é responsável pelo desaparecimento,

a cada ano, de cerca de 12 milhões de espécimes de animais silvestres da

natureza. Cerca de 70% desse volume é para atender ao mercado interno

brasileiro, os 30% restantes são exportados.

Figura 21 – Armas para a prática de caça ilegal, apreendidas pelo BPFMA

26

Redford (1992) estima que só na região amazônica são retirados por

ano 4 milhões de animais para atender aos mercados interno e externo. Apesar de

não existir um número exato, sabe-se que é uma quantidade muito grande, e que

o número de animais retirados é muito maior do que o encontrado comercializado,

devido às perdas que ocorrem (Soini, 1972; Coimbra-Filho, 1977; Sick & Teixeira,

1979; Redford, 1992).

Normalmente animais que escapam feridos morrem depois, as peles

danificadas e animais fora do ”padrão” são descartados, as fêmeas são mortas

durante a captura de seus filhotes, que muitas vezes morrem também (Redford,

1992; Costa, 1995). Nogueira-Neto (1973) relata que, durante a captura de saíras

(Tangara spp.), as fêmeas são mortas por não terem valor comercial.

Redford (1992) estima ainda que para cada produto animal

comercializado são mortos pelo menos 3 espécimes e para o comércio de animais

vivos esse índice é de 90%. Para cada 10 animais traficados, apenas 1 chega a

seu destino final e muitos dos que sobrevivem, apresentam péssimas condições

de saúde devido aos maus tratos (Figura 22). Conforme Soini (1972) e Rocha

(1995), o índice de mortalidade é alto, devido ao processo de captura e as

precárias condições de transporte, armazenamento e comercialização.

Figura 22 – Animal vítima de maus tratos

27

Todos os animais traficados sofrem maus tratos. No Aeroporto

Internacional do Rio de Janeiro foram encontradas aves cegadas e com os ossos

do peito quebrados, para evitar que as mesmas cantassem e se movessem,

chamando assim menos atenção da fiscalização (Ellison, 1999).

De acordo com Toufexis (1993), cerca de 80% das aves morrem.

Nogueira-Neto (1973), registra a morte de 90% das saíras (Tangara spp.),

comercializadas nas casas avícolas da cidade de São Paulo, 36% dos filhotes de

papagaio charão (Amazona pretrei) morrem antes de serem vendidos, 70% dos

pintassilgos (Carduelis magellanicus) não resistem ao cativeiro e morrem

engaiolados (Santos, 1992).

Braga et al. (1998), estimam que existem, só no Brasil, de 2 a 4

milhões de animais silvestres nacionais em cativeiros particulares. Nos estados do

Acre e Paraná, o IBAMA realizou cadastramento de animais silvestres em poder

de particulares. Foram registrados cerca de 20 mil processos no estado do Paraná

(IBAMA, 1997). A maior parte dos animais silvestres criados por colecionadores

sofre maus tratos e cuidados inadequados (Figura 23), por ignorância e falta de

interesse dos donos em saber como tratá-los adequadamente (Amado, 1991;

Sobral, 1993). Independente dos números reais, esse comércio ilegal de animal

silvestre é uma atividade altamente destrutiva e que contribui intensamente para o

empobrecimento do recurso da fauna brasileira (Rocha, 1995).

Figura 23 – Animais comercializados por colecionadores

28

2.4 ROTAS INTERNACIONAIS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES

BRASILEIROS

Os países em desenvolvimento são os principais fornecedores de

vida silvestre, com parte de suas populações sobrevivendo dessa atividade

(Hemley & Fuller, 1994). Entre os principais países exportadores se encontram o

Brasil, Peru, Argentina, Guiana, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Colômbia, África do

Sul, Zaire, Tanzânia, Kenya, Senegal, Camarões, Madagascar, Índia, Vietnã,

Malásia, Indonésia, China e Rússia (Rocha, 1995).

Portugal, México, Arábia Saudita, Tailândia, Espanha, Grécia, Itália,

França e Bélgica são citados como principais países de trânsito comercial de vida

silvestre, onde geralmente é feita a legalização de vida silvestre contrabandeada

(Rocha, op.cit; RENCTAS, 1999).

Nas rotas internacionais, alguns países foram identificados

desempenhando o papel de “intermediários” “esquentadores”, ou seja, por onde os

animais traficados permanecem pouco tempo aguardando o seu destino final ou

tempo necessário para dar cunho legal ao transporte. Os pontos intermediários

estão localizados em cidades paraguaias, colombianas, uruguaias e argentinas

próximas à fronteira brasileira.

Se as ações de fiscalizações não são eficazes, o processo é

finalizado com o envio do espécime traficado para os principais países

consumidores: Estados Unidos (maior consumidor de vida silvestre no mundo),

Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Suíça, Grécia, Bulgária, Arábia

Saudita e Japão (Hardie, 1987; Rocha, 1995; Le Duc, 1996).

29

As rotas internacionais, de modo geral, têm por ponto de partida as

cidades brasileiras que possuem aeroportos que operam vôos internacionais,

principalmente nos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belém

(Figura 24).

Figura 24 - Rotas Internacionais do Tráfico de Animais Silvestres Brasileiros Fonte: RENCTAS, 2003.

2.5 ROTAS NACIONAIS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES

BRASILEIROS

No Brasil, a maioria dos animais silvestres comercializados

ilegalmente é proveniente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo

escoada para as regiões Sul e Sudeste, pelas rodovias federais. Nos estados

nordestinos é comum a presença de pessoas, às margens das rodovias,

comercializando esses animais. Os principais pontos de destino desses animais

são os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde são vendidos em feiras livres

30

ou exportados por meio dos principais portos e aeroportos dessas regiões.

(Jupiara & Anderson, 1991; RENCTAS, 1999).

Existem diversas redes montadas, que são realizadas nas rodovias do

país, capazes de percorrer até cinco mil quilômetros de distância. O mapa a seguir

(figura 25) demonstra os principais estados brasileiros envolvidos no tráfico de

animais silvestres no Brasil. Dessa forma, a partir dos diferentes locais de captura,

os animais são conduzidos até os grandes centros urbanos por caminhões de

carga, ônibus interestaduais, automóveis particulares e pequenos aviões

particulares que transitam pelo espaço aéreo brasileiro sem o mínimo controle.

Figura 25 - As Rotas do Tráfico de Animais Silvestres no Brasil Fonte: RENCTAS, 2003.

31

2.6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS JURÍDICOS EXISTENTES PARA A

PROTEÇÃO DA FAUNA SILVESTRE

Desde os tempos coloniais, os governos cogitaram de proteger as

florestas e outros recursos, mas foram inócuas as medidas de proteção, sempre

renovadas ao longo dos anos, através de cartas régias, leis, decretos,

regulamentos, que jamais produziram efeitos práticos (Aveline & Costa, 1993).

A primeira legislação brasileira referente à proteção de animais foi o

Decreto nº 24.548, de 03 de julho de 1934, que regulamentou o serviço de defesa

sanitária animal, com o objetivo de proteger o rebanho nacional contra zoonoses

exóticas e combater as moléstias infecto-contagiosas e parasitárias.

O Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934, estabelece medidas de

proteção aos animais. Esta legislação foi um grande avanço, pois instituiu, em

vários incisos, o que é considerado maus-tratos aos animais nativos ou exóticos,

domésticos ou silvestres. Todos os animais existentes no País passam a ser

tutelados do Estado.

O decreto Lei nº 5.894, de 20 de outubro de 1953, aprovou o Código

de Caça, regulamentando o exercício da caça amadora ou profissional.

A Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, Lei de proteção à fauna, foi a

primeira legislação própria de proteção à fauna silvestre no Brasil, pois tornou a

caça e manutenção desses animais em cativeiro práticas ilegais, estando os

infratores sujeitos às penalidades vigentes no país. A fauna silvestre junto, com

seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, passou a ser propriedade do Estado,

sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.

32

A agressão contra a fauna passou a ser considerada contravenção

penal. Proibiu-se o exercício da caça profissional, como também a

comercialização de espécimes da fauna silvestre e seus produtos, exceto os

provenientes de criadouros legalizados. A caça para controle de animais silvestres

considerados ”prejudiciais”, é permitida desde que obedeça as recomendações do

órgão público competente, quanto às espécies, época do ano, o número de dias e

o local onde é permitido caçar. A caça amadorista é prevista na formação de

clubes e sociedades amadoristas e também prevista a construção de criadouros

para fins econômicos e industriais (Machado, 1992a).

De acordo com Aveline & Costa (1993), a legislação brasileira prevê

a caça apenas nos estados que realizam censos populacionais e possuem dados

sobre a reprodução das espécies. De acordo com Cecatto (1977), a Portaria do

IBDF n0. 1925, de 11 de janeiro de 1971, fixou a data de 30 de abril, do mesmo

ano, para o encerramento definitivo do prazo para comercialização dos produtos

faunísticos que se encontravam estocados.

A Lei n0. 7.653, de 12 de fevereiro de 1988, alterou alguns artigos da

Lei n0. 5.197, e os atos contra a fauna que eram considerados contravenções

penais, passaram a ser crimes inafiançáveis. Como a anterior, não discriminou e

descriminou a caça de subsistência, dificultando a ação penal contra os grandes

traficantes, que realmente deveriam ser punidos.

A Constituição Brasileira, de 05 de outubro de 1988, fortaleceu a

proteção à fauna com seu artigo n0. 225: ”Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Rocha (1995) e Silva (1998) consideram essas legislações dispersas,

falhas e desatualizadas, por isso a maioria dos casos de danos à fauna levado aos

33

tribunais ficava sem reparação. As pessoas não vêem o tráfico de animais

silvestres como delito grave, se escandalizam com os outros tipos de tráficos

(drogas e armas), mas na verdade são todos o mesmo delito (Valentino, 1998). De

acordo com Rocha (1995), Braga et al. (1998) e Ellison (1999), não há registros de

alguém que tenha sido julgado, condenado e esteja cumprindo prisão pelo crime

de tráfico de animais silvestres.

A Lei n0. 9.605, de 12 de fevereiro de1998, Lei de Crimes Ambientais,

conforme Silva (1998), o crime contra a fauna não é mais inafiançável, e a caça de

subsistência é discriminada e descriminada, sendo um importante avanço, pois

devido aos desequilíbrios culturais, sociais e econômicos, grande parte da

população rural brasileira ainda depende da fauna silvestre como fonte de

proteína. Um outro aspecto importante dessa lei é que as penas privativas de

liberdade podem ser substituídas por penas restritivas de direito, tais como

prestação de serviço à comunidade, suspensão temporária de direito, suspensão

parcial ou total de atividades, prestação pecuniar e recolhimento domiciliar. Essas

penas alternativas são um excelente instrumento à disposição dos juizes, para

crimes contra a fauna, que antes saíam impunes.

A Lei 9.605/98 alterou completamente o tratamento penal nos crimes

contra a fauna: abrandou o rigor da Lei 7.653/88, colocou a proteção à fauna em

maior conformidade com o sistema e procurou aproximar-se mais da realidade

brasileira.

Até o momento não há uma lei internacional contra o tráfico de

animais silvestres, sendo importante a cooperação internacional, que deve ocorrer

entre diferentes instituições, tais como as autoridades da CITES (Comércio

Internacional das espécies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção)

em cada país, das polícias através da Interpol e dos serviços alfandegários. O

sucesso do combate ao tráfico de animais silvestre vai depender diretamente

dessa cooperação internacional (Le Duc, 1996).

34

Como os recursos naturais não conhecem fronteiras políticas, é

importante um esforço conjunto do Estado, dos diversos setores da sociedade e

das nações mundiais (Mirra, 1994). O Brasil é participante de várias convenções,

acordos e tratados internacionais relacionados com a proteção da fauna silvestre,

podendo-se destacar a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies

de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).

A CITES foi uma Convenção firmada em Washington (USA), em

março de 1973, entrando em vigor em julho de 1975, tendo como propósito

fornecer mecanismos para restringir e controlar o comércio da espécies

selvagens e seus produtos, em âmbito internacional (Hemley & Fuller, 1994; Le

Duc, 1996; Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1997).

O Brasil é signatário da CITES desde 06 de agosto de 1975, entrando

em vigor em 04 de novembro do mesmo ano. Quase todas as maiores nações

importadoras e exportadoras de vida silvestre são partidárias dessa Convenção.

Os participantes são obrigados a monitorar o comércio global de vida silvestre e

seus produtos (Hemley & Fuller, 1994; Fitzgerald, 1989).

A Convenção funciona com 3 categorias de proteção:

- Anexo I, inclui todas as espécies reconhecidamente ameaçadas de extinção

que são e podem ser afetadas pelo comércio internacional. A comercialização

só é autorizada em circunstâncias excepcionais, mediante a concessão e

apresentação prévia de licença de exportação, condicionada a rígidos

requisitos restritivos explicitamente indicados na Convenção.

- Anexo II, engloba as espécies que, embora não se encontrem em perigo de

extinção, poderão chegar a esta situação caso seu comércio não esteja sujeito

à rigorosa regulamentação.

35

- Anexo III, refere-se às espécies que qualquer das Partes Contratantes, nos

limites de sua competência, declarem sujeitas a regulamentação e que exijam

cooperação das demais partes para controlar o respectivo comércio. Esse

anexo tem a intenção de ajudar os membros da CITES a ganharem das outras

nações, cooperação para reforçarem suas próprias leis de proteção e controle

de vida silvestre”.

A exportação das espécies incluídas nos Anexos II e III também

depende da concessão e apresentação prévia de licença, obedecendo aos

requisitos específicos para cada Anexo, relacionados no texto da Convenção.

A CITES tem sido o maior e mais efetivo acordo internacional para a

conservação da vida silvestre, mas não pode influir, senão indiretamente, no

comércio da flora e fauna dentro do território de cada país, mesmo que signatário;

fato este que significa em algumas regiões perdas elevadas para muitas espécies

em perigo, devido a comercialização interna (Hemley & Fuller, 1994; Secretaria de

Estado do Meio Ambiente, 1997).

36

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Através da experiência pessoal do autor, ao longo de oito anos

trabalhando no BPFMA, como oficial superior da PMERJ, foram analisadas as

principais dificuldades, deficiências e problemas do combate ao tráfico de animais

silvestres no Estado do Rio de Janeiro, bem como os instrumentos jurídicos

existentes para proteção da fauna silvestre.

