Humboldt e Heidegger sobre linguagem: expressão do espírito ou morada do ser?

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Humboldt e Heidegger sobre linguagem: expressão do espírito ou morada do ser? Humboldt and Heidegger on language: Expression of the spirit or house of Being? Maurício Fernando Pitta 1 Resumo: A partir de considerações feitas na conferência Um caminho para a linguagem (1959), por Martin Heidegger, sobre a concepção de Wilhelm von Humboldt sobre linguagem, expressa em On language: the diversity of human language-structure and its influence on the mental development of mankind (1836), propõe-se no presente estudo explicitar com mais detalhes pressupostos do entendimento humboldtiano sobre o tema a fim de clarificar as bases da crítica heideggeriana, também aqui exposta, e tornar mais evidente, por contraste, seu próprio posicionamento. A linguagem, para Humboldt, possui papel de expressão, enquanto atividade constante do espírito (energeia); para Heidegger, por outro lado, assume posto de âmbito de revelação do ente (aletheia), como “morada do ser” que, originariamente, permitiria ao ser humano a possibilidade de seu próprio discurso. Aprofundando-se a argumentação de ambos os teóricos, tem-se em vista explorar a contenda teórica, com o objetivo de apontar para algumas implicações que os panos de fundo ontológico e epistemológico de Humboldt e Heidegger têm, cada um a seu modo, sobre a noção de linguagem. Palavras-chave: Expressão do espírito. Linguagem. Morada do ser. Ontologia. Subjetividade. Abstract: From considerations made by Martin Heidegger at the conference A way to language (1959) on Wilhelm von Humboldt’s conception of language, expressed in On language: the diversity of human language-structure and its influence on the mental development of mankind (1836), one proposes to explicit in more details in the present study assumptions on the Humboldtian understanding about the topic in order to clarify the ground of the also here exposed Heideggerian critique, making by contrast more manifest his own understanding. For Humboldt, language has the role of expression, as constant activity of the spirit (energeia); for Heidegger, on the other hand, it assumes step as place of beings revelation ( aletheia), as “house of Being”, originally allowing human beings the possibility of its own discourse. Going deeper in the argumentation of both theorists, one has in mind to explore the theoretical dispute with the purpose of pointing to some implications the ontological and epistemological backgrounds of Humboldt and Heidegger have, each in its own way, on the notion of language. Keywords: Expression of the spirit. House of Being. Language. Ontology. Subjectivity. *** Introdução Wilhelm von Humboldt foi um grande nome da tradição intelectual alemã no século XIX. Sua influência em campos como antropologia, filosofia e linguística na 1 Graduando no curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Orientador: Prof. Dr. Eder Soares Santos. E-mail para contato: [email protected].

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Humboldt e Heidegger sobre linguagem: expressão do espírito ou

morada do ser?

Humboldt and Heidegger on language: Expression of the spirit or house of Being?

Maurício Fernando Pitta1

Resumo: A partir de considerações feitas na conferência Um caminho para a linguagem (1959),

por Martin Heidegger, sobre a concepção de Wilhelm von Humboldt sobre linguagem, expressa

em On language: the diversity of human language-structure and its influence on the mental

development of mankind (1836), propõe-se no presente estudo explicitar com mais detalhes

pressupostos do entendimento humboldtiano sobre o tema a fim de clarificar as bases da crítica

heideggeriana, também aqui exposta, e tornar mais evidente, por contraste, seu próprio

posicionamento. A linguagem, para Humboldt, possui papel de expressão, enquanto atividade

constante do espírito (energeia); para Heidegger, por outro lado, assume posto de âmbito de

revelação do ente (aletheia), como “morada do ser” que, originariamente, permitiria ao ser

humano a possibilidade de seu próprio discurso. Aprofundando-se a argumentação de ambos os

teóricos, tem-se em vista explorar a contenda teórica, com o objetivo de apontar para algumas

implicações que os panos de fundo ontológico e epistemológico de Humboldt e Heidegger têm,

cada um a seu modo, sobre a noção de linguagem.

Palavras-chave: Expressão do espírito. Linguagem. Morada do ser. Ontologia. Subjetividade.

