FACULDADES OSWALDO CRUZ CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

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FACULDADES OSWALDO CRUZ CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL CARLOS DANIEL TONIATE DIEGO AUGUSTO CAMELO GABRIEL CELSO CARVALHO LUCAS FELIPPE MARTINS PAULO HENRIQUE DO CARMO THAIS DIEGO PEREIRA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE USINAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD’s): MODELO DIFERENCIADO DE GESTÃO ENTRE O PODER PÚBLICO, INICIATIVA PRIVADA E O TERCEIRO SETOR- ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP SÃO PAULO 2013

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FACULDADES OSWALDO CRUZ CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

CARLOS DANIEL TONIATE DIEGO AUGUSTO CAMELO

GABRIEL CELSO CARVALHO LUCAS FELIPPE MARTINS

PAULO HENRIQUE DO CARMO THAIS DIEGO PEREIRA

IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE USINAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD’s): MODELO

DIFERENCIADO DE GESTÃO ENTRE O PODER PÚBLICO, INICIATIVA PRIVADA E O TERCEIRO SETOR- ESTUDO DE CA SO

DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

SÃO PAULO 2013

CARLOS DANIEL TONIATE DIEGO AUGUSTO CAMELO

GABRIEL CELSO CARVALHO LUCAS FELIPPE MARTINS

PAULO HENRIQUE DO CARMO THAIS DIEGO PEREIRA

IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE USINAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD’s): MODELO DIFERENCIADO DE GESTÃO

ENTRE O PODER PÚBLICO, INICIATIVA PRIVADA E O TERCEIRO SETOR- ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

Orientador: Prof. Bel. Júlio César Zanzini de Siqueira

São Paulo 2013

Monografia apresentada às Faculdades Oswaldo Cruz como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Engenharia Ambiental.

CARLOS DANIEL TONIATE DIEGO AUGUSTO CAMELO

GABRIEL CELSO CARVALHO LUCAS FELIPPE MARTINS

PAULO HENRIQUE DO CARMO THAIS DIEGO PEREIRA

IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE USINAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD’s): MODELO DIFERENCIADO DE GESTÃO

ENTRE O PODER PÚBLICO, INICIATIVA PRIVADA E O TERCEIRO SETOR- ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

Trabalho aprovado em 04 de setembro de 2013.

____________________________________________ Prof.. Bel. Júlio César Zanzini de Siqueira

Faculdades Oswaldo Cruz

____________________________________________ Prof.Me. Kleber Cavazza Campos

Faculdades Oswaldo Cruz

____________________________________________ Profa.Dra. Patrícia Candioto Migliari

Faculdades Oswaldo Cruz

São Paulo

Monografia apresentada às Faculdades Oswaldo Cruz como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Engenharia Ambiental.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos primeiramente de agradecer a Deus e aos nossos pais pela oportunidade de estarmos vivos e completando uma graduação, etapa tão importante para o crescimento pessoal e social. Gostaríamos também de agradecer todos os profissionais da educação que de alguma forma ajudaram, aos nossos pais a nos dar educação e conhecimento, principalmente aqui na faculdade onde nós aprendemos uma profissão que exerceremos o resto da vida. Não podemos esquecer do nosso orientador Prof. Bel. Júlio César Zanzini de Siqueira que nos deu diretrizes e foi nosso guia para a conclusão deste trabalho. Lembramos também das pessoas que trabalham na URE de Osasco e o Carlos Roberto Mattos Leal. que são amigos de trabalho do nosso colega de grupo, Carlos Daniel Toniate, e que nos auxiliaram com a liberação de dados e com as suas experiências na área. Agradecemos também aos colegas e amigos de curso que estiveram ao nosso lado nos ajudando ou, mesmo que por algum problema ou divergência, nos impulsionaram ao crescimento e a querer mais. O nosso muito obrigado pela companhia dos colegas de grupo e pela conclusão de mais essa missão.

RESUMO

Os Resíduos da Construção e Demolição (RCD’s) geram ainda muitas dúvidas, para as pessoas sem conhecimento desse assunto, em relação à questão do seu descarte ambientalmente adequado e sobre seus benefícios quando submetidos ao processo de gestão e reciclagem, quer seja por falta de informação ou ainda por falta de uma gestão de forma integrada e eficaz. Atualmente, o Brasil possui uma grande quantidade de usinas de reciclagem de entulhos implantadas, mas boa parte ainda encontra-se em situação de sucateamento e/ou fora de operação. Isto porque, a maioria destas usinas é de implantação, e gestão pública (prefeituras), ou de gestão de empresas privadas (investidores ou empresas de construção), visando apenas proporcionar economia aos municípios ou para a geração de receitas. Será estudado neste trabalho um caso como referência e modelo diferenciado de gestão de RCD’s no Brasil, bem como demonstrado, a gestão de uma usina de RCDs, cujo modelo é alicerçado na parceria entre o poder público, a iniciativa privada e terceiro setor (OSCIP). Este modelo de gestão, além de trazer desenvolvimento ambiental e econômico, contribui para o desenvolvimento social dos municípios que estas usinas estão instaladas e operadas, propiciando benefícios à cooperativas de reciclagem e outros projetos sociais que envolvam a educação e a disseminação do conhecimento no entorno da prática. Serão abordadas ainda, todas as etapas do estudo de viabilidade, projeto, operação e como o modelo de gestão diferenciado pode ser firmado entre os atores sociais, gerando desenvolvimento local, social, ambiental e econômico. Palavras-chave: Resíduos da construção e demolição. Reciclagem de entulhos. Gestão de diferenciada de RDC’s. Usinas de reciclagem de entulho.

ABSTRACT

The Construction and Demolition Waste (CDW) generate still many doubts about the environmentally sound disposal and about the benefits when it is sended to the process of management and recycling, either by lack of information or lack of an integrated management and effectively. Nowadays, Brazil has a large amount of rubble recycling plants established, but most are in a scrapping situation and / or out of operation. This happens because most of these plants are implementing and managing by public (municipal) or management of private companies (investors and construction companies), that wants just provide savings to municipalities or to generate income. Will be studied in this work a case of a reference model and differential management of CDW's in Brazil, as well as demonstrated, the management of a plant CDWs, whose model is founded on a partnership between government, the private and third sector (OSCIP). This management model, in addition to bringing environmental and economic development, contributing to the social development of the municipalities that these plants are installed and operated, providing benefits to recycling cooperatives and other social projects involving education and dissemination of knowledge in the practice environment . Will be addressed further, all stages of the feasibility study, design, and operated as the management model can be made between different social actors generating local development, social, environmental and economic. Keywords: Construction and demolition waste. Construction waste recycles. Differentiated management CDW’s. Recycling plant debris.

.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Porcentagem de RCD’s em todo RSU coletado no Brasil.....................................12

Figura 2 – Comparativo de Destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU’s).....................19

Figura 3 – Descarte irregular de resíduos da construção civil em São Vicente/SP.................21

Figura 4– Acúmulo de entulho na calçada em Belford Roxo/RS que impede a passagem dos moradores..................................................................................................................................21

Figura 5– Restos de construção nas calçadas da capital Macapá/AP podem gerar multa.......21

Figura 6– Despejo de entulho em APP desvia curso de córrego.............................................22

Figura 7 – Comparativo da geração de RSU’s dos anos de 2010 e 2011................................23

Figura 8 – Índice de Destinação de Resíduos Sólidos – por Região.......................................24

Figura 9– Usina da Pampulha – BH........................................................................................28

Figura 10– Usina de Estoril – BH............................................................................................28

Figura 11– Mapa das URE’s no Brasil....................................................................................29

Figura 12 – Levantamento e diagnóstico sobre instalação, funcionamento e distribuição de responsabilidade das usinas em território nacional...................................................................30

Figura 13– Mapa do Consórico PRÓ-SINOS..........................................................................33

Figura 14– Localização da UREOSASCO..............................................................................37

Figura 15– Foto da portaria da UREOSASCO........................................................................38

Figura 16– Foto do britador da UREOSASCO........................................................................38

Figura 17– Fluxograma do processo de reciclagem de RCD de uma URE.............................39

Figura 18– Placa de orientação técnica da portaria da UREOSASCO....................................41

Figura 19– Foto da área de britagem da UREOSASCO..........................................................41

Figura 20– Planta de uma área de britagem de RCD’s............................................................42

Figura 21– Desenho de uma área de britagem de RCD’s........................................................42

Figura 22– Escopo de um PEV ou ECOPONTO.....................................................................43

Figura 23– Fluxograma das etapas de destinação correta de uma caçamba de entulho..........44

Figura 24– Britador da UREOSASCO responsável pelo armazenamento dos martelos.....................................................................................................................................44

Figura 25– Alimentador vibratório da UREOSASCO............................................................45

Figura 26– Britador do tipo fixo..............................................................................................45

Figura 27– Britador do tipo móvel..........................................................................................46

Figura 28– Eletroímã da UREOSASCO.................................................................................47

Figura 29– Esteira secundária (ou TCM) da UREOSASCO..................................................48

Figura 30 - Peneira vibratória da UREOSASCO....................................................................48

Figura 31 – Parte superior da peneira vibratória da UREOSASCO.......................................48

Figura 32– Baia de areia da UREOSASCO...........................................................................49

Figura 33– Baia de separação de brita 1 da UREOSASCO...................................................49

Figura 34– Baia de separação do pedrisco.............................................................................49

Figura 35– Baia de separação do rachão (ou pedra 4)...........................................................50

Figura 36– Prensa hidráulica para a fabricação de blocos ecológicos...................................52

Figura 37– Bloco ecológico de solo cimento com agregado recilcado de RCD....................53

Figura 38 – Relação de materiais presentes no agregado.......................................................54

Figura 39 – Sistema da UREOSASCO para umedecer a carga..............................................64

Figura 40 – Cerca viva da UREOSASCO..............................................................................65

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRECON – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e

Demolição

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

APP – Área de Preservação Permanente

ATT – Área de Transbordo e Triagem

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CRCD – Centro de Referência de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolições

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FBB – Fundação Banco do Brasil

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAC – Instituto Nova Ágora de Cidadania

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NBR – Norma Brasileira Registrada

ONG – Organização Não Governamental

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PET - Polietileno Tereftalato1

PEV – Ponto de Entrega Voluntário

PMO – Prefeitura Municipal de Osasco

1 PET – Polietileno Tereftalato - é um termoplástico de engenharia semi-cristalino atóxico de alta dureza e

rigidez, muito utilizado na Indústria Alimentícia devido suas características básicas.

PRNS – Política Nacional dos Resíduos Sólidos

PRÓ-SINOS – Consórcio Público de Sanemaneto Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos

Sinos

RCD - Resíduo da Construção Civil e Demolição

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SINDUSCON – Sindicato das Indústrias da Construção Civil

SINIR – Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

SLU – Superintendência de Limpeza Urbana

URE – Usina de Reciclagem de Entulho

UREOSASCO – Usina de Reciclagem de Entulho de Osasco

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................11

2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS...........................................15 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.............................................................16 3 HISTÓRICO DA GERAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...........................................18 3.1 PROBLEMÁTICA DA DISPOSIÇÃO DOS RCD’S EM ATERROS E NOS MUNICÍPIOS...........................................................................................................................20 3.2 SURGIMENTO DA LEGISLAÇÃO DOS RCD’S...........................................................22 4 HISTÓRICO DA RECICLAGEM DOS RDC’s ...............................................................25 4.1 RECICLAGEM DOS RCD’s NO BRASIL.............................................................................25 4.2 FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO (URE).......26 4.3 DIAGNÓSTICO DA QUANTIDADE DE USINAS DE RCD’s NO BRASIL.................29 4.4 DIAGNÓSTICOATUAL....................................................................................................31 4.5 BENEFÍCIOS DAS URE’s.................................................................................................31 4.6 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADA/ COMPARTILHADA DA USINA DE RECICLAGEM DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP.............................................................................................................................34 4.6.1 A URE do Município de Osasco....................................................................................37 4.6.2 O funcionamento da URE e a gestão correta de RCD’s.............................................38 4.6.3 O agregado reciclado.....................................................................................................53 4.6.4 Políticas públicas, privadas e do terceiro setor ...........................................................55 4.6.5 Viabilização de uma URE e formas de implantação...................................................61 4.6.6 Dificuldades e benefícios econômicos, sociais e ambientais para o município..................................................................................................................................66 5 COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO COMUM DE GESTÃO (PÚBLIC O E PRIVADO) X MODELO DIFERENCIADO ......................................................................67 6 CONCLUSÃO.....................................................................................................................71 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................74 ANEXO A ................................................................................................................................82 ANEXO B ................................................................................................................................83 ANEXO C................................................................................................................................84

11

1INTRODUÇÃO

Desde o surgimento dos primeiros hominídeos, a geração de resíduos já podia ser

notada. Quando os recursos naturais começavam a ficar escassos, eles se mudavam para outro

local e deixavam seus resíduos sobre o meio ambiente, que eram logo decompostos, pois estes

hominídeos, até então nômades, sobreviviam apenas de caça, pesca, se vestiam de peles e os

grupos eram pequenos.

Com o início da civilização, diversos utensílios começaram a serem produzidos, a fim

de promover um maior conforto aos membros de uma comunidade. Os homens passaram a

deixar o nomadismo para se fixarem permanentemente em um local determinado, havendo

com isso o desenvolvimento do hábito de cultivar alimentos, criar animais e construir

moradias. Naturalmente, a população humana foi crescendo e o desenvolvimento acentuando-

se igualmente, na medida em que o homem foi passando a ocupar os espaços disponíveis.

O desenvolvimento tecnológico, gerado para o conforto e o bem-estar humano,

produzidos a partir das Revoluções Industriais, levou à intensificação do uso de materiais

descartáveis, ocasionando um aumento da quantidade de resíduos gerados e não utilizados

pelo homem, muitos deles provocando a contaminação do meio ambiente, trazendo riscos à

saúde humana, basicamente nas áreas urbanas. O homem passou então a viver a era dos

descartáveis, em que grande parte dos produtos é inutilizada e jogada fora com enorme

rapidez (RIBEIRO;MORELLI, 2009, p.10).Apesar da geração de resíduos acompanhar o

homem desde os primórdios a preocupação com esses problemas decorrentes surgiram apenas

à alguns anos, no fim da década de 80.

De acordo com estudo realizado pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA, 2011 p 08-

19) o setor da construção civil é um dos que mais emprega no Brasil, representando cerca de

15% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e consome algo entorno de 40 % dos recursos

naturais extraídos.

