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confirma cpie Angra I funciona hoi
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Angra-1 pode Bxpeciauvanmre» usmas nuc. ,b . r inicio d&Aniga I implantadainiciar processo Angra-I começam u
|de fissão amanhã pia 110 nucieaf **&tatta so um teste pamAngra I será liberada pAnera-1 dar aReator de Angra I contínua fissão ?\Angra 1já preparada Angra COntínUarávS^mTcôm^T em testes até 1983
Angra I faz nOVO teste Potência de Aadia a fiSSãO MM*» a 30% entre ij
jsinftNacional de Energia Nuclear. A usina Angra-f
em ODeracáo com potência reduzida. Apotência reduzida. A < ! k ^ j ^ ^ - ~ - f
confirma cpieAngra I funciona hoi
ESTUDO DAS INFLUÊNCIASDA IMPLANTAÇÃO DA USINA NUCLEAREM ANGRA DOS REIS (ANGRA l)
IISMIII IIISIUIII IE IMIIISIIICII 1IIKIPIL
ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃO
DA USINA NUCLEAR EM ANGRA DOS REIS
(ANGRA I)
- MAIO DE 1982 -
MO01004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIfl» IIISILEIII IE IIIIIISTIICll MIICIPIl
EQUIPE TÉCNICA
Lino Ferreira Netto - Coordenador Geral
Alcides Redondo Rodrigues - Técnico de Administração
Eliar.e Faerstein - Arquiteta e Urbanista
GleiPi Heisler Neves - Técnica de Administração
Jaerson Lucas Bezerra - Economista
Lúcio Brãulio de Lima - Técnico de Administração
Maria Thereza Larque de Souza Lobo - Socióloga
Regina Lanzilloti Alvarenga - Estatística
Danilo Basto Silva - Desenhista
mo wo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSmifl IIISIIEIII If IMIIISIIICll IIIKiril
APRESENTAÇÃO
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM)
firmaram contrato para a realização, por este último, de
"Estudo das Influências Causadas pela Construção da Usina
Nuclear no Município de Angra dos Reis (Angra I)".
A CNEN teve a iniciativa do trabalho, demons
trando vivo interesse pelo que a construção de Angra I pode
representar de positivo e negativo para o Município. As
preocupações da entidade são amplas e determinaram a esco
lha dos aspectos que se tornaram objeto do estudo: politi
co-institucionais, flsico-territoriais e sõcio-econômicos.
Foram utilizadas fontes secundárias e prima
rias de informação. Consideradas as limitações de tempo e
recursos, desenvolveu-se intenso trabalho de campo. 0 ano
de 1960, que assinalou o começo do ciclo de grandes investi,
mentos no Município, foi tomado como marco inicial do perIo
do pesquisado, embora a construção de Angra I tenha princi
piado na década de 1970.
A Parte I deste relatório contém a descrição
da metodologia utilizada no estudo. A Parte II alinha os
achados de forma sucinta. 0 leitor que se interessar por
detalhes poderá encontrá-los nas Partes IV, V e VI. Na Pa£
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismni iiisiuiii if iMinsiucii uiicirii
te III são apresentadas recomendações que dizem respeito
ao relacionamento entre os responsáveis pela construção da
Usina e o Governo Municipal e, também, a comunidade. A in
tenção é que possam contribuir para minimizar efeitos nega
ti vos do empreendimento e maximizar os positivos.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisfifin iiisiiEiM M iwinsfiKli Mwciru
S 0 H A R I O
PÃG.
X - INTRODUÇÃO 1
1 - FINALIDADE DO ESTUDO 2
2 - METODOLOGIA ADOTADA 2
2.1- Fontes Documentais 3
2.2 - Trabalho de Campo 4
3 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO 7
4 - OBJETO DA ANALISE: O MUNICÍPIO DE ÀlWRADOS REIS - UMA VISÃO GERAL 7
II - OS ACHADOS DO ESTUDO 10
1 - DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL 11
2 - DIMENSÃO FlSICO-TERRITORIAL 15
3 - DIMENSÃO SÕCIO-ECONOMICA 18
4 - CONSIDERAÇÕES GERAIS 20
III - RECOMENDAÇÕES 22
IV - DIMENSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL 37
1 - SISTEMA FEDERATIVO BRASILEIRO - CONSIDERA
ÇÕES GERAIS 38
1.1 - O Município e suas Funções 39
2 - ANGRA DOS REIS, MUNICÍPIO DE INTERESSE DASEGURANÇA NACIONAL 422.1 - A Autonomia Política dos Municípios 422.2 - Explicando a Perda da Autonomia Po
lítica 7 44. 2.3 ** Uma Versão mais Convincente 502.4 - Implicação da Perda da Economia Po
lítica 7 552.5 - Desejo de Reconquista da Autonomia
Política , 57
MOO1004 I S A M - 30 A N O t VALORIZANDO O MUNtCfrtO
iisnnn iiisiiEni K IMHIISHKM mcmi
3 - ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - ESTRUTURAS EFUNÇÕES 59
3.1 - Estrutura Administrativa 653.2 - Estrutura de Planejamento 713.3 - Quadro de Pessoal 733.4 - Serviços Sociais e Urbanos 76
4 - INFLUENCIAS SOBRE AS FINANÇAS MUNICIPAIS 89
4.1 - Receitas Orçamentárias 894.2 - Evolução das Receitas Municipais . 954.3 - As Influências da Construção da
Central Nuclear nas Receitas Municipais 97
4.4 - Despesas Orçamentárias 99
5 - A USINA E O MUNICÍPIO 107
5.1 - Uma visão Pessoal do Atual Prefei 115to „ 107
5.2 - A Câmara Municipal 1155.3 - Percepção da Associação Comercial. 1215.4 - Percepção da População de Angra
dos Reis 122
- DIMENSÃO FlSICO-TERRITORIAL 131
1 - INTRODUÇÃO 132
2 - MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS - CARACTERISTICAS GFRAIS T 133
3 - OCUPAÇÃO DO SOLO MUNICIPAL - CARACTERÍSTICAS DA SEDE E DISTRITOS 136
3.1 - Angra dos Reis - Sede 1393.2- Cunhambebe 1463.3- Jacuecanga 1493.4 - Mambucaba 1563.5 - Abraão e Praia de Araçatiba 162
4 - 0 PLANEJAMENTO FlSICO-TERRITORIAL DE ANGRA DOS REIS 7 164
5 - CONCLUSÃO 168
MOD (004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSflfltl IIKIlflM IE INIIISIUCM MIICIPIl
PAG.
VI - DIMENSÃO SOCIO-ECONOMICA 176
1 - INTRODUÇÃO 177
2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA ANGRENSE 178
3 - METODOLOGIA 184
4 - POPULAÇÃO E RENDA 189
5 - CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA LOCAL 201
6 - CONCLUSÕES 216
ANEXOS 216
1 - QUADROS REFERENTES AS DIMENSÕES 221
2 - ESTIMADORES DE MAXIMA VEROSSIMILHANÇAPARA DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL 262
3 - OPINIÕES DA POPULAÇÃO, EM RELAÇÃO & CENTRAL NUCLEAR, RECOLHIDAS PELA PESQUISADE CAMPO 272
MOO too* IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisnriii msiiHM K IMIIISTUCM unam
x. nmtoDuçJto
1 - FINALIDADE DO ESTUDO
O presente estudo, segundo o disposto nos tei
de referência, objetiva avaliar as influências causadas pela
construção da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - An
gra I - no Município de Angra dos Reis.
Espera-se que seus resultados venham a ser úteis
para empreendimentos futuros, alia de subsidiarem possíveis
alterações nas estratégias de ação relativas â primeira
Central Nuclear.
2 - METODOLOGIA ADOTADA
Com respeito ã metodologia, a primeira observa
ção a ser registrada refere-se ao enfoque dimensional, que
se caracterizou como orientação básica aos trabalhos.
Nos termos de referência foram propostas três di
mensões de análise: político-institucional, físico-territo
rial e sócio-econômica. Iniciados os trabalhos, no entanto,
verificou-se a necessidade de se recorrer a outra: a tempo
ral. Assim, embora a construção de Angra I tenha tido inl
cio na década de 70, o estudo teve que recuar até antes de
I960, quando começaram a surgir grandes investimentos no Mu
nicípio.
ISAM - 30 ANOt VALORIZANDO O MUNKfffO
wsrnira lusuEtti K mnistucit m c m i
3
Cada dimensão exigiu o uso de técnicas diferen
tes» de acordo com as necessidades exploratórias. Em todas,
entretanto, foram utilizadas fontes documentais e levantamen
tos de campo para a coleta de informações. A seguir mencio
nam-se ma principais fontes consultadas e os problemas encon
trados.
2.1 - Fontes Documentais
Consistiram basicamente em anuários estatísticos,
censos demográficos, estudos realizados sobre o Município
por diferentes instituições (federai3, estaduais e munici
pais), estatísticas do Fundo de <;*rantia do Tempo de Servi
ço - FGTS - e movimento de Cadernetas de Poupança. Vários
desses dados estavam agregados a nível estadual e nacional,
o que significou, em algumas circunstâncias, dificuldades pa
ra o estudo.
A nível de Administração municipal foram coleta
dos os dados sobre as diversas funções de governo, enfatizan
do-se o estudo dos serviços públicos. A comparação destas
informações com outras provenientes de agências distintas (fe
derais e estaduais) permitiu â equipe técnica do IBAM formar
um quadro do atendimento ã população de Angra dos Reis.
Em busca de possíveis influências da construção
de Angra I sobre o Município foram examinados, ainda, notí
cias dos jornais locais, fotografias do Município em diferen
I M M - 30 ANOS VALOWtZANPO O MUNfCfPfO
iismoro HISIIEIRO OÍ IBÜIIISTIICII MIICIMI
4
tee períodos, anais da Câmara de Vereadores e legislação mu
nlclpal. Recorreu-se, também, ao levantamento dos registros
çartoriais com o intuito de estudar as possíveis repercus
soes do empreendimento nas transações imobiliárias.
2,2 " Trabalho de campo
Para complementar os dados colhidos em fontes do
cumentais, realizaram-se levantamentos de campo. Os métodos
e instrumentos utilizados vão desde a observação direta até
a aplicação de questionários, passando pela realização de en
trevistas e o registro iconográfico de aspectos importantes»
do Município.
Numa primeira etapa, a equipe do IBAM estabele
ceu contato global com o Município, buscando apreender e ana
Usar suas características básicas.
Mum segundo momento, aprofundou-se a pesquisa,
reçorrendo-se a entrevistas com empresários, gerentes de ban
cos, políticos, autoridades, servidores públicos e cidadãos
çpmuns. 0 objetivo foi apurar as percepções das influências
da construção da Usina.
Por último, realizou-se pesquisa domiciliar me
diante a aplicação de questionários, por amostragem, ã popula
ção do Município. A amostra constituiu-se de 400 unidades,
numero estabelecido segundo critérios estatísticos, conforme
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITOIO BRASILEIRO IE IDMIlISTMÇftB MIIICIPIL
estudo do item 2 do Anexo. Convém observar que a amostra
escolhida possui confiabilidade de 95%.
Para determinar o número de domicílios que se
riam pesquisados em cada distrito, recorreu-se a dados sobre
a população residente colhidos no Censo Demográfico de 1980,
procurando-se manter, na amostra, a mesma distribuição per
centual observada no universo, conforme se verifica abaixo:
QUADRO 1 - DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DO TAMANHO DA AMOSTRA (D
DISTRITOS DO MU
NIClPIO DE AN
GRA DOS REIS
POPULfiÇfo RESIDENTE (*)
1980
Valor absoluto (%)
DOMICÍLIOS PARTICULARES
RESIDENCIAIS NA AMDS
TRAGEM
(D (2) (3) (4) (3) x 400
Angra dos ReisCunhambebe
Mambucaba
Jacuecanga
28.86213.760
4.495
9.745
5124
8
17
20496
28
72
TOTAL 56.862 100 100
FONTE: IBGE, Censo Demográfico de 1980
(*) Corresponde ao Universo da Pesquisa
Utilizou-se a "população residente" dos d is t r i
tos do Município de Angra dos Reis, uma vez que o "numero
de domicílios", a nível d i s t r i t a l , não se encontrava na épo
ca em disponibilidade. Há uma correlação significante entre
Ver no Anexo explicação detalhada dos procedimentos adotados para asestimativas de proporção.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITIII BIISIIEIII IE HMIIISTIICll illlCIPIL
6
as variáveis domicilio e população, superior a 0,90.
No distrito-sede foram aplicados 104 questiona
rios nos morros do Carmo, Caixa D'Água, Carioca, Santo ntô
nio e nos bairros do Bonfim, Jardim Balneário, Parque das
Palmeiras e Praia Jardim, além da área denominada Japuiba.
No de Cunhambebe, foram preenchidos 96 questionários, todos
na Vila do Frade. Em Mambucaba, os 72 questionários foram
divididos entre a sede do distrito, o Parque Mambucaba e c
Morro Boa Vista. No distrito de Jacuecanga, os 72 questiona
rios foram aplicados no Camorim.
Os distritos de Abraão e Praia de Araçatiba não
foram incluídos na amostra, uma vez que, localizados na Ilha
Grande, sofreram processo econômico-social totalmente diver
so dos situados no continentes.
Como se verifica nos relatórios sobre as dimen
soes flsico-territorial e sõcio-econômica, os grandes empre
endimentos instalados no Município nas duas últimas décadas,
entre os quais se inclui a construção da Usina, trouxeram pa
ra a Ilha Grande problemas como perda de população e decH
nio das atividades anteriormente desenvolvidas, tais como a
pesca, na medida em que criaram novas alternativas de empre
go no continente.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII IE IINIIISTIICll MIICIMl
3 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Este documento encontra-se dividido em sete
partes, constituindo esta Introdução a primeira. A segun
da reúne os principais achados do estudo. Em seguida, há
uma seção dedicada a recomendações e sugestões. Os três
itens seguintes são os relatórios das análises politico-
ins ti tucional, físico-territorial e sõcio-econômica. FinaJL
mente, o /.nexo é composto de quadros com dados quantitati
vos apurados no estudo, além de dois documentos: um sobre
estatística amostrai e outro contendo as opin:5es da popu
lação sobre a Usina, colhidas através da pesquisa domici
liar.
4 - OBJETO DA ANALISE: O MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS- UMA
VISÃO GERAL
O Município de Angra dos Reis esta localiza
do no extremo sul do Estado do Rio de Janeiro. Seus limi
tes são dados ao norte pelo Estado de São Paulo e pelo Mu
nicípio de Rio Claro, a leste pelo Município de Mangarati^
ba (RJ), ao sul pelo oceano Atlântico e a oeste pelo Muni.
clpio de Parati (RJ). Em área de 819 km - cerca de 2%
da superfície estadual - localiza-se uma população que,
pelo Censo de 1980, atinge 60.998 habitantes, dos quais
29,26A na área urbana.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISILEIII IE IIHIIISTIICll MIIICIPIl
8
Atualmente dividido em seis distritos - Angra
dos Reis, Cunhambebe, Jacuecanga, Mambucaba, Abraão e Praia
de Araçatiba -, o Município viveu praticamente isolado do
resto do Pais durante mais de 400 anos. Até 1929, quando
foi concluída a construção do ramal ferroviário unindo a ei
dade à então Rede Mineira de Viação, o único meio de acesso
era o mar. A primeira rodovia que o ligou ã antiga estrada
Rio-Sao Paulo foi construída em 1945, ou seja, 443 anos
apôs a chegada de André Gonçalves ã localidade, em 1502.
A economia do Município caracteriza-se pelo
acentuado crescimento do setor secundário (indústrias e cons
trução civil) nos últimos anos, em detrimento de ativida
des anteriormente desenvolvidas, como a pesca. O fenômeno
pode ser atribuído, em grande parte, por influência de gran
des empreendimentos instalados no Município, como a Verol.
me, a Usina, o Terminal Marítimo da PETROBRAS, bem como ã
construção da BR-101. Atualmente Angra dos Reis exerce pa
pel polarizador sobre núcleos periféricos de outros Municí
pios, como Mangaratiba, Rio Claro e Parati, deles importan
do mão-de-obra.
A agricultura e a pecuária - atividades tradi
cionais nos Municípios brasileiros - são pouco significat_i
vas em Angra dos Reis, com exceção do cultivo da banana,
nas vertentes da Serra do Mar. A exploração madeireira e a
produção do carvão vegetal têm devastado a floresta
cal primitiva.
MOD too4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISMITI IIISILEtll IE IIMIIISTIICll IIIICIML
9
O setor terciârio do Município encontra-se bas
tante diversificado. A abertura dá BR-101 propiciou o in
cremento do fluxo turístico. Para tanto também contribui a
Ilha Grande, com sua costa rica em enseadas, sacos e praias.
O local é de reconhecida beleza, compondo extraordinário p £
trimônio paisagístico e fazendo com que 3 população flutuan
te do Município se compare à residente, sobretudo nos fins-
de-semana e nos meses de verão.
MO0,004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITITI IIISIIEIII I I IIMIIISTIICll IlllClfll
II - OS ACHADOS DO ESTUDO
MOO ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiri iiisiiEiii li iiimsiiicii iiiicini
11
II - OS ACHADOS DO ESTUDO
1 " DIMENSÃO POLITICO-INSTITUCIONAL
No plano polltico-institucional, o fato mais
marcante ocorrido em Angra dos Reis nas ultimas déca
das foi a perda de parte da autonomia, quando o Município
foi declarado de interesse da segurança nacional, em julho
de 1969, passando o seu Prefeito a ser nomeado.
Ao contrário do que se poderia pensar, a Usina
não foi a causadora da medida. 0 relatório da dimensão po
lltico-institucional reúne fatos convincentes de que a per
da parcial da autonomia se relaciona a dificuldades da cias
se política local em resolver as próprias dissenções.
Verificou-se que problemas e divergências entre
grupos de relevo na comunidade acabavam sendo levados ao
Colégio Naval, transformando seu dirigente em mediador de
crises locais. 0 próprio pedido de corte na autonomia mun.i
cipal, proveniente de segmento da classe política de Angra
dos Reis, foi dirigido, de inicio, a essa entidade. Pode
ser interpretado como gesto de agradecimento o fato de ter
•ido o Comandante do Colégio Naval, na época, agraciado com
o título de cidadão angrense na mesma data da edição do de
creto que declarou Angra dos Reis Município de interesse
da segurança nacional.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIM IE IIMIIISTIICU 1IIICIPII
12
O corte na autonomia, no entanto» janais chegou
• resolver as dificuldades políticas. Apurou-se no traba
lho de campo que os prefeitos nomeados não conseguiram maior
integração com a comunidade local, o que acabou acarretando
descontinuidade administrativa ao Município no período pos
terior a 1969.
Atualmente lideranças políticas, empresariais e
intelectuais estão empenhadas em recuperar a autonomia que
Angra perdeu. A Usina ocupa lugar de destaque na argumenta
ção contrária ã medida. Entretanto, se esse empreendimento
não foi a causa da perda da autonomia, também não deve ser
vir de pretexto para que se perpetue a situação. Grupos Io
cais mais entusiasmados chegam a propor que se crie o Terri
tõrio Federal de Itaorna, com redução da área do Município,
como alternativa para a restituição da autonomia perdida.
No que se refere especificamente â Prefeitura
Municipal, esperava-se que a presença de empreendimentos de
vulto no Município, entre os quais a Usina, deflagrasse um
processo de modernização administrativa, que resultasse em
melhoria substancial dos serviços públicos prestados â popu
lação. Tal não ocorreu na prática. Os métodos de trabalho,
estruturas organizacionais e quadro de pessoal não foram aJL
terados de forma significativa.
Outra expectativa que os levantamentos não con
firmam refere-se ã infra-estrutura urbana. Acreditava-se
Mootcx» IBAM- 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIII IE IIHIIISTIICal IIIICIPIl
13
que o alto nível de atendimento nas vilas constituídas em
função dos projetos realizados no Município nos últimos
•nos aotivasse reivindicações por parte da população.
Tal não ocorreu. £ plausível admitir que a pou
ca integração física, econômica e social entre os núcleos
urbanos do Município e as vilas referidas tenha contribui
do para abrandar o efeito de demonstração.
Na análise da situação financeira da Prefeitu
ra procurou-se identificar possíveis influências da Usina
sobre receitas e despesas municipais. Não foram encontra
das evidências de impacto, contribuindo para isso o fato de
FURNAS e das empreiteiras responsáveis pelas obras não par
ticiparem da economia local de forma que implique geração
direta de recursos para os cofres municipais.
Em primeiro lugar, as obras da construção da
Central Nuclear estão isentas do pagamento do imposto muni
cipal sobre serviços (ISS), que poderia constituir importan
te fonte de recursos para a Prefeitura. Em segundo, os ma
teriais utilizados no empreendimento não são adquiridos no
comércio local, deixando de contribuir para o aumento do In
dice de participação do Município no produto da arrecadação
do imposto estadual sobre circulação de mercadorias (ICM).
Finalmente FURNAS e a Fundação Real Grandeza não pagam im
posto predial e territorial urbano sobre imóveis de sua pro
priedade.
MOO -004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IIS1IIIII IIISIUIII IE IlilllSIMCll MHICiril
14
Na parte da despesa, esperava-se que a constru
ção da Usina afetasse a alocação de recursos por funções
de governo. Realmente ocorreram modificações nesse campo;
entretanto, como são inúmeras as variáveis intervenientes
no processo de tomada de decisões sobre alocação de recur
sos, i difícil identificar as conseqüências de uma única,
considerados os empreendimentos de vulto instalados no Muni
cipio e, principalmente, as mudanças nas políticas governa-
mentais .
Parece claro que as principais alterações nesse
setor decorreram de mudanças no relacionamento entre Estado
e Município, especialmente no campo da educação e da saúde.
O Estado vem deixando paulatinamente de prestar certos ser
viços, obrigando o Município a suprir a lacuna.
Quanto ãs relações entre a Usina e o Prefeito,
a Câmara Municipal e a comunidade, parece nítido o distan
ciamento. O Prefeito e os responsáveis pelo empreendimento
Ignoram-se mutuamente. 0 exame dos anais da Câmara Muniei
pai revelou apenas uma referência ã Usina, desde a época do
início de sua construção.
E a população do Município? Os agentes econo
micos percebem o empreendimento como um enclave que pouco
tem a ver com a economia local. Em outras palavras, não
sentem que a Usina beneficie seus negócios. Os cidadãos co
muns, por sua vez, manifestam sentimentos ambíguos em rela
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIITI IIISIIEIRI IE IlilllSTIICll IlllCiril
15
ção a ela, neles mesclando-se medo, satisfação e descrença.
Jtedo porque ouviram falar de riscos e não foram informados
adequadamente sobre sua extensão. Satisfação porque o em
preendimento aumentou as oportunidades de emprego. Oescren
ça porque acham que a Central Nuclear não vai ser colocada
em funcionamento, dadas as noticias de dificuldades.
Grupos contrários ã Instalação da Usina aparen
tenente têm se mostrado eficazes, conseguindo difundir ati
tudes negativas em relação ao empreendimento. Há, inclusi_
ve# tentativas de se organizar um grupo de oposição direta.
FURNAS não faz muito - ou quase nada - para esclarecer a
opinião pública local sobre o empreendimento.
2 - DIMENSÃO FlSICO-TERRITORIAL
0 marco mais significativo do processo de ocupa
ção do território do Município foi o conjunto de grandes
Investimentos públicos realizados nos últimos 20 anos em An
gra dos Reis, dentre os quais a construção da Usina. Na de
cada de 1960 destacaram-se a instalação da Verolme e a rea
tivação do porto, influindo na região, principalmente em
Monsuaba. Na de 197CV a construção de Angra I, da BR-101 e
do Terminal da PETROBR&S acelerarou o processo de ocupação.
A construção da BR-101 - talvez o fato mais siçj
nificativo dessas últimas décadas - parece relacionar-se à
M0D ,004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIM l i IMIIISIUCM MlICiril
16
Usina. Além de tornar mais barato e ficil o transporte de
materiais para os canteiros de obras da Central Nuclear, be
seficiou, de modo geral, o acesso ao Município, incrementan
do o turismo e ausentando a população residente, especial^
•ente a de renda «ais baixa. Permitiu, ainda, comunicação
mais rápida entre os diferentes distritos de Angra dos Reis,
exercendo importante função interna. Praticamente todas as
vilas e povoados se interligam através da rodovia.
Ao contrario do que se esperava, a Usina, ape-
sar das noticias dos riscos, não desencorajou os ioteamen
tos no Município; pelo contrario, duplicara» depois do ter
aino da construção da BR-101. No período 1950-1969, foram
aprovados 14; durante a implantação da rodovia, 1970/1975,
o numero se elevou para 16; depois do término da obra, em
apenas 5 anos, foram realizados 37 loteamentos.
Nas décadas de 1950 e 1960 e maior parte dos
loteamentos ocorreu no distrito-sede; entre 1970 e 1975 con
centraram-se em área próxima ã Verolme; de 1976 em diante
proliferaram os loteamentos de veraneio localizados na orla
marítima.
Registre-se um dado importante: de acordo com
as entrevistas realizadas, a Usina não parece ter repercuti
do diretamente nos preços dos terrenos.
As influencias do empreendimento são mais visj[
MOO ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
•USUENN K IMIIIISIIICil JHHIHI
17
veis no Frade, cuja população quase triplicou nos últii
20 anos. Boa parte dela veio de fora do Município ou de ou
trás localidades de seu território, como da Ilha Grande.
Quando da instalação de todos os empreendimen
tos já mencionados, inclusive da Usina, não houve preocupa
ções maiores com o que existia em termos de ocupação urbana.
As vilas residenciais foram localizadas sem qualquer plane
jamento que visasse integrá-las às comunidades existentes.
Com isso, o Município cc opõe-se agcra de pequenos núcleos
urbanos, industriais ou de veraneio, sem hierarquia ou ín
terdependência.
Grande parte da população, principalmente a de
baixa renda, atraída pela Usina e pelos outros empreendimen
tos, localizou-se fora das vilas que FURNAS e as outras em
presas construíram. Esse acréscimo populacional represen
ta incremento considerável na demanda de serviços. As res
postas da Prefeitura têm ficado aquém das necessidades. Em
decorrência, os núcleos urbanos do Município apresentam pa
drões bastante heterogêneos de atendimento. Alguns possuan
infra-estrutura e padrões de construção de bom nível como
os das Praias do Bonfim, Grande e Vila Velha, na sede, os
núcleos residenciais da Verolme, em Jacuecanga, da PETRCBR&S,
em Mambucaba e de Furnas, na Praia Brava. Outros, muitas
vezes vizinhos, apresentam padrões muito baixos de serviços
públicos e habitações como os do Camorim, demais localida
des de Monsuaba e Mambucaba.
MOO'004 « A M - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIiOIO BMSIIEIRO IE IBMIIISTUCll MMICIPIL
1 8
3 - DIMENSÃO SOCIO-ECONOMICA
Nessa dimensão, foram examinadas as seguintes
variáveis: mão-de-obra, salários, valor da produção, renda
e poupança. Procurou-se ainda analisar a participação dos
diferentes setores na economia local - agropecuário, indus
trial e comercial - bem como as alterações ocorridas desde
o inicio da construção da Usina.
Observou-se, na análise efetuada, que no perlo
do de 1960-1970 o crescimento econômico do Município foi
mais acentuado que no de 1970-1980, apesar de neste último
terem sido realizados vários projetos importantes. A única
explicação plausível para o fenômeno baseia-se na suposição
que no primeiro período o Município era tão inexpressivo
economicamente que a implantação da Verolne redundou em
grande impacto.
Angra dos Reis é hoje um Município basicamente
industrial. As atividades de pesca e agropecuária estão em
franca decadência. Tal fato talvez se deva ã não integra
ção entre os grandes empreendimentos e as atividades econô
micas tradicionais. Enquanto nas primeiras são utilizadas
tecnologias modernas, nas segundas prevalece a tradição.
A construção da Usina não se encontra articula
da ao comércio local, sobretudo por uma questão de escala.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITIII IIISILEIII IE IIMIIIS1IKII illlCINL
19
As encomendas, por ordem de grandeza, estão muito além da
capacidade de atendimento dos comerciantes de Angra.
0 contato com agentes econômicos locais mostrou
que percebem a Usina como enclave no Município. Considera
ram, inclusive, que o turismo constitui elemento mais im
portante para a economia locai do que os grandes empreendi
mentos, salvo a BR-101.
Com respeito à distribuição de renda, verifi
cou-se que o Município se encontra em posição de destaque
dentro do Estado. Não surpreende, portanto, que o saldo me
dio de poupança em Angra dos Reis seja maior que o do Esta
do do Rio de Janeiro e, mesmo, do Brasil. Como hã correia
ção entre renda e poupança e condições de habitação, as mo
radias subnormals existentes no Município estão em melho
res condições do que as favelas cariocas.
Apesar de opinião pouco favorável dos agentes
econômicos locais, parece evidente que o alto nível de ren
da e de poupança se relaciona com os grandes investimentos
realizados no Município nos últimos 20 anos, uma vez que as
atividades tradicionais estão em franca decadência e o se
tor secundário em ascensão. Embora não tenha sido poss^
vel determinar em que medida a Usina tem contribuído para
isso, é certo que sua influência foi positiva.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIITI IIISIIEIRI IE HMIIISTRKftl MIIICIPIl
20
4 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
As influências mais visíveis da Usina ocorre
ram na dimensão físico-territorial; na área sócio-econômica,
são menos aparentes e mensuráveis. Em termos politico-
ins tit ucionais o estudo não detectou evidências de impac
to significativo.
Ê evidente que Angra dos Reis sofreu grandes
transformações nos últimos 20 anos. A maior parte delas se
refere ã própria estrutura da economia local. Angra é atual
mente um Município industrializado, com a quase totalidade
de sua população empregada no setor secundário (indústria e
construção civil). Essa transformação ocorreu de maneira
tal que uma característica básica de Angra dos Reis i a fal.
ta de articulação entre os grandes empreendimentos públicos
e privados e o contexto geral do Município. Este achado
foi constante em todas as dimensões estudadas.
0 desentrosamento mencionado acima revelou-se
bastante explicito no nível espacial. Os distritos são se
parados, quase auto-suficientes. 0 distrito-sede não de
monstra o grau elevado de capitalização dos empreendimen
tos. Não se observam efeitos multiplicadores desses invés;
timentos na medida em que seria de se esperar.
MOD1004 I B A M - 3 0 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIM II limilSIIICll NIIICIPIl
21
Acredita-se, todavia, que a integração venha a
ocorrer com o passar do tempo, à semelhança do processo ye
rifiçado em Volta Redonda. Como se sabe, a construção da
Siderúrgica de Volta Redonda ocorreu em meados da década de
1940. A integração com o Município, contudo, em termos eco
nômicos ou administrativos, só veio a completar-se cerca de
20 anos depois, como constatou o IBAM que participou da ex
periência, realizando uma série de trabalhos de assessoria
técnica para a Prefeitura Municipal de Volta Redonda.
O processo de integração entre os empreendimen
tos diretamente relacionados com a Siderúrgica e a comunidci
de foi gradual e lento. As vilas da Companhia eram, de inl
cio, completamente isoladas dos núcleos urbanos existentes
no Município de Barra Mansa (onde o distri to de Volta Redon
da se localizava) e dispunham de auto-suficiincia em ter
nos de serviços públicos, pois a empresa se encarregava de
seu provimento. Com a ocupação dos espaços vazios, estabe
leceu-se progressiva articulação flsico-terri torial , restan
tando a político-administrativa que só foi ter inicio no fi
nal dos anos 1950, com a criação do Município de Volta Re
donda e instalação da respectiva Administração, estendendo-
se até a década de 1970.
De 1967 em diante o IBAM_elaborou diversos projetos nas mais variadas áreas da administração pública, visando ampla reorganização a3ministrativa da Prefeitura Municipal.
M0D1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIBTI M I M E M IE IIMIIISIIICll MIICIP1L
22
Algum tempo depois de emancipado o de Barra
Mansa, o Município de Volta Redonda passou a assumir a res»
ponsabilidade pela prestação dos serviços públicos, antes
a cargo da Siderúrgica, e a cobrar os tributos de sua com
petência - principalmente impostos e taxas - pela presta
ção potencial ou efetiva de serviços públicos e o exerci
cio do poder de policia. A medida provocou impacto posjL
tivo sobre a Administração municipal. Por motivos politi
cos, interessava ã Prefeitura manter o mesmo padrão de ser
viços estabelecido pela Siderúrgica; para tanto, precisou
modernizar-se.
Tudo indica que o exemplo de Volta Redonda
pode ser repetido em Angra dos Reis, desde que haja esfor
ço conjunto de ambas as entidades - FURNAS e Prefeitura Mu
nicipal - o que, sem dúvida, resultará em benefício para a
população local como um todo.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiii iiisiuni IE IIMIIISIIICII iiiitirii
III - RECOMENDAÇÕES
MOO toe» IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismm iiisiiEiii IE umiisfiicii wiiciru
23
III. RECOMENDAÇÕES
As recomendações abaixo dirigem-se ao programa
nuclear brasileiro como um todo. Algumas são de caráter pre
ventivo; outras apresentam características corretivas, vi
sando ao aperfeiçoamento das políticas e estratégias de ação
relacionadas com Angra I. São elas:
• Restituir a autonomia política de Angra dos
Reis
A comunidade almeja voltar a eleger o seu Pre
feito e vê a Usina como obstáculo ãs suas pretensões, fato
extremamente prejudicial à imagem do empreendimento. Nas
iniciativas futuras, o programa nuclear brasileiro deve pro
curar formas de compatibilizar as aspirações políticas da
população local com a segurança dos novos empreendimentos.
• Envolver as lideranças locais nos empreendi
mentos nucleares, desde a etapa de planejamen
to até a de operação
Convém que se estabeleça um processo de consul
tas mútuas, debate de alternativas de ação e intercâmbio de
informações entre a entidade responsável pelo eropreendimen
to e grupos comunitários de relevo, lideres informais e au
toridades executivas e legislativas do Município. Assim,
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IKIIIITI IMSIUIM IE 1IHIIISIIICII IlllCiril
24
evita-se imprimir cunho autoritário às decisões, reduzindo-
se o receio e a oposição populares. Infelizmente esse en
volvimento não ocorreu no caso de Angra I; não é tarde, no
entanto, para que sejam revistas políticas, adotando-se pro
cedimentos adequados para cooptar as lideranças locais, pois
são as que mais fortemente influenciam a opinião pública.
• Colaborar na solução dos desequilíbrios sócio-
econômicos no Município
O Município de Angra dos Reis carece de unidade
econômica, pelo descompasso existente entre os novos empre
endimentos, as atividades tradicionais em franca decadência
e o turismo, ainda em início de ascensão.
0 fato de não terem sido canalizados recursos
para atividades como a pesca e o porto, aliado aos altos in
vestimentos na construção naval e indústria energética, cola
borou para que a mão-de-obra local se transferisse em peso
das atividades anteriormente desenvolvidas no Município pa
ra as recém-implantadas.
Teme-se que com o término de Angra I, II e III
venham a ocorrer graves problemas sociais no Município, com
o desemprego do pessoal utilizado na construção civil e na
montagem de equipamentos, caso não sejam abertos novos cam
pos de trabalho. 0 turismo - grande esperança e vocação do
MOD ioO4 IBAM - 30 ANOS VALOR IZANDO 0 MUNICÍPIO
iismifi IIISIIEIII IE iiiiiisiucii
25
Município - não tem recebido o apoio necessário das agên
cias federais e estaduais, deixando de contribuir decisiva
•ente para a economia local.
Parece evidente, â vista dos fatos acima, que o
desenvolvimento sõcio-econõmico do Município depende de in
vestimentos em áreas alternativas, entre as quais a mais pro
missora parece ser a do turismo, podendo os responsáveis pe
Io programa nuclear ajudar no sentido de a Prefeitura obter
recursos das fontes de financiamento disponíveis. Entxe tais
fontes destacam-se o Fundo de Turismo - FUNGETUR - da Empre
sa Brasileira de Turismo - EMBRATUR, destinado a prover re
cursos para empreendimentos, obras e serviços que sejam:
. declarados de interesse turístico pela empre
sa ou sua delegatãria;
. enquadrados em planos e programas de desenvol^
vimento turístico do Estado ou de seus Municí^
pios, conforme declaração da EMBRATUR;
. situados em cidades onde existam condições fa
voráveis de mercado parA a sua implantação.
O desenvolvimento das atividades portuárias do
Município pode ser perfeitamente incrementado pelas entida
des responsáveis por Angra I, II e III. Basta que passem a
desembarcar as mercadorias no Porto de Angra dos Reis.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSflflll IllSllflll IE INIIISIIICftl illlCIPH
26
• Incentivar a Modernização administrativa da
• Prefeitura
Existe interesse por parte das autoridades e ser
vidores municipais na revisão de estruturas e métodos de tra
balho da Prefeitura, todos defasados em conseqüência do rá
pido crescimento do Município nos últimos anos e dos proble
mas de descontinuidade administrativa por ele enfrentados.
Faltam, porém, os recursos financeiros para se obter a as»
sisténcia técnica necessária.
As entidades responsáveis pelo programa nuclear
podem colaborar com os trabalhos de modernização administra
tiva, usando de sua influência para que a Administração mu
nicipal obtenha a ajuda financeira de órgãos federais que
desenvolvem programas nesse campo. £ o caso da Secretaria
de Articulação com os Estados e Municípios - SAREM, órgão
da Secretaria de Planejamento da Presidência da República,
que patrocina trabalhos de assistência técnica aos Municí^
pios, e do Programa de Apoio a Usuários de Serviços de Con
sultoria - AUSC, da Financiadora de Estudos e Projetos -
FINEP.
• Apoiar a institucionalização do processo de
planejamento a nível municipal
Apesar das tentativas realizadas, a Prefeitura
de Angra dos Reis não conseguiu até hoje implantar seu si£
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITITI •IftSllElie IE IIMIIISTIICal MIIICIPIl
27
tema de planejamento. Os problemas que enfrenta no momen
to - ocupação rápida e desordenada do território municipal,
déficit crescente de serviços públicos, desequilíbrios en
tre atividades econômicas tradicionais e recentes, insufjL
ciência de fontes de captação de receitas - exigem que o
faça com urgência, imprimindo maior racionalidade ao process
so de tomada de decisões e alocação de recursos, sob pena
de colapso de suas atividades.
Da mesma forma que no item anterior, as entida
des responsáveis pelo programa nuclear podem auxiliar a Pre
feitura,direta ou indiretamente, seja fornecendo recursos
para o trabalho, seja facilitando-lhe acesso aos organismos
federais competentes. 0 Banco Nacional de Habitação, por
exemplo, financia, através do FIPLAN - Financiamento para o
Planejamento Urbano, investimentos destinados a planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano que objetl.
vem:
. melhorar a qualidade da vida urbana, através
do desenvolvimento harmônico e equilibrado das
cidades;
. adequar as cidades aos objetivos do PND e ãs
diretrizes da Política Nacional de Desenvolvi
mento Urbano;
MOD ,004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiti msiuiii li imiiisiiicii MIIICIPII
28
. viabilizar investimentos financeiros através
de outros programas do BNH, especialmente os
relacionados ao Plano Nacional de Habitação
Popular.
0 próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento
Urbano, apesar de considerar prioritárias as cidades de por
te médio do Nordeste, pode vir a se interessar pelo finan'
ei ame n to desse trabalho, considerada a importância estraté_
gica do Município. Pode ser tentado também o patrocínio da
SAREM e da FINEP, já mencionadas.
• Colaborar na ampliação ou aperfeiçoamento dos
serviços públicos municipais
Como forma de compensar o governo local pelos
problemas provocados pelo processo de atração de habitantes
de Municípios vizinhos, em decorrência da notícia de poss_í
veis oportunidades de emprego na construção de Angra I, su
gere-se que as autoridades ligadas ao programa nuclear bra
sileiro colaborem na ampliação ou aperfeiçoamento dos servi
ços públicos municipais. Caso o.apoio financeiro seja eco
nomicamente inviável, é conveniente que ajudem a Prefeitura
a obter recursos junto a fontes federais de financiamento.
Entre as mais importantes a que se pode recorrer estão as
seguintes:
MOD 1004 IBAM - 30 ANO8 VALORIZANDO O MUNICÍPIO
HSflflfl IIISIIEIM « MIIIISIUCII IIIICIPIl
29
- Banco do Brasil S.A., através do Fundo de Do
senvolvimento Urbano (FDU), cujo objetivo é
financiar projetos relativos a infra-estrutu
ra e obras prioritárias dos principais centros
urbanos compreendidos nas regiões Leste, Cen
tro-Oeste e Sul do Brasil, compreendendo ira
plantação ou reroanejamento da rede viária, in
fra-estrutura básica, serviços essenciais de
utilidade pública, equipamentos comunitários,
tratamento e manutenção de rios e vias navegá_
veis, recuperação de alagados e áreas degene
rescentes e obras ligadas a desenvolvimento
urbano, exceto no que se refere a serviços de
água e esgotos e metrôs.
- Banco Nacional de Habitação, através, princi_
palmente, dos seguintes programas:
. Financiamento para Urbanização - FINURB -
destinado a investimentos na infra-estrutu
ra urbana que se incluam em planos gerais
previamente definidos e que objetivem: o de
senvolvimento de cidades de porte médio; a
instalação de novas comunidades urbanas; a
expansão de áreas urbanas; a complementaçao
de equipamentos urbanos; a recuperação e re
novação de áreas deterioradas; a ampliação
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
innmi Nisiuin K INIIISIUCII
30
da disponibilidade de terrenos urbanizo
dos.
. Programa de Complementação Urbana - CURA -
cuja finalidade c o financiamento de obras e
serviços relativos a sistemas viários e seus
complementos: transporte, redes de energia
elétrica e iluminação pública,comunicações,
drenagem pluvial, água potável (apenas rema
nejamento ou ampliação), equipamentos comu
nitários (lazer, recreação, saúde,educação,
comércio e serviços), bem como de desapro
priações ou aquisição de imóveis para a in
plantação de projetos.
. Financiamento para Saneamento - FINANSA -
destinado ao financiamento e refinanciamen
to para implantação ou melhoria de sistemas
de abastecimento de água (REFINAG), de esgo
tos (REFINESG) e drenagem que visem ao con
trole de inundações em núcleos urbanos
(FIDREN).
- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico,
através do Programa de Infra-Estrutura Urba
na, cujo objetivo c financiar projetos de cons
trução ou melhoramento de estradas vicinais,
armazenagem e transportes, entre outros.
