\Jvn resgate histórico - Conselho Federal da OAB

438
y OAB RORAIMA \Jvn resgate histórico Antonio Oneildo Ferreira Presidente da OAB/RR J.V. Moraes Autor

Transcript of \Jvn resgate histórico - Conselho Federal da OAB

y

OABRORAIMA\Jvn resgate histórico

A n to n io O neildo F e rre iraPresidente da OAB/RR

J.V . M o rae sAutor

Oh! Bendito o que semeia livros... livros de mão cheia...

E manda o povo pensar! (Castro Alves)

J.V. MORAES

OAB RORAIMAUm resgate histórico

Boa Vista - Roraima 2009

Copyright @ 2006 by J. V. Moraes

Coordenação Editorial & Editoração Eletrônica J.V. Moraes

Arte da CapaHeloisio S. Lobato Porto

Foto da CapaJorge Macêdo

RevisãoMUton José Piovesan

Dados Internacionais de Catalogação*na-publicação (CIP) Elaborada pela Bibliotecária Shirdoill Batalha - CRB 573

M827o Moraes, J. V.OAB Roraima: um resgate histórico / J. V. Moraes.

Boa Vista: Edição da OAB/RR, 2009.432 p. : il

1 — História do Direito. 2 — Ordem dos Advogados do Brasil. 3 - Direitos Humanos. 4 - Roraima. I Título.

C D U - 340(09)

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, através de quaisquer meios, desde que citada a fonte.

AGRADECIMENTOS

Queremos registrar aqui nossos agradecimentos a todas aquelas pessoas que colaboraram pessoalmente, e de boa vontade, com nossa pesquisa de campo, que resultou no resgate da história da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima.

Assim sendo, nosso muito obrigado:Presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, que conven­

ceu-nos a realizar esse trabalho envolvente e construtivo;Ex-presidentes da OAB Roraima: Almiro José Mello Padilha,

Ednaldo do Nascimento Silva, Wedner Moreira Cavalcante, Paulo Batista Gomes, Zelite Andrade Carneiro e Nelson da Costa;

Advogados Areolino Pires Pereira, Luiz Rosalvo Indruziak Fin, João Pujucan Pinto Souto Maior, Wilson Roberto Ferreira Précoma, Lavoisier Amoud da Silveira, Alci da Rocha, José de Almeida Coelho, Edmundo Evelin Coelho;

Advogadas Antonieta Magalhães Aguiar e Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro;

Elcilene Leitão de Oliveira, Lucília de Jesus Santos Nascimento, Luciana Moreira Sousa e Rebecca Carvalho de Assis, funcionárias da OAB/RR;

Economista Getúlio Alberto de Souza Cruz, jornalistas Paula Cruz, Jessé Souza e Shirley Rodrigues, da Folha de Boa Vista;

Etienne dos Santos N ogueira e Simone M enezes Fonteles, funcionárias da Folha;

Valter Buss, Francisca Lumésia da Costa Ribeiro e Franklin Luiz Mendes de Carvalho, da Imprensa Oficial;

Eudiene Martins e Aurilene de Oliveira Magalhães, do Brasil Norte;Gilberto Rosas, presidente do Sindsep-RR;

Luis Cláudio de Jesus Silva, do Tribunal de Justiça de Roraima; Raimundo Nonato Gomes dos Santos e Maurício Zouen, da

Universidade Federal de Roraima;Michel Ângelo dos Santos Silva, da Editora da UFRR;Francisco Moreira Holanda, da Gráfica Forbías;Maria Gleice Diogo da Fonseca, do Museu Integrado de Roraima; Maria Meire Saraiva Lima, da Casa da Cultura;Galvào Soares e Jacy de Souza Soares, do Espaço Cultural Marreta; Cristiana Benício Vieira, da Faculdade Roraimense de Ensino

Superior (Fares).Plínio Vicente, Laucides O liveira, Fernando Q uintella e Ney

Costa, os jornalistas;Maria Salete Aires Saraiva, viúva de Hesmone Saraiva Grangeiro; Alvanete Pereira Torres e Silva, irmã de Paulo Pereira Coelho; Ana Maria Leite, viúva dc Silvio Sebastião de Castro Leite;Elenilce Rodrigues de Sousa, Roberto Serafim Silva, Fabrício

Furtado Almeida, Mauro Célio G da Costa e Geovan Sousa, da Copynet; Otoniel Ferreira de Souza com sua memória de computador.

SUMARIO

Apresentação: Antonio Oneildo Ferreira................................................. 9

1. Palavras Iniciais......................................................................................13

2. Histórico da Ordem dos Advogados do B rasil.................................. 15

3. Conselho Federal & Conselhos Seccionais....................................... 20

4. Ordem dos Advogados do Brasil em R oraim a..................................27

5. Realizações da OAB/RR (1979 - 2 0 0 6 ).............................................38

5.1. Primeiro Conselho (1979- 1981).........................................42

5.2 Segundo Conselho (1981 - 1983)............................................53

5.3. Terceiro Conselho (1983 - 1985).......................................... 69

5.4. Quarto Conselho (1985 - 1987)............................................79

5.5. Quinto Conselho (1987- 1989).............................................92

5.6. Sexto Conselho (1989- 1991)............................................. 107

5.7. Sétimo Conselho (1991 - 1993)..........................................121

5.8. Oitavo Conselho (1993 -1 9 9 5 )........................................... 143

5.9. Nono Conselho (1995 -1 9 9 7 ).............................................163

5 .10. Décimo Conselho (1998- 2000)........................................198

5.11. Décimo Primeiro Conselho (2001 - 2003).....................223

5.12. Décimo Segundo Conselho (2004 - 2006).....................266

6. Direitos e Prerrogativas...................................................................... 327

7. Audiências Públicas.............................................................................337

8. Concursos Públicos............................................................................ 353

9. Caso Paulo C oelho ............................................................................. 372

10. Perfil dos Ex-Presidentes................................................................. 400

10.1. Hesmone Saraiva G rangeiro..............................................401

10.2. Zelite Andrade Carneiro..................................................... 404

10.3. Paulo Batista G om es...........................................................407

10.4. Nelson da C o sta .................................................................. 409

10.5. Wedner Moreira Cavalcante...............................................412

10.6. Almiro José Mello Padilha.................................................414

10.7. Ednaldo do Nascimento S ilva............................................417

10.8. Antonio Oneildo Ferreira................................................... 420

11. Palavras Finais.................................................................................. 424

Abreviaturas & Siglas............................................................................. 426

Referências.............................................................................................. 428

O A uto r.....................................................................................................432

APRESENTAÇÃO

'm outubro de 2001, quando assumimos a Presidêneia da fOrdem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima,

constatamos a necessidade de se proceder um resgate histórico da entidade, com registro, sistematização de dados e fatos. Na ocasião fomos instados a m anifestar sobre fatos importantes, citamos como exemplo, o assassinato do conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho, que ao procurar nos arquivos, nada encontramos.

Pois bem. A partir desta inesperada constatação, procuramos saber as condições das pastas funcionais, atas, registros e demais arquivos, recebendo a estarrecedora informação de que estavam todos acomodados em condições inadequadas, o que ensejou uma completa revisão e atualização das pastas funcionais, despejo dos inquilinos consumidores de celulose (cupins e traças) e acomodação de todos os arquivos em compartimentos próprios.

Assim como a memória histórica administrativa, funcional, contábil e burocrática, também a história institucional da OAB/RR encontrava-se totalmente comprometida, já que perdida em documentos e papéis estragados e amontoados. Essa falta de registro refletia inclusive no meio dos advogados, já que poucos sabiam informar a data de instalação de sua entidade, bem como sabiam pouco sobre fatos históricos institucionais relevantes em que a OAB/RR foi protagonista ou contribuiu de forma destacada.

O trabalho que ora vem a lume supre, sem exaurir, de forma radical essa lacuna histórica institucional. É uma sistematização de dados e fatos colhidos de forma segura e responsável, já que utilizadas somente fontes objetivas e devidamente identificadas. Foram evitados todos os fatos controvertidos ou de teor subjetivo, mantendo o foco do presente trabalho

OAB ROR UMA

que c de registrar c historiar, com base em critérios metodológicos e científicos, a presença da OAB em Roraima.

Uma história que se confunde com a história de Roraima. A presença da OAB, como protagonista, no período historiado, em todos os fatos políticos e jurídicos institucionais relevantes deste Estado, a coloca numa condição ímpar, de grande destaque, como única entidade de classe a ocupar essa posição.

Há dois momentos, claramente identificados pelos fatos, no resgate histórico da OAB/RR. O primeiro, vai de sua fundação em 1979 até a instalação do novel Estado. Onde se constata um envolvimento combativo da Seccional de Roraima em atos somente praticados no período da ditadura militar, passando pelo intenso debate prc-constituinte c constituinte, com a realização de vários debates e seminários sobre esse tema. O segundo, a partir da instalação do Estado até novembro de 2006.

Este período, já sob os auspícios da atual Constituição, é marcado praticamente pela luta da Seccional para a institucionalização do Estado. Uma luta que não deveria ter acontecido, já que o texto constitucional é muito claro quanto a forma de organização e funcionam ento da Administração Pública. Contudo, a mentalidade dos governantes que instalaram o novo ente federativo, implementaram práticas e gestões totalmente fora do esquadro legal e constitucional.

Como exemplo, citamos a contratação dc servidores públicos sem a realização de concurso público, ferindo os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, bem como com a nomeação ilegal de membros do Tribunal de Justiça de Roraima. A luta pela regular c constitucional institucionalização dos poderes e dos quadros funcionais do Estado foi intensa e intransigente.

Neste combate a advocacia roraimense teve uma inestimável baixa: o assassinato do conselheiro federal da OAB, advogado Paulo Coelho. A história da institucionalização do Estado de Roraima é manchada com o sangue desse combativo advogado. Uma tragédia pessoal e institucional que não precisava ter acontecido, se os governantes, outrora constituintes de 1988, tivessem governado conforme a Constituição Republicana. N enhum a c lasse p ro fissiona l foi tão afetada e decisiva na institucionalização de Roraima quanto foi a da advocacia.

A história da OAB/RR acontece no cotidiano dos fatos, mas não

UM RESGATE HISTÓRICO

se perde nos seus meandros. Ela tem uma unidade construída pela consciência corporativa e institucional presente em todos os atos e fatos registrados. Institucionalidade que realça e destaca sua atuação e contribuição para o aperfeiçoamento da cultura e das instituições.

A presente obra tem o mérito de resgatar e registrar muitos atos e fatos institucionais de nossa história, embora muitos tenham se perdido, pela precariedade dos arquivos e registros, e outros, pela impossibilidade de acomodação em uma só obra. Mas, o conjunto atingiu plenamente os objetivos desejados, ficando o desafio para a construção de outras obras, não só para a atualização dessa história, como para expansão do caminho ora desbravado.

A limitação do resgate histórico da OAB/RR a novembro de 2006, com a eleição da atual Diretoria, atende a necessidade de esperar a fixação da tinta do registro dos atos e fatos recentes. O olhar não pode ser muito próximo, sob pena de ficar vinculado aos fatos, nem muito distante, a ponto de se perder na precariedade dos arquivos.

Por fim, cabe registrar que o presente trabalho não teria se concretizado se o autor não tivesse abraçado a causa com uma dedicação especial. Conhecemos J.V. Moraes através do livro de resgate histórico que ele fez para o Sindsep-RR. Descoberta que rendeu um tributo especial não só aos advogados, mas a toda sociedade roraimense.

Boa leitura.

Fratemalmente,

Antonio Oneildo Ferreira Presidente da OAB/RR

PALAVRAS INICIAIS

‘ ra uma vez... Não, não era uma vez. Vamos contar a história freal de uma personagem que tem 27 anos de idade (1979 -

2006). Mas sua origem data de 1843, ou seja, 163 anos atrás.Estamos falando da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional

de Roraima, de Hesmone Saraiva Grangeiro, Zelite Andrade Carneiro, Paulo Batista Gomes, Nelson da Costa, Wedner Moreira Cavalcante, Almiro Mello Padilha, Ednaldo do Nascimento Silva, Antonio Oneildo Ferreira, e de outros 500 e tantos advogados roraimenses.

O objetivo deste trabalho foi, desde o início, fazer um resgate histórico da jornada da OAB Roraima. Um projeto idealizado e acariciado por muitos anos pelo presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira. Projeto este, que, finalmente, depois de mais de um ano de exaustiva pesquisa e trabalho suado, foi concretizado para o bem geral da nação.

Começamos de mãos vazias. Na OAB não existia quase nada. Ninguém sabia a data certa da criação e nem da implantação da entidade.

Assim atravessamos mais de 365 dias de árdua batalha, para um exército de um homem só. Embora, no decorrer da pesquisa, contamos com a boa vontade e o apoio de muitos colaboradores, homenageados na página de agradecimentos. Puro merecimento.

Foram m eses e m eses ressuscitando arquivos de jo rnais, comparando textos, lendo livros, folheando atas, decodificando processos judiciais, examinando correspondências, fazendo xérox, gravando e transcrevendo entrevistas, conversando com pessoas, tirando dúvidas.

E, paralelamente, escrevendo e reescrevendo. Acrescentando e cortando textos. Comparando e buscando novas fontes, conferindo datas, grafia de nomes, autorias, etc.

OAB RORAIMA

Sobre os primeiros anos da OAB Roraima - final da década de 70 e início da década de 80 - encontramos pouco material escrito. O arquivo antigo da Ordem foi quase todo comido pelos cupins.

A imprensa de então era acanhada. E alguns arquivos de jornais da época - a exemplo da Folha de Roraima, O Observador e O Roraima - ninguém nos deu notícias do seu paradeiro. Tivemos acesso apenas a alguns poucos exemplares deles, ora picotados pelos cupins, ora carcomido pelo tempo.

Nossa salvação fo\ o Boletim Oficial, o Jornal Boa Vista e o Diário Oficial de Roraima, que por sinal, estão devidamente encadernados, protegidos e preservados nas dependências da Imprensa Oficial.

Superada a escassez de documentos escritos, tivemos que bancar o detetive para descobrir o paradeiro de três ex-presidentes da OAB/RR, que há muitos anos deixaram Roraima. Mas, contamos com a ajuda providencial do telefone e da Internet para contatá-los e entrevistá-los.

No final deu tudo certo. O plantio foi feito, a semente germinou, a árvore cresceu e produziu este fruto que está em suas mãos:

OAB Roraima: um resgate histórico.

HISTORICO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

A criação da Ordem dos Advogados do Brasil, como hoje é ..conhecida, passou por três estágios de crescimento até chegar

a sua maioridade. Ematuridade.Infância: Nasce no Rio de Janeiro o Instituto dos Advogados

Brasileiros (lAB), no dia 7 de agosto de 1843, no reinado do Imperador D. Pedro II. O primeiro presidente do lAB foi Francisco Ge de Acaiaba e Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha.

M ontezuma era form ado em D ireito pela U niversidade de Coimbra, em Portugal, e ficou à frente do Instituto no período de 1843 a 1851. Em razão do seu prestígio, posteriormente o Instituto ficou conhecido como Casa dc Montezuma.

Adolescência: Em 6 de dezembro de 1888, ano da Abolição da Escravatura e véspera da Proclamação da República (1889), surge o Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros (lOAB).

Maioridade: Finalmente, em 18 de novembro de 1930, o então presidente da República, Getúlio Vargas, assinou o Decreto r f 19.408, que criou a Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB).

O m esm o G etú lio Vargas, que em 1943 transform ou um município do norte do Amazonas em Território Federal do Rio Branco, 0 qual em 1962, no governo de João Goulart, teve seu nome mudado para Território Federal de Roraima.'

Território esse que, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi transformado no Estado de Roraima.

OAB RORAIMA

De olho na Ordem“A criação do Instituto dos Advogados Brasileiros (lAB) vem sendo

percebida pelos estudiosos como um desdobramento quase natural, por assim dizer, dos cursos de Direito, inaugurados no Brasil em 1827”.

O Instituto nasceu com o objetivo de disciplinar e moralizar os usos e costumes forenses, considerando que a profissão não era exercida apenas pelos bacharéis oriundos das faculdades de Direito. Ela era praticada também pelos advogados provisionados e os solicitadores. Enfim, profissionais sem formação acadêmica.

Sua criação objetivou também organizar a Ordem dos Advogados, em proveito geral da ciência da jurisprudência, além de resgatar e manter o respeito e a ética profissional entre a classe dos advogados. E, como demonstra o registro histórico abaixo, desde o início de sua jornada o lAB conquistou seu lugar ao sol.

O Instituto dos Advogados Brasileiros também pertencia ao rol das instituições acadêmicas que floresceram durante o Segundo Reinado, sob a proteção de D. Pedro II, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Imperial de Medicina. Redutos intelectuais frequentados por personalidades da boa sociedade. A associação dos bacharéis possuía lugar cativo nos cerimoniais do Paço. Ingressar nos seus quadros representava status social, proximidade com o poder e, quem sabe, simplesmente receber um cumprimento de Sua Majestade.^

Ao longo de sua história, de LAB a OAB, a entidade teve em seu quadro associados ilustres como José de Alencar, Joaquim Nabuco, Saldanha Marinho, Rui Barbosa (o Águia de Haia), Levi Carneiro, Evandro Lins e Silva (o advogado do século XX) e Sobral Pinto (considerado símbolo dos advogados brasileiros), e muitos outros.

Contudo, apesar que o Instituto dos Advogados Brasileiros e, posteriormente, o Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, tivessem sido criados com o fím de organizar a Ordem dos Advogados do Brasil, esse sonho teve que esperar 87 anos para se concretizar. A iniciativa que consolidou essa realidade não partiu do lOAB, como pode ser conferido a seguir:

A Ordem dos Advogados Brasileiros, posteriormente denominada de Ordem dos Advogados do Brasil, não propriamente evoluiu do Instituto da Ordem dos Advogados dos Brasileiros. A Ordem dos Advogados do Brasil foi criada no

UM RESGATE HISTÓRICO

contexto da Revolução de 30 e regulamentada em 1931, o que viabilizou a institucionalização de seus objetivos disciplinares e a definição das prerrogativas dos advogados. Esta especial situação permitiu que a Ordem evoluísse corporativamente e, nas circunstâncias históricas determinadas, desenvolvesse o seu compromisso com a modernização do Estado brasileiro e a defesa dos interesses da sociedade civil, bases do Estado Democrático de Direito.'*

Agora, considerando que a lista de associados do Instituto dos Advogados Brasileiros sempre esteve recheada de pessoas influentes na Corte do Rio de Janeiro, por que a Ordem dos Advogados do Brasil somente foi criada depois de 87 anos de espera?

Depois de recuperar o cotidiano do IAB durante quase meio século de existência, percebemos a existência de uma conjugação de fatores que dificultaram o estabelecimento da Ordem. A começar pelos próprios bacharéis. Ou melhor, pelos personagens mais notórios que estiveram à frente do lAB. Advogados que circulavam entre seus escritórios particulares, a magistratura, a política e a alta administração imperial. Como instituir uma entidade de classe, que auto- regulamentasse o exercício da profissão, se não havia consenso entre eles próprios sobre essa questão?*

Além dessas reflexões, para responder a essa pergunta ainda será preciso examinar as circunstâncias históricas.

Vamos lá. Confira:

Os gabinetes conservadores, defensores da centralização política, cuja atuação foi dominante durante o Segundo Reinado, estariam dispostos a deixar florescer uma entidade de classe capaz de atuar como um grupo de pressão? E o Imperador, aceitaria abrir mão da postura paternal e ao mesmo tempo vigilante das instituições acadêmicas que recebiam sua proteção?^

Relembramos que o lAB nasceu contemporâneo do romancista José de Alencar (advogado), autor de “Iracema”, a virgem dos lábios de mel; do romântico Joaquim Manuel de Macedo (advogado), autor de “A moreninha”; de Machado de Assis, escritor renomado e presidente- fundador da Academia Brasileira de Letras; de Gonçalves Dias, autor do poema “I - Juca-Pirama” (Sou bravo, sou forte,/Sou filho do Norte), entre tantos outros famosos da literatura brasileira.

Assim, o lAB foi fundado num momento de grande efervescência cultural no Brasil monárquico, que passava por transformações que o levaria ao Brasil republicano com ideais libertários.

OAB RORAIMA

E O que é melhor, o lAB, que alavancou a criação do lOAB e, posteriormente, da OAB, indiretamente ajudou a consolidar essa mudança em prol da democracia, que transferiu o poder de decisão do “Excelso Trono Imperial” para as mãos do povo nas ruas.

Ajudou também a derrubar os tiranos da República Velha, do Regime Militar, passando pelas “Diretas-Já”, pelo “Fora Collor”, pela elaboração da Constituição de 1988, até colher os frutos da terra prometida na seara da Nova República dos saudosos Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

O Instituto dos Advogados Brasileiros, além da inquestionável contribuição à cultura jurídica nacional, desempenhou um papel expressivo no conjunto da vida política, administrativa e social do Império. Próximo ao poder, influenciou nas decisões do governo, sem no entanto guardar características de um órgão otlcial.'

Rio de Janeiro & Boa VistaSegundo informações colhidas junto ao IBGE, em 1872 (29 anos

depois da criação do Instituto dos Advogados do Brasil), a cidade do Rio de Janeiro tinha 274.972 habitantes. Para se ter uma idéia do tamanho da Cidade Maravilhosa na época, basta tomar como referência Boa Vista, a capital roraimense, que tem uma população estimada de 242.179 habitantes (Censo de 2005).

Nessa época o Imperador andava de carruagem e os escravos a pé. Possivelmente, foi quando começaram a chamar médicos c advogados de doutor, mesmo sem terem curso de doutorado. Tradição cultural provinciana que perdura até os dias de hoje.

Talvez porque só existissem dois cursos de nível superior na época; Medicina e Direito. Ou porque médico e advogado tivessem algo em comum: a caligrafia do médico, ninguém entendia; a linguagem do advogado, idem.

HISTÓRICO DA ORDEM DOS AIAfOGADDS Referências & Anotações

' Roraima. Almanaque Abril 2000: BrasíL São Paulo: Editora Abril, 2000. (pp. 204 e 205) 2 Hermann Assis Baeta (coord.), Lúcia Maria Paschoal Guimarães & Tânia Bessone. História da Ordem dos Advogados do Brasil: O lAB e os advogados no Império, (vol. 1) Brasília: OAB Editora, 2003a. (p. 17)* Idem, p. 133

VM RESGA TE HISTÓRICO

'* Hermann Assis Baeta (coord.) & Aurélio Wander Bastos. História da Ordem dos Advogados do Brasil: luta pela criação e resistências, (vol. 2) Brasília; OAB Editora, 2003b. (p. 238)* Hermann Assis Baeta (coord.), Lúcia Maria Paschoal Guimarães & Tânia Bessone. História da Ordem dos Advogados do Brasil: O lAB e os advogados no Império, (vol. 1) Brasília: OAB Editora, 2003a. (p. 133) Idem, p. 134

’ Ibidem, p. 16

1 I . l ( I J

História da Ordem dos Advogados do Brasil: O lAB e os advogados no Im pério (vol. 1) Hermann Assis Baeta (coord.)Lúcia Maria Paschoal Guimarães Tânia BessoneBrasília: OAB Editora, 2003.

História da Ordem dos Advogados do Brasil: Luta pela criação e resistências (vol. 2) Hermann Assis Baeta (coord.)Aurélio Wander Bastos Brasília: OAB Editora, 2003.

CONSELHO FEDERAL & CONSELHOS SECCIONAIS

A Ordem dos Advogados do Brasil é os advogados. O ConselhoZ & Eederal da OAB é formado por advogados. Os Conselhos

Seccionais da OAB são compostos por advogados.Advogados são seres humanos. Pessoas que têm um trabalho,

família, religião, crença, filosofia de vida, sonhos, alegrias, tristezas.No Brasil a OAB tem um Conselho Federal, sediado em Brasília,

e 27 Conselhos Seccionais, sendo um em cada Estado e um em Brasília, capital do Distrito Federal.

Por todo território brasileiro, existem três datas importantes para os advogados: 11 de agosto, 18 de novembro e 20 de dezembro.

No dia 11 de agosto a OAB comemora o Dia do Advogado. Essa data foi escolhida em função da data de criação dos cursos jurídicos no Brasil, nas cidades de São Paulo e de Olinda: 11 de agosto de 1827.

Em 18 de novembro de 1930, o presidente da República, Getúlio Vargas, assinou o decreto de criação da Ordem dos Advogados do Brasil.

No dia 20 de dezembro de 1948, Rui Barbosa foi eleito pelo Conselho Federal da OAB como o Patrono dos Advogados Brasileiros.

Contudo, a data especial em Roraima é o dia 26 de novembro de 1979. Data da instalação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, sob o comando de Hesmone Saraiva Grangeiro.

Do Rio de Janeiro para BrasíliaÉ bom lembrar que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados

do Brasil foi criado em 1930 no Rio de Janeiro.Contudo, embora Brasília tenha sido inaugurada em 21 de abril de

UM RESGATE HISTÓRICO

1960, o Conselho Federal da OAB, somente foi transferido para a capital do Distrito Federal no dia 15 de setembro de 1986.

Na época o presidente do Conselho Federal era o jurista Hermann Assis Baeta. Inicialmente, o Conselho Federal funcionou na sede da OAB/DF. Porém, em 17 de fevereiro de 1987 foi lançada a pedra fundamental para construção da sua sede própria.

Na ocasião “Hermann Assis Baeta proferiu eloquente discurso, afirmando que a transferência do Conselho iria contribuir para a rápida democratização da sociedade brasileira, além de viabilizar o acompanhamento mais incisivo dos trabalhos da Assembléia Constituinte”.'

Vale ressaltar que Herman Assis Baeta travou uma luta titânica para conseguir convencer as lideranças, confortavelmente sentados em suas poltronas no Rio de Janeiro, da necessidade e praticidade de levar o Conselho Federal da OAB para Brasília, a nova capital do Distrito Federal.

Ele mesmo fala sobre isso:

Constitucionalmente, desde a República, na Constituição de 1891, já existia a idéia de se transferir a capital do País para o Planalto Central. Passaram-se os anos e esta determinação constitucional foi sendo negligenciada. Somente no governo de Juscelino Kubítschek, como sabemos, foi que o projeto se concretizou. O estatuto vigente da Ordem, à época, de 1963, no seu artigo 157, dizia o seguinte: “A transferência do Conselho Federal para Brasília será efetuada logo que ali se achem funcionando todos os tribunais superiores e seja posta à disposição do mesmo instalação condigna pelo Poder Executivo, a quem caberá também custear 0 transporte de seus bens e utensílios”. Isto é, legalmente não havia outra alternativa. Como todos os tribunais superiores já estavam instalados em Brasília, só restava ao governo arcar com a mudança.^

Mesmo com a mudança de endereço respaldada legalmente, a resistência política à transferência durou anos.

Um dos argumentos era o temor de que

A transferência proporcionasse uma queda no padrão dos conselheiros e que isso talvez pudesse abalar o brilhantismo das decisões do Conselho Federal. Nesse ponto, eu adm ito que isso era algo que eu também vislumbrava como provável. Mas o fato é que se houve uma queda no esplendor das argumentações, a essência das decisões não sofreu abalo. Diziam que a nata da advocacia estava no Rio de Janeiro, mas o problema, que talvez o grupo que se opunha à mudança não percebesse, ou não quisesse perceber, é que o Rio de Janeiro não é, nem nunca foi, o Brasil. Nos interessaria mais, para mim e para o grupo do qual eu fazia parte, que

OAB RORAIMA

mesmo eventualmente não tendo brilho algum as decisões do Conselho,elas representassem a média dos advogados brasileiros, inclusive em termosde uma representação federativa mais equilibrada.*

É oportuno relembrar que foi justamente essa nata da advocacia do Rio de Janeiro, que ocupava assento no Conselho Federal, que levou dois anos e quatro meses para julgar um recurso de anulação das eleições, por ocasião da implantação do Conselho Seccional da OAB/RR.

Trocado em miúdos, isso resultou no emperramento e atraso de aproximadamente 850 dias na instalação da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima. Um grande prejuízo para a classe dos advogados e para a sociedade roraimense.

Sim, Hermann Assis Baeta tinha razões quilométricas para dizer que “o Rio de Janeiro não é, nem nunca foi o Brasil”.

OAB e ONU: defesa dos direitos humanosO manual de conduta dos advogados e do funcionamento da sua

entidade de classe é o Estatuto da Advocacia e da OAB e Legislação Complementar. Nele consta a Lei n° 8.906, de 4 de julho de 1994, os Dispositivos da Constituição Federal Aplicáveis, o Regulamento Geral, 0 Código de Ética e Disciplina, os Provimentos, a Legislação sobre Ensino Jurídico, e anexos.

Na referida obra, no Título II - Da Ordem dos Advogados do Brasil, Capítulo I - Dos Fins e da Organização, temos registrado:

Art. 44- A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:

I - defendera Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;

II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.^

Considerando o exposto no artigo 44 do Estatuto da Advocacia e da OAB, e considerando a idoneidade e os frutos do trabalho da Ordem dos Advogados dos Brasil por todo território nacional, entendemos que a OAB está para o Brasil, assim como a ONU (Organização das Nações Unidas) está para o mundo. Uma e outra podem ter passado, ou passar por altos e

í M RESGA TE HIS TÓRICO

baixos, entretanto, ambas são instituições referenciais, multicelulares, ímpares na defesa dos direitos humanos e da cidadania.

Tem mais. No Capítulo IV - do Conselho Seccional, lemos:

Art. 109 - O C onselho Seccional pode dividir-se em órgãos deliberativos e instituir comissões especializadas, para melhor desempenho de suas atividades.

Parágrafo 2° - No Conselho Seccional e na Subseção que disponha de Conselho é obrigatória a instalação e o funcionamento da Comissão de Direitos Humanos, da Comissão de Orçamento e Contas e da Comissão de Estágio e Exame de Ordem.'

Na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, existe em funcionamento as seguintes comissões permanentes:

Comissão da r Câmara Julgadora Tribunal de Ética e Disciplina Comissão de Direitos Humanos Comissão de Estágio e Exame de Ordem Diretoria da Escola Superior de Advocacia Comissão de Orçamento e Contas Comissão de Acesso a JustiçaComissão de Defesa dos Direitos e Prerrogativas do Advogado Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso Comissão Especial da Mulher Comissão de Relações Internacionais

Missão da Ordem dos Advogados do BrasilPara discorrer sobre o trabalho da OAB, passamos a palavra ao

presidente da Seccional de Roraima, Antonio Oneildo Ferreira:

A gente tem a Ordem dos Advogados do Brasil como uma entidade de classe com duas funções. Uma função corporativa, que está no estrito limite de uma classe, que é para disciplinar, controlar, fiscalizar e defender o exercício profissional da advocacia, e dentro desse interesse corporativo, como o nome indica, está a defesa dos direitos e interesses profissionais da classe.

E tem a função institucional, que é uma função prevista na Constituição Federal e prevista na Lei 8.906/94. no seu art. 44, ela extrapola as funções e limites impostos a uma entidade de classe. Ela tem funções institucionais.

OAB RORAIMA

Funções que dão uma outra dimensão à entidade, dimensão que nenhuma outra entidade de classe tem.

O que a gente vê da Seccional da OAB em Roraima? A gente vê um referencial ético, no contexto político. Como é esse referencial ético? A OAB, juntamente com outras entidades como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e mais que essas outras entidades, se insere numa discussão política, de vanguarda, de formular conceitos, defender conceitos políticos e jurídicos, de combate ao nepotismo, de defesa da moralidade na administração pública, de defesa da impessoalidade na administração pública, de defesa da legalidade, de defesa da consiitucionalidade, criando um referencial ético. Um movimento, como o criado em 1992, de Ética na Política, de ética no trato com a coisa pública, de ética no exercício das funções públicas.

Então, pelo próprio conhecimento técnico que a classe e seus dirigentes têm, isso os habilitam a defender com mais propriedade e melhor do que outros, esses aspectos tão relevantes para a República. A entidade defende esse referencial ao defender isso, de uma foima muito forte e articulada. E dentro desse contexto tem a defesa dos direitos humanos, uma das bandeiras fundamentais da OAB. E aí vai, o combate a tortura, ao abuso de autoridade, ao abuso policial e a to tipo de violência.

É um leque de fatores que no âmbito institucional a entidade se destaca. Por essa atuação ocupa uma posição de reconhecimento e referência dentro da sociedade. É uma coisa que gratifica, que motiva a gente que está na direção da Seccional da OAB, a trabalhar, a atuar, a ir além, no sentido de contribuir, no sentido de fazer, de transformar, de demarcar e defender esses postulados e esses conceitos.

Em Roraima podemos citar o combate do ‘Caso dos Gafanhotos’, o combate da corrupção, muito impregnada no Estado, o combate ao nepotismo, a institucionalização dos quadros do Estado através de concursos em todas as áreas, principalmente na área de Segurança Pública. Isso é muito relevante para institucionalização do Estado, que nós chamamos aqui na OAB de “a institucionalização da cidadania”.

Essa é uma função institucional da OAB, e, dentro dessa função, é gratificante perceber que contribuímos de forma pessoal e de forma profissional, e que a classe contribuiu com o aperfeiçoamento das instituições jurídicas e políticas no Estado. Em nível nacional a entidade também contribui muito com isso.

Só para citar um caso concreto. Verificou-se o casuísmo de se fazer uma emenda constitucional apressada, atropelada, fora do prazo, para acabar com a veiticalização. A OAB entrou com uma Adiu (Ação de Inconstitucionalidade) no Supremo e disse: Olha a regra, e essa regra sempre valeu. É que não se pode alterar as regras do jogo, num prazo inferior a um ano.

Assim, não conseguiram implementar isso de uma forma tempestiva; essa medida atropelada, apressada e casuística não poderá ser aplicada às

UM RESGATE HISTÓRICO

eleições vindouras de 2006, porque ofende esse princípio constitucional, esse princípio democrático.

O Judiciário acatou, contrariando toda estrutura política do País. Respeitou porque a Constituição não é apenas uma referência maior, é uma referência democrática, é o sustentáculo das instituições.

E uma das funções institucionais da OAB, é defender essas referências e esses sustentáculos.*^

& & &

A respeito do funcionamento da Ordem dos Advogados do Brasil, Antonio Oneildo Ferreira falou assim:

O sistema OAB é um sistema federativo, tal qual seria os Estados membros e a União. A Seccional de Roraima, como todas as outras Seccionais, tem uma jurisdição estadual, no âmbito do território do Estado. Temos 27 Seccionais - 26 Estados e o Distrito Federal. E temos o Conselho Federal, que é 0 órgão maior, o órgão de competência e jurisdição nacional. É ele que edita as normas gerais, que disciplina, que regulamenta, que fiscaliza e controla a aplicação da lei. O Conselho Federal é também a última instância de recurso das decisões dos Conselhos Seccionais.

A estrutura da Seccional é igual à estrutura do Conselho Federal. É composta de uma diretoria de cinco membros: presidente, vice-presidente, secretário geral, secretário geral adjunto e tesoureiro. Nessa ordem de hierarquia decrescente. O Conselho Seccional de Roraima tem 24 membros.

O Conselho Federal é composto por três conselheiros federais por Estado, então tem 81 membros. Mas pode ter 82, porque o presidente pode ser de fora da OAB. Os ex-presidentes das Seccionais e do Conselho Federal são membros honorários vitalícios, dos respectivos conselhos.

Todo e qualquer requerimento é direcionado ao presidente. A instância recursal é o Conselho Seccional ou o Conselho Federal. O conselho é soberano. Se for o Conselho Federal, é a instância última. Se for o Conselho Seccional, cabe recurso para o Conselho Federal, que dá a última palavra.

A estrutura burocrática, de contabilidade, prestação de contas, também é assim. A diretoria elabora, o Conselho aprova, e a Seccional presta conta ao Conselho Federal. É ele que aprova todas as contas, referendando a regularidade com auditorias, controle interno e controle externo. Aferindo a regularidade e legalidade de todos os procedimentos contábeis da Seccional.

Das comissões permanentes, a mais importante é a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, que é obrigatória no Conselho Seccional e no Conselho Federal. Depois vem a Comissão de Defesa dos Direitos e Prerrogativas dos Advogados e a Comissão de Estágio e Exame de Ordem. Temos ainda várias outras comissões, mas as três principais são essas.^

OAB RORAIMA

CONSELHO FEDERAL & SECCIONAIS Referências & Anotações

' Destaques. As instalações do Conselho Federal da OAB; A transferência para a Capital. Disponível no site www.oab.org.br. Acesso em 21/abri 1/2006. Hermann Assis Baeta (coord.) & Marly Silva da Motla. História da Ordem dos

Advogados do Brasil: A OAB na voz dos seus presidentes, (vol. 7) Brasília: OAB Editora, 2003. (p. 180)’ Idem, p. 181■* Fides Angélica de C.V. Ommati & Luiz Carlos Maroclo (orgs.). Estatuto da Advocacia e da OAB e legislação complementar. Brasília: Conselho Federal daOAB, 2004. (p. 36) Idem, p. 101Entrevista ao autor na sede da OAB/RR. Boa Vista, 29/março/2006.

’ Idem.

História da Ordem dos Advogados do Brasil: A OAB na voz dos seus presidentes (vol. 7) Hermann Assis Baeta (coord.)Marly Silva da Motta Brasília: OAB Editora, 2003.

Estatuto da Advocacia e da OAB e legislação complementar Fides Angélica de C.V. Ommati Luiz Carlos Maroclo (orgs.)Brasília: Conselho Federal da OAB, 2004.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL EM RORAIMA

O,s primeiros bacharéis em Direito a se estabelecerem no Território Federal de Roraima, no início da década de 70, foram

Edmundo Evelin Coelho, Oscar Leopoldo de Almeida, Luiz Rosalvo Indruziak Fin, José Dutra do Prado, Francisco de Aguiar e Xerez, Aurélio Távora Buarque, Ritler de Lucena, Silvio Leite, entre outros.

Alguns tinham cargos no governo, outros somente advogavam.O certo é que cm 1977, quando foi criada a Ordem dos Advogados do

Brasil, Seccional de Roraima, no Território existiam aproximadamente 30 profissionais formados em Ciências Jurídicas. Entretanto, em função da pressão do governo, apenas 26 deles participaram de sua criação.

Nessa época, os advogados estavam organizados e reunidos em tomo da Associação dos Advogados de Roraima, que teve como primeiro presidente Edmundo Evelin Coelho e, posteriormente, Silvio Leite. A sede da entidade era numa das salas do Fórum de Boa Vista.

Contudo, antes da chegada dos bacharéis do Direito no Território Federal de Roraima quem fazia justiça na Terra de Makunaima eram os rábulas: Valdemiro Barbosa de Araújo; Onias Rodrigues de Moura, o Nozinho; Salomão Lima da Silva; e João Pujucan Pinto Souto Maior.

Com a implantação da OAB Roraima em 1979, a Associação dos Advogados foi extinta. Depois de anos de trabalho, a Ordem dos Advogados foi ganhando força e prestígio como entidade de classe e, principalmente, como defensora dos direitos humanos.

Apesar de Hesmone Saraiva Grangeiro ter sido o primeiro presidente da OAB/RR, a inscrição n®. 001 -B foi cedida ao advogado Oscar Leopoldo de Almeida (por ser o mais velho da turma); Hesmone Grangeiro ficou com a inscrição rf. 002-B e Paulo Coelho Pereira com a rf. 003-A.

OAB RORAIMA

O rábula João Pujucan Souto Maior, que no dia 1® de junho de 1982 entrou na OAB/RR com Pedido de Provisionamento, para o exercício da advocacia na cidade e Comarca de Caracaraí, recebeu a inscrição n®. 030.

No final de 2006 o Estado de Roraima já contava com mais de 500 advogados atuantes, enquanto no Brasil o número de advogados ultrapassava a casa dos 500 mil profissionais, conforme dados da Ordem dos Advogados do Brasil.*

É oportuno lembrar também que, embora a OAB/RR tenha se tomado realidade em 1979, somente em 1992 foi implantado o curso de Direito na Universidade Federal de Roraima. Posteriormente, o curso foi introduzido nas Faculdades Cathedral e Atual da Amazônia.

Comissão OrganizadoraComo já dissemos, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional

de Roraima, foi criada em 1977 e instalada em 1979. Entretanto, a criação e implantação da OAB/RR passou por várias negociações e iniciativas. E muitos contratempos.

A primeira iniciativa foi a reunião que aconteceu no dia 22 de junho de 1977, convocada através de “Edital de Convocação de Advogados”, datado do dia 15 e publicado no semanário Jornal Boa Vista, na edição do dia 18 do mesmo mês.

Nessa reunião foi criada uma Comissão Organizadora para fundação da entidade representativa dos advogados no Território Federal de Roraima. Comissão essa, composta pelos advogados Edmundo Evelin Coelho (presidente), Zelite Andrade e Oscar Leopoldo de Almeida (membros).

A segunda iniciativa foi a Assembléia Geral dos Advogados do dia 5 de julho do mesmo ano, convocada através de editais publicados no Jornal Boa Vista do dia 25 de junho e no Boletim Oficial dos dias 24, 27 e 30 de junho.

E no dia 5 de julho de 1977 a OAB Roraima foi criada. Porém, em função do empate das duas chapas concorrentes, com 13 votos cada, foi marcada nova data para eleição do Conselho Seccional.

A terceira iniciativa ocorreu com a eleição realizada no dia 22 de julho de 1977, convocada através de edital publicado no Jornal Boa Vista no dia 16 de julho do corrente ano. Dessa vez as umas deram a vitória para a chapa “Sobral Pinto”, encabeçada por Edmundo Evelin Coelho.

VM RESGATE HISTÓRICO

A Diretoria do Conselho foi composta por:

Edmundo Evelin Coelho (presidente) Aurélio Távora Buarque (vice)Zelite Andrade (1“ secretária) Francisco Campeio (2° secretário) Areolino Pires Pereira (tesoureiro)^

Interessante observar que no episódio da fundação da OAB Roraima apenas dois advogados decidiram a eleição, pois dos 26 que depositaram o voto nas umas, 24 participavam das chapas: 12 em cada uma.

Quem eram eles? Apesar dos nossos esforços, não conseguimos identificar os nomes desses dois profissionais da advocacia.

Ata histórica da fundação da OAB/RRNessas alturas, pensava-se que havia acontecido o nascimento da OAB

Roraima. Puro engano. As dores do parto ainda continuariam por longo tempo.Edm undo ganhou as eleições com 14 votos contra 12 do

concorrente. G anhou, mas não levou. Com a derrota da chapa “Liberdade Democrática” , liderada por Silvio Sebastião de Castro Leite, o grupo perdedor protocolou um processo no Conselho Federal pedindo a anulação do resultado das eleições.

A seguir transcrevemos na íntegra a ata da Assembléia GeraP do dia 5 de julho de 1977, a única que foi resgatada do bico dos cupins, que devoraram quase todos os documentos antigos da OAB/RR:

Ata da fundação, eleição da diretoria e do Conselho Seccional, da Seção de Roraima, da Ordem dos Advogados do Brasil, realizada em cinco de julho de mil novecentos e setenta e sete, no Salão de Reuniões do Júri, do Fórum de Boa Vista, às 15 horas. Aos cinco dias do mês de julho do ano de mil novecentos e setenta e sete, às quinze horas, no Salão de Reuniões do Tribunal de Justiça de Boa Vista, capital do Território Federal de Roraima, situado na praça do Centro Cívico, reuniram-se em assembléia geral, os advogados com escritórios e residências nesta circunscriçâo judiciária, convocados por edital publicado no Jornal Boa Vista, edição do dia 25 de junho de 1977 e no Boletim Oficial, edições dos dias 24 e 27 de junho e ainda na edição de 30 de junho, conforme lista de presença assinada por todos os presentes e que passa a fazer parte integrante desta ata. Constatada a existência do número legal de advogados

OAB RORAIMA

presentes à reunião, foi convidado o advogado Aurélio Távora Buarque, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Amazonas, sob o número A- 18, com escritório na av. Nossa Senhora da Consolata, 176-E, nesta cidade, para presidir os trabalhos, que convidou a mim, Zelite Andrade, advogada inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Amazonas, sob o número 900, com escritório na av. Santos Dumont, 196, para secretariar os trabalhos. Em seguida, foi procedida a leitura da ordem do dia pelo Sr. Presidente, consoante as publicações dos já referidos editais, cujo teor passo a transcrever: “Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Território Federal de Roraima, em organização. Edital de Convocação de Advogados - Ficam convidados por este edital todos os advogados militantes no Território de Roraima a comparecerem às 15 horas do dia 5 de julho de 1977 na sede do Fórum de Boa Vista para o fim de deliberarem sobre a fundação da Secção Territorial da Ordem dos Advogados do Brasil, eleger seu Conselho Seccional, sua primeira diretoria e a comissão auxiliar da diretoria. Boa Vista (RR), 24 de junho de 1977. Edmundo Evelin Coelho - presidente, Zelite Andrade - membro, Oscar Leopoldo de Almeida - membro”.

Observe os objetivos do Edital de Convocação dos Advogados: Primeiro, fundação da OAB/RR; segundo, eleição do Conselho Seccional; terceiro, eleição da diretoria da entidade; quarto, eleição da Comissão auxiliar.

E a Ata continua informando o que aconteceu naquele dia 5 de julho de 1977, no auditório do Palácio da Justiça:

Após a leitura, o advogado presidente, Aurélio Távora Buarque, referiu-se à reunião preparatória realizada no mesmo local, no dia 22 de junho de 1977 e com a presença de dezenove advogados, na qual foi eleita por votação direta e secreta, uma comissão composta dos advogados: Edmundo Evelin Coelho, Zelite Andrade e Oscar Leopoldo de Almeida, com o fim de promover os atos necessários e legais, com vistas à fundação da Secção de Roraima, da Ordem dos Advogados do Brasil. Declarou que a referida Comissão tomara as providências necessárias aos fins já mencionados, propiciando a realização desta Assembléia Geral. Pela secretária foi lida, então, a ata dessa reunião, com geral aprovação. Prosseguindo, o Sr. Presidente, tendo em vista que a primeira parte da ordem do dia, tratava da fundação da Secção de Roraima, da Ordem dos Advogados do Brasil. Nessa ocasião, foi pelo advogado presidente, declarada fundada a Secção de Roraima, da Ordem dos Advogados do Brasil.

Conforme registro feito pela secretária da Assembléia Geral, advogada Zelite Andrade, no dia 7 de julho de 1977 foi fundada a Ordem dos Advogados do Brasil, no Território Federal de Roraima.

UM RESGATE HISTÓRICO

Mas vamos cm frente. Observe o desfecho da assembléia dos advogados no dia 5 de julho de 1977:

Passou-se então a segunda parte da ordem do dia Eleição do Conselho Sectional Depois de varias manifestações de diversos advogados presentes, fitou estabelecida a apresentação dc duas chapas, com 12 (doze) nomes cada, para composição do Conselho Sectional Chapas denominadas “Sobral Pinto” e “Liberdade Democrática” Procedeu-se então a votação, ao fim da qual os escrutinadorcs Martha Mana de Rezende e Nelson Costa, anunciaram o resultado de 13 votos para a chapa “Sobral Pinto” e 13 votos para a chapa “Liberdade Democrática”, verificando-se, portanto, o empate entre ambas Para a solução do impasse, foi sugerido pelo advogado Luiz Ritler Britto de Lucena, para, digo, nova votação sem chapas predeterminada, deixando-se a critério do eleitor a formação do seu sufrágio Contudo, surgiram protestos e manifestações diversas, ja expressamente em nome da corrente “Liberdade Democrática”, insistindo com veemência no adiamento da eleição do Conselho Seccional e demais itens da pauta da ordem do dia, para daí a 30 dias O Sr Presidente tentou submeter os assuntos a votação, porém, os advogados integrantes da ala “Liberdade Democrática” demonstraram-se intransigentes, retirando-se em bloco do plenário, para o fim de esvaziarem o quorum legal Constatada, então a inexistência desse quorum para prosseguimento dos trabalhos o Sr Presidente declarou suspensa a assembleia, para continuação quando houvesse condições legais Pelo Presidente da Com issão, foi declarado que esse orgâo adotaria im ediatam ente as providências necessárias para a convocação da nova assembléia, a fim de ultimar a pauta da eleição dos órgãos dirigentes da nova secção ja fundada, tendo em vista, não ser válida, por não ter sido submetida à deliberação dessa assembleia, a proposição do adiamento por 30 dias da corrente “Liberdade Democrática” Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, do que, para constar, eu, Zelite Andrade, lavrei a presente, que lida e achada conforme, vai assinada por quem de direito Boa Vista, 5 de julho de 1977

Um total de 26 advogados participou da primeira assembleia para fundação da OAB/RR e assinou a ata supracitada.

Se naquele momento eles não conseguiram eleger o Conselho Seccional, pelo menos conseguiram criar a entidade. Se antes não receberam nenhum troféu por essa façanha, pelo menos agora terão seus nomes eternizados nestas páginas.

Apesar do provérbio que diz que “as glónas que vêm tarde já vêm frias”, preferimos dar ouvidos ao ditado popular que afirma que “antes tarde do que nunca”.

OAB RORAIMA

A seguir transcrevemos a relação dos advogados, por ordem alfabética, que participaram e assinaram a ata da assembleia para criação da OAB Roraima (instalada dois anos depois):

—> Alci da RochaAreolino Pires Pereira Aurélio Távora Buarque Clênio Romeo Correa Edmundo Evelin Coelho

-4 Edson Seixas Rodrigues—> Francisco Campeio—> Francisco de Aguiar e Xerez—> Gerardo W. da Fonseca e Silva—» Joaquim Neves Roberto—> Jonas Ferreira da Silva—> José Cândido Leal de Ávila—> José Carlos Duardes Boabaid-4 José Machado de Oliveira—> Laudi Mendes de Almeida—> Luiz Ritler Brito de Lucena-4 Luiz Rosalvo Indruziak Fin

Martha Maria de Rezende Nelson da Costa

—> Onias Rodrigues de Moura—> Oscar Leopoldo de Almeida

Paulo Silveira de Ávila Silvio Sebastião de Castro Leite

—> Thales Chaves de MoraesVera Regina da Silveira Medina Zelite Andrade Carneiro

Nova tentativa para instalar a OAB/RRDepois de mais de dois anos de espera, sem nenhuma decisão do

Conselho Federal, os advogados do Território Federal de Roraima tentaram novamente instalar o Conselho Seccional da OAB/RR.

Assim, através de “Edital de Convocação de Advogados” , publicado no Boletim Oficial do dia 23 de julho de 1979 e oo Jornal Boa

UM RESGATE HISTÓRICO

Vista dos dias 29 de julho e 12 de agosto, a categoria foi chamada para nova eleição marcada para o dia 17 de agosto do mesmo ano.

Aqui, o edital aparece assinado por uma Comissão Organizadora composta pelos advogados Joaquim Neves Roberto (presidente), Hesmone Saraiva Grangeiro e José Machado de Oliveira,(membros).

Dessa vez Hesmone Grangeiro foi eleito, mas também não levou. O Conselho Federal não homologou o resultado nem da primeira nem da segunda eleição. Ambas foram anuladas.

Conselho Federal delibera por nova eleiçãoA instalação do OAB/RR foi agilizada no Rio de Janeiro, a partir

de uma decisão tirada na 1.386“ sessão da 49“ Reunião Ordinária do Conselho Federal (Conselho Pleno) da Ordem dos Advogados do Brasil, realizada no dia 28 de agosto de 1979.

Finalmente.

Na ordem do dia, foi chamado a julgamento o Processo CP. N° 1.980/77. Assunto: Criação da Seção do Território Federal de Roraima da Ordem dos Advogados do Brasil. Relator, conselheiro Raul de Sousa Silveira. Vista: Ao conselheiro Clóvis Ferro Costa. O conselheiro Ferro Costa leu a sua manifestação em derredor do pedido de vista, tendo discutido a matéria os conselheiros George Tavares e Sylvio Curado, enquanto que o conselheiro José Julio Cavalcante de Carvalho levantou uma questão de ordem sobre a com petência do Plenário, tendo o Sr. Presidente decidido a mesma, confirmando tal competência. O conselheiro Raul de Sousa Silveira, na qualidade de relator do processo, declarou que concordava com as conclusões do voto do conselheiro Ferro Costa, mas discordava, por inteiro, quanto aos seus fundamentos. Colocada em votação a manifestação do conselheiro Ferro Costa, a ela fez um adendo o Sr. Presidente, no sentido de que o delegado do Conselho Federal convoque uma Assembleia Geral para as eleições; exerça a sua respectiva presidência; dê posse aos eleitos e instale o Conselho Seccional. O Plenário aprovou o voto com o adendo do presidente Seabra Fagundes por unanimidade. (Ata assinada por Eduardo Seabra Fagundes - presidente, e por J. Bernardo Cabral - secretário geral)*

O próximo passo para a instalação da OAB/RR foi dado com a publicação da Resolução N®. 95/79 no Jornal Boa Vista edição do dia 21 de novembro do mesmo ano, assinada pelo presidente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes.

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL CONSELHO FEDERAL RIO DE JANEIRO (RJ)

RESOLUÇÃO N" 95/79

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Estatuto promulgado pela Lei n° 4.215, de 27 de abril de 1963.

Resolve:Designar a Comissão Especial, composta dos senhores conselheiros

doutores Clóvis Ferro Costa, Jayme Queiroz Lopes e Sylvio Curado para, de acordo com a decisão deste Conselho Federal, instalar a Secção do Território Federal de Roraima, convocando e fazendo realizar a primeira Assembléia Geral dos Advogados do Território, empossando e instalando o Conselho que for eleito.

Registre-se, publique-se e cumpra-se.^

Rio de Janeiro, 09 de novembro de 1979.

Eduardo Seabra Fagundes Presidente

Nessa mesma edição, o Conselho Federal publicou um edital convocando os advogados roraim enses para eleição e posse dos conselheiros seccionais e, consequentemente, a instalação da OAB/RR.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por seus delegados especiais, consoante Resolução n®. 95/79, convoca os advogados em exercício profissional no Território Federal de Roraima para comparecerem no edifício do Fórum de Boa Vista, RR (Centro Cívico), às 16 (dezesseis) horas do dia 26 (vinte e seis) de novembro corrente, a fim de assistirem à instalação da Secção do Território Federal de Roraima, a procederem à eleição, até às 17 horas, e posse do Conselho Seccional eleito, com mandato a terminar dia 31 (trinta e um) de janeiro de 1981 (mil novecentos e oitenta e um). Após a referida posse, o Conselho Seccional se reunirá para eleição e posse da Diretoria da Secção e da Comissão Auxiliar e eleição dos Delegados junto ao Conselho Federal. ^

Boa Vista (RR), 21 de novembro de 1979.

Sylvio Curado Jayme Queiroz Lopes

Clóvis Ferro Costa

VM RESGA TE HISTÓRICO

Data mágica: 26 de novembro de 1979De fato e de direito, o dia 26 de novembro de 1979, foi a data da

instalação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima. Nesse dia foram eleitos os 12 conselheiros seccionais, que por sua vez elegeram Hesmone Saraiva Grangeiro como presidente da Ordem e José Machado de Oliveira como vice-presidente.

O resultado da eleição foi registrado pelo Jornal Boa Vista^ o jornal de maior circulação na capital do Território de Roraima. E sendo veículo de comunicação do Governo do Território, funcionava no mesmo prédio do Boletim Oficial, que em í® de janeiro de 1984 se transformou em Diário Oficial.

A eleição para composição da primeira Diretoria da OAB-RR aconteceu na sede do Fórum Advogado Sobral Pinto.

Ali a entidade funcionou no 1® andar, sala 92, desde seu nascimento até dia 22 de janeiro de 1993. A partir desta data passou a funcionar em prédio próprio construído na gestão de Hesmone Saraiva Grangeiro na avenida Ville Roy, n® 1.833 (mudado para 4.284), no bairro Aparecida.

Ao longo de seus 27 anos de história (1979/2(X)6), a OAB-RR teve oito presidentes eleitos: Hesmone Grangeiro, Zelite Andrade, Paulo Batista, Nelson da Costa, Wedner Cavalcante, Almiro Mello Padilha, Ednaldo do Nascimento e Antonio Oneildo Ferreira.

Vale ressaltar que Hesmone Grangeiro ocupou a Presidência da OAB/RR por mais de 10 anos. De 26/11/1979 à 31/01/1981; de l®/02/ 1983 à 31/01/1987 e de l®/02/1989 à 16/06/1994, quando se afastou da Ordem para se candidatar a deputado estadual.

Quase dois anos depois, Hesmone sofreu um enfarto, vindo a falecer em Brasília no dia 10 de maio de 1996, aos 58 anos de idade.

Duração dos mandatosNo dia 26 de novembro de 2006 a Ordem dos Advogados do Brasil,

Seccional de Roraima, completou 27 anos de fundação e teve 12 Conselhos.No próximo capítulo apresentaremos a composição das diretorias

e o nome dos conselheiros eleitos ao longo da história da OAB Roraima.Lembramos que com a Lei n°. 4.215, de 27de abril de 1963, o mandato

de cada Conselho era de dois anos e a Assembleia Geral elegia o Conselho Seccional, que por sua vez escolhia a diretoria desse Conselho.

OAB RORAIMA

Com a edição da Lei n®. 8.906, de 4 de julho de 1994, que revogou a lei anterior, vieram as eleições diretas, antiga reivindicação e conquista da classe dos advogados.

A partir de então, o mandato aumentou de dois para três anos e a Assembleia Geral passou a eleger a chapa completa, com a indicação dos candidatos aos cargos da diretoria do Conselho Seccional, de conselheiros seccionais, de conselheiros federais, da diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados e dos suplentes a todos os cargos.

CONTEXTO HISTÓ R ICO

Para efeito de contextualizar o ano 1977, quando aconteceu a criação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, informamos que Boa Vista contava com uma população estimada de 5 1,300 habitantes e o prefeito da capital roraimense era Júlio Martins.^

O governador do Território Federal de Roraima era o coronel Fernando Ramos Pereira. Na época, o Território era geograficamente dividido em apenas dois municípios: Boa Vista e Caracaraí.

Por outro lado, o Brasil batia continência para a ditadura militar e o presidente da República era o general Ernesto Geisel.

Coincidentemente, também foi o ano da inauguração da BR - 174, trecho Manaus/Boa Vista.^ Estrada de chão, é claro.

Ainda em 1977, sob a direção geral do radialista Galvào Soares, a Rádio Difusora Roraima comemorou seus 20 anos de atuação.

Ela foi inaugurada no dia 4 de janeiro de 1957, no Governo José Maria Barbosa e a solenidade contou com a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek.’

ORDEM DOS ADVOGADOS EM RORAIMA Referências & Anotações

' Disponível no site www.oab.org.br. Acesso em 2 l/abril/2006. Cópia do Processo CP n®. 1.944/77, originário do Território Federal de Roraima.

Arquivo da OAB/RR. Zelite Andrade. Ata da Assembléia Geral dos Advogados. Boa Vista, 5/julho/ 1977. Arquivo da OAB/RR.

VM RESGATE HISTÓRICO

* Eduardo Seabra Fagundes & J. Bernardo Cabral. Ata da 1386* Sessão da 49* Reunião Ordinária do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Rio de Janeiro, 28/agosto/1979. Arquivo da OAB/RR. Resolução n“. 95/79. (Conselho Federal da OAB). Jornal Boa Vista. Boa Vista,

2 1/novembro/l979. (p. 4) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.Ordem dos Advogados do Brasil (Conselho Federal da OAB). Jornal Boa Vista.

Boa Vista, 2 1/novembro/1979. (p. 9) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.’’ Dados colhidos no Escritório do IBGE em Boa Vista (RR).* Aimberê Freitas. Geografia e história de Roraima. Boa Vista: DLM, 2001. (p. 28)

Difusora: 20 anos de integração. Jo rna l Boa Vista. Boa Vista, 12/janeiro/1977.(p. 12) Acervo do E.spaço Cultural Marreta.

f PROEM 0 0 8 A0VOOAO08 0 0 BRA8II.

CONSELHO FEDERAL

RIO Oe JANEIRO, RJ

R E S O L O Ç A O N*M /7f

O PRESIDENTE DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO SRA8IL. NO USO OAS ATRISUIÇOES OWE LHE SAO CONFEMOAS FELO ES­TATUTO PROMULQADO PELA LEI H« 4.218. DE 27 DE ABRIL OE 1M9.

R E S O L V E :

Om Isimt ConUiU o EepeeiM. eompoMt doa SmUim m Cm m MMtm OowtorM CLOVIS FERRO COSTA, JAYME QUEIROZ LOPES • SYLVIO CU- ' HAOO para. da aeaida aam a dadasa daata c«waM e FadaaaL MaMW a Sa- çSa da TanttSrta Fadara# da Rarafena, raawiaaiido a Maaad» - t r " t r - a Pri.melra AaaamhWe OerM de Adwgadee de TerhMrlo, aiiMeaewde a wewan.do e Canaame qua fe» aMto.

RiBlilra aa. paSSqaa aa a awd v m aa.Ma da Janalm, M da meavmSr* da tsrt.

EDUARDO SEABRA FAOUNDES Jornal Boa Vista,21 /novembro/1979

Ordnm do# Advogados do Brooll0 Conseina Faearat da OMam doa Advogados do Biaw, po< seus Oeie

gados especiais, consoante Resoluc4o n- 95/79, convoca os advoyaoos em e>er- clcio prohssonal noTemtOno Federai de Rovairna paia comparecerem no Ediiicio do Fdrum de Boa Visa, RR (Cemro CtvicolAs 18 r» m m i) Fa do d a 26 (ene e se­is/ de rtovemPro corrente atimde asa retirem 4 m alaeào de SecpSo do Tetniorrei Federal de Rorarme, 8 procederem i eleição, atã te 11 horas, e posse do Consetno Seccional aleao com mandato a terminar a 31 (tnraa t um) de janeec, oe 1991 (milnovecenioseoneniae um) Apâs a relenda posae, o Consemo Secoonai se reunira para eleição e posae da Oireuna da Seccãd e da ComresAo Auaii«i e eieiçáo dos Delegados junto ao Conseino Federai

Boa Vislâ (RRi em 2i i e novemp-ode 1979

Sylvio Curado Jayme Que<ro2 Lopez

Ctovm Ferro Costa

Jornal Boa Vista,2 1/novembro/l 979

REALIZAÇÕES DA OAB/RR (1979 - 2006)

O advogado Hesmone Saraiva Grangeiro foi um dos fundadores 'da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima.

Ocupou a Presidência da OAB Roraima por seis vezes e atuou como presidente por mais de dez anos. Também foi conselheiro federal por duas vezes. No biênio 1987/1989 e no triênio 1995/1997.

Nos seus 27 anos de existência a OAB/RR teve 12 Conselhos. Hesmone Grangeiro foi presidente dos seguintes Conselhos: T, 3®, 4®, 6®, 7® e 8®. Assim sendo, seu mandato foi intercalado por outros dois.

Apresentaremos a seguir os presidentes e vice-presidentes dos 12 Conselhos da Casa do Advogado. Ou seja, desde sua fundação em 1979, até o ano de 2006.

Lembramos que no 2° Conselho Seccional Zelite Andrade Carneiro renunciou e foi substituída por Paulo Batista Gomes, substituído por Nelson da Costa; no oitavo Conselho Hesmone Grangeiro renunciou e Almiro José Mello Padilha assumiu em seu lugar; e no décimo primeiro Conselho foi Almiro Padilha quem renunciou e Antonio Oneildo Ferreira foi eleito como seu sucessor para terminar o mandato.

Relembramos também que nos seus 27 anos de história a OAB/ RR teve oito presidentes. Uns eleitos pelo Conselho Seccional, outros diretamente pela classe dos advogados. São eles: Hesmone Saraiva Grangeiro, Zelite Andrade Carneiro, Paulo Batista Gomes, Nelson da Costa, Wedner Moreira Cavalcante, Almiro José Mello Padilha, Ednaldo do Nascimento Silva e Antonio Oneildo Ferreira.

No entanto, enfatizamos que não estamos enumerando aqui os vice- presidentes que atuaram como presidentes interinos.

UM RESGATE HISTÓRICO

Indiferente do tempo de mandato, reconhecemos que todos aqueles que ocuparam a Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil procuraram “tornar conhecido o desconhecido, tornar possível o impossível” ' com o objetivo de enaltecer o nome da OAB Roraima e de construir uma sociedade mais justa, pacífica e solidária.

Todos tentaram mostrar que nunca haverá justiça social se não houver respeito aos direitos individuais e coletivos das pessoas. Nem haverá paz no m undo se não houver liberdade responsável e comprometida com a preservação da família, do meio ambiente e das instituições sociais.

De uma forma ou de outra, todos semearam e colheram justiça, em atos e atitudes, no discurso e na prática, pois sabiam que “as idéias com que alimentam os as nossas mentes hoje constroem as nossas vidas am anhã. (...) N ós nos tornam os as h istó rias que ouvimos, venham de onde vierem - dos filmes, da televisão, da imprensa, dos amigos, dos políticos, dos livros” .

Sem exceção, todos os presidentes enfrentaram problemas para administrar a OAB Roraima, devido a fatores econômicos e políticos, já que o trabalho da instituição constantemente batia de frente com interesses particulares de empresários e grupos políticos avessos a mudanças.

N as p á g in a s s e g u in te s re g is tra re m o s a lg u m a s a çõ es realizadas pela Ordem dos Advogados do Brasil ao longo de sua histórica cam inhada no Território Federal de Roraim a e, a partir de 1988, no Estado de Roraima.

Antes, porém, resentamos uma síntese com o nome dos presidentes e vice-presidentes dos Conselhos Secionais da OAB/RR (1979 - 2006).

1“ G estão-26/11/1979 a 31/01/1981 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: José Machado de Oliveira

2“ Gestão - 1702/1981 a 31/01/1983Presidente: Zelite Andrade CarneiroVice: Francisco de Aguiar e Xerez(28/07/1982 - Paulo Batista Gomes assumiu a Presidência)(5/10/1982 - Nelson da Costa foi eleito para terminar o mandato)

OAB RORAIMA

3“ G estão - l®/02/1983 a 31/01/1985 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: Ivanüdo Pinto de Melo

4“ Gestão - 1702/1985 a 31/01/1987 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: Vilmar Francisco Maciel

5“ Gestão - r/02/1987 a 31/01/1989 Presidente: Wedner Moreira Cavalcante Vice: Lavoisier Amoud da Silveira

6“ G estão - r/02/l989a31/01/1991 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: Vilmar Francisco Maciel

7“ G estão - r/02/199I a31/01/1993 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: Maria Dilmar Paulino

8“ Gestão - r/02/1993 a 31/01/1995 Presidente: Hesmone Saraiva Grangeiro Vice: José Pedro de Araújo(16/06/94 - José Pedro assumiu a Presidência interinamente) (26/07/94 - Almiro José Mello Padilha foi eleito presidente para

terminar o mandato)

9“ Gestão - r/02/1995 a 31/12/1997 (triênio)Presidente: Almiro José Mello Padilha Vice: Messias Gonçalves Garcia

10“ Gestão - r/01/1998 a 31/12/2000 Presidente: Ednaldo do Nascimento Silva Vice: Messias Gonçalves Garcia

i r G estão- r / o 1/2001 a 31/12/2003 Presidente: Almiro José Mello Padilha

UM RESGATE HISTÓRICO

Vice: José Fábio Martins da Silva(26/07/01 - Fábio Martins assumiu a Presidência interinamente)(22/10/01 - Antonio Oneildo Ferreira foi eleito presidente para

terminar o mandato)

12“ Gestão - r/01/2004 a 31/12/2006Presidente: Antonio Oneildo FerreiraVice: Maria Dizanete de Souza Matias

Antecedendo as ações de cada Conselho Seccional, divulgaremos o nome dos membros da diretoria e dos conselheiros de cada gestão. Desta forma o leitor poderá conhecer as pessoas que estiveram no comando da Casa do Advogado ao longo dos seus 27 anos de existência efetiva e que ajudaram direíamente na construção de sua história.

Detectam os que sem pre existiu um a certa rotatividade de advogados no Conselho - substituições periódicas devidos a problemas de saúde, viagem, mudança de domicílio, etc. - e, assim sendo, muitos nomes deixaram de ser registrados, por dificuldade de controle.

REALIZAÇÕES E FEITOS DA OABIRR Referências & A n o ta ç õ e s

' Matthew Kelly. O ritmo da vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. (p. 157) Idem, p. 63

5.1.PRIMEIRO CONSELHO (1979 - 1981)

Diretoria do Conselho Seccional'Hesmone Saraiva Grangeiro (pres.)José Machado de Oliveira (vice)José Dutra do Prado (1® see.)Nelson da Costa (2° see.)Francisco de Aguiar e Xerez (tes.)

Conselheiros SeccionaisAntônio Ferreira Anunciação NetoGeraldo João da SilvaJosé Carlos da SilveiraJoaquim Neves RobertoJonas Pereira da SilvaLaudi Mendes de AlmeidaRosikler Ribeiro Amaral Maciel da Silveira

Conselheiros Federais Evaristo de Morais Filho Luiz Eugênio Haddock Lobo Virgílio Luiz Donicci

S Eleição: 26 de novembro 1979 Mandato: 26/novembro/1979 a 31/janeiro/1981

UM RESGATE HISTÓRICO

Prímdto M^nà^io 4c HESMONE SARAIVA GRANGEIRO

oque é Justiça? O professor Júlio C ésar Tadeu Barbosa

escreveu que “pode-se d izer com segurança que o in­teresse prim ordial do homem sobre a Terra é a ju stiça . A fim de estabelecê-la e m antê-la os hom ens se agruparam e criaram suas institu ições. G rosso m odo, pode-se dizer, toda organização so­cial existe a fim de obter a realização da ju s tiç a” .

O caminho do acesso à justiça:

A magistratura é tão-somente um dos vértices daquilo que é chamado o triângulo judiciário. Nos outros dois estão o Ministério Público e a Advocacia. A sua formação-base é a mesma, as Faculdades de Direito. A proliferação destas, o aviltamento dos níveis de ensino - fenômeno que não se restringe ao ensino do Direito - , gera advogados, juizes e promotores com formação defi­ciente, com evidentes reflexos na administração da justiça pelo Estado.

Deve ser ressaltado, entretanto, que não é só de bons juizes, qualificados intelectual e moralmente, que se necessita, mas também de promotores públi­cos, policiais e advogados, pois sem eles não será possível fazer-se Justiça.^

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, é uma dessas organizações sociais que nasceram com a missão de defender os direitos humanos e facilitar o acesso do cidadão à justiça.

Missão impossível? Sim e não.O certo é que a partir de agora o leitor vai tomar ciência da luta

dos conselheiros da OAB/RR na perseguição desse ideal.

Notícia da instalação da OAB/RRPelo que pudemos apurar, a primeira noticia publicada na impren­

sa escrita sobre a existência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, ocorreu no Jornal Boa Vista, edição de domingo, do dia 2 de dezembro de 1979.

Consideramos oportuno esclarecer que em 1979, no Território Fe­deral de Roraima, a imprensa escrita se resumia no Boletim Oficial, no Jornal Boa Vista e no O Roraima.

Na década de 80, além dos jornais citados, surgiram a Folha de Roraima e O Observador (1980), A Gazeta (1981), Folha de Boa Vista

OAB RORAIMA

(1983), Tribuna de Roraima (1986), O Jornal, A Critica de Roraima e Diário do Povo (1988) e O Estado de Roraima (1989)/

Ao garimpar informações nos arquivos da Imprensa Oficial de Roraima, nos diários Folha de Boa Vista e Brasil Norte, e em alguns semanários, tivemos uma certeza: se o jornal não existisse, seria preciso inventá-lo ontem, pois jornal tem memória e memória é história.

Sendo assim, divulgamos na íntegra essa matéria histórica, que fala da instalação de fato e de direito, da OAB Roraima.

ORDEM DOS ADVOGADOS EMPOSSA NOVA DIRETORIA

Em reunião que contou com a presença de todos os representantes da classe e mais três delegados, membros do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, foi eleita e empossada a primeira Diretoria da Seção Regional da Ordem dos Advogados de Roraima, na última segunda-feira, em dependências do Palácio da Justiça.

A Seção Regional da Ordem dos Advogados de Roraima, entidade que congrega os advogados que exercem suas atividades profissionais neste Terri­tório, foi criada em 5 de julho de 1977, conforme decisão unânime do Conse­lho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Naquela ocasião foi efetivada a eleição para escolha de sua diretoria, havendo sido a mesma anulada pelo Conselho Federal. Em 17 de agosto de 1979 foi realizada outra eleição, esta novamente anulada, também pelo Conselho Federal.

Finalmente, na última segunda-feira, 26 do corrente, foi procedida uma nova eleição, desta feita sob a supervisão de três delegados, membros do Con­selho Federal, os advogados: Dr. Sylvio Curado, Dr. Jayme Queiroz Lopes e Dr. Clovis Ferro Costa, que para até aqui se deslocaram com a finalidade de prestigiar e supervisionar o evento.

Esta última eleição foi finalmente homologada, sendo escolhida a pri­meira diretoria da entidade já em caráter definitivo com o seguinte resultado nesta Assembleia Geral dos Advogados roraimenses: Conselho Seccional - formado por 12 votos - Antônio Ferreira Anunciação Neto, Francisco de Aguiar e Xerez, Geraldo João da Silva, Hesmone Saraiva Grangeiro, José Machado de Oliveira, José Carlos da Silveira, Joaquim Neves Roberto, José Dutra do Prado, Jonas Pereira da Silva, Laudi Mendes de Almeida, Nelson da Costa e Rosicler Ribeiro Amaral da Silveira.

A diretoria. Esta diretoria foi eleita pelos 12 conselheiros entre si. Pre­sidente - Hesmone Saraiva Grangeiro, vice-presidente - José Machado de Oliveira, 1® secretário - José Dutra do Prado, 2® secretário - Nelson da Costa e tesoureiro - Francisco de Aguiar e Xerez.

A Comissão de Ética. Esta comissão também foi eleita pelos 12 conse­

VM RESGATE HISTÓRICO

lheiros entre si e compõe-se dos seguintes membros: Jonas Pereira da Silva, Antônio Ferreira Anunciação Neto e José Carlos da Silveira.

Delegados junto ao Conselho Federal. Igualmente eleitos pelos 12 con­selheiros, foram escolhidos para representar a Seção de Roraima no Conselho Federal, os advogados: Luiz Eugênio Haddock Lobo, Virgílio Luiz Donicci e Evaristo de Morais Filho, todos advogados de renome.

A esta eleição da Ordem concorreu também uma outra chapa ‘sem nome’, obtendo apenas cinco votos.^

Convém observar que os três conselheiros escolhidos para repre­sentar a Seccional de Roraima no Conselho Federal são advogados sediados no Rio de Janeiro. Assim ficou decidido porque a nova Seccional, com número reduzido de filiados, não teria recursos para bancar viagens para participar de reuniões do Conselho Pleno na Cida­de Maravilhosa.

Sim, como já dissemos, apesar de Brasília ter sido inaugurada em 1960, a transferência do Conselho Federal da OAB para o planalto cen­tral ocorreu 26 anos mais tarde.

Terrorismo na sede do Conselho FederalUm atentado a bomba, colocada numa correspondência destinada

ao presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Eduardo Seabra Fagundes, matou a funcionária Lyda Monteiro da Silva, com mais de quarenta anos de serviços prestados à entidade.

O ato terrorista aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 27 de agosto de 1980. Cerca de 6 mil pessoas participaram do enterro de Lyda M onteiro, realizado em tom de protesto. Partindo da sede da OAB em direção ao Cem itério São João Batista, em Botafogo, a caminhada de oito km, marcada por faixas de muitas cores e tam a­nhos, durou três horas e meia.

Segundo reportagem da Revista htoÈ, de 3 de setembro de 1980, “todo o percurso foi cumprido ao som do hino nacional e das palavras de ordem ‘O povo indignado repudia o atentado’ ou ‘Chega de omissão, exigimos puni­ção’. (...) Das janelas dos edifícios vinham manifestações de solidariedade. Muitos moradores aplaudiam e alguns acenavam com panos negros”.®

Compartilhando com o sentimento de indignação e tristeza do Con­selho Federal da OAB, a Seccional de Roraima publicou na imprensa uma Nota de Repúdio ao ato de terrorismo que vitimou Lyda Monteiro.

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECÇÃO DE RORAIMA

NOTA DE REPÚDIO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de Roraima, reunida em sessão extraordinária, realizada hoje, decidiu, por unanimidade, vir a público denunciar e repudiar veementemente os atos de terrorismo assassino que está assolando o País, numa verdadeira afronta às leis, às autoridades constituídas e às instituições nacionais, que culminam com a agressão a bomba levada a efeito contra a sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, órgão máximo de defesa da ordem jurídica e dos direitos humzmos, ocasião em que foi assassinada Dona Lyda Monteiro da Silva, secretária da entidade, onde prestava serviços há mais de 48 anos.

Confia esta Seccional na imparcial e imediata identificação e punição dos responsáveis por tão repulsivo ato de terror. ’

Boa Vista (RR), 29 de agosto de 1980.Hesmone Saraiva Grangeiro

Presidente da OAB/RR

Órgão de defesa dos direitos humanos Consta na Nota de Repúdio supracitada que o Conselho Federal

da Ordem dos Advogados do Brasil, é o “órgão máximo de defesa da ordem jurídica e dos direitos humanos”.

Pois bem, precisamos deixar claro desde já a dimensão do que se­jam direitos humanos, para evitar mal entendido. Enfim, defender direitos humanos não é defender bandidos, embora eles também tenham direitos como pessoas humanas, mesmo praticando atos desumanos.

Contudo, é bom que se diga que justiça e direitos humanos são inseparáveis. “A justiça só pode se dar a partir da democracia, e a demo­cracia é uma exigência da justiça”.*

Coloco a seguir os direitos humanos fundamentais, de acordo com a classificação de L. J. MacFarlane, cientista social inglês, que os agrupa em três categorias: os direitos primários, os direitos civis e os direitos sociais e econômicos.

Tal classificação, com algumas diferenças, é a basicamente contida na Declaração universal dos Direitos Humanos, mas acrescida de alguns outros, como o direito de greve, nela não constantes.

Creio que a garantia dos direitos a seguir enunciados daria a qualquer sociedade um status de justiça (...) e deixo-os à reflexão dos leitores.

VM RESGATE HISTÓRICO

A - Os direitos primários:1) O direito à vida (ou o direito a não ser morto).2) O direito de não ser escravizado ou de não ser sujeito a trabalhos

forçados.3) O direito de não ser arbitrariamente privado de alimentação, da pos­

sibilidade de se proteger e da propriedade.4) O direito de não ser arbitrariamente privado da liberdade de movi­

mentos (ir e vir) e residência.5) O direito de não ser proibido do exercício da liberdade de crença.6) O direito de cada um não ser sujeito a interferências na sua liberdade

e segurança.7) O direito de não estar sujeito a torturas ou aprisionamento inumano.

B - Os direitos civis:1) O direito à liberdade de falar, se expressar e publicar.2) O direito à liberdade de associação.3) O direito de votar (e, acrescento, de ser votado).4) O direito à greve.

C - Os direitos econômicos e sociais:1) O direito à adequada alimentação, vestuário e habitação.2) O direito à educação.3) O direito a cuidados médicos.4) O direito à proteção em caso de desemprego, doença, viuvez e velhice.5) O direito ao trabalho, ao descanso e ao Jazer.Esta descrição não é rígida, mas creio que é básica.^

Feitas essas considerações, com a ajuda do professor goiano Júlio César Tadeu Barbosa, seguiremos adiante nas pegadas da OAB Roraima. Temos uma jornada de 27 anos e muita injustiça pela frente, portanto, não podemos dormir no ponto.

Além do mais, como disse o saudoso jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto (1893-1991), “sem Direito, sem leis e sem justiça não há sociedade que cresça e se organize”.

1** Seminário de Estudos JurídicosA OAB/RR, sob a batuta de Hesmone Grangeiro, promoveu o 1°

Seminário de Estudos Jurídicos de Roraima no período de 16 a 23 de novembro de 1980.0 evento contou com palestras de vários conselhei­ros federais da OAB e, no encerramento, com a conferência do presi­dente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes.

OAB RORAIMA

Na abertura do seminário, falando sobre seu objetivo, Hesmone Grangeiro, fez um longo discurso sobre democracia, direitos humanos e justiça, do qual fazemos uma transcrição parcial:

Os advogados de Roraima estão reunidos, em seu 1° Seminário de Es­tudos Jurídicos, sob temário livre, mas inspirados, sobretudo, no signo da li­berdade, por cujo perfil os profissionais do Direito se batem renhidamente.

O exercício da advocacia vem ligado ao Estado de Direito, por isso que sua opção significa suportar o pesado encargo das incertezas e das angústias.

É dever permanente do advogado pugnar pelo aperfeiçoamento da democracia.

Norteando-se por esse prisma e ciente de que para ser livre e indepen­dente na postulação de seu ministério, se faz necessário que o advogado, como um eterno estudante, caminhe com a evolução dos conceitos jurídicos, bus­cando-se sempre a atualização dos conhecimentos.

Eis o verdadeiro sentido deste seminário!Aqui estamos ávidos de novas luzes, porque sabemos que para ser livre

o advogado não pode desprezar a cultura jurídica.O exercício da advocacia, nos Territórios Federais, toma-se mais pe­

noso e difícil pela precariedade dos meios que essa figura ‘sui generis’ da federação brasileira encerra. Fator comum a todos os ofícios. No nosso caso os óbices são acentuados por causa do compromisso que o advogado tem com a legalidade.

Tendentes ao arbítrio pelo próprio mal do isolamento com os grandes centros da nação, distantes da prestação jurisdicional de 2® grau, os Territórios revelam uma vida muito difícil para o profissional do Direito, cuja realidade peculiar exige fortaleza de espírito e desmedida coragem.

Nos Territórios o advogado há que ser mais forte do que estudioso e mais destemido do que forte!

A inexistência da Justiça de 2* Instância, a falta de controle jurisdicional para com os detentores do poder, sobremaneira, em virtude da figura do foro privilegiado, exigindo o envio de discussão e decisão das causas para a Capi­tal da República, propicia à autoridade o desprezo pela legalidade e incentiva o abuso do arbítrio, acarretando ao advogado as mais terríveis angústias e incertezas quanto ao triunfo do Direito.

Em condições assim tão especiais é que enfrentamos os fortes contra os fracos, os ricos contra os pobres!

Se para Napoleão os advogados eram indesejáveis a ponto de serem ameaçados de ter as mãos cortadas, nos Territórios basta que o governo seja desprovido de convicção democrática, para que contra os defensores da lei se perpetre as mais tristes injustiças!

Longe - no espaço - do Poder Central da República, em que pese o avançado e atual sistema de comunicabilidade, os Territórios impedem a am­

48

UM RESGA TE HISTÓRICO

plitude do exercício profissional dos seus advogados. Por isso as angústias são maiores, confortando-se neste crítico momento nacional de transição his­tórica a despontar no horizonte os primeiros lampejos de estado de direito, após uma prolongada escuridão.

Cientes dessa problemática e do anseio do povo brasileiro pela restaura­ção plena de seus direitos fundamentais, os advogados de Roraima se unem para um momento de reflexão em tomo de temas atuais e de interesse direto da co­munidade, todos, porém, ligados à liberdade!

Um mínimo de liberdade para o exercício de direitos fundamentais, condizentes com a dignidade humana, direitos esses esculpidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, integrantes do elenco das garantias indivi­duais das constituições democráticas.

Senhores, advogados, se estamos aqui reunidos visando ao aperfei­çoamento profissional, impÕe-se ressaltar a coincidência precisa com que o ano em que a OAB completa seu cinquentenário de existência. Aliás, por ironia do destino, os advogados adversos que somos, dos regimes discricio­nários, viram a sua Ordem crescer no limiar do excepcional regime surgido com a Revolução de 1930.

Não é demais ressaltar que este 1® Seminário de Estudos Jurídi­cos se dá no momento em que completa a Seccional da OAB de Roraima o seu primeiro ano de vida. Coincidentemente também, criada na pas­sagem de outro regime de exceção, cuja opressão ao povo brasileiro foi uma tristeza histórica.

Coincidindo ainda com o ano da 11" Conferência Nacional, realiza­da em Manaus, cujo tema foi centralizado em liberdade e por isso se moti­vando naquela oportunidade numa justa homenagem a Waldemar Pedrosa, um advogado que enaltece á classe, deixando a ela uma lição que achamos deva ser lembrada:

“Não possuo bens de fortuna, mas sou feliz, porque tenho tranquila a consciência e vivo confinado na minha pobreza e humildade. Só de um bem - hoje imensa fortuna - tenho título ínsequestrável: a honestidade”.

Ilustres colegas.Cuidando este Seminário de estudos de temas intimamente ligados

à liberdade, convém refletirmos espraiados aqui neste último rincão da civilização brasileira, no ponto preciso da luta dos advogados pela liber­dade, concentrando especial atenção para o grave fato de interesses conflitantes estarem a impedir o desenvolvimento do Território, exatamente quanto ao sistema fundiário, cuja confusão entre os supostos proprietários de terras cresce na medida em que se evidencia a omissão do poder respon­sável para enfrentar e decidir uma realidade, causando sério cerceio do exercício do direito à propriedade.

E refletirmos também a respeito da prestação jurisdicional de 2® Instância, na medida em que ela vem causando prejuízo aos jurisdicionados, que pagam uma justiça cara para não terem a verdadeira justiça.

OAB RORAIMA

Srs. Convencionados,Sou forçado a concluir - por boa lógica - que, sendo certo não haver

justiça sem liberdade, a luta pelo estado de direito democrático é permanente e significa que o advogado não pode ficar preso ao mundo do processo de causas isoladas, mas deve debruçar-se com os problemas violadores da digni­dade do homem, repudiando-os, contestando-os, numa demonstração de gran­deza ao exercício da democracia.

Com essa inspiração o nosso órgão de classe - Ordem dos Advogados do Brasil - não tem se afastado do seu dever fundamental, sendo das mais arrojadas as posições da OAB em graves crises.

Depois da fala de Hesmone Grangeiro no Palácio da Cultura, o prim eiro conferencista da noite foi o secretário geral da OAB, Bernardo Cabral, que discorreu sobre o tem a “Regime Político Institucional da Atualidade Brasileira”.

No dia 17, o vice-presidente da OAB, José Paulo Sepulveda Per­tence, falou sobre o tema “Variações dos Territórios Federais”.

No dia 19, o conferencista foi o desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Luiz Vicente Cemicchiarg. Tema: “Direito Penal e Direitos Humanos” .

No dia 20, o juiz de Direito da Circunscrição Judiciária de Roraima, Eustáquio Nunes da Silveira, abordou o tema “A Nova Lei de Organiza­ção Judiciária dos Territórios”.

No dia 22, o professor da Universidade Federal de Goiás, Paulo Torminn Borges, discorreu sobre o polêmico tema “Direito Agrário, Ter­ras Devolutas, Ações Agraristas”.

A conferência de encerramento do seminário, no dia 23,

Foi a mais concorrida, em razão do conferencista ser o presidente da OAB, prof. Eduardo Seabra Fagundes, figura atualmente em grande destaque no contexto nacional e internacional, presente nos mais importantes noticiários do País, pelas suas intervenções em assuntos políticos, como a de defesa da adoção da Constituinte no Brasil e, por outro lado, no seu interesse em desco­brir os verdadeiros culpados do terrorismo perpetrado contra a Casa do Advo­gado, no Rio de Janeiro, que culminou com a morte da secretária geral da entidade, Sr®. Lyda Monteiro."

Ao mergulhar no tema “Os Advogados e a Atual Situação do País”, Eduardo Seabra Fagundes comentou que não reeonhecia nos parlamen.

VM RESGATE HISTÓRICO

tares integrantes do Congresso Nacional os autênticos representantes do povo, principalmente os senadores biônicos.

Para surpresa de Seabra Fagundes, o debate depois de sua fala girou em tomo de um único assunto: terras indígenas em Roraima que, para os debatedores, era um problema que precisava de solução urgente.

Outro que também fez uso da palavra no encerramento do seminá­rio foi o governador Ottomar de Sousa Pinto, abordando o tema “As Instituições do Direito na Sociedade Contemporânea”.

TEXTO & C O NT EXTO

Dia 10/03/1979 — Inauguração do Palácio da Justiça, sede do Poder Judiciário, no então Território Federal de Roraima (atualmente Fórum Advogado Sobral Pinto). Na época o presidente da República do Brasil era o general Ernesto Geisel; ministro da Justiça, Armando Ribeiro Falcão; ministro do Interior, Maurício Rangel Reis; governador do Território, coronel Fernando Ramos Pereira.

=> Dia 26/11/1979 — Data da instalação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima (OAB/RR). O prefeito de Boa Vista era Rodolfo Hyssa Abrahim, enquanto o Território Federal de Roraima era governado pelo brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto. Quanto a Presidência da República, estava ocupada pelo general João Batista Figueiredo, o último presidente do regime militar.

=> Dia 25/12/1979 — O mundo comemorou o segundo aniversário da morte do comediante Charles Chaplin, que ficou intemacionalmente conhecido por Carlitos. Ele nasceu na Inglaterra, fez fama no cinema nos Estados Unidos, e morreu na Suíça, onde viveu os últimos anos de sua vida.

^ Dia 27/08/1980 — Falecimento de Lyda Monteiro da Silva, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de um atentado terrorista à bomba na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

=> Dia 6/09/1980 — Quinto aniversário de inauguração do Estádio 13 de Setembro, popularmente conhecido como Estádio Canarinho. O governador do Território Federal de Roraima na época de sua construção foi o coronel Fernando Ramos Pereira.

PRIMEIRO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Ordem dos Advogados empossa nova diretoria. Jornal Boa Vista. Boa Vista, 2/ dezembro/1979. (p. 2) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.

OAB RORAIMA

Júlio César Tadeu Barbosa. O que é justiça. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1984. (pp. 7 e 58) Idem, p. 58Jacy de Souza Cruz Soares. Jornais impressos de Roraima: 1905 - 1997. Boa

Vista, 1998. Anexo 2 (p. 72 e 73). Monografia apresentada na conclusão do Curso de Comunicação Social da UFRR. Acei'vo do Espaço Cultural Marreta.' Ordem dos Advogados empossa nova diretoria. Jornal Boa Vista. Boa Vista, 2/ dezembro/1979, (p. 2) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.

O episódio Lyda Monteiro. Disponível no site www.oab.org.br. Acesso em 2/ maio/2006. Nota de repúdio/OAB/RR. Jornal Boa Vista. Boa Vista, 26/setembro/1980. (p.

26) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.* Júlio César Tadeu Barbosa. O que é justiça. São Paulo: Abril Cultural; Brasiliense, 1984. (p.85) Idem, pp. 86-88.

Seabra Fagundes encerra seminário em Roraima. Jornal Boa Vista. Boa Vista, 28/novembro/80. (p. 3) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima." Idem

Ordem dos Adveé##dsy Empossa Nova DIrètoriá

Em rejniâo Que contou com a preset ca d e iodos os tepresem antes da ciasse e m a is I ré s D e le g a d o s mem bros do Conselho Fe Oeral da Ordem d o s Advo gados do Brasil, foi eieila e em possada a primeira Dire­toria da S eção Regional da Ordem dos Advogados de R o r a im a , n a u l tim a segunda feira, em depen­dências do Palácio d a Justi­ça

A Seção Regional da Ordem dos Advogados de Roraima enndade que con­grega os advogados que exercem su a s atividades profissionais neste TemHmo, foi cnada em S d e p lho de 1977, conforme decisão au- nânime do Coosetho Federal d a Ordem dos Advogados do Brasil Naquela ocasião foi efetivada a eietção para escolha d e su a diretoria, ha­vendo sido a mesma anula­d a pelo Conselho Federal Em 17 d e agosto de 1979 toí realizada outra eleição, este novamenie anulada, tam­bém pelo Conselho Federal

Finaimente. na úisma

segunda-feira, 26 do corren­te toi procedida uma nova eleição, desta teiia sob a su pervisâo de 3 Delegados, riembros do Cdnselho Fe­

deral, 08 Advogados Dr bylvio Curado Dr Jayme üueiroz Lopes e Dr Oovis Ferro Costa Que para até aqui se deslocaram com a fi­nalidade de prestigiar e su ­pervisionar o evento

Esta Oitima eleição foi finaim ente hom ologada, sendo escolhida a 1 'Direto­ria da entidade >á em c a r ­ter definifivo com o se­guinte resultado nesta As­sembléia Geral dos M voga- Qds toraimenses CONSE LHO SECCIONAL formado por 12 votos - Antdnio Fer re ira A n u n c ia ç ã o N eto , ' Francisco Aguiar e Xaraz, Geraldo Jo ão d a Silva, Has mone Saraiva Grangeiro, Jo ­sé Machado d e Oliveira. J o ­sé Carlos da Silveira, Joa­quim Neves Roberto, Jo sé Outra Prado. Jonas Pereira d a Sitva, Laudt M endes de Almeida, Nelson Costa e Ro- sicler Ribeiro Amaral d a Sil-

A DIRETORIA Esta Di reiona <01 eleita pelos i? conselheiros entre sl - Presi dente , Hasm one Saraiva Grangeiro Vice Presiden­te Jo sé M achado de Olivei­ra, I' Secrelâno, Jo sé Dutra P rado 2° Secretáno Nelsor, Costa e Tesoureiro Francis­co Aguiar da Silveira

A COMISSÃO DE ÉTI­CA Esta Comissão também loi eleita pelos i2con$eihoi 'OS enue sl, e com põe-se dos seguintes m embros Jo ­nas pereira d a Silva, Antônio Ferreira Anunciação Neto e Jo sé c sd o s d a Silveira

DELEGADOS JUNTO AO CONSELHO FEDERAL Ig u M ad e eleitos, pelos 12 conselheiros, foram escolhi­dos p a rs representar a S e­ção d e Roraima no Conse­lho tedeial, o s Advogados Luiz Eudénio Haddock Lo bo, Virgílio Luiz Donicci e Evarisio d e Morais Filho, io­dos advogados d e renome

A a fia eleição d a Or­dem . concorreu também uma outra chapa sem no­me", obtendo apenas 5 vo­tos

Jomal Boa Vista, 2/dezembro/1979

5.2.SEGUNDO CONSELHO (1981 - 1983)

Diretoria do Conselho Seccional'Zelite Andrade Carneiro (pres.)Francisco de Aguiar e Xerez (vice)Susete Aparecida Bianchine (1“ see.)Dircinha Batista Cordeiro (2“ see.)Jane Wanderley de Melo (tes.)

Conselheiros Seccionais Almir Morais Sá Areolino Pires Pereira José Iguatemi de Souza Rosa José Machado de Oliveira Jonas Pereira da Silva Nelson da Costa Paulo Batista Gomes

Conselheiros Federais Eduardo Mansur Mattar Evaristo de Morais Filho Virgílio Luiz Donicci

S Eleição: 30 de novembro de 1980 Mandato: 17fevereiro/1981 a 3 l/janeiro/1983

OAB RORAIMA

4 eZELITE ANDRADE CARNEIRO(17fevereiro/1981 a 27/julho/l 981)

A advogada Zelite Andrade Carneiro foi a primeira e única . / i j n u l h e r que ocupou a Presidência da Ordem dos Advogados do

Brasil, Seccional de Roraima, durante seus 27 anos de história ( 1979 - 2006).Outro fato interessante foi a composição da Diretoria da OAB/RR

no seu mandato: Zelite Andrade (presidente); Francisco de Aguiar e Xerez (vice); Susete Aparecida Bianchine (1* secretária); Dircinha Batista Cordeiro (2“ secretária); Jane Wanderley de Melo (tesoureira).

Portanto, apenas um homem na Diretoria da Casa, o vice-presidente Francisco de Aguiar e Xerez. Por outro lado, todos os outros conselheiros eram homens: Almir Morais Sá, Areolino Pires Pereira, José Iguatemi de Souza Rosa, José Machado de Oliveira, Jonas Pereira da Silva, Nelson da Costa e Paulo Batista Gomes.

O segundo Conselho Seccional foi eleito no dia 30 de novembro de 1980. No dia 1° de fevereiro do ano seguinte, os conselheiros tom aram posse e elegeram e em possaram Zelite A ndrade como presidente da Ordem dos Advogados.^

Saiu um ex-sargento e tomou posse uma seresteira, e poetiza, já que a advogada gostava de locar violão, e cantar a vida em versos.

Mas Zelite ficou na Presidência da Casa apenas seis meses, em função de sua transferência para o Estado de Rondônia, como membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, no dia 27 de julho de 1981.

Diante da ocorrência, no dia 20 de agosto de 1981, Zelite pediu o cancelamento de sua inscrição na entidade, “por não pretender mais advogar na Comarca de Boa Vista”.

Em seguida foi feita nova eleição no Conselho Seccional de Roraima, sendo eleito como presidente da Ordem o advogado Paulo Batista Gomes.

Depois de Paulo, quem assumiu a Presidência da OAB foi o advogado Nelson da Costa, onde esteve presidente durante quatro meses.

Reajuste da anuidade & outras taxas Quando Zelite Andrade assumiu a Presidência da OAB/RR, o Brasil

respirava os ares do regime militar sob o comando do presidente João Batista

UM RESGATE HISTÓRICO

Figueiredo, sendo o governador de Roraima, o brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto; o prefeito era o major Alcides Rodrigues dos Santos.

Pois bem, pelas patentes dá para notar que a moda era “bater continência aos oficiais” . A moeda era o cruzeiro. Tempos difíceis, de muitas armas compridas, opressão e tirania, onde prevalecia a máxima do príncipe, de Maquiavel:

Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha. (...)

E também muito estimado o príncipe que age como verdadeiro amigo ou inimigo declarado; isto é, que se declara sem reserva em favor de uns e contra outros, política que é sempre mais útil do que a da neutralidade.'*

Nesse contexto político, ao som das cometas e marchas militares, os primeiros registros da atuação de Zelite Andrade à frente da OAB Roraima, aconteceram com a publicação de quatro deliberações do (Zonselho Seccional, nas páginas do Boletim Oficial do dia 11 de fevereiro de 1981.

A primeira foi a publicação de um Edital de Pedido de Inscrição na OAB/RR, dos advogados Odilo Becker e Vemey Antônio da Costa Mendes.

A segunda foi um o fíc io in fo rm ando a com posição do Conselho Seccional para o biênio 81/83, a diretoria eleita e o nome dos conselheiros federais.

A terceira e quarta publicação trata-se das inesperadas e polêmicas Resoluções de n®. 03 e 04, que deu “pano pras mangas”.

Ao comando de Zelite, na reunião do Conselho Seccional realizada no dia 3 de fevereiro foi aprovado o reajuste da anuidade e outras taxas de serviços prestados pela OAB/RR. Afinal, sem dinheiro em caixa, não há soluções mágicas; quem faz milagre é santo e a Ordem precisava de dinheiro.

Para efeito de registro histórico, transcrevemos na íntegra a Resolução n°. 03/81, que trata do reajuste da anuidade e dá outras providências.^

RESOLUÇÃO N“. 03/81

O Egrégio Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 28, inciso IX da Lei 4.215, de 27 de abril de 1963;

Considerando as frequentes ondas inflacionárias que assolam o Pais, e,

OAB RORAIMA

acrescentando-se & este já suficiente fator, o advento da Lei 6.708/79 e o decreto que a regulamentou, sobre reajustes salariais e, consequente oneraçào dos encargos sociais e fiscais devidos a servidores e entidades beneficentes;

Considerando que a Ordem dos Advogados do Brasil depende, para manter-se, basicamente das anuidades e taxas pagas pelos inscritos em seus quadros;

Considerando, ainda, que o Conselho Seccional aprovou, por unanimidade, o aumento da Taxa de Anuidade, multas e emolumentos, em Reunião Extraordinária do dia 3/02/81;

Resolve:

Art. 1 ® - Aumentar a Taxa de Anuidade, devido pelos advogados inscritos em seu quadro (art. 28, alínea G e IX e 140/141 do Estatuto), fixando-a em Cr$ 4.000,00 (quatro mil cruzeiros).

Art. 2° - Parcelar a Taxa de Anuidade dos advogados, do seguinte modo:I - até o dia 2/03/81 - Cr$ 2.000,00II - até o dia 31/07/81 - Cr$ 2.000,00

Art. 3® - O pagamento da anuidade fora do prazo será acrescido de multa de 20% (vinte por cento) e mais 10% (dez por cento) por ano de atraso, calculados sobre o valor da anuidade vigente à época do até;

Art. 4® - Instituir os seguintes valores referentes a taxa, multas e emolumentos:

I - Inscrição de advogadosa) taxa de inscrição - Cr$ 2.500,00b) registro de diploma - Cr$ 1.000,00c) carteira de identidade - Cr$ \ .500,00d) carteira provisória - Cr$ 1.500,00e) anotações - Cr$ 500,00f) cartão de identidade - Cr$ 1.000,00II - Inscrição de estagiáriosa) taxa de inscrição - Cr$ 2.000,00b) carteira de estagiário - Cr$ 800,00c) anotações - Cr$ 600,00III - Exame de Ordema) taxa única - Cr$ 600,00IV - Exercício eventual da advocacia a) taxa única - Cr$ 3.000,00V - Certidõesa) taxa única - Cr$ 300,00VI - Protocoloa) taxa única - Cr$ 200,00

UM RESGATE HISTÓRICO

Art. 5® - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.Sala das Sessões, aos três dias do mês de fevereiro do ano de mil

novecentos e oitenta e um.

Zelite Andrade Presidente

Vale ressaltar que desde a primeira tentativa de fundação da OAB/RR em 1977, até o final do 1982, o Boletim Oficial e depois o Diário Oficial, foram os jornais utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil para divulgar seus editais de assembléia, reuniões e atas de trabalho, entre outros informes.

A ousadia da Resolução n". 04/81A advogada Zelite Andrade sentou na cadeira da Presidência

da O A B /R R com v o n tad e de tra b a lh a r . M as, p a ra a ssu m ir com prom issos e estru tu rar a recém criada Seccional de Roraim a, era preciso levantar recursos.

Zelite foi além da Resolução n°. 03, que sacudiu os advogados. Ela editou, também, a Resolução n®. 04, que fez estremecer o Palácio da Justiça.®

Eis, na íntegra, seu conteúdo:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

RESOLUÇÃO N®. 04/81

A presidente do Conselho Seccional de Roraima da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 36, combinadas com o artigo 9®, ambos da Lei 4.215, de 27/04/63 e.

Considerando que, no seu ministério privado, o advogado presta serviço público, constituindo, com os juizes e membros do Ministério Público, elemento indispensável à administração da Justiça (Lei 4.215/63, art. 20), dependem, para sua subsistência básica, de uma fonte de renda estável, tanto assim que são devidas custas à do Distrito Federal, incidentes nos feitos processados em primeira e segunda instância e calculadas na base de 10 % (dez por cento) sobre as custas judiciais, conforme dispõe o Decreto-Lei n®. 115, de 25 de janeiro de 1967, em sua Tabela “B”;

Considerando que as custas devidas à Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, serão pagas ao funcionário e no local designados

OAB RORAIMA

pela referida entidade, na forma do parágrafo 2® do artigo 97 e artigo U 8 da Consolidação de provimentos, baixada em 16 de dezembro de 1975, pelo Exmo. Sr. Des. Vice-Presidente e Corregedor da Justiça do Distrito Federal e Territórios, vigindo desde 1® de janeiro de 1976;

Considerando, ainda, que, como expressamente dispõe o artigo 113 da Consolidação de Provimentos já referida, “a Justiça dos Territórios Federais aplicam-se, no que couber, as tabelas e emolumentos do Decreto-Lei 115/67” e, assim, tem esta recém-instalada Seção de Roraima direito ao recebimento das custas devidas à Ordem dos Advogados do Brasil;

Considerando, também, a decisão tomada pelo Egrégio Conselho Seccional de Roraima, desta Ordem, em reunião extraordinária realizada em 03 de fevereiro de 1981;

Considerando, finaimente, que, com as devidas adaptações, é de se adotar o mesmo procedimento fixado através da Portaria n®. 4/79, baixada em 15 de fevereiro de 1979, pelo MM. Juiz de Direito desta Comarca;

Resolve:Art. 1 ® - A partir do dia 10 de fevereiro do corrente ano de 1981, fica

instituída a obrigatoriedade de serem recolhidas em favor desta Seção de Roraima, as custas devidas à Ordem dos Advogados do Brasil, na forma da Tabela “B” do Decreto-Lei n®. 115, de 25 de janeiro de 1967 e artigo 118 da Consolidação de Provimentos, baixada pelo Exmo. Sr. Des. Vice- Presidente e Corregedor da Justiça do Distrito Federal e Territórios, vigindo desde 1“ de janeiro de 1976.

Art. 2® - As custas de que trata o artigo anterior serão calculadas na base de 10% (dez por cento) sobre as custas judiciais devidas e recolhidas na forma deste artigo.

Parágrafo 1® - Após obter do Contador de Juízo, o cálculo das custas, a parte interessada deverá, antecipadamente, dirigir-se à Tesouraria da Seção de Roraima desta Ordem, no edifício do Fórum local e no horário de expediente deste, onde recolherá as custas devidas.

Parágrafo 2® - O recibo pertinente, fornecido pelo funcionário da Tesouraria da entidade, deverá ser juntado à petição inicial, como prova do pagamento devido.

Art. 3° - Oficie-se ao MM. Juiz de Direito Diretor da Comarca, solicitando os bons ofícios de Sua Excelência, no sentido de somente permitir que sejam recebidas petições iniciais, se devidamente acompanhadas da prova do pagamento das custas a esta Ordem e de que trata a presente Resolução.

Art. 4® - Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação.Sala das Sessões, aos quatro dias do mês de fevereiro do ano de mil e

novecentos e oitenta e um.

Zelite Andrade Presidente da OAB/RR

VM RESGATE HISTÓRICO

Numa entrevista pela Internet, via e-mail, em agosto de 2006, a então desembargadora no Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, Zelite Andrade Carneiro, comentou aquele feito realizado 25 anos atrás:

Na OAB nossa maior preocupação, naquela época, era buscar uma fonte de arrecadação para sustentar a Seccional. Vivíamos tempos difíceis, mas o que precisava ser feito, foi feito pelo nosso antecessor, por nós e pelos que nos sucederam. Questionou-se muito uma portaria de nossa administração que impunha aos advogados o dever de recolher um determinado valor em favor da Ordem. Deu pano pras mangas. Entretanto, tudo que fizemos foi pensando o melhor. (...) De sorte que, se não pudemos fazer tudo o que precisava, fizemos tudo o que podíamos dentro das limitações e dificuldades, como sói acontecer com todo começo.’

Convocações e editalOutros três registros da atuação de Zelite Andrade à frente da OAB/

RR, ocorreram com a publicação de duas convocações e um edital no Boletim Oficial, em março de 1981.

A primeira Convocação foi de Assembléia Geral para avaliação e votação das contas da Administração Hesmone Saraiva Grangeiro.^

O edital, por sua vez, tomava público o Pedido de Inscrição na OAB/ RR, da advogada Daysy Quintella, recém chegada do Rio de Janeiro.^

Pelo que tudo indica, na Assembléia Geral do dia 16 de março não foi possível aprovar as contas da diretoria anterior, pois, no dia 17 do referido mês, saía outra Convocação de Assembléia Geral para o dia 24, com 0 mesmo objetivo.'®

PAULO BATISTA GOMES(28/julho/l 981 a4/outubro/1982)

O edital assinado pelo advogado Paulo Batista Gomes, e publicado no Boletim Oficial" do dia 8 de fevereiro de 1982, pôs em cena e registrou com tinta no papel o segundo presidente da OAB/RR no biênio 81/83.

Confira o teor do documento:

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE RORAIMA

EDITAL

De ordem do Exmo. Sr. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, faço público achar-se nesta Secretaria suficientemente instruído para oportuna deliberação, o requerimento de Inscrição Provisória do Bacharel em Direito - Dr. Pedro Xavier Coelho Sobrinho, publicando-se o presente, ex-vi do art. 58 da Lei 4.215/63.

Secretaria da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima, aos vinte e oito dias do mês de janeiro de mil novecentos e oitenta e dois.

Antonio Ferreira Anunciação Neto 1“ Secretário da OAB/RR

Paulo Batista Gomes Presidente da OAB/RR

Entendemos que a reprodução desses documentos publicados há mais de 20 anos, e preservados no arquivo da Imprensa Oficial de Roraima, colocará o leitor em contato com fragmentos de representação do passado, elaborada através da linguagem.

Como disse Michel de Certeau, em A Escrita da História,

O discurso sobre o passado tem como estatuto ser o discurso do morto. O objeto que nele circula não é senão o ausente, enquanto que o seu sentido é o de ser uma linguagem entre o narrador e os seus leitores, quer dizer, entre presentes. A coisa comunicada opera a comunicação de um grupo com ele mesmo pelo remetimento ao terceiro ausente que é o seu passado.’’

Informativo da OAB/RR: O AdvogadoN a gestão do presidente Paulo Batista Gomes circulou dois

números do informativo de divulgação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima. Seu nome era O Advogado.

Conforme registro no expediente do n®. 2, ele era redigido pelo próprio Paulo Batista, tendo como colaboradores os advogados Pedro Xavier Coelho Sobrinho e Sales Freitas.

O expediente mostra também uma variação na composição do Conselho Seccional e, entre os 12 conselheiros, apenas uma mulher.

Eram eles: Paulo Batista Gomes, Francisco de Aguiar e Xerez,

VM RESGA TE HISTÓRICO

Antônio Ferreira Anunciação Neto, José Machado de Oliveira, Geraldo João da Silva, José Iguatemi de Souza Rosa, Laudi Mendes de Almeida, Silvio Sebastião de Castro Leite, Areolino Pires Pereira, Nelson da Costa, Almir Morais Sá e Jane Wanderley de Melo.

Com a saída de Zelite Andrade, a Diretoria da OAB/RR, ficou assim constituída: Paulo Batista (presidente), Francisco Xerez (vice- presidente), Antônio Anunciação Neto (1 ® secretário), José Machado (2® secretário) e Jane Wanderley (tesoureira).

O Advogado, com seis páginas, impresso num papel cor de rosa, trouxe várias informações de interesse dos advogados. Reproduzimos aqui um artigo de Pedro Coelho Sobrinho, cuja temática continua atual e oportuna para reflexão:

CRIMINALIDADE

Hoje, mais do que nunca, o assunto criminalidade tem andado de boca em boca. Analisa-se o problema de uma forma superficial. Apresentam-se soluções inadequadas, quase sempre inviáveis.

Uma das soluções que se propõe, quase que continuamente, é o policiamento ostensivo nos grandes centros urbanos, principalmente, já que nestes centros a incidência criminal é maior.

Leigos de todas as formas opinam sobre o problema, reiterando de forma exacerbada a repressão policial como forma de conter a escalada da marginalidade.

Reforçando esse modo de pensar, que já se tomou um sugestionamento da população, os meios de comunicação, principalmente a televisão e o jomal, enaltecem os feitos do “Mão Branca” e da polícia em seus feitos. Creio não ser preciso citar quais são esses feitos. Na verdade a imprensa vem favorecendo este tipo de política de combate ao crime. Com este respaldo o governo se fortalece...

E claro que existem jornais e jornalistas sérios e competentes que não encaram a coisa sob este prisma. Mas, infelizmente, não é uma conscientização uniforme da classe.

Neste particular a OAB tem m antido uma posição de definição. Nas conferências, congressos e sim pósios envolvendo o debate em tela, ju ristas como Heleno Fragoso, M agalhães Noronha, Frederico M arques e tantos outros, reiteram a ineficiência da repressão abusiva no combate a crim inalidade.

Não é que não tenha que haver uma sanção para aquele que delíngue, absolutamente. Mas querer aplicar o Código Penal descabidamente, para um problema que já está mais do que generalizado, não procede.

OAB RORAIMA

A OAB neste ponto tem procurado mostrar aos governantes que não se pode tapar o sol com a peneira. Os advogados, em sua grande maioria, admite não ser o caso totalmente de solução jurídica. O Direito não está adstrito ao Direito penal.

O que leva um homem a cometer um crime? Várias teses já foram e são apresentadas constantemente. Até mesmo a teoria de César Lombroso, médico italiano do século passado, defendendo da criminalidade como produto de um ativismo genético. Em outras palavras, o indivíduo cometería o crime levado pelo impulso de sua personalidade.

A teoria de Lombroso está superada e hoje não tem a menor acolhida nos meios científicos. Hoje a teoria mais plausível e coerente a meu ver é aquela oriunda de problem as socioeconôm icos. Então, pergunta-se; Se o problem a em ana destes fatores, por que não se trabalhar em cima deles? A resposta é simples. O governo vem adotando uma política de com bater os efeitos do problema e não as suas causas. É uma política mais barata e aparentemente (o da repressão policial) é mais visto aos olhos do povo. Diferente seria se se fizesse um trabalho de base dando moradia, assistência médica, escolar, numa infraestrutura organizada, a este mesmo povo.

Se analisarmos bem o meio em que vive um bandido qualquer, um desses que todos os dias têm o seu rosto estampado nos jornais das grandes cidades, ficaremos mais chocados ainda quando soubermos de suas origens.

De um modo geral esse elemento nasce em uma favela, favela esta minada pelas promiscuidades sociais. Falta água, luz, controle sanitário etc. Aliado a estes fatores associa-se a falta de acesso deste indivíduo a uma escola, a fim de ter uma instrução cultural.

Jean-Jaques Rosseau, o célebre sociólogo francês, autor da frase “o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe”, foi quem definiu muito bem o atual estado de iniquidades, isto logicamente em uma interpretação analógica do grande mestre.

Se nós dissermos e encararmos o problema de que “o homem é produto do meio”, teremos ai iniciado verdadeiramente o combate ao crime.

Resumindo. O que precisa haver é uma conscientização coletiva para o problema em tela. Precisamos equilibrar (ao menos isso) o arsenal bélico dos aparatos policiais com os pratos de comida (cheios) do povo. Enquanto houver essa defasagem econômica gritante, no poder aquisitivo das classes, imperando no Brasil, estaremos cada vez mais distanciados da solução. Isto para conseguirmos a redução da taxa de criminalidade.

Na verdade, em poucas linhas não se pode elucidar e esclarecer as armas de combate ao crime. Pode-se tão-somente dar uma ideia sucinta do problema, pois este é muito completo e merece sem dúvida um estado bem apurado. Mas uma coisa é certa. Com fuzil e baioneta, longe estaremos de interromper a marcha da marginalidade em um país tão assolado pela fome. (Pedro Coelho Sobrinho)”

VM RESGATE HISTÓRICO

M^n4 ioNELSON DA COSTA(5/outubro/l 982 a 31/janeiro/1983)

O advogado Nelson da Costa foi o terceiro presidente da OAB/ RR no biênio 81/83. Atuou como titular da Ordem no período de 5 de outubro de 1982 à 31 de janeiro de 1983.

O primeiro registro feito pelo Boletim Oficial, da atuação do conselheiro Nelson da Costa como presidente da OAB, oconeu seis dias depois que ele assumiu a direção da Seccional de Roraima. Trata-se da Convocação'^ transcrita abaixo:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE RORAIMA

CONVOCAÇÃO

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, no uso de suas atribuições legais, convoca os membros do Conselho Seccional para uma Reunião Extraordinária a ser realizada no dia 14 de outubro do corrente, em sua sede provisória, situada no Palácio da Justiça, sala 92, 1® andar, a fim de ser tratada a seguinte ordem do dia:

a) Apreciação de processos;b) Outras matérias.Sala da Secretaria, aos oito dias do mês de outubro do ano de hum mil

e novecentos e oitenta e dois.

Nelson da Costa Presidente

Posteriorm ente ele reaparece em cena através do Edital de Convocação de Assembléia'^ para eleição do Conselho Seccional para o biênio 83/85, também publicado no Boletim Oficial.

Lembramos aqui que as eleições da Ordem dos Advogados do Brasil, para escolha dos conselheiros seccionais, sempre acontecem na segunda quinzena de novembro.

O edital das eleições é divulgado com um mês de antecedência.Confira:

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE RORAIMA

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLÉIA

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, no uso de suas atribuições legais e para cumprimento do disposto nos artigos 39, inciso II, 40, inciso I e 43 da Lei n®. 4.215/63, combinado com os artigos 20, 21 e 22 do Regimento Interno, convoca a Assembléia Geral para se reunir ordinariamente no próximo dia 29 de novembro de 1982, com início às 12:00 horas e término às 18:00 horas, para se eleger o novo Conselho Seccional para o biênio 83/84. Sendo de 67 (sessenta e sete) o número de advogados inscritos na Seção, somente poderão ser votados para membros do Conselho Seccional os candidatos que, elegíveis, segundo os diplomas vigentes, tenham sido inscritos em chapas devidamente registradas na Secretaria, entre os dias 1® (primeiro) e 12 (doze) de novembro do corrente ano. As instruções para registro de chapas encontram-se na Secretaria da Ordem. Além da eleição do Conselho Seccional e sua diretoria, dar-se-á a eleição dos representantes perante o Egrégio Conselho Federal.

Boa Vista (RR), 29 de outubro de 1982.Nelson da Costa

Presidente da OAB/RR

Este edital, publicado na edição do dia 8 de novembro, no Boletim Oficial, foi republicado no mesmo jomal no dia 18.

Caso João AlencarO jornalista João Batista de Melo Alencar, 32 anos, foi assassinado,

com três tiros pelas costas, no centro de Boa Vista, próximo ao prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado, no dia 2 de dezembro de 1982.

Natural da cidade de Crateus (CE), João Alencar morou muitos anos em Teresina (PI), onde trabalhava como jornalista. Posteriormente, militou na imprensa em Manaus (AM), e chegou em Boa Vista em 1979. Inicialmente trabalhou m. Amazônia Press, depois no jom al O Roraima, dirigido por Sydnei Mendes da Silva.

Em junho de 1980, Alencar fundou seu próprio jomal, o Folha de Roraima, com o slogan “Um jomal a serviço de Roraima”.

