CHOQUE DE GIGANTES

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CHOQUE DE GIGANTES Daniel S. R. Oliveira 1 , Ivanio G. Macario 1 , Renato R. Souza 1 , Gustavo V. Bianchezi 1 , Amauri L. S. Junior 1 , André A. P. Sabonara 1 , Estêvão N. N. Brito 1 , Mestre Antônio M. A. Morais 2 . RESUMO Este artigo aborda fatos históricos, bibliografias e analises técnicas sobre a guerra das correntes no final do século XIX. A guerra das correntes foi uma disputa comercial e técnica entre Thomas Alva Edison 3 e George Westinghouse 4 , que contou com a ajuda do brilhante Nikola Tesla 5 . O Edison defendia a produção e distribuição de corrente elétrica em forma de corrente continua (CC) enquanto Westinghouse defendia em forma de corrente alternada (CA). Essa batalha não foi travada apenas para mostrar qual forma de corrente era a mais eficaz, sua origem foi por orgulho e logo se tornou comercial a fim de ter-se um monopólio sobre a geração e transmissão energética de eletricidade. Palavras-chave: Guerra das correntes, Edison, Westinghouse, Tesla, corrente continua CC, corrente alternada CA. 1 Universidade Nove de Julho (Uninove) Campus Memorial. Aluno, 6 semestre Engenharia Elétrica. 2 Universidade Nove de Julho (Uninove) Campus Memorial. Professor Orientador Engenharia Elétrica. 3 EUA, 11 de Fevereiro de 1847 - 18 de Outubro de 1931 4 EUA, 6 de Outubro de 1846 - 12 de Março de 1914 5 Sérvia, 10 de Julho de 1856 - 7 de Janeiro de 1943.

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CHOQUE DE GIGANTES

Daniel S. R. Oliveira1, Ivanio G. Macario

1, Renato R. Souza

1, Gustavo V. Bianchezi

1, Amauri

L. S. Junior1, André A. P. Sabonara

1, Estêvão N. N. Brito

1, Mestre Antônio M. A. Morais

2.

RESUMO

Este artigo aborda fatos históricos, bibliografias e analises técnicas sobre a guerra das

correntes no final do século XIX.

A guerra das correntes foi uma disputa comercial e técnica entre Thomas Alva Edison3 e

George Westinghouse4, que contou com a ajuda do brilhante Nikola Tesla

5. O Edison

defendia a produção e distribuição de corrente elétrica em forma de corrente continua (CC)

enquanto Westinghouse defendia em forma de corrente alternada (CA). Essa batalha não foi

travada apenas para mostrar qual forma de corrente era a mais eficaz, sua origem foi por

orgulho e logo se tornou comercial a fim de ter-se um monopólio sobre a geração e

transmissão energética de eletricidade.

Palavras-chave: Guerra das correntes, Edison, Westinghouse, Tesla, corrente continua CC,

corrente alternada CA.

1Universidade Nove de Julho (Uninove) – Campus Memorial. Aluno, 6 semestre – Engenharia Elétrica. 2Universidade Nove de Julho (Uninove) – Campus Memorial. Professor Orientador – Engenharia Elétrica. 3EUA, 11 de Fevereiro de 1847 - 18 de Outubro de 1931 4EUA, 6 de Outubro de 1846 - 12 de Março de 1914 5Sérvia, 10 de Julho de 1856 - 7 de Janeiro de 1943.

INTRODUÇÃO

Se retrocedermos aos finais do século XIX, iríamos assistir a um episódio interessante e que

determinou a forma de transmissão de energia elétrica a grandes distâncias. A chamada

Guerra das correntes, uma disputa entre Westinghouse e Edison pela transmissão de energia

elétrica. Edison defendia a utilização de CC para distribuição de eletricidade, enquanto

Westinghouse apadrinhou os projetos de Tesla que desenvolveu um sistema de geração,

transmissão e uso da energia elétrica proveniente de CA. Westinghouse comprou com

antecedência os direitos das patentes do sistema de Tesla, além de outras patentes de

transformadores de CA.