MOO «ex» ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
l lSniUIO BRASILEIRO DE IDMIIISIRICIO MIIICIPIL
31
• Planejar a localização e acomodação do pessoal
necessário ã instalação das Usinas, em conjun
to com a Prefeitura, e considerando o Municl
pio de forma global
Os resultados do planejamento das vilas e aloja
mentos de Furnas e de outros empreendimentos de vulto insta
lados no Município demonstram a necessidade de se começar a
pensar no Município como um todo e não apenas tomar decisões
com base eir variáveis como a proximidade física ou a faciljL
dade de acesso aos locais de trabalho e a adequação da topo
grafia do terreno. É preciso que as entidades responsáveis
pelo programa nuclear estudem, em conjunto com a Prefeitura,
as conseqüências do empreendimento sobre a estrutura espa
ciai, a ocupação urbana e o uso do solo no Município, levan
do em conta os núcleos urbanos, a rede de serviços eos equi
paiiientos sociais já existentes. Não é demais lembrar que
cabe ao Governo local controlar o desenvolvimento urbano em
seu território, bem como resolver c- roblemas que a ocupa
ção desordenada acarreta. Logo, não se pode alijá-lo do pro
cesso de tomada de decisões nesse campo.
• Reestudar a conveniência de contruir vilas re
sidenciais
A construção de vilas residenciais exclusivas,
como as da Verolme, PETROBRÂS e do FURNAS contribuiu para
a segregação urbana e estratificação social no Município de
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IBSTITBTB BRASILEIRO BE IBMIIISTIIClB M I I C I N l
32
Angra dos Reis, ao separar o pessoal relacionado aos novos
empreendimentos do restante da população, concedendo aos pri
meiros tratamento privilegiado em termos de serviços públi^
cos e equipamentos comunitários.
De acordo com as correntes urbanísticas mais mo
dernas, sugere-se que os responsáveis pelo programa nuclear
brasileiro examinem a possibilidade de distr ibuir o pessoal
relacionado aos empreendimentos futuros pelos núcleos urba
nos já existentes, aproveitando os serviços públicos e equ:L
pamentos instalados e ajudando o Governo local a ampliá-los,
quando necessário ao atendimento da nova demanda. Com isso,
estenderão os benefícios dos investimentos a toda a comuni
dade. Por outro lado, a medida apresentará duas grandes van
tagens diretas para as empresas responsáveis pelos empreen
dimentos:
. tornará desnecessária a manutenção de uma unidade admi
nistrativa especialmente para gerenciar vilas e aloja
mentos, liderando-as para que se dediquem unicamente
aos objetivos para os quais foram de fato criadas;
. evitará problemas futuros, decorrentes da transferên
cia ao Município da responsabilidade de prestar servi
ços nos núcleos urbanos por elas criados. Tais proble
mas são comuns quando a população passa de um regime
de atendimento quase paternalista para outro, em que
é indispensável a colaboração sob a forma de inpostos,
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIllfO IRISILEIRI IE IIMIIISIIICll MIIICIPIL
33
taxas e contribuições de melhoria.
Para substituir os atuais benefícios concedidos
ao pessoal empregado nesses empreendimentos, ta^s como con
servação das casas, aluguéis e serviços por preços simbóli_
cos, poderia ser concedida uma ajuda de custo, que contrjL
buiria certamente para incrementar a economia local.
• Participar da solução dos problem-s habitacio
nais do Município
Esse tipo de problema tende a se agravar com o
início das obras de Angra II e III, em decorrência da atra
ção de novos migrantes para o Município, bem como pelo fato
de muitos operários contratados para a construção da primei_
ra Usina Nuclear estarem constituindo família, abandonando
os alojamentos próprios e sediando-se definitivamente nas
áreas mais carentes da cidade, de forma desordenada.
A ajuda das entidades participantes do programa
nuclear, neste caso, pode ser direta, através da constitui^
ção de uma Cooperativa Habitacional, com a participação dos
Municípios afetados, como o de Angra dos Reis e Parati, ede
outras instituições interessadas como talvez a PETROBRAs e
a Verolme.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmifB HftSllEIRI IE IBHIIISTRICU M1ICIMI
34
Também pode ser útil uma ajuda indireta, que
consiste em facilitar o acesso do Município a programas f£
derais de habitação popular e interesse social, dentre os
quais se destacam os seguintes, patrocinados pelo Banco Na
cional de Habitação:
- Financiamento da Construção, Conclusão, Am
pliação ou Melhoria da Habitação de Interesse
Social - FICAM, destinado a famílias enquadra
das no Plano Nacional de Habitação Popular -
PLANHAP.
- Financiamento para Urbanização de Lotes Urba
nizados - PROFILURB, que objetiva conceder re
cursos para a aquisição e urbanização de áreas
loteadas ou não, de áreas ocupadas por aglome
rados de sub-habitações e para a compra de
lotes já urbanizados.
• Urbanizar e doar áreas ao Município
A exemplo do que vem. fazendo o Metrô do Rio de
Janeiro, FURNAS pode estudar a possibilidade de urbanizar e
doar ao Município, para uso comum de sua população, algumas
áreas utilizadas atualmente como canteiros de obras comple
mentares ã Usina (alojamentos, por exemplo). É o caso da
localizada na Vila do Frade que, segundo depoimentos de en
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISILEIII IE IIMIIISTIICll NIIICIPIl
3S
trevistados, esta causando transtornos aos moradores,
palmente em períodos de chuvas. Se aprovada, a medida sem
dúvida contribuirá para que o empreendimento conquiste a sim
patia da comunidade.
preferência ã mão-de-obra local
Os levantamentos de campo demonstraram que o
grande argumento favorável ã Usina entre os habitantes do
Município é o fato de propiciar empregos para a mão-de-obra
local. Recomenda-se, portanto, cuidado para que n£o se re
pitam incidentes como o narrado pelo Presidente do Sindica^
to dos Estivadores. Segundo ele, quando FURNAS desembarcou
material importado no Porto de Angra dos Reis, não empregou
os estivadores locais, preferindo recorrer apenas ao pessoal
de suas empreiteiras.
Diante das reclamações do Sindicato, baseadas na
legislação em vigor que obriga o emprego de profissionais do
ramo nesse tipo de trabalho, FURNAS tomou a decisão de pas
sar a utilizar o Porto do Rio de Janeiro. Essa medida vem
sendo considerada pela classe como lesiva a seus interesses
e ã economia do Município. Sugere-se, portanto, que o a£
sunto seja reexaminado e que, no futuro, dê-se preferência
ã mão-de-obra local.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIITI IIISIIEIII IE IMIIISIIICII MIICINl
36
• Aropliar as compras no comércio local
Apesar de ter contribuído, assim como os demais
empreendimentos, para a ampliação do comércio local e prin
cipalmente do relativo a material de construção, o fato é
que FURNAS adquire a maior parte dos bens e mercadorias de
que necessita fora do Município, uma vez que as quantidades
encomendadas extrapolam a capacidade de atendimento do co
mércio de Angra dos Reis.
Recomenda-se que a empresa procure articular-se
com os comerciantes sediados no Município, através, por exem
pio, da Associação Comercial, para estudar, em conjunto,for
mas de ampliar suas compras no mercado local.
MOD TOO4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismin insulin IE iiHiiisiiicii iiiiciru
IV - DIMENSÃO POLlTICO-INSTITUCIONAL
MOD 1004 IBAM - 30 ANO8 VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISILEIII IE IIHIIISTIICII MIIICIPIl
38
1 - SISTEMA FEDERATIVO BRASILEIRO - CONSIDERAÇÕES GERAIS
O sistema federativo brasileiro caracteriza-
se pela existência de entidades autônomas de governo pró
prio e competências privativas expressas na Constituição
Federal. Essas entidades representam os três níveis de go
verno existentes no Brasil: federal, estadual e muni
cipal.
As competências prive tivas da União estão
formalmente expressas no art. 89 da Constituição. Os Esta
dos-membros exercem funções que, explícita ou implicitamen
te, não lhes sejam vedadas pela Constituição, ou seja, é
de sua competência o que não o é de forma privativa da Un_i
ão ou do Município. Quanto a esse último, suas competên
cias privativas são enunciadas de forma genérica no artigo
15 da Constituição, item II, letra b, especificamente quan
to ã organização dos serviços públicos locais.
Além do elenco de competências privativas,exis_
tem as que são exercidas de forma concorrente pelas três
esferas governamentais: saúde, educação, assistência soci
ai, segurança pública e outras. No exercício dessas compe
tências está imülícita a idéia de subordinação da esfera
de governo menor à maior.
M0D '004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISIUIM IE IIIIIISTIICll •IIKiril
39
1 . 1 - 0 Município e suas Funções
O Município como entidade governamental do
sistema politico-administrativo brasileiro tem sua autono
mia definida pela Constituição em três princípios bás_i
cos:
- a eleição direta de Prefeitos, Vice-Pre
feitos e vereadores;
- a decretação dos tributos de sua competên
cia bem como a aplicação de suas rendas;
- a organização dos serviços públicos locais.
A Constituição estabelece, entretanto, algu
mas restrições ã autonomia municipal. A primeira delas re
fere-se aos Municípios das capitais, aos considerados em
lei estadual como estâncias hidrominerais e aos declarados
de interesse da segurança nacional, que não elegem os seus
Prefeitos. Estes são nomeados pelo Governador do Estado
com prévia aprovação da Assembléia Legislativa, nas duas
primeiras hipóteses, e do Presidente da República, na ocor
rência da terceira.
A segunda restrição diz respeito â autono
mia financeira. A decretação dos tributos municipais está
MOO -004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisriiiii iiisiiEiii K immsfiicii •incirii
40
sujeita a princípios contidos na Constituição, na Lei nV
5172/66 - Código Tributário Nacional, e em legislação pos
terior.
O Município tem, ainda, a obrigação de pu
blicar balancetes e de prestar contas da aplicação dos re
cursos provenientes de transferências federais. Ao Estado,
o Município deve observância ao que dispuser a lei estadu
ai quanto ã tomada de contas da sua administração.
A Constituição assegura ao Município autono
mia para organização do» serviços públicos locais. Esses
serviços são aqueles que a tradição, a doutrina e a juris;
prudência têm definido como tais. Na relação desses ser
viços incluem-se: limpeza pública; abertura, pavimentação
e conservação de vias; iluminação pública; construção de
parques e jardins; regulamentação do uso do solo urbano;
construção e administração de cemitérios; regulamentação
dos serviços funerários e outros que, juntamente com as
atividades de administração interna da Prefeitura e da Câ
mara, são competências privativas do Município. Sobre esse
elenco de funções cabe-lhe legislar, dispondo sobre sua
prestação e organização da forma que melhor lhe aprouver
ou julgar conveniente. Qualquer invasão da União ou do Es
tado no campo de competências privativas do Município con
figura-se como espúria. A lei municipal sobrepõe-se ã es
tadual e ~ federal nessa hipótese.
M°° '004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
nsrififi iiisiiEiii IE iimiisiiicâi mucirii
41
A Constituição Federal defere competência
para organizar o Município (não confundir com organização
da Prefeitura) ao Estado. Este o faz mediante a Lei Orgâ
nica dos Municípios . Normalmente consta dessa lei discri
minação das competências municipais. Essa discriminação ê
meramente didática e de efeitos práticos inconseqüentes,
uma vez que, como já observado, os serviços tradicionais
de competência exclusiva do Município estão consagrados pe
Ia doutrina e pela jurisprudência; os demais devem ser en
tendidos como mera enumeração por parte do Estado e o úni-
co resultado prático é aue se os Municípios se dispuserem
a prestar tais serviços, o Estado não lhes embaraçará a
ação ou duplicará esforços. Fica, entretanto, a critério
do Governo Municipal assumir ou não a prestação desses servi
ços.
As leis de organização municipal, embora va
riem em alguns pontos, apresentam grande semelhança entre
si no que diz respeito ã definição de funções e serviços
de competência do Município. No Estado do Rio de Janeiro,
a Lei Orgânica dos Municípios - Lei Complementar n9 1 de
17/12/75 - enumera exaustivamente, nos artigo 35 e 36, as
competências privativas e concorrentes qu ; compõem o elen
co de funções que cabe aos governos locais desempenhar.
• - A única exceção é o Estado do Rio Grande do Sul, onde cada Município edita sua própria Lei Orgânica.
M001004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIflTO IIISILEIII IE MMIIISTIICll MIIICIPIl
42
Além das limitações constitucionais citadas,
os Municípios brasileiros sofrem, ainda, de outras que têm
se configurado como crônicas para o atual sistema de repar
tição de competências. Essas limitações são de ordem f_i
nanceira que, na maioria das vezes, torna os Municípios in
capacitados e impotentes a exercer com eficiência e eficâ
cia as funções que lhes são próprias.
Esse fator restritivo assume maior importância
por ocorrer com a entidade governamental que mais próximo
dos cidadãos atua, posi;ão que a identifica como responsa
vel por prover os serviços e equipamentos públicos de in
teresse da comunidade. É ao Governo Municipal que,via-de-
regra, a população demonstra seus interesses e aspirações
e reclama o atendimento de suas necessidades e carên
cias.
2 - ANGRA DOS REIS, MUNICÍPIO DE INTERESSE DA SEGURANÇA NA
CIONAL
2.1 - A Autonomia Política dos Municípios
0 Município de Angra dos Reis foi declarado
Município de interesse da segurança nacional pelo Decreto-
lei n9672, de 03/07/69. Isso significa que perdeu parte
de sua autonomia, deixando de ter capacidade de eleger o
seu Prefeito.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
l lSmifl IIISIIEIM IE IHIIISTIICll illlCIPIl
43
A figura de Município de interesse da segu
rança nacional foi criada pela Constituição de 1967. E uma
versão revista e ampliada do princípio constante d<~ § 29
do art. 28 da Constituição de 1946,nue preceituava:
"Art. 28 - A autonomia dos Municípios será
assegurada:
I -
II-
§ 19 -
§ 29 - Serão nomeados pelos Governadores dos
Estados ou dos territórios os Prefeitos dos
Municípios que a lei federal, mediante pare
cer do Conselho de Segurança Nacional, decla
rar bases ou postos militares de excepcional
importância para a defesa externa do Dais.'H
Na Constituição de 196 7 a matéria foi posta
nos seguintes termos:
"Art.16- A autonomia municipal será assegura
da:
I -
II-
§ 19 - Serão nomeados pelo Governador, com
prévia aprovação:
a)
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISILEIM K IMHIISriUU NWCIPll
44
b) do Presidente da República, os Prefeitos
dos Municípios declarados de interesse da
segurança nacional, por lei de iniciativa
do Poder Executivo."
A Emenda Constitucional n9 1, promulgada em
17 de outubro de 1969, manteve a redação da Carta de 1967;
apenas iudou o número do artigo, que passou a ser o 15.
2.2 - Explicando a Perda da Autonomia Política
Muito se tem especulado sobre a perda de au
tonomia política de Municípios apôs a promulgação da Con£
tituição de 1967. O dispositivo constitucional que £acul
ta a declaração de Municípios de interesse da segurança na
cional foi regulamentado pela Lei n9 5449/68, posteriormen
te modificada pelo Decreto-lei n9560/69. Há que se regis
trar, ainda, o Decreto-lei n9 1866/81 que faculta ao Presi_
dente da República a designação de Prefeito pro tempore st*
a nomeação do respectivo titular. Este último foi regu
lamentado pelo Decreto n9 85952/81. A Lei n9 5449, além
de regulamentar o disposto na letra b, § 19, ao art. 16 da
Constituição de 1967, enumera como de interesse da seguran
ça nacional 68 Municípios em 10 Estados da Federação .
2- Os Estados que tiveram Municípios considerados de interesse da se
çurança nacional pela Lei 5449/68 foram: Acre-5; Amazonas-9;Bobiíi- 2; Mato Grosso-10; Pará-3; Paraná-10; Rio Grande do Sul-21;Riode Janeiro-1; Santa Catarina-5 e São Paulo-2.
MOO too* I B A M - 3 0 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
BRASILEIRO DE IDMIIISTRIClO M H I C i r i l
45
A grande maioria desses Municípios está situ
ada em faixa de fronteira, com exceção dos de Paulo Afonso
e São Francisco do Conde, na Bahia; Duque de Caxias, no E£
tado do Rio de Janeiro; Cubatão e São Sebastião, em São
Paulo. Observe-se que a declaração desses Municípios como
de interesse da segurança nacional não se baseou em atos
de exceção, decorrendo de lei regularmente votada pelo Con
gresso Nacional com fulcro na Constituição .
Editado o Ato Institucional n9 5, em 13 de
dezembro de 1968, posteriormente incorporado à Constitui^
ção pela Emenda n9 1, de 17/10/69, as declarações de inte
resse da sp^v^ança nacional passaram a ser efetuadas median
te., decretos-lei.-, por conseguinte t sem a participação do
Congresso. Por esse meio, 17 Municípios, dentre os quais
Angra dos Reis e Volta Redonda, no Estado do Rio de Jane_i4
ro, foram acrescidos dos 68 constantes da Lei n9 5449 .
Como o assunto não foi discutido no Congres-
so, os motivos da declaração desses 17 Municípios como de
interesse da segurança nacional só podem ser conhecidos se
consultados os respectivos processos, arquivados na Secre
- 0 mesmo não sucede com os Municípios de Santos, em São Paulo, ede Santarém, no Pará, decretados de interesse da Segurança Nacio-nal em 12 de setembro de 1969, respectivamente pelos Decretos -leis n9s 865 e 866, cujo fundamento é o ar t . 19 do AI-12, oombi
. nado com § 19 do art . 29 do AI-5.- Nessa situação se incluem: Angra dos Reis, Ladãrio, Paulínia,
Castilho, Três Lagoas, Itaituba, Santa Helena, Volta Redonda,Lauro Freitas, Candeias, Simões Filho, Camaçari, Guaraciaba, Ta-racá, Anápolis, Santos e Santarém.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIOIO BRISIIEIRO DE IDMIIISTMCll MIIICIPIL
46
taria de Conselho de Segurança Nacional. Em alguns casos,
pode-se presumir o motivo, como por exemplo: em Ladário,
Mato Grosso do Sul, existe importante base da Marinha de
Guerra; fcm Lauro Freitas, Candeias, Simões Filho e Camaça
ri, no Recôncavo Baiano, instala-se o polo petroquímico;
em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, na divisa com São Pau
Io, localiza-se a represa de Urubupungá.
Em outros casos, as razões que poderiam ser
alegadas parecem ainda mais tênues. Volta Redonda, por
exemplo^ se distingue por abrigar em seu território a Compa
nhia Siderúrgica Nacional. Mas os Municípios onde se loca
lizam a USIMINAS, a Belgo-Mineira e outras usinas siderúr
gicas não são considerados de interesse da segurança nacio-
nal. Afigura-se válido concluir que, em alguns casos, co
mo no de Santos, em São Paulo, e Santarém, no Pará, os mo
tivos foram,em essência,oolíticos.
Por que motivos, então, Angra dos Reis foi
declarado de interesse da segurança nacional? Terá sido
por esquecimento ou "cochilo" das autoridades que elabora
ram a Lei n9 5449/68?
Em recente entrevista o Ministro da Mari
nha, Almirante Maximiano da Fonseca, manifestando-se sobre
a concessão de autonomia política para Angra dos Reis, de
clarou que, a princípio, a usina nuclear, o porto de Angra
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIITITO SMSILEIM IE IIMIIISTRICftl MIIICIPIl
47
dos Reis e o Colégio Naval não recomendariam a exclusão do
Município da relação dos pertencentes à área de segurança
nacional. Esses declarações foram feitas quando da soleni^
dade de formatura de cadetes em Angra .
São dignas de registro, também, as declarai
ções prestadas pela mesma autoridade, quando das festivida
des de comemoração do 309 aniversário do Colégio Naval, em
agosto de 1981;
"Não sei se Angra deixou ou não de ser área
de segurança nacional e nem por que foi eri
quadrada (O repórter da TV Globo
perguntou se a razão foi a Central Nuclear)
"Você lembrou bem" - continuou o Ministro -
"as usinas de são importantes para
a segurança nacional, mas não sei se foi
por isso. Acho que alguns Municípios pode
rão sai r e outros deverão continuar como
áreas de segurança nacional"
Além das declarações do Ministro da Marinha,
o Jornal Maré, na mesma edição, publica artigo com o seguin
te t í t u lo : "Arcuida: Angra deve continuar área de segurança1.'
- MINISTRO da Marinna acha desvantaioso para Angra deixar áreas desegurança. Jomal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 de dezembro, 1981.
- ARAUDA: Angra deve continuar área de segurança. Maré, Angra dosReis, n9 29, 20 de agosto, 1981, p. 5. Este é o único jornal queé editado no Município.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
II5NÍÍI0 IRISIUIRI IE lOMIUSMIÇAl MHICIfll
47
" Se depender da opinião do Almirante José
Calvente Aranda, Diretor de Pessoal e Secre
tário Geral da Marinha, Angra dos Reis não
vai eleger seu prefeito nas eleições de
1982 quando quase todo o país escolherá seus
vereadores, prefeitos, deputados fede
rais e estaduais, senadores e governadores
de estado, segundo o compromisso assumido
pelo Presidente João Figueiredo dentro do
processo de abertura política.
O Almirante Aranda, ex-diretor do Colégio
Naval, que marcou sua passagem em Angra dos
Reis e foi o artífice principal do enquadra
mento do Município entre os considerados
áreas de segurança nacional,acredita que os
motivos que o levaram a propor a perda de
autonomia política permanecem. Suas decla
rações foram feitas durante as festividades
de 30 anos de fundação do Colégio Naval, no
último sábado, quando relacionou entre ra
zões dessa Segurança, que, basicamente, im
pedem a eleição do prefeito da cidade, o
próprio Colégio Naval, o porto e a situação
geoestrategica.
Esses três pontos levantados nos anos de
M ° D 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisnmi iiisiiEiii K iBMiiisrucii muciru
46
1967 e 1968, quando fez a proposta(posterior
nente aprovada), foram acrescidos de ou
tros dois importantes, segundo Aranda: a Cen7
trai Nuclear e o TEBIG. Portanto ha moti^
vos de sobra, ainda na opinião do ex-diretor
do Colégio Naval, para que Angra fique sem
escolher o seu prefeito."
Da declaração do Almirante Aranda depreende-
se que, na época, 1969, nem a usina nuclear, ne.n o termi^
nal da PETROBRÃS constituíram motivos para a inclusão de
Angra dos Reis entre os Municípios de inceresse da segurari
ça nacional.
Com respeito aos motivos alegados, algumas
observações podem ser feitas. O Colégio Naval não parece
razão suficiente. Se fosse, Resende, no Estado do Rio de
Janeiro, onde se encontra a Academia Militar das Agulhas
NegraseBarbacena, em Minas Gerais e Pirassununga, em São
Paulo, onde existem estabelecimentos de formação de oficiais
da Força Aérea também não estariam gozando de autonomia
plena.
0 argumento de que o porto teria sido um dos
motivos também carece de fundamento. Itajaí, em Santa Ca
- TEBIG: Terminal de Petróleo, pertencente à PETPOBRAS, localizadona Baía da Ilha Grande.
MOD 1004IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiTi iMsutiii if iiHiiisfiicu iincirii
49
tarina, tal como Angra, tem porto de grande movimento e e£
tá fora da relação de Municípios que não elegem o seu Pre
feito. O mesmo pode-se dizer com respeito a Paranaguá, no
Paraná.
E o caso de Santos? Pode-se argumentar que é
Município de segurança nacional porque possui o mais impo£
tante porto do país. Então poder-se-ia perguntar por que a
limitação da autonomia política de Angra dos Reis precedeu
a de Santos? Aquela ocorreu em julho e esta em setembro de
1969.
A sucessão política da Prefeitura de Santos
leva a acreditar que o porto nada tem a ver com a supres_
são de sua autonomia política.
Em 15 de novembro de 1968, foram realizadas
eleições municipais em São Paulo. Elegeu-se Prefeito de
Santos, pela legenda do Movimento Democrático Brasileiro,
Esmeraldo Tarquínio de Campos Filho, que tomaria posse em
14 de maio de 1969. No interregno - eleição e posse- foi e
ditado o Ato Institucional n9 5, em 13 de dezembro de 1968,
e em 14 de abril de 1969, um mês antes da posse, o Prefei^
to eleito teve os seus direitos políticos cassados. Em 15
de maio de 1968, com base no AI-5, foi decretada interven
ção federal em Santos, sendo nomeado interventor o General
Clóvis Bandeira Brasil.
MOD -004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISMIll IIISIIEIII IE IIMIIISTIICII 1IIICIPU
50
Santos foi declarado Município de interesse
da segurança nacional pelo Decreto-lei n9 865/69, um ano e
três meses apôs a aprovação da Lei n9 5449/68. Fosse a
existência de um porto variável significativa para a def_i
nição de um Município como de interesse da segurança nacio
nal, dificilmente Santos teria escapado à inclusão no gru
po previsto pela Lei 5449. Os fatos políticos que tocaram
o pais no final de 1868 e a vitória oposicionista na segun
da maior cidade de São Paulo parecer: constituir explica
ções mais plausíveis que a existência do porto para a su
pressão da autonomia política de Santos. Se a existência
do porto não explica o caso de Santos, tampouco se aplica
ao de Angra dos Reis.
A situação geoestratégica do Município tam
béin parece pouco convincente. O Brasil tem um extenso 1^
toral e não consta que todos os Municípios sejam considera
dos de interesse da segurança nacional.
2.3 - Uma Versão mais Convincente
7- verdade sobre os fatos que motivaram a in
clusão do Município de Angra dos Reis entre os de interes_
se da segurança nacional talvez só venha a ser conhecida
quando o Conselho de Segurança Nacional trouxer a público
o processo em que se baseou a decisão. As declarações dos
Almirantes Maximiano da Fonseca e José Calvente Aranda susci
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSmill IIISILflll IE IIMIIISTIICll MIIICiriL
51
tarn dúvidas sobre as causas da perda de autonomia política
por Angra dos Reis. A cronologia e a análise dos fatos
tornam os motivos alegados ainda mais obscuros.
Contatos mantidos com a classe política e em
presarial de Angra dos Reis revelaram uma outra versão. Pa
ra compreendê-la, um recuo no tempo torna-se necessário.
Em 1958 foi eleito prefeito de Angra dos
Reis, pela então União Democrática Nacional, Jorge Paulo
Wishart, e vice-prefeito, Heitor Chagas da Rocha. O pri
meiro era proprietário e gozava do conceito de homem bom,
e de grande honestidade. Como administrador, deixava a de
sejar, segundo opiniões locais. Rocha, já falecido era
Fiscal de Rendas do Estado, e considerado administrador d_i
nâmico e eficaz. Imputavam-lhe, entretanto, certa liberei
lidade quanto ã administração financeira do Município e de
promover registros ilegais de terrenos no cartório do 29
ofício de Angra dos Reis, onde sua esposa é titular.
Em I960, Wishart, convidado da Verolme do
Brasil, visitou a Holanda. Rocha assumiu por 40 dias a
chefia do Executivo. Durante esse período, realizou uma
série de pequenas obras nos morros da cidade, tais como a
construção de escadas, redes de águas pluviais, a coloca
ção de bancos nas praças, que por indecisão de Wishart não
haviam sido realizadas. O tempo foi curto, mas suficiente
MOD 1004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSmifl IIISIIEIII IE IIIIIISIIICll MIICIPIl
52
para que Rocha criasse em seu redor uma aura de bom admi
nistrador, sucedendo Wishart no período de 1963-1967, pela
legenda do Partido Social Progressista, pois havia rompido
politicamente com Wishart.
Wishart, como candidato da ARENA, novamente
elegeu-se prefeito, governando o Município de 1967 a 1971.
Foi o último Prefeito eleito de Angra dos Reis. No início
de seu segundo mandato foi promulgr.da a Constituição de
1967 e editado o Ato Institucional n9 5.
Na ocasião, denúncias de corrupção e de sub
versão começaram a ser apuradas pelo Colégio Naval e, em
conseqüência, Rocha ficou detido durante 33 dias. Ao que
parece nada se apurou que o incriminasse, pois não teve os
seus direitos políticos cassados, penalidade aplicável na
época. Assim como Rocha, outras pessoas foram chamadas a
prestar depoimentos no Colégio Naval. Nessas circunstân
cias, segundo informações colhidas através de entrevistas,
um grupo integrado por João Luís Gibrail Rocha, Jair Nata
lino Travassos, Orlando Gonçalves (já falecido) e liderado
por Luís Elias Miguel, então ©residente da Associação Co
mercial, teria solicitado ao Diretor do Colégio Naval, Ca
pitão de Mar e Guerra José Calvente Aranda, a inclusão do
Município entre os de interesse da segurança nacional. É
opinião corrente na cidade que esse grupo jamais chegaria
ã Prefeitura pelo voto.
MOO too4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IMITIU IllSllflll IE IlilllSTIICll IIIKIPII
53
A argumentação junto ao Diretor do Colégio
Naval se baseava no fato de que Angra dos Reis iria ser
objeto de grandes investimentos e que não poderia continu
ar nas mãos da classe política dominante. Necessitava de
um administrador capaz e honesto. Wishart preenchia uma
dessas condições, era honesto.
Rocha aanhara outra aura, a de mártir e de
injustiçado, como reparação aos 33 dias de detenção e, ain
da mais, nada fora apurado que o comprometesse. Todos e£
ses acontecimentos reforçavam a tese de que ele seria um
candidato imbatlvel numa eleição.
Wishart apoiou o movimento pela inclusão do
Município entre os de interesse da segurança nacional. Al_i
mentava esperanças de continuar Prefeito após o término do
seu mandato. Após a edição do Decreto-lei 672/69, no en
tanto, percebeu que os políticos locais não teriam vez.
Num golpe de político experiente, convidou o Almirante Ja
ir Carneiro Toscano de Brito para a presidência do Mobral
de Angra dos Reis. Este foi o primeiro Prefeito nomeado
no Município.
Como se pode depreender desta versão, a idéia
não foi gerada e desenvolvida no seio das Forças Armadas
ou do Conselho de Segurança Nacional. Havia, isto sim,
clima político-institucional que lhe era propício. 0 país
MOO ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISMIII IIISILEIII IE IIMIIISIUCII MIIICIPIL
54
se encontrava em regime de exceção.
Deve-se atentar também para o fato que,
na época, qualquer questiuncula local acabava sendo levada
ao Colégio Naval, e seu Diretor funcionava como árbitro
dos políticos e empresários locais. Talvez o hoje Almiran
te José Calvente Aranda tenha visto na solicitação que lhe
foi apresentada, um meio de se ter um Prefeito capaz de so
lucionar os problemas locais que fugiam de sua alçada. Sua
interveniência em assuntos do Município poderia estar com
prometendo o seu trabalho como Diretor do Colégio Naval.
A decisão de incluir Angra dos Reis entre os
Municípios de interesse da segurança nacional parece ter
sido bem aceita pelos políticos locais. Se assim não fos
se, não haveria como justificar a apresentação na sessão
da Câmara Municipal do dia 0 3/0 7/69 - data da edição do De
creto-lei n9 672, que declarou o Município de interesse da
segurança nacional - os seguintes projetos:
09/69 - Concedendo título de cidadão angren
se ao Capitão de Mar e Guerra José Calvente
Aranda. Autor: Vereador Valter Maia.
10/69 - Concedendo título de cidadãos angren
ses ao Capitão de Mar e Guerra José Calvente
Aranda, ao Coronel Mário David Andreazza e
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIIIO BRASILEIRO IE l i m i l S T I I C l l MIIICIPIL
55
ao Governador Jeremias de Matos Pontes. Au
tor:: Vereador Carlos Alberto Gibrail Rocha.
12/69 - Concedendo título de cidadão angren
se ao Capitão de Mar e Guerra José Calvente
Aranda. Autor: Executivo Municipal.
O Vereador Carlos Alberto Gibrail Rocha, ao
tomar conhecimento da mensagem do Executivo Municipal, so
licitou a retirada de seu projeto. O Presidente da Câmara,
Léo Correia e Silva, solicitou ao Vereador que não retiras^
se o referido projeto, e sim que o juntasse ã mensagem do
8 -
Executivo Municipal. O Parecer n9 32/69 da Comissão de
Justiça da Câmara, favorável ã mensagem 12/69 do Executivo
Municipal, foi aprovado por unanimidade em primeira discus^- 9
sao na sessão realizada no dia 24/07/69.
2.4 - Implicação da Perda de Autonomia Política
0 primeiro Prefeito nomeado de Angra dos
Reis, Almirante Toscano de Brito, tomou posse em 19/0 3/71.
Com a fusão do antigo Estado do Rio de Janeiro e do Estado
da Guanabara, promovida pela Lei Complementar n920/75, foi
confirmado no cargo pelo Almirante Faria Lima, nomeado Go
o- Ata da 3a. Reunião, 2a. Sessão Ordinária, realizada em 3/7/69; Livro n<? 29, pág. 166.
- Ata da 15a. Reunião, 2a. Sessão Ordinária, realizada em 24/7/69;Livro 29, pág. 187 v.
MOD 004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISIIEIII IE IIIIIISTIICll IIIICIPIl
56
vernador do novo Estado.
O Almirante Toscano governou até 30 de abril
de 1979 e foi sucedido pelo Almirante Ellis Bauzer, que go
vernou até junho de 1980. Sua substituição foi motivada
por uma campanha de opinião pública liderada pela Associa
ção Comercial. Era acusado de não viver o dia-a-dia do Nu
nicíp{o, onde permanecia apenas dois ou três dias por sema
na, e de não ser bom administrador.
O Almirante Ellis Bauzer foi substituido pe
Io Capitão de Mar e Guerra, Roberto Carlos Valle Ferreira,
que governou o Município até setembro de 1981, quando soljl
citou exoneração. Seu período de governo, no início, foi
marcado por uma grande euforia que logo se desvaneceu. Foi
alvo de intensa campanha, sendo acusado de megalomaníaco,
perdulário e de realizar contratações e nomeações além das
necessidades do Município, inclusive de pessoas estranhas ã
comunidade angrense, para postos importantes.
Era visto pelas lideranças locais como homem
do então Partido Popular,ao qual também pertencia o Govern^
dor do Estado. Não é de estranhar, pois, que o seu período
de governo tenha sido politicamente tumultuado, porque de
um total de 13 vereadores, a bancada do Partido Popular era
10 - BAUZBR: Angra derruba um prefeito. Maré, Angra dos Reic, n9 1,10 de outubro, 1980. p.7.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismin nisiiiiN if awiiisrucli MMCIMI
57
composta de três vereadores, e a do Partido Democrático So
dal, de dez. Havia interesses políticos locais e regio
nais na substituição do Prefeito Valle Ferreira, ao contra
rio da substituição de Bauzer, cuja motivação político-par
tidâria foi nula.
Em substituição ao Comandante Valle Ferreira,
foi nomeado novamente o Almirante Toscano de Brito. Algu
mas lideranças locais - políticas, empresariais e intelec
tuais - fazem certas restrições ao estilo de aemínistração
do Almirante Toscano. Acusam-no de ser um administrador au
to-suficiente, impermeável ao diálogo cota os políticos, e
que tem como característica administrativa a parcimônia
nos gastos da Prefeitura. Em outras palavras, ignora as
sugestões e indicações da Câmara, entesoura os recursos mu
nicipaís e não realiza as obras de que o Município necessi_
ta e tampouco se utiliza de seu prestígio pessoal junto ao
Governo do Estado e ao Governo Federal para reivindicar re
cursos à realização de obras. £ visto como proconsul do
Governo Federal, representando-o no Município. Nesta qua
1idade é-lhe defeso reivindicar. Em maior ou menor grau,
os demais Prefeitos nomeados são percebidos desta mesma
forma.
2.5 - Desejo de Reconquista da Autonomia Política
A classe empresarial, as lideranças nolíti_
"°° '°°* IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITÜTO BRiSILEIRO DE IDMIlISTRICâO M I I C I M l
58
cas e os intelectuais locais estão desencantados com o de
sempenho administrativo dos Prefeitos nomeados, segundo se
depreende dos contatos mantidos. 0 país respira novos ares
em conseqüência do processo de abertura política. É
natural, então, que surjam movimentos reivindicatórios pci
ra o restabelecimento da autonomia política dos Municípios
considerados de interesse de segurança nacional. Em Angra
dos Reis esse movimento já foi iniciado e dele particinam
a classe empresarial, os profissionais liberais, os intelec
tuais e, naturalmente, os políticos locais e do Estado.
0 movimento denomina-se "Anistia para Angra1.1
Ê apoiado pelo Maré, jornal local, de circulação semanal.
A campanha tem um logotipo idealizado pelo cartunista Zi
raldo que impresso em forma de adesivo encontra-se colado
nos vidros dos automóveis dos adeptos da campanha.
As informações coletadas sugerem que a cons_
trução da usina nuclear não se constituiu, como se pode
pensar ã primeira vista,em elemento decisivo na inclusão
de Angra dos Reis entre os Municípios de interesse da se
gurança nacional. As lideranças locais têm consciência
clara do fato. Com o processo de abertura política, não
será surpresa se o Governo federal achar por bem devolver
a autonomia plena aos Municípios, hoje considerados de in
teresse da segurança nacional, num processo de valorização
das lideranças políticas municipais.
M 0 D '00" IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIITO IRISilEIM IE IOMIIISTRICII MIIICIPIL
Atente-se, entretanto, para a entrevista do
Almirante Aranda, referida no inicio deste item em que
•aponta a usina nuclear e o terminal petrolífero da PETRO
BRAS como motivos suficientes para a manutenção do Municá
pio no status atual. 0 desejo de volta ã autonomia plena
é forte entre as lideranças. Chega-se ao ponto de ver pre
ferida a perda do território â manutenção da condição de
Município de interesse da segurança nacional. Nesse senti
do adeptos da campanha "Anistia para Angra" sugerem que o
Distrito de Cunhambebe seja transformado em território fe
deral, caso a usina nuclear seja alegada como motivo para
que o Município seja mantido em regime de autonomia limita
da.
3 - ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - ESTRUTURAS E FUNÇÕES
Até recentemente o desenvolvimento econômico
de Angra dos Reis foi determinado pelo mar, quer como fori
te de exploração, quer como entreposto de escoamento ou re
cepção de produtos de outros Municípios da região. A pess
ca se constitui numa prática de longa tradição no Municú
pio, e as atividades portuárias chegaram a determinar a ca
racterística da cidade, fomentando seu crescimento e motí
v^ndo o surgimento de uma estrutura de comércio de apoio
âs suas atividades.
Embora o isolamento em que viveu Angra dos
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITITO BRASILEIRO DE IDMIlISTRIÇll M I I C I N l
60
Reis possa sugerir que a presença do Governo na área fosse
marcada pelas instituições municipais, tal fato não ocor
reu. Somente hoje a presença do Governo municipal se faz
mais visível que a das outras esferas governamentais no
que diz respeito à prestação de serviços ã Dopulação, com
forme se verá ao longo deste trabalho.
A análise do desempenho do governo local de_
monstra que a Prefeitura não se tem voltado para atividíi
des de promoção direta do desenvolvimento econômico da co
munidade. O esforço da administração municipal tem sido
orientado essencialmente para a prestação de serviços e a
realização de pequenas obras públicas de interesse local
que não consegue executar integralmente,como todo Municí^
pio brasileiro
Enquanto o desenvolvimento do Município foi
decorrência quase natural do incremento dos negócios Io
cais, gerado em função de iniciativas da comunidade, o com
portamento quase de omissão do poder público local pouco
alterava o quadro constituído durante esses mais de 400
anos. A presença mais evidente de uma unidade de governo
nesse período parece ter sido patrocinada pelo Estado nos
setores de educação, saúde e assistência social, abaste
cimento de água e na ligação do continente às ilhas que in
- Ver INSTITUTO BRASILEIRO CE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL - ServiçosUrbanos - Estudo Comparativo de Municípios Brasileiros. Rio deJaneiro,1974. 112 p.
MOD too4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIHTO BRASILEIRO DE UMIlISTRICll M I IC INL
61
tegram o território municipal.
Seria de esperar que a instalação da Verolme
Estaleiros Reunidos do Brasil, em 1959, dada a irrmortância
do empreendimento, viesse a ter impacto sobre a Administra
ção municipal. 0 estaleiro expandiu sobremaneira o merca
do de trabalho local e atraiu mão-de-obra qualificada com
padrões distintos dos locais, o que poderia ter elevado os
níveis de exigência da comunidade quanto a padrões de ser
viço público. Além disso, significou a presença de uma or
ganizaçao moderna no Município que poderia, via efeito-de
monstração, ter inspirado os administradores municipais
quanto ao desempenho de suas funções.
Ao contrário, os problemas antigos de falta
d'água, sistema de esgoto precário e insuficiente, ilumina
ção publica deficiente, rede de ensino e equipamentos de
saúde inadequados ã demanda, entre outros, persistiram e
até mesmo se agravaram diante do crescimento populacional
por que passou o Município e, em especial, o distrito de
Jacuecanga, nos anos 60.
Na Administração municipal não se registra,
ram maiores esforços no sentido de aumentar sua capacidade
para atender ãs novas demandas. Em 1970, o quadro de pe£
soai da Prefeitura quanto âs proporções e â composição di_
zia da simplicidade dos serviços municipais e de sua pouca
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISrillTB IMSIIEIM IE lOMIIISTRlCll MIIICIPIl
62
capacidade para atender às necessidades das 40.803 pessoas
que habitavam o Município; eram pouco mais de 100 os funcio
nários,. sendo que nenhum com formação superior.
É verdade que a presença da Verolme não re
presentou reforço significativo e imediato às finanças Io
cais, uma vez que ê isenta do Imposto de Circulação de Me£
cadorias - ICK. Também, ao que parece, o Governo munici
pai ignorou durante anos o empreendimento, pois somente em
1968 tomou a iniciativa de construir estrada integrando o
distrito de Jacuecanga, onde se encontra o estaleiro, â se
de municipal. Até então, essa ligação era feita pelo mar.
A partir de 1969 o Município assistiu a vá
rios outros eventos que, em pouco mais de três anos, alte_
raram radicalmente a realidade político-institucional e in
fluíram em sua economia. Em julho daquele ano,o Município
12foi declarado de interesse da segurança nacional . Em
1970 iniciou-se a construção da Usina Nuclear e, em 1972,a
da BR-101. Um pouco mais tarde, em 1976, coincidindo com
a inauguração da estrada, foi instalado um terminal maríti^
mo da PETROBRÁS.
Era certo que tais investimentos cicarretaríam
transformações no Município. Assim, formaram-se núcleos
habitacionais em condições precárias e cresceu a deman
12~ Ver seção 2 - Angra dos Reis, Município de interesse de Segurança
Nacional.
von tnn4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiii iiisiLEin IE iiiinsfiicii iincirii
63
da pelos serviços e equipamentos urbanos jâ escassos e ina
dequados.
A racionalidade administrativa diz que a re£
lização dos empreendimentos e suas conseqüências deveriam
ter sido objeto de estudos detalhados, por parte do poder
público local, de forma a, dentre outras coisas, orientar
e disciplinar a localização da população em seu território;
prover os serviços e equipamentos públicos necessários ao
bem-estar da comunidade-; fornecer dados que subsidiassem e
reforçassem a articulação com as demais esferas de governo,
objetivando obter assistência técnica e financeira de apoio
as suas ações; e formular propostas concretas nos cairoos
sõcio-econômico e físico-urbanístico.