Foi realizado um minucioso levantamento sobre o quantitativo e as

espécies alvo do comércio ilegal de animais silvestres apreendidos e resgatados

pelo BPFMA, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), no período

de 1997 a 2002. Tais dados foram apresentados através de gráficos e tabelas.

Cabe ressaltar que, no entanto, não foram realizadas incursões ou

pesquisas de campo nas feiras livres, locais tradicionais de comercialização de

fauna silvestre. Essas são apenas relacionadas para justificativa da escolha do

tema.

Foram identificados, através das bibliografias existentes, livros,

artigos de periódicos e artigos de jornais sobre o assunto, sendo analisados e

discutidos.

Foi realizada uma pesquisa de campo junto a estudantes do Estado

do Rio de Janeiro, mais especificamente com 250 alunos de 5ª, 6ª e 7ª série da

escola de classe média baixa, Espaço Aberto Escola, localizada no Fonseca,

bairro do município de Niterói, visando a verificação da consciência destes no que

se refere ao tráfico de animais silvestres. Para tanto, foi utilizado um instrumento

de pesquisa, um questionário pré-teste foi aplicado e recolhido. Logo após foi

37

realizada uma palestra sobre o tema e ao final, o mesmo questionário foi

novamente aplicado, buscando identificar de que forma a tal palestra afetou a

opinião destes alunos. Podendo assim, observar se as respostas do primeiro

questionário aplicado se justificavam na falta de informações a respeito do

comércio ilegal de animais silvestres. A análise dos dados foi realizada após

transformá-los em percentagem e confeccionados gráficos dos parâmetros

relevantes.

38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PRINCIPAIS DIFICULDADES, DEFICIÊNCIAS E PROBLEMAS DO

COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Os fatores abaixo demonstram algumas das principais dificuldades

deficiências e problemas do combate ao tráfico de animais silvestres no Estado

do Rio de Janeiro. Estes fatores relacionam-se e estão diretamente ligados a

muitos outros, como:

• Falta de lugar para destinar animais apreendidos;

• Falta de contingente;

• Falta de veículos e equipamentos;

• Entraves na legislação;

• Falta de treinamento adequado e material de estudo;

• Falta de apoio (político);

• Falta de integração entre os órgãos ambientais.

4.1.1 Falta de lugar para destinar animais apreendidos

Desde o início de 1994, quando foi fechado o Centro de Resgate e

Triagem de animais silvestres, junto ao Solar da Imperatriz, no Jardim Botânico do

Rio de Janeiro, não havia lugar apropriado para a destinação dos animais

apreendidos pela fiscalização e operações policiais no Estado.

Tais animais apreendidos passaram a ser encaminhados para o Rio-

Zoo, local que não se recebia determinadas espécies e grandes quantitativos. Por

ser uma instituição com intuito de visita e lazer e que não possui apenas animais

silvestres em seu plantel, não é atribuição e finalidade dos zoológicos manter o

39

animal em quarentena para a destinação mais adequada. Devido às realidades

descritas, o Rio-Zoo teve casos de superlotação de determinadas espécies

oriundas de apreensões em feiras livres, inviabilizando novos recebimentos. Fatos

idênticos também eram repetidas em diversos outros zoológicos no interior do

Estado, como por exemplo: Niterói, Volta Redonda, Bom Jardim e UENF

(Universidade Estadual do Norte Fluminense), sendo que estas últimas instituições

não eram licenciadas juntos ao IBAMA para recebimento de animais. Esta

realidade deflagrou o indevido encaminhamento de animais apreendidos para

diversos zoológicos e criadouros particulares, culminando com o fatídico caso do

BWANA PARK, em agosto de 2001 (anexo 5). Quando da morte de seu

proprietário, foi descoberta uma série de irregularidades, tendo sido amplamente

divulgado pela imprensa os maus tratos de animais silvestres, mortes e ainda a

grave suspeita que animais para lá encaminhados retornaram para as mãos de

traficantes nacionais e internacionais.

Em 18 de janeiro de 2000, houve um grande impacto ambiental

ocasionado pelo vazamento de aproximadamente 1,3 bilhões de litros de óleo cru,

proveniente da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias). A fauna e flora da Baía

de Guanabara foram gravemente afetadas, ressaltados principalmente o dano aos

manguezais e a fauna ictiológica. Em função deste acidente ambiental, por

iniciativa da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, foi realizado

um Termo de Ajustamento de Conduta (TCO) para a empresa Petrobrás S/A, que

dentre várias outras obrigações, arcou com a construção do CETAS (Centro de

Triagem de Animais Silvestres), localizado na Floresta Nacional Mário Xavier, no

município de Seropédica/RJ, com a parceria da Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro (UFRRJ). A partir de sua inauguração, em fevereiro de 2003, todos

os animais silvestres apreendidos no Estado do Rio de Janeiro foram

encaminhados para este local. No entanto, isso tem demonstrado ser ainda

inviável para atender a demanda de apreensões. Conforme estatística, apenas do

BPFMA, em 2001 foram apreendidos 3.251 (três mil duzentos e cinquenta e um)

animais silvestres, número este, bem superior em relação à capacidade do

40

referido centro, que é de 2.500 (dois mil e quinhentos) animais, que possui ainda

reduzido número de baias diversificadas para as várias espécies. Outro aspecto

negativo é a localização do Centro de Triagem, distante cerca de 50 quilômetros

da capital. Isso acarreta um maior estresse, a qual já é submetido o animal, em

razão das péssimas condições de cativeiro, tempo de permanência na delegacia

policial para a confecção do registro de ocorrência, agravada pela necessidade de

transporte inadequado até aquele local.

No que diz respeito à soltura de animais silvestres em seu hábitat

natural ou outra destinação mais adequada, não há um número preciso, pois além

de não ser amplamente divulgado, não existe, por parte dos órgãos de

fiscalização, um acompanhamento posterior à apreensão e destinação do animal

para o Centro de Triagem. Presume-se que passado a quarentena no Centro de

Triagem, a totalidade de animais que ali permaneceram são devolvidos ao seu

”habitat natural” ou outra destinação mais adequada, com exceção das baixas

realizadas no plantel.

Atualmente, o único Centro de Triagem no Estado do Rio de Janeiro

é composto por uma equipe de doze funcionários, um responsável do IBAMA, dois

zootecnistas, um médico veterinário, um biólogo, cinco tratadores, um técnico de

serviços gerais e um para a manutenção. Possui uma verba mensal de R$

1.700,00 (mil e setecentos reais) para rações e medicamentos e R$ 6.000,00 (seis

mil reais) para os hortigranjeiros. Quanto à manutenção dos equipamentos,

laboratório, pesquisa e conservação das instalações não existem recursos, razão

pela qual os recintos para quarentena são deficientes, bem como não existem

recintos para adaptação do animal à natureza. Um Posto de Polícia Florestal da

PMERJ foi instalado no interior do referido CETAS, destinado para a guarda das

instalações, bem como para o Policiamento ambiental da região.

41

4.1.2. Falta de contingente

O Estado do Rio de Janeiro possui 92 (noventa e dois) municípios,

com extensão territorial (43.900 Km2). Cerca de 95% dos habitantes vivem em

cidades e vilas. A capital concentra mais de 40% da população total, que é em

torno de 16 milhões de habitantes, ou seja, há cerca de 310 habitantes por

quilômetro quadrado, aproximadamente 16 vezes superior à média nacional e

mais de duas vezes à do Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil. Esta

alta densidade demográfica ocasionou a ocupação do espaço territorial, em

função da expansão das atividades humanas (IBGE, 2000).

Há uma acentuada disparidade de relevo, parte do qual se encontra

preservado, ao menos sob o aspecto legal, em pouco mais de uma dúzia de

Unidades de Conservação de uso indireto (parques nacionais e estaduais,

reservas bilógicas e estações ecológicas), perfazendo um total de 210.000

hectares, área que equivale a, aproximadamente, apenas 4,8% da superfície do

Estado, correspondendo a um pouco do dobro da irrisória média nacional

(Bergallo et. al 2000).

Segundo o “Mappa Florestal do Brasil” publicado por Gonzaga de

Campos (Campos, 1912), há cerca de cem anos atrás, a área de floresta ainda

atingia 81% do Estado. Em levantamento efetuado em 1990, o percentual fora

reduzido para aproximadamente 22%, com a existência de formação florestais

remanescentes cobrindo um total de 929.140 hectares (ibid.). O Estado do Rio de

Janeiro possui diversas áreas protegidas, em nível federal, estadual e municipal,

podendo destacar as seguintes: Parques Nacionais de Itatiaia, Bocaina, Serra dos

Órgãos, Jurubatiba, Floresta da Tijuca. Parques Estaduais do Desengano, Três

Picos, Pedra Branca, Ilha Grande, Tiririca. Reservas Biológicas de Tinguá, Poços

das Antas, Praia do Leste, Praia do Sul. Área de Proteção Ambiental de

Guapimirim, Petrópolis, Maricá, Tamoios, dentre outros. Estas Unidades de

42

Conservação são locais potencializadores para prática de caça e apanha de

animais silvestres endêmicos ou restritos à estas regiões.

A responsabilidade do combate ao tráfico de animais silvestres no

Estado do Rio de Janeiro é dos seguintes órgãos: Federais – IBAMA e Delegacia

de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico

(DELEMAPH) da Polícia Federal. Estaduais – Secretaria Estadual de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADS), através do Instituto

Estadual de Florestas (IEF) e Secretaria de Segrança Pública (SSP), através do

Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) e da Delegacia de

Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).

JUSTIÇA

MP

CONAMA

GOVERNOMUNICIPAI

SMMA

DPRF DPFGOVERNOESTADUAI

SEMASSP

PC PM

IBAMA

GEREXs

CONSELHEIRO

COMITFAUN

IMPRENSAONGs

Figura 26 – Diagrama de Entidades de Proteção da Fauna Silvestre Fonte: IBAMA, 2003.

No Estado do Rio de Janeiro, o IBAMA possui 79 (setenta e nove)

agentes de defesa da fauna, o IEF possui 40 (quarenta) agentes, o BPFMA

possui, contando com o efetivo responsável pela atividade administrativa, 374

43

(trezentos e setenta e quatro) policiais militares, a DPMA possui 46 (quarenta e

seis) policiais civis e a Polícia Federal possui apenas 01 (um) agente, pois a

DELEMAPH (Delegacia de Repressão aos Crimes Ambientais e Patrimônio

Histórico) criada pelo Diário Oficial da União, em 05 de setembro de 2003 e ainda

encontra-se em fase de estruturação. Contabilizando todos os agentes, verifica-se

a precariedade, pois este número é para fiscalizar todos os ilícitos ambientais e

não somente o tráfico de animais silvestres. Outro grave problema é que a maior

parte deste contingente enconta-se lotado na capital do Rio de Janeiro e

executando os serviços administrativos dos referidos órgãos de fiscalização.

4.1.3. Falta de veículos e equipamentos

Os órgãos responsáveis pela fiscalização não possuem veículos

adequados para o transporte dos animais silvestres apreendidos, pois as

superfícies interna de tais veículos não deveriam conter projeções ou saliências,

para evitar injúrias dos animais. Devem possuir ventilação adequada e ao mesmo

tempo, para acalmar o animal e diminuir os efeitos estressantes, o ambiente deve

ser escuro.

Segundo a Internacional Air Transporte Associacion (IATA)

(http://www.iata.org), os veículos mais adequado deveriam ser do tipo furgão

dotados de climatizadores ou veículos tipo pick-up com cobertura para a proteção

e não exposição ao tempo.

Para o manejo dos animais silvestres apreendidos é necessário a

utilização de equipamentos adequados para a contenção, tais como caixas e

jaulas de contenção, luva de raspa, sacos de pano e pau de couro, assim como os

Anestésicos específicos.

44

4.1.4 Entraves na legislação

A Constituição Brasileira de 1988 e as leis federais de proteção à

fauna colocam-se entre as mais avançadas do mundo, mas, principalmente no

Estado do Rio de Janeiro, estão ainda longe de serem cumpridas

satisfatoriamente.

A Lei 9.605/98 alterou completamente o tratamento penal nos crimes

contra a fauna, e em maior conformidade com o sistema, procurou aproximar-se

mais da realidade brasileira, abrandando o rigor da Lei 7.653/88, que caracteriza

como crime inafiançável o comércio de animais silvestres.

O artigo 29 da Lei 9.605/98:

”Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 1º. Incorre nas mesmas penas: I – quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”

A pena para quem comercializa animais silvestres, que na Lei

revogada era de um a três anos de reclusão, passou a ser de seis meses a um

ano de detenção.

45

Entretanto, segundo estabelece o art. 61 da Lei 9.099/95, alterada

pela Lei nº 10.259/01, são consideradas infrações de menor potencial ofensivo

aquelas a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos e cujo rito

processual não seja especial. Os crimes e contravenções apenados até um ano

de prisão são julgados pelos Juizados Especiais, onde se aplicará imediata pena

não privativa de liberdade.

Esta lei visa facilitar as ações no sentido de agilizar a justiça para

atender aos jurisdicionados de forma mais célebre e informal, dispensando

inclusive o ato do inquérito, ou seja, o policial militar, através do Batalhão

Florestal, confeccionaria o auto circunstanciado no local, identificando o infrator e

destino, de imediato, o animal seria encaminhado para o local de triagem ou

quarentena.

Em seu Art. 69, a Lei 9.099/95 prevê que: “qualquer autoridade

policial que tomar conhecimento de uma infração deverá lavrar o Termo

Circunstanciado de Ocorrência, fazendo o infrator apresentar-se ao juiz

competente para o julgamento”. Porém, no Estado do Rio de Janeiro existe uma

Lei nº 2.556, de 21 de maio de 1996. No seu art 24, ela estabelece que o

Delegado de Polícia é a autoridade policial que se refere o art. 69 da Lei nº

9.099/95:

”Art. 24 - A autoridade policial a que se refere o art. 69 da Lei

nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, é o Delegado de Polícia,

de que trata o art. 144 § 4º da Constituição Federal.”

Fato este, ratificado pela Resolução conjunta da Procuradoria Geral

de Justiça e da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro nº

002, de 10 de junho de 1996, a qual preconiza , em seu art 1º, anexo I, que:

“O Policial Civil ou Militar que tomar conhecimento da

prática de infração penal deverá comunicá-la, incontinenti, ao

46

Delegado de Polícia da Unidade de Polícia Administrativa e

Judiciária da respectiva circunscrição.”