O sistema vencedor dessa guerra definiu os padrões de geração e transmissão de energia

elétrica até os dias de hoje, porem novos estudos sobre transmissão de energia a grandes

distancias mostram que o vencedor dessa guerra na verdade só ganhou a batalha e que a

verdadeira guerra entre CC e CA ainda não acabou.

CONTEXTO HISTÓRICO

No século XVIII foi inventada a maquina a vapor e graças a ela a produção de mercadorias

aumentou muito e consequentemente os lucros também. Buscando o crescimento dos lucros

foram-se aperfeiçoando essas maquinas até o descobrimento do poder que a eletricidade

poderia ter em substituir esses motores a vapor. Sendo mais econômicas, precisando de menos

operários para operação e, portanto mais lucrativas, os motores elétricos tenderam a substituir

a tecnologia a vapor e assim começaram os estudos de implementação de geração e

distribuição de energia elétrica.

Durante os anos iniciais de distribuição de energia elétrica a CC foi o padrão para os Estados

Unidos, ao contrário dos sistemas de energia que usamos hoje que usam CA.

Thomas Edison, em 1878 fundou a Edison Electric Light Company e depois de muitas

experiências inventou uma lâmpada incandescente que poderia ser usado por cerca de 40

horas sem queimar. Por volta de 1880, as lâmpadas já poderiam ser usadas por 1200 horas.

Em 1882 abriu a estação de energia Pearl Street, em Nova York. A usina foi uma das

primeiras usinas elétricas centrais do mundo e poderia abastecer 5000 lâmpadas.

Figura 1: Ilustração da primeira central elétrica

Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.

Edison já era mundialmente famoso por suas invenções e ter iluminação elétrica era sinônimo

de riqueza, como podemos averiguar com a foto de um quadro da época.

Figura 2: Quadro

Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.

Nikola Tesla que já trabalhava para Edison em uma de suas filiais na Europa, a Continental

Edison Company, muda-se para Nova York em 1884 e começa a trabalhar diretamente com

Edison.

6 General Eletric: http://www.ge.com/about-us/history/1878-1904

A BATALHA

O período histórico chamado guerra das correntes teve seu inicio, de fato, quando Tesla se

demitiu após Edison não cumprir com sua palavra e não pagar um bônus de US$50.000,

equivalente hoje em US$1.264.508,95 a Tesla por melhorar o desempenho dos dínamos.

Figura 3: Dínamo

Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.

Dínamos são aparelhos que geram corrente continua convertendo energia mecânica em

elétrica com a utilização de um comutador. Estes equipamentos consistem basicamente de um

ímã fixo em um eixo móvel, sendo que ao redor deste há uma bobina sem que haja contato

físico entre a bobina e o ímã. O eixo no qual se encontra o ímã é girado por alguma força

mecânica, fazendo alternar os polos norte e sul na bobina e por indução geram uma energia

elétrica e campo magnético. O comutador inverte a cada meia volta à ligação da corrente de

sentido entre o rotor e o circuito externo, assim, em vez de corrente alternada, uma corrente

contínua pulsante é produzido.

Tesla resolve então desenvolver ele mesmo alternadores, contrariando interesses de seu antigo

empregador Thomas Edison.

Alternadores são aparelhos que geram corrente alternada convertendo energia mecânica em

elétrica, através de indução eletromagnética. Seu funcionamento é basicamente igual ao do

dínamo, à diferença esta na captura da corrente. A corrente é entregue ao circuito através do

coletor ao invés do comutador, como é no dínamo. Sem o comutador, quando a corrente

elétrica muda de sentido no quadro também muda de sentido no circuito externo, por isso num

giro uniforme consegue-se uma alteração periódica da tensão, que pode ser representada como

onda senoidal com meia-onda positiva e meia-onda negativa.

