AUGUSTO SANTOS FERREIRA
-
Upload
independent -
Category
Documents
-
view
0 -
download
0
Transcript of AUGUSTO SANTOS FERREIRA
FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC
FACULDADE DE DIREITO
AUGUSTO SANTOS FERREIRA
** letra 12 , espaço 1,5 – justificado
** REGRAS D ABNT***
PENSÃO POR MORTE ENTRE CASAIS HOMOAFETIVOS
UBERLÂNDIA - MG
2014
AUGUSTO SANTOS FERREIRA
PENSÃO POR MORTE ENTRE CASAIS HOMOAFETIVOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentadocomo exigência parcial para a obtenção dotítulo de Bacharel em Direito da UNIPAC –Universidade Presidente Antônio Carlos deUberlândia - MG. Orientador: TâniaAparecida de Freitas Ferreira
UBERLÂNDIA- MG
2014
ATA DE APRESENTAÇÃO E DEFESA DE MONOGRAFIA
Aos ____ / ____ / 2014, às _________ horas, nas
dependências da UNIPAC Uberlândia, na presença da Banca
Examinadora, composta pelos professores Tânia Aparecida de
Freitas Ferreira, NOME DO PROFESSOR 1 e NOME DO PROFESSOR 2, o
aluno AUGUSTO SANTOS FERREIRA, apresentou a monografia
intitulada PENSÃO POR MORTE ENTRE CASAIS HOMOAFETIVOS, como
elemento obrigatório para conclusão do Curso de Direito.
A Banca Examinadora, após a apresentação e argüições,
reuniu-se reservadamente e deliberou, segundo os critérios
estabelecidos no Regulamento de Monografia do Curso de Direito
da UNIPAC Uberlândia, devidamente observado por cada membro da
Banca, concluindo pela __________________
(aprovação/reprovação) do aluno conforme segue:
_________________________________________________ Nota:
_______________
Professor Orientador
_________________________________________________ Nota:
_______________
Professor Convidado
_________________________________________________ Nota:
_______________
Professor Convidado
A nota final da Monografia resultou em _________________
Conceito: ______________
Eu, professor Tânia Aparecida de Freitas Ferreira, na
qualidade de presidente, lavrei a presente ata que será
assinada por mim, pelos demais membros e pelo aluno.
Uberlândia, ____ / ____ / 2014.
Assinaturas:
Presidente (_______________________________):_________________________________
1º avaliador (______________________________):_________________________________
2º avaliador (_______________________________):________________________________
Aluno (AUGUSTO):
__________________________________________________________
TERMO DE APROVAÇÃO
O Aluno, AUGUSTO SANTOS FERREIRA, matrícula nº, celular:
(34) 9154 - 0423, e-mail: [email protected],
regularmente matriculado no Curso de Direito da UNIPAC
Uberlândia, apresentou e defendeu a Monografia PENSÃO POR
MORTE ENTRE CASAIS HOMOAFETIVOS obtendo da Banca Examinadora a
média final de ________________, tendo sido considerado
APROVADO.
Uberlândia, ____ / ____ / 2014.
_____________________________________________________________________Professor Orientador
_____________________________________________________________________Professor Convidado
_____________________________________________________________________
Professor Convidado
“Se nós pudéssemos colocar uma legenda na frente decada conjunto residencial, de cada cidade, de cada aldeia,de cada metrópole, de cada grande capital do progressohumano, se nós pudéssemos e tivéssemos bastanteautoridade para isso, escolheríamos aquela frase deNosso Senhor Jesus Cristo, quando ele nos disse: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI”.
Chico Xavier
RESUMO:
O foco do presente trabalho envolve o casamento e seus
conceitos, mas, principalmente a união estável entre casais
homossexuais e o seu direito à percepção ao benefício de
pensão por morte, assegurado pelo Regime Geral da Previdência
Social. Após várias manifestações sociais em prol do
reconhecimento da igualdade, o respeito, a dignidade humana e
a prevalência da vontade expressa dos casais homoafetivos, o
Direito Brasileiro reconheceu o direito de união estável entre
pessoas do mesmo sexo através das Ações ADI nº 4277 e da ADPF
nº 132. Contudo, ficou bem claro que o sexo das pessoas, salvo
disposição constitucional expressa ou implícita em sentido
contrário, não se presta como fator de desigualdade jurídica.
Deste modo, casais homossexuais também compõe a entidade
familiar, tendo seus direitos garantidos constitucionalmente
como se heterossexuais fossem. Oportunamente, há norma
legalizada da proibição de preconceito, à luz da Constituição
Federal, por colidir frontalmente com o objetivo
constitucional de “promover o bem de todos” e garantir uma
sociedade igualitária, justa e fraterna. A Previdência
estendeu aos homossexuais o direito de ter como dependentes os
parceiros com quem vivam em união estável. Após formalizar a
união estável, a documentação que comprova a união dos
conviventes deverá ser apresentada para que recebam o
benefício.
Palavras- chave: dignidade - direitos - igualdade -
homossexuais – respeito-benefício
ABSTRACT
This paper aims to discuss the welfare aspects of the insured,
dependents, enrollment, membership, loss of quality dependent,
in short addresses without elaborating, but theoretically the
General Social Security System. The focus of the work involves
marriage and its concepts, but mainly the stable union between
homosexual couples and their right to receive the benefit of
survivorship, provided by the General Social Security System.
After several social events in favor of the recognition of
equality, respect, human dignity and the prevalence of the
expressed will of homosexual couples, the Brazilian law
recognized the right of permanent union between persons of the
same sex, through the actions ADI No. 4277 and ADPF # 132.
however, it became clear that the sex of subjects without
express or implied to the contrary constitutional provision
does not lend itself as a legal desigualação factor, however,
homosexual couples also composes the family entity, having
their rights constitutionally guaranteed as if it were
straight. In due course, there legalized norm of prohibition
of prejudice in light of the Federal Constitution, by
colliding head-on with the constitutional goal of "promoting
the good of all" and to ensure an equitable, just and
fraternal society. The Pension extended to homosexuals the
right to have as dependent partners who live in stable
relationships. After formalizing the stable, the documentation
that proves the marriage of cohabitants should be presented to
receive the benefit.
Keywords: dignity - rights - equality - gay – respect
*** - Deverá promover os ajustes necessários de acordo
com as alterações realizadas no resumo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................
.............................................................
....8
1. OS BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDENCIA SOCIAL
1.1. Segurados...........................................
...........................................................
..............10
1.2. Segurados
Obrigatórios...............................................
..............................................11
1.3. Segurados
Facultativos...............................................
...............................................13
1.4. Inscrição...........................................
...........................................................
................14
1.5. Filiação............................................
...........................................................
.................14
2. MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO
2.1. Dependentes.........................................
...........................................................
............19
2.2. Inscrição dos
Dependentes................................................
.........................................20
2.3. Perda da Qualidade de
Dependente.................................................
........................20
3. O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL PARA FINS DE DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA
3.1. Casamento - Natureza Jurídica e
Conceitos..................................................
..........21
3.2. União Estável - Histórico e
Conceitos..................................................
.....................22
3.3. Direitos e Deveres dos
Companheiros...............................................
.......................24
3.4. União Estável entre pessoas do Mesmo
Sexo.......................................................
....25
4. O BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE ATRAVÉS DA UNIÃO ESTÁVEL
ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO
4.1. Provas e Dependência Econômica – Direito Civil x
Direito Previdenciário.........27
4.2. A discussão do reconhecimento da União Estável entre
Pessoas do mesmo Sexo....30
4.3. O direito ao benefício de Pensão por Morte entre
Pessoas do mesmo Sexo.........41
4.3.1. Critérios para concessão dentro do
RGPS....................................................
.......42
4.3.2. Causas de cessação do benefício concedido pelo
RGPS......................................46
CONSIDERAÇÕES
FINAIS........................................................
.........................................49
REFERÊNCIAS...................................................
..............................................................
.....51
8
INTRODUÇÃO
O benefício da pensão por morte através da união estável
entre pessoas do mesmo sexo, constitui tema de suma
importância, no qual o bem jurídico e o interesse protegido é
o beneficiário que conviveu com o companheiro ou companheira
desta união.
Ilustrando, o tema escolhido o assunto abordado e
delimitado, a pensão por morte entre casais homoafetivos, ou
seja, casais homossexuais, que convivem em laços de contrato
de união estável.
No contexto, a tutela principal será o reconhecimento da
união estável entre esses companheiros com fins de dependência
econômica.
Nesse sentido, faz-se jus descrever a união estável, com
fulcro no Artigo 1723 do Código Civil, “é reconhecida como
entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
Cumpre-nos salientar que a partir do século
XIX, o homossexualismo emergiu nas sociedades contemporâneas e
começou a chamar a atenção, especialmente na psiquiatria. Mas,
somente no século XX a união homossexual despertou o interesse
dos estudiosos; nesse contexto jus explanar que o
relacionamento homoafetivo desde que mundo é mundo acontece.
9
Lembrando que todo e qualquer estudo acerca do direito
previdenciário, traz a baila várias discussões que repercutem
de forma maciça na sociedade. O que se percebe é que a
população em geral está carente de informações quanto aos seus
direitos no âmbito da Previdência Social, incluindo nesse rol
os homossexuais.
O INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social, que é o
órgão que rege Previdência Social, se diz capaz de atender às
necessidades de seus segurados e dependentes, dando a
impressão de que os direitos dos beneficiários prevalecerão
facilmente.
Esse trabalho tem por escopo abordar de que forma está
atuando a administração previdenciária no cenário brasileiro.
Sendo que a cada notícia, referente à determinada medida a ser
adotada pelo INSS, a finalidade da medida é sempre deturpada,
tentando impor à população uma idéia de que determinada
alteração no sistema será favorável aos segurados.
O INSS atua, em grande parte, com vistas a beneficiar a
administração pública, sendo que em vários momentos não se
leva em consideração a constitucionalidade das leis, tendo o
segurado que movimentar a máquina judiciária para ver sanar o
seu direito, decorrente de alterações legislativas.
Normalmente os usuários do INSS são pessoas que,
normalmente, são desprovidas de conhecimentos técnicos e de
pouca cultura, e não sabem que podem contestar a ilegalidade
aplicada pela autarquia, assim a administração pública utiliza
10
desse artifício para obter vantagens ilícitas sobre os
beneficiários do INSS, eliminando os seus direitos.
Todavia, o ser humano mesmo desprovido de conhecimento, é
dotado de um valor próprio que lhe é intrínseco, não podendo
ser transformado em mero objeto ou instrumento, inclui nesse
rol, os gays e lésbicas, que tendo seu direito como
beneficiários deverão ser protegidos por lei.
Portanto, as pessoas não são hetero ou homo, são seres
humanos, que nascem, crescem, trabalham e vivem suas vidas,
uma boa parte interessada pelo sexo oposto, mas, uma minoria
interessa-se pelo mesmo sexo, e um pequeníssimo grupo que não
tem preferência alguma, todos sem saber o por quê, claro, que
a ciência não sabe ainda uma explicação lógica, mas, a
sexualidade é importante, porém, não é tudo na vida.
Com certeza, aprofundando neste assunto, há muito a
avançar nesse sentido, é dado próprio da evolução certo
espanto dos inertes e leigos, alguma convicção intransigente
quanto à diferença dos diferentes.
Todavia, este orientando percebeu que o presente trabalho
preenche certa carência da sociedade, nesse intuito preza por
enriquecer com este ensaio motivador, provocador e suscitador
de novas idéias, ainda que apenas limitado à previdência
social, sobre o direito de pensão por morte dos homossexuais,
um tema intrigante e novo que acrescerá conhecimento aos
interessados, aos profissionais de direito e aos docentes.
