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íi NUMERO I 'Lisboa-Belem, 15 de Abril de 1906 ANNO I

ASS'GN ATUKAS (PAOAMBMlO ADlAMTADO)

Anno 3oo réis Semestre ,'° * Avulso 10 *

ADMINISTRADOR ARMANDO DA SILVA

PUBLICAÇÕES E MNHNCIOS

PREÇOS CONVENCIONAES

I

ADMINISTRAÇÃO

RUA DA' JUNQUEIRA, 476

EOITOR—Thomaz Rodrigues Mathias

EXPEDIENTE

HA multo, quo niitrimoR n Ideia, «1«- que nliiírnc"» 6

Aftatlo n lic»room pnbUoBvoe», que llie afio emettlilH», »'»H

também coaheoemox, que iiuo lbew anal" te o at*-elt<>, Ao us uaorper, lenilo-ni* lib. IiO»*- jjA, reenianrto-ee uo puga- meuto, qiianilu aparece o co- brador A porta.

A lodoN oa amigos a q>em tomamos « Ilberdmle «se en- viai- n noses .Liberdade. agradecnmoN o favor da sna asslgnaiura, o «os que u«o qnizerem honrar-nom com a inclusà o«to seu nome Bll lista dos nossos a s-isr nnntes, igualmente ag-Bdecemos a devolução do presente nume-

K eaolarecldo esto ponto fi- camos As ord<-ns, de quem qulzer a t ilisa da- oolnm- nas * lo noHSo jornal, gratuita mente, para tratar de assum- ptos locoes, vindo os esorip- toN d»*Tida>n<knto porque a redução sti toma a re»pousi.billdi.de de tudo. que seju unicamente d» sua au- ctoria.

ITOL.HA QXJINZmiVAli

Director — L.UIZ PEREIRA

gará por temos concorrido para j uma intamia, e nunca o rosto senos enlanv ara por termos solicitado uma mercê, avassalando a nossa alma e a firmeza das nossas convi- ções.

Posto isto, e porque a intrasigen- cia é o principio da nossa orienta- ção, nós saudamos Belem, cujo passado aponta gloriosas datas, pe- la aparição do nosso collega «O Correio de Belem», e pela existên- cia da nossa «A Liberdade» que será, o que nós queremos, que se- ja, e não o que os outros deseja- riam, que fosse.

A Redação.

A questão dos Tabacos

N OS

Ha pouco tempo viu a luz da pu- blicidade aqui em Belem um quin- zenário, que se intitula «O Correio de Belem». Longe de ser o que a espectativa esperava, o nosso col- lega não tem advogado com aquel- la independência, que seria para louvar.

Então, e, porque este burgo en- feudado há muito, que devia es- tar ao abrigo de certas veniagas e desleixos, surgeiiu-nos a ideia de fundar outro quinzenário com o ti- tulo de «A Liberdade; e que será rigoroso defensor não só dos Bele- nenses,como especialmente d'aquel- las camadas sociaes, que merecen- do mais apoio, teem sido condem- navelmente desprotegidas e aban donadas.

A politica local, que muito tem po esteve enfeudada a pilulas e cataplasmas tem se desdobrado, não só pela e^plução positiva e na- tural dos factos, como também pelo descontentamento produzido pela podridão, que avassalla não só es- te pequeno domínio, como o paiz inteiro.

Na nossa folha não será enco- miosamente elevado á categoria de heroe, quem quer que seja, caben do-nos é claro, isto é, assistindo nos o livre direito de prestar home- nagem, a quem séria e honrada- mente cumpra os seus deveres de verdadeiro portuguez, já patroci- nando ideias boas e grandiosas, já servindo a causa do povo, que é a causa da humanidade.

Não pretendemos destruir n'um dia, o que annos teem monopolisa- do, mas nunca a fronte se nos ver-

A Morte da Terra Começa hoje a public-ir-se em folhe

tins d este jornal, o romance de gran- de interesse scientifico, escripto por um dos nossos mais novos e desconhecidos escriptores:

Antonio Ernesto Pereira de Sá Critico illustTpJo que aos doze annos

escreveu a sua primeira trsg-dia A Ma gdalena, trabalho simples, mas corre- pio, escrevendo depi is os seus talento- sos trabalhos, fD. João de Mello. La g' imas históricas, Isabel de Portugal, O infante D. João e tanu s outros fiu- ctos do seu modestíssimo trabalho.

Escrip'or que, escrevendo o nosso folhetm fez nascer mas um» pérola na liiteratura pottugueza chamando se essa pérola

A MORTE DA TERRA

O final do mundo! O gelo eterno. O anjo da S iencia, a Historia, as ci dades grandiosas do Equador, a im- mensa Regionisganda cidade capital do Império Equatorial, a bella e enamo- rada Dulce, as grandes luctas entre os povos do Norte e os do Sul. As guerras entre os latinos e os impérios d'Africn e da índia, o poder da Australia, cen- tro da força, os horrendos combates a«reos. A guerra das duas Americas, ultimo Império, derradeira rrpublica, a morte do génio, o homem selvagem, o ultimo crime, a ultima prostituição, o gelo, o final do mundo, lórma tudo is so um encantador romance que

ANTONIO PEREIRA DE SA'

escreveu de proposito para a nossa hu milde folha, e nós o recommendamos aos leitores estudiosos e ás nossas en- cantadoras e scismaticas leitoras-

N'elle se encontrará campo largo para mcdit-r, para estudar.

Bando Precatório Causou má impressão a prohtbição

do bando precatório a favor das victi- mas da Catastrophe de Courrières.

«A Liberdade» cumprindo o seu de- ver lamenta profundamente, que a au- ctoridade superior prohibisse o opera- riado de Lisboa de se manifestar pe rante tão horrível catastrophe.

Publicamos a seguir a carta que o «Século» que diz ser defensor dos in- teresses do operatiado — se recusou a publicar.

III.0,0 e Ex.mo Sr. redactor do jornal «O Século».

Pedimos a V. Ex.a a publicação da seguinte carta, pela qual lhe ficamos mu tissimos reconhecidos :

No jornal de que V. Ex.1 é mui di- gno redactor, de 7 do corrente, dá lar- ga noticia da questão dos tabacos, com- mentando e preconisando a medida do ex.ra4 sr. mini-tro da fazend», pela qual vae ser posto a concurso publico o ex clusivo do Lbrico dos tabacos.

D z V. Ex.1 que os interesses do es- tado e dos operários foram cuidadosa- mente acautelados, e n'outro período : que á comp.1 dos tabacos nada se tira, etc.;

Com referencia aos operários, per- mitia V. Ex 1 que lhe digamos, que os interesses dos operários, não só não foram cuidadosamente acautelados mas atbitraria e injustamente cerceados, ti- rando-se-lhes garantias valiosíssimas que lhes estão consignadas na lei de 2:* de março de 1891,

A' companhia é que cousa alguma se lhe tirou; a essa é que os seus in- teresses foram cuidadosamente acaute- lados, visto que será ella, sem duvida 1 Iguma, .que ficará com o exclusivo, ao passo que tudo se prevê, para que o novo concessionário não pos-a ser pre- judicado quando terminar a concessão

O governo supprimiu os art'gos i5. e 16 0 da lei de 23 de março de 1891, dexando os operários na contigencia de não terem a mais insignificante ga- rantia no fim da concessão.

Os art'gos i3.° e i6.° di lei de 23 | de março de 1891 sao do theor seguinte.

Artigo i5.° O governo fará annun- ciar com a maior publicidade, antes de terminar o prazo da concessão do ex- clusivo, se entende por conveniente passar ao regimen da liberdade do fa- brico. permittindo n'este caso a c0"5' tru ção de novas fabricas, se assim lhe fôr requerido, as quaes não poderão, comtudo, começar os trabalhos de fa- bricação sem findar o prazo do con.ra- cto com os concessionários : ^

«Nas fabricas que laborarem nesse regiir en de liberd de, orgatnsar-se hao «CHixas de reformas», subsidiadas pelo estado, e «ca;xas de soccorros» em con- dições taes, que pessoal operário e nao open rio, a que se refere o n.° 0 da base 5.1, possa auferir no novo regi men as mesmas vantagens que lhe eram concedidas pelos concessionários do ex- clusivo.

«O pessoal não operário, actuaimen te em serviço na administração da «re- gie», que não obtiver collocação nas novas fabricas, passará para o serviço do Estado.

«As mesmas fabricas não poderão admittir novos operários emquanto es tiverem sem collocação alguns dos exis tentes no serviço da administração ge ral dos tabacos em i5 de maio de 1890.

«Os encargos que restarem do lega- do de João Paulo Cordeiro, quando terminar a concessão do exclusivo, fi carão a cargo do E>tado. Mas as fa bricas que entrarem em laboração ín- demnisarão o Estado d'esta despeza, dividindo entre si o encargo, proporcio-

REDACTORES PEREIRA E SÁ

E JOAQUIM JOSÉ DA SILVA

HEOKClQ

RUA DA JUNQUERA, 476

TYP. T. DO SACRAMENTO AO CARMO, 3 A 7

I nalmente á producção fabril de cada I uma.

Artigo 16.0 No caso de continuar o regimen do exclusivo, quer na adminis- tração do E-tado, quer na de particula- res, o pessoal operário e não operário, actualmente ao serviço da administra- ção geral dos tabacos, que existia n'es- sa data, c- ntinuará a gosar as vanta- gens que lhe confere esta lei».

Como V. Ex. vê sr. redactor, estes artigos consignam aos operários e ao jessoal não operário garamias impor- tantíssimas; e custa a ciêr que o go- verno não as tomasse em consideração, mas não só não as tomou em conside- ração, cemo supprimiu disposições le- gaes, que só as camaras podiam sup- arimir.

Pelo artigo 16.°, finda a concessão, tinham os operários direito a todas as garantias que a lei de 33 de março de 1891 lhes concedr, actualmente pela nova portai ia ficam á merce das con- tingências futuras; daqui a 19 annos ainda haverá muitíssimos operários, pois que a média da edade é actual- mente de 39 annos, no entanto a maio- ria serão velhos; e n'essa edade prove- cta que se vão encontrar sem gaiantias.

A propria rtforma de i®5.o téissc- manaes a que teem direito estão arris- cados a ficar sem ella, se os governos d'esse ten po forem ccmo este, e aqui tem V. Ex.1 sr. redactor, em que vem a dar a protecção do governo aos ope- rários e o cuidado que os interesses d'estes lhe merecem.

Os oper-rios, como V. Ex.1 aabe, veem de ha muito fazendo uma serie de pedidos, de entre os quaes se des- taca, como de rorior justiça, o augmen- to de reforma, pois o governo em vez de atender a este pedido que todas as pessoas acham justo, corta-lh s uma das melhores garantias, sem cons de- ração de especie alguma, pem respeito que se deve á lei, aos du eitos adqui- ridos por longos annos de trabalho, a tudo emfim, quanto é justo e equitati- vo, não podem os operários deixar de pre testar, em nome de todos os seus di eitos postergados, contra um tal at opello da lei, e assim o farão por todos os meios kgaes até que justiça lhes seja feita.

Lisboa 8 de Abril de 19 6 Pela classe dos manipuladores de

tabaco de L'sboa. José da Silva Esperança, Saul Pa-

coldino Fernandes, Joaquim José da Rocha.

Pela classe do Porto Ignacio de Sou\a, tilippe Soares

Dias, Torquato Joaquim do Couto.

Feira de Alcantara

Abriu hontem sabbido esta diversão popular, que este anno se encontra consideravelmente augmentada.

Este anno o aspecto di feira e me- lhor, para o que cmtribuiram todos os barraqueiros, que capricharam em apre- sentar as suas barracas com o mais ir- reprehensivel aceio.

A feira devia abrir no d a 1. de maio, mas como os barraqueiros requeres- sem á Camara para a abertura se re? - iizar em abril, esta deferiu lhes o pe- dido, marcando o dia de hontem p3ra a sua abertura.

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A LIBERDADE

Eleições

Realizam-se no dia 29 do corrente as eldçõss geraes para d patad >s.

As lis as raonarchicas náo estão por emquanto completas, razão porque as não publicamos.

Os candidatos que o Partido Repu- blicano apresenta ao suffragio dos elti teres de Li>boa são; pelo:

Circujo n * i5 (Lisboa Oriental)

i.° e 2 ° bairros de Lisbata, concelhos de Alemquer, Arruda dos Vinhos. Aztmbujv Cadaval, Loures e Villa Franca de Xira.

Aft >rr<o Augusto da Costa (Dt) Lente da Universidade

Antomo José d'Almeida (Dr) Medico. Antonio Lu 7. Gomez (Dr.) advogado. Augusto Cesar d'Almeida Vasconcel-

los G>rr ia (Dr.) Lente da Escola Me dica de Lisboa

Bernar Jino Lu z Machado Guimarães (DrJ Lente da Universidade.

Circulo n.° 16 (Lisboa Occidental)

3 0 e 4 0 bairros de Lisboa, Cascaes, Cintra, Loudithã, Mafra, Oeiras, Sobral Mont'At*raço e Torres Vedras.

Alexmdre Braga (Dr.) Advogid». João Duarte de M-nezes (Dr.) Ad-

vogado João José de Freitas (Dr ) Advogado

e professor. P u'o José Falcão (Dr.) Advogado. P.dro Anton o Bettencourt Riposu

(Dr.) Lente da Escola Medica de Lis- boa.

«Como é sabido cáhiu um dos go- v rnos da rotação e acaba de se erguer outro»

«No meio das muhiplicas dificulda- des, que ha muito avassalam o paiz, não f stejamos o pa tido que entrou, como não deploramos ò outro que sa hiu. Ao contrario — se fosse exigida uma manifestação do nosso animo pe- rante o facto cortsurmtudo — só teria mos de felicitar vivarreme o que des- appareceu das cadeiras do poder, e de lamentar o qu *, para o substituir, acaba de ser chamado».

Quando terminámos a leitura do ar- tigoz nho, não nos podé.nos c< nttr, sem que, em côro Como se fossemos movidos por uma só mola exclamásse- mos :

E' um progre... de g:mma exclama o nossso colKga, e nao nos foi possí- vel condnuar, pois que um dos nossos coliaboradores imponuo nos silencio, terminou com a discussão, para no prevenir, que no artigo seguinte o Cor reio de Betem du ia :

«S >mos e seremos independentes em politica.

Ora senhores de cima, sejam tnais | não deve conservar-se na rectaguarda generosos, cone» dim musica todos cs 1 da civilisação, deve mostrar, que as domingos a este burgo, como ha nos suas forças vitaes augmentam, e que a rmtrrkc rtoacAinc I »..« J a _ j outros passeios.

N. dofio

No largo da memoria em Arcolena, rediz-im se no proximo mez de Junho grandes festejos promovidos por uma commissão de negociantes e proprietá- rios do sitio

sua instrucção nada fica a dever ás ou- tras n coes 1

Somos pequeno«, mas a nossa pe- quenez, devidamente illustrada, tornar- se-ha digna de attenção do mundo in- teire» r

E para fazer conhecer ás outras na- ções a nossa extrema ignorância, emi-

A commissão está envidando todos pra "annuilmein,e m,lh"e; de homens,

os esforços pa-aqueos festejos tenham o maior brilho e ' explendor possíveis.

Misérias portuguezas

Belem e anedees

Segundo todos os cálculos é de pre- sumir, que os candidatos republicanos este anno tenham assento no parla- mento.

h* certo, que a guerra da oposição e as manobras do governo, tudo hão de fazer pira evitar a sua entrada nas côr- tes, mis te nos um vaticínio, que ape- sar de todas as sortes de escamotea ção, dies irão áquella casa de repre sentição defender gloriosa e nobre- mente os interesses do povo.

O segundo numero de «A Liberda- de» sahe no proximo dia 29. e como com ide com o dia das eleições, dará

Companhia das Aguas

Ha trez annos que se fez em Arco lena um reservatório. Todos julgavam que a localidade teria o abastecimento de agua, e afinal — ficou tudo como d'antes.

Quando é, que a companhia se digna mandar abastecer d'agua o populoso bairro d'Arcolena?

Travessa dos Ferreiros

E' intolerável o estado, em que se encontra esta travessa, a vassoura pa- rece está prohibida de alli varrer, de forma que o l.xo n'aquelle logar é aos monte».

Chamamos para este facto a attenção de quem competir.

Praça D. Fernando

Afinal e depois de constantes e justas reclamações conseguiram os habitantes de Belem, terem musi:a umt vez por ... * , u\. ut.it.iii. lv_iv.hi 11 í ta -11 -a uni « »

o resumo das assembleias, que ate a mc? no CQ exlste n esta raç, nAri» /f -v irtrnnl antrni» nn »r% * —_ " . hora d> jornal entrar na machina te nham f ito o escrutínio e respectivo apuramento

Independente!... São do artigo editorial do Correio

de Ideiem — Folha Independente — os trechos que a seguir publicamos:

x Folhetim de «A LIBERDADE»

Antonio Ernesto Pereira de Si

A MORTE DA TERRA

Horaanco original

PARTE I

Grandes guerras

capitulo 1

Sciencia e Historia

Gelo! Tanto gelo!.. . O mundo gelado... a sciencia humana... gelo. . . o homem . . gelo.. . ge- lo... tanto gelo, tanto gelo!

Cidades, campos, mares, centros scientiricos onde a civilisação bri- lhou durante séculos... onde o ouro fi z brilhar milhares de formo suras, onde a vaidade imperou so- ^>re os tôlos, onde os mais extraor- dinários génios se elevaram ao su- blime, onde o lupanar campeou com todas as misérias, onde se abriram academias para criar sábios, onde i

E' claro, que a p aça D Fernando não é aquella formosa Avenida, que existe no coração da cidade, nem esses formosos e vastos passeios que ha na cidade Mas porque mesmo assim seja não conhecemos o motivo, porque sen- do este pitoresco sitio tão populoso, lhe seja somente concedido um domin- go por mez de musica.

os sábios se multiplicaram, os exér- citos dominaram o amôr perdeu milhares de infelizes, todos esses campos verdejantes, valles formo- síssimos, montanhas grandiosas, todos esses mares cobertos de for- lalezas de aço, percorrido pelas mais estravagantes machinas,perfu- rado por ponteagudos submarinos, todas essas cidades coalhadas de escolas de prostituição e de fabricas, emporios do génio do homem, tu- do isso de todas essas sublimida- des o que existe?

Gelo. . . gelo. . . um frio que se assemelha á morte !

Miséria se pode cham r a tudo o que modernamente tem occorrido ne-te paiz, cujo povo, tão bom, tão paciente, de tantas venturas era merecedor.

As misérias são muitas, mas a maior de todas, o ma or cancro, que vae mi- nan 10 a pouco e pouco, cobardemente, a vida nacional, é a instrucção popular, que os nossos governos têem posto de parte, como se educar um povo não fos»e preparar á n ção um futuro cheio de venturas e de glorias.

Que tristeza nos causam as estatís- ticas! Que immensidaie de analpha- betos 1

E ousamos dir o nome de civilisada a uma nação, em que quatro partes dos seus habitantes não sabem ler, e, que portanto não p<»dem tomar parte activa nos destinos da nação?

Mis se a percentagem dos ignoran tes aterra, ainda rrrais aterrados fica mos, ao pensarmos,- que muitos dos que estão incluídos na parte instruída do povo, se sabem ler, não podem comprehender o que lêem!

Por um calculo, que talvez seja er rado, porque não temos dados suffici-n-ã não me|t directameme tes para o fazer, somente 20% dos nos co(r^ do EstaJo g| dinheiros portuguezes podem apreç ar o que lêem, fjZ se dessa ,el um, b ^ dc f ,Qt ba„ e port into ter a comprehensao muda CQm toJo Q - ■ , dos «eus direitos e dos seus deveres! 1 1 r

Olhemos as aldeias do nosso pa'zl Vel-as-hemos replectas de analphi-

betos, que entendem, que a instrucção é desnecessária, porque s;us p es ti- nham passado sem cila, e elles mes mos não estão mais adeantados que

1

a maior parte de s quats vão morrer de fome na republica brazilei a, porque os cidadãos brazileiros sabem lêr e os nos- sos emigrantes infelizmente nem sole- trar sabem !

E' triste não é ? Pois para nós é mais que triste, é

vergonhoso! *

• * Não apontaremos este ou aquelle go-

verno como cúmplice na ignorância do povo! Todos infel zmenie teein parte nesse crime, que praticam, não sei se consciente, se inconscientemente.

Nos paizes verdadeiramente civilisa- dos, fecham se prisões e abrem-se esco- las; no nosso as escolas constrvam-se diminutas, sendo motivo dc alegria, quando num sem strr se abre alguma (e ainda para isso é necessário, que es- tejam perto as el içÕes),

As prisões não augmentam. porque as que existem, são s Eficientes para conter os nossos 4:000:000 de habi- tantes !

Parece nos, que existe uma- lei que obriga os pies a mandmtm os filhos á e-cola, mas essa hi ningue n acata, por- que também não ha ninguém, que a possa fazer acatar! Se se tratasse de impostos, seria logo nomeada lima le- gião de fi-caes, que obrigariam os po- bres contribuintes a esportular os tan- tos por cento; mas como se trata d'ins-

os pats!

• * *

■ r Na classe militar ha o grande refle-

xo da v da civ.l: o analphabctisrro. Aquehes, que nos governam, nem

aproveitar quizeram o exemplo de um Tudo o que apontamos é triste, mas dos mais distinctos c flàciaes d > nosso

inda mais trist»- é a comparação dr» nosso civilisado Portugal, com outras nações, que alem de mais pequenas não têem a recommenda-las um pas>a d > glorioso, como o nosso! Essas na- ções sentem, vivem, progr dem; a nos sa definha e reirograJa em vez de avan

«Xercito, o snr. capi ão Homem Chris- to, que em infanteria 23 se tem dedi- cado a ensinar os sold idos da sua com- panhia.

Pois não seria uma grande arma de combate contra a ignorância nacional o ensino dos recrutas por companhias?

ç-rl U n povo, que teve um Luiz de Náo seria de justiça o ensino obrigito- Camões e que tantas glorhs alcançou, rio na vida militar, concedendo aos pro-

A agua e o ar teem diminuído d'uma maneira assombrosa. O aci- do carbónico, o oxigénio e o azo- te, hão desaparecido quasi por completo, desprotegendo a terra do trio congelido do espaço.

O Sol, espalha sobre a Terra um calor infecundo! Uma facha de terreno inter-tropical, algumas pa- lhoças miseráveis onde se veem

uma figuras de enormes cabeças, liguras baixas e rachiticas, envol-

i em pelles de animaes, repu- gnantes, tristes, macilentas, de olhar baço e doentio.

São os homens! O mais tudo gelo. .. o frio ter-

rivel. .. o frio que fez morrer o homem!

A 20 0 de Lat. já o frio era im- possível resistir... a 35.° fazia con- gelar o mercutio!

O urso branco, o arminho, per- coriiam livremente as regiões do Deserto de Dana, da Núbia, da Conchinchina!

A baleia de Spitzberg ha emi- grado para os mares gelados das Philippinas... nas terras tórridas de hoje, viam-se então planícies de gelo. .. o calor se transformou em trio. .. as plantas de cores vivas deram logar a alguns ratos pinhei- ros. . . alguma pequena porção de musgos.

Subamos ao Norte.. . continue- mos a subir... ah! Que vemos?

Uma figura branca como o manto que cobre a terra, diaphana, es- quelética, se encontra sentada n'um banco de gelo... espera... Des- ce dos Ceus um anjo. .. encami- nha se para a figura. .. que é a Sciencia... o anjo, é a Historia.

A Sciencia chorab A Historia approximando-se,

perguTtta: Porque choras? A triste sombra, fita demorada-

mente o anjo, depois desanimada olha em redor diz ndo:

—Não vês a terra ? —E' a lei dos Séculos Que de

mundos morreram para resuscita- rem mais grandiosos, mais subli- mes !

Nascer... viver... morrer... resuscitar...

O animal vive, morre, resuscita, não como espirito, mas alimentan- do com as suas substancias as plan- tas. .. os inanimados... outros animaes. .. outras vidas Imagina o corpo do homem. [Continua).

A LIBERDADE

fessores, sargentos e offkiaes, uma gra- tificação, que os estimulasse e lhe* des- se coragem para arcar com as dificul- dades. que nesse ensino encontrassem?

Não seria para nó- motivo de alegria immensa, ver sahir das fileiras do exer- cito h< mens que soubessem ler, homens que podessem 3esempenhar bem o seu papel na sociedade portugueza ?

Que orgulho para o exe cito, diz°r: o lJa\\ eu/regou nos homens ignorantes, e nós damos llie homens instruídos!

E então o exercno seria a grande es Cola dos cidadãos poriuguezes, e delle sahiriam homens, que poderiam apre ciar a vida da sua patria, e dar lhe mesmo com o seu trabalho o impulso, de que tauo está necessitada!

Emquanto a luz da inutrucçãd não for derramada em todo o paiz, emquan- to esses 8o°/0 de analphabeios íe não transformar em 8 '°/0 de portuguezes instruídos, as nações «.ívilisadis olharão para nós assombradas, de que Poriu- gal-seja tão bom equilibrista, que ainda consiga equilihrar se na corda bamba da ignorância popular 1

Diogo do Carmo Reis.

A quem competir

Chamamos a ettenção das auctori- dades competentes para mandarem passar uma rigorosa vistoria á fabrica de moagens. Oliveira Bahuto & Gnn çalves, situada na rua do Caes em Be- lem, que ha muito se acha deshabiiada, para evitar de futuro qualquer desmo- ronamento, que possa causrr algum deaastre grave.

Já. quando foi da sua construcção desmoronou g ande parte do edifício, o que leva a crer, que é de má cons trucção.

Ao nosso collega Corrèio de Belem defensor dos interesses locaes passou desapercebido tão importante facto, ou não faria referencia a e'le com receio de agourar nova queda (?).

Festas Associativas

Grupo Família Alegre.— Nas sallas d'este club eft.-ouou-si no Domingo passado um concerto de psnlterio pel > actor Ricardo c< m acompanhamento de viola por Fran isco d'Oliveira.

Todos os números foram bisados pela assistência que era selecta e nu- merosa.

Em s;gu:di deu-se começo á Soirée dançanio-se com entrain até de madru- gada.

Club Recreativo do Caivano. — N'este club realizou se no d a 7 uma brilh mte recita seguida de baile que se prolongou até ás 4 horas da manhã.

F oot-Iiall

Na quinta feira próxima passada rea- lizou se no Campo das Salessias um desafio de Foot Ball entre um Grupo de estudantes da Casa Pia e o Grupo Foot Ball Belem.

Este ultimo grupo era composto dos srs. Goal — Keeper — Carlos Cunha Baeche—Henrique Costa e José dos Santos.

HalfDaeehs—A'berto Alves, Antonio Alves e Pedro Azevedo.

Fourdars — Antonio Costa, Augusto Lopes. Henrique Teixeira, Luiz Vieira e Antonio M yrehes.

Depois de renh'da lucta conseguío —como pe r acaso — o gtupo Casa Pia metter um goal

O j go do Foot Ball Belem foi mais valoroso, obedecendo sempre ás regras ex gidas no jogo de Foot-Ball.

Lembramos ao digno chefe da 14.* esquadra a conveniência de mandar um ou dois guard s para o Campo d is Sa lessias, nos dias em que se realizem quaesquer desafi s, isto no intuito de evitar scenas selvagens, como as que nós prezenciamos e das quaes foi o principal auctor um individuo que usa pela alcunha do gigante.

Ourique •

Assignado pelos srs. José Pedro Dias, Cypriano Joaquim Figueira, Basilio da Risa Loures, Joaquim Antonio N jbre e Antonio S>bino Mestre, foi profusa- mente distribuído aos eleitores do con cetho de Ourique um manifesto do qual recortamos os seguintes trechos:

«A todos quantos amam o seu paiz. a todos qu ntos teem como a maior riqueza a dignidade da sua pessoa e a honra do seu nome, se dirij m os si- gnatários, n'esta hora verdadeiramente solemne da nossa vida nactond.

Ht dez annos que se organizou aqui o partido republicano, e está na me- moria de todos a maneira brilhante co- mo se fez.

De então até hoje ainda*» partido re- publicano d'este concelho não concor- reu á urna.

Muitas e varias causas o teem des- viado d'esse campo; mas é chegado o momento de pôr de parte todas as con- siderações, sej im ellas de que ordem forem, pa a só se pensar nos interes ses superiores da patria.

Da monarchia já não ha a esperar nada de bom. O seu tempo já passou. Ha muito que desempenhou o seu pap 1 e h je só por meios violentos e ilegiti mos, e escudadi na indft.rença do publico se pode manter.

Não vos pedimos o voto por que isso é uma indignidade, que só inconscien tes e venaes toleram; não vos f .zemos falsas e illusorias promessas, porque isso só é proprio de homens desquali- ficados.

D zemos vos simplesmente.—Cum- pri o vosso dever.

E esse dever, senhores eleitores, só pode consistir, no actual momento, em mostrar ao governo, que nem tudo está corrupto, que nem só nos grandes cen- tros se reprovam os seus processos de administração; esse dever só se pode cumprir cabalmente, votando nos can- didatos do partido repubicano».

E assim é, só nos candidatos repu- blicanos o povo portuguez deve votar, porque d'essa pleiade de homens sérios e inteligentes tudo ha a esperar.

Vergonhoso

Um pobre homem foi ha tempos mor- did 1 n'um braço por uma vibora, re- sultando d'es«a mordedura ter que cor- tar o braço direito.

N estas circumstancias como se tor- nasse impossível, ao infeliz trabalhar, resolveu estender a mão á caridade publica.

Tão infeliz foi, porém, o desgraçado, que ao ir pedir a casa d'um sujeito, que possue avultados meios de fortuna, e-te immediatomeme o mandou pren- der.

E' triste e vergonhoso mandar pren- der um desgraçado unicamente por este lhe pedir cinco réis para a ajuda de um pão.

E sabem os leitores quanto tempo esse desgraçado esteve preso?

Vinte e nove dias! E' triste e vergonhoso!!

Correspondências

Questão corticeira

Barreiro, 7—C —E' espantoso o que evtâ succedendo. A maioria do operariado portuguez lucta com a mi seria, e o governp consente que uma das maiores tiques«s nacionaes, a cor- tiça, seja export<di em bruto para o ixtrangeiro, e cuja industrii mata a fo- me a dez ou dôze mil braços, que tantos são os que se empregun n'esta industria.

Em quanto a maioria das fabricas portuguezas lu:tam com falta de ma-

teria prima, trabalhando só 3 ou 4 dias por semana, uma firma aportuguesada faz despachir para o B .rreirò 800 a 9 >0 fardos de cortiça, que tenta em oarcar, respondendo com insolências aos operários que lhe pedem para não fazer o embarque sem a cortiça ser ao menos recortada, e reconhecendo ser perigoso, pelo menor por agora, em- barcar esta cortiça ás escondidas, como quem passeia no Pinhal da Azambuji, f z embarcar, em Santa Apolonia 400 fardos de coriiça, tirando d'esta forma mais um bocado de pão aos miseros que teem a desgraça de serem operá- rios corticeiros! *

A firma Henry Burnay diz que tem de prejuiso ioo®>ooo réis por d a, que dexar de embarcar a cortiça.

E comquanto foram prejudicados os operários com esta tentativa? E o pre- juízo dos mdusiriaes, que por culpa d'esta firma, tiveram de paralysar os trabalhos?

A firma Henry Burnay & C.* á fren te da qual está u n portuguez, ou pelo menos um naturalisado, tenta exportar a coitçi em bruto lesando os operá- rios portuguezes. o thesouro publico, a nação emfim. A firma allemã O Herold & G.* toma a dtfeza dos operários, e em signal de protesto fecha a sua fa brica.

D um lado um portuguez tirando o pão a 5 ou 6 mil portuguezes, do ou- tro um estrangeiro protestando contra este acto, lesando os seus interesses na defeza dos seus operários.

Comparemos a um, ao 'portuguez, deve o paiz a campanha de dffimação no estrangeiro, tabacos, vidros, etc... esmolas dadas com a mão esquerda, reclames feitos com a direita, uma dú- zia de irmãs da caridade, o pelourinho d'um governo.

Do outro o estrangeiro, deve-se me- nos, confessemos, o desenvolvimento da industria corticeira, e humanitana mente a fundação dos bombeiros vo luntarios com a qual gastou meia du zia de contos de réis «sem esperar lu- cro algum».

Um, o portuguez, é detestado pelo* «eus operários, o outro, o estrangeiro, é adorado como um pae.

Será, o portugez descendente de Mi- guel de Vasconcellos?

E' preciso, é urgente e inadiável, que o governo decrete uma lei prohi- bindo a sahiJa da cortiça em bruto, o que esperamos se não fará dem rar. p is temes a maxima confiança no nu cleo de homens, que n'este momento governam o paiz.

Muito mais teríamos a dizer sobre este assumpto mas a Cita de espaço mhibe-nos de o fazer. No proximo nu- mero voltaremos a tratar d'e-ta que- tão, que não largaremos, sem ser feita completa justiça aos que teem fome.

— No domingo 18 de março assisti- mos no theatro ludepend-nte, á 1.* re- presentação da revista Rebola a Bola, que em todos os 7 quadros nos agra- dou.

E' de esperar, que esta peça conte ainda bastantes noutes de triumpho.

Moita, 1 de abril de igoõ.— C.— Realisa se no proximo d «mingo 8 n'es ta villa a procis-ão dos Passos.

Este anno a procissão será feita com grande pompa tomando parte n'ella 7 anjos, conduz ndo as insígnias da pai- xão, e a1- bandas de musica «Academia Musical União e Trabalho» de Sarilhos G andes, que irá otraz do andor do Senhor dos P ssos e «Sociedade Es- trella Muitense, que se postará atraz do pallio.

A guarda d'honra, conota nos que será fe tt por uma força de 5o praças.

Segundo o costume dos mais annos é de esperar enorme concorrência a esta villa, tanto mais que este anno não se fez a procissão dos Passos no Bar- reiro.

CAImada, 7.—C.—Acaba de se fun- dar na localidade de Cacilhas, por al-

guns rapazes da nossa melhor socie- dade, um grupn dramático intitulado «Grupo Dramático Recreativo».

E^te grupo que tefh por séde uma bella e pittoresca habitação situada na rua Carvalho Freirinha, além de ser a única associação de recreio n'aquella localidade, é sem duvida, um delicioso passatempo para todos aquelles que já se inscreveram no numero dos seus associados.

Brevemente tem logar a primeira re- cita. em que sóbe á scena o commo- vente drama em 3 actos, Escravos e Senhores, e a engraçada comedia em 1 acto Valentes e Medrosos.

— Piojecta se uma corrida de byci- cletes nos meados de junho prox mo, em que tomarão parte distinctos ama- dores d'esse genero de sport, residen- tes n'esta villa.

O sr Demétrio Lopes, proprietário da «Maison ConfLnce» já fez acquisi- ção de diversas machinas para o mes- mo fim.

—E' no proximo dia 17 c não no dia t como estava annunciado, que se rea- lisa a festa commemorativa do 11.° an- niversario da Academia Almadense.

Essa transferencia é occasionada por algumas reparações na séde da socie- dade, que ainda não estão concluídas.

12— C — Com um verdadeiro dia de primavera, partiram d'aqui no dom n- go proximo passado, em digressão pe- la Ti afaria e Cosia de Caparica, mon- tando magnificas «cycles» os n ssos amigos Armando d Azevedo, Abel de Carvalho, S. Adjuncto, José Costa e Manuel Parada.

Com o mesmo fim e o de se junta- rem aquelles srs. também mais tarde sahiram d'Almida, os nossos amigos Augusto da Silveira, José d'Almeida, Manuel Pinto, Gui herme Bello e Er- nesto Baptista Ferreira.

Chalet Club

QArcolena— N'este florescente Club realiza-se hoj uma brilhante recita se- guida de baille.

Programma. O Padre Liberal. Entre-acto dramá-

tico pelo ex nu> sr. A. Cohen e L. The- mudo.

A Ordem é Resonar Comedia em um acto pela ex 0,1 sr 4 D. M iria Luiza d'Ohseira e pelos ex.""" srs. A. Cohen, V. B nt-s e A Mag Ihães.

éMalditas Letras Comedia em um acto pela ex.™1 sr.* D Maria Luiza d Ohveira e pelos ex srs. A. Maga- Ihã s, J. V çoso e R. Carvalho.

Mise-en-scene do Ex.ma Sr. A. Cohen

Traçâo Eléctrica,

Começam hoje a fazer serviço nas ruas de Lisboa os novos carros, que a companhia mandou ha poucos dias vir do Estrangeiro.

= Consta nos que a companhia aca- ba de adquirir uma locomotiva, para transportar o m.tenal para as novas linhas.

isriisroxjEivE

Ia passando alem um fúnebre cortejo Aus soluços da má-, ia o ultimo beijo, Perdido no vozear da gent; da cidade.— E a um enterro humilde. -A curiosidade Faz ass inar a gente ás no tas e ás janellas,—• Ouve-se soluçar á frouxa luz das vellas,—

E o povo ao descohrir-se ingénuo, maguado, P.rgunta: Que.11 morre 4 ? Ninguém, foi um soldado

Viriato d'Almeida.

Lei 13 ds Fevereiro

A chamada lei i3 de fevereiro é uma das bis de excepção, que ha muito tempo, deveria estar banida como injus- ta e cruel.

Não acontece assim infelismente, ape-

A LIBERDADE

zar dos protestos quer de intellectuaes, quer das classes laboriosas.

Contra ella se tem pronunci do ho- mens da cultura de Theopnilo Braga, G' erra Junqueiro. B rnardino Maihado Alfonso Costa, Manuel de Arriaga e muitos outros, entrando n'esse numero alguns monarchicos.

No entanto a monarchia precisa d'essa lei, não para castigar actos anarchkos, mas sim para ínuúlisar aquelles, que lhe não forem sff. içoados.

Não quero n'este momento referir-

rre ao seu auctor; esperarei, que elle suba ás calninancias do poder, para vêr se então contricto, rasga e»se infa- me papel, que tantas e tão boas almas te m mandado para as mhospitas reg õc# afreanas

H; ja em vista o caso de Caldeira Feio, esse bello rapaz, que no momen to, em que duas vidas, se debatiam com as ondas, não teve duvida em atirar-se á agua, com risco da propria vida, para salvar a dos seus semelhantes.

Recebeu por premio dos seus servi-

ços o degredo talvez para toda a vida. Pois por elle, por esse bom r paz,

que na flor da juventude foi arrancado aos seus, cue o choram, devem todos trabalhar para o fazer regressar á me- trópole, e entrega lo ao convívio da so- ciedade, assim como todos os condem- nados pela infame lei.

Pera i-so deve trabalhar a liga de propaganda, para isso devtm trabalhar todos os que sofrem, amam, sentem, e pensam.

I E então todos teremos cumprido um dever de solidariedade, de justiça, e de amor pela humanidade.

Brevemente realiza-se o congresso de liga co tra a lei i3 de Fevereiro, para elle chamo a attenção de todos os ho- mens de coração, e faço votos, para que elle veja coroádas de bom extio as suas aspirações.

19 3 906. Duarte Sarna.

SECCÁO DE ANNUNCIOS

Julio d'Oln/eitfa

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Freguez servido em casa paga mais 100 réis alem da tabella.

Só se servem freguezes em casa, nos dias de semana.

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governo, e peta junta de saúde publica de Portugal, documentos legalisados pelo consul geral do Império do llra- zil. É muito ulil na convalescença de todas as doenças; augments conside- ravelmente as forças aos indivíduos debilitados, e excita o appetite de ura modo extraordinário, liui cálice d este vinbo, representa um bom bile. Acha- te 4 venda nas principaes pnarmacias.

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Habilitado com o curso dos Lyceus, offerece se para dar explicações de ma- thematica a partir do trvz de Agosto, mediante a quantia de 4JP000 por mez.

Carta a esta Redacção com as ini ciaes T. S.

Henrique Banhos

Despachante official da Alfandega de

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Conselho de Saúde Publica de Portu- gal. ensaiado e approvado nos hospi- tais. Cada frasco eslá acompanhado de um impresso com as observações dos principaes medico* de Lisboa, reconhecidas pelos consoes do Brazil. Deposites nas principaes pliarmacias.

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artigos perfeitamente eguaes aos que Tendemos.

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aTV,

ANNO I Lisboa-Belem 29 de Abril de 1906 NUMERO 2

AS8IGNATURA8 (PAOAMKSTO AD1ARTAD0)

Anno 3oo réis Semestre »5o » Avulso 10 *

ADMINISTRADOR ARMANDO DA SILVA

AOMINISTRAÇIO

RUA DA JUNQUEIRA, 476

EOITOR—Ihomai Rodrigues Mathias

UBEBDADE

PUBLICAÇÕES E ANNUNCIOS PREÇOS CONVENCIONA ES

REDACTORES PEREIRA DE SÁ

E JOAQUIM JOSÉ DA SILVA

TOLHA QUlIÍZHIfAI, REBICCiO

RUA DA JUNQUEIRA, 476

Director — L_U I PEREIRA TYP. T. DO SACRAMENTO AO CARMO, 3 A 7

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Âo Paiz

Realisam-se hoje em Portugal as eleições geraes para deputados.

Ao sufrágio popular apresentam- se candidatos de todos os partidos e é claro, que alguns hão de ser eleitos para a representação no par- lamento.

O que será o acto eleitoral não sabemos, nem podemos prever, por- que o governo ha-de lançar mão de todos os meios para as celebres chapeladas, e evitar por todas as formas possíveis ao seu alcance, a eleição dos deputados do povo, dos deputados republicanos.

A todos os portuguezes cumpre o dever de votar nas listas republi- canas, porque a victoria d'essas lis- tas garante a fiscalisação de todos os actos públicos, e especialmente o destino dos dinheiros, com que o povo contribue para o estado.

O dia de hoje está reservado para grandes surpresas: Ou para a moralidade dos costumes, ou para a vergonhosa continuação do Pi- nhal da Azambuja.

Confrontemos todos os nomes propostos ao sufrágio popular e a escolha não será difícil de fazer.

N'uns reside a honradez e a se- riedade bizarramente exposta pelos candidatos republicanos ao povo da capital e das freguezias ruraes que compõem os círculos de Lisboa, assim como aos demais círculos do paiz; noutros alberga-se a hy- procisia eo mais repugnante ser- vilismo aoregimen.

Povo escolhe. D'um lado tens a salvação da

patria, a independência da nação portugueza, que é nossa e só nossa. Emfim a vida.

Do outro tens a falsidade em promessas eleiçoeiras, que esque- cem apóz a escomoteação, a vergo- nha, o ferrete da deshonra. Emfim a morte.

Resolve: ou avança e terás redi- mido a tua patria, resgatando-a do passado glorioso dos nossos avós:

Ou recuas, e perecerás vergo- nhosamente enterrado na lama.

O nosso voto está ha muito hy- pothecado á nossa consciência, e iremos entregal'o ao templo da ra- {ão e da justiça.

França Borges | v.

«A Liberdade» cumprindo o seu programa, e prestando homenagem a quem a merece, insere o retrato do prestimoso correligionário que se cha- ma Antonio França Borges.

Não somos de molde a sentimenta-

tem grangeado muitos e leaes amigos, admiradores da sua tenacidade, do seu arrojo, da sua coragem e da sua subli- me tempera de revolucionário.

Prestando a nossa homenagem cum- primos lealmente o nosso dever, por- que repetimos, França Borges bem o merece.

v

\ V

França Borges

lismos, porque a nossa causa precisa de homens arrojados e atrevidos, tnas porque assim é, abrimos a primeira excepção a favor de França Borges, porque elle o merece.

L merece-o, não só porque tem sa- bido altivamente afrontar toda a infâ- mia, que lhe teem movido os adversá- rios, como também porque a republica tem tido n'elle um valioso cooperador, que com aquella soberba orientação, que lhe conhecemos, tem sabido anu- lar muita velhacaria, muita pulhice.

Quem o olha, vê logo na sua figura o attestado da sua intransigência em servir a causa, que é d'elie, e que é de todos nós, os que trabalhamos para demolir o existente, e edificar o gran- de templo, que há-de ser a gloria do futuro, a suprema vontade do progres- so.

Como director d'«0 mundo», d esse «Mundo» querido, que ciosos guarda- mos no bolso do nosso casaco, tem el- le sacrificado tudo, saúde, interesses, repouso, etc. .

Mas compensando tantos sacrifícios

A' Imprensa

A todos os collegas, que se digna ram fazer referencia á nossa aparição, agradecemos do coração a gentileza das suas palavras.

Ao querido collega A Danguarda podemos afirmar, que A Liberdade, será A Liberdade, emquanto os recur- sos materiaes a podéreín sustentar, ba- queando, mas honrosamente sem enla- mear o seu titulo, quando esses recur sos lhe faltem.

Ao seu director e nosso respeitável amigo dr. Magalhães Lima os nossos respeitosos cumprimentos e cá nos tem sempre ás ordens.

Illumlnação da cidade

Ccnsta-nos, que um grande numero de* moradores da cidade, comprehen- dendo os limites da nova circumvala- ção fazem assignar uma^ representação para ser entregue na Camara Munici- pal de Lisboa, reclamando a illumina-

ção de toda a cidade a bicos de incan- descência, visto que a illuminação a luz eléctrica é só para os bairros ricos.

Com visto á Camara Municipal, acha- mos da maxima justiça a reclamação dos habitantes alfacinhas, e pela nossa parte prestaremos todo o nosso auxilio a tão nobre iniciativa, que merece aplausos, não «ó porque osystema de incandescência embelleza acidade, como a põe ao abrigo de crimes, que por ahi se praticam de noite.

Jurados dos tribuoaes civis

Chegou ao nosso conhecimento a fórma vergonhosa, porque se estão ele- gendo os jurados, que hão de servir no proximo semestre no tribunal civil de Lisboa.

Segundo informações que nos forne- ceram, o serviço é feito da seguinte maneira:

Individuo recenseado pelo partido republicano, e respectivamente con- tribuinte, é apontado no caderno do re- censeamento para servir como jurado.

Ora o procesto é revoltante e indi- gno, porque alem de lesar os interes- ses d'esses nossos correligionários, vem ainda afectar a sua vida de trabalho, porque a maioria d'esses homens são empregados no comercio, e os patrões seja qual fôr a sua cor politica, não podem vêr com bons olhos, que um empregado se ausente, ás vezes sema- nas inteiras, em prejuízo do seu traba- lho, e em proveito de tribunaes, que condemna, dando muitas vezes por iní- qua as decisões do juri, que perdeu o bello do seu tempo para nada.

Não sabemos o fundamento de taes informações, mas vamos indagar o que se passa, e depois falaremos.

Conferencia em Beiem

No dia 20 do corrente na sede do Grupo Dramático João Monteiro, rea- lisou o sr. dr. Manuel d'Arriaga uma conferencia, tendo por thema «A ma- gistratura suprema exercida por usur- pação, segundo o direito revolucionário, sua confrontação e suas consequên- cias.»

Eram 8 horas e 35 minutos quando o sr. dr. Manuel d'Arriaga deu entrada na salla d'este grupo sendo n'essa oca- sião alvo de uma calorosa manifestação da assistência que era numerosa. *_

Subindo ao palco diz o sr. dr. Ma- nuel d'Arriaga que antes de partir de sua casa tinha recebido uma carta ano- nyma, na qual lhe diziam que, não fosse á conferencia, pois que n'aquella casa só se encontravam bandidos.

De nada reciei, e, apesar de meus filhos me pedirem para ficar em minha casa, não accedi aos seus rogos e eis- me aqui ao lado não de bandidos, mas de gente honrada.

O Thema é de alta significação so- cial, moral, politica e económica.

Diz que o partido republicano não é pela espada que quer impôr o seu ideal, porque ella derrama sangue, e os republicanos querem vencer pelo direito e pela justiça.

Referindo-se á humanidade diz o sr. dr. Manuel d'Arriaga, que ella é de grandes rebanhos, chamados povos, os

A LIB 3RDADE

humildes vivem juntos, os tigres e os leões vivem sós.

Trabalhemos lenta e vagarosamente O distincto orador alargando-se em

mais considerações, é por vezes inter rompido pela numerosa assistência que não se cança de o aplaudir.

Quando o sr. dr. Manuel d'Arriaga se dispunha a retirar-se, appareceu na sala o sr. dr. João de Menezes, que foi saudado com uma salva de palmas e logo convidado pela assistência a Ia zer uso da palavra.

Como se encontrasse um pouco fati gado usou primeiramente da palavra < sr. Augusto de Figueiredo.

Este senhor diz, que pediu a palavra para protestar em nome do povo de Belem contra o individuo que escreveu a carta ao sr. dr. Manuel d'Arriaga.

Este senhor que também é um bom orador fallou sempre com grande ve hemencia, sendo ao terminar o seu dis- curso alvo de uma grande manifesta ção.

Em seguida usou da palavra o sr. dr. João de Menezes, que se alargou em diversas considerações, referindo-se ao grande socialista Carl Mark de quem faz o elogio.

Se lhe perguntarem, diz o sr. dr. João de Menezes, se elle quer ser de- putado; diz que sim, mas para o ser não pede votos a ninguém, nem os agradece; os eleitores devem votar se- gundo a sua consciência.

Se fôr eleito e não cumprir o seu mandato, o partido que promova um comício para lhe pedir contas, ih Como os oradores precedentes o sr. dr. João de Menezes, foi por vezes alvo de carinhosas manifestações.

Usou novamente da palavra o sr. Augusto de Figueiredo para agradecer á numerosa assistência a sua presença e ao director do grupo a cedencia das suas salas.

Terminando levantou um viva ao partido republicano, que foi calorosa- mente correspondido.

Assistindo á conferencia estava grande numere de operários corticei- ros, assim com) alguns negociantes < proprietários do sitio.

Na rua faziam o serviço de seguran ça alguns guardas, sobre as ordens do sr. Andrade chefe da esquadra de Be- lem.

*

A proposito da carta anonyma que enviaram ao Sr. Dr. Manuel d'Arria- ga, recebemos do nosso amigo e Sr. Alfredo Augusto Dig.""' Director do Grupo Dramático João Monteiro a se guinte carta, que com o máximo pra- zer publicamos:

Sr. Redactor

Pedia a V. a inserção d'esta minha carta no seu conceituado jornal.

Tendo-se realizado em minha casa uma conferencia republicana, e haven- do alguém que escreveu uma carta ao Ex.mo Sr. Dr. Manuel d'Arriaga avi- sando esse illustre orador para não vir a minha casa pois que ella era uma casa de anarchistas e bandidos, tenho a dizer a V... que se a minha casa foi antro de bandidos, foi quando foi frequentada por esses anonymos, que pouco faltou para me tirarem a camisa; e emquanto a roubos houve os e bem declarados, pois de tal gente tudo se espera, porque só trabalham nas tre- vas e não á luz do dia, frente a frente, pois é assim que os homens de bem se desafrontam, e não escrevendo car- tas anonymas, para o Sr. Dr. Manuel d'Arriaga. e para a Inspecção dos in- cêndios, afim de denunciarem que eu dava recitas em minha casa, sem as obras estarem concluídas.

Sem mais sou de V. etc...

Alfredo Augusto

aviltar a vitalidade do partido republicano. Bem haja o Dr. Manuel d'Arriaga que,

despreaando ease indigno anonimato, n&o do vidou em realiaar a sua conferenoia, que foi entbuaiasticamente aplaudida, recebendo as sim uma prova de que em Belem há ainda muita gente honrada.

Falta de espaço

Devido á grande abundsncia de ori- ginal, luctamos com falta de espaço, fi- cando fóra algum original, de que pe- dimos desculpa aos nossos collaborado- res e correspondentes.

0 que èaprehensão?

Segundo um dicionário que temos sobre a nossa meza de trabalho apre hensão, é:

«Acção e effeito de aprehender, to- mar, (fig.) percepção; imaginação con- tinua (sobre alguma cousa, etc.)».

Ora sendo debaixo de todas as for- mas a definição de aprehensão pouco mais ou menos o que fica transcripto, não comprehendemos, nem sabemos definir o facto da policia tirar os jor- naes das mãos dos vendedores, das lojas onde estão á venda, e ainda da mão dos compradores !

E mesmo por não podermos com prehender tal facto, abrimos um con- curso entre alguns amigos da nossa fo- "ha, e conseguimos obter quatro opi niões:

1.* — Aprehensão é o systema ab- surdo de um epiléptico, em espoliar os interesses de outrem em manifesto pro- veito de alguém, que deseja vêr igno- rados] da opinião publica factos as sombrosos e extraordinários.

2."—Aprehensão é a menomania de a guem, que julga vêr nas dúbias entre- inhas de um Di\ se, ou de um artigo

a revelação de vergonhosos casos, que desvendados assombrariam o paiz in- teiro.

3.°—Aprehensão é uma maneira cla- ra e positiva de tapar verdades.

4.1—Para que se proceda a uma apre hensão é necessário, que o incriminado tenha tido o arrojo de desvendar mise rias e infamias.

Quanto a nós não sabemos o que seja, mas seja o que fôr, não podemos de fórma alguma apoiar semelhante violência, protestando energicamente contra tal facto, e juntando os nossos esforços de solidariedade aos collegas aprehendidos, muito especialmente aos presados collegas Vanguarda e Mundo, por quem sentimos a maior sympathia e estima.

Sociedade de Geographia

Assistimos no passado dia 23 á soi- rée na Sociedade de Geographia.

O programma foi o seguinte: /.* Parte—Marcha Internacional do

Congresso (Taborda), «2.* Rapsódia (Cantos nacionaes. Hussla) Suite Orien- tal (Neuparth).

Projecções luminosas. Cantos popu- lares do Minho.

■2.a Parte—Preludio da opera «Dino- rah». Rapsódias Africanas.

Projecções luminosas. Cantos popu lares do Minho. Marcha do Centenario da descoberta da índia, (Machado).

A sala estava repleta de senhoras e cavalheiros, fazendo as cores vivas das toiletes um effeito surprehendente.

O programma é que deixou muito a desejar.

As projecções, feitas com uma pes sima lanterna magica, os cantos popu- lares n'uma' desafinação que arripiava, salientando-se algumas vozes que mais pareciam essas gaitinhas, que appare- cem na noite de Santo Antonio. Em- fim uma verdadeira vergonha.

A' Caridade

Aos bondosos corações que nos leem, recommendamos uma infeliz senhora, que outr'hora figurou entre a nossa pri- meira sociedade e que hoje se encon- tra na mais horrorosa desgraça.

Esta pobre senhora, perseguida pelo infortúnio, abandonada por todos, sem um pouco de pão, com que possa mi- tigar a fome, com um peito completa- mente ruido por um cancro, jaz n'uma infecta enxerga, n'um quarto escuro, só, sem ter quem a trate, sem ter um ente amigo que a ajude a soffrer.

Ainda ha corações bondosos. E' a esses a quem nos dirigimos suplican- do uma esmola, para quem se chamou D. Maria Amalia de M... e que hoje é uma desgraçada, que não estende a mão á caridade, porque a isso, prefere morrer.

Mora essa infeliz na rua de Santo

, Júdice Costa a desempenhar a proto* gonista.

Gostamos de a ouvir e de a vêr, fi- cando-nos a grata impressão de a con- siderarmos uma genial artista.

Tosca.—Com a estreia do tenor Flávio Frosini e o soprano Amalia de Roma cantou-se pela primeira vez esta época a Tosca, que não agradou tanto como se esperava devido á hesitação de todos os interpretes—talvez um pou- co de precipitação nos ensaios—incluin- do a propria orchesta.

Emfim são precalços do oficio, que hão de ser remediados.

Othello.—Para hontem estava mar- cado no cartaz «Othello» do maestro Verdi, de cujo desempenho e execução daremos conta no proximo numero.

Hoje deve cantar-se outra vez o Othelo.

Fott-Ball

Realizou-se no dia 13 do corren- te no campo da Junqueira, o desafio entre o Grupo Sport Calvario e um Grupo mixto de Belem.

Do Grupo de Belem faziam parte os srs. Gool Keeper, Luiz Rodrigues, Baeche-Corga e A. Machado, Half- baechs, C. Monteiro, C. Cunha e A. Silva, Fowards, A. Gaspar, M. Fer- reira, A. Simões, França e A. Costa.

O Sport Calvario era composto dos seguintes srs. Gool-Keeper, Luiz The- mudo, Baechs Antonio Garcia, Virgilio Bentes, Halfb?cches, Pedro Nolasco, Albano Carvalho, e Teves, Fowards, Carlos Costa, Eduardo Freire, Adrião, O. Garcia, Jayme Vinagre.

O resultado final foi o Sport Calva- rio metter um goal.

O vento prejudicou o jogo, e o ter- reno estava em más condições para um desafio.

O Juiz de Campos foi o sr. C. França.

No dia 6 de maio realiza-se um de- safio de Foot Ball entre o «grupo de Belem» e o grupo «Casa Pia».

Carta da Madeira Amaro, n.# 27, (Pateo) á Estrella.

O mundo nos trlbunaes

O tribunal da relação acaba de fa- zer justiça anulando a decisão da pri-

eira instancia, emque este nosso es- timado collega tinha síJo processado por liberdade de imprenssa, em virtu- de ter publicado um artigo do Dr. Ber- nardino Machado intitulado; França e Portugal.

Nos tempos que vão correndo, é di gno de regitar-se o proceder do tribu- nal da Relação.

Funchal; 22. A bordo do paquete S. Miguel fun-

deado no porto desta cidade, entre ou- tros passageiros chegaram o sr. coro- nel Alves, commandante do regimento 27 de infanteria, e o sr. commendador Joaquim Maria Fragoso.

Ao caes da entrada foram aguardar a sua chegada, afim de apresentarem as suas boas vindas os srs. conselhei- ros José Lrite Monteiro, Arthur Leite Monteiro, dr. Jayme de Sá, dr. José

J Joaquim Mendes, dr. Correia Mendes, • dr. Carlos Leite Monteiro, director do

. . — posto de desinfecção, Herculano da djuvando os amadores 6 artistas portu- I Cunha, capitão do porto do Funchal e

J outros funccionanos civis e militares. Depois dos cumprimentos de estylo,

dirigiram-se para a residência do illus- tre chefe do partido regenerador, na rua do Campo da Barca, onde foi offe- recido aos seus amigos políticos um delicado copo d'agua.

Tourada

Realisa-se hoje a inauguração da epo- chs tauromachica na Praça de Algés.

Serão lidados 10 bravíssimos touros. A corrida é dedicada aos dois novéis

toureiros os Sr.' Alexandre Vieira e João d'Oliveira, de regresso do Rio de Janeiro onde causaram o maior succes- so.

Tomam parte na corrida 2 amado- res cavalleiros e bandarilheiros, coa-

guezes e hespanhoes. Os preços para esta corrida que é

promovida pelo Grupo Recreativo Tau- romachico são os seguintes:

Camarotes grandes 23&400—peque- nos lífcõoo—Balcão 600—FauteisI 5oo —Sombra 400—Sol 200 reis.

N. P. . —A carta que o sr. Alfredo Augusto noa

mandou ó uma exauturação aos annonymos e politiqueiros reles cá do sitio, que querem

A FLOR DA CHINA

188-139 R. do Belem 1BO-131

Depois de obras importantíssimas que o transformaram n'um dos melho- res estabelecimentos da capital; rea- bre hoje este estabelecimento do nosso estimado amigo e conterrâneo o Sr. A. Pinho, que pelo seu aturado traba- lho e não excedida honestidade, se tem tornado merecedor de todos os encó- mios.

Felicitamos sinceramente este nosso amigo e fazemos os mais sinceros vo- tos pelas suas prosperidades.

Colyseu dos Recreios

Opera lírica

Estreiou se no dia 14 do corrente na elegante sala de espectáculos da Rua de Santo Antão, de que é emprezario o nosso estimado amigo Comendador Antonio Santos, a temporada lirica, que este anno traz um elenco o mais com- pleto possível.

Desde a sahida do nosso numero an- terior até hoje tem-se cantado as seguin- tes operas, cuja apreciação resumimos pela absoluta falta de espaço.

Aida.—Que agradou muito e foi justamente aplaudida pela sua boa exe- cução.

Gioconda.—Foi uma noite de festa, a noite em que se cantou esta opera, porque além de ser bem executada, te- ve ainda a nossa querida patrícia Maria

Por detraz das taboinhas da Asso- ciação Commercial achava-se um gru- po de progressistas.

—N'este momento estão fazendo pre- parativos no jardim da Rainha D Ame- lia para se executarem alguns trechos de musica, em honra dos srs. Alves e Fragoso.

—O pobre Octaviano Soares, ago.a sem o seu querido Immaculado irá (tal- vez) ceifar trigo na bella propriedade do Rochedo.

«Cautella com os doentes». OA. M.

0 nosso registo O Sr. Commendador Joaquim Maria

Fragoso acaba de publicar um folheto intitulado «Viação na Ilha da Madeira».

Agradecemos o exemplar que nos offereceu.

A LIBERDADE

Festas Associativas

Grupo dramático João Monteiro — Neste florescente grupo, realisou se no dia 22 uma brilhante recita, subindo á scena o drama em 4 actos — «Mar e Guerra» cujo desempenho foi comflado aos srs: Alfredo Augusto, Eduardo Vaz, Victor Manuel, Antonio Gomes, Poly- carpo Nascimento, João da Luz, Anto- nio da Costa, Joaquim Nascimento, Grillo da Silva; e ás Sn" D. Luiza Monteiro, Clarisse Paredes, Virginia Monteiro, e Carolina Pinto.

Todos os intrepetes foram calorosa- mente aplaudidos pela numerosa assis- tência.

Esta recita esteve para ser transfe- rida pela razão de 3 dos mais impor- tantes papeis serem na antevéspera do espectaclo substituídos.

—Este grupo encontra-se hoje con- sideravelmente augmentado devido aos grandes esforços empregados pelo seu director e nosso amigo sr. Alfredo Augusto.

— Realizam-se n'este florescente grupo nos dias 5 e 6 do proximo mez duas brilhantes recitas dedicadas aos socios d'cste grupo. Representam-se os dra- mas «O Remorso — O Fugido da Bastilha e Cada doido..., seguindo-se- Ihes dois actos de Foliéres Bergéres.

Está também em ensaios n'este gru- po o drama de grande espectáculo *A ãlha do man do reportorio do Thea- tro do Principe Real.

Pedenos o director do grupo Dra- mático João Monteiro para fazermos publico, que não teem validade os bi- lhetes que o snr. Antonio Paredes an- da passando com o nome d'este grupo para a recita do dia 6 de maio.

Club Recreativo Lusitano.— Reali- za se hoje n'este elegante club uma brilhante recita, a qual será desempe- nhada pelo distincto grupo dramático d'este club; subindo á scena a oppereta «Bocácio na rua», uma comedia, e um acto de Folies Bergéres.

Abrilhanta o espectáculo a orchestra do club, sobre a regência do distincto maestro snr. Antonio Salles,

—Brevemente realisa-se n'este club uma recita para estreia do menino Ar- naldo de Figueiredo, que representará a cançoneta «Meio grosso» original do nosso amigo e distincto escriptor dra- mático o snr. Julio Gaspar. A musica é original do hábil maestro snr. Anto- nio Salles.

Carteira d'A LIBERDADE

A aniversario

Completou hontem a bonita edade de 88 annos o sr. Carlos Vital Pereira de Sá

Enviamos a este senhor e a sua Ex nl

família os nossos mais sinceros para- bens.

Estudos Sociaes

1

A Mulher

«Pode sêr a estrella do bem ou a consócia do mál, sal- var ou perder».

D. Antonio da Costa.

Toda a perfeição do mundo finito realça n'um ente divino, immortal a mu- lher l

A natureza, em sua prespectiva fera- ciss roa, e ridente, seria esteril e triste, se a mulher formosa não pisasse com a pequena e feiticeira planta as gramí- neas dos seus campos.

Os panoramas que se ostentam tão bellos do cimo de alcantiladas penedias,

perderiam gradualmente a formosura, se ao longe não prepassasse a pastora singela, casta, meiga, sorridente, de tez rosácea, de fresca e harmoniosa voz, que é gm hymno do Senhor!

Mal expira o cântico nos rubros lá- bios, logo se ouve melodiosíssimo co- ro d'aves, que, com seus vibrantes e magistraes gorgeios, acompanham a gentil zagaia !

A mulher dá a tudo que é imponen- te e magnifico—a auréola do ideal, o supremo arroubamento, o esplendor infinito! 1

Tem no olhar o cunho da origem divina e na voz tal magia, que, o ho- mem prostrado e absorto ante a sua adoravel presença a denonima—anjo— sem adivinhar que sob invólucro tão esbelto está muitas vezes recôndito um —demonio!

A pintura, a historia e a poesia teem porfiado em delinear aquelle corpo ai- roso e fascinante; em estudar a incom prehensivel natureza do bello sexo, e descrever, á luz da imaginação, ao im- pulso do estro genial,—as suas formas flaccidas e lindas; a sua cabeça donai- rosa e soberana, as perfumadas e se- dosas madeixas, a expressão profunda e célica dos olhos formosos, a euphonia da sua vóz irresistível, a alvura da sua epiderme e dentes, o lúbrico arfar do peito alabastrino e a extrema pequenez dos seus pésinhos 11

As mãos breves e róseas, o languido sorriso, são perfeições summas, que abatem a sobranceria do rei da crea- ção!

E' indizível o attractivo, se aquellas mãos se abrem para suavisar a miséria do infeliz, se aquelle, sorriso exprime a virtude !

Em todos os séculos tem inspirado a sua soberania femenil, quer se tribu- te culto á belleza material; quer seja adorada pela sua sensibilidade—como única e forte potencia da sua alma.

Depois que a civilisação do christia- nismo deixou bem definidos os direitos e devêres d'este sêr sublime e fraco; depois que cessaram as selváticas, cruéis e Ímpias leis; que determinavam o avil- tamento e servilismo da mulher, ergueu- se um epinicio unanime á gloria da — esposa e mãe!

Manifestou-se bem toda a pureza e magnitude da delicada missão da mu- lher, que veiu ao mundo para educar a humanidade.

Como esposa e mãe é infinita a apre- ciação das suas virtudes!

