Sentidos de ação e desmobilização: ameaça e ação coletiva na construção da democracia participativa
BULLYING: RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM
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Instituto Dottori de Ensino Superior
BULLYING:
RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL
E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM
Adriana Pereira da SILVA1
Elaine Sileni LOPES2
Gisela Raineri MARTIN3
Curso de Pedagogia para Licenciados
Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.
1 Professora Coordenadora do Ensino Médio e EJA na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 003610. 2 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. 3 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00349.
Instituto Dottori de Ensino Superior
BULLYING:
RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL
E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM
Adriana Pereira da SILVA
Elaine Sileni LOPES
Gisela Raineri MARTIN
Curso de Pedagogia para Licenciados
Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Pedagogia para Licenciados, da Faculdade Paulista São José – Instituto Dottori de Ensino Superior, para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia - Pedagogo. Orientadora: Profa. Thereza C.C. Jorge
2014
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RESUMO
Este trabalho apresenta o tema bullying, evidenciando como a violência e as ações de bullying podem influenciar na escola, no aprendizado do aluno e nos valores pessoais.
Ainda, de que forma as ações dos agressores podem transformar um ambiente de prática educativa em inadequado, abordando-o como território inseguro e enfraquecendo as relações entre os atores envolvidos.
Também, apresenta a importância da participação da família para o bom funcionamento da escola, bem como as práticas a serem exercidas em caso de violência.
Palavras-chave: Violência. Bullying. Escola. Família.
ABSTRACT
This paper presents the theme bullying, showing how violence and
bullying actions can influence school, student learning and personal values. Still, how the actions of the attackers can turn an educational practice
environment in inappropriate, addressing it as unsafe territory and weakening the relationship between the actors involved.
Also shows the importance of family involvement for the proper functioning of the school and the practices to be exercised in the event of violence.
Key Word: Violence. Bullying. School. Family.
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BULLYING:
RELAÇÃO ENTRE A AÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL
E A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM
Adriana Pereira da SILVA 4
Elaine Sileni LOPES5
Gisela Raineri MARTIN 6
Curso de Pedagogia para Licenciados
Faculdade Paulista São José – IDES, São Paulo.
1. INTRODUÇÃO
O termo bullying derivou da dificuldade em traduzi-lo para a língua
portuguesa, e, também para outros idiomas o que dificulta a identificação de
um termo nativo. (NETO AA, 2005).
Bullying se refere ao uso repetido e deliberado de agressões verbais,
psicológicas ou físicas para ofender e dominar ao outro, sem que hajam sido
precedidas de provocação, quando a vitima carece de possibilidades para se
defender. Ainda, se conceitua o bullying como uma forma de conduta
agressiva, intencionada e prejudicial, cujos protagonistas são crianças ou
jovens.
4 Professora Coordenadora do Ensino Médio e EJA na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 003610 5 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00 .....(¿) 6 Professora Coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais na EE Jornalista Cecília de Godoy Camargo, Campinas, SP. RA 00349
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“Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas
que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra
outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos
cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de
grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos
levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas
das manifestações do comportamento bullying”. (FANTE, 2005.p.28; 29.).
Devemos considerar que esta forma de conduta agressiva não se
manifesta em um episódio isolado ou esporádico, mas sim de forma persistente
e que se mantém durante um período de tempo, inclusive podendo durar anos.
Através das observações no âmbito escolar, é possível verificar que a
maioria dos agressores ou aqueles que praticam o bullying, agem motivados
por um sentimento de poder e desejo de intimidar e dominar o colega que
considera sua vítima habitual.
Desta forma, ao constatarmos a violência contra crianças e adolescentes
e relacionamos essas condutas nos locais onde elas acontecem, a escola
surge como espaço que de fato é possível encontrar essas evidências,
principalmente, em relação ao comportamento agressivo existente entre os
próprios colegas.