No início o jornalista teve o apoio financeiro do então governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto, oferecendo em contrapartida a publicação de editais, propaganda e matérias de interesse do governo do Território.

VM RESGA TE HISTÓRICO

Mas essa parceria terminou alguns meses depois, quando João Alencar começou a tecer críticas contra o Governo Ottomar Pinto. Ele fez várias denúncias de supostos contratos ilegais e fraudes na licitação para compras de equipamentos agrícolas, com empresas de fora do Território, de propriedade do deputado federal, Olavo Pires, de Rondônia.

Pela manhã do dia 2 participou do programa Tribuna Livre e almoçou junto aos políticos Amazonas Brasil e José Maria Carneiro ambos vereadores da Câmara de Boa Vista. O primeiro do PMDB e o segundo do PDS.

Segundo testemunhas, Alencar teria passado no Hotel Euzébio’s onde estava hospedado o deputado federal pelo PMDB rondoníense, Olavo Gomes Pires Filho, e este transferido a entrevista para a noite, no mesmo local. (...)

Na denúncia do promotor de Justiça, Paulo Batista Gomes, o jornalista foi chamado possivelmente até o Hotel Euzébio’s (situado na rua Cecilia Brasil quase esquina com avenida Ene Garcez) e o fez descontraidamente, de calção, camiseta e chinelos.'^

A caminho do Hotel Euzébio’s, próximo da firma Vepesa Tratores e Máquinas Ltda., de propriedade do deputado Olavo Pires, ele foi assassinado, aos olhares de quatro testemunhas. Depois do crime o homicida fugiu pela avenida Ene Garcez em direção ao Aeroporto de Boa Vista.

Estatura média, cabelos pretos e encaracolados, cor quase preta, sem barba e bigode. Esta foi a descrição feita por várias testemunhas da fuga. E Ronam Gomes Pereira (o Mineiro), 55 anos, ex-policial, ex-presidiário, pistoleiro de aluguel e guarda-costa do deputado Olavo Pires (PMDB-RO) confere com o retrato falado, sem contar que foi reconhecido através de fotografias, de acordo com o inquérito. Conhecido o assassino, em seguida foram indiciados como mandantes o deputado peemedebista Olavo Pires e o advogado Antonio José Moreira, paulista de 40 anos e assessor do ex-govemador Ottomar de Sousa Pinto.”

Homenagem póstumaO único consolo da classe dos jornalistas, da sociedade roraimense e

da família do jornalista assassinado em relação ao Caso João Alencar, foi a construção da Praça João Alencar. A obra foi erguida na avenida Ene Garcez, esquina com rua Cecília Brasil, e inaugurada no dia 5 de novembro de 1985, pelo então governador de Roraima, Getúlio Alberto de Souza Cruz.

No discurso da inauguração da praça, seu idealizador, o advogado e vereador Laudi Mendes de Almeida, alertou para a “necessidade de se apurar a verdade, o mais rápido possível, doa a quem doer, sob pena de

OAB RORAIMA

abrirmos perigoso precedente no processo político local. Roraima nunca teve tradição de violência em eleições e se não cortarmos o mal pela raiz, nunca mais teremos sossego em nossa terra”."

Implacavelmente sua profecia virá a ser cumprida mais tarde. Depois do assassinato do jornalista João Alencar, outros três casos dc pistolagem, de repercussão nacional, aconteceram em Roraima.

O assassinato do prefeito e advogado Silvio Leite, em 9 de outubro dc 1987; o assassinato do advogado e conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho Pereira, em 20 de fevereiro de 1993; e o assassinato do auditor da Receita Federal, Nestor Mendonça Leal, em 14 de fevereiro de 1997.

Interferência da OAB/RRO presidente da OAB Roraima, Nelson da Costa, designou os

advogados Pedro Xavier Coelho Sobrinho e Luiz Rosalvo Indrusiak Fin para acompanhar o inquérito policial que apurou a morte do jornalista João Alencar.

O Caso A lencar tam bém foi acom panhado pelo prom otor Aurélio Távora Buarque, designado pelo Tribunal de Justiça do D istrito Federal e Territórios.

O inquérito chegou a conclusão de que os autores intelectuais do assassinato de João Alencar foram o assessor jurídico do governo da época, Antonio José Moreira, e o recém-eleito deputado Olavo Pires. Ronan Gomes Pereira foi apontado como o executor do assassinato do jornalista.”

Resumindo. A impunidade ganhou mais uma queda de braço com a Justiça. No dia 2 de dezembro de 2006 completou 24 anos que o jornalista João Alencar foi assassinado. Ninguém foi punido pelo crime. Nem os mandantes, nem o pistoleiro.

TEXTO & CONTEXTO

^ Dia 20/09/1981 — Fundação do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) - Nova Querência - em Boa Vista. O primeiro patrão foi Ari Pereira Rodrigues.

=> Dia 12/12/1981 — Fundação do jomal A Gazeta de Roraima, que teve três nomes. Nasceu como Gazeta Feminina. Na terceira edição recebeu o nome de A Gazeta. E somente em 27 de fevereiro de 1988, passou a chamar-se: A Gazeta de Roraima. Proprietário: Jornalista Fernando Quintella.

UM RESGATE HISTÓRICO

=> Dia 2/04/1982 — Início da Guerra das Malvinas, nas ilhas das Malvinas, localizadas no extremo sul da América do Sul. As ilhas são habitadas pelos Kelpers, de origem britânica. A guerra entre Argentina e Inglaterra começou quando o exército argentino invadiu as ilhas, reivindicando a soberania do território.

=> Dia r/07/1982 — Através da Lei Federal n®. 7.009, assinada pelo presidente da República, João Batista Figueiredo, foi criado mais seis municípios no Território de Roraima: Mucajaí, Alto Alegre, São João da Baliza, Bonfim, Normandia e São Luiz.

=> 6/10/1982 — Primeira apresentação do Projeto Pixinguinha em Roraima. Entre os meses de outubro e novembro foram feitos seis shows no Cine Super K. A abertura foi feita por Belchior, Luli e Lucina e Eliana Estevão. O enceramento, no dia 11 de novembro, ocorreu com o show de Zizi Possi e Carlinho Vergueiro. Também estiveram em Boa Vista os cantores João Donato, Wanda Sá e Alaíde Costa.

SEGUNDO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

'O fício n®. 08/81. Boletim Oficial. Boa Vista, ll/fevereiro/1981 (p. 219)’ Ofício n®. 08/81. Boletim Oficial. Boa Vista, ll/fevereiro/1981. (pp. 219 e 220) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.’ Processo n®. 5/80. Boa Vista, 20/agosto/1981. Folha 5. Requerimento ao Exmo.Sr. Dr. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, pedindo cancelamento de inscrição na entidade. Arquivo OAB/RR.* Nicolau Maquiavel. O Príncipe (comentado por Napoleão Bonaparte). São Paulo: Martin Claret, 2001. (pp. 99 e 125) Resolução n®. 03/81 /OAB/RR. Boletim Oficial. Boa Vista, 11 /fevereiro/1981. (pp.

220 e 221) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima. Resolução n®. 04/81/OAB/RR. Boletim Oficial. Boa Vista, 1 l/fevereiro/1981.

(pp. 2 e 3 do suplemento) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.’ Entrevista ao autor pela internet. Boa Vista, agosto/2006, (p. 2) Acervo da OAB/RR.® Convocação/OAB/RR. Boletim Oficial. Boa Vista, 6/março/1981. (p. 359)Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.’ Edital/OAB/RR. Boletim Oficial. Boa Vista, 6/março/1981. (p. 359) Xcervo da Imprensa Oficial de Roraima.” Convocação de Assembléia Geral/OAB/RR. Boletim Oficial Boa Vista, 17/março/1981. (p. 429) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima." Edital/OAB. Boletim Oficial Boa Vista, 8/fevereiro/I982. (p. S) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.” Michel de Certeau. A escrita da história. 2“ ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. (p. 56)” Pedro Xavier Coelho Sobrinho. Criminalidade. O Advogado. Boa Vista, junho/1982. (pp. 1 e 6) Informativo da OAB/RR. Acervo do advogado Nelson da Costa.

67

OAB RORAIMA

” Convocação/OAB/RR. Boletim Oficial. Boa Vista, 11/outubro/l 982. (p. 13) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.” Edital de Convocação de Assembléia. Boletim Oficial. Boa Vista, 8/novembro/1982. (p. 8) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.” Caso Alencar: um ano depois. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/dezembro/1983. (p. 3) ” Idem.” Praça João Alencar foi inaugurada no dia 5. A Gazeta. Boa Vista, 11/novembro/ 85. (p. 8) Acervo de Fernando Quintella.” Procurado-reativa o Caso Alencar. FoBia de Boa Vbta Boa Vista, 4junho/l (p. 8)

» U

0 wm WlÊ • flMU0 0^MM« • ■«IMIiiK» 1 0*0 f.t00Í&0W0. 00W* »

MM» 4 «M00 «• *»iA0.4*, hMMalf M 00 iai»0.« .M

I 40 ................................................................... téimmim ■ ■mirniii

n z - muK TM QgnBM «) taxa lío loa....................C4 600,00

i v - g n tB f r f o io BVBfriÍA i. m i d t o q l

— '

a) taxa ih l t a ...................Cd 3.000,00

T - nm w niB M

a) taíoL linloa.........................04 300,00

a ) taxa l iò lo a ... . .L»...........Cd 200,00

. ABC».5 » . E a t a B e a o ln ç ã o a a t r a n C em v i g o r n a d a t a d e a u a p a b l l o a g a o .

S a l a d a s S e a a õ « e , . a 08 t r S a d l a a d o m êa d e f e v e r e i r o d o a a o d e a ú l n o v e o e n to s e o i t e n t a e u a , .

m iiZ K AHItBillE

OUDEII DOS ADVOQ/mOS DO BHA311srcto DE r.on/.E-A

Do o rd e n da a m o .S r . F re a U w itod a Ordou doa A d v o w e e d e D r a a l l ,S e çõo do H orolxn, fa ç o p d b llc e acDfiov b8 n e s ta S o o re to r ia A f lo lo n to o e e te I n s t r u íd o p o ro o p o rtu n a ' d o l ib o ro - çõo . o re ^ u o rln o n to do S iso r iç o o — i r o v l s â r l a do B ooharo l on D i r e i to , D r. PCDnO ZiVIEE OOfiUK) SCBRIBHC, p u tlio o n d o -eo 0 p r e s e n te , eie-v i do a r t . 50 do 1*1 4 .2 1 5 /6 3 .

S e o r s to r la d o Ordon doe Advoendoe do ^ n a l l on R orolno, aos v in te « W to d ia e do nós de j a n e ir o de n i l oevec en t oB e o l to n ta e d o le .

Broí-lO JETJlBniA il'tiiCIASXO-nBro l ° 5 a a r e td r io d a OAB/RDi

ISTOI a m o BAIISIA G O B n rs s id sB te da QAB/nn

Boletim Oficial, 8/fevereiro/1982

0 PraeUante da Ordem doa d0« d« Br mail - Sack da hcormlam. n a uaa da «um atrlbulgBa# lagmia a pars euaprdmanta da diapaato aaa srtlsoa 39, ifieiaa I I , 40. ipcUo 1 a 43 d s

Al 4.219/C3, «odtiUa^a coa as s r-tlfo a 20, 21 0 22 dO RagimoBtc &tt*r-o o , ooBvaas s d e e a o b l f i s O cra l p a r s aa r a c d i r a rd in a r iw icn C a ao próxim a d l s 29 da M v a a b ra do 1 * 2 . coa i n f c i o sa I2tCO b a ra a a t a r a l a a ## iScOO bcvaa . p a r s #a a l e g a r o a c r e O fftsa lho S a a e ia n s l p s r a o b l i n l o @3/B4. Sonda da 57 ( a a s s a n t s a a a t a ) a ournar o da s d r a a ^ doa lA a o r i to a iia Bag&a, e floen ta poda­r ã o a a r a o ts d e a p a r s mambroa de 0*1 aa lh e SaaolonaJ. a s a a n d ld d ta # %aa, a l a - f í r a l a , aagundo oa d i p l s M TÍ@ aPtaa.

aldA l& a e r i l a a am olm#aa d a r t - danxB ta r a o d a tr s d a a a * Q a e ra ta rim t an « ra a a d i s o 14 (2 H Z » n 0 > a 12 (90ZB) da B ovaabro do o o r ra n ta # a . Aa. In # - «TuçSaa p s r a r s y l a t r a da a fa ^ a à a n s y t r s ^ a a a s S a a ra ta ^ l* dn O idauí Alón d a a l a í f s o d a Oeasal h o S a a o le m l a a a s S l r a t o r i s , d s r -a a - ó s a l a l ^ k doa #a» p raaaaO scdaa p a ra n ta a P ^ rn g ia Ocmaa- I h e f a d a r s l .

B os T ia ts -R R r 29 da a s ta h r a @a 1962 .

Boletim Oficial, ll/fevereiro/1981

68

Boletim Oficial, 8/novembro/l 982

5.3.TERCEIRO CONSELHO (1983 - 1 9 8 5 )

Diretoria do Conselho Seccional'Hesmone Saraiva Grangeiro (pres.)Ivanildo Pinto de Melo (vice)Vilmar Francisco Maciel (T see.)José Assis de Resende Costa (2® see.) Areolino Pires Pereira (tes.)

Conselheiros SeccionaisAlmir Morais SáDaysy Gonçalves Quintella Ribeiro Gilmar Tadeu Costa Teixeira Hachimo Muneymne José Feliciano da Silva Luiz Rosalvo Indrusiak Fin Maria Dizanete de Souza Matias

Conselheiros Federais Aluízio Amílear de Sá Peixoto Clóvis Ferro Costa Evaristo de Morais Filho

S Eleição: 29 de novembro de 1982 Mandato: r/fevereÍro/1983 a 3I/janeiro/1985

OAB RORAIMA

Segundo M^nd^io deHESMONE SARAIVA GRANGEIRO

c24 de outubro de 1983.lumprindo ordens do general Newton Cruz (o homem forte do 'presidente da República, João Batista Figueiredo), as forças

de segurança do Palácio do Planalto invadiram a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal, durante a realização do r Congresso dos Advogados Brasilienses.^

A intervenção policial na sede da Ordem em Brasília chocou a nação brasileira e provocou reações de revolta em todos os segmentos da sociedade.

O presidente da OAB/RR, Hesmone Saraiva Grangeiro, tachou o episódio de atitude covarde de violência contra a sociedade civil.

No mesmo dia Hesmone passou um telex de solidariedade para o presidente da OAB/DF, Maurício Corrêa.

Transcrevemos abaixo, o conteúdo do telex,^ publicado na edição n®. 02 do jomal Folha de Boa Vista, no dia 28 de outubro de 1983, portanto uma semana depois de ter sido fundado (na época, semanário).

SENHOR PRESIDENTE,

Surpreso tomei conhecimento da violência perpetrada contra a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Distrito Federal, contra Vossa Excelência e contra os advogados reunidos no Primeiro Congresso dos Advogados de Brasília.

O ato determinado pelo General Interventor é bem próprio ilo autoritarismo ainda vigente e que vem cerceando as liberdades democrálicas, tão ansiadas pelo povo brasileiro, o toma condenável sob todos os aspectos

A brutal intervenção atinge a todos advogados brasileiros e fere a nação, comprometendo o projeto de abertura do Excelentíssimo Senhor Presidente João Batista Figueiredo.

Os advogados da mais longínqua seccional estão pasmados com a inusitada e vergonhosa agressão.

É lamentável que sejam violadas as liberdades democráticas dentro de um sodalício em que os infratores não são dignos, sequer, dc nele penetrar

Essa vã tentativa de silenciar as vozes dos advogados merece repudio nacional e mostra-se inteiramente ineficaz, porque continuaremos pugnando pela plenitude da democracia. Continuaremos a nos reunir c a protestar contra a prepotência, visando o estabelecimento total do estado de direito

VM RESGATE HISTÓRICO

A medida deixa a todos estarrecidos e é fhito funesto do famigerado decreto que estabelecem as medidas de emergência recentemente editadas pelo governo federal e que, apesar de amparadas pela Constituição, são de todo inoportunas, inclusive objeto de críticas dos advogados e dos mais renomados juristas, por ser tal decreto excepcional e incompatível com os princípios democráticos c com a tranquilidade dos brasileiros. Nesse sentido, aliás, já se manifestou em nota oficiai o Egrégio Conselho Federal da OAB.

I lustre Presidente Maurício Corrêa, receba a solidariedade irrestrita dos advogados de Roraima, extensiva a todos os causídicos de Brasília, em especial aos participantes do Primeiro Congresso dos Advogados Brasilienses, neste momento difícil porque estão passando e que nos deixa traumatizados.

Cordiais saudações.

Hesmone Saraiva Grangeiro Presidente da OAB/RR

Comissão de Direitos HumanosNo dia 29 de fevereiro dc 1984a OAB/RR deu um grande passo em direção

às aspirações da sociedade roraimense com a criação da Comissão de Direitos Humanos (CDH). Um instrumento de defesa dos direitos do cidadão, que deu prestígio e credibilidade à Ordem dos Advogados em todo Brasil.

A Comissão era composta por quatro membros, eleitos pelo próprio Conselho Seccional: Hesmone Grangeiro (presidente), Gilmar Tadeu Costa Teixeira (vice), Paulo Coelho Pereira e José Dutra do Prado.

No ato público solene de instalação da CDH, ficou decidido que cia passaria a atender regularmente na sede provisória da OAB Roraima, no Palácio da Justiça, 1® andar, sala 92, de segunda a sexta-feira, no horário de 8 às 13 horas.

No discurso dc abertura do ato público, uma das violações de direitos humanos citadas foi o caso do jornalista João Alencar, assassinado no ano dc 1982, “por saber demais”.

A finalidade da Comissão de Direitos Humanos seria assessorar o presidente da OAB/RR cm sua atuação local e junto ao Conselho Federal.

Receber denúncias, queixas de violação de direitos humanos e direitos civis, procedendo sindicâncias, entrevistas com os interessados, entendimentos com as autoridades públicas constituídas e qualquer outro procedimento necessário à elucidação das queixas apresentadas.^

OAB RORAIMA

Abraçando a campanha das "Diretas-Já"A OAB participou ativamente da campanha pelo retorno das

eleições diretas para presidente da República em 1984.Sobre o assunto, Hesmone Grangeiro declarou:“É nossa intenção congregar até o dia 25 próximo, quando da

votação da emenda ‘Dante de Oliveira’, todos os representantes de classe deste Território e a população como um todo, para que juntos formemos uma força a mais favorável às diretas”^

A OAB/RR desenvolveu um programa de atividades em prol das “Diretas-Já”, como forma de mobilizar a população em torno da concretização da democracia no País.

A iniciativa da OAB Roraima seguia o mesmo espírito das grandes manifestações, através de comícios e passeatas, que aconteciam em todo Brasil. Tal e qual.

A estratégia era fazer barulho para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a emenda constitucional, apresentada pelo deputado federal mato-grossense Dante de Oliveira, que reivindicava eleições para presidente da República em 1984.

Engajada nessa luta, a OAB fez intensa divulgação na mídia sobre a importância das eleições diretas, encaminhou mensagens aos presidentes do Senado e da Câmara Federal. Estabeleceu comunicação também com os parlamentares municipais em Boa Vista e das cidades do interior do Território de Roraima, pedindo iniciativas na mesma direção.

A Ordem propagou as “Diretas-Já” através de cartazes, faixas e adesivos nos principais pontos da capital roraimense. E ainda recomendou aos advogados que utilizassem o carimbo da campanha das “Diretas-Já” nas suas petições e correspondências.

Vale ressaltar que a adesão à campanha pelas eleições diretas para presidente da República não foi um trabalho isolado de alguns advogados. Ao contrário, foi aprovada e encampada pelo Conselho Seccional.

Enfim, a OAB/RR empunhava a bandeira de luta do Conselho Federal da OAB, nascida da indicação do conselheiro nato Miguel Seabra Fagundes.

Em memória a Lyda MonteiroNo final da tarde do dia 7 de agosto de 1984, a OAB/RR realizou

UM RESGATE HISTÓRICO

sessão em memória a Lyda Monteiro, morta tragicamente quatroumaanos antes num atentado à bomba no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro.

Sua morte brutal marcou profundamente a Ordem dos Advogados do Brasil desde o primeiro instante. Entretanto, o Conselho Federal empenhou- se em ver o caso apurado, mas até àquela data não tinha obtido êxito.

Em alusão ao trágico acontecimento, um dos membros do Conselho Seccional de Roraima leu a seguinte mensagem:

Transcorrendo nesta data mais um aniversário da morte de Lídia Monteiro, a indítosa secretária do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, na sede daquele Egrégio Conselho, na cidade do Rio de Janeiro, vítima que foi de brutal violência praticada em covarde atentado a bomba, até hoje ínexplicado, vem a Seccional da OAB/RR, por meio de seu presidente, conselheiros e advogados em geral, manifestar mais uma vez seu veemente repúdio à violência praticada, repelindo o ato ignominioso e reverenciando profúndamente a memória da ilustre morta.*

OAB critica juiz Sá PeixotoO juiz da Vara Cível, Aluísio Antonio de Sá Peixoto, mandou

prender por duas vezes o advogado Paulo Coelho Pereira, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR. E impós-lhe uma pena de um ano e meio de detenção, por crime de calúnia, injúria e difamação.

A prisão e a condenação foram consideradas pela OAB/RR como ilegais e ao arrepio da lei. Na reunião ordinária do Conselho, realizada no dia 5 de junho de 1984, foi deliberado por unanimidade um ato de desagravo público ao advogado Paulo Coelho. A atitude estava prevista no art. 130 da Lei n®. 4.215/63, que dispunha sobre o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

Art. 130 — No caso de ofensa a membro da Ordem no exercício da profissão, por magistrado, membro do Ministério Público ou por qualquer pessoa, autoridade, funcionário, serventuário ou órgão de publicidade o Conselho Seccional, de ofício ou mediante representação, ouvida a Comissão de Ética e Disciplina, promoverá o público desagravo do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o ofensor.’

O desagravo público foi promovido um mês depois, às 21 horas do dia 5 de ju lho, no Palácio da Cultura, com a participação de populares e autoridades locais. O juiz Sá Peixoto não gostou da atitude

OAB RORAIMA

dos conselheiros e representou criminalmente contra três membros da Diretoria da Ordem dos Advogados: Hesmone Saravia Grangeiro, Vilmar Francisco Maciel e Ivanildo Pinto de Melo.

A OAB também não deixou por menos. Fez contato com o Conselho Federal no Rio de Janeiro e reagiu.

A Ordem anuncia que promoverá um novo ato de desagravo público, “já que os conselheiros envolvidos no problema sentem-se ofendidos, como ofendida foi a nobre classe dos advogados, e assistirá os mesmos nas ações criminais e cíveis que pretendem mover contra seus ofensores”. (...) Os fatos, dada a polêmica de que se revestiu, já ganhou os limites de além fronteira territorial, tendo sido objeto de reportagens no Jornal da Ordem, editado pela OAB em Brasília, e no Correio Braziliense}

Transcrevemos abaixo a Nota Oficial distribuída à imprensa e que demonstra o nível de tensão no relacionamento da classe dos advogados com o juiz Aluísio Antonio de Sá Peixoto em Boa Vista.

NOTA DE DESAGRAVO PÚBLICO

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, no uso de suas atribuições legais, vem esclarecer à comunidade dos advogados, o seguinte:

1° - Esta Seccional promoveu Desagravo Público no dia 05/07/ 84, no Palácio da Cultura, ao advogado Paulo Coelho Pereira, tendo a solenidade transcorrida em clima de absoluto respeito à lei e nos moldes próprios do evento.

2® - Surpreendentemente, o juiz agravado, alegando injúria, representou criminalmente contra o presidente desta Seccional e contra os conselheiros Vilmar Francisco Maciel e Ivanildo Pinto de Melo, o “batonier”, por ter divulgado Nota de Desagravo Público na imprensa, considerando o ato do magistrado de ilegal, violento, ao arrepio da lei e de gritante erro funcional, os últimos pela participação na sessão de desagravo.

3® - O representante do M inistério Público ofereceu denúncia imediatamente, sendo os processos injustos, com inobservância de regras rudimentares, ilegais, açodados, com visível abuso de poder.

4® - Os conselheiros prejudicados impetraram habeas corpus perante o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, visando o trancamento e o arquivamento incontinenti das ações.

5® - O colendo Conselho Federal da OAB e a Seccional de Brasília patrocinaram a defesa dos dirigentes desta Secção no referido habeas corpus, além de denunciado o flagrante abuso a quem de direito.

VM RESGA TE HISTÓRICO

6® - O presidente desta Seccional e os conselheiros receberam total e irrestrita solidariedade do colendo Conselho Federal e de todas as seções co- irmãs, cujos pronunciamentos serão divulgados posteriormente.

7® - Em 23/08/84, o habeas corpus foi julgado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, decidindo aquela Corte de Justiça, à unanimidade, conceder a ordem para trancar e arquivar os processos.

8® - Finalmente, a Ordem promoverá novo desagravo público, já que os conselheiros envolvidos no problema sentem-se ofendidos, como ofendida foi a nobre classe dos advogados, e assistirá os mesmos nas ações criminais e cíveis, que pretendem mover contra seus ofensores.’

HesiDone Saraiva Grangeiro Presidente

Conselho Federal desagrava advogadosNo dia 15 de setembro, o Conselho Federal da OAB e a OAB/RR

promoveram ato de desagravo público aos três membros da Seccional de Roraima, processados pelo juiz Sá Peixoto.

A abertura dos trabalhos foi feita pelo presidente do Conselho Federal, Mário Séigio Duarte Garcia. Contudo, foi o vice-presidente do referido Conselho, Hermann Assis Baeta, que arrancou mais aplausos, quando criticou “o ato agressivo e impensado do juiz de Boa Vista, Aluísio Sá Peixoto, ao tentarprocessar os três membros da Ordem por terem divulgado na imprensa, nota de solidariedade ao advogado Paulo Coelho Pereira, que havia sido preso por duas vezes, a mando daquele magistrado”.’®

O ato de desagravo público promovido em favor dos três conselheiros repercutiu na sociedade roraimense. A imprensa também aproveitou o momento para pedir respeito ao seu árduo trabalho de informar a população.

Essa foi a tônica do editorial parcialmente transcrito abaixo, que pegou como gancho o discurso do conselheiro federai Hermann Assis Baeta.

RESPEITAR PARA SER RESPEITADO

A brilhante oratória do vice-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Hermann Baeta, proferida para um público de pouco mais de 90 pessoas, na certa deve ter chamado à razão muitos dos presentes, especialmente aqueles ligados ao Direito, de uma forma ou de outra. (...)

Ao citar eminente jurista já falecido. Baeta afirmou que ele, por certo, se vivo fosse, estaria indignado com a ferida aberta por um magistrado de Boa Vista ao lançar sua incompreensível fúria contra os atos de profissionais que, ainda de acordo com o mesmo orador, fazem parte de um só Poder, o Judiciário,

OABRORAIMA

inexistente que é a hierarquia em tal meio, a não ser pela divisão de cargos, definida pela lei. E por que o falecido jurista ter-se-ia insurgido diante de tal situação? A resposta é simples: não se pode ferir direitos e nem princípios quando eles, pelo dever legai de cada um, devem ser preservados a qualquer custo, para que a baderna não se instale nos vãos que separam as pequenas distâncias entre o poder e o povo.

Na mesa de honra estava o senhor secretário da Segurança Pública, Joaquim Neves Roberto. Uma justiça bem aplicada, pois é figura de relevo na nossa sociedade e, por tal, foi escolhido para gerir os destinos da Secretaria que ocupa. Sabemos que o secretário luta contra alguns problemas crônicos para dar ao órgão que dirige as ideais condições de trabalho, buscando sempre, e cada vez mais, aparelhar a autarquia para que não haja incorreções no pleno exercido do dever policial. Faltam recursos, faltam homens, faltam equipamentos. Um pouco aqui, outro tanto acolá, o secretário tem, e sabemos todos, procurado eliminar os vácuos que se formam nos vários departamentos, esforçando-se para repartir, de forma pródiga, os poucos recursos humanos, financeiros e materiais de que dispõe.

Quando Hemann Baeta tocou na sangra do inalienável direito de cada cidadão de preservar intocável a rama da Justiça, nos lembramos de que, por parte da Secretaria de Segurança, há um dever maior, que é o de não pisotear sobre o mais sagrado princípio de cada homem, iguais perante a Constituição, que no seu texto não enxerga cor, religião, sexo, classe social ou econômica - o do direito à informação. Somos nós, jornalistas, os responsáveis pelo tráfego dessas informações entre os poderes e o povo. Se o fazemos bem ou mal, não vem ao caso, pois errar é uma prerrogativa do ser humano. Temos consciência, nós, do chamado Quarto Poder, de que excessos há e sempre ocorrerão. Mas sempre temos consciência, também, de que, para chegar ao cerne de uma questão, não o podemos fazê-lo sozinhos. Temos de contar com a colaboração das autoridades, o que, muitas vezes, em Boa Vista, não tem ocorrido. (...)

Não pretendemos invocar os mortos ilustres para que nos socorram a cada violentaçâo, pequena ou grande, desse direito. Preferimos invocar os vivos, pois é com eles que convivemos. E aí convocamos nosso Ilustre Secretário, para que nos garanta a liberdade de ir ao encontro da notícia, com quem temos o maior compromisso. Um compromisso que consideramos um dever de todos quantos estejam diretamente ligados a ela. E a Secretaria de Segurança Pública é e sempre será notícia. Ou, no mínimo, é depositária dos fatos policiais do dia-a-dia desta terra.''

As angústias e esperanças deste editorial revelaram a semelhança que há entre a história de luta da OAB/RR e a história do engajamento da imprensa roraimense em defesa da liberdade, da cidadania e da justiça. Sim, posto que foi ela, a grande imprensa, a maior porta-voz e parceira da Ordem dos Advogados desde sua fundação em 1979 até os dias atuais.

VM RESGA TE HISTÓRICO

Não é sem razão, que “pela sua capacidade de influir nos rumos da sociedade, a imprensa vem sendo chamada de Quarto Poder. Muitas pessoas acreditam que a sua contribuição para a moralização do País tem sido maior do que a da própria Justiça”.'^

Naturalmente que tanto o jornalista como o advogado deve ficar alerta, pois “quem conta um conto aumenta um ponto”.

OAB discute Mandado de SegurançaÀ convite da OAB, o jurista e professor J. M. Othon Sidou,

presidente da Academia Brasileira de Letras Jurídicas do Rio de Janeiro, proferiu uma conferência sobre “Mandado de Segurança” no Palácio da Cultura, no dia 16 de novembro.

O tema foi escolhido em alusão “aos 50 anos da instituição do Mandado de Segurança no Brasil,” ' considerando que ele é um dos instrumentos mais utilizados no estado de direito.

Othon Sidou, membro do Conselho Federal, é autor de dezenas de obras literárias e técnicas. Entre elas destacamos o livro: “Habeas Corpus ”, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção, “Habeas Data ”, Ação Popular - as garantias dos direitos coletivos.

=> Dia 21/10/1983 — Fundação do jomal Folha de Boa Vista. Inicialmente circulou como semanário, anos mais tarde ele se tomou um jomal diário.

=> Dia r/01/1984 — O Boletim Oficial foi transformado em Diário Oficial de Roraima no Governo Ottomar Pinto. Na época a Imprensa Oficial passou por uma modernização do seu parque gráfico.

TERCEiRO CONSELHO SECCiOMAL Rm§mrénclm» & ü n o to ç ò a s

' Ata da Reunião Extraordinária do dia 28/março/1984. Arquivo da OAB/RR Invadida OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/outubro/l983. (p. 2)

’ Idem." Instalado em Boa Vista Comissão de Direitos Humanos na OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/março/1984. (p. 3)

OABRORAIMA

Roraima engajada na luta pelas diretas. Folha de Boa Msta. Boa Vista, 6/abríl/1984. (p. 3) OAB lembra Lídia Monteiro. Folha de Boa Msta. Boa Vista, 10/agosto/1984. (p. 8) Duas

correções: o nome correto é Lyda e não Lídia; ela feleceu no dia 27 e não 7 de agosto.’ Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. Lei n°. 4.215, de 27 de abril de 1963 - Revogada pela Lei n“. 8.906, de 4 de julho de 1994.* A OAB critica juiz e promete realizar novo ato de desagravo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 7/setembro/l 984. (p. 3)’ Nota de desagravo público/OAB. Folha de Boa Msta. Boa Vista, 7/setembro/1984. (p. 3)

Conselho Federal da OAB desagrava advogado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/setembro/1984. (p. 8)" Respeitar para ser respeitado (Editorial). Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/ setembro/1984, (p. 4)

Nelson Carlos Teixeira. O grande livro dos provérbios. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000. (p. 49)

OAB discute mandado de segurança. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23/ novembro/1984, (p. 3)

lllll MS lllllllt} II llllll• « « A O 0 « « O R A I M AFKâwnBdiw fMAcao iwnça

c r • - I O VSIA >

Alá U Sun« CD) AtPtootios SO isAsxi - Mçlo n*MUIKA» REAlBlDA HD DIA iO XS m Ç Q ZH

Be d i* 4* Barço 4« a m 4a

eeatoA • oitastA • «aaVo. m ma troviaériA. miM SS» U AadAr,edlH clA ic N eim . i d l n ita «MpArMlaastA #MA#atw 4A#MTAOAdo#, A A eseh lilA OHSaAtIa . da ocstfoivlAAdA 4o A ft. 6*« iM loe I 4o TtAorABtd feAClaoBto iBAonOl B f i a 4a o u sa rl í e yreA erlte BB IM lM X 40 AM. 6* 4« AAMfl BaBUMOto la ta ra o . w aajA ormXatdrie a a m j, o AAlAagA r aa a m ta a 4a DlraAorla 4a#% @a(€a, raJA UvAsaata ao asa 4a a i i aaraaanACA a e lA asta a * 4 # . OM faraa fe ra * p r a n a a m p l t e m u « o m a d A paAaa mala# da 0(CPjal0A«Í0 I oaaU , uam# dMABta A la lA n a ie » a laxraaaA AAcrita a aapaeiAliMttta a i s i r l f l C f i . ciAA de T arrlA dna B adaru 4a la raU A . adiaDaa doa d lM 12.01.M » 19. 0 ) .4 a . 20.09.dA a t» .09 44, a m a l l e cava A aioU da odiOO (oACa t f a , caBria aBéxCa paM * m ia r tf a a i# n AaMtar fra a ld a a ta dA daaUBAl,'

AASAXTA dBABBzae, a a<* # faa an fA dea daoaalha&raa, Xr. IVA.TIXXC F in e B TlAA-FraaldnAa, TSXCtf nAlO iaoo ,

K B l S&SlB 3 d AJBW d COWA, Bagim&o-B w a «á ria , a Dr. A nO U tf FS3S4 FP J J A , taaou ra lxa . Dam Aa Cedo » Cempa 4a ra w d ie aacivaram d lla p ea lp la doa A4voBa4ea « drlAOlro a a d>4101 de S a e ra tárle a , Ba# aama a t a a « « a i r a , a fim da ajVAaaatAr ea doaumag te a «A AOM, aaelaraaar dénda# a ACanAar i a aolielCAoSaa Aa# vacam, cvd. C»nfar*A t#ana«a* a vaca«ío f a i amearrAdA ia IJiOO C ^aaal b a rm a m as ta « • 411#, aa d w ia ía i a i a p m fi io , aoB t praAtAdoetâ 4o & e a l# cfadlae s a n a r » . s fO S m i U R À Íft OBAdOSntO a «cm a pravaaca doa * CdMOlMiroA a AdaeaAdOA ST. ITAJOUD T in o SS Xlb9, & . TZUUB R l k v isco ü c i a , » irtP i.iD p PDoa p a s D u , » u n i BOdAiic t . r a t a *

Um* /■M-

iiiia II* iitiiiii* II iiimS I C A O D ( n O K A I H â

y M ^ e a n n e d n # a iL im e B n e a u u ia • •w a aaide*e-40A vtfiA-iOÉWfk

a Oe, PZZfiOSno VATBU U SILVA f d n o s 0 8 r . PradldBCa Odwaa uaadarAA » t r . L.12 aca u v o hobosiac f ld a e » . T m c i o c taxs* *SA SILTA eeayucadaa ea n t e a , w l f l e o B ^ a e aa tfita ta PA#d%de< j i t t r l a t a a d e la) vcCea pala mfaavasM dea 4aa&#amWa aaamlAAdec 01 (um) veca paid aZa aprovAfiCa doa daaw BCM r tm ltW a i 01 ( a ) v j ca u l o . ta m in a d e ^ M a U iAa da v e a e a a n Aan aa « la aoijm raei r a i rv \« i* a a u v c d stu o d lf a ic a • a davar 4a vacar > { « im ta • * 9w a*a) advadudaa» falCdraa 92 ( « I aCa v 4a4a), AcbCtb «# fl«eu praviaaanU aua Auafaela, par a a n v a da namam aa amcarlar da • p a ia , e C ^ aalA alra Sr dlU ufi tifiJC CCdU TZtTOâAi áa U a ta da 79 ' ( a e ta a n t t r i a ) «atavam dptea a v e t e 64 (aaaaamca a a a la ) advaaBa»

vaa 4*# OA («uAtre} aram imeampat^vai# e«m a a a a ra ia ia praftaaA e- imA da adwaaaiA a 4*0 09 ( tH a ) ja banam eam alada a w lB <vi«9aa, eoBferma eaaata da e e lm a abaorvmfZaa da rv fa rld a I l a t a . dovnoate • c e a a tB ta d« a«la fe lb a a , teda# ru trleadaa a a i i lm d a i paia S r . FraaA flamta « pa le R rim aire-Saerctári» Oenfariada a raa ijtam a fim al, a<m. ferme «e*a% ficou «aelarveida, • aa# aua bMcvaaea ««mCavteeSe m Ad* da. « ^«IvB tfaaC m e Saaher TVaaManta 4av per aacerm da a rv^olfc» ' i a trv aa baraa a auiAaa m in te a , de « a . jmra q a fl«>« "M |parpanam r a i aameriam*, imeimbla-aa « SoftW e-B aerataria 4a la v ra r a praaaata a ta . da cu ja r n a i i e partiaism nm «Aabdm ea iiTmimln daai* . aaiea ma facma da i a t a da SaeUeaate X atana

Ata da Assembléia da OAB realizada em 30 de março de 1984, assinada por Hesmone Grangeiro e Vilmar Maciel.(Arquivo da OAB/RR)

5.4.QUARTO CONSELHO (1985 - 1 9 8 7 )

Diretoria do Conselho Seccional’Hesmone Saraiva Grangeiro (pres.)Vilmar Francisco Maciel (vice)José Assis de Resende Costa ( T see.)Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro {T see.) José Dutra do Prado (tes.)

Conselheiros Seccionais Almir Morais Sá Elena Natch Fortes Ivanildo Pinto de Melo José Feliciano da Silva José Iguatemi de Souza Rosa Paulo Coelho Pereira Vladimir Moraes Pessoa

Conselheiros Federais Luiz Rosalvo Indruziak Fin Oscar Leopoldo de Almeida Sérgio do Rego Macedo

S Eleição: 30 de novembro de 1984 Mandato; 17fevereiro/1985 a 31/janeiro/l 987

OABRORAIMA

Tercdro 4cHESMONE SARAIVA GRANGEIRO

r de fevereiro de 1985.'V Tuma solenidade concorrida por autoridades do Território-LN Federal de Roraima, foi empossada a nova Diretoria da

OAB/RR e seus conselheiros. Hesmone Saraiva Grangeiro tinha sido reeleito presidente da entidade pela terceira vez.

No seu discurso de posse, Hesmone confessou sentir-se alegre pela confiança depositada em sua pessoa e, ao mesmo tempo, sentia-se com responsabilidade redobrada, “porque os problemas de Roraima são angustiantes e exigem uma luta permanente”.

Enumeramos algumas das autoridades presentes na cerimônia de posse: prefeito Hamilton Gondim, representando o governador Arídio Martins; procurador geral do Território, Jeremias Soares de Oliveira; secretário de Segurança Pública, Joaquim Neves Roberto; secretário de Administração, Alexandre Ferreira Neto; presidente do Banco de Roraima, Getúlio de Souza Cruz.

E mais: deputado federal de Roraima, Alcides Lima Filho; presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, Barac da Silva Bento; vereador Reinaldo Neves; cônsul da Venezuela, Félix Mendes Correia e o juiz do Trabalho, Benjamim do Couto Ramos.

Morosidade na sucessão governamentalO governador mineiro Tancredo Neves (PMDB) foi eleito presidente

da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, tendo como vice-presidente, José Samey (PFL). Contudo, Tancredo adoeceu e morreu em 21 de abril, deixando a nação em luto. O maranhense José Samey, que já era presidente interino desde o dia 15 de março, assumiu oficialmente a Presidência do Brasil no dia seguinte à morte de Tancredo Neves.

A eleição de Tancredo e Samey pôs fim à ditadura militar e instalou a Nova República. Enquanto isso, no extremo norte do País, a administração pública no governo do Território Federal de Roraima se movia em câmara lenta. O general Arídio Martins de Magalhães, governador indicado pelo ex-presidente João Batista Figueiredo, continuava no cargo a espera da nomeação do seu substituto.

A indefinição do nome do novo mandatário do governo do Território incomodava todos os segmentos da sociedade roraimense. Em

80

VM RESGATE HISTÓRICO

razão disso, a OAB Roraima resolveu adotar uma medida contundente para pressionar o presidente José Samey a resolver o problema com a maior brevidade possível. O que fez?

A classe dos advogados ficou em sessão permanente, com a suspensão de suas atividades, até que Samey indicasse o nome do novo governador do Território. A decisão da Ordem foi comunicada ao próprio presidente da República, José Samey, ao ministro da Justiça, Fernando Lira, e ao ministro do Interior, Ronaldo Costa Couto.

A OAB/RR comunicou também sua estratégia política de pressão ao governo federal aos quatro deputados federais do Território - Mozarildo Cavalcanti, Júlio Martins, Alcides Lima e João Fagundes.

Além disso, reivindicou apoio para a causa da “Sucessão Já” junto a todas as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil.

Entretanto, a Ordem não fez um trabalho isolado. Ao contrário, sob a liderança de Hesmone Grangeiro, a entidade procurou envolver a sociedade na luta pela definição do novo governador de Roraima. E conseguiu.

“A exemplo do que outras entidades de classe vêm fazendo, também a Associação Comercial de Roraima encaminhou ao Palácio do Planalto documentos nos quais expressa a preocupação do empresariado do Território com a demora da nomeação do novo governador”.

Getúlio Cruz assume o governoA notícia esperada foi dada como manchete na imprensa, no final

de junho de 1985, sob o título: “Getúlio, uma esperança para Roraima”. Na chamada de primeira página está estampada a euforia do momento e a crença no início de novos tempos:

“Uma vitória incontestável. Uma vitória do entendimento, da composição e da conciliação. Este é o resultado e as causas da escolha de Getúlio Alberto de Souza Cruz para governar o Território. Com o fim da era dos governadores militares, espera-se uma nova vida para Roraima”."’

Mais adiante o jom al veiculou uma reportagem sobre os acordos costurados nos bastidores dos partidos políticos em Boa Vista e em Brasília para a nomeação de Getúlio Cruz como governador de Roraima.

Confira a cabeça da matéria:

A cidade respirou aliviada. Na manhã de segunda-feira Getúlio Alberto de Souza Cruz era anunciado como o novo governador do Território, sepultando um longo e penoso processo de governadores nomeados por Brasília sem

OABRORAIMA

consulta ao povo local. Governadores que nunca haviam sequer visitado Roraima. Encerrava-se, na segunda-feira, um outro processo: o de governadores militares. Mas, para que o nome de Getúlio fosse confirmado, muita água correu por debaixo da ponte.^

Getúlio Cruz foi empossado como governador do Território Federal de Roraima no dia 4 de julho de 1985. Representando a OAB/RR, Hesmone Saraiva Grangeiro ajudou a escrever essa página da história.

Encontro da Profíssional de DireitoCursos de reciclagem na área de Direito na década de 80, em

Roraima, eram raros. E na Terra de Makunaima faltavam materiais de pesquisa e de atualização. Entretanto, alguns profissionais não esperavam acontecer, corriam em busca do conhecimento.

Foi 0 que ocorreu em outubro de 1985. Um grupo de cinco mulheres, advogadas, ligadas a OAB/RR, foi ao Sul do Brasil participar do I Encontro Nacional da Mulher Profissional de Direito.

A delegação de Roraima foi composta pelas advogadas Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro, Helena Natch Fortes, Jane Wanderley de Melo, Dalva Maria Machado e Rosicleide Gomes Barbosa.

O evento aconteceu no período de 17 a 19, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina. “Patrocinado pela OAB/SC, o encontro conseguiu reunir várias expoentes na luta pelos direitos da mulher, como a jornalista Marina Collassanti, a deputada estadual Beth Azize, do Amazonas, e a consultora de Direito do Programa TV Mulher, Zulaiê Ribeiro, entre muitas outras palestristas” .

O encerramento do encontro ocorreu com uma palestra da artista e deputada federal Ruth Escobar,’ presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Ela enfocou a necessidade de instalação imediata das Delegacias Especializadas da Mulher pelo Brasil afora e o saneamento de alguns problemas surgidos na sua tumultuada implantação.

T Seminário Jurídico de Roraima24 de novembro de 1985.A OAB Roraima anuncia na grande imprensa a realização do 2®

Seminário Jurídico de Roraima, no Palácio da Cultura, no período de 9 a 12 de dezembro. Dentre as várias temáticas a serem abordadas, o presidente

VM RESGATE HISTÓRICO

da Ordem, Hesmone Grangeiro, destacou a Assembléia Nacional Constituinte e os Territórios Federais na nova Constituição.

Um evento de peso que pretendia mobilizar grandes inteligências locais e nacionais. D entre elas, a partic ipação de renom ados conferencistas como Hermann Assis Baeta, Márcio Thomaz Bastos, Eunice Michilles, Arthur Lavigne, Evandro Lins e Silva, Maurício Corrêa, Miguel Seabra Fagundes, entre outros.

Também contaria com personalidades locais como debatedores dos painéis, a exemplo do bispo da Diocese de Roraima, domAldo Mongiano; presidente do Banco de Roraima, Rosber de Almeida; presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, Barac Bento; os advogados Luiz Ritler Brito de Lucena, Vilmar Francisco Maciel, José Assis de Resende Costa, Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro e Elena Natch Fortes.

Os temas propostos desde então foram “Assembléia Nacional Constituinte Autônoma”, “O Constituinte e a Constituição”, “A Mulher e a Constituinte”, “Garantias dos Direitos Humanos”, “Reforma do Poder Judiciário”, “Autonomia Política dos Territórios Federais” e “Controle dos Atos Administrativos”.®

No dia 7 de dezembro, véspera do grande acontecimento do ano para a classe dos advogados, Hesmone Grangeiro adiantou que o seminário defendería uma Constituinte livre, soberana e popular. Contudo, para ele a C onstitu in te deveria ser com posta por parlam entares eleitos exclusivamente para isso, e não congressual, como preconizava o projeto de lei do presidente da República, José Samey.

Hesmone informou ainda que no final do seminário seria elaborado um documento com as conclusões do encontro, que serviría de base para a OAB exigir dos constituintes de Roraima a defesa dos interesses do Território.

“O documento será divulgado e encaminhado aos constituintes para que seja apreciado na Assembléia Constituinte de 86” .’

Baeta faz a abertura do Seminário Jurídico9 de dezembro de 1985, segunda-feira.Chegou 0 dia esperado. O presidente do Conselho Federal da OAB,

Hermann Assis Baeta, abriu o Seminário Jurídico com severas críticas aos encaminhamentos prévios para deflagrar o processo de elaboração da nova Constituição Brasileira.

Hermann Baeta afirmou que o ideal da Constituinte democrática,

83

OAB RORAIMA

para decepção do povo, foi rejeitado pelo Congresso Nacional que aprovou a emenda do presidente José Samey, legislando em causa própria. Para ele, o povo foi enganado. O Brasil não teria uma nova Constituição, mas um “Emendão Constitucional”.'®

Por sua vez, o presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro, também lamentou as regras adotadas pelo Congresso Nacional e profetizou que “são aparentes as dificuldades do processo de democratização do País, em relação à instalação da Assembléia Nacional Constituinte e aos temas que devem constituir uma Constituição democrática”."

Ressaltou que o novo texto teria que remover os resquícios da legislação autoritária dos últimos 21 anos de regime militar, em especial ao excesso de poder conferido ao Conselho de Segurança Nacional.

Acrescentou que somente um Poder Judiciário liberto podería construir uma justiça não desacatada e não humilhada. E concluiu dizendo que seria preciso acabar com o desprezo das autoridades federais para com os Territórios Federais.

A Constituição, o povo e a mulher No segundo dia do Seminário Jurídico, o conselheiro federal da OAB,

Márcio Thomaz Bastos, falou sobre “O Constituinte e a Constituição”. Ele enfatizou que seria necessário coibir o abuso do poder econômico nas eleições, mas que não existem mecanismos para isso. “Nem mesmo o Poder Judiciário no Brasil tem decisão para tal, uma vez que o Judiciário é apenas um apêndice do Executivo, sem nenhuma autonomia”.'^

Para o conselheiro Thomaz Bastos, o Brasil não podia dar-se ao luxo de ter uma Constituição elegante, como a da Inglaterra. Destacou que o povo deveria lutar por uma Constituição livre, soberana e popular, que desse prioridade a questões básicas como saúde e alimentação dos brasileiros.

Segundo Márcio Thomaz, não se pode pensar em Constituição sem a implantação de uma reforma agrária efetiva. (...) Deve ainda propor uma reforma fiscal, tributária, sindical e urbana. (...) Os belos enunciados da Constituição brasileira, comenta ele, quanto aos direitos e garantias individuais, não bastam, mas devem ter garantias específicas no próprio texto constitucional.*^

No mesmo dia a senadora Eunice M ichilles, do Amazonas, discorreu sobre o tema “A Mulher e a Constituinte”, observando que a mulher brasileira deveria ter maior participação na vida política do País.

84

VM RESGATE HISTÓRICO

E “conclamou as mulheres que lotaram o auditório a darem um voto de confiança à classe feminina e elegerem mais mulheres”.'"'

As debatedoras do painel “A Mulher e a Constituinte” foram as conselheiras da OAB/RR, Elena Natch Fortes e Daysy Quintella Ribeiro.

A farsa dos direitos humanos“Garantias dos Direitos Humanos” foi o tema abordado pelo secretário-

geral do Conselho Federal da OAB, Arthur Lavigne, no terceiro dia do Seminário Jurídico. Os debatedores desse painel foram o bispo dom Aldo Mongiano e o promotor público Procópio Soares Nogueira.

Arthur Lavigne enfatizou que durante quase quatro séculos de escravidão a tortura e a intimidação foram instrumentos legais da relação trabalhista com a mão-de-obra urbana e rural. “Abolida a escravidão, diz ele, há menos de um século, permaneceu, entretanto, a prática dos castigos corporais como forma de controle social”.'^

Feita essas considerações, ele denunciou que o capítulo constitucional de garantias do ser humano consiste em um enumerado de direitos individuais meramente formais, constantemente desrespeitados. Diante do tradicional uso da violência e da impunidade contumaz, Lavigne acrescentou que pressentia que a Constituição seria um novo instrumento de opressão do povo brasileiro.

Encerramento do Seminário JurídicoNa noite do dia 12 de dezembro, quinta-feira, no Palácio da

Cultura, foi feito o encerramento do 2° Seminário Jurídico do Roraima, com a conferência do m inistro M iguel Seabra Fagundes. Tema: “Controle dos Atos Administrativos”.

No final do evento, o presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro, leu as conclusões aprovadas no seminário e condensadas num documento, que deveria ser entregue aos constituintes.

o primeiro item do documento diz que a problemática social, econômica e política do Território Federal de Roraima não difere no geral das grandes questões nacionais que angustiam o povo brasileiro. A estrutura jurídica do Pais está assentada em uma Constituição arbitrária e injusta, que não reflete os anseios da população. Somente através de uma Assembléia Nacional Constituinte livre, autônoma, originária, sobersma de justiça social e real representatividade política.

OABRORAIMA

Segundo as conclusões, o modelo econômico que prevalece na nossa atualidade, ainda intacto e até prestigiado pela Nova República, está a exigir transformações profundas que permitam eleger o homem como centro real de suas preocupações. Ressalta ainda que no particular, o Território Federal vê-se carente de assistência judicial, constituindo o sistema absurdo de uma segunda instância na capital da República, ofensa maior aos princípios constitucionais de garantia institucional.

Destaca que Roraima nasceu da bravura de um contingente de homens trabalhadores que se dedicaram ao garimpo e a exploração artesanal de minérios. Entretanto, é de responsabilidade das autoridades públicas o abandono que eles se encontram, vagando desempregados pelo Território, expulsos das zonas de garimpos pela política dos Territórios Federais.

Acrescenta que a autonomia política dos Territórios Federais é inadiável e imperativo de justiça, enquanto unidades da federação. Até que se opere essa conquista impÕe-se a adoção de medidas de aperfeiçoamento de suas atuais estruturas.'^

Segurança & InsegurançaNo início de 1986, o secretário da Segurança Pública de Roraima,

coronel Carlos Alberto Menna Barreto, deu entrevista coletiva na imprensa falando de sua preocupação com o aumento da criminalidade infanto- juvenil na periferia de Boa Vista, principalmente no bairro Pricumã.

Ele disse que “a utilização de menores em crimes contra o patrimônio cresce a cada dia. Marginais já adultos orientam quadrilhas de menores, os quais são industriados a assumir qualquer tipo de ocorrência, pois conhecem sua inimputabilidade”.' ’

Para enfrentar o problema Menna Barreto adotou como primeira providência a setorialização das delegacias. A segunda providência, para evitar a comercialização de furtos e roubos, foi montar barreira nas estradas para exigir notas fiscais de alguns objetos preferidos pelos ladrões, como bicicleta e aparelhos de televisão.

Mas, qual era a origem dessas quadrilhas?A advogada da OAB/RR, Daysy Quintella, fez uma reflexão sobre

a problemática no artigo transcrito abaixo:

SEGURANÇA: CAUSA E EFEITO

O aumento da criminalidade é fenômeno nacional. Em todo o País, os titulares das Secretarias de Segurança Pública alardeiam sua dificuldade em conter a onda de crimes que assola suas jurisdições. Roraima não podería deixar

86

VM RESGATE HISTÓRICO

de participar do contexto bem brasileiro, embora esperássemos que isso fosse acontecer bem mais tarde.

Aqueles que aqui chegaram anos atrás, vindos de locais onde a alarmante e crescente criminalidade impunha verdadeiro terror nos habitantes, pareciam ter encontrado o Éden, em termos de tranquilidade pessoal. Agora, não muito longe, o sentimento de impotência ante o perigo volta forte. E por que isso aconteceu?

Para respondermos a esta peigunta precisaríamos também regressar no tempo e nos reportarmos às desastrosas migrações produzidas por governantes interessados em criar currais eleitorais, ao invés de dotar o vazio demográfico descomunal do Território, de gente em condições de tocar a terra, e fazer de nossas fronteiras agrícolas, espaços produtivos padrão no Brasil.

Sem qualquer apoio infraestrutural, sem sementes adequadas, muitas vezes com terras inviáveis, os irmãos de outros pontos do País ocorreram para a cidade, em busca da sobrevivência. O resultado está aí mesmo, para quem quiser ver.

Enquanto a criminalidade cresce assustadoramente, o aparelho policial carece de meios para cumprir sua missão de zelar pela integridade do roraimense. Nessa luta desigual, onde o bem e o mal defrontam-se no dia-a- dia com disparidade de forças, desaparece aquele agradável sentimento de cidade pacata, marca registrada de Boa Vista há muito pouco tempo.

Resta-nos, agora, tentar combater a causa, para que os efeitos não se tomem mais insuportáveis do que os atuais. Sob pena de legarmos aos nossos filhos uma sociedade agressiva, injusta para tradição dessa terra, onde o crime produzido ainda rende alguns votos inconsequentes. (Daysy Quintella)'*

A Justiça virou motivo de piadaHouve um tempo em que o Território Federal de Roraima foi

chamado de “terra sem lei”. Isso aconteceu com a corrida do ouro e, consequentemente, com o aumento repentino da sua população, na maioria garimpeiros e pistoleiros oriundos de todas as regiões do País.

O crescimento repentino e desordenado de Boa Vista trouxe problemas infraestruturais nas áreas de saúde, habitação e, principalmente, de segurança pública. A cidade virou um eldorado de ouro, cachaça, prostituição, tiroteios, assassinatos, impunidade, vingança.

A Justiça se tomou produto escasso. A demanda era muitas vezes superior à oferta. Um, dois, no máximo três juizes e uns poucos servidores públicos habilitados para despacharem milhares de processos. Os advogados viveram dias difíceis para exercerem seu trabalho de rotina com ética.

Um editorial da Folha de Boa Vista, publicado na época, espelha e traduz esse momento de agonia.

OABRORAIMA

NOSSA JUSTIÇA DE MÃOS ATADAS

Ou se muda o Judiciário, ou ele estará mudando o comportamento da sociedade em pouco tempo. A estrutura da Justiça em Roraima é sem dúvida anacrônica, e o seu descompasso com a realidade já chega a ser observado pelos mais leigos, acostumados a ver pelas ruas indivíduos nocivos a sociedade, autores de delitos que abalaram a opinião pública. No Fórum de Boa Vista, seis mil processos aguardam a decisão de apenas dois juizes, que trabalham incansavelmente para dar solução ao maior número de processos possível. A situação chega a ser insustentável, e até inconcebível, diante da necessidade de que todos esses casos sejam resolvidos por via legal, o que nem sempre tem ocorrido. Vejam só que muitos processos estão prescrevendo e os criminosos estão sendo soltos, visto que não há estrutura nem mesmo humana para julgamento destes.

O último júri de que se tem noticia em Boa Vista, por exemplo, data de 1983. Lá se vão quase três anos e não há previsão de quando será feito outro júri aqui. Não é que os juizes não queiram. E que não podem. Para completar o quadro, o Ministério Público local dispõe de apenas seis promotores para atuar na fiscalização da aplicação das leis. Sem falar também na falta de estrutura policial. O despreparo dos policiais é muitas vezes responsável pelo atraso de todo um processo, visto que a Promotoria constata no inquérito diversas irregularidades: desde o espancamento de envolvidos por policiais até o preconceito de autoridade que o preside, conduzindo-o à sua maneira. E evidente que este comportamento não é generalizado e que não retrata o pensamento da polícia.

Enquanto isso, desinformada, a população condena os atos da Justiça e põe em dúvida a ação dela, questionando qual o seu papel social. Sem saber, no entanto, que em uma sala do Fórum alguns metros quadrados de processos adormecem por falta de condições do Judiciário para cumprir suas instruções. Assim os juizes vão concedendo liberdade a indivíduos que foram presos dias antes a pedido da autoridade policial que os julgou nocivos ao convívio social.

A isso tudo, pode se somar também a falta de estrutura penitenciária do Território. O único lugar onde há uma penitenciária é Boa Vista. Por outro lado, não tem ela a menor condição e nem mesmo pode pretender absorver todos os que deviam hoje estar presos. O atual número de presos já chega a superlotar a Penitenciária Agrícola de Boa Vista. Se fossem julgados e condenados os delituosos citados em um terço dos inquéritos que se encontram no Fórum, algumas penitenciárias do porte desta teriam que ser construídas para comportá-los.

Outro problema ali existente é a falta de celas femininas e para índios e a falta de um sistema para recuperação de menores infratores. Esta é, sem a menor sobra de dúvida, uma das justificativas para tantos delituosos soltos pelas ruas da cidade. Cabe salientar que a soltura de muitos dos presos que cumpriam prisão preventiva não tem por objetivo conceder benefício ao preso.

88

UM RESGATE HISTÓRICO

devendo-se, na maioria dos casos, à falta de estrutura para cumprir os procedimentos legais.

O anacronismo do Judiciário chega ao ponto de, como salientou um promotor de Justiça, em recente entrevista a Folha de Boa Vista, levar até seis meses a concessão de uma medida cautelar de ação cível, que devería ser feita num prazo máximo de 15 dias. Os próprios juizes e promotores, juntamente com a Seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil, chegaram a pedir às autoridades competentes a instalação de quatro novas Varas de Justiça em Roraima, no menor espaço de tempo possível. Enquanto isso, cá ficamos aguardando as soluções necessárias.

Em novembro, teremos eleições para deputados constituintes. É importante, pois, que elejamos pessoas capazes de propor, por exemplo, a reformulação do Judiciário, de forma que ele tenha condições de atuar em todos os recantos do País com rapidez e eficiência. A Justiça é uma necessidade de toda sociedade democrática, e sua morosidade compromete a estrutura do Poder, mesmo que este emane do povo.'®

TEXTO & CONTEXTO

Agosto de 1985 — A Ponte dos Macuxi completou dez anos de vida útil. Ela foi construída durante o Regime Militar e inaugurada em agosto de 1975, no governo do então presidente da República, Ernesto Geisel, e do governador do Território Federal de Roraima, Fernando Ramos Pereira.

Dia 8/03/1985 — A jornalista e escritora Nenê Macaggi, aos 72 anos de idade, lançou no Palácio da Cultura seu sétimo livro — Exaltação do Verde: Terra, água, pesca. O livro foi impresso no Parque Gráfico da Imprensa Oficial do Território Federal de Roraima, no governo do general Arídio Martins de Magalhães.

=4» Dia21/04/1985 — Morreu o político mineiro Tancredo Neves. Sua eleição a presidente da República, no início desse mesmo ano, marcou o fim da ditadura militar. Contudo, antes de assumir o Palácio do Planalto, adoeceu e faleceu. Seu vice, José Samey, foi oficialmente empossado como presidente da República no dia seguinte.

=> Dia 4/11/1985 — Inauguração da Praça João Alencar, na avenida Ene Garcez, centro de Boa Vista. Homenagem do Governo Getúlio Cruz ao jornalista João Batista de Melo Alencar, assassinado a tiros no centro da cidade, no dia 2 de dezembro de 1982.

=> Agosto de 1986 — Criação do Projeto Criança Esperança, uma parceria da Rede Globo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com o objetivo de arrecadar fundos para patrocinar projetos sociais com crianças e adolescentes em todo Brasil.

=> Dia 19/05/1986 — O jomal “O Roraima” comemorou 10 anos de jornalismo. Ele foi fundado por Inácio Mendes da Silva e, posteriormente, dirigido por seu filho Sidney Mendes da Silva. Saiu de circulação no ano de 1987.

89

OABRORAIMA

=> Dia 15/09/1986 — Transferência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro para Brasilia, a nova capital do Distrito Federal Na época, o presidente do Conselho Federal era o jurista Hermann Assis Baeta

QUARTO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Ata da Assembleia Geral Ordinána para eleição da Diretoria e Conselho Sectional, dia 30/novembro/l984, Diário Oficial, 1 l/março/1985, Livrode Presença de reuniões da OAB/RR, ano 1984-1985 Arquivo da OAB/RR’ A OAB reconduz Hesmone a presidência por mais 2 anos Folha de Boa Vista Boa Vista, 08/fevereiro/l 985 (p 3) Sucessão protesto da OAB Folha de Boa Vista Boa Visla, 02e07/junho/1985 (p 3) Getúlio, uma esperança paia Roraima Folha de Boa Vista Boa Vista, 28/junho/1985 (p I)

" O fim dos governos militares Folha de Boa Vista Boa Visla, 28/junho/l 985 (p 8)' I ernando Quintella Roraima participa alivamente do I Vnconlro Nacional da Mulher Profissional A Gazeta, 28/outubro/l 985. (p 5) Aca vo dc remando Quintella Autora do livro “Mana Ruth uma autobiografia” Mandarim I diiora, 1999

** OAB promove o 2" Seminário Jurídico de Roraima Folha de Boa Vista Boa Visla, 24/novembro/l 985 (p 6)

Começa amanhã o 2® Seminário Jurídico de Roraima I olha de Boa Vista Boa Vista, 8/de/embro/l985 (p 8)'"Baeta abre 2® SeminanoJuridito Fidha de Boa Vista Boa Vista, lO/de/embro/1985 (p !) " Idem

Conferencista dclcnde uma Constituição popular Folha de Boa Vista Boa Visla, I l/de/embro/1985 (p 1)'' O constituinte e a Constituição foi tema dos debates de ontem Folha de Boa Vista Boa Vista, 11/dezembro/1985 (p 6)

A nova Constituição sera um novo instrumento Folha de Boa Vista Boa Visla, 12/ dc/cmbro/1985 (p 6)

Idem" I ncerrou ontem o Seminário Jurídico de Roraima I'olha de Boa Vista Boa Visla, l3/de/embro/1985 (p 1)

Segup adota medidas enérgicas para coibir a onda de crime no Território A Gazeta Boa Vista, 14/janciro/I986 (p A) Acervo de Fernando Qmmella

Daysy Quintella Segurança Causaeefeito A Gazeta Boa Vista, 14/janeiro/l 986 (p 4) Acervo de Fernando Quintella

A nossa Justiça de mãos atadas (Editorial) Folha de Boa Vista Boa Vista, 04/ março/1986 (p 2)

UM RESGATE HISTÓRICO

Conferencista defende uma Constituiçãío popularO ' 'nfereftcúrti Márr|„ TTw,.

iMrto*. conje)h«irt> federal 4a OAJí, dftAdo s^uêrxiA aa II

Jurídico d* RorAim#. r«tllsado no Ptlifio dt (*uUu« rA. ontem A t»rd«, Azpòs <• (•mal “O CoAftilulrttF e ■ CoRWifUH fio'’, rfOê ttvA como 4eb%W»# r«A o ewMAnt*. da a#sama- «fc> ComMnal. Cfho Maeedo e A AdvotndA MírlAm Tem i do Prado ValAíJaras. Também fi»- ram p*rl* da mWA, a #nAdora da República. Eunj«« Mkhites. conf^encttta do painel apeeaen. Udo ontem k Anlfe. *A MuiMf* A a ConaUtuJcio', o bispo dk»- emano de Roraima, D AJ<k> M'eia>aOO. » secr^lério gAe*J do Conselho Federal da OAB. Ar. üiur %4vlgne al^m de '"wnrom memhfOA da Ord^m em Bm Vlrfa ** de <-i vtdAdo$

Márct» Thomas Baetof bü. titnt ; ii» e o íife rén e la f a ren d o *in brevp rMrqnpecto daa CoruitiWl- çôés que e nrwíl jA teve. hUanJ dr> de peeollandadee d . cad4 um a. e do$ .wua v H m a pom ç*^ do pAle franfe fw em defe At de uma Omatif jrçâo fomprry mellda rom »«ela«*e pnpularPv

fPAfpna d)| O M &am«mA*A JufWtA ##*# ## «atA oM ie# l**W« o at>d<*AriA de eltaie da CwRwre fereffav

Folha dc Boa Visla, n/dezem bro/l985

SEGURANÇA: CAUSA EFEITO

0 aijoiMirf» do c r ia i íx i l i i la d e é fcn ô acro iB C ífíw l. im lo d o 0 p a i s , o s t i tu l a r '? ' , das '/ 'R rf 'L a tia s df- S w fitsjnça P ú td ic a u la i I* Iam sua d ir ic i i ld o d e cm t-ontpr a onda dn c rim es <»».' a s s o J a s u a s ju r i s d i ç f i e s . Horfli ma n3(i [KJdcria df^inar de p a r t i c ip a r du o o ritw ln Ixm P r a s i l e i r o , emtxira e sp e rá s se «ris que is s o fo s s e a c o n te c e r bem m ais t a r d e .

A queles qfje aq u i chegaram an o s a t r á s , v indos de l o c a i s onde a a la rm an te e c r e s ­c e n te c r im in a lid a d e imp(xr<a v e rd a d e iro ler ro r nos l o l i i t ü i i l e s , p arec ia m t e r en c o n tra do o I'lJeo, em term os d e I r a x ju i l id o d e pes s o a i . A qora, nSo « u i to lo n g e , o sen tim en ­to f»; i i^ v itfn c in arlfile o p e rig rr v o U u fo r t e . f p o r q j f i s v j aixxrlecev?

P ara responderm os 8 e s t a p e r t jx i la p re c ls a r ira a o s tanrxim r e g r e s s a r no ta if io c nos T e p o r la m o s á s d e s a s tr o s a s m igrações p r o d j / id a s p o r g o v e rn a n te s in lere-.--idosn« c r i a r c u r r a i s e l e i t o r a i s , ao lowP. de iln- t . i r 0 va/ 10 dP im xiráfico dri l e rr i t á r i ü dl g e n te «■ cond i^ries ile t f « a r a t e r a 0 f a /e r de n o s s a s f r r n t e i r . s s w |r Íe o - l a s esp aço s p r w íj l iv o '. W l r » ! i » l i r a s i l .

DAYSY gUIMTfl IA

Sem (j ja lq u e r a p o io i n f r a - s > s t r u tu r a l , sem sem en tes a d e r^ a d a s . m u ita s v e z e s erm t e r ­r a '. i n v i á v e i s , o s irm fios de o u tro s p e n t os dri p a i s a c o r re ra » p a ra a c id a d e , aa busca da s o b re v iv ê n c ia . 0 re s u lta d o e s t á a í • t - M , p a r a quem q u i s e r v e r .

Fnquanto a c r im in a lid a d e c r e s c e a ssu s tad o ra m en te , o a p a re lh o p o l i c i a i c a re c e r£ m eios p a ra c im p r ir s u s m issáo d e z e la r p e la in le g r ld a d e do ro ra im en se . f n essa l u t a d e s l c | j a t , onde o bem c o mat dcftorv- tam -se no d i a - a - d i a com d i 'f e r i d a d e de f o r ç a s , d e sa p are ce a q u e le a g rad áv e l s e n t i m ento d e c id a d e p a c a ta , m arca re g is t r a d a d e Hua V is la há m u ito pouco tempo.

R e s ta -n o s , a g o ra , t e n t a r c im b a te r a c a u s a , p a r a que o s e f e i t o s náo s e tom em m ais in s u p o r tá v e is do qu e o s a t u a i s . Sob pena d e Irvprm os a o s m s s n s f i Ihos una so cierJw le a g r c . s iv a , i n ju s t a p a r a a t ra i l i ç3o d e s s a t e r r a , onde o c r im e p ro rtu /idu a in d a re n d e a lg x t s v o to s in co n seq u e n tes .

Daysy q i i n t e l l a é advogada, ?« 'le c re - t á r i a d a CMI-Hl c d i r e t o r a d e A CWFTA,

A Gazeta, I4/janciro/l986

5.5.QUINTO CONSELHO (1987 - 1 9 8 9 )

Diretoria do Conselho Seccional^ Wedner Moreira Cavalcante (pres.) Lavoisier Amoud da Silveira (vice) Alceu da Silva (1° see.)Paula Bittencourt Leal (2“ see.)Marco Antônio Santiago (tes.)

Conselheiros Seccionais Alci da Rocha Dalva Maria Machado Jane Wanderley de Melo Marco Antônio Rufino Marcus Rafael de Holanda Farias Sivirino Pauli

Conselheiros Federais Hesmone Saraiva Grangeiro José Iguatemi de Souza Rosa Paulo Coelho Pereira

S Eleição; 5 de dezembro de 1986 Mandato: 17fevereiro/1987 a 3 l/janeiro/1989

VM RESGA TE HISTÓRICO

4 eWEDNER MOREIRA CAVALCANTE

T

Novembro de 1986.'rês chapas concorreram às eleições do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, biênio

1987/1989. Não houve vencedor, as duas chapas mais votadas ficaram empatadas, com 31 votos cada.

A primeira eleição ocorreu no dia 28 de novembro, sendo a Comissão Eleitoral composta pelos conselheiros Hesmone Saraiva Grangeiro, Paulo Coelho Pereira, Ednaldo do Nascimento Silva, Maria do Socorro Souza Monteiro e María Deuza Andrade da Silva.

Às dezoito horas, conforme programado, o Sr. Presidente encerrou a votação e em seguida teve início a apuração, que teve o seguinte resultado: dos 148 inscritos na Seccional compareceram na sala de votação 90 advogados, dos quais três não tiveram direito a voto; 87 foi o total de votantes. A chapa Constituinte obteve 22 votos; a Integração e a Tradição e Luta ficaram empates com 3 1 votos cada uma. Registrados dois votos nulos e um em branco. Devido o empate registrado, a Mesa Diretora decidiu por unanimidade que fosse realizada uma nova eleição, devendo ser feita a convocação da Assembleia Geral para o dia 5/12/86, desde já cientes os advogados.^

Na segunda eleição, ocorrída no dia 5 de dezembro, a disputa pelo comando da Ordem tomou um novo rumo. A Chapa “Luta e Tradição” fez uma composição com a Chapa “Constituinte”, criando a chapa “Luta e Tradição Pró Constituinte”. Sendo assim, na eleição do desempate havia apenas duas chapas e não mais três.

Concluída a votação, foi registrado o seguinte resultado. Compareceram 89 advogados, sendo que dois não votaram por estarem exercendo funções incompatíveis com a atividade advocatícia e um votou em separado, computando-se, portanto, 86, ficando um na dependência do julgamento do mandado de segurança. Aberta a uma e conferidas as cédulas, verifícou-se a exatidão com a lista de votação. A contagem dos votos constatou - Chapa Luta e Tradição Pró Constituinte: 48 votos; Chapa Integração: 34 votos; nulos: 4 votos; não computado: um voto.^

Assim, no dia 5 de dezembro foram eleitos os 12 conselheiros seccionais da OAB/RR. No dia r de fevereiro, ao serem empossados.

OAB RORAIMA

Wedner Moreira Cavalcante foi escolhido como presidente da Ordem, tendo Lavoisier Amoud da Silveira como vice.

Wedner Cavalcante havia retomado ao Território de Roraima há pouco mais de um ano, depois de morar 16 anos em Brasília. Em sua posse no auditório do Palácio da Cultura, o novo presidente da OAB prometeu que ficaria longe da política partidária e trabalharia

“de maneira incessante, pelo respeito aos direitos humanos, valor maior de qualquer sociedade”. Prosseguiu, afirmando que “a busca pela melhoria da qualidade dos serviços jurídicos é diutuma. Nela se espelha a força de uma classe, o respeito às instituições, a facilidade de acesso do humilde ao sagrado direito da justiça”."*

Primeira reunião de trabalhoNo dia 4 de fevereiro Wedner Cavalcante realizou a primeira reunião

de trabalho da Diretoria da OAB Roraima. Proclamou que sua administração seria descentralizada e que esperava que o entrosamento entre seus pares fosse dinâmico e harmônico como de uma verdadeira equipe de trabalho.

Wedner agradeceu ao vice-presidente, Lavoisier Amoud da Silveira, “que durante o desenrolar da eleição da OAB/RR, soube honrar os acordos preliminares, demonstrando constância, sobriedade e elegância”.

A seguir, fazendo uso da palavra, Lavosier Amoud sugeriu a criação de uma comissão de advogados para verificar as condições de legalidade dos profissionais no âmbito da Ordem. A proposição foi aceita e a comissão formada, tendo o próprio Lavoisier como presidente.

Em seguida Lavoisier sugeriu também a criação de uma biblioteca para consulta e aperfeiçoamento dos profissionais da advocacia, tão carentes de fontes de pesquisas em Roraima. A ideia foi aprovada, ficando a advogada Paula Bittencourt Leal e o advogado Alceu da Silva responsável pela sua execução.

Por sua vez, Alceu da Silva sugeriu a imediata assinatura do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.

Foi deliberado também, que a Diretoria da Ordem faria uma visita ao juiz Aloísio Antonio de Sá Peixoto, em busca de diálogo e de saída para a manutenção da Justiça no Território Federal, que ia de mal para pior.

Juiz não comparece ao FórumNa reunião da Diretoria da OAB/RR do dia 10 de fevereiro o vice-

UM RESGA TE HISTÓRICO

presidente Lavoisier Amoud da Silveira fez um desabafo, que dará uma exata dimensão do desfuncionamento da Justiça no Território na época.

Foi dada a palavra ao Dr Lavoisier que teceu considerações sobre as deficiências para o exercício da advocacia e da própria Justiça em Roraima. Disse que dos doisjuízes da Comarca, frequentemente, so um está em exercício e, não raro, este não realiza audiência ou simplesmente não comparece ao Fórum, e é o que está ocorrendo agora Disse que assim os processos não andam, nem mesmo com reu preso Disse que no cumprimento do seu dever profissional, na defesa de seus clientes presos, tem sido vitima por parte do único JUIZ em exercício que, não vindo ao Fórum, o recebeu em sua residência sob ameaças e advertências Disse, finalmente, que a situação da Justiça no Território c gravíssima, têm que ser tomada algumas providências.®

Pegando como gancho a fala de Lavoisier, em seguida os advogados Luiz Rosalvo Indrusiak Fin, José Iguatemi de Souza Rosa e Hesmone Saraiva Grangeiro acrescentaram mais algumas críticas sobre a inoperância da Justiça.

Para encerrar o assunto, o conselheiro Alceu da Silva fez uma avaliação fna da situação e apresentou um encaminhamento:

Independentemente do questionamento da situação trazida pelo Dr Lavoisier, a problemática do Judiciário local é de grande profundidade e transcende a esfera do Território Disse que o surgimento de um episódio é apenas a manifestação aguda de um permanente quadro caótico Há de se meditar sobre a condição humana de um juiz solitário envolto a um mar de processos em cuja comunidade devena existir dez magistrados em exercício Finalmente, sugeriu que a OAB/RR promova um simpósio sobre o Judiciário em Roraima, com a participação de entidades comunitárias, entidades de classe, autoridades dos Executivos Mumcij»! e Territorial e do Legislativo Municipal, do Conselho Federal da OAB, Magistratura e Ministério Público local e do Distrito Federal, pois, certamente, muitos dos problemas que atormentam os advogados é também a angústia de juizes e promotores e, a partir daí, sermos ouvidos pelos devidos órgãos federais, sendo necessáno ir até a imprensa e denunciar a Nação o abandono do Território. Pois, a União não é madrasta do Território O Temtóno também é pátna brasileira ’

Observe o desfecho dessa fala: “Sendo necessário iraté a imprensa e denunciar à Nação o abandono do Território. Pois, a União não é madrasta do Território. O Território também é pátria brasileira”. Ela retrata o nível de indignação dos advogados roraimenses em relação ao Poder Judiciário na Capital do Distrito Federal.

OABRORAIMA

Justiça falida e desacreditadaWedner Cavalcante, tão logo assumiu a Presidência da OAB/

RR fez um a declaração bombástica. Tachou a Justiça de Roraima de “falida e desacreditada” .

Sua crítica foi em função dos milhares de processos encalhados na Justiça comum, sem andamento, devido a falta de juizes para julgá-los. A situação era tão caótica que a OAB elaborou um documento e encaminhou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, pedindo providências urgentes para solucionar o problema.

Segundo levantamento feito pela Secretaria de Justiça, até janeiro de 1987, nada menos do que 4.523 processos estavam encalhados na Vara Criminal e igual número na Vara Cível. Isso sem contar com os processos que foram protocolados em fevereiro.

A crise na Justiça do Território Federal de Roraima era agravada por vários motivos: número insuficiente de juizes, ausência dos existentes e acúmulo de processos em razão do aumento da população, principalmente com a corrida do ouro nas áreas indígenas.

Há 15 dias sem juizes para dar seguimento às causas, os próprios advogados, um-a-um, tomaram a iniciativa de enviar telegramas ao Tribunal de Justiça pedindo uma providência até que, em caráter emergente, foi designado o juiz da Segunda Circunscrição Judiciária, com sede em Caracaraí, que deu início às audiências na sexta-feira: “Tapa-se um buraco, mas deixa outro descoberto”, dizem os advogados.®

OAB e o Governador vão a Brasília Diante do caos e da inoperância do Poder Judiciário em Roraima,

poucos dias depois de assumir a Presidência da OAB, Wedner Cavalcante viajou para Brasília, acompanhado do governador de Roraima, Getúlio Cruz. Numa audiência com o presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios eles pediram socorro.

Fizeram um relato da situação caótica da Justiça na Terra de Makunaima e solicitaram, mais uma vez, providências urgentes. Na ocasião, 0 Presidente da OAB entregou uma cópia do ante-projeto da criação de sete Varas em Roraima.

Ao retomar para casa, Wedner Cavalcante informou “aos conselheiros presentes que haverá concurso localizado para preenchimento de 7 (sete) vagas de juizes e ainda mais 10 (dez) de juizes substitutos”.'®

UM RESGATE HISTÓRICO

A notícia encheu os advogados de entusiasmo e ao mesmo tempo de desconfiança. Promessas não eram fatos consumados. Diante de tanto descaso e omissão, “seria preciso ver para crer” .

O descaso com a questão indígenaíndios, silvícolas, nativos.Desde a descoberta do Brasil em 1500 (invasão na visão dos

colonizados), os índios, com uma população estimada em 6 milhões de indivíduos, vêm sendo discriminados, agredidos e assassinados como coisa ruim. Muitos povos foram completamente dizimados. Hoje resta pouco mais do que 200 mil indígenas no País do pau-brasil.

De norte ao sul do território nacional, a realidade é a mesma.Pesa sobre o governo federal a maioria dos conflitos, mortes e

dores. A protelação na demarcação da terra do povo-raiz (garantida no Estatuto do índio e, posteriormente, na Constituição de 1988) tem sido a principal responsável por tanta briga, ódio e matança.

A homologação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, por exemplo, foi cozida em banho-maria pelo governo federal por aproximadamente 30 anos. Morreram índios, garimpeiros, fazendeiros, poíiíicos e pessoas de bem por conta de tanto marasmo e enrolação.

Um pronunciamento do deputado federal Júlio Martins na Câmara dos Deputados em 1980, documenta esse conflito de interesses:

Sr. Presidente, Srs. Deputados: de acordo com notícias recebidas de Boa Vista, fazendeiros de diversas regiões do interior do Território mostram-se íntranquí/os e grandemeníe alarmados diante da ameaça de serem despojados de suas terras, tendo em vista o início dos trabalhos de demarcação das áreas indígenas.

Longe de nós, Sr. Presidente, negar ao índio o direito à terra que efetivamente ocupa ou mesmo que ocupou em tempos imemoriais. Longe de nós condenar o zelo da Funai em proceder a essa demarcação. Antes de tudo por que entendemos que, em assim fazendo, o órgão tutelar dos índios está apenas no desempenho de seu estrito dever legal.

Ninguém ignora que a demarcação das terras indígenas é dispositivo expresso na Lei n®. 6.001, de 19 de dezembro de 1973, o chamado Estatuto do índio. Sabe-se, ademais, que a demarcação vem com algum atraso, vencido o prazo de cinco anos fixado na mesma lei.

Também não poderiamos deixar de mencionar que essa demarcação que ora se processa, é um dos compromissos mais solenes do ministro Mário Andreazza e do presidente João Carlos Nobre da Veiga, da Funai, resgatando assim decênios de descaso em matéria das mais sensíveis à consciência pluralista

OABRORAIMA

da sociedade moderna e questão das mais arraigadas em nosso direito constitucional e em nossa tradição.

Longe de nós, portanto, Sr. Presidente, o menor gesto de rebeldia contra a letra da lei e contra a nossa tradição republicana, que em todas as Cartas tem seguidamente assegurado e reconhecido ao silvícola a posse e o domínio de seu habitat.

Não obstante, Sr. Presidente, não podemos silenciar diante da forma em que ameaça se processar a demarcação das terras indígenas no Território de Roraima.

(...) Estamos informados de que os fazendeiros estão reunidos e dispostos a resistir até o fim, se necessário com o uso dos meios de força ao alcance deles, ante a terrível perspectiva de serem despojados de seus patrimônios. Nem é preciso dizer que esse patrimônio representa anos e anos de duro trabalho e de imensuráveis sacrifícios. Se alguns têm apenas a posse da terra, outros há que são portadores de títulos legítimos de propriedade da terra, propriedade que vem passando de pai para filho, através de duas ou três gerações.

Existe o perigo iminente de séria conflagração da área. A violência pode irromper numa região, cuja principal tônica tem sido o pacifismo e a ordem. Afinal, Sr. Presidente, já temos nesses dias violência demais no Brasil. Não permitamos que ela se alastre e venha a envolver uma região tão distante, que precisa de paz para trabalhar e progredir."

Atuando de um lado, ou do outro, os advogados roraimenses e a própria OAB Roraima sempre esteve envolvida nessa luta desigual, buscando soluções para o impasse. Embora, em alguns momentos, foram considerados parciais e falíveis em suas decisões.

Invasão da Maloca Santa CruzNormandia. Julho de 1987.Os índios macuxi viviam dias difíceis na Maloca Santa Cruz. Na

sua própria casa, tudo era proibido pelo fazendeiro, na voz do seu capataz. Era proibido plantar, criar animais, catar frutas no lavrado e até caçar.

Tudo era proibido para o índio.Só o gado da fazenda podia pisar onde quisesse.Indignados com a violação de seus direitos humanos e constitucionms,

eles procuravam ajuda na cidade e ninguém tomava nenhuma providência. Nem a Polícia Federal, nem a Funai. Não adiantava reclamar, nem estrebuchar.

Aí os macuxi bolaram um plano de ação: um grande mutirão comunitário. E pediram socorro aos parentes das outras malocas. Eles vieram ajudar nos roçados e na neutralização dos “jagunços” (segundo os índios), para negociar com a Funai a retirada dos invasores.

98

UM RESGATE HISTÓRICO

Mas a Funai não apareceu. Os fazendeiros foram mais ágeis e eficientes. Jogaram o Exército, a Polícia Militar e a Polícia Civil na maloca. Centenas de policiais com armamento pesado para resgatar os três “trabalhadores” (segundo o fazendeiro), feito reféns.

O fato repercutiu na imprensa local e nacional.Na Folha de Boa Vista, a manchete da primeira página dizia: “Diocese

acusada de promover guerrilha e incitar invasão à Fazenda Guanabara”.A chamada de capa estampava:

Dom Aldo Mongiano e os padres da Diocese de Roraima estão sendo acusados como autores de uma “manobra de guerrilha” que culminou com a invasão à Fazenda Guanabara e sequestro de três trabalhadores que foram torturados e mantidos em cárcere privado”.'^

Na matéria interna, o jom al continuava num tom tendencioso pelo próprio título: “Igreja é acusada de provocar conflitos”.

Tachou a oiganização, mobilização e resistência dos índios de baderna e vandalismo. Culpou os religiosos de inflamarem as comunidades indígenas contra os fazendeiros, que sempre conviveram pacificamente com os índios.

A matéria jornalística foi encerrada assim:

Na penitenciária eles aguardam a decisão do juiz Antonio Anunciação Neto, que em outra oportunidade já condenou outros índios civilizados à cumprirem pena na mesma penitenciária onde estão os 19 acusados de sequestro, tortura e formação de quadrilha, conforme consta no inquérito policial.'^

O jomal semanário A Gazeta dedicou várias páginas sobre o assunto. Deu a versão da polícia, do fiizendeiro e dos “trabalhadores”. Mas, nem uma linha para o mdio, que de vítima foi transformado em vilão, gratuitamente.

A m atéria intitulada “Delegado autua índios em flagrante” apresenta a posição da OAB/RR sobre os acontecimentos.

Confira e avalie, a luz da Constituição Federal:

O flagrante lavrado no Plantão Central da Secretaria de Segurança foi bastante demorado. O depoimento de todos os índios presos foi tomado pelo delegado Edson Lopes, presidente do inquérito. Nos corredores, muita confusão, com grande quantidade de religiosos querendo acompanhar o ato, inclusive com a presença do advogado Wilson Précoma.

O presidente em exercício da OAB/RR, Lavoisier Amoud, também

OAB RORAIMA

presidente em exercício da Comissão de Direitos Humanos daquela entidade, acompanhado do advogado Illo Augusto dos Santos, foi hipotecar solidariedade aos vigilantes espancados. Bastante nervoso e irritado com o quadro deprimente de ferimentos profundos nos seviciados, Lavoisier protestou contra o estado de coisas implantado em Normandia.

Enquanto isso, o advogado Wilson Précoma, dizendo-se patrono da Diocese, solicitava ao presidente da OAB/RR apoio para os índios, prontamente negado, pois quem precisava mesmo de apoio, segundo Lavoisier, “são esses seres humanos barbaramente espancados e seviciados em ato de vandalismo sem precedentes na história de Roraima”.

No momento da assinatura do flagrante, outro constrangimento. Wilson Précoma assinou como curador dos índios, apesar da presença do advogado da Funai no local. Walter de Carvalho Soares protestou, mas recebeu como justificativa que “qualquer um tem o direito defender o índio no Brasil”.'"

A Operação Resgate foi considerada pelos religiosos como um verdadeiro abuso de autoridade. Mas, Confucio afirmava que é melhor acender uma pequena vela do que maldizer a escuridão. Assim sendo, vamos acender uma vela, lembrando que;

O símbolo da Justiça é rico em significados. Aprendemos que a venda nos olhos representa a imparcialidade. A Justiça é cega. Ela tem de tratar a todos igualmente: o rico e o pobre, o patrão e o empregado, o doutor e o iletrado. Não pode ver as pessoas de forma diferente por causa de sua cor, raça, religião, sexo ou posição social.

A balança significa que a Justiça deve ouvir os dois lados em disputa, os argumentos contra e a favor, as testemunhas de acusação e de defesa, o promotor e 0 advogado. Dito de outra forma, a balança simboliza a noção de que as decisões da Justiça devem ser imparciais, isentas, equilibradas. A espada significa que, uma vez tomada a decisão, a Justiça deve agir com rapidez e firmeza.'^

Para arrematar esse assunto, lembramos que pouco tempo depois desse incidente, um dos trabalhadores da Fazenda Guanabara matou dois índios a tiros de espingarda calibre 20, sendo que um deles foi atingido pelas costas. Preso, o criminoso não ficou nem um ano na penitenciária e foi posto em liberdade. Anos depois, foi julgado e inocentado.

Roraima aos olhos do "Sul Maravilha”O presidente da OAB, Wedner Cavalcante, tinha razão. Roraima viveu

dias difíceis em 1987. No Território Federal, a pistolagem, a criminalidade e a impunidade andavam juntas. A corrida do ouro trouxe o caos.

100

UM RESGATE HISTÓRICO

E o Sul do País, com que olhos miravam (ou admiravam) Roraima? Com o intuito de dar mais informações ao leitor sobre o cenário

que a OAB passou sua infância, vamos transcrever um artigo do poeta e músico Eliakin Rufíno, publicado na Folha.

REVISTA VEJA: MISERÁVEL MIOPIA

ArevistaVeja, em sua edição n°. 988, de 12 de agosto de 1987, publicou reportagem de capa intitulada “Ilha da Felicidade”, com o objetivo de denunciar a existência de “marajás” no serviço público de todo País.

O Território de Roraima é citado na referida reportagem como uma região “miserável” onde boa parte da população sobrevive da caça e da pesca e onde foram localizados dez marajás abrigados na máquina do governo.

Na condição de habitantes desta região amazônica não ficamos surpresos com a presença da dezena de marajás.

Até porque já estamos habituados à esta terminologia.Em Roraima nós temos tracajás, gatos maracajás e outros jás em bandos

bem maiores.Nem ficamos surpresos com a qualificação de região miserável onde se

sobrevive da caça e da pesca.Ficamos, porém, refletindo sobre essa ignorância histórico-geográfica-

ideológica, constatando que há várias décadas a imprensa do “Sul Maravilha” continua noticiando a Amazônia, de um modo geral, como uma região miserável, povoada de índios, cobras grandes, pororocas, jacarés de asfalto e onças domésticas.

Há muitos anos boa parte da imprensa brasileira continua confundindo Roraima com Rondônia e até mesmo com Fernando de Noronha.

Sinais evidentes da ausência de um conhecimento mínimo e de fácil solução: bastaria olhar no mapa.

Esta ignorância e desinformação não é somente privilégio da imprensa. Atinge atualmente livros didáticos, obras literárias e teses científicas.

O Território Federal de Roraima, criado em 1943 pelo Governo Vargas, com nome de Rio Branco, é atualmente uma região tão miserável.

Invadido por levas de imigrantes oriundos principalmente do Nordeste e do Sul, Roraima abriga hoje além dos dez marajás, mais de 200 mil habitantes, vítimas de uma migração nacional desordenada, que apenas transfere a miséria de um lado para o outro.

Boa parte desta população não sobrevive da caça e da pesca.Com uma agricultura de lavouras temporárias e pouca significativa,

Roraima é, historicamente, a região do gado. Com imensa área de pasto natural - os campos gerais - a pecuária é a maior fonte de riqueza do município de Boa Vista; o de maior importância na economia do Território.

Caça e pesca são atividades insignificantes para a sobrevivência da população e para a economia desta região que pretende ser Estado de Roraima.

101

OAB RORAIMA

Dfôtítuida da abundância de caça e possuindo rios não navegáveis durante todo ano, impossibilitando a pesca, Roraima compensa essa misóia com enorme riqueza mineral. Em Roraima, além do diamante e do ouro, que atraem centenas de garimpeiros de todo País, possuindo inclusive um monumento ao ^rimpeiro na praça central da Capital, existem montanhas de cassíterita, ametista e outros minerais não explorados como o molibdênio e o urânio.

Pecuária, potencial mineral, agricultura, pequena indústria, extrativismo, significativa atividade comercial, fronteira com dois países, enorme potencial turístico que somente agora está sendo explorado, fizeram de Roraima uma região tão miserável que se tomou intemacíonalmente cobiçada.

A miséria roraimense é apenas a miséria brasileira.A miséria da imprensa brasileira, onde até a revista Veja sobrevive da

caça e da pesca de informações falsas. (Eliakim Rufino)'^

Caso Silvio Leite9 de outubro de 1987.O assassinato do prefeito municipal de Boa Vista, Silvio Sebastião

de Castro Leite, 43 anos, foi outro crime que chocou a população roraimense. Ele foi executado no bairro São Francisco, no início da noite de sexta-feira do dia 9 de outubro de 1987.

Silvio Leite, que era advogado, foi o primeiro prefeito de Boa Vista eleito através do voto direto. Ele era casado com a professora Ana Maria Leite e pai de uma fílha de 11 anos. Natural do município de Borba, Estado do Amazonas, estava em Roraima há 14 anos.

O prefeito foi assassinado por pistoleiros com vários tiros de pistola, escopeta e revólver, numa emboscada próxima de sua residência, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, em frente ao Parque Anauá.

Silvio Leite foi atingido sucessivas vezes na cabeça e no tórax, tendo morte imediata. O laudo expedido na tarde de ontem pelo Instituto Médico Legal afirma que é praticamente impossível dizer com segurança quantas balas mataram o prefeito. O número de perfurações é muito elevado e os tiros de escopete literalmente destruíram a cabeça da vítima. Após o crime os pistoleiros fugiram, entretanto, a polícia conseguiu prender minutos depois um dos ocupantes do carro de onde foram feitos os disparos.

Durante o tiroteio o segurança Epifânio Alves conseguiu acertar Teimar Mota, cabo eleitoral do deputado Ottomar de Sousa Pinto. (...) Ferido gravemente. Teimar ainda conseguiu chegar em casa, entretanto, diante da gravidade do caso, sua esposa resolveu pedir ajuda da polícia que removeu Teimar para a “Pronto-Clínica”, onde foi operado.”

102

UM RESGATE HISTÓRICO

O corpo do prefeito foi velado no saguão da Prefeitura. No sábado a tarde foi rezada a m issa de corpo presente na Catedral do Cristo Redentor. Em seguida o corpo foi transladado para Manaus, onde ocorreu o sepultamento.

A morte do prefeito Silvio Leite trouxe instabilidade política aos governos municipal e estadual. Apesar de não ter nenhum envolvimento com o caso, a repercussão política do fato desbancou o governador Getulio Cruz, que foi substituído pelo general Roberto Klein.

No dia 24 de novembro de 1988, Teimar M ota foi levado a julgamento, em Brasília, pela morte de Silvio Leite, sendo condenado a “ 16 anos e 11 meses de prisão em razão da condenação imposta pelo Júri por estar ele incurso nos artigos 121, 129 e 70 do Código Penal, considerado como culpado de homicídio”.'*

A acusação foi feita pelo promotor Edgar Castanheira, tendo o advogado Alci da Rocha, indicado pela OAB/RR, como assistente.

IVansformar o Território em EstadoA OAB, a exemplo de diversas outras entidades de classe, também

deu sua contribuição para transformar o Território de Roraima em Estado.O Conselho Seccional discutiu o assunto em Assembléia Geral

Extraordinária, ocorrida no dia 23 de julho de 1987, e deliberou “por maioria absoluta de votos, ser favorável à transformação do Território Federal de Roraima em Estado de Roraima”.’’

O próprio Colégio de Presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil fez uma Moção de Solidariedade, onde “26 presidentes de todo o País, firmaram compromisso de envidarem esforços para a passagem definitiva dos Territórios a Estados, junto às bancadas representativas dos seus respectivos Estados”. ®

Para o presidente da OAB, Wedner Cavalcante, Roraima estava em situação calamitosa, ingovernável, e a saída seria transformar o Território em Estado, pois somente com autonomia poderia resolver seus problemas.

Ele confiava na aprovação da referida proposição na Comissão de Sistematização da Constituinte. Na sua opinião, somente assim

“O Território sairá, enfim, desta fase esdrúxula com a qual convive há 44 anos. Somente com a autonomia poderemos resolver os graves problemas que nos angustiam. (...) Há 20 anos, Roraima já tinha três juizes de Direito

103

OAB RORAIMA

e apenas 15 mil habitantes. Hoje, com 230 mil habitantes, continuamos com apenas três magistrados”. '

Na época, Roraima contava com aproximadamente 160 advogados, e para Wedner Moreira Cavalcante isso facilitaria a instalação do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas do Estado. E, consequentemente, a transfoimação do Território em um Estado promissor, moderno e progressista.

Enfim, Estado de RoraimaCom a promulgação da nova Constituição Federal do Brasil, em 5

de outubro de 1988, o Território Federal de Roraima passou a ser Estado de Roraima. Um sonho antigo da população roraimense.

Esse fato está registrado no Art. 14, do texto constitucional, onde se lê:

Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos.

Parágrafo 1° - A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos Governadores eleitos em 1990.

Parágrafo 2° - Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e Amapá as normas e os critérios seguidos na criação do Estado de Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e neste Ato.

Parágrafo 3® - O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a promulgação da Constituição, encaminhará à apreciação do Senado Federal os nomes dos Governadores dos Estados de Roraima e do Amapá que exercerão o Poder Executivo até a instalação dos novos Estados com a posse dos Governadores eleitos.

Parágrafo 4® - Enquanto não concretizada a transformação em Estados, nos termos deste artigo, os Territórios Federais de Roraima e do Amapá serão beneficiados pela transferência de recursos prevista nos arts. 159, I, a, da Constituição, e 34, parágrafo 2®, II, deste Ato.^^

TEXTO & CONTEXTO

1987 — Nascimento do Conselho Indígena do Território Federal de Roraima. Com a implantação do Estado de Roraima, em 1990, ele passou a denominar- se Conselho Indígena de Roraima (CIR). Site: www.cir.org.br

^ Dia 17/02/1987 — Lançamento da pedra fundamental para construção da sede própria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. Uma conquista do então presidente do Conselho Federal, Hermann Assis Baeta, que em 1999 foi agraciado com a Medalha Rui Barbosa.

104

VM RESGATE HISTÓRICO

=> 16-30/09/1987 — Trágico acidente radioativo com Césio-137 em Goiânia (GO), quando 244 pessoas foram contaminadas. Sobre o episódio o jornalista Fernando Pinto escreveu o livro A Menina Que Comeu Césio.

=> Dia 9/10/1987 — Assassinato do advogado e prefeito de Boa Vista, Silvio Sebastião de Castro Leite, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, no bairro São Francisco. A vítima recebeu dezenas de tiros de revólver, pistola e escopeta.

^ Dia 7/12/1987 — Brasília foi tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Ela foi construída no Governo Juscelino Kubitschek e inaugurada no dia 21 de abril de 1960.

=> Dia 24/06/1988 — Inauguração do Teatro Carlos Gomes no centro de Boa Vista, ao lado da TV Roraima. Na época o governador do Território Federal de Roraima era o general Roberto Pinheiro Klein, que tinha como secretária de Educação e Cultura, Cilene Lago Salomão.

=> Dia 24/08/1988 — Liquidação do Banco de Roraima S/A, pelo decreto presidencial n®. 96.583. Ele foi fundado no dia 5 de outubro de 1968 e inaugurado em 20 de janeiro de 1969.

=> Dia 5/10/1988 — O Território Federal de Roraima foi transformado em Estado de Roraima, através da promulgação da nova Constituição Federal do Brasil, no governo do presidente da República, José Samey.

=> Dia 22/12/1988 — Foi assassinado por pistoleiros em sua própria casa, Francisco Alves Mendes Filho, líder seringueiro e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, no Estado do Acre. Chico Mendes ficou mundialmente conhecido pelas denúncias da destruição da floresta amazônica.

QUINTO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Diário Oficial, 19/fevereiro/1987 e Folha de Boa Vista, 22/março/1987. Ata da Assembléia Geral Ordinária do dia 28/novembro/I986. Diário Oficial de

Roraima. Boa Vista, 13/janeiro/l 987. (pp. 8 e 9) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima. Ata da Assembléia Geral Ordinária do dia 5/dezembro/1986. Diário Oficial de

Roraima. Boa Vista, 13/janeiro/1987. (p. 8) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima. " Tomou posse a nova Diretoria da OAB/RR. A Gazeta. Boa Vista, 1 l/fevereiro/1987, (p. 6) Acervo de Fernando Quintella.* Ata da reunião da Diretoria da OAB/RR do dia 4/fevereiro/1987. Diário Oficial de Roraima. Boa Vista, 19/fevereiro/l 987. (p. 4) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima. Ata da reunião da Diretoria da OAB/RR do dia 10/fevereiro/l 987. Diário Oficial de

Roraima. Boa Vista, 3 l/março/l 987. (p. 1) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima. ’ Idem. Dez mil processos encalhados por falta de juizes. Folha de Boa Vista. Boa Vista,

22/fevereiro/1987. (p. 8)’ Idem.

105

OAB RORAIMA

Ata da reunião da Diretoria da OAB/RR do dia 20/fevereiro/1987. Diário Oficiai de Roraima. Boa Vista, 3 1 /março/1987. (p. 7) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima." J. M. (Júlio Martins) e a demarcação das áreas indígenas. Jornal Boa Vista. Boa Vista, 16/setembro/1980. (p. 24) Acervo da Imprensa Oficial de Roraima.” Diocese acusada de promover guerrilha e incitar invasão à Fazenda Guanabara. Folha de Boa Vista. Boa Vista, l7/julho/Í987. (p. 1)” Igreja é acusada de provocar conflitos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 17/julho/ 1987. (p. 8)

Delegado autua índios em flagrante. A Gazeta. Boa Vista, 17/julho/l 987. (p. 3) Arquivo da OAB/RR.” Nelson Carlos Teixeira. O grande livro dos provérbios. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000. (p. 79)

Revista Veja: miserável miopia. Folha de Boa Vista, Boa Vista, 18/setembro/l 987. (p. 2) ” Silvio Leite emboscado e executado a tiros de escopeta por pistoleiros. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 l/outubro/1987. (p. 8)

Justiça dá a Teimar 16 anos e II meses. Tribuna de Roraima. Boa Vista, 2/ dezembro/1988. (p. 8) Acervo da Biblioteca Pública do Estado.” OAB quer Roraima Estado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 31/julho/1987. (p. 10)

Para OAB, Roraima está ingovernável. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/dezembro/ 1987. (p. 8)

Idem.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2000. (p. 141)

OAB denunda o caos da Justiça rin RcMaima

A Ordem do* AdMJfldo* do taasd — Tiiiibiinl R sn in * . ceaitov n t •m nda-rdm m w m abllli « tn a r - dm>n> p t n t m t " um a a n ifa w pd- bBco, que te r l «m W o k aaUmdMSes .k todo o pek. m dudw. à pneidbicie d t RcpUItm. daotM rando o ik n n t- une quadro da Justiça <m Roraimt "A sraade rcaidnde t « le em Boa VU ta atutdnéaia, etudeui cerca de IS m l eroceaaoe meeelieeiW per fiKa de dMe- lut judkWMo «podhrme com e reali­dade loeW", thee o preeideme em enodido da O r d n . LavoWtr AmoM da Savdn.

A waraUBa mmirraila, e e y y lo r pRsidema m eacfdao da en M d a . via t n p rin o rM n c m e ddM r uma po dçdouanloaoaitanalu ikdiriora tai- m coe. ham «kio que fwKkmi Bo moaMMo apeoae a Vara Cnminal fkan-do tkameWtlai aa Varaa O d e da Ca lK at.d(m dom im idpiodeCw acaraI. ' que M trail de m apo exá lem jutrAl ameacaa de iBorW eoHdai pdo eor

id k a « m a n a de Cancasdi SoHMadmdodeOlfvdra. fara.-n« |^)on>k v m p ^ afeeMiWfito daquele napie Irado do imuJdpio

"Q u a t^ d o a m m m a lo d a prafeup cShoo Lede. e da GoneeqOeMe dKriSta- çdo de prado prerouva tk OdidW de S o u a C ne. i ipoca poveanador do Terruòno, e de RobWu B enna de Aiaujo. «KC-prrfcllo na oceudu, 0 ]Uk

Joei Machado paeeou a aofrer comuolee ameaça: de morna, eeodo obn^do a aranar-K da lede do iaur d # o poeloner eer cHiiunado pdea mameepee-co u que deram cabo i *ida d , S3no Id le ’’, explicou.

"Embora n io eeuia r.0 munkipto U mail de R meam. ojub luai Mediado ainda t o lUtilar da Cecuracitvfo Jud dána de Caiacaral. m u d k a a d o n* IronameoK ca u i t ám u daa dute «a rae make qua» o eareme laqwmdle, ocuunando tap actmulo de habaho para o dnko imaeluaiido no moeeeato em Boa VMa, Aae&uo Amumdacdo Nelto. que bidmiec « a c u u m e na jC- de daquele muildpto. para audWncIa e oluvai.

SItIMÇAo B c n l — A muapbo no Terrildno. hoie. claidllfarta como caduca pM prtatdeoK O I mcRich} da OAÉ^TUI, i a irpnmtr eawem haa OrtaiúcrwM Jn& M rit em Katabaa; Boa Vtaa e Caiacaral. a h n da JuMiea Eleiloral que devaia ler um pue pid- pnn. embora, hmdooe apenmon <po- cadecU eto .

Ra» dum d icuwcricde» exm o itee em Roraima, dum varm, d vd c criminal, deveriam ter do» jdaee. no c a » de Roralina. apeam AMdao Anunciacfc» Netio reepode pdae dom vacai, pah o jul/ Aloiso de A* P d » « o eueeme le ço.uunum cnc da coaiarca. akpando probkmm de laúde

A Crítica de Roraima, 7/setembro/l988

106

5.6.SEXTO CONSELHO ( 1 9 8 9 - 1 9 9 1 )

Diretoria do Conselho Seccional'Hesmone Saraiva Grangeiro (pres.)Vilmar Francisco Maciel (vice)João Bosco Ferreira Lima (1° see.)Hélio Abozagio Elias (2® see.)Antonio Elesbão Lima da Silva (tes.)

Conselheiros Seccionais Francisco Alberto Santiago Hachimo Muneymne José Domingos da Silva José Ulisses Campeio Laudi Mendes de Almeida Maria do Perpétuo Socorro da Silva Rosikler Ribeiro Maciel da Silveira

Conselheiros Federais Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro José de Almeida Coelho Sérgio do Rego Macedo

§ Eleição: 30 de novembro de 1988 Mandato: r/fevereiro/1989 a 3 1/janeiro/l 991

OAB RORAIMA

Quarto fA^n4^io cieHESMONE SARAIVA GRANGEIRO

o,6 de julho de 1989.presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de

'Roraima, Hesmone Saraiva Grangeiro, acompanhado da Com issão de D ireitos Hum anos in iciou uma série de v isitas à Penitenciária de Boa Vista.

Lá ouviu a queixa dos detentos, numa reunião com aproximadamente 60 presidiários. Eles reclamaram da morosidade no andamento dos processos, da falta de higiene nas selas e da qualidade da alimentação.

A Comissão constatou que as instalações hidráulica e elétrica estavam em péssim o estado; algumas portas em perradas, outras quebradas; falta de segurança nas selas; colchões carcomidos, sem forro.

Diante do presenciado, Hesmone Grangeiro declarou: “A solução seria a imediata transferência dos detentos para a nova penitenciária, que está em fase de acabamento no Monte Cristo”.

Direitos humanos, direitos de bandidos?A advogada Antonieta Magalhães Aguiar, no outono de 1997,

publicou um artigo na imprensa que faz uma abordagem minuciosa sobre direitos humanos.

Para tirar dúvidas e ampliar a reflexão desse tema polêmico, reproduzimos parte de seu artigo logo abaixo.

DIREITOS HUMANOS, DIREITOS DE TODOS

Não há como conciliar democracia com as sérias injustiças sociais, as formas variadas de exclusão e as violações reiteradas aos direitos humanos que ocorrem em nosso País.

Direitos humanos são fundamentais a todas as pessoas, sejam elas mulheres, negros, homossexuais, índios, idosos, portadoras de deficiências, estrangeiros, migrantes, refugiados, portadores de HIV, crianças e adolescentes, presos, despossuídos e os que têm acesso à riqueza. Todos, enquanto pessoas, devem ser respeitados, e sua integridade física protegida e assegurada.

Direitos humanos referem-se a um sem número de campos da atividade humana: o direito de ir e vir sem ser molestado; o direito de ser tratado pelos agentes do Estado com respeito e dignidade, mesmo tendo cometido uma infração; o direito de ser acusado dentro de um processo legal e legítimo, onde

108

UM RESGATE HISTÓRICO

as provas sejam conseguidas dentro da boa técnica e do bom direito, sem estar sujeito a torturas ou maus tratos; o direito de exigir o cumprimento da lei e, ainda, de ter acesso a um Judiciário e a um Ministério Público que, ciosos de sua importância para o Estado democrático, não descansem enquanto graves violações de direitos humanos estiverem impunes e seus responsáveis soltos e sem punição, como se estivessem acima das normas legais; o direito de ser, pensar, crer, de manifestar-se ou de amar sem tomar-se alvo de humilhação, discriminação ou perseguição. São aqueles direitos que garantem existência digna a qualquer pessoa.

O entendimento deste princípio é indispensável para que haja uma mutação cultural e, em consequência, uma mudança nas práticas dos governos, dos Poderes da República, nas suas várias esferas e, principalmente, na própria sociedade. E justamente quando a sociedade se conscientiza dos seus direitos e exige que estes sejam respeitados e que se fortaleça a democracia e o estado de direito.

A falta de segurança das pessoas, o aumento da escalada da violência, que a cada dia se revela mais múltipla e perversa, exigem dos diversos atores sociais e governamentais uma atitude firme, segura e perseverante no caminho do respeito aos direitos humanos.

A Constituição de 1988 estabelece a mais precisa e pormenorizada Carta de Direitos de nossa história, que inclui uma vasta identificação de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, além de um conjunto preciso de garantias constitucionais. A Constituição também impõe ao Estado Brasileiro reger-se em suas relações internacionais pelo princípio da “Prevalência dos Direitos Humanos” (artigo 4®, II). Resultado desta nova diretriz constitucional foi a adesão do Brasil, no início dos anos 90, aos Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos, e Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, às Convenções Americana de Direitos Humanos e Contra à Tortura e Outros Fundamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que se encontram entre os mais importantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos, sem os quais a dignidade da pessoa humana não se realiza por completo.

Os direitos humanos não são, porém, apenas um conjunto de princípios morais que devem informar a oiganízação do direito. Enumerados em diversos tratados internacionais e Constituições, asseguram direitos aos indivíduos e coletividades e estabelecem obrigações jurídicas concretas aos estados. CompÕem- se de uma série de normas jurídicas claras e precisas, voltadas à proteger os interesses mais fundamentais da pessoa humana. São normas cogentes ou programáticas que obrigam os Estados nos planos interno e externo.

Um programa de direitos humanos, como qualquer plano de ação que se pretenda exequível, deve explicitar objetivos definidos e precisos. Assim, sem abdicar de uma compreensão integral e indissociável dos direitos humanos, o programa deve atribuir maior ênfase aos direitos civis, ou seja, os que ferem mais diretamente a integridade física e espaço de cidadania de cada um.

Todos nós sabemos que não é possível extirpar, de um dia para o outro.

109

OAB RORAIMA

com um passe de mágica, a injustiça, o arbítrio e a impunidade. Estamos conscientes de que o único caminho está na conjugação de uma ação obstinada do conjunto do governo com a mobilização da sociedade civil, objetivando estancar a banalização da morte, seja ela no trânsito, a fila do Pronto Socorro, dentro de presídios, em decorrência do uso indevido de armas ou as chacinas de crianças e trabalhadores rurais, o extermínio, os sequestros e o crime organizado, tudo isso não pode ser considerado normal, especialmente em um Estado e em uma sociedade que se desejam modernos e democráticos.

Numa sociedade ainda injusta como é a do Brasil, com graves desigualdades de renda, promover os direitos humanos tomar-se-á mais factível se o equacionamento dos problemas estruturais - como aqueles provocados pelo desemprego, forme, dificuldade do acesso à terra, à saúde, à educação, concentração de renda - for objeto de políticas governamentais. Para que a população, porém, possa assumir que os direitos humanos são direitos de todos, e as entidades da sociedade civil possam lutar por esses direitos e organizar-se para atuar em parceria com o Estado, é fundamental que seus direitos civis elementares sejam garantidos, e, especialmente, que a Justiça seja uma instituição garantidora e acessível para qualquer um, porque no limiar do século XXI, a luta pela liberdade e pela democracia tem um nome específico: chama- se direitos humanos.

A sociedade brasileira está empenhada em promover uma democracia verdadeira, porém, o governo tem um compromisso formal e não real com a promoção dos direitos humanos. Basta ver o que alguns policiais militares perpetraram em Diadema (SP) e em Cidade de Deus (RJ). Aqui, também não é diferente. (Antonieta Magalhães Aguiar)^

Conselheira federal apóia juizMaria Elizete de Souza foi condenada a seis anos de prisão pelo

assassinato de sua irmã. Diante da desestruturaçao da Penitenciária de Boa Vista, o juiz Elenauro Batista dos Santos concedeu o benefício da saída-matemidade à presidiária.

Sua decisão causou polêmica entre o meio jurídico.

Para o magistrado, “o simples fato de as beneficiadas serem internas em regime de semi-liberdade, isto é, com direito a ir à escola ou trabalhar fora, regressando, ao final do dia, para o presídio, já demonstra que o contato com o mundo exterior se faz com naturalidade e constância. (...) Tenho certeza de que a maternidade exercida com a responsabilidade que entendemos ter as internas somente trará bons fiutos à recuperação delas. Um filho cuidado com todo carinho e atenção pode mudar o rumo de vida distorcido de uma pessoa”.

Enquanto não há a decisão final a respeito do recurso, o juiz prossegue com o benefício

110

UM RESGATE HISTÓRICO

Apesar das controvérsias em tomo da decisão do juiz Elenauro, a conselheira federal da OAB, Daysy Quintella, apoiou a atitude do magistrado.

Garante a advogada roraimense que o primordial numa pena imputada a quem transgride a lei é a sua possibilidade de recuperação e retomo ao convívio da sociedade. “Punir por punir apenas onera o Estado e aumenta o risco de o condenado reincidir, caso seu período de cumprimento da pena seja vivido de forma traumática, sem possibilidade de exercer algo que ajude na sua recuperação”, diz a conselheira.

Daysy Quintella é a làvor da medida como uma conquista da mulher, mesmo aquela que cometeu delitos. A advogada recebeu a medida com satisfação. “A maternidade é algo sublime. Se a interna dá a luz e precisa de ambiente para a amamentação nos primeiros meses, sua liberação do regime imposto pela pena é consequência natural do processo de recuperação a que está sendo submetida”, argumenta a conselheira. “Soma-se a isso o fato de a medida ser concedida apenas àquelas cujo regime é de semi-liberdade, onde já saem com regularidade. É, com certeza, uma relevante conquista, que deve ser mantida”, encerra.^

Avanços e retrocessos na Constituição11 de Agosto. Dia do Advogado.A OAB Roraima realizou um ciclo de conferências. Um dos pontos

altos das discussões foi a nova Constituição Federal do Brasil.Para Hesmone Grangeiro ela teve avanços e retrocessos. Avanços

nos direitos da cidadania; retrocesso na questão fundiária.Contudo, a pedra no sapato dos advogados continuava sendo a

situação da Justiça na Terra de Makunaima. Para eles, o suprimento de três juizes para Roraima, estabelecido por lei, era insuficiente.

“Segundo Hesmone, no atual quadro de Roraima, o Estado precisaria de no mínimo 15 juizes para fazer frente à demanda existente, aliando-se a isso, o aumento do número de promotores e serventuários” .

Apesar dos apelos em Brasília, a situação da Justiça em Roraima continuava na mesma: em perrada. O Território Federal tinha se transformado em Estado através da nova Constituição, mas esperava pela sua implantação para a realização de concursos públicos.

Nem abaixo, nem acima da leiFinal de agosto de 1989.O presidente da OAB, Hesmone Grangeiro, entrou com um pedido

de habeas corpus em favor de um cliente, por considerar sua prisão ilegal.

