APOSTILA DIREITO DAS SUCESSOES IE Prof ALBERICO

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DIREITO DAS SUCESSÕES CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UD I – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIR DAS SUCESSÕES 1.2 CONCEITO DE DIREITO DAS SUCESSÕES 1.3 FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 1.4 CONTEÚDO DO DIR DAS SUCESSÕES UD II – DA SUCESSÃO EM GERAL 2.1 DISPOSIÇÕES GERAIS 2.2 DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO 2.3 DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 2.4 DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DE HERANÇA 2.5 DA EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 2.6 DESERDAÇÃO 2.7 DA HERANÇA JACENTE 2.8 DA PETIÇÃO DE HERANÇA UD III – DA SUCESSÃO LEGÍTIMA 3.1 DA VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS 3.2 DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS 3.3 DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO UD IV –P DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 4.1 SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – TESTAMENTO. 4.2 FORMAS DE TESTAMENTO. TESTEMUNHAS 4.3 DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA 4.4 DOS CODICILOS 4.5 DOS LEGADOS 4.6 DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS 4.7 REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESGTAMENTÁRIAS 4.8 DAS SUBSTITUTIÇÕES 4.9 DA DESERDAÇÃO 1

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DIREITO DAS SUCESSÕES

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UD I – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIR DAS SUCESSÕES1.2 CONCEITO DE DIREITO DAS SUCESSÕES1.3 FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES1.4 CONTEÚDO DO DIR DAS SUCESSÕES

UD II – DA SUCESSÃO EM GERAL2.1 DISPOSIÇÕES GERAIS2.2 DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO2.3 DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA2.4 DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DE HERANÇA2.5 DA EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE2.6 DESERDAÇÃO2.7 DA HERANÇA JACENTE2.8 DA PETIÇÃO DE HERANÇA

UD III – DA SUCESSÃO LEGÍTIMA3.1 DA VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS3.2 DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS3.3 DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

UD IV –P DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA4.1 SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – TESTAMENTO.4.2 FORMAS DE TESTAMENTO. TESTEMUNHAS4.3 DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA4.4 DOS CODICILOS4.5 DOS LEGADOS4.6 DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS4.7 REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESGTAMENTÁRIAS4.8 DAS SUBSTITUTIÇÕES4.9 DA DESERDAÇÃO

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4.10 DA REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO4.11 DO TESTAMENTEIRO

UD IV – DA LIQUIDAÇÃO DA HERANÇA5.1 DO INVENTÁRIO5.2 DA PARTILHA5.3 DAS COLAÇÕES5.4 DOS SONEGADOS5.5 DO PAGAMENTO DE DÍVIDAS

UD VI – ASPECTOS CONTROVERSOS

6.1 SUCESSÃO NA UNIÃO DE HOMOSSEXUAIS E NA UNIÃO ESTÁVEL

UNIDADE DIDÁTICA I – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DAS SUCESSÕES

Culto familiar altar doméstico (dir. Romano) Corolário do direito de propriedade. Varonia e primogenitura (família poderosa, impelindo

a divisão da fortuna entre filhos). Falta de equidade: evolução no sentido dos herdeiros

do mesmo grau receberem partes iguais Opositores do direito sucessório: socialistas Argumentos contrários: liberais A experiência soviética

1.2 CONCEITO DE DIREITO DAS SUCESSÕESConjunto de princípios e normas jurídicas que disciplinama transmissão do patrimônio (ativo e passivo) de umapessoa que morreu a seus sucessores

1.3 FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕESA razão de ser da sucessão causa mortis é de ordem econômica,eis que seu fundamento prático repousa na necessidade de

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se garantir a segurança e a conservação da riqueza em umacomunidade, através de regras que permitam a transmissãodo patrimônio de alguém, após sua morte, a novo titular.Pode-se invocar, também como fundamento do Direito dasSucessões, a continuidade da vida humana através dasvárias gerações. Surgiu em virtude do direito depropriedade, que orbitou em torno do culto da sociedaderomana a seus mortos. Engloba as sucessões decorrentes doevento morte de alguém (não abrange outros sentidos queporventura possa assumir nos atos intervivos). A CartaPolítica de 1988 prevê entre os Direitos e GarantiasFundamentais, o direito à herança. 1.4 CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES

Há previsão em nossa Carta Política do chamado direito àsucessão aberta, especificamente no art. 5º, inciso XXX,in verbis:

Art. 5º [...]

XXX - é garantido o direito de herança;

Na mesma esteira, a nossa Lei Substantiva Civil trata dotema, em quatro títulos que compõem último Livro do citadoCodex.

O Título I trata da sucessão em geral, abordando temascomo administração da herança, vocação hereditária,aceitação e renúncia de herança, exclusão por indignidade,herança jacente e petição de herança.

O Título II versa sobre a sucessão legítima e suasnuances, a saber: ordem de vocação hereditária; Herdeirosnecessários; e o direito de representação.

O Título III discorre sobre a sucessão testamentária,iniciando com o testamento geral, capacidade de testar,formas ordinárias e especiais de testamento. Trata, na

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seqüência, de disposições testamentárias, legados, direitode acrescer, substituições, deserdação, redução dedisposições testamentárias, revogação e rompimento detestamento e finda tratando da figura do testamenteiro.

O Título IV, por fim, aborda o processo de inventário epartilha.

UNIDADE DIDÁTICA II

DA SUCESSÃO EM GERAL

2.1 DISPOSIÇÕES GERAIS2.1.1 ABERTURA DA SUCESSÃO.

Abertura da sucessão causa mortis se dá com o eventomorte do autor da herança.

No momento da morte, a herança se transmite aosherdeiros legítimos e testamentários do defunto quertenham ou não ciência daquela circunstância.

A personalidade civil se extingue com a morte,portanto, a herança não pode ficar sem dono durantealgum tempo.

Art. 1784 CC - transfere-se a posse e o domínio dosbens com a morte.

Princípio de Saisine: a herança como um todo, se transferena íntegra aos herdeiros legítimos/testamentários aindaque desconheçam essa situação.

A regra do art. 1784 CC dissipa dúvidas em relação àposse e domínio da herança:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se,desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Ocorrendo a morte de alguém que possua patrimônio, trêsconseqüências jurídicas se verificam, simultaneamente: a

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abertura da sucessão, o chamamento ou vocaçãohereditária, e a aquisição da herança ou adição.

2.1.2 CONSEQÜÊNCIAS DA TRANSMISSÃO INSTANTÂNEA AOSHERDEIROS:

A legitimidade para suceder é a da época da aberturada sucessão

A sucessão reger-se-à conforme a lei em vigor na épocado evento morte

O herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que porinstantes, faz sua, a herança por aquele deixada.

O valor dos bens inventariados é o do momento damorte do de cujus.

Princípio da Saisine: trata da posse da herança. Aposse é uma situação de fato, nem sempre transferidapor determinação legal. A lei busca atribuir aoherdeiro a posição de possuidor, sem cogitar desubordinar a aquisição de tal estado à apreensão dacoisa material. Assim, ao herdeiro cabe a posseindireta e a quem detenha a coisa, a posse direta. Aregra do art. 1784 deve ser interpretada emconsonância com a regra do art. 1207 do CC:

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito aposse do seu antecessor; e ao sucessor singular éfacultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitoslegais.

Durante o período compreendido entre a abertura dasucessão e a partilha:- posse direta administrador ou inventariante- posse indireta herdeiro

2.1.3 ESPÉCIES DE SUCESSÃO Legitima Testamentária

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Legítima e Testamentária (Mista)

a)legitimaA sucessão se dá em virtude da lei. Se o defuntodeixou de fazer testamento, seu patrimônio, porforça da lei, irá para os descendentes ouascendentes ou cônjuge sobrevivente. À faltadestes, aos colaterais de até 4o grau.O cônjuge sobrevivente concorre com os descendentesna hipótese do art. 1829, II, 1836 e 1837:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordemseguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjugesobrevivente, salvo se casado este com o falecido noregime da comunhão universal, ou no da separaçãoobrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,no regime da comunhão parcial, o autor da herança nãohouver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente;IV - aos colaterais.Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à

sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjugesobrevivente.

§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximoexclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha,os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo aoutra aos da linha materna.

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeirograu, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á ametade desta se houver um só ascendente, ou se maior foraquele grau.

Ocorre, também , a sucessão legítima quando otestamento caducar ou for julgado nulo.b) testamentária

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Dá-se quando há disposição de última vontade. Odefunto aponta seus sucessores.

c) sucessão legítima e testamentáriaA sucessão pode ser, simultaneamente, legítima etestamentária quando o testamento não abrange todosos bens do defunto.

2.1.4 SUCESSÃO A TÍTULO UNIVERSAL E SINGULARUniversal o herdeiro é chamado a suceder na totalidadede bens ou cota deles.Singular há a transferência de um bem determinado aosucessor, também chamado de legatário. O sucessorrecolhe bem individualizado.*legatário: só tem domínio e posse de determinado bemque o de cujus lhe deu. Recebe um bem, em especial, nãorespondendo por divida.

2.1.5 LIBERDADE DE TESTARa.Argumentos a favor e contrab.Direito romanoc.Direito brasileiro ( art. 1789, cc):

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, otestador só poderá dispor da metade daherança.

c.1) liberdade limitada de testar se houverherdeiros necessários – a parte fixa e invariáveldestinada aos herdeiros necessários é denominadade legítima e constitui um freio ao poder dedispor por ato de última vontade, por ser sagradae intangível.

d.Herdeiros necessários (art. 1845, CC):

CAPÍTULO IIDos Herdeiros Necessários

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Art. 1.845. São herdeiros necessários osdescendentes, os ascendentes e o cônjuge.

e.Ausência de herdeiros necessários o testadorpode afastar os colaterais (art.1850, CC):

Art. 1.850. Para excluir da sucessão osherdeiros colaterais, basta que o testadordisponha de seu patrimônio sem oscontemplar.

2.1.6 LUGAR QUE SE ABRE A SUCESSÃOa) Regra geral: domicílio do de cujus (art. 1785, Cód

Civil, c/c art. 96, CPC), ainda que o óbito tenhaocorrido em outro local, até no exterior e, aindaque outros sejam os locais da situação dos bens:

Código Civil:Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar doúltimo domicílio do falecido.

CPC:Art. 96.  O foro do domicílio do autor daherança, no Brasil, é o competente para oinventário, a partilha, a arrecadação, ocumprimento de disposições de última vontadee todas as ações em que o espólio for réu,ainda que o óbito tenha ocorrido noestrangeiro.        Parágrafo único.  É, porém,competente o foro:        I - da situação dos bens, se o autorda herança não possuía domicílio certo;        II - do lugar em que ocorreu o óbitose o autor da herança não tinha domicíliocerto e possuía bens em lugares diferentes.

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b)Na hipótese de vários domicílios requerido oinventário em um deles, fixa-se a competência(art. 94, 1º, CPC):

Art. 94.  A ação fundada em direito pessoale a ação fundada em direito real sobre bensmóveis serão propostas, em regra, no foro dodomicílio do réu.        § 1o  Tendo mais de um domicílio, oréu será demandado no foro de qualquerdeles.

c)Falecimento no exterior último domicílio noBrasil.

d)Falta de domicílio foro da situação do imóvel

Art. 96, I, CPC: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

e)Falta de domicílio e vários imóveis emlocalidades diferentes local do falecimento noBrasil

Art. 96, II, CPC: II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo epossuía bens em lugares diferentes.

f)Morte do outro cônjuge no curso do inventário do

cônjuge falecido anteriormente conexão (art.1043, CPC):

Art. 1.043.  Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas,se os herdeiros de ambos forem os mesmos.

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§ 1o  Haverá um só inventariante para os dois inventários. § 2o  O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em apenso aoprimeiro.

Predomina na jurisprudência a idéia de que é relativa aincompetência de qualquer outro juízo, suscetível deprorrogação, ante o silêncio dos interessados. Posiçãodo STJ:

“A competência para o processo sucessório é relativa, não podendoser argüida de ofício”.

2.2. DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO

Responsabilidade dos herdeiros Direito romano – responsabilidade dos herdeiros

pelas dívidas do defunto era ilimitada e absoluta.O patrimônio do herdeiro passava a se confundircom o do de cujus.

Direito brasileiro: não excede as forças daherança. Aceitação a benefício do inventário (art.1792 CC). Trata-se de uma medida de acautelamentodo herdeiro contra o excesso de dívidas. Trata-sede uma limitação de responsabilidade.

Art. 1.792. O herdeiro não responde porencargos superiores às forças da herança;incumbe-lhe, porém, a prova do excesso,salvo se houver inventário que a escuse,demonstrando o valor dos bens herdados.

Prova do excesso cabe a herdeiros, a menos que oinventário acuse o excesso.

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Insolvência da herança (748 ,CPC):

Art. 748.  Dá-se a insolvência toda vez queas dívidas excederem à importância dos bensdo devedor.

2.2.1 Cessão De Direitos Hereditários ( art. 1793,CC):

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bemcomo o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão porescritura pública.§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro emconseqüência de substituição ou de direitode acrescer, presumem-se não abrangidos pelacessão feita anteriormente.§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro,de seu direito hereditário sobre qualquerbem da herança considerado singularmente.§ 3o Ineficaz é a disposição, sem préviaautorização do juiz da sucessão, porqualquer herdeiro, de bem componente doacervo hereditário, pendente aindivisibilidade.

Negócio jurídico intervivos ocorre depois da morte, isto é,após aberta a sucessão e, ANTES da partilha (difere depacto sucessório que é nulo, por negociar a sucessão antesda morte. Também chamado pacto de corvos).

O direito à sucessão aberta pode ser transferido/cedido.

Trata-se de ato jurídico intervivos, translativo,portanto, a sua efetivação somente se dá por escriturapública, em consonância com o art. 108, do CC:

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Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, aescritura pública é essencial à validade dosnegócios jurídicos que visem à constituição,transferência, modificação ou renúncia dedireitos reais sobre imóveis de valorsuperior a trinta vezes o maior saláriomínimo vigente no País.