11
1. OS BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL
1.1 Segurados
Nesse contexto, os segurados são pessoas físicas que, em
razão de exercício de atividade ou mediante contribuições
vinculam-se diretamente ao Regime Geral da Previdência Social
– RGPS.
Já os dependentes, nesse mesmo sentido, são considerados
segurados especiais, por força de lei, pois, existe entre eles
(segurado e dependente) uma ligação que aloca os dependentes
sob o manto da proteção da Previdência Social.
Segundo Bachur e Aiello (2007, p. 102), a filiação à
Previdência Social está diretamente ligada ao exercício de
atividade remunerada, no que se refere aos segurados
obrigatórios. Quanto aos segurados facultativos, a filiação
prescinde do pagamento da primeira contribuição mensal para a
formalização da inscrição (Artigo 20 RPS – Regime da
Previdência Social). A inscrição facultativa tem respaldo na
Constituição Federal de 1988, presente em seu artigo 201, §5º.
Da mesma forma só poderão ingressar desde que não estejam
incluídos como segurados obrigatórios.
12
Na categoria de filiado facultativo também podem estar a
dona de casa, o desempregado, o estudante, bem como o
profissional liberal. Deve-se considerar como segurado
facultativo todo aquele que possuir mais de 16 anos e que
filiado ao RGPS – Regime Geral da Previdência Social não
exerça outra atividade remunerada que o torne segurado
obrigatório. Não devendo se esquecer do valor máximo de
salário de contribuição (BACHUR e AIELLO, 2007, p. 103).
São considerados segurados obrigatórios o empregado, o
empregado doméstico, o contribuinte individual, o trabalhador
avulso e o segurado especial, tendo direito ao recebimento dos
benefícios referentes a aposentadorias, auxílio, pensão por
morte e etc. (BACHUR e AIELLO, 2007, p. 103).
Ainda de acordo com Bachur e Aiello (2007, p. 104), podem
ser segurados do INSS pelo Sistema Previdenciário Público
aquelas pessoas que tem acima de 14 anos como aprendiz e acima
de 16 anos como segurado. A Lei nº 8.212/91 no Capítulo I –
Dos Contribuintes – Seção I – Dos Segurados nos artigos 12 a
14 traz o rol das pessoas quem podem ser segurados do INSS.
Os beneficiários do segurado são aqueles protegidos pela
Lei nº 8.213/91, em seu artigo 16, complementada pela Lei nº
9.032/95, que apresenta de forma elencada as pessoas podem ser
dependentes do segurado, como segue: na 1ª (Primeira Classe) –
Cônjuge, companheiro e o filho não emancipado em qualquer
condição, que menor de 21 anos ou mesmo inválido; na 2ª
(Segunda Classe), encontram-se os pais; e na 3ª (Terceira
13
Classe) – irmão não emancipado de qualquer condição menor de
21 anos ou mesmo inválido. (BACHUR e AIELLO, 2007, p. 109).
1.2 Segurados Obrigatórios
De acordo com a Lei nº 8213/91, em seu Artigo 11, são
segurados obrigatórios da Previdência Social, as seguintes
pessoas físicas:
I. Como empregado:
a) Aquele que presta serviço de natureza urbana ou
rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua
subordinação e mediante remuneração, inclusive como
diretor empregado;
b) Aquele que, contratado por empresa de trabalho
temporário, definida em legislação específica,
presta serviço para atender a necessidade
transitória de substituição de pessoal regular e
permanente ou a acréscimo extraordinário de
serviços de outras empresas;
c) O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e
contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no
exterior;
d) Aquele que presta serviço no Brasil a missão
diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a
membros dessas missões e repartições, excluídos o
14
não brasileiro sem residência permanente no Brasil
e o brasileiro amparado pela legislação
previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular;
e) O brasileiro civil que trabalha para a União, no
exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro
efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo se segurado na forma da legislação vigente do
país do domicílio;
f) O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e
contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do
capital votante pertença a empresa brasileira de
capital nacional;
g) O servidor público ocupante de cargo em
comissão, sem vínculo efetivo com a União,
Autarquias, inclusive em regime especial, e
Fundações Públicas Federais;
h) O exercente de mandato eletivo federal, estadual
ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social;
i) O empregado de organismo oficial internacional
ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência
social;
15
II. Como empregado doméstico: aquele que presta
serviço de natureza contínua a pessoa ou família,
no âmbito residencial desta, em atividades sem fins
lucrativos;
III. Como contribuinte individual
a) A pessoa física, proprietária ou não, que
explora atividade agropecuária, a qualquer título,
em caráter permanente ou temporário, em área
superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando
em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos
fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de
empregados ou por intermédio de prepostos;
b) A pessoa física, proprietária ou não, que
explora atividade de extração mineral – garimpo, em
caráter permanente ou temporário, diretamente por
intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que
de forma não contínua;
c) O ministro de confissão religiosa e o membro de
instituto de vida consagrada, de congregação ou de
ordem religiosa;
d) O brasileiro civil que trabalha no exterior para
organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo quando coberto por regime próprio
de previdência social;
16
e) O titular de firma individual urbana ou rural, o
diretor não empregado e o membro de conselho de
administração de sociedade anônima, o sócio
solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e
o sócio cotista que recebam remuneração decorrente
de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o
associado eleito para cargo de direção em
cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
administrador eleito para exercer atividade de
direção condominial, desde que recebam remuneração;
f) Quem presta serviço de natureza urbana ou rural,
em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem
relação de emprego;
g) A pessoa física que exerce, por conta própria,
atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não;
IV. Como trabalhador avulso: quem presta, a
diversas empresas, sem vínculo empregatício,
serviço de natureza urbana ou rural definidos no
Regulamento;
V. Como segurado especial: a pessoa física
residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em
regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de:
17
a) Produtor, seja proprietário, usufrutuário,
possuidor, assentado, parceiro ou meeiro
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que
explore atividade:
b) Pescador artesanal ou a este assemelhado que
faça da pesca profissão habitual ou principal meio
de vida;
c) Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de
16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado,
do segurado de que tratam as alíneas acima, que
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar
respectivo;
1.3 Segurados Facultativos
De acordo com a Lei nº 8.213/91, em seu Artigo 13, são
segurados facultativos da Previdência Social: “O maior de 14
(quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Previdência
Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas
disposições do art. 11”.
1.4 Inscrição
Sobre esse contexto, vem à baila, descrever que a
inscrição é o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime
Geral da Previdência Social, mediante comprovação dos dados
pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua
18
caracterização, regulamentados e disciplinados pela Lei nº
8213/91, em seu Artigo 17, que se perfaz a seguir.
Quanto à inscrição do dependente, incumbe a ele promovê-
la quando do requerimento do benefício a que estiver
habilitado, por exemplo, neste caso concreto ora objeto de
estudo, o benefício de pensão por morte do segurado.
As inscrições, ou seja, o cadastro dos segurados é feito
de formas diferenciadas, sendo as seguintes:
Empregado, pelo preenchimento dos documentos que os
habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo contrato
de trabalho.
Trabalhador Avulso, pelo cadastramento e registro no
sindicato ou órgão gestor de mão de obra.
Empregado doméstico, pela apresentação de documento que
comprove a existência de contrato de trabalho.
Empresário, pela apresentação de documento que
caracterize a sua condição como empresário de empresa de
micro, pequeno, médio ou grande porte.
Contribuinte individual, pela apresentação de documento
que caracterize o exercício de atividade profissional, liberal
ou não.
Segurado Especial, pela apresentação de documento que
comprove o exercício de atividade rural, será feita de forma a
vinculá-lo ao como integrante de grupo familiar, além das
informações pessoais, a identificação da propriedade em que
desenvolve a atividade e a que título, se nela reside ou o
Município onde reside, desde que não seja proprietário ou dono
do imóvel que desenvolve sua atividade deverá informar, no ato
19
da inscrição, conforme o caso, o nome parceiro ou meeiro
outorgante, arrendador, comodante ou assemelhado, conterá
também a identificação e inscrição da pessoa responsável pelo
grupo familiar.
1.5 Filiação
Segundo Bachur e Aiello (2007, p. 102), a filiação
à Previdência Social está diretamente ligada ao
exercício de atividade remunerada, no que se refere
aos segurados obrigatórios. Quanto aos segurados
facultativos, a filiação prescinde do pagamento da
primeira contribuição mensal para a formalização da
inscrição (Art. 20 RPS). A inscrição facultativa
tem respaldo na Constituição Federal de 1988,
presente em seu artigo 201,§5º. Da mesma forma só
poderão ingressar desde que não estejam incluídos
como segurados obrigatórios. PLÁGIO - REESCREVER
COM SUAS PALAVRAS
Na categoria de filiado facultativo também podem
estar o empregado, a empregada doméstica, o
contribuinte individual ou o segurado especial que
são a dona de casa, o desempregado, o estudante, o
profissional liberal. Deve-se considerar como
segurado facultativo todo aquele que possuir mais
de 16 anos e que filiado ao RGPS contribuir com
mais de 20 % sobre valor declarado. Não devendo se
esquecer do valor máximo de salário de contribuição
20
(BACHUR e AIELLO, 2007, p. 103). PLÁGIO –
REESCREVER COM SUAS PALAVRAS
São considerados segurados obrigatórios o empregado, o
empregado doméstico, o contribuinte individual, o trabalhador
avulso e o segurado especial, tendo direito ao recebimento dos
benefícios referentes a aposentadorias, auxílio, pensão por
morte e etc (BACHUR e AIELLO, 2007, p. 103).
Ainda de acordo com Bachur e Aiello (2007, p. 104), podem
ser segurados do INSS pelo Sistema Previdenciário Público
aquelas pessoas que tem acima de 14 anos como aprendiz e acima
de 16 anos como segurado. A Lei 8.212/91 no Capítulo I – Dos
Contribuintes- Seção I – Dos Segurados nos artigos 12 a 14 diz
quem pode ser segurado do INSS.
Os beneficiários do segurado são aqueles protegidos pela
Lei nº 8.213/91, em seu artigo 16, complementada pela Lei nº
9.032/95, que apresenta de forma elencada quem pode ser
dependente do segurado, como segue: na 1ª (Primeira Classe) –
Cônjuge, companheiro e o filho não emancipado em qualquer
condição, que menor de 21 anos ou mesmo inválido; na 2ª
(Segunda Classe), encontram-se os pais; e na 3ª (Terceira
Classe) – irmão não emancipado de qualquer condição menor de
21 anos ou mesmo inválido. (BACHUR e AIELLO, 2007, p. 109).
De acordo com Ibrahim (2011), o artigo 201 da Constituição
Federal do Brasil de 1988, diz que a Previdência Social será
organizada de acordo com o regime geral, de forma
contributiva, e de filiação obrigatória, de acordo com alguns
critérios que são: I- Cobertura de determinados eventos tais
21
como, eventos de doença, invalidez, morte, e idade avançada;
2- proteção à maternidade, em particular gestante; 3- proteção
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 4 –
salário família e auxílio reclusão para os segurados de baixa
renda; 5 – pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes (IBRAHIM, 2011, p. 171).
A Previdência Social em seu artigo 1º da Lei nº 8.213/91
dispõe que por meio de contribuição assegura aos beneficiários
modos de manutenção, por incapacidade, desemprego
involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos
familiares, por morte, prisão (IBRAHIM, 2011, p. 171).
Conforme Martinez (2011, p. 770), as prestações de um modo
geral são a razão da existência da seguridade social, por
representar atividade-fim. Podem ser consideradas nesse
sentido como atraentes no que se refere ao seu custeio, como
definidor de seu papel, ou seja, propiciar os meios de
subsistência às pessoas que descritas na lei tem uma proteção
social.
