Identificação de depósitos de tsunami de 1755, na região Algarvia, seu estudo e comparação com...
Transcript of Identificação de depósitos de tsunami de 1755, na região Algarvia, seu estudo e comparação com...
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Identificação de depósitos de tsunami de 1755, na região Algarvia,
seu estudo e comparação com amostras de outras regiões
Relatório do projeto de final de licenciatura do curso Ciências do Mar
Autor: Nuno André Ramos Simões nº38980
Orientadores: Prof. Doutora Cristina Carvalho Veiga-Pires Prof. Doutor Eric Font (IDL, Lisboa)
Faro Setembro, 2012
Resumo
O presente trabalho está inserido no projeto de final de licenciatura do curso de
Ciências do Mar, e tem como objetivo caracterizar o depósito de tsunami do Estuário da
Boca do Rio, gerado pelo terramoto de Lisboa de 1755, que está bem descrito na
literatura. Para caracterizar este depósito de tsunami usou-se as técnicas de colorimetria,
granulometria e magnetismo.
Depósitos de tsunami e de tempestade são gerados por mecanismos
deposicionais semelhantes, sendo assim, difícil diferencia-los.
Primeiramente, observou-se os modelos de inundação AnuGA e COMCOT
(Fernandes, 2009) e ainda os modelos de inundação testados por (Font et al, 2010), para
ver os parâmetros físicos da onda de tsunami. Através das simulações numéricas
verifica-se que há grande inundação com profundidades de fluxo variáveis entre os 0,5-
6m.
Os dados de colorimetria, na Amostra Total, mostram que no depósito de tsunami há
variações que apontam para cores típicas de areias, diferentes das cores escuras (típicas
de argila) das unidades subjacentes.
Na granulometria também é notável o aumento do tamanho de grão no depósito de
tsunami, devido há presença de areias. Como esta fina camada de areia se encontra entre
unidades argilosas, entende-se que houve um input sedimentar atípico.
Na amostra Siliciclástica, tanto na análise de colorimetria como na análise de
granulometria, verifica-se que antes do tsunami havia um mecanismo deposicional
diferente, do que após o tsunami.
Relacionando a média do grão (Granulometria) com um parâmetro de colorimetria (L*),
observa-se que o depósito de tsunami tem maioritariamente uma mistura de material
autóctone, e possui pouco material alóctone.
Já nos dados de Magnetismo, estes indicam que o depósito de tsunami é caracterizado
por uma baixa suscetibilidade magnética devido às areias (diamagnéticas). Através dos
dados ASM observa-se que o Amostrador de meia cana manual de 100 cm é melhor
opção do que a calha grande com o auxilio do martelo, para retirar testemunhos
sedimentares com minerais orientados, pois o martelo perturba a direção dos minerais.
Todos estes resultados apontam para um cenário onde a energia libertada pela
onda de tsunami é forte o suficiente para erodir quantidades importantes de areia e
compostos marinhos da duna litoral, e misturar e retrabalhar com materiais de 1m de
profundidade. Todas estas técnicas são promissoras para estudar depósitos induzidos
por tsunamis neste tipo de ambientes.
i
Glossário
Ciclos de Milankovitch
Esta teoria é baseada nas variações cíclicas da Excentricidade da Órbitra,
Obliquidade do Eixo de Rotação e Processão, que ocasionam variações da quantidade
de energia solar que chega à terra desencadeando a entrada numa era glaciar ou
interglaciar.
SM
Suscetibilidade Magnética
MO
Matéria Orgânica
Input Sedimentar
Entrada de sedimentos
Autóctone
Natural da região onde ocorre
Alóctone
Não tem suas origens no local onde existe
Run up heigth
A altura máxima acima do nível de referência, no qual a água atinge
ii
Acrónimos
AnuGA
Australian National University/Geoscience Australia.
COMCOT
Cornell Multi-grid Coupled Tsunami Model
ASM
Anisotropia de Suscetibilidade Magnética
iii
Índice Resumo i
Glossário ii
Acrónimos iii
1. Introdução .................................................................................................................... 1
2. Área de Estudo ………………………………………………………………………..3
3. Ferramentas e Métodos
3.1. Amostragem
3.1.1. Registo Contínuo ……….……..…………………………………..4
3.1.2. Subamostragem……………………………………………………4
3.2. Aquisição de Imagem
3.2.1. Fotografia………………………………………………………….4
3.2.2. Scan ….……………………………………………………………5
3.3. Análise de cor
3.3.1. Amostra Total…..…………………………………………………5
3.3.2. Amostra Siliciclástica (Detrítica) …………………………………5
3.4. Análises Granulométricas
3.4.1 Amostra Total...................................................................................6
3.4.2 Amostra Mineral ….……………………………………………….6
3.4.2. Amostra Siliciclástica (Detrítica) ...……………………………….7
3.5. Análises de Magnetismo ……………………………………………………7
4. Resultados
4.1. Observações
4.1.1. Unidade A e C….………………………………………………….8
4.1.2. Unidade B …….…………………………………………………..8
4.2. Colorimetria …………...……………………………………………………8
iv
4.3. Granulometria ..........…….…………………………………………….……9
4.4. Magnetismo ……………………………………………………………….10
5. Interpretação e Discussão……...…………………………………………………….12
6. Conclusões ….………………………………………………………………………16
