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Entrevista da Anilia Francisca com Curingas do CTO- AUGUSTO BOAL ANO 2002
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Transcript of Entrevista da Anilia Francisca com Curingas do CTO- AUGUSTO BOAL ANO 2002
Entrevista feita, na UNIRIO,pela aluna Anília Francisca com
Claudete e Geo Brito, curingas do CTO{Centro do Teatro do
Oprimido}, quando das aulas de AGCTB, que foram ministradas pela
professora Ana Maria Bulhões no primeiro semestre de 2002.
Transcrição da gravação da entrevista:
Anília- Boa tarde! Eu sou Anília Francisca e hoje, aqui, no
trabalho.........da professora Ana Bulhões, ......Atores, grupos ,
e companhias no Teatro Brasileiro, nós....... Eu tive o prazer de
trazer o CTO Rio , a Claudete e o Geo, que vão falar um pouco
sobre o grupo deles , e todo o trabalho que eles vêm desenvolvendo
ao longo desses anos no Rio.
Anília - Boa tarde, Claudete! Boa tarde, Geo!
Claudete- É um prazer tá aqui. Obrigada pelo convite. Pra gente é
muito importante------
Anília- Então, eu peço a vocês pra que vocês falassem um pouco
mais sobre o CTO, para que os estudantes pudessem ter um material
para , futuramente, inclusive ficarem sabendo um pouco mais do
trabalho que vocês fazem, que muita gente desconhece, apesar de
tanto tempo. Eu queria saber, eu queria que voc6es explicassem
para a gente, para a platéia, para o pessoal todo , como é que
surgiu o método que o Augusto Boal ele.... Como é que surgiu o
método do Teatro do Oprimido, e como Boal desenvolveu esse método?
Como é que foi a História, o surgimento da História desse Teatro
do Oprimido?
Geo- Bom, o método do Teatro do Oprimido , ele surge ,
cronologicamente, quando Boal era diretor do Teatro de Arena; ele
começou esse trabalho em 56, assim que ele voltou dos Estados
Unidos nos estudos dele com John Gardner .Ele começou a dirigir o
Teatro de Arena, que tem uma repercussão muito grande no Teatro
Nacional; o resgate do teatro uma forma-----------dramaturgia ,
determinada interpretação, trabalhando com vários atores ,
revelando vários atores: Francisco Xavier, Dina Sfat; o próprio
trabalho com musicais também: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria
Betânia
E o Boal fez esse trabalho em 56, e foi desenvolvendo no
Arena , fazendo várias peças. E , em 64, que tem a Ditadura, ele
surge fazendo um trabalho, mostrando várias facetas da sociedade
brasileira da época, fazendo várias críticas. Em 68 vem o golpe
e , dentro do golpe, o AI5, e eles continuam esse trabalho; só que
, nesse momento ,pós 68,a repressão passa a ser maior .A partir
desse momento, os teatros são proibidos, fazer teatro dentro do
espaço arquitetônico. quando você fala teatro, as pessoas pensam
na arquitetura, mas o golpe........você pode fazer teatro em todos
os lugares, até no teatro. Então, a partir desse momento, fica
muito difícil fazer teatro dentro da arquitetura,do espaço,do
teatro físico--------tem vários sindicatos, com------, Igrejas,
principalmente,......a partir de 71------chamo Teatro Jornal. O
que era o Teatro Jornal? Foi a primeira técnica do Teatro do
Oprimido, e você na época....a censura imperava, e , então, nos
jornais também não tinham notícias. Você começava a ler e, de
repente, vinha uma receita de bolo,as notícias eram
proibidas.Então , o que eles faziam? Eles pegavam jornais, liam
pela manhã, improvisavam ,faziam cenas rapidamente relacionando
algumas ações. Por exemplo, o jornal falava sobre a dívida externa
e a seca do Nordeste, o que tem haver a seca com a seca no
Nordeste.
E várias outras técnicas existiam....eram 16, se eu não me
engano que o Teatro Jornal desenvolveu .E as pessoas faziam
essas representações, e iam para os mais diversos locais, para as
ruas, para os sindicatos , para as Igrejas .Foi assim que começou
o Teatro do Oprimido.
Anília- anran
Geo{continuando}- Em 71 Boal foi preso, né? Ele é torturado, e é
gentilmente, convidado a se retirar do país. Ele é exilado e vai
para a Argentina, onde começa todo o processo da técnica,que vem o
Teatro Invisível, depois vem o Teatro Imagem, depois vem o Teatro
Fórum---------Importante que o Teatro do Oprimido é uma técnica ,
um método vivo. A partir de um problema que acontece, você cria
uma nova técnica.
Anília- É-------improvisações que se dá o Teatro do Oprimido?
Geo- Não só a partir de improvisaçõe...claro que.....
Anília- Você pega o material verdadeiro, material real, a partir
daí você cria a ficção.....Seria isso mais ou menos?
Geo- É a gente pode até dizer. O que é ficção, né? Ficção, se
existe, só seria a palavra em si. A partir do momento que você
está fazendo uma cena, aquela cena se torna real de alguma forma;
mesmo que seja uma imagem do real, ela se torna real, ela ,
enquanto imagem. Certo? Isso acontece muito no Teatro do Oprimido,
só que ela é , ela, ela é uma realidade, mas se tem várias formas
da realidade se mostrar.
Então , às vezes, tem um problema que o Boal---------desenvolveu
na época 60/70.A ditadura começou a imperar não só no Brasil, mas
como em vários países da América Latina, inclusive na Europa,
Portugal, Espanha, onde ainda estava a ditadura. E o Boal chegou
na França, e ele começou a desenvolver essa técnica, a técnica
do Teatro do Oprimido Fórum, que era uma técnica, que são
técnicas mais objetivas;e ele chegando na França, muitas pessoas
viam para ele falando, assim, que ele estava acostumado com o
problema da polícia vir dar porrada , do exército bater, da
tortura. Eram coisas muito impactantes.
Então ele chega na França, e disse “O meu problema é que eu não
consigo me comunicar ”. Então, o Boal até fala “Então, você está,
então, no progresso. Você já consegue falar, só não consegue se
comunicar, então já é alguma coisa”.
Aquelas técnicas que eram mais objetivas não, não se encaixavam
nesse problema. Então , a partir de problemas novos, ele cria uma
nova técnica .Isso que é importante: não pegar a técnica que
encaixa na pessoa; a partir de como......o problema que ele traz
para gente , a gente fala--------técnicas existem no Teatro do
Oprimido não dá conta disso; então, a gente tem que ter uma nova
técnica.
A partir daí , Boal criou------------que , num primeiro momento,
inclusive ele chamou “O tira na cabeça”. A polícia nunca está
fora, ela está dentro da cabeça das pessoas. Por que eu não
consigo fazer isso? Porque é que eu quero falar com a minha mãe
que eu quero sair de casa, e não consigo falar com ela? Por que eu
não quero terminar com a minha namorada e chego na frente dela e
não consigo falar isso? Quem é que impede isso? Então isso seja
uma-------------subjetiva.
Anília- E foi quando , aproximadamente, foi fundado o CTO? Não no
Rio , mas foi fundado o CTO; porque o Boal disse assim “Agora ,eu
vou fazer, criar, um grupo que só vai trabalhar com esse tipo de
método que eu desenvolvi”?
