Mobilidade simulada pelo tempo e pelo espaço. O caso da página de Facebook "Porto Desaparecido".

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Mestrado em Turismo Sociologia do Turismo Mobilidade simulada pelo tempo e pelo espaço. O caso da página de Facebook “Porto Desaparecido” Manuel de Sousa 20 de janeiro de 2014

Transcript of Mobilidade simulada pelo tempo e pelo espaço. O caso da página de Facebook "Porto Desaparecido".

Mestrado em Turismo

Sociologia do Turismo

Mobilidade simulada pelo tempo e pelo espaço.

O caso da página de Facebook “Porto Desaparecido”

Manuel de Sousa

20 de janeiro de 2014

Manuel de Sousa Página 1

Índice

Introdução ............................................................................................................................................... 2

1. Da Web 1.0 à 2.0 ............................................................................................................................. 2

2. Redes sociais e comunidades virtuais ............................................................................................. 3

3. Facebook: perfis, páginas e grupos ................................................................................................. 5

4. Património, memória e identidade ................................................................................................. 6

5. Cultura fotográfica .......................................................................................................................... 8

6. Identidade portuense .................................................................................................................... 10

7. Páginas sobre o Porto no Facebook .............................................................................................. 12

8. A página “Porto Desaparecido” ..................................................................................................... 14

8.1 Os públicos da página .................................................................................................................. 14

8.2 A página como repositório patrimonial ...................................................................................... 17

8.3 Interação dos públicos ................................................................................................................ 18

Conclusão .............................................................................................................................................. 20

Glossário ................................................................................................................................................ 21

Referências bibliográficas ...................................................................................................................... 23

Anexo I ................................................................................................................................................... 25

Anexo II .................................................................................................................................................. 26

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Introdução

No âmbito da Sociologia do Turismo, unidade curricular do mestrado em Turismo da

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, foi proposto aos alunos que elaborassem um

relatório individual escrito contendo uma reflexão crítica, de componente teórico-empírica,

sobre uma temática acordada entre a docente e o estudante. No nosso caso concreto,

propusemo-nos analisar uma página do Facebook, intitulada “Porto Desaparecido”.

Criada por nós em 2012, a página dedica-se a publicar diariamente fotografias antigas

do Porto e dos concelhos limítrofes, por vezes acompanhadas de histórias dos motivos

fotografados: monumentos, personagens, usos e costumes. Seis meses após a sua criação, a

página tinha já cinco mil seguidores e no início de 2014 estava prestes a ultrapassar a

barreiras dos 50 mil fãs. Entretanto, a página tinha também despertado a atenção da imprensa

e até dos poderes públicos locais. Em 2013, nas comemorações do 25 de Abril, em virtude

deste projeto nas redes sociais, fomos agraciados pela Câmara Municipal do Porto com a

Medalha de Mérito Municipal (Grau Prata).

O objetivo deste relatório foi, pois, procurar compreender e explicar a receção que a

página teve à luz dos conceitos tratados em aula e nas leituras subsequentes. Começamos por

uma contextualização das redes sociais, dos conceitos de património, memória e identidade,

para depois partirmos para uma análise da página “Porto Desaparecido”.

As citações foram traduzidas, quando feitas a partir de obras em língua estrangeira.

Quando feitas a partir de trabalhos em português, a ortografia foi sempre atualizada. Visto as

figuras no corpo do relatório serem apenas três e localizarem-se todas no ponto 8.1,

entendemos desnecessário elaborar um índice propositado para figuras.

1. Da Web 1.0 à 2.0

A popularização do acesso à Internet propiciou a criação de novas comunidades de

indivíduos partilhando interesses comuns. O facto de não se encontrarem fisicamente e de, a

maioria das vezes, nem sequer se conhecerem pessoalmente, levou à criação da designação

comunidade virtual (Rheingold, 1993). A bolha especulativa1 das “dot-com” – empresas de

1 Entre 1995 e 2000, nas bolsas de valores dos países industrializados, assistiu-se à rápida ascensão do valor das

ações das empresas de comércio eletrónico e áreas afins, conhecidas como as “dot-com”. A confiança dos

mercados nos lucros futuros das empresas tecnológicas, a disponibilidade de capital de risco e a baixa das taxas

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tecnologias da informação e comunicação –, que se foi desenvolvendo nos últimos anos da

década de 1990 e atingiu o seu auge em março de 2000, acabou por provocar a venda, fusão

ou encerramento de muitas empresas da área tecnológica. Mas, no rescaldo desta crise, uma

nova geração de empresas surgiu no mercado, recorrendo a uma nova tecnologia que permitia

que os sítios da Internet se tornassem dinâmicos. Estávamos perante uma segunda geração da

Internet, caracterizada por um maior grau de interação e colaboração entre os utilizadores – a

“Web 2.0” – termo popularizado em 2004 através da conferência O’Reilly Media Web 2.0

(O’Reilly, 2005). Com a Web 2.0 os utilizadores da Internet puderam abandonar o seu

tradicional papel de consumidores passivos dos conteúdos dos diversos sites, passando a ter a

possibilidade real de interagir com as empresas e entre si, em comunidades virtuais. Surgiram,

assim, os blogues, as wikis, as aplicações web, os sites de partilha de vídeos, as redes sociais

virtuais, entre outros.

2. Redes sociais e comunidades virtuais

Em 1999, Gustavo Cardoso salientava a importância da informação e da comunicação

na transformação da sociedade, referindo: “Assistimos hoje ao surgimento de sinais de

transformação em diferentes áreas da sociedade, sinais esses que não se limitam a mudanças

pontuais, mas cujo impacte é significativo ao ponto de representarem transformações

substanciais em setores estratégicos, exercendo influência sob o todo do tecido social”

(Cardoso, 1999: 114). Por seu lado, Manuel Castells, em 1997, alertava para a necessidade de

“tomar em atenção as inovações que as tecnologias de informação colocaram, nas últimas

décadas, à nossa disposição, pois a sua utilização está a transformar os nossos modos de vida

e a sociedade” (cit. Cardoso, 1999: 115). A criação de comunidades virtuais, surgidas

inicialmente em torno de newsgroups2 e de mailing lists

3, levantou imediatamente questões

de juros em 1998-99 ajudaram a criar um ambiente especulativo em torno das “dot-com”. Fatores como a subida

das taxas de juros decretada pela Reserva Federal dos EUA no início de 2000, a condenação da Microsoft em

tribunal pela prática de monopólio em abril de 2000, o facto de grande parte das “start-ups” (novas empresas)

tecnológicas acumularem prejuízos, a ordem de venda de ações de empresas de alta tecnologia por parte de

alguns investidores em março de 2000 – em conjugação com outros fatores –, acabaram por desencadear uma

reação de venda em cadeia por parte de grandes investidores, fundos e instituições bancárias. Em consequência,

as ações das “dot-com” desceram abruptamente, levando muitas à falência (Peter, 2004).

http://www.nethistory.info/History%20of%20the%20Internet/dotcom.html [Consult. 19 jan. 2014] 2 Newsgroups são fóruns de discussão da Internet, onde grupos de utilizadores se reúnem para trocar impressões

sobre determinado tema. Ao contrário das mensagens de correio eletrónico, que só são visíveis para os seus

destinatários, as mensagens dos newsgroups podem ser lidas por qualquer pessoa que tenha permissões para

visualizar o grupo no qual são publicadas.