Referências Bibliográficas …………..………………………………….……………...17
Anexos …………………………………………………………………………………19
v
Lista de Figuras
1. (A) Mapa Geológico e estrutural do Estuário da Boca do Rio (Font et al, 2012);
(B) Vista para E da depressão da Boca do Rio (http://www.lagos-luz-
sagres.com/beach_gallery3.htm); (C) e (D) Fotografias Pessoais da
Amostragem; …………………………………………………….……………....3
2. CIE Lab do testemunho BR-5 para a Amostra Total e Siliciclástica …………..9
3. Média, Calibração (µm) e Classificação do Grão (%) do testemunho BR-5 ….10
4. Média de Suscetibilidade Magnética (km: Massa especifica) e dados ASM:
orientação das partículas ferromagnéticas do testemunho
BR-5 …………………………………………………………….……………...11
5. Granulometria vs Colorimetria. (A) Média (µm) vs ; (B) Média (µm) vs a; (C)
Média (µm) vs b ……………………………………………………………….14
6. Ilustração do modelo sintético e a deposição das várias camadas após ondas de
tempestade (A) e de tsunami (B), Depósito induzido pelo tsunami (C) no
Estuário da Boca do Rio. Adaptado de Font et al., (2010). …………………..….15
vi
1. Introdução
Os tsunamis apesar de pouco frequentes têm um enorme potencial destruidor,
comparado com outros eventos naturais. Desde o tsunami de Sumatra em 2004 a
investigação sobre impactos de tsunami tem evoluído. O impacto de tsunami origina
uma inundação, efémera, que produz erosão, sedimentação e retrabalho de sedimentos
costeiros, sendo isto suscetível de preservação e de reconhecimento no registo
sedimentar. No entanto, reconstruir paleotsunamis é ainda difícil, pois é complicado
distinguir estes depósitos de um de tempestade, pois têm mecanismos deposicionais
semelhantes (e.g, Pratt, 2002; Shanmugam, 2006; Tapin, 2007; Dawson and Stewart,
2007; Morton et al., 2007).
Um exemplo de depósito do tsunami, do terramoto de Lisboa de 1755, encontra-se
no Estuário da Boca do Rio, situado no Sul do Algarve, Portugal, que está datado por
termoluminescência, bem descrito e apresentando ótimas condições para preservar o
registo sedimentológico (Font et al, 2010).
Os modelos de inundação AnuGA e COMCOT (Fernandes, 2009) fornecem
parâmetros físicos (inundação, velocidade e correntes) que podem estar ligados a
mecanismos deposicionais (erosão, transporte e deposição) da onda do tsunami. Os
sedimentos relativos ao depósito de tsunami, poderão dar informação, indiretamente
sobre parâmetros físicos e diretamente sobre os mecanismos deposicionais. Para tal, as
técnicas escolhidas são a colorimetria, granulometria e magnetismo.
Variações na cor de testemunhos sedimentares são devidas às características do
sedimento, e por isso também de forma indireta, aos fatores climáticos. Assim estas
variações podem ser devidas à humidade, pois o sedimento mais húmido é mais escuro
que o seco (Giosan et al, 2002), e às características granulométricas do sedimento.
Ainda, a matéria orgânica e os carbonatos afetam a cor do sedimento: com matéria
orgânica o sedimento é mais escuro, com carbonatos o sedimento é mais claro (Giosan
et al, 2002). Estas variações são medidas com o espectrofotómetro Colortron™ que
mede a cor da superfície do sedimento e a transfere para o ColorShop™. Usando a
preferência CIE Lab, que pretende imitar a forma como o olhar humano entende a cor
(Comission Internacionale de l’Éclairage) que segundo Nederbragt et al, ( 2004) é o
mais adequado para apresentar dados de cor paleoambientais. O parâmetro L* que
define luminosidade é afetado pelo conteúdo em matéria orgânica e carbonatos (Helmke
et al, 2002), enquanto os parâmetros a* e b* representam as cromaticidades do
sedimento. (Ver o anexo A para mais informação. “The Color Guide and Glossary” da
X-Rite)
As variações granulométricas e as variações das propriedades magnéticas num perfil
contínuo, refletem mudanças/variações nas componentes mineralógicas, devido à
entrada de sedimento na coluna sedimentar. Os parâmetros granulométricos são
medidos através do Malvern™, enquanto, que as propriedades magnéticas,
1
nomeadamente a suscetibilidade magnética e a desorientação das partículas
ferromagnéticas contidas nos sedimentos, são medidas no KLY-2 kappabridge.
As mudanças na componente mineralógica são largamente influenciadas por variações
climáticas cíclicas (e.g., Ellwood et al, 2007,2008). Neste caso um evento acíclico como
tsunami ou uma Onda de tempestade, que não é controlado pelos ciclos de
Milankovitch, é facilmente detetado, e isto pode se visualizar através de técnicas de
granulometria e de propriedades magnéticas (Font et al, 2010).
Assim o presente trabalho tem como objetivo caracterizar o depósito de tsunami
da Boca do Rio com as técnicas de colorimetria, granulometria e magnetismo. Em
paralelo, tem-se também como objetivo comparar este testemunho com outro de outro
local, verificando assim, os diversos impactos causados nas diferentes zonas costeiras.
2
2. Área de Estudo
O depósito de tsunami escolhido foi o gerado pelo terramoto de Lisboa de 1755
que foi identificado no Estuário da Boca do Rio, no Algarve, a Sul de Portugal que já
foi alvo de estudo e de reconhecimento prévio (Font et al, 2010).
