DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO E DA TAXA DE TRANSPORTE LONGITUDINAL NO ARCO PRAIAL COMPREENDIDO ENTRE A...
-
Upload
independent -
Category
Documents
-
view
1 -
download
0
Transcript of DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO E DA TAXA DE TRANSPORTE LONGITUDINAL NO ARCO PRAIAL COMPREENDIDO ENTRE A...
DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO E DA TAXA DE TRANSPORTE LONGITUDINAL NO
ARCO PRAIAL COMPREENDIDO ENTRE A PRAIA DA PONTA DA FRUTA, VILA VELHA E
SETIBA, GUARAPARI – ES.
por
Fabiane Cruz Pavani
Submetido como requisito parcial para a obtenção de grau de
Oceanógrafo
na
Universidade Federal do Espírito Santo
Dezembro de 2006
© Fabiane Cruz Pavani
Por meio deste, o autor confere ao Colegiado do Curso de Oceanografia e ao Departamentode Ecologia e Recursos Naturais da UFES permissão para reproduzir e distribuir cópias
parciais ou totais deste documento de monografia para fins não comerciais.
Assinatura do autor ...........................................................................................................Curso de graduação em Oceanografia
Universidade Federal do Espírito Santo01 de dezembro de 2006
Certificado por ..................................................................................................................Jacqueline Albino
Profª. Drª. / Orientadora
Certificado por ..................................................................................................................Prof. Dr. Julio Tomás Chacaltana
Examinador internoUFES/DEA
Certificado por ........................................................................... .......................................Prof. Dr. Alex Cardoso Bastos
Examinador internoCCHN/DERN/UFES
Aceito por .........................................................................................................................RDR Ghisolfi
Prof. Adjunto / Coordenador do Curso de OceanografiaUniversidade Federal do Espírito Santo
CCHN/DERN/UFES
CURSO DE OCEANOGRAFIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Centro de Ciências Humanas e Naturais Departamento de Ecologia e Recursos Naturais
DECLARAÇÃO DE CONFORMIDADE
Declaro(amos) que a monografia intitulada
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
do aluno(a)
___________________________________________________________________________
foi corrigida segundo as recomendações da banca composta por:
1. _____________________________________________________________________
2. _____________________________________________________________________
3. _____________________________________________________________________
Vitória, _______, de dezembro de 200 ___.
Assinam,
Orientador: _________________________________________________________________
Componente da banca: ________________________________________________________
Componente da banca: ________________________________________________________
Universidade Federal do Espírito Santo
Departamento de Ecologia e Recursos Naturais
Centro de Ciências Humanas e Naturais
FABIANE CRUZ PAVANI
DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO E DA TAXA DE TRANSPORTE
LONGITUDINAL NO ARCO PRAIAL COMPREENDIDO ENTRE A PRAIA DA
PONTA DA FRUTA, VILA VELHA E SETIBA, GUARAPARI – ES.
Vitória
2006
FABIANE CRUZ PAVANI
DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO E DA TAXA DE TRANSPORTE
LONGITUDINAL NO ARCO PRAIAL COMPREENDIDO ENTRE A PRAIA DA
PONTA DA FRUTA, VILA VELHA E SETIBA, GUARAPARI – ES.
Vitória
2006
Monografia apresentada como requisito àobtenção do grau de Graduado.Curso de graduação em Oceanografia,Departamento de Ecologia e RecursosNaturais da Universidade Federal doEspírito Santo.
Orientador: Profª. Drª. Jacqueline Albino.
FABIANE CRUZ PAVANI
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Profª. Drª. Jacqueline AlbinoORIENTADOR – UFES/DEA
___________________________________
Prof. Dr. Julio Tomás Aquije ChacaltanaEXAMINADOR INTERNO – UFES/DEA
_____________________________________Prof. Dr. Alex Cardoso Bastos
EXAMINADOR INTERNO – UFES/DERN
Vitória,______de________________de 2006
“Dedico este trabalho a toda família; emespecial a meus pais, meus irmãos e aomeu eterno amor Jediclei, que sempreme deram amor e apoio durante todo o
curso de Oceanografia.”AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial a Deus que sempre me acompanhou em todos os
momentos difíceis da minha vida, me dando forças para prosseguir e coragem
para enfrentar mais essa etapa.
A meus pais, Geraldo e Rosilene, pelo amor incondicional que a mim
dedicaram durante toda a minha vida e em especial durante a minha formação
acadêmica.
A meus irmãos, Fabio, Flávia e Narciso, pelo incentivo e amizade que sem
dúvida foram fundamentais para o meu sucesso. Em particular a minha irmã
que me apoiou na coleta dos dados no campo deste trabalho.
Ao meu namorado, Jediclei, pela paciência e compreensão; entendendo os
momento de ausência e sempre me fornecendo uma palavra de amor e de
carinho. Além disso, pela disposição de ir ao campo me ajudando na coleta dos
dados necessários a confecção deste trabalho.
À professora e orientadora Jacqueline Albino, pela ajuda, amizade e
ensinamentos a mim fornecidos durante a minha vida acadêmica.
À minha querida amiga, Danielle, que sempre me ajudou no decorrer de todos
os anos que passamos juntas. Como iria esquecer das noites em que a gente
passava em claro fazendo trabalho, do seu café para acordar e da sua cama
que você sempre cedia, quando eu não agüentava mais ficar acordada!
Obrigada mesmo, a você e a toda a sua família que sempre me acolheu com
muito carinho.
Aos meus amigos de sala e de Laboratório que tornaram esses anos de
graduação inesquecíveis.
E aos meus amigos Eduardo, Bruno e Tatiana pela ajuda fornecida na coleta
dos dados.
RESUMO
A determinação da direção do transporte longitudinal é de fundamental
importância para o planejamento, administração e investigação da costa. Com
esse objetivo, este trabalho coletou 24 amostras no arco praial compreendido
entre a Ponta da Fruta e Setiba – ES, e essa direção foi determinada baseada
em um modelo proposto por McLaren (l981) e por McLaren e Bowles (1985),
segundo os quais, durante o transporte, o sedimento tende a se tornar mais
fino, melhor selecionado e mais negativamente assimétrico ou mais grosso,
melhor selecionado e mais positivamente assimétrico.
Os resultados encontrados neste trabalho para a direção do transporte
coincidiram com a direção da deriva litorânea atuante nessas praias,
determinadas pelas análises dos ângulos de incidência das ondas e da
geomorfologia da costa para as medições realizadas no dia do campo. Assim
apenas a tendência de mais grosso, melhor selecionado e mais positivamente
assimétrico foi significante, o que indicou um transporte com altos níveis de
energia.
Além da direção, calculou-se também a taxa de transporte de sedimento, cujos
resultados confirmaram a existência de uma área de deposição na linha de
costa próxima as Três Ilhas, sendo esta entendida através do processo de
difração das ondas e também mostrou uma área em que o transporte
transversal é significante nos arredores da praia da Fruta.
Entretanto vale ressaltar que a aplicação de modelos tanto na determinação da
direção quanto na quantificação do transporte longitudinal, possui limitações, e
estas podem mascarar os resultados, dando uma falsa interpretação. Por isso,
é sugerido o uso desses modelos associados aos dados de observação em
campo (principalmente ângulo de incidência das ondas) e a dados pretéritos.
Palavras-chaves: Parâmetros granulométricos, direção e taxa do transporte
longitudinal.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do trecho do arco praial compreendido entre a praia da
Ponta da Fruta a Ponta de Setiba, ES. Fonte: Albino, 1996. Adaptado............15
Figura 2 - Regime dos ventos no litoral do Espírito Santo em condições
normais. Fonte: Martin et al., 1996....................................................................18
Figura 3 - Freqüência das alturas e períodos de ondas mais freqüentes
incidentes no litoral do Espírito Santo. Fonte: Albino, 1999.
Adaptado............................................................................................................19
Figura 4 – Mapas esquemáticos dos padrões de deriva litorânea gerados por
ventos provenientes de nordeste (A) e sul – sudeste e sul (B) Fonte: Albino,
1996. Adaptado..................................................................................................21
Figura 5 - Fenômeno de refração do trem de ondas ao se aproximarem da linha
de costa. Fonte: Silva et al., 2004......................................................................22
Figura 6 - Formato dos quatro tipos de quebra de onda. Fonte: Silva et al.,
2004...................................................................................................................23
Figura 7 - Efeito de difração em ilha. Fonte: Carter, 1988. Adaptado.............. 24
Figura 8 - A célula de circulação costeira. Fonte: Muehe, 1993........................25
Figura 9 - Obliqüidade das ondas gerando transporte de sedimento sobre a
face da praia. Fonte: Silva et al., 2004..............................................................26
Figura 10 - Ganhos e perdas de sedimento da praia. Fonte: Bird, 1996
(modificado).......................................................................................................28
Figura 11 - Interpretação da distribuição –X ao longo do percurso o sedimento
(Note: as abscissas dos gráficos estão em phi então os grãos mais finos estão
a direita e os grãos mais grossos a esquerda). Fonte: Hughes, 2005.
(Adaptado).........................................................................................................34
Figura 12 - Esquema de definição do fluxo de energia ao longo de uma
praia...................................................................................................................40
Figura 13 – O arco praial da Ponta da Fruta a Setiba e as estações amostrais.
Fonte: (adaptado)..............................................................................................44
Figura 14 - Gráfico de dispersão em linha para as alturas das ondas na
arrebentação. O eixo das abscissas referisse a distancia acumulada dos pontos
amostrados........................................................................................................56
Figura 15 - Gráfico de dispersão em linha para os períodos médios das ondas
na arrebentação. O eixo das abscissas referisse a distancia acumulada dos
pontos amostrados............................................................................................57
Figura 16 - Histograma dos ângulos de incidência médios das ondas na
arrebentação......................................................................................................58
Figura 17 - Porcentagem de siliciclástico e carbonato. O eixo das abscissas
referisse a distancia acumulada dos pontos amostrados..................................60
Figura 18 - Gráficos de dispersão em linhas à esquerda e gráficos regressão
linear à direita, ambos em função da distância acumulada. .............................63
Figura 19 - Variação das classes granulométricas em função da distância
acumulada.........................................................................................................64
Figura 20 A, B, C e D - Regressão linear para as quatro classes
granulométricas presentes nas amostras da face da praia...............................65
Figura 21 – velocidade da corrente longitudinal................................................66
Figura 22 – Variação da taxa de transporte de sedimento................................67
Figura 23 – Resumo dos resultados encontrados na área de estudo...............69
.
LISTA DE TABELA
TABELA 3.1: Resumo do modelo de McLaren................................................. 31
TABELA 4.1: Classificação de Wentworth (1922) baseada no valor do tamanho
das partículas.................................................................................................... 47
TABELA 4.2: Classificação de Folk (1968) para o grau de selecionamento.....47
TABELA 4.3: Classificação de Folk (1968) para a assimetria...........................48
TABELA 5.1a e b: Altura das ondas na arrebentação.......................................55
TABELA 5.2 a e b: Períodos médios das ondas na arrebentação....................57
TABELA 5.3 a e b: Ângulos médios de incidência das ondas na
arrebentação......................................................................................................58
TABELA 5.4: Parâmetros estatísticos avaliados nas amostras.........................61
TABELA 5.5: Teste de correlação.....................................................................64
TABELA 5.6: Resumo do número de pares das amostras da Praia da Ponta da
Fruta a Setiba....................................................................................................66
TABELA 5.7 a e b: Velocidade da corrente e o volume de areia transportada
longitudinalmente à praia...................................................................................68
LISTA DE SIGLAS
CERC Costal Engineering Research Center.
CTH/USP Centro Tecnológico de Hidráulica da Universidade de São Paulo
DERN Departamento de Ecologia e Recursos Naturais.
DHN Diretoria de Hidrografia e Navegação
ENES Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos
INPH Instituto nacional de Pesquisas Hidroviárias
LGMA Laboratório de Geologia Marinha Aplicada
rms root-mean-square (raiz quadrática média)
STA Análise da Tendência do Sedimento
S.I. Sistema Internacionais
UFC Universidade Federal do Ceará
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
USACOE United States Army Corps of Engineers
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................. .............................................12
1.1 APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA...................................................12
1.2 OBJETIVOS...........................................................................................14
1.2.1 Objetivo geral..............................................................................14
1.2.2 Objetivos específicos................................................................ 14
2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA....................................................15
2.1 LOCALIZAÇÃO......................................................................................15
2.2 GEOMORFOLOGIA...............................................................................16
2.3 BACIA HIDROGRÁFICA........................................................................17
2.4 ASPECTOS CLIMÁTICOS.....................................................................17
2.5 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS.........................................................18
2.5.1 Ondas...........................................................................................18
2.5.2 Maré.............................................................................................20
2.5.3 Transporte litorâneo...................................................................20
3. TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA PRAIA...........................................22
3.1 ONDAS E CORRENTES GERADAS POR ELAS..................................22
3.2 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NA PRAIA...................................27
3.3 ANÁLISE DA TENDÊNCIA DO SEDIMENTO (STA).............................30
3.3.1 Incertezas de análises de sedimentos......................................34
3.3.2 Benefícios da analise de tendência de sedimento..................37
3.4 CALCULO DO TRANSPORTE LOGITUDINAL.....................................38
3.4.1 Transporte de sedimento longitudinal.....................................38
3.4.2 Modelo de fluxo de energia.......................................................38
3.4.3 Equações de previsão da taxa de transporte de sedimento
longitudinal............................................................................................41
4. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................43
4.1 OBTENÇÃO DA GRANULOMETRIA LONGITUDINAL DAPRAIA.....................................................................................................43
4.1.1 Coleta de sedimento...................................................................43
4.1.2 Tratamento das amostras de sedimento em laboratório........45
4.1.3 Tratamento granulométrico estatístico....................................46
4.2 DADOS OCEANOGRÁFICOS...............................................................48
4.2.1 Parâmetros de ondas.................................................................48
4.2.1.1 Altura das ondas................................................................48
4.2.1.2 Ângulo de incidência das ondas........................................49
4.2.1.3 Período das ondas.............................................................49
4.2.2 Parâmetros obtidos a partir do tratamento dos dadosoceanográficos medidos em campo...................................................50
4.3 TRANSPORTE LONGITUDINAL DE SEDIMENTOS.............................50
4.3.1 Determinação da taxa do transporte longitudinal...................50
4.3.2 Determinação da direção do transporte longitudinal.............52
4.4 RELAÇÃO ENTRE GRANULOMETRIA, DADOS OCEANOGRÁFICOS
E VOLUME PRAIAL...............................................................................53
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................55
5.1 PARÂMETROS DAS ONDAS NA ARREBENTAÇÃO...........................55
5.2 SEDIMENTOLOGIA ..............................................................................59
5.2.1 Composição dos sedimentos na praia.....................................59
5.2.2 Granulometria.............................................................................60
5.3 TANSPORTE LONGITUDINAL DE SEDIMENTO..................................66
5.3.1 Estimativas de taxa e velocidade do transportelongitudinal............................................................................................66
5.3.2 Direção do transporte longitudinal...........................................68
6. CONCLUSÃO.............................................................................................70
7. REFERÊNCIAS BIBLIOCRÁFICAS...........................................................71
ANEXOS………………………………………………………………………………76
12
1. INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA
A direção dominante do transporte de sedimento longitudinal a praia é um fator
essencial no planejamento, administração e investigação da costa. Entretanto,
essa direção não é facilmente obtida, visto que, diferentemente do transporte
fluvial uni-direcional, a deriva litorânea é, frequentemente bi-direcional e, além
disso, a direção do transporte de sedimento longitudinal é dependente de
vários fatores como os ventos, os regimes de ondas e as marés, que
geralmente variam por todo o ano. Portanto, minuciosos estudos da costa são
necessários para adquirir a direção dominante do transporte de sedimento.