No que concerne ao ato jurídico em que, os benefícios e
serviços são obrigações de dar e fazer, perfazendo
compromissos de parte do órgão gestor e crédito exigível do
beneficiário, que se materializam em dar dinheiro, por parte
do beneficiário, enquanto de fazer os serviços por parte do
órgão prestador do serviço (MARTINEZ, 2011, p. 769).
*** Deverá fazer recuo de 03 cm, diminuir a letra
para 10 se a citação for direta, idêntica ao do
autor, seguindo as regras da BNT.
22
Os requisitos legais pressupõem várias condições, mas, uma
vez estabelecidos os requisitos e atingidos os dois pólos da
relação, formam o vínculo obrigacional, de modo patrimonial e
objetivo, desconhecendo-se, no entanto, as de origem moral
(MARTINEZ, 2011, p. 770).
As prestações da seguridade social são de natureza
complexa, pois podem ser desmembradas de acordo com seus
objetivos: a) sanitárias; b) assistenciárias; c)
previdenciárias (MARTINEZ, 2011, p. 770).
A separação objetiva situar o momento e o modo operandi.
São consideradas sanitárias as que se referem a serviços
sociais de habilitação e reabilitação da pessoa para o
trabalho. As assistenciárias são as que representam aquelas
concedidas temporariamente enquanto estão presentes as
contingências que criam obstáculos e sem contribuição. As
previdenciárias por sua vez têm cunho de definitividade e são
dependentes de filiação e em tese tem que ter contribuição
(MARTINEZ, 2011, p. 770).
De acordo com Ibrahim (2011, p. 541), a carência é o
número de contribuições mensais que um segurado deve fazer de
forma mínima para que possa ter direito ao benefício. Sendo
considerada a partir do primeiro dia de suas competências.
A carência é uma qualidade que deve ter o segurado para
que possa usufruir da concessão do benefício. Em nada adianta
uma pessoa ter vínculo com o RGPS, atingindo o tempo de
aposentadoria, se não tiver a carência mínima necessária
exigida em lei (IBRAHIM, 2011, p. 542).
23
Para Ibrahim (2011, p. 542), mesmo que de forma
descontínua, excepcionalmente, o segurado especial, deve ter o
mínimo de carência no exercício de atividade em específico a
rural, igual aos meses necessários à concessão do benefício
requerido.
O tratamento deste segurado é quase totalmente
diferenciado, justificando-se pela ausência de contribuição
por parte deste. Ficando em regra geral, a contribuição para o
adquirente da produção rural. O que não acontece ao empregado
doméstico, pois sua carência não é presumida. Apesar de ser
responsabilidade do empregador, esta depende de comprovação e,
portanto tem que ser materializado, no entanto, caso não
consiga comprovar os recolhimentos, mas comprove ter
trabalhado o tempo necessário nesta função, terá o benefício
no valor de um salário mínimo (IBRAHIM, 2011, p. 542).
Para efeito de carência o Decreto Lei nº 4.729/03 manteve
a presunção de que os segurados empregados, o trabalhador
avulso, e relativamente o trabalhador individual, a partir da
competência de 2003 são descontados pelas empresas, as
contribuições. Não se aplicando este preceito de acordo com o
artigo 36 da Lei nº 8.213/91 aos empregados domésticos
(IBRAHIM, 2011, p. 542).
Segundo Ibrahim (2011, p. 543), não se vislumbra no que
diz respeito à regra atual de carência, pois na realidade a
maior parte do custeio vem das empresas, somando-se com os
valores retidos dos trabalhadores avulsos e individuais,
podendo ser adotado uma interpretação mais flexível por parte
24
do legislador, admitindo-se que mesmo em atraso, os
recolhimentos possam ser computados como carência.
Ainda de acordo com Ibrahim (2011, p. 543), muitos deixam
de obter suas prestações por causa do rigor interpretativo da
carência. Somente seria defensável a carência nos moldes
atuais, se for para controle de fraudes. Torna-se razoável que
os benefícios por incapacidade (auxílio- doença e
aposentadoria por invalidez), cuja cotização é mantida com a
contribuição do grupo, sendo razoável que haja um mínimo
contributivo para o sistema, evitando que as pessoas entrem
beirando a incapacidade e venham fazer várias contribuições
conjuntamente.
Por outro lado, os benefícios programados, tais como
aposentadoria por idade, especial ou por tempo de contribuição
podem adotar uma forma mais flexível de carência, por ser em
momento futuro com os devidos acréscimos, não trazem prejuízos
financeiros ao sistema (IBRAHIM, 2011, p. 543).
Em contrapartida, aos segurados empregados e avulsos, por
se tratar de recolhimento presumido, a cargo das empresas, o
tempo de contribuição está ligado proporcionalmente ao tempo
de carência. Caso venham trabalhar por 10 anos terão que ter
120 contribuições mensais. Havendo, contudo exceções, no que
tange ao período de afastamento por doença, por exemplo, em
que interfere nesta equivalência, pois, apesar de ser
considerado como tempo trabalhado, ou seja, será contado como
tempo de contribuição, não será considerado como carência, por
25
não ter tido qualquer contribuição mensal neste período
(IBRAHIM, 2011, p. 544).
2. MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO
2.1. Dependentes
Com base na Lei nº 8.213/91, são dependentes os elencados
no Artigo 16, conforme segue:
São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,
na condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a
companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido
ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne
absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente; II – os pais; III – o irmão não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido
ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne
absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente;
26
No mesmo artigo, descreve que a existência de dependente
de qualquer das classes exclui do direito às prestações os das
classes seguintes.
No entanto, o enteado e o menor tutelado equiparam-se a
filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a
dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento, ou
seja, se a entidade familiar tiver filhos comuns e filhos
separados ambos serão dependentes conforme declarado e
comprovado.
Nesse contexto, também será dependente a companheira ou
companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável
com o segurado ou com a segurada, portanto, nesse caso em
relacionamentos homoafetivos os companheiros têm direito a
serem dependentes de seus respectivos companheiros.
Destaca-se por tanto, na dependência da Seguridade Social
que a dependência econômica do cônjuge, da companheira, do
companheiro e do filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, é
presumida e a dos demais, ou seja, os pais; o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente deve ser comprovada.
2.2. Inscrição dos Dependentes
27
A inscrição dos dependentes assegurada e disciplinada na
Lei nº 8.213/91 em seu Artigo 17, dispõe o seguinte:
De que incumbe ao dependente promover a sua inscrição
quando do requerimento do benefício a que estiver habilitado.
A inscrição do segurado especial será feita de forma a
vinculá-lo ao respectivo grupo familiar e conterá, além das
informações pessoais, a identificação da propriedade em que
desenvolve a atividade e a que título, se nela reside ou o
Município onde reside e, quando for o caso, a identificação e
inscrição da pessoa responsável pelo grupo familiar.
O segurado especial integrante de grupo familiar que não
seja proprietário ou dono do imóvel rural em que desenvolve
sua atividade deverá informar, no ato da inscrição, conforme o
caso, o nome do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador,
comodante ou assemelhado.
2.3. Perda da Qualidade de Dependente
O cancelamento da inscrição do cônjuge se processa em
face de separação judicial ou divórcio sem direito a
alimentos, certidão de anulação de casamento, certidão de
óbito ou sentença judicial, transitada em julgado.
28
3. O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL PARA FINS DE
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA
3.1. Casamento – Natureza Jurídica e Conceitos
O casamento se realiza no momento em que o homem e a
mulher manifestam sua vontade perante o juiz, essa vontade de
estabelecer vínculo conjugal, reconhece a capacidade de cada
um deles para o casamento e afirma que, pelo matrimônio
assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família, todavia, conforme o
Código Civil, pelas proibições e vedações podemos invocar por
equiparação de que não há nenhuma previsão de que o casamento
seja exclusivamente entre um homem e uma mulher, ou seja, não
há identidade sexual dos cônjuges.
Portanto, o Código Civil regulamenta o casamento em
vários Artigos, como podemos exprimi-los:
Artigo 1514: “O casamento se realiza no momento em que o
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de
estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”.
29
Artigo 1517: “O homem e a mulher com dezesseis anos podem
casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil”.
Artigo 1565: “Pelo casamento, homem e mulher assumem
mutuamente a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família”.
Artigo 1521: “Não podem casar: I – os ascendentes com os
descendentes, seja parentesco natural ou civil; II – os afins
em linha reta; III – o adotante com quem foi cônjuge do
adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os
irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o
terceiro grau inclusive; V – o adotado com o filho do
adotante; VI – as pessoas casadas; VII – o cônjuge
sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte”.
Artigo 1523: “Não devem casar: I – o viúvo ou a viúva que
tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II – a viúva,
ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da
dissolução da sociedade conjugal; III – o divorciado, enquanto
não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal; IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes,
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas”.
30
Portanto, nada diz sobre o sexo dos noivos, entre os
impedimentos para casar, em nenhum dos artigos está prevista a
diversidade de sexo do casal, fala-se da constituição da união
e não de seus pressupostos.
3.2. União Estável – Histórico e Conceitos
Historicamente, em certos momentos, resultavam de uma
quase inapreensível vontade da legislação, das pressões dos
religiosos, das razões econômicas e até de algumas
conveniências dos parceiros componentes ou de suas famílias em
não aceitar a união estável.
A pressão das Igrejas era muito maior, quando da
Assembléia Nacional Constituinte, ter sido um deferimento é
aceitável em 1988, ao contrário da idéia que inspirou a
redação, a união estável não estava ameaçada pelo Estado nem
pela sociedade; ao contrário, florescia ao largo de todo o
território nacional e até mesmo entre os parlamentares, em vez
de proteção deveria dizer regulamentação governamental.
(MARTINEZ, 2008, p. 60)
Alguns casais sentem-se mais amados do que menos
formalmente comprometidos, julgam terem conquistado em virtude
de seu poder encantador, sua força e personalidade, a outra
pessoa, raramente admitem que haja uma conquista de sedução
amorosa recíproca, na maioria das vezes optam em celebrar uma
união estável, ao invés do casamento formal.
31
Depois de vedar qualquer discriminação sexual, quando
trata da família, esclarece o Artigo 226, §3º da Constituição
Federal da República de 1988, que: “Para efeito da proteção do
Estado, é reconhecida a união estável entre o home e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
em casamento”, presumindo certa retroatividade dos seus
efeitos, unidos sem impedimentos podiam casar.
A referência à família é notável e válida em si, aliás,
todo o artigo 226 trata disso, por ser a “base da sociedade” e
merecer especial proteção do Estado, possivelmente nascido de
algum acordo político, era dispensável lembrar que o
reconhecimento da união estável se dava pensando em muitas
vezes no casamento.
Na verdade, o texto do artigo 226 gera a necessidade de
discutir o que é família e evidentemente o conceito não impõe
a existência de filhos na união, tal fato poria em risco a
idealização dos casamentos sem os mesmos. Um homem e uma
mulher vivendo juntos ou um casa homossexual também constituem
um grupo familiar procedendo como se espera, pessoal e
socialmente.Filhos havidos em comum demonstram efetiva intenção de
perdurar o companheirismo, a fusão de interesses
individuais, o compartilhamento de idéias, as angústias
e as alegrias próprias da educação dos menores. Claro
que os filhos naturais servirão de prova mais cabal do
que enteados, adotados ou tutelados. (MARTINEZ, 2008, p.
64)
À evidência, embora muito semelhantes os seus elementos
de convicção, restando cada vez menores a distinção, a união
32
estável ainda não se confunde por inteiro como o casamento,
pois, a união estável refere-se apenas à prova da Affectio
Societatis.
Com base nesse enlace, Wladimir Novaes Martinez afirma
que:
Tirante a formalidade jurídica da celebração do
matrimônio, além do cerimonial religioso e civil que
costuma acompanhá-lo, em tudo o mais a união estável
identifica-se com o casamento. Mas ela não é uma
imitação, cópia ou arremedo da relação tida como
oficial, tanto que se equipara ao casamento religioso.