Somente com o evento morte pode haver a cessão dedireitos hereditários, antes disso, trata-se de pactosucessório, que é vedado pelo nosso direito, por sercontrato que tem objeto herança de pessoa viva.

Aberta a sucessão, é lícita a cessão de direitoshereditários, ainda que feita antes da abertura doinventário.

O meeiro também pode ceder sua meação, desde que, porescritura pública a fim de se guardar coerência com oart. 1793, da Lei Substantiva Civil, embora talobrigatoriedade não seja objeto de regulamentação pelodispositivo em comento:

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bemcomo o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão porescritura pública.§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro emconseqüência de substituição ou de direitode acrescer, presumem-se não abrangidos pelacessão feita anteriormente.§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro,de seu direito hereditário sobre qualquerbem da herança considerado singularmente.§ 3o Ineficaz é a disposição, sem préviaautorização do juiz da sucessão, porqualquer herdeiro, de bem componente doacervo hereditário, pendente aindivisibilidade.

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Após julgada a partilha, não tem sentido fazer-se acessão de direitos sucessórios

Há situações jurídicas que não são contempladas pelacessão de direitos sucessórios, como o direito deacrescer ou aquisição de direitos em virtude desubstituição.

Há cessão de direitos que podem ser gratuitas ouonerosas. O cedente não transfere bem individuado, massua quota ideal sobre a herança (art.1793, §§ 2º e 3o

, CC):

Art. 1793[...]§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro,de seu direito hereditário sobre qualquerbem da herança considerado singularmente.§ 3o Ineficaz é a disposição, sem préviaautorização do juiz da sucessão, porqualquer herdeiro, de bem componente doacervo hereditário, pendente aindivisibilidade.

Assim, a cessão de bem individuado é negócio jurídicoineficaz, embora válido, que, somente adquireeficácia, se e somente se, ultimada a partilha, aoherdeiro cedente couber aquele bem específicoreferido, ocasião em que o título pode ser levado acartório de registro de imóveis, tratando-se deverdadeira compra e venda.

Direito de preferência (art.1794, CC), em consonânciacom o art. 504, CC:

Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder asua quota hereditária a pessoa estranha àsucessão, se outro co-herdeiro a quiser,tanto por tanto.

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Art. 504. Não pode um condômino em coisaindivisível vender a sua parte a estranhos,se outro consorte a quiser, tanto por tanto.O condômino, a quem não se der conhecimentoda venda, poderá, depositando o preço, haverpara si a parte vendida a estranhos, se orequerer no prazo de cento e oitenta dias,sob pena de decadência.Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos,preferirá o que tiver benfeitorias de maiorvalor e, na falta de benfeitorias, o dequinhão maior. Se as partes forem iguais,haverão a parte vendida os comproprietários,que a quiserem, depositando previamente opreço.

O direito de preferência só pode ser exercido nascessões onerosas

Também não há preferência se um co-herdeiro cede seuquinhão a outro co-herdeiro, por não ser pessoaestranha à sucessão.

Se vários co-herdeiros desejarem exercer o direito depreferência sobre o que foi cedido a terceiro, a leidetermina que entre eles se distribuirá o quinhãocedido, na proporção das respectivas quotashereditárias.

O co-herdeiro preterido na cessão de direitoshereditários a estranho, desde que não tenha sidoavisado, poderá haver a coisa para si, se o requererem até 180 dias após a transmissão.

Deve fazer valer seu direito por meio de ação judicialajuizada com o fim específico de anular a cessão dedireito e o respectivo ato notarial.

Serão partes no pólo passivo dessa ação, tanto o co-herdeiro cedente, como o cessionário, emlitisconsórcio necessário.

A sentença que reconhece o direito de preferência,terá o condão de autorizar o terceiro que fora

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cessionário a levantar o depósito realizado pelo co-herdeiro a quem foi dada a preferência.

2.2.2 Abertura de InventárioPrazo: 60 dias a contar do prazo de abertura da sucessão(art. 983, CPC, com a redação dada pela Lei nº 11.441, de04 de janeiro de 2007):

Art. 983.  O processo de inventário epartilha deve ser aberto dentro de 60(sessenta) dias a contar da abertura dasucessão, ultimando-se nos 12 (doze) mesessubseqüentes, podendo o juiz prorrogar taisprazos, de ofício ou a requerimento departe. (Redação dada pela Lei nº 11.441, de2007).        Parágrafo único.  (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).

Art. 1.796: No prazo de trinta dias, acontar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário,perante o juízo competente no lugar dasucessão, para fins de liquidação e, quandofor o caso, de partilha da herança.

Pela melhor regra de hermenêutica deve-se optar pelaredação estampada no art. 983 do CPC, por ter sidoalterada por lei mais recente (Lei 11.441, de 2007).

2.2.3 Administração Provisória Da Herança Até que seja nomeado inventariante e prestado

compromisso, a administração da herança deve caber auma das pessoas previstas no art.1797, CC:

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Art. 1.797. Até o compromisso doinventariante, a administração da herançacaberá, sucessivamente:I - ao cônjuge ou companheiro, se com ooutro convivia ao tempo da abertura dasucessão;II - ao herdeiro que estiver na posse eadministração dos bens, e, se houver mais deum nessas condições, ao mais velho;III - ao testamenteiro;IV - a pessoa de confiança do juiz, na faltaou escusa das indicadas nos incisosantecedentes, ou quando tiverem de serafastadas por motivo grave levado aoconhecimento do juiz.

A administração da herança, no caso, se dá por forçade lei, independentemente de juiz competente paraprocessar o inventário, razão pela qual, éincompreensível a inclusão da hipótese prevista noinciso IV.

Ao administrador provisório caberá a posse e arepresentação ativa e passiva do espólio

O administrador pode ser nomeado, posteriormente,inventariante.

Observe-se que o legislador buscou evitar solução decontinuidade na administração da herança, atribuindo-aàquele que já a exercia de fato.

2.2.4 Inventariante

Administra a herança desde o momento em que prestacompromisso até a homologação da partilha. É nomeado naforma do artigo 990, do CPC.

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Representa o espólio ativa e passivamente, em juízo efora dele.

Nomeação: art. 990, CPC: Art. 990.  O juiz nomeará inventariante:        I - o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo damorte deste;        II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge supérstite ou este não puder ser nomeado;        III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio;        IV - o testamenteiro, se Ihe foi confiada a administração do espólio ou toda a herança estiver distribuída em legados;        V - o inventariante judicial, se houver;        Vl - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.        Parágrafo único.  O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.

Art. 991. Incumbe ao inventariante:I - representar o espólio ativa epassivamente, em juízo ou fora dele,observando-se, quanto ao dativo, o dispostono art. 12, § 1o;II - administrar o espólio, velando-lhe osbens com a mesma diligência como se seusfossem;III - prestar as primeiras e últimasdeclarações pessoalmente ou por procuradorcom poderes especiais;

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IV - exibir em cartório, a qualquer tempo,para exame das partes, os documentosrelativos ao espólio;V - juntar aos autos certidão do testamento,se houver;Vl - trazer à colação os bens recebidos peloherdeiro ausente, renunciante ou excluído;Vll - prestar contas de sua gestão ao deixaro cargo ou sempre que o juiz Ihe determinar;Vlll - requerer a declaração de insolvência(art. 748).

Ao cônjuge sobrevivente incumbe a investidura comoinventariante somente no caso em que o regime de bens docasamento for o da comunhão.

Jurisprudência, no entanto, existe no sentido de admitirque o cônjuge supérstite, casado pelo regime da separaçãolegal de bens , seja nomeado inventariante, se houver bensadquiridos na constância do casamento pelo esforço comum eque devam ser partilhados.

Posse corporal dos bens e idoneidade moral são oscritérios mais decisivos para a escolha do inventariante.

Se o testador nomeia seu testamenteiro para ainventariança, confia-lhe, também, implicitamente, posse eadministração do acervo hereditário.Tais poderes, entretanto, só se conferem se o disponentenão deixou cônjuge ou herdeiros necessários, eis que otestamenteiro só prefere aos herdeiros colaterais.

Assim, ainda que o testador haja determinado o contrário,o herdeiro necessário precede sempre ao testamenteirouniversal. Que, por sua vez, precede aos colaterais.A ordem legal de investidura, embora não seja absoluta,deve ser respeitada, salvo condições muito especiais,

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podendo ser preterida pessoa com preferência, se nãopossuir a necessária idoneidade.

16.1 NATUREZA JURÍDICA DA INVENTARIANÇA:

Há quem considere o inventariante um depositário, pelofato de ter a posse direta dos bens do espólio, guardando-os até o momento de entregá-los aos herdeiros.Malgrado algumas semelhanças, o inventariante não édepositário, eis que o compromisso que presta nãocorresponde a um termo de depósito, assim não se podedecretar-lhe a prisão, caso se negue a entregar os bens daherança. Por mais relapso que seja, poderá apenas serpunido com a destituição do cargo e apreensão dos bens quese encontram sob sua administração.O exercício da inventariança tem pertinência com aadministração de bens e representação da herança, enquantoas obrigações do depositário limitam-se à guarda,conservação e restituição da coisa.Tampouco o inventariante é procurador ou mandatário geralde todos os herdeiros, já que, muitas vezes, oinventariante exerce o cargo contrariando a vontade deherdeiros, sem que possam eles removê-lo ou destituí-lo.O mandato é um contrato intuito personae, que perdura enquantosubsistir a confiança dos mandantes.Enfim a inventariança é um munus, sujeito a fiscalizaçãojudicial.Trata-se de uma função auxiliar de justiça, reunindopoderes de guarda, administração e assistência do acervohereditário.

2.3 DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

2.3.1 Legitimação Para SucederRegra Geral: Princípio de coexistência (art.1798, CC):

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Art. 1.798. Legitimam-se a suceder aspessoas nascidas ou já concebidas no momentoda abertura da sucessão.

A hipótese não é de falta de legitimação, mas deimpossibilidade, por inexistência de sujeito de direito.

O art. 1.798, do CC, prevê que, legitimam-se, isto é, sóadquirem a qualidade de herdeiro e são chamados a sucederas pessoas nascidas ou já concebidas no momento daabertura da sucessão.

Pessoas nascidas ou já concebidas no momento daabertura da sucessão (nascituros)

O herdeiro ou legatório tem que sobreviver ao “decujus”. Princípio da Coexistência.

Dentro do rigor técnico, a hipótese não é de faltade legitimidade, mas de impossibilidade, porinexistência do sujeito de direito.

Se após a feitura do testamento e antes da aberturada sucessão, o herdeiro instituído vier a falecer,a instituição se invalida, pois a deixatestamentária é intuito personae.

O testador, entretanto, pode declarar que em casode pré-morte do herdeiro instituído, o direito àsucessão passará aos descendentes daquele. Nessahipótese, os descendentes herdam por substituição.

2.3.1.1 Exceções Ao Princípio De CoexistênciaArt. 1798, 1799, e 1800, CC:

a) Nascituro art.1798, 2a parte, CC. Se onascituro nascer morto, acresce o direito dos

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herdeiros legítimos do “de Cujus”, ou dosubstituto testamentário (NASCITURUS CONCEPTUS).

b) Prole eventual (pessoa futura)__>somente nasucessão testamentária, art. 1799, I, CC (NONDUSCONCEPTUS)i. Caso a prole eventual não venha a se

consubstanciar, a deixa testamentária torna-se ineficaz.

ii. Os bens destinados à pessoa futura serãoconfiados a curador nomeado pelo juiz(art.1800, caput). Esse curador, normalmenteé a pessoa cujo filho o testador desejabeneficiar.

iii. Nascendo com vida o concepturo, ser-lhe-ádeferida a sucessão, com frutos erendimentos, a partir da morte do testador(art.1800, §3o.)

iv. Se o curador for o próprio pai ou mãe dapessoa futura, ele será usufrutuário dos bensreservados ao concepturo (art. 1800, § 1º e1689, CC)

v. Se após 2 anos da abertura da sucessão nãofor concebido o herdeiro esperado, os bensreservados acrescem aos herdeiroslegítimos(art.1800, § 4º).

c) Fundação cuja instituição for determinadapelo testador (art.1799, II, CC)

2.3.1.2 Legitimação Para Suceder Na Sucessão Testamentária

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:

• Hic artigos 1.857 e seguintes.I - os filhos, ainda não concebidos, depessoas indicadas pelo testador, desde quevivas estas ao abrir-se a sucessão.

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• Hic artigo 2º.II - as pessoas jurídicas. A pessoa jurídicatambém tem legitimação na sucessãotestamentária. Necessita existir legalmente.

III - as pessoas jurídicas, cuja organizaçãofor determinada pelo testador sob a forma defundação.

2.3.1.3 Falta De Legitimação Na Sucessão Testamentária(Art. 1801, CC)a) Quem escrever o testamento, cônjuge, ascendente,companheiro ou irmãos. O código esqueceu os descentes,entretanto a situação é remediada pelo artigo 1802,caput CC.b) As testemunhas do testamento.c) O concubino(a) do testador casado, salvo se este semculpa sua, estiver separado de fato do Cônjuge, há maisde 5 anos.d) O tabelião, ou quem lhe faz às vezes.

Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeirosnem legatários:I - a pessoa que, a rogo, escreveu otestamento, nem o seu cônjuge oucompanheiro, ou os seus ascendentes eirmãos;II - as testemunhas do testamento;III - o concubino do testador casado, salvose este, sem culpa sua, estiver separado defato do cônjuge há mais de cinco anos;IV - o tabelião, civil ou militar, ou ocomandante ou escrivão, perante quem sefizer, assim como o que fizer ou aprovar otestamento.

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Art. 1.802. São nulas as disposiçõestestamentárias em favor de pessoas nãolegitimadas a suceder, ainda quandosimuladas sob a forma de contrato oneroso,ou feitas mediante interposta pessoa.Parágrafo único. Presumem-se pessoasinterpostas os ascendentes, os descendentes,os irmãos e o cônjuge ou companheiro do nãolegitimado a suceder.