Da grandeza da sua essencia angeli- cal dimana a serie dos dons moraes, que consolidam a felicidade do homem.

Para segura consecução de tão gran- diosa ventura é necessário—que a mu- lher (sêr simultaneamennte forte e fra- co) seja dirigida nas suas acções, por- que, obecceada pelo sentimento extin gue-se lhe a frouxa luz da razão.—As- sim, torna-se rebelde ao mais extremo raciocínio, e, não raro origina a discór- dia no lar, promove o divorcio, em vêz de manter a paz, salutar e consolado- ra !

E' verdade que, ao impeto enthusias- tico da sua sensibilidade, á sua forte iniciativa no perigo extremo se deve o mais alto heroísmo dos factos, que a historia registra e louva em paginas brilhantes!

Porém, no perfumado ambiente, do lar doméstico tem funestíssimas con- sequências esse intempestivo arrôjo da sua alma mui sensível; ou a sua acção lenta e continua, nem prudente, nem circumspecta.

Consequentemente, urge:—que a prudência e reflexão do homem, exem- alificadas com recta justiça, moderem os excessos da energia e fragilidade da mulher—para duradoura realisação da recíproca ventura.

«Toda a sua influencia moral proce- de do rubor da inocência, da graça, do espirito e da virtude no lar»—como elo- quentemente affirma o illustre escriptor J. Antonio da Costa, no seu precioso ivro—«O Christianismo e o Progres-

so». As suas fraquezas e suaves contra-

dicções fascinam o coração humano; bem como, os arrebatamentos gigan- téos da sua alma sensível emmudece e subrepujam o animo mais varonil I

Anselmo de Barros. (Continua).

D. João de Hello

Com este titulo começará brevemen- te a publicar-se em folhetins na «Van- guarda» este romance histórico, de que é auctor o nosso collega de redacção Antonio Pereira de Sá.

Correspondências

Almada, 23 — C. —Teem sido bas- tante discutidos, na classe corticeira desta villa, os últimos acontecimentos succedidos no Barreiro.

—No proximo dia i.° de maio sahe n'esta villa um novo jornal intitulado A Voz do Corticeiro cujo fim — além de ser noticioso—é defenderas causas de tão prestante classe.

—Passou a denominar-se «Club Re- creativo José Alvelino»,o «Grupo Dra- mático Recreativo», de Cacilhas.

—E' definitivamente no dia 6 de maio proximo, que se realiza na séde d'este Club, a primeira recita brilhan- temente ensaiada pelo sr. Antonio Luiz Avellar, e dedicada pela direção aos socios e suas famílias. As obras naor- ganisação do palco e sala d'esta sym- pathica agremiação encontram-se qua- si concluídas.

A direcção composta de distinctos e bem conceituados cavalheiros esforça- se, para que esta festa seja revestida do maior deslumbramento possível.

—Pelo «Grupo Dramático da Aca- demia Almadense», realizou se no dia 2i no Theatro Garrett, da Cova da Piedade, a recita em beneficio do co- nhecido amador dramático Eduardo de Almeida.

O espectáculo foi de geral agrado, estando a casa replecta ae espectado- res.

— Falla-se nos srs. conselheiro Car- valho Pessoa, Pinto Bastos ou Jacin- tho Jardim, como candidatos a depu tados por este concelho, nas próximas eleições.

—Na Academia Almadense, tem lo- gar no dia i3 do proximo mez, uma recita em que toma parte o Grupo Dra- mático da mesma Academia, distincta- mente ensaiado pelo nosso amigo Pin- to d'Almeida. Esta recita é promovida pela direcção em favor do seu cofre. Vae á scena o drama em 2 actos A Garra de Abutre, a comedia em 1 acto Os dois nénés e a opereta 'Bocá- cio na rua.

O desempenho está a cargo dos dis- tinctos amadores, srs. Alfredo Araujo, Antonio A. Rodrigues, Eduardo Al- meida, Manoel Pinto, Fernando dos Santos, José Luiz e José Xavier, e das distinctas amadoras, sr." D. Luiza Mon- teiro, D. Alda e D. Belmira Soares.

Moita, c, 25 abril.—Realisa-se no proximo dia 1 de maio n'esta pittores- ca villa a inauguração do novo edifício da Associação de Soccorros Mutuos União Moitense.

A nova casa onde no dia 1 de maio se installa esta associação de beneficên- cia que contando apenas 11 annos de existência é hoje uma das primeiras dos arredores de Lisboa foi arranjada ex- pressamente para este fim no Largo do Conde de Ferreira sendo os actuaes corpos gerentes dignos de todo o elo- gio pelos esforços empregados para a realisação d'este melhoramento.

O programma das festas promovidas n'este dia pela associação será o se- guinte:

A's 5 horas da manhã alvorada pela banda Estrella Moitense que percorre- rá as ruas da villa annunciando os fes- tejos, queimando-se n'esta occasião mi- lhares de foguetes.

A's 9 horas da manhã cortejo cívico em direcção ao cemitério que deve ser

imponentíssimo pela grande quantida- de de pessoas, que o devem formar, tomando parte n este cortejo todas as collectividades d'esta villa entre as quaes Camara Municipal, auctoridades, todos os socios da Associação de Soc- corros Mutuos União Moitense, condu- zindo os corpos gerentes d'esta asso- ciação, os senhores Estanislau Domin- gues Junior, Antonio Nicolau Tolenti- no da Silva, Carlos de Jesus Russiano, Nicepharo d'Oliveira, José Simões Do- mingues, José Candido Pires, Antonio Luiz Simões, Francisco Simões Parrei- ras, Adalberto dos Santos Alves Perei- ra, Augusto Roiz d Almeida, Joaquim Soares Ferreira, Manoel J. da Costa Sobrinho, João da Costa Brandão, uma rica corêa offerta da Associação aos socios fallecidos que será deposta na capella do cemitério. Fechará o cortejo a banda d'esta villa.

A chegada do cortejo ao cemitério será annunciada com uma grande gi- randola de foguetes, disendo-se n'esta occasião na capella de S. Sebastião (cemitério) uma missa, em seguida á qual discursarão 3 dos mais notáveis oradores, que para este fim já estão inscriptos.

O itenerario do cortejo será: Largo e Rua do Conde de Forreira, Largo do Principe D. Carlos, Rua Direita, Lar- go das Flores, Largo do Poço e rua de S. Sebastião, durante o cortejo deve ser queimada grande porção de fogue- tes.

A' tarde das 4 ás 7 toca no coreto do Largo do Conde de Ferreira a Phi- larmonica Estrella Mo:tense.

A's 8 horas da noite sessão solemne na Associação de Soccorros Mutuos seguida de concerto pela Philarmonica e baile.

A philarmonica Estrella Moitense prestou-se gentilmente a abrilhantar estes festejos sem remuneração algu- ma.

Do que occorrer durante as festas informaremos os nossos leitores.

Barreiro, c, 23 Abril.—Está sanado o conflicto da cortiça graças á attitude enérgica dos operários, graças á inter- venção do Senhor Admistrador d'este concelho. O dono da cortiça Snr. Sa- grera consentiu que a cortiça fosse aqui recortada constando-nos, que este se- nhor se comprometteu a não fazer ex- portar mais cortiça alguma em bruto.

A'lerta operários coniceiros, não des- canceis sobre os louros da V. victoria, não vos embaleis com vãs palavras. Não duvidamos da palavra da Snr. Sa- grera, queremos mesmo crer, que este senhor está no proposito de cumprir, o que prometteu, mas o compromisso de um particular não basta para garan- tir os vossos interesses, deveis pedir, tendes o dever de exigir dos poderes públicos uma lei, que prohiba a expor tação da cortiça em bruto.

Lutando pelos vossos interesses, pe- lo pão de vossos filhos bem mereceis da patria porque contribuis d'uma ma- neira importante para o desenvolvimen- to d'uma industria, e como tal d'uma receita publica.

Não é só o general que vence as ba- talhos, que é—heroe.

O orador que do alto da tribuna ze- la pelos interesses do sua terra bem merece da patria.

O legislador que decreta leis de re- conhecida utilidade publica é um bene- mérito.

Mestre d'Aviz, João das Regras, Nu- no Alvares Pereira, Vasco da Gama, Padre Antonio Vieira, Marquez Pom- bal, Camões, Joaquim Antoniod' Aguiar, Mousinho d'Albuquerque, José Estevão, Bordallo Pinheiro e tantos outros foram heroes, foram beneméritos bem mere- ceram da Patria, uns com a espada, na guerra, outros escrevendo, orando, fasendo obras primas cumpriram o seu dever de patriotas trabalhando, empre- gando todos os seus esforços para o engrandecimento da nossa terra, do ve- lho «Portugal».

Vós oh! operários de todas as indus- trias, de todos os officios, não sois me- nos de qualquer d'estes heroes, cum-

A LIBERDADE

pri o vosso dever, exigi dos altos po-1 deres a maxima protecção ás vossas in- dustrias, empregai todos os vossos es- forços no engrandecimto d'este canto da terra, para isso só vos basta união, unide-vos, zelando todos por um e um por todos vencereis todas as más vontades, todos as alcavalas, sereis uns heroes, para quem os vossos filhos olharão com respeito, a quem todo o portuguez olhará com o amor devido aos beneméritos da patria.

E tu ó operário corticeiro, que le- vantaste a luva, que foste o primeiro a mostrar, que o operariado portuguez é unido, qje mostrastes ao paiz, que a união mesmo ordeira faz a força, com a qual nenhum poder poderá combater, e tu ó operário corticeiro, representan- te d'uma uas industrias mais ricas e que menos dá que fazer aos seus ope- rários, avante, põe os olhos na estrada do dever, segue o teu caminho sem descanço e tereis cumprido com a obri- gação de todo o patriota.

10-4-06. Augusto Carlos de Sá.

Barreiro, c, 27 Abril igoô.—Reali- sa-se no dia 6 de Maio no theatro In- dependente d'esta villa um espectáculo em beneficio das victimas de Courriéres. A empresa esploradora gentilmente of- fereceu a casa tomando parte n'este espectáculo o grupo de amadores d'es- ta villa que espontaneamente seoílere- ceu para abrilhantar este espectáculo.

Seria uma idea tanto ou mais sim- pathica do que esta, o realisar-se um espectáculo em beneficio das victimas de S. Francisco. Estamos certos que qualquer commissão que para este fim se formasse só encontraria adhesóes

em todos aquelles, a que se dirijisse. Aqui fica pois este alvitre e que o Barreiro seja ai.* terra a lembrar-se dos seus irmãos ausentes, victimas do terremoto de S. Francisco, onde tantos serviços nos teem prestado.

—Não sabemos o motivo porque a carne de vacca tem augmentado de paeço n'esta villa, ha pouco era a 220 réis o kilo, passou a 23o e presente mente é a 240, será por ser de melhor qualidade? Não nos parece, porque não ha muito, que vimos ir para o mata- douro a pelle e o osso de um boi, por- que carne—já a não tinha.

Casa Branca, 21 abril, C.—Na ma- drugada de 16 do corrente foi encon- trado pelo nosso amigo Alberto Carlos Braga (chefe da estação desta localida- de) um meliante qualquer dormindo dentro do vagon, que serve de armazém d'esta estação. Intimado a sair desobe- deceu ao nosso amigo insultando-o.

O senhor Carlos Braga em vista des- te procedimento lavrou auto de noticia que mandou juntamente com o preso entregar ao regedor de S. Thiago do Escoural. Imagine-se a admiração d'es- te senhor quando d'ahi a pouco recebe a seguinte carta do regedor:

Snr. chefe da estação da Casa Bran- ca. Agradeço bastante a *xatice» que V. Ex.* me mandou logo amanhecida» assim como também lhe peço a fineza de nunca mais me *xatiar» com en- commendas d'estas, que eu não tenho obrigação de estar aqui á sua «hordem» para txatices» destas se me vier mais alguma encommenda egual, eu não a acceito.

Ao snr. administrador do concelho recommendamos este zeloso regedor.

Villa Real 17.—Abriu no sabado 14 do corrente á exploração o ultimo tro- ço desta linha de Tavira a Villa Real de Santo Antonio.

O primeiro comboio que foi^posto á disposição do publico foi o trammay n.° 2t 5, que partiu de Faro pelas 9,5o da manhã. Este comboio chegou a Vil- la Real com o dobro da composição e completamente cheio de passageiros.

A' chegada á estação foram lançados ao ar muitos foguetes e levantados vá- rios vivas, que eram delirantemente correspondidos.

As ruas d'esta pittoresca villa esta- vam todas embandeiradas, sobresahin- do o largo onde está a estação provi- sória, que desde madrugada esteve sem- pre cheio de povo, que ancioso espera- va o I.* comboio que chegou perto das 12 e 3o, ao apparecer o comboio nas agulhas as bandas de musicas que no recinto da estação e fora estavam for- madas romperam com o hymno nacio- nal em quanto estrallejavam os fogue- tes, a muitidão como contaminada por um choque eléctrico, rompia aos vivas ao Caminho de ferro, governo etc., em- fim um verdadeiro delírio.

21-4-06. Sá.

Theatros

D. Maria.—Realisou-sehontem n'es- te theatro a 2.* representação de uma peça intitulada A duvida.

D. Amelia.—Tem agradado muito a companhia de Zarzuela que está tra- balhando no theatro D. Amelia, rece-

bendo todas as noites muitos applau- sos.

O programma de hoje é atrshente, e por isso o theatro deve ter uma en- chente á cunha.

Gymnasio. — Quem quizer passar uma noite agradavel, é ir ao Gymnasio e vêr as engraçadas comedias, que ali se representam.

Garantimos, que é fartote de risota. Rato.—Mais uma representação con-

ta hoje a chistosa revista De risca ao lado. " Principe Real. — Representa-se actualmente n'este theatro a peça Mer- cúrio parodia á Venus, colhendo fartos aplausos.

Águia d'Ouro.—A magica As Jóias da Coroa, original do nosso amigo Ju- lio Dumont.

Folies Der geres. — Companhia de variedades Kinematograph Pathé—Ge- ral 60 réis.

MoulinRouge.—Caféconcerto.Trou- pe de variedades.

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SEMANÁRIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

ANNO

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ASSIGNATURAS Anno 1J200 | Trimestre 300 Semestre 600 | Mes (em Lisboa) 100

Toda a correspondência relativa ao Joual deve ser dirigida á administração, e relativa á SUCiEDADE á commissio ad- ministrativa .

EDITOR — TTiomai Rodrigues Mathias

Lisboa, 3 de junho de 1906

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Séde da Sociedade — Rua do Oaes do Tojo, 20, 1.®

ANNUNCI0S No corpo do jornal, linha 60 rs. | Na 4.* psg., linha... 20 rs

Repeliçfes o« permanente» ajuste convencional Oa ara. aocloa e aaaifnantei toem abatimento de 80 por cento

Os originaes que uos dirigirem, quer sejam on não publica- dos, não serão restituídos.

IMP. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

NUMERO

í

APRESENTAÇÃO

A União Popular tem um programma simples: é um jornal para o povo, para a classe operaria, especial- mente, cujos interesses legí- timos advogará sempre com verdedeira sollicitude. Tanto quanto possa, com o maior empenho e com uma sinceri- dade absoluta, alheio a sug- gestões de quem quer que seja, indifferente a mesqui- nharias e superior a rivalida- des— que teem, umas e ou- tras, embaraçado considera- velmente o advento de uma nova era para os trabalhado- res portuguezes, uma era de justiça, de conforto e de re- lativa prosperidade, de que elles tanto necessitam—este jornal procurará orientar e es- clarecer o operariado, falar- lhe a linguagem do bom sen- so, encorajal-o para a lucta contra explorações e violên- cias, cimentar a sua união, baseando-a numa verdadei- ra fraternidade, e n'uma exa- cta comprehensão de deve- res e direitos. Até hoje os operários portuguezes teem sido lisongeados por preten- sos amigos e duvidosos edu- cadores ; lisongeados em to- das as suas acções e em to- dos os seus movimentos, re- ceando-se soffrear- lhes os Ímpetos ou moderar-lhes as violências. Não se tem ensi- nado o operário ; é a grande e triste verdade. Não se tem educado a familia trabalha- dora, orientando-a solida- mente e efficazmente na sua missão social, e dirigindo com disvello e interesse os seus passos.

E' preciso fazer isto, n'um intuito generoso e n'uma as- piração humanitária—de me lhores dias para a classe ope- raria portugueza. E' precaria a sua situação, material e mo- ral. Urge melhoral-a, não acirrando odios e malqueren- ças, não dividindo e creando antagonismos, mas levando a todos, indistinctamente, a luz que esclarece, o ensino que fortifica e a crença que

consola, encaminhando-lhes os passos pela estrada da honra, da moial, da justiça, do direito e da fraternidade.

Entregamo-nos esponta- neamente a esta cruzada, não querendo outro premio que não seja a satisfação da consciência, nem ambicio nando outra gloria mais que algum êxito aos esforços dis- pendidos e ao trabalho reali- sado.

Esta folha é dos operários; defenderá os seus legítimos interesses,promoverá a maior diflfusão48çp ensino, lembra rá comtantemente aos gover nos a necessidade e o dever de deferir muitas das revin- dicações dos que trabalham esfôrçar-se-ha por melhorar a situação da familia opera ria, por subtrahir a mulher ao trabalho violento da offi- cina e a creança ao labutar perigoso da fabrica ; sobre- tudo, diligenciará que todos os Operários se amem e se auxiliem mutuamente, eque, mesmo para conseguirem uma situação mais desafoga- da, se deixem de soluções imprudentes e violentas, e, conscios do que valem e me- recem, se imponham e façam attender não pelo direito da força, mas pela força do di- reito.

Eis o nosso programma. Esperamos que o operário nos auxilie com a suasympa- thia. Aquelles que discorda- rem da nossa maneira devêr as coisas, e de trabalhar pe lo bem da classe operaria, que nos façam as suas obser- vações e nos discutam os ac- tos e os princípios, serena- mente e lealmente. Não ata- camos pessoas, não odiamos os homens. E' tempo de se pôr de lado, por inútil e retro- grado, este processo do insul- to e da offensa.

A nossa missão é de paz e de amor. Oxalá sejamos comprehendidos, e valha de alguma coisa o nosso esforço em prol da classe trabalhado- ra.

•A UNIÃO POPULAR-

Do seu proximo numero em deante, este jornal come- çará a publicar uma serie de ponderados artigos sobre questões que, de um modo particular, interessam á classe operaria. Os DESASTRES NO TRABALHO, a neces- sidade de uma lei que GA- RANTA A VELHICE TRANQUILLA AOSINHA BILI LADOS, a indispensa- bilidade de CASAS BARA- TAS E HYGIENICAS para as familias operarias, os IN- CONVENIENTES DO JO- GO e os PERIGOS DO AL- COOLISMO, a situação das

CRIADAS DE SERVIR, a importância dos SEGUROS DE VIDA e das CAIXAS ECONÓMICAS, a necessi- dade do BARATEAMENTO DA VIDA e da ABOLIÇÃO DO IMPOSTO DE CON- SUMO, todos estes graves as- sumptos serão aqui tratados com a maior circumspecção e um desenvolvimento com- patível com a indole e a na- tureza de uma publicação co- mo esta, Julgamos inútil cha- mar as attenções dos leitores para estes artigos, que hão de ser redigidos com a maior clareza e simplicidade, para que todos os possam com- prehender sem esforço.

As Festas de Junho

A capital deve um assignalado serviço aos portuenses. A inicia- tiva do club dos Fenianos esti- mulou os brios dos lisboetas. O brilhantismo das festas do ulti- mo entrudo na capital do nor- te, promovidas por aquelle club, decidiu um grupo de homens de

| boa-vontade e patriotismo a reu- nir todos os esforços, todas as actividades e energias, todos os elementos valiosos, que existem ainda, graças a Deus, em Lisboa, afim de metter hombros a uma empreza de vasto alcance e de indiscutível necessidade : a rea- lisaçãq de festas, certamens, ex- posições, concursos, etc., que chamem forasteiros á capital,que animem o comercio e a indus- tria, que abram um parenthesis de movimento e alegria neste nosso viver monotono. £

E' um iniciativa arrojada, mas sympathica, e que merece todo o applauso e toda a coadjuvação.

Como no Porto, constituiu-se em Lisboa um club, que tem por fim a realisação d'este de- siderato. Esse club resolveu tentar já este anno a primeira experiência, e anuncia para o mez corrente festas brilhantes, como: fogos de artificio, cortejo nocturno, illuminação e orna- mentação de janellas, descantes populares, etc. etc.

A direcção do Grande Club de Lisboa espera que o commer- cio e a industria apresentem no cortejo grande numero de car- ros reclamos, e conta também com a cooperação dos clubs de recreio, tunas, grupos dramáti- cos, bandas philarmonicas e to- das as aggremiações populares que darão grande brilho ao mes- mo cortejo com a sua presença, com a execução de trechos mu- sicaes e conduzindo balões, lan- ternas e fogos.

— O fogo de artificio, que se queimará na noite de 12 de ju- nho, vespera de Santo Antonio, é fornecido pelos conhecidos py- rotechnicos de Lisboa e Porto os srs. Leandro Cid e José Joa- quim Devesas; e o da noite de 14 fornecido pelos não menos conhecidos artistas da especiali dade os srs. Alberto Gomes da Costa e José Nunes da Silva, es te da Certã e aquelle de Ponte da Barca.

Em virtude da comptencia en- tre estes industriaes, do seu bom nome e de disputarem o grémio que o grande Club de Lisboa oflerece ao que melhor fogo apresentar, é de esperar que o fogo seja de novidade e de gran- de effeito.

— No Rocio e Avenida estão sendo construídas elegantes ins tallações para venda de flores, fructas e recordações das festas. D'esta vez não haverá, e ainda bem, pavilhões grosseiros e ki- osques vergonhosos...

— Ainda ha um numero de- véras interessante, e de agrado certo : na tarde do dia 14 com todo o material e pessoal dos incêndios, que possa ser dispen- sado sem prejuízo do serviço das respectivas estações, será orga- nisada uma parada que desfila- rá na rotuna da Avenida.

Nessa parada, que deve ser de extraordinário effeito, toma- rão parte bombas a vapor, car- ros de escadas, bombas de mão, carros desoccorros, etc. etc.,e o pessoal permanente e auxiliar.

EXPOSIÇÃO HYPPICA

Realisa se hoje a abertura da exposição hyppica na Tapada da Ajuda, com a assistência de sua magestade a Rainha.

Em Portalegre

Encontramos a seguinte cor- respondência d'esta cidade no Diário de Noticias de quarta- feira ultima:

MAIO 28. <Novaa acenas desagradáveis se

deram hontem á porta do com merciante João Victor de Brito, que abandonando o promettimen to que fez no domingo passado ao sr. governador civil, prometimen- to que consistia em nfio vender artigo algum no seu estabeleci- mento, aos domingos, depois de os seus collegas fecharem as suas portas, entendeu não continuar boutem a manter tal promessa e por tal motivo alguém houve que indo a sua casa comprar arroz depois de aviado o espalhou pelo chSo ao mesmo tempo que alguns garotos da rua o apuparam.

Um grupo de caixeiros que por ali passava, alheios ou não ao que se tinha passado foram, segun do nos consta, insultados pelo sr. Brito, que sahiu para a rua mu- nido de um cacete e em attitude ameaçadora os desafiou,

Appareceu então a policia que poz cobro o estes desmandos, dis- persando os caixeiros e alguns populares que, attrahidos pela ar- ruaça, ali se juntaram verberando como sempre o procedimento do commerciarte.

Se até agora, por felicidade os factos se teem passado d'esta mo- do, havendo apenas trocadilhos de phrases mais ou menos azedas e insultos de parte a parte, não se- rá de extranhar que em breve tempo os espíritos mais exaltados commettam para ahi outros dispa- rates de mais serias oonsequen- cias.

Compete á auotoridade policial evital-os seja por que forma fôr.

O sr. Brito tem recebido pelo correio cartas anonymas.

Alguém houve também que ser- vindo se vilmente d'uma firma res- peitável d'esta cidade, o offendeu gravemente na sua honra.

A garotada que passa juDto da sua porta dirige-lhe chufas a toda a hora.

Tudo isto é reles, é impróprio d'uma população que se diz civi- lizada.

O sr. Brito quer em pontos de honra quer n'outros quaesquer da sua vida particular merece o res- peito de toda a gente.

Não deve estar á mercê dos in- sultos da garotada que o incom- moda constantemente nem sujeito ás villanias d'aquelles que escon- didos na sombra, o offendem de tal modo.

O commercio por seu lado não pode nem deve também sujeitar- se ao capricho do sr. Brito, ca- pricho que nada significa e que tem dado sem duvida os resulta- dos que se estão vendo.

Acabe-se de vez com estes es- pectáculos indecorosos, dê-se uma sollução qualquer a este estado de cousas e restabeleça-se a or- dem publica, norma que deve ser adoptada por todos os povos civi- lizados. Um grupo de empregados do com- mercio foi hoje ao commissariado apresentar a sua queixa contra as ameaças que o sr. Brito lhes di- rigiu também.»

Desorientação de parte apar- te. Desorientação e grosseria. Mais ainda ; um deplorável des- conhecimento dos deveres e di- reitos de cada qual...

Dizem-nos que o sr. Brito é o único commerciante de Por- talegre que teima em abrir o seu estabelecimento ao domingo. D'ahi, esta má-vontade contra elle, e estes conflictos que de-

põem eloquentemente contra o critério e a cortezia tanto do sr. Brito como dos seus insultado- res. A verdade é que nem uns nem outros podem ou devem lançar mão de semelhantes meios deprimentes para satisfazerem um capricho ou para se vinga- rem de uma affronta. O facto do sr. Brito faltar-se realmente faltou — á sua promessa, não auctorisa ninguém a que o in- sulte e o offenda.

Contentem-se com os remor- sos que o sr. Brito ha de sentir, e com a geral reprovação que o seu procedimento merece.

POLITICA O discurso programma do

coos. João Franco, proferido sr. ha

dias no «Centro Mello e Sousa», perante um auditório nnmerosis- simo, produziu em geral boa im- pressão. O chefe do governo moa- tra-se decidido a administrar o paiz com a maior economia e com todo o escrúpulo. Quer o cumpri- mento da lei, a responsabilidade dos ministros e a escripturação das despezas publicas feita com a maior clareza. Só temos que ap- plaudir estas declarações, fazendo sinceros votos para que as pro- messas do sr. João Franco não tardem a converter-se em realida- des triumphante8.

No seu discurso-programma, o chefe do governo declarou ainda estar no proposito de remodelar a fumosa lei de 13 de fevereiro, o que, realmente, éde grande ne- cessidade ; e pelo que diz res- á classe operaria exprimiu-se as- sim :

«O governo promoverá leis de protecção e auxilio ás classes ope rarias e trabalhadoras. E' preciso acompanhar também neste ponto o movimenCo que se tem operado nas nações mais adiantadas.

Não ha razão para que o ope rario não tenha uma justa garan- tia para a sua velhice o<. para os casos de doença ou imposoibili dadede trabalho.» |

Folgamos com estes propositos do sr. João Franco. Os operários teem sido lamentavelmente — e criminosamente, por que não ?— esqueoidos pelos governos que se teem succedido no poder. E' in dispensável reparar em que mui- tas das suas reclamações são de todo o ponto justas, e muitas das Bnas queixas perfeitamente atten- diveis. Quanto mais o governo olhar para o povo, e lhe attenuar os males de que eíle padece, mais elle se firmará e grangeará sym- pathias. Do que nós precisamos, tanto oemo de pão para a bocca, é de quem governe honestamente, com justiça e consciência.

O sr. João Franco, visto que não esquece a classe operaria, tem muito que fazer em seu favor. Tem que protegei-a contra avare- za» e agiotagens, prevenil-a con- tra explorações odiosas, evitar quanto possivel que a vida e a saúde dos operários estejam á meroê de patrões e encarregados, garantir a sua velhice e livrar a mulher e a oreança de trabalhos rudes e de contactos immoraes. E, visto as suas disposições, tão claramente manifestadas, tem que decretar o descanço dominical tão anciosamente pedido pelos que trabalham.

Cumprirá o sr. João Franco to- das as Buas promessas ?

Queremos acreditar que sim. O compromisso é solemne, e o paiz está farto de illusões e de enga nos. Reclama uma administração sensata honesta e patriotioa.

Ficamos naespectativa, o oxalá que o novo governo, pelos seus actos, conquiste a estima e o ap- plauso da nação.

Em HESPANHA

Um attentado libertário

Uma bomba

Muitos mortos e feridos

Madrid, 31—Depois da ce- rimonia religiosa, na egreja de S. Jeronymo, quando o cortejo real, que ia imponentíssimo, se dirigia ao palacio do Oriente, foi arremessada de uma janella da rua Mayor uma bomba sobre o coche que conduzia o rei Affon- so XIII e a rainha Victoria. O pânico foi enorme. Os noivos nada soffreram além do susto. A bomba causou muitas mortes e para cima de cem feridos, muitos dos quaes estão em pe- rigo de vida. Afionso XIII e a rainha foram, depois do aítenta- do, victoriados com o maior en-' thusiasmo. O crime causou a mais profunda indignação em to- da a gente, e é condemnado ener- gicamente pela imprensa. Diz-se que a noiva de Alfonso XIII sof- freu uma forte commoção, cho- rando copiosamente, e lamentan- do a triste sorte das victimas.

Correu que o auctor do atten- tado se suicidára depois de ha- ver arremessado a bomba, cor- tando as carótidas, mas o boato está desmentido. O criminoso^ perpetrado o horrível crime, fu- giu. Diz-se que é um individuo de boa apparencia, louro e de olhos azues, vestindo correcta- mente, e intitulando se industrial catalão. A policia de segurança não o conhece.»

A leitura das noticias sobre o horroroso e estupidissimo atten- tado, que revolta toda a gente de coração e sentimentos dignos, dispensa largos commentarios. Não ha desculpa, não pode ha- ver justificação para semelhan- tes crimes. Não sSb um protes- to nem um desforço, contra ini- quidades ou injustiças. São um verdadeiro crime, revestidos de todas as aggravantes ; são man- chas de sangue, que sinistmqen- te alastram por toda uma seha, por todo um partido, marcan- do-o com um estygma indelevel e apontando o á execração da sociedade. Nenhuma idéa pode lucrar com esf's assassínios;ne- nhum partido pode orgulhar-se de semelhantes partidários, que assim deshonram % corporação e lançam contra \tlla um po- vo inteiro, mais air. Ja, toda a humanidade, n um vehemente protesto de indignação»/* repu- gnância. A Historia é sem^/cjn- flexivel para estas torpezas 1 t.

Não se comprehende c'ómo sejam auctores d'estas barbari- dades homens que tanto falam em justiça e tão insistentemente reclamam paz, amor e harmo- nia ! E' espantoso que sejam reus de taes atrocidades homens que tão indignamente gritam contra todo e qualquer abuso, contra a mais leve infracção de leis, contra o mais ligeiro atropello de direitos individuaes ! Dir se- ia que só elles teem corpo e al- ma para soffrer e sentir! E' ex- traordinário !

Deus se amercie de todos nós e permitta que a sociedadev en- tre em novos moldes. attentados ha muito que a, ya- der, infelizmente. Diremos n'ou- tro artigo as conclusões que o tristíssimo acontecimento nos suggere, certos de que todos ds"^ nossos leitores nos acompanha- rão n'um protesto sinceid e sen- tido contra o brutal attentado, que tantas victimas fpz/levando a dôr cruciante e o luto eter a tantas familias innocentes ^

A. XJniSo "Popular

•DI "# DO fill.

Poema de Queiroz (Ribeiro

CANTO V

A AURORA

Principiou um cântico infinito E respondeu-lhe a mesma voz suave; A orchestra, sob o templo de granito, Ficou vencida por um trillo de ave!

Còro

Espaço e tempo era vasio ; Nem luz, nem som, nem mar, nem rio ;

Ntttf primavera, nem estio, Só Deus em Deus a resplander. Mas tu, estavas concebida No Pensamento que dá vida, E eras a Noiva estremecida, A Filha, a Mãe do Eterno Sêr!

* A Virgem

A Urna, que Deus visita, Hão-de chamai-a bemdita, Porque Deus a consagrou; Que importa ? Sahi ao nada; Por mais que seja louvada Não me esqueço do que sou.

Còro

E's o Paiz que se descerra, Sem tempestades e sem guerra,

^Oue-tiô seu âmbito desterra À fria Arvore do mal. Monte no vertice dos montes, Basta-nos só que tu apontes, Para que logo os horizontes Tenham sorrisos de crystal.

A Virgem

O Bom Amo ampara a Serva; E ellç .quem a preserva De luclas e vendavaes. Se um dia a desamparasse, Expulsa da sua face, Tlatria como as mais.

Còro

Palacio, Templo e Baluarte, O Rei dos Céos quiz habitar-te; Pensou em ti; mandou-te parte ; Obedeceste á sua voz. E desde a hora assignalada Em que Lhe serves de morada Tu és a ponte immaculada Por onde Deus*vem até nós !

A Virgem

Quando o \fada se fe% Tudo, O meu lábio ficou mudo, Só faliava o coração ; O mj'sLgfto é tão immenso, Qugrpor mais que penso e penso,

o lhe sonho a vastidão;

Còro

Ondeiam cantos nos.espaços; A escuridão desvia os passos; Eis a sorrir se nos teus braços, Quem no teu seio teve o altar ! Mas ouve: a Estrella matutina, Soltando o raio que fascina, Não perde a tssencia diamantina, E continua a scintillar!

A Virgem

Pa chorava e perguntava: tComo foi que pôde a Escrava Ser a Mãe do seu Senhor ?» E ao cingil-0 contra o peito, A meiguice era — respeito, A alegria era — temor!

Còro

Chegou o dia da amargura, E, pela estrada que tortura, Nenhum punhal da desventura Tc faz fugir, bu te detem ! » Rosa de dôpTque é dos carinhos Alvos e dotes como arminhos ? A rosa cresce entre os espinhos, ~ Bm a flôr, crescem também!

A Virgem

Achei na paz a agonia ; Se o meu Filho padecia Devia a Mãe padecer; E, sendo vontade sua. Embora a espada destrua, Até nt dór ha prazer.

Còro

Soou no ar um grande brado. Noiva ! onde tens o desposado ? Mãe ! onde está teu filho amado ? Filha ! que é feito de teu Pae ? E tu, piedosa Agonisante, Ao pé da Cruz, sempre constante, Choras o Pae, o Filho, o Amante, Que, como um astro, sobresáe !

A Virgem

Aquelle que estava morto, Legára me, por conforto, Outro filho, a quem me uni; t das dores pertinazes Eu via nascer as pazes Que a morte sellava alli.

Coro

Fitas o Céo de quando em quando; Depois, a terra vaes deixando ; Sobem comtigo anjos em bando ; Trazes a Lua sob os pés. O Christo corre á tua espera, Com toda a corte em que Elie impera; Rainha ! Esposa ! Primavera ! Sabemos todos quem tu és!

A Virgem

A creatura mesquinha Subia como Rainha, Por seu Filho ser o Rei. Elie estava no cortejo, Porque viu com que desejo Tantos annos O esperei.

Coro

Deu-te a Visão que te deleita; Fez-te sentar á mão direita ; Poz te o diadema que te enfeita ; Vestiu-te de oiro e de rubis; Do proprio Sol fez o teu manto; Poz-lhe as estrellas do teu pranto ; Banhou te o espirito n'um canto Que sáe da gloria em que sorris !

A Virgem

Estou cheia de esplendores, Mas o Sol iira-me as côres Que ao mesmo tempo me dá. A mendiga a quem Deus veste Bemdi\ a esmola celeste E de esmolas viverá.

Coro

Águia de amor! estende as azas ! Divide a chamma em que te abrazas! Lago de luz ! tu extravasas, M..s tens a mesma limpidez! Põe esses olhos soberanos Na velha Patria de alguns annos ! Enche-a de paz! Despe-a de enganos! Dá-lhe ventura e solidez !

A Virgem

Ha uma lei de Clemência Que domina a existência E que os meus passos conduq. Sou a Mãe dos desgraçados; Para remir condemnados, Morreu me o Filho na Cruç.

O silencio caiu do firmamento; A calma renasceu pelos espaços; E aquelles vultos, dentro d'um momento, Principiaram a perder os traços.

Patriarchas, Apostolos, Prophetas, Santos, Martyres, Virgens, Confessores, Iam tomando formas incompletas, Até ficarem sem perfis nem côres.

Os Anjos apagavam-se á porfia, Com um sorriso carinhoso e brando, Como estrellas, que a noite nos envia, E a manhã, cruamente, vae matando.

Por fim, a Virgem, cuja voz encerra O mel, que ainda o coração me banha, Desvaneceu-se, abençoando a terra, Que dormia nas fraldas da montanha.

NOTÁVEIS PROMESSAS

O governo, pela voz do sr. I presidente do conselho, fez, no Centro Mello e Sousa, entre ou- tras promessas, a de consentir que ao parlamento vão deputa dos das classes operarias e tra- balhadoras, quando uma nova lei eleitoral venha acabar com os abusos e preponderanciais que teem impedido a exacta e 'verda- deira manifestação da vontade nacional.

Não somos partidários, não fi- zemos até ao presente a mais ligeira profissão de credo politi- co e comnosco está, na mesma ordem de idéas, o espirito que anima este periódico. Mas assis- te nos o dever de registar a pro- messa que o sr. João Franco fez em seu nome e no de todo o go- verno, procurando evidenciar as- sim o conceito em que tem a opinião oublica e o futuro das classes trabalhadoras que são o melhor esteio da prosperidade d'um paiz.

Digam o que disserem os apa- niguados ou os descrentes dc to- da a iniciativa e renovação poli tica — esta declaração presiden- cial, além de ser profundamente sensata e de representar o echo que nas regiões do poder tem o clamor geral proveniente das precárias circumstancias das clas- ses trabalhadoras, é uma risonha promessa valorisada,segundo pa rece, pelo tom energico e deci- sivo com que o sr. presidente do conselho na reunião a que assis- timos verberou abusos e negli- gencias, e mostrou querer cum- prir as affirmações feitas.

Até agora nem um só dos che- fes de tantas situações ministe- riaes veio a publico prometter tanto e por uma fórma tão ex- traordinariamente liberal. Cum- prir-se-ha esta promessa que so- bremaneira deve interessar a classe operaria ? Não sabemos. Digamos, porém, que não so- mos pessimistas e que algfuma coisa esperamos de util, apesar das dificuldades da hora pre- sente.

O que nos importa, o que nos convém saber é que os altos po- deres se approximam do povo e começam de se considerar, por um modo menos theorico, os seus delegados, superiores, sim, mas incumbidos de zelar os seus interesses com dedicação prom- ta e previdente, este facto é bem significativo. Compete ás classes trabalhadoras aproveital-o, fa- zendo, pela insistência das suas reclamações, que as promessas se cumpram.

Estamos fartos de program- mas políticos e de palavreado mais ou menos ostentoso desti- nado a proteger fins secundários, distrahindo, em certas occasiões, a attenção publica dos assum- ptos mais graves.

Apesar d'isso, porém, deve- mos esperar os acontecimentos e ir já preparando as coisas pa- ra que, por effeito da nova e já annunciada lei eleitoral, possam as classes trabalhadoras ter em côrtes os seus representantes. Necessariamente d'essa repre- sentação, conjugada com a dos differentes partidos políticos, só podem advir grandes bens.

Os interesses das facções que porventura colloquem o bem do paiz em plano inferior ao das próprias conveniências, encon- trarão resistência salutar em de- putados independentes de parti- darismos absorventes. Os gover- nos libertar-se-hão mais facil- mente de exigências que lhes es- torvem os bons planos e todos ucraremos.

Decahidas as antigas institui J ções populares, limitada ou ab- sorvida a autonomia dos muni cipios, é fácil comprehender que só resta um meio eficaz de pu- gnar pelo progredir d'essas clas- ses prestadias, tão abandonadas até agora pelos poderes públi- cos : é a sua representação par- lamentar por um modo directo, por meio de homens esclareci- dos e independentes.

Dias de prosperidade surgirão d'esta comprehensão e mutuo auxilio de todos os poderes.

A Egreja com seus preceitos e leis moraes e o Estado com o seu apoio decidido, evitando crises e conciliando todos os in- teresses de classes, n'um estudo perseverante de tantas disposi- ções e reformas indispensáveis

ás modernas sociedades, fariam ainda de Portugal uma nação feliz, porque não faltam os bons recursos.

Padre Vacondeui.

EDUCAÇÃO POPULAR

MUSEUS

Grita-se a toda a hora, e com razão, que somos um povo de analphabetos. E' verdade. Rude e ignorante, o nosso povo vive materialisadamenle. Vocifera contra as explorações de que é victima, qoeíxa-se de que não sabe, porque não lhe ensinam, pede liberdade, luz, sciencia. Perfeitamente. Mas é de justiça reconhecer que, da sua parle, elle não procura muito instruir- se... Digamos as verdades sem rebuço. Quem frequenta as hi- bliolhecas ? Quem visita os mo- numentos e os museus ? Aos dias de descanço, as tabernas regorgitam ; as hortas trasbor- dam ; o nosso operário, infeliz- mente, tem umaperdilecção par- ticular pelas baiucas infectas em que se corrompe, e em que es- traga a saúde. Não é isto assim?

Falámos acima em bibliolhe- cas e museus, Nos museus aprende-se muito, e a alma re- cebe emoções profundas e agra- dabilíssimas. Não serão os nos- sos verdadeiras preciosidades, eguaes ou superiores ao que ha lá fóra. Entretanto, não nos en- vergonham, e merecem, sem fa- vor, ser visitados. Quantos ope- rários, quantos indivíduos do po- vo, transpõem, aos domingos, as portas dos nossos museus ? Pois é um regalo para o espiri- to e um encanto para os olhos passar duas ou tres horas em alguns delles. Sem duvida, effsa distracção é preferível a um pas- seio até á Porcalhola ou ao Fer- ro de Emgommar... Nos mu- seus apparece o passado aos nossos olhos ; contemplamos as obras-primas dos artistas; vê- mos e apalpamos verdadeiras preciosidades de todo o genero. Ao percorrer essas galerias opu- lentas, gravamos na memoria os nomes de heroes e de génios, que serviram e illuslraram a nossa terra, e adquirimos uma grande somma de conhecimen- tos úteis e de indicações neces- sárias. Entendemos que muito lucraria o povo em freqnentar os nossos museus, e que a im- prensa, sobretudo a operaria, deveria chamar a attenção dos seus leitores, insistentemente, para este processo suave e agra- dável de educar as multidões.

Aparlemol-as, quanto possí- vel, da taberna, da casa do jo- go e do prostíbulo ! Ha muito a fazer n'esle sentido, para que se eleve o nivel moral e intelle- ctual do povo portuguez.

CASA DOS LINHOS

DE

Raphael Pereira dos Santos

288, Roa Fernandes Thomaz, 290

PORTO

Nesse estabelecimento en- contra-se grande sortido de pannos de linho de todas as qualidades e larguras, toa- lhas para meza e lavatório, guardanapos, roupas bran- cas para homem, senhoras e creanças, rendas, bordados, florins, miudezas, etc.

PALHETINBAS D'OURO

E' um facto, que se reproduz frequentemente, que a falta ou di- minuição da fé religiosa está na razão directa da ignorância, das más leituras e das oompanhias com os adversários da Egreja. E' este um ponto que passa muitas vezes despercebido da parte dos interes- sados,mas que deve, pelo contrario, merecer a mais acurada attenção. O ignorante facilmente se deixa en- godar pelos falsos doutrinadores. Para prevenir esse mal é necessá- rio instruir desde a mais tenra edade as creanças nos rudimen- tos da religião, e cumpre fazel-o com tanto maior ouidado, quanto se desenha aos olhos previdentes dos interessados a possibilidade de rodearem mais ou menos, fu- turamente, o novel christão múl- tiplas e variadas correntes de con- trarias doutrinas.

Ora, emissários de erros exis- tem em uma quantidade incalcu- lável.

As más leituras não menos se multiplicam diariamente : umas, radicalmente contra a fé, e outras, manhosamente disfarçadas.

Quanto ás mais companhias, é qlarisbimo qne nao só são obsta- taculos á fé, mas acabam por des- truir os principios religiosos nos espíritos.

Contra essas trez influencias perniciosas, os paes de família, de modo particular, não devem e não podem cruzar os braços. A sua acção é indispensável no sen- tido de formarem, sem perda de tempo, o caracter christão de seus filhos, isto ó, a força espiritual e da vontade, com a qual saibam resistir em um momento dado, ás suggestões da incredulidade.

Asylo-eseola Antonio Feliciano de Castilho

Realisa-se no proximo domingo, 10, na sala d'este asylo, que tão assignala- dos serviços vem prestando á infaucia cega e desvalida, uma brilhantíssima matinfe promovida pelo conhecido ma- estro Benjamim, em que tomam parte os distiiictos artistas que compõem o sextetto do llieatro do Gymnasio.

O programtna do concerto será com- posto de peças executadas pelo sextetto um dos mais notáveis da nossa capital, e assim far-se-hão ouvir a solo o dis- tinclo pianista sr. Pedro Blanch eo ' violoncellista sr. Moraes Palmeiro, ar- tistas distinctos.

JUNHO

Domingo

Vendas n preços muito retluasldoa

1831 — A travessia de Africa

A 3 de junho de 1831 partia do Zambeze a beroioa expedição transcontinental, com- mandada pelo major Monteiro e pelo seu

college (iauiitto, que nos deixou a descripçâo d'essa viagem, tão desprezada hoje, e que foi oom- tudo o inicio d'esse largo periodo de explorações africanas que qua- renta annos mais tarde havia de ser emprehendido.

Monteiro e os que o acompa- nhavam foram incontestavelmente os precursores de Livingstone,Ca- meron, Stanley e Serpa Pinto. A sua expedição, e a do dr. Lacerda, foram as primeiras que no genero se effetuaram em Africa.

Eis qual o itinerário da viagem: Sahindo da villa de Tete dirigi- ram se ás terras maraves das quaes ficou na relação da viagem, redigida pnr Gamitto, uma exoel- lente descripção ácerca dos usos e costumes, não só d'estes povos, como dos que foram encontrando, os chevu, os tumbuas, moizas e muzungos.

Avistaram o celebre Muata Ca- zembe, fim principal d'aquella épica jornada, recheada de aven- turas e perigos. Muata Cazembe era o Preste-João d'Africa do principio do século passado, cor- rendo áoerca d'elle muitas lendas que a expedição desfez.

Os expedicionários chegaram até á Lunda, quasi na contra costa, á custa de enormes esfor- ços e trabalhos. D'ahi voltaram pelo mesmo çaminho novamente p«ra o Tete, tendo se n'aquella arrojada expedição colhido bas- tantes fructos para a sciencia. Ficaram conhecidos os povos do interior, desfeitas as lendas sobre o phantastioo predomínio do Muata Cazembe, e traçado o roteiro de Moçambique á contra costa. Os trabalhos dos vindouros ficavam singularmente reduzidos.

A União ijPopular

LITTERATDRA

AO TELEPHONE

Ao sair da assembleia, dei uma volta no passeio com o sr. Maroux, homem sympathico mas um tanto ou quanto melancholico. Defronte do correio, disse-lhe :

—Volto já, vou em tres minutos ao telephone.

Maroux, estremeceu ao ouvir pronunciar esta ultima palavra, e vi que a sua mão se crispava so- bre o castão da bengalla. Quando nos tornámos a juntar, pareoeu- me ainda mais nervoso, e para quebrar um tão inexplicável mu- tismo, disse banalmente :

— Que maravilhosa invenção a do telephone ! São na verdade ad- miráveis os serviços qne o progres- so da sciencia nos presta !

— Acha ? retorquiu Maroux, com um tam sarcastioamente amar- go. Parece-me ao contrario que a sciencia, longe de nos soccorrer, sublinha ironicamente a impotên- cia humana e multiplica cruelmen- te os meios de soffrimento.

Um exemplo, na minha propria experiência, que melhor o ajuda- rá a penetrar o meu pensamento, explicando a impressão dolorosa que se apossa de mim apezar de bastantes annos decorridos.

Estava nas ferias do outomno com Luiza, minha mulher, e Mar- cello, meu filho, na minha proprie dade de Morande, oasa adquirida havia pouco no meio de terrenos incultos e de mattas, a tres léguas de Marselha. Nanette, velha ser- viçal, cosinhava, e governava a ca sa Blaise, um dedicado servo, en cantado por voltar para perto da cidade onde residia a inâe, hones- ta marselheza. Preenchia as func- ç5es de jardineiro e habitava um pavilhão independente. Com a es pingarda a tiracol e seguido dos meus dois cães, passeava todo dia com minha mulher e o bébé n'es ta deliciosa solidão. Para obviar aos inoonvenientes do nosso exí- lio, montára á minha custa uma linha telephonica, ligando com escriptorio central em Marselha,de fórma que, todas as noutes, do pró- prio quarto de dormir estava ao corrente de tudo o que se passava nas minhas fabricas em Paris. Ora esta deliciosa tranquillidade foi certo dia perturbada por um avi so do meu gerente a minha presen- ça immediata para obter um im- portante fornecimento para o esta- do. «

Ia um tempo tão bonito, e Mar- cello passava tão bom de saúde, que Luiza resolveu esperar-me em Morande.

Ora, em a noute de minha par- tida para Paris, a chuva cahia lu- gubremente. A carruagem de alu- guer parou dean te do portão ; em face da immenssidade negra dos pi- nhaes e dos bosques, senti um aperto de coração. Luiza tranqui- lizou-me, dizendo :

— Então ! Só estarás auzente duas noutes; Nanette dormirá jun- to ao meu quarto. Demais, Blaise fica com a tua espingarda, e do pa vilbão onde dorme ouve-nos per- feitamente chamar ; além d'isso os nossos cães de guarda são dos me lhores ; que poderá poÍ8 acontecer- nos de mau ?

A sua voz não mepareceu mui- to firme. Estive a ponto derenun ciar á viagem, mas minha mulher adivinhou me o pensamento !

— Não estás ainda em edade de te desinteressares dos negocios. E' necessário que o nosso filho ao che- gar á maioridade encontre as fabri- cas em plena prosperidade. Pode mos, a toda a hora, fallar pelo telephone. Parte. Repito-te ; com Blaise e Nanette, nada temo.

Envergonhei-me das minhas ap- prehensães. Abracei Luiza, Mar- cello, e parti.

Passei, no caminho de ferro, uma noute em claro. Chegado a Paris, e logo que saltei do comboio, corri ao telephone.

A communicação estabelecida, euvi, nasal e sumida, posto que muito suave, a voz da minha que- rida mulber.

— Decorreu bem a noute, Lui za ? Não tiveste muito medo ?

— Sim... um pouco. Sobretu- do Nanette. Não dormimos senão ao amanheoer, por que... — Não te vás assustar por isso : — Nanet te julgou sentir passos no jardim. Os cães. que ficaram presos por esquecimento, ladraram por mui- to tempo 1 Acabámos por abrir

a janella e chamar Blaize. Elie pe- gou na espingarda, soltou os cães

deu volta á casa sem nada en- contrar de suspeito.

Bébé,que não deu por coisa algu- ma, o querido innooente, acordou e chama-me. Até á vista. Se tive- res tempo, vem fallar me ao tele- )hone antes de jantar.

Um pouco mais tranquillo tra- >alhei com octividade no meu ne gocio, e só passadas as oito horas me foi possível voltar ao telepho- ne. Chamei por bastante tempo.

— «Então I então 1 porque te demoras tanto, Luizinha ? O que ha de novo?

Um acontecimento, a que não ligámos importância, esta tarde. As gelosias ja estavam fechadas, os cães soltos e Nanette fizera a Blaise uma cama no vestíbulo, afim de evitar os medos da noute pas- sada, quando chega da cidade um garoto trazendo uma carta para Blaise, notifioando-lhe a doença re- pentina de sua mãe que exigia os seus cuidados filiaes. Este garoto que nenhum de nós conhecia, par tiu apressadamente, sem se dignar dar-nos mais explicações. Blaise ficou em extremo abatido porque elle adora a mãe. Não queria dei- xar-nos sós antes de amanhecer, mas o seu olhar desolado exprimia bem quanto lhe custava esperar. Pensei então, que se aquella mu- lher morresse durante a noute, eu privaria o pobie Blaise de a abra- çar pela ultima vez. Pude vencér- Iheo escrúpulo edecidil-oa partir. Promatteu-me regressar esta mes- ma noute, e para não perder tem- po, voltará de carruagem.

Aguardei que sahisse para cor- rer os ferrolhos, motivo porque te fiz esperar. Vão em bom andamen- to os teus negocios ?

— Sim ; mas fallemos de ti. Não devias ter dado licença a Blaise

mesmo para se ausentar ; porque, vindo de carruagem, não poderá estar de volta antes das dez ou onze horas. Apenas me socegava a ideia de o saber ao pé de vocês e agora sei-o distante. Blaise, ao menos, deixou te os cães e a es- pingarda?

— Os dois cães dormem deita- doB no patamar da escada, e a es- pingarda ficou de a pôr no vestí- bulo. Irei eu propria assegurar- me se o fez. Não ouves o Marcel- lo que tenho sentado no colo, dar- te as «boas noites» ? Ora escuta :

— Boa noute, papásinho, boa noute.

— Boas noutes, meus queridos; corro a jantar e volto

Não podia fugir ao importuno pensamento do que minha mulher me dissera. Dissimulára a minha anciedade, temendo que os pró- prios temores de Luiza recrudes- cessem ; mas esta anciedade, ape- nas acalmada de manhã, avivou- se cruelmente por causa d'aquel la carta inesperada, inverosímil, que affastava de casa o único ho- mem que havia para a defender. A imaginação tomou um tão ne- gro curso que de volta ao hotel, não pude engulir boocado. Levan- tei-me da mesa, para voltar ao telephone ; mas n'isto ohegou t meu procurador a dar-me uma se rie de indicações, aliás bem ne cessarias sobre o andamento do meu negocio. Não pude despedil- o tão depressa como desejava, e era tardíssimo quando chegei ao telephone. O coração batia de im- paciência e as mãos tremiam fa- zendo oscillar os auscultadores. Alli estive alguns segundos sem ouvir cousa alguma.

— Então 1 Luizinha ! Então 1 Estás lá ? Responde-me... estou inquieto...

Reconheci finalmente a voz de minha mulher, mas uma voz bai- xa, oppressa, nitidamente aterro- risada :

— Ah / meu amigo, ha uma ho- ra que estamos como doidas. Não encontrei a espingarda ! não pôde ter sido outro se não o garoto que a roubou ao partir. Blaise ainda não voltou ; affastaram-n'o talvez propositadamente,... attrahido pa- ra alguma emboscada. Perco a ca- beça !...

Nem posso respirar, tal o me do 1

Julgo ouvir.. . no jardim... muito longe.. . espera que ouço

Inclinado para o apparelho não respirava.. .

Luizinha, peço-te, não me dei xes n'este silencio.. . Que ouves tu ?

— Os cães que rosnam... olha agora ladram... ladram furiosa mente... correm para a tapada calaram-se... calaram-se. .. de

repente... é uma calma de mor- te... comtudo... sim... dir-se hia. .. que a areia da alameda estala sob passos pesados e furti- vos. .. parece que se dirigem cá para casa varias pessoas...

— Pslla, falia Luiza ! sufoco, temo enlouquecer 1 Que é que tu ouves ainda ? Dize : o que ouves ?

— Nada mais... nada mais .. Oh ! sim, um pequeno rangido, surdo e continuado, como o de um formão introduzido prudentemen- te sob uma persiana para a for- çar... a persiana cede... que- bra-se um vidro... Oh 1 que me- do eu tenho 1

Rugi ao apparelho : — Telephona para Marselha

que previnam a policia, ob gendar mes 1

— Para quê, dize-m'o ? A cida- de fica a tres léguas... ohegariam muito tarde... e depois não sei... enlouqueço...

— Faz barulho... quebra tu- to... foge... sim... agarra no pequeno e foge !

— Não posso : não tenho força para tal... sobem... Binto esta- lar os degraus... já estão no cor- redor.. . procuram... apalpam... Mercellol... Meu Deus! Acodam-

j me !... A mim !... Soccorro 1... Booor.. .

— Ouvi ainda dous soluços de indizível terror ; depois um ruido vago, confuso, um como que esta- ar d'ossos ; depois mais nada.

Então senti como que despeda- çar-se-me o cerebro e cahi com os sentidos perdidos. E, arquejante, como se revivesse esta terrível ace- na, Maroux terminou dizendo :

— Queira dar-se ac incommo- do de lêr a «Gazeta Judiciaria» e n'ella encontrará permenorisado o orime conhecido sob o titulo sen sacional de : «Chacina de Moran de.» Perdi minha mulber, meu filho e os dois serviçaes. Mas que nenhuma descripção poderá relatar ; o que nenhuma phrase conseguirá exprimir,é esse pesa dello inventado pela sciencia ; es- sa horrivel tortura de um homem

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO

christAo

Associação de soceorros mutuos

"A Democracia Christã,,

Reuniu na ultima quinta feira a assembles geral desta associa- ção, convocada para discussão e approvação de contas da direc- ção e parecer do conselho fis- cal.

Comparecei am 27 socios, o jastante para a assemblea po- der deliberar.

Antes da leitura da acta, o sr. presidente da direcção propoz um voto de louvor ao secreta- rio da direcção, sr. Fernando Martins e ao vogal sr. Moreira, jelos serviços prestados á col- ectividade. O voto foi appro-

vado, agradecendo aquelles se- nhores a manifestação.

Foi depois lida e approvada a acta da sessão transacta.

Em seguida, o sr, presidente )0Z á discussão o relatório e contas, não pedindo ninguém a jalavra e sendo tudo approvado.

Foi depois encerrada a sessão.

que, a cem léguas de distancia, ouve os gritos desesperados ds esposa que estrangulam, sem po- der fazer mais que rugir de impo- tência, deante de uma taboa 1

Charles Foley. «»»»•

Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, a Jesus

Hex de Haria

Na egreja da V. O- T. da Penitencia de S. Francisco, a Jesus, celebra-se hoje a festivi dade da consagração do mez de Maria da seguinte fórma:

A's 7 horas da manhã, missa rezada e communhão geral; ás 11 horas, missa solemne, por instrumental ; ás 7 horas da tar de, sermão pelo rev. Governo ladainha e solemne Te-Deum.

Assim terminam n'esta egre ja os cultos á Virgem que foram este anno extraordinariamente concorridos, e de uma excepcio nal imponência, muito traba lhando para este brilho as zela doras da Pia União Encharistica e o muito rev. padre Henrique Lima, capellão da Ordem.

O DESCÁNÇO dominical

A direcção do Circulo Calho lico da Immaculada Conceição continua recebendo valiosas adhe- soes e repetidos pedidos de listas para inscripção de nomes: Mer- cê de Deus, este movimento des- pertou geraes sympathias e um grande interesse por parte de todos os que, trabalhando labo- riosamente, necessitam de um dia de repouso em cada semana, e querem que esse dia seja o do mingo. Insistimos em recommen- dar a todos os operários, a to- dos os socios dos Círculos, a to- dos os nossos amigos, que obte- nham o maior numero de assi- gnaturas, para que a represen- tação ás camaras, pedindo uma lei do descanço dominical, venha seguida de milhares de nomes.

Lisboa — Repetiu-se no do- mingo e com o maior agrado, no Circulo Catholico da Imma- culada Conceição, o espectácu- lo infantil que no dia 20 tanto enthusiasmo despertou. A con- corrência foi numerosa, decor- rendo a festa muito animada.

A engraçada comedia em I acto A morte do cavallo teve um desempenho muito correcto pela menina Julia Leal e pelos me- ninos Mario Mattos e Sebastião Neves, recebendo este uma ovação pela naturalidade e chis te eom que disse o seu papel. As tres creanças foram muito applaudidas, e com a maior jus- tiça.

Ainda aquella menina recitou o monologo Pois, sim, senhor, e cantou a cançoneta Esteja quie- to, ouvindo fartas palmas.

O menino Mario Mattos fez o monologo O Valente, imita- ção do Terrível; a menina Pal- myra Augusta de Sousa disse o monologo Palestra com a Mimi e cantou a cançoneta Não seja mau /; e sua irmã, a menina Ju- lia Augusta de Sousa, recitou o monologo A minha boneca.

Todos estes números foram muito bem desempenhados, re- velando-se as gentis creanças intelligentes e estudiosas. Foram enthusiasticamente applaudidas, tendo uma chamada especial, de todo o ponto merecida, o seu ensaiador, sr. Augusto Val- le.

Abrilhantou este espectáculo o distincto amador sr. Antonio Brazão, que esplendidamente cantou uma linda barcarola e uma jota aragoneza, de grande effeito e difficuldade. Este tre cho foi bisado por entre vibran- tes ovações.

A conferencia foi adiada por justos motivos para hoje, em que se apresenta pela primeira vez, com um espectáculo ver- dadeiramente interessante, o grupo dramático do Circulo, depois de completamente reor- ganisado.

A sessão de hoje, como as seguintes, começará ás 8 horas e meia em ponto.

Philosophia

christã da vida

k morte enstoa a verdade

1.° Os insensatos fogem do pen- samento da morte ; julgam esca- par à morte, não pensando n'ella. Os sábios da antiguidade e os de nossos dias têm reconhecido na morte o melhor dos mestres.

Que é a morte ? O fim da exis- tência de toda a vida terrestre. Quando deixa de se enoontrar em estado de ser animado, o homem perece, morre : a sua alma não morre, porque tem uma essência que pôde subsistir e que Bubsiste sem o corpo. O corpo privado da vida fica sujeito ás leis da natu- reza inanimada.

A alma penetra n'um mundo- novo, de que não faz ideia, em- quanto, permanecendo no corpo, está ligada aos orgãos da sensi- bilidade. A vista do que fica além tumulo é para o homem, no mo- mento da morte, o que a vista daB cores é para o cego de nascimento que acaba de abrir os olhos.

S. Silvestre dizia á vista d'um cadaver: «O que eu bou, tu o foste; o que tu és, eu o serei.»

A morte é natural ao homem, e todavia a separação da alma e lo oorpo é violenta e dolorosa.

Quisera Deus conferir ao homem o dom da immortalidade, ainda- para o corpo ; mas este dom per- deu-se pelo peccado ; a terrível natureza reapossou-se dos seus direitos, e em plena vida estamos todos na morte 1 A vida é uma luota continua oontra a morte um chronometro é um memento mori, que o homem traz comsigo.

A morte é o termo da vida phi- sioa. Tudo passou 1 O mundo physico com todas suas bellezas e seus agrados, com todas suas penaB e suas dores, com todos seus trabalhos e divertimentos, e com tudo o mais : tudo isso passou para aquelle que morreu.

E elle mesmo também pareceu. Outros tomam o seu lo- gar e depressa elle é esquecido. Louvem-no ou difiamem-no ainda no mundo : que lhe aproveita is so ? que mal lhe faz ? Elle já não está no mundo.

A morte é o fim da provação do esforço, do trabalho. O drama está desempenhado, o aotor despiu o seu trajo. O resultado — bom ou mau suocesso da represen- tação — está fixado. O homem permanece durante toda a eterni- dade o que era deante de Deus.

A morte é o termo de todas il- n'este pequeno planeta, as mon tanhas e os mares da terra pare cem-nos grandes ; as estrellas do céo parecem-nos pequenas. Peri- gosa illusão, que faz que as coisas d'este mundo pareçam tão impôs tantes, e as coisas ao céo tão pe quenas. A morte dissipa,.esta il- lusão. '■

(Continua) ' P. Pescb

jromotora da tourada em benefi- cio do cofre da associação já re- cebera resposta satisfatória dos srs. Palha Blanco, Estevão de Oliveira, Emilio Infante da Ca- mara, marquez de Castello Melhor José Maria dos Santos e Luiz Pi- teira que offereceram á commis- são 10 touros para serem corri- dos na praça do Campo Pequeno, no dia 17 do proximo mez de ju- nho.

Também offereoeram o seu va- ioso oonourso os bandarilheiros

Jorge Cadete, Manoel dos Santos, Ribeiro Thomé, Torres Branoo e outros.

^WjVMA/WV\M.e. ■ ■ ■

ASSOCIAÇÃO PROTECTO- RA OA INFANCIA

A direcção da Associação Pro- tectora Infanda Santo Antonio de Lisboa (asylo-officiuas), com séde ua Avenida D. Amelia, auxiliada por uma commissão de devotos, e de accordo com o seu parocho, resolveu festejar este anno o Santo Antonio, pela seguinte fórma:

Dia 1 de junho pelas 8 horas da manhã — M>ssa rezada por in- tenção dos socios e protectores do Asylo,e das pessoas que por qual- quer fórma conoorem para a ma- nutenção do culto da sua oapella.

Dias 1 a 13, pelas 7 horas da tarde, «Trezena» por musica pelas educandas, com o santíssimo ex- posto.

Dia 11, pelas 8 horas — Missa por todos os socios e bemfeitores fallecidos.

Pelas lie meia — Missa can- tada pelas educandas do Asylo, para exposição do Sagrado Laus- perenne.

Dia 13, pelas 8 horas — Missa resada, communhão geral e pri- meira communhão de algumas e- ducandas, com pratica pelo padre José dos Anjos Gaspar Borges.

Pelas lie meia — Missa solem- ne por musica, pelas educandas, sendo orador o padre José Lopes Semedo.

Pelas 7 horas — Conclusão da trezena, e «Te-Deum», sendo ora- dor o padre Antonio Rodrigues Soares.

Durante a trezena haverá em alguns dias praticas por distinctOB oradores. >re vre "

de

POR

Alberto Campos Um volume de cerca 3oo pag., ed. esmerada

500 x-éis

Porto — Na sessão de di- recção de 21 de corrente, do Circulo Catholico de Operários do Porto, foram approvados 12 requerimentos de candidatos a socios effectivos, e resolveu se soccorrer seis associados enfer- mos.