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quanto ao seu caráter inovador, já que estávamos perante locais de encontro de características

virtuais onde o tempo e o espaço deixam de ser condicionantes de interação. “Estas redes e as

suas diversas parcelas não podem ser consideradas nem meios de comunicação de massas, no

sentido tradicional da palavra, nem como comunicação puramente interpessoal. Encontramo-

nos perante um novo fenómeno” (Cardoso, 1997: 52).

Ao conjunto de redes que constituem o ciberespaço, Castells denomina de space of

flows (“espaço dos fluxos”). Castells entende que, no espaço dos fluxos, se alteram as

perceções habituais de tempo e espaço, que passam a apresentar características que apelida de

timeless time e placeless place (Castells, 2010). “O espaço dos fluxos dissolve a nossa

conceção tradicional do tempo, ao quebrar a sua ordem sequencial de eventos através da

possibilidade de tornar quase simultâneos – o quase tempo real – esses mesmos eventos. Das

causas às consequências não existe no espaço dos fluxos uma visualização sequencial, mas

sim a perceção de uma quase simultaneidade, fruto, em muito, da possibilidade de várias

pessoas interagirem em simultâneo sobre um mesmo evento. De uma forma similar, a

distância geográfica dissolve-se no espaço dos fluxos” (Cardoso, 1999: 118).

Não há uma definição universalmente aceite para redes sociais4. Alguns estudiosos

utilizam o termo como sinónimo de Web 2.0, definição muito centrada na dimensão

tecnológica; enquanto outros põem em destaque a dimensão social do fenómeno, usando rede

social em referência às redes genéricas como o MySpace e o Facebook e a outras mais

específicas, como o LinkedIn (rede profissional) ou o Twitter (para envio de mensagens

curtas), entre outras. Assim, podemos definir redes sociais como sítios da Internet que, tendo

por base as tecnologias da Web 2.0, permitem uma ampla interação social, a formação de

comunidades e o desenvolvimento de projetos colaborativos (Bruns e Bahnisch, 2009).

Por outro lado, quando nos referimos a comunidade virtual será útil começar por

discutir o conceito. O termo comunidade evoluiu de um sentido alargado de família em

núcleos rurais, a comunidade rural. Com o advento da modernidade e da urbanização, as

comunidades passaram a integrar um número sempre crescente de indivíduos, dando lugar aos

grandes núcleos urbanos. Com isso, a ideia de comunidade, constituída por indivíduos ligados

por laços de parentesco, esbateu-se dando lugar à sociedade (Recuero, 2005).

3 Mailing lists, listas ou grupos de discussão são ferramentas da Internet que permitem a troca de mensagens pela

via eletrónica entre todos os membros de um dado grupo. As mensagens enviadas por cada membro são

recebidas por todos os integrantes do grupo, propiciando a participação de todos. 4 Em inglês normalmente utilizam-se os termos social media ou social networking.

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Segundo Rheingold (1993) o advento da comunicação mediada por computador veio

possibilitar o estabelecimento de novas formas de conexão e interação, formando

comunidades, já não rurais, mas sim virtuais. Rheingold foi um dos primeiros autores a

efetivamente utilizar o termo comunidades virtuais, definindo-as como “aglomerados sociais

que surgem da Internet quando uma quantidade bastante de pessoas desenvolve essas

discussões públicas durante um tempo necessário, com suficientes sentimentos humanos, para

formar redes de relações pessoais no ciberespaço.”5

3. Facebook: perfis, páginas e grupos

Desde meados da primeira década do século XXI, proliferaram as redes sociais online.

O Facebook é a rede social que mais se popularizou. Fundada em 2004 por Mark Zuckerberg

e alguns colegas da Universidade Harvard, segundo The Wall Street Journal, em setembro de

2012 o Facebook tinha já ultrapassado a marca dos mil milhões de utilizadores ativos

(Fowler, 2012). Dados de junho de 2012 indicavam que em Portugal existiam 5 950 449 de

utilizadores da Internet e 4 663 060 subscritores do Facebook6.

O conteúdo do Facebook está genericamente organizado de três formas diferentes:

perfis, páginas e grupos.

Perfil: Os perfis são as páginas pessoais do Facebook. No seu perfil, cada utilizador

tem a possibilidade de colocar um vasto leque de informações a seu respeito: a sua fotografia,

o estabelecimento de ensino que frequentou, o emprego que tem, a cidade onde vive, os livros

favoritos, etc. Pode também publicar as suas opiniões sobre os temas que entender, partilhar

páginas da Internet, criar uma imagem de capa, criar álbuns de fotografias, acrescentar o seu

estado civil, criar uma lista de interesses, referir os membros da sua família, etc. A lista de

possibilidade é quase ilimitada.

Página: As páginas são similares aos perfis, mas destinam-se a figuras públicas,

empresas, organizações e outras entidades. As páginas são públicas, pelo que são acessíveis a

qualquer utilizador do Facebook. Ao clicar em “gosto” o utilizador individual passa a receber

na cronologia do seu perfil as novidades que vão sendo publicadas nessa página. Cada página

5 No original: “Virtual communities are social aggregations that emerge from the Net when enough people carry

on those public discussions long enough, with sufficient human feeling, to form webs of personal relationships in

cyberspace.” http://www.rheingold.com/vc/book/intro.html [Consult. 19 jan. 2014]. 6 http://www.internetworldstats.com/europa.htm#pt [Consult. 19 jan. 2014]

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do Facebook está catalogada numa das seguintes categorias: “negócio ou estabelecimento

local”, “empresa, organização ou instituição”, “marca ou produto”, “artista, banda ou figura

pública”, “entretenimento”, “causa ou comunidade”.

Grupo: Enquanto as páginas do Facebook são destinadas a entidades públicas, os

grupos foram concebidos para associar pessoas com interesses e opiniões comuns. Os grupos

do Facebook permitem que os utilizadores se reúnam e partilhem conteúdos relacionados com

os seus interesses comuns. O responsável pela criação do grupo pode permitir que qualquer

pessoa possa entrar, pode optar por fazer a entrada no grupo depender de uma aprovação ou

pode mesmo tornar o grupo fechado, só acedível por convite.

4. Património, memória e identidade

Todas as sociedades humanas produzem objetos, ideias, representações simbólicas e

comportamentos que se podem genericamente denominar como cultura. Esse património

cultural, que pode ser material – ou seja, o que é visível, como os monumentos e os artefactos

– ou não-material – o que não é visível, como as ideias, os comportamentos, o sistema

simbólico e religioso – é reproduzido e preservado através da memória social (Rodrigues,

2013). Definido como sendo “constituído por todos os bens materiais e imateriais que, pelo

seu reconhecido valor próprio, devam ser considerados como de interesse relevantes para a

permanência e identidade da cultura […] através do tempo” (Lei n.º 13/85: art.º 1.º), o

património cultural exprime-se como um testemunho, uma invocação, ou melhor, uma

convocação do passado. Tem a função de (re)memorar os acontecimentos mais relevantes, daí

a sua relação direta com a memória (Rodrigues, 2013).

