FACULDADES BARDDAL – UNIESP ARQUITETURA E URBANISMO

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FACULDADES BARDDAL UNIESP ARQUITETURA E URBANISMO DANIELLA ZATARIAN PARQUE ZÉ PERRI: CULTURA, LAZER E PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CAMPECHE Florianópolis 2014

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FACULDADES BARDDAL – UNIESP

ARQUITETURA E URBANISMO

DANIELLA ZATARIAN

PARQUE ZÉ PERRI:

CULTURA, LAZER E PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CAMPECHE

Florianópolis

2014

DANIELLA ZATARIAN

PARQUE ZÉ PERRI:

CULTURA, LAZER E PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CAMPECHE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Graduação de Arquitetura e Urbanismo, das

Faculdades Barddal – UNIESP, como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e

Urbanismo.

Orientadora: Profa. Jaqueline Andrade, Me.

Florianópolis

2014

Ficha de identificação da obra, elaborada pelo autor.

Zatarian, Daniella

Parque Zé Perri : Cultura, lazer e práticas sustentáveis no Campeche

/ Daniella Zatarian ; orientador, Jaqueline Andrade – Florianópolis,

SC, 2014.

189 p.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – UNIESP/Faculdades

de Artes Aplicadas Barddal. Graduação em Arquitetura e

Urbanismo.

Inclui referências

1. Arquitetura e Urbanismo. 2. Parque urbano. 3. Gestão sustentável.

4. Campeche. 5. Antoine de Saint-Exupéry. I. Andrade, Jaqueline. II.

UNIESP. Graduação em Arquitetura e Urbanismo. III. Título.

DANIELLA ZATARIAN

PARQUE DE CULTURA E LAZER DO CAMPECHE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado

adequado à obtenção do título de Bacharel em

Arquitetura e Urbanismo e aprovado em sua forma final

pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo, das Faculdades

Barddal – UNIESP.

Florianópolis, 9 de junho de 2014.

______________________________________

Dulce América de Souza, Arq. Me.

Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo

______________________________________

Tatiani Pires Passos, Arq. Esp.

Coordenadora de TCC – Presidente de Banca Examinadora

________________________________________

Jaqueline Andrade, Arq. Me.

Orientadora

_________________________________________

Maria Amália Buchele, Me.

Examinador Interno

_________________________________________

Anna Freitas Pimenta, Arq.

Examinador Interno

Para Alexandre e ao infinito amor que nos habita.

AGRADECIMENTOS

À Faculdade Barddal, por possibilitar a realização de um sonho.

À Diretora Dulce América de Souza, por seu entusiasmo e por ter me transmitido

o amor pela arquitetura.

À todos os professores da faculdade, pela contribuição de seus conhecimentos, em

especial, à professora Melissa Laus Mattos.

Ao Escritório de Arquitetura Anna Maya e Anderson Schussler e a equipe da

MOS Arquitetos Associados, onde adquiri experiência profissional e amizades.

Ao escritório Ruy Rezende Arquitetura, em especial a Vania Milhão, pela

gentileza em fornecer o material para análise de modelo.

À Mônica Cristina Corrêa, pesquisadora da Fundação Latécoère, pela luta e

dedicação à história e memória do lugar.

À minha orientadora Jaqueline Andrade, por seus conselhos, apoio e dedicação.

Aos amigos, Carina Provinelli, Carolina Lima, Deivson Silvano, Gabriel Rau,

Gisele Isaias, Gisele Valério, Janine Pitz, Mayra Ender, Milena Dallposso e Talita Balestra,

pelas cervejas, risadas e companheirismo.

À minha mãe, por sempre se preocupar e por ensinar que o mundo é lindo.

Aos meus irmãos, sobrinhos, cunhados e sogros, pelo carinho e compreensão de

minhas ausências.

E, principalmente, agradeço ao meu marido Alexandre Felix, co-orientador

excepcional, amigo e parceiro para todos os momentos, pois, sem seu amor, dedicação,

compreensão e incentivo, nada disso seria possível.

“A verdadeira sabedoria consiste em

saber como aumentar o bem-estar do mundo.”

(Benjamin Franklin)

RESUMO

Como parte da história da sociedade, os espaços públicos, quando associados ao lazer, têm

como principal objetivo melhorar a qualidade de vida dos que o frequentam. Como propósito

deste trabalho, pretende-se desenvolver um parque urbano que visa a diminuição de custos

aos cofres públicos relacionados a conservação do parque e possibilitando a vivência

agradável pelos usuários. A escolha do sítio para a implantação do parque, o Campo de

Aviação, situado no bairro Campeche, em Florianópolis, foi determinada por adventos

ocorridos ao longo da história, que induziram à população a apropriação do lugar, tornando-o

parte da vida social de seus moradores. Essa história está associada ao escritor e Aviador

Antoine de Saint-Exupéry, piloto da companhia aérea Latècoére, que utilizava o pasto do

Campeche como parada estratégica para descanso e reabastecimento dos aviões. Para tanto,

buscou-se uma fundamentação teórica que abordasse questões relacionadas a paisagem e

equipamentos urbanos, a evolução histórica desses lugares, fez-se um levantamento dos

parques urbanos brasileiros, foram pontuadas as características dos parques urbanos

contemporâneos e as complexidades inerentes a eles. Além disso, estudaram-se conceitos de

mobiliário urbano, desenho universal, formas de planejamento, implantação e gestão

sustentável de parques. Como finalização da fundamentação teórica, fez-se uma análise

conceitual de dois modelos referenciais: a Praça Victor Civita, em São Paulo, projetada pelo

escritório Levisky Arquitetos Associados, com participação da arquiteta convidada Anna

Dietzsch e do paisagista Benedito Abbud, e o Parque Madureira, no Rio de Janeiro, idealizado

pelo engenheiro Mauro Bonelli e projetado pelo escritório Ruy Rezende Arquitetura. Como

parte primordial para a concepção de qualquer projeto, foi feito um levantamento histórico e

estudadas as condicionantes naturais, socioeconômicas e legais do terreno e de seu entorno

imediato. Por fim, como resultado final, foi elaborada uma proposta conceitual do partido

geral, com diretrizes que devem ser abordadas e desenvolvidas na etapa posterior, a qual dará

continuidade a este estudo.

Palavras-chave: Parque urbano. Gestão sustentável. Campeche. Antoine de Saint-Exupéry.

ABSTRACT

Public spaces associated with leisure, member part of the history of cities, aims to improve

the quality of life of goers. The Campo de Aviação (Airfield), the site chosen for the

implementation of this park, is located in the district of Campeche in Florianópolis. His

choice was determined by historical facts associated with the writer and aviator Antoine de

Saint-Exupéry, pilot of the Latecoère airline that used grazing field of Campeche as a strategic

stop for rest and refueling of airplanes. These facts induced the population to take ownership

of the place and make it part of the social life of its inhabitants. As theoretical framework,

matters relating to landscape and urban equipments, historical evolution of these places,

survey of Brazilian city parks, characteristics of contemporary city parks and complexities

inherent in them have been addressed. Moreover, have been studied concepts of urban

furniture, universal design and forms of planning, implementation and sustainable

management of parks. Was also making a conceptual analysis of two reference models: the

Victor Civita Square in São Paulo, designed by Associated Architects office Levinsky, with

participation of invited architect Anna Dietzsch and landscape designer Benedito Abbud; and

Madureira Park in Rio de Janeiro, idealized by engineer Mauro Bonelli and designed by Ruy

Rezende office architecture. Beyond of the historical survey, like as central part of the design

of any Project, natural, socioeconomic and legal constraints of the land and its immediate

surroundings were studied. As the final result, it was developed a conceptual proposal of the

general party, with guidelines that should be addressed and developed in a later stage.

Keywords: City park. Sustainable management. Campeche. Antoine de Saint-Exupéry.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Foto antiga (sem data) do Campo de Aviação, Campeche ..................................... 26

Figura 2 – Mapa da rota da Compagnie Générale Aéropostale ................................................ 27

Figura 3 – Antoine de Saint-Exupéry ....................................................................................... 27

Figura 4 – Deca recebendo a homenagem da Base Aérea de Florianópolis............................. 28

Figura 5 – Marco do Campeche ............................................................................................... 28

Figura 6 – Casarão Popote, onde funcionava a administração da Aéropostale e lugar de

descanso dos pilotos ................................................................................................................. 28

Figura 7 – O Boulevar Oroño, em Rosário, se configura como uma Via ................................ 32

Figura 8 – Rio da Prata, em Rosário, elemento linear e Limite da cidade ............................... 32

Figura 9 – O Monumento à Bandeira, em Rosário, se configura como Ponto Nodal e seu

entorno é conformado como Bairro .......................................................................................... 33

Figura 10 – Torre em homenagem à idenpendência da Pátria, em Rosário, se configura

como Marco .............................................................................................................................. 33

Figura 11 – Aldeia neolítica de Aichbuhlim Federseemor, na Alemanha (2000 a.C.), a

praça aparece como espaço central da aldeia ........................................................................... 39

Figura 12 – Reconstituição em maquete do Santuário de Olímpia envolvido pelo ágora ........ 40

Figura 13 – Reconstituição do Fórum Trajano ......................................................................... 41

Figura 14 – Imagem em azulejos so séc. XVIII, retratando o Mercado na Lisboa medieval. . 41

Figura 15 – Place des Vosges, inicialmente era chamada Place Royale, foi construída no

início do séc. XVII ................................................................................................................... 43

Figura 16 – Projeto do Central Park, proposto por Olmsted e Vaux em 1872 ......................... 45

Figura 17 – Planta da reforma do Passeio público, c. 1870, projetado por Auguste François

Marie Glaziou ........................................................................................................................... 46

Figura 18 – Jardim Botânico, litografia, c. 1840-1860, O Jardim Botânico e ao fundo vê-se

o Corcovado. A Aléia das Mangueiras e ao fundo Aléia das Palmeiras e cidadãos

passeando, Coleção Geyer, Centro Cultural Banco do Brasil .................................................. 47

Figura 19 – Jardim Botânico, fotografia, c. 1880, portão principal do Jardim Botanico com

guarda postado na frente. Aléia das palmeiras, Coleção Gilberto Ferrez ................................. 47

Figura 20 – Planta do Campo de Santana, c. 1870-1880, projetado por Auguste François

Marie Glaziou ........................................................................................................................... 48

Figura 21 – Jardim Botânico de São Paulo, registro do período de 1844-1847. Mapa

levantado pelo engenheiro C. A. Bresser. ................................................................................ 49

Figura 22 – Ante projeto feito por Alfred Agache, em 1928, do Parque Farroupilha de

Porto Alegre .............................................................................................................................. 49

Figura 23 – Projeto de Burle Marx para o Parque Rogério Pithon Farias .............................. 50

Figura 24 – Parque da Juventude, em São Paulo ...................................................................... 51

Figura 25 – Com grandes massas aborizadas, o Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo

estende-se por 103 km e surgiu com a pretensão de preservar a várzea ainda intacta do rio

Tietê .......................................................................................................................................... 54

Figura 26 – O paisagismo e a arquitetura da Praça Victor Civita, em São Paulo, foi

projetado dar vida e beleza a uma área degradada ................................................................... 54

Figura 27 – O Parque Dona Lindu, no Recife, conta com um teatro e uma galeria para

exposição desenhados por Oscar Niemeyer ............................................................................. 54

Figura 28 – Os sete princípios do desenho universal ............................................................... 61

Figura 29 – Espaço impeditivo para livre mobilidade .......................................................... 63

Figura 30 – Terminal de auto-atendimento com letras reduzidas ............................................ 63

Figura 31 – Um interfone pode dificultar o acesso a serviços públicos para quem não

escuta bem ................................................................................................................................ 63

Figura 32 – Dificuldades encontradas no tratamento das informações existentes no meio

ambiente ................................................................................................................................... 63

Figura 33 – Fluxograma para o desenvolvimento de projetos de espaços públicos ................. 68

Figura 34 – Sede do Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas da UFSC ............. 75

Figura 35 – Richmond Olympic Oval, Vancouver, Canadá, projetado pelo escritório

Cannon Design ......................................................................................................................... 75

Figura 36 – Pavilhão de exposições de Avignon, França ......................................................... 75

Figura 37 – Centro Comunitário em Sichuan, na China, do escritório Oval Partnership ........ 76

Figura 38 – A plasticidade do concreto nas obras de Oscar Niemeyer .................................... 76

Figura 39 – Piso grama (esq.) e pavimento intertravado (dir.) ................................................. 79

Figura 40 – Ecopavimento ........................................................................................................ 79

Figura 41 – Asfalto-borracha aplicado pela EcoVias em 30 km da serra da via Anchieta,

São Paulo .................................................................................................................................. 79

Figura 42 – Concreto permeável .............................................................................................. 79

Figura 43 – Vista aérea da marquise do Parque Ibirapuera ...................................................... 80

Figura 44 – Marquise (esq.) e Lago Ibirapuera (dir.) ............................................................... 81

Figura 45 – Mapa do Parque Ibirapuera ................................................................................... 81

Figura 46 – Vista aérea do Parque da Juventude ...................................................................... 82

Figura 47 – Parque da Juventude: quadras esportivas (esq.) e passarelas contemplativas

(dir.) .......................................................................................................................................... 83

Figura 48 – Mapa do Parque da Juventude............................................................................... 83

Figura 49 – Vista aérea Jardim Botânico de Curitiba ............................................................... 84

Figura 50 – Jardim Botânico, estufa metálica (esq.), Jardim das Sensações (dir.)................... 84

Figura 51 – Mapa do Jardim Botânico ..................................................................................... 85

Figura 52 – Vista aérea do Parque Tom Jobim, Rio de Janeiro ............................................... 86

Figura 53 – Parque Tom Jobim ................................................................................................ 86

Figura 54 – Mapa do Parque Tom Jobim ................................................................................. 87

Figura 55 – Vista aérea do Parque Micaela Bastidas ............................................................... 88

Figura 56 – Espaços de lazer .................................................................................................... 88

Figura 57 – Planta do Parque Micaela Bastidas ....................................................................... 89

Figura 58 – Vista geral do Parque Urbano de São Romão ....................................................... 90

Figura 59 – Pista de skate (esq.) e paredão de escalada (dir.) .................................................. 90

Figura 60 – Centro de visitantes do Jardim Botânico do Brooklyn, New York, EUA,

projeto de Weiss/Mandredi ....................................................................................................... 91

Figura 61 – Pavilhão fotovoltaico da Universidade de Potsdam, Alemanha, utilizado como

espaço para eventos sociais, debate de ideias e apresentações, projeto de O&O Baukunst ..... 92

Figura 62 – Centro cível criado para o município de Modica, Itália, projeto de Emanuele

Fidone ....................................................................................................................................... 93

Figura 63 – Centro Poliesportivo de Eichi Niederglatt, Suíça, projeto por L3P Architekten .. 94

Figura 64 – Centro Comunitário Oostcampus, Bélgica, projetado por Carlos Arroyo e

Vanessa Cerezo ........................................................................................................................ 95

Figura 65 – Centro de Visita do Viveiro Nacional de Canberra, Austrália, projetado por

Tonkin Zulaikha Greer Arquitetos ........................................................................................... 96

Figura 66 – Proteção solar no Jardim Australiano, projetado por Taylor Cullity Lethlean +

Paul Thompson ......................................................................................................................... 97

Figura 67 – Red Ribbon Parque de Qinhuangda, Hebei, China, projeto de Turenscape ......... 97

Figura 68 – Mobiliário urbano utilizando material reciclável, centro urbano de Bologna,

projeto de Gravalos & Dimonte ............................................................................................... 98

Figura 69 – Playground escultural, Wiesbaden, Alemanha ...................................................... 99

Figura 70 – Equipamentos esportivos, Hafenpark, Frankfurt, Alemanha, projeto de Sinai

Arquitetos e Paisagistas Ltda. ................................................................................................. 100

Figura 71 – Cerca escultural móvel, giram e servem de bancos e painéis para exposições.

Lentspace, Brooklyn, New York, EUA, projetado por Interboro........................................... 101

Figura 72 – Nessie, mobiliário urbano modular, Bologna, Itália, desenhado por BScape

Arquitetura e Paisagismo ........................................................................................................ 102

Figura 73 – Urban Nature Skatepark, Alingsås, Suécia, projeto de Traverso-Vighy

Architetti ................................................................................................................................. 103

Figura 74 – Banheiro público, Lady Bird Lake Trail, Austin, Texas, EUA, projeto de Miro

Rivera Architects .................................................................................................................... 104

Figura 75 – Summer Cinema, Moscou, Rússia, projetado por Wowhaus Architecture

Bureau ..................................................................................................................................... 105

Figura 76 – Localização da Praça Victor Civita na cidade de São Paulo ............................... 107

Figura 77 – À esquerda, imagem de satélite de 2003 do local onde, atualmente, encontra-se

a Praça Victor Civita; à direita, imagem de satélite de 2008 já com a praça implantada ....... 108

Figura 78 – Foto aérea da Praça Victor Civita ....................................................................... 108

Figura 79 – O deck se desdobra em planos verticais e horizontais ........................................ 109

Figura 80 – Planta baixa e programa da Praça Victor Civita ................................................. 110

Figura 81 – À esquerda Museu da Reabilitação Ambiental (Edifício Incinerador), ao

centro, a Arena com arquibancada para 240 pessoas ............................................................. 111

Figura 82 – À direita espaço com equipamentos de ginástica ................................................ 111

Figura 83 – Localização do Parque Madureira na cidade do Rio de Janeiro ......................... 112

Figura 84 – Imagem de satélite do ano de 2003, apresentando a área onde atualmente

encontra-se o Parque Madureira e, abaixo, a imagem de satélite atual, da mesma área, já

com a implantação do referido parque ................................................................................... 113

Figura 85 – Foto aérea atual do Parque Madureira ................................................................ 113

Figura 86 – Foto aérea do terreno antes da implantação do Parque Madureira. Nessa faixa

constavam as redes de transmissão e de distribuição de energia elétrica e da empresa Light,

além de uma linha férrea ........................................................................................................ 114

Figura 87 – Parque iluminado com lâmpadas de baixo custo (LED) ..................................... 115

Figura 88 – Planta baixa com a setorização espacial do Parque Madureira ........................... 116

Figura 89 – Praça do Samba, no Parque Madureira ............................................................... 117

Figura 90 – Circuito de Lagos, no Parque Madureira ............................................................ 117

Figura 91 – Nave do Conhecimento, no Parque Madureira ................................................... 117

Figura 92 – Skate park, no Parque Madureira ........................................................................ 118

Figura 93 – Arena Carioca Fernando Torres, no Parque Madureira ...................................... 118

Figura 94 – Visão serial da Praça Victor Civita ..................................................................... 120

Figura 95 – Visão serial do Parque Madureira ....................................................................... 121

Figura 96 – Território ocupado da Praça Victor Civita .......................................................... 122

Figura 97 – Parque Madureira e seus espaços de permanência .............................................. 122

Figura 98 – O deck de madeira da Praça Victor Civita, que leva o usuário à apropriação

pelo movimento, assim como os passeios nos limites da praça ............................................. 123

Figura 99 – Os passeios por toda a extensão do Parque Madureira levam o usuário à

apropriação pelo movimento .................................................................................................. 123

Figura 100 – Na esquerda, a foto mostra os usuários da Praça Victor Civita em atividades

diversas, no ócio ou em movimento, assim como no Parque Madureira (à direita) ............... 124

Figura 101 – Na esquerda, a delimitação do espaço é feita pela elevação do deck da Praça

Victor Civita que se transforma em guarda-corpo. Na direita, o pequeno jardim do Parque

Madureira é delimitado por floreiras ...................................................................................... 124

Figura 102 – Na Praça Victor Civita, as possibilidades de desvios levam o usuário a

diversos objetivos e boas sensações ....................................................................................... 125

Figura 103 – No Parque Madureira, o desvio obrigatório do Circuito dos Lagos

proporciona o prazer de uma temperatura mais branda .......................................................... 125

Figura 104 – O deck de madeira centralizado conecta-se a todos os ambientes e passeios

perimetrais da Praça Victor Civita ......................................................................................... 126

Figura 105 – O Parque Madureira possui pavimentação diferenciada para os diversos tipos

de atividades, conectando seus diversos ambientes................................................................ 127

Figura 106 – A vegetação exuberante da Praça Victor Civita transmite uma atmosfera de

interioridade ............................................................................................................................ 128

Figura 107 – Os ambientes do Parque Madureira possuem vitalidade e calor humano ......... 128

Figura 108 – O contraste da Praça Victor Civita se dá através do verde do bosque com a

construção bruta da antiga incineradora de lixo, mas que transmite um aspecto modesto .... 129

Figura 109 – O contraste do verde do Parque Madureira com o cinza de seu entorno

imediato .................................................................................................................................. 129

Figura 110 – Vias do entorno da Praça Victor Civita ............................................................ 131

Figura 111 – Marginal Pinheiros, Ferrovia e Ciclovia ........................................................... 132

Figura 112 – Av. das Nações Unidas ..................................................................................... 132

Figura 113 – Av. Professor Frederico Hermann Júnior.......................................................... 132

Figura 114 – Rua Costa Carvalho .......................................................................................... 132

Figura 115 – Rua Sumidouro, entrada da Praça Victor Civita ............................................... 132

Figura 116 – Vias da Praça Victor Civita ............................................................................... 133

Figura 117 – Vias do entorno do Parque Madureira .............................................................. 134

Figura 118 – Estação Ferroviária Mercadão Madureira ......................................................... 135

Figura 119 – Av. dos Italianos ............................................................................................... 135

Figura 120 – Estrada do Portela ............................................................................................. 135

Figura 121 – Rua Conselheiro Galvão ................................................................................... 135

Figura 122 – Rua Soares Caldeira .......................................................................................... 135

Figura 123 – Rua Pirapora ...................................................................................................... 135

Figura 124 – Vias do Parque Madureira ................................................................................. 136

Figura 125 – Ciclovias e vias pedonais do Parque Madureira ............................................... 136

Figura 126 – Limite do entorno da Praça Victor Civita ......................................................... 137

Figura 127 – Rio Pinheiros e Linha de Transporte Ferroviário .............................................. 137

Figura 128 – Limite da Praça Victor Civita ........................................................................... 137

Figura 129 – Limite do entorno do Parque Madureira ........................................................... 138

Figura 130 – Parque Madureira com seu limite intransponível à direita ................................ 138

Figura 131 – Limite do Parque Madureira ............................................................................. 139

Figura 132 – Zonas homogêneas do entorno da Praça Victor Civita, nota-se uma diferença

no padrão arquitetônico dentro da ZM-2 (delimitado em amarelo) ....................................... 140

Figura 133 – Zonas homogêneas do entorno do Parque Madureira ....................................... 140

Figura 134 – Pontos nodais relevantes do entorno da Praça Victor Civita ............................ 142

Figura 135 – Pontos nodais relevantes do entorno do Parque Madureira .............................. 143

Figura 136 – Marcos do entrono da Praça Victor Civita, nota-se o prédio da Editora Abril, vista

de diversos pontos .................................................................................................................... 144

Figura 137 – Marcos do entrono do Parque Madureura, nota-se que as torres da linha de

transmissão de energia pode ser visualisada de diversos pontos do parque ........................... 145

Figura 138 – Localização do Distrito do Campeche, o polígono vermelho se refere a área

que será estudada .................................................................................................................... 147

Figura 139 – Ilha do Campeche ao fundo............................................................................... 147

Figura 140 – Campo de Aviação ............................................................................................ 148

Figura 141 – Principal acesso à praia do Campeche, final da Av. Pequeno Príncipe ............ 148

Figura 142 – Campo de Aviação ............................................................................................ 149

Figura 143 – Vista geral do Campo de Aviação, nota-se o relevo totalmente plano ............. 149

Figura 144 – Vista geral da vegetação existente no Campo de Aviação, onde se nota a

vegetação herbácea em primeiro plano e a vegetação arbórea exótica ao fundo ................... 150

Figura 145 – Detalhe da vegetação arbórea nativa existente no Campo de Aviação ............. 150

Figura 146 – Detalhe da vegetação arbórea exótica, predominante no Campo de Aviação .. 150

Figura 147 – Vista geral do canal de drenagem artificial existente no Campo de Aviação ... 151

Figura 148 – No terreno, deve-se tomar decisões projetuais para diminuir a insolação do

verão e barrar o vento sul no inverno ..................................................................................... 151

Figura 149 – Evolução socioespacial da área analisada, o polígono vermelho indica o

Campo de Aviação ................................................................................................................. 153

Figura 150 – Residências uni e multifamiliares na região de entorno do Campo de Aviação154

Figura 151 – Mapa de ocupação e uso do solo na região de entorno do Campo de Aviação 155

Figura 152 – Vazios urbanos na região de entorno do Campo de Aviação............................ 155

Figura 153 – Zoneamento de acordo com o Plano Diretor Vigente do município de

Florianópolis ........................................................................................................................... 158

Figura 154 – Identificação dos pontos de análise da visão serial ........................................... 159

Figura 155 – Vista do Ponto 1 ................................................................................................ 160

Figura 156 – Vista do Ponto 2 ................................................................................................ 160

Figura 157 – Vista do Ponto 3 ................................................................................................ 160

Figura 158 – Vista do Ponto 4, ao fundo observa-se as torres de celular e o morro do

Lampião .................................................................................................................................. 161

Figura 159 – Vista do Ponto 5 ................................................................................................ 161

Figura 160 – Vista do Ponto 6 ................................................................................................ 161

Figura 161 – Vista do Ponto 7 ................................................................................................ 162

Figura 162 – Vista do Ponto 8 ................................................................................................ 162

Figura 163 – Trilhas do Campo de Aviação, notaram-se em alguns locais onde moradores

jogam entulhos ........................................................................................................................ 162

Figura 164 – Vias e limites ..................................................................................................... 163

Figura 165 – Av. Pequeno Príncipe ........................................................................................ 164

Figura 166 – Av. Campeche ................................................................................................... 165

Figura 167 – À esquerda Rua da Capela, à direita Serv. Catavento ....................................... 165

Figura 168 – Zonas homogêneas ............................................................................................ 166

Figura 169 – Pontos nodais e marcos ..................................................................................... 167

Figura 170 – Supermercado, posto de saúde, entrada e saída da Rua do Gramal, torre de

celular ..................................................................................................................................... 167

Figura 171 – Entrada e saída da Rua da Capela, torre de celular e playground ..................... 168

Figura 172 – Entrada e saída da Av. Campeche, Escola Municipal Brigadeiro Eduardo

Gomes e feira de rua ............................................................................................................... 168

Figura 173 – Entrada e saída da Rua das Corticeiras para a Av. Pequeno Príncipe ............... 169

Figura 174 – Final da Av. Pequeno Príncipe, rótula de retorno e acesso à praia ................... 169

Figura 175 – Foto à esquerda, Point do Riozinho, acesso à praia, à direita, cruzamento da

Rua da Capela com a Av. Campeche ..................................................................................... 170

Figura 176 – Foto à esquerda, cruzamento em a Rua da Capela e a Av. Campeche, à direita

Igreja ....................................................................................................................................... 170

Figura 177 – Morro do Lampião, à esquerda vista do Campo de Aviação, à direita vista da

praia (próximo à Capela) .......................................................................................................... 170

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipologias dos equipamentos de lazer ................................................................... 35

Quadro 2 – Equipamentos e instalações de lazer ..................................................................... 35

Quadro 3 – Classificação de acordo com a função conforme alguns pesquisadores ............... 58

Quadro 4 – Principais desafios para atingir a sustentabilidade ................................................ 66

Quadro 5 – Certificação AQUA do Parque Madureira .......................................................... 114

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 19

1.1 PROBLEMÁTICA .......................................................................................................... 20

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 20

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 20

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 20

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 21

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................. 22

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 24

2.1 ESPAÇO E MEMÓRIA .................................................................................................. 24

2.2 PAISAGEM URBANA ................................................................................................... 29

2.3 EQUIPAMENTOS URBANOS ...................................................................................... 33

2.4 PARQUES URBANOS ................................................................................................... 35

2.4.1 Evolução histórica dos espaços públicos ................................................................... 38

2.4.2 Parques urbanos no Brasil ......................................................................................... 46

2.4.3 Características dos parques urbanos contemporâneos ........................................... 50

2.4.3.1 O parque urbano e suas complexidades ..................................................................... 51

2.4.3.2 Funções dos parques urbanos .................................................................................... 53

2.4.3.3 Paisagismo ................................................................................................................. 55

2.4.3.4 Mobiliário urbano ...................................................................................................... 57

2.4.3.4.1 Desenho Universal .................................................................................................. 58

2.5 PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS

PARQUES URBANOS ............................................................................................................ 64

2.5.1 Planejando um parque urbano sustentável .............................................................. 64

2.5.2 Implantação e gestão eficientes .................................................................................. 69

2.6 MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS ............................................................ 72

2.6.1 Madeira ........................................................................................................................ 73

2.6.1.1 Madeira Laminada Colada (MLC) ............................................................................. 74

2.6.1.2 Bambu Laminado Colado (BLC) ............................................................................... 75

2.6.2 Concreto armado ........................................................................................................ 76

2.6.3 Pavimentação .............................................................................................................. 77

2.7 CADERNO DE REFERENCIAIS ................................................................................... 80

2.7.1 Referenciais urbanísticos ........................................................................................... 80

2.7.2 Referenciais arquitetônicos contemporâneos ........................................................... 91

2.7.3 Mobiliário .................................................................................................................... 97

3 ANÁLISES DE MODELOS ARQUITETÔNICOS .................................................... 106

3.1 PRAÇA VICTOR CIVITA, SÃO PAULO ................................................................... 106

3.2 PARQUE MADUREIRA, RIO DE JANEIRO ............................................................. 112

3.3 ANÁLISE DAS OBRAS ............................................................................................... 118

3.3.1 Análise da paisagem de acordo com Gordon Cullen (2008) ................................. 119

3.3.2 Análise da paisagem de acordo com Kevin Lynch (1997) ..................................... 130

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA ÁREA DE ESTUDO ........................................ 146

4.1 O CAMPECHE .............................................................................................................. 146

4.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO: O CAMPO DE AVIAÇÃO ........................................... 148

4.2.1 Condicionantes naturais ........................................................................................... 149

4.2.2 Condicionantes socioespaciais ................................................................................. 152

4.2.2.1 Infraestrutura pública ............................................................................................... 156

4.2.3 Condicionantes legais ............................................................................................... 157

4.2.4 Análise da paisagem .................................................................................................. 159

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 171

5.1 REVISÃO DA PROBLEMÁTICA E PROPOSIÇÃO .................................................. 171

5.2 PARTIDO CONCEITUAL A SER ADOTADO ........................................................... 171

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 175

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 177

APÊNDICE A – Partido conceitual .................................................................................... 189

19

1 INTRODUÇÃO

Os espaços públicos fazem parte da história da sociedade e, quando associados ao

lazer, tornam-se fenômenos urbanos que têm como principal objetivo melhorar a qualidade de

vida dos que o frequentam. Para que essa qualidade de vida seja real, é necessário que o

espaço público atenda a principal premissa, estabelecida por Jane Jacobs (2001), de que

quanto maior a diversidade de usos e usuários no cotidiano, mais esses espaços terão sucesso

e naturalidade.