Claudete- Isso foi, mais ou menos, no final da década de 70, meu
primeiro CTO, o primeiro Centro do Teatro do Oprimido foi em
Paris, porque ele, Boal, depois disse que----------exílio , como o
Geo tava falando, faltou falar do Peru que Boal trabalhou com
Paulo Freire. E , nesse momento, né? .....as vertentes da
Pedagogia do Oprimido, do Teatro do Oprimido , começaram a trilhar
um caminho mais concreto, cada uma na sua proposta. E Boal
trabalhava na parte de teatro, no Peru, num programa que tinha
naquela época-71/72-, e o Paulo Freire trabalhava na parte de
Educação da Pedagogia do Oprimido.
Depois desse percurso pela América do Sul, chegando à Portugal
e França. O primeiro Centro do Teatro do Oprimido existente no
mundo é o de Paris, que existe até hoje, e tem quase 20 anos.
Anília- E o CTO Rio , quando é que ele foi fundado? O que vocês
fazem parte, né?
Claudete- A gente faz parte do Centro do Oprimido, que foi
fundado em 1986.Boal foi convidado a retornar ao Rio , ao Brasil,
pelo Darci Ribeiro. Darci Ribeiro era secretário de Educação na
época,em 86, e encontrou Boal na França, e chamou Boal para fazer
um projeto chamado “Fabrica de Teatro Popular”, que é um dos
grandes projetos do Teatro do Oprimido; é um dos grandes sonhos do
Boal, que é uma fábrica de Teatro Popular , onde você encontra
todas as possibilidades de Teatro, todas as linguagens possíveis
para você formatar um espetáculo de teatro. Então, em 86,Boal veio
ao Brasil e fez um trabalho- uma oficina de 2 meses com 35
animadores culturais de todo Estado do Rio de Janeiro- e desse
grupo surgiram 5 espetáculos;5 espetáculos criados pelos próprios
grupos. Então, os grupos se separaram por temas e surgiu uma peça
sobre violência urbana, sobre a violência contra crianças, sobre
questões de família como gravidez na adolescência, sobre
Educação;e essas peças foram apresentadas ao longo de um ano,
ainda quando o Darci Ribeiro era Secretário de Educação; mas aí,
depois, não teve estrutura. O governo mudou, houve uma transição ,
o novo governo não apoiou esse trabalho. Mesmo assim, o Centro do
Teatro do Oprimido se formou,5 pessoas ficaram
insistindo,convidaram, Convidamos o Boal para dirigir o Centro
do Teatro do Oprimido; desde então, a proposta do Centro do Teatro
do Oprimido concretizou, formado por um grupo que existe no Rio
desde 86.
Anília-Bom, você já falou que existe -----, raízes, e eu queria
saber se existe CTO em outros Estados do Brasil; e se vocês se
comunicam, se vocês têm contato.......CTO daqui com o CTO de outro
lugar. Como é que se dá isso?
Claudete -CTO no Brasil?! A gente pode falar do Rio, CTO do Rio ,
que é onde o Boal está, e onde Boal dirige, ele permanente está em
contato semanalmente ,nas reuniões gerais,.fazendo trabalhos, Boal
dirige. O elenco de componentes do CTO faz acompanhamentos dos
grupos populares que a gente trabalha também.
Agora, fora do Rio, a gente tá começando , depois de 16 anos. É
muito tempo, mas é pouquíssimo pra quem tem limitações em alguns
campos, em relação à questão que tá formando vários grupos.O que a
gente é... são pessoas que se organizam e trabalham com a
metodologia do Teatro do Oprimido ;a gente tem no Rio Grande do
Norte , tem um grupo da Universidade de Natal chamado GABOTU
;GABOTU é “Grupo Augusto Boal de Teatro Universitário”, que tem
uma peça de Teatro Fórum , que trabalha com “X tempo”,tem um
trabalho iniciadoou terminado, iniciando-a gente tá sempre
voltando em ique-Xique na Chapada de Diamantina, no Sertão baiano
.O pessoal discute a questão do êxodo rural, naqueles povoados,
como Teatro Fórum. E onde mais Geo?
Geo- Mas nesses últimos anos, a gente conseguiu um salto nesse
ponto de vista, de está ampliando pro Brasil mesmo.
A gente faz um trabalho há mais de 5 anos, mais 4, 5 anos, na
Prefeitura de Santo André, que ela convidou a gente para fazer um
trabalho a nível nevrálgico da própria estrutura da Administração
Municipal. O Pedro Pontual, que é um secretário local, inclusive
foi assessor do Paulo Freire na época que era Secretário de
Educação,e ele coordena uma Secretaria, que é a Secretaria de
Cidadania da PF de Santo André, que hoje trabalha em várias outras
Secretarias , de Educação, de Saúde, orçamento participativo.
Anília- São Funcionários da Prefeitura?
Geo- Ele pegou um grupo de várias secretarias, que já tinham
atuações em algum programa de participação popular ;então nós
pegamos essas pessoas , porque uma das idéias do Teatro do
Oprimido é,justamente, essa:da multiplicação, da formação., da
capacitação das pessoas. Nossa idéia...Nós não nascemos sabendo o
Teatro do Oprimido,então a idéia é você está passando os meios de
produção teatral para as pessoas poderem estar levando isso
também. Hoje,em Santo André, tem um grupo do Teatro do Oprimido
que se chama “Ondas da Rua”, que faz esse trabalho; praticamente
em todas as secretarias tem alguma experiência no Teatro do
Oprimido; no orçamento participativo. sempre antes das
plenárias,né?... que acontecem, acontece uma peça de Teatro do
Oprimido, porque é uma temática muito complexa,né?...”orçamento
participativo” Muita nunca falar nessa palavra. Então, é um
teatro muito nevrálgico o que acontece, hoje, na Prefeitura de
Santo André.
Além disso, a gente fez um trabalho , ano passado, em 37
presídios em Sào Paulo. Entendeu? Então, a gente formou cerca de
50 monitores, porque, em São Paulo, todo presídio tem uma escola
dentro do presídio. Então , a gente formou esses professores para
estarem com o Teatro do Oprimido , então eles formaram, grupos com
os próprios presos , e discutem temas como os direitos humanos e
tudo mais.
A gente chegou a fazer um trabalho com a Prefeitura de porto
Alegre .A gente tá fazendo agora com a Prefeitura de Juiz de Fora
também, né?.... e com o MST, a gente fazia trabalho de formação;
tem um grupo chamado de Brigada Nacional do Teatro do Oprimido
Patativa do Assaré, eles vieram para cá no ano passado, num
número de 20, e eles foram capacitados...eram de 15 a 16 Estados,
e eles voltaram para os seus locais. E,hoje, existe interesse no
Teatro do Oprimido nesses 16 Estados, ou grupos ou eles utilizaram
a técnica para discussão de seminários, eventos. Então, o Teatro
do Oprimido,hoje, está , cada vez mais, se espalhando pelo Brasil.
Anília- Será que vocês podiam, assim, explicar.....eu sei que é
super difícil, a gente estava tentando ver se trazia um Fórum pra
que pudesse trazer para os estudantes, demonstrar e tal...Mas eu
queria que vocês tentassem explicar , mais ou menos, assim como é
que um Teatro Fórum pra quem nunca viu, porque eu vi pela primeira
vez o Teatro Fórum,em 2000,no CTO e tal, CTO RIO, num festival
que eu participei, de teatro da FETAERJ.... Arcozelo.
Aí a primeira impressão que eu tive, quando eu vi o Teatro
Fórum, eu falei ”Gente que coisa mais linda! Que jeito
maneiro,assim, de se passar uma informação e tal”. Eu queria que
vocês tentassem , mais ou menos, explicar com palavras , se é que
isso é possível, como é que é o Teatro Fórum, que é o Teatro que
vocês trabalham dentro do Teatro do Oprimido, né?