O património contribui para preservar a identidade de uma nação, de um grupo étnico,

de uma comunidade religiosa, de uma tribo ou de uma família. É a herança cultural do

passado, vivida no presente e transmitida às gerações vindouras. É o conjunto de símbolos

sacralizados que um grupo, normalmente a elite (política, científica, económica ou religiosa),

decide preservar como património coletivo (Rodrigues, 2013). É importante sublinhar que há

sempre uma motivação ideológica na definição do que é e do que não é património. Cabe a

um determinado grupo (a elite), e não o coletivo como um todo, decidir o que é relevante

salvaguardar. Ou seja, o que é patrimonizado não é mais do que um excerto, uma parte apenas

do conjunto das ações humanas num determinado período histórico (Peralta, 2000). Por isso,

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considerando a estreita relação entre património e identidade, a identidade de um grupo é

sempre um processo seletivo e fragmentado. Segundo Maurice Halbwachs, considerado por

alguns como o expoente máximo da sociologia da memória coletiva, “é em sociedade que as

pessoas normalmente adquirem as suas memórias. É também em sociedade que elas

recordam, reconhecem e localizam as suas memórias” (cit. Rodrigues, 2013: 5).7 Enquanto

fenómeno social, a memória é, pois, coletivamente construída e reproduzida ao longo do

tempo. E, tal como o património cultural, a memória social também é dinâmica, mutável e

seletiva – já que nem tudo o que fica gravado na memória é transmitido às gerações

seguintes. A memória coletiva está na base da construção da identidade que reforça o

sentimento identitário e, de certa forma, garante a coesão e a continuidade histórica do grupo.

Assim, a identidade é um processo de identificações historicamente apropriadas que

conferem sentido ao grupo. Ou seja, ela implica um sentimento de pertença a um determinado

grupo étnico, cultural ou religioso, de acordo com a perceção da diferença e da semelhança

entre nós e os outros. Mas a identidade não é estável e unificada – é mutável e transitória e vai

sendo permanentemente (re)negociada e (re)construída ao longo dos tempos. O grupo constrói

e reproduz a sua identidade através do apego constante ao seu passado, não apenas histórico,

mas também mitológico e simbólico (Rodrigues, 2013).

A globalização, que tem provocado não só abundantes fluxos migratórios, mas

também, e principalmente, a circulação e consumo de bens materiais e simbólicos, acaba por

produzir identidades novas e transculturais e um certo hibridismo cultural (Castells, 2010).

Tem-se imposto uma padronização pelo consumismo global de bens culturais: música

comercial, Hollywood, Coca-Cola, McDonald’s. A globalização comprime o espaço e o

tempo. O que acontece num determinado lugar tem um impacto imediato sobre pessoas e

lugares situados a uma grande distância. Os modernos meios de transporte e de comunicação

fazem com que as informações, as culturas, as religiões, as ideias, os modos de vida de

diferentes grupos sejam rapidamente divulgados e partilhados por outras pessoas, em qualquer

ponto do globo. Fronteiras territoriais e a relação entre lugares e identidades são questionados

pelo acesso massivo aos transportes e às comunicações possibilitado pela globalização

(Rodrigues, 2013). No entanto, segundo Paiva, “cumpre situar o local (nacional ou regional)

no contexto mundializado porque, apesar de todas as tendências de homogeneização,

7 No original: “it is in society that people normally acquire their memories. It is also in society that they recall,

recognize, and localize their memories”.

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fervilham hoje diversidades e diferenças caracterizando distintamente sociedades e culturas

no novo sistema mundial” (Paiva, 2000: 1-2).

Na verdade, um pouco por toda a parte, assiste-se à generalização de iniciativas, tanto

individuais como coletivas, que visam a preservação patrimonial, parecendo corresponder a

reações locais ao fenómeno de globalização cultural e ao espectro dos efeitos da

homogeneização a ele inerentes. O património tornou-se uma forma de proteção de

identidades locais, sendo a intensidade com que é reinventado proporcional à

descaracterização induzida pela globalização (Peralta, 2000).

É a “nostalgia de um referencial perdido” de Jean Baudrillard (cit. Faria e Almeida,

2006: 126). David Lowenthal, em 1995, refere-se a este sentimento como o “mal-estar

moderno” (cit. Faria e Almeida, 2006: 127), uma reação à suposta perda de valores e de

referências culturais do passado. Por outras palavras, o aumento generalizado da atração pelo

passado, expresso através da difusão de museus, de sociedades de arqueologia e história e do

renascido interesse académico pelo estudo sistemático do passado poderá ter como grande

força motriz a tentativa de resistência ao avassalador ritmo da mudança, introduzido pela

modernidade. Marc Guillaume entende que o ímpeto de conservação do passado a que se

assiste no Ocidente expressa um “verdadeiro trabalho de luto relativamente a um mundo em

irreversível desaparecimento” (cit. Faria e Almeida, 2006: 127). Mais do que simples

nostalgia pelos tempos idos, o ato de conservar restos do passado torna-se um exercício de

rememoração dos ecos de práticas culturais há muito desaparecidas mas que, ao serem

conservadas e transmitidas, passam a constituir como que “álibis do esquecimento” (cit. Faria

e Almeida, 2006: 127). Neste contexto, “o passado assume a configuração de uma narrativa

onde se vão buscar os exemplos que permitem justificar o presente, e construir o futuro como

desejo” (Faria e Almeida, 2006: 127).

Será provavelmente neste contexto que se explica o êxito de iniciativas de invocação

sistemática do passado, de que é exemplo a página “Porto Desaparecido”.

5. Cultura fotográfica

A fotografia é uma técnica de criação de imagens através da exposição luminosa,

fixando-as numa superfície sensível. A primeira fotografia conhecida data de 1826 e é

atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. O desenvolvimento da fotografia resultou da

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acumulação de descobertas e aperfeiçoamentos de muitos autores ao longo dos anos. Como

produto de consumo, a fotografia popularizou-se a partir de 1888 com a comercialização pela

empresa Kodak das máquinas portáteis dotadas de filme fotográfico em rolos substituíveis,

invenção do norte-americano George Eastman. O aparecimento da tecnologia digital, no final

do século XX, e a incorporação de câmaras fotográficas em telefones móveis universalizaram

e massificaram o uso da fotografia. A fotografia sempre exerceu um enorme fascínio pela

perpetuação dos instantes registados. “Toda a fotografia representa […] uma interrupção do

tempo e, por isso, da vida. O fragmento selecionado do real, a partir do instante em que foi

registado, permanecerá para sempre interrompido e isolado na bidimensão da superfície

sensível […]. A partir do momento em que o processo se completa, a fotografia carregará em

si aquele fragmento congelado da cena passada materializado iconograficamente” (Kossoy,

2001: 36-37).

Philippe Dubois faz uma análise da evolução dos discursos sobre a fotografia. No

século XIX, no dealbar da fotografia, esta era vista como um espelho do real. Considerava-se

que a fotografia não era mais do que uma imagem formada pela máquina, sem interferência

do homem, sem subjetividade e sem intencionalidade. Justificava-se, assim, a diferença

fundamental entre a fotografia e a obra de arte, a primeira era resultado do simples registo da

máquina, enquanto a segunda era produzida pelo talento manual do artista (Canabarro, 2005:

33). Só no século XX se iniciou um processo de desconstrução dos discursos oitocentistas.

Autores como John Collier, Pierre Bourdieu e Rudolf Arnhein passaram a defender que a

fotografia é eminentemente codificada sob diversos pontos de vista, como sejam o técnico,

cultural, sociológico ou estético (Canabarro, 2005: 34).