Aliado aos desafios encontrados na projetação dos espaços públicos, aqui

entendido como parque urbano, está a sustentabilidade econômica-ecológica, inerente ao

pensamento dos arquitetos urbanistas da atualidade. Essa integração entre as questões urbana

e ambiental induz ao pesquisador a necessidade de encontrar meios e estratégias que

satisfaçam essa nova premissa e, com base nessas questões, o presente estudo pretende

analisar e sugerir algumas possibilidades estratégicas de implantação de um parque urbano,

associado a importância que uma tipologia como essa representa para a população.

Outro objetivo desta pesquisa consiste em encontrar uma solução plausível de

gestão economicamente sustentável, visando a diminuição de custos aos cofres públicos

relacionados a conservação do parque e possibilitando a vivência agradável pelos usuários.

Foi com esse olhar e com a experiência nos parques urbanos da cidade que se deu

a escolha do sítio: o Campo de Aviação, situado no bairro Campeche, em Florianópolis. Esta

escolha não foi meramente ocasional, mas determinada por adventos ocorridos ao longo da

história, que induziram à população a apropriação do lugar, tornando-o parte da vida social de

seus moradores.

Em uma associação à sua antiga função de campo de pouso, o Campo de Aviação

está localizado na Av. Pequeno Príncipe, principal avenida do Campeche, ao lado da Escola

Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes e próximo da principal entrada para a praia do

Campeche, configurando-se como uma área de grande centralidade. Além disso, a

comunidade já se apropriou historicamente do lugar, utilizando-o para jogos de futebol, de

rugby, passeio com animais de estimação, ócio, pick-nick, aeromodelismo, além de eventos

promovidos pela associação do bairro.

Porém, mesmo com essa gama multivariada de usos e elevado número de

frequentadores, o terreno, transformado pelo plano diretor em Área Comunitária Institucional,

possui cerca de 290.000 m2 sem nenhum tipo de infraestrutura, o que torna a área

subutilizada.

20

Agregado a tudo isso, tem-se associado à história do lugar, o escritor e aviador

Antoine de Saint-Exupéry (autor de “O Pequeno Príncipe”, dentre outras obras literárias),

apelidado de Zé Perri pelos pescadores da época. Como piloto da companhia aérea Latècoére,

Saint-Exupéry utilizava o pasto do Campeche como parada estratégica para descanso e

reabastecimento do avião.

Assim, somando todo o envolvimento histórico e o uso atual do local com a

possibilidade de criação de um parque, espera-se como resultado para o presente estudo o

desenvolvimento de um embasamento teórico capaz de auxiliar, em um segundo momento, a

projetação de um parque multifuncional com premissas baseadas em baixo custo de

implantação e gestão e nas necessidades da comunidade do Campeche.

1.1 PROBLEMÁTICA

As atividades de cunho cultural e de lazer em parques urbanos são práticas que

desenvolvem a socialização e melhoram a qualidade de vida da população. Considerando a

falta de infraestrutura urbana para tais práticas e o descaso do município com os espaços

públicos existentes, quais conjecturas seriam relevantes para se desenvolver um projeto

arquitetônico e urbanístico contemporâneo, com baixo custo de implantação e gestão e que

atenda as necessidades e demandas por espaços públicos de cultura e lazer na comunidade do

Campeche?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar uma fundamentação teórica para dar embasamento para proposta de um

projeto arquitetônico e urbanístico com baixo custo de implantação e gestão, que contemple

as necessidades da comunidade do Campeche, carente de espaços públicos de cultura e lazer.

1.2.2 Objetivos específicos

Compreender a história e a evolução dos espaços públicos de cultura e lazer.

Analisar materiais e métodos construtivos de baixo custo para implantação do

parque.

Indicar possíveis maneiras de sustentar o custo de operação do parque.

21

Analisar referenciais arquitetônicos e urbanísticos.

Avaliar a importância da implantação do parque no local escolhido e pesquisar

quais as reais necessidades da comunidade em relação à cultura e lazer da área

escolhida através de dados secundários.

Desenvolver uma proposta de um espaço de apropriação por todas as classes e

faixas etárias.

1.3 JUSTIFICATIVA

O planejamento urbano municipal não acompanhou o crescimento acelerado,

resultando na escassez de áreas verdes de lazer em Florianópolis. Incorporado a essa

problemática, tem-se a constante busca pela qualidade de vida e por alternativas de lazer além

do turismo de sol e mar, ocasionado pela condição litorânea da cidade. Neste sentido, as

poucas opções culturais fazem de Florianópolis uma cidade pouco atrativa em períodos fora

da temporada de verão.

A partir dessa explanação, optou-se pela alternativa de se trabalhar com o

desenvolvimento de um grande espaço público destinado a atividades de cultura e lazer, tendo

em vista a disponibilidade de áreas representada pela existência de inúmeros vazios urbanos

na ilha de Santa Catarina.

O sítio escolhido para o desenvolvimento deste projeto é o lugar conhecido como

Campo de Aviação, localizado no bairro Campeche. Devido a sua grande importância

histórico-cultural para a comunidade, discussões acirradas1 foram travadas no decorrer da

elaboração do atual plano diretor municipal (Lei Municipal Complementar nº 482, de 17 de

janeiro de 2014), resultando na classificação da área como Área Comunitária Institucional

(ACI), fator que se converteu em melhoria geral por possibilitar a adequação dos usos à

vocação atual da área.

O sítio foi utilizado como o primeiro campo de pouso de aeronaves de Florianópolis.

Após a desativação, consolidou-se como espaço público, configurando-se em uma centralidade

para o bairro, sendo utilizado como espaço de lazer pela comunidade. No entanto, não possui

infraestrutura adequada, tampouco, acesso para pessoas com deficiências, tornando-se

subutilizado e propenso a poucas práticas esportivas, resumidas ao futebol e ao rugby.

1 A comunidade do Campeche é representada pela Associação de Moradores do Campeche (AMOCAM),

fundada em 1987, atuando no processo do plano diretor participativo desde a sua criação, em 2006.

22

O potencial ecológico, histórico e social do lugar aponta para alternativas projetuais

baseadas em medidas de sustentabilidade. Estas medidas proporcionam, além da prática ecológica

(indispensável em qualquer projeto), a diminuição do custo de implantação e operação de

empreendimentos, propiciando estratégias de maiores possibilidades de implantação, haja vista

que, para o erário municipal, um custo de operação elevado impede a manutenção adequada de

áreas públicas, a exemplo do que ocorre na maior parte das áreas de lazer da cidade.

Por isso, pensa-se em um projeto cuja implantação seja de baixo custo e que

possua gestão sustentável, onde a comunidade possa se apropriar do local e tornar-se a

principal cuidadora do parque. Esta nova vivência proporcionará uma melhor manutenção do

espaço, ocasionará um fluxo constante de usuários e, consequentemente, trará mais vitalidade

e segurança ao lugar.

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA

O material apresentado no decorrer deste trabalho pretende fornecer resultados

que ajudem a solucionar a problemática central da monografia, possuindo dessa forma um

caráter de pesquisa metodológica. Para Kauark (2010), as diversas tipologias de pesquisas que

existe devem contribuir para se encontrar um método eficaz que ajude a categorizar e criar

estratégias para se atingir os resultados esperados (KAUARK, 2010).

Conceituado por Lakatos e Marconi (2003, p. 155), a pesquisa é um “procedimento

formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui

no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Para contribuir com a resolução da problemática central, foram feitos estudos

sobre a história e pesquisados conceitos do tema proposto a partir de pesquisas bibliográficas,

levantamento de dados sobre a área de estudo e visitas ao local com levantamento fotográfico.

Essa pesquisa metodológica é classificada por Kauark (2010, p. 26) como

pesquisa aplicada, que tem como objetivo “gerar conhecimentos para aplicação prática,

dirigida à solução de problemas específicos” e que envolve verdades e interesses locais.

Quanto ao caráter qualitativo abordado nesse trabalho, Kauark conceitua da

seguinte maneira:

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no

processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas

estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador

é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados

indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

(KAUARK, 2010, p. 26).

23

Os objetivos desta pesquisa estão enquadrados, na conceituação de Gil (2002), como

sendo de pesquisa exploratória, pois possui maior familiaridade com o problema proposto,

tornando-o explícito. Esse tipo de pesquisa envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com

pessoas envolvidas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a

compreensão. A pesquisa bibliográfica, como procedimento técnico, será elaborada a partir de

material já publicado, constituído principalmente de livros, monografias e artigos de periódicos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco seções que abordam assuntos que irão

auxiliar no desenvolvimento do tema proposto.

A primeira seção, destinada a Introdução, é composta por um resumo da

pesquisa, a problemática, os objetivos, justificativa e a metodologia de pesquisa.

Na segunda seção, a Fundamentação teórica tratará do desenvolvimento da

pesquisa, com embasamento histórico e conceitual acerca do parque urbano e sua utilização

para o lazer, os centros culturais que juntamente com o parque pretende-se mostrar sua

importância para o lazer urbano e a vida social do ser humano. Após isso, a pesquisa se

voltará para uma discussão técnica, buscando entender os sistemas estruturais e tecnologias

construtivas voltadas para o baixo custo de implantação e a busca por uma melhor

funcionalidade na gestão do parque. Também será apresentado um levantamento geral dos

diversos modelos de parques implantados pelo Brasil.

Na terceira seção será feita a Análise de modelos, na qual serão estudados

modelos que irão servir de referência para a elaboração do partido arquitetônico. Buscar-se-á

projetos de relevância na arquitetura contemporânea e que auxiliem através de seus conceitos

para o projeto do parque, foco desta pesquisa.

A quarta seção será feita a Apresentação e análise da área de estudo,

apresentando as condicionantes naturais e legais referentes ao local de intervenção e buscando

conhecer suas características socioeconômicas para posterior elaboração do projeto

arquitetônico e urbanístico proposto para o tema.

E, diante dos dados teóricos apresentados, a quinta e última seção será destinada

às Considerações finais pertinentes à pesquisa, concluindo o trabalho com a proposta de um

programa de necessidades e diretrizes para o desenvolvimento do parque. Além disso, será

lançada uma ideia para o partido arquitetônico e urbanístico, que será usado como premissa

principal para a elaboração da proposta de anteprojeto no Trabalho de Conclusão de Curso II.

24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica deste trabalho será embasada na pesquisa de assuntos

relevantes para a compreensão do tema proposto, dando alicerce para um posterior

desenvolvimento de um projeto arquitetônico urbanístico que atenda os objetivos

apresentados.

Para tanto, julga-se necessário uma reflexão sobre a relação entre espaço e

memória do lugar, considerando o histórico do sítio escolhido, justificando a escolha do local.

Posteriormente, serão pesquisados assuntos sobre a paisagem urbana e os parques urbanos

como parte do processo pela busca da qualidade de vida do ser humano, abordando a

evolução histórica dos parques e centros culturais e sua importância para o convívio social.

Serão pesquisados, também, sistemas estruturais e tecnologias construtivas,

buscando dar prioridade para implantação de baixo custo e propostas de gestão sustentável.

Por fim, será efetuada uma complementação com referenciais arquitetônicos e

urbanos relacionados com o tema proposto, buscando, principalmente, propostas sustentáveis

ecológica e economicamente.

2.1 ESPAÇO E MEMÓRIA

Configurado como um local reconhecido pela comunidade como importante

espaço de lazer, o Campo de Aviação no Campeche, sítio proposto para a implantação do

parque e objeto de estudo deste trabalho, está intimamente ligado com a história do lugar.

Foi na década de 1920 que aconteceram as primeiras transformações significativas

nesse espaço, que iniciaram a construção de práticas e representações culturais de sua

identificação, culminando na posterior utilização como área de convívio social. A comunidade

local desenvolveu relações como atração e afeto pelo lugar, sentimento esse denominado por

Yi-Fu Tuan de topofilia, conforme expresso abaixo:

A palavra “topofilia” é um neologismo, útil quando pode ser definida em sentido

amplo, incluindo todos os laços afetivos dos seres humanos com o meio ambiente

material. Estes diferem profundamente em intensidade, sutileza e modo de

expressão. A resposta ao meio ambiente pode ser basicamente estética: em seguida,

pode variar do efêmero prazer que se tem de uma vista, até a sensação de beleza,

igualmente fugaz, mas muito intensa, que é subitamente revelada. A resposta pode

ser tátil: o deleite ao sentir o ar, água, terra. Mais permanentes e mais difíceis de

expressar, são os sentimentos que temos para com um lugar, por ser o lar, o locus de

reminiscências e o meio de se ganhar a vida. (TUAN, 1974, p. 107).

25

A topofilia não surge espontaneamente, cresce dia a dia na comunidade e

estabelece o espaço como ponto de referência e de lazer. Reforçando essa ideia, Ortegosa

(2009, p. 1) considera que para a vida de uma cidade, um dos aspectos fundamentais são as

várias recordações que surgem do espaço, “a memória urbana é a realidade que marca nossa

própria fugacidade na história, ao mesmo tempo em que anuncia a possibilidade de

transcendermos nossa temporalidade individual”.

Essa segunda interpretação do espaço urbano apresenta uma força de aspectos

simbólicos capaz de despertar emoções e de anunciar uma relação com o todo. Ortegosa diz

que proteger a memória significa proteger o passado, o presente e o futuro e acrescenta:

A arquitetura e os lugares da cidade constituem o cenário onde nossas lembranças se

situam e, na medida em que as paisagens construídas fazem alusão a significados

simbólicos, elas estão evocando narrativas relacionadas às nossas vidas. Assim, a

maneira como interpretamos nossas experiências no espaço converte-se em nossa

realidade e possibilita-nos dar significado ao nosso mundo físico. Com o passar do

tempo, uma constelação de signos se estratificam na memória coletiva constituindo

uma cidade análoga. (ORTEGOSA, 2009, p. 1).

A memória coletiva passa a ser vista como construção histórico-cultural e

patrimônio daqueles que a tem, constituindo no patrimônio cultural não edificado. Carvalho

(2010, p. 17) diz que é uma “dimensão simbólica das diversas formas de agir, sentir e viver

dos grupos sociais enquanto membros partícipes de uma comunidade”, conceituação ampla de

patrimônio cultural que é vinculado à memória e à identidade dos grupos sociais e que

transportam essa memória ao longo de várias gerações.

Essa apropriação e coletivização do patrimônio cultural produzem lugares

significantes nos espaços urbanos, e que a coletividade presente naquele espaço se afeiçoa e se

identifica, e Carvalho (2010) complementa que os fatos ou acontecimentos pessoais são

cristalizados, podendo ser vinculado à infância, às atividades corriqueiras, aos encontros sociais

e familiares e fazendo-se presentes na memória de indivíduos e grupos sociais específicos.

Gastal (2002 apud CARVALHO, 2010) garante que a memória está presente em

todo o tecido urbano, transformando os lugares em espaços únicos, com intenso afeto para

aqueles que vivem e visitam o espaço. São espaços que não têm apenas memória e que, para

grupos da sociedade, transformam-se em verdadeiros lugares de memória.

Dessa forma, a partir das especulações efetuadas, pode-se compreender a

necessidade de se estudar e pesquisar a relação espaço-memória e entender a importância da

história do lugar refletida na comunidade local. É o caso da memória e identidade do Campo

de Aviação, localizado no bairro Campeche, em Florianópolis (Figura 1).

26

Figura 1 – Foto antiga (sem data) do Campo de Aviação, Campeche

Fonte: CAMPECHE, 2010.

A história do Campo de Aviação está intimamente ligada com a história da

comunicação aérea do Sul do Brasil. Em meados da década de 1920, para facilitar o correio

aéreo entre os Hemisférios Norte e Sul, a companhia aérea Air France adquiriu a área, onde

hoje é o Campo de Aviação, para utilizar como ponto de apoio para a atividade de correio

que, na época, era desenvolvida pela Compagnie Générale Aéropostale (Figura 2). O lugar se

tornou, então, o primeiro aeroporto do Estado de Santa Catarina (AMORA, 1996).

Entre os aviadores franceses que pousavam neste campo, estava o piloto e escritor

Antoine de Saint-Exupéry (Figura 3), na época com 26 anos, retratado por Inácio conforme

descrito abaixo:

Imaginem o que era naquela época abrir rotas aéreas quando a aviação estava nos

seus primórdios. Justamente eram estes os desafios constantes: sol, chuvas,

tempestades de areia, vôos noturnos, acidentes, enfim, todos os tipos de

adversidades que o piloto em questão buscava superar nas suas missões.

Assim começava a se traçar a carreira de Antoine de Saint-Exupéry que, anos mais

tarde, veio a ser diretor da companhia em Buenos Aires, de 1929 a 1931.

Por ser uma pessoa de extrema sensibilidade, tudo o que observava e vivia, nos lugares

por onde passava, servia de alimento às suas obras e, certamente, o Campeche lhe deu,

e muito, desse material que tanto buscava. (INÁCIO, 2001, p. 28).

A área foi utilizada como campo de aviação até o início da Segunda Guerra

Mundial, sendo que o contato com uma cultura diferente e tendo a presença dos franceses na

região, transformou a vida da pequena comunidade de pescadores do Campeche.

27

Figura 2 – Mapa da rota da Compagnie Générale

Aéropostale

Fonte: POSTALE, 2014.

Figura 3 – Antoine de Saint-Exupéry

Fonte: SAINT-EXUPÉRY, 2014.

Mesmo que o diálogo tenha sido dificultado de início pelas diferentes línguas, das

idas e vindas dos pilotos que ali pousavam, nasceu a improvável amizade entre o piloto

Antoine de Saint-Exupéry e um jovem pescador da comunidade, Manoel Rafael Inácio, o

Deca Pescador. Por sua difícil pronúncia, o nome do piloto fora abreviado para Zé Perri e

várias foram as histórias que Deca contava a seus filhos e jornalistas que frequentemente o

entrevistavam (INÁCIO, 2001).

O pescador, na época com 20 anos, levava Zé Perri para pescar, caçar e passear

pelas lagoas do Peri e da Chica e o convívio com a família de Deca era comum, pois, em seus

relatos, o piloto era apaixonado pelos bijus que a mãe de Deca fazia. No período que o campo

de pouso fora utilizado pela empresa aérea francesa, a integração entre os pilotos e a

comunidade era recíproca, e os pilotos, por diversas vezes, abriam o hangar para realização de

festas. E assim, entre os anos de 1926 e 1931, Deca esperava ansioso pelo amigo que, guiado

pelos lampiões no morro do Caboclo (hoje morro do Lampião), trilhou na história da

comunidade (INÁCIO, 2001).

Essa história reflete a importância desse período para a construção da memória do

lugar que, de geração em geração, transmitiu o afeto e as boas lembranças ali vividas. Mesmo

após a desativação do campo de pouso, em 1944 (requisitada pelo Ministério da Aeronáutica

28

por considerarem indispensável à segurança nacional), a população conseguiu garantir o

caráter público do Campo de Aviação, utilizando o local para a prática de esportes, como o

futebol e o aeromodelismo (AMORA, 1996).

Manoel Rafael Inácio, falecido em 1993 aos 84 anos, foi homenageado em 1991

pela Base Aérea de Florianópolis, recebendo um troféu por serviços prestados no Campo de

Aviação, como mostra a Figura 4. Na mesma ocasião, foi inaugurado o Marco do Campeche,

em homenagem aos pioneiros da aviação (Figura 5). A administração da empresa francesa

funcionava no casarão chamado Popote, que servia também de dormitório para o descanso

dos pilotos (CORRÊA, 2011). No local ainda existe o casarão, como mostra a Figura 6, e a

Prefeitura Municipal de Florianópolis já entrou com processo para transformá-lo em

patrimônio histórico-cultural.

Figura 4 – Deca recebendo a homenagem da Base Aérea de

Florianópolis

Fonte: INÁCIO, 2001, p. 51.

Figura 5 – Marco do Campeche

Fonte: Acervo próprio (2013).

Figura 6 – Casarão Popote, onde funcionava a administração da Aéropostale e lugar de descanso dos pilotos

Fonte: Acervo próprio (2013).

29

Diante do exposto, compreende-se a importância de incorporar esses espaços de

memória ao processo de desenvolvimento de parques urbanos, com o objetivo de promover

maior integração social, realçar o sentimento dos moradores locais em relação ao patrimônio

cultural e repassar esse afeto às gerações seguintes e aos visitantes que por ali irão passar.

2.2 PAISAGEM URBANA

Os inúmeros conceitos acerca de paisagem advertem sobre seu complexo

paradigma na morfologia do espaço. Iniciando pelo seu aspecto mais primordial, surgem

considerações relativas à paisagem geográfica. Para Carl Sauer, o termo paisagem é associado

ao conceito de unidade da geografia e pode ser definida “como uma área composta por uma

associação distinta de formas, ao mesmo tempo físicas e culturais” (SAUER, 1998, p. 23).

Composta por seu individualismo, porém, relacionada com paisagens adjacentes, Sauer

(1998) afirma que nenhuma paisagem é uma réplica exata de outra e que pode ser subdividida em

paisagens naturais e culturais, onde, com o passar do tempo, a paisagem natural é substituída pela

paisagem cultural. Para o mesmo autor, a paisagem natural tem seu conteúdo embasado na

designação do sítio estabelecido na ecologia vegetal e o somatório de todos os recursos naturais que

o homem tem a sua disposição na área. “Está além da sua capacidade acrescentar qualquer coisa a

esses recursos; ele pode ‘desenvolvê-los’, ignorá-los em parte ou explorá-los.” Já a paisagem

cultural é a marca da ação do homem sobre o sítio (SAUER, 1998, p. 29).

Milton Santos (1997) aborda a paisagem como sendo tudo aquilo que a visão

alcança, não sendo formada apenas por volumes, mas também por cores, movimentos, odores,

sons, etc. O espaço físico natural e construído, os movimentos e relações humanas e

fenômenos naturais, componentes da percepção da paisagem, está sujeito a individualidade de

cada pessoa, da sua história pessoal, onde “a percepção é sempre um processo seletivo de

informações” (SANTOS, 1997, p. 62).

Partindo do campo estruturador da geografia e adentrando nas propostas

difundidas de análise do espaço urbano de Gordon Cullen, o conceito de paisagem urbana

adquire simplicidade e objetividade. O autor relata:

Se me fosse pedido para definir o conceito de paisagem urbana, diria que um

edifício é arquitectura, mas dois seriam já paisagem urbana, porque a relação entre

dois edifícios, e o espaço entre eles, são questões que imediatamente se afiguram

importantes. Multiplique-se isto à escala de uma cidade e obtém-se a arte do

ambiente urbano; as possibilidades de relacionação aumentam, juntamente com as

hipóteses a explorar, e os partidos a tomar. Até um pequeno grupo de edifícios pode

assumir uma expressão própria, e ser espacialmente estimulante. (CULLEN, 2008,

p. 135).

30

Os elementos da paisagem urbana abordados por Cullen são considerados

resultantes de um processo social de ocupação e gestão de um território que, associada à

passagem do tempo, conduz “a múltiplos processamentos de informações percebidas no meio,

onde o arranjo espacial das formas que configura uma paisagem é tão importante quanto o

processo cultural que lhe é apropriado” (OLIVEIRA; ANJOS; LEITE, 2003, p. 160).

Na mesma linha de pensamento, Kevin Lynch afirma que

As imagens do meio ambiente são o resultado de um processo bilateral entre o

observador e o meio. O meio ambiente sugere distinções e relações, e o observador –

com grande adaptação e à luz dos seus objetivos próprios – seleciona, organiza e

dota de sentido aquilo que vê. A imagem, agora assim desenvolvida, limita e dá

ênfase ao que é visto, enquanto a própria imagem é posta à prova contra a

capacidade de registro perceptual, num processo de constante interação. Assim, a

imagem de uma dada realidade pode variar significativamente entre diferentes

observadores. (LYNCH, 1997, p. 16).

Por essa razão, Lynch (1997) reconhece que as análises limitam-se aos aspectos

físicos perceptíveis da paisagem urbana, cuidando sempre das influências que a percepção da

imagem sofre, como a constituição social, função e história de uma área, considerando que a

forma deve ser analisada para reforçar o significado e não para negá-lo.

Em contrapartida a essa análise, Moreira (1988, apud ALMEIDA, 2007) define a

paisagem urbana como uma união de formas com diferentes funções que permite um diagnóstico

em diferentes escalas, fruto de obra coletiva produzida pela sociedade, contemplando todas as

dimensões humanas. Almeida (2007) salienta que da análise da paisagem urbana surgem dois

elementos: o espaço construído, decorrente dos contrastes de utilização da cidade e do uso do solo

urbano, e o movimento da vida, das pessoas, dos meios de circulação.

Faz-se necessário, então, destacar a importância de se estudar e analisar a paisagem

urbana de uma cidade. Segundo Landim (2004, p. 24) “a cidade pode ser reconhecida somente

por intermédio de sua paisagem urbana e essa paisagem é resultante dos elementos econômicos,

sociais e culturais que a produziram num determinado período e contexto”.

Para tanto, pode-se utilizar de elementos formais caracterizadores da paisagem

urbana que servirão de subsídios para trabalhar a paisagem, utilizando-os como sistema de

referências ou um organizador de atividades. Macedo elenca três tipos de qualidades

observadas na paisagem:

Ambiental: que mede as possibilidades de vida e sobrevida de todos os seres vivos e

das comunidades nele existentes;

Funcional: que avalia o grau de eficiência do lugar no tocante ao funcionamento da

sociedade humana;

Estética: valores com características puramente sociais, que cada comunidade em

um momento do tempo atribui a algum lugar. (MACEDO, 1999, p. 13).

31

Segundo Macedo (1999, p. 13), “este tipo de classificação fornece subsídios para

trabalhar a paisagem, transformando a mesma conforme as características e necessidades de

cada lugar. A desqualificação de uma paisagem se dá quando estes valores não são levados

em consideração.”

Landim complementa afirmando que a paisagem urbana pode ser configurada e

qualificada por meio de três elementos:

O suporte físico, ou seja, o relevo, o solo, o subsolo e as águas, a cobertura vegetal

original ou não, as estruturas urbanas ou massas de edificações e sua relação

dialética com os espaços livres, o uso do solo, os loteamentos e o clima com suas

alterações de ciclo diurno/noturno e as estações do ano. Contudo, a paisagem

urbana não é delimitada apenas por esses elementos. [...] a paisagem não é formada

apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores e sons. [...] cada

espaço é entendido a partir das informações que se têm sobre ele, surgindo uma

relação de interdependência entre o espaço e a informação. (LANDIM, 2004, p. 29).

Yi-Fu Tuan alega que “o espaço construído pelo homem pode aperfeiçoar a

sensação e a percepção humana” e mesmo sem um forma arquitetônica, os indivíduos “são

capazes de sentir a diferença entre interior e exterior, fechado e aberto, escuridão e luz, privada

e pública”. Para o autor, este tipo de conhecimento é rudimentar e o espaço arquitetônico “pode

definir estas sensações e transformá-las em algo concreto” (TUAN, 1983, p. 114).

De modo geral, o mesclar de todos os tipos de elementos nas paisagens urbanas

deve imprimir na percepção do indivíduo uma qualidade nas relações sociais e espaciais,

como afirma Leenhardt: “para o passeante, os elementos compositivos da paisagem tornam-se

traços significativos e pertinentes, que marcam sua consciência. Podem provir do trabalho da

memória bem como dos movimentos de seu corpo.” (LEENHARDT, 1996, p. 36).

