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CHOQUE DE GIGANTES
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CHOQUE DE GIGANTES
Daniel S. R. Oliveira1, Ivanio G. Macario
1, Renato R. Souza
1, Gustavo V. Bianchezi
1, Amauri
L. S. Junior1, André A. P. Sabonara
1, Estêvão N. N. Brito
1, Mestre Antônio M. A. Morais
2.
RESUMO
Este artigo aborda fatos históricos, bibliografias e analises técnicas sobre a guerra das
correntes no final do século XIX.
A guerra das correntes foi uma disputa comercial e técnica entre Thomas Alva Edison3 e
George Westinghouse4, que contou com a ajuda do brilhante Nikola Tesla
5. O Edison
defendia a produção e distribuição de corrente elétrica em forma de corrente continua (CC)
enquanto Westinghouse defendia em forma de corrente alternada (CA). Essa batalha não foi
travada apenas para mostrar qual forma de corrente era a mais eficaz, sua origem foi por
orgulho e logo se tornou comercial a fim de ter-se um monopólio sobre a geração e
transmissão energética de eletricidade.
Palavras-chave: Guerra das correntes, Edison, Westinghouse, Tesla, corrente continua CC,
corrente alternada CA.
1Universidade Nove de Julho (Uninove) – Campus Memorial. Aluno, 6 semestre – Engenharia Elétrica. 2Universidade Nove de Julho (Uninove) – Campus Memorial. Professor Orientador – Engenharia Elétrica. 3EUA, 11 de Fevereiro de 1847 - 18 de Outubro de 1931 4EUA, 6 de Outubro de 1846 - 12 de Março de 1914 5Sérvia, 10 de Julho de 1856 - 7 de Janeiro de 1943.
INTRODUÇÃO
Se retrocedermos aos finais do século XIX, iríamos assistir a um episódio interessante e que
determinou a forma de transmissão de energia elétrica a grandes distâncias. A chamada
Guerra das correntes, uma disputa entre Westinghouse e Edison pela transmissão de energia
elétrica. Edison defendia a utilização de CC para distribuição de eletricidade, enquanto
Westinghouse apadrinhou os projetos de Tesla que desenvolveu um sistema de geração,
transmissão e uso da energia elétrica proveniente de CA. Westinghouse comprou com
antecedência os direitos das patentes do sistema de Tesla, além de outras patentes de
transformadores de CA.
O sistema vencedor dessa guerra definiu os padrões de geração e transmissão de energia
elétrica até os dias de hoje, porem novos estudos sobre transmissão de energia a grandes
distancias mostram que o vencedor dessa guerra na verdade só ganhou a batalha e que a
verdadeira guerra entre CC e CA ainda não acabou.
CONTEXTO HISTÓRICO
No século XVIII foi inventada a maquina a vapor e graças a ela a produção de mercadorias
aumentou muito e consequentemente os lucros também. Buscando o crescimento dos lucros
foram-se aperfeiçoando essas maquinas até o descobrimento do poder que a eletricidade
poderia ter em substituir esses motores a vapor. Sendo mais econômicas, precisando de menos
operários para operação e, portanto mais lucrativas, os motores elétricos tenderam a substituir
a tecnologia a vapor e assim começaram os estudos de implementação de geração e
distribuição de energia elétrica.
Durante os anos iniciais de distribuição de energia elétrica a CC foi o padrão para os Estados
Unidos, ao contrário dos sistemas de energia que usamos hoje que usam CA.
Thomas Edison, em 1878 fundou a Edison Electric Light Company e depois de muitas
experiências inventou uma lâmpada incandescente que poderia ser usado por cerca de 40
horas sem queimar. Por volta de 1880, as lâmpadas já poderiam ser usadas por 1200 horas.
Em 1882 abriu a estação de energia Pearl Street, em Nova York. A usina foi uma das
primeiras usinas elétricas centrais do mundo e poderia abastecer 5000 lâmpadas.
Figura 1: Ilustração da primeira central elétrica
Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.
Edison já era mundialmente famoso por suas invenções e ter iluminação elétrica era sinônimo
de riqueza, como podemos averiguar com a foto de um quadro da época.
Figura 2: Quadro
Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.