É hoje consensual considerar-se que a fotografia é um produto social. “Enquanto

produto cultural, é uma construção feita por um sujeito mediador, o fotógrafo, que seleciona

pessoas e elementos e os enquadra na bidimensionalidade de um espaço a ser recortado […], a

sua construção faz parte de um determinado contexto histórico, que influencia na construção

do olhar do fotógrafo, nas representações sociais impressas e no equipamento tecnológico

empregado para a tomada da imagem” (Canabarro, 2005: 26). Do ponto de vista da

historiografia, a fotografia começou a ser admitida como fonte documental a partir da década

de 1930, com a influência da Escola dos Annales.8 Canabarro refere que, apesar do

8 Movimento historiográfico surgido com a revista Annales d’histoire économique et sociale, fundada por Lucien

Febvre e Marc Bloch em 1929, em França. Este movimento pôs em causa a historiografia tradicional, propondo

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entusiasmo de historiadores conceituados como Jacques Le Goff e Pierre Nora, a verdade é

que pouco se tem utilizado a fotografia para a construção do conhecimento histórico. Lembra

que se têm realizado muitos trabalhos sobre a história da fotografia, mas muito poucos sobre a

história pela fotografia. (Canabarro, 2005: 28)

Desde o início do segundo quartel do século XIX que a produção, circulação e

consumo de imagens fotográficas faz parte da vida quotidiana das sociedades modernas,

criando uma cultura fotográfica. A fotografia afirmou-se como recurso visual relevante e

eficaz na formação e reforço do sentido de identidade. “A cultura fotográfica […] participa na

construção da memória, tanto individual quanto coletiva. Neste sentido, a fotografia

apresenta-se como elemento privilegiado para a materialização da memória, pois segundo

Jacques Le Goff, a fotografia possibilita a multiplicação e a democratização da memória,

dando precisão e verdade que as demais fontes não conseguiriam. Assim, toda a produção

imagética constitui um património cultural que permite conhecer as singularidades dos grupos

retratados e da própria sociedade.” (Canabarro, 2005: 38-39)

6. Identidade portuense

A singeleza deste trabalho não permite mais do que umas leves pinceladas sobre um

tema tão complexo como é o da identidade portuense.

Rui Ramos Loza defende a necessidade de considerar a dimensão intangível para

entender a cidade do Porto e os seus valores positivos que “permitem manter as feições, os

comportamentos, as atitudes, a identidade e o caráter” (Loza, 2002: 28). Para além dos

séculos e milénios de transformações que foram erguendo a cidade, “são as memórias e os

saberes que continuam e se transmitem de geração em geração que constroem a identidade de

uma população” (Loza, 2002: 27). Gaspar Martins Pereira, numa forma um tanto poética, faz

uma síntese da visão da cidade do Porto sobre si mesma, descrevendo-a como “aberta ao

mundo, das Descobertas, onde nasceu o Infante D. Henrique, muitas viagens para lá do mar.

Porto. Cidade barroca, de igrejas e conventos, talha dourada, do ouro do Brasil, riqueza do

vinho, do ouro do Douro. Memória do comércio de muitas mercadorias. Cidade entre o rio e

do mar, de bruma e azulejos. Cidade Cais, de produtos e de gentes, do Norte de Portugal.

uma história menos ligada à narrativa dos acontecimentos e mais à análise das estruturas, estendendo-se todas as

atividades humanas e passando a incorporar métodos das ciências sociais.

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Saudades do Brasil. Cidade do trabalho, das fábricas oitocentistas. Bruma e fumo. E ferro.

Cidade liberal, burguesa e romântica, dos cafés, passeios na Foz, junto ao mar, ao fim de

tarde. Jardins, cidade verde. Cidade do vinho. Do Porto, claro.” (Pereira, 1998: 152)

José Manuel Lopes Cordeiro (2002) entende que há diversas dimensões que marcam a

componente imaterial da cidade e que têm perdurado no tempo, definem e nutrem o

imaginário e a identidade portuenses. A primeira dimensão tem a ver com o Porto enquanto

gérmen da nacionalidade portuguesa e do seu nome, a partir das localidades primitivas de

Portus e de Cale, depois Portucale. A segunda dimensão relaciona-se com o facto de a cidade

ter servido de berço ao Infante D. Henrique, personagem-chave no processo da expansão

portuguesa. A terceira dimensão destaca a participação da população no abastecimento de

víveres da armada que foi conquistar Ceuta em 1415, cedendo a carne e ficando apenas com

as vísceras, episódio ao qual ficariam a dever o epíteto de tripeiros que os portuenses mantêm

até à atualidade. A quarta dimensão resultaria da renovação urbana que a cidade sofreu no

século XVIII que a projetou para fora da cintura medieval das muralhas fernandinas, por

iniciativa de João de Almada e Melo e seu filho, tendo por base lotes estreitos e compridos –

com 5,5 m de frente e 100 m de profundidade –, marcando, não apenas a arquitetura da

cidade, mas também as identidades locais. À face da rua nasceram edifícios altos e esguios

enquanto nas traseiras se criaram as ilhas, como tentativa de responder à enorme procura de

habitação, originada pela chegada contínua à cidade de contingentes de trabalhadores rurais

atraídos pelas indústrias do século XIX. Pelo levantamento efetuado por Ricardo Jorge em

1899, sabemos que havia 1 048 ilhas na cidade, com 11 129 casas, aí vivendo mais de 50 mil

pessoas, ou seja, um terço da população total do Porto (Almeida, 2006: 72).

Mas, às dimensões de Cordeiro, podemos juntar outros episódios da história da cidade

e da vivência dos seus cidadãos que foram sendo mais ou menos mitificados e que constituem

a argamassa de identidade portuense: A forma como o Porto se bateu na Idade Média pelo

privilégio régio de limitar a permanência de nobres na cidade; o tato negocial de Afonso

Martins Alho; o sofrimento provocado pelo desastre da Ponte das Barcas, na sequência das

Invasões Francesas; o prestígio internacional do vinho do Porto e a influência da relevante

comunidade britânica no burgo; o episódio do Cerco do Porto, quando a cidade superou com

sucesso um ano de fome, peste e guerra, obtendo como reconhecimento o coração de D. Pedro

e a atribuição do título de “Invicta”; o pioneirismo do 31 de Janeiro, a revolta republicana

(falhada) de 1891; os escritores e os poetas da cidade (Júlio Dinis, Garrett, Eugénio de

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Andrade); a resistência ao totalitarismo expressa em episódios como a carta aberta do bispo

D. António Ferreira Gomes a Salazar, que lhe valeu o exílio, e o apoio inexcedível da cidade à

candidatura à Presidência de Humberto Delgado, que o levou a exclamar “O meu coração

ficará no Porto!”, em 1958; o Porto enquanto capital do trabalho; o valor da palavra dada; o

subir a pulso e ter bom nome na praça; as contas à moda do Porto; a genialidade de Nasoni,

dos Almadas e da escola de arquitetura do Porto; o Douro e o “timbre pardacento” da cidade;

os bairros sociais; o comércio tradicional; o vernáculo portuense; a espontaneidade popular da

festa do São João; o Centro Histórico como Património da Humanidade; a afirmação nacional

e internacional do principal clube de futebol da cidade – de tudo isto, e mais, é feita a

identidade portuense.

7. Páginas sobre o Porto no Facebook

O Facebook tem um número sempre crescente de páginas dedicadas a variadíssimos

temas, incluindo o Porto. Algumas das mais relevantes são:

“O Porto a Pé”9: página criada a 18 de fevereiro de 2013, tendo como grande objetivo

a promoção de percursos pedestres urbanos pela cidade, com especial atenção ao ambiente, à

fotografia, à cultura e ao lazer. Tem fotografias organizadas por álbuns e separadores com os

eventos (percursos pedestres organizados). A 19 de janeiro de 2014, a página tinha 2.985

gostos, provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária mais representativa dos seus

seguidores era a dos 35 aos 44 anos de idade.

“O Porto é. Oporto is.”10

: página alegadamente fundada em 2010, mas com o seu

primeiro post em 2 de setembro de 2013 e gerida por Conceição Ferreira, fotógrafa. Funciona

em articulação com o blogue “C&L Design e Arquitectura”11

. A página tem como objetivo a

divulgação do trabalho fotográfico da autora. Tem fotografias, muitas de grande beleza, se

bem que não devidamente organizadas por álbuns e todas com marca d’água “O Porto é…”.

