Ministério de Desenvolvimento Social - World Bank Document
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Documento do
Banco Mundial
SOMENTE PARA USO OFICIAL
Relatório N°: 51185-BR
DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DO PROJETO
DE UM
EMPRÉSTIMO PROPOSTO
NO MONTANTE DE US$ 200 MILHÕES
PARA A
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PROJETO BOLSA FAMÍLIA
PARA APOIAR A SEGUNDA FASE DO
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
PROJETO CONSOLIDAÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E APOIO AO
COMPROMISSO NACIONAL PELO DESENVOLVIMENTO SOCIAL
9 de agosto de 2010
Unidade de Gestão do Setor de Desenvolvimento Humano
Unidade de Gestão de País – Brasil
Região da América Latina e do Caribe
A distribuição deste documento é restrita. Somente poderá ser utilizado por usuários no
desempenho de suas funções oficiais. O conteúdo deste documento não poderá ser divulgado
sem autorização prévia do Banco Mundial.
Pub
lic D
iscl
osur
e A
utho
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Pub
lic D
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utho
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Pub
lic D
iscl
osur
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utho
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Pub
lic D
iscl
osur
e A
utho
rized
ii
EQUIVALÊNCIA DA MOEDA
(Taxa de câmbio em vigor em 13 de novembro de 2009)
Unidade monetária = Real
1,73 Real = US$ 1
US$ 0.59 = 1 Real
EXERCÍCIO FINANCEIRO
1 de janeiro – 31 de dezembro
ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS
AAA APL
Atividades Analíticas e de Consultoria Empréstimo de Programa Adaptável
PBF Programa Bolsa Família BPC Benefício de Prestação Continuada CAS Estratégia de Assistência aos Países CCT Transferência Monetária Condicionada CDD Projeto de Desenvolvimento Voltado à Comunidade CEDEPLAR Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Universidade Federal de
Minas Gerais) CEF Caixa Econômica Federal CEL Comissão Especial de Licitação CGE Centro de Educação Global CIS Consórcio de Informação Social CMC Núcleo de Gestão CNDS Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social CRAS Centros de Referência da Assistência Social DFID DPI DSEI
Departamento de Desenvolvimento Internacional (DFID – Reino Unido). Diretoria de Projetos Internacionais Distritos Sanitário Especial Indígena
FUNAI Fundação Nacional do Índio FAO FGV
Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) Fundação Getúlio Vargas
FMA Avaliação da Gestão Financeira PIB Produto Interno Bruto GTZ Agência Técnica Alemã de Cooperação Técnica HFA Altura para a idade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estadística BID Banco Interamericano de Desenvolvimento IFPRI Instituto Internacional de Pesquisas em Políticas Alimentares OIT Organização Internacional do Trabalho INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPC Centro Internacional de Pobreza IPP IT
Plano para os Povos Indígenas Tecnologia da informação
MAS MDA
Ministério de Assistência Social Ministério do Desenvolvimento Agrário
ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
iii
MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome M&E MESA
Monitorização e avaliação Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar
MS Ministério da Saúde MDS Ministério de Desenvolvimento Social PAA PAC
Programa de Aquisição de Alimentos Programa de Aceleração do Crescimento
PNAD PETI
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
POM Manual de Operações do Projeto PPF Proposta de Financiamento do Programa PSND PSDB PT
Dívida Líquida do Setor Público Partido da Social Democracia Brasileira Partido dos Trabalhadores
SAA Secretaria de Assuntos Administrativos SAGI Secretaria da Avaliação e Gestão da Informação
SAIP Secretaria de Articulação e Inclusão Produtiva SENARC Secretaria Nacional de Renda de Cidadania SECEX Secretaria Executiva do Ministério de Desenvolvimento Social SEPPIR Secretaria de Promoção de Políticas de Inclusão Racial SIAB Sistema de Informações da Atenção Básica SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira SICONV Sistema de Convênios SINE Sistema Nacional de Emprego SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional SOE Extrato de despesas: SWAp Abordagem Setorial Ampla UGP Unidade de Gestão de Projetos PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
Vice-Presidente Pamela Cox
Diretor de País: Makhtar Diop
Diretor de Setor: Keith Hansen
Gerente Setorial: Helena Ribe
Chefe da Equipe do Projeto: Manuel Salazar
A distribuição deste documento é restrita. Somente poderá ser utilizado por usuários no
desempenho de suas funções oficiais. O conteúdo deste documento não poderá ser divulgado
sem autorização prévia do Banco Mundial.
BRASIL
Segunda Fase do Projeto Bolsa Família (APL 2)
iv
SUMÁRIO
Página
I. CONTEXTO ESTRATÉGICO E FUNDAMENTAÇÃO ................................................. 1
A. Questões nacionais e regionais ........................................................................................... 1
B. Fundamentação lógica da participação do Banco Mundial ................................................ 3
C. Objetivos de alto nível para os quais o projeto contribui.................................................... 4
II. DESCRIÇÃO DO PROJETO .............................................................................................. 5
A. Instrumento de empréstimo................................................................................................. 5
B. Objetivo e fases do programa ............................................................................................. 5
C. Objetivo do desenvolvimento do projeto e indicadores-chave ........................................... 7
D. Componentes do projeto ..................................................................................................... 8
E. Lições aprendidas e refletidas na elaboração do projeto .................................................. 11
F. Alternativas consideradas e motivos para a rejeição ........................................................ 13
III. IMPLEMENTAÇÃO ...................................................................................................... 14
A. Acordos de parcerias ......................................................................................................... 14
B. Disposições institucionais e de implementação ................................................................ 14
C. Monitoramento e avaliação dos resultados ....................................................................... 15
D. Sustentabilidade ................................................................................................................ 16
E. Riscos críticos e possíveis aspectos controversos ............................................................. 17
F. Condições e cláusulas do empréstimo/crédito .................................................................. 24
IV. RESUMO DA AVALIAÇÃO......................................................................................... 25
A. Análises econômicas e financeiras.................................................................................... 25
B. Técnico .............................................................................................................................. 26
C. Fiduciário .......................................................................................................................... 27
D. Social................................................................................................................................. 28
E. Meio ambiente .................................................................................................................. 29
F. Políticas de salvaguarda .................................................................................................... 30
G. Exceções e prontidão da política....................................................................................... 30
Anexo 1: País e setor ou antecedentes do programa ................................................................ 31
* GOB – Governo Brasileiro Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social –SAGI. ........... 67
v
Anexo 2: Principais projetos relacionados financiados pelo Banco Mundial e/ou outras
agências ........................................................................................................................................ 68
Anexo 3: Estrutura de resultados e monitoramento ................................................................ 71
Anexo 4: Descrição detalhada do projeto ................................................................................. 85
Anexo 5: Custos do Projeto ...................................................................................................... 109
Anexo 6: Dispositivos de implementação ................................................................................ 110
Anexo 7: Gestão Financeira e Dispositivos de Desembolso ................................................... 116
Anexo 8: Disposições sobre a aquisição .................................................................................. 126
Anexo 9: Análise econômica e financeira................................................................................ 133
Anexo 10: Problemas das políticas de salvaguarda ............................................................... 139
Anexo 11: Preparação e supervisão do projeto ...................................................................... 157
Anexo 12: Documentos no Arquivo do Projeto ...................................................................... 158
Anexo 13: Demonstrativo de empréstimos e créditos ............................................................ 159
Anexo 14: Visão panorâmica do país ...................................................................................... 165
Anexo 15: Mapas BIRD 33377R .............................................................................................. 167
vi
BRASIL
SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DO PROJETO
AMÉRICA LATINA E CARIBE
LCSHS-DPT
Data: 9 de agosto de 2010 Chefe da Equipe: Manuel Salazar
Diretor de País: Makhtar Diop
Gerente/Diretor de Setor: Keith Hansen
Setores: Outros serviços sociais (97%);
administração do Governo Central (2%);
administração do Governo Subnacional
(1%)
Temas: Redes de segurança social (100%)
Identidade do Projeto: P101504 Categoria Ambiental: C
Instrumento de empréstimo: Empréstimo
Programático Adaptável
Em conjunto com a IFC:
Nível conjunto:
Dados de Financiamento do Projeto
[X] Empréstimo [ ] Crédito [ ] Subsídio [ ]
Garantia
[ ] Outro:
Para Empréstimos/Créditos/Outros:
Financiamento Total do Banco (US$ milhões): 200.00
Termos da proposta: Compromisso vinculado a um Empréstimo Flexível do BIRD com um
spread variável, denominado em dólares dos Estados Unidos; taxa inicial capitalizada: datas de
pagamento: 15 de maio e 15 de novembro de cada ano com os seguintes termos: Cinco anos de
período de carência, 30 anos de prazo de amortização total, com amortização em cotas iguais;
todas as opções de conversão foram escolhidas; o teto da taxa de juros/prêmio da faixa da taxa
de juros a serem financiados com os fundos do empréstimo.
Plano de financiamento (US$ milhões)
Fonte Local Estrangeiro Total
Mutuário: 10015.00 0.00 10015.00
Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento
200.00 0.00 200.00
Total: 10215.00 0.00 10215.00
Mutuário:
República Federativa do Brasil
Ministério da Fazenda – PGFN
Esplanada dos Ministérios Bloco P
Brasília, DF, Brasil, 70048-900, Fax: (55-11) 3412-1740
Órgão Responsável: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Esplanada dos Ministérios, Bloco C
5o Andar Gabinete, CEP, Brasil, 70058-900
Tel: (55-61) 3433-1001 Fax: (55-61) 3433-1025
vii
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Esplanada dos Ministérios, Bloco C,
Brasília, DF, Brasil, 70058-900, Tel: 55 61 313-1630, Fax: 55 61 313-1728
Estimativa de desembolsos (Banco Mundial EF/US$ milhões)
EF EF11 EF12 EF13 EF14 EF15 EF16
Anual 2,73 96,79 96,38 2,08 1,22 0,80
Cumulativo 2,73 99,52 195,90 197,98 199,20 200,00
Período de implementação do projeto: Início : 1° de dezembro de 2010; Fim: 30 de dezembro
de 2015
Data prevista para entrada em vigor: 1º de dezembro de 2010
Data prevista para encerramento: 30 de dezembro de 2015
O projeto afasta-se do CAS em termos de conteúdo ou outro ponto
significativo? Ref. PAD I.C.
[ ]Sim [X]
Não
O projeto requer quaisquer exceções das políticas do Banco Mundial?
Ref. PAD IV.G. Essas exceções foram aprovadas pela Administração do Banco Mundial?
[ ]Sim [X]
Não
[ ]Sim [X] Não
Está sendo solicitada da Diretoria Executiva alguma exceção das políticas? [ ]Sim [X]
Não
O projeto inclui quaisquer riscos críticos classificados como "substanciais" ou
"altos"?
Ref. PAD III.E.
[ ]Sim [X] Não
O projeto atende aos critérios regionais de prontidão para implementação?
Ref. PAD IV.G.
[X]Sim [ ]
Não
Objetivo de desenvolvimento do projeto Ref. PAD II.C., Anexo Técnico 3
O projeto busca fortalecer a capacidade do Programa BF de alcançar seu objetivo de reduzir a
pobreza e a desigualdade e promover o desenvolvimento do capital humano mediante a melhoria
da situação da educação e da saúde e da redução da incidência de desnutrição entre a população
de baixa renda.
Descrição do Projeto Ref. PAD II.D., Anexo técnico 4
A segunda fase do projeto APL (2010-2015) consistiria em seis componentes, que incluem:
Componente 1: Transferências monetárias condicionadas (Subsídios do BF) (US$ 10
bilhões; financiamento do Banco Mundial: (US$ 185 milhões). O objetivo deste Componente
é cofinanciar o fornecimento de subsídios (os Subsídios do BF) para mães e outros membros da
família designados para permitir que suas famílias tenham acesso à saúde, educação e outros
serviços conforme descrição do Programa Bolsa Família e do Manual de Operações.
Componente 2: Fortalecimento do Cadastro Único como o Principal Instrumento de
Direcionamento para os Programas Sociais (US$ 6 milhões; financiamento do Banco
viii
Mundial: US$ 2,8 milhões). O APL 2 fornecerá apoio, treinamento, assistência técnica e custos
operacionais incrementais selecionados ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para
consolidar o Cadastro Único como o principal mecanismo usado para selecionar a população-
alvo do programa BF e de outros programas sociais e, o que é ainda mais importante, integrar os
programas sociais nos âmbitos federal e subnacional. Este Componente será executado pelo
MDS por intermédio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC).
Componente 3: Fortalecimento institucional para a consolidação do Programa Bolsa Família
(US$ 9,7 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 4,6 milhões) Este Componente,
também executado pelo MDS por intermédio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania
(SENARC), financiaria atividades voltadas para o fortalecimento da gestão, governança e
responsabilização do MDS para implementar o Programa BF.
Componente 4: Consolidação do Sistema de Monitoramento e Avaliação no Ministério do
Desenvolvimento Social (US$ 9,3 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 4,5
milhões). Este Componente fornecerá apoio, treinamento, assistência técnica, equipamentos e
custos operacionais incrementais selecionados para consolidar a capacidade dos ODMs de
monitorar e avaliar os programas sociais nos âmbitos federal e subnacional, além de fortalecer
sua capacidade.
Componente 5: Apoio ao Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social (CNDS)
(US$ 2,9 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 1,3 milhão). Este Componente
fornecerá apoio, treinamento, custos operacionais incrementais selecionados e assistência técnica
ao MDS para tornar operacional o Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social
(CNDS).
Componente 6: Apoio Operacional à Unidade de Implementação do Projeto no Ministério
do Desenvolvimento Social (US$ 1,7 milhão; financiamento do Banco Mundial US$ 1,2
milhão) Este Componente fornecerá apoio institucional à DPI para a implementação do projeto,
enfatizando a necessidade de transferência de conhecimento técnico para as equipes do MDS
mediante o fornecimento de bens e serviços necessários por esse motivo.
Quais são as políticas de salvaguarda iniciadas, se houver? Ref. PAD IV.F., Anexo técnico 10
Uma vez que o programa inclui os povos indígenas e os Quilombolas (descendentes de escravos
fugitivos) entre seus beneficiários, o projeto aciona O.P. 4.10
Condições não padronizadas significativas, se houver, para: Ref. PAD III.F.
Apresentação para a Diretoria:
N.A.
Condições de eficácia:
O empréstimo foi validamente registrado pelo Banco Central do Mutuário.
Condições de desembolso:
ix
O empréstimo tem as seguintes condições para desembolsos:
a) Para pagamentos efetuados antes da data do Contrato de Empréstimo, exceto que os
saques até um valor agregado não excedam US$ 2.700.000 e que o equivalente a
US$ 300.000 possa ser feito para pagamentos efetuados em até um ano antes dessa data
mas em 13 de novembro de 2009 ou depois, para Despesas Elegíveis nas Categorias (1) e
(2) respectivamente; ou
b) Para pagamentos cobertos pelas Categorias (1) e (2), a menos que a CEL seja formalmente
criada e dotada de pessoal de uma maneira aceitável para o Banco Mundial.
As seguintes cláusulas-chave também se aplicam:
a) Se, a qualquer momento, o Banco Mundial determinar que qualquer parcela dos
montantes desembolsados pelo MDS para a Conta do BF como Transferências de
Subsídios à BF (a) não foram utilizados para Subsídios do BF sacado pelos Beneficiários
do BF; ou (b) foram efetuados sem a conformidade com as respectivas condições e
requisitos para o fornecimento de Subsídios do BF, o Mutuário restituirá imediatamente
qualquer quantia ao Banco Mundial e o Banco Mundial determina já que este especificará
por notificação ao Mutuário.
b) O Mutuário manterá no MDS, durante a implementação do Projeto, uma estrutura
organizacional para a implementação do Projeto com funções e responsabilidades
estipuladas no Manual de Operações ("UIP"), sempre chefiado pela Secretaria Executiva
do MDS como seu Coordenador de Projeto e auxiliado por uma equipe em número
apropriado, todos com as qualificações e a experiência aceitáveis para o Banco, inclusive
pessoal, entre outras coisas, responsável pelo monitoramento, avaliação e supervisão da
execução do Projeto.
c) O Mutuário executará o Projeto em conformidade com o manual de operações,
satisfatório para o Banco Mundial (o Manual de Operações), o mencionado manual
deverá incluir entre outras coisas:
(i) os procedimentos para a execução, monitoramento e avaliação do Projeto (inclusive
os Indicadores) e os requisitos de aquisição e financeiros desse, inclusive os
documentos padrão para licitação, documentos a serem usados na Seção III. B. 2 do
Anexo 2 do Contrato:
(ii) a estrutura organizacional para a implementação de projetos; e
(iii) os critérios para identificação, registro e seleção dos Beneficiários do BF, os
requisitos a serem preenchidos pelos beneficiários do BF como condições para o
fornecimento dos Subsídios do BF (que incluirão aquelas estipuladas no Anexo 4 do
Contrato); os mecanismos para verificação da conformidade com as condições dos
Subsídios do BF; e o detalhamento dos procedimentos para a coordenação e
colaboração entre os municípios e outras instituições de cooperação, instituições
financeiras e outras partes interessadas na realização do projeto e nas disposições
sociais mencionadas no parágrafo (d) a seguir.
d) Sem limitação quanto às disposições do Capítulo 5.01 (b) das Condições Gerais, o
Mutuário, por intermédio do MDS, realizará o Projeto em conformidade com as
x
disposições dos Instrumentos Normativos e Administrativos dos Povos Indígenas e
Quilombolas Aplicáveis aos Mutuários conforme detalhado no Manual de Operações.
e) O Mutuário, por intermédio do MDS, garantirá que o Projeto será executado de acordo
com as disposições das Diretrizes de Combate à Corrupção.
1
I. CONTEXTO ESTRATÉGICO E FUNDAMENTAÇÃO
A. Questões nacionais e regionais
1. Ênfase renovada no crescimento com ganhos sustentáveis em equidade. Durante
seu primeiro período, a administração do Presidente Lula manteve uma estratégia dupla
de promover e manter o crescimento econômico, além de incentivar o progresso social
para enfrentar os desafios da desigualdade. Esta última foi substancialmente aprimorada
pela consolidação, expansão e melhorias no principal programa social do governo, o
Programa Bolsa Família (PBF). Em seu segundo período, a atual administração lançou
um impulso renovado para o desenvolvimento econômico e crescimento mais rápido,
além de ações para fortalecer ainda mais a política social e assegurar que os ganhos
recentes em equidade sejam sustentáveis, especialmente para enfrentar a atual recessão
econômica. Dentro deste contexto, o Governo tem dado especial atenção a: (a)
consolidação do Bolsa Família na essência da sua estratégia de rede de segurança social;
(b) sua complementação com outras iniciativas de proteção social além das transferências
monetárias condicionadas (CCTs) e (c) melhoria dos processos do programa para
servirem de porta de entrada para outras intervenções de geração de renda e
desenvolvimento de competências nas esferas federal e estadual, bem como para ajudar a
tratar de alguns impactos negativos dos recentes choques.
2. A partir de 2003, a pobreza e a desigualdade começaram a cair de forma
constante no Brasil, revertendo as tendências de agravamento das décadas
anteriores. Apesar dos altos gastos sociais e do crescimento econômico, a desigualdade
de renda e a elevada taxa de pobreza caracterizaram a realidade social do Brasil por
várias décadas. Desde 2003 o país vem fazendo progresso significativo na redução da
pobreza, diminuindo a desigualdade e aumentando as oportunidades de desenvolvimento
para as suas populações vulneráveis. Entre 2003 e 2008, a taxa de pobreza caiu de 39%
para 25 %, enquanto a pobreza extrema caiu de 18% para 9%. O coeficiente Gini caiu em
8,4% em apenas 7 anos, de 0,59 em 2001 para 0,54 em 2008, seu nível mais baixo nas
três últimas décadas. Embora o progresso econômico tenha influenciado a redução da
pobreza e da desigualdade, as transferências monetárias condicionadas do PBF também
desempenharam um papel importante. Conforme demonstrado a seguir, cerca de um
quinto da redução da pobreza e da desigualdade pode ser atribuído ao impacto do
Programa Bolsa Família.
3. Com a aproximação do final do segundo e último mandato do governo atual, a
ênfase passou a ser a intensificação da consolidação da política social e da
arquitetura do Programa Bolsa Família (PBF), bem como assegurar a
sustentabilidade dos recentes ganhos em igualdade. O governo está focado em garantir
os ganhos dos últimos anos. Para assegurar a assistência contínua às populações
vulneráveis, está preparando o terreno para que o Bolsa Família desempenhe uma função
importante como espinha dorsal de um amplo sistema de Redes de Segurança Social
associado a atividades complementares para melhorar as oportunidades de renda. Para
tanto, o grande desafio será a melhoria das ligações entre o PBF e outros programas
sociais de modo que os beneficiários possam aproveitar integralmente as ferramentas
disponíveis para ajudá-los a sair da pobreza. Isso inclui a melhoria da educação dos
2
beneficiários, o fortalecimento das aptidões necessárias para conseguir e manter o
emprego e o desenvolvimento de outras atividades geradoras de renda.
4. O gasto social do Brasil tem sido elevado em comparação com os outros países
da região, mas o Bolsa Família ainda é um programa relativamente pequeno.
Embora o Bolsa Família tenha tido um crescimento muito rápido entre 2003 e 2009, o
programa ainda é uma intervenção relativamente pequena no Brasil, representando menos
de 3% do gasto social e 0,4% do PIB de 2009. Os programas de assistência social
representaram menos de 4% das despesas sociais federais em 2000. Esse número
aumentou para mais de 7% em 2008. Com o aumento da popularidade dos programas
CCT e sua transformação no elemento central da assistência social, os gastos com o
Bolsa Família (ou os programas que o precederam) elevaram-se de menos de 10% do
orçamento de Assistência Social em 2001 para quase 40% em 2008. O Bolsa Família
consolidou-se como o centro da assistência social; sua expansão foi gradualmente
acompanhada da desativação dos quatro grandes programas de transferência monetária
condicionada. Conforme demonstrado no Anexo 1, essa expansão do Bolsa Família não
solapou sua característica de selecionar os mais pobres e, atualmente, o programa é a
intervenção mais bem direcionada do Brasil, contribuindo para a significativa redução da
pobreza e da desigualdade. Estudos recentes demonstram que o Bolsa Família contribuiu
para 15% da redução do índice Gini entre 2003 e 2008, 14% da redução da pobreza
extrema e cerca de 35% da redução da lacuna em pobreza extrema no mesmo período.1
5. Desde sua criação em 2003, o PBF já avançou significativamente na direção dos
seus objetivos declarados. Respondendo às elevadas expectativas de progresso social, o
Governo ampliou a cobertura do Bolsa Família de 3,6 milhões de famílias em 2003 para
12 milhões (cerca de 48 milhões de pessoas e 25% da população brasileira) em agosto de
2009. Atualmente o Bolsa Família abrange todos os municípios brasileiros.. Para definir a
população-alvo, o Bolsa Família utiliza os mapas de pobreza preparados pelo instituto de
estatística (IBGE) e a análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
e Ministério do Desenvolvimento Social. Essa metodologia define a população-alvo no
âmbito municipal e a partir daí o MDS estabelece as quotas municipais. Fundamentado
nessa metodologia, o MDS definiu a meta inicial de 11,1 milhões de famílias, meta essa
que foi alcançada em 2006. Uma nova análise efetuada no início de 2009, acompanhada
de uma revisão do limiar de renda, bem como de considerações sobre a volatilidade da
renda, definiu a nova meta de 12,9 milhões de famílias a ser alcançada em 2010.
6. Embora os resultados da avaliação do impacto do PBF ainda não tenham sido
concluídos, já é possível perceber alguns impactos do programa. Conforme
explicação a seguir, o Bolsa Família é responsável por cerca de 20% da redução da
pobreza e da desigualdade desde 2001. Além disso, estudos regionais e federais sugerem
que o Bolsa Família tenha tido impactos líquidos na redução da desnutrição crônica e no
aumento do acesso e utilização dos serviços de educação e saúde. Ademais, o programa
não tem impacto negativo nas decisões sobre fornecimento de mão de obra e, ao
contrário, tem demonstrado afetar positivamente a participação das mulheres no mercado
1 Paes de Barros, R e M. Carvalho (2009) "Sobre o recente declínio acentuado da pobreza e da
desigualdade no Brasil." 2003-2008.
3
de trabalho. O PBF também tem contribuído para consolidar a estrutura institucional de
assistência ao setor social, fortalecendo os sistemas de monitoramento, supervisão e
avaliação do programa e consolidando o Cadastro Único como registro dos beneficiários
de programas sociais nas esferas federal e subnacional.
7. Bolsa Família: Desafios do programa. O PBF demonstrou ser capaz de impactar
o bem-estar das famílias pobres e está bem institucionalizado no centro do sistema
de proteção social no Brasil, mas ainda existem importantes desafios. O PBF precisa
ser consolidado em duas grandes áreas: (a) maior fortalecimento da arquitetura básica do
programa, inclusive a agilização dos processos e operações; e (b) desenvolvimento de
vínculos mais fortes com outras intervenções sociais e geração de emprego e
oportunidades de desenvolvimento de aptidões, para que possa garantir uma melhor via
de acesso para as famílias beneficiárias saírem da pobreza.
B. Fundamentação lógica da participação do Banco Mundial
8. Governo – Parceria com o Banco Mundial – O empréstimo proposto de US$ 200
milhões financiaria a Segunda Fase do Empréstimo de Programa Adaptável para o
Programa Bolsa Família. Conforme documentado acima, o PBF é fundamental para a
estratégia dupla de desenvolvimento social e econômico do Brasil. Além de fornecer
financiamento para o PBF, o empréstimo proposto é um veículo para a cooperação
técnica sustentada e o apoio ao programa. O APL2 tem dois objetivos estratégicos. Em
primeiro lugar, o Banco Mundial (Banco) fornecerá assistência técnica para o
fortalecimento da arquitetura básica do programa e para a implementação de reformas de
segunda geração como, por exemplo, realçar o papel do Cadastro Único para ter como
objetivo os programas sociais, consolidar o sistema de Monitoramento e Avaliação e
ampliar a geração de conhecimento, integrando ainda mais o PBF a outras iniciativas
sociais e de geração de renda nos âmbitos federal, estadual e municipal. Segundo, com a
aproximação do término do segundo mandato da administração atual, o APL2 ajudará a
criar uma ponte para a continuidade do programa na próxima administração. Os líderes
dos principais partidos políticos sugeriram que manterão o programa, caso sejam eleitos.
9. Valor agregado do apoio do Banco Mundial – O Banco Mundial desenvolveu um
conhecimento técnico substancial no que tange aos programas CCT e pode oferecer
importante apoio de consultoria em áreas como mecanismos de direcionamento ((??)),
monitoramento e a avaliação, governança e responsabilidade social, além de estratégias
de graduação. Para reproduzir as melhores práticas, a preparação da operação proposta
levou em conta o vasto conhecimento gerado pela implementação, estimativa e avaliação
do Bolsa Família desde a sua criação em 2003 e as lições aprendidas durante a
preparação e a implementação do APL1 (Anexos 1A e 1B), quando o Governo do Brasil
e o Banco Mundial consolidaram uma parceria construtiva para aumentar a eficácia do
programa. A preparação do projeto também leva em conta as lições adquiridas com
programas semelhantes de CCT em outros países e o conhecimento gerado pelas
experiências de aprendizado Sul-Sul, uma abordagem muito estimulada pelo Bolsa
Família, não apenas na América Latina, mas também na África e na Ásia (Anexo 1B).
Além disso, experiências anteriores identificaram uma série de medidas para melhorar a
supervisão e a responsabilização em programas de CCT (Análise dos riscos agregados da
4
transferência monetária condicionada, junho de 2009, bem como lições adquiridas de
operações específicas dos países na Argentina, Equador, México, Jamaica, Colômbia,
América Central, etc.)
10. Adequação a outros trabalhos analíticos e empréstimos. O APL2 dá continuidade
à parceria constante entre o Governo do Brasil e o Banco Mundial na forma do nível mais
elevado de diálogo, apoio analítico e de consultoria, além de empréstimo. As tarefas
AAA que apoiam esta participação incluem: (a) o programa AAA de Assistência Social
Brasil, "BRASA", que focou o fornecimento de assistência técnica no desenho dos
sistemas de direcionamento e de monitoramento e avaliação; (b) o programa AAA Brasil
Avaliação, "BRAVA", que apoiou a avaliação do impacto dos dois programas, bem como
o fortalecimento da capacidade do Ministério do Desenvolvimento Social para
Monitoramento e Avaliação e (c) o AAA Mão de obra, que enfoca os impactos sobre o
fornecimento de mão de obra das transferências e nos programas de mercado de trabalho
ativo destinados a aumentar a empregabilidade dos grupos que correm risco e a promover
a graduação dos programas de bem-estar.
C. Objetivos de alto nível para os quais o projeto contribui
11. O apoio do Banco Mundial ao APL2 é coerente com a estratégia do governo
brasileiro de reduzir a pobreza e a desigualdade promovendo, ao mesmo tempo, o
desenvolvimento econômico. O Bolsa Família é o elemento central da estratégia Fome
Zero lançada pelo Presidente Lula quando foi eleito pela primeira vez em 2002. Nesse
contexto, o Bolsa Família é a intervenção mais importante do governo, fornecendo ajuda
financeira e alimentícia aos estimados 48 milhões de pessoas que vivem na pobreza no
Brasil. O programa está em linha com as prioridades corporativas de alcançar os
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e contribuirá particularmente para o alcance
do ODM1, nomeadamente a redução da pobreza, fome e desnutrição. Terá também
efeitos significativos sobre o alcance da educação básica universal (ODM2), redução da
mortalidade infantil (ODM4) e mortalidade materna (ODM5).
12. Esta operação está também no centro de um dos principais pilares do CPS do
Banco Mundial, nomeadamente, alcançar um Brasil mais igualitário. A estratégia do
Banco Mundial reflete o objetivo do Governo Brasileiro de redução da desigualdade
mediante a associação de progresso social e estabilidade econômica. A Estratégia de
Parceria de Países (CPS) 2008-11 do Grupo Banco Mundial (Relatório nº 42677-BR),
discutida pelos Diretores Executivos em 1º de maio de 2008, e o Relatório de Progresso
(Relatório nº 53356-BR), discutido pelos Diretores Executivos em 20 de abril de 2010,
declaram que o apoio do Banco Mundial enfocará o atendimento aos mais pobres e o
alcance dos níveis mais elevados de qualidade e eficiência em serviços sociais, o que é
um importante foco do PBF2. O PBF2 aborda diretamente os três objetivos principais
deste pilar, a saber, redução da pobreza extrema, vulnerabilidade e exclusão social.
5
II. DESCRIÇÃO DO PROJETO
A. Instrumento de empréstimo
13. O instrumento é um Empréstimo de Programa Adaptável que apoiará a segunda fase
da assistência do Banco Mundial ao governo brasileiro para a consolidação do Programa
Bolsa Família.
B. Objetivo e fases do programa
14. Objetivo do programa O objetivo do programa APL2 está em conformidade com o
objetivo descrito originalmente para o APL, isto é, o fortalecimento da capacidade do
programa em reduzir a pobreza e a desigualdade fornecendo às famílias de baixa renda
transferências de renda e incentivos para investirem no capital humano dos seus filhos.
Tomando por base as realizações da 1ª fase do APL, a segunda fase busca consolidar
ainda mais a rede de segurança e aprofundar os avanços técnicos do PBF. Os objetivos
específicos definidos originalmente para o APL2 ainda estão válidos: (a) consolidar ainda
mais a rede de segurança; (b) ampliar a melhoria do sistema de direcionamento; (c)
aumentar o fortalecimento do monitoramento e avaliação e (d) identificar formas de
estabelecer a ligação entre os beneficiários do Bolsa Família e os serviços
complementares.
15. Fases do APL e definição do ritmo dos desembolsos com melhorias técnicas No
APL1 (2004-2009), o Banco Mundial apoiou o Governo do Brasil na criação das
principais bases conceituais, legais e institucionais do PBF. A assistência financeira e
técnica do Banco Mundial apoiou o fortalecimento e a consolidação do programa por
meio de: (a) definição das funções e responsabilidades institucionais para cada esfera de
governo envolvida no Projeto; (b) criação de uma estrutura de contratos e incentivos ao
desempenho para os governos subnacionais; (c) melhoria da verificação das condições e
mecanismos de pagamento; e (d) solidificação do sistema de monitoramento e avaliação.
O APL1 apresentou bom progresso no sentido de alcançar seus objetivos de
desenvolvimento e a implementação foi classificada como satisfatória. Todos os
acionadores acordados para a transição para a preparação do APL2 foram totalmente
alcançados (Anexo 1). No final da implementação do APL1, o MDS também havia
alcançado todos os padrões de referência de progresso para os marcos definidos na sua
estrutura de resultados.
16. Os resultados gerais estabelecidos para a série de APLS em 2004 permanecem
relevantes, embora o cronograma do Programa tenha sido ajustado durante a
implementação do APL1. Embora os desembolsos para cofinanciar as transferências
monetárias condicionadas tenham seguido o cronograma predefinido, os PDOs tenham
sido alcançados e os indicadores tenham ultrapassado a expectativa, a implementação dos
componentes de assistência técnica demorou mais do que o esperado e a data de
6
conclusão do APL1 foi prorrogada duas vezes até dezembro de 2009.2 Os principais
motivos que explicam esse atraso são: (a) O Projeto levou um ano para alcançar a
eficácia; (b) o MDS foi criado em 2004 como um Ministério novo enquanto o Bolsa
Família estava em processo de rápida expansão, o que afetou a implementação das
atividades do projeto; (c) o MDS e o DPI (responsável pela implementação de projetos
financiados com ajuda externa) não tinham capacidade suficiente para realizar os
processos de aquisição do projeto; e (d) como resultado deste último, o Governo decidiu
utilizar uma organização internacional para administrar os recursos financeiros do projeto
e realizar as aquisições necessárias, o que acabou por ocasionar grandes atrasos na
implementação do projeto.
17. Espera-se que a implementação do API2 seja mais oportuna e esteja de acordo
com um cronograma realista. O MDS e o PBF estão bem consolidados, a operação
proposta deverá fortalecer a capacidade fiduciária do Ministério para realizar a aquisição
e a gestão financeira e a função de um órgão externo para administrar os fundos seria
minimizada e finalmente eliminada (Anexos 4, 6 e 8).3 O APL2 proposto seria
implementado em 5 anos em vez de três como foi planejado inicialmente. O motivo para
essa mudança é composto de duas partes: (i) o APL2 dedica muita atenção às avaliações
de impacto que levam muitos anos para serem concluídas; e (ii) a obtenção da aprovação
do Senado Brasileiro em período eleitoral e o fato de ter uma nova administração em
2011 podem retardar a implementação do projeto.
18. O programa original de APL previa um segundo APL no valor de US$ 570
milhões. Todavia, as circunstâncias macroeconômicas e financeiras no Brasil mudaram
significativamente desde 2004; atualmente o programa está bem financiado e os
requisitos de recursos externos são menores. Portanto, o Governo tomou a decisão de
reduzir o volume total do empréstimo para US$ 220 milhões. Entretanto, supondo-se que
o valor agregado proporcionado ao programa se dá por intermédio dos componentes de
assistência técnica, o Governo decidiu aumentar em US$ 5 milhões o volume do
empréstimo para este Componente (para chegar a US$ 15 milhões) e a comprometer
fundos de contrapartida no mesmo valor (US$ 15 milhões).
19. Durante a implementação do APL1, alguns indicadores de resultado específicos
demonstraram ser difíceis de monitorar devido a inconsistências entre os sistemas
de informação. Devido à incompatibilidade nos sistemas de relatório entre o MDS e o
Ministério da Saúde, o Governo não monitora sistematicamente a proporção de crianças
com carteiras de saúde e de crianças com pelo menos três verificações de peso durante os
12 primeiros meses de vida, que foram indicadores definidos para acompanhar a
conformidade com as condicionalidades da saúde. O APL2 utilizará indicadores
alternativos diretamente relacionados à proporção de famílias que respeitem as
condicionalidades da saúde.
2 Em consequência de tais atrasos, algumas atividades incluídas no API1 foram financiadas com recursos
de Tesouro. Outras atividades foram transferidas para serem financiadas pelo segundo APL e um volume
significativo de recursos dos componentes da Assistência Técnica foi cancelado. 3 No APL1 essa função era desempenhada pelo PNUD.
7
20. A análise e a avaliação dos pontos fortes e fracos durante a implementação do
APL1 forneceram uma agenda com as seguintes prioridades:
a) Manutenção do reforço da arquitetura básica do PBF para aumentar seu impacto
imediato sobre a pobreza e promover os mecanismos de governança e a
responsabilização de modo a fortalecer o efeito da assistência social sobre as
reduções da desigualdade no longo prazo. Isso incluirá dar continuidade à
integração do Cadastro Único como instrumento para melhorar o monitoramento
das condicionalidades bem como o seu cumprimento; aprimorar os mecanismos
de pagamento em áreas remotas e fortalecer o monitoramento e a avaliação.
Ademais, as melhorias transversais no setor incluirão: (a) fortalecimento da
supervisão e controle dos programas sociais, tanto formais (CGU, TCU e
Ministério Público) quanto sociais (conselhos sociais locais e outras formas de
controles locais); (b) melhoria da implementação e capacidade de gestão locais; e
(c) melhoria da coordenação entre o governo federal e os governos municipais e
aprimoramento das responsabilidades dos prestadores de serviços de saúde,
educação e assistência social na criação de redes de serviços sociais.
b) A melhoria da integração e de vínculos entre o PBF e outros programas e
intervenções sociais e do mercado de trabalho para criar estratégias de
graduação da pobreza para os beneficiários do PBF e para facilitar sua entrada no
mercado de trabalho e/ou acesso a atividades geradoras de renda. As ações e
serviços complementares enfocariam a ligação dos beneficiários a: (a) apoio aos
assistentes sociais e a outros programas de assistência social; (b) acesso ampliado
ao microcrédito e privilégios bancários; (c) acesso a atividades geradoras de renda
e (d) melhoria das ligações sistemáticas entre os domicílios registrados no
Cadastro Único e os programas e estratégias de âmbito local e estadual por
intermédio do Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social (CNDS).
C. Objetivo do desenvolvimento do projeto e indicadores-chave
21. O Projeto tem por objetivo fortalecer a capacidade do Programa BF em alcançar seu
objetivo de reduzir a pobreza e a desigualdade e promover o desenvolvimento do capital
humano mediante a melhoria da situação da educação e da saúde das crianças e da
redução da incidência de desnutrição entre a população de baixa renda.
22. A operação proposta alcançaria este objetivo apoiando: (a) o fortalecimento da
governança geral do programa mediante a melhoria das funções de gestão do programa
básico e funções de responsabilização, supervisão e controle em três eixos: o registro dos
beneficiários (Cadastro Único), gestão dos benefícios e monitoramento das
condicionalidades; (b) a consolidação do sistema de monitoramento e avaliação do
programa; e (c) o fortalecimento dos vínculos entre os beneficiários do Bolsa Família e as
ações complementares além do programa para promover a graduação da pobreza; essas
atividades seriam realizadas por intermédio da estratégia de Compromisso Nacional pelo
Desenvolvimento Social no MDS.
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23. Os resultados intermediários e os indicadores de resultado que deverão ser alcançados
após a conclusão do APL2 são apresentados no Anexo 3 e resumidos no Anexo 4. Os
principais indicadores de resultado do APL2 estão resumidas na tabela a seguir:
Indicadores do resultado No mínimo 75% das famílias no primeiro quintil de renda recebendo transferências do BF.
No mínimo 90% das crianças de famílias beneficiárias extremamente pobres em idade de cursar as
primeiras séries do ensino fundamental frequentando a escola.
No mínimo 85% dos jovens entre 16-18 anos das famílias beneficiárias frequentando a escola.
No mínimo 75% das crianças entre 0 e 6 anos e mulheres grávidas cumprindo as condicionalidades da
saúde.
D. Componentes do projeto
24. Componente 1: Transferências monetárias condicionadas (Subsídios do BF)
(US$ 10 bilhões; financiamento do Banco Mundial: (US$ 185 milhões). O objetivo
deste Componente é cofinanciar o fornecimento de subsídios (os Subsídios do BF) para
mães e outros membros da família designados para permitir que suas famílias tenham
acesso à saúde, educação e outros serviços conforme descrição do Programa Bolsa
Família e do Manual de Operações.
25. Este componente continuaria a cofinanciar o programa mediante o desembolso de
fundos contra transferências monetárias (subsídios) para famílias pobres. O
financiamento irá diretamente do Tesouro para a Caixa Econômica Federal depois que o
Ministério do Desenvolvimento Social (com a gestão do programa exercida pela
Secretaria Nacional de Renda de Cidadania) aprova a lista de pagamentos de benefícios,
"Folha de Pagamento". A CEF transferirá então o dinheiro para uma conta de fundo
comum que os beneficiários podem acessar com um cartão de débito. O Banco Mundial
reembolsaria ao Tesouro uma parcela das despesas relacionadas às transferências
monetárias condicionadas efetuadas dentro do Programa Bolsa Família. Os desembolsos
serão efetuados semestralmente e serão equivalentes a até 1,85% das transferências pagas
às famílias que cumprirem suas corresponsabilidades. Embora o período de
implementação do Projeto seja de cinco anos, espera-se que este Componente seja
totalmente desembolsado até o segundo ano de implementação.
26. Componente 2: Fortalecimento do Cadastro Único como o Principal
Instrumento de Direcionamento para os Programas Sociais (US$ 6 milhões;
financiamento do Banco Mundial: US$ 2,8 milhões). O APL 2 fornecerá apoio,
treinamento, assistência técnica e custos operacionais incrementais selecionados ao MDS
para consolidar o Cadastro Único como o principal mecanismo usado para selecionar a
população-alvo do programa BF e de outros programas sociais e, o que é ainda mais
importante, integrar os programas sociais nos âmbitos federal e subnacional. Este
Componente será executado pelo MDS por intermédio da Secretaria Nacional de Renda
de Cidadania (SENARC). O Projeto proposto forneceria, portanto, apoio e assistência
técnica nas seguintes áreas:
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a) melhoria da qualidade da informação coletada e relatada pelo Cadastro Único e
realização de estratégias para desenvolver ainda mais os mecanismos de
direcionamento do MDS de modo a fornecer dados mais precisos para a tomada
de decisão. b) Fortalecimento da identificação e registro das populações indígenas e Quilombola,
dedicando especial atenção às suas condições culturais e sociais.
c) Fortalecimento da tecnologia da informação e sistemas do Cadastro Único. d) Promoção do acesso e uso do Cadastro Único para a tomada de decisão por outros
programas e órgãos do governo nos âmbitos federal, estadual e municipal. e) Apoio ao SENARC em coordenação com o SAGI para a realização da segunda
rodada de pesquisas contínuas sobre condições de vida das famílias de baixa
renda registradas no Cadastro Único
27. Componente 3: Fortalecimento institucional para a consolidação do Programa
Bolsa Família (US$ 9,7 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 4,6 milhões)
Este Componente, também executado pelo MDS por intermédio da SENARC, financiaria
atividades voltadas para o fortalecimento da gestão, governança e responsabilização do
MDS para implementar o Programa BF.
28. Subcomponente 3.A Gestão e operação gerais do programa (US$ 3,9 milhões,
financiamento do Banco Mundial: (US$ 1,8 milhão). O APL2 apoiará o MDS no
fortalecimento da gestão e operação gerais do Programa BF, incluindo, entre outros: (i)
fortalecimento da gestão descentralizada do Programa BF;(ii) consolidação dos
mecanismos de controle e responsabilização do Programa BF; e (iii) projeto e
implementação de uma ampla estratégia de capacitação para aumentar a capacidade do
pessoal do Programa BF e órgãos de controle nos âmbitos federal, estadual e municipal
mediante atividades tais como treinamento, determinados custos operacionais, assistência
técnica e fornecimento de equipamentos relacionados a TI, entre outros.
29. Subcomponente 3.B Gestão das corresponsabilidades do programa (US$ 3,1
milhões, financiamento do Banco Mundial: US$ 1,5 milhão). O APL proposto
apoiaria o MDS a melhorar a gestão das corresponsabilidades do Programa BF,
incluindo, entre outros: (i) melhoria do processo de verificação de conformidade; (ii)
desenvolvimento de estratégias para identificar os fatores que causam a ausência de
conformidade com as corresponsabilidades e aumento dos incentivos à conformidade
com o apoio da rede de assistência social no âmbito local; (iii) fortalecimento dos
mecanismos de controle social do Bolsa Família; e (iv) consolidação do Observatório de
Boas Práticas e competição correlata.
30. Subcomponente 3.C. Gestão dos benefícios do programa (US$ 2,7 milhões,
financiamento do Banco Mundial: US$ 1,3 milhão). O Projeto contribuiria para
melhorar a gestão do BF, incluindo, entre outras coisas: (i) atualização dos dados
socioeconômicos dos beneficiários do programa; (ii) aprimoramento dos mecanismos de
direcionamento do Bolsa Família; (iii) fortalecimento e melhoria da estratégia de abertura
de contas para os beneficiários do Bolsa Família (inclusão bancária); (iv)
desenvolvimento de instrumentos de educação financeira; (v) desenvolvimento de uma
10
estratégia para diferenciar os pagamentos em áreas remotas de modo a tornar mais fácil
para as famílias que lá residem coletar seus benefícios no tempo certo e a custo baixo ou
sem qualquer custo; (vi) melhoria da logística para distribuir cartões de pagamento
eletrônico; e (vii) avaliação e, se apropriado, ajuste da gestão dos benefícios do programa
(bloqueio, desbloqueio, cancelamento, restabelecimento e suspensão dos benefícios) e
definição das funções das autoridades municipais e federais.
31. Componente 4: Consolidação do Sistema de Monitoramento e Avaliação no
Ministério do Desenvolvimento Social (US$ 9,3 milhões; financiamento do Banco
Mundial: US$ 4,5 milhões). Este Componente fornecerá apoio, treinamento, assistência
técnica, equipamentos e custos operacionais incrementais selecionados para consolidar a
capacidade do MDS de monitorar e avaliar os programas sociais nos âmbitos federal e
subnacional, além de fortalecer sua capacidade para, entre outras coisas: (a) realizar
estimativas, avaliações e outros estudos; (b) disseminar e discutir com os grupos
interessados os resultados das avaliações e (c) realizar avaliações e outros estudos nas
seguintes áreas: (i) Programa BF, (ii) outros programas em implementação pelo MDS; e
(iii) determinadas intervenções para estabelecer a ligação entre os beneficiários do BF e
outros programas de inclusão social e geração de receita na esfera estadual.
32. Componente 5: Apoio ao Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social
(CNDS) (US$ 2,9 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 1,3 milhão). Este
Componente fornecerá apoio, treinamento, custos operacionais incrementais selecionados
e assistência técnica ao MDS para tornar operacional o CNDS, incluindo, entre outras
coisas: (a) a integração dos programas e iniciativas no MDS para melhorar as sinergias e
a eficiência de modo a servir melhor à população visada pelo CNDS; (b) apoio à gestão e
à operacionalização do CNDS mediante a criação de protocolos para sua operação e ao
planejamento e implementação dos sistemas de informação; (c) planejamento e
implementação de uma estratégia entre o Mutuário e os estados para operar o CNDS; (d)
desenvolvimento de instrumentos, inclusive a realização de estudos e avaliações para
aumentar a inserção socioeconômica dos indivíduos visados pelo CNDS; e (e) ampliação
da viabilidade das ações implementadas sob o CNDS mediante maior capacidade técnica
para o planejamento e avaliação dos projetos, diagnósticos locais e regionais com o
objetivo de especificar as ações exigidas.
33. Componente 6: Apoio Operacional à Unidade de Implementação do Projeto no
Ministério do Desenvolvimento Social (US$ 1,7 milhão; financiamento do Banco
Mundial US$ 1,2 milhão) O Componente fornecerá apoio ao UIP para a implementação
do Projeto mediante o fornecimento de bens e serviços necessários.
11
E. Lições aprendidas e refletidas na elaboração do projeto4
34. A liderança política, associada a forte capacidade de implementação técnica e
avaliação rigorosa, é fundamental para a organização e a sustentabilidade do
programa. Os programas de CCT exigem forte apoio da esfera mais elevada de governo
e claras responsabilidades institucionais para a elaboração, coordenação e implementação
do programa. Embora o BF seja o principal programa social do Brasil desde a sua
criação, o APL1 apoiou a elaboração, monitoramento e avaliação institucional do
programa. O MDS criou um sistema de monitoramento robusto baseado na reformulação
do registro de beneficiários, além de ter investido no fortalecimento do seu quatro
técnico. O Ministério enfocou a institucionalização do seu monitoramento e avaliação
(M&E) e no fornecimento de termos de referência de qualidade e supervisão das
avaliações.
35. A definição clara das responsabilidades institucionais, por sua vez, garante a
coordenação adequada e melhora a institucionalização e a sustentabilidade. Os
programas de CCT promovem intervenções transetoriais inovadoras, as quais não se
encaixam com facilidade na missão dos ministérios de linha típicos. Durante a primeira
etapa, o MDS passou por um processo de reforma institucional no qual foram
esclarecidas as funções das suas diferentes secretarias e dos seus diferentes parceiros na
implementação do Bolsa Família. Esse processo gerou forte aprovação entre as esferas e
setores do governo. A segunda fase apoiará uma maior articulação com as atividades
realizadas por outras secretarias do MDS.
36. As famílias que não cumprirem as condicionalidades poderão precisar de apoio
adicional para aproveitar integralmente os programas do CCT. No Brasil, os centros
de serviços sociais (Centros de Referência da Assistência Social – CRAS), administrados
pelo MDS, estão procurando os beneficiários do Bolsa Família que não cumprem as
condicionalidades do programa para ajudá-los a cumpri-las, além de vinculá-los aos
serviços sociais locais. O APL2 intensificaria o apoio ao MDS para fortalecer as
estratégias para as famílias que não cumprem.
37. O fortalecimento do capital humano, particularmente entre as pessoas de baixa
renda, exige estreita coordenação entre as intervenções no lado da oferta e da
procura. Problemas do lado da oferta podem prejudicar a eficácia do CCT. A melhoria
da qualidade e a promoção do aprendizado nas escolas mais frequentadas pelos
beneficiários do Bolsa Família é um grande desafio no Brasil. Para tratar dessas questões
o governo adotou medidas para: (a) ampliar a idade de elegibilidade para benefícios de
15 para 17 anos, que é quando a maioria dos jovens abandonam a escola e (b) fortalecer
os programas de educação corretivos e alternativos do Ministério da Educação (Educação
de Jovens e Adultos) e da Secretaria Nacional de Juventude mediante a iniciativa de
proteção ProJovem. Além disso, o Ministério da Educação está ampliando o
financiamento para os programas de pré-escola administrados pelos municípios e
lançando o orçamento baseado no desempenho das escolas usando os resultados de um
exame nacional na 4ª série. No tocante à nutrição, o PBF continuará a dar apoio ao censo
4 Resumo – para conhecer a íntegra das lições aprendidas com a operação APL 1, consulte o Anexo 1.A
12
de nutrição "Chamada Nutricional" entre as crianças vulneráveis do Norte, Nordeste e
entre os assentados pela reforma agrária e a apoiar o BF para melhorar ainda mais o
monitoramento das corresponsabilidades de saúde.
38. Mecanismos transparentes de direcionamento garantem que um programa de
CCT alcance seus beneficiários desejados e maximize seu impacto. O fortalecimento
da implementação do Cadastro Único foi uma realização importantíssima da primeira
fase do PBF Como o registro de possíveis beneficiários é responsabilidade municipal, o
MDS desenvolveu manuais de implementação e treinamento para a coleta e atualização
de informações sobre domicílios. Paralelamente, o MDS estreitou o controle de
qualidade do banco de dados de beneficiários. A consolidação e o ajuste delicado do
Cadastro Único continua a ser prioridade no APL2.
39. Regras claras e transparentes para fornecer apoio e aplicar sanções asseguram a
credibilidade do programa. Durante o APL1, o programa Bolsa Família criou um
amplo sistema para esclarecer as regras do programa por intermédio de instrumentos
legais e instruções operacionais, bem como mediante apostilas para os beneficiários,
boletins eletrônicos semanais para os gerentes locais e um website detalhado do
programa. Ademais, o PBF lançou um programa de treinamento completo – presencial e
de ensino a distância - para os gerentes locais.1 A segunda fase do APL desenvolverá
esses mecanismos e ajudará a reforçar o feedback entre o sistema de supervisão e a
gestão do programa e entre mecanismos de controle formais e sociais.
40. A ligação dos beneficiários com as aptidões e as atividades geradoras de receita
garante a sustentabilidade a médio prazo dos impactos do alívio da pobreza. No
Brasil, os programas complementares ligados ao Bolsa Família incluem: apoio a grupos
por intermédio do CRAS; habilidades necessárias à vida dos jovens e atenção integrada
às questões dos jovens por meio do ProJovem; programas de alfabetização para jovens e
adultos (Brasil Alfabetizado); acesso a serviços financeiros (contas e educação
financeira) e programas geradores de receita, tais como o ensino profissionalizante
(PlanSeq); serviço de busca de emprego e colocação (SINE); microcrédito (Banco do
Nordeste e Banco do Povo); assistência técnica para microempresas; programas de
desenvolvimento rural (alguns apoiados pelos Projetos CDD (de Desenvolvimento
Voltado à Comunidade) de Alívio da Pobreza Rural no Nordeste). No APL2, o PBF
ajudará a reforçar a coordenação e a articulação desses programas complementares e
beneficiários do Bolsa Família. Embora muitos dos programas mencionados acima sejam
administrados no âmbito federal, os estados e municípios administram uma série
completa de programas complementares. Um desafio semelhante é coordenar essas
atividades com os programas federais para promover o desenvolvimento local integrado
da redução da pobreza.
41. Os programas de CCT, embora planejados para apoiar as melhorias de médio
prazo em capital humano, têm um papel a desempenhar na resposta à crise e
proteção dos investimentos dos domicílios pobres no capital humano. Desde 2008, o
Bolsa Família desempenha uma função importante como rede de segurança para atenuar
o impacto dos aumentos dos preços e, mais recentemente, da recessão econômica. Isso
13
ocorreu por intermédio de dois canais: (a) aumento dos montantes dos benefícios para
evitar sua erosão pela inflação nos preços dos alimentos e (b) ampliação das listas de
beneficiários para incluir uma dimensão da vulnerabilidade mediante a introdução de
volatilidade da renda como parte do critério de seleção. Primeiramente, o Governo
reajustou em 2008 e 2009 o montante de todos os benefícios, o que ajudou as famílias
beneficiárias a absorverem o impacto dos crescentes preços de alimentos e petróleo. Em
segundo lugar, como uma ferramenta prévia de gestão de risco para amortecer a recessão
econômica, o PBF revisou em 2009 seu cálculo de possíveis beneficiários com base nos
novos mapas de pobreza do IBGE e na análise de vulnerabilidade feita pelo IPEA sobre a
Pesquisa Mensal de Emprego.5 Consequentemente, o número-alvo de beneficiários
aumentou em 1,8 milhão de famílias muito pobres.
F. Alternativas consideradas e motivos para a rejeição
42. Instrumento de empréstimo, montante e período da implementação. O
empréstimo proposto financiará a segunda fase de um APL aprovado em maio de 2004.
Diante do desempenho satisfatório obtido na primeira fase do APL, instrumentos
alternativos de financiamento, tais como DPL ou um empréstimo TA, não foram
considerados apropriados neste momento. A proposta inicial para a segunda fase do APL
contemplou um empréstimo no montante de US$ 520,2 milhões, inclusive cerca de
US$ 10 milhões para os componentes da assistência técnica. Contudo, a situação fiscal do
Brasil melhorou significativamente nos últimos seis anos e atualmente o Bolsa Família
está bem financiado com recursos próprios do Governo. Por causa disso, o Governo
solicitou que o montante do empréstimo do APL2 seja reduzido para US$ 200 milhões.
Todavia, devido à importância de um programa robusto de assistência técnica para
melhorar as operações do PBF, o componente de assistência técnica foi elevado para
US$ 300 milhões, dos quais o empréstimo proposto financiaria US$ 15 milhões. Além
disso, incorporando as lições de experiência obtidas com o APL1, o período de
implementação do APL2 será estendido para cinco anos (de 2010 a 2015) para assegurar
uma parceria de médio prazo para apoiar uma maior consolidação das atividades
suportadas pela segunda fase.
43. Estrutura dos componentes de assistência técnica. Diante do rápido fortalecimento
institucional e consolidação do Bolsa Família, o Governo solicitou que os componentes
da assistência técnica aprofundassem o apoio à arquitetura institucional do PBF em todas
as suas diferentes fases (direcionamento e registro, gestão dos benefícios e
condicionalidades, pagamentos, controle e supervisão) e ajudassem a fortalecer os
vínculos do PBF com outras intervenções sociais e desenvolvimento de habilidades e
oportunidades de emprego. Além disso, o Governo decidiu reforçar os vínculos do PBF
com os estados para aumentar as oportunidades dos beneficiários do Bolsa Família
mediante intervenções no âmbito estadual e municipal.
5 Na atual metodologia, as informações coletadas pela pesquisa captam somente a renda familiar durante o
mês anterior. A nova metodologia tem por objetivo captar a instabilidade da renda, que afetará
especialmente as famílias próximas à linha de pobreza.