A administração municipal de Angra, a exem
pio de outras, não foi capaz de dar respostas â altura dos
novos desafios. Não se registram ainda iniciativas, por
parte das instituições que investiram no Município, no sen
tido de ajudarem a administração local a suplantar suas li
mitações.
Os fatos analisados sugerem que o comporta
mento tanto do Governo municiDal como dos resoonsaveis pe
los emoreendimentos, em qualquer fase, foi tíoico de siste
mas fechados, que se mantêm sem qualquer articulação com o
meio em que atuam ou exercem influência.
u00,004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII IE IIHIIISTIICU illlCIPIL
64
Estudos efetuados não oferecem evidência de
que alterações ocorridas na estrutura administrativa da
Prefeitura, no seu funcionamento interno, na composição
do seu quadro de pessoal ou na prestação de novos servi
ços públicos sejam decorrências das mudanças que vêm acon
tecendo no Município nas duas ultimas décadas.
Diagnósticos anteriores, confirmando acha
dos deste estudo, revelam que as autoridades municipais
têm se mantido â distância dos empreendimentos realizados
no Município. Em nenhum momento se empenharam em pesqui
sar suas conseqüências e passar a ações práticas no senti
do de resolver os problemas deles decorrentes.
Para as autoridades municipais a construção
da Central Nuclear constituiu apenas mais uma obra de
grande porte, dentre outras, não merecendo, como as de
mais, qualquer estudo ou planejamento especial. Essa cons
tatação não significa que hoje o Prefeito não sinta ne
cessidade de fazer algo para solucionar problemas decor
rentes dos empreendimentos e para atender ã demanda de
MOO '004
- TERMDS CE REFERÊNCIA PARA 0 PLANO CE AÇ&> INEDIATA DO MUNICÍPIOCE ANGRA DOS REIS. Serviço Federal de Habitação e Urbanismo -SERFHAU. Rio de J a n e i r o . 1971. 116p. DIAGNOSTICO DO MUNICÍPIOCE ANGRA DOS REIS. I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de Administração Muni eipal-IBAM. Documento elaborado por alunos do Curso de Engenhariade Serviços Urbanos. Rio de J a n e i r o . 1976. Não e d i t a d o . Sem paginação. ESTUDOS PARA O PLANEJAMENTO MUNICIPAL. Fundação I n s t it u t o para o Desenvolvimento Econômico e Socia l do Estado do Riode Janeiro-FIDERJ. 1971. 73p. PLANO DE DESENN/OLVIMENTO FÍSICD-TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS. S e c r e t a r i a de Planejamento e Coordenação Geral do Estado do Rio de Janeiro-SECPLAN.1978. 88p.
IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismua •iisiiEiii IE iimnsTiicii miiciru
65
serviços do grande contingente populacional que acorreu ao
Município em busca de trabalho. De alguns meses para cã,
a Administração municipal esta procedendo a estudos dos
núcleos habitacionais que surgiram nos anos 70. A inten
ção é buscar ajuda junto ao Governo federal para melhorar
as condições ali existentes.
A seguir procura-se historiar os movimentos
de reorganização administrativa desenvolvidos na Prefeitu-
ra, a evolução das funções municipais e as ações empreen
didas no sentido de dotar o Município dos serviços e equi
pamentos públicos.
3.1 - Estrutura Administrativa
Diagnóstico elaborado pelo SERFHAU, em 1971,
classifica a falta de estrutura administrativa como uma das
maiores deficiências da Prefeitura Municipal. Em sua anã
lise considera que "a estrutura administrativa vem se man
tendo a mesma há muito tempo, não tendo passado por nenhu
ma reestruturação nos últimos anos. Apesar do discreto
crescimento do Município, é possível constatar a incapaci-
dade dessa estrutura administrativa em acompanhar o incre
mento da demanda dos serviços e equipamentos dele de corre n
te.»14
1 4 SERFIIAU, op. c i t . p . 4 /2 .
VOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISiLEIII IE IIIIIISIIICII IIIICIPIL
66
Algum tempo apôs o estudo do SERFHAU (1973 e
1974) o IBAN desenvolveu uma reestruturação administrate
va na Prefeitura, organizando os serviços de administração
de pessoal, contabilidade, comunicações administrativas e
reformulando o sistema de administração tributária do Muni
cipio. Note-se que a organização administrativa anterior
ao trabalho do IBAM era rudimentar e inadequada.
Na ocasião, o IBAM desenvolveu pesquisas jun
to aos moradores do Município com o objetivo de identificar
necessidades de atendimento, bem como expectativas e opirvi
ões em relação aos serviços públicos prestados pela Prefe_i
tura. O objetivo era coletar subsídios para a elaboração de
propostas de trabalho do governo local. Era intenção que
a reforma administrativa não se limitasse a produzir efei_
tos internos, mas que contribuísse para melhorar a presta
ção dos serviços considerados prioritários pelos munícipes,
identificados nos levantamentos.
Com base nos dados coletados, uma das princi
pais inovações propostas pelo IBAM foi a criação de órgãos
de descentralização administrativa e desconcentração ter ri.
torial encarregados de representar <• Governo municipal nos
distritos. As administrações distritais foram concebidas,
IBAM. Convênio de Assessoria Técnica â Prefeitura de Angra dos Reis.1973.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIII IE IIHIIISTIICll MIICINl
67
principalmente, para executar ou fazer executar as delibera
ções, posturas e atos de acordo coro as instruções recebidas
do Prefeito; superintender ou fiscalizar a construção e con
servação de obras públicas e estradas municipais; arrecadar
os tributos e rendas dentro dos limites de sua jurisdição;
e executar os serviços públicos distritais. Sua criação ob
jetivava reforçar a presença do Governo junto aos moradores
mais distantes da sede municipal. Hoje, os responsáveis pe
Ias administrações exercem importante papel na fiscalização
de obras, limpeza pública, coleta de lixo e na realização
de pequenas obras públicas.
A assessoria do IBAM culminou com uma série
de cursos para os servidores municipais. Dentre eles, des
tacam-se os sobre fiscalização de rendas municipais e de
obras particulares, contabilidade, tributação e fundamentos
de administração municipal. Preparando-se os servidores mu
nicipais, esperava-se que os instrumentos deixados à dispo
sição da Administração fossem observados e implementados sem
descontinuidades. Contudo, isso não ocorreu.
A partir da época desse trabalho de reorga
nização administrativa o Município começou a receber maior
contingente de mão-de-obra de outras localidades para se
instalar nos canteiros de obra, morros e distritos distan
tes da sede municipal. Sua administração passou, também, a
dispor do instrumental necessário para influir nos a con te ei.
MOO '004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIITI IRISIIEIM IE IIMIIISTMCll MIIICIPIl
68
mentos, porém isso nem sempre foi feito, como se verifica a
seguir.
Em 1976, Angra foi escolhido como local para
estágio de campo dos alunos de um curso de nivel de pós-gra
duaçao ministrado pelo IBAM. Na ocasião foram desenvolvi-
dos novos diagnósticos sobre a administração municipal, ten
do-se concluído que a estrutura administrativa e outros ins
trumentos administrativos estavam subutilizados, provocando
sérios problemas quanto ã prestação de serviços.
Em 1978, a Administração municipal voltou a
ser analisada com o objetivo de se identificarem os proble
mas locais no que se refere a condições urbanísticas. Na
ocasião, atribuiu-se o desempenho da administração ã "postu
ra pragmática" do Prefeito, e não ã utilização de recu£
sos humanos capacitados, de técnicas ou instrumentos adequa
dos que permitissem sistematizar informações sobre as nece£
sidades e expectativas da comunidade, planejar ações e evi
tar imediatismos na solução dos problemas.
Oom a posse do terceiro Prefeito nomeado, em
1980, a Prefeitura passou por intensa alteração em sua ess
trutura e funcionamento interno. Tentou-se adotar métodos
sistêmicos de organização; alterou-se o status dos Departa
- SECPIAN. op. d t . p . 70.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IRISIIEIII IE IIMIIISIMCll MIIICIPIL
69
mentos para Secretarias; criaram-se uma Secretaria de Plane
jamento em substituição à Assessoria existente, mas inope
rante, e um Conselho Comunitário, com 4 8 membros represen
tando as mais diversas correntes de opinião da comunidade.
Com a substituição do Prefeito, um ano e
três meses após sua posse, não foi possível implantar com
pletamente a nova filosofia de trabalho, nem consolidar a
estrutura implantada. Mesmo que mais tempo houvesse, dada
a fragilidade do que se propunha realizar, poucos seriam os
benefícios no quadro geral do Município. Pessoas que parti
ciparam daquela gestão manifestaram, em entrevistas, que as
proposições técnicas do trabalho careciam de redução às con
dições reais do Município.
Hoje, com a volta do primeiro Prefeito nomea
do, têm sido despendidos esforços no sentido de fazer a Pre
feitura voltar ao que era em 1973. Percebe-se que é inten
ção da administração reduzir a estrutura e o quadro de pes
soai herdados da administração anterior.
0 atual Prefeito entendeu que a estrutura ad
ministrativa vigente, quando de sua posse, estava superdi.
mensionada. Enviou projeto de lei â Câmara Municipal, suge
rindo uma nova estrutura, menos complexa. A reformulação
implicou a extinção do Conselho Comunitário e da Secreta
ria de Planejamento e a desativação da Secretaria de Admi
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISIIEIII I! IIIIIISIIICll IIIICIPIl
70
nistração. Os órgãos integrantes desta última foram colo
cados sob supervisão do Chefe de Gabinete do Prefeito, rea
vivando, em certa medida, a proposta do IBAM de 1973. Naque
Ia época, o modelo se justificava; atualmente necessitaria
ajustes ã nova realidade do Município.
A análise da dinâmica administrativa da Pre
feitura, levada a efeito pelo IBAM durante o presente tra
balho, demonstrou falta de coordenação entre órgãos, aliada
â indefinição de competência decisória dos ocupantes de
cargos de primeiro escalão hierárquico, o que resulta em
centralização da tomada de decisões.
As freqüentes mudanças de Prefeito parecem
explicar as disfunções agora constatadas. Não seria exage
ro afirmar que o atual Prefeito tomou posse no cargo em SJL
tuação de emergência, encerrando uma crise política no Mu
nicípio. Nessas circunstâncias, não é de estranhar que as
decisões estejam concentradas em suas mãos.
Entre as autoridades municipais está ganhan
do corpo, neste momento, a idéia de se rever novamente a es
trutura administrativa da Prefeitura. 0 Prefeito manifes-
tou ã equipe do IBAM sua intenção nesse sentido.
Os acontecimentos das duas últimas décadas,
segundo se pôde apurar, não chegaram a tocar a estrutura e
MOO too* IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiti iiisiiiiii IE IMHIISIUCM imcirii
71
as praticas da Administração municipal de forma significa
tiva.
3.2 - Estrutura de Planejamento
Somente em 1973 a Prefeitura passou a dis
por, em sua estrutura organizacional, de um órgão de plane
jamento. Este foi concebido como Assessoria, com competên
cias amplas no campo do desenvolvimento físico-urbanístico.
Cabia-lhe promover todas as ações relativas ã elaboração,
execução e controle do Plano de Desenvolvimento Fisico-Ter
ritorial; fiscalizar o cumprimento das normas referentes
às construções particulares e ã estética urbana, aos zonea
mentos e loteamentos; promover a concessão de licenciamen
to e a fiscalizrção de obras particulares, dentre outras
atribuições.
A concepção dessa Assessoria, voltada prin
cipalmente para a área urbanística, justificava-se àquela
época, porque já se percebia a tendência ao agravamento de
problemas relativos a ocupação desordenada do solo urbano,
que mais tarde viria a se concretizar, trazendo sérias con
seqüências para a Administração municipal.
Não se tem registro de qualquer trabalho
mais sério desenvolvido pela Assessoria no campo da
disciplina da ocupação urbana ou em outro qualquer de
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIUTO BRASILEIRO DE IDMIIISTRIClO M I I C I N l
72
sua competência. Nem o Plano de Desenvolvimento Fisico-Ter
ritorial elaborado pela Secretaria de Planejamento do Esta
do do Rio de Janeiro, em 1978, chegou a ser aproveitado.
Com a reforma administrativa de 1980, foi
criada a Secretaria de Planejamento em substituição ã Assei»
soria, com competência para elaborar o Plano de Desenvolvi
mento Integrado; elaborar a proposta orçamentária e acompa
nhar sua execução; elaborar estatísticas municipais; e ar
ticular-se com órgãos dos Sistemas de Planejamento federal
e estadual.
Desse elenco de competências, a Secretaria
assumiu a elaboração orçamentária e o acompanhamento de
sua execução, e promoveu a atualização do Plano de Desenvo^
vimento FÍsico-Territorial, que sõ lograria aprovação no
Governo seguinte. A Secretaria teve sua atuação prejudica-
da pela substituição do Secretário, seis meses após a posse,
e pela destituição do próprio Prefeito um pouco mais ta£
de.
Com a volta do Almirante Toscano como Prefei.
to, em setembro de 1981, foi extinta a Secretaria. A pri.
meira conseqüência evidente dessa decisão foi a falta de
integração do elenco de intenções que as Secretarias eiabo
raram para o ano de 1982 e que foram incluídas na Mensagem
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITOTB IRISILEIRO DE IDMIIISTRlClO Ml l lCir i l
73
do Executivo ã Câmara Municipal. Apesar da existência do
órgão especifico, extinto recentemente, as atividades de
planejamento jamais lograram institucionalização.
3.3 - Quadro de Pessoal
Dos estudos de 1971, 19 76 e 1978 depreen
dem-se deficiências no quadro de pessoal da Prefeitura, re
gistrando-se limitações qualitativas e quantitativas. Embo
ra hoje a situação apresente sensível melhora em alguns se
tores, ainda está muite aquém do mínimo necessário para
acompanhar o processo acelerado de mudanças por que vem pas
sando o Município. Além disso inexiste uma política clara
e coerente de recursos humanos. É larga a disparidade en
tre os vencimentos do primeiro e do segundo escalões. FaJL
tam critérios racionais para contratação e remuneração de
pessoal.
0 quadro abaixo dá o número de servidores
com formação superior, excluindo-se professores:
17 SEREHAU, op. c i t . p 4/2 , IBfiM, op. c i t . e SECPLAN, op. c i t . p . 73
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIUTO IRISIIEIRI DE IBMIIISTIIClt MHCIfll
74
QUADRO 1 - PESSOAL COM FORMAÇÃO SUPERIOR-1971/1982
FORMAÇÃO A N 0 S
1971 1976 1982
Tec. Administração - 1 2
Advogado l 2
Contador - 1 1
Engenheiro 1 2 4
Médico 1 4
Dentista 3
Outros - - 5
TOTAL ! 6 2 1
FONTES:1971 - SERFHAU - Termos de Referência para o Plano
de Ação Imediata do Município de Angra dos
Reis
1976 - IBAM - Diagnóstico elaborado pelos alunos do
curso de Engenharia de Sistemas Urbanos (não
editado)
1982 - Prefeitura Municipal
O Quadro 2 diz de certo descaso quanto ao
controle da ocupação do solo, ã arrecadação de recursos e
aq controle das condições de higiene dos estabelecimentos
comerciais, vez que é irrisório o número de servidores a
ela decicados.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICfPiO
IISTITITO BRASILEIRO DE IBMIIISIRftCll M l l lC i r i l
QUADRO 2 - FISCAIS DA PREFEITURA - 1970/1982
FUNÇÃO1970
Fiscal de Rendas
Fiscal de Obras
Vigilância Sanitária
TOTAL
ANOS
1975
4
2
1982
4
6
10
75
FONTE: Prefeitura Municipal
O Quadro geral de servidores apresenta
ficações significativas no efetivo de professores e mos
tra preferência pela contratação de pessoal pelo regime
da CLT. O último concurso para admissão, nos termos do
estatuto, foi realizado antes de 1970. 0 grupo " outros
servidores registrados i ela CLT " reúne pessoal encarreg£
do das atividades-meio da Prefeitura.
QUADRO 3 - N0KERO DE SERVIDORES MUNICIPAIS • 1970/198J
IERVI DORESANOS
Eetatuárlos (exceto professores 21 16
Pessoal da Obras {Contratados p/CLT) 49 90
Professores 23 323
Outro* servidores regidos p/CLT 50 191
TOTAL 143 (20
FONTESi 1971 - SBRFKAU - Temos do Referência para o Plano
d* Ação Imediata para o Município da Angra
dos Rala
1962 - Prefeitura Kunlclpal
MOD 1004 (BAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismsu iiisttEiRi BE iiMiitsrucli miicim
76
3.4 - Serviços Sociais e Urbanos
• Educação
O Prefeito Municipal tem posto a educação em
alta prioridade, tentando sanar um déficit crônico que vem
de longa data. A estrutura do ensino municipal tem passe,
do por mudanças sensíveis nos últimos anos, tanto no que
diz respeito ã quantidade do pessoal e dos equipamentos
utilizados como, principalmente, à sua qualidade. De uma
posição claramente desfavorável em relação ao Estado, de
sempenha hoje papel preponderante no ensino de 19 grau,
tendo inclusive assumido a responsabilidade por vinte esco
Ias estaduais a pa r t i r de 1976.
O quadro abaixo, preparado a par t i r de docu
mentos produzidos pelo Estado, de dados do Censo e de in
formações do órgão responsável pelo ensino municipal, de
18monstra a evolução no período 1970 a 1982
- Os dados de 1970 e 1975 referentes a escolas, salas de aula e matrículas devem ser observados cora cautela quanto i sua exatidão.Isso decorre da perda, em 1976, dos registros elaborados pala Secretaria Municipal de Educação. Esses dados foram recuperados através das Cadernetas de Classe arquivadas na Secretaria, admitindo-se uma margem de erro para menos nos itens.
MOD <004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICfPIO
IISTIIIII IIISIIEIII IE limilSIIICll MlllCiril
77
QUADRO 4 - EVOLUÇÃO DA REDE DE ENSINO MUNICIPAL - 1970A982
INDICADORES ANOS197J 1975 1982
Escolas 15 17 37
Salas de Aula 16 24 94
Matrículas 491 955 4.071
Professores 26 36 323
Professores Leigos 26 10
FONTES: 19 71 - SERFHAU-Termos de Referência para o Plano de
Ação Imediata do Município de Angra dos Reis
1977 - SECPLAN-Estudos Para o Planejamento Munici^
pai
1982 - Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Identifica-se alguma influência da constru
ção da usina na utilização das escolas localizadas no Fra
de e em Mambucaba. No caso específico do Frade, a escola
existente passou do Estado par. i a Prefeitura, em 1976, em
decorrência de convênio. As salas de aula eram três e os
alunos 230. Eir. 1978, em face do aumento da demanda, foi
construída mais uma sala; em 1979, mais quatro; e neste
ano mais duas para abrigar cerca de 800 alunos. Nesse es_
forço, Furnas participou da reforma do prédio e da con£
trução de três salas.
MOD .004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTiriri IIISILEIH IE limilSTIICU MIIICIPH
78
O maior problema de educação cm Angra dos
Reis, segundo o responsável pela pasta, tem sido a migra
ção dos moradores das ilhas para os morros e para Japuíba,
no distrito sede. Esse movimento tem resultado na subuti
lização dos equiDamentos montados nas ilhas e na saturação,
principalmente, da rede escolar de Jaouíba.
Para o Prefeito, o maior problema do setor ê
o Estado. Convênio assinado em 1976 previa que o Municí^
pio passaria a administrar 20 escolas estaduais, mediante
reembolso das despesas realizadas pela Prefeitura. Entre
tanto, desde 1979 o Estado não tem cumprido a sua parte,
obrigando o Governo municipal a arcar com encargo mensal
de aproximadamente 15 milhões de cruzeiros. A construção
da usina nuclear como também a execução dos demais empre
endimentos têm incrementado a demanda de serviços de edu
cação. Essa tendência deverá continuar com a construção
de Angra II e III.
Os equipamentos estaduais de ensino, como de
monstra o quadro abaixo, são insuficientes oara atender à
demanda existente, encontrando-se completamente saturados.
A última obra realizada pelo Estado destinou-se a benefici^
ar os moradores das vilas residenciais de FURNAS, não ten
do sido construída nenhuma outra escola ou sala de aula pa
ra atender ã comunidade em geral nos últimos sete anos.
Alem disso, os equipamentos existentes aparentam estar
MOD .004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
l l S m i l l IIISIIEIII IE IIMIIISTIICll IIIICIPIl
79
mal conservados, e a comunidade reclama da queda de qual_i
dade do nível de ensino ministrado.
0 quadro apresentado a seguir serve para de
monstrar a posição dos equipamentos e do corpo docente man
tido pelo Estado no período de 1970 a 1979. Cabe ressal.
tar, ainda, que a redução do número de escolas registradas
em 1979 decorre de convênio assinado com o Municímo em 1976.
QUADRO 5 - EVOLUÇÃO DA REDE ESTADUAL DE ENSINO-1970/1979
INDICAÇÕES
Escolas
Salas de Aula
Matrículas
Professores
1970
19qrau 29arau
27
-
2.567
220
1
-
610
59
ANOS
1975
I9grau
28
-
7.883
239
29grau
1
-
614
36
1979
I9grau
10
76
7.714
288
29grau
3
23
1.379
56
FONTES: 1971 - SERFHAU-Termos de Referência para o Plano
de Ação Imediata do Município de Angra dos
Reis
1977 - SECPLAN-Estudos para o Planejamento Munici^
pai
1980 - Anuário Estatístico do Estado do Rio de Ja
neiro.
1982 - CRECAR-Centro Regional de Educação e Cultu
ra de Angra dos Reis
MO0 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
HSIIIIfl IMSIIEIII IE limilSIIKll IIIICIMl
80
A Diretoria do Centro Regional de Educação e
Cultura - CRECAR, órgão responsável pela coordenação do en
sino estadual na microrregiao em que Angra dos Reis se s_i
tua, aponta a falta de pessoal, em todos os níveis, como o
maior problema do setor. Não foi capaz de identificar qual
quer influência da construção da Usina na demanda ã rede
estadual de ensino.
• Saúde
No setor saúde a alteração do quadro é com
pleta. De uma participação nula, em 1970, hoje o Municí
pio coloca ã disposição da comunidade um pronto-socorro, em
convênio com a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, com
10 leitos, seis postos de saúde, um gabinete odontológico,
um médico e uma unidade móvel para atendimento médico-
odontolõgico. Está construindo ainda uma Unidade de Tra
tamento Intensivo no pronto-socorro.
Atribui-se a mudança do quadro ã tentativa
do Prefeito de oferecer ã comunidade um serviço de que ela
não dispunha, sem vinculá-lo a qualquer demanda especifica.
Contudo, tem-se atribuído â construção da Usina a satura
ção do posto de saúde do Frade.
A Prefeitura atribui também ãs obras da ^
na a poluição dos mananciais que abastecem o Município, da
da a ocupação dos locais próximos por pessoas atraídas pe
MOD too* IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIITITI IIISIIEIII IE IMIlISTIlCâl HIKIPII
81
Io empreendimento. Como resultado de estudos sobre as
causas da contaminação, estão sendo desalojadas famílias
de localidades vizinhas aos reservatórios de água.
Quanto ao quadro patológico do Município, não
foi identificada qualquer alteração nos últimos anos. As
maiores incidências continuam sendo as decorrentes de defi
ciências de proteínas da população, falta de saneamento bã
sico, problemas psiquiátricos e tuberculose.
É intenção do Secretário de Saúde construir
mais seis postos de saúde em Japulba, Belém, Parque Mambu
caba. Praia Grande, Ilha da Gibóia e Proveta. A constru
ção do posto no Parque Mambucaba é atribuída ã necessidade
de atender â demanda estabelecida pelo pessoal que se in£
talou rio distrito em decorrência da construção da Usina.
Cabe ainda apontar o papel do Estado no se
tor. O governo estadual ainda mantém equipamento anterior
a 1970, sem alterações. 0 Município tem-se ressentido da
dificuldade de obter vacinas e medicamentos atravc^ do Poss
to de Saúde do Estado. Em função disso, tem tentado assi_
nar convênio diretamente com a Central de Medicamentos
CEME, para fornecimento de remédios ã população.
• Equipamentos urbanos
Diagnóstico de 1970 informa que "no abasteci.
MOD too4 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisriTin iiisiicfii ic iimiisrucli mitcirai
82
mento de água reside um dos mais graves problemas de Angra
dos Reis e, possivelmente, o mais sentido por sua populain _
ção . Hoje o quadro esta mudado, quer pela ação (peque
na) da Prefeitura ou por iniciativa da própria população
e dos novos empreendimentos.
O serviço de água de Angra dos Reis é expio
rado pelo Estado, através da CEDAE, que abastece a parte
central da cidade, e pela própria Prefeitura, que fornece
água aos morros e alguns distritos . Essa duplicidade na
prestação dos serviços é antiga e atribuída ã omissão do
Estado que, segundo o Secretário Municipal de Obras Públi^
cas, "não investe, não conserva, nem trata como devia, só
arrecada." 0 Prefeito,por sua vez, afirma que "o abasteci
raento da CEDAE sofre entupimentos, entrada de ar, arras
tamento do tubulações, justamente quando há ocorrência de
grandes chuvas, não havendo carência de armazenamento e
sim deficiência de distribuição"
Segundo informações coletadas na CEDAE, a em
presa atende a 2.817 economias, sendo 2.165 de pequenos
consumidores e 652 de grandes. A rede distribuidora não
se ampliou muito nos últimos 10 anos. Com respeito ao
atendimento feito pelo Estado sabe-se que a barragem, a
1 9 - SEOTIAU, op. c i t . p.3/24.20
- As análises desses serviços sao decorrentes de observações e ent revis tas . Tanto o escr i tór io da CEDAE como o órgão municipal
2 1 não dispunham de registros de dados.- Mensagem 01/79 do Chefe do Exscutivo ã Câmara Municipal.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiti iiisiuiii ii iimiisiucfti iiiicini
83
adutora e o método de tratamento são os mesmos de antes de
1970. Segundo dados do Anuario Estatístico do Estado do
Rio de Janeiro, de 1980, a CEDAE atendia, em 1970, a 2.376
economias com uma rede de 33.778 metros de extensão.
Quanto ao serviço mantido pela Prefeitura,
não se encontra em melhor situação. A administração é de
responsabilidade do Departamento de Serviços Urbanos que,
no momento, não dispõe de dados sobre o número de ligações,
população atendida e extensão da rede.
Nos últimos 10 anos foram executadas peque
nas obras de ampliação da rede. Segundo levantamento de
1979, a rede mantida pela Prefeitura atendia a 1.679 liga
ções residenciais, 36 comerciais e uma industrial. Todos
os empreendimentos realizados no Município dispõem de sis>
tema próprio de captação e distribuição de água, não one
rando, pois, o serviço municipal.
A Prefeitura sente necessidade de ampliar a
rede que serve ã Vila do Frade por estar saturada com a rá
pida expansão urbana. Não foi elaborado qualquer projeto
específico para esse ou outro distrito.
0 Município mantém, ainda, uma rede de esgo
tos que atende apenas a parte do centro da cidade. Não há
dados sobre a extensão da rede e o número de unidades ser
MOD '004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IKfirill IIISILEIII IE IIIIIISTIICU MIICIPIl
84
vidas. Os efluentes são lançados in natura no Rio do Cho
ro que corta toda a cidade.
• Sistema de coleta de lixo e limpeza públi
ca
Estudos anteriores, já citados, qualificaram
a limpeza pública como "razoável" ou "deficiente". Em
verdade. Angra não é padrão de limpeza. Entretanto, não fo
ge ã média das cidades brasileiras. O aspecto geral da ei
dade é prejudicado pela má conservação das vias públicas
e das edificações. A destinação final do lixo, vazado a
céu aberto nas margens da BR-101, constitui problema mais
grave no setor.
Os equipamentos são insuficientes para a co
leta e o transporte de aproximadamente 60 ton/dia de lixo.
Dispõe-se de três caminhões compactadores com capacidade de
6 ton, um poliguindaste com seis caçambas, um trator com
reboque e um caminhão basculante. São utilizadas 25 pesso
as na coleta diária e três na destinação final.
• Estrutura viária e transporte
O fato de a principal via de acesso aos dis_
tritos do Município ser uma rodovia federal (BR-101) tirou
22 - SERFHAU, op. Cie. p . 3/29 e IBAM, op. c i t .
MOO tot» IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISILEIII IE IBMIIISTIICll MIIICIPIl
85
da responsabilidade do governo local a realização de obras
de grande porte nesse setor. Em face disso, tem-se volta
do para obras de pavimentação de vias urbanas periféricas
do distrito sede.
O trabalho do SERFHAU chamava atenção pa
ra o fato de a estrutura viária encontrar-se sobrecarrega
da, começando a criar problemas de circulação no centro e
23na periferia da cidade . Essa situação perdura ate hoje,
não se identificando ações da Prefeitura voltadas para s£
nar a deficiência. As ruas da parte central do distrito
sede são estreitas e irregulares, não estando em bom esta
do de conservação. Aliás, as vias pavimentadas da cidade
estão mal conservadas. Outro fato que chama atenção é a
falta de padronização do tipo de material usado na pavi
mentação; ora é asfalto, ora concreto, ora paralelepídedo,
ora "blocker", acontecendo caso de uma mesma rua (Cel. Car
valho) estar calçada com três materiais diferentes.
Essa constatação, contudo, não tira o mérito
da ação do Governo municipal no setor. Muito tem sido fei
to para abrir, pavimentar e conservar ruas, apesar das di
ficuldades financeiras da Prefeitura, da conformação topo
gráfica ingrata e do acelerado aparecimento de novos núcleos
habitacionais em locais de difícil acesso e, muitas ve
«- SERFHAU, op. C i t . p . 3 / 1 1 .
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSmill IIISILEIIi IE limilSTIICll MIICIMl
86
zes, fruto de invasão de terrenos. O quadro geral do Mun£
cípio, entretanto, ainda se apresenta insatisfatório.
fi interessante notar o contraste entre a
ação estadual e a municipal em Angra dos Reis. Praticamer»
te a metade da Vila Abraão, sede do distrito de mesmo nome,
encontra-se sob a administração do Estado, por localizar -
se ali o Instituto Penal Cândido Mendes. A outra metade é
administrada pelo Municíoio.
A parte sob administração estadual não é pa
vimentada, não dispõe de galerias pluviais, o mato chega a
cobrir até metade das ruas e sua única praça e, completan
do o aspecto de abandono, as casas e os prédios parecem
não receber uma mão de tinta há um bom tempo. Do outro Ia
do de uma linha divisória imaginária está a área sob res_
ponsabilidade municipal, onde quase tudo contribui para
uma imagem de limpeza e conservação: ruas bem calçadas e
capinadas, meio-fio caiado, galerias pluviais que fazem as
vezes de rede de esgoto, praças bem conservadas, casas pin
tadas e, embora mais pobres, dando impressão de bem conse£
vadas.
• Abastecimento alimentar
A única participação do Governo municipal
nesse setor ocorre através da manutenção de um pequeno mer
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiTi IIISIIEIII li iimiisiucii miam
87
cado público, não desenvolvendo qualquer política de fomen
to à agricultura. O único matadouro do Município foi fe
chado em 1976 e praticamente todos os produtos alimentí^
cios consumidos em Angra dos Reis são provenientes de ou
trás regiões.
A pesca, embora tradicional no Município, es_
tá decadente e não dispõe de nenhum incentivo do governo
local. Quase toda sua produção é vendida no Município do
Rio de Janeiro, em função do preço e da possibilidade de se
adquirir gelo em maior quantidade e a um preço menor. E in
tenção do Prefeito construir uma fábrica de gelo com capa
cidade para produzir 120 ton/dia para atender não só ã de
manda de Angra dos Reis como ã dos Municípios vizinhos. A
Prefeitura mantém, ainda, um mercado de peixe que exerce
mais função de peça do patrimônio histórico da cidade que
de ponto de venda do pescado.
• Obras públicas
As principais obras públicas realizadas pelo
Município são as de pavimentação e conservação das vias pú
blicas e construção e conservação de muros de arrimo. Dado
o alto índice pluviometrico da região e a formação monta
nhosa do território municipal, a Prefeitura vê-se obrigada
a dispensar atenção permanente a essas atividades. Para o
ano de 1982 estão previstos a construção de sete muros de
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIII IE IIMIIISTIICll illlCiril
88
arrimo, trabalhos de manutenção de aproximadamente 1.500
m /mês de ruas pavimentadas com paralelepípodo, calçamento
de algumas outras vias e a abertura de rua de acesso a um
dos morros da cidade, dentre outros. Obras desse tipo têm-
se constituído atividade prioritária e permanente nos úl
timos 10 anos.
Apesar de todo esforço por parte do Prefei_
to, no sentido de fornecer ã população os serviços de equi
pamentos urbanos e comunitários de sua responsabilidade, per
cebe-se, ainda, grande defasagem, em todos os setores, en
tre o que existe e o que os moradores ainda necessitam. Esse
descompasso entre a oferta e a demanda de equipamentos pú
blicos parece advir do intenso crescimento populacional
por que vem passando o Município nos últimos anos e pela
O A
própria ação retardada da administração local . Aliada a
isso, existe, ainda, uma demanda insatisfeita da população
originária do próprio Município que, inclusive, parece ter
induzido a tomada de consciência do Poder Público Municipal
no sentido de empreender todas as suas ações.
24- O citado crescimento populacional se manifesta nos equipamentos de
segurança pública, sob responsabilidade do Estado: quartel do Corpo de Bombeiros, delegacia de policia, dois postos policiais e quartel da Polícia Militar.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IKIIIIII IIISIIEIII IE IMIIISItlCll IIHCiril
89
4 - INFLUÊNCIAS SOBRE AS FINANÇAS MUNICIPAIS
4.1 - Receitas Orçamentárias
O Município brasileiro, a fim de atender ãs
suas funções, dispõe de recursos de origem orçamentária,
classificados em receitas correntes e receitas de capital,
de acordo com a Lei n9 4 320/64. Os demais ingressos muni^
cipais, além dos citados, classificam-se como indeoenden
tes da execução orçamentária, pois não integram o orÇü.
mente, e seu recebimento independe de autorização orça
mentária. Esses ingressos procedem de cauções, valores
consignados ou arrecadados em favor ou por conta de tercei^
ros. Como não são utilizados para atender às atividades
da Administração Pública, uma vez que deverão ser devolvi^
dos ou pagos a qualquer momento ao credor ou depositante,
não são objeto de cogitação nesta análise, que se restrin
gira ãs receitas orçamentárias.
Quanto ã origem, as receitas municipais são
classificadas em duas categorias: receitas próprias e re
celtas transferidas. Receita própria é aquela que decor
re de competência legal, no caso em análise, do Município,
para promover todos os atos necessários ã sua arrecadação.
Neste grupo incluem-se: a receita tributária, constituída
dos impostos municipais, das taxas arrecadadas pelo exercí^
cio do poder de polícia ou pela prestação de serviços e da
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIITIII IIISIUIM IE IMIIISTIICftl MllCiril
90
contribuição de melhoria, arrecadada dos proprietários de
inoveis valorizados pelas obras publicas municipais que os
beneficiarem; a receita de serviços de natureza industrial,
mediante a cobrança de preços ou tarifas; a receita patri_
monial, originaria de valores mobiliários e imobiliários
pertencentes ao Município, bem como do produto das Dartici_
pações e dividendos auferidos; as receitas diversas consti
tuidas pelas multas, eventuais, contribuições diversas, a
nulações ou cancelamentos de Restos a Pagar e da cobrança
da Dívida Ativa proveniente de tributos e outros valores
não pagos dentro dos prazos legais. Receita transferida
compreende as parcelas da arrecadação de certos tributos,
que o Estado e a União, por força de mandamento constitucio
nal, entregam aos Municípios.
A receita própria e a receita trasferida po
dem ser classificadas como receitas correntes e de capital,
dependendo de sua origem econômica ou da destinaçio que
lhes será dada no financiamento de uma despesa. Exemplify
cando: a receita proveniente da alineaçao de um bem imóvel
do Município é uma receita de capital, classificada no gru
po das receitas próprias. A participação do Município no
imposto estadual sobre circulação de mercadorias é uma re
ceita corrente, independente da destinação que lhe é dada.
0 mesmo não acontece com os recursos provenientes do Fundo
de Participação dos Municípios. As parcelas do Fundo, que
se destinam ao custeio da administração, são classificadas
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSmifl IIISIIEIII IE IIIIIISIIICll MIKIPIl
91
como transferências correntes e as que se destinam a aten
der despesas de capital são c las s i f i cadas como transferên
c ias de c a p i t a l .
A dicotomia - rece i ta corrente e rece i ta de
capi ta l - embora prevista em l e i , na presente anál ise tor
na-se irre levante . Nos quadros que se seguem, a referên
cia a essas duas categorias é meramente i l u s t r a t i v a . No
período analisado, 1970/1980, o Municíoio de Angra dos
Reis não realizou recei ta própria, c l a s s i f i c á v e l como de
capital, em montante s i g n i f i c a t i v o
O imposto predial e t e r r i t o r i a l urbano e o
imposto sobre serviços são tr ibutos municipais. O orimei_
ro tributa a propriedade imobil iária urbana. O segundo
tributa as atividades econômicas do setor t erc iár io e tem
como fato gerador a prestação, por empresa ou prof iss ional
autônomo, com ou sem estabelecimento f ixo , de serviço que
não configure, por s i s ó , fato gerador de imposto de compe
tência da União ou dos Estados.
0 cenário onde ocorrem as transações econônú
cas pass íve i s de tributação é o t e r r i t ó r i o municipal. Po£
tanto, a maior ou menor participação desse tr ibuto no elen
- O Anexo X do Balanço Geral do Município do exercício de 1973 registra operações de crédito no valor de CR$85.000,00, para una reccita total de CR$3.139.823,88. Como o fato ocorreu uma única vez aolongo de 11 exercícios financeiros, essa receita de capital nãofoi levada em consideração.
MODIQO* IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismm uisimii K imiisTiicii micirii
92
co das receitas municipais é função das seguintes variáveis:
a) existência no Município de atividades eco
nômicas passíveis de tributação;
b) legislação tributária local que fixa ali
quotas adequadas â cobrança desse tributo;
c) fiscalização municipal atuante a fim de
evitar a sonegação.
No elenco das receitas municipais, as mais
expressivas se constituem do importo »-er?ial e territorial
urbano - IPTU, do imposto sobre serviços de qualquer natu
reza - ISS, ambos de competência municipal e da participa
ção no produto da arrecadação do imposto estadual sobre
circulação de mercadorias e das quotas-partes do Fundo de
Participação dos Municípios.
No caso específico de Angra dos Reis, verify
ca-se uma oarticularidade, ou seja, a elevada participação
das receitas diversas na composição das receitas próprias.
Esse fato explica-se pela prática local de contabilizar co
mo receita proveniente da cobrança da divida ativa os paga
men tos feitos após a data de vencimento, sem que os déM
tos estejam inscritos como tal. 0 usual é que se
faça a inscrição somente no final do exercício, embora a
MOO «jo* IBAM - 30 ANOS VALOR IZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiti iiisiiEin K iMiiiiSTucii MMCINI
93
lei não proíba que se proceda dessa forma logo após o venci_
•ento do prazo para cumprimento de obrigação tributária. E£
se procedimento atípico do Município redunda em diminuição
percentual da receita tributária e aumento das receitas di.
versas, dando impressão de que há um desempenho significati_
vo na cobrança dos créditos tributários. Na realidade, é
questão de prática contábil incomum.
A Constituição determina que 80% do imposto
estadual sobre circulação de mercadorias constituirão recei
ta dos Estados e 20%, dos Municípios. As parcelas perten
centes aos Municípios são creditadas em contas especiais,
abertas em estabelecimentos oficiais de crédito, na propor
ção do valor adicionado nas operações de circulação de mer
cadorias, realizadas no território de cada Município. Para
efeito de cálculo do valor adicionado são computadas:
a) as operações que constituem fato gerador
do imposto, mesmo quando o pagamento for
antecipado ou diferido, reduzido, ou exclu
ido em virtude de insençao;
b) as operações não sujeitas ao imposto oelo art.
19, item III, letra d (Imunidade tributária
relativa ao livro, ao jornal e aos z>erio
dicos, assim como o papel destinado â sua
impressão) e art. 23, § 79, (isenção do ICM
MOD 1004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSmill IIISIlflH I I IMHIISIMCM •IMCIMI
94
sobre operações que destinem ao exterior
produtos industrializados e outros que a
lei indicar) da Constituição.
A parcela do ICM pertencente a cada Município
é função de uma relação percentual entre o valor adicionado
em cada um deles e o valor total do Estado, que se consti_
tui num índice percentual de participação dos Municípios na
distribuição do produto de arrecadação do ICM.
O Fundo de Participação dos Municípios é uma
transferência oriunda de Governo Federal. Foi criado pela
Emenda Constitucional n9 18, de 1965. Originalmente era
constituído por 10% do produto de arrecadação do imposto de
renda e do imposto sobre produtos industrializados. 0 Ato
Complementar n9 40, de dezembro de 1968, diminuiu o percen
tual para 5%, que vigorou até a promulgação da Emenda Con£
titucional n? 5, de 1975, aumentando-o para 9%. O aumento
da percentagem ocorreu na razão de 1% ao ano, a partir de
1976, atingindo os 9% no exercício de 1979. Posteriormente,
a Emenda Constitucional n9 17, de dezembro de 1980, aumen
tou o percentual para 11%. 0 aumento será realizado na ra
zão de 1% no exercício de 1981, de 0,5% no de 1982 e de
0,5% no exercício de 1984.
O coeficiente de participação de cada Munieí
pio é função da população e reajustado sempre que, por meio
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisntifi IUSIIEIM K iwiiisiiicit wmciru
95
de recenseamento demográfico geral, seja conhecida oficial^
•ente a população total do país. Isso eqüivale dizer que o
coeficiente de participação do Municipio de Angra dos Reis
permaneceu inalterado durante o período de 1C71 a 1980. Os
aumentos das importâncias transferidas nesse período devem
ser creditados não só ao aumento da arrecadação dos tribu
tos de que provêm como a maiores percentagens destinadas ã
constituição do Fundo, de 1976 até 1979.
4.2 - Evolução das Receitas Municipais
O Quadro 6 - índices de Evolução das Rece_i
tas Municipais - demonstra que até o exercício de 1972 a re
ceita derivada do IPTU foi superior ã do ISS. A partir de
1973 inverte-se a posição, e as diferenças entre este e
aquele tributo gradativãmente se acentuam. Os maiores índji
ces de crescimento do ISS ocorrerem aoõs o exercício de 1975.
A explicação para esse fato pode estar relacionada â entra
da em vigência de novo Código Tributário, ã reorganização
dos serviços fazendários do Municipio e ao crescimento das
26atividades de construção civil . O imposto e cobrado quan
do do licenciamento da obra pelo Municipio, o que evita a*
evasão de rece i ta .
