Integração das Funções do Sistema Nervoso

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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa Anatomia II Ano Letivo 2014-2015 Prof. Duarte Martelo 2º Semestre Cátia Lopes – Ortoprotesia 1 Integração das Funções do Sistema Nervoso Sentidos - Meios através dos quais o encéfalo recebe informação sobre o corpo e meio ambiente - 5 Sentidos: Olfato Paladar Visão Audição Tato Classificação dos Sentidos 1. Sentidos Gerais (recetores “espalhados” pelo corpo) a. Somáticos - Fornecem informação sensorial sobre o corpo e o meio - Tato, pressão, temperatura, propriocepção e dor b. Viscerais - Informação sobre os órgãos internos - Dor, pressão 2. Sentidos Especiais - Estrutura mais especializada - Recetores especificamente localizados - Informação específica sobre o meio - Olfato, paladar, visão, audição e equilíbrio Sentidos Gerais Sentidos Especiais Tato (M) Olfato (Q) Pressão (M) Paladar (Q) Temperatura (T) Visão (F) Dor (N) Audição (M) Propriocepção (M) Equilíbrio (M) Sensação Conhecimento consciente dos efeitos dos estímulos nos recetores sensoriais Encéfalo recebe PA de muitos recetores sensoriais Recetores sensoriais respondem a estímulos gerando PA que percorrem os nervos e medula terminando no encéfalo. PA gerados pelos recetores para serem percebidos como sensação consciente têm que alcançar o córtex cerebral

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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa Anatomia II Ano Letivo 2014-2015 Prof. Duarte Martelo 2º Semestre

Cátia Lopes – Ortoprotesia 1

Integração das Funções do Sistema Nervoso

Sentidos

- Meios através dos quais o encéfalo recebe informação sobre o corpo e meio ambiente

- 5 Sentidos:

Olfato Paladar Visão Audição Tato

Classificação dos Sentidos

1. Sentidos Gerais (recetores “espalhados” pelo corpo) a. Somáticos

- Fornecem informação sensorial sobre o corpo e o meio - Tato, pressão, temperatura, propriocepção e dor

b. Viscerais - Informação sobre os órgãos internos - Dor, pressão

2. Sentidos Especiais - Estrutura mais especializada - Recetores especificamente localizados - Informação específica sobre o meio - Olfato, paladar, visão, audição e equilíbrio

Sentidos Gerais Sentidos Especiais

Tato (M) Olfato (Q) Pressão (M) Paladar (Q)

Temperatura (T) Visão (F) Dor (N) Audição (M)

Propriocepção (M) Equilíbrio (M)

Sensação

Conhecimento consciente dos efeitos dos estímulos nos recetores sensoriais Encéfalo recebe PA de muitos recetores sensoriais Recetores sensoriais respondem a estímulos gerando PA que percorrem os nervos e

medula terminando no encéfalo. PA gerados pelos recetores para serem percebidos como sensação consciente têm que

alcançar o córtex cerebral

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Córtex interpreta e descrimina muita informação, ignorando parte dos PA que lhe chegam – subconsciente

PA transformados em informação Processamento de informação – consciência estímulo

Recetores Sensoriais

Bastante específicos e sensíveis a um determinado nº de estímulos

Tipos de Recetores Sensoriais

Mecanorecetores – compressão, deformação, estiramento células Quimiorrecetores – substâncias químicas Fotorrecetores – respondem ao estímulo da luz Termorecetores – alteração de temperatura Nocirecetores – estímulos dolorosos de várias naturezas

Terminações Nervosas Aferentes/Sensoriais

Pele Estruturas profundas (tendões, ligamentos, músculos) Classificam-se em 3 grupos:

o Exterocetores (pele) o Viscerorecetores (vísceras, órgãos internos) o Propriocetores (articulações, tendões)

Terminações nervosas livres Discos de Merkel

Recetores dos folículos pilosos Corpúsculos de Pacini

Corpúsculos de Meissner Órgãos terminais de Ruffini

Aparelho de Golgi do tendão Fusos musculares

Recetores de Superfície Sensação Percebida

Recetores de Krause Frio Recetores de Ruffini Calor

Discos de Merkel Tato e pressão Recetores de Meissner Tato

Recetores de Vater – Pacini Pressão Terminações nervosas livres Principalmente dor