Desta forma, em virtude da Lei nº 2.556/96 e da Resolução Conjunta

estabeleceu que no Estado do Rio de Janeiro “autoridade policial” é somente o

Delegado de Polícia, não sendo permitido, portanto, à Polícia Militar promover

esta atividade, resultando, em virtude deste fato, uma espera excessiva do animal

apreendido na delegacia policial para a confecção do registro de ocorrência e

posterior destinação, o que ocasiona aproximadamente 90% de óbito dos animais

apreendidos, já que normalmente estão bem debilitados pelos maus tratos na

captura, durante o transporte e as péssimas condições de armazenamento.

O que se verifica é que, com o advento desta nova Lei, o que já era

difícil ficou ainda pior, uma vez que as Delegacias da Polícia Civil passaram

também a ter mais um formulário burocrático para preencher e que onerou mais

ainda seus já abarrotados cartórios, impedindo com isso, o cumprimento de sua

missão constitucional, que é a de polícia judiciária, gerando com isso uma

morosidade da elucidação dos crimes tidos de maior repercussão, causando uma

insatisfação na sociedade e nos órgãos de governo que colocam a Instituição

como ineficaz em sua missão. (Silva & Medeiros, 1998).

Para uma maior eficiência, têm as corporações policiais militares do

Brasil procurado junto a seus tribunais e órgãos responsáveis pela jurisdição dos

respectivos estados membros, buscando esse nicho de mercado policial na

prestação de serviço, visando atender o que preconiza a citada lei quanto à

celeridade e a informalidade e, principalmente, por entender que o Art. 69 desta

Lei remete a visão de autoridade policial também aos policiais militares e não

apenas ao Delegado de Policia Civil, ou seja, abrangendo ai seus agentes na

mesma condição para esta finalidade específica, que seria a lavratura do Termo

Circunstaciado de Ocorrência (TCO).

47

A Polícia Militar do Estado de São Paulo conseguiu através da

Corregedoria do Tribunal de Justiça daquele Estado um parecer favorável ao

intento, igualmente, a Polícia Militar de Santa Catarina, obteve em requerimento

promovido à Procuradoria Geral do Estado, que também se colocou favorável ao

citado pleito.

O STJ, em súmula recente reconhece, a Polícia Militar como órgão

competente para a lavratura do citado TCO, tendo, portanto se tornado

jurisprudência sua resolução para esta finalidade.

O Estado do Rio de Janeiro ainda não reconhece a prerrogativa da

Polícia Militar como autoridade policial para a confecção do TCO, tendo impedido

sua atuação, apesar da exaustão da polícia civil para promover essa atividades.

Diversas Portarias administrativas específicas permitem o

licenciamento de criadouros científicos, comerciais e conservacionistas de animais

silvestres, além de jardins zoológicos. Até o momento não há uma lei internacional

contra o tráfico de animais silvestres. Para isso é importante à cooperação

internacional, que deve ocorrer entre diferentes instituições, tais como as

autoridades da CITES em cada país, das polícias por meio da Interpol e dos

serviços alfandegários. O sucesso do combate ao tráfico de animais silvestres vai

depender diretamente dessa cooperação internacional (Le Duc, 1996).

A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e

Flora Selvagem em Perigo de Extinção (CITES) foi uma convenção firmada em

Washington (USA), em março de 1973, entrando em vigor em julho de 1975. Tem

como propósito fornecer mecanismos para restringir e controlar o comércio das

espécies selvagens e seus produtos, em âmbito internacional. O Brasil é

signatário desde agosto de 1975.

48

Uma outra grande falha na Lei de crimes ambientais (9.605/98), é o

fato desta disposição proíbir a exposição dos animais silvestres para a venda, bem

como seus produtos e objetos, provenientes de criadouros não autorizados ou

sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Porém, a lei não dispõe de mecanismos proibitivos da exposição dos animais pela

internet, fato este que estimula a aquisição de animais não legalizados.

4.1.5 Falta de treinamento adequado e material de estudo

O grave problema brasileiro, incluindo o Estado do Rio de Janeiro é

a falta de conhecimento sobre os assuntos ligados a questões ambientais. Até

mesmo pelos integrantes das próprias instituições que possuem o dever legal de

combater o comércio ilegal de animais silvestres. É criado um preconceito contra

os que estão incubidos das ações de repressão, achando ser um trabalho fácil e

desnecessário. A ignorância sobre tais questões não é característica dos

analfabetos. Muitas das vezes é de autoridades que possuem algum poder de

decisão dentro da instituição.

Os traficantes de animais silvestres se especializaram, contam com

estruturas eficientes. É de todo lícito imaginar que os agentes ambientais do

Estado, diante da complexidade que está se tornando o tráfico de animais

silvestres, além das tradicionais limitações operacionais e estruturais, são a parte

em desvantagem no processo.

As Universidades que detem o conhecimento, não desempenham

um papel atuante na qualificação e formação dos profissionais, não promovem

congressos, simpósios, seminários, além de não realizarem convênios com os

órgãos ambientais, com o objetivo de fornecer, aos agentes empenhados neste

combate, noções de botânica, biologia, zootecnia, entre outros, bem como

estratégias de formulação e implementação de políticas vinculadas à justiça e dos

contextos em que estão inseridas as práticas e significados das ações ambientais.

49

O IBAMA é o órgão competente para regularizar todas as atividades

ligadas a animais silvestres no Brasil, sendo responsável pela produção de vários

atos administrativos, resolução, portarias, instruções normativas, etc... no que diz

respeito ao tráfico de animais silvestres. Um grande transtorno é que essas

publicações são revogadas e refeitas, muitas das vezes, excluindo das normas,

um ecosistema, região ou até mesmo uma Unidade de Conservação. O que

acarreta uma constante consulta e atualização dos fiscais no exercício de suas

funções.

4.1.6. Falta de apoio por parte dos governos

Segundo Garotinho et al. (2002), na luta contra o crime deve-se

saber que tipo de criminalidade se quer combater prioritariamente, e em que nível

ou se há prioridades; ou se tudo é prioritário. Advirta-se aos apressados que

quando tudo é prioritário, nada é prioritário. Em segundo lugar, é preciso

dimensionar os meios disponíveis em relação aos objetivos que se pretende

alcançar, e as condições reais para fazê-lo.

O poder faz escolhas nem sempre percebidas até mesmo por

aqueles que operam ou gerenciam a segurança pública, e que, na maioria das

vezes, essas escolhas são feitas com racionalidades indecifráveis, sem qualquer

ligação com o objetivo de preservar o ambiente.

Há alguns anos, as forças policiais de alguns Estados eram

estimuladas a reprimir o jogo do bicho, e em muitos lugares isto era prioridade

absoluta, como no Rio de Janeiro, acarretando o emprego de expressivos

recursos humanos e materiais nesse combate. Hoje, o foco passou a ser o

combate às drogas. Cada vez mais os efetivos policiais são direcionados para a

repressão aos traficantes de drogas.

50

O Governo Federal tem o encargo constitucional e legal de reprimir

qualquer tipo de contrabando. Frequentemente, entretanto, a imprensa nos dá

conta de grandes operações, mobilizando a Polícia Federal para reprimir o

contrabando de armas e drogas. Até mesmo a Receita Federal é mobilizada para

reprimir os chamados sacoleiros, pessoas que viajam para o Paraguai para

comprar bugigangas e comercializar informalmente no varejo brasileiro, enquanto

os grandes traficantes de animais silvestres não parecem merecer igual atenção.

Trata-se de escolha ou, por alguma razão, só a repressão ao contrabando de

armas, drogas ou ao contrabando praticado por sacoleiros merece destaque na

mídia.

Devido ao incremento da violência no Estado do Rio de Janeiro, dos

anos 80 em diante, coincidindo com o aumento do consumo da droga,

particularmente da cocaína e com a força expansionista dos cartéis internacionais,

as políticas públicas de segurança carreou os recursos materiais e humanos para

o combate a criminalidade, relegando a segundo plano o combate a crimes de

caráter ambiental.

4.1.7. Falta de integração entre os órgãos ambientais

Não está estabelecido um intercâmbio entre os vários órgãos

responsáveis pela fiscalização do comércio ilegal de animais silvestres que atuam

no Estado do Rio de Janeiro, como troca de dados, desencadeamento de

operações em conjunto, cursos e seminários abertos para todos os órgãos.

O vínculo entre as autoridades federais e estaduais com o propósito

de ampliar e aprofundar o relacionamento institucional é extremamente tênue. Não

existe trabalhos compartilhados de duas ou mais agências ambientais, o que seria

uma grande oportunidade para o entrelaçamento de diferentes filosofias em torno

de um mesmo objetivo, que é o combate ao tráfico de animais silvestres.

51

52

No entanto, o que deveria existir, na verdade, era uma total

integração de todos os envolvidos e diretamente afetados (Governo Federal,

Estadual e Municipal, Polícias Federal, Civil e Militar, Sociedade, Universidades e

Imprensa) no sentido de tentar acabar com a prática do comércio ilegal de animais

silvestres, como sugestiona-se o esquema representado na Figura 27, proposto

pela RENCTAS, no I Simpósio de Produção de Animais Silvestres em Cativeiro,

na Universidade Federal de Lavras/MG, em 2003.

Figura 27 – Diagrama da Rede Estadual de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres

Fonte: RENCTAS, 2003.

M.P.E.

P.M.E.

P.Civil

ONGs

ImprensaUniversidade

P.R.E

Sociedade Civil

FORUM OPERATIVO

4.2. BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE

O Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA), foi

criado pelo Decreto nº 9.529 de 15 de dezembro de 1986 como 23º Batalhão de

Polícia Militar, com sua sede localizada, inicialmente, no Comando de

Policiamento do Interior, em Niterói. Menos de um ano após a sua criação, em 25

de setembro de 1987, esta Unidade teve a sua denominação mudada para

BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE, através do

Decreto nº 10.376/87. Logo a seguir a sua sede foi transferida para as históricas

edificações da Fazenda Colubandê, em São Gonçalo, onde permanece até os

dias de hoje. Cumpre a sua diuturna missão na execução do policiamento

florestal, de outras formas de cobertura vegetal, de outros recursos naturais e da

preservação do meio ambiente em todo o território do Estado do Rio de Janeiro.

Figura 28- Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) Colubandê, São Gonçalo – RJ.

53

Para o cumprimento de suas missões constitucionais, o BPFMA

conta com cerca de treze postos de policiamento florestal (PPF), espalhados pelo

estado. São eles:

• Sede da 1ª CIA (Colubandê, junto à sede do BPFMA);

• PPF 1/2 (Guapimirim);

• PPF 1/3 (Morro Azul);

• PPF 1/4 (Seropédica);

• Sede da 2ª CIA (Cachoeiras de Macacu);

• PPF 2/2 (Santa Maria Madalena);

• PPF 2/3 (Duas Barras);

• PPF 2/4 (Praia Seca);

• Sede da 3ª CIA (Campos dos Goytacazes);

• PPF 3/2 (Quissamã);

• Sede da 4ª CIA (Angra dos Reis);

• PPF 4/2 (Valença) e

• PPF 4/3 (Ilha Grande).

Deve-se salientar que estes postos encontram-se posicionados em

locais próximos, quando não dentro, de áreas de extremo interesse ambiental,

como parques, áreas de preservação ambiental, unidades de conservação, etc.

Pela natureza de seus serviços, o BPFMA tem como clientes todas

as pessoas que moram, trabalham, estudam ou que estejam em visita ao Estado

do Rio de Janeiro, bem como todas as organizações governamentais e não-

governamentais ligadas à defesa, proteção e preservação do ambiente.

O relacionamento operacional da Unidade ocorre de duas formas:

uma interna e outra externa. No modo interno, o Batalhão mantém estreito contato

com outras Unidades Operacionais, em especial aquelas subordinadas ao

Comando UopE, responsável por gerenciar o policiamento de Unidades Especiais,

54

como o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Grupamento Especial Tático

Motorizado (GETAM), Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), Batalhão de

Policiamento de Vias Especiais (BPVE) e Grupamento Tático de Motociclistas

(GTM). Cumpre ainda missões de apoio a outras OPM (Organizações Policiais

Militares). No combate à criminalidade comum e ao policiamento ostensivo

preventivo, o BPFMA cede parte de seu efetivo, por tempo limitado, cumprindo as

determinações emanadas pelo Estado Maior da Corporação.

Dentre os serviços de apoio externo mais importantes, destacam-se

aqueles prestados a organizações como o IBAMA e prefeituras, por exemplo, bem

como a organizações científicas e de estudos, tais como, Universidades e escolas

que participam juntamente com o BPFMA em projetos de educação ambiental.

Para desenvolver suas atividades o BPFMA conta com um efetivo de

374 policiais da própria Corporação, sendo 13 oficiais e 361 praças. A tabela 1,

abaixo, relaciona a cada patente o número de policiais do BPFMA, dentro da

hierarquia da Polícia Militar (Tabela 1).

OFICIAIS LOTADOS NO BPFMA

Coronel 01 Tenente Coronel 01 Major 02 Capitão 01 1ºTenente 05 2º Tenente 03

PRAÇAS LOTADOS NO BPFMA

Sub-Tenente 02 1º Sargento 14 2º Sargento 39 3º Sargento 51 Cabo 87 Soldado 168 TOTAL GERAL 374

Tabela 1 - Efetivo do BPFMA em outubro de 2003 Fonte:BPFMA, 2003.

55

O Batalhão de Policia Florestal e Meio Ambiente procura sempre

segmentar sua atuação, definindo previamente a forma de prestação de serviço

mais adequada (Tabela 2).

ATUAÇÃO FORMAS DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE POLICIAMENTO

• Crimes Ambientais -Postos de Policiamento Florestal (PPFMA)

-Patrulhamento Florestal(PTr)

-Grupamento de Policiamento Florestal (GPFMA)

• Educação Ambiental -Palestras em Escolas -Exposições em escolas e centros comunitários -Visitas acompanhadas ao Batalhão -Apoio a Ed. Ambiental junto as Prefeituras

Tabela 2 – Atuação e formas de prestação do serviço de policiamento no BPFMA, Fonte: BPFMA, 2.003.