OAB RORAIMA

O juiz Elenauro Batista dos Santos relaxou a prisão do acusado. O secretário de Segurança Pública não gostou do andamento da

carruagem e pôs a boca no trombone. Então,

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, aprovou em reunião realizada na sexta-feira (18), uma moção de repúdio à atitude do secretário de Segurança Pública, Antônio Carlos Vianna Sarres, que num programa radiofônico local, colocou em dúvida a integridade moral do presidente Hesmone Saraiva Grangeiro, pelo fato daquele advogado ter solicitado ao titular da Vara Criminal da Comarca de Boa Vista, Elenauro Santos, o habeas corpus do cidadão João Venaque, que no entender de Vianna Sarres, seria um perigoso homicida, um pistoleiro de aluguel/

No entender do secretário Antônio Sarres, o presidente da OAB, e também presidente da Comissão de Direitos Humanos, ao defender João Venaque estava atrapalhando o trabalho da polícia e entrando em contradição ideológica. No seu entendimento, Hesmone Grangeiro, ao defender um bandido estava acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo.

Por sua vez, Hesmone via na atitude de A ntônio Sarres, o comportamento do próprio advogado do diabo...

A Nota de Repúdio que transcrevemos abaixo registra a decisão dos conselheiros seccionais sobre a polêmica.

NOTA DE REPÚDIO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, por deliberação unânime do seu Conselho Seccional e das suas Comissão de Ética e Disciplina e Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, em reunião desta data, vem publicamente, manifestar veemente repúdio às atitudes do secretário de Segurança Pública do Estado de Roraima, Sr. Antônio Carlos Vianna Sarres, consignadas nas suas tendenciosas entrevistas às rádios Tropical e Equatorial, quando teceu palavras indecorosas, envolvendo a Justiça e o digno Presidente desta Seccional.

Contratado, o Dr. Hesmone Saraiva Grangeiro impetrou habeas corpus em favor do Sr. João Venaque, sob entender ilegal a prisão deste por agentes policiais da Secretaria de Segurança Pública de Roraima, sendo que o MM. Juiz da Vara Criminal concedeu a ordem de habeas corpus, determinando a imediata soltura do paciente, o que ocorreu sob visível e indevido protesto do aparelho policial.

Irresignado, o Sr. Secretário de Segurança Pública concedeu entrevistas às Rádios Tropical e Equatorial, afirmando que João Venaque é um pistoleiro,

UM RESGATE HISTÓRICO

um bandido, um marginal perigoso, solto pelo advogado presidente da OAB e da Comissão de Direitos Humanos.

Na verdade, o Dr. Hesmone é presidente da OAB e da Comissão de Direitos Humanos, mas atuou exclusivamente na qualidade de advogado militante, sob a proteção de suas prerrogativas profissionais conferidas pela lei, e essa atuação não conflitou, nem de leve, com a sua intransigente posição de defensor dos direitos humanos. Como errônea e maliciosamente insinuou o Sr. Secretário.

Obviamente, o nosso “batonier” ao provocar ao juiz a soltura do Sr. João Venaque, preso ilegalmente, cumpriu seu dever de advogado e ao mesmo tempo defendeu os direitos humanos nos seus exatos termos, pois qualquer prisão ilegal viola frontalmente o direito de liberdade, ou seja, direitos humanos.

Poderia ter o Dr. Hesmone agido em nome da OAB ou da Comissão de Direitos Humanos, independente de se tratar ou não de pistoleiro ou marginal perigoso, porquanto mesmo nessa condição o cidadão não pode ficar preso ilegalmente.

A defesa de João Venaque, no referido habeas corpus, antes de tudo, foi uma proteção de direitos humanos, sendo irrelevante que o paciente, na versão da polícia, seja ou não um bandido, um pistoleiro, um homicida, ou perigoso marginal.

Convém lembrar que se presume inocente todo e qualquer cidadão, enquanto não condenado por sentença transitada em julgado, e essa presunção é beneficio de toda a sociedade.

Cabe ao Estado reprimir o crime através dos meios legais, não sendo aceitável que seus agentes se utilizem de mecanismos ilícitos e contrários aos superiores interesses da Justiça, em especial aos direitos humanos universais.

Assim, é louvável a coerente postura do presidente Hesmone, alheio e indiferente às relações de qualquer grupo ou autoridade, eis que o advogado, em seu elevado ministério, só tem satisfação a dar a sua consciência.

Sabedor dos postulados da advocacia e dos direitos humanos, o secretário de Segurança Pública, Antônio Vianna Sarres, revelou má fé, ao atribuir publicamente ao advogado presidente da Comissão de Direitos Humanos e da OAB a soltura do Sr. João Venaque, com evidente intuito de atingir a honorabilidade do nosso “batonier” e a coerência de sua conduta. Mais a mais se referiu ao Juízo Criminal de modo sarcástico e aético.

Deste modo, queremos protestar, e de fato, protestamos e repudiamos o comportamento indigno e malicioso, as afirmações cavilosas e equivocadas do secretário Antônio Vianna Sarres, atitude autoritária e incompatível com as ações dem ocráticas e preservadoras do princípio da legalidade e de independência do Poder Judiciário.®

*Conselho Seccional, Comissão de Ética e Disciplina e Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

OAB RORAIMA

Entretanto, o conflito de idéias não terminou aí.Inconformado com a iniciativa do advogado e com a decisão da Justiça,

0 secretário de Segurança Pública concedeu uma entrevista na TV Roraima e “declarou textualmente, que em sua opinião ‘lugar de bandido é na cadeia ou no cemitério’, mostrando-se, segundo o advogado Evan Felipe de Souza, membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, ‘participativo nos atos art>itrários (...) como torturas e pressões psicológicas”’.’

Em função disso Hesmone marcou uma reunião com os membros da Comissão de Direitos Humanos para avaliar as consequências das declarações de Antônio Sarres.

O posicionamento da Ordem dos Advogados foi de total repúdio às declarações do Secretário de Estado, consideradas agressivas aos princípios e valores éticos e por se constituírem num incentivo à prática de crimes por parte do aparelho policial.

Resumindo: A Comissão de Direitos Humanos foi bater na porta do Palácio 3 1 de Março. Hesmone Grangeiro falou dessa visita:

“Nós estivemos reunidos com o governador Romero Jucá e ele afirmou que não aceita, não tolera e não concorda com nenhum tipo de violência, muito menos com a violência policial. Não concorda com as declarações do secretário de Segurança, Vianna Sarres e adotará todo e qualquer tipo de medida legal para coibir a violência, quer com relação ao cidadão comum, quer com relação ao presidente e membros da OAB”.'®

Nota de Repúdio contra a criminalidadeA OAB sempre esteve de plantão em defesa dos direitos humanos

e contra a criminalidade, que ceifa vidas de forma brutal, desumana.Em setembro de 1989, o presidente da Casa do Advogado expediu

uma Nota de Repúdio contra o aumento do índice de criminalidade registrada em Boa Vista. E pediu providências urgentes do Poder Público para combater e coibir tais crimes.

A nota da OAB vem a propósito do assassinato de Halen Stefano G Guimarães, 16, filho do cantor Joemir Guimarães, morto no dia 24. (...) Seu corpo foi encontrado na quarta-feira, 27, alvejado com um projétil calibre 38, na região frontal, acima dos olhos."

Segundo a nota, alguns policiais militares estariam envolvidos na

ÜM RESGA TE HISTÓRICO

morte do rapaz, uma situação inadmissível, considerando que a polícia era constituída para proteger o cidadão. E não para aterrorizá-lo.

Diante das evidências, a CDH da OAB cobrou do comandante da Polícia Militar apuração e punição dos culpados no Caso Halen Stefano.

OAB participa da instalação do JudiciárioFazendo jus a sua atuação e liderança como entidade classista e de

defesa dos direitos humanos, a OAB Roraima foi convidada a participar da instalação do Poder Judiciário no Estado, com sugestões e reivindicações em prol da justiça para todos.

Não há desenvolvimento com harmonia entre os homens onde não existe justiça. O novo Estado tem que nascer junto com o Poder Judiciário já estruturado, capaz de fazer uma justiça forte e ágil, fundamental para o crescimento de Roraima.”

Essas foram as palavras do governador Romero Jucá durante a solenidade de instalação da Comissão Interinstitucional que cuidaria do processo de implantação do Poder Judiciário. Comissão essa que seria presidida pelo procurador geral do Estado, Ronaldo Montenegro, e composta pelos seguintes membros:

Juiz de Direito, Elenauro Batista dos Santos; promotor público, Luiz Ritler Brito de Lucena; presidente da OAB/RR, Hesmone Saraiva Grangeiro; conselheira federal da OAB, Daysy Gonçalves Quintella; assistentes jurídicos Epitácio Souza dos Santos, Ivanildo Pinto de Melo e Douglas Rego; arquiteto Luiz Afonso Maciel de Melo.

Logo após o término da solenidade, o presidente da Comissão, Ronaldo Montenegro, convocou seus pares para a primeira reunião de trabalho. Como ele mesmo afirmou, em seu discurso, “o momento de agir é agora, quando temos condições de elaborar um projeto perfeito para que o Poder Judiciário do novo Estado surja como algo exemplar”.”

Congresso Nacional da Mulher AdvogadaComo conselheira seccional ou como conselheira federal da Ordem

dos Advogados do Brasil, Daysy Quintella sempre procurou se atualizar não só através de bibliografia jurídica, como também participando de conferências, seminários e congressos dentro e fora do Estado de Roraima.

No final do mês de maio de 1990 ela participou do 1° Congresso

OAB RORAIMA

Nacional da M ulher Advogada, realizado em Salvador (BA). No Congresso, Daysy Quintella foi conferencista no painel “A mulher e a legislação civil e comercial”, falando sobre o tema “Administração dos bens comuns e particulares da mulher”.

Contudo, registramos que no Congresso da Mulher Advogada

O tema de maior polêmica foi a descriminalização do aborto, defendido pela advogada Leilan Borges, da Seccional do Rio de Janeiro. Em seu trabalho, a advogada defendeu que o aborto vitima quantidade incalculável de mulheres em todo o Brasil, porque é proibido e consta do Código Penal como crime. “Com isso, as clínicas clandestinas de aborto funcionam a pleno emprego, fazendo vítimas em profusão sem que o Estado tome qualquer medida para conter essa tendência. A mulher deve dispor de seu corpo da maneira que melhor lhe aprouver e não ficar sujeita a uma discriminação absurda, impedida de se utilizar do aparelho de saúde oficial no momento em que, por qualquer motivo, tiver que interromper uma gravidez indesejada. O resultado e o nível elevado de morte de mulheres por abortos mal feitos, principalmente nas regiões periféricas de baixa renda, e o enriquecimento dos proprietários dessas verdadeiras indústrias de cadáveres que são as clínicas particulares de abortos”, evidenciou Leilan Borges.’

No final do Congresso Nacional da Mulher Advogada foi elaborada a Carta de Salvador, que chegaram as seguintes conclusões:

1. Constituição de uma comissão de advogadas, com a finalidade de atuar junto ao Congresso Nacional para acompanhar, fiscalizar e contribuir na elaboração de projetos já apresentados e de novas propostas, no sentido de consubstanciar todas as disposições constitucionais, através de leis ordinárias e complementares.

2. Efetiva adequação dos códigos vigentes aos princípios constitucionais, para garantia da eficácia plena do ordenamento jurídico na área científica e doutrinária.

3. Maior participação das advogadas no processo e na prática da democratização do Direito, considerada também a produção jurídica na área científica e doutrinária.

4. Aprovação da discriminalizaçâo do aborto, no contexto de uma ampla discussão em nível nacional.

5. Cominar no Código Penal, passíveis de pena de prisão, as discriminações que impliquem em atentados no campo do trabalho e na sociedade em geraj ou causem prejuízos por motivo de sexo, idade, raça e religião. ”

Essas eram as preocupações das mulheres advogadas em 1990.

116

UM RESGATE HISTÓRICO

Manifesto contra presídio federal em RRA bandidagem no Rio de Janeiro alcançava níveis preocupantes e

insuportáveis. Isso levou o governo federal a cogitar a construção de presídios de segurança máxima fora do eixo Rio/São Paulo, com o objetivo de tentar desarticular o crime organizado, comandado por traficantes, sequestradores, assaltantes e homicidas de alta periculosidade.

O Estado de Roraima estava na mira das autoridades federais, como um forte candidato a segurar essa batata quente.

Entretanto,

A conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Daysy Quintella, que já se manifestara anteriormente quando o deputado Roberto Jefferson (PTB/RJ) sugeriu Roraima com um bom local para a penitenciária, voltou à carga em telex encaminhado ao presidente Fernando Collor de Mello.

(...) “O roraimense não tem culpa se o Rio de Janeiro está tomado pela criminalidade”, aigumenta Daysy.

(...) A pressão de grandes empresários é violenta, como no recente encontro do ministro Bernardo Cabral com executivos que estariam nas listas de sequestráveís. O ministro ficou acuado com as cobranças dos empresários presentes ao almoço no Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro. Prometeu providências enérgicas e rápidas. O presidio foi servido como prato principal do almoço. E a garantia de que seria em local distante era a sobremesa esperada pelos comensais.

Com tantas evidências, Daysy Quintella resolveu intervir novamente no problema em nível de Brasília contando, inclusive, com o apoio do presidente do Conselho Federal da OAB, advogado Ophir Filgueiras.'^

Diante da ameaça de Roraima ser escolhido para sediar um presídio federal longe das grandes metrópoles, para abrigar bandidos de outras regiões do País, imediatamente a conselheira federal procurou mobilizar a sociedade roraimense contra a malfadada idéia.

Fez barulho na imprensa regional e nacional, tentando acordar a população para a gravidade do problema. Imediatamente, mandou telex de protesto ao deputado Roberto Jefferson, com cópia para o governador de Roraima, Rubens Villar, para o ministro da Justiça, Bernardo Cabral, e para o próprio presidente da República, Fernando Collor de Mello.

Eis o conteúdo do te lex /’

OAB RORAIMA

A Sua ExcelênciaSenhor Dr. Fernando Collor de MelloDD. Presidente da República Federativa do BrasilBrasília (DF)

Alarmada com a possibilidade de nosso Estado sediar um estabelecimento penal de segurança máxima, onde seriam abrigados os autores de crimes considerados hediondos e, principalmente, os chefes do crime organizado do Estado do Rio de Janeiro, manifesto a Vossa Excelência não apenas a preocupação desta conselheira, como também a total rejeição por parte da sociedade roraimense de termos entre nós, povo pacífico e acolhedor, marginais da pior espécie. Nossa tranquilidade, tenho certeza, estaria colocada em perigo a partir da implantação de um presídio nesses moldes. Encareço, pois, a Vossa Excelência, que tanta receptividade teve entre os eleitores deste Estado nas eleições presidenciais do ano passado, poupar esta pacata comunidade de tão insólita e perigosa vizinhança. Roraima não merece este castigo.

Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro Conselheira Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

Instalação do Tribunal de JustiçaO primeiro governador do Estado de Roraima, eleito pelo voto

direto foi Ottomar de Sousa Pinto. Logo após assumir o governo em 1991, ele instalou o Tribunal de Justiça, nomeando e empossando os sete desembargadores previstos por lei.

Os desembargadores nomeados foram: Robério Nunes dos Anjos, Benjamim do Couto Ramos, Carlos Henriques Rodrigues, José Pedro Fernandes, Jurandir Oliveira Pascoal, Luiz Gonzaga Batista Rodrigues e Francisco Elair de Morais.

Depois de empossados, eles elegeram o desembargador Robério Nunes como o primeiro presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

Na ocasião, o presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro, contestou na Justiça a instalação do Tribunal de Justiça do Estado, argumentando que ela aconteceu de forma inconstitucional. Posteriormente, também foi contestada na Justiça a nomeação de alguns desembargadores.

Um olhar no futuroO tempo provou que a Ordem dos Advogados do Brasil tinha razão. Em 1993 o Supremo Tribunal Federal desconstituiu a nomeação

dos desembargadores Benjamim do Couto Ramos, por não ser juiz de

118

UM RESGA TE HISTÓRICO

Direito e sim juiz do Trabalho; e Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, porque pertencia ao Ministério Público do Ceará e a vaga deveria ser ocupada por um membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Assim sentenciado. Benjamim Ramos foi substituído pelo juiz Lupercino de Sá Nogueira Filho. No lugar de Luiz Gonzaga Batista, o Gonzagão, foi nomeado o procurador Pedro Coelho Sobrinho.

Posteriormente, o desembargador Pedro Coelho também foi desconstituído pelo Supremo Tribunal Federal, sob o fundamento de que a vaga pertencia ao Ministério Público estadual, instalado em Roraima. No seu lugar foi nomeado o desembargador Ricardo Oliveira.

Mas isso aconteceu depois de muito suor, lágrimas e sangue.

TEXTO E C O NTEXTO

=» Dia 18/02/1989 — Fundação da Academia Roraimense de Letras. O primeiro presidente foi Mário Linário Leal.

=> Dia 08/09/1989 — Instituição da Universidade Federal de Roraima (UFRR) através do Decreto n°. 98.127, criada anteriormente pela Lei n“. 7.364, de 12 de setembro de 1985. O professor Hamilton Gondim foi o primeiro reitor.

Outubro/1989 — Inauguração do Palácio 9 de Julho, nova sede da Prefeitura Municipal de Boa Vista, no bairro São Francisco. Administração Barac Bento.

=» Dia 9/07/1990 — O município de Boa Vista completou 100 anos de fundação. Criado em 1890, com o nome de Boa Vista do Rio Branco, como município do Estado do Amazonas, seu primeiro prefeito foi João Capistrano da Silva Mota, mais conhecido como Coronel Mota.

Dia 13/07/1990 — O Congresso Nacional decretou e o presidente da República, Fernando Collor de Mello, sancionou a Lei n°. 8.069, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

^ Agosto/1990 — Inauguração do prédio da Assembléia Legislativa do Estado de Roraima - Palácio Deputado Antonio Martins, no governo de Rubens Villar de Carvalho. Site: www.al.rr.gov.br.

SEXTO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Ata da Assembléia Geral Ordinária do dia 25/outubro/1989; Livro de Presença, ano 1984/1985, p. 50. Arquivo da OAB/RR. Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR visita Penitenciária. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 9/julho/l 989. (p. 10)

119

OAB RORAIMA

Antonieta Magalhães Aguiar. Direitos humanos, direitos de todos. Roraima Hoje. Boa Vista, 14/abril/1997. (p. 2) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).

Sentença provoca polêmica. A Gazeta de Roraima. Boa Vista, r/julho/1989, (p. 1) Acervo de Fernando Quintella.* Idem. É preciso atenção com a Justiça. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12/agosto/l 989. (p. 4)

’ OAB protesta contra posição de Sarres. A Crítica de Roraima. Boa Vista, 22/ agosto/1989, (p. 3) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).® Nota de Repúdio/OAB. A Crítica de Roraima. Boa Vista, 22/agosto/1989. (p. 6) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares). OAB discute as declarações de Sarres. A Crítica de Roraima. Boa Vista, 24/

agosto/1989, (p. 3) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).'® Jucá averígua; OAB ameaçada por denunciar violência. A Crítka de Roraima. Boa Vista, 8/setembro/l 989. (p. 3) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fores).'' OAB repudia índice de criminalidade. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/setembro/l 989. ” Poder Judiciário será instalado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/outubro/1989. (p. 1)” Jucá instala Comissão para montar Judiciário. A Gazeta de Roraima. Boa Vista, 26/outubro/1989. (p. 7) Acervo de Fernando Quintella.''' Daysy fala sobre família em Salvador. A Gazeta de Roraima. Boa Vista, 8/ junho/1990, (p. 5) Acervo de Fernando Quintella.” Idem.

Daysy grita contra construção de presídio em RR. Tribuna de Roraima. 16/ julho/1990, (p. 5) Acervo da Casa da Cultura.” Idem.

OAB protesta contra de Sarres

aoçkt d* MpA (taa • aciiud» 1 r-

mESb Smb. MiMai Mii:VuBkifMu

Atua» CMa MD» a m (u um p m HÉUIM» hDL D bttu a * m , i r i iD 'l n i — iJ D a im D »* m o w • <Hb a R m m A »

c aM p VaafM . 9 » BftOe ViHim tem», MW ^auoflk > » B f KiW i *

9 -WbrnM###' k» ceemS nÉm ft Mwto 9411» HKiidoaotapr M w m & w wfrwwfti «■ ftiee**

( W D Dn cnS iR v O B f v m n a a to A A »

i« « a ft H»a o pM B ir * M a ft

T ififfl' I r rfc i fh rgi'##

/jraumi SSJJá nyafcçéo- pmmpfth### ftqu dapn * 9 m Hm *4n ««bft niMB GftcA aiAn* Mft^a#úft&p#k» Wftmdw EfenM

I pvpp k@W9 au iiu iiw I « dft MOfttan» àft . « « v ii BHiBiQ* lA ^ tta r ■

P * « «■ IVS«^E. <■ WB* •«««■ft. « e « e d iív o * 6 * » * -

la m É Ê A a m - m m iW m m tià w 9* hM paru daae u « i w i l i i w f 0 « 9 * a g u a » F « «■ u * i«) * WBais. e*D#*#d«m«aft«uM^»va9%a#« e i pnana» e « W W W a e w W a«r% #aaahaU ovua AOnaWW

A Crítica de Roraima, 22/agosto/l 989

120

5.7.SÉTIMO CONSELHO (1991 - 1 9 9 3 )

Diretoria do Conselho Seccional’Hesmone Saraiva Grangeiro (pres.)Maria Dilmar Paulino (vice)Jaildo Peixoto da Silva (1® see.)Ednaldo do Nascimento Silva (2® see.)Jorge da Silva Fraxe (tes.)

Conselheiros Seccionais Ana Eliza da Silva Marques Glair Flores de Meneses Fernandes Hélio Abozagio Elias José Ovídio Monteiro de Araújo Maria Dizanete de Souza Matias Maria do Perpétuo Socorro da Silva Messias Gonçalves Garcia

Conselheiros Federais Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro João Bosco Ferreira Lima José de Almeida Coelho

1 Eleição: 30 de novembro de 1990 Mandato: l®/fevereiro/1991 a 31/janeiro/1993

OAB RORAIMA

Quinto M^nd^to cfcHESMONE SARAIVA GRANGEIRO

15 de abril de 1991.T ^ o i instalada a Assembléia Estadual Constituinte de Roraima,

responsável pela elaboração da primeira Carta Magma do Estado. Na sessão solene de instalação da Constituinte estavam os 24

deputados estaduais, a bancada federal (com exceção do senador Hélio Campos), o governador Ottomar de Sousa Pinto, o prefeito de Boa \^sta, Barac da Silva Bento, vereadores, e representantes de partidos políticos, órgãos públicos e da sociedade civil organizada.

A OAB Roraima esteve presente do início ao fím da elaboração da Constituição Estadual, participando com idéias, sugestões, debates e protestos em defesa dos interesses do cidadão e da cidadania.

Numa entrevista a imprensa sobre a Constituição Estadual, Hesmone Saraiva Grangeiro declarou:

Apesar das diferentes ideologias políticas existentes na ALE (Assembléia Legislativa do Estado), acredito que os 24 parlamentares estão preparados para elaboração, junto com a sociedade organizada, de uma Constituição justa, moderna e progressista. (...) Participamos em diversas comissões temáticas enviando propostas e enviaremos oficíalmente sugestões, principalmente sobre segurança e Poder Judiciário. Nessa última questão, apresentaremos propostas de criação de um conselho, reunindo todos os segmentos da sociedade, para fiscalizar os possíveis excessos do Tribunal e, ainda, o aumento de sete para onze no número de desembargadores/

Depois de quase nove meses de trabalho, a promulgação da Constituição Estadual, aconteceu no dia 31 de dezembro do mesmo ano. O acontecimento político foi enaltecido numa sessão solene no Fórum Advogado Sobral Pinto.

O texto final foi considerado pelo presidente da Assembléia Estadual C onstituinte, deputado Flávio Chaves, com o “enxuto, moderno e progressista” .

Criação do Curso de Direito na UFRRA Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi implantada em

1990. Um total de 1.085 candidatos prestou vestibular no dia 7 de janeiro,

VM RESGATE HISTÓRICO

disputando 180 vagas em seis cursos: História, Matemática e Letras; Administração, Economia e Contabilidade.

No início de junho do ano seguinte a Universidade criou uma comissão com o objetivo de estudar a possibilidade de implantar o Curso de Direito já em 1992. O presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro, participou da comissão de criação do referido curso, implantado na data prevista, com 50 vagas no período noturno.

A Universidade Federal de Roraima instalou na manhã de ontem a Comissão de Estudos para a criação do Curso de Direito. A comissão é formada pelo vice-reitor da UFRR, o professor de Direito, Hélder (Girão) Barreto; o presidente da OAB, Hesmone Saraiva Grangeiro; o representante do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Jurandir Paschoal e o representante da Procuradoria de Justiça do Estado, Dr. Luciano Queiroz. Somará ainda a esta comissão 0 nome de um representante do Ministério da Educação que deverá ser indicado nos próximos dias.

(...) Nesse primeiro encontro quatro pontos foram definidos para o início dos trabalhos: A comissão vai estudar todos os currículos dos cursos de Direito existentes no País; vai visitar o maior número possível de instituições que ministram o curso de Direito; a comissão vai trazer juristas desses cursos que possam colaborar com suas experiências e apresentar propostas de um curso de Direito moderno.^

OAB: contra a pena de morteEm setembro de 1991, foi realizado em Aracaju (SE), a T Reunião

do Colégio de Presidentes da OAB, no Hotel Parque dos Coqueiros.O presidente da OAB Roraima participou do evento.Um assunto que estava em evidência no País e fez parte da pauta

de discussão do encontro de dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil foi a pena de morte, proposta na Câmara Federal pelo deputado Amaral Neto, do Rio de Janeiro.

O presidente do Conselho Federal da OAB, Marcello Levenère Machado, postulou que a pena de morte era inconstitucional e retrógrada, pois contrariava a Constituição Federal, no seu artigo 5°, que garantia a inviolabilidade do direito à vida.

Ele lembrou que nos países onde existe pena de morte a violência não acabou. “No momento em que nós estamos lutando por um direito penal moderno vem esse deputado propor pena de morte, isso é um absurdo, é o mesmo que voltar a escravidão”, desabafou.^

OAB RORAIMA

Contudo, a pauta principal da reunião do Colégio de Presidentes foi a discussão do anteprojeto do novo Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, considerado defasado pela classe dos advogados. Depois de pronto seria encaminhado para Mcciação e aprovação no Congresso Nacional.

Dia Mundial dos Direitos HumanosNo dia 10 de dezembro a Ordem dos Advogados comemorou o Dia

Mundial dos Direitos Humanos. No Brasil a OAB é uma das principais entidades que atuam diretamente na defesa dos direitos humanos.

Vale ressaltar que, mesmo durante o regime militar, a OAB não calou, assim como a Seccional de Roraima não tem calado em defesa dos direitos individuais e coletivos do cidadão e da sociedade roraimense.

Como escreveu Flávio Castellar, em um de seus artigos,

Direitos humanos são aquelas condições de vida que permitem que nós desenvolvamos plenamente e que usemos as nossas qualidades humanas de inteligência e que satisfaçamos nossas necessidades espirituais. Ao falarmos de direitos humanos não nos referimos única e exclusivamente a necessidades biológicas, mas vamos mais além.

Os direitos humanos se baseiam na demanda crescente da humanidade por uma vida em que a dignidade inerente a cada ser humano seja respeitada e protegida - ideia esta que transcende as comunidades e conveniências que nos proporcionam a ciência e a tecnologia.

Os direitos humanos são fundamentais à nossa natureza: sem eles, não é possível viver como seres humanos.^

Assim, no Dia Mundial dos Direitos Humanos, o presidente da OAB, Hesmone Grangeiro, lamentou que em Roraima a população vivenciasse constantes agressões aos direitos da pessoa humana.

Destacou o desrespeito às prerrogativas profissionais do advogado Alci da Rocha, e?q>ulso pelo delegado Raimundo Soares Cutrim, da sala de audiência na Polícia Federal; e citou também o caso ocorrido com o advogado Jorge da Silva Fraxe, que foi convidado pelo então secretário de Segurança Pública, Gélio Fregapani, a se retirar da sala porque não tinha crachá.

Enumerou também a desova de cadáveres em cemitérios clandestinos, espancamento e tortura de pessoas inocentes, considerando que de acordo com a lei, enquanto não for julgado e sentenciado todo cidadão é inocente.

Hesmone Grangeiro disparou: “podemos constatar que os agressores

UM RESGATE HISTÓRICO

dos direitos humanos são sempre, na sua maioria, aqueles que deveriam dar segurança e tranquilidade, porém o que ocorre é totalmente o contrário"/

Posse dos juizes concursadosDando sequência à instalação do Poder Judiciário em Roraima,

em dezembro de 1991, o presidente do Tribunal de Justiça, Robério Nunes dos Anjos, empossou os seis primeiros juizes concursados.

Desde a sexta-feira (13) a Justiça de Roraima passou a funcionar em primeira e segunda instância. Na Comarca de Boa Vista, na Vara Cível, ficou os juizes Jorge Luiz de Oliveira Barroso, auxiliado pelo juiz Alcir Gursen De Miranda. Na Vara Criminal está respondendo o juiz Lupercino de Sá Nogueira Filho, auxiliado pelo juiz Mauro Campello do Nascimento. Na Comarca de Caracaraí, responde o juiz Agenor Cefaz Jatobá, auxiliado pela juíza Tânia Maria de Vasconcelos Souza Cruz.

O Tribunal de Justiça de Roraima designou o desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues para diretor do Fórum da Comarca de Boa Vista, e o desembargador José Pedro Fernandes para corregedor geral da Justiça.®

Para a OAB/RR quanto antes o Judiciário fosse completamente instalado e estruturado, maior seria o ganho e o desempenho da classe dos advogados nos seus pleitos junto a Justiça. Melhor seria a distribuição da justiça de modo útil e em tempo ágil aos cidadãos.

Um dever constitucional do Estado com a sociedade que, embora utópico, deveria ser perseguido, diutumamente.

Conflito entre policiaisO delegado Eduardo Monteiro foi afastado de suas funções por estar

sob investigação, acusado de tráfico de drogas, tortura, abuso de autoridade e outras irregularidades, juntamente com alguns agentes da Polícia Civil.

O delegado Daniel Henrique de Araújo foi nomeado para presidir o inquérito policial que apurava as denúncias. Atendendo a uma solicitação da Secretaria de Segurança Pública, a OAB Roraima entrou em cena para acompanhar a investigação dos fatos.

Depois de tomar pé da situação, o presidente Hesmone Grangeiro declarou que aquele assunto tinha se transformado “num festival de acusações entre policiais civis, que, conforme se pode constatar, promove a insegurança da comunidade. (...) E necessário que se esclareça de uma vez por todas um assunto tão constrangedor.^

OAB RORAIMA

Três dias depois, Hesmone estava sobressaltado com o que viu e ouviu durante os depoimentos das testemunhas arroladas no inquérito. Voltou a falar sobre o assunto na imprensa, tentando sensibilizar as autoridades para que fosse tomada providências urgentes em relação ao caso.

Ele disse que,

O quadro de animosidade na Secretaria de Segurança se agrava a cada dia entre os dois grupos antagônicos. “Sem querer alarmar a sociedade noraimense o quadro que se apresenta na Secretaria é dos mais sérios e os dois grupos podem começar a se matar a qualquer instante, e o que é pior, pessoas inocentes, que prestam seus serviços àquele órgão, podem ser feridas e mesmo mortas se houver um tiroteio promovido pelos grupos. A autoridade competente tem que reordenar a Secretaria, pois é impossível continuar o quadro caótico que ora se apresenta”.'*

A gravidade da denúncia repercutiu no seio da sociedade e resvalou na Coluna Parabólica, que destacou na sua abertura:

AlertaSóbrio e contundente. Foi desta forma que a maioria dos leitores que nos telefonaram, classificaram a entrevista coletiva concedida pelo presidente da OAB/RR, sobre os escândalos que tomaram conta da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Foram dezessete telefonemas de apoio às advertências feitas pelo presidente da OAB/RR que chegou mesmo, a aventar a possibilidade de que o tiroteio entre os bandos da polícia venha a atingir vítimas inocentes, inclusive, pais e mães de famílias. Todas falavam da necessidade de, juntos, cobrarmos a saída do marasmo das autoridades constituídas. A Folha tem certeza de que está fazendo sua parte."

OAB e CBIA unem forças“Quem bater em mim, vai bater na Justiça".Esse foi o tema da campanha desenvolvida pelo Conselho Federal

da OAB em apoio e defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente.Num trabalho conjunto entre OAB e CBIA, no dia 12 de msào de 1992, o

presidente da Seccional de Roraima, Heanone Grangeiro, entregou 300 cartazes de i o ao referido Estatuto. Neles constavam o lema da canq>anha e o telefone da OAB para denúncias de maus tratos a criança e ao adolescente.

A solenidade de entrega do material de conscientização e divulgação da campanha contou com a presença da chefe interina do CBIA, Maria da Conceição Vanderley e pessoas ligadas ao Fórum da Criança.

126

VM RESGATE HISTÓRICO

N a oportunidade, Hesmone enalteceu o trabalho desenvolvido pelo CBIA e pelo Movimento Bandeirante em prol da manutenção do Estatuto.

Por sua vez, Maria da Conceição também agradeceu o trabalho dinâmico da representante da OAB, advogada Antonieta Magalhães Aguiar, no Fórum de Defesa da Criança e do Adolescente, denunciando a Polícia Militar pelos maus tratos às crianças.

Ela “fez menção também aos vereadores de Boa Vista, pela aprovação da Lei Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, faltando apenas ser sancionada pelo prefeito Barac Bento”.

Instalação da Justiça Federal em RRA Justiça Federal inaugurou sua sede em Roraima no dia 15 de maio

de 1992, numa solenidade que congregou autoridades municipais, estaduais e federais. Dentre elas o presidente do Tribunal Regional Federal da H Região, juiz José Anselmo de Figueiredo Santiago, o governador Ottomar de Sousa Pinto e o presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro.

O juiz Francisco Neves da Cunha, investido da jurisdição federal de Roraima, que atuará até a nomeação do titular, informou que existem cerca de 1.700 processos na Justiça que estiveram parados, dos quais a grande maioria constitui-se execuções fiscais movidas pelo Incra. De acordo com o juiz, o Estado não ficou sem Justiça Federal durante o tempo em que a mesma não estava instalada em Roraima, pois estava sob a jurisdição do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.'^

Presente na composição da mesa de autoridades, o presidente da OBA, Hesmone Grangeiro, no seu breve discurso saudou a chegada da Seção da Justiça Federal no Estado, dizendo: “Bem vinda a Roraima e receba um abraço do tamanho dos nossos lavrados” .*"*

Criança morta no táxiNuma sessão extraordinária do Conselho da OAB/RR, ocorrida no dia

20 de maio, Maria Carlota Moraio e Valdemir Alves dos Reis denunciaram a morte do bebê Laíra Moreno dos Reis no interior de um táxi. Segundo os denunciantes, a criança foi vítima do descaso dos funcionários do Hospital de Base, Posto Médico de São X^cente e Pronto Socorro São Bento.

A avó da criança tentou intemá-la, mas não conseguiu ser atendida.

OAB RORAIMA

Ela “veio a falecer devido a forte diarréia, numa agonia que perdurou por todo 0 dia de sexta-feira”/^

Pautado na deliberação dos conselheiros, Hesmone Grangeiro informou que a Seccional de Roraima iria prestar apoio irrestrito à família para apurar responsabilidades e punir os culpados.

O presidente da OAB enfatizou também que “se for apurado que houve infração criminal e se for constatado que houve negligência, será movida ação cível, pleiteando ressarcimentos de danos pecuniários”.*

Pedido de impeachment de CollorFernando Collor de Mello. Primeiro presidente do Brasil, eleito

pelo voto direto, depois da ditadura militar. Embora ficou conhecido nacionalmente como “caçador de marajás”, seu governo foi marcado por escândalos e denúncias de corrupção, até que...

No dia r de setembro de 1992, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, advogado Marcello Lavenère Machado, e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, jornalista Barbosa Lima Sobrinho, entregaram o pedido de impeachment do presidente Fernando Collor, ao presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro.

O documento, de aproximadamente 20 páginas, pediu a incriminação de Fernando Collor por crime de responsabilidade. Sua redação e revisão foram feitas pelos juristas Márcio Thomaz Bastos, Miguel Reale Júnior, Fábio Konder Comparato, Rene Ariel Dotti e José Carlos Dias.

O texto a ser entregue ao deputado Ibsen Pinheiro será assinado por Marcello Lavenère e Barbosa Lima Sobrinho como cidadãos e não como presidentes, respectivamente, da OAB e ABL Pela Constituição, esse papel não cabe a pessoas jurídicas.'^

“Nós não consideramos o presidente previamente condenado ou culpado”, explicou Lavenère. “Ele vai poder provar sua inocência ou ser condenado por falta de decoro e de dignidade para o exercício do caigo”, emendou. Segundo Lavenère, a Procuradoria-Geral da República deve apontar cinco crimes comuns praticados pelo presidente; prevaricação, corrupção passiva, falsidade ideológica, formação de quadrilha e sonegação fiscal.'®

A entrega do pedido de impedimento do presidente Collor ao presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, foi assistida por cerca de duas mil pessoas. “‘Com este ato, feço mais que cumprir meu dever de cidadão’, disse Barbosa Lima Sobrinho num discurso curto, longamente aplaudido.”*’

128

UM RESGATE HISTÓRICO

No desenrolar dos fatos, Fernando Collor foi afastado da Presidência da República em outubro e em dezembro renunciou ao mandato durante a sessão de julgamento do impeachment no Senado Federal. Mesmo assim, ficou proibido de exercer qualquer função pública durante oito anos.

Quanto a Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias, o pivô do escândalo, posteriormente foi assassinado a tiros.

Caso Maryvaldo BassalSetembro de 1992. Véspera de eleições municipais.Maryvaldo Bassal de Freire era advogado de Teresa Jucá, que

disputava a Prefeitura Municipal de Boa Vista com o médico Alceste Madeira, apoiado pelo grupo do governador Ottomar de Sousa Pinto.

O delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior era titular da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio em Boa Vista.

No dia 11, sexta-feira, ocorreu um incêndio na casa de Marta Elizabeth Matos Uchoa, chefe de gabinete do desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, o Gonzagâo, pai do delegado Júnior.

A imprensa noticiou: “Casa de assessora do TRE sofi^ tentativa de incêndio”. E segundo os jornalistas Francisco Espiridião e Adriano Soares, autores da matéria citada, na tarde do dia do incêndio a secretária Marta Elizabeth declarou “que não conhece ninguém na rua onde mora e não tem ideia de quem possa ter praticado o atentado”. ®

No local do crime, uma vizinha de M arta, que não quis se identificar, afirmou que achava aquele incêndio estranho porque a residência era guarnecida diariamente por um vigia e, exatamente no dia do atentado, o vigia não se encontrava em casa.

Contudo, contradizendo o que Marta Elizabeth havia declarado a imprensa logo após o incêndio, o delegado Batista Júnior afirmou que “a vítima apontou como suspeito o motorista Severino Antonio Rufino Filho, o que permitiu sua prisão e confissão da prática do delito” . '

Segundo o delegado Júnior, o suspeito Severino Rufino foi preso no mesmo dia do incêndio, à noite, tomando cerveja no Bar Castelinho. Depois de 20 minutos de interrogatório, ele confessou a autoria do delito e apontou 0 advogado Maryvaldo Bassal como mandante do crime.

Um detalhe. Uma vez preso, o réu confesso ficou incomunicável para que ninguém atrapalhasse as investigações. O delegado Batista Júnior, de imediato, pediu a prisão preventiva de Maryvaldo Bassal.

Uma eficiência incomum da Polícia Civil na época.129

OAB RORAIMA

Entretanto, o pedido de prisão foi indeferido pelo juiz Mauro Campello por falta de elementos e provas técnicas que constatassem que 0 incêndio tivesse sido criminoso.

Armação diabólicaDiante dessas e de outras contradições, envolvendo o nome do

advogado Maryvaldo Bassal, a OAB Roraima entrou em cena, começou a se mobilizar e publicou a seguinte Nota^^ na imprensa:

NOTA OFICIAL

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção de Roraima, vem a público externar sérias preocupações pela maneira arbitrária, açodada e sensacional se atribuindo ao advogado Maryvaldo Bassal de Freire participação em crime de incêndio.

Inadmissível que sem elementos probatórios idôneos sejam levados à execração pública o nome e a imagem de um cidadão pacato e de profissão definida.

Exigimos das autoridades competentes o tal esclarecimento dos fatos, inclusive quanto às aparentes contradições.

Estamos adotando medidas legais sobre o assunto e voltaremos a nos manifestar.

Boa Vista (RR), 17 de setembro de 1992.Hesmone Saraiva Grangeiro

Presidente da OAB/RR

Em seguida, a Diretoria da OAB marcou uma reunião para deliberar sobre o assunto “envolto em grandes dúvidas. Curiosamente, a Polícia Civil foi eficiente em prender Severino, porém até o momento ainda não conseguiu identificar o terceiro componente do intricado caso, o ‘Negão’. Isto será um dos assuntos a serem debatidos na reunião do Conselho Seccional da OAB/RR, na manhã de hoje”. ^

Dias passados, a CDH da Ordem dos Advogados do Brasil tentou fazer contato com Severino Rufino na prisão, mas foi impedido pelo delegado Batista Júnior.

Então a Comissão tentou furar o bloqueio, apelando para os juizes da Vara Cível e Criminal, mas também não obteve êxito. Nesse ínterim saiu o laudo pericial do IML (Instituto Médico Legal), que comprovava as suspeitas da OAB: o preso tinha sido torturado.

130

UM RESGATE HISTÓRICO

Além disso, o advogado Alci da Rocha denunciou que tomou conhecimento que havia em andammto “um plano diabólico para um suposto suicídio de Severino”^ na Delegacia de Crimes contra o Patrimônio.

Considerando a gravidade dos fetos, a Comissão de Direitos Humanos da OAB voltou a delegacia, acompanhada da imprensa, e, apesar das restrições do delegado Júnior, conseguiu conversar com o preso.

Severino Rufino denunciou “ter levado choques nas partes íntimas e pauladas no banheiro do delegado, mostrando um enorme cacetete. Declarou ainda ter sido coagido a falar que cometeu o atentado na casa de M arta Elizabeth” . ^

Severino Rufino: flagrante forjadoNa mesma noite o presidente da OAB, Hesmone Grangeiro, pediu a

transferência do preso para a Polícia Federal. Em seguida moveu uma representação contra o delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior junto à Vara Criminal por prática de crime de lesão corporal e abuso de autoridade.

Por sua vez, o secretário de Segurança Pública, Jaime Linhares, retirou da responsabilidade do delegado Batista Júnior, a presidência do inquérito policial que tinha como flagranteado Severino Rufino.

Conforme Severino tinha revelado, a Comissão confirmou que no dia e hora do incêndio, o acusado acompanhava o advogado Maryvaldo Bassal no Cantá, onde ouvia testemunhas de um inquérito policial.

Concluindo. No início da primavera, 7 de outubro, a Câmara do Tribunal de Justiça de Roraima inocentou Severino Antonio Rufino Filho por considerar que o flagrante tinha sido foqado pela policia. E no mesmo dia “expediu o Alvará de Soltura’ do motorista, que estava preso desde odiado incêndio.

Desagravo a Maryvaldo BassalUma vez inocentado o m otorista Severino Rufino, como

incendiário da casa de Marta Elizabeth, e o advogado Maryvaldo Bassal de Freire como mandante do crime, a OAB promoveu um ato público de desagravo ao advogado na Assembléia Legislativa do Estado.

Além dos advogados de Roraima, participaram da sessão de desagravo o secretário geral do Conselho Federal, Antonio Carlos Osório, representando o presidente da OAB, Marcello Lavenère Machado; e o presidente da OAB/SP, José Roberto Batochio.

Também marcaram presença os conselheiros federais da OAB/AM,

OAB RORAIMA

Aristófanes Bezerra de Castro Filho e Ivan Barbosa, e da OAB/RR, Daysy Gonçalves Quintella e José Almeida Coelho.

O presidente Roberto Batochio “enalteceu a coragem dos advogados do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Roraima, principalmente o desempenho do presidente da OAB, Hesmone Grangeiro”. ’

Hesmone é eleito pela sexta vezHesmone Saraiva Grangeiro, pela sexta e última vez, foi eleito

presidente da OAB Roraima no dia 30 de novembro 1992. A queda de braço nas umas aconteceu com Luiz Ritler Brito de Lucena.

Segundo o advogado Paulo Coelho Pereira, que presidiu a Assembléia Geral da eleição, o processo transcorreu tranquilo, democrático.

Ao ser reeleito, Hesmone Grangeiro prometeu “manter a bandeira da independência da OAB/RR; a defesa das prerrogativas profissionais; a defesa dos direitos humanos; o combate à violência e a colaboração para o aperfeiçoamento da Justiça”. *

Em seguida, lembrou que no Caso Maryvaldo Bassal “toda a classe saiu em defesa do profissional. Com isso quero dizer que a disputa na sucessão da Direção da Ordem é episódica, enquanto que a união em tomo de matéria institucional é permanente” . ’

OAB/RR: luta pela sede própriaForam anos de articulações e luta até a realização do sonho da

sede própria da OAB, Seccional de Roraima. Sonho esse que foi materializado pelo Conselho Federal da OAB, no mandato do presidente Marcello Levenère Machado.

O projeto tomou forma no início de 1992.Hesmone Saraiva Grangeiro recebeu o sinal verde para arranjar o

prédio para aquisição e instalação da Casa do Advogado. De imediato, ele criou um a Com issão Pró Sede Própria para tom ar todas as providências legais necessárias para atingir tal objetivo.

A portaria^® de criação da referida Comissão foi divulgada no Diário Oficial do Estado no dia 13 de março. Nela o presidente da OAB/RR designou os conselheiros Lavoisier Amaud da Silveira (presidente), Ednaldo do Nascimento Silva e Jorge da Silva Fraxe para constituir a Comissão da Sede Própria.

UM RESGATE HiSTÓRICO

E pedia que tudo fosse feito com urgência: contato com pessoas físicas e jurídicas, ouvir advogados, receber propostas escritas, opinar sobre a desapropriação do imóvel, captação de recursos, apresentação de relatórios sobre o assunto, etc.

Solicitação atendida. A Comissão não dormiu no ponto.No dia 27 do mesmo mês e ano, ela já publicava o editaP' de

recebimento de propostas de compra e venda de imóvel para instalação da sua sede própria.

Prazo para apresentação das propostas: até 20 de abril de 1992.No mesmo edital, o presidente da Comissão da Sede, Lavoisier da

Silveira, informava que a “Comissão está ouvindo advogados e advogadas a respeito do assunto na sede da OAB/Roraima, inclusive colhendo sugestões, podendo estas serem oferecidas pessoalmente à Comissão ou por escrito, tudo até o dia 20 de abril de 1992”.

O certo é que uma vez resolvido as pendências Rotaima, o [Hocesso de conqxa do imóvel foi aicaminhado para o Conselho Federal em Brasília. Depois de muitas negociações, foi definida e efetuada a compra da fotura sede, que passou por algumas lefimnase foi inaugurada no final de janeiro de 1993.

Inauguração da sede própria da OAB/RRBoa Vista, 22 de janeiro de 1993.No final do quinto mandato, Hesmone Grangeiro inaugurou a sede

própria da OAB Roraima.Autoridades locais e nacionais prestigiaram o evento.O corte da fita de inauguração da Casa do Advogado foi feito pelos

presidentes do Conselho Federal, Marcello Lavenère Machado, e do Conselho Seccional, Hesmone Saraiva Grangeiro.

O primeiro a discursar foi o advogado Alci da Rocha, que destacou a luta dos advogados na conquista dos ideais democráticos, tendo Hesmone Grangeiro como líder da classe.

Excelentíssimos Senhores,Honra-me especialmente a presença, nesta cerimônia, de um número

tão expressivo de ilustres colegas de outros Estados, aos quais saúdo com fiatemo sentimento. Ao expressar o apreço pela presença de Vossas Excelências, ressalto a convicção de que os laços que nos unem estarão, a partir de agora, ainda mais reforçados e enriquecidos.

Senhoras e Senhores,

OAB RORAIMA

Após tantas curvas vencidas, relembro com emoção minha primeira visita a esta casa. Toca-me profundamente o significado histórico deste ato.

Deus nos colocou diante de um desafio que só a união de forças e propósitos pode vencer. Posso mesmo afirmar aos senhores que de todos os empreendimentos realizados pela atual Diretoria, este foi o de que eu mais estive a par em seus detalhes. A unidade nas idéias e nos objetivos foi a marca harmoniosa e constante nesta longa trajetória.

(...) Aqui nos reunimos hoje, para inauguração da Casa do Advogado roraimense, uma antiga e justa aspiração. Um ato simples, porém, único em sua intenção e seu alcance.

No tempo recuamos, até para que, a histórica possa fluir límpida e clareada.Na sua amplitude, esta casa, restaura a dignidade daqueles advogados

que nos ajudaram nos idos de 1979, a fundar esta Seccional, e que a partir de agora jamais sofrerão o constrangimento de uma nova ordem injusta e muito recente de despejo, ameaças e prisões ilegais.

Diante desse pano de fundo a coragem cívica tem sido a marca admirável da atuação do advogado em Roraima.

(...) Assim esta casa é o milagre de uma classe para quem hoje é o dia de glória, do perdão e do esquecimento.

O dia de somar e não de dividir.O dia de chegar e não o de partir.O dia de achar e não o de perder.Senhor Presidente,(...) Vossa Excelência, sei que é conhecido e respeitado em todo Brasil

como um batonier de talento.Após vários mandatos, marcados pelo desassombro e a lucidez que

marcam sua personalidade, não é favor dizer, portanto, que o sucesso de sua atual administração a frente da OAB, constituem fator de confiança para o novo biênio que se aproxima.

Com seu trabalho, com a reflexão amadurecida, com a inspiração no bem e na necessidade m aior do advogado roraim ense, poderá prosseguir vitoriosamente.

(...) Com esses votos, deixo de lado o protocolo e as cerimônias e apelo a todos os presentes que brindem com uma salva de palmas a conquista desta causa e a saúde e felicidade pessoal de sua Excelência Presidente Hesmone Saraiva Grangeiro e de sua estimada esposa Senhora Salete Aires Saraiva.

Muito obrigado.^^

Representando o C olégio de Presidentes de Seccionais, o presidente da OAB/SP, José Roberto Batochio, afirmou que “muitos dos fatos históricos e libertários ocorridos no Brasil, se processaram com o trabalho pessoal dos advogados” .

Roberto Batochio comparou o espaço recém inaugurado com uma

UM RESGATE HISTÓRICO

trincheira de luta contra o arbítrio e o autoritarismo. Disse ainda que “desde 1988, com a Constituição cidadã, ninguém mais está acima da lei, seja ele presidente da República”/"*

No seu discurso Hesmone Grangeiro agradeceu o apoio dos advogados de Roraima a sua administração como também o esforço do presidente do Conselho Federal, Marcello Lavenère, pela concretização do sonho da sede própria da entidade em Roraima.

Além da ampla divulgação do evento na grande imprensa, a Parabólica^^ publicou duas notinhas históricas:

Bola cheiaO presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcello Lavenère, encheu a bola do bispo de Roraima. Lavenère chegou mesmo a receitar o posicionamento de dom Aldo Mongiano, como exemplo de conduta para os advogados do Estado, na defesa dos mais fracos e desassistidos pela justiça.

PrestigiadoNada menos que 14 dirigentes de Seccionais da OAB de Estados brasileiros compareceram a inauguração da sede da OAB/RR. Uma demonstração inequívoca do prestígio do advogado Hesmone Grangeiro junto à entidade nacional.

Uma reflexão sobre o Estado de direitoHesmone Grangeiro, além de advogado era professor do curso de

Direito da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Mais do que isso, 0 homem gostava de ler e escrever.

Como ele pensava o “Estado de direito”?Veja o que ele escreveu sobre o assunto.

ESTADO DE DIREITO

A liberdade contemporânea não limita seu conteúdo apenas no campo da ausência de constrangimento físico que impossibilitem o homem do pleno exercício de seus direitos.

Não pode também ser compreendida enquanto simples oportunidade jurídica de exercício da própria autonomia da vontade, ora no contexto dos direitos de natureza pública (p.e. contratar).

Modemamente é inquestionável que a verdadeira liberdade do homem alçou dimensões amplas, abrangendo, por via de consequência, toda a vida humana, inclusive no que pertine aos aspectos econômicos da mesma.

Exatamente por não mais ter sentido falar-se em liberdade meramente formal, afasta a tese antiga da distinção entre o ideal de liberdade e o ideai de

OAB RORAIMA

igualdade. Óbvio que, na realidade, não haverá jamais liberdade verdadeira, se apenas uma parcela da população tiver efetivas possibilidades culturais, sociais e econômicas de exercer concretamente a liberdade.

Vê-se muitas formas distorcidas de conteúdo de maior profundidade constituindo modelo de governo que, na verdade, traduz em Estado de Legalidade, o que é bem diferente de um Estado de direito, todavia, impondo- se àqueles o rótulo deste.

Nos dias de hoje não se pode conceber essa ultrapassada noção de Estado de direito, ou seja, significando um plano meramente formal, a se concentrar com a existência de uma forma legal e do respeito ao princípio da separação dos poderes. Isso é de manifesta insuficiência.

Com efeito, só se pode compreender Estado de direito de modo que o Estado reconheça absolutamente os direitos fundamentais da pessoa humana. A base sólida à construção de um verdadeiro Estatuto de Direito há que ficar centrada em tomo da dignidade ontológico-axiológica da pessoa humana.

Assim, é atualmente clara a consciência jurídica da Humanidade quanto à amplidão social e econômica que se reveste a noção de direitos do homem, em outras palavras, um padrão digno de vida.

Inconcebível, pois, pensar-se, homem, em um regime de liberdade sem que tal liberdade possa abranger o valor de igualdade. Não a igualdade formal de todos perante a lei, mas a opção racional, capaz de quebrar as estruturas de desigualdade e injustiça sociais que predominam entre nós.

O Estado de d ireito , portan to , só é possível ser construído firmemente, se baseado na liberdade, em cujo conceito esteja ínsíta a ideia de efetiva igualdade. Aliás, outra não me parece ser a acepção de cidadania vislumbrada pela vigente Constituição Federal pátria. Oportuna a sentença cunhada por Platão:

“Não é possível ser justo na cidade injusta, como não possível ser livre na cidade que reina a tirania”.

Podemos ainda dizer que a liberdade velha é a liberdade do cidadão e não a do homem enquanto homem. Esta se desenvolve e se fortalece nas democracias, que permitam uma unidade criativa e criadora.

Sucede que apenas na liberdade com essa amplidão e por ela o Direito se oxigena e vivifica, por isso é relevante contemplar cuidadosamente a figura do Estado de direito, eis que esse instituto é todo concebido e irradiado pelo valor daquela. Essa estrutura de Estado deve ser plasmada com finalidade de assegurar a liberdade, de garanti-la, de preservá-la, em benefício de cada um ser humano, salvando-os das patologias do poder, este tendente a convulsionar os governos, empurrando-os ao paroxismo trágico da opressão.

Ressalta-se o papel do constitucionalismo, enquanto movimento redesenhador da face do direito público dos últimos séculos, com inspiração no pensamento íluminista de Locke, Montesquieu ou Rousseau, a se afirmar nas linhas da Revolução Americana e Francesa.

Induvidosamente as múltiplas formas contempladas pela fenomelogia

136

VM RESGATE HISTÓRICO

do constitucionalismo, em sua permanente busca de liberdade, concebeu doutrinariamente elevado prestigio e importância à idéias de Estado de direito.

Destarte, em tal ponto o primado do Estado de direito se mostrou, como centro de direito contemporâneo e para ele convergem todos os instrumentos assecuratórios da liberdade.

Em verdade, o Estado de direito, hoje, é a Constituição da Liberdade, nele está a liberdade, sem ele não há Constituição. Fora disso, autoritárias, tirânicas, despóticas Cartas de Poder haverá: mas não Constituição!

Sabe-se de outros ângulos de importância e envolventes das fontes teóricas, da legitimidade da matéria, porém o espaço deste trabalho inibe maior análise em reforço do explicitado linhas acima.

Convém repisar que a liberdade que inspira o verdadeiro Estado de direito é a que encerra a ideia de igualdade efetiva para todos os cidadãos. Oportunidade para todos, sempre visando o homem, enquanto criatura humana, gozando e exercendo seus direitos na prática e em toda sua plenitude.

Essa concepção evidencia-se, sobremodo, nas manifestações do direito ao trabalho, ao justo salário, à participação sindical, ao repouso e ao lazer, à saúde, ao bem-estar, à alimentação, ao vestuário, à habitação, à previdência social, à cultura, à educação, ao transporte, às condições ambientais, à livre manifestação do pensamento, ao respeito à personalidade, à família, à crença, às conquistas da mulher, ao tratamento da criança e do adolescente, ao respeito às minorias, à participação nos destinos da comunidade.

Conclui-se o quanto é importante o movimento da sociedade civil organizada. ImpÕem-se democratização de todos os poderes do Estado e de seus respectivos e diversificados segmentos, oferecendo-se modelos de efetivo controle das ações do Estado, tão carecedor, na atualidade, da observância da moralidade pública.

Bem se vê quanto é importante o desempenho do Judiciário, pois, para ele, voltam-se, em derradeira análise, as ansiedades da população. Ele precisa se modernizar, a fim de haver Justiça para todos: ricos e pobres! Justiça rápida. Sim, porque os conflitos constitucionais hão que se resolver pela tribuna e pela toga, pois o Estado de direito funda-se no império da lei e da legalidade, e, ao Judiciário incumbe recompor qualquer arrepio a esses princípios.

Em síntese isso é verdadeiramente um Estado de direito. O contrário, ou seja, só a enumeração exaustiva, declaratória, formal de direitos, longe da realidade, é arremedo, é farsa, é engodo, e, de consequência, não se terá democracia plena. (Hesmone Saraiva Grangeiro)^^

Caso Nazaré LaranjeirasMaria de Nazaré Laranjeiras criava 17 crianças adotadas no Sítio

Velho Pesqueiro, na região do Amajari. Apesar das dificuldades, era feliz rodeada pelas suas crianças naquele mundo de meu Deus.

Contudo, o céu desabou na cabeça de Dona Nazaré. O CBIA (Centro

OAB RORAIMA

Brasileiro para a Infância e Adolescência) denunciou na Vara Criminal e de Menores que um grupo de crianças vivia em condições subumanas e era maltratado lá no Amajari.

“O juiz Mauro Campello decidiu acatar a denúncia e pessoalmente liderou a transferência deles para a cidade”. ’ E os filhos adotivos de Dona Nazaré foram trazidos para Boa Vista e alojados na Casa Lar Masculino, estabelecendo uma polêmica quanto a eficácia da decisão do juiz.

O caso ganhou repercussão no seio da sociedade roraimense através da grande imprensa. Começou um jogo de empurra, um puxa-e-encolhe sem fim, quanto ao destino das crianças. Desesperada, a mãe adotiva brigava pelos seus entes queridos, pedindo socorro a Deus e a todos os santos.

Sensibilizado pelo drama de Nazaré Laranjeiras, a OAB/RR entrou em cena a favor das crianças. A CDH, composta pelos advogados Hesmone Grangeiro, Paulo Coelho, Antonieta Aguiar, Pojucam Souto Maior e Jorge Fraxe, visitou a família na Casa Lar Masculino e concluiu que deveria pedir o retomo das crianças para o sítio.

A decisão da Comissão foi em função da dedicação de Nazaré Laranjeiras pelas crianças e do carinho delas para com a mãe adotiva.

Assim sendo, Hesmone Grangeiro foi curto e grosso:

“O nosso diagnóstico é de que a decisão da Justiça é injusta. Dona Nazaré, pelo que constatamos, precisa de apoio para seguir com este seu lado vocacional, de atender as crianças desamparadas. Precisa sim, que o Poder Público lhe ofereça, dentro do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, o apoio necessário” . ®

Por sua vez, a representante da OAB no Fórum de Defesa da Criança e do Adolescente, advogada Antonieta Magalhães Aguiar criticou duramente o CBIA. Ela fulminou:

“Entendo como advogada que, ao invés do CBIA denunciar, deveria buscar os meios necessários para apoiar o trabalho desenvolvido por esta senhora, até mesmo porque o Estatuto preconiza que as pessoas vocacionadas para a causa da criança e do adolescente, como é o caso de Dona Nazaré, sejam apoiadas. (...) O CBIA deveria denunciar a situação das Casas Lares que não têm estrutura, e o próprio CBIA, que não repassa os recursos para as prefeituras assistirem essas crianças que se encontram abandonadas em nossas ruas”. ^

Superada a tempestade de trovões e relâmpagos, Maria de Nazaré

138

VM RESGATE HISTÓRICO

Laranjeiras voltou para casa com 11 de suas 17 crianças. Seis delas foram devolvidas para os pais biológicos.

Para a Comissão de Direitos Humanos, que acompanhou o caso, as denúncias não passaram de um triste e lamentável equívoco de avaliação.

Enfim, depois da enchente o rio voltou ao seu leito normal.

TEXTO & CONTEXTO

=> 1991 — Foi criado o Mcrcosul (Mercado Comum do Sul), inicialmente composto pelo Brasil, Ai^entina, Paraguai e Uruguai. Objetivo: adoção de políticas de integração econômica e aduaneira.

^ Dia 25/04/1991 — Falecimento do senador Hélio da Costa Campos em São Paulo, aos 70 anos, vítima de um ataque cardíaco. Ele foi governador do Território Federal de Roraima no período de 1967 a 1974, deputado federal por dois mandatos e o senador mais votado em 1990.

=> Dia 5/09/1991 — Foi aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de Roraima e sancionada pelo governador Ottomar de Sousa Pinto a Lei 009/91, que mudou 0 nome do Palácio da Fronteira (antes Palácio 31 de Março) para Palácio “Senador Hélio Campos”.

=> Dia 10/09/1991 — Fundação oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper). A primeira presidente do Sindicado foi Maria de Fátima Oliveira.

=* Dia 21/10/1991 — Foi aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado e sancionada pelo governador Ottomar de Sousa Pinto a Lei 011/91, que criou o Ministério Público do Estado de Roraima. Um óigão atuante na defesa dos direitos individuais e coletivos da pessoa humana.

=> Dia 30/11/1991 — Faleceu, aos 98 anos de idade, o renomado jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto, mineiro de Barbacena. Advogado brilhante. Sobral Pinto foi considerado o brasileiro do século 20, tendo se destacado como defensor dos direitos humanos na época do regime militar.

=> 1992— No ano da comemoração dos 500 anos do descobrimento das Américas, a líder indígena maia Rigoberta Menchú Turn, 33 anos, da Guatemala, ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Ela esteve no Brasil participando da ECO-92, em junho de 1992.

=> Janeiro/1992 — Criação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), vinculado à Diocese de Roraima. A primeira coordenadora foi Fátima Ribeiro de Almeida.

=> Dia 3/01/1992 — Inauguração da sede própria do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, localizada na Praça do Centro Cívico, no centro de Boa Vista. Governo Ottomar de Sousa Pinto.

=> Dia 15/05/1992 — Inauguração da sede do Tribunal Regional Federal de Roraima, 1". Região, situado na avenida Getúlío Vargas, no bairro Canarinho, em Boa Vista. Governo Fernando Collor de Mello.

139

OAB RORAIMA

=> Dia 25/05/1992 — O presidente Fernando Collor de Mello criou a Reserva Indígena lanomâmi, com 9,4 milhões de hectares. Desse total, 5,6 milhões de hectares ficam no Estado de Roraima, o restante no Amazonas.

=> Dia 1706/1992 — Início da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente, também conhecida como ECO-92. O encontro internacional aconteceu no Brasil no período de 1®. a 12 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro.

Dia 12/10/1992 — O deputado federal Ulysses Guimarães faleceu num desastre de helicóptero. Em 1984 ele foi um dos principais líderes na campanha das Diretas Já. Em 1987 foi eleito presidente do Congresso Constituinte. E em 1992 participou das articulações do impeachment do presidente da República, Fernando Collor de Mello.

=> Dia 22/01/1993 — Inauguração da sede própria da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima (OAB/RR), durante o quinto mandato de Hesmone Saraiva Grangeiro. Participou da solenidade o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcello Lavenère Machado.

SÉTÊUO CONSELHO SECCÊOMAL Referências & Anotações

' Livro de Presença, ano 1984/1985, pp. 92 e 97; Edição Histórica da Revista Diretrizes, Janeiro/fevereiro/1991. Hesmone Saraiva Grangeiro; “Se depender do perfil da ALE, Roraima terá uma

Constituição moderna”. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/junho/1991. (p. Ib) Constituição Estadual será promulgada hoje. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 31/

dezembro/1991. (p. 3)* Comissão estuda criação do Curso de Direito na UFRR. Jornal de Roraima. Boa Vista, 13/junho/l991. (p. \) Acervo da Casa da Cultura. Pena de morte: Projeto de Amaral Neto criticado por advogados. Jornal da

Cidade. Aracaju, 21/setembro/1991. (p. 3) Arquivo da OAB/RR.® Flávio Castellan Direitos Humanos. A Crítica de Roraima. Boa Vista, 18/agosto/ 1989. (p. 4) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares). OAB lembra Dia Mundial dos Direitos Humanos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 10/dezembro/1991. (p. 4)® Justiça de Roraima funciona em I". e 2‘. instância. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 17/dezembro/1991. (p. 4) OAB acompanha apuração de denúncias. Folha de Boa Vista Boa Vista, 28, 29 e

30/março/1992. (p. 3)Presidente da OAB diz que policiais podem entrar em guerra. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 3/abril/1992. (p. 12)

140

UM RESGATE HISTÓRICO

" Coluna Parabólica/Aleita. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4 ,5 e 6/abriI/1992. (p. 3) OAB e CBIA se unem para defender o Estatuto da Criança. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 13/maio/I992. (p. 4)Justiça Federal instalou ontem seção em Roraima. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 16, 17 e 18/maio/1992. (p. 3)Idem.OAB se compromete a ajudar mãe de criança morta no táxi. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 21/maio/1992. (p. 11)Idem.

” OAB e ABI apresentarão o pedido de impeachment feito por juristas. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/agosto/1992. (p. 5)

OAB e ABI apresentam pedido de impeachment hoje na Câmara. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 17setembro/1992. (p. 5)

Entrega do pedido de impeachment é assistida por duas mil pessoas. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/setembro/l 992. (p. 5)

Francisco Espiridião & Adriano Soares. Casa de assessora do TRE sofre tentativa de incêndio. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12, 13 e 14/setembro/1992. (p. 3)

Atentado político: Negada a prisão preventiva do advogado de Teresa Jucá.Folha de Boa Vista. Boa Vista, 15/setembro/1992, (p. 3)

Nota Oficial/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 18/setembro/I992. (p. 3) Caso Bassal será discutido hoje pelo Conselho da OAB. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 18/setembro/92. (p. 3)“ Caso Maryvaldo Bassal: Preso diz que foi torturado com choques para confessar. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19, 20 e 21/setembro/1992. (p. 3)

Idem." Câmara Criminal considera prisão em flagrante de motorista foijada. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/outubro/1992. (p. 3)

OAB realiza ato de desagravo do advogado acusado de atentado na casa de secretária. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 10, 11 e 12/outubro/1992. (p. 3)^ Hesmone é reconduzido à presidência da OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 17dezembro/1992. (p. 3)

Idem.Portaria n®. 001/92, publicada no Diário Oficial do Estado de Roraima, edição

n®. 300, do dia 13/março/l 992." O Edital da OAB/RR, de recebimento de propostas de compra e venda de imóvel, foi publicado no Diário Oficial do Estado de Roraima na edição n°. 310, no dia 27/ março/1992.

Discurso proferido na inauguração da “Casa do Advogado” de Roraima. Boa Vista, 22/janeiro/1993. (3 p.) Acervo do advogado Alci da Rocha.

OAB RORAIMA

Inaugurada a Casa do Advogado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23, 24 e 25/ janeiro/1993, (p. 3)

Idem.Coluna Parabólica/Boia cheia/Prcstigiado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23, 24

e 25/jane\ro/1992. (p. 3)Hesmone Saraiva Grangeiro. Estado de direito. Revista Diretrizes. Boa Vista,

RR, Ano 1, n“. 2, janciro/tevereiro/1991. (p. 70) Acervo de Laiicides Oliveira.Ordem dos Advogados intervém no caso Nazaré Laranjeiras. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 29/janeiro/l993. (p. 3)Idem.Ibidem.

^ X iK g U a í t • h t , , ! s n t i ó i t um •* im n im fn r t /m m p m tériO m itu. tmm <m

puírMfíi. i i‘ i i t n i ó i i (b i t imé_irii pripnt.

^ m m t . j a u i n i i I99J U u m t

a m u m m .u ir '-

H # M f Am» JConvite da inauguração da sede própria da OAB/RR no dia 22 de janeiro de 1993.

O presidente da OAB Roraima, Hesmone Saraiva Grangeiro,

e o presidente do Conselho Federal, Marcello Lavenère Machado,

cortam a Hta de inauguração da sede da Casa do Advogado na av. Ville Roy.

(Revista Jurídica do Advogado)

142

5.8.OITAVO CONSELHO (1993 - 1 9 9 5 )

Diretoria do Conselho SeccionafHesmone Saraiva Grangeiro (pres.)José Pedro de Araújo (vice)Joélia de Lima Rodrigues (1“ see.)Helder Figueiredo Pereira (2° see.)Teresina Maria Costa Gonçalves (tes.)

Conselheiros Seccionais Almiro José Mello Padilha Elidoro Mendes da Silva Guilherme Campos de Aguiar Joaquim Pinto Souto Maior Neto Jaildo Peixoto da Silva Nelson Mendes Barbosa Sivirino Pauli

Conselheiros FederaisAlceu da SilvaJosé de Almeida CoelhoPaulo Coelho Pereira/Maria Helena Veronese Rodrigues

§ Eleição: 30 de novembro de 1992 Mandato: 17fevereiro/1993 a 3 1/janeiro/l 995

OAB RORAIMA

Sexto M^ncf^to deHESMONE SARAIVA GRANGEIRO(17fevereiro/1993 a 16/j unho/1994)

A OAB sempre foi defensora dos direitos humanos. Há umy x r i i t a d o popu lar que diz; “As palav ras convencem , o

exemplo arrasta” . Sendo assim, vamos ao exemplo.O fato aconteceu em 22 de fevereiro de 1993. Sexta-feira.M akson dos Santos Oliveira, 19 anos, parou no Posto Jumbo

para abastecer sua m otocicleta quando foi preso pelos agentes da Polícia Civil. Daí M akson foi levado para um igarapé, fora do perímetro urbano de Boa Vista, onde sofreu torturas de afogamento, espancamento e am eaça de morte.

Os meios não justificam os fins. A ação da polícia não tinha sustentação legal. Makson dos Santos, mesmo que não fosse um santo, merecia outro tratamento.

Foi 0 que ele exigiu, ao denunciar a atitude dos policiais e pedir socorro à Comissão de Direitos Humanos da OAB. A entidade levou o problema ao secretário de Segurança Pública, Jaime Linhares, que por sua vez pediu ao promotor de Justiça, Fábio Stica, para acompanhar a apuração dos fatos a fim de punir os culpados.

Makson foi encaminhado para exame de corpo de delito. O resultado do exame, assinado pelos legistas do IML, Hiran Gonçalves e José Pereira, confirmou lesões corporais e foi encaminhado a Corregepol.

De posse do documento, a delegada Adélia de Azevedo Tajujá disse que os acusados, alguns agentes da Delegacia Geral de Crimes contra o Patrimônio - DGCCP - , serão indiciados por abuso de poder e crimes de lesão corporal, já que a vítima os aponta como autores de torturas a que o submeteram para confessar a autoria de furto de motocicletas ou apontar algum envolvimento na prática desse tipo de crime.^

O destino dos maus policiaisAo longo de sua caminhada, por muitas vezes a OAB/RR denunciou

a prática de tortura e abuso de poder. O Caso Makson dos Santos não era um caso isolado. O destino dos maus policiais terminava sendo o olho da rua.

O secretário de Segurança Pública, Jaime Linhares, por exemplo, quando

144

UM RESGATE HISTÓRICO

completou cinco meses no cargo já tinha exonerado “mais de 11 funcionários de Cargos Comissionados e colocou à disposição da Secretaria de Administração mais de 30, que exerciam a função de policial e foram indiciados em inquéritos policiais por prática de ações arbitrárias”/

A política de trabalho de Jaime Linhares era tirar do quadro da Segurança Pública todos os maus policiais, envolvidos em crimes já apurados. Objetivo: manutenção da justiça e restabelecer a credibilidade da Secretaria e evitar o caos da insegurança pública.

A OAB Roraima sempre defendeu que lugar de lixo é na lixeira e dos maus policiais na cadeia, pois “não se coloca vampiro para tomar conta de banco de sangue”.

Um ditado popular resume muitos textos.

Paulo Coelho é assassinadoO conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho Pereira, foi assassinado

com três tiros na cabeça na madrugada do dia 20 de fevereiro de 1993, quando chegava em casa. “Ele parou o carro em frente ao portão e saiu para abri-lo. No momento em que voltava ao cairo, foi surpreendido com os tiros”."*

O advogado Paulo Coelho foi enterrado em Boa Vista no Cemitério Campo da Saudade, no bairro São Mcente.

Dezenas de autoridades acompanharam o enterro, dentre elas o presidente da OAB/RR, Hesmone Saraiva Grangeiro, e o presidente em exercício do Conselho Federal da OAB, Álvaro Guimarães, que veio de Brasília especialmente para participar da solenidade fúnebre.

O episódio teve repercussão nacional. Poucos dias depois, as investigações apontavam como suspeitos do assassinato várias pessoas ligadas a Secretaria de Segurança Pública-delegados, agentes, motoristas.

O secretário Jaime Linhares, tinha razão. A Polícia Civil precisava ser passada a limpo. Não dava mais para esconder lixo debaixo do tapete. A bandidagem passou dos limites toleráveis.

Detalhes sobre esse crime no capítulo “Caso Paulo Coelho” .

Limiuar auula eleição de couselheirosO advogado Hesmone Grangeiro também teve oposicionistas e

até inimigos ao longo do seu trabalho à frente da OAB Roraima.Para alguns, Hesmone era um caudilho tirânico, o Gargamel dos

OAB RORAIMA

quadrinhos. Para outros, ele era um idealista incansável na defesa dos direitos humanos e da democracia.

Temos apresentado somente suas façanhas e realizações, agora apresentaremos uma ação questionada na Justiça por duas colegas de profissão e da Ordem dos Advogados.

“O juiz federai Renato Martins Prates concedeu, no final da tarde de ontem, liminar ao pedido feito pelas advogadas Antonieta Magalhães Aguiar e Daysy Quintella Ribeiro, para a suspensão da eleição dos também advogados Alceu da Silva e Maria Helena Veronese Rodrigues”/

No pedido de liminar as advogadas Antonieta e Daysy argumentaram irregularidades na eleição de Alceu e Maria Helena como conselheiros federais. E Antonieta Aguiar ainda responsabilizou o presidente da Ordem, Hesmone Grangeiro, pelas incorreções na eleição.

Esclarecida e sanada as pendências, dois dias depois da decisão da Justiça Federal, a OAB/RR realizava nova eleição entre os conselheiros seccionais para o preenchimento das duas vagas para conselheiros federais, questionadas através do mandado de segurança.

Disputavam as duas vagas para o Conselho Federal os advogados Alceu da Silva, Antonieta Aguiar, Daysy Quintella, Maria Helena Veronese, Sílivio Glênio e Vilmar Maciel. Depois de adotadas as medidas regimentais, o presidente da OAB abriu espaço para que os candidatos expusessem suas plataformas ao cargo pretendido. Os candidatos seguiram com discursos “macios” em busca dos votos. Na sua vez, Antonieta Aguiar ressaltou que se contrapunha a prática política partidária instalada na Ordem. Ela “descascou” as candidaturas de Alceu da Silva, citando práticas que chamou de delituosas e incompatíveis com o cargo e de Maria Helena afirmando: “Cadê que ela estava aqui na eleição passada? Enquanto nós disputávamos (a eleição), ela dividia a sua atenção com o mandato do marido nas audiências em ministérios, como ela mesma falou” .

Discursos encerrados, eleição realizada.Resultado: Maria Helena Veronese (8 votos), Alceu da Silva (8

votos), Antonieta Aguiar (2 votos) e Sílvio Glênio (1 voto).Seguidamente, Maria Helena e Alceu foram, novamente, aclamados

representantes da Seccional de Roraima no Conselho Federal da OAB em Brasilia. Na semana seguinte, numa entrevista à imprensa...

146

UM RESGATE HISTÓRICO

Maria Helena disse que está consciente de sua responsabilidade perante a classe, a instituição e à própria sociedade. “Como conselheira lutarei pela moralização do Judiciário, para que este poder seja constituído em razão da defesa e da garantia dos direitos de cada cidadão, e não em razão dos interesses dos poderosos e das elites. Lutarei pelo fím da impunidade neste Estado, começando pelo homicídio do colega Paulo Coelho”.’

Observe que já de cara a conselheira federal Maria Helena fez uma critica contundente ao falar da moralização do Judiciário que defende os “interesses dos poderosos e das elites”.

Sob o domínio do gatilho1993 foi um ano marcado de violência em Roraima.Violência e impunidade, que se repetia e que fazia a população acreditar

mais uma vez na afirmação de que no Brasil tem lei demais e justiça de menos. O editorial transcrito abaixo denuncia essa questão.

QUANTO VALE UMA VIDA?

Cada vez mais acuado. Deve ser assim que se sente o boa-vistense depois da onda de crimes bárbaros que tomou conta da outrora pacata Boa Vista. Vivemos ainda o desenrolar de três crimes inaceitáveis ocorridos na semana passada e já surgem outros para atormentar tantos pais de família que não sentem-se mais em segurança ao sair para o trabalho. O assassinado do estudante Carlos André Pinheiro na última quinta-feira - aparentemente sem motivos - é um daqueles crimes que costumam não só revoltar, mas amedrontar toda uma população, ou como já foi sabiamente dito pelos advogados da OAB, “vivemos sob o domínio do gatilho”.

Ninguém está livre desta força sinistra que encontra cada vez mais espaço no seio da sociedade roraimense. Desde o estudante que sai de casa para se divertir até o garimpeiro que leva três balaços à queima roupa dentro da própria casa. Os assassinos nem sequer se preocupam mais em manter-se no anonimato. “Foi fácil, muito fácil apagar o Jumentinho”, disse um deles à repórter da Folha após confessar a autoria de outro assassinato, também ocorrido na quinta.

Quinta-feira fatídica esta. Três assassinatos em circunstâncias escabrosas numa cidade com pouco mais de 140 mil habitantes. No terceiro deles um homem matou o outro golpeando-o na cabeça com um pedaço de ferro. Isto em frente a uma escola de primeiro grau, onde supÕe-se que estejam sendo formados os cidadãos do futuro mas que, ao ponto em que chegamos, passamos a acreditar que também é deste lugar que sairao os assassinos, estupradores, etc. Exemplo não lhes faltam a partir do momento em que um homem mata o outro diante dos olhares curiosos de dezenas de crianças. O que não deve passar pela cabeça de

OAB RORAIMA

uma criança ao testemunhar cena tão grotesca? Será que ainda dará algum valor a vida do próximo ao ver que esta pode ser tão naturalmente ceifada? Vivemos também sob o domínio das barras de ferro.

Na esteira do assassinato do advogado Paulo Coelho, até o momento completamente inexplicado, vemos as mortes sucederem-se com frequência cada vez mais macabra e descobrímos que caminhamos para o caos generalizado se as autoridades que deveriam zelar por nossa segurança não saírem da omissão e tomarem medidas bastante drásticas. É inexplicável que numa cidade tão pequena como Boa Vista ocorram tantos crimes de naturezas às mais chocantes. Seria uma questão de carma coletivo - isso se analisarmos o lado espiritual do povo como um todo? Não nos parece bastante convincente.

O mais correto seria dizer que a impunidade é o grande estimulante para a criminalidade cada vez mais ostensiva. Se não é isso, cabería então indagar o que foi feito até agora com os assassinos de Paulo Coelho? João Alencar? Ou com o policial Ricardo Holanda que, condenado a oito anos pela morte da estudante Angélica Pomin, está até hoje “soltinho da silva” por uma falha sabe-se lá se da Justiça ou da própria polícia.

Quando a morte de um homem é encomendada pela bagatela de cem gramas de ouro é porque alguma coisa está errada. O momento é de pensar em quem será a próxima vítima desta violência desenfreada. E quanto vale realmente a vida de cada um. Boa Vista não é mais uma cidade pacata, é a Baixada Fluminense que mudou de lugar. No Banho da Tieta seguramente não existem mais vagas, é hora de dar um basta.*

Ato de desagravo a dom Aldo MongianoPara a Igreja Católica, 1993 também não foi nada fácil.O império da pistolagem, que matou João Alencar, Sílvio Leite,

Paulo Coelho e tantos outros, clamava por mais sangue.Apesar das boas intenções, o bispo dom Aldo Mongiano também

sofreu muitas injustiças e até ameaças de morte.Diante disso, foi promovido um Ato Público de Desagravo a dom

Aldo Mongiano, em Boa Vista, no dia 16 de abril de 1993.Ao falar sobre o evento “dom Aldo ressalta que a Igreja católica

não tem feito nada ao longo dos anos que envergonhe seus filhos, muito pelo contrário, ‘ela defende os mais pobres e dentro do que estabelece a lei brasileira nada fez de subversivo ou ilegal’”.’

Tudo porque dom Aldo Mongiano, desde que chegou em Roraima em 1975, vinha trabalhando diutumamente na defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas.

O ato público em solidariedade a pessoa do bispo dom Aldo Mongiano foi coordenado pela advogada Antonieta Magalhães Aguiar. O objetivo era

148

UM RESGA TE HISTÓRICO

dar um basta nas constantes ataques à Igreja Católica e, principalmente, a fabricação de ameaças de morte ao bispo diocesano.

Os ataques à Igreja e a insuflaçâo da violência contra dom Aldo Mongiano foram feitos através dos programas “Na Boca do Povo” e “Forró Forrado”, levados ao ar pela Rádio Difusora de Roraima e Rádio Equatorial.

Comandavam o espetáculo os radialistas Wilton Lira e Ziomar Dantas, com a participação ativa do então deputado estadual e radialista Renan Beckel.

“Segundo Antonieta, esses profissionais não tiveram compromisso com a verdade nem com a sociedade, abusando da liberdade de imprensa e incitando a violência” .'®

A abertura oficial do Ato Público ocorreu às 15 horas no auditório do Fórum Advogado Sobral Pinto. Depois, às 17 horas, foi realizada uma missa campal na Praça do Centro Cívico, em frente à Igreja Catedral e ao Palácio Senador Hélio Campos.

P a rtic ip a ra m do ev en to de so lid a r ie d a d e a dom A ldo M ongiano aproxim adam ente 2 mil pessoas. Entre elas, 12 bispos de vários Estados brasileiros, inclusive o presidente da CNBB, dom Luciano M endes de Almeida.

Outras autoridades presentes: governador de Roraima, Ottomar Pinto; presidente da OAB/RR, Hesmone Grangeiro; presidente da Funai, Sidney Possuelo; presidente do Cimi, dom Aparecido José Dias; procurador da República, Franklin Rodrigues da Costa.

A classe política estava representada pelo deputado federal Chico Vigilante; deputado estadual Aírton Cascavel; presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, Lourdes Pinheiro, entre outros.

Palestra do governador da ParaíbaA OAB Roraima sempre comemorou o Dia do Advogado com

uma semana de atividades cultural, esportiva e de lazer.Em 1993, o presidente da Ordem trouxe o governador do Estado da

Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, para dar uma palestra em Boa Vista, no dia 11 de agosto, data da abertura das comemorações alusivas à referida data.

Segundo Hesmone Grangeiro, o governador Ronaldo Lima ficou conhecido nos meios forenses, quando advogava, pela apresentação da maioria dos seus trabalhos através de poemas. Destacou-se, também, na defesa de seus clientes como repentista.

149

OAB RORAIMA

Na época, o assunto em pauta na imprensa nacional era a revisão constitucional. E a palestra de Ronaldo Lima em Roraima foi justamente “sobre Aspectos acerca da revisão constitucional”." Ele era favorável à revisão.

Por sua vez, o Conselho Federal da OAB era contrária à revisão constitucional naquele momento. E a OAB/RR seguia o mesmo caminho. Contudo, para Hesmone, conviver com idéias diferentes era uma das regras básicas da liberdade de expressão e do jogo da democracia.

“Ao final, o governador recitou o famoso ‘Habeas Pinho’, de sua au toria” .'^

O petitório “Habeas Pinho”O “Habeas Pinho” nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em

1967, quando um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de São João. De repente, a polícia chegou, acabou com a festa, apreendeu o violão e mandou a moçada para casa.

Arrepiado com a façanha dos policiais, o grupo recorreu aos serviços do repentista Ronaldo Cunha Lima, recém formado em Direito, que também era seresteiro. Fazendo valer seu diploma, ele peticionou em juízo, para que fosse liberado o violão.

Esse petitório ficou conhecido como “Habeas Pinho” e ganhou fama nos escritórios de advogados e em bares das praias do Nordeste.

Mais tarde, o advogado Ronaldo Lima deixou a advocacia e fez carreira na política como deputado estadual, prefeito de Campina Grande, senador da República, governador da Paraíba e deputado federal. Mas nunca abandonou o cordel.

Conheça agora o petitório:

“HABEAS PINHO”

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2“ Vara desta Comarca

O instrumento do crime que se arrolaneste processo de contravençãonão é faca, revólver nem pistola,é simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade Não matou nem feriu um cidadão.

150

UM RESGATE HISTÓRICO

Feriu, sim, a sensibilidade de quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura, instrumento de amor e de saudade.O crime a ele nunca se mistura.Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores, dos menestréis de alma enternecida que cantam as mágoas que povoam a vida e sufocam suas próprias dores.

O violão é música e é canção, é sentimento vida e alegria, é pureza, é néctar que extasia, é adorno espiritual do coração.

Seu viver como o nosso é transitório, mas seu destino, não, se perpetua.Ele nasceu para cantar na rua e não para ser arquivo de cartório.

Mande soltá-lo pelo amor da noite que se sente vazia em suas horas, pra que volte a sentir o temo açoite de suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,Em nome da Justiça e do Direito.É crime, porventura, o infeliz,cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado, será delito de tão vis horrores, perambular na rua um desgraçado derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,Na certeza do seu acolhimento. Juntada desta aos autos nós pedimos E pedimos também Deferimento.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.

OAB RORAIMA

0 juiz Arthur Moura deu sua sentença no mesmo tom:“Para que eu não carregue remorso no coração, determino que se entregue ao seu dono o violão.” '

O Massacre de HaximuAgosto de 1993.Estoura na imprensa nacional e internacional a notícia de um massacre

de índios ianomâmis na divisa do Estado de Roraima com a Venezuela.Segundo as primeiras informações, de 14 a 73 índios, entre homens,

mulheres e crianças, teriam sido assassinados por garimpeiros, que invadiram o território indígena para exploração clandestina de ouro, nos garimpos já fechados pela Operação Selva Livre.

A notícia chocou o Brasil e o mundo e atraiu jornalistas de diversas partes do planeta Terra. Foi exaustivamente explorada pela mídia por muitos dias, com matérias especiais na Reserva Indígena lanomâmi, demarcada e homologada no Governo Fernando Collor de Mello.

A notícia do massacre ianomâmi já chegou ao mundo. Ontem a Voz da América, rádio de Washington, informava que os garimpeiros teriam matado e esquartejado crianças índias. No Brasil, o Correio Braziliense noticiou em sua edição de ontem, que os índios teriam sido degolados, numa barbárie impressionante. O Jornal do Brasilia também referiu-se a degolas e deu destaque especial às declarações do ministro Maurício Corrêa, que considerou a chacina pior que a matança de meninos de rua na Candelária, no Rio de Janeiro.''*

Diante da repercussão do suposto crime, no dia 19 de agosto a OAB Roraim a criou uma Com issão de D ireitos Hum anos para acompanhar a apuração do caso. A tragédia ficou nacionalmente conhecida como Massacre de Haximu.

A referida Comissão foi constituída pelos conselheiros Hesmone Saraiva Grangeiro (presidente), Almiro José Mello Padilha, Elidoro Mendes da Silva e Nelson Mendes Barbosa.

Com a autorização para ingressarem na Reserva Indígena, assinada pelo Administrador Regional da Funai, Suami Percilio dos Santos, a Comissão decolou num Bandeirantes da Funai, do Aeroporto Internacional de Boa Vista com destino ao Posto do Surucucus. No local tinha um Pelotão de Fronteira do Exército Brasileiro, um Posto da Fundação Nacional de Saúde e outro da Funai.

UM RESGATE HISTÓRICO

Na mesma aeronave viajaram dois diplomatas estrangeiros - a segunda-secretária da Embaixada Americana, Diana Page, e o canadense Alan Latulippe - , dois funcionários da Funai e sete jornalistas, ávidos por informações, imagens e aventura.

Segundo relatório da CDH da OAB/RR, no Posto do Surucucus os conselheiros fizeram contatos com várias outras autoridades federais e estaduais. O local fervilhava de gente em busca de desvendar o mistério em tomo da notícia do massacre, cujos corpos das vítimas não apareciam.

Lá estavam os deputados Fábio Feldman, Ricardo Pizzoto e Francisco Rodrigues.

Do Surucucus os conselheiros seguiram de helicóptero para o Posto do Xitea, onde havia uma m issão religiosa administrada pela Diocese de Roraima. Foi daí que partiram as denúncias do massacre, feita pela Irmã Aléssia.

No local os conselheiros encontraram com o diretor da Polícia Federal em Roraima, Sidney Lemos, e o procurador da República no Estado, Franklin Rodrigues da Costa, além de muitos agentes federais.

Já no Posto do Homoxi eles fizeram contato com o líder indígena Davi lanomâmi e muitos jornalistas brasileiros e estrangeiros.

Antes de retomar ao Posto de Surucucus, a Comissão visitou também duas malocas incendiadas, com vestígios de violência. Panelas, baldes e outros utensílios domésticos quebrados, com visíveis perfurações de balas, e cartuchos de arma de diversos calibres.

Estiveram também no local, na mesma época do propalado genocídio, o ministro da Justiça, Maurício Corrêa, o procurador geral da República, Aristides Junqueira, e o presidente da Funai, Cláudio Romero.

Não tivemos acesso ao relatório conclusivo da viagem, porém, numa pasta picotada pelos cupins, encontramos um release que dizia:

Na primeira visita à área, Hesmone Grangeiro conta ter visto sinais de muita violência na localidade de Haximu. “A situação nos parece grave”. (...) O principal elemento que comprovaria a existência da chacina - os corpos dos índios contudo, não foi encontrado. Era esse o objetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB, na visita de Hesmone Grangeiro à área, no final de semana, e também o objetivo da nova visita à região. Por enquanto, o que existe são informações desencontradas, são os depoimentos de índios que teriam assistido ao massacre e o relato de uma freira que trabalha no Distrito Sanitário lanomâmi, identificada como Irmã Aléssia.'^

OAB RORAIMA

Dias depois, o antropólogo Bruce Albert fez contato com os ianomâmis, dialogou na linguagem deles, e apresentou um relatório as autoridades declarando que o número de mortos da chacina foi de 16 índios, entre crianças, mulheres e homens.

O referido crime rendeu um processo na Justiça de mais de mil páginas. Contudo, a impunidade prevaleceu. Mais uma vez.

Parceria entre Governo e OAB/RRO governo do Estado assinou dois convênios com a OAB/RR no

dia 29 de março de 1994 que merecem registro. A solenidade ocorreu no Palácio Senador Hélio Campos com a presença do governador Ottomar Pinto, do presidente da OAB, Hesmone Grangeiro, e do procurador Illo Augusto dos Santos, entre outras autoridades.

O primeiro convênio era para prestação de assistência jurídica gratuita às pessoas carentes, que não tinha acesso à justiça. A OAB organizaria um quadro de advogados, que ficariam ligados à Fundação de Assistência Judiciária, e trabalhariam em conjunto com a Defensoria Pública do Estado.

O segundo convênio era de “cooperação financeira do Governo do Estado para a realização do 1° Concurso ‘Prêmio por Estudos Jurídicos’, denominado Advogado Miguel Seabra Fagundes, instituído pela OAB”.

O concurso premiaria advogados e estudantes universitários.

Em defesa do Estatuto da CriançaEm abril de 1994, o presidente da OAB Roraima, Hesmone

Grangeiro, publicou um artigo na imprensa em defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente. Foi mais uma de suas tentativas de estimular a solidariedade no seio da sociedade roraimense.

CONQUISTA SUADA

O Estatuto da Criança e do Adolescente, editado com a lei federal n°. 8.069/90, reflete a extensão da problemática nessa área, tendo sido elaborado com a contribuição e o diálogo de variados setores da sociedade. Trata-se de instrumento apropriado e válido para o equacionamento de conflitos envolvendo a população infanto-juvenil. Não é, como alguns apregoam, lei excessivamente protetora dessa camada social.

Inegável, todavia, que do continuado quadro de desigualdade em desfavor dos meninos e meninas veio a luta no sentido de ser obtida orientação e segurança para uma vida digna no tocante aos pequenos cidadãos. Foi uma conquista suada.

UM RESGATE HISTÓRICO

O Estatuto rompeu com a ultrapassada doutrina Latino-Americana da situação irregular e, de conseqüência, revogou o Código de Menores que acolhia tal orientação. Cuida-se de diploma revolucionário por seu conteúdo, seus métodos e pela gestão de atendimento. Modifica, no dizer de Antônio Carlos da Costa (in “É Possível Mudar”, Ed. Malheiros) em uma estrutura que há séculos funcionava, “de cabeça para baixo”.

Concepção moderna, humana, alicerçada em fortes valores éticos, elenca direitos e obrigações em relação aos seus beneficiários, ao Estado, aos pais e a sociedade como um todo.

Importante repetir aqui sobre três pontos fundamentais consignados no texto, ou seja; 1 - Meninos e meninas são sujeitos de direitos; 2- Para tudo deve ser levada em conta sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; 3- Seus direitos deverão ser tratados sempre com prioridade absoluta.

Este novo paradigma respeitante a maneira de agir e de entender a criança e a juventude, consoante preleciona o citado autor, é vital para o enfrentar dessa questão.

Para essa tarefa nunca é demais lembrar o relevante papel das pessoas e das autoridades, sobremaneira no que concerne ao compromisso dos agentes públicos para com as respectivas políticas. Negligenciar é comprometer o País do amanhã, eis que nossas crianças são o futuro do Brasil.

Inobstante essas colocações, o descompasso com a realidade é de estarrecer. Só para uma ligeira visão vejamos algumas estatísticas divulgadas pelo Pacto da Infância: na região Norte mais de 30% das crianças menores de cinco anos estão gravemente desnutridas; 60% da população infanto vivem em casas sem esgoto; de cada mil crianças matriculadas na primeira série do primeiro grau, 550 na cidade e 885 no campo não terminam a oitava série; milhares de crianças e adolescentes são vítimas de violência, crueldade e opressão.

Mudar é preciso. (Hesmone Saraiva Grangeiro)”

Cartilha da CidadaniaO cidadão brasileiro, roraimense, conhece seus direitos? Sabe a

quem recorrer quando injustiçado e privado dos seus direitos garantidos na Constituição Federal?

Para responder a perguntas como essas que Hesmone Grangeiro propôs a confecção da Cartilha da Cidadania.

Assim sendo,

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se reuniu em sua sede com o Grupo de Trabalho de elaboração da Cartilha da Cidadania. A ideia é condensar as informações e conhecimentos acerca dos direitos e deveres dos cidadãos, garantidos na Constituição Brasileira e levá-los aos principais segmentos da

OAB RORAIMA

sociedade roraimense. (...) Hesmone Grangeiro disse que a população, sobretudo a da periferia, não conhece nem exerce seus direitos e deveres, previstos em lei. “Com isso queremos colaborar com a diminuição da miséria, do desemprego, da impunidade e dos crimes”.'®

O Grupo de Trabalho foi coordenado pela professora do Colégio Objetivo, Cecília Costa. Aproximadamente 20 lideranças de vários segmentos da sociedade participaram da elaboração da Cartilha da Cidadania, com lançamento previsto para junho do mesmo ano.

No dia 27 de abril o grupo discutiu os temas a serem abordados. Inicialmente foram definidos 32 temas como defesa do consumidor, violência doméstica e policial, impunidade, moralidade no trato com a coisa pública, ética na política, fome, miséria, entre outros.

Hesmone renuncia a Presidência da OAB/RRNa sessão extraordinária da Ordem dos Advogados do Brasil,

Seccional de Roraima, do dia 16 de junho de 1994, Hesmone Grangeiro apresentou pedido de renúncia da Presidência da Casa do Advogado para candidatar-se a deputado estadual.

Estiveram presentes na sessão do afastamento de Hesmone Grangeiro os conselheiros Almiro Mello Padilha, Joélia de Lima Rodrigues, Teresina Maria Costa Gonçalves, Elidoro Mendes da Silva, Joaquim Pinto Souto Maior Neto, Jaildo Peixoto da Silva, Nelson Mendes Barbosa, além do vice-presidente da Casa, advogado José Pedro de Araújo.

No mesmo dia o vice-presidente, José Pedro assumiu a Presidência da Seccional de Roraima, interinamente.'’

Assassinato de Iraníldo SaldanhaO assassinato do advogado Iraníldo Souza Saldanha, 38 anos, foi outro

crime que chocou a sociedade roraimense, devido ao seu requinte de crueldade. Seu corpo foi velado na sede da OAB/RR, onde há pouco mais de um ano havia sido velado o corpo do conselheiro federal Paulo Coelho.

Iranildo Saldanha foi assassinado no dia 11 de junho de 1994, sábado, na sua residência no bairro São Francisco, onde ele morava sozinho. “No local do crime, manchas de sangue por toda a parte, levando a polícia a suspeitar que a vítima travou luta corporal com o autor - ou autores - do homicídio” . ®

156

UM RESGATE HISTÓRICO

O advogado foi encontrado por seu pai, o aposentado Izaías Guerreiro Saldanha, “jogado na cozinha da casa onde a polícia apreendeu instrumentos perfurocortantes que podem ter sido usados no crime, além de um pedaço de pem am anca usada para provocar ferimentos contundentes na cabeça do mesmo”/ '

O presidente interino da OAB/RR, José Pedro de Araújo, designou os advogados Jaildo Peixoto da Silva e Joélia de Lima Rodrigues para acompanhar as investigações sobre a morte de Iranildo Saldanha, até que 0 crime fosse esclarecido e os culpados punidos.

“O cortejo, com o corpo de Iranildo levado ao Cemitério Nossa Senhora de Nazaré, num carro do Corpo de Bombeiros, ocorreu debaixo de chuva, mas amigos, colegas e familiares - inclusive os que moram em outro Estado - não deixaram de dar adeus ao advogado. Ele foi enterrado ao lado do túmulo de sua mãe, Rosa Saldanha, que em 1991 teve parada cardíaca fatal. Desesperada, a irmã da vítima, Raquel Saldanha gritou por justiça, tanto divina quanto humana, gritando que ‘meu irmão não merecia uma morte tão trágica” ’. ^

O esclarecimento desse crime se arrastou por muito tempo.Em março do ano seguinte, o então presidente da OAB, Almiro

Padilha, designou a conselheira federal Helena Natch Fortes e o advogado José João Pereira para acompanharem as diligências para elucidação do assassinato do advogado “atingido por 28 golpes de faca e espeto de assar churrasco”. ^

O adolescente D.S.C., acusado de autor do crime, depois de preso revelou que outras pessoas participaram do assassinato.

Eleição de Almiro PadilhaJosé Pedro de Araújo ficou 40 dias na Presidência da OAB/RR.

Na sessão ordinária do dia 26 de julho de 1994, às 17 horas, o Conselho Seccional elegeu Almiro Padilha como presidente da OAB/RR para cumprir o restante do mandato de Hesmone Grangeiro.

Apresentou como candidato à Presidência o Dr. Almiro José Mello Padilha e a vice o Dr. Helder Figueiredo Pereira. Procedida a votação, por escrutínio secreto, nomeado como escrutinador o Dr. Jaildo Peixoto, que procedeu a apuração, restaram eleitos os Drs. Almiro Padilha e Helder Pereira para os cargos de presidente e vice, respectivamente, pela contagem de nove votos. Proclamados eleitos e empossados, prestaram compromisso na forma da lei vigente.^^

OAB RORAIMA

A partir desse momento começava um outro capítulo da história da OAB Roraima, tendo como protagonista o advogado Almiro Padilha.

PtimeitoALMIRO MELLO PADILHA(26/julho/1994 a 3 l/janeiro/1995)

O advogado Almiro Padilha assumiu a Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, no final de julho de 1994.

No dia 11 de agosto fez um anúncio revolucionário na imprensa. Revelou que nos próximos dias seriam designadas pessoas da comunidade para integrarem a Comissão de Direitos Humanos para ajudar na fiscalização dos direitos e garantias individuais do cidadão.

Objetivo: exigir e pressionar a Justiça para punir de acordo com a lei os policiais responsáveis por prisões ilegais. Uma declaração de guerra aos desmandos e a violência ocorridos dentro das polícias do Estado.

O presidente da OAB explicou que para prender um cidadão a polícia tem que ter m andado jud ic ia l de prisão tem porária ou provisória. A menos que a pessoa seja presa em flagrante. “Não existe prisão para averiguações”, afirmou/^

Almiro comentou também que colocar os presos totalmente despidos nas celas era outra atitude ilegal, porque expõe contra a privacidade e direito de imagem do cidadão. Para ele, uma forma de dar um basta nessas agressões aos direitos humanos era denunciar os infratores da lei.

Campanha do voto limpoO presidente do Conselho Federal da OAB, José Roberto Batochio,

lançou no dia 15 de agosto de 1994, a Campanha da Cidadania pela Valorização do Voto.

Objetivo: “Combater o voto nulo e chamar a atenção dos eleitores sobre a importância de escolher bons candidatos”. ^

A campanha foi lançada inicialmente na sede da OAB/SP, mas com a meta de ser divulgada em todo Brasil. Ela seria veiculada gratuitamente nos órgãos de imprensa filiados a Associação Nacional dos Jornais, conforme parceria assinada com a entidade de classe dos advogados.

Seria divulgada também na Rede Bandeirantes de Televisão e

158

UM RESGA TE HISTÓRICO

em 2.500 outdoors espalhados pelo País. “Corrupção, não vote nela” e “Mentira, não vote nela”, são exemplos de slogans utilizados na conscientização do eleitorado brasileiro.

A OAB Roraima, presidida por Almiro Padilha, participou da Campanha da Cidadania e fez a sua parte.

Ures adere à campanha da OABA União Roraimense de Estudantes Secundaristas (Ures) aderiu a

Campanha da Cidadania pela Valorização do Voto, lançada pela Ordem dos Advogados do Brasil em nível nacional.

Segundo o presidente Paulo Thadeu, a campanha vai procurar atingir os estudantes de 16 anos. “Vamos mostrar aos estudantes que eles devem votar com consciência e responsabilidade, sem vender o voto em hipótese nenhuma”, declarou.

“O nosso voto terá que ser dado para os que tenham comportamento ético, sejam comprometidos com as causas democráticas e lutem por uma escola pública de boa qualidade”, explicou.

“Vamos salvar a escola pública. No Brasil, de cada cem crianças que entram na prim eira série do T grau, som ente 50% passa para a segunda, 20% chega a quinta série, 5% conclui o 1® grau e somente 3% acabam o 2® grau” , inform ou.”

Assim, 0 presidente da Ures, Paulo Thadeu, conclamava todos os estudantes a votarem conscientemente, elegendo pessoas comprometidas para representar a classe estudantil na Assembléia Legislativa, no Congresso Nacional e na Presidência da República.

Palavra-chave para ele: Educação.

TEXTO & CONTEXTO

=> Dia 20/02/1993— Assassinato do advogado e conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Paulo Coelho Pereira.

Dia 21 /04/1993 — O governo brasileiro realizou um plebiscito para consultar a população sobre que tipo de governo deveria ser adotado no Brasil: República ou Monarquia? Presidencialismo ou Parlamentarismo? Venceu o regime vigente: República presidencialista.

=» Dia 23/04/1993 — O cronista da Folha de Boa Vista, Afonso Rodrigues de Oliveira, lançou seu primeiro livro O Caçador de Marimbondos.

159

OAB RORAIMA

=» Dia r/05/1993 — Inauguração do Ginásio Poliesportivo Vicente Feóla (Ginásio Totozâo), no Parque Anauá, com frente para a avenida Ene Garcez, próximo ao Aeroporto Internacional de Boa Vista. Governo Ottomar Pinto.

=> Dia 27/05/1993 — O músico e poeta Eliakin Rufino lançou na Livraria Nacional, seu quinto livro de poemas. Poeta de Água Doce.

^ Dia 3/06/1993 — O bispo da Diocese de Roraima, dom Aldo Mongiano, um grande defensor dos direitos humanos e da causa indígena, completou 50 anos de vida sacerdotal. Ele chegou em Roraima no dia 9 de novembro de 1975 e deixou o Estado em 16 de setembro de 1996.

=> Dia 30/06/1993 — Criação da Escola Técnica Federal de Roraima. Funcionou inicialmente com quatro cursos: Eletrotécnica, Edificações, Educação Física e Agrimensura. O primeiro diretor da unidade de ensino foi o professor Emanuel de Alves Moura.

=> Dia 18/08/1993 — Inauguração do Palácio da Cultura Nenê Macaggi, localizado em frente a Praça do Centro Cívico. O Palácio Cultural tem um auditório com capacidade para 500 pessoas e nele estão instalados a Biblioteca Pública do Estado e o Conselho Estadual de Cultura, além de outros departamentos culturais.

=> Dia 29/09/1993 — Fundação do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima (Sindsep-RR).

=> Dia 12/11/1993 — O professor Luiz Aimberê Soares de Freitas lançou em Boa Vista, no Palácio da Cultura, o livro A História Política e Administrativa de Roraima - 1943 a 1985.

=» Dia 9/12/1993 — Assinatura da Lei n®. 055, que criou o Conselho Estadual de Cultura, vinculado a Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desporto. Governo Ottomar Pinto.

=> Dia r /0 5 /1994 — Ayrton Senna, um dos mais notáveis profissionais do automobilismo do mundo, morreu aos 34 anos de idade, num acidente no Grande Prêmio de San Marino, no autódromo de ímola, na Itália.

=> Dia 22/05/1994 — Diocese de Roraima inaugurou em Boa Vista, no bairro Calungá, a Casa de Formação João Paulo 6®, com auditório com capacidade para 250 pessoas. Espaço para encontros, seminários e treinamentos da Diocese.

=> Dia 17/07/1994 — O Brasil ganhou a Copa do Mundo, sediada nos Estados Unidos, e se consagrou tetracampeão. As outras três copas foram conquistadas na Suécia (1958), no Chile (1962) e no México (1970).

=> Dia 17/08/1994 — O Conselho Indígena de Roraima (CIR) lançou em Boa Vista, no Palácio da Cultura, o livro Os Bravos de Oixi - índios em luta pela vida, de autoria do jornalista Vilela Montanha. Obra baseada na história real da Maloca Xununu Tamu, contada na visão dos índios.

=> Dia 4/11/1994 — Através de leis aprovadas pela Assembléia Legislativa e sancionadas pelo governador Ottomar de Sousa Pinto, foram criados mais dois municípios no Estado de Roraima: Lei n°. 082 - Caroebe; Lei n®. 083 - Iracema.

Dia 24/01/1995 — O pesquisador chileno Roland Stevenson lançou em Boa Vista, no Palácio da Cultura, o livro Uma Luz nos Mistérios Amazônicos. A obra é ganhadora do Prêmio Suframa de História/1988.

160

UM RESGATE HISTÓRICO

OITAVO CONSELHO SECCIONAL Referências 6 A n o ta ç õ e s

' Ata da Sessão Extraordinária do dia 26/03/1993; Livro de Presença de reuniões da OAB/RR, ano 1984/1995, p. 155. Arquivo da OAB/RR. Laudo do IML confirma tortura realizada por policiais civis. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 30 e 31/janeiro e r/fevereiro/93, (p. 12) Maus policiais serão devolvidos à Administração, diz secretário. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 30 e 31/janeiro e l®/fevereiro/93. (p. 12) Paulo Coelho foi enterrado com solenidade no Campo da Saudade. Folha de Boa

M sta Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 8) Liminar suspende eleição de conselheiros da OAB. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 25/março/1993. (p. 3) Eleição para Conselho Federal da OAB é realizada sob protestos. Folha de Boa

Vista. Boa \^sta, 27, 28 e 29/março/1993. (p. 3) Conselheira diz que trabalha é pela moralização da Justiça. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 30/março/1993. (p. 4)® Quanto vale uma vida? Folha de Boa Vista. Boa Vista, 7/abril/1993. (p. 2) Ato público de desagravo a D. Aldo ocorrerá no dia 16. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 7/abriyi993. (p. 6)Vigília de fiéis deu início a ato de desagravo ao bispo. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 16/abril/1993. (p. 6)” Dia do Advogado terá palestras do governador da Paraíba, amanhã. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 O/agosto/1993, (p. 6)” Paulo Coelho; OAB adia homenagem com tocha simbólica. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 13/agosto/1993. (p. 6)” Advogado, poeta e cassado: Governador da Paraíba discute revisão da Carta de Roraima. Diário de Roraima. Boa Vista, I l/agosto/1993, (p. 4) Acervo do Laboratório de Análise Documental (LAD) do Departamento de História da UFRR. O “Habeas Pinho” está disponível também no site www.neofito.com.br. Acesso em 6/j unho/2006.

Avery Carvalho. Notícia de massacre é prato cheio para a ONU. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/agosto/1993. (p. 4)” Press release/Haximu. Boa Vista, 23/agosto/1993. Arquivo da OAB/RR.

Cooperação: Governo assina convênio com OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/março/1994. (p. 5)” Hesmone Grangeiro. Conquista suada. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 16,17 e 18/abril/1994. (p. 2)'® OAB está elaborando a Cartilha da Cidadania. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/abril/1994. (p. 7)

161

OAB RORAIMA

” Ata da sessão extraordinária do Conselho Seccional da OAB/RR. Boa Vista, 16/ junho/1994. Arquivo da OAB/RR.

Violência: Menores matam advogado a facada. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 14/junho/1994. (p. 12)

Idem.” Ibidem.” Caso Iranildo: OAB designa advogados para acompanharem investigações. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/março/l 995. (p. 16)^ Ata da sessão ordinária do Conselho Seccional da OAB/RR. Boa Vista, 26/julho/ 1994. Arquivo da OAB/RR.” OAB indicará populares para Comissão de Direitos Humanos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12/agosto/1994. (p. 16)

OAB faz campanha para valorizar o voto. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 16/ agosto/1994. (P. 5)

Ures se incorpora à campanha do voto deflagrada pela OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23/setembro/l994. (p. 7)

Mutirão da OAB será na quarta

* Ofdem d o t AAogado» do BracM (OAS). M edentf d#

prtm éQ M na Man#- teação <M tua C w # n a o» Cldadanta. ampeatrdlmamto qua buBCê 0 aovoMmanro c a todoa oa aaqmaowa d a aocta- dada. Com v m m a aau a W w magdaa o praaioama d a OAÕ. df. Hatmona Q w ^ tire , t r u v

voQMM panancarw a dam. Mg n tf to a d M a r w ta anvcMdoa com a Campanha a r t t f g t m aqysaraaa m m -

BancÉnoa. a n ra outros.O murato acontacará na

*#da da Ordam, a tu M a na avaoioa v#a Aoy. w prM ma Qvana-raaa, i* a a junho, a par* IV oaa 0.00 r« . para a apraaan- taçfto da lu gawOaa llnaêa a eonem ate da radaçto da la m a para a Cansna J t , C n u n o a a um ç # da Momiaçdaa daatk w daa a poQuIaçto, aobra oa

da avatcU aa. tms como a qua«*o do trra aeaaao A AjMf ça. notadaihana por pana das conaoas ma* ceemaadaeo- 0adad» Naquaiaapwumdada a CA0 aatari cSaracando un •moco a moae aa peaeoee pertieipeiwi do eKwao

A OAA Iam aldo mcanaA» na buaea da adaaóaa a ma

«AigaçAo daaaa aaW*. co> mo Worma o dr. Haiinena, qua jurtamam cem aw a^jpa vam v«at»to dUunwnona ccnuvdaoa m u»laomanwa da aratno da aa* 0tfidD gau a invantária üm atampio lo ■ vMa ampraandk da por aquaia a<*jipa aea atau* danaa da lagundo grau da EaeoSa Sadoch ParaVa, no mu-rvdpio da Aao Aiagrá, naútiiM Quawawi quanoo c«rcd di 00 aknoa puderam aaatav a uma paiadra prwadda peso praaldara#; da Ordarn. am Ao» tmrm. Na maama oponurAdada t9 e m tK é m tam manaag#m impraasa. OMonada A oona- oartisaçAD daaaa vw ngaa d##A oto«ai

Folha de Boa Vista, 27/maio/l 994

162

5.9.NONO CONSELHO (1995 - 1 9 9 7 )

Diretoria do Conselho Seccional’ Almiro José Mello Padilha (pres.) Messias Gonçalves Garcia (vice) Geraldo João da Silva (see. geral) Silvino Lopes da Silva (see. adjunto) Jorge da Silva Fraxe (tes.)

Conselheiros Seccionais Ana Eliza da Silva Marques Arquimedes Eloy de Lima Carlos Alberto Gonçalves Cleusa Lúcia de Souza Lima Elidoro Mendes da Silva Fernando Lima Creazola Jaildo Peixoto da Silva Joaquim Pinto Souto Maior Neto Joélia de Lima Rodrigues Jonas Gonçalves Manoel Norberto Maria Eliane Marques de Oliveira Maria Helena Magalhães Maria Sandelane Moura da Silva Paulo Sérgio Bríglia Ronaldo Barroso Nogueira

OAB RORAIMA

Severino do Ramo Benício Theodorico Júlio Monteiro Neto Wilson Roberto Ferreira Précoma

Conselheiros Federais Elena Natch FortesHesmone Saraiva Grangeiro/Alceu da Silva José Iguatemi de Souza Rosa

Z Eleição: 28 de novembro de 1994Mandato: 1 “/fevereiro/1995 a 31 /dezembro/1997 (triênio)

Segunclo M^n4^to cIgALMIRO JOSE MELLO PADILHA

Estado de Roraima.I arimpo, ouro, diamante, garimpeiros, cachaçada, prostituição, (pistoleiros, violência policial, chacinas, massacres, galeras.

Na sequência, vingança, justiça e injustiças com as próprias mãos. Os grupos de extermínio. Os in-justiceiros implacáveis.

G:O major José Wilson da Silva, o capitão Jairo Francisco de Moura Kigali, o cabo Osmarino Avelino de Souza e os soldados Maurício Soares da Silva, Mangalvio Chaves Soares e Ilário Thomas de Souza, todos da Polícia Militar, estão presos preventivamente desde o início da tarde de ontem. Eles ficarão recolhidos ao comando da corporação à disposição da Justiça, sob acusação de mandantes e executores do assassinato do desocupado Jair Ernesto Malheiro, 20. Em meados de dezembro de 1993, a vítima, mais conhecida por “Caboclo Jair” e apelidada de “Terror do bairro Santa Teresa”, foi atingido por vários tiros depois que caiu na fossa sanitária de uma casa situada no mesmo bairro.^

O pedido de prisão preventiva dos referidos policiais foi apresentado pelo Ministério Público Estadual, que investigava a denúncia da existência de um grupo de extermínio na Polícia Militar.

O autor da denúncia foi o soldado Francisco Diniz Lima, conhecido

164

VM RESGATE HISTÓRICO

corporação como F. Diniz, que estava preso desde 1993, acusado denaassalto a mão armada e formação de quadrilha.

Os mandatos de prisão do major, do capitão, do cabo e dos soldados foram entregues ao comandante da Polícia Militar, coronel José Benito Gonzales, que de imediato, na presença dos promotores públicos e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cumpriu a determinação judicial.^

Segundo informações divulgadas na grande imprensa, os presos faziam parte de um grupo de exterminadores chamado de P-02.

Policiais agridem presidente da OAB/RR24 de abril de 1995. Era outono, tempo de colheita...O sol tombava no ocidente, quando o presidente da OAB Roraima,

Almiro Padilha, ficou sabendo que uma cliente sua estava sendo torturada na sala do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (DPJI).

Imediatamente ele correu em seu socorro. Contudo, ao tentar retirar sua cliente das mãos dos policiais, Padilha disse que foi agredido por eles.

Ele enfatizou que a mulher estava presa ilegalmente depois de ter sido levada a uma estrada de acesso ao município de Alto Alegre onde tiraram suas roupas e a espancaram. “Eu estava em pleno exercício de minha profissão quando pelas costas fui agarrado por dois funcionários da Segup”, revelou Almiro. (...) “Quando percebí, eles me aplicaram uma chave de braço. Pelas costas seguraram meus braços e me arrastaram para a mesma sala onde me chutaram e jogaram numa cadeira”, disse.^

O advogado afirmou que na agressão teve seu relógio quebrado a pontapés e lamentou que fatos dessa natureza continuassem acontecendo.

Diante do ocorrido, os conselheiros da OAB se reuniram com o chefe do Gabinete Civil, Evandro Moreira, e com o secretário de Segurança Pública, coronel Manoel Lima Mendes. Exigiram punição imediata para os policiais.

Em atendimento a ordem do chefe do Gabinete Civil, o secretário de Segurança Pública, no dia seguinte afastou o delegado e os dois agentes de polícia envolvidos na confusão: Dário Silva Lima, Antonio Santos de Silva e Flávio Magalhães.

