Atividade 7 artigo1

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE TEOLOGIA PEDRO DOIN KIM Atividade 7 Exegese do Antigo Testamento Gênesis 1:1-5 Artigo SÃO PAULO

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

TEOLOGIA

PEDRO DOIN KIM

Atividade 7

Exegese do Antigo Testamento

Gênesis 1:1-5

Artigo

SÃO PAULO

18 de novembro de 2014

Pedro Doin Kim 41354966

Atividade 7

Exegese do Antigo Testamento

Gênesis 1:1-5

Artigo

Atividade para a disciplina de

Exegese do Antigo Testamento como parte

da avaliação referente ao 3º Semestre.

São Paulo

18 de novembro de 2014

Graduação em Teologia – CEFT/UPMExegese do Antigo Testamento

Prof. Dario Cardoso

Gênesis 1:1-5No princípio Deus criou os céus e a terra.Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.Disse Deus: "Haja luz", e houve luz.Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia. (NVI)

Introdução

O livro de Gênesis num todo é considerado um dos livrosmais importantes do Pentateuco por causa da sua incrívellinguagem narrativa muito admirada por teólogos que dedicamboa parte dos seus estudos analisando todos os aspectosenvolvidos neste livro. Pode-se dizer que os dois primeiroscapítulos são os mais estudados dentro do livro de Gênesis,pois tratam especificamente da origem de todas as coisas.

Este artigo tem como o objetivo de estudar maisdetalhadamente os dois primeiros versículos de Gênesis quecarregam em si um grande siginificado tanto para ocristianismo quanto para o judaísmo.

A certeza de que Deus é soberano em todas as coisascriadas por Ele mesmo se provam apenas em poucas palavrascontidas neste texto em estudo. O estudo deles fortalecemmais ainda o seu significado e a sua essência provando

assim a importância para um bom entendimento esclarecido deGênesis 1:1-2

Gênesis – O prólogo

O texto em estudo de Gênesis 1:1-2 carrega em si umabeleza única que descreve o poder de Deus na criação detodas as coisas em apenas poucas palavras.

No versículo 1, "No princípio Deus criou os céus e aterra", podemos ver que, sem precisar de um estudo maisaprofundado e detalhado do mesmo, Deus já existia antes detudo, pois além de ser o primeiro nome próprio a ser citadocomo o sujeito da primeira sentença1, foi Ele o autor quecriou os céus e a terra e fez tudo existir. Podemos tentarexplicar isso através de um pequeno e simples exemplo, edizer que isso seria como "No começo do projeto, João crioutodas as tabelas". Neste caso, João já existia, comopessoa, antes do projeto ter começado, não se pode dizerque João surgiu ao mesmo tempo em que o projeto começou aexisitir e criou todas as tabelas. Em outras palavras,apenas fazendo o uso da lógica dos fatos, o versículo 1 jános mostra claramente que Deus já existia no princípio efoi Ele quem criou todas as coisas.

Segundo ARANA (2003, p. 25)No Princípio, quando o céu e a terra, que nãoexistiam, começaram a existir, quando ainda nãohavi sucedido nada que pudesse ser recolhido naspáginas dessa história, sucedeu aquilo que é oponto de arranque dela toda: Deus, que existia desdesempre, antes daquele princípio, criou, chamou àexistência o que não existia: o céu e a terra.

A expressão “No princípio” possui um um valor deimportancia muito significativo indicando mais que uma

1 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.41.

simples indicação de tempo2, marca o princípio de algo3 quereforça por si só o início de todas as coisas quando Deusjá existia desde sempre.

O verbo “Criou”, em habraico bara´ aparece apenas 36vezes no Antigo Testamento, e significa sempre uma açãomaravilhosa que somente Deus pode fazer4. ARANA tambémafirma que Deus não necessita de nada para realizar a suaobra5. Em cima desse verbo podemos citar brevemente sobre oconceito abstrato de “criação do nada”6 (“ex-nihilo”). Esteconceito chegou na época helenística7 que tem como base otexto de 2Mac 7:288 afirmando que todas as coisas (luz,firmamento, luzeiros do céu, animais e o homem) acolhem achamada de Deus para a existência. “A criação pela palavraassegura a diferença entre Criador e criatura, que nãoprocede de Deus por emanação, mas pelo império de suavontade.” (ARANA, 2003, p. 29)

“Sem forma e vazia”, em Hebreu, ֙֙֙֙֙֙֙  ֙֙֙֙֙֙֙֙

9. Oshebeus utilizam estas palavras para designar qualquer coisaque seja vazia e confusa, ou vaga e sem valor10. Isso podenos mostrar que, antes da ação divina, a terra eracompletamente inabitável estando assim vazia11.

