Auto executoriedade administrativa em matéria ambiental

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Auto-executoriedade administrativa em matéria urbano-ambiental Vanice Lírio do Valle

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Auto-executoriedade

administrativa em matéria

urbano-ambiental

Vanice Lírio do Valle

Nosso percurso para essa intervenção:

Origem e fundamento para a auto-executoriedade como atributo do ato administrativo;

Desafios relacionados à auto-executoriedade em tempos de Estado Democrático de Direito;

Resgatando as possibilidades da auto-executoriedade – algumas propostas para a Administração Pública;

Partindo de um conceito:

Consiste a auto-executoriedade em atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Judiciário (DI PIETRO, Direito Administrativo, 26ª ed., Ed. Atlas, p. 208)

Significa ela que o ato administrativo tão-logopraticado, pode ser imediatamente executado e seu objeto inteiramente alcançado (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo.Ver. ampl. e atual. até 31-12-2012, 26ª ed., Ed. Atlas, p. 123)

Viabiliza a proteção imediata do interesse público subjacente à situação de fato;

Traduz uma invasão significativa na esfera de liberdade alheia;

Pode causar danos irreparáveis ou de difícil reparação;

DESAFIOS À AUTO-EXECUTORIEDADE EM

TEMPOS DE ESTADO DEMOCRÁTICO

Prevenindo o arbítrio

Auto-executoriedade requer previsãolegislativa específica;

Auto-executoriedade é providênciaque deve passar pelo crivo da proporcionalidade:

Adequada;

Necessária;

Proporcional em sentido estrito;

ADMINISTRATIVO – RECURSO ESPECIAL – FECHAMENTO DE PRÉDIO IRREGULAR – AUTO-EXECUTORIEDADE DO ATO ADMINISTRATIVO – DESNECESSIDADE DE INVOCAR A TUTELA JUDICIAL.

1. A Administração Pública, pela qualidade do ato administrativo que a permite compelir materialmente o administrado ao seu cumprimento, carece de interesse de procurar as vias judiciais para fazer valer sua vontade, pois pode por seus próprios meios providenciar o fechamento de estabelecimento irregular.

2. Recurso especial improvido.

(REsp 696.993/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2005, DJ 19/12/2005, p. 349)

MEDIDA CAUTELAR. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZATIVOS DA CONCESSÃO DEFINITIVA DA TUTELA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ORDENS DE FECHAMENTO EMITIDAS CONTRA ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS IRREGULARES NÃO EFETIVADAS PELA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. VIOLAÇÃO ÀS DIRETRIZES DO PLANO DE ZONEAMENTO URBANO. ATO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA AUTO-EXECUTORIEDADE PELA ADMINISTRAÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA INDEPENDÊNCIA DOS PODERES NÃO CONFIGURADA.

2. As ordens de fechamento expedidas pela Prefeitura, e reiteradamente descumpridas, devem ser efetivadas em face do princípio da legalidade e da auto-executoriedade dos atos administrativos.

3. O uso e a ocupação do solo urbano deve propiciar a realização do bem estar social, para isso o Município deve promover a fiscalização das atividades residenciais e comerciais, não podendo ser conivente com irregularidades existentes.

(MC 4.193/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/06/2002, DJ 26/08/2002, p. 188)

AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEMOLIÇÃO DE EDIFÍCIO IRREGULAR. AUTO-EXECUTORIEDADE DA MEDIDA. ART. 72, INC.VIII, DA LEI N. 9.605/98 (DEMOLIÇÃO DE OBRA). PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO.2. A origem entendeu que a demolição de obras é sanção administrativa dotada de auto-executoriedade, razão pela qual despicienda a ação judicial que busque sua incidência. O Ibama recorre pontuando não ser atribuível a auto-executoriedade à referida sanção.3. Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às infrações administrativas de cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca de sua auto-executoriedade (da demolição de obra).4. Em verdade, revestida ou não a sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e particular) é dado recorrer à tutela jurisdicional, porque assim lhe garante a Constituição da República (art. 5º, inc. XXXV) - notoriamente quando há forte discussão, pelo menos em nível doutrinário, acerca da possibilidade de a Administração Pública executar manu militari a medida.5. Além disso, no caso concreto, não se trata propriamente de demolição de obra, pois o objeto da medida é edifício já concluído - o que intensifica a problemática acerca da incidência do art. 72, inc. VIII, da Lei n. 9.605/98.(REsp 789.640/PB, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 09/11/2009)

Em que pontos devemos atuar?

Na evidenciação do atendimento aosrequisites de proporcionalidade, emespecial, aqueles que são menos auto-evidentes:

Necessidade

Proporcionalidade em sentido estrito

Coligindo melhor as evidências de fatoquanto à necessidade da intervenção(fotos, croquis, etc.);

Evidenciado o risco potencial da nãoação – de forma mais específicas, e nãocom as cláusulas gerais de praxe;

Evitando a apreciação unipessoal;

Trabalhando melhor a necessidade:

1

2

3

Aprimorando a informação queprestamos ao alcançado pela ação de polícia;

Evidenciado o risco potencial da nãoação para teceiros, não envolvidosdiretamente na ação de polícia;

Aprimorando a caracterização de quehouve a comunicação quanto à açãopública;

Trabalhando melhor a proporcionalidade

em sentido estrito:

1

2

3

A ação administrativa é sujeita a uma maior controlabilidade.

O Estado está sujeito a um ônusargumentativo maior nas suasdecisões – especialmente as que invadem a esfera de liberdade.

O que mudou

em decorrência do

Estado de Direito ?