As escolas vivem frequentemente a situação da violência juvenil, sendo
considerado um problema social que requer atenção devido à sua
complexidade para ser solucionado. (NETO AA, 2005).
2. BULLYING E SUAS ESPECIFICAÇÕES
O bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal
através da agressão, a vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de
receptor do comportamento agressivo de outra mais poderosa. (LOPES NETO
2005).
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Compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que
ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante contra
outros, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação
desigual de poder, essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser
consequente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou
emocional, ou do maior apoio dos demais estudantes, trata-se de
comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são
tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou
não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais.
2.1. CLASSIFICAÇÃO
O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas
diretamente através de apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas
verbais ou expressões e gestos que geram mal estar aos alvos, são atos
utilizados com uma frequência quatro vezes maior entre os meninos, porém,
não indica necessariamente que estes sejam mais agressivos, mas sim que
têm maior possibilidade de adotar esse tipo de comportamento.
O bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento,
difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados pelas meninas,
causando uma dificuldade em identificar-se o bullying entre estas por estar
relacionada ao uso de formas mais sutis.
Considera-se alvo do bullying o aluno exposto, de forma repetida e
durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por um ou mais alunos,
entende-se por ações negativas as situações em que alguém, de forma
intencional e repetida, causa dano, fere ou incomoda outra pessoa. Em geral
os alvos não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou cessar o
bullying, geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à
possibilidade de adequação ao grupo.
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Sua baixa autoestima é agravada por críticas dos adultos sobre a sua
vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda, tem poucos
amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e
ansiedade, sua autoestima pode estar tão comprometida que acredita ser
merecedor dos maus-tratos sofridos.
O tempo e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o
agravamento dos efeitos, o medo, a tensão e a preocupação com sua imagem
podem comprometer o desenvolvimento acadêmico, além de aumentar a
ansiedade, insegurança e o conceito negativo de si mesmo, podendo evitar a
escola e o convívio social, prevenindo-se contra novas agressões.
Considerando-se que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão
dos adultos, que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão
sofrida, pode-se entender por que professores e pais têm pouca percepção do
bullying, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a
redução e interrupção dessas situações.
A rejeição às diferenças é um fato descrito como de grande importância
na ocorrência de bullying, no entanto, é provável que os autores escolham e
utilizem possíveis diferenças como motivação para as agressões, sem que elas
sejam, efetivamente, as causas do assédio.
O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma
variedade de comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo
inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade;
tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo;
sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a
outros.
As testemunhas do bullying, geralmente sentem simpatia pelos alvos,
tendem a não culpá-los pelo ocorrido, condenam o comportamento dos autores
e desejam que os professores intervenham mais efetivamente, o simples
testemunho de atos de bullying já é suficiente para causar descontentamento
com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.
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3. ESCOLA: LOCAL SOCIAL
Partindo da concepção de que a escola é um lugar seguro, a qual teria
como principal missão a formação do aluno com base no respeito e disciplina,
nos deparamos com um novo ambiente inapropriado às aulas, incluindo a
insatisfação por parte de alunos e professores, que consideram a violência
como fator de desestruturação do ambiente escolar. Esse espaço, antes visto
como um lugar de ensino, de tranquilidade e também como meio de
socialização, hoje se depara com o vandalismo, as brigas, os xingamentos e a
desvalorização do patrimônio público e também do próprio ser humano.
A escola, como parte da sociedade, sofre os reflexos de uma realidade
em que a violência é cada vez mais banalizada e naturalizada. Neste sentido,
o que ontem entre os alunos era considerado inadmissível, hoje é passível de
tolerância, deboche e até mesmo uma forma de se “autopromover” no
ambiente escolar.
Porém, paradoxalmente, promove o sofrimento de muitos, o
desinteresse em ir à escola, em participar do contexto escolar, e assim, incide
na desvalorização de um território que deveria ser apreciado por todos.