Cullen (1971) distingue três categorias capazes de entender e descrever a paisagem:

Ótico: é a visão serial, são as sucessivas paisagens que o transeunte observa ao

passar pela cidade.

Local: é a reação do indivíduo em relação à sua posição no espaço, a apropriação

do espaço, o sentido de localização e as sensações que o espaço provoca.

Conteúdo: é a relação com a construção da cidade, cores, texturas, escalas,

estilos e tudo que caracterizam edifícios e a malha urbana, é a individualização

da paisagem.

Cullen trás, com esses conceitos, uma ferramenta de análise bastante útil para a

coleta de informações e referenciais de sítio, principalmente por existir uma interação entre

ser humano e ambiente urbano, possibilitando uma percepção e atenção aguçada do espaço

através das próprias emoções individuais.

32

Outra ferramenta para análise da paisagem é a percepção ambiental de Lynch

(1997), na qual a estruturação da imagem da paisagem no indivíduo está atrelada com os seus

símbolos e significados. O indivíduo vê a forma exterior, interpreta e reorganiza essa imagem

e isso revela uma identidade. Lynch, analisando essas imagens mentais, criou um método

leitura urbana estruturado em cinco elementos indicadores da qualidade visual do espaço:

Via: é por onde o observador se locomove, podem ser ruas, passeios, canais.

Na maioria das vezes é apresentado como elemento predominante na paisagem,

pois é por elas que o observador se desloca para então organizar e relacionar os

elementos da cidade (Figura 7).

Limite: elementos lineares da paisagem são as fronteiras entre duas partes,

interrupções da continuidade, entre eles estão as orlas marítimas ou fluviais,

paredes, barreiras que separam regiões (Figura 8).

Bairro ou zona homogênea: são as regiões urbanas onde possuem

características identificáveis e em comum (Figura 9).

Ponto nodal: são cruzamentos, locais estratégicos de uma cidade nos quais o

observador pode entrar e para/dos quais ele se desloca, é onde o observador deve

tomar decisões. Geralmente, são pontos que se tornam símbolo de um bairro pois

se tornam foco e criam nós de concentração no seu entorno (Figura 9).

Marco: são pontos de referência, representados por um objeto físico, um

edifício, um sinal, uma cúpula, torres isoladas ou montanha. Normalmente,

distinguem-se e são evidentes na paisagem, adquirindo crescente significado à

medida que os deslocamentos se tornam mais frequentes (Figura 10).

Figura 7 – O Boulevar Oroño, em Rosário, se configura

como uma Via

Figura 8 – Rio da Prata, em Rosário, elemento linear e

Limite da cidade

Fonte: Acervo próprio, dez. 2012. Fonte: Acervo próprio, dez. 2012.

33

Figura 9 – O Monumento à Bandeira, em Rosário, se

configura como Ponto Nodal e seu entorno é conformado

como Bairro

Figura 10 – Torre em homenagem à

idenpendência da Pátria, em Rosário, se

configura como Marco

Fonte: Acervo próprio, dez. 2012. Fonte: Acervo próprio, dez. 2012.

Com essas abordagens metodológicas para a análise da paisagem é possível

compreender e entender as diversas influências que o ambiente urbano sofre e, esses

instrumentos irão auxiliar na composição da paisagem urbana com o objetivo de melhorar a

qualidade visual do espaço que se vive.

2.3 EQUIPAMENTOS URBANOS

Inseridos no dia a dia das pessoas, os equipamentos urbanos passam

despercebidos pelos olhares cotidianos, sendo que sua importância não está limitada a meros

objetos inseridos na paisagem urbana. Portanto, torna-se necessária a compreensão de um

conceito mais intelectual dos equipamentos urbanos, justificando o valor atribuído a esse

tema.

Em busca da realização de suas necessidades físicas, psicológicas e sociais, os usuários

dos espaços públicos são motivados interna e externamente pela satisfação intrínseca a algum objeto

do meio ambiente, auxiliando no desenvolvimento dos moldes de comportamento e auxiliando na

sua interação com o mundo físico. “Então, o homem não ocupa simplesmente o espaço – no sentido

de dimensão e uso –, mas se sente parte integrante do ambiente onde vive, nele sabendo se orientar e

atribuindo-lhe os mais profundos significados” (SANTINI, 1993, p. 45).

Ao se falar sobre equipamentos urbanos, notam-se duas formas de abordagem: na

primeira, equipamentos e espaços se confundem, por vezes até sendo utilizado como

sinônimo; outrora são distintos, na qual o espaço é utilizado como suporte para equipamentos

e mobiliários. Santini (1993, p. 47) complementa que “os equipamentos são considerados

34

como sendo os objetos que organizam o espaço em função de determinada atividade”. Nesse

raciocínio, a autora extrai dois conceitos, o primeiro trata-se do equipamento como conjunto

de instalações que servem de apoio e o segundo o equipamento como instalações específicas,

prevalecendo o uso dado a elas.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em sua normativa NBR

9284/1986 (ABNT, 1986b), classifica equipamentos urbanos da seguinte maneira:

Circulação: vias, estacionamentos, estações do sistema de transporte;

Cultura e Religião: biblioteca, centro cultural, centro de convenção, cinema,

concha acústica, jardim botânico, jardim zoológico, horto florestal, museu,

teatro, templo;

Esporte e Lazer: campo e pista de esportes, ginásio de esportes, quadras

esportivas, hipódromo, marina, piscina pública, parque, praça;

Infraestrutura: sistema de comunicação, sistema de energia, sistema de

iluminação pública, sistema de saneamento, segurança pública e proteção,

abastecimento, administração pública, assistência social, educação, saúde.

A Lei Federal nº 6.766/79 classifica os equipamentos urbanos em duas

modalidades: equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares e

equipamentos públicos de abastecimento de água, serviços de esgoto, energia elétrica, coletas

de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado.

Desta forma, compreendem-se as diversas variantes de classificações e

fundamentações elaboradas para essa categoria e que, para o presente trabalho, o interesse

está na abordagem que inclui a cultura, o esporte e o lazer, além dos equipamentos

necessários para o funcionamento do espaço.

Nesse contexto, Santini (1993) divide os equipamentos de lazer em dois grupos:

os “equipamentos específicos”, espaços construídos especificamente para as atividades de

lazer, e os “não específicos”, espaços que não foram construídos para o lazer, mas que se

configuram como tal. Os Quadros 1 e 2 relacionam e classificam as tipologias dos

equipamentos específicos, objeto deste estudo.

35

Quadro 1 – Tipologias dos equipamentos de lazer

Tipo/Função Tempo Tamanho Local Uso

Equipamentos

específicos

Diário

Micro

Centros infantis, cine-clube, clube de

fotografia, ateliêr de artesanato,

instituições de treinamento Atividades de lazer

de caráter físico,

manual, artístico,

intelectual e social Médio

Cinema, teatro, piscina, quadras de

esporte, salas para cursos, áreas de

criatividade

Fim de

semana

Macrourbano Clubes, parques, jardins, zoos Atividades de lazer

ao ar livre Macroperiférico Praias, campos, clubes de campo

Férias Macro Colônia de férias, camping, hotéis Atividades de lazer

de caráter múltiplo

Fonte: Adaptado de Santini (1993, p. 53).

Quadro 2 – Equipamentos e instalações de lazer

Classificação Tipologia Instalações

Função

Culturais Cinemas, teatros, centros culturais

Sociais e associativas Clubes, bares

Esportivas Clubes, quadras esportivas

De expressão física e atlética Academias

Recreativa Jardins, praças, centros infantis

De turismo Colônia de férias, hotéis

Por critério de composição

e uso

Microcentros específicos Praças, academias

Centros médios polivalentes Parques

Macrocentros polivalentes Centros campestres, clubes de campo

Centros de turismo Colônia de férias, hotéis

Fonte: Adaptado de Santini (1993, p. 51).

Esses equipamentos urbanos, juntamente com a infraestrutura e as moradias, são

elementos físicos básicos para a composição da cidade e se constituem nos principais

protagonistas da humanização do ambiente urbano. Nesse contexto, vale ressaltar que os

equipamentos de cultura e lazer são especialmente relevantes por influenciarem diretamente

na qualidade de vida urbana, trazendo para os usuários possibilidades de diversão, práticas

esportivas e conhecimento cultural.

2.4 PARQUES URBANOS

O ambiente urbano, paisagem artificial produzida pelo homem, é resultante da

evolução histórica mundial, carregando e acrescendo ao ser humano um redimensionamento

36

do tempo. Para Le Corbusier, uma cidade deve oferecer as condições básicas necessárias ao

cumprimento das quatro principais funções sociais: habitar, trabalhar, recrear e circular; sendo

que hoje a maioria das pessoas já não consegue cumprir todas essas funções, danificando a

vivência social.

As massas de assentamentos humanos passam a sufocar as práticas sociais e cada

vez mais o homem sente a necessidade dos espaços livres, de uma maior qualidade de vida

nos núcleos urbanos. Loboda e De Angelis complementam:

A qualidade de vida urbana está diretamente atrelada a vários fatores que estão

reunidos na infraestrutura, no desenvolvimento econômico-social e àqueles ligados à

questão ambiental. No caso do ambiente, as áreas verdes públicas constituem-se

elementos imprescindíveis para o bem estar da população, pois influencia

diretamente a saúde física e mental da população. (LOBODA; DE ANGELIS, 2005,

p. 130-131).

Na busca por essa qualidade de vida e juntamente com o apelo ambiental, os

parques urbanos surgem como “novas perspectivas culturais e estéticas. [...] são pensados

conforme seus diferentes tempos, funções e usos” (SCOCUGLIA, 2009, p. 1). Em face do

exposto, é importante considerar que, a partir de um planejamento urbano eficiente, de

estudos da evolução do espaço e do comportamento e hábitos dos usuários, é possível

implantar parques urbanos que proporcionem maiores condições de relações sociais, práticas

esportivas e de lazer, potencializando a qualidade de vida urbana.

Atribuindo o lazer como principal componente para a qualidade de vida do ser

humano, os autores Araújo, Cândido e Leite (2009, p. 3) consideram três grupos de atividades

inter-relacionadas:

a) O lazer baseado na mídia e naquele praticado dentro de casa (rádio, TV,

leitura de livros, internet, computador, videogame, dentre outros);

b) O lazer baseado nas relações sociais e com o ambiente da própria cidade

(frequentar parques, academias de ginástica, teatros, cinemas, bares,

restaurantes e outros);

c) O lazer baseado em turismo fora da cidade.

Reforçando essa ideia, Versiani (2011) considera que o lazer possui uma relação

direta com a qualidade de vida, associada à busca pelo desenvolvimento do homem e vinculada

à promoção da saúde e do bem estar. Em relação ao âmbito urbano, Versiani explica:

[...] assim como existem diferentes abordagens para o delineamento do estudo

das cidades, também o campo de estudos do lazer pode ter influência de diversas

áreas do conhecimento, dialogando com a História, a Antropologia, a

Sociologia, a Educação Física, entre outras, e, inclusive, pode se desenvolver

37

sob influência de um referencial marxista, aqui destacado, o que aproxima a

compreensão do lazer a ser desenvolvida, em interface com a qualidade de vida

e o espaço urbano. (VERSIANI, 2011, p. 62).

A partir dessas perspectivas observa-se que o século XXI está repleto de ideias e

ideais, direcionando o planejamento urbano para um caminho evolutivo do viver nas

ambiências urbanas. Esta busca pode ser considerada, talvez, um tanto delongada, mas conduz

o ser humano a repensar no que é realmente importante para uma vida saudável. E este

repensar, aos poucos, está trazendo para as cidades as requalificações urbanas, com

melhoramentos paisagísticos e nos espaços, que ampliam a vivência social e suprem a

necessidade da busca contínua ao bem estar pelo ser humano.

Loboda e De Angelis (2005, p. 130-131) complementam:

A qualidade de vida urbana está diretamente atrelada a vários fatores que estão

reunidos na infra-estrutura, no desenvolvimento econômico-social e àqueles ligados

à questão ambiental.

No caso do ambiente, as áreas verdes públicas constituem-se elementos

imprescindíveis para o bem estar da população, pois influencia diretamente a saúde

física e mental da população.

Além daqueles espaços criados à luz da arquitetura, recentemente a percepção

ambiental ganha status e passa a ser materializada na produção de praças e

parques públicos nos centros urbanos. Com a finalidade de melhorar a qualidade

de vida, pela recreação, preservação ambiental, áreas de preservação dos

recursos hídricos, e à própria sociabilidade, essas áreas tornam-se atenuantes da

paisagem urbana.

Essas elucidações levam a análise de definição e de como se configura o espaço

público de lazer. Sobre este aspecto, Sun Alex esclarece:

[o espaço público] abrange lugares designados ou projetados para o uso cotidiano,

cujas formas mais conhecidas são as ruas, as praças e os parques. A palavra

“público” indica que os locais que concretizam esse espaço são abertos e acessíveis,

sem exceção, a todas as pessoas. Mas essa determinação geral, embora diminuída ou

prejudicada em muitos casos, é insuficiente: atualmente, o espaço público

plurifuncional – praças, cafés, pontos de encontro – constitui uma opção em uma

vasta rede de possibilidades de lugares, tornando-se difícil prever com exatidão seu

uso urbano. Espaços adaptáveis redesenham-se dentro da própria transformação da

cidade. (ALEX, 2008, p. 19).

O parque urbano, como tipologia de espaço público de lazer, possui diversas

possibilidades de configuração, tanto por seu desenho projetual como na composição de suas

funções. Para o Ministério do Meio Ambiente, o parque urbano se constitui como área verde,

de função ecológica, estética e de lazer, possuindo extensão maior que as praças e jardins

públicos (MMA, 2014). De acordo com a Resolução CONAMA Nº 369/2006, Art. 8º, § 1º:

38

Considera-se área verde de domínio público o espaço de domínio público que

desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da

qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e

espaços livres de impermeabilização.

Entretanto, Olmstead (apud SCALISE, 2002, p. 18) associa parques urbanos a

cenários quando afirma:

Reservo a palavra parque para lugares com amplitude e espaço suficientes e com

todas as qualidades necessárias que justifiquem a aplicação a eles daquilo que pode

ser encontrado na palavra cenário ou na palavra paisagem, no seu sentido mais

antigo e radical, naquilo que os aproxima muito de cenário.

São diversas as possibilidades e definições a cerca do tema e, para melhor

compreender esses significados, é interessante que se faça uma breve explanação e

análise da evolução histórica do espaço público e sua importância para as transformações

sociais.

2.4.1 Evolução histórica dos espaços públicos

Inúmeras foram as transformações ocorridas a partir do momento em que o

homem deixa de ser nômade e se fixa na terra. Os núcleos de ocupação humana alteram os

hábitos e as relações do homem com o meio, proporcionando o surgimento de novas

vivências associadas, principalmente, às características dos habitantes frente ao uso e

potencial da terra que ocupam.

A sobrevivência destes núcleos deixa de ser garantida, apenas, pela caça,

pesca e coleta de víveres, passando a ser substituída pelas atividades de plantio e de

criação de animais. Esta mudança altera de maneira profunda os modos de vida dos

agrupamentos humanos, que passam de sociedades de caçadores/coletores para sociedades

agrícolas.

Com a evolução destes grupos, a produção de excedentes começa a ser utilizada

como moeda de troca em negociações, ocasionando o surgimento de atividades comerciais

que dinamizam sobremaneira as relações sociais dos lugares. Esta dinamização origina a

necessidade de áreas comuns destinadas aos relacionamentos sociais: surgem os espaços

públicos (Figura 11).

39

Figura 11 – Aldeia neolítica de Aichbuhlim Federseemor, na Alemanha (2000 a.C.), a praça aparece como

espaço central da aldeia

Fonte: BENEVOLO, 2001, p. 17.

Portanto, considera-se que os espaços públicos surgem assim que o homem passa

a conviver em sociedades fixas à terra, sendo destinados a servirem como palco de

desenvolvimento das funções sociais. Variadas são as funções sociais nas urbes atuais:

deslocamento, moradia, emprego, lazer, cultura, diversão, ócio, etc. Para cada uma delas,

espaços públicos específicos foram desenvolvidos de forma original em cada cultura. Sendo

assim, passa-se a abordar a evolução histórica dos espaços destinados à cultura e lazer, que se

constitui como objeto desta pesquisa.

Nas cidades livres da Grécia Antiga, após toda uma evolução na organização social,

política e econômica e com um modelo de urbanização avançado, existia uma subdivisão de

cidade bem característica: áreas privadas, com casas para moradias; áreas sagradas, onde

estavam os templos dos deuses; e as áreas públicas, que serviam para as reuniões políticas,

comércio, teatro e jogos desportivos. (BENEVOLO, 2001). Mumford complementa,

informando que “o ágora é ali um ‘local de assembléia’, onde ‘a gente da cidade ia se reunir’, e

a finalidade da reunião, nesse contexto, era decidir se um assassino pagará uma adequada multa

de sangue aos parentes do homem assassinado” (MUMFORD, 1998, p. 178).

40

Lamas (2004) acrescenta que na Grécia antiga não existia um tratamento especial

para famílias de poder ou reis, as áreas residenciais eram modestas e eram menos significantes

que os espaços públicos: estes eram bem cuidados e organizados para acolher as funções

públicas. O centro era formado a partir do santuário que, por sua vez, era envolvido pelo

ágora, como mostra a Figura 12.

Figura 12 – Reconstituição em maquete do Santuário de Olímpia envolvido pelo ágora

Fonte: PHOTINOS, 1982, p. 64.

No desenho urbano da Roma antiga, que marcou a Europa e influenciou toda a

região mediterrânea, observam-se espaços e elementos morfológicos como ruas, lugares de

comércio, circulações, espaços para monumentos, obras de engenharia e infraestrutura bem

avançadas, além do Fórum que, conforme demonstrado na Figura 13, servia de lugar para

assembleias e para o mercado, semelhante à ágora grega (LAMAS, 2004).

Seguindo no tempo com as cidades europeias, o mesmo autor relata que a queda

do Império Romano fez com que diminuísse o ritmo de crescimento demográfico e,

consequentemente, da vida urbana. Com a estabilidade política e o ressurgimento do comércio

nos séculos X e XI, as estruturas urbanas na era medieval voltaram a ser mais ativas.

Os edifícios, normalmente de vários andares, formavam com suas fachadas as

ruas e praças, sendo que os espaços públicos não eram construídos em áreas separadas:

“existe um espaço público comum, complexo e unitário, que se espalha por toda a cidade e no

qual se apresentam todos os edifícios públicos e privados, com seus eventuais espaços

internos, pátios ou jardins” (BENEVOLO, 2001, p. 269).

41

Figura 13 – Reconstituição do Fórum Trajano

1. Fórum de Trajano; 2. Basílica Ulpia; 3. Bibliotecas; 4. Coluna de Trajano; 5. Templo de Trajano Divino; 6

Mercado de Trajano.

Fonte: PONCE, 2011.

Lamas (2004) descreve que o mercado é o principal lugar da cidade, onde se

efetuam as trocas e são ofertados os serviços, é um espaço aberto e público por excelência e

sua função prolonga-se pelas ruas. A Figura 14 mostra o mercado medieval de Lisboa,

retratando bem como funcionava o espaço nesse período.

Figura 14 – Imagem em azulejos so séc. XVIII, retratando o Mercado na Lisboa medieval.

Fonte: LAMAS, 2004, p. 153.

42

Com relação às praças, Lamas expõe:

É na Idade Média que se começa a esboçar o conceito de praça européia, que

atingirá o apogeu a partir do Renascimento. A praça medieval é um largo de

geometria irregular, mas com funções importantes de comércio e reunião social.

Assim, as praças medievais dividem-se geralmente na praça do mercado e na praça

de igreja (adro), ou o parvis medieval. As suas funções são diferentes e a sua

localização na estrutura urbana também. (LAMAS, 2004, p. 154).

O desenho urbano no renascimento e no barroco entre os séculos XV e XVIII

tomou forma com novos traços culturais. O capitalismo mercantilista, a nova economia e a

nova estrutura política trouxe para esse período uma nova forma ideológica de urbanismo,

com liberdade para desenhar uma cidade inteira (MUMFORD, 1998).

Na composição urbana clássica, é apresentada uma perfeita complementaridade

entre os três elementos principais: o traçado retilíneo, a quadrícula e a praça. Nesse contexto,

a praça adquire caráter de recinto, e é distinguida em três categorias: espaços destinados ao

tráfego (usados por peões ou veículos); espaços residenciais, pensado apenas para o acesso

aos edifícios e com propósitos recreativos; e espaços pedonais. Essa classificação mais tarde

resultará nas diferenças de estrutura urbana entre “largo” e “praça” (LAMAS, 2004).

No planejamento barroco, a praça residencial se configurou como um “espaço

aberto rodeado exclusivamente por moradias, sem lojas ou edifícios públicos” (MUMFORD,

1998, p. 471). A mais antiga das praças francesas em Paris, chamada na época de Place

Royale, hoje denominada Place des Vosges, como se vê na Figura 15, foi concebida

inicialmente como sítio para uma fábrica de tapetes, mas a ideia foi logo abandonada e a praça

foi dedicada exclusivamente para residências.

As novas praças, na verdade, atendiam a uma nova necessidade da classe superior,

ou melhor, a toda uma série de necessidades. Eram originalmente construídas para

famílias de aristocratas ou de mercadores, com o mesmo padrão de vida, os mesmos

hábitos. (MUMFORD, 1998, p. 471).

Com o vigor urbano estabelecido na cidade clássica (Renascentismo), a praça

adquire um valor funcional, simbólico e artístico, se torna o elemento básico da energia e

criatividade do desenho urbano e da arquitetura. Surge como espaço embelezado, um cenário

urbano com enquadramento de monumentos e também como lugar para a vida social e de

manifestações de poder (LAMAS, 2004).

43

Figura 15 – Place des Vosges, inicialmente era chamada Place Royale, foi construída no início do séc. XVII

Fonte: MELLO, 2012

Ainda de acordo com Lamas (2004, p. 203), o desenho e formas urbanas no

século XIX se tornaram complexos, sendo “caracterizado pela continuidade da cidade

clássica e barroca e pelo aparecimento de novas tipologias urbanas que vão preparando a

cidade moderna”. A transformação provocada pelas modificações sociais, como o

crescimento urbano e a industrialização, carrega em conjunto as necessidades de

infraestrutura, equipamentos, habitação e novas exigências espaciais: rua, praça,

avenida, relações entre edifício-fachada-espaço urbano promovem uma ruptura na

morfologia tradicional, e que será produzida mais tarde pela cidade moderna (LAMAS,

2004).

Quem passa a gerar as novas cidades são as minas, as fábricas e as ferrovias,

tornando-se insolúvel para o urbanista construir cidades adequadas. A conurbação propagava-

se infindavelmente no entorno das indústrias em condições insalubres de saneamento e até

mesmo sonoramente (MUMFORD, 1998). Essa falta de urbanística na cidade industrial

direcionou estudiosos a criarem o urbanismo formal, constituindo essa área como disciplina

autônoma e, de início, independente da arquitetura. Essa preocupação impulsionou a criação

44

de um novo modelo de cidade e para os urbanistas era nítida essa nova consciência do

Movimento Moderno (LAMAS, 2004).

Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM) irão promover

uma nova configuração da cidade moderna. Fortemente influenciados por Le Corbusier,

forma-se o conceito de cidade-jardim, com baixa densidade residencial e com predominâncias

dos espaços verdes (LAMAS, 2004).

Benevolo (2001, p. 631) ratifica:

As atividades recreativas são reavaliadas, e requerem espaços livres

apropriados, esparsos por toda a parte da cidade (as zonas verdes para o jogo e

para o esporte perto das casas, os parques dos bairros, os parques da cidade,

as grandes zonas verdes protegidas no território, isto é, parques regionais

e nacionais); estes espaços verdes – que na cidade burguesa são ilhas

separadas num tecido construído compacto – devem formar um espaço único,

onde todos os outros elementos resultem livremente distribuídos: a cidade se

torna um parque aparelhado para várias funções da vida urbana. (BENEVOLO,

2001, p. 631).

Complementando as teorias acima, Oliveira (2008, p. 70) diz que “é nesse

período que emerge nos Estados Unidos a reflexão sobre o crescimento das cidades e

as manifestações de retorno à natureza”. Esse momento, em que o parque urbano

fica estabelecido nos debates das intervenções urbanas, é marcado pelo projeto do

Central Park, em Nova York, de Frederic Law Olmsted e Clavert Vaux, como mostra a

Figura 16.

Nesse momento da história as atividades recreativas possuirão novas avaliações,

exigindo espaços livres apropriados, separados por toda a cidade, porém formando uma só

unidade, na qual a cidade se torna um grande parque para as diversas funções da vida urbana

(BENEVOLO, 2001).

45

Figura 16 – Projeto do Central Park, proposto por Olmsted e Vaux em 1872

Fonte: ASLA, 2009.

46

2.4.2 Parques urbanos no Brasil

No Brasil do século XIX, retratado como um período de modernização e

transformação da cidade, segundo Macedo e Sakata (2010), não existia uma rede urbana

significativa, como também não ocorria a urgência social em atender às indigências das

massas metropolitanas, como aconteciam em outros países. Os parques eram criados, apenas,

como complementação das paisagens elitizadas emergentes, repetindo os modelos

internacionais (ingleses e franceses), relevantes apenas como embelezadores de cenários.

Nesse período, o Rio de Janeiro, como Capital Federal, foi a cidade que passou

pelas mais rápidas transformações urbanas e, nesse contexto de modernização, foram criados

os três primeiros parques públicos do Brasil: o Passeio Público, criado em 1783 (Figura 17), o

Jardim Botânico, criado em 1808 (Figuras 18 e 19), e o Campo de Santana, criado em 1874

(Figura 20). Ainda, de acordo com Macedo e Sakata, o parque, no final do século XIX e início

do século XX, torna-se um elemento urbano comum, ricamente elaborado e decorado, além

disso, uma grande parte das comunidades urbanas, até mesmo as de pequeno porte, constroem

admiráveis alamedas.

Figura 17 – Planta da reforma do Passeio público, c. 1870, projetado por Auguste François Marie

Glaziou

Fonte: RIO DE JANEIRO, 2007.

47

Figura 18 – Jardim Botânico, litografia, c. 1840-1860, O Jardim Botânico e ao fundo

vê-se o Corcovado. A Aléia das Mangueiras e ao fundo Aléia das Palmeiras e

cidadãos passeando, Coleção Geyer, Centro Cultural Banco do Brasil

Fonte: RIO DE JANEIRO, 2007.

Figura 19 – Jardim Botânico, fotografia, c. 1880, portão principal do Jardim

Botanico com guarda postado na frente. Aléia das palmeiras, Coleção Gilberto

Ferrez

Fonte:RIO DE JANEIRO, 2007.

48

Figura 20 – Planta do Campo de Santana, c. 1870-1880, projetado por Auguste François Marie Glaziou

Fonte:CASA RUI BARBOSA, 2009.

O parque urbano brasileiro, como lugar de lazer, surge a partir do século XX,

quando passa a ser uma demonstração de cidadania e de conquistas democráticas. É nesse

momento que as orlas marítimas ganham um novo formato e transformam-se em lugares

elegantes, proporcionando bem estar e convívio social para a população. Macedo e Sakata

consideram as praias urbanas modelo para os parques brasileiros, não só pelo seu uso, mas

também por sua morfologia e equipamentos urbanos (MACEDO; SAKATA, 2010).

A tendência do modernismo no Brasil na década de 1930 e 1940, que já

influenciava o jovem Roberto Burle Marx, um dos mais renomados arquiteto paisagista do

Brasil, não se refletiu nos parques brasileiros, como se pode observar nos traços do Jardim

Botânico de São Paulo (Figura 21), criado em 1825 e oficializado em 1938, e no Parque

Farroupilha de Porto Alegre (Figura 22), criado em 1935. Esses parques apresentam

grandes eixos, traços geométricos, lagos sinuosos e todos os elementos da Belle Époque,

como estátuas, coretos e fontes (MACEDO; SAKATA, 2010).

Macedo e Sakata (2010) relatam que, já na década de 1950, com um crescente

processo de desenvolvimento urbano, era evidente a carência de espaços urbanos nas

cidades para o lazer da população, sendo que os poucos parques existentes eram muito

utilizados e disputados. Os autores acrescentam que a partir desta década que os parques

irão ressurgir com a inserção de equipamentos esportivos, estádios, passeios e espelhos

d’água, privilegiando a existência de espaços verdes.

49

Figura 21 – Jardim Botânico de São Paulo, registro do período de 1844-1847. Mapa

levantado pelo engenheiro C. A. Bresser.

Fonte: ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 2006.

Figura 22 – Ante projeto feito por Alfred Agache, em 1928, do Parque Farroupilha

de Porto Alegre

Fonte: MACEDO, 1973 apud GERMANI, 2002.