Evidências adicionais podem ser obtidas através da configuração da linha de
costa, observando regiões próximas a estruturas costeiras e examinado a
geomorfologia litorânea (MASSELINK, 1992).
Em regiões costeiras onde estruturas feitas por homens estão ausentes e a
geomorfologia da costa não indica a direção dominante do transporte de
sedimento longitudinal, estudos costeiros estão consumindo tempo e dinheiro
na tentativa de adquirir a dominante dessa deriva litorânea. Esses casos
podem ser auxiliados se a direção do transporte é refletida na variação da
granulometria do sedimento longitudinal da praia (MASSELINK, 1992).
Alguns autores têm mostrado que os sedimentos das praias tornam-se mais
finos e melhor selecionados na direção do transporte longitudinal (KOMAR,
1977; SELF, 1977; MASSELINK, 1992; e outros mais), entretanto o
engrossamento na direção da deriva litorânea também tem sido observado
(McCAVE, 1978). A existência de ambas as tendências de afinamento e
engrossamento ao longo da praia aumenta o número de problemas
relacionados ao transporte de sedimento que, se compreendido permitiria fazer
uma maior interpretação usando os dados do tamanho da areia da praia
(McCAVE, 1978).
Nesse sentindo, McLaren (1981) e McLaren e Bowles (1985) deduziram um
modelo que usa tendências espaciais na textura dos sedimentos para
determinar a direção do transporte longitudinal. Nesse modelo (referenciado
como “modelo de McLaren”) as distribuições do sedimento no transporte estão
13
relacionadas com a sua fonte, através da função de transferência de
sedimento, a qual define a probabilidade relativa que cada grão tem de ser
transportado ou depositado. Esses pesquisadores demonstraram que
dependendo do nível de energia, os sedimentos da face da praia tornam-se
mais finos, melhor selecionados e mais negativamente assimétricos
(“transporte Caso B”), ou mais grossos, melhor selecionados e mais
positivamente assimétricos (“transporte Caso C”) em direção ao transporte
longitudinal. Em ambos os casos o nível de energia decresce na direção do
transporte, mas o transporte do Caso C é inicialmente caracterizado por taxas
de fluxos maiores que as do transporte do Caso B. O modelo de McLaren tem
sido aplicado por vários autores (PRITHVIRAJ, 1988; BITTENCOURT, 1992;
MASSELINK, 1992; MUEHE & CARVALHO, 1993; e outros) na tentativa de
deduzir a direção do transporte longitudinal de sedimento ou visando a sua
aplicabilidade.
Autores com Bittencourt (1992), Masselink (1992) e Hughes (2005),
ressaltaram limitações desse modelo principalmente em praias, com elevado
transporte transversal, com mais de uma fonte de sedimento, com sedimentos
de composição variada (principalmente carbonato) e em arcos praiais cujo nível
de energia das ondas influencia a tendência textural dos sedimentos.
Além da direção da deriva litorânea a quantificação da taxa de sedimentos
transportados longitudinalmente, em especial a resultante de transporte
residual, também é de fundamental importância no planejamento de obras
costeiras. Muitos autores (INMAN E BAGNOLD, 1963; KOMAR, 1977;
BAILARD, 1984 entre outros) têm deduzido fórmulas empíricas, através de
experiências em campo, com o objetivo de calcular esse volume de sedimento
transportado longitudinalmente.
O presente trabalho objetivou aplicar o método de análise de tendência de
sedimento, modelo de McLaren, visando determinar a direção do transporte de
sedimento longitudinal, além de quantificar as taxas do transporte longitudinal
através da aplicação de fórmulas empíricas, no arco praial compreendido entre
o trecho da Praia da Ponta da Fruta, Vila Velha, à Praia de Setiba, Guarapari.
O arco praial em questão foi escolhido principalmente porque apresenta uma
visível tendência granulométrica ao longo do mesmo, tendo areias mais finas
14
nas proximidades da Praia da Fruta e areias mais grossas nas vizinhanças da
praia de Setiba. Além disso, a ausência de várias fontes de sedimento, também
foi um indicador positivo para a aplicação desse modelo.
Assim, tendo em vista o crescente desenvolvimento do trecho acima
mencionado a proposta desse trabalho de determinar a direção do transporte
longitudinal a partir dos parâmetros granulométricos ao longo do arco praial
compreendido entre o trecho da Praia da Ponta da Fruta, Vila Velha, a Praia de
Setiba, Guarapari – ES é de extrema relevância, pois contribuirá para futuras
ações no sistema costeiro e tornará o problema da erosão costeira mais
facilmente diagnosticado, contribuindo assim, para o gerenciamento de futuros
projetos desenvolvidos para esta região.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Determinar a direção e a taxa de transporte longitudinal no arco praial
compreendido entre a praia da Ponta da Fruta, Vila Velha e Setiba, Guarapari –
ES.
1.2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são os seguintes:
Determinar a distribuição da granulometria longitudinal à praia;
Aplicação do modelo de McLaren (1981);
Compartimentar o arco praial da ponta da Fruta a Setiba quanto ao
balanço de sedimentos;
Contribuir na aplicabilidade dos modelos de determinação da direção do
transporte longitudinal a partir da distribuição granulométrica.
15
2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA
2.1 LOCALIZAÇÃO
A área do estudo deste trabalho compreende o arco praial que vai da Praia da
Ponta da Fruta, situada no município de Vila Velha, até a praia de Setiba,
município de Guarapari (Figura 1). Localizada na região sul do estado do
Espírito Santo, essa faixa litorânea situa-se entre as coordenadas 20º 31' 4" S
– 40º 21' 42" W e 20º 38' 13" S – 40º 25' 51"W e possui uma extensão de
aproximadamente 16 Km (dezesseis quilômetros) e uma orientação de NE-SW,
é importante ainda destacar essa área a existência do Parque Estadual Paulo
César Vinha (Parque de Setiba).
Figura 1 - Localização do trecho do arco praial compreendido entre a praia da Ponta da Fruta aSetiba, ES. Em vermelho, as Três Ilhas e a Lagoa Carais. Fonte: Albino, 1996. Adaptado.
16
2.2 GEOMORFOLOGIA
Segundo Martin et al. (1996), o trecho de Vila Velha a Guarapari enquadra-se
no litoral Central, setor 4, que estende-se da Baía de Vitória até o Rio
Itapemirim.
Nesta região observam-se promontórios rochosos e terraços cristalinos de
abrasão marinha em contado direto com a linha de costa, caracterizando um
litoral recortado, o que facilita o desenvolvimento de depósitos quaternários
variáveis. Entre estes depósitos podem-se destacar a existência de terraços
arenosos cobertos de alinhamento de cordões litorâneos na área de interesse
deste trabalho. A origem desses cordões é interpretada, segundo Dominguez
et al. (1982), em termos do abaixamento do nível médio relativo do mar durante
o Holoceno e suas conseqüências no aporte de areia proveniente da
plataforma próxima. O abaixamento do nível do mar provocou o aporte de
grande quantidade da areia da plataforma próxima em direção da praia. Este
material foi parcialmente ou totalmente retornado pela corrente de deriva
litorânea e transportado até que aparecesse um obstáculo ou armadilha que
bloqueou o transporte, formando assim esses terraços arenosos cobertos de
alinhamentos de cordões litorâneos. Mais freqüentemente, estes últimos
correspondem a cristas de altas praias que foram sucessivamente
abandonadas no decorrer da progradação da costa (DOMINGUEZ et al., 1982).
Segundo Albino et al. (2001), como característica desta região tem-se um
pequeno aporte continental, uma plataforma estreita, alta energia de ondas, e
uma baixa troca sedimentar entre as praias e entre a praia emersa e antepraia,
como conseqüência as praias possuem grande complexidade morfodinâmica,
apresentando-se refletivas, intermediárias e dissipativas, dependendo da
exposição às ondas incidentes. Além disso, os aportes fluviais são limitados
espacialmente por promontórios.
Outra característica importante da área de estudo deste trabalho é a presença
do arquipélago de Três Ilhas (Figura 1). Essas ilhas estão localizadas a
aproximadamente 3 km (três quilômetros) da linha de costa, e provavelmente
estão relacionadas à formação do Tômbolo, observada na região da linha de
costa próxima ás Ilhas (entre 10 e 12 km da praia da Ponta da Fruta).
17
2.3 BACIA HIDROGRÁFICA
A área de estudo deste trabalho enquadra-se dentro de duas bacias
hidrográficas do Estado do Espírito Santo, a do Jucu e a de Guarapari.
Como dito na seção 2.2, os aportes fluviais são limitados nesta região podendo
destacar apenas o rio Jucu, que tem sua desembocadura no município de Vila
Velha e a aproximadamente 11 Km (onze quilômetros) ao norte da Ponta da
Fruta; e o rio Icaraí, que bifurca-se próximo a Ponta de Icaraí, sendo que um de
seus braços forma a Lagoa Carais que encontra-se atualmente fechada, ou
seja, sem contato com o mar (Figura 1), e o outro braço uni-se ao rio Una que
desemboca ao sul da área de interesse.
2.4 ASPECTOS CLIMÁTICOS
O clima deste trecho do litoral brasileiro é do tipo AW, segundo a classificação
de Köppen (MARTIN et al., 1996). A região encontra-se em uma zona
caracterizada por chuvas tropicais de verão, com uma estação seca durante o
outono e inverno. Porém, as duas últimas estações podem registrar
precipitações frontais de descargas devidas às massas polares, a precipitação
média anual é em torno de 1307 mm e a umidade relativa média anual é de
80%. A temperatura média anual é de 23,3 ºC (MARTIN et al., 1996).
Tanto os dados levantados pelo Centro Tecnológico de Hidráulica da
Universidade de São Paulo (CTH/USP) entre fevereiro e 1972 e janeiro de
1973 (BANDEIRA et al., 1975), quanto os fornecidos por Albino (1999)
demonstram que os ventos de maior freqüência e maior intensidade são
respectivamente os provenientes dos quadrantes leste principalmente os de
NE-ENE e os do quadrante sul principalmente os de SE. Os primeiros estão
associados aos ventos alísios, que sopram durante a maior parte do ano,
enquanto que os de SE estão relacionados às frentes frias que chegam
periodicamente à costa do Espírito Santo (Figura 2).
18
Figura 2 - Regime dos ventos no litoral do Espírito Santo em condições normais.
Fonte: Martin et al., 1996.
2.5 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS
2.5.1 Ondas
Segundo Komar (1983) as ondas são as principais responsáveis pela erosão
costeira, tendo uma importância singular nos processos de dinâmica e
gerenciamento costeiros. No entanto, dados de clima de onda para o litoral
brasileiro são escassos e limitados aos levantamentos nas áreas próximas aos
portos por ocasião de suas construções (HOMSI, 1978).
Segundo Muehe (2001), as ondas nesta região são geradas pelos dois
sistemas de ventos existentes, assim ondas do setor sul (S-SE) estão
associadas às frentes frias, desta forma são mais energéticas do que as do
quadrante NE, porém são menos freqüentes, entretanto, não são menos
importantes devido à intensidade e a capacidade de erosão das praias. Ainda,
Segundo Muehe (2001), as alturas significativas dessas ondas na região de
interesse deste trabalho variam entre 0,3 a um máximo de 2,62 m, com média
em torno de 1,0 m e seus períodos variam entre 3 e 11,5 s, sendo que as
ondas associadas as frentes frias apresentam-se geralmente com alturas
maiores e períodos mais curtos.
19
Os dados abaixo, foram obtidos por ocasião de obras no Porto de Tubarão pelo
INPH (Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias) entre março de 1979 e
setembro de 1980. O equipamento utilizado nesta oportunidade forneceu dados
de altura e períodos de onda, mas não forneceu dados direcionais, que foram
estimados visualmente. A direção anual média da onda foi aproximadamente
ESE. A direção mais setentrional observada foi ENE enquanto que a mais
meridional foi a SSE (ALBINO, 1999).
Os resultados de altura significativa e períodos médios, obtidos pela RAM
Engenharia Ltda a partir dos dados do INPH, para uma amostra de 684
registros de ondas é mostrada na Figura 3. A altura significativa da onda variou
de 0,3 a 2,5 m, sendo que as mais freqüentes apresentaram alturas variando
de 0,6 a 0,9 m. os períodos médios mais freqüentes estão em torno de 5 a 6,5s
sendo que os maiores períodos registrados foram de 11 s.
Figura 3 - Freqüência das alturas e períodos de ondas mais freqüentes incidentes no litoral do
Espírito Santo. Fonte: Albino, 1999. Adaptado.
20
2.5.2 Maré
A amplitude de maré, isto é, a diferença de altura entre a preamar e a baixa –
mar, representa um importante elemento na definição da intensidade dos
processos costeiros em função da velocidade das correntes associadas
(MUEHE, 2001).
De acordo com o DHN – Diretoria de Hidrografia e Navegação (2006), o litoral
do Espírito Santo tem a sua amplitude de maré variando entre 1,40 e 1,50m.
Estes valores são característicos de litoral submetido a um regime de
micromaré (menor que 2m).
2.5.3 Transporte litorâneo
Uma das causas mais freqüentes da erosão ou progradação costeira é a
alteração no volume de sedimento transportado paralelamente à linha de costa.
Este transporte, efetuado pela corrente longitudinal, gerada entre a zona de
arrebentação e a linha de praia em decorrência da obliqüidade de incidência
das ondas, tem sua intensidade e direção definidos pela altura e direção das
ondas incidentes e pela orientação da linha de costa.
Silvester (1968, apud MUEHE, 2001), numa avaliação em nível macrorregional
e baseado em dados de clima de ondas, na orientação da linha de costa e em
critérios geomorfológicos, inferiu para o litoral brasileiro as principais direções
resultantes de transporte litorâneo. Considerando a área de interesse neste
estudo, para um observador olhando da terra para o mar, este transporte seria
para a direita, ou seja, segundo este autor, a direção dominante do transporte
seria da Ponta da Fruta a Setiba (Figura 4 A).
Além da dominante do transporte longitudinal podem-se definir as direções
deste transporte em função das direções das ondas que chegam à praia assim,
através dos dois sistemas de ondas apresentados na seção 2.5.1, têm-se duas
situações de transporte que estão apresentadas na Figura 4 A e B.
21
A
B
Figura 4 – Mapas esquemáticos dos padrões de deriva litorânea gerados por ventosprovenientes de nordeste (A) e sul – sudeste e sul (B).
Fonte: Albino, 1996. Adaptado.