Nikola Tesla que já trabalhava para Edison em uma de suas filiais na Europa, a Continental
Edison Company, muda-se para Nova York em 1884 e começa a trabalhar diretamente com
Edison.
6 General Eletric: http://www.ge.com/about-us/history/1878-1904
A BATALHA
O período histórico chamado guerra das correntes teve seu inicio, de fato, quando Tesla se
demitiu após Edison não cumprir com sua palavra e não pagar um bônus de US$50.000,
equivalente hoje em US$1.264.508,95 a Tesla por melhorar o desempenho dos dínamos.
Figura 3: Dínamo
Fonte: site General Eletric6, acessado em 2 de outubro de 2014.
Dínamos são aparelhos que geram corrente continua convertendo energia mecânica em
elétrica com a utilização de um comutador. Estes equipamentos consistem basicamente de um
ímã fixo em um eixo móvel, sendo que ao redor deste há uma bobina sem que haja contato
físico entre a bobina e o ímã. O eixo no qual se encontra o ímã é girado por alguma força
mecânica, fazendo alternar os polos norte e sul na bobina e por indução geram uma energia
elétrica e campo magnético. O comutador inverte a cada meia volta à ligação da corrente de
sentido entre o rotor e o circuito externo, assim, em vez de corrente alternada, uma corrente
contínua pulsante é produzido.
Tesla resolve então desenvolver ele mesmo alternadores, contrariando interesses de seu antigo
empregador Thomas Edison.
Alternadores são aparelhos que geram corrente alternada convertendo energia mecânica em
elétrica, através de indução eletromagnética. Seu funcionamento é basicamente igual ao do
dínamo, à diferença esta na captura da corrente. A corrente é entregue ao circuito através do
coletor ao invés do comutador, como é no dínamo. Sem o comutador, quando a corrente
elétrica muda de sentido no quadro também muda de sentido no circuito externo, por isso num
giro uniforme consegue-se uma alteração periódica da tensão, que pode ser representada como
onda senoidal com meia-onda positiva e meia-onda negativa.
Com ajuda de um grupo de investidores, Tesla abriu um laboratório na Liberty Street, Nova
York e em 1886 ele construiu um protótipo de motor que havia imaginado anos antes, ao
mesmo tempo desenvolveu os componentes de geração, sistema de transmissão de corrente
alternada que são usados ate hoje e transformadores. Dois anos depois ele esta pronto para
mostrar a conclusão do motor ao mundo.
O motor de Tesla funciona através de campos magnéticos, sem fricção mecânica. Por isso era
muito durável e quase sem manutenção. Funciona energizando bobinas de fios instaladas em
volta de uma estrutura fixa chamada estator. Ele provoca uma corrente na bobina em um
rotor, a corrente alternada na bobina faz com que os polos dos campos magnéticos ao redor
dela mudem de polaridade. A atração e repulsa entre as bobinas enquanto os campos se
alternam faz com que o rotor gire.
Figura 4: Motor de Tesla
Fonte: http://zip.net/bgqcSM acessado em 18 de novembro de 2014
George Westinghouse vê um grande potencial nas invenções de Tesla e compra todas suas
patentes, que são as mais valiosas desde o telefone de Grambell, por US$1.000.000 o
equivalente hoje a US$25.290.179,06.
Edison tinha construído seus negócios com base em corrente continua então qualquer palavra
mencionada sobre outro tipo de sistema o irritava. Vendo a evolução do sistema rival,
impulsionado pelos estudos de seu ex-funcionário, Edison começa uma batalha publicitária
contra o sistema de corrente alternada e seu principal financiador, Westinghouse. Ele lançou
uma campanha de propaganda como a América nunca havia visto, Edison distribuiu panfletos
que alegava que a CA era vista como uma ameaça mortal, seu objetivo era fazer com que o
publico em geral temesse o produto de seu concorrente.
A disputa publica entre Edison e Westinghouse não dava sinais de acabar, então
Westinghouse decidiu fazer uma oferta tentando fazer uma conciliação. Ele sugeriu que as
duas empresas se unissem para ao invés de gastar energia e rancor na competição eles
pudessem criar juntos a construção de um sistema perfeito, mas Edison nem respondeu a
oferta.