50

Tem-se como exemplo dessas mudanças, o Parque Rogério Pithon Farias (Figura

23), em Brasília, projetado por Roberto Burle Marx e que contempla todas as funções básicas do

parque moderno, dando ênfase no lazer ativo e nas extensas áreas de vegetação nativa. A exemplo

de muitos outros parques de Brasília, esse parque possui como equipamento de lazer a piscina,

elemento raro nos parques brasileiros (MACEDO; SAKATA, 2010).

Figura 23 – Projeto de Burle Marx para o Parque Rogério Pithon Farias

Fonte: TANURE, 2007.

Nas décadas seguintes, a consolidação do parque moderno se mantém com um

programa misto, contemplativo e recreativo, firmando os atuais procedimentos ecológicos e

priorizando a qualidade de vida. Esse conceito de parque ecológico entra no país como uma

proposta de revitalização e conservação de áreas degradadas e de várzeas que restavam

intactas, como por exemplo, a do Rio Tietê (MACEDO; SAKATA, 2010).

2.4.3 Características dos parques urbanos contemporâneos

Acompanhando as mudanças urbanísticas das cidades, os parques urbanos

contemporâneos possuem uma ampla variedade de tipologias (diferentes tamanhos, formatos,

equipamentos, temas), porém, sempre mantendo sua principal característica de trazer um

espaço livre público, rodeado de vegetação e dedicado ao lazer da população urbana.

“A liberdade de concepção e programação do parque contemporâneo brasileiro é uma

51

realidade no final do século XX. Novos programas e formas de projeto são rapidamente

ultrapassados e novas ideias são sempre bem-vindas.” (MACEDO; SAKATA, 2010, p. 47).

Usando como exemplo de parque contemporâneo, apresenta-se o Parque da

Juventude (Figura 24), em São Paulo, fruto da transformação do Complexo Penitenciário

Carandiru feito por Rosa Kliass, requalificando e implantando no local funções de

contemplação, eventos culturais, recreação infantil e prática de esportes.

Figura 24 – Parque da Juventude, em São Paulo

Fonte: GOOGLE, 2013.

As inovações nos parques urbanos ficam por conta dos programas, diversificando

seus equipamentos e comportando desde museus e marinas até praias artificiais. Essa

multifuncionalidade agrega ao parque seu uso em período integral e atrai as diversas classes e

faixas etárias da população.

Nesta etapa da pesquisa, serão apresentados conceitos e elementos de composição

estruturadora do parque urbano que serão posteriormente aplicados na elaboração do projeto

arquitetônico de um parque de cultura e lazer.

2.4.3.1 O parque urbano e suas complexidades

Como elemento morfológico das cidades, os parques contemporâneos possuem

uma relevância intrínseca para o ser humano: nas ambiências urbanas, a falta de parques gera

ruído e incomoda seus habitantes, porém, se projetado de maneira inadequada o espaço se

torna um vazio urbano, insalubre e perigoso.

52

O novo espaço urbano da cidade, usado para o lazer social, provém de uma

sociedade que sente a necessidade de contato social. Não podemos predizer os rumos que as

tecnologias eletrônicas e as redes sociais virtuais imputarão nos modos de vida das gerações

atuais e futuras, mas pode-se prever que as cidades dos congestionamentos, dos arranha-céus,

da vida corrida e estressante tende a diminuir, pelos novos modos de se relacionar entre

pessoas e pela busca contínua pela melhoria da qualidade de vida.

Nesse sentido, Gehl e Gemzoe (2002, p. 10) classificaram quatro tipos de cidades:

A cidade tradicional, onde o lugar de reunião, o mercado e o trânsito continuam

coexistindo em maior ou menor equilíbrio.

A cidade invadida, em que o único uso, geralmente as estradas, usurpa o

território à custa de outras funções do espaço urbano.

A cidade abandonada, na qual o espaço público e a vida nas ruas desaparecem.

A cidade reconquistada, em que se realizam esforços para encontrar um novo

equilíbrio entre os usos da cidade como lugar de encontro, de comércio e de

trânsito. (GEHL; GEMZOE, 2002, p. 10, tradução nossa).

Quando se planeja a requalificação de um espaço público, a tendência seria projetar

para fins específicos. Porém, interessante seria abordar uma combinação de vários aspectos

sociais, funcionais e ecológicos, além da preocupação com as vias (GEHL; GEMZOE, 2002).

Jane Jacobs diz que alguns traços no projeto de parques podem fazer a diferença e descreve:

Se o objetivo de um parque urbano de uso genérico e comum é atrair o maior

número de tipos de pessoas, com os mais variados horários, interesses e

propósitos, é claro que o projeto do parque deve promover essa generalização de

freqüência, em vez de atuar em sentido contrário. Parques muito usados como

áreas públicas genéricas costumam incluir quatro elementos em seu projeto, que

eu identificaria como complexidade, centralidade, insolação e delimitação espacial

(JACOBS, 2001, p. 112).

A complexidade que Jacobs menciona, refere-se aos diversos motivos que pessoas

teriam para frequentar o parque: descansar, brincar, praticar esporte, ou, apenas, o ócio,

assistir um jogo, ler, trabalhar, ter contato com a natureza, entre outros.

A centralidade é um espaço reconhecido como referencial ou central: um

cruzamento, um ponto de parada, um local com referência visual. A monotonia do lugar não

atrai a inventividade das pessoas, uma centralidade bem definida e agradável no parque

servirá de palco a reuniões e deixará o local imerso de pessoas.

O terceiro elemento primordial para um bom projeto de parque é essencial à vida

do ser humano: o sol. Mesmo sob uma sombra no verão, ou sobre a grama no inverno, o sol

trás energia e vitalidade para o frequentador do parque.

53

Como último elemento definido por Jacobs (2001, p. 112-115), está a delimitação

espacial: “a existência de construções à volta deles é importante nos projetos. Elas os

envolvem. Criam uma forma definida de espaço, de modo que ele se destaca como um

elemento importante no cenário urbano, um aspecto positivo, e não um excedente supérfluo”.

Jacobs conclui que, quanto mais existir diversidade de usos e usuários no

cotidiano do espaço público, mais os parques terão sucesso e naturalidade, proporcionando “à

vizinhança prazer e alegria, em vez de sensação de vazio” (JACOBS, 2001, p. 121).

2.4.3.2 Funções dos parques urbanos

O indivíduo contemporâneo, com a premissa da busca por uma melhor qualidade

de vida, tem se manifestado adepto das áreas verdes urbanas. Buscando os mais diversos tipos

de atividades para complementar e desafogar sua vida urbana, os parques urbanos surgem

para suprir essas necessidades, englobando diversas funções e usos com a preservação do

meio ambiente.

Essa multifuncionalidade dos parques contemporâneos não possui um padrão

único, devendo ser analisados de acordo com a finalidade e utilidade que foram construídos.

“Essa diversidade é reflexo das necessidades, do pensamento e do gosto de um grupo, de uma

época e de uma situação geográfica.” (SCALISE, 2002, p. 17).

Em sua maioria, os parques são considerados como elementos funcionais dos

centros urbanos que, de acordo com Corona (2002), podem ter três enfoques:

Ecológico: possuem grandes massas arborizadas com a função de recarregar

aquíferos, controle da emissão de gás carbônico, hábitat de flora e fauna,

preservação da biodiversidade, geração de microclimas, absorção de ruídos, entre

outros. A exemplo dessa tipologia tem-se o Parque Ecológico Tietê (Figura 25).

Paisagem arquitetônica: contempla a estética e sua função em melhorar a

aparência da urbe, ajudando a controlar a ruptura visual, redução do brilho e do

reflexo do sol, composto por elementos que harmonizam e melhoram a

fisionomia do lugar. Toma-se como exemplo a Praça Victor Civita (Figura 26),

projetada para reabilitação de uma área degradada.

Sociocultural: atividades recreativas, realização de atividades esportivas e

culturais, programas de educação ambiental, agradáveis lugares para o ócio,

fomento a convivência social, etc. O Parque Dona Lindu (Figura 27), no

Recife, é exemplo dessa tipologia.

54

Figura 25 – Com grandes massas aborizadas, o Parque Ecológico do Tietê, em São

Paulo estende-se por 103 km e surgiu com a pretensão de preservar a várzea ainda

intacta do rio Tietê

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

Figura 26 – O paisagismo e a arquitetura da Praça Victor Civita, em São Paulo, foi

projetado dar vida e beleza a uma área degradada

Fonte: KON, 2013.

Figura 27 – O Parque Dona Lindu, no Recife, conta com um teatro e uma galeria

para exposição desenhados por Oscar Niemeyer

Fonte: PARQUE DONA LINDU, 2014.

55

Não existe um limite, tampouco, definições rigorosas das funções de um parque

urbano, porém todos tem o objetivo de beneficiar a comunidade urbana, sendo de extrema

importância para a qualidade da vida do homem, proporcionando lazer, contato com a

natureza, saúde e convívio social.

2.4.3.3 Paisagismo

A pouca integração do ser humano com espaços verdes nas cidades urbanas é um

tanto peculiar e necessita de atenção especial no trato desse elemento nos parques. Le

Corbusier (1977, apud MASCARÓ; MASCARÓ, 2002, p. 11) perguntava-se “como fazer

compatível a cidade moderna tecnificada com a conservação (criação) de um habitat natural

para o homem”. Na projetação de parques urbanos, cria-se uma atmosfera que contribui para

o acesso ao verde, para o prazer de estar sob as sombras das árvores e o frescor que ela

proporciona. Os autores Lucia e Juan Mascaró complementam:

As formas que compões a paisagem, a natureza, deveriam ser aproveitadas para criar

uma continuidade entre o espaço natural e o construído, permitindo que a cidade se

inscreva com a facilidade no meio natural, produzindo, assim, uma transição gradual

do puramente construído, do artificial para o natural através de matizes da paisagem,

com a sua carga de transformações, confirmações ou contraposições. (MASCARÓ,

L.; MASCARÓ, J., 2002, p. 11).

O ócio e a contemplação à natureza são prazeres que se misturam às diversas

sensações que uma paisagem pode proporcionar a seus frequentadores. Para Benedito Abbud

(2006) paisagismo é a arte na qual é possível ter uma rica vivência sensorial, onde os cinco

sentidos do homem estão presentes e, quanto mais se consegue acentuar esses sentidos, mais

perto o paisagismo está de cumprir o seu dever.

O espaço paisagístico que Abbud retrata é resultante da obtenção de elementos e

condicionantes da natureza, onde o ar, a água, o fogo, a terra, a flora, a fauna e o tempo são

elementos dinâmicos, sendo que “não é possível e nem desejável planejar ambientes

geometricamente precisos e permanentes”. Além disso, para pensar o espaço paisagístico é

necessário definir, não somente os espaços cheios, mas também os vazios e o que resulta

dessa combinação, “os vazios transformados em espaços, a partir dos elementos naturais, sem

esquecer que eles são dinâmicos e mudam ao longo das estações” (ABBUD, 2006, p. 18-19).

Abordando o paisagismo como disciplina técnica, Macedo (1999, p. 24) diz que o

termo “costuma ser utilizado para designar as diversas escalas e formas de ação e estudo sobre

a paisagem, que podem variar do simples procedimento de plantio de um jardim até o

56

processo de concepção de projetos completos de arquitetura paisagística como parques ou

praças”.

São diversas as possibilidades e vantagens de se trabalhar com a vegetação: além

de contribuir para melhorar as ambiências urbanas, atua diretamente nos microclimas. Lúcia e

Juan Mascaró descrevem alguns aspectos:

modifica a temperatura e a umidade relativa do ar do recinto através do

sombreamento;

modifica a velocidade e direção dos ventos;

atua como barreira acústica;

quando em grandes quantidades, interfere na frequência das chuvas;

através da fotossíntese e da respiração, reduz a poluição do ar.

Em qualquer projeto paisagístico é importante que a vegetação seja tratada em

todos os seus aspectos, analisando e abordando critérios primordiais para a harmonia e

sucesso do projeto. Para Lúcia e Juan Mascaró (2002) é necessário abordar os seguintes

critérios:

escolha da vegetação de acordo com o clima, necessidade de rega, solo,

consumo e poupança energética, aspectos econômicos, periculosidade e

toxicidade, taxa de crescimento e biodiversidade;

localização da vegetação de acordo com recintos urbanos, espécies entre si,

espécies e edificação, espécies e infraestrutura, trânsito, indicações e

iluminação pública;

escolha de acordo com as características morfológicas da vegetação, como por

exemplo, árvores, palmeiras, arbustos e trepadeiras.

Abbud (2006) complementa que o paisagismo é uma forma de expressão

artística que, além de se pensar em um projeto que ofereça um mundo de sentidos ao ser

humano, é importante que se atente a alguns aspectos primordiais para o desenho da

paisagem, dentre eles:

espaço psicológico: são as diferenças de percepção dos espaços paisagísticos,

projetados através de materiais inertes e plantas;

lugar e não-lugar: pensar no lugar é pensar em espaços agradáveis,

convidativos que estimulam a permanência; o não-lugar são espaços que unem

dois lugares, servem de passagem, para não permanecer;

57

proporção e escala: proporção como relação de harmonia entre elementos que

compõem o jardim, escala como a relação que se estabelece entre o tamanho

dos espaços.

Ressalta-se então que o paisagismo não se restringe apenas ao plantio de árvores e

arbustos de forma desordenada. O paisagismo é uma técnica artesanal onde se aliam às

percepções e sensibilidades, conhecimentos de botânica, ecologia e clima, além de abranger

técnicas e estilos arquitetônicos. Todo esse conhecimento deve atuar em favorecimento ao

equilíbrio entre o homem e o ambiente e, quando se atribui esses elementos em um parque

urbano, busca-se, então, não um projeto de um simples jardim, mas uma valorização do lugar,

um embelezamento, espaços para o lazer, relaxamento e que proporcione ao usuário todos os

bons sentimentos.

2.4.3.4 Mobiliário urbano

Entre os elementos estruturadores dos equipamentos urbanos está o mobiliário

urbano, primordial para a composição, utilização, conforto e funcionalidade dos parques

urbanos. Em primeiro plano, pensa-se o mobiliário urbano em menor escala, como bancos,

bebedouros e lixeiras, mas o conceito é amplo e possui diversas definições.

Para a ABNT, em sua normativa NBR 9283/86 (ABNT, 1996a) trata-se de “todos

os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza

utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos ou

privados”. Celson Ferrari conceitua da seguinte maneira:

Mobiliário urbano (urban furniture, mobilier urbain, mobilaje urbana). Conjunto de

elemento materiais localizados em logradouros públicos ou em locais visíveis desses

logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar, trabalhar, recrear e

circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes,

torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus, bebedouros, sanitários públicos,

monumentos, chafarizes, fontes luminosas, etc. (FERRARI, 2004, p. 240).

Lamas aborda o mobiliário urbano de uma forma mais específica, sendo

[...] constituído por elementos móveis que “mobíliam” e equipam a cidade: o banco, o

chafariz, o cesto de papéis, o candeeiro, o marco do correio, a sinalização, etc., ou já

com dimensão de construção, como o quiosque, o abrigo de transportes, e outros. O

mobiliário urbano situa-se na dimensão setorial, na escala da rua, não podendo ser

considerado ordem secundária, dadas as suas implicações na forma e equipamento da

cidade. É também de grande importância para o desenho da cidade e a sua

organização, para a qualidade do espaço e comodidade. [...] Também se poderia referir

esse conjunto de elementos “parasitários” que nas sociedades de consumo invadem e

se colam às estruturas edificadas, como elementos postiços e móveis: anúncios,

montras, sinais, reclames, luzes, iluminações, etc. (LAMAS, 2004, p. 108).

58

Para possibilitar uma melhor análise, John e Reis (2010) elaboraram um quadro

com classificações de alguns autores (Quadro 3):

Quadro 3 – Classificação de acordo com a função conforme alguns pesquisadores

Autores Critério Classificação do mobiliário urbano

ABNT (1986a) Função

Circulação e transporte, cultura e religião, esporte e lazer,

infraestrutura, segurança pública e proteção, abrigo, comércio,

informação e comunicação visual, ornamentação da paisagem e

ambientação urbana.

Mourthé (1998 apud JOHN;

REIS, 2010, p. 183) Função

Elementos decorativos, mobiliário de serviço, mobiliário de lazer,

mobiliário de comercialização, mobiliário de sinalização, mobiliário

de publicidade.

Freitas (2008 apud JOHN;

REIS, 2010, p. 183) Função

Descanso e lazer, jogos, barreiras, abrigos, comunicação, limpeza,

infraestrutura e paisagismo.

Kohlsdorf (1996 apud

JOHN; REIS, 2010, p. 183)

Função e

escala

Elementos de informação apostos, pequenas construções, mobiliário

urbano.

Guedes (2005 apud JOHN;

REIS, 2010, p. 183)

Forma e

escala

Elementos de pequeno porte, elementos de médio porte, elementos

de grande porte.

Fonte: Adaptado de John e Reis (2010, p. 183).

De qualquer modo, a definição e classificação do mobiliário urbano conduzem a

uma forma de projetação mais específica, com mais detalhes e de importância estética

fundamental. A forma e a função estão intimamente ligadas e, juntamente com a ergonomia,

transformam o mobiliário urbano em um contexto desafiador, na qual a forma possui diversas

possibilidades de criação de modelos inovadores e a função insere com harmonia o mobiliário

na paisagem urbana, interferindo no comportamento dos usuários.

O espaço, na percepção ambiental, não é mais visto apenas como aspecto formal,

mas analisado pelos indivíduos através de suas características físico-espaciais. É através do

entendimento dessas percepções, que afetam as atitudes e os comportamentos dos usuários do

espaço urbano, que se qualifica o projeto e, consequentemente, se avalia a qualidade dos

mesmos e o desempenho do ambiente construído (REIS; LAY, 2006).

2.4.3.4.1 Desenho Universal

O uso do mobiliário em parques urbanos possui um relacionamento direto com os

aspectos ergonômicos e com a utilização por diversas tipologias de usuários. Como direito

universal, a promoção da acessibilidade já não faz mais parte da lista de opções irrelevantes.

Hoje as condições de mobilidade, autonomia, segurança e dignidade para qualquer cidadão é

resultante de uma conquista adquirida e essencial em qualquer projeto de parque urbano.

59

As discussões que envolvem o tema começaram a fazer parte das políticas

públicas mundiais somente na década de 1940, desenvolvendo-se, a partir disso, diversas

literaturas e estudos para diminuição das dificuldades de deslocamento das pessoas com

deficiência.2 No Brasil, este tema começou a fazer parte do quadro legislativo, apenas, com a

normativa da NBR 9050, de 1985, intitulada Adequação das edificações e do mobiliário

urbano à pessoa deficiente. Porém, foi só em 1988, com a promulgação da Constituição

Cidadã, que se definiu a política a ser adotada pelo país para lidar com a questão da inclusão

social em diversos segmentos da vida em coletividade.

Com as Leis Federais n. 10.048 e 10.098, de 2000, é que finalmente foram

tratadas as questões de acessibilidades espacial, estabelecendo prioridade ao atendimento de

pessoas com deficiência e instituindo normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. E é só através do

Decreto Federal n. 5.296, de 2004 (das Leis Federais n. 10.048/2000 e n. 10.098/2000), que

irá condicionar a liberação e licenciamento de projetos com a condição de se seguir os

princípios do Desenho Universal, regulamentada pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), por meio da NBR 9050 (BRASIL, 2006a).

O termo Desenho Universal, apontado pela ABNT, surgiu na década de 1970, após a

criação do conceito de “Social Design” nos países nórdicos, na qual verificaram a necessidade de

deixar mais abrangente as questões de acessibilidade, levando em consideração as diversas

características da população e criando projetos que buscassem atender a maior contingência de

usuários possíveis (DORNELES, 2006). Porém, foi em 1985 que o arquiteto norte-americano Ron

Mace denominou de Desenho Universal o conceito de que um projeto deve ser feito para a

diversidade das necessidades humanas, declinando da ideia de se fazer projetos especiais ou

adaptados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Pesquisadores do The Center for Universal Design criaram, em 1997, sete

princípios do Desenho Universal. São eles:

2 De acordo com Sassaki (2014), a partir da década de 1990, o termo “pessoas com deficiência” passa a ser o

“preferido por um número cada vez maior de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com

deficiência que, no maior evento (‘Encontrão’) das organizações de pessoas com deficiência, realizado no Recife

em 2000, conclamaram o público a adotar este termo. Elas esclareceram que não são ‘portadoras de deficiência’

e que não querem ser chamadas com tal nome. Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo

os do Brasil, estão debatendo o nome pelo qual elas desejam ser chamadas. Mundialmente, já fecharam a

questão: querem ser chamadas de “pessoas com deficiência” em todos os idiomas. E esse termo faz parte do

texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pela ONU em 13/12/06, ratificado,

com equivalência de emenda constitucional, através do Decreto Legislativo n. 186, de 9/7/08, do Congresso

Nacional; e foi promulgado através do Decreto n. 6.949, de 25/8/09”.

60

1º princípio – uso equitativo: espaços e equipamentos devem ser projetados

para a utilização de qualquer pessoa, fornecendo os mesmos meios, evitando a

segregação ou estigmatização de qualquer usuário, igualdade na privacidade e

na segurança e projetos esteticamente agradáveis a todos.

2º princípio – flexibilidade no uso: o projeto deve considerar a ampla

variedade de preferências e habilidades individuais, fornecendo escolhas de

usos e acesso tanto com a mão direita quanto com e esquerda, adaptabilidade

dos diversos ritmos dos usuários e facilitar a precisão de uso.

3º princípio – uso simples e intuitivo: uso de fácil compreensão, independente

da experiência, conhecimento, habilidades de linguagem ou nível de

concentração dos usuários, eliminando complexidade desnecessária e

organizando informações por hierarquia de importância.

4º princípio – informação de fácil visualização: comunicação visual eficaz

com informações necessárias para o usuário, independente das condições

ambientais ou habilidades sensoriais, fornecendo os diferentes modos de leitura

(pictórico, verbal e tátil) e utilização de contrastes adequados e legibilidade

máxima de informações essenciais.

5º princípio – tolerância ao erro: minimização dos perigos e consequências

adversas de ações acidentais ou não intencionais, dispondo de elementos para

minimizar riscos e erros, fornecendo avisos de perigos ou falhas nos recursos

seguros, desencorajando ações inconscientes nas tarefas que exigirem

vigilância.

6º princípio – minimização do esforço físico: o projeto deve ser utilizado de

forma eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga, permitindo ao usuário

manter uma posição corporal neutra, utilizando forças operacionais razoáveis e

minimizando ações repetitivas e de esforço prolongado.

7º princípio – tamanho e espaço adequados para aproximação e uso:

projetar espaço suficiente para aproximação, alcance, manipulação e uso,

independentemente do tamanho corporal do usuário, postura ou mobilidade,

fornecendo uma linha clara de visão para elementos importantes, com alcance a

todos os componentes estando o usuário sentado ou em pé (MACE et al., 1997,

tradução nossa) (Figura 28).

61

Figura 28 – Os sete princípios do desenho universal

1. Portas com sensores que se

abrem sem exigir força física ou

alcance as mãos de usuários de

alturas variadas

2. Computador com teclado e

mouse ou com programa do tipo

“Dosvox”

3. Sinalização de sanitário

feminino e para pessoa com

deficiência

4. Utilizar diferentes maneiras de

comunicação, tais como símbolos

e letras em relevo, Braille e

sinalização auditiva

5. Elevadores com sensores em

diversas alturas que permitam às

pessoas entrarem sem riscos

6. Torneira de sensor e maçaneta

alavanca que minimiza esforço e

torção das mãos para acioná-las

7. Poltrona para obesos em cinemas e teatros

Fonte: GABRILLI, 2012.

62

O desafio então é criar espaços, equipamentos e objetos que permitam a inclusão

de todas as adversidades. Portanto, é de fundamental importância entender e conhecer as

diferentes deficiências e restrições para posterior identificação de problemas que poderão

ocorrer ao se utilizar os parques urbanos. Para tanto, é preciso compreender as definições e

classificação de deficiência e restrição.

Para as autoras Dischinger, Bins Ely e Piardi (2012, p. 16-17), o termo deficiência

designa um “problema específico de uma disfunção no nível fisiológico do indivíduo (por

exemplo, cegueira, surdez, paralisia)” e o termo restrição designa “as dificuldades resultantes

da relação entre as condições dos indivíduos e as características do meio ambiente na

realização de atividades”. Dito isto, as autoras idealizaram uma classificação baseada em

conceitos desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), organizada de acordo

com critérios médicos e possibilitando melhor compreensão e aplicação nos projetos do

conceito de Desenho Universal.

Classificação das deficiências

Deficiências Físico-Motoras: relacionadas com a capacidade motriz, podendo

causar limitações ou impossibilidade de realizar qualquer movimento;

Deficiências Sensoriais: relacionadas ao indivíduo com perda significativa na

capacidade do sistema de percepção, ocasionando dificuldade na percepção de

diferentes tipos de informações ambientais, podendo ser classificadas em sistemas

perceptivos em orientação/equilíbrio, tátil, visual, auditivo e paladar-olfato;

Deficiências Cognitivas: relacionadas às dificuldades de compreensão e

tratamento das informações (atividades mentais), podendo afetar processos de

aprendizagem, comunicação, habilidades de concentração, memória e raciocínio;

Deficiências Múltiplas: quando apresentam mais de um tipo das deficiências

acima relacionadas.

Classificação das restrições

Restrições espaciais para atividades físico-motoras: relacionadas aos espaços que

possuem impedimento e dificuldades para a realização das atividades que dependam

de força física, coordenação motora, precisão ou mobilidade (Figura 29);

Restrições espaciais para percepção sensorial: são espaços que geram

dificuldades de percepção das informações ambientais devido à presença de

barreiras ou ausência de informações adequadas, impedindo ou dificultando a

utilização dos estímulos por meio dos sistemas sensoriais (Figura 30);

63

Restrições espaciais para atividades de comunicação: relacionadas aos espaços

que afetam a comunicação social por meio da fala ou da utilização de códigos

(excesso de ruídos, dispositivos de controle, etc.) ou ausência de sistemas de

tecnologia de apoio (Figura 31);

Restrições espaciais para atividades cognitivas: são espaços falhos no

tratamento das informações ambientais ou do desenvolvimento das relações

interpessoais em atividades que necessitam de compreensão, aprendizado e

tomada de decisão (Figura 32).

Figura 29 – Espaço impeditivo para livre

mobilidade

Figura 30 – Terminal de auto-atendimento com letras

reduzidas

Fonte: KARPAT, 2013. Fonte: DISCHINGER; BINS ELY; PIARDI, 2012.

Figura 31 – Um interfone pode dificultar o acesso a

serviços públicos para quem não escuta bem

Figura 32 – Dificuldades encontradas no tratamento

das informações existentes no meio ambiente

Fonte: DISCHINGER; BINS ELY; PIARDI, 2012. Fonte: GOVERNO DE SÃO PAULO, 2014.

Observa-se, portanto, que para o projeto de um parque urbano com um conceito de

inclusão social, torna-se necessário utilizar elementos que ofereçam estímulos sensoriais/perceptivos

e que não se constituam em restrições para a condição de usabilidade dos mesmos, proporcionando

ambientes e ambiências com o maior índice possível de apropriação de usuários.

64

2.5 PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS PARQUES

URBANOS

A necessidade de gestão de espaços públicos fez com que, no final do século XX,

algumas cidades brasileiras, como Curitiba e Rio de Janeiro, instituíssem órgãos direcionados

para a implementação e gestão de espaços livres públicos urbanos, desarticulando as

responsabilidades das secretarias de infraestrutura. Porém, na maioria das cidades o quadro que se

observa é bem diferente:

Projetos inconsistentes, incompetência profissional, programas falhos, execução

precária e materiais de segunda, todos esses fatores, além de uma crônica falta de

proposições reais de implantação de sistemas de espaços livres públicos, deixam

clara uma situação ainda grave quanto à concepção e gestão dos parques urbanos.

(MACEDO; SAKATA, 2010, p. 55).

Em decorrência disso, tem-se buscado desenvolver projetos de baixo custo de

implantação, gestão e, como consequência direta, a inclusão da sustentabilidade.

Partindo desse pressuposto, pretende-se aqui apresentar diretrizes que auxiliem o

desenvolvimento de um parque urbano, abordando conceitos e fundamentos relacionados à

implantação e gestão sustentável desses espaços. O objetivo é direcionar o estudo para o baixo

custo de implantação e gestão, favorecendo estratégias que ampliem as possibilidades de

implantação de parques urbanos, pois, para o erário municipal, um custo de operação elevado

impede a manutenção adequada de áreas públicas.

2.5.1 Planejando um parque urbano sustentável

Durante séculos as sociedades humanas mantiveram uma tênue linha de equilíbrio

com seu hábitat, tendo conhecimento, tanto de suas limitações, quanto do enorme poder existente

na natureza, no momento em que estes se manifestavam. Com o surgimento da sociedade dita

moderna, principalmente pós-revolução industrial e, consequente desenvolvimento do modo

capitalista de produção, novas relações surgiram e implantou-se um modelo de exploração com

crescente degeneração da estrutura biológica. Com essa premissa desenvolvimentista, o homem

começa a por em risco sua própria existência no planeta e é a partir dessa constatação que surge a

“conscientização ecológica” na sociedade, culminando com a instituição do ideário do

desenvolvimento sustentável.

