As traduções do tacitismo no Correio Braziliense (1808-1822): contribuição ao estudo das...

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239 TRADUÇÕES DO TACITISMO NO CORREIO BRAZILIENSE (1808-1822) 14 AS TRADUÇÕES DO TACITISMO NO CORREIO BRAZILIENSE (1808-1822): CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS LINGUAGENS HISTORIOGRÁFICAS Valdei Lopes de Araujo Flávia FlorentinoVarella A LINGUAGEM POLÍTICA COMO TRADUÇÃO A história do discurso político, apresentada por John Pocock, caracteriza-se como um movimento renovador da “história das ideias” na medida em que abandona a ênfase na história da influ- ência, buscando compreender os participantes do debate político, vistos como atores históricos, expressando-se e respondendo uns aos outros em um contexto linguístico comum. 1 Neste sentido, a linguagem política é entendida enquanto um tema de discussão prescrito para o discurso político na medida em que foi objeto de debate e sofreu constantes adaptações e traduções. Dessa forma, uma linguagem política é necessariamente histórica no sentido de 1 John G. A. Pocock. Linguagens do ideário político, p. 24. Vanguarda.indb 239 8/6/2009 11:48:26

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14AS TRADUÇÕES DO TACITISMO NO

CORREIO BRAZILIENSE (1808-1822): CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS

LINGUAGENS HISTORIOGRÁFICAS

Valdei Lopes de AraujoFlávia Florentino Varella

A LINGUAGEM POLÍTICA COMO TRADUÇÃO

A história do discurso político, apresentada por John Pocock, caracteriza-se como um movimento renovador da “história das ideias” na medida em que abandona a ênfase na história da influ-ência, buscando compreender os participantes do debate político, vistos como atores históricos, expressando-se e respondendo uns aos outros em um contexto linguístico comum.1 Neste sentido, a linguagem política é entendida enquanto um tema de discussão prescrito para o discurso político na medida em que foi objeto de debate e sofreu constantes adaptações e traduções. Dessa forma, uma linguagem política é necessariamente histórica no sentido de

1 John G. A. Pocock. Linguagens do ideário político, p. 24.

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que ela surge e se modifica tendo em vista os interesses e experiên-cias de um determinado tempo.2

A linguagem que um ator emprega já está necessariamente em uso; “foi utilizada e está sendo utilizada para enunciar inten-ções outras que não as suas. Sob este aspecto, um ator é tanto o expropriador, tomando a linguagem de outros e usando-a para seus próprios fins, quanto o inovador que atua sobre a linguagem de maneira a induzir momentâneas ou duradouras mudanças na forma como ela é usada”.3 Tomando estas afirmações, buscamos analisar o tacitismo enquanto uma linguagem política tendo em vista que a:

história [da linguagem política] é, primeiro, a da constante adaptação,

tradução e re-performance do texto, em uma sucessão de contextos, e

2 O entroncamento entre a História das linguagens políticas e a História dos Con-

ceitos alemã tem contribuído para a renovação da História Intelectual no Brasil, esse

“encontro” já tem uma história formada não apenas pelas pesquisas, mas pela cres-

cente tradução de textos. Um dos marcos inaugurais foi a tradução do artigo “Uma

história dos conceitos: problemas teóricos e práticos” (Estudos Históricos, Rio de

Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 134-146), feita por Manoel Luiz Salgado GUIMA-

RÃES. Em 1999, a Eduerj e a contraponto editaram a influente tese de doutorado

de Koselleck sob o título Crítica e Crise: contribuição à patologia do mundo burguês;

em 2006, também a contraponto, associada à editora da PUC-Rio, disponibilizou o

mais relevante conjunto de ensaios sobre história conceitual publicado por Koselleck

(Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos). Por fim, embo-

ra essa lista não seja exaustiva, cabe referência à coletânea organizada por Marcelo

Ganthus Jasmim e João Feres Júnior. História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio

de Janeiro: Editora da Puc-Rio, 2006. Por fim, a primeira resenha do Dicionário dos

Conceitos co-organizado por Koselleck, embora pouco notada à época, foi feita por

Sérgio Buarque de Holanda, ao final de seu conhecido texto sobre Ranke.