Neste cenário, a Construção Civil correspondeu no ano de 2011, de acordo com a

Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE,

2012), 60% de toda coleta de resíduos sólidos urbanos (RSU’s) do país, cerca de 38.890.385

ton, conforme apresenta a Figura 1.

12

Figura 1: Porcentagem de RCD’s em todo RSU coletado no Brasil.

Fonte: ABRELPE, 2012

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) os Resíduos de Construção

e Demolição (RCD’s) são: os resíduos gerados nas construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação

de terrenos para obras civis. Sua composição pode variar em função da atividade e tecnologia

empregada, mas em geral contém: brita, concreto, restos de vigas, madeiras, metais,

argamassa, solo, material cerâmico, gessos, areias e pedras. Segundo o Sindicato das

Indústrias da Construção Civil (SINDUSCON, 2013), cerca de 70% do RCD gerado é

proveniente de pequenas obras, demolições ou reformas, sendo estes descartados para a coleta

do serviço público ou irregularmente no meio ambiente. Ambos os destinos agravam a

situação ambiental dos municípios, pois os resíduos coletados pelo serviço de limpeza urbana

são encaminhados à aterros sanitários, ocupando grande parte do volume total da célula, além

de poder causar uma instabilidade no maciço e sobrecarregando o sistema de limpeza pública.

A outra parcela, que não foi coletada pelo serviço público, geralmente é depositada em áreas

abandonadas ou próximas de rios e lagos que deveriam exercer uma função social, causando

problemas de ordem ambiental, estética e de saúde pública.

Com a finalidade de criar um modelo de gestão e definir responsabilidades para os

agentes envolvidos no processo da construção, em junho de 2002 foi apresentada a primeira

legislação específica para este setor, a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) nº307. Esta Resolução previa a elaboração de um Plano Municipal de Gestão de

0

20000000

40000000

60000000

80000000

Resíduos Sólidos Urbanos

t/a

no

Resíduos Domiciliares e de

Limpeza Pública Urbana

RCD

40% 26,067.790

60% 38.890.38

5 t

13

Resíduos de Construção Civil, que estabeleceria diretrizes sobre as responsabilidades,

critérios e procedimentos, até o ano de 2005.

Outros fatos marcantes que impulsionaram o foco nos RCD’s foi à aprovação da

PNRS, lei federal 12.305 de 02 de agosto de 2010, regulamentado pelo Decreto 7.404, de 23

de dezembro de 2010, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos

e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e a criação do

Plano Nacional de Resíduos Sólidos em Setembro de 2011. A criação desta legislação

permitiu que os municípios elaborassem o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos de

forma conjunta. No início do ano, porém, apenas 9% dos municípios, dos 314 municípios

Brasileiros, concluíram o Plano de Gestão, 42% dos municípios (1.449 municípios) ainda

estão elaborando, e 49% dos municípios brasileiros (3.457 municípios) ainda não iniciaram o

plano, obrigando o poder legislativo a prorrogar novamente o prazo para 2014 (Centro

SEBRAE de Sustentabilidade, 2012).

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, no contexto do RCD prevê:

• A implantação de unidades de recebimento, triagem, transbordo e reservação

adequada de RCD;

• Incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos RCD´s nos

empreendimentos em todo o território nacional;

• Fomento a medidas de redução da geração de rejeitos e resíduos de construção civil

em empreendimentos em todo o território nacional;

• Inventário de Resíduos de Construção e Demolição;

• Criação de metas e indicadores de redução, coleta, destinação e disposição de

resíduos e rejeitos.

Com todos estes mecanismos, a busca por um melhor modelo de gestão e manejo dos

RCD’s vem tomando força. Começa-se a notar que o manejo adequado desses resíduos, além

de reduzir os impactos ambientais, melhora a qualidade de vida como um todo. As indústrias

construtoras e demolidoras estão investindo na gestão de resíduos nos canteiros de obras,

visando à redução e reutilização dos resíduos. O mercado para a busca de soluções para os

RCD’s estão investindo em pesquisas e a busca por implantações de novas usinas de

reciclagem de entulho pelo país cresceram no período de 2010 à 2013 (INAC, 2013).

14

Com isto, é possível afirmar que os RCD´s atraem cada vez mais o interesse do

mercado pela busca da sustentabilidade econômica na reutilização do material reciclado, já

que haveria com a diminuição do descarte irregular e social na geração de emprego e renda.

Portanto, o objetivo do estudo proposto é analisar um modelo diferenciado de gestão

de uma Usina de Reciclagem de Entulho no qual há a participação do poder público, iniciativa

privada e o terceiro setor, e comparar com os modelos que são utilizados atualmente (somente

pela iniciativa privada ou pela iniciativa pública) e demonstrar os processos de reciclagem

deentulho e o funcionamento de uma Usina de Reciclagem de Entulho (URE).

15

2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Há vários autores, artigos, livros e diplomas legais que conceituam os resíduos sólidos.

Para compreender o conceito, é importante ressaltar o que são exatamente os resíduos sólidos,

quais suas definições e a diferença entre resíduo e rejeito, uma vez que o ser humano

classifica ambos como lixo.

Todavia, dentre as duas expressões, a capilaridade da palavra resíduo é, nos dias de

hoje, um dado incontestável. Ela tem se firmado junto ao amplo universo de interlocutores

cujas atenções são monopolizadas pelas “sobras” da civilização moderna. Recorde-se que no

plano estritamente vocabular, resíduo seria um remanescente, não propriamente um “lixo” ou

um “rejeito”. Ademais a palavra encerra, contrariamente a lixo, nítidos rasgos melhorativos

(WALDMAN, 2010 p.28).

O lixo gerado diariamente nas grandes cidades, são classificados posteriormente como

resíduo ou rejeito. Segundo a PNRS, os materiais classificados como resíduos, são todos

aqueles materiais que possuem de alguma forma, a sua reutilização e reciclagem, podendo

retornar o seu uso e novamente e não tendo seu destino final o aterro sanitário. Já o lixo

classificado como rejeito é todo aquele material que de alguma forma não possuem uma

forma de tratamento, reutilização ou reciclagem, tendo como o destino final o aterro sanitário.

Seria também pertinente ressalvar o trânsito que tem notabilizado a palavra rejeito

junto à literatura científica. Tal como resíduo, o termo não está obrigatoriamente escorado por

esteriotipias negativas ou pelos agravos que, como vimos, habitam o imaginário do lixo. Ao

menos num patamar conceitual, este diferencial posiciona a palavra numa condição de

paridade com a expressão resíduo, permitindo granjear à terminologia uma aura de

“objetividade técnica’’ (WALDMAN, 2010 p. 28).

Dentro deste contexto, surge a palavra resíduo sólido, que segundo o artigo 3o da

PNRS, inciso XVI, os resíduos sólidos são materiais, substâncias, objetos ou bem descartado

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe

proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases

contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

16

A Norma Brasileira (NBR) de nº 10004 editada em 1987 atualizada em de 31 de maio

de 2004, traz um conceito bastante notório quanto o conceito de resíduos sólidos. Ela

conceitua que os resíduos sólidos são os que se apresentam no estado sólido e semissólido,

que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Este conceito incluí ainda nestas definições os

lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e

instalações de controle da poluição, bem como determinados líquidos cujas partículas tornem

inviáveis o lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Os resíduos da construção civil e demolição também são considerados como resíduos

sólidos, porém possuem outro conceito para melhor se enquadrar nos destinos e disposições

finais. A Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002, artigo 2o, inciso I, define esses

resíduos como os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de

construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos,

blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,

tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou

metralha.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Quando se diz sobre a classificação dos resíduos sólidos, entende-se por dividi-los em

itens ou classes para que se possa ter uma diretriz exata de como proceder com o descarte

destes resíduos quando gerados. A classificação é a etapa inicial do gerenciamento de

resíduos sólidos e precisa ser levada em consideração várias condições e análises técnicas

para que não sejam descartados de maneira irregular, impactando o meio ambiente e o meio

social.

Segundo a NBR no 10004/2004 a classificação de resíduos sólidos envolve a

identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e

características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias

cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A segregação dos resíduos na fonte

17

geradora e a identificação da sua origem são partes integrantes dos laudos de classificação,

onde a descrição de matérias primas, de insumos e do processo no qual o resíduo foi gerado

devem ser explicitados. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização

do resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo

que lhe deu origem.

A referida norma traz ainda informações técnicas de como os resíduos sólidos podem

ser classificados, levando em consideração a sua periculosidade, inflamabilidade, toxicidade,

reatividade, corrosividade e solubilidade, deixando assim, os resíduos sólidos divididos em

classes como perigosos, não perigosos, não-inertes e inertes, ou conforme literatura

respectivamente Classe I, Classe II, sendo esta última subdividida em IIA e IIB. Dentro de um

contexto geral, os resíduos sólidos podem ser classificados de diversas formas dependendo

das suas características físicas e/ou químicas. Segundo a PNRS, artigo 13o, incisos I e II, os

resíduos sólidos podem ser classificados em resíduo domiciliar; resíduo de limpeza urbana;

resíduo sólido urbano; resíduo de estabelecimento comercial; resíduo de serviço público de

saneamento básico; resíduo industrial; resíduo do serviço de saúde; resíduo da construção

civil; resíduo agrossilvopastoris; resíduo de serviço de transporte; resíduo de mineração;

resíduo perigoso e resíduo não perigoso.

Já os RCD’s também possuem uma classificação e são levados em consideração no

gerenciamento nos canteiros de obras ou quando os mesmos chegam em uma URE. O

documento legal responsável por prever a classificação dos RCD’s, ainda sim é a Resolução

CONAMA no307/2002, no seu artigo 3º, da seguinte forma:

Classe A: Resíduos recicláveis e reutilizáveis como agregados, de construção civil,

demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estruturas, de

edificações, componentes cerâmicos, argamassa e concreto, do processo de fabricação e/ou

demolição de peças pré-moldadas em concreto.

Classe B: Resíduos recicláveis, como plástico, papelão, papel, metal, vidro, madeira e

gesso. (Definição alterada pela Resolução CONAMA nº 431, de 19 de janeiro de 2012)

Classe C: Resíduos nos quais não existam tecnologia ou aplicações economicamente

viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. (Definição alterada pela Resolução

CONAMA nº 431, de 19 de janeiro de 2012)

18

Classe D: Resíduos perigosos gerados no processo de construção, como tintas, solventes,

óleos e entre outros.

3 HISTÓRICO DA GERAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Antes do século XIX, a geração de lixo urbano, era basicamente em sua totalidade

orgânico, e em uma quantidade muito inferior aos dias de hoje. Com a Revolução Industrial,

grande parte da população dos países, abandonou o campo e então migraram para as cidades,

fazendo assim com que a geração de resíduos sólidos crescesse exponencialmente. Não

somente essa justificativa, mas também houve um grande aumento na geração com o

surgimento de produtos industrializados, tais como enlatados, embalados, aluminizados e etc.

Por esses e outros motivos, a geração de lixo tem aumentando muito nos grandes centros

urbanos. Com a construção civil, e a consequente geração de seus resíduos, também não foi

diferente.

No início da civilização, diante da necessidade de se abrigar e se desenvolver, o

homem iniciou a construção das cidades. Assim com o passar dos anos, a população dessas

cidades foi crescendo, e junto a elas, cresceram também os centros urbanos. Atualmente, as

metrópoles estão quase que totalmente urbanizadas, e praticamente sem espaço para novas

construções. Porém, a população continua em crescimento, e com isso, acaba sendo

necessário novos locais para atender o crescimento populacional e a criação de centros

comerciais empresariais. Com a exigência de novos locais para a evolução da construção

civil, diversos prédios desativados deverão ser demolidos e alguns outros, reformados. Nessas

demolições e reformas que ocorreram muitas vezes com entulho reciclado, há histórico de que

cidades como a antiga Roma, Londres, Alemanha foram reconstruídas a partir de seus

escombros, utilizando de alvenaria como agregado, tijolos britados, sobras de blocos de

concreto de cimento, essa prática foi intensificada a partir do desenvolvimento da tecnologia

nos anos de 1940 a 1950 e essa quantidade de resíduos gerados provenientes da construção

civil tende a aumentar significativamente. (BIDONE, 2001, p. 67)

Segundo a ABRELPE (2012) no Brasil são gerados em média 1,223 Kg / Hab/ Dia de

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU’s) e em média 198.514 toneladas / Dia. Em comparação com

pesquisas realizadas pela ABRELPE, houve um aumento na geração de RSU’s no Brasil em

19

relação aos anos de 2009 e 2010, na ordem de 6,8% e, entre os anos de 2010 e 2011, houve

um aumento de 1,8%. Nesse mesmo período foi constatado que a porcentagem de RSU’s

enviados para aterros sanitários teve um leve aumento de 1,3%, bem como para aterros

controlados com um pequeno aumento de 0,3%. Já para os lixões houve uma queda de 1,6%

conforme apresenta Figura 2.

Figura 2: Comparativo de Destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU’s).

Fonte: ABRELPE, 2010 p 45 e ABRELPE, 2012 p 46

Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA 2011), informa que

no ano de 2012 foram gerados uma quantidade aproximada de 13.290.735 Toneladas de RSU

em todo o Brasil. Nessa mesma pesquisa foi realizado um estudo baseando na técnica de

regressão linear aplicada a projeção da população do Brasil/IBGE, ou seja, um estudo

realizado para saber a quantidade de RSU’s gerada nos próximos anos se nada for mudado.

Esse estudo mostrou os possíveis aumentos até o ano de 2031, onde os resíduos neste ano

poderão chegar em 17.044.765 Toneladas de RSU, conforme Quadro 1.

2009 2010 2011

Aterro Sanitário 56,80% 57,60% 58,10%

Aterro Controlado 23,90% 24,30% 24,20%

Lixão 19,30% 18,10% 17,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

De

stin

açõ

es

em

%

20

Quadro 1: Técnicas de regressão linear aplicadas à projeção da população do Brasil /

IBGE(2013).

Fonte: Instituto Via Pública, 2011, p 31.

3.1 PROBLEMÁTICA DA DISPOSIÇÃO DOS RCD’S EM ATERROS E NOS

MUNICÍPIOS

Quando se gera o RCD, surge a dúvida mais comum de como e onde proceder com o

descarte correto dos resíduos para que este não afete o meio ambiente. Os problemas

ocasionados pelo descarte incorreto acarretam em diversos impactos diretos e indiretos na

medida em que são dispostos em praças, terrenos baldios, córregos ou até mesmo quando são

enviados para destinos inapropriados tais como aterros sanitários ou locais de descarte

conhecidos como “bota-fora”. Exemplos destes descartes irregulares podem ser observados

nas Figuras 3 a 6.