Portanto, a compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável está

embasada nesse princípio ecológico, na qual é preciso que o ecossistema tenha capacidade de

65

se manter ao longo do tempo. Neste sentido, no ano de 1987, no relatório Our Common

Future, da World Comission on Environment and Development, comissão das Nações Unidas

chefiada na época pela primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, o conceito de

“desenvolvimento sustentável” foi definido:

Por desenvolvimento sustentável entende-se o desenvolvimento que satisfaz as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para

satisfazerem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável não é um

estado fixo de harmonia, mas antes um processo de mudança no qual a exploração

de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e as mudanças institucionais são compatibilizadas com as necessidades

futuras, assim como com as presentes. (PAIVA, 2013, p. 19).

O relatório representou um alerta dos riscos de se usar exaustivamente os recursos

naturais, apontando a necessidade de uma nova relação entre ser humano e meio ambiente. Hoje,

a urbe de uma cidade faz parte desse contexto e, apesar de uma área edificada não voltar mais ao

seu estado original, existem diversas possibilidades de se atenuar o impacto infringido. “A cidade

é considerada um ecossistema incompleto e caracterizada por elementos que se relacionam e

evoluem conjuntamente ao longo do tempo, consumindo enormes quantidades de matérias primas

e energia dos demais ecossistemas naturais” (MUNHOZ; COELHO, 2009, p. 6).

Munhoz e Coelho complementam:

Toda edificação de uma cidade faz parte de uma teia, de um contexto, de uma

história. Todo produto usado na sua construção tem um ciclo de vida específico,

relacionado a outros. Uma edificação nunca está só. Ela está impactando e sendo

impactada pelo ambiente social, cultural, econômico e interagindo com as forças da

natureza. Sendo assim, não é possível que uma construção, sozinha, seja sustentável.

(MUNHOZ; COELHO, 2009, p. 6).

De acordo com Serageldin (1994 apud PAIVA, 2013), as estratégias a serem

aplicadas para um desenvolvimento sustentável devem atender a três objetivos:

Econômico: controlando o crescimento com equidade e eficiência.

Social: envolvimento da população em iniciativas ambientais, mobilidade e

coesão social.

Ambiental: ser capaz em suas provisões, biodiversidade, entender problemas

globais e promover a integridade do ecossistema.

A relação entre esses objetivos fundamenta a procura por resoluções dos

problemas ambientais e que, aplicado nos parques urbanos, pode contribuir significativamente

para a qualidade de vida da população. De acordo com Andrade e Esteves (2012), quando os

espaços verdes urbanos são corretamente planejados, desenhados, implementados e geridos

adquire de forma global importante papel no desenvolvimento sustentável. Esse equilíbrio

66

permite uma gama de benefícios que atendem os objetivos ambientais (melhorias na

qualidade do ar, conforto climático, redução de resíduos, conservação da biodiversidade),

objetivos sociais (melhoria da qualidade visual da paisagem urbana, melhoria da qualidade de

vida através de ambientes urbanos saudáveis e equilibrados) e objetivos econômicos (redução

de custos através da gestão eficiente, redução de consumos energéticos).

Através do Quadro 4, Andrade e Esteves (2012) indicam os principais desafios

para atingir a sustentabilidade nos espaços.

Quadro 4 – Principais desafios para atingir a sustentabilidade

Desafios Benefícios

Ambientais Sociais Econômicos

Apostar no planejamento integrado x x x

Aplicar modelos de participação pública nos processos de tomada de

decisão, planejamento e desenho dos espaços verdes x

Desenvolver processos de regeneração urbana x x x

Recuperar ecossistemas e áreas degradadas x x x

Promover a criação de corredores ecológicos x

Atingir um índice de espaços verdes per capita (m2/hab) médio a alto –

indicador de qualidade de vida x x

Criação de espaços multifuncionais, aliando o recreio, produção e

conservação x x x

Adaptar o desenho às necessidades específicas locais, a fim de evitar

conflitos entre número de utilizadores locais e capacidade de carga do

espaço

x x x

Promover a regeneração natural dos substratos vegetais x x

Usar preferencialmente vegetação autóctone (nativa) x x x

Reduzir e evitar plantas que necessitem de grande acompanhamento e

manutenção e/ou de ciclo de vida curto x x

Reutilizar/reciclar materiais no desenho, implementação ou gestão dos

espaços x x

Utilizar materiais que reduzam a insolação x x x

Planejar e implementar sistemas de captação de águas pluviais, para

promover a lenta percolação da água e a sua filtragem e depuração x x

Promover uso racional da água, através da reutilização das águas

pluviais, escolha apropriada de espécies e sistemas de rega x x

Incentivar o envolvimento da população na manutenção e construção

dos espaços x

Apostar na formação dos trabalhadores x x x

Implementar uma política de resíduos zero x

Reduzir o consumo de combustíveis fósseis nas operações de manutenção x x

Implementar um sistema de monitorização aplicado aos espaços verdes x x

Fonte: ANDRADE; ESTEVES, 2012, p. i6-i7.

A partir disso, compreende-se que, para o planejamento de parques urbanos, a

implantação bem estruturada e a gestão organizada são imprescindíveis para se obter um

espaço com desenvolvimento sustentável e de alto índice de aplicabilidade nas cidades,

67

promovendo à população ambientes ecologicamente funcionais estimulando o convívio e a

preservação ambiental.

Além disso, o planejamento cuidadoso das ambiências de um parque urbano

influencia na manutenção do espaço: quando a comunidade se apropria e se identifica com o

parque ela mesma cuida e o mantém para usufruto pleno das instalações. E para que a

comunidade se identifique com o lugar é necessário planejar um espaço público de qualidade.

Para Jan Gehl (2013), são 12 os critérios determinantes para se projetar um bom espaço público:

Proteção contra o tráfego e acidentes: proteção aos pedestres, eliminar o medo

do tráfego.

Proteção contra o crime e a violência: ambiente público cheio de vida, “olhos

da rua”, sobreposição de funções de dia e à noite, boa iluminação.

Proteção sensoriais desconfortáveis: vento, chuva, frio/calor, poeira, barulho,

ofuscamento.

Oportunidades para caminhar: espaço para caminhadas, ausência de obstáculos,

boas superfícies, acessibilidade para todos, fachadas interessantes.

Oportunidade para permanecer em pé: efeito de transição/zonas atraentes para

permanência, apoios para pessoas em pé.

Oportunidade para sentar-se: tirar proveito das vantagens visuais, bons lugares

para sentar-se, bancos para descanso.

Oportunidades para ver: distâncias razoáveis para observação, linhas de visão

desobstruída, vistas interessantes, iluminação.

Oportunidades para ouvir e conversar: baixos níveis de ruído, mobiliário

urbano com disposição para paisagens e para conversas.

Oportunidades para brincar e praticar atividade física: convites para criatividade,

atividade física, ginástica e jogos durante o dia inteiro e em todas as estações do ano.

Escala: edifícios e espaços projetados de acordo com a escala humana.

Oportunidade de aproveitar aspectos positivos do clima: sol/sombra,

calor/frescos, brisa.

Experiências sensoriais positivas.

Abordando mais tecnicamente o planejamento do parque urbano, Gatti (2013)

elaborou um fluxograma (Figura 33) na qual apresenta o passo a passo para a elaboração

de projetos de espaços públicos, podendo ser adaptado de acordo com a particularidade de

cada projeto.

68

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-29

69

Assim, tomando-se por base esses conceitos, torna-se imprescindível para a

concepção de um projeto de parque urbano a análise dos fatores biofísicos e socioculturais do

sítio e entorno, bem como, das necessidades da comunidade envolvida. Além disso, a escolha

dos materiais a serem utilizados na implantação, com a maximização do aproveitamento dos

recursos disponíveis, será primordial para um parque urbano projetado sobre a égide

conceitual do desenvolvimento sustentável e que, juntamente com uma gestão eficaz, poderá

transformar esse espaço em um exemplo de cidadania e inclusão social.

2.5.2 Implantação e gestão eficientes

A aplicação do desenvolvimento sustentável em um parque urbano deve estar

calcada na elaboração de uma estratégia de implantação ecoeficiente, na qual são

estabelecidas diretrizes que norteiem a busca por construções sustentáveis e de baixo custo,

além de soluções projetuais que permitam uma gestão autossuficiente. Como descrito no item

anterior, são três as instâncias necessárias para a promoção da sustentabilidade e que devem

ser aplicadas na implantação e gestão do parque urbano: ambiental, social e econômica.

Nas diretrizes econômicas, todas as formas de angariar recursos para a

implantação e gestão do parque, com o mínimo de oneração ao erário público, são

necessárias. Uma das possibilidades é a Parceria Público-Privada, prevista na Lei Federal n.

11.079/2004, na qual como patrocinadora do espaço, o setor privado poderá ter um período

fixo de concessão para uso de restaurantes, quiosques, aluguel de bicicletas e benfeitorias

feitas na área de manutenção e segurança do parque.

Outra possibilidade consiste no instrumento denominado de Pagamento por

Serviços Ambientais (PSA), previsto na Lei Federal n. 12.651/2012, sendo definido em seu

art. 41 como:

Art. 41. É o Poder Executivo Federal autorizado a instituir, sem prejuízo do

cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à conservação

do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que

conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos

ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente

sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as

seguintes categorias e linhas de ação:

I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou

não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços

ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente: [...]

b) a conservação da beleza cênica natural;

c) a conservação da biodiversidade; [...]

f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico; [...]

h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso

restrito. (BRASIL, 2012).

70

As soluções arquitetônicas e urbanísticas, juntamente com a escolha correta de

materiais com melhor custo/benefício e dotados de tecnologias ambientalmente amigáveis ou

sustentáveis, são medidas eficientes que deixam o projeto mais barato. Para o arquiteto

espanhol Luis de Garrido (PELAIO, 2011) existem diversos indicadores que direcionam o

projeto para uma construção de baixo custo, entre eles: otimização de recursos e matérias (por

ex. fazer uso da topografia natural do terreno, reduzir ao máximo a pavimentação),

diminuição do consumo energético no transporte de materiais e da mão de obra, diminuição

de resíduos e emissões, projetar de forma integrada o entorno econômico e projetar com

soluções simples.

As soluções no âmbito ecológico irão atuar diretamente na economia de custos de

operação do parque. Entre as soluções estão:

promover o uso de energias naturais renováveis: autossuficiência energética

solar e eólica (postes de iluminação com painéis fotovoltaicos, aerogeradores);

reduzir o consumo de energia: tipologias bioclimáticas (conforto térmico e

visual ecoeficiente);

utilização de materiais ambientalmente amigáveis;3

promover a escolha adequada de mobiliário urbano em quantidade e qualidade

(necessidades, tipologia, intensidade de uso, relação preço/durabilidade/

qualidade);

reutilização de águas pluviais: implantação de estação de tratamento de água

compacta;

tratamento de efluentes: implantação de estação de tratamento de esgoto

compacta;

implantar um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (Lei n.

12.305/2010);

implantar um Projeto de Recuperação Ambiental (Decreto n. 97.632/1989, da

Lei n. 6.938/1981).

3 Materiais ambientalmente amigáveis possuem: desempenho técnico; adequação ao local de instalação; vida útil

nas condições de uso e manutenção esperadas; previsão de detalhes de projeto que possam prolongar a vida útil

do edifício e suas partes; redução da geração de resíduos utilizando, por exemplo, elementos modulares e pré-

fabricados; utilização de recursos naturais renováveis; minimização de emissões de gases de efeito estufa;

consumo de água e energia no processo de produção industrial (energia embutida) e no próprio canteiro de obras;

baixa agressividade à saúde e minimização da emissão de compostos orgânicos voláteis (COV) e outros

componentes tóxicos; uso de recursos locais; facilidade de reuso ou reciclagem após sua vida útil) (ASBEA,

2012).

71

Quanto às diretrizes sociais, pode ser aplicada a educação ambiental associado à

gestão, por meio de eventos comunitários de preservação e manutenção do parque e, em

contrapartida, oferecer possibilidades como recargas de eletrônicos (energia solar) e

bebedouros públicos com água tratada. No município de Florianópolis, a Lei Ordinária n.

2.668/87, alterada pela Lei Ordinária n. 9.663/13 e regulamentada pelo Decreto Municipal n.

106/88, instituiu a adoção, a título não oneroso e por convênio, de áreas públicas por

empresas privadas, de economia mista, empresas governamentais ou entidades associativas,

sediadas em Florianópolis, com objetivos de manutenção, conservação e melhoria, conforme

expresso no art. 1°, transcrito abaixo:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado, para fins de manutenção, conservação e

melhoria de equipamentos de lazer, esporte, educação e cultura de praças, parques,

jardins, passarelas, quadras de esportes, decks e trapiches, trilhas e caminhos

catalogados pelo município, pistas de skate-skateparks, estrutura física de

bibliotecas e escolas públicas municipais, a conveniar com empresas privadas, de

economia mista, empresas governamentais ou entidades associativas, todas

estabelecidas em Florianópolis, pelo instrumento de adoção, a título não oneroso,

respeitados os limites e imposições do Código de Posturas, Lei nº 1.224, de 1974 do

Município e da Lei nº 8.666, de 1993.

Todas as melhorias a serem propostas paras as áreas adotadas devem ser avaliadas

e chanceladas pela Fundação Municipal do Meio Ambiente, sendo as modalidades de adoção

definidas pelo art. 3° do Decreto Municipal n. 106/88 como:

I - a adoção com responsabilidade total: responsabilizando-se o adotante pela

integral manutenção da área e seus equipamentos, inclusive com fornecimento de

mão-de-obra;

II - a adoção com responsabilidade parcial: a Prefeitura Municipal efetuara a

aquisição do material e a prestação de serviços de mão-de-obra, ficando o adotante

com o ônus de reembolsar o total das despesas;

III - a adoção através do patrocínio de melhorias: o adotante assume ônus com os

custos de introdução de melhorias, como equipamentos, iluminação, piso, etc.

Os parques urbanos são vistos como organizações. Como tal, necessitam de

recursos para atingir o conjunto de objetivos previamente traçados, sendo a adoção efetuada

por empresas locais, um bom exemplo de ações sociais relacionadas à gestão sustentável, que

resultará no desenvolvimento de trabalhos e disponibilização de bens e serviços à

comunidade.

O Institulo Públix para o Desenvolvimento da Gestão Pública (2006 apud

BALOTTA; BITAR, 2009), ao abordar este tema em uma pesquisa em diversos países,

constatou que não existe um único modelo, tampouco, uma política de gestão definida;

existe, no entanto, uma dificuldade na realização da manutenção destas áreas. De acordo

72

com os autores, para realizar uma gestão adequada é necessário monitorar o parque e

realizar estudos e acompanhamento comportamentais de fenômenos, eventos e situações

particulares, possibilitando a realização de avaliação e comparação. “O monitoramento

subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do

ambiente em estudo, auxiliando na definição das melhores políticas a serem adotadas”

(BALOTTA; BITAR, 2009, p. 7).

Para que todas essas diretrizes corroborem ao ciclo de vida sustentável do parque,

o projeto como um todo deve ser bem planejado, com uma administração eficaz da

implantação e ter uma gestão competente. A maioria das cidades no Brasil não possuem

sistemas de gerenciamento de parques urbanos e, consequentemente, deixam a desejar na

manutenção destes espaços.

2.6 MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Esse item irá abordar materiais e tecnologias construtivas que irão auxiliar na

elaboração do projeto do parque, satisfazendo as necessidades decorrentes de uma

implantação com responsabilidade ambiental. A conduta ao se escolher esses materiais

construtivos é determinante para a contribuição do desenvolvimento sustentável, sendo

necessário analisar seu impacto sobre o meio ambiente e sua consequência socioeconômica.

A extração, o beneficiamento e o transporte dos materiais para a construção civil é

um dos maiores causadores de impacto ambiental do mundo, consumindo enormes

quantidades de energia e recursos naturais, além de ser um grande emissor de poluentes

atmosféricos. Por isso, a produção responsável desses materiais deve ser sempre verificada e,

para tal, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) criou seis passos iniciais

para a seleção de insumos e fornecedores com critérios de sustentabilidade:

1) Verificação da formalidade da empresa fabricante e fornecedora: se o CNPJ de

uma empresa não é válido significa que o imposto não está sendo recolhido ou

que a empresa não tem existência legal.

2) Verificação da licença ambiental: nenhuma atividade industrial pode operar

legalmente sem licença ambiental, concedida pelo órgão ambiental estadual. A

existência da licença não é garantia contra impactos ao meio ambiente, mas a sua

ausência praticamente elimina qualquer possibilidade de respeito à lei.

3) Verificação das questões sociais: trabalho infantil, trabalho escravo, trabalho em

condições precárias de higiene, com jornadas excessivas e sem alimentação

adequada devem ser combatidos.

4) Qualidade e normas técnicas do produto: a baixa qualidade dos produtos é uma

fonte importante de desperdício, produtos que não apresentam desempenho

adequado acabam sendo substituídos, gerando custos e resíduos. As normas

técnicas são o critério mínimo de qualidade vigente e seu respeito é obrigatório

no Brasil.

73

5) Consultar o perfil de responsabilidade socioambiental da empresa: a

responsabilidade social é a tradução e incorporação dos valores e compromissos

das empresas em todas suas formas de relações em seus negócios. É assumir uma

co-responsabilidade dos insumos e serviços adquiridos, assim como tornar sua

própria prática transparente para a sociedade.

6) Identificar a existência de propaganda enganosa: é necessário que o cliente

confirme a consistência e relevância das afirmações de eco-eficiência dos

produtos e processos declarados pelos fornecedores. Mesmo produtos

certificados podem levar a equívocos: qual o critério da certificação? Estes

critérios são públicos? Qual a seriedade do processo? (CBCS, 2014, p. 1-6)

A partir dessa pré-seleção, escolhe-se então dentro de uma ampla gama de

materiais, os que irão se encaixar com a tipologia pretendida no projeto. Nesse estudo, serão

analisadas a sustentabilidade e a aplicação dos materiais de construção básicos (madeira e

concreto armado), além dos sistemas de pavimentação usualmente implantados em áreas

abertas. A partir desse embasamento, serão definidos os tipos ideais para futura aplicação no

parque.

2.6.1 Madeira

Pioneira nos processos construtivos da humanidade, a madeira foi muito utilizada

pelos egípcios e gregos, pois se adequava às exigências estéticas desses povos, que tinham

preferência pelas linhas retas. Poucos são os registros de estruturas antigas que sobreviveram

as intempéries, prejudicando a historicidade do uso da madeira na antiguidade. Porém, as

características da madeira são únicas e indiscutíveis, pois agregam à beleza e ao aconchego as

vantagens do conforto térmico, leveza, facilidade de manuseio, fonte renovável (com

responsabilidade ambiental), resistência mecânica e durabilidade, fazendo desse material uma

opção de fácil aceitação e aplicabilidade nos projetos (REBELLO, 2007).

Apesar de o Brasil possuir uma das maiores reservas florestais do mundo, de

acordo com Oliveira (2009), o uso da madeira ocorre em apenas 14% das edificações,

enquanto que, para Rebello (2007), nos países escandinavos essa estatística sobe para 80% do

total. Rebello relata ainda que uma exploração adequada e consciente permite o uso

indefinido da madeira, possuindo a característica de ser permanentemente renovável.

“Resultados de um estudo feito na Suíça, no qual uma mesma tipologia de edifício foi

executada com diversos materiais de construção, mostram que a madeira é o material de

construção que menos energia consome para produzir o edifício.” (REBELLO, 2007, p. 232).

Porém, como aspecto negativo, a madeira está sujeita à degradação biológica,

tanto por parte das intempéries quando utilizada no exterior, como aos ataques de fungos,

74

brocas e cupins. Além disso, a madeira está sujeita a ação do fogo, principal fator negativo

para o uso desse material.

Como material de sistemas construtivos, as madeiras estão classificadas em dois

tipos: madeiras maciças (bruta, falquejada ou serrada) e madeiras industrializadas

(compensada, laminada e recomposta) (PFEIL, W.; PFEIL, M., 2003). Para o propósito deste

trabalho, será abordada a madeira laminada colada, a mais indicada para estrutura que

requeiram grandes vãos.

2.6.1.1 Madeira Laminada Colada (MLC)

A MLC é um produto considerado estrutural formado a partir de pequenas

lâminas de madeira com suas fibras paralelas entre si e unidas por colagem sob pressão.

Idealizadas em 1905, na Alemanha, com grande aceitação na Europa, foi popularizada nos

Estados Unidos e, em 1940, com a industrialização das madeiras e colas, o sistema laminado-

colado progrediu (REMADE, 2003).

Com um grande leque de possibilidades de aplicações, a MLC pode ser usada

desde escadas e passarelas até estruturas que necessitem de grandes vãos, como ginásios e

pavilhões (Figuras 34 a 36). De acordo com a Revista REMADE (2003), entre as vantagens

do uso da MLC estão:

grandes vãos: alta capacidade de carga e um baixo peso próprio;

formas livres: plasticidade e flexibilidade com curvaturas;

alta resistência ao fogo: é mais segura que um aço desprotegido em caso de

incêndio, pois uma camada carbonizada se formada ao redor do núcleo

reduzindo a entrada de oxigênio e calor diminuindo o tempo de queima total;

estabilidade dimensional: possui baixa umidade, o que reduz o comportamento

de dilatação e retração;

resistente: resistente a substâncias químicas e agressivas;

material natural e processado: as técnicas de secagem e homogeneização da

madeira permite uma estabilidade maior do que a madeira comum;

contribuição para a proteção do meio ambiente: o CO2 armazenado durante o

crescimento de uma árvore é retirado da atmosfera e é absorvido por um longo

período de tempo;

matéria prima renovável: a madeira utilizada para fabricar a MLC vem das

florestas plantadas ou manejadas.

75

Figura 34 – Sede do Laboratório de Remediação de

Águas Subterrâneas da UFSC

Figura 35 – Richmond Olympic Oval, Vancouver,

Canadá, projetado pelo escritório Cannon Design

Fonte: Acervo próprio, 2011. Fonte: CANNON DESIGN, 2010.

Figura 36 – Pavilhão de exposições de Avignon, França

Fonte: AVIGNON PARC EXPO, 2014.

2.6.1.2 Bambu Laminado Colado (BLC)

Como nova tendência de uso, além das madeiras de florestas plantadas, está o

bambu, nesse caso, chamado Bambu Laminado Colado (BLC) (Figura 37). O potencial

construtivo do bambu já é de amplo conhecimento nos países asiáticos e, no Brasil, a

fabricação de mobiliários e pisos de BLC é bastante difundida. Entre as vantagens de seu uso

estão o baixo custo da matéria-prima, alta produtividade, fácil cultivo e o baixo impacto ao

meio ambiente (PEIXOTO, 2008).

76

Figura 37 – Centro Comunitário em Sichuan, na China, do escritório Oval Partnership

Fonte: THE OVAL PARTNERSHIP, 2009.

No Brasil, a Lei Federal n. 12.484, de 8 de setembro de 2011, institui a Política

Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu (PNMCB), com o objetivo

de valorizar o bambu como agro-silvo-cultural capaz de suprir necessidades ecológicas,

econômicas, sociais e culturais; incentivar o desenvolvimento tecnológico e de polos de manejo

sustentado, cultivo e de beneficiamento de bambu (BRASIL, 2011). Apesar do incentivo, a

produção de BLC ainda é pequena, deixando o produto com alto custo de investimento.

2.6.2 Concreto armado

O concreto armado, resultante da mistura controlada de agregados (areia, pedra),

aço, cimento e água, tornou-se o material de construção mais popular do mundo,

consequência de sua farta matéria-prima e, principalmente, por sua plasticidade (Figura 38).

No entanto, o fator poluidor associado à extração e beneficiamento dos agregados e do aço,

somado ao impacto ambiental relacionado à fabricação do cimento, transformou a produção

do concreto em uma das atividades humanas com maior potencial poluidor do meio ambiente.

Figura 38 – A plasticidade do concreto nas obras de Oscar Niemeyer

Fonte: Foto de Leonardo Finotti (ALMEIDA, 2014).

77

O material mais consumido no mundo depois da água é o cimento, composição

essencial do concreto e, também, um dos maiores responsáveis pela poluição do meio

ambiente (ABPC, 2009). Um composto semelhante ao cimento teve origem há mais de 4.500

anos, utilizado pelos egípcios. O cimento Portland, o mais utilizado na atualidade, foi

descoberto no início do século XIX e é obtido através da pulverização do clínquer,

composição granulosa resultante da calcinação do silicato hidráulico de cálcio, sulfato de

cálcio natural (BAUER, 2000).

No Brasil, o uso de cimento só começa a ter valor a partir de 1924, com a

instalação de uma fábrica de cimento Portland na cidade de Perus, no Estado de São Paulo

(ABPC, 2009).

Em seu processo de fabricação, há emissão de gases poluentes, principalmente o

CO2, resultante da queima do clínquer, o alto consumo de recursos naturais não renováveis e o

consumo energético nos processos de extração, fabricação, transporte e construção

(RIBEIRO, 2010). Algumas soluções têm sido consideradas satisfatórias para a diminuição do

impacto ambiental e, consequentemente, diminuição do custo do produto final, entre as quais:

redução do cimento no concreto (50% a 70% da massa de clínquer pode ser

substituída por diversos materiais complementares);

reaproveitamento de resíduos industriais no lugar da matéria-prima (cinzas

volantes de usinas termoelétricas, pozolanas naturais, escória de alto forno da

indústria do aço, cinzas de casca de arroz);

reaproveitamento de resíduos de construção na substituição de agregado

(MEHTA, 2008).

O cimento tipo CPIII, normatizado pela NBR 5735/91, é exemplo de iniciativa de

sustentabilidade, composto de 70% de escória de alto forno (material altamente contaminável)

e possuindo características de alta durabilidade e resistência (GRANDES CONSTRUÇÕES,

2012). Apesar de existirem diversas soluções para a diminuição do impacto ambiental das

indústrias da construção civil, os avanços tecnológicos ainda são pequenos, sendo necessário

ampliar os esforços para a disseminação e conscientização da redução da produção de

cimento.

2.6.3 Pavimentação

A urbanização traz consigo diversos fatores que interferem nos ciclos do meio

ambiente. Dentre estas interferências, a impermeabilização do solo (através da pavimentação

78

em vias e terrenos) provoca consequências, por vezes, desastrosas, ao passo que apresenta

caráter determinante no aumento do fluxo pluvial (tendo em vista a diminuição de áreas para

infiltração de águas das chuvas), propiciando o surgimento de enchentes e deslizamentos,

além de interferir no regime de retroalimentação dos lençóis freáticos.

Deste modo, várias pesquisas tem se realizado para diminuir a impermeabilização

do solo, principalmente, em áreas onde o tráfego é leve. Os diversos tipos de pavimentação

sustentável prometem uma permeabilidade em torno de 90%, bastante superior, por exemplo,

às taxas de 10 a 15% de permeabilidade nos asfaltos tradicionais para o escoamento das águas

pluviais (UNB, 2011).

Nos parques urbanos, a pavimentação adequada facilita a acessibilidade e previne

alagamentos e empoçamentos. Dentre os locais que necessitam de pavimentação, destacam-se

os estacionamentos, passeios, pistas de caminhada, ciclovias, pistas de skate, quadras

esportivas e anfiteatros. A seguir, estão relacionados alguns dos tipos de pavimentação

passíveis de utilização nos parques urbanos:

Piso-grama, pavimento intertravado: podem ter em sua composição solo

cimento, casca de ostra e marisco. Ideais para estacionamentos, passeios e

anfiteatros (Figura 39).

Ecopavimento: grelha plástica com uma camada superficial de granito, areia,

grama ou agregado de borracha de pneu picado, aglutinado com resina. Ideais

para estacionamentos e passeios (ECOTELHADO, 2014) (Figura 40).

Asfalto-borracha: agrega pneu moído, deixando o asfalto mais resistente e com

porosidade suficiente para permeabilidade da água. Ideais para

estacionamentos e ciclovias (Figura 41).

Concreto permeável: preparado com agregado graúdo de granulometria

homogênea, com pouca ou nenhuma areia, para maior resistência podem ser

adicionadas substâncias como cinza de carvão mineral, pozolana, microssílica

e escória de altos fornos. Ideais para estacionamento, passeios, ciclovia, pista

de skate, pista de caminhada, quadra esportiva e anfiteatro (MAZZONETTO,

2011a) (Figura 42).

79

Figura 39 – Piso grama (esq.) e pavimento intertravado (dir.)

Fonte: RHINO PISOS, 2014.

Figura 40 – Ecopavimento

Fonte: ECOTELHADO, 2014.

Figura 41 – Asfalto-borracha aplicado pela EcoVias

em 30 km da serra da via Anchieta, São Paulo

Figura 42 – Concreto permeável

Fonte: MAZZONETTO, 2011b. Fonte: MAZZONETTO, 2011a.

80

2.7 CADERNO DE REFERENCIAIS

O intuito de reunir referenciais arquitetônicos é o de formar um embasamento

visual e conceitual para posterior contribuição ao desenvolvimento projetual do parque

urbano. Serão apresentados referenciais pertinentes ao provável programa do parque,

considerando soluções arquitetônicas e ideias que contribuam para uma melhor

funcionalidade das ambiências e utilização dos materiais.