Esta área (baixa energia, costa mesotidal) é um caso próprio de enseada de praia,
que interrompe um troço costeiro rochoso calcário, de forma erosiva e essencialmente
modelado em arribas vivas. Esta interrupção é composta por um vale, que possui uma
forma aplanada e quase horizontal (muito diferente das secções em “V”) resultante do
intenso e continuo preenchimento por parte de aluviões, depositados na existência de
cheias efémeras. (Fig. 1)
Neste vale, são recebidas drenagens de terrenos de natureza calcária com uma grande
quantidade de carga sólida, carga lodosa, de proveniência continental, ao contrário do
aporte de areias, que é diminuto. (Costa et al, 2005)
A cerca de 1km da linha de costa, a ribeira que está incorporada no vale e
desemboca no mar junto ao seu limite nascente, numa diminuta praia de areia e
cascalho, divide-se em 3 afluentes com dimensões diferentes, a Ribeira de Budens, a
Ribeira de Boi e a Ribeira de Vale Barão. (Costa et al, 2005)
Tal como apontado por Font et al (2010), sendo este vale nivelado a uma cota
que excede o máximo de preia-mar de marés vivas, e onde as ondas de tempestade
(Storm-surge) não o ultrapassam, proporciona assim excelentes condições
(Características morfológicas e sedimentares) para preservar registos sedimentológicos
do tsunami de 1755.
O testemunho utilizado foi retirado da posição T4.
Figura 1. (A) Mapa Geológico e estrutural do Estuário da Boca do Rio (retirado de Font et al, (2012); (B) Vista para E da depressão da Boca do Rio (http://www.lagos-luz-sagres.com/beach_gallery3.htm); (C) e (D) Fotografias Pessoais da Amostragem;
3
B
C D
3. Ferramentas e Métodos
3.1. Amostragem
3.1.1. Registo Contínuo
A amostragem pretendia recolher sequencias sedimentares contínuas e
orientadas. As primeiras tentativas de amostragem foram efetuadas com um core de
sucção, mas sem sucesso, devido às características lodosas da área.
Ultrapassando o problema, escavou-se uma vala (Trench) com o auxílio de uma
pá. Nesta vala (T4, Fig. 1) retirou-se da sua parede, uma calha grande (BR-5), ou seja
um testemunho com as seguintes dimensões 4cm x 105cm (Ver Figura 1). A partir desta
calha retirou-se uma calha pequena (BR-5 2cm x 105cm), com o auxílio de uma régua
de metal e uma espátula. Por fim, foi coberta com uma pelicula aderente transparente
(para não perder água e manter o sedimento) e levada para o laboratório.
Ainda nesta calha grande, um conjunto de cubos para paleomagnetismo (2cm x 2cm x
2cm) foram retiradas ao longo dos 105cm, de forma a representar todas as camadas A,B
e C. Antes de retirar estes cubos, obteve-se o azimute da vala para utilizar nos cálculos
de suscetibilidade magnética. Estas caixas intituladas de BR-5 com letras de A a W,
foram guardadas num saco de plástico e já no laboratório preservadas no frigorífico para
evitar a perda de água e a oxidação do sedimento. Sendo posteriormente usadas na
análise das propriedades magnéticas.
Foram retirados mais testemunhos das restantes valas, tendo sido um testemunho
retirado só com uma meia cana manual de 100cm (BR-7).
3.1.2. Subamostragem
Depois de retirada a pelicula aderente transparente da calha pequena (BR-5),
com o auxílio de uma fita métrica e de uma espátula, amostrou-se de 2 em 2cm ao longo
calha, começando do topo para a base. O sedimento amostrado foi colocado em frascos
de plástico, com o respetivo nome e profundidade (BR-5 1-3 até BR-5 103-105),
juntamente com água destilada para o sedimento continuar húmido para posterior
análise de granulometria.
3.2. Aquisição de Imagem
3.2.1. Fotografias
Para ficar um registo de como era o testemunho antes de ser subamostrado e
analisado, e para posteriormente, poder ser comparado com outros, fez-se no laboratório
4
um registo fotográfico de 20cm em 20cm com o auxílio de uma fita métrica. Este
registo, foi feito com uma máquina fotográfica Olympus, utilizando flash e sempre com
o mesmo zoom (HQ 3072x2304; M 1/2000 F 3.2-3.2). As fotografias estão apresentadas
no Anexo B.
3.2.2. Scan
Com o mesmo intuito da fotografia, fez-se um scan ao testemunho, estando a
imagem resultante apresentada no Anexo C.
3.3. Análise de Cor
3.3.1. Amostra Total
No laboratório, trocou-se a pelicula aderente transparente da calha pequena (BR-
5) por uma nova, pois esta tinha bastante humidade, impedindo assim a utilização do
ColortronTM
.
A cor foi medida pelo espectrofotómetro ColortronTM
e analisada pelo programa
ColorShopTM
. Com o auxílio de uma fita métrica, fez-se as medições ao longo da calha
de 2 em 2cm, desde 2cm até 104cm.
Depois de se fazer 3 aquisições completas (triplicados) ao longo da calha (BR-5 I, BR-5
II, BR-5 III), os dados foram exportados para um ficheiro texto e daí para o Excel, para
se tratar os dados da colorimetria. No Excel usou-se apenas a preferência “CIE Lab
Colour” das 3 escolhidas (XYZ Colour, CIE Lab Colour, Spectral Data), fazendo então
a média dos parâmetros L,*a *,b* e respetivos desvios padrões, para serem colocados
no gráfico em função da profundidade.
Seguiu-se a planificação experimental fornecida pela professora que se apresenta
no Anexo D.
3.3.2. Amostra Siliciclástica (Detrítica)
Após as análises granulométricas (ver paragrafo seguinte), colocaram-se as
amostras siliciclásticas, referidas a seguir como detríticas, na estufa a secar (40°C), pois
se ultrapassar esta temperatura, as propriedades das argilas alteram-se. Depois de seco,
moeu-se o sedimento, para as amostras ficarem homogéneas. Este sedimento moído foi
colocado em porta-amostras, onde se fez a medição da cor através do ColortronTM
e do
programa ColorShopTM
como foi explicado no ponto 3.3.1.
