BULLYING: RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

18
Instituto Dottori de Ensino Superior BULLYING: RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM Adriana Pereira da SILVA 1 Elaine Sileni LOPES 2 Gisela Raineri MARTIN 3 Curso de Pedagogia para Licenciados Faculdade Paulista São José IDES, São Paulo. 1 Professora Coordenadora do Ensino Médio e EJA na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 003610. 2 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. 3 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00349.

Transcript of BULLYING: RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Instituto Dottori de Ensino Superior

BULLYING:

RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL

E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Adriana Pereira da SILVA1

Elaine Sileni LOPES2

Gisela Raineri MARTIN3

Curso de Pedagogia para Licenciados

Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.

1 Professora Coordenadora do Ensino Médio e EJA na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 003610. 2 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. 3 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00349.

Instituto Dottori de Ensino Superior

BULLYING:

RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL

E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Adriana Pereira da SILVA

Elaine Sileni LOPES

Gisela Raineri MARTIN

Curso de Pedagogia para Licenciados

Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Pedagogia para Licenciados, da Faculdade Paulista São José – Instituto Dottori de Ensino Superior, para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia - Pedagogo. Orientadora: Profa. Thereza C.C. Jorge

2014

Instituto Dottori de Ensino Superior

RESUMO

Este trabalho apresenta o tema bullying, evidenciando como a violência e as ações de bullying podem influenciar na escola, no aprendizado do aluno e nos valores pessoais.

Ainda, de que forma as ações dos agressores podem transformar um ambiente de prática educativa em inadequado, abordando-o como território inseguro e enfraquecendo as relações entre os atores envolvidos.

Também, apresenta a importância da participação da família para o bom funcionamento da escola, bem como as práticas a serem exercidas em caso de violência.

Palavras-chave: Violência. Bullying. Escola. Família.

ABSTRACT

This paper presents the theme bullying, showing how violence and

bullying actions can influence school, student learning and personal values. Still, how the actions of the attackers can turn an educational practice

environment in inappropriate, addressing it as unsafe territory and weakening the relationship between the actors involved.

Also shows the importance of family involvement for the proper functioning of the school and the practices to be exercised in the event of violence.

Key Word: Violence. Bullying. School. Family.

Instituto Dottori de Ensino Superior

BULLYING:

RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL

E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Adriana Pereira da SILVA 4

Elaine Sileni LOPES5

Gisela Raineri MARTIN 6

Curso de Pedagogia para Licenciados

Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.

1. INTRODUÇÃO

O termo bullying derivou da dificuldade em traduzi-lo para a língua

portuguesa, e, também para outros idiomas o que dificulta a identificação de

um termo nativo. (NETO AA, 2005).

Bullying se refere ao uso repetido e deliberado de agressões verbais,

psicológicas ou físicas para ofender e dominar ao outro, sem que hajam sido

precedidas de provocação, quando a vitima carece de possibilidades para se

defender. Ainda, se conceitua o bullying como uma forma de conduta

agressiva, intencionada e prejudicial, cujos protagonistas são crianças ou

jovens.

4 Professora Coordenadora do Ensino Médio e EJA na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 003610 5 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00 .....(¿) 6 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00349

Instituto Dottori de Ensino Superior

“Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas

que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra

outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos

cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de

grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos

levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas

das manifestações do comportamento bullying”. (FANTE, 2005.p.28; 29.).

Devemos considerar que esta forma de conduta agressiva não se

manifesta em um episódio isolado ou esporádico, mas sim de forma persistente

e que se mantém durante um período de tempo, inclusive podendo durar anos.

Através das observações no âmbito escolar, é possível verificar que a

maioria dos agressores ou aqueles que praticam o bullying, agem motivados

por um sentimento de poder e desejo de intimidar e dominar o colega que

considera sua vítima habitual.

Desta forma, ao constatarmos a violência contra crianças e adolescentes

e relacionamos essas condutas nos locais onde elas acontecem, a escola

surge como espaço que de fato é possível encontrar essas evidências,

principalmente, em relação ao comportamento agressivo existente entre os

próprios colegas.

As escolas vivem frequentemente a situação da violência juvenil, sendo

considerado um problema social que requer atenção devido à sua

complexidade para ser solucionado. (NETO AA, 2005).