Abstract: From considerations made by Martin Heidegger at the conference A way to language

(1959) on Wilhelm von Humboldt’s conception of language, expressed in On language: the

diversity of human language-structure and its influence on the mental development of mankind

(1836), one proposes to explicit in more details in the present study assumptions on the

Humboldtian understanding about the topic in order to clarify the ground of the also here

exposed Heideggerian critique, making by contrast more manifest his own understanding. For

Humboldt, language has the role of expression, as constant activity of the spirit (energeia); for

Heidegger, on the other hand, it assumes step as place of beings revelation (aletheia), as “house

of Being”, originally allowing human beings the possibility of its own discourse. Going deeper

in the argumentation of both theorists, one has in mind to explore the theoretical dispute with

the purpose of pointing to some implications the ontological and epistemological backgrounds

of Humboldt and Heidegger have, each in its own way, on the notion of language.

Keywords: Expression of the spirit. House of Being. Language. Ontology. Subjectivity.

***

Introdução

Wilhelm von Humboldt foi um grande nome da tradição intelectual alemã no

século XIX. Sua influência em campos como antropologia, filosofia e linguística na

1 Graduando no curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina - UEL.

Orientador: Prof. Dr. Eder Soares Santos. E-mail para contato: [email protected].

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História é difícil de ser medida. Possuindo por influência as filosofias idealistas de Kant

e Fichte (MUELLER-VOLLMER, 2011), a concepção de linguagem de Humboldt,

assim como sua epistemologia, se posiciona de maneira singular no interior da tradição

filosófica, além de possuir papel basilar para a linguística saussureana no século XX

(FARACO, 2007, p. 43). É por essa posição de destaque que Martin Heidegger se serve

do linguista, já em Ser e tempo ([1927] 2012, p. 467), como ponto de partida para suas

reflexões sobre linguagem. Em escritos posteriores, como Um caminho para a

linguagem ([1959] 1982) e Língua de tradição e língua técnica ([1962] 1995), o

filósofo retorna a Humboldt para, mais diretamente, dialogar com seus pressupostos,

com o objetivo de superá-los, em vista da crítica à metafísica. É em textos como esses

que nos concentraremos neste artigo.

Trata-se, aqui, de problematizar a relação entre subjetividade e linguagem a

partir da própria relação semântica que se dá entre a linguagem e o sujeito que a

enuncia. A questão que se põe aqui é a de se a linguagem seria, como para Humboldt,

mero instrumento subjetivo a serviço do indivíduo, passível, portanto, de manipulação e

formalização, ou se não estaria aquele que fala e enuncia, de certa forma, em

correspondência secundária ao todo da linguagem, inserido que está na tradição

linguística que o precede e o envolve como único meio de sentido? Partimos da hipótese

de que, com a distância que Heidegger toma de Humboldt em relação a tal temática,

podemos ver duas soluções distintas à mesma questão. Temos aqui, por objetivo,

apresentar a forma como o pano de fundo ontológico e epistemológico no qual

Humboldt se vê inserido, a saber, a metafísica da subjetividade, influencia na própria

concepção humboldtiana de linguagem; com isso, intenta-se também explorar, de

maneira sucinta, a concepção de linguagem heideggeriana a partir do contraste com a

humboldtiana apresentada.

O percurso argumentativo que pretendemos segue-se por, primeiramente,

apresentar, de maneira breve, os principais pressupostos epistemológicos da concepção

humboldtiana de linguagem, exposta em On language: the diversity of human

language-structure and its influence on the mental development of mankind ([1836]

1988)2 e Sobre pensamento e linguagem ([1795] 2009,pp. 196-198), a fim de evidenciar

a crítica de Heidegger a tal concepção e, por extensão, à própria linguagem no interior

da metafísica para, enfim, trazer à tona de forma sucinta a maneira como a concepção

2Doravante, tratada por “On language”.

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de linguagem heideggeriana ela mesma se apresenta. Acreditamos, com isso, tornar

mais nítida a distância que Heidegger toma de seu interlocutor teórico em conferências

como Um caminho para a linguagem, ao mesmo tempo em que evidenciamos a

influência dos pressupostos ontológicos e epistemológicos humboldtianos em sua

concepção de linguagem.