14
44. Acordos para compras Diante da experiência com a aquisição de assistência técnica
no APL1, o Governo e o Banco Mundial concordaram em rever o processo de aquisição
de assistência técnica no APL2, particularmente para os contratos de médio e grande
porte. Em vez de contratar um administrador externo para todas as aquisições do Projeto,
como foi feito com resultados variados no APL1, o Governo optou por fortalecer a
equipe fiduciária da unidade de implementação do MDS para realizar toda a aquisição de
assistência técnica relacionada com o gerenciamento de contratos com firmas e serviços
técnicos, reduzindo gradualmente o papel do órgão internacional que administra os
fundos.
III. IMPLEMENTAÇÃO
A. Acordos de parcerias
45. O Projeto não planeja acordos formais de parcerias com outras instituições
financeiras internacionais. Todavia, o Bolsa Família está sendo apoiado por um
empréstimo (em fase de implementação - que envolve o cofinanciamento pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) dos componentes de transferências monetárias
e assistência técnica) e o governo brasileiro e o BID estão em processo de negociação de
um empréstimo subsequente O programa também recebeu o apoio do PNUD por
intermédio de um contrato específico chamado PRODOC (para o reforço institucional da
avaliação e gestão das informações no Ministério do Desenvolvimento Social, que
fornece assistência técnica ao MDS em questões como aquisição e preparação de
contratos).
B. Disposições institucionais e de implementação
46. O APL2 será implementado pelo MDS. Nos últimos cinco anos, o MDS desenvolveu
uma perícia considerável na implementação do Bolsa Família e consolidou e fortaleceu
seus sistemas de gerenciamento geral e de monitoramento e avaliação. As disposições
institucionais e de implementação para executar o Projeto são as mesmas utilizadas e
ajustadas durante a implementação do primeiro empréstimo do APL.
47. O Componente para cofinanciar as transferências monetárias para as famílias serão
desembolsadas diretamente para o Ministério da Fazenda. Os recursos para a realização
dos componentes de assistência técnica serão desembolsados para o MDS. Em
conformidade com esta abordagem, para integrar as atividades do projeto e agregar valor
para o PBF como um todo, o APL2 aproveitará as estruturas organizacionais e de
liderança existentes do MDS para a implementação dos componentes de assistência
técnica. O MDS consolidou suas secretarias técnicas com responsabilidades institucionais
claras e disposições institucionais sólidas nos âmbitos federal e, quando apropriado, nas
esferas subnacionais.
48. A implementação do APL2 será chefiada pela Secretaria Executiva (SE). As
secretarias técnicas pertinentes (SENARC, SAGI e SAIP) são responsáveis pelos
aspectos técnicos necessários para a realização das atividades do projeto.
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Especificamente, as secretarias técnicas são responsáveis por: (i) definição de programa
anual específico dentro da estrutura aprovada pela SE; (ii) monitoramento e
implementação de atividades; e (iii) preparação dos termos de referência e outros
documentos técnicos necessários para a realização das atividades nos respectivos
componentes.
C. Monitoramento e avaliação dos resultados
49. O Bolsa Família desenvolveu um sistema abrangente para monitorar e avaliar os
resultados do programa. O APL apoiou a consolidação desse sistema, que tem quatro
partes: (a) mecanismos de supervisão externa do Governo do Brasil; (b) sistemas de
monitoramento e controle interno dentro do programa Bolsa Família; (c) controles e
auditorias municipais; e (d) avaliações externas para medir os resultados do programa.
50. O PBF está sujeito a ampla supervisão e controle de órgãos públicos externos no
âmbito federal - a Rede de Fiscalização do Bolsa Família. Três órgãos da Rede
monitoram e supervisionam o PBF: (a) a Controladoria Geral da União é o órgão de
controle interno do poder executivo, responsável pelas auditorias operacionais do PBF
(amostras aleatórias de auditorias operacionais e auditorias anuais) e por investigações de
casos específicos; (b) o Tribunal de Contas da União, do poder legislativo, conduz
avaliações, supervisão e acompanhamento formais da implementação; e (c) o Ministério
Público, que é o órgão independente da esfera federal responsável pela investigação das
possíveis alegações de fraude no programa.
51. O PBF desenvolveu um robusto sistema interno para gerir e acompanhar o andamento
do programa por intermédio de diversas ferramentas: (a) o sistema de informações
gerenciais (SIG), que é o processo de consolidação, fornece informações acerca das
famílias e de todos os processos do programa, inclusive o monitoramento das
corresponsabilidades, pagamentos, conformidades, etc.; (b) o Índice de Gestão
Descentralizada (IGD) e os incentivos financeiros associados a ele, bem como os acordos
de gestão conjunta entre o MDS e os municípios fornecem incentivos, acompanham e
medem o desempenho dos municípios na implementação do Bolsa Família no âmbito
local; (c) o contrato baseado no desempenho com a Caixa Econômica Federal permite
que o Ministério monitore o agente de operações; (d) linhas telefônicas diretas e
investigações de casos; e (e) várias medidas para fazer a verificação cruzada das
informações no Cadastro Único ajudam a monitorar os dados, minimizar os erros e
validar as informações para a elegibilidade.
52. O Bolsa Família desenvolveu sólidos controles locais e auditorias robustas na esfera
municipal, que aumentam a responsabilização e fornecem mecanismos para a supervisão
e monitoramento contínuos do programa. Os principais mecanismos no âmbito municipal
são os conselhos sociais, cuja existência é pré-requisito para que o município participe do
PBF. Os comitês ou conselhos supervisionam o monitoramento da conformidade com as
corresponsbilidades, supervisionam a coleta de dados e ajudam a identificar os possíveis
beneficiários.
16
53. O PBF também está empreendendo um processo de avaliação do impacto, que teve
início em 2005. As pesquisas de acompanhamento subsequentes fornecerão informações
sobre os resultados do programa em termos de bem-estar dos beneficiários, bem como
educação, condições de saúde e nutrição. Dado que o programa foi o resultado da fusão
de quatro programas de transferência monetária condicionada, não foi possível fazer uma
abordagem experimental Em vez disso, o Governo decidiu realizar um planejamento
quase experimental e longitudinal seguindo uma pontuação de propensão que
corresponda à técnica (Anexo 1B). A coleta de dados para a primeira pesquisa de
acompanhamento foi realizada em outubro/novembro de 2009 e a análise deverá ocorrer
no início de 2010. O programa realizará pelo menos uma pesquisa de acompanhamento
adicional nos próximos quatro anos. As duas pesquisas ajudarão a medir o impacto do
programa em termos de resultados do desenvolvimento humano. Além disso, o PBF
avaliará o impacto de algum complemento específico do programa, inclusive o benefício
variável para as famílias com jovens entre 16 e 18 anos que frequentam regularmente a
escola, a estratégia de inclusão bancária e o programa de educação financeira.
54. Mediante o apoio ao CNDS, o Sistema de Informações Gerenciais do Ministério do
Desenvolvimento Social também monitorará e coletará as informações sobre a integração
do sistema de assistência social aos programas do governo estadual.
D. Sustentabilidade
55. O programa Bolsa Família é beneficiado pelo apoio político em todas as esferas.
O Presidente Lula reafirmou repetidas vezes o seu compromisso com o programa e
anunciou recentemente que queria proteger legalmente as quantias dos benefícios contra
a erosão ocasionada pela inflação. A reforma institucional do MDS em 2007 reafirmou a
importância vital do programa para a agenda social do Governo. Existe um forte
compromisso da parte do MDS e sua equipe para dar continuidade ao esforço para
reduzir os erros de exclusão, incluindo os jovens e estabelecendo a ligação entre os
beneficiários e oportunidades de trabalho. No âmbito local, medidas como o Índice de
Gestão Descentralizada ajudaram a fortalecer a capacidade dos governos municipais de
implementar o PBF. Além disso, o sistema de supervisão e responsabilização - tanto
formal, com os poderes Executivo e Legislativo do governo, quanto social, com a
publicação de listas dos beneficiários e a criação de conselhos de controle social -
fundamentou a legitimidade do programa. Conforme mencionado em Lindert (2008), a
cobertura do programa por parte da mídia é principalmente positiva. Ademais, o apoio à
agenda da CCT percorre o espectro político desde que programas de CCT foram lançados
simultaneamente pelos governos de oposição do PSDB e pelas administrações municipais
do PT em meados da década de 90. Portanto, o PBF é uma agenda que pertence a todos
os partidos políticos importantes. Em tempos de eleição, a simples extensão
impressionante do PBF se transforma em importante fator de apoio à sua
sustentabilidade.
56. O PBF permanece no centro da política social da atual administração e continua
a desempenhar um forte papel de unificação. Como a recertificação do Bolsa Família
está começando, o novo questionário do Cadastro Único foi projetado para permitir que
17
outros programas federais o utilizem para fins de direcionamento. O Governo Federal
também está fazendo contato com os estados por intermédio do CNDS, o que permitirá
parcerias e desenvolvimento de capacidades. Além disso, no âmbito local, o PBF está
associado a programas complementares dos governos estaduais e municipais, que
procuram multiplicar seus efeitos. O programa também assumiu alguns desafios da
segunda geração, tais como a integração dos jovens, a promoção das oportunidades do
mercado de trabalho para adultos beneficiários e a coordenação com os prestadores de
serviços de saúde e educação para garantir os impactos sobre o capital humano. Ao fazê-
lo, está seguindo as melhores práticas internacionais. O APL2 apoia a avaliação de
algumas dessas iniciativas de segunda geração, bem como a coordenação do CNDS. A
combinação de apoio político, adaptabilidade e geração de evidências manterá a
sustentabilidade do PBF além da administração atual.
57. Os fortes acordos financeiros do governo brasileiro garantirão a
sustentabilidade fiscal do PBF e não há previsão de restrições fiscais importantes
para os próximos cinco anos, apesar da crise econômica e financeira internacional. Proporcionalmente, o tamanho do PBF é comparável ao de outros programas de CCT de
grande escala na região. Os custos do programa são equivalentes a cerca de 0,38% do
PIB. O governo sempre financiou a maior parte do programa, tendo o APL1 financiado
menos de 6% dos custos do programa durante o período 2005-2008. O alinhamento de
importantes recursos dos estados e municípios também fortalece a sustentabilidade do
PBF. Os possíveis impactos da crise econômica e financeira internacional só fizeram
intensificar o compromisso do Governo com o PBF, já que foram tomadas medidas para
rever e aumentar os montantes dos benefícios e o número de beneficiários. Os primeiros
resultados aparentemente demonstraram que essa estratégia ajudou a evitar um aumento
da pobreza e da desigualdade e que os ganhos dos últimos anos não foram revertidos.
E. Riscos críticos e possíveis aspectos controversos
58. No EF06, a Região da América Latina e Caribe do Banco Mundial colocou um
"grupo" de projetos que apoiam as CCTs na lista de riscos da região devido às
preocupações com as dificuldades da implementação, tais como o grande número de
participantes e de pagamentos e as responsabilidades de gestão compartilhada entre os
diferentes departamentos e esferas de governo. Os programas de CCT são em geral
iniciativas nacionais de alta visibilidade e não projetos hermeticamente fechados
financiados pelo Banco Mundial e, portanto, dependem quase totalmente dos sistemas do
país. Consequentemente, ter mecanismos de controle e supervisão suficientes e apoiar o
fortalecimento desses mecanismos de acordo com a necessidade é considerado crítico
para administrar e minimizar os riscos políticos, além de garantir a implementação eficaz
e a sustentabilidade desses programas de CCT. Como resultado, deu-se mais atenção em
toda a região às questões dos riscos políticos, fiduciários e de reputação associados às
CCTs. Os resultados desses esforços de supervisão intensificados estão incluídos no
documento operacional "Mecanismos de controle e responsabilização dos programas de
transferência monetária condicionada: Uma revisão especial dos programas na América
Latina e Caribe". Foi realizada em 2009 uma atualização das classificações de risco das
operações de CCT na região. Ao rever o PBF, aquela atualização concluiu que, desde a
18
preparação do APL1, os riscos ao programa foram significativamente reduzidos,
principalmente por causa da experiência geral positiva com a implementação do
programa e também, em grande parte, em consequência do fortalecimento institucional
do MDS e dos fortes recursos de controle, monitoramento e avaliação que foram
integrados às operações do PBF.
59. Um estudo de caso sobre a supervisão e os controles do Bolsa Família também foi
conduzido como parte dessa Revisão Especial e isso foi incorporado a um Documento de
Trabalho mais amplo sobre a implementação do PBF no contexto descentralizado do
Brasil, bem como uma sessão informativa sobre os riscos políticos internos para a
gerência6.
6 Lindert e outros. (2008).
19
Planilha da identificação de riscos
Fatores de
risco
Descrição de risco Medidas atenuantes
Cla
ssifica
ção
do
risco
residu
al
Políticas e
instituições
setoriais
O Bolsa Família é o programa social mais
importante do Brasil e representa 0,39% do PIB
e 3% do gasto social. O programa alcançou o
seu objetivo de 11 milhões de famílias
beneficiadas em 2006 e manteve esse nível até
este ano, quando estabeleceu uma nova meta de
12,9 milhões de famílias. O desafio é melhorar
a articulação do PBF com outros programas e
intervenções de modo que os beneficiários do
PBF possam encontrar alternativas para sair do
programa.
O Governo lançou várias iniciativas para estabelecer a ligação dos beneficiários do BF
com intervenções geradoras de renda, incluindo, entre outras: (a) uma reforma
institucional interna do MDS de modo a fortalecer a secretaria do SAIP para elaborar e
por em prática mecanismos para melhorar a articulação dos programas sociais,
especialmente o Bolsa Família; (b) o PlanSeq, um programa de treinamento para
aprimorar as competências dos beneficiários do PBF para que possam participar do
programa de obras civis do PAC; e (c) o Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento
Social, que envolve caminhos para a integração da população registrada no Cadastro
Único às intervenções relacionadas ao desenvolvimento dos domicílios e atividades
geradoras de renda.
M
Participação do
país (inclusive
aspectos
políticos)
Manipulação política do processo de registro.
Embora as transferências monetárias
condicionadas tenham demonstrado impactos
sobre a pobreza, a desigualdade e os indicadores
sociais, elas também enfrentam desafios à
implementação onde pode surgir uma potencial
manipulação política. Para o Bolsa Família, o
principal "ponto de pressão" para uma possível
interferência política é o processo de registro.
Os 5.564 municípios brasileiros são responsáveis
pelo registro de possíveis beneficiários e
potencialmente pode favorecer aliados políticos
nesse processo.
O Governo instituiu vários mecanismos para gerenciar, monitorar e reduzir esse risco,
inclusive:
Determinação centralizada de elegibilidade: O MDS e não os municípios tem a
responsabilidade de determinar a elegibilidade. O processo oferece pouca oportunidade
para intervenção, uma vez que critérios objetivos de elegibilidade (ou seja, testes) são
aplicados automaticamente aos dados de registro dos domicílios. A elegibilidade é
verificada pelo Ministério do Desenvolvimento Social usando verificações cruzadas e
validações de bancos de dados internos e externos. Colocar a decisão final sobre
elegibilidade no âmbito federal é um teste de erros de inclusão, tendo em vista que as
informações adicionais que o Cadastro Único coleta sobre as famílias (e os controles de
qualidade por intermédio do índice de desenvolvimento das famílias), bem como as
verificações cruzadas que o Governo efetua no âmbito federal com outros bancos de
dados nacionais. O restante do risco está principalmente relacionado à exclusão de erros
( ou seja, famílias que deveriam estar cadastradas mas não estão). É aqui que os
controles sociais e os sistemas de recurso formal e de auditoria podem dar uma
importante contribuição e esta é uma área que a gerência do programa deseja fortalecer
no APL2.
Recertificação. Os municípios devem recadastrar formalmente todos os beneficiários e
potenciais beneficiários a cada dois anos, com atualizações contínuas das informações
M
20
Fatores de
risco
Descrição de risco Medidas atenuantes
Cla
ssifica
ção
do
risco
residu
al
do registro básico. A primeira recertificação nacional ocorreu em 2005-6, o segundo
está em andamento e resultará em várias melhorias na qualidade do cadastramento.
Monitoramento federal da qualidade do registro e incentivos financeiros baseados
no desempenho. O MDS monitora a qualidade da implementação municipal usando
um "índice de gerenciamento descentralizado" (IGD) com quatro pontos, que abrange
os principais indicadores da qualidade do registro e a verificação da conformidade com
as condicionalidades e suas pontuações são calculadas mensalmente. O MDS paga aos
municípios um subsídio pro rata dos custos administrativos tomando por base suas
pontuações no IGD. O APL2 apoiará a avaliação do IGD para tratar dos novos desafios
da gerência.
Mecanismos formais de controle. O programa Bolsa Família depende muito dos
sistemas do país para supervisão e controles por parte dos agentes estaduais e de
controle central. Os mecanismos principais incluem controles internos do ministério e
auditorias; auditorias operacionais regulares (abrangendo uma amostra aleatória de
municípios) pela Controladoria Geral da União (CGU); auditorias financeiras externas;
avaliações da implementação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e investigações
caso a caso.
Controles sociais. Os municípios devem criar Conselhos de Controle Social para
supervisionar o registro, os beneficiários e a conformidade com as condicionalidades.
O programa implementa um processo contínuo de fortalecimento desses conselhos e o
APL2 apoiará diretrizes adicionais e o desenvolvimento de capacidades para os
controles sociais.
Técnico/Projeto Credibilidade das condicionalidades
O programa precisa melhorar a credibilidade do
sistema para a verificação da a conformidade
com as condicionalidades. O monitoramento
das corresponsabilidades atravessa setores e
esferas de governo mas depende muito da
coordenação local entre saúde, educação e
assistência social. No tocante à educação, o
principal risco é o falso relatório. Quanto à
As iniciativas recentes do MDS enfocam a melhoria do sistema de monitoramento e
incluem: (a) esclarecimento da política relativa ao conteúdo das condicionalidades e às
consequências da não conformidade; (b) publicação de várias rodadas de relatórios de
monitoramento com informações do Ministério da Educação; e (c) desenvolvimento de
incentivos financeiros para melhorar a gestão do PBF no âmbito municipal, inclusive o
monitoramento das condicionalidades.
O APL2 incluiria um conjunto de atividades para melhorar o monitoramento das
condições e a qualidade das informações para fazê-lo, inclusive atividades
complementares, tais como a adaptação do projeto do Índice de Gestão Descentralizada
M
21
Fatores de
risco
Descrição de risco Medidas atenuantes
Cla
ssifica
ção
do
risco
residu
al
saúde, o principal risco é a baixa cobertura e o
uso do sistema de informações.
de modo a evitar incentivos despropositados ao excesso de relatórios, fortalecimento do
monitoramento pela rede de supervisão e responsabilização, melhoria da coordenação
com a saúde e a educação e realização de investigações regulares.
Na saúde, o APL2 apoiará o trabalho com o Ministério da Saúde para fortalecer o
sistema de monitoramento das condicionalidades da saúde de forma custo-efetiva, por
meio da integração de sistemas de dados de modo a evitar a duplicação dos esforços de
inserção de dados dos gerentes locais.
Capacidade de
implementação
e
sustentabilidade
Nos últimos cinco anos, o MDS consolidou o
programa Bolsa Família, mantendo a
população-alvo em uma média de 11 milhões
de famílias e o orçamento anual. A sustentação
de um programa tão grande envolve desafios
institucionais e financeiros.
O Bolsa Família é o carro chefe da administração Lula e obteve o apoio dos setores
público e acadêmico.
O MDS implementou uma reforma institucional para garantir que o PBF e o Cadastro
Único sejam fundamentados em sólidos acordos institucionais e de implementação.
Estudos recentes (ver Anexo 1) demonstram que a rápida expansão do BF entre 2005 e
2009 não afetou de forma significativa o direcionamento para os mais pobres e que o
Bolsa Família continua entre os programas de transferência monetária condicionada
mais bem direcionados do mundo.
O programa alcançou sua meta de número de beneficiários em 2006 e a manteve. Em
2009, após uma revisão dos mapas da pobreza e da volatilidade da renda dos
beneficiários pobres, o programa definiu uma nova meta de 13 milhões de beneficiários
a partir de 2010. As dotações orçamentárias em 2009 e 2010 asseguram a
sustentabilidade fiscal do programa.
M
Gestão
financeira A gestão financeira (GF) é adequada na esfera
federal. O desafio é apresentado nas funções de
supervisão e controle devido à sua capitalização
altamente descentralizada, um risco inerente ao
Projeto. Em linhas gerais, a contabilidade, os
relatórios de GF, o sistema de informações
gerenciais e os controles internos são
apropriados e confiáveis, fornecendo
informações financeiras suficientes para
gerenciar e monitorar a implementação O
MDS utiliza o SIAFI para responder pelas
transferências e o sistema corporativo da CEF
para pagar as transferências.
O MDS foi criado na época do início do programa. Após cerca de seis anos de
implementação do programa, o MDS aprimorou significativamente sua capacidade de
gestão financeira e seu controle sobre as atividades do programa nos estados e
municípios. Uma auditoria substancial do desempenho realizada pelo TCU e auditorias
efetuadas pela CGU auxiliaram esse processo de melhoria de controle. O baixo nível de
financiamento bancário facilita a substituição de pagamentos a famílias inelegíveis, se
houver, por outras despesas elegíveis, atenuando os riscos da gestão financeira. O
programa está trabalhando para melhorar a disponibilidade e a coerência das
informações financeiras. O MDS fez um esforço substancial para minimizar os riscos
associados, melhorando as informações disponíveis mediante os relatórios financeiros.
Essa atividade continuará a ser apoiada pelo Projeto.
M
22
Fatores de
risco
Descrição de risco Medidas atenuantes
Cla
ssifica
ção
do
risco
residu
al
Aquisições O cofinanciamento de CCTs não representa
risco para as aquisições. Os cinco componentes
técnicos envolvem um risco de aquisição
elevado por causa da pouca capacidade de
aquisição do MDS. A implementação das
atividades planejadas pode ser posta em risco
além de aumentar o risco potencial de erro de
aquisição.
O MDS decidiu analisar minuciosamente os acordos de implementação e o seu contrato
com o PNUD por ser este o órgão encarregado da administração dos fundos de TA com
o objetivo de: (a) fortalecer a capacidade fiduciária do MDS para assumir cada vez mais
as responsabilidades fiduciárias nos termos do APL2; (b) reduzir significativamente o
número de contratos que necessitem de processamento do PNUD; e (c) treinar
regularmente o pessoal fiduciário do MDS. O Banco Mundial também fornecerá apoio
ao MDS no processo de alinhamento do conhecimento, pessoal e procedimentos ao
CEL e SAA. Além disso, o plano de aquisições inclui análises prévias e limiares baixos
para também mitigar o risco.
M
Problemas de
salvaguardas
socioambientais
a) O programa é direcionado aos indígenas,
Quilombolas e outras populações tradicionais e
a introdução de cartões familiares entre as
famílias indígenas, por exemplo, vem
contribuindo para distúrbios tribais e
desagregação.
b) Participação nos processos de
responsabilização social. As informações gerais
mostram processos de seleção e implementação
frágeis no tocante aos conselhos, que são
muitas vezes organizados com pouca ou
nenhuma publicidade e com forte influência
das prefeituras. Isso faz com que o conselho se
torne mais um órgão informal de aprovação do
que um mecanismo de controle social de fato.
c) Em algumas áreas o valor do benefício é
menor do que os custos mensais para coletá-lo.
Por esse motivo, há comentários de que as
famílias optam por enviar uma pessoa com
vários cartões até a agência pagadora, o que
cria uma espécie de mercado paralelo com uma
"taxa" tirada das famílias para conseguir o
benefício.
a) Têm sido feitos esforços para ajustar o programa para necessidades específicas das
populações A operação proposta também inclui uma avaliação social minuciosa para
garantir que o programa trate dessa e de outras questões correlatas.
b) O programa realiza várias ações para aumentar a participação social e a
responsabilização: (i) treinamento de cerca de 22.000 conselheiros do PBF e Secretaria
de Assistência Social em 2009 e 2010 (ii) o MDS realizou uma análise qualitativa dos
agentes de controle social para fortalecê-los institucionalmente, envolvendo
beneficiários e conselheiros e (iii) coordenadores de treinamento e equipes estaduais do
PBF sobre controle social e fiscalização para fornecer apoio aos municípios e fortalecer
os agentes de controle social. O programa desenvolverá um sistema de informações do
controle social e auditorias locais para coletar e divulgar informações fornecidas pelos
diferentes agentes e disseminar os resultados e relatórios das atividades..
c) O contrato atual entre o MDS e a CAIXA inclui uma cláusula que exige que, no
mínimo, sejam instalados pontos de pagamento nas sedes das Prefeituras Municipais ou
centros administrativos. Onde isso não for viável, o MDS exige que a CAIXA ofereça
outras alternativas, tais como equipes móveis. O contrato estipula também a criação de
equipes de trabalho que avaliem estratégias para aprimorar os processos de pagamento
nas comunidades quilombolas e indígenas. O MDS seguirá isso de perto com reuniões
específicas com os municípios que estejam enfrentando problemas no processo de
pagamento por causa da logística, para desenvolver planos de ação específicos.
M
23
Fatores de
risco
Descrição de risco Medidas atenuantes
Cla
ssifica
ção
do
risco
residu
al
Outros 5 Risco para a reputação:
O programa tem grande visibilidade e
importância. É o programa mais importante do
Governo.
A imprensa publica milhares de artigos sobre o programa que em geral são favoráveis.
Uma análise da economia política das CCTs no Brasil (Lindert e outros, 2008) revelou
que a cobertura da mídia geralmente concentra-se em: (a) questões de implementação
técnica e (b) o papel do Bolsa Família na política social e a necessidade de ampliar a
saída e as políticas de graduação. O APL2 está enfocando esses tópicos. Finalmente, as
melhorias no Cadastro Único e nos mecanismos de direcionamento, a verificação das
corresponsabilidades e do monitoramento tornaram o programa um dos mais eficazes
em chegar até os mais pobres.
M
6 Risco fiduciário:
Assim como todos os programas de CCT, o
programa corre o risco de problemas
fiduciários relacionados ao número de agentes
envolvidos na sua gestão.
Todos os programas de transferência incorrem em algum grau de fraude ou outros erros.
O objetivo é desenvolver sistemas para detectá-los, monitorá-los e minimizá-los. O
Bolsa Família foi um dos estudos de caso da Revisão Regional Especial de CCTs e seu
sistema foi analisado. Além disso, não foram levantadas quaisquer questões fiduciárias
durante a execução do APL1.
M
Risco Geral (inclusive risco para a reputação) M
M = Moderado.
24
F. Condições e cláusulas do empréstimo/crédito
60. Não serão feitos saques:
a) para pagamentos efetuados antes da data do Contrato de Empréstimo, exceto se os saques
até um valor agregado não excederem US$ 2.700.000 e se o equivalente a US$ 300.000
puder ser feito para pagamentos efetuados dentro de um ano antes dessa data mas em 13
de novembro de 2009 ou depois, para Despesas Elegíveis nas Categorias (1) e (2)
respectivamente; ou
b) Para pagamentos cobertos pelas Categorias (1) e (2), a menos que a CEL seja formalmente
criada e dotada de pessoal de uma maneira aceitável para o Banco Mundial.
61. As seguintes cláusulas-chave também se aplicam:
a) Se, a qualquer momento, o Banco Mundial determinar que alguma parte dos montantes
desembolsados pelo MDS para a conta do BF como Transferências de Subsídios à BF: (a)
não foram utilizados para Subsídios do BF sacado por Beneficiários do BF; ou (b) foram
efetuados sem a conformidade com as respectivas condições e requisitos para o
fornecimento de Subsídios do BF, o Mutuário restituirá imediatamente qualquer quantia
ao Banco Mundial da forma como o Banco Mundial especificará por notificação ao
Mutuário.
b) O Mutuário manterá no MDS, durante a implementação do Projeto, uma estrutura
organizacional para a implementação do Projeto com funções e responsabilidades
estipuladas no Manual de Operações ("UIP"), sempre chefiado pela Secretaria Executiva
do MDS como seu Coordenador de Projeto e auxiliado por uma equipe em número
apropriado, todos com as qualificações e a experiência aceitáveis para o Banco, inclusive
pessoal, entre outras coisas, responsável pelo monitoramento, avaliação e supervisão da
execução do Projeto.
c) O Mutuário executará o Projeto em conformidade com o manual de operações,
satisfatório para o Banco Mundial (o Manual de Operações), o mencionado manual
deverá incluir, entre outras coisas:
(i) os procedimentos para a execução, monitoramento e avaliação do Projeto (inclusive
os Indicadores) e os requisitos de aquisição e financeiros desse, inclusive os
documentos padrão para licitação, documentos a serem usados na Seção III. B. 2 do
Anexo 2 do Contrato de Empréstimo:
(ii) a estrutura organizacional para a implementação do Projeto; e
d) os critérios para identificação, registro e seleção dos Beneficiários do BF, os requisitos a
serem preenchidos pelos beneficiários do BF como condições para o fornecimento dos
Subsídios do BF (que incluirão aqueles estipulados no Anexo 4 do Contrato); os
mecanismos para verificação da conformidade com as condições dos Subsídios do BF; e
o detalhamento dos procedimentos para a coordenação e colaboração entre os municípios
e outras instituições de cooperação, instituições financeiras e outras partes interessadas na
realização do projeto e nas disposições sociais mencionadas no parágrafo (d) a seguir. Sem limitação quanto às disposições do Capítulo 5.01 (b) das Condições Gerais, o Mutuário, por
intermédio do MDS, realizará o Projeto em conformidade com as disposições dos Instrumentos
Normativos e Administrativos dos Povos Indígenas e Quilombolas Aplicáveis aos Mutuários
conforme detalhado no Manual de Operações.
25
e) O Mutuário, por intermédio do MDS, garantirá que o Projeto será executado de acordo
com as disposições das Diretrizes de Combate à Corrupção.
IV. RESUMO DA AVALIAÇÃO
A. Análises econômicas e financeiras
62. A criação do Bolsa Família teve por objetivo aumentar a eficiência e a coerência da rede de
segurança social no país, aumentar a assistência para alcançar a cobertura universal das famílias
pobres, reduzir a pobreza e a desigualdade fornecendo um nível mínimo de renda às famílias
pobres, reforçar o exercício dos direitos sociais básicos condicionando as transferências ao
cumprimento, por parte das famílias, dos requisitos de educação e saúde e criar oportunidades
para que os beneficiários tenham acesso ao trabalho e à renda própria. A recessão econômica
mundial de 2009 destacou um papel adicional que esses instrumentos podem desempenhar que é
o de mitigar os impactos de uma crise sobre os mais vulneráveis. Na realidade, por intermédio de
sua transferência monetária os CCTs podem ajudar as famílias a manterem seu nível de consumo
de alimentos reduzindo, assim, os impactos negativos sobre a ingestão nutricional das crianças.
As condicionalidades dos CCTs asseguram também que as crianças sejam mantidas na escola e
fora do trabalho. Os países que implementaram CCTs podem injetar rapidamente recursos na
economia aumentando o montante da transferência durante uma crise.
63. A análise econômica procura rever o papel do Bolsa Família como instrumento para ajudar a
atenuar o impacto que um choque econômico pode ter sobre os grupos mais pobres da
população. O Anexo 9 apresenta os resultados de uma avaliação prévia do papel do Bolsa
Família na atenuação dos efeitos do aumento dos preços dos alimentos em 2008. A análise
examina especificamente a incidência de um conjunto de medidas adotadas pelo Governo do
Brasil dentro do programa Bolsa Família acerca da distribuição de renda. Em primeiro lugar, a
análise examina o impacto potencial do aumento dos preços dos alimentos sobre a renda e o
consumo, pobreza, desigualdade e depois examina o papel do Bolsa Família e de outros
programas de proteção da renda na atenuação desses efeitos7. Foram estudados dois cenários
diferentes:
um cenário conservador, no qual a análise considera a mudança do preço médio em 2007 e
2008 por região e por item; e
um cenário de pior caso, no qual a análise considera a mudança máxima de preço observada
entre 2007 e 2008.
64. O efeito do aumento dos preços dos alimentos sobre a renda per capita é calculado
aplicando-se a mudança estimada de cada percentil da distribuição da despesa total per capita do
POF ao mesmo percentil da distribuição da renda total per capita do PNAD. Os resultados
sugerem uma redução de 2% na renda média per capita supondo-se a mudança média dos preços
dos alimentos e uma redução de 4,6% com a mudança máxima de preços. As áreas rurais seriam
em geral as mais afetadas em termos da redução na renda média per capita e as grandes cidades
são as regiões menos afetadas.
7 Consultar o Anexo 9 sobre a metodologia utilizada na realização desta análise.
26
65. De fato, os aumentos dos preços dos alimentos representam uma ameaça para os padrões de
vida dos pobres no Brasil. Os resultados sugerem que o aumento do montante da transferência do
Bolsa Família poderia amortecer o impacto do choque sobre os mais vulneráveis. Na realidade, o
programa está visando as famílias mais pobres que seriam as mais afetadas pelo choque. O
aumento dos benefícios para os beneficiários do Bolsa Família poderia ajudar os 10% mais
pobres da população a absorver parte do aumento dos preços que reduziriam significativamente o
nível de gastos. Além disso, o BPC e o Bolsa Família transferem uma proporção maior dos seus
orçamentos para os mais pobres (painel b), mas o Bolsa Família cobre mais da metade da
população do primeiro quintil, em comparação com cerca de 5% do BPC. Assim, o aumento das
transferências do BF beneficiaram um percentual maior da população de baixa renda, embora a
transferência tenha sido aumentada apenas em uma pequena quantia.
B. Técnico
66. Na última década, os programas de Transferência Monetária Condicionada tornaram-se uma
das ferramentas mais amplamente utilizadas de proteção social nos países em desenvolvimento
para apoiar as famílias que vivem na pobreza. As CCTs estão sendo cada vez mais utilizadas
para apoio à renda e promoção do capital humano entre os pobres. Os programas fornecem
transferências monetárias às famílias pobres desde que sejam cumpridas as várias
condicionalidades de saúde, educação e nutrição. A América Latina é a principal região do
mundo no uso de CCTs. Países como Brasil, México e Colômbia foram pioneiros na
implementação de programas e no uso de sistemas mais exatos de direcionamento e
monitoramento. Atualmente, mais de 90 milhões de pessoas são beneficiadas pelos programas de
CCT na região e esses programas foram implementados na maioria dos países.
67. Avaliações rigorosas do impacto8 demonstram que as CCTs contribuem para a redução da
pobreza e formação de capital humano entre os beneficiários de diferentes países. Impactos
positivos sobre os indicadores de educação e nutrição são amplamente divulgados, ao passo que
os impactos sobre a saúde são confusos, especialmente nas áreas urbanas. Por exemplo, o
programa Oportunidades no México aumentou os anos de escolaridade em 0,66 ano em média.
Na Colômbia, o Familias en Acción aumentou as taxas de frequência no ensino médio em 7
pontos percentuais nas áreas rurais e em 5 pontos percentuais nas áreas urbanas. Conforme
explicado no Anexo 1, o Bolsa Família do Brasil não é exceção a essas tendências e os resultados
demonstrados até aqui evidenciaram que o programa tem impacto significativo na redução da
pobreza e da desigualdade e na melhoria dos resultados de desenvolvimento humano.
68. O Bolsa Família é um dos programas de CCT mais estudados atualmente em implementação
por meio de centenas de documentos e avaliações e uma rigorosa avaliação de impacto em
processamento (ver Anexo 1B). Criado em 2003 como resultado da fusão de quatro intervenções
de transferência monetária existentes, o Bolsa Família tem o objetivo triplo de: (a) reduzir a
pobreza e a desigualdade mediante transferências monetárias diretas às famílias; (b) reduzir a
transmissão da pobreza entre as gerações mediante incentivos às famílias beneficiárias para
8 Ver, por exemplo, IFPRI (Instituto Internacional de Pesquisas em Políticas Alimentares) 2000. Avaliação do
PROGRESA. Washington DC; Instituto de Estudos Fiscais, Econometria - Sistemas Especializados de Información.
2006. Evaluación del Impacto del Programa Familias en Accion - Subsidios Condicionados de la Red de Apoyo
Social. Departamento Nacional de Planejamento, Bogotá, Colômbia.
27
mandarem seus filhos à escola e visitarem prestadores de saúde para consultas de rotina; e (c)
aumentar a capacidade das famílias de gerar renda e sair da pobreza por meio da integração do
Bolsa Família a outros programas sociais. Os resultados até o momento demonstram que o
programa está entre as melhores CCTs direcionadas do mundo e que sua contribuição para a
acentuada redução da pobreza e da desigualdade no Brasil nos últimos anos é muito significativa.
Os resultados em termos de capital humano são igualmente positivos quando medidos em termos
de taxa de matrícula e frequência, bem como utilização dos prestadores de serviços de saúde.
69. As características básicas do Bolsa Família são semelhantes às de outros programas de CCT
de sucesso na região. O programa é particularmente voltado para o aumento do consumo das
famílias e melhorar os indicadores de capital humano. Em termos de implementação, o programa
fornece pagamentos às mães usando um banco público. A autorização do pagamento é precedida
da verificação do cumprimento das condições – matrícula e frequência escolares para os filhos
com até 17 anos no ensino fundamental e médio e exames de saúde regulares. O tamanho do
benefício depende do nível de pobreza (em termos de renda) e do tamanho e composição da
família. O programa define um protocolo claro de gestão dos benefícios de modo que as famílias
entendam perfeitamente quando receberão ou não receberão seu benefício.
70. O PBF desenvolveu uma estrutura ampla apoiada por mecanismos sofisticados para operar os
processos do programa. O programa tem o apoio de um banco de dados robusto, o Cadastro
Único, que coleta as informações de cerca de 17 milhões de famílias, praticamente 100% da
população pobre. A avaliação, revisão e ajustes contínuos dos instrumentos para identificar,
selecionar e registrar famílias no Cadastro Único contribui para minimizar os erros de inclusão e
exclusão. Os pagamentos são efetuados por intermédio da Caixa Econômica Federal, o único
banco brasileiro que opera em todos os municípios e tem o suporte de mais de 30.000 pontos de
pagamento onde as famílias podem retirar seus benefícios dentro de 90 dias após o pagamento,
usando um cartão eletrônico. Essa estrutura avançada permite que o programa defina e publique
um calendário de pagamentos no início de cada ano, permitindo, assim, que as famílias planejem
melhor seus orçamentos. Diferentemente da maioria dos programas de CCT, os pagamentos do
Bolsa Família são mensais.
71. O Bolsa Família gerou um grande e crescente corpo de literatura acerca do seu impacto e
implementação. Os recursos inovadores desenvolvidos pelo Governo do Brasil para implementar
o programa serviram para produzir um volume imenso de conhecimentos e gerou grande procura
pela divulgação dos conhecimentos dos outros países que estão em processo de elaboração e
implementação de intervenções de transferência monetária condicionada. O Bolsa Família não
apenas aprendeu com a abrangente e contínua avaliação estimulada pelo próprio programa, como
tornou-se o padrão internacional para outros países. A abordagem de aprendizado sul-sul ajudou
o compartilhamento de lições e experiências do BF em muitos países da América Latina, Ásia e
África.9
C. Fiduciário
9 Consulte, por exemplo, Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo. 2008-2009. Cooperação
África-Brasil sobre Boletins Informativos sobre Desenvolvimento Social 1 a 6: IPC. 2008. Cash Transfers: Lessons
from Africa and Latin America (Transferências monetárias: lições da África e da América Latina", em Poverty in
Focus (Ponreza em Foco) nº 15.
28
72. Gestão financeira - a gestão financeira é considerada adequada na esfera federal. O desafio
é apresentado nas funções de supervisão e controle devido à sua capitalização altamente
descentralizada, um risco inerente ao Projeto. Em linhas gerais, a contabilidade, os relatórios de
GF, o sistema de informações gerenciais e os controles internos são apropriados e confiáveis,
fornecendo informações financeiras suficientes para gerenciar e monitorar a implementação. O
MDS usa o SIAFI para contabilizar as transferências. O programa está trabalhando para melhorar
a disponibilidade e a coerência das informações financeiras. O MDS fez um esforço substancial
para minimizar os riscos associados, melhorando as informações disponíveis mediante os
relatórios financeiros. Essa atividade continuará a ser apoiada pelo Projeto.
73. Aquisições - foi realizada uma avaliação da capacidade do MDS para o Bolsa Família I em
março de 2004 e atualizada em novembro de 2009 para o Bolsa Família II. A avaliação do risco
de aquisição do Projeto foi avaliada como substancial devido à necessidade de alinhar
conhecimentos, pessoal e procedimentos na CEL - Comissão Especial de Licitação e SA
(Subsecretaria de Assuntos Administrativos). Especificamente, os quatro componentes técnicos
envolvem um risco de aquisição elevado por causa da pouca capacidade de aquisição do MDS
(inclusive o SENARC, SAGI e SAIP). A implementação das atividades planejadas pode ser
posta em risco além de aumentar o risco potencial de erro de aquisição. Para atenuar o risco, o
Banco Mundial fornecerá treinamento adicional e apoio técnico ao MDS. Além disso, o plano de
aquisições inclui análises prévias e limiares baixos para também mitigar o risco.
D. Social
74. OP4.10 foi acionado no APL1 e no APL2. Não há Plano para os Povos Indígenas (IPP)
separado porque todas as disposições sobre o cumprimento do OP/BP4.10, Anexo B (IPP) estão
incluídas na estratégia do Governo de incluir os povos indígenas e quilombolas como
beneficiários do projeto. Um resumo da estratégia é apresentado na Seção X do Anexo 10. O
Anexo resume as lições aprendidas com a implementação do Plano para os Povos Indígenas
(IPP) do APL1 e apresenta os mecanismos inovadores incluídos no APL2 para tornar o programa
mais acessível para as famílias difíceis de alcançar, particularmente os indígenas e quilombolas.
Isso traduziu-se em adaptações nas normas para registro e monitoramento das condicionalidades,
bem como em diretrizes específicas para o registro das populações tradicionais, que
complementam o novo formulário do Cadastro Único, lançado no final de 2009.
75. Como parte dos seus processos regulares de monitoramento e avaliação, o programa Bolsa
Família assumiu diversas avaliações dos impactos do programa sobre dimensões como o
empoderamento dos beneficiários, c capital social e gênero. Isso se baseia nos estudos
complementares acerca de outros programas de CCT no Brasil, como o Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação e Agente Jovem. Além disso, a rede de supervisão do programa inclui um
componente de controle social, que também foi avaliado. Finalmente, a avaliação levou em
conta uma análise da mídia empreendida pelo Banco Mundial de mais de 6.000 artigos
publicados acerca dos programas de CCT em 6 importantes jornais entre 2003 e 2006. As
constatações sugerem que o PBF e outras CCTs têm apresentado impactos notáveis até o
momento. Esses programas promovem um maior senso de cidadania entre os beneficiários e têm
potencial para empoderar os cidadãos, fortalecer sua participação nos assuntos locais, aumentar
29
sua autoestima e suas aspirações para o futuro. Podem também fortalecer a posição das mulheres,
não apenas na família, mas na sociedade em geral.
76. Em 2008, foram realizadas consultas sobre as políticas sociais em 6 conselhos estaduais de
controle social (Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rondônia e São Paulo) e 12 conselhos
municipais de controle social nos mesmos estados (Monsenhor Tabosa e Caucaia (CE),
Uberlândia e Conceição do Mato Dentro (MG), Santarém e Santa Luzia do Pará (PA), Petrolina
e Inajá (PE), Porto Velho e Costa Marques (RO), Santos e Itariri (SP)]. Um dos programas
discutidos foi o Bolsa Família. As consultas incluíram: (1) entrevistas aprofundadas com partes
interessadas: gerentes, membros de conselhos, beneficiários (inclusive indígenas e quilombolas),
representantes da rede de controle social e líderes de organizações sociais; e (2) grupos focais
com beneficiários do programa e membros de conselhos, inclusive conselhos de controle social
do PBF e conselhos de associações intermunicipais. O trabalho de campo ocorreu entre junho e
setembro de 2008.
77. As consultas às famílias e comunidades que participam do Bolsa Família são realizadas
durante o registro. Até agora, o programa registrou famílias indígenas a pedido de líderes
comunitários. As famílias têm o direito de, individualmente, recusar-se a participar do programa
ou aceitá-lo com consentimento informado. As inovações foram incluídas nos pacotes de registro
de 2008 para garantir que as famílias conheçam os benefícios, elegibilidade e condicionalidades
para as transferências e estratégias de saída.
78. Algumas das disposições inovadoras acrescentadas ao APL2 estão relacionadas a: (a)
processo de seleção da comunidade; (b) a definição de família; (c) o formulário do Cadastro
Único explicado em dois guias específicos de campo: o Guia de Cadastramento das Famílias
Indígenas e o Guia de Cadastramento das Famílias Quilombolas (SENARC/MDS 2009); (d)
benefícios do programa; (e) condicionalidades do programa; e (f) na inclusão socioprodutiva dos
beneficiários indígenas e quilombolas. Os materiais publicados nas páginas do MDS na web com
o objetivo de promover o acesso e os benefícios para as famílias indígenas e quilombolas,
inclusive os mencionados acima, também estão listados no Anexo 10.
E. Meio ambiente
79. A natureza do Projeto que está apoiando o programa Bolsa Família – um programa de
transferências monetárias condicionadas e voluntárias - e o fortalecimento das suas disposições
institucionais, não aciona qualquer política ambiental do Banco Mundial;. Este é um Projeto de
Categoria C.
30
F. Políticas de salvaguarda
Políticas de salvaguarda acionadas pelo projeto Sim Não
Avaliação ambiental (OP/BP 4.01) [ ] [X]
Habitats naturais (OP/BP 4.04) [ ] [X]
Controle de pragas (OP 4.09) [ ] [X]
Recursos culturais físicos (OP/BP 4.11) [ ] [X]
Reassentamento involuntário (OP/BP 4.12) [ ] [X]
Povos indígenas (OP/BP 4.10) [X] [ ]
Florestas (OP/BP 4.36) [ ] [X]
Segurança das barragens (OP/BP 4.37) [ ] [X]
Projetos em áreas controversas (OP/BP 7.60)* [ ] [X]
Projetos em vias navegáveis internacionais (OP/BP 7.50) [ ] [X]
80. A estrutura do Bolsa Família para atenção diferenciada aos povos indígenas e comunidades
quilombolas segue a Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas (que o Brasil ratificou em
2004), coerente com a O.P. 4,10. Essa atenção diferenciada inclui: contrato apropriado com as
comunidades com consultas livres e informadas, processos específicos de registro, diferentes
definições de "família", diferentes mecanismos de transferência, coordenação entre os governos
locais e as organizações indígenas e estratégias complementares para promover alternativas de
geração de renda para as famílias indígenas e quilombolas, com serviços apropriados do ponto de
vista cultural. Foi preparada uma avaliação social, incluindo evidências sobre o impacto das
transferências no empoderamento, gênero e capital social.
G. Exceções e prontidão da política
81. Não há previsão de exceções à política e o Projeto é considerado pronto para a
implementação com base no seguinte:
a) Implementação do projeto e disposições fiduciárias foram definidas e estão prontas para
entrar em operação no prazo de vigência do projeto.
b) Foi atualizada uma versão preliminar completa do Manual de Operações aceitável para o
Banco Mundial.
c) Um plano de aquisições para os primeiros 18 meses de implementação do projeto está pronto
e o Mutuário iniciou a preparação dos documentos para a licitação.
d) A avaliação social, inclusive a avaliação das disposições existentes para atenção aos povos
indígenas e quilombolas dentro do BF, foi concluída e divulgada no Infoshop em 23 de
outubro de 2009. A explicação das disposições sobre divulgação local encontra-se no Anexo
10.
e) As disposições sobre monitoramento e avaliação dos resultados foram acordadas e estão em
vigor.
* Ao apoiar o projeto proposto o Banco Mundial não pretende prejudicar a determinação final das alegações das
partes acerca das áreas controversas.
31
Anexo 1: País e setor ou antecedentes do programa
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2_
1. Ênfase renovada no crescimento com ganhos sustentáveis em equidade. Durante seu
primeiro período, a administração do Presidente Lula manteve uma estratégia dupla de promover
e manter o crescimento econômico, além de incentivar o progresso social para enfrentar os
desafios da desigualdade. Esta última foi substancialmente aprimorada pela consolidação,
expansão e melhorias no principal programa social do governo, o Programa Bolsa Família
(PBF). Em seu segundo período, a atual administração lançou um impulso renovado para o
desenvolvimento econômico e crescimento mais rápido, além de ações para fortalecer ainda mais
a política social e assegurar que os ganhos recentes em equidade sejam sustentáveis,
especialmente para enfrentar a atual recessão econômica. Dentro deste contexto, o Governo tem
dado especial atenção a: (a) consolidação do Bolsa Família na essência da sua estratégia de rede
de segurança social; (b) sua complementação com outras iniciativas de proteção social além das
transferências monetárias condicionadas (CCTs) e (c) melhoria dos processos do programa para
servirem de porta de entrada para outras intervenções de geração de renda e desenvolvimento de
competências nas esferas federal e estadual, bem como para ajudar a tratar de alguns impactos
negativos dos recentes choques. O crescimento econômico sustentado do Brasil e a estabilidade
política nos últimos anos desempenharam um papel fundamental no combate à pobreza e ao
desemprego. Apesar dos altos gastos sociais, do crescimento econômico e das reformas para
ajudar os pobres, a desigualdade de renda e a elevada taxa de pobreza caracterizaram a realidade
social do Brasil por várias décadas. O governo brasileiro reconheceu a importância de preencher
essa lacuna de desigualdade e de tirar sua população desfavorecida da armadilha da pobreza para
promover a justiça social e desencadear todo o potencial econômico do país. Muitos programas
e reformas da última década tentaram abordar em particular a desigualdade social alcançando, na
maioria dos casos, um número limitado de famílias pobres do país.
2. Orientado pela evidência de que a desigualdade de renda é, em grande parte, resultado
do acesso desigual aos serviços sociais básicos, o governo tentou abordar as duas questões: corrigindo a natureza regressiva da assistência social para ajudar a reduzir a pobreza no curto
prazo e promovendo importantes dimensões de desenvolvimento humano, tais como educação e
saúde, como ferramentas para alcançar a redução da pobreza no longo prazo. A partir de 2003, as
taxas de pobreza e a desigualdade começaram a cair de forma constante no Brasil, revertendo as
tendências de agravamento das décadas anteriores. O país vem fazendo progresso significativo
na redução da pobreza, diminuição da desigualdade e aumento das oportunidades de
desenvolvimento das suas populações vulneráveis. Entre 2003 e 2007, a taxa de pobreza
absoluta caiu de 33% para 23 %, enquanto a pobreza extrema caiu de 14% para 8%. O
coeficiente Gini caiu 6,6% em apenas 6 anos – do elevado 0,6 de em 2001, que vinha de longa
data, para 0,56 em 2007, estabilizando-se no seu nível mais baixo das três últimas décadas.10
10
Ministério da Fazenda.
32
Figura 1.1: Pobreza e pobreza extrema - Coeficiente de Gini
Fonte: Ministério da Fazenda, cálculos do Banco Mundial.
Percent of Population Percentual da população
Gini Coefficient Coeficiente Gini
Poverty Pobreza
Extreme Poverty Pobreza extrema
Gini Coefficient Coeficiente Gini
3. Embora o progresso econômico tenha influenciado a redução da pobreza e da desigualdade,
as transferências monetárias condicionadas do PBF demonstraram ser um instrumento crítico
para a redução do hiato existente entre ricos e pobres. Como resultado dessas estratégias de
sucesso, o Brasil testemunhou nos últimos anos reduções das taxas de pobreza que não se viam
há décadas. Conforme demonstrado a seguir, cerca de um quinto da redução da pobreza e da
desigualdade pode ser atribuído ao impacto do Programa Bolsa Família.
4. Com a aproximação do final do segundo e último mandato da atual administração, a
ênfase passou a ser a intensificação da consolidação da política social e da arquitetura do
PBF, bem como a garantia de sustentabilidade dos recentes ganhos em igualdade. Com o
mundo em crise econômica e o Brasil enfrentando mudanças políticas, o governo está focado em
garantir os ganhos dos últimos anos para assegurar a assistência contínua às populações
vulneráveis. O Bolsa Família desempenhará a função importante de espinha dorsal de um amplo
sistema de Redes de Segurança Social que incluirá atividades para melhorar as oportunidades de
renda.
5. Para realizar essa tarefa, o governo está fortalecendo os vínculos entre o PBF e outros
programas sociais nas esferas federal e subnacional. Essa estratégia auxiliará as populações-
33
alvo a encontrar emprego e oportunidades de geração de renda, bem como a fortalecer seu
desenvolvimento humano. O Bolsa Família criou as bases de importantes redes sociais e redes de
segurança nas quais a administração tem como objetivo construir uma rede de oportunidades
para as suas populações vulneráveis. Isso inclui a melhoria da educação dos beneficiários, o
fortalecimento das aptidões necessárias para conseguir e manter o emprego e o desenvolvimento
de outras atividades geradoras de renda. Os atuais programas federais e subnacionais enfocam
questões como o fornecimento de microcrédito, privilégios bancários e formação profissional,
além de outras oportunidades. O grande desafio será a melhoria das ligações entre o PBF e
outros programas sociais de modo que os beneficiários possam aproveitar integralmente as
ferramentas disponíveis para ajudá-los a sair da pobreza.
Gasto social e sistema de proteção social
6. Historicamente, o gasto social do Brasil é elevado em comparação com os outros países
da região e o Bolsa Família tem contribuído para aumentá-lo ainda mais. Entre 2001 e 2008,
o gasto social no Brasil elevou-se de 12% para mais de 13% do PIB. Nesse ambiente, o gasto
com proteção social aumentou significativamente, devido, em grande parte, ao aumento do gasto
com os programas de assistência social direcionados e de não contribuição. A estratégia do
governo introduziu importantes mudanças estruturais na última década, trazendo de volta o papel
do estado no fornecimento de proteção social aos seus cidadãos no contexto de mercado livre e
desregulamentação. O foco do Brasil tem sido a aceleração do crescimento econômico e, ao
mesmo tempo, a distribuição dos frutos do crescimento de maneira mais uniforme entre a sua
população. Por exemplo: o gasto com assistência social cresceu de menos de 3,4% para mais de
7,6% entre 2001 e 2008 e o PBF foi responsável por uma parcela significativa dessa expansão no
gasto com assistência social nos últimos anos. Os programas de assistência social passaram de
menos de 4% das despesas sociais federais em 2000 para mais de 7% em 2008. Com o aumento
da popularidade dos programas de CCT e sua transformação no elemento central da assistência
social, os gastos com o Bolsa Família (ou os programas que o precederam) elevaram-se de
menos de 10% do orçamento de Assistência Social em 2001 para quase 40% em 2008.
Tabela 1.1: Gastos sociais e o Bolsa Família
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Gastos sociais.
(como % do PIB)
12,01% 12,00% 12,07% 12,28% 12,61% 13,05% 12,93% 13,10%
Previdência
(como % do gasto
social)
68,75% 69,49% 70,90% 69,40% 69,60% 68,70% 69,41% 68,69%
Assistência social
(como % do gasto
social)
3,39% 3,67% 4,10% 5,81% 5,84% 6,97% 7,34% 7,66%
Despesa com o Bolsa
Família (em
bilhões de R$)*
0,49 2,39 3,47 5,80 6,60 8,23 9.21 11,06
Bolsa Família*
(como % do gasto
social)
0,32% 1,35% 1,69% 2,43% 2,44% 2,66% 2,74% 2,96%
Bolsa Família*
(como % do
orçamento total)
0,08% 0,35% 0,29% 0,46% 0,44% 0,51% 0,53% 0,93%
Bolsa Família* 0,04% 0,16% 0,20% 0,30% 0,31% 0,35% 0,35% 0,39%
34
Fonte: Ministério de Fazenda, cálculos do Banco Mundial.
Nota: O Bolsa Família teve início em 2004. Os programas anteriores, entre 2001 e 2004, incluíam o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio
Gás e Cartão Alimentação.
7. Nos últimos 6 anos, o Bolsa Família tornou-se a principal ferramenta de política social fundamentada no princípio básico de que é possível usar transferências para aliviar a pobreza e
também para fornecer incentivos para os beneficiários aumentarem seu potencial de capital
humano e, assim, aproveitarem o crescimento econômico. O objetivo do programa é equipar os
pobres com ferramentas e responsabilidade para usar o dinheiro que recebem e decidir como
gastá-lo. São enfatizadas a saúde e a educação a fim de melhorar os indicadores mais críticos de
desenvolvimento humano. As condicionalidades do PBF atuam como mecanismos para mudar
comportamentos e atitudes que irão gerar as mudanças de longo prazo necessárias para promover
o crescimento igualitário. Ao fazê-lo, o Bolsa Família transfere dinheiro para beneficiários
elegíveis que cumprem as seguintes condições como relevantes: (i) as mulheres grávidas devem
comparecer às consultas necessárias do tratamento pré-natal; (ii) as crianças entre 6 e 17 anos
devem estar matriculadas e frequentar a escola; e (iii) as crianças de 0 a 6 anos devem estar com
suas vacinas atualizadas.