Os atributos dos serviços de policiamento ostensivo e de

preservação da ordem pública prestados pelo BPFMA estão identificados a

seguir:

1º) caráter preventivo do policiamento Florestal e Rural;

2º) rapidez de resposta;

3º) força de trabalho tecnicamente capaz;

4º) cortesia no atendimento;

a. Atividades desenvolvidas pelo BPFMA

Com o intuito de fortalecer e estreitar o relacionamento Polícia X

Comunidade, são realizados vários projetos comunitários que cortam com o apoio

e organização do Batalhão. Entre eles vale citar a SEMANA DO MEIO

AMBIENTE, realizada anualmente na semana do dia 05 de junho, em que se

comemora o Dia Internacional do Meio Ambiente. O evento atende crianças de

diversas escolas, creches e orfanatos, que realizam atividades recreação e

educação ambiental. Neste último evento de 2003, reuniu mais de cinco mil

pessoas, entre crianças, patrocinadores, cooperadores e policiais miIitares.

56

O BPFMA desenvolve seus planos e ordens de operações, a fim de

garantir segurança à população, armazenando dados estatísticos de

Operacionalidade.

No ano de 1997, o BPFMA apreendeu dois mil quinhentos e quarenta

e quatro animais silvestres, em 1998 apreendeu três mil e vinte e seis , em 1999

cinco mil e vinte e quatro, em 2000 apreendeu três mil oitocentos e sessenta e

oito, em 2001 três mil duzentos e cinquenta e um e em 2002 dois mil e vinte e um,

perfazendo um total de dezenove mil setecentos e trinta e quatro animais

apreendidos (Figura 29). Pode-se observar que em 1999 houve, por parte do

Batalhão, um número maior de incursões a feiras livres, em função da prioridade

do Comando da época em apreender animais silvestres em detrimento ao

combate a outros delitos ambientais.

2544

3026

5024

3868

3251

2021

1997 1998 1999 2000 2001 2002

ano

Nº d

e an

imai

s

Figura 29 – Animais apreendidos e/ou resgatados pelo BPFMA entre 1997 e 2002 Fonte: BPFMA-RJ, 2003.

57

Delitos 2003 ARMAS PRESOS OCORRÊNCIAS km percorridos em fiscalização

JAN 26 19 131 4217 FEV 17 6 73 3762 MAR 16 19 140 5857 ABR 32 21 161 5908 MAI 33 14 121 3659 JUN 30 20 122 2806 JUL 38 31 186 5227

Tabela 3 - Numeros totais da atuação do BPFMA em 2003 (jan/jul) Fonte: BPFMA, 2003.

b. Atividades realizadas em 2002

O BPFMA, a partir de 2002, além de atuar na parte penal, começou

a atuar administrativamente, notificando os infratores de crimes definidos pela Lei

de Crimes Ambientais. No Estado do Rio de Janeiro, tal atribuição era exclusiva

do IBAMA, porém conforme o convênio firmado em Dezembro de 2001, entre o

BPFMA e o IBAMA, foi delegado esta competêcia ao BPFMA, o qual, no ano de

2002 aplicou cerca de 143 autos de Infração, cerca de 33 relacionados a crimes

contra a fauna, 47 contra a flora, 11 relativo a pesca ilegal, 30 em degradação

ambiental e 3 em poluição, perfazendo um total de 52 áreas embargadas, com um

total de R$ 1.038.810,00 (um milhão, trinta e oito mil, oitocentos e dez reais) em

multas aplicadas.

b.1. Apreensões e resgates de animais silvestres:

De acordo com os Talões de Registro de Ocorrências (TRO), pode-

se constatar que as apreensões e/ou resgates de animais silvestres foram

realizadas nos seguintes Municípios:

58

• Angra dos Reis; Barão de Juparanã; Cachoeira de macacu;

• Caxias; Cidade do Rio de Janeiro Duas Barras

• Eng. Levy Gasparian; Guapimirim; Iguaba Grande;

• Itaboraí; Magé; Mendes;

• Miguel Pereira; Niterói; Nova Friburgo;

• Paracambi; São Gonçalo; Sapucaia;

• Três Rios; Valença; Vassouras.

b.2. Operações:

De acordo com as denúncias da população, solicitações de apoio por

parte dos outros órgãos ambientais, levantamentos efetuados pelos agentes

reservados (P/2) e com os planejamentos estratégicos, foram realizadas as

seguintes operações policiais:

• Coibir pesca predatória no rio Paraíba do Sul, Campos dos

Goytacazes;

• Coibir caça no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis,

Petrópolis e Itaipava;

• Coibir pesca predatória na Baia de Sepetiba, conjunto com os órgãos

IBAMA e Polícia Federal;

• Coibir pesca predatória e/ou utilização de apetrechos irregulares na

lagoa de Marica;

• Coibir comércio e manutenção em cativeiro de animais silvestres em

feira livre, Tijuca;

• Coibir pesca predatória nos rios dos municípios de Campos dos

Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana;

• Coibir pesca predatória e extração ilegal de conchas nos municípios

de Araruama e Arraial do Cabo.

59

b.3. Educação Ambiental:

Na área de Educação ambiental, o BPFMA atendeu só no ano de

2002 cerca de 95 escolas, com um total de 7.055 (sete mil e cinqüenta e cinco)

alunos, em projetos de palestras e visitas, tais como:

• Exposição de material na atividade “Veterinário na Rua”, Parque do

Cantagalo;

• Semana do Meio Ambiente no BPFMA;

• Palestra sobre atividades do BPFMA para adolescentes do projeto

Ação Jovem, Sec. de Trabalho e Ação Social de Iguaba Grande;

• Palestra sobre zoologia e manejo de répteis e primatas, realizada no

curso de soldados do BPFMA;

• Apresentação de material na Exposição Agropecuária de Casimiro

de Abreu.

c. Unidade Médico Veterinária no BPFMA

O número de veterinários, do mesmo modo que de policiais militares,

ainda é insuficiente para que se monitore toda a área sob a responsabilidade do

BPFMA/RJ. Na Figura 30, pode-se ter uma noção da disparidade entre as

apreensões e/ou resgates realizadas somente pelos policiais militares do

BPFMA/RJ, em 2002, do quantitativo que são acompanhadas por especialistas, no

caso de médicos veterinários, o que vislumbra possibilidades de um

acompanhamento direcionado ao animal para tratamento, visando a destinação

mais adequada.

60

PORCENTAGEM COMPARATIVA - Planilha geral X Com acompanhamento veterinário

124

189

13

56

229

172

124

185

415

209

172

129

0 0 026

80

4558

17

153

29

101

10

50

100

150

200

250

300

350

400

450

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Nº d

e an

imai

s

PLANILHA GERAL

COM ACOMPANHAMENTOVETERINÁRIO

Figura 30 – Porcentagem comparativa do número de animais apreendidos e/ou

resgatados em 2.002 com acompanhamento veterinário Fonte: BPFMA/RJ, 2003.

O Batalhão de Polícia Florestal e do Meio Ambiente, considera que

estes animais apreendidos devem ser examinados por especialistas, através de

amostras (fezes, sangue, urina, penas, etc) que possibilitem análises científicas,

contribuindo para conclusão de estudos específicos e detalhados sobre o impacto

das ações antrópicas sobre o ambiente, especificamente sobre a fauna. Isso

poderia contribuir para a realização de estratégias visando a reabilitação e soltura

dos espécimes apreendidos.

Os materiais coletados seriam analisados no Laboratório Veterinário

da PMERJ ou em Universidades e as conclusões destes estudos, juntamente com

as espécies apreendidas, gerariam trabalhos científicos que poderiam ser

61

publicados em congressos e revistas. Como exemplo destes tipos de pesquisa a

serem realizadas, pode-se citar:

• Análise dos endo e ectoparasitas da fauna silvestre apreendida, através de

exames coproparasitológicos e exames clínicos;

• Microbiota cloacal da avifauna apreendida e/ou resgatada, através de

swabs de cloaca;

• Perfil genético de determinadas espécies de aves, através da coleta de

penas, sangue e etc.

De maneira geral, fica claro que se o BPFMA/RJ tivesse os recursos e

mão-de-obra especializada necessária, sem dúvida alguma, poderia ser bem mais

atuante no que se refere ao combate do tráfico de animais silvestres no Estado do

Rio de Janeiro.

A falta de estrutura adequada é reflexo da falta de investimentos no

BPFMA/RJ, por parte do Governo do Estado, que também se dá, em função da

grande onda de violência que assola a cidade, conseqüentemente direciona os

recursos humanos e materiais para o combate a outros tipos de crimes

organizados.

Logo, é muito importante também que organizações privadas

participassem mais ativamente do combate ao tráfico de animais silvestres,

disponibilizando recursos, ou até mesmo patrocinando não só o BPFMA/RJ, mas

outras organizações não governamentais que também atuam no combate ao

tráfico de animais silvestres, a sua grande maioria com papel de orientação.

62

4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

Foram analisados os resultados obtidos através da pesquisa de

campo realizada em 2003 no Espaço Aberto Escola, localizada no bairro Fonseca,

situado no município de Niterói/RJ. Para melhor elucidação do tema proposto,

foram referenciados alguns dados coletados no Batalhão de Polícia Florestal e de

Meio Ambiente (BPFMA) do Estado do Rio de Janeiro, que fazem menção ao

combate do tráfico de animais silvestres.

A finalidade foi a de sondar a visão do adolescente, em turmas de 5ª

a 7ª série do ensino fundamental. Cabe ressaltar que, além do acesso facilitado e

a disponibilidade, a escolha se deu pelo fato dessa faixa etária já possuir

discernimento, ter ideal e busca mudanças, portanto é mais fácil mudar a

consciência de um adolescente do que de um adulto, Ao responderem aos

questionários aplicados, os alunos mostraram-se, antes e após a palestra,

totalmente contra a idéia de manter um animal silvestre em sua residência (Figura

31). No entanto, esses números não condizem com a realidade constatada

através das apreensões realizadas no Estado do Rio de Janeiro (Tabela 4).

20%

80%

10%

90%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 31 – Porcentagem de entrevistados que manteriam

animais silvestres em suas residências

63

Apesar da tabela a seguir ilustrar um declínio dos números de

apreensões, que inclusive se mantém no ano de 2003, de acordo com dados do

BPFMA, os números ainda são expressivos diante da ameaça de extinção de uma

série de espécies de animais silvestres existentes na fauna no Estado do Rio de

Janeiro.

Ano 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre

2001 489 944 1085 739

2002 326 457 724 510

Tabela 4 – Comparativa de animais apreendidos 2001/2002 Fonte: BPFMA/RJ, 2003.

O interessante é que os alunos pesquisados têm o conhecimento de

que é ilegal o fato de manter um animal silvestre em cativeiro, sem a devida

permissão, licença ou autorização da autoridade competente (Figura 32). Na

palestra, os alunos foram alertados de que não se pode encarar o fato de manter

uma ave, um mamífero ou um réptil em gaiola ou jaula como uma atitude sem

conseqüências.

95%

5%

98%

2%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 32 - Porcentagem de entrevistados que têm conhecimento de que é ilegal manter

um animal silvestre em cativeiro sem a devida autorização.

64

Cabe analisar que se estes adolescentes tem conhecimento de que

é proibido manter o animal fora de seu habitat natural, fica difícil imaginar que os

adultos não saibam de que contribuem para a extinção de várias espécies ao

participarem ou serem coniventes com o tráfico de animais silvestres.

Foi perguntado aos alunos, se consideram como uma prova de

amor, o fato de ter um animal em casa, dando-lhe água, comida, carinho e todos

os cuidados necessários. No primeiro questionário, 35% respondeu que sim,

porém após a palestra, demonstrado que ter um animal silvestre em casa contribui

para a extinção de sua espécie, apenas 12% respondeu positivamente (Figura

33).

35%

65%

12%

88%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 33 – Porcentagem de entrevistados que consideram como prova de amor, o

fato de ter um animal silvestre em casa, dando-lhe água, comida, carinho e todos os cuidados necessários.

Este fato retrata a importância de campanhas de conscientização

junto à sociedade. Além disso, há necessidade de um trabalho permanente e

contínuo sobre a questão. Apesar de a educação e a conscientização da

população serem difíceis e demoradas, e terem um resultado em longo prazo, a

importância da educação ambiental é reconhecida no mundo todo com um

65

elemento essencial ao combate dos problemas ambientais, entre eles o tráfico de

animais silvestres.

A Figura 34 demonstra que mais da metade dos entrevistados já

tiveram acesso a algum local de venda ilegal de animais silvestres. O que deveria

ser considerado para a implantação de campanhas de orientação e estímulo às

denúncias.

56%

44%

58%

42%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 34– Porcentagem de casos que os entrevistados já tenham visto animais silvestres

sendo vendidos ilegalmente.

Porém, ao se tratar de denunciar alguém que participe do tráfico de

animais silvestres (Figura 35), mesmo que seja apenas mantendo um canário em

casa ou algum outro animal silvestre em cativeiro, depara-se com uma questão

delicada, pois muitas vezes, tratando-se de um conhecido ou familiar, comete-se o

erro de compartilhar de tal ato, ao enxergar-se tal delito como inofensivo à

sociedade, esquecendo-se de que ele é altamente agressivo àqueles animais e

toda sua espécie. O tráfico de animais silvestres, assim como o tráfico de drogas,

é mantido por aqueles que os consomem. Portanto, qualquer um que mantenha

um animal silvestre, seja em sua casa, sítio, fazenda ou parque, está participando

do tráfico deve ser responsabilizado judicialmente por esta infração, conforme

preceitua o art 29 da Lei nº 9.605/98.

66

58%

42%

62%

38%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 35 – Porcentagem de entrevistados que denunciariam um conhecido por manter em casa ou em cativeiro um animal silvestre.

Loureiro et. al. (1992) esclarecem que, no processo de

redemocratização do país, a criação de leis e instrumentos para a gestão

ambiental no Brasil ainda não implicou na efetiva implementação de políticas

públicas que desemboquem na melhoria da qualidade de vida e na proteção dos

recursos naturais. A questão ambiental coloca, neste final de século, a

necessidade do redescobrimento do sentido e destino da coisa pública, o que nos

induz a refletir sobre a árdua tarefa que a educação ambiental tem pela frente, ou

seja, deve ser alimentada de informações pertinentes de alta qualidade, e ela não

está disponível aos educadores de uma forma ágil o suficiente, e sobretudo, numa

linguagem adequada. A Figura 36 ilustra a porcentagem de adolescentes que

gostariam de ter aulas sobre o meio ambiente, pois ao ser considerada como

campo interdisciplinar, a educação ambiental ainda não ganhou maior projeção e

autonomia entre os educadores.