Claudete- Quando existe, vários os projetos...... Certos projetos
do CTO visam a criação de um grupo,né?.... e que esse grupo possa
trabalhar, prioritariamente, o Teatro Fórum. O Teatro Fórum ele se
baseia em exercícios e jogos, e técnicas também. Os exercícios e
jogos são sistematizadas em primeira categoria(sentir que se
toca), segunda categoria(escutar o que se ouve), terceira
categoria(estímulos de várias sentidos sem o auxílio da visão),e
quarta categoria(ver o que se olha).
Então , a gente tem os exercícios sistematizados nessas
categorias para poder chegar numa comunidade, né?...e pode
apresentar esses exercícios e jogos pra que as pessoas possam se
descondicionar o máximo possível, desmecanizar um pouco e ter um
prazer que os exercícios e jogos teatrais trazem para a gente .E
tem várias técnicas também: técnicas de imagem, técnicas de
ensaio, .e tem um momento que o curinga, ele trabalhando,
discutindo com o grupo, começa a montagem de uma peça , e a peça é
sempre com a iniativa , com a criação, com a discussão do tema
através do grupo , que eu deixo ,ele é coletivamente feito:o
roteiro , as músicas a questão de como vai ser o tema, qual é a
história. É o curinga que trabalha essa questão com o grupo. O
grupo traz essa informação; por exemplo, o grupo de trabalhadores
domésticos ,que eu trabalho e tem 4 anos , esse grupo era de uma
escola , um supletivo, que nos pediu que fôssemos fazer uma
oficina , uma oficina pros professores pra discutir a questão
educacional, e depois pediram para a gente trabalhar no supletivo;
desde então, a gente mantém um grupo de mesmas pessoas no que a
gente levou exrecícios e jogos ,técnicas,elas contaram as
histórias de vida e montamos.
Anília- São sempre não atores, né?
Claudete- São sempre não atores! A gente sempre trabalha com
pessoas que têm o sonho do teatro, adoram , queriam fazer ,
mas.......
Anília- Eu lembro que teve gente no grupo que nunca havia
estudado teatro antes , que nunca nem tinha visto e já estava
estavam lá fazendo.
Claudete- É .....já estava atuando e fazendo sempre bem, porque
contam a sua história de vida, tipo assim :quando você conta a sua
história, quando você vai mostrar.....entào, tipo assim , para
ficar mais claro, para pontuar essa questão do Fórum. Esse grupo
de trabalhadores contaram várias histórias que sistematizamos, eu
e o Onivar, que é outro curinga, também, do CTO; são cinco
curingas :eu, Geo, Olivar, a Helen, e a Bárbara, com a direção do
Boal. São esses curingas que vão as comunidades, que vão formar os
grupos,e que vão ministrar as técnicas do Teatro do Oprimido.
E aí , então ,contaram as histórias , e aí tem uma cena que a
empregada doméstica não consegue ter a sua carteira profissional
assinada, porque a patroa..... porque tem uma coisa que acontece
muito com elas; elas contavam histórias que a patroa ,geralmente,
não pode, deixa para depois,aí paga atrasado, aí não tem hora
extra. Têm várias questões que a gente montou um cenário..... a
gente trabalha com cenários de material reciclado, mas é um
cenário bonito,é um cenário vistoso; quando a gente vai para a
rua, quando a gente vai para o teatro,tambáem, escolas, e espaços
alternativos....Então, gente tem um cenário,um diretor musical que
trabalha com o grupo.... então, eles aprenderam a cantar;
inicialmente desafinados, agora estão super afinados. .né? Tem
toda uma estrutura teatral....
Anília-E a participaçào do público?
Claudete -Então tem essa cena em que a Maria, né?....A Maria está
discutindo lá com a patroa, ela não consegue convencer a patroa.
No Teatro do Oprimido, é claro que a gente tem um personagem
protagonista, que é o oprimido, ele não consegue realizar o seu
desejo, insiste muito, mas não consegue, porque existe tem um
personagem que a gente chama “O opressor”.... na dramaturgia do
Teatro do Oprimido existe o oprimido e o opressor com essas
características .O opressor impede o desejo do oprimido de se
realizar.
E aí , nesse momento, o curinga, depois que termina a peça, o
curinga pergunta a pla téia: o que vocês fariam no lugar da Maria?
Quem vem aqui , veste o avental que ela estava usando e consegue
mudar essa situação? Quem traz uma alternativa?. E as pessoas
sempre trazem idéias, trazem conselhos, trazem questões. Mesmo
assim, mesmo quem não sabe o que fazer,mesmo quem fica sentado, já
está atuando, porque tem a opção , tem a opção de ficar sentado
ficar pensando outras questões, ou entrar em cena e poder propor
uma ação concreta. Então, o Teatro Fórum,ele se dá dessa maneira,e
a gente faz em todos os espaços que nós podemos alcançar.
Anília-Na ruatambém,né?
-Geo- Só para pontuar uma questão que você colocou. Sempre com não
atores, porque nós priorizamos o trabalho com não atores,até
porque nós acreditamos na cultura como vocação. Todas as pessoas
podem fazer teatro até os atores. Isso não quer dizer que todo
mundo vai ser um ator profissional,mas é o prazer de exercer algo
que a gente acha que é importante para se ---------enquanto se
humano. Não é que todo tem que ser um Ronaldinho , mas o hábito de
todo mundo querer jogar bola é sempre maravilhoso; o ato de pintar
,também, não precisa ser um Van Gogh, mas, se você se descobrir
para pintar, é sempre interessante. Então, a gente prioriza os não
atores, mas as técnicas do Teatro do Oprimido, os exercícios, as
técnicas de ensaios, elas são tão usadas tanto pra não atores como
para atores.
Quando Boal vai fazer uma peça mais convencional , como ele
fez agora a Carmem de Bizet,essa ópera..... o método que ele
trabalhou com a Fernanda Montenegro, ou quando ele trabalhou,
recentemente – um ano ou dois – ,com a High Shakespeare Company,
que é uma das companhias mais conhecidas do mundo, que trabalha só
com Shakespeare na Inglaterra ,ele usou as técnicas do Teatro do
Oprimido para trabalhar, e são atores, assim, super
profissionais.
Então, gente acredita que essas técnicas podem ser usadas de
diferentes formas e com diferentes objetivos para essas pessoas.
Em relação a essa questão, também, que a Claudete colocou da
dramaturgia do Teatro do Oprimido e do opressor ,isso são
elementos fundamentais, porque a gente acredita que para ter
teatro tem que ter conflito. Tem que ter alguém que quer alguma
coisa e alguém que não quer, mas isso não quer dizer que é uma
questão maniqueísta, onde o personagem oprimido, ele aceita o
oprimido, ou que o personagem opressor,ele aceita o opressor. A
gente sabe que, em diferentes momentos na nossa vida, a gente pode
ser um opressor como pode ser um oprimido. Então, todo personagem
quanto mais contradição, mais contraditório ele for, mais rico ele
vai se tornando.
Anília – Esse combate do teatro, do opressor com o oprimido sempre
traz, é muito .......... é é político, no sentido de debate.
Vocês, então, desenvolvem um teatro nitidamente político.
Eu queria saber qual é o tipo de vantagem, quais os tipos de
desvantagens (gaguejando) e quais os tipos de críticas que vocês
recebem por fazer esse tipo de teatro nitidamente político?