Ao invés de estabelecer um monopólio como era seu plano inicial, Edison se encontrava
lutando por sua parcela de mercado contra uma tecnologia muito superior. Seus engenheiros o
pressionavam há mudar pra CA, mas Edison já tinha investido muito dinheiro, muito trabalho
e muito orgulho, afinal ele era “o grande Edison o inventor do século”.
Para fomentar mais o medo à população em relação a CA, Edison começa a fazer seções
publicas matando animais com choques em CA. Matava cães, gatos, cavalos e chegou até
matar um elefante. Mesmo sendo contra pena de morte, ele viu ai uma oportunidade, criou a
cadeira elétrica e executou um prisioneiro. Tentou popularizar o termo “Westinghouse” que
seria o sinônimo de ser eletrocutado. Chegou até a pedir votos contra o uso da corrente
alternada em legislaturas estaduais.
Essa era uma área completamente nova para Tesla, ele era filho de um padre ortodoxo com
um código de ética e moral muito rígido. Ele não estava preparado para a briga que estava
acontecendo e não estava preparado pelas manifestações financeiras envolvidas nessa briga.
Mas estava preparado para o desenvolvimento técnico que seria exigido.
FIM DA GUERRA
O sistema de geração, transmissão e distribuição de eletricidade em CA era nitidamente
superior tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico. O difícil era provar isto.
A oportunidade veio com a Feira Mundial de Chicago, realizada em 1893 para comemorar o
quarto centenário da chegada de Colombo à América "World's Columbian Exposition”. Foi
um evento de grande porte que atraiu milhões de visitantes, o primeiro evento mundial a
utilizar eletricidade em larga escala. E para decidir quem haveria de fornecê-la, a Comissão
Organizadora recorreu a um processo licitatório.
Figura 5: Cartaz da Feira Mundial de Chicago
Fonte: http://www.chicagohs.org/history/expo.html acessado dia 7 de outubro de 2014.
Concorreram duas empresas, a General Electric Company, empresa então recém-formada e
capitaneada por JP Morgan7 e Edison, e a Westinghouse Company, de Westinghouse e Tesla.
A proposta da GE propôs originalmente o custo de US$ 1.8 milhões, equivalente a US$
45.522.322,30 em 2014.
7EUA, 17 de Abril de 1837 - 31 de Março de 1913.
Após tal proposta rejeitada como exorbitante, a General Electric deu um relance em US$ 554
mil, equivalente a US$ 14.010.759,20 em 2014, dos quais a maior parte serviria para custear
os condutores de largo calibre exigido pelo uso da CC. A proposta da Westinghouse, reduziu
este valor à US$ 399 mil, equivalente a $ 10.090.781,44 em 2014, e venceu a licitação.
Após perder a licitação, Edison através de uma ordem judicial proibiu que suas lâmpadas
incandescentes, das quais detinha a patente, fossem usadas na Feira Mundial de Chicago. O
que forçou Tesla a, em menos de três meses, conceber, patentear e fabricar um novo modelo
de lâmpada. E ele assim o fez. Criou um modelo mais eficiente que a lâmpada de Edison, do
qual cerca de duzentas mil unidades foram fabricadas e instaladas nos pavilhões da Feira
Mundial no curtíssimo período de que dispunha.
Por toda a feira brilhavam lâmpadas fluorescentes – patenteadas por Tesla – que
homenageavam famosos artistas e cientistas, como Faraday8, Maxwell
9 e Henry
10,
desenhando seus nomes em pura luz. Os terrenos da exposição passaram a ser conhecidos
como a “Cidade da Luz”, alimentada por doze geradores de CA de 745,7kW cada, instalados
na “Sala de Máquinas”. Onde, além de demonstrar o funcionamento de seu sistema polifásico
de geração e transmissão de eletricidade, Tesla fazia demonstrações ilustrando o princípio do
campo magnético giratório, exibindo seu motor de indução, construiu máquinas curiosas
especialmente para a exposição, como um dispositivo que, apenas através do uso de campos
magnéticos, fazia com que um objeto metálico em forma de ovo se mantivesse ereto,
batizando a coisa de “ovo de Colombo” e, em pé, diante de uma audiência aparvalhada,
deixou dois milhões de Volts atravessarem seu corpo, acendendo uma lâmpada fluorescente
que ele mantinha nas mãos e criando em torno dele um halo luminoso que despertava ao
mesmo tempo espanto, respeito e medo. Um observador notou: “Dentro do quarto foi
suspensa duas placas de borracha dura cobertas com papel alumínio. Estes eram cerca de
quinze metros de comprimento, e serviram como terminais dos fios que conduzem os
transformadores. Quando a corrente foi ligada, as lâmpadas ou tubos, que não tinha fios
ligados a eles, mas deitado sobre uma mesa entre as placas suspensas, ou que possa ser
segurado na mão em quase qualquer parte do quarto, foram feitas luminosa”11
.