Pensamentos: — «O sor- rir da resignação e o levantar das mãos em fervente amor de Deus, é a mais grandiosa attitu- de da desgraça» — Camillo.

tluebra-cabeças : Chara- das a premio, ao primeiro deci- frador, (que nos enviar a solu- ção até 5.1 feira próxima):

1.* — Todos precisam do ho- j mem n'este movei — 1 — 3

2.* — Homem 1 n'este lapso I de tempo, o ouvido ficou deli- ciado — 2 — 2

3 â — O animal com o instru-1 mento é homem, 1 — 2

Eis aqui uma confissão in- suspeita e valiosa. O sr. João Chagas diz, no Janeiro, que os nossos republicanos alacam mui- to os homens e defendem muito pouco os princípios. Exactamen- te 1

E atacam os homens grossei- ramente, malcreadamente, estu- pidamente até. Descem ao in- rulto, á mentira e á calumnia. Para certos republicanos, quem não fôr correligionário é igno- sante, ou mau, ou paleta, capaz de todas as patifarias ou reu de todas as torpezas. Quem não fôr republicano, ha de ser um déspota, um sanguinário, um inimigo da liberdade e do pro- gresso— e o mais que é dos livros.

Imagine-se o que seria uma Republica com semelhantes re- publicanos 1...

CREADOS DE MEZA

Reuuiu-se a assembleia geral, presidida pelo sr. Jacintho Nunes Coelho, seoretariado pelos srs. José Maria Seijo e Antonio Fer- reira Pereira.

Approvada a acta da sessão an- terior, o sr. Joaquim Busto Ro- mero, declarou que a commissão

ESPECTÁCULOS

Oolyseu dos Reoreios — Todas as noutes, opera lyrics, a preços reduzidos. A companhia é «xcellente, fazendo parte d'ella artistas que podem muito bem apparecer no palco de S. Carlos. O sr. Antonio Santos, empreza- rio do Colyseu, presta ás classes menos abastadas um rjevelante ser- viço, dando-lhes audições de boa musica. O povo, que não pode ir a S. Carlos, pelo elavado custo dos bilhetes, pode ir, e deve ir, ao Colyseu ; distrae-se, e educa-se. A musica é a maia bella de todas as artes. De preferencia a ou- tros espectáculos, grosseiros ou dissolventes, o povo deve frequen- tar o eheatro lyrico das Portas de Santo Anulo. ■■■< I ■ B=8—g—■

Indicações úteis

HORÁRIOS DOS* COMBOIOS 1 Partidas de LISBO.,V — Chega-

das a Lisboa ' n Cintra - (R.) Par». • 6/35,

7/25, 8/50, 10/35, m. ; 12/CO. 3/3, 4/35, 5/25,6/20, 8/50,11 t. o 12/20, madr. Cheg. ; 5/59, 7/39; 8/50, 10/3 m.; 12/3, 2/3, 4/3, 5/55, 6/36, 7/39, 10/3 e 11/33. t, Expressos — Part.: 1 l/21m. Cheg. 5/15 t.

Cascaes — (C. S.) Part., 6/15, 7/45, 9/15, 10/45 m. : 12/ 15, 1/45, 3/15, 4/45, 5/20, 6/15; 7/45, 9/15, 10/45, t. Cheg. : 7/24. 8/47, 10, 11/54 m. ; 1/24, 2/54, 4/24, 8/8, 8/54, 10/24, 11/54 t. Directos — Part. : 9/10,10/40 m.; 1/40, 3/10, 4/40, 6/10, 7/40, 10/ 40, e 12/25 m. Cheg. ; 9/2; 10/32 m. ; 12/2, 3/2, 4/32, 6/2, 7/32, 10/32, t. e 12/2 m.

Queluz Bellas -r (R.) Part. : 9/50, 11/50 m.; 1 /ML 3/50, 7/20 e 9/50 t. Cheg. : ll/t> m. ; 1/3, 3/3, 5/3, 9/3 t. e 12/15 madr.

13. cie Prata-Poço do Bispo. — (C. S.) Part. : 4/20.; Cheg.: 5/451. (excepto do: mingos e dias santificados) Part. - 9/37 e 61, Cheg. : 6/35 e 8/58 m.

UNIÃO POPULAR "

SOCIEDADE DE BENEFtCENCtA E 1NSTRUCCAO

ESTATUTOS

CAPITULO I

Denominação e flns da Sociedade

Artigo 1.* E' fundada em Lisboa uma socieda- de de beneficência e instrucção denominada — A. União Popular, tendo por fim:

Auxiliar as classes operarias em casos de falta de trabalho, e de saúde, bem como nos de falleci- mento ou viuvez.

2.® Procurar obter por preços vantajosos todos os generos de consumo domestico.

•3." Creação de uma bibliotheca e aulas para instruc- ção litteraris e profissional, ou em falta d'estas, auxi- liar as instituições que tenham por fim propagar a maífucçSo e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á Socie- dade.

4.° Propagar as doutrinas da democracia christã pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

5.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.® Fundar ou auxiliar a fondação de publicações para instrucção das classes operarias e beneficio e propaganda da SOCIEDADE.

§ Unieo. Esta Sociedade poderá estabelecer com- /nisaò-M parochiaes de propaganda, afim de melhor po-

" der satisfazer aos fins que tem em vista.

CAPITULO II Dos socios

Artigo 2.® São considerados socios efectivos todos os indivíduos de ambos os sexos que subscrevam com a quota mensal de 200 réis, e auxiliares os que subs- crevam cora a quota mensal de 100 réis, e d9 mérito os que se tenham assigualado por serviços prestados ou donativos concedidos á Sociedade.

Art. 3.® O titulo de socio de mérito só é concedi- do pela assemblóa geral sob proposta da commissão administrativa.

1. Pera qualquer candidato a socio ser aocei- 0 é Deceesario:

1.® Ter bom comportamento moral, civil e religioso. 2.® Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

lhe advenham os meios de subsistência. 3.® Ser auctorisado pelos paes ou tutores, sendo

menor e pelo marido Bendo casada.

CAPITULO III Deveros doa sooios

Art. 5.® Compete aos socios effectivos e auxiliares: 1.® A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 50 réis pelos Estatutos. 2.® A servir gratuitamente os cargos para que fôr

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificados expostos na assembléa geral lhes admittam a eao.isa.

3." Psrticip^ífpor eecripto á cimmissão administra- tiva qua^rfTmude de residência, esteja doente, pre-

trabalho, ou quando não seja procurado pelo -^Owador da Sociedade durante um mez, para lhe

receber as quotas. 4.® A zelar os interesses da Sociedade promoven-

do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5.® Os pagamentos das quotas devem come- çar a contar se regularmente desde o mez em que o candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.® E' permittido o pagamento da quota a prestações quinzenaes ou semanaes.

CAPITULO IV

Direitos dos sooios

Art. 8.® Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamento das suas quotas teem direito:

1." A votar e ser votado. 2.® A examinar a escripturação da Sociedade nos

prasos maroados para esse fim. 3.® A requerer a convocação da assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seus di'eitoB, a maioria dos quaes tem de comparecer á reunião da assembléa ge- ral sem o que esta não se realisará.

4.® A receber todos os benefícios que a SOCIEDADE possa dispensar aos associados.

Art. 9.® O socio receberá uma das publicações ór- gãos da Sociedade logo que pague a 1.® quota.

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.® E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas mensaes e tendo pago o exemplar dos Estatutos.

Art. 11.° O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readmittido satisfazendo o de- bito que tiver para com a SOCIEDADE.

Art. 12.® Perde o direito de socio o que por pala- vras, escriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia entre os socios.

§ Único. Nenhum socio demiltiáo ou expulso terá direito a qualquer indemnisaçâo pelas quantias com que tiver contribuído para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem se : 1.® Do producto das quotas. 2.® Da venda dos Estatutos. 3.® Do producto das assignaturas, das publicações

orgãos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espectáculos em beneficio do

cofre da Sociedade ou d'outras quaesquer receitas. Art. 14.® Todas as quantias superiores ás que se-

jam necessárias para pagamento das despezss men- saes, devem ser depositadas á ord.m da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fiança da Sociedade.

§ Único. Quando ojulgue conveniente, pôde a com missão administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza dos papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

dinarias no anno, sendo a primeira no 1.° domingo do mez de junho para a eleição dos corpos gerentes que devem entrar em exercício no dia 1 de julho e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinaria- mente a requerimento: ,

1.® Da commissão administrativa, da commissKo re

do-o publioar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fisoalisação

Art. 27.® A fiscalisação é oonfiada a uma commis- são revisora de contas composta de cinco membros ú TT.* a a t n#v«« — . • _ J tf is j i . . u« concas composta de cinco membro» visora de contas e de c.noo socos pelo menos, no pie- effectives, que deverão escolher entre si presidente

uo gozo dos seus direitos, explicando o requerimento secretario e relator.

Art. 15.® A assemblóa geral ó a reunião de todos os sooios no gozo dos seus direitos e n'ella rezidem todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituída quando previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da Sociedade ou n'um dos joroaes mais lidos da capital e quando compareçam pelo men»B 10 associados.

Art. 17.® Não se tendo reunido o numero legal de socios, far ee-ha nova convocação dentro do praso de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então com qualquer numero de socios presentes.

Art. 18.® A assembléa geral terá duas reuniões or-

os motivos da convocação e obrigando-se a compare cer na reunião.

2.® Todas as vezes que a Meza para interasse da SociEDsDE o julgar conveniente.

Art. 20.® As assembléas geraes que não sejam con- vocadas a requeiimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio- nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® secretários e dois vogaes.

Art. 22.® A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em oonformidade

com a lei geral. _ 2.® Discutir e votar as contas, pareceres e relató-

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todos os corpos gerentes, commissões de

assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os reoursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da SOCIEDADE.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' meza da assemblóa geral compete : 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Presistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ella tomadas : 3.® Assistir ás sessões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissões assignando os respectivos ter- mos.

CAPITULO VIII Administração

Art. 24." A administração é oonfiada a uma com- missão administrativa de oinco membros effectivos sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa: 1.® Admittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral; 2.® Tomar posse todos os ânuos no principio do mez

de julbò ; 3.® Administrar a Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engrandecimento ; 4.® Velar pela conservação dos moveis e mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral; 6.® Apresentar oontas á assembléa geral em julhe

de cada anno, deixando-as patentes aos sooios que de- sejarem examinal-as por espaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazei •os respeitar;

8.® Conferir todos os valores que constituem o in- ventario que recebe, passando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos os assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando conta de todos os seus actos á assembléa geral.

Art. 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia 15, para a approvaçâo do balancete do mez anterior, mandan-

§ unioo. Esta commissão instalar-se- ha do mesmo dia era que a commissão administrativa tomar posse ;

Art. 28.® São attribuições da commissão revisora de contas:

1. Examinar, sempre que julgue conveniente, • pelo menos de tres em trea mezes, a escripturação da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2.® Pedir a convocação da assemblóa geral. 3.® Assistir ás sessões da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e pedir-lhe os escla- recimentos que julgue preoisos.

4.® Estar ao facto de todos os trabalhos da commis - são administrativa e de todas as mais commissões.

5. Dar parecer sobre as oontas e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de contas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.®' 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão sempre feitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competência da assemblóa geral a ex- clusão de qualquer sooio, sendo esta previamente ouvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os bocíos que sai- bam ler e esorever.

Art. 31.® Asfuncções de membros da meza da as- sembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por indivíduos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preciso que o seu estado finanoeiro seja insustentável e assim considerado pela assemblea geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a appiicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expressamente prohibido á Sociedade fazer-se representar em qualquer acto politico ou anti- religioso.

Art.® 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento ao que dispõe o n.° 7 do ar- tigo 25 deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possível, as vantagens a que tiverem direito tanto sooios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ único. Para a confecção dos regnlamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das associações ou socie- dades que existam com os mesmos fins ou edenticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser al- terados Oom o acoordo da maioria dos socios em as- sembles geral e approvaçâo do Governador Civil.

Art. 37.® Nos chsos omissos e para interpretação d estes estatutos regulará a lei geral por ãnde se re- gem as mais sociedades d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão administractiva

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer par- te como socio d'esta Sociedade quando teoha menos de 5 ou mais de sessenta 60 annog.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que de»eje inscrever se como socio não occultar a edade, profissão, emprego e estado de saúde, na occasião de se inscrever.

Art. 3. Q sooio quo oooultar qualquer das ^^aj osições do artigo antecedente, se?_á deroit-

de socio logo que a C JMVIISSÃO AD- MINISTRATIVA tenha d'isso conhecimento, ficando sujeito ao que dispõe o paragrapho unioo do artigo 12

Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamento de quotas poderá ser readmittido quando não deva mais de 4 quotas mensaes,

quando deva mais só poderá ser novamente admittido como socio, em harmonia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este regulamento.

Art. 5A Em caso de fallecimento de qual- quer socio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2$500 róis para ajuda do seu funeral.

Art. 6.® Para o socio ter direito ao subsidio< concedido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas correspondentes pagas.

Art. 7.® O socio que tiver seis mezes de as- sociado tem direito em caso de fallecimento a 5$000 róis de subsidio para ajuda do seu fune- ral um anno de associado 10$000 róis dois an- nos de associado 12§000 réis, quatro annos de associado 15$000 réis e seis aunos 18$000

réis, tendo as quotas correspondentes pagaB. Art. 8.® Os subsídios de que tratam os ar-

tigos 5 e 7 serão pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter fbito o funeral ao socio com decencia e que não tenha sido ci- vilmente.

Art. 9.® Em caao de fallecimento de qual- quer socio, a família ou pessoa encarregada do seu funeral, mandará parte por escripto a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA com a maxima brevidade, deyendo a parte ser acom- panhada com o exemplar dos Estatutos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o socio tem direito a fazer qualquer publicação nos jornaes orgãos da So- ciedade, quando seja de interesse particular

taes como, agradecimentos, offertas e annun- cios, com o desconto de 80®/# sobre a tabella.

Art. 11.® Para o maior desenvolvimento da Sociedade a COMMISSÃO ADMINISTRA- TIVA conoede a todos os assignantes daB pu- blicações orgãos da Sociedade, quer rezidam em Lisboa ou em qualquer ponto Ho paiz, van- tagens eguaes ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com to- das as suas disposições.

Art. 12.® Das vantagens ooncedidas aos as- signantes de qualquer das publicações da So- ciedade no artigo antecedente, exceptuam-se as que se refere es n.®' 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

I I

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SEMANÁRIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

ANNO

I

ASSIGNATURAS Anno 14200 | Trimestre 300 Semestre 600 | Mez (em Lisb->s) 100

Toda a correspondência relativa ao Joual deve ser dirigida á administração, e relativa á SOCIEDADE á comraissSo ad- ministrativa.

EDlTOR[— Thomas Rodrigues Mathias

Lisboa, 10 de junho de 1906 o

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Séde da Sociedade — Rua do Oaes do Tojo, 20, 1.°

ANNUNCIOS No corpo do jornal, linha 60 rs. | Na 4.' pag., linha... 20 rs.

Repetições ou permanente* ajuste convencional Os «rs. soei os e asslgnantei teem abatimento de 80 por cento

Os originaes que nos dirigirem, quer sejam ou não publica- dos, não serão restituídos.

IMP. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

NUMERO

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ivioisrsEisftiOs. MACCHI .

Falleceu na quinta-feira no palacio da Nuncialura, o ex.mo

e rev.1"0 Nuncio de Sua Santi- dade, monsenhor Giuseppe Mac- chi, que tantas sympalhias gran- geára entre nós pelas suas altas qualidades e illustração.

A noticia correu velozmente por toda a cidade, e,não obstante saber-se que Monsenhor Macchi se encontrava n'um grave esta- do de saúde, no entanto em to- dos causou dolorosa surpreza, sendo vivamente sentida.

Monsenhor Macchi era um fi- no diplamata e a sua carreira foi distincta, merecendo sempre

applauso a sua conducla e im- pondo-se á estima e ao respei- to de todos pela fidalguia do seu espirito e pela rectidão do seu caracter.

E' uma veneranda figura da Egreja que desapparece, por en- tre a consternação e o sentimen- to geraes.

O funeral de Monsenhor Mac- chi realisou-se honlem, sabba- do, sendo imponentíssimo, e prestando-se-lhe todas as hon- ras fúnebres a que tinha direi- to. 0 préstito saiu da Egreja da Estrella — onde o corpo fôra depositado. — para o cetnilerio

| dos Prazeres, onde ficou provi soriamente no jazigo da senho- ra Condessa de Sarmento.

Commovidamente nos asso- ciamos pela morte do virtuoso Nuncio de S. Santidade, e apre sentamos a mons. Bovieri res peitosas e sinceras condolên- cias.

— No funeral fizeram-se re- presentar a redacção d'este se- manário, a sociedade União Po- pular, a direcção do Circulo Calholico, a do Centro Social Christão, e muitas outras ag- gremiações.

Congresso da Democracia

Christã

E' nos dias 17 e 18 do cor- rente que se reúne em Lisboa o annunciado congresso das ag gremiações catholicas populares sob a presidência de honra do senhor Cardeal Patriarcha.

No congresso fazem-se repre- sentar todos os Círculos e jor- naes catholicos do paiz a cons- ta que a este assistirá, como congressista, o prestigioso e ve- nerando Arcebispo oispo da guarda.

Espera-se que seja muito con- corrido.

Fazemos ardentes votos pelo êxito d'esta reunião, de cujos trabalhos noa occuparemos de- senvolvidamente.

A questão dos tabacos

Cotno era de esperar, a assem- bles geral da Companhia dos Ta- bacos, em sua reunião de 31 de maio, resolveu usar do direito de opção, ficando com o exclusivo dos tabacos mediante a renda annual de 6&520 contos.

Não ha duvida que se venceu uma grande batalha, e que o paiz lucra consideravelmente — uns poucos de milhares de contos — com a solução dada a este negocio. E' de toda a justiça recordar que, para este brilhaute resultado, po- derosamente concorreram : — o Se culo, a commissão de fazenda da camara dos deputados, os dissiden- tes progressistas, e o governo do sr. Hintze Ribeiro.

A batalha foi renhida, e muito,

mas o paiz lucrou immenso com ells.

Resta agora que o parlamento approve o contracto provisorio, e que a Companhia dos Tabacos cumpra integralmente todas as con- dições do concurso, sem esqueoer a que diz respeito aos operários...

OOOOO-

Monsenhor Carlos Costa

Passou no dia 4 o anniversa- rio natalício do nosso presado amigo monsenhor Carlos Fran- cisco da Costa, parocho da Gra- ça e secretario da camara eccle stastica.

Ao illustre sacerdote, que tan- tas e merecidas sympathiasgosa na capital, enviamos as nossas sinceras felicitações.

O GRANDE MAL

Pergunto a mim proprio, varias vezes, qual terá sido e continua sendo a causa da deplorável situação em que se encontram as classes ope- rarias em Portugal. E pro curo, com interesse, e desa- paixonadamente, uma res- postaqueme satisfaça, e que seja a verdadeira.

O nosso povo vive muito mal. A este respeito, não po de haver duas opiniões. Es- tá á mercê de políticos am biciosos, e sem escrúpulos de capitalistas arrogantes e de coração empedernido; não o educam, não o instru- em, não ouvem os seus cla- mores^ e^não se enternecem com as suas lagrimas. Cen- tenas de famílias operarias, desprovidas do indispensa vel á existência, acoitam-se em mansardas sem luz nem ar, dormem sobre tabuas ou em cima de enxergas pôdres, vejetam quasi de sol a sol e recolhem uns miseráveis cobres que nem sequer lhes permittem a compra do pão preciso para matar a fome

Operários diligentes, labo- riosos, assíduos na fabrica ou na officina, são preteridos por mandriões ou ineptos, ou, trabalhando como os mais, habilmente e de boa vontade, recebem salarios inferiores e veem-se coagi- dos a supportar a.injustiça para não serem victimas de maior iniquidade—o despe- dimento.

Mulheres de constituição fraca, para ajudar os mari- dos ou para sustentar os fi- lhos, sujeitam-se a trabalhos pesadíssimos e perigosos, im proprios do sexo, n'uma pro- miscuidade deplorável, que muitas vezes é origem de vergonhas e quedas...

Ninguém poderá dizer que escurecemos de proposito e caso pensado esta pintura. Antes assim fôra, e ella não correspondesse perfeitamen- te á triste realidade.

Se corresponde !... Mas, dir-se-ha talvez, se

o quadro é assim angus- tioso, o povo não deixa de protestar contra a situação em que o conservam, e cla- ma por justiça, por humani- dade e por tolerância! Não escutam os seus protestos, porque a corrupção é geral

profunda, e pôde mais o interesse sordido e a explo- ração vil do que a generosi- dade d'alma, e a força do di- reito. . .Pensando bem, não

isto exactamente assim. 3elo menos, não é exclusi- vamente assim.

Ao lado dos que soffrem e dos que luctam com hero- ísmo, ha muitos necessita- tados de contrabando, muitos descontentes de officio, mui- tos exaltados odientos, que gravemente compromettem

a causa do povo. Confian- do plenamente em certos chefes, seguindo ás cegas de- terminados mentores, o po- vo tem seguido por um ca- minho falso. Tem sido en- ganado, umas vezes incons- cientemente ; a maior par- te d'ellas com perfeita cons- ciência. Arrastado para vio- lências e excessos, o povo tem sido inhabil e tem.se prejudicado altamente. Tem servido mais os caprichos e as ambições desses chefes e mentores, do que os seus proprios e sagrados interes- ses. Não tem alcançado de- ferimento a muitas das suas queixas, porque tem sido um desorientada. Não sabe o que quer; não sabe pedir; não se impõe pela gravidade do porte, pela nobreza do pro- cedimento. E' uma victima, duplamente para lamentar- se; victima da sua injenuida- de, victima da exploração d'aquelles que o enganam, trepando e ganhando á sua custa.Parece nos que o gran

Descanço Dominical

De um artigo do noseo pregado col- lega portueuse, O Grito do Povo :

«A questão do descanço domi nical, é, de feito, uma questão que interessa aos operários em geral, pensem elles como pensar ; e é uma inexactidão dizer-se que só se trata d'uma reivindicação oatho- lica.

A reivindicação do descanço do domingo é uma das faces da lucta entre o capital e o trabalho, entre o amo e o escravo, entre o que vive na fartura e o que lucta e se lamenta na miséria ; é uma das fa- ces do eterno drama entre o capi- tal egoísta, ás vezes deshumano, e o proletariado que pugna por quebrar as cadeas que, qual outro Prometheu, o ligam á rocha, em que o abutre da humana avareza lhe devora as entranhas.

N'esta lucta entre ò poderoso e o débil, entre o amo e o esoravo, todas as vantagens estão sempre da parte do capital.

Que pôde conseguir por seus úni- cos esforços aquelle que, se lucta, se serevolta, não terá no dia seguin- te com que enxugar o pranto de seus filhos, que lhe pedem pão ?

Força é pois submetter-se, e ainda que proteste o seu coração, ainda que irado, tem que collocar- se debaixo do jugo do capital ine- xorável ; o operário, a pobre vic,~***

de mal é este, e que O povo 1 ttma da fabrica, da officina e do deve comprehender que e tempo de emendar os seus erros e reparar as suas fal- tas, retirando a confiança aos advogados a amigos que tão mal o teem servido. Que lhes deve o povo ? Que re- galias obtiveram elles para os que trabalham, e como teem recompensado essa confiança cega no seu vali- mento e no seu pouc: ? Ati- rando-os para o caminho pérfido das arruaças e dac violências, que dão sempre resultados negativos.

O que falta ao povo, pa- ra se impôr aos governos e aos capitalistas deshumanos, e para conseguir a melhoria da sua situação, é isto: uma solida união, e uma orienta- ção segura, esclarecida e prudente. Torna-se neces- sário que o povo saiba pedir

saiba o que pede; e que, não sahindo nunca dos limi- tes que a justiça lhe traça, e tendo um conhecimento exa- cto tanto dos seus direitos, como dos seus deveres, pos. sa alto e bom som affirmar

sua nobreza de intuitos e de porte e chamar a si todas as boas vontades e todas as energias, centuplicando as sim a propria força e de- mostrando á sociedade como

sua sisuação tem de ser profundamente modificada.

Desengane-se o povo, e repare n'aquelles que teem, de ha muito, a ancia de lhe serem úteis e prestadios, sem o quererem desorientar nem lisongear perfidamente; e en- verede por nova estrada, orient ando-see. unindo se, na certeza de que só com a jus- tiça, a razão e a virtude po- derá triumphar.

Vlnicio.

mostrador, ha de ir forjar ou ma- nipular com as suas mãos calieja- das os mil objectos, muitas vezes até supeiflous, com que os bema- venturados da terra tornam dooe e amavel a existência.

Só o Estado o salva, só o Es- tado o pôde libertar da tyranuia do capital, e dar-lhedi reito a des- cançar, como imperiosamente o exige a saúde do corpo e a neces- sidade moral, tão imperiosa como a outra, de exercer, no seu hu- milde lar doméstico, uma vez se- quer na semana, os seus deveres de pae e de esposo ; como impe- riosamente o exige a sua intelli- gencia ávida de cultivo, oa deve- res \ expansões da amizade, e es- sas m'l honestas recreações, que são para .a alma em meio da ari- dez do trácio rude de todoa os dias, algo assiqi oomo que a fres- cura e a sombra do oasis para o fatigado peregrino -do deserto.

E' um facto fóra d° toda a du- vida, é um faoto recotóecido por todos os higienistas, qu . o orga- nismo humano não pôde bi) /portar, sem menoscabo da Baude, '~m tra- balho incessante, um trabalho sem trégua periodica do descançi) ro- parador.

O organismo, depois de vários ' dias de trabalho, desfallece ; as forças exgotadas reclamam repou- so.*

Insistimos em pedir a todos os nossos amigos e correligionários, socios dos Círculos e de outras as- sociações operarias, que trabalhem com todo o interesse na maior ob- tenção de assignaturas para a re- presentação que ha de ser entre- gue áa Camaras. Não os esmoreça nenhum obstáculo, nem o adia- mento da manifestação.

As côrtes foram dissolvidas, mas reabrem em setembro ; é necessá- rio que a representação pedindo a- lei do descanço dominical seja se- guida de milhares e milhares de nomes.

Mais algum tempo temos para trabalhar n'esta utilíssima propa- ganda ; aproveitemol-o bem, e con- fiemos em que a reclamação dos que trabalham será attendida.

PARA A FRENTE I União, firmeza e boa vontade !

A Utiiíio Popular

CONTRA OS REIS DE HESPANHA

O ATTENTAOO DE MADRID

m*

Como não podia deixar de ser, o monstruoso crime dos libertários hespanhoes pro- duziu em toda a parte — sem excepção — o maior es- panto e a mais profunda re- pugnância Não ha ninguém de coração bem formado que não sinta a maior indigna- ção contra o covardíssimo assassino, que realisou, ao mesmo tempo, um attentado brutal e estúpido. De todos os paizes e de todas as ter- ras da Europa e da America affluem os protestos contra a selvageria dos inimigos da sociedade, que demonstram issim a ferocidade da sua propaganda e deshonram um partido e uma doutrina.

Qual é o ideal politico que pode auctorisar ou exigir se- melhantes attentados ? E fal- ia essa gente em regeneração de costumes e em direitos de ustiça ! Se não mentem mui- to de caro pensado, para il- ludir ingénuos e desvairar simplórios, são uns doidos varridos : loucos ou fanáti- cos, a sociedade tem que defender-se e não pode as- sistir, apenas em attitude de- solada, a estas scenas de sangue e ruina que attingem

'»Tifoonalidades inteiras. Esses desgraçados que,

em nome de uma aspiração generosa, ainda que, muitas vezes, absurda, assassinam dezenas de pessoas innocen- tes de toda a culpa, preme- ditando o crime, e não po- dendo desconhecer todas as suas horríveis consequên- cias — esses doidos ou esses

rvpjgns, são atheus. Pré- gam a guerra a Deus, á re ligião, a toda a crença. Pre- tendem que tudo acaba com a morte, que a alma não so- brevive ao corpo, que não serão premiadas as boas obras e punidos severamente os delictos e os crimes. Não querem nenhuma sujeição a leis, não ouvem a palavra divina, não reconhecem ne- nhuma auctoridade... Não ha nada nem ninguém supe- rior a elles. É o maior dos desvairamentos e a mais es pantosa das utopias. Mas se não teem o mais leve senti- mento religioso, é que a idéa da Divinidade briga com se- melhantes doutrinas, é que o sentimento religioso os pro- hibe de pensarem assim, de procederem criminosa- mente. Deus^ o amor, a paz, a verdadeira fraterni- dade. Esses homens amam os seus irmãos despedaçam do-lhes os corpos, fria e cal culadamente! E fingem indi- gtmr-se contra as iniquida- des dos tempos que correm, e protestam contra a mais ligeira falta d'aquelles que, na sua boca, são os burgue- zes, os capitalistas, os ty- rannos... Que sinceridade !

Arrancar do coração do homem a idéa de Deus dá isto : torna-o mau, insensí- vel, bestial, capaz de todos os excessos: É preceito do Decálogo: não matardsl e são os homens que accusam o christianismo de imaginarias; faItasJ0-<iê~erros que, em ul-

íía analyse, não foram por este commetidos, são esses mesmos cs que, por vingan ça brutal e estúpida, atiram uma bomba para o meio de uma multidão desprevenida, e procuram arrancar a vida

n'esse pretendido crime heroico. Uma idéa generosa não pôde

ser evangelisada por esse pro- cesso.

O que pretendem os anar- chistas? Refundir a sociedade, tornando-a melhor.

Esperam conseguil-o atirando bombas sobre a multidão em fes- ta ?

A doutrina deixa de ser sym- pathica, e os seus apostolos tor- nam-se odiosos.

Também nós somos anarchis- tas, se o anarchismo é essa dôce chimera que embala tantos es piritos generosos, offendidos por tantas iniquidades da sociedade actual.

Se realmente é isso o anar- chismo, elle marca o termo ul- timo das nossas aspirações, é o verdadeiro élo de uma longa ca- deia de aspirações altruístas que balisam o caminho e fixam orientação da nossa actividade.

Mas se é ser anarchista subir a uma trapeira e de lá atirar a um mar de gente uma bomba explosiva, nós enjeitamos toda a solidariedade com anarchistas, porque essa infamia rebaixa o ho- mem, tornando-o egual á féra que, sendo incapaz de sentir c bem, fôsse requintadamente ha bil para fazer o mal.

O anarchismo, visto á luz de uma bomba que estoira entre creaturas inoffensivas, é coisa bem mais repugnante que todos os crimes da burguezia, por mui- to grandes que sejam.

Em nome do verdadeiro anar chismo,entendido como um ideal supremo de justiça e de bonda de, protestamos contra essa infa- mia».

a dois noivos de corações bondosos e de almas no- bres, dignos de uma vida tranquilla e feliz.

Ha crime mais hediondo ?

— Toda a imprensa con- demna o estúpido e barbaro attentado, que, realmente, não pode sequer ter a atte • nuante de ser um desvaira- mento, uma allucinação de momento, pois foi bem pre- meditado—com todo o san- gue frio.e Deus sabe comque antecedência. Não se esque- ça que a bomba vinha escon- dida n'um enorme ramo de flores : isto é, a covardia até ao fim!

Sem distincção de côres politicas e de partidos, os jornaes de todos os paizes protestam com eloquência e emoção contra a inexcedivel torpeza. Recortamos alguns trechos de artigos que mais impressivamente se referem ao facto e com maior fran- queza se exprimem:

Das Novidades:

«Assim,o attentado de hontem despertou uma enorme commo- ção ; a occasião em que se reali- sou ainda accresccntou a repu- gnância pelo crime monstruoso; a forma porque se realisou e as consequências que produziu, le- vou ao cumulo a indignação! Aquella noiva, que todos inve- javam, e que sae da carruagem e vê empapado em sangue hu- mano o seu vestido de núpcias inspira um geral e fundo senti mento de piedade ! E' a trage- dia em pleno idylio ! Excede as forças da imaginação humana o comprehender que possa apro veitar a qualquer politica, a qnal- querpro^aganda.a qual juer ideal um crime como o de Madrid ! E' preciso que a selvageria dos tem- pos mais primitivos volte a obs- curecer o cerebro humano, para suppôr que um crime como aquelle possa servir a alcançar direitos e a remir differenças de situação social!

Fazer em pedaços a cabecinha innocente d'uma creança que passa ; abater no meio da mul- tidão as gentes pobres que a cu- riosidade ali attrahiu; derrubar, esphacelados e irreconhecíveis, alguns soldados, que foram cha- mados ao cumprimento d'um de- ver disciph'nar ; — e fazer tudo isto para alcançar uma morte, que-nada justifica, e que mesmo com o barbarismo repugnante se não alcança — só póae ser- vir para effeito inteiramente con- trario ao que se visou. A repro- vação dá direito a que na defeza social se mantenham todas as repressões. Nada justifica, pe-< rante estes crimes, as reclama flicto não existe, é puramente

-ooçoo-

PLANO DE MORTE

Foi descoberto uma vasta cons- piração anarchista Os libertá- rios pretendiam assassinar o im- perador da Russia, o rei de Inglaterra, o rei de Italia, presidente da republica francesa, e não sabemos quantos mais che fes de estado,

Di% se que, ultimamente, di- versos acralas se espalharam pela Europa e America afim de executarem o plano infame. As policias de vários paires proce d em activamente, e o governo italiano toma a iniciativa de uma conferencia internacional para assentar nas medidas de repressão e defe\a a tomar.

PALHETINHAS DE OURO

São incalculáveis os estragos produzidos em alguns espíritos pelas doutrinas antichristãs.

Homens ha que, imbuídos de uma serie de prejuízos contra a religião, sentem grandes dificul- dades em professai a, porque entendem que ella fére as pre- rogativas da razão. E tantas ve- zes se vai isso repetindo, que não se cuida quasi de saber se tem fundamento o chamado conflicto entre a raqão e a fé e entre a sciencia e a revelação. Entretan- to, é certo que similhante con-

ções attendiveis para a fusão de todas as collaboraçõos por ma- neira á destruição das injustiças d'uma sociedade, que inegavel- mente se encontra raalorganisa- da, mas que estes crimes atrasam na sua reconstituição indispensá- vel.

Tal é a situação que estes at- tentados criam contra o bem es- tar dos próprios que os praticam. A indignação que o crime de Madrid causou em Lisboa foi deplorabilissima. Ha lagrimas para as numerosas e innocentes victiraas ; ha saudações geraes para os noivos, visados pelo cri- me, e a quem a Providencia fe- lizmente poupou.»

Da Lucta:

«Repetiu-se agora em Madrid, no proprio dia do casamento do rei.

Quem a praticou ? Um anar- chista.

Em nome de quê ? Do mais alto ideal humanitário.

Atirar uma bomba ao seio de uma multidão, fazendo voar em estilhaços homens, creanças e mulheres, é a mais odiosa infa- mia que imaginar se possa.

Ha uma suprema covardia

imaginário: a razão, pelo con trario, e a fé completam-se, as- sim como a sciencia e a revela- ção consorciam-se, realizando as mais elevadas aspirações do ho- mem sobre a terra.

Convidamos, pois, os homens de estudo, os intellectuaes, co- mo são modernamente denomi- nados, a examinarem com a de- vida attenção, de um lado, o po- der e as manifestações da razão e as conclusões da sciencia, de outro, a esphera da fé c as ver- dades da revelação. Em pontos de tanta relevância, ninguém tem o direito de haver-se com levian- dade ou com premeditado pro- pósito de tudo negar ou de nada conceder.

Deante dos factos, a lógica manda inquirir, investigar. A ra- zão não é uma faculdade distin cta da intelligencia, como pensou Kant; uma e outra são actos do mesmo principio: pela primeira, conhecemos as verdades geraes, os princípios, os axiomas; pela segunda, tiramos d'esses princi pios taes e taes conclusões. São preciosas as vantagens que pro- cedem da alliança da razão com a fé, e separal-as ou conside- rai as em opposição fora um vio- lentíssimo attentado.

Um systema

impraticável

O socialismo não encon- tra sómente objecções na or- dem moral; também as en- contra na ordem material, e taes e tantas,que a conclusão final é que o regirmen socia- lista é praticamente impossí- vel de se estabelecer.

Os adeptos do socialismo pretendem que o triumpho das suas doutrinas melhora- ria a condição de maior nu- mero de homens.

O contrario é que é de prever.

Os ricos, mesmo nos pai- zes em que o bem estar mais se desenvolveu, não repre- sentam mais que um punha- do de indivíduos, na Prus- sia, os cadernos de impostos sobre os rendimentos reve- lam-nos que existem apenas 3:5oo indivíduos com um ca- pital superior a 200 contos; na França esse numero at- tinge 3o:ooo pessôas; em Portugal não attinge 600.

Baseando-se sobre estes dados, os economistas fize- ram o calculo de que a par- tilha egual dos rendimentos entre todos os habitantes pro- duziria para cada qual uma somma egual á média dos salarios actuaes, augmenta- da de 10 a 12 por cento.

Se a média do salario é actualmente de 600 réis por dia, na organisação socialis- tas todos ficariam vencendo 660 réis.

Ainda assim, para chegar a este resultado minimo, so- mos obrigados a suppôr que a reforma socialista não te- ria por consequência diminu- ir a producção ; ora o con- trario é que é logico suppor- se.

Com effeito, o socialismo, que concede o mesmo sala- ria a todos,que não distingue o operário laborioso e hábil do operário preguiçoso e ine- pto, supprime a mola omni- potente do interesse pessoal.

E' este o seu ponto mais fraco; Luiz Blanc compre- hendêra-o quando, para o remediar, propunha que se affixasse sobre as paredes das officinas nacionaes esta maxima:» N'uma sociedade de irmãos que trabalham, todo o preguiçoso é um la- drão. »

Mas é preciso ter uma grande fé nas declarações do principio para lhe suppôr uma tão grande virtude, e, sem duvida, não é dar pro- vas d'um scepticismo exces- sivo considerar como uma consequenciacerta do collec- tivismo uma enorme dimi- nuição na producção; de sor- te que assim ficaria compen- sado, senão excedido, o li- geiro augmento de rendimen- to que a nova organisação social faria apparecer em proveito da massa dos pro- letários, quando se racioci- na segundo as estatísticas ac- tuaes.

O socialismo presta o flanco ainda a uma outra critica, extremamente gra- ve.

Quem dirigirá os trabalha- dores ?

Quem os fiscalisará? Quem recolherá os pro-

ductos ? Quem os repartirá? Para desempenhar todas

estas funeções, tornar-se-ba mistér um exercito de func-

cionarios, investidos d'uma auctoridade absoluta.

Em summa, o regimen que nos promettem seria pouco mais ou menos o da caser- na, isto é um genero de vida que as necessidades do pa- triotismo podem fazer sup- portar a titulo transitório, mas que os menos favoreci dos da actual sociedade não consideram geralmente co- mo o ideal.

Manifestação republicana

Realisou-se, conforme estava an- nunciado, no dia 1, a manifesta- ção republicana de protesto con- tra a nomeação do sr. conselheiro Ernesto Driesel Schroeter para mi- nistro da fazenda, visto este cava- lheiro ser um súbdito austríaco, naturalisado portuguez.

Não houve alteração da ordem, nem a auctoridade interveiu, cor- rendo tudo pouco menos que so- cegadamente. Os manifestantes, em numero muito inferior ao que se esperava, dados os fins e a si- gnifioação do protesto — limita- ram-se a festejar os oandidatos re publicanos com vivas e salvas de palmas.

O commercio não fechou as por- tas.

A mensagem de protesto foi en- tregue ao vice-presidente da Ca- mara dos pares, sr. conselheiro Se bastião Triles, que recebeu os can- didatos republicanos com toda a cortezia. Na calçada do Combro houve manifestações contra a Fo- lha do Povo, e, como o cocheiro do trem em que seguia o sr. con- de das Alcáçovas não quizesse pa- rar, alguns dos manifestantes mal- trataram-no, intervindo logo o sr. dr. João de Menezes.

Foi uma nota discordante — e que é também tristemente signifi- cativa. . .

EDUCAÇÃO POPULAR

FIDALGOS

A palavra castelhaoa hidalgo foi introduzida em Portugal noreiua- do de D. Affunso III, pronuncian- do-a nós fidalgo, para distinguir os cavalleiros e escudeiros de nobre- za herdada ou linhagem, de aquel- les que apenas gozavam taes títu- los em virtude de graça especial do soberano.

Fidalgo quer dizer filho d'algo, isto é, que tem alguma couta em bens ou em condicção nobre.

E' assim que o referido monar- uha diz, no foral concedido a Villa Real, que alcaide mór do Castello, quando o houvesse, seria filium d'algo, nascido em Portugal e que vingasse 500 soldos, querendo isto dizer que receberia annualmente tal quantia do soberano.

Dizem vários auctores quen'es- te passo do foral se Dão prescre- ve a quantia dada pelo rei, mas sim se preceitua que, no caso de ser morto o alcaide-mór, recebe- riam os herdeiros 500 soldos dados pelo assassino em razão da nobreza da sua victima.

Inclinamo nos decididamente I para a primeira interpretação de J vingar, tauto mais que D. Affonso V determinou aos fidalgos do rei- no entrassem para o serviço da sua real casa, inserevendo-se como mo- radores no paço e percebendo va- rias moradias, que eram umas cer- tas pagas annuaes, dadas consoan te os serviços de cada um ou se- gundo a sua gerarchia.

D'aqui a classificação que se fez aos fidalgos, cujos categorias se systematisaram em duas ordens ou classes tendo eada uma trea graus:

PRIMEIRA ORDEM

1.° grau : fidalgo-eavalleiro. 2." grau : fidalgo escudeiro. 3." grau : moço fidalgo

SEGUNDA ORDEM

1." grau : Cavalleiro-fiialgo. 2." grau : Moço da camara. 3." grau : Escudeiro fidalgo.

De todos estes títulos de nobre- za apenas hoje se conservam dois : o d« moço-jidalgo e o de fidalgo- eavalleiro.

A's seis categorias apontadas correspondiam differentes mora- dias ; porém, gradualmente, podia- se transitar da categoria maia bai- xa para a mais elevada. Não era t aro ver um escudeiro-fidalgo da segunda ordem ascender a fidalgo- eavalleiro de primeira nobreza ; era-lhe todavia forçoso passar por todos os graus nobiliarcbicos apon- tados.

Durante algum tempo foram de- signados por fidalgo com exercício sómente aquelles que serviam o so- berano, mas depois generalisou-se esta denominação a todos os no- bres embora affastados do paço.

A simples prova de ser filho le- gitimo de pae fidalgo era o bas- tante para adquirir o primeiro fo- ro de nobreza.

Por isso se chama filhamento ao acto pelo qual se concedia aquel- la distincção.

Gosar foro de fidalgo qner di- zer haver sido feito fidalgo quan- do o pae o não era, e o foro podia ser conferido pelos príncipes e in- fantes ; mas para fazer fidalgos era necessária a sanção do rei.

Os duques de Bragança tinham a prerogativa de darem fidalguia, mas as suas nomeações careciam egualmente da confirmação regia.

Hoje, a nobreza conta, entre outros títulos, os de conde, duque, marquez, visconde e barão, e ain- da outras distineções oonjunctas a dignidades, cargos ou honrarias.

Historiar sumraariamente cada um d'esses títulos será por agora o nosso thema, porque a elle so- mos conduzidos naturalmente no seguimento d'esta miscellanea.

Consultando as velhas Ordena- ções muito se eucontra de interes- sante áoerca de fidalgos. Entre as disposições mais curiosas indicare- mos as seguintes :

Se alguém se fizer fidalgo, ou so nomear, não o sendo, tem pena de cem cruzados e paga as custas em tres dobros.

Fidalgo que tira moça de casa de seu pae por sua vontade e por affagos ou induzimentos que lhe fez, é riscado dos livros de el-rei, e perde toda a tença que d'elle ti- ver, sendo degredado para Africa até mercê d'el-rei.

Fidalgos não comprem para re- gatear.

Fidalgos e cavalleiros e similhan- tes pessoas não podam ser presos por dividas, nem por casos crimes leves, senão com homenagem.

Fidalgos de solar teem credito em suas escripturas, como se fos- sem publicas.

Fidalgos não podem ser metti- dos a tormentos senão em caso de crime de lesa magestade ou de aleivoBÍa, felsidade, moeda falsa, testemunho falso, feitiçaria, alco- vitaria, furto, etc.

Muitas outras disposições secun- darias se consignam nos diversos títulos das Ordenações affonsinas, manuelinas e filippinas ; porém as que ficam indicadas mostram cla- ramente que tanto dispõem para prémios como para castigos.

1 Enleve* Pereira.

AS FESTAS DE JUNHO

Começam depois de ámanhã «as festas de junho» promovi- das pelo Club de Lisboa. E' enorme o enthusiasmo e a an- ciedade em assistir aos princi- paes números do programma, sobretudo ao fogo de artificio e ao cortejo nocturno, em que to- mam parte muitos carros alle- goricos, ranchos de cantadeiras da província, o Club dos Fcnia- nos, bandas de musica, auto- móveis, etc.

Oxalá tudo corra bem, e as festas tenham o maior bri lho.

CASA DOS LINHOS DE

Raphael Pereira dos Santos

288, Roa Fernandes Thomaz, 290 PORTO

Nesse estabelecimento en- contra-se grande sortido de pannos de linho de todas as qualidades e larguras, toa- lhas para meza e lavatório, guardanapos, roupas bran- cas para homem, senhoras e creanças, rendas, bordados, florins, miudezas, etc.

"Vendas a preços muito reduzidos

""li!-

A União Popular

LITTERATDRA

ALMEIDA 5ASEETI

(0 JANOTA)

De todos os tempos nunca o ja nota foi bem acceite em Portugal. Em qualquer olaase que appare ça, é certo que ee torna sempre o alvo das ironias de todos. Nem a profissão, por mais inoffensive, o salva. Ao proprio homem do mun do, sem pretenções a ser outra cousa, não se lhe perdôa, se as suas sobrecasacas são irreprehen eiveis de córte; se o veston cáedi reito, sem uma prega; se a grava- ta é bem mordida, num laço per- feito, por uma simples pérola; se o chapéu alto é lustroso como o Betim, ou o côco d'uma côr menos vulgar e d'uma fórma ainda des- conhecida na ruas da baixa! Os plumitivos, então, são ferozes pa- ra os seus camaradas de lettras, para quem o vestuário não é uma couia inteiramente indefferente.

Garrett, tendo sido o primeiro janota do seu tempo, pôde bem calcular se a espessa oonraça de desdem de que teve de se armar para resistir á chuva das ironias com que, a despropósito das suas toillettes, lhe pretendiam diminuir o valor iitterario.

Entretanto, todo o mundo sabe, por que os íntimos amigos não se cançavam de o referir, que nunca, em cada manhã, Garrett deixou de préviamente combinar, sábia e artisticamente, a compoaisão do seu vestuário, como um pintor que pacientemente prepara a sua pa- leta.

Assim, elle mandava primeiro collocar a sobrecasaca sobre as costas d'uma cadeira, depois pas- sava em revista os colletes varie- gados, depunha o que escolhia sob as bandas da sobrecasaca, já elei- ta, estudando-lhe o effeito. Em se- guida, cabia a vez ás calças que, n'esse tempo, iam desde a captiva côr da clara flôr d'alecrim até aos mais inverosímeis tons dos rôxos sombrios.

Escolhidas, tomavam também lo gar no improvisado manequim, com o cos já discretamente escon- dido por debaixo do collete prefe- rido. Por ultimo, era a vez das gravatas, e como essas se amon- toavam ás dúzias na vasta gaveta, a escolha era ainda mais demora- da. Só depois de mirar e remirar o effeito geral é que o Principe das lettras e da elegância definiti- vamente se resolvia a... vestir-se.

Comprehende-se que um homem para quem o simples vestuário se tornava assim uma arte, tão com- plexa e complicada, merecendo lhe os maiores ouidados do seu apura- do bom gosto, fosse também, na escripta do mais singello período, d'uma exigência tão absoluta como impeccavel. E assim foi. E se al- gumas das suas brilhantes paginas parecem, á primeira vista, um pou- co descosidas e destoando d'essa perfeição, lidas com cuidado facil- mente se lhes descobre a límpida harmonia geral.

Indifferente ás criticas que lhe faziam, e que o accusavam de pe- jar a nossa lingua de inúteis fran- cezismos, elle que tão artistica- mente a renovava e refundia, era egualmente indifferente aos que o apodavam de velho'e ridiculoc as quilho, sendo elle proprio, com ine- gualavel bom humor, o primeiro a divulgar e a fazer espirito com as suas fraquezas mais intimas.

Assim, contava que, cançado de aturar creados de Lisboa, resolvera pedir a um amigo da provincia para de lá lhe mandar um honesto aldeão, que elle desbravaria e que, pelas suas qualidades, lhe fizeBse esperar que por largo tempo se conservaria ao seu serviço. Vem o rapaz. Garrett, paternalmente, ex- plicou-lhe que nos primeiros dias não tinha senão que reparar na sua toilette.

— O teu serviço resumir-se-ha em muito pouco. Vestir-me e des- pir-me. O resto do tempo, depois de cuidares do meu quarto, per- tence-te. E's livre. Farás o que in- tenderes.

Quando, n'essa primeira noite, Garrett chegou a casa, o oreado correu a accender luz no quarto e, conforme as instrucções recebidas, pnstou-se immovel a um oanto. Garrett principiou a despir-se, re- commendando-lhe que reparasse na ordem com que procedia. Pa- letot, casaca e collete pendurou-os, com cuidado, em c.bides differen-

tea. Antes de desfazer o nó da gravata, pegou da cabelleira, col- locou-a sobre a chaminé d'um can- dieiro apagado que descançava em cima da bojuda commoda. N'esse instante, não lhe escapou um li- geiro movimento de assombro do creado.

Depois, e com um pequeno es- forço da mão esquerda, tirou a dentadura, que depoz sobre o la- vatório. O oreado estremeceu. Gar- rett, impassível, como quem não tinha reparado, sentou-se e, já des- calço, principiou a tirar a custo as calças. Em seguida, e olhando pelo canto do olho para o pobre rapaz, que já tremia, desatou lentamente as postiças barrigas das pernas que, n'uma curva graciosa, mais esticavam as calças estreitas. Amo- rosamente estendeu as fôfas almo- fadinhas sobre um pequeno banco, ao lado da cadeira. O creado em- pallideceu, tornando-selivido. Gar- rett, muito serenamente, levantou- se da cadeira e voltando-se para, o rapaz, disse-lhe, fazendo com a mão direita um rápido e expres sivo movimento rotativo :

— Agora, Francisco, desatarra- cha me a cabeça, e põe-m'a com cuidado em cima d'aquella meza !

O pobre pacovio, ao ouvir o es- tranho convite, apavorado e aos gritos, desatou a oorrer pela casa fóra, batendo em baixo, com es- trépito, a porta da rua, por onde fugiu. Nunca mais voltou a appa- recer.

Garrett só lhe pareceu compri- da aquella noite pelo muito que lhe tardava referir aos seus ami gos a cómica aventura, em que elle era o principal protogonista.

Foi com esta superioridade pe- las suas próprias fraquezas que Garrett pôde, e sem ridículo, atra- vessar a vida, conservando no seu aspecto exterior a apparencia de mocidade que sentia, cheia de vi- ço e frescura, no seu sempre apai- xonado coração.

Conde de Arnoso.

A joia milagrosa

Ha, segundo os navegantes, Lá muito longe, um paiz Cujos pobres habitantes Andam a todos os instantes Com os seus bens em um triz.

Já um espantoso furacão Em suas messes se céva, Já sepultura lhe dão Láva e cinza que se eleva De repentino vulcão.

Os de illustre gerarchia E os de baixa condição, A toda hora sempre estão Em sossobra e agonia Sobre tal sólo em turbação.

Tão contínuos terremotos Nada seguro lhes deixa, Cada qual alli se queixa ; Um, mal diz, outro faz votos, Mas ninguém tal terra deixa.

Para auxilio d'estes damnos Entrega o Commum Senhor Alli a cada morador, Já desde seus tenros annos, Uma joia de valor.

E tantos prodígios obra A joia aos meninos dada, Que, com ella tudo sobra, E sem ella, não sé cobra Do que se perde... nada

E sem embargo, aquella gente E' bem como irracionaes, Pois succede mui frequente, Perder a joia excellente E não recobrál-a jamais.

Sem duvida, causará espanto Tal loucura, porém; que ! ? Nada aqui egual se vê?... Não fazem muitos outro tanto? Respeito á joia da Fé ?...

E, suas luzes, em verdade, E' que nos servem de guia A porto de claridade, Nos mais azarosos dias Da pungente adversidade.

Traducção livre.

n. Juan Eugénio llarUem- bouch.

«A fortuna não ennobrece : a virtude, sim. Ser bom e justo, é o melhor brazão heráldico que se pode apresentar, e o único 3ue verdadeiramente torna gran-

e o homem.» S. Paulo.

POLITICA

São já conhecidos dos leitores os últimos acontecimentos políti- cos : sb camaras foram dissolvidas o que era de esperar, desde que, em Portugal, não ha opposiçôes systematica», a oulrance.. .

O sr. João Franco não podia governar assim. A dissolução ti- nha de ser.

As eleições parece que se reali- sam em agosto, abrindo o parla- mento em setembro e funccionan- do dois mezes, para reabrir em janeiro.

Aguardamos serenamente os actos do governo, esperando que elle cumpra o seu programais, e, que, finalmente, a nação entre em vida nova, e se remedeiem quan- to possível os males passados.

Será mais uma desilluBão ? Cairá, como os mais, esse go-

verno ? Vederemo.

Philosophia

christã da vida

(Conclusão)

2. A morte é o piincipio da eter- nidade, a entrada no outro mundo, n'esse muLdo completamente es- tranho, a que de nenhum modo nos havemos acostumado. Os ho- mens sonham; a morte é o desper- tar.

A morte é o começo do destino eterno, immutavel, que o homem, n'este mundo, para si mesmo pre- parou. Na morte não ha ensaios; se algum errou o lanço, tudo para elle está perdido eternamente.

Os homens de consciência ador- mecem na morte, como as crean- ças, fatigadas de ter corrido, ador- mecem entre os braços da sua mãe.

A morte do homem sem cons- ciência é a extincçâo do fogo fá- tuo no pantano. Atrás d'elle uma vida ignominiosa, deante d'elle a sombra da eternidade, acima d'elle a omnipotência vingadora, abaixo d'elle o abysmo da perdição: elle leva em si a sua propria condem- nação que já lhe notificava, duran- te a vida, cada uma de suas más acções.

A terra é a sala de espera para a viagem do outro mundo. Não vos enganeis no caminho.

No pensamento de Deus, a mor- te fere para curar; anniquilla pa- ra eternizar.

A lucta no mundo é a uoite, a morte é a aurora, e o túmulo é il- luminado pelo sol da eternidade.

A morte é certa. A maior par- te dos homens pensam e vivem, oomo se nunca houvessem de mor- rer; mas isso não muda a verdade. Não ha aqui logar para nenhum «talvez».

Morrereis; morrereis só uma vez; morrereis bem oedo. Tudo nos recorda que a vida não é mais que um aposento de hospederia: entra-se, lançam-se os olhos em ro- da, sai se.

E' certo que haveis de deixar tudo, ou á hora da morte a vossa alma se encontre em estado de graça ou em estado de desgraça. O julgamento, a justiça, a eterni- dade são coisas certas para vós.

E todavia alguma coisa de in- certo ha na morte. Ignoraes onde a morte vos espera, adverte Sene- ca; por isso esperae-a em toda a parte. Ignoraes quando e onde e como haveis de morrer; se será de repente, ou após longos, cus- tosos e turbadores padecimentos.

3. Em que nos é util o pensa- mento da morte? Preserva-nos das grandes ambições e faz com que sejamos bons com os nossos se- melhantes.

Mui faoilmente nos acostuma- mos a viver, como se os cornmo- dos d'este mundojfossem tudo pa- ra nós, ou pelo menos como se fossem a coisa principal. A morte diz-nos que a coisa prin- cipal é morrer bem. O que quer viver eternamente, deve ap- prender cedo a morrer bem.

Todo paBso importante exi- ge preparação : a nossa entrada na eternidade também a requer.

Mui facilmente chegamos a fa- zer pouco caso do peccado, da violação da oonsciencia. E con- tudo é o peocado que prepara a morte má. Pensai em vossos úl- timos fins, ó homens, e nunca já- mais poccareis. Importamo-nos pouoo de romper com o pecado: como se tivéssemos ainda longos annos para viver, como se pelo

menos houvéssemos de ter tempo para nos emendar.

A morte vem como um saltea- dor durante a noite. E, quando houvéssemos de viver ainda lon- go tempo, que importava ? Quan- to mais se vive, tanto mais o fo- go mal apagado estende os seus estragos, tanto mais profunda- mente o cancro do peccado roe a alma que está ulcerada.

O pensamento da morte ensi- na-nos o modo de dirigir a vida. De que pôde servir o caminho que não leva á porta que convém? Vivei sempre com quem tem a certeza de morrer e morrer bem cedo; assim vivereis bem.

Não é só o pensamento d'uma vida mal empregada o que cons- titue um terror para a alma do moribundo ; é também o pensa- mento d'uma vida deixada inútil. Quereis que a vossa vida seja proveitosa? Saudai cada um de vossos dias, como se elle fosse o primeiro, e recebei-o como um dom que não mereceis. Depois esforçai-vos por o empregar, como se elle fosse o ultimo e como se vós houvésseis de acabar oom elle.

4.° Quereis ser sábio? Pensai muitas vezes em vossa morte. Não esqueçais em nenhuma de vossas ar^T-a—por mais alegre e contente que aliás estejais — que cada passo que dais na vida é ao mesmo tempo um passo para o tumulo.

Gravaram no tumulo d'um ho- mem piedoso esta inscripção : «Para achar a vida no momento da morte, viveu como quem de- via morrer — Et morieus, viverei, vixit ul maritorus. Tal deve ser também a nossa ambição.

Eis a melhor philosophia, a qne nos prepara para uma boa morte.

P. Peacl» •

JONHO

10

Domingo

CALENDÁRIO

1836 — Morte de Ampére

A 10 de junho de 1836 morreu em Mar- selha André Maria Ampére, o celebre phisico francez, que pode figurar, entre os

prodigios de precocidade, entre os mais eminentea pelo seu engenho e pela variedade e grandeza dos seuB couhecimentos. As sciencias mathematioas seduziram-no desde pequeno e seu pae, lisongeado com essa predilecção, deu-lhe os livros necessários para que elle as podesse estudar. Mortos seus paes, conseguiu ser nomeado pro- fessor de pbisiea de Bourg, onde publicou uma obra muito curiosa, Considerações sobre a theoria ma- thematica do jogo.

Em 1805 veio para Paris onde obteve um modesto logar na Es- cola Polytechnica : mas as nume- rosas memorias que escreveu so- bre importantes questões de phi- sica, chi mica molecular, mecha- nics racional, optica, physiologia animal, philosophia e metaphy- sics elevaram-no até ao logar de secretario da Junta consultiva de artes e officios. D'ahi passou a inspector geral da universidade, cathedratico de physica na Es cola Polytechnica e membro do Instituto.

Os seu" estudos e trabalhos tornavam-se oada dia mais inte- ressantes e admiráveis, e em 1820 coroou a sua fama com a desco- berta scientifica que immortalisou o seu nome. Foi o creador da ele- tro-dynamica e demonstrou a ac- ção reciproca de duas correntes eléctricas sem a intervenção de neuhum iman.

Para augmentar e consolidar a sua fama emprehendeu em 1826 um trabalho gigantesco que a morte não lhe permittiu terminar : a classificação de todos os eonbe- cimentos com este titulo : «Ensaio sobre a phylosopbia das sciencias ou Exposição analytica d'uma classificação natural de todos os conhecimentos humanos.»

Ampére nasceu em Lyon em 1775. Morreu com 61 annos.

Pensamentos — A mu- lher, pela sua formosura e pelo alcance dos seus destinos, será sempre dos mais dignos objectos da nossa admiração, e portanto dos mais dignos assumptos da arte — João de Deus.

— A lingua não tem osso, mas quebra ossos (Properbio grego.)

"A UNIÃO POPULAR,.

O acolhimento do nosso modes- to semanário foi além de toda a espectativa. O publico recebeu a União Popular com sympathia manifesta, e temos motivos para affirmar que o jornal agradou em toda a linha. Que os nossos leaes amigos nos auxiliem, e nos habi- litem a cumprir integralmente o programma, do jornal e da socie- dade, cuja commissão administra- tiva envida todos os esforços pa- ra que, dentro em pouco, a União Popular se apresente galharda mente, impondo-se pela utilidade da sua acção e pela importância e efficaeia dos seus fins.

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO

CHHISTÃO

Lisboa— Decorreu muito auimada a recita de domingo no Circulo Catholico da Immaculada

1 Conceição. O grupo dramático, que fez a

sua apresentação, contem ele- mentos de valor, e recebeu mui- tos applausos.

Todos os números do program- ma do espectáculo foram bem de- sempenhados, salientando-se o en- tre-acto O Jogador, que agradou immenso, recebendo os amadores Victor Serra e Joaquim Alves rui- dosas ovações.

O distincto amador Antonio Brazão cantou esplendidamente uma jota aragonesa e um trecho da Tosca, sendo, e com toda a justiça, estrepitosamente applau- dido.

A concorrência foi muito nu merosa.

= Hoje ha também recita e conferencia.

Porto—Realisa se boje a festa commemorativa do 8° anni- versario do Circulo Catholico de C oerarios do Porto e em honra do Sagrado Coração de Jesus.

A festa constará de missa re- sada ás 8 horas da manhã na egreja dos Extinctos Carmelitas, por alma dos nossos consocios fal- lecidos, seguida de Communhão geral, e ás oito horas da noite ses- são solemne no edifício da Asso- oiação Catholica, á rua de Passos Manoel n° 54, presidida pelo Ex.m0

Snr. D. Antonio Barroso, vene- rando Bispo do Porto.

Serão oradores os Ex.®01 srs. Dr. Francisco de Sousa Gomes, illustre lente da Universidade de Coimbra, Dr. Alberto Pinheiro Torres, digníssimo presidente do Circulo Catholico d'Operarios de Villa do Conde, e Dr. Joaquim Corrêa Salgueiro, «.'istincto quar- tanista de theologia na Universi- dade de Coimbra.

■traga — Realisa-se hoje uma excursão de recreio á pittureaca cidade de Vianna do Castello pro- movida pelo Circulo Catholico d'O- perarios de Braga.

Entre os socios do Circulo ha grande enthusiasmo por este pas- seio á formosa cidade do rio Li- ma, notando-se grande aneiedade pela chegada do dia de hoje.

Barceilog — Foi conferente no penúltimo domingo, no Circulo Catholico d'Operarios d'esta cida de, o rev.m0 Mgr. Joaquim Domin- gues Mariz,Sillustrado professor do Seminário Conciliar.

Foi uma conferencia verdadei- ramente doutrinal, pois sua rev.ma

explicou e desenvolveu oom gran- de eloquência as Bemaventuran- ças.

Em seguida houve representa- ção theatral, apresentando-se os amadores com muita correcção.

Um novo bicho de seda

Ha snnos que se procura um animal mais fácil de cuidar para a producção da seda do que o actual, havendo quem diga que pode ser a aranha.

No século XVII os selvagens do Paraguay, utilisavam a seda das aranhas tecedoras para fa- bricar os seus vestidos.

No principio do século XIX o celebre physico Dulois fez tam- bém n'esse sentido algumas ex- periências que deram os melho- res resultados.

O padre francez Cambué, que reside em Tanaribe, remetteu á França, um pedaço de seda, ad- miravelmente tecido.

Submettida a uma rigorosa analyse viu-se que possuía todas as qualidades para ser usada.

A aranha productora de que se trata é aborifera e exclusiva de Madagascar.

E' um animal de aspecto hor- rível, o abdomen do tamanho de uma avellã, negra e listada de amarello e as pernas teem al- guns centímetros de largura.

Encontra-se na ilha em gran- de quantidade especialmente nos arredores de Tanaribe, nos an- tigos parques e jardins reaes ho- je abandonados.

Só a femea produz a sedaeé conhecida por a Helabe.

O processo para obter a seda d'esta aranha e muito curioso.

O padre Cambué mettia o ani- mal n'uma caixa de phosphoros, deixando para fóra o abdomen que é o que segrega a seda. Com os dedos segurava o extre- mo do fio que ia sahindo e em pouco tempo tinha envolvido um fio que variava entre sete e oitocentos metros. ——

Receitas —Bolos de damas para chá — Com um kilo de farinha, 5oo grammas de man- teiga e 5oo grammas de assucar de caixa, fino e limpo e dois ovos batidos em meio litro de leite e algumas passas de Corintho, faz- se uma massa flexível que se es- tende sobre uma mesa onde se corta e se lhe dá a fórma que se quizer aos bolos, que,postos ecj.^ taboleiros, vão ao forno a cozer em calor forte por espaço de io minutos o muito, havendo o cui- dado em não os deixar torrar ou queimar.

POR

Alberto Campos

Um volume de cerca de 3oo pag., ed. esmerada

SOO réis

Pedidos a esta redacção, acompanhados da respectiva importância.

ooooo-

«-A. Condomnaçao do Socialismo»

Da Opinião :

«... E' um feixe de depoimen- tos, sobre a questão social, de re- putados economistas e sociologos, como Spencer, Garofalo, Janet, Julio Simon, Antoine, Cathrein, Yves Guyot, etc. Esoripto com uma grande clareza é de molde a deixar um profunda impressão no espirito do leitor.

E' um trabalho de muito inte- ress^que merece ser lido por quem se occupa das questões sociaes*

A edição, que é do sr. José Pe- reira de Castro, da Povoa de Var- zim, é elegante e cuidada.»

SENHOTRA

Nova e de muito bom senti- mento, offerece-se páit dama de companhia ou para ensinar meninas a bordar, musica, ele/ Deseja casa muito capaz.

Carta á rua do Quelhas, 117, 1." a R. M. B.

HÓSTIAS

Vendem-se na rua do Bom Successo, 59, garantindo-se a pureza da farinha empregada.

Pedidos ao empregado do convento, Manuel da Silva Hen- riques.

BORDADOS

Pessoa muito capaz, encarre- ga-se de qualquer trabalho, em branco, matiz, prata e ouro.

Vae leccionar a casas particu- lares.