Na sua origem talvez não tenha sido assim, mas hoje em
dia possui individualidade e personalidade jurídica.
(MARTINEZ, 2008, p. 63)
Entretanto, a união estável pressupõe alguma coabitação,
dia-a-dia vivendo em comum, contigüidade física, mútua
dependência e assistência, com toda a aparência de um
casamento. No mais comum dos casos, vizinhos, amigos e até
parentes às vezes ignoram que eles não estejam casados,
freqüentemente se apresentam como marido e mulher.
Todavia, quando se afirma que a união estável tem de ser
pública, é num sentido moral um tanto visível daquele que
insistem em equipá-la-á um casamento informal, quando o que
importa para o Direito Previdenciário é a dependência
econômica, presumida, presente ou não.A idéia de uma pequena família ou grupo familiar mínimo
permeia a união estável no sentido de que os parceiros
se ajudam espiritual, religiosa, financeira e
fisicamente. A despeito de eventuais diferenças,
33
conseguem conviver com suas particularidades. Quando
veraz a união estável, os unidos praticamente têm uma
renda familiar (até com desdobramentos jurídicos),
dividindo as responsabilidades do lar. (MARTINEZ, 2008,
p. 64)
3.3. Direitos e Deveres dos Companheiros
Viverem juntos é muito importante, embora do ponto de
vista do Direito Previdenciário isso não seja imprescindível;
o objetivo do benefício pensão por morte é suprir a mútua
dependência econômica, presumida legalmente, e que pode se dar
ainda que os parceiros residam separados, conforme a Súmula
STF n. 382. A união estável reclama pessoas com sexos opostos:
homem ou mulher. Ao contrário, na união homoafetiva, o mesmo
sexo, ambos masculinos ou ambos femininos. (MARTINEZ, 2008, p.
65)
Quando a Lei nº 9278/96 foi sancionada em 10.05.96, o
Presidente da República vetou os artigos 3º, 4º e 6º do
Projeto Lei. Algumas considerações pertinentes à união
estável, por se referirem às suas características, que valem
para a união homoafetiva, no entanto, há direitos e deveres,
quais sejam a seguir com base no doutrinador Wladimir Novaes
Martinez:
Em seu artigo 1º fornece elementos básicos: a) entidade
familiar; b) convivência duradoura; c) existência
pública; d) continuidade; e) diversidade sexual; e f)
objeto de constituir uma família. No artigo 2º são
34
fixados direitos e deveres iguais aos conviventes: I –
respeito e consideração mútuos; II – assistência moral e
material recíprocas; e III – guarda, sustento e educação
dos filhos comuns. (MARTINEZ, 2008, p. 66)
A Constituição Federal teve mérito ao assegurar o direito
à igualdade e proibiu qualquer espécie de discriminação,
inclusive em razão de sexo. Apesar de não agasalhar
expressamente a união homossexual, o faz de forma implícita.
Ao vetar “quaisquer outras formas de discriminação”, proíbe a
discriminação à união homoafetiva. Inclusive, este argumento
já vem sendo acolhido pelos tribunais há uma década. Como não
é excluída proteção a tais uniões, cabe ser invocada a
premissa básica do pensamente de Kelsen: tudo que não está
explicitamente proibido está implicitamente permitido. Aliás,
a própria Constituição sinaliza neste sentido, o artigo 5º, II
da CF, “Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei”. Poderia o legislador ter
utilizado expressão restritiva, impedindo de modo expresso a
união entre pessoas de idêntico sexo. Não o fez. E mais. A
ausência de referência às uniões homoafetivas não significa
silêncio eloqüente da Constituição. O fato de o texto legal
ter omitido qualquer alusão à união entre pessoas do mesmo
sexo não implica, necessariamente, que não assegure o seu
reconhecimento. Apesar da omissão legal e do preconceito moral
e religioso, não há como negar à união entre pessoas do mesmo
sexo o direito de ser reconhecida como família. Não configura
sociedade de fato, mas, entidade familiar com características
35
próprias, não expressamente previstas na Constituição Federal.
(DIAS, 2011, p. 144)
3.4. União Estável entre pessoas do mesmo sexo
Quem primeiro autorizou o casamento entre pessoas do
mesmo sexo foi a Holanda (2001) - same-sexmarriage, com iguais
direitos e deveres, e idênticas conseqüências jurídicas do
casamento heterossexual. Não vigora a presunção pater est com
referência ao filho nascido durante o casamento, pois há uma
terceira pessoa envolvida, cujos direitos devem ser levados em
conta. É assegurada a possibilidade de os cônjuges adotarem. A
lei facultou transformar as uniões civis já existentes em
casamento, assim como o casamento poder ser convertido em uma
parceria. (DIAS, 2011, p. 61)
A Bélgica (2003) foi o segundo país a autorizar o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas o direito à adoção
só existe a partir de 2005. No ano de 2005, o Tribunal
Constitucional da África do Sul concedeu ao Parlamento sul-
africano um ano para reconhecer o casamento entre pessoas do
mesmo sexo, sendo que a adoção já era possível. Em 2003, a
Suprema Corte de Massachusetts reconheceu a
inconstitucionalidade de se impedir o casamento de casais
homossexuais que, em 2004, tornou-se o primeiro Estado
americano a permitir o casamento gay. Connecticut legalizou o
casamento entre homossessuais em 2007. Há, ainda, outros
quatro Estados norte-americanos que permitem o casamento: Iowa
36
e Vermont (2009), New Hampshire e Columbia (2010). (DIAS,
2011, p. 61)
Na Califórnia (2008), a Suprema Corte do Estado declarou
inconstitucional a lei que não admitia o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. No entanto, no mesmo ano, plebiscito
levado a efeito por ocasião da eleição presidencial, aprovou
emenda constitucional de iniciativa popular para impedir o
casamento. Mas, 18 mil casais já haviam oficializado a união,
e a decisão não afetou a validade dos casamentos que haviam
sido realizados. A Espanha (2005) aprovou tanto o casamento
como o direito à adoção por homossexuais. No mesmo ano o
Canadá admitiu o casamento entre homossexuais, concedendo-lhes
os mesmos direitos deferidos ao casamento heterossexual,
inclusive a possibilidade de adotar. (DIAS, 2011, p. 61)
Em 2009, entrou em vigor a lei que admite o casamento
homossexual na Noruega e na Suécia, direito reconhecido na
Islândia no ano seguinte. Em 2010 tanto a cidade do México
como Portugal aprovaram o casamento entre homossexuais, sem
permitir, no entanto, a adoção de crianças. A Argentina (2010)
é o único país da América do Sul que admite o casamento
homossexual. (DIAS, 2011, p. 62)
Nesse escopo, a doutrinadora Maria Berenice Dias,
explana:
A Constituição, ao conceder especial proteção à família,
não a define. Fala no casamento, e igualmente não o
conceitua. Só há referência ao sexo do par quando fala
na união estável, a qual deve ser facilitada a conversão
em casamento. Ao elencar as entidades familiares inclui
37
o que passou a se chamar de família monoparental: um dos
pais com sua prole. Silencia sobre as uniões
homoafetivas, omissão, no entanto, que não significa que
elas não merecem reconhecimento como entidade familiar.
(DIAS, 2011, P. 68)
Portanto, conforme o Artigo 3º, inciso IV, da
Constituição Federal de 1988, é necessário “Promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”.
Nesse contexto, urge o reconhecimento da entidade
familiar homoafetiva na Carta Magna, pois, há a proibição de
qualquer discriminação conforme dispõe o Artigo 7º, inciso
XXX, da Constituição Federal: “Proibição de diferença de
salários, de exercício de funções e de critérios de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”. No entanto,
não há qualquer referência quanto à discriminação por
orientação sexual, que deve ser incluída.
38
4. O BENEFÍCIO PENSÃO POR MORTE ATRAVÉS DA UNIÃO
ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO
4.1. Provas e Dependência Econômica – Direito Civil
x Direito Previdenciário
No direito previdenciário a pensão por morte é o
principal benefício cogitado em face do falecimento de um
segurado do RGPS ou do RPPS que viveu uma união homoafetva. A
concessão dessa prestação torna mais fácil a demonstração de
outros direitos, inclusive não previdenciários. Sua
significativa semelhança com o auxílio reclusão suscita
provas, entendimentos e posicionamento doutrinários
pertinentes a esse benefício de dependentes de convivente
vivo. Na maior parte dos casos, o sobrevivente amealhará as
provas da convivência more uxório da relação jurídica havida,
cenário em que se situam os principais problemas. (MARTINEZ,
2008, p. 157)
Segundo o doutrinador Wladimir Novaes Martinez a natureza
jurídica da pensão por morte procede:
A pensão por morte insere-se entre as prestações
imprevisíveis, direito subjetivo de certos dependentes
do segurado (por sinal, depois do seu óbito, designados
39
como pensionistas), de pagamento continuado e duração
indefinida, sem exigir período de carência, que somente
se encerra com a morte do pensionista e não gera outro
benefício subseqüente, não substituidora dos ingressos
do percipiente, portanto autorizado a trabalhar ou a
receber uma aposentadoria, deferido em virtude da morte,
ausência ou desaparecimento do segurado. (MARTINEZ,
2008, p. 158)
Da mesma forma como a prestação dos dependentes
heterossexuais, quando os dois companheiros da união
homoafetiva são trabalhadores segurados da previdência social,
impõe-se o debate científico de saber se o direito à pensão
por morte nasce da filiação, da inscrição e das contribuições
ou da necessidade superveniente do sobrevivente. A figura da
dependência econômica como supedâneo do direito foi concebida
no século XIX, mas não tem mais consistência no século XXI,
com a mulher participando ativamente do mercado de trabalho.
(MARTINEZ, 2008, p. 159)
Para que o sobrevivente faça jus ao benefício importa que
o falecido seja segurado da previdência social (ou, em algum
caso, tenha sido). Pois, de regra, após a perda da qualidade
de segurado não subsistiria o direito, situação correspondente
a quem não era filiado, ou seja, um afastado do seguro social.
O direito à pensão por morte do falecido, que antes
efetivamente perdeu a qualidade do segurado, ainda está
doutrinariamente em aberto, a despeito da posição contrária do
STJ (RESP n. 263.005/RSm de 14.10.07, in DJ de 17.03.08,
relatado pelo Ministro Hamilton Carvalhido). (MARTINEZ, 2008,
p. 159)
40
Portanto, o casal homoafetivo poderá ser um trabalhador
ou um servidor, ou seja, segurado da previdência social,
entretanto, se os requisitos legais forem preenchidos,
oportunamente ambos os dois tem direito ao benefício do outro
dependente falecido, podendo até mesmo acumular o benefício
com sua aposentadoria.
Excepcionalmente, pode dar-se de subsistir o direito
pretendido, mesmo após a perda da qualidade de segurado,
quando do falecimento o falecido tinha direito a um benefício,
raciocínio válido no Regime Geral da Previdência Social e que,
por analogia, numa previdência desejada como universal pela
Lei Maior, deve ser transportado para um Regime Próprio da
Previdência Social - RPPS, conforme os Planos de Benefícios da
Previdência Social - PBPS, em seu artigo 102.