A 19 de janeiro de 2014, a página tinha 2.553 gostos, provenientes maioritariamente do Porto.

A faixa etária mais representativa dos seus seguidores era a dos 35 aos 44 anos de idade.

9 http://www.facebook.com/pages/O-Porto-a-P%C3%A9/167262463421902?fref=ts [Consult. 19 jan. 2014]

10 http://www.facebook.com/pages/O-Porto-%C3%A9-Oporto-is/190157737720335?ref=ts&fref=ts [Consult. 19

jan. 2014] 11

http://cldesignarquitectura.blogspot.pt/ [Consult. 19 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 13

“O Porto encanta”12

: criada em fevereiro de 2012 e gerida por Rita Branco, uma

brasileira radicada no Porto e uma apaixonada pela cidade. Tem fotografias organizadas por

álbuns. A página existe como forma de promoção de um blogue13

com o mesmo nome e da

mesma autora, onde publica as suas impressões da cidade e dá sugestões de visitas. A 19 de

janeiro de 2014, a página tinha 1.699 gostos, provenientes maioritariamente do Porto. A faixa

etária mais representativa dos seus seguidores era a dos 35 aos 54 anos de idade.

“O Porto Reaparecido - viagens no tempo”14

: página criada a 26 de janeiro de 2013,

com o objetivo de promover a organização de visitas históricas pela cidade, para “desvendar a

sua história, descobrir os seus segredos e apreciar a sua evolução”15

. Tem fotografias

organizadas por álbuns, separadores com os eventos (percursos pedestres organizados) e

calendário das próximas iniciativas. A 19 de janeiro de 2014, a página tinha 1.873 gostos,

provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária mais representativa dos seus

seguidores era a dos 35 aos 44 anos de idade.

“Porto, a cidade que nos une!”16

: página criada a 5 de fevereiro de 2010 e gerida por

Fernando Vilarinho e Jorge Torres, tendo como objetivo a “divulgação nas vertentes cultural,

social e histórica do Porto”17

. Tem fotografias organizadas por álbuns. A 19 de janeiro de

2014, a página tinha 68.760 gostos, provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária

mais representativa dos seus seguidores era a dos 25 aos 44 anos de idade.

“Porto A Melhor Cidade do Mundo”18

: página criada em janeiro de 2011, definindo-

se como a “página oficial de todos que adoram esta cidade!”19

Tem fotografias, se bem que

não devidamente organizadas por álbuns. A 19 de janeiro de 2014, a página tinha 10.591

gostos, provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária mais representativa dos seus

seguidores era a dos 25 aos 44 anos de idade.

“Porto a melhor cidade do País”20

: página criada a 5 de janeiro de 2010, dedicada à

promoção de fotografias e de eventos que decorrem na cidade do Porto. Tem fotografias, se

bem que não devidamente organizadas por álbuns. A 19 de janeiro de 2014, a página tinha

12

http://www.facebook.com/OPortoencanta [Consult. 19 jan. 2014] 13

http://www.oportoencanta.com [Consult. 19 jan. 2014] 14

http://www.facebook.com/OPortoReaparecido [Consult. 19 jan. 2014] 15

http://www.facebook.com/OPortoReaparecido/info [Consult. 19 jan. 2014] 16

http://www.facebook.com/cidadedoporto [Consult. 19 jan. 2014] 17

http://www.facebook.com/cidadedoporto/info [Consult. 19 jan. 2014] 18

http://www.facebook.com/pages/Porto-A-Melhor-Cidade-do-Mundo/173404846028209?fref=pb [Consult. 19

jan. 2014] 19

http://www.facebook.com/pages/Porto-A-Melhor-Cidade-do-

Mundo/173404846028209?id=173404846028209&sk=info [Consult. 19 jan. 2014] 20

http://www.facebook.com/Porto.Melhor.Cidade [Consult. 19 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 14

242.846 gostos, provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária mais representativa

dos seus seguidores era a dos 18 aos 24 anos de idade. De todas as páginas de promoção do

Porto, está é, de longe, a mais popular e a que tem o contingente de seguidores mais jovem.

“Porto de Paixão”21

: página criada em 20 de outubro de 2013, definindo-se como tem

por objetivo promover “A cidade do Porto, Portugal, em todas as suas vertentes; e também as

paixões de todos nós, ancoradas nos portos desta vida.”22

Tem fotografias, se bem que não

devidamente organizadas por álbuns. A 19 de janeiro de 2014, a página tinha 12.369 gostos,

provenientes maioritariamente do Porto. A faixa etária mais representativa dos seus

seguidores era a dos 18 aos 24 anos de idade.

8. A página “Porto Desaparecido”

A página “Porto Desaparecido” foi criada em 13 de abril de 2012 e é gerida por seis

administradores: Dinis Fonseca, Joana Amoroso, Manuel de Sousa, Paulo Campos Correia,

Pedro Almeida e Sílvia Cardoso.

No separador “Boas-vindas” estão expressos os objetivos da página: “O Porto

Desaparecido é uma página do Facebook que se dedica à divulgação da história do Grande

Porto, recorrendo a imagens e fotografias antigas para ilustrar pequenas histórias ligadas aos

monumentos ou às personalidades da cidade. Como o nome indica, privilegiamos o que se foi

perdendo pela voragem do tempo e que, muitas vezes, surpreende o portuense de hoje. A

página nasceu da convicção de que a melhor forma de entender a cidade em que vivemos é

através do conhecimento da sua história, pelo que procuramos também pôr o portuense a

refletir e a discutir sobre a sua urbe […]. Esperamos que goste das imagens e das histórias que

diariamente publicamos na página Porto Desaparecido e convidámo-lo(a) a também partilhar

connosco a sua opinião e/ou a sua história pessoal relativa ao tema que cada publicação possa

despertar.”23

8.1 Os públicos da página

A página tinha, a 5 de dezembro de 2013, 46.195 “gostos”. Destes 48% eram mulheres

e 52% homens. Em média, no Facebook esta diferença entre géneros é um pouco mais

acentuada: 46% mulheres e 54% homens.

21

http://www.facebook.com/portodepaixao [Consult. 19 jan. 2014] 22

http://www.facebook.com/portodepaixao/info [Consult. 19 jan. 2014] 23

http://www.facebook.com/PortoDesaparecido/app_242743749084709 [Consult. 19 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 15

Figura 1 – Perfil demográfico dos fãs da página “Porto Desaparecido” do Facebook. Fonte: Facebook24

A distribuição demográfica dos seguidores da página difere em grande medida da

média do Facebook. A faixa etária mais representada no Facebook é a dos 18 aos 24 anos de

idade, tando do sexo feminino como do masculino. Na página “Porto Desaparecido”, no

entanto, é a dos 35 aos 44 que representa 14,2% dos seguidores do sexo masculino e 12,3%

do sexo feminino. O segundo grupo mais relevante é o dos 25 aos 34 anos de idade, com

13,1% do sexo masculino e 11% de feminino. As faixas etárias mais elevadas – dos 45 aos 54,

dos 55 aos 64 e mais de 65 anos – todas exibem um peso percentual sobre o total de

seguidores da página superior à média do Facebook. Pelo contrário, as faixas dos 13 aos 17 e

dos 18 aos 24 anos têm um peso muito reduzido na página, ao contrário do que sucede na

média do Facebook. O “Porto Desaparecido” é, portanto, uma página dirigida a um público

mais maduro do que a média das páginas existentes no Facebook.