Diz-se rua de S. Caetano, á Lapa, 32 rez-do-chão—Lisboa.

_

A União Popular

UNIÃO POPULAR

SOCIEDADE DE BENEFtCENCtA E iNSTRUCCAO v=>

ESTATUTOS

o, e de saúde, bem como noa de falleci-

CAPITULO I

Denominação e fins da Sooiedade

Artigo 1.° E' fundada em Lisboa um sooieda- d- e beneficência e instrucção denominada — A

io Popular, tendo por fim : Auxiliar as classes operarias em casos de falta

ratJS ~ uto ou viuvez.

2.® Procurar obter por proços vantajosos todos os | generos de consumo domestico.

3.° Creação de uma bibliotbeca e aulas para instruc- i y3o litteraria e profissional, ou em falta d'estas, auxi- Iliar as instituições que tenham por fim propagar a

~ e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á Socie- dade.

4." Propagar as doutrinas da democracia christã pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

5.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.° Fundar ou auxiliar a fundação de publicações para instrucçSo das classes operarias e beneficio e propaganda da Sociedade.

§ Unioo. Esta Sociedade poderá estabelecer com- tniisõfi ■parochiaes de propaganda, afim de melhor po-

ider satisfazer aos fias que tem em vista.

CAPITULO II

Dos sooios

Art. 2.® São considerados socios efectivo» todos D8 indivíduos de ambos os sexos que subscrevam com

quota mensal de 200 réis, e auxiliares os que sub9 brevam com a quota mensal de 100 réis, e de mérito bs que Be tenham assignalado por serviços prestados fu donativos concedidos á Sociedade

Art. 3.* O titulo do socio de mérito só é concedi- |o pela ass£mhjéa geral sob proposta da commissão iminj^.rativa.

4.° Para qualquer candidato a socio ser accei- necessário

..° Ter bom comportamento moral, civile religioso. 2.° Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

lhe advenham os meis de subsistência. 3.° Ser auctorisado pelos paes ou tutores, sendo

menor e pelo marido sendo casada.

CAPITULO III

Deveres dos socios

Art. 5.° Compete aos socios effeotivos e auxiliares: 1." A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 60 réis pelos Estatutos. 2." A servir gratuitamente os cargos para que fôr

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificados expostos na assembléa geral lhes admitiam a escusa.

3." Participar por escripto á commissão administra- tiva quando mude de residência, esteja doente, pre- zo, sem trabalho, ou quando não seja procurado pelo cobrador da Sociedade durante um mez, para lhe receber as quotas.

i 4.° A zelar os interesses da Sociedada promoven- do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5.° Os pagamentos das quotas devem come- çar a contar-se regularmente desde o mez em que o

v candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.° E' permittirdo o pagamento da quota a prestações quinzeuae,» ou semanaes.

CAPITULO IV

Direitos dos sooios

Art. 8.° Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamentos das suas quotas teem direi- to :

1.° A votar e ser votado. 2.° A examinar a esoripturação da Sociedade nos

prasos marcados para esse fim. 3.® A requerer a convocação do assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seus direitos, a maioria dos quaes tem de comparecer á união da assembléa ge ral sem o qne esta não se realisará

4.° A receber todos os benetioios que a Sociedade possa dispensar aos associados.

Art. 9.® O socio receberá uma das publicações or- gãos da Sociedade logo que pague a 1.® quota.

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.° E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas meneaes e tendo pago o exemplar dos Estatutos.

Art. 11.° O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readmittido satisfazendo o de- bido que tiver, para com a Sociedade.

Art. 12.° Perde o direito de socio o que por pala- vras, escriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia entre os socios.

§ Único. Nenhum sooio demittido ou expulso terá direito a qualquer iodemnisaçâo pelas quantias com que tiver contribuido para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI

Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem-se: 1.® Do producto das quotas. 2 * Da venda dos Estatutos. 3.® Do producto das assignaturas, das publicações

orgãos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espectáculo em beneficio do

cofre da Sociedade ou d'outras quaesquer receitas. Art. 14.® Todas as quantias superiores ás que se-

jam necessárias para pagamento das despezas men- saes, devem ser depositadas á ordem da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fiança da Sociedaee

§ Unioo. Quando o julgue conveniente, pôde a com- missão administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza de papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

Art. 15.® A assembléa geral é a reunião de todos os socios no gozo dos seus direitos e n'ella rezidem todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituída quando previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da Sociedade ou n'um dos jornaes mais lidos da capital e quando compareçam pelo menos 10 associados.

Art. 17.® Não se tendo reunido o numero legal de socios, faz-se-ha nova convocação dentro do praeo de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então com qualquer numero do socios presentes.

Art. 18.® A assembléa gerál terá duas reuniões or-

dinárias no anno, sendo a primeira no 1.® domingo do mez de junho para a eleição dos oorpos gerentes que devem entrar em exeroicio no dia 1 de julho e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinária mente a requerimento;

1.® Da commissão administrativa, da commissão re- visora de contas e de cinco socios pelo menos, no ple- no gozo dos seus direitos, explicando o requerimento os motivos da convocação e obrigando-se a compare- cer na reunião.

2.® Todas as vezes que a Meza para interesse da Sociedade o julgar conveniente.

Art. 20 As assembiéas geraes que não sejam con- vocadas a requerimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® secretários e dois vo- gaes.

Art. 22.® A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em conformidade

com a lei geral. 2.® Discutir e votar as contas, pareceres e relató-

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todos os corpos gerentes, comraições de

assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os reoursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da Sociedade.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' mezada assembléa geral compete: 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Presistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ellaB tomadas : 3.® Assistir ás sessões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissões assignando os respectivos ter mos.

CAPITULO VIII

Administração

Art. 24.® A administração é confiada a uma com- missão administrativa de cinco membros effectives sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa : 1.® Admittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral ; 2.® Tomar posse todos os annosno principio do mez

de julho ; 3.® Administrara Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engradecimento ; 4.® Velar pela conservação dos moveis e mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral; 6.® Apresentar contas á assembléa geral em julho

de cada anno, deixando as patentes aos socios que de- sejarem examinal-as por espaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazel-os respeitar ;

8.® Conferir todos os valores que constituem o in- ventario que recebe, passando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos ;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos os assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando conta de todoB os Beus actos á assembléa geral.

Arrt. 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia 15, para a approvação do balancete do mez anterior, mand&n-

do-o publicar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fiscalisação

Art. 27.® A fiscalisação é confiada a uma commis- são revisora de contas composta de oinco membros effectivos, que deverão escolher entre si presidente, secretario e relator.

§ único. Esta commissão instalar-se-ha no mesmo dia em que a commissão administrativa tomar posse:

Art. 28.® São attribuiçÕes da commissão revisora de contas :

1.® Examinar, sempre que julgue conveniente, e pelo menos de tres em tres mezes, a escripturação da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2 0 Pedir a convocação da assembléa geral. 3.® Assistir ás sessões da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e pedir-lhe os escla- recimentos que julgue precisos.

4.® Estar ao facto de todos os trabalhos da commis- são administrativa e de todas as mais commissões.

5.® Dar parecer sobre as contas, e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de contas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.°' 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão sempre [feitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competenoia da assembléa geral a ex- clusão de qualquer socio, sendo este previamente ouvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os socios que sai- bam ler e escrever.

Art. 31.® As funeções de membros da Meza da as- sembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por indivíduos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preciso que o seu estado financeiro seja insustentável e assim oonsiderado pela assembléa geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a applicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expessamente probibido á Sociedade fazer-se representar em qualquer acto politico ou anti- religioso.

Art. 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento ao que dispõe o n.® 7 do ar- tigo 25 deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possível, as vantagens a que tiverem direito tanto socios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ unioo. Para a confecção dos regulamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das assooiaçõés ou sooie- dades que existam com os mesmos fins ou eden- ticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser al- terados com o accordo da maioria dos socios em as- sembléa geral e approvação do Qovernador Civil.

Art. 37.® Nos caBOs omissos e para interpretação d'estes estatutos regulará a lei geral por onde se re- gem as mais sooiedadeB d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão administractiva

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer parte como socio d'esta Sociedade quando tenha menos de 5 ou mais de aessenta 60 annos.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que deseje inscrever se como socio não occultar a edade, profis- são, emprego e -+&tado de saúde, na occasião de se

[ inscrever. ArLji^Õ socio que occultar qualquer das dispo

s do artigo antecedente, será demittido de sucio logo que a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA tenha d'isso conhecimento, ficando sujeito ao que dispõe o paragrapho único do artigo 12.

Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamen to de quotas poderá ser readmittido quando não deva

«ia de 4 quotas rae-sses, quando deva mais só po-

derá ser novamente admittido como bocío, em har- monia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este regulamento.

Art. 5.® Em caso de fallecimanto de qualquer so- cio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2(500 réis para ajuda do seu funeral.

Art. 6.® Para o socio ter direito ao subsidio conce- dido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas corresponden tes pagas.

Art. 7.® O socio qne tiver seis mezes de associado tem direito em caso de fallecimento a 5(000 réis de subsidio para ajuda do seu funeral um anno de associado 10(000 réis dois annos de associado 12(000 réis, quatro annos de associado 15(000

reis e seis annos 18(000 réis, tendo as quotas cor- respondentes pagas.

Àrt. 8.® Os subsídios de que tratam os artigos 5 e 7 seião pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter feito o funeral ao bocío com decência e que não tenha sido civilmente.

Art. 9.® Em caso de fallecimente de qualquer so- cio, a familia ou pessoa encarregada do seu funeral, mandará psrte por escripto á COMMISSÃO ADMI NISTRATIVA oom a maxima brevidade, devendo a parte ser acompanhada cam o exemplar das Estatu tos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o soéio tem direito a fazer qual- quer publicação nos jornaes orgãus da Sociedade, quando seja de interesse particular taes como, agra-

decimentos, offertas e annuncios, com o desconto de 80 ®/„ sobre a tabella.

Art. 11.® Para o maior desenvolvimento da Socie• dade a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA concede a todos os assignantes das publicações orgãos da So- ciedade, quer rezidam em Lisboa ou am qualquer pon- to do paiz, vantagens eguaes ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com todas as suas disposições.

Art. 12.® Das vantagens concedidas aos assignan- tes de qualquer das publicações da Sociedade no ar- tigo antecedente, exoeptuam-se as que se refere os n.®' 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

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SEMANARIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

ANNO

I

ASSIGNATURAS Anno , 1£200 I Trimestre 300 Semestre 600 | Mes (em Lisboa) 100

Toda a correspondência relativa ao Joaa.at.deve ser dirigida A administração, e relativa A SOCIEDADE A commissâo ad- ministrativa.

EDITOR — Thomaç Rodrigues Mathias

Lisboa, 17 de junho de 1906 o

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Séde da Sociedade—Rua do Oaes do Tojo, 20, 1.°

ANNUNCI0S No corpo do jornal, linha 60 rs. | Na 4.' pag., linha... 20 rs.

Repetições ou permanente* ajuste convencional Os srs. toclos e asaignantee teem abatimento de 80 por cento

Os originaes que noa dirigirem, quer sejam ou não publica- dos, nào serão restituídos.

IMP. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

NOMERO

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DOS

INIMIGOS

0 homem quer ser perennc- mente feliz.

Tudo quanlo vem quebrar o seu repou"", tudo quanto lhe furta um elemento de goso, tu- do que despeja na sua taça uma golta de fel, recebe da sua par- te repulsa, que se transforma em odio, em rancôr, em perma- nente antipathia. .

A oííensa á nossa honra, o ataque ao nosso interesse, a cri- tica ao nosso procedimento, rou- bam a nossa calma econduzem- nos a represálias muitas vezes injustas.

Não temos o direito de calu- mniar a quem nos calumniou, nem de fazer mal a quem nol-o fez. E' nosso dever chrislão amarmos os nossos inimigos. Elles são-nos uleis n'esta vida terrena e muito mais o são para a vida sobrenatural. Nesta vi- da, fiscalisam-nos e dão occa- sião a que nos corrijamos dos nossos defeitos.

A' parle a malignidade dos seus juizes e a torpeza dassaus calumnias elles sãoatalayasque não nos perdem de vista em to- das as nossas palavras e em to- dos os nossos actos, enxergando defeitos que nos passavam des- percebidos.

Quem melhor do que elles descobre as falhas da nossa con- ducla?

Em regra, os nossos amigos são demasiadamente tolerantes, são complacentes para com os nossos vicios, desculpam os nos- sos desvios e até justificam as nossas quedas.

Muitos d'elles não nos que- rem ver melhorados para gosa- rem do egoístico prazer de se julgarem mais puros do que nós; outros entendem que, nos seus avisos, pode haver diminuição de affecto ; e, se se trata de pes- soas altamente collocadas, surge o receio decahir no desfavor de quem se viu humilhado pelo olhar prescrutanle do súbito des- respeitoso.

O inimigo falia desassombra- do. A sua critica, quando calu- mniosa, dá-nos occasião de pra- ticarmos as virtudes da humil- dade e da resignação, e d'este modo ganharemos títulos á vida feliz na eternidade.

Os doestos e injurias, que os nossos inimigos nos assacam, servem para nos prevenirmos contra a tentação de retaliar, ou de usarmos de processos idênti- cos aos por nós condemnados em face da verdade, da justiça, e da boa educação. Se os vicios, que elles nos altribuem, são fal- sos, o futuro ha dejustificar-nos com grande vantagem para a nossa reputação, uma vez aba- lada.

Dissipado o eciypse, o astro refulgirá mais bello. Alem de

que, a opinião publica sempre acoimará de suspeita a accusa çào procedente de uma fonte em venedada pelo odio, ou pela in veja.

As amarguras moraes que soffremos servirão de mérito ex- piatório das faltas que, por nos- sa fraqueza, tivermos realmente commetlido.

Em nossos inimigos devemos enxergar irmãos desvairados, di- gnos da nossa compaixão, eem cujo favor a nossa alma se deve dilatar com mais energia e ge nerosidade, para vencermos to- do o obstáculo erguido pelo nos- so amor proprio.

Será uma lacta gigantesca, onde seremos forçados a convo- car lodos os grandes pensamen tos e sentimentos, — o dever, a dignidade christã, o perdão, a longanimidade, — para que ve- nham em auxilio nosso, afim de ganharmos a batalha e cantar- mos hymnos á mais gloriosa das victorias.

O homem ferido, physica ou moralmente, experimenta um sentimento expontâneo de vin- dicta.

Dominar-se é um bellissimo triumpho sobre si mesmo, é a revelação d'uma força de alma admirável, é o heroísmo da vir- tude.

Os nossos inimigos coagem- nos a vivermos vigilantes, prom- ptos para a resistência e para a defeza,—para a resistência au- ctorisada pela sua aggressão, pela defeza contra as suas insi- dias e ataques.

Sendo, pois, os nossos inimi- gos utilíssimos fiscaes, instru- mentos estimulantes e profícuos para o nosso aperfeiçoamento, comprehende-se que o Divino Mestre nos tenha imposto o de- ver de amal-os.

Longe de retaliarmos as suas perfídias, confessemo-nos de- vedores para com elles de mui- tíssima gratidão.

DE LUTO

EstSo de luto os nossos prosa- dos amigos, monsenhor Carlos Francisco da Costa, prior da Graça e secretario da Camara Ecclesias- tics, pelo fallecimento de sua tia; e rev. padre Thomaz Borba, com- missario da Ordem Terceira do Carmo, pela morte de sua mãe.

Sentimos de todo o coração o desgosto que feriu os dois illustres sacerdotes e damos-lhes sinceros pezames.

Deus tenha em descanço as al- mas das bondosas senhoras.

- ■

POR

Alberto Campos

Um volume de cerca de 3oo pag., ed. esmerada

SOO réis

Pedidos a esta redacção, acompanhados da respectiva importância.

!0 ABUSO DA PAlAVBA

O homem é um ente racional, e esta circumstancia põe uma distan- cia immensa entre elle e o bruto. E' pois justamente chamado o rei da creaç&o. Como ente raoional, exprime por um signal exterior o que se passa dentro em si ; com- munica o seu pensamento pela pa lavra, predicado distinctivo e ina- preciável com que o dotou oCrea- dor.

Desde o homem selvage n ao homem civilisado, todos faliam na- turalmente, todos faliam para se fazerem entender ; mas nem todos faliam com egual facilidade, com egual facúndia, com egual elegân- cia e sublimidade. E tal é o apre- ço que se dá aos que se distinguem pela eloquência e brilho com que exprimem o seu pensamento, que d'eiles se diz admirativamente que possuem o dom da palavra, que assim pôde ser fallada,como escri pta.

Como todas as coisas exceden- tes, muitos bens, muitos benefícios tem produzido no mundo o bom uso do dom da palavra; porém o seu abuso tem oausado males e prejuí- zos enormes em todos os tempos, e os está oausando na epocha pre- sente.

Sào profundos e pavorosos os es- tragos feitos por esse deplorável abuso no campo moral, no terreno politico e no terreno social. As turbas, pela maior parte incons- cientes, deixaram-se levar por pa- lavras bonitas e retumbantes, re- presentação de ideias e doutrinas que não comprebendem, mas que as seduzem e iliudem, arrastando- as e transviando as. Resultado: es- sas agitações perigosas, essas aber- rações dissolventes, esses crimes espantosos que agitam e commo- vem a sociedade.

E não carecemos de entrar nos domínios sociaes para conhecer- mos quão nocivos são os effeitos do dom da palavra quando mal enca- minhado e mal applicado, isto é, quando d'nlle se abusa ; basta nos procural-os na politiea dos estados, e particularmente dos estados go vernados pelo regimen parlamen- tar.

Digam o que disserem em con- trario. os partidos políticos são uob estados uma verdadeira praga. Com elles se verifica a sentença dos livros santos — regnum inter te divitum desolabitur O soopo dos partidos, embora fallem muito em patriotismo e em bem publico, não é a felicidade da nação, mas sim a obtenção ou conservação do poder.

E tanto isto é assim, que de or- dinário os partidos privados do po- der, antes mesmo que aquelleque o possue manifeste por aotos ou por palavras o seu systems governati vo ou as suas intenções, se lhe de- claram em oppotição intransigente, o que pôde abranger as medidas de verdadeira utilidade publica que por ventura haja de apresentar ou adoptar.

Ora, como os modernos parla- mentos são verdadeiros palramen- tot, os governos não procuram que elles sejam a legitima representa- rão nacional, ou que sejam cons- tituídos de homens sérios, concien- ciosos e competentes, mas sim que reunam o maior numero possível de pegai e papagaiot do seu par- tido. Que importa que, em vez de argumentos, usem de sophimas.em vez de coisas sensatas digam dispa- rates, em vez de pensamentos gra- ves e profícuos expendam banali- dades e ridicularias, oomtanto que fallem muito e bem?... Depois as votações esmagadoras das maiorias farão o resto.

E ainda mais : de pegas epapa gaios são formados não sô os par-

lamentos, senão também no todo ou em grande parte os ministérios, onde sô deveria entrar a soiencia governativa e o zelo pelo bem pu- blico; de forma que não raro se ouve perguntar : Com que titulos entrou fulano no ministério ?

E' regra as opposições aponta- rem e estigmatisarem ardentemen- te a incapacidade e os erros dns ministros; e, dando o devido des- conto á paixão partidaria, ba-de oonfessar-se que teem razão a maior parte das vezes. Portugal tem tido d'leso bem dolorosa expe- riência.

A nós, que Dão temos politica, que a abominamos como ella se entende em Pertugal,tanto se nos dá qne governe Pedro como Pau- lo: o que desejáramos, como bons portugueses, era que Pedro ou Paulo governasse serundo as nor- mas da razão, da verdade, da jus- tiça e do patriotismo; que bc fadas- se menos, e se obrasse mais — no bom sentido: ret non verba ! Por quanto, se assim fôra, não cami- nharíamos para o esphacelamento e para a ruína nacional.

A lei de 13 de fevereiro

A. Horeira Bello. OOOQO

MACCHI

Os funeraes

Ao contrario do que, primitiva- mente, tinha sido determinado, os funeraes do saudoso Nuncio deS. Santidade, monsenhor Giuseppe Macchi só se realisaram na terça feira ultima, 12; o adiamento foi motivado pela participação telegra- phica de um sobrinho do illustre extincto, que desejava assistir ao funeral. Quando tivemos conheci- mento d'esta resolução já o nosso jornal estava sendo disiribuido, e era impossível rectificar a noticia feita.

A' memoria de monsenhor Mac- chi foi prestada uma eloquente ho- menagem de apreço e saudade. O funeral foi imponentíssimo, e n'elle se eucorporaram, além dos repre- sentantes da Familia Real, dos membros do governo e do oorpo diplomático, representantes de to- das as classes sociaes.

Era 1 hora e meia da tarde quan- do, terminadas as cerimonias reli- giosas ua sumptuosa basiiioa da Es trella, começou a orgauisar-se o cortejo, que só ás 2 horas menos dez sc poz em marcha.

As honras militares foram pres- tadas por toda a divisão, que for- mou nas ruas por onde passou o cor- tejo fúnebre.

A nrna encerrando o cadaver do virtuoso Nuncio ficoa depositada provisoriamente no jazigo da se- nhora condessa de Sarmento.

— A redacção da Democracia Christã esteve representada no fu- neral pelo seu secretario.

—Fizeram-se também represeD tar a direcção do Circulo Catholi- co da Immaculada Conceição, por tres dos seus membros e a Vene- rável Ordem Terceira da Peniten- cia de S. Francisco.

— Teem ido inscrever os seus nomes nos registos da Nunciatura centenas e centenas de pessoas de todas as classes sociaes.

Missa O rev. padre Henrique Lima,

director da «PiaUniãoEucharisti- ca», convida todos os associados da mesma a assistirem a uma mis- sa que, por alma de mons. Mac- chi, nuncio de Sua Santidade, ce- lebra na próxima 3.* feira, pelas 7 b. da manhã, Da egreja da Vene- randa Ordem Terceira de Jesus.

Em volta destas palavras — a lei de 13 de fevereiro — tem-se levantado ahi discus- sões azedas e commentarios diversos. A celebrada lei de repressão contra os anarchis- tas, que o povo attribue ao actual presidente ao conse- lho, qnando afinal o sr. João Franco é dos que menores responsabilidades teem no caso, soffreu e soffre as mais rigorosas analyses, e tem si- do e é a causa de uma cam- panha na imprensa das mais persistentes e enérgicas,con- tra esse diploma e quem o assigna. A lei de i3dc feve- reiro, dizem varias gazetas, é uma lei scelerada, uma lei barbara, uma lei tyrannica, e torna-se indispensável não só modificai a, mas, princi- palmente, revogal-a, de todo.

Habituados a dizer ape- nas o que sentimos, e na profunda convicção de que o povo só necessita da ver- dade, e de que a nossa causa só da verdade tembem ca- rece, parece-nos convenien- te tornar conhecida a nossa opinião sobre o assumpto. O povo não tem a precisa ori- entação, nem sequer o in- dispensável conhecimento da lei,e dos eu alcance,para po- der, com justiça e consciên- cia, pronunciar-se sobre o que mais importa: se a revo- gação, se a modificação d'ella.

Ora a lei de i3 de feve-

possa acreditar na existên- cia de uma sociedade anar- chista, e ser portanto, anar- chista theorico, menos haverá quem, honesto, leal, humani- tário, justo e bom, possa des- culpar, jnstificar, olhar com indifferença, essas torpezas e essas monstruosidades dos anarchistas práticos, isto é, dos homens da propaganda pelo facto, dos desgraçados que se servem da bomba, do punhal e da pistola para pro- testarem contra a organisa- ção da sociedade actual. Contra estes teem os povos que tomar uma attitude enér- gica, sem ser feroz ; uma at- titude de justa e necessária defeza. As leis especiaes são indispensáveis.

Mas essas leis hão de ca- racterisar-se por um cunho de sensatez ; hão de ser lar- gamente pensadas, e reflecti- das; teem de impôr-se pelo seu espirito de justiça. Não podem offerecer varias inter- pretações, nem ser redigidas - de fórma que, destinadas a castigar o crime A, casti- guem também o crime B\ e feitas para punir determina- dos criminosos, possam ser applicadas a qualquer infeliz que falou alto de mais ou es- creveu sem toda a diploma- cia...

Veêm os leitores a fran- queza com que escrevemos; conhecem já de certo a nossa opinião. Entendemos, como reiro, não ha duvida, tem

um grave inconveniente; afinal a grande maioria en- feita contra os anarchistas tende, que é indispensável a da propaganda pelo facto, modificação da lei de i3 de contra os loucos ou os per- fevereiro; não, asuarevoga- versos que atiram bombas ção. Que se modifique a lei, contra os chefes de estado de sorte que a clareza do e contra as muliidões, — de texto não permitta mais do tal fórma está redigida, que que uma interpretação, e pôde, perfeitamente, agarrar não possa ser applicado se- nas suas apertadas malhas não aos anarchistas da pro- qualquer pacifico cidadão, paganda pelo facto, aos se- inclusivamente. o homem etários de uma doutrina de mais conservador deste odio, sangue e ruínas; eain- mnndo. Uma phrase mais in- da assim, que a lei seja de dignada, um protesto mais penalidades proporcionaes energico, um período mais aos delictos; justa, e humana fogoso, que uma revisão cui- Parece-nos que pensará dadosa teria jogo cortado, é assim toda a gente de crite- o bastante, ou pôde ser, pa- rio, de bom senso e de espi- ra que o jornalista monarchi- rito solidamente orientado. co até á raiz dos cabellos, ou ooooo republicano, mas sensato e honesto, alheio e contrario QUEIROZ RIBEIRO a demagogias de Marat, seja Tem estado bastante doente eBte tido e havido como inimigo nosso presado amigo e distinctis- da sociedade, e vá para Ti- 8'm0 poeta, que parte esta semana mor sob o peso de uma ac- cusaçào gravíssima— e odio- sa.

E' este o principal defeito da lei, e já os leitores vêem que não é pequeno.

Entretanto, ninguém dirá que seja inútil uma lei de re- pressão para a propaganda do anarchismo. Se não ha ninguém de verdadeiro bom senso, de razão esclarecida, de intelligencia razoavel,que

para o estrangeiro, a restabelecer- se.

Desejamos-lbe cordealmente rá- pido regresso e cura completa. -O » O»

SENHORA

Nova e de muito bom senti- mento, offerece-se para dama de companhia ou para ensinar meninas a bordar, musica, ele. Deseja casa muito capaz.

Carla á rua do Quelhas, 117, 1.° a R. M. B.

A. XJniSo Popular

A tubercnlose

e a sua mortalidade

Por differentes vezes, n'este mesmo jornal, nos termos oc- cupado da tuberculose e do mo- do errado, a nosso vêr, como se tem estabelecido a lucta para impedir os estragos d'esta terrí- vel doença.

Temos pugnado sempre em prol da hygiene, como única ar- ma capaz de poder dar resulta- dos benéficos e tão palpáveis que, sem grandes esforços, sem jorros de eloquência, por si pró- prios, satisfaçam o espirito mais avesso ás questões medicas.

Infelizmente os que officiosa- mente tomaram sobre si o pesa- do encargo de suavisar os des- troços produzidos por este mal, não vêem ou não querem vêr o

^melhor caminho a seguir, não Tesejam de modo algum pôr de parte a senda seguida e envere- dar denodadamente por essa en- tr8da luminosa e cheia de espe- rança que a Inglaterra seguiu, sem se preoccupar com discur- sos brilhantas, com reclames

-pomposos, aproveitando com simplicidade e muita energia os conselhos que os hygienistas apregoam desde longa data.

Entre nós,apezar das enormes sommas de dinheiro que se têem gasto, apezar de se annunciar ás turbas que tudo caminha o me- lhor possível, a doença progride, pois que a mortalidade por elia provocada longe de retroceder, longe mesmo de se conservar estacionaria, augmenta de modo aénsivel.

Talvez julguem que exaggera- mos o quadro, que propositada- mente queremos diminuir a im- portância de benefícios alcança- dos. Longe de nós tal pensamen- to; e para prova do que avança- mos, compulsemos as estatísti- cas^ vejamos rapidamente, n'um relancear de olhos, a mortalida- de pela tubercolose nas seguin- tes terras:

Em Paris:

Em 1901 10:687 Em 1902 io:52D Em 1903 i o:351 Em 1904 10:206

Havendo, portanto, no quar- to anno,um beneficio de 482 vi- das sobre o primeiro.

Nas cidades allemãs de mais de i5:ooo habitantes, de 1877 a 1881, contavam-se 358 mortos de tuberculose por 100:000 ha- bitantes ; de 1897 a 1901, a mor- talidade baixou a 218, o que dá um ganho de r5o.

Na Inglaterra em 1836-1842 a mortalidade era de 3p por 100:000 habitantes; em i8g3- 1897 a mortalidade accusa ape nas i3 por 100:000 habitantes !

Actualmente a mortalidade é muito menor, marchando esta

poderosa nação na vanguarde de todos os paizes.

Em Lisboa, n'este baluran- te que melhor que qualquer ou- tra terra do paiz possue todas as armas, todos os elementos capazes de travar a marcha das doenças contagiosas,a estatística accusa: em 1901, 1.377 mortes por tuberculose; em 1902, i.3oo; em 1903, 1.344; em '9°4> '-364!

Estes algarismos proclamam bem alto, não o progresso da acção benefica da Assistência, mas o progresso da tuberculose ! Apezar d'uma propaganda enor- me, apezar de tratamentos espe- ciaes, apezar dos escarradores, a mortalidade parece tender a augmentar!

Objectar-nos hão que a popu- ação também augmentou,e que jortanto não admira que a mor- talidade tuberculosa também te- nha augraentado.

Mas se a população progrediu, fazendo augmentar o numero de mortos por tuberculose, também deveria ter augmentado para avolumar os mortos por outras doenças, tal qual a diphteria, por exemplo. É sabem qual foi a mortalidade por esta doença em 1900 ? Foi de 66 indivíduos e em 1904 de 32 !!

Baixou portanto, mais de 59 por cento, em cinco annos, sem propaganda espectaculosa, sem escarradores e só pela tenacida- de e bôa vontade de todos os medicos.

Parece nos que uma instituição que se funda com o fim exclusi- vo de diminuir um mal que em- pobrece o paiz e que no fim de seis annos de existência conse- gue apenas deixar augmentar a mortalidade d essa doença, tem dado sobejas provas da sua inef- ficacia, tem mostrado exhuberan- temente que a orientação que to- mou não é a melhor, que os pro- cessos que emprega são insufi- cientes para debehar um mal que alastra cada vez mais, dizi- mando ainda um numero de vi- dimus superior áquelle observa- do no puncipio da sua funda-

Continuar a trilhar o mesmo caminho, á vista de provas tão concludentes, é mais do que ca- pricho e mais do que teimosia, é uma barbaridade que não se justifica.

Nem mesmo, encarada sob o ponto de vista caridade, mere- ce louvores, porque achamos, pelo contrario, uma falta de ca- ridade enganar esses desgraça- dos que, prostrados pela doença, impossibilitados de trabalhar e de angariar o sustento proprio e o da família, vão esperançados bater a essa porta para implorar humildemente uma migalha de saúde. E os dias passam, os me zes succedem-se, sem que o in- feliz tuberculoso encontre leni- tivo para o seu terrível mal. Em- quanto se pôde arrastar, dirige- se pressuroso até ao Dispensa rio Anti tuberculoso ; quando, porém, as forças o trahem, que

FOLHETIM

A FAMÍLIA

: j Era no-fempo em que houve

um^iUrôio na Bretanha, não o diluvio de todos, mas o que se

"arranjou de proposito para Bretanha.

O Monte de S. Miguel fazia então parte da terra firme, e ain- da para lá existia, á beira do rio de Gouesnon, a freguezia de S. Vinol, que está agora debaixo de agua, na bahia de Cancale, a sessenta braças de profundidade.

Amei, filho de Raul, guardava os rebanhos do senhor S. Vinol.

Quando chegou aos 25 an nos casou com a loira Penhor que tinha então 18 annos. Ama- vam-se devéras. Ella era bondo sa e linda, elle alto e forte, < não tinlv medo do trabalho. Era elle levava a Virgem aos

os, no dia da festa de agosto.

Era toda de prata a Virgem de S. Vinol, e era rica, porque a gente da terra suppunha que resgatava os seus peceados com o linho, o trigo e a lã que depu- nha aos seus pés. Enganavam se; os peccados só se resgatam com o arrependimento.

Amei e Penhor não tinham filhos. Quando Amei estava no campo, e Penhor ficava sosinha na cabana, pensava tristemente :

—Se tivesse no collo um que- rido pequenino que fosse o re- trato do meu marido, como eu seria mais feliz !

E Amei pensava emquanto guardava os rebanhos de seu amo :

— Se Penhor, a minha adora- da mulhersinha, me desse um querido filho que fosse o seu vivo retrato, que alegria, que esperanças em nossa casa!

Uma vez Amei, que voltava todo preoccupado dos pastos, disse :

— Penhor, minha mulhersi- nha, se tecesses um bonito véu a Santa Maria sempre Virgem talvez ella te désse um anjinho para tu embalares.

Imaginam que seja um homem que pen^e primeiro em qualquer coisa ? Não ! E' sempre a mu- lher. Penhor foi buscar o véu que já estava tecido, mais bran co do que a neve, mais trans- parente do que os nevoeiros do verão.

A mãe de Deus quando o liu, ficou satisfeita e acceitou-o.

Amei e Penhor tiveram um filhinho, eamaram-se ainda ma- is ao pé do berço da creança.

a doença não lhe permitte sahir de casa, chama outro medico que venha verificar, não as me- lhoras progressivas do infeliz tu- j berculoso, mas o despejar das cavernas pulmonares, o descala- )ro do organismo, a miséria da familia, a pobreza do tegurio, e acabe por lhe passar a certidão de obito !

Em Inglaterra, onde não ha Assistência aos tuberculosos, com prerogativas especiaes, on- de não existe um ministério com repartições por onde passam a fieira todos os tuberculosos, a mortalidade tem diminuído d'u- ma maneira consoladora e dá gosto lançar-se os olhos para as estatísticas, cujos algarismos, na sua simplicidade, mostram cla- ramente o quanto vale a intelli- gencia e a perspicácia d'um po- vo que vê praticamente o melhor caminho a trilhar,sem se impor- tar com pieguices de carida- de, nem luxos de installações. Esse povo pratico e methodico entendeu,e entendeu muito bem, que a melhor arma e talvez a única capaz de debellar a tuber- culose—é a hygiene.

E sem grande alarde, sem dis- cursos mirabolantes, obteve em poucos annos o que nós certa- mente nunca conseguiremos, em- pregando os meios defensivos actualmente postos em pratica.

Poderíamos insistir mais uma vez sobre a péssima e custosa alimentação das classes menos favorecidas ; nos excessivos im- postos que lhe dificultam a exis- tência ; nas casas insalubres que as estiolam, na falta de prote- ção ás mulheres e ás creanças nas fabricas e nas escolas ; no abandono a que está votada a primeira infancia ; na penúria de maternidades, onde as desgra- çadas mulheres exhaustas pelo trabalho e pelas privações en- contrem auxilio e conforto ; mas o nosso fim limita se n'este mo- mento simplesmente a que to- dos saibam que em Lisboa no anno de 1901 morreram victima- das pela tuberculose 1.377 Pes* soas e em 1904,1.464 indivíduos pagaram o seu tributo ao insa- ciável minotauro moderno !

Or. Correia Dia».

Congresso das Aggreaniações

Catbolicas Populares de

Portugal

THe»e» do Congrenso e «eu» relatores

— Fins, organisação e uni- floação domovimeuto oatho- lioo popular portuguez.

Relatores: Julio Monzó e Car- los Zeferino Pinto Coelho.

Conveniência do robustecimen- to das associações mutualistas já existentes e da creação de bancos populares, monte pios e caixas ru- raes.

Relator: Dr. Alberto Pinheiro Torres.

— Meios de desenvolver a ins- trucção profissional entre artifices e camponeses, incutindo-lhes o amor ásua profissão e o sentimen- to da dignidade da sua posição so- cial.

Relator : Conde de Bertiandos. — Meios de desenvolver a im-

prensa catbolica popular a fim de subtrabir o povo á leitura do máu jornal.

Relator: Dr. Domingos Pinto Coelho.

— Estudo das condições mo- rtes e materiaes da vida dos cam- poneses e dos artifices portugue- zes, e meios de as melhorar.

Relator : Padre Roberto Maciel.

A CommissÀo

+ José, Arcebispo de Mitylene Padre Benevenuto de Sou^a Domingos Pinto Coelho Carlos Zeferino Pinto Coelho Julio Navarro y Mon\ó

Centro Social Cliristão Itua do Caes do Tojo, 26, 1.°

Assembleia Greral São convidados todos os socios

d'este centro a reunirem em As- sembleia Geral na próxima terça- feira, 19 do corrente, ás 8 horas da noite, afim de resolver sobre assumptos graves e urgentes, que a direcção pretende expôr.

Caso não funccionn* por falta de numero fica transferida para terça feira 26, á mesma hora, re- solvendo se com os que se acha- rem presentes.

Lisboa, 12 de jnnho de 1906 Pela DirecçXo

O 2.° Secretario — Joào Pedro de Cea.

Quando a creança chegou aos nove dias, Penhor, que ainda estava muito fraca, tomou-o nos braços e foi ao altar da Virgem.

— Santa Maria! disse ella a- joelhada, aqui está o thesouro que tu nos déste. Nôs t'o resti- tuímos, que seja teu e cresça, consagrado á tua celeste corte.

Ollia para elle doce Virgem ; chamamos-lhe Raul, como se chamava o pae de seu pae. Olha bem para elle, para que o co- nheças quando elle precisar de ti.

Não se sabe se foi por causa dos peccados de todas as fre- guezias, mas de súbito, n'uma noite malfadada, a agua do rio intumeceu como a agua quando ferve e que salta para fora do vaso que a contêm. O vento soprava tempestuosamente, a chuva cahia em torrentes, a ter- ra parecia tremer de febre.

Cobr u se de agua toda a pla- nície, e quando rompeu a ma- nhã, viu se que não era o rio que transbordava, era o mar.

Vinha o mar sombrio, ondu- loso, e revolto. Rompera as barreiras que á sua cólera op- pozera a mão de Deus.

Viuha, caminhava, já se não chamava mar, chamava-se dilu- vio!

Como a egreja de S. Vinol

Historia Sagrada DO

Antigo e NOYO TESTAMENTO Vida de Jesus Christo

t dot primiirot apot'olos) acompanhada de 30 gravuras e de dois mappat

e um plano de Jerusalem PELA

ESTRELLA DO NORTE Com approvHção do Senhor D. AnTO-

NIO, Bispo do Porto Preço, brochada — 160 róis.

Cartonada—200 róis. Livraria Editora do Figueiri-

nhts Junior. Rua das Oliveiras, 75—Porto.

A Boa Imprensa

A Palavra — Completou mais um anno de existência o nosso hon- rado, illustre e valoroso collega portuense, A Palavra.

Não é necessário encarecer os serviços relevantíssimos que a cau- sa catholica deve a este intemera- to jornal, o primeiro jornal catho- lico do paiz. Não ha catbolico que os não conheça e os não aprecie- A historia da Palavra é uma se- rie gloriosa de acções benemeren- tes e digníssimos Sempre no bom caminho, sempre a combater e a luctar, integerrimamente,e eficaz- mente. Verdadeiro campeão, ath leta possante, temos todos que

estava situada n'uma altura, os inundados fugiram para lá, mas Amei e Penhor ficaram á porta da sua casa, que ainda ficava mais alta que a egreja.

E quando a agua chegou, su- biram com o pequeuo Raul para o primeiro andar, e, quando a agua os seguiu, treparam para o telhado. A agua subiu atraz d'elles.

— Meu marido, disse Penhor vamos morrer todos juntos !

— Não! respondeu Amei. — O que ! disse ella. Pensas

em abandonar-nos ? — Não, tornou o pastor. E a agua subia. E elle accres-

centou em pé, na aresta do te- lhado :

Pega no nosso Raul ao collo. Vou te ajudar a trepar por

mim acima ; põe os pés em ci- ma dos meus hombros, e segu- ra bem.

Penhor deito u-se-lhe ao pes- coço, chorando a bom chorar.

— Nunca ! disse ella. — Despacha-te ! Despacha-te !

que é por causa do pequeno. Segurando-te em cima de mim, vives mais um instante, e tal- vez que a agua pare. Adeus, minha querida mulher. Se eu morrer, se tu te salvares, bom será. Diz ao Raulsinho que se lembre do pae.

aprender na sua vida e que imi- tar nos seus exemplos.

Saudamos do fundo d'alma o valente e querido camarada, e a- braçamos o seu director illustre, desejando á Palavra uma existên- cia cada vez mais prospera e mais louvada.

O Grito do Povo —Entrou no 7.° anuo de publicação este es- forçado e excedente semanário do Porto, orgão dos operários catho- licos.

O Orito do Povo, na esphera da sua acção, tem feito muito, e bem merece dos oatholicos sinceros e sobretudo dos democratas ohris- tãos, eficaz e continuado auxilio. E' um strenuo defensor das clas- ses trabalhadoras e está sempre na brecha a defender os sãos princí- pios e as únicas solidas e verda- deiras doutrinas sociaes.

Commemorando o seu anniver- sario, o Grito do Povo publicou um numero especial, impresso em opti- mo papel, e brilhantemente colla- borado.

Felicitamos com o maior jubi- lo os amigos e confrades do Grito do Povo, fazendo votos pelo desa- fogado da sua vida.

PALHETINHAS DE OURO

Não é só instruindo as verda- des da religião que se forma o caracter. Essa formação tão ne- cessária em todos os tempos e, diria, mais ainda nos que cor- rem, depende muito do exercício da vida christã. Não é raro con- tentarem se os paes com o facto, de haverem feito os seus filhos e filhas a primeira communhão, tendo antes frequentado uma au- la de catecismo; abandonam, de- pois disso, os seus filhos a si mesmos.

Entretanto, deveriam lembrar- se que tudo isso não é mais do que o primeiro passo dado. De- veriam lembrar-se de uma ver- dade de experiência : um apren- diz que empunha um instrumento precisa de ser nelie exercitado, e quanto mais o pratica sob a di- recção do mestre, tanto mais el- le se aperfeiçoa.

Se ficasse só no primeiro en- saio, facilmente esqueceria ou, quando menos, teria apenas uma vaga lembrança desse primeiro e*ercicio. Na pratica da religião acontece a mesma cousa: não é bastante o primeiro impulso, é preciso continuar. O caracter christão só se deve considerar formado quando o individuo sou ber já amar a Deus e tudo qu- anto a Elle se refere.

O amor de Deus suppõe a pratica constante de seus precei tos, e imprime na alma uma fei- ção duradoura, com a qual o homem se sente bem. Dizia o Cura d'Ars, que acaba de ser elevado ás honras dos nossos altares:» Tenho conhecido mui- tos homens arrependidos de não haver amado a Deus; nenhum conheci que se tivesse arrepen- dido de havel-0 amado.»

Penhor obedeceu; e apenas subiu, passou a agua por cima de Amei.

Penhor,chorando doidamente, segurava a creança. Quando a agua lhe chegou á cintura,levan- tou o pequenino Raul, depois de o ter apertado ao peito, e dis selhe:

— Trepa por mim acima, eu te ajudo. Põe os teus pesinhos nos meus hombros, e segura-te bem...

— O' mãe ! disse a creança, eu não quero.

— Anda depressa. Quero eu «Talvez a agua emfim venha

a parar. Segurando-te a mim, sempre duras mais um instante, e, se te salvares, bom será. A- deus, meu querido filho, meu coração. Lembra-te do teu pae e de tua mãe.

Nãopoude fallar mais, porque a agua lhe chegouá bocca. Por cima das vagas via se apenas a loira cabeça de Raul e uma do- bra do seu vestidinho azul que fluctuava na corrente.

Ora a Virgem de S- Vinol exactamente nesse momento sa- hia pela mais alta janella da egreja, onde estava tudo alaga- do, abandonando o seu nicho para se refugiar no ceu. Leva- va comsigo todas as offerendas.

Quando soltou o vôo, descor-

As festas de Junho

(Apontamentos da carteira de um «repórter»

Segunda feira 11 — Seis horas da tarde. — Acabo de percorrer a Avenida e o Rocio. As installa- ções, os coretos e os palanques, teem um aspecto elegante. Agra- dam á vista. Não ha duvida que, neste capitulo, as festas de junho batem todas as diversões anterio- res, egnaes ou parecidas. — Os trabalhos estão adeantados — A ornamentação da Avenida é muito simples, mas de bum gosto.

9 horas da noite — Na estação do Rocio. A multidão é compacta. A gare está cheia ; fóra, ha tam- bém muita gente. Mas o comboio vem atrazado ; uma hora, segun- do uns, duas horas, segundo on- tros. E' forçoso esperar.

Nenhumajanella illuminada, da estação ao palacio Foz, á exce- pção de um prédio do Rooio, per- to da Estácio, cujas janellas do quarto andar teem uma vistosa grinalda de balões venezianos.

9 e meia — Reboam as palmas e vivas no calçada do Carmo. O que será P Ora o que ha de ser... O dr. Affonso Costa e mais o sr. França Borges, que veem para a estação, de automóvel... Grande vivorio, tão repetido e tão forte, que parece mesmo de encommen- da. (Cala-te booa; essas coisas Dão se dizem ! Toma cuidado não apanhes alguma pedrada !...) A paginas tautas, o conhecido advo- gado fala ás turbas, e tem esta phrase : o Porto de 31 de janeiro, accentuando a data... As palmas estrugem ;os gritos atordoam. Um cidadão tem o bom senso de dizer que não percebe estas manifesta- ções a toda a bora a um determi- nado republicano. Outro, em lin- guagem pittoresca, pergunta — que terá feito aquolle advogado para o povinho tanto lhe querer ?... Ahi está uma pergunta de respos- ta difficil !

Onze e um quarto—Silva um comboio. Será ag >ra P parece que Bim. Não ha duvida—«Sãoelles!» Grande movimento na multidão. Queimam-se girandolas de fogue- tes. Na verdade, a manifestação aos Fenianos é estrondosa ; a re- cepção não pode ser mais enthu- siastica.

Pois bem, ó justo : «Viva a ci- dade do Porto !»—E' pena que os republicanos queiram trans- formar uma manifestação patrió- tica n'uma manifestação partidá- ria. Dómo de feitio, o destes de- mocratas !

(Continua) Verita».

MEZ DG MABIA

Com lindas illustraçõei,um livro de 320 paginas original de

Ealrella do Norte

Obra approvada e indulgenciada polo ex." e rev."" sr. D. Antónia, bispo de Porto.

tinou a cabeça loira do Raulsito, e a dobra do seu vestido azul.

E a Virgem parou. — Esta creança pertence me

disse ella. Quero leval-a tam- bém.

E effectivãmente deitou a mão aos seus cabellos, suppondo que podia levantal-a facilmente, mas a creança, era pesadar tão pesa- da em proporção do seu corpi- nho tão pequeno, tão pesada, que a Virgem foi obrigada a lar- gar todas as suas oflerendas, e a puxar com ambas as mãos.

Quando largou tudo, o linho, os tecidos, e as flôres, poude emfim puxar a creança, e então deixou de se espantar do peso.

Penhor, sua mãe. afferrara-se- lhc com os seus dedos moribun- dos e com os seus dedos mo- ribundos também á pobre mãe se afferrára o marido e o pae.

Oh ! disse a Virgem commo- vida e alegre ao ver este cacho Je corações, Deus realmente na tterra fez coisas bem formosas.

E n'um paDno do seu vestido estrellado metteu o pae, a mãe, e o filho, tres amores que tem um nome só — A FAMÍLIA.

Paulo Féval.

A U tiiSo Popular

LITTERATDRA

Deus! e sempre Deus!

Separando a ideia de Deus dos cultos que a envilecem, acho-a pu- ra ein todos os povos, assim coroo Beparando-a de minhas preoccu- pações, encontrc-a pura em minba alma. Estas duas experiências se fiscalisam mutuamente, servindo- se de comprovante : ó o mesmo sentimento que se exprime pela voz de todos ; é a consciência da minba alma que responde á cons- ciência do genero humano.

E posso concluir d'este duplo testemunho, que a existência de Deus não é uma opiniSo, é um sentimento natural a todos os ho- mens, que este sentimento sobre- vivirá a tudo, porque é obra do mesmo Deus ; emquanto que as imagens com que os povos o re- presentam, perecerão, porque são obra de nossos appetites e de nos- sas paixões. Assim, cada povo tem suas crenças que se vão gradual- mente esboroando, cada seoulo tem um pensamento dominante que outro pensamento novo faz de- sapparecer. Na epocha em que vivo, se deito um golpe de vista para traz, desde o elevado pos- to a d'onde as nações hão che- gado, vejo nas sete oitavas partes do globo os deuses sanguinários, feitos em pedaços contra seus pró- prios altares. O Olympo está de- serto, o Egypto não é mais que um sepulchro, os Druidas desap- pareceram com os bosques sagra dos da Gallia, e Jupiter, agi- tando sua égide, que o rodeia de tempestades, não habita já as cús- pides do Capitólio. Houve um momento em que, á face do globo inteiro, tudo se renovou, os povos, os templos, os Deuses.

Então nações heróicas, e bar- baras, se encontraram ao pá d'uma Cruz ; umas em seu derradeiro alento, as outras na hora primeira de sua vida social e humana ; e todas ouviram attentas a voz de uma victima que rogava a favor de seus verdugos. Hoje as nações do Occidente são como um só po- vo, sob a égide de um só Deus ; e este éo Deus que ama, que per- doa, que oiviliza.

Offereoer-se-ha ao Oriente co- mo se ha offerecido ao Occidente; desarmará os barbaros, fal-os ha entrar na grande familia humana, porque não pode entrar n'ella se- não pela lei do Evangelho, condi- ção necessária de todaacivilisação. Os que tratam de destruir a Reli- gião que illuminou o Occidente,são como os verdugos de Jesus Chris- to; não sabem o que fazem. Se a religião abandona o Occidente, o Occidente morrerá, se a Religião passa ao Oriente, no Oriente se le- vantará a luz. O amor de Deus e dos homens será d'aqui em diante o grande contracto social da huma- nidade.

(Um fragmento da Obra de L. Aimê Marti. Paris. Educação das mães de familia por meio das mu- Iheres. Obra premiada pela Aoade- mia franceza).

HÓSTIAS

Vendem-se na rua do Bom Successo, 59, garantindo-se a pureza da farinha empregada.

Pedidos ao empregado do convento, Manuel da Silva Hen- riques.

CALENDÁRIO

1212 — Batalha das Navas de Tolosa

Em 17 de junho de 1212 deu-se a celebre batalha das Navas de Tolosa, lo- garejo da província

hespanhola de Jaen, entre chnstãos e mussulmanos.

O exercito da Cruz, quesahiu da peleja vencedor, era com mandado por Affonso VIII, rei de Castella.

Estavam n'elle muitos portu- guezes que D. Affonso II, de Portugal, que fazia parte, como os reis de Aragão e Navarra, da colligação contra os sarra- cenos, enviâra para se juntarem ao corpo castelhano. As perdas dos nossos foram grandes e nu- merosas.

«Desde aquella fatal jornada,

JUNHO

17

Domingo

escreve Herculano na sua His- toria de Portugal, a decadência do dominio mussulmano foi pro- funda e rapida, e a derrota das Navas de Tolosa retumbou na Africa e na Europa como uma terrível resposta ao canto de victoria, entoado dezesete annos antes pelos vencedores de Alarco.»

Os portuguezes distinguiram- se muito n'aquella batalha e praticaram muitas façanhas e gentilezas que ficaram memora veis,

Depois d'aquelle combate, em que a cruz christã sobrelevou ao crescente sarraceno, os moi- ros foram perdendo pouco a pouco os restos do vasto domi nio que out'ora tinham possuí- do na peninsula.

Refugiados na extremidade sul da antiga Iberia, e ahi en- curralados pelo valor dos povos da peninsula, poucos annos de pois essas mesmas paragens eram abandonadas na sua quasi totalidade pelas incursões e conquistas audaciosas feitas no seu parco território pelas armas portuguezas e castelhanas.

A mão invisível

— Era na America, no anno de 1880.

Um conductor de caminho de ferro foi encarregado por alguém de na cidade visinha tratar de um negocio.

— Depois de ámanhã tereis o que estaes pedindo, replicou o encarregado.

— Pois bem, até ámanhã de manhã, se Deus quizer, disse o committente.

— Se Deus quizer ou não, gritou o conductor.

— Porém é necessário que Deus queira: elle deve querer, para que tenhas saúde e voltes em bom estado.

— E eu vos digo de novo, re- petiu o blasphemo, depois de ámanhã estarei aqui tendo rea- lisado o vosso pedido, quer Deus queira, quer não.

Depois d'esta blasphemia, par- tiu o empregado,

No outro dia soffreu desas- tre o trem em que partira. O conductor tinha se retirado a um carro vasio e ahi tinha adorme- cido. D'este modo o surprehen- deu a desgraça: foi gravemente ferido e morreu no mesmo lo- gar da catrastrophe. Seu sem blante mudou se horrivelmente: os queixos, a lingua de que ti- nha abusado blaspheman-'o,.es- tavam esmigalhados. Quanto aos demais viajantes, alguns fo- ram feridos gravemente.

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Centro Progressista

Reuniu na 4.* e 5.4 feira ulti- mas a commisssão executiva d'este Centro. Tomaram-se re- soluções de caracter reservado.

AO SERÃO

Pensamentos—A bon- dade é aiuda, e será sempre, a maior riqueza que se pôde ambi- cionar. O homem bom nunca é completamente infeliz, e experi menta uma verdadeira consolação quando pratica alguma acção me- ritória.

= A calumnia é como o carvão ; quando não queima, suja. — Ca millo.

Uma anedocta: Conta Aurelien Seholl, n'um seu livro in- teressantíssimo :

Uma oompanhia estava de pas- sagem, representando em Roche- sur yon.

O cartaz annunciava a Torre de Nesle, espectáculo terminado com a Irmã de Jocrisse, atim de ale- grar um pouco o publico.

A Torre de Nesle, ou bem ou mal, chega ao dm, e segue-se o entreacto.

Passam se dez minutos ; um quarto de hora.

Os espectadores principiam a dar signaes de impaciência.

A verdade é que o primeiro oo- mico fôra ceiar, e nunca mais ap- parecera. Impossível representar a Irmã de Jocrisse.

Que fazer ? Uma idóa luminosa inspira o director. Dá as suas or- dens, e a orchestra começa logo a tocar uma symphonia.

O publico toma a sentar-sc, e espera.

Depois da symphonia, uma qua- drilha ; depois a aria do Boticário; uma valsa ; a aria da Columna.

O publico começa a patear. Finalmente, levanta-se o pan-

no ; o ensaiador faz tres cumpri- mentos, e diz friamente :

— Meus senhores e minhas se- nhoras. Reclamam a lrmãade Jo- crisse ; esta comedia, porém, aca- ba de ser representada agora ; só mente, por um inexplicável erro do machinista, esqueceram-se de le- vantar o panno !

Para rir*: — Oh ! meu pa- tife, então tu lavaste os dentes com a minha escova ?

— Não faz mal, patrão ; eu la- vei-a primeiro...

Charadas:

Perguntas enigmáticos : — Qual é a cidade do mundo mais saboro- sa ? — 2

1— Qual é a terra de tempera- tura mais elevada ? — 5

— Qual é o mar que está sem- pre quieto ? — 4

— Bisada : 1.* e te — povoação 2.4 e te — recado 3.4 e te — prenda

Nome proprio.

Novíssimas : O homem do plano — está na

cidade ? — 4, I — Repara que na musica dá

luz — 1, 1,

— Decifração das charadas do ultimo numero:

1.* Charola ; 2.4 — Batatada (ou Goiabada); 3.4 — Alabarda ; 4.' — Brocatello.

Deçifradores: Zé grande, Al- fredo Leal Sequeira, e Antonio Joaquim Claro, (que errou na 2.4

Ambas as decifrações nos foram trazidas pelo mesmo correio; e como não queremos que ninguém se zangue, vamos brindar os dois matador os.

-00000-

MOVIMENTO

DEMOCRÁTICO

CHRISTÃO

Lisboa — Em demonstra- ção de sentimento pela morte do ex.00 Nuncio Apostolico, não se realisou no domingo a annunciada conferencia, seguida de recita, no Circulo Catholico da Immaoulada Conceição.

— Hoje ha recita pelo grupo dramático do Circulo.

— Amanhã, segunda feira, ás 8 horas da noite, sessão solemne e recita em honra dos congressistas democratas christãos.

Samora. Correia, 12 —Ouvimos que se pensa em fundar aqui um centro nacionalis ta, havendo alguns elementos apro veitaveis para a realiaação d'essa deia.

-ooíoo-

Os museus de Lisboa

MUSEU ADUANEIRO, edifí- cio do Terreiro do Trigo, entrada todos os dias úteis, das li ás 4 de tarde, precedendo licença.

MUSEU ANTHROPOLOGICO E GALERIA DE GEOLOGIA. Academia Real das Sciencias, to- dos os dias, preoedendo licença, 10 ás 4, excepto dias santos, do- mingos e feriados.

JHUSEU DAS APPREHEN- SOES, edifício da alfandega, 10 ás 4 da tarde, precedendo licença especial. Muito curioso por n'elle figurarem vários objectos engenho- sos apprehendidos aos contraban- distas.

MUSEU ARCHEOLOQICO, largo do Carmo, todos os dias, 10 ás 4, 100 réis cada pessoa ; bilhe- te de familia (cavalheiro acompa- nhado até 6 pessoas) 200 réis ; creanças gratis.

MUSEU DE ARTILHARIA, largo do mesmo nome, todos os dias úteis, 10 ás 3. E' interessan- tíssimo sob todos os pontos de vista. MUSEU DOS COCHES REAES

paço real de Belem, 12 ás 4, ex oepto terças e sextas.

MUSEU COLONIAL E ETH- NOGRAPHICO, Sociedade Geo- graphia, domingos 10 ás 4.

MUSEU ETHNO LOG1CO PORTUGUEZ, mosteiro dos Jero- nymos, 10 ás 4, precedida licen- ça do director. CompÕe-se de an- tiguidades nacionaes (pre-histori- cas, proto históricas, romanas, vi- sigóticas, arabicas, portuguezas, medievaes e posteriores) e de spe- cimens de ethnograpbia moderna e de anthropologia. Tem também uma secção estrangeira para es- tudo comparativo. Mais de 20:000 objectos.

MUSEU DE HISTORIA NA- TURAL. Escola Poiytechnica, quintas feiras, 10 ás 4 ; outros dias, licença especial.

MUSEU NACIONAL DE BEL- LAS ARTES, ás Janellas Verdes, quintas e domingos, 12 ás 4 ; ou- tros dias licença especial. Impor- tante collecção de quadros antigos e modernos, esculpturas, tecidos, mobílias, ourivesaria, etc.

MUSEU NUMISMÁTICO, Bi- bliotheca Publica, todos os dias úteis, 12 ás 4. Medalheiro que se

no- — A Seoretaria — D. Victo- I compõe de muitas moedas portu- ria Iuglez. i guezas, ibéricas, romanas, estran-

AVISO

O Apostolado da Oração, cano- nicamente erecto na Freguezia de São José, deliberou festejar o San- tíssimo Coração de Jesus, no presente anno, pela forma seguin- te : Dia 1 de Junho — Pelas 7 ho- ras da tarde começará a devoção do mez do Sagrado Coração de Jesus com Benção do Santís- simo Sacramento, havendo nos dias 28, 29 e 30 um triduo so- lemne com praticas doutrinaes pe- lo Rev. Padre José Ferreira Go- verno. Dia 1 de Julho — Pelas 8 horas da manhã, Communhão Ge- ral, aoompanbada a orgâo e Bem- dictos, e pelas 11 e meia, missa sslemne a musica vocal e instru- mental, exposição do SS.m® e ser- mão pelo Ex."® e Rev."0 Dr. Abranches.

De tarde,pelas6 horas,Te-Deum por musica vocal e grande instru- mental, precedido de sermão pelo Rev. Padre José Ferreira Gover-

Leitnra ntil, necessária e instracíiva

À Condemnação do Socialismo

Depoimentos de philosophos,

economistas e sociologos sobre a doutrina

socialista

Spenoer -Garofalo—Guyot—P. Janet—Novlcovr —Levoni —Oal -Du Merao -Cathreiu —Antoine Laveleye — Demollns —J. Simon — Haver — A.n- welmo Vieira — Conde de Penha Garcia — An- tonio de Serpa Pimentel.)

Coordenação, prefacio e notas de Carlos Penalva

Um bello opuscolo ln-12, de 48 paginas, 60 k.

12 ex.: 600 réis—5o ex.: i®75o réis—100 ex.: 3$ooo réis

LIVRARIA POVOENSE EDITORA, de José Pe- reira de Castro, Povoa de Varzim, ao qual devem ser fei- tos todos os pedidos.

Em Lisboa : á venda na LIVRARIA CATHOLICA, Calçado do Carmo, 6.

gcíras, modernas, etc., e de me- dalhas.

. MUSEU PEDAGÓGICO. Poço Novu, 1, escola Rodrigues Sam- paio, todas as ferias, mezas de agosto e setembro; nos outros mezes com licença do director.

MUSEU DO THESOURO DA CAPELLA DE S. JOÃO BA PTISTA, na Miserioordia, últimos domingos de cada mez, 12 ás 3 e meia ; outros dias, licença espe- cial. E' muito rico.

As estatísticas

Um curioso que não deixa de ter algum interesse de New York, entregou-se a um traba- lho.

Trata-se de uma serie de es. tatisticas sobre os acontecimen tos que. diariamente, se produ- zem n'aquella cidade.

Assim, em New York. a poli cia opéra uma prisão todos os 3 minutos ; de 48 em 48 minutos ha um incêndio ; de 110 em 110 minutos, ha uma morte acciden- tal ; de 8 em 8. comatte-se uma tentativa de assassinato ; de 9 em 9 horas, suicida-se um de- sesperado ; e, erafim, de 24 em 24 horas, pratica-se um assassí- nio.

Esta ultima deducção é in- quietadora, mas a estatística das prisões — em média 490 por dia— já consolaum pouco. O numero dos enterros é evi- dentemente grande,mas o auctor da estatística accrescenta tam- bém que, de 6 em 6 minutos, nasce uma criatura.

De 8 horas e meia em 8 horas e meia, publica-se uma sentença de divorcio, mas, em compen- sação, celebra-se um casamen- to todos os 14 minutos.

Estabelece-se uma nova ern- preza commercial todos os 48 minutos, e abre se uma fallencia de 7 em 7 horas.

Por ultimo, temos estas esta- tística menos interessantes : to- dos os 2 minutos, chega a New York um emigrante; de 48 em 48 minutos, entra um navio no porto, e de 52 em 52 chega um comboio de viajantes.

BORDADOS

Pessoa muito capaz, encarre- ga-se de qualquer trabalho, em branco, matiz, prata e ouro.

Vae leccionar a casas particu- lares.

Diz-se rua de S. Caetano, á a, 32rez-do-chão—Lisboa.

-ooítjo-

CALENDÁRIO

Junho

17 — Domingo — 2.® depois do Pentecoste. — S. Bonifacio, B. M., Apostolo da Allemanha. e patrono dos alfaiates. — A B. Thereza, rainha de Leão, por- tugueza. — S. Manoel e seus Irmãos, Mm. B. Paulo Buralis, Theatino.

18 — Segunda-feira—S. Agos- tinho, Bispo de Centuaria. — Os Santos Marcos e Marcellia- no, irmãos, Mm. — S. Leoncio, M.

19 — Terça-feiía — A B. Mi- chelina, V., da 3.4 Ordem. — Os Santos Gervásio e Protasio, Mm. — S. Ursicino, M., patro- no dos medicos.

20 — Quarta-feira —• Oitava de Santo Antonio. — S. Silvé- rio, Pp. M. — Santa Florentina.

21 — 0 Quinta-feira — Jejum (no bispado da Madeira). — Oi- tava do Corpo de Deus. — S. Luiz Gonzaga, advogado pela escolha de um estado, e pa- droeiro dos estudantes e da ju ventude dos collegios. — S. Al- bano, M., patrono dos campo- nezes. — L. N., ás 10 h. e 32 m. da tarde.

22 — Sexta-feira — >í« Fes- ta do Sagrado Coração de Je- sus. — Santa Juliana de Falco- neri, V. — S. Paulino, 3., pa trono dos mineiros.

23 —Sabbado — Vig. Jejum. —S. Vicente de Paula, C. — S. João, Sacerdote. — Santa Edel- trudes, rainha da Bretanha. — Santa Agrippina.

Indicações úteis

HORÁRIOS DOS COMBOIOS

Partidas de LISBOA — Chega- das a Lisboa

Cintra. — (R.) Part.: 6/35, 7/25, 8/50, 10/35, m. ; 12/50, 3/3, 4/35, 5/25,6/20, 8/50,11 t., o 12/20, madr. Cheg. ;ô/59, 7/39; 8/50, 10/3 m.; 12/3, 2/3, 4/3, 5/55, 6/36, 7/39, 10/3 e 11/38. t, Expressos —Part.: ll/21m. Cheg. 5/15 t.

Cascaes — (C. S.) Part., 6/15, 7/45, 9/15, 10/45 m. : 12/ 15, 1/45, 3/15, 4/45, 5/20, 6/15; 7/45, 9/15, 10/45, t. Cheg. : 7/24. 8/47, 10, 11/54 m. ; 1/24, 2/54, 4/24, 8/8, 8/54, 10/24, 11/54 t. Directos — Part. : 9/10,10/40 m.; 1/40, 3/10, 4/40, 6/10. 7/40,10/ 40, e 12/25 m. Cheg. ; 9/2; 10/32 m. ; 12/2, 3/2, 4/32, 6/2, 7/32, 10/32, t. e 12/2 m.

Queluz-Bellas — (R., Part.: 9/50, 11/50 m. ; 1/50) 3/50, 7/20 e 9/50 t. Cheg. : 11/6 ro. ; 1/3, 3/3, 5/3, 9/3 t. e 12/15 madr.