8 Inglaterra, 22 de Setembro de 1791 - 25 de Agosto de 1867. 9 Grã-Bretanha, 13 de junho de 1831 - 5 de Novembro de 1879. 10EUA, 17 de Dezembro de 1797 - 13 de Maio de 1878.
Figura 6: Experimentos de Tesla na Feira de Chicago
Fonte: http://www.magiczels.com/history.html acessado dia 18 de novembro de 2014
Foi um evento chave na história da alimentação CA, como Westinghouse e Tesla
demonstraram a segurança, confiabilidade e eficiência da CA para o público americano. [12]
[13] O coronel Henry G. Prout escreveu: "... O melhor resultado da Exposição Universal de
1893 é que removeu as últimas sérias dúvidas sobre a utilidade para a humanidade da corrente
polifásica alternada. A demonstração conclusiva em Niágara ainda estava por ser feito, mas a
Feira Mundial conquistou o fato de que ele seria feito, e por isso marcou uma época na
história industrial... "[14]
Foi assim que George Westinghouse Nicola Tesla ganharam a “Guerra das Correntes”. A
demonstração da maior eficiência e economia de geração e distribuição de CA se comparada à
CC foi tão convincente que garantiu à Westinghouse Company a concessão da Niagara Falls
Commission para projetar e construir o sistema de geração de energia nas cataratas do
Niágara. Para acalmar os interesses da General Eletric, que tinha grande influencia no
mercado americano, o contrato de construção das linhas de transmissão foi entregue então a
essa empresa.
Tesla que instalou geradores de 3.700 kW 25 Hz [15]
, os maiores até então construídos, para
alimentar a cidade de Buffalo, situada a 40 km de distância das cataratas. Seu sucesso foi um
ponto decisivo na aceitação da corrente alternada. Então finalmente a General Electric
começou a fabricar aparelhos e investir pesadamente em energia AC. Neste momento
opiniões de Thomas Edison em direção da empresa foram silenciadas pelo presidente Coffin16
e do conselho de administração GE.
Figura 7: Guarnição do Westinghouse Gerador de 372,85 kW
Crédito da foto: n / a. Fonte: Edward Dean Adams. História da Cataratas do Niágara Power Company 1886-
1918.Niagara Falls, NY: Niagara Falls Power Company, 1918, p. 200.*
*Fonte: http://library.buffalo.edu/pan-am/exposition/electricity/development/ acessado dia 3 de outubro de 2014. 16 EUA, 28 de Outubro 28 de 1798 - 16 de Setembro de 1877.
CC X CA
Quando o fluxo ordenado de elétrons se movimenta sempre numa direção não alterando seu
sentido, ou seja, sempre positiva ou sempre negativa é chamada de corrente continua. E é
chamada de corrente alternada quando o sentido dos elétrons varia no tempo mudando de
direção constantemente, ou seja, ora é positiva e ora é negativa, fazendo com que os elétrons
executem um movimento de vai-e-vem.
Gerar eletricidade em CA ou CC é igualmente fácil ou igualmente difícil, dependendo do
ponto de vista. Usá-la também, mas para transportar a coisa é diferente.
Porém no inicio da geração e transmissão de energia elétrica, as razões financeiras foram o
motivo para não aceitarem a CA. As pessoas e empresas envolvidas com a geração de CC,
fabricação de motores e demais dispositivos que usavam este tipo de corrente, mesmo
sabendo o quão pouco eficiente eram quando comparados aos equivalentes em CA, não
queriam nem ouvir falar em uma mudança, porque tornaria praticamente inútil todo seu
acervo. E os financistas que controlavam o mercado de distribuição em CC, onde haviam
investido pesadamente estavam ainda menos interessados. A mudança de CC para CA era
encarada como uma ameaça e não como uma melhoria. O que explicava os antiéticos
métodos, adotados por Edison e seus seguidores para convencer o público dos perigos da CA.