2 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.41.3 NOVO dicionário internacional de teologia e exegese do Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. 4 v. P.10224 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo:Paulinas, 2003. 666 [4] p. 265 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo:Paulinas, 2003. 666 [4] p. 266 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo:Paulinas, 2003. 666 [4] p. 287 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo:Paulinas, 2003. 666 [4] p. 288 “eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo oque neles existe. Reconheceque nao foi de coisas existentes que Deus os fez.” (2Mac 7:28)9 Biblehub, http://biblehub.com/ , acessado em 17 de Novembro às 23:0010 CALVINO, João. Genesis. Carlisle: Banner of Truth Trust, 1992. P.7311 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p. 26

Em cima dessas duas palavras podemos também citarbrevemente sobre a organização de Deus em cima da forma econteúdo da terra que se ligam diretamente aos dois gêmeosnegativos12 “sem forma e vazia”. Podemos sintetizarconforme a tabela abaixo.

Dia Forma Dia Conteúdo pleno1 Luz e Trevas 4 Luzeiros do dia e noite2 Mar e céus 5 Peixes e aves3 Terra 6 Animais e homem

Tabela 1: esquema explicativo da ordem dos dias na criação domundo13

É impressionamente ver como Deus resolveu criar todasas coisas de forma bem organizada e estruturada criandoprimeiro a forma, o ambiente, e depois preenchendo estaforma com o conteúdo respectivo14. Em outras palavras, Deuscria a sua obra prima com toda a sua sabedoria de maneirabem planejada desde o princípio.

Segundo ARANA (2003, p.26)Não podia ser habitada porque estava toda cobertapelo oceano primitivo, o tehom (que recorda, poretimologia, a brava deusa Tiamat da Babilônia). Asaguas que agora fluem pelos rios e as que cobrem osmares, e as que estão em cima do firmamento,estavam todas conecentradas nesse oceno primitivoque cobria toda a terra. O nome hebraico nãoconserva nenhum resquício mítico: significasimplesmente uma inundação, como a que secede poruma enchente ou um dilúvio.

“Abismo” (tehom) poderia estar ligado a deusa Tiamat15,mas aqui se trata do literalmente oceano que ARANA nomeou

12 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.4313 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.43.14 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p. 2415 “o aceano personificado e rival dos deuses do mito sumério-acádio dacriação” (KIDNER. 1979, p.42)

por “oceano primitivo”. Podemos assim entender que a terranão podia ser habitada uma vez que estava totalmentecoberta por águas primitivas e sem vida.

Mensagem para época

Podemos dizer que através do conteúdo acima descritoresumidamente sobre os versículos 1 e 2, a essência damensagem para época em que se ouviu pela primeira vez estahistória sobre a criação do mundo, seria de mostrar agrandiosidade do poder de Deus sobre a criação. Deixar demaneira bem clara evidente que somente Deus existia antesde tudo ser criado afirma de maneira única a sua majestadee poder sobre todas as coisas criadas por Ele. Uma vez queisso fora exposto ao seu povo escolhido, faria com quetodos o adorassem conforme o desejo de Deus.

Ler estes versículos e dizer que não foi Deus quemcriou todas as coisas seria totalmente ilógico, pois acriação, tudo o que existe, por si só testifica aexistência de um Deus todo poderoso. Assim, mesmo que umapessoa da época não acreditasse em Deus, bastaria elarefletir sobre como tudo começou, que ao menos ela chegariaa uma conclusão de que de fato existe um ser supremo.

Outro ponto que podemos comentar é sobre a soberania deDeus sobre quaisquer outros deuses da época afirmando quefoi somente um Deus quem criou os céus e a terra sem aintervenção ou cooperação com outros deuses.

Vale também citar que toda a história da humanidade e odestino de Israel como benção para todos os outros povosnão teria sentido se não fosse a ação criadora de Deusdesde o princípio da criação16.

Traduções possíveis

16 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p. 24

Considerando os versículos 1 e 2 não podemos deixar decomentar sobre suas possiveis traduções. Gramaticalmente,duas construções entre os versículos são possíveis:

a) “No princípio Deus criou os céus e a terra. Era aterra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Deus disse: Haja Luz....”b) “Quando Deus começou a criar o céu e a terra, (ora, a terra estava sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas) Deus disse: Haja Luz....”

A segunda construção não significa que a terra “semforma e vazia” não foi feita por Deus, mas sim apenassignificaria que a criação ainda teria que serfinalizada17. Em outras palavras, esta construção (b)mostra que o versículo 2 estaria descrevendo a terraresultante da ação criadora do versículo 1, que em seguidaDeus estaria dando forma a ela18. Já a primeira construção,que é a mais familiar, afirma inequivocadamente a verdade,que enquanto Deus não falou, nada existiu19 na terra.