22
3. TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA PRAIA
3.1 ONDAS E CORRENTES GERADAS POR ONDAS
Segundo Bird (1996), ondas são ondulações em uma superfície de água
produzida por ação de vento. O fluxo turbulento do vento que passa na
superfície da água produz tensões e variações de pressão, iniciando-se as
ondas que crescem como o resultado de um contraste de pressão ao longo de
sua estrutura dados os declives.
Ao se aproximarem das regiões costeiras, devido aos efeitos da batimetria, as
ondas começam a serem refratadas, sendo que a porção da crista que atinge
primeiro uma profundidade menor, sofre uma desaceleração em relação à
porção que ainda vem se deslocando. Isto tende a promover uma inflexão da
crista da onda, caracterizando a refração (SILVA et al., 2004) (Figura 5).
Figura 5 - Fenômeno de refração do trem de ondas ao se aproximarem da linha de costa.
Fonte: Silva et al., 2004.
A refração é responsável pelo alinhamento da zona de arrebentação de tal
modo que ela tende a ser paralela a praia (SUGUIO, 2003). As formas de
arrebentação das ondas, também são comandadas por efeitos da batimetria,
que segundo Galvin (1968), podem ser diferenciadas em quatro tipos (Figura
6).
23
Figura 6 - Formato dos quatro tipos de quebra de onda.
Fonte: Silva et al., 2004.
Progressiva ou Deslizante (spilling breaker): Ocorre em praias de baixa
declividade, nas quais as ondas gradualmente empinam-se para então
“deslizar” pelo perfil, dissipando sua energia através de uma larga faixa;
Mergulhante (plunging breaker): Ocorre em praias de declividade
moderada a alta. A onda empina-se abruptamente ao se aproximar da
costa e quebra violentamente formando um tubo, dissipando sua energia
sobre uma pequena faixa do perfil, através de um vórtice de turbulência;
Frontal (collapsing): É o tipo mais difícil de ser identificado. Ocorre
também em fundos abruptos e é considerado um tipo intermediário entre
o mergulhante e o ascendente;
Ascendente (surging breaker): Ocorre em praias de declividade muito
alta, aonde a onda não chega a quebrar propriamente, ascendendo
sobre a face praial e interagindo com o refluxo das ondas anteriores.
24
As ondas são também submetidas à difração, fenômeno que consiste na
transmissão lateral de energia de uma onda ao longo de sua crista. Este
fenômeno é observado quando há propagação de ondas em um setor restrito
ou quando um trem de ondas é interceptado por algum obstáculo, como ilhas
(Figura 7) ou espigões (SUGUIO, 1992), o primeiro motivo pode ser observado
na área de estudo deste trabalho, devido à presença das Três Ilhas, a
aproximadamente 3 km (três quilômetros) da costa. A difração está relacionada
com a formação de uma área de sombreamento na porção posterior ao
obstáculo o qual a onda incide (Figura 7).
Figura 7 - Efeito de difração em ilha.
Fonte: Carter, 1988. Adaptado.
A água trazida em direção à praia, pelas ondas, se acumula na zona de surfe e
precisa encontrar um caminho para ultrapassar a zona de arrebentação e
retorna ao mar aberto. Como a altura das ondas na arrebentação varia por
efeito da convergência e divergência das ortogonais e também por variações
na batimetria, o escoamento se faz nos pontos em que as ondas são mais
baixas. Frequentemente se estabelece uma série de células de circulação,
cada uma caracterizada por uma corrente longitudinal, fluindo paralela à praia,
e uma corrente de retorno, que atravessa a zona de arrebentação em fluxo
rápido e concentrado, espraiando-se após em forma de leque (Figura 8). Essas
25
células podem ser facilmente percebidas pela elevada turbidez decorrente dos
sedimentos colocados em suspensão (MUEHE, 1993).
Figura 8 - A célula de circulação costeira.
Fonte: Muehe, 1993.
A direção, velocidade e volume de transporte de sedimentos paralelamente à
praia, tanto na zona de surfe como na face da praia, também chamada de
deriva litorânea, dependem da obliqüidade de incidência das ondas, isto é, o
ângulo formado entre a crista das ondas, na arrebentação, e a linha de praia.
Enquanto na zona de surfe o transporte se dá pela corrente longitudinal, na
face da praia o transporte ocorre devido aos processos da zona de
espraiamento (MUEHE, 1993).
A zona de espraiamento pode ser identificada como sendo aquela região da
praia delimitada entre a máxima e mínima excursão dos vagalhões sobre a
face praial. Os processos do espraiamento, principalmente sua máxima
excursão vertical ou galgamento (run-up), têm importância fundamental para a
engenharia costeira e para estudos quantitativos por representarem as
condições de contorno do ambiente praial e por determinarem os níveis
máximos de atuação dos agentes hidrodinâmicos do surfe sobre a praia
(HOEFEL, 1998).
26
O transporte de sedimento na zona de espraiamento é representado pelo fluxo
e refluxo das ondas (uprush e backwash, respectivamente). Medições têm
demonstrado que o movimento de espraiamento é assimétrico – o refluxo não é
simplesmente o inverso do fluxo (HUGHES et al., 1997 apud MASSELINK,
2003). Geralmente, as velocidades do fluido em direção à costa durante o fluxo
são maiores, mas de menor duração que as velocidades em direção ao mar
aberto durante o refluxo. A máxima velocidade em direção à costa ocorre no
começo do processo de fluxo e então decresce, ao passo que as velocidades
em direção ao mar aberto aumentam até um máximo no fim do processo de
refluxo das ondas. A hidrodinâmica da zona de espraiamento é essencialmente
diferente da hidrodinâmica da zona de surfe, principalmente, porque àquela é
alternadamente úmida e seca, portanto correntes estáveis estão ausentes, ao
contrário desta que se apresenta constantemente úmida (MASSELINK, 2003).
Beach & Stemberg (1984, apud HOEFEL, 1998) acentuaram a importância do
transporte de sedimento na zona de espraiamento de uma praia, uma vez que
os processos de fluxo e refluxo das ondas determinariam, em última instância,
se o sedimento seria armazenado na praia ou retornado à zona de surfe com
chances de ser, então, depositado.
Como resultado do espraiamento oblíquo e refluxo, segundo a direção do
mergulho da face da praia, o sedimento nesta região segue uma trajetória em
forma de ziguezague (Figura 9).
Figura 9 - Obliqüidade das ondas gerando transporte de sedimento sobre a face da praia.
Fonte: Silva et al., 2004.
27
Com o transporte longitudinal de sedimentos, o arco praial sofre erosão numa
extremidade e acumulação na outra, buscando, dessa forma, uma posição
perpendicular ao ângulo de incidência das ondas. Entretanto, erosão ou
acumulação também dependem do estado do mar, se de tempestade ou de
tempo bom. Após uma tempestade (ressaca), a praia se apresenta erodida,
com reduzido estoque de areia, sendo que parte desta areia foi levada para o
largo onde formam bancos. Como conseqüência, as ondas quebram a uma
distancia maior da praia. Decorrido algum tempo o banco migra de volta à praia
que retorna ao seu perfil de acumulação. Sob condições de tempo bom as
ondas apresentam períodos longos, alturas baixas e, conseqüentemente,
esbeltez também baixa, ao passo que sob tempestade a altura da onda tende a
ser maior; o período curto e a esbeltez elevada (MUEHE, 1993).
3.2 DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS NA PRAIA
As praias receberam seus sedimentos de várias fontes (Figura 10). Algumas
foram supridas com areia e pedregulho lavados costa a fora através de rios.
Outras consistem em material derivado da erosão de falésias nas proximidades
provenientes da própria praia, lavada ao longo do fundo marinho por ondas e
correntes, ou distribuídos por ventos que sopram do continente. Em recentes
décadas muitas praias foram aumentadas dadas à chegada de sedimento
como resultado de atividades humanas, como agricultura e mineração na costa
e continente. Algumas praias foram nutridas artificialmente ou foram cheias,
especialmente em estâncias balneárias. Enquanto muitas praias ainda estão
recebendo sedimento de uma ou mais destas fontes, alguns se tornaram
relíticos, e consistem em depósitos acumulados no passado, mas pararam de
receber sedimento (BIRD, 1996).
28
Figura 10 - Ganhos e perdas de sedimento da praia
Fonte: Bird, 1996. Adaptado.
Segundo Bird (1996), algumas praias mostram uma variação na concentração
de sedimentos finos para sedimentos grossos em uma ou outra direção ao
longo da costa. A composição de tamanho de grão do material praial pode
variar lateralmente, particularmente nos arredores de costões rochosos em
erosão, onde a proporção de material grosso localmente derivado pode ser
alta, e perto a desembocaduras de rios, onde é provável que uma proporção
maior de sedimento fluvial grosso esteja presente. A classificação lateral
através do tamanho de sedimento foi observada em muitas praias.
Uma das explicações para que haja esta classificação lateral de tamanho de
sedimentos nas praias é a seleção longitudinal do material de praia pela quebra
de ondas e correntes próximas à costa, assim uma praia que inicialmente tinha
partículas de vários tamanhos apresenta uma seleção de tamanhos de
sedimento na trajetória da corrente longitudinal (BIRD, 1996).
Assim a variação da composição e do diâmetro dos grãos do sedimento das
praias ao longo da costa tem sido usada para se determinar à direção de seu
29
transporte, assim como o reconhecimento de sua fonte de suprimento
(KOMAR, 1977; MCCAVE, 1978; MCLAREN, 1981; MCLAREN E BOWLES,
1985 e outros).
Vários estudos têm demonstrado o mecanismo desta seleção granulométrica
longitudinalmente à praia, dentre eles o de Evans (1939) e o de Komar (1977).
Esses autores, após estudos experimentais, chegaram à conclusão de que,
desde que o transporte, sob a ação da deriva litorânea, seja feito na carga de
fundo, quanto maior o tamanho do grão de areia, maior a velocidade com que o
mesmo é transportado ao longo da praia. Komar (1977) observou que, no caso
de transporte feito por suspensão, a tendência é inversa, ou seja, as partículas
tendem a ter velocidades maiores quanto menores forem seus tamanhos. Esse
mesmo autor conseguiu traçar uma curva que relaciona a velocidade da
partícula com a granulometria, a partir de dados colhidos na praia de El
Moreno, no México.
Bittencourt et al. (1991), testando as constatações de Komar (1977) para o
esporão de Caixa-Prego (BA), destacaram a importância da energia das
correntes, a textura e o volume dos grãos disponíveis para explicar as
diferenças constatadas na distribuição granulométrica dos grãos para a praia
localizadas ao longo do esporão de Caixa – Prego, Bahia. Tanto Komar (1977)
quanto Bittencourt et al. (1991) destacam a limitação da aplicação de modelos
de transporte de sedimentos em praias com diferentes aspectos físicos.
Experimentos de McCave (1978) mostraram que o tamanho das partículas do
sedimento varia ao longo da corrente longitudinal, aumentando o diâmetro dos
grãos no sentido da corrente, o que ocorre devido à contínua perda de
sedimentos finos, que ficam retidos na praia pelo processo de espraiamento.
Segundo McLaren (1981) e McLaren e Bowles (1985), as características de um
depósito sedimentar, tais como média, grau de seleção e assimetria, são
herdadas de processos do tipo (a) joeiramento, (b) deposição seletiva ou
parcial da distribuição granulométrica em transporte e (c) deposição total da
distribuição granulométrica em transporte. Desse modo, segundo esses
autores, as mudanças na distribuição granulométrica seguem tendências
claramente identificáveis desde a fonte até o depósito. Uma vez estabelecidas,
essas tendências indicam uma trajetória de transporte para a movimentação do
30
sedimento que pode sugerir um modelo que identifique o ambiente de
deposição. Considerando uma fonte sedimentar hipotética, McLaren (1981),
dedutivamente, chegou à conclusão de que os mecanismos pelos quais um
depósito pode vir a ser derivado dessa fonte podem ser ilustrados em três
casos distintos. Para cada um dos casos, McLaren (1981) demonstra as
mudanças relativas que devem ocorrer nos parâmetros estatísticos escolhidos
(média, grau de seleção e assimetria) entre a fonte sedimentar hipotética e o
depósito resultante. Segundo esse autor, entre esses casos, o mais provável a
vir a ocorrer na sedimentação na face da praia está relacionado a uma
deposição seletiva do sedimento em transporte, como uma resposta a continua
movimentação que os sedimentos desse ambiente estão sujeitos pela ação da
saca e ressaca.
3.3 ANÁLISE DA TENDÊNCIA DO SEDIMENTO (STA)
A teoria da análise da tendência do sedimento foi primeiramente publicada por
McLaren e Bowles (1985). Em termos mais simples o método da análise da
tendência do sedimento (STA) usa a diferença na distribuição do tamanho do
grão das amostras de sedimento coletadas em grades regulares para deduzir o
transporte líquido de sedimento em regiões de erosão, crescimento e equilíbrio
dinâmico. Para a análise, a técnica STA usa os três primeiros momentos
centrais da distribuição do tamanho do grão: a média, a variância (ou o grau de
seleção), e a assimetria. Outras propriedades do sedimento como a
mineralogia, a textura e a forma não são consideradas nessa análise.
A suposição básica inerente na STA é que a diferença nas distribuições do
tamanho do grão de sedimento é devido ao transporte de sedimento. Em
outras palavras, a distribuição do tamanho do grão muda com os movimentos
do sedimento ao longo de um caminho, e todo o depósito é resultado dos
processos responsáveis pelo movimento do sedimento. McLaren (1981) e
McLaren e Bowles (1985) identificaram três probabilidades que podem ser
caracterizada pela relativa diferença nos parâmetros de distribuição do
tamanho do grão entre duas localizações, considerando as distribuições d1 e
d2.
31
Caso A: Último Depósito. Se a distribuição d2 tem média mais grossa, é mais
bem selecionada (menor variância ou menor desvio padrão) e é mais
positivamente assimétrica que a distribuição d1, então a amostra d2 é o último
depósito da amostra d1, e ambas as distribuições foram originalmente à
mesma. Neste caso nenhuma direção de transporte pode ser determinada.
Caso B: Sedimentos afinando. Se a distribuição d2 tem média mais fina, é
mais bem selecionada (menor variância ou menor desvio padrão) e é mais
negativamente assimétrica que a distribuição d1, então a direção do transporte
é da amostra d1 para a amostra d2. Neste caso o regime de energia
transportando o sedimento é decrescente de d1 para d2, e os grãos mais
grossos não são transportados até onde os grãos mais finos são depositados.
Caso C: Sedimento engrossando. Se a distribuição d2 tem média mais
grossa, é mais bem selecionada e é mais positivamente assimétrica que a
distribuição d1, então a direção do transporte é da amostra d1 para a amostra
d2. O nível da energia é tal que partículas grossas possam ser transportadas
até serem depositadas em d2 com nível de energia menor.
Somente os Casos B e C podem ser usados para inferir direção de transporte
de sedimento. As outras seis possibilidades de combinação de diferenças
relativas à distribuição do tamanho do grão na média, desvio padrão e
assimetria não podem ser usadas para determinar uma direção de transporte.
TABELA 3.1: Resumo do modelo de McLaren (1981).
Caso
Mudanças nos parâmetros do
deposito d1 para d2 Interpretação
A
Média mais grossa.
Mais bem selecionada.
Mais positivamente assimétrica.
Deposito d2 é o ultimo deposito de d1.