Tabela 1.2: Famílias com renda mensal abaixo de R$ 70 (US$ 40)
Crianças ou adolescentes abaixo
dos 15 anos Adolescentes entre 16 e
17 anos
Tipo de benefício Transferência
total (US$)
0 0 Básico 39
1 0 Básico + 1 variável 52
2 0 Básico + 2 variáveis 64
3 0 Básico + 3 variáveis 77
0 1 Básico + 1 BVJ* 58
1 1 Básico + 1 variável + 1
BVJ
71
2 1 Básico + 2 variáveis + 1
BVJ
83
3 1 Básico + 3 variáveis + 1
BVJ
96
0 2 Básico + 2 BVJ 77
1 2 Básico + 1 variáveis + 2
BVJ
90
2 2 Básico + 2 variáveis + 2
BVJ
102
3 2 Básico + 3 variáveis + 2
BVJ
115
*BVJ ou Beneficio Variável Jovem é voltado para os beneficiários jovens que frequentam a escola.
Tabela 1.3: Famílias com renda mensal entre R$ 70 e RS$ 140 (US$ 40 e US$ 80)
Crianças ou adolescentes
abaixo dos 15 anos
Adolescentes entre 16 e
17 anos
Tipo de benefício Transferência total
(US$)
0 0 Nenhuma transferência -
(como % do PIB)
35
1 0 1 variável 13
2 0 2 variáveis 25
3 0 3 variáveis 38
0 1 1 BVJ 19
1 1 1 variável + 1 BVJ 32
2 1 2 variáveis + 1 BVJ 44
3 1 3 variáveis + 1 BVJ 57
0 2 2 BVJ 38
1 2 1 variável + 2 BVJ 51
2 2 2 variáveis + 2 BVJ 63
3 2 3 variáveis + 2 BVJ 76
Xxxxxxxxxx
8. Compromisso financeiro: O Bolsa Família exigiu um compromisso financeiro significativo
em 2008, chegando a R$ 11 bilhões (US$ 5,8 bilhões) ou 0,39% do PIB do Brasil deste ano, em
comparação a 0,16% do PIB em 2002. Apesar do substancial aumento, o Bolsa Família tem um
orçamento relativamente pequeno quando comparado a outros programas sociais, tais como a
Previdência Social, cujo orçamento em 2008 foi superior a R$ 257 bilhões (US$ 133 bilhões).
Contudo, o PBF é hoje o maior programa social do país, com quase 40% da despesa federal no
setor, e a maior iniciativa de transferência de dinheiro do mundo. Em 2009, o orçamento federal
aprovou fundos para o Bolsa Família de cerca de R$ 11,4 bilhões e o orçamento de 2010 (a ser
aprovado) inclui dotações de R$ 13,1 bilhões.
Bolsa Família: Implementação e progresso do programa
9. O Bolsa Família está no centro da rede de segurança social do Brasil. Atualmente, o
Fome Zero, o termo abrangente usado para se referir a 30 programas na área de segurança
alimentar e outras formas de apoio social, se tornou a chave para a estratégia do Brasil para
combater a pobreza e promover o desenvolvimento de longo prazo. No centro desta estratégia, as
intervenções nas transferências monetárias condicionadas ganharam um forte impulso como o
principal mecanismo para a criação de redes de segurança social efetiva. Esses tipos de
intervenções protegem os pobres das dificuldades econômicas no curto prazo enquanto
desenvolve o capital humano no longo prazo. O Bolsa Família é o resultado da consolidação de
quatro importantes transferências monetárias condicionadas do governo federal em uma única
intervenção que opera sob critérios unificados para selecionar beneficiários. Seus benefícios
fornecem cobertura nacional incluindo áreas urbanas e rurais, e aumentando o apoio aos povos
indígenas e Quilombolas.
10. O Bolsa Família ajudou a racionalizar e impulsionar os gastos em assistência social.
Antes de 2001, vários programas de assistência social foram destinados especificamente à
população pobre e responderam por 7% do total de gastos sociais do governo federal. Entre eles
havia quatro programas CCT incluindo o Bolsa Escola, um programa de apoio à educação
primária e secundária; o Bolsa Alimentação, que visa às necessidades nutricionais de mulheres e
crianças; o Cartão Alimentação, que apoia a segurança alimentar de famílias, e o Auxílio Gás,
36
que estendeu subsídios para o gás de cozinha. Até 2003, esses quatro programas combinados
representaram quase um quarto dos gastos federais em assistência social. Eles provaram ser bem-
sucedidos individualmente na redução da carga de pobreza e na promoção de metas socialmente
desejáveis para seus beneficiários. Contudo, devido a semelhanças nas estruturas dos programas
e seus grupos populacionais alvo quase idênticos, a natureza de estrutura múltipla de sua
administração criou várias ineficiências assim como hiatos consideráveis e duplicações na
cobertura da população. Em outubro de 2003, a administração brasileira combinou esses quatro
programas em uma única estrutura conhecida como Bolsa Família. O programa foi ancorado em
uma lei federal que buscou fornecer mais perspectivas de estabilidade e continuidade do que as
experiências anteriores. Esta decisão garantiu o direito de famílias que já estavam recebendo os
benefícios e forneceu legitimidade à ideia de que esses programas não eram a iniciativa de um
único governo, mas de um compromisso de longo prazo.11
A criação do Bolsa Família não foi
uma simples combinação de iniciativas prévias, mas uma nova estratégia multidimensional para
reduzir a pobreza e a desigualdade.
11. Esta decisão provou ser muito benéfica para o Brasil, uma vez que aumentou a eficiência do
gasto social, criou sinergias para promover objetivos que se reforçam mutuamente e reduziu
custos administrativos empregados na operação de programas múltiplos. O Bolsa Família
também contribuiu para a expansão do papel dos municípios transformando-o de provedores de
dados para parceiros reais. A transição dos quatro programas independentes de transferências
monetárias condicionadas está completa, conforme mostra o gráfico abaixo.
Figura 1.2: Famílias beneficiárias do PBF 2003-2009
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
14.00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (e)
(000,0
00)
Bolsa Família Auxílio-Gás Bolsa Escola
Cartão Alimentação Bolsa Alimentação
12. Desde seu lançamento em 2003, o PBF tem feito avanços significativos para alcançar
seus objetivos declarados. Ao responder às altas expectativas do progresso social e às
estimativas de pobreza, o Governo expandiu a cobertura do Bolsa Família de 3,6 milhões de
11
Consulte Rosani Cunha, Garantia do direito à renda no Brasil: a experiência do programa Bolsa Família.
37
famílias em 2003 para 12 milhões de famílias (cerca de 48 milhões de pessoas e 25% da
população brasileira) em agosto de 2009.12
Atualmente, o Bolsa Família atinge todos os
municípios brasileiros. Em 2009, os parâmetros usados para selecionar beneficiários foram
modificados em resposta à crise econômica e, como resultado, o número de famílias no programa
deve atingir 12,9 milhões até o final de 2010.
Figura 1.3: Rápida Expansão do PBF (em milhões de famílias e indivíduos)
Fonte: MDS & SENARC. Analisado pelo Banco Mundial.
*Projetado pelo MDS.
Beneficiaries of BFP Beneficiários do PBF
Millions of Families and Individuals Milhões de famílias e indivíduos
Families Famílias
People Pessoas
13. Até julho de 2009, cerca de 17 milhões de crianças e adolescentes de 6-17 anos serão
beneficiados com o componente Educação e cerca de 10 milhões de crianças em idade pré-
escolar e suas mães receberão o benefício saúde. O programa monitora o cumprimento com a
corresponsabilidade educacional para 15,2 milhões de crianças (6-15 anos), dos quais 85,7% (13
milhões) cumpriram a condição de matrícula e frequência. Além disso, 1,9 milhão de jovens de
16-18 anos está registrado no programa Benefício Variável Jovem. O cumprimento da frequência
escolar atingiu 76,7% (1,45 milhão de jovens) no período de junho/junho de 2009. Embora os
relatórios tenham melhorado nos últimos anos, somente cerca de 63% das famílias confirmam o
cumprimento da corresponsabilidade educacional (6,1 milhões de um total de 9,7 milhões de
famílias que recebem o benefício saúde); desses, mais de 98% cumpriram a corresponsabilidade
12
A população-alvo original do PBF era de 11,2 milhões de famílias pobres. Contudo, os últimos dados do
levantamento de domicílios de 2004 indica uma redução significativa no índice de pobreza. De acordo com o
Ministério do Desenvolvimento Social, MDS, usando a linha de pobreza anterior de R$120 na renda familiar per
capita, a população-alvo para o programa seriam 11,1 milhões de famílias, refletindo assim uma redução na pobreza.
Com a nova linha de pobreza de R$ 137, a nova população-alvo para o PBF é de 12,9 milhões de famílias.
38
de saúde em 2008 (5,6 milhões), enquanto os 2% restantes cumpriram parcialmente a condição.
Menos de 0,5% dos benefícios das famílias registradas são cancelados anualmente pela falta de
cumprimento das corresponsabilidades uma vez que o programa busca garantir a participação
dos beneficiários.13
13
O programa define um processo de cinco etapas (do aviso ao cancelamento) para retirar uma família do programa
em consequência do não cumprimento das condicionalidades. Primeiro, a família recebe um aviso sem afetar os benefícios; segundo, o benefício é bloqueado por 30 dias, mas pode ser reivindicado no mês seguinte; terceiro, o
benefício é bloqueado por 60 dias; quarto, o benefício é suspenso por 60 dias e a família perde o benefício durante
esse período, quinto, o benefício é permanentemente cancelado.
39
Figura 1.4: Gastos do Bolsa Família em transferências ao ano
Fonte: SENARC (2009 e 2010 são estimados)
Millions of Reais Milhões de reais
14. Como outros programas similares na América Latina e Caribe, os programas de
Transferências Monetárias Condicionadas no Brasil promoveram um novo paradigma de
assistência social introduzindo incentivos e condicionalidades para reduzir a dependência
assistencial no longo prazo, e o Bolsa Família contribuiu para essa tendência Desde seu
lançamento, o BFP também tem intensificado essa dimensão ao:
a) Atualizar o valor dos benefícios, ajustando sua estrutura e modificando a criação de
incentivos para abordar o contexto socioeconômico específico assim como prioridades
políticas. O programa atualizou a quantidade dos benefícios desde seu lançamento em
2003 e atualizou a estrutura dos benefícios para encorajar a participação na educação
secundária; nesse aspecto, o programa ampliou os requisitos de idade da frequência
escolar de 15 para 17 anos de idade e introduziu um pagamento adicional de R$ 33 por
cada jovem de 16-17 anos. Esta reforma, a ser avaliada durante a implementação do
APL2, deve melhorar a escolarização de jovens do ensino secundário e aumentar os
índices de conclusão do ensino fundamental. Isso deve aumentar a capacidade dos jovens
quando eles deixam o sistema de ensino fundamental. A tabela abaixo mostra a evolução
dos benefícios e sua estrutura desde o lançamento do Bolsa Família.
40
Tabela 1.4: Evolução dos benefícios e sua estrutura desde o lançamento do Bolsa Família
Janeiro 2004 Julho 2007 Junho 2008 Julho 2009
Norma Lei 10.836 Grau 6157 Lei 11.692 Grau 6.917
Linha de
pobreza extrema
R$ 85 R$ 60 R$ 60 R$ 70
Linha de
pobreza
R$ 100 R$ 120 R$ 120 R$ 140
Benefício
variável
R$15 (0-14) R$18 (0-14) R$ 20 (0-15) R$ 22 (0-15)
R$ 30 (16-17) R$ 33 (16-17)
Benefício básico
(fixo)
R$ 50 R$ 58 R$ 62 R$ 68
Fonte: adaptado de Soares e Satyro (2009).
b) Articular o Bolsa Família com programas complementares federais, estatais e municipais
(programas complementares) que buscam aumentar a formação capital social em
domicílios pobres. Programas complementares foram desenvolvidos por diferentes
órgãos do governo para atender a necessidades específicas de grupos vulneráveis tais
como analfabetismo, falta de experiência no trabalho ou déficit habitacional. Entre 2006 e
2007, o MDS e outros Ministérios concordaram em articular 9 programas já existentes
com o Bolsa Família. Esses acordos concederam as 11,1 milhões de famílias do programa
acesso preferencial a todos os benefícios fornecidos pelos outros programas. Gestores
municipais do PBF, juntamente com os coordenadores estaduais e assistentes sociais,
visitam os beneficiários e os ajudam a vincular-se ou ter acesso a esses serviços
complementares. O gráfico a seguir inclui alguns dos programas recentemente integrados
ao PBF:
Tabela 1.5: Programas complementares para beneficiários do PBF
Programa Objetivo Grupo alvo Responsável
Brasil Alfabetizado Redução do
analfabetismo
Indivíduos com 15 anos
ou mais
Ministério da
Educação
Juventude Cidadã
(PNPE)
Oportunidades de
empregos
Homens e mulheres entre
16 e 24 anos de idade
Ministério do
Trabalho
Brasil Local Melhorar capacidades
locais
Microempresários Ministério do
Trabalho
Projeto Piloto ao
PRONAF B,
Crediamigo e
Agroamigo
Microcrédito para
projetos produtivos
Agricultores Ministério do
Desenvolvimento
Agrícola
Biodiesel Integrar famílias rurais
na cadeia de biodiesel
Agricultores Ministério do
Desenvolvimento
Agrícola
Tarifa Social de
Energia Elétrica
Grandes descontos em
contas de energia
Famílias de baixa renda MDS, Ministério das
Minas e Energia
Luz para Todos Expandir acesso rural a
energia elétrica
Famílias do PBF, povos
indígenas, entre outros
Ministério das Minas
e Energia
ProJovem Treinamento e apoio Beneficiários do PBF MDS
41
Adolescente para grupos
vulneráveis
entre 15 e 17 anos
Trabalho Escravo Dar acesso prioritário
ao PBF
Pessoas resgatadas da
escravidão
Ministério do
Trabalho
Benefício de
Prestação
Continuada
Garantia de renda
mínima
Pessoas com mais de 64
anos e deficientes
MDS
PETI Coibir o trabalho
infantil
Crianças com menos de
16 anos
MDS
Cisternas Fornecer água para
domicílios
Comunidades rurais nas
regiões semiáridas que
sofrem com secas
MDS
Programa de
Aquisição de
Alimentos - PAA
Comprar alimentos de
agricultores do
PRONAF para grupos
vulneráveis
Povos indígenas,
Quilombolas, entre
outros
MDS
c) Lançamento do Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social - CNDS para
fortalecer a consolidação da rede de segurança, proteção e promoção social vinculando os
beneficiários do Bolsa Família aos programas sociais e de geração de renda no âmbito
estadual. Esse instrumento foi criado como uma medida adicional para a consolidação da
rede de segurança e proteção social para fortalecer o Pacto Federativo. O CNDS é um
acordo entre o Governo Federal e os Estados destinado a integrar iniciativas sociais. O
acordo estabelece metas anuais específicas para a redução da pobreza. As metas do plano
são: (a) erradicar a pobreza extrema, a insegurança alimentar, o trabalho infantil, e a
exploração sexual das crianças; (b) expandir políticas sociais para alcançar todos os
indivíduos pobres; (c) fornecer acesso ao mercado de trabalho e/ou apoio ao trabalho
autônomo; e (d) promover o fortalecimento institucional para avançar as oportunidades
para todos os brasileiros. Na metade de 2009, 22 dos 26 estados assinaram acordos,
apresentaram um plano e começaram a receber acesso preferencial a financiamento
federal para projetos produtivos, formação para o trabalho e outras atividades.
d) Implementar a estratégia Inclusão Bancária para abrir contas bancárias para os
beneficiários do PBF e promover seu acesso aos serviços bancários. As famílias de baixa
renda geralmente não têm condições de arcar com serviços financeiros e acham
extremamente difícil economizar. Como resultado, elas acabam pagando taxas altas no
mercado de crédito informal quando precisam de crédito. O Inclusão Bancária, por meio
da Caixa Econômica Federal, uma importante instituição bancária pública do Brasil,
facilita o livre acesso a contas bancárias para as famílias do PBF, e oferece serviços de
crédito e seguro a custos muito baixos. Essa estratégia é associada ao programa de
educação financeira para beneficiários do programa.
e) Fortalecer a qualidade da gestão do programa. Esses esforços incluíram: (a) atualização
das informações do Cadastro Único e o mecanismo de direcionamento para minimizar os
erros de exclusão e inclusão, para servir como ferramenta para selecionar beneficiários de
outros programas no âmbito federal e estadual; (b) definição de papéis e
responsabilidades institucionais de cada nível do governo envolvido, com um contexto de
contratos e incentivos de desempenho para governos subnacionais para realizar processos
42
de programas, incluindo o registro de beneficiários, gestão de benefícios, gestão de
condicionalidades, monitoramento e avaliação, e controle e supervisão; (c) aumento da
verificação do cumprimento das condições por parte das famílias (o progresso tem sido
muito significativo, especialmente no setor educacional); (d) melhoria dos sistemas de
pagamento e aumento de serviços para famílias por meio de agência de pagamento; e (e)
consolidação dos sistemas de monitoramento e avaliação do programa.
f) Institucionalizar um sistema abrangente de supervisão e controle do Bolsa Família. Desde
2005, o Governo Brasileiro tomou várias medidas para fortalecer os mecanismos de
supervisão e controle do PBF. Vários graus e regulamentos foram passados estabelecendo
responsabilidades para supervisão e controles em vários níveis do governo. A supervisão
e o controle do programa Bolsa Família operam em três níveis: A rede de supervisão (ou
Rede de Fiscalização) no nível federal inclui três órgãos, do poder executivo e legislativo
(Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas da União respectivamente) assim
como o órgão de controle público independente (Ministério Público). Os controles do
programa no MDS incluem verificação cruzada interna e externa do Cadastro Único, três
linhas diretas (na Caixa, no Programa e na SENARC), monitoramento do desempenho
municipal e do IDG, e monitoramento da Caixa. No nível municipal, todos os 5.564
municípios desenvolveram conselhos de controle social e pontos locais de contato para
reclamações/reivindicações.14
Bolsa Família: Resultados do Programa
15. Embora a avaliação do impacto do PBF ainda esteja em andamento, alguns impactos
importantes do programa já são aparentes. A evidência sobre os impactos no nível dos
domicílios está disponível: (a) no levantamento anual de domicílios (PNAD, 2006 e 2008); e (b)
nos resultados da base da avaliação de impactos longitudinais multianuais. Além disso, o
programa foi extensivamente avaliado pelos órgãos externos mostrando na maioria dos casos
impactos positivos significativos (ver também Anexo 1B e 9).
Pobreza, Desigualdade e Crescimento
16. O Bolsa Família representou um enorme ganho para os beneficiários e uma pequena
perda para as pessoas que não são pobres. Cerca de 80% dos benefícios do programa vão para
famílias nos dois quintis mais pobres e 48% são recebidos pelas pessoas que vivem no quintil
mais pobre. Apesar da rápida expansão do programa entre 2003 e 2006, quando atingiu a meta de
11 milhões de famílias, o programa provou ser muito eficaz no alcance aos mais pobres.15
Embora a qualidade do direcionamento tenha caído ligeiramente entre 2004 e 2006, quando o
programa quase duplicou o número de famílias beneficiárias e se tornou uma intervenção
nacional, a incidência do programa ainda é satisfatória. De fato, a incidência do programa é
14
Lindert, et. al. (2007). 15
Soares, S., R.P. Ribas, e F.V. Soares (2009) “Focalização e Cobertura do Programa Bolsa Família: qual o
significado das 11 milhões de famílias?” Brasília: IPEA, Texto para Discussão, No 1396. Soares, F.V., R.P Ribas,
R.G Osorio (2007) Avaliando o Impacto do Programa Bolsa Família: uma comparação com Programas de
Transferência Condicionada de Renda de Outros Países”, IPC evaluation note, Número 1, Dezembro, 2007.
43
similar aos dos programas Oportunidades no México ou Chile Solidário16
. Uma análise mais
recente comparando os dados de levantamentos domiciliares de 2004 e 2008 mostram que o
direcionamento do Bolsa Família melhorou ligeiramente.17
2004: 4 million families 2004: 4 milhões de famílias
2006: 11 million families 2006: 11 milhões de famílias
Source: Soares Ribas. Soares 2009 (using
PNAD 2004 e 2006)
Fonte: Soares Riba. Soares 2009 (usa
dados de 2004 e 2006 do PNAD)
17. Com uma cobertura de mais de 11 milhões de famílias (cerca de 46 milhões de pessoas), o
programa demonstrou um impacto significativo sobre a pobreza e a desigualdade, bem como um
aumento nas oportunidades dos beneficiários de participar de ações de geração de renda. As
estimativas indicam que o impacto líquido do Bolsa Família entre 2003 e 2008 explica cerca de
um sexto da redução da incidência de pobreza extrema no Brasil. Estima-se que o Bolsa Família
contribuiu com cerca de 35% na redução do hiato da pobreza extrema (P1) e cerca de 47% na
redução da severidade da pobreza (hiato da pobreza elevado ao quadrado – P2). Além disso, o
16
Soares, S. and N. Satyro (2009) ‘O Programa Bolsa Família: Desenho Institucional, Impactos e Possibilidades
Futuras”, Brasília, IPEA, texto para Discussão No 1424, Outubro. 17
Paes de Barros & Carvalho (2009).
44
Bolsa Família respondeu por cerca de 15% da queda na desigualdade entre 2003 e 2008. Como
esperado, o impacto do programa na redução da pobreza e desigualdade entre o quintil de renda
mais baixo é muito mais alto, respondendo por cerca de 25% no aumento da renda per capita e
32% na redução da desigualdade no mesmo período.18
18. Além disso, em alguns grupos, os beneficiários adultos mostram um certo aumento na oferta
de mão de obra, contrariando a preocupação da opinião pública com relação à dependência
assistencial. Os beneficiários adultos do PBF tiveram cerca de 3% a mais chance de participar
da força de trabalho, 1,5-4,5% mais chance de buscar ativamente emprego, e investiram mais em
sua educação do que os não beneficiários. Na região sul/sudeste, os beneficiários adultos do sexo
feminino do programa tiveram 13,7% mais chance de entrar no mercado de trabalho do que suas
contrapartidas.19
Além disso, resultados preliminares sugerem que o PBF está contribuindo para
uma possível redução no trabalho infantil, que é consistente com as conclusões de outros
estudos.
19. Estudos recentes sugerem que o Bolsa Família pode ter tido impacto econômico significativo
e pode ter contribuído para melhorar a sustentabilidade fiscal. Um estudo do Instituto de Ensino
e Pesquisa (INSER) publicado em 2009 mostrou que as transferências mensais feitas pelo
Governo Federal aos beneficiários distribuídos em todos os 5564 municípios no Brasil
aumentaram o PIB local. O estudo calculou que, em média, uma expansão de 10% no número de
beneficiários do Bolsa Família aumenta a receita dos municípios em mais de 1% enquanto cerca
de 10% aumento no volume da transferência aumenta a receita local em até 1,36%. O Programa
expandiu de 2,3 para 11,9 milhões beneficiários entre 2002 e 2009, e o volume das transferências
foi atualizado pelo menos duas vezes nos últimos anos. De acordo com o INSER, o Bolsa
Família contribuiu para a redução da dependência fiscal da maioria dos municípios na
administração Federal, que foi uma questão de preocupação nas décadas passadas.
20. Os setores econômicos que se beneficiaram mais com o aumento do consumo das famílias
pobres como consequência das transferências de dinheiro foram o industrial e o de serviços. O
motivo para isso é que a maioria dos beneficiários vive em áreas rurais e semirrurais, onde o
consumo de alimentos básicos é geralmente garantido. Portanto, as famílias usam as
transferências do Bolsa Família principalmente para aumentar seu uso de energia, água e gás.
21. O estudo também estimou o impacto que o Bolsa Família teve no PIB do país em 2006,
quando o orçamento do Programa aproximou-se de U$S 3,4 bilhões. Essa alocação, que foi mais
de 30% maior do que em 2005, aumentou o PIB do Brasil em até 1,8% este ano. Como o PIB do
Brasil foi de U$S 1,076 trilhão, a expansão do Bolsa Família pode ter contribuído com US$ 19
bilhões para o crescimento do PIB do país.
Consumo, Saúde, Nutrição e Educação
22. Um dos impactos positivos evidentes do PBF tem sido registrado nas acentuadas
reduções na insegurança alimentar e nos aumentos no consumo entre as famílias pobres
18
Paes de Barros & Carvalho (2009). 19
MDS. 2007. Avaliação de Políticas e Programas do MDS – Resultados. Volume 2 – Bolsa Família e Assistência
Social.
45
que participam do PBF. O consumo aumentou como uma parcela do gasto total entre famílias
beneficiárias, especialmente no consumo de alimentos, educação, e roupas para crianças. Para
cada real recebido como transferência, 62 centavos foram gastos em comida, em oposição aos 24
centavos dos não beneficiários.20
Diferentes estudos mostram que entre 74 e 85% de famílias não
só aumentaram o consumo geral de alimentos, mas também aumentaram a qualidade e a
variedade dos alimentos consumidos, o número de refeições diárias e a quantidade de alimentos
oferecidos às crianças. Uma avaliação do Bolsa Família pelo Ministério da Saúde mostrou que as
dietas das famílias beneficiárias do PBF foram 5,1% mais diversificadas em comparação às
dietas de famílias não beneficiárias.21
23. Essas melhorias podem ter tido efeitos importantes na redução da má nutrição, e
consequentemente no nível de atrofias e perdas em crianças. O estudo de base não mostrou
nenhum impacto significativo do Programa em termos de má nutrição. Contudo, estudos
posteriores realizados em áreas pobres específicas concluíram que os beneficiários do PBF com
menos de 5 anos de idade tiveram 26% mais possibilidades de estatura e peso apropriados à sua
idade do que suas contrapartes não beneficiárias.22
Outro estudo na região nordeste e em Minas
Gerais concluiu que os beneficiários do PBF alcançaram indicadores superiores de estatura para
idade (HFA) que não beneficiários (foram observadas atrofias em 6,8% dos beneficiários em
comparação aos 11,5% nos não participantes). Além disso, as crianças beneficiárias tiveram 10%
mais chances de estarem saudáveis durante sua consulta ao médico que os não beneficiários no
estudo realizado pelo Ministério da Saúde.23
Um estudo longitudinal de bebês também mostra
que 24 meses de participação no PBF contribuíram para aumentos no peso gestacional de 200
gramas em comparação a um grupo de não beneficiários. Outros resultados positivos incluem a
incidência de 6 (ou mais) consultas pré-natais entre mulheres gestantes, que é 6 pontos
percentuais mais alto que as não beneficiárias. A mesma diferença positiva de 6% é observada
nas consultas médicas de crianças.24
No entanto, um estudo de acompanhamento da avaliação de
impacto do programa, disponível durante o primeiro semestre de 2010, fornecerá resultados mais
robustos e definitivos sobre o status de subnutrição e saúde de crianças.
24. Resultados preliminares também indicam avanços na educação, mas os resultados de
qualidade ainda estão lentos. Até outubro de 2007, cerca de 12 milhões de crianças, ou o
equivalente a 80% da população total de jovens beneficiários registrados no PBF estava
cumprindo as condições educacionais. Os gastos totais aumentaram e outros indicadores
educacionais, tais como frequência, mostraram melhorias. Para crianças de 7-14 anos de idade, a
participação no PBF aumentou a frequência escolar em até 3,6 pontos percentuais, enquanto esse
aumento foi de 7,1% na região nordeste.19
Outro estudo mostrou que no longo prazo, as taxas de
20
MDS. 2007. Primeiros Resultados da Análise da Linha de Base da Pesquisa de Avaliação de Impacto do
Programa Bolsa Família. 21
Ministério de Saúde. 2007. Avaliação do componente de saúde do Programa Bolsa Família. Brasília DF: Série C.
Projetos. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ebadi). 2008. Repercussões do Programa Bolsa
Família na Segurança Alimentar e Nutricional. Rio de Janeiro. 22
Ver Paes-Sousa, R. e L.M. Pacheco Santos (2008) “Avaliando o Impacto do Programa Bolsa Família com base
nos dados de Health and Nutrition Days”. 23
Ministério de Saúde. 2007. Avaliação do componente de saúde do Programa Bolsa Família. Brasília D.F.: Série
C. Projetos. 24
Ministério de Saúde. 2007. Avaliação do componente de saúde do Programa Bolsa Família. Brasília D.F.: Série
C. Projetos.
46
inscrição aumentaram cerca de 13%.25
Apesar desses resultados positivos, o impacto sobre os
resultados da educação tem sido menor do que o esperado. As avaliações e outros levantamentos
recentes mostram menos resultados conclusivos com relação à aprovação e repetição de série.26
Desenvolvimento Institucional e M&A
25. O PBF também tem obtido importantes impactos consolidando o contexto institucional
de assistência do setor social. Essa é uma medida crítica para promover a sustentabilidade e a
eficiência de outros programas de assistência social. Isso incluiu a integração dos programas de
transferência monetária do governo nacional preexistente em uma estrutura única, com ganhos
consequentes em eficiência, reduções em custos administrativos, e o aumento de sinergias. O
programa desenvolveu uma única abordagem de gestão descentralizada na qual os municípios
têm um papel central na identificação de beneficiários e monitoramento de condicionalidades. O
Bolsa Família também trabalhou com estados e municípios para obter acordos de cooperação
legalmente vinculantes que integrem seus programas de transferência monetária preexistentes à
principal estrutura do PBF para reduzir duplicações e custos administrativos. Essas fusões
ocorreram em 14 estados e 15 municípios. Esses acordos também ajudaram a definir melhor o
papel de cada nível e aumentar a capacidade de municípios e estados para implementar o
programa de assistência social.
26. A criação do MDS foi uma etapa-chave no processo de consolidação do PBF no centro do
sistema de proteção social, na melhoria da supervisão do programa descentralizado; e no
aumento da capacidade do Governo para gerenciar efetivamente e monitorar o progresso
nacionalmente. O MDS continuará a promover a criação de vínculos entre os vários programas
de assistência social e a criar estratégias para a graduação efetiva de beneficiários no mercado de
trabalho por meio de programas de microcrédito e programas de busca de emprego.
27. Importante para o sucesso do PBF tem sido o fortalecimento dos sistemas de monitoramento,
supervisão e avaliação do programa. A Secretaria da Avaliação e Gestão da Informação, SAGI,
realiza muitas avaliações quantitativas e qualitativas, incluindo um estudo de impactos de longo
prazo. O desenvolvimento de sistemas de supervisão e controle internos e externos complementa
essas avaliações. O principal desafio nessa área é fortalecer os mecanismos de controle social
com base nos conselhos e comitês locais, que o MDF requer que sejam estabelecidos quando um
município participa do programa.
28. Finalmente, a unificação do registro do beneficiário, o Cadastro Único, fortaleceu a
arquitetura básica do programa. Ele também criou uma plataforma para um melhor
direcionamento de futuros programas sociais de uma maneira geral, que fortalecerão os vínculos
entre os programas, aumentarão as sinergias e reduzirão as ineficiências. A próxima etapa é
ampliar o uso do Cadastro Único para identificar outras dimensões de vulnerabilidade (além da
pobreza de renda). Uma vez que as populações-alvo que necessitam de tipos diferentes de
25
Paul Glewwe & Ana Lucia Kassouf, 2008. The Impact of the Bolsa Escola/Familia Conditional Cash Transfer
Program on Enrollment, Grade Promotion and Drop-out Rates in Brazil. 26
Embora o estudo do CEDEPLAR (2006) sugira que as crianças do Bolsa Família tendem a repetir de série mais
do que os não beneficiários, uma avaliação mais recente (Glewwe, et al) conclui que as crianças do Bolsa Escola e
do Bolsa Família tendem a ter taxas mais altas de aprovação quando comparadas às não beneficiárias. O primeiro
estudo de acompanhamento da avaliação de impactos do Bolsa Família deve mostrar resultados mais conclusivos.
47
assistência sejam identificadas no Cadastro Único, o Governo será capaz de selecionar os
programas mais eficazes para apoiá-los.
Bolsa Família: Desafios do Programa
29. O BFP demonstrou que pode afetar o bem-estar de famílias pobres e é bem
institucionalizado na essência do sistema de proteção social no Brasil, mas ainda existem
desafios importantes. O PBF precisa ser consolidado entre duas áreas amplas: (a) fortalecendo
ainda mais a arquitetura básica do programa incluindo a dinamização de processos e operações; e
(b) desenvolvendo vínculos mais fortes com outras intervenções sociais e oportunidades de
desenvolvimento de empregos e aptidões, como porta de entrada potencial para famílias
beneficiárias escaparem da pobreza.
30. Os desafios permanecem na implementação e gestão locais do programa Bolsa Família.
Conforme discutido acima, o PBF estabeleceu um processo de autoavaliação contínua e
melhorou sua implementação e acordos institucionais em diversas áreas de operação. Os futuros
desafios incluem a melhoria da logística de pagamentos, especialmente nas áreas rurais, e
identificação de outras vulnerabilidades para conhecer beneficiários não tradicionais. Outro
desafio é aumentar a capacidade dos governos locais e das secretarias de saúde e educação de
verificar as condicionalidades. Há evidências do APL1 que os procedimentos atuais para
verificação de condicionalidades, quando implementados, criam bons incentivos à conformidade.
O desafio, portanto, é garantir a verificação generalizada. Isso será apoiado sob o APL2 por meio
de componentes de assistência técnica.
31. Outro desafio é ampliar e consolidar a estratégia para vincular os beneficiários do Bolsa
Família a outras intervenções, tais como desenvolvimento de aptidões, oportunidades de
geração de empregos e renda. O Bolsa Família e o Cadastro Único fizeram um progresso
significativo ao vincular famílias registradas a outros programas sociais. No nível federal esse
processo foi facilitado pela função do MDS de gerenciar programas sociais importantes neste
nível. Ao mesmo tempo, muitos municípios e estados já vincularam suas próprias intervenções a
famílias registradas no Cadastro Único e beneficiários do Bolsa Família. No entanto, só
recentemente o Governo começou a institucionalizar uma estratégia formal para conectar o
programa e as intervenções que oferecem um caminho eficaz para as famílias saírem da pobreza.
Portanto, o desafio é ampliar, consolidar e garantir a sustentabilidade dos vínculos entre os
beneficiários adultos do BF com inclusão produtiva, oportunidades de geração de renda e
desenvolvimento de aptidões, para aumentar as intervenções de empregabilidade.
48
Bolsa Família e Parceria de Longo Prazo com o Banco Mundial
32. Desde o lançamento do programa em 2003, o Banco Mundial mantém uma parceria
antiga com o Governo por meio de diálogo, apoio analítico e consultivo, e sob o APL1
contínuo. O empréstimo de US$ 572 milhões apoia os esforços do Governo para implementar e
melhorar a qualidade do PBF. O foco da primeira fase foi na: (a) melhoria dos mecanismos de
direcionamento para reduzir os erros de exclusão e inclusão; (b) criar fortes sistemas de
monitoramento e avaliação; e (c) fortalecer as operações básicas do programa ampliando a
função dos municípios. Um componente importante desta iniciativa foi a consolidação do
registro beneficiário (Cadastro Único) para um melhor direcionamento, e a identificação de
vulnerabilidades. O progresso do programa desde seu lançamento tem sido muito significativo
em termos de produtos e resultados. Por meio da preparação e implementação do APL2, a
parceria entre o Governo e o Banco Mundial no setor de proteção social é reafirmada para
fornecer apoio ainda maior nas áreas onde o programa ainda está no processo de consolidação. O
APL2 enfatiza essas áreas onde o Bolsa Família desenvolve recursos inovadores para melhorar
ainda mais a eficácia e eficiência da operação do programa.
33. Na primeira fase do programa (2004 a 2009), o APL1 apoiou o Governo na criação das
principais fundações conceituais, legais e institucionais do PBF. A assistência financeira e
técnica do Banco Mundial apoiaram a administração do Lula no fortalecimento e consolidação
do programa por meio de: (a) definição clara das funções e responsabilidades institucionais de
cada nível do governo envolvido no programa; (b) estabelecimento de uma estrutura de contratos
e incentivos de desempenho de governos subnacionais; (c) melhoria da verificação de condições
e mecanismos de pagamentos; e (d) solidificação dos sistemas de monitoramento e avaliação.
34. O APL1 fez um bom progresso no alcance de seus objetivos de desenvolvimento e
implementação foi classificada como satisfatória. Como detalhado na Tabela 1.1, todos os
acionadores acordados para partir para a preparação do APL2 foram plenamente implementados.
49
Tabela 1.6: Acionadores para passar para a segunda fase APL (Segunda Fase do Projeto)
Transferê
ncias
Monetári
as
condicion
adas
Cobertura de pelo menos 2/3 de famílias em extrema pobreza
pelo programa
Programas de transferência pré-reforma eliminados (ex-
beneficiários convertidos para o Bolsa Família ou excluídos de
programas)
Cumprido
integralmente
Cumprido
integralmente
Fortaleci
mento do
sistema
para
identifica
ção da
populaçã
o-alvo
Questionário do Cadastro Único e critérios de elegibilidade do
BF revisados e publicados
Expansão e recertificação da estratégia de coleta de dados
elaborada e implementada
Todas as duplicações detectáveis no banco de dados do
Cadastro Único eliminadas
Periodicidade da atualização do Cadastro Único e recertificação
dos beneficiários do Bolsa Família formalmente estabelecidos
Processo de recertificação iniciado em pelo menos 25% dos
municípios
Usuários do Cadastro Único (MDS e pelo menos 50% dos municípios)
com acesso aos dados
Cumprido
integralmente
Cumprido
integralmente
Cumprido
integralmente
Cumprido
integralmente
Meta
ultrapassada
Meta
ultrapassada
Sistema
M&A e
de
desenvol
vimento
MIS para o PBF totalmente operacional e geração de relatórios
adequados
Resultados de pelo menos uma rodada de Revisões de Controle
de Qualidade do BF publicadas Realização de levantamento base de beneficiários
Cumprido
integralmente
Meta
ultrapassada
Cumprido
integralmente
Fortaleci
mento
institucio
nal
Matriz de responsabilidades funcionais e institucionais do PBF
publicada
Estratégia desenvolvida para operar o programa em áreas
remotas
Livretos de informações elaborados, publicados e distribuídos
Sistema de verificação de condicionalidades do capital humano
em operação
Cumprido
integralmente
Cumprido para
índios e
Quilombolas
Cumprido
integralmente
Sistema
operacional e
proporção de
aumento das
condicionalidade
s verificadas
35. Na conclusão da primeira fase, o MDS cumpriu todos os padrões de referência do progresso
de todos os conjuntos de marcos na estrutura de resultados do projeto. O Banco Mundial
certificou o preenchimento e a documentação do primeiro conjunto, que permitiu que a
percentagem de desembolso do componente SWAp aumentasse de 8% para 9%. O Governo
também cumpriu as condições do segundo conjunto de marcos, que teriam elevado a taxa de
desembolso para 11%; contudo, os fundos alocados para o componente SWAp foram totalmente
desembolsados na ocasião em que elas foram cumpridas. Na estrutura de resultados, esses
marcos representam um progresso cumulativo para os acionadores do APL2.
50
36. A análise e a avaliação dos pontos fortes e fracos da implementação da primeira fase criaram
uma agenda e prioridades para as melhorias na segunda fase. Essas melhorias fortalecerão ainda
mais a capacidade do PBF de reduzir a carga de pobreza e aumentar o desenvolvimento humano
dos beneficiários. Foram identificadas as metas a seguir para a segunda fase do programa:
a) Esforços contínuos para reforçar e completar a estruturação da arquitetura básica do PBF
a fim de aumentar o impacto imediato positivo sobre as taxas de pobreza e promover os
mecanismos de governo e responsabilização para fortalecer o impacto da assistência
social sobre as redução da desigualdade a longo prazo. Esforços programáticos
específicos incluirão continuar a: unificar e aumentar o uso do Cadastro Único como
instrumento de direcionamento; (b) melhorar a gestão do monitoramento e conformidade
das condicionalidades; (c) melhorar os mecanismos de pagamento nas áreas remotas; e
(d) continuar a fortalecer o monitoramento e avaliação do programa; (e) fortalecer a
supervisão e o controle (ambos os controles formais e sociais) das atividades dos
programas sociais; (f) aumentar a capacidade de implementação e gestão locais; (g)
melhorar a coordenação entre governo federal e local e refinar ainda mais as
responsabilidades de cada um dos níveis de prestadores de serviços de assistência social,
de saúde e educação ao configurar redes de serviços sociais; e (h) promover a
participação social de beneficiários na articulação da política local.
b) Melhorar a integração e vínculos entre o PBF e outros programas e intervenções sociais
e de mercado de trabalho para criar estratégias de saída da pobreza para os
beneficiários do PBF (especialmente estratégias de segunda geração) e para facilitar sua
entrada no mercado de trabalho e/ou acesso a atividades de geração de renda. Ações e
serviços complementares focariam no vínculo de beneficiários com: (a) acompanhamento
do assistente social e outros programas de assistência social; (b) serviços financeiros e de
microcrédito; e (c) atividades de inclusão geradoras de renda e produtivas.
Conclusão
37. O PBF tem sido fundamental para a redução da pobreza e da desigualdade no Brasil
entre 2003 e 2007. O programa responde por cerca de 21% da queda do coeficiente Gini e
ajudou a aliviar a pobreza em curto prazo. Ao oferecer incentivos às famílias pobres para
aumentar seu potencial de capital humano, ele tem tido impactos positivos no acesso aos serviços
de educação, nutrição e saúde. O Governo transformou o programa em sua iniciativa principal e
institucionalizou-o como o principal produto da política social do Brasil, combinando outros
programas de assistência social ao PBF. Em 2009, o programa atingiu 12 milhões de famílias ou
mais de 48 milhões de indivíduos, e é a maior iniciativa desse tipo no mundo.
38. O Banco Mundial tem sido um parceiro decisivo do Governo Brasileiro por meio de um
APL de duas parcelas que criou uma colaboração frutífera de longo prazo. O primeiro APL,
aprovado em 2004, apoiou o governo em seus esforços para consolidar quatro programas CCT
prévios em um único programa de transferência monetária condicionada. O foco dessa primeira
fase foi na: (a) melhoria dos mecanismos de direcionamento para reduzir os erros de exclusão e
inclusão; (b) criar fortes sistemas de monitoramento e avaliação; e (c) fortalecer as operações
básicas do programa ampliando a função dos municípios. O Governo Brasileiro atendeu a todos
os padrões de referência estipulados na estrutura de resultados do APL1.
51
39. A segunda fase do APL é alinhada com as metas do Governo e se baseará nas
realizações do APL1. Ela manterá a parceria por meio de assistência técnica continuada focada
nos “problemas da segunda geração” que ajudaria a consolidar a arquitetura básica do PBF, (a)
melhorar ainda mais os mecanismos de direcionamento expandindo o uso e o escopo do Cadastro
Único; (b) fortalecer ainda mais o mecanismo de responsabilização social e governança do
programa; (c) melhorar a prestação de serviços sociais e a verificação das condicionalidades; e
(d) aprimorar a coordenação com outros serviços complementares que visam às populações
vulneráveis nos níveis federais e locais.
Anexo 1.A. Lições aprendidas com a implementação do APL 1
1. Uma liderança política combinada a uma forte capacidade de implementação técnica e
uma avaliação rigorosa são fundamentais para o estabelecimento e a sustentabilidade do
programa. A experiência internacional tem demonstrado que a implementação e a
institucionalização bem-sucedidas dos programas CCT (Transferência Monetária Condicionada)
exige um apoio forte do mais alto nível do Governo, e responsabilidades institucionais definidas
para a elaboração, coordenação e implementação do programa. O APL1 apoiou a formação
institucional do programa, principalmente no nível federal, com suporte técnico para a Secretaria
Nacional de Renda de Cidadania (SENARC), responsável pela implementação do programa e
para a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI). A SENARC construiu um
sistema de monitoramento robusto, com base na revisão do registro dos beneficiários, além de
investir no fortalecimento de seu núcleo técnico. A SAGI focou na institucionalização do M&A
(Monitoramento e Avaliação) dentro do Ministério, e em fornecer os termos de referência de
qualidade (TOR — Terms Of Reference) e supervisão para avaliações externas. A avaliação do
impacto do programa e as principais avaliações da implementação são realizadas por avaliadores
externos terceirizados, incluindo uma instituição de pesquisa brasileira e uma instituição
acadêmica internacional.
2. Por sua vez, a definição inquestionável das responsabilidades institucionais assegura uma
coordenação adequada e aprimora a institucionalização e a sustentabilidade. Os programas
CCT incentivam as intervenções inovadoras entre os setores, que dificilmente se enquadram nas
missões dos ministérios executantes típicos. No Brasil, o Programa Bolsa Família enfrentou
desafios relacionados à coordenação de: (a) o monitoramento das condicionalidades entre os
Ministérios da Saúde e Educação ; (b) o compartilhamento de informações com o gerente do
banco de dados, Caixa Econômica Federal; e (c) a garantia da coordenação com os governos
estaduais e municipais. Ao longo da primeira fase, o MDS foi submetido a um processo de
reforma institucional, no qual foram definidas as funções de suas diversas secretarias e
colaboradores na implementação do Bolsa Família. No que pese que o Ministério da Saúde
centralize as informações sobre a conformidade com as condicionalidades da saúde, as
informações sobre a frequência escolar são inseridas diretamente pelas Secretarias Municipais de
Educação. O software incorpora um sistema inovador de incentivos, baseado em um Índice de
Gestão Descentralizada, que recompensa a implementação local eficiente do programa. Esse
processo gerou uma forte adesão entre os níveis e setores governamentais. A segunda fase
apoiará uma articulação ainda maior com as atividades executadas por outras secretarias do
MSD, voltadas ao apoio às famílias quanto à solução de outros desafios que enfrentam para sair
da pobreza e entrar no mercado de trabalho.
52
3. As famílias que deixarem de cumprir as condicionalidades podem precisar de apoio
adicional para se beneficiarem dos programas CCT. O Bolsa Família e os programas anteriores
acionaram uma mudança de comportamento entre os pobres, principalmente entre aqueles que
não costumavam ter acesso aos serviços, como as pessoas extremamente pobres em áreas rurais
distantes, e entre os prestadores de serviços locais. Contudo, experiências recentes têm indicado
que lidar com os desafios complexos, que as famílias muito pobres enfrentam ao participarem
dos programas CCT, é fundamental para o êxito sustentável dos programas. Alguns programas
na América Latina e Caribe implementaram atividades complementares para ajudar as famílias
beneficiárias a obter os benefícios máximos aos quais têm direito dentro do programa, e para
tomar medidas para tratar de sua pobreza estrutural. No Chile, o Programa Puente designa
assistentes sociais profissionais para colaborar com os beneficiários na implementação de um
plano de desenvolvimento familiar e para cumprir algumas corresponsabilidades individuais
relacionadas, durante o período de dois anos de existência do programa. De modo semelhante, o
Red Juntos de Acción Social na Colômbia utiliza cogestores sociales (coadministradores
sociais), que avaliam as necessidades das famílias e as ajudam a acessar os serviços para
implementar o respectivo plano de desenvolvimento familiar, no decorrer dos cinco anos de
duração do programa. No Brasil, os centros de serviços sociais (Centros de Referência da
Assistência Social — CRAS), administrados pela Secretaria Nacional de Assistência Social no
MDS, estão recuperando para o Bolsa Família os beneficiários que não cumprem as
condicionalidades do programa, para ajudá-los nesse sentido, e também para vinculá-los aos
serviços sociais locais. Por conseguinte, a equipe dos CRAS desempenha um papel importante
ao identificar e derrubar os obstáculos enfrentados pelas famílias beneficiárias.
4. Para o fortalecimento do capital humano, principalmente entre as populações pobres, é
necessária uma coordenação firme entre as intervenções de demanda e suprimento. Pelo
aspecto da demanda, os programas CCT procuram derrubar os obstáculos relacionados à renda
que impedem a população pobre e os grupos vulneráveis de terem acesso aos serviços sociais
básicos (educação, saúde e nutrição) e, dessa forma, aprimoram o uso desses e de outros serviços
sociais. Por sua vez, a menos que o abastecimento e a qualidade desses serviços sejam
inadequados, os programas CCT não obterão êxito na melhoria do status educacional, nutricional
e de saúde da população-alvo. Problemas relacionados ao abastecimento podem enfraquecer
gradativamente a eficácia de uma CCT; por exemplo, as crianças podem frequentar a escola, mas
se a qualidade do ensino for deficiente, sua aprendizagem pode não apresentar resultados
positivos, como têm comprovado evidências recentes internacionais e no Brasil. Melhorar a
qualidade e incentivar a aprendizagem nas escolas frequentadas principalmente pelos
beneficiários do Bolsa Família é um grande desafio no Brasil. Altos índices de repetição de ano e
de evasão escolar persistem no sistema. As faltas de oferta de serviços no nível secundário ainda
são problemáticas, principalmente nas áreas rurais remotas e comunidades indígenas. Para
solucionar esses problemas, o governo tem adotado ações para: (a) ampliar a idade de
elegibilidade aos benefícios, de 15 para 17 anos, que é exatamente a faixa etária na qual a
maioria dos jovens abandona a escola, e (b) fortalecer os programas de ensino alternativos e de
reciclagem do Ministério da Educação (Ensino para Jovens e Adultos) e a Secretaria Nacional de
Juventude, através da iniciativa coletiva (guarda-chuva) ProJovem. Além disso, o Ministério da
Educação está ampliando as linhas de financiamento para os programas pré-escolares municipais
e apresentando orçamentos baseados no desempenho constatado nas escolas, usando como
parâmetros os resultados de um exame nacional na 4ª série. Quanto à questão da nutrição, o
53
programa Bolsa Família continuará a apoiar o censo nutricional, “Chamada Nutricional”, entre
as crianças vulneráveis no Norte, Nordeste e entre os assentados da reforma agrária.
5. Mecanismos com metas transparentes garantem que um programa CCT atinja os
beneficiários pretendidos e maximize seu impacto. Um dos principais componentes para o êxito
do programa CCT é o esquema de direcionamento, aplicado para definir as áreas de intervenção
e garimpar as famílias beneficiárias. Os programas CCT são elaborados para propiciar às
famílias muito pobres um benefício individual, suficientemente alto para incentivar
investimentos no capital humano, mas bastante restrito para evitar a entrada das distorções
relacionadas à participação da mão de obra de adultos. Portanto, esse mecanismo de
direcionamento é o âmago de um programa CCT, se considerarmos que o benefício é elaborado
para alcançar a mudança comportamental pretendida nas famílias de extrema pobreza. O
direcionamento também requer certo ajuste para minimizar os erros de exclusão e inclusão, de
modo a incluir a quantidade máxima possível de famílias extremamente pobres, sem englobar a
população que não se enquadra nessa extrema pobreza. Nos países com desigualdade de renda
média, como o Brasil, geralmente também é necessário um direcionamento no nível familiar.
6. O reforço da implementação do Cadastro Único foi uma realização importante na primeira
fase do programa Bolsa Família. Uma vez que o cadastramento dos possíveis beneficiários é de
responsabilidade municipal, o MDS desenvolveu manuais de implementação e treinamento para
a coleta e atualização de informações sobre os domicílios. Paralelamente, o MDS tem sido mais
rigoroso quanto ao controle da qualidade do banco de dados de beneficiários. Em 2008, o MDS
adotou uma versão reformulada do questionário dirigido, e deflagrou recentemente um processo
total de recertificação, através de novos questionários. Enquanto, por lei, as decisões sobre
elegibilidade se baseiam na renda autodeclarada, essa informação é comparada com um índice de
recursos indiretos, o Índice de Desenvolvimento Familiar. Isso tem garantido um controle
eficiente sobre os erros de inclusão. Os próximos desafios do programa Bolsa Família são
continuar a minimizar os erros de exclusão, principalmente entre as populações de difícil acesso
nas periferias, nos arredores da cidade e em áreas rurais distantes, assim como entre grupos
socioculturais específicos, como os povos indígenas e descendentes de escravos fugitivos
(Quilombolas).
7. Regras claras e transparentes para dar apoio e aplicar sanções garantem a confiabilidade
do programa. Os programas CCT bem-sucedidos têm conquistado ampla credibilidade e
confiabilidade entre os beneficiários e outros grupos interessados. Isso exige regras claras,
transparentes e rigorosamente aplicadas, com instituições de perspectivas definidas. Isso também
requer uma discussão abrangente sobre: (a) a definição da corresponsabilidade dos membros
individuais e do agregado familiar; (b) critérios transparentes para selecionar as famílias, calcular
os valores dos benefícios e verificar o cumprimento das condicionalidades; (c) sanções para os
beneficiários incompatíveis, inclusive a suspensão temporária e definitiva do programa, e as
condições de reintegração; (d) sanções para fraude e má gestão por parte da equipe do programa
e das autoridades locais; e (e) diretrizes bem definidas sobre a duração dos benefícios do
programa. Um sistema eficiente, apurado e oportuno para verificar a conformidade das famílias
dos beneficiários com a respectiva corresponsabilidade, e a conformidade da equipe do programa
com suas funções no programa são primordiais para a sua credibilidade. Por último, a
credibilidade do programa depende da possibilidade de receber um feedback dos domicílios
participantes e do público.
54
8. Em sua primeira fase, o programa Bolsa Família instaurou um sistema abrangente, para
esclarecer as normas do programa por meio de instrumentos legais e instruções operacionais,
assim como através de manuais do beneficiário, boletins eletrônicos semanais para os gerentes
locais, um site detalhado do programa – com listas de beneficiários públicas, classificadas por
município — e duas linhas diretas dedicadas (para os beneficiários e gerentes locais). Além
disso, o programa Bolsa Família lançou um programa de treinamento completo – tanto
presencial, quanto através de aprendizagem de longa distância – para os gerentes locais. O
programa Bolsa Família também reforçou seus mecanismos de fiscalização externa: a
Controladoria Federal realiza aleatoriamente auditoria em 50 municípios, mensalmente, e inclui
o Bolsa Família no conjunto de programas auditados. O Tribunal de Contas da União, que se
reporta ao Congresso, realizou duas avaliações de implementação do programa Bolsa Família, e
os resultados dessas avaliações foram disponibilizados ao público. Como já era de se esperar
para um programa social carro-chefe, a imprensa local e internacional dedicou muito espaço ao
programa Bolsa Família, e a crítica da imprensa motivou o MDS a reforçar o sistema de
fiscalização do programa. A segunda fase do APL baseou-se nesses mecanismos e ajudou a
fortalecer o feedback entre o sistema de fiscalização e a gestão do programa, e entre os
mecanismos de controle formais e sociais.
9. Vincular os beneficiários a habilidades e às atividades de geração de renda garante a
sustentabilidade de médio prazo dos impactos de redução da pobreza. A experiência dos
programas CCT na América Latina tem demonstrado que, no curto prazo, as transferências
aumentam o acesso aos serviços e o consumo. Contudo, o grande desafio é garantir a
sustentabilidade de médio e longo prazo desses aprimoramentos. A maioria das CCTs na região
ainda está definindo estratégias explícitas de saída ou graduação. Algumas dessas estratégias
abrangem limites de tempo (Colômbia, Nicarágua), vínculos com programas sociais
complementares, acompanhados por apoio individual (Chile, Colômbia), medidas alternativas
(compensações) em nome das CCTs (El Salvador) ou vínculos com programas de geração direta
de habilidades, como os bônus de formatura e contas de poupança educacionais (México).
10. No Brasil, existem programas complementares, como: apoio de grupos através do CRAS,
aptidões para a vida dos jovens e atenção integrada a problemas da juventude, por meio do
ProJovem, programas de alfabetização para jovens e adultos (Brasil Alfabetizado), acesso a
serviços financeiros (contas e competência financeira) e programas de geração de renda, como
treinamento profissional (PlanSeq); serviços de procura de emprego e colocação no mercado
(SINE); microcrédito (Banco do Nordeste e Banco do Povo), assistência técnica para
microempresas; e programas de desenvolvimento rural (alguns apoiados pelos projetos CDD
(Community Driven Development — Desenvolvimento Voltado para a Comunidade), de
Redução da Pobreza Rural, instaurados no Nordeste). Sob o APL2, o programa Bolsa Família
ajudará a fortalecer a coordenação e articulação desses programas complementares e dos
beneficiários do Bolsa Família. Embora a maioria dos programas citados anteriores seja
administrada por vias federais, os estados e municípios se encarregam de uma grande variedade
de programas complementares. Um desafio semelhante é a coordenação dessas atividades com
os programas federais, para promover o desenvolvimento integrado local de redução da pobreza.
11. Ainda que elaborados para fomentar melhorias de médio prazo no capital humano, os
programas CCT têm a função de reagir às crises e proteger os investimentos das famílias
55
pobres no capital humano. O principal enfoque dos programas CCT reside em aprimorar as
sinergias entre a saúde, nutrição e educação, e desarticular a transmissão da pobreza entre as
gerações. Esses programas também oferecem um mecanismo eficiente para a canalização de
outros recursos para a população extremamente pobre se resguardar das crises temporárias (como
o disparo inflacionário incidente sobre os preços dos alimentos, ocorrido no ano passado), além
de fornecer incentivos para dissuadir as famílias de interromper seu investimento em educação e
saúde, devido às dificuldades econômicas.
12. Desde 2008, o Bolsa Família tem desempenhado um papel importante como rede de
segurança para aliviar o impacto dos preços dos alimentos e dos combustíveis e, mais
recentemente, da queda da atividade econômica. Isso ocorreu através de dois canais (a)
aumentar os valores dos benefícios para evitar a sua erosão pela inflação provocada pelos preços
dos alimentos, e (b) expandir as listas de beneficiários de modo a incluir uma dimensão de
vulnerabilidade para que a volatilidade da renda passe a constar nos critérios de seleção.