Alunos que praticam bullying, também sofrem esse tipo de ação e, são
denominados alvos/autores. Em geral existe uma combinação entre a baixa
autoestima, atitudes agressivas e provocativas que implica a condição de uma
criança ou adolescente como razão para a prática de bullying, além de outros
fatores como alterações psicológicas – todos os casos merecem atenção
especial.
“Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as
meninas. No entanto, por serem mais agressivos e utilizarem a força física, as
atitudes dos meninos são mais visíveis. Já as meninas costumam praticar
bullying mais na base de intrigas, fofocas e isolamento das colegas. Podem,
com isso, passar despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente
doméstico”. (SILVA, 2010. p.16, 2010.).
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3.1. A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: UM PROBLEMA ONTEM E HOJE
Os efeitos da violência repercutem de forma direta na vida das escolas,
estabelecendo incertezas e tensões no seu cotidiano. (ABRAMOVAY 2003).
Desta forma, a autora apresenta as principais situações capazes de
desencadear violência no interior escolar, são elas: atos de indisciplina,
agressões entre alunos e professores, pichações, depredações, não
explicitação das normas de organização da escola, carência de recursos
humanos e materiais, baixos salários de professores e funcionários, falta de
diálogo entre os integrantes da unidade escolar, a não interação da família e
da comunidade dentre outras.
Esses fatores juntamente com a presença de fatores exteriores da
escola que são capazes de repercutir no seu interior como o envolvimento dos
alunos com grupos externos teriam como impacto a transformação do clima
escolar e o enfraquecimento das relações influenciando sobre a qualidade das
aulas e o desempenho dos alunos.
A autora Marilena CHAUÍ, (apud ABRAMOVAY, 2003) em artigo
publicado na Folha de São Paulo em 14 de Março de 1999 caracteriza
violência desta forma:
1- Tudo que age usando força para ir contra a natureza de algum ser.
2- Todo ato de força contra a espontaneidade, à vontade e a liberdade
de alguém.
3- Todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa
valorizada positivamente por uma sociedade.
4- todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade
define como justo ou como direito.
A violência é um ato de brutalidade, de abuso físico e/ou psíquico
contra alguém e caracteriza situações intersubjetivas ou sociais definidas pela
opressão e intimidação pelo medo e pelo terror (CADERNO MAIS, p. 3).
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A violência não pode ser reduzida ao plano físico, mas abarca o
psíquico e moral; portanto pode-se dizer que o que especifica a violência é o
desrespeito, a negação do outro e a violação dos direitos humanos.
Não se trata de apenas agressões físicas ou ao patrimônio dos
cidadãos, as violências sutis têm o resultado de passar indiscutidas,
exatamente pela falta do impacto de uma brutalidade sangrenta. (MORAIS
1995)
Não se pode dissociar a questão da violência na escola da
problemática que envolve a sociedade em geral: miséria, exclusão,
desemprego entre outras questões existentes dentro da sociedade, não
podendo a violência ser reduzida a questões como a estas apresentadas de
forma estrutural, mas também ela encontra-se intimamente ligada com uma
dimensão cultural, gerando uma “cultura da violência”, a qual favorece a
banalização e a naturalização das diferentes formas de violência. (CANDAU
2000).
Do ponto de vista cultural, as crianças internalizam determinados
padrões de comportamento como “naturalizados”. (TEVES e RANGEL 1999)
Dessa forma os alunos das chamadas “classes populares” incorporam as
estruturas de pensamento e de linguagem de sua comunidade como
expressão de sua identidade.
A banalização ocorreria também dentro da própria escola, aonde as
pessoas vão se acostumando com as diversas formas de violência em que as
formas “menos graves” acabam sendo desconsideradas.