Nenhuma direção de transporte pode ser
determinada.
B
Média mais fina.
Mais bem selecionada.
Mais negativamente assimétrica.
A direção do transporte é de d1 para d2.
O regime de energia é decrescente.
Função de transferência de energia baixa.
C
Média mais grossa.
Mais bem selecionada.
Mais positivamente assimétrica.
A direção do transporte é de d1 para d2.
O regime de energia é decrescente.
Função de transferência de energia alta.
32
Segundo Hughes (2005), uma vez que a direção do transporte de sedimento foi
estabelecida, o passo final é a interpretação, e para auxiliar essa interpretação
o termo “distribuição – X” foi introduzido, sendo definido matematicamente
como:
N
i i
i
sdsd
sX1 1
2 (3.1)
Isto significa que para cada seqüência de pares (d1 e d2) ao longo do percurso
do sedimento, a relação da distribuição do tamanho do grão entre os depósitos
é calculado fornecendo assim, uma nova distribuição em função do tamanho do
grão. Depois, isto é feito para todos os pares seqüenciais, assim a componente
de distribuição – x como função do tamanho do grão é determinada pela soma
de todas as distribuições individuais (HUGHES, 2005).
A distribuição X(s) pode ser deduzida como a função que descreve a
probabilidade relativa que cada tamanho de partícula tem de ser removido do
depósito d1 e transportado para o depósito d2 (HUGHES, 2005). Baseado nas
formas das distribuições – x, d1 e d2, McLaren e Bowles (1985) mostraram
cinco cenários para o que pode está ocorrendo ao longo do percurso do
sedimento: (a) equilíbrio dinâmico, (b) acresção liquida, (c) erosão liquida, (c)
deposição total , e (e) deposição total. Esses cinco casos são ilustrados na
Figura 11.
a) Equilíbrio dinâmico. Se a forma de X(s) se assemelha as distribuições
D1(s) D2(s) (Figura 11 a), a probabilidade de uma partícula de tamanho de
grão particular ser depositada é igual à probabilidade desse tamanho de
grão ser transportado.
b) Acresção líquida. Se a forma das três distribuições é similar, mas à moda
de X(s) é mais simétrica para os lados dos grãos mais finos (à direita na
Figura 11 b); a acresção líquida está ocorrendo. Isso porque as modas do
deposito são mais grossas que X(s), portanto grãos mais finos do material
33
são transportados e depositados e isto corresponde ao transporte do Caso
B (sedimento afinando).
c) Erosão líquida. Se a forma das três distribuições é similar, mas a moda de
X(s) é mais simétrica para o lado dos grãos mais grossos (à esquerda da
Figura 11 c); a erosão líquida está acontecendo. Nesta situação os grãos
mais grossos estão sendo transportados o que corresponde ao transporte
do Caso C (sedimento engrossando).
d) Deposição total . Se a distribuição X(s) aumenta exponencialmente do
lado dos grossos para o lado dos finos como mostra a Figura 11 d, os grãos
mais finos estão sendo depositados ao longo do percurso do sedimento
(Casa B) e não estão sendo remobilizados. A forma da distribuição D1(s)
D2(s) não importa nesta situação.
e) Deposição total . Em sedimentos extremamente finos (silte muito fino e
argila) a distribuição X(s) pode estar quase horizontal como mostrado na
Figura 11 e, indicando uma igual probabilidade de todos os tamanhos de
grãos serem depositados. Esta situação corresponde aos sedimentos
localizados longe da fonte, e deduzir a direção do transporte de sedimento
baseado nas mudanças de tamanho do grão na distribuição torna-se mais
problemático.
34
Figura 11 - Interpretação da distribuição –X ao longo do percurso o sedimento (Note: asabscissas dos gráficos estão em phi então os grãos mais finos estão à direita e os grãos mais
grossos à esquerda). Fonte: Hughes, 2005. Adaptado.
3.3.1 Incertezas de análises de sedimentos
Desde seu começo, muitos investigadores aplicaram os conceitos de STA para
avançar a compreensão de seus ambientes de sedimentação. Alguns desses
autores acharam seus resultados em concordância total ou em parte com a
teoria de STA, por exemplo, Bittencourt (1992) e Muehe & Carvalho (1993),
entretanto, outros autores como Masselink (1992) tiveram resultados em
35
desacordo com o modelo proposto pela STA. Assim segundo Hughes (2005),
algumas incertezas da análise da tendência do sedimento podem ser citadas:
a) Suposições de modelo de transporte. A suposição básica do modelo
de transporte usado na STA é que os grãos menores são mais
facilmente transportados que grãos maiores. Porém, experiências
demonstram que esta suposição não é estritamente verdadeira
(KOMAR, 1977; McCAVE, 1978; entre outros). Fatores como: a
presença de grãos maiores impedindo o transporte dos grãos menores e
a maior coesão dos sedimentos mais finos demonstra que o processo de
transporte não é uma função tão simples.
b) Flutuações temporais. Talvez a incerteza mais importante seja que os
modelos e as trajetórias de sedimentos produzidos pela STA estejam
sendo usados para representar a integração de todos os processos
físicos responsáveis pelo transporte e deposição do sedimento em um
determinado local com o passar do tempo. As amostras de sedimentos
geralmente podem incluir os efeitos de vários processos de transporte,
assim, é assumido que a amostra é a média de todos os processos de
transporte que estejam agindo na mesma. Entretanto, a média dos
processos de transporte pode não se ajustar ao modelo de transporte
desenvolvido para um único processo de transporte. Em STA, é
assumido que uma amostra fornece uma representação de um tipo de
transporte de sedimento específico. Não há nenhuma conotação direta
de tempo. A análise de tendência simplesmente determina se existe
uma relação de transporte entre dois tipos de sedimento.
c) Espaçamento da amostra. O espaçando de uma grade de amostragem
de sedimento deve ser suficiente para assegurar que as amostras
adjacentes provavelmente estejam relacionadas pelo regime de
transporte. Com grandes espaçamentos há uma possibilidade maior de
que amostras de sedimentos estejam sem conexões através do
mecanismo de transporte. Isto poderia conduzir falsas conclusões sobre
os caminhos entre as amostras. Espaçamentos menores de amostras
aumentam a probabilidade de que amostras adjacentes estejam
relacionadas através do mecanismo de transporte, mas o custo também
36
aumenta. Na prática, a determinação de uma grade de amostragem
estará relacionada com a forma geográfica e a extensão da área de
estudo.
d) Coleta das amostras. As técnicas rotineiras de coletas de amostras na
face da praia, mesmos as representativas dos primeiros centímetros
superficiais do sedimento, resultam quase sempre em uma mistura de
algumas lâminas sedimentares do depósito praial. Embora Griffiths
(1967) lembre que a amostra mais representativa é a que contém
número de lâminas suficiente para prover a distribuição granulométrica
representativa de todo o depósito, resta sempre a questão sobre o
número de lâmina suficiente para tanto. A rigor, para fins de análise da
direção do transporte, uma amostragem representativa deveria ser feita
ao longo de uma única lâmina, porque como apontam Sonu (1972) e
Emery & Stevenson (1950), ela seria representativa de processo
uniforme de deposição. Nesse sentido, como cada lâmina representa
condição particular dos movimentos de saca e ressaca, os quais estão
continuamente mudando, as suas características granulométricas,
normalmente, como aponta McLaren (1981), são os resultados de
condições bem locais para uma efetiva comparação em escala mais
regional. Por isso, para fins de análise da direção do transporte, a
amostragem ideal na face da praia seria aquela feita ao longo de uma
mesma lâmina, com intervalos de amostragem que seriam limitados pela
própria dimensão das lâminas sedimentares na face da praia que
normalmente, segundo Thompson (1937), não excede 30m em praias
atuais.
e) Distribuição do tamanho do sedimento. O uso da distribuição normal
para caracterizar as amostras de sedimento pode introduzir falsas
tendências de média, grau de seleção, e assimetria, que são os
parâmetros fundamentais nos quais o método STA é baseado. Outras
distribuições foram propostas e debatidas na literatura, por exemplo,
Hartmann e Flemming (2002).
37
f) Incertezas ambientais e medidas aleatórias. Todas as amostras são
afetadas por erros aleatórios. Estes erros podem induzir flutuações
imprevisíveis no ambiente de deposição.
Devido às estas incertezas listadas, os resultados de qualquer Análise de
Tendência de Sedimento devem ser considerados tentativos até que
observações independentes ou análise de erosão ou deposição de sedimento
no local específico de estudo confirme os caminhos gerais produzidos por STA.
A Análise de Tendência de Sedimento é uma interpretação do regime de
transporte de sedimento baseado na suposição que o transporte de sedimento
ao longo de um caminho implica em modificação da distribuição do tamanho do
grão entre amostras de sedimento adjacentes. O padrão de transporte é em
efeito, uma integração de todos os processos responsáveis para o transporte e
para a deposição dos sedimentos. Se for válido, os caminhos de STA têm que
confirmar geralmente ás avaliações lógicas baseadas em compreensões
passadas e evidências do regime de transporte de sedimento. Em casos onde
existe discrepância significativa entre os resultados da STA e o conhecimento
local do regime de transporte, é válido reexaminar os dados do conhecimento
local antes de rejeitar os resultados de STA (HUGHES, 2005).
3.3.2 Benefícios da análise de tendência do sedimento
Em locais onde os caminhos do sedimento não são bem entendidos, a STA
pode ser uma boa ferramenta para melhorar a compreensão do por que certos
padrões de erosão e deposição acontecem. Assim, os caminhos derivados da
STA fornecem detalhes adicionais que podem ajudar no desenvolvimento de
soluções para problemas de sedimentação; ou na pior das hipóteses, os
resultados da STA podem estimular debates e revelar que medidas locais
adicionais serão necessárias para solucionar qualquer conflito e promover
melhor entendendo do regime de transporte de sedimento. Os resultados da
STA sempre devem ser avaliados dentro do contexto do que já é conhecido no
local, visto que, a STA não pode fornecer taxas de transporte de sedimento,
erosão, ou deposição (HUGHES, 2005).
38
A STA não fornece direções de sedimentos associados com um evento
extremamente único. Outras metodologias como modelos físicos e numéricos,
podem ser usadas para caracterizar as direções do sedimento durante
tempestades severas. Entretanto, um estudo de STA tem benefícios potenciais,
pois o custo do mesmo é geralmente menor que a maioria dos programas de
medida de campo, mas por outro lado STA não fornece informação sobre taxas
de transporte que poderiam ser determinadas com um programa de medida de
campo (HUGHES, 2005).
3.4 CALCULO DO TRANSPORTE LOGITUDINAL
3.4.1 Transporte de sedimento longitudinal
Como dito anteriormente, o sedimento move-se ao longo da linha de costa pela
ação das ondas e das correntes longitudinais, onde são transportados de
vários modos: transporte de carga de fundo, carga em suspensão e carga de
espraiamento.
Infelizmente, não há nenhum método que possa medir o transporte de
sedimento longitudinal. O transporte de sedimento é geralmente estimado
através de medidas como o encerramento de areia em um molhe ou quebra de
água ou deposição de sedimento em uma enseada ou em um ancoradouro.
Essas medidas indiretas são mais ou menos corretas, dependendo de como a
eficiência da estrutura de costa é no apanhamento do material. Além disso,
dados de onda direcional necessários para correlacionar com essas medidas
geralmente não são obtidos (DEAN et al., 2002).
3.4.2 Modelo de fluxo de energia
Historicamente, a quantidade total de material movido ao longo da linha de
costa tem sido relacionada à quantidade de energia total que chega a praia.
Esse método de analise é amplamente usado devido à simplicidade de sua
concepção física. A idéia fundamental desse método é que o valor da taxa de
transporte de sedimento longitudinal aumenta com o aumento do fluxo de
energia que viaja em direção à praia (DEAN et al., 2002).
39
O entendimento do método do fluxo de energia passa pelo entendimento do
conceito de fluxo de energia. A onda quando se propaga transfere energia a
uma taxa que é chamada de fluxo de energia (). O fluxo de energia é definido
como a taxa de trabalho realizado pelo fluido numa seção vertical (SOARES,
2005).
A taxa de trabalho realizado pela pressão dinâmica na direção de propagação
da onda é:
ldzuph
D
(3.2)
onde Dp é a pressão dinâmica, u é a componente da velocidade na direção de
propagação da onda, l é o comprimento medido ao longo da crista da onda,
dz é o diferencial na coluna d' água, é o deslocamento da superfície medida
a partir do nível médio d' água e h é a profundidade medida a partir do nível
médio d' água.
Fazendo-se a média no tempo, considerando o período da onda o tempo
característico e usando a teoria linear de ondas obtém-se o fluxo médio de
energia na direção de propagação da onda:
dtT
Tt
t
1
lkhsenh
khk
gH
21
21
81 2 (3.3)
ou
lECn (3.4)
40
na Equação (3.3) é a massa especifica da água, g é a aceleração devido à
gravidade, H é a altura da onda, é a freqüência angular da onda, k é o
número de onda, 2)81( gHE é a energia total da onda por unidade de área
lL onde l é assumido constante e L o comprimento da onda. O produto
Cn , da Equação (3.4) é conhecido como velocidade de grupo gC e é a
velocidade na qual a energia é transmitida.
Em um modelo simples de transporte de areia ao longo da costa, o fluxo de
energia na direção da onda é conhecido por l , onde é o fluxo de energia
de onda por unidades de largura de crista dado pela Equação (3.4), e lé
como dito acima é o comprimento medido ao longo da crista da onda. Para
calcular o fluxo de energia por unidades de comprimento da linha de costa, x ,
a seguinte relação geométrica é usada: coslx , onde é o ângulo do
raio de onda marcado com a direção onshore (y), como mostrado na Figura 12.
Figura 12 - Esquema de definição do fluxo de energia ao longo de uma praia.
Fonte: Dean et al., 2002. Adaptado.
Assim, o fluxo médio em função do comprimento de praia é:
cosxECn (3.5)
41
O fluxo de energia responsável pelo transporte de sedimentos longitudinal é
obtido multiplicando-se o fluxo na direção da onda, Equação (3.5) por sen :
cosxsenECn (3.6)
Finalmente, o fluxo médio de energia paralelo à praia por comprimento de praia
é definido como:
bbgl senCHgx
P 2161 2
(3.7)
Este fluxo, chamado daqui para frente de fluxo de energia longitudinal, é
responsável pelo transporte longitudinal do sedimento. O índice b indica que
os parâmetros devem ser avaliados na zona de arrebentação. No SI, a unidade
de é 1msN , de E é 1mN , de C é 1ms e de x é m .
3.4.3 Equações de previsão da taxa de transporte de sedimento
longitudinal
Na literatura encontram-se inúmeras equações propostas para a previsão da
taxa de transporte de sedimento longitudinal fundamentadas no método do
fluxo de energia. Dentre as mais usadas destaca-se a proposta pelo Coastal
Engineering Research Center (CERC) das forças armadas norte – americanas
(U.S. Army Corps of Engineers – USACOE) (DEAN et al., 2002) cuja fórmula é:
ll kPI (3.8)
onde lI é a taxa de transporte de sedimento longitudinal (em peso imerso de
sedimento por unidade de tempo); lP é o fluxo de energia paralelo à praia por
42
comprimento de praia e k é uma constante para calibração (DEAN et al.,
2002).