Nesta análise alterou-se apenas um passo do procedimento experimental, que foi
alterar o modo de medição de “Absolute Reflectance” para “Reflective (paper)” dando
5
assim a possibilidade de utilizar os valores dos comprimentos de onda como variações
relativas.
3.4. Análises Granulométricas
3.4.1. Amostra Total
A análise granulométrica é feita no granulómetro laser MalvernTM
, utilizando o
programa Malvern MasterSizerTM
. Como há pouca amostra utilizou-se o mini
amostrador, Small Volume Dispersion Unit. Em cada análise o sedimento é adicionado,
aos poucos, até estar nos níveis de dispersão corretos porque se não fica com muita
turbidez dando valores errados, a um gobelé que contém uma solução dispersante (1l de
água destilada/ 1g de Sódio Polifosfato PRS (NaPO3)n), que é feita com a ajuda de um
remoinho e tem como função desagregar as partículas. Entre cada análise lava-se o
circuito com água 3 vezes.
Seguiu-se o procedimento de utilização do Malvern™ fornecida pelo professor,
que se apresenta no Anexo E.
Os dados que são obtidos são exportados para o Excel e introduzidos no
GRADISTAT © (Blott et al, 2010) para calcular os diversos parâmetros
granulométricos.
3.4.2. Amostra Mineral
Depois de analisada a Amostra Total, passou-se as amostras para copos de vidro
(250ml), pois os frascos de plástico eram pequenos e como tinha que se utilizar a placa
de aquecimento, os de vidro são mais adequados.
Com as amostras já preparadas, fez-se um tratamento químico a frio, em que se
adicionou Peróxido de Hidrogénio (H2O2) às amostras para remover a matéria orgânica.
Repetiu-se este processo até as amostras deixarem de reagir, quando estas reagem de
mais, adiciona-se água destilada para acalmar a reação.
Como o aquecimento ajuda a acelerar a reação, quando as amostras pararam de reagir a
frio, fez-se a reação a quente, em que se colocaram os copos numa placa de
aquecimento a aproximadamente 50 °C, e foi-se adicionando mais peróxido de
hidrogénio e repetindo o mesmo processo até deixar de reagir.
Nestas preparações foi necessário o uso da hotte e de luvas, pois o Peróxido de
Hidrogénio é oxidante.
6
Quando as amostras deixaram de reagir, foi sinal que a matéria orgânica tinha sido
removida, e levou-se as amostras minerais para serem analisadas no MalvernTM
repetindo o mesmo procedimento da Amostra Total.
3.4.3. Amostra Siliciclástica (Detrítica)
Para analisar a amostra detrítica, ou mais propriamente dito siliciclástica, tem
que se remover os carbonatos (CaCO3), e para isso é usado o ácido clorídrico (HCl) a
10%, o qual teve que se preparar. Numa proveta de 1000ml, adicionou-se 270ml de
ácido clorídrico (37% PA-ACS-ISO M=36,46), perfazendo o restante com água
destilada.
O ácido preparado foi adicionado às amostras até que elas deixassem de reagir, e só
depois é que foram levadas à centrifugadora, com 4000-4500 rotações/min, para o
sedimento ficar aproximadamente neutro e poder ser analisado no MalvernTM
, pois se
tivesse ácido podia corroer o aparelho. Com a ajuda das fitas de pH, quando este estava
neutro (pH =7) a amostra já podia ser analisada no MalvernTM
, repetindo assim os
procedimentos deste mesmo aparelho.
3.5. Análises de Magnetismo
O método utilizado foi o de Anisotropia de Suscetibilidade Magnética (ASM),
com o objetivo de estudar a orientação das partículas ferromagnéticas, tal como
desenvolvido no laboratório do Instituto Dom Luís em Lisboa.
Para isto, retirou-se do frigorífico as caixas cúbicas (2cm x 2cm x 2cm) do
testemunho BR-5. De seguida, foram definidos os azimutes das amostras, e as caixas
foram marcadas com setas de orientação (Anexo F), para serem colocadas corretamente
no aparelho de medição KLY-2 kappabridge (sensibilidade: 0,05-200,000 x 10-6
SI) que
mede a suscetibilidade magnética através do programa Safir 4WTM
. Posteriormente,
para visualizar os dados, utilizou-se o programa Anisoft42TM
.
7
4. Resultados
4.1. Observações
4.1.1. Unidade A e C
Estas unidades que enquadram as areias da unidade B são lodosas, contém restos
de plantas, ou seja, são muito monótonas em relação à sua textura. Apresentam ainda,
elevado teor em matéria orgânica, sugerindo ambiente de deposição de baixa energia,
pouco contato com ondas, ocasionalmente de águas estagnadas e anóxicas, com
pequena profundidade (Costa et al, 2005. Figura 1 e Anexo B).
4.1.2. Unidade B
Esta unidade, identificada como depósito de tsunami, é uma unidade constituída
essencialmente por areias bioclásticas, por vezes finas. Na base estão burgaus, seixos e
mesmo blocos calcários. No topo, apresenta uma ou duas sequências sedimentares
arenosas com diminuição da dimensão das partículas na direção do topo, e sempre com
a presença de restos de conchas de bivalves marinhos. (Figura 1 e Anexo B)
4.2. Análise de Cor
Os dados de colorimetria da amostra BR-5, estão representados na figura 2,
através de perfis dos parâmetros de Cor CIE Lab, segundo o que está indicado na
introdução e no anexo A.
