Jornalismo audiovisual alternativo: um olhar semiótico sobre o minidocumentário Morri na Maré

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1 JORNALISMO AUDIOVISUAL ALTERNATIVO: um olhar semiótico sobre o minidocumentário Morri na MaréALTERNATIVE JOURNALISM IN AUDIOVISUAL: a semiotic look about the mini-documentary “Morri na Maré” 1 Kamila Bossato Fernandes 2 Resumo: Mudanças recentes nas práticas jornalísticas fizeram com que fossem inclusos, entre os produtores de informação, grupos independentes que atuam em clara posição contra-hegemônica em relação aos media tradicionais. Contudo, até que ponto o viés político assumido por essas produções joga luz sobre aspectos minimizados pelos meios tradicionais? Neste artigo, proponho uma reflexão sobre a atuação da Agência Pública, um meio de comunicação alternativo, a partir de uma análise sobre o minidocumentário Morri na Maré. Análise feita sob um olhar semiótico (LANDOWSKI, 1998, 2004, IASBECK, 2012). Percebe-se que a busca por se diferenciar do jornalismo tradicional não o exclui de tal produção. Por outro lado, ao dar voz e nome a pessoas que, nas reportagens tradicionais, aparecem normalmente como personagens secundários, o minidocumentário dá relevo ao sensível, numa busca por empatia e adesão. Palavras-Chave: Jornalismo alternativo. Documentário Audiovisual. Produção de sentido. Semiótica do sensível. Abstract: Recent changes in journalistic practices included, as information producers, independent groups operating in clear counter-hegemonic position against to the traditional media. However, whither does the political bias made by these productions focus on aspects minimized by traditional media? This paper offers a reflection on the performance of the Agência Pública, an alternative communication media, from an analysis of the mini-documentary “Morri Maré”. Analysis under a semiotic look (Landowski, 1998, 2004, IASBECK, 2012). It´s noticed that the search of the alternative media to differentiate its work from the traditional journalism does not exclude it of this production. On the other hand, by giving voice and name to people whom, in traditional stories, usually appears as minor characters, the mini-documentary gives relief to sensitive, in a search for empathy and adherence. Keywords: Alternative journalism. Audiovisual documentary. Meaning production. Sensitive semiotics. Introdução A disseminação de dispositivos tecnológicos que propiciam a captação e a difusão de imagens de maneira quase instantânea fez com que a ideia de que todos podem ser não só consumidores de informação, mas também produtores, fosse difundida com grande 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática 3 - Comunicação e Cidadania, do XIV Congresso Internacional IBERCOM, na Universidade de São Paulo, São Paulo, de 29 de março a 02 de abril de 2015. 2 Mestre em Sociologia, professora assistente do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, tutora do Programa de Educação Tutorial da Comunicação Social. Email: [email protected].

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JORNALISMO AUDIOVISUAL ALTERNATIVO: um olhar semiótico

sobre o minidocumentário “Morri na Maré”

ALTERNATIVE JOURNALISM IN AUDIOVISUAL: a semiotic look

about the mini-documentary “Morri na Maré”1

Kamila Bossato Fernandes2

Resumo: Mudanças recentes nas práticas jornalísticas fizeram com que fossem

inclusos, entre os produtores de informação, grupos independentes que atuam em

clara posição contra-hegemônica em relação aos media tradicionais. Contudo, até

que ponto o viés político assumido por essas produções joga luz sobre aspectos

minimizados pelos meios tradicionais? Neste artigo, proponho uma reflexão sobre

a atuação da Agência Pública, um meio de comunicação alternativo, a partir de

uma análise sobre o minidocumentário Morri na Maré. Análise feita sob um olhar

semiótico (LANDOWSKI, 1998, 2004, IASBECK, 2012). Percebe-se que a busca

por se diferenciar do jornalismo tradicional não o exclui de tal produção. Por outro

lado, ao dar voz e nome a pessoas que, nas reportagens tradicionais, aparecem

normalmente como personagens secundários, o minidocumentário dá relevo ao

sensível, numa busca por empatia e adesão.

Palavras-Chave: Jornalismo alternativo. Documentário Audiovisual. Produção

de sentido. Semiótica do sensível.

Abstract: Recent changes in journalistic practices included, as information

producers, independent groups operating in clear counter-hegemonic position

against to the traditional media. However, whither does the political bias made by

these productions focus on aspects minimized by traditional media? This paper

offers a reflection on the performance of the Agência Pública, an alternative

communication media, from an analysis of the mini-documentary “Morri Maré”.