21

Os RCD’s quando descartados incorretamente trazem problemas de proliferação de

vetores, doenças endêmicas, enchentes, obstrução de passagens em calçadas, entupimento de

manilhas pluviais, além de problemas estéticos quando descartados em praças ou em locais

públicos que ocasionem a degradação ou a criação de pontos de viciados de descarte irregular

(descarte de mais entulhos ou de lixos orgânicos).

Figura 3: Descarte irregular de resíduos da construção civil em São Vicente/SP.

Fonte: Santa Cecilia TV, 2013

Figura 4: Acúmulo de entulho na calçada em Belford Roxo/RS impede a passagem de moradores.

Fonte: Jornal do Dia, 2013

Figura 5: Restos de construção nas calçadas da capital Macapá/AP podem gerar multa.

Fonte: Jornal do Dia, 2012

22

Figura 6: Despejo de entulho em APP desvia curso de córrego.

Fonte: MIRANDA, 2013

Outro problema pouco conhecido pela população e pessoas envolvidas no assunto

ocorre no aterro sanitário, que quando projetado envolve a etapa de dimensionamento para

atender uma determinada cidade ou região para receber por um período de tempo todo rejeito

que tenha como destino final o aterramento. Quando o entulho tem como o destino final o

aterro, a vida útil do mesmo pode decair rapidamente, pois o resíduo pode ocupar um volume

da célula que poderia ser utilizado para aterramento exclusivamente de rejeitos, ou seja, é

aterrado um resíduo que pode ser reciclado e passar pelo processo de beneficiamento para

deixar de aterrar um rejeito que não existem meios de reciclagem e beneficiamento.

3.2 SURGIMENTO DA LEGISLAÇÃO DOS RCD’S

Devido a crescente geração dos resíduos sólidos, notadamente a partir da segunda

parte da Revolução Industrial, houve a necessidade de se criar uma resolução brasileira que

tratasse sobre os resíduos da construção civil. No ano de 2002, foi criada a Resolução

CONAMA nº307, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos

resíduos da construção civil, qual definiu e também classificou os resíduos da construção e

demolição, seus geradores e responsáveis. Após a criação dessa resolução, começou a ser

dada tamanha e devida importância referente à questão dos resíduos, pois antes o que era algo

sem especificação alguma, agora se tornou lei. Apesar de ser uma lei ambiental, que é

suscetível a punições, ainda não é totalmente respeitada quanto deveria, devido a existirem

áreas de “bota-foras”, e também pela falta de fiscalização e vistoria nas obras, para poder

controlar a destinação do resíduo ali gerado.

23

Criada então a Resolução CONAMA nº 307, alterada posteriormente pelas Resoluções

CONAMA nº 348/2004, 431/2011, 448/2012, determinou também que o gerador deveria ser o

responsável pelo gerenciamento desses resíduos gerados por ele. Essa determinação passaria a

representar uma grande conquista, pois determinava responsabilidade, para a segregação do

resíduo nas diferentes classes, bem como o encaminhamento para a reciclagem, e a disposição

final mais adequada.

Esses resíduos gerados pela construção civil, agora passariam a ter um gerenciamento

adequado a fim de evitar que esses passassem a ser abandonados em quaisquer locais, ou que

acumulassem em terrenos, ruas, locais inapropriados ou até que acabassem sendo despejados

em rios e lagos. Esses resíduos representam um grave problema quando dispostos de maneira

irregular, já que podem ocasionar problemas ambientais, e de saúde pública também, além de

acarretar o sobre carregamento nos sistemas de limpeza pública nos municípios. Esses

problemas se agravam a cada ano, já que os volumes são cada vez maiores chegando a

representar de 50% à 70% (ABRELPE, 2012) da massa de resíduos sólidos urbanos.

A produção de resíduos, com o passar dos anos, vem crescendo significantemente, e

junto desse crescimento, aumenta também a preocupação com as destinações ambientalmente

corretas, pois a produção e a destinação final desse lixo vem sofrendo retrocessos. Segundo

pesquisa da ABRELPE (2012), o volume de RSU’s gerados pela população, é 1,8% superior

ao registro fornecido no ano anterior, atingindo um total de quase 62 milhões de toneladas

geradas. Este aumento está expresso na Figura 7.

Figura 7: Comparativo da geração de RSU’s dos anos de 2010 e 2011.

Fonte: ABRELPE, 2012

Segundo ainda o mesmo estudo, o aumento populacional no país, não é desculpa para

a alta nesta geração, pois demonstrou que a geração aumenta duas vezes mais do que o

60.868.08

0

61.936.36

8

2010 2011

1,

24

crescimento populacional, o que significa que no ano de 2011, cada brasileiro produziu em

média 31,798 Kg/mês de lixo, ou seja, 1,223 Kg de lixo diário considerando-se que geramos

resíduos 26 dias por mês, conforme a metodologia de cálculo utilizada pela ABRELPE. Junto

com esses dados, a pesquisa mostrou que a quantidade de RSU’s com destinação inadequada

aumentou drasticamente, quase dois milhões de toneladas no último ano. A região, que

apresenta o pior índice de destinação inadequada desse lixo, é a região Centro-Oeste, que

acaba por encaminhar mais de 71% do lixo que produzem para lixões e aterros controlados,

logo depois aparece a região Nordeste, com 66% de destinação inadequada. Em seguida, a

região Norte com 65%, depois a região Sul com 30,3%, e por último, a região Sudeste, com

28,3%. Esta relação pode ser verificada na Figura 8.

Figura 8: Índice de Destinação de Resíduos Sólidos, por Região.

Fonte: ABRELPE, 2012

Vale lembrar, que o estado de São Paulo, é o que mais produz resíduos sólidos

urbanos, sendo mais de 55 mil toneladas diárias, e em seguida, o Rio de Janeiro, produzindo

mais de 20 toneladas diárias (ABRELPE, 2012).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Centro Oeste Nordeste Norte Sul Suldeste

Porcentagem de destinação inadequada de resíduos

Porcentagem de destinação adequada de resíduos

25

4 HISTÓRICO DA RECICLAGEM DOS RDC’s

Em termos de utilização de resíduos sólidos provenientes de entulho e construção civil

a reciclagem iniciou-se originalmente na Europa do século XX, principalmente e

convergentemente, esta ideia surgiu no pós-guerra, da Segunda Guerra Mundial, que ao seu

final gerou entre 400 à 600 milhões de m3 de material proveniente da destruição de casas e

prédios (BENG; 1999 p.7). Ao se depararem com a quantidade de escombros e material inerte

grandemente disposto e com a falta de conhecimento específico em destinar corretamente

aquele material “rico” porém não utilizado, foi-se então que originou o aspecto de reutilização

do entulho, dando assim início nesta questão, onde tal oportunidade seria ideal para suprir a

demanda por materiais de construção e minimizar o custo decorrente da reparabilidade e

reconstrução dos edifícios, casa etc. Um exemplo desta situação ocorrem em 1955, na

Alemanha quando as instalações de reciclagem , produziram algo em torno de 11,5 milhões

de m3 de agregados , que originaram 175.000 novas unidades habitacionais. Em 1960 já não

havia mais entulho proveniente da Guerra (BENG; 1999 p.7).

4.1 RECICLAGEM DOS RCD’s NO BRASIL

No Brasil o surgimento da necessidade de reciclar o entulho e o material de construção

civil veio devido ao grande acúmulo deste material depositado ilegalmente dentro da malha

urbana e pela destinação do resíduo em aterros municipais, causando o seu esgotamento

(ANGULO 2004 p. 88).

Em 1992, quando da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento Humano, a RIO 92, onde assuntos ligados ao Desenvolvimento Sustentável,

foram discutidos entre quase todas as nações mundiais, no intuito de buscar ações conjuntas

para a sociedade. Uma das consequências da reunião deu origem ao documento chamado

“Agenda 21", que propunha um novo posicionamento entre conservação ambiental e o

desenvolvimento econômico. Dentro deste panorama nasceu o movimento das construções

sustentáveis, que se preocupava com a captação dos recursos naturais até a disposição final

adequada dos resíduos provenientes desta atividade (ANGULO 2004 p. 86).

26

A agenda 21 é um documento no qual constava a importância de cada país refletirem

sobre a forma que os governantes, empresas e organizações não governamentais e toda a

sociedade poderiam contribuir para a solução dos problemas socioambientais. Este documento

foi o principal resultado da conferência da Eco 92 ocorrido no Rio de Janeiro em 1992. A

Agenda 21 é uma tarefa de cada país onde deve ser desenvolvida demonstrando as

intervenções das indústrias para que um novo cenário sócio ambiental seja promovido.

Já do ponto de vista ambiental a reciclagem de entulho é uma das fontes mais positivas

de solucionar o questão da indústria da construção civil que é uma das principais

consumidoras de matéria-prima e energias e uma das maiores geradoras de resíduo (JOHN,

2000). A preocupação com a construção civil é devido ao fato que sua cadeia produtiva

consome de 20 a 50 dos recursos naturais extraídos do planeta; no Japão corresponde a 50%

dos materiais que circulam na economia e nos EUA representam por volta de 75% (JOHN,

2000). Esses resíduos até então não recebiam um tratamento específico e, e até os dias de hoje

existe o costume de serem depositados em encostas de rios, terrenos baldios e praças

Afetando diretamente o meio ambiente, sendo o principal responsável pelo assoreamento de

córregos, obstrução de vias de tráfego e proliferação de doenças.

4.2 FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO (URE)

A reciclagem de RCD’s tomou um impulso e de extremo interesse no mundo após o

levantamento da produção de RCD’s gerados pelos grandes países e se tornou um resíduo

prioritário pelo Community European Committee (CEC) (RUCH et al., 1997 p. 433-40) e sua

reciclagem tem sido estudada por vários países desenvolvidos, como Holanda, Bélgica,

França, Japão e Inglaterra (MIRANDA, 2013 p 23). Como exemplo, na Alemanha se recicla

cerca de 60 % do RCD gerado; na Holanda, cerca de 95% (PUT, 2001 p.29). Em média nos

países da comunidade européia, cerca de 60% do RCD gerado (aproximadamente 180 milhões

de toneladas) está sendo reciclado correntemente (MOMBER, 2002 p. 153).

No Brasil, a reciclagem de RCD’s era pouca conhecida antes de 2002, isto porque não

havia uma definição, classificação ou forma de se dizer o que eram exatamente os resíduos da

construção civil e demolição. Sua disposição final, em poucas vezes, era destinada para

aterros sanitários e, em muitas vezes, em lixões, vias públicas, terrenos baldios e córregos,

27

ocasionando degradação ao meio ambiente, além de trazerem um grande custo para as

administrações públicas.

Mesmo em capitais menores, como da Prefeitura de São Luiz/MA, que possui cerca de

800.000 mil habitantes, dados apresentados durante a audiência pública de 16/09/2005

contabilizaram gastos acima de R$300.000,00/mês com remoção de resíduos (MIRANDA,

2013, p. 24).

Somente após 2002, com a criação da resolução CONAMA nº 307, que as URE’s

deram um impulso no Brasil, se concentrando a maior parte na região Sudeste do país. Antes

desse período, a maioria das usinas eram públicas, implantadas por prefeituras com o intuito

de solucionar os problemas do descarte de RCD’s. Assim, a maioria das usinas passaram a ser

particulares, pertencentes a empresários interessados no impulsionamento que a resolução e a

PNRS deram na questão da minimização e solução para os resíduos gerados pelos municípios

brasileiros.

No Brasil, as primeiras usinas surgiram em São Paulo, Londrina e Belo Horizonte,

todas implantadas pelo poder público. Em São Paulo, a prefeitura implantou, em 1991, uma

usina de reciclagem com capacidade para 100 toneladas/hora, produzindo material utilizado

como sub-base para pavimentação de vias secundárias, numa experiência pioneira no

Hemisfério Sul (AMBIENTE E RESÍDUOS, 2013). O município de Londrina, em 1994,

inaugurou a Central de Moagem de Entulhos, unidade implantada pelo poder público, sendo a

primeira cidade do Paraná a dar este passo. A Central iniciou sua produção com mais de 1.000

tijolos/dia, destinados para a construção de casas populares, e que são produzidos até hoje.

Além do reaproveitamento, os quase quatro mil pontos de despejos de entulho detectados no

município foram praticamente extintos. Hoje chegam à Central cerca de 100 caminhões de

entulho por dia – 300 toneladas em média (das cerca de 400 toneladas produzidas diariamente

na cidade); 10 a 15% delas são processadas e viram brita e o restante é reaproveitado em

pavimentações diversas, como calçamento de praças e logradouros públicos. (FRAZÃO,

2011). Em Belo Horizonte, cerca de 50% dos resíduos coletados diariamente em Belo

Horizonte são entulho da construção civil. Em consequência disso, a Superintendência de

Limpeza Urbana (SLU) criou e implantou o Projeto da Reciclagem de Entulho, com o

objetivo de eliminar pontos clandestinos de descarte, garantir maior vida útil ao aterro

sanitário, gerar material de construção alternativo a baixo custo para ser utilizado em

substituição a materiais convencionais, contar com a participação da população na entrega de

28

entulho nas unidades de recebimento apropriadas e solucionar o problema dos pequenos

geradores através da distribuição no município de Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de

Entulho. Belo Horizonte conta com duas URE’s, localizadas na usina da Pampulha (Figura 9)

e nos bairros Estoril (Figura 10), com capacidade de processamento de 120 e 240

toneladas/dia, respectivamente (RECICLOTECA, 1999). Dentre essas usinas citadas, somente

a usina da Pampulha e de Estoril em Belo Horizonte encontram-se em operação atualmente.

Já a usina de Londrina, desativada desde 1997, estava passando por licitações em 2011 para

ser reativada.

Figura 9: Usina de Pampulha – BH.

Fonte: SLU, 2013

Figura 10: Usina de Estoril – BH.

Fonte: Maqbrit, 2009

29

4.3 DIAGNÓSTICO DA QUANTIDADE DE USINAS DE RCD’s NO BRASIL

Ao longo de todo o território nacional temos aproximadamente 300 URE’s. Em sua

maioria, a abrangência do mercado se dá principalmente no setor privado, que possuem mais

que a metade da quantidade de usinas ativas e a que estão para serem instaladas.

A caracterização da quantidade de usinas totais localizadas no Brasil e o mapa podem

ser melhor observados no Quadro 2 e na Figura 11.

Quadro 2: Tabela de usinas nas regiões do Brasil.