Vários pesquisadores como Ingle (1966), Komar e Inman (1970), Komar
(1977), Komar (1983), Bailard (1984) tentaram estimar o valor k para a
Equação (3.8), usando diferentes condições hidrodinâmicas, como resultados
obtiveram valores distintos entre si. Muehe (1996) destaca o valor de 3,4
encontrado por Komar (1983), assumindo todos os valores necessários para o
cálculo da taxa de transporte em unidades internacionais (SI). Então a Equação
(3.8) pode ser escrita como:
cos4.3 ECnsenI l (3.9)
onde E como dito na seção anterior é a energia da onda e o produto Cn a
velocidade de grupo. Como lI e lP tem a mesma unidade k é uma constante
adimensional.
Como se pode observar, a taxa de transporte de sedimento é dependente do
ângulo da onda pelo 221cos sensen , assim o transporte aumenta quando
o ângulo de incidentes das ondas aumenta até um máximo a 45º e então
decresce para até mesmos grandes ângulos de ondas incidentes.
43
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Nesta seção serão apresentadas às metodologias utilizadas em campo para a
obtenção da granulometria longitudinal da praia, para a coleta dos dados
oceanográficos, e para a obtenção da taxa e da direção do transporte
longitudinal de sedimento. Essas etapas que norteiam os procedimentos
metodológicos podem ser visualizadas no organograma abaixo. A amostragem
de campo foi realizada no dia 07 de setembro de 2006, sendo feita apenas uma
campanha, conforme visto em McLaren (1981) e em Masselink (1992).
4.1 OBTENÇÃO DA GRANULOMETRIA LONGITUDINAL DA PRAIA
4.1.1 Coleta de sedimento
Utilizando a metodologia de Masselink (1992) foram estipulados os números de
amostragens e o espaçamento entre os pontos de coletas. Assim foram
estimadas 24 (vinte e quatro) estações de amostragens entre a faixa litorânea
44
que vai da Praia da Ponta da Fruta, situada no município de Vila Velha, até a
Praia de Setiba, município de Guarapari (Figura 13).
Vinte e quatros amostras de sedimentos foram coletadas longitudinalmente às
mesmas, na face da praia superior, sendo representativas dos primeiros
centímetros superficiais do sedimento praial, como observado em McLaren
(1981), Bittencourt et al. (1992), Masselink (1992), entre outros. A remoção das
amostras foi realizada com o auxílio de uma pá introduzida perpendicularmente
ao sedimento, conforme visto em Phithviraj et al. (1988).
Após a remoção, as amostras foram armazenadas em sacos plásticos
devidamente identificados. A identificação consistiu na definição do dia, da hora
e das coordenadas geográficas do ponto amostrado, sendo o último item
realizado com o auxílio de um GPS. As sacolas contendo o sedimento coletado
foram levadas ao laboratório de Sedimentologia – DERN/UFES para realização
do tratamento laboratorial.
Figura 13 – As estações amostrais do arco praial da Ponta da Fruta a Setiba e com destaquepara a progradação da linha de costa e as Três Ilhas. Fonte: Albino, 1996. Adaptado.
45
4.1.2 Tratamento das amostras de sedimento em laboratório
O tratamento das amostras de sedimento foi realizado no laboratório de
sedimentologia – DERN/UFES. Os procedimentos de tratamento das amostras
serão detalhados nesta seção.
Em laboratório as amostras foram primeiramente lavadas para que todo o
conteúdo salino fosse retirado, para tal, coloca-se a amostra em bacias
plásticas cheia de água e mistura-se manualmente o sedimento com a água.
Após agitação, espera-se a decantação do sedimento, para então escoar a
água e adicionar mais água doce à bacia. Tal procedimento será repetido até
que se possa supor “não ter” mais sal na amostra. Depois de retirada do sal, o
sedimento foi transferido para um béquer o qual foi levado para uma estufa à
temperatura aproximada de 100o C (MUEHE, 1996) permanecendo na mesma
durante o período de aproximadamente um dia.
Após secos os sedimentos foram quarteados, com o auxílio do quarteador de
Jones. Neste equipamento a separação é feita por meio de um conjunto de
calhas dispostas paralelamente em lados opostos de um recipiente retangular,
sendo o material recolhido em cada um dos dois lados do recipiente (MUEHE,
1996). A cada operação a amostra é dividida na metade, assim este
procedimento foi repetido até a obtenção da amostra do tamanho desejado.
Desta forma, foi separada uma quantia de 50g da amostra para análise
granulométrica e 20g para a queima de carbonatos. Os pesos das quantias
foram verificados em uma balança digital utilizando-se uma precisão de até
duas casas decimais.
A análise granulométrica no laboratório consiste na separação de uma dada
amostra sedimentológica de acordo com o tamanho dos grãos, para obtenção,
por interpretação dos resultados, de informações sobre o sedimento, bem
como sobre a hidrodinâmica de seu local de deposição. Tal separação
granulométrica poderá ser feita por um processo de peneiramento a seco e ou
por via úmida/pipetagem, porém devido a provável insignificância
representatividade da lama (silte/argila) nas amostras oriunda da área de
estudo, neste trabalho foi realizado somente o processo de peneiramento a
seco.
46
O peneiramento a seco foi realizado com uma amostra de aproximadamente
50g o que segundo Muehe (1996) é adequada para uma boa análise. Assim as
amostras foram colocadas em um jogo de peneiras que foi levado a um rotor
elétrico, onde o sedimento foi exposto a 15 minutos de vibração (sugerido por
Folk & Ward, 1957). Ao findar o tempo estimulado, o peso retido em cada
peneira foi anotado sendo levados para posteriores análises estatísticas.
A análise de composição foi realizada para quantificar o teor de carbonato
presente no sedimento. Para tal análise, adicionou-se ácido clorídrico nas
amostras quarteadas sobre uma chapa aquecida. Após a queima total de
carbonato, lavaram-se as amostras, com o objetivo de retirar o ácido
remanescente e colocou-as na estufa para secagem. Em seguida pesou-se e
partir desses valores através de proporcionalidade em relação ao peso inicial,
foi encontrado as proporções de carbonato.
4.1.3 Tratamento granulométrico estatístico
Nesse trabalho, os parâmetros estatísticos foram calculados pelo programa de
computador Anased 3, desenvolvido no Laboratório de Geologia Marinha
Aplicada (LGMA) da Universidade Federal do Ceará (UFC) em setembro de
1999.
Para classificação dos dados fornecidos pelo programa Anased 3 foi adotado o
método descrito por Folk & Ward (1957). Neste método, os tamanhos dos
grãos são expressos em Phi (Φ), sendo Phi o logaritmo negativo de base dois
do valor em milímetro (Φ= - log2 mm), conceito este introduzido por Krumbein
(1934).
Para classificação das amostras, baseada no tamanho das partículas, expressa
pelo valor da média ou mediana, foi empregada a classificação proposta por
Wentworth (1922), que obedece aos limites da Tabela abaixo.
47
TABELA 4.1: Classificação de Wentworth (1922) baseada no valor do tamanho das partículas.
CLASSIFICAÇÃO Ф mmAreia muito grossa -1 a 0 2 a 1Areia grossa 0 a 1 1 a 0,50Areia média 1 a 2 0,50 a 0,25Areia fina 2 a 3 0,25 a 0,125Areia muito fina 3 a 4 0,125 a 0,0625Silte 4 a 8 0,0625 a 0,0039Argila > 8 < 0,0039
Além da classificação das amostras baseada no tamanho das partículas,
utilizou-se neste trabalho também as medidas de dispersão e de assimetria,
com o objetivo de fornecer uma idéia mais precisa sobre o formato da curva de
distribuição do sedimento.
Para a classificação da seleção (medida de dispersão), foram utilizados os
limites propostos por Folk (1968), que obedece, para os valores em phi, aos da
Tabela seguinte.
TABELA 4.2: Classificação de Folk (1968) para o grau de seleção.
Muito bem selecionado < 0,35Bem selecionado 0,35 a 0,50Moderadamente bem selecionado 0,50 a 0,71Moderadamente selecionado 0,71 a 1,00Mal selecionado 1,00 a 2,00Muito mal selecionado 2,00 a 4,00Extremamente mal selecionado > 4,00
Com relação à assimetria também foi considerada a classificação proposta por
Folk (1968), entretanto quando a amostra era assimétrica utilizou-se o lado que
se inclina para a classificação, assim, em vez de se classificar a amostra como
assimétrica positiva classificou-se essa mesma amostra como assimétrica para
os lados dos finos, sendo este o lado que se inclina a cauda mais longa da
curva. Portanto a classificação seguiu os limites expostos na Tabela abaixo.
48
TABELA 4.3: Classificação de Folk (1968) para a assimetria.
Assimétrica negativa -1,0 a -0,1Simétrica -0,1 a 0,1Assimétrica positiva 0,1 a 1,0
4.2 DADOS OCEANOGRÁFICOS
Nesta seção será apresentada a metodologia utilizada em campo para o
levantamento dos parâmetros de onda e a metodologia do tratamento desses
parâmetros.
4.2.1 Parâmetros de ondas
Para uma avaliação precisa dos parâmetros de onda (altura, período e direção
de incidência) seria necessária a instalação de ondógrafos direcionais, o que
geralmente só é feito em projetos de construção de portos devidos ao elevado
custo do equipamento. Nesta pesquisa esses parâmetros foram avaliados
através de observações visuais.
4.2.1.1 Altura das ondas
É o parâmetro que representa a energia da onda, sendo fundamental na
quantificação dos processos costeiros.
A altura das ondas (H) que se aproximam foi medida na zona de arrebentação,
para isso, um observador foi localizado na face da praia e assim acompanhou a
aproximação de uma onda e com o auxílio de uma baliza, estimou sua altura
momentos antes da arrebentação. Enquanto o observador da face da praia lia
a altura da crista na baliza o operador da baliza mantinha a mão posicionada
na base da onda, e a diferença entre essas duas medidas foi assumida como a
altura da onda (MUEHE, 1996).
49
4.2.1.2 Ângulo de incidência das ondas
O objetivo desta medição é medir o ângulo que as ondas fazem entre a
arrebentação e a zona de espraiamento da onda na face da praia, para fins de
avaliar, juntamente com a altura da onda, a direção e intensidade do transporte
longitudinal de sedimentos.
A medição do ângulo de aproximação da onda (θ) começa com a definição da
orientação geográfica da praia no trecho da praia a ser observada. Para isso, o
ideal é medir a direção do ângulo de mergulho da face da praia, que é sempre
perpendicular à direção da praia. Este ângulo é medido com a bússola e
anotado. Uma vez definida a orientação geográfica da praia, o observador
mantinha essa orientação durante a realização de todas as medições (MUEHE,
1996).
Definida a orientação geográfica da praia, posicionou-se a bússola de modo
que sua base retangular gerasse na altura dos olhos uma linha reta na
horizontal. Sendo assim, a bússola ficou na vertical, posição na qual elas não
funcionam. A linha reta e horizontal gerada pela base da bússola foi alinhada à
crista da onda escolhida que se aproximava da praia. Por refração a crista da
onda tende a mudar de direção e esta mudança foi acompanhada com a
bússola até o momento da quebra da onda. Neste momento, virou-se
novamente a bússola para a horizontal (posição em que não funciona) e fez-se
a leitura da orientação geográfica da crista da onda na quebra. A diferença
entre a orientação da praia e a orientação da crista da onda na arrebentação foi
o chamado ângulo de incidência da onda, que é uma medida da direção da
crista da onda com relação à linha da praia. Devido às diversas manipulações
da bússola, essa é umas das medições que carregam mais erros (MUEHE,
1996).
4.2.1.3 Período das ondas
O período é o intervalo de tempo, medido em segundos, para a passagem de
duas cristas ou duas cavas de ondas sucessivas por um mesmo ponto fixo.
Para a determinação do período, um observador na face da praia teve que
cronometrar a passagem de 11 (onze) cristas e anotar o valor observado. O
50
período foi calculado dividindo esse valor encontrado por 10 (dez). Como a
observação foi feita a partir da praia, utilizou-se a zona de arrebentação como
ponto fixo para efetuar a contagem de cada onda (MUEHE, 1996).
4.2.2 Parâmetros obtidos a partir do tratamento dos dados
oceanográficos medidos em campo
Na zona de arrebentação das ondas foram realizadas de cinco leituras de
alturas de onda, das quais se extraiu informações como a altura significativa
(Hs) e a altura rms (Hrms). A altura significativa foi calculada como a média dos
dois maiores registros e a altura rms foi calculada através da Equação abaixo:
N
iirms H
NH
1
21 (4.1)
Além do tratamento das alturas de ondas, cabe ressaltar que através das
medidas coletadas em campo para o período e para o ângulo de incidência das
ondas foi calculado o período médio e o ângulo de incidência médio que
consistiu simplesmente na soma valores adquiridos em campo e na divisão do
resultado pelo número de medições.
4.3 TRANSPORTE LONGITUDINAL DE SEDIMENTOS
4.3.1 Determinação da taxa do transporte longitudinal
Segundo Muehe (1996) correlações estatísticas mostram que a velocidade da
corrente longitudinal, medida entre a arrebentação e a praia, é função da altura
e obliqüidade de incidência das ondas na zona de arrebentação, sendo
expressa, segundo Longuet-Higgins (1970), pela relação:
bbb sengHV cos19,1 5,0 (4.2)
51
onde g é a aceleração da gravidade, bH a altura da onda significativa na
arrebentação e bo ângulo de incidência das ondas.
Com uma pequena modificação na Equação anterior (4.2), pode-se fazer uma
estimativa da taxa do volume de areia transportada por dia (Equação (3.9)),
utilizando o valor da constante k estabelecida por Komar (1983) tem-se:
bbbnl senECI cos4,3 (4.3)
onde E , como dito na seção 3.4.2, é a energia da onda expressa pela relação:
2
81
bgHE (4.4)
sendo a densidade da água do mar (1032kg/m3), bo ângulo de incidência
das ondas e nC é a velocidade de grupo das ondas. Mas, como n é igual a 1
em águas rasas, a expressão se reduz à velocidade da onda individual, sendo:
gdC (4.5)
ou melhor:
HdgC (4.6)
quando a altura da onda (H) é significante em relação à profundidade (d), como
ocorre na zona próxima à praia. Como a onda arrebenta quando a relação dH
se situa entre 0,75 e 1,2, pode-se considerar bHd , de modo que:
bHgC 2 (4.7)
52
Segundo Muehe (1996), esta determinação, na realidade, pressupõe uma
caracterização da altura e período da onda representativa para um dia de 24
horas, e não uma observação isolada. Além disso, estes parâmetros devem ser
obtidos através de análise espectral. Mesmo assim, na falta de melhor opção,
pode-se utilizar esta equação, não como projetos de engenharia, mas para
comparações relativas entre o transporte para um e outro lado da praia. Para
não extrapolar essa medida, feita em um dado instante, para um dia inteiro,
pode-se dividir o coeficiente k por 24, de modo que a observação passa a se
referir apenas ao volume transportado por hora. Nesse caso, tomou-se o
cuidado de se realizar as observações mais ou menos no mesmo horário, pois,
em muitos locais, o mar se torna mais agitado com o passar do dia (MUEHE,
1996).