2.3.1.4 Interposição De Pessoas

Dá-se a interposição de pessoas quando a deixatestamentária beneficia diretamente terceiro e,indiretamente, o não legitimado.Ex.: deixa testamentária ao pai da concubina. È lícita,entretanto, a deixa testamentária ao filho da concubina,quando também for filho do testador (art. 1803):

Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho doconcubino, quando também o for do testador.

2.4 ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DE HERANÇA São atos confirmatórios ou não, de recebimento

de herança, já que se esta se incorpora, deimediato, ao patrimônio dos herdeiros porocasião do evento morte.

Caso o herdeiro faleça, depois de aberta asucessão, mas antes de aceitá-la, esse poder deaceitar passa a seus herdeiros, a menos que setrate de uma vocação hereditária adstrita a uma

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condição suspensiva ainda não verificada(art.1809, CC).

A aceitação de herança era ato de extremaimportância no Direito pré-codificado, quandose desconhecia a aceitação sob benefício deinventário (art. 1792, CC).

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes dedeclarar se aceita a herança, o poder deaceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos quese trate de vocação adstrita a uma condiçãosuspensiva, ainda não verificada.Parágrafo único. Os chamados à sucessão doherdeiro falecido antes da aceitação, desdeque concordem em receber a segunda herança,poderão aceitar ou renunciar a primeira.Art. 1.792. O herdeiro não responde porencargos superiores às forças da herança;incumbe-lhe, porém, a prova do excesso,salvo se houver inventário que a escuse,demonstrando o valor dos bens herdados.

2.4.1 Aceitação.

É o ato pelo qual o herdeiro confirma que aceita a herança(art. 1805, CC)Espécies:

a)Expressa resulta de declaração escrita, atravésde instrumento público, particular ou termo nosautos do inventário;

b)Tácita quando são praticados atos compatíveiscom a condição de herdeiro.

Ex.: pagamento de impostos, administração de bens(vide art. 1805, § 1o. CC)c)Presumida (art.1807, CC) O interessado em que o

herdeiro declare ou não se aceita a herança, 20dias após a abertura da sucessão, poderá requerer

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do juiz, a notificação do herdeiro , para que, emum prazo, não maior que 30 dias se manifeste,sendo o seu silencio presumido como aceitação.

Essa verdadeira actio interrogatória, deve ser intentada peranteo Juízo orfanológico, nos próprios autos do inventário,podendo ser ajuizada pelo legatário, credor, ou aqueleque eventualmente sucederia, se renuncia houvesse.

A aceitação expressa não é comum. A regra é a aceitaçãotácita que se verifica, entre outros atos, quando: I) oherdeiro intervém no inventário, habilitando-se oumanifestando-se sobre atos processuais; II) administra oespólio, em proveito próprio e dos demais herdeiros; eIII) promove melhoria em imóveis.

Art. 1.805. A aceitação da herança, quandoexpressa, faz-se por declaração escrita;quando tácita, há de resultar tão-somente deatos próprios da qualidade de herdeiro.§ 1o Não exprimem aceitação de herança osatos oficiosos, como o funeral do finado, osmeramente conservatórios, ou os deadministração e guarda provisória.§ 2o Não importa igualmente aceitação acessão gratuita, pura e simples, da herança,aos demais co-herdeiros.Art. 1.807. O interessado em que o herdeirodeclare se aceita, ou não, a herança,poderá, vinte dias após aberta a sucessão,requerer ao juiz prazo razoável, não maiorde trinta dias, para, nele, se pronunciar oherdeiro, sob pena de se haver a herança poraceita.

2.4.1.1 Aceitação Parcial, Condicional ou a Termo

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É inadmissível a aceitação parcial deherança

As disposições inculpidas nos § 1o. § 2o. doartigo 1808 do CC não contrariam essa regra.

A aceitação de herança deve ser pura esimples.

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciara herança em parte, sob condição ou a termo.§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados,pode aceitá-los, renunciando a herança; ou,aceitando-a, repudiá-los.§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão,a mais de um quinhão hereditário, sobtítulos sucessórios diversos, podelivremente deliberar quanto aos quinhões queaceita e aos que renuncia.

2.4.2 Renúncia De Herança É ato solene, pelo qual uma pessoa chamada à

sucessão de outra, declara que não a aceita. Tem que ser pura e simples, não pode ser

submetida a condição, termo ou modo (encargo) O direito brasileiro somente admite a renúncia

abdicativa, não admite a renúncia translativa.

2.4.2.1 FormaA renúncia é sempre solene (instrumento público ou termonos autos – art. 1806, CC).

Art. 1.806. A renúncia da herança deveconstar expressamente de instrumento públicoou termo judicial.

2.4.2.2 Restrições Art. 1647, I e 1747, I, CC Credores (art.1813, §1o, CC).

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Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art.1.648, nenhum dos cônjuges pode, semautorização do outro, exceto no regime daseparação absoluta:I - alienar ou gravar de ônus real os bensimóveis;II - pleitear, como autor ou réu, acercadesses bens ou direitos;III - prestar fiança ou aval;Art. 1.747. Compete mais ao tutor:I - representar o menor, até os dezesseisanos, nos atos da vida civil, e assisti-lo,após essa idade, nos atos em que for parte;II - receber as rendas e pensões do menor, eas quantias a ele devidas;III - fazer-lhe as despesas de subsistênciae educação, bem como as de administração,conservação e melhoramentos de seus bens;IV - alienar os bens do menor destinados avenda;V - promover-lhe, mediante preçoconveniente, o arrendamento de bens de raiz.Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar osseus credores, renunciando à herança,poderão eles, com autorização do juiz,aceitá-la em nome do renunciante.§ 1o A habilitação dos credores se fará noprazo de trinta dias seguintes aoconhecimento do fato.§ 2o Pagas as dívidas do renunciante,prevalece a renúncia quanto ao remanescente,que será devolvido aos demais herdeiros.

2.4.2.3 Efeitos da Renúncia de Herança

a)na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce àdos outros herdeiros da mesma classe e, sendo esse, o

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único desta classe, a sucessão devolve-se aosherdeiros da classe subseqüente (1810, CC).

b)Os descendentes do renunciante não podem representá-lona sucessão. O herdeiro renunciante é considerado comose jamais tivesse existido. Não há direito derepresentação para os herdeiros do renunciante,somente podem sucedê-lo por cabeça (direito próprio,art. 1811, 1a parte, CC)

c)Na sucessão testamentária a renúncia do herdeiro torna caduca a disposição testamentária.

Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte dorenunciante acresce à dos outros herdeirosda mesma classe e, sendo ele o único desta,devolve-se aos da subseqüente.Art. 1.811. Ninguém pode suceder,representando herdeiro renunciante. Se,porém, ele for o único legítimo da suaclasse, ou se todos os outros da mesmaclasse renunciarem a herança, poderão osfilhos vir à sucessão, por direito próprio,e por cabeça.

2.4.3.3 Retratação da Renuncia e Aceitação

A renúncia e a aceitação, em regra, são irretratáveis e irrevogáveis (art. 1812, CC), entretanto, são anuláveis quando provenientes de vício de vontade.

Art. 1.812. São irrevogáveis os atos deaceitação ou de renúncia da herança.

2.5 INDIGNIDADE

È a pena civil criada pelo legislador, consistente naperda da herança aplicável ao sucessor legítimo ou

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testamentário que houver praticado atos de ingratidãocontra o de cujus. Distingue-se da deserdação porque estarepresenta instituto exclusivo da sucessão testamentária.Enquanto a deserdação permite que o testador afaste de suasucessão os herdeiros necessários, a indignidade resultade mandamento legal e, priva, da herança herdeirosnecessários, legítimos e testamentários.

2.5.1 CAUSAS DA EXCLUSÃO DO INDIGNO (art.1814 CC)

i. Homicídio doloso ou tentativa deste, contra apessoa do de cujus, seu cônjuge, companheiro,ascendente ou descendente;

ii. Denunciação caluniosa em juízo contra o autorda herança ou crime contra a sua honra, deseu cônjuge ou companheiro;

iii. Interferência ou inibição, por violência oumeios fraudulentos, do livre desejo do autorda herança, de dispor de seus bens por ato deúltima vontade.

2.5.1.1 Procedimento

A exclusão do indigno somente pode ser feita por meio deação, só se caracterizando a indignidade se a sentençafinal o proclamar (1815 CC). A legitimidade para ajuizar tal feito é do co-herdeiro,legatário ou donatário favorecido com a exclusão doindigno, o Fisco (na falta de herdeiros legítimos etestamentários), e qualquer credor. O Parquet não tem legitimidade para ajuizar tal feito.O prazo prescricional para o exercício da ação deindignidade é de 4 anos contados da abertura da sucessão.(1815, § único).

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, emqualquer desses casos de indignidade, será declarada porsentença.

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Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão doherdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contadosda abertura da sucessão.

2.5.1.2 Perdão do IndignoÉ ato solene. A lei só lhe dá eficácia se efetuadomediante ato autentico (escritura) ou testamento (art.1818 CC). Não havendo reabilitação expressa, se no ato dotestamento, o testador, já tendo conhecimento daindignidade, contemplar o indigno, este pode suceder, nolimite da disposição testamentária.

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinema exclusão da herança será admitido a suceder, se oofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento,ou em outro ato autêntico.

Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, oindigno, contemplado em testamento do ofendido, quando otestador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade,pode suceder no limite da disposição testamentária.

2.5.1.3 Efeitos da Exclusão do Indigno

a)Pessoalidade da Pena (art. 1816, CC)Os descendentes do excluído não ficam prejudicados pela sentença de indignidade sucedem por representação

b)Retroação dos efeitos da sentençaO indigno é afastado da sucessão, a partir da data de sua abertura como se fosse pessoa pré-morta ao de cujus.

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Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; osdescendentes do herdeiro excluído sucedem, como se elemorto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terádireito ao usufruto ou à administração dos bens que a seussucessores couberem na herança, nem à sucessão eventualdesses bens.

c)Validade dos atos de disposição (art.1817). Princípios da boa fé dos adquirentes e da segurança

jurídica Os atos de alienação onerosa praticados pelo

indigno antes da sentença de exclusão, são considerados válidos.

Aos herdeiros efetivos cabe demandar perdas e danoscontra o indigno

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de benshereditários a terceiros de boa-fé e os atos deadministração legalmente praticados pelo herdeiro, antesda sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste,quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas edanos.

2.5.1.4 Efeitos subsidiários da exclusão por indignidade

a)Reembolso ao excluído das despesas de conservação dos bens do espólio (art. 1817, §único)

Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado arestituir os frutos e rendimentos que dos bens da herançahouver percebido, mas tem direito a ser indenizado dasdespesas com a conservação deles.

b)O indigno é afastado do usufruto e da sucessão dos bens de seus descendentes em virtude da exclusão (1816, §único)

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Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; osdescendentes do herdeiro excluído sucedem, como se elemorto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terádireito ao usufruto ou à administração dos bens que a seussucessores couberem na herança, nem à sucessão eventualdesses bens.

2.6. Deserdação (art. 1961, CC) É o ato através do qual alguém apontando como

causa uma das razões permitidas em lei, afasta de sua sucessão, por meio de testamento, um herdeiro necessário.

Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privadosde sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em quepodem ser excluídos da sucessão.

2.6.1 Condições (requisitos)a)Existência de testamento válidob)A causa que deu origem à deserdação deve estar

prevista em lei.

2.6.2 Causas da Deserdação Art. 1814, 1962 e 1963, do CC:

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros oulegatários:

I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipesde homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoade cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,ascendente ou descendente;

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II - que houverem acusado caluniosamente em juízo oautor da herança ou incorrerem em crime contra a suahonra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

III - que, por violência ou meios fraudulentos,inibirem ou obstarem o autor da herança de disporlivremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814,autorizam a deserdação dos descendentes por seusascendentes:

I - ofensa física;II - injúria grave;III - relações ilícitas com a madrasta ou com o

padrasto;IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou

grave enfermidade.Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814,

autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:I - ofensa física;II - injúria grave;III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do

filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro dafilha ou o da neta;

IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mentalou grave enfermidade.

2.6.3 Providências necessárias

Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento (1964, CC);

O direito de provar a deserdação em juízo e por meio de ação ordinária, extingue-se no prazo de 4anos a contar da abertura do testamento.

Ao deserdado cabe ação para impugnar a deserdação.

Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causapode a deserdação ser ordenada em testamento.

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2.6.4 EFEITOS DA DESERDAÇÃO

a) até o trânsito em julgado da ação que julga adeserdação, será nomeado depositário judicial, que terá aherança sob sua custodia.

b) a pena de deserdação só alcança deserdado, que éconsiderado como se morto fosse. Há sucessão porrepresentação.

c) O deserdado não tem usufruto dos bens recebidos pelosfilhos menores.

d) No caso da deserdação não ser comprovada, o testamentopoderá ser cumprido no que não impedir o restabelecimentoda legitima ao herdeiro necessário.

e) a deserdação será considerada ineficaz se houver outradisposição testamentária em contrario.

2.7 HERANÇA JACENTE (pendente)

É aquela cujos herdeiros não são ainda conhecidos ou aindanão desfrutam das condições para herdar.

Difere da herança vacante porque esta última só vem a seconcretizar quando, após a arrecadação do espólio, e apósas diligências legais, não aparecem herdeiros. Nessahipótese, a herança que, antes era jacente, passa a servacante.

A jacência é uma fase que visa a declaração de vacância daherança.

Nos termos do art. 1823, CC no caso de renúncia por partede todos chamados a suceder, a herança é considerada

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vacante, desde logo, sem necessidade de ser declaradajacente.

Art. 1.823. Quando todos os chamados a sucederrenunciarem à herança, será esta desde logo declaradavacante.

2.7.1 HIPÓTESES DE JACÊNCIA

a) O de cujus não deixou testamento nem herdeiro legitimonotoriamente conhecido (art. 1819, CC):

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nemherdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens daherança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda eadministração de um curador, até a sua entrega ao sucessordevidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

b) Herdeiro ainda não nascido, desde que tenha sidonomeado herdeiro universal.

c) Pessoa Jurídica ainda não constituída, a que foramatribuídos todos os bens.

d) Instituição da herança sob condição suspensiva adeterminado herdeiro, desde que pendente a condição.