3 John G. A. Pocock, Op. cit., p. 29.

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por uma sucessão de agentes; e, segundo, sob um exame mais minucioso,

a das inovações e modificações efetuadas em tantos idiomas distinguíveis

quantos os que originalmente se articulavam para formar o texto e que,

subsequentemente, formaram a sucessão de contextos linguísticos em

que o texto foi interpretado.4

A história do discurso é “[...] uma história da traditio, no sen-tido de transmissão, e, ainda mais, de tradução” quando tomamos as linguagens enquanto objetos de debate e de transformação em que são re-apropriadas de acordo com as situações históricas de seus locutores.5

O SURGIMENTO DO TACITISMO COMO LINGUAGEM

O tacitismo teve suas primeiras formulações em 1572 quan-do Justus Lipsius ressaltou sua validade para o entendimento do comportamento político e, em 1581, Carolus Pachalius publicou o primeiro comentário político sobre a obra do historiador latino Tácito.6 O tacitismo surgiu neste contexto e consolidou-se como forma de análise das obras taciteanas em 1590, caracterizando-se, assim, pela utilização da linguagem taciteana e dos escritos histó-ricos de Tácito na explicação do comportamento político e, con-

4 Idem, p. 46.

5 Idem, ibidem. Para um maior desenvolvimento desses problemas, ver Valdei Lopes

de Araujo. História dos Conceitos: problemas e desafios para uma releitura da mo-

dernidade Ibérica. Almanack Braziliense, no 7, Maio de 2008, passim.

6 Isso não que dizer que mesmo antes não possamos encontrar temas de leitura,

especialmente da Germânia, que se agregariam ao tacitismo, como aponta Donald

R. Kelley. “Review of ´Tacitus in Renaissance Political Thought by Kenneth C. Schel-

lhase´ Speculum, p. 416-417.

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sequentemente, na arte de desvendar o que está sob as aparências. O objetivo principal do “tacitismo era fornecer indiretamente a análise da situação política contemporânea”.7 A utilização das obras de Tácito gerou duas vertentes de interpretação distintas. A primeira delas foi construída através da Germânia, obra que trata dos costumes do povo germano e conta com trechos comparati-vos entre esses e os romanos.8 Os alemães buscaram na descrição de Tácito, que nunca foi à Germânia, a origem de sua liberdade e, mais que isso, a “reivindicação de independência e talvez de superioridade em relação à antiga Roma imperial e à Roma papal contemporânea”.9

Por outro lado, em grande medida as obras históricas, princi-palmente os Anais, serviram para revelar os segredos do Império, ou seja, foram utilizadas como reveladoras do comportamento político e da ação governamental.10 O relato da tirania imperial e de suas consequências feito nas Histórias e nos Anais foi utilizado de forma exemplar para entender o presente. Como argumenta Arnaldo Momigliano, “o verdadeiro objetivo de Tácito era des-mascarar o governo imperial, enquanto fundado na corrupção, hipocrisia e crueldade”.11 Nesta perspectiva, os ensinamentos de Tácito foram empregados de duas formas distintas. Algumas ve-zes ele era tido como o grande vilão que apoiava os déspotas e outras como o justiceiro que mostrava as tiranias imperiais e os

7 Arnaldo Momigliano. Tácito e a tradição taciteana. In:___. As Raízes Clássicas da

HistoriograÞ a Moderna, p. 157 e 183.

8 Idem, ibidem, p. 157.

9 Idem, ibidem, p. 173.

10 Idem, ibidem, p. 157.

11 Idem, ibidem, p. 167.

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perigos de um governo baseado no medo. É apenas nestes dois sentidos que podemos falar de tacitismo.12

AS MATRIZES DO TACITISMO NO CORREIO BRAZILIENSE

Os periódicos oitocentistas tiveram grande participação no processo de formação da opinião pública e de uma esfera de dis-cussão literária no Brasil joanino.13 O Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa, está inserido no extenso conjunto de periódicos portugueses publicados na Inglaterra que seguiam a ampla rede de comerciantes envolvidos nos largos negócios en-tre as praças portuguesas e o porto de Londres14 A imprensa em língua portuguesa produzida naquela cidade podia atingir mais livremente, sem o peso da censura portuguesa ou francesa, os lei-tores no Brasil e em Portugal. Ponto de convergência dos interes-ses comerciais luso-brasileiros, Londres seria também o centro irradiador e tradutor das novas ideias que fervilhavam na Europa. É provavelmente pela ambiência britânica que Hipólito teve con-tato com os temas liberais da linguagem tacitista, embora o uso de Tácito não seja infrequente na tradição cronística portuguesa ou em outros autores do chamado reformismo ilustrado. Nesta seção, verificaremos quais matrizes de interpretação tacitista Hi-pólito poderia dispor em terras britânicas.