B. de Prata-Poço do Bispo. — (C. S.) Part. : 4/20.; Cheg.: 5/451. (excepto do- mingos e dias santificados) Part. : 9/37 e 61, Cheg. : 6/35 e 8/58 m.

-A-lg-és — (C. S.) Part. : 5/ 30, 5/50, 6/35, 7/20, 8/30, 8/50 9/35, 10, 10/25, 11/5, 11/30, 11, 50 m. : 12/35, 1, 1/20, 2/5, 2/30, 2/50, 3/35, 4, 4/20, 5/30, 5/50, 6/25 6/55, 7/20, 8/5, 8/30, 8/50, 9/35, 11/30 t. Cheg.: 5/45, 6/38; 7, 7/45, 8/8, 8/33, 9/40, 10/45, U/8, 11/ 30 m. 12/15, 12/38, 1, 1/45, 2/8, 2/30, 3/15, 3/38, 4, 4/45, 5/8,5/30, 6/16, 6/38, 7, 7, 45, 8/8, 8/30, 9/15, 9/38, 10, 10, ~ 48, U/8 t. 12/38 m.

P. d'Arcos — (C. S,) Part. 12/30, 8/5, m, Cheg. 9/20 e 10/ 16 m.

Cacem. — (R.) Part. : 7. 10/5 m. 6/55 t. Cheg. : 8/41 m. 6/20 é U./57 t.

Saca vem — (R.) Part. : 12/430, 7/1Ò, 8/15, 9/42, 10/42, U/12 m. ; 1/42, 2/42, 3/42, 6/42, 8/5, 9/42 t. Cheg. : 8. 10/24, m., 12/28, 1/24, 2/24, 4/23, 5/ 24, 6/ 11,8/24,10/11, U/50 t. _

Povoa de S. Iria — (R.) Part. 12/30, 5/35, m. 12/42 t, Cheg. : 8, m. 3/42 t.

"Villa Franca— (R., Part. : 12/30 m. 4/42, 5/42 e 10) 42 t. Cheg. : 6/48, 9/9 m. 7/47 e 9/23 t.

Santarém — (R.) Part.: 12/30, 6/0 m. 3/30 . Cheg. 9/9 m. : 11 e 12/42 t.

.A-lfarellos — (R.) Part.: 7, 10/5 m. ; 6/55 t. Cheg. : 8/41 m. ; 6/20e U/57 t.

"Vendas Novas,Be- ja e Portimão — (R., Part. : 12/30, e 6/20 m. ; 3/30 e 4/30 t. Cheg. : 9/9 m. ; 3/42, 10/ 25, 11 t. — (Santa Apolonia) — Part. : 9/20 m. Cheg.: 5/45 t.

Mafra, Torres, Cal- das, Figueira —(R.)Part. 7, 10/5 m. e 6/55 t. Cheg. : 8/14 m. 6/20, U/57 t.

Beira Baixa —Castella Branco, v Covilhã e Guarda (vio Abrantes i^pu Pampilhosa) (R., Part. (Exp./ ,11/15 m. ; 7/5 e 9, 30 t. Cheg-: (í£xp.) 3/42 e 10/25 t. 5/14 e5/49 madr. (C. S.)Part.: 9/20 m. Chqg. : 5/45 t.

PortoGaUjza — (R.) Part. : 7/5 e 9/30 t.^heg : 51/4. 0 5/49 m. (C. S.) Ps -t. 9/20 m. Cheg. : 5/45 t. Exp. : (R.) 4/30 t: Cheg. : 10/25 t. (1.* e.2.4

classe e logares de luxo.) Porto — Pela linha Oeste

—(R.) Part. 7 m. Cheg.: 11/57 t. Baris — (R.) Sud-Express,

2." 4a' e sabbados. Part. : 9/15 Cheg. : U/25 t. domingos 3.44 e 5.4S

Cheg. : 5/14 e 5/49 m. (Exp.) Part. : 11/15 m. Cheg. : 3/42 t. (C. S.) Part. : 9/20 m. Cheg. : 5/ 45 t.

Sul e Sueste — (Vapo- res) Beja Moura — P*rt. : 8 m.; 4/50 t. Cheg. : 1, 6/20 t. — Fa-

1 ro, Viila Real, Part.: 4/50 t. I Cheg. : 6/20 t. 9/50 n —Évora.

Cheg. : 9/50 n, Évora, Extremoz. Villa Viçosa, Part. : 8 m. ; 4/501. Cheg.: 6/20 m. 1 t.—Setúbal. Part.: 8, U/15 m.; 1/45, 4/20 t. Cheg.: 9/50, 11/40 m. ; 3/45, 5/ 45 t.; t Cheg.: 8/35 m.

0 Socialismo ea Igreja Preço 600 réis. Pedidas a esta

admidÍ8tração.

A. TJtiiSo Popular

UNIÂO POPULAR

SOCIEDADE DE BENEFICÊNCIA E INSTRUCCAO

CAPITULO I

Denominação e fins da Sociedade

Artigo 1.° E' fundada em Lisboa um sooieda- de de beneficência e instrucção denominada — A Uniáo Popular, tendo por fim :

1.° Auxiliar as classes operarias em casos de falta de trabalho, e de saúde, bem como nos de falleci- mento ou viuvez.

2.® Procurar obter por preços vantajosos todos os generos de consumo domestico.

3.°CreaçSode uma bibliotheoa e aulas para instruc- çSo litteraria e profissional, ou em falta d'estas, auxi- liar. as instituições que tenham por fim propagar a instrucçSo e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á SOCIE- DADE.

4.° Propagar as doutrinas da democracia christS pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

5.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.° Fundar ou auxiliar a fundação de publicações para instrucção das classes operarias e beneficio e propaganda da Sociedade.

§ Único. Esta Sociedade poderá estabelecer com missões parochiaes de propaganda, afim de melhor po- der satisfazer aos fins que tem em vista.

CAPITULO II

Dos S0CÍ08

Art. 2.° São considerados socios effectiveis todos os indivíduos de ambos os sexos que subscrevam com a quota mensal de 200 réis, e auxiliares os que inbs- crevam com a quota mensal de 100 réis, e de mérito os que se tenham assignalado por serviços prestados ou donativos concedidos á Sociedade.

Art. 3.* O titulo do socio de mérito só é concedi- do ^e!a~assembléa geral sob proposta da commissão administrativa.

Art. 4.° Para qualquer candidato a socio ser accei- to é necessário:

1.® Ter bom comportamento moral, civile religioso. 2.® Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

lhe advenham os méis de subsistência. 3.® Ser auctorisado pelos paea ou tutores, sendo

menor e pelo marido sendo casada.

CAPITULO III

Deveres dos socios

Art. 5.® Compete aos socios effectivos e auxiliares: 1.® A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 50 réis pelos Estatutos. 2.® A servir gratuitamente os cargos para que fôr

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificados expostos na assembléa geral lhes admittsm a escusa.

3.® Participar por escripto á commissão administra- tiva quando made de residência, estôja doente, pre- zo, sem trabalho, ou quando não seja procurado pelo cobrador da Sociedade durante nm mez, para lhe receber as quotas.

4.® A zelar os interessei na Sociedada promoven- do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5.® Os pagamentos das quotas devem come- çar a contar-se regularmente desde o mez em que o candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.° E' permittido o pagamento da quota a prestações quinzenaes ou semanaes.

ESTATUTOS

CAPITULO IV

Direitos dos sooios

Art. 8.® Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamentos das 6uas quotas teem direi- to :

1.® A votar e ser votado. 2.® A examinar a esoripturação da SOCIEDADE nos

prasos marcados para esse fim. 3.® A requerer a convocação do assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seuB direitos, a maioria dos quaes tem de comparecer á união da assembléa ge- ral sem o que esta não se realisará

4.® A receber todos os benefioios que a Sociedade possa dispensar aos associados.

Art. 9.® O socio receberá uma das publicações ór- gãos da Sociedade logo que pague a 1.® quota.

/

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.® E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas mensaes e tendo pago o exemplar dos Estatutos,

Art. 11.® O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readmittido satisfazendo o de- bido que tiver, para com a Sociedade.

Art. 12.® Perde o direito de socio o que por pala- vras, escriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia entre os socios.

§ Único. Nenhum socio demittido ou expulso terá direito a qualquer indemnisação pelas quantias com que tiver contribuido para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI

Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem-se: 1.® Do producto das quotas. 2 0 Da venda dos Estatutos. 3.® Do produoto das assignaturas, das publicações

orgãos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espeotaculo em beneficio do

cofre da Sociedade ou d'outras quaesquer receitas. Art. 14.® Todas aa quantias superiores ás que se-

jam necessárias para pagamento das despezas men- saes, devem ser depositadas á ordem da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fiança da Sociedaee.

§ Único. Quando o julgue conveniente, pôde a com- missão administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza de papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

Art. 15.® A assembléa geral é a reunião de todos os socios no gozo dos seus direitos e n'ella rezidem todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituída quando previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da Sociedade ou n'um dos jornaes mais lidos da capital e quando compareçam paio menos 10 associados.

Art. 17.® Não se tendo reunido o numero legal de socios, faz se-ha nova convocação dentro do praso de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então com qualquer numero do socios presentes.

Art. 18.® A assembléa gerál terá duas reuniões or-

dinárias no anno, sendo a primeira no 1.® domingo do mez de junho para a eleição dos corpos gerentes que devem entrar em exeroieio no dia 1 de julbo e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinária mente a requerimento :

1.® Da commissão administrativa, da commissão re- visora de contas e do cinoo socios pelo menos, no ple- no gozo dos seus direitos, explicando o requerimento os motivos da convocação e obrigando-se a compare- cer na reunião.

j 2.® Todas as vezes que a Meza para interesse da | Sociedade o julgar conveniente.

Art. 20 As assembiéas geraes que não sejam con- vocadas a requerimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio- nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® secretários e dois vo- gaes.

Art. 22.® A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em conformidade

com a lei geral. 2.® Discutir e votar as contas, pareoeres e relató-

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todas os corpos gerentes, commições de

i assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os reoursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da Sociedade.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' meza da assembléa geral compete : 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Presistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ellas tomadas : 3.® Assistir ás sessões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissões assignando os respectivos ter mos,

CAPITULO VIII

Administração

Art. 24.® A administração é confiada a uma com- missão administrativa de cinco membros effectivos sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa : 1.® Âdmittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral ; 2.® Tomar posse todos os annosno principio do mez

de julho ; 3.® Administrara Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engradecimento ; 4.® Velar pela conservação dos moveis o mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral ; 6.® Apresentar contas á assembléa geral em julho

de cada anno, deixando as patentes aos sooios que de- sejarem examinal-as por espaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazel-os respeitar ;

8.® Conferir todos os valores que constituem o in- ventario que recebe, pasmando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos ;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos ob assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando conta de todos os seus actos á assembléa geral.

Arrt. 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia 15, para a approvação do balancete do mez anterior, mandan-

do-o publicar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fiscalisação

Art. 27.® A fiscalisação é confiada a uma commis- são revisora de contas composta de cinco membros effectivos, que deverão escolher entre si presidente, secretario e relator.

§ único. Esta commissão instalar-se-ha no mesmo dia em que a commissão administrativa tomar posse:

Art. 28.® São attribuições da commissão revisora de contas :

1.® Examinar, sempre que julgue conveniente, e pelo menos de tres em tres mezes, a escripturaçâo da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2 ° Pedir a convocação da assembléa geral. 3.® Assistir ás sessões da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e pedir-lhe os escla- recimentos que julgue precisos.

4.® Estar ao facto de todos os trabalhos da commis- são administrativa e de todas as mais commissões.

5.® Dar parecer sobre as contas, e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de contas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.°' 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão sempre [feitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competenoia da assembléa geral a ex- clusão de qualquer socio, sendo este previamente ouvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os socios que sai- bam ler e escrever.

Art. 31.® As funeções de membros da Meza da as- sembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por indivíduos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preoiso que o seu estado financeiro seja insustentável e assim considerado pela assembléa geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a applicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expessamente prohibido á SOCIEDADE fazer-se representar em qualquer acto politico ouanti- religioso.

Art. 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento ao que dispõe o n.® 7 do ar- tigo 25 deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possível, as vantagens a que tiverem direito tanto socios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ único. Para a confecção dos regulamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das associações ou socie- dades que existam com os mesmos fins ou eden- ticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser al- terados com o accordo da maioria dos sooios em as- sembléa geral e approvação do Governador Civil.

Art. 37.® Nos casos omissos e para interpretação d'estes estatutos regulará a lei geral por onde se re- gem as mais sociedades d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão admiiiistractiv»

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer pai te como socio d'esta Sociedade quando tenha menos de 5 ou mais de aessenta 60 annos.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que deseje inscrever se como socio não occultar a edade, profis- são, erupre^o e estado de saúde, na occasião de se inscfistner. ""Art, 3.® O socio que occultar qualquer das dispo sições do artigo antecedente, será demittido de socio logo que a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA tenha d'isso conhecimento, ficando sujeito ao que dispõe o paragrapho único do artigo 12.

Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamen to de quotas poderá ser readmittido quando não deva mais de 4 quotas mensaes, quando deva mais só po-

j derá ser novamente admittido como socio, em har- \ monia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este j regulamento.

Art. 5.® Em caso de fallecimanto de qualquer so- cio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2$500 réis para ajuda do seu funeral.

Art. 6.® Para o socio ter direito ao subsidio conce- dido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas correspondeu tes pagas.

Art. 7.® O socio que tiver seis mezes de associado tem direito em caso de fallecimento a 5S000 réis de subsidio para ajuda do seu funeral um auno de associado 10&000 réis dois annos de associado 12$000 réis, quatro annos de assoei do 15$000

reis e seis annos 18&000 réis, tendo as quotas cor- respondentes pagas.

Art. 8.® Os subsídios de que tratam os artigos 5 e 7 serão pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter feito o funeral ao socio com decencia e que não tenha sido civilmente.

Art. 9.® Em caso de fallecimente de qualquer so- cio, a família ou pessoa encarregada do seu funeral, mandará parte por escripto á COMMISSÃO ADMI NISTRATIVA com a maxima brevidade, devendo a parte ser acompanhada cam o exemplar das Estatu- tos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o socio tem direito a fazer qual- quer publicação nos jornaes orgãos da Sociedade, quando seja de interesse partioular taes como, agra-

decimentos, offertas e annunoios, com o desconto de 80®/, sobre a tabella.

Art. 11.® Para o maior desenvolvimento da Socie- dade a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA concede a todos os assignantes das publicações orgãos da So- ciedade, quer rezidamem Lisboa ou em qualquer pon- to do paiz, vantagens eguaes ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com todas as suas disposições.

Art. 12.® Das vantagens concedidas aos assignan- tes de qualquer das publicações da Sociedade no ar- tigo antecedente, exceptuam-se as que se refere os n.°* 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

í I

i 1 B

SEMANÁRIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

ANNO W

ASSIGNATURAS Anno 1/200 | Trimestre 300 Semestre 600 | Mez (em Lisboa) 100

Toda a correspondência relativa ao Joekal deve ser dirigida á administração, e relativa á SOCIEDADE á commissão ad- ministrativa.

EDITOR — Thoma% Rodrigues Malhias

Lisboa, 24 de junho de 1906

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Séde da Sociedade —Rua do CJaes do Tojo, 20, 1."

ANNUNCI0S No corpo do jornal, linha 60 rs. | Na 4.* pag., linha... 20 ra.

RcpetiçOe* ou pennisento* ajunte convencional Ofl ir*. Bocioa e Aisignantea team abatimento de 80 por cento

Os originaes que nos dirigirem, quer sejam ou não publica- dos, não serão restituídos.

IMP. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

NUMERO

CONGRESSO DA DEMOCRACIA CHRISTÃ

Graças a Deusl Muito sincera e lealmente o

confessamos: a reunião dos de- legados dos Círculos Catholi- cos e das redacções dos jor • naes democralico-chrislãos, te- ve um êxito superior ao que Ibe assignaláramos. Se d'este pri- meiro congresso não sahiu já,co- mo desejaríamos, a orientação geral para todas as associações calholicas populares, é fóra de duvida que se lançaram os de- lineamentos do programma e que dos debates elevados e no- bres, e da discussão séria e re- flectida, sem impaciências nem fins reservados, brotou muila luz e se tiraram ensinamentos proveitosos. Como ensaio, este Congresso foi verdadeiramente util: prologo de animadas assem- bléas magnas, em que os pró- prios operários intervirão nos trabalhos, a dizer de sua justi- ça e a emittir a sua opinião, dá-nos a grata esperança do que em Portugal, a democracia cbrislã vae entrar n'uma phase nova, de profícuos labores, de constante propaganda e de re- sultados práticos.

Deus o queira!

0 congresso, como se sae,ç abriu no dia 16. De manhã, e no roagesloso templo de S. Vi- cente de Fóra, S. E. o sr. Car- deal Patriarchs resou missa no altar da Senhora da Conceição da Eufermaria, acolytado pelo rev. parocho, padre Francisco Esteves. Ao Santo Sacrifício as- sistiram a commissão organisa- dora do Congresso, e quasi to- dos os congressistas. Finda a cerimonia, Sua Eminência pro- feriu uma breve e commovida allocução, congratulando-se por vèros democratas chrislãos por- tugnezes dar publico testemu- nho da sua fé, fazendo votos pelo êxito dos seus trabalhos, e abençoaudo-os de todo o cora- ção.

I.* Sessão Das ás 6 horas da tarde

Preside S. Ex.* Rev.m* o Se- nhor Arcebispo de Mitylene, que abre o Congresso em no- me do Senhor Cardeal Palri- archa, e felicita os congressis- tas por os vêr animados da me- lhor vontade e no decidido em- penho de realisarem uma obra util e duradoura. Lembra que se iuvoque o Espirito Sanio, o que a assembléa approva calo- rosamente,e termina por levan- tar enthusiasticos vivas a Sua Santidade, ao senhor Palriar- cba e á Família Real, vivas que são correspondidos por todos os presentes.

Assume depois o logar de presidente o nosso querido ami- go Manuel Fructuoso da Fon- seca, presidente do Circulo Ca- tholico de operários do Porto,

redactor do Grito do Povo e di- rector da Palavra. A assembléa sauda-o com uma vibrante sal- va de palmas. Sua ex.* indigi ta para secretários os srs. dr. Carlos Pinto Coelho e Julio Monzó, o que é approvado e dá a palavra a este nosso collega, para leitura do seu relatório, sobre:

Finw, orgaulaação e nuitloaçâo do movimen- to outholloo popular portaguez,

0 relatório leva uma bora a lèr, e é um bello trabalho, muito ponderado e erudito. O sr. Julio Monzó, depois de va- rias observações de alguns con- gressistas, dicta as primeiras conclusões, que todos escrevem, resolvendo-se que a discussão se reserve para a sessão da noite.

0 sr. presidente antes da lei- tura do relatório, propoz que se enviasse a Sua Santidade um telegramma de saudação e pe- dindo a benção para o Con- gresso. A proposta foi appro- vada por acclamação, redigin- do-se e sendo logo expedido o telegramma.

2.* Sessão

Das 8 ás li horas e um quarto da noite

Inicia-se a discussão da con- clusão do relatório da primeira these. Esboçam-se e definem-se duas correntes: uma, a favor da cenlralisação, outra, da des- centralisação directiva dos Cír- culos. 0 relatório quer todas as associações sob as ordens de uma commissão central, que te- rá lodos os poderes e tudo di- rigirá. A maioria dos congres- sistas, como os srs. Dr. Alber- to Pinheiro Torres, padre Edu- ardo Coelho Ferreira e José Leonardo Horta á frente, dis- corda. Tomam parle na discus- são, além destes, os congres- sistas Dr. Domingos Pinto Coe- lho, padres Benevenuto de Sou- sa e Roberto Maciel, Dr.* Car- doso, Carlos Pinto Coelho e Mendes Lopes e o relator.

Dia ir

3.' sessão Das i2 l|t ds 4 1|, da tarde

0 sr. presidente declara que o secretario sr. Julio Monzó,por doença, não pôde comparecer, subslituindo-o na defeza do seu relatório o sr. dr. Carlos Pinto Coelho. Assume o logar de se- cretario o rev. padre Benevenu- to de Sousa.

0 sr. Zuzarle de Mendonça pede a palavra para propôr um voto de sentimento pela doença do relator, e para apresentar a seguinte moção,qne justifica em breves palavras :

«O congresso da democracia chribtã, reunido no proposito ge- neroso de estudar os meios de tor

l nar profícua e de verdadeiro alcan- | ce para as classes trabalhadoras a acção das associações calholicas po- pulares, affirms a sua sympathia e o seu respeito pelas justas re- clamações e pelos legítimos inte- resses do operariado, pelos quaes sincera e ardentemente trabalha ; reconhece a necessidade, que dia a dia se accentua, da iufíltração no meio social do espirito ebristão, que extinguirá odiosas explorações e revoltantes injustiças, e protesta o seu sentimento profundo pelas desgraças como a de Courriéres, que tantos milhares de operários vctimaram,e que são um grito for- midável a exigir aquella christini sação, de sorte que patrões e ope- rários se considerem e se estimem mutuamente,e os interesses «Testes sejam escrupulosamente zelados por aquelles, envidando se todos os esforços para evitar desastres e crises que são sempre uma cala- midade social e origem, muitas vezes, de perigosas desorientações e de injustiças lamentavois.»

Sobre a moção falam os srs. padre Roberto Maciel, que de- clara associar-se a ella de alma e coração, e dr. Domingos Pin- to Coelho, sendo depois appro- vada por unanimidade, bem co- mo o voto de sentimento pela ausência forçada do sr. Monzó.

Prosegue em seguida a dis- cussão das conclusões do relató- rio da i.* these, apresentando propostas de emendas e subs- tituições os srs. padre Eduardo Coelho Ferreira e drs. Alberto Pinheiro Torres, Mendes Lages e Domingos Pinto Coelho. De- pois de acalorada discussão, em que tomam parte os orado- res da vespera e o sr. Henri- que Pereira, presidente do Cir- culo Calholico de Setúbal, são votadas as conclusões do rela- tório depois de profundamente alteradas.

São as seguintes :

«1."—O congresso invocando o auxilio de Deus e da Santíssima Virgem, escolhendo a S. José pa- ra seu padroeiro, affirms a neces- sidade de estabelecer para os fíns adeante expostos o laço de união entre todas as aggremiações ea- tholicas populares de Portugal sem quebra da autonomia d'estas, que fícará integra, pelo que respeita aos fíns particulares do seu insti- tuto.

2.* — Esse laço de união reali- sa-se peia eleição n'este congres- so de uma oommissão central com séde no Porto, e composta de sete membros e presidida pelo «ordi- nários da dita diocese.

As funeções d'esta oommissão durarão até ao proximo congresso a reunir em 1907, no Porto.

3.* —Estas funeções oonsistem: a) .-m representar junto dos po-

deres públicos, em pról das reivin- dicações operarias ou populares, de interesse geral das aggremia- ções ;

b) A expedir a cada uma d'es- tas instrucções que orientem de um modo oommum a sua aoção, to- mando na devida conta os alvitres e observações apresentados por cada uma das aggremiações fede- radas;

§ único. Essas instrucções de- vem limitar-se á defeza dos prin- cipios catholicos e dos interesses economioo-sociaes das classes tra- balhadoras e suas justas reivindi- cações;

o) Em dar execução ás dilibe- rações do presente congresso;

d) Em formular o programma e executar todoB os trabalhos pre- parativos do proximo oongresso de 1907.

§ único. Entre as theses d'este congresso será obrigatoriamente incluida uma, de que será rela'or um dos membros da commissão central, e que estudará: 1.* a com- posição futura da mesma commis- são central; 2." o modo da sua eleição; 3.* as suas «atribuições.

ej Em fonccionar como juiz de paz ou como juiz arbitral em quaesquer dissecções que se mani- festem, quer entre diversas aggre- miações, quer no Beio de qualquer d'estas;

í) Auxiliar já por todos os meios ao seu alcance a creação de novas aggremiações populares catholicas e o desenvolvimento das existen- tes no sentido do trabalho nacio- nal».

0 sr. presidente dá a palavra ao sr. dr. Alberto Pinheiro Tor- res, relator da these :

• Couvenieneia do ro- busteolmento das iisso- oiaçòea mutuallataa Já. existentes, e da crea- pào de bancos popula- res, monte-plos e cai- xas ruraes.

S. ex.* que é um orador de ra- ba, eloquentíssimo, de palavra fácil e de rara elegância, lé os principaes trechos do seu re- latório, um trabalho primoro- so, e as seguintes conclusões :

«O congresso reconhece e affir- ms a necessidade de robustecer as associações mutualistas que são uma po erosa força económica, so- oial e moral, um dos meios mais efficazes para resolver a questão Bocíal e a fórma mais pratica de unifícar o movimento popular ca- tholico.

Sustenta a conveniência de dar a essas associações,tanto existentes como ás que se crearem, uma base profissional para a organisação de trabalho, ou pelos menos familiar, interessando se assim mais as clas- ses trabalhadoras n'uma obra qua si exclusivamente sua.

Encarrega a commissão central eleita n'este congresso de obter dos poderes públicos uma modifi- cação na actual lei de soccorros mutuos,que facilite a creação d'es- tas, abolindo-se a exigência de um numero elevado de socios consi- gnados na lei vigente.

Encarrega outro sim a mesma commissão de fazer todos os es- forços junto dos prelados portu- gueses para que seja oreada nos seminários uma cadeira de econo- mia social christã, onde se estn- dem não só as instituições sociaes christãs no paiz,e sobretudo as que no estrangeiro teem sido creadas pelo zelo dos catholicos, mas tam- bém os princípios tundamentaes em que assenta toda a economia social cbrislã.»

0 sr. conselheiro José Fer- nando de Sousa — que todos os congressistas saudaram de pé com uma vibrante salva de

palmas, quando sua ex.* entrou na sala — propõe que se peça a reforma da lei sobre associa- ções do soccorro mutuo. 0 con- gresso approva.

Depois de breves palavras do sr. dr. Domingos Pinto Coelho, as conclusões do relatório do sr. dr. Alberto Torres são ap- provadas por unanimidade.

4-* e ultima sessão

Das 8p ds ii[2 da noite

0 sr. presidente dá a palavra ao sr. conde de Berliandos, que não apresenta relatório escripto sobre a these:

MeioN «1© desenvolver a iuNtruocHoproOssional eutre artificum e onmpo- anzes, iuuntindo-lheM o amor u xuu pro ti hm tio e o seutlineuto da diffoida de da Mita posição so- oial.

0 grande fidalgo e illuslre orador profere um discurso in- teressantíssimo, cheio de graça portugueza, que faz as delicias do congresso Estuda o antigo e o modem') regimens ruraes, mostra a necessidade de se dar uma educação conveniente á mu- lher do operário, exalta os ser- viços prestados pelas Officinas de S. José e pelas escolas mo- veis agricolas e preconisa o res- tabelecimento das corporações operarias, adaptadas ás necessi- dades da época presente.

As conclusões do sr. conde de Berliandos, que a assembléa vicloriou entusiasticamente, fo- ram approvadas por acclama- ção.

Em seguida, o rev. Roberto Maciel, presidente do Circulo Calholico de Braga, faz breves considerações sobre o assumpto da sua these:

Estudo «Iiih eondipòns morses e materiaeM da vida. dos cuiuponezesí o dos iii-titiceM portujíue- zes e melo de um triellio- r«r.

Salienta a utilidade das ex- posições dos trabalhos dos ope- rários e propõe a fundação de escolas agronómicas para os camponezes. Lembra também que se peça aos Prelados a cre- ação de aulas de agronomia nos seminários. Todas estas propostas são approvadas por unanimidade. 0 sr. dr. Alberto Torres lembra que se procurem os meios de tornar frequenta- das pelos operários as escolas industriaes do Estado, muitas das quaes infelizmente não te- em aluamos. E' approvado.

Tem a palavra o sr. dr. Do- mingos Pinto Coelho, que lè o seu relatório, muito lúcido e simples, sobre a these :

Mnios d© desenvolver a imprensa ©ntliolioo. popular, aliai d© Miibtra- I*ir o povo d leitura, do mau J ornai.

cujas conclusões são as seguin- tes: ^

1.* — O meio capital de sub- trahir o povo á leitura do mau jojr- nal é a creação d'um diário catho- ^ lioo, bem redigido, bem informa- do e noticioso.

2.* — Os recursos d'este jornal, para elle coriesponder ao seu tim, de propaganda, devem provir prin- oipalmente dos seus leitores.

3.* — O novo jornal não deve ser lançado a publico sem um cui- dadoso trabalho de preparação

4.* — Este trabalho deve ser emprehendido por uma oommissão central que deve ramifíoar-se em commissões locaes. ~

5.*—■ A séde do novo jornal de- ve ser em Lisboa,e as commissões locaes devem espalhar-se por toda a area do paiz, ao sul de Coim- bra.

6.* — Convém que tanto a Com- missão Central oomo as das sédes prelaticias sejam presididas pelos respeotivos prelados.

7.* — As commissões looaes oc- cupar-se-hão .de formular listas de accionistas, de annunciantes e de assignantes ; de escolher corres- pondentes literrarios e correspon- dentes para a venda avulso.

8.* — Devem também formar- se commissões nas ilhas, Ultramar e no Brazil.

9.* — Só depois d'estas oommis- sões estar em relações regulares com a commissão oentral e dos re- sultados obtidos asseguraram o provável bom êxito, deve então pubiicar-se o jornal.

10.*—Na redacção do jornal de- vem ser banidos os artigos longos ou pouco comprehensiveis pelo povo.

11.*— A secção noticiosa deve ser especialmente cuidada.

12.1—As noticias de factos, em- bora criminosos, que impressionem o espirito publico, não devem ser systematicamente banidas ; an- tes, do modo de os narrar devem tentar colher-se fructos de mora- ralisação, guardada, porém, sem- pre a mais rigorosa deceDcia.

13.* —Deve promover se a afi- liação dos catholicos n'uma liga de protesto contra a má imprensa e de voto de não comprar e não lêr os mausjornaes. -

14.* —Deve promover-se a fu são no novo jornal dos. jornaes ca- tholicos sem condições suffioieu tes de prosperidade.»

0 sr. Zuzarte de Mendonça lembrou que estas conclusões fossem votadas por acclamação, com o que não concordaram os srs. relator, José Severo Horta e Dr. Carlos Pinto Coelho. Usa- ram da palavra, pedindo escla- recimentos e fazendo varias con- siderações, os srs. conde de Ber- liandos, padre Eduardo Coelho Ferreira, padre Benevenuto de Sousa, José Horta, Dr. Carlos Pinto Coelho, Dr. Domingos Pinto Coelho, Zuzarte de Men- donça e Dr. Alberto Pinheiro Torres, que declarou ser lam- bem de parecer que as conclu- sões fossem votadas sem dis- cussão.

Postas á votação, foram ap- provadas por unanimidade.

—A commissão central, de que trata a these n.* i, ficou composta dos srs. bispo do Por-

A XJniao Popular

to, D. Antonio Barroso, Manuel Fructuoso da Fonseca,presiden- te da direcção do Circulo Catho- licodo Porto e redactor politico da «Palavra»; dr. Alberto Pi- nheiro Torres, presidente do Circulo Catholieo de Villa do Conde; reverendo José Corrêa Alves da Silva, conego da Sé do Porto e presidente da assem- bléa g&al do Circulo Catholi- eo do Porto ; o operário José Martins (José Ferro), do Circu lo Calbolico do Porto, e redac- tor do «Grito do Povo»; padre Robeito Maciel, do Circulo Ca- tholico de Braga; e padre Bo nifacio Lamella, do Circulo Ca- lbolico de Barcellos; e a com missão para eshdar os meios de fundar o jornal calbolico diário, dos srs. conselheiro Fer- nando de Souza, Drs. Domingos

Carlos Pinto Coelho, Mendes Lages e Julio Monzó.

Por fim, o sr. Fernando Mar- tins em nome dos sorios da as- sociação de socorros mutuos A Democracia Chrisíã disse ter folgado de ver que o congresso chegasse a conclusões praticas e manifestasse o desejo de que os operarias dirijam as suas as- sociações e gozassem, dentro delias, de liberdade e autono- mia, não serido autómatos nem pbonograpbos.

A sessão foi encerrada aos vivas a Sua Saniidade, ao Sr. Cardeal Patriarcha, ao Sr. Ar- cebispo de Milylene, e Manuel Fructuoso da Fonseca, etc. O sr. padre Eduardo Coelho pro- poz um voto de louvor á com- missão organizadora do con- gresso; o sr. dr. Domingos Pinto Coelho um voto de agradeci- mento a todas as corporações e jornaes que enviaram delegados áquelta reunião; e o sr Zuzarte de Mendonça um voto de lou- vor-á mesa do congresso. Fo- ram lodos unanimemente appro- vadoí.

# # #

Depois de encerrado o Con- gresso, o sr. Arcebispo de Mily- lene recebeu o seguinte telegra- ma :

Roma, 18, a« 4 liorat da (arde.

Agradecendo on aenlimcn- lo> InlerprclHdon no aeu te- legram ma, o Manto Padre re- nova a bençãoJâ mandada ao Congren-o dna an>orla- çõe» catbollcaa popularet portuguesas.

(a) Cardeal Merry del Tal,

—0 secretario d'esla redac- ção agradece por esta forma, reconhecidamente, aos seus nre- sados amigos e colegas no con- gresso que lhe dispensaram pro- vas de verdadeira estima, espe- cialisando os dei» gados dos cír- culos de Setúbal e Vizeu, os illustres padres Boberto Maciel e Benevenuto de Souza; e o grande jornalista, honra da im- prensa catholica, Manoel Fruc- tuoso da Fonseca, director da Palavra.

Centro Social Chrisíão Kua do Cars do Tojo, 26,1.°

Assembleia Oeral São convidados todos os so"

cios d'esie centro a reunirem em Assembleia Geral na proxi ma terça-feira, 26 do corrente, ás 8 horas da noite, afim de re- solver sobre assumptos graves e urgentes, que a direcção pre- tende expôr.

* Haveodo dois socios que es-

tão em debito de suas quotas vde'sde a sua fundação, são por

este meio convidados a satisfa- ze-las, participando-se que os respectivos recibos se encontram em poder do

Não acreditamos

Um nosso amigo acaba de nos informar que a direcção da Associação de Soccorros Mu- tuos tA Democracia Christã» está em negociações com a casa Verites, da Guarda, para esta lhe fornecer jornaes para a associação, acabando esta com a publicação do seu orgão.

Não acreditamos. Isso seria um desmentido

formal ás afirmações feitas peto sr. dr. Carlos Zeferino Pinto Coelho, presidente da associação quando procurou convencer os socios e não socios, que tinha sido um bom acto administrati- vo a fundação d'aquelle orgão, substituindo o jornal que auxi- liou a fundação da associação, de que s. ex.* era e é presidente.

Julgamos que a administração da ca>a Verites não fará esse contracto pois conhece mais ou menos os factos que se teem passado com esta associação, e os jornaes seus orgãos, sendo o actual fundado por uma di- recção eleita por 17 votos con- tra 34, e contra o parecer de muitos dos socios e até de alguns membros da direcção an- terior.

-ooooo—

DMA TORPEZA Não queremos deixar de lavrar

um vehemente protesto coutra o procedimento brutal e estúpido, proprio de gente sem imputação moral, dos manifestantes... ditos republicanos que, em a noite da chegada dos Fenianos, houveram por bem dirigir-se á rua Formosa, a gritar insultos e obscenidades contra o Século, acompanhando a berraria de apedrejamento, e che- gando a partir um dos vidros dos mostruários e a aggredir o policia de serviço na rua, que acudiu a reprimir a bestialidade.

E lavramos este protesto com toda a espontaneidade, com o mai- or desassombro, e com esta fran- queza que tem sido sempre a ca- racterística d^ nossa vida de jor- nalistas. Sabe-se quem somos, e como pensamos; quaes os nossos princípios e as nossas convicções.

Precisamei.te em nome e por amor dessas conviccõos e desses princípios, reprovamos energica- mente a manifestação, que eviden- cia uma deplorável ausência de seriedade e de critério u'aquelles que arremessaram pedras contra uma redacção e vomitaram insul- tos contra o seu pessoal.

Deixem-nos, porém, dizer tudo : os verdadeiros responsáveis desta torpeza, que revela a noção que certos republicano» teem da liber- dade... e nus avisa eloquente mente sobre o que pode esperar o paiz de certos borradores de officio numa aneia insoffrida de desorien- tar os fracos e de impelir os maus

violências de toda a ordem, a verdadeiros crimes até — esses responsáveis não estiveram na rua Formosa, não se encontravam entre os... manifestsntes. Prepa- ram o terreno, incitam e sugges- tionam o populacho, nas suas dia- tribes, nas suas pasquinadas, nas suas pretensas indignações coutra injustiças e acções reprováveis:

ficam em casa, ou à mesa do trabalho, tranquillos,correctos, ap- parentando nada ter cóm as proe- zas dos arruaceiros e até conde- mnal-as severamente—em meia dúzia de linhas de ciareza equi voca.

Esses é que bSo os culpados das malfeituria8 dos míseros que ora insultam os redactores de um jornal ora arremessam pedras con- ta as casas religiosas, tudo em nome da liberdade, que elles não sabem o que seja, nem o que si gnifique...

Esses os responsáveis : esses os que, sempre protestando o seu respeito pelos direitos e pelas re- galias dos cidadãos, e o seu culto pela justiça..., hoje calumniam respeitáveis sacerdotes ou catho- licos honrados, e amanhã dennn- ciorâo á cega e brutal vingança da povo, homens que não seguem pelo seu caminho, ou que teem a hombridade de apreciar e punir, como ellas mereceu, as suas men- tiras, e as suas vilanias.

Essa gente não pode convir a sr. Thesoureiro. nenhum partido serio eia maior

Lisboa, 20 de junho de 1906. difficuldade que se levanta ao tri- Pela direcçXo umpho dos bons princípios. Quer

O 2° secretario — João Pedro o despotismo, nunca a liberdade. de Cia. E* feroz, intolerante, intratável.

Constitue a vergonha de uma época oomo a actual. Falha de aspirações generosas o sem um ideal nobre, é rica de audaoia, de atrevimento e de instinctos san- guinários. E' a essa audacia que deve a sua trÍ3te popularidade.

O Século conhece os nossos ideaes, que já tem combatido com violência, não deixando por ve zes de escandalizar e aggravar 1 Egreja e os crentes. Não ó um jornal catholico ; sabemol-o muito bem, e não o podemos esquecer. Isso não impede que nos insurja mos contra os ataques á sua pro priedsde e contra a mesquinha campanha que lhe moveram. Não se discute insultando. E é por nós sermos os verdadeiros liberaeB, termos a noção exacta da líber dade, e nos presarmosde ser fieis aos princípios que protestamos coutra a arruaça da rua Formosa e contra os seus instigadores, cha- mando a attenção dos leitores pa- ra a significação dessa proeza, que mostra^olaramente de que são ca pazes os republicanos portuguezes em contaoto com o povo, e que o povo mais conhece e mais parece estimar, por não saber, afinal, o o que elles valem. leB querem.

e o que el-

A CATASTROPHE DE

COURRIÈRES

O bando precatório

Realisou-se no domingo passado o bando precatório, promovido por uma commisBão de operários, a favor das victimas da horrível ca- tastrophe de Courriéres, e das suas familias. Como se sabe, o bando estava para sair ha tempo, pouoo depois de dar-se o espan toso desastre ; mas o governo de então, não se sabe porquê, houve por bem negar a auctorisaçXo, não se lembrando sequer de que pra- ticava uma extraordinária iojus- tiça, visto que facilitara por todas as formas, e permittira, sem a mais leve hesitação, o bando a fa- vor das victimas do Aquidaban.

O governo actual entendeu, e por isso é digno de todo o ap- plauso, que nenhum motivo havia para que se impedisse esta mani- festação de saudade pelas victi- mas da horrorosa catastrophe, e deu á commissão promotora a ne- cessária licença para sahir o bando.

Entretanto, o seu resultado ti cou muito & quem da nossa espec tativa. O rendimento do peditório foi apenas de trezentos mil reis, pouco mais ou menos, isto é, não ohegou a metade da quantia ob- tida paia as familiaa dos mari nheiros brazileiros.

Deve attribuir-se talvez este re- sultado ao facto de se realisar o bando muito tardiamente. Tam- bém nos parece que foram mal escolhidos o dia e a hora para essa manifestação tão sympathies.

— Aos nossos leitores e amigos recommendamos empenhadamente a subscripção aberta n'este sema- nário a favor das victimas de Cour- riéres. Todo e qualquer donativo aooeitamos com satisfação e agra- decimento, na certeza de que, uns e outros, cumpriremos um grande dever de caridade, contribuindo para melhorar, para attenuar, quanto poBsivel, a calamitosa si- | tuação em qua ficaram aquellcs desventurados. '

Congresso do$ jornalistas

catholicos Estão publicadas as actas do

primeiro congresso dos jornalis tas catholicos portuguezes, rea lisado nos dias 27, 28 e 29 de abtil de 1905. De ha muito es perada, esta publicação repre senta um verdadeiro serviço aos jornalistas que tomaram parte na conferencia, e áquclles que, não podendo assistir a el la, se conformaram com as de liberações tomadas e por ellas teem de regular a sua orienta ção e as suas relações com os jornaes e os camaradas domes mo campo e do campo oppos to.

Nos proximos números pu- blicaremos as conclusões mais importantes que foram votadas

As festas de Junho Apontamentos da carteira

de uui reporter

Terça, feira, 12 — Duas horas da tarde — Vão ser inauguradas as bariacas do Rocio, que está vistoso e muito conuor rido. Animação deasusada pelas ruas ; muita gente de fóra, olhan do curiosamente para os prédios, para aB lojas, para os nossos fi gurinos e para as nossas elegau tes... Certos trajos femininos es pantam, e com razão, província nas iugeiíuas, incapazes de se de- cotarem assim, e de apparecerem na rua com uns taes espartilhos e umas taes ancas... Uma saloia que vae perto de mim, quando pas sam algumas senhoras escandalo- samente vestidas, toma as por aquillo que ellas não são, masque parecem ser... E' moda, isto as senhoras gostam, e os homens não se oppõem. Que lhes preste.

Muita gente na Avenida. Os pavilhões e palanques são de bom gosto, e vastíssimos. Parece que a illuminaçáo não será bastante. Veremos.

Dez horas da noute — Ha im- mensu gente nas ruas; mas pode ainda aodar-se sem grande diffi culiiade. As illuminações no Rocio eão de beilo effeito, as barraoas fazem um certo negocio. Na Ave nida, a impressão é de tristez »• Não ba luz... ; as borboletas e os gafanhotos, ílluminados, não bastam. O espaço é enorme para tão poucas tampadas. Se as bor boletas estivessem mais pioximas umas das outras, e se, dos lados, houvesse quaesquer outros orna- tos, então, sim : a perspectiva se- ria excellente. E' pena que não houvesse mais luz, pois a idea apresenta originalidade.

Que, para illuminações aRsim, eu não querei ia a electricidade. Tem sempre provado mal...

Na Rotunda, o povo é uma massa compacta. Toda a gente quer vêr os ranchos das provia cias, apreciar as suas danças e ouvir os seus descantes. Poucos populares conseguem isso. O pa- vilhão devia estar mais alto. 86 dos palanques se poderá gozar bem o espectáculo. Ouço que as tricanas cantam admiravelineute, e que é o rancho de Coimbra o que mais tem agradado.

Vae começar o fogo.. . Pum,

Q

O livro da Primei ra Communhào, — pe- lo Padre Bataille, traduzido do francez pelo Padre Manuel Go- mes Leite.

Temos sobre a mesa este in- teressante e muito util livrinho, cuja offerta agradecemos ao seu traductor.

Recommenda-lo com todo o empenho parece-nos um dever, por quanto, alem de satisfazer plenamente ao fim que o seu titulo indica, é um bcllo guia espiritual para todo o christão, um ameno expositor de verda- des,conselhos e exemplos, que nem só as creanças devem me- ditar e seguir, e um repositório de muitas orações e exercícios de piedade.

Vende-se nas livrarias do Por- to, a 5oo a 3oo réis cartonado, conforme o papel e a cartona- gem.

O seu traductor, rev. capellão do Hospital do Terço do Porto, satisfaz de prompto e franco de porte qualquer requisição.

pum, pum Vejamos. Onze e meia Pela Avenida abai-

xo ou(,o os commentarios ao fogo de artificio. São conformes aos que, de mim para mim, estou fazendo. Não foi mau ; mas foi inferior ao que era licito esperar 11'uma festa com este caracter. Uma coisa ba- nal, já vista n'outras oocasiões menos solemnes... Os pyrotechui- cos estiveram infelizes, e o grande Club não ficou, decerto, muito contente.

Quarta.foira, 13 — Oito horas da noite. — Meia Lis boaestá na rua, com certeza. Es- pera-se anciosamente o cortejo. Ha o maior empenho em ver os carros dos Fenianos. E os nossos ? Que figura fará a capital 2 As janellas estão apinhadas; nas más as alas são compactas. Pergunta- se se haverá manifestações aos Fenianos. se o cortejo será rece- bido com enthusiaemo. Eu duvido que o effeito seja aquelle que muitos esperam. Não me cheira que, á noite, a luz de archotes e fogos de b ngalla chegue para il- lumiuar tudo bem. .. Mas emfim, esperemos.

— Dez e meia. A meio da Ave- nida. A demora é grande, mas

ninguém arreda pé. Ouve-se de repente uma estrondosa girandola de foguetes : Lá vem eUe !

Não ha policia a manter o po- vinho noa seus logares ; e o po- vinho precipita-8d dos passeios para a rua central, e aporta-se, empurra se, esmaga se, n'uma ancia de vêr bem de perto... E' natural 1 De noite, se não fôr as- sim, fica na mesma...

... E' uma desillusão o cortejo. Pouco numeroso, pouco interes-

sante, mal illuminado. Os grupos voem uns sobre os outros, confun- dindo se. Os ranchos não tocam, nem cantam. Poucos carros alle- goricos, pouquíssimos ; e esses... de uma pobreza franciscana. Os Fenianos, sim ! Que sumptuosida" de de fatos, que riqueza de carros, de um soberbo gosto artístico 1 Tu- do bem posto, tudo organisado com intelligencia 0 ordem. Um bra o ao Porto ! Ha muitas palmas e oalorosas vivas. L>e inteira justi- ça. O carro do Porto é uma ma- ravilha ! Que pena este cortejo não destilar de dia pelas ruas da capital, para se apreciar bem, no coujuncto, e para se admirarem os carros dos Fenianos !

Foi uma triste idéa, a do corte- jo nocturno. De dia. o effeito seria muito differente, e a despeza mui- to menor. Emfim, como estas fes tas são um ensaio, para o anno deoerto que o grande Club modi- ficará este numero.

O concurso das janellas illumi nadas ficou quasi deserto.. ., co- mo o primeiro concurso dos taba cos. Mas o premio não podia ter sido adjudicado com maior justi- ça; as janellas do Banco Inglez estavam um brinco !

Ao contrario do que certos mal- dizentes esperavam, o sr. dr. Af- fonso Costa não andou de automó- vel nas ruas do cortejo, nem se encorporou n'elle... Fez muito bem !

Quinta.-feira. 14—Dez horas da manhã — Ando de nariz para o ar,á cata de janellas flori- das. .. Pois sim 1 As flores estão caras. Uma ou outra, apenas, tem ornamentação. A do Hotel Fran- cfort está rica e de bom gosto. Estes números do programma hào de ser eliminados com ceite za para o anno-

Cinco horas. — Muita gente na Aveuida. Um sol de rachar. O con- certo pela grande banda agrada muito. Espera se que os bombei- ros paesem, mas os bombeiros não apparecem.

Sete horas — E' agora a para- da. A demora tem uma explica- ção : a Família Real, convidada para assistir aos festejos, não poude vir mais cedo. A parada é um bom numero das festas; mas nem por isso despertou grande in- teresse. A Avenida não tinha a concorrência que era de esperar.

Dez e meia — Vae começar o fogo. Agora sim. A multidão é compacta. Quasi se não pode an dar. No pavilhão, as raparigas de Coimbra e os outros ranchos bai- am e cantam, applaudidas a va-

ler. A noite está soberba. Não ha uar que prejudique o fogo. Será melhor ou peor que o da aute-ves- pera ?

Meia noite — D'esta vez, para- >ens ! O Grande Club deve estar satisfeito. Um fogo exoellente. Va- ríad >, interessante, original por vezes. Ainda temos fogueteiros ! j

DO PORTO a

A peregrinação ao Monte da Virgem, em Oliveira do Douro, tealisada no ultimo domingo e promovida pela benemerila As- sociação da Mocidade Catholica, sob a protecção do veuerando Prelado do Porto, foi uma bri- lhantíssima demonstração de fé catholica, e assumiu as propor- ções de um verdadeiro aconte- cimento, constituindo uma das mais bellas paginas da historia do christianismo em Portugal. Quizeram os elementos revolu- cionários e as associações se- cretas, inimigas da liberdade e da religião, pôr obstáculos á re- alização d'aquelle acto de fé; procuraram agitar os socialistas e os libertários no sentido de se opporem á manifestação dos catholicos, em nome da tolerân- cia e da liberdade, já se vê liber- dade e tolerância que elles só querem para si, absolutas, com- pletas. ..; e alé lançaram mão do recurso, aliás fácil, de es- palhar o medo. Pois, não obstan- te tudo isto; os catholicos, no pleno uso de um incontestável di- reito, mais uma vez afirmaram as suas crenças, a sua devoção pela Virgem, e a sua fé ardente e profunda. E a tão annunciada con Ira-manifestação dos socia- listas e acrátas foi um verda- deiro e tremendo desastre.

Rejubilamos com o facto, que ê duplamente significativo. E não nos cancemos de desilludir o pobre povo, que julga ter nos homens dos comícios e das as- sociações socialistas e republi- canas os melhores defensores da liberdade e da tolerância, quando elles afinal não passam de uns grosseiros déspotas, e dos DESOKIENTADORES DO PROLETARIADO, como fre- quentemente se tem visto. Pois se elles na verdade quizessem a liberdade e por ella sincera- mente pugnassem, pensariam acaso alguma vez em impedir os catholicos de realisarem as suas peregrinações e de exleriorisa- rein as suas crenças, constituin- do elles, de mais a mais, a gran- de maioria da nação ?

n A Condemnação

do Socialismo

Do Grito do Povo:

it

«Aos nossos estimados leito- res e em especial aos que mais de perto acompanham o movi- mento social christão, recom- mendamos a leitura do brilhante opúsculo de propaganda anti- socialista que tem por titulo A condemnação do socialismo e de que é auctor Carlos Penalva.

E' um hvrosinho d'um mere- Nâo está tudo perdido 1 A multi-1 cifPento extraordinário e verda- dão gosta, e tem exelamaçâes de ' «curamente interessante, pois applauso. Na verdade, estes pyro- contcm.yma variada collecção rotechnicos esmeraram se. As fes- tas auabam bem. Não appareceu na Avenida aquelle automóvel, que os senhores sabem. ..

( Continua) Vérita*.

A VIAÇÃO

Pretenções Impossíveis Protestos enérgicos

A companhia dos carris de erro pretende fazer approvar

um novo contracto com a Ca- mara municipal que é nma ver- dadeita... mina. Uma mina pa- ra ella ; uma exploração para o publico, para os propiietarios de trens e carroças, para toda a a gente, emfim. Basta isto: pelo contracto referido ficam as ruas da cidade em poder da compa- nhia por gg anitos!

Nâo pode ser, e não ha de ser. Está se operando um serio movimento de protesto, e no proximo numero faltaremos do assumpto.

de opiniões d'alguns distinctos e considerados sociologose eco- nomistas sobre o socialismo, com os quaes muito aprenderão os operários catholicos a fim de po- derem mais vantajosamente de sillustrar os seus companheiros de trabalho que por infelicidade ainda andam acorrentados ás d utrinas e preconceitos do so- cialismo.

O livro de Carlos Penalva to- dos devem possuil o, os que se interessam pelo progresso e de- senvolvimento da propaganda democrática christã, pois álem do seu valôr é extremamente barato, apenas 60 reis.

Os pedidos podem ser feitos ao editor sr. José Pereira de Castro, proprietário da Livraria Povoense, á Povoa de Varzim.»

CASA DOS LINHOS DE

Raphael Pereira dos Santos

288, Raa Fernandes Thomaz, 290

A TJ niSo Popular

EM SETÚBAL

O P. Roberto Maciel de visita ao Circulo Catliolico — Conferencia notável Um brilhante improviso do P. Fernandes de Castro

A visita do rev.®0 P. Roberto Maciel ao Circulo Catholico d O perarios de Setúbal, foi um acon- tecimento que ficará registrado nos annaes d'aquella prestante aggremnção, assim pela honra que em si representa essa visita, como pelos ensinamentos que se colheram da sua amavel confe- rencia.

Seriam 4 e meia horas da tar de de quinta feira 14 do corren te, quando aquelle zeloso apos- tolo da democracia christã des cia a carruagem do caminho de ferro na estação de Setúbal.

Aguardavam a sua chegada o Eresidente do circulo ex."10 sr.

[enrique Augusto Pereira e os rev 08 pad. Lopes de Balazeira e Fernandes de Castro, assim como os nossos dedicados ami- gos Moura Magalhães, Martins Catraio, Hermínio Cunha, An- dré Blanc, Correia Batalha, An- tonio Taborda, Rosa Martins, Joaquim Moreira, Ferreira Go- mes e ainda outros, da direcção e simples membros do circulo, trocando-se entre todos e o re- cem-chegado os mais cordeaes cumprimentos.

Encaminharam se então todos em trens para o coilegio de S. Francisco,onde s. rev. se hospe- dou e onde se trocaram varias impressões sobre esta nova cru- zada da rechristianisação social em que aquelle benemerito sa- cerdote tem tomado a vanguar- da.

A sessão onde s. rev. fallou teve logar pelas nove e um quar- to da noite. Quando s. rev. deu entrada na sala das sessões, ao lado do digno presidente do Cir- culo Catholico, foi alvo de uma vibrante ovação, ao passo que a pequena orchestra tocava o hy- mno do Circulo.

Então o ex.®0 presidente fez a apresentação do conferente, di- zendo que escusava referir-se de aos trabalhos de s. rev.como ver- dadeiro apostolo da democracia christã, por elles serem bem co- nhecidos e justamente aprecia- dos, não querendo de forma al- guma demorar o anceio da as- semblea por ouvir a conferencia do rev. P. Maciel, e por isso lhe concedia a palavra. —Só tem que agradecer as pa-

lavras amaveis de s. ex.* o digno presidente do Circulo de Setú- bal, —começa o orador por de- clarar — não vae ali fazer uma conferencia, mas uma palestra entre amigos.

Esta ideia de vir fallar aos operários do Circulo .de Setú- bal veiu-lhe á mente desde que pensou em vir a Lisboa, a dois passos d'este Circulo que elle de sejava conhecer de perto.

Por isso não virá dizer cousas novas, desconhecidas da assem- blea que o escuta, mas tão só- mente lembrar-Ihe verdades, communicando lhe o fogo que arde no seu coração, e o faz de dicar a estas obras sociaes todos os momentos vagos dos seus la- bores.

Analysa em rápido escorço os vários systemas que se teem in- ventado para resolver o proble- ma social, desde as utopias dos philosophos antigos até ao so- cialismo moderno que só quer ver um capitalista : — o estado, até o anarchismo que nem no estado quer ver o capitalismo ; e accrescenta que o capital não é um mal como estas escolas pretendem fazer acreditar, mas um bem, um beneficio social.

O que é um mal é o abuso que o capitalismo faz da sua preponderância na ordem social, e por isso se tem dito que a questão social é antes uma questão moral do que um pro- blema economico.

Faz ver como se precisa ago- ra mais do que nunca de cara- cteres íntegros, recordando o que ouvira em Roma ao abbade Garnier : que para a renovação social se preciza de homens ; isto quer dizer, de caracteres formados nos ensinamentos da egreja, retemperados pelo espí- ritos de sacrifício e abnegação que tudo vence, que tudo su- pera.

Sua reverencia mostra a gra- vidade da questão operaria dos nossos dias, no que respeita ao adeantamento crescente das in- dustrias em paizes até ha pouco sequestrados ao convívio da ci- vilisação occidental. Refere se á China, ao Japão e á Índia, cujos artefactos se apresentam já nos mercados europeus em concorrência vantajosa com os d'estes paizes, e pergunta o que será quando a China introdu- zir na sua industria os machi nismos aperfeiçoados, e abrir os seus portos ao commercio uni- versal.

Virá talvez uma crise teme- rosa que aggravará de uma forma assustadora as condições de vida das classes proletárias. E a essa crise se juntará, au- gmentando-a, o estado de des- moralisação e descrença em que a sociedade se encontra pelo desvio que o capitalista e o tra- balhador tomaram das normas e preceitos da egreja.

Os círculos operários crea- ram-se para refugio do opera rio, para moraigerar a sua vida, pautando a pelos preceitos do Christianismo ; e por serem cír- culos operários, não pensem que n'elles não podem ter ca- bimento as outras classes da sociedade. Sim, podem, porque todas tiram proveito de se ap- proximarem sob o sancto influ- xo das doutrinas da Egreja. E são tão saluctares os benefícios que os Círculos Catholicos der- ramam nos povos, que o San- to Padre Leão XIII não duvidou affirmar que desejava ver em cada freguezia um Circulo Ca- tholico.

Passa a ennumerar os meios práticos da acção dos Círculos Catholicos e a descrever as van- tagens de cada um. Refere-se com mais largueza á propagan- da da boa imprensa, e conta co- mo o respectivo grupo do Circu- lo a que preside opéra para le var a sã doutrina ao seio do po- vo.

Conta como este grupo sabe approveitar as mais insignifican- tes opportunidades para propa- gar a boa leitura, e como os in- divíduos que a isso se dedicam estão adestrados n'este genero de apostolado. Exemplifica com um caso. (

Dois propagandistas distri- buem os seus opúsculos n'um passeio de Braga, sem se perde- rem de vista como é da praxe. Um d'elles dirige-se a um sujeito que, sentado n um banco.se de- licia ouvindo a banda regimen- tal que toca, e offerece-lhe um folheto.

— Não quero, diz o homem. — Oh ! Pois nem de graça ? | — Nem de graça... conven

ça-se que perde o seu lempo... — Talvez não, retorquio o

propagandista, ao passo que o seu interlocutor se virava para o outro lado do banco.

N'este momento chega o ou- tro propagandista :

— Então, fulano, vem d'ahi. — Tenho estado a offerecer

este folheto a este cavalheiro,que o não quer.

— Sim ? Não acceita ?... Ora pois, vem d'ahi, isso é porque talvez elle não saiba lêr.

O homem,como que impulsio- nado por uma mola occulta, deu um salto no banco exclamando...

— Essa é boa, pois eu não sei ler? Ora dê cá o folheto, que é para lhe provar que sei.

Foilhe este entregue, leu-lhe o titulo, e metteu o no bolso.

O illustre conferente passa a preconizar o espirito da carida- de que deve reinar n'estás ag- gremiações : e mostra como se não deve trabalhar n'um Circulo por simples ostentação mas com os olhos postos em Deus, por amor da sua gloria e do bem so- cial.

Pede a todos que tenham a maxima caridade para com o proximo, e muito especialmente para com os nossos inim gos.

Guerra tremenda contra as ideas, mas respeito para com os homens.

Guerreamos as ideas,mas res

peitamos os homens porque os nossos inimigos de hoje podem ser os nossos melhores amigos

j de amanhã, quando orientadas, se convençam de que a verdade e a justiça estão a nosso lado.

A proposito disto, refere-se ao operário portuense José Ferro, que sendo um inimigo ferrenho dos catholicos é hoje o secre- tario do Circulo.

Enthusiasma-se ao descrever a evolução de José Ferro, pe- dindo para elle uma salva de palmas, ao que a assembles res ponde fazendo uma ovação ao secretario do Circulo do Porto.

Conclue levantando um viva, em nome do Circulo de Braga, a que preside, ao Circulo Catho- lico de Setúbal.

Coroada por uma estrondosa salva de palmas a conferencia do illustre apostolo da demo cracia Christã, dita com essa calma e placidez que calam no espirito dos ouvintes as mais so- lemnes verdades da hora pre- sente, e com que aquelle bene- merito propagandista sabe em polgar os ânimos de quem o es- cuta, a pequena orchestra do Circulo fez ouvir uma melodia de delicioso effeito, que a assem blea apolaudiu freneticamente.

Assistia a esta sessão o nos- so bom amigo Padre Fernandes de Castro, digno parocho em Salvaterra de Magos. A assem bléa irrompe n'uma ovação de- lirante áquelle nosso amigo.

— Seria forçoso acceder á vossa chamada, diz elle, se eu não tivesse formado tenção de dizer-vos alguma cousa. Sente o coração jubiloso por achar-se n'aquelle recinto, onde a mesma crença irmana condições so- ciaes tão diversas, e desejaria que elle podesse abranger, n'a- quelle momento milhares de in- divíduos como esses audictorios enormes a que fatiava o thauma- turgo Antonio de Lisboa.

Vê entre a ornamentação das paredes d'aquella sala pequenos dísticos que recordam villas e cid des do nosso Portugal. O que significa isso ? Simplesmen- te o espirito de fraternidade christã, que une n'um amplexo tantas aggremiações congeneres espalhadas por esse paiz.

Falia com enthusiasmo de S. Francisco de Assis, que fez na idade media uma verdadeira re- volução no mundo moral. Sabe como dos seus clautros sae esse espirito de caridade e santa ale- gria; não esquecerá a confiança que Leão XIII depositava na Or- dem Terceira Franciscana para a renovação da sociedade.

Crê que esse espirito christã- mente democrático de S. Fran- cisco e St. Antonio de Lisboa, copiado na sociedade contem- porânea, hão de salvai a evitando que se despenhe na anarchia.

O P.° Castro foi delirantemen- te applaudido no final do seu discurso, de que o nosso peque- no resumo não é mais do que uma tenue sombra.

Fallaram ainda em dois bre- ves improvisos os nossos ami gos Rev. Lopes de Balazeira e Raymundo Barata, depois do que o digno presidente do Circu- lo, agradecendo a todos, deu por finda a sessão.

Quando o Rv. P. Maciel se retirava, ainda foi saudado com uma salva de palmas, levantan- do alguns socios vivas aos Cír- culos Catholicos de Braga, Por- to, Lisboa, etc.

Tamoem foram levantados enthusiasticos vivas ao P.° Ro- berto Maciel, ao P.° Benevenuto de Sousa a Fructuoso da Fonse- ca e ao operariado catholico, etc., etc.

Porfírio.

SENHORA

Nova e de muilo bom senti- mento, offerece-se para dama de companhia ou para ensinar meninas a bordar, musica, ele. Deseja casa muilo capaz.

Carla á rua do Quelhas, 117, i.° a R. M. B.

Domingo

24

Junho

CALENDÁRIO

16B0 — Nasce Charchill

A 24 de junho de i65o nasceu em Ask (Inglaterra) John Churchill, duque de Marlborough. O du-

que descendia d'um fidalgo realista e entrou ao ser- viço, como pagem, do duque de York, que mais tarde foi rei com o nome de Jacob II.

Começou a sua carreira mi- litar nos Paizes Baixos, mere cendo os elogios, pelo seu va- lor, dos mais afamados guerrei- ros do tempo, e entre elles de Turenne. Voltando a Inglaterra, depois da paz de Nimegas, ca- sou com Sara Jennings e foi nomeado duque, par da Escos- sia e commandante d'um regi mento de dragões.

Quando o duque de York su biu ao throno, foi escolhido pa- ra embaixador na França, cargo que desempenhou com tal habi- lidade que no seu regresso foi acumulado de honras e mercês, augmentadas depois por haver contribuído para vencer a rebe- lião do duque de Monmouth, filho natural de Carlos II, que disputava a coroa ao rei Jacob.

A ambição de riquezas e hon- ras levou-o a trahir Jacob em favor de Guilherme II de Oran- ge, que se sentou no throno que Marlborough lheentregára, Gui- lherme nomeou-o chanceller e mandou-o contra a França, guer- ra em que o duque obteve brilhantíssimos triumphos entre elles o de Slenheim.

Marlborough teve um dia re- morsos da traição que praticára, e foi offerecer os seus serviços a Jacob, que se achava exilado. Jacob perdoou-lhe, mas não lhe perdoaram os jacobitas, que o denunciaram a Guilherme, o qual o mandou encerrar n'uma torre de Londres, da qual só sa hiu quando o throno, por morte de Gui herme, foi parar ás mãos da rainha Anna.

Mas em breve as primeiras accusaçõcs contra a ambição desmedida de Marlborough vie- ram á tela da discussão, e elle teve que se exilar nos Paizes- Baixos, para escapar ao furor dos seus inimigos. Veiu a Ingla- terra mais tarde, fallecendo em Windsor-Loge em 1722 e dei- xando uma -immensa fortuna, nem sempre honradamente ad quirida.

ESCRITURAÇÕES

Fazem-se por preços modicos tanto pelo sysiema simples como dobrados, carta á admnistração d'este jornal a F. A.

CORRESPONDÊNCIA

Ílhavo, IO.

No dia 14 do corrente teve logar a cerimonia da primeira communhão ás creanças.

E' digno de todo o louvor o rev. parocho d'esta freguezia, conego dr. Manuel Branco de Lemos, pelo zelo e cuidado com que se esmerou em preparar as creanças que pela primeira vez iam receber o Pão dos Anjos.

Nos trez dias que procederam a communhão não se poupou o digno parocho a trabalhos, empregando toda a actividade em praticas e outros exercícios piedosos, para avivar a fé e fir- mar os sentimentos religiosos d'aquelles, que pela primeira vez se deviam chegar á Sagra- da Meza.

A cerimonia principiou pelas 9 horas da manhã, celebrando a missa, cantada a orgão, o rev.° parocho acolytado pelos rev.#s João Quaresma e Manuel Vieira Martins.