Geo - Eu acho essa pergunta super importante. Porque essa gente
não acredita que faça teatro político. A gente acredita que todo
teatro é político, porque a gente acredita que os seres
humanos........ a palavra política, ela vem da pólis, que é da
cidade.... onde as pessoas buscavam as melhores formas de estarem
se organizando, da sua ação política. A gente acredita que nós
fazemos teatro como política, da mesma forma que um advogado,ele
advoga como política, ou defende uma pessoa ou acusa...né?...é uma
ação política como mérito também. O ato dele cuidar de alguém ou
deixar de cuidar. Nós acreditamos que todas as pessoas têm ações
políticas no seu cotidiano; então nós acreditamos que todo
teatro,ele é político,então nós fazemos teatro como política.
Claro que, muita das vezes, as pessoas....porque o teatro
político,ele tem uma data, ,assim ,historicamente colocando; ele
tem o Brecht, tem o---------, essas pessoas todas que tinham essa
idéia que o teatro político, é o quê ? Você montava uma peça
onde... vocês devem fazer isso!; então mostrava o operário....Não,
você deve fazer a greve!..... A gente não sabe se tem de fazer
greve. O que a gente faz é de ir até o operário, né?.. e
conversar com ele, e encenar uma peça, e ele descobrir o queé que
ele acha que ele deve fazer. Nós chegamos com uma pergunta do que
ele quer falar, sobre o que ele quer falar....Às vezes ele quer
falar sobre a esposa dele,ou sobre alguma outra questão que ele
tem, né? E ele vai responder pra gente com uma outra pergunta,
fazendo uma pergunta teatral. Então, é bem diferente essa questão.
São questões que envolvem a questão da participação, do debate,
né? A gente acredita exatamente no diálogo, né? .....A gente
acredita muito na importância do diálogo, e muita das vezes,
realmente, acontece isso.
Acho até super importante a gente tá aqui na UNIRIO, porque,
muita das vezes, as pessoas classificam que o Teatro do Oprimido
não é teatro, é política. Então, nós acreditamos que o Teatro do
Oprimido, antes de tudo, é teatro. Então muita das vezes, algumas
portas são fechadas para a gente, né? Tanto do ponto de vista da
universidade ou do ponto de vista de grupos ..... como você falou
nisso...ditos teatrais ou outros e, em alguns momentos ,ela é
aberta; quer dizer, isso é um lado bom e um lado ruim das coisas.
Acho que tenho um interessante, que é no sentido de você ter uma
identidade,porque, também, você ..........se todo mundo gostar de
você, acho que tem alguma coisa errada, né? tem pessoas que gostam
de você e não gostam do seu trabalho pra que você tenha uma
identidade....você consegue apresentar uma proposta clara dos seus
objetivos.
Anília- Como é que se dá o treinamento dos curingas, dos cinco
curingas que o Boal ele trabalha ?Como é que se dá o treinamento
de vocês para lidar com o povo----, para elaborar as diversas
técnicas do Teatro do Oprimido? Como é que isso acontece?
Claudete- Como se transformar num curinga!?
Geo- A gente tá falando no curinga...
Claudete- É..
Geo- O curinga é uma função do Teatro do Oprimido criado por
Augusto Boal, e que o curinga é aquele personagem,como na carta,
jogos de cartas,você coloca em qualquer posição , ele sempre faz
parte, ele sempre ganha o jogo, ele tem sempre uma possibilidade a
mais, ele pode ser colocado em várias posições, ele tem sempre uma
função, ele é sempre importante, o curinga.
Então,o curinga no Teatro do Oprimido ,ele tem várias
funções: nós somos diretores, nós somos produtores, nós
trabalhamos ,também, parte de cenário, parte figurino. A gente
trabalha a questão também de lidar com a platéia, pra convidar a
platéia para entrar em cena para fazer Teatro Fórum.
Então, o curinga é aquele que tem várias funções. Nessa
questão de produzir os meios teatrais, a gente provoca, a gente
estimula, e a gente orienta também, né? Neste momento que a gente
faz contato com a comunidade para poder apresentar um espetáculo,
para depois formar um grupo, chegar até o grupo, conversar,
aplicar os exercícios de jogos, montar a peça, montar o roteiro,
manter o grupo “ligado”, estimulado, nessa produção e, depois,
apresentar o espetáculo com cenário, com figurino, com música, com
todas as possibilidades e até mesmo fazer outras apresentações.
Anília – É difícil esse envolvimento dos curingas
----------------, esse relacionamento dos curingas, com, com, com,
o elenco que é formado de não atores? É difícil a relação
é......... Trabalhar com não atores é mais difícil do que
trabalhar com atores?
Geo - Depende, né? Acho que cada, cada um, tem um caso. Às vezes,
a gente tem problemas, quando você vai trabalhar com pessoas que
já são atores que, às vezes, muita da é...... às vezes.
Anília (ajudando o entrevistado) – Já vem com vícios ...
Geo - Já vem com vícios, exatamente! De achar..... se propor
alguma coisa diferente, alguns não estarem abertos, né? Ou,
talvez, não; ou outras vezes não, outras vezes têm atores que são
super abertos a fazer, a tarem dispostos a uma troca muito grande.
O trabalho com o não ator, eu sou apaixonado por esse
trabalho, porque eu acho que ele é um trabalho que têm várias
linhas. Ele não é só um trabalho de diretor de teatro. Quando você
vai montar uma peça, você pega assim ....... Ah, eu vou fazer a
peça Romeu e Julieta ... Ah, então eu vou chamar o João que ele
tem biotipo “assim, assado”, vou chamar Maria que é “assim,
assado”. Você vai escolhendo nesses atores, né?...... pessoas
encima de determinados papéis..... e você pode até, durante o
ensaio ou o outro, dizer “Você não pode, não! Tchau”, ou “Você não
serve, não! Vou chamar o outro!”. E o trabalho que a gente faz,
ele tem uma função, tem um lado, uma consciência social muito
forte; quer dizer, a gente tá, a gente acredita que o trabalho de
teatro feito dentro de uma comunidade, por exemplo, que é o que a
gente tem feito muito aqui no Rio, ele tem um objetivo muito
grande de resgate do ser humano da auto estima.
Então, sempre que as pessoas chegam para as oficinas que a
gente dá ,a gente nunca,nós nunca excluímos ninguém....... nunca
falamos “Você não pode fazer teatro, você não serve parapara fazer
teatro”; até porque eles ouvem a vida inteira isso: “Você não sabe
fazer isso, você não sabe fazer aquilo”, seja em casa ou,
infelizmente, em muitas escolas, quando a gente conhece muitos
professores que ......... “Não, você não sabe escrever, você não
pode fazer isso, não pode fazer aquilo”. Quer dizer, eles estão
vendo muito “Não, não, não”. Então, eles são muito castrados em
seus desejos, e o que a gente quer é, justamente, que eles se
construam, não só enquanto atores, mas enquanto seres humanos. O
que a gente acredita é que a grande imagem, que é a do teatro, é
que o ator, ele lida com aquilo que o ser humano lida no seu dia a
dia, ou seja, com a sua voz – a gente fala no nosso dia a dia-,só
que o ator sabe que se ele falar um pouquinho mais para cá, se ele
forçar mais a sua voz num personagem “x” ou “y”, ele via ser mais
potente, né?; se ele colocar o corpo diferenciado naquele
personagem, se ele caracterizar de uma forma diferente, ele vai
ter uma----------. Então a linguagem não é só a palavra mas é a
forma como a palavra é dita, o volume que a palavra é falada, a
forma do corpo ..... quer dizer, todas essas linguagens nós usamos
no dia a dia, só que nós não temos noção; e o ator ele tem noção,
ele sabe se ele entrar daquele jeito, vai ter um significado; se
ele entrar de outro jeito, vai ter um outro significado.