67

68%

32%

75%

25%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

Pré-teste Pós-teste

simnão

Figura 36 – Porcentagem de entrevistados que gostariam de ter aulas sobre o meio

ambiente.

Controlar e reprimir esse comércio é necessário, porém o mais

importante é desenvolver trabalhos educativos e de esclarecimento da sociedade.

O desconhecimento geral dos problemas ligados ao comércio ilegal de animais

silvestres e da perda do patrimônio faunístico, faz com que haja pouca ou

nenhuma participação popular nas atividades conservacionistas. Não se respeita o

que não se conhece. As pessoas precisam entender as conseqüências desse

comércio e por que as leis e dispositivos legais não poderão resolver sozinho esse

problema (Ávila-Pires, 1972; Hemley & Fuller, 1994).

68

5. CONCLUSÃO

Na comparação dos dados oficiais do IBAMA (2001) quanto às

apreensões de fauna silvestre no Brasil e na estatística de operacionalidade do

BPFMA (2003), pode-se verificar a falta de integração e sistematização dos dados

entre os órgãos responsáveis pelo manejo dos recursos naturais. O BPFMA,

somente no Estado do Rio de Janeiro, apreendeu 3.868 animais silvestres em

2000, número este, superior aos 3.070 animais, divulgados oficialmente pelo

IBAMA, como apreendidos na Região Sudeste em 2000.

No Estado do Rio de Janeiro, os Órgãos Federais e Estaduais

responsáveis pelo combate ao tráfico de animais silvestres deveriam constituir um

sistema integrado, um conjunto articulado de partes, pensadas uma em função da

outra, e não funcionando de forma estanque, como se os problemas do seu bom

funcionamento se pudessem atribuir tão-somente a fatores internos. As agências

ambientais responsáveis com o problema do tráfico lidam de maneira pontual,

considerando satisfatório qualquer resultado porventura atingido nas eventuais

ações diretas executadas em feiras-livres e mercados. Não há, portanto, qualquer

preocupação em obter dados sobre quem efetivamente está promovendo o tráfico,

as espécies pressionadas e tampouco os locais de depósito utilizados. A utilização

da técnica de inteligência visa não só obter o conhecimento necessário a respeito

do fenômeno tráfico como também identificar os atores envolvidos e as práticas

empregadas.

Existem sérios problemas que os órgãos de fiscalização enfrentam

para combater o comércio de animais silvestres no Estado do Rio de Janeiro,

como: lugar para destinar os animais apreendidos, falta de apoio político, viaturas,

69

equipamentos, contingente, treinamento e material de estudo. A legislação

também necessita de modificações, aproximando mais da realidade do Estado.

No caso do Estado do Rio de Janeiro e sua relação com o

BPFMA/RJ, pode-se observar que falta um maior apoio, não só com

equipamentos ou recursos, mas com parcerias de cunho educacional junto às

escolas do Estado. Este papel que o BPFMA já vem desenvolvendo há algum

tempo, e que comprovadamente mostra-se eficaz no esclarecimento dos alunos e

propagação da informação.

Qualquer iniciativa de orientação e esclarecimento sobre o tráfico de

animais silvestres é positiva e surte resultado quando é trabalhado e incorporado

na comunidade escolar com clareza e interatividade.

70

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo Amado (1991), são retirados da natureza, no Brasil, cerca

de 12 milhões de espécimes de animais por ano, para atender o comércio ilegal.

Esse número é citado também por CONAMA (1991), Rocha (1995), Marink (1996),

Braga et al. (1998) e RENCTAS (1999). Amado (1991), não utilizou nenhuma

metodologia para se chegar a esse valor, sendo a mesma apenas uma estimativa

oficiosa da Associação Amigos de Petrópolis – Patrimônio, Proteção aos Animais,

Defesa Ecológica APANDE. Essa estimativa baseou-se em informações pessoais

obtidas por Amado (1991), na Superintendência do IBAMA e no Batalhão de

Polícia Florestal e de Meio Ambiente do Rio de Janeiro.

Para que desde cedo os alunos formem uma consciência ambiental,

aptos a decidir e atuar na realidade sócio-ambiental, de modo que sejam

colaboradores da manutenção da qualidade de vida, não só deles, mas

principalmente de toda a fauna brasileira é necessário que, mais do que

informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com

formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e

procedimentos.

È fundamental que sejam desenvolvidas campanhas de

esclarecimento e advertência sobre o tráfico de animais silvestres em conjunto

com ações de apreensão e resgate. Para que isso ocorra, é necessária e

fundamental a participação de todos os envolvidos, incluindo-se o Governo e a

Sociedade, como já citado anteriormente.

Cabe frisar que, em nenhum momento, este estudo pretende esgotar

o tema proposto em si, mas objetivando esclarecer e servir de referências para

pesquisas futuras, buscando sempre a preservação da fauna e o combate ao

tráfico de animais silvestres.

71

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADO, C. O tráfico ilegal de animais silvestres nacionais no estado do Rio de

Janeiro. APANDE, Petrópolis, 1991.

ANDRADE, M. A. A vida das aves. Editora Líttera Maciel, Belo Horizonte, 1993.

AVELINE, L. C. & COSTA, C. C. C. Fauna Silvestre In: Recursos Naturais e Meio

Ambiente: uma visão do Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,

Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, 1993.

ÁVILA-PIRES, F. D. Conservação e Extinção In: Espécies da Fauna Brasileira

Ameaçadas de Extinção, Editado pela Academia Brasileira de Ciências, Rio de

Janeiro, 1972, 3-11p.

BERGALLO, H. G.; ROCHA C. F. D.; ALVES M. A. S.; & SLUYS M. V., 2000. A

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BLOCK, R. Illegal wildlife trade: keep informed. Animal Keep. Forum, 14(12), 1987,

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do sul do Brasil (Aves, Passeriformes). Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação

Ambiental, Rio de Janeiro, 1995.

72

BRAGA, B. S.; BARROSO, L. V.; PLÁCIDO, G. G.; CASTANHEIRA, M. & Lima, R.

Z. Controle ambiental para a fauna silvestre no âmbito do estado do Rio de

Janeiro. Anais do VIII Seminário Regional de Ecologia, (VIII), 1998, 951-962p.

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BUENO, E. História do Brasil, projeto editorial da publifolha - Jornal folha de São

Paulo e zero hora/RBS Jornal de São Paulo, 1997.

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80

8. ANEXOS

81

Anexo 1 - Legislação Brasileira Referente à Fauna Silvestre

Artigos da - Constituição Brasileira, de 05 de outubro de 1988:

Artigo n.0 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo

e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

Artigo n.0 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.

Leis:

Lei n.0 6.938, de 31 de agosto de 1961 (texto atualizado até a Lei no.8.028 de 12.04.90) - Dispõe sobre a Política nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Lei n.0 4.771, de 15 de setembro de 1965 – Institui o Novo Código Florestal.

Lei n.0 5.197– Lei de Proteção à Fauna, de 03 de janeiro de 1967 - Regulamenta de modo geral o uso da fauna e sua proteção.

Lei n.0 6.638, de 8 de maio de 1979 – Estabelece normas para a prática didático-

científica da vivissecção de animais e determina outras providências.

82

Lei n.0 7.173/83, de 14 de dezembro de 1983 – Lei de Zoológicos - Dispõe

sobre o estabelecimento e funcionamento de jardins zoológicos e dá outras

providências.

Lei n.0 7.643, de 18 de dezembro de 1987 – Proíbe a pesca de cetáceo nas

águas jurisdicionais brasileiras e dá outras providências.

Lei n.0 7.653 – Lei Fragelli, de 12 de fevereiro de 1988 - Altera a redação dos

arts. 18, 27, 33 e 34 da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a

proteção à fauna, e dá outras providências.

Lei n.0 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 – Dispõe sobre a extinção de órgão e

de entidade autárquica, cria o Instituo Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis e dá outras providências.

Lei n.0 7.889, 23 de novembro de 1989 - Dispõe sobre a inspeção sanitária e

industrial de produtos de origem animal.

Lei n.0 9.111, de 10 de outubro de 1995 – Acrescenta dispositivo à Lei no. 5.197,

de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna.

Lei n.0 9.605 – Lei de Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998 – Dispõe

sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades

lesivas ao meio ambiente.

Decretos:

83

Decreto n.0 24.545, de 03 de julho de 1934 - Aprova o Regulamento do Serviço

de Defesa Sanitária Animal - SDASA.

Decreto n.0 24.645, de 10 julho de 1934 - Considera maus-tratos: praticar ato de

abuso ou crueldade em qualquer animal; manter animais em lugares anti-

higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os

privem de ar ou luz; golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou

tecido, exceto castração, só para animais domésticos, ou operações outras

praticadas em benefício exclusivo do animal; abandonar animal doente, ferido,

extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que

humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; conservar

animais embarcados por mais de 12 horas, sem água e alimento; conduzir

animais, por qualquer meio de locomoção, colocados de cabeça para baixo. Decreto n.0 3, de 13 de dezembro de 1948 – Aprova a Convenção para a

Proteção da Flora, Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América,

assinada pelo Brasil em 27.02.40. Decreto-lei n.0 221, de 28 de fevereiro de 1967 - Dispõe sobre a proteção e

estímulo à pesca e dá outras providências.

Decreto n.0 63.234, de 12 de setembro de 1968 - Institui o "Dia da Ave", e dá

outras providências.

Decreto legislativo n.0 77, de 07 de dezembro de 1973 – Aprova o texto da

Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, concluída

em Washington, a 2 de dezembro de 1946.

Decreto n.0 76.623, de 17 de novembro de 1975 - Promulga a Convenção sobre

Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de

Extinção - CITES.

84

Decreto n.0 78/017, de 12 de julho de 1976 - Promulga o Acordo para a

Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e da

Colômbia.

Decreto n.0 78.802, de 23 de novembro de 1976 - Promulga o Acordo para a

Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e do Peru.

Decreto n.0 97.628,, de 10 de abril de 1989 - Regulamenta o art.21 da Lei no.

4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal, e dá outras providências.

Decreto n.0 97.633, de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre o Conselho Nacional

de Proteção à Fauna - CNPF, e dá outras providências.

Decreto Legislativo n.0 02, de 03 de fevereiro de 1994 – Aprova o texto da

Convenção sobre diversidade biológica, assinada durante a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do

Rio de Janeiro, no período de 5 a 14 de junho de 1992.

Decreto n.0 1.282, de 19 de outubro de 1994 – Regulamenta os artigos 15, 19,

20 E 21, da Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá outras providências.

Decreto n.0 3.179, de 21 de setembro de 1999 – Dispõe sobre a especificação

das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá

outras providências.

Portarias:

85

Portaria IBDF n.0 79-P, de 03 de março de 1975 - Regulamenta a caça

amadorista no ano.

Portaria IBDF n.0 51, de 19 de dezembro de 1977 - Aprova os modelos de

Certificado de Inspeção Sanitária.

Portaria IBDF n.0 108, de 02 de abril de 1982 - Aprova formulário de licença para

caça de animais silvestres.

Portaria IBDF n.0 409-P, de 27 de outubro de 1982 - Fixa valores para emissão

de licenças para exposição/concurso de animais silvestres/plantas ornamentais.

Portaria IBDF n.0 49, de 11 de março de 1987 - Regulamenta importação de

animais vivos para quaisquer fins e de material de multiplicação animal.

Portaria IBDF n.0 324-P, de 22 de julho de 1987 - Proíbe a implantação de

criadouros de jacaré do pantanal (Caiman crocodilus yacare) em áreas que não

estejam localizadas entro da Bacia do Rio Paraguai.

Portaria IBDF n.0 132-P, de 05 de maio de 1988 - Trata da implantação de

criadouros comercias para as espécies que não possuam um plano de manejo

específico.

Portaria Normativa IBDF n.0 286/88, de 04 de outubro de 1988 – Determina o

recadastramento das pessoas físicas e jurídicas que exercem atividades ligadas

aos setores de fauna e flora.

Portaria IBAMA n.0 283-P, de 18 de maio de 1989 - Normatiza o registro de

Zoológicos públicos e privados junto ao IBAMA.

Portaria IBAMA n.0 310-P, 26 de maio de 1989 - Registro de Clubes ou

Sociedades Amadorísticas de Caça e Tiro ao Vôo.

86

Portaria IBAMA n.0 1.522 e complementares, 19 de dezembro de 1989 - Reconhece a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçados de

Extinção.

Portaria IBAMA n.0 019, de 17 de janeiro de 1990 - Proíbe a permuta de animais

silvestres entre zoológicos e criadouros científicos e comerciais que não estejam

legalizados.

Portaria IBAMA n.0 126, de 13 de fevereiro de 1990 - Normatiza a Criação

Comercial do jacaré-do-pantanal Caiman crocodilus yacare.

Portaria IBAMA n.0 186, de 22 de fevereiro de 1990 – Institui o Centro Nacional

de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas.

Portaria IBAMA n.0 55 – MCT/CNPq, de 14 de março de 1990 – Aprova

regulamento sobre coleta, por estrangeiros, de dados e materiais científicos no

Brasil.

Portaria IBAMA n.0 332, de 13 de março de 1990 - Licença para coleta de

material zoológico, destinado a fins científicos e didáticos.

Portaria IBAMA n.0 1.531, de 14 de agosto de 1990 - Fixa preços de licenças de

importação/exportação/reexportação -CITES.

Portaria IBAMA n.0 2.161, de 25 de outubro de 1990 - Proteção da Ararinha

azul (Cyanopsitti spixii).

Portaria IBAMA n.0 2314, de 26 de novembro de 1990 - Normatiza a criação

comercial de insetos da Ordem Lepidóptera.

87

Portaria IBAMA n.0 172, de 22 de janeiro de 1991- Normatiza o comércio de

animais silvestres nativos, nascidos em cativeiro, somente entre zoológicos. Portaria IBAMA n.0 631-P, de 18 de março de 1991 - Registro de Federações,

Associações e Clubes Ornitofílicos. ** Revogada pela Portaria n.º 57, de 11 de

julho de 1996.**

Portaria IBAMA n.0 005-N, de 25 de abril de 1991 - Estabelece critérios para o

acasalamento de espécies ameaçadas da fauna brasileira.

Portaria IBAMA n.0 12-N , de 30 de janeiro de 1992 – Revoga as Portarias n.0

170-P de 16 de maio de 1977 e 008-P, de 11 de janeiro de 1978.

Portaria IBAMA n.0 119-N, de 17 de novembro de 1992 - Normatiza a

Comercialização de Peles de Crocodilianos Brasileiros Caiman crocodilus

crocodilus.