O sistema de distribuição em CC exige condutores de grande diâmetro, para reduzir a
resistência, como implica severa perda de energia já que grande parte do potencial elétrico é
dissipada exclusivamente para vencer as resistências ao longo do trajeto, pois os elétrons tem
que vencer a resistência dos condutores duas vezes durante todo trajeto, da geração ao
consumo, uma vez que cada elétron deixa o polo negativo da bateria percorre todo o circuito
até ser recolhido pelo polo negativo.
Define-se corrente elétrica como a quantidade de cargas que atravessa a seção reta de um
condutor, por unidade de tempo:
1.1
O módulo do vetor densidade de corrente (J) é definido pela corrente elétrica (i) por unidade
de área transversal (A):
1.2
Os obstáculos impostos ao movimento eletrônico são denominados resistência (R), definida
pela relação:
1.3
A contrapartida microscópica da resistência é denominada resistividade ( , e a relação
microscópica correspondente a (1.3) é:
1.4
E e J são uniformes em regime estacionário, de modo que, para um segmento L:
1.5
e
1.6
Substituindo V e i na relação (1.3), obtém-se:
1.7
A resistência de um condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente
proporcional à sua secção reta, conforme a relação (1.7).
A corrente contínua não podia ser facilmente alterada para uma tensão menor ou maior, pois
não havia uma tecnologia eficiente de baixo custo que permitisse a redução de alta tensão para
uma tensão mais baixa ou o inverso. Todo o sistema operava à mesma tensão, 110 V. Isto
significava que linhas elétricas tinham de ser instaladas separadamente, a fim de prover
energia para aparelhos que funcionavam a diferentes tensões, por exemplo, a iluminação e os
motores elétricos. Isso levou a um aumento do número de cabos para instalação e sustentação.
A solução para às limitações do sistema de corrente contínua foi simplesmente gerar energia
nos locais próximos ao consumidor, além de instalar condutores de grandes dimensões para
lidar com a crescente demanda de eletricidade. Porém, tal solução mostrou-se dispendiosa,
(especialmente em zonas rurais que não podiam conceder recursos para a construção de uma
estação local ou pagar pela grande quantidade de grossos fios de cobre) [17]
, não prática e de
difícil manejo.
As razões técnicas, para não usarem a CA, deviam-se basicamente ao fato de ninguém ter
ainda “inventado” uma forma confiável de produzir motores e equipamentos acionados por
CA. E, tendo em vista que a distribuição era feita em CC, os poucos equipamentos existentes
que usavam CA necessitavam de comutadores para transformar CC em CA, que na época
eram trambolhos cheios de peças móveis que sofriam desgastes devido à vibração e
superaquecimento. O que justificava o predomínio da distribuição em CC.
Já a corrente alternada podia ser conduzida a longas distâncias em altas tensões, pois os
elétrons fazem um movimento de vai-e-vem sem parar, eles apenas “empurram” os elétrons à
sua frente em um sentido ou no oposto. Portanto movimentam-se muito menos, percorrem um
trecho bem menor do condutor e então não precisam vencer uma resistência demasiada grande
tendo uma perda igualmente reduzida, o que permite o uso de condutores mais delgados,
(portanto, com maior eficiência de transmissão), e depois era convenientemente diminuída
para baixas tensões, para a utilização em residências e fábricas. Quando Tesla introduziu o
sistema de geradores, transformadores, motores, fios e luzes a corrente alternada, a utilização
de CA começou a ganhar força graças a sua vantagem econômica. E quando um sistema de
medição eficaz de CA foi produzido, já não havia nenhum motivo técnico que impedisse a
geração e transmissão em CA substituísse a CC. Foi só questão de tempo até que a população
e os investidores percebessem isso, embora o sistema contínuo fosse utilizado nos centros das
áreas metropolitanas por décadas subsequentes.