2. BULLYING E SUAS ESPECIFICAÇÕES

O bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal

através da agressão, a vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de

receptor do comportamento agressivo de outra mais poderosa. (LOPES NETO

2005).

Instituto Dottori de Ensino Superior

Compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que

ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante contra

outros, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação

desigual de poder, essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser

consequente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou

emocional, ou do maior apoio dos demais estudantes, trata-se de

comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são

tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou

não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais.

2.1. CLASSIFICAÇÃO

O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas

diretamente através de apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas

verbais ou expressões e gestos que geram mal estar aos alvos, são atos

utilizados com uma frequência quatro vezes maior entre os meninos, porém,

não indica necessariamente que estes sejam mais agressivos, mas sim que

têm maior possibilidade de adotar esse tipo de comportamento.

O bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento,

difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados pelas meninas,

causando uma dificuldade em identificar-se o bullying entre estas por estar

relacionada ao uso de formas mais sutis.

Considera-se alvo do bullying o aluno exposto, de forma repetida e

durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por um ou mais alunos,

entende-se por ações negativas as situações em que alguém, de forma

intencional e repetida, causa dano, fere ou incomoda outra pessoa. Em geral

os alvos não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou cessar o

bullying, geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à

possibilidade de adequação ao grupo.

Instituto Dottori de Ensino Superior

Sua baixa autoestima é agravada por críticas dos adultos sobre a sua

vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda, tem poucos

amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e

ansiedade, sua autoestima pode estar tão comprometida que acredita ser

merecedor dos maus-tratos sofridos.

O tempo e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o

agravamento dos efeitos, o medo, a tensão e a preocupação com sua imagem

podem comprometer o desenvolvimento acadêmico, além de aumentar a

ansiedade, insegurança e o conceito negativo de si mesmo, podendo evitar a

escola e o convívio social, prevenindo-se contra novas agressões.

Considerando-se que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão

dos adultos, que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão

sofrida, pode-se entender por que professores e pais têm pouca percepção do

bullying, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a

redução e interrupção dessas situações.

A rejeição às diferenças é um fato descrito como de grande importância

na ocorrência de bullying, no entanto, é provável que os autores escolham e

utilizem possíveis diferenças como motivação para as agressões, sem que elas

sejam, efetivamente, as causas do assédio.

O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma

variedade de comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo

inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade;

tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo;

sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a

outros.

As testemunhas do bullying, geralmente sentem simpatia pelos alvos,

tendem a não culpá-los pelo ocorrido, condenam o comportamento dos autores

e desejam que os professores intervenham mais efetivamente, o simples

testemunho de atos de bullying já é suficiente para causar descontentamento

com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.

Instituto Dottori de Ensino Superior

3. ESCOLA: LOCAL SOCIAL

Partindo da concepção de que a escola é um lugar seguro, a qual teria

como principal missão a formação do aluno com base no respeito e disciplina,

nos deparamos com um novo ambiente inapropriado às aulas, incluindo a

insatisfação por parte de alunos e professores, que consideram a violência

como fator de desestruturação do ambiente escolar. Esse espaço, antes visto

como um lugar de ensino, de tranquilidade e também como meio de

socialização, hoje se depara com o vandalismo, as brigas, os xingamentos e a

desvalorização do patrimônio público e também do próprio ser humano.

A escola, como parte da sociedade, sofre os reflexos de uma realidade

em que a violência é cada vez mais banalizada e naturalizada. Neste sentido,

o que ontem entre os alunos era considerado inadmissível, hoje é passível de

tolerância, deboche e até mesmo uma forma de se “autopromover” no

ambiente escolar.

Porém, paradoxalmente, promove o sofrimento de muitos, o

desinteresse em ir à escola, em participar do contexto escolar, e assim, incide

na desvalorização de um território que deveria ser apreciado por todos.

Alunos que praticam bullying, também sofrem esse tipo de ação e, são

denominados alvos/autores. Em geral existe uma combinação entre a baixa

autoestima, atitudes agressivas e provocativas que implica a condição de uma

criança ou adolescente como razão para a prática de bullying, além de outros

fatores como alterações psicológicas – todos os casos merecem atenção

especial.

“Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as

meninas. No entanto, por serem mais agressivos e utilizarem a força física, as

atitudes dos meninos são mais visíveis. Já as meninas costumam praticar

bullying mais na base de intrigas, fofocas e isolamento das colegas. Podem,

com isso, passar despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente

doméstico”. (SILVA, 2010. p.16, 2010.).