Analysis under a semiotic look (Landowski, 1998, 2004, IASBECK, 2012). It´s

noticed that the search of the alternative media to differentiate its work from the

traditional journalism does not exclude it of this production. On the other hand, by

giving voice and name to people whom, in traditional stories, usually appears as

minor characters, the mini-documentary gives relief to sensitive, in a search for

empathy and adherence.

Keywords: Alternative journalism. Audiovisual documentary. Meaning

production. Sensitive semiotics.

Introdução

A disseminação de dispositivos tecnológicos que propiciam a captação e a difusão de

imagens de maneira quase instantânea fez com que a ideia de que todos podem ser não só

consumidores de informação, mas também produtores, fosse difundida com grande

1 Trabalho apresentado na Divisão Temática 3 - Comunicação e Cidadania, do XIV Congresso Internacional

IBERCOM, na Universidade de São Paulo, São Paulo, de 29 de março a 02 de abril de 2015. 2 Mestre em Sociologia, professora assistente do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, tutora

do Programa de Educação Tutorial da Comunicação Social. Email: [email protected].

2

intensidade nos últimos anos. Concepção possível a partir da visibilidade propiciada pelas

redes sociais – em especial Facebook e Twitter –, que permitem que usuários, a partir de sua

atuação virtual, passem a se constituir como fontes legitimadas de informação ou de opinião

por “seguidores” que decidem acompanhar e até mesmo compartilhar o que eles produzem.

Assim, a partir do uso de equipamentos móveis, como telefones celulares e tablets, com

câmeras de vídeo e acesso à internet banda larga, usuários passaram a se constituir como

novas fontes de notícias – as chamadas “mídias alternativas” –, com direito até mesmo a

transmissões em tempo real (ao vivo).

No Brasil, as mídias alternativas ganharam visibilidade durante as manifestações de junho

de 2013 no país, durante a realização dos jogos da Copa das Confederações da Fifa. Ao

mostrar esses protestos do ponto de vista de quem estava se manifestando, essas novas

mídias se contrapuseram diretamente aos meios tradicionais, que mostraram os

acontecimentos do alto de helicópteros, parcialmente e classificando os participantes entre

“pacíficos” e “ordeiros” contra os “vândalos” e “mascarados”. Enquanto câmeras trêmulas,

entre os manifestantes, mostravam a desproporcional ação policial, com bombas de efeito

moral e balas de borracha, contra jovens desarmados, os media tradicionais seguiam pelo

discurso inverso, de que a polícia apenas reagia à violência dos protestos (PERUZZO, 2013,

FERNANDES, 2014a). E essa contraposição de enquadramentos, claramente opostos,

mesmo se tratando do mesmo acontecimento, fez com as próprias manifestações se

voltassem contra os grandes veículos de comunicação – em todo o país, profissionais da

imprensa foram hostilizados e até agredidos, sobretudo os vinculados à Rede Globo, maior

conglomerado comunicacional do país. Tensão evidenciada até por veículos de outros países,

como o site Deutsche Welle (www.dw.de), da Alemanha, que publicou matéria em 1º de

agosto de 2013, em sua versão em língua portuguesa, com o título “Ascensão da Mídia Ninja

põe em questão imprensa tradicional no Brasil”3.

Contudo, até que ponto o viés político (ainda que não partidário) assumido pelas produções

alternativas ou independentes joga luz sobre aspectos normalmente minimizados pelos

meios tradicionais? Ou esse viés pode obscurecer certos enlaces do acontecimento? A partir

desses questionamentos, proponho neste artigo uma reflexão inicial sobre a atuação da

3 Disponível em http://dw.de/p/19HrQ.

3

Agência Pública, um portal (www.apublica.org) que se autodenomina uma “agência de

reportagens e jornalismo investigativo”. Tal reflexão se dá mais especificamente sobre o

minidocumentário “Morri na Maré”, disponibilizado em 11 de março de 2014 no site da

agência, que busca retratar o olhar de jovens sobre a violência policial no Complexo de

Favelas da Maré, no Rio de Janeiro. A análise se dará sob um olhar semiótico

(LANDOWSKI, 1992, 1998, 2004, IASBECK, 2012), de modo a evidenciar as tramas de

sentido contidas no vídeo, a partir de uma descrição densa e transversal, que mire não apenas

nas marcas discursivas aparentes, mas também no que não é evidenciado.

Nesse percurso, proponho uma discussão sobre a construção do discurso midiático, a partir

da proposta de Charaudeau (2006) e Fairclough (2001), de modo a problematizar a relação

entre as estratégias discursivas e a busca por certos efeitos de sentido de cunho ideológico,

como prática política. A perspectiva apresentada pela sociossemiótica (LANDOWSKI,

1992, 1998) também irá contribuir como base teórico-metodológica desta discussão.