- 0 Código Tributário e a reorganização doe serviços tributários decorreram de essessoria do IBAM nos anos 1973 e 1974. ~
MOD 1004 I B A M - 30 AWOt VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
nsnnii IUSIIÍIM M IMHIISIUCH
96
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Deve-se ainda notar que levantamento realiza
do na Prefeitura Municipal de Angra dos Reis revela que
até 1970 existiam 6 hotéis cadastrados; em 1975, o número
de hotéis passa a 18 e em 1980, a 35. Em 1970 as empresas
dedicadas ã administração de imóveis eram 3; em 1975, so
mam 6, às quais devem ser acrescentadas mais uma especiali
zada em avaliação de imóveis, e mais 6, cuja razão social
indica que o campo de atuação ê a corretagem e a incorpora
ção imobiliária. Em 1980 o total de empresas especializa
das em administração, avaliação, corretagem e incorporação
imobiliária, registradas no cadastro da Prefeitura, era de
25.
Não é de estranhar, pois, que os maiores ín
dices de crescimento, na arrecadação do ISS, vão ocorrer a
pôs 1974, fato que coincide com a abertura ao tráfego da
BR-101, viabilizando os investimentos imobiliários. A cons
trução do Terminal Petrolífero da Baía da Ilha Grande -
MOQIQO4 ItAM - 30 ANOt VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISriTVfO IMSIIEIM IE IIMIIISTRICll MIICINL
97
TEBIG, cujas obras não foram isentas do pagamento do ISS,
inicia-se nesse período.
Em relação à participação do Município no
ICM, o quadro demonstra um incremento significativo no
exercício de 1974, atingindo o pico máximo em 1978. O In
cremento verificado em 1974, segundo o Prefeito, foi fruto
de sua ação junto ao Governo do ex-Estado do Rio de Jane^
ro, que até aquela data não incluía a produção da Verolme
na composição do índice de participação do Município. A
partir de então o lapso foi corrigido e as flutuações exijs
tentes passaram a depender das atividades desenvolvidas pe
Ia empresa, embora isenta do pagamento do ICM incidente so
bre a construção de navios.
4.3 As Influências da Construção da Central Nuclear nas
Receitas Municipais
As obras de construção civil constituem fato
gerador do ISS. A construção da Central Nuclear e a abertu
ra e pavimentação da BR-101 se enquadram nessa hipótese,
27estando isentas, porem,do pagamento desse tributo . Dire
- Dãcreto-Lei n<? 406, de 31 de dezembro de 1968."Art. 11 - Fica isenta do imposto a execução por adminis.
tração ou empreitada de obras hidráulicas ou de construção civilcontratadas com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios,autarquias e empresas concessionárias de serviços públicos, assimcomo as respectivas subempreitadas."NOTA: 0 imoosto citado no ar t . 11 é o ISS.
M0°<°04 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITITI IIISIIEIRI IE IINIIISTRICll illlCIPIl
98
tamente, portanto, essas obras não são responsáveis pelo au
mento real que se verifica na arrecadação desse tributo a
partir de 1974.
Os materiais aplicados na construção da Cen
trai Nuclear estão sujeitos ao imposto estadual sobre circu
lação de mercadorias. Se os materiais empregados houvessem
sido adquiridos por FURNAS, no Município, por certo essa o
Deração teria aumentado os índices de valor adicionado do
Município, porque a maior ou menor participação do Município
depende da ocorrência em seu território de transações eco
nômicas que sejam fato gerador desse tributo. A comparação
entre as receitas próprias e as transferidas revela certa
28regularidade
As pequenas variações percentuais verificadas
ao longo de onze exercícios financeiros sugerem que a evolu
ção das receitas municipais não foi diretamente influencia
da pela implantação da Central Nuclear Almirante Álvaro Al
berto. Essa conclusão é reforçada quando se constata que:
- as obras de construção da Central Nuclear
foram isentas do pagamento do imposto muni
cipal sobre serviços;
26- Ver quadros referentes a gastos municipais em Anexo.
M 0°1 0°4 iBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iiSMiTi iiasiLEina IE I I Í I I ISTI ICI I miiurii
99
os ma te r i a i s empregados na construção não
foram adquiridos na praça de Angra dos Reis;
os imóveis de propriedade de * RNAS na Vila
da P ra i a Brava não pagaram impostos;
o coe f i c i en te do Município no r a t e i o do Fun
do de Par t i c ipação dos Municípios não se a_l
te rou durante o período ana l i sado .
4.4 - Despesas Orçamentárias
As despesas orçamentárias do Município de An
gra dos Reis são aqui anal isadas segundo as Funções de Go29verno es tabe lec idas no Anexo 5 da Lei n9 4 320/64. A cias;
s i f i cação compreende 16 Funções de Governo e os quadros de
talham aquelas a que o Município alocou recursos durante o
período em es tudo.
As funções serão ana l i sadas por se to res de
- 0 Anexo 5 da Lei 320/64 foi modificado pela Portaria 9/74, baixadapelo Ministro do Planejamento e Coordenação Geral. Em março de 1975foi baixada pelo Subsecretário de Orçamento e Finanças,da Secretariade Planejamento da Presidência da República, a Portaria 4/75 queatualizou a Portaria 9/74. Os Municípios com menos de 200 mil habitantes só estavam obrigados a adotar a nova classificação a partirdo exercício de 1976. Em julho de 1975 foi baixada a Portaria 25/75,que mais uma vez atualizou a classificação estabelecida pela portaria9/74. A nova classificação tornou-se obrigatória a partir do exercicio de 1977. Na presente análise procurou-se agregar os dados deacordo com a nova terminologia.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITIII IIISIIEIII IE ftlMIIISfllCll HlllCiril
100
atuação de Governo. O primeiro setor compreende as Funções
Legislativas e as de Administração e Planejamento. O segun
do setor' compreende as funções voltadas para o campo social,
como Educação e Cultura, Saúde e Saneamento, e Assistência
e Previdência. O terceiro setor engloba as funções Habita
ção e Urbanismo e a função Transporte. As funções Agricul
tura. Defesa e Segurança bem como Indústria, Comércio e Ser
viços não apareceram no período com oarcelas de gastos oer
centualmente significativas. O Quadro 7 apresenta a part:L
30cipaçao percentual de cada uma das funções aqui tratadas.
Função Administração e Planejamento - Aqui es_
tão compreendidos programas de trabalho, cujas funções se
destinam à manutenção, funcionamento, aperfeiçoamento e ex
pansão dos setores administrativos dos órgãos e atividades-
meio do Poder Executivo, envolvendo despesas correntes e de
capital. Observa-se na série histórica 1970-1980, enfocada
nesta analise, que em 1980 ocorreu a sua maior participação
no total dos gastos ocorridos no exercício. Esse fato teve lugar
na gestão do Prefeito Roberto Carlos Valle Ferreira e repre
senta tentativa de reforçar a estrutura administrativa do
Município, julgada na época subdimensionada.
Função Legislativa - Compreende ações destin£
das a manutenção e funcionamento da Câmara Municipal. A par
30- Em anexo podem ser vistos estes mesmos gastos em i.ocoa corrente.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
QUADRO 7 - GASTOS MUNICIPAIS POR FUNÇÕES DE GOVERNO - EM % - 1970/1980 ; SQUADRO VZX 5
O
- ^ ^ ^ E X E R C l C I O
FUNÇÃO DE GOVERNO -~^_^^
01 - LEGISLATIVA
03 - ADMIN. E PIANEJAMENTO
04 - AGRICULTURA
06 - DEFFSA E SEGURANÇA
08 - EDUCAÇÃO E CULTURA
10 - HABITAÇÃO E URBANISMO
11 - IND., COM. E SERVIÇOS
13 - SAOOE E SANEAMENTO
15 - ASSIST. S PREVIDÊNCIA
16 - TRANSPORTE
TOTAL
1970
1,83
32,40
0,01
-
8.23
40,35
-
2,16
-
15,02
100,00
1971
2,14
23,93
0,01
-
18,65
32,33
-
1,64
12,62
8,68
100,00
1972
1,76
17,98
0,01
-
19,01
41,68
-
1,05
10,67
7,84
100,00
1973
1,55
27,57
-
-
16,00
41,70
-
2,12
-
11,06
100,00
1974
0,90
17,57
-
-
16,41
47,41
-
6,50
7,31
3,90
100,00
1975
2,31
20,59
-
-
16,60
45,68
-
7,29
-
7,53
100,00
1976
3,04
16,94
-
-
21,49
39,36
-
14,83
-
4,34
100,00
1977
2,78'
11,03
-
0,23
16,80
43,83
0,01
9,20
3,97
12,15
100,00
1978
3,05
14,55
-
0,03
26,73
34,77
0,68
6,94
8,45
4,85
100,00
1979
3,88
16,63
-
0,04
25,64
28,08
0,93
5,74
13,40
5,36
100,00
i
1980
3,99
31,79
(I
!
36,42 |
17,04 :
0,38
i6,04
1,82 '
2,52
100,00
I
FONTE: Balanços Municipais, 1970 a 1980.
iismiii iiisiiEiii IE iimii$TMcii imcirii
102
ticipação desta função em cada total anual de gastos orça
Mentários foi pequena atê o exercício de 1974. A expansão
dos gastos deu-se a partir de 1975 quando foi sancionada a
Lei Complementar n9 25, regulamentando a remuneração de Ve
readores dos Municípios com menos de 200 mil habitantes, ob
servando-se nos exercícios subseqüentes participação crês;
cente.
Função Educação e Cultura - Abrange as ações
destinadas a manutenção, funcionamento, expansão e aperfei.
çoamento do sistema de ensino local e das atividades volta
das para a disseminação da cultura. Das três funções agru
padas no Setor Social (educação e cultura, saúde e saneamen
to e assistência e previdência) nos exercícios de 1970 -
1980, a função ora enfocada é a que vem merecendo da admi
nistração local as maiores somas de recursos. De fato, Edu
cação e Cultura, em todos os exercícios e em razão dos mari
damentos constitucionais e legais que determinam destina
ções mínimas de 20% (vinte por cento) da receita tributária
e igual percentagem dos recursos provenientes do F.P.M., te
ve participações nos gastos orçamentários bastante volume
sas, ocorrendo a maior em 1980. Isso indica que está em ex
pansão, conseqüentemente exigindo da Prefeitura maiores so
mas de recursos para sua manutenção. Convém ressaltar que
o Município aplicou, durante o período analisado, importSn
cias sempre superiores as que esta constitucional e legal.
mente obrigado a fazer.
MOO ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisririn iiisiuin « iimiisiiicfti MIICIPII
103
Função Saúde e Saneamento - Os dados de gas
tos nesta função devem ser examinados com reservas devido
às sucessivas mudanças na classificação da despesa. Na ori
ginal do Anexo 5 da Lei 4320/64, os serviços de água, esgo-
to e controle da poluição integravam a função 9 - Serviços
Urbanos. Os projetos e atividades dessa função assemelham-
se aos da atual função Habitação e Urbanismo. Da mesma for
ma, a classificação anterior ã Portaria 9/74 abrangia a fun
ção 7 - Saúde, e dentre os seus programas incluía-se o sa
neamento.
Convém ressaltar que a Prefeitura de Angra dos
Reis somente adotou a classificação funcional-programática
a partir do exercício de 1980, embora devesse fazê-lo a par
tir de 1976.
A maior percentagem dos gastos em saneamento
é observada com a implantação ou extensão das redes de água,
de esgotos sanitários, galerias de águas pluviais e outras
obras de drenagem. 0 órgão municipal encarregado de execu
tar essas obras era o Departamento de Obras e Serviços Urba
nos. É possível - os balanços municipais disponíveis não
permitem análise a esse nível de detalhe - que os gastos
com saneamento tenham sido alocados na antiga função Servi
ços Urbanos, conforme se viu acima, corresponde ã atual fun
ção Habitação e Urbanismo. Neste caso, por exclusão, os
gastos levados â conta da função Saúde e Saneamento devem
ser considerados na análise relativa à assistência médica.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiH IIISILEIII IE IIMIIISIIKll MIICIMl
104
Função Assistência e Previdência - Nesta fun
ção classificam-se as ações que constituem os programas de
trabalho destinados a manutenção e funcionamento da infra-
estrutura voltada para a assistência social e previdenciâria.
A função em análise, necessário se torna esclarecer, envoi.
ve gastos de atendimento a servidores públicos municipais
e a pessoas da comunidade local. Nessa função é que são
contabilizados os gastos com inativos, pensionistas e com o
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público ao
qual devem ser alocados 2% das receitas municipais. As par
ticipações de gastos nesta função apresentam-se irregulares.
Em alguns exercícios da série em análise, os balanços não in
dicam destinaçao de recursos. Iso ocorreu nos exercícios de
1970, 1973 e 1976. Nos demais, com exclusão de 1980, as
participações foram relevantes. Em 1980 houve um acentuado
descréscimo.
Função Habitação e Urbanismo - Compreende as
ações voltadas para a manutenção, funcionamento, aperfeiçoa
mento e expansão das áreas de habitação e urbanismo no Mu
nicípio. Na área da Habitação as ações destinam-se a criar
infra-estrutura habitacional para a população, visando dar-
lhe melhores condições de moradia. A atuação do Poder Pu
blico se realiza, portanto, mais no sentido social. Ao que
tudo indica, os gastos do Município nesta função não signi
ficam que tenha sido dada ênfase aos programas habitacionais,
entendidos como tais aqueles destinados à construção de mo
radia, e sim com obras e serviços urbanos. 0 comentário fejL
to quando da análise da função Saúde e Saneamento aqui se
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisnnri msiuiii K IMIIISIIICII mncirii
105
aplica iii totan. Os gastos realizados nesta função guardam
muito mais relação com a classificação original do Anexo 5
da Lei 4320/64 na função 9 - Serviços Urbanos, que englo
bava os gastos com: Serviços de Água e Esgoto; Limpeza Pú
blica, iluminação Pública, Ruas e Avenidas, Praças Parques
e Jardins, Mercados, Feiras e Matadouros, Cemitérios, Con
trole da Poluição e Diversos. £ necessário ressaltar que
essa função, ao longo dos exercícios analisados, foi, ao
lado da função Educação e Cultura, a que mais absorveu re
cursos do Poder Püblicu angrense. Comparando-se os gastos
efetuados nos exercícios de 1979 e 1980, nesta função, com
os realizados na função Administração e Planejamento,
observa-se acentuada modificação nas políticas de alocação
de recursos.
Função Transporte - Compreende as ações de!>
tinadas à manutenção, funcionamento e aperfeiçoamento da
infra-estrutura básica para o desenvolvimento local. Qual^
quer que tenha sido a classificação adotada pela Prefeitu
ra, ao longo dos exercícios, nota-se que os gastos efetua
dos nesta função têm recebido grande atenção do Município.
Nessa função estão enquadradas as despesas com abertura e
manutenção de estradas municipais, terminais rodoviários,
não se devendo esquecer que parte do território de Angra
dos Reis é constituída por ilhas, e a Prefeitura mantinha
uma lancha de sua propriedade que fazia transporte maríti_
mo até elas.
MOD mo4 - IBAM- 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSmill IIISIWM IE IMIIISfllCll MIICIPll
106
O Quadro 7 demonstrou que, durante o perío
do analisado, o Município destinou'dotações para 10 Funções
de Governo, integrantes de um elenco de 16. As seis res
tantes não se constituem em campos de atuação típicos do
Governo Municipal, como, por exemplo, a função Judiciária,
a função Energia e Recursos Minerais ou a função Relações
Exteriores.
A inexpressividade dos recursos aplicados na
função Agricultura se explica por ser essa atividade econô
mica pouco significativa na economia local. Na função De
fesa e Segurança também não se justificam grandes gastos mu
nicipais. É uma função que abrange programas típicos da
União e do Estado, restando ao Município o custeio das des_
pesas com a Junta de Alistamento Militar.
O raciocínio desenvolvido para as funções an
teriores aplica-se ã função Indústria, Comércio e Serviços.
Nesta, os únicos programas em que o Município teria atuação
mais ampla seria o Turismo. As pequenas percentagens de
gastos alocados a esta função foram diretamente ã promoção
turística. 0 espaço para aplicações no subprograms empre
endimentos turísticos tem sido ocupado pela iniciativa pri
vada. Além do mais, não se pode afiançar que outros pro
gramas realizados pelo Município não se destinem indireta
mente a promoção e ao incentivo turístico.
M00 tQ04 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSmill IIISIUIII IE IMIIISTIICftl IIIICiriL
107
As demais Funções de Governo que acusam per
centagens de gastos mais significativas são típicas da Admi
nistração municipal, quer se enquadrem no âmbito das compe
tências privativas do Município, ou concorrentes com o Esta
do.
Muitas variáveis atuam no processo decisõrio
de alocação de recursos públicos, podendo ter diversas natu
rezas; algumas, são de ordem legal. Há que se considerar
também as políticas e demandas ou pressões que cristalizam
os anseios da comunidade. Angra dos Reis não está imune
a esse fenômeno.
Durante o período analisado o Município foi
objeto de investimentos de vulto, que mudaram e estão mudan
do a face do Município. Esse fenômeno tem reflexos no pro
cesso de alocação de recursos. Determinar qual deles tem
maior influência nas decisões é praticamente impossível.
5. A USINA E O MUNICÍPIO
5.1 - Uma Visão Pessoal do Atual Prefeito
Na opinião do atual Prefeito Municipal de An
gra dos Reis, Almirante Jair Carneiro Toscano de Brito, a
instalação da central nuclear no Município nada trouxe de
positivo. Essa conclusão do Prefeito resume-se nos seguin
tes pontos:
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISflTIII IIISILEIH IE limilSTIKll illlCIPIl
108
a) as obras de construção civil não concorre
ram para o aumento da arrecadação municipal porque estão
isentas do pagamento do imposto sobre serviços;
b) Furnas não paga imposto predial das casas
que possui na Vila da Praia Brava;
c) a Fundação Real Grandeza, entidade de pre
vidência social privada, criada para atender aos empregados
de Furnas, não paga imposto predial dos apartamentos que
possui no Parque das Palmeiras;
d) a existência da Vila da Praia Brava pro
piciou a ocupação desordenada das localidades do Frade e da
Mambucaba, e o Município não tem condições financeiras para
levar os serviços públicos básicos a essas localidades.
Além do mais as pessoas ali residentes não desfrutam do
atendimento hospitalar proporcionado por Furnas. Tampouco
as crianças em idade escolar são admitidas nas escolas exis
tentes nas vilas.
Concluindo, declara que "existe o Brasil gran
de e desenvolvido dentro das vilas residenciais de Furnas
e o Brasil pequeno, pobre, do lado de fora das cercas."
Com relação ao ISS sabe-se que o artigo 11
do Decreto-Lei 406/68 isenta do imposto sobre serviços de
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSfltlll IIISHEIM IE IMIIISIUCll MIKIPIl
109
qualquer natureza a execução, por administração ou emprejL
tada, de obras hidráulicas ou de construção civil contrata
das com a União, Estados, Distrito Federal ' Municípios, au
tarquias e empresas concessionárias de serviços públicos,
assim como as respectivas subempreitadas. A Lei Complemen
tar n? 22/74 acrescentou parágrafo único ao artigo 11, es
tendendo a isenção de que trata o artigo aos serviços de en
genharia consultiva.
Pode-se, no entanto, tecer algumas observa
ções a respeito da situação do Imposto Predial incidente so
bre as casas na Vila da Praia Brava.
Desde o exercício de 1974 a Prefeitura tem
efetuado o lançamento deste imposto. Furnas o tem julgado
indevido. Anualmente, ao receber a notificação, deposita a
importância lançada na Tesouraria da Prefeitura e ingressa
em juízo contra o Município, propondo Ação Anuiatoria de De
bito Fiscal. No Fórum de Angra dos Reis existem os seguin
tes processos propostos por Furnas onde o Município de An
gra dos Reis é réu:
PROCESSO VALOR DA CAUSA
411/79 Cr$ 21.869,78
1081/77 Cr* 54.656,00
609/79 CrS115.316,00
597/79 Cr$ 24.112,00
415/80 Cr$169.946,00
381/81 CrS252.079,00
MOD '004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iBTIflll MUSllim K IMIIIISTUCla MMCIMI
110
Turnas argumenta que a existência da vila
residencial é essencial ao funcionamento da central nuclear
e portanto esta isenta do pagamento do tributo, por força do
Decreto-Lei n9 2281/40.
Este tipo de questão não é novo. A Súmula 78
do Supremo Tribunal Federal fixou jurisprudência, reconhecer»
do a isenção das empresas de energia elétrica referente a in
gostos locais, no que respeita ãs suas atividades específi -
cas. A dúvida que tem surgido é se a existência das vilas
residenciais diz respeito ãs atividades especificas das era
presas de energia elétrica.
Furnas enfrentou problema idêntico com o Mu-
nicípio de Planura, Minas Gerais, e foi beneficiada com Re-
curso Extraordinário 90 551, julgado em sessão de 9 de outu-
bro de 1979, do qual doi relator o Ministro Cordeiro Guerra.
As ações propostas por Furnas contra o Município de Angra
dos Reis estão, ainda, por ser decididas em primeira instân
cia e é possível que mais uma vez o Supremo Tribunal Federal
venha a pronunciar-se sobre o assunto.
Deixando de lado o aspecto jurídico, é de se
assinalar que, ao propor as ações contra a Prefeitura,
MOO'004 I M M - M A N O S VAUHIIZANOO O MUNICfnO
iismiii lusiiEiii if iimiisiucii
in
Furnas tem perdido a oportunidade de manter boas relações
com o governo local. O valor das ações deve significar
muito pouco para a Concessionária.
Ainda com relação a esse problema, Furnaa
mantêm uma entidade de previdência social privada, denomi_
nada Fundação Real Grandeza, que é proprietária de dois
edifícios de apartamentos situados no Parque das PalmejL
ras. Essas unidades residenciais são habitadas por fun cio
hários de Furnas.
0 funcionamento das entidades de previdência
privada é regulado pela Lei 6435/77. A Fundação, como
entidade fechada, qualifica-se como instituição de assij»
tência social para os efeitos da letra c, item II, art.19
da Constituição, conforme dispõe a Lei n9 6435/77. Vale
dizer que goza de imunidade tributária no que diz raspei
to a SÍ.U patrimônio e rendas. Neste caso não cabe ao Mu
nicípio lançar imposto sobre os dois edifícios.
Com relação â queixa do Prefeito sobre o
atendimento médico-hospitalar, as informações levantadas
indicam que Furnas mantém um hospital com 30 leitos, loca_
lizado na vila da Praia Brava. No hospital trabalham 27
médicos com as seguintes especialidades: clínica médica,
cirurgia geral, pediatria, ginecologia, ortopedia, aneste
sia, gastroendoscopia, endocrinologia, cardiologia e ne
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISNflfl IIISIUIM IE IlilllSIIICU IIIICIPIL
112
frologia. O hospital também possui um laboratório de aná
lises clínicas.
0 INAMPS mantém convênio com Furnas e a im
portância recebida por esta cobre 17% das despesas hosp£
talares. Pelo atendimento ambulatorial, Furnas recebe a
quantia mensal de CR$2.440.000,00. As internações hospita
lares e intervenções cirúrgicas são cobradas à parte, co:n
forme tabela constante do convênio.
Os dados disponíveis sobre o atendimento ho£
pitalar são os seguintes:
QUADRO í - ATENDIMENTO «10 HOSPITAL DE FURNAS - 1901/1982
P R O C E D Ê N C I A y " - N S < ^DOS PACIKNTKS ^ » v v ^
Vilas Residenciais
Angra dos Reis
Parati
Frade
Outras Localidades
unelonárlos de Furna» oDependentes
Beneficiários do INAMI>S
CONSULTAS
MfiDICAS
10.428
2.018
1.710
6.006
J.535
17.065
6.682
INTERNAÇÕES
226
54
99
197
273
419
430
EMERGEM
CIA » >
7.231
6.125
TOTAL 23.747 849 11.306
fONTKi FURNAS - Control* Klútrlr.in
(I) - N.V) fol fiinvt-ltl) o lrir.il i>i rrsl.i'iu.l.i iiw p.icloi)U':i ,
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII IE IIIIIISTIKll 1IIICIPU
113
O quadro revela 6.637 atendimentos ambulato
riais e 193 internações de funcionários de Furnas e seus
dependentes não residentes nas vilas da Praia Brava ou da
Mambucaba. Dos atendimentos conroutados à conta do INAMPS,
70% referem-se a empregados da NUCON e de emoresas emprei_
teiras desta e de Furnas. A direção do hospital limitou
em 30% o atendimento de pessoas que não têm qualquer víncu
Io, direto ou indireto, com as atividades de construção ou
operação da central nuclear.
No que tange ao ensino, os números reunidos
nos dois quadros apresentados abaixo revelam as dimensões
do ensino nas vilas da Praia Brava e da Mambucaba. Em mar
ço de 1982, havia 2.078 alunos matriculados no pré-esco
lar, no 19 grau e no 29 grau. Os professores eram 137
contratados por FURNAS e 24 pelo Estado.
QUADRO 9 - QUADRO GKKAf, DO F.NSTNO HAS VI I .AS R K S I P K W T ' T S - 1982
^ 'VKSTABKLF.CIMKNTO DK
fMStNO >vMINISTRADO \ .
Classe cie altabctlzaçâo
19 Grau
29 Grau
TOTAL
VILA DA
P R O ••>•!?!;
on'URNAS
15
60
-
75
•liV-mtJCABA
~>»t.r.
i; •VTADO
-
8
-
8
AMJKOS
MATRICDr.ADOS••lARi;o/B2
316
821
-
1.137
VILA
rnon:
FUHNA
13
24
25
62
DA PRAIA
ssonrs
DO
ÍSTADO
-
16
-
16
•BRAVA
'wrntcut.AS
MAKÇO/82
245
560
136
941
fOHTKi Furnas Ccntr.i ln Üléixluaa
* Número de s.ila» Aa au l . i : ca M.imbucnbn 26, um Pr.ila Arava 24.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
HStimi IIISIUIII IE IIMIIISIIICM KIIICIPIl
QUADRO 10- DISTRIBUIÇÃO DE ALUNOS SECUKDO h ORIGEM- 19C2 <*»
^"~-~^^^ ESCOLAS
ORIGEM DOS ALUSÒS"-
Furnas
Hucon(2>
Westln^housa
Ebe
Kanobra
Kcllcn»
Confab
Comércio Local
Periferia
TOTAL
•MHBUCABA
229
2«4
S
cs
-
-
-
46
128
740
PRAIA BRAVA
13S
229
3
14
C
C
3
71
537
TOTAL
3(4
493
11
149
C
*
3
«6
199
1.277
FONTE: Furnas Centrais Elétricas
(1)
(2)
Nõo inclui alunos roatriculaJos no pse-escoiar
Inçluuivu olmos das c-I -.-p
FURNAS mantém convênio com a Secretaria de
Educação do Estado do Rio de Janeiro, que reembo"sa a empre
sa das despesas com professores por ela contratados. Por
força do convênio correm ã conta de FURNAS as despesas com
alimentação escolar, fornecimento do mobiliário, conserva
cão e vigilância das instalações, apoio administrativo e
transporte de alunos, no qual são empregados 14 ônibus. 0
custo médio mensal, por aluno, levantado por FURNAS em de
zembro de 19 81, era de CR*3.466,22.
FURNAS mantém um Fundo Escolar que se desti_
na a atender aos alunos carentes das escolas das vilas na
aquisição de uniformes e material escolar. Os recursos do
Fundo são provenientes da renda proporcionada pelos cine
mas existentes nas vilas. A aplicação dos recursos do Fun
do e fiscalizada pela empresa. A renda mensal do Fundo é
aproximadamente CRíl.200.000,00.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIITI IIISILIIM II IMIIISTIICH MIICIPIl
115
Os quadros apresentados nao incluem o ensino
maternal, que é ministrado por escola particular. O respon
sãvel pelo aluno matriculado na escola maternal paga uma
mensalidade de Cr$ 4.000,00. Furnas não tem qualquer res
ponsabilidade por esse tipo de ensino; somente cedeu insta
lações a titulo gratuito e precário para atender a uma rei_
vindicação da comunidade existente nas vilas.
Os dados do quadro de distribuição de alunos
segundo a origem, que não inclui os alunos matriculados no
curso pré-escolar, mostram que 199 alunos, cujos responsa
veis não têm nenhum vinculo com a central nuclear, freqüen-
tam, em igualdade de condições com os demais, as escolas
existentes nas vilas.
5.2 - A Câmara Municipal
A composição da Câmara Municipal de Angra
dos Reis no que diz respeito à profissão de seus vereado
res foi muito variada durante as quatro últimas legislaturas,
conforme pode ser visto no Quadro 11, compreendendo ocupa
çÕes geralmente de nível médio de renda.
Nesse mesmo período, o partido do Governo Fe
deral tem tido maioria no legislativo. Dos 13 vereadores
atuais,sete se elegeram pela legenda da extinta ARENA e
seis pela do MDB. Com o pluripartidarismo, dez filiaram-se
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIITI IUSIIEIU If IIIIIISTIKII •IIICIPIl
a m m o 11 - COMPOSIÇÃO PA CAR RA MUNICIPAL DC AMGRA m s
116
NOME DO VEREADOR
1 - Benedito Adelino dos S. Souza
2 - Ayrton José Coelho de Brito
i - leo Corrêa da Silva
4 - Vaiter Ferreira da Rocha
S - José Belmlro da Paisão
• - Osvaldo Neves Martins
7 - Kaclb Monteiro de Oueiroz
• - Carlos Alberto Clbrail Rocha
• - Halter Mala
10 - Clcio Frederico do Hascimento
11 - Renan Corrêa da Silva
12 - Milton Cones Alonso
1] - Amoacir Lage Vieira
14 - Evilásio L. Conceição Mendes
li - Orlando Soares Moreira
1C - Koaclr Rodrigues Laranjeira
17 - Adilson Katnllno Jordão
lt - Eduardo Calindo filho
19 - Orlovaldlno Pereira da Silva
20 - Jorge dos Reis V. Monteiro
21 - Sérgio Antônio C. Teles
22 - Milton Paes de Souza
?3 - Jose' Ellas Rnbha
24 - Boanerges P. dc Carvalho
24 - Manuel JordTio Sobrinho , .
2f - Euclldcs Nascimento
27 - TI to Santiago Karçal
20 - Renato Ramos da Silva (1)
29 - Edil da Fonseca
30 - Arqullcu Moreira Come*
31 - Carlos Alberto T. Carneiro (2)
32 - Claudcmiro R. Clprlano
33 - Artur Jordão da Costa
34 - Benedito Carneiro Filho
35 - Irene Paiva JonlSo Sousa
3( - Jorgn Kartlnn
PROFISSÃO .
Comerciante
F-.tc. Público Estadual
Advogado
Portuário
Func. Público Estadual
Armador de Pesca
Cuarda de Presidio
Advogado
Sargento da Exército
Industrlirlo - VEB
Comerciante
Advogado
Advogado
Carteiro
Func. Público Estadual
Comerciante
Conferente
Comerciante
Estivador
Func. Autárquico
Administrador de Empresas
Servidor da CFDAE
NÃO Identificada
Militar Aposentado
Oficial do Exército
runclonãrio Público Federal
Industriaria - V.E.B.
Estivador
Dentista
Induütriárlo - V.E.B.
Comcrciãrlo
lndustriárlo - V.E.B.
Kcdlco
Armador dtr Penca
A«lvo,«d.
ComrrcIantP
•7/70
ARENA
ARENA
ARENA
ARENA
ARENA
AREKA
AREKA
AREKA
MDB
HOB
M «
MDB
HOB
71/7J
ARENA
AREKA
ARENA
ARENA
ARENA
AREKA
ARENA
ARENA
ARENA
AREKA
AREKA
W»
MDB
74/77
AREKA
ARENA
ARENA
AREKA
AREKA
ARENA
ARENA
AREKA
ARENA
MDB
ARENA
ARKNA
MOB
70/»
ARENA/lUlG
ARENA/FDS
ARENA/PDS
ARENA/PP
MDB/PDS
MDB/PDS
ARENA
ARENA/TP
MUI/PDS
MDB
MDB/PDS
AKEKA/PtW
KOB/PDS
MDB/PP
MHM/ri*PDNTBÍ r.ccrrl.irl.i d.i rimara Municipal de Snttit Ot>n Wciu(1) I f vi m.ind.il» c.ir.r..iih> rin vlrtml.- <lr cnndcnAç.io Jurllclal.12) J.ilirc» no turr;.> do m.indolo.V.K.H. Vcrolme i;»li)«lru» iio nr.ii.U.
MOD 1004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSflllll IIISIIEIII I I IIIIIISIIKII illlCIPIl
117
ao PDS e três ao antigo P P .
O exame das Atas das Sessões da Câmara Munici^
pai, no período de 1968 a 1981, revela que as discussões do
plenário da Câmara, bem como as indicações, moções e reque
rimentos apresentados pelos vereadores restringiram-se a
problemas locais, como por exemplo: a. limpeza de ruas, a
ocupação desordenada dos morros da cidade, a deficiência dos
serviços públicos locais (água, esgoto, iluminação pública,
transportes coletivos), a necessidade de urbanização de
áreas carentes e, ainda, a solicitação de providências aos con
cessionários de serviços públicos Dará a melhoria do padrão
de prestação dos serviços e outros assuntos da mesma natu
reza. Ê importante ressaltar que o ensino de 19 grau minis;
trado pelo Município não tem sido objeto de debates na Câina
ra Municipal, o que sugere que os vereadores julgam-no sa
tisfatõrio.
Verifica-se também oposição sistemática a to
dos os Prefeitos nomeados, o que não ocorreu com relação ao
último prefeito eleito. A aprovação de mensagens oriundas
do Executivo não tem sido tranqüila nos últimos anos. A Cã
mara, por exemplo, negou ao Comandante Valle Ferreira auto
rizaçao para a abertura de crédito suplementar e realização
de operações de crédito oor antecipação de receita quando da
aprovação orçamentária proposta para o exercício de 1981.
Essa autorização, facultada pelo art, 79 da Lei 4320/64 é
MOD ioo4 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismifi msiiEiM IE umiisTiicii miicini
118
quase que um chavão nas leis orçamentárias municipais, esta
duais e federal. Ainda ao Comandante Valle Ferreira foi ne
gada autorização para assinatura de convênio, com a Secreta
ria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e com a
Flumitur, para recuperação da área da Mambucaba.
Nos anos de 1973 e 1974, em trabalho já men
cionado, o IBAM elaborou por solicitação da Prefeituras vá
rios projetos de lei. Todos foram aprovados por decurso de
prazo. Por oposição ao Prefeito Toscano de Brito, a Câmara
recusava-se a discuti-los. Na época, 11 vereadores perten
ciam à ARENA, partido do Governo Federal. O Pre'eito fora
nomeado pelo Governador, com prévia aprovação do Presidente
da República.
As atas da Câmara Municipal não registram de
bates sobre a implantação da Central Nuclear Almirante Alva
ro Alberto, suas influências positivas ou negativas. A ún^
ca preocupação com o empreendimento acha-se materializada
no requerimento 22/79 de autoria do vereador Moacyr Rodri
gues Laranjeira, na página seguinte.
O atual consultor jurídico da Câmara Munici
pai, vereador em duas legislaturas, explica a falta de pro
nunciamento de vereadores acerca da implantação da Central
Nuclear como resultado de um prudente autocondicionamento
dos edis locais. Para justificar sua afirmação conta que,
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismira insulin li IIIIIISIIICII miiciru
ISTADO DOIIOM JANEIRO . • 1 1 9
ClUIKl UBEICiriL BE IICKI BIS INS. • ~ • *
HCOUCRIHEMTO N* 7 3 / 7 9• • •
CXHO. SENHOR PRCSIDCNTC OA CÂMARA MUNICIPAL DC AKCRA DOS RE 15
•' '.'. Requairo a Kesa, após ouvido o Plenário, seja onviado
ao EXBO. Sr. Presidente do República Federativa do Brasil, DD. CansraLJOÃO/
BATISTA DC OLIVEIRA FIGUEIREDO, o Oficio abaixo: ' . _.
' ••. Sr. Prnsidente
' •".- "•• ' * - Nesta oportunidade, danos ciência a . • / -
Vocsa Excelência*da nossa preocupação no futuro da Usina em Itaorna, face /
•Váos acontecimentos ocorridos aa une dos Usinas.nos,Estodo6_Unidos ca Anórica,
nuito «raboro, a nosso coounidatío confie plenamente nas futuras aedidas quo /
Vosso Excelência tomará para qua o sisteas da segurança da Usina Nuclear ea
nosso Município, seja rBOxaninedo, assegurando a todos nós a tranqüilidade /
de qua tanto precisemos como também o Progresso do nosso Pois.
\ . . ' - • '
Si ia rf-.s riSssõ*R3, ea 10 de Abril ds 1979
/KOACYR RODRIGUES LARANCLIRA
* Vereador
Cópias porá:
Senador José Sarnoy - Sanado Bracilit • •'"
Deputado Saramago Pinheiro - Câmara dos Deputados Bres/iia
Deputado Célio Borja - Cêbora dos Deputados Brasilia
Deputado Froitas Nobre - Casara dos Deputados B-esília
Senador Franco Montoro
bornel "0 CLOBO"
Dornal "0 FLUMIHENSE"
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSmill IIISIIEIII IE IIIIIISIIICll MIICIPIl
120
em 1967, ele e outros vereadores, pertencentes ã extinta
ARENA, foram convidados para uma reunião no Colégio Naval,
da qual participou, entre outras pessoas, representantes de
Furnas. Nessa reunião foi-lhes dito que não deveriam apro
var qualquer projeto de edificação na área da praia de Ita
orna e adjacências.
Isto foi suficiente para motivar o então ve
reador a apresentar um Projeto de Deliberação, que tomou o
n9 24/67, declarando non aedificandi a faixa de marinha
que acompanha toda a extensão das praias de Itaorna, Brava
e Mambucaba, no 49 Distrito, e Frade, no 29 Distrito. O
projeto foi aprovado, transformando-se na Deliberação 491,
sancionada pelo Prefeito era 18 de de smbro de 196 7. O pro
jeto original sofreu emendas, incluindo-se na área non aedi
ficondi toda a faixa que acompanha as praias do Município.
Segundo o consultor jurídico, a reunião no
Colégio Naval fez precipitar uma idéia que vinha acalentari
do a fim de coibir a implantação de condomínios fechados
na orla marítima, qi 3 poderiam vir a impedir o acesso da
população às praias. Acrescentou, ainda, que sua intenção
original era estender a proibição de edificar a toda fai
xa marítima, como afinal foi aprovado. Porém, os convoca
dores da reunião foram tão enfáticos que, quando redigiu o
projeto/mencionou somente as áreas do 29 e do 49 distritos.
- A expressão utilizada pelo depoante é que foi dada uma ordem nósentido literal da palavra.
M 0 0 ,0 0 4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
l lSni l l l IIKIIEIII IE IIMIIISTIICil MlllCiril
121
5.3 - percepção da Associação Comercial
Existem aproximadamente 1. 200 estabelecimeri
tos comerciais em Angra dos Reis. A Associação Comercial
conta com 180 associados, número bastante inexpressivo em
relação ao de estabelecimentos existentes.
Entretanto não se pode ignorar a força políti^
co-institucional da Associação. Em tempos idos um de seus
presidentes conseguiu ser ouvido e Angra dos Reis foi inclu
ido entre os Municípios de interesse da segurança nacional.
Recentemente o movimento liderado pela Associação Comercial
culminou na substituição do Prefeito Ellis Bauzer. A Asso
ciação hoje, como entidade de classe, não participa de ne
nhum movirusnto político local. Tampouco assume qualquer po
sição em relação ã implantação da central nuclear em Angra
dos Reis.
Segundo o atual presidente, as compras efetujj
das por FURNAS durante a construção da central nuclear no
comércio angrense foram e continuam sendo inexpressivas. Na
época da construção de Angra I as compras eram feitas em
Volta Redonda e Resende porque eram centros fornecedores de
acesso mais fácil do que Angra. Com a construção da BR-101
essa dificuldade desapareceu; FURNAS e seus sucessores na
construção de Angra II e Angra III não têm procurado incen
tivar o comércio local.
MOD t004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IRISIUIII IE IBMIIISIIICII MIIICIPII
122
A Associação vê na instalação da Verolme um
marco no desenvolvimento do Município muito mais expressivo
do que a construção do terminal petrolífero e a implantação
da central nuclear. Também sustenta a opinião de que o por
to é muito mais significativo para o comércio local do que
esses dois empreendimentos. Estima que cerca de 1.500 fantí
lias dependem diretamente das atividades portuárias.
A implantação das vilas residenciais na Praia
Brava e na .Mambucaba emorajou alguns comerciantes a abri
rem lojas nesses locais/ o que tem sido considerado um bom
negócio. A despeito disso, o presidente da Associação sus
tenta que o movimento portuário tem reflexos mais significa
tivos sobre o comércio local. O comércio ressente-se da
falta de mão-de-obra qualificada. Os mais capazes senlem-
se atraídos pelos empregos oferecidos pela Verolme, pelos
bancos, por FURNAS e empreiteiros de construção civil.
5.4 - Perccncão da População de Anqra dos Reis
Esta seção se baseia em pesquisa de campo reja
l izada com a população do Município, conforme mencionado ari32ter iormente .
Um dos quesitos, o último, foi vazado nos se
- Ver seção Metodologia, capítulo 1.
MOO tOO4 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisiitiii •iisiiuii n IMIIISIIICII ••iicini
123
guintes termos: "Na sua opinião, quais são as influências
causadas pela construção da usina nuclear de Angra dos Reis?"
As respostas eram em aberto e parte dos entrevistados de
ram mais de uma opinião. Isto explica por que se coletaram
405 respostas, a despeito de 78 respondentes alegarem não
possuir, na época, opinião formada.
As respostas foram analisadas quanto ao con
teúdo e classificadas em três grupos conforme as percepções
que revelam, segundo o quadro abaixo. No grupo"A" incluera-
se as que denotam percepção favorável. No "C", as decorren
tes de visão negativa, tanto para o Município como para o
Pais. Finalmente, no grupo "B", há dois tipos de respostas.
Uma revela descrédito: "não importa, a usina não vai funcio
nar". 0 outro, "não temos qualquer problema com o funciona
mento da usina", denota certa neutralidade. Contaram-se 232
respostas positivas, 155 negativas e 17 dos outros tipos.
É de se observar que muitas pessoas, que emi
tiram opiniões positivas, mencionaram, a seguir, também as;
pectos negativos. Assim houve quem afirmasse sobre a cons
truçao da usina: "É positiva porque oferece trabalho, porém,
o perigo é muito grande"; "A usina gerou empregos. Não há pe
rigo. Os técnicos são bons e há muita segurança"; "Eu vivo de
Ia, mas tenho medo"; "Un pouco perigosa, mas onde não há perigo?"