Antes de ser ministrada a communhão, subiu ao púlpito o rev.° coadjutor Manuel de Cam- pos, que em linguagem accessi- vel proferiu um pequeno discur- so, repassado de uneção religio- sa exitando ao arrependimento e á contricção os jovens commun- gantes, vendo-se então muitas faces orvalhadas de lagrimas no meio do numeroso auditório que enchia o vasto templo.

Em seguida o rev.° parocho

distribuiu a communhão a mais de 200 creanças que a recebem com grande devoção e não me- nor edificação de todos quantos presencearam tão tocante ceri monia

—N'esse mesmo dia realisou- se com a pompa c brilho dos mais annos, a festividade em honra de Santo Antonio, haven- do, pelas 11 horas do dia, mis- sa cantada a grande instrumen- tal, e á tarde procissão, em que se encorporaram diversas irman- dades, e vestindo roupa branca todas as crianças do sexo mas- culino que commungaram, n'es- se dia, pela primeira vez.

Conduzia o Sacramento o rev.0 prior acolytado pelos rev.01 José Nunes Valente e Domingos Fernandes Borrelho.

— Na próxima sexta feira rea- lisa se também a festividade do Sagrado Coração de Jesus, uma das mais pomposas e brilhantes que aqui se costumam realisar

Ao envangelho subirá ao púl- pito o ex.®0 sr. dr. Corrêa da Silva, conego da Sé do Porto.

c.

O NOSSO CORREIO

Parlicipamos a todas as pes- soas que se inscreveram como assignanles enviaodo-nos a sua adhesão e áquellas a quem le- mos enviado o nosso jornal e que o não teem devolvido, que vamos proceder a cobrança das quolas relativas ao mez dejunho.

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO „

CHRISTÂO

Lisboa — E' hoje que se re- alist do Circulo Catholico da Irn- niaculada Conceição a 2.* confe- rencia da serie sobre questões so- ciaes, sendo orador o nosso cama- rada Zuzarte de Mendonça. Em seguida haverá recita.

— Brevemente reúne a assem- blea geral deste Circulo para a- preciar as contas e relatórios da Direcção, e eleger os novos cor- pos gerentes.

— Na reunião de direcção da 5.a feira ultima foram tomadas importantes deliberações, que vi- sam ao maior engrandecimento e prosperidade do Circulo, e que opportunamente serão conhecidas.

Porto — O Circulo Catho- lico de Operários do Porto com- ruemorou com toda a pompa, no penúltimo domingo, o 8.° anniver- sario da sua fundação, ao mesmo tempo que celebrou a festividade ao seu Augusto Padroeiro, o Sa- grado Coração de Jesus.

A's 8 h. da mancã houve mis- sa resada por alma dos socios fal- lecidos, na egreja dos Extinctos Carmelitas, sendo eelebiante o re- verendo padre Antonio Vieira da Costa, digno assistente ecolesias- tico do Circulo.

A's 8 horas da noite effectuou- se no grande salão da Associação Catholica, obsequiosamente cedi do pela sua illustre direcção, a a- cademia litterario-musical, que foi revestida d'um brilho o Juzi- raente desusados.

O amplo salão achava-se visto- samenta eugalanado, vendo-se ao cimo da meza presidencial nin for- moso quadro do Coração de Je- sus.

Presidiu o rev.e Conego dr. Jo- sé Alves Corrêa da Silva, illustre professor do Seminário do Porto e digno presidente da assembles geral do Ciroulo,declarando que ia occupar aquelle logar visto o Ex.mo

Rev.m0 Snr. D. Antonio Barroso, venerando Prelado d'esta diocese, transmittir a noticia de não poder assistir áquella sessão em conse- quência de ter acabado demasiado tarde a festividade na egreja da Trindade.

Seguidamente convidou para se- cretários os rev."0'drs. Pereira da Silva, illustre professor do Semi- nário do Porto, e Antonio Ferrei- ra Pinto, muito digno secretario do nosso venerando Prelado.

A sessão foi aberta ao som do hymno do Circulo, executado pela tuna, sob a babil direcção do seu incansável professor sr. Francisco Pinto de Queiroz.

O sr. presidente, n'um pequeno d scurso, fez vêr qual o fira d'a- quella festa, concedendo em segui da a palavra ao ex.mosnr. dr. Al- berto Pinheiro Torre», digno pre-

sidente do Circulo Catholico d'Ope- rarios de Villa do Conde.

A assemblêa acolheu o illustre o talentoso orador com uma pro- longada salva de palmas. Por es- paço de meia hora sua ex.* pren- deu a attenção do numeroso audi- tório que o escutava religiosamen- te. Evocou a lembrança do gran- de D.Nuno Alvares Pereira,o san- to oondestavel, dizendo que é ne- cessário que entre nós viceje o seu espirito de piedade para robuste- cimento da fé. Traçou com rara eloquência diversos feitos beroicos de D. Nuno, conquistador pela enormidade de sua fervorosa cren- ça.

Pena é que não possamos trans- crever aqui, por completo, o bri- lhante discurso do illustre advoga- do.

Foi uma bella peça litteraria que impressionou vivamente o au- ditório, que não se cançou de ap- plaudir o talentoso orador.

Em seguida foi recitada uma poesia pelo socio sr. Antonio Nu- nes Alberto, muito applaudido.

Fallou depois o ex ®0 sr. dr. Francitco Joté de 8ousa Gome», illustre lente da Universidade de Coimbra. Sua ex.* maiB uma vez demonstrou o seu pujantíssimo talento, a sua scieDcia e as suas firmes e inabaláveis crenças reli- giosas. Durante uma hora comba- teu sua ex.* o materialismo, de- monstrando evidentemente que es- te não conseguia nem jámais con- seguirá abalar as verdades da fé catholica.

A assembleia coroou com uma vibrante salva de palmas o magis- tral discurso do eminente cathe- dra tico.

Recitou em seguida uma poesia o socio sr. José Pereira da Silva Trindade, recebendo muitos ap- plausos.

Por fim, o rev. conego dr. José Alves Correia da Silva, referiu-se ás accusações mais vulgares que se fazem aos Círculos Catholicos,mos- trando a sua inanidade, e alludiu aos dois excellentes discursos que alli haviam sido pronunciados, agradecendo aos distinctos orado- res o terem honrado a sessão com a sua palavra auctorisada.

Nos iotervallos dos discursos a tuna do Circulo executou nlftita bem primorosos treobos de musica, recebendo o seu illustre professor, Br. Queiroz, justos applausos.

— De muitos Círculos do paiz receberam-se telegrammas e car- tas de felioitação.

— A sóde do Ciroulo esteve duraate o dia enteriormente em- bandeirada, e á noite a fachada do edifício profusamente illuminada.

Braga — Effectuou-se, confor- me estava annunciada, a excursão de recreio a Vianna do CaBtello, promovida pelo beneficiente Cir- culo Catholico d'Operarios de Bra- ga. Acompanharam os excureio- tas, que enchiam onze carruagens, 3 de segunda e 8 de terceira clas- se, as magnificas bandas do regi- mento 8 e a do Coilegio dos Or- phãos de S. Caetano.

Na gare de Vianna tiveram os excursionistas uma ruidosa mani- festação por parte do povo de Vianna, direcção e socios do Cir- oulo d'aquella cidade.

Depois de ouvirem missa na egreja de S. Domingos, dirigiram- se os excursionistas em cortejo para a sede do Circulo, onde se realisou uma sessão. Fizeram uso da palavra os reverenda padre Ma- nuel José Esteves, digoo presi- dente do Circulo de Vianda^ que saudou os excorcionistas, agrafía- cendo lhe o rev.° Padre Roberto *' Maciel, illustre presidente do Cir- oulo de Braga. Fallaram mais o snr. Lopes Vianna e um operário do Circule bracarense.

A s 6 40 da tarde retiraram-se os excursionistas, tendo uma des pedida muito affectuosa,

GJ-ay a, — Na quinta feira 21 do corrente devia realisar-se no Circulo Catholico d'Operarios de Qaya a eleição des novos corpos gerentes, que hão de servir no triennio de 1906-1909.

Se não houvesse numero far se- ha a eleição no dia 27 e á mesma hora, oito da noite.

HÓSTIAS

Vendem-se na rua do Bom Successo, 59, garantindo-se a pureza da farinha empregada.

Pedidos ao empregado do convento, Manuel da Silva Hen- riques.

->v

A Uni a.o Popular

UNIÃO POPULAR

SOCIEDADE DE BENEFiCENCIA E 1NSTRUCCA0 «d

ESTATUTOS

CAPITULO I

Denominação e fins da Sociedade

Artigo l.# E' fundada em Lisboa um sooieda- de de beneficência e instrucção denominada — A União Popular, tendo por fim :

i 1.° Auxiliar as classes operarias em casos de falta t de trabalho, e de saúde, bem como nos de falleci- mento ou viuvez.

2.® Procurar obter por preços vantajosos todos os generos de consumo domestico.

3.° Creaç&o de uma biblioibeca e aulas para instruc- Çâo litteraria e profissional, ou em falta d estas, auxi-

Jiar/-®is instituições que tenham por fim propagar a instrucção e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á Socie- dade.

4.® Propagar as doutrinas da democracia christS pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

5.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.® Fundar ou auxiliar a fundação de publicações para instrucção das classes operarias e beneficio e propaganda da Sociedade.

JTUnieo. Esta Sociedade poderá estabelecer com- miêtZet parochiae» de propaganda, afim de melhor po- der satisfazer aos fins que tem em vista.

CAPITULO II

Dos S00Í08

Art. 2.° São considerados socios effectivos todos os indivíduos de ambos os sexos que subscrevam com a quota mensal de 200 réis, e ãuxiliare$ os que jubs- crevam com a quota mensal de 100 réis, e de mérito os que se tenham assignalado por serviços prestados ou donativos concedidos á Sociedade.

Art. 3.® O titulo do socio de mérito só é concedi- do jislarassembléa geral sob proposta da commissào administrativa.

Art. 4.° Para qualquer candidato a 6ooio ser accei- to é necessário:

1.® Ter bom comportamento moral, civile religioso. 2.® Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

lhe advenham os meis de subsistência. 3.° Ser auctorisado pelos paes ou tutores, sendo

menor e pelo marido sendo casada.

CAPITULO III

Deveres dos socios

Art. 5.® Compete aos socios effectivos e auxiliares: 1.° A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 50 réis pelos Estatutos. 2." A servir gratuitamente os cargos para que fôr

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificauo8 expostos na assembléa geral lhes admittam a escusa.

3.® Participar por escripto á commissão administra- tiva quando mude de residência, esteja doente, pre- zo, sem trabalho, ou quando não seja procurado pelo cobrador da Sociedade durante um mez, para lhe receber as quotas.

4.® A zelar os interesses da Sociedada promoven- do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5.® Os pagamontos das quotas devem come- çar a contar-se regularmente desde o mez em que o candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.® E' p&rmittido o pagamento da quota a prestações quinzenaos ou semanaes.

CAPITULO IV

Direitos dos socios

Art. 8.® Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamentos das suas quotas teem direi- to :

1.® A votar e ser votado. 2.® A examinar a escripturação da Sociedade nos

prasos marcados para esse fim. 3.® A requerer a convocação do assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seus direitos, a maioria dos quaes tem de comparecer á união da assembléa ge- ral sem o que esta não se realisará

4.® A receber todos os benefioioB que a SOCIEDADE possa dispensar aos associados.

Art. 9.® O socio receberá uma das publicações or- gãos da Sociedade logo que pague a 1.® quota.

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.° E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas mensaes e tendo pago o exemplar dos Estatutos,

Art. 11.° O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readmittido satisfazendo o de- bido que tiver, para com a Sociedade.

Art. 12.® Perde o direito de socio o que por pala- vras, escriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia entre os socios.

§ Único. Nenhum socio demittido ou expulso terá direito a qualquer indemnisaçâo pelas quantias com que tiver contribuído para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI

Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem-se: 1.® Do producto das quotas. 2 0 Da venda dos Estatutos. 3.® Do producto das atsignaturas, das publicações

orgâos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espeotaculo em beneficio do

colre da SOCIEDADE ou d'outras quaesquer receitas. Art. 14.® Todas as quantias superiores ás que se-

jam necessárias para pagamento das despezas men- saes, devem ser depositada-) á ordem da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fianva da SOCIEDAEE.

§ Único. Quando o julgue conveniente, pôde a com- missáo administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza de papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

Art. 15.® A assembléa geral é a reunião de todos os socios no gozo dos seus diieitos e n'ella rezidem todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituida quando previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da Sociedade ou d'um dos jornaes mais lidos da capital e quando compareçam pelo menos 10 associados.

Art. 17.® Não se tendo reuoido o numero legal de socios, faz se-ba nova convocação dentro do praso de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então com qualquer numero do socios presentes.

Art. 18.® A assembléa gerál terá duas reuniões or-

dinárias no anno, sendo a primeira no 1.® domingo do mez de junho para a eleição dos corpos gerentes que devem entrar em exercioio no dia 1 de julho e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinária mente a requerimento ;

1.° Da commissão administrativa, da commissão re visora de contas e de cinco socios pelo menos, no ple- no gozo dos seus direitos, explicando o requerimento os motivos da convocação e obrigando-se a compare- cer na reunião.

2.® Todas as vezes que a Meza para interesse da Sociedade o julgar conveniente.

Art. 20 As assembiéas geraes que não sejam con vocadas a requerimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® seoretarios e dois vo- gaes.

Art. 22 ° A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em conformidade

com a lei geral. 2.® Discutir e votar as contas, pareoeres e relató-

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todos os corpos gerentes, commições de

assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os reoursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da Sociedade.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' meza da assembléa geral compete: 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Presistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ellas tomadas : 3.® Assistir ás sessões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissões assignando os respectivos ter mos.

CAPITULO VIII

Administração

Art. 24.® A administração é confiada a uma com missão administrativa de cinco membros effectivos sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa : 1.® Admittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral ; 2.® Tomar posse todos os annosno principio do mez

de julho ; 3.® Administrara Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engradecimento ; 4.® Velar pela conservação dos moveis e mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral ; 6.® Apresentar contas á assembléa geral em julho

de cada anno, deixando as patentes aos socios que de- sejarem examinal-as por espaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazei -os respeitar ;

8.® Conferir todos os valores que oonstituem o in- ventario que recebe, pasmando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos ;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos os assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando conta de todos os seus actos á assembléa geral.

Arrt 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia 15, para a approvação do balancete do mez anterior, mandan-

do-o publicar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fisoalisação

Art. 27.® A fiscalisação é confiada a uma commis- são revisora de contas composta de cinco membros effectivos, que deverão escolher entre si presidente, secretario e relator.

§ único. Esta commissão instalar-se-ha no mesmo dia em que a commissão administrativa tomar posse:

Art. 28.® São attribuições da commissão revisora de contas :

1.® Examinar, sempre que julgue conveniente, e pelo menos de tres em tres mezes, a escripturação da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2 ® Pedir a convooação da assembléa geral. 3.® Assistir ás sessões da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e pedir-lhe os escla- recimentos que julgue precisos.

4.® Estar ao facto de todos os trabalhos da commis- são administrativa e de todas as mais commissões.

5.® Dar parecer sobre as contas, e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de contas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.°' 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão Bempre jfeitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competência da assembléa geral a ex- clusão de qualquer socio, Bendo eBte previamente ouvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os socios que sai- bam ler e escrever.

Art. 31.® As funeções de membros da Meza da as sembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por individuos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preciso que o seu estado financeiro seja insustentável e assim considerado pela assembléa geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a applicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expessamente prohibido á Sociedade fazer-se representar em qualquer acto politico ou anti- religioso.

Art. 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento ao que dispõe o n.® 7 do ar- tigo 25 deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possível, as vantagens a que tiverem direito tanto socios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ uuioo. Para a confecção dos regulamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das assooiações ou socie- dades que existam com os mesmos fins ou eden- ticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser al- terados com o accordo da maioria dos socios em as- sembléa geral e approvação do Governador Civil.

Art. 37.® Nos casos omissos e para interpretação d'estes estatutos regulará a lei geral por onde se re- gem as mais sooiedades d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão admtnistractlva

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer parte como socio d'esta Sociedade quando tenha menos de 5 ou mais de sessenta 60 annoe.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que deseje inscrever se oomo socio não occultar a edade, profis- ão, emprego* e estado de saúde, na occasiâo de se jsgfpver.

Art, 3.® O socio que occultar qualquer das dispo sições do artigo antecedente, será demittido de socio logo que a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA tenha d'isso conhecimento, ficando sujeito ao que dispõe o paragrapho único do artigo 12.

Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamen to de quotas poderá ser readmittido quando não deva mais de 4 quotas mensaes, quando deva mais só po-

derá ser novamente admittido como socio, em har- monia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este

, regulamento. Art. 5.® Em caso de fallecimento de qualquer so-

cio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2(500 réis para ajuda do seu funeral.

Art. 6.® Para o socio ter direito ao subsidio conce- dido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas corresponde» tes pagas.

Art. 7.® O socio que tiver seis mezes de associado tem direito em caso de fallecimento a 5(000 réis de subsidio para ajuda do seu funeral um anno de associado 10(000 réis dois annos de associado 12(000 réis, quatro annus de associado 15(000

reis e seis annos 18(000 réis, tendo as quotas cor- respondentes pagas.

Art. 8.® Os subsídios de que tratam os artigos 5 e 7 sei 3o pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter feito o funeral ao socio com decencia e que não tenha sido civilmente.

Art. 9 0 Em caso de fallecimente de qualquer so- cio, a familia ou pessoa encarregada do s»u funeral, mandará parte por escripto á COMMISSÃO ADMI NISTRATIVA com a maxima brevidade, devendo a parte ser acompanhada cam o exemplar daB Estatu tos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o socio tem direito a fazer qual- quer publicação nos jornaes orgãos da Sociedade, qnando seja de interesse particular taes como, agra-

decimentos, offertas e annunoios, com o desconto de 80°/o sobre a tabella.

Ari. 11.® Para o maior desenvolvimento da Socie- (da de a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA concede a todos os assignantes das publicações orgâos da So- ciedade, quer rezidam em Lisboa ou em qualquer pon- to do paiz, vantagens eguaea ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com todas

! as suas disposições. Art. 12.® Das vantagens concedidas aos assignan

tes de qualquer das publicações da Sociedade no ar tigo antecedente, exoeptuam-se as que se refere o n.01 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

SEMANÁRIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

;; ASSIONATURAS AU II A I I Anno 1*200 | Trimestre 300

H li " I® Semestre 600 | Mez (em Lisboa) 100

T Toda a correspondência relativa ao Joamr. deve ser dirigida f¥| á administração, e relativa á SOCIEDADE á commissão ad- ministrativa.

EDITOR — Thomas Rodrigues Mathias

Lisboa, 8 de julho de 1906 o

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Séde da Sooiedade — Rua do Oaes do Tojo, 20, 1."

ANNUNCIOS No corpo do jornal, linha 60 rs. | Na 4.» pag., linha... 20 rs. M NllMpRQ

liffpetiçfes ou permanentes ajuste convencional ggi ilUJIlUltV Os art. «ocioa e assiguames teem abatimento de 80 por cento

Os originaes que nos dirigirem, quer sejam ou não publica- dos, não serão restituídos.

IMP. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

A propriedade

e a Egreja

A theologia christã decla- ra a propriedade individual, em delegação de usofructo, como tendo origem divina; e a Egreja impregnou com esta doutrina as leis e os cos- tumes da Edade Media.

Emquanto a sua influencia foi dominante, toda a apro- priação se fez sob a fórma individual.

Cada homem envestiu-se d'um direito effectivo, parti- cular ou collectivo, directo ou indirecto, no uso dos bens terrestres.

Todo o direito tem por ba- se um serviço prestado, por rasão de ser uma funcção desempenhada; inseparável do dever, o direito não é um instrumento do egoísmo in- dividual, mas um agente da solidariedade social.

O conjuncto da sociedade constitue uma hierarchia, cu- jos membros estão ligados por obrigações reciprocas, destinadas a prender estrei- tamente ao solo as famílias e a salvaguardar assim a esta- bilidade geral.

A decadência d'esta orga- nisação data da Renascença. Quando Byzancio cahiu nas mãos dos turcos, as suas let- tras refugiaram-se na Italia, onde foram despertar o gos- to e a cultura pelas obras da antiguidade.

Logo reproduzidas pela imprensa, os livros dos au- ctores gregos e romanos es- palham-se entre as classes instruídas da Europa e fami- liarisam os espíritos com essa civilisação pagã, desprovida de todo o principio superior que divinisava a humanidade e a materia.

Quando as intelligencias se habituaram, pelo commer- cio das lettras antigas, a pro- curar a sua vidafóra do chris- tianismo, sentiram a necessi- dade de se emancipar inteira- mente da auctoridade reli- giosa ; e o mundo, prepara- do pela Renascença, encon- trou-se amadurecido para a Reforma, que proclamou a independência da rasão.

Os grandes, impacienta- dos pela fiscaíisação da Egre- ja, que incommodava a sua cupidez, e os príncipes can- çados d'uma tutella que con- trariava as suas ambições fo- ram os melhores alliados do socialismo.

Rompeu-se o equilíbrio en- tre os direitos e os deveres; a realeza e a propriedade perderam o seu caracter ori- ginal de funcção e de encar- go ; os reis nos seus thronos como os proprietários nos seus domínios trabalharam por se tornarem absolutos.

Ahi mesmo onde a revo- lução não attingiu inteiramen- te o seu fim, que era a secu- larisação do Estado, as suas consequências indirectas fi- zeram-se sentir.

D'um lado, o regulismo collocou a hierarchia eccle- siastica sob a dependência do poder civil.

Por outro lado, as neces- sidades da lucta económica com os povos que se eman- cipavam das leis da Egreja tornaram cada vez mais dif- ficil a sua observação vigo- rosa, relativamente ao inte- resse, ao justo preço, aos dias feriados; Karl Marx chegou a dizer que 10 pro- testantismo era um Christia- nismo rebaixado ao nivel dos apettites da classe bur- gueza.»

A evolução anti-christã continuou durante dois sécu- los a sua marcha latente e surda; o seu resultado foi a revolução de 1789, que fez tabua rasa do passado, deificou a rasão e propagou o Contracto Social de Rousseau.

O direito internacional, o direito publico e o direito pri- vado emancipou-se da lei christã.

A secularisação das leis e da economia segue-se á secularisação dos bens eccle- siasticos.

Foram estas doutrinas e actas que preparavam o ad- vento do socialismo, com to- dos os seus horrores, e o ata- que em forma á propriedade. Se esta não é hoje respeita- da, é porque de ha muito sahiu fóra da esphera prote- ctora da Egreja.À burguezia, as classes preponderantes morrem victimas dos seus próprios erros.

A VIDA E A MORTE

Nos últimos momentos se- rão quanto permittam as leis do absoluto, mui abreviados, assim succede na maior parte dos casos.

Eis aqui uma significativa ra- zão para admirar e adorar a Divina Providencia, que, em sua bondade maravilhosa, re- duz por toda a parte, o mal, o inevitável mal ás mais pequenas proporções. Que se interroguem os medicos e os ministros do altar, acostumados a observar as acções dos moribundos, e a recolher seus últimos sentimen- tos, elles concordarão em que, á excepção d'um pequeno nu- mero d'enfermidades agudas, em que a agitação causada pe- los movimentos convulsivos, parece indicar os soffrimentos do enfermo ; em todas as outras, se morre tranquillamente, sua- vemente, sem dôr. A maior parte dos doentes, morrem sem o saber, e no pequeno numero dos que conservam o conheci- mento até ao ultimo suspiro, até ao ultimo instante, talvez não se encontre um que não conserve ao mesmo tempo a esperança de uma volta á vida! Eternidade!

"ADemocracia Christã,,

AOS NOSSOS AHIGOS, ASSIGNANTES E LEITORES

Não obstante as más vontades e as perseguições surdas de que somos victimas, e com as quaes se procura tenazmente embaraçar- nos a nossa activa propaganda, este semanário continua, mercê de Deus, a viver e até a alargar a esphera da sua acção, indiferente a essa guerra mesquinha e aos despeitos d'aquelles que não veem com bons olhos a nossa constância e o nosso esforço...O program- ma desta folha tem sido nobre e fielmente cumprido, e do caminho até aqui trilhado não arredaremos pé, certos de que estamos no verdadeiro e bom terreno, e na persuasão de que podemos prestar algum serviço á causa da Verdade e da Justiça, que com todo o ardor defendemos.

Depende dos nossos presados amigos, assiguantes e leitores a neutralisação completa dos esforços aos nossos adversários. Mas não basta que este jornal obtenha os recursos precisos para se man- ter; é necessário que a sua propaganda se alargue cada veq mais, e que outros melhoramentos o imponham ao apreço e á estima do publico. Pensamos em realisar, muito em breve, alguns dos melho- ramentos que se nos afiguram mais urgentes e úteis; e estamos es- tudando a creação de algumas obras sociaes que representam um verdadeiro serviço para as classes operarias. Acompanham-nos neste movimento sacerdotes exemplares, de comprovado mereci- mento intellectual e de reconhecido çe/o pela Causa ; e provados amigos que de ha muito se alistaram nas fileiras da democracia christã. Que nos acompanhem também nesta cruzada, nesta pro- paganda, n'este apostolado, os assignantes e os leitores do nosso se- manário, dispensando nos todo o seu auxilio, angariando-nos no- vas assignaturas, divulgando o jornal nas cidades e nas villas. E' nos indispensável esse auxilio, e com elle contamos, afim de po- dermos proseguir no movimento que encetámos ha quatro annos, e que, Deus louvado, tantos applausos tem obtido, e tão longe pôde ir, se todos nos ajudarmos com decisão, interesse e persistência.

Um grande diário

catholico em Portugal

Do nosso presado collega A Guarda:

Avante! Apezar das erupções cancerosas que estes nossos artigos tem provocado á pelle ameaçada de um collega mi- nhoto, a nossa voz não tem si- do infructuosa. Hoje acredita- mos que o grande diário será uma realidade, baseando-uos em cartas e propostas que le- mos recebido.

N'uma só freguezia rural, pequena, um dos nossos amigos lormou um núcleo de 5 accio- nistas.

Attendendo ás conclusões votadas no congresso d. c. de Lisboa, e na Conferencia dos jornalistas catbolicos de Lisboa, cumpre nos convidar o nosso amigo padre Guilherme Tavares a travar relações com as duas commissões encarregadas de estudar este assumpto, como nós vamos fazer, afim de unifi- carmos os esforços de todo o paiz. Aqui daremos conta do andamento dos trabalhos.

Assim tinha de ser. Quando se discutiu, no congresso demo- crático christão ultimamente rea- lisado na capital, a these refe- rente á imprensa catholica, logo lembrámos que a commissão eleita se entendesse com a com- missão sahida da conferencia dos jornalistas catholicos, com o mesmo fim. A idéa da funda- ção de um grande jornal diário, catholico, com o capital de cem contos, partiu do nosso íllustre camarada dr. Barradas, um dos oradores mais distinctos d'essa conferencia. A sua proposta foi approvada, nomeando se uma commissão para estudar os meios de obter aquella importante quantia.

Logo, a commissão eleita no congresso da democracia chris-

tã não podia nem devia, sob pena de dispersão de forças e elementos indispensáveis, e de retrahimentos e melindres mui- to naturaes, encetar trabalhos ou fazer obra sem se entender com os outros seus collegas incumbidos de uma tarefa seme- lhante.

Isto dissémos na ultima sessão do congresso, e vemos com jubilo que pozemos a questão nos verdadeiros termos. E' ne- cessário, se quizermos fazer obra duradoura, uma unificação de esforços e boas vontades, e que se trabalhe de accordo e harmonia, sem ferir suscepti- bilidades e sem esquecer aquel- les a quem cabe a honrosa ini- ciativa.

E, como a Guarda, exclama- mos : Avante !

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Conversões

Mister Julin Philimor, profes- sor de litteratura grega na uni- versidade de Glasgow, conver* teu-se ao catholicismo.

O rev. Jorge W. Weste, ministro episcopaliano, residiu por 3o annos em New-York, en- trou também no grémio da San- ta Egreja, e também em Flo- rença se converteu uma distin- cta dama, filha, sobrinha e irmã de bispos episcopalianos e viu- va de Tompson.

Estas tres conversões foram muito commentadas na imprensa ingleza e norte americana.

Na fórma do costume, os nossos espíritos fortes (da for taleza de uma canna de fogue- te...) dirão que os convertidos são uns dementados ou uns hypocritas.

E' assim que elles commen- taram a nobre coragem dos que, convencidos de que an- daram afastados da Verdade, resolvem approximar-se d'ella, arrastando embora com as maiores affrontas, e expondo-se a sérios perigos.

Estas conversões são notáveis. Não serão n'ellas, os homens de boa fé, uma das razões da superioridade do catholicismo, da sua forca e da sua vitalidade ?

Sem papas na lingna

(IMPRESSÕES DO MEZ DE MAIO)

Findou o mez das flores, o lindo mez consagrado a Maria.

Cessaram os cantos, que da terra inteira se elevam ao ceo durante este mez, n'um accorde unisono de amor e de suplica.

Maria teve durante todo o mez um altar enfeitado com flores e luzes, em todos os templos, des- de a ermida solharia no cume da serrania, até á cathedral ma- gestosa levantada na grande ci- dade.

Houve pyramidaes orchestras, cantos variados, symphonias de todas as côres e maestros, isto nos grandes centros. Nas aldei- as, menos apparato. Não houve grande instrumental; não se fi- zeram ouvir maravilhosos can- tores ; mas em troca dessas vo- zes de reclame, artificiaes e em papeladas; (embora nem sem- pre respeitadoras da ftagilidade dos tympanos auditivos), havia por lá vozes de creanças, fres- cas e crystallinas, como a inno- cencia que lhes vae n'alma.

Parece que nem as vozes es- capam aos estragos do vicio; a voz da donzella innocente tem uma certa candura, que não sa- he das gargantas polluidas pe- los cantares profanos e não ra- ro indecorosos. A actriz no de- lírio da representação pode ar- rebatar com os seus cantos, mas n'elles haveis de encontrar sem- pre a vaidade, a sua voz resum- bra lascívia.

Nem outra coisa se procura no theatro moderno.

Eu gosto das vozes das cre- anças despretenciosas, mas chei as de encanto e harmonia.

Mas já mev ou aflastando mui- to, e porisso voltemos a tomar o fio.

Quem não dirá qne a devo- ção a Maria é florescente ? N'es- te tempo cm que nos livros e jornaes se berra tanto contra o culto catholico, consola-nos ver os templos regorgitando de fieis-

Nós, os que não temos ver- gonha de ser espíritos fracos em opposição aos espíritos for- tes, que reputam impróprio da subidissima intelligencia crer que existe Deus, a quem devemos render culto, sentimos um san- to regosijo em vermos honrada a nossa Mãe do ceo.

Mas este quadro tão lindo, es- va vistosa tela tem escuros de mais, está tão emsombrada que as tintas a custo sobresahem, o quadro parece sujo, a tela se- melha empoeirada.

Infelizmente nem tudo o que luz é oiro, nem quanto alveja é farinha, diz o proloquio popu- lar, e assim também nem tudo isso que vemos é devoção, ha misturada muita hypocrisia, mui- to fingimento.

Eu bem sei que, mercê de Deus, ainda ha crentess inceros, ainda ha devoção verdadeira, mas também não podemos ne- gar, sem faltar á verdade, que os devotos são poucos, que os crentes rareiam no mar immen- so de descrença que nos asso- berba.

Já talvez possamos exclamar com Vrigilio : apparent rari nantes in gurgite vasto.

Desanima contemplar uma egreja cheia de fieis. Que irre- verência ! Que desacatos!

Ha hoje muita gente que vae á Egreja, como ao theatro, para onvir musica, por ver e mostrar- se. E* duro mas é a verdade.

Amicus Plato, sed magis arnica veritas.

Não me parece que a religião consista em ir á Egreja.

Ir á Egreja é bom, concordo; mas portar-se lá como n'um thea tro ou soirée é inadmissível n'unV catholico e impróprio até das regras do bom porte.

Custa ver áquelles, cujos sen- timentos christãos ainda se ar- receiam, que entre pela casa de Deus um homem com os olhos espantados, olhando por aqui e por acolá, como se o templo não passasse de um muzeu a que se faz uma visita, ou uma obra d'arte que se examina.

Não custaria muito saudar Deus; saudar J. Christo presen- te na Eucharistia, ao menos com uma inclinação.

Custa ver, que uma senhora convertida em leilão de rendas entre por um templo cathoí^ço^e se vá sentar descançadara sem mais ceremonias, vir as costas para o altar par expor como deusa á ador dos seus admiradores.

Custa ver, que um dandy to bem posto, todoengravat entre n'um templo compon farfalhuda gaforina, ou r cendo as guias do bigode, f se entrasse u'uma soirée f1* do requebros.

Tudo isto é a pura ver^' tudo isto vêem os leitores á°5

os dias. J. Christo podia vir de novo^

expulsar os vendilhões do tem- plo, azorragar os profanadores da casa de seu Pae.

Eu bem sei que os ieitores já estão zangados commigo; eu dis- se verdades, e a verdade gera adversados.

Mas eu vou já terminar ; um conselho e nada mais:

Quando entramos n'uma ca- sa vamos cumprimentar o dono, aliás parecia mal; pois bem, se, vindo á Egreja não, queremos estar com attenção, ao menos cumprimentemos o dono da ca- sa, que nada custa, e parece bem.

Timoteo.

IS', da B. — E' tranacripto da Abe- lha, quinzenário da Guarda, muito bem redigido por alumuos do seminário, o sensato e desassombrado artigo acima. ooOoo*

JOSÉ HORTA

Do nosso presado amigo, José Severo Leonardo Horta, illusirado administrador d'este jornal e um dos seus eo-proprietarios, rece- bemos uma carta em que nos declara que, por motivos particu- lares, n&o pôde continuar na admi- nistração do nosso jornal e na sua commissão proprietária e directo- ra.

Profundamente sentimos esta resoluç&o, pois que José Horta, além d'um bom e prestantissimo companheiro de trabalho, se des- velára com toda a dedicação pelos interesses do nosso jornal e da causa que elle representa. E é com vivo sentimento que perdemos a sua precoisa collaboraç&o, lamen- tando a resolução tomada pelo nosso amigo, que d'ella n&o bo de- moveu, apezar dos esforços por nós empregados.

-occoo-

ESCRIPTURAÇÕES

Fazem-se por preços modicôs taoto pelo syslemo simples co- mo dobrados, carta á adminis- tração d'este jornal a F. A.

Quanto mais honrados, mais ar- riscados.

A. TJniao Popular

Descanço

dominical

Unia sessão Importante — As reclamações dos cai- xeiros e a attitude dos pa- trões — Referencias ao movimento dos Círculos —Necessidade urgente do descanço dominical obri- gatório.

Os caixeiros de Lisboa reu- niram se no domingo, nasé- de da sua Associação, tra- vessa das Pedras Negras, afim de tomar conhecimento dos trabalhos da commissão nomeada para obter o encer- ramento dos estabelecimen-

v tos ao domingo. ( A reunião foi importante. * Mais uma vez se evidenciou

a indispensabilidade de uma lei que torne OBRIGATÓ- RIO o descanço dominical,

^jqlie os caixeiros portuguezes insistentemente reclamam HA TRINTA ANNOS, sem conseguirem resultados satis- factorios: apenas concessões parciaes e de curta duração, muitas promessas, e mais na- da.

Não obstante toda a pro- paganda feita a favor do des- canço dominical, cujas van-

- lãgens é já ocioso salientar, numerosos commerciantes não se envergonham de abrir as suas lojas ao domingo, obrigando os pobres empre- gados a um trabalho violento, forçado, e perfeitamente dis- pensável, praticando uma in- justiça e commettendo uma deshumanidade. Dir-se-ha que alguns d'esses commer- ciantes teimam abrir as lojas

-ãcf domingo por motivo des- interesse. Na sua ancia de ga- nho, de lucro, receiam que o encerramento dos estabele- cimentos n'aquelle dia lhes traga serio prejuízo. E' um engano. E' um erro. Mas, ainda quando assim fosse, is- to é, ainda quando esses com- merciantes deixassem cada semana de receber uns tos- tões, não lhes ficaria bem o associarem-se a esta obra me- ritória, satisfazendo as recla- mações dos seus empregados reconhecendo a justiça da sua petição e mostrando, pela sua attitude nobre, que não dese- javam, por modo algum, ex- plorar esses sympathicos ser- vidores, obrigando-os a um trabalho penoso e contrafei- tamente prestado ?

Porque o trabalho do do- mingo ha de ser, fatalmente, e sempre, um trabalho feito de má vontade ; e portanto, os com-merciantes, assim co- mo opublico, hão de ser mal fervidos.

E' natural. E perfeitamen- .— te se comprehende e se des-

culpa. Mas as coisas são o que

são... E a verdade é que, na reunião de domingo, a que nos estamos referindo, o sr. Sá Pereira «declarou que a commissão declinava o seu mandato em vista das difficuldades que encontrou, não conseguindo que a maio- ria dos lojistas adherisse aos seus justos desejos» accres- centando ser sua opinião que

*MZ50 POR xMEIO DE UMA * LEI SE PODERÁ' CON-

SEGUIR O DESCANÇO DOMINICAL OBRIGATÓ- RIO, accentuando a necessi- dade da classe não deixar de tratar d'esta importante ques- tão com o maior interesse e

cuidado, até obter o trium- pho.

Estamos de accordo. Os caixeiros estão cheios

de razão. Com elles pedimos o descanço dominical, com elles reclamamos uma lei que o regule; mais ainda : obtido o descanço dominical, é ne- cessário, como o sr. Sá Pe- reira também lembrou, a tra- tar da regulamentação das horas de trabalho. Ha muito a fazer, n'este ponto. Prati- cam-se em estabelecimentos, em fabricas, em officinas, verdadeiras brutalidades e torpes explorações, que TEEM DE CESSAR. Ha desgraçados MARÇANOS e MOÇOS que são tratados COMO BESTAS DE CAR- GA. Pôde tolerar-se isto ? Sem duvida que não.

E' indispensável que todos os interessados se unam, pa- ra fazerem valer os seus di- reitos. Os Círculos Catholi- cos de operários do paiz vão representar ás côrtes, logo que ellas abram, a favor da decretação do descanço do- minical. Acompanhem nos n'esse movimento todos os que reclamam a mesma lei, todos os que são victimas de odiosas explorações e de in- justificavejs más vontades. Representem com os Círcu- los todas as associações de caixeiros; promovam estas reuniões publicas, chamando a attenção de quantos traba- lham, de todas as classes po- pulares, ás quaes o assumpto tão directamente interessa para a INDISPENSABILI- DADE da lei reguladora do descanço dominical; cubram de milhares de assignaturas as representações que vão ser dirigidas ao parlamento. Unifique-se o movimento. UNAM-SE todos, no eleva- do proposito de conseguirem um beneficio de indiscutível importância, de provado va- lor, para todos os trabalha- dores portuguezes,que vivem n'uma situação desgraçada, sujeitos a violências, extor- sões e injustiças condemna- veis. E hão de vencer.

Segundo lêmos no Século, o sr. Raul Pires, que discur- sou n'aquella reunião em no- me do jornal O Caixeiro, disse :

«Os círculos catholicos vão pedir ás cortes o descanço se- manal; é possível que consi- gam alguma coisa que até aqui os caixeiros não teem conse- guido, e a ossociação DEVE ACCEITAR TODO O AU- XILIO QUE SE LHE DE- PARE, PORQUE NÃO É PEDIDO, E POR ISSO TEM MAIS VALOR.»

Registamos, com reconhe- cimento, estas nobres pala- vras do representante da re- dacção do Caixeiro. Ellas constituem uma homenagem aos Círculos, que ESPON- TÂNEA e DESINTERES- SADAMENTE procuram obter satisfação completa aos desejos dos caixeiros portu- guezes, e de quantos traba- lhos ao domingo, á sobrepos- se e em prejuízo da saúde do corpo e do espirito. Auxi- liem portanto todos os inte- ressados os Círculos, afim de que mais se valorise e mais se imponha a sua propagan- da. Estamos absolutamente certos de que os Círculos não desanimam nem hão de de- sanimar no seu sympathico e humanitário movimento, ver-

dadeiramente christão; que sejam proficuamente secun- dados os seus esforços, que se preste justiça aos genero- sos intuitos, ás suas rectas intenções; e decerto alguma coisa se obterá, marchando todos juntos, unidos, discipli- nados, á conquista de um di- reito que não pôde ser con- testado por ninguém, de boa fé ! . . .

Os rigorismos do codigo.

Dr. Abúndio da SM

Transcrevemos das Novidades:

«Em con8equenoia de ter sido annullado por accordâo do tribunal da Relação de 25 de abril ultimo, e desde fl. 46, o processo em que o súbdito hespanhol Manoel Nunes da Silva, respondeu no dia 22 de fevereiro d'este anno e foi condem- nado na pena de 8 annos de prisão maior cellular, seguida de 12 de degredo, custas e sellos de proces- bo, conforme então noticiámos, tornou o processo a ser hoje sub- mettido a juglamento, não só para reparo da nullidade que serviu de pretexto á annullação, mas ainda e principalmente para se evitar uma verdadeira crueldade da lei, pois que seria bem deshu- mano deixar de pé, com todos os seus effeitos, a pena imposta ao mesmo reu, no primeiro julgamen- to, por um crime de que resultou apenas o prejuízo de 70500 réis, que em tanto foi avaliado o dam- no resultante do incêndio, por elle posto propositadamente ao seu estabelecimento, uma pequena ta- berna sita na rua conselheiro An- tonio Pedroso, n.° 57, no praposi- to de defraudar a companhia de seguros.

Com esse segundo julgamento lucrou o reu, por isso que o jury, recuando ante a crueldade da lei, que estabelece pena fixa para os casos de fogo posto, qualquer que seja a gravidade dos resultados, deu o crime como não provado, sendo o mesmo reu absolvido e posto em liberdade. Achava-se pre- so havia perto de 8 mezes.

Da accusaçâo, por parte do mi- nistério publico, encarregou-se o sr. dr. Tavares, e da defeza o sr. dr. Abúndio da Silva, que ainda não se estreiára nos tribunaes do crime, mas que deixa hoje o seu nome vinculado a uinacto de ver- dadeira humanidade.

A decisão do jury, foi agora por maioria, como da primeira vez o foi também, mas pela condem- nação.

Ao nosso presado conterrâneo e distincto advogado sr. dr. Abún- dio da Silva o nosso parabém pela sua aupiciosÍ88Íma estreia.»

(Da Cruz.) ooooc-

A DESGRAÇA DE COIRRIERES

Ern pcrigrioação a Locrdes

Treze mineiros que se salvaram na celebre catastrophe de Cour- riéres, considerando que o seu sal- vamento foi um milagre, e attri- buindo-o a «terem dirigido do fun- do da mina orações que desde ha muito tempo tinham esquecido» fôram em peregrinação a Lourdes para dar graças á SS. Virgem.

Nobre e consolador exemplo ! Aprendam os operários de fé in- decisa e de crenças hesitantes a robustecel-as e avigoral as com os seus irmãos de França, que não receiaram os doestos dos ímpios, e cumpriram um dever de grati dão com todo o desassombro e com um legitimo e santo orgulho.

Aos desgraçados que vociferam contra a Egreja, e procuram ar- rancar a fé ao coração do operá- rio, respondem estes sobreviventes de Courriéres indo ao santuário de Lourdes agradecer á Virgem o tel os salvo da mais horrorosa morte.

BORDADOS

Pessoa muilo capaz, encarre- ga-se de qualquer trabalho, em branco, matiz, prata e ouro.

Vae leccionar a casas particu- lares.

Diz-se rua de S. Caetano, á a, 32rez-do-chão—Lisboa.

Não está má !'

Tirar chapéu, ao passar ante uma egreja qualquer, nota inferioridade, segundo acabo de ler.

Ao mundo veio dizê-lo um tal Fortes, professor... Elie, pois, que não o tira, é um homem superior.

Emquanto, logo, a este génio não ergue estatua a nação, alvitro que, ao passar elle, joelhemos,. . chapéu na mão.

Heleno. P. s. Isto, caso (bem entendido !) Inveja embargar não póssa : Assim, não vá app'arcer AíTonso Costa... e a carroça.1

n.

1 A propoiito da local «E esta?» da Democracia Christâ, de Ido corrente.

2 Aliás, automoacl.

Protecção á primeira

infanda (Projecto do sr. dr. Egas Mon»)

O grupo dos progressistas dissi- dentes na questão dos tabacos está publicando a série de projeotos de lei que tencionava apresentar ao parlamento dissolvido. São muitos esses projectos e aguardamos a sua publicação em folheto para en- tão os apreciarmos na redacção definitiva. Mas fique desde já con- signado que a impressão geral é exoellente, e que não ba hoje em dia outra maneira de crear um partido novo senão estudar e tra- balhar muito, procurando e encon- trando soluções concretas para as questões de interesse politico e so- cial.

Entre os projectos d'esse grupo, que hoje conetitue a extrema es- querda monarchies, figura um so- bre a Protecção á primeira infan- da. Vem anonymo, como todos os outros, mas para ninguém é segre- do que o trabalhou, certamente com muito amor,o sr. dr. Egas Mo- niz, primoroso talento e grande co- ração. Commovidamente se lê o re- latório que precede o projecto, por- que uma bondade amavel suavisa, adoça e corrige a aspereza dos al- garismos das estatísticas e dos cál- culos. Outro qualquer diria aquil- lo mesmo sem nos commover. O sr. dr. Egas Moniz faz-nos ter mui- to dó das criancinhas. E nós que dizemos tanto mal dos politicos 1 D'estes pódem vir quantos quize- rem, porqus serão bemvindos.

Diz-nos o auctor do projecto muitas cousas tristes, que toda a gente deveria saber, mas, como lo- go nos aponta os remedios, fica-se meio consolado e na esperança de que tantos males terão um dia, se não remedio prompto, ao menos largo lenitivo. E precisam ter. Pô- de lá admittir se que n'este clima ideal e com este lindo céu de azul e ouro morram mais orianças do que em Buenos-Ayres e em Paris ? Pôde admittir-se que morra quasi o dobro ? Pois morre 1 Em Lisboa, de cada mil petizes até um anno de edade, duzentos e vinte e dois vão aprender com os anjos os pri- meiros passos e as primeiras pala- vras ; no Porto, de cada mil pir- ralhos até um anno de edade, 199 vão galrear para aa arvores do Pa- raíso com umas azas brancas maio- res do que o seu corpinho tenro.

Porquê ? * * *

Porque os matam, por ignorân- cia, por desleixo, por maldade. Por ignoranoia, a maior parte : por deslexo menos ; por maldade, poucos. Mas o resultado é o mes- mo : a morte. E muitos, muitíssi- mos, podiam viver, crescer, tra- balhar, localisando a sua activi- dade no paiz ou expandindo-a por esse mundo fóra. E ó possível — quem sabe ? — que, entre os mor- tos, tenha ido o heroe, o santo, ou o génio capaz de nos alentar e re- mir. E' enorme a mortalidade dos bastardos. Não era Nun'Alvares um bastardo ? Não o foi o Mestre de Aviz ?

Morrem aos centos, morrem co- mo tordos, curvando a cabecita, fechando os olhos ante de have- rem conhecido da luz mais do que o deslumbramento qne cega. Mor- rem porque sugam leite mercena rio. Em 1889-1900 a percentagem da mortalidade dos expostos da Mizericordia de Lisboa confiados

a seios indifferentes foi de duzen- tos e quarenta é nove por mil. Mor- rem até nas classes abastadas,por que nenhum leite substitue o mater no, porque no leite das mães vae o assucar do affecto, e porque se- ria insensato pedir á ama o allu- cinante amor de quem para gerar uma vida correu o risco de uma morte. Morrem por falta do lactá- rios que forneçam, em quantidade bastante, o leite esterilisado. Mor- rem por ignoranoia da quantidade de leite a fornecer ao innocente ; morrem pelo abuso da alimentação mixta em estômagos que ainda a não supportam ; morrem pelo des- conhecimento dos preceitos mais vulgares da hygiene infantil. Mor- rem por gastro-euterite, de defi- cienoia organica, de variola, de tuberculose da siphilis. Morrem, succumbem á acção mortífera de mil causas,tod as debellaveis, to- das combativeis... e quasi todaB por debellar e combater !

E a todos estes males, que op- portunameute estudaremos, provê o projecto do sr. dr. Egas Moniz. Toda a mulher,casada ou não, em vias de exercer a mais nobre fun- cção do seu sexo, pôde reclamar a assistência munioipal se lhe fal- tarem os reoursos. As operarias serão obrigadas a um repouso do- miciliário de um mez, depois da concepção, recebendo um subsidio egual ao seu salario. São creados, ao menoB em Lisboa, Porto e Coim- bra, KBylos de protecção para as pobres, especialmente as opera- rias, durante os dois mezes que precedem o mais sublime myste- rio da creação. Lisboa e Porto te- rão duas maternidades secretas... para a vergonha e a mizeria, e só esta medida conciliaria ao sr. dr. Egas Moniz o appuso de toia a gente que não tem o coração re- duzido a pergaminho de encader- nar maldades. Nenhuma mulher poderá amamentar uma criança se para isso não reunir todos os re- quisitos que a moderna puericul- tura exige. As camaras municipaes installarão creadeiras (couveuses) para o tratamento das nascidas antes de tempo. O governo pro- moverá a creação de hospicios cré- ches nas capitaes do sdistrictos. Finalmente, serácreado um fundo de assistência á primeira infanoia por meio de um novo addicional de contribuição sobre os estabele cimentos encarregados da venda de bebidas acoolicas.

São vinte os artigos do projec- to, e oada um d'elles condensa tu- do quanto de mais scientifico e largamente humanitário se tem in- ventado e posto em pratica para acudir á mortalidade infantil. Não se imagine, pois, que esgotámo3 o assumpto ou d'elle dêmos, Be- quer, a idéaque desejaríamos dar. O muito que falta fioará, porém, para muito breve.

Ha muito tempo que na politica portugueza não aparece projecto onde a competência scientifica, a utilidade pratica, o espirito refor- mador e uma rajada da mais alta e pura humanidade tão intimamen- te se associem. A leitura do pro- jecto do sr. dr. Egas Moniz faa bem, consola, obriga a pensar em coisas limpas,é um banho de saúde moral.E é o que vale. De vez em quando, quando menos se espera, surge um portuguez com o coração e os miolos no seu logar, a inves- tir contra a mentira, a covardia, a hypocrisia,a indifferença,e a di- zer muito bem, com muita profi- ciência e clareza, coisas lindas. O sr. dr. Egas Moniz é um d'elles. O sr. dr. Egas Moniz diz coisas lindas em pouco mais de tres co- lumnas. O Dia que publicou o projecto de Protecção á primeira infanda vale uma fortuna.

Se a memoria nos não falha, o auctor d'este projecto é o mesmo porfessor e medico cuja votação no concelho de Estarreja a imprensa partidaria contestava em artigos de palmo e melo. discutiu-se en- tão muito se este homem... tinha ou não tinha direito a oitocentos votos na Murtosa ! Terá ? !

——ooôoo

A vergonha a respeito dos ho- mens, é filha da fama e da hon- ra ; a vergonha a respeito de Deus é filha da culpa e do te- mor; a vergonha a respeito de si mesmo, é filha única da razão.

NA BRECHA

Os jornaes allemães, com a revista de Munich Allgemeine Rundschau á frente, levantaram uma vehemente campanha con- tra a photographia pornogra- phica, que, nos últimos tempos tem tomado um desenvolvimen- to espantoso. Alguns jornaes francezes asseguram que a maior parte das photographias obscenas são de origem allemã, o que obrigará decerto as au- ctorPdades da grande nação a tomar providencias enérgicas.

Será excedente que entre nós alguma coisa se fizesse lambem a este respeito. Vindas da Allemanha, ou da Austria, ou da França, enxameiam por ahi as photographias pomogra- phicas, sobretudo em bilhetes postaes. E' uma praga, e é o desespero das famílias honestas. Nos mostruários das lojas, o desaforo assumiu proporções inverosímeis. A obra da paga- nisação vae progredindo. As brochuras obscenas abundam ; os quadros e as photographias indecentes não faltam ; e, como se tudo isto fôra pouco, a mo- da, a terrível moda feminina está fazendo verdadeiros estra- gos.

Riam-se os espíritos fortes... Trocem os sceplicos... A ver- dade é esta. As senhoras andam semi-núas; certos trajes são uma verdadeira vergonha. A lyrannia da moda é tal, os seus decretos teem tamanha força, que senhoras de compro- vada seriedade não hesitam em sacrificar-lhes escrúpulos e pudor, e em apparecer nas ruas, deante de toda a gente, escandalosamente decotadas, com os corpetes arrendados so- bre a pelle, vestidas, n'uma pa- lavra, de fórma que apparen- tam o que não são... como já disse um nosso collega neste mesmo jornal...

Não podem intervir n'este delicado assumpto as auctori- dades, dir-se-ha... De accordo. Mas o que as aucloridades podem e devem fazer é limpar as paredes e as montras de re- tratos e oleographias obscenas e probibir a venda de brochu- ras e publicações pornographi- cas, que se exhibem por ahi a cada passo.

No proximo numero nos oc- cuparemos novamente da ques- tão, que é grave.

CENTRO SOCIAL CHRISTÃO

No dia 26 do mez passado reu- niu a assembleia geral d'este cen- tro, estando presente 14 socioa. Depois de ser exposto o fim de reunião, houve alguma discussão, salientando se n'esta,os socioa Leal e Lobo e Pedro Ferreira.

Esgotado o assumpto foi votado unanimemente entre outras consas, o mudarem a séde do centro para casa do consooio thesoureiro José S. L. Horta e pedir que se désse immediate publicidade no jornal A Democracia Christã, de uma declaração a este respeito, evitando assim de a direcção do centro Be vêr obrigada a recorrer aos jornaes A Associação Operaria e A Opi- nião.

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Historia Sagrada DO

Antigo e NOVO TESTAMENTO

Vida de Jesus Chritto e dos priméiros apostolou) acompanhada

de 30 gravuras e de dois mappas e um plano de Jerusalem

PELA ESTRELLA DO NORTE

Com approvaçào do Senhor D. AnTO- NIO, Bispo do Porto

Preço, brochada — 160 róis. Cartonada —200 réis.

Livraria Editora do Figueiri- nhas Junior. Rua das Oliveiras, 76—Porto.

— A XJtiiSo Popular ——pi——— —

SONETO

CoraçSo alenta 1 e mostra-te forte I A imagem de Deus em ti está esculpida, Rechaça o pavor de uma eterna morte ; A fé te dá esperança de uma eterna vida !

Vaidade ! Vaidade ! Misera sorte De todo humano bem ! Gloria, riqueza, Poder, talento, juventude, belleza !... £ Que ha seguro na vida, que ?... a morte !

Ha depois d'esta vida, inda outra vida, N5o se reduz a nada o grão de areia, E 4 havia a nossa alma, a nossa ideia, Nas ruinas do pó ficar perdida?

Alenta Coração! A Omnipotência E' forte... e o Forte é Bom, E não, ha bondade sem Clemenoia.

Sautobar.

HORAS DE ESTUDO

A REFORMA NÃO FOI REFORMA

Caminhava já para o seu ooca- so, o século XV quando o celebre Cardeal Julião, o maior homem do seu tempo na opinião de Bossuet, ainda dirigia repetidas queixas ao Papa Eugénio IV contra os abusos originados pela iudisciplina ecole- siastica e desordens do clero, e no- meadamente do clero da Allema- nha ; ao tempo pórem, em que o protestantismo surgo ousado e ar- rogante n'aquella região do velho mundo, os decantados abusos que ob pseudo-reformadores com lamen- tos de crooodillo pranteam no seio da Egreja mal pódem pretextar já o apparecimento da heresia nova.

Eram incomparavelmente menos numerosos, e não só os costumes tinham melhorado notavelmente, mas a propria disciplina readquiri- ra novo vigor e observância mais regular; iam já longe os tempos ca- lamitosos de Pedro Damião e Gre- gorio VII. Apoiando esta verdade histórica, encontra-se Hslmescomo proprio Guizot que não admitte a opinião d'aquelles que vêem na Re- forma uma tentativa exclusivamen te concebida no intuito de recons- truir a pureza da antiga Egreja, e Guizot tem razão.

Supponhamos, todavia, os cory- pheus da nova seita coevos de S. Bernardo, due tanto chorou os ma- les do seu tempo, e interroguemos a historia sobre as verdadeiras in- tenções d'estes pseudo reformado- res.

Coisa singular! a revolução pro- vocada por Luthero e seus sequa- zes, h pretexto de reforma,reformou o que não tinha necessidade d'isso, nem era susceptível de reforma al- guma— a doutrina — e não intro- duziu o menor melhoramento no campo onde a propria Egreja sem- pre o desejou — a moralidade.

A pureza d'intençõeB dos chefes da Reforma denuncia-se eloquente- meute em deis factos: o processo refalsario porque Luthero desen- tranhou da Bíblia o dogma funda- mental do seu credo — a inutilida- de das boas obras, e a auctorisa-

que se propõem os apostolos do novo Evangelho, não carece de commentarios, e é o melhor de to- dos é a sua simples indicação. De- pois falarão os factos.

Entretanto sempre diremos que uma seita que nas tabuas da lei escreveu como primeiro manda- mento este moraliseimo preceito, não podia deixar de ter numerosos adeptos, mórmente quando os scub fundadores foram os primeiros a cumpril-o fielmente! E dito |isto, illuda-se quem quizer, sobre a seriedade dos sot disant reforma- dores.

{Continúa).

Conexo Anaqutm.

Ot»

Deus existe Âbeterno como om 0' fechado sem principio nem flm

Dizem os impios em seus cora- ções que não ha Deus.

E' facílimo ouvir-se dizer (quan- ando se falia em Deus conceder qualquer petição,) Deus já o viu? Por acaso já elles viram o vento que na sua força derruba casas, arranca arvores, chega a destruir togares onde passa com a sua vio- lência ; arrazando-os ?

De certo não o podem vêr, mas sentem-no, vendo juntamente os destroços da sua força ; assim nós conhecemos pela fé (o auctor) a Divindade de Deus que anda como diz o Psalmista sobre os ventos de pólo a pólo. Eis a grandeza da Divindade no ar ! sem a qual não pudemos viver ; em toda a parte Elie existe, Deus em toda a parte está e ainda no Inferno subsiste o Seu Poder. Deus é grande nas suas obras que o digam as estrei- tas que Elie chama a cada uma pelo seu nome, Elie olha para a terra e ella treme, falia e troveja, Elie sustenta com sua mão o Glo- bo Terrestre, Elie é o jardineiro das flores do campo e dá incre- mento ás sementes que a mão do homem semeia e rega.

O homem não pôde viver sem ar, também não pôde viver sem Deus, embora não tenha crenças, embora feche os olhos da alma lá está Deus que lhe dá a saúde e a

ção de bigamia couaedida pelos re- | vida quando lhe apraz e lh'a tira formadores ao Landgrave Filippa de Hesse, essa mancha negra e in- delével que sempre pesará sobre a pretendida Reforma, dande só por si a medid da moralidade dos seus anctores e da sua obra.

Para implantar o seu dogma fun- damental da inutilidade das boas obra, Luthero falsifica com a se- riedade d'uro verdadeiro convicto o texto da Escríptura, intercalando a palavra sómente n'uma passagem de S. Paulo, e fazendo-lhe dizer o contrario do que tinha affirmado o apostolo das Gentes. A alguém que extranhou semelhante procedimen- to, respondeu elle: o doutor Mar- tinho Luthero quer que seja assim; sicvolo, sic jubeo, sit pro ratione voluntas.

E é com um argumento d'esta força que destroe toda a economia religiosa do christianismo, abrindo as portas á impudência mais de- senfreada de que a historia pôde fezer mpuçâo.

Nada de boas obras, todas são inúteis ; e Amsdorff, seu amigo particular, chega mesmo a avan- çar que as boas obras são nocivas á salv-"ão; para cada um se salvar basta ter fé, nem é preciso obede- cer aos preceitos negativos do De- cálogo; peque cada um á vontade, contanto que creia, Pecca forttter, sed fortius crede, eis o aphoriBmo commodo em que Luthero resume o seu- ensino moral.

Um preoeito d'esta natureza co- mo base fundamental da reforma

Domingo

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CALENDÁRIO

1739 —Nasce André Ronbo

Em 8 de julho de 1739 nasceu em Paris André Jaoob Roubo, filho de um pobre car- pinteiro, e que só de- veu a si o poder ser

um dia notável. Roubo foi por muito tempo apren-

diz na officina de seu pae e o pouco dinheiro que conseguiu juntar em- pregava-o na compra de livros, es- tudando todos os assumptos que mais ou menos tinham relação com o mister que exeroia. A sua ap- plicação e constância no estudo chamaram sobre elle a attenção do famoso architecto Blondel, que lhe offereceu a sua valiosa protec- ção e o ensinou gratuitamente du- rante cinco annos.

Os conhecimentos adquiridos pu- blicou-os na obra intitulada Trata- do da arte de carpinteiro, que foi presente em 1769 á Academia das Soiencias e incluído na Descri- pção das Artes e Officios. Uma obra diffioil e ousada tornou o seu nome mais popular. Havia em Paris um grande edifício que servia para mercado de legumes, tendo ao cen- tro um grande pateo circular que não era aproveitado por estar a desooberto. Quando se celebraram as festas em honra do nascimento do delphim, filho de Luiz XVI, o pateo foi coberto por um grande toldo e aquella parte do mercado, profusamente illuminada, fez con- ceber a Roubo o projecto de apro- veitar o pateo, cobrindo-ode uma enorme cupula de madeira e crys- tal.

Os architectos Legran e Mohins fizeram o projecto e foi encarre- gado Roubo da execução. Grandes foram as difSculdades que teve a vencer, mas o êxito coroou os seus esforços e quando, tirados os an- daimes, se viu a perfeição de uma obra tão ousada, Roubo foi levado aos hombros e passeado em triumpho, entre as acclama- ções dos numerosos espectadores.

Roubo morreu pobre, tendo a Convenção de conceder á viuva uma modesta pensão annual de 3:000 francos.

quando quer- Como pôde ser es- tar Deus em toda a parte ? Elle tudo pôde, é Poderoso, quer dizer Omnipotente, tanto que nós vemos o sol em nossa casa, nas janellas fronteiras, no fim da rua, e sabe- mos que elle a essa hora está a distancia de léguas em casa de nossos amigos, onde pudemos at- testar ser verdade por já o termos visto, e sabemos que até em diffe- rentes Reinos conforme a sua ro- tação elle existe apesar de o não vermos pudemos jurar que este milagre do Creador é facto. Mas reparae ; este milagre é uma amos- tra da Grandeza d'esse Verdadeiro Sol de Justiça que com a sua pala- vra (Faça-6e) creou esse Astro Ce- leste que nós admiramos. E' Elle que com os seus raios dourados está alumiando todo o mundo, pene- trando no interior das nossas al- mas para que pelas Suas maravi- lhas abramos os olhos, vendo a força do seu poder e derrubemos os ídolos das nossas paixões com a presença de Jesus Sacramenta- do, unidos todos n'uma só fé, uma só communhão, um só Deus que como um O* fechado não se lhe conhece principio nem fim e que O conhecemos pela Sua Força, Grandeza e Maravilhas e sem o vermos podemos attestar a Sua Divindade, pela fé, que nos é re- velada pelo Espirito Santo por meio dos Sacramentos.

(Continua) Um crente.

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO „

CHRISTÃO

Lisboa — Decorreu muito animada no domingo a sessão no Circulo Catholico da Immacula- da Conceição.

Foi conferente o nosso ami- So e camarada Zuzarte de

lendonça, que discreteou sobre o ultimo congresso da demo- cracia christã, apreciando os resultados obtidos e salientando as vantagens d'estas assembléas, onde se estudaSi os melhores meios de remediar os males sociaes, provando assim aos sce- pticos como os democratas chris- tãos anceiam por servir as clas- ses populares.

Antes da conferencia, vários amadores do Grupo Dramático recitaram muito bem monologos e poesias, e depois representou- se a operetta em um acto Boc- cacio... na rua, que soffreu diversas alterações no texto. O desempenho agradou immenso, tendo todos os interpretes fartos applausos, e o distincto ensaia- dor sr. Pereira, calorosas cha- madas especiaes.

— No proximo domingo ha conferencia por um distincto orador da capital, e em seguida recita, com um programma, de agrado certo.

DE SETÚBAL

PALHETINHAS DE OURO A maior e melhor prova da im-

possibilidade de separar-se a phi- losophia dos demais conhecimen- tos, temol-a no constante afan em que andam os representantes des- tes, sempre que têm de tratar, por exemplo, do direito, da poli- tica, de sciencias sociaes, todas nascidas da moral, encontrando-se a cada passo com princípios que não conhecem, quanto é certo que a philosophia não é só a sciencia do espirito: ella estuda, como ensi na Elie Blanc, no espirito, tanto o que nelle ha de livre como o que ha de necessário.

Sem falar de outros systemas, cumpre registrar, ainda uma vez, que o positivismo, cujas fataes in- fluencias arrancaram do program- ma dos estudos a philosophia, 6 desta a mais completa negação.

E', pois uma necessidade, que se impõe dia a dia aoB estudiosos, restabelecel-a com tanto maior afinco, quanto maior e indispen- sável se torna para o espirito o conceito da ordem. Sapientis est ordinare. E a ordem erq de- manda da qual tanto aspiram os cultores da soiencia, qualquer que seja o seu particular objecto, en- sina S. Thomaz, encontra-se na natureza que nós não oreamos, mas n'ella a descobrimos; nos pensamentos, nos juizos e nos ra- ciocínios, onde a estabelecemos, assim oomo ficamos habilitados a estabelecer essa ordem nas in- tenções e em todos os nossos actos ainda os mais íntimos. D'ahi a philosophia real, racional, e moral; sem esquecermos a ordem que deve ser applicada aos nossos actos physicos e que preside a to- das as sciencias chamadas inferio res e ás próprias artes.

Quanta falta, portanto, não faz o estud . da philosophia na edu- cação do espirito hu ano !

HÓSTIAS

Vendera-se na rua do Bom Successo, 59, garantindo-se a pureza da farinha empregada.