Primeiro, em 2008 e 2009, o governo reajustou o valor de todos os benefícios, o que ajudou as
famílias beneficiárias a absorver o impacto ocasionado pelo aumento dos preços dos alimentos e
combustíveis. Em segundo lugar, em 2009, como uma ferramenta antecipada de gerenciamento
de riscos para atenuar a retração econômica, o programa Bolsa Família previu sua estimativa de
possíveis beneficiários, com base nos novos mapas de pobreza elaborados do IBGE e na análise
de vulnerabilidade realizada pela IPEA na Pesquisa de Mão de Obra Mensal.27
Como resultado,
o número alvo de beneficiários aumentou em 1,8 milhões de famílias, das quais espera-se o
cadastramento de 1,3 milhões entre maio e outubro de 2009.
13. A comunicação ao longo de toda a implementação do programa sustenta as CCTs em suas
operações diárias, inclusive através das transições políticas. Essa comunicação se move em
duas direções. Ela abrange muito mais do que as atividades relacionadas à mídia, porque fornece
uma abordagem pedagógica às famílias beneficiárias e administradores locais, principalmente
nas áreas distantes. Ela também educa o público e os legisladores em geral quanto às inovações
incorporadas a um programa CCT e promove fiscalização e responsabilidade. Na direção
contrária, a estratégia abrange um feedback ascendente, dos beneficiários e outros grupos
interessados locais para a administração do programa, auditoria e controle social. Embora a
Bolsa Família tenha alcançado grandes avanços junto à mídia e obtido uma boa cobertura, o
programa precisa alcançar os possíveis beneficiários que ainda se encontram excluídos.
Também é necessário um programa contínuo de reforço “com a comunicação vem a capacidade”
para incluir os funcionários municipais, que enfrentam altas taxas de rotatividade e cujo
entendimento do programa é fundamental para uma gestão eficiente local. Na segunda fase, o
programa Bolsa Família também pretende fortalecer os mecanismos de controle social para
desenvolver a capacitação local dos cidadãos.
14. Mesmo que as CCTs tenham se dedicado tradicionalmente às crianças em idade escolar,
colher os mais altos resultados para esse investimento pode exigir melhorias na preparação
das crianças do pré-escolar e habilidades de transição da escola para o trabalho, para os
jovens. Uma constatação recente no campo da neurociência demonstra que a faixa etária de 0 a 2
27
Segundo a metodologia atual, as informações coletadas pela pesquisa expressam a renda familiar apenas durante o
mês anterior. A nova metodologia pretende considerar a volatilidade da renda, o que afetará principalmente as
famílias próximas à linha da pobreza.
56
anos representa uma janela importante para formar os alicerces para um sólido desenvolvimento
sócio-cognitivo infantil. Isso depende de uma boa nutrição, cuidados com a saúde e acesso à
educação infantil. O Brasil lançou várias iniciativas para melhorar o acesso das crianças à
educação infantil. Na segunda fase, o programa Bolsa Família também otimizará o
monitoramento e levantamento das condicionalidades de saúde, focado nas crianças do pré-
escolar. Como mencionado anteriormente, o programa Bolsa Família já ampliou a elegibilidade
para os jovens de 15 a 17 anos, e busca atingir jovens em risco através da coordenação com a
cobertura de programas, ProJovem. O APL2 patrocinará as avaliações específicas de
componentes desses programas.
57
Anexo 1B: Geração de conhecimentos do Bolsa Família
1. Como carro-chefe do programa social do governo e maior programa de transferência
condicionada do mundo, o Bolsa Família gerou um volume cada vez maior de publicações sobre
seu impacto e implementação. Isso contribuiu para o fortalecimento das funções de
monitoramento e avaliação do Governo, que o Banco Mundial apoiou por meio do programa
BRAVA – tanto para a avaliação de impacto no nível do programa quanto para a
institucionalização do M&A – e por meio de componentes de gestão baseada em resultados em
vários empréstimos para políticas de desenvolvimento em nível estadual e atividades em nível
federal. Além disso, a escala e a velocidade nas quais o programa tem expandido e seu mero
tamanho tem gerado muita demanda de compartilhamento de conhecimento dos países no
processo de desenvolvimento de programas CCT. À medida que a estatura do Brasil cresce na
arena internacional, assume um papel de liderança nas discussões sobre políticas de assistência
social e o Bolsa Família é um ingrediente chave dessa agenda de conhecimentos.
I. Consolidação e fortalecimento institucional do monitoramento e avaliação de
programas sociais no Brasil
2. Desde sua criação em 2004, o Ministério do Desenvolvimento Social tem aumentado sua
capacidade de implementação e alocação orçamentária anual de forma bastante significativa. O
orçamento anual do MSD cresceu de cerca R$ 11 bilhões em 2003 para mais de R$ 32 bilhões
em 2009 (de US$ 3,5 bilhões para US$ 16 bilhões) atingindo mais de 1,1% do PIB. Atualmente,
o MSD compreende os mais importantes programas sociais em nível federal no Brasil. Além do
Bolsa Família, que cresceu de US$ 0,2 bilhão em 2003 para mais de US$ 5 bilhões em 2009, o
Ministério implementa vários outros programas sociais equivalentes para cerca de 1% do PIB
brasileiro, incluindo outra grande transferência monetária para a população idosa e deficiente
(BPC), assim como programas destinados a coibir o trabalho infantil (PETI), apoiar jovens de
baixa renda por meio de programas da escola ao trabalho e outras intervenções de assistência
social.
3. A estrutura institucional do Ministério do Desenvolvimento Social abrange três Secretarias
Executivas, responsáveis pela implementação dos programas de proteção social (SENARC,
SNAS e SESAN) e duas Secretarias transversais, responsáveis por apoiar a integração entre os
programas sociais e os vínculos entre as famílias no Cadastro Único com outras intervenções nos
níveis federais, estaduais e locais (SAIP), e executar um sistema abrangente de monitoramento e
avaliação de programas sociais (SAGI). Quando a esse aspecto, o Ministério do
Desenvolvimento Social é a principal instituição federal, responsável por planejar, implementar e
articular políticas sociais no Brasil.
4. As funções do M&A no MDS são categorizadas em duas frentes de trabalho. Por um lado, as
atividades de Avaliação e Pesquisa focaram na medição do impacto de programas sociais no
bem-estar dos grupos beneficiários; e, por outro lado, as atividades de monitoramento focaram
no registro do progresso dos programas e no acompanhamento diário dos programas. Como em
outros países, as atividades de avaliação são periódicas, realizadas somente em programas
selecionados, com base nos dados de amostra e destinadas a informar as principais decisões do
58
programa. O monitoramento é um processo contínuo regular realizado em todos os programas
usando dados administrativos (universal) e buscou ajustar e melhorar programas em
implementação.
5. As funções de monitoramento e avaliação no MSD constituem um elemento crítico da
formulação de políticas e do processo de tomada de decisões sobre políticas sociais em três
níveis: (i) internamente, para fornecer feedback e melhorar a eficácia dos recursos investidos em
programas sociais e otimizá-los sob a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento
Social; avaliações e estimativas são realizadas pela SAGI em estreita coordenação com agências
de implementação e gerentes de programas; (ii) no nível da formulação de políticas, para
informar decisões tomadas em relação a programas sociais, e (iii) externamente, para melhorar a
transparência, o controle e responsabilização de políticas sociais, por meio da divulgação e
discussão de avaliações e estimativas. A SAGI divulga o conhecimento gerado para o público
geral através de vários canais, incluindo o meio acadêmico, representantes do governo,
workshops, publicações técnicas, e disponibilidade de informações na web.
6. As funções de monitoramento e avaliação no Ministério do Desenvolvimento Social foram
previstas e reforçadas desde a criação do Ministério em 2004. Gradualmente, o Ministério tem
consolidado as atividades de M&A e a Secretaria SAGI tem conquistado especial importância no
processo de tomada de decisões. A criação da SAGI constituiu uma medida decisiva e inovadora
para a formulação de políticas, estimativa e avaliação de políticas sociais. Até então, nenhum
Ministério ou agência central no Brasil teve um órgão autônomo para realizar esses tipos de
atividades. A avaliação não foi considerada uma atividade indispensável no Governo Brasileiro.
A SAGI foi fortalecida institucional e tecnicamente para aumentar a relevância no processo de
tomada de decisões do Ministério.
7. Da perspectiva institucional, a SAGI é uma Secretaria transversal diretamente dependente da
Secretaria Executiva, apoiada por uma comissão composta por funcionários-chave das outras
Secretarias; desde 2005, monitoramento e avaliação são funções institucionais do Ministério de
Desenvolvimento Social. Tecnicamente, a SAGI é formada por especialistas de alto nível nas
áreas de monitoramento e avaliação. Gradualmente, a Secretaria tem desenvolvido instrumentos
e ferramentas para produzir conhecimento, informações e feedback em tempo oportuno. Além
das avaliações de impacto e pesquisas, realizadas geralmente por meio de contratação de firmas
internacionalmente reconhecidas especializadas nessa área, a SAGI tem desenvolvido uma série
de mecanismos para acompanhar as informações diárias sobre as principais estratégias
ministeriais e fornecer informações e feedback úteis aos gerentes e tomadores de decisão dos
programas. Alguns desses instrumentos incluem: (i) a Matriz de Informações Sociais, que
fornece informações internas e externas, e é uma ferramenta de informática que armazena dados,
informações e indicadores de programas sociais; (iii) cartões de monitoramento, baseados em
questionários baseados na internet para acompanhar o status da operação dos CRAS (Centros de
Referência de Assistência Social); e (iv) georreferenciamento de programas sociais, entre outras
ferramentas. Além disso, a Secretaria também promove e realiza treinamentos para gerentes de
programas.
8. Nos últimos anos, a Secretaria tem aumentado gradualmente sua capacidade de monitorar e
avaliar programas sociais, conforme mostrado na tabela abaixo. Várias organizacionais
internacionais, incluindo o Banco Mundial, IDB, DFIF, UNDP e outras organizações das Nações
59
Unidas (ver tabela no final deste Anexo), assim como o orçamento regular do MSD, financiaram
os estudos.
9. A SAGI desenvolveu um protocolo para identificar um programa crítico a ser avaliado,
definir a metodologia de avaliação mais adequada e realizar a avaliação. A figura abaixo mostra
os fluxos básicos para identificar e implementar uma avaliação de impacto.
Tabela 1.7:Ciclo de avaliação
1. Discussão 2. Termos de referência 3. Contrato
SAGI/SF
•Seleção do design de
avaliação •Relevância do estudo proposto
SAGI/SF
•Preparação de ToR pela
SAGI •SF revisa TOR
SAA e/ou Agência
Internacional
• Aprovação do ToR
•Preparação do Tender
•Recrutamento do IE que
apresenta o melhor projeto 4. Reuniões/Decisões-chave 5. Follow up 6. Resultados finais
SAGI/SF/IE
•Definição de perguntas
relevantes para o estudo
•Acessibilidade a dados
necessários à pesquisa
SAGI/IE
•Desenvolvimento de
ferramentas de pesquisa
•Visitas de campo
•Avaliação e aprovação de
relatórios parciais e relatório
final
SAGI/SF/IE
•Descobertas e recomendação
da avaliação (IE)
•Reunião com gerentes •Feedback do monitoramento
7. Compartilhar descobertas 8. Publicações 9. Compartilhar microdados
SAGI/SF/IE
•Apresentação de resultados
finais para o MDS •Abrir seminários ao público geral
SAGI
•Documentos do estudo
•Relatórios de pesquisa •Livros
SAGI
•Enviar arquivos de microdados de
pesquisa para CIS
SAGI = Secretaria de Avaliação e Gestão de Informação / SAA= Secretaria de Assuntos Administrativos
SF = Secretaria de Linha / IE= Órgão Executor / CIS = Consórcio de Informações Sociais Fonte: Vaitsman, J., R.W.S. Rodrígues, e R. Paes-Sousa (2006) The System for Evaluating and Monitoring Social Development
Programs and Policies: o caso do Ministério de Desenvolvimento Social e o combate à fome no Brasil, Documentos sobre
Políticas /17, p. 42.
II. Impactos e outra evidência
10. De modo geral, a experiência brasileira com o Bolsa Família (e programas pré-reforma)
contribuiu para o volume cada vez maior de publicações que mostram que as transferências
monetárias condicionadas podem ser um mecanismo eficaz para: (i) reduzir a pobreza e a
desigualdade; (ii) reduzir a insegurança alimentar e aumentar os consumos; (iii) melhorar as
condições de saúde (por exemplo, má nutrição); e (iv) promover resultados de aprendizagem
positiva. Essas descobertas, confirmadas várias vezes por acadêmicos, pesquisadores, agências
nacionais (IPEA, IBGE, MS, MDS), e organizações internacionais (Banco Mundial, UNDP,
FAO, IFPRI, IDB) ajudam a ilustrar a importância do PBF no Brasil. A Box 1.1 descreve alguns
dos desafios analíticos que enfrenta a avaliação de impacto do Bolsa Família e a Box 2.1
descreve a estrutura dos dados da principal avaliação de impacto oficial.
60
11. Para promover a fronteira de conhecimento sobre CCTs no Brasil, os pesquisadores no
Banco Mundial também analisaram o tratamento da mídia com relação as CCTs no Brasil,
focando na cobertura, conteúdo e clima do debate na imprensa sobre o conceito e implementação
das transferências monetárias condicionadas no Brasil. Esse estudo único e inovador catalogou
6.351 artigos no período de 2001-2006 criando um rico banco de dados que inclui um amplo
conjunto de variáveis. Resultados preliminares descobriram uma importante contribuição da
mídia na promoção de debates sobre o conceito e a implementação de CCTs no Brasil.
1.1: Desafios para as avaliações de impacto do Bolsa Família
O Bolsa Família e seus programas CCT antecessores (como o Bolsa Escola para educação)
inspiraram muitos estudos de impacto em uma série de resultados. Muitos desses estudos
realizados em 2007 examinaram o impacto do Bolsa Família sobre a desigualdade, resultados
educacionais, trabalho infantil, resultados da mão de obra adulta, e consumo dos domicílios.
Os resultados foram – pelos resultados e estratégias de identificação do tamanho do impacto –
amplamente favoráveis (e às vezes neutros). Confrontadas com um grupo de comparação, as
taxas de abandono escolar são mais baixas, o trabalho infantil permaneceu inalterado, e a mão
de obra adulta - na maior parte – permaneceu inalterada (o que poderia reduzir a preocupação
em torno dos programas de transferência monetária que eles talvez desestimulam a busca por
trabalho).
Um desafio essencial a ser considerado é a estratégia empregada para avaliar esses impactos.
Para ilustrar, imagine-se comparando os participantes do Bolsa Família com seus vizinhos que
não se qualificaram para o Bolsa Família porque sua renda excedeu o limite estabelecido pelo
Bolsa Família. Essa comparação pode mostrar que os beneficiários do Bolsa Família estavam
em pior situação do que seus vizinhos mais abastados (mesmo depois do Bolsa Família), mas
seria um engano inferir que o Bolsa Família falhou em aumentar a renda de seus beneficiários.
Por outro lado, ao compararmos o BF aos domicílios do mesmo nível financeiro, mas que
moram longe dos centros, onde eles teriam acesso a serviços, concluiríamos que os
participantes do BF têm resultados escolares muito melhores, mas essa vantagem pode se
dever ao melhor acesso a outros serviços e não somente ao BF. Tudo isso para dizer que é um
desafio identificar um grupo de comparação apropriado para indicar qual o impacto causal do
BF sobre os resultados dos domicílios. Face aos dados disponíveis, a maioria dos estudos até
este ponto usou um de dois métodos: correspondência e diferença-em-diferenças. Os métodos
de correspondência implicam o uso de dados dos levantamentos de domicílios para identificar
domicílios não inscritos no BF, mas muito similares aos inscritos, permitindo uma
comparação precisa. Esses métodos são claramente melhores do que as simples comparações
propostas acima, mas costumam ser prejudicados pelos preconceitos despercebidos para o
avaliador: por exemplo, um domicílio com mais iniciativa pode ter se inscrito no BF antes do
que um domicílio com menos iniciativa, e o domicílio com iniciativa pode estar se saindo
melhor por razões alheias ao efeito BF. O método diferença-em-diferenças compara não o
bem-estar dos domicílios participantes ou não participantes em um momento específico, mas
em vez disso a mudança no bem-estar desses dois grupos antes e depois da instituição do
programa (para participantes), portanto, essas diferenças constantes são removidas da
comparação. Isso tem por base a suposição de que os dois tipos de domicílios estariam na
mesma trajetória na ausência do programa, o que é questionável: alguns domicílios podem
estar melhorando sua situação a uma taxa mais rápida do que outros domicílios
61
12. Além disso, a pesquisa no Brasil focou nos tópicos subavaliados, tais como implementação
descentralizada, controle social, capacitação, capital social e dinâmica de gêneros nas CCTs.
Essas avaliações esclareceram uma série de questões, incluindo: o papel das comunidades locais
na implementação do programa, cidadania e identidade, autoestima e aspirações futuras,
estabilidade econômica e autonomia e dinâmica do poder em cada domicílio.
13. Finalmente, a implementação do Bolsa Família ajudou a gerar um importante conhecimento
sobre os efeitos secundários no setor social, mais notavelmente um aumento na coordenação
horizontal (intersetorial com a educação, saúde, trabalho, emprego e justiça) e vertical em cada
nível do governo (federal, estadual e municipal). Uma futura pesquisa investigará melhor os
efeitos secundários do PBF, examinando os macroefeitos mais significativos na economia local,
assim como seu impacto na subsistência dos beneficiários do programa, por meio de novas
parcerias com atividades de desenvolvimento agrário sustentável.
III. Fortalecimento institucional da avaliação no Governo Brasileiro
14. Além da evidência gerada pelo PBF, o MDS também fez contribuições significativas para
ajudar a promover a cultura e a institucionalização do M&A no Brasil. Por exemplo, o MDS é o
Box 1.2: Design da avaliação de impacto oficial do Bolsa Família
Embora os designs randomizados sejam considerados uma meta padrão da avaliação de
impacto, não foi possível adotar esse tipo de design para a avaliação de impacto do Bolsa
Família por razões operacionais. O programa consolidou os programas federais atuais e sua
implementação é descentralizada. Ambos os fatores tornaram uma atribuição de benefícios
aleatória em um período de expansão rápida logisticamente inviável. A alternativa escolhida
foi identificar dois grupos de controle para pesquisar, além dos domicílios que participavam
do programa Bolsa Família: Grupo de Controle 1 (C1) incluiu domicílios que estavam
participando de transferências que não eram do Bolsa Família, mas que não haviam migrado
para o programa Bolsa Família ainda, e o Grupo de Controle 2 (C2) incluiu domicílios que
estavam no Cadastro Único mas que não recebiam transferências de qualquer espécie (de la
Brière et al., 2007). É claro, os domicílios de ambos os grupos C1 e C2 podem ser distintos
dos domicílios que já estão no BF (ou seja, existe algum motivo para não estarem ainda no
BF e esse mesmo motivo pode afetar seus resultados). Esses dados foram coletados por
CEDEPLAR/Universidade de Wisconsin em outubro de 2005 e são a informação base para a
avaliação de impacto.
A segunda rodada de dados, que deve mostrar uma análise muito mais rica, foi coletada em
outubro-novembro de 2009 pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares
(IFPRI) e Datametrica, uma firma de pesquisa brasileira. Um dos principais desafios, como
ocorre com qualquer pesquisa que busca observar os mesmos domicílios no decorrer do
tempo, foi acompanhar os domicílios entrevistados na primeira rodada em 2005. O
questionário foi atualizado basicamente para garantir a comparabilidade, mas as medidas
antropométricas adultas foram ignoradas enquanto informações detalhadas adicionais foram
coletadas sobre crianças com idades de 13 a 15 anos na primeira rodada e que agora podem
estar no mercado de trabalho, e também sobre o impacto dos choques econômicos nos
últimos quatro anos, o bem-estar das família e as percepções dos domicílios beneficiários
sobre o impacto do programa. A principal estratégia da análise é uma estratégia de diferença-
em-diferenças, comparando domicílios que entraram para o Bolsa Família entre as duas
rodadas de coleta de dados com domicílios que estavam no Bolsa Família em ambas as
rodadas: isso deve permitir uma estimativa do efeito do Bolsa Família em diferentes
períodos. Uma forma de análise adicional seria – se as regras de elegibilidade do BF foram
estritamente cumpridas – comparar domicílios que acabaram de se qualificar com aqueles
que não se qualificaram (do grupo C2, acima) usando os métodos de descontinuidade de
regressão. Esses dois grupos de domicílios são provavelmente muito similares na ausência do
programa, exceto que os domicílios que acabaram de se qualificar desde então já se
beneficiam com o programa e, portanto, seus resultados diferenciais poderiam ser atribuídos
a isso. Devido à mudança nos limites de elegibilidade no decorrer do tempo, uma pessoa
também poderia usar a duração e a dose das metodologias de exposição para realizar análises
complementares
62
único ministério do governo federal com uma Secretaria especial criada com o único propósito
de monitorar e avaliar políticas e programas de assistência sociais. A Secretaria de Avaliação e
Gestão da Informação (SAGI) tem a tarefa de avaliar e monitorar programas que cobrem
desenvolvimento social, segurança nutricional e de alimentos, assistência social, renda e
cidadania. Para esses fins, eles desenvolveram seu próprio modelo de avaliação institucional,
criaram uma matriz de informações sociais que resultou em rápidas melhorias na coleta de dados
no nível municipal, e sistematizou métodos para a integração de dados no nível de agência
territorial e governamental. Essas inovações foram estudadas tanto pelo Banco Mundial quanto
pela FAO, e também em todos os níveis de governo.
15. A SAGI e a SENARC coordenam um programa extensivo de formação de capacidades de
gerentes municipais e estaduais do programa, ambos em questões operacionais e analíticas que
está contribuindo para fortalecer a capacidade técnica desses atores.
IV. Efeito catalítico sobre programa social acadêmico/avaliação de políticas
16. O MDS tem colaborado com agentes de conhecimento no Brasil para fazer melhorias
consideráveis no projeto do programa Bolsa Família, especialmente na área de direcionamento e
registro. Esses agentes incluem IPEA, IBGE, FGV, outros ministérios de linha, acadêmicos,
especialistas e organizações internacionais (por exemplo, o Banco Mundial). Três dos
desenvolvimentos mais significativos foram: (i) o redesenho do questionário do Cadastro Único,
para harmonizá-lo e vinculá-lo a outros questionários de dados de domicílios nacionais conforme
outros programas CCT da região; (ii) a criação de “mapas de pobreza” que são ligados ao censo
nacional e contêm informações sobre populações de baixa renda no nível municipal; e (iii) um
ferramenta de indicadores baseada nas variáveis do Cadastro Único, que ajuda os gerentes locais
do programa a planejar e monitorar programas no nível subnacional.
17. Outra inovação lançada pelo MDS para compartilhar conhecimento na implementação do
PBF é o Observatório de Melhores Práticas. O objetivo do Observatório é identificar, reunir e
divulgar informações sobre as melhores práticas de gestão desenvolvidas pelos estados e
municípios. Com esta ferramenta, todos aqueles que atuam direta ou indiretamente no PBF
podem conhecer as atividades desenvolvidas no nível local, que cobrem: gestão integrada,
registro, pagamento, condicionalidades, auditoria e controle social, e articulação do programa
com outros setores. Em novembro de 2008, o MDS premiou publicamente: (a) quatro
experiências de nível estadual; (b) cinco experiências de nível municipal; e (c) três avaliações
que lidaram com os impactos do PBF sobre o controle social, educação e participação da força
de trabalho.
18. Dada a importância do programa como o principal programa social do Governo, o Governo
optou por terceirizar a avaliação de impacto para um avaliador externo, formado por um
consórcio de uma organização de pesquisas reconhecida internacionalmente e um grupo de
pesquisa local. Além disso, também tem sido realizada uma série de auditorias operacionais
reforçadas pelo Tribunal de Contas da União desde o início do programa. Esse processo baseado
em processos iniciais adotados por outros programas CCT, tais como o Bolsa Alimentação,
contribuiu para desenvolver a credibilidade desses programas e introduziu um novo paradigma
63
para a avaliação de programas públicos, que passou a ser estendido a programas em todo o
Governo.
19. Finalmente, o MDS/Bolsa Família estimulou a produção de estudos de doutorado e mestrado
no Brasil e internacionalmente. O MDS criou um processo para divulgar os microdados gerados
pelas avaliações que são geradas internamente. Quatro meses após os resultados da pesquisa se
tornarem públicos, os microdados – sem qualquer identificação pessoal nas entrevistas – devem
estar disponíveis para o Consórcio de Informações Sociais (CIS).28
e os pesquisadores podem
acessá-los. Externamente, na parceria com o Centro de Pobreza Internacional UNDP-IPEA
(IPC), o MDS criou uma biblioteca virtual29
que abriga mais de 90 publicações nacionais e
internacionais sobre uma variedade de temas: geração de renda e trabalho, segurança alimentar e
nutrição, educação, saúde, entre outros. Essa ferramenta serve para divulgar o crescente corpo de
pesquisa e literatura sobre o Bolsa Família.
V. Conhecimento global e aprendizagem de sul-sul
20. Desde sua expansão, o Bolsa Família estimulou um intenso aprendizado Sul-Sul, por meio de
visitas e viagens de estudos, assistência técnica direta e participações em fóruns regionais de
CCT/Assistência Técnica. O programa tem sido objeto de várias solicitações para viagens de
estudo e visitas. Até dezembro de 2009, este processo incluiu visitas de cerca de 30 países,
incluindo a África de língua portuguesa, Costa Rica, Nigéria, Índia, Paquistão, Peru, Filipinas e
Panamá, entre outros. Os representantes do MDS também participaram de seminários no
Marrocos, Índia, Colômbia, entre outros. O MDS também organizou uma série de seminários
regionais sobre tópicos selecionados, que foram operacionalmente importantes para o programa.
Foram incluídos seminários regionais sobre questões de direcionamento em 2005 (com Chile e
México), sobre graduação e serviços complementares em 2007 (com Argentina, Chile, México).
O MDS também mantém um programa de cooperação técnica direta com países, tais como Gana
e Peru. A cooperação com Gana abrangeu questões de direcionamento, TI e MIS.
21. O programa Bolsa Família do Brasil também é um membro ativo do grupo de discussão da
comunidade CCT na América Latina e no Caribe. Este grupo, formado após a Terceira
Conferência Internacional de CCT em 2006, é composto de gerentes de alto escalão e
funcionários de programas do Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador e México e do pessoal do
Banco Mundial e do BIRD que trabalham em projetos de CCT. O grupo se reúne mensalmente
por meio de videoconferências para discutir questões operacionais transversais relacionadas a
CCTs. O grupo também organizou workshops pessoais no México em 2008 e na Colômbia em in
2009. Esses intercâmbios entre pares permitem que o pessoal do programa aprofunde sua
compreensão sobre como diferentes países enfrentam questões de implementação. O grupo de
discussão foi reconhecido como uma das inovações da América Latina e Caribe em
conhecimento em 2008/09 pelo Banco Mundial.
28
O Consórcio de Informações Sociais foi o resultado de um projeto desenvolvido pelo Centro ao Apoio à Pesquisa
sobre Democratização e Desenvolvimento da Universidade de São Paulo (NADD-USP) em parceria com a
Associação Nacional de Estudos de Pós-Graduação em Pesquisa em Ciências Sociais (ANPECS). 29
http://www.ipc-undp.org/mds.do?active=3.
64
22. O Brasil também organizou vários eventos internacionais relacionados a CCTs e deles
participou. Em 2004, o programa Bolsa Família do Brasil, em um esforço colaborativo com o
Banco Mundial, o Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID),
A Agência Técnica Alemã para Cooperação Técnica (GTZ), o Instituto Internacional de Pesquisa
em Políticas Alimentares (IFPRI), e o Município de São Paulo, Brasil, realizaram a Segunda
Conferência Internacional sobre Programas de Transferência Monetária. O objetivo desse
workshop foi reunir profissionais e formuladores de políticas de programas de transferência
monetária condicionada (CCT) para compartilharem suas experiências entre si e também com
formuladores de políticas de países que estão planejando atualmente programas de CCT. Mais de
100 pessoas de 25 países participaram, incluindo quase todos que tiveram programas CCT ativos
ou prestes a serem iniciados. Posteriormente, o Brasil participou da conferência de follow-up em
Istambul, e da mais recente conferência sobre crise da segurança alimentar, realizada em junho
de 2009 no Cairo.
65
Resumo do plano de trabalho de avaliação e pesquisa da SAGI 2004-2009
Programa Avaliação / Pesquisa Objetivo Fonte de
fundos
Em preparação
Bolsa Família Terceira rodada de
avaliação de impacto
Medir impactos do programa no consumo e nutrição
dos beneficiários
WB
UNDP
Avaliação de impacto
do BVJ
Determinar o impacto na frequência escolar pelos
beneficiários jovens e construir uma base para um
estudo longitudinal
WB
GOB
Cadastro Único Avaliação Avaliar a qualidade do instrumento GOB
ProJovem Avaliação de impacto
(1ª rodada)
Avaliar se o programa reduziu a vulnerabilidade entre
os beneficiários
GOB
Implementação do
programa IE
Avaliar o papel dos serviços educacionais UNDP
Centro de Convivência de
Idosos
Avaliação de impacto Mapa e diagnóstico do estado dos Centros GOB
Benefício de Prestação
Continuada (BPC)
Levantamento de
domicílios
Atualização das informações sobre beneficiários GOB
UNDP
Programa de Atenção
Integral à Família (PAIF)
Estudo de campo Avaliar trabalho com famílias UNDP
Estudo sobre método de
trabalho social
Design e implementação de um estudo
Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA)
Avaliação de impacto Medir o impacto sobre a renda das famílias WB
Avaliação Identificar instituições beneficiárias FAO
Estudo sobre o I.E. UNDP
Programa Agroecológico
Sustentável PAS
Avaliação de impacto Determinar impactos sobre beneficiários
Banco de Alimentos Avaliação de impacto Estudar a implementação em 86 municípios FAO
Programa de Agricultura
Urbana
Avaliação de impacto Determinar um perfil de beneficiários e a diferentes
estruturas de gestão
GOB
FAO
Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN)
Avaliação de impacto GOB
FAO Estudo sobre a opinião
pública
Determinar o nível de apoio público para a iniciativa
Estudo sobre
experiências
internacionais
Avaliação adicional Pesquisa adicional para complementar o PNAD
Pesquisas de Opinião
Pública
Três estudos de opinião
pública
Determinar o nível de apoio público para os
programas do MDS
UNDP
GOB
Chamada Nutricional Estudo Obter dados nutricionais de crianças de 0-5 FAO/GOB
Em implementação
Bolsa Família Segunda rodada de
avaliação de impacto
Medir impactos do programa sobre o consumo e
nutrição de beneficiários
WB
UNDP
Programa de Atenção
Integral à Família (PAIF)
Estudo qualitativo e
quantitativo
Avaliar a qualidade da implementação IDB
UNDP
ProJovem Estudo Avaliação sobre Centros da Juventude GOB/UNDP
Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil
Avaliação qualitativa Determinar a eficácia de Jornadas Ampliadas do PETI IDB
UNDP
Rede de Serviços da
Assistência Social
Pesquisa Atualizar informações do MUNIC 2005 GOB
IBGE
Benefício de Prestação
Continuada (BPC)
Avaliação de impacto Medir impactos sobre a vulnerabilidade dos
beneficiários
GOB
Programa de Aquisição de
Alimentos
Avaliação qualitativa Avaliar os obstáculos à participação de agricultores
pobres no programa
GOB
FAO
Cisternas Avaliação qualitativa Avaliar o programa no nordeste do Brasil GOB
FAO
Consórcio de Segurança
Alimentar e
Desenvolvimento Local
(CONSAD)
Monitoramento de
CONSAD PAIS,
Incubadoras e GERAR
Comunidades Tradicionais Estudo Apoiar Projetos de Segurança Alimentar e Nutricional
66
para os povos indígenas
Pesquisa de Opinião Estudo da opinião
pública
Determinar o nível de apoio público aos programas do
MDS
GOB/UNDP
Concluído WB
GOB
UNDP
DFID
Bolsa Família Avaliação de impacto Avaliar implementação
Estudo de campo Avaliar relações entre beneficiários e municípios
Estudo Impacto do BF sobre a receita municipal
Levantamentos de
domicílios
Determinar a opinião dos beneficiários sobre o
programa
Avaliação de impacto Ver impactos de gêneros
Levantamentos de
domicílios
Avaliar melhorias no consumo alimentar
I.E longitudinal Avaliar mudanças nas despesas familiares
Avaliação de impacto Avaliar mudanças nas despesas familiares
Avaliação de impacto Estimar impactos sobre status nutricional
Estudo de campo Identificar barreiras críticas
Estudos de casos Analisar a eficácia do controle social
Agente Jovem Avaliação de impacto GOB/UNDP
Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil (PETI)
PNAD complementar Adicionar perguntas sobre trabalho infantil GOB
UNDP
IDB Estudo Determinar perfil de beneficiários elegíveis
Avaliação qualitativa
Rede de Serviços da
Assistência Social
MUNIC suplementar Avaliar disponibilidade dos serviços públicos GOB
IDB Estudo sobre PEAS
Combate à exploração e
Abuso Sexual contra
Crianças e Adolescentes
SENTINELA
Estudo Estabelecer critérios de elegibilidade UNDP
GOB Estudo qualitativo Entrevistar diferentes interessados
Benefício de Prestação
Continuada (BPC)
Estudo Analisar o papel das transferências feitas pelo BPC GOB
UNDP Avaliação Determinar expansão potencial de BPC
Avaliação de impacto Avaliar gestão
Avaliação de impacto Avaliar monitoramento e controle social
População em Situação de
Rua
Estudo Discussões de workshop sobre PSR GOB/UNDP
UNESCO Pesquisa Avaliar o número de pessoas sem teto em 60
municípios
PAA Avaliação de impacto Avaliar implementação no nordeste do Brasil GOB
FAO Estudo Determinar impactos e sustentabilidade do programa
PAA Leite Estudo qualitativo Entrevistas grupos interessados GOB/FAO
Cisternas Avaliação de impacto Ver se os beneficiários têm acesso à água GOB
FAO Avaliação do processo Avaliar implementação no nordeste do Brasil
Populações Específicas
(Carteira Indígena e
Comunidades Quilombolas)
Estudo Identificar beneficiários e ver os impactos dos
programas
GOB
FAO
Estudo Avaliar implementação
Restaurantes Populares Estudo da opinião
pública
Determinar perfil de beneficiários GOB
FAO
Estudo da opinião
pública
Avaliar nível de satisfação de beneficiários
Estudo do mapeamento Estudar características de restaurantes em cidades com
mais de 100.000 pessoas
Cozinhas Comunitárias Avaliação de impacto Avaliar implementação
Estudo Identificar todas as Cozinhas Comunitárias
Consórcio de Segurança
Alimentar e
Desenvolvimento Local
(CONSAD)
Avaliação de impacto Avaliar implementação GOB
FAO
Hortas Comunitárias Estudo Identificar todas as Hortas Comunitárias GOB/FAO
Banco de Alimentos Estudo de mapeamento Estudar características de todos os Bancos de
Alimentos
GOB/FAO
Distribuição de Cestas de
Alimentos
Estudo Determinar perfil dos beneficiários GOB
FAO
Educação Alimentar Avaliação de impacto Avaliar resultados GOB/FAO
67
Segurança Alimentar PNAD suplementar Adicionar perguntas sobre consumo alimentar GOB
UNESCO Análise Avaliar complemento ao PNAd
Estudo Avaliar métodos usados para status nutricional
determinado de famílias pobres
Comunidades Tradicionais Avaliação de impacto Avaliar resultados GOB/FAO
Inclusão Produtiva Avaliação de impacto Avaliar resultados GOB
UNDP Estudo Colaborar no treinamento de jovens beneficiários
Chamada Nutricional Pesquisa Avaliar desnutrição entre crianças pobres GOB
UNDP Pesquisa Determinar perfil nutricional de crianças
Estudo Analisar resultados do nordeste do Brasil
Estudo Analisar resultados do estado do Amazonas
Pesquisas de Opinião
Pública
Estudo da opinião
pública
Determinar o nível do apoio público aos programas do
MDS
GOB
UNDP
Estudo da opinião
pública
Determinar o nível do apoio público aos programas do
MDS
Geral Estudo de campo Determinar prevalência da desnutrição em 1133
municípios
UNESCO
Análise Propor metodologia de M&A UNDP
Avaliação qualitativa Avaliar infraestrutura da assistência social UNDP
Avaliação de impacto Avaliar programas do MDS no Vale do Jequitinhonha
* GOB – Governo Brasileiro
Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social –SAGI.
68
Anexo 2: Principais projetos relacionados financiados pelo Banco Mundial e/ou outras
agências
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
Projeto (Financiado exclusivamente
pelo Banco Mundial)
Número
do projeto
Montante (US$ m)
Setor
Supervisão mais
recente (PSR/ISR)
Classificações
(Projetos financiados
exclusivamente pelo
Banco Mundial)
Progress
o da
impleme
ntação
(PI)
Objetivo
de
desenvolvi
mento
(OD)
Concluído
Projeto de Extensão de
Saúde Familiar (Family
Health ExtensionProject)
(Ln. 7105-BR), 2002
P057665 68,0 Saúde, Nutrição e
População
S S
Em andamento
Controle e Vigilância de
Doenças (Disease
Surveillance & Control) –
APL 2 (Ln. 7227-BR), 2004
P083013 100,0 Saúde, Nutrição e
População
S MS
1º APL do Bolsa Família
(Bolsa Família 1s APL)
(Ln. 7234-BR), 2004
P087713 572,2 Proteção social S S
Empréstimo para
Assistência Técnica HD
(HD Technical Assistance
Loan) (Ln. 7324-BR), 2006
P082523 8,0 Educação MS MS
2º APL para Extensão da
Sáude Familiar (Family
Health Extension 2nd
APL)
(Ln. 7545-BR), 2008
P095626 83,5 Saúde, Nutrição e
População
S MS
Projetos relevantes do Banco Mundial na região da América Latina e Caribe
(concluído, em andamento, planejado)
Empréstimo de Ajuste
Social do Chile (Chile-
Social Protection
Adjustment Loan) (Ln.
7202-CL), 2003. Concluído.
P078088 200,0 Proteção social HS HS
Empréstimos de Proteção P082037 10,71 Proteção social S S
69
Projeto (Financiado exclusivamente
pelo Banco Mundial)
Número
do projeto
Montante (US$ m)
Setor
Supervisão mais
recente (PSR/ISR)
Classificações
(Projetos financiados
exclusivamente pelo
Banco Mundial)
Progress
o da
impleme
ntação
(PI)
Objetivo
de
desenvolvi
mento
(OD)
Social do Chile (Chile-
Social Protection TA Loan)
(Ln. 7211-CL), 2003
Programa de Chefes de
Família - Argentina
(Argentina-Heads of
Household Program) (Ln.
7157-AR), 2003. Concluído
P073578 600,0 Proteção social S MS
Proteção Social e
Nutricional de Honduras
(Honduras-Nutrition and
Social Protection) (Cr.
4097-HN), 2005
P082242 20,0 Proteção social MS MS
Projeto de Transição de
Chefes de Família -
Argentina (Argentina-Heads
of Household Transition
Project (Ln. 7369-AR)
P055483 350,0 Proteção social S S
Projeto de Proteção Social
do Panamá (Panama-Social
Protection Project), (Ln.
7479-PA), 2007
P098328 24,0 Proteção social MS MS
Projeto de Proteção Social
da Jamaica (Jamaica-Social
Protection Project), (Ln.
7555-JM), 2008
P105024 40,0 Proteção social S S
Colômbia-Apoio à Segunda
Fase da Expansão do
Programa de Transferências
Condicionadas – Projeto
Familias en Acción (Ln.
7619-CO), 200
P101211 636,50 Proteção social S S
71
Anexo 3: Estrutura de resultados e monitoramento
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
ESTRUTURA DE RESULTADOS
PDO Indicadores de resultados Uso de informações sobre resultados
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE LONGO PRAZO DA BOLSA FAMÍLIA – APL DE
DUAS FASES (2004-2015)
Fortalecer a capacidade do Programa
Bolsa Família para alcançar seu objetivo
de reduzir a pobreza e a desigualdade e
promover o desenvolvimento do capital
humano melhorando a escolaridade e a
condição de saúde das crianças e
reduzindo a incidência da desnutrição
entre a população pobre.
Pelo menos 3/4 de famílias em
extrema pobreza recebem
transferências de renda do BF
Pelo menos 90% das crianças em
idade escolar de famílias
beneficiárias em extrema pobreza
frequentam a escola
Pelo menos 75% das crianças entre
0-6 anos de idade e gestantes
cumprem as condicionalidades de
saúde
Pelo menos 3/4 de gestantes
consultam o médico antes do final
do quarto mês de gestação
Ajustar o programa para solucionar
erros de inclusão e exclusão
Informações sobre resultados
informarão sobre a colaboração com
Ministérios da Educação e Saúde e
gerentes locais
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DA SEGUNDA FASE DO APL (2010-2015) Fortalecer ainda mais a capacidade do PBF de
alcançar seus objetivos apoiando:
O fortalecimento da governança geral do
programa por meio de funções ampliadas de
gestão básica do programa e funções de
responsabilização, supervisão e controle, em
três eixos: o registro dos beneficiários
(Cadastro Único), gestão de benefícios, e
monitoramento de condicionalidades;
A consolidação do sistema M&A do
Pelo menos ¾ das famílias no
primeiro quintil de renda recebem
transferências do BF
Pelo menos 90% das crianças em
idade de ensino fundamental e 85%
de jovens entre 16-18 anos de
famílias beneficiárias frequentam a
escola
Pelo menos 75% das crianças de 0-
6 anos e gestantes cumprem as
condicionalidades de saúde
Avaliar até que ponto: O PBF visa efetivamente aos mais
pobres e fornece-lhes incentivos
suficientes para melhorar os indicadores
de capital humano e
o Governo estabeleceu os processos para
uma coordenação eficiente com outros
programas sociais chave
72
programa; e
A integração de programas sociais, com o
Bolsa Família para promover inovações e
estratégias para a graduação de beneficiários
da pobreza por meio de investimentos no
capital humano
Pelo menos ¾ das gestantes
registradas no programa fazem uma
consulta ao médico antes do final
do quarto mês de gestação
Pelo menos cinco estados usam o
Cadastro Único como base para o
direcionamento e design de suas
políticas sociais
73
Resultados intermediários
Um por Componente TA
Indicadores de resultados
intermediários
Uso de resultados intermediários
Monitoramento Componente 2: O Cadastro Único fortaleceu como principal
instrumento direcionador de programas sociais
Componente 2:
Módulo de georreferenciamento do
MIS do PBF implementado, de
acordo com a versão 7.0
Componente 2:
Acompanhar as melhorias na
gestão do programa e garantir
acesso para outros interessados
Redução de erros de exclusão (não
registro de famílias potencialmente
elegíveis)
Avaliar melhorias no alcance de
populações de difícil acesso
Pelo menos 90% de registros atualizados
na versão 7.0 do Cadastro Único até o final
de 2010 e pelo menos 90% de registros em
menos de dois anos após 2010
Avaliar melhorias na precisão e
atualização de informações dos
domicílios
Indicadores para verificações da qualidade
das informações do Cadastro Único
desenvolvidos e implementados
Avaliar melhorias na consistência
interna dos dados
Verificações cruzadas sistemáticas com
outras bases de dados atualizadas Avaliar melhorias na consistência
externa dos dados
Componente 3: Programa Bolsa Família consolidado como a base
do sistema/estratégia da proteção social
Componente 3: 80% dos municípios selecionados
participam de seminários de treinamento
regional para agentes de controle interno e
externo (TCE, CGE, MPE)
Acompanhar o fortalecimento da
rede de controle e supervisão nos
níveis federais e estaduais
A média do índice de gestão
descentralizada aumentou para 0.85 Acompanhar a evolução dos
desafios da gestão que enfrenta o
programa no nível local Os atrasos na distribuição de
cartões reduziram para menos de 40
dias de 80% dos cartões emitidos
mensalmente
Avaliar até que ponto o programa é capaz
de atingir famílias vulneráveis
Pelo menos 50% das famílias
abriram conta bancária
Avaliar até que ponto o programa tem
sucesso na facilitação da inclusão
financeira de famílias beneficiárias
Informações sobre o cumprimento Avaliar melhorias no monitoramento e
74
das condicionalidades de saúde
disponíveis para 80% dos
beneficiários
elaboração de relatórios de
condicionalidades
Informações sobre o cumprimento
das condicionalidades de educação
disponíveis para 95% dos
beneficiários em idade escolar e
85% de beneficiários jovens
Avaliar melhorias no monitoramento e
elaboração de relatórios de
condicionalidades
Componente 4: Sistema de monitoramento e avaliação do MDS
consolidado
Componente 4:
Terceira rodada da avaliação de
impacto com dados e resultados
Componente 4: Fornecer feedback para melhorar a gestão
do programa em termos de resultados e
efeitos
Dados e resultados da avaliação de
impacto do programa sobre jovens (incl.
BVJ e /ou ProJovem adolescente)
divulgados
Avaliar até que ponto o benefício é bem-
sucedido na redução do abandono escolar,
e no aumento das taxas de frequência e
conclusão entre jovens com idades de 16
a 18
Mais duas rodadas de dados da Chamada
Nutricional e análise sobre populações
tradicionais divulgados
Seguir a situação nutricional de crianças
vulneráveis de 0-5 anos e avaliar a
eficácia das políticas nacionais que as
afetam
Componente 5: Compromisso Nacional do Desenvolvimento
Social lançado
Componente 5:
Protocolos para a implementação
do CNDS desenvolvido e
implementado
Componente 5: Avaliar o nível de resposta dos Estados à
iniciativa CNDS
Número de projetos de vários setores
implementados sobre o total de projetos
gerenciados pelo CNDS
Avaliar até que ponto o CNDS ajudou na
integração de programas entre agências
Seis estudos para melhorar a inserção
socioprodutiva da população-alvo do
CNDS
Avaliar o nível da consolidação do
Compromisso
Componente 6: Coordenação operacional do projeto PBF
consolidado
Componente 6:
Aquisição interna e capacidade de
FM fortalecidas (pessoal contratado
e treinado)
Componente 6: Acompanhar o fortalecimento das
capacidades de aquisição interna
75
Planos do monitoramento de resultados
Valores-alvo Coleta de dados e Elaboração de Relatórios
Indicadores de resultados
dos projetos
Base ANO
1
ANO
2
ANO
3
ANO
4
ANO
5
Frequência e
Relatórios
Instrumentos de
coletas de dados
Responsabilidade
pela coleta de
dados
Percentual de famílias
no primeiro quintil
recebendo transferências
do BF
50% das
famílias
(PNAD
2006)
55 60 65 70 75 Duas vezes ao
ano
PNAD IBGE
Percentual de crianças
em idade de ensino
fundamental das
famílias beneficiárias
que frequentam a escola
Primeiro semestre de
2009,
informações disponíveis
sobre 85% dos
beneficiários. Conformidade:
97,3%,
conformidade geral de 83%
84 86 87 88 90 Duas vezes ao
ano
Anualmente
MIS,
Monitoramento
de
condicionalidades
PNAD
Secretarias
municipais da
educação
IBGE
Percentual de jovens de
16-18 anos das famílias
beneficiárias que
frequentam a escola
Em 2009,
informações disponíveis
sobre 75% dos
beneficiários
70 73 76 78 80 Duas vezes ao
ano
Anualmente
MIS,
Monitoramento
de
condicionalidades
PNAD
Secretarias
municipais e
estaduais da
educação
IBGE
Pelo menos 75% das
crianças de 0-6 anos
e gestantes que
cumprem as
condicionalidades
de saúde
Primeiro semestre de
2009,
informações disponíveis
sobre 63% dos
beneficiários. Conformidade:
99%,
conformidade
geral de 63%
67 71 72 74 75 Semestralmente
A cada três anos
MIS,
Monitoramento
de
condicionalidades
Chamada
Nutricional
Secretarias
municipais de
saúde
SENARC/SAGI
Número de estados
que usam o Cadastro
Único como a base
para o
direcionamento e
1 5 7 9 11 13 Anualmente MIS,
Monitoramento
de protocolos
Estados
SAIP
77
Indicadores de resultados
intermediários
Base ANO1 ANO2 ANO3 ANO4 ANO5 Frequência e
Relatórios
Instrumentos
de coletas de
dados
Responsabilidade
pela coleta de
dados
Componente 2:
Módulo de
georreferenciamento
do MIS do PBF
implementado, de
acordo com a versão
7.0
Módulo
contemplado
Módulo
desenhado
Endereços do
censo de 2010 preparado para
integração
Endereços do
censo de 2010 integrado no
módulo
Municípios
treinados para usar o módulo
Municípios
que usam o módulo
Mensalmente Relatório MIS SENARC-DECAU
Redução de erros de
exclusão (sem
registro de famílias
potencialmente
elegíveis)
4,75% em
Dez. 2007
Instrumentos
elaborados para a
identificação
de famílias excluídas
Instrumentos
testados e coleta de dados
convencionalmente
excluídos
Coleta de
dados concluída
Análise de
dados
Resultados
divulgados
Anualmente Relatório de
atividades
SENARC – DECAU
Percentual de registros
atualizados na versão 7.0
do Cadastro Único até o
final de 2010 e pelo menos
90% de registros em
menos de dois anos após
2010
83 % em Dez.
2007
86% 88% 88% 90% 90% Duas vezes ao
ano
IGD SENARC-DECAU
Indicadores de
verificações de
qualidade das
informações do
Cadastro Único
desenvolvidos e
implementados
Indicadores
disponíveis
Indicadores
atuais revisados
Novos indicadores
de consistência implementados e
ajustados
Novos
indicadores de consistência
implementados
e ajustados
Novos
indicadores de consistência
implementados
e ajustados
Novos
indicadores de consistência
implementados
e ajustados
Duas vezes ao
ano
Relatório sobre
quantidade de informações,
IGD
CEF, SENARC
Verificações
cruzadas
sistemáticas com
outras bases de
dados atualizadas
Verificações
cruzadas
implementadas
quando
necessárias
Escopo das
verificações cruzadas
ampliado
Verificações
cruzadas sistemáticas
implementadas e
ajustadas
Verificações
cruzadas sistemáticas
implementadas
e ajustadas
Verificações
cruzadas sistemáticas
implementadas
e ajustadas
Verificações
cruzadas sistemáticas
implementadas
e ajustadas
Trimestralmente Relatório de
atividades
SENARC
78
Indicadores de resultados
intermediários
Base ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Frequência e
Relatórios
Instrumentos
para coleta de
dados
Responsabilidade
pela coleta de dados
Componente 3:
Número de municípios que
participam de seminários de
treinamento regionais para
agentes de controle interno e
externo (TCE, CGE, MPE)
0 162 0 162 0 0 Anualmente Relatório de implementações
SENARC-DEOP
Aumento da média do índice de
gestão descentralizada
Primeira
versão do
IGD
Nova
fórmula
do IGD
Nova
base 0.85 0.85 Duas vezes ao
ano
IGD SENARC-DEOP
Percentual de cartões
emitidos mensalmente
distribuídos em 40 dias
60% -
Junho
2009
65% 70% 72% 75% 80% SENARC/CEF - DEBEN
Pelo menos 50% das
famílias abriram uma conta
bancária
16% -
Junho 2009 25% 35% 40% 45% 50% SENARC/DEBEN/CEF
Informações sobre
cumprimento de
condicionalidades de saúde
disponíveis para 80% dos
beneficiários
63% -
Junho 2009
67% 71% 75% 77% 80% Semestralmente
A cada três anos
MIS
Monitoramento de
condicionalidades
Chamada Nutricional
Secretarias municipais
da saúde
SENARC/DEGES/SAGI
Informações sobre o
cumprimento das
85% -
Junho 2009
87,5% 89,5% 91% 93% 95% Duas vezes ao
ano
MIS
Monitoramento de condicionalidades
Secretarias municipais e
estaduais da educação SENARC/DEGES
79
condicionalidades da
educação disponíveis para
95% das crianças
beneficiárias em idade de
ensino fundamental (BFA)
Informações sobre o
cumprimento das
condicionalidades da
educação disponíveis para
85% dos beneficiários
jovens – BVJ
75% -
Junho 2009
77,5% 79,5% 81% 83% 85% Duas vezes ao ano
MIS Monitoramento de
condicionalidades
Secretarias municipais e estaduais da educação
SENARC/DEGES
80
Indicadores de
resultados
intermediários
Base ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Frequência e
Relatórios
Instrumentos
de coletas de
dados
Responsabilidade
pela coleta de
dados
Componente 4:
Terceira rodada
da pesquisa de
avaliação de
impacto do
PBF, dados e
resultados
divulgados
Segunda
rodada in
2009
Terceira
rodada
coletada
Terceira rodada
analisada
Dados e
resultados
divulgados
Segunda rodada
de relatórios
em 2010 Terceira rodada
de relatórios
em 2012
Questionário
AIBF
SAGI
Dados e resultados
da avaliação de
impacto sobre
jovens
Nenhum
dado
disponível
Dados básicos
coletados
Dados básicos analisados e
divulgados
Primeira rodada de dados
coletada
Primeira rodada de dados
analisada
Divulgação de dados
Relatórios de avaliação (Ano
1 3)
Questionários da avaliação de
impacto
SAGI
Mais duas rodadas
do Chamada
Nutricional sobre
dados e resultados
da população
tradicional
divulgados
Primeira
Chamada
em 2006
Dados
básicos coletados
Dados básicos
analisados e divulgados
Primeiros dados
de acompanhamento
coletados
Primeiros dados
de acompanhamento
analisados
Divulgação
de dados
Relatórios de
avaliação (Ano 1 3)
Questionário do
Chamada
SAGI
Componente 5:
Número de
protocolos para a
implementação
do CNDS
desenvolvido e
implementado
0 Primeiro
protocolo desenvolvido
Um protocolo
na implementação
Segundo
protocolo desenvolvido
Dois
protocolos desenvolvidos
Anualmente MIS após 1 ano SAIP
Número de
projetos
multissetoriais
implementados
sobre o total de
projetos
gerenciados pelo
CNDS
0 10% 20% 30% 40% 50% Anualmente MIS após 1 ano SAIP
81
Estudos para
melhorar a inserção
socioprodutiva da
população-alvo
CNDS
0 3 estudos 3 estudos 0 0 0 Anualmente MIS após 1 ano SAIP
Componente 6:
Aquisição DPI
interna e
capacidade FM
fortalecida
(pessoal
contratado e
treinado)
Dois FM
Duas
aquisições
2
treinamentos
1 treinamento 1treinamento 1 treinamento 1 treinamento Semestralmente Relatórios de
implementação de projetos
DPI
82
Planos para o monitoramento de resultados
Responsável pelas instituições
1. O monitoramento dos resultados deste Projeto requer a coordenação dos órgãos do Governo
Federal tais como MDS, MEC, MS, CEF que participam da implementação do programa; TCU,
CGU e MP, que participam do controle e da supervisão; e IBGE, IPEA e outras agências de
pesquisa que são envolvidos em produção e análise de dados. Além disso, o controle social e a
coleta de dados para monitoramento do programa é geralmente a responsabilidade de atores
municipais e estaduais, ambos para o Cadastro Único, o monitoramento de condicionalidades, a
gestão de benefícios e a implementação de atividades complementares. Muitos relatórios
necessários para o progresso de monitoramento precisam ser compilados com informações de
mais de uma agência, portanto, impulsionar os esforços do MDS no fortalecimento do MIS do
programa, para tornar esse processo mais tranquilo e mais ágil. A experiência da primeira fase
mostra que essa coordenação será obtida, dado o alto compromisso com o programa
demonstrado por diferentes grupos interessados. A implementação planejada do novo sistema
MIS apoiará esses esforços. O MIS inclui módulos sobre pagamentos (SIBEN),
condicionalidades (SICON) e georreferenciamento. Os diferentes componentes do projeto
intensificarão as Secretarias de Renda de Cidadania (SENARC), de Avaliação e Gestão da
Informação (SAGI), e de Articulação e Inclusão Produtiva (SAIP) do MDS, bem como a
Unidade de Implementação de Projetos na Secretaria Executiva (SECEX). As atividades do
programa também aumentarão a capacidade de parceiros federais, estaduais e municipais do
programa, por meio de treinamento e iniciativas de formação de capacidades, diretamente pelas
SENARC e SAGI e indiretamente por meio de recursos do IGD e IGD-E.