O Jornal Maré a propósito de discutir o plano
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
nsimn iiisiutti M IMHIISIUCAI124
QUADRO 1 2 - PERCEPÇÃO DE INFLUÊNCIAS POR PARTE DA POPULAÇÃO - 1 9 8 2
^ ^ \ ^ ^ DISTRITOS
GRUPOS DE ^ ^ * ^ ^ ^ ^
PERCEPÇÕES ^ ^ * ^ ^
A - Gerou caprcgos
A - Progresso para o HunúTpio
A - Positivas para o Município,•as sen ospcrifica-las
A - Positivas para o paTs e so-lução do problew» energéti-co
B - Não me importa. A Usina nãovai funcionar
B - Kão temo qualquer proble-na com o funcionamento dausina
C - Gerou desemprego
C - Dã prejuízo â nação. Invcstimenlo improdutivo
C - Aumentou o custo de vida
C - Pode prejudicar o turismo
C - ffedo de vazamento, explo-são, remoção forçada c ou-tros
C - Receio do que possa aconteecr no futuro
C - Deterioração de meio ambiente
C - A Usina í uma grande ameaça
TOTAIS
CUNHAM
BEBE
48
18
1
1
1
7
-
1
3
-
28
4
6
3
121
ANGRADOS
REIS
56
32
19
7
4
2
-
1
15
4
30
7
13
14
204
MAMBU
CABA
14
3
1
1
-
-
-
-
-
-
4
1
1
3
28
JACUE
CANGA
11
19
1
-
-
3
1
2
2
-
2
9
2
-
52
TOTAL
129
72
22
9
5
12
1
4
20
4
64
21
22
20
405
FONTE: Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1982.
MC» 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTfllTI BRASILEIRO BE IIMIIISIMCâl M I IC IN l
125
de evacuação, em caso de acidente na usina, entrevistou mo
radores do Município. Os resultados publicados pelo semana
rio revelam temor e desconfiança quanto â eficácia do pia
no. Eis algumas das opiniões:
Que sicmifica esta segurança toda, este plano, construção de outra estrada, de um aeroporto, etc? ETsinal que o perigo existe; então por que foram fazer essa usina num lugar com tanta população? Agoravão gastar mais trilhões e estamos em crise. Ficorevoltado com isto. O povo continua sem saber nada.O pessoal J3 FURNAS convida para visitar a usina,mas só quem é a favor. Tem que debater mesmo comos que são contra também. O plano não funcionaria,não vai dar tempo. Não sabemos se quem trabalha látem consciência da gravidade e da responsabilidadeque carie^a, independentemente das diferença;; de SEIlário. Será que na hora do acidente vai funcionaro famoso jeitinho brasileiro? E a contaminação radiotiva? 0 povo vai ficar sabendo? E uma perguntafinal: na hora de evacuar, quem serão os primeirosa sair da cidade? Sei que não serei eu..."
Acho que estão falando estas coisas (o plano de evacuação) é para o pessoal ficar apavorado e ir embora. A vontade deles é tirar-nos daqui."
11 0 que acontec " som os cruardas aue ficarão tomandoconta enquant. . oovo estiver lonqe? Então eles vãoter que se contaminar? Oue coisa horrível! Aliás,eu já fiz até promessa oara esta usina não entrarem funcionamento nunca1."
" Fico triste pensando que algum dia terei de sair deAngra por causa deste perigo. Os operários brasilei^ros não sabem o que estão construindo. Os cursosde esclarecimento são só para a cúpula. Esta usinaestá sendo feita "no peito" e sem necessidade. 0 piai
33 ~- ANGRA discute o plano de evacuação. Maré, Angra dos Reis, n9 828 de janeiro, 1981, P 12-13.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
I ISt lHI l BBISILEIRB BE IBMIIISIMÇIB MIIICIP1L
126
no não vai funcionar, inclusive porque o povo nãovai acreditar na necessidade das medidas. A segurança lá é falha, ê possível burlar. Mulher, eles naorevistam. Um dia houve um incêndio e os bombeiros(lã chamados de "trapalhões") só chegaram depois quequeimou tudo. Li muito sobre testes e experiênciasem outros países adiant .dos, tenho muita preocupaçãocom a ecologia, o perigo de câncer e leucemia, as gerações futuras..."
Olha aí, soldados vão ficar tomando conta das casase coisas do pessoal evacuado. Acha que eles vão searriscar? Ctonhece a Bíblia? O trecho sobre o Apocaliose? E isto aí! "
Sou enfermeira e sou cristã. Portanto, me preocupocom a saúde e o futuro dos seres humanos. Além diísto acredito ainda na ética. Se foi feito um planopara evacuar a população em caso da acidente, istoé mais uma prova de ser imoral a construção destausina, porque o perigo e as conseqüências são detal ordem que não justificara correr-se o risco: orisco de expor as pessoas aos efeitos da radiaçãoapenas para gerar eletricidade, ainda mais que existem tantos outros meios de obtê-la."
0 plano é perfeito para os planejadores, perfeitoem teoria Angra com turistas e sem turistas.Se o acidente ocorrer num domingo vai dar a maiorconfusão porque os turistas não estarão sabendo denada, mesmo que a população fixa saiba o que fazer."
Em duas casas do Bracuí, diversas pessoas nunca ouviram falar em acidente nuclear, nem no plano deevacuação. A pergunta sobre o que é a usina, algunsdizem que não sabem, outros só sabem que é para gerar luz; uma senhora comenta que "dizem que é parafazer bombas."
" Una moça que trabalha no hotel de Praia Brava dizque lá não se conversa sobir» usina. Não sabe comofunciona a usina. Uma vez ouviu um rumor que haveriauma explosão e todos teriam de sair, mas foi boato."0 pessoal já não liga muito, não tem medo".
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismin iiisiiEiii IE iiiinsTiicii miiciru
127
Seria de se indagar se a população foi, de al_
gutna forma, ouvida pelos autores do plano. Parece que não.
O conhecimento das diretrizes do plano restringe-se ao que
foi publicado no Maré n9 27.
O Prefeito municipal declarou possuir um exem
plar do plano e que para entendê-lo teve de lê-lo Lrês ve
zes.. Na süa opinião o plano nada difere de um estudo maior
para evacuação de áreas que o inimigo está prestes a ocunar.
A retirada da população, se houver, será feita por transpor
te terrestre. Na opinião do Prefeito, isto é um erro. Sen
do o Município dotado de um porto, a retirada, segundo o
prefeito, deveria processar-se era navios, devido ã capací_
dade que têm de transportar grande número de pessoas. Ao
discorrer sobre o assunto, o Prefeito revela uma atitude
crítica em relação ã eficácia do plano de evacuação.
Inexistem até o momento em Angra dos Reis mo
vimentos organizados contra a implantação da usina. Algu
mas pessoas estão tentando estruturar a Sociedade Angrense
de Defesa ã Natureza, inspirada em similar que alegam exi£
tir em São Paulo. Embora não tenha existência legal, a So
ciedade distribuiu, recentemente, cartazes com os dizeres
"Usinas nucleares - crime de lesa humanidade". Uns poucos
estabelecimentos comerciais ostentam o cartaz.
Em setembro de 1981, no dia da posse do atual
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI ItlSllEIM IE IIMIIISTMCll NIIICIPIL
128
P r e f e i t o , promoveu-se passea ta cont ra a c e n t r a l nuc l ea r . O
evento esvaz iou-se por s i mesmo. A r e s p e i t o , o J o r n a l do
34B r a s i l publ icou:
" Para o novo Prefeito de Angra dos Reis, AlmiranteJair Carneiro Tbscano de Brito, são normais os protestos da população angrense oontra a instalaçãoda usina nuclear na cidade, apesar de garantir quea mesma não trará prejuízos ã comunidade, mas, cono até Jesus Cristo protestou, acho natural que opovo também proteste".
A pesquisa do IBAM reve la desconhecimento,
por p a r t e da população, do que se ja uma c e n t r a l nuc lea r , S£
j a no que tem de p o s i t i v o , se ja no que r ep resen ta de ris_
cos . Os rece ios ex ternados , pelo menos em p a r t e , t a lvez de
corram d a í . É o medo do desconhecido. Levantamento r e a l i
zado reve la que assuntos r e l a t i v o s a c e n t r a i s nuc leares têm
merecido destaque no Jorna l Maré . Isi
t e as preocupações da comunidade l o c a l .
merecido destaque no Jorna l Maré . I s t o , por c e r t o , r e f l e
Os meios de comunicação ultimamente têm noti^
ciado ac iden tes ocorr idos em centros nuc leares de outros pa
í s e s . As n o t í c i a s ve iculadas não se referem aos benef íc ios
que e s sa s us inas têm proporcionado, pelo c o n t r á r i o , ressajL
tam os r i s c o s que e l e s representam para as comunidades que
34- NOVO Prefeito de Angra acha natural protestos da população contra aUsina. Rio de Janeiro, 4 de set., 1981.
35- Foram pesquisadas as edições desde outubro de 1980, quando o Jornal
iniciou a sua circulação.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIITI IIISILEIII IE IlllllSfllCll illlCiril
129
lhes são próximas.
Ê interessante relatar experiência vivida por
alguns angrenses na época da construção da usina. Quando
da abertura da BR-101 era comum, à noite, dirigindo-se de
automóvel para Parati, as pessoas errarem o caminho, face
aos desvios existentes. Quando davam conta, estavam dentro
do canteiro de obras da usina, cercados de vigilantes arnu»
dos. Invariavelmente, as pessoas e automóveis eram revista
dos, não sem algumas agressões verbais. Dado o clima poli
tico de época, possivelmente os vigilantes confundiam os mo
toristas desnorteados com algum subversivo. A falta de sji
nalização e o despreparo dos vigilantes parecem ter sido a
causa desses fatos traumáticos para a população, com efe L
tos negativos na imagem de FURNAS.
O presidente do Sindicato de Estivadores rela
ta que quando FURNAS desembarcou material importado - trans_
portado por dois navios - não empregou a mão-de-obra local.
0 Sindicato, quando soube da chegada dos navios, argumentou
que a legislação obriga o emprego de profissionais do setor.
Foi em vão. A tripulação dos barcos efetuou o descarrega
mento com ajuda do pessoal das empreiteiras de FURNAS. A
partir desse episódio os equipamentos passaram a ser desem
barcados no oorto do Rio de Janeiro.
Inexistem em Angra dos Reis grupos que de
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llStltlfl IIISIUIM IE IIMIIISIMCll MIICIPIL
130
fendam a central nuclear. A despeito disso, a pesquisa
realizada revela opiniões favoráveis. Várias oessoas ner
cebem o empreendimento como alargador de trabalho - tema de
grande importância neste momento. A atitude do Prefeito,
considerando a passeata de protesto um fato normal, eitan
do Jesus Cristo como exemplo, é uma forma de silenciar-se
sobre o assunto. Qualquer comentário, aprovando ou conde
nando o movimento, poderia não ser bom para um Prefeito
que iniciava sua gestão. Indispor-se-ia com a comunidade
ou atritaria suas relações com FURNAS.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISILEIII IE IIMIISTIKll illtCiril
V - DIMENSÃO FÍSICO-TERRITORIAL
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
l l S m i l l IIISIIEIII IE IIMIIISTIICH MIIICIPIl
1321. INTRODUÇÃO
As transformações flsico-territoriais na re
gião foram estudadas como um processo global em que ficou
evidenciado o impacto da implantação da Verolme, da BR-101,
do Terminal da PETROBRÃS, da Central Nuclear, procurando-se,
sempre que possível, particularizar este ultimo empreend_i
mento.
O estudo se estende da época do inicio da
construção da usina ao momento atual. Buscou-se reconsti
tuir as características físico-territoriais do Município no
início da década de 70, e a partir daí identificar as trans;
formações ocorridas, adensamento de manchas urbanas, ocupja
ção de áreas, construção de núcleos habitacionais e mudan
ças de uso do solo.
Neste sentido, a dimensão físico-territorial
se ocupara de observações a respeito da ocupação do solo
municipal em todos os distritos, bem como de inferências re
tiradas dos questionários aplicados pela equipe do IBAM du
rante a pesquisa domiciliar. Cabe observar que as referên
cias numéricas podem ser encontradas nos quadros 6 a 22 no
Anexo.
1-Ver seção scbre Metodologia no capítulo I .
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismifi iiisiiEiii li umiisfiicli iiiiciru
133
2. MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS -CARACTERÍSTICAS GERAIS
O Município de Angra dos Reis localiza-se no
extremo sul do Estado do Rio de Janeiro, limitando-se ao
norte com o Estado de São Paulo e com o Município de Rio
Claro; a leste, com o Município de Mangaratiba; ao sul com
o Oceano Atlântico e a oeste, com o Município de Parati .(Ver
Mapa n9 1)
O Município está dividido em seis distritos;An
gra dos Reis (distrito sede), Cunhambebe (29 distrito), Ja
cuecanga (39 distrito), Mambucaba (49 distrito), Abraão ( 59
distrito) e Praia de Araçatiba (69 distrito), estando os
dois últimos localizados na Ilha Grande. (Ver Mapa n9 2)
Os seis distritos perfazem um total de 819 Km ,
o que corresponde a 2% da superfície estadu-1. A Ilha Gran
de, acentuadamente montanhosa, possui uma área de 179 Kra ,
com uma costa rica em enseadas, sacos e praias. O trecho
do litoral onde se localiza o Município, nas proximidades da
Serra do Mar, forma uma costa montanhosa recortada por su-
cessões de reentrâncias e pontões rochosos.
A topografia acidentada da região impossibili-
tou qua a cana-de-açúcar fosse cultivada da mesma forma que
em outros pontos do litoral brasileiro. Por outro lado, a
economia do Município desenvolveu-se basicamente em função
M0D (004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IllSllilll IE IlllllSfllCil MIICIPIl
134
da pesca e do porto, atividades que definiram o quadro de
ocupação do Município e caracterizaram a estrutura da cidade
de Angra dos Reis. Com a queda da atividade cafeeira no
Vale do Paraíba e a utilização mais intensa dos portos do
Rio de Janeiro e Santos, Angra dos Reis sofreu um declínio
em suas atividades portuárias .
A instalação da Verolme na Baía de Jacuecan
ga, aproximadamente a 15 Km da sede municipal, em 1960, a
reativação portuária, a pavimentação da rodovia ligando An
gra dos Reis ã antiga Rio-São Paulo e, mais recentemente,a
construção da usina nuclear (iniciada em 1970), a constru-
ção da BR-101 (1972/1976) e finalmente a instalação do Ter
minai da Baía da Ilha Grande - TEBIG em 1976 geraram gran
des transformações que definem o atual quadro de ocupação
do Município.
As transformações se fizeram sentir fundamen
talmence na década de 70,sendo que a implantação da BR-101
no trecho Rio-Santos significou um salto fundamental no
processo, facilitando o acesso a diversas vilas e localida
des do Município. O advento da estrada, além de propiciar
o incremento da população fixa, especialmente a de renda
mais baixa, acarretou igualmente o aumento do aproveitamen
2 ~ <»- Ver"Dimensão Sõcio-Econômica", neste estudorpara um deta
lhamento deste aspecto.
MO0 ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITITI IIISIIEIII IE limilSTIICll IIIICIPIl
135
to do potencial paisagístico da região, através do turismo
e do veraneio, fato que genericamente explicaria o cresci-
mento da população flutuante no período e o surgimento de
inúmeros loteamentos destinados especificamente a popula-
ções de al ta renda, que se servem apenas eventualmente do
solo.
Para se ter uma idéia do que era o Município
há 20 anos atrás , vale a pena observar um trecho do "Estu-
do de Localização da Usina Nücleo-Elétrica, Projeto Mambu-
caba" realizado em 1961 pela ECOTEC - Economia e Engenharia
Industrial S/A para a Comissão Nacional de Energia Nuclear
-CNEN:
"...foi organizada a primeira visita aolocal. A bordo do navio hidrográfico 'Orion1 seguiupara o local, em companhia de elementos da OHN o grupo de especialistas em aspectos pertinentes ao em-preendimento, pois havia-se constatado desde logo queo acesso ã região só se poderia efetuar por v.i~t marítina, ou então a cavalo em longa e penosa descida partindo de São José do Barrero. A estrada estadual RJ-129 havia sido apenas atacada em curto trecho partin-do da estrada Federal de Angra dos Reis, impossibili-tando o acesso por via terrestre em veículo, pelo l itoral."
Angra dos Reis - com exceção da Ilha Grande
- conta atualmente com uma ligação viária que tem como e i -
xo principal e bastante eficiente a BR-101 que corta todo
o Município pelo l i t o r a l . Praticamente todas as v i las , po
voados e localidades se interligam através desta rodovia.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IRISIIEIM IE IlilllSTMCll illlCIPIl
136
Da análise anterior e focalizando os momen
tos mais recentes, poder-se-ia depreender que â implanta-
ção da estrada estaria atribuída a maior parte das tran£
formações no espaço físico do Município de Angra dos Reis.
Entretanto, é possível estabelecer-se uma relação próxima
entre a construção da Usina Angra-I e a agilização da com;
trução da estrada, pois é certo que um empreendimento do
porte e natureza da Usina não se viabilizaria independente
mente da existência de ligações viárias eficientes que re
dundctssem em facilidades de transporte. Assim, parece que
a opção de localizar em Angra dos Reis a usina atômica con
tribuiu decisivamente para a implantação da BR-101.
3. OCUPAÇÃO DO SOLO MUNICIPAL - CARACTERÍSTICAS DA SEDE E
0 processo de ocupação do solo no Município
de Angra dos Reis vem ocorrendo de forma desordenada, sen
do bastante extensa a faixa litorânea comprometida com a
urbanização. Tal fato é confirmado no Plano de Desenvolvi^
mento Físico-Territorial aprovado pela Câmara Municipal,em
dezembro de 1981, que inclui todo o litoral do Município no
perímetro urbano.
A cronologia das aprovações dos loteamentos
leva â identificação de três etapas distintas: antes da
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IKTIIITI IMSILEIII IE IlilllSTIICU NIIICIPIl
137
construção da BR-101 (1950/1969), durante as suas obras
(1970/1975) e após a abertura da estrada (1976/1978). Nos
primeiros 20 anos foram aprovados 14 loteamentos, sendo
apenas 2 destinados a veranistas. No segundo período, fo
ram aprovados outros 16 parcelamentos, sendo a metade of£
recida a veranistas. Após a abertura da BR-101, em ape
nas 5 anos, foram aprovados 37 loteamentos , a maior par_
te destinada a atender â demanda de veranistas.
Verificando-se o Mapa n9 3, pode-se faciliaom
te perceber como ocorreu o processo de ocupação do Municí^
pio. Os loteairtGntos aprovados até 1970 são parte da sede
urbana; aqueles aprovados entre 1970 e 197 5 st dividem en
tre o distrito-sede e o distrito de Jacuecanga e, final-
mente, os aprovados a partir de 1976 espalham-se por toda
a extensão da orla.
A ocupação da orla está diretamente ligada
ã implantação da BR-101. A estrada facilitou o acesso ã
área, que vem sendo considerada de grande potencial turís;
tico em todas as análises do Município, estando incluída
- Para maiores detalhes examinar o documento "Parcelamentos de Terra Aprovados pela Prefeitura Municipal" e o Mapa n9 3 - "Uso doSolo Municipal", ao final desta Dimensão.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiti nisiiEin K IMHIISHKM •warn
138
inc lus ive no Projeto TORIS - Desenvolvimento Turíst ico Rio-
Santos4 , da EMBRATUR.
A vocação t u r í s t i c a do Município fo i refor-
çada COM a elaboração do Projeto TURIS principalmente com a
implementação da BR-101, que criou as condições objet ivas pa
ra a ocupação do l i t o r a l , transformando a paisagem natural
através da ocupação, como também propiciando o adensamento
dos núcleos urbanos já e x i s t e n t e s .
Diversos empreendimentos imobil iários cora
f ins t u r í s t i c o s vem sendo realizados no Município, dentre
e l e s Porto Bracuhí e Porto Frr.de. O fato de alguns de les
ainda não estarem ocupados por i n t e i r o pode ser atribuído ao
superdimensionamento da demanda, agravado pela retração eco
nómica do p a í s . Além d i s s o , de acordo com depoimento de
corretores l o c a i s , há interesse em especular. A medida que
a ocupação se in tens i f i ca , o preço dos imóveis tende a su-
b i r . Até o momento nenhuma conseqüência parece ter a Cen
tra i Nuclear causado ao veraneio no Município.
- O Projeto TURIS, elaborado pela EMBRATUR em 1972/1973, tem comoobjetivo disciplinar o aproveitamento do litoral no trecho considerado Zona Prioritária de Interesse Turístico pelo Gonselho Nacio-nal de Turismo (Resolução n9 413, de 13 de fevereiro de 1973) .Abarca a área mais densamente ocupada do Município, quando estabeleceuma linha imaginária de 1 km a partir do eixo da BR-101, incluindotoda a faixa litorânea. As praias são classificadas em três cate-gorias distintas e têm parâmetros de ocupação diferenciadas. Praticamcntc todas as praias do Município estão incluídas nesta classiTicação, com exceção das localizadas em Jacuccanga (vila de funciona"rios da Verolme), nas áreas urbanas da sode municipal e na Praiade Itaorna.
_ IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIOWOO'00*
ISTIlülO IRISIIEIRO Df IDNIlISlRICàO MIIICIPIl
139
PORTO BRACUHY
Pode-se agora passar âs observações sobre
cada um dos diferentes distritos do Município. Estarão ai
registradas informações sobre a ocupação do solo no local,
bem como sobre algumas variáveis da pesquisa de campo.
3.1 - Angra dos Reis - Sede
O estudo relativo ao 19 distrito limitou-se
ã sede municipal, ou seja, â cidade de Angra dos Reis. A
principal característica física da cidade é estar implanta
MOD 1004ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISHTITO IRISUEIRI DE IDMIIISIRICftl MlllCiril
140
da em estreita faixa de terra entre a montanha e o roar.
Tendência registrada em 1971 e que atualmente se coloca
como uma situação de fato é o adensamento do antigo centro
urbano e a ocupação cada vez mais intensa dos morros que o
cercam. Na época, a ocupação dos morros do Carmo, Santo
Antônio, Bole e de outros se iniciava de maneira rápida e
desordenada.
Estudos realizados em 1978 pela Secretaria
Estadual de Planejamento indicam que a ocupação dos morros
de São Bento, Santo Antônio, Caixa D'Agua, Carmo, Fortale
za, Tatu, Peres, Glória, Volta Fria e da Cruz se caracter^
za por áreas invadidas, posse não legalizada e loteamentos
de baixo padrão. 0 núcleo central da sede do Município, o
mais antigo assentamento, concentra atualmente atividades
de comércio e serviço e se encontra densamente ocupado. As
vias de circulação são bastante estreitas de modo que du
rante as épocas de maior afluência turística a área cen
trai fica completamente congestionada. Estudos anteriores
já davam conta da sobrecarga da estrutura viária.
A« tendências de crescimento apontadas em
- SERFHAU- Termos de Referência para o Plano de Ação Imediata do Município de Angra dos Reis Rio de Janeiro, 1971.
- SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E «XORDENAÇÃO GERAL-Plano de Desenvolvimento Físico-Territorial do Município de Angra dos Reis, Rio de Ja_neíro, 1978.
7 - SERFHAU, op. cit.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANOO 0 MUNICÍPIO
IISmiTB IRISILEIRI IE IIMIIISTRICll MIIICIPIl
141
1971 vêm se concretizando conforme se pode verificar atra
vés de exame do Mana n9 4. Além da ocupação dos morros, o
núcleo inicial expandiu-se contornando a oenísula além do
Colégio Naval, atingindo as Praias do Bonfim, Grande e Vi
Ia Velha, criando uma ocunacão de Dadrão mais elevado onde
coexistem habitações de residentes e veranistas. A cidade
ampliou-se ainda em direção ao bairro Jardim Balneário
através da recente implantação do Parque das Palmeiras. O
crescimento previsto em direção ã área conhecida como Japu
íba vem se concretizando de forma descontrolada e com
xo padrão habitacional.
PARQUE DAS PALMEIRAS E JARDIM BALNEÁRIO
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIITITB miSILEIIO I ! IIMIIISTRICll MIIICIUl
142
A s i tuação a tua l da área urbana da sede muni
c i p a l , no que diz r e spe i to ã ocupação e uso do so lo , não di
fere da que foi apurada pela S e c r e t a r i a de Planejamento do
— 8Estado em 1978. 0 uso r e s i d e n c i a l do a l t o padrão r e s t r i n
ge-se ã área s i t u a d a além do Colégio Naval, que compreende
a Pra ia do Bonfim, P ra ia Grande e P ra i a de Vi la Velha. 0
uso r e s i d e n c i a l de Dadrão médio concen t ra - se nos b a i r r o s
Jardim Ba lneá r io , Parque das Palmeiras e P r a i a do Jardim,
além de e s t a r p r e s e n t e no cent ro da c idade , que se c a r a c t e r i
za basicamente como área de comércio e s e r v i ç o s .
PARQUE DAS PALMEIRAS
- A caracterização corro alto, médio e baixo padrão habitacional utili_zada neste trabalho baseia-se na classificação estabelecida na Proposta Plano de Desenvolvimento Fisico-Territorial, elaborada pelaSECPLAN em 1978.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiTi iiisiiEiii IE iiiinsTiicii muciriL
143
Os dados da pesquisa domiciliar realizada pelo
IBAM apontam que os bairros - Jardim Balneário, Parque das
Palmeiras, Praia do Jardim e Praia do Bonfim - possuem situa
ção privilegiada em relação ãs outras áreas pesquisadas. As
construções são de nível superior e ali se encontram bons p£
drões de urbanização. Há rede de energia elétrica, de di£
tribuição de água, e a maior parte dos domicílios possui fo£
sa séptica.
A pesquisa revelou também forte contraste
quanto à renda familiar dos habitantes dos quatro bairros
com os de outras localidades estudadas. Das famílias entre
vistadas nos bairros, 20% declararam rendimentos na faixa de
6 a 8 salários mínimos e 40%, acima desta faixa. Os bairros
se distinguem também pelo nível de escolaridade da população,
superior ao dos habitantes das outras áreas pesquisadas. A
grande maioria dos entrevistados nasceu em outros Municípios
do Rio de Janeiro ou veio de outros Estados. Cerca de 50%
chegaram ao Município de Angra dos Reis a partir de 1976.
Com relação ao motivo da migração verificou-se
que 40% foram previamente contratados para trabalhar em An
gra; destes, trinta por cento na construção da usina nuclear.
Vinte e sete por cento trabalham diretamente para FURNAS ou
empreiteiras. A pesquisa indicou também que FURNAS é respon
sável pelo pagamento de 41% dos imóveis alugados pesquisados
nos bairros. Depreende-se que o crescimento físico ali
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
INTUIU IIISIIEIII IE UMIlSTIlÇâl MIICINl
144
verificado pode ser atribuído em parte a construção da
na, que vein provocando constante incremento na demanda por
habitação de padrão médio no núcleo-sede do Município.
à primeira vista pode-se imaginar relações en
tre as obras da Usina e a ocupação e adensamento desordenei
dos dos morros da cidade de Angra dos Reis bem como da área
denominada Japuíba. 0 que se apurou com relação aos morros da
Caixa D*Água, do Carmo, da Carioca e de Santo Antônio e na
Japuíba não dã base ã suposição. A ocupação destas áreas
iniciou-se antes de 1960. Dos entrevistados, 54% ali fix;»
ram residência na década de 1970. Entretanto, diferenteraen
te dos outros locais pesquisados, os entrevistados na sua
maioria, 57%, são nascidos no Município. Em boa parte po
vêm da Ilha Grande e de localidades do litoral, áreas que
progressivamente estão sendo ocupadas por veranistas. Expul.
sos do seus lugares de origem, procuraram os morros próxi
mos ao centro da cidade. Observe-se que 59% dos entrevista
dos responderam ter-se dirigido ã área atraídos pela facili
dade de moradia. Esses dados sugerem que as atividades l_i
gadas ao turismo e ao veraneio, muito mais que as obras de
Angra I, contribuíram para o adensamento da ocupação das
áreas mencionadas acima.
Aduza-se que nos domicílios pesquisados na
área em consideração, apenas 6% dos chefes de família traba
lham para FURNAS e empreiteiras e 5% trabalharam anterior
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIUIII IE IIMIIISTIICll illlCIPIL
145
mente. A renda de 62% das famílias entrevistadas situa-se
entre 2 e 6 salários mínimos. A maior parte declara não
ter completado o 19 grau. No que se refere ã qualidade da
habitação e infra-estrutura urbana, os dados da pesquisa apon
tam padrões inferiores aos dos outros bairros da sede munici
pai. Tal fato é agravado pela forma inadequada e perigosa
como a encosta vem sendo ocupada, tendo há muito ultrapassa
do a cota 60, limite máximo estabelecido na legislação urba
na vigente para a ocupação dos morros.
MORRO DA VOLTA FRIA
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITITI IMSIIEIM IE IMIIISTMCll illlCIPIL
146
3.2 - Cunhambebe
Em 1960 a população do distrito era de 5.057
habitantes tendo passado para 6.725 em 19 70 e para 12.422 em9
1980 . É neste distrito que se encontra implantada a usina
nuclear. O crescimento dos anos 70 concentrou-se principal
mente na Vila do Frade, sede do distrito, localizado no km
121 da BR-101, expandindo-a e adensando-a. Lã estão locaH
zados diversos alojamentos de FURNAS e suas empreiteiras, o
que contribuiu para o referido crescimento. Estudo do SERFHAU
mencionava em 1971 que "o traçado da Vila, irregular e desordenei
do, não apresenta características urbanas relevantes, nem
dispõe de serviços públicos"
Desde então a situação mudou consideravelmente.
Hoje a Vila do Frade e o segundo núcleo urbano do Município.
Seu crescimento mereceu destaque no "Padrão de Decenvolvimen
to Físico-Territorial" aprovado recentemente pela Câmara Mu
nicipal . No capítulo dos objetivos, lê-se:
"Art. 79 - Ficam estabelecidos os seguin
tes objetivos específicos para a consecução
g- IBGE - Sinopses Preliminares dos Censos Demográficos de 1960, 1970 e
1980.
11
10- SERFHAU, op. cit. p.3/12.
- O Plano de Desenvolvimento Físico-Territorial foi aprovado pela Camara Municipal em dezembro de 1981 e é composto de Lei do Zoneamento;Lei de Planejamento do Solo; Código de Obras; Caracterização, Proposição; Objetivos Básicos e Medidas Executivas.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIIfl IMSILEIM IE IIUWSTIlÇll illlCIPIL
147
dos fins previstos no artigo anterior:
I - Ordenar a ocupação indiscriminada
do solo na faixa litorânea.
II- Orientar a expansão urbana da cida
de de Angra dos Reis e da Vila do Frade".
A Vila do Frade é cortada pela Rio-Santos,pos_
suindo o trecho localizado â direita padrão habitacional
bastante baixo. O trecho situado ã esquerda da estrada
apresenta, por seu turno, padrão de ocupação um pouco melhor.
VILA DO FRADE
MOD I004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismin insulin if HMiiisiiicii miiciriL
146
nas ainda caracterizado como baixo. Inexiste rede de esgo
tos em toda a área. Setenta e um por cento (71%) dos donú
cílios pesquisados dispõem de fossas rudimentares. Todos
estão ligados ã rede de energia elétrica. Quanto ao abas_
tecimento de água, 65% dos domicílios estão ligados ã rede
geral e 31% obtêm água de poço ou nascente.
Dos chefes de família entrevistados, 75% não
são do Município. Quase a metade veio para Angra dos Reis
sem contratação p}"via, movida pela possibilidade de con
seyuir trabalho. Dentre os que vieram contratados, 73% es
tavam vinculados a FURNAS ou ãs suas empreiteiras. Cerca
de 70% declararam não ter completado o 1? grau. A renda
familiar situa-se na faixa de 2 a 6 salários mínimos, seri
do 37% entre 2 a 4 e 20%, de 4 a 6 salários. Dos imóveis
pesquisados constatou-se que 482 são próprios e 45%, alugõi
dos. Dentre os alugados, FURI'AS e suas empreiteiras são
responsíivoj s pelo pagamento õe 18%.
Os resultados da pesquisa sugerem relações
entre o crescimento da Vila do Frade e as obras da Usina.
Primeiro, aourou-se que o crescimento populacional acele
rou-se depois de 1970, principalmente no período de 1976 a
1980, provavelmente pela facilidade de acesso representada
pela conclusão das obras da BR-101 na região. Segundo, boa
parte da população, conforme se pode inferir dos dados
da pesquisa, trabalha direta ou indiretamente, na constru
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIIII IIISIUIII IE IIMIIISTIICII MIIICIPIL
149
çao da usina. Escolheram a Vila para residir, segundo de
clarações colhidas, em razão de sua proximidade com o Io
cal de trabalho.
VILA DO FRADE
3.3 - Jacuecanga
0 distrito de Jacuecanga tem apresentado um
crescimento demográfico bastante elevado. Em 1960 sua po
pulação era de 2.964 habitantes, tendo passado para 6.571,
em 1970, e para 11.166, em 198012.
12- IBGE op. c i t .
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTirUTO BliSILCIRO BE IINIIISrRICll HlllCiril
150
Em I960 a Verolme Estaleiros Reunidos do ^
sil se instalou no local em terreno de 15.000 m cedido pe
la União, dando origem ao local hoje denominado Jacuecanga.
Atualmente a empresa ocupa uma área de 10 milhões de m ,
dos quais 450 mil são destinados ao parque industrial . Na
época da implantação, o local estava absolutamente isolado;
todo pessoal e material ali chegava por via terrestre atra
vês da Estrada Lídice - Angra dos Reis e daí, por via marí
tima, em chatas, até o estaleiro. Apenas em 1968 foi aber
ta uma estrada que ligava Angra dos Reis a Jacuecanga, atu
JACUECANGA
13 - As informações sobre a Verolme foram obtidas no escritório da Empresa no RÍo de Janeiro e no estaleiro em 7-ungra dos Reis.
MOD on» 40 000-8/8I
IISTIIITI IIISIIEIII IE IMIIISIIICII I I Ml Ml
151
almente incorporada à BR-101. Em 1962 a Verolme iniciou a
construção de habitações e alojamentos para seus funciona
rios, sendo que atualmente existem cerca de 200 moradias, en
tre apartamentos e casas, servindo ao pessoal técnico de vá
rios níveis. Aproximadamente 1.800 funcionário de um total
de 6.000 residem próximo ao estaleiro.
VILA RESIDENCIAL DA VEROLME
Pode-se dizer que a localidade denominada Ja
cuecanga, que dá nome ao 39 distrito, vive basicamente em
função do estaleiro. Praticamente toda a área é ocupada pe
Ia Verolme com suas instalações industriais e vila residen
MOD 1904-40.000-S/SI
IISII1III IIISIUIM M IMUIISlliCtt IPIl
152
ciai. O padrão de urbanização ê elevado, contrastando com
os núcleos urbanos próximos como Monsuaba e Camorim. Em
1970 a área foi integrada ã rede de energia do Município e
a própria Verolme foi responsável pela instalação de rede
de distribuição de água em 1978. O esgotamento sanitário
é realizado através de fossas sépticas. A escola local
foi instalada pela Empresa em cooperação com o Governo E£
tadual.
IEM05 CONVÊNIO C A«PO.ME P CíSCCMO -EM FOLHA DESDE JA
JACÜECANGA
A Vila da Monsuaba, sede do 39 distrito, Io
caliza-se entre a Verolme e o Terminal da PETROBRAS. O Ter
minai foi implantado em 1976, tendo sido construída uma ví_
Ia residencial com 267 casas para funcionários da Enroresa,
1014 • 40 000 ••/Ml
IISTIIUTO BRISILEIRO DE IDMIIISTRIClO MI I IC IN l
is:14
em sua maioria provenientes do Rio de Janeiro . Ha clube
e escolas construídas pela PETROBRAS, sendo a escola atual
mente administrada pelo Município. O padrão construtivo da
vila residencial é bastante elevado e contrasta com o das
residências da Monsuaba. De acordo com levantamento reali
zado pela Prefeitura Municipal, 50% dos chefes de famílias
entrevistados na Monsuaba disseram trabalhar na Verolme e
25% na PETROBRAS15.
MONSUABA
- As informações referentes ao Terminal da Baía da Ilha Grande-TEBIGforam obtidas no escritório da PETRDBRSS em Angra dos Reis
- A Prefeitura Municipal vem realizando desde dezembro de 1981 levantamento sócio-econômico nas localidades mais carentes do Município.Até fevereiro de 1982 a pesquisa já havia sido realizada na Mambucaba, Frade, Camorim, Monsuaba e Jupufba,e a equipe da Prefeituraprosseguia o levantamento em outras localidades.
MOO I004-40 000-8/8I
IISII1ÜÍ0 IRISIlfllO IE ftlMIIISTMCll i l l lCIFIl
154
Outra localidade que se destaca no 39 distri
to é o Camorim. Da mesma forma que o Frade, é dividido pe
Ia BR-101. O trecho ã direita da Rio-Santos está em precã
rias condições, podendo mesmo ser considerado uma grande fa
vela. As ruas não são pavimentadas e as queixas dos morado
res são constantes em relação ã lama bem como ã falta de co
leta de lixo. As instalações sanitárias são precárias, sen
do a maior parte composta de fossas rudimentares e havendo
casos onde não há nenhum tipo de instalação. Ha energia
elétrica em praticamente toda a área.
CAMORIM
O trecho à esquerda da estrada é de padrão
médio e suas residências divididas entre a população local e
veranista. Nesta área há uma escola municipal, as ruas são
MOD 1004 • 40.000-8/81
iismiTO BRflSiLEine BE IDNI I ISTMCI I MII ICIML
155
pavimentadas, há energia elétrica e a coleta de lixo é £
lizada regularmente pela Prefeitura. A ãrea não dispõe de
rede de esgotos, sendo utilizadas fossas sépticas e
mentares.
No jã citado estudo do SERFHAU não são ^
tas referências ao Camorim, embora se tenha noticias da
existência de alguns poucos moradores no local há pelo me
nos 20 anos. Verificou-se através da pesquisa domiciliar
que 62% dos chefes de família entrevistados sao proceden
tes de outros municípios e que o grau de escolaridade des
te," é baixo, sendo que 59% têm o 19 grau incompleto. A reri
Ca familiar se concentra na faixa de 2 a 6 salários mini
mos.
Os motivos da vinda dos entrevistados para o
Município são vários - 7% vieram contratados para traba
lhar, 30%, com a expectativa de conseguir algum trabalho e
2/1, por motivos pessoais. Entre os que vieram previamen-
te contratados, 42% estavam vinculcidos ã Verolme e 28%, â
PETROBRÃS. 77% dos que vieram com a expectativa de traba
lhar, não tendo idéia de onde conseguir emprego. Atualmeri
te 4 7% trabalham na Verolme, 2%, na PETROBRÃS e 2%, na Us_i
na Nuclear. 94% declararam não ter trabalhado anteriormeri
te para FURNAS e suas empreiteiras.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTO IIISIUIM DE IDMIIISTRflCiO MIIICIPIL
156
O contato com a população local, os result^
dos do levantamento realizado pela Prefeitura local e a pes
quisa domiciliar realizada pelo IBAM sugerem que o cresci^
mento urbano verificado no distrito de Jacuecanga se relacio
na diretamente com a implantação da Verolme e em menor e£
cala com a implantação do Terminal da PETROBRÁS. Pouca in
fluência parece ter tido a construção da usina nuclear na
expansão e adensamento dos núcleos urbanos do distrito de
Jacuecanga.
3.4 - Mambucaba
A população do d i s t r i t o de Mambucaba cresceu
consideravelmente na última década. Em 1960 lá moravam
582 pessoas, passando para 885, ern 19 70, e para 3.87 3, em
1980 . Este crescimento acentuado na década de 70 pode
ser creditado basicamente ã instalação da Vila Residencial
de Praia Brava e dos alojamentos de FURNAS e empreiteiras.
A Vila possui 2.160 moradores e 540 residências, aproxirna
damentt, e os alojamentos situados neste d i s t r i t o dispõem
de 5.350 vagas , sendo 5.000 destinadas ao pessoal ligado
ã construção de Angra I I . Além disso há também a chamada
Vila Residencial de .Mambucaba, localizada já no Município
de Para t i , e que conta com cerca de 1.928 moradores e 482
1 6 - IBCE op. cit.
' - As informações sobre as vilas residenciais e alojamentos foramobtidas na sede de FURNAS, no Rio de Janeiro.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTITVTO IIISILEIRO IE IIMIIISIRftÇll MIIICIPIl
157
residências. Vale ressaltar que as Vilas Residenciais pos_
suem infra-estrutura e equipamento comunitário orõprios, de
comércio e serviços diversificados.
VILA RESIDENCIAL DE MAMBUCABA
Além das Vilas Residenciais de FURNAS, os
principais núcleos urbanos são a própria sede do distrito e
a área hoje denominada Parque Mambucaba. Sobre a área lia-
1 8se em estudo de 1971 que "0 povoado de Mambucaba mantêm
ainda o aspecto das cidades que pararam em virtude do esgota
mento dos ciclos econômicos ou do abandono dos caminhos
18 - SERFHAU, op. c i t . pg. 3/18.
M00 1001- 40 000- 8/81
iismin iiisiiEiii IE iimiisTiicii MHICIPIL
156
que lhes deram origem." De fato ainda hoje verifica-se que
o crescimento da sede distrital tem-se dado de forma bastan
- - 19te lenta. A area e tombada pela União e deverá ser obje
to de um estudo especial para divisão do seu território e de
finição das atividades e usos permissiveis na zona.,20
MAMBÜCABA
A Câmara Municipal rejeitou mensagem encamp
nhada pelo então Prefeito, Comandante Valle Ferreira, soli^
citando autorização para celebração de convênio com a SPHAN
e a FLUMITUR, objetivando a recuperação da área. A falta de
19
20
- A Vila da Mambucaba foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional - IPHAN, atual SPHAN, através do processo 816 - T - 69.
- Lei Municipal nÇ 146/81, artigo 45.
MOD • 40.000-8/81
iismiiQ msiiEiio BE imiiisiiicii miicirii
159
acordo entre o Município e as citadas agências governamentais
tem imoedido a implantação de serviços públicos, como por
exemplo o de energia elétrica. Os moradores locais informam
que a Prefeitura não concede licença para reformas e novas
construções. Outro não pode ser o comportamento da Prefeitu
ra oorque se trata de ã~ea tombada; mesmo que o Município e
as demais agências reúnam seus esforços, devolvendo ã área
suas características originais, as reformas e a construção de
novas edificações somente poderão ser efetivadas apôs o pro
nunciamento da SPHAN.
MAMBUCABA
Ao que parece há variáveis de natureza social en
volvidas na recuperação dessa área. É digno registrar o comen
tário sobre o assunto feito por um dos atuais vereadores na
MOD 1004-40 000-8/íl
IISmiTI IIISILEIII IE IBHIIISTIICll MIICIMl
160
presença de técnicos do IBAM na Secretaria da Câmara. O
edil comentou que votaria contra qualquer matéria sobre o
assunto porque,uma vez concretizada a recuperação, os atu
ais moradores viriam a ser expulsos da área.