Na amostra total, os valores de L* na unidade A e C estão na ordem dos 40%,
cores cinzentas. Enquanto que a unidade B, identificada como depósito de tsunami
apresenta picos de variação em relação ao registo contínuo das unidades A e C,
apresentado assim, valores entre 50-60 %, cores mais claras do tom cinzento.
Nos parâmetros a* e b*, tal como no L*, só na unidade B é que há picos de variação
relativamente ao registo contínuo das unidades A e C. O parâmetro a* tem valores entre
2-12, representando uma mistura de cores, cores acinzentadas. O parâmetro b*
apresenta valores entre 30-39, indicando cores mais amareladas.
Na amostra Siliciclástica da unidade A, o parâmetro L* apresenta valores na
ordem dos 85-92 representado assim cores claras, enquanto que a unidade B apresenta
cores mais escuras na ordem dos 63-80 % e por fim a unidade C, com registo contínuo
na ordem dos 70%, mas tudo na gama da cor branca.
Nos parâmetros a* e b* como no L*, a unidade B representa uma unidade de passagem
entre dois registos contínuos, entre unidades A e C. O parâmetro a*, na unidade A tem
valores entre 3-7, em B entre 8-17, em C entre 12-15, resultante de uma mistura de
cores entre verde e vermelho, originando uma cor cinzenta. O parâmetro b*, na unidade
8
0 50 100
L
0 10 20 30 40 50
a b
-20 0 20 40
a b
50 100
L
A tem valores entre 8-13, em B entre 12-28, em C entre 23-28, resultante de cores
amareladas.
4.3. Análises Granulométricas
Os dados granulométricos da amostra BR-5 estão representados na figura 3. Os
resultados foram analisados com base na média do grão (µm), na calibração da amostra
(µm) e na classificação do grão (%) para os 3 tipos de amostra (Amostra Total, Mineral
e Siliciclástica).
Nos 3 parâmetros de análise e nos 3 tipos de amostra, a unidade A e C tem
características similares (Silty Fine - Silte Fino ou Silt Médium - Silte Médio), enquanto
a unidade B, identificada como depósito de tsunami, é representada por vários picos,
atingindo classes granulométricas maiores, como Silte Grosseiro - Silt Coarse e Silte
Muito Grosseiro - Silt Very Coarse, indicando assim a presença de uma maior
percentagem de areia na amostra.
Ainda de notar, que nas unidades A e C, a amostra total tem sempre dimensões
maiores que a amostra mineral e siliciclastica, e a mineral sempre maior que a
siliciclastica, à exceção da unidade B para qual estas relações invertem-se.
Amostra Total Amostra Siliciclástica
Depósito de
Tsunami
9
Figura 2 CIE Lab do testemunho BR-5 para a Amostra Total e Siliciclástica;
0 5 10
Amostra total
Amostra Mineral
Amostra Detritica
De referir igualmente, que na profundidade 34cm, existe um pico abrupto de
granulometria, alcançando as dimensões de Silte Muito Grosseiro - Silt Very Coarse.
Este pico só se verifica na Amostra Total, nas restantes já não se consegue observar.
Figura 3 Média, Calibração (µm) e Classificação do Grão (%) do testemunho BR-5;
4.4. Análises de Magnetismo
Os dados de Suscetibilidade Magnética (SM) são apresentados na figura 4. Estes
valores de SM reportados à massa específica variam entre 4x10 e 3x10-6
m3/kg e estão
na faixa dos valores típicos de rochas sedimentares (Font et al, 2010).
As unidades A e C têm valores de SM similares enquanto que a unidade B é
caracterizada por um pico abrupto (157,8 m3/kg), indicando baixa SM devido a uma
baixa contribuição de óxidos ferromagnéticos e/ou dominância de minerais
paramagnéticos (quartzos, por exemplo) dentro da matriz do sedimento.
% Mud % Areia
Calibração (µm)
Depósito de tsunami
Classificação do Grão (%)
10
Amostra Total Amostra Mineral Amostra Siliciclástica
0 1000 2000 3000 X
Y
-X
-Y
Specimen
coordinate
system
Equal-area
projection
N=23
K1
K2
K3
1.58E-04 2.86E-03Km [SI]
1.000
1.031
P
1.000 1.031 P
-1
1
U
Na figura 4 representando os dados Anisotropia da Suscetibilidade Magnética
(ASM), observa-se uma desorientação total das partículas ao longo de toda a amostra,
estando a vermelho as representantes da unidade B.
Figura 4 Média de Suscetibilidade Magnética (km: Massa especifica) e dados ASM: orientação das partículas
ferromagnéticas do testemunho BR-5;
Depósito de
tsunami Baixa SM devido a
areia e
fragmentos de
concha
(diamagnéticos)
Argilas
Argilas
Argilas
Baixa SM devido à
superfície e
matéria orgânica
(diamagnéticos)
Massa Especifica de
Suscetibilidade Magnética 10-6SI Dados ASM (Anisotropia de
Suscetibilidade Magnética)
11
5. Interpretação e Discussão
Através dos modelos de inundação AnuGA e COMCOT (Fernandes, 2009) e
ainda pela simulação numérica de Font et al (2010), o tsunami de 1755 foi
suficientemente forte para ultrapassar a duna litoral de areia, erodir e afetar
consideravelmente a morfologia do Estuário da Boca do Rio (Anexo G).
Nos 3 tipos de análise (Colorimetria, Granulometria e Magnetismo) observa-se
claramente que a unidade B, identificada como depósito de tsunami, apresenta picos de
variação que a distinguem dos registos contínuos das unidades A e C.