Portaria IBAMA n.0 142, de 30 de dezembro de 1992 - Normatiza a Criação

Comercial de tartarugas e tracajás Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis.

Portaria IBAMA n.0 44/93-N, de 06 de abril de 1993 – Regulamenta autorização

para transporte de produto florestal – ATPF.

Portaria IBAMA n.0 90/93-N, de 26 de julho de 1993 – revoga as “Permissões

Prévias” de pesca para embarcações inscritas no IBAMA.

Portaria IBAMA n.0 139-N, de 29 de dezembro de 1993 – Normatiza a

implantação de Criadouros Conservacionistas.

Portaria IBAMA n.0 16, de 04 de março de 1994 - Normatiza a implantação de

Criadouros Científicos.

88

Portaria IBAMA n.0 29, de 24 de março de 1994 - Normatiza a importação e

exportação de espécies da fauna brasileira e exótica. Portaria IBAMA n.0 108, de 06 de outubro de 1994 - Disciplina a caça

amadorista.

Portaria IBAMA n.0 126/94, de 17 de novembro de 1994 – Normatiza o

funcionamento dos Zoológicos Brasileiros.

Portaria IBAMA n.0 1912/94 – Reestrutura a Comissão Paritária de Zoológicos.

Portaria IBAMA n.0 10, de 30 de janeiro de 1995 - Proíbe o trânsito de qualquer

veículo na faixa de praia compreendida entre a linha de maior baixa-mar até 50m

acima da linha de maior preamar do ano (maré sizígia), nos estados do Rio de

Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco.

Portaria IBAMA n.0 11, de 30 de janeiro de 1995 - Proíbe qualquer fonte de

iluminação em faixas de praia para proteção de tartarugas marinhas.

Portaria IBAMA n.0 57, de 11 de julho de 1996 – Normatiza o funcionamento de Federações, Clubes e Sociedades Ornitófilas.

Portaria IBAMA n.0 70/96, de 23 de agosto de 1996 - Normatiza a

comercialização de produtos e subprodutos das espécies de quelônios.

Portaria IBAMA n.0 99, de 28 de agosto de 1997- Altera a portaria 57/96.

Portaria IBAMA n.0 113/97 – Normatiza os procedimentos de registros no IBAMA.

Portaria IBAMA n.0 117, de 15 de outubro de 1997 – Normatiza a

comercialização de animais vivos, abatidos, partes e produtos da fauna silvestre

89

brasileira, provenientes de Criadouros Comerciais e Zoológicos devidamente

registrados no IBAMA.

Portaria IBAMA n.0 118, de 15 de outubro de 1997 - Normatiza a implantação de

Criadouros Comerciais de animais silvestres.

Portaria IBAMA n.0 93¸de 07 de julho de 1998 – Normatiza as atividades que

envolvem importação e exportação de espécimes vivos, produtos e subprodutos

da fauna silvestre brasileira e exótica.

Portaria IBAMA n.0 102, de 15 de julho de 1998 – Normatiza o funcionamento de

criadouros de animais da fauna silvestre exótica com fins econômicos e

industriais.

Instruções: Instrução Normativa n.0 001/89 – Normatiza a ocupação de recintos em

zoológicos.

Instrução Normativa IBAMA n.0 03 , de 15 de abril de 1999 – Estabelece os

critérios para o Licenciamento Ambiental de empreendimentos e atividades que

envolvam manejo de fauna silvestre e exótica e de fauna silvestre brasileira em

cativeiro.

Resoluções: Resolução CONCEX n.0 165, 23 de novembro de 1988 – Aprova normas de

exportação e importação de animais vivos, para quaisquer fins.

Resolução CONAMA n.0 017, de 07 de dezembro de 1989 - Regulamenta a

destinação de peles de animais da fauna apreendidas pela Fiscalização.

90

Mocão/CONAMA/N0 016, de 05 de dezembro de 1991 – Solicita ao

Excelentíssimo Senhor presidente da República, que sejam destinados recursos e

tomadas medidas enérgicas para combater a caça, o tráfico e o contrabando de

animais silvestres em todo o país.

Resolução CONAMA n.0 237, de 19 de dezembro de 1997 - Regulamenta ações

de Licenciamento Ambiental nos Termos da Lei 6938.

Convenções: Convenção para a Proteção da flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, de 1940. Protocolo Para a Regulamentação da Pesca da Baleia, de 02 de dezembro de 1946.

Convenção Para a Conservação das Focas Antárticas, de 1972.

Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES, 1973. Convenção de Ramsar sobre Terras Úmidas Convenção Sobre Diversidade Biológica, de 1992. Acordos e Convênios internacionais:

91

Acordo para conservação da flora e fauna dos territórios amazônicos, de 03 de dezembro de 1973 – Aprova o texto do acordo para conservação da flora e da

fauna dos territórios amazônicos da República Federativa do Brasil e da República

da Colômbia, firmado em Bogotá, a 20 de junho de 1973.

Convênio Zoosanitário, de 1985 - Convênio Zoosanitário entre o Governo da

República Federativa do Brasil e o Governo da República Oriental do Uruguai para

o intercâmbio de animais e produtos de origem animal.

92

Anexo 2 – Lista oficial de Animais Silvestres Brasileiros Ameaçados de Extinção

PORTARIA IBAMA Nº 1.522, DE 19 DE DEZEMBRO 1989

(Já retificada pela Portaria IBAMA nº 221/90)

Dispõe sobre a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, publicada no Diário Oficial da União, de 23 de fevereiro de 1989,

RESOLVE:

Art. 1º . Como Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a seguinte relação:

1.0 - MAMMALIA

1.1 - PRIMATES

* Alouatta belzebul belzebul (Linnaeus, 1766). Família CEBIDAE. Nome popular: guariba.

* Alouatta fusca (E. Geoffroy, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: barbado, guariba.

* Ateles belzebuth (E. Geoffoy, 1806).Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-aranha.

* Ateles paniscus (Linnaeus, 1758). Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-aranha.

* Brachyteles arachnoides (E. Geoffoy, 1806). Família CEBIDAE. Nome popular: muriqui, mono-carvoeiro.

* Cacajao calvus (I. Geoffroy, 1847). Família CEBIDAE. Nome popular: uacari.

* Cacajao melanocephalus (Humboldt, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: uacari-preto.

93

* Callicebus personatus (E. Geffroy, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: guigó, sauá.

* Callimico goeldii (Thomas, 1904). Família CALLIMICONIDAE. Nome popular: calimico.

* Callithrix argentata leucippe (Thomas, 1922). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui.

* Callithrix aurita (Hulboldt, 1812). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-de-serra-escuro.

* Callithrix flaviceps (Thomas, 1903). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-da-serra.

* Callithrix humeralifer (E. Geoffroy, 1812). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui.

* Cebus apella xanthosternos (Wied, 1820). Família CEBIDAE. Nome popular: macaco-prego-do-peito-amarelo.

* Chiropotes albinasus (I. Geoffroy & Daville, 1848). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu-de-nariz-branco.

* Chiropotes satanas utahicki (Hershkovitz, 1985). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu.

* Chiropotes satanas satanas (Hoffmannesegg, 1807). Família CEBIDAE. Nome popular: cuxiu.

* Lagothrix lagotricha (Humboldt, 1812). Família CEBIDAE. Nome popular: barrigudo.

* Leontopithecus chrysomelas (Kubl, 1620). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico-leão-de-cara-dourada.

* Leontopithecus chrysopygus (Mycan, 1823). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico-Ieão-preto.

* Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: mico- leão-dourado, sagui-piranga.

94

* Pithecia albicans (Gray, 1860). Família CEBIDAE. Nome popular: parauacú-branco.

* Saguinus bicolor (Spix, 1823). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: soim-de-coleira.

* Saguinus imperator (Goeldi, 1907). Família CALLITRICHIDAE. Nome popular: sagui-bigodeiro.

* Saimiri vanzolinii (Ayres, 1985). Família CEBIDAE. Nome popular: mico-de-cheiro.

1.2 - CARNIVORA

* Atelicynus microtis (Sclater, 1883). Família CANIDAE. Nome popular: cachorro-do-mato-de-orelha-curta.

* Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815). Família CANIDAE. Nome popular: lobo-guará, lobo-vermelho.

* Felis colocolo (Molina, 1810). Família FELIDAE. Nome popular: gato-palheiro.

* Felis concolor (Linnaeus, 1771). Família FELIDAE. Nome popular: sussuarana, onça-parda.

* Felis geoffroyi (d'Orbigny & Gervais, 1844). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-mato.

* Felis pardalis (Linneaus, 1758). Família FELIDAE. Nome popular: jaguatirica.

* Felis tigrina (Schreber, 1775). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-

mato.

* Felis wiedii (Schinz, 1921). Família FELIDAE. Nome popular: gato-do-mato, maracajá.

* Grammogale africana (Demarest, 1818). Família MUSTELIDAE. Nome popular: doninha-amazônica.

* Lutra longicaudis (Olfers, 1818). Família MUSTELIDAE. Nome popular: lontra.

95

* Panthera onça (Linneaus, 1758). Família FELIDAE. Nome popular: onça-pintada, pintada, canguçu, onça-canguçu, jaguar-canguçu.

* Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788). Família MUSTELIDAE. Nome popular: ariranha.

* Speothos venaticus (Lund, 1842). Família CANIDAE. Nome popular: cachorro-do-mato-vinagre.

1. 3 - XENARTHRA

* Bradypus torquartus (Desmarest, 1816). Família BRADYPODIDAE. Nome popular: preguiça-de-coleira.

* Mymercophaga tridactyla (Linnaeus, 1758). Família MYMERCOPHAGIDAE. Nome popular: tamanduá-bandeira.

* Priodontes maximus (Kerr, 1792). Família DASYPODIDAE. Nome popular: tatu-canastra, tatuaçu.

* Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758). Família DASYPODIDAE. Nome popular: tatu-bola, tatuapara.

1. 4 - SIRENIA

* Trichechus inunguis (Natterer, 1883). Família TRICHECHIDAE. Nome popular: peixe-boi, guarabá.

* Tiichechus manatus (Linnaeus, 1758). Família TRICHECHIDAE. Nome popular: peixe-boi, peixe-boi-marinho, manati.

1. 5 - CEATACEA

* Eubalena australis (Desmoulins, 1822). Família BALAENIDAE. Nome popular: baleia-franca, baleia-franca-austral.

* Megaptera novaeangliae (Borowaki, 1781). Família BALAENOPTERIDAE. Nome popular: jubarte.

* Potonporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844). Família PONTOPORIDAE. Nome popular: toninho, boto-cachimbo.

1. 6 - RODENTIA

* Abrawayaomys ruschii (Cunha & Cruz, 1979). Família CRICETIDAE.

96

* Chaetomys subspinosus (Olfers, 1818). Família ERETHIZONTIDAE. Nome popular: ouriço-preto.

* Juscelinomys candango (Moojen, 1965). Família CRICETIDAE.

* Kunsia tomentosus (Lichtenstein, 1830). Família CRICETIDAE.

* Phaenomys ferrugineus (Thomas, 1894). Família CRICETIDAE. Nome popular:

rato-do-mato-ferrugíneo.

* Rhagomys rufescens (Thomas, 1886). Família CRICETIDAE. Nome popular: rato-do-mato-laranja.

1. 7. ARTIODACTYLA

* Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815). Família CERVIDAE. Nome popular: cervo-do-pantanal.

* Odocolleus virginianus (Zimmermann, 1780). Família CERVIDAE. Nome popular: caricau.

* Ozotocerus bezoarticus (Linnaeus, 1758). Família CERVIDAE. Nome popular: veado-campeiro.

2. 0 - AVES

2. 1 -TINAMIFORMES

* Crypturellus noctivagus (Wied, 1820). Família TINAMIDAE. Nome popular: jão-do-sul, zabelê, juó.

* Nothura minor (Spix, 1825). Família TINAMIDAE. Nome popular: codorna-mineira, codorna-buraqueira, buraqueira.

* Taoniscus nanus (Tomminck, 1815). Família TINAMIDAE. Nome popular: codorna-buraqueira, perdigão, inhambú-carapé.

* Tinamus solitarius (Vieillot, 1819). Família TINAMIDAE. Nome popular: macuco, macuca.

2. 2 - CICONIIFORMES

97

* Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758). Família THRESKIORNITHIDAE. Nome popular: guará.

* Tigrisoma fasciatum fasciatum (Such, 1825). Família ARDEIDAE. Nome popular: socó-boi.

2.3 - PHOENICOPTERIFORMES

* Phoenicopterus ruber (Linnaeus, 1758). Família PHOENICOPTERIDAE. Nome popular: ganso-do-norte, ganso-cor-de-rosa, maranhão, flamingo.

2. 4 - ANSERIFORMES

* Mergus octosetaceus (Vieillot, 1817). Família ANATIDAE. Nome popular: mergulhão, patão, pato-mergulhão.

2. 5 - FALCONIFORMES

* Accipiter poliogaster (Temminck, 1824). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: tauató-pintado, gavião-pombo-grande.

* Falco deiroleucus (Temminck, 1825). Família FALCONIDAE. Nome popular: falcão-de-peito-vermelho.

* Harpia harpyja (Linnaeus, 1758). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-real, gavião-de-penacho, uiraçu-verdadeiro, cutucurim, harpia.

* Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot, 1817). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: águia-cinzenta.

* Leucopternis lacemulata (Temminck, 1827). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-pomba.

* Leucopternis polionota (Kaup, 1847). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-pomba.

* Morphnus guianensis (Daudin, 1800). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-de-penacho, uiraçu-falso.

* Spizastur melanoleucus (Vieillot, 1816). Família ACCIPITRIDAE. Nome popular: gavião-preto, apacamim, gavião-pato.

2. 6 - GALLIFORMES

98

* Crax blumerbachii (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: mutum-do-sudeste.

* Crax fasciolata pinima (Pelzein, 1870). Família CRACIDAE. Nome popular: Mutum-de-penacho, mutum-pinima.

* Mitu mitu mitu (Linnaeus, 1766). Família CRACIDAE. Nome popular: mutum-cavalo, mutum-êtê, mutum-da-várzea, mutum-piry, mutum-do-nordeste.

* Penelope jacucaca (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: jacucaca.

* Penelope obscura bronzina (Hellmayr, 1914). Família CRACIDAE. Nome popular: jacoguossu, jacuaçu.