Então, é muito importante essas pessoas terem acesso a todas
essas informações, a essas técnicas ,para elas poderem no seu dia
a dia.... não só elas poderem ser atores, quem sabe um dia atores
profissionais, é uma questão de opção que elas possam vir a ter,
ou mesmo que ela não venha a se tornar um ator profissional,em
qualquer atividade que ela venha a fazer, ela tem conhecimento,
ela tem o poder do corpo dela, de saber como ela pode tá agindo em
determinados locais, determinadas situações, que ela tenha uma
consciência de que cada situação que ela tá se encontrando existe
alguma situação de poder, seja quando ela for falar com o patrão
dela, seja quando ela tiver em casa, seja nas relações sociais
que ela têm de uma forma geral.
Claudete -Ainda nessa questão de como se transformar em curinga,
nessa questão que você estava falando, essa dificuldade que pode
ter, e essa facilidade, também, de lidar com as pessoas que não
têm acesso, né? ......a questão do meio.... da produção teatral.
Então o que acontece com o curinga! ?Primeiro a gente começa
trabalhando como voluntário; todos nós começam voluntariamente
acompanhando Boal. Boal fazia a oficina,a gente acompanhava,; de
repente,a gente começou a fazer alguns exercícios e jogos, e , na
prática, a gente foi assimilando. Não existe um curso específico
para curinga. Existe um trabalho prático, que....ser curinga é
você praticar o tempo todo, né?....descobrindo, pesquisando, na
teoria, o embasamento no teatro popular desde os primórdios da
época grega até hoje em dia. Claro que não é uma coisa isenta de
você fazer uma pesquisa numa discussão teórica sobre teatro, mas,
também,de você praticar com pessoas que não têm esse acesso, e
poder estimular as pessoas a poder tá produzindo, para poder se
sentir ator ou atriz.
Então, a gente se transforma(em curinga) ao longo de algum
tempo, de algum período.Então, primeiro eu, Geo,..........pessoas
que estamos desde a época da fundação, um pouco mais , um pouco
menos . Agora, novos curingas estão sendo formados, também pessoas
de comunidade que agora elas vão também, nos acompanham, e elas ,
também, montam trabalhos com grupos populares em vários projetos;
esse de Santo André , as pessoas nos acompanham até Santo André,
formam grupos novos lá .Em São Paulo, o Teatro das
Prisões,Direitos humanos encenae que o Geo estava colocando. A
gente tá formando na prática, no lidar do dia a dia.
Anília- Em 1993, o Boal, ele foi vereador do Rio de Janeiro pelo
PT. Eu quero saber o que que isso.......aju.....;como é que o CTO
ele se desenvolveu nessa época do mandato dele ?Como é que ele
tentou é, através do Legislativo, ele , ele , ele, ele tentou
é....é trazer um teatro à tona, porque parecia que o teatro estava
meio que.......E le fez um resgate, né?
Claudete- Surge um novo projeto, né?------------que é o Teatro
Legislativo .É a gente trabalhar em comunidade, a gente trabalhar
o Teatro Fórum, né?......que fazia....
Anília-O Teatro Legislativo, ele tem uma diferença do Teatro
Fórum?
Claudete- O Teatro Legislativo complementa o Teatro Fórum.O Teatro
Fórum é: você montar a peça com o grupo escutando o que o grupo
queira, as histórias que o grupo conta, né?....monta aquela peça e
aí você apresenta. A questão do Teatro Legislativo vai muito mais
além, sempre tem uma questão, se você tem um problema,uma
deficiência dessas na construção desses conflitos, né?.....alguma
coisa que possa ser a nível legal, que a gente possa discutir
tanto com o grupo como com a platéia ; o teatro legislativo se
propõe a se extender, a gente discutir com a platéia uma lei, uma
lei ou um encaminhamento legislativo que é possível para a questão
levantada.
Anília(constatando)-Para solucionar esse problema,né?
Claudete- É , tipo assim: no ano passado, a gente montou uma, a
gente fez.... Toda vez que a gente trabalha com os grupos, a gente
sempre se preocupa em fazer festivais; pegar uma mostragem com ,
com , com grande peso em todos os grupos.
Anília- Vocês vão fazer um festival agora, né?....do Teatro
Legislativo.
Claudete- Vai Ter um , vai Ter um ....um festival que a gente vai
convidar as pessoas , mas no finalzinho , tá? Aí na---------Mas só
para complementar, então...quer dizer, desse último trabalho que a
gente fez em São Paulo, que foi feito um festival, né? Havia
pessoas da área legislativa, pessoal da Secretaria de Justiça, da
Escola, de Administração Penitenciária, ----- parlamentares
presentes no Parlativo, né?.. Lá em São Paulo.......presentes e
três peças foram apresentadas :uma de agentes penitenciários, uma
dos detentos masculinos, e outra de mulheres presas; e que a
grande questão que as mulheres quiseram colocar é de se ter um
filho na prisão .A mulher teve um filho, o filho vai fazer seis
meses, né?....Então, aos seis meses, o bebê, obrigatoriamente, sai
de perto da mãe e vai para onde ,né? Então, a questão era essa, a
pergunta era essa :.A mãe não tem onde deixar.... Ou , se ela tem
com quem deixar, como é que ela faz? Ela vai ficar totalmente
afastada dela cumprir a pena dela? Que outras possibilidades têm?
Então, isso foi uma coisa que comoveu muito as pessoas, né? E se
teve uma questão da creche , de poder Ter uma creche , e discutir
essa questão , uma creche na comunidade, mas tem um vínculo com a
penitenciária, que a mãe possa está trabalhando mais próximo do
seu filho.
Então, a gente fez uma grande discussão ...provocou, assim, uma
emoção muito grande, né? Além da questão legislativa que foi
amplamente discutida em relação ao que a gente pode fazer a partir
de um problema apresentado em cena. Então, a gente pode criar uma
lei sim, né?É possível que nós, cidadãos comuns,
né?........possamos criar uma lei que benificie o nosso grupo , a
nossa sociedade.
Geo- Porque essa questão...só.....Essa questão legislativa é muito
importante, porque a gente acha que é muito restrita------------a
questão da lei. , quando a gente fala, talvez não possa
é........., porque não dá para mostrar ,só através das palavras.
A gente sabe , os gregos, desde a época da Grécia, eles, se
tinham algum problema, alguma questão ,diziam “Vamos fazer um
teatro e vamos discutir” .Eles discutiam através do teatro, né?
Por quê? Porque o teatro tem uma potência muito grande, né/Ele
trabalha com a subjetividade , com a objetividade; ele usa muito
a palavra, não vale..e consegue.....A própria questão da arte
cênica, como eu estava falando , trabalha com diversas
linguagens , então la não se restringe , muito pelo contrário,
ela amplia, né ?Ela trabalha com a Estética, com a linguagem
sensorial, e isso é muito importante.