Fonte: MIRANDA, 2013 p 25.

Figura 11: Mapa das URE’s no Brasil.

Fonte: MIRANDA, 2013 p 25.

Privada Pública Privada Pública Privada Pública

Brasil 143 48 11 51 11 8 14

Sudeste 100 40 8 27 5 6 14

Est. de São Paulo 79 36 5 17 13 5 3

Grande São Paulo 23 16 2 4 0 1 0

Sorocaba e Região 3 2 1 - - - -

81% 19% 82% 18% 36% 64%

Região Ativas Em implantação Inativas Total de

Usinas

% Brasil

30

De acordo com os levantamentos realizados dentro do estudo da Associação Brasileira

para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON, 2012),

intitulado como: “Produção de Agregados Reciclados” no ano de 2012, foi possível a

conclusão de análise em detrimento das situações que abrange informações referentes a

produção, distribuição e realização da reciclagem do entulho.

No Brasil, as URE`s se encontram distribuídas geograficamente da seguinte forma:

45% de todas as URE`s e Áreas de Transbordo e Triagem (ATT´s) estão no estado de São

Paulo, distribuídas com maior intensidade na região leste do Estado, sendo o restante das

usinas espalhadas pelo território nacional.

Em relação ao diagnóstico e levantamento sobre instalação, funcionamento e

distribuição de responsabilidade de ação das usinas foram estabelecidos os seguintes cenários

dentro do território nacional (Figura 12).

Figura 12: Levantamento e diagnóstico sobre instalação, funcionamento e distribuição de

responsabilidade das usinas em território nacional.

Fonte: ABRECON, 2012

8476

40

1624

60

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Usinas ativas Usinas em instalação Usinas desativadas

Usinas Privadas (%) Usinas Públicas (%)

31

4.4 DIAGNÓSTICO ATUAL

De acordo com o levantamento prévio da ABRECON, no ano de 2012 estima-se que

apenas 35% de todo o material de RCD produzido no país é coletado, objetivando, portanto,

65% de todo material produzido sendo descartado de forma irregular. Isso geralmente ocorre

devido primeiramente ao fato do custo envolvendo o transporte que em média está R$

90,00/Ton. Outra situação é devido a inexistência muitas vezes de locais a serem descartados

os RCD’s ou locais previamente licenciados e autorizados para recebimento do material.

A segunda perspectiva encontrada está relacionada à tratativa que se estabelece entre a

iniciativa privada e pública. Fato já concretizado para que haja a viabilidade econômica de

instalação e operação de uma URE, deve-se mobilizar em formas de legislação, impostos e

auxilio das prefeituras em concretizar tais instalações. Estima-se que a probabilidade de êxito

no funcionamento e viabilidade do projeto, em que 40 % está relacionado nesta questão

público/privado.

Outra questão que afeta diretamente na efetivação da viabilidade de instalação de

usinas de reciclagem é o fato do mercado consumidor. A desmotivação muitas vezes e a falta

de consumidores conscientes para uso de material reciclado, afeta na evacuação do material

produzido. Devido a este quadro que ainda se faz presente ao recente prospecto e histórico das

usinas no Brasil. Mas, mesmo tendo qualidade suficiente, é importante o consumo deste pela

administração pública, já que a maioria do RCD’s que chegam na usina é de origem cerâmica

e que, até o momento, o principal uso deste é para aplicação como base e sub-base de

pavimentos (MIRANDA, 2012 p.11).

4.5 BENEFÍCIOS DAS URE’s

As URE’s podem trazer uma série de benefícios para o município em que a usina é

implantada, tanto ambientais, sociais e econômicos e até mesmo trazer benefícios para outras

regiões metropolitanas em que existe uma URE. Para que haja um beneficiamento entre

cidades vizinhas, podem ser firmados entre consórcios e as prefeituras de uma determinada

região, onde são viabilizados a destinação dos resíduos. Há também a reutilização dos

32

agregados reciclados por um valor comercial bem mais em conta, há a diminuição do descarte

incorreto de RCD na sociedade e há os benefícios sociais com a geração de emprego e renda.

Segundo o conceito da Emenda Constitucional nº 19/1998, que alterou o Art. 241 da

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, os consórcios públicos são parcerias

formadas por dois ou mais entes da federação para a realização de objetivos de interesse

comum, em qualquer área. Os consórcios podem discutir formas de promover o

desenvolvimento regional, gerir o tratamento de lixo, saneamento básico da região, saúde,

abastecimento e alimentação ou ainda execução de projetos urbanos.

Quando há um consórcio intermunicipal, os municípios consorciados conseguem

obter vantagens em várias etapas do gerenciamento dos RCD’s como, por exemplo, no custeio

de destinação final e do custeio da utilização do produto final (agregado reciclado). Este

consórcio é implantado por meio de termos de parceria entre municípios vizinhos no

gerenciamento dos RCD´s onde um município, é escolhido para receber a implantação a URE,

desde que possua as características necessárias para a sua implantação. Cabe aos outros

municípios implantarem uma ATT para o gerenciamento dos resíduos, enviando assim

somente itens Classe A, segundo a Resolução CONAMA no307/2002.

Quando um determinado município encontra-se muito distante do município que

possuí uma URE, a opção é implantar uma ATT no município, promover o gerenciamento

correto e enviar somente a fração mineral para a ATT do município vizinho mais próximo.

Esse município que enviou o resíduo fica responsável em arcar com metade do custo do envio

do material do município mais próximo para a usina do município que possui a URE. Este é o

caso do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

(PRÓ-SINOS).

Tendo em vista que a implantação de uma URE em um determinado município pode

trazer uma solução para os RCD´s também de cidades vizinhas, é notável que o município que

mais se beneficiará com este projeto é aquele município escolhido para a implantação da

URE. Uma URE pode representar os três pilares da sustentabilidade para um município, como

por exemplo, a reutilização do agregado reciclado sem custos em obras públicas da cidade,

gerando economia com aquisição de material nobre e promovendo o desenvolvimento

econômico da cidade.

A Figura 13 apresenta o mapa das localizações do Consórcio PRÓ-SINOS (CRCD,

2013).

33

Figura 13: Mapa do Consórcio PRÓ-SINOS.

Fonte: CRCD, 2013

Uma URE pode representar os três pilares da sustentabilidade para um município,

como por exemplo, a reutilização do agregado reciclado sem custos em obras públicas da

cidade, gerando economia com aquisição de material nobre e promovendo o desenvolvimento

econômico da cidade. No tocante ao desenvolvimento social, uma URE contribui com a

geração de emprego e renda através da contratação de pessoas excluídas do mercado de

trabalho, incluindo ex-apenados, catadores de materiais recicláveis e até mesmo pessoas com

idade avançada. Uma vez reinseridos no mercado de trabalho podem ter uma renda

fixa,algumas vezes até superior ao salário mínimo através da receita gerada na usina e até

mesmo de resíduos bastante rentáveis que acabam sendo descartados nas caçambas de entulho

como cobre, ferro e alumínio. Além do desenvolvimento econômico e social, as usinas de

reciclagem de entulho trazem o desenvolvimento ambiental na cidade, pois fornecem a opção

correta para descarte e destinação dos RCD’s evitando assim o descarte irregular em praças,

córregos, terrenos baldios, calçadas e etc. Outro importante beneficio ambiental, com a

utilização do agregado reciclado proveniente do processo de reciclagem do entulho das

URE’s, as construtoras, prefeituras e até mesmo o munícipe acabam contribuindo com a

34

preservação dos recursos naturais e de fontes não-renováveis, diminuindo a extração do

material virgem.

Como dito anteriormente sobre os aterros, é possível evitar o envio dos RCD’s para

aterramento, poupando assim o volume da célula e aumentando a vida útil do aterro a fim de

atender os municípios na destinação somente de rejeito ou resíduos que o único destino final

seja o aterro. As URE`s possuem também uma forma de fornecer material para pequenas ou

grandes cooperativas, materiais tais como ferro, madeira, plástico, vidro, papelão, polietileno

tereftalato (PET) e etc., contribuindo assim como aumento de oferta e renda destas

organizações.

4.6 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DIFERENCIADA/

COMPARTILHADA DA USINA DE RECICLAGEM DO MUNICÍPIO DE OSASCO/SP

Segundo PINTO (1999 p. 108), a gestão diferenciada de resíduos da construção civil

apresenta um propósito de ampliação para os serviços que o poder público necessita para a

solução dos problemas que os resíduos sólidos trazem para um determinado município. A

gestão diferenciada deve conter um modelo que seja racional, eficaz, menos custoso e

sustentável. Ainda sim a gestão diferenciada dos RCD’s deve ser constituída por um conjunto

de ações que corporificam um novo serviço público, visando a captação máxima dos resíduos

gerados, através da constituição de redes de áreas de atração, diferenciadas para pequenos e

grandes geradores e coletores, reciclagem dos resíduos captados em áreas perenes

especialmente definidas para a tarefa, alteração de procedimentos e culturas, no tocante à

intensidade da geração, à correção da coleta e disposição e as possibilidades de utilização dos

resíduos reciclados.

Estas ações foram utilizadas na cidade de Osasco, através da Prefeitura Municipal de

Osasco, de uma Organização Social de Interesse Público (OSCIP) e através da iniciativa

privada que tiveram como objetivo aplicar o beneficiamento do modelo diferenciado de

gestão para solucionar os problemas de descarte de RCD’s na cidade, através da implantação

de uma URE que tivera o objetivo do progresso social, ambiental e econômico.

35

Todo o projeto foi elaborado por uma Organização Social de Interesse Público

(OSCIP), conhecida como Instituto Nova Ágora de Cidadania (INAC), instituição sem fins

lucrativos e diretamente voltados para a criação de projetos na área ambiental e de combate a

desigualdade social, através da geração de emprego e renda. O projeto de montar uma URE

surgiu após o grande histórico que abordamos anteriormente sobre a implantação pelo poder

público e pelo poder privado.

A idéia da URE nasceu por meio da constatação que o poder público somente se

preocupava com a reciclagem de outros materiais, deixando o entulho para serem destinados à

aterros, de forma irregular em bota-foras ou de maneira irresponsável em áreas de mananciais,

rios, córregos ou áreas públicas, degradando de forma irremediável o meio ambiente. Quando

havia alguma ação voltada à reciclagem, havia dois modelos em operação: o da iniciativa

privada cujo modelo se concentrava nos materiais de maior valor agregado, e daquele

organizado pelo poder público através de um modelo de gestão precário caracterizado pela

falta de recursos, alternância de poder, que na maioria das vezes relegava o projeto do

antecessor a segundo plano, não surtindo os resultados minimamente aceitáveis onde a

população não é incentivada mutuamente e conscientizada a médio e longo prazo à destinação

adequada dos RCD’s.

Toda a vertente teve como base a gestão pelo terceiro setor que traz como foco a

promoção do combate a desigualdade social através da geração de emprego e renda, além de

do projeto ser essencial para atender o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. O Plano Nacional

de Resíduos Sólidos estabelece princípios, objetivos, diretrizes, metas e ações e é um

importante instrumento que contempla os diversos tipos de resíduos gerados, alternativas de

gestão e gerenciamento passíveis de implementação, bem como metas para diferentes

cenários, programas, projetos e ações correspondentes (PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS

SÓLIDOS, 2011, pg. 1). Este projeto de implantação de URE com o modelo diferenciado de

gestão poderia abranger toda a cadeia produtiva dos RCD´s e criando também meios de

estabelecer um gerenciamento correto desses resíduos. A escolha do Município de Osasco se

deu graças a uma relação política, aliada ao fato de ser uma cidade com alto adensamento

populacional, onde 100% de seu território é composta por área urbana (sem áreas rurais) e

próxima do Município de São Paulo, que é outra grande geradora de entulho. Sendo assim,

em 2007, a OSCIP apresentou o projeto para a Prefeitura Municipal de Osasco.

36

Tendo sido aprovada pela Fundação Banco do Brasil (FBB), faltando apenas a

parceria com o município. Com isto, foi firmado uma parceria com o município de Osasco por

um período de 5 anos renováveis: A OSCIP entraria com os investimentos necessários para

aquisição dos equipamentos, infra-estrutura e a gestão do projeto, e a Prefeitura Municipal de

Osasco (PMO) faria a cessão da área, fornecimento e custos com luz, água, energia elétrica,

segurança 24 horas, pá carregadeira e o aporte financeiro por 12 meses para o custeio

operacional. Em contrapartida do projeto para o município, a OSCIP forneceria sem ônus,

50% de todo o material resultante da reciclagem.

Outras formas de investimentos para o projeto foram obtidas através da FBB que

possui ações preferencialmente voltadas a reciclagem e projetos de desigualdade social, por

meio do incentivo às Cooperativas, como uma forma de inclusão social através da geração de

emprego e renda, o modelo oferecido até então era inovador em uma cadeia produtiva que a

FBB não conhecia: a da reciclagem de entulhos, oportunizando assim a ampliação de seu

campo de ação. Esta parceria ficou conhecida como Modelo Diferenciado de Gestão entre o

Poder Público, Iniciativa Privada e Terceiro Setor. Este projeto foi a solução perfeita para a

destinação correta dos RCD’s beneficiando assim o meio ambiente de todo o município de

Osasco e dos municípios vizinhos, trazendo desenvolvimento social através da criação de

postos de trabalho e também para o desenvolvimento econômico com a utilização de agregado

reciclado pela PMO em suas obras públicas, sem custo para o município, já que a cessão da

área de implantação, água e energia elétrica foram cedidos igualmente sem custo algum para o

funcionamento da URE.

A cidade de Osasco, hoje com aproximadamente 666,740 mil habitantes (IBGE, 2013)

antes da implantação do projeto apresentava um problema de descarte irregular de resíduos

com pontos viciosos por toda a cidade, além de ter uma gestão incorreta dos resíduos da

construção civil (a maior parte enviada para aterro). Com a implantação da UREOSASCO na

cidade, hoje a usina recebe aproximadamente 5.000 toneladas de entulho mensalmente em seu

pátio totalizando a produção aproximada de 4.000 toneladas de agregados reciclados. Destas

4.000 toneladas, a prefeitura se beneficia mensalmente sem custo algum de aproximadamente

2.000 toneladas para serem utilizadas em obras públicas (Administração da UREOSASCO,

2012).

37

De 2009 à 2010, a Prefeitura Municipal de Osasco reduziu aproximadamente 70 %

dos custos das obras da cidade. É importante ressaltar que 5.000 toneladas/mês de

recebimento pela usina são 5.000 toneladas de entulho que não foram depositados no Aterro

Municipal de Osasco, poupando o volume das células para aterrarem resíduos que a única

destinação seja o aterro, aumentando assim a vida útil do mesmo (CRCD, 2013).