Fontes de informação
2. Como parte do Projeto proposto, o Banco Mundial continuará a apoiar o MDS no
fortalecimento do sistema de monitoramento e avaliação do Ministério, aproveitando as
conquistas da primeira fase e ampliando o sistema a partir do foco no programa Bolsa Família
para todo o conjunto de programas de assistência social de acordo com o CNDS. Isso permitirá o
aprimoramento regular da elaboração dos programas, solucionar problemas de implementação e
medir o impacto dos programas, e avaliar a contribuição do Projeto. Para essa questão, uma série
de ferramentas e fontes de informações serão fortalecidas e utilizadas para avaliar até que ponto
o programa atinge seus beneficiários pretendidos de uma forma eficaz e eficiente e contribui para
seus investimentos em capital humano e, por fim, para sua inclusão sustentável na economia
produtiva. A principal fonte de informação para essas avaliações inclui um sistema de
informações de gestão integrado, que fornecerá ao MDS ferramentas para acompanhar o
progresso físico e financeiro, avaliar a eficiência do direcionamento, verificar se as famílias
cumprem suas corresponsabilidades, e supervisionar os processos e operações do programa. Esse
MIS é complementado com as ferramentas de responsabilização, controle e supervisão focando
nas questões de governança e qualidade, e avaliações do impacto de vários programas. Dados
administrativos de ministérios sociais básicos, em especial o MS, MEC e TEM complementarão
essa informação. Além disso, o direcionamento e os impactos no nível nacional e macro serão
83
avaliados usando pesquisas nacionais tais como o PNAD/POF conjunto em uma base regular
pelo IBGE. Mais especificamente, as ferramentas e mecanismos incluem os seguintes elementos:
O Projeto apoiará a integração final de um Sistema de Informação de Gestão abrangente,
cujo design e desenvolvimento foram apoiados durante a primeira fase do empréstimo (70%
do sistema foi desenhado e implementado). O MIS coleta informações e gera relatórios
relacionados ao progresso do programa, fornece apoio para melhorias e ajustas operacionais,
e serve como ferramenta para verificar se o programa está sendo implementado de acordo
com todos os procedimentos necessários. Por meio do novo MIS, a SENARC no MDS
reunirá dados em tempo real das estruturas de gestão estaduais e municipais, da CEF – a
agência de pagamento – e de ministérios setoriais envolvidos nas condicionalidades e
atividades complementares. Especificamente:
o Um elemento básico do sistema de informação de gestão é o Cadastro Único
abrangente, registro dos beneficiários. O Cadastro Único é na verdade um censo de
quase toda a população pobre no Brasil com informações valiosas sobre
aproximadamente 16 milhões de famílias. O Cadastro Único também sido fundamental
para reduzir os erros de inclusão e exclusão nos programas do governo, especialmente
no programa Bolsa Família. O novo banco de dados aumenta a eficiência e melhora a
coordenação entre diferentes iniciativas sociais no nível nacional e municipal. Durante a
implementação do projeto, o registro passará por uma segunda recertificação completa
lançada no outono de 2009 com um novo questionário. Além disso, o Projeto apoiará
melhorias para a qualidade das informações coletadas, sua assistência à população de
difícil acesso e sua referência cruzada com outras informações (geográficas e de outros
programas).
o O sistema de informação de gestão também fornecerá melhores informações sobre a
conformidade das famílias com suas corresponsabilidades, especialmente na saúde e
entre jovens beneficiários.
o Por meio do apoio ao CNDS, o MIS também monitorará e coletará informações sobre a
integração do sistema de assistência social com programas do governo do estado.
o O sistema de informação de gestão também acompanhará os processos de controle e
supervisão, ambos formais e sociais, com base nos resultados da avaliação de conselhos
de controle social, financiados na primeira fase.
o O sistema de gestão de benefícios é outro elemento do sistema de informação de gestão
que fornece um mecanismo para controlar pagamentos aos beneficiários, acompanhar o
programa física e financeiramente, conciliar pagamentos com a agência de pagamento,
monitorar a devolução de fundos não desembolsados, e medir os indicadores de
desempenho para o contrato subjacente baseado em desempenho da CEF.
Os impactos do programa sobre o bem-estar das famílias beneficiárias serão medidos
principalmente por meio da continuação da avaliação de impactos externos, usando os dados
do levantamento de domicílio no decorrer do tempo, com uma coleta de dados de
acompanhamento (segundo acompanhamento após 6 anos de implementação) sobre o
direcionamento e impacto do Projeto. A avaliação foi contratada por meio de um processo de
licitação internacional para garantir que somente firmas altamente qualificadas participassem
(um consórcio da Universidade de Wisconsin/CEDEPLAR para a base e IFPRI/Datametrica
84
para o primeiro acompanhamento). Ela usa abordagens não experimentais, tais como
descontinuidade de regressão, correspondência e doses e duração de exposições. Além disso,
dada à importância da avaliação do impacto do programa sobre grupos de beneficiários
específicos, tais como jovens, o Projeto proposto apoiará uma avaliação separada de
impactos sobre este grupo, que é o Beneficio Variável Jovem (lançado em 2007, primeiros
pagamentos e do ProJovem Adolescente complementar. O Projeto também apoiará a
avaliação dos efeitos do programa sobre crianças vulneráveis em idade pré-escolar por meio
de rodadas adicionais do Chamada Nutricional entre comunidades do Quilombola (última
rodada de 2006) e crianças da região Norte (última rodada de 2007).
Outras avaliações ligadas à integração dos programas de assistência social entre si e com
programas para promover a inclusão total de beneficiários na economia produtiva
inclui: (1) a avaliação longitudinal do Beneficio de Prestação Continuada (3 milhões de
beneficiários) que visa os idosos e deficientes que vivem em pobreza extrema; (2) a avaliação
da aquisição pública de gênero alimentícios de família de agricultores (PAA); e (3) a
avaliação do impacto de programas PAC selecionados sobre o bem-estar de famílias pobres
beneficiárias e não beneficiárias e sobre as economias locais (cadeias de produtividade)
A integração de redes de controle social e formal e o feedback para a gestão do
programa é um desafio importante que o Bolsa Família enfrenta como CCT de segunda
geração. A SENARC realizará várias atividades para fortalecer e integrar essas atividades em
todos os níveis de governo. Os relatórios de monitoramento e avaliação da CGU, TCU e do
MP, assim como seus vínculos no MIS fornecerão elementos para seguir o progresso nesta
integração.
Uma série de avaliações anuais de processo/implementação sobre a organização e operação
do programa BF, a alocação de recursos (fundos, pessoal), a eficiência do programa, a
qualidade do MIS, e o oferecimento de benefícios. Isso inclui os relatórios de implementação
de seis meses do Projeto, assim como o relatório anual de implementações do programa para
a CGU. Os relatórios da TCU e CGU regulares, assim como o CGR e TCE de nível estadual
que fornecem informações sobre a qualidade da implementação do programa também
contribuem para essas informações.
Com o apoio do Empréstimo de Assistência Técnica de HD, o IBGE fortaleceu e integrou
seus levantamentos de domicílios nacionais. A integração dos levantamentos do PNAD e
POF está prevista para 2010. O novo levantamento contínuo de domicílios incluirá um
módulo sobre a participação no programa federal (que já está incluído no questionário do
Cadastro Único), que permitirá o monitoramento do direcionamento do programa (dados já
incluídos no PNAD 2004, 2006 e 2008), assim como seus impactos no nível nacional sobre a
pobreza e a desigualdade. Os dados do levantamento de domicílios nacionais e o censo (a ser
realizado em 2010) também estão sujeitos aos mapas de pobreza que são usados para a
estimativa de pobreza e de beneficiários potencialmente elegíveis nos níveis municipais. O
Cadastro Único será vinculado ao banco de dados de endereços do Censo 2010.
85
Anexo 4: Descrição detalhada do projeto
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
1. A segunda fase proposta (2010-2015) de assistência do Banco Mundial ao Programa Bolsa
Família (PBF), sob o APL, busca fortalecer a capacidade do PBF de alcançar seu objetivo de
reduzir a pobreza e a desigualdade e de promover o desenvolvimento de capital humano, por
meio da melhoria da educação e da situação da saúde das crianças, além da redução da
incidência de subnutrição entre a população pobre. A operação proposta atingiria esse objetivo,
com o apoio de: (a) o fortalecimento da governança global do programa por meio do aumento
das funções básicas de gestão do programa e das funções de responsabilização, supervisão e
controle, em três eixos: o registro dos beneficiários (Cadastro Único), gestão de benefícios, e
monitoramento das condicionalidades; (b) a consolidação do sistema de monitoramento e
avaliação do programa; e (c) os vínculos entre os beneficiários do Bolsa Família e as famílias
registradas no Cadastro Único com ações complementares fora da jurisdição do programa como
intervenções sociais e de inclusão produtiva e programas de emprego e produtividade, para
promover uma graduação da pobreza; essas atividades seriam realizadas com o apoio do
Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social (CNDS).
2. O Banco Mundial continuaria a apoiar os objetivos acima através da segunda fase de uma
série programática (APL-2) de operações que combina um cofinanciamento dos benefícios do
programa Bolsa Família (transferências) com componentes técnicos (financiamento da
assistência técnica padrão) para fortalecer as operações do programa. A segunda fase proposta
do projeto APL consistiria em um componente cofinanciando os componentes de transferência
monetária condicionada, quatro componentes de assistência técnica para ajudar a aprofundar a
arquitetura básica do programa, fortalecer supervisão e controles, e abordar os problemas de
segunda geração na articulação dos programas de proteção social, e uma pequena ajuda
específica ao MDS para coordenar o Projeto.
3. O resultado e os indicadores intermediários para acompanhamento do progresso do projeto e
do programa são descritos na tabela a seguir.
86
Indicadores de resultados Pelo meno ¾% das famílias no primeiro quintil estão recebendo transferências do BF.
Pelo menos 90% das crianças em idade escolar do ensino fundamental nas famílias beneficiárias extremamente
pobres estão frequentando a escola.
Pelo menos 85% dos jovens entre 16 e 18 anos nas famílias beneficiárias estão frequentando a escola.
Pelo menos ¾% das crianças de 0 a 6 anos e das mulheres grávidas estão cumprindo as condicionalidades de
saúde. Indicadores de resultados intermediários para Fase 2 do APL
Módulo de georreferenciamento do Sistema de Gestão de Informações (SGI) do PBF implementado, de
acordo com a versão 7.0.
Redução de erros de exclusão por meio de novos procedimentos (não registro de famílias potencialmente
elegíveis).
90% das informações no Cadastro Único atualizadas com o novo formato até 2010 e informações atuais a
partir de então.
Indicadores para verificações de qualidade de Cadastro Único desenvolvidos e implementados.
Verificações cruzadas sistemáticas com outros bancos de dados atualizados.
80% dos municípios selecionados participam de seminários regionais de treinamento para agentes de controle
interno e externo (TCE, CGE, MPE).
Índice de gestão descentralizada atualizado e média aumentada para 0,85.
Percentual de cartões emitidos mensalmente e distribuídos com menos de 40 dias, aumentado para 80%.
Pelo menos 50% das famílias beneficiárias com contas bancárias abertas.
Informações sobre cumprimento das condicionalidades de saúde disponíveis para 80% dos beneficiários.
Informações sobre cumprimento das condicionalidades de educação disponíveis para 95% dos beneficiários
com idade escolar do ensino fundamental e 85% dos beneficiários jovens.
Terceira rodada dos dados e resultados divulgados do levantamento de avaliação do impacto do PBF.
Dados e resultados divulgados da avaliação do impacto nos jovens.
Duas rodadas a mais da Chamada Nutricional sobre os dados e resultados divulgados da população tradicional.
Número ou protocolos para a implementação do CNDS desenvolvido e implementado.
Número de projetos multissetoriais implementados sobre o total de projetos geridos pelo CNDS.
Número de estudos para melhorar a inserção socioprodutiva da população alvo do CNDS.
Aquisições internas da DPI e capacidade de gestão financeira fortalecidas (pessoal contratado e treinado).
4. As atividades incluídas nos componentes de assistência técnica do segundo APL serão
realizadas em cinco anos para um montante total de US$ 30 milhões, dos quais a operação
proposta fornecerá recursos financeiros para US$ 15 milhões. Esses componentes tomam por
base as conquistas do primeiro APL e respondem ao contexto atual do programa.
Especificamente, nos últimos 5 anos, o Bolsa Família tem demonstrado um notável progresso em
termos de cobertura (populações em âmbito nacional, urbana e rural, não indígena, indígena e de
Quilombolas), o que o torna o maior programa de transferência monetária condicionada no
mundo. Além disso, o programa tem demonstrado um importante impacto positivo em termos de
produtos e resultados, ao mesmo tempo que seus dispositivos institucionais, mecanismos de
coordenação na horizontal (setor) e na vertical (estados e municípios), e também mecanismos
para melhorar controle, supervisão, transparência e responsabilização têm atingido grandes
progressos em seu processo de consolidação. Além disso, o Bolsa Família tem desenvolvido um
processo contínuo de autoavaliação que tem permitido não somente aprimorar os processos
básicos do programa, como também desenvolver características inovadoras, como a
modernização do Cadastro Único, os mecanismos de pagamento por meio de cartões eletrônicos,
o Índice de Gestão Descentralizada (IGD), o Observatório de Boas Práticas ou os sistemas para
monitoramento das condicionalidades em nível local, entre outros.
87
5. Como resultado, o Bolsa Família é uma intervenção bem consolidada no centro da estratégia
de proteção social no Brasil, e encontra-se solidamente institucionalizado no MDS para enfrentar
as próximas eleições gerais no segundo semestre de 2010.30
Nesse contexto, as atividades
incluídas no Projeto proposto foram cuidadosamente selecionadas, junto com o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), para fornecer valor agregado na
consolidação de características inovadoras específicas que o programa tem desenvolvido nos
últimos anos. As atividades de assistência técnica que apoiam o programa seguem a lógica da
intervenção dos mecanismos de direcionamento e do registro dos beneficiários (Componente 2),
em relação ao processo e às operações do programa, gestão de benefícios e condicionalidades, e
supervisão, controle, responsabilização e transparência (Componente 3). Essas atividades são
complementadas com o fortalecimento do sistema de Monitoramento e Avaliação do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além do Bolsa Família (Componente 4), e com o
apoio dos esforços do Ministério para consolidar o Programa Bolsa Família e o Cadastro Único
como instrumentos para vincular as famílias pobres a outras intervenções sociais, de
desenvolvimento de habilidades e de geração de renda em nível Federal e Estadual (Componente
5).
6. O resultado e os indicadores intermediários selecionados para acompanhar o progresso do
projeto durante a implementação são totalmente concebidos no programa do APL aprovado pelo
Banco Mundial em 2004 e atendem às questões específicas de que o programa e a estratégia de
proteção social do Brasil atualmente necessitam. Por isso, o conjunto de indicadores
selecionados para acompanhar o Projeto, totalmente explicado no Anexo 3, tem as seguintes
características: (i) Os indicadores de resultados permanecem os mesmos, conforme definidos no
programa do APL em 2004, com a única exceção de dois indicadores de saúde que foram
substituídos devido a uma falta de informações, como na Seção II, B (Objetivos e Fases do
Programa acima; (ii) alguns dos indicadores intermediários são os mesmos como no primeiro
APL, principalmente os indicadores referentes aos processos do programa e ao Cadastro Único.
Em todos os casos, esses indicadores foram extremamente monitorados durante a implementação
do APL 1, demonstraram uma tendência positiva e o novo valor alvo a ser atingido até o final da
implementação do APL 2 está definido nesse contexto; (iii) alguns indicadores que foram
incluídos no APL 1 não são mais relevantes para o APL 2 (ex.: migração de famílias dos
programas de CCTs anteriores para o Bolsa Família); e (iv) existem novos indicadores para
responder ao novo contexto e assim novos requisitos do Bolsa Família, ou são parte do novo
componente do Projeto, que não foi incluído no APL 1 (isto é, Componente 5 para fortalecer o
vínculo entre o Bolsa Família e outros programas em nível estadual).
7. A tabela a seguir apresenta o progresso recente dos principais indicadores intermediários e de
resultados e, quando apropriado, o rumo esperado para os próximos anos.
30
O programa está sendo considerado um verdadeiro programa público do governo e as principais partes têm
demonstrado seu apoio ao programa.
88
Projeto Bolsa Família - Objetivos projetados de desenvolvimento
Indicadores selecionados - 2004/2009/2015 Indicadores
Valor da linha de referência Progresso até esta data Valor da meta de final de projeto
Número ou texto Data Número ou texto Data Número ou texto Data
Indicadores de resultados
1. Cobertura de
famílias
extremamente pobres
Nenhuma família recebe
benefícios
30/9/2003 Meta atingida. 11,1 milhões de
famílias estão recebendo benefícios
(100% da meta). Incidência
absoluta (PNAD 2006) é 67% em
Q1 e 23% em Q2.
18/4/2008 Pelo menos 3/4 das
famílias extremamente
pobres estão recebendo
transferências do BF
01/10/2015
2. Meta é a precisão 66% dos benefícios dos
programas de pré-reforma
foram recebidos pelas
pessoas nos dois quintis
mais pobres do mundo (POF
2002-03)
01/01/2003 O PNAD 2006 mostra que 90%
dos benefícios do PBF foram
recebidos pelas pessoas nos dois
quintis mais pobres do mundo (e
que 64,5% foram recebidos pelas
pessoas no quintil mais pobre do
mundo).
17/04/2008 Pelo menos 70% das
famílias no primeiro
quintil estão recebendo
transferências do BF
01/10/2015
3. Melhora da
frequência escolar
das pessoas pobres
70% dos municípios estão
reportando frequência
escolar para os beneficiários
do PBF. 4,4% dos
estudantes beneficiários do
PBF com <85% de
frequência.
01/10/2004 99,7% dos municípios estão
reportando frequência escolar para
os beneficiários do PBF. Mais de
97% das crianças do PBF com
<85% de frequência.
31/03/2008 Pelo menos 90% das
crianças em idade escolar
do ensino fundamental nas
famílias beneficiárias
extremamente pobres
estão frequentando a
escola
01/10/2015
4. Melhora da
frequência escolar
das pessoas pobres
O programa Beneficio
Variável Jovem, que visa
adolescentes de 16 a 18
anos, foi iniciado
01/07/2008 78,4% dos beneficiários jovens
(cerca de 1,4 milhão de estudantes)
cumpriram a condicionalidade
01/12/2008 Pelo menos 85% dos
jovens de 16 a 18 anos nas
famílias beneficiárias
estão frequentando a
escola
01/10/2015
5. Melhora do acesso
aos cuidados de
saúde das pessoas
pobres
De 75 a 77% das crianças
de 0 a 6 anos na amostra de
avaliação de impacto
apresentaram seus cartões de
saúde
30/11/2005 Mais de 90% das famílias com
informações sobre
condicionalidade de saúde
cumprem a corresponsabilidade
Dados sobre as crianças
beneficiárias com cartões de saúde
a serem atualizados com os
resultados da 2a. mesa-redonda de
22/05/2009 Pelo menos 75% das
crianças de 0 a 6 anos e
mulheres grávidas estão
cumprindo as
condicionalidades de
saúde
01/10/2015
89
avaliação em 2009
Indicadores intermediários
1. Programas de pré-
reforma consolidados
no PBF (Componente
1).
BE=5,1 mn famílias BA=1,7
mn família PCA = 0,8 mn
família AG = 9,7 mn
famílias PBF = 0 família
30/09/2003 BE = 179 famílias restantes; BA =
2 PCA = 14.646 AG = 226; PBF =
11,1 milhões de famílias (a partir
de junho de 2006) Programas de
pré-reforma com beneficiários
incluídos no Cadastro Único em
dezembro de 2008.
31/12/2008 100% dos programas
anteriores de transferência
monetária eliminados
2. Custo-benefício
administrativo
aumentado
(Componente 1).
Custos administrativos do
Governo Central = 5,3% do
total dos gastos do programa
para programas de pré-
reforma (dados do SIAFI)
31/12/2002 Meta excedida. Custos
administrativos do Governo
Central = 5% do total dos gastos
do programa para PBF.
30/11/2009 Redução dos custos
operacionais em pelo
menos 1/3.
3. Instrumentos para
implementação dos
critérios de
elegibilidade para
beneficiários do BF
revisados*
(Componente 2).
Critérios existentes baseados
em receitas informadas e
não verificadas são
deficientes (erros de
medição, incentivos para
sub-relatórios).
01/11/2003 Sólidos resultados priorizados,
MDS e parceiros decidiram manter
a receita para critérios de
elegibilidade, mas aumentá-la com
verificações cruzadas e validações
mais sólidas. Novo processo de
recertificação deve começar em
2010
02/06/2009 Redução de erros de
exclusão por meio de
novos procedimentos (não
registro de famílias
potencialmente elegíveis).
Resultados de um estudo
sobre erros de exclusão
divulgados
01/10/2015
4. Questionários do
Cadastro Único
fortalecidos*
(Componente 2).
Questionários existentes
deficientes (perguntas sobre
renda incompletas, falta de
períodos de referência, etc.)
01/11/2003 Revisão completa do IBGE/MDS
dos novos questionários, com base
em testes de campo. Iniciado em
2009.
20/04/2009
5. Procedimentos
para implementação
do Cadastro Único
fortalecidos e
comunicados*
(Componente 2).
Necessidade de esclarecer e
comunicar funções e normas
a vários atores envolvidos.
01/11/2003 Meta concluída. O Guia de
Referência documenta os diversos
decretos, portarias e instruções
operacionais que foram publicados
para esclarecer e fortalecer a
implementação do Cadastro Único.
27/06/2006
6. Estratégia de
coleta de dados
fortalecida*
(Componente 2).
O sistema atual é estático
(não permite atualização); as
cotas a priori para registro
criam distorções;
ineficiências nos métodos de
coleta de dados.
01/11/2003 Decreto para gestão do Cadastro
Único publicado em 26/06/2007 e
para colaboração com o MDS e o
IBGE para coleta de dados
definido. Decreto 148 definiu
índice de gestão descentralizada e
política de recertificação.
18/04/2008 Índice de gestão
descentralizada atualizado
e média aumentada para
0,85. 90% das
informações no Cadastro
Único atualizadas com o
novo formato até 2010 e
informações atuais a partir
01/10/2015
90
de então.
7. Duplicações
removidas*
(Componente 2).
Nenhuma verificação
sistemática para
duplicações.
01/11/2003 Meta concluída. MDS desenvolveu
verificações cruzadas sistemáticas
internas e externas. Processo de
remoção em andamento.
18/04/2008 Indicadores para
verificações de qualidade
de Cadastro Único
desenvolvidos e
implementados.
Verificações cruzadas
sistemáticas com outros
bancos de dados
implementados
01/10/2015
8. Política de
recertificação
definida
(Componente 2).
Política para periodicidade
de recertificação não
definida.
01/11/2003 Periodicidade de 2 anos de política
de recertificação definida (decreto
148 de 27/04/06); recertificação em
âmbito nacional concluída.
Processo de recertificação
concluído e segunda recertificação
a ser iniciada em 2010.
02/06/2009
9. Cadastro Único
sendo usado como
ferramenta de gestão
de política*
(Componente 2).
MDS e municípios carecem
de acesso a banco de dados
real de Cadastro Único.
01/11/2003 Meta concluída/excedida. MDS e
100% dos municípios agora
possuem acesso on-line em tempo
real ao banco de dados do Cadastro
Único. Planos de extensão do
Cadastro Único (CU) como
instrumento principal para
direcionar beneficiários dos
programas sociais
02/06/2009 13 Estados usam o
Cadastro Único como base
para o direcionamento e a
elaboração de suas
políticas sociais
01/10/2015
10. Monitoramento
em tempo real do
programa
fortalecido*
(Componente 3).
SGI atual atende bem aos
aspectos físicos e
financeiros dos pagamentos,
mas não integra: (a) dados
do Cadastro Único (em
tempo real); (b) verificação
e monitoramento do
cumprimento das
condicionalidades.
31/05/2004 SGI opera todos os elementos
(Cadastro Único em tempo real,
pagamentos, monitoramento das
condicionalidades). Processo para
contratar um SGI abrangente para
consolidar os bancos de dados
deverá estar concluído em 2010.
20/04/2009 Módulo de
georreferenciamento do
SGI implementado, de
acordo com a versão 7.0.
01/10/2015
11. Mecanismos de
supervisão federal
para implementação
descentralizada
desenvolvidos e
Programa carece de
instrumentos de supervisão
federal.
31/05/2004 Progresso significativo. Desde
janeiro de 2005, CGU realiza
regularmente uma supervisão de
revisões e auditorias (pelo menos 6
por ano). O TCU realizou uma
18/04/2008
91
operacionais*
(Componente 3).
avaliação das implementações em
2006 antes das eleições.
12. Impacto do PBF
avaliado*
(Componente 3).
Diferente das simulações ex-
ante (BE) e das avaliações
dos programas de pré-
reforma (BA), o impacto é
desconhecido.
31/05/2004 Análise concluída sobre
levantamento de domicílios de
referência, com 15.000 domicílios
(clínica de avaliação de Fev 2007).
Primeiro processo de
acompanhamento do IE do PBF
sob implementação. Relatório final
esperado Dez 2009
18/05/2009 Dados e resultados
divulgados da terceira
rodada de avaliação
Dados e resultados
divulgados da avaliação
do impacto nos jovens.
Duas rodadas a mais da
Chamada Nutricional
sobre os dados e
resultados divulgados da
população tradicional.
01/10/2015
13. Funções
institucionais
esclarecidas*
(Componente 4).
Programa não
regulamentado (carece de
regras e diretrizes
operacionais).
31/01/2004 Meta concluída. O Guia de
Referência aborda decretos,
convênios, portarias e termos de
adesão específicos com municípios.
27/06/2006
14. Comunicações
fortalecidas*
(Componente 4).
Os beneficiários do
programa carecem de
informações sobre suas
responsabilidades e direitos
sob o programa.
31/05/2004 Conteúdo do folheto dos
beneficiários elaborado, impresso e
distribuído a todos os beneficiários.
27/06/2006
15. Sistema para
verificação de
condicionalidades em
funcionamento*
(Componente 4).
Programa não verifica
sistematicamente
cumprimento das
condicionalidades.
31/05/2004 51% de 12,3 milhões de crianças
com informações sobre
condicionalidades de educação em
12/2004, 85% de 15,5 milhões em
03/2008 com 97,3% de
cumprimento. 6% das famílias com
informações sobre saúde em
06/2005, 46% (4,9 milhões) em
03/08 com 99,5% de cumprimento.
31/03/2008 Informações sobre
cumprimento das
condicionalidades de
saúde disponíveis para
80% dos beneficiários.
Informações sobre
cumprimento das
condicionalidades de
educação disponíveis para
95% dos beneficiários
com idade escolar do
ensino fundamental e 85%
dos beneficiários jovens
01/10/2015
Fontes: Ministério do Desenvolvimento Social, Secretaria Executiva “Relatórios de Progresso do Acordo de Empréstimo 7234-BR Programa Bolsa Família”, consolidados nos
ISRs do Primeiro Projeto do Bolsa Família (APL 1).
92
Componentes do Projeto
8. Componente 1: Transferências monetárias condicionadas (Subsídios do BF) (US$ 10 bilhões;
Financiamento do Banco Mundial: US$ 185 milhões). O objetivo deste Componente é cofinanciar a
provisão de subsídios (os Subsídios do BF) para as mães ou outros membros da família designados, para
permitir às suas famílias acesso a serviços de saúde, educação e outros serviços, conforme fornecidos no
Programa BF e no Manual de Operações.
9. Este Componente continuaria a cofinanciar o programa, desembolsando recursos financeiros
contra transferências monetárias (subsídios) para famílias pobres que têm cumprido suas
corresponsabilidades em educação e saúde. O financiamento das transferências sob os dispositivos
atuais do Bolsa Família flui diretamente do Tesouro para o banco Caixa Econômica Federal (CEF), após
o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (com a gestão do programa por parte da
Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC)) aprovar a lista de pagamento dos benefícios,
“Folha de Pagamento”. A CEF transfere o dinheiro para uma conta conjunta, que os beneficiários podem
acessar com um cartão de débito (consulte Anexo 6).
10. Os mecanismos de desembolsos na operação proposta seriam semelhantes aos mecanismos
usados no primeiro empréstimo do APL. O Banco Mundial reembolsaria uma parcela das despesas ao
Tesouro sob a forma de transferências monetárias condicionadas sob o Programa Bolsa Família. Os
desembolsos serão feitos em uma base semestral, equivalente a até 1,85% das transferências pagas às
famílias que cumprem suas corresponsabilidades. Apesar de o período de implementação do Projeto ser
de cinco anos, espera-se que este Componente seja totalmente desembolsado até o final do segundo ano
de implementação, após sua entrada em vigor, considerando o montante do Componente comparado ao
orçamento geral anual para financiar as transferências monetárias (acima de US$ 15 bilhões). Como no
primeiro APL, o Banco Mundial faria o desembolso sob a categoria Transferências de Subsídios contra a
verificação das despesas do projeto, segundo as condições de empréstimo explicadas no Anexo 7.
11. Nos últimos anos, o MDS/SENARC e a Caixa Econômica Federal elaboraram um conjunto de
mecanismos para melhorar a gestão de benefícios e a transparência no processo de pagamento.
Diferentemente dessas medidas para melhorar a gestão de benefícios e para garantir que apenas as
famílias que cumprem suas corresponsabilidades tenham direito a receber seu benefício (conforme
explicado a seguir), o processo tem sido sistematizado para minimizar erros na lista de pagamentos
(automatização de rotinas para modificar registros quando necessário; ex.: bloqueio, suspensões,
cancelamento e assim por diante). Como parte dessas ações, a lista de beneficiários autorizados a receber
pagamentos passa por uma verificação cruzada por meio de vários instrumentos: (i) atualização de
registros a cada dois anos ou menos e recertificação de todo o Cadastro Único; e (ii) verificação cruzada
com outros bancos de dados como BPC e outros da previdência social (para verificar se os beneficiários
estão recebendo benefícios da previdência social), e RAIS (lista anual de informações sociais, para
verificar se um beneficiário ingressou no mercado formal de trabalho).
12. O Bolsa Família está sujeito a um escrutínio rigoroso por parte do Sistema Federal de
Supervisão e Controle. Conforme acima explicado, três órgãos federais monitoram o Programa Bolsa
Família, incluindo o sistema de pagamento. A Controladoria Geral da União (CGU) efetua revisões
anuais de controle de qualidade em amostras aleatórias, auditorias financeiras anuais, investiga casos
específicos e divulga listas de beneficiários. O Tribunal de Contas da União (TCU) na esfera legislativa
realiza avaliações de implementação, também em amostras, para o Cadastro Único e a Bolsa Família. O
Ministério Público investiga casos específicos.
13. O cofinanciamento das transferências monetárias condicionadas pagas às famílias beneficiárias
que cumprem todas as suas corresponsabilidades é parte de uma estratégia de parceria abrangente
93
entre o Banco Mundial e o Governo, estabelecida desde o lançamento do programa em 2003. O
Banco Mundial tem participado de uma parceria de longo prazo com o Governo do Brasil desde a
elaboração e o lançamento do Programa Bolsa Família (PBF) por meio da implementação. Esse apoio é
decorrente de parcerias de alto nível, por meio de um programa contínuo de atividades analíticas e de
consultoria, e por meio de parcerias técnicas e financeiras sob o nosso empréstimo em andamento para
apoio ao programa. O Projeto (o segundo empréstimo do APL) é um pacote sob medida que combina três
recursos inovadores em termos de projeto, um dos quais é o cofinanciamento de transferências. Os outros
dois elementos são os componentes de assistência técnica e a estrutura de resultados, e o diálogo de nível
técnico em andamento apoiado na supervisão do progresso do projeto.
14. Para ajudar a apoiar as melhorias gradualmente na qualidade e expansão do programa, o
projeto do Banco Mundial adotou uma abordagem de cofinanciamento em relação ao programa. Essa abordagem combina as vantagens do fornecimento de uma janela para assistência técnica contínua
com flexibilidades em desembolsos contínuos que foram necessários, considerando o complexo sistema
de orçamentos do Brasil. Com essas características principais, apesar de os recursos financeiros do Banco
Mundial representarem uma pequena proporção do orçamento do PBF, a parceria do Banco Mundial com
o Governo está ajudando a fortalecer o funcionamento de todo o Programa Bolsa Família. Assim, a
contribuição financeira relativamente pequena do Banco Mundial mantém o Banco envolvido no
progresso e nos desenvolvimentos do programa, e permite ao Banco participar de uma parceria mais
profunda que envolve questões mais amplas de um diálogo contínuo de duas vias e sobre os aspectos mais
operacionais do Bolsa Família. O envolvimento de longo prazo do Banco Mundial no programa - desde o
começo como a fusão de quatro programas predecessores dentro do Programa Fome Zero - também
desempenhou um importante papel na promoção da “continuidade institucional e técnica” em uma
importante reforma ministerial. O envolvimento do Banco Mundial além da assistência técnica também
poderia ajudar a garantir a sustentabilidade do programa durante as mudanças nas administrações ou nos
partidos políticos, como pode ocorrer na próxima eleição presidencial no segundo semestre de 2010.
15. Componente 2: Fortalecimento do Cadastro Único como o principal instrumento de
direcionamento para programas sociais (US$ 6 milhões; Financiamento do Banco Mundial: US$ 2,8
milhões). O APL 2 fornecerá apoio, treinamento, assistência técnica e custos operacionais incrementais
selecionados ao MDS para consolidar o Cadastro Único como o principal mecanismo usado para
selecionar a população alvo do programa BF e outros programas sociais e, ainda mais importante, integrar
os programas sociais nos níveis federal e subnacional.
16. O objetivo primário do Cadastro Único é funcionar como um registro de todas as famílias brasileiras
que vivem na pobreza. É um banco de dados nacional que reúne os dados socioeconômicos das famílias
com renda mensal abaixo de R$ 190 (metade de um salário mínimo, cerca de US$ 100). O Cadastro
Único é o principal instrumento de direcionamento usado pelo governo brasileiro para selecionar os
beneficiários dos programas sociais. Foi originalmente desenvolvido em 2001 como um esforço para
constituir um único banco de dados com registros das famílias de mais baixa renda no Brasil. Até aquele
momento, cada programa social operava seu próprio sistema de direcionamento. O Cadastro Único é na
verdade um censo para quase toda a população pobre no Brasil, com informações detalhadas sobre as
famílias (não apenas nome e endereço), mas também muitas variáveis sobre as condições de subsistência.
O Cadastro Único tem sido também essencial para a redução dos erros de exclusão e inclusão nos
programas do governo, principalmente no programa Bolsa Família. O novo banco de dados melhora a
eficiência e aumenta a coordenação entre diferentes iniciativas sociais em nível nacional e municipal.
Apesar de o Cadastro Único ter atendido principalmente ao Bolsa Família desde o início, é agora cada vez
mais usado por outros programas em nível Federal (Luz para Todos, Tarifa Social de Energia), Estadual
(programas de treinamento de jovens em São Paulo e Pará) e Municipal (em Belo Horizonte).
94
17. O governo brasileiro tem envidado grandes esforços para melhorar o Cadastro Único. Desde 2004,
muitas diretrizes oficiais têm sido publicadas para esclarecer os papéis dos diferentes atores envolvidos no
registro e na gestão do banco de dados. Além disso, a primeira recertificação massiva ocorreu entre
setembro de 2005 e março de 2006, resultando em uma revisão da qualidade do Cadastro Único. Cerca de
2,7 milhões de novas famílias elegíveis foram incorporadas ao registro e 1,4 milhão de domicílios foram
excluídos por várias razões. O Governo está atualmente realizando uma nova recertificação do Cadastro
Único em todo o país. Os processos de recertificação regular são complementados por uma atividade
contínua de atualização dos registros individuais das famílias realizada pelas autoridades municipais. Os
beneficiários do PBF cujo registro não tiver sido atualizado por dois anos terão seus benefícios suspensos.
Outra importante melhoria recente do banco de dados ocorreu após o MDS e a Caixa Econômica Federal,
a agência operadora do Cadastro Único, negociarem um contrato baseado em desempenho em janeiro de
2006, que incorporou 17 indicadores para medir a qualidade dos serviços. Esses indicadores incluem um
índice de duplicação da entrada de registros e as horas de disponibilidade do sistema, entre outros.
18. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também mantém um processo contínuo
de avaliação, desenvolvimento, teste e implementação de melhorias na operação do Cadastro Único.
Recentemente, o MDS concluiu o processo de implementação de um novo questionário para reunir as
informações sobre famílias e um novo software para gerir as informações (Versão 7.0). O objetivo é
melhorar a qualidade das informações sobre as famílias, melhorando assim a ferramenta de
direcionamento para o Bolsa Família e para os outros programas que usam o Cadastro Único para
selecionar os beneficiários. A implementação completa da Versão 7.0 é gradual e o MDS oferece apoio
aos municípios para a realização do processo. Para promover o uso do Cadastro Único em outras
intervenções e programas sociais, o MDS está em vias de aumentar o acesso a tais informações.
19. Esse Componente será realizado pelo MDS por meio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania
(SENARC). Apesar de a qualidade das informações do Cadastro Único ter melhorado consideravelmente
para identificar os domicílios pobres, existe a necessidade de uma maior consolidação desse cadastro
como a principal ferramenta de direcionamento dos programas sociais do Governo. O APL2 fornecerá
apoio e assistência técnica ao MDS para consolidar o instrumento como o mecanismo principal de seleção
dos beneficiários do programa social e, ainda mais importante, de integração dos programas sociais nos
níveis federal e subnacional. Desse modo, esse Componente contribuirá para os esforços do MDS em
melhorar a qualidade de suas informações, desenvolver e consolidar ainda mais sua tecnologia e sistemas
de informação, monitorar e medir as condições de vida das famílias registradas no Cadastro Único, e
aumentar e promover o acesso de outros órgãos ao Cadastro Único. O Projeto proposto forneceria,
portanto, apoio e assistência técnica nas seguintes áreas:
a) Melhoria da qualidade das informações coletadas e reportadas pelo Cadastro Único. Enquanto o
APL1 focou na implementação dos critérios e controles de qualidade, o APL2 apoiará a
implementação de outras verificações de consistência interna como um teste complementar de
recursos indiretos, verificações cruzadas sistemáticas com outros bancos de dados federais e
análise complementar de vulnerabilidades. Essas medidas fornecerão dados ainda mais precisos
para a tomada de decisões. O Projeto proposto contribuiria para melhorar o mecanismo de
direcionamento para identificar e registrar as famílias no Cadastro Único por meio de atividades
específicas para: (i) elaborar, testar, implementar e avaliar um modelo e instrumentos para
identificar categorias específicas das famílias de baixa renda (difíceis de atingir); e (ii) adaptar a
aplicação do Índice de Desenvolvimento da Família, basicamente um índice de recursos indiretos,
para a nova versão do Cadastro Único, desenvolver e implementar seu algarismo após o novo
questionário, e apoiar e treinar os municípios para usar esse cadastro.31
31
Por lei, a renda autodeclarada per capita é a variável da elegibilidade. Contudo, o IDF e outros controles de
qualidade direcionados para a avaliação de uma visão mais holística do bem-estar fornecem verificações cruzadas da
95
b) Fortalecimento da identificação e registro dos povos indígenas e Quilombolas, considerando em
especial suas condições socioculturais. O Governo iniciou práticas inovadoras de direcionamento
para os Quilombolas e os povos indígenas durante a primeira fase de expansão do programa e se
comprometeu a aumentar o acesso e a participação social dos povos mais vulneráveis, de acordo
com suas identidades, tradições e valores culturais. Nos últimos 4 a 5 anos, as práticas da
SENARC evoluíram bastante e o MDS tem adotado uma postura proativa na garantia da
adaptação de suas operações à organização específica e às condições de cada comunidade
indígena ou Quilombola aonde ingressa.
c) Fortalecimento da tecnologia de informação e sistemas do Cadastro Único. O APL1 apoiou a
implementação dos módulos do SGI do PBF. O APL2 está apoiando a interação dos diferentes
módulos, o registro de informações dinâmicas sobre as famílias (pagamentos, cumprimento das
condicionalidades) e a interação das informações do programa com outros sistemas executados
pelo MDS. O Projeto proposto apoiaria a SENARC para fortalecer ainda mais a plataforma de TI
do Cadastro Único, melhorando o Sistema de Gestão de Informações do programa. Ao usar os
recursos financeiros da primeira operação do APL, o MDS está desenvolvendo, testando e
implementando os principais módulos do SGI. O segundo APL proposto completaria a
implementação dos primeiros 70% dos módulos e ainda desenvolveria três módulos adicionais
para: (i) facilitar a consulta ao sistema de controle em nível Federal (a Rede Pública de
Fiscalização); (ii) monitorar os indivíduos sem identificação civil; e (iii) incorporar um sistema
georreferenciado.
a. Ao apoiar o desenvolvimento da plataforma de TI do Cadastro Único, o Projeto proposto
também apoiaria o aprimoramento da nova versão (Cadastro Único, versão 7.0), que
envolve, entre outros, dados de georreferenciamento do censo de 2010, atualizando os
dados das famílias registradas e elaborando e implementando uma ferramenta de
informações para monitorar o registro dos domicílios que constam do Cadastro Único,
mas que não recebem os benefícios do PBF (porque não têm direito ou por causa das
restrições programáticas em nível local).
d) Promoção de acesso ao cadastro e uso do Cadastro Único para tomada de decisões por outros
programas e órgãos do governo. O Projeto proposto apoiaria o uso do Cadastro Único para
selecionar beneficiários e direcionar investimentos de outros órgãos do governo, além das
Secretarias no MDS e nos níveis de autoridades federais, estaduais e locais. Desse modo, o MDS
desenvolverá uma estratégia para divulgar o uso potencial do Cadastro Único para uma tomada de
decisões baseada em evidências de outros programas sociais, e ajustar regulamente o sistema do
Cadastro Único com base na demanda real para fins de informação.
e) Medição de mudanças das condições de vida das famílias de baixa renda registradas no Cadastro
Único. Para fornecer uma ferramenta para uma tomada de decisões dos programas sociais dentro
e além do MDS, o Projeto apoiaria a SENARC, junto com a SAGI, para realizar a segunda rodada
do levantamento contínuo das condições de vida das famílias de baixa renda. Especificamente, o
Projeto proposto contribuiria para a elaboração da avaliação e seus instrumentos, coleta dos
dados, preparação dos relatórios necessários e divulgação dos resultados. A avaliação tiraria
vantagem da aplicação do novo questionário e da implementação completa da Versão 7.0 do
Cadastro Único. Isso permitiria a gestão do programa para entender as questões de exclusão e
vulnerabilidades, uma agenda de segunda geração no contexto da crise geral
renda autodeclarada e potencialmente permitem aos gerentes de programa identificar as vulnerabilidades específicas
enfrentadas por algumas das famílias.
96
20. Componente 3: Fortalecimento Institucional para a Consolidação do Programa Bolsa Família
(US$ 9,7 milhões, Recursos Financeiros do Banco Mundial: US$ 4,6 milhões). Esse Componente,
também realizado pelo MDS por meio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC),
financiaria as atividades alvo no Fortalecimento da gestão, governança e responsabilização do MDS para
implementar o Programa BF.
21. Desde seu lançamento em 2003, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome tem
estado em um processo contínuo de consolidação do programa Bolsa Família no centro da estratégia de
proteção social no Brasil. Esse processo busca atualizar a elaboração do programa, ajustar os processos
operacionais dentro do Ministério e melhorar a eficácia dos processos de supervisão, controle e
responsabilização do programa. A operação do programa está sujeita a uma prática permanente de
autoavaliação e aprimoramento por parte da SENARC e, consequentemente, os resultados do Bolsa
Família têm mostrado uma melhoria constante (Anexo 1). A consolidação do programa e seus processos
são ainda mais relevantes, considerando as próximas eleições gerais e a nova administração esperada em
exercício até o final de 2010. Nessa perspectiva, o fortalecimento dos processos do programa é uma
atividade essencial para complementar os esforços de fortalecimento do registro dos beneficiários,
aumentar a capacidade de monitoramento do programa e medir os resultados das intervenções e partes
complementares.
22. O Projeto proposto, por meio desse Componente, busca complementar a elaboração do modelo de
gestão do Bolsa Família, fortalecendo os vínculos com os mecanismos de controle social do programa,
institucionalizando as informações e as estratégias de comunicação com as famílias beneficiárias e
melhorando os processos operacionais desenvolvidos e em desenvolvimento por parte do MDS. Esse
Componente, também realizado pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC), financiaria
as atividades alvo no fortalecimento da gestão global, governança e responsabilização do programa por
meio de três canais: a) Gestão descentralizada, sistemas de Controle e Supervisão e Formulação de
Capacidade do programa, b) Gestão de Benefícios, e c) Gestão de corresponsabilidades.
23. Subcomponente 3.A. Gestão e Operação global do programa (US$ 3,9 milhões; Financiamento
do Banco Mundial: US$ 1,8 milhão). Para contribuir com os esforços do MDS para consolidar as
operações e funções do programa, esse Componente complementará as atividades para apoiar o
mecanismo de direcionamento (Componente 2), fortalecendo as operações do programa baseadas na
gestão descentralizada e nas corresponsabilidades compartilhadas, mecanismos de controle e
responsabilização e aumento da capacidade do pessoal do programa e órgãos de controle nos níveis
federal, estadual e municipal.
a) Fortalecer a Gestão Descentralizada do Programa. O Projeto proposto apoiaria o MDS para
avaliar, melhorar e implementar a estratégia de apoio ao monitoramento da gestão municipal
e ao desempenho do Bolsa Família em nível local. Especificamente, por meio dessas ações, o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome fornece apoio direto às autoridades
municipais em suas responsabilidades específicas, definindo e realizando estratégias e
atividades para melhorar o processo de coleta, registro e atualização dos dados no Cadastro
Único e aumentando a proporção média de famílias, crianças e jovens com informações sobre
o cumprimento das condições. Ao atingir o objetivo deste conjunto de atividades, o programa
revisará a composição do Índice de Gestão Descentralizada (IGD) e espera uma melhoria
sustentada para 0,85 em média. 32
32
O IGD mede o desempenho municipal na implementação do programa por meio de um índice sintético que
abrange variáveis de cobertura e qualidade de informações do Cadastro Único de monitoramento do cumprimento
97
b) Consolidar mecanismos de controle e responsabilização do programa. A operação proposta
forneceria assistência técnica à SENARC para melhorar os mecanismos de controle e
responsabilização, com a consolidação do modelo para fornecer informações aos órgãos
federais e de controle; o Projeto proposto apoiaria a SENARC para (i) aumentar a capacidade
de e treinar os agentes de controle social, em relação à implementação e responsabilização
dos recursos financeiros desembolsados por meio do IGD e IGDE, e elaborar um modelo de
treinamento e pedagógico para uma maior divulgação e publicação por parte do MDS; e (ii)
fortalecer a rede de supervisão e controle interno e externo (“Rede de Fiscalização”) por meio
de uma estratégia para divulgar as informações para agentes internos e externos sobre os
conceitos, pontos de estrangulamento e melhores práticas do Bolsa Família, compartilhando
as informações sobre os sistemas desenvolvidos para apoiar as atividades de monitoramento,
controle e responsabilização (fiscalização), e fortalecer o diálogo entre a SENARC, o pessoal
municipal do PBF, conselheiros dos comitês/conselhos do controle social e agentes de
controle interno e externo.
c) Elaborar e implementar uma estratégia abrangente de formulação de capacidade. O Projeto
proposto apoiaria a SENARC na elaboração e implementação de um programa de formulação
de capacidade, baseado em treinamento e assistência técnica aos gestores locais, regionais e
federais e membros dos órgãos de controle social do Bolsa Família em áreas associadas ao
programa e suas operações. Apesar de os mecanismos de controle social implementados para
monitorar o programa em nível local serem uma característica inovadora do programa, uma
avaliação recente destacou seu impacto limitado, em parte porque os membros do controle
social sabem pouco sobre suas funções. O Projeto proposto contribuiria para abordar essa
questão por meio de uma estratégia de treinamento sistemático.
24. Subcomponente 3.B. Gestão das corresponsabilidades do programa (US$ 3,2 milhões;
Financiamento do Banco Mundial: US$ 1,5 milhão). A gestão das corresponsabilidades do programa
envolve um conjunto de processos que visa: (i) Monitorar o cumprimento das corresponsabilidades em
educação e saúde como pré-requisito para autorizar pagamentos, (ii) Registrar informações sobre o
cumprimento de corresponsabilidades, (iii) Garantir que as famílias cumpram suas corresponsabilidades,
e (iv) Apoiar as famílias que não cumprem suas corresponsabilidades. Os processos envolvidos na gestão
das condicionalidades do programa são realizados pelos Ministérios do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, Saúde e Educação em nível central e pelos representantes locais do MDS e secretarias
municipais descentralizadas de saúde e educação em nível local.
25. O conjunto de atividades que o Projeto proposto financiaria para melhorar a gestão das
corresponsabilidades do programa busca aumentar as informações disponíveis sobre o cumprimento das
corresponsabilidades, integrar ainda mais o monitoramento das corresponsabilidades e os mecanismos
para facilitar o acesso das famílias beneficiárias aos setores de educação e saúde, e articular o processo de
monitoramento com apoio às famílias que não cumprem suas corresponsabilidades. Nesse contexto, as
atividades que o Projeto proposto apoiaria para fortalecer a gestão de condicionalidades do Bolsa Família
buscam consolidar os processos acima mencionados nas seguintes áreas:
a) Melhorar o processo de verificação de cumprimento. Desde seu lançamento em 2003, o
programa tem mostrado uma melhora constante no monitoramento do cumprimento de suas
corresponsabilidades (frequência escolar e check-ups regulares de saúde). Apesar do
considerável progresso (de 64 para 85% em educação, 75% entre jovens de 16 a 18 anos; e de
com as condições de educação e saúde. Os municípios recebem transferências adicionais do governo federal,
dependendo da pontuação do IGD por ele obtida.
98
37 a 63% em saúde entre 2006 e 2009), ainda existe um considerável escopo para melhorias,
principalmente na área da saúde, onde houve pouco progresso em 2008. Desse modo, o
Projeto proposto apoiaria o MDS para identificar os pontos francos e fornecer apoio para
melhorar e fortalecer os sistemas de relatórios e de monitoramento do término das
corresponsabilidades, por meio da avaliação do processo atual de monitoramento das
condicionalidades e elaboração, teste e implementação de ajustes e melhorias. Espera-se que
como resultado, o programa aumente a proporção de famílias e crianças com informações
sobre o cumprimento das condições de saúde e educação em 12% e 4% respectivamente
(atingindo 75% em saúde e 90% em educação).
b) Desenvolver estratégias para identificar fatores que causem o não cumprimento das
corresponsabilidades e o aumento de incentivos em termos de cumprimento, com o apoio da
rede de assistência social em nível local. O Bolsa Família tem demonstrado que o conjunto
de incentivos para as famílias investirem no capital humano de suas crianças tem sido
geralmente eficaz. A partir das informações reportadas sobre o cumprimento das famílias
com as atividades de educação e saúde, mais de 97% das crianças de 5 a 16 anos e dos jovens
de 16 a 18 anos registrados no programa estavam matriculados e frequentavam a escola
regularmente, e uma proporção semelhante de famílias efetuava seus check-ups regulares nas
unidades de saúde. Todavia, o programa assumiu o compromisso de continuar melhorando a
proporção de famílias que cumprem essas atividades, e tem desenvolvido um protocolo
específico para fornecer apoio ao setor de assistência social. O Projeto proposto contribuiria
para essa finalidade: (a) apoiando a SENARC na aplicação do protocolo de assistência social
às famílias que não cumprem suas corresponsabilidades; e (b) avaliando o efeito do protocolo
ajustado, identificando e implementando aspectos para melhorar seu impacto e avaliar mais
detalhadamente sua aplicação. Espera-se que a implementação das atividades acima
mencionadas resulte na participação de pelo menos 50% das famílias que não cumprem suas
corresponsabilidades nas atividades de apoio da nova família prescrita pelo protocolo, e na
participação de pelo menos 40% das famílias que não cumprem as condições nas atividades
da atual estratégia de apoio às famílias fornecida pelo CRAS/CREAS.
c) Fortalecer mecanismos de controle social do Bolsa Família. O controle social do programa é
realizado por meio de conselhos ou comissões criados em nível municipal, que constituem
requisitos para a participação dos municípios no programa Bolsa Família. Os organismos de
controle social abrangem a a sociedade civil e as autoridades, incluindo, pelo menos,
representantes das áreas de assistência social, saúde, educação e segurança alimentar. As
atividades globais dos órgãos de controle social estão associadas ao registro de famílias
pobres no Cadastro Único e no programa Bolsa Família, verificação de disponibilidade de
serviços sociais e promoção da coordenação do serviço público, e apoio à supervisão e ao
controle realizados pelo MDS e pela Rede de Fiscalização em nível federal (Controladoria
Geral da União, Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal). O Projeto
proposto apoiaria a SENARC em seu esforço de institucionalizar e melhorar a eficácia do
controle social no nível municipal por meio da identificação e implementação de estratégias e
ações específicas para melhorar seus dispositivos institucionais, e eficácia, promovendo redes
locais que abrangem conselhos/comissões de controle social, organismos de supervisão,
pessoal do programa em nível local e mídia em nível municipal, e elaborando e
implementando um sistema para monitorar os organismos de controle social.
d) Consolidar Observatório de Boas Práticas e Concurso. O Observatório, uma ferramenta
virtual criada em 2007 e gerida pela SENARC, identifica, reúne e divulga boas práticas na
gestão do programa Bolsa Família desenvolvido pelos estados e municípios. A meta do
observatório é fornecer uma ferramenta para divulgação e cooperação horizontais. Uma vez
99
que os estados e municípios desenvolvem autonomamente métodos e práticas de gestão
específicos para realizar suas responsabilidades dentro do programa, o Observatório é um
instrumento bastante valioso para melhorar a qualidade das operações do programa nesses
níveis.33
Como parte do observatório, os estados e municípios registram suas práticas e
participam de um concurso. As práticas registradas são avaliadas dentro de critérios definidos
e um pequeno conjunto delas são selecionadas e divulgadas por meio do Observatório e
participam do Concurso de Boas Práticas. O Projeto proposto apoiaria a SENARC no
desenvolvimento de mecanismos para fortalecer o observatório e avaliar sua utilização como
uma ferramenta para o desenvolvimento de práticas de gestão, realizar dois concursos
(terceira e quarta edições), além de divulgar e avaliar os resultados dos concursos por meio da
definição e implementação de mecanismos de acompanhamento das práticas publicadas.
26. Subcomponente 3.C. Gestão dos Benefícios do Programa (US$ 2,6 milhões; Financiamento do
Banco Mundial: US$ 1,2 milhão). A gestão de benefícios é um conjunto de processos e atividades que o
programa efetua para garantir que os benefícios sejam regularmente transferidos para as famílias
beneficiárias. A gestão de benefícios no Bolsa Família envolve três grupos de processos e atividades: (i)
Autorização de pagamentos - informações sobre a composição das famílias, informações atualizadas
sobre o registro, análise do cumprimento das corresponsabilidades por parte das famílias; (ii) Gestão de
benefícios em nível local - processos e regulamentações para bloquear, desbloquear, cancelar,
restabelecer e suspender benefícios, de acordo com as regras dos programas; e (iii) Pagamento - logística,
mecanismos para alcançar as famílias em áreas remotas, e estratégias para uma melhor gestão por parte
dos beneficiários de seus pagamentos (educação financeira).
27. O Projeto proposto apoiaria a SENARC para melhorar a gestão do processo de benefícios,
melhorando a logística e a gestão de pagamentos, introduzindo outros desenvolvimentos e inovações
nessas áreas e instrumentos de aprimoramento atualmente usados pelo MDS. Para atingir esse objetivo, o
Projeto proposto financiaria as atividades a seguir.
a) Atualizar dados socioeconômicos sobre os beneficiários do programa. O Projeto proposto
apoiaria a SENARC na avaliação da estratégia e das atividades para manter o registro de
beneficiários do programa atualizado e para desenvolver e testar mecanismos para melhorar o
processo. Atualmente, as informações sobre 3 milhões de famílias registradas como beneficiários
do Bolsa Família têm mais de dois anos. Como resultado dessas atividades, espera-se que a
proporção de beneficiários sem revisão de registros e informações socioeconômicas atualizadas
sofra uma redução de até 50%.
b) Melhorar o mecanismo de direcionamento do Bolsa Família. A operação proposta continuaria
com seu apoio ao MDS para avaliar, testar e aprimorar mecanismos para identificar e selecionar
os beneficiários do programa. Esse grupo de atividades busca analisar e desenvolver mecanismos
de direcionamento para o Bolsa Família, incluindo, por exemplo, o ajuste das estimativas de
pobreza do programa em nível federal e municipal e o desenvolvimento de metodologias de
direcionamento.
c) Fortalecer e melhorar a estratégia de abertura de contas para os beneficiários do Bolsa Família
(inclusão bancária). Desde 2008, o programa lançou uma estratégia para abrir contas bancárias
para os beneficiários do Bolsa Família. As contas, abertas na Caixa Econômica Federal,
destinam-se não apenas ao depósito dos benefícios para as famílias, mas também à facilitação do
acesso das famílias a outros serviços bancários e ao crédito. Até a metade de 2009, o programa
33
As práticas abrangem a gestão integrada do Bolsa Família, registro de famílias, gestão de benefícios e
condicionalidades, controle social e supervisão, coordenação com programas complementares e apoio às famílias.