Teologias e teorias

A teologia relacionada com Gênesis 1:1-2 possui váriospontos de vistas relacionados a criação com teorias dasmais variadas. Seguem resumidamente as teologias e teoriasenvolvidas com apenas estes dois versículos.

1- Teoria do evolucionismo – novas epécies surgem apartir da contínua sobrevivência e reprodução dos

17 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.41.18 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p. 2519 KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1979. P.41.

indivíduos que melhor se adaptaram no seu ambienteparticular20

2- Teologia evolucionista – teologia daqueles queadotam a teoria do evolucionismo e matem a suapostura teísta aceitando os pontos da teoria doevolucionismo que estão compatíveis com a teologia21.

3- Teoria do intervalo – esta teoria diz que os doisprimeiros versículos de Gênesis são como são. Elesparecem que são contínuos, mas entre eles na verdadeexiste um longo e indeterminado período no qual adestruição de um mundo original e o desdobramentodas eras geológicas estão localizadas22

4- Teoria do criacionismo – afirmam que a teoria doevolucionismo é impossível e que os dias mencionadosem gênesis são literalmente dias de 24 horas23.

5- Criacionismo progressivo – diz que Deus criou omundo direta e deliberadamente. Os dias sãointerpretados como eras geológicas24

Essas teorias e teologias referentes ao texto em estudonos levam a uma conclusão de que com o passar dos anos,várias teorias novas foram se formando com os avançostecnológicos, científicos e filosóficos. Grupos de cristãosvão se modelando e se simpatizando com as teorias eteologias que mais fazem sentido para elas. Assim, épossível afirmar que todas elas possuem seus pontosvulneráveis que de um modo ou de outro fazendo com que defato elas não passem de teorias.

20 BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v. p. 41-4821 BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v. p. 49-5522 BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v. p. 56-6223 BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v. p. 63-7124 BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v. p. 72-79

A teologia em si tenta tratar este assunto da formamais exegética possível e mesmo assim, sempre elas podemapontar para outras maneiras possíveis de traduções einterpretações uma vez que o vocabulário hebreu é bastantelimitado em relação as outras diversas línguas, e umapalavra pode ter vários significados diferentes.

Aplicação

O texto de Gênesis 1:1-5, mais específicamente os doisprimeiros versos, mostram, de certa forma, o primeirocenário da criação. Em outras palavras, podemos considerarcomo um prólogo da hítoria de Deus. O seu uso principal sevolta para a confirmação absoluta da existência de Deusantes do princípio da criação e que a terra fora criadapara ser modelada conforme a vontade de Deus nos dias quese seguem da criação.

Mostrar o poder e a soberania de Deus sobre todas ascoisas através desses dois versículos, é mais do que osuficiente uma vez que no final, tudo o que foi criado,tudo será resumido em “o céu e a terra”25.

É correto afirmar também que estes dois versículos sãoum dos mais lidos pelos cristãos devotos ou nãoconsiderando que uma grande porcentagem de pessoas que umdia se desafiram para uma leitura bíblica, devem ter lidoestes versículos e isso também acaba se refletindo emestudos bíblicos mais aprofundados sobre a criação emescolas dominicais.

Conclusão

Podemos concluir então que este texto de Gênesis 1:1-5possui em si um grande valor para o cristianismo e judaísmouma vez que afirmam e confimam a soberania de Deus sobre25 IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p. 25

todas as coisas visíveis e invisíveis criadas por Elemesmo, tudo para nos revelar aquilo que com nossa própriasabedoria e conhecimento limitados não poderíamos descobrirsozinhos. Todas as coisas que foram criadas nos 6 dias como uso da palavra de Deus se tornam um grande testemunho dopoder infinito de Deus sobre tudo o que existe. A suasoberania se torna inegável.

Os dois primeiros versículos, por mais que possamcausar algumas outras traduções e interpretações, são muitoreveladores quando passam por uma exegese bem elaborada edetalhada, por esse motivo vale ressaltar a grandeimportância da exegesse dos textos bíblicos, não apenas deGênesis. Podemos dizer que com a exegese desses textos épossivel visualizar o quão profundo e revelador um textopode ser com apenas poucas palavras.

Referências

KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo:Vida Nova, 1979. 208 p.

VANGEMEREN. Williem, Novo dicionário internacional deteologia e exegese do Antigo Testamento. São Paulo: CulturaCristã, 2011. 4 v.

IBÁÑEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro doGênesis. São Paulo: Paulinas, 2003. 666 [4] p

CALVINO, João. Genesis. Carlisle: Banner of Truth Trust,1992. 523 p.

BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker Books, 1999. 3 v.

Biblehub, http://biblehub.com/ , acessado em 17 de Novembroàs 23:00

TheWord, http://www.theword.net/ , acessado em 17 de Novembro às 23:30