Pedidos ao empregado do convento, Manuel da Silva Hen- riques.

Triduo preparatório, com pratica e Benção Solemne do SS. Sacra- mento.

Dia 8 de julho—A's II horas: Exposição do Santíssimo (até á noite);—Missa cantada e sermão.

A's 6 horas da tarde : — Actos de Desaggravo, sermão, consagra- ção, «Te-Deum» e Benção do Santíssimo.

IV acionalismo

Não pode haver duvidas. O lo- gar de todo o bom catholico é no nacionalismo.

Por muito que o programma franquista 6e pareça com o nacio- nalista, os campos são completa- mente differentes. Entre um e ou- tro partido, existe um profundo abysmo. Emquanto o primeiro é liberal avançado ; o segundo é da extrema conservadora.

Não nos enganamos. O partido franquista é liberal com uns lai- vos de catholocismo.

O nacionalismo ó um partido rasgadamente catholico.

Setúbal onde os catholicos dis- põem de forças próprias, estão a mostrar quotidianamente, a sua fé e a sua crença, em manifesta- ções de piedade. São testemunho as festividades continuas, e o des- envolvimento sempre crescente das obras catholicas.

Mas essas obras de piedade ;as nossas escolas, as nossas conferen- cias, o nosso oirculo e as nossas egrejas, serão em breve fecha- dos ou reduzidos se lhe não acu- dis com a vossa protecção.

Em breve apparecerá um Com- bes portuguez que em nome de uma falsa liberdade, nos tirará a liberdade de ensinardes a nossos lilhos a religião augusta de Chris- to. A França, a christiaoisslma Trança está escravisada em nome

d'essa liberdade tão clamada, por- que emquanto a maçonaria de bra- ço dado com o socialismo mina- vam nas trevas, os bons catholi cos francezes, doriuiam o somno dos justos.

Agora choram e clamam, e as suss organisações d'occaeiao nada conseguem contra a impiedade do poder.

Pois a sentença está lavrada sara nós portuguezes, (porque a maçonaria é universal) se não nos precavermos a tempo.

E como nos havemos de pre- caver ?

Organisando-nos, e dando todo o nosso apoio ao único partido ca- tholico — O Nacionalismo. Or ganisar definitivamente em Setú- bal o nosso partido, fundar o Cen- tro Nacional e eleger a sua di- recção impõe-se em nome dos nos- sos ideaes, quando é certo terem desapparecido, todos os obstáculos á sua realisação.

Quem será o catholico que não corra persuroso a alistar-se na miicia da verdade e da justiça ?

Quem o não fizesse não amava a religião e a sua patria ; a sua egreja e a sua associação.

Avante ! pois soou a hora de unir fileiras.

Avante por Deus e pela Patria. Hilário

Festa ao Sagrado Coração de Jesus na igreja de Brancannes

Dias 5, 6 e 7 de julho de 1906 — A's 6 e meia horas da tarde:

AO SERÃO

Curiosidades — Como os Egypcios embalsamavam as mú- mias. — Teem decerto os leitores ouvido por diversas vezes que os egypcios eram de uma habilidade rara no embalsamento dos cadá- veres, habilidade celeberrima, se- gundo o grande historiador Cesar Cantú.

Pois vamos dar-lhe a conhecer o complicado processo d'aquella operação,conforme Herodoto o des- creve :

«Em primeiro logar(os egypcios) extrahem o cerebro pelas ventas, parte com um ferro recurvado, e em parte introduzindo lhe certas drogas. Abrem depois o peito com orna pedra da Ethiopia, muito agu- da, e tiram-lhe o ventrículo; depois de bem limpo, regado com vinho de palmeira e polvilhado com- tomilhos triturados, enchem o ven- tre com myrrha pura, também triturada de cassia e dc outros perfumes, excepto o incenso ma- cho ; e cosem tudo depois. Feito isto, seccam o cadaver, deixando-o mergulhado em natrão durante ses- senta dias, além dos quaes a se- cação não é permittida. Depois lavam o corpo, envolvem-no todo em fachas de linho untado de gom- ma, de que os egypcios se servem muito em vez de colla. Os paren- tes recebem-no nesse estado, man- dam fazer uma caixa com a effi- gie humana, e encerram-no n'ella. Depois, esta caixa é collocada a prumo, junto da parede, e con- servada como um thesouro na ca- vidade sepulchral. E' assim que elles preparam sumptuosamente os mortos.

Porém, os que desejam fazel-o em termo médio, evitando o luxo, executam do modo seguinte :

Depois de terem introduzido em seringas o oleo de cedro, en- chem com elle o ventrículo sem incisão nem extracção dos intes- tinos. Tudo se introduz pelo recto, e fecham-se todas as vias pelas quaes o liquido podease sair.

O cadaver é depois seccado, du- rante o tempo determinado, e no ultimo dia despejam o ventre do oleo de cedro que lhe tinham in- troduzido. A sua força é tão gran- de que arrasta comsigo os intes- tinos e as vísceras maceradas ; as carnes t'o também maceradas pelo natrão, e o morto fica apenas cam a pelle e os ossos. Termina- da esta operação o cadaver é en- tregue á família, sem mais prepa- rações.

O terceiro methodo de embal- samento, empregado pelos que te- em uma fortuna inferior, é este : fazem introduzir no ventriculo um liquido medicinal, o morto é dis- secado durante os 60 dias, e depois entregue aos seus parentes.

As muiheres das pessoas dis- tiuctas e todas as que são celebres pela sua belieza e pela sua gerar- chia, não são mandadas embalsa- mar logo depois da morte, com re-

ceio que os embalsamadores profa- nem os seus restoS.i

Pensamentos - E' preciso ser indulgente com os velhos, que já não vivem senão do passado.

—Dtante do Deus dos christãos, não ha indio, nem portuguez, nem africano Ha homens.

— Todas estas nossas genealo- gias são tão ridículas umas como as outras, como todas.

— O evangelho ó o livro de Deus, que manda aos homeos que se amem como irmãos e como eguaes — Almeida Qarret.

<|uei>ra-cafoeças — As cha- radas do numero passadv foram também decifradas pelo nosso assi- gnante de Setúbal sr. Antonio Joa- quim Claro.

Ego.

POR

Alberto Campos

Um volume de cerca de 3oo pag., ed. esmerada

SOO réis

Artigos primorosos e polemi- cas interessantíssimas sobre Re- ligião, Moral, Sciencia e Politi- ca. — Um bello volume de quasi 300 paginas, 500 réis. Livraria Editora, Viuva Tavares Cardo- so, L. do Camões, 5 e 6, Lisboa.

Pedidos a esta redacção, acompanhados da respectivs^ importância.

MEZ DE MARIA

Com lindas illustraçòeB,nm livto de 320 paginas original de

Efttrella do Xorte

Obra approvada e indnlgenciada pelo ex."" e rev."" sr. D. Antónia, bispo do Porto.

CALENDÁRIO

8 — Domingo — (5.® depois do Pentecoste). — Santa Izabel, Rai- nha de Portugal, Viuva da 3.® Or- dem, advogada contra os fnrôres da guerra na família. — S. Proco- pio, M. — S. Aquilão, patrono dos architeotos.

9 — Segunda-feira — S. Nico- lau e Comp., Mm. Gorcomienses, da 1.® Ordem. — S. Cyrillo, B.

10 — Terça-feira — Os sete Ir- mãos, Mm. — Santa Amelia, V.

11 — Quarta feira — Oitava da Dedicação das Egrejas das 3 Or- dens de S. Francisco. — S. Pioi, Pp. M. — S. Sabino. — Nasce o sol ás 4 h. e 46 ra., e põe-se ás 7 b. e 42 m. da tarde.

12 — Quinta-feira — S. João Gualberto, Abb., advogado oontra as possessões do demonio. — Os Santos Felix e Nabor. Mm.

13 — Sexta feira — S. Ana- cleto. Pp. M. — S. Eugénio. — Q. M., ás 9 b. e 39 m. da manhã.

14 — Sabbado — S. Boaventu- ra, Cardeal e Dr., da 1.® Ordem, patrono da Escola Franciscana.

Leitora util, necessária e instructiva

A Condemnaçâo do Socialismo'

Depoimentos de philosophos,

economistas e sociologos sobre a doutrina

socialista

Spencer —Garofalo—Guyot—I». Janet-Novlcow —Levonl —Gal -Du Merao -Catliretn —Antoine Lavei eye — Demolius —«T. Simon — Haver — An- Kolino Vieira — Conde do Penha Garcia — An- tonio de Serpa Pimentel.)

Coordenação, prefacio e notas de Carlos Penalva

Om bello oposcalo in-12, de 48 paginas, 60 ?s- -

12 ex.: 6oo réis—5o ex.: i®75o réis—ioo ex.: 3a&ooo réis

LIVRARIA POVOENSE EDITORA, de José Pe- reira de Castro, Povoa de Varzim, ao qual devem ser fei- tos todos os pedidos.

Em Lisboa : á venda na LIVRARIA CATHOLICA, Colçada do Carmo, 6.

A TT nino Popular

UNIÃO POPULAR

SOCIEDADE DE BENEFICÊNCIA E INSTRUCCAO

ESTATUTOS

CAPITULO I

Denominação e fins da Sooiedade

Artigo 1.®,E' fundada em Lisboa um sooieda- de de beneficência e instrucção denominada — A União Popular, tendo por fim :

1." Auxiliar aa classes operarias em casos de falta Lde trabalho, e de saúde, bem como nos de falleci-

mento ou viuvez. 2.® Procurar obter por preços vantajosos todos os

generos de consumo domestico.] 3.° CreaçSo de uma bibliotheca e aulas para instruc-

ção litteraria e profissional, ou em falta d'estas, auxi- . liar as instituições que tenham por fim propagar a

instrucção e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á Socie- dade.

4." Propagar as doutrinas da democracia christâ pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

5.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.° Fundar ou auxiliar a fundação de publicações para instrucção das classes operarias e beneficio e propaganda da Sociedade.

Único. Esta Sociedade poderá estabelecer com- missZes parochiaes de propaganda, afim de melhor po- der satisfazer aos fins que tem em vista.

CAPITULO II

Dos socios

Art. 2." São considerados socios efectivos todos os individuOB de ambos os sexos que subscrevam com a quota mensal de 200 réis, e auxiliares os que subs- crevam com a quota mensal de 100 réis, e de mérito os que se tenham assignalado por serviços prestados ou donativos concedidos á Sociedade.

Art. 3.' O titulo do socio de mérito só é concedi- assembléa geral sob proposta da com missão

- "administrativa. Art. 4.° Para qualquer candidato a socio ser accei-

to é necessário: 1." Ter bom comportamento moral, civile religioso. 2.* Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

lbe advenham os meis de subsistência. 3.° Ser auctorisado pelos pães ou tutores, sendo

menor e pelo marido Bendo casada.

CAPITULO III

Deveres dos sooios

Art. 5.° Compete'aos socios effeotivos e auxiliares: 1." A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 50 réis pelos Estatutos. 2." A servir gratuitamente os cargos para que fôí-

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificados expostos na assembléa geral lhes admittam a escusa.

3.° Participar por escripto á commissão administra- tiva quando mude de residência, esteja doente, pre- zo, sem trabalho, ou quando não seja procurado pelo cobrador da Sociedade durante um mez, para lhe receber as quotas.

4.° A zelar os interesses da Sociedada promoven- do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5." Os pagamentos das quotas devem come- çar a contar-se regularmente desde o mez em que o candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.® E' permittido o pagamento da quota a prestações^quinzeuaes ou semanaes.

CAPITULO IV

Direitos dos sooios

Art. 8.® Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamentos das suas quotas teem direi- to :

1.® A votar e ser votado. 2.® A examinar a eacripturação da Sociedade nos

prasos marcados para esBe fim. 3.® A requerer a convocação do assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seus direitos, a maioria dos quaes tem de comparecer á união da assembléa ge- ral sem o que esta não Be realisará

4.® A receber todos os benefioios que a Sociedade possa dispensar aos associados.

Art. 9." O socio receberá uma das publicações or- gãos da Sociedade logo que pague ai.® quota.

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.® E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas mensaes e tendo pago o exemplar dos Estatutos,

Art. 11.® O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readinittido satisfazendo o de- bido que tiver, para com a Sociedade.

Art. 12.® Perde o direito de socio o que por pala- vras, eBcriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia entre os socios.

§ Unioo. Nenhum socio demittido ou expulso terá direito a qualquer indemnisação pelas quantias com que tiver contribuído para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI

Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem-se: 1.® Do producto das quotas. 2 ® Da venda dos Estatutos. 3.® Do produoto das atsignaturas, das publicações

orgãos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espectáculo em beneficio do

cofre da Sociedade ou d'outras quaesquer receitas. Art. 14.® Todas as quantias superiores ás que Be-

jam neoessarias para pagamento daB despezas men- saes, devem ser depositadas á ordem da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fiança da SOCIEDAEE.

§ Único. Quando o julgue conveniente, pôde a com- missão administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza de papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

Art. 15.® A assembléa geral é a reunião de todos os socios no gozo dos seus direitos e n'ella rezidem todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituída qua.ido previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da SOCIEDADE ou n'utn dos jornaes mais lidos da capital e quando compareçam pelo menos 10 associados.

Art. 1-7." Não se tendo reunido o numero legal de socios, faz se-ba nova convocação dentro do praso de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então oom qualquer numero do socios presentes.

Art. 18.® A assembléa gerál terá duas reuniões or-

dinárias no anno, sendo a primeira no 1.® domingo do mez de junho para a eleição dos corpos gerentes que devem entrar em exercício no dia 1 de julho e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinária meDte a requerimento ;

1.® Da commissão administrativa, da commissão re- visora de contas e de cinco socios pelo menos, no ple- no gozo dos seus direitos, explicando o requerimento os motivos da convocação e obrigando-se a compare- cer na reunião,

2.® Todas as vezes que a Meza para interesse da Sociedade o julgar conveniente.

Art. 20 As assembiéas geraes que não sejam con- vocadas a requerimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® secretários e dois vo- gaes.

Art. 22.® A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em conformidade

com a lei geral. 2.® Discutir e votar as contas, pareceres e relató-

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todos os corpos gerentes, commições de

assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os recursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da Sociedade.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' mezada assembléa geral compete: 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Presistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ellas tomadas : 3.® Assistir ás seBsões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissõeB assignando os respectivos ter mos.

CAPITULO VIII

Administração

Art. 24.® A administração é confiada a uma com- missão administrativa de cinco membros effectives sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa : 1.® Admittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral ; 2.® Tomar posse todos os annos no principio do mez

de julho ; 3.® Administrar a Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engradecimento ; 4.® Velar pela conservação dos moveis e mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral ; 6.® Apresentar contas á assembléa geral em julho

década anno, deixando as patentes aos socios que de- sejarem examinal-a8 por eBpaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazel-os respeitar ;

8.® Conferir todos os valores que constituem o in- ventario que recebe, passando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos ;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos os assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando conta de todos os seus actos á assembléa geral.

Arrt 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia 15, para a approvação do balancete do mez anterior, mandan-

do-o publicar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fiscalisação

Art. 27.® A fiscalisação é confiada a uma commis- são revisora de contas composta de cinco membros effectivos, que deverão escolher entre si presidente, secretario e relator.

§ único. Esta commissão instalar-se-ha no mesmo dia em que a commissão administrativa tomar posse:

Art. 28.® São attribuições da commissão revisora de contas :

1.® Examinar, sempre que julgue conveniente, e pelo menos de tres em três mezes, a cscripturação da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2 ® Pedir a convooação da assembléa geral. 3.® Assistir ás sessões da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e padir-lhe os escla- recimentos que julgue precisos.

4.® Estar ao facto de todos os trabalhos da commis- são administrativa e de todas as mais commissões.

5.® Dar parecer sobre as contas, e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de contas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.oa 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão sempre ]feitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competência da assembléa geral a ex- clusão de qualquer socio, sendo este previamente ouvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os socios que sai- bam ler e escrever.

Art. 31.® As funeções de membros da Meza da as. aembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por indivíduos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preciso que o seu estado financeiro seja insustentável e assim considerado pela assembléa geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a applicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expessamente prohibido á Sociedade fazer-se representar em qualquer acto politico ouanti- religioso.

Art. 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento ao que dispõe o n.® 7 do ar- tigo 25 deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possível, as vantagens a que tiverem direito tanto socios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ unioo. Para a confecção dos regulamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das assooiações ou socie- dades que existam com os mesmos fins ou eden- ticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser ai- terados com o aocordo da maioria dos sooios em as- sembléa geral e approvação do Governador Civil.

Art. 37." Nos casos omissos e para interpretação d'estes estatutos regulará a lei geral por onde se re- gem as mais sociedades d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão administractiva

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer parte como socio d'esta Sociedade quando tenha menos de 5 ou mais de aessenta 60 annos.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que deseje inscrever se oomo socio Dão occultar a edade, profis- são, emprego e estado de saúde, na occasião de se ' ascfSVer.

Art, 3.® O socio que occultar qualquer das dispo tições do artigo antecedente, será demittido de socio logo que a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA tenha d'isso conhecimento, ficando sujeito ao que dispõe o paragrapho único do artigo 12.

Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamen to de quotas poderá ser readmittido quando não deva piais de 4 quotas mensaes, quando deva mais só po-

| derá ser novamente admittido como socio, em har- monia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este

I regulamento. Art. 5.® Em caso de fallecimento de qualquer so-

cio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2$600 réis para ajuda do seu funeral.

Art. 6.® Para o socio ter direito ao subsidio conce- dido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas corresponden tes pagas.

Art. 7.® O socio que tiver seis mezes de associado tem direito em caso de fallecimento a 5 $000 réis de subsidio para ajuda do seu funeral um anno de associado 10$000 róis dois annos de associado 12$000 réis, quatro annos de associado 15$000

reis e seis annos 18$000 réis, tendo as quotas cor- respondentes pagas.

Art. 8.® Os subsídios de que tratam os artigos 5 e 7 seião pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter feito o funeral ao socio com decencia e que não tenha sido civilmente.

Art. 9.® Em caso de fallecimente de qualquer so- cio, a família ou pessoa encarregada do seu funeral, mandará parte por escripto á COMMISSÃO ADMI NISTRATIVA oom a maxima brevidade, devendo a parte ser acompanhada cam o exemplar das Estatu tos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o socio tem direito a fazer qual- quer publicação nos jornaes orgãos da Sociedade, quando seja de interesse particular taes como, agra-

decimentos, offertas e annuncios, com o desconto de 80°/o sobre a tabella.

Art. 11.® Para o maior desenvolvimento da Socie- dade a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA concede a todos os assignantes das publicações orgãos da So- ciedade, quer rezidam em Lisboa ou em qualquer pon- to do paiz, vantagens eguaes ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com todas as suas disposições.

Art. 12.® Das vantagens concedidas aos assignan- tes de qualquer das publicações da Sociedade no ar- tigo antecedente, exceptuam-se as que se refere os n.®' 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

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SEMANÁRIO DEFENSOR DAS CLASSES TRABALHADORAS

ANNO

I

ASSIGNATURAS Anno .. 1#200 | Trimestre 300 Semeetre 600 | Mez (em Lisbon) 100

Toda a correspondência relativa ao Jornal deve ser dirigida A administração, e relativa á SOCIEDADE á commissâo ad- ministrativa.

EDITOR — Thotna% Rodrigues Malhias

Lisboa, 22 de julho de 1906 o

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NA

Sóde da Sooiedade — Rua do Caes do Tojo, 20, l.°

ANNUNCIOS No corpo do jornal, linba 60 rs. | Na 4.' pag., linha . 20 is

Kepetiç&es ou perm*nentca ajuste convencional Oa ara. sucio» e assign ante» leero abatimento de 80 por cento

Os originaes que nos dirigirem quer sejam ou não publica- dos, não serão restituídos.

IA1P. LUCAS—R. do Diário de Noticias, p3

NUMERO

INTER NOS

No seu numero de domingo passado, o nosso illuslre collega 0 Grito do Povo publicava uma Chronica de Lisboa —que trans- crevemos adiante, integralmen- te, chamando para ella a alten- ção dos leitores — na qual se referia a varias divergências en- tre democratas christãos da ca- pital, e eloquentemente pedia a sua união, e o termo de um es- tado de coisas que não tem ra- zão de ser, e que realmente é da maior necessidade que cesse, para maior cobesão dos bons ele- mentos, e para proficuidade dos esforços a empregar n'esla ulil propaganda.

Lemos com a maior satisfação o brilhante e sensato artigo do nosso collega, cujas ponde- rações muito desejáramos — e muito conviuha — que fossem meditadas e . .. acatadas por aquelies que, de facto, são os culpados d'estes lamentáveis confliclos.

Não nos accusa a consciên- cia — Deus louvado ! — nem sequer fracamente, de haver- mos contribuído de qualquer sorte para que se dessem deter- minados factos que, nos últimos tempos, teem creado inimizades entre pessoas que deviam pre- sar-se e caminhar unidas, por- que pensam da mesma forma e trabalham para o mesmo fim. Procurámos, com verdadeiro empenho, evitar alguns d'esses factos, e estão vivas respeitáveis testemunhas que facilmente e de bom grado o poderiam attes- tar; dos outros, e bem deplorá- veis elles são, também, temos noticia pelas narrações vecbaes de amigos e companheiros, to- das concordes e todas eviden- ciando a urgência de uma inter- venção energica, intelligent e justiceira, que faça moderar vai- dades, e acabe com imposições que se não comprehendem nem podem acceitar-se.

Isto mesmo pede o illustrado chronista do Grito do Povo, re- cordando a grande palavra do Evangelho: exalta-se todo aquel- le que se humilha. Entretan- to, parece n io ser sempre mui- to fácil, a certas pessoas, ain- da que excellentemente inten- cionadas, a plena conformidade entre as obras que praticam e as palavras que proferem e a doutrina que defendem. Só isto pode explicar que, sem um forte motivo, sem a necessidade nem o dever de salvar princípios ou zelar a pureza da fé, alguns ca- tholicos da capital olhem e tra- tem outros com manifesta má vontade, e procedam para com elles de uma fórma que... se- rá tudo o que quizerem, menos chrislã.

Ainda hontem passou o pri- meiro anniversario de um acon- tecimento que profundamente impressionou sinceros e dedica

cê de uma propaganda surda e lenta, de animizades pessoaes, que foi o principio e a base do couflicto, homens que traba- lham e que teem demonstrado o seu affecto á causa, servindo- a com todo o seu esforço, foram em publico violentamente mal- tratados por irmãos em crenças, e accusados dos mais negros delidos, com tal sanha, má — vontade e injustiça, que muita gente perguntou, e com razão, se eram calholicos, e calholicos cheios de prestigio, quem assim proferia semelhantes impropé- rios. ..

Muito de proposito, e contra- riando até os desejos de nume

jornal e os seus sustentadores, nem o chronista do Grito do Po- vo o pode suppôr I Os directa-] mente alvejados entendem que não podem manter o silêncio por mais tempo ; attribuem até a esse silencio o recrudescimen- to das perseguições de que es- tão sendo victimas agora. Nem os podemos violentar a uma in- commoda posição de... espe- ctactiva, nem deixamos de con- siderar que teem o direito de se defender desde que são ata- cados, e por uma forma tão... pouco caritativa. Mas de que se trata afinal ? De uma questão pessoal mesquinha ?

De más-vonlades primitiva- mente nascidas de uma campa- sinha grosseira, tecida por pes- soa que linha o dever de não molestar quem quer que fosse,

rosos amigos e collaboradores, e muito menos de faltar á ver- temos guardado silencio sobre estas misérias. Recebendo lam- bem, por tabella, varias amabi- lidades da forma e do teor que facilmente se avaliarão, abstive- mo-nos de lhes fazer referencias; alvo de uma perseguição cons- tante, que não affectava apenas um jornal, mas os seus funda- dores, os seus redactores—que absolutamente nada tinham com as questões ventiladas, e que, por mais de urna vez, se esfor- çaram por tudo conciliar — e até todos os adeptos, todos os partidários d'essa gente... cri- minosa, — não quizeraos ainda responder aos ataques e ás in- justiças.

Cumpríamos assim um dever e satislaziamos os ardentes de- sejos de respeilabilissimos cor- religionários e de cooperadores valiosos. Éramos nós que está- vamos no bom terreno, e que obedecíamos ás instrucções que lodos os calholicos devem aca- tar. De resto, as pessoas cuja estima e confiança nos importa- va manter, essas tinham a pe- nhorante bondade de nos affir- roar explicitamente que nos con- sideravam como até então, e que os seus sentimentos para com- nosco em nada haviam mudado.

Era o bastante. Não obstante toda a sua im-

petuosidade, e partir o ataque de homens rijos... e prestigio- sos, a campanha contra este semanário e contra indivíduos que o sustentam, não lhes fez grande móssa. A nossa attitude perante os desmandos e as in- justiças de confrades, cuja de- sorientação ou cegueira nos pe- nalisava em extremo, agradou a todos os sensatos. O tempo ia- se passando, e talvez que as más vontades, se não passassem lambem, de todo, ao menos fos- sem abrandando, aos pouco- chinbos. Assim o pensámos.

Mas pensávamos mal. Factos recentes, e de gravi-

dade relativa, mostram iniludi- velmente que a campanha con- tra certos democratas christãos não cessou. O que essa campa- nha tem sido, de que meios se

dade e dar falsas informações a torto e a direito, no intuito de prejudicar uma empreza e indivíduos que lhe eram anti- palhicos ? Não o gabemos ; cus- ta-nos a escrever assim, e só com um violento esforço o faze- mos. Mas era preciso explicar- mos, ainda que muito ao de le- ve, e contrariados, que não é nossa a culpa do que tem suc- cedido e está succedendo, eque não somos os provocadores da questão. Isso, porém, não obsta a que desejemos de todo o co- ração o regresso a tempos anti- gos, cordeaes e normaes; sabe- mos esquecer aggravos e per- doar a inimigos, quanto mais a companheiros na mesma tarefa!

Temos dado bastas provas do que fica dito. E por isso, lendo com jubilo as palavras do Grito do Povo, fazemos arden-

Grandes

verdades

Para todos lerem

«Senhores do centro, senho- res da esquerda e da direita, povo soffre !

Chamem-lhe republica,ou cha- mem-lhe monarchia, o povo sof- fre : isto é que é um facto.

O povo tem fome, o povo tem frio. A mizeria impelle-o ao crime ou ao vicio, conforme sexo. Tenham dó do povo, quem o presidio arrebata os fi- lhos e o lupanar as filhas. Ha forçados de mais; ha prostitutas de mais. Que provam essas duas ulceras ? Que o corpo social tem o sangue viciado. Estão reunidos em consulta, á cabe ceira do doente, cuidem da en- fermidade. Tratam-n'a mal; es tudem n'a melhor. As leis, quando as fazem, são apenas palliativos, expedientes.

Metade dos codigos é rotina, a outra metade empirismo.

A marca com ferro quente era uma cauterisação que gan- grenava a chaga, pena insensa- ta que sellava e soldava o crime ao criminoso, fazendo d'elles, dois amigos, dois companheiros dois inseparáveis. O presidio é um vesicatório absurdo, que deixa reabsorver, depois de o tornar ainda peior, quasi todo o mau sangue que suga. A pena de morte é uma amputação barbara.

Ora a marca, o presidio, a pena de morte, são trez coisas que se apoiam uma na outra. Fizeram desapparecer a marca; para serem logicos, supprimam o resto.

O ferro quente, a grilheta e o cutelho eram as trez partes de um sillogismo. Aboliram o fer- ro em braza; a grilheta e o cu tello

tes votos nara one se rpalisp a nao teem razao de ser- te» votos para que se realise a Farmace era atroZ) mas não

sua aspiração, que e a nossa, e absurdo. para que se consiga o apazigua- Desmontem essa velha esca- mento de exaltações e más von- da podre de crimes e de penas, tades que só podem ser úteis, rep£f™a

a„. afinal, aos que nos combalem pela doutrina e pelas crenças.

Dir-se-ha que faltaram já al- gumas tentativas de conciliação pelas vaidades ou imposições de quem gota de auctoridade e prestigio. Embora. E' preciso que vença a justiça. Intervenha quem tem ou tenha o direito de intervir; faça um estudo refle- ct do destas questões; ha-de chegar a uma conclusão edifi- cante. Se houver energia e o proposito de remediar os males de que nos queixamos, cortará a direito e vingará o resultado apetecido. Ebtre a cessação do actual estado de coisas, incon- testavelmente prejudicial, e o aberpinhamento ou o melin- dre de vaidades e influeucias, não pode haver hesitações possíveis. Que não haja en- tre nós fetiches e consagrados a impôr-se a todos e a absorver tudo, na preoccupação estranha de um domínio absoluto e cons- tante. Todos os que trabalham e os que iuclam teem direiio á vida, sobretudo neste campo da democraciachristã.. .Somos

dos catholicos, e em que, mer- i tem usado para prejudicar um I todos filhos de Deus

Refaçam a penalidade ; refa- çam as prisões ; refaçam os juizes. Ponham as leis ao nivel dos costumes.

Senhores, em França cortam- se muitas cabeças durante o anno. Já que tratam hoje de fazer economias, principiem a fazel-as por cima. Já que estão em maré de supperssões sup- primam o carrasco. Com o or- denado de 8o verdugos, podem pagar a seiscentos professores. Pensem no povo. Escolas para as creanças, officinas para ho- mens.

Sabem que a França é um dos paizes da Europa onde ha mais habitantes que não sabem lèr ? Como! A Suissa sabe ler, a Bélgica sabe ler, a Dinamarca sabe ler, sabe ler a Irlanda, e a França não sabe ler ! E' uma vergonha !

Vão aos presidios. Chamem toda a chusma. Examinem um por um todos esses homens con- demnados pela lei humana. Calculem e observem o angulo de todos esses perfis, apalpem tedos esses craneos. Cada um d'esses homens condemnados tem abaixo d'elle o seu typo bestial; parece que cada um é o ponto de interseção d'esta ou d'aquella especie de animal, com a humanidade. Aqui teem o lobo cerval, aqui teem o ga- to, aqui teem o macaco, aqui

teem o abutre, aqui teem a hyena.

Pois bem, a primeiraculpada na má conformação d'essas ca- beças é sem duvida a natureza; a segunda a educação. A natu- reza esboçou mal ; a educação retocou mal o esboço.

Voltem os seus cuidados pa ra esse lado : attentem na edu- cação do povo desenvolvam o mais possível essas infelizes ca- beças, para que a intelligencia que as habita possa crescer.

... Quando a França souber ler, não deixem sem direcção essa intelligencia que tiverem desenvolvido ; seria outra de- sordem. Vale mais a ignorância do que a sciencia mal dirigida. Não. Lembrem-se de que ha um livro mais philosophico do que o Compadre Matheus, mais popular do que o Constitucional, mais eterno do que a carta de i83o ; é a Sagrada Escnptu- ra.

Eu explico. Por mais que façam, a sorte

da grande multidão, da massa, da maioria, ha de ser sempre relativamente pobre, desgraçada e sombria. Para ella o trabalho rude, os fardos para mover, os fardos para arrastar, os fardos para carregar.

Examinem esta balança ; no prato do rico todos os gosos, no do pobre todas as mizerias. Não são deseguaes as duas par- tes ? Não é justo que a balança deva pender necessariamente e com ella o Estado ?

E agora, no lote do pobre, no prato das mizerias, ponham a certeza de um futuro celestial, a aspiração á felicidade eterna, o Paraíso, contrapezo magnifico !

Assim terão restabelecido o equilíbrio. A parte do pobre é tão rica como a parte do rico.

Istoé que Jesus sabia, e sabia muito mais do que Voltaire.

Deem ao povo que trabalha e que softre, deem ao povo para quem este mundo é mau, a crença num mundo melhor, fei- to para elle. O povo permane- cerá tranquillo e terá paciência. A paciência é feita de esperança.

Semeiem, pois, as aldeias de Evangelhos.

Uma biblia por cabana. Que cada livro e que cada campo produzam ambos um trabalha- dor moral.»

Victor nu tf o.

Monstruoso...

e horrorosa

A proposito deVmais Uu! creança abandonada», uma fo- lha lisbonense reclamava ha dias indignada a persistência nas in- vestigações policiaes para que^ descaroaveis mães sejam obriga- das ao cumprimentos dos seus deveres:-- «tomarconta d'aquil- lo que lhes pertence»; e accres- sentava:

«Se uma mãe abandona um fi- lho porque não tem que lhe dar de comer e n'esse abandono vê a protecção das instutuiçSes de beneficeneia, o acto d'essa mãe ain- da se desoulpa e é digno (Nw paixão, porque a fome é mas o que revolta e indign o crime seja praticado poi que vivem n'uma relativa de e ás a saciedade não p doar um acto que é na n *21. mais completa negação e da bondade, muitas vezt \j mente para encobrir uma p

todo o coração sabe perd

i

Dois recentes decretos d) Sua Santidade Pio X, de 12 de janeiro de 1906, concedem trezentos dias de indulgências aos fieis que dis- serem as seguintes jaculatórias :

Maria, esperança nossa, tende piedade de nós.

Beatíssima Virgem Maria, San- ta Mãe de Deus, roga por mim pecoador, agora e na hora da mi- nha morte. Amen.

(Cada uma e de cada vez, tre- zentos dias de indulgenoia).

FALTA DE ESPAÇO

Somos obrigados, por absoluta falta de espaço, a retirar para o numero proximo, além de varias noticias, o aitigo sobre o Descan- so Dominical e um outro, de um nosso estimado e joven collabora dor, intitulado. A mocidade, e a secção Na Brecha.

Que os leitores nos desoulpem.

ESCRIPTURAÇÕES

Fazem-se por preços modicos tanto pelo systema simples co- mo dobrados, carta á adminis- tração d'esle jornal a F. A.

Apoiado e não apoU mo o arliculista, aclianf caroraveis as mães que abai nam os filhos das suas eutn nhãs; mais descoroáveis aiuda achamos aquelies que os exter- minam na sua formação, ou que, quando desabrocham á vida, os arrojam aos abysmos da morte.

Porem não acompanhamos o articulista quando desabafa to- da a sua justa cólera unicamen- te sobre as mães descaroaveis, pedindo aos poderes públicos «medidas de repressão, que se- jam condemnação do crime, li- ção e ensinamento.»

Acaso todos esses filhos vo- tados ao abandono e á morte não liveram paes 1 Se não exis- tisse, impune, uma multidão de devassos infames e perversos, que veem na mulher só um meio de satisfação dos seus appetites bastiães, não se importando pa- ra nada das sequencias, haveria tanta materia prima para nume- rosíssimos crimes de aborto, abandono e infanticídio, que envergonham e rebaixam a na- ção, revelando a funda corru- pção de costumes que a apo- drece ? J

Entendemos, pois, que as in- vestigações policiaes, quando se Irala de qualquer d'aquelles odi- osos crimes, não devem limitar- se ás mães, senão attingir os paes, de quen^ na maior parte dos casos, provirá talvez toda a culpa ou a maior parte d'ella; quesobre elles deve recair tam- bém e principalmente medidas de repressão, que sejam deve- ras lição couvenienle.

Falia o mesmo periódico na «protecção das instituições de beneficência.» Será real e c#»- caz essa proteeção ^Responderá por nós o seguinte trecho d'um artigo que, com o titulo de monstruoso (e horroroso, ajunta- mos nós), publicou no mesmo dia outro jornal de Lisboa :

«E o facto brutal persiste. Hou

A TJti.iao Popular

1

\\

I

F m,

Te um município do paiz, que, em 19 annos, recolheu 740engenados

'D'essei 740 martyres, SO 17 ATTIN'GIRAM OS 7 ANNOS. O reBto ficou pelo caminho, arra- zado do estomago, arrazado dos pulmões, arrazado pela tuberculo- se, arrazado pela incúria, pela ignorância, pela malvadez, n'uma palavra, ASSASSINADO. O mu- nicípio poz na conservação d'essas 740 vidas humanas menos zelo,me- nos caridade do que poria na con- servação de uma estrada ou n'um concerto de um caminho, Essa re- serva preciosa de intelligencia e de força nXo o interessou ; peor do que isso : não o sentibilieou. Suppondo que uma creancinha se contente com uma sepultura de meio metro de cabeceira, ainda assim imagine-se que trabalho não deram aos coveiros os 723 des- graçadinhos que o mau leite, o leite azedo, a assorda, o feijão po dre, a insalubridade, a chuva, o vento, A FOME estiolaram, tor- turaram e, finalmente, ASSASSI- NARAM. Pois nada d'isto aba- lou os responsáveis, nada d'ÍBto os interessou, nada d'isto os com- moveu. Pessoalmente, cada um dos responsáveis era decerto, um ser mormal, capaz de sentir, ca- paz de soffrer ; burocraticamente, administrativamente,era de bronze de granito, de basalto, de silex. A vida? Um numero. A morte? Outro numero. A assistência pu blica t Uma escripturação por par- tidas dobradas. Porquê? Por igno- rância, pela ignorância que em- brutece, msensibilisa, dissocia, afasta, dispersa, incompatibilisa uns com os outroB todos os mem bros de uma colkctividade huma- na, qualquer que ella seja».

Monstruoso... e horroroso, não é verdade ?

Havia em tempos idos as ro- das dos expostos, que, se davam logar a muitos abusos, também encobriam muitas faltas que, segundo o primeiro jornalista citado, todo o coração sabe per- doar.

0 progresso entendeu que es sas instituições eram inconveni- «jríes e fomentadoras do vicio, e substiluiu-lbes as existentes. Não discutimos agora o facto consummado. Só perguntare- mos : Lucrou-se com a substitui- ção ?

Cremos que não. Os vicios não decresceram,antes pelo con- trario; repelem-se os abandonos de innocentes victimas d'elles; e os crimes de aborto e infanti- cídio mulliplicam-se.

Ainda mais. O auctor do ar- tigo de que transcrevemos o ultimo trecho, — artigo mui di- gno de ler-se e medilar-se, — escreveu mais adiante as seguin- tes terríveis linhas : «Esse mu- nicípio não era único, era ape- nas um aspecto local de um phenomeno generalisado. E isto pôde ser ? Isto não pôde conti- nuar?»

Isto não devia continuar, pa- ra honra de Portugal e por amor da humanidade ; mas isto con- tinuará, emquanto em Portugal a maldita politica partidaria,com todo o seu abominável cortejo de escândalos e iniquidades, absorver todas as attenções e enegias de uns, ajudados da su-

FOLHETIM

0 SACRIFÍCIO (1ISTI0 (Con chulo)

O circo é um mar agitado; estrugem os gritos, corre o san- gue, veem se creanças esmaga- das.

Baldadamente os retiarios jo- gam as redes e especam os for-

¥T"". - 1" as ma'has rompem-se e as armas saltam. Vãmente os an dabatas luctam cpm os tigres ; os lanistas são impotentes para domar as pantoeras. Dez arautos são espesinhados ; as buzinas calam-se.

— Eia ! Eia ! — gritam os es- pectadores.

bserviencia, indolência ou indi- fferença doutros, que aliás constituem a maioria; em quan- to governar o egoimo em logar do patriotismo.

A. Moreira Bello ■

Chronica de Lisboa

Os oatholioos sooiaes da capital

Appello á sua união

Do ultimo numero do nosso presado collega do Porto, O gri- t odo Povo :

Deponho já o tom jovial da passada chronica, para me abei- rar do assumpto pela epigraphe enunciado. Permitta-se, entre tanto, que evoque ainda hoje aquelle principio de phisica : «Dois corpos carregados da mesma electricidade repellem- se»...

Na verdade, a Lisboa «catho- lico social» ou «democrático- christã» como que parece, na sua esphera de influencia impul sionante, desdobrada em dois grupos que se repellem : elles, que estão, inegavelmente, ani mados da mesma fé, da mesma crença e das mesmas aspirações!

E' evidente quam lamentável isto é, sobretudo nos seus eflei- tos, sendo certo que as causas, por assim dizer fúteis, são úni- ca. e exclusivamente de caracter pessoal.

Desta má vontade—talvez se ja o termo—desta mã-vontade que mais ou menos dissimulada se lhes interpôs, não se pode es- perar senão a quebra d'aquelle enthusiasmo ardente, apostolico, desbordante. que fatalmente lhes havia de communicar uma co- mum e solida união.

E esta união é no momento presente de uma necessidade quasi absoluta. Creio que são elles os primeiros a reconhecêl-o. O povo, sentindo-se abandona- do, victima de muita miséria immericida, lança-se muito na- turalmente nos braços do pri- meiro que lhe apresente um pro- gramma de reivindicações : e muito mais ainda, se esse pro- gramava é colorido com todas as cores do espectro... Ao Esta- do e áEgreja cumpre empenhar todos os esforços tendentes a evitar que o povo se deixe em- bair pelo elemento revolucioná- rio... e por outros elementos que, embora de natureza um tanto diversa, são egualmente funestos. Mas não hade ser a ferro e fogo, nem a hysopadas de agua benta e objurgatorias do púlpito abaixo contra os Ím- pios e canalhas: hade ser attra nindo, para o moralizar ; fazen- do lhe justiça a que haja direi to, para o tranquilisar. Aos fi- lhos da Egreja, e muito princi- palmente ao clero, corre o de- ver de acudir á salvação do po- vo, sob o a.pecto moral e ma- terial, por meio de obras sociaes em que é admiravelmente fecun do o génio do Chnstianismo.

Sei bem que se não deve con- fundir rigorosamente a chamada questão social com a questão operaria, pois esta não é mais que um dos múltiplos aspectos que offerece aquella. Todavia,co- mo ouer que seja, nada ha que nos dêva fazer esquecer o movi- mento social, cujos effeitos, de longo alcance, estão destinados a exercer uma grande influencia sobre o futuro de' todas as na- ções civilisadas.

/

As feras rugem, despedaçam com os dentes as carnes dos uctodores.

Um leão salta para Vinicio ; o tribuno agarra-o pela juba com a sua mão de ferro, e rasga-lhe as fauces. O animal cae e a mul- tidão applaude.

Os christãos acolhem se a Vi nicio, persignando-se.

Os gladiadores incitam as fe- ras ; os seus gritos suffocam os gemidos dos animaes feridos. Paira na arena um rouquido de estertores, mixto de feras, de christãos, de gladiadores que agonísam.

Os jogos proseguem. O di- rector ordena que os lanistas não toquem nos christãos ; ás feras pertence a sua morte.

Das bancadas irrompe a su

Os problemas que por toda a parte se levantam, temos nós também de os resolver ; e se nem todos reclamam, entre nós, uma solução tão poderosa como em outros paizes, onde é mais dolorosa a sua agudeza, isso mesmo é uma razão para lhes estudarmos com mais cuidado e madureza satisfatórias soluções.

Nunca será demais repetir es tas verdades, que n'estas alturas em que vae a Democracia christã, já deviam sersédiças para todos nós, e não o são, desgraçada- mente.

Mas restingindo-me á situação do povo da capital, o lado mo- ral que ella nos offerece é tão deplorável, que só isto é mais que sufíkiente para que os de- mocratas christãos, incendidos no mais puro fogo de aposto- lado, se lancem numa legitima e nobre conquista de intelligen- cias e corações, respectivamente, desvairadas e pervertidos.

Porém, se entre esses novos cruzados dos nossos dias fallece aquelle evangélico espirito de união que os devia caracterizar; se, ao contrario, os divide uma certa «má-vontade» !...

E' certo: «Dois corpos carre gados da mesma electricidade... digo: dois grupos animados do mesmo ideal repellem-se» !

«Catholicos sociaes» de Lis- boa :

Em nome desse nobilíssimo ideal que vos propusestes apos- lolar, porque não esqueceis es sas fúteis questiúnculas de ca- racter méramente pessoal e vos não congraçaes para trabalhar- des todos, mãos dadas, sob uma unidade de acção potente e do- minadora ?

Será necessário um tribunal de árbitros avindôres ?!... Lá está no paço de S. Vicente de Fóra. Perante esse tribunal, po- rém, é tamdem necessário que aquelles que se imponham pelo seu prestigio, façam um peque- no sacrificio—reconhecendo aos outros muita-vontade e muita actividade, reconhecendo lhes, emfim, o direito de serem tidos em consideração para os effei- tos occorrentes...

Filhos do Evangelho, jã mais devemos esquecer o que elle nos ensina :

«Aquelle que se humilha, exalta se...»

E até o proprio Aristóteles escreveu que nem o astro do dia nem a estrella da manhã inspi- ram tanta admiração... como a Justiça!

Democratas, devemos excluir ascendências de caprichosa in- dole ; christãos, devemo-nos amar irmãmente, como no-lo ensinou o divino Mestre •. Amai- vos uns aos outros como eu vos amei.

A não ser assim, não. com- prehendo o que sejam «demo- cratas christãos.»

Historia Sagrada DO *

Antigo e NOVO TESTAMENTO Vida. de Jesus Christo

t dot priméirot apostolo») acompanhada de 30 gravuras e de dois mappas

e um plano de Jerusalem PELA

ESTRELLA DO NORTE

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bitas um brado geral; Gratia ! Gratia ! A multidão, os senado- res, as vestaes repetem: Gratia! Gr at ia!

Esta acclamação é arrancada por um espectáculo único até então nos jogos da arena. No momento em que as feras em bando se arremessavam para os christãos, Vinicio, com voz de estertor, gritou:

— Em nome de Christo, pa- rae !

A sua voz reboa, mirtellada, nas bancadas do amphitheatro. Os peitos tremem.

Mas, oh, milagre ! As feras suspendem-se, como cravadas ao saibro.da arena. Ficam estáticas, com os olhos de fogo, a visão branca que se ergue em face d'ellas.

A theoria socialista

da propriedade

Foi Proudhon que estabeleceu a theoria socialista da proprie- dade; ella deriva da famosa ma- xima que Proudhon plagiou ao revoluccionario Brissot, ainda que depois se gloriasse de ter in- ventado : a propriedade è o roubo.

Singular vaidade, a que con- siste em reivindicar a honra de tal achado!

Comprehendemos todavia, que Proudhon não podesse ler o me- nor orgulho em chamar-se pro- prietário, uma vez que elle defi- niu o proprietário como «um ani- mal essencialmente libidinoso, sem virtude nem vergonha, um abutre que adeja de olhos fixos sobre a presa, e que está prom- pto a sabir sobre ella e a devo- ral-a.»

Esta bella tirada só podia ser inspirada... pelo horror de sa- tisfazer os seus calotes.

Conhecemos muitos proprie- tários; não são, nem devassos, nem abnlres, nem chacaes, mas pelo contrario, pessoas honestís- simas, que, depois d'uma exis- tência inteira de trabalhos e pri- vações, collocaramo seu dinhei- ro com tanto custo adquirido ern casas ou em terras, em vez de o collocar em fazendas publicas.

Pode-se possuir, parece nos, e não ser um scelerado,... senão aos olhos invejosos d'estes pre- tensos reformadores.

Esse conseilo é simplesmente absurdo e brutal.

E' preciso não dissimular que esses grandes amigos da huma- nidade não são simplesmente loucos; são malévolos alé a fero- cidade.

No seu celebre pamphleto contra os que possuem (Quest- ce que-la proprieté?) Proudhon chega a esta conclusão.

«Bealisei a obra que me pro- puzera; a propriedade está ven- cidajnunca mais se levantará.Por toda a parte onde foi lido ecom- mentado este livro será deposto um germen mortífero para a so- ciedade ; ou cêdo ou tarde, des- apparecerão o privilegio e a es- cravidão. Ao despotismo da von- tade saccederá o reinado da ra- zão.

Decerto, não poderia ser este corypheu popular o precursor do fuluro estado socialista, a avaliar pelo sopro de paixões infames que perpassa no seu livro.

Toda essa theoria é ignopil; é, o odio de preguiça contra os que trabalham, da inveja contra o direito.

E' lambem muito edificam ouvil-o preconisar como bem su- premo a hedionda anarchia pa- ra a qual apella com lodo o enthusiasmo e para a qual tra- balha com todas as suas forças, fasendo-se como que seu aposto- lo.

«Que me importa a mim, po-

letario, — escreve elle, — o re- pouso e a segurança dos ricos? Riu-me da ordem publica e mais da segurança dos proprietários. Por mim serei, fiel conforme o ju- ramento prestado, á minha obra de demolição; não cessarei de a realisar, alravez das ruínas e dos destroços...»

Aqui está o que o socialismo nos promette pela bocca d'um dos seus primeiros apostolos e precursores.

Depois d'isto, como se pode seguir um ideal de destruição e de odio ? •

Quem acompanhou os sócia listas n'estas suas explosões de vingança ?

Quem se atreverá a trabalhar pelo estabelecimento do reinado social da iniquidade ?

PALHETINHAS DE OURO

A razão diz nos que o homem es tá em oontinua dependência do seu Creador, e que deve reco- nhecer esta Bua dependência com a homenagem da sua intelligencia, de sen coração, de sua vontade, de todo seu ser. Não se objecte que Deus não tem necessidade de nossa homenagem, porque é feli cisbimo em si mesmo, mas sendo principio da ordem, não pode dis pensar as creaturas de render-lbe esta homenagem.

As creaturas são seres essenci- almente relativos ao Creador, ao qual se devem referir em todos os modos, conforme a sua natureza. E' esta uma lei oommum. Os seres sem intelligencia rendem fatalmen- te homenagem a Deus; os seres do- tados de intelligencia rendem-lha nas azas da fé e do amor. Na or- dem physica reina uma lei que não se pode transgredir ; na or dem moral a lei quánão Be trans gride impunemente, \obama-se re- ligião.

Admittida a creação, a religião é uma necessidade. Ella entrou no mundo com o primeiro homem, e não sahirá senão com o ultimo ; e ainda que não se quizesse reconhe- cei a, a religião continuaria a im pôr se ao homem, como lei primor, dial, inevitável.

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Pedidos a esta redacção, acompanhados da respectiva importância.

Vinicio permanece immovel, os braços em cruz.

De repente, bruscamente, as feras voitam-se, Como á ordem d'um domador, uivam, olham em alvo,sorvem os ares e n'uma carreira de espanto precipitam- se para as jauias da vivaria.

A arena fica deserta dos car- nívoros: ouvem se rugirão longe nos stabula como se tivessem engulido serpentes de fogo.

Vinicio no meio do circo, tem no rosto a altivez dos heroes.

Os gladiadores ficam assom- brados. O imperador perplexo. Os gritos continuam :

— Gratia ! Gratia ! O amphitheatro é uma tromba

que surge, que implora, amea- çando.

As vestaes voltam o pollegar

As leis escriptas com simpli cidade e em pequeno numero são as mais próprias para con ter o povo nos seus deveres.

BOSSUIT.

para a arena; os senadores le- vantam-se; as patrícias incli- nam-se ; todo o povo pede o perdão. Tito fala ao pae com- movido.

O prodígio foi patente, são os deuses que o querem.

O imperador perdoa. Um arauto proclama na arena tuba o favor imperial.

O amphitheatro levanta-se em peso offegante, bramindo da an- gustia que o alijaram.

Vinicio é indultado com os demais christãos.

O povo precipita-se para os vomitória, para vor de perto os libertos da morte.

Os uivos das feras e os ge- midos dos moribundos confòn- dem-se com os cantos de ale- gria. A mlutidão debanda : o

m SE ASSESTEM

Relativamente ás eleições na V. 0. 3.1 de S. Francisco, a Jesus, publicou-se um artigo no numero passado como esclareci- mento sobre o assumpto; hou- ve logo quem nos dissesse, que não tínhamos feito bem. porque

I podíamos dar occasião a que a j imprensa vermelha tirasse par-

tido do caso. A nossa resposta foi a que

serve de epigraphe a estas li- nhas.

E* verdade que o callado é o melhor mas cem sempre é bom callar, pois por tanlo nos termos callado é que as cousas chega- ram a este ponto.

Na circular do sr. Martins fa- zem-se aceusações e no artigo aqui publicado também se di- zia que haviam cousas mais gra- ves do que aquellas que a cir- cular apontava.

As informações que temos au- ctorisa-nos a dizer que o demó- nio não é tão feio como o pin- tam e por isso não ha razões para sustos.

Por falia de espaço não pu- blicamos hoje a circular, o que faremos n'um dos próximos nú- meros.

CALENDÁRIO

1787 — Catharina II

A 22 de julho de 1787 regressa a Tza- rskozelo, de volta da suá famosa viagem, a imperatriz Cathari- oa II, da Russia.

Cathaiina II fôra á Criméa vêr essa peninsula que os seus exérci- tos titiham conquistado para a co- roa régia que lhe ornava a fron- te.

Estivera em Kherson, em com- panhia de toda a corte e do seu favorito Momonoff, e fôra reoebida por toda aparte com grandeB ac- olamações e demonstrações de ale- gria por todos os habitantes da peninsula.

Mas nada mais mutável que oa sentimentos do povos !

Catharina mal voltára ainda da Criméa e eis que a guerra reben- ta ; Sahim-Gerai que tinha ficado fiel aos russos é assassinado, e o exeroito ottomano ataca a Rus- sia.

A complicar mais ainda a situa- ção, Gustavo III também se de- clara contra a imperatriz e amea- ça o norte da antiga Sarmatia.

Mas de tudo triumphou o génio d'essa mulher, uma das mais ce- lebres de que a historia faz men- ção. Gustavo III foi obrigado a as siguar a paz e os turcos, batidos em successivos encontros, bem de- pressa terminaram a guerra pela paz de Jassi.

E no meio do perigo, Catharina II ticára serena No proprio dia da sua chegada a Tzarskoele, a que boje nos referimos, já conhe- oidos os perigos que ameaçavam o império, quando todos os nobres traziam a cabeça perdida, a impe- ratriz publicava um ukase ou edi- to dimÍDuindo vários impostos e determinando outros actos de pie- dade para com os delinquentes. Co- nhecia o coração dos homens esta sagaz mulher...

Domingo

n

Julho

Senado levanta-se, a Corte re- tira-se. As vestaes, por sua vez, sahem magestosas, serenas, hie- raticamente graves nas suas tu- nicas brancas.

As suas cabelle:ras impregna- das de balsamus, espargem-se jelas espáduas como nuvens de oiro, n'um adejar de azas em manhã de brisa cariciosa.

Lygia avulta entre todas, na tunica de longa cauda, que lhe dá mais sublimidade, mais bel- 'eza.

Era bem uma deusa, fugida do Olympo, pairando no Coly- seu, como uma figura irreal.

Albin de Cigala. (Do magnifico romance «Vrb-

et Orbi» publicado pela Livrai ria Editora V luva Tavares Cardoso.)

A T_rniSo Popular

HORAS DE ESTUDO

A REFORMA NÃO FOI REFORMA

( Conclusão)

Outro facto histórico de egual eloquência é a auctorisação se- creta dada ao Landgrave Philip pede Hesse para casar com uma segunda mulher em vida da pri- meira ; esta auctorisação de bi- gamia, assignada por Luthero, Melanchton, Bucer e outros, já de si mesma tão repugnante e di- gna de sensura e sobretudo, ver- gonhosa pelas circumsutancias que a precedem.

Era uma questão de vida ou morte para a nova seita, logo na sua infancia, attento o prestigio de Landgrave, cujas convicções religiosas se podem medir pelo dilema que teve a ousadia de propor aos reformadores, em correspondência com elles tro- cada: ou a referida auctorisação digamia em nome do novo Evangelho ou a sua alliança com o imperador Carlos V, que esta- va ao lado dos catholicos.

A transigência foi absoluta e o documento official que legali- sou o infame connubio é d'um servilismo revoltante; nunca se levou tão longe o principio do livre exame como único critério de interpretação bíblica, pois foi preciso descobrir na Escriptura razões theologicas que justifi cassem aos olhos do agraciado essa arbitraria e excepcional concessão.

Ao mesmo tempo que este documento immoral violava pela primeira vez no christianisino a santidade do matrimonio, Deus permitte (sem duvida para mos- trar com exemplos frisantissi- mos de que lado está o espirito christão) que a Egreja fosse também por sua vez instada por outro soberano, maior potentado ainda, a conceder-lhe idêntica auctorisação.

Era Henrique VIII que amea- çava inclusivamente Roma com um chisma, se ella lh o recu- sasse.

Um Papa todavia, sem ser re- formador. como se diziam os pregpeiros do novo Evangelho, mas simples guarda da mesma sorte que os seus antecessores, da doutrina e moral evangélicas, negou a respectiva auctorisação, apezar de vêr fugir á Egreja uma das suas mais bellas províncias, a Ilha dos Sanlos.

E com effeito a Egreja per- deu-a, ao passo que Luthero ga- nhou o apoio temporal do Lan- dgrave. Antithese perfeita e elo- quente entre o espirito christão da velha Egreja e o espirito se- ctário de heresia nova !

Este facto assumiu tamanhas proporções no escândalo produ- zido que aos proprios olhos dos protestantes mereceu as mais acres censuras.

Que seriedade revelam pois esses pregoeiros do evangelho novo nas suas pretenções refor- madoras ?

Postos estes princípios quaes seriam os fructos da sua reforma moral ? Falam agora os factos. Que os confessem os proprios coaypheus do protestantismo, a maior parte dos quaes teve ainda tempo de presenciar e lamentar com sincera dôr os tristes resul tadas dos seus princípios dissol- ventes.

Nos últimos annos da sua vida o proprio Luthero horrorisado com as consequências moraes da sua doutrinação, lastimou devéras a sua obra, e teve horas de remorsos turturantes; fé, cos- tumes, e liberdade tudo se tinha sepultado no immenso cataclys- mo, os prégadores entretinham- se com disputas intermináveis e já não eram escutados, a buro- ciacia opprimia-ose o povo vo- tava-os ao mais completo ostra- cismo.

«Que miséria, dizia elle numa carta, a juventude está selvagem e corrompida, já não sabe o que é a palavra de Deus e o baptis mo.

«Quem iniciaria tal prégação, se tivéssemos previsto que d ei la resultariam tantas calamida- des, sedições, escândalos, bias pheroias, ingratidões e perversi- dade?»

«Leipzig tão zelosa pela Re- forma, disse também Luthero u'um d'esses momentos de des-

espero, tornou-se peior que So- doma. .— Wittemberg não vale mais; vende tudo o que lá tens, escerve elle a sua mulher, e deixa esse Sodoma.»

«A licença e todos os outros gcneros de vicio teem ido hoje mais longe de que nunca o foram no tempo do papismo, disse ain- da o fundador da nova seita.»

O suicídio que, como hoje se prova, foi o termo da sua vida irrequieta e turbulenta, é o seu ultimo depoimento sobre os fru- ctos colhidos na religão que pre- gou e a coroa da sua obra triste e irrisoriamente reformadora.

Calvino, outro corypheu do protestantismo faz também as seguintes confissões :

«Genebra está entregue a de- sordens maiores do que aquel- las que ella gemia. Os próprios pastores que sóbem á cadeira da prégação são os mais abominá- veis exem pios de perversidade e de todos os vidos.»

E Henrique VIII não teve o menor rebuço de declarar em pleno parlamento que —a con- sequência immediata da Refor- ma foi a corrupção geral dos costumes.

Innumeros testimunhos de protestantes notáveis como Mel- chior Ambach,Hartmann Braun, Mathieu Frederich, os dois Osian der, Erasmo Winter e tantos outros poderiam reforçar a minha these; bastam-nos po- rem os depoimentos indicados que por serem de quem são faliam bem alto.

Conego Anaquim.

Discnssões pedagógicas — A redacção da Educação Na cional enviou ncs um opusculo con- tendo os artigos que publicou so- bre os pontos fundameniaes do congresso pedagógico de Coim- bra.

Vamos lêr com a devida atten ção, e falaremos. Mas agradece- mos desde já a delioada offerta.

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO „

CHRISTÃO

Lisboa—Decorreu serena- mente a assemblea geral do Cir- culo Catholico da Immaculada Conceição, realisada, conforme dia - sémos, no sabbado 14 do corrente.

Presidiu á sessão o sr. Sines Fernandes, secretariado pelos srs. Manuel Frade Rodrigues e Anto- nio Vieira Marques.

Foi lida e approvada a acta, oom uma rectificação proposta pe- lo sr. Pedro Maia; responderam a umas perguntas do socio,sr. Alves, os sr. Padre Coelho e Bayard.

Na ordem da noite procedeu-se ás eleições dos corpos gerentes que hão de funccionar em 1906- 1907, as quaes deram o seguinte resultado :

Direcção: Presidente, padre Eduardo Coelho Ferreira:vice-pre- sidente, Zuzarte de Mendonça; 1.* secretario, padre Victor de Je- sus Maria do Espirito Santo ; 2.' secretario, Augusto Luiz dos San- tos ; thesoureiro, Pedro Augusto Pereira Maia ; vogaes, Lopes Fer- reira e Ezequiel Joaquim Rodri- gues da Silva.

Meza da assemblea geral: Presi- dente, Jorge Ó Neill; vice-presi- dente, mons. Carlos Costa; se- cretários, A. Gomes dos Santos e João Franco Monteiro.

Conselho Jucal: presidente, rev. conego Carlos Alberto Martins do Rege; secretario, Quintino dos Santos Junior; relator, Manuel Pereira da Silva Lopo ; supplen- tes, José Maria de Frade Rodri- gues, Joaquim do Carmo Rodri- gues.

— A assemblea geral para dis- cussão do relatório e contas da ge- rência finda realisa se muito bre- vemente, constando-nos que o re- latório é um documente de grande importância, escripto oom a maior clareza e sinceridade.

— Hoje ha recita e conferenoia, começando a sessão ás 8 e meia em ponto.

Porto — Chamamos mais uma vez a attençâo dos nossos lei- tores para a grande obra da cons- truoção d'um editicio para séde do

Circulo Catholico d'Operarios do Porto.

Encontra-se este importante em- prehendímento á mercê da carida- de dos bemfeitores.

Só estes poderão impulsionar a arrojada empreza que tão neces- sária se torna para o completo des- envolvimento do Circulo Catholi- co do Porto na sua benefioa acção. Auxiliar esta obra para a sua mais rapida realisação é concorrer tam- bém para o bem do operário filia- do no benefioente Circulo, que lbe proporciona, a par da luz do espi rito, o soccorro pecuuiario quando a doença o impossibilita de traba lhar.

Os actuaes encargos de aluguer da casa, e bem pesadíssimos, de sappareoerão com a construcção d'um edifício proprio, e d'esta fór ma poderá o Circulo alargar mais cabalmente a sua acção de benefi- cência

Appellamos, por isso, para os bemfeitores das boas obras para esta de tão grande alcance.

Transporte, 2:558£135 —Padre José do Amaral, 500— Leonardo P. de Castro, 500 — Padre Fran- cisco X. Schurrer, 2(5500—Ma- nuel A. da Silva, 600 — Vicente F. da Fonseca, 500 —Jacintho M. Cardoso, 200—Francisco J. da Costa, 100 — Associação C. A. dos Operários F. de Calçado, 200 — Francisco P. Leitão 100 — A. A. Faria Mourão, 100 — M. Cláudio Domingues, 200 — Padre Daniel G. de Miranda, 600 —Total, 2:564£235 réis.

Todos os donativos devem ser enviados ao Circulo Catholico d'Operarios, Travessa da Fabrica n.° 10 — Porto.

"Villa Nova de Gaya — No dia 10 do corrente tomou posse, como estava annunciado, a nova direcção d'este Circulo para dirigir os trabalhos durante o triennio da 1906 a 1909.

A' hera marcada compareceu o Ex.™0 Snr. Dr. Antonio Azevedo Maia, presidente d'este Circulo, que, depois de verificar que estava a maioria de membros da antiga direcção, abriu a sessão eram 8 e meia da noite, dando posse á no- va direcção, que ficou assim oons- tituida :

Presidente, Dr. Antonio Azeve- do Maia; vice-presidente, Padre J. Seixas; 1.° secretario, A. B. Pinto Assumpção ; 2.° secretario, Antonio Lopes de Carvalho ; the- soureiro, Joaquim Angusto de Sousa ; directores, Manuel de Sou- sa Dias e Manuel de Assumpção.

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Vae leccionar a casas particu- lares.

Diz-se rua de S. Caetano, á 32 rez-do-chão—Lisboa.

CALENDÁRIO

JTulho

22—Domingo—(7.° depois do PentecoBte)—Santa Maria Magda- lena, Penitente, advogada contra a peste, e pelos meninos tardios em andar, e padroeira das peni- tentes.

23 —Segunda-feira — S. Apolli nario, B. M , patrono dos aífine- teiros. — S. Liborio, B.

24 — Terça-feira — S. Francis co Solano, C. da 1.* Ordem. — Santa Christina. V. M.

25 — Quarta-feira (>í<) — S. Thiago Maior, Ap., advogado nas guerras contra os infiéis, e patro- no dos peregrinos, chapeleiros, ci- rieiros, droguistas, etc.— S. Chis- tovâo, M., patrono dos navegantes, marinheiros, barqueiras, etc. — Santa Valentina, V. M.

26 — Quinta-feira—Sant'Anna, Mãe de Nossa Senhora, advogada contra a esterilidade e padroeira das mães de familia. —Os Santos Symphronio e Comp. Mm.

27 — Sexta-feira — A B. Cune- gundes, V., da 2.* Ordem. — S. Pantaleão, medico, M., patrono dos medicos

28 — J) Sabbado — Santos Na- zário Comp., Mm., Nevolonío C. da 3.1 Ordem — S. Innoceucio, Pp. — S. Sansão. — Q. C., ás 7 h. e 23 m. da tarde.

Curiosidades— Um lago de sabão — Existe em Nicaragua um Iago importante, o lago Nejapa, cujas aguas são uma veidadeira li- xivia natural.

Contêm essas aguas uma solução concentrada de bicarbonato de so da e de potassa, com uma grande proporção de sulphato de magnesia. Basta mergulhar n'ellas as mãos e estregal-as um momento para se vêr formar a espuma de Babão que lava tão bem, senão melhor, que o sabão artificial mais fino.

Os habitantes dos arredores do lago servem-se d'essa agua, não | sóinente para lavar a roupa, mas ainda para a lavagem das casas. E como a agua em questão contém sulphato de magnesia, servem-se d'ella egualmente para uso inter- no e vendem na como purgativa aos seus visinhos de Guatemala.

£' um lago precioso, que mais parece uma mina...