12 Para uma análise geral dos significados da obra historiográfica de Tácito, ver Flá-

via Florentino Varella. Sine ira et Studio: retórica, tempo e verdade na historiografia

de Tácito, passim.

13 Sobre o papel da imprensa na formação da esfera pública brasileira, ver Marco

Morel. As transformações dos espaços públicos, passim.

14 Cf. José Tengarrinha. “O jornalismo da primeira emigração em Londres”. In: Hi-

pólito José da Costa. Correio Braziliense, p. 220.

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Hipólito faz poucas menções explicitas às obras de Tácito no Correio Braziliense.15 O que buscamos analisar não são apenas as cita-ções diretas ao historiador latino e suas obras, mas os modos pelos quais os temas tacitistas operam nas páginas do jornal enquanto re-curso analítico para o entendimento da sociedade luso-brasileira.16 Ou seja, como Hipólito traduz esta linguagem e como ela traduz a realidade luso-brasileira para Hipólito e seus leitores.

Segundo Arnaldo Momigliano, a grande importância da obra de Tácito para a cultura política européia foi transmitir aos leito-res modernos a antiga experiência da tirania. Esse conjunto de ex-periências registrado nas obras do historiador latino permaneceu quase que integralmente ignorado na Idade Média, renascendo em um contexto europeu progressivamente conflituoso.17 Para Tácito, um dos principais sintomas do despotismo é a decadência dos costumes e das letras provocada pelo medo e pela adulação. O Principado, ou seja, a forma de governo que sucedeu a Repú-blica, com sua nova organização social e política teria aberto um novo espaço de experiência e a ascensão de Augusto teria levado Roma e os romanos a perderem suas virtudes cívicas.18

Principalmente nos primeiros anos do Correio, encontramos a utilização da linguagem tacitista e de seus temas clássicos, como a

15 Para uma interpretação geral do significado histórico do Correio, ver István Janc-

só & Andréa Slemian. Correio Braziliense, um caso de patriotismo imperial. Observatório

da Imprensa. http://www.observatoriodaimprensa.com.be/artigos/alm290720032.

htm.

16 Para a definição de linguagem política, ver John G. A Pocock. Op. cit., p. 23-62.

17 Arnaldo Momigliano. Op. cit., p. 182.

18 Howard D. Weinbrot. “Politics, taste, and national identity: some uses of tacitism

in eighteenth-century Britain”. In T. J. Luce; A. J. Woodman (ed.). Tacitus and the

Tacitean Tradition, p. 172.

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imparcialidade frente aos fatos, o diagnóstico dos males causados pelo despotismo e a análise causal das relações entre despotis-mo e liberdade intelectual e artística. Essa perspectiva é um dos caminhos pelo qual podemos entender a apropriação de Tácito no cenário luso-brasileiro. A concentração de poder gerada em um regime tirânico é mais que um fenômeno isolado e singular, ela corrompe a liberdade e produz a adulação, gerando o confli-to entre aparência e realidade. O despotismo passa então a ser entendido em um conjunto que podemos designar como meta-narrativo – ou seja, podemos identificar uma série de fenômenos históricos organizados em torno de circularidade causal.

Um dos temas vastamente explorados por Hipólito nos pri-meiros anos de seu periódico é a noção tacitista do despotismo como causa da decadência das civilizações. Hipólito utilizou-se desse tema para caracterizar a invasão francesa na Península Ibé-rica, na qual Napoleão aparece como o grande déspota dissemi-nando o caos e a barbárie por toda a Europa. O editor do Correio faz um julgamento pessimista da situação gerada pelas invasões napoleônicas e aponta “[...] que as intenções de Bonaparte são de anilar [sic] o Comércio da Europa, impedir assim os progressos de civilização, e reduzir esta parte do Mundo ao grau de barba-ridade a que a trouxeram as invasões dos bárbaros do Norte”, concluindo que “[...] esse estado de ignorância, e barbarismo, [só] se poderia adotar ao Despotismo universal a que ele parece aspirar”.19

Howard Weinbrot argumenta que na Inglaterra setecentis-ta Tácito foi reivindicado de três maneiras. A primeira delas é

19 Hipólito José da Costa. Análise do folheto impresso, em Lisboa, a fim de mostrar

o Estado presente da Inglaterra. In:______. Correio Braziliense, ou, Armazém literário,

vol. I [1808], p. 50.