165

OAB RORAIMA

Diante desses conflitos de interesses, a OAB publicou uma nota de repúdio aos desmandos da Polícia Civil, que chocou a sociedade roraimense.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

DESAGRAVO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, por deliberação unânime de seu Conselho vem de público repudiar o lamentável episódio ocorrido no último dia 24, segunda-feira, às 17h30 horas, no interior da Secretaria de Segurança Pública, que culm inou com agressão e espancamento do advogado Almiro Melo Padilha, presidente da OAB/RR, no pleno exercício da advocacia.

Estando em reunião do Conselho Seccional, o advogado foi informado de que uma cliente havia sofrido torturas de afogamento, praticados por agentes da Polícia Civil, e que naquele momento se encontrava detida nas dependências da Secretaria de Segurança.

Localizada a vítima, procurou o advogado aigumentar com seus detentores sobre a ilegalidade daquele procedimento, encontrando relutância, porém, conseguindo convencê-los a liberá-la. Quando se dirigia para a saída daquele óigâo, foi traiçoeiramente agredido e imobilizado pelos referidos agentes, que o arrastaram para o interior da sala do DPJI, debaixo de socos e pontapés e ofensas morais, sendo liberado após exaustivas argumentações.

O advogado no cumprimento de seu mister é protegido pela Lei Federal n® 8.906/94, que lhe confere prerrogativas no exercício da função, as quais têm por objetivo a garantia dos direitos dos cidadãos, seus verdadeiros destinatários.

O incidente ocorrido é uma expressão exata do tipo de serviços de polícia e de segurança pública que temos em nosso Estado, composta por elementos despreparados, e sem qualificação profissional, fazendo-nos lembrar o atual estado de insegurança reinante no Rio de Janeiro, que começou a reiterada impunidade de policiais infratores e a constante omissão das autoridades superiores, frente à tão grave problema.

Diante de tal quadro, a Seccional da OAB/RR, em solidariedade a um de seus membros, e em defesa de todos os segmentos da sociedade, ofendida e agredida por atos de desrespeito aos direitos humanos, sempre imunes pela omissão dos poderes constituídos, entende que a solução de tais problemas passa pela integral institucionalização do Estado de Roraima, com edição das leis regulamentadoras que permitam a implementação da Carreira Policial Civil, possibilitando os respectivos concursos públicos para todos os níveis, necessários ao pleno funcionamento do Estado.^

Boa Vista (RR), 26 de abril de 1995.OAB/Conselho Seccional de Roraima

166

UM RESGATE HISTÓRICO

No mesmo dia que foi publicado o Desagravo da OAB, o Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sinpol) publicou uma “Nota” na imprensa repudiando o afastamento do delegado de Alto Alegre e reivindicando sua imediata recondução ao cargo.

Confira, transcrição abaixo:

NOTA

O Sinpol (Sindicato dos Policiais C ivis de Roraim a) vem de público repudiar veementemente o afastam ento do delegado de Polícia, Dário da Silva Lima, da Delegacia de Alto Alegre. Entende o Simpol que a dedicação deste policiai em desbaratar uma das maiores quadrilhas de roubo de gado deste Estado, causou inquietação, todavia é notório e sabido que o dever policial é proteger a sociedade independente de pressões políticas e pessoais.

Para esclarecimento da população, o Sinpol informa que o delegado é policial de carreira, com excelente ficha funcional e inúmeros serviços prestados à comunidade. No entanto, o seu trabalho está sendo obstruído por forças, no mínimo sombrias e prejudiciais à harmonia social. Em recente nota pública a OAB/Roraima classificou a Polícia Civil de incompetente e despreparada, esquecendo-se de que ela é com posta por excelentes profissionais, cidadãos e pais de família.

Cita também o caso do Rio de Janeiro, onde o banditismo é impune, esquecendo-se de que a impunidade não é gerada em meio policial.

Finalmente, o Sinpol vem reivindicar a imediata recondução do delegado Dário da Silva Lima a suas funções de delegado, evitando com isto que a vitória dos bandidos seja cantada em versos e prosa, pelos recantos de nosso Estado, e que os proprietários rurais que tiveram seu patrimônio dilapidado pela ação de sequazes, possam continuar a trabalhar com tranquilidade, sabendo que seus direitos estão garantidos pela vigilância constante dos policiais civis de Alto Alegre.*

Boa Vista (RR), 27 de abril de 1995.Sindicato dos Policiais Civis de Roraima

Entretanto, as manifestações de apoio ao presidente da OAB/RR choveram de todos os lados. De dentro e de fora do Estado.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de São Paulo, por exemplo, publicou uma Nota Oficial na imprensa boa- vistense repudiando o episódio.

167

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECÇÃO DE SÃO PAULO

OAB CONDENA ESCALADA DA VIOLÊNCIA

A advocacia paulista repudia com veemência o episódio ocorrido em Roraima, onde o advogado Almiro Mello Padilha, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil naquele Estado - ao apresentar noticia de tortura a autoridades de Secretaria de Segurança Pública - foi covardemente espancado, com murros e pontapés, por um delegado e dois agentes policiais.

Mello Padilha, um homem honrado e justo, compareceu à Secretaria, no final da tarde de segunda-feira, representando Marluce Fernandes da Silva que, horas antes, teria sido submetida à tortura por afogamento em um riacho de Boa Vista. A resposta dos policiais foi a violência, comprovada em exame de corpo de delito da própria Secretaria.

Não obstante a pronta intervenção do M inistério Público estadual e a atitude do secretário de Segurança Pública, que afastou os policiais ag resso res de suas funções, a OAB p au lis ta condena esses atos intoleráveis de brutalidade.

Tendo em vista a escalada de intolerância e truculência que se tem testemunhado - de estádios de futebol a presídios, passando por episódios de chacina e agressões, como a que se verificou, dias atrás, em Carapicuíba, contra o governador de São Paulo - a Ordem dos Advogados do Brasil, Secçâo de São Paulo promoverá, na próxima terça-feira, às 10 horas, o “Ato em Defesa da Democracia e Contra a Violência”, em sua sede.

A democracia no Brasil não pode e não será vitimada pelo descontrole de segmentos que não enxergam as consequências de tentativas de fazer a força prevalecer sobre a razão.’

Guido Antonio Andrade Presidente da OAB/SP

No mesmo final de semana, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Roraima publicou uma nota intitulada “Onde chegaremos?”, condenando a arbitrariedade.

Assinada pelo presidente do DCE, Leopoldo da Rocha, a nota fez duas criticas contundentes. Confira neste recorte:

Alguns setores da imprensa local vêm tentando denegrir a imagem deste profissional, acobertando os verdadeiros infratores da lei. Todos nós sabemos que uma pessoa não pode prestar depoimento sem que a ela seja destinada uma intimação, uma vez que o próprio delegado Dário Lima, mostrou na imprensa local, um mandado de prisão para o pai da cliente do advogado. Todavia, em momento algum foi apresentada a intimação destinada à Marluce

168

UM RESGATE HISTÓRICO

Fernandes da Silva, cliente do advogado, portanto, fica explícito de quem é a verdadeira culpa, quem realmente é que não está trabalhando ao lado da Justiça.^

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) também não deixou por menos e também publicou uma nota pedindo apuração da arbitrariedade.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE RORAIMA - SINTER

NOTA

É inadmissível que em pleno século XX haja a prática de tortura no seio de nossa sociedade, por isso o Sinter solicita às autoridades competentes que apurem com rigor a arbitrariedade cometida por agentes da Secretaria de Segurança Pública contra a pessoa do Dr. Almiro Padilha.’

Boa Vista (RR), 25 de abril de 1995.Antonio Beserra - Titonho

Presidente do Sinter

Sessão de desagravo a Almiro PadilhaO Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, presidido

por Emando Uchoa Lima, realizou uma sessão solene de desagravo ao presidente da OAB/RR, Almiro Mello Padilha, agredido pelos policiais civis, no exercício de sua profissão.

A sessão pública ocorreu no Fórum Advogado Sobral Pinto, no dia 20 de junho de 1995, com a participação dos presidentes das Seccionais da OAB de Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. E também com representantes das seções do Amazonas, São Paulo e Rio Grande do Norte.

Participaram , ainda, da sessão de desagravo ao advogado Almiro Padilha, lideranças de entidades classistas, acadêmicos do curso de D ireito da UFRR, representantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, entre outros.

A sessão de desagravo, segundo o presidente do Conselho Federal da OAB, é um procedimento previsto no Estatuto da Ordem para prestar solidariedade sempre que um de seus membros é violado no exercício da profissão e repudiar o ato do agressor. “É uma manifestação pública de solidariedade ao colega”,

169

OAB RORAIMA

acentua, destacando que, quando a vítima é o presidente de uma seccional, asolenidade é presidida pelo Conselho Federal da OAB.'"

A comitiva da OAB aproveitou a viagem a Boa Vista e visitou o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembaigador Carlos Henriques Rodrigues. Objetivo da visita: Solicitar rigor no processo contra os policiais que agrediram o presidente da Seccional de Roraima e também agilidade no julgamento dos assassinos do conselheiro federal Paulo Coelho Pereira.

Um testemunho da indignaçãoA agressão ao presidente da OAB Roraima repercutiu nos quatro

cantos do Estado de Roraima. Prato cheio para a imprensa deflagrar uma ampla denúncia contra a violência policial.

Os profissionais da mídia também sempre foram vítimas desse fantasma opressivo. Antes, durante e depois da ditadura militar.

O cidadão Pablo Sérgio, na época estudante do curso de Comunicação Social da UFRR, discorreu sobre a problem ática, analisando vários fatos afins. Confira seu artigo:

PROFISSAO-PERIGO

Quando alguns afirmam que “em Roraima acontece de tudo”, há quem diga que “é intriga da oposição”. Mas como diz a colega Shirley Rodrigues, “falar a verdade é preciso”.

Ser jornalista, religioso, professor ou mesmo advogado em Roraima é estar enquadrado na típica Profíssão-Perigo.

De quando em vez nos deparamos com denúncias de violência contra jornalistas. Um já foi assassinado. Há bem pouco tempo uma equipe da TVE (Macuxí) foi agredida por capangas do ex-govemador. Há poucos dias vimos repórteres sendo impedidos de exercer sua profissão por conta do abuso de poder de alguns agentes da Polícia Federal.

Loredana Kotinski, Wilson Virgílio e Eides Antonelli foram agredidos diretamente em sua dignidade profissional.

Com frequência surgem acusações absurdas contra padres e religiosas da Igreja Católica sem que as provas sejam apresentadas. O importante é atacar para chamar a atenção da opinião pública sobre os acusadores.

Professores já foram agredidos fisicamente por não concordar com certas normas inadequadas para uma boa educação. O presidente do Sinter, professor Antonio Bezerra (Titonho), foi proibido de entrar numa escola em que trabalhou durante quatro anos e que está inserida no bairro em que ele mora.

Há mais de 40 dias os professores estão sendo feridos em sua dignidade

170

UM RESGATE HISTÓRICO

tentando entrar em acordo com o governo estadual, visando a melhoria na qualidade de ensino e salários mais justos.

A situação dos advogados não difere muito das profissões acima grifadas. Talvez a única diferença seja uma melhor remuneração e a morte brutal de três companheiros.

Os advogados Sílvio Leite, Paulo Coelho e Iranildo Saldanha foram mortos de forma violenta, sem que todos os culpados tenham sido punidos.

Em Roraima, nem o presidente escapa. Na última segunda-feira (24/ 04/95) o presidente da OAB/RR (Ordem dos Advogados do Brasil), Dr. Almiro Padilha foi agredido no pleno exercício de sua profissão.

Ora, se o doutor não está sendo respeitado pelas autoridades policiais, imagine como está sendo tratado o pobre coitado que não possui o primeiro grau e mora na periferia de Boa Vista?

A afronta contra a pessoa do Dr. Almiro Padilha e contra uma instituição que historicamente sempre se posicionou a favor dos direitos humanos (OAB) não pode ficar impune.

Loredana, Wilson, Eides, Aldo, Jorge, Lírio, Titonho, Antonieta e Almiro, tenham certeza de que um dia a justiça vai prevalecer e a impunidade neste Estado será uma simples lembrança do passado. Bom dia. (Pabro Sérgio)"

O artigo supracitado nos dá uma certeza: o professor José Ribamar Bessa Freire, mestre em História da Amazônia, tem razão - os selvagens da atualidade usam “paletó e gravata”.'^

OAB aprova curso de Direito da UFRRO curso de Direito da Universidade Federal de Roraima foi criado

em 1992. Mas faltava ser reconhecido pelo MEC.“O curso de bacharelado em Direito da Universidade Federal de

Roraima recebeu do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, parecer favorável ao seu reconhecimento pelo Ministério da Educação e Desporto”.'^

Um documento, aprovando a manutenção do curso de Direito em Boa Vista, foi encaminhado para o MEC pela relatora da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, professora Loussia Penha Musse Felix.

Na opinião do então reitor da UFRR, professor Hamilton Gondim, o conteúdo do parecer era sinal de que tanto o Conselho Federal da OAB quanto a Seccional de Roraima reconheciam a seriedade do trabalho conduzido na Universidade Federal de Roraima. “Um parecer do Conselho Federal da OAB é, para nós, um coroamento de todo este trabalho”.'"

OAB RORAIMA

No dia 4 de maio de 1995, o Conselho Seccional assinou convênio com a UFRR de forma que os alunos regularmente matriculados no curso de Direito pudessem obter inscrição no Quadro de Estagiários da OAB/RR.

De acordo com os termos do convênio, podem adquirir a Carteira de Estagiário da OAB/RR os alunos que estejam cursando os dois últimos anos de Direito, os matriculados no Estágio de Prática Forense e os matriculados como estagiários no Escritório Modelo de Assistência Jurídica da UFRR”.'^

O convênio para beneficiar os acadêmicos de Direito foi celebrado no gabinete do magnífico reitor Hamilton Gondim.

Violência policial em Normandia e Alto AlegreEm junho de 1995, a assessora jurídica do Conselho Indígena de

Roraima, Ana Paula Souto Maior, apresentou uma petição a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Finalidade: punir os responsáveis pela morte do índio macuxi Ovelário Tames, 17 anos, ocorrido dentro da Delegacia de Polícia Civil do Município de Normandia.

O CIR buscou apoio de organismos internacionais porque na Terra de Makunaima a Justiça andava emperrada. A ação penal instaurada em 1989 continuava em sua fase de instrução. Ou seja, andamento quase nulo. E a gravidade do crime exigia punição.

De acordo com os depoimentos colhidos no inquérito instaurado pela Polícia Federal, Ovelário Tames foi preso em 23 de outubro de 88 pelo motorista da Delegacia de Polícia Civil de Normandia, José Felipe da Silva Neto, sem nenhuma justificativa. (...)

Consta nos depoimentos das testemunhas que ocupavam a mesma cela do menor, que na delegacia o índio foi brutalmente espancado, motivo pelo qual passou a noite sangrando pela boca sem receber qualquer assistência dos policiais de plantão. No dia seguinte, ele amanheceu morto.'*

Entretanto, o Caso Ovelário não foi um caso isolado.Em novembro de 1993, um agente da Polícia Civil matou outro

índio, com um tiro na cabeça, dentro da Delegacia de Alto Alegre. Confira a ocorrência noticiada na imprensa boa-vistense:

Encontra-se desde sexta-feira, 14, na Penitenciária Agrícola Monte Cristo o acusado Norberto Bento. Ele matou com um tiro no ouvido esquerdo o índio

VM RESGATE HISTÓRICO

Democildes Albuquerque Carneiro, no último dia 4, no corredor da Delegacia do Município de Alto Alegre. A vítima teria sido presa depois de um fazendeiro da região prestar queixa contra ele pelo roubo de uma bicicleta. Mesmo com a confissão de Bento, muita coisa ainda tem que ser esclarecida.

(...) No município de Alto Alegre, à 86 quilômetros de Boa Vista a população está revoltada com a morte de Democildes Albuquerque. Todos querem denunciar, mas têm medo de aparecer, uma vez que a impunidade e arbitrariedade de policiais naquele município vêm imperando nos últimos meses.

Na Secretaria de Segurança Pública, o secretário Mauro Magalhães, concorda com a maioria das denúncias e diz que já exonerou, através de portaria, 0 delegado do município Wilson Roberto M. Amorim. Ele irá responder por dois processos, um por prevaricação, por ter convidado o acusado Norberto Bento para trabalhar na delegacia. “O Norberto não é dos quadros da Secretaria de Segurança, estava trabalhando como agente há dois meses, esperando por um cargo comissionado, prometido por Wilson. (...)

O delegado Wilson também deverá responder processo por abuso de autoridade, uma vez que a vítima, Democildes Albuquerque Carneiro, foi preso sem mandado de prisão, nem em flagrante. “Ele deixou a delegacia nas mãos de uma pessoa estranha, talvez se tivesse no local podería ter impedido o crime”, afirma Mauro Magalhães.”

Justamente por causa de crimes absurdos como esses que a OAB/ RR, desde a criação e im plantação do Estado, vinha cobrando, insistentemente, a realização de concurso público na área de Segurança Pública. O objetivo era evitar barbaridades com essas.

Execução de preso algemadoCasos de violência policial, dentro e fora das grades das prisões,

divulgadas pela imprensa roraimense, dá para escrever um livro.Outra dessas histórias assustadoras, registradas nos anais do Estado

de Roraima, ocorreu no dia 30 de setembro de 1995, dentro do 1° Distrito Policial, em Boa Vista.

O agente da Polícia Civil, Pedro de Souza Lacerda, mais conhecido por Catira, executou um preso, que estava algemado, com três tiros de revólver calibre 38 disparados a queima roupa.

O cidadão assassinado foi o funcionário público Advandro de Azevedo Bríglia, que tinha sido preso na V ia Confiança, município do Cantá, e conduzido a Capital, depois de uma discussão com o próprio Catira.

Baleado, e banhado de sangue, o servidor público Advandro Bríglia ainda foi levado “com vida para o Pronto Socorro, mas não resistiu aos ferimentos”.'® As circunstâncias da tragédia:

OAB RORAIMA

A vítima estava algemada e sentada num banco do hall do 1° DP, pediu um cigarro a Catira, que sacou o revólver e atirou. (...) O impacto do primeiro tiro, que atingiu o tórax de Noca, fez com que ele caísse do banco de cimento onde estava sentado e algemado. Caído, foi atingido por outros dois tiros em suas costas.

O primeiro tiro foi ouvido pelo ex-deiegado João Alves dos Reis, que estava numa sala contígua e saiu para dar voz de prisão a Catira, que não reagiu, entregando a arma.”

M ais uma vez a OAB entrou em ação pedindo punição ao agressor, e divulgou uma nota na imprensa para repudiar o assassinato e pedir justiça na terra dos homens.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

NOTA

O Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, em sessão ordinária realizada no dia 2 de outubro de 1995, decidiu vir a público repudiar o vil e covarde assassinato do Sr. Advandro de Azevedo Bríglia, ocorrido dentro da Delegacia do 1® Distrito Policial da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Roraima, quando a vítima encontrava-se preso e algemado, sob a custódia da Polícia Civil, bem como acompanhar a apuração do fato criminoso. Este episódio é o reflexo do despreparo, com exceções, do quadro funcional daquela Secretaria, sem que seu titular tome as providências necessárias, a fím de coibir desmandos desta natureza. Acreditamos que somente a realização do Concurso Público com o preenchimento dos cargos por pessoas habilitadas, trará a tranquilidade à sociedade.^"

Boa Vista (RR), 3 de outubro de 1995.Almiro Mello Padilha

Presidente do Conselho

O assassinato de Advandro Bríglia, por um policial civil, dentro da própria instituição pública de defesa do cidadão, abalou a sociedade roraimense. Era o fím da picada.

A execução do funcionário público, Advandro Bríglia, repercutiu ontem em vários setores da sociedade. O presidente do Sinpol, Mcente Nascimento, criticou o governo por não promover concurso público para a categoria. O promotor de Justiça, João Gaspar Rodrigues, classificou o ato como absurdo. Enquanto o secretário de Segurança, Manoel Lima Mendes, manifestou repúdio ao assassinato.”

UM RESGATE HISTÓRICO

Violência e mais violência.Cinco dias depois do assassinato de Advandro de Azevedo, duas

irmãs da vítima sofreram um atentado a bala nas ruas de Boa Vista, por um motociclista não identificado.

O m otoqueiro efetuou o d isparo após persegu ir as m ulheres que estavam num Scort cinza m etálico e trafegavam com destino ao bairro Caçari.

As irmãs Maria Tereza, 44, e Maria das Dores de Azevedo Bríglia, 34, passaram um sufoco danado pelas ruas da cidade, tentando escapar do motociclista endiabrado.

M aria Tereza “revelou que o atentado, no entendimento da família, tem o intuito de evitar que continuem cobrando justiça pelo barbarismo praticado contra o irmão, mais conhecido como Noca, assassinado na noite de sábado” . ^

Porém, quase dois anos depois, Pedro de Souza Lacerda foi julgado e condenado pelo Conselho de Sentença, por sete votos a zero. Pegou 15 anos de reclusão, em regime fechado.

Mas, essa história ainda não terminou.

Após a sessão desse julgamento, que terminou por volta das 23 horas, Catira teve que voltar à Cadeia Pública porque na próxima sexta-feira, ele voltará ao banco dos réus. Desta vez, será julgado pelo assassinato do agricultor Francisco Craveiro dos Santos, 38. Com um tiro no tórax, o então agente da Delegacia de Polícia Civil do Município de Mucajaí, matou a vítima, também em 1995.^^

Dá para acreditar! Catira matou um agricultor no interior do Estado e foi transferido para a Capital para matar um funcionário público.

Esse foi o cenário que a OAB Roraima atingiu sua adolescência, fazendo trabalho de gente adulta. E que trabalho!

Hesmone escreve sobre a paz socialAdvogado, ex-presidente da OAB e professor do curso de Direito da

Universidade Federal de Roraima, Hesmone Saraiva Grangeiro, além de ativista dos direitos humanos foi um pensador dos problemas sociais.

Vamos transcrever mais um de seus artigos veiculados na imprensa local.

OAB RORAIMA

DESEMPREGO E FOME

Pela sua própria natureza o homem possui vocação para o trabalho. A atividade laborai, pois, faz parte do seu universo material e espiritual, orientação, por sinal, sentida no seio da família e nos bancos escolares.

De um lado o produto do serviço serve para subsistência de sua família, e, de outra banda aperfeiçoa o espírito. Como diz o célebre pensamento: “O trabalho fortalece a alma e burila o espírito”.

No que pertine ao tema não podemos esquecer outra sábia e tão popular lição: "Quem trabalha Deus ajuda”.

Na verdade o sucesso humano tem muito sentido com essa máxima, podendo, é claro, o índice de deform ações traduzir um a sensação superficialmente contrária.

Esposando essa superficialidade há até os pessimistas exagerados, sentenciando com desprezo: "Quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro”.

Evidente, essa dedução só pode ser recebida com reservas, principalmente da parte de povos evoluídos, portanto, de pessoas de mente sã e visão larga.

Nações diversas, especialmente França, Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra, vivenciaram negras situações decorrentes das atividades trabalhistas, notadamente com a Revolução Industrial, complicando-se com a chamada questão social.

A História menciona um quadro altamente desumano, pintado com a exploração de idosos, mulheres e crianças, o que motivou reações, lutas e conquistas, a custa de sangue, suor e lágrimas por todo o mundo, refletindo essa realidade também no nosso querido Brasil.

Iniludivelmente sempre existiram, tensões entre capital e trabalho, frustrando boas doutrinas que envolvem o tema, aliás, desafiando de modo permanente a dignidade e o destino do homem, independente de suas posses.

Ora, já se disse que "trabalho é legítimo capital”.Logo sua compreensão não pode ser dentro de horizontes sectários.

Suas faces completam a imagem.Portanto, o equacionamento racional dessa problemática, vale dizer, sem

sofisma, no mundo contemporâneo, evita abalos à tranquilidade e a paz social.Não se nega, as populações estão crescendo cada vez mais em desproporção

ao volume de alimentos que produzimos e este é um dado influente na vida das pessoas, consequentemente, nas relações da sociedade com o Estado.

Em outras bancas é preciso que os trabalhadores de todas as matizes acompanhem os avanços tecnológicos, pois de modo diverso iremos em breve constatar legiões de homens e mulheres inaptos para as atividades laboriais do século XXI, o que, aumentará, com certeza, as tensões existentes.

Nós brasileiros, particularmente aqui em Roraima, não produzimos alimentos suficientes para nosso sustento, apesar de termos abundantes terras.

Urge a adoção de uma política abrangente em que tenha como fundo a qualificação de mão de obra.

176

UM RESGATE HISTÓRICO

Sabemos que inexiste indústria e esta provavelmente só virá com a solução de três pontos básicos: energia, estradas, regularidade do sistema fundiário.

Enquanto isso a cidade vai tomando-se um aglomerado, resultando numa onda de desemprego cada vez mais ameaçadora da tranquilidade social.

Temos que encontrar um ponto de equilíbrio, porquanto não é justo nem compatível com nossas crenças que esse quadro exorbitante de desemprego, e, por via de sorte, de fome, venha a se ampliar comprometendo a capacidade da ciasse dirigente, atestanto a impotência do Estado, aniquilando, assim, o exercício efetivo da cidadania. (Hesmone Saraiva Grangeiro)^"*

Luz no Caso Iraníldo SaldanhaEm junho de 1994 o advogado Iraníldo Saldanha foi assassinado

em sua própria casa, com vários golpes de instrumentos perfurocortantes. Um ano e seis meses depois o soldado da 1* Brigada de Infantaria de Selva, Edson Costa da Cunha, tentou fazer saque com o cartão internacional de Iraníldo no Banco Itaú, quando foi preso em flagrante.

Conduzido ao r Distrito Policial, Edson Costa alegou que fazia um favor para o soldado Francisco Barbosa Camelo, que estava preso no Batalhão, por questão administrativa. Barbosa, que também foi preso, revelou ao delegado Hélio Talouis que tinha achado o cartão na rua e disse que não sabia que Iraníldo, o dono do cartão, fora assassinado.

Ele afirmou ter pedido a Edson que fizesse algumas compras e o colega foi ao caixa eletrônico que não soube operar, pedindo auxílio a uma pessoa que estava no local, por coincidência, primo de Iranildo. (...) Só que, na época do crime, Barbosa era menor de idade e por isso o advogado da família da vítima, José João Pereira, acredita haver alguma ligação entre ele e o menor D.S.C., então com 16, único envolvido capturado, que desde o ano passado, cumpre medida sócio-educativa, numa casa de recuperação, em Manaus.^^

Ocorre que o advogado José João Pereira, além de representar a família da vítima, também foi designado pela OAB/RR, ao lado da advogada Elena Natch Fortes, para acompanhar as investigações sobre o assassinato de Iranildo Saldanha.

Assim, as investigações para elucidação do crime, que estavam paralisadas por falta de pistas, foram retomadas a pedido dos dois representantes da Ordem.

Tudo graças ao primo de Iranildo que se encontrava na fila do caixa eletrônico do Banco Itaú.

OAB RORAIMA

Morre Hesmone GrangeiroO conselheiro federal da OAB, Hesmone Saraiva Grangeiro, que

por seis vezes foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, faleceu em Brasília no dia 10 de maio de 1996.

Causa da morte: parada cardíaca.Aquariano, nascido em Acopiara, Estado do Ceará, em 7 de fevereiro

de 1938, Hesmone Grangeiro faleceu aos 58 anos de idade. A notícia de sua morte repercutiu na capital roraimense, onde ele era uma referência na defesa dos direitos humanos e da democracia.

O jornal Folha de Boa Vista dedicou uma página inteira em sua hom enagem . Exaltou as qualidades do advogado, do professor universitário e do amigo que Hesmone representou na sua labuta diária ao longo de quase 23 anos em Roraima.

O ex-deputado estadual Otoniel Ferreira de Souza afinnou que era serventuário da Justiça na década de 70, quando Hesmone chegou em Roraima, como sargento do Exército. Acrescentou que a Justiça “perdeu um dos grandes advogados que militavam no Fórum de Boa Vista”. ^

Já para o ex-deputado federal C hagas D uarte , H esm one Grangeiro “era íntegro, profissionalmente correto e um dos advogados mais respeitados que conheci, não só pela postura, mas também pela com batividade. Sem dúvida que se abre uma lacuna, de difícil preenchimento, na advocacia roraimense” . ^

O então presidente do PSDB em Roraima, Getúlio Alberto de Souza Cruz, “lembra de Hesmone como um dos únicos homens em Roraima, ao lado de Paulo Coelho, que por convicção enfrentavam a luta pelos direitos humanos, pela cidadania e pelas causas das minorias”. ®

Getúlio Cruz, que desfrutou da amizade de Hesmone Grangeiro por mais de 10 anos, sem meias palavras dividiu com os leitores da Coluna Parabólica, sua admiração pelo amigo que acabava de partir.

Reproduzimos alguns trechos desse sentimento:

Estamos todos aqui da Folha de luto. É impossível começar a Parabólica de outra forma. Foi terrível, por volta das 4 da tarde de ontem, um telefonema de Salete (esposa de Hesmone), já prenunciava a tragédia. Pouco depois veio a confirmação: nosso amigo, advogado, companheiro e irmão, Hesmone, acabava de falecer em Brasília, vítima do coração. Deu vontade de largar tudo, sair por aí sem rumo para aliviar a dor. Veio em seguida, a decisão de repartir um pouco de tudo que sabemos da história, da retidão de caráter, do imenso coração e desapego

178

UM RESGATE HISTÓRICO

do amigo Hesmone. Os artistas dizem que o ‘show tem que continuar’. Nós, daqui da Folha, queremos dizer só um pouquinho da saudade e da imensa felicidade de tê-lo conhecido de perto. Poucos homens, neste Estado, foram tão grandes como Hesmone. E menos ainda foram tão injustiçados.

(...) Hesmone era de fato um ser raro. Com todo o relacionamento e prestígio que tinha, aqui, em Brasília e junto aos maiores juristas deste País, quando deixou a Presidência da OAB/RR, teve que começar de novo. Até reestruturar, o escritório, por anos relegado a segundo plano, Hesmone foi procurar emprego. Como era seu feitio, não foi bater a porta de qualquer político, padrinho ou autoridade. Mesmo daquelas que o bajulavam quando dirigente da OAB. Decidiu fazer um concurso público para professor da Universidade Federal de Roraima. Isto mesmo. Como se fora recém formado, já cinquentenário, foi sentar-se, com humildade e simplicidade, frente a uma banca examinadora. Foi desta forma que conseguiu o segundo emprego público na vida. O primeiro foi no Exército Brasileiro, de onde saiu como saigento, para dedicar-se a advocacia que ele tanto amou.

Para a família, além do exemplo, o único bem material que Hesmone deixou foi a casa onde moravam. Eis aí, outro traço da personalidade íntegra dele. Nos doze anos de Presidência da OAB/RR, Hesmone nunca utilizou-se do cargo para traficar influência que lhe propiciasse patrocinar causas envolvendo ganho pecuniário. Não tergiversava nestas questões de princípios. Usava a força da posição para lutar pelos direitos humanos, pela legalidade, pela democracia e na defesa da cidadania. Nunca tirou proveito pessoal do prestígio que desfrutava, aqui e lá fora, como dirigente emérito dos advogados roraimenses. Como dirigente da OAB/RR, nunca aceitava patrocínio de causas que lhe chegavam nesta condição. Pelo contrário, abraçava-as com amor e garra, quando eram justas, sem cobrar um níquel. Foi assim, por ocasião dos assassinatos de João Alencar e Paulo Coelho. Não foram, raras às vezes, como na prisão do motorista Severino (Rufino) ou na descoberta de cemitérios clandestinos, que Hesmone enfrentava os poderosos, sem medo e de peito aberto.

Mas não queremos falar apenas do advogado e homem público. (...) Acima de tudo, para os amigos, fica a sensação de que o mundo não é o lugar ideal para aqueles que, como Hesmone, caminham pela vida sem nunca se afastarem da amizade, do amor, do respeito ao ser humano, tudo, dentro de princípios éticos e morais inarredáveis. O mundo de Hesmone era este. Não importava se os outros procedessem ao contrário. O mundo de Hesmone era delimitado pela ética, pela lealdade, moralidade, legalidade e uma vontade inquebrantável para a prática do bem, virtudes raras, numa única pessoa.^^

Semana de Estudos JurídicosA Universidade Federal de Roraima realizou a V Semana de Altos

Estudos Jurídicos Hesmone Grangeiro, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, no período de 10 a 15 de junho de 1996.

179

OAB RORAIMA

O evento do curso de Direito, que aconteceu no auditório do Fórum Advogado Sobral Pinto, contou com a presença do presidente da Associação dos Defensores Públicos do Rio de Janeiro, Paulo Ramalho.

A presidente do Centro Acadêmico de Direito, Geilza Cavalcanti, explicou que o seminário também era uma homenagem ao ex-professor da UFRR, Hesmone Saraiva Grangeiro, falecido há um mês.

Geilza Cavalcanti rematou: “Em uma semana, com certeza, vamos ver e aprender coisas que em situação normal levaríamos muito tempo para com elas ter contato”. ®

Caixa de Assistência dos Advogados Uma importante realização da OAB Roraima, no comando de

Almiro Padilha, foi a criação da Caixa de Assistência dos Advogados de Roraima (CAARR). Uma antiga aspiração da categoria.

O fato ocorreu na reunião do Conselho do dia 5 de agosto de 1996.

O Senhor Presidente colocou para discussão a criação da Caixa de Assistência dos Advogados, por ser esta da exclusiva competência do Conselho nos termos do Art. 58, 11, da Lei n®. 8.906/94. Após amplos debates com a participação de diversos conselheiros, o Conselho concluiu pela sua criação, por decisão unânime dos conselheiros presentes, tendo o Senhor Presidente declarado criada a Caixa de Assistência dos Advogados inscritos nesta Seccional. Ato contínuo colocou-se em discussão a eleição de sua primeira diretoria, que ficou constituída da conselheira Maria Sandelane Moura - presidente; Dircinha Carreira Duarte - vice-presidente; José Fábio Martins da Silva - secretário; Artemilce Nogueira Montezuma - 2* secretária; Gesualda Silvana Drago - tesoureira.^'

De acordo com o Capítulo VI, do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, trata das Caixas de Assistência dos Advogados

Art. 123 - A assistência aos inscritos na OAB é definida no estatuto da Caixa e está condicionada à:

I - regularidade do pagamento, pelo inscrito, da anuidade á OAB;II - carência de um ano, após o deferimento da inscrição;III - disponibilidade de recursos da Caixa.

A posse da diretoria da Caixa de Assistência ocorreu em data posterior, após os trâmites formais de sua criação.

180

UM RESGATE HISTÓRICO

UFRR forma a primeira turma de DireitoA Universidade Federal de Roraima formou sua primeira turma

de bacharéis em Direito no dia 31 de agosto de 1996. A colação de grau aconteceu no Palácio da Cultura.

Para o vice-presidente da OAB/RR, Messias Gonçalves Garcia, o fato foi um marco histórico regional. Ele comentou ainda que os alunos da primeira turma podiam se considerar felizardos por terem tido como professores personalidades jurídicas de gabarito como juizes, promotores e desembargadores.

Entre os formandos, o mais novo da turma. Márcio Pereira de Melo, 21, entrou para o curso aos 17 anos de idade e traz, de berço, a luta pela justiça. Seu pai, Estácio Pereira de Melo, foi expoente da política local, tendo sido prefeito de Boa Vista em 1956, e por duas vezes presidente da Câmara de Vereadores. Márcio outorga a vitória da sua formatura ao seu pai, que por muitas vezes pleiteou a implantação do ensino superior em Roraima.^^

Dos 12 bacharéis recém formados, nove foram aprovados no Exame de Ordem da OAB. Entre eles. Márcio Pereira, que obteve a melhor nota na prova prática do exercício da atividade advocatícia.

Oportunamente, lembramos que o plenário da Câmara Municipal de Boa Vista chama-se “Plenário Estácio Pereira de Melo”. Uma homenagem do legislativo municipal aos serviços prestados pelo pai de Márcio.

OAB suspende 113 advogadosMuitos bacharéis de Direito que participaram da Diretoria da OAB

diziam que os advogados de Roraima tinham a cultura de não pagar, ou deixava atrasar por tempo indeterminado, suas anuidades estipuladas por lei.

Essas pendências deixavam a entidade classista em dificuldades financeiras para cumprir seus compromissos com funcionários, manutenção da sede, entre outras despesas e problemas gerados pela falta de caixa.

Justamente em função disso, no mês de setembro de 19%, “uma decisão da direção da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, deixou muita gente perplexa. O Diário do Poder Judiciário (DPJ) tomou público a suspensão de 113 dos poucos mais de 300 advogados inscritos”.^

Na época, o tesoureiro Paulo Marcelo Carneiro não quis entrar no mérito da deliberação da Diretoria da OAB/RR, mas declarou na imprensa que todos os advogados suspensos tinham alguma pendência com a entidade.

181

OAB RORAIMA

A decisão inédita chocou e causou rebuliço no meio jurídico, pois os advogados suspensos ficaram impedidos de exercerem a profissão dentro da legalidade. E, consequentemente, impedidos de fazerem qualquer encaminhamento junto ao Fórum de Boa Vista, ou em qualquer outra repartição pública ou privada, em favor de seus clientes.

A decisão do Conselho Seccional da OAB Roraima causou revolta nos advogados devedores, que se sentiram expostos ao ridículo.

Transcrevemos o EditaP^ publicado no Diário do Poder Judiciário.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

EDITAL

O Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Roraima, comunica ao Poder Judiciário em todo território nacional, aos demais Conselhos Seccionais do País, e aos interessados que, com fundamento nos artigos 34, XXIII e 37, I da Lei n“. 8.906, de 4 de julho de 1994, estão suspensos do exercício profissional os seguintes advogados com inscrição principal, suplementar, ou por transferência nesta Seccional:

(nomes dos 113 advogados, apresentados em duas colunas)De conformidade com o parágrafo 2® do artigo 37, da referida Lei, a

suspensão perdura até o cumprimento integral das obrigações legais. Registre- se nos assentamentos dos advogados esta sanção disciplinar.

Publique-se.

Boa Vista (RR), 18 de setembro de 1996.A Diretoria

Morte dos bebês no Berçário do HMI A OAB/RR sempre foi incansável na defesa dos direitos humanos

do cidadão, independente da sua condição social.Assim sendo, a Ordem falou também em nome das famílias dos

bebês mortos com infecção hospitalar no Berçário do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré, ocorrido em 1996.

o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ednaldo do Nascimento Silva, encaminhou uma Nota de Repúdio ao governador Neudo Campos protestando contra a "postura pouco sensível do governo do Estado” com relação as mortes no Berçário do HMI.

182

UM RESGATE HISTÓRICO

Ednaldo Silva disse que em nenhum momento o Estado demonstrou preocupação com o drama dos pais que perderam os filhos recém-nascidos. “Diante disso nos sentim os no dever de recom endar ao governador algumas medidas de caráter imediato para am enizar esse vergonhoso acontecimento”, justificou.^^

A CDH recom endou ao governador um elenco de ações imediatas compostas de 14 itens. Uma delas era a exoneração do secretário de Saúde, Sérgio Pillon, e a nomeação de um secretário com formação acadêmica na área de saúde.

Outra ação dizia respeito a recisão imediata do contrato com a Empresa Lucel, responsável pela limpeza do hospital.

A Comissão recomendou também a realização de concurso público para resolver o problema da falta de profissionais qualificados na Saúde.

Por sua vez, o representante judicial da União, Wilson Ferreira Précoma, pediu da Funai cópia dos atestados de óbito dos 21 bebês indígenas mortos no referido hospital entre os meses de setembro a novembro.

O advogado Wilson Précoma pretendia pedir a Procuradoria da República em Roraima a transferência das investigações sobres as mortes das crianças indígenas para a Justiça Federal.

Précoma também declarou que iria solicitar que a investigação de todas as mortes no Berçário do HMI fosse realizada pelo Ministério Público Federal. Segundo ele, a Justiça Federal teria mais imparcialidade para apurar o caso e responsabilizar os culpados.

Na condição de membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Wilson Précoma vai aproveitar a reunião do Conselho Federal da Ordem dos Advogados, a ser realizada amanhã, para pedir providências da OAB quanto ao caso. Ele deverá solicitar ofícialmente ao presidente nacional da OAB que a instituição peça à Procuradoria Geral da República intervenção no Estado. “O caso é grave, trata-se de um infanticídio e devemos cobrar punição para os responsáveis por esta situação”, comentou.^’

Sessão de desagravo a Elena Fortes O Conselho Federal da OAB realizou uma sessão de desagravo

em solidariedade a conselheira federal Elena Natch Fortes publicamente agredida por alguns deputados estaduais de Roraima.

A sessão solene presidida pelo presidente nacional da OAB,

183

OAB RORAIMA

Emando Uchoa Lima, aconteceu no auditório do Fórum Advogado Sobral Pinto, na noite de 7 de novembro de 1996.

Elena Fortes foi atacada na Assembléia Legislativa ao criticar os deputados por apoiar os desmandos do governo estadual em função da situação precária em que se encontrava a Secretaria de Segurança Pública no episódio da Chacina do Pintolândia.

Na mesma ocasião, a advogada denunciou também a suposta cumplicidade de alguns deputados no desvio, superfaturamento e uso indevido de verbas da Secretaria de Educação na construção de uma fonte luminosa no Parque Anauá.

Mesmo não tendo generalizado suas declarações ou citado nome de algum parlamentar, a advogada foi duramente ofendida na sessão do dia 5 de junho passado. Na ocasião foi chamada de imbecil, idiota, débil mental, incompetente, invejosa, frustrada, psicopata e louca, entre outros adjetivos.^*

O presidente do Conselho Federal da OAB, Emando Uchoa Lima, lamentou que as ofensas aos advogados, no exercício da profissão, tenham se tomado comuns em Roraima.

Com relação à desagravada, o presidente destacou que a advogada é merecedora da solidariedade, respeito e admiração da sociedade. Disse que as denúncias feitas por ela e que culminaram na ofensa à sua pessoa, é dever do advogado enquanto defensor dos direitos humanos e da liberdade das pessoas.

(...) Para Uchoa, a forma infame como Elena Fortes foi ofendida por deputados estaduais roraimenses é uma afronta direta a dignidade humana e às leis. Diz que o Estado e seus representantes têm dever de respeitar esses ditames. “As autoridades que deveríam proteger as pessoas, são as primeiras a entrarem na violência”, afirmou.’’

Emando Uchoa mostrou-se preocupado também com a morosidade da Justiça em julgar os responsáveis pela morte do advogado Paulo Coelho.

O massacre de Eldorado dos CarajásRegião Norte, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste. Virulenta e

impiedosamente, a violência campeava em todos os quadrantes do País.Isso forçou o governo federal a lançar um plano nacional de

combate a criminalidade em defesa dos direitos humanos.

184

UM RESGATE HISTÓRICO

O lançamento do Plano Nacional dos Direitos Humanos, em maio passado, não foi capaz de conter as “graves violações” dos direitos humanos no Brasil em 1996.

Esta é a principal conclusão do Relatório Global da Human Rights Watch, organização não-govemamental norte-americana que pesquisa a situação dos direitos humanos no mundo. O relatório identifica um “forte contraste” entre os objetivos do Plano Nacional de Direitos Humanos e diversos fatos ocorridos no Pais ao longo do ano.^

D entre os abusos contra os d ire itos hum anos o relatório destacou o massacre dos sem -terra no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Estado do Pará em abril de 1996, quando 19 agricultores foram mortos pela Polícia Militar.

Um fato de repercussão internacional.

O relatório afirma ainda que a violência policial cresceu nas maiores cidades brasileiras, “em particular as execuções sumárias e os assassinatos injustificados”. Nesse ponto, o documento destaca dois fatos.

Primeiro, no Rio de Janeiro: o aumento em quase seis vezes o número de civis mortos pela Polícia Militar depois que o general Nilton Cerqueira assumiu a Secretaria de Segurança Pública, em 1995.

O outro foi no Rio Grande do Norte: a manutenção do secretário- adjunto de Segurança Pública, Maurílio Medeiros, “apesar das provas contundentes de que supervisiona um grupo de extermínio composto principalmente por policiais civis” . '

Roraima, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte...Aqui, ali e acolá a Ordem dos Advogados do Brasil, de Constituição

em punho, travava um combate interminável contra a violação dos direitos humanos, numa busca incansável pela justiça social.

Dia Internacional dos Direitos Humanos10 de dezembro de 1996.OAB Roraima celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos,

na Assembléia Legislativa, com a participação de deputados, vereadores, juizes, advogados e autoridades diversas. Na ocasião foram feitas duras críticas contra a Segurança Pública do Estado.

O presidente da OAB/RR condenou as torturas e agressões praticadas por agentes policiais do Estado contra a população.

185

OAB RORAIMA

Vítima da violência de policiais civis, Padilha chamou o secretário de Segurança, Manoel Lima, de inoperante, incompetente e sem conhecimento sobre o aparato policial.

O presidente da OAB pediu que o governador Neudo Campos nomeie para a pasta “alguém que more em Roraima, comprometido com a realidade local e conheça pelo menos o aparato policial sob seu comando”.

Segundo Almiro Padilha, foram feitas denúncias de práticas de tortura contra 50 policiais civis pelo Ministério Público Estadual (MPE), mas até agora nenhum dos denunciados foi afastado de suas funções. Para ele, a questão das torturas só será amenizada com a demissão de pelo menos 15 policiais. “Na Polícia Militar, assim como na Polícia Civil, existe essa podridão”, polemizou. “Os direitos humanos só serão respeitados quando os menos favorecidos deixarem de ser esquecidos”.**

Durante seu pronunciamento, o presidente Almiro Padilha citou a agressão aos direitos humanos sofrida pelo casal Ulisses José Ribamar Dantas e Edilamar Garcia Caliri, que foram torturados “por agentes civis enc^uzados para confessarem o roubo de vales transportes da Secretaria de Saúde”.**

Almiro concluiu: “Com tortura, a polícia sempre vai tirar a confissão de inocentes”, frisou. “Aí não há macho que resista e confessa até que matou a própria mãe”. Ao final de seu discurso, pediu desculpas por ter usado “expressões mais ásperas” para denunciar a tortura policial.****

Por sua vez, o presidente da CDH da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento Silva, fez um retrospecto das agressões praticadas no mundo inteiro contra os direitos humanos.

Em Roraima ele destacou como atentado contra a vida a morte dos bebês no Hospital Materno Infentil Nossa Senhora de Nazaré, as invasões das terras indígenas, a 61ta de uma política de anparo aos colonos e prisões ilegais.

Denunciou, também, o sistema penitenciário estadual abandonado e completamente desaparelhado. Exemplificou que na Penitenciária Agrícola Monte Cristo não existia sequer uma horta para os presidiários trabalharem.

Encerrando a comemoração, no final da tarde a Comissão de Direitos Humanos organizou um ato público com participação de advogados, sindicalistas, movimentos religiosos e estudantis, partidos de esquerda, entre outras lideranças.

Eles se reuniram em fiente ao Anfiteatro Luiz Canará, no centro histórico de Boa Vista, e saíram em passeata até a Tribuna Popular Hesmone Grangeiro, na Praça do Centro Cívico, em fiente a Assembléia Legislativa.

186

UM RESGATE HISTÓRICO

Do alto da tribuna, os participantes do ato público voltaram a criticar a violência policial, a falta de garantia dos direitos básicos do cidadão e a morte dos bebês no Hospital Materno Infantil.

No início da noite foi celebrado um culto ecumênico com a participação da Igreja Católica e das igrejas evangélicas.

OAB/RR inaugura auditório21 de março de 1997.Inauguração do Auditório Advogado Hesmone Saraiva Grangeiro.Almiro Padilha fez uma homenagem póstuma a Hesmone Grangeiro

dando seu nome ao auditório da Casa do Advogado em Roraima.Na placa de inauguração, fixada na entrada do auditório, consta

também o nome da diretoria do Conselho Seccional:

Presidente: Almiro José Mello PadilhaVice-presidente: Messias Gonçalves GarciaSecretário Geral: Geraldo João da SilvaSecretário Geral Adjunto: Silvino Lopes da SilvaTesoureiro: Paulo Marcelo A. Albuquerque Carneiro

Na solenidade de inauguração do auditório, Hesmone Grangeiro, eleito presidente da OAB/RR por seis vezes, foi lembrado mais uma vez como um referencial na defesa dos direitos humanos na Terra de Makunaima.

Assassinato do auditor da Receita FederalO delegado em exercício da Receita Federal, Nestor Mendonça

Leal, 34 anos, foi assassinado com cinco tiros a queima roupa, no centro de Boa Vista, no final da tarde do dia 14 de fevereiro de 1997.

Acompanhado da mulher, Nestor parou o carro em frente a sua casa e desceu para abrir o portão. Na volta, ao entrar no carro, foi surpreendido pelos disparos. Depois de acertar o alvo na primeira vez, o assassino continuou com o revólver apontado para a vitima, quando fez mais três ou quatro disparos, segundo depoimento de vizinhos.**^

Nestor Leal, que desempenhava a função de auditor fiscal da Receita Federal, era tido como fimcionário sério, cumpridor de suas obrigações e legalista. Especulava-se que ele morreu porque era “honesto”.

187

OAB RORAIMA

Diante dessa hipótese, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento Silva, comentou:

“Se o crime foi praticado por causa da vítima ser legalista, isso não é novidade no Brasil”. (...) Ele explicou sua afirmação, lembrando que há algum tempo um procurador da República, em Pernambuco, foi assassinado em face de apurar o chamado “escândalo da mandioca”.**®

A CDH passou a acompanhar o Caso Nestor Leal, investigado pelas Polícias Civil e Federal.

OAB/RR volta a cob rar débitos em público Apesar da suspensão de mais de cem advogados em setembro de 1996,

por falta de pagamento de suas obrigações regimentais com a OAB/RR, muitos profissionais inscritos continuavam inadimplentes no ano seguinte.

Foi então que a Casa do Advogado resolveu, inicialmente, a cobrança do débito de seus associados, através de uma Convocatória publicada na primeira página dos jornais.

Se isso não surtisse efeito, seria tomada outras atitudes.Eis a Convocatória,'’ na íntegra:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

CONVOCAÇÃO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, vem, ao longo desta administração (Gestão OAB/Livre), implantando uma série de reformas e aquisições de equipamentos necessários ao desempenho de suas funções.

Para tanto torna-se indispensável a contribuição dos advogados roraimenses, através do pronto pagamentos de suas anuidades.

Somos uma Entidade independente de qualquer poder constituído. Não recebemos nenhuma contribuição, nem mesmo percentual sobre custas judiciárias que a maioria das demais Seccionais recebem.

Assim convoca todos os advogados inadimplentes a regularizarem os débitos com a Tesouraria, no prazo de 30 dias.

Boa Vista (RR), 26 de junho de 1997.Almiro Mello PadilhaPresidente da OAB/RRJaildo Peixoto da Silva

Vice-presidente da OAB/RR

188

UM RESGATE HISTÓRICO

Paulo Marcelo Albuquerque Tesoureiro da OAB/RR Geraldo João da Silva

Secretário Geral da OAB/RR Silvino Lopes da Silva

Secretário Geral Adjunto da OAB/RR

Projeto Rumo à CidadaniaNo dia 10 de dezembro de 1948 foi escrita, nos Estados Unidos, a

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma iniciativa histórica, e acatada por todos os povos, na defesa dos direitos primários do ser humano.

Em 1997, como preparação para comemoração do 50® aniversário da Declaração Universal no ano seguinte, personalidades do mundo inteiro se mobilizaram para participar da 1* Conferência Internacional dos Direitos Humanos. Ela foÍ promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no Centro de Convenções de Brasília, no período de 14 a 17 de setembro.

Em Roraima, o presidente da CDH da OAB Roraima, Ednaldo do Nascimento, criou o Projeto Rumo à Cidadania, em comemoração ao meio século de existência da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Dez membros da CDH foram envolvidos no projeto, realizando palestras e debates em várias escolas da capital roraimense, com o objetivo de conscientizar a população, através da classe estudantil, sobre seus direitos e deveres constitucionais.

Criado por causa da preocupação da Comissão de Direitos Humanos quanto ao elevado índice de violência no Estado, com violações constantes aos direitos humanos, o projeto deverá atingir a maior camada possível da população, principalmente os mais carentes, desconhecedores dos seus direitos e deveres.

O início do projeto também serve como estudo para a Comissão saber em que nível deverá ser elaborada a cartilha informativa sobre direitos humanos e cidadania, a ser distribuída à população/^

Além do mais, o conselheiro Ednaldo do Nascimento, tal como Pitágoras, sabia que se educassem as crianças, não seria necessário castigar os homens.

Diz o ditado popular: “É mais fácil educar uma criança do que consertar um adulto”.

189

OAB RORAIMA

Ordem declara guerra à violênciaEm julho de 1997, a OAB declarou guerra à violência contra os

direitos humanos e ao exercício da cidadania. A ousada iniciativa aconteceu através de palestras nas escolas e apelos na imprensa.

O presidente da Ordem, numa entrevista na imprensa no dia 11 de julho, disse que o governo do Estado estava indiferente ao fato. A Secretaria de Segurança Pública não agia e, pior de tudo, a sociedade estava apática, assistindo a tudo calada.

Ele também não poupa os deputados estaduais. “A OAB tenta, tenta, tenta, mas não há reflexos na sociedade. Nem mesmo os deputados, que são eleitos para representar os interesses da população, se mobilizam”.

A crítica do advogado à Assembléia Legislativa tem uma razão de ser. Até hoje não foi votada a Lei Oigânica da Defensoria Pública. “O projeto sequer foi encaminhado pelo governo, e não se vê nenhuma manifestação neste sentido por parte dos deputados”. ’

Almiro Padilha voltou a criticar o governo do Estado pela violência policial generalizada e pela não realização de concurso público para contratação de policiais civis e militares.

Para ele a polícia em Roraima estava em degradação. Ele exemplificou que em 1989 a Polícia Militar tinha um efetivo de 1.300 homens e em 1997 eram apenas mil policiais, sendo que a população e os problemas dobraram nesse período.

O advogado comentou que diante da impotência da OAB para resolver a questão, a entidade tentava combater a apatia dos cidadãos boa-vistenses pela raiz. Por isso a CDH realizava palestras sobre direitos humanos e liberdades individuais dos cidadãos nas escolas, mobilizando professores e alunos na busca da paz.

2“ Semana dos Advogados Roraimenses A OAB/RR promoveu a 2“ Semana dos Advogados Roraimenses,

no período de 24 a 26 de setembro de 1997, no auditório da Justiça Federal.Direcionado à comunidade em geral, o ciclo de palestras e debates

tratou de quatros temas discutidos em todo Brasil: Reforma do Sistema Judiciário, Unificação das Polícias Civil e Militar, Direitos Humanos da Mulher e da Criança e Reformas Constitucionais.

‘“Nosso Estado é muito distante geograficamente, do resto do

190

UM RESGATE HISTÓRICO

País. Esse fator dificulta que profissionais saiam daqui para reciclagens sobre assuntos específicos’, lamentou Padilha, afirmando que o ciclo de palestras é uma oportunidade desses conhecimentos”. ®

Dia 24. A abertura do ciclo de palestras foi feita pelo secretário geral do Conselho Federal da OAB, Reginaldo Oscar de Castro, que discorreu sobre o tema: Reforma do Poder Judiciário.

Reginaldo de Castro afirmou que o Sistema Judiciário estava vinculado a uma realidade ultrapassada. E acrescentou: “Isso precisa mudar. O Poder Judiciário deve estar mais próximo do povo”. '

Destacou também que um dos problemas crônicos do Judiciário é a falta de juizes, com solução a longo prazo.

“Essa questão é difícil de ser solucionada, uma vez que o problema todo está na base, que é a educação. O fato é que nós não temos no País, número suficiente de pessoas com capacidade para ocupar um cargo de juiz, os profissionais que saem todos os anos das universidades brasileiras deixam muito a desejar. A solução para essa questão só pode ser conseguida a longo prazo, com a reestruturação do ensino brasileiro”, justificou. (Idem)^^

Depois de falar da necessidade de encontrar uma solução para a morosidade do Judiciário, que gerava um conflito social, pela insatisfeção aos serviços oferecidos, Reginaldo de Castro fez uma observação interessante: “Muitos dos nossos processos são referentes ao governo, que utiliza o Judiciário para não cumprir suas obrigações e congestiona os tribunais”. ^

Encerramos o registro da 2“ Semana dos Advogados Roraimenses com uma fi-ase do presidente da OAB Roraima durante o evento: “Uma justiça lenta é, na verdade, uma injustiça”.^

Sugestões para mudanças no Sistema PolicialPoucos dias depois dos debates promovidos na 2* Semana dos

Advogados, a OAB/RR em conjunto do a Pastoral Carcerária, da Diocese de Roraima, encaminhou ao governador Neudo Campos uma proposta de mudança no Sistema Policial do Estado.

Um dos itens sugeridos foi a extinção da Secretaria de Segurança Pública, considerada uma repartição pública inoperante e ineficiente no combate a população delituosa e de conduta anti-social. No seu lugar seria criada a Secretaria de Justiça e Cidadania.

Almiro Padilha comentou que,

OAB RORAIMA

A completa reformulação do sistema em nível de Estado depende da aprovação da reformulação do Sistema Policial Brasileiro pelo Congresso Nacional. Mas há como adotar medidas para melhorar a Segurança Pública no Estado (...), como a criação de uma Ouvidoria da Polícia. Esse óigâo seria “o canal de comunicação entre polícia e o povo”.®’

Outro item da proposta, dizia respeito a unificação das Polícias Civil e Militar, com a extinção da Polícia Militar. O assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Nelson Barbosa, falou sobre o assunto.

Para substituir o atual Sistema, seria criada a Polícia Civil, como órgão máximo e único da atividade policial nas unidades da federação. Neste caso (...) seria eliminada completamente a Polícia Militar, com a transformação dos quartéis em delegacias, cadeias e postos policiais. A Polícia Civil passaria a compor, hierarquicamente, a jurisdição das Secretarias de Justiça dos Estados, subordinadas somente administrativamente. A gerência operacional ficaria atrelada ao Ministério Público Estadual.

Em nível estadual seria criado o Conselho Estadual de Segurança Pública, órgão coletivo, de caráter consultivo, vinculado a Secretaria de Justiça e Cidadania. Competiría a este Conselho elaborar, aplicar e fiscalizar a Política Estadual de Segurança Pública.’®

O advogado Nelson Barbosa enfatizou que Roraima não tinha coisas simples como a Academia de Polícia, Ouvidoria Geral de Polícia e Disk- denúncia. Essa lacuna dificultava a implantação da justiça para todos.

O documento elaborado pela OAB e Pastoral Carcerária possui sugestões nas três esferas: federal, regional e local, mas Barbosa afirmou que o enfoque deve ser as alterações na constituição estadual. “Há algumas alterações que podem ser feitas antes da aprovação federal, como por exemplo a extinção da Secretaria de Segurança Pública e criação da SecretMia de Justiça e Cidadania e a criação de uma Academia de Polícia”, argumentou. Depende apenas (...) de vontade política.”

Ednaldo vence Bríglia nas urnas

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Roraima, Ednaldo do Nascimento, venceu as eleições e vai ocupar a Presidência da Ordem no triênio 1998/2000.

Foi uma disputa acirrada, tendo como adversário o advogado Paulo Sérgio Bríglia. Contudo, o resultado do trabalho prestado por Ednaldo à

192

UM RESGATE HISTÓRICO

sociedade na CDH fez dele o vencedor nas umas. Além do mais, ele contou com o apoio de Almiro Padilha.

Ednaldo do Nascimento Silva disse que sua ideia agora é dar continuidade ao trabalho iniciado pela atual diretoria. “De imediato, vamos continuar dando apoio à Caixa de Assistência, além de criar o Escritório Modelo para advogados iniciantes”, afirmou.^*

TEXTO & CONT EXTO

=> Dia 3/02/1995 — Fundação da Comissão Pastoral da Terra em Roraima (CPT), fruto de uma assembléia com representantes da Igreja Católica e Igreja Luterana do Brasil, ocorrida na Casa Paulo 6®. O primeiro coordenador foi Ralp Weíssenstein.

=> Dia 18/08/1995 — Inauguração do Monumento aos Pioneiros de Boa Vista, na rua Floriano Peixoto, em frente ao rio Branco. Obra esculpida pelo artista plástico roraimense, Luiz Canará. Administração Tereza Jucá.

Dia 17/10/1995 — Através de leis aprovadas pela Assembléia Legislativa e sancionadas pelo governador Neudo Ribeiro Campos, foram criados mais cinco municípios no Estado de Roraima: Lei n® 096 - Pacaraima; Lei n® 097 - Amajarí; Lei n° 098 - Uiramutã; Leí n® 099 - Cantá; Lei n® 100 - Rorainópolis.

=» Dia 28/12/1995 — O jornal Folha de Boa Vista divulgou o lançamento do livro Boi-Bumbá -festas, andanças, luz e pajelanças, de autoria de Simâo Assayag. A obra veio encartada com o CD Toadas e Versos do Boi-Bumbá de Parintins, de Arlindo Júnior e do Grupo Canto da Mata. O Festival Folclórico do Boi-Bumbá de Parintins acontece anualmente nos dias 28,29 e 30 de junho.

=> Dia 29/01/1996 — A P Brigada de Infantaria de Selva completou 50 anos. Criada em 29 de janeiro de 1946, no Rio de Janeiro, como P Brigada de Infantaria Motorizada, ela foi transferida em 1993 para Boa Vsta, quando passou a chamar-se P Brigada de Infantaria de Selva.

=> Dia 2/03/1996 — Fim da meteórica carreira do grupo de rock Mamonas Assassinas, nascido em Guarulhos (SP). O avião que transportava os integrantes do grupo chocou-se contra a Serra da Cantaneira em São Paulo. Alecsander Alves, 25, o Dinho, era o líder e vocalista da banda.

=> Agosto/1996— Inauguração da Tribuna Popular Hesmone Grangeiro, na Praça do Centro Cívico, em frente a Assembléia Legislativa do Estado de Roraima. Uma obra da Prefeitura Municipal de Boa Vsta, construída na Administração Teresa Jucá.

=> Dia 15/09/1996 — O bispo Dom José Aparecido Dias, substituiu o bispo Dom Aldo Mongiano no comando da Diocese de Roraima.

=> Dia 30/11/1996— A prefeita Teresa Jucá lançou na Catedral do Cristo Redentor o CD “Amigos para Sempre”, gravado pelo Coral Canarinhos da Amazônia, mantido pela Prefeitura Municipal de Boa Vsta. O CD reuniu 13 músicas eruditas e populares e homenageou dois grandes compositores brasileiros; Tom Jobim e Vnícius de Moraes.

193

OAB RORAIMA

=> Dia 20/04/1997 — No Dia do índio, cinco garotos de classe média queimaram vivo o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, enquanto dormia num ponto de ônibus em Brasília. “Foi brincadeira, pensamos que fosse um mendigo”, alegaram os assassinos. O crime chocou e revoltou a sociedade brasileira.

z=> Dia 2/05/1997 — Faleceu o educador brasileiro Paulo Freire, natural de Recife (PE). Ele ficou intemacionalmente conhecido pelo seu método de alfabetização de adultos, que além de ensinar a ler, desenvolve uma visão crítica da sociedade. Ver “Método Paulo Freire”.

=> Dia 3/06/1997 — Fundação do jornal diário Brasil Norte, na Ville Roy, n®. 3990, no bairro Aparecida.

=> Dia 31 /08/1997 — Morre a princesa Diana, 36 anos, da Corte da Inglatera, vítima de um acidente automobilístico em Paris, na França.

NONO CONSELHO SECCIONAL Referências & A n o ta ç õ e s

' Ata da Assembléia Geral Ordinária do dia l®/fevereiro/1995; Livro de Presença de reuniões da OAB/RR, ano 1984/1995, p. 190. Arquivo da OAB/RR. Justiça manda prender oficiais da PM acusados de formar grupos de extermínio.

Folha de Boa Vista. Boa Vista, 9/fevereiro/1995. (p. 16)’ Idem.** Policiais agridem o presidente da OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/ abril/1995, (p. 5)® Desagravo/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 27/abril/1995. (p. 3)® Nota/Sinpol. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/abril/I995. (p. 15)’ Nota Oficial. OAB/SP condena escalada de violência. O Diário. Boa Vista, 29 e 30/abril e l®/maio/1995. Arquivo da OAB/RR.* Onde chegaremos?/Diretório Central dos Estudantes. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 29 e 30/abril e r/maio/1995, (p. 15)’ Nota/Sinter. O Diário. Boa Vista, 3/maio/1995. Arquivo da OAB/RR.

Conselho da OAB critica a violência. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/junho/ 1995. (p. 5)" Pablo Sérgio. Profissão-Perigo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 26/abril/l 995.(p. 2)

José Ribamar Bessa Freire. Os índios, o bispo e os canibais. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 27/abril/1995. (p. 2)” Conselho da OAB é favorável ao curso de Direito da UFRR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4/maio/I995. (p. 7)

Idem.” Ibidem.

194

UM RESGATE HISTÓRICO

'® CIR aciona a OEA para punir culpados pela morte de índio. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 31/agosto/!995. (p. 3)' Agente confessa assassinato de índio. Diário de Roraima. Boa Vista, 17/ novembro/1993, (p. \0) Acervo do Laboratório de Análise Documental (LAD) do Departamento de História da UFRR.

Policial executa preso dentro da Segup. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3/ outubro/1995, (p. 1)” Preso é executado com 3 tiros no DP. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3/outubro/ 1995. (p. 16)

Nota/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3/outubro/l 995. (p. 1)Execução abalou sociedade roraimense. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4/

outubro/1995, (p. 5)Irmãs de Noca sofrem atentado à bala. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/

outubro/1995, (p. 16)^ Policial assassino pega 15 anos. Roraima Hoje. Boa Vista, 19/maio/1995. (p.14) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).

Hesmone Grangeiro. Desemprego e fome. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2, 3 e 4/dezembro/1995. (p. 2)

Soldados presos podem ser úteis a elucidação de crime. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/dezembro/l995. (p. 16)“ Hesmone Grangeiro morre aos 57 anos em Brasília. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11,12 e 13/maio/1996. (p. 3) O repórter se equivocou quanto a idade de Hesmone. Ele nasceu em 1938 e faleceu em 1996, portanto morreu aos 58 anos.

Idem.Ibidem.Parabólica. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11, 12 e 13/maÍo/1996. (p. 3)UFRR realiza Semana de Estudos Jurídicos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/

junho/1996, (p. 15)” Ata da reunião do Conselho Seccional, do dia 5/agosto/1996. Assinada pelo presidente da Casa, Almiro Melo Padilha e pelo secretário geral Geraldo João da Silva. Arquivo da OAB/RR.” Fides Angélica de C.V Ommati & Luiz Carlos Maroclo (orgs.). Estatuto da Advocacia e da OAB e legislação complementar. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2004. (pp. 104 e 105)” Universidade forma 1® turma de Direito. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4/ setembro/1996, (p. 15)

OAB suspende quase metade dos advogados de Roraima. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21, 22 e 24/setembro/1996. (p. 3)” Edital/OAB/RR, Diário do Poder Judiciário. Boa \^sta, 20/setembro/l 996. (p. \2) Arquivo da OAB/RR.

195

OAB RORAIMA

OAB/RR repudia ação do governo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/novembro/ 1996. (p. 15)” Advogado da União quer MPF no caso. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/ novembro/1996. (p. 15)" OAB promove sessão de desagravo a Elena. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 7/ novembro/1996, (p. 15)” OAB critica desestruturação da Justiça. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/ novembro/1996, (p. 14)^ Direitos humanos: Relatório destaca massacre no PA. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/dezembro/1996. (p. 17)■*‘ Idem.

Presidente da OAB critica segurança. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/ dezembro/1996- (p. 5)*” Idem.^ Ibidem.**’ Crime encomendado: Delegado da Receita tem morte cerebral após receber cinco tiros. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 15,16 e 17/fevereiro/1997. (p. 1)**® Atentado contra auditor: Vítima resiste remoção até Vitória. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/fevereiro/1997. (p. 18)

Convocação/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, l®/julho/l997. (p. 1)CDH começa a executar o Projeto Rumo à Cidadania. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 1 O/julho/1997, (p. 12)Sociedade apática: Para OAB, falta mobilização contra violência em Roraima.

Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12 e I3/juIho/1997. (p. 3)” Inicia hoje ciclo de palestras da OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/ setembro/1997. (p. 6)®' Advogado prega reforma do Judiciário. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/ setembro/1997, (p. 6)

Idem.” Ibidem.®** Ibidem.

OAB encaminha propostas de mudança no Sistema Policial. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/novembro/1997. (p. 5)

Idem.” Pastoral Carcerária espera mudanças. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 26/ novembro/1997, (p. 6)

Ednaldo diz que meta é continuar trabalho. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/ novembro/1997, (p. 3)

196

UM RESGATE HISTÓRICO

OAB realizará hoje desagravo a Padilha

o Conselho Federal da Ordem doe Advogados do Brasil (OAB), realiza hoje, no Fórum Sobral Pinto, a partir das 17h uma seeeão solene de desagravo público em repúdio a agreesAo em que foi vítima o presidente da OAB/RR, Almiro Padilha. O fato ocorreu, em abril passado, por policiais d vis, quando o ad­vogado se encontrava no exrci- cio da funçAo.

Na solenidade de desagra­vo, estar&o presentes autorida­des públicas, e e ta d u ^ fede­rais, membros da justiça local e de instituições da sociedade ci­vil. Também será feita uma análise conjuntural da Institui- cionalizaçáo do estado.

Da solenidade, participará a diretoria e o presidente do Conselho Federal da OAB, Er- nando Uchõa Lima. Um advo­gado crimínalista, de 62 anos de idade, que foi senador da Repú­blica e desafiou as lideranças de seu partido (a wttinta Arena) por discordar do regime militar.

O presidente e a diretoria da OAB, chegaram na madru­gada de bqje à Roraima. Na parte da manha, eles se reúnem na sede da O ^/R R , mas no restante do dia, cumprem ex­tensa agenda envolvendo visi­tas, audiências públicas, ocoaáo

No protocolo, foi agendada uma audiência às lOh com o procurador geral de justiça,

Carlos Fiss. As U h com o pte- ádente do TJR, desembargador Carios Henriquee. Às 14 hora^ com o presidente da Assemble Legislativa, Almir Sá e às 16b30, com o governador Neu­do Campos. Além disso, há um jantar de confratemiuçáo, mart-ado para as 20h30 no saláo nobre do hotel Aipana Plaza, segundo informações prestadas ontem pela asseesoria do even­to.

Avaliação

Ouvido pela reportagem da Ptriba, o presidente da OAB/RR, Almiro Padilha, fez uma avrdlaçáo da agressáo que foi víüma nas dependências da Secretaria de Segurança Públi­ca do estado. Ele atrU)UÍu o (ato ao refelzo da situação em que ee encontra hoje a segurança pú­blica no estado: “despreparada e sem pesooal com requisitos necessários para desenvolver asações de polícia". 4

Ele diz que a falta da con­curso púUico nos diversos ní­veis, as nomeações por apadii- nhaínento político e de pessoal desqualificado para os quadros da policia, vem provocando um desmando no estado. "Enquan­to não for realizado concurso público conforme o preconizada na constituição estadual, isso nén deixará de aconteosr", avi-

Emando Uchôa, presidente do Conselho Federal da OAB

Folha de Boa Vista, 20/junho/l 995

197

5.10.DÉCIMO CONSELHO (1998 - 2000)

Diretoria do Conselho Seccional' Ednaldo do Nascimento Silva (pres.) Messias Gonçalves Garcia (vice)Cleusa Lúcia de Souza Lima (see. geral) Silvino Lopes da Silva (see. adjunto) Jorge da Silva Fraxe (tes.)

Conselheiros Seccionais Agamenon Alcântara Moreno Antonia Cardoso dos Santos Antônio Ferreira Anunciação Neto Arquimedes Eloy de Lima Francisco de Assis Guimarães Almeida Geralda Cardoso de Assunção Geraldo João da Silva Hélio Abozaglo Elias José Jeronimo Figueiredo da Silva Luiz Ritler Brito de Lucena Manoel Norberto Maria de Nazaré Reis Barbosa Maria Eliane Marques de Oliveira Maria Francelina de Souza Alves Maria Gleyde Martins da Costa Roberto Guedes Amorim

UM RESGATE HISTÓRICO

Ronaldo Barroso NogueiraSuely AlmeidaVilmar Francisco Maciel

Conselheiros Federais Antonieta Magalhães Aguiar Elena Natch Fortes Helder Figueiredo Pereira

1 Eleição: 27 de novembro de 1997Mandato: lVjaneiro/1998 a 31/dezembro/2000 (triênio)

EDNALDO DO NASCIMENTO SILVA

Fevereiro de 1998.A Com issão de D ireitos Humanos da OAB denunciou a

x lP re fe i tu ra de Boa Vista ao Ministério Público Estadual e a Delegacia Regional do Trabalho. Objetivo: chamar a atenção para a situação dos garis, com o salário atrasado desde dezembro do ano anterior.

Os trabalhadores estão catando restos de alimentos para comer porque não recebem salários desde dezembro de 1997. Eles também trabalham sem nenhum equipamento e estão expostos a um altíssimo grau de contaminação, inclusive um deles está doente e foi internado no Hospital Coronel Mota.^

Os advogados Silvino Lopes, Alice Marrom e Catherine Saraiva deverão retornar hoje pela manhã a lixeira pública para colher mais depoimentos. “Quanto mais informações, melhor fundamentada ficará nossa denúncia no MPE”, disse Silvino Lopes.®

A CDH conversou também com a direção do Hospital Coronel Mota para saber o estado de saúde de João Damasceno, que segundo denúncias na imprensa, “adoeceu devido às precárias condições de trabalho juntando lixo na cidade”/

O diretor do Coronel Mota, Wilson Franco, disse que ainda não tinha um diagnóstico final da doença do gari, mas garantiu que ele estava sendo medicado e os exames providenciados.

199

OAB RORAIMA

Crítica aos três PoderesNo dia 18 de fevereiro o advogado Ednaldo do Nascimento Silva

assumiu a Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, numa solenidade realizada no auditório do Fórum Advogado Sobral Pinto, com a presença de várias autoridades.

No discurso de posse, Ednaldo Nascimento criticou duramente o Executivo enfatizando que o papel deste Poder é nào permitir a arbitrariedade. “É preciso que se cumpram as leis, que se cumpram as Constituições e a Declaração Universal dos Direitos do Homem”, enfatizou.

Ednaldo Nascimento também falou sobre o papel dos demais poderes: “O Legislativo não deve descumprir o seu dever de fazer leis e passando a ser apenas homologador dos atos do Executivo nem tão pouco o Poder Judiciário deve se trancar no mundo das formalidades, distante das grandes questões sociais, como se vivesse num País às mil maravilhas”.

Na oportunidade, Ednaldo ressaltou que a OAB não era apenas uma entidade de classe que defende os direitos dos advogados. Tinha por missão, também, defender a Constituição, a ordem jurídica do estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social e lutar pela aplicação justa das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.

Denúncia de privilégios na PenitenciáriaA Comissão de Direitos Humanos da OAB, no mês de março do

mesmo ano, denunciou que a direção da Penitenciária Agrícola Monte Cristo estava constrangendo as famílias de alguns presos e concedendo privilégios para um pequeno grupo de presidiários.

Segundo o presidente da Comissão, Silvino Lopes,

Estaria havendo privilégio a grupos de presos que podem receber visitas em locais apropriados e outros que não estão recebendo autorização para sair além dos corredores dos pavilhões. “Isso coloca os familiares e crianças em contato direto com presos de alta periculosidade”, complementou. (...) O presídio tem locais amplos e apropriados para as visitas, mas que não estão sendo utilizados.^

Após a visita a Penitenciária Monte Cristo, Silvino Lopes ficou de fazer um relatório sobre as irregularidades ali verificadas, que seria encaminhado ao Ministério Público Estadual, à Secretaria de Segurança Pública e ao Juizado da Infância e Juventude para as devidas providências.

200

VM RESGATE HISTÓRICO

Após a veiculação da denúncia na im prensa, o d iretor da Penitenciária Agrícola, major Amóbio de Bessa Lima, negou que fatos daquela natureza estivessem acontecendo por lá.

Por sua vez, o presidente da CDH, Silvino Lopes, lamentou a conduta do diretor, enfatizando que a OAB “sempre procurou não apenas denunciar, mas também contribuir efetivamente com a melhoria do Sistema Penitenciário do Estado, não só nesta, mas em gestões anteriores”.

Carta Aberta ao GovernadorA violência policial continuava.No final de março, o filho de Valdeíza Gomes foi preso, agredido

e conduzido a Delegacia de Polícia. A mãe denunciou o caso na Ordem dos Advogados do Brasil e no Ministério Público e fez uma Carta Aberta ao Governador, criticando a atitude dos policiais.

Na época, o governador do Estado era Neudo Campos.

CARTA ABERTA AO GOVERNADOR

Senhor Governador,

Sei que sou uma cidadã comum. É nessa condição que quero pedir à V. Excelência que adote providência imediata para expurgar defínitivamente, dos quadros da Polícia Militar, alguns elementos que se dizem policiais.

E evidente, que minha intenção não é denegrir a instituição que com certeza, tem no seu efetivo, homens interessados em proteger a sociedade, porém, como em quase todos os lugares, existem os que atuam exatamente ao contrário do que deveríam, isto é, fazendo valer o dinheiro que o contribuinte paga para ter segurança.

Ou será, Senhor Governador, que, como cidadã, vou continuar pagando para que meia dúzia de bandidos, travestidos de policiais, continuem agindo fora da lei e recebendo salários às custas do meu suor e de tantas pessoas?

E isso mesmo. Faço esse desabafo porque, há poucos dias, meu filho, que é funcionário público (concursado) e aluno da Universidade Federal de Roraima, levou tapas no rosto, foi algemado e humilhado na rua, além de ter sido conduzido à Delegacia de Polícia, como se fosse um bandido. Até os bandidos têm direitos, não é mesmo? Dou como exemplo alguns policiais militares que estão sob investigação, acusados de prática de crimes hediondos. Pergunto: “Qual deles está levando tapas na cara?” Nenhum. Certo? Porque, ao contrário do que se esperava, eles foram promovidos.

Agora, diante dessa situação, tenho outra pergunta: Como é que a

201

OAB RORAIMA

sociedade pode confiar na instituição sem ter certeza de que os policiais que atendem uma ocorrência são os verdadeiros ou são os bandidos?

É muito difícil. Ninguém tem uma estrela na testa e não se pode julgar as pessoas pela aparência. No entanto, foi assim que fizeram com meu filho, Senhor Governador, e cometeram um grave erro. Se isso acontecesse com um filho seu, 0 que faria? Com certeza, isso não ocorre com ninguém de sua família porque, como diz o ditado: a formiga sabe a folha que corta.

Todavia, quero ressaltar a minha indignação diante do ocorrido, e pedir que as providências sejam adotadas de imediato. Estive com o comandante geral da Polícia Militar. Ele garantiu que vai determinar a instauração de sindicância para apurar o caso. E daí? O que significa uma sindicância diante da humilhação que meu fílho passou? Nada, vezes nada. Senhor Governador, porque nenhuma mulher exerce sua função biológica de parir - o que nenhum homem faz - para que seu fílho seja covardemente agredido por bandidos armados e fardados.

Numa situação dessa, nem louco pode reagir porque se nào morre ali mesmo. Depois, ainda é acusado de ter cometido desacato a autoridade. Que autoridade? Uma pessoa qualquer escondida numa farda e portando uma arma. Lembre, Senhor Governador: ainda não é tarde para que lente evitar que Roraima se transforme numa favela de Vigário Geral, onde os moradores temem mais a polícia do que os traficantes.

Além do mais, como é que se pode tentar combater gangues de menores que tanto aterrorizam a população se, dentro da Polícia Militar existe uma gangues de maiores? Os menores têm a desculpa da inconsequência juvenil, E os maiores, que podem alegar? Stress, baixos salários? Seja lá o que for, para tudo tem solução. É só buscar por ela. Se os “policiais” que agrediram e humilharam meu fílho acham que estão stressados, tirem férias. Se acham que o salário é pouco, estudem para um concurso público, se é que têm competência para tal.

Mas quero lembrar: o Ministério Público Estadual e a Comissão de Direitos Humanos da OAB estão cientes de tudo, porque, como sempre há represálias quando se mexe com bandidos, quero, de público, responsabilizar os supostos policiais militares por qualquer dano que possa acontecer comigo ou alguém de minha família.**

Cordialmente,Valdeíza Gomes

Indulto para beneficiar 3 mil presosNo dia 10 de dezembro de 1998 a Declaração Universal dos Direitos

Humanos completaria 50 anos. A pedido da CNBB, o Governo Fernando Henrique Cardoso preparou um decreto para conceder indulto a aproximadamente 3 mil presidiários dos 100 mil existentes em todo País.

202

VM RESGATE HISTÓRICO

No início de maio do mesmo ano, o presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Licínio Leal Barbosa, declarou que a soltura dos presos era importante porque representava uma reivindicação da sociedade, manifestada através da vontade da CNBB.

Para Licínio Leal, o indulto é uma mostra também para o mundo de que o governo brasileiro está empenhado em todos os aspectos da política de direitos humanos. “Essas concessões fazem parte de um clamor internacional neste ano de comemoração do cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, justifica.’

O tema foi tratado na reunião do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária realizada no dia 4 de maio em Brasília. O Conselho era um órgão do Ministério da Justiça, que na época se reunia mensalmente.

Luta em defesa das mulheresA violência contra as mulheres é coisa antiga. A mulher é violentada de

diversas formas, em casa e no trabalho. Dessa situação de opressão, surgiram as Delegacias de Defesa da Mulher, que também não resolveu o problema.

Para discutir a escalada da violência contra a mulher e buscar maneiras de combatê-la, mulheres de vários grupos de pastorais da Igreja Católica se reuniram na Casa João 23, no dia 29 de maio de 1998.

A reunião, organizada pela Pastoral da Juventude, contou com a participação de representantes da CDH da OAB Rorima e do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, vinculada à Diocese de Roraima.

A coordenadora da Pastoral da Juventude, Vanilza Souza, e a vice- coordenadora, Gilmara Fernandes, comentaram que a ideia de formar um grupo para combater a violência contra a mulher suigiu quando sua colega Kátia Maria Ambrózio, ainda hospitalizada, sofreu uma tentativa de homicídio.'®

No final do ano, o jornalista Pablo Sérgio, membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Roraima, voltou a denunciara violação dos direitos humanos tanto na zona rural como na cidade.

E destacou:

“A maior violação destes direitos se dá em relação à população indígena e à mulher, que são as maiores vítimas de violência”, comentou Pablo Sérgio. Um dos fatores para o aumento da violação dos direitos é a impunidade, porque 0 Estado não possui mecanismos para punir os transgressores.

203

OAB RORAIMA

Segundo ele, as pastorais e movimentos diocesanos resguardam a dignidade e conscientizam as comunidades sobre os direitos que cada pessoa tem. Este trabalho é feito em parceria com a OAB/RR, entidades sindicais e partidos políticos que têm a mesma visão do Centro de Defesa dos Direitos Humanos."

Defesa da Ética na PolíticaJulho de 1998.Em Brasília, o presidente do Conselho Federal da OAB, Reginaldo

de Castro, criou a Comissão de Defesa da Ética na Política, destinada a vigiar 0 comportamento dos candidatos nas campanhas eleitorais.

“Reginaldo de Castro afirmou que os candidatos às eleições de 4 de outubro que infiingirem a legislação eleitoral serão denunciados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs)”.'^

Dez dias depois, o presidente da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento, seguindo as pegadas do Conselho Federal, criou a Comissão de Defesa da Ética na Política no Estado. Presidida por Ednaldo, a Comissão teve como membros os advogados R itler de Lucena, Silvino Lopes, Agamenom Alcântara e Antonieta Aguiar.

Segundo o presidente da entidade, uma das primeiras providências da Comissão vai ser a divulgação de uma carta aberta à população, pedindo que fiscalize os candidatos em campanha, exigindo comportamento, pedindo que fiscalize os candidatos em campanha, exigindo comportamento Alciou a ComissTRE) ético de cada um deles e lembrando ao eleitor a necessidade do voto consciente. “O eleitor precisa ter consciência de que a prática da democracia só será completa se ele estiver livre para escolher o seu representante, sem se deixar levar pelas promessas politiqueiras”, destaca."

Escola Superior de AdvocaciaDia 31 de julho de 1998.A OAB Roraima criou e inaugurou a tão esperada Escola Superior

de Advocacia (ESA), através da Resolução t f . 001/98.Na placa de criação da ESA, instalada na entrada do Auditório

Advogado Hesmone Saraiva Grangeiro, ficou gravado o nome da Diretoria do Conselho Seccional da OAB/RR:

Presidente: Ednaldo do Nascimento Silva Vice-presidente: Messias Gonçalves Garcia Secretário geral: Cleusa Lúcia de Souza Lima

204

VM RESGA TE HISTÓRICO

Secretário geral-adjunto: Silvino Lopes da Silva Tesoureiro: Jorge da Silva Fraxe

Posteriormente, no dia 17 de agosto do mesmo ano, publicou uma portaria nomeando a primeira Diretoria da Escola Superior de Advocacia.*'’

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

PORTARIA N®. 033/98

0 presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

Resolve:1 - Nomear os advogados abaixo-relacionados para comporem a primeira

Diretoria da Escola Superior de Advocacia (ESA/OAB/RR), criada através da Resolução 001/98/ESA, datada de 31 de julho de 1998.

Jorge da Silva Fraxe - diretor geral Luiz Ritler B. de Lucena - vice-diretor Alcides da C. Lima Filho - secretário-geral Arquimedes EJoy de Lima - secretário-adjunto Fernando Lima Creazola - tesoureiro Certifique-se. Publique-se. Cumpra-se.

Boa Vista (RR), 17 de agosto de 1998.Ednaldo do Nascimento Silva

Presidente

Propaganda eleitoral nas rotatóriasNa campanha eleitoral de 1998, a OAB/RR teve que enfrentar um novo

inimigo da população: as placas de propaganda eleitoral nas rotatórias.Baseado na Lei Eleitoral, no dia 9 de setembro, o presidente da Ordem,

Ednaldo do Nascimento, encaminhou ofício ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral, José Pedro Fernandes, e ao procurador da República em Roraima, Ageu Florêncio, “pedindo a proibição da fixação de placas com propagandas políticas nas rotatórias da cidade”.*

Segundo Ednaldo, essas propagandas estariam causando transtornos à população e colocando em risco a vida de motoristas e pedestres. Ele comentou que “a cada dia aparecem placas tão grandes que mais parecem outdoors”,*® dificultando a visão de motoristas e pedestres.

205

OAB RORAIMA

OAB pede ajuda ao PapaDia 18 de novembro de 1998.O presidente do Conselho Federal da OAB, Reginaldo de Castro, foi

recebido pelo Papa João Paulo II, em Roma. Ao Pontífice da Igreja Católica foi entregue uma carta pedindo apoio da Igreja Católica ‘“na luta por uma r^ id a e efetiva reforma do Poder Judiciário brasileiro’, a fim de que ‘os pobres e necessitados tenham garantido seu acesso à Justiça’”.'^

De acordo com o texto da carta, Reginaldo de Castro, argumentou que de nada adiantaria corrigir as questões econômicas, sem que o Judiciário exercesse sua função com agilidade e rapidez. Segundo ele, a ineficiência da Justiça estava emperrando a constmção da democracia no País.

No documento entregue ao Papa foi ressaltado “a condição do Brasil como uma das maiores nações católicas do mundo e as necessidades urgentes das camadas mais pobres da população nas áreas de educação, saúde, habitação, emprego e segurança, cujo alcance depende de uma distribuição de renda mais justa e do respeito aos direitos humanos”.'^

Ação popular contra a demarcaçãoOs advogados Silvino Lopes, Ritler de Lucena e Alcides Lima,

acompanhados do presidente da OAB, Ednaldo do Nascimento, entraram com uma ação popular na Justiça Federal com o intuito de suspender a demarcação da terra indígena Raposa/Serra do Sol.

De acordo com o presidente da Comissão que elaborou a ação popular, Silvino Lopes, o pedido de liminar não era para defender pecuaristas e arrozeiros e sim o Estado de Roraima. Os advogados entendiam que a demarcação como estava sendo proposta, em área contínua, significava a morte do Estado.

Silvino assegura que a portaria que determinou a demarcação é ilegal porque fere princípios da ordem legal e da hierarquia das normas que regem a estrutura do Governo Federal.

“Demarcar áreas de terras é atribuição do Incra e não da Funai, como acontece neste caso. É isso que estamos questionando”, destacou.”

Na Justiça Federal, o juiz encarregado de apreciar a ação popular era Hélder Girão Barreto. Quanto a portaria da demarcação já havia sido assinada, faltava apenas sua homologação.

206

VM RESGATE HISTÓRICO

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) não gostou da atitude dos advogados e fez queixa junto ao Conselho Federal da OAB em Brasília.

Nesse bate e rebate, a Comissão de Direitos Humanos da OAB/ RR declarou que ia entrar com uma interpelação judicial contra o presidente do CIR, Jeronimo Pereira.

O presidente da Ordem, Ednaldo do Nascimento, explicou porque:

“Ele encaminhou recortes de jornais e informou ao Conselho Federal que aOAB estava entrando com um processo na Justiça, para impedir a demarcaçãoe que, nós estamos apoiando os invasores de terras, os arrozeiros, e os teríamosincentivado a queimar uma máquina agrícola em praça pública” . ’

Ednaldo voltou a enfatizar que a OAB Roraima não era contra a demarcação das terras indígenas, mas contra a maneira que a Portaria n°. 820 determinava a sua demarcação. Ou seja, em território contínuo.

Entretanto, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB era a favor dos índios. Concordava que a demarcação fosse feita em área contínua, posição que o Pleno do Conselho Federal endossava, inclusive, com expedição de nota nesse sentido.

Mudanças na Segurança PúblicaDia 12 de abril de 1999.A secretária de Segurança Pública, Neide Inácio Cavalcante, fez

uma mudança total nos cargos de chefia da instituição.O presidente da CDH da OAB/RR, Silvino Lopes, ganhou a direção

do Sistema Penitenciário. O caigo estava sendo preenchido interinamente pelo diretor do Departamento de Finanças da Secretaria de Segurança, Vicente da Silva Nascimento.

Ao aceitar o desafio, Silvino comentou: “Nós vamos buscar a ressocialização do preso, portanto nosso trabalho será voltado à Penitenciária Agrícola, para que funcione como um centro de ressocialização e que sirva de modelo para as demais casas penais do Brasil”. '

O convite da secretária Neide Inácio Cavalcante à Silvino Lopes iria mudar sua vida para sempre, num futuro não muito distante.

‘‘Não à violência, sim à paz”Foi lançado no auditório da OAB/RR, no dia 16 de abril, um

manifesto pela paz, com o slogan “Não à violência, sim à paz”. ^

207

OAB RORAIMA

Segundo o idealizador do movimento, o jornalista e membro do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Paulo Thadeu, o objetivo era congregar várias entidades respeitadas no Estado na luta ao combate da violência.

Inicialmente, participaram do movimento em prol da paz, a OAB/ RR, o Sindicato dos Jornalistas, o Sinter e a União Roraimense dos Estudantes Secundaristas (Ures).

A ideia era mobilizar a comunidade boa-vistense e desenvolver toda semana, até dia 31 de dezembro, uma atividade de conscientização relacionada ao tema “Não à violência, sim à paz”.

Para o jornalista Paulo Thadeu a segurança da população e o combate à violência era uma tarefa de todos e não somente um caso de polícia.

Contra a CPI no JudiciárioO senador Antônio Carlos Magalhães, presidente do Congresso

Nacional, “disse que o Poder Judiciário é lento e corrupto”. Propôs no Congresso uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Judiciário.

Imediatamente, o Conselho Federal da OAB, em Brasília, discutiu o assunto em reunião ordinária e considerou a CPI inconstitucional.

O presidente nacional da OAB, Reginaldo Oscar de Castro, avalia que com a CPI poderá disseminar suspeitas generalizadas sobre o Poder Judiciário, contribuindo para aprofundar seu descrédito, sem trazer benefícios para o aprimoramento do regime democrático.^**

Para o presidente da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento, a Ordem dos Advogados do Brasil lutava pela reforma do Judiciário, mas era inadmissível uma CPI no Poder Judiciário. Ele argumentou que não se faz CPI contra um Poder da República, mas sim contra pessoas.

Ednaldo reconheceu que existe corrupção no Poder Judiciário e também em outros poderes, mas, na sua visão, não pode ocorrer “aproveitamento das mazelas de denúncias de corrupção contra juizes para se instalar a CPI contra o Poder”. ^

Campanha pela Ética na AdvocaciaA OAB Roraima lançou Campanha pela Ética na Advocacia com

o objetivo de reavivar no advogado a importância da prática da ética no exercício da profissão.

208

UM RESGATE HISTÓRICO

A solenidade de lançamento da campanha ocorreu no auditório da Ordem, dia 30 de abril de 1999, com uma palestra do promotor de Justiça aposentado, Luiz Ritler de Lucena.

Segundo o a sse sso r da O rdem , R odo lfo Paes B arre to , “anualm ente a OAB suspende uma média de dois a três advogados, por falta de ética profissional” . ®

A Campanha pela Ética na Advocacia, lançada em Roraima, também estava sendo promovida em todo território nacional. Cada seccional desenvolvia uma programação de acordo com a realidade do seu Estado.

Repúdio a nomeação de CampeioJunho de 1999.Terminava o outono, quando o governador Neudo Campos trouxe

o delegado da Polícia Federal, aposentado, João Batista Campeio para ocupar a pasta da Secretaria da Segurança Pública do Estado de Roraima.

Poucos dias depois Campeio deixava a Terra de Makunaima para ocupar o cargo de diretor da Polícia Federal, nomeado pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Contudo, durante o processo de escolha do novo mandatário da Polícia Federal, o ex-padre José Antônio Monteiro denunciou João Campeio, na imprensa nacional, de envolvimento em torturas durante o regime militar.

Diante da onda de denúncias e pressões dos organismos de defesa dos direitos humanos. Campeio pediu demissão da Polícia Federal.

Então, apreensiva de que João Batista Campeio voltasse a assumir a Secretaria de Segurança Pública de Roraima, a OAB/RR entrou em ação. “Enviou ofício ao governador Neudo Campos, sugerindo que não nomeie Campeio, secretário de Segurança do Estado, enquanto não forem apuradas as denúncias de tortura, feitas pelo ex-padre José Antônio Monteiro”. ’

O Conselho Federal da OAB também pronunciou sobre o assunto:

O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carlos Augusto Tork, enviou mensagem ao governador de Roraima, Neudo Campos (PPB), protestando contra a nomeação do delegado da Polícia Federal, João Batista Campeio, para o cargo de secretário de Segurança Pública de Roraima.^*

No entanto, de nada adiantou a manifestação da OAB/RR nem a da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal.

209

OAB RORAIMA

O governador Neudo Campos no dia 24 de junho empossou, pe la segunda vez, João B atista C am peio com o secre tá rio de Segurança Pública de Roraima.

Na solenidade de posse. Campeio “disse que vai continuar o trabalho iniciado nos seis dias em que ocupou a pasta, no início deste mês”. "*

Entidades repudiam a atitude do GovernadorMuitas entidades públicas e civis protestaram contra a atitude do

governador Neudo Campos em reempossar João Batista Campeio na Segurança Pública. Estava estabelecido um clima de insegurança geral.

Tal descontentamento pode ser sentido por dois textos publicados na imprensa no dia seguinte a posse de Campeio.

O primeiro deles foi assinado por várias entidades e apareceu estampado na primeira página do jornal de maior circulação no Estado. Confira:

O QUE NÂO SERVE PARA O BRASIL,SERVE PARA RORAIMA?

As entidades representantes dos setores organizados da sociedade roraimense, signatárias desta, repudiam publicamente a atitude do governador Neudo Campos em nomear João Batista Campeio, acusado de torturar o ex- padre José Antônio de Magalhães Monteiro, para assumir a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

A tortura, seja física ou psicológica, é um dos crimes mais cruéis que existem, combatida veementemente no mundo inteiro, pois atinge de forma covarde o bem mais precioso do ser humano: a vida plena.

No período da ditadura militar a tortura era a tônica das práticas policiais para aqueles que se insurgiam contra o regime e eram a favor da liberdade e da democracia. Não se pode admitir, no limiar do século XXI, que os participantes impunes daqueles atos repugnantes sejam premiados com cargos relevantes no Estado.

Com a nomeação do senhor Campeio para o cargo de secretário de Segurança Pública, o governo está frontalmente desafiando os direitos humanos e todos os que lutam pela democracia e estado de direito, princípios fundamentais da Constituição da República.

O nível de conscientização hoje é tão grande que o simples fato do senhor Campeio ser suspeito de ter cometido um crime hediondo, o deixa sem condições ético-morais de assumir um posto que visa, principalmente, garantir a integridade dos cidadãos.

Com a concretização da nomeação do delegado Campeio, as forças vivas da sociedade roraimense convocam a população para um ato público de

210

VM RESGATE HISTÓRICO

repúdio a esta atitude do governador. A manifestação pública acontecerá no dia 2 de julho, às quatro da tarde, em frente à Assembléia Legislativa, na Tribuna Popular Hesmone Grangeiro.^”

Boa Vista (RR), 23 de junho de 1999.

OAB/RR, CDDH, CPT, Núcleo de Mulheres de Roraima, DCE, Pastoral da Criança, Sindicato da Saúde, Sindicato dos Bancários, Sindicato dos

Comerciáríos, Vereador Titonho, Comissão de Justiça e Paz, Igreja Católica, Pastoral da Juventude, Associação das Entidades Sociais,

Sindicato dos Policiais Civis, Sesduf, PC do B e PT.

O segundo texto de protesto contra a atitude do governador Neudo Campos trata-se do artigo assinado pelo poeta Walber Aguiar, que fala sobre a história e os horrores da tortura.

Eis sua transcrição na íntegra:

RORAIMA: NUNCA MAIS

A tortura era o meio pelo qual os senhores castigam seus escravos, e até um mecanismo aplicado como punição advinda de sentenças criminais. Os métodos utilizados ao longo dos séculos eram o apedrejamento, os órgãos decepados, o chumbo derretido na pele. Tudo isso imposto aos infratores ou hipotéticos infratores das leis. A lei de Talião, cujo axioma é “olho por olho, dente por dente” tinha de ser obedecida como base para o pagamento de algum mal causado a alguém. À semelhança do princípio de Talião, no século XVIII a.C. foi adotado na Babilônia o Código de Hamurabi, que promovia entre outras coisas a empalação, a fogueira, a amputação de órgãos e a quebra de ossos dos criminosos.

Daí em diante, a evolução histórica da tortura nos remete ao período medieval, onde o tribunal de inquisição da Igreja Romana queimou a muitos nas fogueiras, como Savonarola e Giordano Bruno, John Huss e tantos outros. Além de ter utilizado outros métodos bárbaros nos porões dos castelos medievais, contra aqueles que afirmavam sua crença na nova fé que surgia com a Reforma Protestante.

Historicamente, a tortura também coube nas estruturas coloniais do Brasil escravista. Nos instrumentos de castigos utilizados desde a colônia até o império, figuravam entre outros o tronco, o colar de ferro, os anjinhos, além das queimaduras e outras formas cruéis de infligir castigo àqueles que não se deixavam domesticar pelo sistema vigente.

De 1964 a 1979, no entanto, a tortura adquiriu um caráter mais político, onde aqueles que possuíam um discurso e uma prática diferentes da ideologia daquele contexto ditatorial, tirânico, eram punidos com os mais variados

OAB RORAIMA

instrumentos, cujo efeito sobre o físico e o psicológico eram extremamente perturbadores. A tortura objetiva dobrar o espírito das pessoas, fazendo com que admitam aquilo que for sugerido pelo torturador. Ela reduz os indivíduos a máquinas funcionais. A tortura é um mecanismo que nega a identidade humana que por Deus foi legada, e se opõe à vontade do Criador, que nos fez à sua imagem e semelhança para que vivéssemos com liberdade, vendo no outro um ser livre e digno.

Michel Foucault, um pensador francês, menciona em seu livro Vigiar e punir, que a reconstrução de boa parte da história é possível por intermédio dos processos penais arquivados no Judiciário de cada País. A personalidade real do Estado ficava ali gravada nas sentenças judiciais que determinavam torturas, castigos ao corpo, punição ao espírito, além de normas de vigilância carcerária, esquartejamentos e enforcamentos em praça pública.

O livro Brasil: nunca mais de D. Paulo Evaristo Ams, revela nào apenas a tortura como mecanismo insidioso e cruel, mas traça o perfil dos torturados, os métodos de tortura, os efeitos sobre a personalidade, o sumiço de pessoas, trilhando uma via histórica desde a queda de João Goulart, em 64, até o fim da ditadura militar, especificando as conjunturas nacional e internacional durante o processo de perseguição e morte do País do AI-5.

A seguir, um relato de tortura, extraído do livro Brasil: nunca mais: “Que em determinada oportunidade foi-lhe introduzido no ânus pelas autoridades policiais um objeto parecido com um limpador de garrafas; que em outra oportunidade essas mesmas autoridades determinaram que o interrogado permanecesse em pé sobre latas, posição em que vez por outra recebia além de murros, queimadura de cigarros; que a isto as autoridades davam o nome de Vietnam”. As formas de tortura são as mais diversas, indo desde o pau-de-arara, até o choque elétrico, passando pelo afogamento, a “cadeira do dragão” e a “geladeira”. Ainda haviam torturas com insetos e animais (cobras, baratas), a palmatória, a “estica”, o “banho chinês” e outras. Isso sem falar nas sequelas psicológicas, que geralmente levavam à loucura e à morte, como no caso do frei Tito de Alencar Lima, que enforcou-se em agosto de 74, em seu exílio na França (p. 221)

Depois de toda essa incursão histórica, questionam^: Por que um indivíduo acusado de tortura durante os terríveis “anos de chumbo” da ditadura, que foi afastado da direção geral da Polícia Federal, pode ser convidado para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Roraima? Será que nossas autoridades pretendem apostar nos famigerados “esquadrões da morte”? Até entendemos a falta de uma visão histórica mais ampla do Poder Executivo, mas não aceitamos a imposição e até a repudiamos, juntamente com a CDDH, as igrejas evangélica e católica, a OAB e outros segmentos da soeiedade.

Diante de tantas evidências contra a tortura física, precisamos enxergar com abrangência e totalidade um outro tipo de suplício: a tortura social, cometida todos os dias contra o povo oprimido e faminto, cheio de esperança, mas também coberto pela demagogia de governos e maus políticos que

212

UM RESGATE HISTÓRICO

prometem emprego e promovem o desemprego, que falam em progresso, mas praticam o nepotismo burro e arrogante.

“Roraima: nunca mais” tenta traduzir a morte lenta e perceptível experimentada todos os dias por nossos irmãos e companheiros de jornada. Como diz Caetano: “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais”.

(Walber Aguiar)^'

Conforme planejado, no dia 2 de julho aconteceu uma manifestação de repúdio à teimosia do governador Neudo Campos em nomear João Batista Campeio para a Segurança Pública de Roraima.

Presente no ato público na Tribuna Popular Hesmone Grangeiro, 0 presidente da OAB/RR, Ednaldo do N ascim ento, “m ostrou à imprensa cópias de documentos do presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, Carlos Augusto Tork de Oliveira, que protesta em ofício encaminhado ao governador Neudo Campos contra a nomeação do secretário” . ^

Segurança pública: um caosNo final de agosto o presidente Ednaldo do Nascimento denunciava

que a segurança pública em Roraima estava um caos.

E ele comentou: “Não tivemos concurso público, não temos policiais qualificados. A estes, aos quais são entregues carteiras de policial, em boa parte são os chamados serviços prestados, pegos na rua, às vezes, por indicação política. Chega de tolerância (...) devemos responsabilizar estes governantes”.

Ednaldo do Nascimento afirma que atualmente a maior preocupação da entidade é com a violência policial, fhito do despreparo de alguns dos integrantes da entidade. Segundo ele, pelo menos em dois episódios: o Caso Danilo e o Caso Moisés, “parece” que agentes policiais praticaram execuções.”

O Caso Danilo a que ele se referia, tratava-se do comerciante José Danilo Rufino do Vale, fílho do vereador Alfonso Rodrigues, assassinado pelo policial civil Carlos Rangel Areb, no dia 6 de agosto de 1999.

Vinte dias depois, Areb, como ele era conhecido, foi exonerado da Polícia Civil pelo secretário de Segurança Pública, “que acatou sugestão da Corregedoria Geral de Polícia, que concluiu sindicância administrativa para apurar todas as acusações contra o policial” . ^

Posteriormente, no dia 19 de outubro, a Justiça determinou a prisão

OAB RORAIMA

preventiva de Carlos Rangel Areb, quando já corriam rumores de que ele já havia fugido do Estado. Então, o vereador Alfonso Rodrigues quebrou o silêncio e proclamou no plenário da Câmara Municipal, que a Justiça demorou mandar prender o assassino do filho.

O vereador diz que ao assassinar Danilo, o policial Areb deixou uma filha, uma viúva, um pai e uma mãe desesperados. “Nada vai devolver a vida do meu filho, mas sendo preso e julgado, saberemos que a justiça dos homens foi feita”, afirmou.”

Por outro lado, o Caso Moisés, tratava-se do assassinato de Moisés Rodrigues, supostamente morto por policiais, também em agosto.

Na companhia de familiares, Rosângela Cavalcante de Souza, viúva de Moisés, esteve no dia 20 de agosto na OAB/RR, pedindo apoio para punir os assassinos. “Ela acusou policiais civis de executarem o marido”. ®

Campanha nacional contra a ImpunidadeO Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no dia

25 de outubro de 1999, lançou em Teresina (PI), uma campanha nacional in titu lada “Basta de Im punidade” , com o objetivo de “mobilizar a sociedade brasileira pelo fim da impunidade, pela garantia de segurança pública e pelo exercício da cidadania” . ^

A campanha visava protestar contra a omissão dos governos estaduais e federal diante do aumento generalizado da violência. Junto com o lançamento da campanha também foi publicado na grande imprensa um “Manifesto à Nação”, que afirmava que o Brasil passava por um momento histórico, de mudança ética, com a participação do cidadão exigindo do governo seus direitos.

Segundo o presidente do Conselho Federal da OAB, Reginaldo de Castro, “os três Poderes têm demonstrado absoluta omissão diante da infiltração do crime organizado dentro das instituições públicas” . ^

Realmente, naquela altura a violência tinha deixado de ser um episódio restrito aos grandes centros urbanos. Tanto é que, dois dias depois do lançamento da campanha no Piauí, aproximadamente 100 pequenos empresários faziam uma carreata pelo centro de Boa Vista contra a violência generalizada e a falência das microempresas na Capital.

A manifestação organizada pela Associação da Micro e Pequena

214

UM RESGATE HISTÓRICO

Empresas (Amer), sob a presidência de Edilberto Veras, foi chamada de “Grito de Alerta” . A Amer cobrou do Governo Neudo Campos e do prefeito Ottomar Pinto mais segurança e menos impostos.

O presidente da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento, presente na carreata, avaliou que o protesto dos microempresários era sério e pacífico. “Disse ainda que todas as reivindicações da Amer nào só beneficiam os pequenos empresários, mas também toda a sociedade”.**®

Criação da Defensoria PúblicaPara apressar a criação da Defensoria Pública e a realização de concurso

público para defensores antes das eleições de 2000, a OAB Roraima formou uma Comissão para acompanhar de perto o processo junto ao Palácio Senador Hélio Campos e a Assembléia Legislativa do Estado.

A comissão foi formada pelos conselheiros seccionais Antonieta Magalhães Aguiar, Luiz Ritler de Lucena, Manoel Norberto e Suely Almeida.

Até o dia 1® de dezembro de 1999, o Governo Neudo Campos ainda não tinha encaminhado o projeto a Assembléia Legislativa. No entanto, o chefe de Gabinete Civil do governo, José Maria Carneiro, garantiu que até o dia 15 ele seria enviado para apreciação dos deputados.

A conselheira Antonieta Aguiar disse que a comissão está preocupada não só com a institucionalização, mas com a cidadania da população e com a melhoria das condições de trabalho e financeiras daqueles que prestam assessoria jurídica.

“O cidadão que procura a Defensoria com intuito de impetrar uma ação contra o governo fica impossibilitado de receber a tutela jurisdicional, tendo em vista que os defensores que ali se encontram são comissionados”, disse.**’

Morre Ritler de LucenaAno 2000 d. C.O conselheiro federal da OAB, Luiz Ritler Brito de Lucena, 62 anos,

morreu no dia 8 de março, vítima de acidente de trânsito no bairro Canarinho.Ele fazia cooper no canteiro central da avenida Ville Roy, quando

foi colhido pelo Fiat placa NAJ-9166, conduzido por Eduardo Almeida de Andrade, que acabava de sair do baile de Carnaval...

Com 0 impacto, o conselheiro bateu no capô sendo jogado para o alto,caindo cerca de 15 metros depois. O carro atravessou a pista por cima do

OABRORAMA

canteiro, parou aproximadamente cem metros adiante. O pára-brisa do veículo foi quebrado com a violência do acidente.

No Relatório de Ocorrência preenchido por policiais militares, consta que o veículo estava em excesso de velocidade, e o motorista perdeu o controle da direção. Com isso, o carro subiu no canteiro central e atropelou a vítima, morta por volta das 6h45min.‘'

O advogado Ritler de Lucena foi um dos fundadores da OAB/RR. Seu corpo foi velado no auditório da Ordem e sepultado na tarde do mesmo dia.

Seminário de Defesa da CidadaniaPalácio da Cultura. Noite do dia 31 de maio.Abertura do 1® Seminário de Defesa da Cidadania, promovido pela

OAB/RR, com a participação de 260 representantes das comunidades de bairros de Boa Vista.

O evento tem o objetivo de discutir as questões sociais, inclusive o índice de violência, corrupção e apresentar propostas para solucionar tais problemas. Os participantes foram divididos em sete grupos de trabalho, cada um com um tema a ser discutido durante este mês (junho).

Após a apresentação da Carta da Cidadania, em 17 de julho, a OAB/RR pretende, segundo Ednaldo do Nascimento, realizar uma campanha de divulgação através dos participantes do seminário, para que multipliquem as idéias e propostas nos seus bairros, com os vizinhos.”

Ednaldo do Nascim ento declarou que o sem inário serviría, principalmente, para que o cidadão saísse da reclamação e passasse à apresentação de propostas para solução de seus problemas.

Na abertura do evento foram criados sete grupos de trabalho. Temas a serem debatidos:

Grupo 1 - Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e a atuação dos seus representantes públicos federais, estaduais e municipais;

Grupo 2 - Cidadania, abordando questões como maioridade, voto popular, partidos políticos, meio ambiente, reforma agrária, comunidades indígenas e política habitacional;

Grupo 3 - Segurança Pública, incluindo violência policial;Grupo 4 - Saúde Pública, enfocando a medicina preventiva e curativa; Grupo 5 - Educação Pública, explorando a questão dos programas

curriculares, ensino supletivo e evasão escolar;

216

UM RESGATE HISTÓRICO

Grupo 6 - Serviços Públicos, discutindo sobre o funcionamento dos bancos e instituições financeiras; serviços de água, luz, telefone, esgoto, coleta de lixo, transporte coletivo e correios;

Grupo 7 - A criança e o adolescente.Para cada assunto discutido, o grupo ficou de apresentar uma

conclusão e propostas para corrigir os erros apontados.

Almiro Padilha: 3" mandatoA eleição da OAB Roraima, para o triênio 2001/2003, foi

calorosamente disputada por dois candidatos: Almiro Mello Padilha e Antonieta Magalhães Aguiar.

No dia 24 de novembro de 2000, Almiro Padilha venceu o pleito. Contudo, antes disso acontecer, muita água correu debaixo da ponte. Muitas denúncias e acusações vieram a público através da grande imprensa.

Houve muitos confrontos entre os dois candidatos. Tanto no registro das chapas como também no dia das eleições.

Entretanto, com habilidade e paciência o presidente da Comissão Eleitoral, Nelson Mendes Barbosa, concluiu o processo democraticamente.

Em 2001, 0 advogado Almiro José Mello Padilha assumiu a Presidência da OAB Roraima pela terceira vez.

Taxistas: carreata contra a violênciaDezembro de 2000.No primeiro sábado de dezembro o motorista de táxi-lotação, Rony

Mota de Moraes, foi morto por dois adolescentes a pauladas e facadas no trecho da rodovia Boa Vista/Pacaraima, fronteira com a Venezuela.

Revoltados com o crime do colega, cerca de 250 taxistas fizeram uma carreata pela Capital roraimense em protesto a violência e pedindo a imediata punição dos assassinos. Dois membros de galeras.

Depois de percorrerem a cidade com carro de som e faixas, os taxistas fizeram uma concentração na Praça do Centro Cívico, em frente ao Palácio Senador Hélio Campos. Nas faixas eles clamavam por justiça e lamentavam a morte do colega de profissão:

‘Secretário de Segurança, pedimos fim às galeras” ‘Estamos de luto por falta de segurança no trabalho’

OAB RORAIMA

Utilizando o carro de som, os taxistas pediam as autoridades locais que intercedessem junto ao governo federal para pôr fim à delinquência juvenil.

O presidente do Sindicato dos Taxistas, Jurandir Pereira, criticou que “os jovens podem escolher seus governantes, mas não podem responder por crimes que cometem. Alguma coisa está errada e isso é preciso ser revisto pelas autoridades” .'*

Atuação das galeras de adolescentesAs chamadas “galeras” aterrorizaram e fizeram atrocidades em

Boa Vista no final da década de 90.Segundo pesquisa realizada pelo antropólogo José da Guia, entre

os anos 1997 e 1998, existiam na capital roraimense aproximadamente 2.500 menores envolvidos em galeras, composta de “crianças e adolescentes de 11 a 18 anos de idade”.'*

Assim ressaltamos que o caso do assassinato do taxista Rony Mota de Moraes, praticado por dois jovens tidos como membros de galeras, não era novidade. A reportagem “Galeras desafiam a sociedade” retrata bem a problemática.

E denuncia outra violência praticada pelos “galerosos” no mês de dezembro de 1998. No dia do Natal!

As galeras estão deixando um rastro de terror, marcado por uso de drogas, pichações, pequenos roubos, depredação do patrimônio público e privado e, muitas vezes, agressões físicas que ocasionam mortes. São mais de 50 grupos juvenis, que se autodenominam de galeras, que aterrorizam a cidade de Boa Vista e destacam-se como um dos principais responsáveis pela violência urbana dos últimos tempos.

Um dos fatos mais recentes da atuação de um desses grupos se deu na noite de 24 de dezembro, quando a maioria da população celebrava o Nata), a jovem Cledila Melo Bezerra, 18, ao tentar proteger o irmão, Emerson Melo Bezerra, 22, foi agredida por golpes de terçado, ficando com três dedos da mão decepados e um corte profundo na cabeça.

O ataque sofrido pelos irmãos Bezerra, no bairro Jardim Primavera, tem sido uma constante, principalmente nos finais de semana e dias de festas especiais. O desafio que se apresenta para as autoridades e para a própria sociedade roraimense organizada é: “Como solucionar o problema da violência infanto-juvenil, ou seja, das galeras?”^

A OAB Roraima, também no caso das galeras, cobrou ação do Ministério Público Estadual e da Secretaria de Segurança do Estado.

218

VM RESGATE HISTÓRICO

Contudo, o drama das galeras foi parcialmente resolvido pela Prefeitura de Boa Vista com a implantação do Projeto Crescer. Ele promoveu a inclusão social de muitos jovens através de oficinas profissionalizantes e ajudou a reduzir a violência praticada pelas galeras.

Mas isso é história para outro livro...

TEXTO & CONTEXTO

=> Dia 30/01/1998 — Aniversário de 50 anos da morte de Mahatma Gandhi, assassinado na índia, a tiros, durante uma reunião de oração. Gandhi, que era advogado, ficou mundialmente conhecido como o “apóstolo da não-violência”, na sua luta pela independência da índia.

=> Dia 1704/1998 — A Folha de Boa Vista noticiou a vinda de um grupo de sete índios Caiapó, de Mato Grosso para Roraima, para fazer a “dança da chuva”, para apagar o fogo que alastrava no Estado. Liderados por Megaron Tchucarramãe, com a participação de Davi lanomâmi, o ritual da chuva foi realizado no balneário Curupira, na segunda-feira à noite. Na terça-feira os índios voltaram para casa debaixo de chuva.

=> Dia 4/07/1998 — Comemoração dos 50 anos da morte do escritor Monteiro Lobato, criador do Sitio do Pica-Pau Amarelo. Segundo o poeta Guilherme de Almeida, no dia 4 de julho de 1948, “fechou os olhos aquele que nos abriu os olhos”.

=> Dia 7/09/1998 — Uma expedição, promovida pela Prefeitura Municipal de Uiramutà (RR), fez uma solenidade no Monte Caburaí, a 1.456 metros de altitude, e oficializou 0 local como o ponto extremo do norte do Brasil. A partir de então a geografia do território brasileiro troca a expressão “do Oiapoque ao Chuf’ por “do Caburaí ao Chuí”.

=> Dia 23/11/1998 — O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e 0 presidente da Venezuela, Rafael Caldeira, inauguraram a BR-174, que interliga os dois países. A solenidade de inauguração aconteceu no Município de Pacaraima, ao norte de Roraima. Posteriormente, a festa continuou em Santa Elena do Uairén, do outro lado da fronteira.

=» Dia 16/12/1998 — O padre Silvano Sabatini lançou em Manaus (AM), na Livraria Valer, o livro Massacre (Cimi - 25 anos). A obra conta a história não-oficial do massacre do grupo que participava da expedição chefiada pelo Pe. João Calleri, na terra indígena dos Waimiri-Atroari.