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Discos de Merkel Ramificações axonais Camadas basais de epiderme Associam-se a elevações arredondadas da epiderme da pele pilosa Tato ligeiro Pressão superficial

Recetores do folículo piloso Respondem a inclinações do pêlo Tato superficial Embora extremamente sensíveis, são pouco discriminativos Sensação mal localizada

Corpúsculos de Pacini Terminações nervosas complexas Profundidade da derme ou hipoderme Pressão e vibração cutânea profunda Na articulação – informação sobre a posição desta

Corpúsculos de Meissner Papilas da derme Sensibilidade discriminativa Descriminação de 2 pontos Em grande nº na língua e ponta dos dedos Menos numerosos no dorso

Órgãos terminais de Ruffini Derme Em especial nos dedos da mão Respondem à pressão e estiramento da pele Tato e pressão continua

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Órgãos de Golgi tendinosos Terminações nervosas propriocetivas Junção miotendinosas Estimulados por aumento de tensão do tendão Inibição dos neurónios motores dos músculos Relaxamento muscular – reflexo de Golgi

Fusos musculares Músculo é estirado ou extremidades do fuso se contraem – centro do fuso é estirado Sinapse com neurónios motores alfa Contração do músculo estirado – reflexo de estiramento Controlo e tónus dos músculos posturais

Respostas dos Recetores Sensoriais

Interação estímulo-recetor produz um potencial recetor ou gerador Recetores primários: axónios que conduzem PA em resposta ao potencial recetor PA propaga-se para o SNC Recetores secundários: não têm axónios; potenciais recetores não resultam em PA,

provocando libertação de neurotransmissores que se ligam a um neurónio PA no neurónio

Propriocepção

Informação sobre a posição e frequência de movimento dos segmentos corporais Amplitude de movimento articular Recetores tónicos (PA contínuos; acomodam-se lentamente) Recetores fásicos (acomodam-se com rapidez)

Vias Nervosas Sensoriais

Medula e tronco possuem vias sensórias que transmitem PA da periferia para o encéfalo Cada via relacionada com modalidades sensoriais específicas Nomes das vias estão relacionados com…

o Origem e terminação o Localização na medula

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Vias Espinhais – ascendentes

Transportam sensações

CONSCIENTES

- Vais espino-talâmicas - Feixe lemniscal medial/sistema cordonal posterior

INCONSCIENTES

- Feixes espino-cerebelosos (anterior e posterior) - Feixes espino-olivares - Feixes espino-tectais - Feixes espino-reticulares

Via Espino-Tálamo-Cortical (sistema espino-talâmico)

Feixes espinotalâmicos laterais o Dor + Temperatura

Feixes espinotalâmicos anteriores o Tato superficial + pressão + prurido

1º Neurónio: entram na medula e sinapsam com… 2º Neurónio (maioria cruza): ascende para o tálamo e sinapsa com… 3º Neurónio: projeta-se no córtex somestésico (sómato-sensorial)

Sistema cordonal posterior/lemniscal medial

- Cordão posterior da medula lemnisco medial (fita Reil mediana) Sensibilidade

o Táctil discriminativa o Propriocepção o Pressão o Vibração

- 1º Neurónio: entra na medula e ascende ao bulbo (porção torácica da medula) - 2º Neurónio: projeta-se para o tálamo - 2º Neurónio: estende-se para o córtex somestésico - Na medula espinhal, o sistema cordonal posterior/lemniscal medial subdivide-se em 2

feixes: o Fascículo gracis ou feixe de Goll – terminações nervosas abaixo do nível torácico

médio – sinapse no a) núcleo gracilis (bulbo) ou b) fibras do feixe espino-cerebelosos posteriores

o Fascículo cuneatus ou feixe de Burdach – terminações nervosas acima do nível torácico médio – sinapse no núcleo cuneatus (bulbo)

- 2º Neurónio faz parte destes núcleos, cruzam para o lado oposto do bulbo, passam no lemnisco medial (fita de Reil mediana) terminado no tálamo

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Feixe trigémeo-talâmico (fita de Reil lateral)

- As suas fibras juntam-se às fibras dos feixes espino-talâmicos a nível do tronco cerebral - 2º Neurónio cruzam para o lado oposto do tronco e sinapsam com o 3º neurónio no tálamo - 3º Neurónio ligam o tálamo ao córtex somestésico - Fibras provenientes do…

o V par – face, fossas nasais, dentes o VII, IX e X pares – ouvido e língua

- Mesmo tipo de informação dos feixes espino-talâmicos e sistema cordonal posterior