Em todos os casos em que a herança for declarada jacente ojuiz promoverá a arrecadação dos bens que ficarão sob aadministração de um curador até a entrega ao sucessorlegitimamente habilitado ou até a declaração de vacância.(art. 1819, CC)

A jacência se extingue por declaração de vacância ou pelaentrega dos bens aos sucessores legalmente habilitados.

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Mesmo que a herança seja considerada jacente, é asseguradoaos credores dela o direito a pleitear o pagamento dasdividas reconhecidas, nos limites da força da herança art.(1821, CC):

Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito depedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limitesdas forças da herança.

2.7.2 HERANCA VACANTE

Ocorre a herança jacente quando não há herdeiro certo, ouquando não se sabe de sua existência. Ainda assim, nessahipótese, aguarda-se o aparecimento do herdeiro.

A herança vacante é aquela devolvida ao Município ou DF,por se ter verificado não haver herdeiro. A situação, nocaso, não é mais pendente.

Efetuada a arrecadação da herança jacente e entregues osbens ao curador, o juiz mandará publicar editaisconcedendo o prazo de 6 meses, contados da primeirapublicação, para os eventuais herdeiros se habilitar. Taiseditais devem ser reproduzidos 3 vezes, com prazo de 30dias intervalado entre si.(art. 1152, CPC e 1820, CC):

Art. 1.152. Ultimada a arrecadação, o juiz mandaráexpedir edital, que será estampado três vezes, comintervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgãooficial e na imprensa da comarca, para que venham ahabilitar-se os sucessores do finado no prazo de 6 (seis)meses contados da primeira publicação.

§ 1o Verificada a existência de sucessor outestamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, semprejuízo do edital.

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§ 2o Quando o finado for estrangeiro, será tambémcomunicado o fato à autoridade consular.

Na investigação dos herdeiros, deverão ser ouvidos osmoradores vizinhos, com o escopo de obter informaçõessobre supostos sucessores. Realizadas todas as exigênciaslegais, sem que haja herdeiro habilitado, ou pendahabilitação, será a herança declarada vacante.

Ao ser declarada vacante, após todas as diligências,comprova-se, afinal, que não há herdeiro. È facultado aoscredores se habilitarem no feito ou proporem ação autônomade cobrança (art. 1152 e 1153, CPC). Apesar daconstatação, de que não há herdeiros, não há prejuízo paraaqueles que legalmente se habilitem, já que o deferimentoao Município ou DF, não se dá em caráter definitivo.Assim, durante cinco anos, contados da abertura dasucessão, se aparecerem, poderão os herdeiros reclamar osbens.

Art. 1.152.  Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será estampado três vezes, com intervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que venham a habilitar-se os sucessores do finado no prazo de 6 (seis) meses contados da primeira publicação.        § 1o  Verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.        § 2o  Quando o finado for estrangeiro, será tambémcomunicado o fato à autoridade consular.        Art. 1.153.  Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.

Nos termos do art. 1157 do CPC, decorrido o prazo de umano contado da publicação do primeiro edital convocatório,ultimadas as diligências de arrecadação e resolvidas as

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pendências relativas a eventuais habilitações, a herançaserá declarada vacante.

Art. 1.157.  Passado 1 (um) ano da primeira publicaçãodo edital (art. 1.152) e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.        Parágrafo único.  Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-á o julgamento da última.

Com a declaração de vacância desaparece a figura daherança jacente, cessando a administração pelo curador,deferindo-se ao ente público, a propriedade resolúvel dosbens arrecadados, uma vez que a herança poderá, ainda, serreclamada pelos herdeiros no prazo de cinco anos, contadosdo falecimento do de cujus.Havendo habilitação de supostos herdeiros, cabe ao juizdecidir sobre o pedido, ouvidos o MP e a Fazenda Pública eproferir a sentença que, se for procedente, acarretará aconvolação do feito em inventário, nos termos do art.1.153, do CPC:

Art. 1.153.  Julgada a habilitação do herdeiro,reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada aidentidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á eminventário.

2.7.3 EFEITOS DA VACÂNCIA

1) afasta os colaterais da herança (art. 1822, § único).

2) Fixa o termo final, caso a vacância tenha ocorrido apóso prazo de 5 anos, findo o qual, os bens vagos, passamdefinitivamente, para o município, DF ou União (art.1822).

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Art. 1.822. A declaração de vacância da herança nãoprejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem;mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, osbens arrecadados passarão ao domínio do Município ou doDistrito Federal, se localizados nas respectivascircunscrições, incorporando-se ao domínio da União quandosituados em território federal.

Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração devacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.

2.8. PETIÇÃO DE HERANÇA

O direito do verdadeiro herdeiro de reclamar seu

quinhão hereditário contra quem o possua injustamente

(herdeiro aparente) pode ser exercido pela chamada petição

de herança.

É uma ação real universal que tem por fim fazer

reconhecida a qualidade de herdeiro alegada pelo autor, a

fim de entregar-lhe os bens da herança com seus acessórios

e rendimentos, desde o evento morte do de cujus.

Finalidades:

a)Reconhecimento do status de herdeiro;

b)Restituição total ou parcial da herança.

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Sendo preterido quando da enumeração dos herdeiros do

obituado nas primeiras declarações do inventário,

normalmente proferidas pelo inventariante, poderá o

herdeiro, com esteio no art. 1.001, do CPC, requerer sua

habilitação no inventário, mediante simples petição,

instruída com prova inconcussa de sua qualidade de

sucessor.

Art. 1.001.  Aquele que se julgar preterido poderá

demandar a sua admissão no inventário, requerendo-o antes

da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 (dez) dias,

o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, remeterá o

requerente para os meios ordinários, mandando reservar, em

poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até

que se decida o litígio.

Apresentado o pedido, ouvidos os interessados e o MP,

se for o caso, não havendo divergência, o juiz do

inventário admitirá o ingresso do habilitante,

determinando-se a correção das primeiras declarações.

Nessa hipótese, não há interesse prático no aforamento da

ação de petição de herança.

Caso o pedido de habilitação venha a ser indeferido

pelo juiz, por ausência de comprobação cabal da situação

de herdeiro, a exigir questão probatória mais elaborada, o

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julgador remeterá o postulante, às vias ordinárias,

através da ação de petição de herança.

No caso de habilitação rejeitada, poderá o juiz

determinar, de ofício, a reserva, até a solução do

impasse, do quinhão do herdeiro excluído, medida cautelar

que perderá sua eficácia, caso não seja ajuizada a ação de

petição de herança no prazo do art. 1.039, I, do CPC.

Art. 1.039.  Cessa a eficácia das medidas cautelares previstas nas várias seções deste Capítulo:        I - se a ação não for proposta em 30 (trinta) dias, contados da data em que da decisão foi intimado o impugnante (art. 1.000, parágrafo único), o herdeiro excluído (art. 1.001) ou o credor não admitido (art. 1.018);        II - se o juiz declarar extinto o processo de inventário com ou sem julgamento do mérito.

Pode ocorrer, também, que o herdeiro somente apareça

após partilhados os bens do espólio. A forma de reclamar

dos demais herdeiros o seu quinhão se dá por ação de

petição de herança.

De se concluir, portanto, que a ação de petição de

herança tanto pode ser assetada após a efetivação da

partilha, como ainda, no curso do processo de inventário,

pendente a partilha judicial.

Os autores mais comuns nas ações de petição de herança

são os filhos não reconhecidos e o companheiro do

obituado. Nessas hipóteses a ação de petição de herança

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poderá ser cumulada com as ações de investigação de

paternidade ou reconhecimento de união estável.

A ação de petição de herança deve obedecer o lapso

temporal prescricional de 10 anos, contado da abertura da

sucessão ( art. 205, CC):

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a leinão lhe haja fixado prazo menor.

Destaque-se a súmula nº 149, do STF que preconiza que aação de investigação de paternidade é imprescritível, mas que é

prescritível a ação real de petição de herança.

SÚMULA Nº   149

 É IMPRESCRITÍVEL A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE,MAS NÃO O É A DE PETIÇÃO DE HERANÇA.

UNIDADE DIDÁTICA III - SUCESSÃO LEGÍTIMA

É aquela que se opera obedecendo à ordem expressa em lei.

3.1 Ordem de vocação hereditária

É a relação de preferências estabelecida pela lei depessoas chamadas a suceder o falecido. Trata-se de vontadepresumida do falecido. Está prevista no art. 1829, CC:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordemseguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjugesobrevivente, salvo se casado este com o falecido noregime da comunhão universal, ou no da separação

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obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,no regime da comunhão parcial, o autor da herança nãohouver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III - ao cônjuge sobrevivente;IV - aos colaterais.

3.1.1 Sucessão de descendentes se não houver cônjugesobrevivente

a) Os descendentes herdam por cabeça, isto é, pordireito próprio; ou

b) Os descendentes herdam por estirpe, isto é, porrepresentação quando estiverem em gruas diversos.

Ex. 1: Pessoa que morreu deixando filho vivo comdescendentes e filho pré-morto com descendentes;

COMENTÁRIOS: F1 recebe por cabeça. N3 a N7 recebem porestirpe, isto é, por representação.

EX. 2: pessoa que morre deixando 2 filhos pré-mortos e 10netos.

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R$100.000

F1 F2 Pré-morto

N1 N2 N7N6N5N4N3

R$ 50.000R$

R$100.000

COMENTÁRIOS: todos recebem por cabeça, isto é, por direitopróprio.

3.1.2 SUCESSÃO DE ASCENDENTES SE NÃO HOUVER CÔNJUGE

REGRAS GERAIS

Na sucessão de ascendentes, não há o direito derepresentação.

O ascendente de grau mais próximo exclui o de graumais remoto, sem distinção de linhas (art. 1836, §1o,CC):

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados àsucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjugesobrevivente.

§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximoexclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha,os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo aoutra aos da linha materna.

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F1 Pré-morto

F2 Pré-morto

N1 N2 N10NNNN3

R$ 10.000 para

EX. “de cujus” tinha mãe e avós paternos vivos. Seu paiestava morto.

R$ 100.000

CONCLUSÃO: toda a herança vai para a mãe, porque não hádireito de representação e porque ela (mãe) é oascendente mais próximo.Se houver igualdade de graus e diversidade de linhas, aherança se divide entre as duas linhas pelo meio, istoé, entre as linhas materna e paterna (art. 1836, § 2o)

50% 50% R$ 50.000, R$25.000,00 R$ 25.000,00

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Avô

Mãe

Avô Avó

Pai Pré-morto

R$ 100.000+

Mãe Pré

Avô Avó

Pai Pré-morto

av

§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha,os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo aoutra aos da linha materna.

3.1.3 SUCESSÃO DO CÔNJUGE:

REGRAS GERAIS

O cônjuge é afastado da sucessão se estiver separadojudicialmente ou separado de fato há mais de 2 anos,exceto se a separação não ocorreu por sua culpa (art.1830, CC)Qualquer que seja o regime de bens, o cônjuge sobreviventeterá o direito real de habitação do imóvel destinado àresidência da família desde que se trate do único bemdaquela natureza a inventariar (art.1831, CC)

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessórioao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro,não estavam separados judicialmente, nem separados de fatohá mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essaconvivência se tornara impossível sem culpa dosobrevivente.

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que sejao regime de bens, será assegurado, sem prejuízo daparticipação que lhe caiba na herança, o direito real dehabitação relativamente ao imóvel destinado à residênciada família, desde que seja o único daquela natureza ainventariar.

3.1.3.1 Sucessão do cônjuge concorrendo comdescendentes.

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R$ 100.000

+

A possibilidade de o cônjuge concorrer com descendentesestá condicionada ao regime de bens.

Somente podem concorrer com os descendentes os cônjugescasados por um dos seguintes regimes de bens:

Separação convencional de bens; Comunhão parcial de bens, se houver bens

particulares do “de cujus” Participação final nos Aqüestos.

3.1.3.1 “Quantum” a ser recebido pelo cônjuge aoconcorrer com os descendentes

3.1.3.1.1 Receberá quinhão igual dos quesucederem por cabeça, não podendo serinferior a 25% se for ascendente dosherdeiros com que concorrer (art. 1832, CC)

EX. 2:EX. 1:

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H M 33%

F1 33% F2 33%

H M 25%

F1 F2 F3 F4 F5

75%

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art.1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dosque sucederem por cabeça, não podendo a sua quota serinferior à quarta parte da herança, se for ascendente dosherdeiros com que concorrer.

3.1.3.2 Se concorrer com descendentes que não sãofilhos seus, receberá quinhão igual a eles.

O mesmo se diga se houver descendentescomuns e não comuns. Nessas duas hipótesesnão haverá a reserva de 25%.

3.1.4 Sucessão do cônjuge com ascendentes

Independe do regime de bens. Qualquer que seja ele,o cônjuge sobrevivente concorrerá com ascendentesdo falecido, desde que não haja descendentes.

28.4.2.1 “Quantum” a ser recebido pelo cônjugeque concorre com ascendentes

28.4.2.1 se os ascendentes forem de 1o grau:1/3 da herança;

28.4.2.2 se houver 1 só ascendente: ½ daherança;

28.4.2.3) se os ascendentes forem de segundoou mais graus: ½ da herança.

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3.1.5 SUCESSÃO DE COLATERAIS

Os colaterais são sucessíveis até o 4o grau(art.1839, CC)Os colaterais mais próximos excluem os mais remotos(art. 1840, CC). Em princípio, não há o direito derepresentação.Exceção: quando filhos do irmão pré-morto do decujus (sobrinhos) concorrem com irmãos vivos desteNesse caso, há direito à representação para osfilhos do irmão do falecido (art. 1840, CC).

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nascondições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados asuceder os colaterais até o quarto grau.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximosexcluem os mais remotos, salvo o direito de representaçãoconcedido aos filhos de irmãos.