^ Dia 1701/1999 — Onze países da União Européia criaram o euro, moeda única do bloco. Um passo importante no processo de globalização, acelerado com a popularização das tecnologias de informação como computador, telefone e televisão.

=> Agosto de 1999 — O prefeito de Boa Vista, Ottomar de Sousa Pinto, restaurou o monumento aos garimpeiros e inaugurou a obra. O referido monumento foi construído na década de 70, pelo Governo Hélio Campos na Praça do Centro Cívico. Atualmente ele é um dos principais cartões postais da capital roraimense.

219

OAB RORAIMA

=> Dias 5 a 7/08/1999 — Aconteceu em Boa Vista o Congresso de Fundação da CUT-RR (Central Única dos Trabalhadores em Roraima). A primeira presidente da entidade foi Suênia Cibele Ramos de Almeida.

=> Dia 7/09/2000 — Inauguração da Praça das Águas, na avenida Ene Garcez, centro de Boa Vista. Uma obra da Prefeitura Municipal de Boa Vista na Administração Teresa Jucá.

DÉCIMO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Lista de presença da eleição da Diretoria do Conselho Federal. Data: 25/01/1998. Arquivo OAB/RR. OAB vai denunciar situação dos garis ao Ministério Público Estadual. Folha de

Boa Vista. Boa Vista, 2/fevereiro/1998. (p. 5) Situação dos garis: OAB vai responsabilizar prefeitura. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 3/fevereiro/1998. (p. 5)* Idem. Presidente da OAB assume e faz criticas aos três Poderes. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 19/fevereiro/1998. (p. 5)® OAB denuncia privilégios a presos dentro da Penitenciária Monte Cristo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 16/março/1998. (p. 12)’ Denúncia de favorecimento: Advogado contesta declarações do diretor da Penitenciária. Brasil Norte. Boa Vista, 19/março/1998. (p. 32)* Valdeíza Gomes. Carta Aberta ao Governador. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/ abril/1998, (p. 12)’ Indulto beneficiará presos nos 50 anos da Declaração dos Direitos Humanos. Folha de Boa Vista Boa Vista, 5/maio/1998. (p. 10b)

Pastorais querem fortalecer luta em defesa das mulheres. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/maÍo/1998. (p. 5)" Diocese diz que violação de direitos humanos é constante. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12 e 13/dezembro/1998. (p. 6)

OAB fiscalizará comportamento de candidatos às eleições gerais. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 O/julho/1998, (p. 2b)” OAB instala Comissão de Ética na Política. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/ julho/1998, (p. 4)

Portaria N“. 033/98/ESA. Boa Vista, 17/agosto/l998. Arquivo da OAB/RR.” Advogados pedem a suspensão de propaganda eleitoral nas rotatórias. Folha de Boa Vista. Boa Vista, I O/setembro/1998, (p. 4)

Idem.

220

UM RESGATE HISTÓRICO

Presidente da OAB pede ajuda do Papa. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/ novembro/1998, (p. 10b)

Idem.” Demarcação: OAB/RR impetra ação popular na Justiça Federal de Boa Vista. Brasil Norte. Boa Vista, 9/janeiro/1999. (p. 6)

Presidente do CIR será acionado judicialmente pela OAB. Brasil Norte. Boa Vista, 24/março/l 999. (p. 7)

Segurança Pública: Secretária anuncia mudanças. Brasil Norte. Boa Vista, 13/ abril/1999, (p. 16)

Manifesto à paz será lançado hoje no auditório da OAB. Brasil Norte. Boa Vista, 16/abril/1999. (p. 5)

” Federal: Justiça de Roraima participa de mobilização. Brasil Norte. Boa Vista, 18/março/1999. (p. 6)^ Sandra Lima. OAB é contra CPI do Judiciário. Brasil Norte. Boa Vista, 17/abril/ 1999. (p. 10)” Idem.

Advogados discutem hoje ética profissional na OAB. Brasil Norte. Boa Vista, 30/abril/l 999. (p. 7)

OAB não quer nomeação de Campeio para Seseg. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19 e 20/junho/1999. (p. 5)

^ OAB protesta contra nomeação de Campeio para Seseg em RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/junho/l999. (p. Ib)

Campeio anuncia que vai continuar trabalho na Seseg. Folha de Boa Vista. BoaVista, 25/junho/l 999. (p. 1)

O que não serve para o Brasil, serve para Roraima? Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/junho/1999. (p. I)

Walber Aguiar. Roraima: nunca mais. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/junho/ 1999. (p. 2)” Presidente da OAB participa de manifestação contra Campeio. Folha de Boa Vista Boa Vista, 3 e 4/julho/1999. (p. 3)” Segurança pública: Presidente da OAB diz que está um caos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21 e 22/agosto/l 999. (p. 4)

Policial acusado pela morte de Danilo é exonerado da SSP. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 27/agosto/1999. (p. 12)

Vereador critica: Justiça demorou mandar prender ex-policial civil. Folha de Boa Msta. Boa Vista, 21/outubro/1999. (p. 7)” Família de Moisés acusa polícia de execução e pede ajuda da OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21 e 22/agosto/1999. (p. 1)

221

OAB RORAIMA

” OAB lançará campanha nacional. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/outubro/1999. (p. Ib)” Idem.” Empresários fazem “Grito de Alerta”. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/ outubro/1999, (p. 5)” Carreata iniciou o protesto. Folha de Boa Vista Boa Vista, 28/outubro/l 999. (p. 5)

OAB quer pressa na criação da Defensoria. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/ dezembro/1999, (p. 6)” Conselheiro da OAB morre atropelado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 9/março/2000. (p. 12)” Shirleide Vasconcelos. Ampla discussão: OAB promove 1° Seminário de Cidadania. Brasil Norte. Boa Vista, 2/j unho/2000, (p. 12)” Taxistas protestam contra violência. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/dezembro/ 2000. (p. 5)” RR tem 2.500 membros de galeras. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23 e 24/ outubro/1999, (p. 6) O repórter cometeu um equívoco, quando registrou no lide da matéria: “São crianças e adolescentes de l i e 12 anos de idade”. O correto seria “de U a 18 anos”. Tanto é que, no segundo parágrafo, ele registra: “Ao completar 18 anos, eles abandonam o grupo com medo de punição da Justiça”.” Pablo Sérgio. Problemas urbanos: Galeras desafiam a sociedade. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/dezembro/l 998. (p. 6)

OAB apura denúncias contra candidate

Fecum iM A nUncAiccuME íu n x » A B A O A B AMRADBÚNOA» VDOJLADAINA OKmxtAAnoMm HAMnANQNIHOeOS DDIUNCIAMIS

e tclK m M UaI

T p mU O n la dai AdwBpiia do

nadoc pala o iftB A AoB»< i«ck,rtpHM)«D»Ctan MwfltoH KffaoadBf M «cMdcM qaedaua de PÊmmmtmò^KmHÊàt

“J4«rose<«KM6o

d*f*iri,mWdi NwrWw, n d o m p m a e * @ o # o M a e # í k f W # N # .

MdepemdemAmemW A h w o W ay ew am d e# . pmeaewd—á rn ^ p h e »

Folha de Boa Vista, 7setembro/2000

222

5.11.DÉCIMO PRIMEIRO CONSELHO (2001 - 2003)

Diretoria do Conselho Seccional'Almiro José Mello Padilha (pres.)José Fábio Martins da Silva (vice)Paulo Sérgio Brígiía (see. geral)Maria Sandelane Moura da Silva (see. adjunta) Messias Gonçalves Garcia (tes.)

Conselheiros Seccionais Antônio Agamenon de Almeida Antonio Oneildo Ferreira Augusto Dantas Leitão Clodoci Ferreira do Amaral Hélio Abozaglo Elias João Alfredo de Azevedo Ferreira João Pojucan Pinto Souto Maior Judith Moura Luiz Fernando Menegais Manoel NorbertoMarcos Antônio Carvalho de Souza Maria da Glória de Souza Lima Maria de Fátima Dias de Oliveira Maria Dízanete de Souza Matias Natanael Gonçalves Vieira Paula Bittencourt Leal

OAB RORAIMA

Paulo Afonso de Santana Andrade Pedro de Alcântara Duque Cavalcante Vilmar Francisco Maciel

Conselheiros Federais Ednaldo do Nascimento Silva Helder Figueiredo Pereira Jorge da Silva Fraxe

^ Eleição; 24 de novembro de 2000Mandato: r/janeiro/2001 a 3 l/dezembro/2003 (triênio)

Tetceíto 4cALMIRO JOSÉ MELLO PADILHA(I7janeiro/2001 a 26/juIho/2001)

A Justiça de Roraima estava mudando. Entretanto, até 1991, antes x \ d a implantação do Estado, a Justiça do Distrito Federal e

Territórios era insipiente, morosa, inadequada. Um, dois, no máximo três juizes para atender milhares de processos. Era um caos.

Esse descaso do governo federal foi considerado o responsável pelo agigantamento da violência e da perpetuação da impunidade no Território de Roraima, que lhe valeu a pecha de “terra sem lei”.

No início de 2001, a situação e o perfil da Justiça era outro com a realização de concurso público para o cargo de juiz de Direito para preenchimento das vagas do Judiciário estadual. Tanto é que no dia 6 de janeiro a imprensa noticiava:

Os cinco, dos 11 aprovados no 3° Concurso Público do Tribunal de Justiça de Roraima, realizado em junho passado, tomaram posse ontem pela manha. A solenidade contou com a participação de vários membros do Poder Judiciário do Estado, entre eles, desembargadores, juizes, procuradores, promotores, advogados, entre outras autoridades civis e militares.

(...) O discurso mais inflamado e com críticas foi do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RR), Almiro Padilha. Ele lembrou que Roraima tem tudo para ser e ter a melhor Justiça do País, enxuta e ágil.

224

VM RESGATE HISTÓRICO

mas ao mesmo tempo, lembrou que a Justiça vem sofrendo ao longo dos anos por falta de juizes.

(...) O presidente destacou que o descrédito da população com a Justiça, está levando as grandes massas a acreditar em programas sensacionalistas tipo “Ratinho”, devido a morosidade no encaminhamento dos processos.

Defendendo os advogados, Almiro Padilha lembrou que o advogado é sempre cobrado pelo cliente, que acha que ele não está dando atenção a seu processo, mas na verdade, ele está emperrado na Justiça.

Ele foi mais além e criticou a Justiça, dizendo que os prazos estabelecidos na lei, só servem para serem cumpridos por advogados. No seu entendimento, os prazos devem ser cumpridos por todos. Disse Almiro, se referindo a demora num processo na mão de um juiz. “Tem processo parado a anos na mão de um juiz”, atirou.^

Inscrição para a lista sêxtuplaA OAB Roraima publicou no Diário do Poder Judiciário, edição do

dia 11 de julho de 2001, o edital de inscrição para escolha da lista sêxtupla para preenchimento de uma vaga de desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima. Período de inscrição: de 12 a 26 de julho.

A Comissão Eleitoral para escolha da lista sêxtupla ficou formada pelos advogados José Fábio Martins (presidente), Antonio Oneildo Ferreira e Maria Dizanete de Souza Matias (membros).

Depois de seguido todos os prazos, o Conselho Seccional da OAB/ RR escolhería seis candidatos ao preenchimento da vaga deixada pelo desembargador Francisco Elair de Morais.

A lista sêxtupla seria encaminhada ao Tribunal de Justiça de Roraima que, por sua vez, indicaria três candidatos ao cargo de desembargador.

A escolha final, do desembargador entre os três nomes indicados pelo Tribunal de Justiça, seria feita pelo governador Neudo Campos.

Segundo o edital.

Para se candidatar, o advogado precisa ter no mínio 35 anos de idade e estar com pelo menos 10 anos no efetivo exercício da profissão, sendo que nos últimos cinco anos tenha movido uma média de cinco ações judiciais por ano.

No ato da inscrição, na sede da OAB, exige-se que seja apresentada uma docum entação do candidato com posta por currículo, termo de compromisso de defesa da moralidade administrativa, certidão negativa de sanção disciplinar, certidão da data de inscrição nos quadros da OAB, comprovante da quitação de anuidade da Ordem e comprovante da data de nascimento.^

225

OAB RORAIMA

Requisitos para o Quinto ConstitucionalO art. 94 da Constituição Federal diz que para concorrer ao Quinto

Constitucional da advocacia deve ser atendido certos requisitos, como ser advogado, possuir notório saber jurídico, reputação ilibada e contar com mais de dez anos de efetiva atividade profissional.

A princípio não havería nenhuma novidade para discussão já que o texto constitucional é claro nesse sentido. Contudo, o Conselho Seccional da OAB Roraima achou que deveria haver uma discussão, com análise mais aprofundada, quanto à definição de critérios subjetivos que deveriam balizar o processo eleitoral para definição da lista.

Desta maneira, o conselheiro A ntonio O neildo Ferreira foi nomeado como relator responsável pela elaboração desses requisitos objetivos e subjetivos para subsidiar a form a como o Conselho Seccional deveria conduzir a votação.^

Além dos requisitos já nominados no art. 94 da Constituição Federal, que foram abordados pelo relator, houve um destaque quanto aos requisitos subjetivos, assim esmiuçados para os conselheiros:

1- Que o Conselho Seccional não se prestasse a simplesmente referendar candidatos da autoridade nomeante, sem nenhuma afinidade e compromisso com a advocacia;

2- Que o Conselho não viesse referendar, da mesma forma, candidatos de grupos políticos aliados ou parentes da autoridade nomeante, que não tivesse afinidade e estrita vinculação com os interesses da advocacia;

3- Que a votação recaísse sobre advogados efetivamente militantes, detentores dos anseios, angústias e vivências da advocacia;

4- Que a votação dos conselheiros fosse orientada para candidatos que, além dos requisitos acima, fosse comprometidos com as bandeiras históricas, estatutárias e institucionais da advocacia.^

O objetivo da discussão era m obilizar o Conselho para a constituição de uma lista sêxtupla efetivamente expressiva e vinculada com os interesses da advocacia.

O referido trabalho foi apresentado na sessão extraordinária do Conselho Seccional no dia 5 de julho. Conforme registro em ata, o presidente da OAB Roraima, Almiro Melo Padilha,

“concedeu a palavra ao conselheiro Antonio Oneildo, que na condição de relator designado para fazer um breve estudo sobre os requisitos objetivos e subjetivos dispostos na legislação federal e no Provimento n". 80/96 do Conselho Federal

226

UM RESGATE HISTÓRICO

fez a leitura do seu voto que mereceu elogios de todos os conselheiros presentes à sessão, sendo aprovado e referendado sem qualquer ressalva ou retificação, inclusive, aprovado o encaminhamento no sentido da Presidência do Conselho Seccional mandar publicar no Diário do Poder Judiciário”/

Fábio Martins assume interinamente O advogado Almiro Padilha renunciou a Presidência da OAB/RR,

para concorrer a vaga de desembargador e o vice-presidente José Fábio Martins assumiu o comando a Ordem, interinamente.

Ccmforme previsto, no dia 27 de julho de 2001, o novo presidente da OAB divulgou na ínqHensa a relação dos inscritos para concorrer a vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado. Ao todo, 21 candidatos.

"Das centenas de advogados atuantes em Roraima, apenas 21 se inscreveram para entrar na lista que será julgada por 24 conselheiros da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima”.

Confira a relação dos inscritos:

Almiro Mello PadilhaPaulo Sérgio BrígliaMessias Gonçalves GarciaElena Natch FortesFrancisco Vilebaldo de AlbuquerqueFernando Lima CreazolaJosé Iguatemi de Souza RosaClovis Moreira PintoMaria Dilmar PaulinoSivirino PauliPaulo Marcelo Aguiar Carneiro AlbuquerqueJosé Carlos Barbosa CavalcanteLuciano Alves QueirozFrancisco das Chagas BatistaCleusa Lúcia de Souza LimaSileno Kleber Máximo da Silva GuedesVera Regina Guedes da SilveiraJuscelino Kubitschek PereiraDalva Maria MachadoJosé Luiz Antônio de CamargoMaria Eliane Marques de Oliveira

OAB RORAIMA

Divulgado as inscrições, conforme edital publicado no DPJ, correría um prazo legal de cinco dias para pedidos de impugnação.

Caso Vera ReginaMas isso ocorreu no dia seguinte...Ao tomar conhecimento da relação dos inscritos, foi protocolada

na OAB/RR uma denúncia de fraude na documentação apresentada pela deputada Vera Regina Guedes da Silveira, com a participação do advogado Pedro Alcântara Duque.

"A denúncia partiu do ofício do juiz da 5“ Vara Cível, Rommel Moreira Conrado, encaminhando cópias dos possíveis processos que podem ter sido adulterados”.®

Diante da ocorrência, "o presidente da OAB, Fábio Marins, disse ontem em entrevista coletiva que nomeou o advogado Natanael Gonç^ves \úeira para ser relator do processo, que vai analisar e emitir um relatório sobre o caso”.

O certo é que, no meio da confusão, Pedro Coelho Sobrinho, que era o advogado da deputada Vera Regina e de Pedro Duque, saiu em defesa de seus clientes. Ele responsabilizou os servidores do Fórum e depois os das 4® e 5® Varas Cíveis pelas fiaudes nos processos que beneficiaria a deputada na disputa pela vaga de desembargador.

O presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Poder Legislativo do Estado de Roraima (Sintjurr), Luís Cláudio de Jesus Silva, publicou duas notas*® de protesto em defesa dos servidores do Fórum Advogado Sobral Pinto e das 4® e 5® Varas Cíveis. E pediu agilidade da OAB/RR e do Ministério Público Estadual na apuração das fraudes.

OAB suspende advogadosDois dias depois da segunda nota do Sintjurr, a OAB Roraima

comunicava a suspensão dos dois advogados supostamente envolvidos na fraude dos processos.

A Seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Roraima, enviou ofício ontem aos órgãos do Poder Judiciário comunicando a suspensão provisória do exercício profissional dos advogados Pedro Duque e Vera Regina. Ele está suspenso por 30 dias e eia, por 45 dias.

Eles tiveram os registros suspensos pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, acusados de falsificar documentos em dois processos para comprovar

228

UM RESGATE HISTÓRICO

O tempo de efetivo exercício da advocacia em favor de Vera Regina, candidata à lista sêxtupla da OAB, concorrendo à vaga do Tribunal de Justiça."

A advogada e deputada, Vera Regina, atacou o presidente interino da OAB/RR. Fábio Martins defendeu a decisão do Conselho.

A advogada Vera Regina, depois do registro suspenso, chegou a dizer na imprensa que a retirada do seu nome da lista dos candidatos era uma armação e que ela sabia quem estava comandando, sem dar nomes.

O presidente interino da OAB, Fábio Martins, avaliou que o processo, apesar desses problemas que a Ordem teve que enfrentar, foi conduzido de forma transparente. “Na lista sêxtupla estão os advogados que o Conselho Seccional acha que podem representar a classe, pois preenchem os requisitos exigidos pelo regimento”, disse.

Por sua vez, no final do mês de outubro de 2001, o Ministério Público também agilizou a apuração dos fatos.

O procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPE), Fábio Stica, encaminhou sexta-feira (19) para a Polícia Federai os processos originais que tramitavam na 4" e 5* Varas Cíveis para ser feito o exame grafotécnico pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal em Brasília”.'^

Em junho de 2003 saiu o resultado dos exames grafotécnicos e mecanográficos e foram divulgados em Boa Vista pela grande imprensa.

A matéria jornalística informando o resultado dos exames em Brasília, publicada na imprensa com o título “MPF denuncia secretária e advogado por falsificação”, fala por si mesmo.

A "secretária” a que se refere o título da reportagem é a ex-deputada Vera Regina, que então desempenhava o caigo de secretária estadual de Articulação Municipal no Governo Neudo Campos.

Eis a transcrição parcial da matéria:

De acordo com o procurador da R ^ública (Rômulo Moreira Conrado), exames grafotécnicos e mecanográficos foram realizados pelo Instituto Nacional de Criminalística, tendo sido constatado pelos peritos que, de fato, ocorreu adulteração nos documentos analisados.

Até então os autos do processo estavam correndo no Ministério Público Estadual. Porém, o procurador-geral de Justiça do Estado de Roraima (Fábio Stica), declinou de sua competência, por entender que o caso era de competência da Justiça Federal, uma vez que o objetivo era ôaudar procedimentos adotados

229

OAB RORAIMA

pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, para incluir Vera Regina na lista sêxtupla que seria encaminhado ao TJ/RR.

Ao oferecer a denúncia, o procurador declarou; “Entendo estar configurado a ocorrência do ilícito penal tipificado no artigo 299 do Código Penal, qual seja, falsidade ideológica, uma vez que se inseriu nos autos de um processo, declarações falsas, com o intuito de se criar a falsa ideia de que a primeira denunciada (Vera Regina) teria atuado como advogada, em alguns feitos, o que, de fato, não ocorreu” .

Um trecho da denúncia 057/2003 afirma que Pedro Duque contribuiu de forma decisiva para tais condutas. Teria sido ele a pedir a retirada dos autos das secretarias judiciais, para, em posse dos mesmos, efetuar as falsificações, em beneficio de Vera, providenciando a devolução dos autos, para logo após, solicitar as certidões de participação dela nos feitos.'^

Confirmado a autoria dos fiaudadores dos processos, logo em seguida os servidores do Tribunal de Justiça, com o apoio da assessoría jurídica do Sintjurr, entraram com uma ação na Justiça com pedido de indenização por danos morais e ainda por calúnia e difamação.*^

Eles já ganharam a demanda em primeira e segunda instâncias. A outra parte recorreu e entrou com recurso. No entanto, os servidores, que foram acusados injustamente, esperam confiantes na Justiça.

8' Semana do Advogado11 de agosto, Dia do Advogado.No meio da ferrenha disputa por uma vaga de desembargador no

Tribunal de Justiça de Roraima, a OAB/RR realizou a 8® Semana do Advogado em comemoração ao Dia do Advogado.

A secretária geral da Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catmina, Gisela Gondim Ramos, encerrou as palestras realizadas durante a Semana do Advogado, com início na segunda-feira (20).

Com o tema “Estatuto da OAB e da Advocacia”, a palestra da secretária aconteceu no auditório da OAB/RR, ontem, a partir das 19 horas, e tratou da estrutura da OAB e advocacia em geral (disciplinar e ainda prerrogativa dos advogados).

(...) Para ela, só com a afinidade da Magistratura, Ministério Público e Advocacia, a Justiça funciona melhor. “Estou podendo verificar in loco, já que estou em Boa Vista desde quinta-feira, o bom relacionamento entre o Poder Judiciário e os advogados e isso me deixa muito feliz, pois o resultado é sempre um melhor atendimento a população”, explicou Gisela.'*

230

UM RESGATE HISTÓRICO

Escolha e posse de Almiro PadilhaDepois de muita expectativa, no dia 18 de setembro a OAB Roraima

divulgou a lista sêxtupla, que foi encaminhada ao Tribunal de Justiça.

A apuração dos votos se deu de forma imediata ao final da votação. A lista ficou composta da seguinte forma: Almiro Padilha - 20 votos; Paulo Bríglia -15 votos; Juscelino Pereira -10 votos; Fernando Lima Creazola - 09 votos; Luciano Alves de Queiroz - 08 votos; Maria Eliane Marques de Oliveira - 08 votos.

Menos de 24 horas depois o Tribunal de Justiça publicou a lista tríplice que, em seguida, foi enviada ao governador Neudo Campos.

Assim, depois de vários dias de polêmica e expectativa, "o nome do novo desembargador está mais próximo de ser conhecido. Foram eleitos na sessão do TJ/RR, Almiro Padilha, Paulo Sérgio Bríglia e Fernando Lima Creazola, cada um com cinco votos”.'®

O governador Neudo Campos no dia 24 de setembro de 2001, assinou o Decreto n®. 4.398-E de nomeação do novo desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima. advogado Almiro Padilha foi o escolhido para ocupara vaga deixada por Elair de Morais, que se x>sentou em maio”.'^

A cerimônia de posse ocorreu duas semanas depois da nomeação.

Almiro Mello Padilha foi empossado ontem como desembargador do Tribunal de Roraima (TJ/RR), no auditório do Palácio da Cultura. A solenidade foi simples e transcorreu em meio a um clima de emoção por parte do empossado e de seus amigos e familiares.^*'

M orando em Roraima há 10 anos, Padilha disse que só tem a agradecer a este Estado, o qual ele considera uma terra de oportunidades. “Aqui, as pessoas que realmente querem trabalhar, têm oportunidade e eu sou um exemplo disso”, destacou.^*

No seu discurso de posse, Almiro Padilha, prometeu trabalhar para colaborar coma Justiça do Estado e comentou: "oisengxe fui muito discreto e pr^endo continuar assim, pois aoedito que entre as qualidades de um bom profissional, crano a ética e a mcxal, a disoição também conta muito”.^

Oneildo na Presidência da OAB/RRDepois de quase três meses como presidente interino, Fábio Martins

anunciou eleições para preencher três cargos vagos na Diretoria da OAB Roraima. Ou seja, de presidente, secretário-geral e tesoureiro.

OAB RORAIMA

A eleição aconteceu às 18 horas, do dia 22 de outubro de 2001, segunda-feira. Apesar de inicialmente surgirem vários candidatos a candidatos, ficaram apenas dois advogados na disputa pela Presidência da OAB: Antonio Oneildo Ferreira e Paulo Afonso de Santana Andrade.

No dia seguinte a imprensa divulgava o resultado do pleito:

“Antonio Oneildo Ferreira é o novo presidente da OAB em Roraima”. ^

“Mesmo ainda não tendo assumido, Oneildo já elegeu algumas prioridades como a defesa dos direitos dos advogados e a melhoria da qualidade do atendimento junto à Justiça, para facilitar o acesso e o trâmite dos processos”.^

“Advogado militante de esquerda é eleito novo presidente da OAB”. *

E como subtítulo o editor escreveu:

“Antonio Oneildo é um dos advogados mais conceituados que só atua em causas sindicais de esquerda”.

Sobre suas prioridades à frente da entidade, Oneildo afirmou que sua gestão será sensível às questões de interesse da comunidade, defendendo sempre o estado democrático de direito. E declarou enfático:

" ‘Posso destacar que a Ordem vai apoiar qualquer iniciativa que visa combater improbidades e agressões ao erário. Nós teremos uma posição firme e intransigente no que tange à defesa do patrimônio público”’. ®

Na posse da nova Diretoria da Casa do Advogado, um jornal local profetizou o início de uma nova jornada:

“OAB tem novo presidente. Ética é a bandeira da vez” . ’

Primeiro cfeANTONIO ONEILDO FERREIRA(26/outubro/2001 a 3 l/dezembro/2003)

Vencedor das eleições realizadas no dia 22 de outubro, Antonio Oneildo Ferreira assumiu a Presidência da OAB Roraima no dia 26 para terminar o triênio 2001/2003.232

UM RESGATE HISTÓRICO

TERMO DE POSSE

Aos vinte e seis dias do mês de outubro do ano de dois mil e um, no auditório da OAB/RR, compareceu perante os conselheiros presentes o advogado Antonio Oneildo Ferreira, que após prestar solene compromisso, foi empossado no cargo de Presidente da O dem dos Advogados do Brasil - Seccional de Roraima, para o término do triênio 2001/2003, pelo que, para constar, lavrei o presente termo, que vai assinado pelo empossado e pelo Presidente em exercício desta Seccional/^

Adv. Antonio Oneildo Ferreira Conselheiro da OAB-RR

Adv. José Fábio Martins da Silva Presidente em exercício da OAB-RR

No discurso de posse, Antonio Oneildo falou sobre as dificuldades vividas pela classe dos advogados, considerando que uma expressiva parcela deles trabalhava na Defensoría Pública do Estado com baixos salários e sem nenhuma segurança ou garantia de trabalho. Problema que ele esperava superar com a união da referida classe profissional, na cobrança de concursos públicos.

E encerrou seu discurso, com um apelo:" ‘Convidamos e convocamos todos os advogados roraimenses a

assumirem a causa da ética, da moralidade e da legalidade na administração pública, pois essa é uma das principais bandeiras da OAB”

José João é ameaçado de morteO advogado José João Pereira dos Santos denunciou que foi ameaçado

de morte por um agente da Polícia Civil. Ele era advogado do ex-delegado, Sitvino Lopes, um dos acusados de envolvimento na Chacina do Cauamé.

José Jcão Pereira temia ser assassinado, a exen^lo do que accxiteceu com o conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho, e o auditor fiscal da Receita Federal, Nestor Leal, que moneram cunqxWo seu dever profissional.

Diante da gravidade do problema, o presidmte da OAB Roraima, Antonio Oneildo, encaminhou documento para o presidente da OAB nacional, Rubens Approbate Machado, solicitando que ele pedisse qx>io do Ministério da Justiça com a finalidade de dar proteção a vida do advogado José João.

O mesmo documento foi enviado ao governador Neudo Campos, ao procurador de Justiça, Fábio Barros Stica, ao procurador da República no Estado, Felipe

233

OAB RORAIMA

Bretanha, ao superintendente da Polícia Federal, Dolival Quiles Correia, ao secretário de Segurança Pública, João Batista Campeio, e ao corregedor de Polícia Civil, Arquimedes Eloi de Lima/®

No julgamento, que começou na noite do dia 23 de novembro de 2001 e terminou na madrugada do dia seguinte, o advogado Silvino Lq)es foi absolvido pelo júri popular por 4 votos a 3 .0 dqx)imento do sobrevivente Reginaldo dos Santos Vasconcelos, o Buda, foi decisivo para sua absolvição.

O ex-presidente da OAB, advogado Ednaldo do Nascimento, foi a primeira testemunha a prestar depoimento. Ele falou a respeito da conduta do colega Silvino Lopes, considerado um funcionário exemplar em todos os cargos que exerceu em Roraima.^'

Quando a chacina aconteceu, em 5 de novembro de 2000, o advogado Silvino Lopes estava afastado da OAB por estar ocupando o cargo de delegado da Polícia Civil.

“O maior acordo do mundo”O governo federal, através da Caixa Econômica Federal, deflagrou

uma campanha publicitária sobre o FGTS, intitulada “o maior acordo do mundo”. Reunidos em Brasília, a OAB e o Colégio de Presidentes das Seccionais resolveram expressar, em nota oficial, suas preocupações quanto à campanha do governo, que eles consideravam prejudicial aos trabalhadores brasileiros.

O objetivo da nota era evitar que os trabalhadores perdessem direitos conquistados na Justiça, com relação à correção dos depósitos nas suas contas de FGTS, antes lesados pelo expurgo dos índices dos Planos Verão e Collor I, de 1989 e 1990.

A OAB Roraima declarou que o Governo FHC estava tentando transformar uma derrota judicial em campanha política. Por sua vez, Antonio Oneildo, disparou:

O governo federal lutou muito para não pagar o direito dos trabalhadores e agora está úizeado com que os trabalhadores assinem um acordo sem saber o que têm realmente para receber. Isso não existe e os trabalhadores devem ficar alerta para não serem lesados. Por que o governo federal não liberou primeiro o valor que cada trabalhador tem para receber e depois propõe o acordo?^^

234

UM RESG/OE HISTÓRICO

Recadastramento dos advogadosPor decisão do Conselho Federal da OAB, tirada em dezembro

de 2001, todos os advogados teriam que fazer seu recadastramento até dezembro de 2002.

O objetivo do recadastramento era substituir os atuais documentos de identificação para evitar falsificações e ao mesmo tempo ter uma estatística atualizada dos profissionais que atuavam nos Estados e em todo Brasil.

O novo cartão e carteira serão confeccionados pela Casa da Moeda. O cartão é em plástico rígido. A carteira será nos moldes de passaporte. Segundo Oneildo, as mudanças representam a vanguarda no contexto da segurança contra falsificações, partindo de conceitos digitais e de instrumentos de confiança, como o uso de tinta invisível à luz ultravioleta e opticamente variável e a inserção do modelo código de barras."

Campanha pela Ética na Política Em abril de 2002 a OAB anunciou o lançamento de uma campanha

de combate ao abuso de poder econômico e político no processo eleitoral nas eleições de outubro.

A proposta da OAB Roraima era criar uma Comissão pela Ética na Política e fazer parcerias com vários segmentos da sociedade para fiscalizar os políticos durante as eleições.

Antonio Oneildo, em entrevista à grande imprensa, lembrou que o Movimento pela Ética na Política sempre foi liderado pela OAB e CNBB.

“Este ano, não será diferente. Ao contrário, pretendemos intensificar este trabalho, procurando alertar a população para a necessidade de não aceitar que a classe política seja beneficiada com artimanhas que ferem a legislação eleitoral e os princípios éticos de nossa sociedade”, explicou.^*

Direito da Criança e do Adolescente à SaúdeA colunista da Folha de Boa Visía, Shirley Rodrigues, no dia 10

de abril de 2002 deu uma notinha na sua Coluna Social que mostra a versatilidade da OAB Roraima a serviço da população.

O Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (CEDCAR), o Tribunal de Justiça, a OAB, o Juizado e a Promotoría da Infância e Juventude, realizam hoje e amanhã no auditório da OAB, o “1* Simpósio sobre o Direito da Criança e do Adolescente à Saúde”. O evento terá como principal palestrante ajuiza Izabel Maria Sampaio Oliveira Lima, de Salvador ^ A ) ."

OAB RORAIMA

Instalação de dois Juizados Especiais A Justiça Federal instalou dois Juizados Especiais no Estado no

dia 12 de abril. O objetivo era atender a demanda de causas menores contra a União, com valores de até 60 salários mínimos.

E mais. Ações com valores de até 20 salários, não precisariam de advogado, diminuindo assim os custos processuais.

Na solenidade de instalação dos Juizados Especiais, o procurador da República, Rômulo Moreira Conrado, destacou suas vantagens: rapidez no pagamento das ações, que beneficiariam pessoas menos favorecidas; e aplicação de penas alternativas, em crimes menos ofensivos, como multa ou prestação de serviços à comunidade.

A OAB marcou presença na solenidade ao lado de várias autoridades civis e militares. Para Antonio Oneildo, "com o leque de serviços oferecidos pela Central de Atendimento da Justiça Cidadã, o público será beneficiado em vários aspectos, como com a possibilidade de acompanhamento processual e o uso de serviços judiciários por via eletrônica” .^

No seu discurso, 0 presidente da OAB Roraima destacou que a instalação do Juizado Especial Federal, que possibilitaria ao cidadão demandar a administração pública e seus entes, de foima direta, sem a existência de qualquer privilégio processual a essas entidades públicas.

Segundo Oneildo, a instalação do Juizado é um fato histórico relevante, comparável apenas ao ocorrido na Justiça americana no caso “Chisholm contra Georgia, 1793”, onde se permitiu pela primeira vez na história do constitucionalismo ocidental, que um cidadão movesse ação contra um Estado.^’

OAB pede cassação do vereador Chico Doído Depois de tram itar na Justiça por longo tempo, o vereador

Francisco de Sousa Cruz, o Chico Doido, finalmente foi condenado a 10 anos de prisão, no final de junho. Apesar da sentença por crime de tráfico de drogas, Chico Doido conseguiu na mesma justiça, um habeas corpus suspendendo o mandado de sua prisão.

AConIra Ordem de Mandado de Prisão foi expedida pelo desembargador Robério Nunes e deu a Chico Doido a oportunidade de recorrer da decisão da justiça em liberdade. No rito processual normal, ele podería entrar com uma apelação para conseguir a absolvição ou reduzir a pena.

Diante desse vai e vem da Justiça, o presidente da OAB, Antonio

236

UM RESGATE HISTÓRICO

Oneildo, declarou que esperava que a Câmara Municipal de Boa Vista aproveitasse a oportunidade para cassar o mandato do referido vereador em prol da moralidade no serviço público.

Considerando a decisão da justiça e o fato de que Chico Doido era virtual candidato a deputado estadual nas próximas eleições, Oneildo "disse que vê com preocupação o fato de um representante do povo ser condenado por tráfico de drogas. ‘Acredito que esse é um motivo de reflexão para as instituições e a sociedade*”. ®

Por sua vez, o presidente da Câmara, Flávio Chaves, afirmou que o processo de cassação do vereador continuava em trâmite e iria para votação a qualquer momento.

Na opinião de Chico Doido, a condenação tratava-se de perseguição política a sua pessoa.

Criação da Comissão de Ética na PoliticaEnfim, no dia 18 de julho a OAB criou a Comissão de Ética na

Política. A finalidade, conforme já tinha sido divulgado anteriormente, seria coibir a corrupção eleitoral e o abuso de poder político.

A Comissão, formada por três advogados, iria trabalhar em conjunto com 0 Ministério Público Estadual e Tribunal Regional Eleitoral.

A campanha era deflagrada pela Ordem dos Advogados em todo o Brasil, com o slogan "Voto não tem preço, tem consequência” . A Comissão de Ética promete também trabalhar em sintonia com os meios de comunicação, apurando as denúncias neles veiculadas.

São membros da Comissão os advogados Antonio Oneildo, que é o presidente, Ednaldo Nascimento e Ana Eliza Marques. Oneildo disse que a comissão pretende mostrar aos eleitores a importância do voto como instrumento transformador num estado democrático de direito.^^

CDH denuncia aumento da violência policialO presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR, Ednaldo

doNascímento, declarou que vinha aumentando a violação dos direitos humanos, sendo que o maior número das denúncias era contra policiais militares e civis.

Segundo ele, no dia 1° de agosto era formalizado o 10® processo para apurar tais denúncias. As transgressões mais comuns constavam de abusos de autoridade, invasão de domicílio, prisões irregulares e lesão corporal. Porém, destacou que era reduzido o número de casos denunciados ao CDH.

237

OAB RORAIMA

Em entrevista à imprensa ele comentou: "Apenas 1% das pessoas agredidas chega a denunciar”.^

Mais uma denúncia de torturaO técnico de eletrônica, Luiz Ferreira Silva, 32 anos, denunciou

na manhã do dia 2 de agosto, na Comissão de Direitos Humanos da OAB, que foi torturado por seis policiais civis no 4° Distrito Policial.

" ‘A panhei tanto que pedi que chegasse a hora da m orte’, complementou quase chorando” . '

Foi a segunda denúncia de violência policial registrada na Ordem na mesma semana. Luiz Ferreira contou que na noite de 31 de julho, dois policiais invadiram sua residência e o levaram preso, sem dizer o motivo.

No Distrito Policial ele foi espancado até ter o braço direito quebrado, para confessar o suposto roubo de um ar-condicionado.

Na manhã do dia seguinte, Luiz, que era casado e pai de uma criança de nove meses, foi liberado sem nenhuma explicação e seguiu direto para o hospital, onde engessou o braço.

Ao retomar para casa, a vítima da tortura ficou sabendo que os policiais haviam prendido o verdadeiro autor do roubo do ar-condicionado.

“Tenho medo ser ameaçado porque não estou denunciando policiais, mas bandidos. Só espero que haja justiça e que a Secretaria de Segurança tome as providências. Acredito que esses homens não são instruídos para fazer esse trabalho”, ressaltou.'*^

No mesmo dia da denúncia, a OAB encaminhou o depoimento de Luiz Ferreira ao Ministério Público, pedindo a prisão dos envolvidos. Exigiu providências também da Secretaria de Segurança e da Ouvidoria do Estado.

Em função do ocorrido, a Ordem mais uma vez falou da necessidade de concurso público para melhor selecionar o quadro de pessoal da polícia.

O secretário de Segurança Pública em exercício. Sátiro Mlela, em Nota Oficial divulgada na imprensa condenou a atitude dos policiais. Imediatamente afastou três dos seis agentes envolvidos na agressão e prometeu investigar e punir todos os culpados.

Comemoração do Dia do AdvogadoPara comemorar o Dia do Advogado, 11 de agosto, a OAB/RR

promoveu a IX Semana dos Advogados. E lançou no dia 5, na sede da

238

VM RESGATE HISTÓRICO

entidade, a Campanha Ética na Política e o “Movimento OAB: Ação, Respeito e Solidariedade” .

Além de promover palestras, a campanha da OAB também teve como objetivo a arrecadação de alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal e brinquedos, que foram distribuídos para entidades humanitárias.

O material de higiene e os brinquedos foram doados às presidiárias da Penitenciária Agrícola Monte Cristo e para seus filhos.

Como de praxe, a campanha Ética na Política foi realizada pela OAB, em nível nacional, em parceria com a ABI e a CNBB.

“‘Nós lançamos essa campanha na ocasião do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello’”, comenta.'*^

Mutirão Jurídico para ajudar presidiáriasAinda dentro das comemorações da Semana do Advogado, no dia

9 de agosto, a OAB/RR assinou convênio com a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania para promover um Mutirão Jurídico na Penitenciária Agrícola Monte Cristo.

O objetivo do mutirão era fazer um levantamento das presidiárias que estavam sem assistência judiciária gratuita e ao mesmo tempo solicitar as providências necessárias junto aos órgãos competentes.

“O trabalho contará com a supervisão da Cerna - Comissão Especial da M ulher Advogada da OAB/RR”, presidida por Denise Cavalcanti e executado com o apoio de advogados inscritos na Ordem e de estagiários de Direito.'”

OAB crítica ignorância dos candidatosO presidente da OAB Roraima e da Comissão de Ética na Política,

Antonio Oneildo Ferreira, declarou-se preocupado com o nível dos candidatos que concorriam às eleições de 6 de outubro já na primeira semana do horário eleitoral gratuito.

Na sua opinião, nos primeiros programas os candidatos deixaram de lado as necessidades básicas da população.

“Têm candidatos que demonstram não ter qualificação técnica para fazer propostas condizentes com a realidade. É como se não conhecessem 0 cargo para o qual estão concorrendo”, observou.^^

Em entrevista à imprensa, Oneildo destacou a importância dos

239

OAB RORAIMA

eleitores prestarem atenção aos candidatos que estão sendo denunciados por participação em crimes contra o patrimônio público.

Sobre as denúncias feitas pelo candidato ao governo do Estado, Carlos Levinschi, envolvendo o nome do ex-govemador e candidato ao Senado, Neudo Campos, o presidente da Comissão de Etica na Política lembrou que o acusador fazia parte da referida administração e devia ter conhecimento de causa.

Para ele, pessoas que agiam assim geralmente se viram isoladas e abandonadas e decidiram pôr a boca no trombone. E relembrou o caso do ex-presidente Fernando Collor de Melo, traído pelo irmão, Pedro Collor. Recordou também o caso do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, denunciado pela esposa traída.

Pós-graduação em Direito ConstitucionalA Escola Superior de Advocacia (ES A) da Ordem dos Advogados

do Brasil, Seccional de Roraima, começou a ministrar, no dia 18 de outubro de 2002, o Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Direito Constitucional^ com a chancela da Faculdade Atual da Amazônia.

Objetivo: atualizar os advogados e demais profissionais da área jurídica em Direito Constitucional. Participaram da pós-graduação advogados, magistrados, procuradores do Estado e do Município, membros do Ministério Público, Defensores Públicos, docentes entre outros operadores jurídicos do Direito.

O curso de pós-graduação, coordenado pela advogada Denise Cavalcanti, previa trazer a Roraima professores de renomes nacionais como André Fontes, Arx da Costa Tourinho, Cinthia Robert, Elida Ségüin, João Batista Herkenhoff, Luis Roberto Barroso, Paulo Lopo Saraiva, Robério Nunes Filho, Selma Aragão e Sérgio Habib.

A estrutura curricular do curso constou de Direito Constitucional, Hemienêutica Constitucional, Princípios Constitucionais Fundamentais, Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, Tutela Constitucional das Liberdades, Direitos Sociais, Direitos da Nacionalidade e da Cidadania, Organização Política Administrativa, Princípios Constitucionais da Administração Pública, Organização dos Poderes, Controle de Constitucionalidade, Da Ordem Econômicae Financeira & das Situações Excepcionais, Metodologia da Pesquisa Científica e Didática do Ensino Siqjerior.

O Curso de Pós-graduação em Direito Constitucional ofereceu 45

240

UM RESGATE HISTÓRICO

vagas para os profissionais do Direito. Carga horária de 400 horas/aulas, que seriam ministradas no Auditório Hesmone Saraiva Grangeiro da OAB Roraima. Conclusão prevista para maio de 2004.

OAB propõe o Pacto de RoraimaNovembro de 2002.O presidente da OAB, Antonio Oneildo, participou da 18® Conferência

Nacional de Advogados em Salvador (BA). No evento foi amplamente discutido 0 tema “Ética, Cidadania e Estado”, abordando a reforma do Poder Judiciário e, principalmente, o combate à corrupção.

Ao retomar da Conferência na Bahia, Antonio Oneildo propôs a criação do Pacto de Roraima. O objetivo seria dar combate ininterrupto à corrupção e apresentar soluções aos problemas do Estado.

Com esse pensamento a OAB liderou uma reunião no dia 28 de novembro com dirigentes de várias entidades com a finalidade de criar um pacto em defesa de Roraima.

A meta principal era cobrar a regularização dos quadros funcionais do Estado, através de concurso público, e combater a corrupção.

“A contratação sem concurso público é um tipo de corrupção política. (...) A contratação não se dá através de aferição da real capacidade técnica, nem em condições iguais para todos, posto que os contratados são sempre apadrinhados ou aliados dos grupos que estão no poder”, declarou Antonio Oneildo.**’

A seguir enumeramos o nome de alguns órgãos públicos e movimentos sociais convidados pela OAB para formar o Pacto de Roraima:

Poder JudiciárioMinistério Público Estadual (MPE)Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Roraima (Sebrae) Associação Comercial e Industrial de Roraima (Acir)Associação dos Criadores de Gado de Roraima (Acriger) Associação dos Estudantes de Roraima (Assoerr)Associação dos Servidores da Justiça Federal (Assejuf)Central Única dos Trabalhadores (CUT)Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese (CDDH) Conselho Indígena de Roraima (CIR)Cooperativa Agropecuária de Roraima (Coopercame)Federação da Agricultura do Estado de Roraima (Faer)

241

OAB RORAIMA

Federação do Comércio do Estado de Roraima (Fecor)Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier)Federação das Micro e Pequenas Empresas de Roraima (Famper) Maçonaria (Grande Loja Maçônica e Grande Oriente Estadual) Movimento da Juventude em Ação Seção Sindical dos Docentes da UFRR (Sesduf)Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de RR (Seeb) Sindicato das Farmácias (Sindifarma)Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper) Sindicato dos Madeireiros (Sindimadeiras)Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e

Profissional no Estado de Roraima (Sinasefe)Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sinpol)Sindicato dos Servidores do Departamento da Polícia Federal no

Estado de Roraima (Sinpofer)Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário, Poder Legislativo,

Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado de Roraima (Sintjurr) Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima

(Sindsep-RR)Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Comerciais (Sinteco) Sindicatos dos Trabalhadores de Indústrias Urbanas de Roraima (Stiurr) Sindicato dos Trabalhadores da Saúde em Roraima (Sintras) Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbano e

Rodoviários (Sintrur)

Novo Código Civil entra em vigor Em janeiro de 2003 o Novo Código Civil entrou em vigor, depois

do projeto tramitar no Congresso Nacional por mais de 20 anos.O novo código foi sancionado em 2002, pelo então presidente da

República, Fernando Henrique Cardoso, e substitui o código de 1916. Numa entrevista a imprensa, o presidente da OAB Roraima declarou: “Sou a favor das modificações do novo código, mas acredito que

ainda existem questões que deveriam ter sido discutidas para que fossem colocadas junto com estas mudanças, como é o caso da internet, da clonagem de humanos e de animais”.^

242

UM RESGATE HISTÓRICO

A ntonio Oneildo anunciou que para ajudar a a tualizar os profissionais da área de Direito que atuavam no Estado, a partir de fevereiro a OAB estaria realizando um seminário para esclarecer sobre as principais mudanças conquistadas no novo código.

Posteriormente o seminário foi marcado para os dias 4 a 5 de abril, numa parceria entre OAB/RR e Faculdade Atual da Amazônia, com apoio do jornal Folha de Boa Vista.

Local: Auditório do Palácio da Cultura.

Tentativa de fraude para inscrição no £ 0Bacharéis de Direito residentes em outros Estados brasileiros

tentaram se inscrever no Exame de Ordem da OAB Roraima de forma ilegal, fornecendo endereços falsos. Assim que foi descoberta a tentativa de fraude, Antonio Oneildo denunciou o caso ao Ministério Público Federal e divulgou o ilícito na grande imprensa.

Confira o ofício expedido ao procurador-chefe da República:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício n'’. 006/2003/GP/OAB/RR Boa Vista (RR), ! 6 de janeiro de 2003

Excelentíssimo Senhor Procurador,Com os nossos cumprimentos, encaminho cópias de 19 (dezenove)

pedidos de inscrição ao Exame de Ordem, realizado por esta Seccional, formulados por candidatos que não lograram adequadamente comprovar domicílio neste Estado, para análise de possível enquadramento no art. 299 do Código Penal, conforme for do entendimento desse Órgão Ministerial.

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevada estima e distinta consideração.**’

Atenciosamente,Antoaio OneUdo Ferreira

Presidente da OAB/RR

Ao Exmo. Sr.Dr. Agei Florêncio da CunhaDD. Procurador-chefe da República no Estado de Roraima

O presidente da Ordem informou que “‘há parecer de crime de falsidade ideológica, com pena que varia de um a cinco anos de reclusão’”.®

243

OAB RORAIMA

Oneildo comentou que foram detectadas 19 solicitações de inscrições ilegais. Dessas, 18 casos procediam de bacharéis formados em três faculdades do Amazonas e um caso do Estado de São Paulo.

Segundo o Provimento n®. 81/96 do Conselho Federal da OAB, no seu art. 2®, “o Exame de Ordem é prestado apenas pelo bacharel de Direito, na Seção do Estado onde concluiu seu curso de graduação em Direito ou na de seu domicílio civil” . '

Mudança no comando do Tribunal de JustiçaO desembargador Ricardo de Aguiar Oliveira assumiu a Presidência

do Tribunal de Justiça de Roraima no lugar do desembargador Lupercino de Sá Nogueira Filho. A solenidade oficial de transferência de cargo ocorreu no dia 17 de fevereiro de 2003, no Fórum Advogado Sobral Pinto.

Presente na solenidade, o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, elogiou a atuação do presidente que deixou o cargo, principalmente no que diz respeito à informatização do Fórum.

Ao novo titular do Tribunal de Justiça, ele relatou que a classe dos advogados aspirava por mais agilidade no julgamento dos processos.

A seguir transcrevemos na íntegra o discurso do presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo, na posse do desembargador Ricardo de Aguiar na Presidência do TJ.^^

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RORAIMA.

DESEMBARGADOR RICARDO DE AGUIAR OLIVEIRA

Inicio a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, nesta solenidade de posse da nova Diretoria do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima dizendo que “todo ponto de vista é visto de um ponto”, pretendendo com isso destacar que falo de um lugar, com um ponto de vista e com a perspectiva de uma classe que é essencial à prestação da justiça.

Falo em nome da Advocacia Roraimense e em nome da entidade que os agrega e que tem por finalidade institucional precípua a luta constante pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. A Ordem dos Advogados do Brasil tem lutado continuamente pela inserção da ética na política e no trato com a coisa pública. Nossa entidade tem sido um farol para a sociedade na construção de um Estado Democrático de Direito e de uma comunidade mais justa e solidária.

Falo isso para destacar que não somos dados ao elogio fácil e desmotivado. Não praticamos o elogio motivado por questões meramente

244

VM RESGATE HISTÓRICO

pessoais ou políticas, bem como não somos afeitos à crítica sem propósito ou a posições maniqueístas.

Tem fatos e atos que naturalmente fazem parte e são incorporados em nossa história. E a gestão do Des. Lupercino Nogueira na Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima com certeza é um desses fatos. E ao dizermos isso não desprezamos as importantes contribuições dadas pelos eminentes desembargadores que já presidiram essa Egrégia Corte, bem como não ignoramos os desafios postos à Presidência que ora assume.

Neste sentido, consideramos alguns aspectos como de obrigatório destaque na gestão que ora se encerra.

Primeiro, a informatização e a interligação das comarcas, e da primeira instância e da segunda instância tem relevante importância, pois que vai permitir imprimir um novo ritmo de trabalho, bem como nova dinâmica na prestação jurísdícional, já que o acesso a dados e processos fica bem mais facilitado, possibilitando inclusive ao jurisdicionado fazer pequenas consultas rápidas e acompanhar processos de seu interesse em todas as instâncias, em um só ato e a partir de um só local.

Ainda no campo da informatização, é digno de destaque a informatização da distribuição na segunda instância, o que tem o condão de objetivamente assegurar ao cidadão uma maior transparência na distribuição, acabando com qualquer tipo de especulação neste sentido, bem como a implantação da consulta pelo número da OAB do advogado das partes.

Segundo, a política voltada para a ampliação do quadro de magistrados, a contratação e capacitação de servidores, bem como o funcionamento em período integral, que tem apresentado um reflexo direto na eficiência e celeridade dos serviços prestados.

No que tange à capacitação profissional, merece destaque à prioridade dada nessa área. Aos magistrados, atendendo a pleito da AMARR, o Tribunal ofereceu, com cobertura dos custos, oportunidade de participarem de pós- graduação em Direito Constitucional promovido pela OAB/RR. Curso que vem sendo desenvolvido com total êxito.

Terceiro, a divulgação da estatística de produção dos juizes, iniciativa que visa não só divulgar e estimular o trabalho dos magistrados, mas também atender aos princípios da eficiência e da publicidade consagrados no art. 37, da Constituição Federal.

A divulgação de dados e estatísticas, agregados aos aspectos já destacados, tem o condão de aproximar o Poder Judiciário da sociedade, na medida em que permite um maior conhecimento sobre o que está sendo feito, bem como toma suas ações mais transparentes aos olhos do cidadão comum. Rumando, tais ações, no sentido de atender ao princípio da democracia participativa, também consagrado na Constituição da República.

A publicação e divulgação das estatísticas relativas à segunda instância, que vai passar a ser feito, também vai muito contribuir nesse sentido.

Destaco ainda, na gestão do Des. Lupercino Nogueira no exercício da Presidência desse Egrégio Sodalício, sua permanente disposição ao diálogo e

24S

OAB RORAIMA

atendimento das reivindicações da Advocacia Roraimense. Foi o primeiro presidente desta Corte, e também o primeiro presidente de um Poder do Estado de Roraima, a participar de uma audiência pública com os advogados para discutir questões de interesse da classe e da Justiça.

Feitos estes obrigatórios destaques, a Ordem dos Advogados do Brasil tem a sugerir, visando à implementação de mecanismos que visem reduzir drasticamente o maior de todos os problemas enfrentados pelo Judiciário de nosso País, qual seja, a morosidade.

Qual é a m orosidade aqui apontada? Cabe esclarecer, já que reiteradamente essa observação é contraposta com a afirmação de que em Roraima temos a melhor relação per capta entre o número de habitantes e o de juizes. Enquanto a média nacional fica em tomo de vinte e três mil habitantes para cada magistrado, em Roraima temos em tomo de sete mil e setecentos habitantes para cada magistrado.

Ocorre que a demora de uma demanda não apresenta essa mesma proporção, ou seja, se em Roraima a relação per capta de habitantes para juizes é correspondente a um terço da média nacional, em boa parte das demandas instauradas aqui essa proporção não se verifica, havendo uma demora/morosidade igual ou próxima da verificada em centros habitacionais mais congestionados.

Em algumas áreas, a celeridade na movimentação processual em Roraima é expressivamente melhor que a média nacional.

A OAB/RR fez um levantamento dos dados disponibilizados no Siscom relativos ao mês de novembro de 2002, e encontrou o seguinte quadro, somente na Comarca de Boa Vista, excluídos os Juizados Especiais: na área criminal temos 10.819 (dez mil oitocentos e dezenove) processos em tramitação; destes, 3.857 (três mil oitocentos e cinquenta e sete) processos estão paralisados há mais de trinta dias sem nenhum motivo; na área cível temos 12.312 (doze mil trezentos e doze) processos; destes, 3.899 (três mil oitocentos e noventa e nove) processos estão paralisados há mais de trinta dias sem nenhum motivo.

Temos, no geral, somente na Comarca de Boa Vista, excluídos os Juizados Especiais, a soma de 23.131 (vinte e três mil cento e trinta e um) processos; destes, 7.756 (sete mil setecentos e cinquenta e seis) processos estão paralisados há mais de trinta dias sem nenhum motivo. Ou seja, hoje, neste momento, conforme o Siscom, em tomo de um terço de todos os processos da Comarca de Boa Vista está paralisado há mais de trinta dias sem nenhum motivo.

Na estatística publicada no Diário do Poder Judiciário do dia 15.02.2003 o juiz mais produtivo prolatou 883 (oitocentos e oitenta e três) sentenças e o menos produtivo prolatou o espantoso número de 35 (trinta e cinco) sentenças, no mesmo período de março a dezembro de 2002.

Nosso objetivo, quando tratamc» do binômio/poblema celeridade/morosidade não é simplesmente estannos melhor que a média nacionaf ou considerar nossa situação satisfòtória pelo 6 to desta estar à frente da realidade nacional.

Apesar de nossa relação per capta habitante/juiz ser próxima da relação

246

UM RESGATE HISTÓRICO

existente na Europa e EUA, onde todos os prazos são rigorosamente cumpridos, nossa realidade nesse aspecto está totalmente voltada para a realidade nacional.

Relativamente a esse tormentoso binômio celeridade/morosidade a OAB/RR, a Advocacia Roraimense tem um ideal, um referencial em sua posição, que é o cumprimento dos prazos, de todos os prazos previstos em lei e em todos os códigos para a marcha processual.

E isto não é uma utopia impossível, pois que, se o quadro de magistrados em sua relação per capta com o número de habitantes, se o quadro de servidores, numa estrutura totalmente informatizada e interligada, está próxima da realidade europeia, devemos perquírír, enfrentar e superar os motivos que tomam tão díspares os resultados da produtividade desses quadros tão próximos.

Nessa perspectiva, a informatização do Poder Judiciário, a contratação de novos magistrados e servidores e o funcionamento em período integral já significam a maior parte do suporte para a adoção de medidas e políticas voltadas ao combate direto da morosidade.

Sugerímos a inserção no sistema informatizado de mecanismos de controle automático de prazos para despachos, realização de audiências e prolatação de sentenças, a exemplo do que foi implantado e vem sendo praticado com sucesso pela Justiça Federal, na jurisdição do Tribunal Regional Eleitoral da r . Região, onde o prazo limite para um processo ficar concluso é de trinta dias. Prazo que quando ultrapassado o sistema de controle da corregedoria automaticamente emite um relatório para providências.

A falta de pontualidade na realização das audiências também é um grave problema, o que dificulta sobremaneira a vida do advogado e das partes. Neste particular, de regra, um pedido de certidão é encarado não como o exercício de um direito, conforme previsto e facultado em lei, mas como um gesto de agressão, prevalecendo a má vontade para o atendimento do pedido.

Assim, sugerimos a inserção de mecanismo de controle no Siscom que venha a indicar tanto na ata de audiência, como em relatório à corregedoria, o horário marcado para início da audiência e o efetivo horário em que a mesma veio a acontecer.

A adoção desse mecanismo de controle permitirá um funcionamento mais nivelado e igual do Poder Judiciário, com grandes benefícios para todos.

Existe ainda, no combate a morosidade, a necessidade de se implementar a mudança de mentalidade de alguns magistrados, desafio que não será superado em curto prazo.

Há, infelizmente, ainda, alguns juizes que relutam em atender e ouvir o advogado, profissional que é essencial à prestação jurisdicíonal, e funciona, também, como solicitador, trazendo, na maioria das vezes, as angústias dos litigantes para dentro do Poder Judiciário, na busca do que lhe é de direito, ou seja, a correta entrega da prestação jurisdicíonal.

A OAB, a Advocacia Roraimaise não transige no respeito aos direitos e prerrogativas da classe dos advogados. Não há hierarquia nem subordinação entre os advogados, nu^^tiados e memtxosdo ministério público, conforme expressamente

OAB RORAIMA

destacado na Lei 8.906/94, e bem colocado pelo Eminente Des. Robério Nunes em discurso proferido na solenidade de abertura do ano judiciário de 2003.

Temos na atual composição da D iretoria desse Sodalício uma predominância dos quintos, pois que o presidente e o corregedor são originários, respectivamente, dos quadros do Ministério Público e dos quadros da OAB.

O desempenho desses quadros tem sido visto sempre como forma de legitimar ou de se criticar a atual opção constitucional de composição dos tribunais.

Relativamente ao corregedor. Des. Almiro Padilha, que é o órgão essencial na solução e encaminhamento das questões aqui apontadas, a Advocacia Roraimense tem grandes expectativas, pois que se trata de alguém que atuou, na condição de advogado, por mais de dez anos no Judiciário Roraimense; alguém que ocupou por três vezes a Presidência da OAB/RR.

Assim, Des. Almiro Padilha, a classe dos advogados espera que Vossa Excelência tenha, no exercício de suas relevantes funções como corregedor, três referenciais.

1- que Vossa Excelência seja imbuído da sensibilidade e das angústias que como advogado vivenciou em suas relações com o Poder Judiciário e com sua clientela;

2- que Vossa Excelência seja imbuído da sensibilidade e todas as reivindicações políticas que como dirigente máximo da Advocacia Roraimense vivenciou e defendeu; e,

3 - que Vossa Excelência seja imbuído da sensibilidade e das experiências vivenciadas no exercício da magistratura.

Dirigimos também, todas essas colocações, no que tange ao quinto do qual é originário, ao Eminente Des. Ricardo Aguiar, no exercício das relevantes funções inerentes ao cargo de Presidente desse Egrégio Sodalício.

Todas essas ações, as já iniciadas e as ora sugeridas, têm o objetivo de possibilitar a construção de um poder judiciário mais eficiente e próximo da sociedade.

Um últim o destaque. Em nosso Estado, a regularização e institucionalização dos quadros funcionais através da realização de concursos públicos, bem como através da implementação de um bem articulado e estruturado projeto político voltado para a segurança pública, conforme compromisso assumido pelo governador em recente audiência pública realizada com a sociedade civil organizada na sede da OAB/RR, será outro marco na história de Roraima.

A falta de regularização e institucionalização dos quadros funcionais do Estado de Roraima através da realização de concursos públicos tem sido responsável pelo embate político e jurídico há muito travado neste Estado. A OAB/RR, a sociedade civil oiganizada, o Ministério Público e o Poder Judiciário têm travado uma luta constante na consecução desse objetivo que o Poder Executivo sempre resistiu de todas as formas em acatar.

Mas, foi com alegria e satisfação que assistímos uma recente mudança

248

UM RESGATE HISTÓRICO

de postura do Chefe do Executivo Estadual. Aliás, a mudança de postura aconteceu com a mudança do titular.

No que tange ao projeto de segurança pública, é imprescindível a participação do Poder Judiciário e do Ministério Público em tal debate, pois que são os órgãos diretamente responsáveis pela efetividade de tal projeto na via judicial.

Não há como desenvolver políticas públicas voltadas para o combate ao crime organizado que lida com o tráfico de armas, drogas e prostituição sem a participação dessas instituições, bem como não há como enfrentar o crime organizado sem a viabilização articulada de um projeto voltado para o tal fim. O que nunca foi feito e espera-se que agora venha a acontecer.

Com a efetivação dos compromissos assumidos publicamente, Roraima será inserida completamente na ordem constitucional de nosso País. Fato que terá 0 condão de facilitar de forma expressiva a prestação e aplicação da justiça.

Desafio que a Ordem dos Advogados do Brasil se coloca a disposição, na condição de aliada e diretamente interessada, para apontar soluções.

São com estas breves considerações e sugestões que a OAB parabeniza, o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor que hoje encerram seus mandatos frente a este sodalício, pelo excelente trabalho desenvolvido, bem como deseja a nova Diretoria, na pessoa de seu Presidente, seu Vice-Presidente e Corregedor sucesso e muito êxito na gestão que hora se inicia.

Obrigado. (Antonio Oneildo Ferreira)

Dom Quixote & Direito ConstitucionalEm março de 2003, o Curso de Pós-graduação Lato Sensu em

Direito Constitucional, promovido pela Escola Superior de Advocacia da OAB Roraima, trouxe a Boa \fista o Dr. João Batista Herkenhoff para ministrar a disciplina Direitos e Garantias Individuais e Coletivos.

As aulas do Dr. João Batista, que além de professor universitário é escritor de dezenas de livros, distribuiu conhecimento e estimulou seus alunos a acreditar nos direitos e garantias constitucionais. E, mais do que isso, inspirou o economista Assis Cabral a construir sua própria utopia, a exemplo do que fez Dom Quixote de La Mancha.

Ele conta como isso ocorreu no artigo abaixo, publicado na imprensa local. Uma aula de direitos humanos. Confira:

A CONSTRUÇÃO DE UMA UTOPIA

Durante toda esta semana os alunos do curso de pós-graduação em Direito Constitucional da Escola Superior de Advocacia da OAB/RR estão sendo agraciados pelas exposições do professor João Batista Herkenhoff acerca dos “Direitos e Garantias Individuais”, ordenados no artigo 5® da Constituição Federal.

249

OAB RORAIMA

O curriculum vitae do professor é tão extenso que não daria para transcrever neste espaço, mas, dentre outros títulos, é juiz aposentado, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo, pós-doutor pela Universidade de Wisconsin (EUA) e Centro de Direitos Humanos da Universidade de Rouen (França). Um de seus 31 livros denomina-se “Direitos Humanos; a construção de uma utopia, do qual empresto o título deste artigo.

E cá estou eu, caro leitor, escrevendo à mão este texto, enquanto ouço as palavras do velho juiz, tentando compartilhar o arroubo do qual é tomada minh’alma. Neste momento ele está traçando um paralelo entre a democracia liberal e o socialismo, como parte da análise histórica da construção da ideia dos Direitos Humanos, dizendo que discorda de renomados autores os quais afirmam ter esgotado todas as possibilidades de aspirações pertinentes a este tema no mundo atual. “Sempre se buscarão novos direitos humanos. Sempre haverá direitos humanos pelos quais as gerações futuras terão que lutar. O homem tem uma fome insaciável de justiça!”, brada o professor aos seus alunos.

Na cadeira ao lado vejo a primeira página da edição do dia 10 de março da Folha. Uma manchete me chama a atenção: “Falta de qualificação profissional aumenta desemprego no Estado”. Leio o título no exato instante em que o Doutor Heiicenhoíf enuncia: “A Constituinte de 88 foi o resultado da luta pela retomada do Estado Democrático de Direito. Um Estado onde todos podem manifestar livremente seus pensamentos, independentemente de cor, credo ou origem social. A democracia é isso: a convivência entre contrários!” Num ligeiro desfecho me vem à mente o inciso XIII do retro mencionado artigo 5° da Carta Magna: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” - combinado com o trecho da canção popular que diz: “E sem o seu trabalho o homem não tem honra/ E sem a sua honra se morre/ Se mata/ Não dá pra ser feliz/ Não dá pra ser feliz...”

Desnecessárias mais palavras para complementar a mensagem que tento transmitir neste encontro de hoje, caro leitor, pois poderiamos traduzir a manchete do jornal da seguinte forma: “Falta de qualificação profissional aumenta o número de cidadãos desprovidos de honra, da dignidade, do direito à vida e à manutenção da sua prole”.

Imagino a dor de um pai ao ouvir seu filho pedir: “Papai eu quero leite I ”, sem que aquele cidadão tenha como atender à necessidade premente do rebento. Esta é uma das piores violações aos direitos humanos que conheço. E, infelizmente, a nossa Carta Constitucional, a nossa Constituição cidadã não conseguiu garantir materialmente tal direito. Porque tal garantia passa pela moral, pela dignidade dos nossos governantes, que têm demonstrado muito pouco merecimento da outorga dada pelo voto daquele homem, daquela mulher que hoje não tem acesso à dignidade do trabalho simplesmente porque não tem o requisito mínimo, que é a qualificação profissional, a educação, a formação voltada para a garantia constitucional do trabalho, que resulta no direito à vida, à dignidade, à perpetuação da espécie humana através da exequibilidade de prover o sustento da sua descendência.

250

UM RESGATE HISTÓRICO

E as brumas da incerteza no futuro da nossa terra Paraviana tomam conta dos meus pensamentos. Incerteza quanto a um futuro promissor ao saber a quantas anda o nosso poder constituído. Quem é servidor público, quem tem contas a crer com o Estado sabe bem do que estou falando.

Mais uma vez as palavras do professor me atentam os pensamentos. Luto para ííxar-me na sala de aula. Ele fala sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos; “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fmtemidade. Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião pública ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”.

Um colega intervém: “Professor, mas isto é Utopia!” Imagino que o Mestre se ofenderá. Todavia ele responde à queima-roupa: “O sentido da vida é buscar a Utopia!” E então o pensamento se desgarra das rédeas em que o atei e vai buscar no catedrático a figura poética de Dom Quixote de La Mancha, lutando contra moinhos de vento, em busca da “bela Dulcineia”, que nada mais é do que a sua Utopia.

E agora tenho um sinônimo para Utopia, que usarei quando exortar a Justiça para que todos tenham direito à escola, ao aprendizado, à cultura, à educação, pois é a partir da realização deste direito. (Assis Cabral)”

Debate sobre a questão indígena e fundiáriaA OAB Roraima começou a articular um debate sobre a questão

indígena e fundiária em Roraima, envolvendo o Ministério da Justiça, Governo do Estado, Funai, Ibama, Incra, Igreja Católica, ONGs, arrozeiros e outras entidades interessadas no assunto.

O objetivo do encontro seria buscar uma solução democrática para a questão da demarcação da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol, ouvindo todos os segmentos envolvidos na disputa fundiária.

Antonio Oneíldo pregou a necessidade de mais diálogo, tolerância, ética e brasilidade no trato da questão, posto que a problemática envolvia a convivência e subsistência de milhares de índios e não-índios.

“Segundo o presidente da OAB, o órgão funciona para defender os direitos humanos e isso não corresponde somente a um grupo - seja índio ou não-índio - mas a todos, promovendo a dignidade da pessoa humana”.^

Na entrevista coletiva a imprensa, Oneildo lembrou o caso do município de Pacaraima, “que passou aproximadamente um mês sofrendo com a falta de água, devido à proibição por líderes indígenas para que fosse retirada água do igarapé Samã”. ^

OAB RORAIMA

Audiência com o Ministro da JustiçaO presidente da Ordem, Antonio Oneildo, confirmou a presença do

ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a Roraima no período de 10a 13 de junho. Conforme divulgado, ele vinha visitaraárea indígena, reunir com autoridades do Estado e participar de uma audiência pública para definir as regras da demarcação da área Raposa/Serra do Sol.

A OAB ficou responsável pela organização do roteiro a ser seguido por Thomaz Bastos, que incluía visita nas áreas pretendidas pelos índios. Segundo Oneildo, no dia 12 pela manhã, o ministro deveria visitar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para discutir o assunto.

Às 15 horas o ministro Thomaz Bastos participaria de audiência pública com a sociedade civil organizada sem a presença do poder público. “Esse momento será a oportunidade para que lideranças das entidades que representam a sociedade, possam se manifestar sobre o tema”.^

Antonio Oneildo continuava defendendo o diálogo entre índios e não-índ ios de form a a buscar um a solução harm ônica, que contem plasse as duas partes interessadas. Ou seja, coexistência pacífica e uma acomodação de direitos.

Por sua vez, os arrozeiros se manifestaram inseguros com a presença do ministro da Justiça, Thomaz Bastos. Em entrevista à imprensa, o presidente da Associação dos Arrozeiros do Estado de Roraima, Paulo César Quartiero,

Declarou que a discussão sobre a demarcação de terras, chega a ser insólita. “Isso é um processo que às vezes chega até ser ridículo, porque a gente está num canto onde há carência de gente que trabalha e produz. Ao invés de estarmos produzindo o que a população precisa, temos que lutar para trabalhar”.”

Ministro constata divisão entre os indígenasE o ministro da Justiça, Thomaz Bastos, veio a Roraima.Visitou várias malocas na área indígena Raposa/Serra do Sol, em

companhia do presidente da Funai, Eduardo Aguiar Almeida, e da subprocuradora geral da República, Ela Castilho.

Thomaz Bastos verificou que parte das comunidades ligadas ao C onselho Indígena de R oraim a e a Igreja C ató lica quer a homologação em área contínua. E o outro grupo, ligado ao Governo do Estado, defendia a demarcação em ilhas, excluindo as vilas e sede dos municípios de Uiramutã e Pacaraima.

UM RESGATE HISTÓRICO

Cerca de dois mil índios recepcionaram Márcio Thomaz Bastos num ginásio da comunidade da Raposa, onde o sentimento dos indigenas é pela exclusão de municipios, vilas, rodovias, áreas de produção de arroz e propriedades com titulos definitivos no ato demarcatório da reserva.”

O ministro prometeu fezer uma arrola explanação de tudo que viu e ouviu para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou claro que a decisão final sobre o modelo da demarcação seria do presidente Lula.

Q uanto a O A B/RR, em todas as instâncias, pedia que a homologação acontecesse de forma a atender os interesses de todos.

T hom az B as to s e n ce rro u sua v is ita ao E stad o com a audiência no auditório do Palácio da C ultura, que contou com a p a r tic ip a ç ã o de ap ro x im a d am en te 400 p e sso a s de ân im os acirrados e m uito em purra-em purra.

Retomou a Brasília prometendo definir de vez a homologação da Raposa/Serra do Sol até mês de agosto. (Ver o capítulo Audiências Públicas).

Segundo matéria publicada na Revista Jurídica do Advogado,

A. audiência pública realizada pela OAB foi o primeiro acorvtecimer\to a abrir espaço para ouvir tanto um lado quanto o outro da situação, dando oportunidade para todos argumentarem seus posicionamentos. (...)

André Vasconcelos, Assessor de Comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que defende a demarcação em área contínua, explicou que o Ministro teve uma atitude imparcial. “A ação da OAB foi relevante para o tema, o Ministro veio a Roraima conhecer a situação e ouvir todas as pessoas interessadas no assunto”. (...)

Daniel Gianlup da classe produtora que defende a demarcação em ilhas, disse que a “OAB fez um belo papel, abriu espaço para as partes interessadas discutirem e opinarem cada um o seu lado”.

A audiência marcou uma nova fase na discussão da questão fundiária.”

Escola Superior de Advocacia em ação Investindo na melhoria do nível profissional dos advogados

roraimenses, a Escola Superior de Advocacia da OAB/RR promoveu o curso de Prática Forense Trabalhista, no Auditório Advogado Hesmone Saraiva Grangeiro, na sede da entidade.

O curso foi ministrado pelo secretário geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Gilberto Gomes, nos dias 26,27 e 28 de junho de 2003.

253

OAB RORAIMA

Antes disso, atendendo um calendário de reciclagem profissional, foram promovidos os cursos de Prática Forense Cível, ministrado pelo diretor-tesoureiro do Conselho Federal da OAB, Estras Dantas de Souza e de Prática Forense Criminal, ministrado pelo defensor público junto ao STJ, Sérgio Habbib.

Na ocasião, a OAB Roraima prometeu trazer novos cursos.

Taxação dos inativos é inconstitucional No final de maio de 2003, o presidente do Conselho Federal da

OAB, Rubens Approbate Machado, criticou a proposta apresentada pelo Governo Lula ao Congresso Nacional para taxação dos inativos.

Em junho o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, também se manifestou contra a proposta que tramitava no Congresso Nacional para taxação dos inativos.

A Ordem propagou aos quatro cantos do País que se a Reforma da Previdência fosse aprovada com esse item, a entidade entraria na justiça com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.

Em entrevista à imprensa, Antonio Oneildo ponderou:

A OAB tem a função de se manifestar e criticar quando o ordenamento jurídico é agredido, ou quando os direitos fundamentais são desrespeitados. “Se for preciso vamos nos posicionar em todas as tribunas para dizer que é inconstitucional taxar os inativos”.^

Comemoração da IO"" Semana dos AdvogadosNo período de 4 a 16 de agosto de 2003 a OAB/RR comemorou a

10“ Semana dos Advogados. Constou a programação de atividades esportivas, palestras, baile e almoço de confi-atemização.

A abertura do ciclo de palestras aconteceu no dia 11, Dia do Advogado, no Fórum Advogado Sobral Pinto. O desembargador federal Fernando Tourinho Neto falou sobre “Crime Organizado x Violência Urbana”.

Na mesma noite a OAB/RR lançou a Revista Jurídica do Advogado. Inclusive, ela trouxe um artigo de Tourinho Neto intitulado

“Corrupção na Administração Pública”, além de outros artigos assinados por Aldemiro Rezende Dantas Júnior, Arx Tourinho, André R. C. Fontes, Bismark Duarte Diniz, Lenir Veras, Paulo Bonavides, Ednaldo do Nascimento Silva e Henrique Keisuke Sadamatsu.

254

VM RESGATE HISTÓRICO

No dia 12, na sede da OAB, o desembargador federal André Fontes ministrou palestra sobre “Prescrição e Decadência no Novo Código Civil”.

Dia 13, o ex-presidente do Conselho Federal da Ordem, Reginaldo Oscar de Castro, falou sobre “Direitos e Prerrogativas do Advogado”.

O Baile do Rubi, evento promovido todos os anos, aconteceu no dia 15, sexta-feira, no Centro de Tradições Gaúchas.

O encerramento da semana ocorreu no sábado, com um almoço de confraternização. Também no CTG

Sentinela do respeito à democraciaJoão Pojucan Souto Maior: “OAB é uma sentinela avançada do

respeito à democracia e aos direitos humanos no Estado” .Paula Bittencourt Leal: “Ai da justiça e da humanidade sem a OAB”.V lm ar Francisco Maciel: “A OAB é artesã que confecciona a

vestimenta chamada cidadania para vestir e cobrir com louvor os artigos dos direitos humanos” .

As declarações dos advogados Pojucan , Paula e M aciel dimensionam a importância da OAB na vida cotidiana da sociedade roraimense, registradas na reportagem intitulada “OAB conta sua história para comemorar Dia do Advogado” .®

A matéria jornalística apresentou a OAB como uma guardiã da sociedade. João Pojucan puxou pela memória e declarou que no tempo do antigo Território muitos advogados trabalhavam quase que de graça, devido 0 baixo poder aquisitivo da população.

Tudo pelo desenvolvimento político e institucional do Território Federal de Roraima e pelo respeito à cidadania.

Junto com os pioneiros da área advocatícia como Onias Rodrigues Moura, oNosinho, Oscar Leopoldo de Almeida, Waldomiro Barbosa de Araújo, Raimundode Castro Barros, Lino Carneiro da Silva, Reis Brandão e Salomão Lima, Pojucandisse que encabeçou o maior movimento político na época do regime militar”.”

A reportagem documentou que a OAB teve papel decisivo na realização dos concursos públicos, por entender que o resgate da cidadania passava pela valorização do servidor público, para que não fosse usado como massa de manobra a cada ano político.

OAB RORAIMA

OAB recebe denúncias contra a PFA investigação sobre o Caso Gafanhoto, também conhecido como

Folha do Gafanhoto (lista de pessoas que recebiam salário do governo do Estado sem trabalhar) virou caso de Polícia Federal e gerou denúncias na Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR.

A Comissão recebeu três denúncias de que policiais federais estariam pressionando e coagindo as pessoas que estavam na lista a prestarem depoimentos em suas residências. Os denunciantes alegavam também que os policiais faziam abordagem sem apresentar a devida identificação funcional.

Na reportagem intitulada “Caso Gafanhoto: OAB recebe denúncia contra federais”,

O presidente da Comissão, Ednaldo do Nascimento, classifica a atitude atribuída aos possíveis policiais como “abuso de autoridade” e “ação arbitrária”. Segundo ele, entidades e autoridades públicas só podem fazer o que a lei determina, ao contrário de particulares que podem o que a lei não proíbe.”

No mesmo dia do recebimento das denúncias, Ednaldo do Nascimento encaminhou pedido de providências ao procurador-geral da República em Roraima, Rômulo Conrado, ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao superintendente da Polícia Federal, Agripino Neto.

O presidente da CDH explicou que ninguém era obrigado a receber policial em sua residência para prestar depoimento, a não ser que fosse de livre e espontânea vontade.

Por sua vez, o delegado da Polícia Federal, Júlio César, afirmou serem infundadas as denúncias. Acrescentou que não era prática daquele órgão público trabalhar de forma arbitrária.

Promotores defendem Polícia FederalRepresentantes do M inistério Público Estadual e do M inistério

Público Federal saíram em defesa da ação da Polícia Federal, que investigava o Caso Gafanhoto. Segundo denúncias na impressa local, nacional e internacional “a praga dos gafanhotos” devoraram milhões de reais dos cofres públicos do Estado.

No entendimento deles, a denúncia formalizada na OAB contra a força-tarefa da Polícia Federal tinha a estratégia de desestabilizar o trabalho que estava sendo realizado para desvendar o esquema gafanhoto.

256

VM RESGATE HISTÓRICO

O promotor de Defesa do Patrimônio Público, Alexandre Tavares, afirmou que “os delegados que investigam o Caso Gafanhoto são pessoas altamente qualificadas. Eles estão seguindo normas que foram acertadas numa reunião em que estavam presentes todos os óigãos envolvidos”.^

Inclusive, os promotores aconselhavam as pessoas usadas no Caso Gafanhoto a denunciar os mentores do esquema. Mas alertavam que, se posteriormente mudassem o depoimento, poderiam responder por crime de falso testemunho.

Diante dos acontecimentos, o procurador da República, Rômulo Conrado, arquivou o requerimento enviado pela CDH da OAB/RR. Explicou que estava acompanhando as investigações da Polícia Federal e até aquele momento não havia detectado nenhum ato ilegal ou abusivo.

Os depoimentos tomados em casa tinham a finalidade de dar comodidade às pessoas investigadas, considerando a lista quilométrica dos envolvidos. Além do mais, muitos moravam no interior do Estado e teriam dificuldades financeiras em se locomover até a Capital.

E a Operação Gafanhoto tinha pressa.

OAB lança a Carta de BrasíliaA Carta de Brasília foi divulgado em todo Brasil.Em Roraima ela foi veiculada no final de setembro de 2003.Um documento histórico que merece ser arquivado.

CARTA DE BRASÍLIA

Os Presidentes das 27 Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, reunidos em Brasília (DF), de 12 a 14 de setembro de 2003, tomam pública sua posição institucional e corporativa diante do temário proposto, nos seguintes termos:

I - CONCLAMAR os advogados brasileiros a participarem, com espírito ético, das eleições da OAB - no Conselho Federal, nas Seccionais e na Subseções promovendo campanhas de alto nível capazes de preservar a grandeza da Ordem, a valorização da Advocacia e defesa da cidadania.

2- RECONHECER que em seus 15 anos de vigência, a Constituição Federal de 1988 é democrática, sendo os seus princípios fundamentais coerentes com as lutas e conquistas históricas dos advogados brasileiros. As reformas nela introduzidas, em número excessivo e nem sempre legítimas, não comprometem a essência do sistema adotado em 1988. íntegra em seus princípios fundamentais, a luta deve ser para adotar a Constituição de efetividade jurídica e social, a fim de se chegar a um Brasil livre, justo, e a uma sociedade solidária.

OAB RORAIMA

3- MANIFESTAR preocupação com a crescente deterioração do diálogo entre os Poderes constituídos, cujos efeitos ameaçam a estabilidade institucional do País, e defender a observância do que determ ina a Constituição Federal quanto à harmonia que deve permear as relações entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.

4- ALERTAR aos representantes da sociedade brasileira no Congresso Nacional para os rumos das reformas em tramitação, sobretudo aquelas que afetam diretamente a população, a exemplo da Reforma da Previdência, Tributária e do Judiciário, no sentido de que sejam respeitados os princípios do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa Julgada, que representam conquistas de todos os povos civilizados.

5- REITERAR sua constante preocupação com a incidência de torturas em alguns setores da segurança pública.

6- DEFENDER, de fonna intransigente, a indispensabilidade da presença do advogado na administração da Justiça, em qualquer juízo ou instância, conforme determina o Artigo 133 da Constituição federal, como forma de garantir ajusta e correta aplicação da lei e preservar os direitos do jurisdicionado.

7- REPUDIAR toda e qualquer tentativa de responsabilizar a Advocacia pela morosidade processual e má administração da Justiça.

8- APOIAR a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da PEC n° 544/ 02 que cria quatro novos Tribunais Regionais Federais com sedes em Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, correspondentes às 6*, T, 8“ e 9® Regiões, os quais irão contribuir para a melhoria da prestação jurísdicional em Segunda Instância na Justiça Federal.^^

Brasília, 14 de setembro de 2003Rubbens Approbate Machado

Presidente do Conselho Federal da OAB

15 anos da Carta MagnaBoa Vista, Palácio da Cultura, 3 de outubro de 2003.A OAB com em orou os 15 anos de v ida da C onstitu ição

Federal do Brasil, com uma palestra do ju rista Paulo Bonavides, sob 0 tem a “A dem ocracia pa rtic ip a tiv a com o a lte rnativa ao parlam entarism o e ao presidencialism o” .

Durante a solenidade foi feito a distribuição da Revista Jurídica do Advogado, que havia sido lançada no dia 11 de agosto no Fórum Advogado Sobral Pinto, na 10“ Semana dos Advogados.

Inclusive, a revista trazia um artigo de Paulo Bonavides intitulado “Os fundamentos teóricos da democracia participativa”

Nele, Bonavides afirmou que,

258

UM RESGA TE HISTÓRICO

Partimos do entendimento de que soberano não é o poder político, nem o governo, nem a classe dominante, nem as oligarquias partidárias. Soberana é a Constituição, por garantir o Estado de Direito, a independência do juiz, a autoridade da lei, a execução das sentenças judiciais, a observância e proteção dos direitos humanos, o primado da norma e direito internacional, o livre e democrático funcionamento dos sistemas judiciais, a governança popular e representativa, a supremacia normativa dos princípios.^

Por sua vez, falando para uma platéia de aproximadamente 500 pessoas, o presidente da OAB, Antonio Oneildo, lembrou a importância da Constituição de 1988 para os roraimenses, pois foi justamente através dela que nasceu o Estado de Roraima, implantado em 1991.

Polícia Federal fecha sala da OABA Polícia Federal fechou a Sala dos Advogados que existia, há

cinco anos, na sede da Superintendência em Roraima e que servia de apoio aos advogados no atendimento dos seus clientes.

Segundo o presidente da OAB, a confusão começou em junho quando os advogados reclamaram da forma como vinham sendo tratados por alguns policiais federais e do uso indevido da sala, destinada aos advogados.

Antonio Oneildo explicou que, “segundo a Lei 8.906/94, ‘o Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar em todos os juizados, fóruns, tribunais e delegacias de polícia, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados a OAB’”. ^

Revoltado com a situação, Oneildo declarou que iria entrar na Justiça contra o superintendente Agripino Neto, pois ele considerava sua decisão como uma atitude agressiva e truculenta.

Todavia, em contato mantido com a Presidência da OAB, o superintendente da Polícia Federal informou que seria providenciado novo espaço para os advogados.

Advogados escolhem “OAB Ética”21 de novembro de 2003.A chapa “OAB Ética” venceu as eleições.Antonio Oneildo Ferreira foi reeleito presidente da OAB Roraima. A “OAB Ética”, liderada por Antonio Oneildo, recebeu da classe

dos advogados 180 votos e ganhou as eleições com 11% de votos a mais. A chapa “Gestão OAB Melhor”, encabeçada por Stélio Dener, teve

259

OAB RORAIMA

144 votos. “Chorando muito, Dener aceitou o resultado. De um lado, correligionários festejavam; do outro, a tristeza”. *

Antonio Oneildo prometeu continuar ampliando o trabalho da Ordem. Segundo o presidente da Comissão Eleitoral da OAB/RR, Nelson

Mendes Barbosa, 70% dos advogados foram às umas.

Oneildo apoia Operação Praga do EgitoDepois da investigação sobre a “Folha do Gafanhoto”, a Polícia

Federal criou a Operação Praga do Egito para engaiolar as aves rapinas que depenaram milhões do erário.

Diante do disse-me-disse e do corre-corre, o presidente da OAB Roraima declarou seu apoio à operação para prender e punir todos os dilapidadores da coisa pública em prol da moralização das instituições.

Contudo, Antonio Oneildo considerou “excesso policial o fato dos presos serem algemados e expostos à execração pública, como se fossem troféus”.

Ele se mostrou preocupado em resguardar os direitos constitucionais da pessoa humana e comentou que “a vindita não é papel do Estado”.™

A prisão de vários figurões da política local, expostos pela imprensa escrita, falada e televisada, portando algemas de prata, levou o povo ao delírio.

As pessoas profetizavam :“Quem não aprende sorrindo, aprende chorando” .

Diante do escândalo que supostamente teria corroído cerca de R$ 300 milhões ao longo de sete anos e meio, o presidente da OAB, Antonio Oneildo, entende que a sociedade deve se portar com indignação na perspectiva de apoiar o que está sendo feito, sem se deixar levar pela influência de grupos políticos interessados em desestabilizar a administração do Estado.^'

Antonio Oneildo Ferreira mandou um recado aos politicos corruptos e corruptores. Que essa operação servisse de lição a quem fazia política apenas com a visão de um negócio lucrativo e não como instrumento de construir cidadania e transformar a qualidade de vida da população.

TEXTO-& CONTEXTO

=> Dia 24/07/2001 — OAB/RR inaugurou a Sala do Advogado no Fórum Advogado Sobral Pinto, que recebeu o nome do primeiro roraimense formado em Direito: Ritler de Lucena, que faleceu no dia 8 de março de 2000, vitima de um acidente de trânsito.

260

UM RESGATE HISTÓRICO

=> Dia 13/08/2001 — Foi inaugurado pelo Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e pelo presidente da Venezuela, Hugo Chaves, em Santa Elena do Uairen, a linha de transmissão de energia (Linhào de Guri), que fornecería 200 MW de energia elétrica para Roraima nos próximos 20 anos.

=> Dia 11 /09/2001 — Invasão das duas Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque e do Pentágono nos Estados Unidos. O ataque criminoso foi arquitetado pelo chefe da organização terrorista al-Qaeda, o iraquiano Osama Bean Laden, e ceifou a vida de quase 3 mil pessoas.

=> Dia 2/06/2002 — Morte do jornalista Tim Lopes, repórter da Rede Globo. Ele foi assassinado por traficantes de drogas enquanto investigada a exploração sexual de adolescentes em bailes funk, no Rio de Janeiro.

=> Dia 30/06/2002 — O Brasil ganhou a Copa do Mundo realizada no Japão e Coréia do Sul, numa final de 2x0 contra a Alemanha. A seleção brasileira tomou-se, assim, pentacampeâ do futebol mundial.

=> Dia 6/03/2003 — Falecimento da escritora Nenê Macaggi, aos 92 anos de idade. Ela é autora de vários livros, ente eles, A Mulher do Garimpo, Dada-Gemada Doçura Amargura e Exaltação do Verde: terra, água, pesca.

DÉCÊMO PRIMEIRO CONSELHO SECCIONAL R9feréncias & Anotações

' Ata da posse do triênio 2001/2003. Data: l“/janeiro/2001. Arquivo da OAB/RR. Conceição Silva. Conselho de Magistratura empossa novos juizes. Brasil Norte.

Boa Vista, 6/janeiro/2001. (p. 9) Alexsandra Sampaio. OAB abre inscrição para a lista sêxtupla. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12/julho/2001. (p. 4)'* Ata da 4“ Sessão Ordinária do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado de Roraima, assinada por Almiro Melo Padilha e Paulo S. Bríglia. Data; 14/maio/2001. (pp. e \ \ ) Arquivo da OAB/RR Trabalho apresentado na sessão extraordinária do Conselho Seccional do dia 5/

julho/2001. Acerco do advogado Antonio Oneildo Ferreira. Ata da 2® Sessão Extraordinária do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados

do Brasil, Seção do Estado de Roraima, assinada por Almiro Melo Padilha e Paulo S. Bríglia. Data: 5/julho/2001. (verso da p. 13) Arquivo da OAB/RR.’’ Marlen Lima. 21 advogados se inscreveram para concorrer á lista sêxtupla. Correio de Roraima. Boa Vista, 27/juIho/200l. (p. 3) Arquivo OAB/RR.** Alexsandra Sampaio. OAB vai apurar denúncias de adulteração de processos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28 e 29/julho/2001. (p. 4)

Candidatura de Vera Regina poderá ser impugnada. Correio do Norte. Boa Vista, 28/julho/2001. (p. 5) Arquivo da OAB/RR.

261

OAB RORAIMA

Nota de Repúdio/Sintjurr. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/agosto/2001. (p. 3); Nota de alerta à sociedade roraimense/Sintjurr. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4/ setembro/2001. (p, 3)" OAB comunica à Justiça suspensão de advogados. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/setembro/2001. (p. 10)

Processo foi marcado por denúncias de falsificação. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/setembro/2001. (p. 5)

Marilena Freitas. Lista sêxtupla: MPE envia autos para exame grafotécnico.Folha de Boa Vista. Boa Vista, 29/outubro/2001. (p. 3)

Carvílio Pires. MPF denuncia secretária e advogado por falsificação. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 16/junho/2003. (p. 3)

Processo n“. 001004078291-3, protocolado na 5“ Vara Cível em 3/fevereiro/2004. Secretária geral da OAB de Santa Catarina encerrou palestras da Semana do

Advogado. Brasil Norte. Boa Vista, 25/agosto/2001. (p. 11)” Fazer parte da lista, o primeiro passo. Correio de Roraima. Boa Vista, 19/ setembro/2001, (p. 5)

TJ elege lista tríplice e encaminha a Neudo Campos. Brasil Norte. Boa Vista, 20/ setembro/2001, (p. 10)” Alexsandra Sampaio. Almiro Padilha é o novo desembargador. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/setembro/2001. (p. 5)

Almiro Padilha é empossado como desembargador pelo TJ. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/outubro/2001. (p. 5)

Padilha é empossado no Tribunal de Justiça. Brasil Norte. Boa Vista, 11/ outubro/2001, (p. 5)

Idem.Antonio Oneildo é o novo presidente da OAB em Roraima. Brasil Norte. Boa

Vista, 23/outubro/2001.Gilvan Costa. Advogado Antonio Oneildo é novo presidente da OAB/RR.

Correio de Roraima. Boa Vista, 23/outubro/2001. (p. 4)Alexsandra Sampaio. Advogado militante de esquerda é eleito novo presidente da

OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/outubro/2001. (p. 4)Idem.OAB tem novo Presidente. Ética é a bandeira da vez. Correio de Roraima. Boa

Vista, 27/outubro/2001. (p. \) Arquivo da OAB/RR.Termo de Posse de Antonio Oneildo Ferreira na Presidência da OAB/RR.

Arquivo da OAB/RR.” OAB tem novo Presidente. Ética é a bandeira da vez. Correio de Roraima. Boa Vista, 27/outubro/2001. (p. 1) Arquivo da OAB/RR.” Advogado de Silvino acusa policial de ameaça de morte. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/novembro/200l. (p. 12)

262

UM RESGATE HISTORICO

Silvino nega crimes e acusa Campeio de autopromoção. Folha de Boa Vista.Boa Vista, 24 e 25/novembro/2001. (p. 12)^ OAB é contra campanha do Governo Federal sobre FGTS. Brasil Norte. Boa Vista, 29/novembro/200l. (p. 12)” Advogados são obrigados a se recadastrarem na OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/fevereiro/2002. (p. 10)

OAB quer combater abusos nas eleições de outubro. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3/abri 1/2002. (p. 3)

Shirley Rodrigues, Importante. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 10/abri 1/2002. (p. 9)Sheneville Araújo. Justiça Federal: Roraima já tem dois Juizados Especiais.

Folha de Boa Vista. Boa Vista, 13 e t4/abril/2002. (p. 7)Saul K. Padover. A Constituição viva dos Estados Unidos: história, texto,

retratos dos signatários. Tradução de A. Delia Nina. São Paulo: ibrasa, 1964. (Clássicos da Democracia, vol. 28)

Marilena Freitas. Caso Chico Doido: OAB favorável à cassação de vereador. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3/julho/2002. (p. 4)” OAB cria Comissão de Ética na Política. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/ julho/2002, (p. 4)

Ray Araújo. Denúncias de violência aumentam na OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 2/agosto/2002. (p. 6)

Marilena Freitas. Policiais torturam homem na delegacia. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 3 e 4/agosto/2002. (p. 5)

Idem.” Campanha; OAB inicia atividades da /X Semana dos Advogados. Brasil Norte. Boa Vista, 6/agosto/2002. (p. 10)

Secretaria de Justiça e Cidadania e OAB vão realizar Mutirão Jurídico. Brasil Norte. Boa Vista, 9/agosto/2002. (p. 12)

Para OAB candidatos desconhecem funções dos cargos que disputam. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 26/agosto/2002. (p. 2)^ Programa para o Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Direito Constitucional. Arquivo da OAB/RR.

OAB tenta criar Pacto de Roraima. Folha de Boa Vista Boa Vista, 28/ novembro/2002, (p. 4)

Paula Oliveira. Novo Código Civil entra em vigor hoje. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11 e 12/janeiro/2003. (p. 6)

Ofício n". 006/2003/GP/OAB/RR. Boa Vista, 16/janeiro/2003. Arquivo da OAB/RR.” Amílcar Júnior. Falsidade ideológica: OAB/RR aguarda investigações do Ministério Público Federal. Brasil Norte, Boa Vista, 4/fevereiro/2003. (p. 10)

Pides Angélica de C. V. Ommati & L u iz Carlos Maroclo (orgs.). Estatuto da Advocacia e da OAB e l^íslação complemenlar. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2004. (p. 182)

263

OAB RORAIMA

” Antonio Oneildo Ferreira. Presidente da OAB discursa na posse da nova diretoria do Tribunal de Justiça. Revista Juridica do Advogado. Boa Vista, RR, Ano 1, n®. 1,2003. (pp. 60-62)” Assis Cabral. A construção de uma utopia. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 13/ março/2003, (p. 2)” OAB vai promover debate sobre demarcação das terras indígenas. Brasil Norte. Boa Vista, 2l/março/2003. (p. 10)” OAB prepara debate sobre questão indígena. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/ março/2003, (p. 4)

Luiz Valério. Ministro da Justiça deverá passar quatro dias em RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 4/junho/2003. (p. 4)” Raustman Gondin. Agenda do ministro pode sair hoje. Folha de Boa Vista. BoaVista, 5/junho/2003. (p. 5)” Ivo Galindo. Raposa/Serra do Sol: Ministro constatou divisão entre indígenas da reserva e levará isto ao presidente Lula. Brasil Norte. Boa Vista, 13/junho/2003. (p. 3)” Ministro da Justiça visita Roraima. Revista Jurídica do Advogado. Boa Vista, RR, Ano I, n“. 1,2003. (p. 35)” Rebeca Lopes. Presidente da OAB diz: Taxação dos inativos é inconstitucional. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/junho/2003. (p. 3)

Marilena Freitas. OAB conta sua história para comemorar Dia do Advogado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/agosto/2003, (p. 10)” Idem.” Rebeca Lopes. Caso Gafanhoto. OAB recebe denúncia contra federais. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 22/agosto/2003. (p. 5)” Marilena Freitas. Caso Gafanhoto. Promotores defendem força-tarefa da PF. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23 e 24/agosto/2003. (p. 5)

Carta de Brasília. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/agosto/2003. (p. 12)Paulo Bonavides. Os fundamentos teóricos da democracia participativa. Revista

Jurídica do Advogado. Boa Vista, RR, Ano 1, n". 1,2003. (p. 54)” Cyncida Correia. Sala da OAB na Polícia Federal é fechada pela Superintendência. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/oulubro/2003. (p. 5)

Vitória: Oneildo continua na Presidência da OAB. Brasil Norte. Boa Vista, 22/ novembro/2003, (p. 9)” Carvílio Pires. OAB apóia operação e adverte contra aproveitadores políticos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/novembro/2003. (p. 3)

Idem.Sociedade deve estar alerta para aproveitadores, afirma Oneildo. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 28/novembro/2003. (p. 3)

264

L M RESGATE HISTÓRICO

Presidente da OAB em Roraima propõe criação de pacto social

O pirsKknlr áa Or*dem Hm doBnuUU^ RR). Antâni»Ortnkkx irlomou mu ir- maita dr Salvador (QA). onde pmnpcat rfa ( 4WV

Nadoiui dc Ad>4>SRKki um do» map dr

rrr> máaiKTifpd(H<|(ir nnpwwr) da (wdciAnm (hwíldo inSintnvj cpir

<tfTH <wr>M|»«a< kwtww f fM M kt 'Ahiw* iWnoB a it^'mudo juda^ nue.pmr^Mhnrm .ooiik SaK a Cf HtiípcÁrtw o ixvudmv, rr»alundoqir aabmmdi>cmii() c\«v<mj nvTk a purtKnjaUo do |>fr» denfreinhv umlnaiw Liãa

Seffimdo Oneildo.LutaajtoeuHe àcUtpc»<ão p a n «afaa^MV eniQV* erria rom a OAB. lanh Wm nfaatvMVitfi* no «rtv tKt9dnndkarMlu(ón an» probiemas da sociedade cranlrira*, comentou

Nocatodoccmbaie i «mipçáo, a OdftKR CTTv pós motalvar, até o ftnaJ do Aitt>. tdm» wgmeni'» da amrcbdr bral pan cmvr enar um p»to social 'De- pnv de (Tvumiinnos n<MmXV a opnigi'A nu nacK«i.tl',

De acordo con OneiMo, a OAB vai pro­vocar disnusóea. <ol^ rando n aaiunto em pau- la para que todo» emeu- um a (iMcáo do pacto social roraimense. Viu roemdar ermdades e hde- rar o imminr mo

'(«arm nos nrrvnu |uiu) rurairW se «itiV ir- mm prinlriKias locam?'. m«Lv ■« • qamdmte. com-

ptetanda "nesae semddn preeiammm CTBW wn mow- memo j a n (taruen tM a i < o m ip ^ \i6 m e .

Anfa segwdnOivd do. ô Caiado irm que ler

<fa ccmiuiD. 'Cnr mm á OAB/RR simpaluou-M core o propam* dn piceo wríal oo now* Graernm'

Brasil Norte, 22/novembro/2002

Revista Juridica do Advogado Boa Vista, Ano 1, n“- 1,2003

(JAB inaugura sala Ritler de Lucena no Fórum Sobral Pinto

A Oniem d » A<i\Dgados do BraMl lOAfi) eslará inai- guranJü hoje. âs lObutas. a Sala do Ad\ogado. no Fo- nini Sobral Pinto, que rece­berá 0 nonir do pnmeiru ro- mimense formado em Direi­to: 0 advogado Ruler de Lu­cena. que morreu dia 8 de marfode20CI0.

Oespaçoéfnitodeunia das antigK leiv indic*^ dos

junsusdo Esiadoquc passan a maior pane do tempo no pre- dio. A salajiextsiia c servia de apmo aos advogados enquanto aguardasam o ínKio das audi- éneias. ma< nlo poesuia tuas acomodaqóes

Segundo o presidente da OAB, Almiro Padilha, a home­nagem ao advogado Ritlgr foi uma proposta qnrsentada por ele ao conselho da Seccional.

que apnmxi em sua maiona "Indiquci este nome por

saber o quanto o advogado Ritler de Lucena coUborou para a sociedade roraimense. trabalhando na Defensona PiJblica do Estado por 30 anoa. aluando lamhpm cnmo promotor e na área polfiica.quandoeaeiceuocaigodcpó- incvn-siipieMenDf^rlainen- 10 Federal 1978". aplKi»i

Folha de Boa Vista, 24/julho/200I

265

5.12.DÉCIMO SEGUNDO CONSELHO (2004 - 2006)

Diretoria do Conselho Seccional'Antonio Oneildo Ferreira (pres.)Maria Dizanete de Souza Matias (vice) Messias Gonçalves Garcia (see. geral) Oleno Inácio de Matos (see. adjunto) Hélio Abozaglo Elias (tes.)

Conselheiros Seccionais Alexander Ladislau Menezes Antônio Avelino de Almeida Neto Antônio Cláudio de Almeida Arquimedes Eloy de Lima Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro Ernesto HaltFrancisco Rodrigues de Freitas João Félix de Santana Neto Jane Wanderley de Melo José Lurene Nunes Avelino Júnior Lavoisier Amoud da Silveira Luiz Fernando Menegais Maria Dilmar Paulino Osmar Pereira de Matos Paula Bittencourt Leal Ronnie Gabriel Garcia

UM RESGATE HISTÓRICO

Samuel Weber Braz Silvana Borghi Gandur Pigari Vilmar Francisco Maciel

Conselheiros Federais Ednaldo Gomes Vidal Francisco das Chagas Batista Joaquim Pinto Souto Maior Neto

% Eleição: 21 de novembro de 2003Mandato: lVjaneiro/2004 a 31/dezembro/2006 (triênio)

Segundo M^nd^to de ANTONIO ONEILDO FERREIRA

r de janeiro de 2004.itorioso nas eleições de novem bro de 2003, Antonio Oneildo Ferreira foi reem possado com o presidente da

Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraim a, para o m andato do triênio 2004/2006.

V;TERMO DE POSSE

Ao primeiro dia do mês de janeiro do ano de dois mil e quatro, na Sala de Reunião da OAB/RR. compareceu perante os conselheiros presentes o advogado Antonio Oneildo Ferreira, que após prestar solene compromisso, foi empossado no cargo de Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Roraima, para o triênio 2004/2006, pelo que, para constar, lavrei o presente termo, que vai assinado pelo empossado e pelo secretário geral.^

Adv. Antonio Oneildo Ferreira Presidente da OAB/RR

Adv. Messias Gonçalves Garcia Secretário Geral

A seguir registram os as ações da OAB Roraima durante o segundo m andato do advogado A ntonio Oneildo Ferreira, jun to à sociedade roraim ense.

267

OAB RORAIMA

Controle dos cursos de DireitoBrasília. Ao assumir a Presidência do Conselho Federal da OAB,

uma das primeiras ações de Roberto Antonio Busato foi divulgar que no dia 12 de fevereiro entregaria uma proposta ao ministro da Educação, Tarso Genro, pedindo a participação efetiva da Ordem dos Advogados do Brasil na aprovação dos novos cursos de Direito no País.

Objetivo: conter a proliferação aleatória dos cursos de Direito, sem condições estruturais de funcionamento, na tentativa de procurar elevar a qualidade do ensino Jurídico por todo território nacional.

Por sua vez, em Roraima,

O presidente da Seccional local da OAB, Antonio Oneildo, afirmou que essa preocupação é legítima. “Nosso objetivo não é fechar cursos ou emperrar o aumento de profissionais no mercado. Combatemos, na verdade, a falta de compromisso. Temos uma política consistente pela elevação da qualidade do ensino jurídico”. (...) “Queremos critérios mais técnicos, tendo os padrões de qualidade como princípio. Muitas vezes o parecer do Ministério da Educação é político, o que não contribui para o aprimoramento dos cursos”, enfatizou.'

Para demonstrar a falta de critérios na abertura de novos cursos, basta prestar a atenção nos números apresentados a seguir. Segundo estatística da OAB, dos 222 cursos autorizados pelo Ministério da Educação nos últimos três anos, apenas 19 deles receberam o aval da Casa do Advogado.

A Ordem dos Advogados do Brasil revelou outra informação curiosa. Compare:

Em 1960 havia 69 faculdades de Direito no Brasil.Em 1990 esse número saltou para 400.Em 2005 já ultrapassava a 760 cursos.A maioria deles funcionando precariamente.

Congresso de Direito AmazônicoMarço de 2004.A Academia Brasileira de Letras Agrárias promoveu o Congresso

Internacional de Direito Amazônico em Boa Vista.Objetivo: Fazer uma reflexão jurídica sobre a problemática da

região Amazônica e elaborar, para o Brasil e para o mundo, um documento relatando a visão do homem amazônida sobre o assunto.

O governador Flamarion Portela e “mais de 20 juristas de nome e

268

VM RESGATE HISTÓRICO

renome nacional e internacional participaram da abertura do Congresso Internacional de Direito Amazônico”/

Além de juristas, também participaram do evento o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, e outras autoridades como ministros, desembargadores, procuradores da República, promotores, professores, advogados e acadêmicos de Direito.

Na noite da abertura, 29 de março, foi lançado pela Agência dos Correios um cartão postal e um carimbo comemorativo ao Congresso Internacional do Direito Amazônico. Assim, durante 30 dias, todas as correspondências saídas de Roraima iriam receber o referido carimbo.

O encontro ju ríd ico , que se estendeu até o dia 2 de abril, teve “a participação do Coral Canarinhos da Amazônia que cantou m úsicas regionais” .

Busato ataca Governo LulaNo regime militar, os oficiais eram intocáveis e as metralhadoras

falavam por eles; no regime democrático, ninguém é intocável, e até a autoridade máxima do País é chamuscado pelos discursos inflamáveis.

Foi o que aconteceu com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no início de abril de 2004.

N a solenidade de posse do novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, o presidente do Conselho Federal da OAB, Roberto Antonio Busato, atacou e cobrou resultados do Governo Lula.

Referindo-se à política econômica, Busato disse: “A exemplo de toda nação, entendem os que é preciso m ais ousadia e determ inação no encaminhamento das mudanças. Não cremos que a ortodoxia em curso nos levará às transformações pretendidas pela sociedade brasileira”.

(...) Para Busato, Lula foi vitorioso nas eleições porque a população brasileira queria mudanças, mas elas não estariam ocorrendo por causa de interesses contrariados de “segmentos reacionários”.

Segundo ele, as transformações sociais são “sistematicamente adiadas ou frustradas em face de interesses habilmente conduzidos por segmentos reacionários, descomprometidos com nossa evolução social e com os propósitos de paz e justiça que devem nortear a nação”."'

O novo ministro do STJ, Edson Vidigal, saiu em defesa do Presidente da República e comentou que o homem público sô está isento de crítica

269

OAB RORAIMA

quando não realiza nada e citou William Shakespeare: “Se não queres ser vítima da calúnia, não digas nada, não faças nada, sejas absolutamente nada”/

OAB e CNBB contra crimes eleitoraisMaio de 2004.O Conselho Federal da OAB e a CNBB fizeram mais uma parceira

na lula por justiça social. Dessa vez, a cruzada travada pelas duas entidades de renome nacional foi pela manutenção da Lei Eleitoral n°. 9.504/97, que prevê cassação imediata do político que cometer crime eleitoral.

Isso porque, o senador baiano César Borges, apresentou no Congresso Nacional um projeto de lei para alteração do texto da referida Lei Eleitoral, que beneficiaria os maus políticos, acostumados a se elegeram através de compra de votos, entre outros crimes eleitorais.

Na abertura da reunião do Conselho Federal, em que foi lançada a campanha ofensiva contra a impunidade eleitoral, o presidente da OAB, Roberto Busato, disparou: “Não podemos permitir que haja alteração neste dispositivo, sob pena dos candidatos terem a certeza da impunidade na hora de comprar votos”.®

Em Roraima tanto a OAB como a Igreja Católica informaram que também iam aderir à campanha na conscientização da sociedade sobre a importância na lisura nas próximas eleições municipais. Em resumo, os dois pretendiam declarar guerra à impunidade aos crimes eleitorais.

O presidente da Ordem, Antonio Oneildo, ressaltou que a “intenção é trabalhar contra a alteração da lei, com o respaldo ético para a conservação do bem público”.

l"* Seminário Jurídico de RoraimaA Centro de Estudos Jurídicos de Roraima (Cejurr) e a Associação

dos Magistrados de Roraima promoveram o I Seminário Jurídico de Roraima sobre Direito Civil e Processual Civil, no Palácio da Cultura, no período de 3 a 5 de junho de 2004.

O evento foi coordenado por Denise Abreu Cavalcanti, do Cejurr, e contou com a participação da OAB/RR.

No dia 3,0 desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Paulo Salomão, e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, desembargador Mauro Campello, debateram o tema “Os consumidores e 0 relacionamento entre planos de saúde e o Judiciário”.

270

UM RESGATE HISTÓRICO

Em seguida, o doutor em Direito Civil da Universidade de São Paulo, Antônio José Mattos, e o presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, debateram o tema “A nova perspectiva da propriedade no Código Civil”.

No dia 4, o ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra, e o procurador geral do Estado de Roraim a, Jorge Roberto Barroso, debateram o tem a “Intervenção do Ministério Público no Processo Civil”.

Posteriormente, o desembargador Robério Nunes e o procurador geral de Justiça de Roraima, Edson Damas, debateram o tema “Inovações recursais no Processo Civil Brasileiro”.

Depois 0 doutor em Direito Civil, Aldemiro Dantas, de Manaus, e o promotor de Justiça Luiz Carlos Leitão debateram o tema “A família como instrumento de realização da dignidade da pessoa humana”.

No dia 5, no encerramento da programação, o advogado Edivaldo Brito e o desembargador Robério Nunes debateram “Inadimplemento da obrigação e responsabilidade civil no texto do Novo Código Civil”.

Por fim, o desembargador federal Antônio Souza Prudente e o juiz Mozarildo Cavalcanti, debateram “Tutela cautelar no agravo”.™

Um juiz para 12 mil habitantesRoraima, até a implantação do Estado em 1991, viveu muitos anos

de verdadeiro caos no tocante ao acesso a Justiça. Milhares de processos mofavam no Poder Judiciário, esperando pelo despacho de apenas um, dois, ou no máximo três juizes.

Contudo, para o desembargador Almiro Mello Padilha em 2004 a realidade da Justiça no Estado de Roraima estava completamente diferente.

Enquanto a Justiça brasileira foi diagnosticada pelo estudo internacional patrocinado pelo Banco Mundial (Bird), como sendo uma das mais lentas, caras e ineficientes do mundo, a de Roraima, em particular, é tida como uma das mais céleres, senão a mais célere do País. Essa celeridade se deve, em parte, ao número de juizes per capta, que é um para 12 mil habitantes, enquanto a média nacional é de um magjsteado para cada grupo de 26 mil pessoas. A informatização do Tribunal de Justiça de Roraima (TJ) é outro ponto positivo do Judiciário.

Atualmente, 27.599 processos abarrotam o Tribunal de Justiça de Roraima, de acordo com o Sistema de Comunicação do Judiciário estadual. Desses, 14.391 estão em tramitação e outros 13.208 encontram-se paralisados por motivos legais. O número de processos em outros órgãos, que ainda não chegaram ou não foram devolvidos para as comarcas soma 3.365. No mês de julho último, foram julgados 967 processos."

OAB RORAIMA

O corregedor de Justiça, desembargador Almiro Padilha, considerou a informatização de todas as Varas da Justiça como um dos principais fatores responsável pela agilização da Justiça em Roraima.

O outro fator apontado por ele, foi a qualificação e comprometimento dos servidores do Judiciário no Estado (capital e interior), composto de 405 funcionários efetivos e 164 cargos comissionados.

Sobre a reforma do Poder Judiciário em tramitação no Congresso Nacional, o desembargador Almiro Padilha enumerou alguns pontos positivos: autonomia das Defensorias Públicas, controle externo do Judiciário e a instituição da súmula vinculante, que poderá desafogar os tribunais superiores.

Com ã palavra a OAB/RROs governos federal, estadual e municipal, através de suas instituições

públicas, deveríam proteger e promover o cidadão brasileiro. No entanto, 0 exercício da cidadania nem sempre vem acompanhado da justiça social.

No Estado dos cavalos selvagens, qual é a realidade?

O Estado de Roraima tem 364 processos tramitando contra si nas Varas da Fazenda Pública (2® e 8*) do Fórum Sobral Pinto. São ações contra abusos cometidos por servidores do Estado, mandados de segurança contra licitações e ações contra o sistema de saúde estadual (Hospital Matemo-Infantil Nossa Senhora de Nazaré), com pedidos de indenização.'^

Embora o Poder Executivo fosse campeão em processos na Justiça, em Roraima o índice de ações contra o Estado era considerado baixo.

Para o presidente da OAB o número de processos contra o Estado era pequeno porque a maioria dos cidadãos não entrava na Justiça por duas razões: feita de condições financeiras para arcar com às custas processuais e demora no recebimento das indenizações, que terminava desmotivando as vítimas.

Antonio Oneildo apresentou como solução para essa injustiça a criação de um Juizado Especial para pequenas causas contra o poder público estadual, a exemplo do que já existe na Justiça Federal.

Cadastro Nacional dos Advogados No mês de setembro de 2004, o Conselho Federal da OAB alterou

o dispositivo sobre o Cadastro Nacional dos Advogados e estabeleceu novos critérios para acesso e utilização do seu banco de dados.

272

VM RESGATE HISTÓRICO

Informações básicas para alimentação do cadastro: nome completo, nome profissional e número da OAB; filiação, sexo e data de inscrição na OAB; telefone, endereço profissional e endaeço eletrônico; fotografia recente.

As informações do cadastro serão disponibilizadas, individualmente, por consulta telefônica ou na Internet, nas páginas do Conselho Federal e das Seccionais da OAB. (...) Será vedado o fornecimento do cadastro a terceiros, total ou parcial, inclusive para fins de expedição de mala direta. O acesso do cadastro será permitido apenas para servidores devidamente cadastrados no Conselho Federal, mediante indicação do presidente da Seccional e as informações do cadastro são de responsabilidade do Conselho."

Joênia: uma wapíxana guerreiraA advogada Joênia Batista de Carvalho, da etnia wapixana, é

assessora Jurídica do Conselho Indígena de Roraima (CIR).Joênia de Carvalho foi apontada como uma das m ulheres

extraordinárias do Brasil. Essa avaliação foi em função da sua luta pela construção de uma sociedade mais justa, respeitando as diferenças e os valores culturais dos povos indígenas.

Justamente por isso que eia foi finalista do Prêmio Cláudia 2004, que escolheu cinco mulheres que se destacaram nas categorias Ciências, Cultura, Negócios, Trabalho Social e Políticas Públicas.