Próximo ã sede do distrito há um loteamento
denominado Parque Marnbucaba e que em parte foi invadido. Es_
ta área, que não foi sequer referida no estudo de 1971,
apresenta um crescimento mais acelerado que o da sede distri
tal.
A pesquisa realizada no distrito de Mambucaba
abrangeu a sede, o Parque Mambucaba e o morro Bca Vista e
teve os resultados a seguir especificados.
O nível de escolaridade é o mais baixo de to
do o Município: 82% dos entrevistados possuem o 19 grau in
completo e 10% são analfabetos. A renda familiar de 45%
dos entrevistados está na faixa de 2 a 4 salários mínimos e
de 28% na faixa de 1 a 2 salários mínimos.
Dos chefes de família entrevistados, 89% não
são do Município. Pouco mais da metade veio para Angra dos
Reis sem contratação prévia, apenas com a expectativa de
conseguir algum trabalho. Dentre estes, 45% pensavam traba
lhar para a usina nuclear. Entre os que vieram previamente
contratados, 55% estavam vinculados a FURNAS ou seus emprejl
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIITiri IIISILEIII IE IIMIIISTIICll IIIICIPIl
161
teiros e 22% vieram trabalhar na construção da BR-101. A
maior parte dos entrevistados chegou ao Município a partir
de 1970, sendo que 46%, no período 1976/1980, fato que pode
ser explicado pela facilidade de acesso ao local criada pe
la BR-101.
Os motivos da migração para o distrito são
diversificaros. Enquanto 35% alega^tm facilidade de moradi
a, 39S referiram-se ã proximidade do trabalho. Atualmente,
35Ç. dos entrevistados trabalham para a Usina e 35* disseran
ter trabalhado anteriormente. Sobre a questão áe moradia,
53fi dos imóveis pesquisados são próprios e entro os alur;£i
dos não EC encontrou nenhum sondo pago por FURNAS ou empre_i
teirac. Os aluguéis são os ma is baixos ( '--ctaclos no Muni
cípio, sendo 70% até CRÍ5.000,00 e 30S entre CRS5.000,00 c
CRÍIO.000,00.
Não foi rcíilizacl.1 ptvquisa dentro das Vilas
Residenciais e alojamentos no sentido de verificar a rela
ção de seus moradores com o comércio e serviços "do lado do
fora da cerca". De qualquer maneira, através cie contatos
informais, foi possível constatar que os moradores das Vi_
Ias Residenciais se utilizou do equipamento da própria Vila
e eventualmente do da cidade de Angra dos Reis, indo por ve
zes ao Rio de Janeiro para as compras. 0 que se verifica é
uma quantidade razoável de não moradores dns Vilas e aloja
mentos se utilizando dos equipamentos de saúde e educação
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiii iiisiiiiii IE iiimsiiicli imcirii
162
ali existentes.
Através dos dados obtidos pela pesquisa ante
riorntínto apresentados pode-se pensar numa relação entre o
crescimento urbano do distrito de Í4ambucaba e a construção
da usina nuclear em Angra dos Reis. Além do crescimento
através de loteamentos, caso do Parque Mambucaba, e de invíi
soes, como o Morro Boa Vista, o maior impacto relativo à im
plantação da Usina neste distrito parece ter sido a instai".
ção âaa próprias Vilas Residenciais e alojamentos, seja pelo
contingente populacional que ali reside, seja pela infra-es;
trutura e equipamento comunitário insta]ados em áreas até en
tão desocupadas.
3.5 - Abraão e Praia de Araçatiba
O processo que vem ocorrendo nos distritos de
Abraão e Praia de Araçatiba, locr-li zados na Ilha Grande, ê
basicamente diferente dos que ocorrem nos outros distritos do
Município. A atividade econômica da Ilha tem decrescido e
sua população diminuído. Em 1960, a população do distrito
de Abraão era de 3.876 habitantes e a de Praia de Araçatiba,
de 4.373. Em 1970, a população era de 2.963 e 4.512 habi.
tantes, respectivamente, e o censo de 1980 registrou 2.540
residentes em Abraão (sendo 1.252 dete.^os e funcionários do
Instituo Penal) e 3.477 em Araçatiba.
MO0,004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiri iiisiuiit if IIMIIISTIICII miiciru
163
Para o estudo do SERFHAU os principais proble_
mas apontados na Ilha Grande eram o isolamento, o transporte
precário entre o continente e a Ilha, a falta de ligação en
tre as localidades dentro da própria Ilha e a ausência total
de infra-estrutura urbana. O único estabelecimento medico
era o do Instituto Penal Cândido Mendes . Hoje, passados 11
anos, a situação ainda é precária: continuam as dificuldades
de acesso â Ilha e de contato entre as diferentes localida^
des. Não há nenhuma estrada em seu interior; somente alguns
caminhos. A sede de distrito de Abraão é melhor servida no
que se refere ã infra-estrutura, dispondo de rede de energia
elétrica, abastecimento de água, escola, unidade de atendi_
mento médico, unidade de atendimento policial e correio. As
outras localidader; são apenas dotadas de escola municipal.
0 processo cie esvaziamento da Ilha Grande pode,
em parto, ser creditado ã implantação dos grandes empreendji
mentos que vêm ocorrendo no continente. A Verolme e a usina
nuclear funcionam como pólos de atração não apenas para a po
pulação de outros municípios como também para a população da
Ilha Grande. Além disso, a Ilha foi "descoberta" como local
privilegiado para o turismo, e muitos moradores estão venderi
do suas terras e se dirigindo para a cidade de Angra dos
Reis. Na pesquisa realizada nos morros da cidade e nos
diversos distritos foram encontrados antigos moradores àa
Ilha Grande que abandonaram seu local de origem pelo fato de
terem vendido suas terras ou mesmo por terem abandonado a
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII BE IIMIIISTRICll MIIICIPH
164
pesca, principal atividade econômica do local, atraídos pe
la possibilidade de trabalho em FURNAS ou na Verolme.
4 - 0 PLANEJAMENTO FlSICO-TERRITORIAL DE ANGRA DOS REIS
A avaliação das referências ã usina nuclear
encontradas nos diversos trabalhos que visam ao planejaraen
to físico-territorial do Município fornece um quadro de co
mo sua implantação vem sendo pensada desde o início da deer»
da de 70 até o momento atu 1.
Em 19 71, quando o documento contendo os " Ter
mos de Referência para o Plano de Ação Imediata do Município"
foi elaborado pelo SERFHAU,n construção da primeira usi_
na nuclear se iniciava. Naquele trabalho rua implantação ê
apenas referida, não havendo uiaa avaliação dar. transforma
ções sõcio-econômicas e físico-territoriais que então se
iniciavam, ou que poderiam vir a ocorrer.
No trabalho da FIDERJ de 1977 - "Estudos para
o Planejamento Municipal" - hã duas referências â constru
ção da Usina em Angra dos Reis. Numa delas a questão é ape
nas mencionada, enquanto a outra ressalta a importância do
empreendimento como atividade econômica, sem fornecer maio
res detalhes.
É na proposta de Plano de Desenvolvimento F_í
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII IE IMIIISTIICII HIICIPIl
165
sico-Territorial, elaborada pela Secretaria de Planejamento
do Estado, em 1978, que as influências a nível fisico-terri^
torial da implantação da central nuclear são analisadas
mais profundamente. Desta fe i ta , são abordados os proble
mas relativos ao uso do solo municipal decorrentes de sua
implantação como, por exemplo, a possibilidade de parte do
contingente de mão-de-obra que vive nos alojamentos permane
cer no Município, criando problemas de ocupação habitacio
nal . A questão da procura de residências urbanas na cidade
de Angra dos Reis em fui.^ão cia construção da Usina Nuclear
ê colocada nos seguintes termos:
"A crescente d?nsificação, por uso misto, dovelho centro, carente db infra-estrutura urbana, oombinada 5 fixação de moradores do alto, ntxlio e baixo padríío de renda, em diferentes partes da cidade, n?cl£mam normas diferenciadas õa utilização do solo quo pormitam ordenar o desenvolvimento urbano de forma racional, embora condi/ante cesn a realida:?o local. A extravasão acima da cota altiroótrica 60, da ocupação habitacional nos morros da cidade e a procura recente do rcsidôncios urbana em vista de construção da Usina Nuclooelétrioa {FURNAS/fc5UCI£BRÁS) mostram ainda a necessidaclj de esparn actefuado para a exoansõo habitacionalde «nédio e baixo status sõcio-econô;'ri.co." 21
A ent~io recente procura de residências urba_
nas referida no trecho acima c confirmada com os dados for
necidos por FURNAS, segundo os quais em 1978 a Empresa era
responsável pelo pagamento do aluguel de 600 casas e de 200
vagas em hoté is . A estimativa de FURNAS para 1982 é de 200
- SECPLftN, op. cit . D.83.
MOD toe» IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
inmiTi msium M iMimrucM
166
casa alugadas e 50 vagas e* hotéis.
A proposta de Plano Písico-Territorial foi re
vista e atualizada por una equipe da Prefeitura Municipal
juntamente con a SECPLAN. Em dezembro de 1981 o Plano foi
finalmente aprovado pela Câmara Municipal compondo-se dos
sequintes instrumentos normativos: Lei de Zoneamento, Lei
de Planejamento do Solo; Código de Obras; Caracterização,
Proposição, Objetivos Básicos e Medidas Executivas.
A ãr?a onde se encontra implantada a central
nuclear está referida no Título IV da Lei de Zoneamento,nos
seguintes termos:
"Artigo 36-Consitferam-se Areas 5E:>ciais paraos efeitos desta Lei aquela*- regidas por legislaçãoprt-;--ria, vinculr'las a Decreto de Criação que lhes emprestam características c dsstinação próprias.
Artigo 37 - A Ârer- Especial apresenta seis t ipos:
. . . . - AE-3 - Conçreendínclo os terrenos situados no49 di.rt.rito às atividades da Central Nuclear Alntirante Álvaro Alberto, cujas delimitações estão fixadasno mapa a Divisão Territorial da Minicípio de aoorcbcom o Decreto n<? 77.098, de 2 de fevereiro de 1976."
A Lei es tabelec ia como áreas Especiais
aquelas vinculadas ãs atividades do Terminal da PETROBRÁS -
TEBIG, da Verolme Estale iros Reunidos do Brasi l S/A, da Cen
tra i Nuclear Almirante Álvaro Alberto e os terrenos que inte
IRAM- 30 ANOS VALORIZAMOO 0 MUNICÍPIO
IISMOII BRASILEIRO OE IDMIIISTRIClO MIIICINl
167
gram o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadu
ai da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do
Sul e a Vila da Mambucaba. Estas áreas são regidas por le
gislação própria e seus l imites fixados em decretos espec£
ficos de criação, que contêm, ainda, suas ca rac te r í s t i cas e
destinações.
"Artigo 41 - Na AE-3 as diversas atividades euso serã •• permitidos segundo o indicado no quadro IIpara a Zona Residencial 2 - ZR-2 da Area Comprometidacom a Ocupação Urbana-ACCX,.
Parr.grafo Único - Para as atividades e usos referidos no carmt ã.-ste artigo, a altura das edificações, a dimensão dos lotes e a ocupação destes obedec£rão ao estabelecido no artigo 19 desta Lei e nos quadros I e II pesra a ZR-2 da ACOU.
Artigo 42 - Para as utilizações diretamente relecionadas com a produção nuclear de energia a alturadas construções e a ocupação dos terrenos ficam a crdtérío da Prefeitura Municipal que os estabelecerá conjuntamente com a NUCLEBRSS. "
0 art igo 19 referido no parágrafo único do ar
tigo 41 estabelece para as zonas res idenc ia i s , entre as
quais a ZR-2, condições quanto a número máximo de pavimen
tos , afastamento frontal mínimo, afastamento de fundos ntí
nimo e afastamentos l a t e r a i s mínimos. Os Quadros I e II,
também referidos no mesmo parágrafo, estabelecem dimensão
dos lotes (testada mínima e lote mínimo), além de usos e
atividades permitidos e não permitidos, bem como taxas mi
nimas de ocupação.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTIIIfl BRISIMII IE IIHIIISTIICII MIICIUl
168
Toda a região comprometida com a central nu
clear, inclusive a vila residencial, é classificada como
Zona Residencial e, portanto, sujeita a normas de
ocupação dos terrenos, mesmo sendo considerada "Área Espe
cfal". Tal fato reflete a tentativa por parte do poder püblJL
co local de controlar a ocupação gerada pela instalação da
Usina no Município, pelo menos no que se refere às ativid£
des não ligadas diretamente ã produção de energia nuclear,
ou seja, nas áreas ocupadas pelas Vilas Residenciais, alojja
mentos, escritórios, e outros. Em relação a área onde se
localiza a Usina propriamente dita, a Lei se omite quanto
ao estabelecimento de limitações ou padrões da utilização.
Estes deverão ser fixados em negociações com a NUCLEBRÂS.
5 - CONCLUSÃO
A instalação da Usina Nuclear cm Angra dos
Reis foi responsável pela ida, para o Município, de grande
contigente populacional que, conforme sugere a pesquisa rea
lizada pelo IBAM, se instalou não apenas nas vilas residen
ciais e alojamentos criados por FURNAS, como também nos nü
cleos urbanos já existentes. A criação de vilas dotadas de
infra-estrutura e equipamento comunitário resolveu parte da
demanda gerada pela instalação da Usina no Município, pois
nestes casos nio se registrou demanda alguma ao poder públi_
co local.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISflTIII IMSIIEIII IE IIMIIISIIICII illlCINl
169
No que se refere aos alojamentos, a realida_
de é distinta: foram instalados independentemente de mobi
lização de recursos municipais, mas constituíram para uma
parte dos operários uma moradia provisória. Na realização
da pesquisa, foi possível identificar que um número signi^
ficativo deles constituiu família ou a trouxe para que se
instalasse definitivamente no Município, ocupando áreas ur
banas obviamente externas aos alojamentos.
Vale ressaltar que o adensamento ocorrido
principalmente nos clistritor. de Cunhanibebe e Mambucaba pri
rece ter sido provocado não apenas por aqueles que efetiva
mente trabalham para a Usina como por muitos que para lá
se dirigiram apenas com expectativas cie conseguir trabalho.
A instalação da Usina no Município, como a
do qualquer outro grande empreendimento, gerou processos
de ocupação desordenada do solo e adenr.amonto populacional
incontroláveie. Não se trata, no entanto, de considerar
sua implantação, do ponto de vista das transformações fís_i
co-territoriais, como um fator negativo em si. 0 cresci^
mento e o adensamento urbano não trazem necessariamente
conseqüências negativas. Pelo contrário, a instalação de
uma grande empresa gera em qualquer Município possibilída
des de trabalho e de desenvolvimento urbano. É preciso,
entretanto, que este desenvolvimento seja planejado.
IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISILEIII IE IIMIIISIIICll MIIICIPIl
170
Na escolha dos locais para intalação das vi
las e alojamentos foram levados em conta apenas aspectos
como proximidade da Usina, topografia adequada e facilida
de de transportes. O Município não foi pensado como um to
do e os processos de ocupação do solo que a implantação ge
raria não foram considerados,.como costuma ocorrer com em
preendimentos do vulto da central nuclear.
A Prefeitura Municipal de Angra dos Róis,
por seu turno, não dispunha de instrumentos eficazes de
controlo do uso cio solo. Somente em dezembro de 1981 foi
aprovado p^la Câmara Municipal o Plano de Desenvolvimento
Fisico-Tcrritorial do Município, que é " o instrumento
têcnico-administrativo destinado a orientar, ordenar e cori
trolar <• ocupação e o uso do solo urbano e promover o do
22senvolvimento físico-territorial do Município" . Sua im
plantação é uma tentativa, por parte do poder público Io
cal, de promover no Município um desenvolvimento mais ord£
nado, ao contrario do que vem ocorrendo.
fi de se considerar também que a Prefeitura
nao dispunha do recursos administrativos e financeiros pa
ra suportar o impacto do crescimento populacional do Muni
cípio e atender à demanda da população. Tampouco pode-se
afirmar que as carências institucionais tenham sido supera^
das em seu conjunto. Seria por demais ingênuo afirmar que
22 - Lei Municipal n9 145/81, art. 29
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIIITI IHSIIEIM IE IIMIIISTIICll IIIICIPII
171
a Lei por si sõ poderia pôr freios à ocupação desordenada
do solo.
O processo de crescimento dos núcleos urbci
nos continua em curso. Com a construção das centrais Ari
gra II e III vêm sendo realizadas obras de expansão na
chamada vila residencial da Marnbucaba. As obras da ceri
trai nuclear permanecera como pólo rie atiação de mão-de-
obra para o Município. É possível que após sua conclu
são parte do pessoal hoje instalado nos alojamentos perrnn
neça - nura roprod ^so do procer-oo anteriormente descrito
- no Município, aumentando ainda mais a demanda por habõ
tações e infra-estrutura urbrn ..
Não r.o trata apenas de: tentar resolver os
problemas existentes. É necessário avtl.iír como reporcii
tirão, a nível da ocupação do solo municipal, decisões
que venham a ser tomadas na ampliação das vilas residen
ciais,construção de novos alojamentos ou qualquer outra me
dida que gere mudanças significativas na apropriação e
uso do solo municipal.
MOD too4 ISAM - 30 ANOS VALOR IZANDO O MUNICÍPIO
IISMITI IIISIIEIII IE IMIIISrilCll IIIICIPIl
172
MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REISPARCELAMENTOS DE TERRA APROVADOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL1950/1981
NO DE PARCELAMENTOS, NOME E LOCALIZAÇÃO DISTRITO DATA DEORDEM APROVAÇÃO
1 Província Franciscana c' Imaculada Conceição do Brasil/morro de Santo Anto- 19 abr. 51nio
2 Loteamento da Chácara Carioca/morro daCarioca 19 jun. 52
3 Recreio dos Pescadores/enseada do Ari-ro 29 mar. 56
4 Acréscimo do Loteamento da Chácara daCarioca/morro da Carioca 19 jun. 59
5 Loteamento do Convênio do Carmo/morrodo Carr.:'j 19 Déc.de 50
6 Loí^omento da Fazondinha Anyra dosReis/Encruzo da Enseada 29 Dec.de 50
7 Terrenos da Prefeitura/morro da CaixaD'Água 19 Déc.de 50
8 Desmembramento dos Terras de São Ber-nardino Sena/morro de Santo Antônio... 19 agos. 61
9 Loteamento Jardim Fortaleza/morro da
Fortaleza (AR) 19 Após 61
10 Loteamento Bonfim/pr. do Bonfim 19 jan. 63
11 Loteamento Ponta do Calafdte/ponta doCalafate 19 jun. 65
12 Acréscimo do Loteamento da Chácara daCarioca/morro da Carioca 19 Déc.de 60
MOO too4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisiimi iiisiifiii if iimnsfiicit micini
173
H9 DE PARCELAMENTO, NOME E LOCALIZAÇÃO M C T D T T OORDEM DISTRITO
13 Loteamento Monsuaba Verolrae/Monsuaba.. 39
14 Condomínio da Marina/praia do Sal gema. 19
15 Loteamento do Camorim/Camorim 39
16 CondomTnio do ICAR/Pontal 29
17 Recreio Azul/Monsuaba 39
18 Loteamento TEBIG/Jacuecanga 39
19 Parque Cr,:tpo Belo/Gamboa 29
20 Centro Turístico Praia do Jardim/pr. ia
do Jardim 19
21 Jardim Angrense/mo. ro da Caixa D'figua 19
22 Bairro Residencial da Verolme/Jacuecanga 39
23 Condomínio da Ilha dos Macacos/Ilh? dosMacacos 69
24 Condomínio Mombaça/praia da Momb:."? .. 19
25 Praia da Itinga/enseada do Bracuí 29
26 Projetos Retiro/enseada do Retiro 29
27 Parque das Palmeiras/praia da Chácara. 19
28 Loteamento - espólio de J. Estevês doNascimento/Vila do Frade 29
29 Condomínio Praia Dourada/enseada do fomorim 19
30 Porto Galo/Itapinhoacanga 39
31 Loteamento Ponta do Pasto/Ilha da Gi-
põia 19
32 Porto Galo/Itapinhoacanga 39
33 Enseada do Camorim/enseada do Camorim. 2934 Fazenda I tapicu - Parque Mambucab-r/Mam
bucaba 49
35 S í t i o Recreio da I lha / I lha da Gipóia.. 19
DATA DEAPROVAÇÃO
Dec.de 60
Dec.de 60
jun.
set.
Após
Após
set.
nov.
70
70
70
70
72
72
73
març. 74
agos. 74
jun . 74
sot . 74
set . 74
fev. 75
ags. 75
75
75
abr. 76
ma- 76
j u n . 76
jun. 76
jun. 76
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IHSIIEIII IE IlilllSTIICll illlCIPIl174
ORDEM PARCELAMENTOS, NOME E LOCALIZAÇÃO DISTRITO APROVAÇÃO
36 Porto Bracuhy/BracuT
37 Condomínio Praia Vermelha/Mambucaba ..
38 Condomínio MarielIa/enseada do Arirõ..
39 Parque Belém/Belém
40 Loteamento Balneário Gamboa/enseada deJapuíba
41 Vila Bracuí/Bracuí
42 Condomínio Praia Sol/Monsuaba
43 Itanana/enseadc do ArirÕ
44 Centro Turístico Integrado Itacara/enseada do ArirÕ
45 Reloteamento da Gleba 6/Frade
46 Rploteamer.to da Gleba 3 e parte da Gl<;ba 2/Frade
47 Fazenda do Frade/Frade
48 Loteamento da Ilha da Caieira/enseadade Japuíba
49 Loteamento Nelson Bruno/Vila do Frade.
50 Centro Turístico Integrado Intacarã/eiiseada do Ari rõ
51 Praia da Tartaruga/baía de Jacuecanga.
52 Loteamento Praia Fazenda/Ilha da Gi-põi a
53 Condomínio da Espia/Itapinhoacanga ...
54 Maria Coleta e outros/ponta da VoltaGrande ,
55 Ponta do Cantador/Vila Velha
29
49
29
29
29
29
39
29
29
29
29
29
29
29
29
39
19
39
39
19
set.
nov.
dez.
jan.
jun.
set.
set.
out.
out.
out.
out.
nov.
dez.
jan.
jan.
mar.
abr.
abr.
ago.
ago.
76
76
76
77
77
77
77
77
77
77
77
77
77
78
78
78
78
78
78
78
MOO <oo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISILEIM IE IIMIISIIICftl MIICINL
175
PARCELAKENTO, NOME E LOCALIZAÇÃO
56 Enseada dos Girassóis
57 Ilha da Caieira
58 Ilha Comprida
59 Biscaia
60 Praia das Goiabas
61 Guariba
6? Refujio do Imperador/Serra D'Água
63 Sandri
64 Ponta do Leste
65 Ponta dos Ubãs
66 Praia do Sul/Ilha Grande
67 Condomínio Cachoeira
DISTRITO
29
29
29
39
49
29
29
49
49
49
69
49
DATA DEAPROVAÇÃO
dez. 78
jan. 79
•ar. 79
abr. 79
abr. 79
jun. 79
fev. 80
mar. 80
out. 80
nov. 80
mar. 81
abr. 81
FONTE: Plano de Desenvolvimento Fís ico-Ter r i to r ia l de Angra dos ReisSECPLAN-1978 e Prefeitura Municipal de Angra dos Reis.
MOD (004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃO
DA USINA NUCLEAR EM ANGRA DOS REIS
LEGENDA
• CAPITAL 00 ESTAOO
SEDE MUNICIPAL
LIMITE ESTADUAL
LIMITE MUNICIPAL
RODOVIA
FERROVIA
!MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
S E C T I O N 3
N
0ESCALA GRAFICA
o «km
MAPA ILOCALIZAÇÃO DO MUNÍCIPIO NO ESTADO
ESCALA I 250 000 IBAM-I982
FONTE SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL DO RIO DE JANEIRO
ESTADO DE SAO PAULO
y ) J
s Iv.. _. s
2 * DISTRITO
" "*t
N ^
PARATI
BAIA DA ILHA GRANDE
S E C T I O N 1
OCEANO ATLÂNTICO
ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃODA USINA NUCLEAR EM ANGRA DOS REIS
LEGENDA
• SEDE MUNICIPAL
• SEDE DISTRITAL
LIMITE ESTADUAL
LIMITE MUNICIPAL
LIMITE DISTRITAL
RODOVIA FEDERAL PAVIMENTADA
RODOVIA ESTADUAL OU MUNICIPAL PAVIMENTADA
RODOVIA MUNICIPAL NÃO PAVIMENTADA
FERROVIA
• AREA VINCULADA À CENTRAL NUCLEARiv"T
N 3
ESCALA GRAFICAO . 2 3 4 9 Km
MAPA 2O MUNICÍPIO
ESCALA I 200000 IBAM-I982
FONTE SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL DO RIO DE JANEIRO
ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃO
DA USINA NUCLEAR EM ANGRA DOS REIS
LEGENDA
PARCELAMENTOS DE TERRA APROVADOS PELA PREFEITURA MUNICIPAL
DE ©50 A 1969
DE B70 A «75
DE 1976 A 1961mm
(?) N? DE ORDEM DO LOTEAMENTO IvCR RELAÇÃO OOS «wcCUMOm* APMJMOOS)
SEDE MUNICIPAL
SEDE DISTRITAL
: AREA ABRANGIDA PELO PARQUE NACIONAL•: DA SERRA DA BOCAINA
£ ÁREA VINCULADA A VEROLME, PETROBRAS OU CENTRAL NUCLEAR
RODOVIA FEDERAL PAVIMENTADA
RODOVIA ESTADUAL OU MUNICIPAL PAVIMENTADA
RODOVIA MUNICIPAL NÀO PAVIMENTADA
cSCALA GRAFICA
0 I 21 • I I
s km
MAPA 3OCURAÇÁO DO SOLO MUNICIPAL
S E C T I O N 4
ESCALA li 100 000 IBAM- 1982
FONTE : SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL 00 RIO OE JANEIROE PREFEl
ESTUDO DAS INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃODA USINA NUCLEAR EM ANGRA DOS REIS
S E C T I O N 5
ESCALA GRAFICAO «o
MAPA 4A SEDE MUNICIPAL
ESCALA I IOOOO ISAM- 1982
PONTE ; SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO OERAL 00 RIO OE JANEIRO
IISTIIITI IIISIIEIRI IE IIMIIISIRICII MIIICIPflL
177
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo identificar
as variações registradas na economia do Município de Angra
dos Reis em decorrência da construção da Usina Nuclear. O
estudo dessas relações consiste no entendimento prévio da
evolução das atividades locais, no diagnóstico econômico do
Município em anos mais recentes e, finalmente, nas altera
ções ocorridas em função do fenômeno que se pretende estu
dar.
O exame das fontes secundárias e os levanta
mentos efetuados durante a pesquisa de campo tiveram por
finalidade a análise dos índices econômicos locais, em pe
ríodos anteriores e atuais, buscando-se uma correspondência
entre o comportamento dos mesmos e as possíveis influências
resultantes da construção da Usina.
0 termo "influência" pode ser entendido
aqui como um fator capaz de gerar modificações ou altera
ções na economia do Município. É importante salientar que
esse trabalho não procurou ver a Usina Nuclear como um fenô
meno capaz de gerar reflexos ambientais na área, mas apenas
como uma grande obra do setor da industria da construção c.i
vil, inclusive porque durante o período estudado a Usina
nâo estava em operação, mas em fase de construção.
MOD 1004 IBAM-30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIUIII IE IIHIIISTIICll WIICIMl
178
A reunião dos dados secundários objetiva
agregar informações disponíveis que possam situar as prin-
cipais variáveis econômicas no período 1960/1980. Deve-se
ter em conta que os resultados da análise de uma economia
municipal são bastante relativos. Os elevados custos da
produção estatística fazem com que os principais agentes co
letores e produtores de informações se situem nas esferas
estaduais e federais, não havendo preocupação em desagregar
as informações a nível municipal. Desta forma, os objeti-
vos iniciais do trabalho tiveram que se conformar ã dispo-
nibilidade dos dados. Procurou-se, entretanto, a busca de
coerência das informações, indicando em alguns casos o li
mite e abrangência das conclusões.
As modificações sócio-econômicas registradas
no Município foram avaliadas através de indicadores sociais
- demografia e renda - e a partir de indicadores econômicos
que demonstram o comportamento dos setores agropecuário,in
dustrial, comercial e de serviços; cada um desses setores
foi avaliado segundo as variáveis: pessoal ocupado, número
de estabelecimentos e valor da produção.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA ANGRENSE
As breves notas sobre a história econômica
do Município de Angra dos Reis visam subsidiar a análise e
a compreensão das atuais características da economia local.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSflllll IIISIIEIII IE IlilllSIIICH HUMPH
179
Talvez o fator mais relevante para' o entendimento dessa evo
lução consista na própria situação e traçado geográfico do
Município. Desde o século XVI, na região hoje t ihecida co
mo Litoral Sul ou Baía da Ilha Grande, os Municípios de Pji
rati e Angra dos Reis serviram de intermediação ou entrepots
tos comerciais ãs atividades de mineração, tráfico de e£
cravos e escoamento de produtos agrícolas tradicionais co
mo o açúcar e café, assemelhando-se a outras regiões brasi_
leiras que conheceram o mesmo processo. Aos períodos de
expansão econômica sucediam-se et. nas de declínio e comple
ta estagnação da região, pelo simples fato de o Município
não possuir uma economia própria e depender exclusivamente
de ciclos econômicos, cuja exploração e mercado se encon
travam fora dos seus limites espaciais.
A pesca e, mais recentemente, o turismo - de
correntes dos próprios recursos naturais - aparecem como as
únicas atividades que, se bem exploradas, seriam capazes de
proporcionar ao Município um desenvolvimento integrado.
Nos primeiros decênios do século XX há in
formações sobre a existência de um número expressivo de in
dústrias de pesca na região, exploradas com a iniciativa
dos imigrantes japoneses. Esta atividade utilizava a in
fra-estrutura do porto local, propiciando oportunidades de
emprego, embora tudo leve a crer que a sua exploração se
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSflflll IllSllilll IE IlilllSIIKll IIIICIPIl
180
guia moldes artesanais. A justificativa da não prosperida
de da indústria pesqueira é imputada ao aparecimento e aos
subsídios oferecidos ãs indústrias congêneres situadas em
outros Municípios do Estado do Rio de Janeiro e em Santa
Catarina e, ao mesmo tempo, à ausência de serviços locais
de eletricidade, de transporte e de apoio que permitissem
a utilização de métodos de fabricação mais modernos e a
realização de uma estocagem adequada.
De qualquer forma o insucesso desta ativida
de não pode ser explicado exclusivamente pela ausência de
serviços locais que servissem de apoio ã sua expansão mas,
principalmente, pela inexistência de formas empresariais
mais modernas, que pudessem suprir a região de serviços com
plementares à sua exploração. Nas atividades de pesca, e
não na indústria pesqueira, ainda se encontra empregada ra
zoãvel parcela de mão-de-obra local, cuja remuneração é
pouco significativa.
Entre as atividades tradicionais do Municí-
pio de Angra dos Reis deve-se indicar o movimento portuário
que ainda hoje, mesmo se submetendo a períodos cíclicos,se
apresenta como relevante fonte de sobrevivência da popula-
ção local. Conformando-se ao declínio das atividades tra-
dicionais e perdendo parte do seu movimento para Santos,
o mesmo conheceu uma fase de modernização no segundo quar-
MOD '004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisnroii IIISIIEIII if iwiiisiucii miiciPii
181
tel do século XX em função da criação da Companhia Siderúr
gica Nacional no Município de Volta Redonda. As importa
ções e exportações de minério bruto e beneficiado e de ou-
tros produtos transformaram o Porto de Angra dos Reis na
principal atividade econômica do Município. Nos dias atu-
ais, o porto perdeu relevo e, segundo informações locais,
os últimos anos foram marcados por períodos de "estiagem"
que variam de três a quatro meses por ano. Entre os moti-
vos alegados, de acordo com as mesmas fontes, fo^am indica
dos problemas políticos que acarretam a ociosidade do por_
to pela transferência de parcelas substanciais das cargas
para o porto do Rio de Janeiro, ainda que este último este
ja saturado.
A situação de emprego no Município sõ come-
çou a estabilizar-se a partir da década de 1960, coincidin
do com os grandes programas de abertura da economia brasi-
leira para o capital estrangeiro. Parte do distrito de
Jacuecanga foi cedido ã Verolme Estaleiros Reunidos do Bra
sil S/A, que ali instalou um complexo industrial numa área2
de 15.200.000 m . 0 local privilegiado, a meio caminho en
tre o Rio de Janeiro e São Paulo, veio naturalmente facili^
tar a construção de navios, contando ainda com a isenção de
impostos federais e estaduais, de acordo com a Lei n<? 244,
de 1959.
MOO ioo4 I B A M - 3 0 ANO» VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IIStllHI IIISIIEIII IE II1IIISTIICII MllCiril
182
Com a implantação da Verolme, o Município de
Angra dos Reis começou a presenciar um processo que perdu-
ra, qual seja, a instalação de grandes investimentos de ca
pitai nos setores da indústria, da construção civil e imo-
biliária que, aproveitando os recursos naturais da região,
são quase que completamente desvinculados das atividades
tradicionais da região. Os seus efeitos sociais, econômi-
cos e políticos, na esfera municipal, são de difícil avalia
çao.
Posteriormente, a implantação do terminal da
PETROBRSS, a construção da Usina Nuclear e, principalmente,
a construção de trechos da Rodovia BR-101 (Rio-Santos) pa
recém ter repetido o mesmo fenômeno da indústria da constru
ção naval. Com relação ã construção da BR-101, alguns agen
tes entrevistados falam do período como "a segunda época
dourada" de Angra. A primeira teria sido a do café, quan-
do todos se beneficiaram, mesmo reconhecendo que, após a
conclusão dos trabalhos da Rodovia, as populações migran
tes e sem qualificação tenham ficado desempregadas, sendo
responsáveis pelo aparecimento de algumas favelas no Muni
cípio.
A relativa distância que separa o distrito-
sede de Angra dos Reis dos demais distritos e a possibili-
dade de acesso permitida pela abertura da BR-101 dão ao
Município uma característica sui generis: percorrendo-o,
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
llSmill IIISIIEIM II llllllSIUCál MllltIPIl
183
tejQ-se a impressão que se trata de várias pequenas cidades
industriais ou de veraneio, sem qualquer hierarquia ou in
terdependência. Cada local possui seu comércio, suas ati-
vidades de lazer, além de infra-estrutura urbana que,em al_
guns casos, ê quase superior ã da sede municipal.
£ interessante observar que o distrito-sede
não reflete o grau de importância dos investimentos implan
tados no Município. As atividades comerciais e de servi
ços atendem ã população local ou pessoas de baixa renda
que habitam na Ilha Grande. A rede de transportes urbanos
atende principalmente ãs pessoas ali residentes que traba-
lham em distritos vizinhos. Cada um dos empreendimentos in
dustriais, localizados nos diversos distritos, possui suas
vilas operárias, alojamentos, vilas residenciais, comércio
próprio, clubes de esporte, escolas e, principalmente, in
fra-estrutura de serviços e padrões habitacionais que va
riam em função da renda dos seus habitantes.
Os grandes empreendimentos imobiliãrios,quéJ
se todos localizados nas margens da BR-101 ou nas ilhas,já
são planejados com os respectivos serviços e se abastecem,
em longa escala, na cidade do Rio de Janeiro. O distrito-
sede, ao contrário de Parati e de outros Municípios situa-
dos na Região dos Lagos, parece não se beneficiar do fluxo
turístico atraído pelas vantagens da região, constituindo-
se apenas como local de passagem, não dispondo de serviços
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IMITIU IIISILEIII IE IIIIIISTUCll HllCiril
184
que possam fixar os visitantes ou concorrer com outras lo-
calidades.
3. METODOLOGIA
As análises efetuadas ao longo do estudo pro
curam sempre expor situações e oferecer argumentos capazes
de elucidar controvérsias sobre as influências decorrent»-
do fenômeno que se pretende estudar. A análise do desempe
nho da economia municipal, através de indicadores sõcio-
econômicos, nem sempre permite uma visão especifica de cau
sa-efeito da realização de cada investimento. É claro que
qualquer investimento diferencial provoca modificações no
local de aplicação dos recursos. No entanto, as fontes se
cundárias das estatísticas regionais, reunidas através de
grandes "agregados", não permitem indicações isoladas do
tipo "quem foi responsável por determinada ocorrência".
A dimensão econômica procura, a partir de
comparações, situar períodos anteriores à presente situa
ção, com a finalidade de verificar transformações na econo
mia do Município de Angra dos Reis, que possam ser credita
dos â construção da Usina Nuclear.
Em estudos sõcio-econômicos, quando se tra
balha com dados secundários visando ao conhecimento de de
terminada realidade, o procedimento usual de avaliação con
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iisnraii iiisiiEtn K INIIISIUCM Mitciru
185
siste en organizar séries temporais que permitam a verifi-
cação das alterações ocorridas nas principais variáveis.As_
sim, delimita-se o período de implantação da Usina Nuclear
e estabelecem-se comparações entre os índices e taxas do
período com os registrados em períodos anteriores.
De acordo com a disponibilidade dos dados,os
períodos estudados incluem: 1960/1970 e 1970/1980. Alguns
indicadores das atividades econômicas foram estimados para
1980, uma vez que os últimos censos econômicos datam de
1975.
0 confronto dos índices de crescimento Io
cal com os de outras regiões permite também verificar se a
economia do Município apresenta valores significativos ou
se houve apenas um crescimento vegetative As informações
coletadas compreendem o Município de Angra dos Reis, inclu
indo os distritos, a micxorxegião conhecida pelos nomes de
Baía Grande ou Litoral Sul, a mesorregião Periferia doGrari
de Rio, o Estado do Rio de Janeiro e o Brasil.
A microrregião Baía da Ilha Grande é assim
caracterizada pela Fundação IBGE na Sinopse Preliminar do
Censo Demográfico do Estado do Rio de Janeiro de 1980:
"Abrange o trecho do Sudeste fluminense, onde a Serra do Mar mais se aproxima do oceano. Esta microrregião, que sempre teve o seu desenvolvimento muito dependente do mar, outrora conseguiu ser
IBAM- 30 ANOt VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
nsnnii •iisiiEiii M miiisnicia micirii
186
próspera, per efeito da sua função intermediária para o planalto atravês de Parati (ciclo do ouro, séculos XVI e XVII) e de Angra dos Reis(ciclo do café, fins do século XVIII e meados do século XIX). QuandoMelhores vias de acesso (vale do Paraíba) foram aproveitadas, começouseu declínio e posterior estagnação, sô superada coro o ressurgimentodo porto de Angra dos Reis, como receptor de carvão para Volta Redon-da (Cia. Siderúrgica Nacional) e mais recentemente coro a instalação deenpresas de construção naval (Jacuecanga, município de Angra dos Reis),da usina nuclear (em Itaorna) e o desenvolvimento da atividade de turismo e veraneio estimulada rela melhoria da acessibilidade, em função da abertura do trecho Rio-Santos da BR-101. Esta atividade vem-se refletindo no aumento de população, que no último período intercensitário foi, em termos relativos, 38,67%, posicionando a microrregiaoem segundo lugar entre as demais microrregioes, quanto ao crescimentopopulacional. 0 incremento da população urbana foi de 60,24% e da rural 23,29%. A densidade demográfica registrada em 1980 é de 45,09%"nab/km 2.
Em decorrência da posição marítima, nuna costa ondese multiplicam pequenas enseadas, a pesca adquire expressão. Estaatividade bastante antiga tea sua produção enviada para são Paulo eRio de Janeiro, além de atender às indústrias de conservas locais.
A cultura da banana, que encontrou nas encostas superúmidas da Serra do Mar condições favoráveis, é o principal produto agrícola da área. Entretanto, seu cultivo acha-se em retração, oque se comprova pela rectu io em 36% da área plantada entre 70 e 80,em função da implantação de estabelecimentos industriais eda instalação do Parque Nacional da Bocaina, que motivou a proibição da ocupação agrícola nas encostas serranas acima de 200m de altitude.
Angra dos Reis, com 24.894 habitantes, é o principai núcleo urbano da microrregiao; van, com a abertura do trechoRio-Santos da Rodovia BR-101, ampliando o seu espaço e expandindo oseu equipamento de serviços para o atendimento ã demanda do fluxo depopulação ligado ao turismo e veraneio.
Parati, durante tantos anos estagnada, tende a seexpandir como centro turístico, dado o seu papel de cidade históri-ca, tombada pelo IPI1AN, a que se pode atribuir a alta taxa de cresci-mento registrada, de 7,88 ao ano".
A mesorregião onde se situa o Município de
Angra dos Reis - Periferia do Grande Rio - é constituída pe
Ias microrregioes da Baía da Ilha Grande (Angra dos Reis e
Parati); Vassouras e Pirt»! (Engenheiro Paulo de Frontin,
Mendes, Miguel Pereira, Piral, Rio Claro e Vassouras) e
Três Rios (Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios).
MOD T004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
llSflflll IIISIIEIII I I IIMIIISTIICll IIIICIPIl
187
Além dos dados secundários obtidos junto ao
IBGE, FAPERJ, BNH e outras fontes, foi consultado o cadas
tro da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, no período
1967/1981, r e l a t ivo aos estabelecimentos comerciais, indu£
t r i a i s , prestadores de serviços e de prof iss ionais autôno
nos. Os valores a preços constantes foram obtidos a p a r t i r
dos índices publicados pela Fundação Getúlio Vargas ~ Indi
ce geral de preços e disponibilidade in terna, segundo os
dados encontrados no quadro a seguir:
QUADRO 1 - ÍNDICE GERAL DE PREÇOS - DISPOIJIBILID.iDE INTERNA1960/1980
ANDS BASE 6 5 / 6 7 BASE 77 BASE 70 BASE 80
1960 6,6 0,5 2,9 0,161 9,1 0,7 3,8 0,262 13,8 1,1 5,9 0,363 24,2 2,0 10,8 0,564 46,2 3,7 19,9 0,965 72,3 5,8 31,2 1,466 99,7 8,1 43,4 1,967 128,5 10,4 55,7 2,468 159,4 12,9 69,4 3,069 191,6 15,5 83,3 3,670 229,9 18,6 100,0 4,471 276,9 22,4 118,3 5,272 323,8 26,2 140,9 6,173 373,2 30,2 162,4 7,174 479,6 36,8 208,6 9,175 613,1 49,6 266,7 11,676 866,0 70,1 376,9 16,477 1.236,0 100,0 537,6 23,478 1.714,0 138,7 745,7 32,479 2.638,9 213,5 1.147,9 49,980 5.283,9 427,5 2.298,4 100,081 11.089,4 397,2 4.823,7 209,982 19.975,0 1.616,1(1) 8.688,7 378,0
FONTE: FGV, Conjuntura Econômica, separata 8.d.(1) Previsão
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisniiii iiisiiEiii H IIIHISTIIÇII micirii
188
A análise relativa a Renda e Trabalho da po
pulação do Município de Angra dos Reis tomou por base os
resultados de pesquisa por amostragem realizada pelo IBAM,
que forneceu estimativas de proporções, permitindo avaliar
a posição dos chefes de famílias quanto a migração para o
Município, local de trabalho e renda auferida.