Figura 2 – Distribuição geográfica dos fãs da página “Porto Desaparecido” do Facebook. Gráfico de elaboração própria.

Fonte: Facebook25

24

http://www.facebook.com/PortoDesaparecido?sk=page_insights&section=navPeople [Consult. 5 dez. 2013]

Portugal

Brasil

Resto da Europa

Resto do Mundo

Manuel de Sousa Página 16

Figura 3 – Distribuição por cidade dos fãs da página “Porto Desaparecido”

do Facebook. Tabela de elaboração própria. Fonte: Facebook26

Pelos dados estatísticos facultados pelo Facebook,

ficamos a saber que 36.647 fãs da página têm residência

em Portugal, ou seja, 79,3% do total. O segundo grupo

mais representativo é o do Brasil com 5.127 seguidores,

com um peso de 11,1%. Os restantes estão divididos por

43 países, os quais agrupamos em dois conjuntos: “Resto

da Europa”27

: 2.577 seguidores, 5,6% do total; “Resto do

Mundo”28

: 1.844 fãs, 4% do total.

A forte preponderância de Portugal e do Brasil (no

seu conjunto: 90,4%) justifica-se pela temática muito

local da página – que interessará, acima de tudo, a

portugueses e luso-descendentes – e pelo uso exclusivo da

língua portuguesa.

Fazendo a análise por cidade, o Porto29

ocupa uma

posição de grande destaque sobre os demais com um total

de 15.319 fãs. Em segundo lugar, mas a uma grande

distância, Vila Nova de Gaia30

, com 3.466. Lisboa surge,

talvez surpreendentemente, na terceira posição, com

2.070 seguidores. Seguem-se três concelhos do Grande

25

http://www.facebook.com/PortoDesaparecido?sk=page_insights&section=navPeople [Consult. 5 dez. 2013] 26

http://www.facebook.com/PortoDesaparecido?sk=page_insights&section=navPeople [Consult. 5 dez. 2013] 27

Países que constituem este grupo, por ordem decrescente de fãs: Reino Unido, França, Espanha, Suíça,

Alemanha, Itália, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Polónia, Roménia, República Checa, Grécia, Finlândia,

Áustria, Hungria, Rússia, Dinamarca, Sérvia, Bulgária e Lituânia. Para simplificação, os fãs da Rússia (13)

foram considerados como estando na Europa. 28

Países que constituem este grupo, por ordem decrescente de fãs: Estados Unidos da América, Angola, Canadá,

Moçambique, México, Venezuela, Argentina, Cabo Verde, Índia, Egito, Noruega, Austrália, Turquia, Suécia,

Marrocos, Irlanda, Peru, Chile, Macau, África do Sul, Indonésia e Tailândia. Para simplificação, os fãs da

Turquia (28) foram considerados como estando fora da Europa. 29

Para a quantificação dos seguidores da página residentes no Porto, somou-se o que nas estatísticas do

Facebook surge como “Porto, Portugal”, “Oporto, Porto, Portugal” e “Foz do Douro, Porto, Portugal”. 30

Para a quantificação dos seguidores residentes em Vila Nova de Gaia, somou-se o que nas estatísticas do

Facebook surge como “Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal” e “Gaia, Porto, Portugal”.

Manuel de Sousa Página 17

Porto: Matosinhos31

, Maia e Gondomar32

, com, respetivamente, 1.958, 1.545 e 1.039 fãs.

No ranking das cidades com mais de 100 seguidores, encontramos cinco do Brasil:

São Paulo (7.ª posição, com 571 fãs), Rio de Janeiro (9.ª posição, com 516), Fortaleza (29.ª

posição, 110), Porto Alegre (33.ª posição, 101) e Salvador (34.º lugar, com 100).

Fora de Portugal, é de referir, também, Londres (16.ª posição), Paris (23.ª) e Luanda

(27.ª). Não temos dados que suportem esta afirmação, mas admitimos que se estejamos

perante portugueses, provavelmente portuenses, radicados nessas cidades.

8.2 A página como repositório patrimonial

A 19 de janeiro de 2014, a página “Porto Desaparecido” exibia um total de 2.636

imagens distribuídas por 38 álbuns, organizados por assuntos (ver Anexo II). Salvo raríssimas

exceções, todas as fotografias publicadas despertam abundantes comentários dos seguidores

da página que, com frequência, entram em diálogo entre si sobre os diversos temas.

O Anexo II reúne as fotografias que mereceram mais de mil “gostos”. Curiosamente,

não são as fotografias mais raras e antigas que são as mais populares, mas antes aquelas que

trazem recordações e/ou que constituem referências atuais dos portuenses: o inesquecível

palácio de Cristal, demolido na década de 1950; cafés e esplanadas da Foz e de Espinho; a

bruma da Ribeira; a avenida dos Aliados antes das alterações introduzidas pela intervenção de

Siza Vieira; o ar campestre de certas da zona do Bom Sucesso; o ar pacato da noite na rua de

Santa Catarina.

Na verdade, testemunhamos aqui a tal “nostalgia de um referencial perdido” de

Baudrillard ou o tal “mal-estar moderno” de Lowenthal (cit. Faria e Almeida, 2006: 126-127).

Este apego dos portuenses ao passado da cidade – em alguns casos, até não tão distante – será

uma reação coletiva à suposta perda de valores e de referências culturais, provavelmente

agudizado pelo clima de crise económica e de incerteza em relação ao futuro que se vive, pelo

menos, desde 2011, quando o país teve de recorrer a um resgate financeiro da troika

constituída pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia.

31

Inclui não apenas “Matosinhos, Porto, Portugal”, como também “Leça da Palmeira, Porto, Portugal”, “Senhora

da Hora, Porto, Portugal” e “São Mamede de Infesta, Porto, Portugal”. 32

Inclui “Gondomar, Porto, Portugal” e “Rio Tinto, Porto, Portugal”.

Manuel de Sousa Página 18

8.3 Interação dos públicos

O separador “Testemunhos” da página “Porto Desaparecido”33

reúne algumas das

mensagens enviadas pelos seguidores da página. Na impossibilidade prática de fazer uma

análise abrangente aos largos milhares de comentários que os seguidores foram deixando em

cada fotografia, limitamos a análise aos 225 comentários aqui coligidos. Estes comentários

expressam as diferentes reações que a página despertou junto dos seus seguidores.

Alguns comentários denotam um certo saudosismo, uma vontade de regresso ao

passado e de encontrar um “Porto ideal”: “Obrigada pela oportunidade de rever a minha

cidade como era antigamente. Dá vontade de ter uma máquina do tempo” – Alexandra

Vilarinho da Silva (06-10-2012). “Obrigada por estas viagens no tempo!” – Ana Paula Allen

(04-07-2013). “Viajei sem sair do lugar!” – Hélder Magalhães (07-06-2013). “Este é o Porto

que eu procurava!” – Lourdes Picão (10-10-2012). “Acho a iniciativa fantástica, viajar no

tempo pela cidade!” – Maria Silva (13-08-2012). “Lindas imagens que nos recordam a nossa

mocidade, onde a natureza era tão linda e o povo mais unido, onde uma criança brincava e

passeava sem medo.” – Marie Correia (02-03-2012). “Conhecer o Porto nas várias fases do

seu esplendor é de nos fazer sentir orgulhosos por aquilo que os portuenses já fizeram. Pena

que se destrua alguma dessa história, em nome do betão.” – Paulo Justo (07-11-2012)

Não são só os portugueses que seguem a página. Há-os também do Brasil: “Nós, cá do

Brasil, nos esquecemos de quão o Porto nos fez... Aí estavam as principais editoras que, até o

começo do século XX, nos imprimiam quase todos os livros. Como é o caso da Livraria

Chardron, de Lello e Irmãos.” – André Koehne (31-05-2013). E de Moçambique: “Eu sou

moçambicano, mas amo tudo que é originário da cidade do Porto, a começar pela equipe

principal de futebol. Adorei saber um pouco mais da cidade que um dia pretendo conhecer.” –

Evaristo Virgílio Ualoja (06-09-2012).