Discurso midiático e produção de sentido

Já não é de hoje que, tanto no meio acadêmico, como nas redações, admite-se que “não há

grau zero da informação” (CHARAUDEAU, 2006), derrubando-se, pelo menos em parte, os

mitos da objetividade e da imparcialidade jornalísticos. Conceitos como o de enquadramento

e discurso tornaram bem mais complexo o olhar sobre a produção de notícias, seja em que

ambiente midiático for. Isso porque informar é enunciar, ato comunicativo que depende “do

campo de conhecimentos que o circunscreve, da situação de enunciação na qual se insere e

do dispositivo no qual é posto em funcionamento” (CHARAUDEAU, 2006, p. 36). Mais do

que isso, enunciar é um ato discursivo, composto pelo que está dito e pelo que não está dito,

além das formas utilizadas para enunciar, que indicam determinadas intenções com fins a

certos efeitos. Assim, como ressalta o autor, torna-se fundamental, em qualquer análise da

produção de sentido, levar em conta as condições de produção do discurso, tanto pelo lado

do produtor/enunciador como do receptor/coenunciador, já que a compreensão da fala só se

dá a partir das interações – ainda que seja de cunho predominantemente assimétrico, toda

produção midiática supõe um interlocutor “ideal”, e é a partir dele que a enunciação se

constitui em ato.

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No caso do discurso midiático informativo, afirma Charaudeau (2006), há uma busca não

por transpor o acontecimento tal qual ele se deu, mas sim por produzir um efeito de verdade,

a partir das imagens captadas e do texto construído, de modo a conquistar credibilidade e

fidelidade do público-alvo, o que é de grande interesse da empresa midiática, já que a notícia

se constitui em um produto gerador de audiência e, consequentemente, de lucro. Esse efeito

de verdade passa por um saber de crença muito mais do que por uma comprovação ou uma

constatação científica. De acordo com o autor, o que se dá é mais o fazer crer, a partir da

combinação de imagens e de um relato narrado a partir de determinados preceitos definidos

em um contrato de comunicação entre o produto midiático e sua plateia.

Princípios que valem tanto para o discurso jornalístico tradicional como para o alternativo,

como demonstrado em análise comparativa de um mesmo evento noticioso por esses dois

tipos de meios (FERNANDES, 2014b). Ambos partem de contratos de comunicação que

delimitam parâmetros entre o que propõem fazer e o que seu público espera, com base

sobretudo na verossimilhança, mas a partir de diferentes estratégias discursivas. No caso da

produção jornalística independente, ficam pressupostos a defesa de grupos tidos como

minoritários e a captação de informações que contraponham o que os media tradicionais

mostram. O que, para Fairclough (2001), denota uma das características de qualquer

discurso, o qual é composto por restrições e componentes delimitados pela própria estrutura

social, a qual também é moldada pela difusão discursiva, numa relação dialética. “O discurso

é uma prática, não apenas de representação do mundo, mas de significação do mundo,

constituindo e construindo o mundo em significado” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 91). Sob esse

pressuposto, o autor propõe três funções da linguagem, as quais correspondem também a

diferentes dimensões de sentido que norteiam todo discurso: a função identitária (que se

refere às representações das identidades sociais dos participantes do discurso, que são

estabelecidas e negociadas no ato de fala), a relacional (que se refere à maneira como as

próprias relações sociais são representadas no discurso) e a ideacional (que trata do modo

como o mundo e seus processos, entidades e relações são referenciados no texto). Prática

social que se dá a partir de diferentes orientações, de acordo com os valores compartilhados

tanto pelos produtores do discurso como pelos que se apropriam dele, o ressignificam e o

difundem, especialmente sob o aspecto político e ideológico, como reforça Fairclough

(2001). Tanto para manter estruturas de poder, como para transformá-las.

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Como se trata de um produto multimodal na sua essência, que explora linguagem verbal e

imagética na composição de sua estratégia discursiva, o minidocumentário em questão será

analisado a partir de um olhar semiótico, já que esta perspectiva teórico-metodológica tem,

cada vez mais, se debruçado sobre as complexas e dinâmicas relações que compõem o

discurso (IASBECK, 2013). Mais especificamente a partir dos parâmetros da

sociossemiótica defendidos por Landowski (1992), a partir de uma semiótica das

experiências sensíveis, a qual se preocupa com o sentido constituído a partir das relações

sociais em si e com o próprio mundo enquanto “mundo significante”, como explica Fechine

(2008, p. 15).