Os dados relativos a Poupança Compulsória e
Poupança Voluntária foram obtidos através das apurações es_
peciais, realizadas no Banco Nacional de Habitação, das va
riáveis pertinentes a Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
e a Caderneta de Poupança. Finalmente, foram entrevistados
alguns agentes representativos das atividades comerciais c
de serviços do Município. Este levantamento teve por obje-
tivo a confirmação das análises efetivadas a partir dos da
dos secundários e, paralelamente, o conhecimento das possí.
veis relações entre a construção da Usina Nuclear e seus
respectivos ramos de negócios.
A seleção dos entrevistados baseou-se no co
nhecimento prévio do perfil da economia municipal. Os agen
tes contatados estão ligados ãs atividades terciárias de
maior reprcsentatividade na economia local, tais como: pro
prietãrios de hotéis e restaurantes, agentes imobiliários,
presidentes de sindicatos, gerentes de bancos, profissio
nais autônomos, proprietários de lojas de eletrodomésticos
c de material de construção.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
innnit iiàsiuiii K imiisraicn MMCINI
189
4. POPULAÇÃO E RENDA
A população do Município de Angra dos Reis
cresceu, no período 1960/1980, a t axas super io res às r eg i s
t r adas a n íve l nacional . Explica-se t a l fenôneno p r i n c i p a l
• e n t e pelo elevado grau de urbanização decorrente do apare
cimento das a t iv idades l igadas ao s e t o r secundário - indús
t r i a naval e i ndús t r i a da construção c i v i l . Ainda que de
1970 a 1980 , i n t e rva lo em que foi construída a Usina Nu
c l e a r , a taxa geométrica anual de crescimento da população
tenha sido bas tan te elevada (3,60%), pode-se observar que
e s t e indicador j á apresentava nos anos a n t e r i o r e s , 1960/1970,
uma ordem de grandeza bem mais s i g n i f i c a t i v a , 7,29%.
O Município de Angra dos Reis r e g i s t r a taxas
de crescimento bem super iores ao Município de P a r a t i . Em
termos de densidade demográfica, o primeiro apresenta índi_
ce de 49,45 e 70,40 habAm2 para os anos de 1970 e 1980;2
e P a r a t i , 17,40 e 22,49 habAm para os mesmos anos. Tor
na-se evidente que no i n t e r i o r da microrregião, ambos os Mu
nic íp ios conheceram um grande crescimento demográfico devi
do aos investimei tos nos se to res mencionados.
Os dados absolutos que permitem o calculo de índices, taxas c participnção percentual em diferentes níveis espaciais encontram-se emanexo.
MOO'*» IBAM- 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
190
A reconstrução da economia ao Município, tra
dicionalmente concentrada na agricultura e na pesca, passan
do nos últimos decênios para atividades industriais e de
serviços essencialmente urbanas, foi o fator responsável p*
Ia atração de Mão-de-obra local ou originária de Municípios
vizinhos.
Esta observação fica M i s evidente quando se
passa ã análise dos Quadros 1 e 2. Denota* que o crescimen
to da população municipal ocorreu de forma desigual e, natu
ralmente, os distritos mais populosos - distrito-sede, Curtuse
bebe, Jacuecanga e Mambucaba - corresponde» aos locais onde
estão situados os centros de serviços e outros investiu».-n
tos de capital.
QUADRO 2 - INDICADORES DEMOGRÁFICOS PARA A POPULAÇÃO RESIDENTE A MlVEL DISTRITAL, MUNICIPAL E MICRORREGIONAL - 196071980
ESPECIFICAÇÃO
Bala da Ilha Grande
Angra dos ReisAngra dos Reis
Abraão
Ctrtunbebo
JacuecangaMaRbucaba
TAXA ANUAL GBGM&KICACE CBESOMENTO (%)
60/70
6,807,29--
-
-
-
Praia de Araçatü^*
Parati 5,54
70/80
3,323,603,67
- 1,626,123,25
14,52- 2,58
2,60
DQSIDRDE DEMDGRfiFICA(HAB/KK2)
70
32,549,45
780,0032,1718,5873,795,70
48,0217,40
80
45,0970,40
1.118,8827,3133,66
101,5822,1136,9922,49
FONTE: IBGE, Sinopses Preliminares dos Cut^os Demográfi,cos - 1960, 1970 e 1980
VA1MM7
iismin iiisiiEiii i i HMiiisTiicii miiciriL
191
Os distritos de Abraão e Praia de Araçatiba
foram os únicos que conheceram taxas anuais negativas e re
duçio da densidade demográfica. Este fenômeno se justifica
pelo decréscimo da atividade pesqueira e pelas oportunida
des de emprego em outros distritos.
Ê impossível fixar um paralelo entre a cons;
trução da Usina Nuclear e o acentuado crescimento da popula
çio do Município de Angra dos Reis. Se por um lado, confor
me já foi observado, as taxas de crescimento no período
1960/1970 foram superiores às do decênio 1970/1980, deve-se
lembrar também que o crescimento da população em época mais
recente pode ser creditado aos seguintes fatores: constru
ção da BR-101, movimento portuário, atividade de serviços
e edificações do setor de turismo e da indústria de constru
ção naval que, implantada anteriormente, tem aumentado sua
capacidade de produção e ampliado seu quadro de funciona
rios.2
Embora não se possa quantificar a demanda
de mão-de-obra por parte da construção da Usina Nuclear, ob
serva-se que Jacuecanga e Mambucaba conheceram fortes in
crementos demográficos no período 1970/1980, sendo que es
2 ~Segundo informações fornecidas pela Verolme, cerca de 800 pessoas residem em casas e apartamentos da empresa; 1.800 funcionários vivemem alojamentos; e as restantes 3.400 residem em áreas vizinhas aoEstaleiro, totalizando aproximadamente 6.000 funcionários.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIflTI IHSIUIII IE IIMIIISTUCll 1IIICIPII
192
te ultimo distrito teve a maior taxa de crescimento, quadru
plicando sua densidade demográfica.
QUADRO 3 - INDICADORES DEMOGRÁFICOS PARA A POPULAÇÃO TOTALRESIDENTE A NÍVEL DISTRITAL, MICRORREGIONAL, ESTADUAL E NACIONAL - 1960/1980
TAXA ANUAL GEOMÉTRICA DE DENSim^E-DEMDGRÂflT2SPECIFICI&O CRESCIMENTO (%) CA (ha/k*2)
60/70 70/80 70 80
Angra dos ReisBaía da Ilha GrandePeriferia cb GrandeRio
Rio de JaneiroBrasil
7,296,80
1,913,1]",90
3,603,32
1,699,062,48
49,4532,52
44,44112,6611,02
70,4045,09
52,56260,88
14,08
PONTE: IBGE, Sinopses Preliminares dos Censos Demográficos -1960, 1970 e 1980
Os indicadores demográficos do Município fo
ram superiores - com exceção do Estado do Rio de Janeiro
aos resultados obtidos na microrregião, mesorregião e até
mesmo aos registrados no país como um todo.
Com relação ã renda, tentou-se estabelecer uma
comparação entre as faixas salariais auferidas pela populç»
ção do Município de Angra dos Reis e do Estado do Rio de Ja
neiro. A nível municipal, os dados foram obtidos através do
questionário utilizado na pesquisa domiciliar, reunidos no Qua
dro 4. As informações relativas aos rendimentos mensais da
População Economicamente Ativa do Estado são provenientes
das Tabulações Avançadas do Censo Demográfico de 1980.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
Io
I
Io
QUADRO 4 - CHEFES DE FAMÍLIA RESIDENTES EM DISTRITOS DE ANGRA DOS REIS SEGUNDO A RENDAFAMILIAR - 1982
CLASSE DE RENDAFAMILIAR MENSAL
A b a i x o de 1 SM
1 a 2 SM
2 a 4 SM
4 a 6 SM
6 a 8 SM
Acima d e 8 SM
S/declaração
TOTAL
MORROS
2,42
4,84
33,06
29,84
14,52
11,29
4,03
100,00
ANGRA DOS REISOUTROSBAIRROS
1,25
2,50
15,00
8,75
20,00
46,25
6,25
100,00
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL
TOTAL
1,96
3,92
25,9821,57
16,67
25,004,90
100,00
CUNHAMBEBE(FRADE)
2,08
16,67
37,50
20,83
13,54
2,087,29
100,00
JACUECANGA
1,39
15,28
41,67
25,00
11,11
1,394,17
100,00
MAMBUCRBA"
-
28,5746,4317,86-
3,573,57
100,00
TOTAL
1 , 7 5
10,7533,0021,75
13,7513,755,25
100,00
Si
s
FONTE: Pesquisa de Campo - CEP/IBAM, 19 82
NOTA: Salário mínimo regional = Cr$ 11.928,00
õ w
IISIIIIII IIISIUIII IE IIMIIISIIICII illlCIPIl
194
Comparando-se os resultados da renda fami_
liar do Município com a distribuição da população Econômica
mente Ativa do Estado, verifica-se que em Angra dos Reis
apenas 1,75% da população empregada recebe rendimentos infe
riores a 1 salário mínimo; este percentual alcança 16,72%
da população trabalhadora do Estado. Na classe de renda fa
miliar mensal que recebe de 1 a 2 salários mínimos encon
tram-se apenas 10,75% da população empregada na cidade de
Angra dos Reis, atingindo, no Estado, 31,95% da População
Economicamente Ativa. No Município, 45% da população empre
gada ganha salários mensais superiores a 5 salários mini
mos, sendo que apenas 18,17% recebe esse valor no Estado.
Um dos indicadores das flutuações de mão-de-
obra diz respeito ãs arrecadações e saques do Fundo de Ga
rantia de Tempo de Serviço (FGTS). Os dados dos valores
arrecadados e sacados no FGTS permitem avaliar o desempe
nho das atividades econômicas, particularmente quanto ao
pessoal ocupado na área urbana. O número de saques efetua
dos indica a situação do desemprego, uma vez que a maioria
diz respeito a dispensas e poucos correspondem a aposenta
dorias, não estando aí considerados os saques para aqui si.
ção de casa própria.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
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MOO 1004IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iisniiti MISIUIII li iimisiiicii imcirii
196
As taxas anuais de crescimento do numero de
saques efetuados no FGTS e dos valores de saque e arrecada
ção foram plotadas no Gráfico 1 e permitem avaliar a sua
evolução no período de 1972 a 1980. As maiores taxas de
crescimento para o número de saques são encontradas nos pe
rlodos 1974/75 e 1976/77, podendo ser atribuídas ã dispensa
do pessoal ocupado na indústria da construção civil quando
do término da BR-101 e da conclusão das obras do Terminal
da PETROBRÃS.
A partir desta data as taxas dos saques co
meçam a mostrar uma tendência significativamente decresceri
te, período que coincide com a construção da Usina Nuclear.
Os valores arrecadados do FGTS, por sua vez, mostram taxas
de crescimento ascendentes para quase todos os períodos,
exceto para os biênios 1973/74 e os dois últimos da série,
fenômeno que também pode ser atribuído ao término das obras
dos grandes investimentos industriais alocados em Angra. No
último biênio verificou-se taxa anual negativa para os valo
res sacados, fato que só se observou no período 1976/77,coin
cidindo com o pico da elevação das taxas relativas ao nume
ro de saques efetuados, podendo ser explicado pela grande
dispensa da população empregada que percebia baixos saljá
rios.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIUIII IE IMIIISIIICll MIICIPIl
197
A expressividade do Município de Angra em re
lação à Baía da Ilha Grande e ã Periferia do Grande Rio no
que tange à arrecadação do FGTS é mostrada pelas participa
ções percentuais de 99% e 63,82%, respectivamente. Os valo
res dos saques mostram que a maioria dos efetuados na mi
crorregião corresponde às dispensas realizadas no Município
de Angra dos Reis. A evolução da participação dos saques
efetuados neste Município em relação ao total da Periferia
do Grande Rio mostra um comportamento crescente, levando a
crer no aumento do desemprego nesta região.
QUADRO 6 - PARTICIPAÇÃO PERCEt'TUU. OE ANGRA DOS SETS E.1 RE
LAÇAO & HICRORREGIÃO, Ã KESORRESlAO £ AO ESTACO
PARA ARRECADAÇÃO £ SAQUE - 1972/1980
ESPECIFICAÇÃO
HCfH DOt; K E I S ^
.-"•^"uÃlA IA«""•"'""' IIHA o w e e
« O t A C C S R E I S ^ .
_^»»"""ffftlFTRXA^ ^ - " " " " " D D CRAMS
ANGRA DOE VERBS'
ANO
727374757677787980
727374757t77787980
727374757677787980
ARRECADAÇto"
97.7693,8491,3494,9896,9997,7199,1098,7699,00
SI,0355,57S0,38SB,IS55,8459,7164,6564,9363,82
0,490,650,550,740,720,851,140,980,96
SAQUE
VALOR
98,8192,8387,87C6,8496,0095,2198,2398,8697,01
28,2218,0618,3717,4727,1719,6820,5132,4824,98
0,270,210,200,220,350,280,360,490,38
KCHERO
93,5286,5383,7987,2292,3993,7998,0897,4496,96
38,8546,2440,7847,ti39,3457,3652,2551,1253,68
0,480,460,390,770,951,110,971,161,13
BNH, DRC - Relatório de Apropriação Municipal de Saquês Kédlos - FCA 11
MOD1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIM IE IWIIISTIKll MIICIMl
GRÁFICO 1 -
198
DA ARRECADAÇÃO £ DO SAQUE (VADOR E N C M Q O ) DO FGTS
1973/72 A 1980/79
ANGRA DOS REIS
TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO
70 -
60
VALOR Eft ARRECABVÇfiO
40
30
20
1 0 •
-10 -
-20 .
-30 -
FONTE:ODS;
73/72 74/73 75/74 76/75 77/76 78/77 79/78 80/79
PERÍODOS
DNH - DRCAB taxas foram obtidas através dos valores constantes
MOD 1004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
nsmiti IIISIIEIII ii iiimsiticii iiiicirii
199
A poupança voluntária dos moradores de Angra
dos Reis pode ser avaliada em função dos saldos e quantidc*
des de Cadernetas de Poupança existentes no Município. A
distribuição do número e saldo das Cadernetas de Poupança,
por faixa, permite avaliar o perfil da renda da população
residente, sobretudo quando comparada com as distribuições
para outras regiões.
A distribuição percentual do número de con
tas de poupança e dos saldos verificados para o Município
de Angra pouco difere da encontrada para a Baía da Ilha Gran
de e Periferia do Grande Rio, havendo apenas algumas dife
renças em relação ao Estado do Rio de Janeiro e Brasil.
QUADRO 7 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DO NÚMERO DE PONTOS DECAPTAÇÃO, DAS CONTAS E DOS SALDOS DO MUNICÍPIODE ANGRA DOS REIS EM RELAÇÃO Ã MICRORREGIÃO, ÃMESORREGIÃO E AO ESTADO - 1980
ESPECIFICAÇÃO
ANGRA D O S M S ,
"BftlAlDA ILHAGRANDE
ANGRA DOS R E I S ^ _
^^-~—" PERIFERIADO GRANDE RIO
ANGRA DOS R E K ^ - —
—-— ""TÜSTADO
N 9DE
DE PONTOSCAPTAÇÃO
66
12
0
,67
,90
,54
CADERNETAS
W? DE
85
15
o
CONTAS
,99
r91
,21
DE POUPANÇA
SALDO
86
19
0
TOTAL
,04
,68
.15
FONTE: BNH - SAPPE, Cadernetas de Poupança - Censo Nacional, jul/1960
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismui IIISIIEIII IE iMiiisiiicii iiiiciru
200
No Município de Angra dos Reis existem 66,67%
dos pontos de captação da Bala da Ilha Grande, congregando
85,99% das contas e 86,04% do salto total. Em relação â Pe
riferia do Grande Rio, participa com 12,90% dos pontos de
captação e com apenas 15,91% das contas, detendo 19,68% do
saldo total.
QUADRO 8 - PROMÊDIOS DO SALDO EM CADERNETAS DE POUPANÇA -1980
PRDMÊDIOS
Media
Moda
Mediana
ANGRA DOSREIS
27.903,58
1.421,49
2.715,96
BAÍA DAI.GRANDE
27.885,43
1.651,35
1.324,71
PERIF.GRANDEDE RIO
22.556,35
1.167,44
2.546,59
RIO DEJANEIRO
38.380,27
592,79
1.887,26
BRASIL
29.881,57
562,55
1.687,64
FONTE: BNH-SAPPE, Cadernetas de Poupança - Censo Nacional-jul/1980
O saldo médio de poupança do Município de An
gra é mais elevado do que o da Perifereia do Grande Rio e do
Brasil, sendo pouco menos do que o pertencente ã cidade do
Rio de Janeiro. Quanto ao saldo modal, é bem superior ao do
Estado e ao Brasil, mostrando um poder aquisitivo maior do
que o das demais regiões brasileiras.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIflTI IIISIIEIII IE IIMIISIIICll MIICINl
201
5. CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA LOCAL
Entre as var iáveis constantes dos Censos Agro
pecuários , i n d u s t r i a i s , Comerciais e de Serviços , discrimi
nadas no Quadro 9, não há in t e res se em ana l i sa r a var iável
numero de estabelecimentos por se t r a t a r de uma medição que
não considera o porte do estabelecimento e, assim sendo po
de levar a conclusões errôneas . Na maioria dos casos, os se
to res primário e t e r c i á r i o possuem a quase to ta l idade dos
estabelecimentos, embora o pessoal ocupado e a r e c e i t a gera
da nos poucos estabelecimentos do setor secundário sejam su
per iores aos dois outros s e t o r e s .
Seguindo a mesma tendência das médias naeio
n a i s , o Município de Angra dos Reis teve no período 1960/
1980 um crescimento reduzido nas at ividades l igadas ao setor
primário. As at ividades i n d u s t r i a i s , confirmando as evidên
c ias constantes do capí tulo r e l a t ivo a população e renda, fo
ram aquelas que conheceram maior crescimento. Desde o ano
de 1970 é o se tor secundário que emprega a maior parcela da
população economicamente a t iva do Município. O se to r t e rc i ã
As atividades ligadas ã construção civil não estão incluídas na pesquisa e fazem parte de um questionário especial onde as informaçõessão agregadas a nível estadual, não discriminando os Municípios.Desta forma, reconhece-se a limitação dos dados utilizados, una vezque a industria da construção civil constitui-se em um dos ramosmais importantes da economia de Angra dos Reis. Os resultados do"Inquérito da Indústria da Construção Civil", que tem como finalidade complementar as estatísticas primárias do setor secundário, ainda não se encontram em disponibilidade. ~
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
iismiii iiisiiEiii IE IIMIIISIIICII iiiicini
202
rio, com atividades desempenhadas nas áreas urbanas, já ul
trapassa, em 1980, o pessoal ocupado no setor primário.
Os crescentes índices das oportunidades de
emprego nos setores secundário e terciário podem ser expli
cados pela própria canalização de novos investimentos nas
atividades industriais, comerciais e de serviços. Como se
sabe, o crescimento do setor industrial em Angra dos Reis
não foi decorrente nem integrado às atividades tradicionais
do Município.
Os dados absolutos que permitiram o cálculo dos índices, taxas e participaçâb das atividades econômicas encontram-se em anexo.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
QWDRO 9 - NOMEIO OE ESTABELECIMENTOS, PESSOAL OCUPADO, SALÁRIOS, VALOR DA PRODUÇjto, VALOR DA TOMBFOWBCrto E RECEITO W SATIVIDADES ECONÔMICAS A NlVEL MUNICIPAL, MICRORHEGIONAL, ESTADUAL E NACIONAL - 1960, 1970, 1975 e 1980
riCAçÃo
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1.353.03»
TOTAL
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1.244
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3.140
3.111
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135.51»
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SECUNDÁRIO
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<2) A-v> aasa M
204
As informações do ite» salários sib has tan
te elucidativas da situação: no período 1970/1975, os sala
rios pagos na indústria representava» quase 80% do total
salários pagos es todos os setores.
A preços constantes, o valor da produção in
dustrial do Município de Angra dos Reis, no período 1960/
1975, foi superior às aidias obtidas a nível estadual e na
cional, conform se pode verificar nas inforaações contidas
no Quadro 10.
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I•I25
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIITI IIISILEIII IE IIMIIISIIICll MIICINL
206
A concentração de investimentos no setor se
cundãrio - industriais e imobiliários - a partir da década de
60, transformou o Município no principal pólo industrial
dentro da microrregião. Em 1975, o setor secundário de An
gra dos Reis era responsável por 78,95% do número de estabe
lecimentos, 98,27% do pessoal ocupado e 99,53% do total de
salários pagos na microrregião. Com relação à mesorregião,
em 1975, do total dos 11 Municípios componentes, Angra dos
Reis possuía 12,28% do total dos estabelecimentos, empregava
76,26% do pessoal ocupado e pagava 31,40% do total dos sa
lãrios.
A participação do Município de Angra dos Reis
no Estado do Rio de Janeiro, no período 1960/1975, foi crês;
cente nas variáveis número de estabelecimentos e pessoal oeu
pado. Em 1960, 0,50% dos estabelecimentos estaduais estavam
situados em Angra dos Reis, percentual que se elevou para
0,65% no exercício de 1975. Com relação ao pessoal ocupado
a evolução foi mais significativa: 0,33% do total dos empre
gos estaduais estavam situados no Município, percentual que
se desloca para 0,50% no ano de 1975, segundo consta do Qua
dro 11.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IIMIINI IIMIUIM IE UWIISIUCII •Illtiril
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207
MOD 1004 IBAM - 30 ANO£ VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIflll IIISIIEIII IE imillSIIICll NIIICIPIl
208
O perfil da economia municipal tem-se modifi
cado ao longo dos últimos vinte anos. Os dados relativos
ãs receitas das atividades setoriais constantes do Quadro
12 podem ilustrar essa situação.
QUADRO 12 - RECEITAS SETORIAIS A NlVEL MUNICIPAL, MICRORREGIONAL,
MESORREGIONAL, ESTADUAL E NACIONAL - 1970/1980
ESPECIFICAÇÃO
ANGRA DOS REIS
BAlA DA ILHA GRANDE
PERIFERIA DO GRANDE RIO
ESTADO
BRASIL
ANOS
707580(1)
707580(1)
707560(1)
707580(1)
707580(1)
RECEITA.' EM Cr$ I O 6 DE 1 9 8 0 NAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
VALORES PERCENTUAIS ' 7SL..ÍBSCL.
PRIMARIAS
1,620,680,27
4,812,150,67
9,178,687,66
1,631,260,97
8,497,486,56
SECUNDARIAS
65,3976,2984,47
60,6873,1882,79
51,3164,2675,07
35,3839,4943,72
40,2842,6545,03
TERCIARIAS
32,9923,0315,26
34,5124,6716,54
39,5227,0617,27
62,9959,2555,31
51,2349,8748,41
TOTAL
3.02210.12935.772
3.26610.59436.631
15.18731.48369.965
927.7902.153.8455.039.131
6.759.60216.042.19838.185.275
FONTE: IBGE, Censos Agropecuário, Industrial, Serviços e Comerciai - 1960, 1970 e 1975
NOTA: (1) Em função de valores estimados
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIII II IIIIIISIIICll MIICIMl
209
Em 1970, o setor primário contribuía com 1,62%,
o setor secundário com 65,39% e o setor terciário com 32,99%
do total das receitas geradas no Município. Essa situação
se modifica segundo os dados estimados para 1980, quando o
setor secundário passa a contribuir com 84,47% do total das
receitas, enquanto a participação dos setores primário e
terciário decresceu para 0,27% e 15,26%, respectivamente.
As características atuais do Município confir
mam estas modificações: as atividades agrícolas e de pesca
têm sofrido reduções significativas; as atividades comerei
ais e de serviços do setor terciário não evoluíram e, final
mente, são os setores da construção civil e da indústria que
registram substanciais incrementos em suas atividades.
As tendências registradas no Município são co
rouns às outras áreas consideradas no estudo: as receitas
provenientes do setor primário acusam redução na microrre
gião, mesorregião, estado e pais. As atividades industriais
conhecem crescimento em todas as unidades políticas conside
radas, ainda que a níveis inferiores ãs do Município de Angra
dos Reis.
No tocante ao setor terciário, em 1980 é im
portante observar que, a nível estadual, 55,31% das receitas
geradas decorrem das atividades comerciais e de serviços; a
nível nacional, o setor terciário contribui com 48,41% do to
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIM I I IMIIISTUCII HIKIPIl
210
tal das receitas, enquanto no Município de Angra dos Reis,
o setor terciário contribuiu apenas con 15,26% do total das
receitas, conforme os valores do Quadro 12. Além das atiyi
âades industriais, comerciais e de serviços e de um acanha
do setor agrícola, o turismo vem tentando desenvolver-se,
apesar da falta de um planejamento eficiente para a sua con
secuçio. Bcistan duas áreas de "camping", uma no Frade e ou
tra em Monsuaba. Das 19 praias existentes, algumas permi
tem o "camping" natural. Na cidade de Angra, próximo ao
terminal rodoviário, encontra-se um Centro de Informações
Turísticas, porém de pouca expressividade, confirmando a au
sência de ações governamentais no setor.
A BR-101 propiciou incentivo ao turismo,
pois facilitou o acesso ao Município. Pode esta atividade
econômica vir a ser a principal empregadora de mão-de-obra,
contribuindo para o desenvolvimento do Município. Segundo
depoimento do gerente de um restaurante situado próximo ao
Porto, morador antigo da cidade, não se verificou qualquer
iniciativa quanto à exploração do turismo na região, ocorren
do até uma redução no movimento turístico, por falta de in
fra-cstrutura básica.
Dos 12 hotéis existentes, apenas quatro são
classificados como razoavelmente confortáveis. Os 11 ress
taurantes da cidade não podem ser considerados como Iocali
zados em pontos agradáveis, estando distribuídos pelo cen
tro da cidade; somente um deles encontra-se na estrada do
MOD10O4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISIIIIII IIISIIEIII IE MilllSIMCftl IlllCiril
211
Contorno, via dos bairros que congregam as melhores residên
cias. Parte da população de Angra pode ser considerada co
•o população flutuante, pois utiliza o imóvel como um segun
do domicilio. Empreendimentos imobiliários têm procurado
explorar trechos do litoral, proporcionando ao comprador
formas de lazer, sobretudo lugar para atracar sua própria
embarcação. A cidade não possui casas de diversões, exis;
tindo apenas um cinema, contribuindo grandemente para o de
sestlmulo do turismo na região. No lado nobre da cidade en
contra-se o Iate Clube e, no centro, outro clube de menor
valor patrimonial.
Os pescadores e os comerciantes declararam
que sobrevivem em função dos meses de novembro a março, quan
do a cidade hospeda grande número de pessoas, ficando os de
mais meses sem grandes expectativas comerciais. A diminui
çao da população flutuante, fora da temporada, conduz a uma
fase de desemprego, agravando-se ainda mais com as freqüen
tes paralisações do Porto.
0 transporte urbano do Município é realiza
do por uma companhia de ônibus que liga o distrito-sede aos
demais, excetuando-se os distritos de Abraão e Praia de Ara
çatiba que estão localizados na Ilha Grande. Estas duas Io
calidades são servidas por uma embarcação que efetua o trans
porte em dias alternados ou por barcos particulares.
M001004 I B A M - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
HSflllfl IIISIIEIII IE IIIIIISIIKII illlCIPIL
212
As opiniões sobre o transporte urbano, apre
sentadas no Quadro 13, dizem respeito ao fluxo realizado
através dos ônibus que ligam os distritos de Cunhambebe,
Jacuecanga e Mambucaba com a sede municipal.
QUADRO 13 - OPINIÕES DOS CHEFES DE FAMÍLIA RESIDENTES NOSDISTRITOS DE ANGRA DOS REIS QUANTO AO ACESSO ATRANSPORTE - 1982
^^S. DISTRITO*»
ACESSO^s.AO TRANS ^ vPOR E \ ^
Bom
Regular
SubtotalRuim
S/declaração
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL
ANGRA DOS
MDERDS
47,58
31,45
79,0317,74
3,23
OÜTRDSBAIRRCB
36,25
27,50
63,7535,00
1,25
REIS
TOTAL
43,14
29,90
73,04
24,51
2,45
CUNHAMBEBE
33,
21,55,44,
33
88
2179
•
JACUECANGA
41
29
7029
•
,66
,17,83
,17» •
MAMBUCABA
42,
28,
71,28,
••
86
57
4357
•
TOTAL
40,50
27,7568,2530,50
1,25
FONTE: Pesquisa de Campo - CEP/IBAM - 1982
As pessoas entrevistadas manifestaram pou
co descontentamento com relação ã rede de transportes cole
tivos, excetuando-se os moradores da Vila do Frade, situada
no distrito de Cunhambebe. A cidade de Angra dos Reis di£>
põe de um terminal rodoviário, localizado no Largo da Lapa,
e de uma estação ferroviária para transporte de carga, si_
tuada na Praia do Anil. As viagens intermunicipais têm co
mo principais destinos as cidades do Rio de Janeiro e Volta
Redonda.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IIS1IIIII ItlSllEIM IE illlllSIUdl MIICIPIl
213
Uma pesquisa de origem-destino, realizada
en 1978 , mostrava que dos 44.695 passageiros que partiram
de Angra dos Reis, 59,47% destinavam-se ao Rio de Janeiro,
8,09% a Volta Redonda e o restante para outros municípios.
Em 1979, o mesmo levantamento indicava que o numero de pass
sageiros caiu para 42.023, sendo que 58,48% se dirigiam ao
Rio de Janeiro, 17,22% a Volta Redonda e o restante a ou
trás localidades.
Tentou-se verificar as influências da cons
trução da Usina Nuclear iia economia do Município, ou, mais
precisamente, os incrementos na indústria da construção ei
vil do período. Esperava-se dessa maneira e a partir dos
recolhimentos de ISS e IPTU verificar os incrementos da re
ceita municipal provocados pela construção da Usina. Sabe-
se que as obras de construção civil da Usina não concorrem
para o aumento da arrecadação, porque estão isentas do paga
mento do imposto sobre serviços e não pagam impostos predi_
ai das casas construídas .
Os dados encontram-se no Anuário Estatístico do Estado doRio de Janeiro de 1979 e 1980, FAPERJ.
Vide "Dimensão Polltico-Institucional"
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISmiTI IIISIIEIII IE IIIIIISIIICH MIICiriL
214
A análise dos dados coletados na Prefeitu
ra Municipal de Angra dos Reis permitiu apenas conhecer, no
período 1967/1981 , a evolução dos estabelecimentos comer
ciais e de serviços diretamente ligados à indústria da com;
trução civil. Os dados disponíveis foram alinhados em três
qüinqüênios que correspondem aos períodos 1967/1971, 1972/
1976 e 1977/1981.
Na realidade, as atividades comerciais e
de serviços que prestam apoio direto ã construção civil re
gistram aumentos significativos a partir do ano ue 1972,
ainda que não seja possível isolar as influências causadas
pelos diversos projetos implantados no Município. Como foi
evidenciado no inicio desse estudo, a década de 70 corres
ponde simultaneamente ã construção da Usina Nuclear, ã im
plantação do terminal da PETROBRAS e, finalmente, a grandes
empreendimentos imobiliários propiciados pela facilidade de
acesso decorrente da construção da estrada Rio-Santos.
Os estabelecimentos que comercializam ar ti.
gos para construção civil no Município - material de cons
trução, serralherias e outros - eram apenas 10, em 1971,
Os dados obtidos junto ã Prefeitura Municipal permitemapenas a relação dos estabelecimentos comerciais, induE.trials e de serviços. Essas informações são igualmentepassíveis de critica, sobretudo porque os dados podem es_tar superdímensionados, pois, sabe-se que alguns estabe-lecimentos ao encerrarem suas atividades "não dão baixa"no Cadastro Municipal.
woo 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
INTUIU IIISIIEIM IE I l i l l lSIIKll MIIICIPIl
215
passando para 44, em 1981. Os estabelecimentos de serviços
e profissionais autônomos - construtoras, administração de
imóveis, engenheiros, pedreiros, pintores, agências locado
ras de mão-de-obra, técnico em edificações e outros - eram
85, em 1971, passando para 1.526, em 1981, segundo os dados
do Quadro 14.
QUADRO 14 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS, COMERCIAIS E DE SERVIÇOS NO MUNICÍPIO DE ANGRA DOSREIS - 1967/1981
ATIVIDADES
Idustriais
Comerciais
Ligadas à construçao civil
Outras
Serviços
Ligados â construção civilOutros
TOTAL
PERÍODOS
1967 A 1971
23
329
10
319
251
85166
603
1972 A 1976
29
334
22
312
1.118
483
635
1.481
1979 A 1981
45
389
44
345
3.330
1.526
1.783
3.743
FONTE: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismifi iHSimn if umiisnicii mucirii
216
6. CONCLUSÕES
As influências causadas pela construção da
Usina Nuclear no Município de Angra dos Reis não são pass_í
veis de uma avaliação quantitativa. As características da
economia municipal anteriores ao período de implantação * da
Usina e, principalmente, o advento de grandes capitais em
pregados em atividades dos ramos industrial e imobiliário,
nos anos mais recentes, imprimiram ao Município uma situa
ção excepcional em relação a outros Municípios periféricos.
Os efeitos positivos decorrentes da cons
trução da Usina Nuclear não diferem daqueles deixados por
outros investimentos realizados na região, desde que guardei
das as proporções do montante dos capitais e das condições
sócio-econômicas do Município no período em que cada proje-
to foi implantado. As justificativas e decisões de tais em
preendimentos não podem ser encontradas a nível local, pois
os mesmos são decorrentes de momentos conjunturais da econo
mia brasileira, cujo crescimento exigia a exploração de se
tores estratégicos.
As condições excepcionais de localização do
Município de Angra dos Reis parecem ser o fator mais impor-
tante para explicar a localização desses capitais. Do pon
to de vista econômico, o Município parece não sofrer gran
des modificações; pode-se mesmo afirmar que, a cada novo
MOD <oo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismira iiisiuiM u iMinsiucli Nmciru
217
investimento, cresce o descompasso entre as atividades tra
dicionais e as Modernas tecnologias recentemente introdu
sidas. De qualquer forma, a falta de adequação entre o pia
nejamento idealizado a nível nacional e as reais necessida
des dos Municípios não e UM problema peculiar a Angra dos
Reis. Por outro lado, a ideologia desenvolvimentista c cs
sa nos planos nacionais nos últimos 30 anos tem marcado o
país com desequilíbrios regionais e setoriais cada vez mais
ostensivos. E o Município de Angra dos Reis se prer ta so
bremaneira como exemplo dessa contradição: se não foram in
centivados os serviços de apoio às atividades t: adicionais
do porto e da pesca, foram criadas as infra-estruturas bási_
cas para a implantação dos mais modernos ramos da constru
ção naval e da indústria energética.
As transformações registradas no Município,
em decorrência da construção da Usina, foram percebidas du
rante o levantamento de campo: transferência de mão-de-
obra empregada nos setores tradicionais para as obras de
construção civil; aumento da densidade demográfica das
áreas vizinhas â obra; elevação dos preços dos aluguéis e
outros problemas que se encontram enfocados nas dimensões
físico-territorial e politico-institucional.
0 próprio montante de capital utilizado no
período de 1972/1981 com obras civis e de montagem das üsi
nas Angra I, II e III não são desprezíveis e certamente ti
MOD 1004 I 0 A M - 3 0 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
218
veram «feito multiplicador na economia local. Fora* implan
tadas as atividades de comerdo e serviços nas vilas resjL
denciais da Usina, be* COB» O equip—nto comunitário e de
infra-estrutura tais como: educação, saúde, laser, água,
esgoto, transporte e comunicações.
A localização de atividades comerciais e
de serviços em função direta de um determinado empreendimen
to não é um fato novo no Município de Angra dos Reis. Antes
da Usina Nuclear este processo jí havia ocorrido no distri-
to de Jacuecanga, na ép~>ca da implantação da VEROLME, e,
mais recentemente, durante a construção do Terminal da
PETROBRÂS.
As entrevistas realizadas junto a diversos
agentes econômicos do Município - setor hoteleiro, comercian
tes, gerentes de bancos, proprietários de restaurantes e
profissionais autônomos -, na tentativa de captar suas per
cepções a respeito das influências da Usina na economia Io
cal, mostram de maneira inequívoca que o novo empreendimen
to foi concebido e realizado sem qualquer integração com as
atividades existentes no Município. A meíoria dos entrevis
tados no distrito-sede vê a Usina como algo muito distante
da realidade do Município e alega que o porte do investimen
to exige matérias-primas e materiais que não são disponí^
veis no comércio local ou, quando são, os estoques estão
muito aquém do volume procurado. O maior ressentimento da
MOO'004 M A M - 30 ANOS VALOflIZANOO O MUNICÍPIO
HSmifl IRISIIEIII DE IIMIIISIRIÇII NIIICIPIL
219
classe dos comerciantes é dirigido às agências federais e
estaduais de turismo, que não procuram assistir o Município
de infra-estrutura capaz de atrair os turistas que poderiam
aumentar o rendimento dos seus negócios. A opinião geral,
entre os agentes que exploram as diversas categorias de ne
gõcios, é que a Usina Nuclear tem vida própria, e se a mes»
ma está situada em Angra dos Reis é porque o Município se
localiza no "eixo energético" e, assim sendo, a escolha do
local coincide plenamente com a racionalidade que comanda
a localização dos investimentos.
Com relação às ofertas de empregos decorren
tes das obras civis e da montagem dos equipamentos, todos
são v "-rimes em reconhecer que a Usina Nuclear tem emprega
do grande quintidade de pessoas, ainda que alguns expressem
a preocupação com o término das obras, a exemplo do que
aconteceu na construção da BR-101, que por se tratar de in
vestimento que não fixa mão-de-obra pode provocar desempre
go e trazer problemas sociais para o Município. 0 parecer
dos entrevistados coincide com a tendência apontada pela
análise dos dados secundários, ou seja: com o advento da
Usina Nuclear, o Município de Angra dos Reis tem reforçado
o seu papel de pólo industrial da região. A ausência de in
teração física e econômica entre esses empreendimentos bem
como as atividades locais imprimem ao Município o aspecto
de um espaço sem unidade econômica, formado por centros in
dustriais e de veraneio.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTITITI IIISIIEIII IE IIMIIISTIICII MIIICIPIl
A N E X O S
1 - QUADROS REFERENTES ÂS DIMENSÕES
2 - ESTIMADORES DE MAXIMA VEROSSIMILHANÇA PARA
DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL
3 - OPINIÕES DA POPULAÇÃO, EM RELAÇÃO Ã CENTRAL
NUCLEAR, RECOLHIDAS PELA PESQUISA DE CAMPO
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISTIflTI IIISIlilM IE IIMIIISIIICll MlllCiril
1. QUADROS REFERENTES AS DIMENSÕES
MO01004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
oo
QCWRO ot tvouiçfto DM RECEITAS MUNICIPAIS • M M i , n
S3D
8O
szõ5
" ^ ^ EXERCÍCIOS
RECEITAS ""* •—
RECEITAS CORRENTES
Rectlta Tributária
l*p. Pred. e Ter. Urbano
Ir.p. Sobre Serviços
Tamas Exerc. Poder de Polida
Taxas Prestação de Serviço*
Contribuição de Melhoria
Receita Patrimonial
Receita Industrial
Transferências Correntes
fecp. Renda Retido na Fonte
Funco de Part, dos Kunlclplos
Xep. Territorial Rural
Icp. s/Circ.de Mercadoria*
l.ü.C.l.G.
Contribuições Diversas
Receitas Diversas
Multas
lnd«ntxacõe* • Restltulçõe*
Cobaança da Divida Ativa
Cenltêrlos
Outras Receitas Diversas
RBCEIT«S DE CAPITAL
Transferenciai de Capital
Fundo de Part, dos Município*
l.U.C.L.G.
lap. Cnieo s/Mineral*
Taxa Rodoviária Onica
Auxilio a Oontr. Diversa*
1*70
52.130
20.0*»
42.31»
25.05»
-
4.005
4.2*5
•45127.158
54. «S4
41«.»««
-
-
12.«20
3.0*4
5».201
20.405
32.43*
127.15*
102.745
-
25.072
1*71
«0.MS
32.742
«*.S43
57.704
-
11.15*
4.»*1
2.123139.3»!
(.734
703.0*7
-
-
32.110
71»
214.115
l».«20
42.0(5
131.)11
107.22*
• .41»
1172
134.101
134.1*3
•7.4»»
»4.4O7
-
31.525
73.01»
1.772
331.250
•2.254
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223
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Ü
224
MOD 1004« A M - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
QUADRO 4
8
N
Iosi2
COMPOSIÇÃO PERCENTUAL DAS RECEITAS MUNICIPAIS, SEGUNDO A ORIGEM
EXERCÍCIOSRECEITAS "
•
. PRÓPRIAS
- TRIBUTARIA
- PATRIMONIAL
- INDUSTRIAL
- DIVERSAS
. TRANSFERIDAS
- CORRENTES
- CAPITAL
TOTAL
1970
24,45
12,34
0,42
0,38
11,31
75,55
53,02
22,53
100,00
1971
32,70
13,11
0,67
0,30
18,63
67,30
50,91
16,33
100,00
1972
26,98
16,79
0,80
2,72
6,66
73,02
58,14
14,86
100,00
1973
32,05
20,06
0,97
2,62
8,40
67,95
53,80
14,15
100,00
1974
21,05
14,26
0,44
1,31
5,04
78,95
71,12
7,83
100,00
1975
19,47
14,82
0,40
0,88
3,38
80,53
66,77
13,76
100,00
1976
21,92
12,18
0,84
0,5-
8,37
78,08
75,58
2,51
.