* Penelope ochrogaster (Pelzein,1870). Família CRACIDAE. Nome popular: jacu-de-barriga-castanha.

* Pepile jacutinga (Spix, 1825). Família CRACIDAE. Nome popular: jacutinga.

2. 7 - CHARADRIIFORMES

* Numenius borealis (Forator, 1772). Família SCOLOPACIDAE. Nome popular: maçarico-esquimó.

2. 8 - COLUMBIFORMES

* Claravis godefrida (Temminck, 1811). Família COLUMBIDAE. Nome popular: pararu, pomba-de-espelho.

* Columbina cyanopis (Pelzeln, 1870). Família COLUMBIDAE. Nome popular: rolinha-de-planalto, rolinha-do-Brasil-central.

2. 9 - PSITTACIFORMES

* Amazona brasiliensis (Linnaeus, 1758). Família PSITTACIDAE. Nome popular: papagaio-de-cara-roxa, chauá.

* Amazona pretrei (Temminck, 1830). Família PSITTACIDAE. Nome popular: chorão, charão, papagaio-da-serra, serrano.

* Amazona rhodocorytha (Salvatori, 1890). Família PSITTACIDAE. Nome popular: chauá-verdadeiro, jauá, acumatanga, camutanga.

* Amazona vinacea (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: papagaio-de-peito-roxo, papagaio-caboclo, papagaio-curraleiro, jurueba.

99

* Anodorhynchus glaucus(*) (Vieillot, 1816). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-pequena.

* Anodorhyncus hyacinthinus (Lalham, 1720). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-de-lear-grande, araraúna.

* Anodorhyncus leari (Bonaparte, 1857). Família PSITTACIDAE. Nome popular: arara-azul-de-lear.

* Aratinga guarouba (Gmelin, 1877). Família PSITTACIDAE. Nome popular: guaruba, ararajuba.

* Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832). Família PSITTACIDAE. Nome popular: ararinha-azul.

* Pyrihura cruentala (Wied, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: tiriba, fura-mato, cara-suja.

* Pyrihura leucotis (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: fura-pato, tiriba-de-orelha-branca.

* Touit melanonota (Wied, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: apuim-de-cauda-vermelha.

* Touit surda (Kuhl, 1820). Família PSITTACIDAE. Nome popular: apuim-de-cauda-amarela.

* Triclaria malachitacea (Spix, 1824). Família PSITTACIDAE. Nome popular: sabiá-cica, araçu-aíava.

2. 10. CUCULIFORME

* Neomorphus geoffroyi dulcis (Snethlage, 1927). Família CUCULIDAE. Nome popular: aracuão, jacu-molambo, jucu-porco, jacu-verde, jacu-taquara.

* Neomorphus geoffroyi geoffroyi (Temminck, 1820). Família CUCULIDAE. Nome popular: jacu-estalo.

2. 11 - CAPRIMULGIFORMES

* Caprimulgos candicans (Pelzeln, 1867). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: bacurau, rato-branco.

100

* Eleothreptus anomalus (Gould, 1837). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: curiangu-do-banhado.

* Macropsalis creagra (Bonaparte, 1850). Família CAPRIMULGIDAE. Nome popular: bacurau, tesoura-gigante.

* Nyctibius leocopterus (Wied, 1821). Família NYCTIBIIDAE. Nome popular: mãe-da-lua.

2. 12 - APODIFORMES

* Phaethomis superciliosus margaretae (Ruschi, 1972). Família TROCHILIDAE. Nome popular: besourão-de-rabo-branco.

* Ranphodon dohrnii (Boucier & Mulsant, 1852). Família TROCHILIDAE. Nome popular: balança-rabo-canela, beila-flor-de-Dohm, besourão.

2. 13 - PICIFORMES

* Campephylus robustus (Lichtenstein, 1819). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-rei.

* Celeus torquatus tinnunculus (Wagler, 1829). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-de-coleira.

* Dryocopus galeatus (Temminck, 1822). Família PICIDAE. Nome popular: pica-pau-de-cara-amarela.

* Jacamaralcyon tridactyla (Vieillot, 1817). Família GALBULIDAE. Nome popular: cuitelão, bicudo, violeiro.

2. 14 - PASSERIFORMES

* Amaurospiza moesta (Hartlaub, 1853). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: negrinho-do-mato.

* Alecrituros risoria (Vieillot, 1824). Família TYRANNIDAE. Nome popular: galito, tesoura-de-campo, bandeira-do-campo.

* Anthus nattereri (Sclater, 1878). Família MOTTACILLIDAE. Nome popular: caminheiro-grande.

101

* Calyptura cristata(*) (Vieillot, 1818). Família CONTINGIDAE. Nome popular: tietê-de-coroa.

* Carduelis yarrellii (Audubon, 1839). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: coroinha, pintassilgo-do-nordeste.

* Carpornis melanocephalus (Wied, 1820). Família CONTINGIDAE. Nome popular: sabiá-pimenta.

* Cercomacra carbonaria (Sclater & Salvin, 1873). Família FORMICARLIDAE.

* Clibanornis dendrocolaptoides (Pelzeln, 1859). Família FURNARIIDAE.

* Conothraupis mesoleuca (Berlioz, 1939). Família ENERIZIDAE.

* Cotinga maculata (Müller, 1776). Família COTINGIDAE. Nome popular: crejoá, quiruá, catingá.

* Culioivora caudacuta (Vieillot, 1818). Família TYRANNIDAE. Nome popular: papa-moscas-do-campo.

* Curaeus forbesi (Sclater, 1886). Família ICTERIDAE. Nome popular: anumará.

* Daonis nigripes (Pelzeln, 1856). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: saí-de-pernas-pretas.

* Formicivora erythronotos (Hartlaub, 1852). Família FORMICARIIDAE.

* Formicivora iheringi (Hellmayr, 1909). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formiga.

* Gubernatrix cristata (Vieillot, 1817). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: cardeal-amarelo.

* Hemitriccus aenigma (Zimmer, 1940). Família TYRANNIDAE.

* Hemitriccus furcatus (Lafresnaye, 1846). Família TYRANNIDAE. Nome popular: papa-moscas-estrela.

* Hemitriccus kaempferi (Zimmer, 1953). Família TYRANNIDAE.

* Herpsilochmus pectoralis (Sclater, 1857). Família FORMICARIIDAE.

* Lodopleuta pipra (Lesson, 1831). Família COTINGIDAE. Nome popular: anambezinho.

102

* Lipaugus lanioides (Lesson, 1844). Família COTINGIDAE. Nome popular: sabiá-da-mata-virgem, sabiá-do-mato-grosso, sabiá-da-serra, virussu, tropeiro-da-serra.

* Megaxenops parnaguae (Reiser, 1905). Família FURNARIIDAE. Nome popular: bico-virão-de-catinga.

* Merulaxis stresemanni (Sick, 1960). Família RHINOCHYPTIDAE.

* Myadestes leucogenys (Cabanis, 1851). Família TURDIDAE. Nome popular: sabiá-castanho.

* Mirmeciza ruficauda (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE.

* Mirmeciza stictothorax (Todd, 1927). Família FORMICARIIDAE.

* Mymortherula minor (Salvatoti, 1867). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: choquinha.

* Neimosia rourei (Cabanis, 1870). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: saira-apunhalada.

* Oryzorobus maximiliani (Cabanis, 1851). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: bicudo, bicudo-verdadeiro, bicudo-preto.

* Phibaiura fiavirostris (Vieillot, 1816). Família COTINGIDAE. Nome popular: tesourinha.

* Phylloscartes ceciliae (Teixeira, 1987). Família TYRANNIDAE.

* Phylloscartes roquettei (Shethiage, 1928). Família TYRANNIDAE.

* Philydor novaesi (Teixeira & Gonzaga, 1983). Família FURNARIIDAE.

* Piprites pileatus (Temminck, 1822). Família COTINGIDAE. Nome popular: cameleirinho-de-chapéu-preto.

* Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831). Família TYRANNIDAE. Nome popular: patinho-gigante.

* Poecilurus Kollari (Pelzein, 1856). Família FURNARIIDAE.

* Poospiza cinerea (Bonaparte, 1850). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: andorinha-do-oco-do-pau, capacetinho-do-oco-do-pau.

103

* Procnias averano averano (Ilermann, 1783). Família COTINGIDAE. Nome popular: araponga-do-nordeste, guiraponga.

* Pyriglena atra (Swainson, 1625). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formigas.

* Pyroderus scutatus scutatus (Shaw, 1792). Família COTINGIDAE. Nome popular: pavoa, pavão, pavó, pavão-do-mato.

* Rhopornis ardesiaca (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE. Nome popular: papa-formigas-de-gravatá.

* Scytalopus novacapitalis (Sick, 1958). Família RHINOCRYPTIDAE.

* Sporophila falcirostris (Temminck, 1820). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: papa-capim, cigarra-verdadeira.

* Sporophila frontalis (Verreaux, 1869). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: pichochó, papa-arroz.

* Sporophila palustris (Barrows, 1883). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: caboclinho-de-papo-branco.

* Sturnella defilipii (Bonaparte, 1851). Família ICTERIDAE. Nome popular: peito-vermelho-grande.

* Synallaxis infuscata (Pinto, 1950). Família FURNARIIDAE.

* Tangara fastuosa (Lesson 1831). Família EMBERIZIDAE. Nome popular: pintor-verdadeiro.

* Terenura sicki (Teixeira & Gonzaga, 1983). Família FORMICARIIDAE.

* Thamnomanes lumbeus (Wied, 1831). Família FORMICARIIDAE.

* Thripophaga macroura (Wied, 1821). Família FURNARIIDAE. Nome popular: rabo-amarelo.

* Xanthopsar flavus (Gmelin, 1788). Família ICTERIDAE. Nome popular: pássaro-preto-de-haste-amarela.

* Xiphocolaptes falcirostris (Spix, 1824). Família DENDROCOLAPTIDAE. Nome popular: arapaçu-do-nordeste.

104

* Xiphocolaptes franciscanus (Sneethlage, 1927). Família DENDROCOLAPTIDAE. Nome popular: arapaçu.

* Xipholena atropurpurea (Wied, 1820). Família COTINGIDAE. Nome popular: anambé-de-asa-branca, cotinga, ferrugem.

3. 0 - REPTILIA

3. 1 - CHELONIA

* Caretta caretta (Linnaeus, 1758). Família CHELONIDAE. Nome popular: cabeçuda, tartaruga-meio-pente.

* Chelonia mydas (Linnaeus, 1758). Família CHELONIDAE. Nome popular: tartaruga-verde.

* Dermochelys coriacea (Linnaeus, 1758). Família DERMOCHELYDAE. Nome popular: tartaruga-de-couro, tartaruga-gigante, tartaruga-de-pele.

* Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766). Família CHELONIDAE. Nome popular: tartaruga-de-pente.

* Lepidochelys olivacea (Enchscholtz, 1829). Família CHELONIDAE.

* Phrynops hogei (Mertens, 1957). Família CHELONIDAE.

3. 2 - SQUAMATA

* Lachesis muta rhombeata (Wied, 1825). Família VIPERIDAE. Nome popular: surucu-pico-do-jaca, surucucu. (((verificar nome correto)))

3. 3 - CROCODILIA

* Caiman latirostris (Daudin, 1802). Família CROCODILIDAE. Nome popular: jacaré-de-papo-amarelo.

* Melanosuchus niger (Spix, 1825). Família CROCODILIDAE. Nome popular: jacaréaçu.

4. 0 - AMPHIBIA

* Paratelmatobius gaiageae (Cochran, 1938). Família LEPTODACTYLIDAE.

5. 0 - INSECTA

105

5. 1 - LEPIDOPTERA - Borboleta

* Dasyophthalma vertebralis(*) (Butler, 1969). Família NYMPHALIDAE.

* Eresia orysice(*) (Geyer, 1832). Família NYMPHALIDAE.

* Eurytides iphitas(*) (Hubner, 1821). Família PAPILIONIDAE.

* Eurytides lysithous harrisianus (Swainson,1822). Família NYMPHALIDAE.

* Eutresis hypereia imeriensis (Brown, 1977). Família NYMPHALIDAE.

* Heliconius nattereii (Felder&Felder,1865). Família NYMPHALIDAE.

* Hyalyris fiammctta(*) (Hewitson, 1852). Família NYMPHALIDAE.

* Hyalyris leptalina leptalina(*) (Felder & Felder, 1865). Família NYMPHALIDAE.

* Hypoleria fallens (Haensch, 1905). Família NYMPHALIDAE.

* Hypoleria mulviana (D'Almeida, 1958). Família NYMPHALIDAE.

* Hypothyris mayl (D'Almeida, 1945). Família NYMPHALIDAE.

* Joiceya praeclara (Talbot, 1928). Família LICAENIDAE.

* Mechanitis bipuncta (Forbes, 1948). Família NYMPHALIDAE.

* Melinaea mnasias (Hewitson, 1855). Família NYMPHALIDAE.

* Huschoneura methymna (Godart, 1819). Família PIERIDAE.

* Napeogenes cyrianassa xanthone (Bates,1862). Família NYMPHALIDAE.

* Orobrassolis orhamentalis (Stichel, 1906). Família NYMPHALIDAE.

* Papilio himeros himeros (Hopffer, 1866). Família PAPILIONIDAE.

* Papilio himeros baia (Rothschild & Jordan, 1906). Família PAPILIONIDAE.

* Papilio zagreus zagreus (Doubleday, 1847). Família PAPILIONIDAE.

* Papilio zagreus neyi (Niepelt, 1909). Família PAPILIONIDAE.

* Papilio zagreus bedoci (LeCerf, 1925). Família PAPILIONIDAE.

106

* Parides asceanius (Cramer, 1775). Família PAPILIONIDAE.

* Parides lysander mattogrossensis (Talbot, 1928). Família PAPILIONIDAE.

* Perrhybris flava (Oberthur, 1895). Família PIERIDAE.

* Scada Karschina delicata (Talbot, 1932). Família NYMPHALIDAE.

5. 2 - ODONATA - Libélula

* Leptagrion dardanoi (Santos, 1968). Família COENAGRIONIDAE.

* Leptagrion siqueirai (Santos, 1968). Família COENAGRIONIDAE.

* Mecistogaster asticta (Selys, 1860). Família PSEUDOSTIGMATIDAE.

* Mecistogaster pronoti(*) (Sjoestedl, 1918). Família PSEUDOSTIGMATIDAE.