Instituto Dottori de Ensino Superior

3.1. A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: UM PROBLEMA ONTEM E HOJE

Os efeitos da violência repercutem de forma direta na vida das escolas,

estabelecendo incertezas e tensões no seu cotidiano. (ABRAMOVAY 2003).

Desta forma, a autora apresenta as principais situações capazes de

desencadear violência no interior escolar, são elas: atos de indisciplina,

agressões entre alunos e professores, pichações, depredações, não

explicitação das normas de organização da escola, carência de recursos

humanos e materiais, baixos salários de professores e funcionários, falta de

diálogo entre os integrantes da unidade escolar, a não interação da família e

da comunidade dentre outras.

Esses fatores juntamente com a presença de fatores exteriores da

escola que são capazes de repercutir no seu interior como o envolvimento dos

alunos com grupos externos teriam como impacto a transformação do clima

escolar e o enfraquecimento das relações influenciando sobre a qualidade das

aulas e o desempenho dos alunos.

A autora Marilena CHAUÍ, (apud ABRAMOVAY, 2003) em artigo

publicado na Folha de São Paulo em 14 de Março de 1999 caracteriza

violência desta forma:

1- Tudo que age usando força para ir contra a natureza de algum ser.

2- Todo ato de força contra a espontaneidade, à vontade e a liberdade

de alguém.

3- Todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa

valorizada positivamente por uma sociedade.

4- todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade

define como justo ou como direito.

A violência é um ato de brutalidade, de abuso físico e/ou psíquico

contra alguém e caracteriza situações intersubjetivas ou sociais definidas pela

opressão e intimidação pelo medo e pelo terror (CADERNO MAIS, p. 3).

Instituto Dottori de Ensino Superior

A violência não pode ser reduzida ao plano físico, mas abarca o

psíquico e moral; portanto pode-se dizer que o que especifica a violência é o

desrespeito, a negação do outro e a violação dos direitos humanos.

Não se trata de apenas agressões físicas ou ao patrimônio dos

cidadãos, as violências sutis têm o resultado de passar indiscutidas,

exatamente pela falta do impacto de uma brutalidade sangrenta. (MORAIS

1995)

Não se pode dissociar a questão da violência na escola da

problemática que envolve a sociedade em geral: miséria, exclusão,

desemprego entre outras questões existentes dentro da sociedade, não

podendo a violência ser reduzida a questões como a estas apresentadas de

forma estrutural, mas também ela encontra-se intimamente ligada com uma

dimensão cultural, gerando uma “cultura da violência”, a qual favorece a

banalização e a naturalização das diferentes formas de violência. (CANDAU

2000).

Do ponto de vista cultural, as crianças internalizam determinados

padrões de comportamento como “naturalizados”. (TEVES e RANGEL 1999)

Dessa forma os alunos das chamadas “classes populares” incorporam as

estruturas de pensamento e de linguagem de sua comunidade como

expressão de sua identidade.

A banalização ocorreria também dentro da própria escola, aonde as

pessoas vão se acostumando com as diversas formas de violência em que as

formas “menos graves” acabam sendo desconsideradas.

A violência “mascarada” por ser menos grave pode se tornar perigosa,

pois não é controlada por ninguém, não possui regras nem freios passando a

ocorrer constantemente no cotidiano escolar e de tanto acontecer passa a ser

banalizada, essa banalização da violência acaba provocando a insensibilidade

ao sofrimento, o desrespeito e a invasão do campo do outro. (CAMACHO

2001)

Instituto Dottori de Ensino Superior

O efeito dessas diferentes práticas violentas é observado no

desempenho escolar dos alunos, no aumento do abandono escolar e

repetência. (ABRAMOVAY 2003).

3.2. AMBIENTE ESCOLAR – REFLEXO DO APRENDIZADO

O ambiente escolar quando desfavorável, contribui para o

enfraquecimento das relações entre os atores da escola (professor e aluno,

professor e direção, alunos e alunos, alunos e direção). A prática de violência

existente no interior da escola teria como efeito a desestruturação das

relações internas, a quebra dos pactos de conivência, estabelecendo um

cotidiano tenso, gerando o medo, sentimento de impotência e diminuindo a

autoestima institucional.