Alguns seguidores veem na página, acima de tudo, o seu caráter didático: “Nasci e

cresci na Baixa, mas só agora estou verdadeiramente a aprender.” – Cátia Torres (18-02-

2013). “Cada vez tomo mais consciência do pouco que sei, mas, ao mesmo tempo, do muito

que vale a minha cidade.” – Cesar Domingos Gonçalves Jesus (11-07-2013). “Esta página é,

sem dúvida, uma constante aula de história sobre a nossa cidade.” – Hugo Lopes (30-04-

2013). “Uma Bíblia iconográfica para o conhecimento do passado do Porto. Um instrumento

incontornável para os amantes e investigadores da memória da cidade e das suas gentes.” –

33

http://www.facebook.com/PortoDesaparecido/app_241368579222450 [Consult. 19 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 19

Joel Cleto (17-09-2013). “Esta deve ser das páginas mais interessantes do Facebook.

Obrigada pela partilha da história que nos é mais próxima, mas que muitas vezes

desconhecemos.” – Mariana Negrão (11-06-2013). “Efetivamente há muito da história do

Porto que passa despercebida a muita gente e não só factos e edifícios/monumentos, mas

também a história de personagens únicas no País pelos seus feitos.” – Miguel Vidal Pinheiro

(01-01-2013). “Nunca mais verei o Porto da mesma forma! Depois de ver tantas fotos do

Porto antigo, quando ando pela cidade vejo muito para além do que está à vista...” – Vânia

Figueira (24-05-2013)

Para outros, a visualização das fotografias da página, desperta-lhes orgulho na sua

cidade e aumenta a sua autoestima: “Cada vez mais orgulho-me de ter nascido no Porto!” –

Daniel Rodrigues (27-09-2012). “Uma lufada de ar fresco para a autoestima dos portuenses.”

– Fausto Santos (01-01-2013)

A página serve também para refrescar a memória individual e coletiva: “Parabéns pelo

efeito que está a ter na divulgação de um passado distante, mas que está presente na memória

de muitos.” – Gentil Gomes da Costa (13-04-2013). “Hoje olho para as ruas do Porto de outra

maneira, depois de certas descobertas nesta página.” – José Lopes (28-01-2013). “Os meus

agradecimentos por me oferecerem o privilégio de regressar no tempo e no espaço, através

das vossas maravilhosas fotografias, pelas quais revivo a minha infância.” – Manuel Neto

(25-09-2012). “Ajuda-me muito a recordar os anos que vivi no Porto.” – Marcello Amorim

(07-04-2013). “Agradeço a recuperação e a manutenção da memória do passado no presente e

para o futuro.” – Patrícia Santos (30-04-2013). “Esta página é uma oportunidade para

relembrar o Porto e conhecê-lo numa outra época. O passado enriquece o nosso presente.” –

Paula Nogueira (04-10-2012). “Obrigado por me dar a conhecer o que eu não cheguei a

conhecer e a reconhecer tudo quanto foi desaparecendo ao longo da minha vida. Em muitos

casos, sem que a cidade ganhasse o que quer que fosse.” – Vítor Manuel Sousa Pereira (30-

04-2013).

Seguidores há que prezam a valorização do património que a página promove: “Uma

página extraordinariamente valiosa... Muito obrigado por este trabalho de partilha, divulgação

e valorização do património histórico-cultural (e não só)” – Pedro Jorge Pereira (29-10-2012).

“Um profundo agradecimento por mostrar e fazer recordar o que de belo existiu em tempos

que já lá vão, em que a cidade era bafejada por jardins feitos de flores e não cimento.” – Rui

Miguel (17-05-2013). “Esta página deveria ser reconhecida como de interesse histórico-

Manuel de Sousa Página 20

cultural nacional. Reflete a vivência dos nossos antepassados, de valor incalculável ao nível

do nosso património sociocultural.” – Veríssimo Dias (04-01-2013).

Por último, há também quem refira que a página até causa habituação: “Não passo sem

fazer uma visita diária a esta enciclopédia!” – Ricardo Sousa (03-01-2013).

Conclusão

Ao longo destas duas dezenas de páginas analisámos a página “Porto Desaparecido” à

luz da algumas das matérias abordadas na unidade curricular de Sociologia do Turismo, bem

como das problemáticas levantadas nas aulas.

Na verdade, um indivíduo dificilmente se poderá identificar como turista – “pessoa

que vem de fora da região, fica pelo menos uma noite e utiliza serviços turísticos” – ou

visitante – “qualquer pessoa oriunda de dentro ou de fora da região que utilize serviços

turísticos” (Turismo de Portugal / UNESCO, 2013: 93) – pelo simples facto de ser um

seguidor da página “Porto Desaparecido”. Pelo menos, não na aceção tradicional destes

termos. No entanto, à luz de uma interpretação mais abrangente que admita, não apenas a

mobilidade física do turista/visitante, mas também a sua mobilidade simulada, podemos

incluir os seguidores da página numa categoria de turismo virtual. Estamos perante uma

forma de turismo que não implica apenas uma deslocação simulada no espaço, como também

uma viajem pelo tempo, entre a atualidade e os mesmos locais há 50, 100 ou mais anos atrás.

Tal perceção é mesmo patente em comentários e declarações dos seguidores da página

que afirmam sentir-se a “viajar no tempo” ao percorrer as fotografias exibidas na página.

Componente fundamental para entender a aceitação da página é também o facto de ela

invocar constantemente o património e apelar à memória e à identidade portuenses,

componentes particularmente relevantes em contextos de ameaça (real ou imaginada) aos

valores e às referências culturais a que a faixa etária preponderante da página (dos 35 aos 44

anos de idade) se habituou a ter como certa.

“Este é o Porto que eu procurava!” – frase de Lourdes Picão, uma seguidora da página,

de certa forma, resume o porquê da aceitação da página.

Manuel de Sousa Página 21

Glossário

Comunidade virtual

O termo comunidade remete para um sentido alargado de família próprio dos núcleos

rurais pré-industriais que, em grande parte, desapareceram à medida que a modernidade e a

urbanização se foram impondo (Recuero, 2005). O advento da comunicação mediada por

computador veio possibilitar o estabelecimento de novas formas de conexão e de interação,

formando comunidades, já não rurais, mas sim virtuais. Rheingold (1993) foi um dos

primeiros autores a utilizar o termo comunidades virtuais, definindo-as como “aglomerados

sociais que surgem da Internet quando uma quantidade bastante de pessoas mantém essas

discussões públicas durante um tempo necessário, com suficientes sentimentos humanos, para

formar redes de relações pessoais no ciberespaço.”34

Facebook

É uma rede social virtual lançada em 2004 propriedade da Facebook Inc, criada

originalmente por Mark Zuckerberg e alguns colegas da Universidade Harvard. Em setembro

de 2012, The Wall Street Journal informava que o Facebook já tinha ultrapassado a marca dos

mil milhões de utilizadores ativos (Fowler, 2012). Dados de junho do mesmo ano indicavam

que em Portugal existiam 5 950 449 de utilizadores da Internet e 4 663 060 subscritores do

Facebook35

.