“O objetivo do Prêmio Cláudia é prestigiar e revelar mulheres atuantes em seu segmento, que vêm realizando mudanças de peso na sociedade e imprimindo um caráter referencial em suas iniciativas”.’'*

Joênia Batista de Carvalho, inscrição na OAB/RR n°. 253, concorreu e ficou entre as três finalistas na categoria Trabalho Social, como primeira advogada indígena do Brasil que atua na defesa de seu povo.

R igoberta M enchú, da Guatem ala, e Joênia de Carvalho, do Brasil, são duas mulheres vencedoras. Dois exemplos de conquista e superação humana.

Reforma do Judiciário: positivaO presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, terminou

o ano de 2004 falando dos pontos positivos da reforma do Poder Judiciário em tramitação no Congresso Nacional. Reivindicação antiga da classe dos advogados e da sociedade brasileira.

N a opinião de A ntonio O neildo, a reform a do Judiciário,

273

OAB RORAIMA

principalmente em relação ao funcionamento, tinha vários pontos positivos. Entre eles: o controle externo do Judiciário e o fim das férias forenses.

Oneildo entendia que “a medida de maior impacto na Emenda Constitucional n®. 45, é a criação do Controle Externo. (...) O fim das férias forenses possibilitará a fixação de horário igual ao dos demais órgãos públicos e de forma continua, durante todo o ano”.™

Ele enfatizou que a reforma do Judiciário, mesmo não sendo a reforma reivindicada pela classe, certamente contemplaria a Justiça com algumas conquistas e avanços.

OAB condena censura ao IBGEFinal de janeiro de 2005.O presidente do Conselho Federal da OAB, Roberto Busato, criticou o

Ministério do Planejamento ao censurar o IBGE de divulgar quaisquer dados de pesquisa antes de mostrar os números aos técnicos do Governo Lula.

Isso ocorreu quando o Presidente da República Federativa do Brasil estava de viagem ao exterior.

O presidente do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, condenou a censura prévia imposta ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pelo ministro interino do Planejamento, Nelson Machado.

“O IBGE é um instituto de estatística e não de propaganda do governo”, disse Busato. “A manipulação dos números é própria de regimes autoritários e serve apenas para tripudiar a transparência que governos democráticos devem ter”, argumentou.

A portaria de Machado foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira. Ela exige que os dados das pesquisas estruturais do IBGE sejam entregues ao ministro 48 horas antes da divulgação e pune os servidores que derem informações antecipadas a seu respeito.'^

Mas não foi só a OAB que ficou indignado com a portaria governamental. Senadores e deputados tanto govemistas como da oposição também insurgiram contra a portaria do Nelson Machado.

O deputado federal Chico Alencar (PT) disparou:

“É uma decisão inaceitável e obscurantista. Quem tem medo de estatística e de pesquisa quer poderes para controlar a realidade. (...) Acho que tem de haver um movimento de cidadania, dos pesquisadores, da academia, da inteligência, para revogar isso. (...) Olha que tragédia. Nosso governo dá muito trabalho”."

274

UM RESGA TE HISTÓRICO

Operação PretoriumNesse início de século, a Polícia Federal deflagrou uma série de

operações de investigações e prisões de corruptos, e acusados de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Desbaratou, ainda, outros tipos de quadrilhas que proliferam no Brasil.

O Estado de Roraima também foi palco dessas operações: Praga do Egito, Zaqueu, Pretorium. A Operação Pretorium fez várias prisões no Tribunal Regional Eleitoral, na gestão do desembargador Mauro Campello, em fevereiro de 2005.

O escândalo pipocou na grande imprensa - jornal, rádio, televisão, internet - trazendo, mais uma vez, grande indignação para a sociedade.

Principalmente, é claro, para aquelas pessoas que trabalham e pagam seus impostos honestamente. E ganham seu pão nosso de cada dia, suadamente, sem privilégios e nem mordomias.

Vejamos o que um dos jornais locais registrou:

PF PRENDE ACUSADOS DE FRAUDES NO TRE

A Polícia Federal prendeu, por volta das 6 horas de ontem, em Boa Vista e Manaus (AM), sete pessoas envolvidas em um suposto esquema de fraudes no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Roraima, entre elas parentes do presidente do TRE, desembargador Mauro Campello.

Além dos presos, outras 24 pessoas foram intimadas para serem ouvidas e três mandados de busca e apreensão de documentos foram expedidos, um deles para averiguações na casa de Mauro Campello. Os agentes da PF permaneceram no local por várias horas e recolheram documentos e armas que foram apreendidas na casa localizada no bairro Paraviana.

Paralelamente ao trabalho ostensivo policial foram desenvolvidas análises dos dados coletados pelo serviço de inteligência, buscando a apuração das condutas mais evidentes neste primeiro momento.

Entre as irregularidades, a PF encontrou viagens fantasmas, nas quais o servidor simulava um deslocamento para fora da sede de trabalho, recebia diária correspondente ao período de viagem, mas continuava na cidade. No mesmo esquema, os servidores benefíciavam-se com passagens aéreas pagas pelo TRE de Roraima, sob a falsa alegação de participar de eventos oficiais, dentro e fora do País.

A PF detectou também fraude na concessão de horas extras e desvio de verbas públicas destinadas às eleições de 2004. Além disso, no órgão funcionava um esquema de repasse de salários em que alguns servidores comissionados eram obrigados a repassar boa parte de seus salários para a mulher ou para a sogra do desembargador Mauro Campello, sob pena de perderem seus cargos.

OAB RORAIMA

Esses servidores receberíam um salário de cerca de R$ 8 mil e teriam que dar em média 40% do salário para a Larissa e Clementina. Dois funcionários do TRE teriam confirmado as denúncias.

Participaram da operação 63 policiais federais, sendo 34 da superintendência de Roraima, 23 da PF do Amazonas e seis de Rondônia. Foram empregadas 18 viaturas sendo 13 de Roraima e cinco do Amazonas, além de um avião Caravan, da Coordenação de Aviação Operacional de Brasília, utilizado para trazer de Manaus a esposa do desembargador, Larissa Campello, a Roraima."*

Vale ressaltar, que em en trev ista co letiva à im prensa, o superintendente da Polícia Federal, Francisco Mailman, informou que “as investigações da Operação Pretorium tiveram início em 30 de agosto de 2004, a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e o que ocorreu ontem foi 0 encerramento da primeira fase, que culminou com as prisões”.*

Na mesma entrevista coletiva, Francisco Mailman disse que o Estado de Roraima estava sendo “passado a limpo” contra a corrupção, referindo- se às três operações desencadeadas pela Polícia Federal nos últimos 15 meses.

A primeira foi a Operação Praga do Egito, que desmontou o esquema da Folha dos Gafanhotos', a segunda, a Operação Zequeu, que prendeu empresários e servidores do Banco do Brasil, envolvidos num esquema de desvio de dinheiro do Governo de Roraima; a terceira, a referida Operação Pretorium, que efetuou as prisões no TRE/RR.

O superintendente Francisco Mailman, frisou:

O trabalho da Polícia Federal, de uma forma isenta e imparcial, com o acompanhamento do Ministério Público Federal, está fazendo com que Roraima saia daquele estigma de que aqui não havia lei ou instituições e que por isso as pessoas podiam fazer o que bem entendiam. Agora elas estão vendo que não” . °

Os mandados de prisões foram assinados pelo juiz federal Hélder Girão Barreto e aplaudidos pela população.

OAB pede renúncia de CampelloNo dia seguinte às prisões efetuadas pela Operação Pretorium, o

desembargador Mauro Campello declarou na imprensa que era inocente.

Em entrevista coletiva ontem à tarde, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RR), desembargador Mauro Campello, procurou minimizar a polêmica que gira em tomo de seu nome, desde que sua esposa, a sogra e mais cinco

276

UM RESGATE HISTÓRICO

servidores da Casa foram presos pela Polícia Federal (PF). (...) Negou participação em qualquer esquema supostamente montado dentro do TRE de Roraima para desviar recursos públicos em benefício de qualquer servidor ou dele próprio.^'

Próximo da deflagração da Operação Pretorium, o desembargador Mauro Campello estava deixando a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral para assumir, três dias depois, o comando do Tribunal de Justiça de Roraima.

Diante do escândalo, o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, em defesa da lisura na administração das instituições públicas, recorreu a dispositivos legais para impedir sua posse no TJ/RR.

A matéria transcrita abaixo fala por si mesmo.

PRESIDÊNCIA DO TJ:OAB QUER QUE CAMPELLO RENUNCIE À POSSE

O presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, quer o impedimento da posse do desembargador Mauro Campello na Presidência do Tribunal de Justiça (TJ), marcada para o próximo dia 17, quinta-feira.

Para Oneildo, o desembargador deveria abdicar da posse, enquanto ainda estiverem ocorrendo investigações de corrupção no TRE e contra parentes de Mauro Campello.

“Nós entendemos como preocupante e de total contrariedade a posse iminente do desembargador. Nessa fase de especulação e de investigação dos fatos relativos ao TRE, vai comprometer, vai repercutir, vai constranger todo 0 Judiciário do Estado de Roraima”, afirmou Oneildo.

Ele confirmou que solicitou ao presidente nacional da OAB, Roberto Busato, para que interceda junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a fim de evitar a posse de Campello, caso não ocorra a abdicação do cargo. O posicionamento teria também o apoio do Ministério Público.

A informação é que o procurador geral de Justiça de Roraima, Edson Damas, inclusive estaria ingressando no STJ com ação visando à suspensão da posse de Mauro Campello.

“Fizemos um contato com o presidente do Conselho Federal da OAB, que manifestou total apoio e tomou todas as providências para questionar a posse do desembargador enquanto perdurar essa situação. Vamos lutar nas vias adequadas para evitar esse comprometimento, esse constrangimento na Justiça de Roraima”, disse Oneildo.

“Concretamente esperamos que o desembargador seja sensível à situação pela qual está passando e que não venha constranger o Judiciário e a comunidade jurídica e que abdique de assumir a presidência pelo menos enquanto perdurar essa situação”, enfatizou.

OAB RORAIMA

O presidente da OAB local citou que recentemente o vice-presidente do TJ do Amazonas também teria sido alvos de acusações e foi afastado do cargo. “Acreditamos que a própria magistratura deveria convencer o desembargador do constrangimento dele assumir o TJ. A corrupção em qualquer lugar é um fator em si só nocivo e, no Poder Judiciário, é o local mais sensível na identificação de um foco de corrupção. Porque é no Judiciário que o cidadão procura resguardar seu patrimônio, sua vida, sua liberdade. Então corrompido o Judiciário o sistema está todo comprometido”, analisou.

O presidente da OAB confirmou que o fato de haver confissões de alguns dos crimes aumenta a gravidade das denúncias. “Não pode pairar sobre a Justiça qualquer suspeita, qualquer mácula na reputação. Então se pesam acusações, indícios, a Justiça tem que se precaver. Temos que cumprir nossa função institucional. O princípio que norteia a administração pública é a moralidade”, frisou.^^

Adiamento da posse de CampelloO resultado da Operação Pretorium rendeu 16 volumes de papéis,

num total de 3.500 páginas. Os documentos foram entregues no dia 15 de fevereiro, “ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, são resultado da investigação feita pela Polícia Federal e pela Procuradoria de Justiça do Estado de Roraima”. ^

Quanto ao desembargador Mauro Campello, que estava irredutível quanto a sua posse na Presidência do Tribunal de Justiça, voltou atrás.

Após cinco horas de reunião a portas fechadas, o Pleno do Tribunal de Justiça de Roraima acatou o requerimento e decidiu adiar a posse do desembargador Mauro Campello pelo prazo improrrogável de 30 dias. “É preciso deixar claro que não houve renúncia. O adiamento é legal”, disse o presidente do TJ, Ricardo Oliveira. Na mesma reunião, Campello apresentou um pedido de licença médica em virtude do estresse que vem sofrendo. Assim ele ficará afastado das funções judicantes pelos próximos dez dias.*'’

Contudo, o Tribunal de Justiça manteve inalterada a posse, no dia 17 de fevereiro, do vice-presidente, desembargador Lupercino de Sá Nogueira Filho, e do corregedor geral de Justiça, José Pedro Fernandes.

Quanto ao desembargador Mauro Campello, no dia 14 de fevereiro requereu o adiamento de sua posse no Tribunal de Justiça por 30 dias.

Entretanto, 14 dias depois ele foi empossado na Presidência do TJ, pelo desembargador Lupercino Nogueira, para o biênio 2005/2007.

A imprensa noticiou a posse. Confira:

278

UM RESGA TE HISTÓRICO

Em sessão solene, o desembargador Mauro Campello foi empossado na tarde de ontem no cargo de presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, para o biênio 2005/2007.

( ...) Na so len idade , estiveram p resen tes rep resen tan tes do M inistério Público Estadual (M PE), Defensoria Pública, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Assembléia Legislativa (ALE), Governo do Estado, além de juizes e advogados.--^

Justiça derruba decisão de OttomarNo Estado de Roraima, tachado no passado de “terra lei”, ainda acontece

coisas que escapam à compreensão humana. Apesar da vigilância da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Público e dos movimentos sociais.

A nomeação do advogado Pedro Duque, como procurador geral do Estado, feita pelo governador Ottomar Pinto, foi considerada uma dessas ofensas inexplicáveis às instituições públicas e a sociedade roraimense.

Passamos a palavra para o juiz Rommel Conrado:

O juiz Rommel Moreira Conrado, da 2“ Vara Cível da Comarca de Boa Vista, decidiu ontem, em caráter não definitivo, pelo afastamento do advogado Pedro de Alcântara Duque Cavalcante do cargo de procurador geral do Estado de Roraima (Proge). A decisão foi uma resposta à ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual (MPE), encaminhada à Justiça no dia 2 de março.

Na ação movida contra Pedro Duque, os promotores de Justiça, Luiz Antônio Araújo de Souza, João Xavier Paixão e Jeane Christine Sampaio Fonseca alegam que ele responde a oito processos judiciais e não atende ao requisito de “ilibada reputação” que o cargo requer.

Conforme o texto, que resultou na determinação judicial para o afastamento de Pedro Duque, o governador Ottomar Pinto (PTB) investiu o advogado como titular da Procuradoria Geral do Estado, mesmo ele tendo vários processos contra sua pessoa tramitando na Justiça estadual e federal.^^

Mas isso não é tudo. Com a palavra a OAB Roraima:

A situação de Pedro Duque não pode ser considerada das mais confortáveis. A Folha apurou que existem nada menos que 18 processos tramitando contra ele no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima. O mais grave deles é o que trata sobre sua participação na falsificação de documentos para beneficiar a advogada Vera Regina, que pretendia concorrer à lista sêxtupla no Ministério Público.

Para a presidente em exercício da Ordem, Dizanete Matias, o preceito da reputação ilibada devia ter sido observado quando da escolha do

279

OAB RORAIMA

procurador geral do Estado. “Trata-se de um cargo que pesa muito sobre a imagem do Estado. Para ocupá-lo deve-se escolher uma pessoa sobre a qual não paire qualquer suspeita” . ’

E o que é pior. Quando o referido advogado foi sabatínado na Assembléia Legislativa do Estado, em novembro de 2004, consta que todos esses fatos foram levados ao conhecimento dos deputados pelas pessoas lesadas.

Contudo, os parlamentares preferiram ignorar a documentação sob a alegação de que os processos ainda não haviam transitado em julgado.

Isso é 0 que podemos chamar de violência política institucionalizada. E, como escreveu o mestre indiano Mahatma Gandhi em sua autobiografia:

“Da mentira e da violência nunca pode resultar bem permanente. (...) A única coisa que as nações do Ocidente ensinaram ao mundo, com as letras de fogo, foi que a violência não leva nem à paz nem à felicidade. O culto da violência não tomou felizes, nem melhores, aqueles com quem entraram em contato”.-*

Homenagem a Hesmone GrangeiroO ex-advogado, ex-conselheiro federal e ex-presidente da OAB/RR,

Hesmone Saraiva Grangeiro, felecido em 1996, recebeu mais uma homenagem do povo de Boa Vista. Uma reivindicação do vereador Otoniel Ferreira de Souza apresentada na Câmara Municipal de Boa Vista em 2001.

O jornalista e radialista Francisco Cândido fala sobre o assunto em artigo publicado na Folha de Boa Vista, na coluna Minha Rua Fala.

Segue reprodução na íntegra.

TRAVESSA HESMONE GRANGEIRO

A mudança do nome da Travessa “B”, no bairro 31 de Março, para Travessa Advogado Hesm one Saraiva G rangeiro, foi um merecido reconhecimento público a um dos mais completos causídicos que atuou no Estado de Roraima. Tanto como presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Roraima), quanto em suas atuações como conselheiro federal e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Por iniciativa da Prefeitura Municipal de Boa Vista, seu nome hoje denomina a Tribuna Popular - em frente à Assembléia Legislativa do Estado de Roraima. E, pela OAB, tem seu nome dignificando o auditório daquela egrégia Ordem.

Falar sobre o Dr. Hesmone Grangeiro é muito gratificante. Primeiro, por que apraz-nos relembrar dos feitos e dos trabalhos desse grande advogado

280

UM RESGATE HISTÓRICO

e correto cidadão que aportou neste Estado, em 1972, quando aqui ainda era Território Federal de Roraima.

Segundo, porque sempre teve a nobreza da humildade e da educação para com os seus interlocutores. Foi um mestre para muitos. Até hoje a sociedade roraimense lembra dele com saudade e respeito. Lembra do Hesmone advogado. Do Hesmone conselheiro federal. Do Hesmone professor universitário, ministrando aula em várias disciplinas na área de Direito.

Ele foi um emérito professor, dedicado, simples, conversador e, acima de tudo, um amigo. São centenas de afirmações de pessoas que o conheceu e o lembram como um cidadão honesto; um atalaia em nome da população no que tange aos direitos adquiridos. Era afável e merecedor de todas as honras que a Câmara e a Prefeitura lhe dispensaram em vida e pós-morte.

O ex-vereador Otoniel Ferreira de Souza apresentou em 2001 um projeto de lei que denomina a ex-Travessa “B”, no bairro 31 de Março para Travessa Advogado Hesmone Saraiva Grangeiro. Na realidade, bem que merecia (e merece) nomear com seu nome uma grande avenida. Mas, como ele morou por muitos anos nessa Travessa, e onde até hoje sua família ali reside, justificou- se então a intenção do projeto de lei.

A Travessa “B”, paralela a av. Santos Dumont, é um pequeno trecho (não mais de 100 metros de extensão) entre as ruas Manuel Dias de Almeida e a Major Carlos Mardel, no bairro 31 de Março. Fica bem atrás do Mercadão e Varejão dos Estados, de propriedade do Major Saraiva.

Reconhecendo os méritos do advogado Hesmone Saraiva Grangeiro, como um dos melhores profissionais da área de Direito neste Estado, e atendendo a uma antiga reivindicação de várias famílias que o conheceram, dos seus colegas da OAB e das inúmeras pessoas que foram beneficiadas pela defesa dos seus direitos, nada mais justo que homenagearmos esse grande causídico e professor insigne da Universidade Federal de Roraima.

Hesmone nasceu na cidade de Acoplara, no Ceará, no dia 7/02/1938. Era filho de Odálio Saraiva Grangeiro e de Idesuite Teixeira Lima. Oriundo de uma família de 14 irmãos, ele era o primeiro e tomou-se o arrimo de família. Na adolescência, para ajudar no orçamento doméstico, vendia tapioca, pé-de- moleque e bolos, num tabuleiro de madeira, equilibrado na cabeça e com as mercadorias expostas nas paradas de ônibus e nas feiras.

Por muito tempo sua família dependeu de seu trabalho. Hesmone lembrava dessa época, e contava essa história com um misto de orgulho e ao mesmo tempo de tristeza por não ter tido tempo de estudar ainda mais. Ele era pura modéstia, já que detinha um vasto conhecimento jurídico e sabia se expressar muito bem.

A família foi morar na Paraíba, em busca de melhores condições de trabalho. Lá, Hesmone ingressou no Exército e se tomou sargento. Fez vestibular e passou em Direito, formando-se naquele Estado.

Na Paraíba conheceu, e namorou por oito anos a jovem Maria Salete Aires Saraiva. Ele dizia que namorou tanto tempo, porque à época não tinha condições financeiras para alugar uma casa para a futura esposa.

281

OAB RORAIMA

Do casamento do Hesmone com dona Salete, nasceram: Catherine Aires Saraiva (delegada da Polícia Civil); Luciana (fisioterapeuta); e lane (funcionária do Tribunal de Contas do Estado de Roraima).

Hesmone chegou com a família em Boa Vista, em 1972, transferido pelo Exército e passou também a lecionar no Ginásio Euclides da Cunha (GEC). Depois, dedicou-se integralmente à advocacia, tornando-se um dos melhores em sua área.

Hesmone tomou-se um símbolo na defesa dos direitos humanos e angariou centenas de amigos em todas as esferas deste Estado. Ele faleceu no dia 10/03/1996, deixando como exemplo a sua conduta moral ilibada e um amor profundo à família e à Boa Vista que o acolheu.

Alguns homens morrem e desaparecem. Outros, como Hesmone, no entanto, são eternos. (Francisco Cândido)^"*

Controle externo do Poder JudiciárioMahatma Gandhi, que também era advogado, disse que o “verdadeiro

democrata é aquele que defende sua liberdade, a de sua pátria e da humanidade, com meios não violentos”. ® Essa sempre foi a aspiração da sociedade civil organizada em relação às instituições públicas.

Assim surgiu a reivindicação do controle externo do Judiciário. Para evitar excessos, desmandos e desvarios daqueles que têm o poder da lei e a utiliza como míssil - para tirar obstáculos do próprio caminho.

Vejamos. O Poder Executivo é fiscalizado pelo Poder Legislativo. O Legislativo é fiscalizado pelo cidadão, pelo eleitorado. Mas os membros do Judiciário, praticamente, mantinham-se intocáveis. Com essa falha do sistema, muitos juizes fizeram carreira como mercadores de sentenças.

Abril de 2005.Enfim, uma reviravolta, uma esperança de dias melhores. Uma tentativa

de abrir “os olhos” da Justiça. E, quem sabe, fechar um dos olhos da injustiça.

OAB PEDE QUE ADVOGADOS SE HABILITEM AOS CONSELHOS DE JUSTIÇA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O presidente da Seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Antonio Oneildo, está fazendo campanha junto aos advogados a fim de que se inscrevam para participar dos Conselhos de Controle Externo da Justiça e do Ministério Público. O projeto dos conselhos ainda será regulamentado em cada Estado da federação, mas a OAB já definiu critérios para os concorrentes.

“Estamos dando divulgação ao edital publicado pelo Conselho Federal da OAB e pedindo que os advogados locais se habilitem a participar desses conselhos de controle externo. Eles são extremamente relevantes, pois serão

282

VM RESGA TE HISTÓRICO

Órgãos de controle no que tange às manifestações jurisdicionais e ao desempenho. O objetivo será fiscalizar o funcionamento do Poder Judiciário no aspecto disciplinar, orçamentário e na transparência”, disse Oneildo.

RequisitosO Conselho Federal da OAB definiu os principais critérios para

indicação dos quatro integrantes que representarão a entidade nos dois Conselhos Superiores do controle externo criados pela Reforma do Judiciário: dois no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e dois no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Para ser indicado a uma das vagas, o advogado precisará se candidatar, fazendo sua inscrição no Conselho Federal e ter no mínimo 20 anos de efetivo exercício profissional.

Outro requisito fundamental é o de ser inscrito regularmente junto à uma das 27 Seccionais da OAB, não podendo estar licenciado nem em débito com a entidade. O candidato não poderá também ter sido alvo de qualquer sanção disciplinar definitiva pela entidade ou condenado criminalmente com trânsito em julgado.

Além do processo de inscrições para concorrer às vagas, ao qual poderá se candidatar qualquer advogado que preencha os requisitos aprovados, poderá haver também indicações de nomes por convites de delegações de Seccionais representadas no Conselho.

A norma aprovada estabelece ainda que uma Comissão de Conselheiros Federais, criada pelo presidente nacional da OAB, se encarregará do exame das inscrições e, em determinado prazo, apresentará à Diretoria da OAB a relação dos candidatos que preencherem os requisitos definidos no provimento.

Com base nessa relação de nomes apresentada por aquela comissão - e depois de publicado o resultado de seu trabalho de seleção na Imprensa Oficial - , será marcada uma sessão do Conselho Pleno da OAB, composto dos 81 conselheiros federais (três de cada Estado e do Distrito Federal) para provar, em votação secreta, os dois nomes de representantes da OAB para cada um dos Conselhos Superiores do controle externo da Justiça.^'

Entretanto, ainda pairava a pergunta: Quem participaria dos Conselhos Nacional de Justiça e do Ministério Público? O trabalho desses Conselhos teria ressonância na atuação dos juizes, procuradores, corregedores e desembargadores nos Estados?

Os Conselhos Nacional de Justiça e do Ministério Público atuarão no planejamento estratégico do Poder Judiciário, função que hoje não é exercida por nenhuma instituição no sistema de justiça do Brasil. Os Conselhos terão como atribuições a fiscalização da gestão administrativa e financeira dos tribunais. Deverão, também, controlar a atuação dos juizes, com poder para propor punições.

283

OAB RORAIMA

A composição do Conselho será a seguinte um ministro do Supremo Tribunal Federal, um ministro do Superior Tribunal de Justiça, um ministro do Tribunal Superior do Trabalho, um desembargador do Tribunal de Justiça, um JUIZ estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal, um juiz do Tribunal Regional Federal, umjuiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça, um JUIZ do Tribunal Regional do Trabalho, um juiz do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho, um membro do Ministério Publico da União, um membro do Ministério Público estadual, dois advogados, dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal

O representante do Supremo Tribunal Federal exercerá a Presidência do Conselho Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juizes

O Conselho do Ministério Publico deve zelas pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, alem de recomendar providências como zelar pela legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou orgãos do Poder Judiciário

Campanha contra o nepotismoNo final de abril de 2005, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados

do Brasil lançou em Brasília a Campanha Nacional Contra o Nepotismo com a participação de mais de 50 entidades da sociedade civil organizada.

Sentença de ordem era Chega de favoritismo e familismo dentro das instituições públicas

A mobilização contra o nepotismo foi proposta pelo presidente da OAB/PA, Ophir Cavalcante Júnior, e aprovada na última reunião do Colégio de Presidentes das Seccionais da OAB, realizada em Fortaleza (CE).

Segundo o presidente da OAB em Roraima, Antonio Oneildo, essa Campanha e positiva porque o nepotismo é uma situação insustentável e pode ser considerado como um tipo de corrupção na esfera pública Disse que logo após o lançamento da Campanha Nacional, o material será enviado para todas as representações da OAB no Brasil, onde serão tomadas as diretrizes de atuação

A OAB defende a tese de que a coisa pública é mais importante que a vontade dos governantes e dirigentes O lançamento da Campanha coincide com a Proposta a Emenda Constitucional (PEC) que foi aprovada na semana passada, por unanimidade, pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em Brasília

Em defesa das terras do EstadoNo dia 13 de abril de 2005, o presidente da República, Lui/

Inácio Lula da Silva, assinou a homologação da Terra Indígena

284

UM RESGATE HISTÓRICO

Raposa/Serra do Sol. Um fato histórico que pôs fim a uma pendência fundiária, que perdurou por 30 anos, e gerou muitos conflitos e violência no campo e na cidade.

O governo de Roraima também travou um duelo na Justiça Federal com a União por muitos anos, reivindicando terras para o Estado. Contudo, assim como fez com a demarcação da Raposa/Serra do Sol, o governo federal vinha protelando a solução do problema. Não atava nem desatava.

O que o presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, pensava na época sobre essas duas questões?

O Estado deve ter uma posição afirmativa em defesa das terras que formam o seu patrimônio físico. Esta tese é articulada pelo presidente da Seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Antonio Oneildo Ferreira. Ontem ele reforçou que a questão das reservas indígenas - por suas dimensões de alta relevância - impõe que cada vez mais o governo estadual assuma esta posição, reivindicando o que é de direito ao ente federativo.

Disse que a base da caracterização da reserva indígena é a delimitação, a partir do que se transforma em terra da União. Mas, admite que na reserva Raposa/Serra do Sol, o governo federal ignorou vilas históricas exibindo uma falha na abordagem. Para ele, a classe política deveria fazer prevalecer que a definição e preservação dos limites do País são devidas aos pioneiros, bem como em respeito aos direitos humanos, concretizando a acomodação de direitos na região.

Avaliando a possibilidade pela ótica dos números, o advogado admite que pela população e bancada, Roraima não preocupa o governo central. “Isso jam ais se faria no Estado de São Paulo”. Argumentou que a Amazônia, como um todo, tem tratamento que contraria os anseios da sociedade, exatamente pela baixa densidade no poder do voto, em torno de 9 milhões de eleitores.

A respeito da demarcação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol em forma contínua, Antonio Oneildo comentou:

“O governo federal deve adotar medidas práticas para evitar embates futuros entre os próprios índios. (...) Se na questão indígena o índio foi contemplado, na questão fundiária os não índios devem merecer o mesmo tratamento. As compensações postas pelo Incra não solucionam o problema. A solução fundiária da forma que defendemos é que o Estado seja gestor dessa política. Acredito que isso só será conseguida se existir uma postura afirmativa, que não seja permeada de conveniências, disputas políticas visando resultados eleitorais ou parcerias com o governo federal” .

285

OAB RORAIMA

Reunião com a Defensoria PúblicaDia 13 de julho de 2005.O presidente da OAB/RR reuniu-se com outros advogados na

Defensoria Pública do Estado para falar sobre a inconstitucionalidade do Projeto de Lei 010/2005, que dispõe sobre a reorganização administrativa do governo de Roraima.

Segundo Oneildo, em um dos artigos do projeto, fica evidente que a Defensoria Pública poderá perder a autonomia, caso a lei seja regulamentada e aprovada. Ainda de acordo com ele, está latente a omissão do Estado de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que não prevê dotação orçamentária para a Defensoria em 2006.^®

Antonio Oneildo declarou também que o projeto era inconstitucional porque tentava vincular a Defensoria Pública ao Poder Executivo, o que afrontava “a Constituição Federal que, conforme a Emenda 45, outorgou independência plena a esta instituição”.”

O presidente da Associação dos Defensores Públicos de Roraima, advogado Stélio Dener de Souza Cruz, também argumentou que a Defensoria tinha que funcionar com a mesma autonomia do Ministério Público. Sem vínculos com o Executivo.

Com 0 apoio da OAB Roraima e da deputada Malu Campos, presente na reunião, a Associação dos Defensores Públicos de Roraima redigiu uma carta de intenções às autoridades competentes, reivindicando autonomia administrativa e financeira para defender o povo sem ficar a mercê da graciosidade dos governantes.

E Stélio Dener proclamou: “Estaremos solicitando a retirada do nome da Defensoria do projeto, a previsão de orçamento na LDO e aprovação da adequação salarial, que já tramita na Assembléia Legislativa do Estado. Também exigimos melhores condições de trabalho”. *

Nesse momento, Boa Vista contava com 30 defensores públicos, que atendiam 80% dos processos que tramitavam na Justiça local.

Números da violência policialHá m uitos tipos de violência. Entretanto, a policial é uma

das mais cruéis, porque vem daqueles que deveríam defender e dar segurança às pessoas.

286

UM RESGATE HISTÓRICO

Robson Magalhães de Lima foi espancado por policiais civis até a morte. Outros são mortos a tiros. Outros a facadas.

A investigação contra os policiais civis envolvidos na morte de Robson Magalhães de Lima fez aumentar as estatísticas de abertura de inquéritos policiais, pelo Ministério Público Estadual (MPE) este ano.

De janeiro a junho deste ano foram instaurados 72 inquéritos policiais, sendo 39 contra policiais civis, 30 contra policiais militares, dois contra agentes carcerários e um contra bombeiro militar. Com esse novo caso, o número de inquéritos contra policiais civis salta para 40.^^

Para uma cidade do porte de Boa Vista, essa estatística era inexplicável. Absurda. Preocupante para todos.

Apesar de tudo, segundo o Ministério Público Estadual antes do ingresso dos policiais civis concursados, o órgão recebia uma média de seis denúncias semanais de violência policial. Cinco contra policiais civis e uma contra policiais militares.

Informou também que depois da audiência pública realizada pela OAB/RR sobre violência policial, houve uma queda significativa de denúncias envolvendo os crimes cometidos por policiais.

Tanto a qualificação profissional quanto o apelo da audiência pública trouxeram resultados positivos na campanha contra a violência policial.

Repúdio a violência policialA OAB Roraima no papel de porta-voz da sociedade, fez contato

com as autoridades pedindo punição dos assassinos de Robson Magalhães de Lima e acompanhou o andamento do inquérito para apurar a responsabilidade de cada um dos envolvidos em sua morte.

E ainda divulgou uma nota repudiando a violência policial. Procedimento de rotina na sua luta em defesa dos direitos da classe dos advogados e dos cidadãos.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

NOTA OFICIAL

O Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, reunido extraordinariamente em Sessão Plenária do dia 30 de agosto de 2005, por unanimidade de seus membros, houve por bem deliberar

287

OAB RORAIMA

e manifestar a sua indignação e total repúdio ao comportamento dos policiais civis envolvidos no assassinato do cidadão Robson Magalhães de Lima, praticado no dia 22 de agosto de 2005.

A OAB, dentro de seu mister contido na Lei 8.906/94, art. 44, que tem por objetivos a defesa dos direitos humanos e a rápida administração da justiça, exige que as autoridades competentes sejam rápidas nos procedimento para julgamento e condenação dos culpados por tal brutalidade.

A OAB, como representante da sociedade civil organizada exige do Poder Público o real funcionamento dos mecanismos de controle e disciplina do aparato policial com o objetivo de inibir abusos e acabar com a sensação de impunidade que motiva os maus policiais a delinqüir, pois se em estágio probatório agem dessa forma, imaginem quando estabilizados.

Finalmente, a OAB/RR está vigilante e acompanhando o desenrolar das investigações, bem como lembra o compromisso assumido pela Direção da Instituição Policial, em audiência pública nesta Seccional, em envidar todos os esforços no sentido de prevenir e reprimir todo e qualquer ato lesivo a dignidade do cidadão perpetrado por policiais civis do Estado de Roraima.^°

Boa Vista (RR), 31 de agosto de 2005.Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

O domínio das terras de RoraimaO presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, pós-graduado

em Direito Constitucional, participou do 3° Ciclo de Conferências Jurídicas da Faculdade de Direito Cathedral, que ocorreu em Boa Vista no período de 14 a 16 de setembro de 2005.

No segundo dia de conferência ele fez uma palestra sobre “O domínio das terras do Estado de Roraima”, que posteriormente foi publicado no periódico multidisciplinar das Faculdades Cathedral.'**

Um texto que foi considerado oportuno e útil para ampliar o debate das entidades engajadas na luta pela demarcação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol.

Confira a transcrição integral do conteúdo da palestra:

O DOMÍNIO DAS TERRAS DO ESTADO DE RORAIMA

A polêmica acerca do domínio das terras do Estado de Roraima tem sido o principal óbice à afirmação plena do Estado como ente da Federação instituída como cláusula pétrea no art. 1®. da Constituição da República. O debate realizado em tomo dessa matéria tem sido permeado de equívocos e desconhecimentos.

O principal desses equívocos é a ideia assimilada e defendida por muitos.

288

UM RESGATE HISTÓRICO

tirada não se sabe de onde, de que o domínio das terras do Estado de Roraima depende de “transferência” a ser formalizada pela União. E esta, aproveitando- se desse erro crasso, tem postergado indefinidamente a tal “transferência”, utilizando esse relevante fato como barganha política no debate relativo às demarcações de terras indígenas em Roraima.

O domínio das terras do Estado de Roraima jamais esteve pendente de “transferência”, pois que o Constituinte de 1988, ao transformar o então Território Federal de Roraima em Estado, resolveu tal pendência por completo. E neste aspecto, para evitar mais equívocos em tomo de novas especulações verificadas a partir da primeira publicação deste texto, cabe, por bem, proceder a uma contextualização didática da abordagem do tema que será feita.

Q uando se fa la em questões fe d e ra tiv as , o tem a é afeto exclusivamente ao texto constitucional, ou seja, tudo é tratado e resolvido no âmbito da própria Constituição.

Há uma diferença substancial entre as várias ordens constitucionais, nas sucessivas constituições de nosso País, e a legislação ordinária produzida em nossa história.

Apesar de não identificarmos mpturas bruscas em nossa história, a edição de todas as constituições sempre significaram, juridicamente, um total rompimento com a ordem anterior e a constituição, a criação, a fundação de uma nova ordem, a estmturação de um novo Estado, já que a Constituição tem por finalidade instituir, definir e limitar o levíatã. Já quanto à legislação infíaconstitucional, esta tem um viés de continuidade, de desenvolvimento. Diferentemente com o que ocorre, como já dito, com os textos constitucionais.

Neste sentido, é bem ilustrativo o Preâmbulo da atual Constituição da República Federativa do Brasil, verbis:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercido dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, jundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacifica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Dem, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. ”

Assim, para compreender o tema ora abordado, não há que se pesquisar ou procurar fundamentos em ordens anteriores, nem buscar argumentos em decretos ou leis, pois que cada Constituição, em seu tempo e vigência, é absoluta, não permitindo qualquer especulação fora de seu texto.

A Constituição de 1988, como todas as outras, instituiu um Estado, um novo Estado, em sua plenitude, em sua totalidade, quanto a sua estrutura e, principalmente, no que tange a federação, seus entes, competências e limites.

Vamos aos fatos e normas incidentes sobre o presente caso.Como é do conhecimento de todos, o Território Federal de Roraima foi

289

OAB RORAIMA

transformado em Estado em 1988 e este foi instalado em janeiro de 1991, com a eleição do primeiro governador em 1990. O Constituinte de 1988 deu a seguinte redação ao art. 14, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), na parte do texto que interessa ao presente caso, verbis:

“Art. 14 Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos.

§ 1". A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos Governadores eleitos em 1990.

§ 2". Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e Amapá as normas e os critérios seguidos na criação do Estado de Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e neste Ato. (...) ”

Como se verifica, as únicas normas que disciplinam o domínio das terras do Estado de Roraima, são as disposições contidas no corpo da Constituição, o disposto no festejado Art. 14 das ADCT’s precitado e “as normas e os critérios seguidos na criação do Estado de Rondônia”.

Estas normas e critérios estão contidos na Lei Complementar de n". 41, de 22 de dezembro de 1981, que “Cria o Estado de Rondônia, e dá outras providências”. O Capítulo III, da Lei Complementar 41/81, que trata “Do Patrimônio e dos Serviços Públicos” do Estado de Rondônia, válido para o Estado de Roraima por força do dispositivo constitucional já citado, tem a seguinte redação, verbis:

“Art. 15 - Ficam transferidos ao Estado de Rondônia o domínio, a posse e a administração dos seguintes bens móveis e imóveis:

I -o s que atualmente pertencem ao Território Federal de Rondônia:II-os efetivamente utilizados pela Administração do Território Federal

de Rondônia:III - rendas, direitos e obrigações decorrentes dos bens especificados

nos incisos I e II, bem como os relativos aos convênios, contratos e ajustes firmados pela União, no interesse do Território Federal de Rondônia.

Art. 1 6 - Os órgãos e serviços públicos integrantes da Administração do Território Federal de Rondônia bem como as entidades vinculadas, ficam transferidos, na data desta Lei, ao Estado de Rondônia, e continuarão a ser regidos pela mesma legislação, enquanto não for ela modificada pela legislação estadual. ”

Como é fácil perceber, o texto citado não diz que “serão transferidos”, mas sim, de forma imperativa, que “ficam transferidos”. O efeito jurídico é imediato, é concreto, de forma automática.

Esses dispositivos da Lei Complementar de n®. 41/81 citados, aplicáveis na instalação dos E stados de Roraim a e Am apá, foram constitucionalizados pelo Constituinte de 1988, pois que expressamente referidos pelo ato constitucional.

290

UM RESGATE HISTÓRICO

Note-se que no Territóno Federal de Roraima, como em todo Temtono Federal, existiam duas categonas de bens moveis e imoveis “federais” 1 - bens moveis e imovcis pertencentes diretamente a União, federais por natureza (se assim podemos nominar), 2 - bens moveis e imoveis pertencentes ao Temtono, federais por que pertencem a uma Autarquia Federal (o Temtóno)

Os bens móveis e imoveis pertencentes a Autarquia Federal (o T erritó rio ), e levada à ca tegoria de Estado Federado, passaram automaticamente, de forma plena, para o “domínio, a posse e a administração” desse, a partir de sua instalação

A definição, a identificação e a delimitação das terras de domínio do Estado de Roraima, como de todos os demais Estados Federados brasileiros, encontram-se no texto da Constituição da República E importante lembrar que as terras devolutas foram repassadas ao domínio dos Estados Federados na Constituição de 1891, tendo festejada norma sido respeitada em todas as Constituições subsequentes.

O art 64, da Constituição de 1891, recebeu a seguinte redação, verbis

“Art 64 Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas. situadas nos respectivos territórios, cabendo a União somente a porção de territorio que for indispensável para a defesa das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro federais

Já o Art 20, do atual texto constitucional, na parte que diz respeito ao presente tema, tem a seguinte redação, praticamente repetindo a regra positivada no texto de nossa primeira Constituição Republicana, verbis

“Art 20 São bens da União ( )II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das

fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e a preservação ambiental, definidas em lei ( }

§ 2° A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do territóno nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei "

A norma constitucional citada contempla duas categorias distintas Uma, são as terras devolutas, de domínio da União, indispensáveis para

a defesa das fronteiras Terras estas que deverão ser definidas em lei São as únicas terras devolutas preservadas ao domínio da União.

Neste caso trata-se de uma pequena faixa de terras “indispensável” para a defesa das fronteiras E uma faixa para controle físico, de contato mais direto, com estruturas e bases logísticas direcionadas pelo visual, no corpo a corpo

No relatório das Comissões Externas do Congresso Nacional que visitaram o Estado de Roraima realizando debates em tomo da demarcação da TI Raposa/Serra do Sol, há o indicativo, a sugestão de que deveria ser fixada

291

OAB RORAIMA

em quinze quilômetros, ao longo das fronteiras existentes, a área indispensável à defesa das mesmas.

Fato que poderia servir de subsidio para os parlamentares do Estado de Roraima, diretamente engajados no presente debate, formularem e apresentarem projeto de lei definindo tal pendência de regulamentação e imprescindível para Roraima.

A outra categoria de terras, que compreende uma faixa de até cento e cinquenta quilômetros, fundamental para a defesa do território nacional, engloba terras de domínio da União, já que inclui as terras indispensáveis à defesa das fronteiras, e terras de domínio dos Estados Federados.

Veja que nesta categoria de terras a Constituição não fala de domínio, mas somente faz uma restrição quanto à ocupação e utilização das terras que serão reguladas em lei. São restrições afetas à competência do Congresso Nacional para a regulamentação através de lei específica.

N este ponto, cabe um destaque específico . É quanto à inconstitucionalidade contida, por inobservância aos preceitos constitucionais citados, na Portaria e Decreto homologatórios da TI Raposa/Serra do Sol.

Com efeito, se a norma constitucional diz que a ocupação e utilização da faixa de fronteira serão reguladas em lei, claro está que o Ministro da Justiça, através de Portaria, ou o Presidente da República, através de Decreto, não poderiam disciplinar a ocupação e a utilização de tal área.

Não se trata de uma simples demarcação e homologação de uma Terra Indígena. Mas da incidência de tal afetação sobre uma faixa do território nacional que já possui uma afetação especial e que se sobrepõe sobre todas as demais, que é a faixa de fronteira, indispensável ao resguardo da soberania nacional.

Cabe, como previsto na Constituição da República, ao Congresso Nacional disciplinar, através de lei, a ocupação e utilização da faixa de fronteira, e, por via de consequência, a forma como deve ser instituída, demarcada, homologada ou reconhecida terra indígena dentro da faixa de fronteira.

Poderia até o Poder Executivo deflagrar tal processo através de Medida Provisória, remetendo ao Congresso Nacional para apreciação, mas jamais através de Decreto, i^orando totalmente o caráter especial das faixas de fronteiras.

Há uma afetação constitucional originária, que é a faixa de fronteira, já essa outra afetação, como terra indígena, terá que ser feita conforme os termos e os limites que o Congresso Nacional estabelecer através de lei específica, considerando-se as peculiaridades da faixa de fronteira.

Voltando ao caso da questão fundiária, acrescente-se que toda a disciplina ju ríd ica desta m atéria, editada com base na ordem juríd ica anterior (principalm ente os decretos), não é recepcionada pela nova ordem constitucional.

Daí ser fhistrada toda tentativa de tratar essa matéria sob o enfoque dos decretos e demais normas expedidas sob a égide da ordem jurídica revogada com a festejada Constituição de 1988.

Mas, o domínio dessas terras, a partir da faixa que seja indispensável para a defesa das fronteiras, pertence aos Estados Federados. Afirmar o contrário

292

UM RESGATE HISTÓRICO

é fazer presunções em tomo do Texto Constitucional. Não se pode presumir o que a Constituição não garante e nem declara.

As terras dos Estados Federados, aí incluído o Estado de Roraima, são residuais, ou seja, todas as terras devolutas que não forem da União são dos Estados.

Esta é a regra encontrada no Art. 26, da Constituição da República, que apresenta a seguinte redação, verbis:

“Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: (...)IV -a s terras devolutas não compreendidas entre as da União. ”

Tudo que não for da União é dos Estados. O que é de domínio da União a Constituição da República expressamente declara, nomina. Não remanescendo qualquer dúvida neste sentido.

Neste ponto, há uma categoria de bens destacada de forma expressa: as terras devolutas.

Todas as terras devolutas que não estiverem expressamente contidas e nominadas dentre as da União, descritas no já citado art. 20, pertencem aos Estados.

E todas as áreas do território do Estado de Roraima tratadas e reivindicadas para a regularização fundiária são terras devolutas.

Qualquer proposta ou projeto de lei ou instrumento normativo que tenha por finalidade fazer ou autorizar a transferência de domínio de terras para o Estado de Roraima, em função de sua instalação enquanto Ente Federado, é inconstitucional, pois que o legislador, ou qualquer outra autoridade ou órgão, não pode pretender fazer ou instituir o que o Constituinte Originário já fez de forma completa, de forma plena.

Seria uma afronta às normas constitucionais já citadas. A indigitada “transferência” de terras tão falada em Roraima não existe em nenhuma norma constitucional ou legal que disciplina e delimita as terras de domínio do Estado de Roraima.

A União não tem nada a repassar ou fransferír para o Estado, nem este àquela. A Constituição delimita tudo de forma bem clara. O que é da União, é da União. O que é do Estado, é do Estado.

Esta é a regra básica e fundamental do pacto federativo contemplado no primeiro artigo da Constituição da República.

O Pacto Federativo, tão especulado e maltratado nesses desafios de nosso Estado, é uma divisão de competências de forma clara, rigorosa e inacessível de um ente federativo sobre outro. Ela se dá em três esferas: União, Estados-Membros e Municípios.

Não há sobreposição de um ente federativo sobre os demais. A Constituição da República disciplina, discrim ina e nom ina todas as competências, concorrentes ou isoladas, de forma exaustiva, desenhando com harmonia todo o quadro, diga-se, o pacto federativo.

D en tro do P acto F ed era tiv o , a U n ião , m esm o sendo m ais abrangente, não pode invadir o que for de competência dos Estados- Membros ou dos Municípios.

293

OAB RORAIMA

Acerca do presente tema, a aula de um dos maiores conslitucionalistas de nosso tempo e magistral, verbis

"República Federativa do Brasil e o nome que se da ao todo, quer dizer, a resultante do podei central mais os poderes locais ou legionais O Texto Constitucional chama-se Constituição da Republico Federativa do Brasil, exatamente porque se pieocupa em organizar e deu as linhas mestias do Estado biasileiro

Do ponto de vista interno, esse Estado se expressa basicamente através de duas oídens jurídicas (ha uma teiceira. a dos municípios, da qual falaremos mais adiante) que são, de um lado, a União e, de outro, os Estados-Membios ou os Estados Federados, ou simplesmente Estados

A União e portanto, uma pessoa jurídica de direito publico dotada de autonomia, vale dizer, ela pode atuar dentro dos limites que a Constituição lhe outorga da mesma maneira que os Estados-Membms também são autônomos A autonomia reciproca entre os Estados-Membros e a União e a essência do principio federativo Com relação a quem seria soberano dentro do Estado Federa!ja muito se discutiu Houve epoca em que se entendeu que fossem os Estados-Membros os soberanos Em outras ocasiões prefenu-se dizer que a soberania cabería simultaneamente aos Estados-Membros e à União Hoje prevalece a doutrina segundo a qual soberano e o Estado total, e a Republica Federativa do Brasil que expressa sua sobeiania na ordem internacional através dos oigãos da União ” (Bastos, 1997, pp 286-287)

Esse equívoco tem gerado grandes danos a Roraima A União, através de suas Autarquias, tem ocupado e explorado indevidamente as terras cujo domínio e, de direito, concedido pelo Constituinte Originário, sem nenhuma ressalva, do Estado de Roraima

Todos os projetos e ocupações implementados pela União e suas Autarquias sobre terras de domínio do Estado têm que serem repassados a este, ou permanecerem sob administração federal mediante convênio com o detentor legal e constitucional do domínio de tais terras, que e o Estado de Roraima

Aliás, a Portaria de n° 10, expedida por autoridades federais, determinando o recadastramento de todas as posses existentes nos Estados da região norte, em Roraima, no que pertine às terras estaduais, tal Portaria é, sem prejuízo de outros vícios, totalmente ilegal e inconstitucional, pois que a União e suas Autarquias não têm competência legal ou constitucional para fiscalizar ou controlar posses CUJO domínio pertence a um Estado Federado

Roraima tem que assumir o controle de suas terras, instituindo um registro propno em seu órgão fundiário competente Este registro não depende de nenhum ato federal, pois que tem como fundamento, de forma autônoma e bastante, os dispositivos legais e constitucionais citados no presente texto

Não havendo nada a ser pedido, nem a ser concedido nesse sentido E um livre e legitimo exercício de uma prerrogativa assegurada a todos os Estados Federados no sistema constitucional brasileiro

294

UM RESGA TE HISTÓRICO

Se a União se sentir prejudicada, que busque o Supremo Tribunal Federal (Art. 102, Inciso 1, Alínea f, da Constituição da República). Em acontecendo, o que não se acredita, tal fato, essa questão será resolvida de forma rápida, definitivamente.

Será uma ótima oportunidade para a Corte Maior de nosso país dizer da vigência e eficácia da Constituição da República para o Estado de Roraima, para todos os roraimenses, ou se a Carta Mãe é apenas uma abstração, uma ficção para a Terra de Makunaima.

É uma oportunidade histórica para o Supremo Tribunal Federal fortalecer e consolidar o complexo e precário Pacto Federativo desenhado pelo Constituinte de 1988. É uma questão relevante de profundo impacto sobre a estrutura de nosso País.

Nossa Suprema Corte tem que atender às expectativas da nação em sua altiva e precípua função de velar pela guarda da Constituição.

É necessária uma atitude afirmativa de Governo, no sentido do Estado de Roraima assumir, de forma plena, o domínio de suas terras.

É imprescindível enfrentar e superar as resistências inconstitucionais da União, em reconhecer e se submeter aos ditames da Constituição, relativamente ao domínio das terras do Estado de Roraima.

É imprescindível também perceber, enfrentar e superar, no âmbito regional, as políticas sectárias, as práticas comprometidas exclusivamente com interesses de grupos e de caráter pessoal. São grupos que não têm compromissos com os interesses coletivos, mas tão somente com ações que resultem em vantagens pessoais.

São grupos políticos que lutaram contra a realização dos concursos públicos. Foram contra a institucionalização do Estado. São contra o fortalecimento das instituições jurídicas e políticas.

São grupos políticos que têm sustentação no patrimonialismo, no nepotismo, no clientelismo, no fisiologismo e na concessão de cesta básica de forma indiscriminada.

Tais grupos, se tiverem acesso político às terras que pertencem ao Estado de Roraima, implementarão políticas de apropriação das terras, aumentando a concentração de renda, aumentando a pobreza e instituindo o latifúndio improdutivo em Roraima.

Não basta o acesso ao domínio de tais terras, é imprescindível que tal se faça com a implementação de políticas públicas responsáveis nos aspectos político, jurídico e social.

A institucionalização dos quadros funcionais do Estado, mediante a realização de concurso público, foi uma afirmação da cidadania.

A institucionalização fundiária do Estado de Roraima é um fator imprescindível para o desenvolvimento regional sustentável, com inclusão social e geração de emprego e renda, em larga escala, nesta terra tão sofrida e afetada pelas mazelas do desemprego.

A regular titulação das terras, de forma justa, vai propiciar o estabelecimento de relações jurídicas seguras, trazendo paz e tranquilidade

295

OAB RORAIMA

social, dando acesso a recursos destinados ao agronegócio que é a principal vocação desenvolvimentista de nossa região.

A sobrevivência e o exercício da cidadania dependem de atitudes afirmativas de todos nós, mas, em especial, dos governantes. (Antonio Oneildo Ferreria)

Fechamento dos postos de combustíveisPode-se dizer que o Brasil é um País movido pelo tripé futebol, samba

e gasolina. Tirar o futebol e o samba seria tirar a alegria e a ginga individual e coletiva do povo brasileiro. Fechar os postos de combustíveis seria o mesmo que interromper o passo e o compasso da produção brasileira.

Isso aconteceu em Roraima em novembro de 2005!Os postos de combustíveis, de repente, paralisaram suas atividades.

Trancaram as bombas de gasolina em protesto à venda clandestina de combustíveis, pela metade do preço, contrabandeada da Venezuela.

Foi um caos. Carros de todos os tamanhos, de passeios ou utilitários, foram sendo abandonados pelas ruas. Sem combustível. Q uem socorreu m uita gente do p rego de gaso lin a , foram os contrabandistas dos derivados de petróleo...

A OAB/RR e o Ministério Público reagiram. E saíram em defesa da população, protocolando ações na Justiça Federal contra o Sindipostos.

O presidente da Ordem, Antonio Oneildo, revelou o que fizeram: “Dois pedidos de liminar. Uma para que acabe o protesto e a outra é para que a paralisação não volte a se repetir.”'*

Segundo ele, a população não poderia ser penalizada pela questão do contrabando, pois a coibição de tal prática era uma questão de política governamental de ordem econômica e de segurança pública. Ou seja, fiscalização. A omissão era do governo federal e não da população roraimense.

Esclareceu, também, que a comercialização de combustíveis era um serviço prestado através de autorização do poder público, regulamentado pela Agência Nacional de Petróleo, cujo fornecimento não poderia ser interrompido a bel prazer dos seus autorizados.

Reciclagem da Segurança PúblicaSegurançaPúblicaéum dos tonas mais discutidos na atualidade. Aviolênda

saiu dos grandes centros uibanos e está em toda paite. Transformou-se numa doença OMitagiosa, com uma agravante: o vírus da violência policial.

O que fazer? Parece que todo mundo sabe o que fazer para mudar esse

296

UM RESGATE HISTÓRICO

quadro de insegurança pública, menos os governantes, aqueles que têm o poder nas mãos para mudar o que está errado. Para mudar os fatos.

Oartigo abaíxoémais um grito amtraainsegurançapública.Comapalavra J. Otávio Brito, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR.

O “GUETO SOCIAL DA INSEGURANÇA”

Em recente e trágico acontecimento, a sociedade roraimense perdeu um de seus filhos, este com apenas 16 anos de idade. Esta perda lamentável vem se somar as outras ocorrências policiais, reflexo da violência urbana consumada pelo stress social, excesso de trabalho e despreparo de alguns agentes da segurança pública (quer Polícia Militar ou Civil).

No entanto, culpar exclusivamente aquele que disparou a arma homicida é quebrar um cubo de gelo da ponta deste imenso iceberg. É um nada.

A sociedade vive um caos provocado pela insegurança pública, basta ver as pesquisas resultantes do recente plebiscito sobre o desarmamento; o cidadão prefere prover sua própria segurança, muitas vezes pagando com a própria vida por isto.

Por outro lado, também cobra do Estado que cumpra o seu dever constitucional, o que muitas vezes, tem o mesmo resultado final.

O que fazer? Cruzar os braços e aguardar novas promessas de campanha, todas repetitivas e vazias, ou sugerir mudanças sustentáveis?

O sonho de uma Polícia Cidadã não pode estar restrito ao descomunal esforço de um idealista, implantador do sistema de qualidade ISSeC, no qual se construiu a formação inicial da maioria dos atuais agentes da segurança pública, quando há outros divãs a frequentar.

Já está mais do que comprovado, pelo universo de respeitáveis pesquisadores em Criminologia, que o investimento do Estado na preparação e reciclagem continuada dos profissionais em segurança pública, é muito mais barato do que as indenizações devidas pela responsabilidade objetiva do Estado a suas vítimas.

Não é mais compatível com um estado de direito a omissão dos governantes, os quais transferem à seus agentes executores menores o ônus de uma responsabilidade que é sua.

Quer o governo ou sua oposição política, a qual na maioria das vezes boicota uma ideia apenas para não dar certo, são todos responsáveis pelos resultados pesarosos refletidos no “gueto social da insegurança”.

Pelo bem dos nossos filhos, isto precisa mudar, e já! (J. Otávio Brito)^^

Violência contra a mulherPor falar em violência policial...Ainda bem que OAB/RR, fundada em 1979, não estava só nessa

cruzada contra as diversas formas de violência aos direitos fundamentais297

OAB RORAIMA

da pessoa humana. Desde 1992, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Roraima também atuava nessa área.

Apesar dos movimentos em favor dos direitos humanos em todo o País, a violação aos direitos fundamentais é uma realidade no Brasil. Em Roraima, a má atuação de policiais civis e militares é o que mais agride a população local segundo dados da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR.“”

Por sua vez, a orientadora popular do CDDH da Diocese de Roraima, Gilmara Fernandes, concordava com a OAB que a violência policial continuava sendo a mais cruel forma de agressão aos direitos humanos.

Na sua opinião o único avanço em relação ao passado era os mecanismos que a população dispunha para denunciar as práticas abusivas: im prensa, M in istério Público , O rgan izações N ão- Govemamentais, Organização das Nações Unidas, etc.

Segundo a orientadora do CDDH, em número de denúncias, a violência contra a mulher vinha na sequência da violência policial. E não se tratava apenas de espancamentos e de abusos sexuais sofridos em casa. A mulher continuava sendo discriminada também no trabalho.

Para Gilmara essa situação se perpetua em parte pela omissão do poder público, que não assume seu papel de articulador da política em defesa dos direitos fundamentais. Exemplo disso é que até hoje não foi implantado o Conselho Estadual dos Direitos Humanos, conforme ficou acertado na Conferência Estadual dos Direitos Humanos realizada em 2003. “Nada do que foi acordado foi seguido”, lamenta.

O CDDH atua em Boa Vista desde 1992, sempre no combate às violências e na promoção da mulher e das minorias com vistas à geração de renda. Nos últimos cinco anos, a entidade tem mudado o foco de ação para trabalhar preventivamente nas ocorrências de abuso sexual e doméstico contra a mulher.

Para isso, a entidade promove palestras e encontros mensais ou semanais nas comunidades católicas para conscientizar a população sobre seus direitos. A ideia é oferecer mecanismos para identificação de problemas antes que eles aconteçam.

Além das palestras, a entidade orienta as vítimas e faz a denúncia formalmente a óigãos como o Ministério Público. Também disponibiliza advogado para acompanhar o caso e encaminha a reclamação para todas as organizações de direitos humanos do País que estão integradas em forma de rede.

Os casos mais graves são mandados diretamente para a ONU (Organização das Nações Unidas), para que haja pressão internacional sobre o Brasil.

298

UM RESGATE HISTÓRICO

Qualidade dos cursos de DireitoA educação no Brasil sempre foi um ponto de estrangulamento no

desenvolvimento e distribuição de renda no País. O curso de Direito também ressente dessa doença e é sufocado por esse gargalo.

Em razão disso, foi criado em Brasília um grupo de trabalho.

o Colégio de Presidentes de Conselhos Seccionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) deliberou três medidas com o objetivo de auxiliar na melhoria da estrutura do ensino jurídico no Brasil.

Uma delas é a criação de um grupo de trabalho permanente que fará um levantamento, na gestão atual, dos cursos que não oferecem qualidade ou infra- estrutura adequada.*'*’

Poucos dias depois, na Terra de Makunaima, o presidente da Ordem, Antonio Oneildo, criticava a baixa qualidade na formação jurídica dos acadêmicos do curso de Direito da Universidade Federal de Roraima.

A crítica é justificada por Oneildo pelo fato de o curso de Direito da UFRR não ser recomendado pelo Conselho Federal da Ordem, depois da segunda pesquisa que analisou o desempenho dos alunos no Exame Nacional de Cursos, o Provão, e no Exame da Ordem, indispensável para o exercício da advocacia.

O estudo se refere ao período de 1999 a 2(X)2, sendo que dos 2 15 cursos avaliados, apenas 60 obtiveram o selo de qualidade, o que representa 28% do total.*’’

O presidente da OAB se referia apenas a UFRR porque até aquela data as faculdades particulares (Cathedral e Atual) ainda não haviam formado nenhuma turma de Direito. Assim sendo, não podiam ser avaliadas.

Homenagem ao Dia da MulherA OAB realizou um ciclo de pa lestras a lusivas ao Dia

Internacional da Mulher na sede da entidade, no dia 9 de março de 2006. Os temas abordados foram políticas públicas do Estado e do Município para os portadores de câncer.

O evento foi organizado pela presidente da Comissão da Mulher Advogada, Denise Cavalcanti, e contou com o apoio da Liga Amazonense Contra o Câncer e a Liga Roraimense de Combate ao Câncer.

A entrada no Auditório da OAB custou um quilo de alimento não perecível e as contribuições foram doadas para as famílias cadastradas na Liga Roraimense de Combate ao Câncer.

299

OAB RORAIMA

A advogada Denise Cavalcanti “afirmou que o câncer não está só atingindo as mulheres da OAB, mas se alastrando e crescendo de forma assustadora no País”.'**

Os palestrantes: secretário de Saúde de Boa V ista, M ário Capriglione; secretária de Estado de Saúde de Roraima, Eugênia Glaucy; promotora de Saúde, Jeanne Sampaio; secretário de Saúde de Manaus, Manoel de Jesus Pinheiro, entre outros.

A OAB Roraima, através da Comissão da Mulher Advogada, todos os anos realiza várias atividades para exaltar a importância da atuação da mulher na sociedade roraimense e brasileira.

Mulher, que no passado foi tratada como escrava e saco de pancada, depois de muita luta e revés, atualmente ocupa lugar de destaque na vida nacional.

Segundo consta os anais da história da humanidade, o Dia Internacional da Mulher, comemorado no 8 de março, não foi presente dos deuses nem dos homens. Foi uma conquista das mulheres consumada a ferro e fogo.

Tudo começou com uma greve realizada por operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, no dia 8 de março de 1857.

Reivindicações básicas: redução de jornada de trabalho de 16 para dez horas diárias, equiparação de salário com os homens (elas recebiam um terço do salário pago a eles) e respeito humano no ambiente de trabalho.

Aí aconteceu a tragédia. “A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano”.**’

Apesar da repressão, a luta das mulheres continuou pelo mundo afora.Em 1910, numaconfèrêncianaDinamarca, foi criado 0 Dia Internacional

da Mulher, a ser cwiemorado no dia 8 de março. Uma homenagem póstuma às mulheres assassinadas em 1857. Contudo, adatasó foi ofícializadapelaOtganizaçâo das Nações Unidas (ONU) em 1975, através de um decreto.

Ressaltamos que “há mais de uma versão para a origem do Dia Internacional da Mulher, mas todas remetem a greves de trabalhadoras de fábricas têxteis desde a Revolução Industrial, no século XIX”. ®

Combate à corrupção eleitoralNa primeira semana de abril de 2006 o Conselho Federal da OAB,

juntamente com a CNBB, lançaram a Campanha Nacional de Combate

300

UM RESGATE HISTÓRICO

à Corrupção Eleitoral. O objetivo era fiscalizar e coibir o abuso dos poderes econômico e político nas eleições de outubro.

Em Roraima, a campanha foi operacionalizada através da OAB e Diocese, em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral e Ministério Público Estadual.

Embora esteja em sua quarta edição, o presidente da OAB em Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, explicou que a campanha é um movimento que data de 1992, na primeira campanha pela ética na política, quando ocorreu o impeachment do presidente Fernando Collor.*'

No mês de julho, Antonio Oneildo conclamava a sociedade a ajudar a reprimir o abuso de poder no processo eleitoral. “Integrada na campanha pela ética na política e pelo voto ético, a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RR) espera que a sociedade se engaje nessa luta”. ^

Fato histórico: V mulher a presidir o STF27 de abril de 2006.Ellen Gracie Northfleet foi a primeira mulher a ser nomeada a

ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e a primeira a presidir a cúpula do Judiciário brasileiro.

Entrevistado sobre a importância de se ter uma mulher a frente do STF, o presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, comentou que “é um fato histórico não previsto de forma cronológica. O Poder Judiciário, dentre os três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) é o mais conservador e de menor mobilidade. E também o que possui o menor quadro participativo do sexo feminino, além de ter práticas extremamente machistas.””

Para exemplificar, Antonio Oneildo lembrou que tanto no Supremo como na maioria dos tribunais do País, até bem pouco tempo não se admitia 0 ingresso de mulheres vestidas de calça. Assim sendo, era de se imaginar que primeiro uma mulher viesse a presidir o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados ou ocupar a Presidência da República.

Contudo, acrescentou: “Mas foi uma grata surpresa a ascensão feminina justam ente pelo Poder Judiciário. Vamos esperar que os outros poderes, através da sociedade, venha possib ilitar essas mudanças e espaços democráticos” .**

301

OAB RORAIMA

Reproduzimos na íntegra o discurso da ministra Ellen Gracie na solenidade de sua posse na Presidência do Supremo Tribunal Federal, ocorrida no dia 27 de abril de 2006.

Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,Senhor Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros, Senhor Presidente da Câmara de Deputados, Dep. Aldo Rebelo, Senhor P residen te José Sarney, por cuja mão ingressei na

magistratura, nomeada que fui por V.Exa., para a primeira composição do TRF/ 4**, a minha homenagem.

Senhor Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Fernando de Barros e Silva de Souza,

Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal,Senhores Ministros Aposentados do Supremo Tribunal Federal, cujas

presenças registro com especial carinho, para destacar a de meu professor de primeiras letras de Direito Constitucional, Min. Célio Borja, em cuja pessoa homenageio a todos os Ministros de sempre desta Casa,

Senhoras e Senhores Governadores de Estado,Senhoras e Senhores Parlamentares,Senhoras e Senhores Embaixadores,Senhores Presidentes dos Tribunais Superiores,Senhores e Senhoras Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça, Senhoras e Senhores Presidentes e representantes dos Tribunais de

Justiça, Regionais Federais e do Trabalho,Senhor Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do

Brasil, Dr. Roberto Busatto,Senhoras e Senhores magistrados, procuradores e advogados. Servidores do Supremo Tribunal Federal,Meus familiares.Meus amigos e amigas, tantos amigos, cujo comparecimento me traz

grande alegria, e que tomam insuficientes as dependências deste Plenário, peço que todos se sintam igualmente acolhidos.

Obrigada pela presença de cada um.O apoio que essa presença significa reforça minha disposição de bem

desempenhar a honrosa tarefa de que me incumbiram meus pares. Digo, com Guimarães Rosa, que “sua alta opinião compõe minha valia”. Ninguém é só, isolado ou unitário. Nem o mais retirado dos eremitas, cujo distanciamento o coloca sempre em referência com a vida gregária a que faz contraponto. Num colegiado a interação se impõe soberana.

Tenho vivido uma parte considerável de minha vida profissional em órgão colegiado, onde as deliberações passam pelo debate entre pontos de vista divergentes até alcançarem a depuração necessária a se cristalizarem em decisões finais. A meus colegas reitero a disposição de ser a porta-voz deste

302

UM RESGATE HISTÓRICO

plenário e executora de suas decisões. Nada farei que não resulte da deliberação da maioria cujas prioridades serão também as minhas.

Coube-me suceder ao colega e amigo Min. Nelson Jobim, cuja gestão deixa marcas salutares e duradouras nesta Casa e no sistema judiciário brasileiro. Não é fácil seguir a trilha de um gigante. Homem de extraordinária dedicação ao aperfeiçoamento democrático, de uma capacidade de trabalho incomum e de um gosto genuíno pelo debate e pelo enfrentamento de questões espinhosas, ele deixa um legado que corresponde a um ponto de inflexão para o sistema judiciário do País.

Onde a maioria talvez preferisse omitir-se, poupando-se de enfrentamentos dolorosos, nunca o vimos recuar, como nunca o vimos agir por impulsos de retaliação. Homem sem receios e sem rancores, Nelson Jobim personifica as melhores qualidades dos brasileiros do extremo Sul do país a quem tocou por tantas vezes a defesa da integridade do território nacional e que nunca permitiram que se colocasse em dúvida sua integração nesta pátria de todos.

Como o vaqueiro Blau, pode ele, concluída sua permanência nesta Casa, afastar-se com o passo firme e o coração sereno dos que se guiam por convicções e não por conveniências.

Conduziu-me ele à cátedra que passei a ocupar neste Supremo Tribunal Federal. Espero nunca desmerecer a indicação que fez de meu nome ao Presidente Fernando Henrique Cardoso. A este, também o meu agradecimento. Já tive oportunidade de externar a S.Exa. que uma das mais graves responsabilidades de um Presidente da República está na indicação dos ministros que haverão de compor o Supremo Tribunal Federal. Porque o efeito desse ato transcende em muito ao período de governo e tem interferência direta com a forma como a Constituição e as leis do País serão interpretadas a partir de então. Disse-lhe igualmente que a melhor homenagem que pode um Ministro do Supremo Tribunal Federal endereçar ao Chefe de Estado que o nomeou encontra-se no exercício impecavelmente independente e imparcial da tarefa insigne. Tal como tem historicamente ocorrido nesta Casa. Esta é a tradição da magistratura brasileira. Nossa lealdade é para com a Constituição e os princípios que ela consagra, para com o povo brasileiro e seu futuro.

Meus amigos e amigas,Como seria possível agradecer às generosas manifestações dos

oradores que se sucederam nesta sessão? Ao Min. Celso de Mello, o historiador da Corte, que coloca em perspectiva a significação do momento; ao Sr. Procurador-Geral da República, representante do órgão em que por 15 anos atuei; ao Sr. Presidente da OAB, a cujos quadros pertencí e em cuja luta por uma Constituinte exclusiva e, depois, pela melhor Constituição possível me engajei ativamente. A generosidade de cada um e a fraterna amizade que nos une fizeram por relevar as muitas limitações que sou forçada a reconhecer em mim mesma e nas circunstâncias nas quais assumo esta Presidência. Mas seus bons votos são augúrio auspicioso e renovam meu entusiasmo pela missão que me aguarda. Vou a ela, creiam, com todo gosto. Disposta a por

303

OAB RORAIMA

em prática o que for mais eficiente para a gestão deste Poder que é absolutamente essencial à higidez do sistema democrático.

Senhoras e Senhores,Tenho plena consciência do simbolismo deste ato inédito.Gostaria que todas as mulheres deste país se sentissem participantes

deste momento. Porque, não se trata de uma conquista individual. Comigo estão todas as mulheres do Brasil, pois muito embora os notáveis exemplos de capacidade, dedicação e bravura ao longo de nossa história, muito embora os extraordinários serviços prestados por essa metade da população brasileira, nenhuma de nós, na trajetória republicana, havia ocupado a chefia de um dos três poderes. Comigo estão não apenas as mulheres que se beneficiaram de educação superior e as que tem lugar no mercado de trabalho, mas também aquelas que em suas ocupações mais modestas, igualmente prestam sua contribuição importantíssima para o progresso da sociedade. Todas elas são partícipes deste dia. Meu compromisso não podería, portanto, ser outro que o de desempenhar minhas funções ao limite de minha capacidade, para não desmerecê-las. E o seu valor, creiam, muito mais do que qualquer merecimento pessoal meu que se reconhece na data de hoje. E por isso, peço licença aos oradores para redirecionar às mulheres brasileiras os louvores que me foram endereçados.

Senhores Ministros, Colegas Magistrados,Minha compreensão de um sistema judiciário eficiente e operante tem como

ponto central o acesso mais amplo ao serviço público essencial que é a Justiça.Por isso, entendo que a difusão e fortalecimento dos juízos de primeiro

grau deva ser priorizado. Que todos os cidadãos tenham acesso fácil a um juiz que lhes dê resposta pronta é o ideal a ser buscado. Que o enfrentamento das questões de mérito não seja obstaculizado por bizantino formalismo, nem se admita o uso de manobras procrastinatórias. Que a sentença seja compreensível a quem apresentou a demanda e se enderece às partes em litígio. A decisão deve ter caráter esclarecedor e didático. Destinatário de nosso trabalho é o cidadão jurisdicionado, não as academ ias ju ríd icas, as publicações especializadas ou as instâncias superiores. Nada deve ser mais claro e acessível do que uma decisão judicial bem fundamentada. E que ela seja, sempre que possível, líquida. Os colegas de primeiro grau terão facilitada, a partir de agora, esta tarefa de fazer chegar as demandas a conclusão.

O represamento dos recursos de agravo, já autorizado pelas primeiras leis regulamentadoras da EC/45 reduzirá sua utilização como tática protelatória e permitirá que com maior presteza se enfrente o mérito da controvérsia. A decisão pronta, demonstram-no outros sistemas judicitóos, é eficiente fator de pacificação e costuma ser mais facilmente aceita, reduzindo o índice de recorribilidade.

Ao segundo grau de jurisdição se haverá de assegurar também a necessária agilidade para o reexame de fatos e provas.

A partir de então, vale dizer, nos tribunais superiores e neste Supremo Tribunal tão só questões de direito e, ainda assim, as que apresentem repercussão geral, devem ser admitidas para reexame. Ao Supremo Tribunal Federal caberá.

304

UM RESGATE HISTÓRICO

a partir da necessária regulamentação, aplicar com rigor os dois importantes mecanismos que permitirão a eliminação das demandas repetitivas envolvendo uma mesma questão de direito. A súmula vinculante e a repercussão geral poderão eliminar a quase totalidade da demanda em causas tributárias e prevídenciárias. Para o estímulo ao investimento e ao empreendedorismo, é preciso que cada empresa, saiba quanto lhe será exigido de imposto, sem as intermináveis discussões que boje se arrastam, a respeito das alíquotas aplicáveis e da extensão da base de cálculo.

É preciso que o cidadão saiba quais benefícios sua contribuição previdenciária proporcionará no futuro e como serão reajustados de modo a garantir-lhe, quando já incapaz para o trabalho, a continuidade de um padrão de vida digno. O princípio da igualdade de todos perante a lei fica arranhado quando tais demandas, porque endereçadas a juízos diversos e aparelhadas por advogados de maior ou menor experiência profissional, recebem soluções desarmônicas. Os dois mecanismos, súmula vinculante e repercussão geral, têm 0 extraordinário potencial de fazer com que uma mesma questão de direito receba afinal tratamento uniforme para todos os interessados. Em curto prazo, portanto, teremos a solução da maior parte dessas demandas de massa. E, aliviado da carga excessiva que representam os processos repetitivos, o poder judiciário poderá dar trâmite mais célere às causas individuais que exigem tratamento artesanal.

Este Tribunal e o Conselho Nacional de Justiça pretendem dar o tom para um movimento persistente de simplificação da praxe judiciária com a qual se consome um tempo precioso. E, para isso contaremos não apenas com nosso próprio e excelente corpo de funcionários, mas com a colaboração que solicitaremos aos Srs. Advogados e procuradores. Sem eles não será possível aperfeiçoar uma instituição que depende necessariamente de sua iniciativa. Com eles, portanto, repartiremos as responsabilidades pelas mudanças. Nem a Ordem dos Advogados, de tão longa tradição na defesa e aperfeiçoamento das instituições, nem os advogados de Estado nos faltarão com sua participação ativa.

Cabe-me, como Presidente desta Casa, a condução do Conselho Nacional de Justiça. O órgão recém criado já tem dado mostras de um trabalho dedicado à reformulação do sistema judiciário de que a população precisa. Tencionamos trabalhar em conjunto com os Tribunais de Justiça, Regionais Federais e do Trabalho, com a magistratura de primeiro grau e todos os operadores do Direito, para tomar o Conselho o grande centro de pensamento do Judiciário B rasileiro , onde se form ulem políticas e seja feito o planejamento estratégico da instituição que legaremos às gerações fiituras. Sabem todos que o Conselho não é composto exclusivamente por magistrados. O Congresso Nacional reservou lugar em sua composição para integrantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e representantes das duas casas do Parlamento, e última análise, para representantes do povo. O que esta composição sinaliza é que Justiça não é assunto que diga respeito exclusivamente aos membros do Poder Judiciário.

305

OAB RORAIMA

Justiça, em sentido amplo, é tarefa cotidiana de todos os cidadãos e responsabilidade do convívio social. Faz justiça todo aquele que demonstra consideração e respeito pelo direito do próximo. Em suma, todos nós temos compromisso com a Justiça. É apenas quando a relação de consideração e respeito pelo direito alheio falha que nós, os juizes, somos chamados a atuar. Talvez por isso é que visionariamente, como é próprio dos artistas, e desejando um futuro em que não seja necessário fazer uso tão frequente da balança, nem brandir a espada para garantir a execução do julgado, que o gênio de Ceschiatti fez repousar tranquilamente a Themis que dá as boas vindas aos que adentram a esta Casa. Ela representa o ideal a ser perseguido, o de uma sociedade pacificada, que nada distraia de seu grande futuro. Onde a Justiça, como uma senhora que é, possa sentar-se em dignidade, e descansar sobre o regaço o gládio que é seu atributo impositivo.

Justiça é tarefa de todos, é o ato de construir, persistente e quotidianamente uma sociedade melhor.”

Roberto Busato na posse de Ellen GracieO presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,

Roberto Antonio Busato, foi uma das muitas autoridades que participou da solenidade de posse da presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, e do vice-presidente, Gilmar Mendes.

No discurso da posse da ministra no comando do STF, Roberto Busato fez críticas a corrupção, a pistolagem, a morosidade da Justiça, a impunidade, e da crise da credibilidade das instituições brasileiras e disparou: “Precisamos pôr termo à sensação de que este é o País da impunidade”. E justificou: “O Brasil tem fome e sede de Justiça!”

Mais adiante, Roberto Busato enfatizou que a “justiça não depende apenas do Poder Judiciário. E tarefa dos três Poderes e da cidadania organizada. Depende menos de palavras e mais de atos. De exemplos. É uma construção conjunta, constante, que repele corporativismos e espertezas”. Seu discurso é uma aula de cidadania.

A seguir, reprodução integral do discurso do presidente da OAB Nacional, Roberto Busato, feito na posse da ministra Ellen Gracie na Presidência do STF.

Senhoras e senhores,É com grande honra que a Ordem dos Advogados do Brasil participa

desta cerimônia de posse na mais alta Corte de Justiça do País.Não bastasse a alta significação institucional deste ato, há ainda a

circunstância, que lhe acentua o relevo, de, pela primeira vez em nossa história, a titularidade desse cargo caber a uma mulher - a eminente ministra Ellen

306

VM RESGATE HISTÓRICO

Gracie Northfleet. Não é um detalhe irrelevante. Ao contrário, é auspicioso. Mostra a trajetória ascendente da mulher em nossa sociedade, a realidade de sua presença nos mais altos escalões decisórios - no topo de um dos Poderes da República: a presidência do Supremo Tribunal Federal.

O ganho, sem dúvida, é de todos nós, já que o ponto de vista feminino expressa uma sabedoria da qual não podemos prescindir. Não é casual que a representação figurativa da Justiça seja a de uma mulher, indicando argúcia e sensibilidade especiais para a complexa tarefa de avaliar condutas.

Só temos, pois, a ganhar com a presença cada vez mais expressiva de mulheres em nossas instituições - sobretudo no Poder Judiciário.

Em nome do Conselho Federal da OAB, e em nome da sociedade civil brasileira-que aqui temos a honra de representar -, saudamos a nova presidente do Supremo Tribunal Federal, bem como seu vice-presidente, ministro Gilmar Mendes, eleitos para o próximo biênio.

Desejamos a ambos sabedoria, serenidade e determ inação no enfrentamento dos múltiplos desafios que presentemente se colocam ao Judiciário em nosso país.

Vive o Brasil instante delicado de sua trajetória político-institucional, em que o papel da Justiça ganha destaque ainda maior.

É para ela que se voltam os olhos da sociedade neste momento em que nossa República padece da pior das crises: a crise de credibilidade. Crise de confiança.

O comportamento indecoroso de alguns agentes públicos expôs ao desgaste as instituições do Estado, aprofundando o descrédito que já as fragilízava perante a sociedade.

O desafio conjunto que nos deve unir, acima de quaisquer outras eventuais diveigências, é a reconstrução da credibilidade das instituições republicanas. Sem ela, a credibilidade, nada subsiste.

E o descréd ito é o ferm ento de que se nutre a serpente do autoritarismo, na sua luta nociva e obsessiva contra a consolidação do Estado democrático de Direito.

Luta da barbárie contra a civilização. Registro, no entanto, que felizmente há homens de bem na vida pública, empenhados em reagir com destemor a esse processo de corrosão das instituições, resistindo a pressões e cumprindo seu dever, indiferentes a ameaças ou a quaisquer outros tipos de acenos e agravos.

São cultores da Verdade, servidores públicos na plena acepção do termo.Cito, a propósito, o orador que me antecedeu, o eminente procurador-

geral da República, dr. Antonio Fernando de Souza, cuja recente denúncia a esta Corte, a respeito da crise política que há quase um ano se abateu sobre o País, fez com que a sociedade brasileira voltasse a nutrir esperanças em seus homens públicos.

Não nos iludamos: apenas a Verdade poderá resgatar a credibilidade, que é o oxigênio moral das instituições. E esse oxigênio nos tem faltado.

Como resultado, constata-se a tendência de grande parte de nossa sociedade em generalizar conceitos negativos em relação aos homens públicos.

307

OAB RORAIMA

É um gesto preocupante que revela desencanto e precisa ser revertido. E o modo de fazê-lo é por meio de Justiça. Precisamos por termo à sensação de que este é o País da impunidade. E isso reclama não apenas os indispensáveis investimentos materiais e estruturais para favorecer a operacionalidade do Judiciário, mas também - e sobretudo - determinação moral dos agentes políticos em cortar na própria carne.

Não pode prevalecer o espírito de corpo em nenhuma circunstância - muito menos quando o que está em pauta é a produção de justiça, correção de condutas nocivas ao bem comum. Condutas nocivas de homens públicos, lesando a coletividade.

A absolvição pelo plenário da Câmara dos Deputados de parlamentares condenados por corrupção pelo Conselho de Ética da própria Câmara soa à população brasileira como desprezo, escárnio à Justiça.

A pergunta que ecoa da voz das ruas é uma só: perdemos a compostura?Justiça não depende apenas do Poder Judiciário. É tarefa dos três Poderes

e da cidadania ativa e organizada. Depende menos de palavras e mais de atos. De exemplos. É uma construção conjunta, constante, que repele corporativismos e espertezas.

É compromisso moral com a coletividade, com a História - e nada pode a ela se sobrepor.

O Brasil tem fome e sede de Justiça!E de nossa determ inação e capacidade em saciá-lo depende

fundamentalmente o destino de nosso Estado democrático de Direito. O destino de nossa civilização.

Quanto a isso, a advocacia está a postos. Tem sido, por isso mesmo, alvo de seguidos atos de violência por parte dos que, dentro e fora do Estado, cultivam a intolerância e desconhecem regras elementares de convívio - já não digo democrático, mas civilizado.

Há alguns meses, protestávamos contra prisões arbitrárias de advogados e invasões de escritórios de advocacia, por parte da Polícia Federal, ferindo prerrogativas e direitos elementares da cidadania.

Neste mês de abril, num único estado da federação - Mato Grosso do Sul - registraram-se quatro assassinatos de advogados em face do legítimo e destemido exercício da profissão.

Assassinato por pistolagem, a soldo de pessoas influentes e intolerantes, incapazes de assimilar o jogo limpo e transparente da democracia, e de submeterem seus atos ao Judiciário.

Diversos outros casos semelhantes foram registrados no curso deste ano, em outros Estados, o que indica a ação sistemática de predadores da democracia, a cercear direitos civis, a cercear a cidadania.

Ano passado, apenas no Estado de São Paulo, registraram-se mais de duas dezenas de assassinatos de advogados, no exercício legitimo da função.

Diz a Constituição, em seu artigo 133, que o advogado é indispensável à administração da Justiça. Quando se perseguem advogados - pior, quando se assassinam advogados no exercício da função -, o que se está agredindo, o que

308

UM RESGATE HISTÓRICO

se está pondo em risco é a Justiça. Daí nosso empenho em denunciá-lo e em pedir providências enérgicas.

Apelamos mais uma vez à pronta ação do Estado, para que nos garanta a segurança do exercício profissional e propicie à sociedade brasileira desfrutar de nossa contribuição na administração da justiça, nos termos do que determina a Constituição.

Somos, afinal, a única classe, no âmbito do Poder Judiciário, que sistematicamente tem seus membros tombados mortos pelo simples fato de estarem exercendo seu oficio.

O quadro político brasileiro, conturbado por uma série de escândalos que sobre ele se abateram, põe neste momento em relevo o papel institucional da OAB.

Nem todos o compreendem. Uns nos acusam de vínculos partidários, outros nos acusam de porta-vozes de correntes ideológicas. Nem uma coisa, nem outra - e isso não é novidade.

Historicamente, sempre que a República sofre abalos, somos chamados a exercer um protagonismo na cena política que não postulamos, mas ao qual não podemos fugir.

Foi assim ao tempo da ditadura do Estado Novo; ao longo do regime militar pós-64; na campanha pelo restabelecimento das eleições diretas; no processo de impedimento do presidente Fernando Collor.

Agimos sempre a chamado da sociedade civil. Se havia partidos políticos circunstancialmente engajados naquelas causas, não significa - e o tempo o comprovou - que tivéssemos qualquer interesse faccioso. Não tivemos e não temos.

Não somos partido político, nem corrente ideológica, nem temos qualquer compromisso que não o de defender a cidadania. Já o disse e repito: não subimos em palanques.

Temos, sim, trincheira de luta - e é a da Constituição, da defesa da República e de suas instituições (sobretudo as instituições jurídicas), do Estado democrático de Direito, conforme nos determina o Estatuto da Advocacia - lei federal n®. 8.906, de 4 de julho de 1994 -, em seu artigo 44, inciso I.

Hoje, como ontem, estamos sendo mais uma vez chamados a intervir na cena político-institucional, de modo a nos posicionar em face da crise.

Sabemos da delicadeza do momento, dos interesses que em tomo dele se instalaram. Alguns não hesitam em nos ameaçar, em nos chamar de golpistas, buscando constranger nossa decisão.

Gmpos radicais nos hostilizam, temendo que nosso posicionamento favoreça a oposição. Outros grupos, ligados à oposição, temem que nossa decisão preserve o governo.

Enganam-se ambos a nosso respeito. Agiremos - como sempre o fizemos - movidos apenas pelos superiores interesses da sociedade civil, tendo a Verdade e a ética como guias.

O noticiário da imprensa informa que lideranças que manipulam movimentos populares - mas que se mostram populistas e autoritários em seu perfil e conduta - ameaçam reproduzir em nosso País estratégia de divisão da sociedade caso a crise política brasileira tenha desfecho que lhes desagrade.

309

OAB RORAIMA

Ameaçam colocar nas ruas, cm franca hostilidade contra as classes média e alta, massas de trabalhadores desempregados e subempregados

Ameaçam, em suma, a paz publica e tentam intimidar a sociedade civil, sonegando-lhe o direito a livre manifestação Agem como golpistas e têm o desplante de querer imputar a nós essa pecha, que cabe apenas a eles

Mas a Ordem está vacinada contra esses truques baixos Tem ampla vivência histórica, de couro curtido, na luta contra o obscurantismo E continua onde sempre esteve na luta a favor da ética e da moral na vida pública

E lamenta a ação antidemocrática de alguns líderes desses movimentos sociais que sempre apoiamos a hostilizá-la e a tachá-la de (aspas) “tresloucada e neoliberal”, o que é um atentado a tudo que a entidade construiu, em seus 76 anos de história.

Não tememos ameaças Nós, advogados e dirigentes da OAB, estamos habituados a enfrentá-las Nosso passado em defesa da República e da democracia dá consistência ao que afirmo

Nosso propósito é contribuir para o aprimoramento das instituições, para a paz social e a produção de justiça neste País E nada nos impedira de cumprir nosso dever

Sr Presidente da Republica, Sra Presidente desta Corte, srs Ministros, Há pouco, a propósito da denúncia do procurador-geral da Republica a

esta Corte, insmuou-se na mídia que nós, os advogados, seríamos instrumentos procrastinadores da justiça Que funcionaríamos como freios na tramitação dos processos do Mensalão

Repelimos com veemência essa pecha, que revela preconceito contra o advogado, má fe e desconhecimento dos fatos

Quando o eminente ministro Joaquim Barbosa previu, com total razão, que, em face das dificuldades operacionais do Judiciário, aqueles processos poderíam durar ate dois anos, nos, da OAB, pedimos a excepcionalizaçâo de seu andamento, para que se dê com maior rapidez uma satisfação a sociedade brasileira, atenuando a sensação de impunidade

Cabe aqui deixar claro, a nós, advogados, nao interessa a morosidade da Justiça Sob nenhum ponto de vista - nem moral, nem político, nem corporativo Justiça celere, sem prejuízo do devido processo legal e do amplo direito de defesa, é o que queremos

Mesmo do ponto de vista estntamente corporativo, será sempre mais atraente para a advocacia uma Justiça eficaz

Não podemos, no entanto, confundir celeridade com fobia ao devido processo legal, tal como hoje ocorre, a pretexto da luta contra o terrorismo, nos Estados Unidos e na Inglaterra Sena um desserviço ajustiça

Confunde-se muitas vezes absolvição com impunidade. Absolvição éjustiça também E o advogado, respeitados os princípios éticos, com os quais nós, da OAB, temos sido implacáveis, deve se empenhar na defesa de seu cliente

Não podemos eliminar o direito de defesa porque o processo é lento, porque é demorado Temos que preservar a ampla defesa do acusado, pois isso é princípio fundamental do Estado Democrático de Direito Isso é direito humano essencial

310

UM RESGATE HISTÓRICO

E é preciso verificar quem é o vilão do colapso do sistema judiciário. Aqui, desta tribuna, a advocacia repele essa pecha.

Sabemos que são diversos os fatores que tomam a Justiça morosa - e já os apontamos à exaustão quando dos debates em tomo da reforma do Judiciário, que deflagramos há 14 anos e que só há pouco mais de um ano foi parcialmente aprovada pelo Congresso Nacional.

A estrutura do Judiciário brasileiro, sabemos todos, é insuficiente para as demandas da sociedade.

Como agravante, há o cipoal das leis processuais, que permitem recursos em excesso, principalmente os regimentais, produzidos pelos próprios tribunais.

E é o Estado o que mais se serve do anacronismo estrutural do Judiciário para tomá-lo mais inoperante. E o Estado também que mais recorre das decisões, mesmo quando sabe a causa perdida. Friso que não estou me referindo ao advogado público, mas ao Estado.

O que justifica que o Poder Público tenha, por exemplo, prazos excepcionais, prazos dobrados, às vezes quadruplicados dentro de um processo - e a cidadania não?

O Estado já submete o cidadão de forma cruel pelo não cumprimento das decisões judiciais, quando, por exemplo, não arca com o pagamento dos precatórios fixados pelo Judiciário.

Ter, além disso, em pleno 2006, privilégio processual é distorção insustentável, intolerável, que merece nossa mais veemente reprovação.

Diante de tais fatos, repito, é inadmissível jogar nas costas da advocacia a responsabilidade pela morosidade da Justiça. Não é justo.

E preciso, sem prejuízo, repito, da ampla defesa, um processo mais ágil e célere, que estabeleça equilíbrio entre a expectativa da sociedade e a qualidade da prestação jurisdicional. Não podemos nos conformar com a paralisia processualística e burocrática que nos tem infelicitado.

A reforma do Judiciário, nesse sentido, precisar avançar mais - e muito mais.Ela gerou, sem dúvida, inovações importantes, como a criação do

Conselho Nacional de Justiça, que pôs fim ao nepotismo no Judiciário, mas é preciso dar sequência às mudanças. Sem perda de tempo.

E, afinal, de Justiça a grande carência da sociedade brasileira. E essa dívida social, que é também - e sobretudo - moral, cabe a todos nós.

Jean de La Bruyère, o grande moralista francês do século XVII, advertia que (aspas) “onde há pouca justiça é um grande perigo ter razão”. E é a esse extremo que tememos chegar: a um País em que a carência de justiça - no sentido amplo do termo: justiça social, moral e política - ponha em risco o império da razão.

Ou cuidamos disso agora ou talvez já não seja possível fazê-lo mais tarde.

Senhoras e senhores:O Brasil não pode perder a compostura!

OAB RORAIMA

Que a posse da ministra Ellen Gracie Northfleet, pelo que simboliza de renovação e de esperança, favoreça uma profunda reflexão e conduza a efetivas e positivas mudanças na vida pública brasileira.

Que Deus a ilumine, Sra. Presidente.Muito obrigado. (Roberto Antonio Busato).”

OAB rejeita impeachment de Lula“A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) rejeitou, por 25 votos

a 7, o relatório do conselheiro Sérgio Ferraz, do Acre, que pedia o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.”

Para os conselheiros, o momento era inoportuno, não havia clima nem indícios suficientes da participação do Presidente da República no esquema de corrupção conhecido por Mensalão, que envolveu dezenas de deputados e senadores do Congresso Nacional.

O autor do relatório apresentado na OAB não pensava assim. Ele disparou: “Não há como separar o presidente da República de todo esse mar de lama e podridão. O Planalto exala hoje um odor mais nauseabundo do que na Casa da Dinda”, disse Ferraz, referindo-se à residência do ex- presidente Fernando Collor de Mello.^*

Entretanto, na m esm a reunião em que foi desaprovado o impeachment do Presidente Lula, a OAB aprovou, por 17 votos a 15, o relatório do conselheiro Sérgio Ferraz, que sugeria o encaminhamento de uma notícia-crime contra Lula, no Ministério Público Federal, considerando os fatos apresentados no inquérito do Mensalão.

Segundo o presidente do Conselho Federal, Roberto Busato, o pedido da OAB apenas re fo rçava o inquérito j á ex isten te na Procuradoria Geral para investigar se houve crime de responsabilidade do Presidente da República, que foi aberto pelo procurador geral da República, Antonio Fernando Souza.

“A Ordem recomenda a continuação das investigações”, disse Busato.”

Dia do Defensor Público18 de maio 2006.“Para comemorar o Dia Nacional do Defensor Público e o aniversário

dos seis anos de criação da Defensoria Pública do Estado, o defensor-geral, Thaumaturgo Nascimento, em parceria com o Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam), promoveu o 1® Ciclo de Palestras”.^

O evento foi realizado no auditório da OAB Roraima, onde o

312

UM RESGATE HISTÓRICO

presidente da Ordem, Antonio Oneildo, falou sobre o tema “Funções Institucionais da Defensoria Pública.

O encontro contou também com palestras das juízas Tânia da Silva Pereira e Tânia Maria Vasconcelos; do defensor público Stélio Dener Cruz e do juiz Rodrigo Furlan; do promotor de Justiça, Valdir Aparecido de Oliveira e do analista fiscal do Tribunal de Contas, Antonio Cândido Morais; o deputado estadual Mecias de Jesus também falou.

Conforme programado, o encerramento foi feito pelo defensor- geral Thaumaturgo Cezar Moreira do Nascimento.

“Implantada em 2000, atualmente a Defensoria conta com 39 defensores públicos distribuídos nas comarcas de Boa Vista, São Luiz do Anauá, Rorainópolis, Caracaraí, Mucajaí e Alto alegre, e salas de atendimento em São João da Baliza, Iracema e Pacaraima. Em Boa Vista o órgão está localizado na avenida Sebastião Diniz - centro”.®'

Denúncia de violência doméstica7 de agosto de 2006.O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei

n®. 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do parágrafo 8® do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de \^oIência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.^

Na semana em que a Lei Maria da Penha foi sancionada, para punir namorados, amantes e maridos agressivos, uma estudante universitária ameaçada de morte e com o rosto deformado de socos do ex-marido, resolveu tomar público seu drama de dez anos como vítima de violência doméstica.

Hoje faz 14 dias que K., universitária de 23 anos, não passa duas noites na mesma casa. Ela não fica um único minuto sozinha. Sua rotina parece a de um bandido perigoso ou de um importante dignitário, que precisa de escolta a todo 0 momento. Mas não é nada disso: ela está fugindo do ex-marido, que tentou matá-la e agora ameaça os sogros e também o filho de três anos.®

A história de K. é pungente. Antes da tentativa de homicídio ela já

313

OAB RORAIMA

tinha registrado seis boletins de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher, denunciando as ameaça do ex-marido. “O inquérito foi aberto, mas não intimou o pedreiro C.S.L., 28” . ^

Diante de tanta morosidade e incompetência do Poder Público, com o apoio de amigos, K. resolveu “tomar público seu drama, para servir de exemplo às centenas de vítimas invisíveis de homens violentos”. ^

Além de permitir a veiculação da sua história na imprensa, sem expor seu nome, K. procurou ajuda junto ao Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Agora ela espera que a lei seja cumprida e não apenas comprida.

Semana do AdvogadoComo acontece todos os anos, em agosto de 2006 a OAB Roraima

realizou um ciclo de palestra para comemorar o Dia do Advogado. O evento ocorreu no Auditório Advogado Hesmone Saraiva Grangeiro. Denise Cavalcanti, coordenadora da Comissão Organizadora da Semana do Advogado, avisou logo: “É necessário fazer a inscrição com antecedência, porque o auditório tem capacidade limitada de 120 pessoas”.^

No dia 9, quarta-feira, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembaigador Robério Nunes dos Anjos, abriu a programação discorrendo sobre 0 tema “O agravo no sistema recursal brasileiro”. No dia seguinte, o desembaigador Almiro Mello Padilha felou sobre o “Novo processo de execução”.

Nessa semana, mais uma vez o presidente da OAB, Antonio Oneildo, falou da responsabilidade social do advogado perante a sociedade brasileira. Lembrou que a Constituição Federal de 1988 trouxe aos profissionais do Direito as condições básicas para o exercício da profissão tais como autonomia, liberdade, isenção.

E complementou: “O advogado é defensor da democracia. A profissão é de grande relevância e garante a liberdade de expressão. Não há democracia sem liberdade de expressão. E nosso dever defender a liberdade e a dignidade dos cidadãos” .**

A programação continuou com várias atividades recreativas e foi encerrada na sexta-feira com o tradicional Baile do Rubi.

Classe dos advogados em destaque Joênia Batista de Carvalho. Roraimense. Wapichana. Advogada

do Conselho Indígena de Roraima. Finalista do Prêmio Cláudia 2004.

314

UM RESGATE HISTÓRICO

Mulher determinada e dedicada ao trabalho, em 2006 se tomou uma das finalistas do Prêmio Bravo de Negóeios da Latin Trade.

Aqui ela coneorreu e ficou entre os três finalistas na categoria Ambientalista do Ano, que faz a premiaçào de pessoas que realizam grandes ações para promover a proteção do meio-ambiente na América Latina.

Dois brasileiros já foram vencedores dessa categoria: “Clóvis Ricardo Schrappe Borges, fundador e diretor da Soeiedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, em 2002, e Pedro Leitão, secretário executivo do Fundo Brasileiro da Biodiversidade, em 2003”.^

“Todos os anos, mais de 350 mil leitores da Latin Trade em todo o m undo indicam um am plo núm ero de líd e res la tino - americanos nas áreas de governos, empresas, finanças, tecnologia, meio ambiente e de ação hum anitária” . ’

Em seguida, a equipe editorial da revista reduziu a lista de candidatos através de consultas a líderes internacionais em diversas áreas do conhecimento humano. A partir dela, selecionou os vencedores do prêmio.

Joênia de Carvalho não levou o prêmio, mas elevou o nome do seu povo e da classe dos profissionais do Direito.

Ela é uma mulher que sabe a que veio.

Mais rigor no registro das candidaturasInício da primavera de 2006.O presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, condenou a generosidade

excessiva com a classe política e pediu mais rigor no registro da candidatura de todas as pessoas que quisessem concorrer a qualquer cargo político.

Sentença de ordem: que seja obrigatória a apresentação de atestado de bons antecedentes para se obter o registro de qualquer candidatura.

Para Oneildo, tem que acabar esse negócio de dois pesos e duas medidas. Sim, porque não podemos esquecer que

Para um cidadão comum fazer um concurso para a Polícia Civil, por exemplo, tem que apresentar atestado de antecedentes criminais e outros que atestem, de forma induvidosa, a sua ilibada reputação e idoneidade moral. Coisas que não são exigidas aos membros dos Poderes Executivo e Legislativo que podem ser nomeados através de eleição.

Ele lembrou que a recomendação dos antecedentes da moral ilibada e da idoneidade moral, para quem almeja cargos públicos, está na Constituição Federal. Como não existe esse controle pelos poderes constituídos, Oneildo disse que vai conclamar a sociedade a fazer uma triagem excluindo os

OAB RORAIMA

candidatos que não estejam dentro dos critérios da recomendação, tais comoevitar votar em pessoas que estejam envolvidas em processo de corrupção.’®

Na luta pelo voto ético, Antonio Oneildo reafirmou que a OAB em parceria com outras entidades de classe, distribuiu cartilhas e fez reuniões nos baÜTos de Boa Vista, com o objetivo de orientar os eleitores para votarem certo. Ou seja, votarem em quem tinha passado limpo, construído com trabalho, porque “o voto não tem preço, tem consequência”.’*

Ele lamentou que alguns fatores, como a fome e a miséria, talvez contribuíssem para a corrupção do voto. Contudo, alertou que era crime receber dinheiro ou presentes em troca do voto. Para ele, o voto consciente, ético, era certeza de ganho maior e mais duradouro tanto para o cidadão quanto para a sociedade,

OAB anuncia eleições em novembroNo final de outubro o presidente da Comissão Eleitoral da OAB/RR,

Nelson Mendes Barbosa, anunciou para o dia 24 de novembro as eleições para escolha do novo presidente da Casa para o triênio 2007/2009.

Uma novidade revelada para as eleições de 2006 foi o voto eletrônico, que daria o conhecimento imediato do resultado do pleito, logo depois do encerramento da votação.

“A eleição através do voto eletrônico foi possível através de uma parceria com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral de Roraima) que irá ceder três urnas para serem instaladas no Auditório Adv. Hesmone Saraiva Grangeiro” .’^

As duas chapas que se inscreveram para concorrerem às eleições foram “Unidos pela Ordem” e “OAB Prerrogativas”.

A primeira chapa era encabeçada pelo então presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, candidato a reeleição, tendo como vice-presidente o defensor público Stélio Dener de Souza Cruz.

A segunda chapa foi encabeçada pela advogada Antonieta Magalhães Aguiar, tendo como vice o advogado Daniel dos Anjos.

TJ quer o retorno das férias coletivasO Conselho Nacional de Justiça acabou com as férias coletivas do

Poder Judiciário em dezembro de 2004, a pedido do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

316

UM RESGATE HISTÓRICO

Em 2006, a OAB voltou atrás e pediu reconsideração ao CNJ, solicitando o retomo das férias forenses, pois, na prática, a classe dos advogados e dos magistrados se viram prejudicados com a medida.

D iante do novo cenário, o Conselho N acional de Justiça recomendou que cada tribunal deliberasse livremente sobre o assunto.

Acatando o parecer do CNJ, o Tribunal de Justiça de Roraima abriu procedimento interno, junto ao Departamento de Recursos Humanos, reivindicando o retomo das férias coletivas para o Judiciário.

Assim, no final de novembro de 2006, o presidente do TJ, Mauro Campello, afirmou que o Departamento de Recursos Humanos se manifestou favorável ao retomo das férias coletivas e que para efetivá-las aguardava a manifestação da OAB Roraima e do Ministério Público.

Segundo o desembargador Mauro Campello,

O recesso facilita as férias dos magistrados em dois momentos; janeiro e julho, quando a Justiça pára, a não ser para os processos urgentes que têm pedido de liminares. N esses casos, ficam ju izes e desembargadores plantonistas, mas o restante da magistratura sai de férias. Também facilita para a classe dos advogados, uma vez que são poucos os escritórios com condições de trabalhar o ano todo."

Por sua vez, o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, declarou na imprensa que já tinha recebido o ofício do TJ e encaminhado uma resposta positiva ao pleito.

E acrescentou: “Somos favoráveis ao recesso, principalmente para a advocacia, onde temos advogados iniciantes ou escritórios com menos estrutura que não têm condições de trabalhar o ano todo” .’**

Antonio Oneildo: 3" mandatoConforme divulgado na grande imprensa, no dia 24 de novembro

de 2006 ocorreu a eleição para definir o novo presidente da OAB/RR. Antonio Oneildo saiu vencedor, mais uma vez.Transcrevemos uma das matérias publicadas sobre o fato:

ONEILDO É REELEITO À PRESIDÊNCIA DA OAB

A chapa 2 “Unidos pela Ordem”, encabeçada pelo atual presidente da OAB, Seccional de Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, venceu com 62,02%

OAB RORAIMA

dos votos válidos a chapa I “OAB Prerrogativas”, que tinha à frente a advogada Antonieta Magalhães Aguiar, que alcançou 34,90%.

No triênio 2007/2010 cumprem o mandato como vice-presidente Stélio Dener de Souza Cruz, secretário-geral Oleno Inácio de Matos, secretário- adjunto Josué dos Santos Filho e tesoureiro Hélio Abozaglo Elias. Os advogados da chapa vencedora vão compor o Conselho Seccional, Conselho Federal e Caixa de Assistência.

A apuração foi acompanhada por integrantes das duas concorrentes. Dos 424 votantes, a vencedora obteve 263 votos contra 148 (34,90%) da segunda colocada. Foram registrados sete votos brancos (1,66%) e seis nulos (1,42%).

Duas urnas eletrônicas foram utilizadas pelos que estavam com o pagamento em dia da anuidade. Devido a uma decisão concedida na noite anterior às eleições, pelo ju iz federal, Atanair Nasser Ribeiro Lopes, permitindo que os inadimplentes pudessem votar, duas cabines manuais foram disponibilizadas.

Tanto no voto eletrônico quanto no manual a “Unidos pela Ordem” teve maioria. Na urna eletrônica foram 225 votos contra 117. Na totalização da manual a diferença caiu. Foram 38 votos contra 31 da OAB Prerrogativas. O presidente da Comissão Eleitoral, Nelson Barbosa, declarou oficialmente o resultado por volta das 17h40. Afirmou que o único contratempo das eleições foi a liminar concedida.

Reconduzido pela segunda vez consecutiva ao cargo de presidente da OAB, Antonio Oneildo vai para o terceiro mandato. Em seu discurso lamentou que advogados tenham procurado o Ministério Público no sentido de fazer interferência no funcionamento da Ordem, já que tem regimento próprio, e o processo eleitoral foi aberto há seis meses.

“Todos temos capacidade de demandar. A OAB não admite ingerência, a intervenção do Ministério Público na perspectiva de gerir o processo eleitoral. Nós consideramos uma medida extremamente vexatória para nós”, afirmou Oneildo.

Ressaltou que a forma de funcionamento, estruturação e organização da OAB cabe aos advogados definir e legislar nesse sentido. “Legislar com regulamentos, com provimentos”, disse, anunciando que essa discussão vai acontecer no Judiciário, “de forma própria, com fundamentos mais adequados na defesa da classe”.

O presidente reeleito afirmou que a votação expressiva representou reconhecimento e aprovação da administração atual, e os projetos de referência para o triênio são os que já vem desenvolvendo. O trabalho será no sentido de aproximar mais a classe.

Conform e ele, vários advogados sugeriram e se colocaram à disposição para contribuir em outros pontos de ação da OAB. Por isso, serão convidados para trabalharem no intuito de fortalecer a instituição e aprimorar as ações desenvolvidas.

318

UM RESGATE HISTÓRICO

“Batalhar dentro dos projetos e propostas que fizemos, de melhorar a Seccional e fortalecer a classe no sentido de colaborar cada vez mais com a Justiça”. Outro ponto será integrar a advocacia no contexto do Mercosul, que é uma nova realidade que precisa ser devidamente pensada para a advocacia e para a Justiça."

Composição da chapa eleitaApresentamos a seguir o nome de todos os integrantes da Chapa

‘Unidos pela Ordem”, vencedora das eleições de novembro de 2006.

Diretoria do Conselho SeccionalAntonio Oneildo Ferreira (pres.)Stélio Dener de Souza Cruz (vice) Oleno Inácio de Matos (see. geral) Josué dos Santos Filho (see. adjunto) Hélio Abozaglo Elias (tes.)

Conselheiros Seccionais Terezinha Muniz de Souza Cruz Henrique Keisuke Sadamatsu Rárison Tataíra da Silva Rommel Luiz Paracat Lucena Mauro Silva de Castro Daysy Gonçalves Quintella Ribeiro Denise Abreu Cavalcanti Januário Miranda Lacerda Nilter da Silva Pinho Francisco de Assis Guimarães Almeida Lenon Geyson Rodrigues Lira Maria Luiza da Silva Coelho Mário José Rodrigues de Moura Johnson Araújo Pereira Carlos Guimarães Trindade Neto Rodolpho César Maia de Morais Paulo Afonso Santana de Andrade Antonio Pereira da Costa Marcelo de Sá Mendes

319

OAB RORAIMA

Suplentes do Conselho SeccionalMarcos Antonio JoffilyMarcos Antonio Carvalho de SouzaRonnie Gabriel GarciaVilmar Francisco MacielLaudi Mendes de AlmeidaMarco Antônio da Silva PinheiroAgnor Veloso BorgesJosé Ribamar Abreu dos Santos

Caixa de Assistência dos AdvogadosJosé Fábio Martins da Silva (pres.)Alexandre César Dantas Socorro (vice)Adilma Rosário de Castro (T see.)Maria do Rosário Alves Coelho (2“ see.)Neuza Maria Velasco de Oliveira de Castilho (tes.)

Suplentes da Caixa de Assistência Antonio Olcino Ferreira Cid Edmilson José Brandão Coimbra Francisco José Pinto de Macedo

Conselheiros Federais Francisco das Chagas Batista Ednaldo Gomes Vidal Alexander Ladislau Menezes

Suplentes do Conselho Federal Maryvaldo Bassal de Freire Antonio Avelino de Almeida Neto

Aprovado e confirmado nas umas, pela classe dos advogados, Antonio Oneildo Ferreira foi eleito pela terceira vez para comandar a OAB Roraima. Vitória dos direitos humanos. Vitória da sociedade roraimense.

Pois sim. Ele continuou a fazer seu trabalho com a mesma dedicação de sempre. Mas, isso é matéria para o próximo livro.

320

UM RESGATE HISTÓRICO

TEXTO & CONTEXTO

=> Dia 2/07/2004 — Inauguração da Orla “Taunamann”, localizada na margem direita do Rio Branco. Obra construída e inaugurada pela Prefeitura Municipal de Boa Vista na Administração Teresa Jucá.

=> Dia 10/01/2005 — Inauguração do Centro de Atendimento aos Migrantes e Indígenas na Cidade (Camic), um projeto da Diocese de Roraima. O primeiro coordenador foi José Antonio Pereira Lima.

=> Dia 19/01/2005 — Retomada e inauguração oficial do Projeto Rondon, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Tabatinga (AM). A Fundação Projeto Rondon, que promoveu a participação de mais de 350 mil universitários no cenário político, econômico e cultural do País nas décadas de 60, 70 e 80, tinha sido extinta no Governo Sarney em 1989.

=> Dia 16/03/2005 — Nelson Mandela, o ícone do antiapartheid, inaugurou em Johanesbuigo, na África do Sul, o Centro Nelson Mandela da Memória e Comemoração, com documentos e fotos sobre os 27 anos em que o ex-presidente esteve na prisão.

=> Dia 2/04/2005 — Falecimento do Papa João Paulo 2® (o polonês Karol Josef Wojtyla), que foi enterrado na Basílica de São Pedro, no Vaticano. João Paulo foi substituído pelo cardeal alemão Joseph Katzinger, que recebeu o nome de Papa Bento 16.

=> Dia 13/04/2005 — O presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, assinou a homologação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, pertencente aos grupos indígenas macuxi, wapixana, taurepang e ingarikó. A Portaria n°. 534, que consumou a homologação, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 15 de abril de 2005.

=* Dia 23/10/2005 — O Governo Lula fez um referendo para decidir se deveria proibir ou não o comércio de armas no Brasil. O povo brasileiro foi às umas e votou pela “não proibição do comércio de armas”.

=> Dia 9/02/2006 — Falecimento do presidente da Academia Roraimense de Letras, Dorval Magalhães, aos 92 anos. Ele era escritor, poeta e um dos compositores do Hino de Roraima. Um de seus principais livros — Roraima: Informações Históricas —-, foi publicado em 1986 com o apoio cultural do Banco de Roraima S.A.

=> Dia 27/03/2006 — Data da assinatura do Decreto n®. 6.991-E que define o dia 24 de abril como o Dia do Escritor Roraimense. Uma homenagem ao dia do nascimento da escritora Nenê Macaggi. Governo Ottomar Pinto.

=> Dia 30/03/2006 — O poeta amazonense, Thiago de Mello, completou 80 anos de idade. Na ocasião, ele foi homenageado pela Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados, em Brasília, com uma exposição no período de 19 a 28 de abril, composta de fotografias, poemas e biografia do autor.

=> Dia 6/07/2006 — Morreu em Cuiabá (MT) o ex-deputado federal Dante de Oliveira, pai da Emenda Constitucional das “Diretas-Já”. Ele foi também deputado estadual, senador, Ministro de Estado e governador de Mato Grosso por dois mandatos.

=> Dia 16/07/2006 — Falecimento do presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper), Humberto Silva, vítima de ataque

OAB RORAIMA

cardíaco. Natural de Pernambuco, Humberto militou na imprensa roraimense por mais de 15 anos. Era o apresentador do programa Sala de Imprensa, na TV Caburaí. Como presidente do Sinjoper, Humberto Silva fez várias parcerias com a OAB/RR no sentido de discutir a violência policial, não só na defesa dos direitos humanos como no trato com os jornalistas.

DÉCIMO SEGUNDO CONSELHO SECCIONAL Referências & Anotações

' Ata da assembléia de posse da Diretoria e do Conselho Seccional do dia 1°/ janeiro/2004. Arquivo da OAB/RR. Termo de Posse. Boa Vista, 17janeiro/2004. Arquivo da OAB/RR. OAB quer poder de controle ao surgimento de cursos de Direito. Brasil Norte.

Boa Vista, II/fevereiro/2004, (p. 3)Marilena Freitas. Direito Amazônico: Juristas querem nova visão à região. Folha

de Boa Vista. Boa Vista, 30/março/2004. (p. 7) Correios lança carimbo e cartão postal homenageando Congresso. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 30/março/2004. (p. 7)® Diante de Lula, presidente da OAB ataca governo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/abril/2004. (p. 2)’ Idem.® Crimes eleitorais: OAB e CNBB em Roraima também entram na guerra contra impunidade. Brasil Norte. Boa Vista, 19/maio/2004. (p. 10)® Idem.'® Cejurr e Associação dos Magistrados realizam seminário jurídico amanhã. Brasil Norte. Boa Vista, 2/j unho/2004, (p. 6)" Luiz Valério. Celeridade da Justiça: Roraima tem melhor média de juizes do País. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23/agosto/2004. (p. 5)” Luiz Valério. Número de processos contra Estado é reduzido. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23/agosto/2004. (p. 5)" Vaneza Targino. Conselho Federal da OAB cria cadastro nacional de advogados. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/setembro/2004. (p. 13)

Advogada indígena de Roraima é indicada para o prêmio nacional. Folha de Boa Vista. Boa Msta, l®/dezembro/2004. (p. 5)" Carvüio Pires. OAB acha reforma positiva. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 28/ dezembro/2004, (p. 3)'® OAB condena censura a dados do IBGE. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 31/ janeiro/2005, (p. 5b)

Idem.

322

UM RESGATE HISTÓRICO

'* Cyneida Correia. Operação Pretorium: PF prende acusados de fraudes no TRE. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 11/fevereiro/2005, (p. 4)

Wirismar Ramos. Operação Pretorium: PF faz devassa no TRE/RR, por determinação da Justiça Federal. Brasil Norte. Boa Vista, 1 l/fevereiro/2005, (p. 3) “ Wirismar Ramos. Operações estão passando Roraima a limpo contra a corrupção. Brasil Norte. Boa Vista, 1 l/fevereiro/2005, (p. 3)

Wirismar Ramos. Operação Pretorium: Mauro Campello se diz inocente e afirma que a sogra foi coagida. Brasil Norte. Boa Vista, 12/fevereiro/2005. (p. 3)

Cyneida Correia. Presidência do TJ: OAB quer que Campello renuncie à posse. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 12 e 13/fevereiro/2005. (p. 5)

Inquérito contra desembargador investigado pela Operação Pretorium segue para MPF. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/fevereiro/2005. (p. 4)

Carvüio Pires. TJ acata requerimento e adia posse de Campello por 30 dias. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 15/fevereiro/2005. (p. 3)" Leandro Freitas. Mauro Campello assume presidência do TJ. Brasil Norte. Boa Vista, r/março/2005, (p. 10)^ Luiz Valério. Justiça determina a destituição do procurador geral do Estado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/março/2005. (p. 5)” Duque tem 18 processos contra si na OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8/ março/2005, (p. 3)

Huberto Rohden. M ahatm a Gandhi: o apóstolo da não-violência. São Paulo: Martin Claret, 2005. (p. 161)

Francisco Cândido. Travessa Hesmone Grangeiro. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 l/março/2005, (p. 11) No referido artigo detectamos dois equívocos: Hesmone Grangeiro chegou em Roraima em 1973 e não em 1972; e morreu em 10 de maio de 1996 e não em 10 de março.