4.6.1 A URE do Município de Osasco

Implantada com o intuito de beneficiar a cidade de Osasco nas questões ambientais,

sociais e econômicos, além de atender uma população de aproximadamente 650 mil

habitantes, a UREOSASCO encontra-se instalada na Rua Sérgio Ribeiro da Silva no bairro

do Portal D’Oeste II – Osasco – SP. Inaugurada em Maio de 2009, com capacidade de

processar 25 toneladas/hora de entulho em um espaço de 5.000 m² de área, a UREOSASCO

foi a primeira usina a ser implantada no Brasil com o modelo diferenciado de gestão entre o

poder público, privado e uma OSCIP sendo que hoje é o projeto modelo para diversas

autoridades do poder público que buscam a implantação de um projeto de URE com o modelo

diferenciado de gestão ou com o modelo direto (somente a prefeitura responsável gestando)

(Figuras 14, 15 e 16).

Todas as figuras apresentadas possuem a respectiva autorização (Anexo B) do Instituto

Nova Ágora de Cidadania (responsável pela gestão e operação da UREOSASCO) e encontra-

se disponível em anexo no final deste trabalho. A figura 14 é melhor visualizada no anexo B.

As figuras 15 à 16 foram retiradas pelo grupo de visita técnica responsável pela elaboração

deste trabalho, com uso exclusivo para o trabalho de conclusão de curso.

Figura 14: Localização da UREOSASCO

Fonte: Google Earth, 2013

38

Figura 15: Foto da portaria da UREOSASCO

Figura 16: Foto do britador da UREOSASCO

4.6.2 O funcionamento da URE e a gestão correta de RCD’s

Segundo o CRCD (2013, p. 21), as URE’s têm como papel fundamental o recebimento

e a reciclagem de RCD´s que são provenientes de obras de grandes e pequenos geradores que

realizam reformas, construções e demolições. As URE’s devem trazer a solução perfeita para

a destinação correta dos RCD´s e impede que este material seja descartado irregularmente

39

pelo município, além de promoverem a diminuição da necessidade do extrativismo mineral

através do reaproveitamento, com a reinserção do agregado reciclado na cadeia produtiva da

construção civil.

O principio básico de uma URE consiste em um modelo que atenda a Resolução

CONAMA no307/02, que solucione os problemas já citados neste trabalho quanto ao descarte

dos RCD´s, que atenda a gestão correta de resíduos que provenham de obras de construção e

demolição e que promova os três pilares da sustentabilidade. Para isto, uma URE deve

englobar quatro pontos internos fundamentais para o perfeito funcionamento. Uma URE traz

um modelo de projeto que prevê a logística, segregação, destinação e beneficiamento desses

resíduos e deve ter os teus processos.

A Figura 17 representa um fluxograma do processo de reciclagem dos RCD’s dentro

de uma URE. Para melhor visualização vide anexo A.

Figura 17: Fluxograma do Processo de Reciclagem de RCD de uma URE.

Na figura 17, que pode ser melhor visualizada no Anexo A, pode-se entender os

processos em que o entulho percorre ao sair de uma obra de construção ou demolição. No

item 1, é mostrado uma caçamba que geralmente consta com resíduos de Classe A à Classe C,

da Resolução CONAMA no 307/02 e, raramente, adentram na usina homogeneamente

(somente com itens Classe A). Nos itens 2 e 3, a caçamba passa pela ATT onde os resíduos

40

são separados e classificados de acordo com sua Classe. O item 3.1 representa os resíduos

Classe B, como o ferro, madeira, papelão e vidro que devem ser destinados em caçambas e

transportados para unidades especificas de reciclagem. O ferro representa aproximadamente

7% do volume total de uma caçamba, madeira 15%, plástico e papelão 12%, outros rejeitos

2%, sendo que 64% é a fração mineral, o entulho propriamente dito (CRCD, 2013). No item

4, estes resíduos são separados e gerenciados para os destinos corretos (Empresas que

reciclam ferro, madeira, papelão ou cooperativas) e o entulho é enviado para a área de

reciclagem (item 5) onde é processado passando pela primeira etapa de britagem. A etapa de

britagem consiste em um conjunto de martelos que impactam o entulho em uma placa de aço,

transformando o material em uma granulometria menor.

Após a britagem, o entulho cai em uma esteira primaria responsável por passar o

produto em uma caixa de eletroímã (item 6), responsável por retirar pedaços de ferragem do

processo. O agregado reciclado é levado para uma esteira secundaria responsável por jogar o

material britado em uma peneira vibratória conhecida como three-screem (item 7), que separa

o material em 4 faixas granulométricas classificando-o (item 8) em areia, pedrisco, brita,

rachão (realizado com o material cinza) e bica-corrida (material vermelho). A bica-corrida é o

único material que não passa por peneira vibratória, fazendo com que o processo pare na

esteira secundaria. No item 9, demonstra-se os tipos de reaproveitamento que o agregado

reciclado pode ter como fabricação de piso, bloquetes, bancos de praça, empoço, contra-piso,

sub-base asfáltica ou volta como brita, areia e rachão para a construção civil. No item 10, o

agregado proveniente da reciclagem do entulho é reinserido novamente na construção civil,

para serem reutilizados em construções não-estruturais.

A área da URE deve ser dotada de balança rodoviária para a pesagem de veículos

transportadores de entulho, uma portaria para a pré-inspeção de carga e controle de veículos

que adentram a usina, uma ATT (para o gerenciamento e separação da fração mineral entulho

– Classe A e dos resíduos recicláveis – Classe B ou até os rejeitos), área de britagem do

entulho, área de estoque de agregado reciclado e área de reutilização do agregado reciclado,

sendo geralmente dotada por fábrica de blocos ecológicos ou artefatos em geral de solo-

cimento ou concreto. É primordial uma placa de orientação técnica na portaria da usina

orientando aos clientes (caçambeiros, transportadoras de material e população) os tipos de

materiais que são permitidos serem destinados na usina (resíduos Classe A e Classe B) e os

proibitivos (Classe C e Classe D), conforme apresentados nas Figuras 18, 19, 20 e 21:

41

Figura 18: Placa de orientação técnica da portaria da UREOSASCO

Figura 19: Foto da Área de britagem da UREOSASCO

Na figura 20, é apresentada uma planta de um projeto básico para a implantação da área de

britagem de uma URE. Nesta área é realizado a parte de reciclagem do entulho. No item I é tem-se a

pilha de material fino que passa pela grelha cega para ser separado do entulho que passará pelo

conjunto de martelos. O material fino, que geralmente é composto por terra ou pó proveniente da

demolição, não passa pelos martelos, deixando o agregado reciclado livre de impurezas, aumentando

assim a sua qualidade de venda. No item II demonstra a área de estoque de bica-corrida. Este agregado

passa pelos martelos, porém não passa pela peneira vibratória, pois suas características é de um

material de granulometria mista já que a sua utilização é em correção de solos, utilização em sub-base

asfaltíca e manutenção de estradas vicinais. Os itens III, IV, V e VI são as pilhas de areia, pedrisco,

brita 1 e rachão. No item A é mostrado o silo de alimentação responsável por receber o entulho que

42

passará pela britagem. Este material passa pela caixa dos martelos, demonstrado no item B, que é

responsável por britagem do material, passando pelo item C, caixa do eletroímã que retira as ferragens

e vergalhões. No item D, é demonstrado a peneira vibratória responsável pela classificação

granulométrica do agregado reciclado. Todos os itens TC são esteiras transportadoras, responsável por

transportar o agregado reciclado para as próximas etapas, até a etapa final das pilhas de agregados

classificados. No item X está o arco da esteira TCM, onde pode-se movimentá-la da peneira vibratória

para a pilha II, onde tem-se a produção de Bica-corrida (material que não passa por peneiramento),

conforme figura 21 que demonstra a configuração dos equipamentos locados dentro de uma área de

britagem.

Figura 20: Planta de uma área de britagem de RCD’s

Fonte: MAQBRIT, 2009

Figura 21: Desenho de uma área de britagem de RCD

Fonte: ALFA CAÇAMBAS, 2013

43

Para melhor auxiliar a população na destinação correta dos RCD´s e no gerenciamento

dos resíduos antes de chegarem na URE, são implantados estrategicamente “Pontos de

Entrega Voluntário (PEV’s) pela cidade. Os PEV’s são locais especificamente projetados pelo

município com a função de receber pequenos volumes de entulhos, restos de material de

construção, móveis usados e utensílios domésticos, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes,

restos de podas de jardins e equipamentos eletrônicos. Os PEV´s proporcionam à população

maior facilidade para destinar, gratuitamente, os resíduos que hoje são descartados, muitas

vezes, em locais impróprios. A Figura 22 representa o escopo de um PEV.

Figura 22: Escopo de um PEV ou ECOPONTO

Fonte: I&T, 2009

A ATT que é instalada no pátio da URE e tem o objetivo de contribuir e promover

uma melhor separação e gerenciamento dos resíduos que na maioria das vezes chegam

completamente homogêneos dentro das caçambas de transporte de entulho. Nesta área é

realizada a triagem manual das caçambas por funcionários com o auxilio de uma pá-

carregadeira, espalham todos os resíduos no pátio da ATT e fazem a triagem dos resíduos

como plásticos, madeiras, ferros, papelões e outros tipos de resíduos ou rejeitos que não são

caracterizados como fração mineral Classe A. Estes resíduos, que não fazem parte da fração

mineral são encaminhados separadamente para outras caçambas, bags ou baias e

encaminhados para posteriores cooperativas ou empresas especializadas em reciclagem.

É importante ressaltar que os processos de gerenciamento nos canteiros de obras onde

a própria construtora ou contratada é responsável por gerenciar os resíduos gerados durante a

construção também são importantes para a separação dos resíduos e o envio somente de itens

Classe A para as ATT’s das usinas. Esta etapa de gerenciamento na obra melhora o

funcionamento da URE, pois economiza a mão de obra de funcionários para a execução da

44

triagem manual da caçamba, além de economizar gastos e transporte dos resíduos, diminuindo

assim o preço por tonelada da caçamba destinada.

Para melhor compreender o funcionamento das etapas de gerenciamento de resíduos

durante o processo de destinação de uma caçamba de entulho, apresenta-se o respectivo

fluxograma (Figura 23).

Figura 23: Fluxograma das etapas de destinação correta de uma caçamba de entulho

Após o gerenciamento e separação dos resíduos, a fração mineral é conduzida para um

britador (Figura 24) responsável pela britagem, transformando a fração mineral em diferentes

faixas granulométricas. Esse maquinário é composto por um alimentador vibratório (Figura

25) que conduz o entulho bruto despejado pela pá-carregadeira para um conjunto de martelos

rotacionais localizados em uma caixa chamada de britador, que são responsáveis pela quebra

e lançamento do entulho em uma placa de aço, provocando um impacto que colabora ainda

mais com a britagem do material.

Figura 24: Britador da UREOSASCO responsável pelo armazenamento dos martelos

45

Figura 25: Alimentador vibratório da UREOSASCO

O conjunto de operações com o intuito de reduzir o tamanho das partículas minerais,

executando de maneira controlada e de modo a cumprir um objetivo pré-determinado chama-

se cominuição. O processo de cominuição inclui a britagem e moagem das partículas

(CHAVES; PERES, 1999 p.425).

Atualmente, há dois modelos de britadores: os fixos e os móveis, onde o que

diferencia um britador do outro é a sua capacidade e a sua função. Geralmente, as usinas de

reciclagem de entulho trabalham com um modelo fixo (Figura 26) onde o britador recebe

espaço em um talude de aproximadamente 5 metros de altura abaixo do nível de recebimento

e são parafusados em bases aterradas no pátio de material agregado.

Figura 26: Britador do tipo fixo

Fonte: MAQBRIT, 2009

46

O britador fixo é uma unidade de britagem onde todas as suas etapas de

funcionamento são fixadas no terreno, não podendo ser removido de seu local de implantação.

Os britadores fixos funcionam com a entrada de material por um silo de alimentação passando

por um conjunto de martelos que brita o material transformando em várias faixas

granulométricas que por fim é conduzido por uma peneira que separa o material em agregado

fino e grosso. Os britadores fixos geralmente são utilizados em usinas de reciclagem de

entulho.

Já os britadores do tipo móveis (Figura 27), nada mais são que britadores instalados

em carretas de transportes que são deslocados para a reciclagem dos RCD’s nos próprios

canteiros de obras, fazendo com que o gerador reutilize o agregado reciclado com um menor

custo (transporte e venda do agregado).

Figura 27: Britador do tipo móvel

Fonte: BRITADORES BRASIL, 2009

Os britadores móveis são unidades de britagem instaladas geralmente em carretas de

transporte móveis ou em conjunto de rodízios ou esteiras que tem como o objetivo mover o

britador para diferentes lugares de uma determinada obra. O funcionamento dos britadores

móveis consiste na entrada de entulho por um silo de alimentação passando por um conjunto

de martelos que são responsáveis em transformar o material em uma faixa granulométrica

pequena para o objetivo de diminuir o espaço de estocagem do entulho ou para o material ser

reaproveitado novamente na mesma obra. Os britadores móveis geralmente não possuem

peneira de separação.

47

Após a etapa de britagem do entulho, o material britado cai em uma esteira primária

passando assim por um equipamento de eletroímã que fica responsável pela retirada de

pequenas ferragens que por ventura passaram no processo (Figura 28). Este equipamento é

fundamental no processo para que essas ferragens não danifiquem a peneira vibratória

(próxima etapa do processo). O eletroimã é uma caixa magnética que fica pendurada na

esteira primária do britador. Geralmente, os eletroímãs costumam ter uma correia rotativa

responsável por retirar as ferragens do processo, não precisando parar o maquinário para fazer

a limpeza da caixa.

Figura 28: Eletroímã da UREOSASCO

Em seguida, o material britado e livre de ferragens é conduzido para uma esteira

secundária (Figura 29) responsável por despejar o agregado em um conjunto de malhas

granulométricas conhecida como Peneira Vibratória (Figuras 30 e 31), que tem como

finalidade a separação por faixas granulométricas e caracterizando assim o material em areia,

pedrisco, brita, rachão e bica-corrida. Esses materiais são separados conjuntamente na peneira

vibratória e conduzidos separadamente por quatro outras esteiras transportadoras para as

respectivas pilhas ou baias de materiais (Figuras 32, 33, 34 e 35). A peneira vibratória (Figura

28) é uma caixa de três telas granulométricas. Aos dois lados da caixa existem duas molas e

um conjunto de contra-pesos que giram e fazem a peneira vibrar.