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Pais (pré-mortos)

Obituado I I2 pré

S1 S2

R$ 1.000.

R$ 500.00

R$ 250.000

R$ 250.000

No caso de existirem irmãos germanos e irmãosunilaterais, o unilateral recebe metade do quecouber ao irmão germano (art 1841, CC).

Se o irmão unilateral for pré–morto, seus filhosreceberão metade do que couber aos irmãos vivos,isto é, seus tios germanos.

Sobrinhos e tios do de cujus são parentes de 3o. grau,mas o art.1843, do CC, dá preferência aos sobrinhosque ficarão com a totalidade da herança se nãohouver outros herdeiros de grau mais próximo.

Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãosbilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdarámetade do que cada um daqueles herdar.

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhosdestes e, não os havendo, os tios.

§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãosfalecidos, herdarão por cabeça.

§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais comfilhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará ametade do que herdar cada um daqueles.

3.1.6 Sucessão do EstadoCaso não existam herdeiros legítimos ou testamentários,a herança é arrecadada como jacente, iniciando-se oprocesso para declará-la vacante passando para omunicípio, DF ou União (ex.: depósito FGTS).

3.1.7 Exceções à ordem de vocação hereditária:

a)Seguro obrigatório de veículos automotores;b)Pensão mortis-causa c)Sucessão de bens de estrangeiros situados no

país, em benefício do cônjuge ou dos filhosbrasileiros.

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3.2 DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Há direito de representação quando a lei chamacertos parentes do falecido a suceder em todosos direitos que ele sucederia caso estivessevivo (art. 1851, CC):

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quandoa lei chama certos parentes do falecido a suceder em todosos direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

Pode ocorrer na linha reta descendente, nuncana ascendente, e excepcionalmente, nacolateral, para filhos do irmão do pré –morto.

Pela representação, pessoas que seriamnormalmente excluídas pela regra de que o maispróximo afasta o mais remoto da sucessão,poderão participar da herança, desde que sejamrespeitados os seguintes requisitos:a)Descender o representante dos

representados;b)Ter o representado falecido ates do de cujus

exceto no caso de indignidade, em que osdescendentes do excluído sucedem apesar deele estar vivo (art.1816 CC):

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; osdescendentes do herdeiro excluído sucedem, como se elemorto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terádireito ao usufruto ou à administração dos bens que aseus sucessores couberem na herança, nem à sucessãoeventual desses bens.

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c)Ter o representante legitimação para herdardo representado no momento da abertura dasucessão (o indigno afastado da sucessão dopai não pode representá-lo na sucessão doavô)

d)não saltar graus. Não há que se falar derepresentação de pessoa viva e digna desuceder.

Herdar por representação é o mesmo que herdar por estirpe.O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-lana sucessão de outra (art. 1856, CC)Ex.: renunciar à herança do pai por querer ajudar irmãoque necessita mais, não implica renúncia à herança do avô,para representar pai pré-morto.

Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoapoderá representá-la na sucessão de outra.

O direito de representação existe sempre na sucessão dedescendentes, nunca na sucessão de ascendentes eexcepcionalmente na sucessão de colaterais.

Na linha ascendente não existe o direito de representação.Quando sobrinhos concorrem com tios do de cujus ocorre ahipótese do direito de representação.Os sobrinhos concorrem por representação com o irmão do decujus. O direito brasileiro reconhece a sucessão até oscolaterais de 4o. grauO direito de representação é uma exceção à regra de queparentes de gruas mais próximos excluem parentes de grausmais afastados. Esta exceção ocorre sempre na sucessão dedescendentes em se tratando de filhos do irmão. O neto doirmão não o representa. O direito de representação nalinha colateral se limita aos filhos do irmão. Os netos dofilho herdam por cabeça e não por representação.

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A representação só existe quando há herdeiros de grausdiferentes. Se há herdeiros do mesmo grau herda-se porcabeça. Sogro e sogra são parentes por afinidade e não herdam. Ocônjuge concorre com os ascendentes do de cujus. Não existem diferenças entre filhos.

3.3. HERDEIROS NECESSÁRIOS

O art.1845 CC indica quem são os herdeiros necessários oureservatórios (descendentes, ascendentes e cônjuges).

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes,os ascendentes e o cônjuge.

De se destacar a importância a que foi galgado ao cônjuge.Trata-se de uma conseqüência direta da mudança do regimelegal de bens para o regime da comunhão parcial. Assimforam dados maiores direitos sucessórios ao cônjuge.

Herdeiros necessários são aqueles que não podem serpreteridos. Analisando o caput do art. 1790, CC verifica-se que o companheiro participará da sucessão do outro,quanto aos bens adquiridos na vigência da união estável.Assim o autor da herança não tem o poder de afastar ocompanheiro da sucessão.

(Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participaráda sucessão do outro, quanto aos bens adquiridosonerosamente na vigência da união estável, nas condiçõesseguintes):

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a umaquota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor daherança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada umdaqueles;

III - se concorrer com outros parentes sucessíveis,terá direito a um terço da herança;

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IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito àtotalidade da herança.

Assim, se o direito de suceder é inafastável e se háreserva de quotas para o companheiro, forçoso reconhecerque ele é herdeiro necessário.Tanto o companheiro quanto o cônjuge são herdeirosnecessários sui generis já que suas quotas são deferentes dosdemais herdeiros.Destarte pode-se concluir que:

1-O rol de herdeiros necessários estatuído no art. 1845,CC não é taxativo, pois há de se incluir o companheirocomo herdeiro reservatório

2-Não houve igualdade de tratamento entre os herdeirosnecessários.

O art. 1846, CC destina aos herdeiros necessários metadedos bens da herança.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes,os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, depleno direito, a metade dos bens da herança, constituindoa legítima.

A legítima é fixada na data da abertura da sucessão sósendo levada em conta durante a vida do autor da herançaem relação às doações consideradas inoficiosas naquiloem que ultrapassar a metade patrimonial disponível.Destarte, em vida, o autor pode fazer honestamente dosbens, o que quiser, isto é, pode alienar onerosamentetodos o seus bens e gastar os produtos das alienações(art. 549, CC):

Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte queexceder à de que o doador, no momento da liberalidade,poderia dispor em testamento.

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Assim, os herdeiros necessários não têm direito líquidoe certo à legítima, mas a expectativa de recebê-la, casoo autor da herança faleça deixando algum bem.O art. 1847, CC traz a metodologia de cálculo dalegítima. A legítima é calculada sobre a herança líquidadeixada.Abatem-se da herança líquida deixada as dívidas e asdespesas com funeral, que não se confundem com as desufrágio pela alma do de cujus.Realizada o primeiro cálculo, acrescentam-se ao montanteencontrado os bens sujeitos à colação.O art. 1848 CC traz a regra da intangibilidadequalitativa da legítima, ainda que de forma relativa.Preteriu-se a vontade individualista do testado em prolda garantia plena dos direitos dos herdeirosnecessários.Seja qual for a cláusula restritiva, adotadainalienabilidade, impenhorabilidade ouincomunicabilidade, a liberdade do testador foi ceifadapela exigência de motivação justa para onerarão dalegítima.

Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dosbens existentes na abertura da sucessão, abatidas asdívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, emseguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada notestamento, não pode o testador estabelecer cláusula deinalienabilidade, impenhorabilidade, e deincomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

UNIDADE DIDÁTICA IV- SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

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É aquela que deriva da última vontade do de cujusrevestida da solenidade prescrita pelo legislador.Uma de suas características é ser limitada, i.é., otestador deve atentar para certas regras como respeitara legítima, parte que cabe aos herdeiros necessários.O instrumento de materialização da sucessãotestamentária é o testamento.

4.1 TESTAMENTO (art. 1858 CC)É o ato solene, personalíssimo e revogável, pelo qualalguém de conformidade com a lei, dispõe, no todo ou emparte, de seu patrimônio, para depois de sua morte,podendo, ainda, fazer disposições de caráter nãopatrimonial.

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendoser mudado a qualquer tempo.

4.1.1 CARACTERÍSTICAS

a)Ato personalíssimo e unilateral : as disposições devemser feitas pelo próprio testador, afastada ainterferência de procurador;

b)Ato revogável : pode ser alterado a qq tempo (art.1858, CC)

c)Ato solene : deve obedecer às formalidades expressasna lei, visando garantir a certeza da vontade dotestador

d)Ato gratuito : não visa troca de nenhumacontraprestação ou vantagem.

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendoser mudado a qualquer tempo.

4.1.2 CAPACIDADE PARA TESTAR (arts. 1860 E 1861)56

Os artigos caracterizam-se por trazer o critério negativo,preferindo apontar os que não podem testar: os incapazes,os que não tiverem pleno discernimento para testar nomomento da feitura do testamento.Os maiores de 16 anos podem testar (art. 1860) sem que,para isso, haja necessidade de assistência porrepresentante legal, pois como o testamento é ato jurídicopersonalíssimo, não pode o testador ficar sujeito aassistência, autorização ou anuência de quem quer queseja.Nos termos do art. 1861, a capacidade para testar deveexistir no momento em que o testamento é feito, pois aincapacidade superveniente não invalida o testamentoeficaz, assim como, o testamento do incapaz não se validacom a superveniência da capacidade. EX.: se menor de 16 anos faz testamento e morre após os 80anos, seu testamento continua nulo, não convalescendo porato nulo não e convalesce com o tempo.

Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar osque, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.

Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseisanos.

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testadornão invalida o testamento, nem o testamento do incapaz sevalida com a superveniência da capacidade.

4.1.3 FORMAS DE TESTAMENTO

Há em nosso ordenamento jurídico, duas espécies detestamento: ordinários (comuns) e especiais.Comuns ou ordinários: são aqueles que todas as pessoascapazes podem fazer, em qqr. circunstância;Testamentos especiais: somente são permitidas emcircunstancias extraordinárias e se caracterizam pelaausência de formalidade exigidas para a validade do

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testamentos ordinários. Podem ser testamento marítimo,militar e aeronáutico.

4.1.4 TESTAMENTO REALIZADO PARA BENEFÍCIO PRÓPRIO OU DETERCEIRO (ART. 1863)É proibido o testamento conjuntivo, seja ele simultâneo,recíproco ou correspectivo. Conjuntivo ou de mão comum: é aquele em que duas pessoas,através de 1 só instrumento e, portanto, por um mesmo atode última vontade dispõem de seus bens.São subespécies:

a)Simultâneo: quando os testadores dispõem em benefíciode terceiros

b)Recíproco: quando os testadores se instituírem um aooutro, de modo que o sobrevivente recolha a herança dooutro;

c)Correspectivo: quando o benefício outorgado por um dostestadores ao outro retribui vantagem correspondente

Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, sejasimultâneo, recíproco ou correspectivo.

4.1.5 Formas de testamento:Público : aquele escrito pelo oficial do registropúblico (tabelião ) dá mais segurança ao testador pois éescrito por um técnico sem o risco de disposição denulidades e é registrado no livro de notas do cartório.O inconveniente é que por ser público qqr pessoa poderáler. Deve ser lido por quem o escreve perante duastestemunhas.O cerrado é escrito pelo testador sendo apenasregistrado pelo tabelião que o devolve lacrado. O cegonão pode fazê-lo e o tabelião o lê 2 vezes perante astestemunhas. Se faltar uma dessas formalidades otestamento é nulo.

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Deve ter a declaração expressa do tabelião de que foilido por este e pela testemunha.

4.1.6 CODICILO

È um ato simplificado de última vontade para disposiçõesde pequena monta. É outro meio de transmissão de bens mortis causa. Requisitos de validade: ser escrito, datado e assinado pelo disponente (art. 1881, CC):

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testadornão invalida o testamento, nem o testamento do incapaz sevalida com a superveniência da capacidade.

Pode trazer disposições sobre o enterro do próprio autor, esmolas de pequena monta, assim como deixar móveis e objeto pessoais, como roupas e jóias de pequenovalor.As disposições de um codicilo valerão ainda que exista um testamento do próprio autor (1882, CC):

Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigoantecedente, salvo direito de terceiro, valerão comocodicilos, deixe ou não testamento o autor.

É revogado por outro codicilo ou testamento posterior que traga disposições que modifiquem as previstas ou nãoas confirme.Testamento não se revoga por codicilo, mas codicilo se revoga por testamento.

4.1.7 TESTAMENTOS ESPECIAISa)Marítimob)Aeronáuticoc)Militar

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a)Marítimo É aquele permitido à pessoa que se encontrar em viagem abordo de navio nacional, de guerra ou mercante e que receia morrer na viagem, sem testamento.Não valerá o testamento marítimo se, ainda que feito no curso de uma viagem, ao tempo da feitura, o navio estavaem porto onde o testador pudesse desembarcar e testar naforma ordinária (1892, CC)b)Aeronáutica é permitido àquele que estiver em viagem a bordo de aeronave militar ou comercial (1889) .tanto o testamento marítimo quanto a aeronáutica existemsob duas formas:a)Forma que corresponde ao testamento público: deve ser

lavrado pelo comandante ou pessoa por ele designada, perante 2 testemunhas;

b)Forma que corresponde ao testamento cerrado: o testador escreve. O testamento é entregue ao comandante ou pessoa pr ele designada, perante 2 testemunhas, dizendo que aquele é o seu testamento. O comandante certifica o fato, datando e assinando com otestador e as testemunhas. Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda

que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em que sefez, o navio estava em porto onde o testador pudessedesembarcar e testar na forma ordinária.

Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o dispostono artigo antecedente.

4.1.8 CADUCIDADES (art. 1891): Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nosnoventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.

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O testamento marítimo e o aeronáutico caducarão se o testador não faleceu na viagem, nem nos 90 dias subseqüentes do seu desembarque em terra, onde passa fazeroutro testamento na forma ordinária.