Na Amostra Total da unidade de depósito de tsunami (Unidade B), observa-se
variações nos 3 parâmetros de colorimetria (CIE Lab). Parâmetros, estes, que nesta
unidade, tendem para cores mais claras e amareladas, que são cores típicas de areias,
quartzos, etc. Ao contrário das Unidades A e C que têm cores mais escuras, próprias de
argilas e de sedimentos com matéria orgânica, pois esta dá uma cor escura ao sedimento
(Giosan et al, 2002). Então esta cor amarelada contida no meio de um registo contínuo
de cores de sedimento argiloso e com matéria orgânica, tem que vir de um evento
atípico, como o de uma Onda de Tsunami (Figura 2).
Pode-se confirmar a existência de matéria orgânica no sedimento, através da figura 3,
em que, ao remover a matéria orgânica (Amostra Mineral), a média do grão, ao longo
do testemunho variou consideravelmente. Esta alteração nota-se mais, na base do
depósito de tsunami, pois ficou com dois picos, atingindo o tamanho de Silte Grosseiro
- Silty Coarse. Isto indica que a matéria orgânica estava unida aos grãos sedimentares
ocultando algumas propriedades. Ao remover os carbonatos do testemunho, verificou-se
que estes apresentavam-se em maior quantidade na unidade B, onde a Amostra
Siliciclástica ficou com uma maior percentagem de areia e maior média de grão (Média)
depois dos carbonatos removidos. Então como os carbonatos são constituintes de
fragmentos de conchas, e ainda juntamente com a areia, pertencem a um ambiente
marinho, pode-se afirmar que a Unidade B sofreu um input sedimentar marinho, típico
de uma onda de tsunami (Figuras 1 e 2).
Nos parâmetros Cie Lab, na amostra Siliciclástica depois de se remover a matéria
orgânica e os carbonatos, a amostra ficou mais clara (Giosan et al, 2002). Verifica-se
que a Unidade C tem um perfil contínuo, e que da base do depósito de tsunami até à
superfície, ou seja, após o tsunami, as Unidades A e B ficaram com variações
colorimétricas tendendo para cores mais claras e acinzentadas, principalmente na
Unidade B. O que indica que antes do tsunami (Unidade C) havia um tipo de deposição
sedimentar influenciado pelo mar, com sedimentos mais grosseiros da maré, e que após
o tsunami (A e B) como o perfil está mais irregular, passou a haver outro tipo de
deposição, ou seja, já sofre influência fluvial, como partículas relacionadas com a parte
continental. Isto pode-se confirmar na figura 2 de colorimetria na Amostra Siliciclástica,
ou na figura 3 de Granulometria, como por exemplo na parte da Granulometria que
12
apresenta maior percentagem de areia antes do tsunami (Unidade C), menor
percentagem depois do tsunami (Unidade A) e claro, na unidade B um aumento
considerável em relação às outras, devido ser a zona de depósito.
Na profundidade 34cm nos dados de Granulometria (Figura 3) e só na Amostra
Total, o pico abrupto observado, com dimensões de Silte Muito Grosseiro - Silt Very
Coarse, parece ser devido a um erro de análise, que poderá ter sido da turbidez ao fazer
a leitura. Isto, porque, na Amostra Mineral e Siliciclástica não se observa nenhum pico
nem nada que comprove esta alteração nesta posição. É ainda por observação a olho nu
também não se encontrou nada que comprovasse este pico.
Nos dados de massa específica de Suscetibilidade Magnética (Figura 4) verifica-
se que o depósito de tsunami é bem caraterizado por um sinal muito baixo de SM, e isto
é devido à presença de quartzo e fragmentos de concha que são diamagnéticos, ou seja,
apresentam uma SM muito baixa e diluem o sinal original. Estes sinais diamagnéticos,
indicam a presença de areia e de constituintes que são comuns no ambiente marinho e
estão intercalados por duas unidades compostas de argila. Então o tsunami pode ter sido
o responsável por trazer estes compostos, por exemplo da duna litoral de areia, para o
meio terrestre e tê-los retrabalhado. Sendo que, com o passar dos anos foi se
acumulando material terrestre por cima dessa camada, originando uma camada argilosa,
camada A, que devido a estar em contato com a superfície e ter muita MO apresenta
uma SM baixa.
Como se pode ver nos Dados ASM (Figura 4), o testemunho BR-5 apresenta uma
desorientação de minerais em toda a amostra, o que não era esperado. Esta
desorientação era esperada apenas na unidade do depósito de tsunami, com os pontos
marcados a vermelho. Esta desorientação não pertence a um sistema de decantação
(ribeira) e tsunami, mas sim devido ao testemunho ter sido retirado com o auxílio do
martelo, o que perturbou a direção dos minerais. Em comparação tem-se o testemunho
BR-7 que foi retirado com um amostrador Meia-Cana manual de 100cm, onde os
minerais estão orientados, como esperado, só que não chegou ao depósito de tsunami
faltando assim sedimento no core (ver Anexo H).
Na Amostra Siliciclástica, nos 3 gráficos da figura 5, verifica-se que a Unidade
B é uma mistura das Unidades A e C, à exceção de 3 pontos (68,70 e 74 cm) que estão
mais afastados da reta de regressão linear. Contudo, como a Unidade B, é
maioritariamente uma mistura de material autóctone (Unidade A e C) e possui pouco
material proveniente do mar (alóctone – 68,70 e 74cm), é difícil observar as diferenças
entre um depósito de tsunami e de Onda de Tempestade.