Conforme o autor Marcos de Queiroz Ramalho comenta sobre
o Artigo 102 do PBPS, e explana o seguinte:
Redação defeituosa que merece séria crítica. A primeira
porque só se restringe ao benefício aposentadoria,
quando deveria ser entendido, pelo menos, para os
benefícios substitutos da remuneração mensal, referindo-
se ao auxílio doença, comum ou acidentário. (MARTINEZ,
2008, p. 160)
Caso o INSS - Instituto Nacional da Seguridade Social
tenha pressurosamente concedido o benefício da LOAS – Lei
Orgânica da Assistência Social, que não gera pensão por morte,
para quem tinha direito à aposentadoria por idade até por
solicitação do segurado que, naquele momento, não dispunha das
provas do benefício previdenciário, impõe-se a revisão
41
administrativa e a concessão da pensão por morte. (MARTINEZ,
2008, p. 160)
A contingência protegida pela pensão por morte dos
homossexuais é exatamente igual a dos demais seres humanos: a)
morte do segurado; b) ausência declarada; e c) desaparecimento
reconhecido. (MARTINEZ, 2008, p. 161)
Os homossexuais estão protegidos pelo Direito Civil e
pelo Direito Previdenciário de forma igualitária, nesse
contexto, a doutrinadora Maria Berenice Dias, esclarece com
base na Constituição Federal, sobre a igualdade na entidade
familiar, o conceito de família:
É de enorme significado o fato de a Constituição
Federal, ao outorgar especial proteção à família, trazer
os conceitos de entidade familiar e de união estável.
Como não foi definida nenhuma dessas expressões, mister
reconhecer que houve o alargamento do conceito de
família, pois, até 1988, família era somente a
consagrada pelos “sagrados” laços do matrimônio. Outras
relações afetivas, constituídas fora do casamento,
simplesmente não estavam inseridas no âmbito do Direito
de Família. Agora não mais se exige a tríplice
identidade: casamento-sexo-procriação. Hoje existe
família sem casamento, está ai a união estável. Com o
surgimento dos contraceptivos, se pratica sexo
recreativo. E há procriação sem sexo, em face dos
avanços dos modernos métodos de reprodução assistida.
Tais mudanças impuseram a procura de um novo critério
definidor da família, que não está mais condicionado
exclusivamente ao casamento entre um homem e uma mulher.
42
Essa proteção subterfoge até mesmo em caso de
desaparecimento do convivente da entidade familiar, em caso de
fuga, o cônjuge, companheiro ou companheira do fugitivo
poderá requerer a concessão do benefício, sendo assim o
convivente faz jus à pensão por morte. (ALVES, 2007, p. 104)
De modo geral, se os casados e os companheiros, os unidos
e os conviventes contribuem para a sobrevivência na constância
do casamento ou na duração da união estável, para renda
familiar, esse sobrevivente sendo ele heterossexual ou
homossexual fará jus ao benefício cedido pela previdência
social, desde que o falecido seja contribuinte. Mesmo assim,
em alguns casos, o convivente poderá perder a qualidade de
dependente durante a constância ou da coabitação, ou seja, o
benefício poderá cessar, como veremos no tópico 4.3.2. a
seguir, seja pelo fato do parceiro não ser mais segurado ou
porque o casamento ou a união estável se desfez.
Em tese civilista, aos dependentes preferenciais, não há
necessidade do sobrevivente provar a dependência econômica,
que será presumida, contudo, será exigida em caso de separação
do casal homossexual.
Não existe presunção de dependência depois de desfeita a
relação; sem a concessão da pensão alimentícia, ainda
pouco praticada no Brasil, a demonstração terá de ser
produzida. O direito aos alimentos, quando da separação
de casais, nasceu no bojo do Direito Civil e é matéria
do Direito de Família. Mesmo renunciando a essa
pretensão (especialmente se não existir outro dependente
com essa intenção os tribunais superiores têm entendido
prevalecer o direito do não alimentado, especialmente se
43
necessitado de recursos). O raciocínio é
assistenciarista; sem pensão alimentícia materializada
não se apóia a presunção da dependência econômica. Na
União homoafetiva, desfeita a relação formal ou
informalmente, se há desistência da pensão alimentícia,
da mesma forma não se sustenta a legitimidade da
presunção da dependência econômica e isso ainda que o
convivente não tenha estabelecido nova união
homoafetiva. (MARTINEZ, 2008, p. 162)
Imagina-se até mesmo a curiosa circunstância de alguém
que tenha perdido o direito ao benefício por conta de um novo
casamento, quando a legislação assim o exigia, tenha
reconstituído uma relação amorosa, subsistindo às expensas
desse novo provedor que, sem ser segurado, faleceu. Impor-se-á
o restabelecimento do primeiro benefício. (“Direito da
Pensionista que perdeu a pensão por casamento com marido não
segurado”, São Paulo, LTr, in Jornal do 19º CBPS, 2006, p. 19)
4.2. A discussão do Reconhecimento da União Estável
entre pessoas do mesmo sexo
Após essa ilustre decisão que explanaremos a seguir,
alguns críticos alegaram ser uma “perda da segurança jurídica
com o golpe de 4 e 5 de maio de 2011”, com alegação de que o
Estado brasileiro perdeu toda a segurança jurídica,
44
discordamos, claro. Se a Suprema Corte reserva a si o direito
não só de legislar, explanando, que seria um abuso, mas até de
reformar a Constituição, mudando o sentido óbvio de seu texto
em favor de uma ideologia, todo o sistema jurídico passa a se
fundar sobre a areia movediça. Essas críticas contestaram
dizendo que o julgamento das ações levaram a vergonhosa
decisão demonstrando a clareza das palavras da Constituição
não impedindo que os Ministros imponham a sua vontade, quando
conflitante com o texto constitucional. Essas críticas
pairaram no esquecimento.
Outros, porém, alegaram ser um caso inédito “a
monstruosidade lógica do julgamento da ADPF 132 e ADI 4277”
que retrataremos a seguir, afirmando que ultrapassa tudo o que
se conhece de absurdo em alguma Corte Constitucional. É
verdade que a sentença Roe versus Wade, emitida em 22 de
janeiro de 1973 pela Suprema Corte dos EUA, declarou
inconstitucional qualquer lei que incriminasse o aborto nos
seis primeiros meses de gestação. Esse golpe foi dado com base
no direito da mulher à privacidade e na negação da
personalidade do nascituro. No entanto, a decisão não foi
unânime. Dos nove juízes, houve dois que se insurgiram contra
ela. No Brasil, porém, para nosso espanto e vergonha (segundo
os críticos), não houve dissidência. Todos os membros do STF
admitiram enxergar uma inconstitucionalidade que, segundo
eles, não existe no Artigo 1723 do Código Civil. Uma conquista
e uma comemoração contra o preconceito e a discriminação.
Houve citações de contos para conter a população, tal
qual, “A roupa nova do imperador”, cujos tecelões afirmavam
45
que só não era vista pelos tolos. Enquanto o monarca desfilava
com camiseta e calça curta, todos, com exceção de uma criança,
se diziam admirados com a beleza da inexistente roupa. Desta
vez, os Ministros, temerosos de serem considerados não tolos,
mas “preconceituosos”, “retrógrados” e “homofóbicos” acabaram
todos por enxergar uma inconstitucionalidade inexistente.
Esperava se o grito de alguma criança para acabar com a
comédia. Tais críticas, não foram suficientes para impedir o
andamento célere dos julgamentos, e ao final, proporcionar o
que está garantido na Lei Maior, em seu Artigo 5º, caput,
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Para o reconhecimento da união estável entre pessoas do
mesmo sexo, conforme já descrito acima, foram vários anos de
batalha e discordância entre a sociedade relutante e os
legisladores, contudo, após vários debates envolvendo toda a
sociedade percebeu-se que tratava de uma diversidade, e que
tal preconceito e discriminação exigiam-se normas para a
regulamentação. No decorrer dessa trajetória, faz-se-juz
reaver de que a Carta Magna dispõe que a intenção é organizar
um Estado em que esteja presente uma “sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos”.
Nesse contexto, 1os ministros do Supremo Tribunal
Federal, ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
1 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931Acessado em 10 de junho de 2014, às 12h e 38min
46
4277 e a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº
132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo.
As ações foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pela
Procuradoria Geral da República e pelo governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral.
O julgamento começou na tarde de 04 de maio de 2011,
quando o relator das ações, o Ministro Ayres Britto, votou no
sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal
para excluir qualquer significado do Artigo 1.723 do Código
Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar.
O ministro Ayres Britto argumentou que o Artigo 3º,
inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de
sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser
diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual.
“O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta
para desigualação jurídica”, observou o Ministro, para
concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva
colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da CF.
Os Ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim
Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e
Cezar Peluso, bem como as Ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha
e Ellen Gracie, acompanharam o entendimento do ministro Ayres
Britto, pela procedência das ações e com efeito vinculante, no
sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal
para excluir qualquer significado do Artigo 1.723 do Código
Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar.
47
Na sessão seguinte, antes do relator, falaram os autores
das duas ações, o Procurador Geral da República e o Governador
do Estado do Rio de Janeiro, por meio de seu representante, o
Advogado Geral da União e advogados de diversas entidades,
admitidas como amici curiae, ou seja, amigos da Corte.
A ação a ADI 4277 foi protocolada na Corte inicialmente
como ADPF 178. A ação buscou a declaração de reconhecimento da
união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.
Pediu, também, que os mesmos direitos e deveres dos
companheiros nas uniões estáveis fossem estendidos aos
companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Já na Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental
nº 132, o governo do Estado do Rio de Janeiro alegou que o não
reconhecimento da união homoafetiva contraria preceitos
fundamentais como igualdade, liberdade (da qual decorre a
autonomia da vontade) e o princípio da dignidade da pessoa
humana, todos da Constituição Federal. Com esse argumento,
pediu que o STF aplicasse o regime jurídico das uniões
estáveis, previsto no Artigo 1.723 do Código Civil, às uniões
homoafetivas de funcionários públicos civis do Rio de Janeiro.
Enfoque de que 2a Constituição Federal de 1988 reconheceu
como entidade familiar a “união estável” entre o homem e a
mulher: “Artigo 226, § 3º. Para efeito da proteção do Estado,
é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.
2 http://jus.com.br/artigos/19087/contrariando-a-constituicao-stf-reconhece-uniao-estavel-entre-pessoas-do-mesmo-sexo Acessado em 10 de junho de 2014,às 16h e 19min
48
Conforme reconhece o Ministro Ricardo Lewandowski, “nas
discussões travadas na Assembléia Constituinte a questão do
gênero na união estável foi amplamente debatida, quando se
votou o dispositivo em tela, concluindo-se, de modo
insofismável, que a união estável abrange, única e
exclusivamente, pessoas de sexo distinto”. Logo, sem violar a
Constituição, jamais uma lei poderia reconhecer a união
estável entre dois homens ou entre duas mulheres. De fato, o
Código Civil, repetindo quase literalmente o texto
constitucional, reconhece a união estável somente entre o
homem e a mulher: “Artigo 1.723. É reconhecida como entidade
familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família”.
A não ser que se reformasse a Constituição, os militantes
homossexualistas jamais poderiam pretender o reconhecimento da
união estável entre dois homossexuais ou entre duas lésbicas.
Isso é o que diz a lógica e o bom senso.
Concluindo os debates, no julgamento ocorrido em 4 e 5 de
maio de 2011, no entanto, o Supremo Tribunal Federal, ferindo
regras elementares da coerência lógica, reconheceu por
unanimidade a união estável entre duplas homossexuais.
Naqueles dias foram julgadas em conjunto as ações
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 132
proposta em 2008 pelo governador Sérgio Cabral, do Estado do
Rio de Janeiro e a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
4277 proposta em 2009 pela vice-Procuradora Geral da República
Débora Duprat, na época exercendo interinamente o cargo de
49
Procuradora Geral da República. O que ambas as ações tinham em
comum era o pedido de declarar o Artigo 1723 do Código Civil
inconstitucional a menos que ele fosse interpretado de modo a
incluir as duplas homossexuais na figura da união estável. O
pedido, por estranho (e absurdo) que fosse, foi acolhido pelo
relator Ministro Ayres Britto e por toda a Suprema Corte. Foi
impedido de votar o Ministro Dias Toffoli, que já havia atuado
no feito como Advogado Geral da União, em defesa da união
homossexual, é óbvio. Dos dez restantes, todos votaram pela
procedência do pedido.