4.2 DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

As disposições testamentárias passam por dois diferentestipos de exame: o extrínseco e o intrínseco.O exame extrínseco está ligado à forma escolhida dotestamento e suas particularidades, enquanto o intrínsecoestá relacionado à nomeação de herdeiros e legatários e àprópria vontade do testador.Princípios quanto à nomeação de herdeiros e legatários:

a)Todas as disposições quanto aos herdeiros e legatáriosdevem emanar do testamento, não sendo possível ocomplemento com qualquer outro documento, público ouprivado;

b)As disposições só podem ser feitas em favor depessoas; e

c)A herança pode ser atribuída a determinada pessoa ouvárias pessoas.

As disposições testamentárias dividem-se em regrasinterpretativas, proibitivas e permissivas.

4.2.1 REGRAS INTERPRETATIVAS

Podem surgir duvidas quanto à real vontade do testador nocaso de cláusula testamentárias ser suscetível de váriasinterpretações. Nos termos do art. 1899 CC prevalecerá ainterpretação que melhor assegure a observância da vontadedo testador. Ex.: art. 1902, 1903, 1905, 1907:

Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres,dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos deassistência pública, entender-se-á relativa aos pobres dolugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou

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dos estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamenteconstar que tinha em mente beneficiar os de outralocalidade.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, asinstituições particulares preferirão sempre às públicas.

Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro,do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvose, pelo contexto do testamento, por outros documentos, oupor fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa oucoisa a que o testador queria referir-se.

Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeirosindividualmente e outros coletivamente, a herança serádividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e osgrupos designados.

Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns enão os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual aestes últimos o que restar, depois de completas as porçõeshereditárias dos primeiros.

4.2.2REGRAS PROIBITIVAS

Visam garantir a segurança das relações jurídicasderivadas de disposições de última vontade.Art. 1898: veda a instituição de herdeiro a termo. Otestamento não é inválido, nem mesmo a deixa, apenas otermo é considerado ineficaz.

Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começarou cessar o direito do herdeiro, salvo nas disposiçõesfideicomissárias, ter-se-á por não escrita.

Art. 1900 CC:

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I- Proíbe a instituição de herdeiros sob condiçãocaptatória. Testamento é ato gratuito. Semtrocas de favores

II- É desejável que o beneficiário sejadeterminável. A proibição tem exceção nahipótese do art. 1901, I, CC (regrapermissiva). Ex.: é nula a disposiçãotestamentária em favor dos amigos do testador,para pessoas virtuosas da cidade, etc.entretanto, é válida a disposiçãotestamentária, que deixa bens para o melhoraluno de uma escola ou para o aprovado em 1o

lugar no concurso X.III-O testamento é ato de última vontade do

testador e deixar a determinação da identidadedo beneficiário a terceiro retiraria o seucaráter personalíssimo.

IV- Idem. A disposição tem que ser do testador enão de qualquer pessoa, já que o testamento éato personalíssimo.

V- Proibição de deixa testamentária a pessoaselencadas nos art. 1801 e 1802:

Art. 1.901. Valerá a disposição:I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada

por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelotestador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpocoletivo, ou a um estabelecimento por ele designado;

II - em remuneração de serviços prestados ao testador,por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique aoarbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor dolegado.

Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nemlegatários:

I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem oseu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes eirmãos;

II - as testemunhas do testamento;

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III - o concubino do testador casado, salvo se este,sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há maisde cinco anos;

IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ouescrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ouaprovar o testamento.

Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias emfavor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quandosimuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitasmediante interposta pessoa.

Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas osascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge oucompanheiro do não legitimado a suceder.

4.2.3 REGRA PERMISSIVA

Art 1897 CC: a nomeação de herdeiro ou legatário pode serfeita mediante condição ou encargo. Cláusula deinalienabilidade art.1911, CC.Também é válida a disposição em remuneração a serviçosprestados ao testador, por ocasião da moléstia de quefaleceu (art. 1901, II):

Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, podefazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fimou modo, ou por certo motivo.

II - em remuneração de serviços prestados ao testador,por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique aoarbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor dolegado.

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade imposta aosbens por ato de liberalidade implica impenhorabilidade eincomunicabilidade.

Parágrafo único. No caso de desapropriação de bensclausulados, ou de sua alienação, por conveniênciaeconômica do donatário ou do herdeiro, medianteautorização judicial, o produto da venda converter-se-á em

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outros bens, sobre os quais incidirão as restriçõesapostas aos primeiros.

Art. 1.901. Valerá a disposição:I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada

por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelotestador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpocoletivo, ou a um estabelecimento por ele designado;

II - em remuneração de serviços prestados ao testador,por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique aoarbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor dolegado.

33. LEGADOS

Legado é o bem certo e determinado, acometido a umapessoa, por meio de testamento.A pessoa beneficiária de um legado denomina-se legatária.Nos termos do art. 1912, CC, é ineficaz o legado de coisacerta que não pertença ao testador na hora da aberturadasucessão.O herdeiro ou legatário que não cumprirem determinação dotestador, no sentido de entregar coisa de sua propriedadea outrem serão dados como tendo renunciado à herança oulegado (art. 1913, CC).Em se tratando de legado de coisa que se determine pelogênero, será ele cumprido, ainda que tal coisa não existaentre os bens deixados pelo testador ( art. 1915, CC).Se o legado versar sobre coisa que deva ser encontrada emdeterminado lugar, só terá eficácia se nele for achada,salvo se removida transitoriamente (art.1917, CC).Legado de crédito ou de quitação de dívida (art. 1918, CC)– somente até o limite daquele ou desta, ao tempo da mortedo testador. O legado será cumprido pela entrega do títulorespectivo. Este legado não compreende dívidas contraídasapós a data do testamento.O legado instituído a um credor não se reputa comocompensação de dívida do testador, a menos que este odeclare expressamente.

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Legado de alimentos abrange sustento, cura, vestuário,casa, além de educação, se for menor, enquanto ele viver(art. 1920, CC).Legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-sedeixado ao legatário, por toda a sua vida (art. 1921, CC).

Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que nãopertença ao testador no momento da abertura da sucessão.

Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro oulegatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, nãoo cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ouao legado.

Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determinepelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisanão exista entre os bens deixados pelo testador.

Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua,singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempodo seu falecimento, ela se achava entre os bens daherança; se a coisa legada existir entre os bens dotestador, mas em quantidade inferior à do legado, esteserá eficaz apenas quanto à existente.

Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se emdeterminado lugar só terá eficácia se nele for achada,salvo se removida a título transitório.

Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação dedívida, terá eficácia somente até a importância desta, oudaquele, ao tempo da morte do testador.

§ 1o Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro aolegatário o título respectivo.

§ 2o Este legado não compreende as dívidas posterioresà data do testamento.

Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador,não se reputará compensação da sua dívida o legado que elefaça ao credor.

Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, sea dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes demorrer.

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Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, acura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,além da educação, se ele for menor.

Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo,entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.

Novas aquisições feitas pelo testador, ainda que contíguasao imóvel deixado em legado, não se compreendem no legado,salvo se houver expressa declaração em contrário dotestador.

34. DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS

34.1 Noções Gerais

O direito de acrescer entre herdeiros surge, normalmente,em razão de uma possível omissão do testador, que, aoinstituir vários herdeiros ou legatários, pode não atentarpara casos de caducidade, renúncia ou descumprimento decondições por parte de algum deles. Assim, dá-se o direito de acrescer, quando o testadorcontempla vários beneficiários (co-herdeiros ou co-legatários),deixando-lhes a mesma herança, ou o mesmolegado, em porções não determinadas, e um dos concorrentesvem a faltar. Assim, a parte de um dos herdeiros oulegatários, que não recolhe seu quinhão ou legado, aumentaa dos outros.

34.2 Pressupostos do Direito de Acrescer entre os Herdeiros

a) Conjunção real (re tantum) ou mista (re et verbis): a.1) Conjunção real - quando há unidade de objeto, isto é, quando o legado é único para todos, não havendo distribuição de partes.

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a.2) Conjunção verbal (verbis tantum) – Se a deixatestamentária encontra-se em uma única disposição dotestamento, com discriminação das partes, ocorre conjunçãoverbal. No nosso direito, o simples fato, de o testadorinstituir vários herdeiros numa única disposição não dáensejo ao direito de acrescer. a.3) Conjunção mista ( re et verbis) – se o testador designa, namesma disposição, vários herdeiros ou legatários, semdistribuir entre eles as cotas de um todo deixado, ocorreconjunção mista.

b) Impossibilidade de recebimento ou não aceitação pelosbeneficiários – casos de caducidade, renúncia, nãoimplemento de condição pelos herdeiros geram o direito deacrescer.

c) Pluralidade de herdeiros

d) Inexistência de substituto nomeado

34.3 Finalidade do Direito de Acrescer

Alguns sustentam que a finalidade do direito de acrescer éevitar o fracionamento da propriedade. Outros atribuem à tradição Romana para que não haja uma parte testada e outra intestada. A melhor doutrina, no entanto, sustenta que o direito deacrescer se fundamenta na prevalência da vontade dotestador, já que se depreende da manifestação conjuntivaser intenção do disponente beneficiar aqueles herdeiros oulegatários instituídos, aproveitando, inclusive, a parteremanescente.

34.4 Natureza Jurídica do Direito de Acrescer

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No direito brasileiro o instituto é considerado como direito subjetivo que investe o titular, na faculdade de expandir sua aquisição no caso de vacância da cota.

34.5 Direito de Acrescer entre Legatários

O direito de acrescer poderá ocorrer também entre co-legatários, quando nomeados conjuntamente a respeito deuma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto dolegado não puder ser dividido sem risco de desvalorização(art. 1942, CC).

34.6 Hipóteses em que o Nomeado não pode ou não querrecolher a herança.

O art. 1943 do CC menciona hipóteses em que o nomeado nãopode ou não quer recolher a herança: pré-morte, exclusãopor indignidade ou falta de legitimação (1801, CC).

Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando nomeados conjuntamente a respeito deuma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto dolegado não puder ser dividido sem risco de desvalorização.

Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários,nas condições do artigo antecedente, morrer antes dotestador; se renunciar a herança ou legado, ou destes forexcluído, e, se a condição sob a qual foi instituído nãose verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito dosubstituto, à parte dos co-herdeiros ou co-legatáriosconjuntos.

Parágrafo único. Os co-herdeiros ou co-legatários, aosquais acresceu o quinhão daquele que não quis ou não pôdesuceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que ooneravam.

34.7 Direito de Acrescer quando a cota é Específica

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A parte que faltar será acrescida à cota dos co-herdeirosou legatários, hipótese que não ocorrerá se, o testador aofazer a nomeação conjunta, especificou a cota de cada um.Ex; metade, um terço, etc. Entende-se, nessa hipótese que,a intenção do testador foi aquinhoar cada qual, somentecom a porção especificada.

Por essa razão, a cota vaga do contemplado que vier afaltar será devolvida aos herdeiros legítimos do testador.É o que se pode inferir da dicção do art. 1944, do CC, inverbis:

Art. 1.944. Quando não se efetua o direito deacrescer, transmite-se aos herdeiros legítimosa quota vaga do nomeado.

Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer,transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga donomeado.

Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescerentre os co-legatários, a quota do que faltar acresce aoherdeiro ou ao legatário incumbido de satisfazer esselegado, ou a todos os herdeiros, na proporção dos seusquinhões, se o legado se deduziu da herança.

Por sua vez, o parágrafo único do art. 1944dispõe:

Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescer entreos co-legatários, a quota do que faltar acresce ao herdeiro ouao legatário incumbido de satisfazer esse legado, ou a todos osherdeiros, na proporção dos seus quinhões, se o legado sededuziu da herança.

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Assim, faltando o legatário, o direito de acrescer surgirápara o legatário ou herdeiro titular da coisa certa ou dacota de onde foi deduzido o legado. 34.8 Repúdio do Acréscimo

Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá-loseparadamente da herança ou legado que lhe caiba, “salvo seo acréscimo comportar encargos especiais impostos pelo testador; nessecaso, uma vez repudiado, reverte o acréscimo para a pessoa a favor de quemos encargos foram instituídos”.

O co-herdeiro ou co-legatário só pode repudiar o queacresceu se renunciar também à herança ou ao legado.Poderá, entretanto, repudiar somente a parte acrescida seesta contiver encargos especiais impostos pelo testador,caso em que o acréscimo reverte para a pessoa a favor dequem os encargos foram instituídos.

34.9 Direito de Acrescer no Legado de Usufruto

No legado de usufruto o disponente transfere aousufrutuário o direito de usar e gozar da coisa alheia,por certo tempo ou vitaliciamente. Haverá direito deacrescer entre os co-legatários se a nomeação forconjunta, sem especificação de cotas.

È o que se pode inferir do disposto no art. 1946, in verbis:

Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamentea duas ou mais pessoas, a parte da que faltaracresce aos co-legatários.

Parágrafo único. Se não houver conjunção entreos co-legatários, ou se, apesar de conjuntos,só lhes foi legada certa parte do usufruto,consolidar-se-ão na propriedade as quotas dosque faltarem, à medida que eles forem faltando.

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Assim, se não houve disposição conjunta, ou se apesar deconjuntos, houver distribuição do usufruto em partescertas entre os beneficiários, não haverá acréscimo, masconsolidação na propriedade, se um deles (beneficiários)faltar.

Extingue-se, assim, o usufruto com a morte de todos oslegatários, se outro prazo não se estipulou. A morte donu-proprietário, entretanto, não extingue o direito dousufrutuário.

35. SUBSTITUIÇÕES

O legislador concedeu ao testador não só a prerrogativade constituir herdeiro ou legatário, como também, de lhesindicar um substituto na falta deles.

O testador, portanto, antevendo a possibilidade de umherdeiro ou legatário não poder ou não querer participarde uma herança, lhe nomeia um substituto, impedindo,assim, que a parte referente àquele, acresça à dosherdeiros necessários.

35.1 Tipos de substituição:

a)Vulgar - quando o testador indica outra pessoapara ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que,nomeado em primeiro lugar, não quiser ou puderparticipar da sucessão.

b)Recíproca – quando os herdeiros são designadossubstitutos uns dos outros.

c)Fideicomissária – quando o testador impõe a umherdeiro ou legatário chamado fiduciário, aincumbência de, por sua morte, a certo tempo, ousob certa condição, transmitir a outro, que sequalifica como fideicomissário, a liberalidade.