Então, quando a gente vai discutir a questão do Teatro
Legislativo, a gente, na verdade, não é só fazer uma lei, porque
lei por lei qualquer um de nós pode fazer; eu tenho uma idéia
aqui, ah! e vou fazer uma lei assim. E o nosso grande desafio não
era só isso.....Boal queria fazer milhões de leis...ele é um homem
super inteligente, mas não era essa a questão. A grande questão é
que a lei... nós consultássemos a população através do teatro e ,
através do teatro, das discussões teatrais, as pessoas faziam a
lei; não só fazia a lei....mas, quando você cria uma lei que venha
a partir de uma discussão séria, de uma série de comunidades, essa
lei tem um peso e uma força muito maior. As pessoas se sentem
responsáveis pela criação de lei. Não foi o “João da Silva” que lá
no Congresso criou a lei, mas essa lei foi discutida com toda
população e que ela passou a ter um poder agora ou mesmo, quando
ela não é uma lei, como esse caso dos presídios, que a gente fez
um trabalho com as presidiárias............e existe uma lei no
Brasil que já permite a visita íntima dentro dos presídios, só que
ninguém respeitava essa lei, só que estava no papel. Só que a
partir do momento que a gente colocou essa discussão dentro dos
presídios femininos, isso foi de tão impacto, forte, através do
teatro, que hoje nos presídios , em São Paulo, essa lei já passou
a ser respeitada. Quer dizer, isso foi o poder do teatro, que ,
hoje, nos presídios em São Paulo, essa lei já passou a ser
respeitada. Quer dizer, isso foi o poder do teatro que conseguiu
interferir nessa questão.
Anília- Olha só, deixa eu fazer uma pergunta aqui. No ano passado,
é.......vocês participaram com o grupo das “Marias do Brasil” no
prêmio Pasqualino é....é...de 2001, e a , atriz, na verdade, a
Maria que fazia a atriz , né?.......porque é.......ela ganhou o
prêmio de revelação do festival no , no Pasqualim. Como é que ela
lidou com esse prêmio que ela ganhou ?E como é que ....O que isso
mudou na vida dela depois disso, depois do prêmio em si?
Claudete- Primeiro, assim , o grupo das “Marias do
Brasil” ....muito
Anília- É feito só por empregadas domésticas,né?
Claudete- Feito só por empregadas domésticas. ”Marias do Brasil”,
porque a gente , se for apresentar o grupo aqui, a Maria da
Conceição, a Maria José, Maria Alice, A Maria...
Anília-Todas se chamam Maria.....
Claudete- Maria, Maria,” Marias do Brasil”, é uma coisa muito
legal!. Todas vêm também de fora do Rio, a maioria .Então , são
pessoas que vêm de fora em busca de um emprego, e ficam aqui
trabalhando de empregadas domésticas.
Mas , assim, foi muito importante para elas entrarem num
festival como foi o da AFETAERJ, isso se deu um impacto muito
grande....isso deu uma valorizada grande para elas ,
pessoalmente, profissionalmente, profissionalmente, também, porque
são pessoas capazes de atuar , e atuar muito bem ,né?...Isso foi
muito importante para todo grupo; e depois , quando uma delas,
né?..., que recebeu em nome de todas,porque,na verdade , ela mesma
falou “Eu só consigo, porque eu estou atuando em
conjunto”...né? ...Então, para ela, foi muito importante , porque
foi um sinônimo, um sintoma de orgulho, assim , muito forte, e deu
uma alegria muito maior ao grupo. Hoje em dia, o pessoal é muito
mais alegre, é muito mais solto; é , e tá muito mais conhecedor da
sua própria capacidade. Eu acho que o que acontece é você
estimular a capacidade de uma pessoa de ele poder atuar, e atuar
de uma maneira muito forte, muito eficiente, muito apaixonada,
porque contam histórias de si mesmas; então, para elas, é muito
fácil.
E esse prêmio , ele fala até hoje, a Maria Vilma, até hoje fala
“Eu ganhei menção honrosa como melhor atriz”.
Anília-Ela.......é importante dizer que ela não fez uma oprimida.
Ela não fez a oprimida, ela fez , justamente, a opressora, que era
a patroa, né?......e surpreendeu todo mundo, porque ela fazia com
uma paixão que parecia que ela tinha sido patroa a vida toda. O
que ela é o contrário , né?
Claudete-É o contrário !Mas conhece muito bem, porque ela lida o
tempo todo com pessoas que fazem um papel antagônico ao delas;
então, ela conhece esse personagem. Então, para ela, é muito fácil
.E é importante , quando se tem essa premiaçào, no sentido de
valorizar o trabalho para elas e, também, .....eu ia falar outra
coisa e esqueci
Anília- Tudo bem! Fora esse grupo das “Marias”, eu sei que existem
outros grupos que só trabalham com homossexuais, têm vários tipos
de trabalhos diferentes , diferentes tipos de trabalho. Como é que
o CTO se organiza atualmente?......assim ...essa pergunta eu ia
fazer depois , mas existe uma sede. Como vocês se organizam
administrativamente?
Claudete- A gente tem uma sede na Avenida Rio algum
tempo....é.....e por bastante tempo que a gente tem essa sede, e
também a gente fez um projeto em que a gente tava num espaço ,
numa casa , que a gente teve que reformar, uma casa de 1907, na
Lapa.-----------
A gente tem uma casa que funciona para receber as pessoas, fazer
oficinas também, fazemos oficinas nesse espaço. Tem uma, uma
estrutura....Temos um administrador , temos uma assistente de
administrador, a gente tem o diretor musical, tem o cenógrafo, um
figurinista, uma costureira, que nos acompanham, mas que também
fazem de acordo com a demanda. Somos cinco curingas.
Anília- Eles trabalham pra cinco grupos; esse pessoal , eles
trabalham para todos os grupos?
Claudete- Para todos os grupos..... com uma pesquisa com os em
relação à cena , em relação ao espetáculo....que tipo vai ser
usado para o cenário? Que tipo de material vai ser usado nos
figurino?
Anília- Todos opinam?
Claudete- Todos opinam! Todos opinam, e , basicamente todos põem a
“mão na massa” ;as pessoas opinam, mas , também, fazem. Então, a
gente conversa , discute a questão da unidade do espetáculo, mas,
também, que cada um possa fazer a sua parte; não só fazer só o seu
, mas fazer um pouco de cada e aprender, também, a construir o
espetáculo, não só nas opiniões, mas , também, no aprendizado de
uma técnica de um papel marché ou outra coisa que o cenógrafo ,
que a figurinista, e o diretor musical possa estar implementando ,
possa tá trazendo como uma proposta para as pessoas estarem
trabalhando nos seus espetáculos.
Anília- Como é que se dá a captação financeira , de recursos, para
que vocês possam sustentar o CTO, e sustentar a sua sede, essa
administração , que, que é dividida por todos?
Claudete- Deixa eu só iniciar, depois você vai. Só para pegar o
gancho da questão do mandato . Então , assim, quando a gente tava
no mandato de vereador por uns quatro anos, a gente tinha
estrutura que a Câmara nos propiciava; então , a gente tinha um
gabinete com tudo funcionando, e nós íamos às comunidades fazendo
as perguntas , para que trouxessem em forma de teatro, em forma de
lei, e de discussão do conhecimento da lei.; não só a constituição
da lei , a confecção da lei, mas , também, o conhecimento da
lei .
Então, aí, nós montamos sessenta grupos, mais ou menos, nesses 4
anos em várias comunidades (Borel, Morro da Saudade, Maré, Brás de
Pina, Chapéu Mangueira), grupos ,também, de universidade. A gente
tinha um grupo de universitários negros, tinha um grupo na áreade
saúde mental, Casa de Palmeiras.