A violência “mascarada” por ser menos grave pode se tornar perigosa,
pois não é controlada por ninguém, não possui regras nem freios passando a
ocorrer constantemente no cotidiano escolar e de tanto acontecer passa a ser
banalizada, essa banalização da violência acaba provocando a insensibilidade
ao sofrimento, o desrespeito e a invasão do campo do outro. (CAMACHO
2001)
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O efeito dessas diferentes práticas violentas é observado no
desempenho escolar dos alunos, no aumento do abandono escolar e
repetência. (ABRAMOVAY 2003).
3.2. AMBIENTE ESCOLAR – REFLEXO DO APRENDIZADO
O ambiente escolar quando desfavorável, contribui para o
enfraquecimento das relações entre os atores da escola (professor e aluno,
professor e direção, alunos e alunos, alunos e direção). A prática de violência
existente no interior da escola teria como efeito a desestruturação das
relações internas, a quebra dos pactos de conivência, estabelecendo um
cotidiano tenso, gerando o medo, sentimento de impotência e diminuindo a
autoestima institucional.
A partir desses fatores, destaca-se a importância com os cuidados com
o entorno da escola e o ambiente escolar, as ações de interação da escola
com a família e a comunidade, o estabelecimento de mecanismos de
negociação de normas e regras dentro da escola, a atuação dos professores
frente às diversas formas de violência, a implementação de ações pontuais de
segurança pública, valorização e organização de jovens e a articulação entre
as diferentes áreas governamentais (educação, justiça e cultura).
Há um sério problema quando a sociedade acredita que contra a
violência nas escolas bastam apenas muros altos, sistemas de alarme e bom
policiamento.
Mesmo com vistas às ocorrências violentas já fartamente repetidas e
essas medidas de defesas sejam necessárias é preciso que os educadores,
tanto na família quanto na escola, se capacitem que em médio prazo, muito
mais válido que armar esquemas defensivos que passo a passo vão sendo
burlados pela criminalidade, as novas gerações precisam ser motivadas ao
respeito da vida de si mesmos e dos outros. (MORAIS 1995)
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Situando um dos mais sérios problemas enfrentados pelo sistema
educacional do país na contemporaneidade, a violência no interior escolar tem
como impacto mais significativo à transformação do ambiente da escola pouco
apropriado às aulas, acentuando as faltas dos alunos e a piora da qualidade
de ensino sendo compreendido como uma falência do sistema educacional.
A diversidade de situações de violência enfrentada pela escola a obriga
a ter diferentes posturas, ou até mesmo em se colocar em posição de
neutralidade especialmente em lugares onde os alunos vivenciam um
cotidiano violentado e violentador, onde se produz a chamada “cultura da
violência”, não sabendo como proceder. (TEVES e RANGEL 1999).
Sob outro aspecto é preciso observar que violência na escola não é um
fenômeno novo, porém novas formas de violência surgiram e muito mais
graves: homicídios, estupros, agressões com armas, estes fatos podem ser
raros, mas dão a impressão de que tudo pode ocorrer no seu interior até
mesmo acertos de contas de questões exteriores a escola estão entrando nos
estabelecimentos escolares, passando a escola a ser não mais um lugar
protegido, mas a um espaço aberto às agressões vindas de fora. (CHARLOT
2002).
Desta forma, a escola vem perdendo o seu sentido de existência, o
lugar do saber e da aprendizagem. Os alunos, não conseguem aprender e
vão perdendo a motivação e o prazer pelo aprendizado. Tendo em vista que
aqueles que não aprenderam o conteúdo necessário para seguir adiante nas
séries seguintes, não conseguem acompanhar o ritmo das aulas e é nesse
contexto que, em grande parte, ocorrem os atos de indisciplina. Ao não
dominar o conteúdo e ser obrigado a ir diariamente à escola, o aluno concebe
esse lugar como um espaço sem significado para a sua vida, vendo-o apenas
com um lugar em que se encontram os colegas e amigos.
Sendo assim, fica claro que a questão da violência dentro da escola
não deve ser vista como um fenômeno que culpa apenas os alunos, mas que
é causada por toda uma estrutura que, de certa forma, contribui para que os
atos violentos ocorram.