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d)Compendiosa – quando ocorre a concorrência desubstituição vulgar com uma fideicomissária.

35.2 Substituição Vulgar

Art. 1.947. O testador pode substituir outrapessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado,para o caso de um ou outro não querer ou nãopoder aceitar a herança ou o legado,presumindo-se que a substituição foideterminada para as duas alternativas, aindaque o testador só a uma se refira.

Constitui simples troca de titulares, a qual ficacondicionada à circunstância de o herdeiro instituído, oulegatário nomeado não assumir sua condição na herança,seja por não querer (renúncia) ou não poder (morte ouexclusão).

Art. 1.948. Também é lícito ao testadorsubstituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, e ainda substituir com reciprocidade ousem ela.

A substituição vulgar será singular se, apenas umsubstituto houver sido designado, ou coletiva se foremvários os designados, simultaneamente.

34.3 Substituição Recíproca ( art. 1948, in fine)

É lícito ao testador que, dois ou mais herdeiros sejamindicados substitutos uns dos outros, para a hipótese dequalquer deles não querer ou não poder aceitar a herança.

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Art. 1.949. O substituto fica sujeito à condição ou encargoimposto ao substituído, quando não for diversa a intençãomanifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa danatureza da condição ou do encargo.

O substituto toma o lugar do substituído tanto nasvantagens, quanto nos ônus, a não que seja exonerado pelotestador ou que a condição ou encargo seja com eleincompatível, como, por exemplo, nas condiçõesestritamente pessoais.

Art. 1.950. Se, entre muitos co-herdeiros ou legatários de partesdesiguais, for estabelecida substituição recíproca, a proporçãodos quinhões fixada na primeira disposição entender-se-ámantida na segunda; se, com as outras anteriormentenomeadas, for incluída mais alguma pessoa na substituição, oquinhão vago pertencerá em partes iguais aos substitutos.

O testador pode aquinhoar seus herdeiros ou legatários compartes desiguais, estabelecendo, ainda, substituiçãorecíproca. Se, no entanto, o testador incluir um novosubstituto, além dos reciprocamente considerados, oquinhão vago, ou seja, aquele que caberia ao sucessor quedeixou de comparecer, será dividido em partes iguais.

34.4 Substituição Fideicomissária

Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários,estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou olegado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste,por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favorde outrem, que se qualifica de fideicomissário.

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Trata-se de uma disposição testamentária complexa, pormeio da qual, o testador institui alguém, por certo tempoou condição, ou até a sua morte, seu herdeiro oulegatário, o qual recebe bens em propriedade resolúvel,denominado fiduciário, para que, com o implemento dacondição, termo, ou advento de sua morte, passe os bens aoutro nomeado, o fideicomissário.

O fideicomisso tem caráter mediato e indireto e não afetao sujeito que operou a liberalidade, isto é, o testadorque, dispõe de seus bens com absoluta soberania.

No caso de extinção do fideicomisso, seja pelaconsolidação da propriedade no fiduciário, seja pelatransferência para o fideicomissário, deve ser requerida asua extinção judicialmente.

Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permiteem favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador.

Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houvernascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dosbens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito dofiduciário.

Trata-se da maior inovação em matéria de substituição. Anovidade do dispositivo é a possibilidade de atender aodesejo do testador de instituir herdeiro não existente aotempo da abertura da sucessão.

Não obstante, a lei prevê a conversão do direito dofiduciário em usufruto, quando ao tempo da abertura dasucessão, já houver nascido o fideicomissário, adquirindoeste a propriedade dos bens fideicomitidos.

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Art. 1.953. O fiduciário tem a propriedade da herança oulegado, mas restrita e resolúvel.Parágrafo único. O fiduciário é obrigado a proceder aoinventário dos bens gravados, e a prestar caução de restituí-losse o exigir o fideicomissário.

O domínio do fiduciário é sobre a herança é resolúvel,sendo, portanto, proprietário sob condição resolutiva,podendo usar gozar, dispor, gravar e reivindicar o bem.Eventual alienação feita pelo fiduciário tornar-se-áineficaz quando o domínio se resolver, devendo oadquirente devolver o bem ao fideicomissário. O fiduciárionão é mero usufrutuário.

Se o fiduciário renunciar a herança ou o legado, defere-seao fideicomissário o poder o poder de aceitar, salvodisposição testamentária em contrário (art. 1954, CC).Neste caso, salvo disposição em contrário, converte-se asubstituição fideicomissária em vulgar.

Art. 1.954. Salvo disposição em contrário do testador,se o fiduciário renunciar a herança ou o legado, defere-seao fideicomissário o poder de aceitar.

Se o fideicomissário renunciar a herança ou o legado,caducando, nesse caso, o fideicomisso, deixando de serresolúvel a propriedade do fiduciário, isto é o fiduciáriopassa a ser o proprietário definitivo (art. 1955, CC). Art. 1.955. O fideicomissário pode renunciar aherança ou o legado, e, neste caso, o fideicomisso caduca,deixando de ser resolúvel a propriedade do fiduciário, senão houver disposição contrária do testador.

Se o fideicomissário aceitar a herança ou o legado, terádireito à parte que, a qualquer tempo acrescer aofiduciário (art. 1956, CC).

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Art. 1.956. Se o fideicomissário aceitar aherança ou o legado, terá direito à parte que, aofiduciário, em qualquer tempo acrescer.

È obrigação do fideicomissário responder pelos encargos daherança que ainda que ainda restarem quando operar asucessão (art. 1957, CC).

Art. 1.957. Ao sobrevir a sucessão, ofideicomissário responde pelos encargos da herança queainda restarem.

Em caso de premoriência do fideicomissário em relação aofiduciário, a propriedade consolida-se no fiduciário (art.1958, CC).

Art. 1.958. Caduca o fideicomisso se ofideicomissário morrer antes do fiduciário, ou antes derealizar-se a condição resolutória do direito desteúltimo; nesse caso, a propriedade consolida-se nofiduciário, nos termos do art. 1.955.

É nulo o fideicomisso além do segundo grau (art. 1959,CC), entretanto, a nulidade do segundo fideicomisso, nãoprejudicará a validade do primeiro (art. 1960, CC).

Art. 1.959. São nulos os fideicomissos além dosegundo grau.

Art. 1.960. A nulidade da substituição ilegalnão prejudica a instituição, que valerá sem o encargoresolutório.

35. REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Para assegurar a intangibilidade da legítima, impedindoque a cota disponível deixada para herdeiros ultrapasse olimite de 50%, a lei confere aos interessados o direito de

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redução das disposições testamentárias, pelo qual secerceiam as liberdades excessivas, efetuadas pelo testadorem detrimento da legítima.

Destarte, dá-se a redução das disposições testamentáriasquando excederem a quota disponível do testador.

Assim, preceitua o art. 1967, CC, in verbis:

Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponívelreduzir-se-ão aos limites dela, de conformidade com o dispostonos parágrafos seguintes.

A redução pode ser efetuada nos autos do próprioinventário , corrigindo na partilha a desigualdade daslegítimas, se houver acordo entre os interessados.

Não havendo acordo entre os interessados, só se procederáa redução nos autos do inventário se o excesso forevidente e a questão não for de alta indagação.

Em caso de dilação probatória, podem os herdeirosnecessários, seus sucessores ou credores, ou ainda oscessionários de seus direitos, intentar ação de reduçãopara recompor a legítima com os bens que excedam a quotadisponível. Falta qualidade para agir, entretanto, àqueleque deixar de aceitar a herança.

35.1 REDUÇÃO DE DOAÇÕES INOFICIOSAS

A proteção da legítima dos herdeiros se dá, não apenaspela redução das disposições testamentárias que excedam aquota disponível.

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Dá-se, também pela redução das chamadas doaçõesinoficiosas, sendo assim consideradas as que excederem oque o doador, “no momento da liberalidade, poderia disporem testamento”, nos termos do art. 549, CC:

Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte queexceder à de que o doador, no momento da liberalidade,poderia dispor em testamento.

O aludido dispositivo declara nula somente a parte queextravasar tal limite, e não, toda a doação.

Visa a norma concreta impedir antecipada fraude à reserva, portanto, transgride a lei quem, a título gratuito, sedesfaz de mais da metade de seus haveres. Logo, deve-setomar por base do cômputo o patrimônio existente e orespectivo valor, na época da doação. Quem empobreceudepois, não violou conscientemente os textos protetoresda legítima. Errou quanto ao futuro, porém, de boa fé.

Quando o excesso advém de disposição testamentária, areferida ação de redução somente pode ser ajuizada após aabertura da sucessão, afinal não se pode litigar arespeito de sucessão de pessoa viva.

Quando o excesso, entretanto, advém de atos inter vivos,sustenta a melhor doutrina pela possibilidade deajuizamento da ação de redução de imediato, não sendonecessário aguardar a morte do testador, eis que oexcesso é declarado nulo, expressamente pela lei.

O pedido é feito para que, anulado o ato, os bensretornem ao patrimônio do doador. Se forem feitas váriasdoações, tomar-se-á por base primeira, isto é, opatrimônio então existente, para o cálculo dainoficiosidade. Caso contrário, o doador continuariadoando a metade do que possui atualmente, e, todas asdoações seriam legais , até extinguir todo o patrimônio.

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A redução, portanto deve alcançar as doações inoficiosas,começando pela última.

35.2 Ordem das Reduções

Art. 1967 [...]§ 1o Em se verificando excederem as disposições testamentáriasa porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas asquotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e,não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.§ 2o Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem,de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-ános outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito aordem estabelecida no parágrafo antecedente.

Se o testador somente em parte dispuser de sua metadedisponível, o remanescente pertencerá aos herdeiroslegítimos (art. 1966, CC).

Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiroslegítimos, quando o testador só em parte dispuser da quotahereditária disponível.

Quando das reduções das disposições testamentárias,primeiro é atingido o patrimônio do herdeiro instituído,cujo quinhão é reduzido até se obter a recomposição dalegítima, ainda que se esgote totalmente. Haverá reduçãoproporcional das quotas dos herdeiros instituídos, seforem vários.

A redução é feita no quinhão do herdeiro instituídoporque, sucedendo este a título universal, substitui apessoa do de cujus, e, em tese somente lhe cabe o domínio doremanescente da herança, depois de deduzidas as dívidasque o oneram.

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Se essa redução não bastar, passar-se-á aos legados, naproporção do seu valor, até que se complete a legítima dosherdeiros necessários.

Nesse campo, impende consignar que, impera a vontadeindividual do testador, eis que não se trata de matéria deordem pública, portanto, o testador pode dispor de formadiversa, no sentido de que, sofram a redução, primeiro oslegatários, ou que todos suportem, simultaneamente, osdescontos necessários.

35.3 Redução em Legado de Bem Imóvel

Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeitoa redução, far-se-á esta dividindo-o proporcionalmente.§ 1o Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montara mais de um quarto do valor do prédio, o legatário deixaráinteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direito depedir aos herdeiros o valor que couber na parte disponível; se oexcesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros farátornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio.§ 2o Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário,poderá inteirar sua legítima no mesmo imóvel, de preferênciaaos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lheabsorverem o valor.

Procura o legislador com o dispositivo evitar a comunhãoque sempre é fonte de atritos.

Assim, se o imóvel puder ser fracionado sem alteração desua substância, diminuição considerável de valor, ouprejuízo do uso a que se destina (divisível), a reduçãoserá feita de modo simples, ou seja, dividindo-seproporcionalmente o bem.

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Se, todavia, o imóvel sobre o qual vai incidir a redução éindivisível, cumpre primeiro verificar o valor da redução.

Na hipótese de o excesso ser de mais de um quarto do valordo prédio, o legatário o deixará inteiro na herança ereceberá do herdeiro, o restante do valor em dinheiro.Solução diversa só será admitida com anuência deste.

No caso de o excesso não ser de mais de um quarto do valordo prédio, fica o legatário com o imóvel e entrega, emdinheiro, aos herdeiros, a quantia referente à diferença. Se o legado inoficioso tiver beneficiado herdeironecessário, permite o Código que ele possa inteirar sualegítima no mesmo imóvel, de preferência aos outrosherdeiros necessários, sempre que tal legítima e a partesubsistente do legado lhe absorverem o valor.

35.4 Ação de Redução

É conferida ao herdeiro necessário para reclamar aintegração de sua legítima hereditária, quando esta sehouver desfalcado, por liberalidades efetuadas pelo de cujus, quer por meio de atos inter vivos, quer por disposição deúltima vontade.

Quer a liberalidade tenha sido feita por testamento ou pordoação, cabe ao herdeiro provar a inoficiosidade. Em casode doação, essa prova é mais penosa, máxime se contar comantagonismo do doador. Em caso de disposição testamentáriaexcessiva, a prova é banal e decorre evidente do próprioprocesso de inventário.

A ação destinada a reduzir disposição testamentária podeser promovida por herdeiro necessário lesado em sualegítima, por seus sucessores ou credores, ou ainda porseus cessionários de direitos.

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Os credores do falecido não têm legitimação para reduziras disposições inoficiosas, até porque o espólio respondepelo pagamento das dívidas do falecido, e os credores têmpreferência para receber o que lhes é devido. Qualquer herdeiro que tiver aceitado a herança podemanejar isoladamente a ação, porque ela é de naturezadivisível, como em geral sucede com todas as açõeshereditárias.

A sentença, entretanto, favorecerá somente o autor. Assim,só aqueles, que ingressarem em juízo poderão serbeneficiados por seus efeitos, presumindo-se que os demaisquiseram preservar a última manifestação de vontade dofinado.

36. REVOGAÇÃO DE TESTAMENTO

Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modoe forma como pode ser feito

O testador tem a faculdade de revogar testamento aqualquer instante, com a mesma amplitude e forma que tempara testar.

Assim tem-se por não escrita qualquer cláusula quepretenda tornar o testamento irrevogável.

Inexiste qualquer hierarquia, podendo o testador revogar otestamento público por meio de particular, cerrado, oumesmo por quaisquer das formas de testamento especial.