100,00
1977
24,71
15,97
0,63
0,70
7,41
75,29
69,01
6,28
100,00
i,
1976
21,15
13,13
0,98
1,39
5,65
78,85
71,90
6,95
100,00
1979
23,54
14,55
0,62
0,88
7,49
76,46
67,49
í,97
100,00
1980
26,74
18,72
0,34
0,94
«,75
73,26
64,98
8,27
100,00
FONTE: Balanços Municipais, 1970 a 1980.
s
QUADRO 6
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMÍLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
POR NlVEL DE ESCOLARIDADE - 1982
S30sios
I5
NlVEIS DE ESCOLARIDADE
ANALFABETOS
19 GRAU
29 GRAU
39 GRAU
INCOMPLETO
COMPLETO
INCOMPLETO
COMPLETO
INCOMPLETO
COMPLETO
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
LOCAL DE RESIDÊNCIA
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
5,65
75,00
7,26
1,61
3,23
1,610,81
4,83
100,00
BAIRROS
1,25
27,50
12,50
5,00
26,25
8,75
18,75
-
100,00
TOTAL
3,92
56,38
9,31
2,94
12,26
4,41
7,34
2,9<,
100,00
CUNHAMBEBE
3,13
73,95
11,46
3,13
7,29
—
1,04
-
100,00
JACUECANGA
16,67
59,72
11,11
4,17
8,33
-
-
-
100,00
MAMBUCABA""
10,71
82,15
7,14
mm
-
-
100,00
TOTAL
6,50
63,00
10,00
3,00
9,50
2,25
4,25
1,50
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo - CEP/IBAM - 1982
o
IQUADRO 7
II
59
IozÕ
5
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMtLIA RESIDENTES EM DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
POR LOCAL DE NASCIMENTO - 1982
LOCAL DE NASCIMENTO
NATURAIS DE ANGRA DOS REIS
IMIGRANTES PARAANGRA DOS REIS
DEMAIS MUNICÍPIOSDO RIO DE JANEIRO
OUTRAS UNID.FED.
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
LOCAL DE RESIDÊNCIA
ANGRA DOSSEDE
MORROS
57,26
24,19
15,32
3,23
100,00
BAIRPOS
20,00
40,00
40,00
- •
100,00
REIS
TOT."L
42,65
30,39
25, 0C
1,96
100,00
CUNHAM3EBE "*
25,00
20,83
54,17
-
100,00
JACUECANGA
37,50
29,17
33,33
-
100,00
MAMBUCABA"
10,71
14,29
75,00
-
100,00
TOTAL
35,25
26,75
37,00
1,00
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
09
I
8
i
8o
5
QUADRO 8
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR DATA DE CHEGADA AO MUNICÍPIO - 1982.
LOCAL DE NASCIMENTO
NATURAIS DE ANGRA DOS REIS
IMIGRANTES
PARA
ANGRA DOS
REIS
ANTES DE 1960
1960 A 1969
1970 A 1975
1976 A 1980
APÔS 1980
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
LOCAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
57,26
8,87
4 , 0 3
11,29
8,87
4,84
4,84
100,00
BAIRROS
20,00
5,00
7,50
12,50
36,25
18,75
-
100,00
TOTAL
42,66
7,35
5,39
11,76
19,61
10,29
2,94
100,00
DE RESIDÊNCIA
CUNHAMBEBE ~~
25,00
4,17
3,13
16,67
43,74
7,29
-
100,00
JACUECANGA
37,50
6,94
12,50
13,89
16,67
11,11
1,39
100,00
MAMBUCABA"
10,71
3,57
7,14
• 21,43
46,44
10,71
-
100,00
TOTAL
35,25
6,25
6,25
14,00
26,75
9,75
1,75
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
SO
iismiri iiisiiEiii if umiisriicii Miiiciru230
ê
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S
8n
i
8
WOO 1004IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
5
o
i
QUADRO 10
• • '
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
POR LOCAL DE MORADIA ANTERIOR A IDA PARA O LOCAL DE RESIDÊNCIA ATUAL - 1982
LOCAL DE MORADIA ANTERIOR
NATURAIS DE
ANGRA DOS REIS
EMIGRANTES PARA ANGRA DOSRSIS
SEMPRE MOROUNO LOCAL
OUTRO LOCAL
MUNICÍPIO R.J.
OUTRA U.F
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
LOCAL DE RESIDÊNCIA
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
13,71
63,70
16,24
2,42
3,23
100,00
BAIRROS
7,50
61,25
23,75
6,25
1,25
100,00
TOTAL
11,27
62,75
19,61
3,92
2,45
100,00
CUNHAMBEBE ""
12,50
31,25
36,46
19,79
-
100,00
JACUECANGA
23,61
52,77
18,06
5,56
-
100,00
MAMBUCABA"
7,14
28,57
39,79
25,00
-
100,00
TOTAL
13,50
51,00
24,75
9,50
1,25
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
MV»
QUADRO 11
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES EM DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR DATA DE CHEGADA AO LOCAL DE RESIDÊNCIA ATUAL
DATA DE CHEGADA AO BAIRRO
NATURAIS DO BAIRRO
IMIGRANTES
PARA
AKGRA DOSREIS
ANTES DE 1960
1960 A 1969
1970 A 1975
1976 A 1980
APÔS 1980
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
13,71
11,29
8,06
24,19
29,84
9,68
3,23
100,00
BAIRROS
7,50
2,50
3,75
10,00
36,25
38,75
1,25
100,00
TOTAL
11,27
7,84
6,37
18,63
32,36
21,08
2,45
100,00
CUNHAMBEBE "
12,50
3,13
2,08
18,75
44,79
18,75
-
100,00
JACUECANGA
23,61
1,39
11,11
41,67
20,83
1,39
100,00
MAMBUCABA"
7,14
7,14
o»
10,71
60,72
14,29
-
100,00
TOTAL
13,50
5,25
4,00
16,75
39,00
20,00
1,50
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
|
U
oo
oaoN
1O
o
5
QUADRO 12
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR MOTIVO DA IDA PARA O LOCAL DE RESIDÊNCIA ATUAL - 1982
RESIDÊNCIA ATUAL
MOTIVO DA IDA
PROXIMIDADE DO TRABALHO
FACILIDADE
DE
MORADIA
TRANSPORTE
EDUCAÇÃO DOSFILHOS
MOTIVOS FAMILIARES
SEMPRE MOROU NO LOCAL
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOS ]
MORROS
17,74
59,67
0,81-
4,84
13,71
3,23
100,00
SEDE
BAIRROS
10,00
60,00-
1,25
18,75
7,50
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100,00
5UEIS
TOTAL
14,71
59,80
0,49
0,49
10,29
11,27
2,95
100,00
CUNHAMBEBE
59,38
19,79-
2,08
6,25
12,50
100,00
JACUECANGA
20,83
43,06-
-
12,50
23,61
100,00
MAMBUCABA
32,29
35,71-
-
17,86
7,14
-
100,00
TOTAL
28,25
45,50
0,25
0,75
10,25
13,50
1,50
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
to
oo
Is
oaN
ios
QUADRO 1'3
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS EM RELAÇÃO AO TRABALHO ANTERIOR NA CONSTRUÇÃO DA USINA - 1982
TRABALHO ANTERIOR NAUSINA
SIM
NÃO
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOSSEDE
MORROS
5,65
89,51
4,84
100,00
BAIKRDS
7,50
92,50
-
100,00
REIS
TOTAL
6,37
90,69
2,94
100,00
CUNHAMBEBE
12,50
87,50
-
100,00
JACUECANGA
5,56
94,44
-
100,00
MAMBUCABA
35,71
64,29
-
100,00
TOTAL
9,75
88,75
1,50
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
o
õNi
i
o
õ
QUADRO 14
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMÍLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR LOCAL DE TRABALHO ATUAL - 1982.
tOCAL DE TRABALHO ATUAL
FURNAS, NUCON OU EMPREITEIRA
VEHOLME
PETROBRÃS
PORTO
OUTRO
APOSENTADOS E DESEMPREGADOS
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
6,54
24,19
0,81
5,65
41,94
17,74
3,23
100,00
BAIRROS
27,50
10,00
3,75
1,25
37,50
18,75
1,25
100,00
TOTAL
14,71
18,63
1,96
3,92
40,20
18,14
2,44
100,00
CUNHAMBEBE ~"
52,08
4,17
1,04
-
29,17
13,54
-
100,00
JACUECANGA
2,78
47,22
2,78
-
36,11
11,11
-
100,00
MAMBUCABA"
42,86
3,57
-
-
28,57
21,43
3,57
100,00
TOTAL
23,50
19,25
1,75
2,00
36,00
16,00
1,50
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982OBS.: O item "outro" inclui todas as demais atividades nos setores prinãrio, secun
dãrio e terciãrio.to
u>
QUADRO 15
OB
I
oaN
iosI
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR TEMPO DE SERVIÇO NO EMPREGO ATUAL - 1982
TEMPO DE SERVIÇO
MENOS DE 1 ANO
DE 1 A 2 ANOS
ACIMA DE 2 a 4 ANOS
MAIS DE 4 ANOS
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
2,42
6,45
10,48
68,55
12,10
100,00
BAIRROS
12,50
10,00
17,50
41,25
18,75
100,00
TOT;X
6,37
7,84
13,24
57,84
14,71
100,00
CUNHAMBE3E "
8,33
8,33
16,67
51,04
15,63
100,00
JACUECANGA
20,83
9,72
13,89
47,23
8,33
100,00
MAMBUCABA
28,57
21,43
14,29
10,71
25,00
100,00
TOTAL
11,00
9,25
14,25
51,00
14,50
100,00
FONTE: Pescuisa de Campo CEP/ISAM - 1982OBS.: O iten "sem declaração" inclui os araposentados e desempregados.
tou>
QUADRO 16
DISTRIBUIÇÃO DOS CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRADOS REIS POR CLASSES DE RENDA FAMILIAR - 1982'
s9
õ
5
CLASSES DE
(SM =
RENDA
Cr$
A3AIX0 DE :
DE 1 A 2
ACIMA DE
ACIMA DE
ACIMA DE
ACIMA DE
S
2
4
6
8
L S
.M.
A
A
A
S.
11.
5.M
4 S
6 S
8 S
M.
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
FAMILIAR
928,00)
.M.
• M.
.M.
ANGRA DOS REIS
MORROS
2,42
4,84
33,06
29,84
14,52
11,29
4,03
100,00
SEDE
BAIRROS
1,25
2,50
15,00
8,75
20,00
46,25
6,25
100,00
TOTAL
1,
3,
25,
21,
16,
25
4
100
96
92
98
57
67
,00
,90
,00
CUNHAMBESE "
2,08
16,67
37,51
20,83
13,54
2,08
7,29
100,00
JACUECANGA
1,39
15,28
41,66
25,00
11,11
1,39
4,17
100,00
MAMBUCAIBA
-
28,57
46,43
17,86
-
3,57
3,57
100,00
TOTAL
1,75
10,75
33,00'
21,75
13,75.
13,75
5,25
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
o
I
sioao
3Io
QUADRO 17
MORADORES NÃO CHEFES DE FAMlLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DE ANGRA DOS REIS POR LOCAL DE TRABALHO - 1982 ~
LOCAL DE TRABALHO
FURNAS, NUCON OU EMPREITEIRA
VEROLME
PETR03RAS
PORTO
OUTRO
TOTAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
2,00
34,00
4,00
8,00
52,00
100,00
BAIRROS
13,04
21,74
-
-
65,22
100,00
TOTAL
4,07
31,71
3,25
6,50
54,47
100,00
CUNHAMBEBE
8,33
4,17
-
-
87,50
100,00
JACUECANGA
40,91
-
59,09
100,00
MAMBUCABA""
10,00-
-
-
50,00
100,00
TOTAL
4,4727,37
2,23
4,47
61,46
100,00
FONTE; Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 198203S.: O item "outro" inclui todas as demais atividades nos setores primário, secun
s5
dario e terciario.
Iio
QUADRO 18
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES NÃO CHEFES DE FAMÍLIA RESIDENTES NOS DISTRITOS DE ANGRA DOS REIS POR TIPO DE ESCOLA - 1982
TIPOS DE ESCOLA
MUNICIPAL
ESTADUAL
PARTICULAR
TOTAL
ANGRA DOS REISSEDE
MORROS
28,00
61,78
10,22
100,00
BAIRROS
7,69
44,87
47,44
100,00
TOTAL
22,77
57,43
19,80
100,00
CUNHAMBEBE
72,60
24,44
2,96
100,00
JACUECANGA
80,65
10,75
8,60
100,00
MAMBUCABA"
26,32
73,68
100,00
TOTAL
44,91
42,00
13,09
100,00
FONTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAK - 1982
S5
5
õ5
VO
IIS1ITITI IIISIUIII IE IIMIIISTIICll240
DOMICÍLIOS PAIITIVULMIUi RiCMblKClAlS titrJ UlNTIUTOf. I>K AKCKA IXiS KltlU MlfiUliW) MIAS CA
KACTtKlCTICAS I1C COKÜTHIM.XO »: INKKA-tSTKUTlíRA HuliAKA -
CARACTERÍSTICAS DO tlOMICll.IO
TIPO
DC
•AREI*
TIPO
DE
PISO
IJPO
DE
COBERTURA
ABASTECI
KENTO DE
ACUA
IKSTAI.A
ÇAO f.A
DITARIA
r.KFKCIA
M.fcTRICA
COr.L'TA
DE
MXO
ALVENARIA
KADCIKA PRt.PAkAOA
KAICIRA AMCNLITMA
TAIPA
OUTRO
SEM DECLARAÇÃO
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TACO/CERÂMICA
C1KKNTO
IWOKIRA ATRCWUTAUTi
TKKKA
OUTHO
SI:M DECLARAÇÃO
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LACE
TEMIA DAKRO
Tti.iiA FIBHO-CIKÍ.TO
OUTRO
EI.M DKCLARAÇAO
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REI»: GERAL
FOCO OU KASCKNTK
OUTKA rORHA
SKM DFCLAKAÇAO
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M:i>t CKRAL
FOSCA SF.PTICA
FOSSA RUDIKENTAH
OUTRO
N&O fcXISTE
Sl;tl DECLARAÇÃO
TOT AX
RXISTE
NÃO EXICTE
S I : K PíXTJWtAÇ.V?
TOTAL
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Lx i r. •! í: t.vi:,'itVit M i.'li.
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SKM lir.CI-ARAçXO
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FONTi:» te*if\ii!>a <\': Cnf'j>ft I'M1/
ANCRA DOS
ttORKOS
95.16
-
1.61
-
-
100,00
58,06
37,»0
-
-
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100,00
44,35
36,29
16,13
-
3.23
100,00
64,52
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-
3.23
100,00
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-
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100,00
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-
-
-
-
- •
100.00
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5.00
-
-
-
-
100,00
63,75
23,7?
12,50
-
-
100,00
R0.00
20,00
-
-
100,00
27,50
66,25
-
-
-
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100,00
51,96
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103,00
70,59
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100.00
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51.39
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-
-
100,00
44,44
15,15
40,78
-
-
100,00
15, IS
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-
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71.44
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10.71
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-
-
7.14
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-
K.n,l)C
S.'/l
3/.V
-
TOTAL
«6.75
3,00
4.75
2.50
1.75
1.25
100,00
54,50
41.00
1,25
0,50
0.75
1,00
100,00
42,2P»
23,75
33,00
-
1,03
100,03
51,7S
43,50
0,75
l,C0
ioo.no
25.P0
<0,00
2,25
5,00
2,50
100,00
95,49
4,5
1,00
103,00
48,7r.
25,50
24,00
l ,7 i
MO01004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISIIIIII IMSIUIII IE IMIIISIIICII MIIICIPIL
241
20
OPINlXO DOS CHKf ES DE FAMÍLIA RKSIDKNTIS KO:.' DJSTH1TOS DO KVNJClPJO DE AUCRA DOS KE1S
QUANTO AO ACESSO AO COMERCIO F. SERVIÇOS UKltlttiOS EXISTKÍ.TKí; - 1 9 0 2
OPINIÕES EMITIDAS
ACESSO
A
TRAKSPORTE
ACESSO
A
EPOCAÇAO
ACESSO
A
HOSPITAIS/PÔSTOS DE SAOUL
ACESSO
AO
COMf:RCIO
BOM
REGULAR
RUIR
SEM DECLARAÇÃO
TOTAL
BOM
REGULAR
RUIM
SEJI DECLARÍ-^RO
TOTAL
BOM
KEGULAK
RUIM
SfcM DKCI.AKAÇ.AO
TOTAL
BOM
REGULAR
RUIM
SEM DKCIJVKAÇ/AO
TOTAL
27,42 36,25
33,87
34,*» 33,75
4,03
100,00
FONTEs Pcsquicn tlc Cotnpo Cl:i'/M'AM - 1982
ANGRA l)Cr. KKI5
SEIM:
M.4Ü
17.74
3,23
100,00
S&,(4
100.00
2S.0O
«5,97
2S,00
4.0>
100,00
3Í.ÍJ
27.»
100,00
VJ.00
2^,60
li.OO
i.on
TOTAL
lOfi.OO
1.2S
lOO.Cí
31, f*
36,24
26,96
2,»4
100,00
31.37
34,3?
3.43
100,00
CUSi'lAM
33.33
21. K
44,79
100.00
59.37
20.23
10.42
10C.0C
23.5C
4í1.f2
34.38
1.C4
1W.H)
41,67
44,7»
.•«ACUE
CANCÃ
41.CC
29.17
100.00
70.63
15. ÍS
•.31
5.5C
1ÜO.0O
33,33
40.»
100,00
KAKPU
42. K
78^7
2a. 'ji
100.(Kl
<2.eÉ
Z«.57
26, S7
-
103.00
46.43
23.30
28.57
-
10G.C0
4J.W
21,43
3%, 71
-
KUi.OO
TOT/.l
40.1O
27.7S
3O.W
1C0.00
55.25
24.25
11.50
6,00
100,00
79,00
35.50
33.7'^
1.75
100,00
33.W
34,25
3O,5fl
1,75
100,00
MO01004 ISAM - 30 ANOI VALORIZANDO O MUNICÍPIO
IISmiTI IIISUIIII IE
KOPa
CM O
g *I S01 S
8
oM
B
MOO1004
10n
s
18
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1. 1
li
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•8M
I»1
nl i .
(•1
242
IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
I8
QUADRO 22
DOMICÍLIOS PARTICULARES RESIDENCIAIS NOS DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
POR FAIXAS DE ALUGUEL DO IMÓVEL - 1982
FAIXAS DE ALUGUEL
ATE Cr$ 5 . 0 0 0
AOMV DE Cr$5.000 A Cr$10.000
ACIMA DE Cr$10.000 A Cr$20.000
ACLMà DE Cr$20.000 A Cr$40.000
ACIMA DE Cr$ 40.000
SKl DECLARAÇÃO
TOTAL
ANGRA DOS R E I S
SEDE
MORROS
13,58
50,00
34,62
100,00 .
BAIRROS
2,17
39,14
28,26
2,17
28,26
100,00
TOTAL
6,94
18,06
37,49
18,06
1,39
18,06
100,00
CUNHAMBEBE "
9,09
52,27
25,00
4,55
9,09
100,00
JACUECANGA
15,00
35,00
50,00
100,OU
MAMBUCABA"
70,00
30,00
100,00
TOTAL
13,01
31,51
32,89.
10,27
3,42
8,90
100,00
Is
FOXTE: Pesquisa de Campo CEP/IBAM - 1982
K>
llSIirill IMSILEIII IE IIMIIISIIICII MIICINl
QUhDRO 23
tOTVLAÇto RESIDENTE TOTAL. TAXA DE URBANIZAÇÃO. DENSIDADE DEHOCMriCA TOTAL
TAXA ANUAL GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO - 1970 E l»iO
244
ESPECIFICAÇÃO
amo.R » DE JRNEDD.
PUUFOUA DO OMME RK>M90RRB3ID)
gil
1
nesRics
VKOUWS EPBWX
aMlAOA JXJtAGMWE*» . (Litoral Sul)
m
S
'ANGRA DOS REIS (SECOPRUA DAS FLEXAStPHUVHAVELMVIA) (2)
MWOto (V) (3)uns RKE
GUMMBEK IV)IHME |P)BRKMI (A)C M / 3 M IA)DGEMA DA JWUIBAIP)
JWCIEGWGA IV)ror^AWi IP)HMCIEIS CA)IPIAPIWCMCW» IP)(MATUCAIA IP)
VHBUCA3A (V)PRAIA BRMOV IP)
PRAIA DE ANÇATCM (V)PKIMUX IP)rMCUESIA DE SANIA .NA IP)
nrjvn* IPIPRAIA VTfMUiA IAIPRUA DA IOCA IP)
PARATI
B | PARATI ISrXE)B I PARATI MIRIM (V)g I WUTUtA IV)
POTULAÇAO RESIDENTE
TOTAL
1970
9X215.301
4.74C848
273.140
98.8»
117.855
5Í.4Í9
40.494
18.770
2.992
(.744
8.(41
883
4.514
15.953
10.4073.8831.(43
1980
U9.09S.992
U.297.327
323.038
115.399
129.357
78.280
57.(58
2C.8S3* ••
2.540
12.219
9.142
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ESPECIFICAÇÃO PERÍODO
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8.175.398
5.983.470
392.M7
1.409.35C
27.834
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21.615
148
502
17122
COMERCIAIS
VAREJISTA
24.444.490
3.09D.e0b
16.061.4Í6
6.320.490
667.073
2.637.43C
X5.151(X)
(X)
34.020(X)14.632
25.632(X)<>:>
245.4931.1156.517
225.4Í4
1.0O7
5.734
20.029
108763
TOTAL
47.292.571
5.041.115
24.236.£45
12.303.9CO
1.0S9.980
. 4.246.792
332.955
7.724
34.OS1
38.5924.097
17.271
27.0552.3479.639
2C7.3OR1.2607.141
247.279
1.155
6.236
20.029
12590S
FONTE: )VGi;f Censor. A"jrc'|>r>i!."ii j o , Jntlr.:,! r Jol , Srrvi\t>.~ c ConercJa l •- 19f.O, 1970 «• 197S
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
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QUADRO 31
RECEITAS SETORIAIS A NÍVEL MUNICIPAL, MICRORREGIONAL,
NAL, ESTADUAL E NACIONAL - 1960, .1970, 1975 E 1980
252
MESORREGIO
ESPKCllvCAÇfó
.TCRA DOSREIS
BAIA DAILHA GRftNDE
PERIFERIADO GRATISRIO
ESTftCO
BRASIL
ANOS
60707580(1)
60707580(1)
60707580(1)
60707580(1)
60707580(1)
RECEITAS EM Cr$
PRIMARIAS
496997
157228246
1.3932.7325.358
15.14627.20848.876
573.9751.199.1942.505.451
ATIVIDADKS(2)
SECUNDARIAS
1571.9767.727
30.216
1601.9827.753
30.327
3.9247.792
20.23352.538
147.419328.276850.448
2.203.213
919.0652.722.4736.841.768
17.193.849
IO 6 de 1980ECONÔMICAS
•iraCIÁRIAS
212997
2.3335.459
2301.1272.6136.058
1.8706.0028.518
12.089
207.799584.368
1.276.1692.787.042
1.045.3Sr>3.463.1548.001.236
18.485.97b
NAS
TOTOL
• • •3.022
10.12935.772(3)
3.26610.59436.631(3)
• • •15.18731.48369.985(3)
• * •927.790
2.153.8455.039.131(3)
6.759.60216.0-12.19838..1 US. 275 '3)
FONTE: IBGK, Censos Agropecuário, Industrial, Serviços c Comercial -1960, 1970 e 1975
NOTAS : (1) Valores obtidos cm função das estimativas realizadasvós da taxa anual geométrica de crescimento 70/75.
atrageome
(2) Valor da produção industrial.
(3) Soma das estimativas para 1980.
MOD 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
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QUADRO 33
PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS CONSUMIDORES E DO CONSUMO DS ENERGIA EL5TRICA DO MUNICÍPIO OS ANGRA DOS RSZS'EM KBZAA A KICRORRSSlSO, A MESORREGlRO S AO ESTADO - 1975 A 1979 E 1981
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7576777879
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12,6414.5715,6021,102<J.S6
0,220,250,290,44C.--.-5
C
EESIDENC I A I , "
83,02S3.9084,6484,1683,18
12,6114,5016.5721,2425.51
0,210,240,20
o..;.i
roNsyxiroRi
INDUSTRIAL
97,3091,4693,65ao, 2281,90
19.8622,0614,6917,9420.38
0,440.410.280,260,39
:s
CCMEBCIAL
76,3877,4978,53eo,6779,67
12,8615.2418,7222,9223.31
0,250.320,330,470,47
CX.TBD6
67,4770,9368,5467,?66 7 , "JO
9,129,436,078.619,17
0,500,530,460,510,55
TOTAL
93,7092,2094,7695,8390,27
15,6911,9317,9525,0025,37
0,330,260,40O,C>10,6.1
CON'SUKO (KWr)
RE5XBENCXAlT
8^,7883,3384,9035,6565,10
12,4614,0515,1418,9518,23
0,170,200,210,280.23
ITOUSTRIAL
99,1099,7199,8299,5399,31
15,869,70
19,7954,6428,66
0,660,390,751,081,0$
cctzaczAL
60,4584,0852,6992,548?, 31
13,3917,6016,9537,2030,30
0,130,190,220,550,42
8
OUTROS •>
93,47 _93,53 587,<0 S74,7« 263,J8 2
12,9012,049,623,73
10,78
0,210,180,140,060,18
FONTE: FAPERJ. AnuSrio Estatístico do Estado da Rio de Janeiro - 1978, 1979 E 1980Cia. Eletricidade do Estado do Pio de Janeiro (LIGHT)
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257
QUADRO 36
ARRECADAÇÃO DO FGTS A PREÇOS CONSTANTES - 1972 A 1980
ANOS
72
73
74
75
76
77
78
79
80
ARRECADAÇÃO DO FGTS - p r e ç o s c o n s t a n t e s d eCr$ 103
BRASIL
3.571.848
4.246.063
4.736.884
5.632.765
5.969.288
6.551.843
7.235.703
7.549.970
7.105.4S5
RIO DEJANEIRO
758.371
878.909
906.605
1.069.365
1.126.421
1.233.583
1.344.283
1.391.155
1.264.686
PERIFERIADD GRM&1S RIO
7.350
10.329
10.091
13.600
14.495
17.467
23.779
21.060
19.078
BAIA DAIIJIA GKW3DL
3.837
6.117
5.566
8.326
8.345
10.674
15.512
13.847
12.299
1970
ANGtt COSBEIS
3.751
5.740
5.084
7.90B
8.094
10.430
15.373
13.676
12.176
FONTE: BNH, DRC. Relatório de Apropriação Municipal de Saques Hédios - FGAll
MO0I004 IBAM - 30 ANOt VALORIZANDO 0 MUNICÍHO
iismiii iiisiuiii ii iHinsiudi miicirii
258
QUADRO 37
SAQUES DO FGTS A PREÇOS CONSTANTES - 1972 A 1980
AMOS
72
73
74
75
76
77
78
79
80
SAQUES DO FGTS -
BRASIL
1 .553 .447
1 .809 .700
2.005.7S3
2.558.238
2.626.678
3.027.554
3.322.131
3.363.597
2.944.886
RIO DEJANEIRO
756.371
878.909
906.605
1.069.385
1.126.421
1.233.583
1.344.283
1.391.155
1.264.686
preços constantes Io 1970Cr$l03PFRKTERIA
DO GRANDE RIO
7.350
10.329
10.091
13.600
14.495
17.467
23.779
21.060
19.078
BAIA U?Yiritft GRANDE
2.099
2.009
2.110
2.736
4.102
3.610
4.964
6.519
4.913
ANSViDOSREIS
2.074
1.865
1.854
2.376
3.938
3.437
4.876
6.840
4.766
FONTE: BNB, DRC. Relatório de Apropriação Municipal de Saques Mêdios - FGAll
MOD 1004 ISAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
QUADRO 38
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS SALDOS E DO NUMERO DE CADERNETAS DE POUPANÇA DO TIPO LIVRE - 1980i
I
S
SALDOS EMCRUZEIROSDS I960
Até 3.024
3024 — 30.244
30244 — 181.467
181467 — 604.899
604809 — 13.024.450
acirra 3.024.450
ANGRA DOS REIS
NP DEG\D.
53,42
31,36
11,86
2,67
^,68
0 , C l
SALDO
1,68
12,17
30,80
30,14
2 3 , 8 3
1 , 3 8
BAÍA DAILHA GRANDE
N9 DECAD.
52 ,83
31 ,68
1 2 , 1 1
2,70
0 ,67
0,01
SALDO
1,68
12,34
31,61
30,35
22 ,83
1 , 1 9
PERIFERIA DOGRANDE RIO
K<? DECAD.
59,4 3
27,88
10,07
2,13
0 , 4 8
0,01
SALDO
2 , 0 7
13,26
32,54
29,17
21 ,45
1 ,51
RIO DE JANEIRO
K9 CECAD.
61,05
23,79
10,45
3,49
1,17
0 , 0 5
SALDO
1 , 1 1
6 , 7 3
2 0 , 7 3
29,56
31,84
10,03
BRASIL
W DECAD.
6 3 , 1 9
2 3 , 5 1
9 ,70
2,75
0 , 8 2
0 , 0 3
SALDO
1 , 4 4
8,52
24,29
29,64
28,55
7,56
FONTS: 3NH . SAFPE, Cadernetas de Poupança - Censo Nacional, julho/1980.-KOTA: As faixas foran discriminadas considerando uma analogia con o «alario mínimo regio
nal - Cr$ 4.149,00.
IISTITITI IIISIIEIII IE IIHIIISfllCll IlllCiril
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260
MOD 1004 IBAM - 3 0 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
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MOD 1004 - IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO O MUNICÍPIO
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2. ESTIMADORES DE MAXIMA VEROSSIMILHANÇA PARA
DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL
nsmiTi IIISIIIIM n iHiiisiiicii MIKIPII
263
ESTIMADORES DE MAXIMA VEROSSIMILHANÇA
PARA DISTRIBUIÇÃO MULTINOMIAL
A Distribuição Multinomial
Existem k resultados possíveis na ocorrência de um
evento e as probabilidades desses resultados são denotados por
P , P P . Assim, deve-se ter:I Z k
O evento é repetido "n" vezes e seja:
sct o n9 de vezes de ocorrência do resultado associado a P
x.^ o n9 de vezes de ocorrência do resultado associado a P
ou o n9 de vezes de ocorrência do resultado asso* ciado a P
K
A função de densidade para as varáveis atA x-_ c
A função de densidade envolve somente (k-1) dos xjç
uma vez que somente (k-1) deles são funcionalmente^independentes.
Assim, "a:" é exatamente determinado pela relação «£—< se-ri- quan
do 3cx X-zj oc'ttri são especificados. Então,
esta é uma distribuição multivariada envolvendo (k-1) variáveis.
O "se" do lado direito de (2) deverá ser interpretado pela ex
pressão
A expressão (2) é uma distribuição de uma família, de "k" parâme
tros, sendo rt; pt }px) / 4 , esses parâmetros. A outra va
•»/» l l l /U tf Al ABI41Í1HA l\ UIIUI/lhM
llSmill •IISIIEIN II IWIIISTIICM HIKIPIl
264
riável fí ê como q da distribuição binominal, exatamente determi
nada por
Bstimadores de Máxima Verossimilhança para grandes Amostras
Os estimaãores de máximo-verossimilhança ©ijQj *
para os parâmetros de uma função de densidade / C x / ^ ) ^ v e*)
das amostras de tamanho "n", para grandes amostras possuem apro
ximadamente distribuição normal mui ti variada com médias i.,©*
O e com matriz n.R na sua forma quadratica, onde
* ~ ~* L *3©* 99j
As variâncias e covariâncias estimadas são obtidas de
Vss V , onde v«. fC , sendo R uma
matriz de elementos <£;
Estimadores de máxiroo verossimilhança para os parâmetros da dis
tribuição multinomial
Os elementos de uma dada população são classificados
dentro de k+1 categorias Al} A
2, jA ^. Descreveremos um ele
mento pelo grupo de variáveis (x1)a^j ^nt»)' o n d e' s e °
elemento pertence a ^i.x.(-L e nos outros =*?, são zero.
Se a probabilidade de um elemento ser selecionada na amostra per
tença a A é "p, ", então a função de densidade conjunta de ^ 5 ^
e:
i/L ~ - \» 0* pA C «-í' '
J p 2 «-' /' « ^' 21 iA-. i
Assume-se que -f (*, s%^%) sobre todos os pos_
slveis grupos de x's, principalmente, (1,0,0,0 ...0), (0,1,0... 0)
e assim por diante, teremos:
>*„<)-- T, ft: -1
• AU «I lil/W l/ll ABIflIlIM <l UIIUIKlkM
innrari lusuiin n IMIIISIUCM MIKINI265
A distribuição • multivariada COB k parâmetros de funcionalidade independentes. Tomaremos, então, que P , P .... Pe pensemos e» p^, com a expressão 1-P -P - . . . - P .
Seja a amostra de tamanho "n" e seja "n^" o númerode elementos da amostra com a categoria A , então 2-n. «*•- e °
Ã. •'estimador de máximo-verossimilhança da amostra e
o logaritmo é dado por:
Igualando-se a primeira derivada* de L a zero e resolvendo o sistema de equações, encontraremos os estimadores de
P. .A
9 fi & P**i
Deveremos lembrar que P - 1-P -P - ... -P
Multiplicando a primeira equação por P -Pa segunda equação por P -P
a késima equação por P -P^ esomando os resultados, chega-se a:
4w ~ '"t*1
Assim:
llSnilll IIISIIEIM If 1MIIISTUCU MMCirU
266
A distribuição normal multivariada com médias P po
dera ser encontrada determinando os coeficientes n*<j da forma
quadratica através de:
Onde
Assim
Pt
Somando as expectativas:
M-•i*i
Assim:
- . . / , / se/l"J JS -f
- / se
Escreveremos estas equações, usando o símbolo
P*
iisnim iiisiuiii K imimucit unam2(7
O valor do tentinante |R| pode ser nostrado coao
«endo Iz*Assim a distribuição aproximada para grandes anos
trás dos estivadores é dada por:
« * . * . •
A inversa de R tem como elementos os parâmetros abai_
xo, como podemos verificar pelo cálculo de V.R, onde V=R~
As variâncias e covariâncias estimadas são obtidast, / I » * i
através de: G*/ =. oaf*. e c.j« o.j/n.
Regiões de Confiança para grandes amostras
Se a distribuição envolve vários parâmetros («j.©i ;
I°H), sob condições gerais, as estimativas de máximo-verossinví
lhança ô , ô , ...» 8 possuem distribuições aproximadamente Nor
mais com médias 6 , 6 , ..., 6 e coeficientes da forma quadráti
ca dada por:
A« » _ -n . E©e.
A forma quadratica de uma variável Normal de ordem k
tem distribuição Quiquadrado com "k" graus de liberdade. Podemos
concluir que a quantidade *. K
tem distribuição aproximadamente Quiquadrado com "k" graus de
liberdade para grandes amostras. A acuracidade da aproximação
não será comprometida pela substituição das estimativas de 9's pç
los 0's em jL,i . A quantidade• I t U I _ <UI AâlrtC t/Al ABI9AI
nisium K iMiiisnícn •Mttni268
«"•I
tea distribuição Quiquadrado COB k graus d« liberdade.
A variável "V" permite obter uaa regiio de confiança
para os 0 . Se Xl .v • ° ponto que corresponde a I-» da dis
tribuição quiquadrado entio a
te confiança no espaço paramétricô. O liaite da região de con
fiança é dada pela expressão
que é a equação de uma elipsoide no espaço (G , 6 ,
centro em (ô , ô , ..., Ô ).
O ) com
Determinação da região de confiança para as estimativas de pro
porção obtidas na Pesquisa
O quadro abaixo discrimina os dados relativos ao le
vantamento da Prefeitura e as estimativas que permitiram avaliar
a fidedignidade da amostra através da pesquisa por amostragem
realizada no Município de Angra dos Reis.
QUADRO - Distribuição dos Chefes de Família Residentes no Distri
to de Mambucaba do Município de Angra dos Reis
LOCAL DE NASCIMENTO
Naturais de Angra dosReis
Imigrantes para Angrados Reis
Sem declaração
LEVANTAMENTO DA PREFEITURA
Pi
9,00%
91,00%
-
ESTIMATIVAS
Pi
10,71%
89,29%
-
Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis - IBAM/1982MAU _ M áliAtwti ftkni«nAAuiiauihiA
nsnrati lusiuni K IWIIISTIKM MMCIML269
As estimativas de proporções para cada categoria fo
ram obtidas através dos estimadores de máximo verossimilhança pa
ra a distribuição multinomial meuiante o emprego da expressão;
conforme os critérios já expostos anteriormente.
pt a -2£- onde i* 1,2,..., k+1' •n, «t» tamanho da amostra
4*i« n9 de elementos da amostra da categoria A^
A acuracidade das estimativas foi realizada pela
determinação da região de confiança dos parâmetros estimados, que
impõe o cálculo da quantidade "V que possui distribuição Quiqua
drada com k graus de liberdade.
v I I
onde os /c^. são obtidos em função de:
/*</ •= ^ .». - 1 s e
t - í _ se
NOTA: Deve-se lembrar que
Assim:/ t" "" ~pT Pa
Pa 0,$<}29 O.9QS9
Logo:
ÍUM I/AI
mtifiii MISUENN M IMHUSIBKII W W M
270
Adotando-se o nível de significincia de 51 d* distri
buiçio Quiquadrado COM 2 graus de liberdade, encontr.t-se JT. «5,99
• a região de confiança de 95% para os parâmetros P e P é deter
Binada por:
que define vmm elipsoide no espaço paraaetrico COM seu centro «•
Pi « 0,1071 c P2 » 0,8929.
Utilizando-se os dados relativos ao levantamento rea
lixado pela Prefeitura de Angra dos Reis para aferir a quantida
de "v" e coaparar seu valor COM O valor do quiquadrado estabele
cido, te»-se:
_ 10^5(0,10 71-
= O.OO31
Se o valor de "V" é menor que o valor do quiquadrado,
aceita-se as estimativas obtidas com uma confiabilidade de 95%.
MStifin nistum M mmsmcii mrnm
3. OPINIÕES DA POPULAÇÃC, EM RELAÇÃO A CENTRAL
NUCLEAR, RECOLHIDAS PELA PESQUISA DE CAMPO
IISmiTI IIISILEIII I ! ftlMIISIIICftl MIIICIPIL272
OPINIÕES DA POPULAÇÃO, EM RELAÇÃO A CENTRAL NUCLEAR, RECOLHI^
DAS PELA PESQUISA DE CAMPO
-É uma ameaça ã população.
-fi positiva porque oferece trabalho, porém operigo é rauito grande. Considero negativa a implantação.
-Agora não trouxe mal nenhum, mas futuramentevamos ver.
-Estou mudando por causa dela. Espero estarlonge; vim procurar sossego e encontrei perigo.
-A Usina gerou emprego. Não há perigo;os técnicos são bons e há muita segurança.
-Formidável!
-Eu vivo dela, mas tenho medo.
-Acho que somente quando uma explodir aqui éque vão parar com isso.
-Pelo que ouvi falar vai acabar com o problema da energia.
-Foi bom porque abriu empregos onde podemos ganhar mais, no entanto,há um certo receio.
-Aumentou os aluguéis, o custo de vida, mastambém aumentou o nível de vida.
-Quanto mais eu puder ficar longe dela melhor.
-Deu bastante emprego ao povo. Sem a Usina,Angra nao teria o progresso que tem hoje.
-Acho que a Verolme e a construção da BR foram bem mais benéficas.
-Na parte técnica foi muito bom e promete serpromissor, pois sendo um campo novo no Brasil estimula a es_peclalização, mas no lado prático foi ruim,pois Angra sendouma cidade turística de veraneio onde tira grande parte desua renda ficou um pouco abalada.
-Se for somente para produzir energia como tenho ouvido, acho que é uma boa, ~"
-O perigo que oferece compensa outras coisas.
-Não sei porque, acho bom, mas tenho medo deque possa explodir.
MOD ioo4 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
iismiu iiisiiEiii ii iiNiiisriicii MIIICIPIL
273
-Tenho muito medo sõ de pensar.
-Para Angra sõ trouxe muito prejuízo até agora. A luz aqui é horrível e não acho que vá melhorar.
-Só serviu para aumentar as coisas.
-Um pouco perigosa, mas onde não tem perigo?
-De modo geral ela trouxe muitos benefíciospara a cidade, mas o povo tem medo do que pode haver maistarde.
^-A Usina ê perigosa, as pessoas que trabalhamlã dentro estão ficando doentes.
-É perigosa e não dá emprego para ninguém dacidade.
-Maneira de aumentar a dívida externa, maspara o Município melhorou.
-A Usina foi boa para Angra porque a cidadecresceu, aumentou o mercado de trabalho, mas hã risco deacidente.
-No Brasil não temos necessidade disso.
-Foi bom. Tenho um filho que trabalha lá eque ganha bem, mas tenho medo que aconteça algum problema.
-Enquanto não estourar vai ser bom para opaís.
-Acredito no desenvolvimento dessa novidade;acho bom porque,no futuro, o Brasil poderá resolver seuiproblemas de energia.
-Em questão de trabalho melhorou, mas na reportagem da televisão nós ficamos com medo de dar problemas.
-Foi bom por abrir o mercado de trabalho; peIo que tenho ouvido sobre outras usinas, deixou a população receosa.
-Pode ser boa por causa da energia, mas é perigosa.
-Influenciou no mercado de trabalho. Podeprejudicar Angra no futuro; pode causar danos como a contaminação do mar e com isso prejudicará os pescadores.
-Mais uma desculpa para não dar autonomia âcidade.
MOO 1004 IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO
IISTI1ITI IIISIIEIII IE IIMIIISTIICII MIICIPIl
274
-Acho que não foi benéfica para Angra, porque tirou um pouco do sossego da cidade; por outro ladotrouxe emprego.
-No mercado de trabalho não influenciou,masacho que foi mal empregado o dinheiro gasto. Poderia sermelhor aproveitado. Foi um orgulho nu tar.
-Angra ficou mais conhecida; deu emprego para muita gente. Não vai prejudicar Angra no futuro.
-A vida em Angra seria melhor sem ela.
-Pelos problemas em outros parses acho quenão devíamos tê-la aqui.
-A Usina é uma grande obra.
-É um grrmde avanço para o país.
-Se eu tivesse realmente certeza de alguna coisa,eu acho que não estar:3 morando mais aqui.
-Se ela fosse mais longe daqui, melhor.
-Pelo que a gente vê é uma boa porcaria.
-O assunto é polêmico. 0 Brasil não nrecjLsava aplicar seu capital na construção da Usina. Há outros problemas mais importantes.
-Furnas dá muito conforto aos empregados. 0que sobra em Furnas falta no Município.
-Deu desenvolvimento para o Município, sabendo que mais tarde vai dar dor de cabeça.
-Em matéria de serviço é bom, mas pode serruim.
-Não tenho conhecimento, mas tenho medo.
-Em se tratando de comércio,melhorou bastante, mas fora disso não vai melhorar não Sõ desejo é quenão aconteça nenhum mal.
-A gente não sabe explicar porque não conhece.
-A Usina é boa porque pode resolver o problema de luz no município, porém é perigosa. Se acontecer alguma coisa, um vazamento, não dá tempo de correr.Tomara que não aconteça nada. Em também não sei se a luzvai ser para Angra ou para outros Estados.
IBAM - 30 ANOS VALORIZANDO 0 MUNICÍPIO