Com ajuda de um grupo de investidores, Tesla abriu um laboratório na Liberty Street, Nova

York e em 1886 ele construiu um protótipo de motor que havia imaginado anos antes, ao

mesmo tempo desenvolveu os componentes de geração, sistema de transmissão de corrente

alternada que são usados ate hoje e transformadores. Dois anos depois ele esta pronto para

mostrar a conclusão do motor ao mundo.

O motor de Tesla funciona através de campos magnéticos, sem fricção mecânica. Por isso era

muito durável e quase sem manutenção. Funciona energizando bobinas de fios instaladas em

volta de uma estrutura fixa chamada estator. Ele provoca uma corrente na bobina em um

rotor, a corrente alternada na bobina faz com que os polos dos campos magnéticos ao redor

dela mudem de polaridade. A atração e repulsa entre as bobinas enquanto os campos se

alternam faz com que o rotor gire.

Figura 4: Motor de Tesla

Fonte: http://zip.net/bgqcSM acessado em 18 de novembro de 2014

George Westinghouse vê um grande potencial nas invenções de Tesla e compra todas suas

patentes, que são as mais valiosas desde o telefone de Grambell, por US$1.000.000 o

equivalente hoje a US$25.290.179,06.

Edison tinha construído seus negócios com base em corrente continua então qualquer palavra

mencionada sobre outro tipo de sistema o irritava. Vendo a evolução do sistema rival,

impulsionado pelos estudos de seu ex-funcionário, Edison começa uma batalha publicitária

contra o sistema de corrente alternada e seu principal financiador, Westinghouse. Ele lançou

uma campanha de propaganda como a América nunca havia visto, Edison distribuiu panfletos

que alegava que a CA era vista como uma ameaça mortal, seu objetivo era fazer com que o

publico em geral temesse o produto de seu concorrente.

A disputa publica entre Edison e Westinghouse não dava sinais de acabar, então

Westinghouse decidiu fazer uma oferta tentando fazer uma conciliação. Ele sugeriu que as

duas empresas se unissem para ao invés de gastar energia e rancor na competição eles

pudessem criar juntos a construção de um sistema perfeito, mas Edison nem respondeu a

oferta.

Ao invés de estabelecer um monopólio como era seu plano inicial, Edison se encontrava

lutando por sua parcela de mercado contra uma tecnologia muito superior. Seus engenheiros o

pressionavam há mudar pra CA, mas Edison já tinha investido muito dinheiro, muito trabalho

e muito orgulho, afinal ele era “o grande Edison o inventor do século”.

Para fomentar mais o medo à população em relação a CA, Edison começa a fazer seções

publicas matando animais com choques em CA. Matava cães, gatos, cavalos e chegou até

matar um elefante. Mesmo sendo contra pena de morte, ele viu ai uma oportunidade, criou a

cadeira elétrica e executou um prisioneiro. Tentou popularizar o termo “Westinghouse” que

seria o sinônimo de ser eletrocutado. Chegou até a pedir votos contra o uso da corrente

alternada em legislaturas estaduais.

Essa era uma área completamente nova para Tesla, ele era filho de um padre ortodoxo com

um código de ética e moral muito rígido. Ele não estava preparado para a briga que estava

acontecendo e não estava preparado pelas manifestações financeiras envolvidas nessa briga.

Mas estava preparado para o desenvolvimento técnico que seria exigido.

FIM DA GUERRA

O sistema de geração, transmissão e distribuição de eletricidade em CA era nitidamente

superior tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico. O difícil era provar isto.

A oportunidade veio com a Feira Mundial de Chicago, realizada em 1893 para comemorar o

quarto centenário da chegada de Colombo à América "World's Columbian Exposition”. Foi

um evento de grande porte que atraiu milhões de visitantes, o primeiro evento mundial a

utilizar eletricidade em larga escala. E para decidir quem haveria de fornecê-la, a Comissão

Organizadora recorreu a um processo licitatório.