A lettra sMt—Observa uma revista americana que a «lettra M é inicial de «musica» e «melodia»; e do nome de numerosos composi- tores antigos e modernos, como se fosse uma lettra predestinada. A referida revista cita, entre outros os seguintes nomes: Monsigny,Mé- hul, Mozart, Martini, Mayerber, Maysader, Malibran, Mendessobn, Massé, Mercadante, Monjou, Moschelès, Membrée,

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Mistura se tudo e sirva-se mui- to quente.

Para rir— Anthentica. Um neurastbenioo queixa-se

amargamente ao medico de que não póie supportar o fumo do charuto, sem ficar perdido da ca- jeça. O medico ouve com atten- ção, e responde:

— Tem você um remedio excel- ente. ..

— Serio ? Ainda bem, doutor 1 Cntão, que devo fazer ?

— Não estar ao pé de quem fu me charuto. ..

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economistas e sociologos sobre a doutrina

socialista

Spencer - Gni-ofalo -Guyot —I». Janet -Novicow -Levoni —Gral -Du Merao Cnthrcin — Antoine Laveieyo — Demoliu* - J. Simon — Baver — An- selmo Vleli-u - Conde de Penha Garcia - An- tonio de Serpa Pimentel.)

Coordenação, prefacio e notas de Carlos Penalva

Dm bello opnscolo ln-12, de 48 paginas, 6°

12 ex.: 6oo réis—5o ex.: iwj5o réis—ioo ex.:

LIVRARIA POVOENSE EDITORA, de José Pe- reira de Castro, Povoa de Varzim, ao qual devem ser fei- tos todos os pedidos.

Em Lisboa : á venda na LIVRARIA CATHOLICA, Calçada do Carmo, 6.

A TJ niuo Popular

UNIÂ0 POPULAR

SOCIEDADE DE BENEFICENCtA E INSTRUCCÀO lt>

ESTATUTOS

CAPITULO I

Denominação e fins da Sociedade

Artigo l.°kE' fundada em Lisboa um sooieda- de de beneficência e instrucçSo denominada — A União Popular, tendo por fim :

1.* Auxiliar as classes operarias em casos de falta de trabalho, e de saúde, bem como nos de falleci- mento ou viuvez.

2.® Procurar obter por preços vantajosos todos os generos de consumo domestico.)

3.° Creação de uma bibliotheca e aulas para instruc- çSo litteraria e profissional, ou em falta d'estas, auxi-

<<-4rar as instituições que tenham por fim propagar a instrucçSo e educação nas classes operarias, quando as referidas instituições mereçam confiança á Socie- dade.

4.® Propagar as doutrinas da democracia christS pela imprensa, por conferencias e por quaesquer ou- tros meios que a Sociedade julgue convenientes.

õ.® Instituir ou auxiliar qualquer obra que tenha por fim beneficiar as classes operarias e principal- mente as do sexo feminino.

6.° Fundar ou auxiliar a fundaçSo de publicações para instrucçSo das classes operarias e beneficio e propaganda da SOCIEDADE.

§ Único. Esta Sociedade poderá estabelecer com- mittves parochiaet de propaganda, afim de melhor po- der satisfazer aos fins que tem em vista.

CAPITULO II

Dos sooios

Art. 2.® São considerados socios effectivo» todos os indivíduos de ambos os 6exos que subscrevam com a quota mensal de 200 réis, e auxiliarei os que subs- crevam coar. a quota mensal de 100 réis, e de mérito os que se tenham assigoalado por serviços prestados ou donativos concedidos á Sociedade.

Art. 3.* O titulo do socio de mérito só é concedi- d&-j»elâ assembléa geral sob proposta da commissão

91 administrativa. Art. 4.° Para qualquer candidato a sooio ser accei-

to é necessário: 1.° Ter bom comportamento moral, civile religioso. 2.® Ter uma profissão ou emprego honesto d'onde

Ibe advenham cs meis de subsistência. 3.® Ser auctorisado pelos paes ou tutoreB, sendo

menor e pelo marido sendo casada.

CAPITULO III

Deveres dos sooios

Art. 5.® Compete aos socios effectivos e auxiliares: 1.® A pagar a quota com que subscreverem, bem

como 50 réis pelos Estatutos. 2.® A servir gratuitamente os cargos para que fôr

eleito ou nomeado pela assembléa geral, salvo quan- do motivos justificados expostos na assembléa geral lhes admittsm a escusa.

3.® Participar por escripto á commissão administra- tiva quando mude de residência, esteja doente, pre- zo, sem trabalho, ou quando não eeja procurado pelo cobrador da Sociedade durante um mez, para lhe receber as quotas.

4.® A zelar os interesses da Sociedada promoven- do o seu maior engrandecimento e o bom nome da mesma.

Art. 5,® Os pagamentos das quotas devem come- çar a contar-se regularmente desde o mez em que o candidato foi approvado e serão feitas dentro do mez a que se referirem.

Art. 7.® E' permittido o pagamento da quota a prestações quinzenaes ovV'i.auaes.

CAPITULO IV

Direitos dos sooios

Art. 8.® Os socios, 30 dias depois de inscriptos e correntes no pagamentos das suas quotas teem direi- to :

1.® A votar e ser votado. 2.® A examinar a escripturação da Sociedade nos

prasos marcados para esse fim. 3.® A requerer a convocação do assembléa geral

devendo o requerimento ser assignado pelo menos por cinco socios no gozo dos seus direitos, a maioria dos quaes tem de comparecer á união da assembléa ge ral sem o que esta não se realisará

4.® A receber todos os benefícios que a Sociedade possa dispensar aos associados.

Art. 9." O socio receberá uma das publicações or- gãos da Sociedade logo que pague a 1.® quota.

CAPITULO V

Penalidades

Art. 10.® E' considerado no gozo dos seus direitos todo o socio que não esteja em atrazo em mais de duas quotas mensaeB e tendo pago o exemplar dos Estatutos,

Art. 11.® O socio que dever mais de duas quotas mensaes só poderá ser readinittido satisfazendo o de- bido que tiver, para com a Sociedade.

Art. 12.® Perde o direito de socio o que por pala- vras, escriptos ou actos, promova o descrédito da Sociedade ou lance a discórdia eDtre os socios.

§ Único. Nenhum bocío demittido ou expulso terá direito a qualquer indemnisaçâo pelas quantias com que tiver contribuído para o cofre da Sociedade.

CAPITULO VI

Dos fundos e suas applicações

Art. 13.® Os fundos da Sociedade compõem-se: 1.® Do producto das quotas. 2 ® Da venda dos Estatutos. 3.® Do producto das atsignaturas, das publicações

orgãos da Sociedade. 4.® Do rendimento de espectáculo em beneficio do

cofre da Sociedade ou d'outras quaesquer reoeitas. Art. 14.® Todas as quantias superiores ás que se-

jam necessárias para pagamento das despezas men- saes, devem ser depositadas á ordem da Sociedade em qualquer estabelecimento de credito e de con- fiança da Sociedaee.

§ Único. Quaodo o julgue conveniente, pôde a com- missão administrativa empregar parte d'essa impor- tância na compra de papeis de credito depois de ser ouvida a commissão revisora de contas, sobre a na- tureza de papeis a comprar.

CAPITULO VII

Assembléa geral

Art. lõ.® A assembléa geral é a reunião de todoB os socios no gozo dos seus (lii eitos e n'ella rezidcm todos os poderes.

Art. 16.® A assembléa geral está legalmente cons- tituída quando previamente tenha sido convocada n'uma das publicações da Sociedade ou n'um dos jornaes mais lidos da capital e quando compareçam pelo menos 10 associados.

Art. 17.® Não se tendo reunido o numero legal de socios, faz se-ba nova convocação dentro do praso de 8 dias, podendo a assembléa deliberar então com qualquer numero do socios presentes.

Art. 18.® A assembléa gerál terá duas reuniões or-

dinárias no anno, sendo a primeira no 1.® domingo do mez de junho para a eleição dos corpos gerentes que devem eDtrar em exeroioio no dia 1 de julho e n'este mez terá logar a segunda reunião para exame de contas e sua discussão.

Art. 19.® A assembléa geral reúne extraordinária mente a requerimento;

1.® Da commissão administrativa, da commissão re visora de contas e de cinoo socios pelo menos, no ple- no gozo dos seus direitos, explicando o requerimento os motivos da convocação o obrigando-se a compare- cer na reunião.

2.® Todas as vezes que a Meza para interesse da Sociedade o julgar conveniente.

Art. 20 As assembiéas geraes que não sejam con vocadas a requerimento da commissão administrativa ou commissão revisora de contas, só poderão funccio nar estando presente a maioria dos socios.

Art. 21.® A Meza da assembléa geral compõe-se de um presidente, 1.® e 2.® secretários e dois vo- gaes.

Art. 22.® A' assembléa compete : 1.® Legislar para a Sociedade em conformidade

com a lei geral. 2.® Discutir e votar as contas, pareoeres e relato

rios dos corpos gerentes e commissões. 3.® Eleger todos os corpos gerentes, commições de

assistência ou visitadores. 4.® Resolver todos os recursos e questões que se

suscitem entre associados, ou entre corpos gerentes, seja qual for o assumpto que lhe tenha dado causa, contanto que diga respeito a negocios da Sociedade.

5.® Excluir os socios incursos no art. 12.® Art. 23.® A' mezada assembléa geral compete: 1.® Convocar as reuniões ordinárias e extraordiná-

rias em conformidade com os Estatutos. 2.® Preeistir ás reuniões da assembléa geral regis-

tando todas as deliberações n'ellas tomadas : 3.® Assistir ás sessões de posse dos diversos corpos

gerentes e commissões assignando os respectivos ter- mos.

CAPITULO VIII

Administração

Art. 24.® A administração é confiada a uma cofti- missâo administrativa de cinco membros effectives sendo um presidente, um secretario, um thesoureiro e dois vogaes.

Art. 25.® Compete á commissão administrativa : 1.® Admittir, suspender ou excluir os socios ou

propor a sua exclusão á assembléa geral ; 2.® Tomar posse todos os annos no principio do mez

de julho ; 3.® Administrara Sociedade com toda a economia

o escrúpulo, e promover o seu engradecimento ; 4.® Velar pela couservação dos moveis e mais ob-

jectos pertencentes á Sociedade ; 5.® Pedir a convocação da assembléa geral ; 6.® Apresentar contas á assembléa geral em julho

década anuo, deixando as patentes aos socios que de- sejarem examinai-as por espaço de 8 dias ;

7.® Elaborar os precisos regulamentos internos, e fazei -os respeitar ;

8.® Conferir todos os valores que constituem o in- ventario que recebe, pasmando quitação á administra- ção que finalizar seus trabalhos ;

9.® Nomear, suspender ou admittir o pessoal re- munerado da Sociedade.

10.® Resolver sobre todos os assumptos e casos não previstos n'estes Estatutos, dando oonta de todos os seus actos á assembléa geral.

Arrt 26.® A direcção reunirá pelo menos uma vez por mez, o que não deverá passar do dia lõ, para a approvação do balancete do mez anterior, mand&n-

do-o publicar nas publicações da Sociedade, e para tratar de qualquer assumpto a resolver.

CAPITULO IX

Fiscalisação

Art. 27.® A fiscalisação é confiada a uma commis- são revisora de coutas composta de cinco membros effectivos, que deverão escolher entre si presidente, secretario ej-elator.

§ único. Esta commissão instalar-se-ha no mesmo dia em que a commissão administrativa tomar posse:

Art. 28.® São attribuições da oommissão revisora de contas :

1.® Examinar, sempre que julgue conveniente, e pelo menos de tres em tres mezes, a escriptu ração da Sociedade e o estado da caixa da mesma.

2 0 Pedir a convocação da assembléa geral. 3.® Assistir ás sessÕeB da commissão administrativa

sempre que julgue conveniente, e pedir-lhe os escla- recimentos que julgue precisos.

4.® Estar aofaoto de todos os trabalhos da commis- são administrativa e de todas as mais commissões.

5.® Dar parecer sobre as contas, e relatório apre- sentados pela commissão administrativa.

§ único. Cada um dos membros da commissão re- visora de coutas, pode exercer separadamente a at- tribuição designada nos n.°* 1 e 3.

CAPITULO X

Disposições geraes

Art. 29.® As eleições serão sempre feitas por es- crutínio secreto.

Art. E' da competência da assembléa geral a ex- clusão de qualquer socio, sendo ecte previamente uuvido.

Art. 30.® Só podem ser eleitos os sooios que sai- bam ler e escrever.

Art. 31.® As funeções de membros da Meza da as sembléa geral, commissão administrativa, commissão revisora de contas ou qualquer outra commissão que tenham de examinar contas, são gratuitas e não po- dem ser exercidas por indivíduos que recebam esti- pendio da Sociedade.

Art. 32.® Para se dissolver esta Sociedade será preciso que o seu estado financeiro seja insustentável e assim considerado pela assembléa geral, expressa- mente e directamente convocada para esse fim.

Art. 33.® Em caso de dissolução, os valores da So- ciedade que por ventura restem, depois de satisfeitos todos os encargos, terão a applicação determinada pelo artigo 36 do Codigo Civil.

Art. 34.® E' expessamente prohibido á Sociedade fazer-se representar em qualquer acto politico ou anti- religioso.

Art. 35.® A commissão administrativa quando tra- ta de dar cumprimento.ao que dispõe o n.® 7 do ar- tigo 2õ deve exarar nos regulamentos, com toda a clareza possivel, as vantagens a que tiverem direito tanto socios como assignantes das publicações orgãos da Sociedade, afim de que essas disposições não possam ser mal interpetradas.

§ unioo. Para a confecção dos regulamentos a com- missão administrativa deve procurar para base dos mesmos, os regulamentos das associações ou socie- dades que existam com os mesmos fins ou eden- ticos.

Art. 36.® Os presentes estatutos só podem ser al- terados com o accordo da maioria dos socios em as- sembléa geral e approvação do Governador Civil.

Art. 37.® Nos casos omissos e para interpretação d'estes estatutos regulará a lei geral por onde se re- gem as mais sociedades d'este genero.

REGULAMENTO INTERNO

DA

Commissão administractiva

Art. 1.® Nenhum individuo pode fazer parte oomo socio d'esta Sociedade quando tenha menos de 5 ou mais de aessenta 60 annos.

Art. 2.® E' dever de todo o individuo que deseje inscrever se oomo socio não occultar a edade, profis- são, emprego e estado de saúde, na occasião de se inser4*«a,

, as ill37. socio que occultar qualquer das dispo antecedente, será demittido de socio

•SLrDMMISSÃO ADMINISTRATIVA tenha 'isso~«(fnhecimenio, ficando sujeito ao que dispõe o

paragrapbo único do artigo 12. Art. 4.® O socio eliminado por atrazo de pagamen

to de quotas poderá ser reudmittido quando não deva mais de 4 quotas mensaes, quando deva mais só po-

derá ser novamente adraittido como socio, em har- monia com o que determinam os artigos 1 e 2 d'este regulamento.

Art. 5.® Em caso de fallecimento de qualquer so- cio, estando no gozo dos seus direitos receberá 2&600 réis para ajuda do seu fuDeral.

Art. 6 ® Para o socio ter direito ao subsidio conce- dido pelo artigo antecedente é necessário que tenha um mez de associado com as quotas correspondeu tes pagas.

Art. 7.® O socio que tiver seis mezes de associado tom direito em caso de fallecimento a 5S000 réis de subsidio para ajuda do seu funeral um a:mo de associado 10$000 róis dois annos de associado 12$000 réis, quatro annos de associado 15$000

reis e seis annos 18&000 réis, tendo as quotas cor- respondentes pagas.

Art. 8.® Os subsidies de que tratam os artigos 5 e 7 seião pagos á vista do bilhete da cova, á pessoa que provar ter feito o funeral ao socio com decencia e que não tenha sido civilmente.

Art. 9 0 Em caso de fallecimente de qualquer so- oio, a familia ou pessoa encarregada do sen funeral, mandará paite por escripto á COMMISSÃO ADMI NISTRATIVA com a maxima brevidade, devendo a pane ser acompanhada cam o exemplar das Estatu tos e do ultimo recibo do mez que pagou.

Art. 10.® Todo o socio tem direito a fazer qual- quer public: ção nos jornaes orgãos da SOCIEDADE, quando seja de interesse particular taes como, agra-

decimentos, offertas e annuncios, com o desconto de 80°/o sobre a tabella.

Art. 11.® Para o maior desenvolvimento da /Socie- dade a COMMISSÃO ADMINISTRATIVA concede a todos os assignantesjdas publicações orgãos da So- ciedade, quer rezidam em Lisboa ou em qualquer pon- to do paiz, vantagens eguaes ás que são concedidas aos socios nos Estatutos e regulamentos desde que os interessados observem e se conformem com todas as suas disposições.

Art. 12.® Das vantagens concedidas aos assignan- tes de qualquer das publicações da Sociedade no ar- tigo antecedente, exceptuam-se as que se refere os n.0> 1 e 3 do artigo 8 dos Estatutos.

p 0

Kumero 1 : Lisboa, 28 de janeiro Anno de 1890

Affonso de Lemos SECRETARIO

Assignaturas

Tor series de 2 j números

Em Lisboa 230 réis Na Província 320 » Numero avulso 10 "

Redacção

JORNAL INDEPENDENTE

OfrGÃO DA ASSOCIAÇAO ACADÉMICA DE LISBOA

Rua Serpa Pinto, 101, 3.° director-hygino i>e SOUSA.

Santiago Ponce y Sanchez ADMINISTRADOR

Annunclos cNji secção competente, 20 réis a linha

Na pagina, cada linha 100 réis Na 2.* pagina, cada linha GO » Na 3.* pagina, cada linha 40 »

Administração

Rua Serpa Pinto, 101, 3.*

gar dos novos partidos é n'uma sal- la de dissecção. Já ha muito tem- po que á serrapilheira do hospital

Pedimos a todas as pessoas a quem tomamos a liberdade de enviar o nosso jornal, c que não qulzerem honrar- nos com a sua asslgnatura, a fineza de devolvcl-o; aliás te- remos entendido que pode mos mandar aprcsentar-Ihcs o recibo depois de publicado o terceiro numero.

jornal I lalquerl

AO PUBLICO da confiança do paiz. Este será o primeiro a castigar qua.n__., esmorecimento, a verberar qualquer j Tem sulo extremamente consolador • —j _ —: para a Asssociação Académica de Lis- nu que a 3cnapiiuL.uu —~ '

os devia ter envolvido a todos, eos|traição, como também sera o pri- coveiros. que rasgam a terra para]meiro a alentar qualquer tentativa

0 nosso programma

Para as luctas da imprensa, que n'este momento encetamos, traze- mos as seguintes armas: estudo, ho- peitidade e sinceridade.

Declaramo-nos independentes de todos os partidos. Não porque nos falte um ideal em politica, e desco- nheçamos o que ha de incompatível com os verdadeiros conhecimentos sociologicos nos codigos do nosso paiz, mas porque este jornal é or gão da Associação Académica: ioi feito para dar cumprimento a um dos artigos dos nossos estatutos, a que a politica no sentido portuguez da palavra é absolutamente extra- nha. Mas, se não desfraldamos bandeira em qualquer dos acampa mentos partidários, reservam o-nos o indiscutível direito da analyse

feita da critica. E essa critica será rijamente, implacavelmente.

O Paiz não pôde descer mais, sem perigo de desapparecer por completo do convívio das nações. D'este estado d'abatimento, d'esta anemia, havemos de pedir severas contas a quem o tem tratado. Por- que afinal a geração a que perten cemos, declara se roubada. Vao-nos entregar uma nação sem agricultn- ra, sem industria, sem commercio, falta de ensino, falta de defesa, cheia de vicios, inçada de parasitas, so- brecarregada com uma divida enor- míssima, o que tudo havemos de demonstrar, e querem talvez que a acceitemos reconhecidos. Não pôde ser. Se nos descuidamos apenas nos deixam em legado um convite para enterro de Portugal. Não lhe lalta- riam dobres a finados, tem-se com- prado muito sino por occasião de eleições, mas talvez lhe faltasse a vergonha d'uroa sepultura honrada.

Comtudo não vá alguém pensar, 3ue exclusivamente nos domina um

esejo de destruição. Havemos de fazer justiça a todos, elogiando o que 6 bom, condemnando o que é mau, sem que o bom e o mau sejam avaliados pelo critério partidário, até hoje dominante no paiz, critério falso, egoísta, mesquinho; o prin- cipal responsável do nosso rebaixa- mento intellectual e moral, da nossa péssima educação politica, d'essa verdadeira cretinisação qne por ahi lavra.

Havemos de apresentar aqm o estudo completo do paiz, dos seus elementos staticos e dynamicos. Ha- vemos de escalpellar os partidos po- líticos portuguezes, a cuja direcção tão loucamente nos temos confiado. Escalpellar, porque o verdadeiro lo-

n'ella occultarem tantas vezes os restos de trabalhadores honesto^, a deviam ter iendido n'uma longa val- ia, onde fosse lançada, coberta de maldições, a politica portugueza. Criminosa, villissima politica, cheia de histriões, vasia de sciencia, tem vivido da miséria d'expedientes, ha de morrer do despreso do paiz. Basta de tolerância, basta de indif- ferença pelos negocios públicos.

A maioria do paiz, anesthesiada com a paz octaviana, qua tem rei- nado, tem assistido passiva ás varias operações bem combinadas de char- latães emeritos. Um violento cho- que eléctrico a despertou, e viu-se á borda d'um abysmo, em cujo fun- do negro maxillas brutaes de John Buli se destacam vorazes. Que essa maioria, alheia até aqui á politica, mas onde se encontra impetnosa^e viril a velha alma portugueza, re- pilla com despreso os filtros, com que a adormentaram, que entre de cidida e corajosamente na lucta pe la vida, como parece annunciar se por esse movimento patriótico, que vae pelo paiz fòra, e, quando fôr preciso combater, encontrará na pri meira linha os académicos.

E combater é preciso. A affronta que soffremos, o perigo enorme em que se encontram as nossas coló- nias, demonstram-no sobejamente. Dia a dia aqui o repetiremos. Preci- samos armar-nos, não só com o nos- so direito e a nossa justiça, fracas armas contra um inimigo como a Inglaterra, mas com puro aço, com legitimo chumbo, Até hoje os la- drões ainda não tiveram medo d ou- tra coisa, e para oinglez umKrupp vale mais que um tratado, e um couraçado incomparavelmente mais que vinte conferencias diplomat! cas.

Emquanto não chegar, porem, o memento, em que possamos ver a côr do sangue inglez, aqui esta- remos, mostrando ao nosso paiz o que é esse povo de traficantes al- coólicos, chegado ao «delirium tre- mens» das mais nogentas orgias.

Mostraremos no que consiste a sua grandesa e a sua fraquesa. por- que elle é estas duas cousas a um tempo, veremos sobre tudo as suas fraquezas, para melhor saber onde o poderemos ferir, sem que nos en- vergonhemos d'isso.

Também o castellão da edade mé- dia não se deshonrava por procurar no inimigo o ponto mais fraco da couraça, nem o caçador de croco- dillos quebra a sua lamina na epi- derme cornea, podendo enterrai a nos orbitas desguarnecidas.

Havemos de seguir na historia passo a passo os inglezes, mostran- do a série infinita dos seus crimes, muito especialmente os praticados contra os portuguezes, e alimenta- remos d'este modo o fogo sagrado, que deve atear-se em Portugal, manter-se constante até ao nosso completo e final desaggravo. Con- fiamos que este desaggravo virá. Continue o paiz a manter-se firme, trabalhe, estude, arme-se e go ver g. ne-se bem, sobretudo governe-se be

Não espere de nós demeneija, quem, encarregando-sed'algum sier- viça d'Estado, se mostrar indir ,ha

patriótica, a aureolar qualquer ab negação, a santificar qualquer sa- crifício em honra e proveito do paiz.

Ahi fica o nosso programma. Traçamol-o cheio de confiança,

havemos de cumpril-o sem hesita- ções, e, se alguma vez nos sentir- mos desfallecer, olharemos para o nome, que encima este jornal, e a força renascerá.

Viva a patria f

Hygino de Sousa.

boa o modo brilhante por que o brioso povo portuguez acolheu a sua iniciati- va no movimento patriótico contra a Inglaterra.

Isso prova-lhe a confiança que ao publico inspiraram os seus corpos ge- rentes e a falsidade dos que avança- vam que — Portugal era um paiz morto.

Não, Portugal, não é um paiz mor- to, é um paiz abatido pelos desgostos e pela repugnância que lhe causa o ver tão mal administrados os seus ne- gocios, tão mal dirigida a sua politica,

a prova é que lhe basta um petjue

X' imprensa

Enlouqueceu em seguida a numerosas pi.de morfina.

O -ue torna a noticia particular- mente curió; a, é que Westfalt-n reg a em Berlim a cadeira de doenças ner- vosas e tinha durante tres semestres estudado a morphinomania.

A academia de Lisboa, nas mani- festações que tem realisado, tem si do objecto por parte da imprensa portugueza, sobretudo a de Lisboa, do mais sympathico acolhimento. Aqui lhe exprimimos quanto esta- mos reconhecidos. Hoje visitamol-a como camaradas e ao apertar-lhe a mão com toda a lealdade, fazemos votos para que as 'útjssâs relações se mantenham sempre francas e cor- deaes.

Os nossos recentes collegas sao quasi todos marechaes nas lettras e nós simples soldados. Estudaremos e trubdhr-emos para que nos deem algum posto d'accesso, que festeja- remos com todo o jubilo.

Em quanto á imprensa estrangei- ra, que tão calorosamente nos tem defendido, a nossa voz é fraca para cassar as fronteiras, e o modo co mo exprimiríamos o nosso reconhe- cimento ficaria muito áquem da grandesa do seu proceder; no en tanto a voz dos humildes chega ás vezes aos ouvidos dos poderosos, e se a nossa tivesse essa fortuna ex- jrimir se-hia mal, mas com tão vivo sentimento, que mesmo rude lhes agradaria.

no impulso para d'um extremo ao ou tro se levantar o povo todo n'uma re acção energica, mas cordata, contra o acto brutal da Inglaterra, reacção tão sympathica que t.-m conseguido o apoio de todas as nações civilisadas, reacção tão vehemente • impetussa que já co- meça a fazer recuar a propria Inglater- ra e a obrigal-a a encolher as sua< garras aduncas.

Esse impulso deu-lh'o a voz da As- sociação Académica. Foi a sua a pri meira voz que se ergueu para iacitar o publico ao seu protesto.

Ao povo que, ao ouvil-a, sentia vi- brar a sua alma patriótica e não hesi- tou em affirmar a sua vitalidade rei- vindicando o» direitos de povo livre, a todo o paiz, sem distineção de clas- ses, aens de partidos, a Associação Académica manifesta por esta forma o seu reconhecimento.

Declaração

Xgra Aeclmento

Da leitura do Século deduz-se que o nosso collega Euzebio Leão approvou e defendeu a eleição do sr. Cardea Patriarcba para presidente honorário da Commissão Central. Ora a verdade é, como deve constar da respectiva acta, que o nosso collega declarou o seguinte: Que lamentava a proposta apresentada, por quanto o que se tinha passado na Trindade, era aviso sufici- ente para evitar propostas que levan- tassem descontentamentos e attrictos, e aquella já devia contar com elles. E demais que n'aqu;iku rjuanaissão não comprehendila lugares honorários ;■ erá •« MM — M /> .. - ! n .!V A J /\ V\#l 1 Vi A O A 1

CHRONICA

JVltoionices...

A Associação Académica, summa- mente penhorada para com as Empre- zas dos theatros da Avenida e Rato, jela cedencia do producto das recita^ quo lhe dedicaram, vem publicamente significar-lhes o seu reconhecirr^ento, como portuguezes, pelo cop^curso que assim prestaram á subscrip.çâo nacioDal e como académicos pebas provas de sympathia de que fqjram alvo nos refe- ridos espectáculos./„Jompete-lhe também agradecer aos ^x.m0B srs. Ernesto Des- forges e Moreira, auctores da revista Lisboa em o,Camisa,e aos ex.™9 sr. Ju- lio Rocbajj auctor da Gata Branca, a cedencia,? dos direitos de auctor, ao maestrfc) Rio de Carvalho e ao ex."'* sr. Dupojat de Souza, o hymno académico, que lhes dedicaram e aos artistas e mai empregados dos theatros, que cc intribuiram com os seus vencimentos >lou com subscripções para o augmento

da receita. Finalmente, á gentilissima desconhe-

cida que lhes dedicou uma magnifica poesia, recitada no theatro da Aveni-

( da> enviam as expres ões enthusiasti- rndif ;no!cas da sua profunda gratidão.

uma copamissão de trabalho e que se o sr. Cardeal Patriarcha queria prestar realmente serviços ao seu paiz, fosse Pitíhtar-se n'aquellas cadeiras ao lado dos que se achavam presentes e tra- 3alhando com elles creava jus ao re- conhecimento de todos.

Mas como depois de apresentada a proposta o regeital-a poderia julgar-se desconsideração a S. Ex.â, o nosso col- lega declarou que se absteria de a vo- tar, mas protest ava desde jà contra lu- gares honorários n'aquella commissão.

Continuam suspensas, por causa da epidemia reinante, até ao dia 31 do corrente, as aulas publicas em Lis- boa.

Os artistas portuguezes residentes #m Paris dirigiram uma circular aos seus collegas de Lisboa para a forma- ção de uma sociedade de fomenta da arte entre nós.

Um dos sábios mais conhecidos de Berlim, o professor Westfalen, acaba de ser intercado n'uma casa de saúde.

A chronica, coroo graciosamente disse Sant-Juírs, tem o dom da

ubiquidade. Portanto, eis-nos 110 pinhal d'A-

zambuja,... perdão na Inglaterra. Um gabinete modesto, forrado

de estantes onde dormem livros e garrafas de... vinho. A um lado o vulto gigantesco de uma mesa co- ierta de papeis sujos de diplomacia rabiscada; junto á mesa uma cadeira em que dormita um velho, a cabe- ça muito reclinada para traz, os olhos semi-cerrados na attitude re- signada d'um martyr... da enbria- guez!

E' Salles Burro. A phanttsia escandece-se-lhe em

visões de opiophago, Desenha se-lne a Africa, um canto

do Chiré; danças lúbricas, de virgens engrareadas prefaciam a apotheose do seu caracter energico, ao fundo n* orla da floresta manchas ensan- guentadas: cabeças decepadas de portuguezes rebeldes, suspensas dos cipós na linha artística de balões ve- nezianos em dias de festança eleito- ral. Ondas de missanga, nuvens de plumas, balouçam-se, passando co- mo cyclones, no ambiente, cálido, recendendo a oleo, aturdido pela vozearia grotesca dos canibaes.

E elle o Salles Burro, repoltrea- do, em pelles fuvas de leões so- berbos, sente doido de orgulho, o prurido suave das mãos femininas da magestade, que lhe penteia as barbas, e as amigáveis pansadinhas do Fife que lhe segreda phrases si- gnificativas da eterna gratidão.

Como é promettedor o devaneio! I... 'Súbito 'acorda-o'uniuqancaitrtl no hombro esquerdot

Descerra inconcientemente os olhos lacrimejantes e depara com o gene- ral Wolseley pallido de susto.

Salles Burro encara-o por instan- tes, abazendo se á realidade rica da sua situação, e perguuta-lhe por fim n'um engasgo rouco de dorminhoco avinhado:

—Que temos? O general apruma-se marcialmen-

te: —Casò grave! O lord ergueu-se sorrindo—Sei

o que vae dizer-me, os portuguezes tentam illudir-nos, continuam minis- trando-nos paliativos e preparan- do-nos embustes. Pobres egypcios! —e ruburisou-se de cólera— isso não me dá cuidado deixe-os commi- go...

—Perdão nao era o que... —Ah! Queria talvez referir se ?

opinião disparatada da imprensa Eu- ropêa; já sei. Isso, caro general, produziria algum effeito se não es- tivéssemos costumados a fazer o contrario do que elles dizem—Justi- ça, justiça, cada qual puxa a braza á sua sardinha!

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Quinta feira 8 de fevereiro pelas 3 horas da tarde

Àgente-Luiz Tiburcio Ferreira & Filho

Na arcada da bolsa na praça DO COMMERCIO, será vendida es-

ta descripta propriedade. Mais esc reeiuw , tos prestam-se no escriptorio dos > ontes 2, Calcada Nova de S. Francisco, 2

Do prédio situado na rua do Abarraeaiuento de Pe- niche, 33, 35. 39, c 39: lo- ja, rez-do-ehão, um andar de C» janellas de frente, so- tão, subterrâneos habitá- veis c saguão. Frente de azulejos, Junto á Praça do Principe Real.

Quinta feira 13 de fevereiro pelas 3 horas da tarde

AGENTES

Luiz Tiburcio Ferreira AF ilho

w A ARCADA JUNTO A' BOLSA DA PRAÇA DO COMMERCIO será ven-

dido o dito prédio. Foro de 35100, loudemio de quarentena.

Mais esclarecimentos no escriptorio dos agentes

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de Lisboa

Publica-se todos os dias; ex-

cepto aos domingos e dias sanctificados*

Asssignaluras por serie de 23 números

Cada serie em Lisboa 250 reis Nas Províncias 320 »

ANNliNCIOS

Cada linha na I.' pagina 100 réis » « » 2.* * 60 » • » » 3." ' 40 »

Redacção e administração Na séde da Asso- ciação Ae»demica—Rua Serpa Pinto, 101, 3.° onde so recebem as. ignaturas, publi- cações e annuncios.

J

que quando o povo não tivesse con- fiança nos magistrados que lhe ad- ministram justiça em quem a havia de ter?

Um povo que descresse da mora- lidade da sua magistratura e a con- sentisse, merecia muito bem uma in- vasão estrangeira. Aqui está no que se occupam os novos.

Confrontem.

DESFORRA

AO GOVERNO

Em nome do paiz. pedimos ao governo que mande, lm- . ' '' mediatamente, principiar os,Scza',>

phrases de boa fraternidade académica, narrando depois largamente todo o movimento anti britannico, iniciado em Lisboa pela academia.

Entre outros períodos, destacamos os seguintes :

«Agguerridos pelo espirito do Direi- to, habituados ha um século a ver em toda a parte a substituição das velhas theorias da sujeição dos fracos aos for- tes e os sãos e generosos princípios de justiça e equidade derramados no mundo pela Revolução franceza, os nossos collegas portuguezes não se most am dispostos a abdicar o senti- mento da independência perjnte as ameaças brutaes da diplomacia in-

trabalhos de defeza «lo porto D . .. , de Lisboa, É necessário, além Parec,° acta a noticia espalhada em Lisboa de se ter revolucionado a d isso, que sem demora, se- jam decretadas: uma orgaui- sação do exercito que apro- veite todos os recursos do paiz;. unia nova lei de recru- tamento: uma organisaçâo da armada e a organisação doi exercito colonial.

guarnição de Lagos.

CASOS DO DIA

Desordem

N'uma taberna junto aos Arcos das Urge, principalmente, for- Aguas Livres rebentou grave contenda

tiflcar Si. Vicente. Hullima- entre trabalhadores italianos e a'guns ne e Lourenço .Marques. portuguezes do que resultou ficarem

Todos estes trabalhos são feridos os italianos Polatini Archanjo e urgentes e o paiz não pôde Faquinio Pietro, nem quer admittir delongas A mulher do taberneiro ficou tam- n'este assumpto. bem muito queimada no rosto em vir

tude da explosão do petroleo d'um cand.eiro despedaçado no auge da de-

COIMBRA, 26.— Presidente Asso- sordem. ciação Académica Lisboa.—A redac- Os feridos foram para o hospital e ção Via-latina pede a v. saúde em os restantes evadiíam-se. nome d'este jornal académico o sr. * Jayme Batalha Reis, o primeiro reivin- (Hnlniillns dictdor da dignidade de Portugal con- tra os insultos dos inglezes. Suicidou-se hontem com um tiro de

rewolver o sr. Antonio Camelier, filho Redacção. do conhecido tabellião Paulo Camelier.

O desventurado moço a quem ainda „.T a,ttt - • • hontem apertávamos a mão, foi num BOLONHA. - Sdénatti agressione tre!a de até a08 Anjo8 e ali dis

inglese salutiamo vecchia nazione glo- u £ arltla contra 0 lado direito do

nos-navilgatori.— Associazione Demo- . XT* * * Uvbt-Uy v. cratica Universitária. Accudiram-lhe immediatamente »

w conduzido ao hospital de S. José, ten- taram depois de varias sondagens ex-

PARIS.— Estudantes portuguezes trahir lhe a bala, o que não consegui- em Paris adherem a todos os vossos ram, protestos e manifestações.— Abrimos O seu estado é grave, subscripção. Diz-se que o elemento feminino não

Monteiro. foi estranho ao fatal acontecimento. »

*

BRAGA.— O atheneu commercial Quasi á mesma hora, enforcava-se de Braga por proposta do seu digno na ca8a em que ^ vivia com sua mae, socio dr. Alves de Moura, saúda e Izabel Maria de 25 annos de idade, cumprimenta a brioza mocidade acade- Declarou n uma carta que estava mica pela brilhante iniciativa de ale- farta de viver, vantado patriotismo na questão rnglo- Mysterios ! portugueza, adherindo por este meio! * a todas as manifestações de amor pa- Infame ! trio. ! Manuel Joaquim Gomes. — Presidente Foi preso hontem na travessa do

Sequeiro, o creado de servir, Manuel * Garcia, morador na rua da Atalaya,

1 por tentar contra o pudor de uma COVILHÃ —Mocidade Covilhanense creancinha de 5 annos

saúda enthusiasticamente a Associação Que todo o rigor caia sobre um bru- Academica de Lisboa, pe'a nobre atti- to de tal raturezal! tude que tomou em fiente do indigno procedimento do governo inglez e ma-1

nifesta-se no mesmo sentimento do, amor da patria.

A commissão: — Manuel Ruiz da Costa, Alfredo Nunes Correia, Manuel Vicente Teixeira, Alvaro Ramos Cas- tanheira, Francisco Sá Pipôa.

SC1ÍNCIAS E LETTRAS

Diz-se que o governo mandou sus- tar a partida de Serpa Pinto para Lis boa, encarregando-o d'uma nova mis- são na Africa. O paiz precisa saber o que ha de verdade a este respeito e esperamos que a imprensa governa- mental nos esclareça n'este assumpto, mas sem ambages nem reticencias.

Diz-se, também, que o governo es tabeleceu a censura telegraphica, inu tilisando todos os telegrammas cuja publicidade não lhe convém. O paiz exige do governo explicações cathego- ricas.

*

Estudantes de Paris

Os estudantes de Paris no seu or- gão Lc reveii du qmrticr, dirigem nos

Duns palairas subre Shakespeare

Não vá agora o leitor imaginar que eu por vir hoje fallar d'um grande poeta trágico inglez, sou capaz, com mão sacrílega e anti-patriotica, de arrancar os crepes que n'este momento envolvem a alma da nação portugueza.

Esses crepes respeitosos só po- derão ser despedaçados, quando um dia podermos enrolar n'elles as ba- las e a metralha com que havemos de rasgar a nojenta pança de John Buli.

Shakespeare nasceu em Inglaterra, n'essa ilha nefanda, que até aqui se tem revestido d'uma couraça de ho- nestidade enferrujada e aonde o pró- prio Sol assoma ás escondidas, com receio que um Salisbury lhe roube o calôr e a luz.

O ter Shakespeare nascido n'a- quelle antro foi sem duvida, capri- cho ou bebedeira do velho auctor dos mundos. Eu não quero defender

a Inglaterra, paiz mais torpe do que a propria torpeza: quero sómente destrinçar nos personagens de Sha kespeare a consubstanciação d essa raça vil, que não tem na sua historia virtudes sublimes, nem crimes épi- cos

E' certamente na litteratura, mais do que em qualquer outro/amo de sciencia ou arte, e como talvez a mais verdadeira expressão do senti- mento, que se devem estudar as ten- dências d um povo, suas tradicções e filiação histórica, sua capacidade e psychologia.

Regressar dos personagens da tra- gedia, do Drama, do romance e da epopêa para o seu creador. e d'este para a colectividade do povo a que pertence, tal me parece ser o pro- cesso mais seguro da boa critica lit- teraria. Caminhando assim chega- remos á conclusão que o celebre trágico inglez advinhou ou previu genialmente o processo ou caminho que os industriaes seus conterrâneos pozeram em pratica: tirar ou roubar a materia prima a paizes extranhos e adoptal-a á venda, ao commercio, como ingleza. Se eu fosse um criti- co, um escriptor ou um litterato, já estaria a sentir aszagunchadas que sobre mim ferveriam. Assim não fa- i ão caso e fazem muito bem.

Volvamos ao ponto. Os grandes personagens de Shakespeare são quasi todos estranhos á sua raça, o mesmo que succede com as indus- trias da sua nação, a fóra a mantei- ga de Cork.

Pura lá de Hespanha e Portugal, puro algodão d'Africa ou da Ame- rica, mettem-nos n'um tear, e zás! sae o fino panno e tecido inglez, com que um peralta qualquer, sem idéas na mioleira, se pôde apresen- tar n'um salão social e respeitosa- mente envergado.

Não é meu intento menoscabar ou obliterar de qualquer forma o insi- gne author do Hamlet; porque, se mais valor não tivesse, bastaria a creaçãç genial de Falstaff, a encar- nação typica d'aquella raça lamacen- ta e hedionda. Por um favor da Providencia (sem agradecimentos ao papa) Shakespeare mostra-nos en carna se sem o senti r-nos persona- gens das suas tragedias, mas sem- pre com as tendências e sabór do povo inglez. Este é o stu extraordi- nário merecimento, não contando a humanidade dos typos da sua crea ção. Parece-me, e talvez não me en- gane muito, que os críticos, espio- lhando nos personagens do grande trágico qualidades nevropathicas, previstas á mesa d'um cafe em ca vaco agradavel, sem attenderem aos dados ethnologicos, psychologicos, e sempre mais ou menos rigorosa mente syntheticos, os estudam e en- caram muito restrictamente. Luxo de sciencia.

O meu temperamento tem uma tal ou qual resistência em acceitar ultimatum partidos da chaucellaria d'uma sciencia que avoga a si um certo direito de força sem todavia ter todo o direito na sua ampla ac- cepção.

Não sejamos Salisburys e vamos adiante.

Shakespeare está incompletíssima mente estudado; e é certo que mui- to menos o estaria se Voltaire o não tivesse appontado como um selvagem bêbado. Repare se bem: selvagem bê- bado.

Bêbado por ser inglez, e selva- gem por pertencer á Inglaterra.

Duas palavras que revelam uma philosophia immensa, e um critério de finíssimo espirito.

Bravo! siôr Voltaire, um aperto d'atmos visto que não lhe posso apertar a mão.

Continuaremos o assumpto.

A solta embriaguez alli governa, Dá leis o crime. A crapula procura, Com avára maldade, vil usura. Wa:s victima3 fanar na dôr eterna.

O proletário pena dia a dia, Com intimo soffrer, com anciedade, Aos golpes da desdita muda e fria.

Ah! Mas, em breve, a louca impiedade Irá despedaçar se na agonia, Quando alvejar o sol da liberdade !

Janeiro de 1890. Eduardo Fernandes.

O Está doente com um anthraz o dis -

tincto actor Taborda E' seu medico assistente o dr. Mattos Chaves. Que tenha rapidas melhora-, eis o que sin- ceramente desejamos.

A Associação Musical 24 de Julho vae realisar em lavor da subscripção nacional um concerto sobre a direcção do maestro Freitas Gazul.

REVISTA ESTRANGEIRA

Martim Figueira.

Liberdade!

líu 11-gcas tortuosas da taverna Crepita o vicio, envolto na loncura, Km clamores de ephemera ventura Ruge a desgraça na venal caverna.

O conflicto anglo-portuguez é o assumpto que n'este momento mais preoccupa as attenções da Europa.

Parece que mais d'um gabinete se tem já dirigido a Salisbury, extra nhando o seu brutal procedimento, e não é para admirar que outros lhe sigam o exemplo porque a verdade é que o ultrage se extende a todas as potencias signatariasdo tratado de Berlim; e se Salisbury triumphar, haverá uma profunda modificação na politica internacional. Quem de- pcis terá fé nos tratados embora es- tes custem muitos sacrifícios e re- zultem da collaboração dos homens mais importantes da diplomacia?

Que respeito ficará tendo um paiz pela assignatura dos ouiros e pela sua propria?

O que será feito do direito e da justiça, que a civilisação apregoa como bases fundamentaes da supe- rioridade das nações?

A Europa não deve, pois, con- sentir na pirataria britannica. Mas dever não é que-er. E quererá ella ?

Os horisontes da politica euro- pea acbam-se bastante nebulosos para se aventurar uma jesposta.

O que é necessário e prudente é Portugal contar comsigo e só com- sigo.

A imprensa extrangeira tem ca- hido a fundo sobre o gabinete inglez. As manifestações de sympathia ao povo portuguez succedem-se a cada passo. Na propria Inglaterra, em- quanto a imprensa conservadora, tendo á frente o lençol sujo (Times), nos insulta, a liberal, inspirada pelo velho Gladstone, o glorioso velho cuja vida é uma epopêa em prol da liberdade, ataca valorosamente Sa lisbury, chamando lhe cynico, bru- tal e accusando-o de ter deshonrado a bandeira ingleza.

O commercio inglez preoccupa-se já com a attitude do commercio por- tuguez e começa a insurgir-se con- tra quem fez tão bestial provocação.

Agora mesmo vimos uma carta de uma casa commercial de Man- chester, confessando que fomos ul- trajados e esperançando-se na diplo- macia. Sabemos também que a coló- nia ingleza em Lisboa vae reunir, ou já reuniu, para enviar a Gladsto- ne, o adversário e accusador do no- jento Salisbury, um protesto contra o ultraje de que fomos victimas. Tudo é, pois, a nosso favor. Os proprios Times e Standard insultan- do-nos e mentindo tão descarada- mente, favorecem pos, porque reco- nhecidos os embustes e as mentiras, fulmina-os o desprezo da Europa.

Digam o que disserem, tudo isto fére profundamente o orgulho bri- tannico e a arrogancia de Salisbury, o chefe dos piratas.

Luctemos, pois, que as probabili dades da victoria são por nós; mas 'uctemos armando-nos e preparan- do-nos para todas as eventualidades, porque já sabemos até onde chega a brutalidade ingleza.

* A nossa visinha Hespanha está

po.ooa.ntaw pwi uillcl UlbC UUJd.5 COll- sequencias não são fáceis de prever.

O pequenino rei, que já o era an- tes de sahir do ventre materno, pa- rece ter herdado do pae o germen da doença, que lhe abriu o tumulo.

Débil, franzino, a sua vida esteve por um fio.

A morte parecia querer subtrabir um povo grandioso ao triste espe- ctáculo de ter um rei, que influe nos destinos do seu paiz, montando ca- vallos de pau e commandando sol- dados de chumbo. Se tal succedesse, fácil seria prevêr os acontecimentos.

Sagasta, tão enfraquecido, que ti- vera de descer do poder, não resis- tiria ao movimento revolucionário. Os republicanos hespanhoes, dividi- dos emquanto a fôrma, mas não em- quanto ao fundo, aproveitariam o momento propicio para atacarem o inimigo commum — a realeza.

O rei melhorou; mas a situação golitica não ficou muito modificada,

agasta prometteu o suffragio uni- versal, quer cumprir a sua promessa. Mas que de difficuldades que se lhe apresentam a cada passo! Não são só os conservadores que se oppõem a tal medida, são também alguns liberaes e diz se que a propria rai- nha.

Nem Sagasta nem Alonso Marti- nez poderam congraçar as persona- lidades politicas que poderiam ga- rantir um ministério viável, taes eram as divergências, principalmente em relação á fazenda e ao exercito.

Afinal Sagasta lá pôde formar um gabinete, que na opiuião da maioria, depressa sossobrará nas encapella- das ondas da politica hespanhola.

Depois

Lusebio Leão.

TV.CV.URXMMXS

MADRID. 2?. Congresso dos d ;putados: — O sr. Labra,

dirigindo-se ao msrquez de la Vega de Ar- mijo, estudou os fins do tratado de Berlim e perguntou se o governo permanecerá na pas- sividade, quando a Inglaterra violou o artigo 12 do tratado. Replicando '-epois, feiteitou-ee por nào ter havido concentração de forças na fronteira, e t.rminou diclarando qua não es- tranha que algum jornal tenha revelado re- ceios, pois alguns orgàos da imprensa propa- laram o falso boato de que a Hespanha pre- tendia lancar-se em politica de avenluras.

0 marquez de la Vega de Armijo replican- do disse: «Nào vejo que periguem as institui- ções do reino visinho, nem acho qua tenha que vêr o conflicto entre Portugal e a Ingla- terra coin a monarebia ou a republica».

Ficou terminado o incidente, passando-se a outros assumptos.

O extracto do «Correo» sobre a sessão do congresso, publica como sendo do marquez de la Vega de Armijo as seguintes palavras: «Na questão impor'antissima levantada en- tre Portugal ea Inglaterra a »tt tude da Hes- panha como potencia signatária do tratado de Berlim será conveniente; sem que el'e minis- tro possa accrescentar uma palavra mais, pe- la resonancia que as suas palavras poderiam ter».

GAZETILHA

nnun»;, . W~.» m «Sã5

Conta minha avó, que um dia Morreu de uma apoplexia Um inglez gordo, anafado, E a Morte cobrindo a fronte Foi dal-o ao feroz Caronte Que era então seu namorado.

E que ao inferno voando Dis e, em tom sereno e brando, Ao dextro nauta severo: —0' Caronte ! ó meu amado ! Aqui te trago um guizado Para almoço do Cerbero.

Vê que a paixão me atormen' , Que inil atfagos inventa, (Sou Morte e por ti me mato!) E em trazer te não descança Um presente, uma lembra-iça. . Não me agradeces, ingrato?

E o barqueiro, respondendo, Disse á Morte então, solvendo Uma pitada de esturro: —Agradeço-te, obrigado.. Mas o Cerbero, coitado, Não come carne de burro.

Esculap' >.

Companhia Typographies Rua de Serpa Pinto, 9 a 13. Lisboa

— Não mo referi & isso! — Falia da interpolação de Glas-

dstone. — Não. . „ — Da engraçada blague ácerca da

minha demi s5o. •— Nada.... — Então ?

4. — Os portuguezes.... — Sim dcsjmbuche.. . — Nâo nos exportam mais... — Mais quê... Irra! — Mais Port-Wine. — O lord caiu de chofre sobre a

cadeira, as mãos íremeram-lhe nervo- samente, o corpo estorceu-se-lhe n'um esforço d'epilcpsia e gaguejou arrepe- lando os cabellos :

— Impossível... impossível! O general ficára a contemplal-o;

a commoção orvalhara-lbe os olhos de umas lagrimas irias, muito frias que escorregando nela face lhe aspergiam os lábios de um sabor amoniacal muito concentrado...

Salles Burro ergue-se n'uma ultima resolução.

— "Vamos vingar-nos ! — exclamou dirigindo-se abruptamente á estante próxima.—Não nos mandam mai* vi- nho. .. pois bem, nào devemos querer em nossa casa uma gotta, só que seja de essa michordia impura. — E pondo trez garrafas sobre a meza — General acabemos com isto!

Ao principio as taças esvaziaram-se silenciosamente, como a concentrarem o goso quas- lúbrico dos Beus espiritos ébrios.

Depois o vinho revolveu-lhe o san- gue pútrido, accendeu-lhe o cerebro e despegou-lhe a lingua.

Salles Burro sorriu deslavadamente: — Elles hão de mandar-nos maia

vinho... — Todo o vinho lord, muito vinho... — Portugal é nosso, Wolseley. — E o general adormecendo sobre a

banca. — O mundo é nosso!... God save

the Quenn!

* * *

Hoje os jornaes escondem a rapo- seira mestra, que seguio a alcoólica vingança de s. ex.*, na enganosa capa de uma doença honrada.

Estes jornaes ! E a proposito, a chronica extraviou-

se n'nma viajata desopilante sobre os ridículos de Londres, sem se lembrar que era a chronica d'um numero pro- grama, e portanto: assumpto comedido; estylo esmerilado, elegante eattrahente

FOLHETIM

A INGLATERRA

PORTUGAL

E

SUAS COLONIAS

(A' Commissão Académica do centenário do marquez de Pombal)

No momento em que, sob a iniciati- va d'essa illustre commissão académi- ca, todas as classes, inspiradas no sen- timento nacional, se unem confrater- nalmente para celebrarem a memoria de um dos maiores estadistas que presidi- ram aos destinos de uma nação, seja nos permittido associar-nos também a esse acto patriótico, publicando esta obra egualmentc patriótica.

Tem el'a em vista lançar o paiz no caminho para onde o impelliu esse pul- so de ferro que o susteve á beira do abysmo, e o encaminhou sabiamente na direcção da sua futura prosperi- dade.

O apparecimento de Sebastião José Carvalho, nas circumstancias em

para seguir a eterna lei das estreias e das amostras.

Mas que querem, este odio aos in glezes, alastra se, multiplica-se, insi- nua-se, e expande-se, desde o artigo de fundo às simples mas ennumeras anedoctas.

Uma d'ellas: — Dois elegantes á porta do Marti-

nho. — Sabes, aquella paixoneta que eu

ancoi STa em S. i «que.... — Bem sei a inuleza... — Isso inesmo; fui lá hoje. — Ah sim! — Sim dêz que houve o conflicto,

não quero mais negocio» com as filhas da Grà-Bretanha; exigi lhe portanto que me devolvesse todos os beijos que eu lhe déra ha um anno para cá.

Ludovicus.

REVISTA DOS JORNAES

Muito bem escripto e muito bera pen sad o o artigo do Diário Popular «Por- tugal e os Estado8-Unidos.» E' incon- testável que a ailiança com os Estados- Unidos é a que no momento actual se apresenta, como a mais proveitosa e a mais fácil de conseguir.—Na Europa qualquer ailiança encontra com o diffi- culdade quasi insuperável, o receio de uma lucta com a Inglaterra talvez pou- co provável porque e!la foge dos for- tes, mas emtim pessivel — Os Estados- Unidos da America pelo contrario tem por mais de uma vez demonstrado que não só não tem medo da Inglaterra co- mo se não acham dispostos a tolerar- lhe a mais pequena das impertinências; chegam mesmo ao desprezo das forma- lidades diplomáticas, como bem o mos- traram quando correram para a Europa pelo mais veloz dos vapores, com o diplomata britânico que teve a petu- lância, propria de sua raça e educação de se intrometter na sua politica in- terna.

Be é comtudo verdade que a quês tão da ailiança noa deve preoccupar, devemos comtudo tratar de nos alliar primeiro com os principios sensato» de uma boa administração, de que ha tan- to tempo andamos divorciados e sem a qual não podemos, nem sequsr deve- mos requerer o auxilio de estranhos

E' um absurdo completo tentar re- mediar por meio de quaesquer favo- ras ou concessões qme nos possam fa- zer, a insensatez dos governos, o des- leixo da administração e a mesquinhez da nossa uma politica.

que re achava Portugal, é como esses phenomenos extraordinários que salvam o doente nos momentos de maior crise.

O organismo tem d'estes segredos providenciaes.

O mesmo acontece ás vezes na vida organica das sociedades humanas.

Quando um povo está para morrer, lá surge, nos arrancos supremos, uma intelligencia superior que o salva do perigo e o reanima. Depois de um lon- go período de embrutecimento, filho d'essa corrupção politica, sobrevinda ao pacto de 1852, a qual tem deixado o seu virus pernicioso em todas as ca- madas sociaes, é innegavel que, ha tem- pos a esta parte, se observa no paiz uma nova cor«ente de ideias, que pa- recem vir renovar o sangue a este cor- po anemico e em decomposição. A fé n'um systema politico novo tem feito reviver as crenças >inceras e puras, e formado uma pleiade de novos escri- ptores, que lidam pela regeneração d* patria com louvável empenho.

Essa nova vida já se manifestou bri- lhantemente no centenário de Camões, em que Portugal pareceu resuscitar sob a memoria d'»quelle insigne cantor das suas grandezas passadas.

Gloria aos homens que souberam compenetrar o paiz n aquella festa gran- diosa, foi como uma solemne affirma- çSo da nossa nacionalidade perante as nações do mundo civilisado!

Hoje festeja se, graças ao vosso ele- vado e nobre patriotismo, um vulto na- cional não menos gigante, o qual con-

Tornemo-nos respeitados, façamos boa politica na grande acepção da palavra, mas só n'esta e depois tratemos das allianços, que talvez então sejam até sollicitadas.

*

Como académicos e como portugue- zes não podemos deixar por isso sem protesto a attitude de alguns jornaes, republicanos para com o oistideto pro- lessor o sr. José Julio Itodrigues. Quem assistiu como nós a toda a conferencia do notável homem de sciencia e tenaz propugnador do ensino pratico em Por- tugal, não tein o d.reito de duvidar do nem do seu patriotismo nem da sua boa fé. $i> a mania portugueza de menos- cabar t rdas as intenções, de deturpar os factos e de enlamciaroB homens, quan- do elles não militam no mesmo campo, é que podo fazer com que se preten- da amesquinhar o enorme valor da eo-ferencia do sr. José Julio que des- interessadamente pôz a sua intelligen- cia e a sua palavra ao serviço do seu paiz. E' triste que até n'estrs questões se venha lançar a nota desafinada da nossa desgraçada e nunca assás cen- surada politiquice.

I ABAIXO

O que hontem se passou na reu- nião da grande commissão nomeada no salão da Trindade em 23 do cor- rente, mostrou bem que n'alguns portuguezes falia mais alto a voz dos partidos de que a voz da patria. O incidente verdadeiramente para lastimar foi levantado por uma pro- posta absurda e inepta que tinha por fim conferir o logar de presi- dente honorário ao cardeal patriar- cha.

O absurdo e a inépcia consistem em apresentar ao suffragio d'uma assemblea onde se encontravam re- presentantes de todos os partidos políticos, uma proposta cuja appro- vação apenas significava um voto de superioridade dado ao elemento jesuitivo n'aquella ocçasião congra- çado com o legitimista.

Foi a primeira proposta, apresen- tada e defendida pelo grupo jesuí- tico legitimista já vinha escripta de casa, o que significa que foi refle- ctida.

E é com medidas d'estas que pre- tendem talvez que nos desforemos?

Quando se trata de trabalho

seguiu, em tempos de mortal decadên- cia, reanimar, n'um só impulso, as sciencias, as lettras, as artes, o com- mercio, as industrias, a agricultura, a navegação e até essas longiquas terras da Africa e America!

Sebastioo Jo ó de Carvalho causou a admiração do mundo inteiro, que as- sombrou com suas reformas sabias e patrióticas e medidas enérgicas O seu nome exprime uma revolução completa na historia d'uma nação, Não é uma individualidade, um homem só que se festeja actualmente, mas um povo in- teiro, glorias seculares, que elle soube levantar com seu braço poderoso.

Estas festas nacionaes valeram na Aliemanha muito mais do que os exer ciW de Frederico II e do imperador Guilherme.

A unidade dos povos germânicos não se fez nem em Sedowa, nem em Sedan, mas sim n'essas cidades e vilLs em que se celebraram as festas sumptuo- sas em honra de Kant, Fichte, Klopts- tock, Goethe, Schiller, Sttein, Jahn e outros homens illustres da grande pa- tria allemã.

A vida que animou as gerações que passaram transmitte-se pelo fio myste rioso da historia ás gerações vindouras que se reanimam muitas vezes »ob a influencia das tradiçães despertadas.

A historia pode ser uma poderosa alavanca para a regeneração de um povo.

Foi por esse meio que a Aliemanha

pensam em honras. Presidente ho- norário para que?

Porventura o sr. patriarcha só estava disposto a contribuir para a defesa nacional por meio de paga mento adiantado em titulos honori ficos?

Para honra de s. ex.* não o de- vemos acreditar. Foi trop de zéle dos seus acolytos.

Contra esta proposta ergueu-se a voz do sr. Theophilo Bruga pro- pondo para que ella fosse enviada á commissão executiva que se havia de nomear. Evidentemente o fim de s. ex.* eta que uma proposta de tão alta significação moral, não fosse vo- tada sem que o tempo e a reflexão tivessem mostrado bem os prós e os contras.

Não o entendeu assim a maioria da asseinbléa que pedio votos. Foi ap provada, tendo votado contra en- tre outras pessoas o presidente da Associação Académica. Justifique- mos o voto. Tinhamos acceitado sem protesto e por reconhecer a sua necessidade a eleição do sr. pa- triarcha para a grande commissão eleita no salão da Trindade, i.° por pensarmos que sua emminen cia se esqueceria de primasias e vaidades para se lembrar de que era portuguez, 2.® porque o seu au- xilio visto representar o clero seria de uma grande importância.

Regeitámos hontem por meio do voto, exclusivamente do voto, note se bem, a sua nomeação para pre- sidente honorário, i.® por reconhe- cermos que a essa nomeação, uma grande parte do publico daria uma significação de tal ordem que produ- ziria uma perda de confiança na com- missão e portanto um grande re- traimento nos donativos; a.® por entender que uma commissão filha d'um grande movimento popular da natureza do que a nomeou se desvirtuava do seu caracter e com- promettia a sua missão, indo confe- rir a supremacia a um iudividuo, só pelo que elle é officialmente; 3.0 por que a supremacia a conferir-se, no caso presente seria a um chefe da ma- rinha, a um chefe do exercito, a uma alta competência, em summa, á ca pacidade, á sciencia.

Approvada como dissemos aquel- la desgraçada proposta, que foi um dime tel-a apresentado, o sr. mar- quez de Pomares, presidente, pro- põe para se proceder á nomeação da commissão executiva.

A sessão interrompeu-se para se organisarem as listas e abriu-se

fez a sua grande revolução, principia- da no século passado.

Retemperando-se a consciência pu- blica no» factos mais importantes da nossa historia e na memoria dos que honraram o nome Ha patria, consegue- se despertar no futuro esses novos he- roes que hão de elevar Portugal á sua gloria primitiva.

Por isso praticastes, n'es*e» tempos de enorme corrupção e decadência, n'um acto bem meritório, pelo qual me- receis o reconhecimento eterno de todo o paiz.

Dignae-vos portanto acceitar esta sincera homenagem a vossa nobre ideia e altos esforços para a realisação d'esse acto grandioso, a que ficarão eterna- mente vinculados vossos nomes sympa- thies e os de toda a actual mocidade académica.

Lisboa, 2 de maio de 1882.

O Acctor.

IXTRODtCÇAO

Parecerá ingenuidade que, n'esta epochs de estreito egoiamo e completa indifferença, haja ainda alguém que pegue na penna em defeza da patria.

Não sabemos se feliz, ou infelizmente, fomos dos poucos, que se nâo deixaram influenciar por essa politica actualmente dominante, em que as virtudes cívicas se tornaram palavras vãs, e a carreira

pouco depois, effectuando-se, por proposta do sr. Fernando Palha, votação por acclamação. Note-se que primeiro se tinha decidido que fosse por escrutínio. A este tempo um grande numero de membros tinha-se retirado da sa'a.

O sr. presidente da Associação Académica pediu a palavra e decla- rou que na ultima votação se tinha obstido de votar, por entender que tendo a grande commissão pela presidência honoraria do sr. cardeal patriarcha tomado um caracter, que não sabia se era ou não do agra- do da Academia que representava, e sendo aquella nomeação de natu- reza a provocar grandes dissenções como se estava vendo n'aquella oc- casião, visto que se tinham retirado d'aquelle recinto um grande nume- ro de membros em signal de pro- testo, ir votar na commissão exe- cutiva depois d'aquelle facto repre- sentava assentimento da sua parte ao que a assemblea tinha decidido, e elle não podia garantir se esse seria o desejo e a vontade da Aca- demia.

Em seguida encerrou-se a sessão. Aqui está o resultado da mixordia

politica dos seus elementos e dos políticos portuguezes serem uus verdadeiros dementados.

Quando se tratava da salvação do Íiaiz levantou-se uma questão de pre- erencia pessoal.

Nós, os novos também levávamos propostas escriptas. Ahi vae uma que tinha por fim resolver a ques- tão mais melindrosa e a primeira de que a commissão executiva se tinha a oecupar, refere-se á arreçadação do dinheiro da subscripção nacional.

Leiam-n'a.

«Proponho, i.° que em cada co- marca se encarregue o juiz de di- reito de guardar o dinheiro obtido para a subscripção nacional; 2 * que em determinadas epochas se faça a concentração dos capitaes para as Relações, ficando sob a guarda do presidente e demais desembargado- res; 3.® que sendo preciso para a Relação de Lisboa possam vir som- mas das outras Relações.

S. a R. Lisboa, 27 de janeiro de 1890.

Htjgino de Stusa

Presidente da Aseociaçio Académica».

Como se vê collocava o dinheiro ao abrigo de qualquer suspeita, por-

publica é uma verdadeira profissão e nâo devoção.

Conservamos com o mais profundo respeito essas qualidades, hoje reputa- das dispensáveis e até ridículas para muitas pessoas menos escrupulosas, que Í»or isso subiram ao alto do poder e de á nos deitam as leis.

Pertencemos a esse grupo, que ao ver a patria esphacelada pelos seus pró- prios filhos, cúmplices do inimigo es- trangeiro, levantara um brado de indig- nação e rompera com esse passado fu- nesto, para pr oclamar um novo systhema politico, que no» possa salvar dos pe- rigos imminentes.

A regeneração depende, segundo nós, de dois problemas capitaes, fáceis de se resolverem, logo que todos se inspi- rem no amor da patria: a proclamação de uma republica naciona1, esse governo do povo pelo povo, e a nossa indepen- dência do domínio esmagador da Ingla- terra.

Portugal nun a poder-se-ha levantar sem dar um passo decisivo pa--a essas duas questões, uma de politica interna e outra de politica externa, ambas de- pendentes uma da outra por circunstan- cias tão extraordinárias e curiosas.

Desde D. João IV para cá, a monar- chia, para se manter e sustentar, fez allianças com a -uglaterra, nas quaes antepom os seus interesses aos da pa- tria, sempre retalhada a favor d'esse ext'angeiro avaro, e espoliador.

{Continua).