2.7.1 Referenciais urbanísticos

Parque Ibirapuera, São Paulo/SP

Como principal elemento referencial deste projeto, a grande marquise desenhada

por Oscar Niemeyer traz conectividade entre os equipamentos e se configura como uma

centralidade no parque.

Ficha técnica

Local: Bairro Ibirapuera, São Paulo/SP

Data: 1954

Área: 1.585.000 m2

Autores: Uchoa Cavalcanti e Ícaro de Castro Melo

Arquitetura: Oscar Niemeyer

Paisagismo: Eng. Agr. Otávio Augusto Teixeira Mendes

Praça do Viveiro Manequinho Lopes: Burle Marx & Cia.

Atividades: contemplação, recreação infantil, esporte, eventos culturais, feiras.

Figuras complementares (ver Figura 45): Museus (MAM, Museu do Folclore, Pavilhão da Bienal e Museu da

Aeronáutica), Planetário, Escola de Astrofísica, Casa da Cultura Japonesa, viveiro de mudas, ciclovia,

espelho d’água, playground, quiosque, lanchonetes, restaurantes, quadras esportivas, esculturas, ponte,

pérgula, estufa, estacionamento, pista de cooper, galpão de exposições, equipamentos de ginástica, sanitários,

bebedouros, mesa para jogos, mesa para piquenique, bancos, lixeiras, cercamento (MACEDO; SAKATA,

2010).

Figura 43 – Vista aérea da marquise do Parque Ibirapuera

Fonte: PMSP, 2014.

81

Figura 44 – Marquise

Fonte: PARQUE IBIRAPUERA, 2014.

Figura 45 – Mapa do Parque Ibirapuera

Fonte: PARQUE IBIRAPUERA, 2014.

82

Parque da Juventude, São Paulo

A requalificação da antiga penitenciária do Carandiru feita por Rosa Kliass

proporcionou um destino digno para o espaço. Os diversos equipamentos esportivos garante a

recreação da juventude e suas passarelas levam o usuário a uma atmosfera de contemplação

íntima e cordial.

Ficha técnica

Local: Bairro Santana, São Paulo/SP

Data: 2003-2005

Área: 240.000 m2

Autores: Rosa Kliass Arquitetura

Arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos

Paisagismo: Planejamento e Projeto – Rosa Kliass, José Luiz Brenna

Praça do Viveiro Manequinho Lopes: Burle Marx & Cia.

Atividades: contemplação, recreação infantil, esporte, eventos culturais.

Figuras complementares (ver Figura 48): estacionamento (1), quadras (2), pista de skate (3), lanchonete (4),

vestiário (5), pavilhão (6), estação Carandiru (7), anfiteatro (8), playground, passarelas, muralha, ruínas,

ponte (MACEDO; SAKATA, 2010).

Figura 46 – Vista aérea do Parque da Juventude

Fonte: MACEDO; SAKATA, 2010, p. 210.

83

Figura 47 – Parque da Juventude: quadras esportivas (esq.) e passarelas contemplativas (dir.)

Fonte: GUERRA, 2012.

Figura 48 – Mapa do Parque da Juventude

Fonte: MACEDO; SAKATA, 2010, p. 210.

84

Jardim Botânico, Curitiba

O contato com a natureza no Jardim Botânico leva o usuário a um escape da vida

urbana e conscientiza-o da importância da conservação dos recursos naturais.

Ficha técnica

Local: Bairro Jardim Botânico (antigo Capanema), Curitiba/PR

Data: 1991

Área: 278.000 m2

Autores: Arqs. Domingo Bongestabs, Jair Couston, Mário Küster, Regina Tsuneta Nagashima, Maria Lúcia

Rodrigues, Elias Abrão e Célia Bim

Atividades: conservação de recursos naturais, contemplação, eventos culturais, esportes.

Figuras complementares (ver Figura 51): pórtico (1), estacionamento (2), estacionamento de motos (3),

velódromo (4), quadras esportivas (5), totem (6), chafariz (7), cascata (8), estufa (9), área para exposições

(10), sanitários (11), museu botânico (12), ponte (13), campo de futebol (14), espelho d’água (15), pista de

cooper, loja, equipamento de ginástica, mirante, escadarias, trilhas, bebedouro, bancos, lixeiras, cercamento

(MACEDO; SAKATA, 2010).

Figura 49 – Vista aérea Jardim Botânico de Curitiba

Fonte: ESPAÇO THÁ, 2011.

Figura 50 – Jardim Botânico, estufa metálica (esq.), Jardim das Sensações (dir.)

Fonte: CURITIBA, 2014.

85

Figura 51 – Mapa do Jardim Botânico

Fonte: MACEDO; SAKATA, 2010, p. 106.

86

Parque Tom Jobim, Rio de Janeiro

Desenhado por Burle Marx, o parque possui um contato direto com a Lagoa

Rodrigo de Freitas, proporcionando aos usuários, além das diversas práticas esportivas, um

forte convício social e a contemplação da beleza exuberante do Rio de Janeiro.

Ficha técnica

Local: Bairro Lagoa, Rio de Janeiro/RJ

Data: 1995

Área: 210.000 m2

Autores: Arqs. Haruyoshi Ono, Burle Marx & Cia.

Atividades: contemplação, recreação, comércio, esportes.

Figuras complementares (ver Figura 54): pista de skate, quadra de vôlei, quadra esportiva, quadra de tênis,

pérgula, quiosque, deck de madeira, playground, lanchonete, heliporto, anfiteatro, sanitários, guarita,

estacionamento, bancos, mesas para jogos, lixeiras, cercamento (MACEDO; SAKATA, 2010).

Figura 52 – Vista aérea do Parque Tom Jobim, Rio de Janeiro

Fonte: MACEDO; SAKATA, 2010, p. 157.

Figura 53 – Parque Tom Jobim

Fonte: VIEIRA, 2008.

87

Figura 54 – Mapa do Parque Tom Jobim

Fonte: MACEDO; SAKATA, 2010, p. 158.

88

Parque Micaela Bastidas, Buenos Aires, Argentina

Em cidades mais frias, os espaços abertos proporcionam o convívio social e o

aconchego do aquecimento solar. O parque em Buenos Aires possui, além dessa proposta, a

recreação e os espaços livres para a prática esportiva.

Ficha técnica

Local: Bairro Puerto Madero, Buenos Aires/Argentina

Data: 2002

Área: 50.000 m2

Autores: Alfredo Garay, Irene Joselevich, Nestor Magariños, Graciela Novoa, Adrián Sebastián y Marcelo Vila

Paisagismo: Eng. Fernando González.

Atividades: contemplação, recreação, esportes.

Figuras complementares (ver Figura 57): plaza del sol (1), plaza del huerto (2), plaza de los niños (3)

(ARCHIVO CLARIN, 2002).

Figura 55 – Vista aérea do Parque Micaela Bastidas

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 56 – Espaços de lazer

Fonte: DEDE, 2013.

89

Figura 57 – Planta do Parque Micaela Bastidas

Fonte: ARCHIVO CLARIN, 2002.

90

Parque Urbano de São Romão, Leiria, Portugal

A centralidade desse parque se dá através do espaço para a prática dos esportes

radicais, como o skate e a escalada. Além disso, espaços livres e pistas para caminhadas

proporcionam ao usuário convívio social e sua iluminação permite as práticas em qualquer

horário do dia.

Ficha técnica

Local: Leiria, Portugal

Data: 2006

Área: 48.000 m2

Autores: João Nunes, Carlos Ribas (PROAP Arquitetura)

Arquitetura: António Garcia

Atividades: contemplação, recreação, esporte (PROAP, 2006).

Figura 58 – Vista geral do Parque Urbano de São Romão

Fonte: PROAP, 2006.

Figura 59 – Pista de skate (esq.) e paredão de escalada (dir.)

Fonte: PROAP, 2006.

91

2.7.2 Referenciais arquitetônicos contemporâneos

Figura 60 – Centro de visitantes do Jardim Botânico do Brooklyn, New York, EUA, projeto de Weiss/Mandredi.

A cobertura verde do edifício garante a proposta do convívio e preservação da natureza

Fonte: WEISS/MANFREDI, 2012.

92

Figura 61 – Pavilhão fotovoltaico da Universidade de Potsdam, Alemanha, utilizado como espaço para eventos

sociais, debate de ideias e apresentações, projeto de O&O Baukunst

Fonte: O&O BAUKUNST, 2012.

93

Figura 62 – Centro cível criado para o município de Modica, Itália, projeto de Emanuele Fidone

Fonte: FIDONE, 2012.

94

Figura 63 – Centro Poliesportivo de Eichi Niederglatt, Suíça, projeto por L3P Architekten

Fonte: L3P ARCHITEKTEN, 2008.

95

Figura 64 – Centro Comunitário Oostcampus, Bélgica, projetado por Carlos Arroyo e Vanessa Cerezo

Fonte: ARROYO; CEREZO, 2012.

96

Figura 65 – Centro de Visita do Viveiro Nacional de Canberra, Austrália, projetado por Tonkin Zulaikha Greer

Arquitetos

Fonte: TZG ARQUITETOS, 2012.

97

2.7.3 Mobiliário

Figura 66 – Proteção solar no Jardim Australiano, projetado por Taylor Cullity Lethlean + Paul Thompson

Fonte: LETHLEAN; THOMPSON, 2012.

Figura 67 – Red Ribbon Parque de Qinhuangda, Hebei, China, projeto de Turenscape

Fonte: TURENSCAPE, 2007.

98

Figura 68 – Mobiliário urbano utilizando material reciclável, centro urbano de Bologna, projeto de Gravalos &

Dimonte

Fonte: DI MONTE; GRAVALOS, 2014.

99

Figura 69 – Playground escultural, Wiesbaden, Alemanha

Fonte: ANNABAU ARCHITEKTUR UND LANDSCHAFT, 2011.

100

Figura 70 – Equipamentos esportivos, Hafenpark, Frankfurt, Alemanha, projeto de Sinai Arquitetos e Paisagistas

Ltda.

Fonte: SINAI, 2014.

101

Figura 71 – Cerca escultural móvel, giram e servem de bancos e painéis para exposições. Lentspace, Brooklyn,

New York, EUA, projetado por Interboro

Fonte: INTERBORO PARTNERS, 2009.

102

Figura 72 – Nessie, mobiliário urbano modular, Bologna, Itália, desenhado por BScape Arquitetura e Paisagismo

Fonte: BSCAPE ARCHITETTURA DEL PAESAGGIO, 2012.

103

Figura 73 – Urban Nature Skatepark, Alingsås, Suécia, projeto de Traverso-Vighy Architetti

Fonte: TRAVERSO-VIGHY ARCHITETTI, 2009.

104

Figura 74 – Banheiro público, Lady Bird Lake Trail, Austin, Texas, EUA, projeto de Miro Rivera Architects

Fonte: MIRO RIVERA ARCHITECTS, 2011.

105

Figura 75 – Summer Cinema, Moscou, Rússia, projetado por Wowhaus Architecture Bureau

Fonte: WOWHAUS ARCHITECTURE BUREAU, 2011.

106

3 ANÁLISES DE MODELOS ARQUITETÔNICOS

Como complemento teórico deste trabalho, serão feitas duas análises de modelos,

exemplos construídos e fidedignos que irão contribuir especialmente no desenvolvimento do

projeto do tema proposto. A escolha dos modelos foi definida a partir do reconhecimento de

características similares espaciais as do tema estudado, na qual se pretende compreender a

relação do entorno com a sua organização espacial, ambiências e seus aspectos qualitativos

referentes aos materiais e volumetria.

A primeira obra a ser analisada será a Praça Victor Civita. Inaugurada em 2008, e

situada no município de São Paulo, foi projetada pelo escritório Levisky Arquitetos

Associados, com participação da arquiteta convidada Anna Dietzsch e do paisagista Benedito

Abbud. A escolha do projeto se deu, principalmente, por ser um espaço incentivador do

desenvolvimento comunitário, cultural e educacional e por ter sido elaborada a partir de

premissas sustentáveis.

A segunda obra analisada será o Parque Madureira, localizada no Rio de Janeiro e

inaugurado em 2012, sendo que o estudo preliminar foi idealizado pelo engenheiro Mauro

Bonelli e projetado posteriormente pelo escritório Ruy Rezende Arquitetura. O parque é o

primeiro espaço público no Brasil a conquistar o selo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e

possui amplo reconhecimento do público.

Para melhor compreensão das obras, serão utilizados os aspectos de análise da

paisagem abordados por Gordon Cullen (1971), que faz uso de três categorias para perceber e

descrever a paisagem (ótico, local e conteúdo) e Kevin Lynch (1997), que faz uma leitura

urbana através de indicadores da qualidade visual do espaço (vias, limites, zonas homogêneas

ou bairros, pontos nodais e marcos).

3.1 PRAÇA VICTOR CIVITA, SÃO PAULO

Nas duas últimas décadas, a revitalização espaços públicos em São Paulo

vivenciou uma profunda alteração proporcionada pela consolidação da parceria público-

privada (PPP) para a viabilização e implementação de projetos de reabilitação urbana. Com

esse intuito é que surgiu, em 2001, a parceria entre a Prefeitura de São Paulo juntamente com

o Grupo Abril, na qual assinaram o Protocolo de Intenções, que viabilizava a transformação

de um espaço em praça pública (PRAÇA VICTOR CIVITA, 2012).

107

No terreno em questão, localizado no bairro Pinheiros, município de São Paulo

(Figuras 76 a 77), funcionava uma incineradora de lixo (de 1949 a 1989) e, após sua

desativação, passou a abrigar cooperativas de triagem de material reciclável. A Praça Victor

Civita (Figura 78), projetada pelas arquitetas Adriana Blay Levisky (do escritório Levisky

Arquitetos Associados) e Anna Julia Dietzsch, surgiu então com o principal objetivo de

ocupar essa área, degradada pelas atividades anteriores relacionadas ao tratamento de resíduos

sólidos.

Figura 76 – Localização da Praça Victor Civita na cidade de São Paulo

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

108

Figura 77 – À esquerda, imagem de satélite de 2003 do local onde, atualmente, encontra-se a Praça Victor

Civita; à direita, imagem de satélite de 2008 já com a praça implantada

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 78 – Foto aérea da Praça Victor Civita

Fonte: HELM, 2011.

A partir da assinatura do Protocolo de Intenções, iniciaram-se então os estudos

através de laudos técnicos. Porém os resultados não eram favoráveis: o contato humano com o

terreno só seria saudável se houvesse um recobrimento total da área com terra sadia. Para o

lote de 13.500 m2, essa intervenção seria desconfortável e, assim, surgiu a ideia de se criar

109

uma praça elevada, partido do projeto proposto pelas arquitetas. Essa ideia direcionou o

programa da praça focado, principalmente, na educação ambiental, na qual a população pode

aprender sobre os processos de construção sustentável, economia energética e

responsabilidade socioambiental (GRUNOW, 2009).

Representando um exemplo de grande desafio urbanístico, social, político e

cultural das urbes brasileiras, o projeto, que teve início em 2006, foi elaborado a partir de

premissas sustentáveis como o baixo consumo de energia, utilização de materiais reciclados,

legalizados e certificados, reuso de água, aquecimento solar e manutenção da permeabilidade

do solo (HELM, 2011). Um grande deck de madeira certificada (Figura 79), que se estende na

diagonal do terreno e propõe um percurso, é sustentado por uma estrutura metálica para

impedir o contato com o solo contaminado.

Utilizando do partido de praça elevada, o deck surge como o casco de um barco,

flutuando e se desdobrando no plano vertical e horizontal (Figura 79), com formas curvilíneas e

criando ambiências que diversificam e incentivam o uso de seus frequentadores. O deck conduz o

usuário por um percurso (Figura 80) que o leva ao Laboratório de Plantas (sistema de reuso de

águas e biocombustíveis), Museu da Reabilitação Ambiental (Edifício Incinerador) (Figura 81),

Praça de paralelepípedos, Centro da Terceira Idade, Ginástica, Arena (arquibancada para 240

pessoas) (Figuras 81 e 82), Sanitários, depósitos, cabine de som, Camarins, Oficina de Educação

Ambiental, Bosque, Jardins verticais, Alagados construídos (reuso de águas) (HELM, 2011).

Figura 79 – O deck se desdobra em planos verticais e horizontais

Fonte: HELM, 2011.

110

Figura 80 – Planta baixa e programa da Praça Victor Civita

1. Exposição arte temporária: curadoria MASP; 2 Oficina das crianças: atividades e workshops educativos (ONG

Verdescola); 3. Arena coberta para shows e apresentações culturais; 4. Playground; 5. Jardim vertical: proposta

de tratamento para muros urbanos; 6. Camarins; 7. Arquibancada para 240 pessoas e banheiros; 8.Antigo

incinerador: centro de exposições e cursos (Museu da Reabilitação); 9. Jardineiras: Laboratório de plantas; 10.

Sistema de filtragem e reciclagem águas servidas; 11. Deck suspenso de madeira certificada; 12. Ginástica; 13.

Centro da terceira idade; 14. Praça dos paralelepípedos: xadrez, blocos interativos, etc.; 15. Irrigação por

gravidade: uso de água reciclada in loco; 16. Alargamentos do deck de madeira: “salas urbanas”; 17. Deck

permeável de concreto leve; 18. Jardins existentes; 19. Núcleo de investigação do solo e águas subterrâneas

(CETESB); 20. Entrada principal.

Fonte: HELM, 2011.

111

Figura 81 – À esquerda Museu da Reabilitação Ambiental (Edifício Incinerador), ao

centro, a Arena com arquibancada para 240 pessoas

Fonte: HELM, 2011.

Figura 82 – À direita espaço com equipamentos de ginástica

Fonte: HELM, 2011.

A parceria público-privada viabiliza a gestão sustentável da praça e a gratuidade

nas atividades, que realiza locações de seus espaços, a fim de captar recursos para sua

manutenção, recebendo também doações em bens, serviços e/ou benfeitorias. Além disso, a

sustentabilidade da gestão e manutenção a longo prazo, conta com a participação de parceiros,

denominados “Amigos da Praça” que, em uma ação conjunta, formam a Associação Amigos

da Praça Victor Civita (PRAÇA VICTOR CIVITA, 2012).

112

Desde a sua inauguração, em 2008, a população se apropriou da praça que se

configurou como um espaço diferenciado de convívio, lazer e cultura, na qual a deterioração

ambiental causada pelo antigo incinerador de lixo é utilizada como matéria de conscientização

ambiental e ensina às novas gerações uma perspectiva mais saudável para um futuro com

maior equilíbrio entre as atividades humanas e a manutenção da qualidade ambiental.

3.2 PARQUE MADUREIRA, RIO DE JANEIRO

Inaugurado em 2012, o Parque Madureira está localizado no bairro de mesmo

nome, situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (Figura 83). O parque, que possui

93.553,79 m2 de área construída (Figuras 84 e 85), foi idealizado pelo engenheiro Mauro

Bonelli, projetado pelo escritório Ruy Rezende Arquitetura e concebido para se tornar um

modelo de gestão pública. Para tanto, foi promulgado o Decreto Municipal n. 35.959/2012,

que regulamenta o uso e a gestão do Parque Madureira (BONELLI, 2013).

Figura 83 – Localização do Parque Madureira na cidade do Rio de Janeiro

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

113

Figura 84 – Imagem de satélite do ano de 2003, apresentando a área onde atualmente encontra-se o Parque

Madureira e, abaixo, a imagem de satélite atual, da mesma área, já com a implantação do referido parque

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 85 – Foto aérea atual do Parque Madureira

Fonte: PMRJ, 2014.

De acordo com Bonelli (2013), a ideia do parque surgiu a partir do convênio entre

a Prefeitura Municipal e a empresa de distribuição de energia elétrica Light, que deveria

compactar as redes de transmissão e de distribuição de energia elétrica, que ocupavam um

total de 120 m de largura (Figura 86). Essa compactação disponibilizou para a implantação do

parque uma faixa de 70 m de largura e 1.350 m de extensão. Além disso, a necessidade de um

espaço verde de convivência, lazer e cultura era algo que a população clamava, já que o bairro

possuía 99,93% de solo totalmente ocupado (CASTILHO, 2012).

114

Utilizando-se do apelo ambiental, que seria debatido na Conferência das Nações

Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20, em 2012, Bonelli idealizou um parque

com diversas diretrizes sustentáveis, desde a iluminação até a gestão de energia e resíduos.

Como consequência do projeto sustentável, o Parque Madureira foi o primeiro parque público

brasileiro a receber a certificação Alta Qualidade Ambiental (AQUA) de Construção

Sustentável, concedido pela Fundação Vanzolini em maio de 2012 (ver Quadro 5).

Quadro 5 – Certificação AQUA do Parque Madureira

Parque Madureira Nível – fase

programa

Nível – fase

concepção

1. Relação do edifício com o seu entorno Excelente Excelente

2. Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos Superior Bom

3. Canteiro de obras com baixo impacto ambiental Excelente Excelente

4. Gestão de energia Excelente Excelente

5. Gestão da água Excelente Excelente

6. Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício Excelente Excelente

7. Manutenção – permanência do desempenho ambiental Excelente Excelente

8. Conforto higrotérmico Bom Bom

9. Conforto acústico Bom Bom

10. Conforto visual Excelente Excelente

11. Conforto olfativo Bom Bom

12. Qualidade sanitária dos ambientes Bom Bom

13. Qualidade sanitária do ar Bom Bom

14. Qualidade sanitária da água Superior Superior

Fonte: RRA, 2012.

Figura 86 – Foto aérea do terreno antes da implantação do Parque Madureira. Nessa faixa constavam as redes de

transmissão e de distribuição de energia elétrica e da empresa Light, além de uma linha férrea

Fonte: PMRJ, 2014.

115

O Parque Madureira possui 1.450m de pista contínua de ciclovia, equipamentos

com teto e parede verde, controle térmico e de resíduos sólidos, reuso de água e iluminação de

baixo consumo em LED (Figura 87) e um centro de educação ambiental, que abriga uma

estação meteorológica. Além disso, o parque está dividido em quatro setores (Figura 88):

O setor 1, denominado Praça do Samba (Figura 89), possui posto médico de

apoio, quiosque comercial, sanitários, praça do samba e ponto de atendimento

ao usuário.

O setor 2, denominado Parque Contemplativo (Figura 90), possui quiosque

comercial, sanitários, quiosque de bicicleta, jardim sensorial, academia da

terceira idade, playground, tênis de mesa, lagos com fontes, mesa de jogos,

jogo de bocha, espaço da terceira idade, jardim das esculturas, centro de

educação ambiental, mirante, escada hidráulica, Nave do Conhecimento

(Figura 91), ponto de atendimento ao usuário e um pequeno jardim botânico.

O setor 3, denominado Parque Esportivo (Figura 92), possui quiosque

comercial, sanitário, lago com fonte, skate park, quiosque dos esportes, futebol

society, ginástica, vôlei de areia, quadra poliesportiva, alameda Rio +20 e

ponto de atendimento ao usuário.

No setor 4, denominado Arena Carioca (Figura 93), estão concentrados a arena

com capacidade para 400 pessoas sentadas e 800 em pé, inspetoria da guarda

municipal e estação de tratamento de esgoto (BONELLI, 2013).

Figura 87 – Parque iluminado com lâmpadas de baixo custo (LED)

Fonte: PMRJ, 2014.

Figura 88 – Planta baixa com a setorização espacial do Parque Madureira

Fonte: RRA, 2012.

117

Figura 89 – Praça do Samba, no Parque Madureira

Fonte: RRA, 2012.

Figura 90 – Circuito de Lagos, no Parque Madureira

Fonte: RRA, 2012.

Figura 91 – Nave do Conhecimento, no Parque Madureira

Fonte: PMRJ, 2014.

118

Figura 92 – Skate park, no Parque Madureira

Fonte: RRA, 2012.

Figura 93 – Arena Carioca Fernando Torres, no Parque Madureira

Fonte: KORYTOWSKI, 2013.

3.3 ANÁLISE DAS OBRAS

A análise de um parque urbano traz, em sua estrutura, uma complexidade

intrínseca na qual um conjunto de elementos formais, caracterizadores da paisagem

urbana, deve servir de embasamento para trabalhar a paisagem. A leitura urbana dessas

obras se dará através das metodologias desenvolvidas pelos autores Gordon Cullen (2008)

e Kevin Lynch (1997).

Por se tratar de uma análise na qual não se fará o estudo in loco, alguns conceitos

importantes abordados por Cullen e Lynch não serão possíveis de se estudar. Outra colocação

necessária a se fazer é que, para melhor visualizar os conceitos e até mesmo para fins

comparativos, ambas as obras (Praça Victor Civita e Parque Madureira) serão analisadas

concomitantemente, tendo em vista que as metodologias propostas por ambos os autores são

complementares, sendo indispensável a análise em conjunto.

119

3.3.1 Análise da paisagem de acordo com Gordon Cullen (2008)

O usuário, ao transpor um espaço observando suas diversas paisagens,

invariavelmente relaciona a visão a seu emocional que, consequentemente, se transforma em

uma imagem que possui diversas sensações e revelações súbitas. A partir dessa premissa,

Cullen (2008) considera diversos aspectos a serem analisados e, dentre esses conceitos, serão

aqui abordados:

Ótica: visão serial.

Local: território ocupado, apropriação pelo movimento, viscosidade,

delimitação do espaço, ondulação, ligação e conexão através do pavimento,

caminhos para pedestres e continuidade.

Conteúdo: intimidades e contrastes.

Visão serial

Essa premissa diz respeito ao surgimento de uma sucessão de pontos de vista

quando se faz um percurso. Quando o transeunte faz uma progressão uniforme em um trajeto,

este observa “uma série de contrastes súbitos que têm grande impacto visual e dão vida ao

percurso” (CULLEN, 2008, p. 19). A visão serial na Praça Victor Civita revela uma riqueza

em detalhes e sentimentos que surgem a cada passo: os rasgos feitos no deck para as

luminárias, a elevação do deck para a formação do guarda corpo, dos bancos e dos abrigos

criam recintos geométricos com um forte apelo intimista (Figura 94).

No Parque Madureira a visão serial revela diversos ambientes e equipamentos. O

mobiliário aparece em toda a extensão do parque e o verde da vegetação está presente em

cada ponto (Figura 95).

120

Figura 94 – Visão serial da Praça Victor Civita

Fonte: Planta baixa adaptada de Helm (2011) e imagens de Google Inc. (2013).

121

Figura 95 – Visão serial do Parque Madureira

Fonte: Planta baixa adaptada de RRA, 2012. Fonte das fotos indicada individualmente.

122

Território ocupado

Esse conceito é definido como um local de abrigo, sombra, um espaço aprazível,

que contenha elementos de caráter permanente, pois contribui para momentos de convivência.

Mobiliários, desenhos no pavimento, postes de iluminação e abrigos conferem ao espaço um

caráter mais humano e diverso. Nesse quesito, tanto a Praça Victor Civita quanto o Parque

Madureira possuem abrigos, sombras, bancos e iluminação, transformando seus espaços em

locais de permanência.

Na Praça Victor Civita, o deck de madeira, ao se elevar do chão, transforma-se em

bancos, abrigos e guarda-corpos, sugerindo ambientes que fornecem ao usuário espaços de

convivência e de permanência (Figura 96). No Parque Madureira, o piso do espaço do skate

eleva-se e se transforma em jardineiras e bancos para a permanência e descanso dos

esportistas. A prainha com cachoeira, também contribui para os momentos de vivência para

quem quer se refrescar (Figura 97).

Figura 96 – Território ocupado da Praça Victor Civita

Fonte: SEO, 2011/KON, 2014.

Figura 97 – Parque Madureira e seus espaços de permanência

Fonte: RRA, 2012/MACIEIRA, 2012.

123

Apropriação pelo movimento

Esse aspecto diz respeito à ocupação do espaço pelas pessoas que estão em

movimento, isto é, são os espaços de passagem e circulação. A Praça Victor Civita possui

esse elemento bem definido pelo deck de madeira, que conduz o transeunte para todos os

espaços da praça (Figura 98). O Parque Madureira, por sua linearidade, possui caminhos de

uma ponta a outra, levando o usuário a diversos ambientes (Figura 99).

Figura 98 – O deck de madeira da Praça Victor Civita, que leva o usuário à apropriação pelo movimento, assim

como os passeios nos limites da praça

Fonte: HELM, 2011/SEO, 2011.

Figura 99 – Os passeios por toda a extensão do Parque Madureira levam o usuário à apropriação pelo movimento

Fonte: RRA, 2012/MACIEIRA, 2012.

Viscosidade

Essa definição é relativa, simultaneamente, a uma ocupação estática pelo

equipamento e através do movimento. Isto é, ao mesmo tempo em que algumas pessoas estão

passando, outras estão paradas, sejam porque estão conversando, namorando, lendo um livro,

brincando ou, simplesmente, em ócio. Em ambas as obras a viscosidade acontece, porém, com

um pouco mais de intensidade no Parque Madureira, talvez, por ser um espaço bem mais

amplo e com maior variedade de equipamentos e opções de lazer (Figura 100).

124

Figura 100 – Na esquerda, a foto mostra os usuários da Praça Victor Civita em atividades diversas, no ócio ou

em movimento, assim como no Parque Madureira (à direita)

Fonte: RRA, 2012/MACIEIRA, 2012.