Figura 5: Cartaz da Feira Mundial de Chicago

Fonte: http://www.chicagohs.org/history/expo.html acessado dia 7 de outubro de 2014.

Concorreram duas empresas, a General Electric Company, empresa então recém-formada e

capitaneada por JP Morgan7 e Edison, e a Westinghouse Company, de Westinghouse e Tesla.

A proposta da GE propôs originalmente o custo de US$ 1.8 milhões, equivalente a US$

45.522.322,30 em 2014.

7EUA, 17 de Abril de 1837 - 31 de Março de 1913.

Após tal proposta rejeitada como exorbitante, a General Electric deu um relance em US$ 554

mil, equivalente a US$ 14.010.759,20 em 2014, dos quais a maior parte serviria para custear

os condutores de largo calibre exigido pelo uso da CC. A proposta da Westinghouse, reduziu

este valor à US$ 399 mil, equivalente a $ 10.090.781,44 em 2014, e venceu a licitação.

Após perder a licitação, Edison através de uma ordem judicial proibiu que suas lâmpadas

incandescentes, das quais detinha a patente, fossem usadas na Feira Mundial de Chicago. O

que forçou Tesla a, em menos de três meses, conceber, patentear e fabricar um novo modelo

de lâmpada. E ele assim o fez. Criou um modelo mais eficiente que a lâmpada de Edison, do

qual cerca de duzentas mil unidades foram fabricadas e instaladas nos pavilhões da Feira

Mundial no curtíssimo período de que dispunha.

Por toda a feira brilhavam lâmpadas fluorescentes – patenteadas por Tesla – que

homenageavam famosos artistas e cientistas, como Faraday8, Maxwell

9 e Henry

10,

desenhando seus nomes em pura luz. Os terrenos da exposição passaram a ser conhecidos

como a “Cidade da Luz”, alimentada por doze geradores de CA de 745,7kW cada, instalados

na “Sala de Máquinas”. Onde, além de demonstrar o funcionamento de seu sistema polifásico

de geração e transmissão de eletricidade, Tesla fazia demonstrações ilustrando o princípio do

campo magnético giratório, exibindo seu motor de indução, construiu máquinas curiosas

especialmente para a exposição, como um dispositivo que, apenas através do uso de campos

magnéticos, fazia com que um objeto metálico em forma de ovo se mantivesse ereto,

batizando a coisa de “ovo de Colombo” e, em pé, diante de uma audiência aparvalhada,

deixou dois milhões de Volts atravessarem seu corpo, acendendo uma lâmpada fluorescente

que ele mantinha nas mãos e criando em torno dele um halo luminoso que despertava ao

mesmo tempo espanto, respeito e medo. Um observador notou: “Dentro do quarto foi

suspensa duas placas de borracha dura cobertas com papel alumínio. Estes eram cerca de

quinze metros de comprimento, e serviram como terminais dos fios que conduzem os

transformadores. Quando a corrente foi ligada, as lâmpadas ou tubos, que não tinha fios

ligados a eles, mas deitado sobre uma mesa entre as placas suspensas, ou que possa ser

segurado na mão em quase qualquer parte do quarto, foram feitas luminosa”11

.

8 Inglaterra, 22 de Setembro de 1791 - 25 de Agosto de 1867. 9 Grã-Bretanha, 13 de junho de 1831 - 5 de Novembro de 1879. 10EUA, 17 de Dezembro de 1797 - 13 de Maio de 1878.