Feixes Espino-cerebelosos (anterior e posterior)

- Transmitem informação do mesmo lado do corpo que o hemisfério cerebeloso onde terminam (pouca informação do membro superior)

- Propriocepção do membro superior provém do núcleo cuneatus do sistema cordonal posterior

- Transportam ao cerebelo informação propriocetiva

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o Da parte inferior do tronco e membro inferior (anterior ou cruzado) Através do pedúnculo cerebeloso superior Fibras cruzam 2 vezes (medula e cerebelo)

o Do tórax e membro superior (posterior ou direto) Através do pedúnculo cerebeloso inferior

Feixes Espino-olivares

- Projetam-se no núcleo olivar acessório e cerebelo - Coordenação do movimento / equilíbrio

Feixes Espino-tectais

- Terminam no tubérculo quadrigémeo superior - Rotação reflexa da cabeça e olhos – estimulação cutânea

Feixes Espino-reticulares

- Envolvidos no despertar da consciência

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Áreas Sensoriais do Córtex Cerebral

- As vias sensoriais (sensitivas) projetam-se nas áreas sensoriais primárias do córtex - Córtex somestésico primário ou área sensorial geral – maior parte da circunvolução pós-

central - O córtex somestésico está organizado topograficamente em relação com o plano do corpo

o Impulsos que conduzem estímulos do pé projetam-se na porção mais superior o Impulsos da face projetam-se na porção mais inferior

- Áreas de associação ou secundárias (áreas corticais adjacentes às primárias) – reconhecimento e interpretação dos estímulos das áreas sensitivas primárias

Controlo dos Músculos Esqueléticos

- Sistema motor da medula e encéfalo o Manutenção da postura e equilíbrio o Movimentos do tronco, cabeça, membros e músculos extrínsecos do olho o Expressão facial, fala

- Alguns movimentos são automáticos – reflexos medulares e do bulbo - Maioria são ativados de forma consciente e destes a maioria são automáticos - 1º Neurónio + 2º neurónio

Áreas Motoras do Córtex Cerebral

- Circunvolução pré-central (lobo frontal) o Córtex motor primário ou área motora primária o Controla muitos movimentos voluntários (finos)

- Disposição topográfica do córtex motor igual à do córtex somestásico - Área pré-motora

o Localizada anteriormente ao córtex motor primário o Organiza funções motoras antes de serem iniciadas no córtex motor o Determina a sequência dos músculos a contrair

- Área pré-frontal o Porção anterior do cérebro o Envolvida na motivação e na previsão dos movimentos

Vias Espinhais – descendentes

- A maior parte está implicada no controle das funções motoras - Sistema de motilidade voluntária consiste em:

o 1º Neurónio Córtex cerebral, cerebelo e tronco cerebral

o (Pode existir neurónio de associação!) o 2º Neurónio

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Corpos celulares situados nos núcleos dos nervos cranianos ou corno anterior da medula

Axónios constituem os nervos periféricos

Sistema Piramidal (vias diretas)

Feixe Cortico-espinhal - 75-85% cruzam no bulbo (decussação das pirâmides)

o Feixes cortico-espinhais laterais na medula - 15-25%

o Feixes cortico-espinhais anteriores que cruzam na medula (pescoço e membros superiores)

Feixe Cortico-bulbar - Controlo cortical dos movimentos músculos da cabeça - 1º Neurónio sinapsa com neurónio de associação na formação reticular o qual sinapsa

com… - 2º Neurónio dos núcleos dos nervos cranianos

Sistema Extrapiramidal (vias indiretas)

- Vestíbulo-espinhal o Inicio no núcleo vestibular o Desce no cordão anterior o Postura (músculos do tronco e proximais dos membros) o Recebe estímulos do nervo vestibular e cerebelo

- Reticulo-espinhal o Inicio na substância reticular da protuberância e bulbo o Desce no cordão lateral da medula o Postura (músculos do tronco e proximais dos membros)

- Núcleos da base o Conectados entre si o Conectados com o tálamo e outras regiões cerebrais o Planeamento, organização e coordenação de movimentos