Através da determinação da taxa foi calculada a variação desta, fazendo a
diferença entre a taxa do ponto anterior com relação ao próximo ponto, quando
o valor encontrado foi positivo tem-se uma área de deposição, quando este é
negativo foi assumida uma área de erosão.
4.3.2 Determinação da direção do transporte longitudinal
Segundo McLaren e Bowles (1985), um Z-teste (SPIEGEL, 1961) é usado para
determinar a direção do transporte de sedimento, examinando todos os
possíveis pares em um conjunto de amostra. Se a média, o desvio padrão e a
assimetria de uma amostra são comparados com uma segunda amostra
existem oito possíveis tendências; assim comparando uma amostra d1, com
uma amostra d2 ela pode ser:
1) Mais fina, melhor selecionada e mais negativamente assimétrica (F, B,-);
2) Mais grossa, pior selecionada e mais positivamente assimétrica (G, P,+);
3) Mais fina, melhor selecionada e mais positivamente assimétrica (F, B, +);
4) Mais fina, pior selecionada e mais negativamente assimétrica (F, P, -);
5) Mais fina, pior selecionada e mais positivamente assimétrica (F, P, +);
6) Mais grossa, pior selecionada e mais negativamente assimétrica (G,P,-);
53
7) Mais grossa, melhor selecionada e mais negativamente assimétrica (G,
B, -);
8) Mais grossa, melhor selecionada e mais positivamente assimétrica (G,
B, +);
Para cada uma dessas tendências a probabilidade aleatória de ocorrer é de
125,0p 125,01008 p . Segundo o modelo de McLaren existem duas
tendências indicativas de transporte, que são F, B, - (1) e G, B, + (8). Assim,
um Z-teste pode ser usado para determinar se o número de ocorrência
indicando transporte de sedimento excede a probabilidade aleatória de 0,125.
As seguintes hipóteses foram testadas:
H0: p ≤0,125, não há nenhuma direção de transporte preferencial;
H1: p > 0,125, o transporte está ocorrendo em uma direção preferencial.
H1 é aceitável se:
33,2
NpqNpx
Z (1% de nível de significância) (4.8)
onde x é igual ao número observado de pares indicando uma particular direção
de transporte, N é o número total de possíveis pares (com 24 amostras N =
C24,2 = 276), p = 0,125 e q = 0,875.
4.4 RELAÇÃO ENTRE GRANULOMETRIA, DADOS OCEANOGRÁFICOS
E VOLUME PRAIAL
Com o objetivo de determinar a direção do transporte de sedimento longitudinal
no arco praial compreendido entre o trecho da Praia da Ponta da Fruta, Vila
Velha, a Praia de Setiba, Guarapari – ES, este trabalho propõe a interligação
dos dados através de análises estatísticas, tentando assim, correlacionar
parâmetros como: tamanho do grão; altura, período e ângulo de incidência das
ondas; velocidade da corrente longitudinal, taxa de transporte de sedimento
longitudinal e direção da deriva litorânea. Tentando com isso, medir o grau de
associação entre essas variáveis (através do coeficiente de correlação).
54
A análise estatística realizada foi a de regressão linear simples. Esta regressão
foi feita com o auxilio do programa Excel 2000, no intuito de facilitar os
cálculos, assim não se fez necessário à aplicação das fórmulas matemáticas
para a obtenção do coeficiente de correção, entretanto é importante ressaltar
que o valor desse coeficiente deve ser testado para verificar a existência ou
não de correlação entre as variáveis em questão, para isto, foi realizado o teste
de significância do valor de r (coeficiente de correlação).
Associado ao teste de significância está o teste de hipótese, na qual a hipótese
nula é de que não existe correlação entre as variáveis y e x contra uma
hipótese alternativa de que existe uma correlação linear entre as variáveis y e
x . Define-se um coeficiente de correlação linear para a população de todas as
possíveis combinações de valores observados de y e x , que foi representado
pela letra grega e foi estimado pelo coeficiente de correlação r . Assim o
teste de hipótese realizado é:
0:0 H
0:1 H (4.8)
A estatística de teste (t) apropriada para essas hipóteses é definida pela
seguinte expressão:
21
2
r
nrt
(4.9)
Se o valor de t calculado for maior que o valor de t tabelado, grau de liberdade
2n em 2 , rejeita-se a hipótese nula e diz-se que, para o definido nível de
significância, existe correlação (MONTGOMERY et al., 2003).
55
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão apresentados os resultados dos parâmetros de ondas
(altura, período e ângulo de incidência das ondas), da granulometria e das
taxas e direção do transporte longitudinal de sedimentos.
5.1 PARÂMETROS DAS ONDAS NA ARREBENTAÇÃO
Os resultados para as alturas significativas (Hs) e altura rms (Hrms) das ondas
na arrebentação, para os vinte e quatro pontos amostrais são mostrados nas
Tabelas 5.1a e b.
Os valores obtidos localizaram-se dentro de uma margem aceitável, tendo um
valor mínimo de 0,81m e um valor máximo de 1,20m para Hrms e para Hs em
teve um valor mínimo de 0,87m e um valor máximo de 1,28m. Além disso,
apesar de ser bastante complicado para o operador se manter posicionado na
zona de arrebentação das ondas as estimativas mostraram-se boas uma vez
que estão em concordância com as previsões das alturas de ondas do modelo
numérico Wave Watch III (INSTITUTO MILÊNIO RECOS, 2006), que mostrou
para o dia da amostragem alturas de ondas na proximidade da região numa
faixa entre 0,5m a 1,5m. As medições de campo podem ser vistas na Tabela A
(Anexo A).
TABELA 5.1a e b: Altura das ondas na arrebentação
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12
Hrms 0,81 0,86 0,88 0,95 0,95 1,00 0,87 0,91 0,91 0,92 0,99 0,90
Hs 0,87 0,99 0,92 0,97 0,98 1,02 0,91 0,93 0,96 0,97 1,01 0,88
P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 P23 P24
Hrms 0,97 0,95 0,96 1,02 1,00 1,13 0,98 1,20 1,03 1,03 0,95 0,97
Hs 0,98 1,00 0,98 1,03 1,01 1,21 1,00 1,28 1,06 1,06 0,99 1,01
56
Na Tabela 5.1a e b pode ser observada uma tendência dos maiores registros
de ondas estarem localizados nos pontos finais de amostragem fato esse que
também pode ser observado no Figura 14. Isso pode ser explicado observando
em campo as praias localizadas em cada extremidade. A praia da ponta da
Fruta (Pontos iniciais) possui uma baixa declividade e uma larga extensão da
zona de surfe o que permite a gradual dissipação da energia das ondas
incidentes resultando em um Hrms menor que os observados na Praia de Setiba
que possui uma zona de surfe de extensão menor, fazendo com que as ondas
incidentes não tenham espaço de se dissiparem.
Altura das ondas na arrebentação
0,60,70,80,9
1,01,1
1,21,3
0 3 6 9 12 15 18
Km
met
ros
Hrms
Hs
Figura 14 - Gráfico de dispersão em linha para as alturas das ondas na arrebentação. O eixodas abscissas referisse a distancia acumulada dos pontos amostrados.
Os resultados para os períodos médios (T) das ondas medidas na zona de
arrebentação estão apresentados na Tabela 5.2 a e b e na Figura 15. Os
valores observados na campanha ficaram entre 6 e 13 segundos, o que
mostrou-se satisfatório, uma vez que estão em concordância com os resultados
mostrados por Muehe (1996) para a região em questão, excetuando os valores
encontrados nos pontos 1 e no ponto 19 (12 e 13 segundo respectivamente),
visto que o máximo período encontrado por Muehe (1996) para a região em
questão foi de 11,5 segundos. As medições de campo podem ser vistas na
Tabela A (Anexo A).
57
TABELA 5.2 a e b: Períodos médios das ondas na arrebentação
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12
T (s) 12 9 6 9 9 8 9 9 10 9 10 10
P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 P23 P24
T (s) 10 9 10 10 11 10 9 13 7 9 10 7
Período médio das ondas na arrebentação
0
24
68
10
12
14
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
km
seg
un
do
s
Figura 15 - Gráfico de dispersão em linha para os períodos médios das ondas na arrebentação.
O eixo das abscissas referisse a distancia acumulada dos pontos amostrados.
Os resultados dos registros dos ângulos médios de incidência das ondas estão
apresentados na Tabela 5.3 a e b e na Figura 16. Observam-se ângulos de
incidência variando entre 2 a 10 º e direções de NE e SSE, tendo predomínio
daquelas. A direção SSE foi encontrada principalmente próxima à região das
Três Ilhas, o que deve está relacionado ao fenômeno de difração das ondas
incidentes. As medições de campo podem ser vistas na Tabela A (Anexo A).
Dados de ventos não foram medidos em campo, entretanto, esses foram
fornecidos pelo Instituto do Milênio RECOS (2006) através do monitoramento
da Ponta de Ubu, Anchieta – ES. Assim os valores de direção dos ventos para
esta região no dia e na hora da coleta variaram de aproximadamente 3º a 27º,
sendo o primeiro encontrado no inicio da coleta e o último as 12h00min. Esses
ângulos confirmam a predominância de ondas do quadrante norte, visto que, as
ondas são geradas pelos mesmos. Outra informação importante é a velocidade
58
média dos mesmos, que ficou em torno de 13 m/s. Valores menores que a
média foram observados no período do inicio do campo e valores maiores fim
da amostragem. Os dados dos ventos podem ser verificados na Tabela A
(Anexo A).
TABELA 5.3 a e b: Ângulos médios de incidência das ondas na arrebentação
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12
Θ (graus) 10 5 5 3 6 5 6 9 8 5 8 6
P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 P23 P24
Θ (graus) 8 9 7 5 4 2 5 5 6 5 8 5
Figura 16 - Histograma dos ângulos de incidência médios das ondas na arrebentação.
Portanto, de maneira geral o arco praial de Ponta da Fruta a Setiba foi
caracterizado com altura de onda média em torno de 1 m (um metro), período
de aproximadamente 9,5 s (nove segundos e meio) e ângulo de incidência
médio em torno de 6º, predominando a direção NE. A maré foi de -0,1 m as
08h53min sendo que o campo iniciou-se as 08h10min e a última coleta se deu
às 13h10min.
Segundo Muehe (1993) sob condições de tempo bom as ondas apresentam
períodos longos, alturas baixas e ângulos de incidências do quadrante norte,
59
na área do Espírito Santo principalmente os provenientes de Nordeste (devido
aos ventos alísios), ao passo que sob tempestade a altura da onda tende a ser
maior, o período curto e os ângulos de incidências associado ao quadrante sul;
assim as condições meteoceanográfica do dia de campo podem ser
classificadas como de tempo bom, visto que, a média da altura, do período e
da direção do ângulo de incidência da onda se encaixa nas características
dessa classificação. Entretanto, na semana da realização do campo a realidade
das condições meteoceanográficas era outra, ou seja, dias que antecederam o
campo foi marcado por chuvas e ventos fortes, segundo Instituto do Milênio
RECOS (2006) no dia 05 de setembro de 2006 predominavam na região ventos
sudoestes com média de 180,25º e com intensidades de 9m/s (médias
referente aos dados fornecidos pelo Instituto do Milênio RECOS (2006) para o
período de 12h00min as 23h00min do dia 05/09/2006).
5.2 SEDIMENTOLOGIA
5.2.1 Composição dos sedimentos na praia
As amostras apresentaram uma concentração de carbonato que variou em
torno de 30 a 15%, tendendo a diminuir em direção a praia de Setiba (Figura
17).
Segundo Carter (1982), em praias com duas fontes de sedimentos de
naturezas e proporções diferentes, a distribuição dos mesmos apresentam-se
complexa, entretanto a complexidade é maior quando as proporções de
bioclastos e de quartzo são semelhantes (ambos acima de 35%), pois eles
parecem exibir comportamentos hidráulicos independentes.
Além disso, Albino e Gomes (2004) testando a influência da composição mista
dos sedimentos marinhos na determinação do perfil praial de equilíbrio
concluíram que praias compostas por areias mistas, submetidas a processos
complexos de mobilização, transporte e deposição sobre os diferentes grãos,
são inadequadas para a aplicação de modelos como os de perfil de
fechamento. Observaram que se considerando somente os grãos cuja
densidade apresenta-se em torno de 2,65 cm, o perfil praial de equilíbrio
aproxima-se do esperado pela simulação, respaldando o conhecimento dos
60
processos costeiros sobre o material siliciclástico. Desta forma, esses autores
concluíram que se torna necessário à determinação prévia da composição dos
sedimentos marinhos para a aplicação e interpretação de simulações
efetuadas.
Assim, como o sedimento do arco praial da Ponta da Fruta a Setiba apresentou
concentrações de carbonatos menores que 35% para todos os pontos e valor
médio de 22,4%, este item, segundo Carter (1982), e Albino e Gomes (2004)
não se tornou um problema para a aplicação do modelo proposto neste
trabalho.
Composição dos sedimentos amostrados
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Pontos amostrais
%
% de Siliciclástico
% de Carbonato
Figura 17 - Porcentagem de siliciclástico e carbonato. O eixo das abscissas referisse a
distancia acumulada dos pontos amostrados.
5.2.2 Granulometria
De maneira geral, os diâmetros médios das areias do arco praial da Ponta da
Fruta a Setiba, de acordo com os limites estabelecidos por Wentworth (1922),
contidos na Tabela 4.1, variaram entre 2,58Ф, no ponto 4, classificada como
areia fina, a 0,53 Ф, no ponto 24, classificada como areia grossa, confirmando
o predomínio de areia fina nas praias próximas a praia da Ponta da Fruta e de
areia grossa entorno da praia de Setiba.
Para o grau de seleção de acordo com os limites propostos por Folk (1968) na
Tabela 4.2, as areias da face da praia apresentaram-se em torno de bem
selecionadas a moderadamente bem selecionadas com exceção de quatro
amostras (pontos 03, 05, 06 e 07) que foram classificadas como
moderadamente selecionadas. Analisando esse parâmetro observa-se uma
pequena tendência de melhoramento da seleção em direção a Praia de Setiba,
61
isto pode ser devido ao maior período de exposição do sedimento da praia aos
processos dinâmicos.
A assimetria variou desde assimétrica para o lado dos grossos até assimétricas
para o lado dos finos (Tabela 5.4) segundo os limites propostos por Folk (1968)
na Tabela 4.3, entretanto 62,5% das amostras foram classificadas como
simétricas, indicando a estabilidade na distribuição das diversas classes
texturais. A assimetria para o lado dos grossos representou 28% das
classificações, segundo Muehe (1996) em depósitos residuais, como nos
sedimentos de praia, em que as frações mais finas são retiradas pelo refluxo
da onda, é comum encontrar esse tipo de distribuições assimétricas negativas.
Os dados das análises estatísticas (diâmetro médio do grão, assimetria e grau
de seleção) estão mostrados na Tabela 5.4, e os histogramas referentes à
distribuição granulométrica podem ser vistos no Anexo B.
TABELA 5.4: Parâmetros estatísticos avaliados nas amostras.