Landowski propõe uma definição das construções discursivas a partir de dois esquemas: os

narrativos (actanciais e modais), que organizam as relações de direito e de poder a partir de

certas configurações pré-estabelecidas, e as estratégias de enunciação, em que tais esquemas

narrativos são colocados em prática em um ato comunicativo propriamente dito. O que

significa que tais discursos, assim como tantos outros, são pontuados a partir de

determinadas formas, ou tipos, constituídos culturalmente, assumindo certas estratégias na

busca por consolidar efeitos. Tudo isso a partir de intencionalidades – tanto do enunciador

como do enunciatário.

Com a força de verossimilhança perpetrada pela imagem, construções midiáticas em

audiovisual passam a protagonizar, cada vez com maior intensidade, as representações das

relações sociais, cumprindo um papel social e político “como meio de formação de um

consenso difuso sobre a própria construção dos fatos e definição de valores”

(LANDOWSKI, 2004, p. 32), o que aumenta a importância em se analisar discursos

midiáticos seja de que natureza forem. Em sua obra, Landowski salienta a relevância de a

semiótica se ater sobretudo à gramática (sintaxe) que acaba por envolver cada tipo de

discurso, num plano estrutural, de modo a “dar conta dos discursos enquanto totalidades

significantes” (1992, p. 205). Neste artigo, de modo algum terei a pretensão de esmiuçar

uma gramática da produção jornalística alternativa em audiovisual de maneira ampla, o que

demandaria um esforço bem maior, sobre um corpus mais significativo, para que fosse

possível vislumbrar regularidades que traçassem um percurso semiótico relevante. A

intenção é tão somente dar relevo a certas características desta produção singular, o

minidocumentário “Morri na Maré”, com vistas ao sentido produzido como resultado final

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de sua composição. Também não se pretende aqui dar uma interpretação definitiva sobre tal

produção: como reforçam Rossini e Pinel (2009), citando Landowski, o sentido só se realiza

“em ato”, o que significa que só se efetiva em interação, o que nos leva a concluir que não

exista um sentido único e inquestionável.

Objeto

A Agência Pública foi criada em 2011 e se autointitula uma “agência de reportagem e

jornalismo investigativo”, que atua de forma independente – sem apoio de governos ou

empresas –, num sistema que mistura financiamento por organizações não-governamentais

e arrecadação de recursos via crowdfunding (doações virtuais feitas por seu público). Toda

a produção é difundida pelo site da agência, www.apublica.org, mas também por parceiros

(tanto outras agências de comunicação sem fins lucrativos4 como veículos de grande porte,

nos mais diferentes suportes), que não precisam pagar para exibir a reportagem, apenas

indicar sua origem. A agência tem uma equipe própria, mas também fomenta o trabalho de

equipes independentes, ao promover editais de financiamento a reportagens por todo o país.

Como seu canal de difusão preferencial é a internet, as reportagens publicizadas geralmente

possuem características multimídia, com texto longo e inserções de vídeo, áudio,

documentos inclusos como anexo, fotografias e infográficos, animados ou não. Há as

reportagens que enfatizam o texto escrito, enquanto outras são norteadas por vídeos entre 10

e 20 minutos, chamados de Minidocs, ou minidocumentários. Tais vídeos são

complementados por texto, em que os produtores acrescentam informações ou dão detalhes

da própria experiência de realizar o filme.

Os Minidocs são alojados tanto entre as reportagens como em uma aba específica nomeada

“Vídeos”, podendo ser visualizados por ordem cronológica de publicação. As temáticas são

as mais diversas: a relação entre empregadas domésticas e patroas; a remoção de famílias

pobres pelo poder público para a construção de obras da Copa do Mundo; a mudança na vida

de mulheres pobres depois da instituição do programa de renda mínima Bolsa Família. Em

comum, todos partem de um enquadramento que visa expor um conflito que existe, ou

4 No site da Agência Pública, são listados 55 republicadores, entre eles Adital, Agência Nacional das Favelas

e Ecodebate, meios também considerados independentes, e UOL, IG e EBC (Empresa Brasileira de

Comunicação, canal institucional do Governo Federal brasileiro), meios de grande porte.

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existia, numa relação de poder assimétrica. Com isso, tais reportagens em audiovisual

buscam denunciar abusos de poder, ao construir narrativas com informações que dão

sobretudo visibilidade às pessoas ou grupos subjugados. Realiza, assim, um jornalismo

politicamente engajado. E esses trabalhos têm conquistado legitimidade social, ao serem

contemplados com prêmios de jornalismo, alguns deles de grande valor internacional, como

o Premio Gabriel García Marques e o Latinoamericano de Periodismo de Investigación, da

Fundación Instituto Prensa y Sociedad.