Figura 6: Experimentos de Tesla na Feira de Chicago

Fonte: http://www.magiczels.com/history.html acessado dia 18 de novembro de 2014

Foi um evento chave na história da alimentação CA, como Westinghouse e Tesla

demonstraram a segurança, confiabilidade e eficiência da CA para o público americano. [12]

[13] O coronel Henry G. Prout escreveu: "... O melhor resultado da Exposição Universal de

1893 é que removeu as últimas sérias dúvidas sobre a utilidade para a humanidade da corrente

polifásica alternada. A demonstração conclusiva em Niágara ainda estava por ser feito, mas a

Feira Mundial conquistou o fato de que ele seria feito, e por isso marcou uma época na

história industrial... "[14]

Foi assim que George Westinghouse Nicola Tesla ganharam a “Guerra das Correntes”. A

demonstração da maior eficiência e economia de geração e distribuição de CA se comparada à

CC foi tão convincente que garantiu à Westinghouse Company a concessão da Niagara Falls

Commission para projetar e construir o sistema de geração de energia nas cataratas do

Niágara. Para acalmar os interesses da General Eletric, que tinha grande influencia no

mercado americano, o contrato de construção das linhas de transmissão foi entregue então a

essa empresa.

Tesla que instalou geradores de 3.700 kW 25 Hz [15]

, os maiores até então construídos, para

alimentar a cidade de Buffalo, situada a 40 km de distância das cataratas. Seu sucesso foi um

ponto decisivo na aceitação da corrente alternada. Então finalmente a General Electric

começou a fabricar aparelhos e investir pesadamente em energia AC. Neste momento

opiniões de Thomas Edison em direção da empresa foram silenciadas pelo presidente Coffin16

e do conselho de administração GE.

Figura 7: Guarnição do Westinghouse Gerador de 372,85 kW

Crédito da foto: n / a. Fonte: Edward Dean Adams. História da Cataratas do Niágara Power Company 1886-

1918.Niagara Falls, NY: Niagara Falls Power Company, 1918, p. 200.*

*Fonte: http://library.buffalo.edu/pan-am/exposition/electricity/development/ acessado dia 3 de outubro de 2014. 16 EUA, 28 de Outubro 28 de 1798 - 16 de Setembro de 1877.

CC X CA

Quando o fluxo ordenado de elétrons se movimenta sempre numa direção não alterando seu

sentido, ou seja, sempre positiva ou sempre negativa é chamada de corrente continua. E é

chamada de corrente alternada quando o sentido dos elétrons varia no tempo mudando de

direção constantemente, ou seja, ora é positiva e ora é negativa, fazendo com que os elétrons

executem um movimento de vai-e-vem.

Gerar eletricidade em CA ou CC é igualmente fácil ou igualmente difícil, dependendo do

ponto de vista. Usá-la também, mas para transportar a coisa é diferente.

Porém no inicio da geração e transmissão de energia elétrica, as razões financeiras foram o

motivo para não aceitarem a CA. As pessoas e empresas envolvidas com a geração de CC,

fabricação de motores e demais dispositivos que usavam este tipo de corrente, mesmo

sabendo o quão pouco eficiente eram quando comparados aos equivalentes em CA, não

queriam nem ouvir falar em uma mudança, porque tornaria praticamente inútil todo seu

acervo. E os financistas que controlavam o mercado de distribuição em CC, onde haviam

investido pesadamente estavam ainda menos interessados. A mudança de CC para CA era

encarada como uma ameaça e não como uma melhoria. O que explicava os antiéticos

métodos, adotados por Edison e seus seguidores para convencer o público dos perigos da CA.

O sistema de distribuição em CC exige condutores de grande diâmetro, para reduzir a

resistência, como implica severa perda de energia já que grande parte do potencial elétrico é

dissipada exclusivamente para vencer as resistências ao longo do trajeto, pois os elétrons tem

que vencer a resistência dos condutores duas vezes durante todo trajeto, da geração ao

consumo, uma vez que cada elétron deixa o polo negativo da bateria percorre todo o circuito

até ser recolhido pelo polo negativo.