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a proposição de que o julgamento literário deve ser feito baseado na pureza política. Existe uma correlação entre o poder político e o controle da produção intelectual, seja pela ameaça e punição, seja pela cooptação dos artistas.20 A criação da lei de lesa-majestade por Augusto é um sintoma desta concentração de poder e da ten-tativa de controlar a produção literária. Hipólito não deixou de explorar essa temática no Correio Braziliense com ensaios sobre a decadência das letras em Portugal e da censura feita pela Coroa. Uma das consequências imediatas do despotismo é a decadência das formas literárias gerada pela crescente adulação, simboliza-da no caso romano pela Eneida, de Virgílio. Tácito é tido como o redentor das letras pela sua crítica aos governos tirânicos que faz tanto em suas histórias quanto em seus demais escritos. Em suma: “o tacitismo britânico abarca a rejeição de qualquer tirania, real ou percebida, e seus apêndices literários. Inclui a aceitação de qualquer inimigo, real ou percebido, dos tiranos e suas posi-ções literárias”.21

A segunda apropriação do tacitismo no pensamento britânico setecentista está relacionado com a criação de uma suposta identi-dade nacional. Estabeleceu-se uma oposição, a partir da Germânia, entre França e Inglaterra, associando-se os franceses aos romanos e os ingleses aos germanos.22 Dessa forma, “a Germânia de Tá-cito alimentou a hostilidade britânica contra a França e tornou evidente que a pacificada e romanizada Gália era inferior à desa-

20 Howard D. Weinbrot. Op. cit., p. 172.

21 Idem, ibidem, p. 176.

22 Sobre a redefinição do valor e significado dessas matrizes nacionais para um con-

temporâneo de Hipólito, ver Valdei Lopes de Araujo. José Bonifácio, Shakespeare e

os gregos: a língua do Brasil e a imagem nacional, pp. 85-87.

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fiadora Germânia”.23 O potencial da constituição inglesa estava principalmente em sua origem germânica. A expansão britânica tentou mostrar-se como o oposto da romana; enquanto o Impe-rialismo Romano buscava a soberania frente às suas colônias por meio de um governo arbitrário e de uma hegemonia imperial, a Inglaterra, por meio do comércio, levava a civilização para o resto do mundo. Esse foi um dos caminhos discursivos pelo qual parte do Iluminismo escocês tentou interpretar o Ato de União da de 1707, que abolindo os parlamentos da Escócia e da Ingla-terra, fundou a Grã-Bretanha e expandiu as vantagens do império comercial inglês aos novos súditos escoceses.

Esse aspecto do tacitismo é perceptivelmente articulado nas páginas do Correio Braziliense. A Inglaterra e sua política gover-namental tomam aspecto inverso da empregada ao tratar dos franceses. O comércio com a Inglaterra seria a possibilidade de transferência de “civilidade” e “espírito público” para o solo bra-sileiro.24 Enquanto a França, com a sua Revolução, precipitou a Europa no caos, a Inglaterra impediu a expansão da revolução por meio da liberdade de imprensa e da educação da opinião.25 Em artigo de 1809, Hipólito afirmava que:

a Inglaterra pode, sem dúvida, oferecer vantagens ao Brasil, que nenhu-

ma nação da terra poderia apresentar-lhes. Os Ingleses podem enrique-

23 Howard D. Weinbrot. Op. cit., p. 178.

24 Hipólito José da Costa. Análise do folheto impresso no Rio de Janeiro sobre o

comércio franco no Brasil. Correio Braziliense. Vol III [1809], p. 50.

25 Hipólito José da Costa. Análise de um folheto impresso no Porto, intitulado.

Desengano proveitoso, que um amigo da pátria se propõe dar a seus concidadãos. Na

Oficina de Antonio Alvares Ribeiro, 1809, com licença do Governo. Correio Brazilien-

se, vol III [1809], p. 153.