Especificamente o filme “Morri na Maré”5 foi realizado por dois jornalistas franceses

radicados no Rio de Janeiro, Marie Naudascher e Patrick Vanier, a partir de financiamento

coletivo. O vídeo tem 16 minutos e 22 segundos e foi hospedado no portal de

compartilhamento de vídeos Vimeo. De acordo com as estatísticas do portal, até o dia 16 de

março de 2015, o filme teve 9.780 visualizações, com 53 “likes” e dois comentários.

Como ponto de partida, os dois jornalistas relatam, no texto inserido em anexo ao

minidocumentário, que tinham a intenção de colocar em foco a violência sofrida por crianças

na Comunidade da Maré, área onde não havia a ação de uma UPP (Unidade de Polícia

Pacificadora, ação policial de combate ao crime organizado) e que era então dominada por

três facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas, além de milícias (grupos paramilitares

que atuam contra o tráfico, mas que também submetem a população à violência). O fato que

desencadeou as gravações foi um confronto entre policiais e traficantes, que resultou na

morte de 13 pessoas, no dia 25 de junho de 2013. Acontecimento com grande repercussão

midiática, em que se discutiu, entre outras coisas, se houve violência contra os moradores

não envolvidos com crimes.

Segundo o relato dos jornalistas, feito em primeira pessoa, como forma de trazer à tona

aspectos dos bastidores da produção, a intenção do vídeo era mostrar como as próprias

crianças percebiam a violência sofrida por elas naquele ambiente. E o foco não se restringia

à violência policial:

5 Disponível em http://apublica.org/2014/03/morri-na-mare-assista-ao-minidoc/

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São tantas violências: a violência urbana, do crime, cuja manifestação mais forte

são os tiroteios; a violência doméstica, que acontece dentro de casa e é lembrada

por crianças em situação de rua, que contam ter fugido de casa apesar de ter família

na Maré; e a violência do preconceito, que é mas “invisível”, mas acaba marcando

as crianças e adolescentes. (...) Essa violência pouco aparece na mídia brasileira.

Mas é essa violência que faz com que a pessoa se auto-imponha limites

geográficos e acabe não indo em alguns lugares da cidade para “não ter

problemas”. (NAUDASCHER & VANIER, 2014)

Os jornalistas franceses afirmam ainda que decidiram fazer uma imersão em uma escola da

comunidade para ganhar a confiança das crianças e que houve um momento em que a

coordenadora do local pediu para que cessassem as conversas sobre violência, para não “dar

problemas” (o que não foi explicado). No texto, ainda buscou-se demonstrar uma

preocupação em preservar a identidade e a segurança das crianças, o que denotaria uma

responsabilidade social e o respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)6. No

vídeo, porém, não foi o que aconteceu, como veremos adiante.

O minidocumentário pode ser dividido em cinco momentos, distribuídos de maneira

desigual. No primeiro, são exibidas cenas de protestos contra a violência, iniciando em uma

praia, com o mar pintado de vermelho por um artista plástico, e depois em meio a moradores

da Comunidade da Maré, que denunciavam a violência imposta durante a ocupação da

favela, pela Polícia Militar, no dia anterior, 25 de março de 2013, em que 13 pessoas foram

mortas, além de dezenas de feridos; na segunda parte, buscou-se ouvir personagens desse

dia de violência: um pai de família atingido por um tiro durante essa ocupação, sua mulher

e seus filhos, com relatos sobre o momento da ação e suas consequências; na terceiro ato, as

cenas foram gravadas no Projeto Uerê, que atende crianças da comunidade para dar apoio

escolar, com foco em entrevistas e na gravação de cenas livres; já na quarta parte, focou-se

apenas em uma criança, mostrando suas brincadeiras e falas a respeito da violência; por fim,

a quinta parte tratou de um protesto, realizado no Centro do Rio de Janeiro, por uma

organização não-governamental que tinha como meta denunciar a violência sofrida por

crianças de rua.

6 Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre a proteção integral a crianças e adolescentes. Pode ser

acessada em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

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Nesta análise, buscarei me deter à estrutura básica proposta por Landowski (1992), a partir

1º) dos esquemas narrativos e 2º) das estratégias de enunciação.

Análise

Esquemas narrativos

Ao falar de uma produção em audiovisual, é preciso evidenciar primeiro os interlocutores

que o envolvem, o que inclui produtores, personagens/actantes do filme e

destinatários/receptores. Interações que se dão, em alguns casos, virtualmente, sem que haja

co-presença, mas que estabelece o próprio sentido do ato comunicativo.