Define-se corrente elétrica como a quantidade de cargas que atravessa a seção reta de um

condutor, por unidade de tempo:

1.1

O módulo do vetor densidade de corrente (J) é definido pela corrente elétrica (i) por unidade

de área transversal (A):

1.2

Os obstáculos impostos ao movimento eletrônico são denominados resistência (R), definida

pela relação:

1.3

A contrapartida microscópica da resistência é denominada resistividade ( , e a relação

microscópica correspondente a (1.3) é:

1.4

E e J são uniformes em regime estacionário, de modo que, para um segmento L:

1.5

e

1.6

Substituindo V e i na relação (1.3), obtém-se:

1.7

A resistência de um condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente

proporcional à sua secção reta, conforme a relação (1.7).

A corrente contínua não podia ser facilmente alterada para uma tensão menor ou maior, pois

não havia uma tecnologia eficiente de baixo custo que permitisse a redução de alta tensão para

uma tensão mais baixa ou o inverso. Todo o sistema operava à mesma tensão, 110 V. Isto

significava que linhas elétricas tinham de ser instaladas separadamente, a fim de prover

energia para aparelhos que funcionavam a diferentes tensões, por exemplo, a iluminação e os

motores elétricos. Isso levou a um aumento do número de cabos para instalação e sustentação.

A solução para às limitações do sistema de corrente contínua foi simplesmente gerar energia

nos locais próximos ao consumidor, além de instalar condutores de grandes dimensões para

lidar com a crescente demanda de eletricidade. Porém, tal solução mostrou-se dispendiosa,

(especialmente em zonas rurais que não podiam conceder recursos para a construção de uma

estação local ou pagar pela grande quantidade de grossos fios de cobre) [17]

, não prática e de

difícil manejo.

As razões técnicas, para não usarem a CA, deviam-se basicamente ao fato de ninguém ter

ainda “inventado” uma forma confiável de produzir motores e equipamentos acionados por

CA. E, tendo em vista que a distribuição era feita em CC, os poucos equipamentos existentes

que usavam CA necessitavam de comutadores para transformar CC em CA, que na época

eram trambolhos cheios de peças móveis que sofriam desgastes devido à vibração e

superaquecimento. O que justificava o predomínio da distribuição em CC.

Já a corrente alternada podia ser conduzida a longas distâncias em altas tensões, pois os

elétrons fazem um movimento de vai-e-vem sem parar, eles apenas “empurram” os elétrons à

sua frente em um sentido ou no oposto. Portanto movimentam-se muito menos, percorrem um

trecho bem menor do condutor e então não precisam vencer uma resistência demasiada grande

tendo uma perda igualmente reduzida, o que permite o uso de condutores mais delgados,

(portanto, com maior eficiência de transmissão), e depois era convenientemente diminuída

para baixas tensões, para a utilização em residências e fábricas. Quando Tesla introduziu o

sistema de geradores, transformadores, motores, fios e luzes a corrente alternada, a utilização

de CA começou a ganhar força graças a sua vantagem econômica. E quando um sistema de

medição eficaz de CA foi produzido, já não havia nenhum motivo técnico que impedisse a

geração e transmissão em CA substituísse a CC. Foi só questão de tempo até que a população

e os investidores percebessem isso, embora o sistema contínuo fosse utilizado nos centros das

áreas metropolitanas por décadas subsequentes.

Mesmo a baixa frequência a CA, 50 Hz a 60 Hz, podendo ser mais perigosa do que níveis

similares de CC, uma vez que as flutuações alternadas podem provocar a fibrilação

ventricular, que rapidamente leva à morte dentro de seis a oito minutos, por deficiência de

oxigênio no cérebro e na medula óssea [18]

. Entretanto, qualquer sistema de distribuição utiliza

níveis de tensão suficientes o bastante para que uma quantidade perigosa de corrente flua, seja

corrente contínua ou alternada. Apesar da precaução contra a eletrocussão, em última análise

as vantagens da transmissão de energia por corrente alternada compensa esse risco teórico,

por isso acabou sendo adotada como padrão mundial.