A partir desses fatores, destaca-se a importância com os cuidados com

o entorno da escola e o ambiente escolar, as ações de interação da escola

com a família e a comunidade, o estabelecimento de mecanismos de

negociação de normas e regras dentro da escola, a atuação dos professores

frente às diversas formas de violência, a implementação de ações pontuais de

segurança pública, valorização e organização de jovens e a articulação entre

as diferentes áreas governamentais (educação, justiça e cultura).

Há um sério problema quando a sociedade acredita que contra a

violência nas escolas bastam apenas muros altos, sistemas de alarme e bom

policiamento.

Mesmo com vistas às ocorrências violentas já fartamente repetidas e

essas medidas de defesas sejam necessárias é preciso que os educadores,

tanto na família quanto na escola, se capacitem que em médio prazo, muito

mais válido que armar esquemas defensivos que passo a passo vão sendo

burlados pela criminalidade, as novas gerações precisam ser motivadas ao

respeito da vida de si mesmos e dos outros. (MORAIS 1995)

Instituto Dottori de Ensino Superior

Situando um dos mais sérios problemas enfrentados pelo sistema

educacional do país na contemporaneidade, a violência no interior escolar tem

como impacto mais significativo à transformação do ambiente da escola pouco

apropriado às aulas, acentuando as faltas dos alunos e a piora da qualidade

de ensino sendo compreendido como uma falência do sistema educacional.

A diversidade de situações de violência enfrentada pela escola a obriga

a ter diferentes posturas, ou até mesmo em se colocar em posição de

neutralidade especialmente em lugares onde os alunos vivenciam um

cotidiano violentado e violentador, onde se produz a chamada “cultura da

violência”, não sabendo como proceder. (TEVES e RANGEL 1999).

Sob outro aspecto é preciso observar que violência na escola não é um

fenômeno novo, porém novas formas de violência surgiram e muito mais

graves: homicídios, estupros, agressões com armas, estes fatos podem ser

raros, mas dão a impressão de que tudo pode ocorrer no seu interior até

mesmo acertos de contas de questões exteriores a escola estão entrando nos

estabelecimentos escolares, passando a escola a ser não mais um lugar

protegido, mas a um espaço aberto às agressões vindas de fora. (CHARLOT

2002).

Desta forma, a escola vem perdendo o seu sentido de existência, o

lugar do saber e da aprendizagem. Os alunos, não conseguem aprender e

vão perdendo a motivação e o prazer pelo aprendizado. Tendo em vista que

aqueles que não aprenderam o conteúdo necessário para seguir adiante nas

séries seguintes, não conseguem acompanhar o ritmo das aulas e é nesse

contexto que, em grande parte, ocorrem os atos de indisciplina. Ao não

dominar o conteúdo e ser obrigado a ir diariamente à escola, o aluno concebe

esse lugar como um espaço sem significado para a sua vida, vendo-o apenas

com um lugar em que se encontram os colegas e amigos.

Sendo assim, fica claro que a questão da violência dentro da escola

não deve ser vista como um fenômeno que culpa apenas os alunos, mas que

é causada por toda uma estrutura que, de certa forma, contribui para que os

atos violentos ocorram.

Instituto Dottori de Ensino Superior

Assim, um ambiente escolar em que as regras de convivência e de

aprendizado não são colocadas de forma explícita aos alunos gera a

sensação de que tudo é permitido dentro deste espaço desde a humilhação a

um colega até as agressões físicas e a degradação do patrimônio escolar.

Sendo assim, uma direção atuante e realmente participativa, gera a sensação

aos alunos de que estes estão sendo cuidados.

O Estatuto da Criança e do Adolescente traz três artigos que vem

sendo apontados contra as escolas e indivíduos agressores:

Artigo 5 - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer

forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,

por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Artigo 17 - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da

integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,

abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da

autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos

pessoais.

Artigo 18 - É dever de todos velar pela dignidade da criança e do

adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,

violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Além disso, atualmente, três crimes contra a honra estão previstos no

Código Penal:

Calúnia (imputar falsamente a alguém fato definido como crime).

Difamação (ofender a reputação de outra pessoa).

Injúria (insultar a dignidade ou o decoro de alguém).