No caso, os produtores do minidocumentário são apresentados como os jornalistas franceses

Marie Naudascher e Patrick Vanier. Apenas a voz e a face de Marie aparecem no vídeo em

dois momentos diferentes, mas a presença de ambos é sentida em todo o vídeo, já que eles

modulam as falas captadas, direcionando toda a interlocução à questão central trabalhada

pelo minidocumentário, que é a violência policial sofrida pelos moradores da Comunidade

da Maré. A onipresença deles é reafirmada nos enquadramentos das entrevistas, em primeiro

plano, em que os entrevistados ora olham para cima, ora miram em diagonal, na busca do

olhar e da compreensão dos entrevistadores. Além de conduzirem as interlocuções em busca

de um objetivo claro, os produtores se caracterizam pelo estranhamento sócio-histórico e

cultural em relação àquela situação retratada. Uma postura vista com frequência no

jornalismo tradicional – que assume como pauta contar a história “do outro” como meio de

seu público, também estranho a tal acontecimento, ter a chance de conhecê-la e até

compreendê-la melhor. O que reforça o perfil jornalístico do documentário.

Entre os personagens/actantes que compõem o filme, temos três níveis de sujeitos, a partir

de uma hierarquização modulada no próprio documentário: 1) enunciadores

autorizados/legitimados, por ocupar postos de comando em organizações ou instituições

envolvidas com a luta pelos direitos humanos e em favor de crianças e adolescentes vítimas

da violência; 2) sujeitos que vivenciaram diretamente a violência; e 3) crianças e

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adolescentes. Não foram ouvidas autoridades ligadas ao Estado – policiais ou gestores de

governo, recorrentemente preferenciais nas reportagens dos meios tradicionais.

Os primeiros são tratados pelo nome e sobrenome estampados em uma legenda, e aparecem

em falas como sujeitos portadores de autoridade para condenar a violência policial e

demonstrar o que de fato acontece naquela comunidade. Servem, sobretudo, para legitimar

a própria produção audiovisual que ali se constituía, ressaltando a omissão do poder público

e dos media tradicionais diante de toda a violência vivida naquela região, sem que ninguém

tome qualquer atitude. O papel social desses atores, em si, já denota uma preocupação

diferenciada, reforçando os ethé7 de solidariedade e justiça social, que se opõem

frontalmente à não-ação de órgãos oficiais, o que eleva sua atuação não apenas ao papel de

cidadãos, mas à de heróis, que agem independentemente de interesses pessoais, mas pelo

bem dos mais vulneráveis. Valores tais que se estendem ao próprio vídeo.

Já os segundos, sujeitos que vivenciaram situações de violência, são chamados como

exemplos, reforçando a própria narrativa, pelo efeito de factualidade que representam. Foi

escolhido um casal, que relatou o dia em que o homem foi atingido pelo tiro de um policial,

as dificuldades relacionadas ao socorro e o medo sentido após o acontecimento. Marido e

mulher são apresentados com nome e sobrenome (sem situar a profissão), o que já não

acontece com o filho do casal e um amigo, adolescentes, apresentados apenas pelo primeiro

nome e a idade, na legenda. Ambos são questionados especificamente sobre o sentimento

que tiveram após o ato de violência, com espaço para expor opinião crítica sobre o

preconceito que vivenciam por morarem em uma comunidade pobre.

Por fim, há o foco em crianças e adolescentes. Todos aparecem sem ter seus nomes

identificados em legenda, mas a maioria tem seus rostos e falas focados em primeiro plano.

Parte das crianças aparece vinculada a uma instituição – Projeto Uerê –, de onde elas falam

e realizam atividades sob os olhos de adultos (professoras e produtores do vídeo). Nada

espontaneamente: as crianças são levadas, pelos jornalistas, a falar sobre o medo que sentem

7 Plural de ethos, conceito que se refere à construção de si no discurso.

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da violência, um após o outro, o que leva a repetições após frases curtas; depois, são

orientadas a realizar uma atividade em que desenham cenas da Maré, mostrando o que há de

bom e o que há de ruim na localidade. Contudo, todas as imagens mostradas no vídeo

referem-se a cenas negativas, como venda de drogas, mortes, presença policial fortemente

armada, conflitos.

Há também crianças que aparecem sem vínculos institucionais, como um menino, ainda na

primeira infância (aparentemente com 4 ou 5 anos), cujo nome e idade não foram expostos,

mas que protagonizou o filme por cerca de 4 minutos, sem ter seu rosto protegido – pelo

contrário, quase o tempo todo o menino foi captado em primeiro plano (close) ou em

superclose. Sem outros adultos por perto, o menino aparece brincando espontaneamente de

bola, no quarto de uma casa, mas em seguida começa a ser guiado pelos jornalistas em uma

conversa em que ele fala sobre uma possível namorada, e depois sobre violência – a jornalista

pergunta se ele já havia matado um policial, e o menino respondeu que sim. O trecho segue

com imagens do menino com uma arma de brinquedo, que ele lança com força sobre o chão,

com golpes repetidos, até que ele fala “já matei”. A jornalista segue com essa “entrevista”

perguntando ao menino “quantos” ele já havia matado, e a criança responde “três”. Em

seguida, ela busca desfazer a fala do garoto, ao dizer que parecia mentira, mas o menino

reafirma sua versão. Cabe reforçar que, em entrevistas, constitui-se uma interação com uma

intencionalidade previamente concebida (pelo menos por parte do entrevistador), que

buscava tratar da relação das crianças que vivem na Comunidade da Maré com a violência.