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cer-se no Brasil, fazendo felizes os seus habitantes. As ciências, as artes,

a indústria, só podem passar ao Brasil da Inglaterra, no estado atual das

coisas, e no caso de que os Ingleses trabalhem por comunicar aos Brazi-

lienses aqueles bens reais, de que eles gozam no seu país [...].26

O artigo Paralelo entre a constituição Portuguesa com a Inglesa [1809] é emblemático desse caminho, já que Hipólito utiliza-se da comparação entre a formação especulativa das duas consti-tuições para ressaltar que os portugueses não deveriam deixar degenerar os princípios constitucionais que os ligam às mesmas fontes germânicas atuantes na história inglesa.

Nesse mesmo sentido, temos um terceiro emprego do tacitis-mo que poderíamos chamar de tacitismo constitucional. Uma cons-tituição desequilibrada é via de acesso à concentração de poder que, consequentemente, gera a adulação e o medo. Tácito “mostra os perigos do absolutismo precedente, de uma legislatura fraca, um exército [forte], e de um Estado absorvendo ou intimidando os artistas”.27 O que Tácito ajudou a reivindicar foi um governo com uma constituição balanceada que respeitasse tanto o poder da coroa, da aristocracia e do povo.

Nas duas seções seguintes, analisaremos como o projeto cívi-co-pedagógico28 do Correio Braziliense operacionalizou-se através de dois modelos de escrita da história, ambos em estrito diálogo com a obra de Tácito e a tradição tacitista.

26 Hipólito José da Costa. Extrato dos jornais de Londres de 8 de Fevereiro. Correio

Braziliense. Vol II [1809], p. 132-3.

27 Howard D. Weinbrot. Op. cit., p. 169.

28 Para Jancsó & Slemian o “serviço” cívico/patriótico e a “restauração” do reino

eram os dois lemas centrais do projeto pedagógico do Correio Braziliense. Op. cit.

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O PROJETO DE UMA HISTÓRIA HIPOTÉTICA DA SOCIE-

DADE CIVIL EM PORTUGAL

A partir do tacitismo constitucional, Hipólito procurou es-crever uma história Þ losóÞ ca ou hipotética da liberdade em Portugal que pressupunha que a antiga liberdade dos lusitanos perdeu-se devido à introdução da Inquisição, a falta de patriotismo nos indi-víduos que preferiam “um repouso de escravos aos incômodos e perigos necessários para se obter uma liberdade bem entendida”.29 Para Hipólito, como no caso britânico, também em Portugal fo-ram os povos do Norte, entendam-se os germanos, que fundaram a monarquia após invadirem o Império Romano.30

Na escrita dessa história da sociedade civil em Portugal, o his-toriador não poderia contar com documentos autênticos e “posi-tivos”, por isso deveria recorrer ao método hipotético, utilizan-do-se da analogia e da comparação com os costumes desses povos fundadores “[...] que havendo passado o Reno se apoderaram de toda a Europa”.31 Uma das fontes principais da história desses po-vos do Norte era a Germânia de Tácito. Em seu livro, o historiador romano não escondia certa admiração pela virilidade e liberdade daqueles bárbaros comparada à decadência dos romanos amole-cidos pela escravidão e despotismo. Ao buscar o passado de Por-tugal na Germânia, Hipólito reforçou sua narrativa de ascensão e queda da liberdade, e ainda apontou as causas da decadência e o caminho de sua regeneração. A todo o momento uma visão idíli-

29 Hipólito José da Costa. “Paralelo da Constituição Portuguesa com a Inglesa”. Correio

Braziliense, Nº. 1 Vol. III, 1809, p. 177.

30 Idem, ibidem, p. 180.

31 Idem, ibidem, p. 180.

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ca opõe os jovens e livres germanos aos amolecidos e despóticos romanos, como na seguinte passagem, comparando a instituição da escravidão: “os escravos entre os Germanos gozavam de mais suave condição do que entre os romanos, pelo testemunho do mesmo Tácito; não podendo os senhores exercitar para com eles o direito de vida e de morte, que tinham os Romanos.”32

Hipólito encontrará também na tradição tacitista os elemen-tos de montagem de uma meta-narrativa para a história de Portu-gal que estabelecia uma relação de causa e efeito entre despotis-mo religioso e decadência das letras e ciências. Em suas palavras:

[...] os Eclesiásticos para tornar a chegar ao estado de pisar impune-

mente o Soberano, como de antes fizeram, precisam que o reino torne

atrás ao estado de ignorância, em que então se achava, o que só pode

conseguir-se, pondo entraves à propagação das ciências, debaixo do pre-

texto de censuras, e outros motivos especiosos, que nunca faltaram aos

homens mal intencionados para fazer monopólio das ciências, e deixar a

nação no estado de ignorância, que foi tantas vezes em Portugal a única

causa dos desgostos, que os Papas causaram aos Soberanos.33

A defesa da liberdade de expressão e favorecimento de uma República das Letras autônomas encontrava em diversos temas da obra taciteana elemento de reforço. A defesa das Letras era a defesa da opinião pública como única esfera capaz de impedir que grupos privados, como os libertos em Roma, e os Jesuítas em Portugal, utilizassem do poder do rei para alcançar seus objetivos

32 Hipólito José da Costa . Correio Braziliense, vol. 23, 1819, p. 153.

33 Hipólito José da Costa. “Paralelo da Constituição Portuguesa com a Inglesa”,

Correio Braziliense nº. 4, p. 532.

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particulares. No artigo Reß exões sobre o comportamento dos Portugue-ses, de 1808, Hipólito já reflete sobre o tema:

[...] o Soberano terá vassalos fiéis, esforçados, e tão prontos a derramar

seu sangue em defesa do Monarca, como sempre se observou nos antigos

tempos; a Nação é a mesma, mas para obrar do mesmo modo conser-

vem-lhe seus foros antigos: exemplo a Espanha; outra vez repito, exem-

plo a Espanha, obrando como Nação, livre das intrigas ocultas de um

Gabinete, onde com a capa do bem público se engana o Soberano, e se

guia a sua ruína. A discussão dos negócios públicos nas Cortes foi sempre

em Portugal o único meio de poderem os Reis saber a verdade, que eles

nunca podem esperar de ouvir da boca de cortesãos corrompidos, cujo

interesse é agradar ao Soberano seja ou não seja à custa da verdade.34

A defesa da opinião pública e da publicidade dos assuntos do Estado é um dos temas fundadores do projeto do Correio. Hi-pólito estava convencido que uma de suas principais tarefas era escrever a história de seu tempo de modo a, como Tácito, revelar os Arcana Imperii – os segredos do Império. Mas nem sempre os documentos e a publicidade estarão disponíveis, o próprio Tácito denunciou a dificuldade em escrever a história do Principado ro-mano pelo fato de as decisões não serem mais tomadas no espaço público do Senado, mas na Casa Imperial. Nesse caso, redobrava, para Hipólito, a importância de uma história não positiva, que aqui estamos chamando de História Hipotética.

Nessa história hipotética fundada na comparação com os Po-vos do Norte, Hipólito encontrou argumentos tanto para con-denar o despotismo, quanto para defender a natureza absoluta

34 Hipólito José da Costa. “Reß exões sobre o comportamento dos Portugueses”. Correio

Braziliense, vol. I, 1808, pp. 142-3. Grifo nosso.

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do poder do rei em Portugal. Como muitos de sua geração, a causa da decadência do reino estava ligada ao enfraquecimento do poder central do rei em favorecimento de nobres amolecidos ou religiosos fanáticos e gananciosos. No entanto, esse poder ab-soluto não era incompatível com a existência e funcionamento de Cortes. Como ele acredita ter descoberto lendo a Germânia, citada como fonte de autoridade logo após o seguinte parágrafo:

A primeira ideia de Cortes, e de Parlamento inquestionavelmente se de-

duz das Nações do Norte da Europa, que se estabelecerão em Portugal,

e em Inglaterra. Em nenhuma daquelas nações costumavam os povos en-

tregar ao seu primeiro magistrado, chefe, ou Soberano, todo o poder de

governar, sem reserva ou restrição. Era costume de todos estes povos

congregar-se em assembléias, onde se discutiam, e decidiam os negócios

de maior importância para a nação; não se confiando jamais, nestes casos,

de um só homem, o qual pode suceder, que obre contra o interesse dos

povos e venha o mal, a ser ao depois irremediável.35

O absolutismo do poder real não seria incompatível com a existência de Cortes e Parlamentos, a sua degeneração em des-potismo aconteceria quando os aduladores e ambiciosos insuflam no monarca a ideia de um poder ilimitado. Os reis portugueses estariam mais vulneráveis a esses procedimentos pelo fato de, ao contrário do rei inglês, que teria principiado com poder absoluto e, somente depois, foi sendo paulatinamente limitado por leis e instituições, o monarca luso “[...] em princípio dependia dos povos em muitos casos, mas desta dependência gradualmente se