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Assim, um ambiente escolar em que as regras de convivência e de
aprendizado não são colocadas de forma explícita aos alunos gera a
sensação de que tudo é permitido dentro deste espaço desde a humilhação a
um colega até as agressões físicas e a degradação do patrimônio escolar.
Sendo assim, uma direção atuante e realmente participativa, gera a sensação
aos alunos de que estes estão sendo cuidados.
O Estatuto da Criança e do Adolescente traz três artigos que vem
sendo apontados contra as escolas e indivíduos agressores:
Artigo 5 - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Artigo 17 - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos
pessoais.
Artigo 18 - É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Além disso, atualmente, três crimes contra a honra estão previstos no
Código Penal:
Calúnia (imputar falsamente a alguém fato definido como crime).
Difamação (ofender a reputação de outra pessoa).
Injúria (insultar a dignidade ou o decoro de alguém).
Ainda, na Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o direito à educação está presente na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, frisa o acesso à
escola pública e gratuita próxima de sua residência, respeito por parte de seus
educadores, igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
e ter qualidade de ensino em um ambiente escolar sadio e amigável.
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4. FAMÍLIA E ESCOLA: FATORES PREPONDERANTES ANTI- BULLYING
Fora dos muros da escola, mas com forte influência em todo o seu
interior, a família já não participa da vida escolar do aluno, sabemos que na
atual conjuntura social os pais trabalham e pouco tempo sobra para os filhos.
Porém, esses adolescentes têm necessidade de acompanhamento, saber
quais foram às atividades, o que fizeram de bom na escola, etc.; estes são
questionamentos que geram a sensação de que os alunos são importantes
para o meio familiar e, além disso, desencadeia relações de afeto.
Na atualidade, a participação dos pais no ambiente escolar é
praticamente nula, as reuniões contam com um número cada vez menor de
participantes, com frequência escassa. Este é um fator que também propicia a
violência, na medida em que o aluno não se sente acompanhado e, por isso,
tem o sentimento de que qualquer ato que ocorra não escola a família não
ficará sabendo ou não se interessará.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação
dos Temas Transversais e Ética (BRASIL, 1998), as atitudes respeitosas
devem partir do professor, pois estas atitudes serão vistas como modelo,
principalmente pelas crianças menores. Porém, o que tem ocorrido é que os
valores morais familiares não acompanham o trabalho escolar, pois a família,
muitas vezes, se contrapõe às orientações da escola.
É evidente a mudança das atribuições da escola e dos educadores,
que passam a fazer parte do dia-a-dia das crianças e adolescentes,
adquirindo cada vez mais para si, funções até então tidas como exclusiva do
núcleo familiar como a educação de valores éticos e morais.
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5. AS DIVERSAS FORMAS DE VIOLÊNCIA
A violência na escola é aquela que ocorre dentro do espaço escolar
sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar, tendo como
exemplo quando um bando invade a escola para acertar contas de disputas
com motivos exteriores à escola. (BERNARD CHARLOT 2002). Neste caso, a
escola foi o lugar de uma violência que poderia ter acontecido em qualquer
outro local. Já a violência à escola está ligada às atividades da instituição
escolar: quando alunos provocam incêndios, agridem ou insultam professores.
Violência, portanto, é um comportamento que causa dano à outra
pessoa, ser vivo ou objeto. Nega-se autonomia, integridade física ou
psicológica e mesmo a vida de outro, em muitos casos caracteriza-se pelo uso
excessivo de força, além do necessário ou esperado. O termo deriva do latim
violentia (comportamento ou conjunto que deriva de vis, força, vigor);
aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente.