Humboldt e a linguagem como energeia

É preciso esclarecer, antes de tudo, que Humboldt considera a linguagem, do

ponto de vista de sua natureza, como uma “regra de procedimento e direção, forma

formans, (Form von Form[...])” (MUELLER-VOLLMER, 2011, trad. nossa), isto é,

forma como a própria forma de procedimento na criação linguística, e não enquanto

“algum tipo de configuração material ou entidade objetiva fixa (Form von Materie)”

(ibid.), ou seja, como estruturação de um conjunto material — palavras, regras

gramaticais etc. —, tal como comumente concebido, por exemplo, pelas doutrinas

racionalistas e empiristas modernas, adeptas do “conceito tradicional objetivista de

signo” (ibid.), em que o signo, objeto convencionado alheio à mente, tem por

significado uma dada representação mental, sendo que a linguagem, sob essa

perspectiva, torna-se a totalidade de regras e signos arbitrários para tão somente

designar tais representações. Humboldt, por outro lado, considera a redução da

linguagem a essa matéria constitutiva como fruto de uma análise científica sempre

posterior e não essencial à natureza da linguagem mesma (1988, p. 49). A forma da

linguagem, conceito característico de sua concepção de linguagem e que define a

linguagem mesma, enquanto forma formans, não se confunde, portanto, com qualquer

tipo de conjunto de palavras desvinculadas de seus referenciais e regras gramaticais

convencionais, e isto implica em que ela não seja mera designação de objetos. Esse

esclarecimento faz-se necessário justamente para afastar quaisquer equívocos na

interpretação da concepção humboldtiana que a identifiquem simplesmente com essa

concepção meramente objetivista de linguagem.

Partindo dessa divergência, é preciso que levantemos o principal alicerce

epistemológico humboldtiano quanto à relação entre pensamento, linguagem e mundo, a

saber, de que pensamento e reflexão coincidem. Devemos considerar aqui “reflexão”

como oposição feita entre o objeto pensado e o sujeito que o pensa no ato reflexivo —

objeto, aqui, como unidade separada (Einheit) quando posicionada como representação

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e sintetizada na atividade do pensamento, destacada de outras unidades do fluxo amorfo

de imagens ou impressões mentais (id., 2009, p. 196). Esse caráter mental do

pensamento, é essencial mencionar, não pode ser desvinculado da linguagem. Deve

ocorrer aí uma “dupla articulação”— do pensamento, mental, enquanto oposição de

sujeito e objeto, e do meio sensorial, isto é, da linguagem, enquanto ordenamento das

partes na articulação sonora das ideias a fim de discernir e assegurar unidades mentais

em palavras, unidades estruturadas (Einheiten), distintas pela conformação sonora

(ibid.) — para que o conceito tenha sua claridade absoluta (MUELLER-VOLLMER,

2011). Com esse vínculo entre pensamento e linguagem, Humboldt se distancia

novamente do dualismo epistemológico rígido, próprio dos racionalistas modernos, que

separa pensamento e linguagem, considerando pensamento, interior, como anterior à

linguagem, conjunto de signos exteriores ao pensamento. Humboldt, portanto,

distanciando-se também do conceito tradicional de signo linguístico: linguagem não

como um conjunto de signos arbitrários aplicados a objetos, mas como articulação

sonora do pensado, em fluxo, que tem sua significação dependente da tanto do som

quanto da ideia, em síntese pelo ato conjunto de pensamento e linguagem que se dá na

articulação ativa do falar (ibid.).

Linguagem, mais do que designação, é expressão ativa do pensamento como um

todo pelo espírito (Geist) em atividade, e a articulação sonora, como resultante da

atividade espiritual, tem influência no processo de significação tanto quanto a ideia ou o

fluxo de ideias pensado (MUELLER-VOLLMER, 2011).Como Humboldt expressa em

On language, a linguagem não se resume a um produto morto (Werk), έργων (ergon),

conjunto de elementos gramaticais e ortográficos, mas é essencialmente ενέργεια

(energeia), atividade (Tätigkeit) constante e momentânea do pensamento de elevar

ideias à articulação sonora, sintetizando conceitos passíveis de comunicação

(HUMBOLDT, 1988, p. 49). A forma formans mencionada anteriormente se relaciona

ao seu conceito de forma da linguagem como concebida a partir dessa noção de

ενέργεια, definida como “o elemento uniforme e constante nesse labor mental de elevar

o som articulado à expressão de pensamento, quando visto em seu mais completo

potencial de compreensão e sistematicamente apresentado” (ibid., p. 50, trad. nossa). O

que há de constante na natureza humana e que serve de parâmetro para a distinção da

linguagem, portanto, seria para Humboldt a forma, no sentido de procedimento, de

articulação sonora de ideias expressas pelo espírito.