Mesmo a baixa frequência a CA, 50 Hz a 60 Hz, podendo ser mais perigosa do que níveis
similares de CC, uma vez que as flutuações alternadas podem provocar a fibrilação
ventricular, que rapidamente leva à morte dentro de seis a oito minutos, por deficiência de
oxigênio no cérebro e na medula óssea [18]
. Entretanto, qualquer sistema de distribuição utiliza
níveis de tensão suficientes o bastante para que uma quantidade perigosa de corrente flua, seja
corrente contínua ou alternada. Apesar da precaução contra a eletrocussão, em última análise
as vantagens da transmissão de energia por corrente alternada compensa esse risco teórico,
por isso acabou sendo adotada como padrão mundial.
CONSIDERAÇÕES
Apesar da supremacia inicial, a corrente alternada suplantou a corrente continua devido à
disponibilidade dos transformadores, circuitos polifásicos, e motores de indução no final do
século XIX. Os motores de indução são o carro-chefe nas indústrias e trabalham apenas com
CA.
Entretanto com o desenvolvimento da eletrônica a CC é cada vez mais essencial. A maioria
dos equipamentos domésticos utilizam CC, porem a transmissão ainda é em CA. Isso faz com
que cada equipamento tenha uma fonte que converte de CA para CC, elevando os custos do
produto final. Seria possível baratear os eletrônicos em geral se a entrada de energia já fosse
em CC, isso torna muito interessante a transmissão em CC ou geração local em CC por
painéis solares, construindo pequenas mini estações de energia locais.
Novos estudos de HVDC19
, a transmissão de longa distancia em CC é mais favorável do que
CA devido a vantagens econômicas, técnicas e ambientais.
Os limites de corrente e tensão são os dois fatores importantes para á linha de transmissão de
alta tensão. A resistência de um condutor CA é maior do que a resistência de um condutor
CC, devido ao efeito skin, eventualmente perda é maior para a transmissão de corrente
alternada.
É possível dizer que Edison perdeu a batalha, mas a guerra ainda não acabou. Pois a tendência
é a utilização de CC para transmissão a longas distancias e seu uso em equipamentos
domésticos.
19 High voltage direct current, corrente continua em alta tensão.
Comparative Evaluation of HVDC and HVAC Transmission Systems. Autor: Kala Meah
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao mestre orientador por acreditar nesse projeto, nos direcionar para a
construção de tal e esclarecer todas as duvidas que apareceram no meio do caminho.
Agradecemos Universidade Nove de Julho por nos proporcionar as condições adequadas à
pesquisa e elaboração do projeto, fornecendo toda a infraestrutura e ferramentas de trabalho
necessárias. Agradecemos também ao coordenador da engenharia elétrica pela excelente
renovação da estrutura do projeto e por disponibilizar mais tempo de nosso orientador para
nos ajudar.
REFERENCIAS
[11]http://www.magiczels.com/history.html Visitado em 18 de novembro de 2014.
[12] America at the Fair: Chicago's 1893 World's Columbian Exposition (Google eBook)
Chaim M. Rosenberg Arcadia Publishing.
[13] David J. Bertuca, Donald K. Hartman, Susan M. Neumeister, The World's Columbian
Exposition: A Centennial Bibliographic Guide, pg. xxi.
[14] Henry G. Prout. A Life of George Westinghouse. Published by the American Society of
Mechanical Engineers, 1921. In Niagara Power, pg. 193.
[15] Harnessing Niagara. Edison Tech Center http://edisontechcenter.org/Niagara.htm
acessado 5 de outubro de 2014.
[17]H. W. Brands, Reckless Decade, pg. 50.
[18]Wiggers, C. J. et al. 1940.
http://www.ieeeghn.org/wiki/index.php/Pearl_Street_Station Visitado em 5 de outubro de
2014.
The Life of Thomas A. Edison (em inglês) Memory.loc.gov Visitado em 2 de outubro de
2014.
http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/inducao/dinamos/ Visitado em 5 de outubro de
2014.
Barrett, John Patrick (1894). Electricity at the Columbian Exposition; Including an Account
of the Exhibits in the Electricity Building, the Power Plant in Machinery Hall. pp. 268–269.
Acessado 5 de novembro de 2014.
HALLIDAY, David, Resnik Robert, Krane, Denneth S. Física 3, volume 2, 5 Ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2004. 384 p.
Índice de Preços ao Consumidor (estimativa) 1800-2014 . Federal Reserve Bank de
Minneapolis. http://www.in2013dollars.com/1890-dollars-in-2014?amount=50000 Visitado
27 de outubro de 2014.