Embora a forma mais evidente de violência seja a física, existem
diversas formas de violência, caracterizadas particularmente pela variação de
intensidade, instantaneidade e perenidade.
a) Violência física – a agressão propriamente dita, causando danos
materiais ou fisiológicos – caracteriza-se pela intensidade comparativamente
alta, assim como pela instantaneidade, porém tendo pouca perenidade.
Existem inúmeras variações da violência física, como o estupro, o
assassinato.
b) Violência social – (tendo como exemplo o racismo) caracteriza-
se pela intensidade baixa, instantaneidade alta (uma vez que é praticamente
inconsciente, automatizada) e pela grande perenidade, sendo necessário
grande esforço cultural para alterar o estado de violência.
c) Violência psicológica - também conhecida como tortura
psicológica que deprecia e bloqueiam a autoestima e a realização pessoal,
também ocorre por meio de ameaças caracterizando-se pela crueldade.
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d) Vandalismo - é uma ação motivada pela hostilidade com as artes
e literatura de uma cultura, ou destruição intencional de bens e propriedades
alheios.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação dos Temas
Transversais e Ética (BRASIL, 1998), pode ser utilizada de modo positivo pelos
educadores quando o assunto é a prevenção do bullying na sala de aula, pois
traz questões relevantes, se no cotidiano pedagógico poderá contribuir para
que o ambiente escolar seja um espaço favorável à aprendizagem para todos
os alunos.
Ainda, segundo o PCN, o educador deverá trabalhar em seu cotidiano
pedagógico os conteúdos de ética, onde é priorizado o convívio escolar. Os
conteúdos estão divididos em blocos, sendo eles:
Respeito mútuo.
Justiça.
Diálogo.
Solidariedade.
Ter um olhar mais apurado nos permite, em muitas ocasiões, detectar a
hora de realizar trabalhos de incentivo para a compreensão sobreas
diversidades culturais, sociais e de interesses pessoais, e através disso saber
respeitar o outro, como a si mesmo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola é o ambiente social de maior ocorrência de violência entre os
alunos, por esse motivo o trabalho e ações relevantes para o combate ao
bullying na reversão desse problema tem palco para a grande maioria dos
episódios. Ela tem passado por mudanças constantes e vemos que cada vez
mais, abarca papel fundamental na formação ética e moral das crianças e
adolescentes.
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O bullying é uma prática intencional, repetitiva e intencional que vem
tomando proporções descontroladas, entre os alunos. Suas causas podem ser
por: implicância, briga entre gangues, inveja, disputa de forças de poder,
competição, raiva, vingança, notas, religião, sexualidade, situação
socioeconômica, diferenças de gênero e regionalidade.
Ainda que os atos de bullying e de violência escolar continuem
ocorrendo é preciso considerar a existência de uma grande maioria de pais ou
familiares desatentos sobre a vida escolar de seus filhos. Também, a existência
de alguns educadores e gestores que não querem se comprometer e envolver
aos pedidos de ajuda de seus alunos, devido ao medo da reação familiar, que
raramente compreende as orientações dos educadores, pois é na escola onde
a ocorrência de bullying se evidencia.
Porém, é preciso tratar desse assunto em parceria com a família e
sociedade, em todos os direitos da criança e adolescente.
Infelizmente ainda há educadores e pais que não têm conhecimento do
assunto, considerando esse tipo de atitude como normal e comum.
Por esse motivo, é preciso realizar um trabalho pontual e contínuo nas
escolas, fazendo uso dos projetos pedagógicos de prevenção e intervenção,
contando ainda com a atuação do governo nos meios midiáticos para promover
a conscientização social.
Pode-se dizer que a escola deve ter como lugar a tolerância e o convívio
com as diferenças, e estas, devem ser estimuladas e trabalhadas na formação
de estudantes no aprendizado do respeito e na construção de valores.
O planejamento, atividades em que os alunos possam ser protagonistas,
a utilização dos grupos de estudo, de pode ser fator de mudanças para que os
alunos coloquem em prática o aprendizado de convivência com as diferenças.
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