13
68cm
70cm
74cm
y = -0,3324x + 36,63 R² = 0,2754
0,000
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
61 71 81 91 101
Mé
dia
µm
(G
ran
ulo
me
tria
)
L
Média (µm) vs L
Unidade B
Unidade A
Unidade C
Linear (Série1)
68cm
70cm
74cm
y = 0,4308x + 5,8815 R² = 0,1215
0,000
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
0 5 10 15 20
Mé
dia
µm
(G
ran
ulo
me
tria
)
a
Média (µm) vs a
Unidade B
Unidade A
Unidade C
Linear (avsAS)
68cm
70cm
74cm
y = 0,2481x + 5,3673 R² = 0,1065
0,000
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
0 5 10 15 20 25 30
Mé
dia
µm
(G
ran
ulo
me
tria
)
b
Média (µm) vs b
Unidade B
Unidade A
Unidade C
Linear (bvsAS)
Figura 5. Granulometria vs Colorimetria. (A) Média (µm) vs L; (B) Média (µm) vs a; (C) Média (µm) vs b;
A
B
C
14
Em função das características sedimentológicas, a Unidade A estava mais para
continente em relação à Unidade C. Passado o tsunami, como este tem um enorme
poder de refluxo, houve uma regressão, onde as Unidades A e C, passaram a estar mais
próximas do mar. (Figura 6)
15
A C
A C
A
C B
Depósito induzido pelo tsunami
Figura 6. Ilustração do modelo sintético e a deposição das várias camadas após ondas de tempestade (A) e de tsunami (B), Depósito induzido pelo tsunami (C) no Estuário da Boca do Rio. Adaptado de Font et al., (2010).
C
B
A
6. Conclusões
Através dos modelos de inundação AnuGA e COMCOT (Fernandes, 2009) e
ainda pelos modelos de inundação testado por Font et al (2010), mostram que o tsunami
associado ao terramoto de 1755 em grande parte ultrapassou a barreira litoral e
depositou sedimentos aproximadamente até 1km do interior com um máximo de run up
de 7m, com inundações de profundidade entre 0,5-6m e velocidades de corrente 2-7m/s.
Os dados de colorimetria e granulometria indicam que antes do tsunami (Unidade C)
havia um tipo de deposição sedimentar influenciado pelo mar, com sedimentos mais
grosseiros da maré, e que depois do tsunami (Unidades A e B) passou a haver outro tipo
de deposição com influência fluvial, como partículas relacionadas com a parte
continental. Contudo, o depósito induzido pela onda de tsunami apresenta uma
granulometria maior, na ordem das areias, o que leva, a que a sua cor seja mais clara e
amarelada, em relação às restantes unidades. O que indica, que o que originou este
depósito foi um evento atípico como a onda de tsunami.
Os dados Magnéticos indicam que o depósito induzido pelo tsunami é caracterizado por
uma baixa suscetibilidade magnética devido a areias (diamagnéticos) arrancadas da
duna litoral e misturadas e retrabalhadas com os materiais do interior do Estuário,
devido à onda de tsunami.
Através dos dados ASM pode-se concluir que o Amostrador Meia-Cana manual de 100
cm é uma melhor opção do que a Calha Grande com o auxilio do martelo, para retirar
testemunhos sedimentares com os minerais orientados e para fazer este tipo de análise
(ASM), pois o martelo perturba a direção dos minerais. A meia-cana manual juntamente
com as restantes ferramentas (colorimetria, granulometria, magnetismo), são originais e
promissoras para identificar depósitos induzidos por tsunamis em enseadas de praia e
Estuários do género.
Com as relações entre granulometria e colorimetria, através da figura 5 pode-se concluir
que no depósito de Tsunami há maioritariamente mistura de material autóctone, e que
este possui pouco material alóctone (mar).
Todos estes resultados apontam para um cenário onde a energia libertada pela
onda do tsunami, é suficientemente forte para erodir quantidades importantes de areia e
compostos marinhos da duna litoral, e misturar e retrabalhar com materiais de 1m de
profundidade. Também se pode confirmar que o material do depósito induzido pelo
tsunami é proveniente de zonas onshore em vez de áreas offshore.
16
Referências Bibliográficas
Costa, A., Andrade, C., Seabra, C., Matias, L., Baptista, Maria. e Nunes, S.
(2005). 1755 – Terramoto no Algarve. Centro de Ciência Viva do Algarve. Faro
Dowson. A.G., Stewart. I. (2007). Tsunami: deposits in the geological record
Sediment. Geol. 200, 166-183.
Ellwood B.B., Tomkin Richards, BC, Bensoit, S.L., Lambert., L.L. (2007).
MSEC data sets record glacially driven cyclicity: exemples from the arrow canyon
Mississipian-Pennsylvanian GSSP and associated sections. Paleogeogr. Paleocimatol.
Paleoecol. 255,377-390.
Ellwood, B.B., Tomkin, J.H., Febo, L.A., Stuart Jr. (2008). Time series analysis
of magnetic susceptibility variations in deep marine sedimentar rocks: a test using the
upper Danian-Lower Selandian proposed GSSP, Spain. Paeogeogr. Paleoclimatol.
Paleoecol. 261,270-279.
Fernandes, M. (2009). Systematic comparison on the inundation response of
AnuGA and COMCOT tsunami modelling code applied to the Boca do Rio and Alvor
Bay área. Tese de Mestrado em Oceanografia. Universidade do Algarve – Faro
Font, E., et al. (2010). Identification of tsunami-induced deposits using
numerical modelling and rock magnetism techniques: A study case of the 1755 Lisbon
tsunami in Algarve. Portugal. Phs. Earth Planet. In (2010). Doi:
10.1016/j.pepi.2010.10.006.