Relação em grande parte assimétrica, já que o produtor conhece previamente as perguntas,

enquanto o entrevistado, não (assimetria que, muitas vezes, é minimizada pela constituição

do próprio sujeito que está sendo entrevistado, detentor de conhecimentos e de autoridade).

Neste caso, constituiu-se uma situação em que o entrevistado não tinha sequer discernimento

suficiente para tratar o assunto, e mesmo uma possível tentativa, por parte dos produtores,

de mostrar como uma criança pequena espontaneamente se apropria da violência até em suas

brincadeiras não foi bem-sucedida, já que toda a situação pareceu forjada, artificializada.

Acima de tudo, houve a exposição indevida da criança, relacionando-a a uma situação de

grave vulnerabilidade social, o que vai de encontro com o que rege o ECA, legislação

máxima no Brasil que trata dos direitos relacionados a esse setor da sociedade.

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Os únicos que tiveram não só os nomes, mas a face protegida no documentário foram

crianças de rua que aparecem no final da produção, durante manifestação contra a violência

policial. Com falas curtas e entrecortadas pelos demais, meninos e meninos relatam como é

difícil a vida na rua e mostram cicatrizes espalhadas pelo corpo causadas por essa violência.

Quase nenhum deles é focalizado em separado: em grande parte, eles aparecem de modo

coletivo, embaçado, de modo que não é possível diferenciar suas histórias de vida. Apenas

no encerramento do documentário um desses meninos aparece sozinho, como se estivesse

deitado no chão, de braços abertos, olhar mirando diretamente a câmera, mas de cabeça para

baixo. Ele apareceu sob uma luz avermelhada, da iluminação pública, mas é possível ver

bem seu rosto, já que não houve qualquer intervenção da edição para descaracterizá-lo –

mais uma infração ao ECA.

Entre os actantes, ainda que de forma implícita, é possível situar ainda os media tradicionais,

presentes tanto como entidade a ser criticada, por não mostrar o que de fato acontece em tais

comunidades, como no papel de referência e meta da própria comunidade para se sentir

representada. Esse aspecto é perceptível no momento em que uma professora do Projeto

Uerê mostra uma foto feita na escola durante um tiroteio na Comunidade, em que as crianças

se deitaram no chão para se proteger. A foto mostrada havia sido tirada por ela, mas a

professora acabou por mostrar a versão publicada em um site de notícias vinculado à Rede

Globo, como modo de reforçar o quão grave foi aquela situação – já que até um veículo

jornalístico tradicional o publicizou. Figuram ainda, em um pano de fundo, autoridades

policiais como os principais culpados por toda a violência vivida pelos mais pobres ali

retratados – não se incrimina o próprio crime.

Já os destinatários/receptores inscritos discursivamente podem ser percebidos também em

dois níveis: 1) pessoas e grupos ligados a direitos humanos e movimentos sociais; 2) pessoas

e grupos ligados à prática comunicacional alternativa. Ambos setores bastante próximos,

mas que se diferenciam pelas intencionalidades. Em relação aos primeiros, busca-se travar

uma comunicação com foco na legitimidade dos relatos, de modo que a narrativa reforce

uma opinião, não se restrinja a uma descrição relatorial; já aqueles vinculados à comunicação

alternativa se interessam sobretudo pelos relatos de tom emocional, usados para “humanizar”

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as vivências ali retratadas e atrair a atenção do público, a partir de uma ética e de uma estética

diferenciadas em relação aos media tradicionais – focados em dados e na fala oficial de

enunciadores autorizados. A partir das marcas discursivas ali presentes, não é possível, no

entanto, perceber entre os possíveis destinatários idealizados as próprias autoridades

policiais ou mesmo o Ministério Público, já que a produção não apresentou um caráter

investigativo ao ponto de inserir dados e provas que levassem, por exemplo, à abertura de

uma investigação oficial contra os policiais envolvidos na operação que resultou em tanta

violência. Em nenhum momento essa intenção ficou inscrita no discurso.