São vários grupos que nós criamos, e nós trabalhamos essa
questão legislativa com todos eles, e treze projetos de lei foram
promulgados a partir desse momento. Mas aí , depois, depois a
gente já tinha , já tinha um trabalho----------------e aí a gente
o projeto...
Anília- ---------------
Claudete(continuando) -.....começou um projeto, né? E aí o projeto
teve início com o apoio da Fundaçào Ford, isso foi em 97, quando a
gente saiu. Então,
Anília(compreensiva)-Anran
Claudete(Continuando)-..aí começou os vários projetos , e um dos
apoios que a gente começou foi com a fundação Ford, e outras
iniciativas que a gente foi implementando sempre com o Teatro do
Oprimido, sempre com a proposta do Teatro Fórum, e formação de
grupos.
Geo-A gente não se diferencia de algumas dessas
áreas--------------através de projetos , né?.....que a gente sabe
que são........uma instabilidade da própria situação brasileira.
Então, a gente tá sempre fazendo projetos, cada vez mais
aprimorando , né?...Esse ano....a gente tá fazendo....vai começar
um agora na área de Educação ambiental com------------------em
doze cidades da Baia de Guanabara, e a gente tá sempre .....o
projeto se inicia e a gente já manda outro projeto, né?....com
entidades governamentais, entidades nào governamentais, entidades
internacionais,diversas parcerias que a gente busca, né?...
O Teatro do Oprimido, ele existe em setenta países ,em cinco
continentes. A gente também faz parcerias a nível exterior. Esse
projeto , por exemplo, do presídio , ele vem da---------inglesa,
que ela tem uma pasta- são cinco ou quatro-, que ela investe em
países , em projetos sociais, então------------- várias outras
parcerias.
Mas, também, você tinha perguntado uma questão dos grupos do Rio
.A gente tem outros grupos do Rio, inclusive tem o
“Artimanha”;-------------a gente nunca só com isso,ou só com
aquilo ou só com aquilo; a gente tá sempre buscando diálogo, a
gente acredita que as pessoas se juntar por uma
identidade-------------questão da sexualidade, ou por questão
Étnica. Mas a gente , mesmo que esses grupos se formem, a gente
busca que realize um diálogo; que nosso objetivo é que se crie uma
rede de solidariedade, porque, muitas vezes, num grupo de negros
tem problemas que são semelhantes a um grupo de homossexuais, a um
grupo de mulheres , a um grupo de estudantes. Então, a idéia é que
ele (grupo) não se feche não.
Anília- Que ele solucione os problemas, né?
Geo- Exatamente.......pela solidariedade.., que ele busque
objetivos que , muita das vezes, o objetivo é comum, né?...Cada um
tem a sua espeficidade , mas tem um objetivo comum de ser
feliz------que todos nós queremos.
Então, tem o “Artimanha”, que , inclusive, tem na ANFETAERJ;
esse ano , que era o “Marias do Brasil” ganhar essa menção honrosa
, e , de novo, esse ano .Eles tiveram ano passado com o “Fruto
Proibido” e , de novo, esse ano com uma peça nova que a “Vícios”,
que é formada por um grupo de várias comunidades, e que eles têm
alguma identidade-------------movida pela sexualidadediscutir a
questão da AIDS, do homossexualismo, o preconceito em relação a
isso.
A gente tem outro grupo que se chama “Panela de Opressão”,
que ele existe a partir de duas comunidades de Jacarepaguá-o Anil
e o Tirol- né?...que eles fizeram a primeira peça que foi sobre a
questão da habitação, porque o lugar que eles moravam, o Anil, a
Prefeitura na época estava derrubando as casas. Agora eles fizeram
uma nova peça sobre a questão da AIDS, só que do ponto de vista da
mulher...como é que a mulher casada que ela pega Aids, como é que
acontece isso?.....uma das---------do grupo trabalha no posto de
saúde.
A gente tem outro grupo, no Complexo da Maré, que se chama
“Maré Arte” e tem uma parceria com o --------------, uma ONG
local, que trabalha a questão da violência doméstica e das
drogas.
A gente tem o grupo “Corpo em cena” ,também , que é na
Pedreira, que tem uma peça que é abordada pela Educação do
Trânsito.
E tem um grupo novo que tá surgindo-essa idéia da
multiplicação-.....Um antigo integrante do grupo “Artimanha” agora
está sendo curinga e , e ----------grupo se torna independente
-----------como um filho;um filho você cuida , depois ele cresce e
vai viver.....então, a ídéia é que ele se torne independente Então
, um desses integrantes do “Artimanha” está formando um grupo novo
com os integrantes do “Maré Arte”, eles formaram um novo grupo na
própria Maré, por que a Maré são 130 mil habitantes;então é o
“Arte Vida” que está surgindo agora.
Claudete- São esses seis grupos que vão está se apresentando na
primeira semana de setembro .É muito importante.....Seria muito
importante ter a presença de vocês para poder conhecer o trabalho
, para poder depois conversar com o grupo, pra depois dar
idéias , para poder fazer uma troca.
Então, no dia 2, vai ser o lançamento da revista, uma revista
internacional bilíngue do Teatro do Oprimido, que é a revista
METAXIS, em português e inglês.
Anília- É super legal um grupo que se preocupa em publicar alguma
coisa. Augusto Boal têm várias coisa publicadas Ele criou o método
do Teatro do Oprimido, que é um método que é usado por várias
pessoas , independente do CTO. Vocês se baseiam em outros
métodos(obs;os entrevistados já tinham comentado isso) sem ser o
criado pelo Boal? Vocês têm uma outra referência física...(obs:
Anília percebe que errou)ou outra referência técnica para poder
desenvolver o teatro?
Claudete- A Gente trabalha com o método do Teatro do Oprimido,
né?...A gente....não é que não possa pegar uma oficina com um
grupo aqui , um grupo ali , mas a gente trabalha , basicamente,
com o método do Teatro do Oprimido. A gente se propõe a tá sempre
desenvolvendo técnicas.O método, como eu falei ,é um método vivo.
Então, para cada situação, seria uma nova forma. Por exemplo,
quando a gente foi trabalhar em presídios, a gente vai trabalhar
em presídios; você não podia dar a mesma oficina que você dava pra
uma oficina da comunidade, ou pra uma oficina de artes cênicas.
Então, como você é que você transforma o Teatro do Oprimido , que
era usado nesse lugar, pra dentro de uma prisão?Imagina , você tá
dando aula dentro de uma prisão cercada de guardas por todos os
lados....-portas fechadas, como é que você se relacionava com
esses presidiários que , até que provem o contrário, eles são
culpados; eles estão ali , eles sabem que tem a questão da
justiç;é uma questão bem complicada. Então para cada momento, tem
um novo desafio.A gente, inclusive, vai começar um trabalho,
agora de três anos, com o DEGASE. Vamos trabalhar só com menores
também. A gente sabe que a faixa etária da criminalidade ,
infelizmente, está cada vez mais.........
A gente acredita muito no método. A gente trabalha,
basicamente, com o método no Teatro do Oprimido.
Claudete(complementando)-Que é uma sistematização feita pelo Boal
de vários outros métodos, né?...A base do Teatro do Teatro do
Oprimido é uma pesquisa. É a sistematização da manifestação
popular do Teatro, então não é uma coisa isenta-------------claro
que tem um estudo muito preparado encima de outras bases.