Acompanhemos o raciocínio do relator Ayres Britto.
Segundo ele, o texto do Artigo 1723 do Código Civil admite
“plurissignificatividade”, ou seja, mais de um significado. O
primeiro, e óbvio, significado é que o artigo reconhece como
entidade familiar a união estável somente entre um homem e uma
mulher, excluindo a união de pessoas do mesmo sexo. O segundo
significado, perceptível, é que o artigo reconhece como
entidade familiar a união estável, por exemplo, entre um homem
e uma mulher, mas sem excluir as uniões homossexuais. Para
Ayres Britto, a primeira interpretação é inconstitucional, por
admitir um “preconceito” ou “discriminação” em razão do sexo,
o que é vedado pela Constituição Federal em seu Artigo 3º, IV.
Somente a segunda interpretação, por ele descoberta, ou
criada, é constitucional. Concluiu então seu voto dizendo:
Dou ao Artigo 1.723 do Código Civil interpretação
conforme a Constituição para dele excluir qualquer
significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
50
sexo como “entidade familiar”, entendida esta como
sinônimo perfeito de “família”. Reconhecimento que é de
ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas
conseqüências da união estável heteroafetiva. (MINISTRO,
Ayres Brito)
Uma das conseqüências imediatas do reconhecimento da
“união estável” entre pessoas do mesmo sexo é que tal união
poderá ser convertida em casamento, conforme o Artigo 1726 do
Código Civil: “A união estável poderá converter-se em
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento
no Registro Civil”. De um só golpe, portanto, o Supremo
Tribunal Federal reconhece a “união estável” e o “casamento”
de homossexuais.
Tais julgamentos foram merecedores de aplausos, e para
acrescentar mérito às discussões tecidas acima, há relatos
verídicos do casal homossexual 3Marcus Vinicius Santos e Marcio
de Oliveira que estão juntos há 13 anos. Eles sempre pensaram
em oficializar a relação, mas, a realização deste desejo
sempre lhes pareceu distante, mesmo depois da decisão do
Supremo Tribunal Federal em favor da união. No entanto, uma
iniciativa pioneira do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, transformou o sonho em realidade. E, em um domingo de
primeiro de julho de 2012, João e Márcio, assim como outros 49
casais do mesmo sexo, obtiveram gratuitamente o reconhecimento
judicial da união estável homoafetiva.3 CNJ http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/20087-casais-do-mesmo-sexo-tem-relacionamento-estavel-reconhecido-judicialmente Giselle SouzaAgência CNJ de Notícias Acessado em 10 de junho de 2014, às 23h e15min
51
O documento foi entregue aos casais em cerimônia no
auditório da Escola da Magistratura do Estado do Rio de
Janeiro - Emerj, no Centro, graças a uma parceria entre o
TJRJ, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos
Humanos e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O
projeto conta com o apoio do Conselho Nacional de Justiça -
CNJ.
Na cerimônia, a desembargadora Cristina Gaulia,
coordenadora da Comissão de Articulação de Projetos Especiais
para Promoção à Justiça e à Cidadania do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, órgão responsável pela iniciativa, explicou
que as uniões foram reconhecidas por juízes de Direito, em
audiências realizadas durante o mês de junho de 2012. O evento
promovido na Emerj comemorou o fato, também, como marco para
as ações afirmativas no Brasil. Afirma a Desembargadora:
“É um evento festivo, no qual também estamos
fortalecendo as instituições republicanas. Queremos que
isso se torne uma atividade freqüente, a ser realizada
inclusive por outros tribunais, para que toda a
sociedade se fortaleça contra os abusos, as
discriminações e os preconceitos de qualquer natureza”.
No evento, a desembargadora leu a ata da sentença que
estabeleceu o reconhecimento da união dos casais homoafetivos.
Cristina Gaulia, destacou que o documento irá assegurar
direitos civis, como pensão ou herança no caso de falecimento
de um dos companheiros. Mas, a magistrada reconhece que,
embora seja uma conquista importante, a comunidade LGBT ainda
espera mais. Tanto que dos 50 casais beneficiados pela
52
iniciativa, 40 entraram com pedido de conversão da união
estável em casamento imediatamente após obterem o
reconhecimento.
É importante salientar, que há 13 anos casado com uma
pessoa do mesmo sexo, o superintendente de Direitos
Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de
Assistência Social e Direitos Humanos, Claudio Nascimento,
destacou a importância de a Justiça promover o reconhecimento
das uniões homoafetivas. Ele explicou que passado um pouco
mais de um ano após o STF ter autorizado a união estável para
pessoas do mesmo sexo, apenas cerca de 20 mil buscaram a
legalização. Para ele, esse direito precisa ser disseminado, e
concluiu dizendo:
Temos o direito de ser caretas. Aos heterossexuais,
deram a opção de oficializar ou não suas uniões. A nós,
nos foi relegado um lugar de indiferença, como se
fôssemos cidadãos de segunda classe. Hoje é um dia de
transição. Estamos no Tribunal de Justiça realizando uma
cerimônia coletiva na qual nossos direitos estão sendo
reconhecidos, afirmou.
A Coordenadora do Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual
e dos Direitos Homoafetivos da Defensoria Pública do Rio,
Luciana Mota, disse que o Judiciário saiu na frente no tocante
ao reconhecimento dos direitos das minorias. “Apesar da
omissão do Legislativo, comemoramos um ano da decisão do
Supremo Tribunal Federal”, ressaltou.
53
Os casais comemoraram. Marcus Vinicius e Marcio Oliveira,
citados no início da reportagem, contaram que esperavam há
muito pelo direito de ter a união reconhecida. “Já tentamos
outras vezes, mas os trâmites exigidos e até a questão
financeira sempre foi um impedimento. Os custos chegam a R$
800”, explicou Marcus. Jaime dos Santos e Ronaldo da Silva
Buriti, que formam outro casal, também destacaram as
dificuldades que tinham para oficializar a união. Juntos há 12
anos, eles não conseguiam esconder a felicidade pelo
reconhecimento judicial da união estável então obtido. Agora
planejam entrar na fila de adoção e assim aumentar a família.
“Com essa iniciativa, conseguimos demonstrar que existe
afeto entre pessoas do mesmo sexo, que também queremos
construir uma vida. Isso é muito gratificante”, deixou claro
Ronaldo. Adna Oliveira e Andrea Ferreira foram outras que
contaram com a presença de amigos e familiares na cerimônia.
“Isso é muito importante para nós. Estamos tendo nossos
direitos igualados”, comemorou Adna.
Durante todo o período de realização, a primeira
cerimônia de reconhecimento judicial das uniões estáveis
homoafetivas do TJRJ foi marcada pela alegria. Casais, a maior
parte acompanhados por familiares e amigos, se emocionaram e
até choraram. A celebração teve início com a interpretação do
hino nacional pela travesti Jane Di Casto, e terminou com a
convocação dos 50 casais à frente do palco. E sob uma intensa
salva de palmas e com o tão esperado beijo, eles enfim puderam
selar o amor, desta vez sem qualquer preconceito.
54
Como se sabe, atualmente é pacífico o reconhecimento de
união estável homoafetiva entre duas pessoas do mesmo sexo,
superando a opinião vigente da só ser possível entre homem e
mulher, conforme os moldes do Artigo 1723 do Código Civil
Contudo, não há como discutir acerca da validade ou da
existência de tal união estável perante o julgamento da ADI -
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4277 (DF), em conjunto
com a ADPF - Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental nº 132 (RJ), que garantiram pleno reconhecimento
jurídico, produzindo eficácia contra todos, ou seja, erga omnes,
e efeitos vinculantes, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário, conforme segue as jurisprudências.
Segue a baila, partes relevantes da ADI nº 4277 (DF),
sendo:
(...). 2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM
RAZÃO DO SEXO SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER
(GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA
QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO
COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA
DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA
AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA
PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo
disposição constitucional expressa ou implícita em
sentido contrário, não se presta como fator de
desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz
do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por
colidir frontalmente com o objetivo constitucional de
55
"promover o bem de todos". Silêncio normativo da Carta
Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos
como saque da kelseniana "norma geral negativa", segundo
a qual "o que não estiver juridicamente proibido, ou
obrigado, está juridicamente permitido". Reconhecimento
do direito à preferência sexual como direta emanação do
princípio da "dignidade da pessoa humana": direito a
auto-estima no mais elevado ponto da consciência do
indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto
normativo da proibição do preconceito para a proclamação
do direito à liberdade sexual. O concreto uso da
sexualidade faz parte da autonomia da vontade das
pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos
da intimidade e da privacidade constitucionalmente
tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. 3.
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA.
RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO
EMPRESTA AO SUBSTANTIVO "FAMÍLIA" NENHUM SIGNIFICADO
ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO
CATEGORIA SÓCIOCULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO
SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-
REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família,
base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase
constitucional à instituição da família. Família em seu
coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico,
pouco importando se formal ou informalmente constituída,
ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares
homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da
expressão "família", não limita sua formação a casais
heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração
civil ou liturgia religiosa. Família como instituição
privada que, voluntariamente constituída entre pessoas
adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma
necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o
56
principal lócus institucional de concreção dos direitos
fundamentais que a própria Constituição designa por
"intimidade e vida privada" (inciso X do art. 5º). [...]
Isonomia entre casais heteroafetivos e pares
homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se
desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma
autonomizada família. Família como figura central ou
continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade
da interpretação não-reducionista do conceito de família
como instituição que também se forma por vias distintas
do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de
1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do
pluralismo como categoria sócio-político-cultural.
Competência do Supremo Tribunal Federal para manter,
interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu
fundamental atributo da coerência, o que passa pela
eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das
pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL
REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL
PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL
DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM
HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO.
IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE "ENTIDADE
FAMILIAR" E "FAMÍLIA". A referência constitucional à
dualidade básica homem/mulher, no §3º do seu art. 226,
deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor
oportunidade para favorecer relações jurídicas
horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades
domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente
combate à renitência patriarcal dos costumes
brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da
Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de
1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226
no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que,
57
ao utilizar da terminologia "entidade familiar", não
pretendeu diferenciá-la da "família". Inexistência de
hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as
duas formas de constituição de um novo e autonomizado
núcleo doméstico. Emprego do fraseado "entidade
familiar" como sinônimo perfeito de família. A
Constituição não interdita a formação de família por
pessoas do mesmo sexo. Consagração do juízo de que não
se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou
de proteção de um legítimo interesse de outrem, ou de
toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub
judice. Inexistência do direito dos indivíduos
heteroafetivos à sua não-equiparação jurídica com os
indivíduos homoafetivos. Aplicabilidade do §2º do art.
5º da Constituição Federal, a evidenciar que outros
direitos e garantias, não expressamente listados na
Constituição, emergem "do regime e dos princípios por
ela adotados", verbis: "Os direitos e garantias expressos
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte". 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À
FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que os Ministros
Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso
convergiram no particular entendimento da
impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união
homoafetiva nas espécies de família constitucionalmente
estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre
parceiros do mesmo sexo como uma nova forma de entidade
familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem
prejuízo do reconhecimento da imediata auto-
aplicabilidade da Constituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART.
1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO
FEDERAL (TÉCNICA DA "INTERPRETAÇÃO CONFORME").
58
RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA.
PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de
interpretação em sentido preconceituoso ou
discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não
resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a
utilização da técnica de "interpretação conforme à
Constituição". Isso para excluir do dispositivo em causa
qualquer significado que impeça o reconhecimento da
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser
feito segundo as mesmas regras e com as mesmas
conseqüências da união estável heteroafetiva".4
Nesse mesmo contexto, a Argüição de Descumprimento de
Preceito Fundamental nº 132, Rio de Janeiro dispõe o seguinte:
EMENTA: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO.
RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU
RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE
OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO
CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ
pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir
“interpretação conforme à Constituição” ao art. 1.723 do
Código Civil. Atendimento das condições da ação. 2.
PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO,
SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA
NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A
4 STF. ADI 4277, Relator: Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em
05/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-03
PP-00341
59
PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO
COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA
DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA
AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA
PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo
disposição constitucional expressa ou implícita em
sentido contrário, não se presta como fator de
desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz
do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por
colidir frontalmente com o objetivo constitucional de
“promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta
Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos
como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo
a qual “o que não estiver juridicamente proibido, ou
obrigado, está juridicamente permitido”. Reconhecimento
do direito à preferência sexual como direta emanação do
princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a
auto-estima no mais elevado ponto da consciência do
indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto
normativo da proibição do preconceito para a proclamação
do direito à liberdade sexual. O concreto uso da
sexualidade faz parte da autonomia da vontade das
pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos
da intimidade e da privacidade constitucionalmente
tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. 3.
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA.
RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO
EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO
ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO
CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO
SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-
REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família,
60
base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase
constitucional à instituição da família. Família em seu
coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico,
pouco importando se formal ou informalmente constituída,
ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares
homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da
expressão “família”, não limita sua formação a casais
heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração
civil ou liturgia religiosa. Família como instituição
privada que, voluntariamente constituída entre pessoas
adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma
necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o
principal lócus institucional de concreção dos direitos
fundamentais que a própria Constituição designa por
“intimidade e vida privada” (inciso X do art. 5º).
Isonomia entre casais heteroafetivos e pares
homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se
desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma
autonomizada família. Família como figura central ou
continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade
da interpretação não-reducionista do conceito de família
como instituição que também se forma por vias distintas
do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de
1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do
pluralismo como categoria sócio-político-cultural.
Competência do Supremo Tribunal Federal para manter,
interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu
fundamental atributo da coerência, o que passa pela
eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das
pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL
REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL
PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL
DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM
HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO.
61
IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE
FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência constitucional à
dualidade básica homem/mulher, no §3º do seu art. 226,
deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor
oportunidade para favorecer relações jurídicas
horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades
domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente
combate à renitência patriarcal dos costumes
brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da
Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de
1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226
no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que,
ao utilizar da terminologia “entidade familiar”, não
pretendeu diferenciá-la da “família”. Inexistência de
hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as
duas formas de constituição de um novo e autonomizado
núcleo doméstico. Emprego do fraseado “entidade
familiar” como sinônimo perfeito de família. A
Constituição não interdita a formação de família por
pessoas do mesmo sexo. Consagração do juízo de que não
se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou
de proteção de um legítimo interesse de outrem, ou de
toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub judice.
Inexistência do direito dos indivíduos heteroafetivos à
sua não-equiparação jurídica com os indivíduos
homoafetivos. Aplicabilidade do §2º do art. 5º da
Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e
garantias, não expressamente listados na Constituição,
emergem “do regime e dos princípios por ela adotados”,
verbis: “Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte”. 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À
62
FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que os Ministros
Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso
convergiram no particular entendimento da
impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união
homoafetiva nas espécies de família constitucionalmente
estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre
parceiros do mesmo sexo como uma nova forma de entidade
familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem
prejuízo do reconhecimento da imediata auto-
aplicabilidade da Constituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART.
1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO
FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”).
RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA.
PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de
interpretação em sentido preconceituoso ou
discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não
resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a
utilização da técnica de “interpretação conforme à
Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa
qualquer significado que impeça o reconhecimento da
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser
feito segundo as mesmas regras e com as mesmas
conseqüências da união estável heteroafetiva. A C Ó R D
à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam
os Ministros do Supremo Tribunal Federal em conhecer da
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132
como ação direta de inconstitucionalidade, e julgá-la em
conjunto com a ADI 4277, por votação unânime.
Prejudicado o primeiro pedido originariamente formulado
na ADPF, por votação unânime. Rejeitadas todas as
preliminares, por votação unânime. Os ministros desta
Casa de Justiça, ainda por votação unânime, acordam em
julgar procedentes as ações, com eficácia erga omnes e
63
efeito vinculante, com as mesmas regras e conseqüências
da união estável heteroafetiva, autorizados os Ministros
a decidirem monocraticamente sobre a mesma questão,
independentemente da publicação do acórdão. Tudo em
sessão presidida pelo Ministro Cezar Peluso, na
conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas. Votou o Presidente. Brasília, 05 de maio
de 2011. MINISTRO AYRES BRITTO - RELATOR5
4.3. O Direito ao Benefício de pensão por morte
entre pessoas do mesmo sexo
Há vários anos, dependentes de trabalhadores e servidores
têm direito a pensão por morte no caso de falecimento,
ausência ou desaparecimento do titular, contudo, o valor da
pensão por morte do servidor homossexual segue os parâmetros
do artigo 40, §7º, II da Emenda Constitucional nº 41/03.
No entanto, há previsão da pensão por morte na
Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 201, V, todavia a
previdência social dos militares está disciplinada nos Artigos
40, §1º e 42, §2º da Carta Magna.
Nesse contexto, a Lei 8.213/91 aborda de forma minuciosa
todas as formas de concessão da pensão por morte conforme os
moldes dos Artigos 74 e 76, sendo que será devida ao conjunto
dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a
contar da data do óbito, quando requerida até trinta dias
depois do falecimento, do requerimento, quando requerida após
o prazo de trinta dias e por decisão judicial, no caso de
morte presumida.5 STF, ADPF 132, http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628633 Acessado em 10 de junho de 2014, às 22 h
64
Entretanto, a concessão da pensão por morte não será
protelada pela falta de habilitação de outro possível
dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que
importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá
efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.
O Ministério Público Federal intentou ação civil pública
contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, buscando
estender os benefícios previdenciários aos casais
homossexuais, sob o fundamento de violação ao dogma
constitucional de respeito à dignidade humana e afronta ao
princípio da igualdade, que proíbe discriminação sexual. Foi
concebida tutela antecipada, com abrangência nacional para que
o órgão previdenciário federal possibilitasse a inscrição do
companheiro do segurado como dependente principal, garantindo
a percepção de auxílio reclusão e pensão por morte do
beneficiário, desde que cumpridos, no que couber, os
requisitos exigidos dos companheiros heterossexuais. (DIAS,
2011, p. 158)
Confirmada a liminar em todas as instâncias recursais, o
Instituto Nacional do Seguro Social editou Instrução Normativa
25/2000 e Ministério da Previdência Social baixou Portaria
513/2010, de 09/12/2010 para a concessão do benefício
previdenciário em sede administrativa, incluindo o companheiro
homossexual na primeira classe de dependentes. Apesar do
caráter extrajudicial de tal provimento, esta foi a primeira
normatização que contemplou vínculos homoafetivos. (DIAS,
2011, p. 159)
Segundo a doutrinadora Maria Berenice Dias, que dispõe:
65
Todas as justiças, estaduais, a Federal, do Trabalho, a
Justiça Militar e o próprio Superior Tribunal de
Justiça, STJ, já vinham reconhecendo tanto o direito de
pensão por morte, direito previdenciário com a inscrição
de parceiro na condição de dependente e inclusão no
plano de assistência médica. (DIAS, 2011, p. 159)
Entretanto, com a ausência de previsão legal para
concessão de benefícios a companheiros do mesmo sexo, os
tribunais brasileiros há algum tempo já vinham construindo uma
jurisprudência embasada no desejo de uma sociedade
igualitária, justa e fraterna, o que veremos a seguir, o
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da ADI nº 4277 e da
ADPF nº 132, regulamentando as uniões homoafetivas,
acompanhando a evolução social, mantendo os princípios de
igualdade a todos, a moralidade, o respeito, a dignidade da
pessoa humana, e o principal, prevalecendo a vontade humana,
de que não importa o sexo do companheiro e sim a relação de
amor, a convivência e a coabitação dos companheiros.
4.3.1. Critérios para concessão dentro do RGPS
A regra legal da concessão da pensão por morte é o
benefício começar na data do óbito, mas, requerido após trinta
dias, na data de entrada do requerimento, não valendo o
comando para os menores, ausentes ou incapazes, conforme o
Plano de Benefícios da Previdência Social, artigo 79.
66
Há, no entanto, para concessão da Previdência Social,
critérios e prazos, e com base na Lei 8.213/91 serão
explanados cada qual com análise semântica dos seus artigos.
Nesse contexto, a concessão das prestações pecuniárias
do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes
períodos de carência, auxílio-doença e aposentadoria por
invalidez doze contribuições mensais, no caso da aposentadoria
por idade, aposentadoria por tempo de serviço e a
aposentadoria especial, cento e oitenta contribuições mensais,
em se tratando de salário-maternidade para as seguradas um
total de dez contribuições mensais, conforme o artigo 25 da
Lei 8213/91, em caso de parto antecipado, o período de
carência da gestante será reduzido em número de contribuições
equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado.
Todavia, com fulcro no artigo 26 da Lei 8213/91,
independe de carência a concessão das seguintes prestações,
pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-
acidente, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos
casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença
profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado
que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for
acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em
lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da
Previdência Social a cada três anos, de acordo com os
critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou
outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que
mereçam tratamento particularizado, entretanto, será garantido
67
os benefícios concedidos aos segurados especiais, tais como,
serviço social, a reabilitação profissional, e no caso das
gestantes salário-maternidade para as seguradas empregada,
trabalhadora avulsa e empregada doméstica.
Para a concessão ao segurado empregado e ao trabalhador
avulso que tenham cumprido todas as condições do benefício
pleiteado, mas não possam comprovar o valor dos seus salários
de contribuição no período básico de cálculo, será concedido o
benefício de valor mínimo, devendo esta renda ser recalculada,
quando da apresentação de prova dos salários de contribuição,
de acordo com o Artigo 35 da Lei 8213/91.
Já, para o segurado empregado doméstico que, tendo
satisfeito as condições exigidas para a concessão do benefício
requerido, não comprovar o efetivo recolhimento das
contribuições devidas, conforme o Artigo 36 da Lei 8213/91,
será concedido o benefício de valor mínimo, devendo sua renda
ser recalculada quando da apresentação da prova do
recolhimento das contribuições.
No entanto, para os segurados especiais, referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão: I
- de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-
doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de um
salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no
art. 86, segundo artigo 39 da Lei 8213/91, desde que comprove
o exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período, imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, igual ao número de meses
68
correspondentes à carência do benefício requerido; ou II - dos
benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e
a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam
facultativamente para a Previdência Social, na forma
estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social. Nesse
mesmo sentido em seu parágrafo único do artigo 39, para a
segurada especial fica garantida a concessão do salário
maternidade no valor de um salário mínimo, desde que comprove
o exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, nos doze meses imediatamente anteriores ao do
início do benefício.
Portanto, com base no artigo 39 da Lei 8213/91 no § 5o ,
o primeiro pagamento do benefício será efetuado até quarenta e
cinco dias após a data da apresentação, pelo segurado, da
documentação necessária a sua concessão.
Na Lei 8213/91, em seu artigo 42 há a previsão da
aposentadoria por invalidez, que dispõe: “uma vez cumprida”,
quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição. Estipula em seu
parágrafo 1º que a concessão de aposentadoria por invalidez
dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante
exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o
segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de
sua confiança.
69
Há também a concessão da aposentadoria especial que será
devida, conforme descreve o artigo 57 da Lei 8213/91, uma vez
cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, insalubridade ou
periculosidade, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos,
conforme dispuser a lei.