48

Figura 29: Esteira secundária (ou TCM) da UREOSASCO

Figura 30: Peneira vibratória da UREOSASCO

Figura 31: Parte superior da peneira vibratória da UREOSASCO

49

Figura 32: Baia de areia da UREOSASCO

Figura 33: Baia de separação de brita 1 da UREOSASCO

Figura 34: Baia de separação de pedrisco.

50

Figura 35: Baia de separação do rachão (ou pedra 4).

Para o perfeito funcionamento da logística e do gerenciamento dos RCD’s, a etapa de

gerenciamento é fundamental, pois é exatamente nesta etapa que os resíduos são classificados,

separados e os respectivos destinos são definidos. Para a realização de um efetivo e eficaz

gerenciamento existem ferramentas importantes implantadas pelo poder público, empresas de

construção ou pelos responsáveis pela URE tanto publicas ou particulares, tais como:

• Criação de lei especifica para a utilização do agregado reciclado pelo poder

público;

• Criação de cooperativas de reciclagem para o recebimento do material Classe

B;

• Criação de cadastro obrigatório para empresas de caçambas no poder público;

• Definição de política ambiental para a construção civil no gerenciamento de

resíduos de canteiros de obras e na utilização de uma porcentagem da obra

utilizando agregado reciclado;

• Elaboração de programas de educação ambiental para a população;

• Utilização da logística para a destinação de RCD em URE’s;

• Implantação de PEV’s pela cidade e orientação técnica para o pequeno

gerador;

Após percorrer todo este processo, o material se encontra pronto para uso e a sua

empregabilidade geralmente tem como destino a construção civil, contenção de encostas, sub-

base asfáltica, calçamento, produção de blocos, guias, manilhas pluviais, bancos de praça.

bloquetes, piso inter-travado, empoço e etc. Na maioria das vezes, a terceira etapa do processo

de reciclagem do entulho por uma URE é a implantação de uma fábrica de blocos e artefatos

de concreto e solo-cimento

diretamente da pilha da usina para a fábrica de blocos e arte

economizando assim no transporte de material e gerando também receita para suprir os gastos

da usina. Segundo pesquisa do CRCD (

40% mais barato que o agregado nobre produzidos em pedreiras e vendidos em depósitos de

materiais de construção.

O Quadro 3 apresenta

URE.

Quadro 3: Classificação do material agregado.

USOS RECOMENDADOS PARA RESÍDUOS RECICLADOSProduto Características

Areia

reciclada

Material com dimensão máxima característica

inferior a 4,8mmde impurezas, proveniente da reciclagem de concreto

e blocos de concreto.

Pedrisco

reciclado

Material com dimensão máxima característica de

9,5mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e

blocos de concreto.

Brita

reciclada

Material com dimensão máxima característica

inferior a 25mmimpurezas, proveniente da reciclagem de concreto e

blocos de concreto.

cimento (Figuras 36 e 37), que pode ser reutilizado o material agregado

diretamente da pilha da usina para a fábrica de blocos e artefatos de concreto e solo

economizando assim no transporte de material e gerando também receita para suprir os gastos

Segundo pesquisa do CRCD (2011), o agregado reciclado estava em torno de 30% à

40% mais barato que o agregado nobre produzidos em pedreiras e vendidos em depósitos de

apresenta uma classificação do material agregado produzido por uma

Classificação do material agregado.

RECOMENDADOS PARA RESÍDUOS RECICLADOSCaracterísticas Uso recomendado

Material com dimensão máxima característica

4,8mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto

e blocos de concreto.

Argamassas de assentamento de

alvenaria de vedação,

contrapisos, solo-cimento, blocos e tijolos de vedação.

Material com dimensão máxima característica de

, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e

blocos de concreto.

Fabricação de artefatos de

concreto, como blocos de vedação,

pisos intertravados, manilhas de esgoto, entre

outros.

Material com dimensão máxima característica

25mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e

blocos de concreto.

Fabricação de concretos não

estruturais e obras de drenagens.

51

, que pode ser reutilizado o material agregado

fatos de concreto e solo-cimento,

economizando assim no transporte de material e gerando também receita para suprir os gastos

o agregado reciclado estava em torno de 30% à

40% mais barato que o agregado nobre produzidos em pedreiras e vendidos em depósitos de

uma classificação do material agregado produzido por uma

RECOMENDADOS PARA RESÍDUOS RECICLADOS Foto

52

Bica-

corrida

Material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, com dimensão máxima característica de 63mm (ou a critério do

cliente).

Obras de base e sub-base de pavimentos,

reforço e subleito de pavimentos,

além de regularização de

vias não pavimentadas, aterros e acerto topográfico de

terrenos.

Rachão

Material com dimensão máxima característica

inferior a 150mm, isento de impurezas proveniente

da reciclagem de concreto.

Obras de pavimentação, drenagens e

terraplenagem.

Fonte: CRCD, 2013

Figura 36: Prensa hidráulica para a fabricação de blocos ecológicos

Fonte: ECOMÁQUINAS, 2013

53

Figura 37: Bloco ecológico de solo cimento com agregado reciclado de RCD

Fonte: VIMAQ PRENSAS, 2013

As URE´s, com o modelo diferenciado de gestão, conseguem ser auto-sustentáveis, ou

seja, toda a renda gerada no recebimento de entulho, na venda do agregado reciclado e na

comercialização dos resíduos considerados classe B, são utilizados para suprir a folha de

pagamento de seus funcionários, custos de manutenção de maquinários, entre outros. O valor

de recebimento de material agregado geralmente é cobrado por tonelada ou metro cúbico da

caçamba transportadora, que é mensurado pela balança rodoviária. (CRCD, 2013)

4.6.3 O agregado reciclado

Foi apresentado anteriormente o caminho que o entulho percorre durante o seu

processo de reciclagem e diferentes etapas que ele é submetidoaté chegar no produto final,

conhecido como agregado reciclado. É importante ressaltar que este tipo de material não é

aplicado em parte estrutural e, quando comercializado, o comprador deve ser alertado quanto

as restrições de seu uso. Segundo informações fornecidas pelo CRCD (2013), um argumento

para esta restrição do uso estrutural deste tipo de material é que a qualidade do agregado

muda constantemente e apresenta uma grande porcentagem de impurezas (Figura 38) como

pedaços de papel, madeira e restos de cerâmica, um dos grandes problemas desta

empregabilidade, que podem apresentar trincas e fissuras na estrutura quando utilizados em

parte estrutural.

54

Figura 38: Relação de materiais presentes no agregado.

Fonte: CRCD, 2013

Segundo Miranda (2013, p 14) no Brasil, onde o volume de RCD é significativo, mas

a presença de agregados reciclados no mercado ainda é novidade e a população apresenta um

certo grau de preconceito no seu uso, são considerados como fatores principais para o sucesso

da reciclagem como negócio privado a qualidade do produto, o preço, e o apoio das

administrações públicas.

A comercialização deste material ainda sim é um grande desafio para o mercado da

reciclagem de RCD’s, pois o mercado da construção extremamente competitivo busca

sempre a melhor qualidade em suas construções e preferem a utilização de materiais nobre

nos processos, dificultando assim a comercialização do material reciclado pelas URE’s. Uma

das saídas que as URE´s encontram, é a execução de testes de qualidade do agregado

reciclado que podem aumentar ainda mais a chance de utilização pelas construtoras,

expandindo ainda mais a comercialização e renda das usinas.

Analisando as características sobre a situação atual e potencial de produção de

agregados de resíduos provenientes da construção civil, estão estabelecidos a quantidade de

material coletado e a porcentagem reciclada conforme dados mapeados e rastreados no

Quadro 4.

55

Quadro 4: Situação atual e potencial de produção de agregados.

Situação Atual Situação Potencial

BRASIL

106.550 MIL t/DIA DE RCD

COLETADO

80% MATERIAL RECICLADO

85.240 MIL t/DIA

ESTADO DE SÃO PAULO

80% DE TODO MATERIAL

RECICLADO NO BRASIL

8.224 MIL t/DIA

20% MATERIAL CINZA

13.639 MIL t/DIA

30% RASTREADO 100 % RASTREADO

Fonte: ABRECON, 2012

Comercialmente ou não, a participação do poder público é extremamente essencial

nessa etapa , pois é um dos clientes mais potenciais de uma URE, que como dito, boa parte ou

todo o agregado reciclado é consumido em obras públicas, tais como pavimentação,

calçamento, construção de praças e etc.

Outro fator que demonstra a vital participação do poder público neste processo é na

criação de leis, a partir de políticas públicas para o incentivo na utilização de agregado

reciclado em uma determinada porcentagem das obras, tanto públicas quanto privadas e no

plano de gerenciamento de RCD´s que utilizam como base a Resolução CONAMA no307/02

e a PNRS. Este plano de gerenciamento direciona à criação de ferramentas na gestão e manejo

de RCD’s, além de fornecer diretrizes para o pequeno e grande gerador de como proceder na

contratação de caçambas, no descarte dos RCD´s, os tipos de beneficiamentos, logísticas de

transportes e os possíveis destinos que o entulho pode ter.

4.6.4 Políticas públicas, privadas e do terceiro setor

As políticas públicas são de extrema importância para o município, pois além de

estabelecerem as diretrizes na ação do poder público, criam regras e procedimentos para que

haja um estreitamento entre o poder público e a sociedade. As políticas públicas tem como

objetivo melhorar alguns dos setores públicos que se encontram em decadência ou com falta

de gestão correta. No caso dos RCD’s, elaborar políticas públicas voltadas para o setor

56

significa dar diretrizes sobre o gerenciamento correto de resíduos da construção civil, criação

de linhas de financiamento para a implantação de projetos voltados para o beneficiamento

social, ambiental e econômico, criação de leis que tornem a reutilização dos agregados

reciclados compulsórias e criação de planos para a diminuição do envio de resíduos para

aterros. A participação da sociedade é de suma importância em audiências para a criação de

políticas públicas.

Lei Federal N° 6.938, de 31 de agosto de 1981:

Esta lei Federal de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente(PNMA),

seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, além de outras providencias. Através dela,

definem-se medidas de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, visando

o bem estar da sociedade e da economia, com definições com nomenclaturas relacionadas ao

meio ambiente, descrição dos objetivos da política nacional, declaração dos órgãos

competentes, definição de instrumentos cabíveis, como o estabelecimento de padrões de

qualidade ambiental e penalidades aplicáveis, além das atividades potencialmente poluidoras

e utilizadoras de recursos ambientais e os valores cobrados pelos serviços do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Lei Municipal Nº 10.315 de 30 de Setembro de 1987

Esta lei Municipal dispõe sobre a limpeza pública do Municipio de São Paulo, além de

disciplinar as atividades destinadas ao recolhimento e disposição dos resíduos sólidos

produzidos no município, obrigações do poder público quanto a remoção dos resíduos

domiciliares, materiais de varredura e etc, a execução de limpezas públicas, obrigação dos

feirantes, a utilização de restos de alimentos para a alimentação de animais, a obrigação ao

comercio em possuir recipientes para armazenamento de resíduos e as proibições quanto a

disposição e descarte irregular de lixo em vias públicas, córregos e etc.

Lei Federal Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998:

Esta lei Federal, chamada de lei de crimes ambientais, discorre sobre as sanções penais

e administrativas cabíveis decorrentes de atividades danosas ao meio ambiente, além de outras

providências. Nela definem-se os responsáveis por crimes ambientais, a apreensão dos

instrumentos, produtos e subprodutos do crime ambiental, sendo eles seres vivos ou não, a

definição dos tipos de crimes contra a fauna, flora, ordenamento urbano e patrimônio, crimes

de poluição ambiental, crimes contra a administração ambiental, a definição de cooperação

57

internacional para a preservação ambiental e o tipo de pena cabível e sua aplicação em cada

tipo de crime.

Lei Federal Nº 9.790, de 23 de Março de 1999

Esta Lei Federal estabelece as devidas qualificações, as devidas finalidades dos

objetivos, as devidas dedicações, as normas para regimento de estatutos destas finalidades

para que pessoas jurídicas de direito privado , sem fins lucrativos, sejam qualificadas como

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Para âmbito deste trabalho, é de

extrema importância o Capitulo II sobre os termos de parceria entre o poder público e com a

organização social de interesse público e as diretrizes para firmarem acordo.

Lei Municipal 13.298 de 16 de Janeiro de 2002

Esta lei Municipal da cidade de São Paulo dispõe sobre a responsabilidades e

condições de remoção de entulho, terra e materiais de construção. Seus artigos trazem sobre a

responsabilidade dos geradores, proprietários, incorporadores e construtores de imóveis

quanto a remoção dos resíduos provenientes da construção civil.

Resolução CONAMA 307, de 5 de julho de 2002

Esta resolução estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão dos resíduos

da construção civil, visando à correta deposição dos resíduos, a responsabilidade pela sua

geração, a redução dos impactos gerados, a viabilidade econômica e técnica de sua

reutilização e outras medidas. O artigo 2° dispõe da nomenclatura utilizada e suas definições,

enquanto o artigo 3° classifica os resíduos da construção civil em classes de A à D, conforme

descritos na página 12, deste trabalho.

Nos artigos subsequentes são definidos:

• Obrigações dos geradores;

• A elaboração do plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil,

com a definição do programa municipal e do projeto de gerenciamento de resíduos da

construção civil, sua elaboração, coordenação e implementação, além de todo o

conteúdo que nele deve constar;

• As etapas que os projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil devem

contemplar;

58

• A destinação dos resíduos e os prazos para a adequação dos municípios, dos geradores

e da deposição dos resíduos em aterros domiciliares e em áreas de bota fora.

Lei Nº 12.300, de 16 de Março de 2006.

A Lei Estadual cria a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), definindo os

princípios e diretrizes, objetivos e instrumentos visando a gestão de resíduos sólidos no

Estado de São Paulo, com a utilização de uma visão sistêmica, integrada e compartilhada na

gestão de resíduos, o princípio do poluidor pagador, a educação ambiental e a utilização de

padrões sustentáveis na produção e consumo de bens.

O objetivo principal é o uso sustentável, racional e eficiente dos recursos humanos,

além de reduzir a quantidade de resíduos sólidos produzidos e promover a cooperação

intermunicipal e a inclusão social de catadores em programas de coleta seletiva.