CONSIDERAÇÕES

Apesar da supremacia inicial, a corrente alternada suplantou a corrente continua devido à

disponibilidade dos transformadores, circuitos polifásicos, e motores de indução no final do

século XIX. Os motores de indução são o carro-chefe nas indústrias e trabalham apenas com

CA.

Entretanto com o desenvolvimento da eletrônica a CC é cada vez mais essencial. A maioria

dos equipamentos domésticos utilizam CC, porem a transmissão ainda é em CA. Isso faz com

que cada equipamento tenha uma fonte que converte de CA para CC, elevando os custos do

produto final. Seria possível baratear os eletrônicos em geral se a entrada de energia já fosse

em CC, isso torna muito interessante a transmissão em CC ou geração local em CC por

painéis solares, construindo pequenas mini estações de energia locais.

Novos estudos de HVDC19

, a transmissão de longa distancia em CC é mais favorável do que

CA devido a vantagens econômicas, técnicas e ambientais.

Os limites de corrente e tensão são os dois fatores importantes para á linha de transmissão de

alta tensão. A resistência de um condutor CA é maior do que a resistência de um condutor

CC, devido ao efeito skin, eventualmente perda é maior para a transmissão de corrente

alternada.

É possível dizer que Edison perdeu a batalha, mas a guerra ainda não acabou. Pois a tendência

é a utilização de CC para transmissão a longas distancias e seu uso em equipamentos

domésticos.

19 High voltage direct current, corrente continua em alta tensão.

Comparative Evaluation of HVDC and HVAC Transmission Systems. Autor: Kala Meah

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao mestre orientador por acreditar nesse projeto, nos direcionar para a

construção de tal e esclarecer todas as duvidas que apareceram no meio do caminho.

Agradecemos Universidade Nove de Julho por nos proporcionar as condições adequadas à

pesquisa e elaboração do projeto, fornecendo toda a infraestrutura e ferramentas de trabalho

necessárias. Agradecemos também ao coordenador da engenharia elétrica pela excelente

renovação da estrutura do projeto e por disponibilizar mais tempo de nosso orientador para

nos ajudar.

REFERENCIAS

[11]http://www.magiczels.com/history.html Visitado em 18 de novembro de 2014.

[12] America at the Fair: Chicago's 1893 World's Columbian Exposition (Google eBook)

Chaim M. Rosenberg Arcadia Publishing.

[13] David J. Bertuca, Donald K. Hartman, Susan M. Neumeister, The World's Columbian

Exposition: A Centennial Bibliographic Guide, pg. xxi.

[14] Henry G. Prout. A Life of George Westinghouse. Published by the American Society of

Mechanical Engineers, 1921. In Niagara Power, pg. 193.

[15] Harnessing Niagara. Edison Tech Center http://edisontechcenter.org/Niagara.htm

acessado 5 de outubro de 2014.

[17]H. W. Brands, Reckless Decade, pg. 50.

[18]Wiggers, C. J. et al. 1940.

http://www.ieeeghn.org/wiki/index.php/Pearl_Street_Station Visitado em 5 de outubro de

2014.

The Life of Thomas A. Edison (em inglês) Memory.loc.gov Visitado em 2 de outubro de

2014.

http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/inducao/dinamos/ Visitado em 5 de outubro de

2014.

Barrett, John Patrick (1894). Electricity at the Columbian Exposition; Including an Account

of the Exhibits in the Electricity Building, the Power Plant in Machinery Hall. pp. 268–269.

Acessado 5 de novembro de 2014.

HALLIDAY, David, Resnik Robert, Krane, Denneth S. Física 3, volume 2, 5 Ed. Rio de

Janeiro: LTC, 2004. 384 p.

Índice de Preços ao Consumidor (estimativa) 1800-2014 . Federal Reserve Bank de

Minneapolis. http://www.in2013dollars.com/1890-dollars-in-2014?amount=50000 Visitado

27 de outubro de 2014.