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O caráter de έργων da linguagem tradicionalmente acumulada na relação entre o

falante e sua língua, no entanto, não é por Humboldt esquecido. O ato de criação

lingüística está vinculado à constituição de uma visão de mundo (Weltansicht),

equivalente ao posicionamento de um segundo mundo linguístico entre sujeito e objeto

como síntese do ato (ibid., p. 157). Tal visão de mundo só se dá em sua plenitude na

comunicação humana, como visão de mundo partilhada, depois do crivo da correção

intersubjetiva (ibid. pp. 56-57). De início, a linguagem, criação individual,possui algo

de poético, que em seguida, a fim de ser compreendida, se torna progressivamente

prosaica, menos criativa e mais sistemática, assim como mais coletiva. Quanto mais

prosaica, mais forte se torna a linguagem como έργων, e maior parece ser sua

autonomia com relação ao homem (ibid., p. 149).

Ora, há uma tensão: a linguagem, enquanto ενέργεια, surge como uma constante

reconfiguração da έργων partilhada em que o indivíduo já se encontra (ibid., p. 62).

Erige-se a questão, central neste estudo, se a linguagem seria, afinal, autônoma com

relação ao indivíduo ou se o sujeito teria predominância sobre a linguagem, pois ora a

linguagem é “senhora” do homem, ora sua “serva”. Para Humboldt, a linguagem, no

limite, só tem existência real no ato individual e a cada vez único da fala, do discurso

coeso e vivo (verbundener Rede) (ibid., p. 49), sendo assim sempre fundada na

atividade do espírito e, portanto, na “natureza humana” (ibid., pp. 62-63). Sendo assim,

apesar do peso constante da έργων, a linguagem, no seu sentido mais forte, é sempre

ενέργεια, atividade derivada do espírito humano.

Linguagem em Heidegger a lume de sua crítica a Humboldt

Uma célebre afirmação de Humboldt, citada por Heidegger em Um caminho

para a linguagem (1982, p. 118), pode iniciar esta seção já posicionando Humboldt no

interior da tradição filosófica que Heidegger denomina por “metafísica da

subjetividade”:

Se o sentimento despertar verdadeiramente na alma de que a

linguagem não é apenas um meio de troca para compreensão mútua,

mas um mundo verdadeiro que a mente deve inserir, por seu próprio

labor interno, entre si mesma e os objetos, então estamos no caminho

certo para continuamente descobrir mais e depositar mais na

linguagem. (HUMBOLDT, 1988, p. 157, trad. nossa)

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Na citação acima, ao enunciar a linguagem não como mero instrumento

comunicacional, mas como um instrumento de expressão de uma visão de mundo

subjetiva, própria do espírito que a produz, isto é, como uma visão de mundo que se

interpõe na relação do sujeito com seu mundo, ainda podemos observar o

comprometimento humboldtiano com uma subjetividade que se opõe aos objetos, que se

mostra evidente no uso de categorias como “sujeito” e “objeto”. Como logo se nota,

Humboldt se enquadra perfeitamente, apesar da distância tomada com relação aos

racionalistas e empiristas, na tradição da subjetividade moderna. Tal tradição, no

entanto, segundo Heidegger, se insere no escopo da metafísica como um todo, enquanto

história ocidental do esquecimento da diferença entre ser e ente sobre o qual recai a

crítica de Heidegger (2000, p. 199) — em que o ser, determinação semântico-ontológica

dos entes em geral donde se torna possível dizer que algo é, fica pressuposto como a

presença constante do ente (id., 2012, pp. 4-5). O “sujeito” seria apenas a interiorização

do ser como ente. Portanto, a crítica não se refere apenas à noção de linguagem, locus

do ser enquanto condição do ser dos entes,como expressão do sujeito, mas à própria

noção, como um todo, de linguagem como mero ente (id, 1982, p. 119). “Ao invés de

explicar linguagem em termos de uma coisa ou outra, assim escapando dela”, afirma

Heidegger,“o caminho para a linguagem intenta deixar a linguagem ser experienciada

como linguagem.” (ibid., trad. nossa), ou seja, linguagem, para Heidegger, não deve ser

tratada como um algo — como totalidade de sons ou signos — que, pela expressão ou

designação, se vê afastado do ente (coisa, matéria, pensamento etc.) para apontá-lo, em

sua entidade, como um significado (ibid., p. 115). Linguagem é, antes, “morada do ser”

onde “mora o homem” (id., 2008, p. 326), no sentido de que ela, no limite, não pode ser

resumida a um ente do qual o ser humano pode se afastar para reduzi-lo e analisá-lo

justamente por ser meio do qual ele parte e por ser ela condição sine qua non de que se

possa falar de qualquer ente.