Todavia, está disposto no artigo 57 da Lei 8213/91 em seu
parágrafo 3º, de que a concessão da aposentadoria especial
dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, do tempo de trabalho
permanente, não ocasional nem intermitente, em condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
durante o período mínimo fixado.
Determina ainda, no artigo 57 parágrafo 4º, no qual o
segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho,
exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão
do benefício.
Entretanto, o tempo de trabalho exercido sob condições
especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais
à saúde ou à integridade física será somado, conforme dispões
o parágrafo 5º do artigo 57 da Lei 8213/91, após a respectiva
conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum,
segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência
e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer
benefício.
70
Seja qual for o segurado, incluso na categoria de
aposentadoria especial, a concessão do benefício previsto
neste artigo 57, em seu parágrafo 6º, será financiado com os
recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II
do artigo 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas
alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos
percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a
serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria
especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de
contribuição, respectivamente.
Conforme dispõe o artigo 58 da Lei 8213/91, a relação dos
agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação
de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física
considerados para fins de concessão da aposentadoria especial
de que trata o artigo 57, da Lei 8213/91, será definida
indiretamente pelo Poder Executivo, por órgão por ele indicado
para tal discriminação.
A concessão da pensão por morte não será protelada pela
falta de habilitação de outro possível dependente, conforme os
moldes do artigo 76 da Lei 8213/91, como exemplo habilitação
de um irmão que tenha dependência econômica do falecido, e
qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em
exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a
contar da data da inscrição ou habilitação do outro dependente
ainda não habilitado, portanto, benefício ainda não concedido.
A concessão do benefício de pensão por morte, tem prazo
decadencial, de acordo com o artigo 103 da Lei 8213/91, o
prazo é de dez anos de todo e qualquer direito ou ação do
71
segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de
benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do
dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória
definitiva no âmbito administrativo.
Mesmo não sendo pauta do trabalho, faz se jus, abordar a
concessão de auxílio doença, que, no entanto, para sua
concessão até que seja elaborada a lista de doenças
mencionadas no inciso II do art. 26, conforme o artigo 151 da
Lei 8213/91, o convivente também poderá ter o benefício de
pensão por morte concedida a este sobrevivente, caso seu
companheiro tenha sido acometido por essas doenças antes do
falecimento, independe de carência a concessão de auxílio-
doença e aposentadoria por invalidez ao segurado que, após
filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido
das seguintes doenças: tuberculose ativa; hanseníase;
alienação mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia
irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; doença de
Parkinson; espondiloartrose anquilosante; nefropatia grave;
estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante,
deformidade nos ossos, alongamento ou desvio ósseo); síndrome
da deficiência imunológica adquirida AIDS; e contaminação por
radiação, com base em conclusão da medicina especializada.
Como podemos analisar, são diversos critérios e
diferentes formas de concessão do benefício do Regime Geral da
Previdência Social.
72
4.3.2. Causas de cessação do benefício concedido
pelo RGPS
Existe a pretensão do reconhecimento da existência da
união homoafetiva entre os casais homossexuais, existe também
os critérios de concessão do benefício de pensão por morte, já
descritos neste trabalho, todavia, são várias as causas de
cessação do benefício concedido pelo Regime Geral da
Previdência Social está disposto na Lei 8213/91 que será
analisado em seus diversos artigos, a seguir.
Nesse sentido, iremos analisar de que forma mantém-se a
qualidade de segurado, independentemente de contribuições,
sendo elas, dispostas no artigo 15 da Lei 8213/91, e seus
incisos: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de
benefício; II - até doze meses após a cessação das
contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver
suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até doze meses
após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de
segregação compulsória; IV - até doze meses após o livramento,
o segurado retido ou recluso; V - até três meses após o
licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar; VI - até seis meses após a cessação
das contribuições, o segurado facultativo.
Já no parágrafo 1º, do artigo supra citado, dispõe sobre
o prazo do inciso II que será prorrogado para até 24 (vinte e
73
quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e
vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a
perda da qualidade de segurado;
Nesse mesmo contexto, o parágrafo 2º, do artigo 15 da Lei
8213/91, esclarece que os prazos do inciso II ou do § 1º serão
acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado,
desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão
próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
Lembrando, que os casais homoafetivos, tem os mesmos
direitos dos casais heterossexuais respaldados por lei, desde
que comprovada a união estável, está disposto no parágrafo
3º que durante os prazos deste artigo 15, o segurado conserva
todos os seus direitos perante a Previdência Social;
Diante de todo o exposto, no parágrafo 4º, do artigo 15
da Lei 8213/91, dispõe que a perda da qualidade de segurado
ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no
Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do
final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.
A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será
rateada entre todos em parte iguais, mesmo estando nesse rol o
dependente, companheiro homossexual ou companheira lésbica,
conviventes por união estável. Em caso de cessar, conforme o
parágrafo 1º do artigo 77 da Lei 8213/91, reverterá em favor
dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessou. Já em
seu parágrafo 2º, do mesmo artigo, a parte individual da
74
pensão extingue-se: I - pela morte do pensionista; II - para o
filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os
sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos
de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente; III - para o pensionista inválido
pela cessação da invalidez e para o pensionista com
deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da
interdição.
Com tudo, conforme demonstra o parágrafo 3º, do artigo 77
da Lei 8213/91, com a extinção da parte do último pensionista
a pensão extinguir-se-á. Já no parágrafo 4º, dispõe que a
parte individual da pensão do dependente com deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade
remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo
ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação
de trabalho ou da atividade empreendedora.
Entretanto, se ocorrer a morte presumida do segurado,
declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6
(seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na
forma desta Subseção, conforme dispõe a Lei 8213/91, em seu
artigo 78.
Todavia, a comprovação declarada no parágrafo 1º, será
mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência
de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão
75
jus à pensão provisória independentemente da declaração e do
prazo deste artigo, ou seja, seis meses.
Portanto se, verificado o reaparecimento do segurado, o
pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os
dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo se
comprovada má-fé do beneficiário, conforme disposto no
parágrafo 2º, artigo 15 da Lei 8213/91.
76
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É perceptível, quanto à análise dos profissionais da área
de que a manifestação oficial antropológica, sociológica e
psicológica de que a homossexualidade não é patologia, distúrbio
psíquico ou doença, simplesmente acontece.
Nesse contexto, o homossexual ambicionava o reconhecimento
de sua identidade sexual, conduta, naturalidade de orientação,
que nenhum profissional, documento ou conclusão internacional
lhes assegurava.
Os homossexuais simplesmente desejavam o reconhecimento da
igualdade de direitos do cidadão, o respeito à sua integridade,
a prevalência de sua dignidade humana, garantidos em comparação
com a heterossexualidade, com o casamento civil ou religioso, e
já reconhecida a união estável, teria que ter sido reconhecida a
tempos, ou seja, uma equivalência.
A equiparação da união homoafetiva deve ser genérica, sem
focar exclusivamente a pensão por morte ou o auxílio-reclusão,
tratando de direitos e obrigações comuns entre os conviventes,
sejam eles casados ou em constância de união estável.
77
Entretanto, o legislador regulou as uniões estáveis entre
homossexuais, segundo uma previdência contributiva mais ampla,
caso contrário, eventuais interessados poderiam, de alguma
forma, ser motivados a fraudar tal cenário para garantir seus
direitos.
Nesse sentido, quem tiver de reclamar direitos, estudar
situações e decidir sobre as postulações adjetivos de pretensões
a direitos já garantidos por lei, deve ter consciência que não
lhe cabe fazer juízos não formais, pois, apesar da verdadeira
natureza jurídica do casamento, ser o matrimônio tradicional
suporte da família ou não, nunca preocupou a pretensão dos
beneficiários previdenciários nos casados ou unidos, e assim
deve ser em relação a outros tipos de uniões já reconhecidas,
como a união homoafetiva.
Visivelmente, nossa sociedade crê que uma instituição só
adquire substância técnica, tem eficácia e é aceita socialmente
depois de muitos debates não podendo ser ignorada pelos
legisladores. Mas, com certeza foi de grande utilidade o
presente tema para que seja delegado por lei própria do Regime
Geral da Previdência Social, garantindo aos casais homoafetivos
direitos integrais, sem discriminação e sem preconceitos.
A aprovação legal de uma parceria civil sempre foi bem
vinda, pois, as disposições de vontade, registradas formalmente,
são consideradas atualmente evidências suficientes para garantia
de direitos, é preciso afirmar que mesmo sendo um relacionamento
humano atípico, essas pessoas só buscam o respeito às suas
78
uniões enquanto parceiros, respeito, dignidade e consideração
que lhes são devidos pela sociedade e pelo Estado.
Se o afeto é elemento constitutivo da união estável, passa-
se a identificar a família pela presença de um vínculo de
afetividade, e não de sexualidade. Como já demonstrado, houve a
ampliação do conceito de família, como um conjunto composto por
um ou mais indivíduos, ligados por laços, sejam eles biológicos,
afetivos ou sociológicos, em geral coabitando sobre o mesmo
teto, e mantendo a renda para compor a economia familiar, esse
afeto pode ser consagrado por casamento ou união estável, e em
caso de morte, é garantido ao sobrevivente o benefício de pensão
por morte de seu de cujus.
É importante salientar, como bem denotado pelo Ministro
Ayres Brito que “se as pessoas de preferência heterossexual só
podem se realizar ou serem felizes heterossexualmente, as de
preferência homossexual seguem a mesma toada, só podendo se
realizar ou serem felizes homossexualmente”.
79
REFERÊNCIAS
ALVES, Hélio Gustavo. Auxílio Reclusão. São Paulo: LTr,
2007.
BACHUR, Tiago F. e AIELLO; Maria Lúcia. Teoria e prática
do direito previdenciário incluindo jurisprudências,
modelos de petição e de cálculo previdenciário. São
Paulo: Lemos & Cruz, 2007.
CNJ, Disponível em:
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/20087-casais-do-mesmo-
sexo-tem-relacionamento-estavel-reconhecido-
judicialmente. Acesso em: 10 de junho de 2014.
CRFB,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constit
uicaocompilado.htm Acesso: em 29 de Abril de 2014.
DIAS, Maria Berenice. União Homoafetiva, O preconceito &
a Justiça. 5º edição. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2011.
IBRAHIM, Fábio Z. Curso de direito previdenciário.
Niterói: Impetus, 2011.
80
Jus Navegandi,
http://jus.com.br/artigos/19087/contrariando-a-
constituicao-stf-reconhece-uniao-estavel-entre-pessoas-
do-mesmo-sexo Acessado em 10 de junho de 2014, às 16h e
19min.
Lei 8212
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm
Acessado em: 10 de abril de 2014, às 16h e 22min.
Lei 8213
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
Acessado em: 10 de abril de 2014, às 19h e 53min.
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito
Previdenciário. São Paulo: LTr, 2011.
MARTINEZ, Wladimir Novaes. A União Homoafetiva no Direito
Previdenciário. São Paulo: LTr, 2008.
http://www.jurisite.com.br/apostilas/
direito_previdenciario.pdf Acessado em: 10 de abril de
2014, às 19h e 32min.
STF. ADI 4277, Relator: Min. AYRES BRITTO, Tribunal
Pleno, julgado em 05/05/2011, dje-198 divulgado em 13-10-
2011 publicado 14-10-2011 ementa volume 02607-03 pp-00341
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=628635 Acessado em 10 de junho de 2014, às
21h e 51min.
81
STF, http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=628633 ADPF nº 132 Acessado em 10 de junho
de 2014, às 22 h
STF,
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=178931 Acessado em 10 de junho de 2014, às 12h
e 38min