Pontos Média Assimetria Seleção
P 012,55
Areia Fina-0,32
Para os grossos0,7
Moderadamente bem selecionada
P 022,49
Areia Fina0,09
Simétrica0,47
Bem selecionada
P 031,77
Areia Média0,11
Para os finos0,86
Moderadamente selecionada
P 042,58
Areia Fina-0,07
Simétrica0,47
Bem selecionada
P 051,7
Areia Média-0,23
Para os grossos0,85
Moderadamente selecionada
P 061,84
Areia Média-0,12
Para os grossos0,77
Moderadamente selecionada
P 071,58
Areia Média0,14
Para os finos0,94
Moderadamente selecionada
P 082,5
Areia Fina-0,03
Simétrica0,48
Bem selecionada
P 092,38
Areia Fina0,03
Simétrica0,5
Bem selecionada
62
P 101,83
Areia Média0,01
Simétrica0,71
Moderadamente bem selecionada
P 111,23
Areia Média0,13
Para os finos0,65
Moderadamente bem selecionada
P 122,02
Areia Fina-0,14
Para os grossos0,59
Moderadamente bem selecionada
P 132,04
Areia Fina-0,25
Para os grossos0,77
Moderadamente selecionada
P 141,87
Areia Média0,01
Simétrica0,51
Moderadamente bem selecionada
P 151,99
Areia Média-0,11
Para os grossos0,56
Moderadamente bem selecionada
P 161,5
Areia Média-0,15
Para os grossos0,52
Moderadamente bem selecionada
P 171,42
Areia Média-0,06
simétrica0,49
Bem selecionada
P 180,91
Areia Grossa0,03
Simétrica0,52
Moderadamente bem selecionada
P 190,68
Areia Grossa-0,09
Simétrica0,56
Moderadamente bem selecionada
P 200,82
Areia Grossa-0,02
Simétrica0,46
Bem selecionada
P 210,68
Areia Grossa-0,08
Simétrica0,53
Moderadamente bem selecionada
P 221,05
Areia Média-0,03
Simétrica0,52
Moderadamente bem selecionada
P 230,62
Areia Grossa0,05
Simétrica0,47
Bem selecionada
P 240,53
Areia Grossa-0,1
Simétrica0,46
Bem selecionada
Para verificar a relação na tendência do grão foi feito gráficos de dispersão em
linha e de regressões lineares para os três parâmetros estatísticos
mencionados anteriormente (Figura 18).
63
Média Granulométrica
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Km
phi
Grau de Seleção
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Pontos amostrais
phi
Assimetria
-0,40
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,20
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Pontos amostrais
phi
Figura 18 - Gráficos de dispersão em linhas à esquerda e gráficos regressão linear a direita,
ambos em função da distância acumulada.
Em geral, analisando as regressões lineares, as amostras da face da praia
tenderam a tornar-se mais bem selecionada e mais grossa da praia da Ponta
da Fruta a praia de Setiba, entretanto com relação à assimetria nenhuma
referência pôde ser feita, visto que, esta apresentou uma grande flutuação
entre os pontos coletados.
O coeficiente de correlação linear calculado a partir das regressões lineares
feitas para a tendência do tamanho do grão, grau de seleção e assimetria
foram respectivamente 0,7031; 0,2967 e 0; esses resultados mostraram-se
similares aos observados por Masselink (1992).
O teste de correlação mostrou que o tamanho do grão e o grau de seleção são
ambos significantes a um nível de 1% (Tabela 5.5).
64
TABELA 5.5: Teste de correlação
t Calculado t Tabelado
Média 7,218 2,82
Grão de seleção 3,046 2,82
Analisando as variações das classes de grãos ao longo da área de estudo
deste trabalho mostrada na Figura 19 observa-se que a fração de areia média
apareceu em todos os pontos com uma porcentagem acima de 10% (exceto
nos pontos 1 e 4 , cujas porcentagem foram 8,64 e 7,92 respectivamente) este
fato não é observado em nenhuma outra fração granulométrica, ao contrário,
analisando as frações de areia muito fina e fina vê-se uma diminuição das
mesmas em direção ao pontos a direita da Figura 19 com desaparecimento em
alguns trechos; e com relação às frações grossas essa diminuição na
porcentagem se dá à esquerda da Figura 19. Esses fatos podem ser
explicados pelos diferentes tipos de transportes e velocidades que estas
frações são submetidas.
Variação percentual das classes granulométrica ao longo do arco praialda Ponta da Fruta a Setiba
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Km
%
Grossos
médiosFinosMuito Fino
Figura 19 - Variação das classes granulométricas em função da distância acumulada.
65
Para verificar a relação na tendência do grão ao longo do arco praial em estudo
também foi feito gráficos de regressões lineares para as quatro classes
granulométricas (Figura 20).
Porcentagem de areia muito fina
y = -0,9x + 11,735
R2 = 0,5915
0
5
10
15
20
25
0 3 6 9 12 15 18
Km
%
A
Porcentagem de areia fina
y = -4,2632x + 65,778R2 = 0,6365
01020304050607080
0 3 6 9 12 15 18
Km
%
B
Porcentagem de areia média
y = 4,1131x + 14,043R2 = 0,574
y = -11,806x + 200,38
R2 = 0,5222
01020304050607080
0 3 6 9 12 15 18
Km
%
C
Porcentagem de areia grossa
y = 4,1636x - 3,6666R2 = 0,5554
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9 12 15 18
Km
%
D
Figura 20: Regressão linear para as quatro classes granulométricas presentes nas amostras daface da praia; (A) areia muito fina; (B) areia fina; (C) areia média e (D) areia grossa.
Em geral, analisando as regressões lineares, observa-se um comportamento
distinto entre os grãos de tamanhos diferentes. Assim, grãos muito finos e finos
tenderam a se concentrar na praia da Ponta da Fruta (no lado esquerdo da
Figura 20 A e B), ao contrário dos grãos maiores, principalmente os grãos de
areia grossa, que tenderam a se concentrar na praia de Setiba (no lado direito
da Figura 20 D). Contrapondo as tendências dos grãos mais finos e mais
grossos, os grãos de areia média tenderam a se concentrar a 12 km (doze
quilômetros) da praia da Ponta da Fruta (Figura 20 C). Nesta classe de
tamanho foram observadas duas tendências distintas, uma em que esses
grãos tenderam aumentar sua concentração, os doze primeiros quilômetros; e
outra em que essa classe tendeu a diminuir sua concentração, os quatro
últimos quilômetros. O ponto de inversão dessa tendência (12 km da ponta da
Fruta) situa-se nas proximidades das três ilhas.
66
5.3 TANSPORTE LONGITUDINAL DE SEDIMENTO
5.3.1 Estimativas de taxa e velocidade do transporte longitudinal
Os resultados para a velocidade da corrente longitudinal (V ) (Equação 4.2) e
para o taxa de areia transportada por hora ( I ) (Equação 4.3), para os vinte e
quatro pontos amostrais são mostrados nas Tabelas 5.7 a e b e nas Figura 21
e 21.
TABELA 5.7 a e b: Velocidade da corrente e o taxa do transporte longitudinal.
Velocidade da corrente longitudinal
0,0
0,10,20,3
0,40,50,6
0,7
0 2 4 6 8 10 12 14 16
km
m/s
2
Figura 21 – velocidade da corrente longitudinal.
Analisando a Tabela 5.7 a e b, e a Figura 21, observa-se uma região onde há
uma quebra brusca da velocidade da corrente longitudinal (entre 10 a 12 km), e
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12
V (m/s) 0,59 0,32 0,31 0,19 0,38 0,33 0,37 0,56 0,50 0,32 0,52 0,36
I (m3/hora) 95 66 56 38 78 72 64 102 99 64 112 59
P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 P23 P24
V (m/s) 0,51 0,58 0,45 0,33 0,26 0,14 0,32 0,37 0,40 0,33 0,51 0,32
I (m3/hora) 104 123 90 74 57 44 68 127 94 79 107 70
67
conseqüentemente, valores de taxa de transporte de sedimento menores. Este
fato encontra-se intimamente ligado à presença de um arquipélago de ilhas nas
proximidades desta área (Três Ilhas).
Como dito na seção 3, ao encontrar um obstáculo às ondas incidentes sofre um
processo chamado de difração, em que sua energia tem que ser redistribuída e
como conseqüência uma região de sombra é gerada, assim, essa área de
menor velocidade referiu-se a esta região de sombra formada devido à
presença das Três Ilhas.
Além disso, analisando a Figura 22, tem-se que nesta mesma área de menor
velocidade da corrente longitudinal, existe uma área de deposição, que está
relacionada à formação de um tômbolo na linha de costa.
Figura 22 – Variação da taxa de transporte de sedimento.
Ainda analisando a Figura 22, observa-se que nos primeiros nove quilômetros
existe uma região com grandes flutuações de área de deposição (azul) e de
erosão (vermelha). Esta disparidade pode estar relacionada ao tipo de
transporte, que pode ser predominantemente transversal, o que concordaria
também com outras características anteriormente citadas, como a
predominância de sedimento de granulometria fina e a grande extensão da
zona de surfe.
68
5.3.2 Direção do transporte longitudinal
Na Tabela 5.6 são mostrados os resultados obtidos a partir da aplicação do Z-
teste (SPIEGEL, 1961) (Equação 4.8) onde x é igual ao número observado de
pares indicando uma particular direção de transporte e z é a probabilidade
calculada pelo Z-teste.
TABELA 5.6: Resumo do número de pares das amostras da Praia da Ponta da Fruta a Setiba.
Ponta da Fruta - Setiba Setiba - Ponta da Fruta
Mais fino, melhor
selecionada, e mais
negativamente simétrica.
x = 28
Z = - 1,183
x = 36
Z = 0,273
Mais grossa melhor
selecionada, e mais
positivamente simétrica.
x = 84
Z = 9,009
x = 7
Z = - 5,005
Baseado na Tabela 5.6, conclui-se que somente a tendência mais grossa,
melhor selecionada e mais positivamente simétrica, na direção da Ponta da
Fruta a Setiba é significante.
Assim segundo o modelo de McLaren o sedimento é transportado da Ponta da
Fruta a Setiba. Esse transporte é inicialmente caracterizado por grandes taxas
de fluxo, diminuição do nível de energia na direção do transporte.
Este resultado está de acordo com o apresentado por Silvester (1968, apud
MUEHE, 2001), e também com as análises dos ângulos de incidência das
ondas e da geomorfologia da costa para as medições realizadas no dia do
campo (Figura 4 A e Figura 16). Autores como Muehe & Carvalho (1993)
também aplicaram o modelo McLaren com sucesso, na determinação da
direção do transporte de parte da plataforma continental interna no Estado do
Rio de Janeiro, onde a formação do sistema de laguna-ilha barreira da Laguna
de Araruama faz da plataforma a única fonte atual de sedimentos (Muehe &
Sucharov, 1981). Além desses autores, Bittencourt (1992) também obteve bons
69
resultados aplicando o modelo de McLaren em três praias da região nordeste
do Brasil, de dinâmicas de sedimentação diferentes.
Portanto, entendido a taxa e a direção do transporte longitudinal, pode-se
referir sobre as variações porcentuais das classes granulométricas ao longo do
arco praial em questão, Figura 19 e 20. Assim conforme verificado no modelo
de McLaren, o arco praial da Ponta da Fruta a Setiba é submetido a grandes
níveis de energia. Esta seria responsável pela retirada dos grossos e finos.
Contudo os finos, conforme verificado por McCave (1978) em praias da
Inglaterra Oriental, permanecem na zona próxima à praia e devem ser
facilmente incorporados a esta nos eventos de trocas transversais, confirmando
que neste trecho (próximo da praia da Ponta da Fruta) existem trocas
transversais significativas, conforme observado na Figura 22. Logo, há um
engrossamento do sedimento na direção da deriva litorânea, fato este também
observado por McCave (1978).
A figura abaixo resume os resultados encontrados para o trecho da praia da
Fruta a Setiba
Figura 23 – Resumo dos resultados neste trabalho. Mostrando em destaque a direção dotransporte encontrada, a progradação da linha de costa, as cristas das ondas e as
granulometrias que predominam em cada setor da área de estudo.
70
6. CONCLUSÃO
A aplicação do modelo de McLaren nas 24 amostras coletadas ao longo do
arco praial da Ponta Fruta a Setiba confirmou a direção do transporte de
sedimento longitudinal deduzida a partir da análise da geomorfologia da linha
de costa e dos ângulos de incidência das ondas para as condições do dia da
realização do campo. Entretanto vale ressaltar que a aplicação desse modelo,
como de vários outros (por exemplo, os modelos que usam equações
empíricas para a quantificação da taxa de transporte de sedimento, que
também foi usado neste trabalho) possui limitações, e estas podem mascarar
os resultados, dado uma falsa interpretação.
È importante destacar, que a validade dos resultados da aplicação do modelo
de McLaren, está intimamente ligada às características da área de sua
aplicação, assim quando aplicado em praias onde o transporte de sedimento
não é o principal fator da tendência do tamanho do grão, ou em praia que
possuem várias fontes de sedimento, os resultados obtidos por este modelo
podem ser totalmente contrários aos conhecidos para a área em questão. Este
fato pode ser verificado em Masselink (1992).
Os resultados obtidos através da quantificação da taxa de transporte de
sedimento confirmaram a existência de uma área de deposição na linha de
costa próxima as Três Ilhas, sendo esta entendida através do processo de
difração das ondas. Além disso, ratificaram a presença de um transporte
transversal nas proximidades da praia da Fruta, justificando a tendência do
engrossamento do grão na direção do transporte, assim, devido ao alto nível de
energia dessa praia, tanto os grãos grossos quanto os finos são retirados,
contudo os finos por permanecerem na zona próxima à praia e são facilmente
incorporados a esta nos eventos de trocas transversais.
Portanto, tanto a aplicação de equações empíricas para a quantificação da taxa
de transporte de sedimento quanto à aplicação do modelo de McLaren,
mostrou resultados satisfatórios neste trabalho, concluindo que apesar das
suas limitações, quando usados associados às observações em campo e a
dados pretéritos podem resultar em detalhes adicionais que podem ajudar no
desenvolvimento de soluções no problema de erosão, tornando este mais
facilmente diagnosticado.
71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOCRÁFICAS
ALBINO, J. Morphodynamics and Coastal Processes on Baleia, Fruta and
Sol beaches, State of Espirito Santo, Brazil. An. Academia brasileira de
Ciência. v. 68(3), p. 425-432; 1996.
ALBINO, J. Processos de sedimentação atual e morfodinâmica das Praias
de Bicanga a Povoação, ES. Tese de doutoramento. Programa de Pós-
graduação em Geologia sedimentar. Instituto de Geociências USP. 1999.
ALBINO, J; PAIVA, D. S.; MACHADO, G. M. Geomorfologia, tipologia,
vulnerabilidade erosiva e ocupação urbana das praias do litoral do
Espírito Santo, Brasil. Revista Geografares nº 2, junho, p.63-69, UFES.
Vitória, 2001.
ALBINO, J; GOMES, R. C., Influência da composição mista dos sedimentos
marinhos na determinação do perfil praial de equilíbrio. VI ENES –
Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos. UFES, 2004.
BAILARD, J. A.; A simplified model for longshore sediment transport.