100
ajudou cerca de dois milhões de beneficiários a abrir suas contas bancárias. O Projeto proposto
apoiaria essa finalidade, avaliando a estratégia atual, ajustando a finalidade e seus instrumentos
quando necessário e avaliando o processo. Espera-se que esse grupo de atividades contribua para
a meta global do programa de abrir contas para pelo menos 50% das famílias registradas no Bolsa
Família.
d) Desenvolver instrumentos de educação financeira. Para complementar a estratégia de abertura de
contas, o programa avaliará, elaborará e realizará projetos em nível municipal para fornecer
educação financeira aos beneficiários do programa. Entre esses instrumentos encontram-se as
campanhas de comunicação para manter os beneficiários cientes das contas, além de um apoio
mais sistemático, incluindo um planejamento financeiro das famílias, serviços e produtos
bancários, informações sobre crédito, microfinanciamento e assim por diante. O Projeto proposto
também apoiaria a avaliação dessa intervenção e implementaria ajustes quando necessário. O
resultado esperado dessa intervenção é atingir pelo menos 3% dos municípios brasileiros com
programas de educação financeira sob implementação.
e) Desenvolver uma estratégia para diferenciar pagamentos em áreas remotas. Até a metade de
2009, o Bolsa Família realiza cerca de 11 milhões de pagamentos por mês. Os beneficiários
recebem suas transferências com seus cartões eletrônicos em mais de 15.000 locais. As famílias
podem receber seus benefícios dentro de 90 dias. O programa estima que atualmente cerca de
95% dos benefícios sejam recebidos. Contudo, os 5% restantes representam cerca de 500.000
benefícios não sacados após 90 dias. Além disso, cerca de 250 municípios enfrentam interrupções
em seus serviços de pagamentos. Finalmente, cerca de 10% dos beneficiários gastam entre 5 e
25% de seus benefícios para chegar até o ponto de pagamento designado. O Projeto proposto
apoiaria a SENARC para elaborar e implementar uma estratégia para diferenciar pagamentos em
áreas remotas e assim facilitar o recebimento dos benefícios no devido tempo por parte das
famílias que moram nesses lugares a um baixo custo ou até mesmo sem nenhum custo. O
resultado esperado é ter diferentes estratégias de pagamento em pelo menos 6 Estados.
f) Melhorar a logística de distribuição de cartões eletrônicos de pagamento. A estratégia acima
mencionada será complementada com melhorias na logística de distribuição de cartões
eletrônicos para saque dos benefícios. O Projeto proposto fornecerá assistência para avaliar,
elaborar melhorias, implementar e avaliar a estratégia de distribuição de cartões eletrônicos de
pagamento. Espera-se que, em pelo menos 90% dos casos, o atraso na distribuição dos cartões
eletrônicos de pagamento seja reduzido para menos de 40 dias.
g) Melhorar o processo global de gestão de benefícios. A operação proposta apoiaria o MDS na
avaliação e, se apropriado, no ajuste da gestão dos benefícios do programa (bloqueio,
desbloqueio, cancelamento, restabelecimento e suspensão de benefícios) e nas funções das
autoridades locais e federais.
28. Componente 4: Consolidação do Sistema de Monitoramento e Avaliação no Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (US$ 9,3 milhões; Financiamento bancário: US$ 4,5
milhões). Este Componente fornecerá apoio, treinamento, assistência técnica, equipamentos e Custos
Operacionais Incrementais selecionados para consolidar a capacidade do MDS de monitorar e avaliar
programas sociais em nível federal e subnacional e fortalecer sua capacidade de, inter alia: (a) realizar
análises, avaliações e outros estudos; (b) divulgar e discutir com os interessados os resultados das
avaliações; e (c) realizar avaliações e outros estudos nas seguintes áreas: (i) Programa BF, (ii) outros
programas em fase de implementação por parte do MDS; e (iii) intervenções selecionadas para vincular
os Beneficiários do BF com outros programas de inclusão social e de geração de renda em nível estadual.
101
29. O MDS, principalmente através de sua Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação
(SAGI), desenvolveu um sistema abrangente de monitoramento e avaliação. Por meio de dois conjuntos
complementares de providências, a SAGI conta com: (a) um Sistema de Avaliação para realizar
avaliações de levantamento e impacto, com base em metodologias rigorosas, aplicadas a programas
sociais selecionados, inicialmente dentro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
para medir os resultados de programas sociais em nível federal; e (b) um Sistema de Monitoramento para
acompanhar o progresso do programa e fornecer informações com base em indicadores e dados
administrativos. O objetivo geral do sistema de Monitoramento e Avaliação (M&A) no MDS é
quadruplicar e: (a) fornecer feedback sobre a gestão do programa em termos de resultados, efeitos,
implementação e produtos; (b) divulgar resultados e melhorar a transparência de programas sociais por
meio de publicações, workshops e microdados; (c) fornecer e disponibilizar informações estratégicas para
tomada de decisões e criação de programas por meio de relatórios, notas técnicas e assim por diante; e (d)
aumentar a capacidade do Ministério de gerir políticas sociais, monitoramento e avaliação, e controle
social.
30. Esse Componente, a ser implementado pela SAGI, apoiaria a Secretaria na melhoria e consolidação
da capacidade do Ministério de monitorar e avaliar programas sociais em nível federal e estadual.
Enquanto o APL1 focou a capacidade interna de desenvolvimento em termos de monitoramento e
avaliação do PBF, o APL2 apoia uma institucionalização mais ampla da SAGI e dos sistemas de M&A no
ministério e a avaliação de programas complementares ao Bolsa Família. Além disso, esse Componente
aumentaria a capacidade da SAGI de preparar especificações técnicas para elaborar avaliações de impacto
e analisar dados e resultados, e realizar workshops e conferências para divulgar resultados, e treinamento
para manter o pessoal da SAGI atualizado em termos de monitoramento e técnicas de avaliação. Por isso,
esse Componente apoiaria os esforços do Governo em três frentes:
a) Apoio à avaliação de impacto do programa Bolsa Família e seus recentes desenvolvimentos para
explorar modos inovadores e ajustados para fortalecer a capacidade de avaliação local.
b) Apoio a uma série de estudos especializados de avaliação de programas sociais (nacionais ou
locais por natureza) implementados por ou em coordenação com o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
c) Fornecimento de assistência para aumentar a capacidade da SAGI de monitorar e avaliar
programas sociais em nível Federal.
31. Avaliação do impacto do Bolsa Família e seus desenvolvimentos recentes. O Projeto proposto
apoiaria o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome na continuidade da avaliação de
impacto do Bolsa Família, e na avaliação de algumas características específicas e desenvolvimentos
recentes do programa.
a) Terceira rodada da Avaliação de impacto do Bolsa Família. A avaliação de impacto do Bolsa
Família é um processo de longo prazo que acompanha a implementação do programa e apoia o
monitoramento dos resultados mensuráveis do programa em dois níveis: nível territorial e nível
domiciliar. O levantamento de referência foi realizado em 2005 e o primeiro levantamento de
acompanhamento encontra-se em fase de implementação. O levantamento consiste em um estudo
longitudinal de uma amostra representativa de cerca de 15.500 domicílios, agregados em 3
grandes regiões: Norte Urbano e Centro-Oeste; Nordeste; e Sul-Sudeste. A amostra consistia em
três categorias: famílias beneficiárias; famílias registradas no Cadastro Único, mas não
beneficiárias do Bolsa Família; e famílias fora do Cadastro Único e Bolsa Família. Uma vez que
um projeto experimental não foi possível, os impactos são calculados por meio das técnicas PSM
(Propensity Score Matching).
102
A segunda rodada de coleta de dados encontra-se atualmente em fase de implementação, apoiada
por recursos financeiros da primeira operação do APL para apoiar o Bolsa Família. A empresa
contratada para efetuar essa avaliação utiliza um desenho de projeto longitudinal sobre os dados
coletados em 2005 e novos dados coletados em 2009, tirando vantagem do fato, a princípio, de
que muitos domicílios pesquisados ainda não haviam começado a receber os benefícios do Bolsa
Família. A metodologia de avaliação usada para a segunda rodada será uma mistura das técnicas
PSM (Propensity Score Matching), descontinuidade da regressão e modelos de dose e duração.
Para continuar com o processo de medição dos resultados do programa, o Projeto proposto
financiaria o segundo levantamento de acompanhamento para incluir também outros aspectos,
além do resultado direto do Bolsa Família, principalmente a inclusão das famílias no mercado de
trabalho e a sustentabilidade social do programa.
b) Impacto do “Benefício Variável Jovem” na Evasão Escolar. Em 2007, o programa criou um
benefício variável pago às famílias com jovens de 16 a 18 anos que frequentam a escola com
regularidade. O benefício é pago por jovem. Nesse contexto, a extensão dos benefícios do Bolsa
Família para esse segmento da população, com um benefício em dinheiro de R$ 30,00 para um
máximo de dois benefícios por família, deve provavelmente representar um investimento na
inclusão social desses jovens. Atualmente, estima-se que 1,8 milhão de jovens recebam esses
recursos.
A meta dessa atividade é apoiar a SAGI na avaliação do impacto do Benefício Variável Jovem
(BVJ) na redução da evasão escolar e no aumento das taxas de frequência e de conclusão entre os
jovens entre 16 e 18 anos. O desenho do estudo será quase-experimental com os grupos de
tratamento (beneficiários) e de controle (potenciais beneficiários que não recebem). O MDS está
avaliando uma estratégia para determinar o impacto do BVJ. Uma opção em estudo é analisar
dados administrativos do Cadastro Único e bancos de dados do Ministério da Educação para
comparar resultados entre beneficiários e não beneficiários. A amostra esperada é de 3.000
jovens, metade no grupo de tratamento e metade no grupo de controle. Será representativa do
âmbito nacional apenas. O Projeto proposto financiaria a linha de referência e pelo menos um
levantamento de acompanhamento.
c) Além das avaliações, análises e estudos descritos a seguir ou os identificados durante a
implementação do Projeto, a SAGI coordenaria com a SENARC a realização da avaliação dos
principais aspectos do programa como o ajuste do tamanho dos benefícios, o “Benefício Variável
Jovem”, além da estratégia de educação financeira e estratégia de “inclusão bancária” (descrita no
Componente 3), e também a avaliação do Cadastro Único (incluído no Componente 2).
32. Avaliação do Impacto de outros programas do ou em coordenação com o MDS. A finalidade da
segunda operação do APL é apoiar estudos especializados de avaliação de programas sociais além do
Bolsa Família, implementados pelo MDS e por outros Ministérios em coordenação com o MDS. Os
critérios de seleção respondem à necessidade de avaliar o impacto das principais intervenções dentro da
estratégia de proteção social do Governo Federal. Segundo esses critérios, o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome via SAGI coordenou com os órgãos implementadores
correspondentes a execução da avaliação dos programas descritos a seguir. Em alguns casos, as linhas de
referência ou as coletas dos dados iniciais foram concluídas e o Projeto proposto forneceria apoio para
concluir o processo. Em outros casos, as condições de implementação para realização de uma avaliação
foram acordadas entre o órgão implementador e o MDS. A seguir, encontram-se algumas das avaliações
de impacto apoiadas pelo Projeto:
a) Censo nutricional da população bastante vulnerável. Estima-se que existem cerca de 18 milhões
de crianças entre 0 e 5 anos no Brasil. Para aproveitar as informações coletadas durante a
campanha nacional de imunização de três dias ocorrida em 2005, 2006 e 2007 em diferentes
103
regiões do país, uma linha de referência foi criada sobre o estado nutricional desse segmento da
população e também o escopo das políticas nacionais entre a população de alto risco. A amostra
continha 16.000 crianças da região semiárida (região Nordeste), 1.330 crianças dos assentamentos
de reforma agrária, 3.000 das comunidades Quilombolas, 4.000 do Estado do Amazonas e 15.000
do restante da região Norte.
Durante a campanha de imunização acima mencionada, foi possível reunir dados de diferentes
grupos de crianças nas famílias de baixa renda com informações valiosas de comunidades
vulneráveis específicas que nunca foram estudadas antes, incluindo dados em nível estadual e de
comunidades vulneráveis específicas, como famílias dos Quilombos e assentamentos de reforma
agrária. Em cada caso, o levantamento permitirá fazer inferências sobre a situação de cerca de 3
milhões de crianças. Um levantamento de acompanhamento deve ser realizado a cada três anos
para monitorar a situação nutricional e a eficácia das políticas sociais nessas populações.
Dois levantamentos nutricionais são planejados durante o período de implementação do segundo
empréstimo. O desenho do estudo é transversal em relação a uma amostra representativa das
crianças que comparecem nas unidades de saúde para fins de imunização. Essa é provavelmente
uma amostra representativa das crianças de 0 a 5 anos de idade, uma vez que a cobertura da
imunização é bastante elevada no Brasil, atingindo cerca de 95% das crianças na idade
apropriada.
b) Avaliação do impacto do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem Adolescente). O
ProJovem Adolescente atinge os adolescentes pobres em risco entre 15 e 17 anos, para ajudá-los
na preparação para o ingresso no mercado de trabalho. Esse programa funciona como um ponto
de entrada para outras intervenções federais direcionadas para a população entre 18 e 29 anos,
incluindo os programas ProJovem Urbano, ProJovem Campo e ProJovem Trabalhador.34
O
programa busca ajudar a população alvo por meio de uma combinação de benefícios e serviços
para manter os adolescentes em um programa socioeducativo e, ao mesmo tempo, fornecer apoio
direto aos beneficiários e suas famílias (acompanhamento familiar). A meta final do programa é
melhorar a educação escolar dos adolescentes para ajudá-los a enfrentar o mercado de trabalho e
fortalecer o vínculo entre o adolescente e sua família. O programa complementa a proteção básica
social da família, criando mecanismos para fortalecer os vínculos sociais/inclusão social do
jovem com a família e a comunidade, e criando as condições para a inserção, o retorno e a
permanência do jovem no sistema educacional. O programa funciona via reuniões e workshops
depois ou antes da aula formal, onde os beneficiários têm a oportunidade de fazer pesquisas,
estudar, debater e aprender por meio de workshops culturais e esportivos.
O Projeto proposto contribuiria para avaliar o programa ProJovem Adolescente para medir o
efeito da intervenção em termos de seus três eixos estruturais: Inclusão Social na Comunidade,
Participação da Cidadania e Participação em Mercados de Trabalho. O levantamento será
realizado em municípios selecionados que serão incluídos no programa nos próximos anos. A
amostra será de cerca de 4.000 famílias, 1.500 no grupo de tratamento e 2.500 no grupo de
controle. O estudo de referência foi financiado com somas de dinheiro do Governo, sendo que a
segunda e a terceira rodadas serão financiadas com recursos da segunda fase do empréstimo.
c) Benefício de Prestação Continuada (BPC). O BPC é um programa de proteção social que garante
um salário mínimo mensal aos indivíduos de baixa renda (menos de 25% de um salário mínimo
per capita) acima de 64 anos ou às pessoas portadoras de deficiência de qualquer idade cuja
deficiência os impeça de levar uma vida independente. Desde o lançamento do programa, o BPC
tem mostrado um considerável impacto na redução da pobreza e na melhoria do bem-estar da
população alvo. O BPC é um amplo programa que atende a 3 milhões de beneficiários (um
34
Desenvolvimento de habilidades, intervenções da escola ao trabalho.
104
milhão de idosos e dois milhões de pessoas deficientes) e possui um orçamento anual de R$ 17
bilhões (aproximadamente US$ 10 bilhões). Esse banco de dados permitiria uma medida rigorosa
dos resultados do programa com o acompanhamento dos beneficiários ao longo do tempo. Nesse
contexto, a meta deste estudo é calcular o efeito do programa em termos de renda familiar,
autonomia dos beneficiários e seu acesso a outras políticas sociais, sua participação no mercado
de trabalho e outros aspectos que poderiam surgir, à medida que os dados fossem analisados. O
estudo entrevistaria 2.000 famílias com um indivíduo idoso, 1.000 com um beneficiário deficiente
e 1.000 sem nenhum beneficiário. A amostra-observação com 4.000 indivíduos será
representativa do nível nacional.
d) Avaliação do impacto do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O PAA é um programa
lançado pelo Governo Federal em 2003 que apoia a agricultura familiar, comprando os alimentos
produzidos e pagando um preço médio regional de mercado. Em 2005, foram realizados dois
levantamentos para medir o impacto do programa. Os resultados mostram que o programa muda a
relação entre os agricultores familiares e os comerciantes. Estes últimos começaram a pagar mais
pelos alimentos vendidos pelos agricultores, melhorando a situação desses agricultores bastante
vulneráveis. Contudo, a avaliação mediu os preços cobrados apenas e não o impacto sobre o bem-
estar dos agricultores. Por isso, o novo levantamento fornecerá informações sobre o impacto do
PAA sobre a capacidade de comercialização, geração de renda e segurança alimentar dos
beneficiários do programa nas áreas onde o programa encontra-se em expansão.
A amostra para realizar a avaliação abrangerá cerca de 2.100 famílias divididas em 3 grupos: (i)
beneficiários do PAA; (ii) beneficiários do PAA-Pronaf,35
e (iii) grupo de controle. A amostra
será selecionada entre os municípios das regiões Norte e Nordeste que serão incluídos na
expansão do PAA. O estudo de referência foi financiado com recursos do Tesouro, sendo que a
segunda e a terceira rodadas serão financiadas com fundos do segundo empréstimo.
e) Avaliação do Programa de Inclusão Socioeconômica. O MDS e o Ministério do Trabalho, junto
com o setor privado, estão lançando diferentes iniciativas para ajudar as pessoas pobres e os
beneficiários dos programas sociais a ter acesso a empregos. O programa, conhecido como
Inclusão Produtiva, encontra-se em seu estágio inicial de implementação e é apoiado por
empresas e instituições como Petrobrás e BNDES. Esse Componente financiará uma avaliação do
impacto do programa nos indivíduos que concluíram um processo de treinamento em termos de
aquisições de habilidades, renda e retenção de empregos. Especificamente, o Projeto proposto
apoiaria a SAGI para definir uma metodologia para e efetuar uma avaliação das intervenções
selecionadas dentro da estratégia para vincular o registro das famílias beneficiárias no Bolsa
Família e no Cadastro Único com geração de renda, inserção no mercado de trabalho e outras
alternativas de inclusão produtiva definidas dentro do CNDS.
33. Outras avaliações. O Projeto proposto forneceria apoio para a realização de outras avaliações
estratégicas a serem definidas durante a implementação do Projeto previamente acordado entre o MDS e
o Banco Mundial.
34. Apoio técnico e institucional para a Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação
(SAGI). O Projeto proposto forneceria assistência adicional para aumentar a capacidade da Secretaria de
identificar, elaborar, realizar e supervisionar avaliações e fortalecer seu sistema de M&A. Esse apoio será
implementado por meio de treinamento, serviços de consultoria especializados e equipamentos de TI.
35. As avaliações e os estudos acima descritos, e outros que podem ser identificados durante a
implementação do Projeto, seriam realizados principalmente com a contratação de empresas
35
Pronaf:, assistência técnica e crédito agrícola para agricultores familiares.
105
especializadas com registro reconhecido na área. O Projeto proposto também apoiaria a SAGI por meio
da contratação de consultores individuais para apoiar a preparação dos termos de referência e outros
documentos de licitação quando apropriado.
36. Componente 5: Apoio ao Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social (CNDS) (US$ 2,9
milhões; Financiamento do Banco Mundial: US$ 1,3 milhão). Esse Componente fornecerá apoio,
treinamento, Custos Operacionais Incrementais selecionados e assistência técnica ao MDS para tornar o
CNDS operacional.
37. O Governo Brasileiro lançou o CNDS no início de 2008, com os objetivos duais de: (a) melhorar o
impacto das políticas sociais, e (b) aumentar sua eficácia por meio de uma maior integração entre o
Governo Federal e os Estados.36
Essa iniciativa é uma etapa à frente no sentido da consolidação de uma
rede de segurança social no Brasil, um dos principais objetivos da administração atual. Ela busca
encontrar estratégias para a inserção socioeconômica das pessoas pobres registradas no Cadastro Único
por meio de apoio operacional e financeiro para os Estados. O CDNS baseia-se em acordos entre os
estados e o MDS, onde o compromisso anterior de implementar um programa baseava-se em geração de
renda, oportunidades de trabalho e inclusão socioprodutiva das famílias vulneráveis. Como parte do
acordo, os estados recebem recursos financeiros adicionais do Governo Federal.
38. A Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias (SAIP) no MDS é a entidade responsável pela
promoção e supervisão dessa iniciativa. Em março de 2008, o MDS convidou todos os estados a
participarem do CNDS por meio de acordos bilaterais e todos expressaram interesse. Quatro Estados
(Acre, Alagoas, Bahia e Ceará) já assinaram acordos e começaram a a implementar planos, enquanto
outros dez Estados devem lançar suas próprias estratégias até o final de 2009. Quando os Estados
participam do CNDS, eles precisam designar um órgão local que será corresponsável com a SAIP pela
estratégia de inclusão produtiva. Os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) nos municípios
são responsáveis pela seleção de indivíduos de baixa renda vulneráveis e elegíveis para o CNDS. Além de
lançar a estratégia e de assinar o primeiro conjunto de acordos com os governos estaduais, a SAIP tem
desenvolvido ferramentas para facilitar a implementação do CDNS. Particularmente importante é a
determinação dos critérios básicos para a seleção de indivíduos no Cadastro Único que serão direcionados
para os planos de inclusão socioeconômica em nível estadual. Essa tarefa está sendo realizada pela SAIP,
junto com a SAGI e o IPEA.
39. O Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social é também parte das estratégias do Governo
de vincular o Bolsa Família com outros programas sociais e atividades de geração de renda que podem
ajudar os beneficiários a melhorar seu capital humano e acessar mercados de trabalho. Essa estratégia
também complementa os esforços do governo para vincular o programa com outras iniciativas sociais e
de geração de renda em nível federal.
40. O Projeto proposto contribuirá para desenvolver e implementar um conjunto de ferramentas para
ajudar a SAIP na implementação do CNDS. Também será importante para vincular os beneficiários do
Bolsa Família e os programas sociais e de geração de renda, além das oportunidades do mercado de
trabalho em nível estadual. Para atingir essas metas, o Projeto proposto ajudaria a integrar as atividades da
SAIP a outras atividades no MDS, desenvolver protocolos para tornar operacional a estratégia do CNDS,
elaborar testes e implementar sistemas de informação e monitoramento para acompanhar o progresso das
parcerias com os estados, e realizar as atividades de treinamento em nível Federal e Estadual, entre outras
tarefas. Do mesmo modo, as atividades para esse Componente serão realizadas pela SAIP.
36
Decreto Presidencial 6.393, março de 2008.
106
41. Subcomponente 5.A: Integração de Programas e Iniciativas no MDS para melhorar sinergias e
eficácia e assim melhor atender à população alvo por parte do CNDS. Esse subcomponente
financiaria a elaboração de metodologias para simular diferentes cenários baseados em dados coletados
por pesquisadores e informações do Cadastro Único, Pesquisa de Orçamento Familiar e Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS), entre outros. As principais atividades desse Subcomponente são as
seguintes:
a) Definição de um índice para classificar as características básicas e os pontos fortes (nível de
educação, habilidades, treinamento, etc.) dos beneficiários do PBF e dos indivíduos registrados
no Cadastro Único que os projetos de grandes investimentos poderiam utilizar como parte do
CNDS.
b) Definição e teste de ferramentas para simular e monitorar a força de trabalho local utilizada em
programas e projetos apoiados pelo CNDS. Esses instrumentos serão desenvolvidos usando dados
dos programas e projetos do CNDS, e dados do Cadastro Único, POF e RAIS, entre outros.
c) Equipes técnicas de treinamento para usar essas ferramentas.
42. Subcomponente 5.B: Apoio à Gestão e Operacionalização do CNDS por meio da definição de
protocolos, além da elaboração e implementação de sistemas de informação. Sob esse
Subcomponente, o Projeto apoiará a SAIP no desenvolvimento e na implementação de protocolos para as
operações do CNDS. Isso implicará na implementação de um sistema de informação que melhorará as
operações do CNDS e contribuirá para a integração com outros programas do MDS. As equipes técnicas
no MDS serão treinadas na operação desses protocolos, que serão avaliados.
43. As atividades que o Projeto proposto financiaria incluem o seguinte:
a) Definição de protocolos para as operações do CNDS, incluindo uma matriz com soluções locais
baseadas nas diretrizes do MDS. Esses protocolos prestarão atenção especial às informações do
Cadastro Único e aos resultados dos cenários gerados por simulações.
b) O Projeto também apoiará a SAIP no desenvolvimento de um sistema de informações para o
CNDS, com base nesses protocolos.
c) As equipes técnicas da SAIP receberão treinamento sobre a implementação dos protocolos do
CNDS e sobre a utilização dos sistemas de informação, como parte desse Subcomponente.
44. Subcomponente 5.C: Elaboração e implementação de uma estratégia entre o Governo Federal
e os Estados para operar o CNDS. Acordos entre os Estados e o Governo Federal sob o CNDS serão
monitorados periodicamente. Para melhorar a implementação do CNDS, a SAIP treinará equipes técnicas
nos níveis Federal e Estadual quanto à execução de acordos e ao uso de ferramentas como o Sistema de
Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV).37
O Projeto proposto financiaria as seguintes
ações:
a) Definição dos critérios que orientarão a interação entre a SAIP e os Estados, com base nos
estudos por parte do MDS e das informações do Cadastro Único. Também serão considerados os
dados dos cenários de simulação acima mencionados.
37
SICONV é um website do Governo Brasileiro que controla e aprova todas as transações financeiras de contratos e
parcerias associadas aos programas.
107
b) Como parte desse Subcomponente, equipes técnicas em nível Estadual seriam treinadas na
implementação do CNDS, incluindo a operação do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos
de Repasse (SICONV).
45. Subcomponente 5.D: Desenvolvimento de instrumentos para aumentar a inserção
socioeconômica de indivíduos alvo por parte do CNDS, incluindo estudos e avaliações. Esse
Componente apoiaria o MDS por meio das seguintes ações:
a) Avaliação de novos instrumentos para promover a inserção socioeconômica de indivíduos de
baixa renda nos Estados já participantes do CNDS.
b) Apoio ao compartilhamento de conhecimento via cooperação com outros países e experiências
que já implementaram programas para geração de renda e bem-estar decorrentes do trabalho para
pessoas pobres.
c) Avaliação dos resultados e lições aprendidas com todos os acordos implementados entre 2008 e
2012.
46. Subcomponente 5.E: Apoio ao CNDS para melhorar sua capacidade técnica de elaborar e
avaliar projetos, e para efetuar as avaliações locais e regionais com a meta de especificar as ações a
serem exigidas.
47. Componente 6: Apoio Operacional à Unidade de Implementação de Projetos (UIP) no
Ministério do Desenvolvimento Social (US$ 1,7 milhão, Financiamento do Banco Mundial, US$ 1,2
milhão). O Componente fornecerá apoio à UIP para a implementação do Projeto, por meio da provisão de
bens e serviços então necessários.
48. Esse Componente fornecerá apoio institucional à DPI na Secretaria Executiva para a implantação do
Projeto, enfatizando a transferência de conhecimento técnico para as equipes no MDS. Também
contribuirá para a revisão dos procedimentos operacionais para melhorar a gestão dos projetos apoiados
por organizações internacionais e instituições financeiras.
49. O Projeto apoiará as principais atividades, incluindo, entre outros, o seguinte:
Avaliação de processos operacionais e administrativos na DPI, referentes à gestão de projetos.
Desenvolvimento de um modelo de gestão orientado a resultados para melhorar a eficiência e a
eficácia por meio da reformulação de processos operacionais.
Definição do perfil de especialista necessário para a implementação do modelo de gestão
proposto, levando em consideração os especialistas que trabalham no MDS que poderiam ser
usados para isso.
Racionalização de processos técnicos e administrativos na DPI.
Preparação de um manual contendo as conclusões da avaliação.
Desenvolvimento de um plano para o treinamento dos funcionários da DPI no modelo de gestão
orientado a resultados.
50. Para abordar os pontos de congestionamento responsáveis pelos principais atrasos durante a
implementação da primeira operação do APL, a equipe será fortalecida não apenas com uma equipe
técnica adicional, mas principalmente com especialistas fiduciários para realizar os processos de
aquisições. Essas pessoas formariam uma equipe central, que seria financiada de acordo com o Projeto.
Na primeira fase, as aquisições ficaram sob a responsabilidade de um administrador de recursos
108
financeiros, mas o MDS estaria realizando a maioria das atividades de aquisições diretamente para
facilitar os processos.
109
Anexo 5: Custos do Projeto
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA
Custos por componente, fonte dos recursos financeiros e ano (milhares de dólares dos Estados Unidos)
EF11 EF12 EF13 EF14 EF15 EF16 Total
Componente/Subcomponente Governo do
Brasil*
BIRD Governo do
Brasil*
BIRD Governo do
Brasil*
BIRD Governo do
Brasil*
BIRD Governo do
Brasil*
BIRD Governo do
Brasil*
BIRD
Governo do
Brasil*
BIRD TOTAL
1: Transferências Monetárias Condicionadas
92.500 92.500 185.000 185.000
2: Fortalecimento do Cadastro Único 588 588 790 700 1.113 987 148 132 318 282 198 156 3.155 2.845 6.000
3: Fortalecimento Institucional para a Consolidação do PBF
588 588 1.696 1.504 1.113 987 848 752 530 470 349 275 5.124 4.576 9.700
a. Gestão e Operações Gerais 235 235 678 602 445 395 339 301 212 188 140 110 2.050 1.830 3.880
b. Gestão de corresponsabilidades 194 194 560 496 367 326 280 248 175 155 115 91 1.691 1.510 3.201
c. Gestão de Benefícios do Programa 159 159 458 406 301 266 229 203 143 127 94 74 1.383 1.236 2.619
4: Consolidação do Sistema de M&A 0 588 1.696 1.504 1.517 1.345 961 639 265 235 280 220 4.719 4.531 9.250
5: Apoio ao CNDS 235 235 371 329 350 310 344 306 112 98 90 70 1.502 1.348 2.850
6: Apoio Operacional à DPI 235 235 0 250 0 250 0 250 148 132 117 83 500 1.200 1.700
7: Taxa inicial 0 500 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 500 500
TOTAL 1.646 2.734 4.553 96.787 4.093 96.379 2.301 2.079 1.373 1.217 1.034 804 15.000 200.000 215.000
*Não inclui recursos financeiros do governo para financiar transferências monetárias condicionadas, calculadas em cerca de US$ 5 bilhões por ano.
110
Anexo 6: Dispositivos de implementação
BRASIL: Segundo Proejto Bolsa Família (APL 2)
1. O APL2 apoiará o Programa Bolsa Família por meio de: (i) um componente para cofinanciar
transferências monetárias para as famílias que vivem na pobreza; (ii) quatro componentes de assistência
técnica para apoiar o Cadastro Único, a gestão e os instrumentos do PBF, o monitoramento e o sistema de
avaliação no MDS, e os esforços do MDS para vincular os beneficiários do Bolsa Família aos programas
e intervenções em nível estadual por meio do CNDS; e (iii) um conjunto de atividades, por meio do
Componente 6, para fortalecer a Diretoria de Projetos Internacionais (DPI), a unidade técnica responsável
pela coordenação do Projeto. A DPI foi formalmente criada em 2010 e encontra-se institucionalmente
localizada dentro da organização administrativa da Secretaria Executiva do MDS, além de ser responsável
pela coordenação de toda a carteira de projetos financiados por organizações internacionais. O APL2
deve ser implementado em um período de cinco anos, com a data de conclusão do projeto para 31 de
dezembro de 2015.
2. O Mutuário será a República Federativa do Brasil. Do mesmo modo que o APL1, o APL2 será
implementado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que foi criado em
janeiro de 2004, com o objetivo de uma futura integração da gestão dos programas sociais do Brasil. A
criação do MDS ocorreu após a consolidação de quatro programas independentes de transferência
monetária condicionada geridos por diferentes ministérios sob um diferente conjunto de normas, para o
Bolsa Família em 2003. Nos últimos cinco anos, o MDS tem desenvolvido uma considerável experiência
na implementação do Bolsa Família, e tem consolidado e fortalecido seus sistemas em termos de gestão
global, junto com monitoramento e avaliação. Os dispositivos institucionais e de implementação para a
execução do projeto seguem os dispositivos usados e ajustados durante a implementação do primeiro
empréstimo do APL.
3. O Componente para o cofinanciamento das transferências monetárias para as famílias será
diretamente desembolsado ao Ministério da Fazenda. O APL2 financiaria parcialmente as transferências
monetárias para as famílias durante os dois primeiros anos da implementação do projeto, após um
esquema simplificado, conforme explicado no Anexo 4. Durante os dois primeiros anos de
implementação, o Projeto proposto reembolsaria o equivalente a 1,85% do montante pago às famílias
beneficiárias do Bolsa Família que cumpriram suas corresponsabilidades.
4. Os componentes de assistência técnica serão desembolsados ao MDS. Em consonância com essa
abordagem, para promover uma integração das atividades do projeto e contribuir com um valor agregado
ao PBF de modo geral, o APL2 tomará por base as estruturas organizacionais e de liderança existentes do
MDS para a implementação dos componentes de assistência técnica. O MDS tem consolidado suas
secretarias técnicas com responsabilidades institucionais claras e dispositivos institucionais sólidos em
nível federal e, quando apropriado, em níveis subnacionais.
5. A implementação do APL2 será presidida pela Secretaria Executiva (SE) e gerida pelo Diretor de
Projetos Internacionais. A Secretaria Executiva, mensalmente, reúne-se com as secretarias técnicas
relevantes (SENARC, SAGI e SAIP). Essa reunião tem duas tarefas principais; isto é, definir a
programação dos projetos e monitorar a implementação. Para acompanhar as decisões tomadas, os
delegados das secretarias técnicas (pontos focais) e os chefes das áreas de planejamento e implementação
da DPI reúnem-se duas vezes por mês. As secretarias técnicas relevantes (SENARC, SAGI e SAIP) são
responsáveis pelos aspectos técnicos necessários para realizar as atividades dos projetos. Especificamente,
as secretarias técnicas são responsáveis por: (i) definir o programa específico anual dentro do contexto
111
aprovado pela Secretaria Executiva; (ii) monitorar a implementação das atividades; e (iii) preparar os
termos de referência e outros documentos técnicos exigidos para realização das atividades sob os
respectivos componentes.
6. A DPI é responsável pela definição das atividades e diretivas técnicas, garantindo a solidez de seu
conteúdo e garantindo a consistência com as diretivas e os objetivos do programa editados pela Secretaria
Executiva. A Unidade de Implementação de Projetos, chefiada pelo Diretor de Projetos Internacionais
designado pela Secretaria do MDS, será responsável pelo: (a) planejamento e supervisão em andamento
das atividades; (b) verificação de cumprimento dos procedimentos operacionais, conforme estabelecido
no Manual de Operações e Acordo de Empréstimo; (c) administração das atividades, incluindo acordos,
contratos, aquisições e o Plano de Aquisições; (d) preparação de relatórios sobre desempenho financeiro e
desembolso; (e) acompanhamento dos recursos financeiros do projeto; (f) contratos para auditorias
técnicas independentes; (g) provisão de orientação operacional para as unidades responsáveis pela
implementação das atividades do projeto; (h) supervisão do cumprimento com essas diretrizes; e (i)
preparação de relatórios trimestrais de progresso das atividades técnicas e operacionais, e envio desses
relatórios ao Banco Mundial.
7. O MDS integrou três entidades anteriores, incluindo o Ministério Extraordinário de Segurança
Alimentar e Combate à Fome (MESA), o Ministério da Assistência Social (MAS) e a Secretaria
Executiva do Programa Bolsa Família (que estava anteriormente sob a Presidência). Atualmente, o MDS
abrange, inter alia, uma Secretaria Executiva e cinco secretarias técnicas, incluindo as secretarias
apoiadas pelo APL2: (a) SENARC, responsável pelo programa Bolsa Família; (b) SAGI, responsável
pelo monitoramento e avaliação; e (c) SAIP, responsável pela operacionalização do CNDS. Essas
unidades se reportam diretamente ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e são
bastante coordenadas entre si. (Figura 6.1)
Figura 6.1: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - Organização
Administrativa Simplificada
INSERT HERE FIGURE 6.1
8. A Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC) foi criada em janeiro de 2004 como parte
do novo MDS, para implementar a Política Nacional de Renda de Cidadania, por meio da gestão do
Programa Bolsa Família e do Cadastro Único. A SENARC será responsável pela implementação técnica
dos Componentes 2 e 3 do APL2. A SENARC é responsável pela implementação do programa Bolsa
Família e pela gestão do Cadastro Único. Para executar as funções sob sua responsabilidade, a SENARC
é organizada em três departamentos: (a) Operações; (b) Gestão de Programas de Transferência Monetária;
e (c) Cadastro Único.
9. Conforme mostrado nos diagramas a seguir, os dispositivos operacionais e institucionais doBolsa
Família envolvem uma integração bem desenvolvida nos níveis horizontal e vertical, com o MDS no
centro do processo. Horizontalmente, o MDS interage com a Caixa Econômica Federal (pagamentos), os
Ministérios da Educação e da Saúde (corresponsabilidades) e a rede de supervisão (controle e
responsabilização). Verticalmente, o sistema de gestão descentralizada desenvolvido pelo MDS fornece
aos municípios funções importantes na identificação e no registro das famílias no Cadastro Único e no
monitoramento do cumprimento de suas corresponsabilidades.
112
Figura 6.2: Bolsa Família - Fluxos Básicos Simplificados
10. Conforme descrito nas Figuras 6.2 e 6.3, os municípios são responsáveis pela identificação das
famílias e seu registro no Cadastro Único. O MDS define os critérios de elegibilidade e seleciona as
famílias beneficiárias. Os municípios em coordenação com os Ministérios da Saúde e da Educação em
nível local verificam o cumprimento das famílias em termos de corresponsabilidades e enviam as
informações ao MDS. O MDS autoriza os pagamentos e a Caixa Econômica Federal efetua os
pagamentos, que são sacados pelas famílias beneficiárias com o uso de cartões eletrônicos. Todos os
municípios devem designar um gestor local (Gestor Municipal) que é o intermediário entre as famílias, o
Governo Municipal e o MDS. Os gestores são também responsáveis pela coordenação entre os serviços
de Saúde e Educação, a administração do Cadastro Único e a supervisão do pagamento de benefícios. A
Tabela 6.1 fornece um resumo das responsabilidades institucionais para a implementação do Bolsa
Família.
INSERT HERE FIGURE 6.2
11. A Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão de Informações (SAGI) é responsável pelos programas
de monitoramento e avaliação, serviços, projetos e políticas implementadas pelo MDS. Por meio do
sistema de Monitoramento e Avaliação (consulte a Figura 6.4), a SAGI produz indicadores, desenvolve
ferramentas para gerir e analisar informações e realiza estudos, análises e avaliações de impacto em
parceria com empresas públicas e privadas. A SAGI é também responsável pela divulgação das
informações e do conhecimento produzido pela Secretaria ao público em geral, aos acadêmicos e ao
pessoal responsável pela implementação de programas e projetos, por meio de publicações, documentos
de trabalho, workshops e conferências. Desde sua criação, a SAGI realizou 59 avaliações e análises.
Treze encontram-se em fase de implementação e, além das avaliações e análises que o APL2 deve
financiar, o plano de trabalho inclui pelo menos 6 outros estudos. Finalmente, a SAGI também treina
agentes públicos em monitoramento, avaliação e gestão de informações. A SAGI será responsável pelos
aspectos técnicos da implementação do Componente 4 em APL2.
INSERT HERE FIGURE 6.3
113
Figura 6.4: Sistema de Monitoramento e Avaliação no Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome
12. A Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias (SAIP) foi institucionalmente reformada em
2010 para funcionar como a Secretaria do MDS responsável por facilitar a articulação dos diferentes
programas e intervenções de desenvolvimento social e por promover sua integração para criar sinergias
que resultem em serviços públicos mais eficazes e sustentáveis. A SAIP é responsável pela
implementação do Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento Social (CNDS), uma estratégia federal
para vincular as famílias do Cadastro Único com os programas e as intervenções em nível federal e nível
estadual. Considerando seu objetivo global, a SAIP será responsável pelas questões técnicas do
Componente 5. Considerando sua recente reforma e as novas responsabilidades associadas ao CNDS, a
SAIP é a secretaria menos desenvolvida e requer um considerável apoio nos próximos anos, sendo que
parte desse apoio seria fornecido em APL2.
13. O CNDS (criado pelo decreto n° 6.393 em março de 2008) é um acordo voluntário entre o Governo
Federal e os Estados, com o objetivo de integrar iniciativas sociais e definir metas anuais específicas para
redução da pobreza. Por meio do CNDS, o MDS convidou os Estados a assinar acordos individuais
definindo objetivos e estratégias para a integração de programas sociais locais com programas do MDS.
Até outubro de 2009, todos menos um Estado haviam aderido ao CNDS, e quatro Estados (Acre, Alagoas,
Bahia e Ceará) já começaram a implementar estratégias específicas. Outros dez Estados devem assinar
seus próprios acordos antes do final de 2009. O MDS priorizou os Estados com o maior número de
beneficiários do PBF para a alocação de assistência técnica e recursos financeiros. Os Estados precisam
determinar que órgão local será responsável pela implementação do CNDS.
114
Tabela 6.1: Implementação do Programa Bolsa Família: Responsabilidades Centralizadas e Descentralizadas
Função Centralizada Descentralizada
Gestão
Programa global e gestão de políticas
Coordenação local e gestão
MDS
Municípios,
Estados
Direcionamento, Registro
Alocação geográfica de cotas municipais
Coleta de dados de registros domiciliares
Gestão de banco de dados local (atualizações, correções)
Compilação de dados de registros municipais
Gestão de banco de dados nacional (Cadastro Único)
Determinação de elegibilidade (avaliação de domicílios)
Verificações cruzadas no banco de dados
MDS
Caixa Econômica
Federal
Caixa Econômica
Federal
MDS
MDS, Caixa
Econômica Federal
Municípios
Municípios
Pagamentos
Autorização da lista de beneficiários (folha de pagamento) e pagamentos
mensais
Distribuição de cartões eletrônicos de benefícios (EBCs)
Transferência de fundos para a Caixa Econômica Federal
Pagamento mensal de benefícios (diretamente para beneficiários via créditos
em EBCs)
Monitoramento de pagamentos
MDS
Caixa Econômica
Federal
STN (Tesouro)
Caixa Econômica
Federal
Caixa Econômica
Federal e MDS
Condicionalidades - Educação
Supervisão de frequência escolar e definição de políticas de frequência
Frequência escolar mínima de 85% do tempo
Registro de frequência escolar das crianças
Consolidação de dados de frequência escolar (escolas municipais e
estaduais)
Desenvolvimento e operação de software atual de monitoramento
Consolidação de dados de frequência escolar e transmissão desses dados
para o MDS
Determinação de consequências do não cumprimento
MEC
Caixa Econômica
Federal
MEC
MDS
Famílias (crianças)
Professores,
Diretores
Municípios
Condicionalidades - Saúde
Supervisão de todo o sistema de cumprimento na área da saúde
Grupo alvo para condicionalidades de saúde
Visitas mensais de saúde para as famílias do PBF
Registro de cumprimento das condicionalidades de saúde no sistema de
informação SISVAN
Consolidação de informações no sistema SISVAN em nível local
Consolidação de informações municipais em nível nacional
Determinação de consequências do não cumprimento
Ministério da
Saúde
Ministério da
Saúde
MDS
Crianças de 0 a 7
anos, mães
Equipes locais de
saúde
Equipes locais de
saúde
Municípios
Provisão de Serviços Complementares
Priorização dos beneficiários do PBF para serviços complementares
Ministérios de
Linha de Frente
Municípios,
Estados
Monitoramento e Avaliação
Monitoramento em andamento da execução de programa (beneficiários,
pagamentos, condicionalidades); IGD
Avaliações do impacto
MDS (SENARC),
Caixa Econômica
Federal
MDS (SAGI)
Coordenadores
municipais e
estaduais
Supervisão e Controles
Verificações cruzadas internas e externas, validações do Cadastro Único
Investigação de reclamações, apelações
Análises de Amostras Aleatórias Regulares de Controle de Qualidade a Cada
MDS
MDS, SFC/CGU,
Ministério Público
Municípios
115
Dois Meses (Auditorias Operacionais)
Auditorias Financeiras Anuais
Avaliações da implementação (amostras aleatórias) do Cadastro Único e do
PBF (com supervisões intermediárias e acompanhamentos de períodos de
mais de 3 anos)
Controles Sociais
SFC/CGU
SFC/CGU
TCU
MDS-linha direta,
web
encaminham
reclamações ao
MDS
SCCs municipais
Fonte: Lindert, K., et. al. (2007).
116
Anexo 7: Gestão Financeira e Dispositivos de Desembolso
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA
1. Os dispositivos de gestão financeira do projeto baseiam-se na análise da Avaliação da Gestão
Financeira (FMA), realizada no MDS em setembro de 2009. Com base nas diretrizes de Gestão
Financeira (FM) do Banco Mundial,38
a principal finalidade da avaliação era: (i) confirmar e analisar a
adequação dos dispositivos acordados de FM no contexto do Projeto Bolsa Família; e (ii) concordar com
as próximas etapas a serem seguidas pelo MDS, incluindo: (a) dispositivos institucionais e dotação de
pessoal; (b) Sistema de Gestão Financeira; (c) relatórios de gestão financeira intermediários e não
auditados (IFRs); (d) mecanismo de Controle Interno; (e) fluxo de recursos financeiros; e (f) dispositivos
de auditoria externa. Este Anexo reflete os dispositivos acordados de Gestão Financeira e do Plano de
Ação, além das medidas para mitigar quaisquer riscos imprevistos de gestão financeira associados ao
desenho do projeto.
2. A abordagem SWAp baseada em programa do Projeto proposto para apoiar o PBF do Governo
Federal aproveitará a vantagem de sistemas sólidos de gestão financeira e institucional, isto é, o sistema
SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira), além do bom desempenho observado no projeto
original.
Tabela 7.1: Dispositivos de Gestão Financeira
Mutuário Governo do Brasil - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS
Responsabilização MDS segue a Lei de Responsabilidade Fiscal (4.320/64)
Sistema de FM SIAFI e sistema específico de monitoramento e avaliação para o Bolsa Família
IFR Para ser usado para fins de monitoramento financeiro do projeto
Dotação de pessoal Pessoal atual são profissionais e têm experiência com procedimentos do Banco Mundial
Fluxo de recursos
financeiros
O Tesouro pré-financiaria e solicitaria Reembolso para o Componente 1 e usaria
Adiantamentos e/ou Reembolsos para os Componentes 2, 3, 4, 5 e 6
Auditoria Interna Controles do MDS, incluindo auditoria interna corporativa da CEF
Controles Internos Por meio da segregação de funções (i) Reconciliação com diferentes sistemas, (ii)
acompanhamento dos procedimentos do Manual de Operações e ambiente adequado de
controle interno
Auditoria Externa Por parte dos auditores do Governo (CGU/SFC). Versão preliminar dos Termos de
Referência a ser enviada ao Banco Mundial até o final do primeiro trimestre, após data da
entrada em vigor do empréstimo
Desembolsos Dispositivos atuais do PBF 1 devem ser mantidos no PBF 2 (reembolsos para a única conta
do tesouro nacional). Para fins de assistência técnica, uma conta designada será aberta
38
Práticas de Gestão Financeira em Operações de Investimentos Financiados do Banco Mundial a partir de 3 de
novembro de 2005; Implementação de mecanismos de Desembolso baseados em Resultados para operações de
investimentos de 2 de abril de 2007.
117
Tabela 7.2: Avaliação de Riscos da Gestão Financeira
Risco H S M L Mitigações
Riscos Inerentes
i. Específico do país X
ii. Nível subnacional X Análises de controle de qualidade de componentes TA -
Cadastro Único fortalecido; auditorias subnacionais de SFC
iii. Específico da entidade X Entidade com experiência
iv. Específico do projeto X Igual ao nível subnacional
Riscos de Controle
i. Entidade Executora x Dispositivos de FM dependerão do SIAFI e controles
embutidos
ii. Fluxo de recursos financeiros X Cartões eletrônicos de benefícios; testes aleatórios, com SFC,
Análises de Controle de Qualidade no Componente 3.B
iii. Dotação de pessoal X Consulte dispositivos de implementação
iv. Procedimentos de
responsabilização
X Sistema SIAFI do país
v. Auditoria Interna/Externa x Auditorias externas a serem realizadas por SFC
vi. Relatórios e Monitoramento X IFR a ser gerado por meio de plano interno do SIAFI
vii. Sistemas de Informação X
H-Alto S-Substancial M-Moderado L-Baixo
Conclusão da Gestão Financeira. A conclusão geral da Avaliação da Gestão Financeira é que a
entidade executora do programa (MDS) atende aos requisitos mínimos de FM e é considerada satisfatória.
O risco de gestão financeira associado ao programa tem sido avaliado como moderado. O Sistema de
Gestão Financeira do Bolsa Família é capaz de produzir, de modo oportuno, informações financeiras
relevantes e confiáveis, e de apoiar a gestão do programa no planejamento, implementação e
monitoramento do progresso geral do Programa no sentido do alcance de seus objetivos. Os IFRs
recuperarão os dados diretamente do plano interno do SIAFI.
3. O Programa Bolsa Família tem adotado medidas para melhorar os controles internos. Os pontos a
seguir, entretanto, continuaram a ser áreas de preocupação e de possíveis riscos.
a) O contrato atual do pessoal terminará até janeiro de 2011. A rotatividade do pessoal do projeto
principal nesse estágio afetaria consideravelmente o Projeto.
4. Pontos fortes do controle interno do programa incluem:
a) A reconciliação entre os montantes transferidos para a Caixa Econômica Federal
(“Transferências de Subsídios do BF”) e os montantes reais desembolsados para os
beneficiários (“Subsídios do BF”), incluindo a questão dos benefícios não sacados durante o
período de 90 dias acima mencionado. Uma medida adotada para mitigar o risco incluía no
IFR o montante transferido, exceto os montantes não sacados. Assim, a percentagem elegível
reivindicada das transferências é ajustada a cada trimestre. Essas informações estavam também
incluídas no novo IFR para melhor refletir as transferências elegíveis em dinheiro.
b) Relatórios anuais de auditoria apresentaram opiniões de auditoria inadequadas.
118
Tabela 7.3: Plano de Ação de Gestão Financeira do Projeto
Atividade Responsável Prazo Final Situação
Manual de Operações
Atualizar Manual atual de Operações, incluindo
funções e rotinas de pessoal, plano de contas
adaptado para incluir componentes do projeto, se
necessários, categorias de desembolso e fonte de
financiamento, controles internos, segregação de
deveres, ativos fixos e procedimentos de gestão de
registros
MDS 31 de agosto de 2010 Concluído
Relatórios Financeiros e Monitoramento
Atualizar formato do IFR, conforme acordado,
gerado por meio de plano interno do SIAFI
MDS Durante primeiro trimestre
da entrada em vigor do
empréstimo
Auditoria Externa
Termos preliminares de referência para as
auditorias externas aprovadas pelo Banco Mundial,
até o final do primeiro trimestre, após entrada em
vigor do empréstimo
MDS Durante o primeiro
trimestre da entrada em
vigor do empréstimo
Dispositivos gerais de Gestão Financeira
5. Dotação de pessoal e dispositivos institucionais. O MDS tem as responsabilidades fiduciárias
primárias para o Projeto. Essas responsabilidades serão realizadas pela UIP atual, junto com o pessoal do
Departamento de Operações da SENARC e SPO (Secretaria do MDS de planejamento e orçamento) que
implementará e monitorará as atividades referentes aos projetos. O Diretor de Operações da SENARC é
responsável pela gestão do fluxo de caixa, incluindo o monitoramento da conta do PBF com a Caixa
Econômica Federal (CEF). Os dispositivos de implementação do Projeto, as estruturas do MDS, os deveres
do pessoal e os dispositivos técnicos e financeiros estão sendo atualizados no Manual de Operações do
Projeto (POM). As responsabilidades fiduciárias primárias do MDS incluem: (i) preparação, atualização e
garantia de que todos os executores de projetos seguem o POM; (ii) coordenação e supervisão da
implementação do projeto; (iii) monitoramento das transferências da CEF para os beneficiários; (iv)
avaliação dos componentes do programa; (v) atualização do SIAFI e de qualquer outro sistema de
monitoramento a ser usado para preparar o SOE Personalizado e SOEs Padrão para desembolsos; (vi)
preparação e envio ao escritório do Banco Mundial em Brasília os IFRs semestrais; (vii) reconciliação e
monitoramento de dados e identificação das discrepâncias e tomada de ações corretivas de modo oportuno;
e (vii) preparação e fornecimento de toda a documentação financeira e relatórios dos projetos solicitados
por auditores externos e pelo pessoal do Banco Mundial.
6. Controle Interno. Um controle interno adequado do PBF foi possível com a definição de um cenário
adequado de controle interno, recrutamento de profissionais com experiência, segregação das funções entre
MDS, SENARC e CEF, garantindo a aprovação e a execução das transações em níveis diferentes, sistemas
de informação adequados de gestão financeira, documentação dos dispositivos detalhados de gestão
financeira por componente, procedimentos e diretrizes para todos os níveis de executores no POM, e
controle sobre os benefícios do programa, conforme descrito nos parágrafos a seguir, e descrição do Fluxo
de Recursos Financeiros deste Anexo 7.
O Tribunal de Contas da União - TCU
7. Para o Componente 1 - os controles existentes sobre os beneficiários como o NIS (Número de
Identificação Social) e o montante do benefício permitem o acompanhamento dos benefícios individuais.
119
Esse controle é realizado pelo MDS e SENARC por meio de relatórios mensais de saques, produzidos pela
CEF, onde os montantes retirados são comparados com a lista mensal de beneficiários e respectivos
benefícios, que eram a base para as respectivas transferências dos beneficiários do BF.
8. A verificação técnica do cumprimento por parte dos beneficiários das condições de subsídios (das
condicionalidades de saúde e de educação) seria feita de modo contínuo pelos municípios e pelo Governo
Federal via Revisões anuais de Controle de Qualidade em uma amostra aleatória dos beneficiários
(consulte o Anexo 4, Componente 1). Essas Revisões anuais de Controle de Qualidade também
abrangem pagamentos (garantindo que estes sejam de fato sacados e recebidos pelos beneficiários de
direito) e informações do Cadastro Único, que fornecerão uma alavanca adicional aos controles
fiduciários, conforme mencionado a seguir. O TCU e a SFC, como parte de sua rotina de trabalho, já
estão contribuindo para a qualidade global do PBF ao fazerem inspeções rápidas e aleatórias dos
procedimentos de controle interno do programa na esfera municipal. Essas inspeções também incluem
reuniões e verificações de pequenas amostras dos beneficiários do PBF.
Outros Tipos de Supervisão e Controles
Verificações cruzadas internas e externas, validações do Cadastro Único realizadas pelo MDS.
Investigação de reclamações, apelações, feita pelo MDS, SFC/CGU, Ministério Público.
Análises de Amostras Aleatórias Regulares de Controle de Qualidade a Cada Dois Meses (Auditorias
Operacionais) realizadas pela SFC/CGU.
Auditorias Financeiras Anuais realizadas pela SFC/CGU.
Avaliações da implementação (amostras aleatórias) do Cadastro Único e do PBF (com supervisões
intermediárias e acompanhamentos de períodos de mais de 3 anos) realizados pelo Tribunal de Contas
da União (TCU).
Controles sociais realizados via linha direta com o MDS e web.
9. Elaboração de Orçamento. O ciclo do orçamento inclui planejamento e implementação de todas as
atividades do Governo, que são refletidas no Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei
Orçamentária Anual.39
10. Contabilidade. O MDS segue as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), Lei 4.320/64, que
estabelece determinados princípios de contabilidade de alto nível, e o Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público (MCASP), publicado na Lei 10.180 de 6 de fevereiro de 2001 e no Decreto 3.589 de 6 de
setembro de 2001. Será necessário seguir o primeiro conjunto de Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) e o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP)
revisado e publicado sob a Portaria STN 467 de 6 de agosto de 2009, começando com o exercício financeiro
de 2011. O Banco Mundial e o Tesouro Nacional concordaram em realizar em conjunto uma Análise de
Lacunas (prevista para 2010), para confirmar que a contabilidade do setor público brasileiro está dentro das
Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS) ou para identificar quaisquer
diferenças importantes decorrentes dessas normas. A última Avaliação da Responsabilidade Financeira do
País (CFAA) no Brasil indicou que a Lei 4.320/64 estava em linha com os padrões internacionais de
contabilidade. Todos os livros-caixa são guardados pela Secretaria do Tesouro Nacional, que está sujeita a
uma auditoria por parte do Tribunal de Contas da União (TCU). Todos os registros são mantidos
eletronicamente e reconciliados com os valores dos relatórios de orçamentos a cada mês.
11. O sistema brasileiro de contabilidade aplicável ao setor público identifica a fonte dos recursos
financeiros para todas as despesas no momento do registro do compromisso (empenho). Conforme
acordado com o Banco Mundial durante a preparação e a negociação do PBF 1, nenhum compromisso
39
O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual incluem as metas e os
programas do Governo e são aprovados pelo Congresso a cada 5 anos, 18 meses e 12 meses, respectivamente.
120
(empenho) para a transferência de subsídios sob o Componente 1 do Projeto será identificado como
financiado com créditos externos (recursos do Banco Mundial). O Banco Mundial reembolsará ao Tesouro
Nacional uma percentagem dos subsídios dos beneficiários reportados pelo Projeto e esses recursos podem
ser livremente usados pelo Governo Federal.
xyxyxyxyx
12. Sistema de gestão financeira. O Manual de Operações fornece uma descrição detalhada do sistema de
gestão financeira, incluindo os processos de fluxo de fundos e relatórios financeiros. Os sistemas
financeiros a serem usados para fins de monitoramento e contabilidade de projetos são os seguintes:
SIAFI, o programa financeiro integrado de informações administrativas (IFMIS) usado pelo Governo
Federal para contabilidade, relatórios financeiros e execução orçamentária atende aos requisitos de
gestão financeira fiduciária do Banco Mundial. Todas as informações de gestão financeira seriam
consolidadas pelo MDS através da UIP, que seria responsável por enviar ao Banco os IFRs para
monitoramento e a declaração de gastos (SOE) personalizada/ padrão para fins de desembolsos.