Ainda, na Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do

Adolescente, o direito à educação está presente na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação (LDB), Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, frisa o acesso à

escola pública e gratuita próxima de sua residência, respeito por parte de seus

educadores, igualdade de condições para o acesso e permanência na escola

e ter qualidade de ensino em um ambiente escolar sadio e amigável.

Instituto Dottori de Ensino Superior

4. FAMÍLIA E ESCOLA: FATORES PREPONDERANTES ANTI- BULLYING

Fora dos muros da escola, mas com forte influência em todo o seu

interior, a família já não participa da vida escolar do aluno, sabemos que na

atual conjuntura social os pais trabalham e pouco tempo sobra para os filhos.

Porém, esses adolescentes têm necessidade de acompanhamento, saber

quais foram às atividades, o que fizeram de bom na escola, etc.; estes são

questionamentos que geram a sensação de que os alunos são importantes

para o meio familiar e, além disso, desencadeia relações de afeto.

Na atualidade, a participação dos pais no ambiente escolar é

praticamente nula, as reuniões contam com um número cada vez menor de

participantes, com frequência escassa. Este é um fator que também propicia a

violência, na medida em que o aluno não se sente acompanhado e, por isso,

tem o sentimento de que qualquer ato que ocorra não escola a família não

ficará sabendo ou não se interessará.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação

dos Temas Transversais e Ética (BRASIL, 1998), as atitudes respeitosas

devem partir do professor, pois estas atitudes serão vistas como modelo,

principalmente pelas crianças menores. Porém, o que tem ocorrido é que os

valores morais familiares não acompanham o trabalho escolar, pois a família,

muitas vezes, se contrapõe às orientações da escola.

É evidente a mudança das atribuições da escola e dos educadores,

que passam a fazer parte do dia-a-dia das crianças e adolescentes,

adquirindo cada vez mais para si, funções até então tidas como exclusiva do

núcleo familiar como a educação de valores éticos e morais.

Instituto Dottori de Ensino Superior

5. AS DIVERSAS FORMAS DE VIOLÊNCIA

A violência na escola é aquela que ocorre dentro do espaço escolar

sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar, tendo como

exemplo quando um bando invade a escola para acertar contas de disputas

com motivos exteriores à escola. (BERNARD CHARLOT 2002). Neste caso, a

escola foi o lugar de uma violência que poderia ter acontecido em qualquer

outro local. Já a violência à escola está ligada às atividades da instituição

escolar: quando alunos provocam incêndios, agridem ou insultam professores.

Violência, portanto, é um comportamento que causa dano à outra

pessoa, ser vivo ou objeto. Nega-se autonomia, integridade física ou

psicológica e mesmo a vida de outro, em muitos casos caracteriza-se pelo uso

excessivo de força, além do necessário ou esperado. O termo deriva do latim

violentia (comportamento ou conjunto que deriva de vis, força, vigor);

aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente.

Embora a forma mais evidente de violência seja a física, existem

diversas formas de violência, caracterizadas particularmente pela variação de

intensidade, instantaneidade e perenidade.

a) Violência física – a agressão propriamente dita, causando danos

materiais ou fisiológicos – caracteriza-se pela intensidade comparativamente

alta, assim como pela instantaneidade, porém tendo pouca perenidade.

Existem inúmeras variações da violência física, como o estupro, o

assassinato.

b) Violência social – (tendo como exemplo o racismo) caracteriza-

se pela intensidade baixa, instantaneidade alta (uma vez que é praticamente

inconsciente, automatizada) e pela grande perenidade, sendo necessário

grande esforço cultural para alterar o estado de violência.

c) Violência psicológica - também conhecida como tortura

psicológica que deprecia e bloqueiam a autoestima e a realização pessoal,

também ocorre por meio de ameaças caracterizando-se pela crueldade.

Instituto Dottori de Ensino Superior

d) Vandalismo - é uma ação motivada pela hostilidade com as artes

e literatura de uma cultura, ou destruição intencional de bens e propriedades

alheios.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação dos Temas

Transversais e Ética (BRASIL, 1998), pode ser utilizada de modo positivo pelos

educadores quando o assunto é a prevenção do bullying na sala de aula, pois

traz questões relevantes, se no cotidiano pedagógico poderá contribuir para

que o ambiente escolar seja um espaço favorável à aprendizagem para todos

os alunos.

Ainda, segundo o PCN, o educador deverá trabalhar em seu cotidiano

pedagógico os conteúdos de ética, onde é priorizado o convívio escolar. Os

conteúdos estão divididos em blocos, sendo eles:

Respeito mútuo.