Decreto Nº 48.075, de 28 de Dezembro de 2006

Este decreto municipal decreta a utilização de agregados reciclados oriundos da

reciclagem de resíduos da construção civil, para a utilização em sub-base de pavimentação de

vias públicas da cidade de São Paulo, além da obrigatoriedade de apresentação de

especificações técnicas que contemplem a utilização destes materiais. São dispensados deste

decreto as obras e serviços de pavimentação de vias que sejam de caráter emergencial, que a

utilização de agregados reciclados sejam inviavelmente e quando não haja disponibilidade no

mercado.

Lei Nº 12.305, de 02 de Agosto de 2010.

A Lei Federal cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo sobre

seus princípios, objetivos e instrumentos. Nela definem-se termos pertinentes aos resíduos

sólidos, princípios de eco eficiência, de responsabilidade compartilhada, de desenvolvimento

sustentável, entre outros.

Segue-se na definição dos objetivos da lei, como a proteção da saúde pública e da

qualidade ambiental, redução e reutilização de resíduos sólidos, além da diminuição do

volume produzido de resíduos perigosos, gestão integrada de resíduos, capacitação técnica

continua e estimulo ao consumo sustentável, entre outros objetivos. Definem-se os

instrumentos de aplicação da política nacional de resíduos sólidos e a diferença entre os

planos das 3 esferas do poder: Federal, Estadual e Municipal.

59

Por último, definem-se as responsabilidades dos geradores e do poder público, bem

como responsabilidades compartilhadas, instrumentos econômicos e proibições relacionados à

deposição e destinação dos resíduos ou rejeitos.

Decreto Nº 7.404, de 23 de Dezembro de 2010:

Este decreto Federal regulamenta a Lei Nº 12.305 estabelecendo normas para

execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos e definindo itens importantes como a

coleta seletiva, o reaproveitamento de resíduos, acordos setoriais e diretrizes para a gestão e

gerenciamento de resíduos sólidos como a recuperação energética. Há a regulamentação de

regras aplicáveis, a criação do Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos

Sólidos (SINIR), e a utilização da educação ambiental como forma de auxílio à política

nacional de resíduos sólidos.

Resolução CONAMA 448, de 19 de janeiro de 2012

Esta Resolução altera os artigos 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º 10 e 11 da Resolução CONAMA

nº 307. Esta mudança se fez necessário para a adaptação com a Politica Nacional de Resíduos

Sólidos Nº 12.305 de 2010. As alterações propuseram uma nova definição sobre aterro de

resíduos classe A, áreas de transbordo e triagem (ATT), gerenciamento de resíduos sólidos e

gestão integrada de resíduos sólidos, além da obrigação dos geradores da não-geração de

resíduos, da reutilização, a reciclagem e o tratamento final dos resíduos sólidos e a disposição

correta. Foram implementadas ainda como instrumento para a criação de Plano Municipal de

Gestão de resíduos da Construção Civil a gestão dos resíduos da construção civil.

Este conselho cita ainda as informações que deverão constar nos Planos Municipal de

Gestão de Resíduos da Construção Civil, tais como diretrizes técnicas e procedimentos das

responsabilidades do pequeno gerador em concordância com os critérios técnicos do sistema

de limpeza pública municipal e para os grandes geradores na elaboração de Plano de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e Demolição e as suas etapas no ato da

criação, além dos licenciamentos para as áreas de disposição final desses resíduos e os modos

que deverão ser armazenados, transportados, dispostos, reciclados e reutilizados.

ABNT NBR 10004:2004 – Resíduos Sólidos – Classificação:

A norma de classificação de resíduos sólidos permite a definição dos tipos de resíduo

sólidos quanto aos seus potenciais riscos para o meio ambiente e para a saúde pública,

60

permitindo seu adequado gerenciamento. Nela definem-se os resíduos de Classe I – Perigosos

e resíduos de Classe II – Não perigosos (Classe II A – Não inertes e Classe II B – Inertes ),

bem como as características preponderantes de cada tipo de classe como inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade entre outros, com anexos explicitando todos os tipos de

substâncias possíveis.

ABNT NBR 15112 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de

transbordos e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação:

Esta norma fixa os requisitos para projeto, implantação e operação de áreas de

transbordo e triagem, com a definição de condições de isolamento, identificação, segurança e

ponto de entrega para a implantação, metodologia do projeto e condições de operação.

ABNT NBR 15113 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros –

Diretrizes para projeto, implantação e operação.

Esta norma visa estabelecer os mínimos requisitos para projeto, implantação e

operação de resíduos sólidos da construção civil Classe A e resíduos inertes, visando à reserva

dos materiais separadamente ou sua disposição de modo a se permitir seu futuro uso ou o

futuro uso da área de deposição, além de visar à proteção dos recursos hídricos superficiais ou

subterrâneos, dos operadores destas instalações e das populações vizinhas à área.

ABNT NBR 15114 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes

para projeto, implantação e operação:

A norma acima estabelece os requisitos mínimos para projeto, implantação e operação

de áreas de reciclagem de resíduos da construção civil classe A, visando à reciclagem de

materiais cuja triagem já foi realizada, para a produção de agregados com características para

obras da construção civil de forma segura, sem causar danos ao meio ambiente, às condições

de trabalho na área e às populações vizinhas.

ABNT NBR 15115 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos:

Esta norma fixa os critérios para a execução de camadas de reforço do subleito, sub-

base e base de pavimentos e também como camada de revestimento primário, utilizando o

agregado reciclado de resíduo solido da construção civil, definido condições para o transporte

61

e distribuição dos agregados, compactação e execução do pavimento, além de critérios para o

controle do mesmo.

ABNT NBR 15116 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Diretrizes para

projeto, implantação e operação:

A norma 15116 estabelece os requisitos para se empregar agregados reciclados de

resíduos sólidos da construção civil em obras de pavimentação viária e no preparo de

concreto sem função estrutural, definido requisitos gerais e específicos, além do controle de

qualidade e caracterização do agregado reciclado. Esta norma foi estabelecida com

prescrições de varias outras normas.

4.6.5 Viabilização de uma URE e formas de implantação

Em relação aos agentes que podem estar envolvidos na reciclagem de RCD, pode-se

citar as empresas de remoção de RCD, prefeituras, construtoras e demolidoras. (MIRANDA,

2013, p 15).

A viabilidade de uma URE começa a ser observada quando uma cidade encontra

problemas quanto a logística de destinação de resíduos, que pode ser inviabilizada pela

distância que será percorrida ou quando as soluções de descarte são poucas, como por

exemplo, a inexistência de aterros sanitários próximos, ou quando o problema de descarte

irregular dentro dos perímetros urbanos começam a ser notado com constante frequência e

poucas, ou até inexistentes, ações do poder público municipal conseguem mitigar o problema.

Em cidades onde se tem a necessidade de percorrer grandes distâncias para a

deposição de RCD em locais legalizados e é aplicada a multa pela deposição de RCD em

local clandestino, torna-se interessante e economicamente para as empresas removedoras que

sejam instaladas cada vez mais usinas de reciclagem de entulho, uma vez que assim ampliarão

as alternativas de despejo legalizado (MIRANDA, 2013, p 15).

Para a implantação de uma URE há dois tipos de caminhos que o poder público deve

escolher para a gestão da mesma. Esses caminhos referem-se aos tipos de gestão a serem

62

escolhidos, sendo a gestão direta ou a gestão indireta. A gestão direta passa a ser indicada

quando a Prefeitura Municipal de um determinado município escolhe total controle sobre a

usina após a sua implantação, sendo responsável pela gestão e operação, assumindo também

total custo e responsabilidade da URE. Já a gestão indireta é escolhida quando após a

implantação da URE, a Prefeitura Municipal passa a total gestão e operacionalização da

mesma para um empresa terceira, que assumira total controle e responsabilidade da mesma.

A gestão indireta acaba sendo a mais vantajosa desta escolha, já que este modelo trás

benefícios quanto a responsabilidade e operação, que na maioria das vezes quando sendo

gestada diretamente acaba sendo sucateada devido a inoperância do poder público,

apresentando custos elevados e super-lotação de resíduos e rejeitos em sua operação, trazendo

problemas de operação e em alguns casos sinais de corrupção no momento de destinação dos

resíduos, onde funcionários acabam permitindo a entrada de material perigoso ou impróprio

para a destinação em URE por um preço particular.

Esta gestão indireta acaba sendo mais vantajosa quando a empresa terceira para a

gestão da URE é uma Organização do Terceiro Setor assume total controle sobre a mesma,

pois a geração de emprego e renda é garantida, não visando somente os lucros da usina.

Segundo o CRCD (2013, p. 5), quando a prefeitura opta pela gestão indireta da URE,

ela deve apresentar um Projeto de Lei que autorize a contratação ou celebração de termo

especifico para que uma Organização do Terceiro Setor faça a implantação e/ou gestão da

URE, para a manifestação e aprovação da Câmara Municipal Local. Esta lei, após a sua

aprovação, deve ser sancionada pelo(a) Prefeito(a). É importante ressaltar que nesta

modalidade, a área destinada pela implantação deve ser licenciada junto ao órgão competente

e atender todas as exigências que as devidas licenças exijam. Caso a prefeitura realize a

implantação da URE de forma Direta sem solicitação de financiamento público ou por

modalidade indireta de gestão, a regularização pode ser realizada concomitantemente com as

atividades de adequação e construção na área.

A Prefeitura Municipal deve encaminhar para manifestação e aprovação da Câmara

Municipal o Plano Integrado de Gestão de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Além disso,

deve encaminhar também, para posterior sanção por seu representante legal, Projeto de Lei

que preveja a obrigatoriedade da utilização de um percentual dos materiais resultantes da

reciclagem em obras públicas municipais executadas pela própria prefeitura ou por terceiros.

Para a implantação e gestão seja do interesse de empresa privada, a área deve estar licenciada

63

junto ao órgão competente e deve apresentar projetos de gerenciamento de resíduos da

construção civil. (Cartilha de orientação técnica para implantação de Usina de Reciclagem de

Entulho (URE) (CRCD 2011, p. 05).

A implantação de uma URE pode ser dificultada devido a escolha do local de

implantação, pois a mesma durante a sua operação traz problemas, tais como aumento de

material particulado no entorno, poluição sonora pelo funcionamento dos maquinários e além

de constantes excessos de veículos de transportes (caminhões), deixando as vias de acesso

como ruas e avenidas completamente sujas. Segundo Miranda (2013, p 17), a instalação de

URE começa pela escolha do local mais adequado para esta atividade e deve considerar vários

aspectos, tais como área necessária que atenda os padrões de capacidade de processamento da

usina. Para 50 toneladas/hora deve ser pelo menos 10.000 m² de área disponível, para que seja

possível uma boa classificação do RCD que chega na usina, triagem deste, circulação de

caminhões e área de estocagem do material reciclado (MIRANDA, 2013, p 17). Considerando

que uma URE deve focar a comercialização de agregados reciclados por atacado, é importante

que ela disponha de boa área de estocagem para armazenamento do produto.

Ainda sim, segundo Miranda (2013, p.17) o local deve ser escolhido não somente em

função da lei de uso do solo do município como também considerando o mercado local,

facilidade de acesso de caminhões, proximidade com atividades da construção civil e que

esteja instalada próximo dos centros de consumo de materiais e de geração de resíduos, para

que o projeto não seja inviabilizado pelo valor do frete. Entretanto, usinas instaladas em

regiões muito próximas aos centros urbanos necessitam de um controle maior de emissão de

poeira e ruído, podendo ser mais difícil obter seu licenciamento.

Dentro os problemas previstos durante o funcionamento de uma URE, outros fatores

além da escolha da área também devem ser considerados, pois se a mesma ficar muito

próxima de áreas urbanas, os impactos causados por ela podem afetar a população. A

aceitação pela população deve ser maximizada e o impacto ambiental minimizado.A área

destinada à reciclagem deve possuir cercamento no perímetro que impeça o acesso de pessoas

estranhas e animais, sinalização na entrada que identifique o empreendimento, iluminação e

energia que permitam uma ação de emergência a qualquer tempo, sistema de drenagem que

impeça o carreamento de material sólido para fora da área. A área de reciclagem deve ter um

local específico para o armazenamento temporário de resíduos não recicláveis na instalação

64

com cobertura para os resíduos Classe D - Perigosos, sendo a presença de água e energia

elétrica é indispensável (MIRANDA, 2013 p 17).

Todo o processo de reciclagem de uma usina demanda uma quantidade considerável

de água, pois com as constantes circulações de caminhões nas vias e no pátio, no momento

que uma caçamba báscula, com as constantes manobras da pá-carregadeira que prepara o

pátio de triagem e estoque, e no momento que o entulho passa pelos martelos do britador, uma

grande quantidade de nuvem de material particulado é lançada à atmosfera, podendo causar

problemas respiratórios e oftalmológicos nos funcionários e na população do entorno. Por

isto, o pátio da usina e as vias de acesso devem ser molhadas constantemente para que não

haja a dispersão de material particulado.

As caçambas de entulho no momento que adentram na portaria da usina devem ser

completamente molhadas por mecanismos criados ou próprios para isto (Figura 39). No

britador, antes do entulho passar pelos martelos, há bicos-aspersores que espalham a água em

névoa no entulho que passará pelo processo. Quanto aos problemas de poluição sonora, são

instaladas cercas-vivas ao entorno da usina para a diminuição do vento e a dispersão do

material particulado, além de diminuir a propagação sonora (Figura 40).

No silo de alimentação e nas canaletas do britador, são instaladas lâminas de borracha

que diminuem o barulho do processo. Mesmo com todos esses cuidados, a utilização de

Equipamento de Proteção Individual (EPI) é indispensável, assim bem quanto as questões de

insalubridade dos funcionários da usina.

Figura 39: Sistema da UREOSASCO para umedecer a carga

65

Figura 40: Cerca viva da UREOSASCO

É importante ressaltar que as URE’s mesmo quando implantadas pelo poder público

através do modelo diferenciado de gestão, deve apresentar projeto e aprovação do órgão

ambiental competente, além de ter as devidas licenças aprovadas. No Quadro 5, segue as

licenças ambientais necessárias e seus objetivos para a implantação de uma URE.

Quadro 5: Licenças a serem obtidas para a instalação de uma URE

Licenças Ambientais Estágio de Obtenção Requisitos Básicos

Licença Prévia – LP Fase preliminar de

planejamento do

empreendimento

Comprovação de viabilidade técnica

e ambiental do projeto (fases

locacional, de instalação e operação),

observar as diretrizes de

planejamento e zoneamento

ambiental e sem prejuízo do

atendimento aos planos de uso e

ocupação do solo, incidentes sobre a

área.