Delimitação do espaço

Com um significado mais intimista, a delimitação do espaço pode ser feita através

de um grupo de árvores, ou, até mesmo, através da diferenciação do pavimento. Esse artifício

faz com que o espaço adquira certo encanto por estar encerrado em um determinado ambiente,

mas deixando a vista o que está além. A Praça Victor Civita conduziu esse aspecto muito

fortemente quando utilizou a elevação do deck formando o guarda-corpo (Figura 101). Alguns

ambientes do Parque Madureira possuem esse aspecto, como é o caso do jardim botânico

(Figura 101).

Figura 101 – Na esquerda, a delimitação do espaço é feita pela elevação do deck da Praça Victor Civita que se

transforma em guarda-corpo. Na direita, o pequeno jardim do Parque Madureira é delimitado por floreiras

Fonte: Acervo da orientadora Jaqueline Andrade/RRA, 2012.

Ondulação

Cullen aborda esse conceito não como sendo apenas composto por linhas sinuosas

e sem objetivos, “mas sim o desvio obrigatório a um eixo ou norma invisíveis, com vista a

proporcionar o prazer de coisas tão elementares e vitais como luz e sombra (o contrário da

monocromia), ou proximidade e distância (o oposto do paralelismo)” (CULLEN, 2008, p. 48).

125

Além disso, a ondulação traz uma expectativa do desconhecido, daquilo que vem após a

curva. Nesse sentido, a Praça Victor Civita, apesar de não possuir um desvio obrigatório, as

diversas possibilidades de acessos resultam em uma caminhada sinuosa, levando o usuário a

diversos objetivos, boas sensações e às expectativas dos recintos que surgem durante o

percurso (Figura 102).

No entanto, pode-se observar melhor a ondulação no Parque Madureira,

pincipalmente, no Circuito dos Lagos (Figura 103), no qual o desvio obrigatório leva o

transeunte à contemplação e, ao mesmo tempo, proporciona o prazer de uma temperatura mais

amena, necessidade irrefutável no Rio de Janeiro.

Figura 102 – Na Praça Victor Civita, as possibilidades de desvios levam o usuário a diversos objetivos e boas

sensações

Fonte: PRAÇA VICTOR CIVITA, 2012.

Figura 103 – No Parque Madureira, o desvio obrigatório do Circuito dos Lagos

proporciona o prazer de uma temperatura mais branda

Fonte: RRA, 2012.

126

Ligação e conexão através do pavimento, caminho para pedestres e continuidade

Esse aspecto está relacionado com o entrelaçamento do ambiente construído,

transitável e com a ligação de diversos locais. Mesmo que as zonas construídas estejam

fragmentadas, estas não devem estar desconexas e é através das cores e texturas da

pavimentação que se faz a conexão entre os ambientes. Esse aspecto está muito bem

embasado na Praça Victor Civita, na qual o deck conecta perfeitamente todos os ambientes,

proporcionando um caminho contínuo para os pedestres (Figura 104). No Parque Madureira, a

pavimentação é diferenciada para os diversos tipos de atividades e, ao mesmo tempo, conecta

a partir de uma linha contínua seus diversos equipamentos de lazer (Figura 105).

Figura 104 – O deck de madeira centralizado conecta-se a todos os ambientes e

passeios perimetrais da Praça Victor Civita

Fonte: Planta baixa adaptada de Helm (2011).

127

Figura 105 – O Parque Madureira possui pavimentação diferenciada para os diversos tipos de atividades,

conectando seus diversos ambientes

Fonte: Adaptado de RRA (2012).

Intimidade

Essa categoria diz respeito aos lugares que induzem uma atmosfera de

interioridade, íntima e cordial. Uma vegetação exuberante, um recinto, ou, a visão de um

pequeno retângulo no céu são fatores contribuintes para a sensação de vitalidade e calor

humano. A Praça Victor Civita é um exemplo fidedigno de intimidade, sendo que suas

pequenas ambiências com vegetação exuberante transmitem uma atmosfera íntima e de

profunda interioridade (Figura 106). Já o Parque Madureira, mesmo possuindo uma escala

bem maior que a Praça Victor Civita, também consegue imprimir uma sensação de

vitalidade e calor humano, ao passo que conduz os usuários a ambientes cordiais e

entusiásticos (Figura 107).

128

Figura 106 – A vegetação exuberante da Praça Victor Civita transmite uma

atmosfera de interioridade

Fonte: HELM, 2011.

Figura 107 – Os ambientes do Parque Madureira possuem vitalidade e calor humano

Fonte: RRA, 2012.

129

Contrastes

Para esse aspecto, Cullen define como uma situação inesperada entre duas

partes, podendo se dar através da escala urbana, implantação de árvores, ou, a partir da

segregação total dos elementos que rodeiam o espaço. Também se define como uma forma

de tensão emocional que se manifesta em sua estrutura espacial, seja através de

construções modestas, ou, da ilusão de uma situação inesperada na mesma paisagem.

O contraste da Praça Victor Civita se dá através do bosque e da construção

rústica da antiga incineradora de lixo, mas que transmite um aspecto modesto e de tensão

emocional e expressiva. Também se observa o contraste do verde da vegetação com a

madeira do deck, imprimindo um aspecto mais aconchegante na praça (Figura 108). Esse

aspecto é mais identificável no Parque Madureira, no qual o verde contrasta bruscamente

com o cinza de seu entorno imediato, duplicado também em seu interior, onde o cinza do

cimento contrasta com a vegetação do parque (Figura 109).

Figura 108 – O contraste da Praça Victor Civita se dá através do verde do bosque com a construção bruta da

antiga incineradora de lixo, mas que transmite um aspecto modesto

Fonte: HELM, 2011.

Figura 109 – O contraste do verde do Parque Madureira com o cinza de seu entorno imediato

Fonte: RRA, 2012.

130

3.3.2 Análise da paisagem de acordo com Kevin Lynch (1997)

Do ponto de vista de Lynch (1997), através da interpretação da imagem da

paisagem, atrelada aos símbolos e significados, existem cinco elementos que auxiliam a

análise e que são indicadores da qualidade visual do espaço: vias, limites, zonas homogêneas

ou bairros, pontos nodais e marcos. Esse conteúdo, pertinente às cidades, remete às formas

físicas perceptíveis e sem a influência social ou histórica do local.

Vias

Definidas como canais de circulação por onde o observador transita

habitualmente, servem para observar o local, organizar seus elementos ambientais e suas

relações. As vias podem adquirir características importantes e, quando possuem

obstáculos, podem deixa-la mais clara e perceptível, pois leva o observador a descobrir

elementos que passam despercebidos. Atividades especiais que chamam a atenção

do observador deixarão a via mais importante aos seus olhos e o fará retornar àquele

ponto. Além disso, detalhes de arborização e iluminação reforçam a eficiência da imagem

da rua.

Observando as vias do entorno imediato da Praça Victor Civita (Figura 110),

distingue-se a Marginal Pinheiros, uma via de fluxo rápido, sem obstáculos, apenas

com alguns marcos que podem desviar a atenção do transeunte. Paralela a marginal

estão a ciclovia e a linha ferroviária, ambas delineando a marginal do Rio Pinheiros

(Figura 111).

As Av. das Nações Unidas (Figura 112) e Av. Prof. Federico Hermann Júnior

(Figura 113), são do tipo coletoras, com pontos nodais e marcos que desviam a atenção de

quem passa. As Rua Costa Carvalho (Figura 114) e Rua Sumidouro (Figura 115) são vias

locais e por elas se faz o acesso a Praça Victor Civita. Exceto a Marginal Pinheiros, todas das

vias do entorno possuem calçamento para o pedestre e arborização abundante, deixando o

passeio até a praça mais agradável.

131

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Figura 111 – Marginal Pinheiros, Ferrovia e Ciclovia Figura 112 – Av. das Nações Unidas

Fonte: SILVA, 2012. Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 113 – Av. Professor Frederico Hermann Júnior Figura 114 – Rua Costa Carvalho

Fonte: GOOGLE INC., 2013. Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 115 – Rua Sumidouro, entrada da Praça Victor Civita

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Observando o seu espaço interno, a Praça Victor Civita possui uma via principal (o

deck) que se comporta como um eixo central e vias perimetrais que levam o usuário aos

diversos equipamentos da praça. Todos esses caminhos são amplamente agradáveis de se fazer

e suas reentrâncias levam o usuário a descobrir elementos de beleza relevante (Figura 116).

Quanto à malha viária do Parque Madureira, não existem vias de trânsito rápido

(Figura 117).

133

Figura 116 – Vias da Praça Victor Civita

Fonte: Planta baixa adaptada de Helm (2011) e imagens de Google Inc. (2013).

134

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(2013).

135

A linha ferroviária possui parada próximo ao parque (Figura 118) e para o acesso

de carro utilizam-se as principais vias: a Av. dos Italianos (Figura 119) ou a Estrada do Portela

(Figura 120). A comunidade que mora no lado norte pode fazer uso da passarela da Rua

Conselheiro Galvão (Figura 121) para acesso ao parque. Os acessos do parque se dão pela Rua

Soares Caldeira (Figura 122), Rua Pirapora (Figura 123) ou pela Rua Bernardino de Andrade.

Diferente da Praça Victor Civita, o entorno do Parque Madureira é cinzento, desprovido de

vegetação que deixa o caminho até o parque mais agradável.

Figura 118 – Estação Ferroviária Mercadão Madureira Figura 119 – Av. dos Italianos

Fonte: SILVA, 2012. Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 120 – Estrada do Portela Figura 121 – Rua Conselheiro Galvão

Fonte: GOOGLE INC., 2013. Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 122 – Rua Soares Caldeira Figura 123 – Rua Pirapora

Fonte: GOOGLE INC., 2013. Fonte: GOOGLE INC., 2013.

136

O interior do Parque Madureira possui diversas vias pedonais e ciclovia que

atravessam o parque inteiro levando a diversos equipamentos de lazer (Figuras 124 e 125).

Apesar de o parque possuir dois anos de existência, sua vegetação já atua como grande

modificador de clima, deixando o passeio por suas vias bastante agradável.

Figura 124 – Vias do Parque Madureira

Fonte: Adaptado de RRA, 2012.

Figura 125 – Ciclovias e vias pedonais do Parque Madureira

Fonte: MACIEIRA, 2012.

Limites

São elementos lineares que atuam como fronteiras entre duas áreas, referências

laterais e não devem ser confundidos com as vias, apesar de que em algumas situações as vias se

configuram como limites. Os limites possuem uma força contínua e, além de poderem ou não ser

intransponíveis, podem ter qualidades direcionais, distinguindo claramente os lados separados.

O limite do entorno imediato da Praça Victor Civita está bem definido pelo Rio

Pinheiros que possui em sua extensão a linha ferroviária, a ciclovia e a Marginal Pinheiros.

137

Esse limite é intransponível e sua força contínua atua como separador dos bairros Pinheiros e

Butantã (Figuras 126 e 127). O mesmo acontece com o limite da própria praça, bem definida,

segue todo o perímetro dela, deixando-a intransponível (Figura 128).

Figura 126 – Limite do entorno da Praça Victor Civita

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013.

Figura 127 – Rio Pinheiros e Linha de Transporte Ferroviário

Fonte: PATRIQUE, 2009.

Figura 128 – Limite da Praça Victor Civita

Fonte: PATRIQUE, 2009.

138

Para o Parque Madureira, o limite do entorno se dá pela linha ferroviária e pela

linha de transmissão de energia (Figuras 129 e 130). A linha de transmissão de energia

permitiu, por toda a extensão do parque, a preservação da vegetação, transformando esse

espaço em uma barreira visual bem definida. O parque possui cercamento por todo o seu

perímetro (Figura 131), reforçando e distinguindo visivelmente seu limite.

Figura 129 – Limite do entorno do Parque Madureira

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013

Figura 130 – Parque Madureira com seu limite intransponível à direita

Fonte: MACIEIRA, 2012.

139

Figura 131 – Limite do Parque Madureira

Fonte: PMRJ, 2014.

Zonas homogêneas ou bairros

Essas zonas são áreas grandes da cidade nas quais o observador pode penetrar

mentalmente e possuem características físicas em comum como textura, espaço, forma, tipo

de construção, usos, atividades, habitantes, estados de conservação e topografia. Essa

propriedade facilita sua identificação e, como referencial externo, facilita na orientação do

observador. Além disso, possuem vários tipos de fronteiras e o contraste com áreas limítrofes

intensificam a força temática de cada um.

O zoneamento definido no entorno da Praça Victor Civita pela Prefeitura

Municipal de São Paulo, distingue claramente as diferentes características urbanas. Na Figura

132, pode-se verificar essa homogeneidade de baixo gabarito, diferindo apenas na área da

praça, onde os edifícios são mais amplos.

Da mesma maneira, o Parque Madureira possui um zoneamento bem homogêneo,

de baixo gabarito. A linha ferroviária divide a área e, ela própria, configura-se como uma

zona homogênea, servindo de referencial externo, facilitando na orientação do observador

(Figura 133).

140

Figura 132 – Zonas homogêneas do entorno da Praça Victor Civita, nota-se uma diferença no padrão

arquitetônico dentro da ZM-2 (delimitado em amarelo)

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013, dados de PMSP, 2013.

Figura 133 – Zonas homogêneas do entorno do Parque Madureira

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013, dados de PMRJ, 2009.

141

Pontos nodais

Os pontos nodais, também chamados de núcleos, são definidos como focos

estratégicos nos quais o observador pode entrar, podendo se configurar como conexões

de vias, um cruzamento, momentos de passagem de uma estrutura a outra ou grandes

praças.

Nesses locais, o fluxo lento do trânsito é importante para o observador, pois

são neles que serão tomadas decisões de direção, sendo necessária uma maior atenção e,

com isso, terá melhor percepção e mais clareza na observação dos elementos

circundantes. Com isso, o observador atribui especial importância nos elementos

situados ali, contribuindo expressivamente em um melhoramento de sua condição de

localização no espaço.

Dito isto, a Praça Victor Civita, inserida em uma malha viária densa, possui

diversos pontos nodais, transformando o espaço em um polo de tomadas de decisões e,

consequentemente, melhor percepção dos elementos do seu entorno (Figura 134). O

principal deles é a nova Estação de Metrô Pinheiros, que possui uma passarela que passa

por cima da Marginal Pinheiros, ligando-a com a estação ferroviária, na orla do Rio

Pinheiros. Outro ponto nodal interessante é a esquina onde se situa o prédio do

estacionamento da Editora Abril, um polo gerador de tráfego que exige do observador uma

maior atenção.

No entorno do Parque Madureira, os pontos nodais se definem, em sua maioria,

por cruzamentos de vias. Destaca-se apenas a Estação de Trem Mercadão Madureira, onde

está o mercado de mesmo nome que se configura como polo gerador de tráfego de veículos e

pedestres (Figura 135).

142

Figura 134 – Pontos nodais relevantes do entorno da Praça Victor Civita

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013.

143

Figura 135 – Pontos nodais relevantes do entorno do Parque Madureira

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013.

Marcos

Identificados como referenciais externos ao observador, ao marcos são elementos

físicos, com escala variável, utilizados como guias e possuem características singulares no

contexto na qual estão inseridos. Um dos principais fatores de importância para a escolha de

um marco está em seu contraste entre figura e pano de fundo. Podem se configurar como uma

montanha, loja, edifício ou sinal, podendo ser visualizado de diversos ângulos e locais.

Como principal referencial ao se chegar as proximidades da Praça Victor Civita

tem-se o prédio da Editora Abril. O mais alto da região pode ser observado de diversos pontos

144

do entorno, sendo um bom exemplo de contraste de figura e pano de fundo (Figura 136).

Outro ponto de referência que se distingue bem na paisagem é o prédio da CETESB,

localizado na parte posterior da praça.

Figura 136 – Marcos do entrono da Praça Victor Civita, nota-se o prédio da Editora Abril, vista de diversos pontos

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013.

145

No entorno do Parque Madureira, mesmo com um gabarito baixo, os marcos de

identificação de longa distância são poucos. O único marco é a linha de transmissão de

energia, com torres altas por toda a extensão do parque e que se configura como um forte

referencial (Figura 137).

Figura 137 – Marcos do entrono do Parque Madureura, nota-se que as torres da linha de transmissão de energia

pode ser visualisada de diversos pontos do parque

Fonte: Adaptado de GOOGLE INC., 2013.

146

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA ÁREA DE ESTUDO

O Campo de Aviação, localizado no bairro Campeche, em Florianópolis/SC,

espaço escolhido para a implantação de um parque urbano, possui características históricas e

culturais relevantes, como exposto na seção 2.1 Espaço e Memória. Nesse capítulo, pretende-

se organizar evidências significativas para uma melhor elucidação dessa escolha, conferindo

uma maior relevância a esse vazio urbano.

Como desfecho proeminente deste trabalho, será necessário estudar os principais

condicionantes naturais, legais e socioespaciais que, juntamente com a fundamentação teórica,

irão proporcionar um alicerce, auxiliando no desenvolvimento do partido geral para a

projetação do parque. Para tanto, de acordo com Simone Gatti (2013, p. 30), para uma

adequada análise do terreno e de seu entorno, deve-se considerar e identificar

“todas as interferências que podem impactar o novo espaço, positiva ou negativamente. Este

levantamento será definitivo na implantação adequada do projeto e na sua integração com a

cidade como um todo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da região.”.

A leitura final desse recorte urbano se dará através da metodologia abordada na

seção 2.2 Paisagem Urbana, na qual os autores Kevin Lynch e Gordon Cullen utilizam da

coleta de informações e referenciais para uma melhor percepção ambiental.

4.1 O CAMPECHE

A colonização provinda da Ilha Terceira dos Açores (no século XVIII) e o rico

universo das histórias do escritor Antoine de Saint-Exupéry (na década de 1920) são alguns

dos elementos que compõem a história do Campeche. Deste variado e multifacetado “mundo

de contrastes”, que vai do modo de vida tranquilo e frugal do povo de descendência açoriana

até a agitada, imprevisível e destemida realidade dos pioneiros da aviação civil, subsistiram

atividades como a pesca, a confecção de rendas e redes (BARBOSA; BURGOS; SOUZA,

2003, p. 155) e o Campo de Aviação, porção central da área de estudo deste trabalho e que

será abordado na seção 4.2.

Localizado no setor Leste da Ilha de Santa Catarina (Figura 138), o Distrito do

Campeche (desmembrado do Distrito do Ribeirão da Ilha e criado, pela Lei Municipal n.

4.805/95 (PMF, 1995)), possui área total de 34.863 km2

(IPUF, 2014) e uma população

total de 30.028 hab. (IBGE, 2010). Dotado de belezas naturais, a praia do Campeche

recebe anualmente centenas de turistas, sendo um dos principais destinos de esportistas

náuticos. Entre suas belezas, está a Ilha do Campeche (Figura 139), tombada como

147

Patrimônio Arqueológico e Paisagístico Nacional. Por essas qualidades, juntamente com o

aumento do turismo de balneário em Florianópolis na década de 1980, o Campeche se

transformou em uma potencialidade turística, contribuindo para o desenvolvimento e

aumento da especulação imobiliária local.

Figura 138 – Localização do Distrito do Campeche, o polígono vermelho se refere a área que será estudada

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013) e IPUF (2014).

Figura 139 – Ilha do Campeche ao fundo

Fonte: Acervo próprio, 2014.

148

4.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO: O CAMPO DE AVIAÇÃO

O Campo de Aviação está localizado na planície do Campeche (Figura 140), na

Av. Pequeno Príncipe, principal avenida do bairro, entre a Escola Municipal Brigadeiro

Eduardo Gomes e Rua da Capela (Figura 141), configurando-se como uma área de grande

centralidade. Além disso, a comunidade já se apropriou historicamente do lugar, utilizando-o

para jogos de futebol, de rugby, passeio com animais de estimação, ócio, pick-nick,

aeromodelismo, além de eventos promovidos pela associação do bairro.

Figura 140 – Campo de Aviação

Fonte: GOOGLE INC., 2013.

Figura 141 – Principal acesso à praia do Campeche, final da Av. Pequeno Príncipe

Fonte: Acervo próprio, 2014.

149

Porém, mesmo com um elevado número de frequentadores e usos, o terreno com

cerca de 290.000 m2, não possui infraestrutura (Figura 142). Mesmo que a orla marítima se

configure como uma área de lazer, durante o inverno a comunidade fica a mercê de um campo

sem instalações adequadas, sem garantias de lazer e práticas esportivas. Portanto, é com esse

intuito que se pretende desenvolver um projeto de parque, visando transformar essa área em

um novo espaço de impacto positivo para a comunidade local e que contribua para a melhoria

da qualidade de vida da região.

Figura 142 – Campo de Aviação

Fonte: Acervo próprio, 2014.

4.2.1 Condicionantes naturais

O Campo de Aviação está disposto sobre terrenos denominados Planícies

Costeiras, que são formados por solos predominantemente arenosos e possuem formas de

relevo que variam de planas até rampas levemente inclinadas (Figura 143). Nestes locais, o

lençol freático é bastante superficial, podendo até mesmo aflorar em alguns pontos, formando

áreas alagadas.

Figura 143 – Vista geral do Campo de Aviação, nota-se o relevo totalmente plano

Fonte: Acervo próprio, 2014.

150

A vegetação nativa que se instala sobre estes solos arenosos é denominada

Restinga. Porém, no caso específico do Campo de Aviação, a vegetação encontra-se bastante

alterada devido ao processo histórico de ocupação, tendo em vista que grande parte da gleba

era utilizada como pista de pouso de aeronaves e não podia apresentar vegetação de grande

porte. Atualmente, predomina na área o tipo de vegetação herbácea, formada por gramíneas

diversas, sendo os capões de vegetação arbórea, predominantemente formados por pinheiros

exóticos, restando pouquíssimas áreas de florestas nativas no terreno (Figuras 144 a 146).

Figura 144 – Vista geral da vegetação existente no Campo de Aviação, onde se nota

a vegetação herbácea em primeiro plano e a vegetação arbórea exótica ao fundo

Fonte: Acervo próprio, 2014.

Figura 145 – Detalhe da vegetação arbórea nativa

existente no Campo de Aviação

Figura 146 – Detalhe da vegetação arbórea exótica,

predominante no Campo de Aviação

Fonte: Acervo próprio, 2014 Fonte: Acervo próprio, 2014

Com relação aos elementos de hidrografia, não se verifica a existências de rios no

Campo de Aviação. Observa-se, apenas, um canal de drenagem artificial que escoa de forma

paralela e próximo à Av. Pequeno Príncipe (Figura 147), drenando as águas do terreno e

desembocando junto ao Riozinho do Campeche.

151

Figura 147 – Vista geral do canal de drenagem artificial existente no Campo de Aviação

Fonte: Acervo próprio, 2014

No que se refere às questões meteorológicas, o Campo de Aviação, a exemplo do

que acontece em toda a Ilha de Santa Catarina, não possui períodos de seca, sendo que as

chuvas são bem distribuídas durante todo o ano. A área possui boa taxa de insolação, tendo

em vista a não ocorrência de barreiras solares no entorno, e se apresenta exposta aos ventos

predominantes, que são de quadrante Nordeste e Sul, sendo os ventos de quadrante Sul os de

maiores intensidades (Figura 148).

Figura 148 – No terreno, deve-se tomar decisões projetuais para diminuir a insolação do verão e barrar o vento

sul no inverno

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

152

4.2.2 Condicionantes socioespaciais

A situação atual de ocupação e uso do solo no Campo de Aviação provém de uma

série de fatores relacionados ao histórico de utilização do lugar. Portanto, a evolução desta

ocupação e uso necessita ser contemplada com base em avaliações relacionadas à

caracterização espaço temporal da ocupação sobre a área em estudo, desenvolvida a partir da

interpretação sobre as séries de fotografias aéreas (Figura 149) obtidas no site de

geoprocessamento do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF). Com isso,

foi feita a interpretação sobre essas imagens com objetivos de proporcionar uma descrição da

evolução socioespacial na área do empreendimento.

No registro fotográfico do ano de 1957, o uso que predominava na região de

entrono da área de estudo era o rural, com exceção do Morro do Lampião e das dunas

adjacentes ao mar, na qual em alguns lugares recebia o aporte de água formando áreas

alagadas. Mesmo a região sendo predominantemente alterada por ocupações humanas, não se

observa muitas edificações, o que remete a uma baixa densidade demográfica.

Os caminhos que existiam, eram traçados rudimentares das vias hoje existentes,

como a Av. Pequeno Príncipe, Av. Campeche e Rua da Capela. Observa-se, também,

inúmeros caminhos em meio as propriedades, que eram usados para a locomoção, como os

ocorrentes no interior do Campo de Aviação, que se apresenta completamente recoberto por

pastagens, além de pequenos talhões destinados a pequenas culturas locais.

No registro fotográfico do ano de 1977, o panorama rural da região não foi

alterado. É possível notar o uso da terra predominantemente voltado para agricultura, porém

seguindo uma tendência de declínio, assim como em toda Ilha de Santa Catarina. As áreas

alagadas se encontravam nas mesmas situações, assim como o Morro do Lampião e as dunas.

As ruas citadas anteriormente, nessa época, aparecem mais bem delineadas, sendo que

algumas outras foram abertas, como a Rua Auroreal. As edificações continuam rarefeitas e,

além disso, não se notam grandes diferenças em relação ao registro anterior, principalmente,

no interior do terreno em estudo, que passa a ser recoberto exclusivamente por pastagens.

No registro fotográfico do ano de 1994, percebe-se uma completa alteração do

panorama de ocupação na região. Caracterizada como predominantemente rural, converte-se

em predominantemente urbana, seguindo a tendência de expansão urbana dos balneários de

Florianópolis, sendo a agricultura extinta. Inúmeras edificações foram construídas, assim

como novas ruas abertas. Dunas, áreas alagadas e o Morro do Lampião continuam sem

grandes alterações.

Figura 149 – Evolução socioespacial da área analisada, o polígono vermelho indica o Campo de Aviação

Fonte: Adaptado de IPUF (2014).

154

No interior do Campo de Aviação, observa-se que as pastagens começaram a

ceder espaço para as primeiras estruturas destinadas à prática de esportes, como quadras de

vôlei e campos de futebol de areia. Outra alteração importante refere-se ao canal de drenagem

que, neste registro, já aparece construído.

A partir do registro fotográfico do ano de 2002, a região de entorno do Campo de

Aviação apresenta situação urbana plenamente consolidada e bastante semelhante com a

ocupação atual. Os usos observados remetem ao caráter exclusivamente urbano, sendo que se

passa a observar a ocorrência de diversas glebas que adquirem caráter de vazios urbanos.

Estas características se acentuam nos registros fotográficos dos anos de 2009 e 2012.

As principais alterações observadas no interior do Campo de Aviação nestes

últimos três registros fotográficos (2002, 2009 e 2012) referem-se, justamente, à

intensificação do caráter de área sem ocupação consolidada e de uso comum, com o

surgimento de alguns espaços destinados à prática de esportes e ao lazer, entremeados pelos

caminhos que se mantiveram no interior da área ao longo dos anos. As alterações mais

marcantes se referem ao surgimento de áreas com vegetação arbórea nativa em regeneração

natural, bem como, de áreas com reflorestamento composto por espécies exóticas

(predominantemente pinheiros).

Atualmente, a ocupação do solo na região de entorno do Campo de Aviação é

representado por usos urbanos, prevalecendo os usos mistos comerciais (de pequeno e médio

porte) e residenciais uni e multifamiliares (Figura 150), conforme apresentado no mapa de uso

do solo (Figura 151). Restaram poucas glebas desocupadas, que se caracterizam como vazios

urbanos (Figura 152) e que, em conjunto com a tipologia dos loteamentos simples

implantados na região, onde prevalece a dinâmica de ruas sem ligação com as adjacentes,

prejudica a mobilidade local, principalmente, para os deslocamentos não motorizados.

Figura 150 – Residências uni e multifamiliares na região de entorno do Campo de Aviação

Fonte: Acervo próprio, 2014.

155

Figura 151 – Mapa de ocupação e uso do solo na região de entorno do Campo de Aviação

Fonte: IPUF, 2014.

Figura 152 – Vazios urbanos na região de entorno do Campo de Aviação

Fonte: Acervo próprio, 2014.

156

4.2.2.1 Infraestrutura pública

O bairro como um todo possui razoável abastecimento de equipamentos urbanos.

Em todas as vias são encontrados sistemas de comunicação, sistemas de energia e sistema de

iluminação pública. A rede de água é completa e a drenagem pluvial supre as necessidades

locais. A rede de esgoto foi quase que totalmente implantada, porém ainda aguarda a

finalização da Estação de Tratamento de Esgoto no Rio Tavares. A coleta de resíduos sólidos

convencionais é efetuada três vezes por semana e a coleta seletiva uma vez por semana, sendo

que as principais vias possuem lixeiras para resíduos de varrição.

O esporte e o lazer ficam por conta da praia e do Campo da Aviação, apesar de

não possuir nenhum tipo de infraestrutura. A pista de caminhada e a ciclovia também possui

alto aproveitamento pelos locais e, no final do trecho da via que possui o canteiro central de

passeio, existe um bicicletário e bancos para repouso.