6. 0 - ONYCHOPHORA

* Peripatus acacioi (Marcus & Marcus, 1955). Família PERIPATIDAE.

7. 0 - CNIDARIA

* Millepora nitidae (Verreill, 1868). Família MILLEPORIDAE. Nome popular: coral-de-fogo.

(*) Espécies provavelmente extintas.

Art. 2º . Os animais constantes desta relação ficam protegidos de modo integral, de acordo com o estabelecido na Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967.

Art. 3º . A não observância da presente portaria constitui intração sujeitas as penalidades previstas na Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967 e na Lei nº 7.653 de 12 de fevereiro de 1988, sem prejuízo dos dispositivos previstos no Código Penal e demais leis vigentes, com as penalidades nelas consideradas.

Art. 4º . Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, e revoga a Portaria IBDF nº 3.481, de 31 de maio de 1973, e todas as disposições em contrário.

107

Anexo 3 – Instrumento de Pesquisa

Questionário - Pré-teste e Pós-teste

1) Seria capaz de ter um animal silvestre em sua residência?

( ) sim ( ) não

2) Já havia sido informado de que é ilegal manter um animal silvestre em cativeiro

sem a devida autorização?

( ) sim ( ) não

3) Considera como uma prova de amor, o fato de ter um animal silvestre em casa,

dando-lhe comida, água, carinho e tendo todos os cuidados necessários?

( ) sim ( ) não

4) Alguma vez viu um animal silvestre sendo ilegalmente vendido, seja onde for?

( ) sim ( ) não

5) Denunciaria um conhecido seu, caso soubesse que ele mantém um animal

silvestre em casa ou em cativeiro?

( ) sim ( ) não

6) Gostaria de ter aula sobre o meio ambiente?

( ) sim ( ) não

108

Anexo 4 - Fauna apreendida e/ou resgatada entre 1997 a 2000.

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO BATALHÃO DE POLÍCIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE UMV / BPFMA QUADRO DEMONSTRATIVO DE FAUNA APREENDIDA E RESGATADA 1997/2000

Nome Comum Nome Científico 1997 1998 1999 2000 Total Observação Classe: AVE

Ordem: CICONIFORMES Família: ARDEIDAE Socózinho Butorides striatus - 1 - - 1

Ordem: CHARADRIFORMES Família: CHARADRIIDAE Quero-quero Vanellus chilensis 2 1 - - 3

Ordem: COLUMBIFORMES Família: COLUMBIDAE Juriti Leptotila verreauxi - 2 1 1 4 Pomba pocaçú Columba cayannensis - - 7 - 7 Rolinha Columbina talpacoti - 4 9 8 21

Ordem: FALCONIFORMES

Família: FALCONIDAE Carcará Polyborus plancus - - 1 - 1

Família: ACCIPITRIDAE Gavião - 3 7 3 9 22

Ordem: GALLIFORMES Família: CRACIDAE Jacú Penelope sp 7 4 8 1 20 Algumas sp IBAMA Mutum Crax sp - - 1 - 1 Algumas sp IBAMA

Ordem: GRUIFORMES

Família: CARIAMIDAE Seriema Cariama cristata 1 3 - - 4Família: RALLIDAE Frango d'água Gallinula chloropus - 7 - 1 8 Pinto d'água Laterallus melanophaius 1 - - - 1 Saracura Aramides sp 1 10 - - 11

Ordem: PASSERIFORMES Família: CARDINALIDAE Azulão Passerina brissonii 34 91 57 41 223 Lista RJ Bico de pimenta Saltator atricollis - 3 1 7 11 Trica ferro Saltator similis 122 92 234 198 646

109

Família: COTINGIDAE Araponga Procnias nudicollis 11 6 7 15 39Família: CORVIDAE Gralha Cyanocorax sp - 1 - - 1Família: EMBERIZIDAE Bicudo Oryzoborus maximiliani - 8 19 - 27 IBAMA / RJ Bigodinho Sporophila lineola 15 29 18 17 79 Brejal Sporophila albogularis - - - 1 Caboclinho Sporophuila bouvreuil 45 36 28 9 118 Canário da terra Sicalis flaveola 310 475 489 339 1613 Cardeal Paroaria coronata 1 16 117 121 255 Chorão/Boiadeiro Sporophila leucoptera 3 11 5 5 24 Cigarra verdadeira Sporophila falcirostris 31 17 9 7 64 IBAMA / RJ Coleiro Sporophila caerulescens 811 960 1640 1039 4450 Curió Oryzoborus angolensis 25 72 112 158 367 Lista RJ Galinho da campina Paroaria dominicana 29 - 57 124 210 Galinho da serra Coryphospingus pileatus 24 219 163 133 539 Patativa Sporophila plumbea 1 - - 1 2 Pichanchão Sporophila frontalis 22 26 12 21 81 IBAMA / RJ Tico tico Zonotrichia capensis 86 68 236 187 577 Tziu Volatinia jacarina 103 182 302 177 764

Família: ESTRILDIDAE Bico de lacre Estrilda astrild 52 64 131 45 292Família: FRINGILLIDAE Pintassilgo Carduellis magellanicus 3 26 27 34 90Família: ICTERIDAE Corrupião Icterus jamacaii - 16 63 44 123 Garibaldi Angelaius rupicapillus 30 26 36 20 112 Guaxe Cacicus haemorrhous - - 2 5 7 Maria preta Molothrus bonariensis 7 7 8 17 39 Melro Gnorimopsar jacarina 53 88 230 110 481

Família: PARULIDAE Mariquita Parula pitiayumi - - - 2 2Família: THRAUPIDAE Fim-fim Euphonia chlorotica - - 3 1 4 Gaturamo Euphonia sp 8 10 9 2 29 Saíra Tangara sp 48 33 112 28 221 Sanhaço Thraupis sp 77 89 189 69 424 Sanhaço frade Stephanophorus diadematus - - - 1 1 Tiê pardo Orchesticus abeillei - - 1 8 9 Tiê preto Tachyphonus coronatus 2 5 4 1 12 Tiê sangue Ramphocelus bresiliens 29 52 75 27 183Família: TROGLODYTIDAE Catatau Campylorhynchus turdinus 33 3 5 4 45

1

110

Família: TURDIDAE Sabiá Turdus sp 83 105 136 190 514

Família: TYRANNIDAE Bem te vi Pitangus sulphuratus 2 7 15 5 29

ESPÉCIES DIVERSAS 281 1 1 318 601

Ordem: PELICANIFORMES Família: SULIDAE Atobá Sula sp - - 1 - 1

Ordem: PHOENICOPTERIFORMES Família: PHOENICOPTERIDAE Flamingo Phoenicopterus ruber - - 5 - 5 IBAMA / CITES II

Ordem: PICIFORMES Família: PICIDAE Pica pau Celeus sp 1 - 4 1 6 Algumas sp IBAMA Família: RAMPHASTIDAE Araçari Pteroglossus sp - - 3 1 4 Tucano toco Ramphastos toco 2 1 3 4 10 CITES II

Ordem: PSITTACIFORMES Família: PSITTACIDAE Arara Ara sp 8 10 19 15 52 Algumas sp IBAMA Chauá Amazona rhodocorytha 5 - - 2 7 IBAMA / CITES I Jandaia Aratinga solstitialis - 4 - - 4 Papagaio Amazona sp 16 12 19 26 73 Periquitão maracanã Aratinga leucophthalmus 29 14 23 33 99 Periquito - 17 18 40 9 84 Tiriba Pyrrhura sp 7 3 4 - 14 Algumas sp IBAMA Tuim Forpus xanthopterygius - 1 - - 1

Ordem: SPHENISCIFORMES Família: SPHENISCIDAE Pinguim de magalhães Spheniscus magellanicus - - 1 12 13

Ordem: STRIGIFORMES Família: STRIGIDAE Corujinha do mato Otus choliba - 2 2 1 5

Ordem: TINAMIFORMES Família: TINAMIDAE Inhambú Crypturellus sp - 3 - - 3 Macuco Tinamus solitarius - 3 2 - 5 IBAMA / CITES I / RJ

OUTRAS AVES DESCONHECIDAS - - 72 1 73

SUBTOTAL 2481 2954 4781 3656 13872

Classe: MAMMALIA

Ordem: ARTIODACTYLA

Família: HIPPOPOTAMIDAE Hipopótamo Hippopotamus amphibius - - - 1 1 * Exótico

111

Família: TAYSSUIDAE Porco do mato Tayassu sp - - 1 - 1 CITES II / RJ

Ordem: CARNIVORA Família: CANIDAE Cachorro do mato Cerdocyon thous - - 1 - 1 CITES IIFamília: MUSTELIDAE Lontra Luntra longicaldis - - - 1 1 IBAMA / CITES I Família: PROCYONIDAE Guaxinim / Mão pelada Procyon lotor 1 - - 1 2 Quati Nasua nasua 1 - - - 1

Família: FELIDAE Leão Panthera leo - 2 1 1 4 * Exótico

Ordem: PRIMATES Família: CALLITRICHIDAE Sagui Callithrix sp 12 5 15 13 45Família: CEBIDAE Macaco - 8 4 3 8 23

Ordem: RODENTIA Família: AGOUTIDAE Cutia Dasyprocta agouti - - 1 - 1 Paca Agouti paca - 8 5 - 13 Lista RJ

Família: CAVIDAE Preá/Porquinho-da-índia Cavia sp / Galea sp - 3 73 5 81

Família: ERETHIZONTIDAE Ouriço caixeiro Coendou prehensilis - 3 - 1 4Família: HYDROCHAERIDAE Capivara Hydrochaeris hydrochaeris - - - 1 1Família: SCIURIDAE Esquilo Sciurus aestuans 1 - - - 1

Ordem: MARSUPIALIA Família: DIDELPHIDAE Gambá Didelphis marsupialis - 2 4 10 16

Ordem: XENARTHRA

Família: BRADYPODIDAE Preguiça Bradypus sp 10 4 1 3 18 IBAMA / CITES II Família: DASYPODIDAE Tatu - 1 2 2 1 6 IBAMA / CITES I

Família: MYRMECOPHAGIDAE Tamanduá bandeira Myrmecophaga tridactyla 2 - - 4 6 IBAMA / CITES II / RJ

SUBTOTAL 36 33 107 50 226

Classe: REPTILIA

Ordem: CHELONIA Família: CHELIDAE Cágado - 3 12 7 39 61 Tigre d'água Trachemis sp 1 7 121 30 159

Família: TESTUDINIDAE Jabuti Geochelone sp 3 7 - 47 57 CITES II

Ordem: ALLIGATORIDAE Família: CROCODILIDAE Jacaré Caiman sp 16 4 4 29 53 IBAMA / CITES I

112

Ordem: SAURIA Família: - Lagarto - 4 1 - 2 7 CITES II

Ordem: SQUAMATA Família: - Cobra - - 8 4 15 27 Algumas sp CITES II

SUBTOTAL 27 39 136 162 364

ANIMAIS DOMÉSTICOS APREENDIDOS Canário do reino Serinus canarius 3 4 12 23 42

Manon Lochura striata - 1 - - 1

Rouxinol Liothrix lutea - 2 - - 2

Pombo Columba livia - - 30 1 31

Ganso Anser sp 2 - - - 2

Marreco Anas sp - 2 3 11 16

Faisão Phasianus colchicus - - - 1 1 Pavão Pavo cristatus 1 - - - 1 Cavalo Equus caballus 3 3 11 - 17 Cão Canis familiaris 6 2 5 - 13

SUBTOTAL 15 14 61 36 126

TOTAL 2559 3040 5085 3904 14588

113

2559

3040

5085

3904

3251

1997

1998

1999

2000

2001

ANIMAIS APREENDIDOS E RESGATADOS PELO BPFMA

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Anexo 5. Notícia da Folha de São Paulo

20/08/2001 - 23h54 da Folha Online

Ibama vai apurar responsabilidades no caso Bwana Park O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, determinou ao presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), Hamilton Casara, que instaure inquérito administrativo para apurar responsabilidades sobre maus tratos e mortes dos animais no Bwana Park, no Rio. Na quarta-feira, 103 animais mortos foram encontrados em um freezer do parque.

Casara disse que, se constatada negligência ou falta de gerência do setor em Brasília, os responsáveis serão punidos na forma da lei, inclusive com demissões.

A comissão de inquérito presidida pelo corregedor José Batista Lima é composta pelo procurador Jurany de Souza Nunes e pelo técnico especializado do setor de fauna João Carlos Alciete Tomé. A comissão já está no Rio de Janeiro.

Segundo Casara, a comissão de inquérito apresentará amanhã uma avaliação do caso. Para enfrentar o tráfico de animais silvestres, considerado o terceiro mais volumoso do mundo, Casara, também por determinação do ministro Sarney Filho, instalou recentemente a nova diretoria de Fauna e de Recursos Pesqueiros do Ibama.

A nova estrutura tem dois objetivos: geração de emprego e renda e combate ao tráfico de animais silvestres. Mas, de acordo com Casara, a modificação administrativa não justifica a demora do Ibama na análise e encaminhamento legal ao relatório da gerência do órgão no Rio Janeiro, enviado à sede nacional há três meses, dando conta do descumprimento da Lei de Crimes Ambientais praticado pelos donos do Bwana Park.

As penalidades da Lei incluem prisão e multa máxima de R$ 50 milhões. O presidente do Ibama explicou que, com o cancelamento do registro do zoológico e interdição da área, os animais serão transferidos para outro local. Para isso, ele já manteve entendimentos com representantes de universidades do país para promover a acomodação adequada dos animais que sobreviveram no Bwana Park.

O presidente do Ibama informou ainda que o Instituto está realizando um grande levantamento em todo o país para averiguação não só em zoológicos particulares mas de todos os criadouros para detectar a situação dos animais em cativeiro. O Ibama irá, também, reforçar a atuação contra o tráfico de animais silvestres.

Por meio do Programa Brasileiro de Proteção à Fauna Silvestre, o Instituto passou a desenvolver ações anti-tráfico compartilhadas com a Polícia Federal, a Infraero, as Polícias Florestais, o Ministério Público e ONGs. O principal alvo do programa são as rotas utilizadas pelos traficantes. O Ibama mapeou todas as regiões brasileiras e identificou os locais de onde saem, por onde passam e para onde vão os animais traficados.

Os agentes do Ibama também dispõem de informações sigilosas sobre a forma de atuação e os nomes dos principais traficantes.

As informações são do site do Ministério do Meio Ambiente.

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