66

Licença de Instalação

– LI

Início da implantação do

empreendimento

Implementação das especificações

constantes do projeto executivo e

exigências da licença prévia.

Licença de Operação

- LO

Início das atividades do

empreendimento

Vistorias necessárias para autorizar o

início da atividade, incluindo a

verificação do funcionamento dos

equipamentos de controle ambiental e

de monitorização e cumprimento das

demais exigências das licenças

ambientais prévia e de instalação

Fonte: D’ALMEIDA; VILHENA, 2000, p 370

4.6.6 Dificuldades e benefícios econômicos, sociais e ambientais para o município.

Ao se analisar os parâmetros de dificuldade, benefícios econômicos, sociais e

ambientais podemos entender ao se analisar outrora a quantidade de usinas desativadas

públicas e particulares, mercado consumidor, impostos e legislação, podemos considerar que

as dificuldades principais encontradas para implantação: Custo e subsídio para implantar, o

custo médio de implantação de uma usina de acordo com a ABRECON (2012) é de

aproximadamente 5 milhões de reais. Outra dificuldade aplicada a implantação é o local onde

basicamente seria melhor a instalação perto de rodovias e estradas principais. Devido ao apoio

e subsídio público que é muito pouco ou quase nada, fica inviavelmente no que tange a

questão econômica a instalação de uma usina. Ainda sim, a falta de incentivos para a criação

de políticas públicas para a obrigação do uso de agregado, envio de resíduos da construção

civil exclusivamente para a usina e a obrigação do gerenciamento em canteiros de obras,

acabam prejudicando diretamente e indiretamente o funcionamento da URE.

Como beneficiamento econômico, as usinas podem receber tanto na entrada de

resíduos, cobrando um preço por tonelada de material, quanto na saída dos agregados

reciclados, material este que passou pelo processo de reciclagem de entulho. Há ainda a

possibilidade de venda dos materiais de classificação B (Conama 307) como forma de geração

de receita.

67

Segundo Pinto (1999, p.189) nos benefícios sociais, além de promover empregos que

neste setor direto e indiretamente é de aproximadamente até 50 pessoas por usina, se

tratando de todos os níveis de formação; também os benefícios se encontram na destinação de

seus material de construção ou reforma. No município de Osasco, com a implantação da

UREOSASCO, pode-se criar diretamente 22 postos de trabalhos para pessoas excluídas do

mercado de trabalho, e para profissionais que buscam a formação na área de resíduos sólidos.

Ao se analisar as vantagens da implantação de usina de RCD se tratando das questões

ambientais estão vinculadas ao não lançamento clandestino em matas, cursos de rios, córregos

assoreamento, ruas, avenidas e a não contaminação dos solos, rios etc.

5 COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO COMUM DE GESTÃO (PÚBLIC O E PRIVADO) X MODELO DIFERENCIADO

Em relação à implantação de usinas pelas Prefeituras, sua principal deficiência está no

risco de interrupção do funcionamento devido à descontinuidade que caracteriza as ações das

administrações públicas (JOHN, 2000).

A interrupção total de diversas usinas públicas no Brasil e a baixa atividade da maioria

delas, como a de São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Ribeirão Pires e Londrina

podem ser exemplos desse problema (MIRANDA, 2013, p.9).

Antigamente, as URE’s poderiam ter somente duas características de implantação e

gestão: Públicas ou simplesmente pelo poder privado. As públicas geralmente começavam

com a idéia de beneficiamento econômico do próprio município onde elas iriam ser

implantadas e também para a diminuição dos descartes irregulares que aconteciam no próprio

município. Porém um dos problemas encontrados durante os funcionamentos das URE’s

públicas eram pelo fato da falta de planejamento e gestão administrativa das Usinas onde o

poder público não conseguia ter uma saída na geração de receita (já que as URE’s precisam

ser auto-sustentáveis para este caso de implantação) na medida em que ao mesmo tempo a

corrupção e desvio de dinheiro acabavam atrapalhando bastante o andamento do projeto.

Além disso, as prefeituras municipais não investiam em comunicação, educação e

publicidade para os caçambeiros e população, que mandavam para as URE’s quase que 100%

das caçambas repletas de resíduos, segundo a Resolução CONAMA no307/2002, Classe B,

68

Classe C e em grande parte Classe D, tirando assim o objetivo de beneficiamento ambiental

da URE de receber grande parte da Classe A para a britagem e consequentemente a geração

de receita para a auto-sustentabilidade, e também para o beneficiamento econômico municipal

na utilização de materiais agregados reciclados sem custo algum em obras públicas.

Já na implantação e gestão pelo poder privado, as diretrizes acabam complicando

ainda mais o bom andamento do projeto, já que o grande foco do pequeno e médio empresário

(maioria na implantação de URE’s) tem como objetivo apenas a geração de receita e

enriquecimento.

Os empresários acabam encontrando problemas tais como a venda do material

agregado (produto final da reciclagem do entulho), que mesmo sendo viável economicamente

em relação ao agregado nobre produzido nas jazidas e pedreiras, sua procura no mercado da

construção civil é baixa por se tratar de material reciclado, e acaba criando certo receio na sua

utilização, já que o agregado reciclado de forma alguma pode ser utilizado em obras

estruturais (construções de lajes e vigamentos). Ou seja, mesmo o agregado reciclado sendo

totalmente viável na utilização em pavimentações, sub-bases, reboco, contra-pisos e etc, as

empreiteiras preferem utilizar o material nobre para garantir total qualidade da obra. Com isto

a iniciativa privada acaba virando refém da criação de políticas públicas como por exemplo a

criação de leis que obriguem a utilização de agregados reciclados em uma porcentagem da

obra ou se a própria prefeitura se beneficie do material reciclado, além de investir fortemente

em testes laboratoriais de certificação de qualidade do agregado reciclado que na maioria das

vezes ultrapassam o ganho mensal de receita da URE e o tipo de agregado muda diariamente

pela britagem do entulho que não pertence a uma única fonte .

Diante destes problemas, para a geração de receita, as URE’s privadas acabam tendo

que utilizar outras formas de gerar receita como, por exemplo, o recebimento de grande

quantidade de rejeito no pátio de sua usina por um preço mais elevado que o valor de descarte

da caçamba que contenha somente entulho. Com isto, o foco de reciclagem de entulho acaba

se desviando para a criação de um “bota-fora irregular”

Dentro dos imprevistos, problemas econômicos e a falta de gestão e comprometimento

na gestão das usinas pelo poder público e pela iniciativa privada, surgiu a idéia da

implantação e gestão compartilhada das usinas de reciclagem de entulho com o propósito de

beneficiar o ambiental, social e o econômico. Modelo este que traz a parceria entre o poder

69

público, privado e com o terceiro setor (ONG’s ou OSCIP’s) juntando esforços para trazer o

desenvolvimento para os municípios em que estas usinas são implantadas e operacionalizadas.

Este modelo de gestão conhecido como Gestão Compartilhada e modelo de parceria

diferenciada está sendo apresentada hoje na cidade de Osasco trazendo resultados sociais e

econômicos considerados como de grande interesse por prefeitos e autoridades públicas de

todo o país que estejam interessadas em implantar este modelo em seu município.

Outra questão que deve ser apontada é o acompanhamento, investimento e

monitoramento de incrementos e aplicações de recursos públicos municipais sobre educação

ambiental, no que tange a conscientização dos munícipes em termos de envio de seus próprios

resíduos de reforma e demolição acima dos valores permitidos municipalmente, para as

centrais de beneficiamento de resíduos inertes.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos traz consigo uma ferramenta considerada de

extrema importância para que as diretrizes propostas pelo plano sejam obedecidas e as metas

alcançadas. Esta ferramenta, conhecida como Educação Ambiental, tem o objetivo de

sensibilizar e mobilizar a população, além de auxiliar os profissionais da área de meio

ambiente sobre a temática para a construção dos valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.

Este papel de sensibilização e mobilização cabe à Educação Ambiental e o marco legal

neste tema para o território brasileiro é a Lei Federal Nº 9.795, da Política Nacional de

Educação Ambiental (PNEA), estabelecida em 27 de abril de 1999 (Brasil, 1999). Esta

considera “educação ambiental” como os processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade”. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, por sua

vez, coloca a Educação Ambiental como diretriz no seu Art. 2º, inciso IV, o que sinaliza a

importância deste quesito para a PNRS e para a elaboração do Plano Nacional de Resíduos

Sólidos, assim como, dos planos decorrentes (BRASIL, 2011, p. 48).

A Educação Ambiental é uma das ferramentas estratégicas na elaboração não só de um

Plano Nacional, mas também de todos os outros planos que tenham como o objetivo atender

as diretrizes imposta, além de atingir as metas de mobilização de interesse coletivo e o apoio

de vários públicos, para a inclusão social, conhecimento nacional e para o processo de

organização e democratização das informações fornecidas para que a solução adequada se

70

desenvolva, conciliando os objetivos de desenvolvimento socioeconômico e preservação da

qualidade ambiental .

Além de trazer um modelo diferenciado, esta usina tenta buscar soluções para os

problemas encontrados pelo poder público e pela iniciativa privada, além de auxiliar outros

interessados na implantação de novas usinas com o mesmo modelo.

71

6 CONCLUSÃO

Não é de hoje que os RCD’s são uma problemática para as gestões municipais e os

teus destinos são na maioria das vezes locais inapropriados. A participação ineficiente do

poder público em combater o descarte irregular se torna um imenso e dispendioso desafio

quando não existem áreas específicas para o destino final de RCD.

A conclusão se baseia em torno dos modelos mais vantajosos de implantação para o

beneficiamento um município. O modelo diferenciado de gestão é bastante eficaz quando

administrado de maneira em que haja a conscientização que o projeto terá com o objetivo de

contribuir com o desenvolvimento sustentável. É importante ressaltar que mesmo quando uma

prefeitura municipal optar pela gestão diferenciada (poder público, iniciativa privada e o

terceiro setor), ainda assim deverá acompanhar o projeto para que não haja nenhum entrave na

questão do consumo de material.

Ela deverá ser prioritária em consumir e aplicar parcialmente ou totalmente o

agregado reciclado em suas obras, criando leis e incentivos fiscais para que as empresas

privadas se beneficiem também parcialmente dos agregados. As leis devem ser criadas

também para que o próprio município cumpra com o desenvolvimento econômico da cidade e

para que a URE funcione sem problemas de receitas. Como exemplo no município de

Diadema, o Decreto municipal nº 5.984, de 26 de Setembro de 2005, regulamenta o uso

obrigatório de agregados reciclados em obras como sistemas de drenagem, preparação de

concreto sem função estrutural e execução de revestimentos primários (cascalhamento).

Com estas diretrizes, é possível que o município economize até 70% do custeio de

construção de uma determinada obra pública, como no caso da Cidade de Osasco, chegando a

economizar mais de R$ 1,5 milhão de reais com o consumo de agregados de obras públicas.

Não somente estes fatores de consumo, mas também o desenvolvimento dos três

pilares da sustentabilidade deve ser promovido, pois o objetivo principal de uma URE deve

ser o beneficiamento social, através da inclusão de pessoas excluídas do mercado de trabalho

para a geração de emprego e renda, o ambiental, para que os RCD’s tenham a destinação

correta não degradando e agredindo o meio ambiente, e o econômico conforme descrito

acima.

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É de extrema importância também trazer a população da cidade para as proximidades

dos trabalhos da URE, através de programas ambientais diversificados como plantação de

mudas, palestras e cursos. A prática da educação ambiental deve ser primordial neste

processo, através da contratação de Agentes Ambientais para trabalho de porta em porta,

orientando, conscientizando e sensibilizando a população de como proceder com o descarte de

entulho. A criação de associações de caçambeiros e isenção de impostos para empresas que

contemplem cadastro junto à prefeitura também é um dos trabalhos que possam beneficiar o

funcionamento da URE.

Por sua vez, o modelo que a iniciativa privada implanta, acaba por encontrar

dificuldades na gestão e operação de usinas de reciclagem de entulho, com a problemática de

encontrar setores interessados na compra do produto final da reciclagem e que ainda existem

grandes preconceitos em sua aplicação.

Ainda sim a reutilização de agregados reciclados por empresas da construção civil é

um grande desafio. A maioria das usinas produz materiais que não são totalmente livres de

impurezas e tecnologias mais aplicáveis devem ser estudadas, setores de pesquisas devem ser

implantados com o intuito de se melhorar os processos produtivos, garantindo uma maior

homogeneidade e maior limpeza do material.

Mesmo demonstrando os objetivos, finalidades e os trabalhos que as URE’s trazem,

ainda assim o gerenciamento primário nos canteiros de obras não é descartado. As URE’s

dependem deste trabalho de pré-separação e gerenciamento pelas construtoras, pois diminuem

bastante a quantidade de resíduo enviado para as URE’s e diminuem bastante o valor de

descarte.

Como demonstrado na página 30, no Quadro 2 da ABRECON (2012), quase o dobro

das usinas que estão desativadas são de ordem pública e tantas outras de iniciativas privadas,

levando ao entendimento que um dos fatores pelo qual as usinas são desativadas é a falta de

administração pública, preocupação com a dotação orçamentária e alternância de poder ,

mercado e prospecção de uso dos agregados processados na usina.

Contudo cabe salientar que o modelo apontado no decorrer deste trabalho realizado é a

fomentação da parceria público-privada na concessão das usinas, bem como legislações

municipais e estaduais específicas para a comercialização do material processado, revisão das

taxas e tributos incorporados no material reciclado e por fim o manejo adequado para

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ampliação e maximização do mercado consumidor direto dos agregados, tornando assim as

URE’s não apenas ambientalmente corretas mas também economicamente viáveis, e

socialmente justa à toda população.

As URE’s com o modelo diferenciado de gestão são o melhor caminho para a solução

dos resíduos sólidos da construção civil e demolição, pois além de desenvolverem estratégias

para a economia do município quanto à destinação do entulho, pode dar diretrizes também

para outros resíduos sólidos, tais como a reciclagem de papelão, ferro, vidro e etc, além de

trazer a população junto às necessidades ambientais dos municípios. Uma outra vantagem, é

que o modelo diferenciado de gestão entre o poder público, privado e terceiro setor pode se

tornar um projeto sustentável, não dependendo de outras fontes do poder público e não

gerando gastos elevados aos cofres públicos, fornecendo uma economia para a população e

empresas na aquisição de agregado reciclado com um menor custo, poupando também as

fontes não-renováveis.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A - Fluxograma do Processo de Reciclagem de RCD de uma URE.

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ANEXO B – Localização da UREOSASCO