Proceedings 19 th International Coastal Engineering Conference, American
Society of Civil Engineers. New York: 1984. Chapter 99, p. 1454-1470.
BANDEIRA Jr., AN., PETRI, S. & SUGUIO, K. Projeto Rio Doce. Rio de
Janeiro. Petrobrás/Cenpes. 203p. (Relatório Final). 1975.
BITTENCOURT, A. C. S.; BOAS, V. S. G.; AZEVEDO, A. E. G.; FARIAS, F. F.,
Taxas de transporte seletivo para diferentes tamanhos de partículas ao
longo de uma praia: repercussão no registro sedimentar. Revista Brasileira
de Geociências. Brasil, v. 2, p. 121-126; 1991.
BITTENCOURT, A. C. S.; BOAS, V. S. G.; FARIAS, F. F., Variações
direcionais nos parâmetros granulométricos: Um indicador apropriado
para o sentido da deriva litorânea. Revista Brasileira de Geociências. Brasil,
v.22, p. 100-106; 1992.
BIRD, E. C. F. Beach management. England: John Wiley & Sons Ltd., 1996.
CARTER, R. W. G. Some problems associated with the analysis and
interpretation of mixed carbonate and quartz beach sands, illustraded by
72
examples from North-west Ireland. Sedimentology Geology, v. 33; p. 35-56;
1982.
CARTER, R.W.G. Coastal Environments – An introduction to the Physical,
Ecologycal and Cultural Systems of Coastline. Academic Press, Cambridge.
1988.
DEAN, R. G.; DALRYMPLE, R. A. Coastal processes with engineering
applications. USA: Cambridge University Press, 2002.
DIRETORIA DE HIDROGRAFIA E NAVEGAÇÃO. Tabuas das Marés-2006.
Porto de Ubu, ES. In: www.dhn.mar.mil.br. Acessado em 01/09/2006.
DOMINGUEZ, J. M. L.; SUGUIO, K.; MARTIN, L.; FLEXOR, J. M. Gênese dos
cordões litorâneos da parte central da costa brasileira. Rio de Janeiro:
Niterói. 1982.
EMERY, K.O. & STEVENSON, R.E. Laminated beach sand. Journal of
Sedimentary Petrology. V. 20, p. 220-223.; 1950.
EVAN, O. F. Sorting and transportation of material in the swash and
backwash. Journal of Sedimentary Petrology. Oklahoma, v. 9, n. 1, p. 28-31;
1939.
FOLK, R. L.; WARD, W. C. Brazos river bar: a study in the significance of
grain size parameters. Journal of Sedimentary Petrology. USA, v. 27; p. 3-26;
1957.
FOLK, R. L. Petrology of Sedimentary Rocks. Hemphill Publishing Company,
170p. Austin, Texas – USA, 1968.
GALVIN, C. J. Breaker type classisfication on three laboratory beaches.
Journal of Geophysical Research, v. 73, p. 3651-3659; 1968.
GRIFFITHS, J.C. Scientific method in analysis of sediments. New York,
McGraw-Hill Company. p. 508; 1967.
HARTMANN, D., and FLEMMING, B. Discussion of: Steven H. Hill and Patrick
McLaren, 2001. A comparison between log-hyperbolic and model-
independent grain size distributions in sediment trend analysis (STA).
Journal of Coastal Research. V. 18(3), p. 592-595; 2002.
73
HOEFEL, F. G. Morfodinâmica de praias arenosas oceânicas: uma revisão
bibliográfica. Editora da UNIVALI, p.21-22. Itajaí - SC, 1998.
HOMSI, A. Wave Climate in some zones of the Brazilian Coast. Proceedings
of the 16th Coastal Engineering Conference. ASCE. Hamburg, Germany 1978.
HUGHES, S. A. Use of sediment trend analysis (STA) for coastal projects.
ERDC/CHL CETN-VI-40, U.S. Army Corps of Engineers. 2005.
INGLE, J. C. The movement of beach sand. Elsevier Publishing Co.,
Amsterdam, p. 221. 1966.
INMAN, D. L.; BAGNOLD, R. Beach and nearshore processes. Part II: A.
Littoral processes. In: HILL, M. N. (Org.). The sea: ideas and observations on
progress in the study of the seas. New York: Robert E. Krieger Publishing
Company, 1963. v. 3. The earth the sea history. P. 529-550.
INSTUITUTO DO MILÊNIO RECOS. Monitoramento costeiro. Porto de Ubu,
ES. In http://www.mileniodomar.org.br/. Acessado em 01/09/2006.
KOMAR, P. D. Selective longshore transport rates of different grain-size
fractions within a beach. Journal of Sedimentary Petrology. USA. v. 47; 1977.
KOMAR, P. D. Beach Processes and Erosion – An introduction. In
KOMMAR: handbook of Coastal Processes and Erosion. CRC Press. 1983
KOMAR, P. D.; and INMAN, D. Longshore sand transport on beaches.
Journal Geophysical Res., v. 75, p. 5914-5927; 1970.
KRUMBEIN, W. C. Size preferency distribution of sediments. Journal of
Sedimentary Petrology, USA, v. 4; 1934.
LONGUET-HIGGINS, M. S. Longshore currents generated by obliquely
incident sea waves 1 e 2. Journal of Geophysical research, v. 75, n. 33, 1970.
MARTIN, L.; SUGUIO, K; FLEXOR, J.M.; ARCHANJO, J.D. Coastal
Quaternary formations of the southern part of the state of Espírito Santo
(Brazil). Na. Acad. Bras. Cien. 68(3): 389-404. 1996.
McCAVE, I. N. Grain-size trends and transport along beaches: example
from eastern England. Marine Geology. England. v. 28; 1978.
74
McLAREN, P. An interpretation of trends in grainsize measurements.
Journal of sedimentary Petrology. V.51. p. 611-624; 1981.
McLAREN, P., and BOWLES, D. The Effects of sediment transport on grain-
size distributions, Journal of Sedimentary Petrology. V. 55(4), p. 0457-0470;
1985.
MASSELINK, G. Longshore variation of grain size distribution along the
coast of the Rhone Delta, Southern France: A test of the “McLaren model”.
Journal of Coastal Research. v. 8(2), p. 286-291; 1992.
MASSELINK, G.; HUGHES, M. An Introduction to Coastal Processes and
Geomorphology. London. 368p. 2003.
MONTGOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística aplicada e probabilidade
para engenheiros. Rio de Janeiro: LTC, 2003. p. 198-226.
MUEHE, D. e CARVALHO, V. G. Geomorfologia, cobertura sedimentar e
transporte de sedimentos na plataforma continental interna entre Ponta
de Saquarema e o Cabo Frio RJ. Bol. Inst. Oceanogr. S. Paulo 41(1/2):1-12.
1993.
MUEHE, D. e SUCHAROV, E. Considerações sobre o transporte de
sedimentos na plataforma continental nas proximidades das Ilhas
Maricás, RJ. Revista brasileira Geociência. v. 11 (4), p. 238-246; 1981.
MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In GUERRA, A.J.T. e CUNHA, S.B.
Geomorfologia: Uma atualização de bases e conceitos. Ed. Bertrand Brasil.
1993.
MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In: Cunha, D. S. e Guerra, T. J. A. (Org)
Geomorfologia: Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
1996.
MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In: GUERRA A. J. T. & CUNHA, S. B. da
(orgs.). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 4ª ed. 2001.
PHITHVIRAJ, M. & PRAKASH, N.T. A study of seasonal longshore
transport direction through grain – size trends: An example the Quilon
Coast, Kerala, India. Ocean & Shoreline Management. England. v. 11; 1988.
75
SELF, R. P.; Longshore variation in beach sand, Nautla area, Veracruz,
México. Journal of Sedimentary Petrology, v. 47, p. 1437-1443; 1977.
SILVA, Q. K., PATCHINEELAM, M. S., NETO, B. A. J., PONZI A. R. V.
Ambiente de sedimentação costeira e processos morfodinâmicos
atuantes na linha de costa. In: NETO, B. A. J., PONZI, A. B. V., SICHEL, E.
S. (Org). Introdução à Geologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência. p. 175-
218; 2004.
SPIEGEL, M. R. Theory and Problems of Statistcs Schaum's Outline
Series. New York: McGraw. Hill, 359p. 1961.
SOARES, B.S. Avaliação experimental da taxa longitudinal de transporte
de sedimentos e sua previsão usando formulações globais na zona de
surfe da praia de Camburi Vitória – ES. Dissertação de mestrado. Programa
de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. Centro Tecnológico. UFES.
2005.
SONU, C.J. Bimodal composition and cyclic characteristics of beach
sediment in continuously changing profiles. Journal of Sedimentary
Petrology. v. 42, p. 51-52; 1972.
SUGUIO, K. Dicionário de Geologia Marinha. T.A. Queiroz. ed. São Paulo.
1992.
SUGUIO, K. Geologia Sedimentar. Ed.1 São Paulo: Edgard Blucher LTDA.
2003.
THOMPSON, W.0. Original structures of beaches, bars, and dunes Bull.
Geol.Soc.A m., v. 48, p. 723-752; 1937.
WENTWORTH, C. K. A escale of grade and class terms for clastic
sediments. Journal of Geology. USA, v. 30; 1922.
77
ANEXO A
Planilha de campo
Local: Arco praial de Ponta da Fruta a Setiba.
Data: 07/09/2006.
Responsável: Jacqueline Albino.
Equipe: Fabiane, Flávia, Eduardo, Bruno e Tatiana.
Vento: Moderadamente Forte
Tempo: Céu com poucas nuvens
Maré: -0.1 ás 8:53h.
Pontos Coordenada em campo Altura da onda Período da onda ÂnguloNúmero Latitude Longitude 1º 2º 3º 4º 5º 1º 2º 3º 1º
1 20º 31,067' 40º 21,692’ 0,88 0,64 0,84 0,85 0,81 10,30 13,78 11,22 10º2 20º 31,289' 40º 22,004’ 0,99 0,98 0,78 0,80 0,69 11,11 6,67 8,89 5º3 20º 31,460' 20º 22,164’ 0,81 0,86 0,89 0,91 0,93 4,45 6,67 6,67 5º4 20º 31,748' 40º 22,344’ 0,91 0,94 0,95 0,95 0,99 10,00 8,33 10,00 3º5 20º 31,980' 40º 22,544’ 1,01 0,95 0,92 0,92 0,94 9,56 10,00 7,11 6º6 20º 32,291' 40º 22,714’ 0,97 0,98 1,02 1,02 1,00 8,89 6,11 8,56 5º7 20º 32,291' 40º 22,714’ 0,80 0,87 0,91 0,90 0,89 9,12 8,56 7,84 6º8 20º 32,650' 40º 23,230’ 0,90 0,95 0,89 0,91 0,90 8,59 9,60 9,80 9º9 20º 32,866' 40º 23,583’ 0,95 0,81 0,93 0,88 0,97 10,12 9,65 9,86 8º10 20º 33,166' 40º 23,833’ 0,87 0,95 0,89 0,87 0,99 8,96 9,50 10,00 5º11 20º 33,666' 40º 24,000’ 1,02 0,98 0,99 1,00 0,95 10,11 10,00 9,89 8º12 20º 33,083' 40º 24,167’ 0,90 0,91 0,97 0,85 0,86 9,65 11,11 10,20 6º13 20º 34,501' 40º 24,416’ 0,98 0,98 0,95 1,01 0,95 9,09 10,11 9,78 8º14 20º 34,933' 40º 24,533’ 0,89 0,90 1,01 0,99 0,93 8,75 10,00 9,59 4º15 20º 35,250' 40º 24,667’ 0,93 0,96 0,97 0,94 0,98 10,00 9,33 10,44 5º16 20º 35,833' 40º 24,850’ 1,01 1,03 1,03 0,99 1,02 9,86 9,67 10,23 7º17 20º 36,500' 40º 24,983’ 1,00 1,02 0,99 0,97 1,00 10,02 10,00 12,10 9º18 20º 37,036' 40º 25,095’ 1,13 1,01 1,09 1,15 1,26 11,11 10,20 9,23 7º19 20º 37,208' 40º 25,221’ 0,97 0,96 1,00 0,99 0,98 10,00 7,78 8,89 8º20 20º 37,428' 40º 25,363’ 1,30 1,20 1,11 1,15 1,25 14,44 13,33 12,10 5º21 20º 37,574' 40º 25,450’ 1,07 1,01 1,04 1,04 1,01 7,11 5,78 8,89 6º22 20º 37,908' 40º 25,560’ 1,00 1,03 1,02 1,06 1,05 9,11 9,44 8,33 5º23 20º 38,094' 40º 25,600’ 0,88 1,01 0,91 0,95 0,97 10,00 11,44 8,11 8º24 20º 38,213' 40º 25,850’ 0,97 0,96 0,92 1,00 1,01 6,67 7,78 6,67 5º
78
Dados de ventos fornecidos pelo Instituto do Milênio RECOS (2006)através do monitoramento da Ponta de Ubu, Anchieta – ES.
Hora Temp.Média
URMedia
(%)
VentoMédio(m/s)
DireçãoMedia(graus)
DesvioPadrão(m/s)
VentoMaximo
(m/s)07:00 21,40 72,70 6,59 3 3,97 8,3308:00 22,16 70,80 6,88 10 3,60 9,3109:00 22,77 68,68 9,32 13 4,28 11,8610:00 23,20 70,40 9,63 14 5,25 12,7411:00 22,87 75,80 11,61 26 5,34 14,7012:00 22,44 80,40 12,57 27 2,95 15,2913:00 22,42 79,60 12,73 26 3,31 15,4814:00 22,50 79,00 12,91 24 3,06 15,68
79
ANEXO B
Ponto 01
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 02
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 03
0
5
10
15
20
25
-2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 04
0
10
20
30
40
50
-2,0
- 1,0
0,0
1 ,0 2 ,0 3 ,0 4,0
phi
%
Ponto 05
05
1015202530
-2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 06
05
1015202530
-2,0
- 1,0
0,0
1 ,0 2 ,0 3 ,0 4,0
phi
%
Ponto 07
0
5
10
15
20
25
- 2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 08
0
10
20
30
40
-2,0
-1,0 0,0
1 ,0 2 ,0 3 ,0 4,0
phi
%
Ponto 09
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 10
05
1015202530
-2,0
-1,0 0,0
1 ,0 2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 11
05
101520253035
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 12
0
10
20
30
40
- 2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 13
0
10
20
30
40
-2,0
-1,0 0,0
1 ,0 2,0
3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 14
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 15
0
10
20
30
40
- 2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 16
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1 ,0 2 ,0 3 ,0 4,0
phi
%
Ponto 19
0
10
20
30
40
-2,0
- 1,0
0 ,0 1 ,0 2,0
3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 20
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0,0
1 ,0 2 ,0 3,0
4 ,0
phi
%
80
Ponto 21
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0,0
1 ,0 2,0
3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 22
0
10
20
30
40
-2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3,0
4 ,0
phi
%
Ponto 23
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3 ,0 4 ,0
phi
%
Ponto 24
0
10
20
30
40
50
-2,0
-1,0 0 ,0 1,0
2 ,0 3,0
4 ,0
phi
%
Figura 20: Distribuição granulometria dos pontos amostrados.