Justiça.

Diálogo.

Solidariedade.

Ter um olhar mais apurado nos permite, em muitas ocasiões, detectar a

hora de realizar trabalhos de incentivo para a compreensão sobreas

diversidades culturais, sociais e de interesses pessoais, e através disso saber

respeitar o outro, como a si mesmo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é o ambiente social de maior ocorrência de violência entre os

alunos, por esse motivo o trabalho e ações relevantes para o combate ao

bullying na reversão desse problema tem palco para a grande maioria dos

episódios. Ela tem passado por mudanças constantes e vemos que cada vez

mais, abarca papel fundamental na formação ética e moral das crianças e

adolescentes.

Instituto Dottori de Ensino Superior

O bullying é uma prática intencional, repetitiva e intencional que vem

tomando proporções descontroladas, entre os alunos. Suas causas podem ser

por: implicância, briga entre gangues, inveja, disputa de forças de poder,

competição, raiva, vingança, notas, religião, sexualidade, situação

socioeconômica, diferenças de gênero e regionalidade.

Ainda que os atos de bullying e de violência escolar continuem

ocorrendo é preciso considerar a existência de uma grande maioria de pais ou

familiares desatentos sobre a vida escolar de seus filhos. Também, a existência

de alguns educadores e gestores que não querem se comprometer e envolver

aos pedidos de ajuda de seus alunos, devido ao medo da reação familiar, que

raramente compreende as orientações dos educadores, pois é na escola onde

a ocorrência de bullying se evidencia.

Porém, é preciso tratar desse assunto em parceria com a família e

sociedade, em todos os direitos da criança e adolescente.

Infelizmente ainda há educadores e pais que não têm conhecimento do

assunto, considerando esse tipo de atitude como normal e comum.

Por esse motivo, é preciso realizar um trabalho pontual e contínuo nas

escolas, fazendo uso dos projetos pedagógicos de prevenção e intervenção,

contando ainda com a atuação do governo nos meios midiáticos para promover

a conscientização social.

Pode-se dizer que a escola deve ter como lugar a tolerância e o convívio

com as diferenças, e estas, devem ser estimuladas e trabalhadas na formação

de estudantes no aprendizado do respeito e na construção de valores.

O planejamento, atividades em que os alunos possam ser protagonistas,

a utilização dos grupos de estudo, de pode ser fator de mudanças para que os

alunos coloquem em prática o aprendizado de convivência com as diferenças.

Instituto Dottori de Ensino Superior

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam. Escolas inovadoras: experiências bem sucedidas em

escolas públicas. In: A violência nas Escolas. Brasília: UNESCO, 2003. cap. 2,

p. 69 a 92.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Aprovado pela Lei nº 8.069/90

– Direitos da Criança e do Adolescente. SC: Assembleia Legislativa do estado

– Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais. 2003.

CANDAU, Vera Maria (org). Reinventar a Escola. In: Direitos humanos,

violência e cotidiano escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. cap. 8, p. 137 a 166.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade. Bullying: o sofrimento das vítimas e

dos agressores. 1ª edição. Editora Gente, 2008, 280p

CHARLOT, Bernard. A violência na escola: como os sociólogos franceses

abordam essa questão. Sociologias, jul. / dez. 2002, nº. 8, p. 432-443. ISSN

1517-4522.

FANTE, C Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas. Ed

Campinas: Verus 2005.p.28; 29.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:

Atlas, 1999.

LIMA, Raimundo De. “Bullying”: uma violência psicológica não só contra

crianças. Disponível em:

<http://www.espacoacademico.com.br/069/69lima.htm> Ac. em: 17 nov. 2014.

LOPES NETO A. A. Bullying comportamento agressivo entre estudantes Jornal

de Pediatria - Vol. 81, Nº 5, 2005. p.165.

MORAIS, Regis de. Violência e educação. Campinas, SP: Papirus, 1995.

SILVA , Ana Beatriz Barbosa.Cartilha Bullying - Justiça nas escolas, São Paulo,

ano 1 , p.16 , 2010.

TEVES, Nilda; RANGEL, Mary (orgs). Superar a cultura da violência: um

desafio para as escolas. In: Representação social e educação: Temas e

enfoques contemporâneos de pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1999.