13. Relatórios financeiros e supervisão. O Coordenador da UIP garantirá a produção oportuna dos
Relatórios Financeiros Provisórios (IFRs) não auditados semestrais. Esses IFRs utilizarão as informações
dos relatórios financeiros existentes no sistema SIAFI, no Plano Interno, e consolidarão as informações de
todos os componentes do Projeto. O conteúdo e o formato dos IFRs foi acordado com o Mutuário. Por
razões de monitoramento da gestão financeira, o MDS deveria preparar IFRs semestrais consolidados em
uma base contábil e enviá-los ao Banco Mundial, em um prazo não superior a 60 dias após o final de cada
semestre:
IFR 1A - Fontes40
e Usos dos Fundos (por categoria de desembolso), acumulados e do período,
incluindo uma análise de variância.
IFR 1B - Usos dos Fundos por Atividade/Componente do Programa, acumulados e do período;
despesas reais, incluindo uma análise de variância.
14. Os IFRs refletirão que os fundos do empréstimo reembolsarão o Tesouro para um percentual de
transferências monetárias condicionadas. Além disso, as atividades e os processos do programa serão
monitorados por meio das Revisões de Controle de Qualidade anuais (que abrangem os processos do
Cadastro Único, os pagamentos e o cumprimento das condicionalidades).
15. Auditoria externa. Uma auditoria externa será realizada pela SFC – Secretaria Federal de Controle,
observando as diretrizes para auditorias do Banco Mundial fornecidas para o MDS. O relatório de auditoria
deve ser entregue ao Banco Mundial até seis meses depois do fim do exercício financeiro anterior, conforme
determinado nas Diretrizes para Auditoria da Gestão Financeira (junho de 2003). Os relatórios financeiros
cumulativos dos IFRs do segundo semestre podem ser aceitos pelo Banco Mundial como a base para as
demonstrações financeiras anuais do programa sobre as quais os auditores expressarão sua opinião
independente. Os Termos de Referência (TOR) serão preparados pelo MDS de acordo com o Banco
Mundial e serão baseados nas circunstâncias específicas do Projeto. O Banco Mundial fornecerá a sua não
objeção aos TOR de auditoria durante o trimestre de vigência do empréstimo e estes serão incluídos no
POM. O escopo dos TOR da auditoria incluem, entre outros: (i) auditoria dos IFRs, das Declarações de
Gastos (SOEs) personalizadas e das SOEs enviadas ao Banco; (ii) revisão da observância apropriada dos
acordos de gestão financeira incluídos no POM, neste PAD, no acordo de empréstimo, bem como qualquer
outra documentação oficial do Banco Mundial; (iii) revisão do uso do SIAFI e de outros sistemas de
40
De forma consistente com o tratamento contábil descrito acima, as fontes e os usos dos fundos identificarão o
Governo como a única fonte de financiamento do Componente 1.
121
monitoramento de gestão financeira; (iv) garantia dos dispositivos de controle interno; e (v) observação das
disposições sobre desembolsos acordadas.
16. As auditorias financeiras anuais irão contribuir, entre outros mecanismos de controle prévios e
posteriores incluídos no desenho do programa, para a verificação de elegibilidade das despesas. Serão
feitos desembolsos para os subsídios do BF reivindicados pelos beneficiários.
17. Desembolsos e fluxo de fundos para o Programa Bolsa Família. As disposições esperadas sobre
desembolsos e fluxo de fundos serão as seguintes:
Todo mês o MDS envia uma Proposta de Financiamento do Programa (PFP) à STN para aprovação.
Essa PFP é definida com base na lista de beneficiários elegíveis do Cadastro Único.41
Assim que a PPF for aprovada pela STN, será emitida uma ordem bancária e os fundos serão
comprometidos no SIAFI para uma conta específica do PBF na Caixa Econômica (CEF), ver a
Figura 1 a seguir.
O MDS monitora o saldo da conta do PBF na Caixa (CEF) e os beneficiários elegíveis (na folha de
pagamentos) e, em seguida, retira os benefícios mensais da conta conjunta do PBF usando os
cartões eletrônicos do benefício.42
Os cartões eletrônicos são distribuídos aos beneficiários elegíveis de acordo com a lista estabelecida
pelo MDS.
Ao entrar no programa, os beneficiários devem pegar esses cartões na agência da CEF mais
próxima (ou casa lotérica, agência dos correios ou município). Eles são notificados pelos
municípios e devem apanhar seus cartões e retirar os fundos em um período de 90 dias.
Assim que for feita a transferência da STN para as contas dos beneficiários na CEF, será
considerada como despesa.
Somente os montantes reclamados pelos beneficiários estarão elegíveis para reembolsos de
empréstimos.
O contrato entre o MDS e a Caixa (CEF) determina que os requisitos de relatórios, bem como as
penalidades, serão anunciados claramente e a CEF fornecerá uma lista do tipo folha de pagamentos
com os desembolsos feitos aos beneficiários pelo PBF.
41
Conforme analisado no Anexo 1, alguns desses beneficiários incluem aqueles que estão atualmente recebendo
benefícios dos programas pré-reforma (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás) mas
que estão sendo gradualmente migrados para o cronograma de benefícios unificados (mais alto) subordinado ao
PBF. Eles estão sendo validados como elegíveis para o PBF e estão sujeitos ao mesmo conjunto de
condicionalidades que as famílias que já fazem parte do PBF. 42
Os beneficiários não precisam ter suas próprias contas bancárias.
122
Figura 7.1: Fluxo de fundos do Componente 1
MDSEmite a Ordem Bancária
CEF (Caixa)(Conta PBF agrupada)
Beneficiários
Transf.
subsídios
BF $$
Subsídios
BF $$
SOT
IBRDReembolsa à STN
um % SOT
BIRD
reembolso
$$Auditorias anuais
Verificam se
Subsídios BF /
Transf. subsídios BF
85%
STN
18. Desembolso do Banco Mundial para o Componente 1: As disposições sobre desembolsos do
Banco Mundial referentes ao Componente 1 do Projeto serão as mesmas do BFM 1: O empréstimo
proposto reembolsaria o Governo em uma pequena parcela de 1,85% de transferências monetárias
condicionadas feitas no PBF, que são financiadas com recursos governamentais reservados para esse fim.
O governo brasileiro solicitou que o empréstimo do Banco Mundial, em apoio ao Componente 1,
reembolsasse uma parcela dessas transferências/despesas. Devido à atual destinação de receitas no Brasil,
as receitas governamentais seriam aplicadas para fazer os pagamentos das despesas do Componente 1, e o
Banco Mundial reembolsaria as despesas especificadas no contrato legal. Os fundos do Banco Mundial
desembolsados fariam parte do financiamento regular do orçamento federal, com o Banco como uma das
fontes de fundos gerais, que são gastos de acordo com as políticas e os procedimentos orçamentários
federais. Os orçamentos federais anuais são aprovados pelo Congresso Nacional do Brasil e são
derivados das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Plano Plurianual (PPA), que consiste em um
planejamento quadrienal das despesas federais, desenvolvido pelas autoridades brasileiras com a
participação da sociedade civil. O Governo trabalha com o Banco Mundial em uma discussão sobre
despesas de desenvolvimento.
19. Especificamente, o empréstimo do Banco Mundial para esse Componente seria desembolsado de
acordo com Pedidos de Saque usando Declarações de Gastos personalizadas como documentação de
apoio contendo uma lista de transferências de subsídios feitas através do SIAFI e já reivindicadas pelos
beneficiários. A UIP deverá enviar Pedidos de Saque a cada seis meses para o Componente 1. O tamanho
mínimo dos pedidos de reembolso para o Componente 1 será equivalente a US$ 1.000.000.
20. Como já foi mencionado, o Banco Mundial reembolsaria o Tesouro de uma parcela específica (ver
abaixo) de despesas em transferências monetárias condicionadas referentes ao PBF durante o período do
projeto. As despesas governamentais do Componente 1 nesse caso seriam iguais ao gasto total em
transferências monetárias condicionadas feitas pelo PBF. A Tabela 4 a seguir apresenta as despesas
planejadas do PBF relativas a essas transferências para o período do projeto (primeira linha).
123
Tabela 7.4: Despesas governamentais previstas e ritmo previsto de desembolsos dos empréstimos
para o Componente 1
2011/1o
sem 2011/2
o
sem 2012/1
o
sem 2012/2
o
sem Total
Gastos do governo federal previstos em
Transferências do PBF, US$ 10.000 mn* 2.500 2.500 2.500 2.500 10.000
Componente 1 (cronograma indicativo dos
desembolsos, ver parcelas de custos variáveis
abaixo)**
46,25 46,25 46,25 46,25 185
*Essas despesas excluem alocações no orçamento do PBF para custos administrativos. Incluem os
montantes que estão sendo pagos aos beneficiários validados como elegíveis para o PBF.
**Os US$ 185 milhões do Componente 1 (subsídios) seriam reembolsados à STN de acordo com uma
parcela das despesas em transferências monetárias condicionadas no PBF durante o período do projeto. .
Desembolsos do Banco Mundial para os componentes (2-6, Componentes Técnicos e de Gestão de
Projetos)
21. Os desembolsos nos outros componentes serão feitos com base nas transações e os pedidos de saque
serão preparados e enviados pelo MDS (UIP) regularmente. Para processar esses pagamentos, será aberta
uma conta designada separada. O projeto também pode utilizar o método de reembolso. O tamanho
mínimo dos pedidos de reembolso para Reembolsos dos Componentes 2-6 será equivalente a
US$ 200.000.
22. Os pedidos de saque terão como documentação de apoio os Demonstrativos de Despesas (SOEs)
padrão e/ou Registros e Sumários, conforme especificado na Carta de Desembolso. O Mutuário optou
por não usar Pagamentos Diretos aos fornecedores, da Conta do Empréstimo.
No caso de adiantamentos para uma conta designada:
A STN abrirá uma conta designada separada no seu nome, no Banco do Brasil de Brasília, para
receber adiantamentos em USD (com um teto de US$ 1.500.000) dos fundos do empréstimo.
O MDS deverá enviar os Pedidos de Saque à STN anexando os relatórios pertinentes e a
documentação de apoio.
O MDS prepara a proposta de orçamento anual, que é formalmente aprovada por meio da LOA.
A LOA é atualizada no SIAFI, que registra e contabiliza todos os pagamentos.
O MDS solicitará adiantamentos mensais da STN através do SIAFI.
A STN saca os fundos de DA do projeto para sua conta exclusiva em reais para processar o
pagamento direto aos beneficiários ou os pagamentos de faturas, conforme solicitado pelo MDS
A STN prepara o extrato de conciliação do Banco Mundial, anexando o Extrato Bancário. O
MDS (a UIP) irá então preparar e enviar os pedidos de saque ao Departamento de Desembolsos
do Banco em Brasília.
23. Se for aplicável, os adiantamentos da STN para órgãos externos43
serão feitos contra previsões
razoáveis de fluxo de caixa para despesas elegíveis de acordo com os contratos do Mutuário com os
organismos externos selecionados. A STN reportará ao Banco Mundial o uso dos fundos do empréstimo
com base nas despesas reais efetuadas pelos organismos externos. Se for o caso, os organismos externos
43
PNUD o organismo externo usado pelo MDS para implementar os componentes da assistência técnica do APL 1.
Para o APL 2, o MDS selecionará o organismo externo.
124
usarão seu sistema corporativo de gestão financeira para monitoramento e emissão de relatórios para a
UIP.
24. O Governo do Brasil comprometeu fundos de US$ 15 milhões para os componentes de assistência
técnica e gerenciamento de projetos do segundo APL, que será realizado para um valor total de US$ 30
milhões.
Categorias de desembolso
Categoria Valor do empréstimo alocado
(em USD)
Percentual de despesas a serem
reembolsadas ou financiadas (com / sem impostos)
(1) Serviços não consultoria,
Serviços de consultoria,
Produtos, Treinamento e Custos
Operacionais Incrementais para
os Componentes 2, 3, 4 e 5 do
Projeto
13.300.000 47%
(2) Serviços de não consultoria e
de consultoria para o
Componente 6 do projeto
1.200.000 100%
(3) Transferências de subsídios
do BF para o Componente 1 do
projeto
185.000.000 1,85% de Transferências de subsídios do
BF
(4) Taxa inicial 500.000 Valor a pagar relativo à Seção
2.03 do Acordo de Empréstimo,
de acordo com a Seção 2.07 (b)
das Condições Gerais (5) Prêmios de tetos e faixas da
taxa de juros
0
Valor a pagar relativo à Seção
2.07 (c) do Acordo de
Empréstimo VALOR TOTAL 200.000.000
25. Financiamento retroativo. Despesas dos Componentes 2, 3, 4 e 5 até US$ 2.700,000 do
Componente 6 até US$ 300.000 pagas até um ano antes da assinatura do empréstimo mas após 13 de
novembro de 2009, inclusive, podem ser elegíveis como financiamento retroativo.
O fluxo de fundos através de organismos externos deve ser o seguinte: O MDS prepara a proposta de orçamento anual, que é formalmente aprovada por meio da Lei
Orçamentária Anual (LOA).
A LOA é atualizada no SIAFI, que registra todos os pagamentos e descentralização de fundos para o
órgão das Nações Unidas.
O MDS solicita adiantamentos mensais da STN através do SIAFI, os quais são transferidos para a
conta exclusiva do organismo externo pelo SIAFI.
As transferências se baseiam no cronograma de desembolsos mensais concordado, incluído no
respectivo Documento do Projeto – PRODOC. A execução é controlada pelo sistema de gestão
financeira do MDS e do organismo externo.
125
O MDS autoriza o organismo externo a processar os pagamentos relativos às atividades do projeto. O
órgão das Nações Unidas fornece relatórios oportunos sobre a situação das transferências e da sua
execução.
Cada organismo externo tem um manual de operações internas, auditores independentes e acordos de
gestão financeira.
126
Anexo 8: Disposições sobre a aquisição
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
A. Geral
127
1. As aquisições do Projeto proposto devem ser realizadas de acordo com as “Diretrizes para Aquisições
financiadas por empréstimos do BIRD e créditos da AID” do Banco Mundial, datadas de maio de 2004 e
revisadas em outubro de 2006 e em maio de 2010; e das “Diretrizes para Seleção e Contratação de
Consultores pelos Mutuários do Banco Mundial, datada de maio de 2004 e revisadas em outubro de 2006
e em maio de 2010, e das disposições estipuladas nos Contratos Legais. Uma descrição geral dos vários
itens contidos em diferentes categorias de despesas é fornecida a seguir. Para cada contrato a ser
financiado pelo Projeto, os diferentes métodos de aquisição ou métodos de seleção de consultores, a
necessidade de pré-qualificação, custos estimados, requisitos de revisão anteriores e prazo são acordados
entre o Mutuário e o Banco no Plano de Aquisições. O Plano de Aquisições deve ser atualizado pelo
menos uma vez por ano ou conforme necessário para refletir as necessidades reais de implementação do
projeto e as melhorias na capacidade institucional.
2. O projeto divide-se em seis componentes: Componente 1 – Transferências Monetárias Condicionadas
(Subsídios) (US$ 5,0 bilhões por ano; financiamento do Banco Mundial: US$ 185 milhões em dois anos),
que continuaria a cofinanciar o programa por meio do desembolso dos fundos contra transferências
monetárias (subsídios) para famílias de baixa renda subordinado ao cumprimento de condicionalidades de
desenvolvimento humano; Componente 2 – Fortalecimento do Cadastro Único como o principal
instrumento de direcionamento dos Programas Sociais (US$ 6 milhões; financiamento do Banco Mundial:
US$ 2,8 milhões), para fornecer apoio e assistência técnica ao MDS para consolidar o instrumento como
o principal mecanismo de seleção de beneficiários e, mais importante ainda, integrar os programas sociais
nos níveis federal e subnacional; Componente 3 - Fortalecimento Institucional para a Consolidação do
Programa Bolsa Família (US$ 9,7 milhões, financiamento do Banco Mundial: US$ 4,6 milhões), para
financiar atividades voltadas para o fortalecimento da gestão, governança e responsabilização geral do
programa; o Componente 4 deve apoiar o MDS para consolidar seu sistema de M&A e melhorar a
geração de conhecimento (US$ 9,3 milhões; financiamento do Banco Mundial: US$ 4,5 milhões); o
Componente 5 deve fornecer apoio à estratégia federal empregada pelo MDS para vincular a população
registrada no Cadastro Único e os beneficiários do Bolsa Família para geração de renda e outros
programas sociais no nível estadual (US$ 2,9 milhões; financiamento do Banco Mundial de US$ 1,3
milhões); e o Componente 6 para apoiar a coordenação do projeto por meio do DPI e fortalecer a
capacidade fiduciária do MDS (US$ 1,7 milhões; financiamento do Banco Mundial de US$ 1,2 milhões).
3. As aquisições ocorrerão em três circunstâncias: (i) em uma Comissão Especial de Licitação (CEL) a
ser criada especificamente para a UIP, (ii) em um órgão internacional responsável pela administração de
uma parcela dos fundos – a ser selecionado, e (iii) na Secretaria de Assuntos Administrativos (SAA).
4. As atribuições de aquisições serão distribuídas do seguinte modo: (i) a CEL será formada por
membros que já têm conhecimento das diretrizes de Aquisição do Banco Mundial e por membros “novos”
às diretrizes do Banco, que serão treinados. A CEL será equipada para processar todos os requisitos de
aquisições do projeto, incluindo a aquisição de produtos e serviços e a seleção de consultores para
quaisquer valores envolvidos; (ii) um órgão internacional a ser selecionado também se encarregaria das
necessidades de aquisição do projeto, mas a CEL é o agente preferencial. O órgão internacional será
usado principalmente para contratar consultores individuais. O Banco Mundial não financiará a taxa desse
órgão; e (iii) a SAA irá processar a aquisição de produtos dentro dos limites da licitação pública nacional
(NCB) usando o pregão eletrônico por meio do sistema ComprasNet e contratar consultores individuais
para compor o projeto Equipe Base.
5. A Equipe Base é um requisito desse Projeto e dois especialistas em compras deverão fazer parte dessa
equipe. Eles seriam mantidos durante todo o ciclo de implementação do projeto.
6. Aquisição de obras: não estão previstas aquisições de obras no Projeto.
128
7. Aquisição de produtos: a aquisição de computadores e outros equipamentos de TI, software,
equipamentos e mobiliário de escritório, etc. está prevista no Projeto. Os métodos de aquisição incluem
compras, NCB, ICB, e Contratação Direta. O “pregão” eletrônico pelo sistema ComprasNet ou qualquer
outro sistema de e-procurement aprovado pelo Banco Mundial será um método aceitável para produtos
comuns disponíveis no mercado. Todos os contratos estimados com custo superior ao equivalente a
US$ 500.000 por contrato estarão sujeitos a uma análise prévia pelo Banco Mundial.
8. Aquisição de serviços que não são de consultoria: A aquisição de serviços que não são de
consultoria está prevista nesse Projeto, tais como passagens aéreas, serviços de logística e suporte para
treinamento e workshops, impressão, produção de vídeos, pesquisas de campo, etc. Os métodos de
aquisição para esses serviços serão compras e NCB. O “pregão” eletrônico pelo sistema ComprasNet ou
qualquer outro sistema de e-procurement aprovado pelo Banco Mundial será um método aceitável para
serviços comuns de pronta disponibilidade. Todos os contratos estimados com custo superior ao
equivalente a US$ 500.000 por contrato estarão sujeitos a uma análise prévia pelo Banco Mundial.
9. Custos operacionais: Os custos operacionais são relativos a suprimentos de escritório, diárias, itens
diversos, gastos eventuais, e despesas relativas à implementação da Equipe Base e de outros projetos a
serem financiados pelo Projeto e adquiridos por meio de compras, pregão eletrônico pelo sistema do
Banco do Brasil, ou usando qualquer dos procedimentos administrativos da entidade executora revistos e
considerados aceitáveis pelo Banco Mundial. A Equipe Base será selecionada de acordo com a seção V
das diretrizes de Seleção de Consultores do Banco Mundial – Seleção de Consultores Individuais, e o seu
custo, incluindo impostos e encargos sociais, serão cobertos na categoria 2.
10. Seleção de consultores: Estão previstos serviços fornecidos por pessoas físicas e jurídicas para apoio
à implementação do projeto, estudos para a estratégia local de desenvolvimento, preparação e
fornecimento de treinamento, etc. Em todo o Projeto, esses serviços serão contratados através de Seleção
Baseada na Qualidade e no Custo (QCBS - Quality and Cost Based Selection), Seleção Baseada na
Qualidade (QBS - Quality Based Selection), Seleção Baseada na Qualificação dos Consultores (CQS -
Selection Based on Consultants Qualification), Seleção pelo Menor Custo (LCS - Least Cost Selection),
Contratação Direta (SSS - Single Source Selection, que exige a aprovação prévia do Banco Mundial) e
Consultores Individuais (IC - Individual Consultants). Podem ser compostas pequenas listas de
consultores somente com consultores nacionais para serviços com custo estimado inferior ao equivalente
a US$ 500.000 por contrato, de acordo com as disposições do parágrafo 2.7 das Diretrizes para
Contratação de Consultores..
Resumo:
Categoria de
despesa
Limite de
valor do
contrato (milhares de
USD)
Método de aquisição Processos sujeitos à revisão prévia
Mercadorias ≥ 5.000 ICB Todos os processos >100< 5.000 NCB ou pregão O primeiro processo e todos os acima
de US$ 500.000 <100 Compras Primeiro processo
Serviços não ≥ 5.000 ICB Todos os processos
129
consultoria >100< 5.000 NCB ou pregão O primeiro processo e todos os acima
de US$ 500.000 <100 Compras Primeiro processo
Firmas de
consultoria ≥ 200 QCBS/QBS O primeiro processo de cada método de
seleção e todos os processos acima de
US$ 200.000 < 200 LCS/CQS
Consultores
individuais Seção V das Diretrizes
de Contratação de
Consultores
Todos para revisão posterior
Contratação
direta Todos para revisão prévia
independentemente dos valores
envolvidos
B. Avaliação da capacidade da entidade para implementar a aquisição
Avaliação da capacidade da entidade.
11. Foi feita uma avaliação da capacidade do MDS para o Bolsa Família I em março de 2004 e atualizada
em novembro de 2009 para o Bolsa Família II.
12. A organização geral das entidades é aceitável, mas: (i) a CEL precisa ser oficialmente estabelecida e
treinada. Ter uma nova CEL pronta para comprar não é uma tarefa fácil e deve ser iniciada o mais cedo
possível, já que precisa estar operacional antes do primeiro desembolso para os componentes 2 a 6. O
apoio jurídico da CONJUR do Ministério é essencial para o sucesso e a boa operação da CEL. (ii) a SAA
precisa de mais pessoal para apoiar não somente as novas atividades do projeto, como também a carga de
trabalho atual. Eles estão com insuficiência de pessoal, com apenas um pregoeiro alocado para processar
as necessidades de aquisição do Ministério. A menos que a SAA receba um pregoeiro adicional e mais
dois funcionários de compras, eles não poderão fazer nenhuma aquisição para o Projeto. (iii) a entidade
internacional que irá processar as aquisições do projeto precisa ser definida e seu papel deverá ser bem-
definido.
13. A UIP do MDS (DPI/SE) deverá ter oito consultores para compor a Equipe Base. Entre outros, a UIP
deverá contar com especialistas em Aquisições e em Gestão Financeira. O manual de operação do Projeto
deverá conter todos os procedimentos de compras e os formulários obrigatórios.
130
Plano de ação de Aquisições:
14. Conforme acordado com os órgãos implementadores, é necessário:
Ação Cronograma
1 Preparar o Plano de Aquisições para os primeiros 18 meses 25 de novembro de 2009 2 Criação da CEL Antes do primeiro
desembolso 3 Fazer com que o pessoal de compras da CEL e da SAA participe do
treinamento sobre as diretrizes de aquisições do Banco Mundial Por data da entrada em
vigor
4 Aumentar o pessoal da SAA em um pregoeiro e dois funcionários de
aquisições Antes da primeira
compra realizada pela
SAA 5 Escolher a entidade internacional que irá processar uma parte das
necessidades de compras do projeto Antes da data da entrada
em vigor
6 Preparar o Manual de Operação do Projeto (POM). Antes da data da entrada
em vigor
15. A taxa de risco do projeto de aquisição é SUBSTANCIAL, devido à necessidade de alinhar o
conhecimento, o pessoal e os procedimentos na CEL e na SAA, e uma vez que a entidade internacional
ainda não está definida. Durante a fase 1 do projeto APL, as aquisições foram conduzidas pelo PNUD,
contratado para atuar como agente de compras do MDS. Em toda a nossa carteira, o PNUD tem tido um
desempenho fraco nas atividades de compras, levando de 2 a 5 vezes o tempo previsto, não seguindo as
Diretrizes de Aquisições do Banco Mundial conforme definido no Acordo de Empréstimo, e não
conseguindo atingir os resultados esperados, tanto em relação a mercadorias/obras/serviços como
consultores. Para evitar esses problemas, o MDS decidiu abandonar o PNUD e fazer suas aquisições
internamente. Contudo, o pessoal do MDS nunca cuidou de aquisições e não tem a experiência necessária.
Apoiamos totalmente sua iniciativa, uma vez que depois que a Comissão Especial de Licitação (CEL)
estiver estabelecida, treinada e com experiência, as aquisições não atrasarão mais a execução do projeto,
como no caso do Bolsa Família 1. Como o MDS está começando do zero, precisando providenciar o
estabelecimento da CEL e colocando-a em condições de funcionar, o risco de aquisições do projeto é
classificado como Substancial. Assim que eles atingirem a capacidade de aquisição requerida, o risco vai
diminuir e os limites de revisão de aquisição serão revistos adequadamente. Para atenuar o risco, o Banco
Mundial fornecerá treinamento e apoio técnico adicional ao . Além disso, o plano de aquisições inclui
revisões anteriores e limites baixos para também atenuar o risco.
Plano de aquisições
16. O Mutuário apresentou um plano de aquisições em 25 de novembro de 2009, para implementação do
projeto durante os primeiros 18 meses, que fornecerá a base para os métodos de aquisições. O Plano de
Aquisições deve ser atualizado de acordo com a Equipe do Projeto uma vez por ano ou conforme
necessário para refletir as necessidades reais de implementação do projeto e as melhorias na capacidade
institucional.
131
Frequência de supervisão de aquisições
17. Além das revisões prévias a serem feitas nas representações do Banco Mundial, são recomendadas
missões de supervisão para fazer revisões posteriores a cada ano. Junto com a revisão do risco de
aquisições geral do projeto, a frequência também precisa ser revista.
18. Os documentos de compras relativos ao primeiro procedimento de cada método de aquisição, em todo
o Projeto, independentemente do valor previsto, estarão sujeitos à revisão prévia, garantindo assim a
qualidade e a consistência das atividades de aquisições subsequentes. O primeiro procedimento de cada
método de aquisição a ser processado pela nova CEL também está sujeito a uma revisão prévia.
19. Os documentos de compras de todas as ICBs estarão sujeitos à revisão prévia pelo Banco Mundial,
independentemente do valor previsto do contrato. As primeiras NCBs, ou pregões eletrônicos, e todas as
que tiverem custo superior a US$ 5.000.000 para obras e a US$ 500.000 para mercadorias estarão sujeitas
à revisão prévia pelo Banco Mundial.
20. Os contratos de firmas de consultoria com custo previsto superior a US$ 200.000 estarão sujeitos a
uma revisão prévia pelo Banco Mundial. A revisão do Banco Mundial da seleção de consultores será
feita de acordo com o Apêndice 1 das Diretrizes de Seleção e Contratação de Consultores e com as
disposições estipuladas no Acordo de Empréstimo. Os documentos de contratação de consultores a serem
revistos incluirão TORs, listas de seleção, relatórios de avaliação e formulários de contratação.
1. Bens e serviços que não são de consultoria
(a) Lista dos pacotes de contratos que serão adquiridos de acordo com ICB e contratação direta:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Nº
Ref.
Contrato
(descrição)
Custo
estimado (milhões)
Método
de aquisições
P-
Q
Preferência
nacional (sim/não)
Revisão Banco
Mundial (prévia /
posterior)
Data
prevista da
licitação
Comentários
1 NÃO
previsto
Todos os contratos de ICB e de fonte única ou de contratação direta, bem como o primeiro contrato de
cada categoria, estarão sujeitos à revisão prévia pelo Banco Mundial.
132
2. Serviços de consultoria
(a) Lista de Consultorias com lista curta de firmas internacionais.
1 2 3 4 5 6 7
Nº Ref.
Descrição da
atribuição
Custo
estimado
(US$)
Método de seleção
Revisão Banco
Mundial (prévia /
posterior)
Data de envio da
proposta prevista
Comentários
2.A.1 Avaliação do
impacto do
Programa
Bolsa Família
1,8 milhão QCBS Prévia 25/1/2012
3.A.1 Avaliação do
impacto do
Programa
ProJovem
1,1 milhão QCBS Prévia 25/9/2011
4.1.2 Avaliação do
impacto do
programa de
Prestação
Continuada
1,2 milhão QCBS Prévia 25/2/2012
4.1.7 Estudo da
capacidade dos
beneficiários
0,6 milhão QCBS Prévia 28/4/2011
(b) Os serviços de consultoria com custo estimado superior a US$ 200.000 por contrato e seleção de uma
única fonte de consultores para empresas estarão sujeitos à revisão prévia pelo Banco Mundial.
(c) Listas curtas compostas inteiramente de consultores nacionais: podem ser compostas pequenas listas
de consultores somente com consultores nacionais para serviços com custo estimado inferior ao
equivalente a US$ 500.000 por contrato, de acordo com as disposições do parágrafo 2.7 das Diretrizes
para Contratação de Consultores.
133
Anexo 9: Análise econômica e financeira
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL2)
OBJETIVOS DO ANEXO
1. O Bolsa Família é um dos maiores programas de Transferência Monetária Condicionada do mundo:
em 2009 o programa foi disponibilizado em todos os 5.564 municípios brasileiros, beneficiou cerca de
11,2 milhões de famílias (45 milhões de pessoas pobres) e teve um orçamento previsto de cerca de 0,4%
do PIB do país. Lançado no final de 2003, resultou da unificação de uma série de programas de
transferência monetária condicionada pré-existentes e inclui condicionalidades ligadas à educação e à
saúde para o recebimento das transferências. Os benefícios financeiros variam de acordo com a renda per
capita mensal e com o número de membros da família beneficiária. Em agosto de 2009 consistia de44
:
a) Benefício Básico de R$ 68 (US$ 39): pago a famílias com renda per capita mensal de até US$ 41,
independentemente do número de crianças, adolescentes ou adultos jovens;
b) Benefício Variável de R$ 22 (US$ 13): pago a famílias com renda per capita mensal de até
US$ 68,50 por criança ou adolescente com até 15 anos (máximo de 3 benefícios por família).
c) Benefício Variável Jovem de R$ 30 (US$ 15): pago a famílias com renda per capita mensal de até
US$ 82 com adolescentes de 15 e 17 que frequentem a escola (máximo de dois benefícios por
família).
2. O valor pago às famílias varia de US$ 13 a US$ 116, dependendo do tamanho e do nível de pobreza
das famílias. O valor médio é de US$ 55 por família/por mês.
O Bolsa Família foi criado para alcançar os seguintes objetivos45
:
a) Aumentar a eficiência e a coerência da rede de segurança social do país;
b) Ampliar a assistência para atingir uma abrangência universal de famílias de baixa renda;
c) Reduzir a pobreza e a desigualdade, garantindo um nível mínimo de renda às famílias pobres;
d) Reforçar o exercício dos direitos sociais básicos ao condicionar as transferências ao cumprimento
dos requisitos de educação e saúde por parte das famílias;
e) Criar oportunidades para que os beneficiários tenham acesso ao trabalho e a uma renda
autossustentada.
3. A recessão econômica global do ano passado também salientou um papel adicional que esses
instrumentos podem desempenhar: ou seja, atenuar os impactos de uma crise sobre os mais vulneráveis.
Na verdade, através desses benefícios, os programas de transferência de renda podem ajudar as famílias a
manter os níveis de consumo alimentar, reduzindo assim os impactos negativos sobre a ingestão
nutricional das crianças. As condicionalidades dos programas de transferência monetária condicionada
(CCT) também garantem que as crianças sejam mantidas na escola e afastadas do trabalho. Os países que
implementaram as CCTs podem rapidamente injetar recursos na economia aumentando o valor da
transferência durante uma crise46
.
4. Devido às limitações na quantificação de muitos dos benefícios desses programas em termos
monetários, não é possível fazer uma análise completa de custo-benefício ou custo-eficiência. Em vez
disso, este Anexo fará uma avaliação indireta dos benefícios do programa em duas seções. A primeira
seção apresenta uma revisão do impacto estimado do Bolsa Família em vários indicadores, bem como as
principais conclusões da análise prévia que foi apresentada no APL1. A segunda seção apresenta os
44
www.mds.gov.br/bolsafamilia. 45
www.mds.gov.br/bolsafamilia. 46
Veras 2009.
134
resultados de uma avaliação prévia do papel do Bolsa Família na atenuação dos efeitos do aumento dos
preços dos alimentos em 2008.
REVISÃO DO IMPACTO DO BOLSA FAMÍLIA
5. A seção a seguir apresentará algumas das principais conclusões de uma avaliação prévia realizada em
2004 em relação às descobertas de uma pesquisa recente sobre o impacto real do Bolsa Família em vários
indicadores.
6. Para a preparação da operação do Bolsa Família APL 1, o Banco Mundial tenta quantificar o impacto
potencial do programa no desempenho educacional, na pobreza e na desigualdade. Esses impactos seriam
estimados por meio de métodos de simulação prévia, tanto para os parâmetros de especificação usados no
programa hoje como para cenários alternativos. A metodologia usada para essa análise envolveu
simulações que consideraram as respostas comportamentais, seguindo as metodologias usadas em
Bourguignon, Ferreira, Leite (2003) para avaliações prévias anteriores do Bolsa Escola (mas usando os
parâmetros do programa para o Bolsa Família). A análise usou informações do levantamento de
domicílios de 2002 (PNAD). Os principais resultados da simulação prévia são resumidos a seguir.
7. Esperava-se que o Bolsa Família tivesse um efeito significativo nas decisões relativas à escolaridade e
no desempenho educacional. As matrículas estavam previstas para aumentar em 0,59%, principalmente
devido às taxas de matrícula já bem altas (89% entre as crianças pobres). A taxa de repetição deveria
diminuir em 6% e a média dos anos de atraso escolar cairia em cerca de 5%. O número médio de anos de
escolaridade aumentaria em 3,4%. Para aqueles que não estavam anteriormente matriculados na escola, a
transferência deveria resultar em um ano a mais de escolaridade.
8. Os impactos do PBF na pobreza e na desigualdade se as condicionalidades fossem cumpridas seriam
impressionantes (Cenário 2). A pobreza extrema cairia de mais de 14% para menos que 9% (ou seja,
cerca de 35% entre os beneficiários do Bolsa Família), a pobreza diminuiria cerca de 2% (de 33,2% para
32,6%) e a desigualdade passaria de 59,5 Gini para 58,1.
9. Embora a segunda rodada da avaliação dos impactos ainda não esteja disponível, vários estudos
mostraram o impacto previsto do Bolsa Família com resultados muito promissores (Anexos 1 e 1.B). Em
especial, um estudo recente usando dados sobre o censo educacional mostra que o impacto na Educação
entre 1998 e 2005 (incluindo tanto o Bolsa Escola como o Bolsa Família) foi um aumento nas taxas de
matrícula de até 5,5% entre crianças da 1a-4
a série e de até 6,6% entre crianças da 5
a-8
a série entre as
crianças beneficiárias. O mesmo estudo mostra um aumento nas taxas de frequência entre crianças de 7-
14 anos de mais de 3,6%, enquanto as desistências caíram entre 0,3% e 0,9%.47
10. Em relação à pobreza e à desigualdade, o Anexo 1 documenta alguns estudos recentes que indicam
que o Bolsa Família é responsável por cerca de um quinto da redução na pobreza extrema e uma
proporção similar para a redução da desigualdade medida pelo índice GINI. Contudo, de acordo com os
dados administrativos do Ministério do Desenvolvimento Social (Anexo 1), cerca de 35% das famílias
beneficiárias extremamente pobres do Bolsa Família passaram para a pobreza moderada (abaixo da linha
de pobreza, mas acima da linha de pobreza extrema), enquanto cerca de 10% dos pobres moderados
ultrapassaram a linha de pobreza.48
Conforme explicado acima, essa mudança não pode ser entendida
como o resultado líquido da incidência do programa Bolsa Família. A mudança na renda das famílias
47
Glewwe, P. e A.L. Kassouf (2008) “O impacto do Programa Bolsa Família no total de matrículas do ensino
fundamental, taxas de abandono e aprovação”. 48
Ministério do Desenvolvimento Social (2007) “Catálogo de Indicadores para Monitoramento dos programas do
MDS”, SAGI.
135
beneficiárias pode ser afetada por outras variáveis, incluindo novos empregos ou renda adicional de
outras fontes.
Papel do Bolsa Família durante a crise: uma análise prévia
do aumento dos preços dos alimentos49
11. Na última década, o coeficiente Gini do Brasil para renda per capita dos domicílios caiu de 0,60 para
0,56 – um dos melhores desempenhos na América Latina e no Caribe, e em todo o mundo.50
Em
combinação com os efeitos do crescimento sustentado, embora não espetacular, o Brasil também reduziu
substancialmente a incidência e a gravidade da pobreza. Segundo algumas contas, a incidência da pobreza
foi cortada pela metade entre 1983 e 2006, sendo que a maior parte desse progresso foi alcançada nos
últimos dez anos (Ferreira e Leite, a ser publicado). O fortalecimento dos programas de assistência social
do Brasil, com quatro programas no centro - Bolsa Família, BPC, PETI e seguro-desemprego51
-
desempenhou um papel fundamental nessas realizações (Veras et al. 2006.
12. Embora a maioria dos programas de assistência social fossem destinados a abordar problemas de
pobreza de longo prazo, os governos também podem utilizá-los para atenuar os efeitos de um choque. Na
verdade, o Governo do Brasil respondeu vigorosamente à ameaça percebida que o choque de preços teria
para os padrões de vida das pessoas pobres. Em reação ao aumento dos preços dos alimentos, o governo
aumentou os benefícios do BFP em julho de 2008. A transferência básica fixa do BFP para os domicílios
que vivem em extrema pobreza foi aumentada em R$ 4 por família, enquanto a transferência variável
associada à condicionalidade de escolaridade foi aumentada em R$ 2 por criança. Além disso, o salário
mínimo subiu R$ 35, aumentando o benefício do programa BPC pelo mesmo valor.52
13. Nesta seção apresentaremos os resultados de uma análise dessas medidas, examinando a sua
incidência na distribuição de renda. Primeiro examinamos o impacto potencial do aumento dos preços dos
alimentos sobre a renda e o consumo, pobreza e desigualdade, e depois o papel do Bolsa Família e de
outros programas de proteção da renda na atenuação desses efeitos. Isso é feito usando as mudanças de
preços observadas no período 2007-2009, bem como duas diferentes pesquisas domiciliares com
representação nacional. (a) Primeiro, com a última pesquisa disponível sobre os gastos anuais com
consumo, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002/03, estimamos o impacto da mudança de
preços observada paralelamente à distribuição do consumo. (b) Em seguida, mapeamos o impacto
estimado de cada percentil nos percentis correspondentes da distribuição de renda da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD) 200653
, o que permite estimar o efeito da resposta do governo na
atenuação do impacto do aumento dos preços dos alimentos.54
14. Foram estudados dois cenários diferentes: um cenário conservador, no qual consideramos a mudança
média de preços em 2007 e 2008 por região e por item; e um cenário de pior caso, no qual consideramos a
49
Esta seção depende dos resultados preliminares de um trabalho de Ferreira, Fruttero, Leite e Lucchetti (2009). 50
Para obter mais informações sobre o declínio da desigualdade brasileira na última década, consulte Barros et al.
(2006) e Ferreira et al. (2008a). 51
BPC é o Benefício de Prestação Continuada, um programa de transferência monetária incondicional para idosos e
pessoas extremamente pobres portadoras de deficiências. O valor da transferência é per capita e equivalente a um
salário mínimo mensal.
PETI é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil para famílias com renda per capita superior a R$ 120 por
mês e com crianças de até 16 anos no mercado de trabalho. O valor do benefício é de R$ 25 por criança nas áreas
rurais e de R$ 40 por criança nas áreas urbanas. 52
Nessa análise consideramos apenas o efeito do aumento acentuado do salário mínimo no valor da transferência do
BPC, e não os outros efeitos que poderia haver (no salário dos trabalhadores, etc.). 53
Essa pesquisa tem informações sobre se os domicílios são beneficiários de programas de proteção de renda. 54
A renda e o consumo estão altamente correlacionados no Brasil de acordo com a POF 02/03. A correlação de
postos de Spearman da renda per capita e do consumo per capita é estimada em 0,78, e a correlação padrão de
Pearson em 0,69.
136
mudança máxima de preços observada entre 2007 e 2008. O efeito do aumento dos preços dos alimentos
na renda per capita é calculado aplicando-se a mudança estimada de cada percentil55
da distribuição do
gasto total per capita da POF ao mesmo percentil da distribuição de renda total per capita da PNAD. A
Tabela 1 mostra os indicadores agregados. Nossos resultados sugerem uma redução de 2% na renda
média per capita com a adoção da mudança média nos preços dos alimentos, e uma redução de 4,6% com
a mudança máxima dos preços. As áreas rurais em geral são as mais afetadas em termos de redução na
renda média per capita (redução de 7% com a adoção da mudança mais alta dos preços). Belo Horizonte,
Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília são as regiões menos atingidas.
Tabela 9.1: Efeitos simulados nas medidas de pobreza e desigualdade
Real Efeito do aumento nos preços dos
alimentos
Efeito do aumento na transferência
do BF
Médio Máximo Médio Máximo Renda per
capita 607,1
6 595,06 580,02 595,29 580,25
(% mudança) (-2,0) (-4,6) (-2,0) (-4,5) Pobreza
extrema 5,80 6,41 7,23 6,24 7,13
(% mudança) (10,0) (21,9) (7,3) (20,6)
Pobreza
moderada 19,38 20,71 22,25 20,63 22,19
(% mudança) (6,6) (13,8) (6,2) (13,5) Coeficiente
Gini 55,93 56,29 57,02 56,26 56,99
(% mudança) (0,6) (1,9) (0,6) (1,9)
15. Na verdade, os aumentos nos preços dos alimentos representam uma ameaça para os padrões de vida
dos pobres no Brasil. Nossos resultados sugerem que o aumento do valor da transferência do Bolsa
Família poderia abafar o impacto do choque para a população mais vulnerável. Na verdade, o programa
enfoca os domicílios mais pobres, que seriam os mais afetados pelo choque. A Figura 9.1 mostra como o
aumento dos benefícios para os beneficiários do Bolsa Família poderia ajudar os 10% mais pobres da
população a absorver parte do aumento dos preços que diminuiria significativamente o seu nível de
gastos.
55
Para sermos precisos, dividimos a população em rural e urbana e depois, em cada área, dividimos a distribuição
em 200 partes iguais, de modo que cada célula represente 1/200 da população. Assim estimamos a mudança no bem-
estar para 400 células da população.
137
Figura 9.1: Mudança percentual média do gasto total por percentil com e sem as mudanças nos
programas de proteção da renda
Fonte: Cálculos próprios baseados na PNAD-IBGE 2006.
Nota: As linhas verticais representam as taxas de pobreza extrema e moderada.
16. A Figura 9.2 mostra como o BPC e o Bolsa Família transferem uma maior proporção dos seus
orçamentos para os mais pobres (painel b), mas o Bolsa Família abrange mais de metade da população do
primeiro quintil, comparado com cerca de 5% do BPC. Desse modo, o aumento nas transferências do BF
beneficiaram um percentual maior da população de baixa renda, embora o aumento da transferência tenha
sido de apenas um pequeno valor.
Figura 9.2: Cobertura das transferências e incidência relativa e absoluta das mudanças dos preços
e transferências por quintil da renda per capita
Fonte: própria, com base na PNAD-IBGE 2006. Nota: Quintis de renda per capita calculados sobre a distribuição da renda per capita excluindo a
transferência do BPC, outras transferências exceto o BPC. Somente o BF referencia o benefício de outros
138
programas exceto o BPC (que inclui o programa BF entre os outros programas). A Incidência absoluta reflete a parcela do orçamento da transferência que vai para cada quintil de renda
da população. A Incidência relativa considera a “importância” da transferência para cada quintil relativo a essa renda.
Sustentabilidade fiscal
17. Os fortes acordos financeiros do Governo do Brasil garantirão a sustentabilidade fiscal do PBF e não
há previsão de restrições fiscais para os próximos cinco anos, apesar da crise econômica e financeira
internacional. Proporcionalmente, o tamanho do PBF é comparável ao dos outros programas de
transferência monetária condicionada em grande escala da região. Os custos do programa são
equivalentes a cerca de 0,38% do PIB. O Governo tem financiado e sustentado a maior parte do
programa, com o APL1 financiando menos de 6% dos custos do programa durante os anos de 2005-8. O
APL2 deverá cobrir menos de 5% dos custos do Bolsa Família nos próximos cinco anos. O alinhamento
dos principais recursos dos Estados e dos Municípios também fortalece a sustentabilidade do PBF. Os
impactos potenciais da crise econômica e financeira internacional apenas aprofundou o compromisso do
Governo com o PBF, uma vez que foram tomadas decisões para revisar e aumentar tanto os valores dos
benefícios como as listas de beneficiários. Os resultados preliminares apresentados acima sugerem que
essa estratégia ajudou a atenuar o efeito de choques externos na pobreza e na desigualdade.
139
Anexo 10: Problemas das políticas de salvaguarda
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
I. Salvaguardas sociais
1. Devido à presença de Povos Indígenas na área do projeto, é acionada a salvaguarda OP/BP 4.10. Não
existe nenhum Plano para Povos Indígenas (IPP) autônomo porque as disposições para conformidade com
a OP/BP4.10, Anexo B (IPP) fazem parte da estratégia do Governo para incluir os povos indígenas e
quilombolas como beneficiários do projeto. A natureza do Projeto – com transferências monetárias
condicionadas, voluntárias – e as disposições institucionais do Bolsa Família também justificam essa
abordagem. A seção X deste Anexo fornece um relato detalhado de como exatamente cada requisito da
OP/BP competente é coberto e como as consultas e as divulgações foram realizadas.
2. O Bolsa Família tem o objetivo de abordar a exclusão social fazendo transferências monetárias para
mulheres de domicílios em situação de extrema pobreza, para fornecer um piso de renda a ser usado como
incentivo para que seus filhos frequentem a escola e participem dos programas de saúde. Portanto, a
priori é provável que tenha impactos positivos na capacitação das famílias pobres, na igualdade de
gêneros (já que os pagamentos são feitos às mulheres), e no capital social das comunidades de baixa
renda. Entretanto, é importante documentar o impacto social real do programa e verificar a incidência de
possíveis efeitos negativos, principalmente em comunidades específicas como as indígenas e de
quilombolas. Este Anexo baseia-se em estudos qualitativos e quantitativos do BF e de programas
similares no Brasil. Documenta os impactos sociais positivos do programa até a data nos campos de
capacitação, capital social e igualdade de gêneros e não encontrou nenhuma evidência de impactos sociais
negativos dentro dos domicílios ou da comunidade. Examina também duas outras dimensões do impacto
social do programa que poderiam ter possíveis ramificações negativas: o risco de exclusão injusta, fraude
e corrupção; e o risco de que reações negativas da mídia possam afetar os processos das políticas sociais.
Em relação ao primeiro desses problemas, discute a maneira como os sistemas de controle social foram
estabelecidos para minimizar o risco de corrupção e exclusão e maximizar o impacto positivo do
programa no capital social; e em relação ao segundo, analisa o impacto do programa nas percepções do
público em relação aos programas sociais refletidas na cobertura da mídia, que demonstraram ser
altamente positivas. Além disso, o Anexo apresenta uma atualização da estratégia do Governo do Brasil
para os Povos Indígenas, que reflete os avanços feitos pelo programa para atingir esses grupos vulneráveis
específicos. Finalmente, discute as estratégias inovadoras do Bolsa Família para melhorar o acessos dos
povos Indígenas e Quilombolas ao programa.
II. Avaliação social
3. Como parte dos seus processos normais de monitoramento e avaliação, o programa Bolsa Família
empreendeu várias avaliações dos impactos do programa em dimensões tais como capacitação dos
beneficiários, capital social e gênero. Para isso, foram utilizados estudos complementares sobre outros
programas de transferência monetária condicionada (CCT) no Brasil, tais como Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação, Agente Jovem. Além disso, a rede de controle e supervisão do programa possui um
componente de controle social, que também foi avaliado. Finalmente, o Banco Mundial fez uma análise
de mídia de mais de 6.000 artigos publicados sobre os programas CCT em 6 dos principais jornais entre
2003 e 2006. Essa análise mostra uma importante contribuição da mídia na promoção do debate sobre o
conceito e a implementação das transferências monetárias condicionadas no Brasil.
III. Impactos das CCTs na capacitação, no capital social e no gênero
140
4. Visão geral. Os estudos revistos para fins desta Avaliação Social abrangem tanto o Bolsa Família
como um programa de transferência monetária condicionada já existente no Brasil (Agente Jovem), cujo
projeto fundamentou o programa ProJovem Adolescente (um dos programas complementares do PBF
para beneficiários jovens). Eles incluem evidências de impactos de nível mínimo na capacitação dos
cidadãos e nas relações de poder intradomiciliares e entre gêneros. Três avaliações qualitativas avaliam
as percepções dos impactos na capacitação, no capital social e nas relações entre gêneros, incluindo:
TCU56
(2004, que abrange a CCT voltada para jovens, Agente Jovem), Suarez e Libardoni57
(2006, que
abrange o Programa Bolsa Família), Pereira Brandão et al58
(2008, que abrange o Agente Jovem). A
última também incluiu uma pesquisa quantitativa de jovens beneficiários e não beneficiários. Diversas
outras avaliações quantitativas, incluindo a avaliação dos impactos do PBF, destacam distinções de
gêneros nas avaliações (por ex., distinção entre homens e mulheres nas decisões relativas ao trabalho
infantil e adulto, e exame dos impactos potenciais sobre a saúde das mulheres).
5. As conclusões sugerem que o PBF e outras CCTs tiveram impactos notáveis até agora. Esses
programas promoveram um maior senso de cidadania entre os beneficiários e conseguiram
potencialmente capacitar os cidadãos e fortalecer sua participação nos assuntos locais. Também
fortaleceram a posição das mulheres, não somente na família, mas na sociedade em geral.
6. Capacitação e capital social. Conforme observado acima, vários estudos qualitativos exploram as
percepções dos beneficiários em relação à capacitação e ao capital social. No nível individual e
domiciliar, as conclusões sugerem importantes impactos em diversas áreas:
Cidadania e identidade. Uma das conclusões das avaliações qualitativas é a percepção de que as
CCTs promoveram um maior sentido de cidadania, propriedade e identidade entre os beneficiários
(Suárez e Libardoni (2006)). Esses impactos aparentemente se devem ao fato de que a elegibilidade às
CCTs incentiva as pessoas pobres a obter os documentos de identificação. Mesmo que implique em um
processo burocrático, gera um maior sentido de cidadania, identidade e propriedade entre os beneficiários.
Os beneficiários declaram que o recebimento dos documentos de identificação formal faz com que se
sintam mais integrados à sociedade que os cerca. Relatam também um maior sentido de identificação em
relação à economia formal com o uso dos cartões eletrônicos do benefício.
Autoestima e aspirações para o futuro Tanto as avaliações do TCU (2004) como de Pereira
Brandão et al. (2008) do programa Agente Jovem, voltado para os jovens em risco, mostram que o
programa aumentou o desenvolvimento pessoal, social e comunitário entre os beneficiários ao melhorar
suas aspirações para o futuro, principalmente em termos de expectativas de horizontes profissionais e
autonomia econômica, e que gerou uma mudança nas atitudes dos beneficiários, promovendo uma visão
mais positiva em relação às oportunidades de vida.
Estabilidade econômica e autonomia. Outra conclusão é a percepção de uma maior autonomia
econômica devido à estabilidade da transferência de renda. Libardoni e Suárez (2006) destacam a
importância da estabilidade no fluxo de benefícios no seu estudo qualitativo dos beneficiários do Bolsa
Família: os beneficiários reportam um maior status econômico na comunidade, uma vez que os
comerciantes os veem como clientes confiáveis, permitindo que eles comprem itens a crédito.
56
Tribunal de Contas da União. 2004. Avaliação do TCU sobre o Projeto Agente Jovem. Brasília, Brasil: 57
Suarez, M. e M. Libardoni. 2006. O Programa Bolsa Família e o enfrentamento das desigualdades de gênero: o
desafio de promover o reordenamento do espaço doméstico e o acesso das mulheres ao espaço público. Cadernos de
Estudo, Desenvolvimento Social em Debate, Número 5, Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome.
Brasília, Brasil: 58
Pereira Brandão, A.A., M.A. Oliveira de Alcântara, S. Da Salt, V.H. de Carvalho Gouvêa. 2008. Projeto Agente
Jovem: Avaliação dos seus Impactos. Caderno de Estudo, Desenvolvimento Social em Debate, No. 8.
141
7. Impactos de gênero e relações intradomiciliares de poder. Alguns estudos59
tentaram examinar os
impactos relativos ao gênero do PBF, bem como os impactos nas relações intradomiciliares de poder. As
conclusões de Libardoni e Suárez (2006) sugerem que o PBF aumentou a capacidade das mulheres de
fazer escolhas para si mesmas e seus filhos. Também ajudou a reduzir o sentido de insegurança das
mulheres em relação a seus maridos e, de acordo com quase 43% dos beneficiários entrevistados, ajudou
a reduzir a incidência de violência doméstica. Os dados básicos para a avaliação dos impactos do PBF
(CEDEPLAR e SAGI, 2007) mostram um maior poder de barganha das mulheres nos domicílios
beneficiários, principalmente no Nordeste, onde a monetização está menos desenvolvida.
IV. Progresso no cadastramento de famílias indígenas e quilombolas no Cadastro Único
8. Em 2004, quando o programa começou, era quase impossível identificar beneficiários quilombolas e
indígenas nos registros, uma vez que eles não eram reconhecidos como tais no formulário de
cadastramento. O novo formulário de cadastramento para o Cadastro Único inclui perguntas específicas
de autoidentificação na primeira seção do questionário, bem como questões adicionais para registrar a
etnia (indígena) e a comunidade (quilombos). O novo formulário foi lançado em 2009, juntamente com
guias específicos para o registro de famílias Indígenas e Quilombolas.
9. Apesar dessa limitação, o programa fez um progresso regular no registro de famílias indígenas: de
29.000 em março de 2006 para 71.000 em janeiro de 2009, dos quais 59.000 eram beneficiários do
programa (Almeida Garcia, 2009) (Figura 1a). A taxa de extrema pobreza entre essas minorias étnicas
está estimada para atingir 38%.60
O programa também aumentou bastante a cobertura de famílias de
quilombolas: de 6.400 em outubro de 2006 para 26.000 em janeiro de 2009, dos quais 21.000 eram
beneficiários do programa (Zigoni Pereira, 2009) (Figura 1b). De acordo com o MDS, existem
aproximadamente 560.000 quilombolas em 3.524 comunidades em 1.211 municípios de 24 estados. Em
2006, o censo nutricional para quilombolas estimou que 57% das famílias entrevistadas pertenciam à
classe E, que representa os 4% de brasileiros mais pobres.61
59
CEDEPLAR e SAGI. 2007. Avaliação de Impacto do Programa Bolsa Família. Sumário Executivo. Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 60
Renda familiar per capita de menos de um quarto do salário mínimo (Lopez Matias e Maia de Andrade, 2008 in
Caderno de Estudos 10, p.66). As taxas de extrema pobreza entre a população não indígena chega a 15,5%, ou
menos da metade. 61
Oliveira Silva, Oliveira Souza e Pacheco Santos, 2008 in Caderno de Estudos 9 p. 42.
142
Figura 10.1: Número de famílias no Cadastro Único e no programa Bolsa Família
Figura 10.1a: Famílias indígenas Figura 10.1b: Famílias quilombolas
Fontes: Cadastro Único, Almeida Garcia (2009) and Zigoni Pereira (2009).
V. Consultas sobre controle social no programa Bolsa Família62
10. Metodologia. Em 2008, foram feitas consultas em 18 estudos de casos com 6 conselhos estaduais de
controle social (Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rondônia, São Paulo) e 12 conselhos municipais
de controle social nos mesmos estados (Monsenhor Tabosa e Caucaia (CE), Uberlândia e Conceição do
Mato Dentro (MG), Santarém e Santa Luzia do Pará (PA), Petrolina e Inajá (PE), Porto Velho e Costa
Marques (RO), Santos e Itariri (SP)). Metade dos municípios são grandes (mais de 200.000 habitantes) e
metade são pequenos (menos de 20.000 habitantes).
11. As consultas dos estudos de casos incluíram (1) entrevistas detalhadas com interessados envolvidos
direta ou indiretamente em situações de controle social: gerentes, membros do conselho, beneficiários
(incluindo indígenas e quilombolas), representantes da rede de controle social e lideranças de
organizações sociais que não fazem parte dos conselhos, e (2) grupos de interesse com beneficiários do
programa e membros do conselho. Os conselhos incluíram conselhos de programas anteriores, conselhos
setoriais vinculados a outras políticas públicas, conselhos de controle social específicos do PBF e
conselhos de associações intermunicipais. O trabalho de campo ocorreu entre junho e setembro de 2008.