Huberto Rohden. M ahatm a Gandhi: o apóstolo da não-violência. São Paulo: Martin Claret, 2005. (p. 174)

OAB pede que advogados se habilitem aos Conselhos de Justiça e do Ministério Público. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/abril/2005. (p. 7)’’ Idem.^ Leandro Freitas. OAB lança campanha contra o nepotismo. Brasil Norte. Boa Vista, 20/abri1/2005. (p. 10)

Carvüio Pires. Estado deve ser afirmativo em defesa das terras, diz advogado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/abril/2005, (p. 3)" Idem.

Inconstitucional: Presidente da OAB questiona projeto de lei e diz que Defensoria poderá perder autonomia. Brasil Norte. Boa Vista, I4/julho/2005. (p. 9)

Idem.

OAB RORAIMA

“Estado corre risco de sofrer intervenção”, alerta Oneildo. Brasil Norte. Boa Vista, 14/julho/2005. (p. 9)

Edilson Rodrigues. MPE tem 72 inquéritos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/ agosto/2005, (p. 8)

^ Nota Oficial/OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, r/setembro/2005, (p. 1) Antonio Oneildo Ferreira. O domínio das terras do Estado de Roraima. Revista

Cathedral. Periódico Multidisciplinar das Faculdades Cathedral, (vol. 2, n®. 1. janeiro/junho 2006) Cuiabá: Cathedral Publicações, 2007.

Edilson Rodrigues. Fechamento de postos: Ações são protocoladas contra Sindipostos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/novembro/2005. (p. 6)

J. Otávio Brito. O “Gueto social da insegurança”. Brasil Norte. Boa Vista, 1®/ dezembro/2005, (p. 2)

Loide Gomes. Direitos humanos: Violência policial e contra a mulher são as mais comuns em Roraima. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 19/dezembro/2005. (p. 10)

Idem.^ Todo o País: OAB cria grupo para auxiliar ensino de Direito. Brasil Norte. Boa Vista, 14/fevereiro/2006. (p. 7)

Edilson Rodrigues. Acadêmicos de Direito: OAB critica baixa qualidade na formação. Brasil Norte. Boa Vista, 23/fevereiro/2006. (p. 10)

Wilson Barbosa. Dia da Mulher: OAB homenageia mulher com ciclo de palestras. Brasil Norte. Boa Vista, 8/março/2006. (p. 8)

História do Dia Internacional da Mulher. Disponível no site www.suapesquisa.com. Acesso em 20/março/2009)

Luciana Taddeo. Dia Internacional da Mulher/Por que essa data é comemorada no dia 8 de março? Disponível no site www.planetasustentavel.abril.com.br. Acesso em 20/março/2009.

Edilson Rodrigues. Campanha contra abuso de poder econômico. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 6/abril/2006. (p. 10)^ Carvüio Pires. OAB espera que a sociedade ajude reprimir abuso de poder. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 8 e 9/julho/2006. (p. 3)

Entrevista ao autor na sede da OAB/RR. Boa Vista, 27/abril/2006.

^ Idem.Discurso de posse da ministra Ellen Gracie na Presidência do Supremo Tribunal

Federal. Disponível no site www.stf.jus.br. Acesso em 28/abril/2006.Discurso do presidente do Conselho Federal da OAB, Roberto Busato, feito no

dia 27 de abril de 2006, na solenidade de posse da presidente do STF, ministra Ellen Gracie, e do vice-presidente, ministro Gilmar Mendes. Disponível em diversos site www.oab.org.br. Acesso em 28/abri1/2006.

324

UM RESGATE HISTÓRICO

OAB rejeita impeachment, mas irá ao MP contra Lula. Brasil Norte. Boa Vista, 9/maio/2006. (p. 5)

Idem.Ibidem.

^ Dia Nacional do Defensor Público é comemorado com palestras. Brasil Norte. Boa Vista, 18/maio/2006. (p. 9)

Idem.Lei n®. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Diário Oficial da

União. Brasília, 8/agosto/2006. Lei assinada por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma RoussefF.

Loide Gomes. Violência doméstica: Mulher vive escondida sob ameaça de morte. Folha de Boa Vista. Boa Vista, lO/agosto/2006. (p. 6)^ Idem.

Ibidem.“ OAB comemora a Semana do Advogado. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 9/ agosto/2006, (p. 8)

OAB realiza programação pelo Dia do Advogado. Brasil Norte. Boa Vista, 10/ agosto/2006, (p. 4)^ 12“ edição anual do Prêmio Bravo de Negócios. Revista Latin Trade. Disponível no site www.latintrade.com/magazine. Acesso em 18/novembro/2006." Ambientalista do ano: Advogada do CIR é finalista do Prêmio Bravo de Negócios. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 29/agosto/2006. (p. 6)

Ribamar Rocha. Oneildo defende atestado de boa conduta de candidatos. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 23 e 24/setembro/2006. (p. 3)

Idem.^ Tiana Brazão. OAB se prepara para eleger diretoria. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 26/outubro/2006. (p. 10)

Rebeca Lopes. TJ tenta retomar férias coletivas. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 24/novembro/2006. (p. 4)

Idem.Rebeca Lopes. Oneildo é reeleito à Presidência da OAB. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 25/novembro/2006. (p. 7) Uma correção: na matéria a repórter diz que Oneildo foi reeleito para o triênio 2007/2010. Na verdade o triênio é 2007/2009, pois o mandato começa no dia l®/janeiro/2007 e termina no dia 3 l/dezembro/2009.

OAB RORAIMA

Presidente da OAB defende a autonomia financeira da Defensoria Pública do Estado

Aauranomla Gnanceiia da D do tscrà ISjfa6a do Esa> do é o tje to d e oficio encami­nhado OMon p do pieádenK da OAB/RR (OídeiD doa Ad- vogadea dcdraal-Seccknul de Rocaíma), Anlonio Oneildo ToT ón. ao p ftw ten e da A» xmbléB L e ^ sb i» do Eaado (AIX).MecsadcJcaie(PL).

Onefldo entende que a auconofnia financdta daquele dfgão A um bcor de jjrimor&l inaxdinóapmaquepomde. MTippiharc a n akhcardeian- iefun(âodepcafailiaroacen> dodaddadanàkcamadmmm carencea de noaa população. "Traaaedeumaqueuaodeade. quaçâol^eccam kudanar.

O rientação J irU k aO presdcnie da ADPER

(Aaodação doa Defénxiea Pi> hlicoa do Eaodo de Ronáma), Stflio Dener de SouB Cniz, “V DPE é uma instiiuição eacenci- aláfiinçáojunidicionaldoEa- ado.incumbindo(heaorien- açãoJucvi&aeadd<3a.etnlo- doa 09 gram, doa neceeailadce, na í<mna do a r t 5*. LXXIV. (a it 134 da CT/88)’ .

D e n er lem bra que, para que eaae a n ^ óeeme dpaço na Consituição Fede­ra] de lOfiS.umagiandehB- t íf ia de tuiai foi cunhada poc colegaadefèraoreaeadvop- doa com alma de defenaorea.

O ptesdone (bADM R desacaumteluarKdaDefaBO. rBPúticaDO&iadJoeéFcGle- nefie lü > d ia da que panéópou direemenle, com aug» area de prima ra cadem, 6 ela beração da L a O ig in a da De- fenaoiô A & ka de R o ran a* U)ComçlanenBrn^(S7/200a

*Ccan orioioção de Joaé FceramektáàraeiidonaLarr' CB7 im diqndãm quejã preria a auacnoema aAnrniaoacàa e fi- tarrceíiada D K d eR o rm a , mcanoanBdeBmceuriocca» ÔrudorraLoqrreaoraàdda apóaa qmnação da Emenda ú am k u c m d q u e o tao r^ rá it Ddmaariaa ReÉraa Bl araono- tnia’, acreaceniou S iSo D a m

f wdualEm ofiôo arcaminhado

ao preaiden ie da AaaembWõ Lepalaiha do Eaodo (ALE), depéaado Medaadejesui {Hj,

membrot da CoriáBb do F& nan brKtno de Dehaaes faudna efonaú da DeftiBoria PiSüca Eaatdo dc RoraÉia - DFE/RR,

orearro que re refcre i ahet» ÕodoAqmrde 10*010/% < u <fop6e Kirre a Reor^uúza- çaoAdBnai radDEaiáixo pedBcanKntenoeanjBrequclia Ben (h Ddenaorâ M i im

No documoMo ermado aoa depurado eaaduakcorula o pedHO para que i g n envá c ú c a oa erinqca no aeraido de que a ^ a rn ^ k b a oimBD na L adeD ira iáetO nanienBhi» para o exerctáo de SD06. otyed- mndornduároperoauualdedo tação a ç asB iiitB de 2% (doB pcrcenao) panaDeforacriaPd- b S a do EaBdo de Roraúna

Segundo OB memtroa d l.. luaiSTT. Tramara m Al Frr4rrleprqjeio de Lei que aheta a Lei C ony tem enar n* 037/ 2000, a fim de «are aoa Drferr- aorea Púbico» do eaodo aria ccncetficfa a teadequação a o rW áÊptM» no a a 37, XI da Conelituição Federal de 1968. para o qual ele» «fJieiram o apoio dea parbmentaaea

Brasil Norte, lO/agosto/2005

í Audiência debate violência policial

É toiDI OOUBt II*> Bni

sazsirSsri

«MhOwMe ^trrm.S kttuií

yiwÈc fcet. lOfi» 7a» rclauna »

•o s a s s s :va»íl.««mr- Síí*a.*a5SrSJ*

«M* ihM é^Miw *éomám SSSC Wa* 4 ## mâà l émotlt»«to A «Bweián» á$ pwen 4 pop«l«flo. pii««7f4l*<rn— to r l i i l i l á ê h w ^ m om m fiiiciti m m a - . . .

n M w w v a•• pen. ito(rtotoitjiMiwJi eW ò c«to4«4ui< d*Ow’ P U 4 M 4MMBtoQto lWto«#,i','r»ii Wtoto

«•r M» «nM4 ceaMHMa |»di« pvta cem^dnâ.*«cto«siM«to«c^ «4e pw w«epewÉm» *N«i iiimi i Üto to iiiMiiton Wto

palofFHWiiii WtoUektoW4M«OA#«»@Mk toO»èi. M (B e toBok Uo dt «■M*aMf*. •MÉ*«IUto « «totoito AMm#* n #«f«l4»

nnlUf L U, 4 y e lU d i toweee • * S e a * to * S e ^ e to P 6 - M DMbito * ^ m c » Mri, ililmiilirtiiiBto<■*>1 1 mHiPfHM yiÉí— tof I» »0M*UM,ra«toK*«RM É Um<4 «Mé «b m «» «Um-

wm«i# (lu top ii I | | • w * * e W W e - aeai, «o j iiii iii, ftto.

"TRamkwa. ysSa-r^^' ss ir^ ssssII toOAli^éto ;tta2QMtonto1l |lir1plHif>l. j i (i lo i U, Piflilii U»M tovWw è JauiiÉ. potrHêm, 2* lUiltrltoito■ÉMi «MM pMtotfft A»> m m h n m íuhHHUbi t iitoAtoNiiii ii * H7 po m. M Wtt4— Ctea- iMU*ra«M r n k m fé n *

« pTM^I- to4« CMcn pMdw 4MÉÊ n#mhto, toto 4 ■«•(m 4dto>iM4*M(i*to * « e a ^ m e w ■ d t i e

«m tmtii x A R f o W - duaM tecftto «to « tíW na « I « d fi4 BI» «HNdto i

B|«É4 ■— rf^lto. D«^Mo44MI0eiM pUâçSe de»e e«•eUMntoi «««*»«■» « e*.

E . r s r v c* a5w «Ito. 4 OAl o pmíéesie 6e SÉiâ- Mb « i M «■É w **ew w )w . ototoMJiiiifctiiPwaa- *tod«tom#%

OAB lança campanha contra nepotismo•toKstoM d # f tru i l

co« ■ mMib 4r n* nrMP«i i n i to»to«to d# U> eatid*d«t de£ » = £ £PMtodea* a* ÒAE ooranOfriitoCaBl- cwejuniof. no úki-M C o k ^ d e r n »dcMaSecAotiM d«

OáeoÈ. eeeerióô em Fer Wea (<Z) e eu# coaw uto# dm Beat <fa end- dtde pm etu 4BO.

Se|»toi*>opmiilsr K da CkB em knnMOtt. AntdfiM OneiMo, «ma Campanha ( poiliiva porque o é

« pode «CT «iHMler> do<OBoumdpo6eoe. 2V<iewe*np««ca. Dose que togo «pdi o bnemeoto & Ctompo- oh* Ptoòoful. o « sicsv

al KTá emtodo pan o da» H repv«aen Bçêet da OAS no Bmnl eede r*o to m ^ todâreliieei

A OAt defende a toae de qwc s <oèa pú* bbo * noa imporume que a «on(ad« dco Go- «eniMcc» c dirigeiuei O biKMkemo da Cam* ponha coÍMíde coa a rropocia è Emenda Cooaiiuiciooal (PEC) que toi aprovada o» «e» mama pawad» por una* K g s

Brasil Norte, 20/abril/2005

Folha de Boa Vista, 2/junho/2005

326

DIREITOS E PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

O que vem a ser prerrogativas do advogado? Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, prerrogativa é:

[Do lat. Praerogativa (subtende-se tribo ou centúria), ‘a tribo ou centúria que tinha 0 privilégio de votar em primeiro lugar’.] S.f. 1. Concessão ou vantagem com que se distingue uma pessoa ou uma corporação; privilégio, regalia: as prerrogativas do Presidente da República; as prerrogativas do corpo diplomático. 2. Faculdade ou vantagem de que desfrutam os seres de um determinado grupo ou espécie; apanágio, privilégio: Na Idade Média o saber era prerrogativa dos monges.'

Pois bem, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira apresenta 0 vocábulo “privilégio” como sinônimo de prerrogativa. Contudo, o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, que também é Ferreira, disse em alto tom que “prerrogativa do advogado não é privilégio da classe dos advogados”.

Ele fiindamentou sua argumentação nos seguintes termos:

Quando da edição da Lei 8.906 em 1994, houve uma reação muito forte, principalm ente da Associação dos M agistrados, alegando que prerrogativas eram privilégios, não eram garantias. De certa forma, até na imprensa houve esse questionamento.

E nós advogados, nós da OAB, procuramos esclarecer, enfrentando o debate, que a defesa dos direitos e prerrogativas, assim denominados no Estatuto da Advocacia e da OAB, não continham nenhum privilégio aos advogados. E vou explicar porque.

Primeiro ponto. Quando se fala em defesa dos direitos e prerrogativas dos advogados, estamos defendendo a não confusão da prerrogativa garantia, com o termo da prerrogativa privilégio. Mas, de início, às vezes as pessoas não assimilam bem a diferença. O que o Aurélio não contempla, e acredito que a pretensão do Aurélio não era exaurir os significados e as

OAB RORAIMA

possibilidades da Língua Portuguesa, nós não temos esse termo, mas podemos acrescentar ‘direitos e prerrogativas garantias’. Poderiamos dizer que existem prerrogativas privilégios e prerrogativas garantias, assim denominados para melhor assentar essa situação.

Porque dizemos que as prerrogativas não são dos advogados, mas dos clientes, porque todos os aspectos dos ‘direitos e prerrogativas garantias’ que temos no Estatuto, visam resguardar a cidadania.

Por exemplo. Desdobrando essa ideia de prerrogativas, falamos que o advogado é um defensor da cidadania e sem advogado não há cidadania, não há liberdade e não há democracia. O advogado enquanto instrumental, enquanto técnico, devidamente habilitado no aspecto jurídico, capacitado para operacionalizar a estrutura jurídica do Estado, no sentido de resguardar, defender a cidadania, e por via de consequência, defender a democracia e a liberdade. Por que dizemos isso?

Porque o advogado é sempre constituído por um cidadão. E ele é constituído no sentido de defender seus direitos e interesses, enquanto cidadão. A ideia de direitos e interesses é inerente a questão da cidadania. Então você tem um direito em algum texto constitucional ou em alguma lei, alguma norma jurídica, você entende no sentimento desse cliente que seu direito está sendo violado, sendo vilipendiado, sendo desrespeitado, aí você constitui um advogado para defendê-lo juridicamente.

O advogado vai lá como um técnico, como um instrumental de resguardo dos direitos do cidadão. Ele vai provocar a administração pública numa advocacia administrativa, ou vai provocar o Estado numa advocacia judicial, que é jurisdicíonal. E nessa provocação ele precisa de certas garantias para que não haja melindres quanto aos direitos do constituinte.

Por quê? Se for um atrito, se implicar nessa postulação, da contrariedade de interesses ou direitos, ou interesses jurídicos ou políticos, de grupos poderosos... Por exemplo, se você for impetrar um mandado de segurança contra o governador, um mandado de segurança contra um abuso de poder, por arbitrariedade cometida por um governador, ou por um senador, um deputado, um desembargador, por um juiz, um delegado, por quem quer que seja, essa postulação vai contrariar interesses...

E para que essa postulação se desenvolva na sua plenitude, quem está promovendo a postulação tem que estar resguardado por certas prerrogativas garantias, porque senão a cidadania não se concretizará se o advogado não tiver acesso aos recintos, se ele não tiver direito de falar, na defesa de seu cliente, se ele não puder falar em pé ou sentado, se ele não puder se retirar, se ele não puder permanecer, se ele não puder fazer uma questão de ordem e defender todos os pontos de interesse de seu cliente, na defesa dos interesses e direitos do cidadão, defesa dos direitos e interesses da cidadania.

Essas prerrogativas garantias se não forem asseguradas, os direitos serão melíndrados, os direitos serão constrangidos, e a cidadania não será exercida, será apagada. Então é necessário esclarecer, e contextualízar, quando se diz que o advogado é um defensor da cidadania, e aí, eventualmente, os mais

328

UM RESGA TE HISTÓRICO

apressados ou não esclarecidos, se contrapõem a isso, dizendo que é um exagero, é uma pretensão, é uma presunção, é um pedantismo, quando na verdade o que falta é esclarecer e colocar a questão no seu devido lugar.

Dizemos também que o advogado é a garantia da cidadania assim como a imprensa é a garantia da liberdade das instituições. São vários sustentáculos, várias posições. A imprensa como garantia da cidadania, quando possibilita a transparência da informação, para inibir o abuso; o advogado como instrumental está lá defendendo a democracia porque sem cidadania não há democracia. E a defesa da cidadania acontece dessa forma, resguardando os direitos e interesses do cidadão.

E como em última instância, porque só se procura o advogado em último caso, quando chega a polícia, quando chega o Judiciário, quando chega o Ministério Público, quando chega uma acusação, ou quando surge um abuso de poder, uma arbitrariedade, uma restrição dos interesses da cidadania...

A gente vê o advogado como esse defensor. E nunca é demais dizer que é indissociável o exercício da advocacia com a cidadania e com a democracia, mesmo se como cidadão, o advogado não tenha a dimensão da sua função; mesmo que o constituinte, o cliente quando o contrate, diga ‘eu estou pagando e quero apenas que defenda os meus interesses e direitos’. Esse ato é um ato de cidadania. Ele como cidadão tem esse direito e é um direito fundamental, onde não há essa democracia, onde não existem essas garantias, não se pode pretender e estabelecer o estado democrático de direito.

O Estado democrático de direito pressupõe essas garantias. Então, mesmo que 0 advogado não tenha esse discernimento, não tenha essa dimensão da defesa da cidadania, da defesa da democracia, mesmo que ele seja um alienado político, mesmo assim todo exercício profissional dele está ligado umbilicalmente à defesa da cidadania e da democracia. E a defesa dos ‘direitos e prerrogativas garantias’, da profissão, é pressuposto para a defesa da cidadania e a defesa da democracia, porque uma coisa leva a outra.

“Esse vocábulo ‘garantias’ estamos acrescentando para dar a exata dimensão do que significa os direitos e garantias asseguradas no exercício profissional da advocacia, numa perspectiva de resguardar o pressuposto para a defesa da cidadania e a defesa da democracia. Tecnicamente é isso, e a entidade OAB tem a exata dimensão da importância dos direitos e prerrogativas e daí sua posição intransigente quanto a essa matéria, que é indissociável da defesa da cidadania e da democracia.^

Defesa das prerrogativas na prática30 de agosto de 1991.Saindo em defesa das prerrogativas do advogado, o presidente da

OAB/RR, Hesmone Saraiva Grangeiro, publicou na imprensa uma nota de solidariedade ao advogado Alci da Rocha, agredido nas dependências da Policia Federal em Boa Vista.

329

OAB RORAIMA

Embora as origens da OAB nos remetem ao tempo do Brasil Império, quando a sociedade brasileira era dividida em senhores e escravos, no limiar do século XXI ela exige respeito e tratamento iguais para doutores e agricultores assim como entre magistrados e advogados.

Em toda e qualquer situação e circunstância, em alto mar, no céu ou na terra a bússola da Ordem dos Advogados do Brasil é a Constituição Federal, enquanto sua biblia é o Estatuto da Advocacia e da OAB.

Dai a sua força e a sua respeitabilidade como entidade classista. E doa a quem doer, “bateu, levou”, pois ninguém está acima da lei.

NOTA DE DESAGRAVO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, por deliberação unânime de seu Conselho Seccional, em reunião de 28 do corrente, ouvida a Comissão de Ética e Disciplina, vem, publicamente, manifestar irrestrita solidariedade e incondicional apoio ao advogado Alci da Rocha, a quem ora desagrava face às ofensas perpetradas contra o mesmo por agentes da Polícia Federal, nesta cidade.

Chegou ao conhecimento desta Seccional que no dia 17 próximo pretérito o Dr. Alci da Rocha compareceu à Polícia Federal, a fim de prestar assistência jurídica a um cliente preso em flagrante e que no momento do interrogatório desentenderam-se advogado e policiais.

Ainda: que, o delegado Raimundo Soares Cutrim determinou que outros policiais colocassem, à força, para fora da sala, o advogado Alci da Rocha, porém este entendendo a atitude arbitrária e violadora de suas prerrogativas profissionais, não aceitou, daí ter se concretizado brutais e injustiçadas agressões físicas e tentativa de algemar e prender o advogado.

Comprovadas lesões corporais no exame de corpo de delito, além do atendimento no pronto socorro e registro da queixa no plantão central da Polícia Civil, impõe-se a apuração dos fatos em procedimento próprio, a fim de ser esclarecida a autoria de tão grave desrespeito ao direito e às prerrogativas profissionais.

A ocorrência deixou os advogados atônitos, perplexos e profúndamente irresignados, motivando veemente repúdio ao comportamento ilegal e abusivo do delegado Raimundo Soares Cutrim, cuja notícia de que o mesmo exorbita continuadamente em suas funções, no trato com cidadãos em geral, causa maiores preocupações.

A reciprocidade de tratamento urbano entre o advogado e autoridade, inclusive a policial, é imperativo que eleva as relações profissionais e assegura o pleno e efetivo exercício da cidadania.

Além do desagravo ao Dr. Alci da Rocha, fica a exortação, no sentido de que o acontecimento não traga intimidação aos advogados e que estes

330

UM RESGATE HISTÓRICO

continuem defendendo, com intransigência, as suas prerrogativas profissionais consagradas na Constituição Federal.

Por último, importa ressaltar que cada profissional e as instituições como um todo podem desempenhar suas atividades, com ardor, mas com respeito absoluto ao principio da legalidade.^

Boa Vista (RR), 29/08/91Hesmone Saraiva Grangeiro

Presidente

Prisão de advogado mobiliza OABNo dia 18 de maio de 1998, o advogado Juvenil Gomes da Silva

foi preso por determinação da Justiça Federal e recolhida a uma cela comum na Cadeia Pública e depois transferido para uma cela no Quartel da Polícia Militar. Mas por que o Juvenil foi preso?

“Além de advogado, Juvenil também é piloto civil e responde processo movido em 1990, quando trabalhava fazendo voos para a Reserva lanomâmi. Ele não compareceu à audiência e teve a prisão decretada”.'*

No entendimento do presidente da Comissão de D ireitos e Prerrogativas da OAB/RR, José João Pereira, o ato do juiz federal Carlos Alberto Simões de Tomaz foi abusivo, ilegal e arbitrário.

A Comissão queria que as prerrogativas de Juvenil da Silva fossem respeitadas. Ou seja, como ele tinha curso siqjerior, que fosse colocado em cela especial. Como no sistema prisional da Coital não tinha cela especial, eles queriam que ele ficasse em prisão domiciliar. O pedido foi negado. E José João desabafou: “Esse juiz está cometendo abuso de autoridade”.

Diante do impasse entre a Comissão de Direitos e Prerrogativas e a decisão da Justiça Federal, a OAB Roraima publicou uma nota de repúdio.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

NOTA OFICIAL

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, através de seu Conselho Seccional reunido extraordinariamente no dia 19/05/98, vem a público repudiar o comportamento arbitrário e ilegal do magistrado federal Carlos Alberto Simões de Tomaz que, em 18/05/98, injustificadamente, recusou-se a receber em seu gabinete o presidente da OAB/RR, advogado Ednaldo do Nascimento Silva, quando este defendia prerrogativas da classe dos advogados, contrariando frontalmente o Inciso VIII, do Art. T da lei federal 8.906/94.

331

OAB RORAIMA

É lamentável, sob todos os aspectos, que exatamente um juiz federal desrespeite acintosamente, dispositivo legal vigente.

A atitude do magistrado não se coaduna com os princípios que respaldam o estado de direito democrático, denegrindo dessa forma, a imagem do Poder Judiciário Brasileiro.^

Boa Vista (RR), 19 de maio de 1998.Conselho Seccional de Roraima

O magistrado da Justiça Federal, juiz Carlos Alberto Simões, também não deixou por menos. No dia seguinte a publicação da Nota da OAB ele deu sua versão dos fatos, enumerando ponto por ponto. Confira:

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL

SEÇÃO JUDICIÁRIA DE RORAIMA

NOTA OFICIAL

Em razão da Nota Oficial divulgada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, publicada na edição da Folha de Boa Vista de 21 do corrente, e das notícias veiculadas pela imprensa acerca da prisão do advogado Juvenil Gomes da Silva, a Justiça Federal de 1“ Instância do Estado de Roraima tem a esclarecer:

Em momento algum o Presidente da OAB/RR procurou este juízo. A verdade é que o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos e Prerrogativas do Advogado, advogado José João Pereira, efetuou ligação telefônica ao gabinete deste magistrado por volta das 16h30min (dezesseis e trinta) horas do dia 18 do corrente, solicitando uma audiência juntomente com o Presidente da OAB, não declinando o motivo ou fato a ser tratado. A audiência foi agendada para o dia seguinte às 17h30min (dezessete e trinta) horas e não se realizou porque os referidos profissionais não compareceram.

O advogado José João Pereira retomou a ligação ao Oficial de Gabinete deste juízo naquele mesmo dia, por volta das 19 (dezenove) horas, dizendo que se tratava de questão urgente, pelo que foi aconselhado a procurar o plantão judiciário, pois já se encerrara, às 13 (treze) horas, o expediente da Justiça naquele dia.

O plantão foi acionado com uma petição firmada pelos advogados Maryvaldo Bassal de Freire e José João Pereira, onde se requeria que o juízo deferisse prisão domiciliar ao advogado Juvenil Gomes da Silva, preso naquele mesmo dia e recolhido à Cadeia Pública.

A petição foi imediatamente despachada, tendo este magistrado determinado a remoção do advogado preso da cadeia pública para cela individual do l® Batalhão da Policia Militar, onde permanecería até que o Diretor

332

UM RESGATE HISTÓRICO

do Sistema Penitenciário do Estado informasse ao juízo se havia sala especial de Estado-Maior, prerrogativa assegurada aos advogados que forem presos nos termos do Art. 7°, da Lei n®. 8.906/94.

O advogado Juvenil Gomes da Silva teve prisão preventiva decretada por este Juízo nos autos do Processo n®. 95.91-1, onde é acusado da prática dos crimes de (a) esbulho possessório previsto no Art. 161, II, do Código Penal; (b) poluição com exposição de perigo à incolumidade humana com dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente, previsto no Art. 15, parágrafo 1®, “a”, da Lei n“. 7.804/89; e (c) auxílio à garimpagem ilegal, previsto no Art. 21 da Lei n®. 7.805/89.

A prisão preventiva decorreu do fato de que o réu, não obstante citado e intimado para a audiência, não compareceu, certiflcando o oflcial de Justiça que o mesmo se encontrava na Ilha de Margarita, conduta que revela a obstrução da instrução criminal, justificando a prisão preventiva de acordo com o disposto no Art. 312 do Código de Processo Penal. Aliás, o advogado acusado também não havia sido localizado nos autos de duas execuções movidas contra ele pela Fazenda Nacional e pela Caixa Econômica Federal (processos n®. 95.105-5 e 97.1322-9).

Ontem, 20/05/98, o capitão da Polícia Militar, Gerson Chagas, diretor do Departamento do Sistema Penitenciário Estadual, endereçou a este juízo o Ofício n®. 104/98, onde informa que existe no Estado de Roraima apenas uma cela especial, que se destina a policiais presos provisoriamente, não dispondo 0 Sistema Penitenciário do Estado de Sala do Estado-Maior.

Em razão desta informação, este juízo determinou a imediata remoção do acusado para a cela especial e antecipou a audiência de interrogatório para o dia 21/05/98, às 1 IhSOmin (onze e trinta) horas.

Na audiência realizada, o advogado-réu foi interrogado e, em seguida, assumiu solenemente perante o juízo o compromisso de comparecer a todos os atos processuais, declinando endereço em Boa Vista para efeito de sua intimação.

Em consequência, este juízo determinou a imediata soltura do réu.A OAB/RR impetrou perante o Tribunal Regional Federal da 1® Região

em Brasília, o habeas corpus n®. 1998.01.00.32390-6/RR, que tem como relator 0 juiz Cândido Ribeiro, que não deferiu liminarmente a soltura do advogado preso, solicitando informações a este magistrado.

Não há, nas decisões tomadas por este juízo, qualquer pecha de abuso, ilegalidade ou arbitrariedade, como os dirigentes da OAB propagam pela imprensa. Existe, isso sim, impessoalidade, equidade de tratamento de todos os advogados que militam no foro federal e vontade deliberada de que o Direito seja atendido e a Justiça satisfeita, quer para pobres, ricos, ou advogados.’

Boa Vista, 21 de maio de 1998.Carlos Alberto Simões Tomaz

Juiz Federal

Enfim, o advogado Juvenil da Silva foi preso dia 18 de maio,333

OAB RORAIMA

segunda-feira, e posto em liberdade no dia 21, quinta-feira, depois da audiência na Justiça Federal.

Contudo, conforme declaração do presidente da OAB/RR, Ednaldo do Nascimento, “apesar da decisão de revogação da prisão, pelo próprio juiz federal que a decretou, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Comissão de Direitos e Prerrogativas vai manter as providências adotadas contra o ato de Carlos Simões de Tomaz, inclusive com representação junto à Corregedoria do Tribunal Regional Federal”.®

Protesto contra juiz da 6® Vara CívelOutro incidente de desrespeito às prerrogativas do advogado

aconteceu no dia 2 de julho de 2002, na 6“ Vara Cível em Boa Vista, ferindo os direitos da advogada Antonieta Magalhães Aguiar.

Novamente a OAB/RR saiu em defesa dos direitos e prerrogativas dos profissionais da advocacia, publicando uma nota de repúdio contra atitude do juiz de Direito, Antonio Campeio.

Veja a seguir o conteúdo do referido documento:

NOTA OFICIAL

O Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Roraima, em sessão ordinária realizada no dia 2 de julho do fluente ano, às 18:30 horas, na sala de sessões, na sua sede localizada na av. Ville Roy, n° 1.833 - Aparecida, nesta cidade de Boa Vista - capital do Estado de Roraima, restou deliberado e decidido, à unanimidade dos conselheiros presentes, a expedição de Nota de Repúdio contra o magistrado Antonio Carlos Almeida Campeio, juiz de Direito substituto, titular de MM. 6“ Vara Cível desta Comarca de Boa Vista - capital do Estado de Roraima, por ter o indigitado juiz, quando de realização de audiência a que presidia, junto àquela MM. 6“ Vara Cível no dia 24 de junho próximo passado, ter agredido e ofendido com gestos e palavras a honradez e dignidade da advogada Antonieta Magalhães Aguiar, que ressalte-se, estava no efetivo e sagrado exercício da advocacia; olvidando aquele magistrado os mais comezinhos e elementares princípios de cavalheirismo e urbanidade; e, sobretudo, a letra e o espírito da Constituição Federal, que estabelece no seu art. 133, que: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

A conduta censurável do magistrado, sob todo e qualquer enfoque, depõe tão-somente contra o mesmo, pois sua atíúide é isolada e pessoal e, indubitavelmente, não espelha, não traduz o relacionamento sempre urbano, sadio e respeitoso reinante entre a Egrégia Corte de Justiça do nosso Estado, os magistrados, os membros do órgão do Ministério Público, os advogados e todos aqueles que diutumamente mourejam no nobilitante mister de se fazer justiça.

334

VM RESGATE HISTÓRICO

O mandar um advogado “calar a boca” equivale mandar “calar a justiça”.O ameaçar “mandar retirar” um advogado da sala onde se realiza uma

audiência de instrução e julgamento traduziría a negação da prestação jurisdicíonal às partes.

O ameaçar com a “Polícia Militar”, ainda mais em se tratando de uma “mulher”, extrapola os mais primários conceitos de civilidade, configurando arrogância e prepotência.

O Estatuto da Advocacia e da OAB no seu art. T, reza que são direitos do advogado: “exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional”.

A coragem, o altruísmo e a independência de um advogado, no exercício da sua nobre profissão, não podem ser cerceados e tolhidos pelo arbítrio e pelo autoritarismo de quem quer que o seja. Daí o repúdio da OAB-RR.’

Antonio Oneildo Ferreira Presidente da OAB RR

Como disse o advogado Antonio Oneildo, esta Nota Oficial é apenas mais um exemplo do permanente combate travado pela OAB/ RR em defesa das prerrogativas do advogado. E, ao mesmo tempo, é uma iniciativa em defesa da cidadania e da democracia.

DIREITOS E PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS Referências & Anotações

' Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3“ ed. Curitiba: Positivo, 2004. (p. 1624) Antonio Oneildo Ferreira. Entrevista ao autor. Boa Vista, 29/março/2006. (p. 2) Hesmone Saraiva Grangeiro. Nota de Desagravo/OAB/RR. Diário de Roraima.

Boa Vista, 30/agosto/1991. Arquivo da OAB/RR. Prisão de advogado mobiliza OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/maio/l 998. (p. 12)

Idem.* Nota Oficial/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 21/maio/1998. (p. 1)’ Nota Oficial/Justiça Federal. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 22/maio/1998. (p. 1) Advogado acusado de faltar audiência é solto. Folha de Boa Vista Boa Vista, 22/

maio/1998, (p. 12) Nota Oficial/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/julho/2002. (p. 1)

335

OAB RORAIMA

m s

«tOTAOFKUL

O CoriMlh» da Ordwn do» MfOQidoo doSfooH - bocctenoldo Noraiflia, om Sosoto Ordkiério rwUcsda no dio 02 do |um o do Iluonto ono, é t 1th oM m ln , naoolo doaooaSoo, nmouooodo loeolltodo no Av. VlHo Rey. n* 1US - AparacMo, twalo CModo do Boo V loa - Capitol do Eatado da RoroMno. foolou dollborodo • doe ldldo, à unonimidodo doo Conoolhalroo prooonto», a OKpadi«*o da NOTA M WROOO e e n n o MaoW ndo ANTOMK) CARLOS ALMCIOA CAMPILO, JMa do DkoMO SoSodMo, TNulor do MM. • ‘ Vara CIval doam Cemoioa do Boo VIota - Capital do Eatado do Roraima, por lar o Indigitado Jutz, guando da raallmaçdo da audSnela a qua praaldta, Junto aguala MM. d* Vara CIval no d Ia 24 da Junho prdalmo paaaado. ta r agradldo a efandldo com gaoteo a patavraa a honrada: a iSgnIdada daAdvo^daANTOMieTAMAOALHAESAOUlAR. quo maaoHa-aa, atlava noaM Ivo t aagrodo axarelclo da ACWOCACIA; olvidando aq u a la M agiatrado oa m ala com oalnhea a a lam an taraa p rlnelp loa da cavalhalrlamo a urbanWada: a, aebratude. a M ra a a aapirtto da Conatituiçto Padaral, qua aatabalaca no aau arL 1M. qua: ~0 advogado * India ponaával i adminiotraçte da Juatlqa, aamdo Inviolávaf i aiaralelo da preAaaie, noa ftmltta da lat."

A conduta aonaurdval do Magiatrado, aob Iode a qualquar anloqua, dapAa Ite-aem ania eonOa o maame, pola aua atituda 4 laolsda t paaaeal t . Indubltavtlmanta, n«e aapalni. n ta Iradui o releelonsmonto aampra urbano, >4dlo a raapahoaa rainanta antra 4 Egr4gl4 Corta da JuaUça de naaaa Eatado. 04 Magiatrado#, oo Mombroa de ÒrgÃo de Minlatdrio Eúblleo, oo Advogodoo e tedoa aqualaa qua dlutumamanta mourejam na mabllltania mlatar da aa faaar

0 mandar um advagado CALAR A SOCA aquhrala mandar CALAR AJUSTIÇA.

0 amaaoar MANCAR RETIRAR um advagado da aala onda aa raalUa uma audlinola da Inatmoto a Julgamanta Iradualrla a nagaq&o da praataqSo Juriadialenai *a panaa.0 amaaqaroom a POLÍCIA MILITAR, ainda mala am aa tratando da uma MULH8R. aitrapola oa mala ^ m á rlo a eoneallea da eivIIWada, eonSgurande arregSnela

a p la ta tu ta da Advooaela a da O AS no aou art. P , raxa qua a lodirolleo de advogado; "enoroor, eom llbardada. a proRaalo em ledo otorrttdrle naaional."

A ooragam, o altrulamo a a IndopandSnola da um advogado, no aiaralale da aua nobra proRaalo, n la poda aa r oaroaoda a tolhida paio arbítrio a paio autorttarlamo da quam quar quo o aoja. Oal a rapddie da OAB/RR.

ANTONIO ONSILOO MRRSIIU • 'Rraildinta da OASmR

Folha de Boa Vista, 5/junho/2002

NOTA DE DESAGRAVOA Ordem dmuW Mipdo» do BrúU, Seçio de Roraim i. por

deliberaçlo upânime de «eu CooaeUio ScóáquI, ;çm reuiUlo de 2S do corieate. ouvida a Conisalo de ÉUca ej^hadpjina, vem. pubti. cameote, manUestat'Irresulu sulidariedàde cTnOondkJooal apoio 10 advogado A id da Roeda, a quent'bra dêqagnva face às oteasàs perpetrada» arnira o meamo por agentes da Polida Federal, mesta

Cbegou ao coahedmeoto desta Secaonal que no dia 17 pid- aimto pretérito o D o A id da Roeba cpmpaiixeu I PoUda F rd r^ l, a fim de prestar assistência juildKa a um dienie pteao em flagnuilee que aa momeaio do (atsnugatârlo tiescntródenm-t* advogado e policiais.' I

Ainda: que, o delegado Raimundo Spares Putrim delergünou que outros polidais colocamscm. a força, p a n fora da sala. o advo­gado Akn da Rüchf, porém este en teadndo a atitude arM M iia e violadora de suas prercogalivas proflasiniuis. mlo acxiiou, dal ter le concreúzado brutais e injusilçada» agressde» Qskas e tentativa dealgemar e prender p advogado.

Comprovadas lesde» corporaig no exame dc corpo de dellid; além do atendimento no pronto socorro e registro da queba no plantio central da-pollcia dvll, ImpOeie i apuraçao dos b io s èmprocedimento prPprfo, a fim de ser esclarecida a autoria de (Io gra­ve dcarespeiio ao direito e is piertogaihtaa prufisaiooais.

A ocorrénda deixou os advogados atônitos, perpkaoa e pto- lundameaie ifreslgnados, molhando veemente repddlo ao CDOpor- lamemo ilegal e abusivo do delegado Raimundo Soerea Culdm, cu­ja noticia de que o mesmo etorbiia continuadamente em suas funções, no trato com «ddadáo s em gcraL cuuaa maiores preocu- paplea.

A reciprocidade de tratamento urbano entre o adve^ndo c au­toridade, inclusive a policial, é Imperativo que eleva a» lelaçOe* prerfissiontis e assegura o pleno e efeilvo enerokfo da rLr«/i«nia

Além do desagravo ao Dr. A id da Rocha, fica a exofiaçlo, ao sentido de que o acontecimento n lo traga intlgüdaçio aos advoga­dos e que estes continuem defendendo, com i n i r a a ^ o d a . as suas prerrogativa: profissionais coossgndas na Coosütuiçlo Federal

Por nitiniü. Importa ressaltar que a d a profissional e as insti­tuições como um lodo podem desempealur sues alMdades, com ardor, mas com respeito absoluto ao pdndpto da

Boa VMa, RR. » -tg .» l HestaaoDe Soralra Grangeiro

PreaidenieDiário de Roraima, 30/agosto/1991

336

AUDIÊNCIAS PUBLICAS

A:s audiências públicas têm sua origem na Grécia. Eram -assembléias realizadas na ágora, “a principal praça pública ou

mercado nas urbes da antiga Grécia. A mais célebre ágora é a de Atenas, onde se reuniam as assembléias do povo. A ágora era o centro da vida ateniense. No seu interior estavam templos, estátuas etc.”*

Assim, a ágora era o lugar da palavra, local de múltiplas atividades, onde as pessoas se encontravam para conversar, dançar, comer, negociar, ouvir fofocas e cumprir obrigações religiosas. A ágora era o coração da cidade, espaço da fala, da política e da liberdade do povo ateniense.

No livro A Cidade Antiga, no capítulo “Regras do governo democrático; exemplo de democracia ateniense”, está registrado que,

Superior ao Senado estava a assembléia do povo. Era a verdadeira soberana. (...) Realizava-se em recinto consagrado pela religião; desde a manhã, os sacerdotes davam a volta ao Pnix, imolando ali vítimas e pedindo a proteção dos deuses. O povo sentava-se em bancos de pedra. (...) Quando todos estavam sentados, um sacerdote (kêrux) erguia a voz: “Guardai silêncio”, dizia, “silêncio religioso (euphêmia); rogai aos deuses e às deusas (e aí nomeava as principais divindades do país), a fim de que tudo se passe o melhor possível nesta assembléia, para maior honra de Atenas e felicidade dos seus cidadãos”. Depois 0 povo, ou alguém em seu nome, respondia-lhe: “Invoquemos os deuses para que protejam a cidade. Possa o conselho do mais prudente prevalecer! Maldito seja todo aquele que nos der maus conselhos...”^

O tema da pauta era previamente discutido e estudado no Senado. Depois do arauto ler o “projeto de decreto” na assembléia, ele dizia:

“Quem deseja tomar a palavra?” Os oradores subiam à tribuna, segundo a idade. Todo homem podia falar, sem distinção de fortuna nem de profissão, mas precisava provar estar no gozo dos seus direitos políticos, não ser devedor

OAB RORAIMA

ao Estado, ser de costumes puros, estar legitimamente casado, possuir bens de raiz na Atica, haver cumprido todos os seus deveres para com seus pais, ter feito todas as expedições militares para as quais fora escolhido e provar não ter deixado no campo, em nenhum combate, o seu escudo2

Fustel de Coulanges, no livro supracitado, esclarece que na democracia ateniense, a discussão era indispensável e o povo considerava que só a palavra podia iluminar a verdade. E nessas reuniões populares, o povo não é apresentado como uma multidão barulhenta. Ao contrário, imóvel em seus bancos de pedra, o povo respeita e ouve atentamente, em silêncio, seus oradores. Permite que cada um exprima suas idéias e escuta com paciência até o fim. Sem vaia e sem baderna.

Coulanges acrescenta:

Em Atenas o povo quer ser instruído, só se decide depois de debate contraditório, e não procede senão quando está convencido ou se julga convencido. Para fazer funcionar a mecânica do sufrágio universal, necessita- se da palavra; a eloquência é a mola real do governo democrático.

A democracia só pode durar à força de prudência."*

Contudo, o autor supracitado observa que qualquer que seja a fonna de governo, há dias em que ele é governado pela razão, outros pela paixão. Deixa claro que, apesar de todos os cuidados, um e outro podem cometer erros.

E não vai longe. Nessa mesma Atenas, na Grécia antiga, em 399 a.C. o filósofo Sócrates foi julgado numa dessas assembléias públicas e condenado à morte. Um crime considerado pelos historiadores tão injusto e bárbaro quanto o julgamento e a crucificação de Jesus Cristo.

Eis aí origem das audiências públicas.

Definição de audiências púbficasMas, enfim, na atualidade o que são audiências? E audiências

públicas? Segundo o Vocabulário Jurídico,

Audiência. Derivado do latim audientia, de audire (escutar, atender), exprime ou possui o sentido de escuta, atenção, audição. É, pois, o ato de receber alguém a fim de escutar ou de atender sobre o que fala ou sobre o que alega.

E assim se diz que a pessoa, recebida em audiência por outra, foi admitida à presença dela para lhe falar acerca de assuntos de seu interesse. O escutante é quem dá audiência. O locutor é quem é recebido.^

Quanto às audiências públicas, o mesmo dicionário diz:

338

UM RESGATE HISTÓRICO

“Audiência pública. Assim se diz da audiência que é marcada por uma autoridade administrativa para atender a toda e qualquer pessoa que tenha algum pedido a fazer, alguma pretensão a resolver ou alguma queixa a dar.”®

Conceituado o termo vocabular, vamos acompanhar as audiências públicas promovidas pela Presidência da OAB/RR, durante a gestão do advogado Antonio Oneildo Ferreira, com o objetivo de dar voz e vez ao povo para manifestar suas dúvidas, descontentamentos e aspirações.

Audiência com o presidente do TVibunal de JustiçaAntonio Oneildo Ferreira tomou posse na Presidência da OAB

no dia 26 de outubro e em seguida agendou uma audiência pública com 0 presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, Lupercino de Sá Nogueira Filho, para o dia 29 de novembro. O objetivo da audiência foi discutir as dificuldades que os advogados vivenciavam no fórum, entre outros problemas, e propor soluções.

A audiência teve como pauta a instituição do Fundejurr (Fundo Especial do Poder Judiciário do Estado), a implantação do Siscom (Sistema de Informatização do TJ/RR) e diversos outros assuntos de interesse dos advogados junto ao Judiciário estadual.

Assim que assumiu o comando da OAB, Antonio Oneildo prometeu gerar uma série de eventos para manter um estreito diálogo entre advogados e autoridades do Poder Judiciário “para discutir os problemas de interesse da classe advocatícia, da justiça e da sociedade”’

Como Oneildo destacou, a OAB foi a primeira entidade de classe a instituir uma audiência pública em Roraima E o desembargador Liq)ercino Nogueira, à frente do Tribunal de Justiça do Estado, foi “o primeiro Presidente de um Poder do Estado de Roraima, a participar de uma audiência pública com os advogados para discutir questões de interesse da classe e da Justiça.”®

Audiência com o governador Flamarion PortelaLiderando o Movimento Pacto de Roraima, a OAB promoveu uma

audiência pública com o governador Francisco Flamarion Portela, no dia 10 de fevereiro de 2003, com a participação de representantes de vários segmentos da sociedade roraimense.

A referida audiência ocorreu na sede da Ordem, e foi coordenada pelo presidente da Casa, Antonio Oneildo Ferreira. O principal item

339

OAB RORAIMA

da pauta foi a discussão da necessidade de realização de concurso público no Estado em vários níveis.

A ntes d isso , a OAB R oraim a prom oveu reu n ião com representantes de diversos segmentos da sociedade roraimense com o objetivo de definir a pauta da audiência com o governador e, ao mesmo tempo, lançar as bases para o Pacto de Roraima. Um movimento criado para dar oportunidade ao povo de participar das discussões e decisões de interesse da sociedade.

Testemunho desses debates entre as entidades de classe é o ofício encaminhado ao Sebrae/RR e a dezenas de outros órgãos públicos e empresas privadas.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício n°. 289/02/GP/OAB/RR Boa Vista (RR), 4 de dezembro de 2002.

Senhor Diretor Superintendente,

Como sabemos, o Estado de Roraima foi criado com a Constituição de 1988 e instalado no ano de 1991, ficando a cargo da Classe Política de Roraima instalar os Poderes e Instituições Públicas Estaduais nos termos do texto constitucional.

Ocorre que até a presente data quase a totalidade dos cargos públicos no âmbito do Poder Executivo Estadual, que deveríam ser providos através de concursos públicos não o foram, ensejando a prática contínua de contratações irregulares, bem como vários outros tipos de abusos ao Erário.

Assim, faz-se necessário a discussão e construção de um Pacto, envolvendo todos os segmentos da sociedade roraimense, incluindo essa importante entidade, visando somar esforços no sentido de cobrar dos Poderes constituídos a imediata regularização de acesso e ocupação dos Cargos Públicos Estaduais através da realização dos concursos pertinentes.

Cabe destacar que o intuito abrange não somente os da Tabela Especial, como os da Administração Indireta (Cer, Caer e Codesaima) e as áreas atendidas na Administração Pública, através de cooperativados.

Visando a definição de um a pauta em torno destes assuntos convidamos V. Ex“. a se fazer presente numa reunião na sede da OAB/RR, localizada na av. Ville Roy, n®. 1833-E, bairro Aparecida, no dia 5/12/02 (quinta-feira), às 19:00 horas.

Informo ainda que já foi realizado uma reunião nesse sentido, com a participação de várias entidades no dia 28/11/02.

340

VM RESGATE HISTÓRICO

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevada estima e distinta consideração.’

Atenciosamente,Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

AoIlustríssimo Senhor Armando Freire Ladeira Diretor Presidente do Sebrae/RR Nesta

Na reunião ocorrida no dia 5 de dezembro foi definida a data da audiência com o governador do Estado, Flamarion Portela, e novos ofícios foram encaminhados para as entidades envolvidas no Pacto de Roraima.

Prova documental dessa articulação democrática da OAB com a sociedade local é o ofício encaminhado ao presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima (Sindsep-RR), José Carlos de Oliveira Gibim, transcrito abaixo.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício n®. 028/03/GP/OAB/RR Boa Vista (RR), 31 de janeiro de 2003.

Senhor Presidente,

Conforme fícou acertado na última reunião realizada no dia 5/12/02, tem o presente o objetivo de convidar essa entidade para participar da audiência pública com o Governador do Estado de Roraima no dia 10/02/03, às 16:00 horas, na sede desta Seccional, localizada na av. Ville Roy, n®. 1833- E, bairro Aparecida.

Informo ainda que, conforme ficou acertado, a pauta de mencionada audiência pública será a regularização dos quadros funcionais do Estado de Roraima através da realização de concursos públicos (Tabela Especial, cooperativados, CER, Caer e Codesaima).

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevada estima e distinta consideração.

Atenciosamente,Aotonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

341

OAB RORAIMA

Todas as entidades envolvidas na formação do Pacto de Roraima também foram convidadas para a audiência com o governador Flamarion Portela, na sede da OAB Roraima.

Depois de ouvir as reivindicações feitas pelas autoridades, Flamarion Portela reforçou sua meta de pautar sua administração na participação popular. Na oportunidade, o governador confirmou um cronograma dos concursos públicos e anunciou o edital do concurso da Polícia Civil para a segunda quinzena do corrente mês.

A sorte estava lançada.

A visão de Cabral sobre a Audiência PúblicaNem São Francisco de Assis nem o navegador Pedro Alvares Cabral

estiveram na audiência pública que aconteceu na OAB/RR, mas o economista Assis Cabral estava lá. E não economizou verbo, nem adjetivos, nem interrogações para registrar suas impressões sobre o histórico evento articulado pela Ordem, em busca do progresso do Estado de Roraima.

A seguir reproduzimos na íntegra o artigo escrito por Assis Cabral sobre o assunto.

O GOVERNADOR, A OAB E A AUDIÊNCIA PÚBLICA

“A iniciativa da Seccional de Roraima da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em promover a audiência pública com o governador do Estado, Flamarion Portela, é mais um marco na história dessa entidade que, desde sua fundação, em 1930, tem participado dos principais atos no cenário político nacional. Neste caso em particular, a seção local do órgão classista resgata o caráter de tribuna dos anseios e necessidades da sociedade, papel que exerceu nos momentos mais trevosos da Nação.

A audiência se deu no auditório Hesmone Saraiva Grangeiro, que foi fundador e primeiro presidente da OAB de Roraima, ele mesmo uma figura notória pela capacidade de polemicar, característica essencial ao advogado, àquele que ‘não pede. Advoga! nas palavras do professor pós- doutor Paulo Lopo Saraiva - coincidentemente primo do nosso saudoso doutor Hesmone. Muitas vezes entrevistei-o quando ainda repórter deste jornal. Muitas vezes discutimos sobre direitos humanos, sobre direito econômico, sobre a política do ‘tudo pelo social’ da república maranhense. Apesar de já ter lido a respeito da demagogia e do populismo, foi ele quem me aventou dos conceitos acadêmicos e abriu minha mente para a prática demagógica dos governos populistas que administravam o então Território Federal. Lembro bem que nossas conversas na antiga sede da Ordem, ainda no Fórum Advogado Sobral Pinto. Como também lembro das conversas

342

UM RESGA TE HISTÓRICO

com 0 doutor Paulo Coelho acerca do mesmo tema. Muita coisa não podia escrever, a pedido deles próprios. Mas o fruto das entrevistas, das conversas, continua ramificando em minha mente.

Se não corresse o risco de ofender a memória do doutor Hesmone, diria que algumas vezes tive a impressão de tê-lo visto na tribuna, parecendo querer falar. Umas duas ou três vezes presenciei-o ao lado do presidente da casa, doutor Oneildo Ferreira, como que lhe soprando alguma coisa ao ouvido. Mas é claro que tudo não passou de obra da minha imaginação. Senão no momento da audiência, agora, quando me entrego aos devaneios do pensamento para escrever este artigo.

Todas as entidades de classe tiveram direito à tribuna. Todas expuseram suas dúvidas e suas reivindicações. O Sinfiter (Sindicato dos Fiscais de Tributos do Estado de Roraima) promoveu duas intervenções. Apresentamos a nossa disposição em empreender com a administração pública esta jornada de soerguimento do Estado após tantos percalços históricos. Nesta semana entregaremos ao Secretário de Estado da Fazenda a nossa proposta do planejamento estratégico para o Sistema Tributário estadual. Também reclamamos do atraso no pagamento do servidor do Executivo estadual, segundo informações da Secretaria de Administração, por conta do recadastramento do pessoal não concursado. O que penalizou os concursados. Nós já recebemos com um atraso natural. Enquanto os servidores dos demais poderes recebem impreterivelmente no dia 25 do mês que trabalharam, nós, do Executivo, recebemos dia 10, ou além do mês subsequente ao da prestação do serviço.

Distribuímos uma cópia da portaria n®. 616 de 18/12/02 (publicada no Diário Oficial da União em 19/12/2002) com o cronograma dos repasses dos fundos de participações dos Estados, municípios, e do Fundo de Compensação do IPI sobre a exportação. Com base neste calendário, sugerimos ao governador que utilizasse o repasse do dia 20 de cada mês, com o qual o Tesouro estadual efetua a transferência do duodécimo aos demais poderes e, munido de uma programação financeira, efetuasse o pagamento do funcionalismo público do seu próprio quadro também no dia 25.

Também sugerimos urgentes providências para convênio com vistas a aderir ao PNAGE (Programa de Apoio à Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito Federal, dos moldes do PNAFE e do PARSEP. São 310 milhões de dólares destinados, sendo 60% por conta de Agente Financeiro Internacional, e o restante contrapartida dos Estados e do Distrito Federal. Alertamos para que a condução do PNAGE não seja semelhante à do PNAFE em Roraima: autocrática, às raia da paranóia. Enfatizamos nossa discordância da forma de condução do PNAFE e pedimos solenemente ao governador que não deixe o mesmo acontecer o novo programa, que deverá ter condução participativa, sob pena de apresentar os mesmos resultados opacos do PNAFE que se esvai.

Mas o fato é que, se por um lado o evento foi memorável, os resultados nos pareceram pífios. Não só a mim, mas a todos aqueles com quem conversei

343

OAB RORAIMA

logo após o encerramento. A ideia geral é que o governador apresentou um discurso de campanha, composto de intenções. O lado racional nos diz que de outra forma não podería ser. O chefe do Executivo enfrenta problemas de ordem orçamentário-finaceira. Pressões de todos os lados dos aliados, principalmente aqueles que não foram reeleitos. Além de tudo, há as pendengas rolando nos tribunais. Um próximo ao brigadeiro Ottomar Pinto me disse ontem que ele está contando os dias para adentrar no Palácio Senador Hélio Campos. Pode ser que agora em março. Mas não passa de setembro. Na próxima semana vai ser divulgada uma notícia de impacto neste sentido. Aliados ao governador dizem estar tranquilos. Advogados experimentados estimam como muito remotas as chances de vitória do Brigadeiro. Um prognosticou que talvez haja nova eleição, ou assuma o candidato terceiro colocado nas eleições, pois há lide demandada pelos dois lados.

Neste quadro, fica a sensação de desolamento. Será que o atual governador vai cumprir todas as promessas apresentadas na audiência? Será que não as cumprirá? Mas não as cumprirá por má vontade política, ou porque não terminará seu mandato? E como fica o povo nessa história toda? Um espectador na platéia, impotente ao desenrolar dos atos da peça?” (Assis Cabral)"

Audiência pública com o Ministro da JustiçaA terceira audiência pública organizada pela OAB/RR, na gestão

de Antonio Oneildo Ferreira, foi com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O evento ocorreu em Boa Vista, na tarde do dia 12 de junho de 2003, no auditório do Palácio da Cultura.

O objetivo foi ouvir os mais diversos segmentos da sociedade sobre 0 modelo da demarcação da área indígena Raposa/Serra do Sol. “O presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, dirigiu a audiência e falou da importância da presença do ministro no Estado, esperando que esta questão indígena seja resolvida rapidamente e de maneira justa”.*

Vinte representantes de entidades indígenas, religiosas e agrícolas falaram sobre os pontos positivos e negativos da demarcação em área contínua e em áreas descontínuas. O m inistro Thom az Bastos, juntamente com o presidente da Funai, Eduardo Aguiar Almeida e a subprocuradora geral da República, Ela Castilho, ouviram atentamente a argumentação de todos os oradores.

No final da audiência pública o ministro Thomaz Bastos reforçou sua posição imparcial quanto ao modelo da demarcação e disse que até o final do ano a questão seria solucionada.

344

UM RESGATE HISTÓRICO

OAB faz três pedidos ao Ministro da JustiçaNo início da tarde do dia 12 de junho, antes da audiência pública

no Palácio da Cultura, o ministro Thomaz Bastos participou de uma reunião a portas fechadas na sede da OAB/RR com os conselheiros seccionais da entidade. N a ocasião o Antonio O neildo fez três reivindicações ao ministro da Justiça.

A primeira reivindicação foi no sentido de solucionar às dificuldades que a classe dos advogados vinha enfrentando junto à Polícia Federal, em relação à restrição da permanência dos advogados na sede do órgão. Uma atitude que a Ordem considerava ofensiva a advocacia.

A segunda foi sobre a questão da demarcação da Raposa/Serra do Sol. Antonio Oneildo reivindicou “que a solução desse problema aconteça de forma a atender e a acomodar a todos”.

A terceira solicitação foi em prol do Sistema Carcerário do Estado. Os conselheiros da OAB solicitaram do ministro da Justiça, mais recursos para investimento no Sistema de Segurança Pública, que, segundo eles, apesar de Boa Yista ser uma cidade pequena, apresenta os mesmos problemas estruturais e de superlotação das grandes metrópoles.

Thomaz Bastos prometeu tomar as devidas providências sobre cada caso. Reivindicação por reivindicação.

Audiência contra a violência policialNo final de abril de 2005, a Comissão de Direitos Humanos da

OAB/RR constatou um expressivo aumento da violência policial em Boa Vista. Para coibir tal desvio de conduta dos policiais, a Seccional de Roraima resolveu realizar uma série de audiências públicas.

O presidente da OAB, Antonio Oneildo Ferreira, anunciou que pretendia reunir no auditório da Ordem, autoridades policiais, representantes dos óigãos de controle externo das polícias e da sociedade civil organizada, em busca de alternativas para sanar os atropelos da insegurança pública.

Segundo o presidente da entidade, a violência não está concentrada em um aparelho, mas dissem inada em todos os órgãos de segurança pública. Por exemplo, no âmbito da Polícia Civil, policiais que cometem crime e são mantidos na atividade externa. “Tem até denúncia de tortura em delegacias”, comentou.

345

OAB RORAIMA

Conforme o advogado, são comuns denúncias de abusos como invasão a domicílio, praticadas por policiais militares sem mandado judicial, inclusive à noite, sem qualquer respaldo legal. “No âmbito da Polícia Federal, o cidadão é convocado a depor sem saber se é acusado ou testemunha, sem ter cópia do documento ou acesso ao processo, sob o argumento de sigilo por interesse do Estado”.'"*

Entretanto, na concepção do presidente da OAB Roraima, o problema da violência policial ia além do entorno do cidadão.

Também existem denúncias informando a criação de obstáculos à atuação de advogados em defesa dos constituintes. “Os direitos e prerrogativas dos advogados não são respeitados, seja no âmbito da Polícia Federal ou das Polícias Civil e Militar. Esse é um direito assegurado ao cidadão convocado pelo Estado a prestar algum depoimento ou responder por ato a ele imputado. Se o advogado já tem os seus direitos e prerrogativas ameaçadas, imaginem o cidadão. (...) Então, é necessária uma reflexão nesse sentido, bem como um diálogo mais efetivo com os órgãos de controle do aparato policiai”.'^

Antonio Oneildo lembrou que, de acordo com a Constituição Federal, era atribuição ao Ministério Público estadual e federal o controle externo das polícias. Em razão disso, ele adiantou que pretendia fezer as primeiras reuniões com os representantes desses órgãos públicos. Que, aliás, sempre foram parceiros da OAB na defesa dos direitos humanos através da não-violência.

Participação do Sindicato dos JornalistasA primeira reunião entre OAB Roraima e representantes da sociedade

civil organizada, para definir a pauta das audiências públicas sobre a violência policial, foi programada para o dia 4 de maio de 2005.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima foi uma das 20 entidades convidadas paraparticçarem do debate. O presidente do Sindicato, jornalista Humberto Silva, afirmou que antes da audiência reuniría com todos os jornalistas que trabalhavam na Editoria de Polícia, com o objetivo de fezer um levantamento sobre os problemas encontrados na área.

Ao ser contatado pela OAB, o jornalista Humberto Silva “disse que esse é um momento histórico no Estado em razão da abertura para a discussão da violência das polícias”.'®

Assim, no dia 31 de maio, a OAB Roraima divulgava na imprensa um convite para a audiência pública no auditório da entidade.”

346

UM RESGATE HISTÓRICO

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

CONVITE

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, convida os advogados e todos os segmentos da Sociedade Civil organizada deste Estado, para participar da audiência pública com o Secretário e a Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública e com o Comandante Geral e do Corregedor da Polícia Militar do Estado de Roraima, onde serão discutidos a violência policial e o Controle Interno da Polícia.

Data: 1® de junho de 2005Horário: 16 horasLocal: Auditório da OAB/RRAvenida Ville Roy, n®. 1833 - Aparecida

O desabafo contra a violênciaNo dia 1 ° de junho, a audiência pública lotou o auditório da OAB/RR.

Ocorreram muitas denúncias e algumas propostas para minimizar a violência policial na capital roraimense. Um problema tão antigo quanto atual.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) reuniu ontem os dirigentes e corregedores da Polícia Civil e da Polícia Militar para discutir com a sociedade alternativas para reduzir a violência policial. Na abertura da audiência pública, 0 presidente da entidade, Antonio Oneildo Ferreira, disse que são inúmeras as denúncias de abuso de autoridade e invasão de domicílio.

Representantes de várias entidades relataram ao comandante da Polícia Militar, coronel Ben-Hur Gonçalves, ao secretário-adjunto da Segurança Pública, Uzi Brisola, e aos corregedores das duas instituições os casos de abuso de policiais.'*

Segunda a secretária de Desenvolvimento Social do Município de Boa Vista, os alunos do Projeto Crescer eram vítimas dos maus policiais.

A secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Boa Vista, Simone Queiroz, disse que os adolescentes do Projeto Crescer são vítimas constantes da ação dos maus policiais.

Ela enfatizou, no entanto, que após a audiência realizada pela OAB com o Ministério Público Estadual e as vítimas dessa violência, no mês passado, nenhum dos 10 mil adolescentes que participam dos projetos sociais da prefeitura sofreram com abordagens inadequadas de policiais.

A Comissão de Direitos Humanos da OAB também não recebeu

347

OAB RORAIMA

nenhuma denúncia nesse período. Antes, as reclamações chegavam quase todos os dias. Na opinião de Oneildo, isso é um reflexo de que as discussões provocadas pela entidade estão surtinho efeito.”

O presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, propôs um fórum permanente para combater a violência policial.

Apoiada pelas entidades de defesa de direitos humanos, é a criação de um fórum permanente para combater a violência policial. Antes disso, a OAB vai preparar um documento relatando os depoimentos e as propostas recebidas nas duas audiências, que será encam inhado para todos os envolvidos na questão.

Segundo os depoimentos de ontem, a Polícia Militar é a que mais atemoriza a população, principalmente as pessoas mais carentes que moram na periferia. O comandante da PM disse que a instituição investiga todas as denúncias e pune os responsáveis.^*^

Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Humberto Silva, comentou que os maus policiais atrapalhavam, também, o trabalho dos jornalistas no cumprimento do seu dever profissional.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Roraima, Humberto Silva, parceiro da OAB, lembrou que esses policiais não podem permanecer nos quadros da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar.

Ele destacou que a sociedade também é vitima da desinformação por parte dessas instituições, quando elas impedem o acesso de jornalistas aos processos investigados pelas corregedorias. “Nós esperamos que a polícia cum pra o seu papel de dar segurança à sociedade e não de amedrontar”, pediu.^'

A Secretaria de Segurança pediu para denunciar os abusos policiais através do Disque-Denúncia, de forma anônima.

A corregedora-geral da Secretaria de Segurança Pública, delegada Luciene Barbosa de Lima, ressaltou que está apurando com celeridade todos os casos de abuso policial. Segundo ela, existem atualmente quatro processos administrativos disciplinares, 72 inquéritos policiais, 26 sindicâncias administrativas e 117 procedimentos preliminares, todos contra policiais que se excederam no exercício de suas funções.

Ela destacou que a população deve combater o abuso denunciando os casos. A Polícia Civil possui um serviço de Disque-Denúncia, pelo número 0800 95 1000. A ligação é gratuita e a denúncia pode ser feita de forma anônima.^^

348

UM RESGATE HISTÓRICO

Enquadramento de ex-servídoresDando continuidade a prática democrática de ouvir a população e

levar informações de interesse da sociedade roraimense, a OAB Roraima divulgou no dia 22 de julho a realização de outra audiência pública. Dia 4 de agosto de 2005, no Palácio da Cultura.

Dessa vez o tema abordado seria enquadramento, nos quadros da U nião, dos servidores estaduais dem itidos na época do ex- Território Federal de Roraima.

O presidente da OAB, Antonio Oneildo, explicou que a ideia surgiu a partir da especulação que está ocorrendo na cidade a respeito do enquadramento de servidores e a formação do quadro em extinção.

“Queremos evitar que inescrupulosos se aproveitem da miséria dos outros. Vamos contribuir para esclarecer essas pessoas sobre o que é legal e o que é ilegal. Não quer dizer que somos contra o enquadramento”, afirmou.^^

Oneildo adiantou que a audiência contaria com a participação de representantes do Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.

Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Servidores Não- Concursados do Estado de Roraima, José Deodato de Aquino, cadastrava os “ex-servidores que prestaram serviços ao Governo do Estado no período de 5 de outubro de 1988 a 5 de junho de 1998 para enquadrá-los no quadro do funcionalismo público federal” . '*

No dia 4 de agosto foi realizada a audiência pública. O auditório do Palácio da Cultura estava lotado, o ar fícou pesado. Não tinha onde colocar nem mais um sapato sequer.

A mesa foi composta por quatro autoridades: presidente da OAB/ RR, Antonio Oneildo Ferreira; procurador da República, Rômulo Moreira Conrado; procurador geral da Justiça em exercício, Sales Eurico Freitas; promotor de Justiça Luiz Antônio de Souza.

Quando os componentes da mesa afirmaram que o pleito do presidente do Sindicato dos Servidores Não-Concursados do Estado de Roraima, José Deodato de Aquino, era impossível legalmente, constitucionalmente, veio o tumulto. O próprio Deodato Aquino interrompeu a reunião, exigindo o microfone. Houve bate-boca.

Saiu na im prensa: “D eodato aproveitou a ocasião, não para tentar encontrar saídas para o problem a, mas para fazer palanque político. D iscursou com certa destreza arrancando aplausos. Como

349

OAB RORAIMA

ouviram o que queriam (prom essa de enquadram ento na União), os desem pregados foram à loucura” .

Depois que o sindicalista falou o que quis, se retirou da sala com a maioria dos presentes. Ele não queria ouvir, só falar.

Segundo estimativa da Polícia Militar, das 600 pessoas presentes na audiência pública, aproximadamente 150 permaneceram até o final. E ouviram os esclarecimentos da OAB, do MPF e do MPE sobre o assunto. Civilizadamente.

O procurador da República, Rômulo Moreira Conrado, explicou que 0 enquadramento só seria possível com uma emenda constitucional, pois “a Constituição é clara ao afirmar que o beneficio só se estendia aos servidores que estivessem trabalhando em Roraima até o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Carta”. ^

Antonio Oneildo enfatizou que “a OAB não é contrária ao enquadramento. Se tiver qualquer possibilidade, nós somos os primeiros a ajudar, sem cobrar taxa, apoio político ou partidário. Nós não temos posição contrária a direitos, mas não podemos nos calar diante de repercussão que não têm fundamento” . ’

O promotor Luiz Antônio de Souza alertou os ex-servidores de que eles podiam estar sendo vítimas de manobra eleitoral e poderiam terminar enganadas e lesadas. E completou: “Se houver possibilidade, o enquadramento vai acontecer, independente do sindicato ou da vontade política”.^

AUDIÊNCIAS PÚBLICAS Referências & Anotações

' Fernando de Aguiar, (org.) Glossário. In: Fustel de Coulanges. A cidade antiga. T ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. (p. 537) Fustel de Coulanges. A cidade antiga. 4" ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

(pp. 374 e 375) Idem, p. 375.

* Ibidem, pp. 376 e 378.’ De Plácido e Silva. Vocabulário jurídico. 15“ ed. Rio de J^eiro: Forense, 1999. (p. 99) Idem, p. 100.

’ Diretoria da OAB quer a presença dos advogados em audiência com o presidente do Tribunal de Justiça. Correio de Roraima. Boa Vista, 29/novembro/2001. (p. 5) Arquivo da OAB/RR.

350

UM RESGATE HISTÓRICO

® Presidente da OAB discursa na posse da nova diretoria do Tribunal de Justiça. Revista Jurídica do Advogado. Boa \^sta, RR, Ano !, n“. 1, 2003. (p. 60) Arquivo da OAB/RR. Ofício n® 289/02/GP/OAB/RR. Boa Vista, 4/dezembro/2002. Arquivo da OAB/RR.

Ofício n“. 028/03/GP/OAB/RR. Boa Vista, 31/janeiro/2003. Arquivo da OAB/RR." Assis Cabral. O Governador, a OAB e a Audiência Pública. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 13/fevereiro/2003. (p. 2)

Márcio Thomaz Bastos: Ministro encerra visita a Roraima com audiência pública. Brasil Norte. Boa Vista, 13/junho/2003. (p. 6)

OAB fez três pedidos ao ministro da Justiça. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 13/ junho/2003, (p. 3)

Carvílio Pires. OAB fará audiências públicas visando conter violência policial. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 22/abri1/2005. (p. 4)

Idem.Shirleide Vasconcelos. OAB e entidades discutem pauta de audiências. Brasil

Norte. Boa Vista, 4/maÍo/2005. Qp. 11)OAB/Roraima/Convite. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 31/maio/2005.Loide Gomes. Audiência debate violência policial. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 2/junho/2005. (p. 10)Idem.Ibidem.Ibidem.Ibidem.Cyneida Correia. Servidores demitidos: Audiência da OAB discutirá

enquadramento. Folha de Boa Msta Boa Vista, 22/juIho/2005. (p. 6)Sindicato continua identifícando ex-servidores. Folha de Boa Vista. Boa Vista,

22/julho/2005. (p. 6)Amílcar Júnior. Equivocados: Desempregados ainda sonham com emprego na

União. Brasil Norte. Boa Vista, 5/agosto/2005. (p. 9)Para o MPF, enquadramento só seria possível com mudança na Constituição.

Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/agosto/2005. (p. 5)Oneildo diz que OAB não pode se calar diante de 'fatos infíindados’. Folha de

Boa Vista. Boa Vista, 5/agosto/2005. (p. 5)Loide Gomes. Enquadramento: Audiência pública é marcada por confusão.

Folha de Boa Vista. Boa Vista, 5/agosto/2005. (p. 5)

OAB RORAIMA

Ministro da Justiça visita RoraimaQuestão fmuiiária em

Roraima faz com que o Minisiro da Justiça Márcio

Thomaz Bastos participe de uma série de reuniões

oiMBdopdaSecniraldiOAB f crnRcnrrapanpannpardeau-

diénca púbkca con se^nencps K iaM r«raada>r«idu^da

quesOo <inddr», riirao T>icrnu BKfex k o u p M i « r p m » b p após rrwdo com « doK pcáia iK icsadDti iTuca a rtapaiio desta quaido, m s n lo trouxa nenhuma impressio definids. v*n sam ttndinâas a nenhum lado, quero asojor

taxnparhadoccraBesains.ohbiB- tro s ^ ju um rotero de repentes, ctxn a 6nah3adedeoyhecerareaÍd»ledoEsB- tlM ctre a demataçtodc ieser« í x l ^ nas« ctMT as partes que sio nemsadas noaasirto.peraereio.poderKfnradeo- shs mas schre a jeaâo Punrfdra

Na apontndide corheceu a l e ^ d) KaptsaSoradrSolsfTidtslemBdataa. que coffome apotana 620/ 9$. a r « ^ b toda delmtada em ireacorerua. sA a tea lem l.667mModehectares.riolo- cal, ccroersou com htfcs e t e e n d é »

MtcbThomer Bastos re#roupx«a- menle «xn astesBore viatas aos poderes do htado. goremo estadual. «ssemUéa Leystaró e Ibder )ixlKilrice. pernpou de AuKncB PúMca deigda peb Ctafi com a mnrrhíle c a d o r y A e m r d o M r q a in r - rxdpnos e bcaUades ernchidae na queslio UxÊtna no Estado.

A r » e ( io de r-Hnw Bastos no EMo. bimarcadaporvalas.Oocasdeid6 es.ar- (umentcseaassrul^deedjqAesp**- (as. tanto pesa Indos ccmo panos ndo bdi- os.

Pp«9denatdaO>B/W.Ar^CreUo eqdcaqueoEstadolemonasorccrepree nvutacxvial ndl|ena do país e recebe >on «SMdors>n«rodemgasees.que\empen horarre em brocade unv udt meOor. "dh ante desses tacos, ode procuramos ter uma pae>(áo da ddlo(o a aproidmaqdo de an*aa as pares, enen^noe qád. quer soluqao a ter dada ao IHU1CD « de panda reterinOe para todos*.

AudiênciaACWÔ iMW «n t«n te D kxA

dmoAf&nod» l3 nf*odw*mo todcKos f q m o t n s dn «XH 9 ie «■a m o nobaúo. de tfn Uo. fetenora e 4fvu ara dnp^0 M de hMnte e lootade» rtM. d» a m x n c M « tm rií ^ m 3 2 0 *rsptfiteupo^

4 * d É « i p iílo ledzali pe» i C*S í» o pm iefo t u i v u r i w s é r t pvaAitv tara» t«Ti hdo^Mo 0 oi#o Advido opo%ndide pv» lod» «v^reinrcm mgpcporamone&fraanAChWdoiradtoti que "É «npomram * # o ndiÈmiü MIrao Tofrm h«m $ r c m m*W#d#'

Nttunctfci, « o o o de CoTW»’ oçSo d» Ceraiio M fB« dB Kvãna « » dtfrdB a demrcâçlo em *ee a*ww. e^Écaj o Mnir» Wie h#m«Mde oiperQd T M ^ *O lS lo ir* iw ep eieW T ^ oMhdro fterWne tcrTmetr « Mj*- ç*o t dw# toraa a» pmerae tmnmtrim ra

M M SBfrpi«par«veudeledaeecarv

teo menKK fyaoomedo» ao toma. dm* **ob#dmmdL«ârmm

n a iM M e a auAénoa. aü porquê. t>d« ^ ■ ô * d e de» h k » . * $0 p w a e(•ra lilr < o m i draa comma, am 2D0 a

Ob0 QraÉaxb prDdJkn que deferde a derraro^ cm 9m> á m ^ c

a» pana# WfOHadai iJohiMpm • opira* ram um o MU bdo*

N# dataâ de icm lem pva Mdca, Com Gord^ êwu *TCo MU a Mor iranaft» am * « eomao. pom ê aoadM qua o t e d » praeaa da acpao» p » M do aamo#iw. m h matter do qua p W u» iV^^m#m#na«Mmdaimaa$m«rma#pa-

A Aidfrtoa mareou «rm neM tee >»d#' amo<b<VJBâo Indh» am dorvra, ado d«Bfo e o «w * » "• d a te de 46ra dc cada cfii doa W » enttedea na pm ttedte qua a t e da qje piaaa rrpade d « e lod» qjerc' moa.o*MiMdiarara&do6raffc)mm

Revista Jurídica do Advogado. Boa Vista, Ano I, n°. ], 2003

MPF, OAB E MPE realizam audiência pública com ex-servidores do estadoA Ordem dos Advoga­

dos do Brasil - OAB, seccio­nal Roraima, em parceria com o Ministério Piíblico Federal e Ministério Públi­co Estadual, realiza hoje, às 16 horas, no Palácio da Cultura, uma audiência pública com objetivo de es­clarecer dúvidas dos ex-scr- vidores públicos estaduais quanto a promessa de q uc poderiam ser incorporados ao quadro de União.

Além do presidente da OAB/RR, Antonio

Oneildo, estarão a disposi­ção do público presente, o procurador-geral dejusdça Edson Damas, chefe do Ministério Público Estadu­al c o procurador da Repú­blica Rômulo Conrado, membro do Ministério Pú- bLco Federal em Roraima.

Juntos irão debater e esclarecer dúvidas quanto a promessa de que os ex- servidores públicos estadu­ais, exonerados devido ao concurso público, poderí­am ser incorporados ao

quadro da União.Segundo o sindicato

dos servidores nào-concur- sados existe uma brecha na lei que pode ser usada em benefício de cerca de 12 mil pessoas, todas demitidas nos últimos anos pelo Esta­do de Roraima, em wrtude do concuixo público.

Em uma reunião rea­lizada no dia 14 de Junho de 2005 no pátio do maio- cão da Codesaima. Deoda- to de ^ u in o . presidente do sindicato afirmou a cen­

tenas de pessoas presentes que iria reunir dos os ex- servidores documentação comprobatória do vínculo empregatício para entre­g a a Secretaria de Admi­nistração do Estado.

A proposta inicial de Deodato de Aquino é en­quadrar os ex-servidores que estavam trabalhando no governo desde 1991, entretanto os líderes do movimento pretendem es­tender esse prazo para até 1998.

Brasil Norte, 4/agosto/2005

8CONCURSOS PÚBLICOS

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, X ^ u n ta m e n te com o Ministério Público Estadual (MPE), fizeram

um trabalho exaustivo e permanente em defesa da institucionalização do serviço público na Terra de Makunaima, na entrada do século XXL

Em razão dessa cmzada em âvor da democratização do acesso ao serviço público estadual, nos seis primeiros anos do novo milênio, em Roraima foram realizados concursos públicos para admissão de milhares de servidores.

Foram beneficiadas as áreas de prestação de serviços básicos à sociedade como saúde, educação, segurança. Realizou-se concursos também na Defensoria Pública, Policia Militar e Civil, Departamento de Trânsito (Detran- RR), Tribunal de Justiça e Procuradoria Geral do Estado (Proge), etc.

Concurso público: reivindicação antiga A reivindicação pela realização de concurso público em todos os

uiveis sempre foi uma bandeira de luta da OAB Roraima, desde o advento da instalação do Estado em 1991.

Exemplo disso foi a nota publicada na gestão de Almiro Padilha, no dia 10 de julho de 1997, na primeira página do maior jomaldo Estado.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

NOTA OFICIAL

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Roraima, preocupada com a escalada de violência e da impunidade que impera no Estado, em decisão unânime tomada na reunião realizada no dia 30 de junho de 1997, vem a público exigir o posicionamento firme e adequado das autoridades competentes frente a omissão, despreparo e ineficiência das Polícias Civil e Militar, com exceção

OAB RORAIMA

de alguns abnegados policiais. É conhecida de toda a sociedade a existência do apadrinhamento político para preenchimento de cargos na Polícia Civil, em detrimento da capacidade, seriedade e honradez.

Uma das medidas de imprescindível urgência é a imediata realização de concurso público em todos os níveis, no âmbito da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar, dotando-as, assim, de pessoas técnicas e psicologicamente capacitadas para o serviço policial.

A sociedade roraimense não pode ficar exposta e ser penalizada pela omissão reiterada de suas autoridades constituídas.

A classe dos advogados permanecerá vigilante para que as providências cabíveis sejam prontamente tomadas.'

Boa Vista (RR), 4 de julho de 1997.

Almiro Mello Padilha Jaildo Peixoto da Silva Geraldo João da Silva Paulo Marcelo Albuquerque Paulo Sérgio Bríglia Carlos Alberto Gonçalves Vilmar Francisco Maciel Eiidoro Mendes da Silva Helder Figueiredo Pereira Joélia de Lima Rodrigues Roberto Guedes Amorim Jorge da Silva Fraxe Ednaldo do Nascimento Silva Cleusa Lúcia de Souza Lima Maria de N. Reis Barbosa Manoel Norberto Maria Sandelane Moura Fernando Lima Cres^ola Ronaldo Barroso Nogueira Arquimedes Eloy de Lima Severino do Ramo Benício Maria E. Marques de Oliveira Geralda Cardoso de Assunção

Pela aprovação da Lei Orgânica14 de julho de 2000.O presidente da OAB Roraima, Ednaldo do Nascimento Silva,

encaminhou documento ao governador Neudo Campos, solicitando que fosse

VM RESGATE HISTÓRICO

enviado, lugentemente, à Assembléia Legislativa do Estado o Projeto de Lei Orgânica que estruturava e organizava a Polícia Civil.

Segundo Nascimento, é inadmissível que o Estado continue a contratar pessoas “sem nenhum critério” para Ager parte do quadro de policiais civis, enquanto existe a lei já pronta há quase um ano para ser apreciada pelos deputados, mas que até hoje não foi encaminhada ao Legislativo. (...)

“Não é mais possível, do ponto de vista lega! ou moral, que o Estado continue sem ter uma Polícia Civil constituída à luz da Constituição da República, não obstante o ex-Território ter sido transformado em Estado em 1988”, diz um dos trechos da carta encaminhada ao governador.^

O presidente da OAB comentou que antes da contestada nomeação de João Batista Campeio como secretário de Segurança Pública, o projeto de estruturação da Polícia Civil já estava pronto. Como ainda não havia sido encaminhado à Assembléia Legislativa, ele “nomeou uma comissão de advogados para analisar e acompanhar a aprovação do projeto”.

O objetivo principal da comissão era verificar se não houve alterações indesejáveis do projeto, pelo atual secretário de Segurança Pública.

Comerciantes reclamam da insegurança Mas 0 problema da insegurança pública contínua por muitos anos. No início de novembro de 2001, poucos dias depois de Antonio

Oneildo Ferreira assumir o comando da OAB Roraima, a imprensa publicou uma extensa matéria sobre violência e criminalidade na cidade, onde os comerciantes denunciavam o alto índice de assalto nas micros e pequenas empresas em Boa Vista.

E acusavam o governo do Estado de ter uma política de segurança falha, ineficiente, que priorizava a repressão em detrimento da prevenção.

O presidente da Ordem dos Advogados atribuiu o aumento da c rim in a lid ad e no E stad o a v á rio s fa to re s que vão a lém do desemprego, da educação deficiente e falta de políticas destinadas para a solução desses problemas.

E sentenciou fulminante:“O que agrava essa situação é a falta de preparo da nossa polícia,

que não é selecionada através de concurso público, um dos fatores que gera a ineficiência no combate e prevenção à violência”.**

Com essa declaração a OAB/RR lançava sua cruzada a favor dos

OAB RORAIMA

concursos públicos para seleção do quadro de profissionais da Secretaria de Segurança Pública e de diversas outras secretarias estaduais.

OAB crítica alterações nas datas do concursoNo dia 15 de janeiro de 2002, foi publicado no Diário do Poder

Judiciário (DPJ), mais uma alteração no edital do concurso público da Defensoria Pública. O presidente da OAB, Antonio Oneildo, considerou positivas algumas alterações, contudo protestou com relação à antecipação, por uma semana, da data das provas do concurso.

Falando pela Ordem, ele argumentou que a antecipação das datas das provas podería prejudicar o andamento do concurso, pois as pessoas teriam menos tempo para se preparar. Ele disparou também que o processo de realização do concurso estaria sendo feito de forma “atropelada” pelo Governo Neudo Campos.

Em entrevista à imprensa ele voltou a criticar “a restrição feita pelo edital a inscrições por procuradores e via internet e sedex. O presidente da OAB frisou que caso algum advogado constituído para ser procurador for recusado de fazer a inscrição no concurso, a Ordem pretende recorrer à Justiça para garantir esse direito” .

Concurso público: favorecimento inconstitucionalAo analisar a representação que questionava a atribuição de pontos

aos professores da rede de ensino do Estado, que iam participar do concurso público da Secretaria de Educação, o presidente da OAB adiantou que a pontuação diferenciada para quem exercia o cargo de professor na rede estadual era inconstitucional.

Segundo ele, estava havendo uma discriminação no que se referia aos artigos 5 e 37 da Constituição Federal.

Oneildo explicou que a administração pública até podería pontuar a experiência dos professores, mas sem discrim inar os dem ais concorrentes que são da União, do Município ou do setor privado.

Em matéria publicada na imprensa Oneildo afirmou que “ ‘a Ordem pretende oficiar à comissão organizadora do concurso para solicitar a modificação desse item. Ao mesmo tempo será oficiado o Ministério Público estadual para que sejam tomadas as devidas providências’”.®

Vejamos o que diz a Constituição Federal:

356

UM RESGATE HiSTÓRICO

Artigo 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residente no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Artigo 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.^

OAB retira representante do Concurso da DefensoriaNo dia 8 de fevereiro de 2002, o Conselho Seccional da OAB se reuniu

e, em deliberação precedida de debates, decidiu retirar seu representante da Comissão Organizadora do Concurso da Defensoria Publica.

A decisão foi em função do relatório apres^rtado pelo advogado Henrique Keisuke Sadamtsu, enumerando vários pontos que punha em dúvida a transparência na realização das provas do concurso. A empresa contratada pelo Governo do Estado para realizar os concursos da Defensoria Pública e da Polícia Civil era a Fundação de Ensino Siqimor de Roraima (Fesur).

O presidente da OAB, Antonio Oneildo, em entrevista a imprensa, informou que a intenção da entidade ao retirar seu representante era de que a Defensoria Pública revísse o andamento do processo seletivo e contratasse uma empresa séria para elaborar e corrigir as provas.

Oneildo observou que “o concurso está sendo feito sob suspeita. A OAB lamenta esse fato porque sempre defendemos a realização do processo seletivo, mas não realizado dessa forma”.

E, conforme anunciado anteriormente, no dia 14 de fevereiro de 2002 a OAB Roraima publicou nota esclarecendo a população do porquê do seu afastamento da Comissão Organizadora do Concurso Público.

Segue na íntegra o conteúdo do documento:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

NOTA OFICIAL

A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de Roraima, através de seu presidente, vem perante a sociedade roraimense, comunicar que o Conselho Seccional, em reunião extraordinária, decidiu afastar-se da Comissão do Concurso relativo á Defensoria Pública, com base em relatório de seu representante.

OAB RORAIMA

A OAB não é tão-som ente uma entidade de classe, mas uma instituição que tem, entre outros, o dever legal de defender a Constituição, a boa aplicação das leis e o estado democrático de direito; portanto, jamais será conivente com aqueles que teimam em desrespeitar a Constituição Federal e ignorarem os princípios básicos da administração pública, entre os quais, a legalidade e a moralidade.

“A OAB participa dos concursos públicos, previstos na Constituição e nas leis, em todas as suas fases, por meio de representante do conselho competente, designado pelo presidente, incumbindo-lhe apresentar relatório sucinto de suas atividades. Incumbe ao represente da OAB velar pela garantia da isonomia e da integridade do certame, retirando-se quando constatar irregularidades ou favorecimentos e comunicando os motivos ao conselho” . (Art. 52, do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB).

Os motivos principais do afastamento da Ordem da comissão em referência foram: a constatação de que a recém-criada Fundação de Ensino Superior de Roraima (Fesur) não tem capacidade técnica para a realização de concursos para carreiras jurídicas, fato já reconhecido por sua presidente, comprovando-se pela contratação de uma única pessoa, ocupante do cargo de Promotora de Justiça do Distrito Federal, sem o devido processo licitatório, para feitura e correção de todas as provas, quando deveria ser contratada uma instituição com experiência comprovada na realização de concursos, com quadro de profissionais especializados nas diversas áreas do Direito; a ausência de mecanismos que possibilitem segurança e sigilo na elaboração e correção das provas, deficiência que poderá viciar todo o certame; a falta de efetiva participação do representante da Ordem na comissão responsável pela condução do certam e, bem com o pela ausência de respostas aos questionamentos por este feitos.

Como é do conhecimento de todos, a realização de concursos públicos sempre foi uma bandeira de luta da Ordem, pois é inadmissível que milhares de pessoas prestem serviços ao Estado sem a devida habilitação em concurso, como determina a Constituição Federal, ficando, inclusive, os servidores feridos em seus direitos, em face da investidura ilegal em cargos públicos. Porém, o que não podemos aceitar é participar de uma comissão de concurso onde não sejam observadas as regras legais.’

Antonio Oneildo Ferreira Presidente da OAB/RR

Fesur ignora saída do representante da OABO advogado da Fesur, Júlio Roberto de Souza Pinto, tom ou

público que a saída do representante da Ordem não iria prejudicar o andamento do concurso.

358

UM RESGATE HISTÓRICO

Questionado sobre a exigência de um representante da OAB, feita pela Constituição Federal, na comissão de concursos públicos, ele disse que tal exigência tinha sido cumprida quando a Secretaria de Administração convidou a Ordem para fezer parte do processo.

O presidente da OAB, Antonio Oneildo, declarou que encaminhou a notificação do afestamento do representante da Ordem para o presidente da comissão, Alexander Ladislau.

“Disse ainda que os questionam entos sobre as m edidas de segurança das provas também teriam que ser feita ao defensor geral, pois o representante da Ordem não pode pedir explicações diretamente à Fundação de Ensino Superior” .'®

Governador dá ouvidos aos apelos da OABDiante do impasse criado em tomo da transparência no processo de

oiganízação do concurso público, o governador Neudo Campos pôs um ponto final na pendenga e anunciou o cancelamento dos dois editais. E prometeu contratar uma empresa de renome nacional para elaborar e corrigir as provas dos concursos da Defensoria Publica e da Polícia Civil.

E o que é mais importante. Afirmou que o Estado ia chamar a OAB e os demais membros da comissão organizadora para elaborar novos editais que atendesse as normas exigidas para os concursos.

A oiganização do concurso da Defensoria Pública foi cercada de polêmica, mas teve um final positivo. Além do afestamento do representante da Ordem, ela foi alvo de uma ação do Ministério Público e uma ação do advogado Stélio Dener. “Dener pediu anulação do concurso para que uma nova comissão fosse nomeada para coordenar o processo”."

Parabólica: concurso público em três atosQ uando algum a co isa está pegando fogo em R oraim a, o

saté lite da Parabó lica do jo rn a l Folha de Boa Vista com eça a acusar os focos de incêndios.'^

Foi o que aconteceu no dia 18 de fevereiro de 2002.

Concurso IDepois da saraivada de críticas e da decisão judicial que forçou o Estado a cancelar os concursos da Defensoria Pública e da Polícia Civil, o governador Neudo Campos (PFL) decidiu o que era para ter feito antes: chamar todos os envolvidos e interessados para discutir novos editais livres de quaisquer problemas.

359

OAB RORAIMA

Concurso IIEstá marcada para hoje uma reunião do governador com os representantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Justiça e todos os demais envolvidos nos concursos públicos. O objetivo é definir o mais rápido possível a realização dos concursos para defensores e policiais civis.

Concurso IIIAlém da contratação de uma empresa idônea e experiente na realização de concursos em nível nacional, a OAB deverá propor a escolha de ura presidente de comissão que não seja ligada à Defensoria Pública, como forma de garantir a lisura do processo. Antes, o defensor geral Alexander Ladislau era quem presidia a comissão, inclusive isto foi motivo de uma ação movida pelo advogado Stélio Dener.

OAB interfere pelos defensores públicos A Ordem enviou ofício a Defensoria Pública e ao Governo do Estado,

solicitando adequação do salário dos defensores públicos de acordo com a nova tabela salarial estabelecida para a realização do concurso público.

Antonio Oneildo argumentou nos ofícios enviados a defensora geral Valquíria Tertulino e ao governador Flamarion Portela que “ ‘enquanto o concurso público não é realizado, nada mais razoável que os advogados que trabalham como defensores públicos, desempenhando as mesmas fimções de concursados, mas ganhando R$ 1.300,00, passem a receber o que já está previsto na tabela, R$ 2.500,00”’.'^

Para Oneildo a reivindicação era justa e oportuna, considerando que quando o governador Flamarion Portela assumiu no lugar de Neudo Campos, prometeu implementar uma política de valorização do servidor público.

Denúncias contra policiais civis e militares No mês de maio de 2002, a OAB Roraima recebeu denúncias contra

as Policias Militar e Civil, acusadas de praticar violência contra trabalhadores.Segundo Antonio Oneildo, denúncias como essas eram registradas

constantemente junto à Comissão de Direitos Humanos da OAB, tomando-se uma situação cada vez mais preocupante, já que a violência institucionalizada vinha se mostrando crescente no Estado.

Saindo em defesa da população, Oneildo aproveitou a oportunidade para cobrar a realização de concursos públicos:

É preciso apurar estas denúncias e reprimir este tipo de arbitrariedade, que comprova, cada vez mais, a necessidade da realização de concursos públicos

360

UM RESGATE HISTÓRICO

no Estado, que vêm para exigir maior capacitação e profissionalismo dos servidores públicos, fatores essenciais principalmente naqueles que trabalham com a segurança pública, declarou.'"

Uma das denúncias de violência policial divulgada pela mídia aconteceu com o caminhoneiro Renato Braga de Oliveira, 34 anos, que afirmou ter sido torturado e espancado por agentes da Polícia Civil.

Veja a narração do episódio feita à imprensa:

“Eles amarraram meus pulsos com fios de nylon tão fortes que minhas mãos incharam. Depois colocavam vários sacos plásticos na minha cabeça e me deixavam sem ar até desmaiar. Enquanto isso, eram 6 ou 7 agentes dando socos e chutes em todas as partes do meu corpo. Eu disse que era melhor eles me matarem, pois eu não ia confessar algo que não tinha feito”.'^

Debate sobre contratações foi positivo A reunião que aconteceu na sede da OAB Roraima para debater a

questão da organização dos quadros funcionais do Governo do Estado contou com a participação de 15 entidades. E foi considerada positiva.

Mais do que defender a realização de concursos públicos, a reunião apontou para a necessidade do governo de amparar os trabalhadores que serão excluídos do concurso e que já contava com muitos anos de trabalho prestado ao Estado, sem nenhuma garantia trabalhista.

Segundo Antonio Oneildo, eram mais de 10 mil trabalhadores contratados de forma irregular, através de Tabela Especial e de cooperativas.

Ele ponderou também que apenas realizar o concurso não era uma solução satisfetória. Seria preciso estabelecer políticas para amparar as pessoas que perderíam seus empregos. “Acreditamos que o governador esteja disposto a resolver o problema e encaminhe as soluções apontadas”.'®

Contudo, não foi o que aconteceu.O novo governo não caminhou na mesma direção das aspirações

da sociedade organizada. A ilegalidade continuou no comando da situação, como veremos a seguir.

Ordem critica criação de quadro especial O presidente da Ordem, Antonio Oneildo, avaliou que o governo do

Estado saiu de uma ilegalidade para cometer outra ao tentar aprovar uma lei que criava no âmbito do Poder Executivo, o Quadro Especial de Pessoal de Assessoramento Temporário e o Banco de Recursos Humanos.

361

OAB RORAIMA

Ele voltou a bater na mesma tecla: regularização do quadro de servidores do Estado através da realização imediata de concurso público.

“A criação do Quadro Especial e do Banco de Recursos Humanos é inconstitucional. Há um tempo esse fato ofende a legalidade e a moralidade prevista na Constituição Brasileira no trato da coisa pública. Além disso, esses quadros criados são apenas uma manobra para esvaziar as impugnações feitas à Tabela Especial hoje existente, que também é inconstitucional”, disse.’’

Antonio Oneildo articulou e fez discussão sobre o assunto com várias entidades. Em seguida pediu uma audiência com o governador Flamarion Portela, mas recebeu o silêncio como resposta. A pendência de contratação de pessoal de forma irregular continuou.

Concurso público da Polícia CivilO Governo Flamarion Portela contratou a Universidade de Brasilia

(UnB) para fazer o concurso público da Polícia Civil, buscando dar transparência no processo de seleção. Com a iniciativa, ele tentou evitar os desencontros ocorridos no Governo Neudo Campos, que culminaram com o cancelamento do concurso.

A OAB/RR participou ativamente da elaboração do edital do concurso. O presidente da entidade, Antonio Oneildo, declarou que houve sucessivas discussões com o objetivo de se obter entendimento em todas as fases do processo construção do edital. “Onde se buscou a legitimação do servidor em seus cargos”.'®

O grito da Ordem dos Advogados em favor do servidor público e da comunidade roraimense foi ouvido no Palácio Senador Hélio Campos. O diálogo foi restabelecido e a esperança do momento era que ele fosse mantido em prol do bem comum.

Dívidas trabalhistas nos Governos Ottomar e NeudoOAB Roraima e várias outras entidades pressionam o Governo do

Estado para realizar concursos públicos em todos os níveis para acabar com a fraude das contratações irregulares através das cooperativas.

No calor dessa queda de braço, em entrevista à imprensa, o procurador do Trabalho, Aldaliphal Hildebrando da Silva falou sobre o assunto. Ele levantou a suspeita de que na medida em que os concursos públicos

362

UM RESGATE HISTÓRICO

acontecessem o Governo do Estado teria uma grande dívida trabalhista, geradas pelas ações movidas pelos servidores substituídos.

Antonio Oneildo, com mais de 10 anos de experiência em causas sindicais, “disse que o quadro é mais dramático devido ao passivo gerado nos três primeiros governos Ottomar Pinto e Neudo Campos (dois mandatos)”.* Contudo, esclareceu que somente a fraude das cooperativas nos anos de 1993 a 2000 superava em muito as ações trabalhistas que poderiam ser movidas pelos atuais servidores.

O grande beneficio dos concursos públicos, além de regularizar e moralizar os quadros da máquina administrativa, será a segurança e o amparo decorrentes de uma relação funciona! garantida pela previdência. 'Por exemplo, nos casos de acidente de trabalho, invalidez decorrente de doenças e mortes precoces, entre outros casos, haverá sempre o suporte previdenciário para as vítimas e seus dependentes’, declarou.^’

Para Oneildo, o que deveria ser questionada não era o concurso público, e sim, os responsáveis pelas contratações irregulares. Esses deveríam ser acionados na justiça e responsabilizados para reporem ao erário os valores despendidos com as condenações.

Correndo Contra o TempoPrefeitos do interior do Estado participam do Seminário Correndo

Contra o Tempo, promovido pela Associação dos Municípios de Roraima.O tem a principal foi a prom oção de concurso público nos

m unicípios. E, para prestig iar a m ão-de-obra local, os prefeitos “decidiram realizar concurso público na segunda quinzena de agosto, todos no mesmo dia e horário”. '

A OAB e 0 Ministério Público participaram do encontro para tirar as dúvidas em relação ao concurso público, em questões como elaboração de editais para seleção do quadro de pessoal e criação de plano de cargos e salários dos servidores municipais.

Governador é ameaçado de morteJulho de 2003.A grande imprensa divulga que o governador Flamarion Portela é

ameaçado de morte por causa dos concursos públicos.

363

OAB RORAIMA

Recentes denúncias de envolvimento de policiais civis que vão do abuso de autoridade à execução sumária das vitimas, leva o presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo, a afirmar que a polícia foi constituída sem critérios de escolha. E reivindica mais uma vez pela realização de concursos públicos na Secretaria de Segurança Pública.

Segundo matéria publicada na imprensa, a situação caótica no setor de Segurança Pública “são analisadas como o apodrecimento de uma estrutura viciada” . ^

Diante da constatação de tantos desmandos, com a conivência de funcionários com cargos de chefias dentro da própria Polícia Civil, o presidente da OAB afirma que a adesão do Governo de Roraima ao Susp (Sistema Único de Segurança Pública) é uma alternativa que poderá ajudar a conter a escalada da violência no Estado, até a realização do concurso público.

Conforme Antonio Oneildo, todas as denúncias se tomam menores diante da notícia de que o governador Flamarion Portela sofrerá ameaça (sem especificação do tipo) de policiais, por causa dos concursos públicos para preencher os quadros da instituição. “Se este grupo ousa ameaçar o próprio governador do Estado, imaginem o que pode fazer aos cidadãos ou mesmo contra os demais poderes constituídos. Ou seja, é uma situação de extrema gravidade que merece uma resposta enérgica e imediata”. ^

Oneildo foi mais longe. Avaliou que denúncias de que presos praticam crimes, quando deveriam estar recolhidos às casas de detenção, é o reflexo lamentável do envolvimento de policiais e dirigentes da polícia com a prática de atos criminosos. Ele comentou que esta notícia evidenciava que estava havendo conluio e compartilhamento do fhito do crime.

Ressalva. Depois de quase um mês de sua última visita ao Estado, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltou à capital roraimense para assinatura do convênio de inclusão do Governo de Roraima ao Susp.

O fato ocorreu no dia 9 de julho, dia do aniversário de Boa Vista.

Revista Jurídica do AdvogadoNa 10® Semana dos Advogados, realizada no período de 4 a 16 de

agosto de 2003, a OAB Roraima lançou a Revista Jurídica do Advogado. Nela, o presidente da Ordem dos Advogados, Antonio Oneildo Ferreira, criou mais uma oportunidade para reivindicar concurso público em todos os níveis no Estado.

364

UM RESGA TE HiSTÓRICO

A matéria jornalística “OAB reivindica a realização de concurso” fala da audiência pública com o governador Flamarion Portela, realizada na sede da entidade, no Auditório Hesmone Saraiva Grangeiro, no dia 10 de fevereiro de 2003.

É importante frisar que Antonio Oneildo, desde que assumiu a Presidência da OAB/RR, vinha cobrando do governo a realização de concursos públicos para seleção e formação do quadro de servidores públicos do Estado.

A audiência pública foi promovida por entidades que compunha o Movimento Pacto de Roraima, sob a liderança da OAB. N ela o governador Flamarion Portela, ratificou o cronograma dos concursos públicos, que seriam realizados durante o ano.

Na avaliação de Antonio Oneildo,

O evento foi vantajoso, no que se refere ao bem da sociedade, propomos ao governador que na comissão do concurso haja representação da OAB, isso vai servir para dar mais tranquilidade aos candidatos, quanto à transparência na realização das provas.

A Revista Jurídica do Advogado, além de notícias diversas sobre 0 trabalho da OAB/RR na defesa da classe dos advogados e dos direitos hum anos, trouxe tam bém vários artigos de professores, juristas e advogados renomados.

Na matéria “Projeto resgata momentos marcantes”, Antonio Oneildo Ferreira falou sobre o Projeto de Resgate Histórico da OAB/RR:

O projeto tem a missão de resgatar a história, conscientizando a classe da importância da seccional para as evoluções políticas e sociais de Roraima. (...) Vai rememorar momentos marcantes do papel da OAB na vigília a favor da classe e da sociedade, como a atuação efetiva da seccional em casos como: a morte do jornalista João Alencar, do político Silvio Leite e do conselheiro Paulo Coelho.^

Oneildo publica artigo histórico

O presidente da OAB/RR, Antonio Oneildo Ferreira, publicou na imprensa, no dia 11 de agosto. Dia do Advogado, um artigo histórico a favor da cidadania.

Segue sua transcrição na íntegra.365

OAB RORAIMA

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CIDADANIA

O Território Federal de Roraima foi transformado em Estado com a Constituição de 1988 e instalado em 1991 com a eleição e posse do primeiro governador. Houve assim, um duplo impacto sobre a sociedade roraimense nesse período.

O primeiro impacto foi o da transformação e instalação do Estado, com todos os reflexos que um acontecimento desta envergadura enseja, com o deslocamento da gerência política de Brasília para o âmbito do Estado, já que o Governador deixa de ser nomeado pelo Planalto e passa a ser eleito diretamente pelo povo roraimense. Havendo também a constituição e instalação dos demais poderes - Legislativo e Judiciário.

O funcionamento do Poder Legislativo e do Poder Judiciário no âmbito estadual trouxe uma nova feição ao Estado. O debate político que acontecia distante passou a ser realizado no seio da sociedade roraimense, pelo menos em termos de possibilidade. Sem parlamento não há democracia. As decisões e debates jurídicos inacessíveis ou que aconteciam para além dos horizontes da Terra de Makunaima passaram a ser realizados pela e com a comunidade jurídica local. O acesso à justiça e a prestação jurisdicional deixou de ser algo intermitente e distante para ser perene e próximo, tomando-se uma expressão viva da cidadania roraimense. Sem Judiciário não há cidadania.

O segundo impacto foi a instituição de uma nova ordem jurídica e política advinda com a Carta Cidadã de 1988.0 novo texto constitucional, dentre os enormes avanços e conquistas consagrados, estabeleceu regras e delineou parâmetros intransponíveis no âmbito da Administração Publica e no trato com a coisa pública. A nova ordem impôs práticas novas e promoveu o encouraçamento do Ministério Público para resguardar o Erário.

Em Roraima, é de obrigatório destaque que o Ministério Público tem sido incisivo e decisivo na defesa do patrimônio público. Mas, infelizmente a política do novo Estado não foi implementada nos quadrantes estabelecidos pela nova ordem, predominando os resquícios da ordem antiga e da antiga política que tudo fazia e tudo podia em detrimento do cidadão, para frustração da sociedade civil organizada desta “Terra do Sol” que sempre lutou pela institucionalização da cidadania.

Com efeito, à exceção do Poder Judiciário e do Ministério Público, os demais quadros funcionais do novel Estado foi todo “contratado” de forma direta, sem a realização do pertinente e regular concurso público, sendo erigida uma administração pública precarizada, dependente e totalmente estrábica para com a nova ordem constitucional. A máquina estadual foi instalada e transformada em uma ilha de ilegalidades. Resultando em milhares de trabalhadores sem nenhuma garantia funcional, sem acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários.

Nesse quadro de exceção, predominou o desrespeito aos direitos humanos e as agressões ao patrimônio público. A sociedade foi vitimizada pela violência institucionalizada e pela impossibilidade de acesso aos serviços públicos

366

UM RESGATE HISTÓRICO

essenciais, pois que os grandes escândalos de corrupção exauriram o erário em proveito de poucos, o que deveria ser de todos. É de notória evidência que as agressões ao Erário sempre foram incompatíveis com o exercício da cidadania, pois que tais fatos desalentadores inibem a participação popular e inviabilizam a consecução de políticas públicas nas essenciais áreas da saúde, educação, segurança e assistência social voltadas para as comunidades de mais baixa renda e numericamente majoritária em nessa sociedade. Mas a resistência aos abusos e à violência institucionalizada sempre foi consistente e progressivamente mais ampliada. Foi uma batalha com o sacrifício de muitas vidas.

A OAB sempre foi um farol da cidadania em Roraima. Sempre lutando pela institucionalização do Estado. A luta para a realização dos concursos públicos foi uma constante. Fomos decisivos na realização de um concurso isento e transparente para a Defensoria Pública. Coordenamos, em conjunto com os demais segmentos da sociedade civil organizada, uma audiência pública com 0 Governador do Estado, onde ficou definido um calend^o para realização de concurso público para todos os quadros funcionais do Estado, bem como ficou assegurada a participação de representantes da sociedade civil nas comissões dos concursos.

Em sua função institucional, com toda a credibilidade que sua atuação histórica enseja, a OAB sempre funcionou como um centro de defesa da cidadsmia, tanto nos caos individuais como nos coletivos, pois que sempre foi referência para receber e encaminhar denúncias relativas a todos os tipos de abusos cometidos pelos agentes públicos em detrimento da cidadania e do Erário. Mesmo quando a Seccional não estava presente, em raríssimos casos, em todos os momentos históricos do Estado de Roraima verificamos a presença de destacados Advogados vinculados a essa numa posição de destaque.

O Advogado é essencial à prestação da Justiça e indispensável ao exercício da cidadania plena. Nesta guerra, perdemos um grande combatente - o conselheiro federal Paulo Coelho - barbaramente assassinado por denunciar desmandos e abusos com a coisa pública. Este crime hediondo foi uma tentativa de calar a advocacia e intimidar a cidadania. Foi um crime contra a sociedade. Mas os algozes da cidadania e da democracia perderam. A cidadania está vencendo. Já temos um condenado a 15 anos de reclusão. O julgamento do outro já está marcado para o dia 02 de setembro próximo. Outras condenações virão. E estas não serão apenas por crimes cometidos contra a vida, mas, também, por crimes cometidos contra o patrimônio público.

Não ignoramos a pesença de gnqx)s políticos tortomente articulados lutando contra a realização dos concursos públicos. Aresistàicia aos concursos públicos é a velha ordem e a política velha tentando uma prcHiogação. É quon senpre viveu da pilhz^m do patrimônio público tentando ponogar as mazelas da corrupção que sen^xeenq)mou o desenvolvimento do Estado. A sodedade tem que se contrapor a essa nociva investida contra a cidadania, tendo ccvno refoôxna as ilhas de l^alidades existentes nos sarnentos onde os quadros funcionais foram e iv ad o s através da realização do regular e patmente concurso público.

O certame público é a forma mais impessoal, moral e legal de provimento

367

OAB RORAIMA

dos cargos públicos (Constituição Federal de 1998, Art. 37), garante o acesso de todos e assegura a seleção dos mais aptos, era proveito do interesse público. Há segmentos equivocados (?) afirmando que o concurso público não mudará nada. Ledo engano, pois que será a base para a composição de um quadro administrativo transparente e impessoal capaz de possibilitar a moralização do Estado. É a única forma de evitar que grupos políticos continuem se apropriando totalmente da máquina do Estado e, por via de consequência, de todo o patrimônio público.

A Defensoria Pública que, após concursada, vem realizando excelentes trabalhos, é a prova de que estamos no rumo certo. Uma administração pública constitucionalmente estruturada é premissa para o acesso a serviços públicos essenciais a que todo cidadão tem direito. Enfim, a regularização dos quadros funcionais do Estado através do concurso público é a institucionalização da cidadania, um avanço para a democracia. A OAB/RR, a Advocacia Roraimense, está empenhada nessa cruzada que, certamente, será finalizada e implicará em vitória de todos. (Antonio Oneildo Ferreira)^^

Concurso da Procuradoria GeralEm março de 2004 a OAB/RR obteve uma importante vitória para

a classe dos advogados de Roraima em relação ao concurso público da Procuradoria Geral do Estado.

O presidente da Seccional de Roraima, Antonio Oneildo, pediu a Banca Examinadora que fosse contada, na prova de títulos, a experiência do candidato no exercício da advocacia.

O procurador geral do Estado, Jorge Barroso, negou o pleito. Então a OAB impetrou um mandado de segurança para garantir a reivindicação dos advogados e, consequentemente, retificação do edital do concurso.

Ajuiza Elaine Bianchi deu liminar fevorável e ordenou que antes da realização do concurso a Banca Examinadora analisasse a solicitação da OAB. Depois de se reunir e debater o assunto, ficou decidido que experiência do profissional da advocacia contaria pontos e o edital seria alterado.

O resultado agradou a OAB. Antonio Oneildo frisou que “o exercício da advocacia é a experiência mais relevante neste concurso. A OAB sempre questionou esse aspecto da prova de títulos. Não garantir esses pontos é um desprestígio com os advogados de Roraima”. ^

OAB combate criação de quadro em extinçãoNo mundo da política acontece de tudo. Encabrestar votos através

de contratações ilegais, ao invés de realizar concurso público, sempre foi uma prática adotada por certos governantes em Roraima.

368

UM RESGATE HISTÓRICO

Entretanto, tudo que tem um início, pode ter um fim. E mais uma vez Davi enfrentou Golias numa luta de vida ou morte.

A criação de um quadro em extinção de servidores estaduais, anunciada pelo governador Ottomar Pinto (PTB) como forma de recontratar servidores exonerados que não passaram no concurso público, é ilegal e pode lhe custar impeachment. A declaração é do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Antonio Oneildo, ao avaliar a possibilidade de o Legislativo permitir que tal feito aconteça.

(...) “Primeiro o governo anuncia que não tem dinheiro para contratar os servidores aprovados no concurso público. Mas tem dinheiro para criar cargos em extinção e contratar irregularmente, sem fundamento, os antigos servidores que sequer foram aprovados em concurso”. ®

Antonio Oneildo ressaltou que a Constituição Federal de 1988 determinava que o ingresso de servidores no serviço público deveria ocorrer somente através de concurso público. Sendo assim, ponto final. Nada de repetir as arbitrariedades do passado.

Oneildo acrescentou que se as instituições políticas permitissem que isso acontecesse, o Poder Judiciário certamente impediria essa inconstitucionalidade. E mais. Se a Justiça não tomasse providências, a OAB Roraima agiría.

Assim, mais uma vez ele levantava sua voz em nome dos concursos públicos e da cidadania, que previa oportunidades iguais para todos.

OAB apóia concursadosO Governo do Estado realizou o concurso público, mas não chamava

os aprovados. Assim, a Comissão dos Aprovados no Concurso Público buscou o apoio da OAB/RR. E a Ordem dos Advogados marcou uma reunião, no dia 22 de fevereiro de 2005, entre concursados e representantes do Governo do Estado, deputados estaduais e Central Única dos Trabalhadores (CUT). Essa foi a quinta manifestação dos concursados que ainda não tinham sido efetivados nos seus devidos cargos.

Segundo o presidente da OAB, Antonio Oneildo, era preciso respeitar 0 direito dos concursados. Se foi feito um concurso público para provimento de vagas era inadmissível que o governo continuasse contratando gente por fora. O membro da Comissão dos Concursados, Cleudon Neto, esperava “que o certame fosse prorrogado por mais um ano e que nesse período, todos os aprovados sejam convocados”.

369

OAB RORAIMA

Sobre a determinação que o Ministério Público Estadual (MPE) repassou para o Governo do Estado em contratar os aprovados em concurso nos próximos 15 dias, Oneildo disse que foi uma decisão pertinente, com amparo legal. O prazo de validade do concurso vai até o dia 16 de março.^*’

Assim foi a luta da OAB/RR pela institucionalização da cidadania. Primeiro brigou para que o Estado fizesse os concursos e depois teve que travar nova batalha para que os aprovados no certame fossem chamados.

Mas, afinal, quem entra na chuva é para molhar.

CONCURSOS PÚBLICOS Referências & A n o ta ç õ e s

' Nota Oficial/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, lO/julho/1997. (p. 1) Polícia Civil: OAB pede aprovação de lei orgânica. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 14/julho/2000. (p. 5) Idem.

" Falta de concurso contribui para ineficiência da polícia, diz OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, I7novembro/2001. (p. 8) OAB critica alterações nas datas das provas do concurso. Folha de Boa Vista.