Font, E., C. Veiga-Pires, F. Ruiz Muñoz, M. Pozo, M. Abad, S. Duarte, N.
Simões, S. Nave, S. Costa, L. Rebelo (2012). Testing Rock Magnetic and AMS
Methods in Tsunami- and Storm-induced Deposits. 13th Castle Meeting, Zloven, poster
session.
Giosan, L., Flood, R.D. (2002). Paleoceonographic significance of sediment
color on western North Atlantic drifts: I. Origin of color. Marine Geology 189, pp. 25-
41.
Helmke, J.P., Schulf, M., Bauch, H.A. (2002). Sediment color record from the
Northeast Atlantic reveals patterns of millenial-scale climate variability durin the past
500 000 years. Quaternary Research 57, pp. 49-57.
Morton, R.A., Gelfenboum, G., Jaffe, B.E. (2007). Physical criteria for
distinguising sandy tsunami and sotrm deposits using modern exemples. Sediment.
Geol. 200, 184-207.
Nederbragt, A.J., Francus, P., Bollmann, J., Sareghan, M. J. (2004). Image
Calibration, filtering and processing. Image Analysis, Sediments and
Paleoenvironments, volume 7, capitulo 3, pp. 35-58, Kluwer Academic Publishers.
17
Nederbragt, A.J. (2004). Digital Sediment colour analysis as a method to obtain
high resolution climate proxys records. Image Analysis, Sediments and
Paleoenvironments, volume 7, capitulo 3, pp. 105-124 Kluwer Academic Publishers.
Pratt, B, (2002). Storms versus tsunamis: dynamic interplay of sedimentar,
diagenetic, and tectonic processes in the Cambrian of Montana. Geology 30, 423-426.
Shanmugam, G. (2006). the tsunamite problema. J. Sediment. Res 76, 718-730
Silva, A. (2009). Estudo das propriedades físicas dos sedimentos estuarinos.
Relatório do trabalho decorrente da atribuição de Bolsa de Integração na Investigação.
Universidade do Algarve – Faro
Tapin, .R. (2007). Sedimentary features of tsunami: deposits-their origin,
recognition and discrimination: on introduction. Sediment. Ged 200, 151-154.
X-Rite. (1998). The Color Guide and Glossary. Acedido em:
http://pt.scribd.com/doc/14002190/XRite-The-Color-Guide-and-Glossary-
Communication-Measurement-and-Control-for-Digital-Imaging-and-Graphic-Arts.
18
Anexos
Anexo A A informação seguinte foi retirada do site:
http://dba.med.sc.edu/price/irf/Adobe_tg/models/cielab.html
“CIELAB is the second of two systems adopted by CIE in 1976 as models that better showed
uniform color spacing in their values. CIELAB is an opponent color system based on the earlier
(1942) system of Richard Hunter called L, a, b. Color opposition correlates with discoveries in
the mid-1960s that somewhere between the optical nerve and the brain, retinal color stimuli are
translated into distinctions between light and dark, red and green, and blue and yellow. CIELAB
indicates these values with three axes: L*, a*, and b*. (The full nomenclature is 1976 CIE
L*a*b* Space.)
The central vertical axis represents lightness (signified as L*) whose values run from 0 (black)
to 100 (white). This scale is closely related to Munsell's value axis except that the value of each
step is much greater. This is the same lightness valuation used in CIELUV.
The color axes are based on the fact that a color can't be both red and green, or both blue and
yellow, because these colors oppose each other. On each axis the values run from positive to
negative. On the a-a' axis, positive values indicate amounts of red while negative values indicate
amounts of green. On the b-b' axis, yellow is positive and blue is negative. For both axes, zero is
neutral gray:
Therefore, values are only needed for two color axes and for the lightness or grayscale axis
(L*), which is separate (unlike in RGB, CMY or XYZ where lightness depends on relative
amounts of the three color channels).
CIELAB has become very important for desktop color. Like all CIE models, it is device
independent (unlike RGB and CMYK), is the basic color model in Adobe PostScript (level 2
and level 3), and is used for color management as the device independent model of the ICC
(International Color Consortium) device profiles. “
19
Anexo F
A informação seguinte foi retirada do site: http://www-odp.tamu.edu/publications/tnotes/tn34/tn34_4.htm
Kappabridge KLY-2
“The Kappabridge KLY-2 magnetic susceptibility system measures MS and AMS of
hard rock or sediment samples at sensitivities of 0.05 x 10–6
SI to 200,000 x 10–6
SI
within a series of 11 ranges. The instrument's operation is based on measurements of
inductivity changes in a coil due to a rock specimen. The semiautomatic inductivity
bridge is operated in conjunction with a Pentium PC and manufacturer-supplied
software. The software package includes tensor calculation and statistics, graphic data
display and printout, and data storage.
For magnetic anisotopy determinations, susceptibilities are measured in 15 directions
(Figura abaixo); the susceptibility tensor is determined using the least-squares method,
and the accuracy of the anisotropy is determined according to the methods of Hext
(1963) and Jelinek (1978). The standard sample size is 10 cm3, although fragments may
be measured in a 40-cm3 container. The front panel contains the power and start/reset
switches, a range selector, a status display, a zero setting, and a digital data display.
Details of instrument operation and data analysis are provided in a manual supplied by
the manufacturer. Other accessories include a computer interface manual, a step-by-step
operation manual, and reports from users on previous legs. Also, various specimen
holders and a calibration standard can be found in a black briefcase stored in the
laboratory. “
24
Anexo G
Figura retirada de Fernandes (2009).
“Figure 3.10: Comparison of the modelled inundation extents with the tsunami sedimentary layer extents at Boca do Rio.”
25