Fotografia

É uma técnica de criação de imagens através da exposição luminosa, fixando-as numa

superfície sensível. A primeira fotografia conhecida data de 1826 e é atribuída ao francês

Joseph Nicéphore Niépce. O desenvolvimento da fotografia resultou da acumulação de

descobertas e aperfeiçoamentos de muitos autores ao longo dos anos. Como produto de

consumo, a fotografia popularizou-se a partir de 1888 com a comercialização pela empresa

Kodak das máquinas portáteis dotadas de filme fotográfico em rolos substituíveis, invenção

do norte-americano George Eastman. O aparecimento da tecnologia digital, no final do séc.

XX, e a incorporação de câmaras fotográficas em telefones móveis universalizaram e

34

No original: “Virtual communities are social aggregations that emerge from the Net when enough people carry

on those public discussions long enough, with sufficient human feeling, to form webs of personal relationships in

cyberspace.” http://www.rheingold.com/vc/book/intro.html [Consult. 09 jan. 2014] 35

http://www.internetworldstats.com/europa.htm#pt [Consult. 09 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 22

massificaram o uso da fotografia. A fotografia sempre exerceu um enorme fascínio pela

perpetuação dos instantes registados. “Toda a fotografia representa […] uma interrupção do

tempo e, por isso, da vida. O fragmento selecionado do real, a partir do instante em que foi

registado, permanecerá para sempre interrompido e isolado na bidimensão da superfície

sensível […]. A partir do momento em que o processo se completa, a fotografia carregará em

si aquele fragmento congelado da cena passada materializado iconograficamente.” (Kossoy,

2001: 36 e 37)

Património cultural

“O património cultural português é constituído por todos os bens materiais e imateriais

que, pelo seu reconhecido valor próprio, devam ser considerados como de interesse relevantes

para a permanência e identidade da cultura portuguesa através do tempo.” (Lei n.º 13/85: art.º

1.º)

Rede social

É um sítio na Internet que permite a construção de relações sociais entre pessoas com

interesses, atividades ou experiências comuns, possibilitando a partilha de fotografias,

comentários, atividades ou eventos. Assim, podemos definir redes sociais como sítios que,

tendo por base as tecnologias da Web 2.0, permitem uma ampla interação social, a formação

de comunidades e o desenvolvimento de projetos colaborativos (Bruns e Bahnisch, 2009).

Turismo cultural

Modalidade do turismo que “compreende as atividades turísticas relacionadas à

vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos

eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.”

(Ministério do Turismo, [s/d]: 13)

Web 2.0

Termo popularizado em 2004 através da conferência O’Reilly Media Web 2.0 para

designar a segunda geração de serviços eletrónicos tendo a Internet como plataforma que

permitiram uma maior interação e participação dos utilizadores. Foi com a Web 2.0 que

surgiram as redes sociais virtuais, os blogues, as wikis, as aplicações web, os sites de partilha

de vídeos, entre outros. (O’Reilly, 2005)

Manuel de Sousa Página 23

Referências bibliográficas

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Turismo de Portugal / UNESCO (2013). Turismo e Património Mundial: Gestão do

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Urry, J., & Larsen, J. (2011). The Tourist Gaze 3.0. 3.ª ed. Londres: SAGE Publications.

Manuel de Sousa Página 25

Anexo I

Tabela com álbuns da página e número de fotografias por álbum em 20 de janeiro de 2014.

Fonte: Facebook.

Álbum N.º de fotos

Acidentes, tragédias e catástrofes 98

Antes e depois 19

Arruamentos desaparecidos 61

Cartografia portuense 82

Comércio, indústria e serviços do Porto antigo 125

Construções e demolições 94

Curiosidade e memorabília 11

Edifícios desaparecidos 164

Edifícios religiosos desaparecidos 56

Família portuense 36

Festas, comemorações e eventos 127

Fotos da cronologia 4

Fotos de capa 67

Fotos de perfil 21

Ilustrações de um Porto desaparecido 134

Imprensa desaparecida 10

Manifestações políticas e convulsões sociais 52

O Porto que nunca foi 48

Panoramas e fotografias aéreas do Porto antigo 59

Passeios temáticos 27

Personalidades desaparecidas 51

Ponte da Arrábida 31

Pontes desaparecidas ou desativadas 42

Porto Desaparecido na imprensa 36

Porto rural desaparecido 32

Publicidade desaparecida 183

Símbolos do Porto 42

Sinais do tempo I36

205

Sinais do tempo II37

30

Sinais do tempo III38

50

Sinais do tempo IV39

47

Sinais do tempo V40

71

Sinais do tempo VI41

82

Torre dos Clérigos 65

Transportes aéreos desaparecidos 10

Transportes fluviais e marítimos desaparecidos 70

Transportes terrestres desaparecidos 152

Vida quotidiana desaparecida 142

36

Imagens das freguesias portuenses de Cedofeita, Miragaia, Santo Ildefonso, São Nicolau, Sé e Vitória. 37

Imagens das freguesias portuenses de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. 38

Imagens das freguesias portuenses de Bonfim, Campanhã, Lordelo do Ouro, Massarelos, Paranhos e Ramalde. 39

Imagens dos concelhos de Espinho e de Vila Nova de Gaia. 40

Imagens dos concelhos de Gondomar, Maia, Matosinhos e Valongo. 41

Imagens dos concelhos da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde.

Manuel de Sousa Página 26

Anexo II

Imagens publicadas na página “Porto Desaparecido” que obtiveram mais de mil “gostos” em

20 de janeiro de 2014:

Panorama exterior do Mercado do Bom Sucesso, na Boavista. (1157 gostos)42

Interior do Palácio de Cristal durante um banquete. (1560 gostos)43

42

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=589773404411199&set=a.538071949581345.1073741833.33220194

0168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014] 43

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=587321111323095&set=a.333103353411540.89807.3322019401683

48&type=1 [Consult. 20 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 27

Venda ambulante de peixe junto à ponte Luís I, c.1960. (1029 gostos)44

Pormenor da nave central do antigo Palácio de Cristal. (1124 gostos)45

44

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=583473685041171&set=a.376079089113966.96130.3322019401683

48&type=1 [Consult. 20 jan. 2014] 45

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=577612338960639&set=a.333103353411540.89807.3322019401683

48&type=1 [Consult. 20 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 28

O riquíssimo interior de uma antiga farmácia, c.1910. (1661 gostos)46

Esplanada do Café Chinez em Espinho, em 1907. (1065 gostos)47

46

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=579485482106658&set=a.503882663000274.1073741827.33220194

0168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014] 47

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=579483315440208&set=a.376079089113966.96130.3322019401683

48&type=1 [Consult. 20 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 29

Praça da Liberdade e avenida dos Aliados, c.1965. (1070 gostos)48

Lavadeiras no rio Douro, c.1960. (1160 gostos)49

48

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=574614752593731&set=a.538071949581345.1073741833.33220194

0168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014] 49

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=574598565928683&set=a.503882663000274.1073741827.33220194

0168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014]

Manuel de Sousa Página 30

Chalé Suíço (ou "Chalet Suisso"), no jardim do Passeio Alegre. (1315 gostos)50

Vista noturna da rua de Santa Catarina, c.1965. (1172 gostos)51

50

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=572473612807845&set=a.503882663000274.1073741827.332201940168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014] 51

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=568144296574110&set=a.538071949581345.1073741833.332201940168348&type=1 [Consult. 20 jan. 2014]