Estratégias de enunciação

Quanto à forma, cabe ressaltar o caráter híbrido da produção, já que esta foi motivada por

critérios de noticiabilidade jornalística – atualidade, quantidade, intensidade –, porém o

tratamento dado foi o de um documentário cinematográfico, num formato mais próximo do

que Nichols (2009) chama de modelo observativo, em que o fato é exposto tal qual acontece,

sem interferência de uma narração em off, mas mesclado ao modelo participativo, já que os

produtores deixam claro que guiam as entrevistas, chegando a manter sua voz em alguns

trechos. Com isso, construiu-se uma história narrada pelas próprias vozes dos entrevistados,

os quais seguem apresentando relatos e ações a partir da proposição dos produtores do vídeo.

As únicas interferências às falas são textos dispostos como legendas, usados tanto para

nomear os entrevistados, como para situar o local e a data dos fatos ali narrados.

Os produtores também se eximem de inserir sons externos ao ambiente (background ou BG),

mantendo o som ambiente. Assim como evitou-se o uso de iluminação artificial – o que ficou

evidenciado na cena em que as luzes do carro de polícia, vermelhas, alteravam todo o

ambiente, o que contribuiu para dramatizar a situação narrada. Tais estratégias denotam uma

busca por demonstrar um baixo nível de interferência dos produtores na realidade. Contudo,

a produção se distancia de um cinema verdade ao optar pela edição de imagens e vozes, com

cortes e sobreposição de falas sobre cenas captadas em momentos diferentes, com o intuito

de reforçar o que estava sendo dito. Assim, ao inserir imagens de policiais fortemente

armados caminhando pelas ruas cheias de lixo da Comunidade da Maré, ao longo da fala do

jovem Cleiton, de 15 anos, que denunciava a violência sofrida pelo pai e por outros jovens

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da comunidade, a produção enfatizou o papel exclusivamente negativo do poder público

sobre aquela comunidade, produzindo, assim, um efeito condenatório sobre a atuação de

qualquer agente público, generalizadamente.

Conclusões

Como dito anteriormente, esta análise não pretende ser definitiva tampouco única e absoluta,

já que a produção de sentido se faz em ato, e este depende de inúmeros fatores, tanto internos

como externos ao discurso. De todo modo, segue relevante, por trazer à tona marcas e

estratégias discursivas significativas, que precisam ser expostas e debatidas na busca por

compreender a comunicação e as representações que têm sido produzidas sob a aura do

“alternativo” ou “independente”. É importante também para propor um olhar mais crítico

sobre a forma como tais produções contra-hegemônicas produzem de fato novas

representações. Afinal, trata-se de um olhar diferenciado, que busca desconstruir estigmas e

reconstruir identidades a partir de uma perspectiva favorável a grupos que não se sentem

contemplados pelas representações midiáticas tradicionais.

Nesta análise inicial, percebe-se que a busca por se diferenciar do jornalismo tradicional não

o exclui de tal produção, pelo contrário: estabelece-se, na busca por constituir efeitos de

verdade por um ultrarrealismo presente nas imagens e nas entrevistas com baixo nível de

intervenções (sem uma narração em off e sem a inclusão de dados colhidos por outros

meios), um diálogo direto com o jornalismo broadcast, o que fragiliza o caráter informativo

do vídeo. Afinal, para compreender exatamente o que estava sendo ali exposto, fazia-se

necessário buscar o que tinha sido informado pelos meios tradicionais, o que ficou inscrito

ora implicitamente, ora explicitamente – sobretudo pela ausência de certas informações,

entre elas a versão da Polícia sobre a operação, assim como dados referentes aos mortos e

feridos, que não foram explicitados. Por outro lado, ao dar voz e nome a pessoas que, nas

reportagens tradicionais, aparecem normalmente como testemunhas ou personagens

secundárias (quando muito), o minidocumentário dá relevo ao sensível, numa busca por

empatia e adesão na troca comunicacional. Com isso, sobressaiu-se a busca por emocionar,

não por informar, o que, por sua vez, demarca uma diferenciação relevante em relação às

práticas jornalísticas comuns.

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A escolha por realizar uma produção engajada politicamente em favor da causa de vítimas

da violência policial, sem a preocupação de produzir uma comunicação massiva – que tem

em vista falar a um público bem mais abrangente, tanto numericamente quanto

qualitativamente –, não exime os produtores alternativos de preservar identidades e a

situação de grupos e pessoas que vivenciam, no cotidiano, uma forte vulnerabilidade social,

com riscos de virem a sofrer violência física e até a morte. Tais produções precisam ter em

vista que a busca por desempenhar um papel social diferenciado precisa estar presente não

só nas intenções, mas sobretudo ao se colocar em prática a partir dos dispositivos

enunciativos e narrativos, enfim, no ato da enunciação.

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