Antes de aprofundarmos na de início tão excêntrica afirmação de que linguagem

é a “casa do ser”, devemos continuar no esclarecimento da crítica de Heidegger à

concepção humboldtiana de linguagem, compreendendo o sentido da constatação do

filósofo de que o conceito de linguagem de Humboldt deriva da concepção de

linguagem como um ente entre outros.

Ora, nota-se que Humboldt, por sua vez, como exposto anteriormente, não

concebe a linguagem como mera entidade objetiva unicamente designativa, mas como

procedimento subjetivo de expressão e articulação de um fluxo de pensamento, o que

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não o escusa de utilizar a formulação que, para Heidegger, define um instrumento ou

apetrecho (Zeug), isto é, um tipo específico de ente, para pensar a linguagem. As

categorias metafísicas de matéria (ύλη) e forma (μορφή) das quais uma coisa qualquer é

tida como “[...] matéria enformada” (id., 2007, p. 19), derivam da serventia do

instrumento: tal matéria é conformada de uma determinada maneira a fim de ser

utilizada para determinado fim. Matéria e forma são, portanto, categoriais instrumentais,

próprias da lida com instrumentos em geral. Humboldt, por sua vez, não nega a

categorização de linguagem dentro desse esquema instrumental, como se torna evidente

na afirmação a seguir:

Em um sentido absoluto, não pode haver matéria desenformada

dentro da linguagem, tendo em vista que tudo nela é direcionado para

um fim específico, expressão de pensamento, e esse trabalho começa já

com seu primeiro elemento, o som articulado, que obviamente se torna

articulado precisamente por ser formado. A verdadeira matéria da

linguagem é, por um lado, o som como tal, e por outro lado a

totalidade de impressões sensoriais e atividades mentais espontâneas

que precedem a criação do conceito com a ajuda da linguagem.

(HUMBOLDT, 1988, pp. 51-52, trad. e grifos nossos)

De acordo com a citação, a linguagem para Humboldt, apesar de essencialmente

formal, depende de matéria (sons e impressões) para que não se configure em forma

vazia, assim como para que se torne possível uma síntese conceitual entre som e ideia.

Para ele, a linguagem é um instrumento que serve para expressão do pensamento —

portanto, um ente instrumental que expressa outro ente, a saber, o pensado no

pensamento. A concepção humboldtiana de linguagem, que se reduz ao sentido ôntico

da linguagem, situa-se, assim, no interior da tradição metafísica conforme

compreendida por Heidegger.

Portanto, mesmo no reconhecimento de uma relativa autonomia da linguagem

como έργων e com a consideração da linguagem para além de seu mero ser instrumental

como meio de comunicação, tomando-a como visão de mundo do espírito, Humboldt

ainda se mantém no horizonte da metafísica quando pensa a linguagem essencialmente

como atividade do espírito, subjulgada às formas gerais da sensibilidade, como

instrumento para o propósito de expressão do sujeito (ibid., p. 79). Por essa insistência

sobre um pano de fundo ontológico que pressupõe o esquecimento do ser em favor dos

entes e que, por consequência, termina por tratar a linguagem como um tipo de ente

entre outros, Humboldt abre, para Heidegger, espaço para a transformação da linguagem

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em técnica, no seu esvaziamento em mero instrumento informacional de significação

unívoca e planificadora, subjugada à eficiência infindável da Gestell (id., 1995, pp. 36-

38), modo de ser da contemporaneidade em que os entes, como um todo, são

concebidos como fundos de reserva sempre a serviço de exploração (cf. 2001, pp. 11-

38).