Além dos esportes praticados durante o verão, observa-se que a praia do

Campeche se configura como uma grande área de lazer, tendo em vista que a comunidade a

frequenta mesmo durante o inverno. A proximidade da praia com os núcleos de ocupação

configura o espaço como área de lazer e converte as trilhas em verdadeiros convites para a

vivência com a natureza. O “Point do Riozinho” é um local de encontro de banhistas e

praticantes de esportes náuticos.

Em relação à segurança pública e proteção, o único posto da polícia militar atende

todo o bairro e viaturas fazem a ronda local em diversos horários. A Av. Pequeno Príncipe

possui câmeras públicas de vigilância.

Como equipamento de educação, o entorno possui duas escolas básicas (apenas

ensino básico e fundamental). Uma delas é a Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes,

que está localizada no final da Av. Pequeno Príncipe, onde funciona também o Núcleo de

Educação Infantil do Campeche; a outra instituição de ensino é a Escola de Educação Básica

Januária Teixeira da Rocha, que se localiza na Rua da Capela. A escola de ensino médio mais

próxima foi inaugurada em abril de 2014 e fica ao lado do Terminal de Integração do Rio

Tavares (TIRIO).

O posto de saúde atende com baixa eficiência a comunidade, sendo que a

prefeitura pretende construir brevemente outra unidade de atendimento. A maioria das vias

são pavimentadas: a Av. Pequeno Príncipe, Av. Campeche e a Rua da Capela possuem

cobertura asfáltica, as demais são pavimentadas com lajotas, com exceção da Serv. Catavento,

que só possui essa pavimentação nos primeiros 250 m.

157

4.2.3 Condicionantes legais

Dentre os debates do Plano Diretor (instituído em 2014, pela Lei Municipal

Complementar n. 482, de 17 de janeiro de 2014) (PMF, 2014), a AMOCAM discutiu e

defendeu com veemência o destino do Campo de Aviação como área pública destinada à

cultura e ao lazer. A área com cerca de 290 mil m2, que hoje é propriedade da União, de

acordo com o novo Plano Diretor (Figura 153), possui dois tipos de zoneamentos: Área

Comunitária Institucional (ACI) e Área Verde de Lazer (AVL).

De acordo com o Plano Diretor:

Art. 52. As Áreas Comunitárias Institucionais são aquelas destinadas a todos os

equipamentos comunitários ou aos usos institucionais, necessários à garantia do

funcionamento dos demais serviços urbanos.

Art. 53. As Áreas Comunitárias Institucionais serão classificadas e localizadas em

planos setoriais elaborados pelo órgão municipal de planejamento urbano e setores

afins, aprovados por Lei Complementar.

Art. 54. Os limites de ocupações das Áreas Comunitárias Institucionais são os

definidos pelo zoneamento adjacentes, ou por estudo específico realizado pelo IPUF.

Art. 55. Desaparecendo o motivo que determinou o estabelecimento da Área

Comunitária Institucional, pelo menos um terço de sua área será doada ao município

para uso público, destinada como Área Comunitária Institucional, definida pelo órgão

municipal de planejamento urbano conforme a demanda urbana de maior carência.

Art. 56. As torres e equipamentos complementares de comunicação e segurança

serão regidos por Lei própria que atente para possíveis efeitos dessas instalações

sobre a saúde humana. Até a edição de lei própria poderão ser licenciados nos

pontos recomendados pelas normas técnicas específicas, respeitados os limites das

residências e locais de trabalho, e atendidos os índices de ruídos na vizinhança, e

desde que haja anuência do IPUF, sem prejuízo das demais aprovações

eventualmente necessárias.

Art. 57. Áreas Verdes de Lazer (AVL) são os espaços urbanos ao ar livre de uso e

domínio público que se destinam à prática de atividades de lazer e recreação,

privilegiando quando seja possível a criação ou a preservação da cobertura vegetal.

Parágrafo único. O órgão municipal de planejamento urbano em parceria com a

Procuradoria Geral do Município deverá desenvolver o mapa das Áreas Verdes de

Lazer existentes no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei Complementar,

atualizado a cada ano ou conforme novas áreas sejam incorporadas na forma da

legislação específica.

Art. 58. Em Áreas Verdes de Lazer (AVL) será permitida apenas a construção de

equipamentos de apoio ao lazer ao ar livre, como playgrounds, sanitários, vestiários,

quiosques e dependências necessárias aos serviços de segurança e conservação da área.

(PMF, 2014, p. 26-27).

Analisando a Figura 153 percebe-se que o entorno do sítio possui maior influência de

Áreas Residenciais Predominantes (ARP), com algumas Áreas Mistas Comerciais (AMC), Áreas

Residenciais Mistas (ARM) e Áreas Turísticas Residenciais (ATR) ao longo da Av. Pequeno

Príncipe e da Av. Campeche. Uma grande gleba que se estende pela orla possui proteção nas

Áreas de Preservação Permanente (APP) e Áreas de Preservação com Uso Limitado (APL).

Observa-se que algumas poucas áreas do entorno foram destinadas às áreas verdes de lazer.

158

Figura 153 – Zoneamento de acordo com o Plano Diretor Vigente do município de Florianópolis

Fonte: PMF, 2014.

No tocante às áreas de preservação permanente, assim classificadas pela Lei Federal

n. 12.651/2012 (BRASIL, 2012), não se observa a ocorrência no interior do Campo de Aviação.

Ademais, salienta-se que os remanescentes de vegetação nativa no interior do Campo

de Aviação são regidos pela Lei Federal n. 11.428/2006 (BRASIL, 2006b), que dispõe sobre a

utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica e impõe limites e sanções ao

corte de vegetação nativa. Ressalta-se que a Lei Municipal n. 9.097/2012 (PMF, 2012) permite a

remoção e substituição de pinus, eucalyptus e casuarina spp. por espécies nativas no município de

Florianópolis. A Lei Municipal n. 9.097/2012 (PMF, 2012), permite a remoção e substituição de

pinus, eucalyptus e casuarina spp. por espécies nativas no município de Florianópolis.

Campo de

Aviação

159

4.2.4 Análise da paisagem

Concluindo o processo de análise da área da intervenção, faz-se necessário um

estudo de paisagem, com base no conceito de visão serial de Gordon Cullen (2008), abordado

nas seções 2.2 e 3.3.1 e nos conceitos de vias, limites, zonas homogêneas ou bairros, pontos

nodais e marcos, proposto por Kevin Lynch (1997) e abordado nas seções 2.2 e 3.3.2. A

identificação desses conceitos e elementos de relevância paisagística do terreno e de seu

entorno foi feito a partir de registro fotográfico in loco, e serão de suma importância para a

compreensão da relação do terreno com o entorno para desenvolvimento do projeto

arquitetônico e urbanístico. Os pontos relevantes para a visão serial estão indicados na Figura

154, na qual os pontos de 1 a 3, sentido SC-405 para a praia do Campeche, são os mais

importantes por estarem inseridos na principal avenida do bairro.

Figura 154 – Identificação dos pontos de análise da visão serial

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

O ponto 1 é o primeiro contato com o Campo de Aviação para os usuários que

procederem pela Av. Pequeno Príncipe. Do lado direito da via, construções de baixo gabarito

se contrapõem com a vegetação abundante do campo, gerando uma barreira visual para o

transeunte (Figura 155). Logo em frente, no ponto 2, o campo visual se abre para o Campo de

Aviação, permitindo uma abrangente percepção do espaço (Figura 156).

160

Figura 155 – Vista do Ponto 1

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 156 – Vista do Ponto 2

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Dando continuidade, no ponto 3, como acontece no ponto 1, a vegetação bloqueia

a visão de quem passa, não permitindo a visualização do campo (Figura 157). Seguindo para o

ponto 4, que pode ser acessado através de trilhas do Campo de Aviação ou pela Serv. São

Francisco de Assis, tem-se uma visão bastante ampla do campo, com o morro do Lampião ao

fundo (Figura 158).

Figura 157 – Vista do Ponto 3

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

161

Figura 158 – Vista do Ponto 4, ao fundo observa-se as torres de celular e o morro do Lampião

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Os pontos 5 e 6, acessíveis por trilha ou através da Serv. Catavento possuem parte

da visão do campo bloqueada pela vegetação (Figuras 159-160). Os pontos 7 e 8, acessíveis

pela Rua da Capela, possuem a visada do campo totalmente bloqueada pela vegetação, e ao

fundo, a torre de celular se configura como um referencial (Figuras 161-162).

Figura 159 – Vista do Ponto 5

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 160 – Vista do Ponto 6

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

162

Figura 161 – Vista do Ponto 7

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 162 – Vista do Ponto 8

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Quando se refere à malha viária do entorno do Campo de Aviação, pode-se

observar uma irregularidade definida por antigas picadas. O campo faz limite direto com 3

vias: ao sul com a Av. Pequeno Príncipe, ao oeste com a Rua da Capela, ao norte com a Serv.

Catavento e, de acordo com o Plano Diretor Vigente (PMF, 2014), existe a pretensão de se

criar uma via subcoletora no lado leste do campo. No campo existem diversos caminhos e

trilhas, traçados pelos usuários (Figura 163).

Figura 163 – Trilhas do Campo de Aviação, notaram-se em alguns locais onde moradores jogam entulhos

Fonte: Acervo próprio, 2014.

163

Essa configuração favorece o acesso ao campo por todo o seu perímetro. Com

relação aos limites (linha contínua verde e azul na Figura 164), estes são decorrentes da

topografia da planície do Campeche: o morro do Lampião faz limite à oeste e o mar se

configura como uma barreira intransponível à oeste (Figura 164).

Figura 164 – Vias e limites

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

164

Com uma extensão total de 3,16 km, a Avenida Pequeno Príncipe (Figura 165)

se configura como eixo principal de articulação do Campeche, ligando a Rodovia SC-405

com a praia. Com duas pistas de rolamento, ciclovia e pista de caminhada, a avenida, de

fluxo intenso, tem caráter de referência local e infraestrutura predominante de comércios e

serviços. Residenciais multifamiliares e unifamiliares, de baixo e alto padrão, constituem

também a área, porém ainda existem vazios urbanos.

É perceptível a vivência da avenida à medida que as pessoas se deslocam em

direção à praia. A avenida tem como limite final a praia, no Centrinho do Campeche, onde o

comércio de roupas e a gastronomia são os serviços mais procurados por turistas. O canteiro

central para passeio e lazer inicia a 300 m da praia, terminando em uma rótula, que possui

bancos e bicicletário (Figura 165). No final da via, é possível avistar a Ilha do Campeche,

Patrimônio Arqueológico e Paisagístico Nacional.

Figura 165 – Av. Pequeno Príncipe

Fonte: Acervo próprio, 2014.

Paralela à orla marítima, a Av. Campeche (Figura 166) possui 4,12 km de

extensão e faz a ligação da Avenida Pequeno Príncipe com a Rodovia Dr. Antônio Luiz

Moura Gonzaga, no Rio Tavares. Por ser muito utilizada como rota alternativa para a Lagoa

da Conceição, a via possui um fluxo intenso. No verão, essa condição se agrava,

principalmente, próximo ao “Point do Riozinho”, onde frequentadores da praia estacionam ao

longo da via. De acordo com relatos locais, os carros estacionados por vezes bloqueiam a via

para o transporte coletivo municipal.

Apesar da existência de grandes glebas que figuram como vazios urbanos, o campo

possui ocupação bastante instituída e formada por residências uni e multifamiliares, comércio e

uma considerável quantidade de pousadas e residências para aluguéis de temporada.

165

Figura 166 – Av. Campeche

Fonte: Acervo próprio, 2014.

A Rua da Capela (Figura 167) possui uma característica de via calma, com pouco

trânsito de veículos, resultado da sua ocupação, predominantemente constituída por

residências, condomínios e vazios urbanos. Parte de seu trajeto acompanha o Campo da

Aviação, e seu logradouro se originou a partir da Capela de São Sebastião.

A Serv. Catavento (Figura 167) possui calçamento apenas nos primeiros 250 m

iniciais (entrando pela Av. Campeche). Após isso, o trecho sem pavimentação continua até a

Rua da Capela, sendo que, em uma tentativa de alargamento fez com que os postes de energia

ficassem no meio da rua. Energia, telefonia, TV e água são os únicos sistemas que abastecem

esta rua, que também é dotada de serviços de coletas de resíduos sólidos.

Figura 167 – À esquerda Rua da Capela, à direita Serv. Catavento

Fonte: Acervo próprio, 2014.

166

Quanto às zonas homogêneas, o entorno do sítio ainda possui diversos vazios

urbanos, com grandes glebas cobertas por vegetação, principalmente em sua orla marítima.

Toda a área ainda possui uma ocupação pouco adensada, que se repete em boa parte do bairro

(Figura 168).

Figura 168 – Zonas homogêneas

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

Entrando nas análises dos pontos nodais e marcos, observa-se uma gama desses

elementos no entorno do terreno em estudo, indicados na Figura 169. O ponto nodal 1 se

refere à entrada e saída da Rua do Gramal através da Av. Pequeno Príncipe, rua esta utilizada

para acesso ao bairro Morro das Pedras. Nesse ponto se configura uma pequena centralidade,

pois ali estão localizados, além de pequenos comércios, um supermercado e um posto de

saúde, marcos referenciais e polos geradores de tráfego. No mesmo local conta-se ainda com

uma torre de celular, referencial muito utilizado pelos moradores (Figura 170).

167

Figura 169 – Pontos nodais e marcos

Fonte: Adaptado de Google Inc. (2013).

Figura 170 – Supermercado, posto de saúde, entrada e saída da Rua do Gramal, torre de celular

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Assim como o ponto nodal 1, o ponto nodal 2 se refere à entrada e saída da Rua

da Capela, muito utilizada por reduzir o trajeto para quem se dirige ao Rio Tavares. Também

se configura como uma pequena centralidade, pois ali estão localizadas uma padaria bem

frequentada, farmácia, academia e playground, onde foi instalado um marco em homenagem

aos pioneiros da aviação. Além disso, uma torre de celular é utilizada como referencial de

paisagem (Figura 171).

168

Figura 171 – Entrada e saída da Rua da Capela, torre de celular e playground

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

O terceiro ponto nodal da Av. Pequeno Príncipe, se refere à entrada e saída da Av.

Campeche, que contorna a orla onde possui diversos acessos à praia. Ali se encontra também

o Clube Catalina (pertencente à Aeronáutica), o Casarão Popote (local onde funcionava a

administração da Aéropostale), a Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes (referencial

bastante utilizado) e uma feira de frutas e verduras (que funciona alguns dias na semana).

Observa-se que ao fundo, no lado direito da via, construções de gabarito mais alto barram a

visão do transeunte (Figura 172).

Figura 172 – Entrada e saída da Av. Campeche, Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes e feira de rua

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

No ponto nodal 4 fica localizado a entrada e saída da Rua das Corticeiras, rua que

contorna a orla e que possui vários acessos para a praia. Esse ponto possui um calçadão

peatonal com estacionamento que vai até o final da avenida (Figura 173).

O final da Av. Pequeno Príncipe se caracteriza como o ponto nodal 5, possui uma

rótula de retorno, estacionamentos e um pequeno comércio com restaurantes e lojas de artigos

de praia. O acesso à praia é o mais utilizado e permite uma visualização frontal da Ilha do

Campeche (Figura 174).

169

Figura 173 – Entrada e saída da Rua das Corticeiras para a Av. Pequeno Príncipe

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 174 – Final da Av. Pequeno Príncipe, rótula de retorno e acesso à praia

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

O sexto ponto nodal se refere ao “Point do Riozinho”, com acesso pela Av.

Campeche. Famoso nacionalmente, o local é um polo gerador de tráfego que, por todo o

verão, atrapalha o fluxo de carros e transporte coletivo (Figura 175).

O ponto nodal 7 (Figura 176) é o cruzamento da Rua da Capela com a Av.

Campeche. Ali se formou uma das primeiras centralidades do bairro, porém não sofreu

desenvolvimento. A Capela de São Sebastião e Império do Divino (Figura 176), no final da

Rua da Capela, foi construída em 1826 e se constitui em Patrimônio Histórico, Artístico e

Arquitetônico do Município de Florianópolis (IPUF, 2012, p. 9).

O morro do Lampião, indicado como ponto 8 na Figura 169 é um marco

visualizado por diversos pontos do Campeche. De acordo com Inácio (2001), seu nome

original era morro do Caboclo, mas mudou para seu atual nome, por ser o local onde se

acendiam lampiões para sinalizar a posição das pistas aos aviões em seus voos noturnos

(Figura 177).

170

Figura 175 – Foto à esquerda, Point do Riozinho, acesso à praia, à direita, cruzamento da Rua da Capela com a

Av. Campeche

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 176 – Foto à esquerda, cruzamento em a Rua da Capela e a Av. Campeche, à direita Igreja

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

Figura 177 – Morro do Lampião, à esquerda vista do Campo de Aviação, à direita vista da praia (próximo à Capela)

Fonte: Acervo prórpio, 2014.

171

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como finalização teórica deste trabalho, neste capítulo serão apresentados as

principais diretrizes que deverão ser levadas em consideração no desenvolvimento do projeto

de parque urbano, etapa subsequente e requisito basilar para a conclusão do curso. Com esse

embasamento, será desenvolvido um programa prévio do parque e uma proposta de partido

conceitual, apresentado no Apêndice A.

A linearidade estrutural do trabalho permitiu a compreensão e a importância dos

espaços urbanos para a sociedade e o quanto esses espaços influenciam na qualidade de vida

da população. Agregado a esse valor está a história da área estudada, importante variável

geradora do espaço e da memória local. Além disso, o planejamento urbano de Florianópolis

não acompanhou o crescimento acelerado, resultando na escassez de áreas de lazer, estando

limitado ao turismo de sol e mar nos balneários, deixando a cidade pouco atrativa em períodos

fora da temporada de verão.

5.1 REVISÃO DA PROBLEMÁTICA E PROPOSIÇÃO

O princípio norteador desta pesquisa foi o de demonstrar que atividades de cunho

cultural e de lazer desenvolvem a socialização e melhoram a qualidade de vida da população.

O que atualmente se observa é o descaso e a falta de manutenção com as poucas áreas de lazer

existentes no município. Neste sentido, buscou-se um embasamento teórico para dar suporte a

essa questão, pesquisando conceitos e referenciais projetuais que possuíssem essas atribuições

e pudessem contribuir na problemática desta pesquisa.

Como escopo de pesquisa propôs-se a criação de um parque de cultura e lazer,

contemporâneo, inserido na paisagem e com soluções que propiciem o desenvolvimento

sustentável e econômico do parque, diminuindo ao máximo a utilização do erário público e

constituindo-se, também, em um espaço de variados equipamentos de lazer, contemplando a

diversidade populacional e promovendo a convivência.

5.2 PARTIDO CONCEITUAL A SER ADOTADO

Para o início do desenvolvimento de qualquer projeto arquitetônico e urbanístico

são necessárias diretrizes, de modo a estabelecer uma definição do programa a ser

desenvolvido, ambos baseados na fundamentação teórica, análise de modelos e na avaliação

172

do sítio. Ao longo desse trabalho gerou-se uma gama de diretrizes que irão auxiliar na

composição do parque, exposto de forma esquemática no Apêndice A e listada a seguir.

Garantir a história, memória e identidade do espaço: incorporar a história no

desenvolvimento do parque é primordial para promover maior integração social, realçando os

sentimentos dos moradores locais em relação ao patrimônio cultural, repassando esse afeto às

gerações seguintes e aos visitantes que por ali irão passar. O traçado das antigas pistas de

pouso pode ser bem utilizado como um norteador de caminhos, pois coincide com as trilhas

utilizadas atualmente.

O parque urbano e suas complexidades: Jane Jacobs (2001) diz que o ideal é

atrair o maior número de tipos de pessoas, com os mais variados horários, interesses e

propósitos e, para tanto, são necessários quatro elementos primordiais para se garantir o uso:

Complexidade: inserir no parque diversas atividades para contemplar o

descanso, a recreação, a prática de esporte, o ócio, assistir a um jogo, ler,

trabalhar e ter contato com a natureza;

Centralidade: os traçados das antigas pistas de pouso se cruzam formando-se

uma centralidade no Campo de Aviação, podendo-se utilizar para constituir ali

um monumento aos aviadores configurando-se como um ponto de parada, um

local com referência visual;

Insolação: mesmo sob uma sombra no verão, ou sobre a grama no inverno, o

sol trás energia e vitalidade para o frequentador, demonstrando a importância

de espaços descampados ao parque;

Delimitação espacial: pode-se definir o espaço através de glebas vegetativas e

de construções à volta, criando uma forma definida de espaço, se destacando

como um elemento importante no cenário urbano.

Paisagismo: para Benedito Abbud (2006) paisagismo é a arte na qual é possível

ter uma rica vivência sensorial, onde os cinco sentidos do homem estão presentes e, quanto

mais se consegue acentuar esses sentidos, mais perto o paisagismo está de cumprir o seu

dever. Então, para o parque deve-se criar uma atmosfera que contribua para o acesso ao verde,

para o prazer de estar sob as sombras das árvores, sentir o frescor, seus cheiros e utilizar as

diversas tonalidades e cores existentes na natureza.

Mobiliário urbano: entre os elementos estruturadores dos equipamentos urbanos

está o mobiliário urbano, primordial para a composição, utilização, conforto e funcionalidade

dos parques urbanos. A forma e a função estão intimamente ligadas e, juntamente com a

173

ergonomia, transformam o mobiliário urbano em um contexto desafiador, na qual a forma

possui diversas possibilidades de criação de modelos inovadores e a função insere com

harmonia o mobiliário na paisagem urbana, interferindo no comportamento dos usuários.

Desenho Universal: para o projeto de um parque urbano com um conceito de

inclusão social, torna-se necessário utilizar elementos que ofereçam estímulos

sensoriais/perceptivos e que não se constituam em restrições para a condição de usabilidade

dos mesmos, proporcionando ambientes e ambiências com o maior índice possível de

apropriação de usuários.

Planejamento, implantação e gestão eficientes: a aplicação do desenvolvimento

sustentável em um parque urbano deve estar calcada na elaboração de uma estratégia de

implantação ecoeficiente, na qual são estabelecidas diretrizes que norteiem a busca por

construções sustentáveis e de baixo custo, além de soluções projetuais que permitam uma

gestão autossuficiente.

Materiais e Sistemas construtivos:

Madeira laminada colada: possibilitam grandes vãos, plasticidade e

flexibilidade com curvaturas, e estabilidade dimensional, possuindo baixa

umidade, o que reduz o comportamento de dilatação e retração, sendo

resistente a substâncias químicas e agressivas. Representam, ainda, uma

contribuição para a proteção do meio ambiente, pois pode ser utilizada a

matéria prima renovável de florestas plantadas ou manejadas, sobras de

madeireiras ou o bambu laminado colado.

Concreto armado: podem ser agregadas soluções para a diminuição do impacto

ambiental e diminuição do custo do produto final, entre as quais estão a

redução do cimento no concreto, reaproveitamento de resíduos industriais no

lugar da matéria-prima e reaproveitamento de resíduos de construção na

substituição de agregado.

Pavimentação: a impermeabilização do solo é um dos fatores agravantes em

enchentes e deslizamentos, interferindo no regime de retroalimentação dos

lençóis freáticos. No parque serão utilizados pavimentos que permitam a

infiltração da água como o piso-grama, intertravado, ecopavimento, asfalto-

borracha e concreto permeável.

Condicionantes naturais: por estar situado em uma planície costeira, o sítio

possui um relevo plano e com um lençol freático bastante superficial. Por isso, uma boa

drenagem do terreno direcionando as águas para um canal de drenagem, evitará a formação de

174

áreas alagadiças. Os capões de vegetação formados por pinheiros exóticos serão eliminados

(Lei Municipal n. 9.097/2012), mantendo apenas as glebas de florestas nativas, sendo que

serão criados bosques com vegetação nativa, frutíferas e floríferas, incluídos em um

macroprojeto de recuperação ambiental. Por não possuir barreiras físicas no entorno, o sítio

apresenta-se exposto aos ventos predominantes, que são de quadrante Nordeste (predominante

e intenso em todas as estações do ano) e Sul (intenso no inverno). Logo, a criação de barreiras

com vegetação amenizará esse aspecto climático.

Condicionantes socioespaciais: a condição de limite direto com três vias (ao sul,

ao oeste e ao norte), existindo ainda a pretensão de se criar uma via subcoletora no lado leste

do campo, contribui para a criação de acessos em todos os lados do parque, fazendo com que

todas as áreas do parque tenham maior movimentação.

Programa de necessidades do parque: de acordo com Gatti (2013, p. 42),

“definir o programa significa pensar sobre o que este espaço público precisa ter para atender

às demandas existentes”. Para auxiliar na organização do programa, foi utilizada a seguinte

subdivisão, definida por Gatti (2013):

Atividades a serem desenvolvidas: culturais, recreativas, esportivas, educação

ambiental.

Equipamentos necessários: quadras poliesportivas, campo de futebol, campo de

rugby, espaço skate, passeio, academia, pista de cooper, ciclovia, espaço de

contemplação/ócio, playground, espaço pipa e piquenique, espaço da feira,

mirante, anfiteatro com concha acústica, bocha, jogos de mesa, espaço do

aeromodelismo, pomar e viveiro, compostagem, quadra coberta, espaço

animal.

Edificações de apoio: espaço para exposição fixa e itinerante, pavilhão de

eventos, centro comunitário, sede administrativa, posto policial, banheiros

públicos, espaço multimídia, biblioteca, salas para oficinas, engenho de farinha

tradicional, quiosques e estacionamento.

175

6 CONCLUSÃO

Ao se considerar o homem como o agente determinante da produção

socioespacial, pode-se afirmar que o processo de urbanização constitui-se no principal fator

de modificação das paisagens nas cidades. Quando a expansão proporcionada por este

processo de urbanização ocorre de forma desordenada, a qualidade de vida da sociedade

como um todo diminui de forma considerável, refletindo-se na deterioração dos espaços

públicos e degradação dos ecossistemas naturais. Porém, quando este processo de urbanização

ocorre de forma planejada, levando em consideração a capacidade de suporte de ecossistemas

e o equilíbrio nas proposições dos usos sugeridos, observa-se que a relação homem/meio pode

se dar de forma sustentável.

Neste sentido, a criação de parques urbanos nas cidades contribui com a melhoria

da qualidade de vida dos ambientes urbanos, garantindo a aproximação do homem com a

natureza. Os parques podem atender as diversas finalidades sociais, culturais, de práticas

recreativas e contemplativas dentro das próprias cidades e proporciona a vivência em

ambientes saudáveis e sustentáveis, tanto ecológica, quanto social e economicamente.

O desafio de se projetar um parque urbano, não está só na escolha do programa,

mas em uma gama de diretrizes e decisões que, juntas, irão transformar o espaço em um lugar

com grande vitalidade e desejado por todos. Dentre essas premissas, o presente trabalho

analisou a composição da história que envolve o universo da comunidade, a paisagem urbana,

os equipamentos e mobiliários urbanos, a projetação para a diversidade de deficiências

humanas, o entendimento de suas complexidades e funções, o paisagismo que desperta

sensações e a sustentabilidade, intrínseca no pensamento da arquitetura contemporânea.

O estudo da história do Campo de Aviação levou-se à compreensão da

importância de se incorporar aos espaços públicos a memória do lugar e a promoção dos

sentimentos dos moradores locais em relação ao patrimônio cultural, repassando a história às

gerações seguintes e aos visitantes que por ali irão passar.

Atrelado ao espaço e memória está a paisagem urbana que, mesmo sob seu

complexo paradigma na morfologia do espaço, é gerada por uma profusão de vivências e

influências geográficas ou arquitetônicas e o resultado dessa análise irá auxiliar na construção

de um espaço com qualidade visual e ambiental.

Por conseguinte, através do estudo dos espaços urbanos, observou-se que a

evolução dos equipamentos urbanos na história da sociedade e, especificamente, no Brasil,

consolidou-se através de programas mistos, por meio de espaços contemplativos, recreativos,

176

esportivos e ecológicos, firmando a busca pela qualidade de vida e maior contato com a

natureza. Dentro desses espaços, encontra-se a necessidade da inserção de mobiliário urbano

e, consequentemente, a inclusão social. A pesquisa conceitual levou a conclusão de que é de

primordial importância a utilização de elementos que ofereçam estímulos sensoriais/perceptivos

e que não se constituam em restrições para a condição de usabilidade dos mesmos, proporcionando

ambientes e ambiências com o maior índice possível de apropriação de usuários.

Porém, mesmo que tudo isso seja implantado de forma adequada, se não houver

uma gestão para a manutenção do parque, o espaço sofrerá depreciação, deterioração e

abandono. Portanto, recursos orçamentários devem ser disponibilizados, decorridos de

associações de amigos do parque ou parcerias público privadas, de modo a diminuir os

encargos públicos.

A proposta para a implantação de um parque no Campo de Aviação não é recente

e a comunidade luta por esse espaço com veemência, buscando concretizar a destinação

pública que, historicamente, se observa na área de uma maneira irrevogável e eficiente. Esse

trabalho não tem a pretensão de ser concretizado, mas sim, se alicerça no desejo irrefutável de

auxílio a esta luta.

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