Geo----------------Ele sempre.....Boal bebeu muito do Stanilavsky,
do próprio Brecht,-----------esses autores que ele viveu. Ele
estudou com John Gardner. Ele tá sempre aberto às mais diversas
tendências. Essa coisa que você falou , que eu tinha esquecido, da
sistematização. A gente acha fundamental isso , do ato de você
poder escrever algo, de você poder passar para as pessoas o que
vocês estão realizando. nosso .A revista METAXIS é um grande
desafio nosso. A idéia de que um grupo teatro brasileiro hoje, tem
uma revista semestral que é-------no mundo inteiro; entendeu? A
gente acha fundamental isso para você tá dialogando com as pessoas
que não conhecem o Teatro do Oprimido tanto quantocom as pessoas
que trabalham no Teatro do Oprimido e , às vezes, se deparam com
as situações que elas não saberiam exatamente o que fazer. Então,
quem sabe, ele indo na revista, ela buscando na revista , ela pode
ter um apoio.
Claudete- Deixa só para complementar. Têm textos que são sobre as
pessoas que praticam o Teatro do Oprimido, pessoas da comunidade,
pessoas que criaram poesias, que criaram a sua própria teoria
sobre o teatro realizado como , também, pessoas de fora, pessoas
que pesquisam o Teatro do Oprimido de outros lugares e ,
inclusive, também estagiários. A gente recebe muitas pessoas de
fora.. tem gente da África, tem gente da Ásia, tem gente da
Austrália, tem gente de vários lugares, e que vem aqui buscar
informações , vem trabalhar na pratica e na teoria a
sistematização do Teatro do Oprimido, e , depois que saem, também
revigorados com o conhecimento, e trazem ,mandam para a
gente ,formam grupos lá fora, e trazem para gente informações
através de textos, que a gente publica também.
Anília- Eu queria saber , não vai dá tempo de eu fazer perguntas
como eu gostaria, né?...porque são tantas.
Eu queria que vocês contassem algum fato interessante que
tenha acontecido no Teatro Fórum. É um teatro tão, tão,..assim
é..., é....da surpresa, né? Toda vez é um espetáculo diferente.
Nunca é o mesmo espetáculo, porque o público participa e , com a
participação do público, o espetáculo muda, ele muda de figura,
ele muda de fim , de tudo.O público, ele traz idéias e as idéias
mudam o fim do espetáculo, muda o espetáculo de forma geral.
E aí eu queria que, se vocês pudessem lembrar de alguma
coisa que aconteceu de legal ou de interessante, ou até de
embaraçoso, para que as pessoas pudessem se interessar depois,
né?...e procurassem ver o Teatro Fórum, estudar mais sobre o
teatro. E eu já vi e a achei o maior barato.
Claudete- Uma que eu me lembro muito me remete imediatamente é
quando esse grupo de presidiários apresentou um espetáculo, e que
uma tava com o filho nas mãos e era uma cena muito bonita. Tinha
------Tava com um boneco nas mãos.
Anília- Cênico?
Claudete- Cênico....Tinha uma cena que tinha a assistência social,
tinha uma pessoa da família; e as pessoas que iam para pegar o
filho, iam tirando partes daquele era muito bonito, muito
emocionante, você vê , na verdade, uma criança, ele tem uma mãe
cometendo delito, né?........Ela também acaba cometendo o mesmo
delito que a mãe; ela paga um preço também, né? E aí é bonito ver
as cenas....as pessoas dilacerando aquela criança, mas que
constitui a entrega para a mãe. Você tem que entregar o seu filho
daqui há seis meses-daqui há algum tempo, já tava fazendo seis
meses-seja para quem for, para uma instituição, para um orfanato,
você tem que entregar o seu filho.
E uma cena que foi muito bonita, na hora do Fórum, que uma
das mulheres vai até lá substituir o personagem que tem os filhos
no braço; ela tem que entregar o filho, mas ela não sabe o que
fazer, e vai uma adolescente que é mãe também -ela devia ter uns
18 anos, mais ou menos, essa pessoa que entrou na platéia, tava na
platéia assistindo- .Ela tinha 18 anos e entrou com a filha no
colo, e falou ” Deixa eu entrar com a minha filha” e ficou
argumentando com a assistente social: “Se eu fizer outra
coisa.....Eu não posso trabalhar aqui e , de repente, minha filha
poder ficar.....Eu não posso deixá-la mais perto? Não tem um lugar
na comunidade que eu possa ir até lá, que alguém da comunidade
possa trazer minha filha?”
Ela tentou de tantas formas ficar com a filha, independente
do problema que acontece no....., independente do sistema ,de como
ele ignora , muitas vezes, o ser humano, né?.....e vê o problema;
ele é um muro na estatística...... isso é muito bonito. Você vê
que uma pessoa entra em cena , mantém o filho no colo, e briga por
alguma coisa que é ele, né?...Ela se sente exatamente mobilizada ,
enquanto mãe.Tá certo que a pessoa tá ali , ela não é presidiária,
mas enquanto mãe...o que se faz com uma mãe que tem um filho, e
esse filho tá pagando .....
Anília(complementando)-A pena da mãe.
Claudete(continuando)-A pena da mãe; complicado, porque ela tá
chegando agora, o que eles fizeram ,tá feito.
Anília- Vocês sempre fazem teatro, e a maioria das peças são na
rua...são ao ar livre, e tem uma dificuldade de ah.....ah......não
é que elas não possam ser feitas em espaço fechado, porque eu já
até vi em teatro e tal .Eu queria saber quais são as dificuldades
de se fazer teatro na rua?Assim ,a interferência....Não é a mesma
coisa que você fazer num espaço propício para o teatro.
Geo Só voltando. A gente ........histórias .A gente têm milhares
de histórias , felizmente, né?..que são milhares...é sempre
emocionante. A gente tá falando de histórias...têm várias delas.
Quando a Claudete conta essa cena de mulher do boneco cênico, onde
o guarda, o agente penitenciário pega o boneco e vai arrancando os
pedaços do boneco. A gente acredita piamente que arte não precisa
reproduzir a realidade. Ela tem que representar essa
realidade .Conforme a gente pode representar essa realidade, de
forma as pessoas entendendo melhor o que está acontecendo......a
estética da linguagem sensorial..............Se eu chegar
---------De que forma eu posso tá sacudindo as pessoas mostrando
------------o que---------Mas o que significa para você entregar o
filho para ela ? “Ah, para mim, é como se o filho tivesse sendo
espedaçado”; entào , faz! A gente trabalha sempre em cima da----
pessoas...........................................................
....
Anília- Como é o convênio do, do CTO com a UNESCO e no programa de
estágio; vocês parecem que têm estagiários no CTO fora do Brasil?
Anília- Eu fiquei sabendo que o CTO e .vai ser tema de escola de
samba em 2003,né?....Eu queria que voc6es falassem qual é a
escola, e como eles pesquisaram o enredo; eles foram lá com..... e
pediram para desenvolver tal isso?
Anília- Bom, para terminar, eu queria que voc6es pudessem falar um
pouco sobre as perspectivas de voc6es, as coisas que vocês têm
programadas pro.......Como vocês vêem o teatro no Brasil, assim ,
daqui para o futuro?...., e, e agradecer, quando vocês
concluírem, obviamente, agradecer a presença de vocês aqui,
porque, com certeza, a platéia vai, deve querer fazer alguma
pergunta sobre o trabalho de vocês, e , e que vocês falassem,
assim, qual é ,quais são, os planos para o futuro, e como vocês
vêem o teatro no Brasil, assim, aqui atualmente.