***

Após as considerações sobre a concepção de linguagem humboldtiana, podemos

nos voltar para o próprio conceito de linguagem, em sua acepção mais autêntica, em

Heidegger. Para explicitarmos a concepção heideggeriana de linguagem, em contraste

com a noção metafísica de linguagem como expressão, voltemos a Aristóteles — para

Heidegger, um dos primeiros pensadores da tradição filosófica por ser um dos primeiros

a construir um sistema filosófico sobre o esquecimento do ser ao interpretar a acepção

principal de ser como substância, aquilo que subjaz e permanece no ente. Já no filósofo

estagirita, que abre Da interpretação ([40 a.C.] 2010) explicitando o caráter designador

da linguagem, compreendida como totalidade de sons vocálicos, a linguagem parece

exibir os caracteres metafísicos de acordo com a compreensão de Heidegger. “As

palavras faladas”, segundo Aristóteles,

são símbolos das afeições da alma, e as palavras escritas símbolos das

palavras faladas. E como a escrita não é igual em toda a parte, também

as palavras faladas não são as mesmas em toda a parte, ainda que as

afeições da alma de que as palavras são signos primeiros, sejam

idênticas, tal como são idênticas as coisas de que as afeições referidas

são imagens. (ARISTÓTELES, 2010, p. 81)

O que se parece se suceder acima é uma corrente de designação:entes, alma, som

e, por último, palavra escrita. O som e a escrita, correspondendo aos elementos da

linguagem, funcionam como instrumentos para designar, por intermédio da alma, a

coisa. Para Heidegger, porém, isso não passa de interpretação apressada, baseada na má

exegese da opus aristotélica pela tradição latina. Para o filósofo alemão, deve-se

ressaltar muito mais o caráter revelador do ente que a linguagem possuiria do que a

interpretação de seus escritos pela tradição demonstra (HEIDEGGER, 1982, p. 115).

Para Heidegger, o que deveria ser contemplado, em uma tradução fiel de Aristóteles,

são termos como συμβόλα (symbola) e σημεία (semeia), comumente traduzidos pelos

termos designativos “símbolo” e “signo”, mas, pelo filósofo alemão, tomados em seus

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sentidos mais originários como “aquilo que atém um ao outro” e “aquilo que revela”

(id., 1982, trad. nossa), respectivamente, eliminando-se assim o caráter ôntico e

designativo da linguagem próprio da metafísica das sentenças aristotélicas, como fica

evidente pela adaptação da tradução heideggeriana a seguir:

[...] o que [ocorre] na construção de sons vocálicos é uma revelação

do que se dá na alma, em forma de paixões, e o que é escrito é uma

revelação dos sons vocálicos. E assim como a escrita não é igual em

toda a parte, também os sons vocálicos não o são, ainda que as

paixões da alma de que esses [sons e escrita] são revelações sejam, em

primeiro lugar, idênticas, tal como o são as matérias de que as paixões

referidas são semelhanças. (ARISTÓTELES apud ibid., p. 114, trad. e

adaptação nossa)

Na tradução de Heidegger, a linguagem não possui o distanciamento

característico do ente revelado que é tão característico da significação designativa.

Segundo o filósofo alemão, a interpretação tradicional, que pensa a linguagem como um

ente a partir do sentido metafísico de ser como ente,levaria a linguagem ao caráter

designativo de expressão criticado, em que a palavra, como signo, se encontra

desvinculada do objeto representado, no sentido de “uma relação convencional entre um

signo e sua significação” (ibid., p. 115, trad. nossa). A linguagem, então, se torna

instrumento para designação de objetos que, na modernidade, é concebida dentro do

esquema epistemológico sujeito-objeto como instrumento, tornando-se assim um dentre

os vários tipos de atividade humana disposta para o uso. Essa concepção de linguagem

como instrumento de expressão abre precedentes para sua transformação em uma

concepção técnica de linguagem como informação (id., 1995, p. 33) e, por fim, na total

perda da essência da linguagem como o “mostrar e fazer aparecer o presente e o

ausente, a realidade no sentido mais lato” (ibid., p. 37), ou seja, como condição de ser

de todo e qualquer ente. Essa transformação é concomitante à perda da essência do

homem, que se vê como mais um recurso entre outros na homogeneização da técnica

moderna (ibid., p. 38).