35 Hipólito José da Costa. “Paralelo da Constituição Portuguesa com a Inglesa”. Correio

Braziliense, nº. 5 p. 623. Grifo nosso. A citação é a seguinte: “De minoribus rebus príncipes

consultant, de majoribus amnes. Tacit. De morib. Germ. C. 11”.

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isentou”.36 A adulação encontra terreno quando o povo perde sua unidade de propósito e dividi-se em múltiplos partidos. Esse ele-mento será recordado por ocasião da polêmica com o Correio do Orinoco a propósito da revolução de Pernambuco: “dos mesmos Romanos, diz Tácito (Hist 1. 1) que vistas as dissensões do povo, não tinha a pátria, no tempo de Augusto, outro remédio se não escolher o Governo de um só homem”.37

A ESCRITA DE UMA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

Ao lado da História hipotética, Hipólito escreve uma Histó-ria contemporânea; redigi-la é um dos objetivos do Correio Bra-ziliense. Neste momento a escrita da História presente não se diferencia de sua divulgação pela publicação dos documentos e diplomas do tempo. Sediado em Londres, Hipólito ocupava uma posição estrutural semelhante aquela de Tácito – que sabia po-der escrever uma história verdadeira apenas de imperadores já mortos. A distância de Hipólito não é temporal, mas espacial. Ele tinha a consciência de que apenas na distância do poder arbitrário seria possível escrever uma história imparcial. Em um contexto de profunda politização e transformações na escrita da história,38

36 Hipólito José da Costa. “Paralelo da Constituição Portuguesa com a Inglesa”. Correio

Braziliense, no 6,vol. IV, 1810, p. 83.

37 Hipólito José da Costa. “Justificação do Correio Braziliense, contra o Correio de

Orinoco”. Correio Braziliense, vol. 23, 1819, p. 269.

38 Para as transformações no conceito de história no Brasil entre 1750 e 1850, ver

João Paulo G Pimenta & Valdei Lopes de Araujo. História. Ler História, passim. Sobre

as formas e significados da escrita da história nesse contexto, ver Valdei Lopes de

Araujo. A Experiência do Tempo, passim.

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buscavam-se modelos de legitimação discursiva capazes de pro-duzir um tipo de autoridade que não sendo tradicional, nem fruto de uma razão abstrata, pudesse guiar os povos em um momento de profunda crise. Comentando um tratado entre Portugal e In-glaterra em 1808, Hipólito reflete sobre suas funções e posição:

os Ingleses lamentam a sua perda de caráter; aos portugueses pertence

deplorar as más consequências daquela desventurada convenção, pelo

que toca a Portugal; e a mim, que escrevo em Inglaterra as memórias

do tempo, convêm mostrar o modo porque nisto se portaram as pessoas

públicas aqui empregadas pela Nação Portuguesa; e de caminho observa-

rei, que se não acúmulo aos que reputo culpados as mesmas oprobriosas

repreensões, de que fazem uso os outros jornalistas, meus contempo-

râneos, falando deste importante fato, não é porque ignore, que as leis

Inglesas me permitem igualmente o fazê-lo; mas porque o meu intento

é informar os Portugueses presentes, e vindouros, do modo porque os

servem os homens públicos, que eles empregam, conservando porém a

minha costumada imparcialidade. Mihi nec Galba, nec Otto, nec Vitelius

/Injuria aut benefio cogniti. Tácito, Histórias.39

Escrevendo sobre imperadores já mortos, Tácito criou a no-ção de uma história vingadora, juíza da posteridade, mas o fazia em detrimento da possibilidade de escrever a história de seu pró-prio tempo, ainda marcado pelo poder dos príncipes. Hipólito buscou as lições de Tácito e as empregou para a escrita de uma história do presente, mas tendo como garantia a liberdade e in-

39 Hipólito Jose da Costa. “Portugal”. Correio Braziliense, vol. I, p. 318-190. Grifos

nossos. O trecho citado em latim, um dos mais conhecidos de Tácito, pode ser assim

traduzido: “Nem Galba, nem Oton e nem Vitélio fizeram-me injuria ou beneficio”.