Boa Vista, 16/janeiro/2002. (p. 10)® Concurso público; OAB afirma que benefício a servidores é inconstitucional. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 26 e 27/janeÍro/2002. (p. 4)’ CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil. Brasília: Editora do Senado Federal, 2000. (pp. 15 e 39)® Alexsandra Sampaio. Defensoria: OAB retira representante da comissão de concurso público. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 9 e lO/fevereiro/2002. (p. 3)’ Nota Oficial/OAB/RR. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 14/fevereiro/2002. (p. 1)

Defensoria: Fesur garante que a saída da OAB não prejudica concurso. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 14/fevereiro/2002. (p. 5)'* Concurso da Defensoria tem outra ação e OAB havia se retirado da comissão. Folha de Boa Msta. Boa Msta, 15/fevereiro/2002. (p. 3)

Parabólica/Concurso I, II e III. Folha de Boa Msta. Boa Msta, 18/fevereiro/2002. (p. 3) OAB quer adequação de salários dos defensores. Folha de Boa Vista. Boa Vista,

13 e 14/abril/2002. (p. 7)OAB pede que denúncias contra policiais militares sejam apuradas. Folha de

Boa Vista. Boa Vista, 7/maio/2002. (p. 10)Cyneida Correia. Policiais são denunciados de tortura. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 16/maio/2002. (p. 12)

370

VM RESGA TE HIS TÓRICO

Debate sobre contratações do Estado foi positivo, diz OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 30/novembro e 1 “/dezembro/2002, (p. 3)” OAB critica criação de quadro especial. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/ dezembro/2002, (p. 4)

OAB considerou transparente elaboração de edital. Brasil Norte. Boa Vista, 8/ março/2003, (p. 4)” Carvílio Pires. Contencioso trabalhista: Advogado afirma que maior dívida foi nos governos Ottomar e Neudo. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 17/abril/2003. (p. 3)

Idem.’’ Ivo Galindo. Municípios do interior farão concurso público em agosto. Brasil Norte. Boa Vista, 13/maio/2003. (p. 4)’’ Carvílio Pires & Marilena Freitas. Presidente da OAB diz: “Polícia foi constituída sem critérios”. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 9/julho/2003. (p. 4)

Idem.OAB reivindica a realização de concurso. Revista Jurídica do Advogado. Boa

Vista, RR, Ano 1, n“. 1,2003. (p. 34) Arquivo da OAB/RR..Projeto resgata momentos marcantes. Revista Jurídica do Advogado. Boa Vista,

RR, Ano 1, n“. l, 2003. (p. 28) Arquivo da OAB/RR..’’ Antonio Oneildo Ferreira. A Institucionalização da Cidadania. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 l/agosto/2003, (p. 2)” Ivo Galindo. Exercício da advocacia vai contar ponto no concurso da Proge. Brasil Norte. Boa Vista, 4/fevereiro/2004. (p. 3)

Tiana Brazâo. Servidores demitidos: Governo não pode recontratar, diz OAB. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 1 l/janeiro/2005, (p. 5)” Concursados e OAB se reúnem hoje. Brasil Norte. Boa Vista, 22/fevereiro/2005. (P- 9)

Idem.

OAB reivindica a realização de Concurso

I We We- 101 I 0 > m m \m

— OttK 9 a a*»#'"#" i i< a ia te » b a a -Revista Jurídica do Advogado. Boa Vista, Ano 1, n°. 1,2003

CASO PAULO COELHO

n :Fevereiro de 1993.

madrugada do dia 20, sábado, por volta de 1 hora e 30 minutos, o advogado e conselheiro federal da Ordem dos

Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, Paulo Coelho Pereira, 46 anos, foi assassinado no centro de Boa Vista, na porta de sua residência, com quatro tiros disparados à queima roupa. Três na cabeça.

Paulo Coelho era boa-v istense, form ado em D ireito pela Universidade de Brasília e militava como advogado há 22 anos. Deixou Maria da Graça Resende Pereira viúva e cinco filhos órfãos: Margareth, Paulo Roberto, Ana Paula, Álvaro Francisco e Ana Carolina.

Como advogado atuante, foi membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR por muitos anos e um intransigente defensor dos direitos fundamentais das pessoas. A brutalidade do seu assassinato chocou a sociedade roraimense e teve repercussão nacional e internacional.

A Coluna Parabólica, do jornal Folha de Boa Vista, registrou sua indignação sobre o trágico acontecimento:

De novo, meu Deus. Parece uma sina. Essa violência não nos deixa viver. Estamos novamente na mídia nacional e, como sempre, apresentado como uma terra de bárbaros, que resolvem seus problemas na bala. (...)

O bárbaro assassinato do advogado Paulo Coelho, recém eleito conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil, nos coloca mais uma vez mal na opinião pública nacional. Sua morte tem uma moldura muito parecida com a de João Alencar e de Silvio Leite. Somos uma terra, literalmente tomada de assalto por dominadores que não medem consequência e não escolhem meios para conseguirem, ou permanecerem, no poder.*

O conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho Pereira, foi enterrado ao meio dia da terça-feira de Carnaval no Cemitério Campo da Saudade.

UM RESGATE HISTÓRICO

Várias autoridades participaram da solenidade fúnebre, entre elas o presidente da OAB Roraima, Hesmone Saraiva Grangeiro, e o presidente em exercício do Conselho Federal da Ordem, Álvaro Guimarães, que veio a Roraima exclusivamente para o enterro.

Possíveis motivos do assassinatoEmbora o assassinato do advogado ainda estivesse recente, a cidade

comentava a boca-pequena os possíveis motivos do crime, divulgado na imprensa nacional:

A Agência Estado distribuiu ainda na terça-feira matéria para os jornais mais importantes do País e para as principais redes nacionais de televisão, dando conta que o crime que vitimou Paulo Coelho foi uma “queima de arquivo”. O noticiário daquela agência ligava o crime diretamente ao fato de que Paulo Coelho, eleito conselheiro federal da OAB na sexta-feira, 19, proferiu inflam ado discurso na solenidade de posse, afirm ando que “daria prosseguimento a todos os processos em trâmite na Justiça, inclusive à ação popular contra os atos de nomeação dos desembargadores, principalmente contra o desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues e Francisco Elair de Morais, ambos nomeados irregularmente”.’

O presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, desembargador Robério Nunes dos Anjos, declarou em entrevista coletiva que

Sua instituição quer ver a apuração total do episódio que culminou com o assassinato do advogado Paulo Coelho Pereira. Para ele, é preciso que haja uma investigação criteriosa, até mesmo para resguardar os interesses dos aparelhos do Estado na garantia dos cidadãos. “Nós temos todo o interesse na apuração deste fato, que pode comprometer a tranquilidade da sociedade”, disse 0 desembargador.’

Entretanto, a pedido do procurador-geral da República, Aristides Junqueira, a Polícia Federal também abriu inquérito para apuração do homicídio de Paulo Coelho, por ser ele conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Além do mais, desde os primeiros dias de investigação do crime já havia suspeitas de envolvimento de pessoas ligadas a Secretaria de Segurança Pública do Estado e do próprio Tribunal de Justiça na morte do advogado. Suspeitas que ficaram parcialmente confirmadas, posteriormente.

373

OAB RORAIMA

O Conselho Federal da OAB também mandou a Roraima a conselheira federal Zelita Corrêa para “acompanhar as investigações do assassinato” de Paulo C oelho/

Crônica de uma saudadeAmigo de Paulo Coelho desde sempre, Zeca Liberate fez uma crônica

de revivências à memória do amigo que transmigrou para a eternidade.Transcrevemos na íntegra suas reminiscências.

O MEU AMIGO PAULO COELHO PEREIRA

Foi uma velha, duradoura e sincera amizade. Mais de quarenta anos, desde a primeira infância. Daquelas que têm a marca de perenidade. Daquelas que sobrepujam as costumeiras rusgas do convívio cotidiano sem deixar sinais de vestígios.

Amizade nascida da empatia e da proximidade. Em crianças, morava eu na Jaime Brasil, onde hoje está a Droga Freire e Paulo na Inácio Magalhães, esquina com Sebastião Diniz, em frente ao atual Banco Econômico. Fazíamos parte da saudosa turma do Jaime, constituída, entre tantos, por Chiquito, Noca Liberate, Walorman, Zeca Xaud, Nelito, Brandão, Larte, Eder, Weber, Zé Duarte, Zeca Fraxe, Diomedes, Paulo Dáhás, além de outros de maior ou menor idade. Para distinguir de outros Paulos da turma, ele era carinhosamente chamado de Paulo Madalena, em homenagem à matriarca da família Coelho Pereira.

Tivemos infância saudável, desfrutada intensamente, na pacata Boa Vista da década de 50, com vinte e poucos mil habitantes. Jogar boia na rua ou na praça Capitão Clóvis, tomar banho ou fazer pescaria no rio Branco, caçar de baladeira ou fazer guerra de turma, empinar papagaio ou jogar pião e bolinha de gude, eram as atividades prediletas no preenchimento de todo o tempo disponível e permitido pelos “velhos”. Paulo sempre presente, jamais negava participação, fazendo com que, não raras vezes, dona Madalena saísse à sua caça. Nossa infância foi sadia e sem vícios, gerando profunda camaradagem entre os membros da turma, e, particularmente, entre eu e Paulo.

Na adolescência, início da década de 60, no Ginásio EucUdes da Cunha, onde era diretor o padre José Zintu, d^envolveu-se no Grêmio Estudantil, um raro ambiente de debate cultural, que propiciou a manifestação de talentos nos jovens estudantes e deu origem à formação do sentimento regional, através de debates e questionamentos das coisas locais e estímulos ao prosseguimento da formação profissional (Wquela geração, em outros Estados da Federação.

Nesse ambiente propício, a vocação participativa e polemista de Paulo, logo se manifestou. Ativista no Grêmio, cedo ocupou a Secretaria Geral da URES - União R io-branquense (depois roraim ense) de Estudantes Secundaristas e, nessa condição, já participou de Congressos da UBES - União Brasileira de Estudantes Secundaristas. Estava sempre presente onde

374

VM RESGA TE HISTÓRICO

havia o debate e o questionamento. Sua opção pela advocacia sempre se manifestou. Jamais pensou em outra atividade. Amava a advocacia. Foi um feliz exemplo da vocação realizada.

Concluído o ginásio em 62, escolheu Brasília para continuação dos estudos, quando Brasília ainda era uma promessa de cidade. Queria era estar no centro dos debates, onde fervilhavam os acontecimentos políticos. Lá, participou dos movimentos estudantis da época e concluiu seu almejado curso de Direito. Ingressou no serviço público, no Ministério das Comunicações, atuou no Fórum e Tribunais Superiores, casou e teve os primeiros filhos.

Nessa sua fòse de Brasília nunca deixou de manter contatos com Roraima. Lá e cá foi causídico de muitos roraimenses. Nas campanhas eleitorais vinha com Êequência assessorar candidatos, o que lhe custou perseguições e processos, como o que lhe moveu o ex-govemador Ramos Pereira, após as manobras que promoveu para lhe tirar o emprego no Ministério das Comunicações. Foram cerca de dez anos de atuação profissional em Brasília.

Em 1980, quando assumi a Coordenação Fundiária do Incra, a convite do governador Ottomar Pinto, com a missão de tirar aquele óigão do marasmo e distribuir os primeiros Títulos Definitivos de Terra em Roraima, consegui convencer o meu amigo Paulo a me ajudar nessa tarefa, ocupando uma vaga de advogado na Comissão Técnica e, em consequência, se restabelecendo em Boa Vista. Por esse ângulo, sinto remorso pela tragédia do dia 20, fui responsável pelo seu retomo.

Nosso trabalho foi um dos melhores exemplos de êxito administrativo e competência técnica de que se tem noticia em Roraima. Em um ano e meio a equipe distribuiu mais de dois mil títulos de terra, tomando o órgão uma instituição respeitável e séria, gerando, posteriormente, as costumeiras cíumeiras, decorrentes de inveja do trabalho alheio, o que nos motivou o afastamento. Com nosso exemplo, ajudamos a sedimentar a convicção de que a solução dos nossos problemas está em nós, quando tratados com obstinação, competência e seriedade.

De 1980 para cá a atuação pública de Paulo Coelho se tomou evidente para todos que aqui residem, principalmente naquilo que ele mais gostava de atuar: a defesa da sociedade.

Destemido e polêmico, quem não se lembra da sua atuação na apuração do assassinato do jornalista João Alencar? Foi o grande baluarte daquele rumoroso caso. Lembro-me, quando juntos fazíamos o programa Tribuna Livre, na Rádio Equatorial, do seu desempenho corajoso e emocionado, pedindo justiça e lisura no processo. Combativo, levantou provas, acompanhou testem unhas, impugnou teses dissuasivas e não descurou dos procedimentos processuais.

Paulo foi um advogado de muitas causas mas, príncipalmente, foi o advogado da sociedade. Temido, porque era sempre uma referência contra as trampolinagens. Atuante, estava presente em todas as questões que exigissem elucidações e transparências. Despojado, não tinha ambições materiais desmedidas e nem apego a cargos.

375

OAB RORAIMA

Seus adversários bem conheciam sua têmpera. Paulo gostava de brigar a boa briga, na sua arena predileta, o Tribunal, onde agigantava-se como um verdadeiro espadachim da lei. Eis porque, difícil enffentá-lo com as armas da razão, preferiram abatê-lo com as armas da traição.

O brutal e súbito assassinato de Paulo deixa um vazio irreparável em todos nós. Levará tempos para nos acostumarmos com a sua ausência. Acho mesmo que quem foi assassinada foi a nossa sociedade. Paulo é do tipo que faz falta. Uma parte de cada um de nós foi assassinada. Justiça é o que se clama. Quem fará, nesse processo, o papel de Paulo? Paulo é do tipo que já está fazendo falta nesse processo.

Quando eu escrevia artigos para o jornal Folha de Roraima, eu assinava J. Liberate. Um dia Paulo me chama e diz: Zeca, não assina J., escreve o teu nome, é preciso que as pessoas identifiquem melhor o autor dos artigos. Hoje, em homenagem ao meu amigo Paulo Coelho Pereira, de quem me considerava seu melhor amigo, assino esta crônica de saudade como ele queria: Zeca Liberate.^

Inquérito da Polícia FederalDiante da missão estabelecida pelo procurador-geral da República, a

Polícia Federal não perdeu tempo. No dia 30 de maio, três meses e 10 dias após o assassinato de Paulo Coelho, o delegado da Polícia Federal, José Sidney Veras Lemos, entregava ao juiz o relatório do Inquérito Policial.

Nele são indiciadas dez pessoas supostamente envolvidas no assassinato do advogado e conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho Pereira. Na página de rosto do relatório, estão grafados os seguintes nomes, na sequência aqui apresentada:

Luiz Gonzaga Batista Júnior Luiz Antônio Batista(Incidência penal: Art. 121, parágrafo 2®, inciso II e IV, c/c Art. 62, inciso I e III, c/c Alt. 288, todos do CPB)

Antonio Cosme da Silva Filho, “Sitonho”Sebastião Rodrigues Figueira, “Sabá”André Augusto de Oliveira Cardoso Agapto Lauro de Almeida Braz Gondim Lopes de Barros Júnior José Ricardo Cardoso, “Ouriçado”(Incidência penal: Art. 121, parágrafo 2®, inciso II e IV, c/c Art. 288 do CPB)

Ubiraci Viana Spínola Eliza Feitosa dos Santos (Incidência penal: Art. 342 do CPB)

376

UM RESGATE HISTÓRICO

No mencionado relatório, o delegado Sidney Lemos afirmou que no mesmo dia do assassinato de Paulo Coelho foi instaurado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de Roraima o “Inquérito Policial n°. 011/93-SSP/RR, para apuração do crime”.

No entanto, acrescentou:“Devido ao clamor generalizado pelo barbarismo do crime, o

Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República, requisitou a instauração de inquérito policial pela Divisão de Polícia Federal em Roraima, alicerçado no fato de a vítima ser conselheiro federal eleito”. ®

TVechos do Relatório da Polícia FederalA seguir apresentamos alguns trechos do relatório do Inquérito da

Polícia Federal encaminhado a Justiça. Nele é possível vislumbrar os motivos e os possíveis interessados na morte do “apóstolo dos direitos humanos”.

Após o homicídio, vários foram os motivos apontados para a morte do advogado Paulo Coelho Pereira. Os familiares apontavam a sua luta contra as arbitrariedades, torturas e atitudes dos ex-delegados Luiz Gonzaga Batista Júnior e Luiz Antônio Batista, quando à frente da Delegacia Geral de Crimes Contra o Patrimônio/SSP/RR - DGCCP.

Paulo Coelho Pereira colecionava recortes de jornais, tudo o que noticiava os desmandos daquelas pessoas, propugnando por apuratórios policiais ou mesmo administrativos disciplinares, inclusive a viúva apresentou cópias de sindicâncias feitas contra o delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior, junto às fls. 35 e 58.

Lutava contra a forma como eram investidos os policiais da DGCCP/ SSP/RR, através de cargos comissionados, sem o cuidado de seleção. Muitos deles com antecedentes criminais foram os responsáveis pela criação de cemitérios clandestinos e notabilizaram os locais de torturas e execução conhecidos por “Banho da Tieta” e “Sorriso do Lagarto”.

Paulo Coelho Pereira também não aceitava a forma como foi criado o Tribunal de Justiça de Roraima, contestando a investidura dos desembargadores Luiz Gonzaga Batista Rodrigues e Elair de Morais. Afirmava inclusive que essa seria a sua plataforma de atuação, pois eleito conselheiro federal da OAB/RR teria mais força para lutar contra aquelas irregularidades.

Investigando o assassinato por conta do presente Inquérito Policial, pessoas telefonavam anonimamente, compareciam até a Divisão de Polícia Federal, na condição de informar sem assinar testonunho, autoridades das mais variadas esferas apontavam os responsáveis por aquele crime, todos confiantes na isenção do apuratório levado a efeito por este órgão, a necessidade e a sede de justiça, mas todos, sem exceção, temendo ante o poder dos suspeitos.

Pelas pessoas contra quem Paulo Coelho Pereira lutava, e pelo fato dos

377

OAB RORAIMA

assassinos terem feito uso de uma Parati verde, posteriormente reconhecida como sendo do Tribunal de Justiça do Estado e que estava à disposição do desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, por todos eram apontadas a referida autoridade e as pessoas a ele ligadas.

Realmente, fica difícil dissociar desse contexto o desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, seus filhos, Marta Elizabeth Mattos Uchôa e demais pessoas a ele ligadas.

Do próprio Tribunal de Justiça do Estado veio o direcionamento de alguns de seus pares e as exonerações.

Promotor de Justiça no Estado do Ceará, ao chegar em Boa \^sta tomou- se advogado do então candidato ao governo do recém-criado Estado de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto. Foi alçado a desembargador no Tribunal de Justiça de Roraima, na vaga destinada ao quinto do Ministério Público do Distrito Federal.

Nomeação (feita por O ttom ar Pinto) contestada através de uma ação popular.

Com 0 desembargador vieram os seus filhos Luiz Gonzaga Batista Júnior, Luiz Antônio Batista e sua secretária Maria Elizabeth Mattos Uchôa.

Instalou-se assim no Estado um grupo dotado de força e poder desmedido, permitido, convenientemente, pelas autoridades do Estado, que faziam “vistas grossas” aos desmandos e arbitrariedades.

Houve um período anterior às eleições de 1992, que quem mandava em Boa Vista era um desembargador e um delegado de Polícia, ambos de investidura contestada pela falta de habilitação, habilidade e pela truculência.

Sob o manto protetor do pai, os filhos se revesavam no comando da DGCCP/SSP/RR, local para onde convergiam e sumiam bens de terceiros, constituindo-se uma Secretaria paralela não alcançada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Ali elementos despreparados e até com antecedentes criminais, munidos de uma carteira de policia e uma arma, tiravam seus sustentos, fazendo “ganhos”, extorquindo, tomando, já que nem todos tinham cargo comissionado de Agente de Polícia, consequentemente nem todos ganhavam dos cofres públicos.^

Na sequência do relatório foi citado o nome e os antecedentes de oito dos indiciados no envolvimento do homicídio de Paulo Coelho, para concluir:

Esse grupo veio juntar-se com mais uma meia dúzia de “guaxebas” com iguais qualidades, mas que está esfacelado graças a decisão da Justiça Federal em deferir o pedido de prisão preventiva de alguns deles.

Essa decisão foi de fundamental importância para o apuratório, vez que demonstrou no cidadão comum, à sociedade de um modo geral que não são tão poderosos quanto pareciam, e não foi necessária a violência, a truculência, armas por eles utilizadas, mas a simples e séria aplicação da lei.

Com isso, a prova passou a fluir com mais facilidade, pessoas compareciam para serem ouvidas, menos temerosas, apesar do “jus espemiandi”

378

VM RESGATE HISTÓRICO

dos suspeitos na tentativa de voltar a situação anterior através de um sem número de “artifícios” jurídicos.

Foi na DGCCP/SSP/RR que consolidaram os desmandos, arbitrariedades, maus tratos, torturas e até sumiço de pessoas. O “Banho da Tieta” e o “Sorriso do Lagarto”, passaram a ser palco das práticas desses crimes, além da descoberta de cemitérios clandestinos de onde eram tirados, de covas rasas, corpos e mais corpos mutilados e quase sempre não identificados.

Apesar desses macabros achados, nenhum apuratório instaurado pela SSP/RR apontou os verdadeiros culpados. Mas toda população sabia que os responsáveis estavam naquela delegacia.

Tal o “Caso Severino” e agora o “Caso Paulo Coelho” toda a sociedade, ainda que veladamente, apontava os responsáveis, mas a autoridade apesar de ver, como a avestruz, enterrava a “cara” para não enxergar.

Esse grupo, conforme afírmou-se, tinha como principal reduto a DGCCP/SSP/RR e tal qual um monstro feroz e de forças desmedidas, com tentáculos no Fórum e Tribunal de Justiça de Roraima.

Bastava ver a quantidade de “guaxebas” munidos de armamento pesado, como espingarda calibre 12 de cano cerrado, metralhadora, revólveres e pistolas à vista (...) que amontoavam-se na entrada, nos corredores e no gabinete do desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, numa autêntica demonstração de força e desrespeito ao cidadão comum e pacato.^

E o relatório do inquérito continuou por 28 páginas enumerando evidências e circunstâncias da participação dos indiciados no crime que abalou a população boa-vistense e o povo roraimense no dia 20 de fevereiro de 1993.

Homenagem a Paulo CoelhoNuma homenagem póstuma ao advogado e conselheiro federal da

OAB, Paulo Coelho Pereira, o professor e escritor Luiz Aimberê também escreveu um artigo falando do amigo que partiu.

PAULO COELHO, MEU AMIGO

Nos idos de 1958, quando Boa V^sta era uma pacata cidade esquecida no extremo norte do Brasil, fíz o “exame de admissão” para entrar para o Ginásio Euclides da Cunha. Ao meu lado estava um garoto com que fíz amizade a ponto de nos tomarmos companheiros e amigos inseparáveis. Entramos juntos no ginásio e dele juntos saímos em 1963. Durante nossa vida estudantil ginasiana participamos ativamente da política estudantil do Grêmio, da Ures e até da representação de classe, fundamos um jornal denominado “O Estudantil”. Dele tenho a coleção completa guardada até hoje.

379

OAB RORAIMA

Quando terminamos o GEC, fui para o Rio de Janeiro e o meu amigo foi para Brasília. Mas quem ia de Boa \^sta para o Rio e em especial se fosse de FAB (DC-3) sempre dormia em Brasília e lá eu ficava hospedado numa espécie de Hotel de Trânsito do IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal) conseguido, de graça, pelo meu amigo em Brasília. Nas férias, em Roraima, junto com outros colegas fundamos a Uref (União Roraimense dos Estudantes em Férias). A Uref tinha um programa na Rádio Roraima e e u e o meu amigo éramos responsáveis por este programa.

Mais tarde, já formados, meu amigo ainda permaneceu alguns anos em Brasília. Esta permanência foi feita em função da dedicação do meu amigo à família. O apoio dele foi importante para que suas irmãs viessem cursar também a Universidade. Esse tempo eu passei em Manaus trabalhando na minha profissão, mas sempre encontrando-me com o amigo.

Depois nos reencontramos em Boa Vista. Casados, com família para criar, estreitamos mais ainda nossa amizade.

Paulo Coelho Pereira era meu amigo de fé, amigo de todas as horas, o advogado que não me cobrava nada por serviços prestados.

Na manhã seguinte ao seu bárbaro a^assinato, quando meu filho, na hora do café, deu-me a notícia da sua morte, tomei um choque muito grande. Fui imediatamente a sua casa, falei com D. Madalena, sua mãe e com Graça, sua mulher. Vi os seus últimos trabalhos ainda na máquina de escrever manual, vi a sua indumentária de advogado pendurada num cabide na sua sala de visitas. Vi em volta de D. Madalena, ^ n a s os amigos reais mais chegados. Não vi pessoas estranhas. Saí com a sensação de incredulidade. Para mim o Paulo não tinha morrido. Apesar dessa sensação, fui ao seu velório na OAB. Não acreditava que aquele corpo colocado dentro do ataúde, era do meu amigo Paulo.

Darci, minha esposa e vereadora, estava comigo. No dia do enterro, na hora da última despedida, quem eu vi de estranho foi apenas os dirigentes que a OAB nacional mandou devido o prestígio profissional que o Paulo tinha na advocacia brasileira. (Luiz Aimberê)’

A roda-víva da impunidadeQuando alguém de influência regional é assassinado, causa um

alvoroço na grande imprensa e nos bastidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O governador aperta o secretário de Segurança Pública, que aciona todo seu efetivo policial para solucionar o crime.

O fato ganha repercussão nacional, a mídia explora o caso até sua exaustão, e parece que tudo será resolvido de imediato.

Investigações são feitas, testemunhas de acusações e de defesas são ouvidas, pessoas indiciadas são presas, fotografadas e filmadas.

Mais notícias no rádio, na tevê, nos jornais e nos botequins. Discursos na Câmara Municipal, na Assembléia Legislativa e no

380

UM RESGATE HISTÓRICO

Congresso Nacional. Protestos em praças públicas, missa de sétimo dia, igreja lotada, mais choros, etc.

Aos poucos tudo cai no esquecimento.Essa é a marcha da impunidade.Foi assim no Caso Paulo Coelho até completar um ano.Foi assim até completar cinco anos.Assim até completar dez anos.

Cinco anos de impunidadeE 0 tempo passou.E ninguém foi punido pelo homicídio de Paulo Coelho. Denúncias, cobranças, pedidos, promessas. Protestos em todos os

níveis, em todos os lugares, mas nada acontecia.1.825 dias depois...

O assassinato do advogado Paulo Coelho Pereira completa hoje cinco anos. (...) Dois dos acusados de serem mandantes do crime, o ex-delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior e seu irmão Luiz Antonio Batista, foram despronunciados pelo Tribunal de Justiça do Estado, mas não estão livres de serem punidos pela Justiça. O processo continua se arrastando na Justiça.

O principal acusado de ser o executor do advogado chama-se José Ricardo Cardoso, conhecido por Ouriçado.

O advogado Paulo Coelho foi eleito conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na véspera de seu assassinato. Uma de suas frases no seu discurso está até hoje gravada: “Nunca andei armado. Minha arma são meus familiares”.

A família de Paulo Coelho empreendeu uma longa luta para que os acusados de sua morte fossem punidos. Nos bancos dos réus sentaram os acusados Antonio Cosme da Silva Filho, o Sitonho, Agapto Lauro de Almeida e Afonso Celso Pires Moreira. (Faltou citar: Braz Gondim Lopes de Barros Júnior)

Porém, eles foram absolvidos das acusações pelo Tribunal do Júri. O promotor de Justiça, Wanderley Godoy, recorreu interpondo um recurso de apelação criminal que ainda está pendente de decisão.'"

O prom otor de Justiça Wanderley Godoy foi assistido pelo “representante da Ordem dos Advogados do Brasil/Roraima, Wilson Précoma, e pelo presidente da OAB do Rio Grande do Sul, Renato da Costa Filgueiras, que representou o Conselho Federal da Ordem”."

Quanto ao julgamento, foi presidido pelo juiz titular da 1“ Vara Criminal, Leonardo Pache de Faria Cupello.

381

OAB RORAIMA

Wilson Précoma: um desabafoUma semana depois do julgamento e absolvição de quatro dos

acusados de envolvimento na morte do advogado Paulo Coelho, o advogado Wilson Ferreira Précoma, que tinha atuado como assistente da acusação, publicou um artigo fazendo críticas contundentes ao...

DIREITO DE TRANSIGIR PELA VIDA

A absolvição dos envolvidos na morte do advogado Paulo Coelho Pereira fez aflorar no seio da coletividade boa-vistense os sentimentos de indignação mesclados com o da certeza de impunidade, fundados na percepção psicossocial de que em casos como este - que envolvem pessoas economicamente privilegiadas - o aparelho policial é ineficiente, o Poder Judiciário toma-se extremamente moroso e todas as lacunas porventura existentes na lei são utilizadas para impedir ou retardar ao máximo a aplicação da pena.

A inoperância do Estado para fazer prevalecer o império da lei perante os economicamente fortes e politicamente privilegiados é flagrante e para asseverarmos- nos da positividade de tais afirmativas, basta-nos, tão-só, a simples constatação de que em nossas penitenciárias há, tão-somente, como clientela, os economicamente fracos e os politicamente desprestigiados, que são, na sua totalidade: os negros, os pobres, os analfabetos e outras minorias.

O nosso ordenamento jurídico foi concebido, e como tal está sendo mantido, para proteger os interesses e os privilégios da classe dominante. O parelho policial e a máquina judiciária estão estrategicamente colocados para aniquilar, de qualquer forma, qualquer ato que possa colocar em risco os interesses e os privilégios desta classe. E, por seu turno, o Ministério Público no cenário das lides penais se constitui em mero coadjuvante, acondicionado como está em uma camisa de força, fica à mercê de provas ungidas nos inquéritos policiais, que quase sempre são maquiadas ou divorciadas da realidade fática criminosa para não demonstrarem os indícios para apuração da verdade real.

Somando-se a este quadro estarrecedor encontramos, ainda, a irresponsabilidade institucional de grande parte dos advogados militantes, que voltados única e exclusivamente para obtenção de resultados pecuniários imediatos, transigem com os princípios norteadores do múnus público da advocacia, sujeitam-se aos caprichos de alguns magistrados - que em razão de seus cargos, julgam-se verdadeiros semideuses - , patrocinam feitos temerários e na totalidade das vezes, por fisiologismo, perfilham baterias em favor dos econom icam ente fortes e dos politicam ente privilegiados contra os desafortunados de toda ordem.

A chamada equidade jurídica, dita como existente entre os brasileiros, é meramente discursiva e eminentemente formal, distante anos-luz dos economicamente fracos e dos politicamente desprestigiados.

Tais assertivas são facilmente comprováveis no Brasil e, em particular.

382

VM RESGATE HISTÓRICO

em Roraima, em que nos últimos 15 anos presenciamos inúmeros homicídios perpetrados à semelhança ao que sucumbiu a vida do advogado Paulo Coelho Pereira, nos quais a pistolagem utilizada como meio de execução sumária e seus executores, mentores intelectuais e mandantes estão no desfrute do berço esplêndido, navegando em águas mansas e seguras, acobertados por uma legislação comprometida com a ideologia dominante que institucionalizou, extra muros do chamado “Estado Democrático Social de Direito”, a pena de morte aos homens de bem, que impedidos de exercerem ampla defesa e o contraditório, são sumariamente executados, por ousarem ultrapassar os limites estabelecidos pela classe dominante.

A inexistência de nossa Constituição Federal do instituto jurídico denominado pelos anglo-saxões como Plear Bargaining, “que consiste numa faculdade conferida pela lei ao Ministério Público, permitindo-lhe fazer acordo com os réus, transigir, desistir da ação penal e até mesmo conceder-lhes imunidade, para que confessem detalhes de crimes, apontem os mentores intelectuais, chefes, mandantes, planos e etc ”, (Antonio José Miguel Feu Rosa, in Direito Penal Concreto, pág. 147,1" edição, 1992, Editora ConsulexLtda.), tem contribuído e muito para a ocorrência de expressivo número de homicídios perpetrados por pistolagem patrocinados pelos economicamente fortes ou pelos politicamente privilegiados.

O exercício do Direito de Transigir ou de Transigência (Plear Bargaining) nos Estados Unidos e na Inglaterra tem sido de grande utilidade, no que se relaciona a descoberta das ações do chamado crime organizado. Lá o promotor de Justiça pode barganhar com um dos réus presos e garantir deixá-lo isento de pena, ou assegurar-lhe certas vantagens e concessões, em troca de revelações detalhadas que incriminem os mentores intelectuais ou os mandantes do crime apurado.

Se o nosso ordenamento jurídico albergasse o Plear Bargaining, permitindo ao Ministério Público transigir com os réus presos por pistolagem, com a máxima certeza não teriamos presenciado a execução sumária de João Alencar, Cera, Silvio Leite, Rogério Miranda, Paulo Coelho Pereira e Nestor Leal, e se com a vivência de tal instituto jurídico, mesmo assim, tivesse sido executados, teriamos, com a mesma certeza, no banco dos réus os artífices intelectuais e mandantes de seus holocaustos e não mais teriamos pairando no ar esta infame sensação de total estado de impunidade. (Wilson Précoma)'^

Contudo, essa história estava longe de chegar ao seu fim.A impunidade parece não ter fim.

Dez anos de impunidadeA apuração e punição dos envolvidos no assassinato do advogado

e conselheiro federal da OAB, Paulo Coelho Pereira, virou uma novela sem fim por mais de 3.650 dias.

383

OAB RORAIMA

A Justiça brasileira deliberou pelo adiamento do julgamento dos Irmãos Batista por cinco vezes. Uma protelação sem fim, movida a liminares, pilhas de processos, e outros recursos e retardos nos tribunais em Brasília.

O andamento do processo se arrastou de um século para outro. A ação penal com 26 volumes em 2003, contava com mais de 3 mil páginas. Interrogatórios, depoimentos de testemunhas, documentos, petições, despachos, fotografias, etc.

A matéria jornalística transcrita abaixo, publicada dez anos depois da morte do advogado Paulo Coelho, discorre sobre essa situação de descaso e indignação.

ASSASSINATO COMPLETA 10 ANOS HOJE

O assassinato do advogado Paulo Coelho Pereira completa dez anos hoje. O crime aconteceu no dia 20 de fevereiro de 1993, por volta de lh30 de um sábado, quando o advogado estava chegando em sua residência, no centro.

Conforme relatos da época, ao parar e descer do carro, em frente ao portão, ele foi surpreendido com três tiros disparados na sua cabeça. Até hoje o crime continua sem explicação e não há qualquer culpado preso e condenado.

Os irmãos Luiz Gonzaga Batista e Luiz Antônio Batista, conhecidos como Irmãos Batista, são os principais acusados de serem autores intelectuais do homicídio qualificado que vitimou o membro da Comissão dos Direitos Humanos da Seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Roraima e nomeado conselheiro federal da Ordem.

Embora um dos irmãos acusado, o Luiz Antônio Batista, esteja preso em Boa Vista e o outro, Luiz Gonzaga Batista Júnior, se encontrar foragido, o processo corre na Justiça há quase dez anos e o julgamento já marcado e remarcado por cinco vezes.

A última tentativa de protelar o julgamento foi frustrada esta semana pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que negou o habeas corpus aos Irmãos Batista. A decisão do STF confirmou a decisão da liminar, que também havia sido negada pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça).

O casoDepois de dois meses do assassinato de Paulo Coelho, os Irmãos

Batistas e o motorista do desembargador Luiz Gonzaga Batista (pai dos acusados), Antônio Cosme da Silva Filho, o “Sitonho” , foram detidas por agentes da Polícia Federal, sob a acusação de envolvim ento no assassinato do advogado.

O ex-delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior foi preso em Aracati (CE). Dias depois, Júnior foi transferido para o Instituto José Frota, em Fortaleza,

384

VM RESGATE HISTÓRICO

para tratamento médico, alegando insuficiência renal. O irmão Luiz Antônio Batista foi transferido da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, para o Comando Geral da Polícia Militar.

Dias depois transferidos para o Ceará por determ inação^ des^bargador Jurandir Pascoal, que na época estava em exavício na Presidência do Tribunal de Justiça, ^ s a transferência causou indignação na sociedade roraimense.

Atualmente, Luiz Gonzaga é vereador da cidade de Aracati. O irmão, Luiz Antônio, é subprocurador jurídico na mesma cidade. Portanto, pessoas influentes no Ceará.

Luiz Gonzaga era diretor da Central de Operações Policias da Secretaria de Segurança Pública de Roraima, nomeado pelo governador da época, Ottomar Pinto, que só o exonerou do cargo em 9 de março de 1993, ou seja, 19 dias após 0 assassinato e sob uma avalanche de denúncias o acusando de ser o principal responsável pela morte de Paulo Coelho.

Já Luiz Antônio Batista era assessor do pai, o desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, magistrado nomeado no Tribunal de Justiça de Roraima também pelo então governador Ottomar Pinto.

MotivoO motivo do crime teria sido a nomeação do Gonzagão - como era

conhecido o pai dos Irmãos Batista - que estava sendo questionado por Paulo Coelho, que prometeu em seu discurso de posse como conselheiro federal da OAB denunciar a irregularidade em Brasília.

Nessa época, em 1993, o então delegado Luiz Gonzaga Batista Júnior era considerado um policial truculento e com poderes plenos na Polícia Civil. Tendo sido acusado várias vezes de tortura.'^

O julgamento dos Irmãos BatistaOs Irmãos Batista, enfim, foram levados a julgamento em 2003.Quando o advogado A ntonio O neildo Ferreira assum iu a

Presidência da OAB Roraima, no final de 2001, recebeu a visita da família de Paulo Coelho - irmãos, esposa e filhos. Eles pediram novo empenho da Ordem dos Advogados no sentido de levar os assassinos do advogado ao banco dos réus. Oneildo prometeu que lutaria diutumamente para fazer justiça. E cumpriu sua promessa.

Em 2003 caiu por terra uma década de impunidade. Foi devolvido à sociedade roraimense um fio de esperança na Justiça.

Luiz Antônio Batista foi levado a julgamento no dia 15 de abril e condenado pelo Tribunal de Júri Popular “a 15 anos de prisão em regime fechado, mas terá o direito de recorrer em liberdade”.*'*

Reproduzimos na íntegra a Sentença*^ decretada pelo juiz de Direito Leonardo Pache de Faria Cupello ao réu Luiz Antônio Batista:

385

OAB RORAIMA

ESTADO DE RORAIMA PODER JUDICIÁRIO

COMARCA DE BOA VISTA r VARA CRIMINAL TRIBUNAL DE JÚRI

SENTENÇA

Vastos, etc...LUIZ ANTÔNIO BATISTA, devidamente qualificado nos autos, foi

denunciado pela prática do previsto no art. 121, parágrafo 2®, incisos I (mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe) e IV (recurso que dificulte ou tome impossível a defesa do ofendido), c/c o art. 288, parágrafo único, na forma dos arts. 69 e 29, com as agravantes dos arts. 61, inciso II, letra “g” e 62, inciso I, todos do Código Penal Brasileiro, e pronunciado como incurso nas penas do art. 121, parágrafo 2®, incisos I (mediante paga) e IV (mediante recurso que impossibilitou a defesa do ofendido), do mesmo Diploma Legal.

Ao acusado supracitado foi imputado o fato de ter promovido, oiganizado, ajustado e concorrido para que terceira pessoa desferisse tiros de revólver contra a vítima PAULO COELHO PEREIRA, produzindo-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame Cadavérico de fis. 139/160, fato este ocorrido no dia 20 de fevereiro de 1993, por volta de 01 hora, na rua Coronel Pinto n®. 381, no portão da residência da vítima, nesta Capital.

Relatados em Plenário.Submetido a julgamento, o Egrégio Tribunal do Júri passou a decidir,

conforme a seguir se delinea: por unanimidade (7x0), admitiu que terceira pessoa desferiu tiros de revólver contra a vítima PAULO COELHO PEREIRA, produzindo-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame Cadavérico de fls. 139/ 160, bem como admitiu, por unanimidade (7x0), que essas lesões deram causa à morte da vítima.

Demais disso, o ínsigne Corpo de Jurados admitiu, por maioria (6x1), que 0 acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA ajustou a prática do crime, concorrendo, dessa forma, para a sua consumação.

Ademais, por maioria (6x1), o preclaro Conselho de Sentença admitiu que 0 crime foi cometido mediante paga pelo acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA, ou seja, mediante o pagamento de Cr$ 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros) à terceira pessoa para a execução do crime.

Em seguida, os Excelentíssimos Senhores Jurados admitiram, por unanim idade (7x0), que o crim e foi praticado m ediante recurso que impossibilitou a defesa do ofendido, vez que a vítima estava chegando em casa, desarmada, quando foi surpreendida pelos tiros deferidos, não podendo esboçar qualquer defesa.

386

UM RESGATE HISTÓRICO

Em continuação, o Conselho de Jurados admitiu, por maioria (6x1), que o acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA promoveu e organizou a atividade criminosa de terceira pessoa.

Outrossim, o Excelso Conselho de Jurados negou, por maioria (5x2), que existe circunstância atenuante em favor do acusado.

Assim sendo, o colendo Corpo de Jurados decidiu que o acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA praticou o delito previsto no art. 121, parágrafo 2®, incisos I (m ediante paga) e IV (m ediante recurso que impossibilitou a defesa do ofendido), c/c o art. 62, inciso I (promoveu e organizou a atividade criminosa), combinados ainda com o art. 29, todos do Código Penal Brasileiro.

Ex Positis, passo a dosar a pena referente à condenação do acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA, à vista dos elementos de individualização da pena previstos no art. 59 do Código Penal:

A culpabilidade restou cominovada, sendo a conduta do acusado altamente reprovável; não há registros de antecedentes criminais; os motivos do crime não favorecem o acusado; as circunstâncias do fato também não o fitvorecem. Dessa forma, fixo a pena-base em (doze) anos de reclusão.

Em virtude de ter sido admitida uma circunstância agravante em desfavor do acusado, qual seja, promoveu e organizou a atividade criminosa (ex vi o art. 62, inciso I, do CP), agravo a sua pena em 03 (três) anos de reclusão e a fixo definitivamente em 15 (quinze) anos de reclusão, por não terem sido configuradas circunstâncias atenuantes, bem como causas de diminuição e de aumento de pena.

Em razão de tal deliberação, condeno o acusado LUIZ ANTÔNIO BATISTA a cumprir a sua pena integralmente em regime fechado, ex vi o parágrafo 1®, do art. 2®, da Lei n®. 8.072, de 25 de julho de 1990.

Condeno o réu ao pagamento das custas judiciais, ex lege.Após o trânsito em julgado desta decisão, expeça-se o Mandado de

Prisão em desfavor do acusado, bem como a sua Guia de Recolhimento e lance-se o nome do mesmo no Rol dos Culpados.

Dou a presente por publicada no Plenário do Egrégio Tribunal do Júri.Sala do Egrégio Tribunal do Júri, aos quinze dias do mês de abril do

ano de dois mil e três, 21h50min.

Leonardo Pache de Faria Cupello Ju iz de Direito T itular da 1* Vara Crim inal e

Presidente do Egrégio Tribunal do Jú ri Popular

No dia seguinte, o presidente da OAB Roraima informou ao Conselho Federal em Brasília, sobre o resultado do julgamento do primeiro dos Irmãos Batista a enfi-entar o Tribunal do Júri.

387

OAB RORAIMA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício n®. 093/03/GP Boa Vista (RR), 16 de abril de 2003.

Ilustre Presidente,Ao cumprimentá-lo, comunico a Vossa Excelência que um dos acusados

pelo assassinato do advogado e conselheiro federal Paulo Coelho, em Júri Popular, realizado no dia 15/04/2003, foi condenado a quinze (15) anos de reclusão, a serem cumpridos em regime integralmente fechado.

Informo ainda a Vossa Excelência, que esse resultado, em grande parte, deve-se ao esforço desta Seccional consistente em um conjunto de ações visando a realização do ju lgam ento e a condenação dos culpados. Empreendimento que tem contado com integral apoio de Vossa Excelência, bem como com a prestigiosa e decisiva participação da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos e Prerrogativas dos Advogados, nas pessoas dos advogados Paulo Séigio Leite Fernandes e Otávio Augusto Rossi Vieira.

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevado estima e distinta consideração.'*^

Atencíosamente,Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

AoExcelentíssimo SenhorDr. Rubens Approbate MachadoMD. Presidente do Conselho Federal da OABBrasília (DF)

Uma semana depois o presidente do Conselho Federal, Rubens Approbate Machado, comentava a notícia do julgamento e condenação do primeiro dos envolvidos no assassinato de Paulo Coelho Pereira.

Transcrevemos na íntegra suas palavras:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL CONSELHO FEDERAL

BRASÍLIA-DF

Ofício n®. 306/2003/GPR Brasília, 23 de abril de 2003.

Ilustre Presidente,Tenho a satisfação de acusar o recebimento do Ofício n®. 093/03/GP, de

16/04/2003, por meio do qual V. Ex*. comunica a esta entidade que um dos

38$

UM RESGATE BISTÓRICO

acusados pelo assassinato do advogado e conselheiro federal Paulo Coelho, em Júri Popular realizado no dia 15/04/2003, foi condenado a quinze (15) anos de reclusão, a serem cumpridos em regime integralmente fechado.

Cumpre-me, na qualidade de Presidente do Conselho Federal da OAB, cumprimentá-lo e aos eminentes membros honorários vitalícios d%sa Seccional, cabendo-me fazê-lo, igualmente, em relação aos combativos conselheiros seccionais que integram - e compunham, anteriormente - a prestigiosa OAB/ RR, pois o tão esperado resultado, agora obtido resulta de um conjunto de ações direcionadas para que o julgamento viesse a ser levado a efeito, numa parceria louvável que sempre reuniu essa Seccimial e este Colegiado, através dos dedicados ex-presidentes que me antecederam na honrosa tarefa de comandar os advogados brasileiros.

Muitos foram os criminalistas - e impõe-se tal registro - que, ao longo do tempo, emprestaram preciosa colaboração para que, afinal, o lamentável episódio que a todos enlutou viesse a ter seu ciclo encerrado, com o necessário julgmnento dos autores do assassinato do Dr. Paulo Coelho, pois a luta nesse sentido começou ainda no século passado, ao fnml dos anos oitenta.

A eles juntam-se, agora, as figuras maíúsculas dos advogados Paulo Séigio Leite Fernandes e Otávio Augusto Rossi Vieira, destacados membros da crm ^ten te Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas, deste Conselho federal que colocaram todo o talento e a combatividade que os cmacterizam a serviço da nossa entidade.

Louvando a atuação dos que se irmanaram na busca da Justiça, como é 0 caso, também, de V. Ex*., colho o ensejo para, com meus cumprimentos, reiterar ao nobre Presidente as expressões da mais elevada estima e distinta consideração.'^

Fratermdmeote,Rubens Approbate Machado

Presidente

AoExcelentíssimo SenhorDr. Antonio Oneildo FerreiraMD. Presidente da Seccional de RoraimaBoa Vista (RR)

Batísta Júnior no banco dos réusPor sua vez, Luiz Gonzaga Batista Júnior foi a julgamento no

dia 2 de setembro do mesmo ano, sendo condenado a 17 anos de reclusão em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade, por te r sido considerado réu com m aus an tecedentes. “Ele ficou desesperado e chorou ao ouvir a sentença” .**

389

OAB RORAIMA

A OAB/RR conseguiu 30 assentos para a classe dos advogados no auditório do Fóium Advogado Sobrd Pinto. E, como havia feito no julgamento anterior, o presidente da OAB Roraima, Antonio Oneildo, mandou ofício circular convidando e convocando todos os advogados inscritos na OAB/RR para assistirem o julgamento dos hmãos Batista.

Ao seguir transcrevemos o ofício encaminhado aos advogados 15 dias antes do julgamento do advogado Batista Júnior:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício Circular n®. 011/03/GP

Prezado(a) Advogado(a),

Boa Vista (RR), 18 de agosto de 2003.

Com meus cumprimentos, venho através deste convidar e convocar Vossa Excelência para se fazer presente no julgamento, em Júri Popular, do acusado Luiz Gonzaga Batista Júnior pelo assassinato do conselheiro federal advogado Paulo Coelho, que ocorrerá no dia 2 de setembro próximo a partir das 8 horas, no Auditório Advogado Sobral Pinto.

Informo ainda ao (a) colega que foram reservados 30 assentos para a classe. Contando com a presença de Vossa Excelência, aproveito a oportunidade

para renovar expressões de elevada estima e distinta consideração.

Atenciosamente,Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

Depois do julgamento, o presidente da OAB Roraima novamente enviou correspondência para os advogados, como também para outras autoridades, comunicando o resultado do Júri Popular. E a cada um, encaminhou uma cópia da sentença condenatória.

Eis o ofício circular enviado aos advogados após o julgamento:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício Circular n®.013/03/GP Boa Vista (RR), 4 de setembro de 2003.

Prezado (a) Advogado (a).

Ao cumprimentar Vossa Excelência, venho através deste informá-lo que Luiz Gonzaga Batista Júnior, acusado de ser o autor intelectual do

390

VM RESGATE mSTÓRlCO

assassinato do advogado e conselheiro federal Paulo Coelho, foi submetido a julgamento em Júri P(^ular realizado no dia 2 do corrente mês, tendo sido condenado a 17 (dezessete) anos de reclusão a serem cumpridos em regime fechado, conforme cópia da sentença condenatória em anexo.

Agradeço a Vossa Excelência pelo apoio e colaboração em todas as atividades desta Seccional voltadas para a realização do referido julgamento e a condenação dos acusados. Tomo extensivo à sua combativa postura de colaboração, no presente caso, a manifestação do Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho Federal, conforme cópia em anexo.

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevada estima e distinta consideração.^"

Atenciosamente,Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

A seguir reproduzimos também o conteúdo integral da Sentença decretada pelo juiz Leonardo Pache de Faria (Cupello ao réu Luiz Gonzaga Batista Júnior.^* Afinal, a população roraimense esperou durante dez anos por esse julgamento.

ESTADO DE RORAIMA PODER JUDICIÁRIO

COMARCA DE BOA VISTA r VARA CRIMINAL TRIBUNAL DE JÚRI

SENTENÇA

Vistos, etc...LUIZ GONZAGA BATISTA JÚNIOR, devidamente qualificado nos autos,

foi denunciado pela prática do previsto DO a it 121, parágrafo 2®, incisos 1 (mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe) e IV (recurso que dificulte ou tome impossível a defesa do ofendido), c/c o art 288, parágrafo único, na forma dos arts. 69 e 29, com as agravantes dos aits. 61, inciso n , letra “g” e 62, inciso I, todos do Código Penal Brasileiro, e pronunciado como incurso nas penas do a rt 121, par^rafo 2®, incisos I (mediante paga) e IV (mediante recurso que inqx)ssibilitou a defesa do o te lid o ), do mesmo Diploma Legal.

Ao acusado supracitado foi ín^utado o feto de ter concorrido para que terceira pessoa desferisse tiros de revólver contra a vítima PAULO COELHO PEREIRA, produzindo-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame Cadavérico de fls. 139/160, feto este ocorrido no dia 20 de fevereiro de 1993, por volta de 01 hora, na rua Coronel Pinto, n®. 381, no portão da residência da vitima, nesta Capital.

Relatados em Plenário.

391

OAB RORAIMA

Submetido a julgamento, o Egrégio Tribunal do Júri passou a decidir, conforme a seguir se delinea: por unanimidade (7x0), admitiu que terceira pessoa desferiu 04 (quatro) tiros de revólver contra a vítima PAULO COELHO PEREIRA, produzindo-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame Cadavérico de fls. 139/160, bem como admitiu, por unanimidade (7x0), que essas lesões deram causa à morte da vítima.

Demais disso, o insigne Coipo de Jurados admitiu, por maioria (4x3), que 0 acusado LUIZ GONZAGA BATISTA JÚNIOR ajustou a prática do crime, concorrendo, dessa forma, para a sua consumação.

Ademais, por maioria (4x3), o preclaro Conselho de Sentença admitiu que o crime foi cometido mediante paga, ou seja, mediante o pagamento de Cr$ 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros) à terceira pessoa para que esta executasse o crime.

Em seguida, os Excelentíssimos Senhores Jurados admitiram, por maioria (5x2), que o crime foi praticado mediante recurso que impossibilitou a defesa do ofendido, vez que a vítima estava chegando em casa, desarmada, quando foi surpreendida pelos tiros desferidos, não podendo esboçar qualquer defesa.

Em continuação, o Conselho de Jurados admitiu, por maioria (4x3), que o acusado LUIZ GONZAGA BATISTA JÚNIOR promoveu e organizou a atividade criminosa.

Outrossim, o excelso Conselho de Jurados negou, por maioria (4x3), que exista circunstância atenuante em favor do acusado.

Assim sendo, o colendo Corpo de Jurados decidiu que o acusado LUIZ GONZAGA BATISTA JÚNIOR praticou o delito previsto no art. 121, parágrafo 2®, incisos I (mediante paga) e IV (mediante recurso que impossibilitou a defesa do ofendido), c/c o art. 62, inciso I (promoveu e organizou a atividade criminosa), combinados ainda com o art. 29, todos do Código Penal Brasileiro.

Ex Positis, passo a dosar a pena referente à condenação supracitada, à vista dos elementos de individualização da pena previstos no art. 59 do Código Penal:

A culpabilidade restou comprovada, sendo a conduta do acusado altamente reprovável; os seus antecedentes são maculados; personalidade voltada para o crime; os motivos do crime não favorecem o acusado; as circunstâncias do fato também não o favorecem. Dessa forma, fixo a pena- base em 15 (quinze) anos de reclusão. O aumento de 03 (três) anos acima do mínimo legal, decorre dos péssimos antecedentes criminais do acusado, ex vi a certidão de fls. 4.355/4.356, bem como o oficio encaminhado pelo MM. Juiz de Direito Titular da 4* Vara Criminal (fls. 4.886).

Em virtude de ter sido admitida uma circunstância agravante em desfavor do acusado, qual seja, promoveu e organizou a atividade criminosa (ex vi o art. 62, inciso I, do CP), agravo a pena acima aplicada em 02 (dois) anos de reclusão e a fixo definitivamente em 17 (dezessete) anos de reclusão, por não terem sido configuradas circunstâncias atenuantes, bem como causas de diminuição e de aumento de pena.

Diante de tal deliberação, condeno o acusado LUIZ GONZAGA BATISTA

392

ÜMRMÍXMEaSSrÓMJCO

JÚNIOR a cumprir a sua pena tBteffabaaàt em regime fechado, ex vi o parágrafo r , do art 2®. da Lei n®. 8.072, de 25 dc julho de 1990.

Condeno o réu ao pagamento das custas judiciais, ex lege.Expeça-se o Mandado de Prisão em desfavor do acusado, tendo em

vista o mesmo não possui bons mítecedentes (vide a certidão de fls. 4355/ 4.356 e 0 oficio de fls. 4.88Q, o que é, aliás, um dos requisitos insertos no art. 594 do CPP. Além disso, o crime praticado pelo acusado é considerado hediondo, nos termos do art. 1®, inciso I, da Lei 8.072/90, o que lhe impede a concessão da liberdade, à luz dos parágrafo 2® do art. 2® da m esn» Lex.

Nesse sentido, o Egrégio Supremo Tribunal Federal assim já decidiu, conforme a seguir se delinea, in vebis:

“STF: ‘Direito de apelw em liberdade - Réu que não preenche os requisitos legais para a obtenção da benesse - Indeferimento da pretensão que não afronta o principio da não-culp^ilídade - Presunção constitucional que não desautorizou as diversas espécies de prisões processuais, que visam garantir o cumprimento da lei processual ou fazer vingar a ação peniU - Interpretação do art. 5®, LVII, da CF - Voto vencido. (...) A negativa do direito do réu de apelar em liberdade, por não preencher os requisitos legais para obtenção da benesse, não afronta o princípio da não-culpabilidade inscrito no art. 5®, LVII, da CF, pois tal presunção constitucionW não desautoriza as diversas espécies de prisões jnocessuais, que visam garantir o cumprimento da lei processual ou fazer vingar a ação penal* (RT 777/538)”

“STF: ‘Oart2®,par^rafo2®daLein®. 8.072/90, por exigir o recolhimento à prisão como pr^suposto de admissibilidade do recurso de apelação, não afronta o disposto no art. 3®, LVII, da CoiKtitoição Federal, à luz do qual as restrições à liberdade individual só se admite em caráter excepcional, sob motivação convincente do Juiz em sua sentença. A presunção de não-culpabilidade não se opõe aos artigos 393, 1, e 594 do CPP e ao art. 2®, da Lei n®. 8.072/90, que estabelecem a provisória posterior à sentença condenatória. Nos crimeshediondos ‘a regra - que é a proibição de apelar solto - só se afesta (o que é a exceção) por decisão fendamentada do juiz em sentido contrário* (HC o®. 69.667- RJ, rei. Min. Moreira Alves, DJU 26-2-93, p. 2.357), no mesmo sentido: HC n®. 70.634-PE, HC n®, 70.634-PE (DJU 24-6-94, p. 16.649, todos relatados pelo Ministro Francisco Rezek’ (JSTF 209/278-9)”.

Ainda nesse sentido, convém mencionar também a r. Decisão do E. Tribunal de Justiça do Estado de Roraima:

Habeas Qxpus com Pedido de Limmar n®. 010.03.000333-8 - Boa Vjsta/RR Impetrante: Vilmar Francisco Maciel Paciente: José Laerte Rodrigues

393

OAB RORAIMA

Autoridade Coatora; MM. Juiz Presidente do Conselho de Sentença de Justiça Militar da Comarca de Boa Vista/RR.

Relato: Exmo. Sr. Dês. Carlos Henriques

EMENTA-HABEASCC«PUS-AUDnDRIAMILnAR-CONCESSÂO DO BENEFÍaO PARA APELAR EM LIBERDADE - MAUS ANTECEDENTES - IMPOSSIBILIDADE (ART. 527 CPPM) - SÚMULA 09 STJ. EUEGALIDADE DA PRISÃO ANTERIOR À CONDENAÇÃO - OFENSA AO PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA - INOCORRÊNCIA REGIME PRISIONAL - CUMPRIMENTO NOS TERMOS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA - FISCALIZAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUIZ DA EXECUÇÃO - WRIT NÃO CONCEDIDO.

Desta forma, encaminhe-se o acusado para a Cadeia Pública Estadual, onde deverá ser recolhido à prisão especial, nos termos do art. 295, inciso VII e parágrafos, do CPP.

Após 0 trânsito em Julgado desta Decisão, expeça-se a Guia de Recolhimento do acusado e lance-se o nome do mesmo no Rol dos Cul|:mdos.

Dou a presente por publicada no Plenário do Egrégio Tribunal do Júri.Sala do Egrégio Tribunal do Júri, aos dois dias do mês de setembro do

ano de dois mil e três, às 18b45min.

Leonardo Pache de Faria Cupetto Juiz de Direito da 1* Vara Criminal e

Presidente do Egrégio Tribunal do Júri Popular

Como fez anteriormente, no dia seguinte ao julgamento e condenação de Luiz Gonzaga Batista Júnior, o presidente da OAB/RR enviou ofício ao Conselho Federal da OAB discorrendo sobre o fato.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DE RORAIMA

Ofício n®. 230/03/GP Boa Vista (RR), 3 de setembro de 2003.

Ilustre Presidente,

Ao cumprimentá-lo, comunico a Vossa Excelência que o último dos acusados pelo assassinato do advogado e conselheiro federal Paulo Coelho, em Júri Popular realizado no dia 2/09/03, foi condenado a dezessete (17) anos de reclusão, a serem cumpridos em regime integralmente fechado, e tendo sido recolhido de imediato à Cadeia Pública.

Informo ainda, a Vossa Excelência, que esse resultado, em grmide parte, deve-se ao esforço desta Seccional consistente em um conjunto de ações visando

394

UM RESGATE HISTÓRICO

a realização do julgamento e a condenação dos culpados. Empreendimento que tem contado com integal i o de Vossa Excelência, bem como com a prestigiosa e decisiva participação da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos e Prerrogativas dos Advogados, nas pessoas dos advogados Paulo Séigio Leite Fernandes e Otávio Augusto Rossi Vieira, e do conselheiro seccional Mimar Francisco Maciel, que teve atuação destacada na assistência de acusação, na condição de representante da OAB e da femília da vítima.

Sem mais para o momento, aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência expressões de elevada estima e distinta consideração.^^

Atenciosamente,Antonio Oneildo Ferreira

Presidente da OAB/RR

AoExcelentíssimo SenhorDr. Rubens Approbate MachadoMD. Presidente do Conselho Federal da OABBrasília (DF)

Poucos dias depois o presidente do Conselho Federal da OAB, Rubens Approbate Machado, enviou ofício a Seccional de Roraima, acusando o recebimento da correspondência e parabenizando o trabalho da equipe que atuou na acusação dos réus.

Abaixo, transcrição do documento na íntegra:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL COSELHO FEDERAL

BRASÍLIA-DF

Ofício n®. 783/03/GPR Brasília, 12 de setembro de 2003.

Ilustre Presidente,

Reporto-me ao Ofício n®. 230/03/GP, de 3/09/2003, por meio do qual V. Ex*. comunica que o último dos acusados pelo assassinato do advogado e conselheiro federal Paulo Coelho, em Júri Popular realizado no dia 2/09/2003, foi condenado a quinze anos (equívoco: dezessete anos) de reclusão, a serem cumpridos em regime integralmente fechado, e tendo sido recolhido de imediato à Cadeira Pública.

Agradecendo a V. Ex*. a fineza da comunicação, consigno, ainda, o penhor de meu reconhecimento pelas palavras com que se refere ao apoio desta Presidência e à decisiva participação da Comissão Nacional de Defesa dos

395

OAB RORAIMA

Direites e Prerrogativas dos Advogados, nas pessoas dos advogados Paulo Sérgio Leite Fernandes e Otávio Augusto Rossi Meíra, e do conselheiro seccional Mimar Francisco Maciel, que teve atuação destacada na assistência da acusação, na condição de representante da OAB e da família da vítima.

De se registrar que, para obter tal resultado, houve uma louvável conjugação de esforços, ao longo do tempo, não só da pmte de V. Ex*., como, também, de ex- presidentes e conselheiros dessa prestigiosa Seccional, e dos que antecederam no comando do Colegiado maior de nossa classe, pois tal parceria foi indispensável para que o arbítrio e a impunidade tivessem seus passos obstaculizados, com a exemplar punição dos mandantes de tão bárbaro crime.

Ao informar ao nobre Presidente que estou encaminhando cópia do seu ofício à mencionada Comissão, para conhecimento do teor do documento, colho o ensejo para, cumprimentando-o, reiterar-lhe as expressões da mais elevada estima e distinta consideração.^^

Fratemalmente,Rubens Approbate Machado

Presidente

AoExcelentíssimo SenhorDr. Antonio Oneildo FerreiraMD. Presidente da Seccional de RoraimaBoa Msta (RR)

Pistolagem & procrastinaçâoAo longo de dez anos a OAB Roraima e o Conselho Federal da

OAB, em Brasília, cobraram justiça no Caso Paulo Coelho.O Ministério Público Estadual e Federai também empenharam

exaustivamente para que se fizesse justiça, punindo a bandidagem.Entretanto, foram dez anos de espera. Muitos indiciados foram presos

e soltos. Novamente presos. Novammte soltos. Coisas da Justiça: impetração de mandado de segurança; pedido de habeas corpus; vencimento de prazos; erros na instrução dos processos; nova inteipretação da lei; decisão dos ministros do Stq>erior Tribunal de Justiça; decisão do Siq)remo Tribunal Federal. Até sumiço de processos aconteceu.

Assim foi no Caso Nestor Leal e no Caso Paulo Coelho. Assim no Caso Silvio Leite e no Caso João Alencar. Muitos artifícios jurídicos, muita morosidade, muita impunidade.

No Caso N estor Leal, o mais recente, várias pessoas foram condenadas. Fez-se justiça.

396

VM RESGATE HISTÓRICO

No Caso Paulo Coelho >enas os dois mandantes foram condenados.No Caso Silvio Leite somente um executor foi condenado.No Caso João Alencar ninguém foi punido.Todos os casos citados tiveram repercussão nacional.Imagine se não tivesse!Em todos eles OAB marcou presença. Fez denúncias, pediu

agilidade nos processos e apuração dos crimes. E deu no que deu.Isso nos dá uma dimensão da Justiça que temos e do estrago que a

certeza da impunidade vem causando no seio da sociedade brasileira.A imprensa nacional tem mostrado isso diariamente.

Rui Barbosa & O dever do advogadoDiante de crimes monstruosos como o de Paulo Coelho, João

Alencar, Silvio Leite, Nestor Leal, Ivanildo Saldanha, Angélica Pomin, que aconteceram com requinte de crueldade, sempre volta à tona no seio da sociedade o questionamento: como podem existir advogados que defendam e tentem inocentar criminosos dessa estirpe?

A Carta de Rui Barbosa a Evarísto de Morais, escrita no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1911, responde essa questão.

Quando se me impõe a solução de um caso jurídico ou moral, não me detenho em sondar a direção das correntes que me cercam: volto-me para dentro de mim mesmo, e dou livremente a minha opinião, agrade ou desagrade a minorias ou a maiorias. (...)

Ora, quando quer e como quer que se cometa um atentado, a ordem legal se manifesta necessariamente por duas exigências: a acusação e a defesa, das quais a segunda, por mais execrando que seja o delito, não é menos especial à satísfeção da moralidade pública do que a primeira. A defesa não quer o panegírico da culpa, ou do culpado. Sua função consiste em ser, ao lado do acusado, inocente ou criminoso, a voz dos seus direitos legais.

Se a enormidade da infração reveste caracteres tais que o sentimento geral recue horrorizado, ou se levante contra ela em violenta revolta, nem por isso essa voz deve emudecer. Voz do Direito no meio da paixão pública, tão suscetível de se demasiar, às vezes pela própria exaltação da sua nobreza, tem a missão sagrada, nesses casos, de não consentir que a indignação degenere em ferocidade e a expiação jurídica em extermínio cruel.

O furor dos partidos tem posto muitas vezes os seus adversários fora da lei. Mas, perante a humanidade, perante o cristianismo, perante os direitos dos povos civilizados, perante as normas frmdamentais do nosso regime ninguém, por mais bárbaros que sejam os seus atos, decai do abrigo da legalidade. Todos se acham sob a proteção das leis, que, p ^ os acusados, assenta na faculdade

397

OAB RORAIMA

absoluta de combaterem a acusação, articularem a defesa e exigirem a fidelidade à ordem processual. Esta incumbência, a tradição jurídica das mais antigas civilizações a reservou sempre ao ministério do advogado. A este, pois, releva honrá-lo, não só arrebatando à perseguição os inocentes, mas reivindicando, no julgamento dos criminosos, a lealdade às garantias legais, a equidade, a imparcialidade, a humanidade. (...)

Eis porque, seja quem for o acusado, e por mais horrenda que seja a acusação, o patrocínio do advogado, assim entendido e exercido desta forma, terá foros de meritório e se recomendará como útil à sociedade.^“

Um mártir da justiça^^E foi assim que terminou o roraimense Paulo Coelho Pereira.Ele era filho dos amazonenses, radicados em Roraima: Álvaro

Francisco Pereira (manauara) e Madalena Rodrigues Coelho (itacoatiarense). Seus pais tiveram cinco filhos: Alvarino, Alvanete, Alcy, Paulo e Madel. Na avaliação de Alvanete Pereira Torres e Silva (Dona Netinha), seu

irmão era um advogado combativo na defesa dos direitos humanos, servia as pessoas a qualquer hora, independentemente de ter dinheiro ou não.

— E morreu como um mártir da justiça— proclamou.

CASO PAULO COELHO Referências & Anotações

' Parabólica/Bom dia. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 3) Paulo Coelho foi enterrado com solenidade no Campo da Saudade. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 8) Presidente do TJ quer apuração total do assassinato de Paulo. Folha de Boa

Vista. Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 3)“ Conselheira federal da OAB vai acompanha investigações na SSP. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 8)* Zeca Liberate. O meu amigo Paulo Coelho Pereira. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 25/fevereiro/1993. (p. 2)*■ Relatório referente ao Inquérito Policial n®. 06/93-DPF.l/RR. Divisão de Polícia Federal em Roraima. Boa Msta, 30/maio/1993. (28 p.) Acervo da OAB/RR.’’ Idem.® Ibidem. Luiz Aimberê. Paulo Coelho, meu amigo. Diário de Roraima. Boa Vista, 22/

agosto/1993, (p. 5) Acervo do Laboratório de Análise Documental (LAD) do Departamento de História da UFRR.

398

UM RESGATE HISTÓRICO

Assassinato de Paulo Coelho completa hoje cinco anos. Brasil Norte. Boa Vista, 20/fevereiro/1998. (p. 28)" Caso Paulo Coelho: Réus são julgados e absolvidos. Roraima Hoje. Boa Vista, 12/maio/1997. (p. 14) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).

Wilson Ferreira Précoma. Direito de transigir pela vida. Roraima Hoje. Boa Vista, 19/maio/1997. (p. 14) Acervo da Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).

Assassinato completa 10 anos hoje. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 20/fevereiro/ 2003. (p. 12)

15 anos; Júri condena Luiz Antônio pela morte de Paulo Coelho. Folha de Boa Vista. Boa Vista, 16/abri1/2003. (p. 1)

Sentença. Poder Judiciário/Comarca de Boa Vista/l® Vara Criminal/Tribunal de Júri. Boa Vista, 15/abrÍI/2003. Arquivo da OAB/RR.

Ofício n®. 093/03/GP. Boa Vista, 16/abriV2003. Arquivo da OAB/RR.Ofício n®. 306/03/GPR. Brasília, 23/abril/2003. Arquivo da OAB/RR.Cyneida Correia. Batista Júnior é condenado a 17 anos. Folha de Boa Vista. Boa

Vista, 3/setembro/2003. (p. 12)Ofício n®. 011/03/GP- Boa Vista, 18/agosto/2003. Arquivo da OAB/RR.Ofício n®. 013/03/GP. Boa Vista, 4/setembro/2003. Arquivo da OAB/RR.Sentença. Poder Judiciário/Comarca de Boa Vista/l® Vara Criminal/Tribunal de

Júri. Boa Vista, 2/setembro/2003. Arquivo da OAB/RR.Ofício n®. 230/03/GP. Boa Vista, 3/setembro/2003. Arquivo da OAB/RR.Ofício n®. 783/03/GPR. Brasília, l2/setembro/2003. Arquivo da OAB/RR.Rui Barbosa. O dever do advogado & Posse de direitos pessoais. São Paulo:

Martin Claret, 2005. (pp. 33 a 36)^ Entrevista com Dona Netinha em sua residência. Boa Vista, agosto/2006.

Advogado Paulo Coelho Revista Jurídica do Advogado. Boa Vista, Ano 1, n“- 1,2003

399

10PERFIL DOS EX-PRESIDENTES

a :Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, foi Jmplantada no dia 26 de novembro de 1979. Portanto, em 26

de novembro de 2006 ela completou 27 anos de vida.Ao longo da sua existência a OAB/RR teve oito presidentes eleitos.

Inicialmente, alguns deles foram eleitos indiretamente, através do Conselho Seccional. Mais tarde, a partir da Lei n°. 8.906, de 4 de julho de 1994, todos foram eleitos mediante o voto direto.

A seguir traçamos um perfil, resumido, de cada um desses líderes da advocacia e defensores dos direitos humanos que ocuparam a Presidência da OAB Raraima, independentemente do tempo de duração do seu mandato.

Contudo, enfatizamos o nome de três advogados que sentaram na cadeira da Presidência da Ordem por mais de um mandato:

O eearense Hesmone Saraiva Grangeiro, um dos fundadores da Seccional de Roraima, foi presidente por seis mandatos.

O gaúcho Almiro José Mello Padilha, foi presidente por três vezes.O maranhense Antonio Oneildo Ferreira foi presidente por dois

mandatos dentro dos 27 anos de história da OAB Roraima, sendo reeleito no dia 24 de novembro de 2006, para o terceiro mandato.

Na sequência, divulgamos o perfil dos oitos ex-presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, na ordem cronológica.

10.1.HESMONE SARAIVA GRANGEIRO

'esmone Saraiva Grangeiro nasceu em Acopiara, no Ceará. .Foi um dos fundadores da Ordem dos Advogados do Brasil,

Seccional de Roraima, e também o primeiro presidente da entidade.Esteve presidente da OAB/RR por seis vezes, perfazendo mais de

dez anos de mandato. Além de presidente da Ordem, ele foi presidente da Comissão de Direitos Humanos por muitos anos e conselheiro federal da OAB por duas vezes - no biênio 1987/1989 e no triênio 1995/1997.

Fora isso Hesmone Grangeiro foi professor concursado da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

No dia 16 de ju lh o de 1993, ele renunciou ao cargo de Presidente da OAB/RR para se candidatar a deputado estadual, sem alcançar êxito no pleito.

Quase três anos depois, em 10 de maio de 1996, faleceu em Brasília, aos 58 anos, vítima de um ataque cardíaco. Deixou Maria Salete Aires Saraiva viúva e três filhas órfas: Catherine, Luciana e lane Aires Saraiva.

*****

Hesmone Grangeiro era aquariano, nascido em 7 de fevereiro de 1938. Concluiu a faculdade de Direito na Universidade Federal da Paraíba em

OAB RORAIMA

1971. No dia 4 de outubro de 1973, Hesmone desembarcou em Boa Vista como sargento do Exército Brasileiro transferido da Paraíba para Roraima.

No dia 28 de fevereiro de 1975, Hesmone Grangeiro pediu desligamento do Exército para se dedicar a advocacia como sua principal atividade profissional.

Foi considerado como um dos grandes defensores dos direitos humanos e da cidadania no Território Federal e, depois, no Estado de Roraima.

Para a viúva Salete Saraiva, seu marido era um homem muito cristalino e precavido. “Tudo que fazia gostava de documentar”, disse.

Segundo ela, como cidadão, ele era uma pessoa honesta, de muito caráter. “Criatura polêmica, gostava de desafio. Enfrentava tudo com muita determinação”, acrescentou.

Ela contou também que Hesmone Grangeiro era um profissional dedicado, estudioso, e um eterno apaixonado pela OAB Roraima.

Por outro lado, foi um pai extremado, mas muito exigente. “Hoje elas agradecem. Com a vida aprenderam a importância e o valor dos seus ensinamentos”, ponderou.

Depois de muita luta, no final do seu quinto mandato ele inaugurou a sede própria da OAB/RR, na avenida Ville Roy. Isso ocorreu no dia 22 de janeiro de 1993.

*****

Salete Saraiva declarou que Hesmone Grangeiro gostava de ler de tudo. Seu ídolo era Rui Barbosa, mas lia Nicolau Maquiavel, Humberto Campos, José de Alencar e outros.

Fazia grande investimento em livros e batalhou para que as filhas adquirissem o hábito da leitura. “Lia a bíblia e gostava muito de plantas e de pássaros”, comentou.

Para o diretor geral do jornal Folha de Boa Vista, Getúlio Cruz, 0 advogado Hesmone Grangeiro foi uma das pessoas mais corajosas que ele conheceu.

Por sua vez, a jornalista e diretora do Departamento Comercial da Folha, Paula Cruz, também falou de sua admiração por Hesmone. Lembrou que ele foi advogado do jornal durante dez anos e nunca perdeu uma causa. “Ele era um apaixonado pelo Direito e foi um excelente professor de Ética e Legislação”, acrescentou.

*****402

UM RESGATE HISTÓRICO

A sociedade roraimense prestou cinco homenagens póstumas ao advogado Hesmone Saraiva Grangeiro.

A primeira homenagem foi prestada pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Almiro Mello Padilha, que pôs o nome do auditório da Seccional de Roraima de “Hesmone Saraiva Grangeiro”.

A segunda foi feita pelo diretor da Editora Boa Vista, Getúlio Cruz, que também colocou o nome de Hesmone Grangeiro no auditório da empresa.

A terceira homenagem foi prestada pelo Departamento de Direito da Universidade Federal de Roraima, que pôs o nome do Núcleo de Práticas Jurídicas de “Sala Professor Hesmone Saraiva Grangeiro”.

A quarta foi feita pela Prefeitura de Boa Vista, na Administração Teresa Jucá, que construiu a Tribuna Popular “Hesmone Grangeiro”, na Praça do Centro Cívico, em frente à Assembléia Legislativa.

A quinta homenagem foi a mudança do nome da Travessa B, no bairro 31 de Março, para Rua Hesmone Saraiva Grangeiro. Projeto de lei do ex-vereador Otoniel Ferreira de Souza, para homenagear a rua da casa onde o advogado residiu por muitos anos.

403

10.2.

ZELITE ANDRADE CARNEIRO

^elíte Andrade Carneiro foi a segunda presidente da OAB/RR. /Ela é roraimense, nascida na região do rio Cotingo, em 24 de

março de 1949.Bacharel em Direito pela Universidade do Amazonas, foi defensora

pública em Roraima e em 2006 era desembargadora no Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia.

Uma mulher vencedora. Mas teve uma infância pobre na rua Alfredo Cruz, próximo à Praça da Bandeira, em Boa Vista. Mesmo assim ela tem boas recordações daqueles tempos. A família, reunida, sentava na frente da casa para contar histórias de mistérios.

O primeiro grau ela fez no Colégio Nossa Senhora da Consolata (o Colégio das Madres). O segundo grau cursou no Instituto de Educação.

Cursou Direito na Universidade Federal do Amazonas, morando na Casa dos Estudantes em Manaus, mantida pelo governo do Território Federal de Roraima. Colou grau no dia 22 de dezembro de 1976 e já em março de 1977 começou a advogar em Boa Vista.

Ingressou na carreira do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios em 2 de janeiro de 1980, como defensora pública. Vinte dias

VM RESGA TE HISTÓRICO

depois, passou a substituir o promotor de Justiça Titular, Luiz Ritler Brito de Lucena, que foi fazer um curso no Rio de Janeiro.

Foi presidente da OAB Roraima de 1® de fevereiro a 27 de julho de 1981, quando foi transferida para o Estado de Rondônia, em função do seu cargo de membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Ela rememorou: “Nossa maior preocupação, naquela época, era buscar uma fonte de arrecadação para sustentar a Seccional. Vivíamos tempos difíceis”.

*****Aos poucos Zelite Andrade transformou Porto Velho em seu porto

seguro. Cresceu profissionalmente e fez bons amigos.Mais do que advogada, sempre foi artista de muitos talentos.

Navega na pintura, na música e na literatura. Seu primeiro livro, “Canções do Silêncio”, foi editado em 1992.

Em dezembro de 2003, ela tomou posse na Academia de Letras de Rondônia.

Livros que ela recom enda aos am igos: As obras de Jorge Amado, Érico Veríssimo, Paulo Coelho. Gosta também de Hermann Hesse e A luísio Azevedo.

Quanto aos filmes, Zelite assistiu e gostou de Olga, Gulag, Ghost, Kramer x Kramer.

*****Para Zelite Andrade Carneiro o maior patrimônio do ser humano é

a sua integridade moral, independentemente do caigo que a pessoa exerça.Na sua avaliação, fora a guerra que acontece no Oriente, ela se

impressiona com a impotência do povo brasileiro ante o desvio de dinheiro público: os mensalões, os gafanhotos e os sanguessugas da vida.

Ainda com referência ao Brasil, ela disse que está perplexa com o crime organizado, fortalecido, que ri das autoridades, enquanto o povo sofre com a fome e com a falta de segurança, de saúde e de educação.

Ela entende que falta prioridade para com as políticas públicas.*****

405

OAB RORAIMA

Retrospectiva.Ao chegar em Rondônia, Zelite Andrade Carneiro trabalhou seis meses

em Ji-Paraná, onde exerceu o cargo de promotora de Justiça Substituta, vinculada ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

No início de 1982 foi transferida para a capital. Porto Velho, nomeada para o cargo de promotora de Justiça do quadro do Ministério Público Estadual.

No Ministério Público exerceu os cargos de corregedora geral no período de 1983/85; procuradora geral de Justiça do Estado de Rondônia no biênio 1993/95. Na sua administração foi criada e instalada a Fundação Escola Superior do Ministério Público.

No dia 2 de maio de 1997 tomou posse no cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia.

Foi corregedora geral da Justiça do Estado de Rondônia no biênio 2000/2001. Na ocasião foi eleita para o cargo de vice-presidente do Colégio Nacional de Corregedores.

Em seguida, Zelite Andrade foi vice-presidente e corregedora geral do Tribunal Regional Eleitoral no biênio 2002/2003.

Também foi presidente da Câm ara Criminal do Tribunal de Justiça no biênio 2004/2005. E, no mesmo período, presidente da Comissão do XVI e XVII Concursos de Ingresso na Carreira da M agistratura do Estado de Rondônia.

Em 2006 Z e lite e s ta v a na P re s id ê n c ia da C o m issão Perm anente de Im plem entação e Seleção de A tividade C ulturais do Poder Judiciário de R ondônia.

406

10.3.

PAULO BATISTA GOMES

T ^ au lo Batista Gomes é natural de Angicos, Rio Grande do Norte. Ele foi o segundo presidente da OAB/RR no biênio

1981/1983. Substituiu Zelite Andrade Carneiro.Paulo Batista nasceu no dia 18 de agosto de 1952. A família foi

para o Estado do Ceará em face da influência do avô Manoel Cesário Neto com o Padre Cícero. Paulo revela que “o nome Batista não é de família, mas uma relação com o Padre Cícero Romao Batista”.

Ele estudou as primeiras letras em Juazeiro do Norte com a mãe Maria de Lourdes Gomes e com a irmã Maria das Dores Gomes, que era professora.

Teve seis irmãos. Um deles, Paulo Gomes de Souza, é professor na Universidade Federal de Roraima.

Comentou que conservou alguns amigos da infância em Juazeiro do Norte, como José Lopes Calou, que se tomou militar músico, e Luiz Edilson dos Santos, que é médico.

Paulo Batista fez Direito na Universidade Federal do Ceará. Posteriormente fez Letras e Sociologia na Universidade de Brasília.

Ele disse que sua “vida de acadêmico foi traumática por causa do golpe

OAB RORAIMA

militar de 64, uma vez que era residente universitário, vivia no restaurante universitário e era músico dos botecos universitários de Fortaleza”.

Antes de fazer faculdade, estudou na Escola dos Franciscanos em Juazeiro do Norte e em Messejana/Fortaleza.

Mais tarde trabalhou muitos anos como educador. Foi professor do ensino fundamental, médio e universitário.

*****Paulo Batista Gomes morou durante 12 anos em Roraima. Metade

desse tempo ele passou em Boa Vista e a outra metade em Caracaraí.Tem duas filhas roraimenses: Lara Eugênia e Luiza Elena. Uma

em cada cidade. E um filho nascido em São Paulo: Paulo Engels.“Foi a época do comunista: Lara, Elena, Engels”, comentou.Em Brasília nasceu a filha Ana Paula.O advogado Paulo B atista esteve presidente da OAB/RR

p o r m ais de um ano. R en u n c io u ao se r tra n s fe r id o p ara o M inistério Público de B rasília.

Na sua gestão fundou o informativo “O Advogado”, e pôs duas edições em circulação. Tivemos acesso ao segundo número, lançado em junho de 1982, que faz parte do acervo cultural do advogado Nelson da Costa.

Uma iniciativa elogiável, principalm ente considerando as dificuldades enfrentadas pela OAB naquela época, no Território Federal de Roraima.

Atualmente ele trabalha na Promotoria Cível e de Órgãos e Sucessões de Brasília, no Distrito Federal.

*****Paulo Batista Gomes fala francês e espanhol.Gosta das obras de Machado de Assis e Fernando Pessoa.Recomenda aos amigos cinco filmes: Dr. Jivago, Central do Brasil,

Um estranho no ninho, Meninos não choram e Zuzu Angel.*****Para Paulo Batista Gomes, o maior patrimônio do ser humano é

composto de três virtudes: pobreza, humildade e honestidade.

408

10.4.

NELSON DA COSTA

NI'^elson da Costa é natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Ele foi o tereeiro presidente da Ordem dos Advogados do

Brasil, Seccional de Roraima, no biênio 1981/1983.Nelson da Costa foi eleito no início de outubro de 1982, pelo

Conselho Seccional, para substituir Paulo Batista Gomes, que por sua vez substituiu Zelite Andrade Carneiro.

Apesar de ter ficado apenas quatro meses a frente da OAB/RR, ele enfrentou um Território em turbulência com o assassinato do jornalista João Batista de Melo Alencar, no dia 2 de dezembro de 1982.

O crime do jornalista alcançou repercussão nacional e mobilizou a Ordem dos Advogados na busca da apuração e punição dos envolvidos. Para tanto Nelson designou dois conselheiros para acompanhar o inquérito: Luiz Rosalvo Fin e Paulo Coelho Pereira.

*****

Nelson da Costa nasceu em Santa Maria em 5 de janeiro de 1949 e lá viveu até 1976. Fez o primeiro, segundo e terceiro graus na sua cidade natal.

OAB RORAIMA

Terminou o curso de Direito na Universidade Federal de Santa Maria em 1975 e no dia 18 de agosto do ano seguinte desembarcava em Roraima para ficar. “Vim a serviço, gostei do povo e do lugar e voltei para morar” , conta.

Sim, a Universidade de Santa Maria tinha um campus avançado em Boa Vista e Nelson da Costa trabalhava com o reitor Mariano da Rocha, que também era membro do Conselho Federal de Educação.

Ele revelou que naquela época tinha vários amigos que moravam em Roraima. Vieram como alunos do Projeto Rondon e voltaram para trabalhar.

Entre esses velhos conhecidos ele citou o advogado Luiz Rosalvo Fin, a médica Odete Irene Domingues e o bioquímico Iguatemi Ziegler.

* * * * *

“Sempre advoguei”, informa Nelson da Costa.Em Boa Vista ele começou trabalhando com Rosalvo Fin. Depois

trabalhou no escritório de outros colegas de profissão.Posteriormente, foi assessor de vários órgãos como Legião

Brasileira de Assistência (LBA), Centrais Elétricas de Roraima (CER), Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), Companhia de Transportes Urbanos e Polícia Militar.

Nelson comentou também que ajudou o advogado Pedro Coelho Sobrinho a implantar a Secretaria de Interior e Justiça.

A partir de 1999 ele presta assessoria jurídica na Casa Militar, no Palácio Senador Helio Campos.

*****

Quando indagado sobre seu passatempo, Nelson da Costa respondeu enfático: “Ler, muita leitura. Gosto de viajar no campo das idéias!”

Para ele o maior patrimônio do ser humano é o conhecimento. Revelou que está sempre dizendo para seus filhos, “leia, leia e leia. Quando não tiver nada para ler, leia bula de remédio, prospecto de geladeira...”

Os livros que ele recomenda para leitura sao:Assim falou Zaratustra, de Friedrich N ietzsche; O homem

subterrâneo, de Fiódor Dostoiévski; Almas mortas, de Nikolai Gogol; O vermelho e o negro, de Stendhal; O muro, de Jean-Paul Sartre; O elogio

410

UM RESGA TE HIS TÓRICO

da loucura, de Erasmo de Roterdam; A imprensa livre, de Fausto WolíF; Vidas secas, de Graciliano Ramos.

Filmes que ele gostou e indica aos amigos: Assim caminha a humanidade (com James Dean), O professor aloprado (Jerry Lewis), Terra em transe (Glauber Rocha), Toda nudez será castigada (Nelson Rodrigues), O encouraçado de Potemkin (Sergei Eisenstein).

* * * * *

O fato que mais impressionou o advogado Nelson da Costa, ao longo de sua vida, foi o impeachment do presidente da República, Fernando Collor de Mello, em 1992.

“Ali o povo brasileiro exerceu a sua cidadania”, concluiu.

10.5.

WEDNER MOREIRA CAVALCANTE

T T Tedner Moreira Cavalcante é natural de Boa Vista (RR).V V Nasceu em 8 de abril de 1939. Foi criado na rua Araújo Filho, centro.

Começou a faculdade de Direito na Universidade Católica de Goiás e terminou no Centro de Ensino Unificado de Brasília. Concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais em dezembro de 1974.

Ele comentou que guarda muitas lembranças boas de sua terra natal. Mais especificamente, do Ginásio Euclides da Cunha e dos torneios de basquetebol, já que ele atuava nessa modalidade de esporte.

Tem saudades também dos familiares que aqui residem.“Advogo desde 1975. Adquirimos muita experiência como Oficial

de Justiça em Boa Vista, nomeação feita em 1960 pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek”, informou.

Depois Wedner foi Professor Titular da Universidade Católica de Brasília, delegado da Delegacia de Acidentes de Transito e chefe do Trânsito em Roraima.

E, posteriorm ente, assessor ju ríd ico de vários senadores,

UM RESGATE HISTÓRICO

principalmente junto ao Tribunal de Contas da União como também junto a Tribunais Regionais Eleitorais.

* * * * *

W edner M oreira Cavalcante foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, no biênio 1987/1989. E, simultaneamente, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos. Cargo que ele ocupou e tem orgulho de mencionar.

Nessa época ele criou a Escola Superior de Advocacia, através da Resolução n®. 01/87, que não chegou a ser implantada. Inclusive, a referida resolução chegou a ser publicada no jornal semanário 4 Gazeta, edição do dia 15 de setembro de 1987.

Logo que cumpriu seu mandato na Presidência da OAB Roraima, Wedner voltou para Brasília e lá reside até hoje.

Ele está aposentado do serviço público desde 1992. Mas disse que nunca parou de advogar. Esse é seu passatempo.

“Tenho um filho que é juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e uma nora que também é advogada, daí vem o meu entusiasmo pela advocacia. Viajo muito”, revelou.

O filme que Wedner Cavalcante assistiu, gostou e recomenda aos amigos é “Os dois filhos de Francisco” .

Os livros de sua preferência são; Preciso saber se estou indo bem! - uma história sobre a importância de dar e receber feedback, de Richard L. Williams; Budapeste, de Chico Buarque; O relatório da CIA - como será 0 mundo em 2020, de Heródoto Barbeiro.

*****

Que fato impressionou Wedner Moreira Cavalcante?Ele conta que em 1969 foi fazer um curso em Goiânia e gostou da

cidade. “Recebi muitos convites para permanecer, inclusive porque era jogador de basquete. Terminei mudando para Goiás”.

Na concepção de Wedner Cavalcante, o maior patrimônio do ser humano é a família e Deus. Sua maior virtude, o perdão.

10.6.

ALMIRO JOSÉ MELLO PADILHA

A!Imiro José M ello Padilha é natural do Rio G rande do .Sul. Era 6 de junho de 1960, quando nasceu Almiro

Padilha, no município de Júlio de Castilhos, onde passou a infância. Quanto a sua adolescência, foi vivida na cidade de Cruz Alta.

Padilha começou a trabalhar aos 14 anos. Primeiro, de balconista em pequenos supermercados, depois trabalhou como promotor de vendas. Mais tarde ingressou na área de enfermagem, onde prestou serviço até a conclusão da Faculdade de Direito.

Padilha começou a envolver-se com política estudantil já durante o ensino médio. E continuou sua militância no ensino superior. Foi presidente do Diretório do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da Unicruz (Universidade de Cruz Alta).

* * * * *

Assim que Almiro Padilha se diplomou em bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais abriu um escritório de advocacia em Cruz Alta, onde atuou por um ano.

Buscando melhores perspectivas de vida e um mercado de

UM RESGA TE HISTÓRICO

trabalho mais promissor, veio para Roraima. Chegou a Boa Vista em 1® de dezembro de 1990.

Inicialmente, Almiro Padilha trabalhou com o advogado Sivirino Pauli, também de Cruz Alta. A parceria durou mais ou menos um ano.

Depois abriu um pequeno escritório no prédio onde funcionava 3 Loja Perin, na avenida Ville Roy. “Vitor Perin me vendeu fiado uma mesa e uma cadeira.”

Dois anos mais tarde, ele se instalou no prédio do Chico das Verduras, na avenida Santos Dumont, em frente a Drogaria Tocantins.

Ao sair dali, Padilha montou um escritório, com uma banca de advogados, na avenida Nossa Senhora da Consolata. E ali ficou até seu ingresso na magistratura, quando tomou posse como desembargador no dia 10 de outubro de 2001.

Por lá passaram muitos dos seus colegas: José João, Alexandra Ladislau, Alexandre Dantas, Rodolfo Morais, Chaga Batista, entre outros.

*****

Almiro Mello Padilha foi presidente da OAB Roraima por três vezes. Ele assumiu pela prim eira vez em julho de 1994, quando substituiu Hesmone Grangeiro, que se afastou da Presidência para candidatar a deputado estadual.

No final desse mandato, pela primeira vez na história da OAB/RR ele foi eleito, numa chapa de consenso, como presidente do Conselho Seccional, pela segunda vez. Agora, numa eleição direta.

Em novembro de 2000, Padilha foi eleito presidente da OAB pela terceira vez. Contudo, em meados de 2001 ele se afastou da Presidência da Casa para concorrer ao cargo de desembargador no Tribunal de Justiça do Estado de Roraima.

As bandeiras de luta de Almiro Padilha a frente da OAB foram a realização de concursos públicos, principalm ente na Polícia Civil, o com bate a v io lência po licial, ao desrespeito à cidadania e a agressão aos direitos humanos.

Como mandatário na OAB viabilizou a construção do auditório da Casa do Advogado, que deu o nome de “Hesmone Saraiva Grangeiro”.

*****

O passatempo de Almiro Padilha é a leitura, um bom filme e futebol415

OAB RORAIMA

Padilha revelou que não é homem da noite. Para ele, a noite foi feita para dormir. Gosta do convívio da família e do bate-papo com os amigos.

Livros que recomenda aos amigos: O Príncipe, de Nicolau Maquiavel; Revolução dos Bichos, de George Orwell.

*****

Segundo Almiro Padilha, um dos fatos mais marcantes na sua vida aconteceu quando ele era conselheiro na OAB Roraima. Foi a prisão do motorista Severino Rufino em setembro de 1992.

Ao saber que o referido cidadão estava sendo torturado, uma comissão de advogados foi até a delegacia pôr aquela história a limpo. Chegando lá havia um cartaz: “Proibido entrada de advogados e da imprensa” .

Depois de muita negociação, representantes da OAB, com a presença do Ministério Público, conseguiu entrevistar o motorista.

Vendo seu estado de desespero, os advogados conseguiram uma liminar com o juiz Mauro Campello, e transferiu o preso das dependências dessa delegacia para a sede da Polícia Federal.

Poucos dias depois ficou provado que o motorista Severino Rufino havia sido preso injustamente. E foi liberado.

^

Na avaliação de Almiro Padilha, o maior patrimônio do ser humano é, sem dúvida, a moral. “Quando você tem m oral, tem ética e honestidade”.

416

10.7.EDNALDO DO NASCIMENTO SILVA

TldnE i a

' dnaldo do Nascimento Silva é nordestino, do Estado da Paraíba, ’onforme sua certidão de nascimento, ele é natural do município

de Areia, mas Ednaldo faz questão de frisar que nasceu em Remígio.Seus pais ainda moram na cidade de Remígio e Ednaldo do

Nascimento visita sua família e amigos uma a duas vezes por ano.Remígio é uma região de agreste, com economia de subsistência.

Cana de açúcar, engenhos, cultura de feijão, milho, criação de gado. Predomina pequenas propriedades.

O pai de Ednaldo, Manoel Ferreira da Silva, era comerciante, feirante. Vendia no varejo e no atacado em diversas cidades da região, como Remígio, Areia, Araras, etc. E foi daí que tirou o sustento para educar nove filhos.

Ednaldo do Nascimento, bacharel em Direito, conta que sua vocação para a advocacia é coisa que vem da infância. A aspiração, desde pequeno, era ser advogado para combater as injustiças praticadas pelos “coronéis” nos sertões da Paraíba, contra as pessoas humildes, do campo.

Ele fez o primeiro grau em Remígio, o segundo grau na Escola Agrícola de Bananeiras e a Faculdade de Ciência Jurídicas e Sociais em João Pessoa. Começou em Campina Grande e terminou em João Pessoa.

OAB RORAIMA

“Não me arrependo. É um grande curso. O ferece m uitas oportunidades. Além do mais é uma ciência humana, por excelência, que nos traz uma grande aprendizagem,” comentou.

Ele concluiu o Curso de Direito no final de 1985. No dia 25 de abril de 1986 desembarcava em Boa Vista em busca de trabalho.

*****

Desde os tempos de faculdade, Ednaldo mantinha uma certa fascinação pela Região Norte. Ele tinha amigos em Rondônia e em Roraima.

Ainda na Paraíba, decidiu ir para Rondônia, mas resolveu primeiro conhecer Roraima. Aqui fez amigos, aqui ficou e daqui não pretende sair.

Logo que chegou entrosou com Hesmone Grangeiro na OAB Roraima, entrou para a Comissão de Direitos Humanos, e foi fazendo dessa luta seu passatempo. E assim foi levando a vida.

Gosta de cuidar de seu jardim, de ler, passear nos sítios nos finais de semana, conversar com os amigos, trocar idéias.

Por falar em leitura, ele recomenda aos amigos: Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo; Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. E as obras de seu conterrâneo, José Américo de Almeida, autor de A bagaceira.

Também gosta dos poemas e poesias de Carlos Drummond de Andrade e Castro Alves, entre outros.

*****O fato que mais chocou o advogado Ednaldo do Nascimento Silva, ao

longo de sua vida, foi a ditadura militar, com todos os danos que ela causou.Ele considera como cidadão exemplar, todas as pessoas que lutam

por um País melhor, pela consolidação da democracia e pelo respeito dos direitos da pessoa humana.

Condecora como Cidadão N ota 10, seu pai, M anoel Ferreira da Silva. “Ele mal sabe assinar o nome, mas me ensinou a ser honesto, a ser ju s to ” .

*****Ednaldo do Nascimento foi presidente da Ordem dos Advogados

do Brasil, Seccional de Roraima, no triênio 1998/2000, porém participou da Comissão de Direitos Humanos durante vários anos e foi conselheiro federal da OAB no triênio 2001/2003.

418

UM RESGA TE HISTÓRICO

No comando da OAB Roraima, suas bandeiras de luta foram a defesa do estado democrático de direito, a defesa dos direitos humanos e a defesa das instituições públicas dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

“D estacam os nossa luta por uma Justiça mais ágil e pela institucionalização geral do Estado, através da realização de concursos públicos, para que todas as instituições fiquem livres do empreguismo, que tanto afeta a administração estadual”, acrescentou.

*****

O maior patrimônio do ser humano, na avaliação de Ednaldo do Nascimento, é a honestidade.

“Se você não engana, não mente, não tem dupla personalidade, você é verdadeiro. Você é uma pessoa que inspira confiança”, concluiu.

419

10.8.ANTONIO ONEILDO FERREIRA

A;ntonio O neildo Ferreira nasceu no dia 17 de outubro .de 1966 no povoado de M arajá , d is tr ito da Santa

Filom ena, m unicípio de Tuntum (M A). E lá passou sua infância, longe do burburinho da cidade grande.

Em Marajá a comunidade vivia da agricultura familiar. Tinha engenho, produção de rapadura, de açúcar, de cachaça. As condições para estudo eram precárias.

Assim, na passagem da infância para a adolescência, Antonio Oneildo mudou para Roraima. A partida aconteceu no dia 4 de julho de 1979. Quatro dias depois ele desembarcou em Boa Vista, na companhia da mãe e irmãos.

Seu pai era garimpeiro e já estava na região desde 1969.Antonio Oneildo chegou na capital roraimense aos 12 anos de

idade. Fez o Mobral de 1“ a 4® série na Escola Hildebrando Ferro Bittencourt, no bairro dos Estados. Estudou da 5® a 8“ série no ensino regular no Colégio 31 de Março, no bairro do mesmo nome.

Na sequência, para recuperar o tempo perdido, cursou o 2° grau no Ensino Supletivo, no bairro São Francisco.

*****

UM RESGATE HISTÓRICO

“Sou da família dos Ferreira e dos Mota. Nossa gente começou a vir pra cá em 1943. Atualmente temos poucos parentes no Maranhão. Roraima é nosso porto seguro”, comentou.

Em Boa Vista, Antonio Oneildo Ferreira começou a luta pela sobrevivência aos 15 anos. Trabalhou nas Casas Pernambucanas e depois na Casa Jaraguá, de propriedade do José Coelho, também maranhense.

Posteriormente ele foi para o quartel. Serviu na Base Aérea de Boa \4sta durante quatro ano, onde saiu como cabo.

Dono de uma memória e inteligência privilegiada, Oneildo assim que terminou o supletivo fez vestibular para História, na Universidade Federal de Roraim a. A provado, estudou um sem estre. Mas em dezembro de 1988 trancou a faculdade e foi para São Luís em busca do curso de Direito, inexistente em Roraima.

Fez um ano de cursinho e em 1990 ingressou na Universidade Federal do Maranhão. A sorte estava lançada. Enquanto fazia Direito na Federal ele dava aula de História e Literatura no cursinho pré-vestibular.

A nton io O neildo p a rtic ip o u de p ro je to s de ex tensão da Universidade Federal do Maranhão como bolsista do CNPq. Como militante na política estudantil tom ou-se presidente do Diretório Acadêmico de Direito e fez parte da diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade do Maranhão.

Fez estágio no Sindicato dos Bancários do M aranhão e no Ministério Público Federal, com o professor Nicolau Dino.

Antonio Oneildo concluiu o curso de Direito em quatro anos e meio. Retomou à Roraima em fevereiro de 1995 com o diploma na mão e muitas idéias na cabeça.

Em seguida fez a inscrição na OAB/RR e começou a militar como advogado. Inicialmente, dividiu o escritório com Luiz Fernando Menegais. Com experiência na área trabalhista, começou a advogar para sindicatos.

“Eu já tinha um projeto de advogar para sindicatos de trabalhadores e sindicatos cutistas”, revela. Trabalhou primeiro com o Sindicato dos Bancários, depois com o Sindicato dos Telefônicos (na época Telaíma e Embratel) e Sindicato dos Vigilantes e dos Comerciários. Mais tarde, com os sindicatos dos setores públicos.

421

OAB RORAIMA

Além disso, Oneildo ainda prestou assessoria a Central Única dos Trabalhadores (CUT) de forma esporádica. E trabalhou com alguns Sindicatos de Trabalhadores Rurais, também de forma esporádica.

Antonio Oneildo começou advogando só. Três anos depois, convidou o acadêmico Parima Dias Veras para estagiar no seu escritório. Depois foi a vez de José Ribamar Abreu dos Santos, que começou como estagiário e até hoje trabalha com ele.

Posteriormente, Oneildo teve mais dois estagiários. Lenir Rodrigues e Terezinha Muniz. Ele trabalhou também com Elceni Diogo da Silva.

*****

O passatempo de Antonio Oneildo Ferreira é o trabalho.“Quando eu não estou trabalhando, estou trabalhando”, afirmou.Contudo, ele gosta muito de cinema e de leitura. Já leu quilômetros

de páginas de livros. Literatura nacional e estrangeira.Ele recomenda aos amigos: Cem anos de solidão, de Gabriel

Garcia Marques; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; A m ulher de trin ta anos, de Honoré de Balzac; Os irm ãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski; Revolução dos bichos, de George Orwell; Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Na área jurídica, Antonio Oneildo considera básica para os bacharéis em Direito: Hermenêutica e aplicação do Direito, de Carlos Maximiliano; A essência da Constituição, de Ferdinand Lassalle e Introdução ao estudo de Direito, de Agostinho Ramalho Marques Neto.

Os filmes indicados por ele são: Sociedade dos poetas mortos. Tempo de despertar, Filadélfia, Amadeus (biografia de M ozart), Memórias do cárcere (prisão do escritor Graciliano Ramos).

*****De palavra em palavra, eis o homem.Para Antonio Oneildo Ferreira, o maior patrimônio do ser humano

é a postura, como aspecto ético, de referência.“Nossa existência é muito curta para ser estragada com coisas que

não contribui para o crescimento e a evolução da nossa espécie”, ponderou.Segundo ele, sua maior característica é a determinação e a paciência

422

UM RESGATE HISTÓRICO

para esperar que as coisas aconteçam. Ele disse que é preciso se esforçar para ter uma paciência histórica.

Na sua opinião, uma das saídas para o desenvolvimento de Roraima está no rompimento com o ciclo de corrupção e de clientelismo existente no Estado. E preciso motivar a sociedade a adotar uma postura mais construtiva e mais positiva, numa perspectiva de conseguir mudar a atual forma de pensar e fazer política social e econômica.

Antonio Oneildo argumentou:“Entendo que Roraim a como o Brasil precisa de reform as

estruturais de médio e longo prazo, na perspectiva de superar o analfabetismo e erradicar o expressivo contingente de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Os governos federal, estadual e municipal precisam implementar políticas públicas que visem a geração de emprego e renda de forma permanente, duradoura” .

423

11PALAVRAS FINAIS

T j is uma representação da história da OAB Roraima. Isso não éX-Aim conto de fada, é uma história real. Aprotagonista desta história,

a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, é uma entidade viva, pujante, ativa, dinâmica. Comandada por lideranças corajosas.

Contudo, como escreveu Tom az Tadeu da Silva, Identidade e diferença, “a identidade não é fixa, estável, coerente, unificada, permanente. A identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica, transcendental”.

Sim, compreendemos que ela, a identidade de uma pessoa, empresa ou entidade classista, tem relações com o poder e está em contínua construção e desconstrução. Nenhum organismo vivo é estático; até as pedras mudam de forma com a ação do vento, do sol e da chuva.

Oportunamente, lembramos o que disse Keith Jenkins em ^ história repensada: “Nenhum historiador consegue abarcar e assim recuperar a totalidade dos acontecimentos passados”. E nem historiador, somos.

Procuramos recontar os fatos, tendo como material de base o arqu ivo da im prensa lo ca l, a tas , co rre sp o n d ên c ias e outros documentos. Sem querer iludir o leitor de que tudo o que está escrito é totalmente verdadeiro. Sabemos que cada fato tem no mínimo duas versões: a do oprimido e a do opressor.

Além do mais, discordamos de Honoré de Balzac, quando disse que “para o jornalista, tudo o que é provável, é verdadeiro” . Ora, a imprensa não é inocente; mas, o leitor também não é burro. Quem lê, viaja nas entrelinhas.

Enfim, é muito complicado reinterpretar o passado. Principalmente, quando esse passado está próximo, e envolve pessoas vivas, investidas

UM RESGATE HISTÓRICO

de poder e muitas vezes de força bruta. Ninguém quer ser interpretado; a maioria das pessoas gostaria de ser aclamada, elogiada e idolatrada.

Escrever a biografia de uma pessoa é uma tarefa complexa, melindrosa. Muito mais difícil ainda é biografar uma entidade de classe, onde se reúnem muitas personalidades sedentas de reconhecimento e avessas à críticas.

A escritora Virginia Woolf tinha razão: “A arte da biografia é a mais restrita de todas as artes. O romancista é livre; o biógrafo está atado”.

E nem sabemos se podemos chamar esse livro de biografia. Mas seja ele ensaio biográfico, livro-reportagem, ou qualquer outra coisa, não importa. O que conta é que a OAB Roraima mostrou sua cara.

Não elaboramos esta obra, preocupados com convenções ou regras fixas. Optamos por uma linguagem simples, capítulos curtos, parágrafos telegráficos, para ajudar o leitor a assimilar o conteúdo.

Concordamos com Arthur Schopenhauer, ao falar sobre A arte de escrever: “E preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela” .

Sabemos que jornalistas e escritores são tão falíveis quanto os seus leitores. No entanto, todos nós merecemos nosso perdão de cada dia.

Parabéns ao Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, pela iniciativa deste projeto. Poucas seccionais conseguiram tal façanha.

Esperamos que esta obra possa servir de base para muitos trabalhos acadêmicos. Uma bússola para trabalhos de pesquisa de universitários, professores, jornalistas, advogados entre outros profissionais.

425

ABREVIATURAS & SIGLAS

ABI - Associação Brasileira de ImprensaADIN - Ação Direta de InconstitucionalidadeAMARR - Associação dos Magistrados de RoraimaCDDH - Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de RoraimaCDH - Comissão de Direitos Humanos da OABCEJURR - Centro de Estudos Jurídicos de RoraimaCF da OAB - Conselho Federal da Ordem dos Advogados do BrasilCIMI - Conselho Missionário IndígenaCNBB - Conferência Nacional dos Bispos do BrasilCNJ - Conselho Nacional de JustiçaCORREGEPOL - Corregedoria Geral da PolíciaCPI - Comissão Parlamentar de InquéritoCPT - Comissão Pastoral da TerraCTG - Centro de Tradições GaúchasCUT - Central Única dos TrabalhadoresDP - Distrito PolicialDPJ - Diário do Poder JudiciárioDPJI - Departamento de Polícia Judiciária do InteriorESA - Escola Superior de AdvocaciaFARES - Faculdade Roraimense de Ensino SuperiorFECEC - Fundação de Educação, Ciência e Cultura de RoraimaFHC - Fernando Henrique CardosoFUNAl - Fundação Nacional do índio

UM RESGA TE HISTÓRICO

HMI - Hospital Materno InfantillAB - Instituto dos Advogados BrasileirosIBA M A - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IML - Instituto Médico LegalIN C R A - Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgrárialOAB - Instituto da Ordem dos Advogados BrasileirosMEC - Ministério da EducaçãoMPE - Ministério Público EstadualMPF - Ministério Público FederalONG - Organização Não-GovemamentalONU - Organização das Nações UnidasP F -P o líc ia FederalSEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEGUP - Secretaria de Segurança PúblicaSINDIPOSTOS - Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo.SINDSEP-RR - Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de RoraimaSINJOPER - Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de RoraimaSINTER - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima SINTJURR - Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário, Poder Legislativo, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado de RoraimaSISCOM - Sistema de Informatização do Tribunal de Justiça de RoraimaSTJ - Superior Tribunal de JustiçaTJ/RR - Tribunal de Justiça de RoraimaTRE - Tribunal Regional EleitoralUFRR - Universidade Federal de RoraimaURES - União Roraimense de Estudantes Secundaristas

427

REFERENCIAS

AGUIAR, Fernando de (org.) Glossário. In: COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

AGUIAR, Roberto A. R. A crise da advocacia no Brasil: diagnóstico e perspectivas. 3 ed. São Paulo: Alfa-Omega, 1999.

ALMANAQUE ABRIL 2000: Brasil. São Paulo: Editora Abril, 2000.

BAETA, Hermann Assis (coord.), GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal & BESSONE, Tânia. História da Ordem dos Advogados do Brasil: o lAB e os advogados no Império, (vol. 1) Brasília: OAB Editora, 2003a.

BAETA, Hermann Assis (coord.) & BASTOS, Aurélio Wander. História da Ordem dos Advogados do Brasil: luta pela criação e resistências.(vol. 2) Brasília: OAB Editora, 2003b.

BAETA, Hermann Assis (coord.), GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal, BESSONE, Tânia Maria Tavares & MOTTA, Marly Silva da. História da Ordem dos Advogados do Brasil: o lOAB na primeira República, (vol. 3) Brasília: OAB Editora, 2003c.

BAETA, Hermann Assis (coord.), GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal & BESSONE, Tânia. História da Ordem dos Advogados do Brasil: criação, primeiros percursos e desafios (1930 -1945). (vol. 4) Brasília: OAB Editora, 2003d.

BALZAC, Honoré. Os jornalistas. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

BARBOSA, Júlio César Tadeu. O que é justiça. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1984. (Coleção: Primeiros Passos)

BARBOSA, Rui. Discursos no Instituto dos Advogados Brasileiros

UM RESGA TE HISTÓRICO

& Discurso no Colégio Anchieta. São Paulo: Martin Claret, 2004. (Coleção: A obra-prima de cada autor)

BARBOSA, Rui. O dever do advogado & Posse de direitos pessoais. São Paulo: Matin Claret, 2005. (Coleção: A obra-prima de cada autor)

BRAIT, Beth. Gonçalves Dias. São Paulo: Abril Educação, 1982. (Coleção: Literatura comentada)

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. 2® ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Editora do Senado Federal, 2000.

COSTA, Cristiane. Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil 1904-2004. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. 4® ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

FERNANDES, Paulo Sérgio Leite. Na defesa das prerrogativas do advogado. Brasília; OAB Editora, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 3® ed. São Paulo: Positivo, 2004.

FREITAS, Aimberê. Geografía e história de Roraima. Boa Vista: DLM, 2001.

HRYNIEWICZ, Severo. Latim para advogados. 2® ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

HUNTER, James C.. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. 4® ed. Rio de Janeiro; Sextante, 2004.

JENKINS, Keith. A história repensada. 2® ed. São Paulo; Contexto, 2004.KELLY, Matthew. O ritmo da vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 3® ed. Barueri, SP: Manole, 2004.

429

OAB RORAIMA

LOURENÇO FILHO, Manoel Bergstrom. A pedagogia de Rui Barbosa. 4“ ed. Brasília: Inep/MEC, 2001.

MAGALHÃES, Dorval de. Roraima: informações históricas. 3® ed. Rio de Janeiro: Banco de Roraima S.A., 1987.

MAIA, George Doyle. Biografia de uma faculdade: história e estórias da Faculdade de Medicina da Praia Vermelha. 2® ed. São Paulo: Editora Atheneu, 1996.

MAQUIAVEL, N icolau. O Príncipe (Com entado por Napoleão Bonaparte). São Paulo: Martin Claret, 2001. (Coleção: A obra-prima de cada autor)

M ARCO N I, M arina de A ndrade & LAKATOS, Eva M aria. Fundamentos de metodologia científica. 6® ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MEYRI, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. 5® ed. São Paulo: Loyola, 2004.

MONTENEGRO, Antonio Torres. História oral e memória: a cultura popular revisitada. 5® ed. São Paulo: Contexto, 2003.

NASCIMENTO, Terezinha A. Quaiotti Ribeiro do. Pedagogia liberal modernizadora: Rui Barbosa e os fundamentos da educação brasileira republicana. Campinas, SP: Autores Associados - FE/ Unicamp, 1997.

OMMATI, Fides Angélica de C.V. & MAROCLO, Luiz Carlos (orgs.).Estatuto da Advocacia e da OAB e legislação complementar. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2004.

OMMATI, Fides Angélica & Outros. Política de educação continuada para a advocacia. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2003.

ORDONEZ, Marlene & QUEVEDO, Júlio. História. São Paulo: Ibep, (s.d.)

PADOVER, Saul K. A Constituição viva dos Estados Unidos: história, texto, retratos dos signatários. Tradução de A. Delia Nina. São Paulo: Ibrasa, 1964. (Clássicos da Democracia, vol. 28)

PAPA, Fernanda C., FACCIO, Liane, NADER, Lúcia & GOUVÊA, Carlos Portugal. Manual de mídia e direitos humanos. São Paulo:

430

UM RESGATE HISTÓRICO

Consórcio Universitário pelos Direitos Humanos & Fundação Friedrich Ebert, 2001.

PENA, Felipe. Teoria da biografia sem fim. Rio de Janeiro: Mauad, 2004.

ROHDEN, Huberto. Mahatma Gandhi: o apóstolo da não-violência. São Paulo: Martin Claret, 2005. (Coleção: A obra-prima de cada autor)

ROMÂO, César. Rota dos vencedores. 2® ed. São Paulo: ARX, 2004.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia de Letras, 1998.

SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2006. (Coleção L&PM Pocket, vol. 479)

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 15® ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.SILVA, Luís Cláudio de Jesus. O oficial de Justiça na prática: guia de atuação. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

SILVA, Tomaz Tadeu da (org), HALL, Stuart, WOODWARD, Kathryn.Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 3® ed.Petrópolis: Vozes, 2004. (Coleção: Educação Pós-Critica)

SOUZA, Herbert José de. (Betinho). Como se faz análise de conjuntura. 24® ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

TEIXEIRA, Nelson Carlos. O grande livro dos provérbios. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000.

VILAS BOAS, Sergio. Biografias & biógrafos: jornalismo sobre personagens. São Paulo: Summus, 2002.

VILAS BOAS, Sergio. Perfis: e como escrevê-los. São Paulo: Summus, 2003.

o AUTOR

J.V. M oraes nasceu em 9 de fevereiro de 1950 no sertão de Mato Grosso. Município de Guiratinga.

É graduado em C om unicação Social, com habilitação em Jornalism o. Começou faculdade na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (U nisinos), em São L eopoldo (R S), e term inou na Universidade do Amazonas, em Manaus.

Morou em vários Estados brasileiros trabalhando na redação de jornais diários, semanários, revistas e em assessorias de imprensa.

Ministrou aula para alunos de primeiro, segundo e terceiro graus durante quase dez anos.

Tem nove livros editados. Entre eles Os Bravos de Oixi^ publicado pela Editora Vozes em 1994 e traduzido para o italiano no ano seguinte com o título Gli Eroi di Oixi.

Há muitos anos mora em Boa Vista (RR), às margens do rio Branco.

Impressão e acabamento:

6 / 7/4 F I C A ®

P r i n t00 TAMANHO DOS SEUS OeSEJOS

(65) 3617-7600

Cuiabá - MT

• i f r ' iC

S t -

: w

f

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Roraima, foi criada no dia 5 de julho de 1977, contudo sua instalação somente ocorreu em 26 de novembro de 1979.

Durante 14 anos a OAB/RR funcionou numa sala do Fórum Advogado Sobral Pinto em Boa Vista. A sede própria, situada na avenida Ville Roy, bairro Aparecida, foi inaugurada no dia 22 de janeiro de 1993.

O corte da fita de inauguração foi feito pelo então presidente da Seccional de Roraima, Hesmone Saraiva Grangeiro, e pelo presidente da OAB Nacional, Marcello Lavenère Machado.

Este livro conta a saga da OAB Roraima, nos seus 27 anos de existência (1979 - 2006), através de pesquisas realizadas em livros, jornais, informativos, revistas, atas, relatórios, processos, ofícios, discursos, entre outros documentos.

Nesse período a Casa do Advogado teve 12 Conselhos Seccionais, que foram presididos por oito presidentes. São eles:

Hesmone Saraiva Grangeiro, Zelite Andrade Carneiro, Paulo Batista Gomes, Nelson da Costa, Wedner Moreira Cavalcante, Almiro José Mello Padilha, Ednaldo do Nascimento Silva e Antonio Oneildo Ferreira.

Para saber o que cada um deles fez em prol da justiça, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, e na defesa dos direitos e prerrogativas dos advogados, você vai ter que ler este livro...