A leitura heideggeriana de Aristóteles já traz à tona algo de essencial da

concepção de linguagem de Heidegger: “o ser essencial da linguagem é

dizercomomostrar (Sage als Zeige)” (1982, p. 123), ou seja, o dizer da linguagem é

essencialmente a revelação mesma do ente como ente. A linguagem, longe de ser um

ente instrumental manipulado a propósito de algo, como a expressão do espírito, é um

âmbito de revelação do ente, e por isso tem muito do que, para o filósofo, se concebia

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por “verdade” (Wahrheit), ἀλήθεια (alétheia), na Grécia antiga, implicando na noção de

“desvelamento”.

Faz-se necessário, aqui, que desloquemos da discussão sobre a linguagem para a

discussão sobre a verdade porque os dois conceitos estão mutuamente implicados. A

linguagem, em Heidegger, como a tradução da passagem aristotélica demonstra, aparece

como locus da verdade, no sentido de ser propriamente meio de revelação dos entes.

Nesse sentido, em Sobre a essência da verdade (id., [1943] 2000), Heidegger

afirma que a noção clássica de verdade como adæquatio — conformidade entre ente e

intelecto ou proposição — pressupõe já a própria aparição do ente, contemplada na

noção grega de ἀλήθεια (id., 2007, p. 41). Segundo o filósofo, “a essência da verdade é

em si mesma o combate originário em que se conquista o meio aberto, no qual o ente

advém e a partir do qual se retira” (ibid., p. 44). Dessa forma, de acordo com Heidegger,

ἀλήθεια, para o homem grego, indica a dinâmica de aparição e obscurecimento do real,

desempenhando o papel, na filosofia heideggeriana, de abertura originária do ser em que

todas as outras aberturas e velamentos do ente na totalidade ocorrem de início (id.,

2000, p. 161).

A dinâmica da linguagem coincide com a dinâmica da verdade enquanto

desvelamento. A linguagem, como “o que primeiro traz ao aberto o ente enquanto ente”

(id., 2007, p. 59), se dá como a própria abertura do ente, e não como um ente designador

de outro ente. Na exegese heideggeriana do poema “A palavra”, de Stefan George, ao

interpretar o último verso, “nenhuma coisa seja onde a palavra faltar (Kein ding sei wo

das wort gebricht)” (GEORGE apud id., 2003, p. 124), Heidegger relaciona a própria

condição de ser do ente com a possibilidade de doação desse ser pela palavra. Os dois,

ente e palavra, se dão em simultâneo. Assim, a linguagem “dá ser” aos entes, que só

podem ser, isto é, só se mostram como entes, no espaço de abertura da verdade, pela

articulação que se dá na linguagem. É só, portanto, através da linguagem que o homem

tem seu mundo, enquanto abertura mesma do ente na totalidade (id., 1982, p. 82). Não

há, pois, anterioridade da coisa, desprovida de ser, e nem autonomia total e

convencional da palavra, como mero signo formal que pudesse ser utilizado tal qual

uma “etiqueta” sobre entes ou pensamentos. Só a palavra permite ao ente ser.

Isso justificaria a famosa afirmação heideggeriana, já citada anteriormente, de

que “a linguagem é a morada do ser” (id., 2008, p. 326), pois, enquanto âmbito de

revelação do ente, é ela que primeiro nomeia e abriga o ser dos entes, trazendo sua

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presença à tona. Também por isso se vê logo justificada a afirmação de Heidegger de

que “a linguagem fala solitariamente” (id., 1982, p. 134), e que é a partir dessa fala que

o homem pode dizer algo, pois ela é condição originária para que a fala singular de cada

ser humano possa se dar. A linguagem não é, para o homem, instrumento de uso, mas

sim, espaço em que o ente humano vive sempre, de onde ganha seu próprio ser e de

onde o seu mundo lhe faz sentido. Ele habita na linguagem e fala apenas na medida em

que escuta o dizer da linguagem e com ele dialoga (id., 1982, p. 134). Longe de ser a

linguagem mero ente a serviço do homem, como se coloca para Humboldt, é o homem,

pois, que, habitando a linguagem, ganha sua condição de humano, na medida em que

fala e é, isto é, tem o seu ser, a partir da morada em que habita. Por isso, apesar de seu

respeito pela pesquisa humboldtiana, Heidegger nunca poderia, partindo de seus

pressupostos, afinar-se com uma concepção de linguagem que a reconhece como “um

tipo e forma de visão de mundo trabalhada na subjetividade humana” (id., 1982, p. 119),

isto é, que a reduz ao seu mero caráter ôntico e instrumental, desconsiderando a

experiência própria da linguagem como linguagem.