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dependência que sua posição londrina conferia.40 Assim, não po-demos dizer que nas páginas do Correio Braziliense já encontramos uma escrita histórica moderna, mas uma espécie de tradução de formas antigas, particularmente na sua utilização enquanto arma da luta política e da boa governança.41 Uma concepção forte da natureza humana servia de pano de fundo para um programa de investigação filosófica do passado capaz de torná-lo ainda um guia para o presente. Quando a Revolução do Porto pareceu mostrar que o caminho da moderação já não estava disponível, Hipólito ainda reivindicava o exemplo da História antiga:

quem contempla as coisas presentes e passadas, conhece que em todos os tempos os homens tiveram sempre os mesmo desejos, as mesmas afei-ções, os mesmos vícios, que têm agora; de maneira que será fácil prever as coisas do futuro, pelo conhecimento da história, e aplicar os mesmos remédios dos antigos, quando se achem expressos, ou inventar outros análogos às circunstâncias. Muitos males provém de que as pessoas, que manejam os negócios do Estado, não se aplicam à história e se a leem não entendem o seu sentido moral e místico.42

40 É irônico que essa mesma posição londrina servirá para a sua “desqualificação” por parte da historiografia brasileira. Sobre a fortuna crítica do Correio, ver Jancsó & Slemian, Op. cit, passim.

41 Para a mesma discussão em outro contexto, ver Flávia Florentino Varella. “A Es-crita da História da Independência do Brasil: a polêmica do Correio Official com O Chronista sobre a História do Brasil de John Armitage”, passim & Bruno Franco Medeiros. “Das causas da emancipação: Alphonse Beauchamp e a Independência do Brasil”, passim.42 Hipólito José da Costa. “Fim do primeiro ato na Revolução Portuguesa”. Correio Braziliense, vol. 26, 1821, p. 565. Grifos nossos. Sobre o agravamento da conjuntura política por volta de 1820 e seus significados ver, João Paulo G. Pimenta. Portugue-ses, americanos, brasileiros: identidades políticas na crise do Antigo Regime Luso-Americano. Almanack Braziliense, p. 69-80.

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No entanto, o uso do passado para o presente não pode mais ser enquadrado no simples modelo da história mestra da vida. Os eventos passados parecem estar imersos em um tipo de obs-curidade que requer um trabalho de interpretação e aplicação correta às circunstâncias. Seja pela história hipotética, seja pela sua proposta de uma história contemporânea, já podemos per-ceber na leitura do Correio a presença de um campo de experiên-cia marcado por metanarrativas, por encadeamentos causais de longo prazo que impedem a leitura da história como uma mera coleção de exemplos de virtude ou vício. A história filosófica, ao revelar o verdadeiro sentido moral dos eventos, poderia permitir a antecipação do futuro.

Em resumo, a escrita da história assumia importantes funções de orientação política. A escolha de Tácito como modelo de his-toriador, longe de ser uma inocente opção intelectual, indiciava a natureza do projeto político levado a cabo por Hipólito José da Costa no Correio Braziliense. Dentre as duas tradições de leitura do autor, Hipólito manteve-se coerente no interior da interpretação liberal do historiador campeão da liberdade. No interior dessa versão da linguagem política do tacitismo, vemos o autor do Cor-reio articular novas camadas da realidade, integrando a história de Portugal a uma macro-narrativa ilustrada de matriz Britânica.

Se para o caso anglo-saxão era quase natural compreender a luta pela liberdade como a luta como o despotismo papal, já que a base protestante dessa reflexão política tinha raízes nas guer-ras de religião dos séculos XVI e XVII; para o católico mundo português esse movimento era menos natural. Hipólito soube, no entanto, isolar os movimentos essenciais da macro-narrativa identificando o poder despótico com grupos palacianos – nobres ou religiosos – interessados em usurpar o poder real através da adulação. Neste ponto nos parece que repousa um aspecto origi-

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nal dessa leitura tacitista, pois era justamente na crítica tacitiana à presença aduladora dos libertos na casa imperial que Hipólito pôde encontrar o modelo estrutural para sua crítica à Inquisição e aos Jesuítas, sem com isso tornar-se um anti-católico.

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