12. Resultados e recomendações. A capacidade dos conselhos de controle social varia bastante, sendo
importante fortalecê-los com um nível mínimo de padrões de institucionalização para garantir sua
existência e eficácia. Alguns conselhos fecharam por motivos políticos ou existiram somente no papel,
mas não chegam a se reunir. Os conselhos de controle social nos municípios pequenos enfrentam
desafios especiais e precisariam de mais apoio.
O desenvolvimento de capacidades é um desafio mesmo para os conselhos mais
estruturados. O treinamento contínuo para os gerentes do programa e os membros do conselho
poderia criar um entendimento comum dos valores e do significado de controle social, bem como
fortalecer o conhecimento sobre o PBF e as atribuições e os instrumentos dos conselhos de
controle social.
62
Núcleo de Pesquisas, Informações e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense-Data UFF e SAGI.
2009. Estudos de Caso sobre Controle Social do Programa Bolsa Família.
143
Os beneficiários precisam de mais informações sobre controle social e o PBF, e essas
informações precisam ser adaptadas ao seu nível de leitura. Muitos beneficiários são
analfabetos funcionais. Eles questionaram o uso de materiais escritos uma vez que precisam
confiar em seus filhos para entender as notificações que recebem.
As condições de trabalho precisam atender a padrões mínimos tais como: espaço específico,
computador com acesso à Internet, veículos e recursos para viagens.
13. Esses desafios não são exclusivos do PBF, mas também afetam os conselhos de controle social das
iniciativas anteriores como, por exemplo, em saúde e educação. Contudo, a organização desses conselhos
faz parte da garantia de maiores transferências federais para os governos municipais. Esse não é o caso do
PBF e pode explicar por que nos municípios pequenos os conselhos do PBF estão se esforçando mais.
14. O trabalho de campo também identificou algumas boas práticas, tais como:
A participação do Ministério Público (SP), cujas atribuições incluem a defesa dos interesses
dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, acompanhando as atividades efetuadas para
garantir seus direitos constitucionais.
A organização de cursos sobre controle social para os novos membros do conselho, e de
reuniões entre conselhos para compartilhar experiências. Isso foi patrocinado pelo conselho
estadual de Minas Gerais.
VI. Revisão da mídia63
15. Metodologia. Mais de 6.000 artigos de seis jornais (nacionais e regionais) foram catalogados e
analisados pelos pesquisadores do Banco Mundial para avaliar como os programas de CCT foram
cobertos pela imprensa por um período de seis anos, até meados de 2006. O estudo procurou analisar o
debate global sobre esses programas na imprensa, a cobertura, o conteúdo e o enfoque do debate na
imprensa sobre o conceito e a implementação de transferências monetárias condicionadas no Brasil. O
motivo por trás desse estudo inovador e exclusivo foi contribuir para uma compreensão do debate público
sobre esse tipo de instrumento de políticas sociais.
16. Conclusões preliminares.
Percepções macroeconômicas das transferências monetárias condicionadas na imprensa: O
estudo destaca o importante papel da mídia na promoção do debate sobre o conceito e a
implementação das transferências monetárias condicionadas no Brasil.
o De um modo geral, os artigos adotaram um tom favorável em relação ao conceito das
transferências monetárias condicionadas (70% dos artigos), embora fossem mais críticos
em relação aos desafios enfrentados na implementação dos programas. Apenas uma
pequena parcela dos artigos foram críticos em relação tanto ao conceito como à
implementação dos programas (6% ao todo), com o restante dos artigos sem nenhum tom
específico (artigos informativos).
o Assim como com todos os programas sociais de destaque, as eleições tenderam a levantar
mais julgamentos. O julgamento e as críticas das transferências monetárias
condicionadas aumentaram antes de todas as eleições observadas durante o período do
estudo: (a) as eleições presidenciais de 2002 (abrangendo o Programa Bolsa Escola na
administração de Fernando Henrique Cardoso); (b) as eleições municipais de 2004; e (c)
as eleições presidenciais de 2006 (ambas abrangendo o Programa Bolsa Família na
administração Lula).
63
Lindert, K. e V. Vincensini. 2008. Bolsa Família in the Headlines: An Analysis of the Media’s Treatment of
Conditional Cash Transfers in Brazil. Versão preliminar.
144
Tratamento da imprensa para os problemas de projeto e implementação: A mídia teve um
papel importante ao informar sobre os desafios e aprimoramentos dos programas de transferência
monetária condicionada no Brasil.
o Uma grande parcela de artigos enfocou os problemas de registro, metas e pagamentos;
aspectos operacionais, como as funções institucionais, critérios de elegibilidade,
recertificação, etc. A imprensa também noticiou sobre a exatidão do direcionamento do
programa, ou seja, os erros de inclusão de pessoas não pobres foram mais frequentes do
que os artigos sobre os erros de exclusão dos pobres.
o Tanto o Governo como a imprensa tiveram um papel importante nos relatos sobre
alegações de fraude, erros intencionais e não intencionais e sistemas de controle de
fraudes desses programas.
o O debate na imprensa destacou a importância da existência e do monitoramento de
condicionalidades por dois motivos: (a) seu papel estrutural na redução da pobreza no
longo prazo; e (b) seu papel político na redução das percepções de assistencialismo. O
tom dos artigos ficou mais favorável conforme o monitoramento das condicionalidades
melhorava.
o Uma pequena, porém crescente, parcela de artigos destacando as percepções do potencial
de "dependência de doações". a necessidade de incorporar recursos para reduzir o
potencial de dependência de doações e os esforços para ajudar a promover a emancipação
da pobreza que incluem: programas de alfabetização/ensino para jovens e adultos,
treinamento profissional e microcrédito.
o Uma pequena, porém crescente, parcela de artigos afirmou que as transferências
monetárias condicionadas eram “assistencialistas”. As principais razões oferecidas nos
artigos para essa afirmação eram: (a) percepções de que os programas criavam
dependência de doações; (b) percepções de falta de monitoramento das
condicionalidades; e (c) percepções de clientelismo. As principais razões oferecidas nos
artigos defender que as transferências monetárias condicionadas não são
“assistencialistas” incluem: (a) que elas representavam os direitos dos cidadãos; e (b) que
a existência das condicionalidades reduzia o assistencialismo.
17. Principais conclusões. Em geral, o programa Bolsa Família goza de grande apoio do público
brasileiro. O conceito de CCT é bem-aceito e seus efeitos no bem-estar dos beneficiários são
reconhecidos. Contudo, o programa ainda precisa de aprimoramentos nas áreas de controle social,
monitoramento de condicionalidades e acesso de populações em áreas remotas, principalmente em
pequenos municípios com pouca capacidade. Um dos principais desafios enfrentados pelo programa é
garantir que os beneficiários recebam oportunidades complementares para aproveitar integralmente os
benefícios e sair da pobreza com sustentabilidade.
VII. Consultas com comunidades indígenas e quilombolas
18. A participação das famílias no Programa e o respectivo processo de registro incluem a criação de
parcerias entre o Programa e a FUNAI, FUNASA, universidades públicas e organizações locais para o
registro de Povos Indígenas. No caso dos Quilombolas, são criadas parcerias com as secretarias
municipais de saúde, educação e assistência social, e as Associações de Quilombolas. Antes do registro,
as famílias beneficiárias em potencial recebem informações sobre o processo de registro, as informações
requeridas para o registro e os programas sociais aos quais são elegíveis. As consultas com os povos
indígenas devem incluir toda a comunidade (conforme a Convenção 169 da OIT), bem como as lideranças
da comunidade e as organizações que trabalham com a comunidade. Uma estratégia importante que deve
orientar os gestores municipais nesse processo foi a preparação de um Guia de Cadastramento de Famílias
145
Indígenas/Quilombolas. O guia é voltado para os gestores municipais, o pessoal do programa e outros
prestadores de serviços que trabalham diretamente com as comunidades. Devido à gestão descentralizada
do PBF, essas consultas locais são mais eficazes do que as regionais ou nacionais.64
19. As consultas com famílias e indivíduos que participam do Bolsa Família são realizadas durante o
cadastramento. As famílias têm o direito de recusar o programa ou de aceitá-lo com consentimento
informado. Foram incluídas inovações nos pacotes de cadastramento de 2008 para garantir que as
famílias estejam cientes dos benefícios, elegibilidade, condicionalidades para as transferências e
estratégias de saída. Os documentos do programa foram traduzidos para Guarani e Xavante para facilitar
o processo. Certas disposições foram implementadas para garantir que todos os beneficiários sejam
incluídos. Por exemplo, o Cadastramento não deve ser feito durante períodos de grande intensidade de
trabalho (agenda agrícola e ritual).
20. Até agora, o programa cadastrou famílias indígenas sob demanda das lideranças comunitárias. Entre
esses processos de consulta, que fundamentaram o desenvolvimento dos guias, estão:
Comunidades indígenas: Guarani em Dourados (MS); Xavante em Campinápolis (MT);
Potiguara na Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto (PB) e famílias indígenas em São Gabriel da
Cachoeira65
(AM).
Comunidades quilombolas: cadastramento em nível estadual em Alagoas (26 municípios), Amapá
(3 municípios), Mato Grosso (6 municípios), Tocantins (11 municípios), e processos municipais
em Itapecuru-Mirim (MA), Alcântara (MA), Queimada Nova (PI), Oriximiná (PA), Januária
(MG), Bom Jesus da Lapa (BA), Minas Novas (MG), São Lourenço do Sul (RS).
21. Além disso, em maio de 2009, o MDS organizou workshops em Brasília com interessados municipais
para discutir aspectos específicos das operações do programa em áreas com uma grande proporção de
famílias indígenas e quilombolas:
Comunidades indígenas: Gestores municipais de Atalaia do Norte e São Gabriel da Cachoeira
(AM); Buerarema e Ibotirama (BA), Santa Luzia, Bertópolis e Santa Helena de Minas (MG);
Caarapó e Dourados (MS); Barão de Melgaço e Campinápolis (MT); Jacareacanga e São Félix do
Xingu (PA); Inajá e Salgueiro (PE); Redentora e São Miguel das Missões (RS).
Comunidades quilombolas: Gestores municipais da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais e
Pará.
22. Os desafios identificados nesses exercícios incluem:
Dificuldades logísticas na prestação de serviços para comunidades remotas e de difícil acesso,
bem como a necessidade de contar com transporte adequado, possivelmente financiado com
recursos do IGD ou do IGD-E,
As altas taxas de beneficiários potenciais que carecem de qualquer forma de identificação, o que
exige parcerias com a FUNAI, o Ministério Público e o registro civil,
Falta de conhecimento do pessoal e dos gestores municipais sobre as comunidades e a cultura
indígenas e quilombolas, e princípios de autoidentificação. Os estados podem apoiar o
desenvolvimento de capacidades do pessoal local do programa para o cadastramento da
população tradicional, com o financiamento do IGD-E.
VIII. Enquadramento legal
64
No entanto em 2005, em Luziânia, GO, o 1er Encuentro Nacional de Comunidades Tradicionales – Pautas para
Políticas Públicas. 65
São Gabriel da Cachoeira tem 40.000 habitantes, 80% dos quais são indígenas de 23 grupos étnicos diferentes.
146
O Governo do Brasil introduziu estratégias inovadoras e pragmáticas para aumentar o acesso e a
participação dos grupos mais vulneráveis no Bolsa Família66
, respeitando suas crenças, identidade
cultural e valores tradicionais. Isso depende principalmente de processos específicos para
facilitar o cadastramento das famílias e atender ou monitorar as condicionalidades.
Além das leis existentes derivadas da constituição de 1988, o contexto estratégico para atingir os
grupos mais vulneráveis é a Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas, que foi integralmente
ratificada pelo Brasil através do Decreto Presidencial 5051, de 19 de abril de 2004. Para as
comunidades quilombolas, os contextos baseiam-se em diversos documentos que reconhecem a
autoidentificação, como o Decreto 4487 de 2003, que reconhece a autoidentificação como um
Quilombola, a portaria 98/2007 da Fundação Cultural Palmares sobre o cadastramento de
comunidades quilombo, e a norma 49/2008 do INCRA sobre o registro das terras ocupadas pelos
descendentes dos quilombos.
Desde o início, o programa tem feito progressos significativos no cadastramento de beneficiários,
com base na autoidentificação; garantindo que os processos operacionais corram tranquilamente
mesmo em áreas remotas; e assegurando bastante flexibilidade sobre o cumprimento das
condicionalidades para considerar as modalidades específicas de saúde e educação para as
comunidades indígenas e quilombolas. Essas modalidades estão codificadas nas normas
operacionais (portarias) 350/2007, 321/2008, 341/2008 e 376/2008 do Ministério do
Desenvolvimento Social.
Essas atividades do PBF foram complementadas por ações adicionais gerenciadas pelas
Secretarias Nacionais de Assistência Social (SNAS) e pela Secretaria de Segurança Alimentar e
Nutricional (SESAN), como a CRAS indígena e atividades específicas relacionadas com a
nutrição.
23. Alguns documentos legais incluem:
(a) Cadastro Único.
(b) Portaria 350 de 3 de outubro de 2007: Pacto de Aprimoramento da Gestão dos Estados e do
Distrito Federal no contexto do Sistema Único de Assistência Social, do Programa Bolsa Família
e do Cadastro Único para os Programas Sociais do Governo Federal. Art.3 sobre a
implementação de uma estratégia para cadastrar famílias indígenas e quilombolas.
(c) Decreto 6040 de 7 de fevereiro de 2007, que define a base para o Desenvolvimento Sustentável
de Povos e Comunidades Tradicionais (o Plano Nacional está sendo preparado).
(d) Portaria GM/MDS 321 de 29 de setembro de 2008. Gestão das condicionalidades do PBF. Art.
17 sobre a consideração de particularidades dos povos e comunidades tradicionais na aplicação de
normas e processos para a gestão de condicionalidades.
(e) Portaria GM/MDS 341 de 7 de outubro de 2008. Procedimentos operacionais necessários ao
ingresso das famílias no PBF. Art 7 sobre Quilombolas.
(f) Portaria GM/MDS 376 de 16 de outubro de 2008. Gestão do Cadastro Único para os Programas
Sociais do Governo Federal. Art. 25 sobre processos diferenciados de cadastramento.
Povos indígenas
(g) Decreto presidencial 5051 de 19 de abril de 2004 sobre a Convenção 169 da OIT.
Comunidades quilombolas
(h) Decreto 4487/2003 de 20 de novembro de 2003 sobre a autoatribuicão da identidade Quilombola.
(i) Portaria 98/2007 de 26 de novembro de 2007. Fundação Cultural Palmares sobre o Cadastro
Geral de Remanescentes de Quilombos.
66
MDS “Atualização e aperfeiçoamento do Cadastro Único”, Capítulo III.
147
(j) Instrução Normativa 49/2008 de 29 de setembro de 2008. INCRA. Sobre os procedimentos para
identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, titulação e registro das
terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.
24. Estrutura e parcerias
In 2005, o MDS criou um Grupo de Trabalho sobre Populações e Comunidades Tradicionais,
com 10 antropólogos de todas as secretarias dos ministérios. In 2008, o Cadastro Único criou
uma unidade específica para esse tema, respondendo diretamente à gerência da Secretaria
Nacional de Renda de Cidadania (SENARC). Essa unidade será posteriormente formalizada
como uma Coordenação Geral. Inclui cinco funcionários, dois dos quais são sociólogos. Essa
unidade é responsável por todas as tarefas relativas ao cadastramento de famílias indígenas e
quilombolas, bem como de outros povos tradicionais.
O MDS também organizou parcerias com vários órgãos governamentais e não governamentais
que trabalham com povos indígenas, como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI, responsável
pelas políticas dos povos indígenas do Governo Brasileiro), a Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA, responsável pelo serviços de saúde dos povos indígenas), além de federações
nacionais e regionais de organizações indígenas, tais como a Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro (FOIRN). De modo semelhante, organizou parcerias com órgãos
governamentais e ONGs que trabalham com quilombolas, tais como a Fundação Cultural
Palmares no Ministério da Cultura, o INCRA no Ministério de Desenvolvimento Agrário e a
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) na Presidência, bem
como organizações nacionais e locais de quilombolas. Essas parcerias buscam melhorar a
inclusão das populações indígenas e quilombolas e melhorar o suprimento de serviços básicos
para elas.
IX. Perfil étnico do Brasil
25. Depois de um longo período de perda populacional, a população indígena brasileira está crescendo a
uma taxa estimada de 3,5% ao ano, ao contrário do que está acontecendo com outros povos indígenas no
mundo. Na última década, houve altos níveis de fertilidade, combinados com a queda – embora lenta – na
mortalidade. Esse fenômeno foi definido como "recuperação demográfica". A população indígena
brasileira tem cerca de 530.000 pessoas, de 225 grupos étnicos diferentes, espalhadas em 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), e falando 180 idiomas diferentes. Entre 100.000 e 190.000 vivem
fora das terras indígenas, nas capitais dos estados e outras áreas metropolitanas, e existem grupos que
nunca foram contactados. A população indígena representa 0,25% da população brasileira e 2% da
população indígena das Américas.
26. Cerca de 60% da população indígena vivem na Amazônia, onde estão localizados 99% das terras
indígenas, enquanto os outros 40% vivem em terras no Leste, Sudeste, Sul e Nordeste do país. O Brasil
tem 633 terras indígenas oficialmente reconhecidas, que correspondem a 14% do território nacional. A
maioria dessas terras estão concentradas na Amazônia; 405 delas representam 21% da Amazônia e 99%
das terras indígenas. O restante das terras indígenas está espalhado no Nordeste, Sudeste, Sul e no estado
do Mato Grosso do Sul. As comunidades indígenas são pequenas – 28% consistem em 200 pessoas, 40%
têm entre 200 e 1.000 pessoas, e somente três comunidades têm mais de 20.000 pessoas. Além da
desigualdade socioeconômica generalizada entre a população indígena e não indígena, existem
desigualdades significativas nessa população.
Figura 10.2. População indígena por região em 2007
148
Fonte: SIASI FUNASA.
Figura 10.3: Municípios com altas concentrações de povos indígenas e quilombolas
Fonte: MDS 2009.
27. O número de comunidades quilombolas varia
de acordo com as fontes de informações. Contudo,
as estimativas são de aproximadamente 560.000
pessoas vivendo em 3.225 comunidades (estimado
pelo MDA). Essas comunidades normalmente
ficam em áreas removas e são caracterizadas pela
desconfiança em relação às pessoas de fora.
X. Lições aprendidas desde a primeira fase
do Projeto
28. Em ambos os casos:
Conflitos com os governos locais podem
predominar, principalmente em questões de posse de terras. Por isso, a importância do
Figura 10.4: Terras indígenas demarcadas
no Brasil
149
envolvimento das comunidades desde as primeiras etapas do planejamento. Quando os conflitos
são muito graves, o cadastramento foi delegado para terceiros, tais como ONGs locais treinadas
(Alcântara, MA, 2006) ou universidades (UFMT em 2007). Contudo, a recomendação é trabalhar
por meio das organizações federais que são responsáveis pela prestação de serviços a esses
grupos, como a FUNAI ou o INCRA.
Devido à falta de identificação, o
programa simplificou os requisitos à
apresentação de certidão de nascimento,
certidão de casamento, título de eleitor ou qualquer identificação reconhecida nacionalmente.
Além disso, os gestores do programa são incentivados a trabalhar em colaboração com o
Ministério da Justiça, a FUNAI e o registro civil.
Quando as famílias não são nucleares, o programa procura identificar as mulheres como as
beneficiárias. Em todos os casos, após análise com as lideranças comunitárias, os líderes
aceitaram que as mulheres recebessem o benefício.
Quando não existem serviços adequados de saúde ou educação disponíveis, o programa
reconhece a sua ausência e a dificuldade ou impossibilidade de cumprimento das
condicionalidades.
29. Além disso, para as comunidades quilombolas:
O envolvimento inicial das lideranças é essencial para garantir que os entrevistadores tenham
acesso às famílias.
30. Em algumas comunidades indígenas:
São necessárias consultas adicionais para identificar quais são as famílias mais vulneráveis, quem
realmente precisa das transferências monetárias (ou seja, aqueles que vivem perto de centros
urbanos ou que não conseguem produzir sua própria alimentação, ou que estejam enfrentando
situações de alta vulnerabilidade, como desnutrição aguda). Nas áreas que operam com sistema
de escambo, a pobreza baseada na renda, como definida pelo Cadastro Único, pode precisar ser
revista de modo a não contradizer a organização desses grupos. A FUNAI pode ajudar os
gestores locais a identificar os grupos étnicos mais vulneráveis.
As comunidades com altos níveis de mortalidade infantil e desnutrição terão prioridade.
Os gestores do programa precisam entender os conflitos interétnicos (geralmente devido a
questões de posse de terras) antes de entrar nas comunidades de modo a cadastrar as famílias mais
necessitadas e não apenas a mais articuladas e organizadas.
31. Em resumo, o programa melhorou bastante os processos de cadastramento e identificação de
beneficiários em comunidades indígenas e quilombolas, e construiu uma sólida estrutura para interagir
com essas comunidades de forma culturalmente adequada.
XI. Estratégia do governo brasileiro para os povos indígenas aplicável ao Programa Bolsa
Família
32. Devido à presença de comunidades indígenas e quilombolas na área do projeto, é acionada a
salvaguarda OP4.10. O governo brasileiro, através do MDS, incorporou estratégias inovadoras no projeto
do programa para torná-lo mais acessível às famílias de difícil acesso, principalmente para as famílias
indígenas e quilombolas (descendentes de escravos fugitivos). Isso se traduziu em medidas nos
regulamentos de cadastramento e monitoramento das condicionalidades, bem como guias específicos para
a inclusão de famílias indígenas e quilombolas no cadastro de beneficiários. Além disso, o MDS
Fonte: MDS, 2009
150
encomendou estudos específicos para avaliação de iniciativas do Governo Federal relativas aos povos
indígenas e a análise dos problemas nutricionais enfrentados pelas famílias quilombolas.
33. O Governo do Brasil continuará a utilizar as estratégias iniciadas em 2006 e reforçadas desde 2008.
Isso inclui a distribuição de guias para cadastramento de populações tradicionais, que complementam o
novo formulário para o Cadastro Único lançado no final de 2009.
34. O PBF melhorou a qualidade das informações de modo a aumentar a proporção de famílias
beneficiárias entre as que estão registradas no Cadastro Único.
35. A estratégia do Bolsa Família para atingir as famílias indígenas e quilombolas inclui:
1. Seleção da comunidade: Para os quilombolas, o gestor municipal procura de forma pró-ativa
essas famílias para registrá-las no Cadastro Único. São fornecidas continuamente sessões de
treinamento específico aos gestores municipais.
2. Novo formulário do Cadastro Único: o novo formulário possui campos especiais para o
registro da autoidentificação (seção 3), bem como instruções específicas para o cadastramento de
comunidades étnicas (Guia de Cadastramento das Famílias Indígenas e Guia de Cadastramento
das Famílias Quilombolas (SENARC/MDS 2009). O chefe da família é cadastrado com a
apresentação de qualquer identificação nacionalmente reconhecida (para o resto da população,
são exigidos dois documentos de identificação). No último trimestre de 2009, a SENARC
organizou cursos de treinamento para 360 instrutores de nível estadual que, por sua vez, treinam
os gestores municipais para preencher os novos questionários. O MDS distribuiu 64.000 cópias
dos novos guias para os gestores municipais e estaduais do programa.
3. Definição de família: as instruções esclarecem os conceitos de família, chefe de família e
domicílio. As famílias são cadastradas de acordo com a forma como se autodefinem –
etnicamente ou como um grupo.
4. Benefícios do programa: os benefícios básicos do programa seguem as mesmas regras usadas
para a população em geral. Entretanto, devido às altas taxas de vulnerabilidade que atingem esses
grupos, são contempladas atividades complementares tais como: distribuição de ajuda
alimentícia, organização da CRAS (351 CRAS atendem a famílias quilombolas, 59 municípios
receberam cofinanciamento para fornecer serviços preferenciais às famílias indígenas e 10
municípios receberam financiamento para a criação da CRAS em terras indígenas).
5. Condicionalidades do programa: As condicionalidades são semelhantes às dos beneficiários
não indígenas. No entanto, o pessoal municipal do programa foi treinado para preencher o
relatório de monitoramento das condicionalidades de modo a fornecer justificações explícitas
como a falta ou a distância de serviços de saúde e educação adequados.
6. Inclusão socioprodutiva de beneficiários indígenas e quilombolas: Na estrutura da Política
Nacional para o Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, o MDS
lançou várias atividades subordinadas à Carteira Indígena e em parcerias com a Petrobras e o
Banco do Brasil para os quilombolas. Essas atividades procuram aumentar o potencial de
geração de renda das atividades comerciais tradicionais.
7. Prioridades para 2010: Em 2010, o programa está trabalhando com os cinco estados com as
maiores concentrações de comunidades quilombolas: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará e
Pernambuco.
8. O financiamento de transferências monetárias e atividades para os povos indígenas e
quilombolas está incluído no Componente 1. Não existe orçamento separado para o último.
151
XII. Capacidade do MDS para implementar essa estratégia
36. Desde 2008, o MDS inclui uma equipe dedicada responsável para os processos de cadastramento das
populações tradicionais. Devido ao progresso demonstrado nos últimos anos em abrangência e qualidade
dos processos do Bolsa Família e o interesse do Ministério em melhorar a cobertura das populações de
difícil acesso, a equipe do Banco Mundial está confiante na capacidade do Ministério de implementar o
plano de trabalho para o cadastramento de povos indígenas e comunidades quilombolas, como parte dos
seus objetivos para os próximos quatro anos.
37. Os materiais publicados nas páginas da web do MDS para promover o acesso e os benefícios para as
famílias indígenas e quilombolas são:
(a) Cadastro Único para Programas Sociais (formulário principal de cadastramento).
(b) Guia de Cadastramento das Famílias Indígenas (SENARC/MDS 2009).
(c) Guia de Cadastramento das Famílias Quilombolas (SENARC/MDS 2009).
(d) Portaria GM/MDS 321 de 29 de setembro de 2008. Gestão das condicionalidades do PBF. Art. 17
sobre a consideração das particularidades das comunidades e dos povos tradicionais na aplicação
das normas e procedimentos de gestão das condicionalidades.
(e) Portaria GM/MDS 341 de 7 de outubro de 2008. Procedimentos operacionais necessários ao
ingresso das famílias no PBF. Art 7 sobre os Quilombolas e indígenas.
(f) Portaria GM/MDS 376 de 7 de outubro de 2008. Gestão do Cadastro Único para os Programas
Sociais do Governo Federal. Capitulo IX sobre cadastramento diferenciado.
XIII. Mecanismos de reclamação e reparos
38. Existem vários mecanismos: (a) Os Conselhos Locais de Controle Social passam as reclamações
diretamente para o BF ou para os Conselhos Municipais e Estaduais; e (b) as reclamações são
direcionadas pela FUNAI para o programa BF; (c) página da Internet para enviar reclamações e outras
observações sobre o BF.
153
A tabela a seguir resume como a estratégia do Brasil para povos indígenas e comunidades quilombolas cumpre as políticas requeridas pela
OP/BP4.10:
Anexo B da
OP/BP4.10 Atividades requeridas pela
política Termos de conformidade resumidos no Anexo 10
(a) Revisão da estrutura legal e
institucional. Informações
básicas sobre características
demográficas, sociais,
culturais e políticas das
populações indígenas, seus
territórios e recursos naturais
dos quais elas dependem
A estrutura legal inclui leis derivadas da Constituição de 1988 e a Convenção 169 da OIT
sobre Povos Indígenas, que foi ratificada pelo Decreto Presidencial 5051/2004.
Para os Quilombolas, os documentos legais tais como o Decreto 4487/2003, a norma
operacional (portaria) 98/2007 e a norma 49/2008 abrangem a autoidentificação, os
procedimentos específicos de cadastramento e os direitos da terra dessa população, entre
outras questões.
O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) também tem suas próprias normas
operacionais para comunidades indígenas e Quilombolas (ver portarias 350/2007, 321/2008,
341/2008 e 376/2008).
O governo brasileiro lançou uma nova versão do questionário do Cadastro Único
(instrumento de direcionamento usado pelo BF) em 2009, que inclui perguntas específicas
de autoidentificação.
Para obter mais informações sobre os documentos e as disposições legais para as populações
indígenas e quilombolas, consulte a seção VII, parágrafo 23 deste Anexo.
O MDS criou uma unidade formada por cinco funcionários com dedicação em tempo
integral para as Populações Tradicionais.
A Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural (SID) preparou um perfil completo sobre
as características das Populações Tradicionais do Brasil. O MDS também coleta
informações sobre as comunidades Quilombolas em uma base regular juntamente com
outras instituições governamentais. (b) Resumo da avaliação social O Bolsa Família avalia regularmente os impactos do programa em dimensões tais como
capacitação dos beneficiários, capital social e gênero. Os estudos qualitativos que medem os
impactos do BF e do Agente Jovem nessas dimensões incluem:
O Programa Bolsa Família e o Enfrentamento das desigualdades de gênero..., por M.
Suarez e M. Libardoni.
Avaliação do TCU sobre o Projeto Agente Jovem, pelo Tribunal de Contas da União.
Considerações sobre o Programa Bolsa Família: implicações para o empoderamento e a
autonomia das mulheres, por Delaine Martins Costa.
O Programa Bolsa Família: seus efeitos econômicos e sociais na região Nordeste do
Brasil, por Rosangela dos Santos Alves Pequeno.
154
Anexo B da
OP/BP4.10 Atividades requeridas pela
política Termos de conformidade resumidos no Anexo 10
(c) Resumo das consultas O governo brasileiro implementou uma ampla estratégia para os Povos Indígenas e os
Quilombolas, que engloba várias consultas com essas populações antes e durante a
execução do Projeto.
Em 2008, foram feitas consultas em 18 estudos de casos com 6 conselhos estaduais de
controle social (Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rondônia, São Paulo) e 12
conselhos municipais de controle social nos mesmos estados.
Também foram feitas consultas com as famílias e os indivíduos durante o
cadastramento. O programa cadastrou famílias indígenas sob demanda das lideranças
comunitárias. Entre esses processos de consulta, estão:
o Comunidades indígenas: Guarani em Dourados (MS); Xavante em Campinápolis
(MT); Potiguara na Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto (PB) e São Gabriel da
Cachoeira67
(AM).
o Comunidades quilombolas: Alagoas (26 municípios), Amapá (3 municípios), Mato
Grosso (6 municípios), Tocantins (11 municípios); Itapecuru-Mirim (MA),
Alcântara (MA), Queimada Nova (PI), Oriximiná (PA), Januária (MG), Bom Jesus
da Lapa (BA), Minas Novas (MG), São Lourenço do Sul (RS).
Em maio de 2009, o MDS organizou workshops em Brasília com interessados de áreas
com uma grande proporção de famílias indígenas e quilombolas.
Os desafios identificados nesses exercícios incluem:
A capacidade dos conselhos de controle social varia bastante, sendo importante
fortalecê-los com um padrão mínimo.
O desenvolvimento de capacidades na forma de treinamento é um desafio mesmo para
os conselhos mais estruturados.
Os beneficiários precisam de mais informações sobre controle social e o PBF, e essas
informações precisam ser adaptadas ao seu nível de leitura.
Os municípios enfrentam dificuldades logísticas na prestação de serviços para
comunidades remotas e de difícil acesso
67
São Gabriel da Cachoeira tem 40.000 habitantes, 80% dos quais são indígenas de 23 grupos étnicos diferentes.
155
Anexo B da
OP/BP4.10 Atividades requeridas pela
política Termos de conformidade resumidos no Anexo 10
Os municípios também têm poucos conhecimentos sobre as comunidades e a cultura
indígena e quilombola, bem como sobre os princípios de autoidentificação.
Muitos beneficiários potenciais carecem de qualquer forma de identificação.
(d) Estrutura para consultas com
as populações indígenas
durante a implementação do
projeto
Em 2005, o MDS criou um Grupo de Trabalho sobre Populações e Comunidades
Tradicionais, com 10 antropólogos de todas as secretarias dos ministérios.
Em 2008, o Cadastro Único criou uma unidade específica para esse tema, subordinada
à SENARC. Essa unidade será posteriormente formalizada como uma Coordenação
Geral. Inclui cinco funcionários, dois dos quais são sociólogos.
O MDS organizou parcerias com FUNAI, FUNASA, FOIRN, INCRA, Fundação
Cultural Palmares, INCRE e SEPPIR, todas as quais trabalham com populações
indígenas e quilombolas. Essas parcerias buscam melhorar a inclusão das populações
indígenas e quilombolas e melhorar o suprimento de serviços básicos para elas.
O BF também tem um Guia especial para Cadastramento de Famílias Indígenas /
Quilombolas, que é voltado para os gestores municipais, o pessoal do programa e
outros prestadores de serviços que trabalham diretamente com as comunidades.
Os documentos do programa foram traduzidos para Guarani e Xavante para facilitar o
processo de cadastramento e conformidade.
Além disso, certas disposições foram implementadas para garantir que todos os
beneficiários sejam incluídos no Programa. Por exemplo, o Cadastramento não deve ser
feito durante períodos de grande intensidade de trabalho (agenda agrícola e ritual). (e) Plano de ação de medidas
para garantir que as
populações indígenas
recebam benefícios sociais e
econômicos de uma maneira
culturalmente adequada
O Governo do Brasil continuará a utilizar as estratégias iniciadas em 2006 e reforçadas
desde 2008. Isso inclui a distribuição de guias para cadastramento de populações
tradicionais, que complementam o novo formulário para o Cadastro Único lançado no
final de 2009.
A nova estratégia inclui a busca ativa das famílias quilombolas pelos gestores
municipais; guias sobre como preencher o novo questionário do Cadastro Único para
melhorar o cadastramento das famílias tradicionais; atividades complementares para
essas comunidades para aprimorar os benefícios básicos do programa; atenção especial
para a falta de conformidade dos beneficiários indígenas ou quilombolas a fim de
identificar os obstáculos; e atividades de geração de renda através da Carteira
Indígena.
156
Anexo B da
OP/BP4.10 Atividades requeridas pela
política Termos de conformidade resumidos no Anexo 10
(f) Depois de identificados os
efeitos adversos potenciais,
plano de ação para evitar ou
atenuar esses efeitos
N/D
(g) Estimativas de custos e
financiamento para o IPP Não existe orçamento separado para populações indígenas. Os custos de triagem,
cadastramento de indígenas e quilombolas, avaliações, entrega de CCTs, treinamento dos
interessados, M&A estão incluídos no Programa em geral. (h) Procedimento para
tratamento de reclamações Existem vários mecanismos: (a) Os Conselhos Locais de Controle Social passam as
reclamações diretamente para o BF ou para os Conselhos Municipais e Estaduais; (b) as
reclamações são tratadas pela FUNAI para o programa BF; (c) página da Internet para receber
reclamações e outras observações sobre o BF.
(i) Mecanismos de
monitoração, avaliação e
notificação dos resultados do
programa para o IPP
Os mecanismos existentes para monitoramento, avaliação e notificação sobre a implementação
da estratégia para populações indígenas e quilombolas são os mesmos usados para os
beneficiários do BF em geral.
157
Anexo 11: Preparação e supervisão do projeto
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
Planejado Real
Revisão PCN 28/4/2009 28/4/2009 PID inicial para PIC 22/6/2009 22/6/2009 ISDS inicial para PIC 26/6/2009 26/6/2009 Avaliação 10/11/2009 13/11/2010 Negociações 13/1/2009 13/7/2010 Aprovação Diretoria/VPR 21/9/2010 Data prevista para entrada em vigor 1/12/2010 Data prevista para revisão
intermediária 30/6/2013
Data prevista de encerramento 30/12/2015
Principais instituições responsáveis pela preparação do Projeto:
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Pessoal do Banco Mundial e consultores que trabalharam no Projeto:
Nome Cargo Unidade Manuel Salazar Gerente de Tarefas LCSHS Bénédicte de la Brière Especialista em Proteção
Social Sr. MNSSP
Francisco Ochoa Consultor ET LCSHS Susana Amaral Especialista em Gestão
Financeira LCSFM
Catarina Portelo Frederico Rabello
Consultor Sr. Especialista em Aquisições
LEGLA LCSPT
Ximena Traa-Valarezo Alberto Ninio
Consultor ET (Especialista
Social) Chefe do Conselho
LCSHH LEGEN
Romero Barreto Rocha Consultor ET LCSHD Suzana Abbott Consultor LCSHD Jason Hobbs Consultor LCSHD Laudo Bernardes Consultor LCSHS Lerick Kebeck Assistente de Programas Sr. LCC5C Carla Zardo Assistente de Programas LCSHS Patricia Bernedo Assistente de Programas Sr. LCSHS Patricia Orna Assistente de Programas -
Idiomas LCSHS
Margaret Walsh Revisor de Iguais HDNSP T. Jones Revisor de Iguais LCSHS Rogelio Gómez Revisor de Iguais Fabio Veras Soares Revisor de Iguais
Fundos do Banco gastos até a data na preparação do projeto:
1. Recursos do Banco: US$890.000
2. Fundos fiduciários: N/D
3. Total: US$890.000
Custos estimados para aprovação e supervisão:
Custos restantes para aprovação: 0
158
Custo estimado anual para supervisão: US$88.000,00
Anexo 12: Documentos no Arquivo do Projeto
BRASIL: SEGUNDA FASE DO PROJETO BOLSA FAMÍLIA (APL 2)
1. Consultoria Técnica para Elaboração de Guia para Orientar o Cadastramento de Famílias de
Comunidades Quilombolas. Brasília, junho de 2009.
2. Consultoria técnica para elaboração de relatório contendo a sistematização das informações
sobre experiências de adestramento de famílias indígenas, contendo estimativas e
localização dos povos e etnias, desagregadas por município, por estado e por famílias,
Brasília, julho de 2009.
3. Financial Management Practices in World Bank Financed Investments Operations as of
November 3, 2005; Implementing Output- Based Disbursement mechanisms for investment
operations of April 2, 2007.
4. Lindert, Kathy et al. 2007. The Nuts and Bolts of Brazil’s Bolsa Família Program:
Implementing Conditional Cash Transfers in a Decentralized Context. Social Protection
Working Paper No. 0709, Banco Mundial.
5. Ministério de Desenvolvimento Social – Secretaria Executiva “Consolidação do Programa
Bolsa Família e Apoio ao Compromisso Nacional Pelo Desenvolvimento Social”, Carta
Consulta à Comissão de Financiamentos Externos –COFIEX, Minuta 2, Brasília, Setembro
de 2008.
6. Ministério de Desenvolvimento Social “Documento de Avaliação de Projeto Sobre uma
Proposta de Empréstimo no valor de US$ 200 milhões ao governo do Brasil para um
Projeto de Consolidação do Programa Bolsa Família e Apoio ao Compromisso Nacional
Pelo Desenvolvimento Social”, Brasília, Novembro de 2009.
7. Núcleo de Pesquisas, Informações e Políticas Públicas da Universidade Federal
Fluminense-Data UFF e SAGI. 2009. Estudos de Caso sobre Controle Social do Programa
Bolsa Família.
8. Oliveira Silva, Oliveira Souza e Pacheco Santos, 2008 in Caderno de Estudos 9 p. 42.
9. Sobre o declínio da desigualdade brasileira na última década, consulte Barros et al. (2006) e
Ferreira et al. (2008a).
10. Políticas Sociais e Chamadas Nutricional Quilombola: Estudos sobre Condições de Vida
nas Comunidades e Situação Nutricional das Crianças, Cadernos de Estudos
Desenvolvimento Social em Debate, Número 9.
11. Povos Indígenas: Um Registro das Ações de Desenvolvimento Social, Cadernos de Estudos
Desenvolvimento Social em Debate, Número 10.
12. Relatório Analítico para levantamento de experiências de cadastramento de povos
indígenas, Brasília, abril de 2009.
13. Relatório Analítico para Levantamento de Experiências de Cadastramento de Famílias
Quilombolas, Abril de 2009.
14. Rosani Cunha, Entitlement to Income in Brazil: the Experience of the Bolsa Família
Programme.
15. Banco Mundial. 2007. “Control and Accountability Mechanisms in Conditional Cash
Transfer Programs.” Operational Innovations in Latin America and the Caribbean 1.1
159
Anexo 13: Demonstrativo de empréstimos e créditos
BRASIL: Segundo Proejto Bolsa Família (APL 2)
Montante original em US$
milhões
Diferença entre
desembolsos
previstos e reais
ID do
projeto EF Propósito BIRD AID SF GEF Cancel. Não
desemb. Orig. Frm.
Rev.
P106663
P111665
2011
2011
BR – AF para Projeto
de Rodovias Vicinais
do Estado de São
Paulo
BR- DPL Consolid.
Fiscal Munic. RJ
326,77
1.045,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
326,77
1.045,00
0,00
0,00
0,00
0,00
P101508 2010 BR-
Desenvolvimento
Rural Sustentável RJ
39,50 0,00 0,00 0,00 0,00 36,59 2,83 0,00
P108654 2010 BR Água Sustentável
Pernambuco 190,00 0,00 0,00 0,00 0,00 189,53 0,51 0,00
P108443 2010 BR Des. Rural
Sust.SP e Acesso aos
Mercados
78,00 0,00 0,00 0,00 0,00 78,00 0,50 0,00
P104995 2010 BR APL5 Municipal:
Santos 44,00 0,00 0,00 0,00 0,00 43,89 2,67 0,00
P106703 2010 BR SP ReÁgua 64,50 0,00 0,00 0,00 0,00 64,50 0,21 0,00
P106663 2010 BR Projeto de
Rodovias Vicinais
São Paulo
166,65 0,00 0,00 0,00 0,00 12,48 -
153,75 0,00
P106390 2010 BR SP METRO
LINHA 4 (FASE 2) 130,00 0,00 0,00 0,00 0,00 130,00 0,00 0,00
P099469 2010 BR (APL2) 2o.
Nacional Ambiental 24,30 0,00 0,00 0,00 0,00 24,24 0,00 0,00
P111996 2010 BR RJ Transp.
Público II 211,70 0,00 0,00 0,00 0,00 193,89 -17,28 0,00
P113540 2010 BR AIDS-SUS 67,00 0,00 0,00 0,00 0,00 67,00 0,00 0,00
P006553 2010 BR SP APL Gestão
Água Integr. 104,00 0,00 0,00 0,00 0,00 103,75 20,28 0,00
P118410 2010 BR Rodovias Mato
Grosso do Sul 300,00 0,00 0,00 0,00 0,00 300,00 0,00 0,00
P114204 2010 Reabilitação
ELETROBRAS
Distribuidora
495,00 0,00 0,00 0,00 0,00 495,00 0,00 0,00
P116170 2010 BR Metro São Paulo
Linha5 650,40 0,00 0,00 0,00 0,00 650,40 0,00 0,00
P104752 2009 BR Paraíba 2a. Red.
Pob.Rural 20,90 0,00 0,00 0,00 0,00 20,85 0,00 0,00
P094315 2009 BR APL4 Municipal:
São Luís 35,64 0,00 0,00 0,00 0,00 33,49 -1,71 0,00
160
P095205 2009 BR 1o. Prog. DPL
para Gestão Amb.
Sust.
1.300,00 0,00 0,00 0,00 0,00 500,00 -
795,45 0,00
P099369 2009 BR Desenv. Regional
Ceará 46,00 0,00 0,00 0,00 0,00 45,13 -0,46 0,00
P106208 2009 BR Contab. Result.
Educ. Pernambuco 154,00 0,00 0,00 0,00 0,00 97,84 15,62 0,00
P110614 2009 BR: Proj. Int. Est.
Sergipe: Pob. Rural 20,80 0,00 0,00 0,00 0,00 16,04 4,13 0,00
P107843 2009 BR Proj. Fed Gestão
Multissetorial Distr. 130,00 0,00 0,00 0,00 0,00 129,68 46,74 0,00
P107146 2009 BR Inclusão Econ.
Social Acre 120,00 0,00 0,00 0,00 0,00 97,92 -0,11 0,00
P106767 2009 BR RGS DPL
Sustent. Fiscal 1.100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 450,00 450,00 0,00
P106765 2009 BR Ceará - Cresc.
Inclusivo (SWAp II) 240,00 0,00 0,00 0,00 0,00 119,66 37,35 0,00
P088716 2009 BR Formação e Qual.
Rede Saúde 235,00 0,00 0,00 0,00 0,00 234,41 10,27 0,00
P101324 2008 BR-Second Minas
Gerais Dev't
PArtnership
1.437,00 0,00 0,00 0,00 0,00 589,04 11,77 0,00
P106038 2008 BR São Paulo Trens e
Sinaliz. 550,00 0,00 0,00 0,00 0,00 283,25 165,20 0,00
P095626 2008 BR (APL2)Extensão
Saúde Família 2o.
APL
83,45 0,00 0,00 0,00 0,00 70,24 27,40 0,00
P083997 2008 BR Alto Solimões
Serviços Básicos e
Sust
24,25 0,00 0,00 0,00 0,00 18,93 5,36 0,00
P088966 2008 BR APL3 Municipal:
Teresina 31,13 0,00 0,00 0,00 0,00 28,48 7,60 0,00
P094199 2008 BR-(APL) RS
(Pelotas) Integr. Mun.
Dev.
54,38 0,00 0,00 0,00 0,00 39,31 11,06 0,00
P089013 2008 BR APL Municipal:
Recife 32,76 0,00 0,00 0,00 0,00 32,68 18,12 0,00
P089929 2008 BR RGN Gestão
Integ. Águas Res. 35,90 0,00 0,00 0,00 0,00 30,11 22,96 0,00
P082651 2007 BR APL 1 Pará Des.
Rural Integr. 60,00 0,00 0,00 0,00 0,00 51,20 48,87 0,00
P089011 2007 BR APL1 Municipal:
Uberaba 17,27 0,00 0,00 0,00 0,00 10,02 8,12 0,00
P089793 2007 BR Reforma Pens.
Est. TAL II 5,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,99 3,75 0,00
P095460 2007 BR-Bahia Gestão
Expres. Integr. 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 68,35 18,22 0,00
P081436 2006 BR-Bahia Des. 49,30 0,00 0,00 0,00 0,00 38,96 38,96 0,00
161
Integr.Áreas Urb.
Pobres
P050761 2006 BR-Setor Habit.TAL 4,00 0,00 0,00 0,00 2,70 0,65 3,35 -0,47
P093787 2006 BR Bahia Proj. Integ.
Pob.Rur 84,35 0,00 0,00 0,00 0,00 30,00 0,00 0,00
P089440 2006 BR-Brasília Ambient.
Sustentável 57,64 0,00 0,00 0,00 0,00 21,22 21,22 0,00
P092990 2006 BR - Proj. Transp.
Rodov. 501,25 0,00 0,00 0,00 0,00 164,04 164,04 0,00
P090041 2006 BR TAL AGENDA
AMBIENT. SUST. 8,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,78 4,75 2,61
P076924 2005 BR- Comunidades
Sustentáveis Amapá 4,80 0,00 0,00 0,00 0,23 1,78 2,01 1,78
P083533 2005 BR TA-Sustent.
Cresc. Patrim. 12,12 0,00 0,00 0,00 0,00 7,45 7,45 0,00
P087711 2005 BR Espirito Santo
Wtr & Coastal Pollu 107,50 0,00 0,00 0,00 0,00 16,57 -54,75 -22,75
P060573 2004 BR Desenv. Regional
Sustent. Tocantins 60,00 0,00 0,00 0,00 0,00 13,99 13,99 0,00
P076977 2003 BR-Proj. TA Setor
Energia 12,12 0,00 0,00 0,00 0,00 4,74 4,74 0,00
P049265 2003 BR-PROJ.
MELHORIA
URBANA RECIFE
46,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,91 6,91 0,00
P066170 2002 BR-RGN Red.
Pobreza Rural 45,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,66 -15,78 6,72
P060221 2002 BR FORTALEZA -
PROJ.
TRANSPORTE
METROP.
85,00 0,00 0,00 0,00 62,60 4,93 58,01 6,30
P051696 2002 BR SÃO PAULO
PROJ. METRO
LINHA 4
304,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,51 -89,25 5,75
P006449 2000 BR CEARA WTR
MGT PROGERIRH
SIM
239,00 0,00 0,00 0,00 0,00 87,05 -15,69 4,64
Total: 11.390,31
0.00
0.00
0.00 65.53 7.147,83
120.74 4.58
BRASIL
DEMONSTRATIVO IFC
Carteira Mantida e Desemb.
Em milhões de USD
Comprometido Desembolsado
IFC IFC
Aprovação Empresa Empréstimo Capital Quasi Partic. Empréstimo Capital Quasi Partic.
162
EF
2005 ABN
AMRO
REAL
98,00 0,00 0,00 0,00 15,77 0,00 0,00 0,00
2005 ABN
AMRO
REAL
98,00 0,00 0,00 0,00 15,77 0,00 0,00 0,00
2001 AG
Concession 0,00 30,00 0,00 0,00 0,00 30,00 0,00 0,00
2002 Amaggi 17,14 0,00 0,00 0,00 17,14 0,00 0,00 0,00
2005 Amaggi 30,00 0,00 0,00 0,00 30,00 0,00 0,00 0,00
2002 Andrade G.
SA 22,00 0,00 10,00 12,12 22,00 0,00 10,00 12,12
2001 Apolo 6,04 0,00 0,00 0,00 3,54 0,00 0,00 0,00
1998 Arteb 20,00 0,00 0,00 18,33 20,00 0,00 0,00 18,33
2006 BBM 49,40 0,00 0,00 0,00 49,40 0,00 0,00 0,00
2001 Brasil
CGFund 0,00 19,75 0,00 0,00 0,00 18,15 0,00 0,00
2004 CGTF 54,01 0,00 7,00 65,12 54,01 0,00 7,00 65,12
1994 CHAPECO 10,00 0,00 0,00 0,00 10,00 0,00 0,00 0,00
1996 CHAPECO 1,50 0,00 0,00 5,26 1,50 0,00 0,00 5,26
2003 CPFL
Energia 0,00 40,00 0,00 0,00 0,00 40,00 0,00 0,00
1996 CTBC
Telecom 3,00 8,00 0,00 0,00 3,00 8,00 0,00 0,00
1997 CTBC
Telecom 0,00 6,54 0,00 0,00 0,00 6,54 0,00 0,00
1999 Cibrasec 0,00 3,27 0,00 0,00 0,00 3,27 0,00 0,00
2004 Comgas 11,90 0,00 0,00 11,54 11,90 0,00 0,00 11,54
2005 Cosan S.A. 50,00 5,00 15,00 0,00 50,00 5,00 15,00 0,00
Coteminas 0,00 1,84 0,00 0,00 0,00 1,84 0,00 0,00
1997 Coteminas 1,85 1,25 0,00 0,00 1,85 1,25 0,00 0,00
2000 Coteminas 0,00 0,18 0,00 0,00 0,00 0,18 0,00 0,00
1980 DENPASA 0,00 0,52 0,00 0,00 0,00 0,48 0,00 0,00
1992 DENPASA 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00
Dixie Toga 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,34 0,00 0,00
1998 Dixie Toga 0,00 10,03 0,00 0,00 0,00 10,03 0,00 0,00
1997 Duratex 1,36 0,00 3,00 0,57 1,36 0,00 3,00 0,57
2005 EMBRAER 35,00 0,00 0,00 145,00 35,00 0,00 0,00 145,00
1999 Eliane 14,93 0,00 13,00 0,00 14,93 0,00 13,00 0,00
1998 Empesca 1,33 0,00 2,67 0,00 1,33 0,00 2,67 0,00
2006 Endesa
Brasil 0,00 50,00 0,00 0,00 0,00 50,00 0,00 0,00
2006 Enerbrasil 0,00 5,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
163
Ltda
2006 FEBR 12,00 0,00 0,00 0,00 12,00 0,00 0,00 0,00
2000 Fleury 0,00 0,00 6,00 0,00 0,00 0,00 6,00 0,00
1998 Fras-le 4,00 0,00 9,34 0,00 4,00 0,00 6,04 0,00
2006 GOL 50,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2005 GP Capital
III 0,00 14,00 0,00 0,00 0,00 0,14 0,00 0,00
GP Cptl
Rstrctd 0,00 2,22 0,00 0,00 0,00 2,16 0,00 0,00
2001 GPC 0,00 0,00 9,00 0,00 0,00 0,00 9,00 0,00
GTFP BIC
Banco 44,91 0,00 0,00 0,00 44,91 0,00 0,00 0,00
GTFP BM
Brazil 4,22 0,00 0,00 0,00 4,22 0,00 0,00 0,00
GTFP
Indusval 5,00 0,00 0,00 0,00 5,00 0,00 0,00 0,00
1997 Guilman-
Amorim 18,08 0,00 0,00 14,37 18,08 0,00 0,00 14,37
1998 Icatu
Equity 0,00 5,46 0,00 0,00 0,00 4,16 0,00 0,00
1999 Innova SA 0,00 5,00 0,00 0,00 0,00 5,00 0,00 0,00
1980 Ipiranga 0,00 2,87 0,00 0,00 0,00 2,87 0,00 0,00
1987 Ipiranga 0,00 0,54 0,00 0,00 0,00 0,54 0,00 0,00
2006 Ipiranga 50,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2006 Itambe 15,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2000 Itau-BBA 12,86 0,00 0,00 0,00 12,86 0,00 0,00 0,00
2002 Itau-BBA 70,61 0,00 0,00 0,00 38,47 0,00 0,00 0,00
1999 JOSAPAR 7,57 0,00 7,00 0,00 2,57 0,00 7,00 0,00
2005 Lojas
Americanas 35,00 0,00 0,00 0,00 35,00 0,00 0,00 0,00
1992 MBR 0,00 0,00 10,00 0,00 0,00 0,00 10,00 0,00
2006 MRS 50,00 0,00 0,00 50,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2002 Microinvest 0,00 1,25 0,00 0,00 0,00 0,82 0,00 0,00
Net
Serviços 0,00 10,93 0,00 0,00 0,00 10,93 0,00 0,00
2002 Net
Serviços 0,00 1,60 0,00 0,00 0,00 1,60 0,00 0,00
2005 Net
Serviços 0,00 5,08 0,00 0,00 0,00 5,08 0,00 0,00
1994 Para
Pigmentos 2,15 0,00 9,00 0,00 2,15 0,00 9,00 0,00
1994 Portobello 0,00 0,59 0,00 0,00 0,00 0,59 0,00 0,00
2000 Portobello 4,28 0,00 7,00 0,00 4,28 0,00 7,00 0,00
2002 Portobello 0,00 0,90 0,00 0,00 0,00 0,90 0,00 0,00
2000 Puras 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00
164
2003 Queiroz
Galvão 26,67 0,00 10,00 0,00 26,67 0,00 10,00 0,00
2004 Queiroz
Galvão 0,60 0,00 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00
2006 RBSec 22,83 1,51 0,00 0,00 0,00 1,51 0,00 0,00
Randon
Impl Part 2,33 0,00 3,00 0,00 2,33 0,00 3,00 0,00
1997 Sadia 2,55 0,00 2,33 3,28 2,55 0,00 2,33 3,28
1997 Samarco 3,60 0,00 0,00 0,00 3,60 0,00 0,00 0,00
1998 Saraiva 0,00 1,24 0,00 0,00 0,00 1,24 0,00 0,00
2000 Sepetiba 26,24 0,00 5,00 0,00 11,24 0,00 5,00 0,00
2002 Suape ICT 6,00 0,00 0,00 0,00 6,00 0,00 0,00 0,00
1999 Sudamerica 0,00 7,35 0,00 0,00 0,00 7,35 0,00 0,00
2006 Suzano
petroq 50,00 0,00 10,00 140,00 39,50 0,00 10,00 110,50
2001 Synteko 11,57 0,00 0,00 0,00 11,57 0,00 0,00 0,00
2006 TAM 50,00 0,00 0,00 0,00 17,00 0,00 0,00 0,00
1998 Tecon Rio
Grande 3,55 0,00 5,50 3,71 3,55 0,00 5,50 3,71
2004 Tecon Rio
Grande 7,87 0,00 0,00 7,76 7,59 0,00 0,00 7,48
2001 Tecon
Salvador 2,95 1,00 0,00 3,10 2,95 0,77 0,00 3,10
2003 Tecon
Salvador 0,00 0,55 0,00 0,00 0,00 0,55 0,00 0,00
2004 TriBanco 10,00 0,00 0,00 0,00 10,00 0,00 0,00 0,00
2006 TriBanco 0,35 0,00 0,00 0,00 0,35 0,00 0,00 0,00
2002 UP
Offshore 9,01 9,51 0,00 23,29 0,00 2,51 0,00 0,00
2002 Unibanco 16,89 0,00 0,00 0,00 16,89 0,00 0,00 0,00
Total da
carteira: 1,164.15
253.88
144.84
503.45 703.91
223.86
141.54
400.38
Compromisso Pendente Aprovação
Aprovaçã
o EF Empresa Emprés
t. Capital Quasi Partic.
2000 BBA 0,01 0,00 0,00 0,00
1999 Cibrasec 0,00 0,00 0,00 0,00
2006 Ipiranga II 0,00 0,00 0,00 0,10
2002 Banco Itau-BBA 0,00 0,00 0,00 0,10
Total compromissos
pendentes: 0.01 0.00 0.00 0.20