Considerações finais

Por fim, retomemos as principais diferenças entre as concepções de linguagem

dos dois teóricos aqui apresentados: para Humboldt, linguagem, enquanto forma, é

ενέργεια, atividade do espírito de articulação sonora com o intuito de servir como

instrumento de expressão humana e de constituição de uma visão de mundo; para

Heidegger, linguagem é morada do ser, nomeadora inaugural dos entes justamente por,

no papel de âmbito de aparição, trazê-los à tona enquanto os entes que eles mesmos são.

Para o primeiro, linguagem está submetida às estruturas da sensibilidade do sujeito; para

o segundo, o homem sempre se encontra no caminho da linguagem, e é a partir dela que

ele pode ter relação com o ser dos entes e, pela capacidade de fala, como resposta e

diálogo com a linguagem, se torna humano (ibid., p. 112).

A relação se inverte: no caso do linguista, linguagem é instrumento, e por isso,

pode ser estudada e comparada — daí o intuito humboldtiano de busca pela construção

de uma linguagem ideal que, baseada nas formas mais gerais da sensibilidade, servisse

de ponto comparativo para o estudo linguístico (MUELLER-VOLLMER, 2011); para o

filósofo, por outro lado, linguagem, em sua dimensão originária, ontológica, enquanto

meio em que o homem está inserido e que norteia originariamente sua relação com o

Humboldt e Heidegger sobre linguagem: expressão do espírito ou morada do ser?

Vol. 7, nº 1, 2014.

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ser, vinculada à noção de ἀλήθεια, não pode ser analisada com categorias ônticas —

instrumento, objeto, coisa etc. —, pois ela não é ente, mas sim, corresponde à própria

abertura do ente na totalidade, possibilidade de ser de qualquer ente, sendo espaço em

meio ao qual o homem, enquanto ente que é, também se vê inserido. Não é possível, se

pressupormos a linguagem a partir do que Heidegger propõe, reduzir a linguagem a sua

dimensão instrumental, isto é, tratá-la meramente como um ente devido ao fato de não

podemos nos distanciar e sair de seus limites para analisá-la “de fora”, como se fosse

meramente um ente entre outros. Só podemos experienciá-la, em sua dimensão

originariamente hermenêutica, já em nossa própria inserção, não analisá-la com a

exterioridade da qual se analisa um objeto. É essa dimensão originária que serve, antes,

de fundamento para que se possa até mesmo se conjecturar a fala como um instrumento

de comunicação e expressão. Nota-se, aqui, que Heidegger não descarta em absoluto

essa dimensão ôntica da linguagem, mas que essa dimensão não resume o todo da

linguagem e não atinge o essencial, que está justamente na própria experiência da

linguagem ela mesma.

Concluímos que o pano de fundo ontológico dos dois filósofos permite com que

suas concepções de linguagem sejam tão divergentes. Apesar da discordância, o próprio

Heidegger não renega as contribuições de Humboldt para teorias concernentes à

linguagem. Humboldt procura distanciar a linguagem de concepções meramente

instrumentalistas de linguagem — e Heidegger reconhece também isso (id., 1995, pp.

32-33) —, mas, mesmo resistindo em reduzir a linguagem a um conjunto de elementos

gramaticais mortos, meramente designadores convencionais de objetos, a sua dívida

para com a metafísica da subjetividade, que enquadra todos os entes no esquema teórico

sujeito-objeto, parece arrastar Humboldt para uma posição que opõe o sujeito falante de

sua linguagem, submetendo-a, como objeto instrumental passível de análise e

comparação, ao espírito. A postura de Heidegger, que leva em conta os pressupostos

ontológicos recônditos na história da tradição filosófica, se mostra mais cuidadosa,

trazendo a linguagem em seu sentido mais fundamental e preservando nela o que nela

não pode ser explorado, dado a posição do homem com relação a ela. Evita-se, assim,

de se impelir estudos sistemáticos sobre o tema, desviando-se da experiência original da

linguagem e caindo em contrassensos que tornam o ambiente teórico propício à

“tentação” de transformar a linguagem em instrumento de informação e cálculo

unívoco, de funções puramente técnicas.

Humboldt e Heidegger sobre linguagem: expressão do espírito ou morada do ser?

Vol. 7, nº 1, 2014.

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