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Art. 1.970. A revogação do testamento pode ser total ou parcial.

Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior nãocontiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsiste emtudo que não for contrário ao posterior.

Ilimitada é a liberdade de modificar testamento anterior.Assim, surgem algumas classificações da revogação dasdisposições testamentárias. Pode ser expressa quandomanifestada a vontade em testamento posterior válido. Podeser tácita quando resulta da incompatibilidade material ouintencional das disposições.

O ideal seria a existência de cláusula revogatóriaexpressa, diante da ausência da mesma, no entanto, busca-se a conciliação, complementação, soma ou integração dasdisposições de testamentos sucessivos.

Art. 1.971. A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando otestamento, que a encerra, vier a caducar por exclusão,incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; nãovalerá, se o testamento revogatório for anulado por omissão ouinfração de solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos.

A caducidade de um testamento pode operar-se por exclusão,incapacidade ou renúncia do herdeiro nomeado, entretanto,tais situações impeçam seja o herdeiro instituído com aliberalidade, não impedem que prevaleça a vontade dotestador na parte que revogou o testamento anterior.

Entretanto, se o testamento contiver vícios intrínsecos ouextrínsecos, nenhum efeito produzirá. É como se nãoexistisse testamento.

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Art. 1.972. O testamento cerrado que o testador abrir oudilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento,haver-se-á como revogado.

O artigo trata da hipótese em que o testador, por ato seuou de terceiro sob sua aprovação, abre ou dilaceratestamento cerrado, risca-o ou queima-o, retirando-lhe aintegridade. Em tal hipótese, manifesta, de formainduvidosa, a intenção de revogar o testamento. É chamadaem face da ostensividade do ato, de revogação real.

36.0 TESTAMENTEIRO

É o executor do testamento, isto é, a pessoa encarregadade cumprir as disposições de última vontade do testador.Pode ser nomeado em testamento ou codicilo, nos termos doart. 1.883, CC:

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881,poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.

Ao(s) testamenteiro(s) nomeado(s) incumbe cumprir asobrigações do testamento, propugnar a sua validade,defender a posse dos bens da herança e requerer ao juizque lhes conceda os meios necessários para cumprirdisposições testamentárias (art. 1.137, CPC):Art. 1.137.  lncumbe ao testamenteiro:        I - cumprir as obrigações do testamento;        II - propugnar a validade do testamento;        III - defender a posse dos bens da herança;        IV - requerer ao juiz que Ihe conceda os meios necessários para cumprir as disposições testamentárias.

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Art. 1976, CC:

Art. 1.976. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros,conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade.

Os testamenteiros são conjuntos quando lhes cumpre atuarao mesmo tempo, cumulando as funções. Separados, quandodevem exercer a testamentária, uns separados dos outros.

Pode ocorrer ainda que, embora conjuntos, tenham ostestamenteiros, funções distintas, especialmentedeterminadas pelo testador.

Foi na idade média que instituição do executor dotestamento adquiriu consistência, como forma de o testadorvaler-se de uma pessoa não herdeira para fazer cumprirseus desígnios de última vontade.

36.1 Natureza Jurídica

A teoria de que o testamenteiro seria detentor de ummandato concedido pelo testador carece de alicercejurídico, eis que o mandato se extingue com a morte domandante (art. 682, II, CC):

Art. 682. Cessa o mandato:I - pela revogação ou pela renúncia;II - pela morte ou interdição de uma das partes;III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a

conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do

negócio.

É também inaceitável a tese de que a natureza jurídica datestamentária seria de tutela, eis que a tutela encerra ummunus publico e na testamentária prevalece o interesseparticular.

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Também não galga êxito a teoria de que o testamenteiro érepresentante do testador, posto que representaria osinteresses do mesmo, sem, no entanto, ser seu mandatário.O conceito de representação, no entanto, não teria comoexplicar a situação em que o herdeiro pode ser executortestamentário, já que, em algumas situações defendeinteresses antagônicos do testador, mormente quandodefende seus (do herdeiro) próprios interesses. No dizer de Orlando Gomes, o testamenteiro é um ofício deassunção facultativa, já que lhe são conferidos poderespela lei. Poderes esses destinados a defender interessesparticulares determinados pelo testador.

Assim, a testamentária é um instituto sui generis regido pornormas particulares e próprias que não se confunde comoutros institutos conhecidos.

36.2 ESPÉCIES DE TESTAMENTEIROS

O testamenteiro é dativo quando nomeado pelo juiz einstituído, quando nomeado pelo testador (art. 1984, CC):

Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelotestador, a execução testamentária compete a um doscônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelojuiz.

Testamenteiro universal é aquele a quem se confere a possee administração da herança ou parte dela (art.1977, CC):

Art. 1.977. O testador pode conceder ao testamenteiro a posse e a administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários.

A idéia é facilitar ao nomeado desvencilhar-se daincumbência, pois mais fácil será pagar os legados e

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executar encargos tendo a posse da herança, do que se istonão ocorrer.

Essa faculdade, entretanto, não é irrestrita, eis que otestador só pode conferir a posse e a administração daherança ao testamenteiro, se não houver cônjugesobrevivente, descendentes, ascendentes ou companheiro, ouse estes não quiserem ou não puderem exercê-la. Cabe aosherdeiros necessários, preferencialmente, a posse eadministração da herança.

O art. 1978, CC prevê que:

Art. 1.978. Tendo o testamenteiro a posse e a administraçãodos bens, incumbe-lhe requerer inventário e cumprir otestamento.

Assim, compete-lhe na dupla qualidade de testamenteiro einventariante, se nomeado para tal, iniciar o inventário,prestar primeiras e últimas declarações, cobrar dívidas,propor ações em nome do espólio, pedir venda de bens,defender a validade do testamento, contratar advogado,pagar débitos, recolher impostos, etc.

36.3 Nomeação de Testamenteiro

Qualquer pessoa natural, homem ou mulher, solteira oucasada, desde que idônea e capaz, pode ser nomeadatestamenteira. Por exclusão, não podem exercer esseencargo, os menores, os absoluta ou relativamenteincapazes, mesmo representados ou assistidos por seusrepresentantes legais, e os interditos.

Não pode ser delegada a testamentária a pessoa jurídica,por ser personalíssima. O art. 1985, CC, ressalta o seucunho intuitu personae.

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Art. 1.985. O encargo da testamentária não se transmiteaos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável; mas otestamenteiro pode fazer-se representar em juízo e foradele, mediante mandatário com poderes especiais

A nomeação de testamenteiro pelo testador é feita em regrapor testamento, mas pode ser feita por codicilo (1.883,CC):

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881,poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.

O exercício da testamentária pode ser cometido a um oumais testamenteiros, conjunta ou separadamente, nos termosdo art. 1976, CC. Nomeados mais de um, resta saber se oforam, solidária, conjunta ou sucessivamente. Se houversolidariedade, pode o nomeado agir como bem entender,respondendo todos por seus atos. Se nomeadosconjuntamente, nenhum deles tem o direito de exercersozinho o encargo. Se forem sucessivos os testamenteiros,deve assumir a testamentária o primeiro designado,chamando o segundo se não aceitou, e assim por diante.

Art. 1.976. O testador pode nomear um ou maistestamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe daremcumprimento às disposições de última vontade.

36.4 Aceitação do Encargo pelo Testamenteiro

Ao contrário da tutela que é um munus publico, atestamentária é um encargo privado, portanto, função queninguém é obrigado a exercer, senão por anuência livre.

A aceitação será expressa se, o nomeado o declarar,tácita se inicia a execução testamentária sem nenhumpronunciamento e presumida se, aceita legado a ele feitopara esse fim.

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Normalmente a recusa não precisa ser motivada, entretanto,uma vez aceita a testamentária, a renuncia tem que sermotivada. O art. 1.127, do CPC trata da aceitação da testamentária:

Art. 1.127. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteironomeado a assinar, no prazo de 5 (cinco) dias, o termo datestamentária; se não houver testamenteiro nomeado, estiverele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão certificará aocorrência e fará os autos conclusos; caso em que o juiznomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferêncialegal.Parágrafo único. Assinado o termo de aceitação datestamentária, o escrivão extrairá cópia autêntica dotestamento para ser juntada aos autos de inventário ou dearrecadação da herança.

Assim, a aceitação da testamentária deve constar de umtermo, subscrito pelo juiz e pelo testamenteiro, que deveser intimado pelo escrivão a comparecer em cartório noprazo de 5 dias e assiná-lo. Registrado o testamento eassinado o termo de compromisso da testamentária, oescrivão extrairá cópia autêntica do testamento, que serájuntada aos autos do inventário, para cumprimento dasdisposições de última vontade.

36.5 Atribuições do Testamenteiro

a) apresentar em juízo o testamento (art. 1979, CC)

O art. 1979 estatui:

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Art. 1.979. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parteinteressada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, deofício, ao detentor do testamento, que o leve a registro.

b) dar execução às disposições do testamento em 180dias, contados da aceitação da testamentária, se otestador não lhe concedeu mais prazo ou não ocorreu suaprorrogação por motivo suficiente (art. 1983 e § único,CC).c)Defender a validade do testamento (art. 1981, CC). Nos

termos imperativos da lei, tem o testamenteiro o deverque defender o testamento, propugnando pelo seucumprimento e sustentando sua validade total ouparcial contra qualquer investida. Não lhe é lícitotransigir acerca da validade do ato.

d)Exercer as funções de inventariante, quando lhe foremconcedidas a posse e administração da herança e nãohaja cônjuge, nem herdeiros necessários. Assim, devepagar legados e exercer os demais encargos da herança,não lhe sendo dado, em nenhuma hipótese, o livrealvedrio para vender bens do acervo.

e)Prestar contas da testamentária (art. 1980, CC). Odever de prestar contas não pode ser dispensado pelotestador, sendo certo que, cláusula testamentária quepugne por tal liberalidade é ineficaz. ( art. 1135, §único, CPC)

f)Defender a posse dos bens da herança (art. 1137, III,CPC).

Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir asdisposições testamentárias, no prazo marcado pelotestador, e a dar contas do que recebeu e despendeu,subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execuçãodo testamento.

Art. 1.981. Compete ao testamenteiro, com ou sem oconcurso do inventariante e dos herdeiros instituídos,defender a validade do testamento.

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Art. 1.982. Além das atribuições exaradas nos artigosantecedentes, terá o testamenteiro as que lhe conferir otestador, nos limites da lei.

Art. 1.983. Não concedendo o testador prazo maior,cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará contas emcento e oitenta dias, contados da aceitação datestamentária.

Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado sehouver motivo suficiente.

Art. 1.135.  O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias no prazo legal, se outro não tiver sido assinado pelo testador e prestar contas, no juízo do inventário, do que recebeu e despendeu.        Parágrafo único.  Será ineficaz a disposição testamentária que eximir o testamenteiro da obrigação de prestar contas.        Art. 1.136.  Se dentro de 3 (três) meses, contadosdo registro do testamento, não estiver inscrita a hipotecalegal da mulher casada, do menor e do interdito instituídos herdeiros ou legatários, o testamenteiro requerer-lhe-á a inscrição, sem a qual não se haverão por cumpridas as disposições do testamento.        Art. 1.137.  lncumbe ao testamenteiro:        I - cumprir as obrigações do testamento;        II - propugnar a validade do testamento;        III - defender a posse dos bens da herança;        IV - requerer ao juiz que Ihe conceda os meios necessários para cumprir as disposições testamentárias.

36.6 Responsabilidade do Testamenteiro

Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposiçõestestamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contasdo que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidadeenquanto durar a execução do testamento.

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Quando se trata de testamenteiro universal, responde peloshaveres a ele entregues, pelos danos causados por culpasua, e ainda, pelos prejuízos causado por sua omissão,como nos casos de direitos que deixou prescrever, créditoscuja cobrança se omitiu, etc.

Em se tratando de legados, a sua responsabilidade estáligada ao cumprimento deles, envolvendo desde asdiligências necessárias a identificar e encontrar osfavorecidos, até a efetiva entrega do objeto.

36.7 Remuneração do Testamenteiro

O testamenteiro tem direito a um prêmio que se denominavintena, pelos serviços prestados. O montante é livrementefixado pelo testador. Se não o fixar, será fixado pelojuiz, entre os limites de 1% a 5%, sobre toda a herançalíquida (art. 1987, CC):

Art. 1.987. Salvo disposição testamentária emcontrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro oulegatário, terá direito a um prêmio, que, se o testadornão o houver fixado, será de um a cinco por cento,arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme aimportância dela e maior ou menor dificuldade na execuçãodo testamento.

Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à contada parte disponível, quando houver herdeiro necessário.

Assim, a testamentária é função remunerada. Somente oherdeiro ou legatário a exercerá desinteressadamente, maso testador poderá, se o desejar, fixar remuneração, para oherdeiro instituído ou legatário que a exercer.

O art. 1988, CC, estabelece que o herdeiro ou legatárionomeado testamenteiro poderá preferir o prêmio à herançaou legado.

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Art. 1.988. O herdeiro ou o legatário nomeadotestamenteiro poderá preferir o prêmio à herança ou aolegado.

O pagamento da vintena é feito em dinheiro, não sepermitindo a adjudicação de bens do espólio, salvo quandofor meeiro (art. 1139, CPC):       Art. 1.139.  Não se efetuará o pagamento do prêmiomediante adjudicação de bens do espólio, salvo se otestamenteiro for meeiro.

36.8 Cessação da Testamentária

A testamentária termina:

a) Pela conclusão do encargo, quando se encerrarem assuas funções, comprovando-se o seu cabal cumprimentomediante prestação de contas;

b) Pelo esgotamento do prazo, salvo prorrogação, sehouver motivo suficiente art. 1983, CC);

c) Pela morte do testamenteiro, uma vez que o encargotem caráter personalíssimo, sendo indelegável eintransferível aos sucessores (art. 1985, CC);

d) Pela renúncia, havendo justo motivo e aceita pelaautoridade judiciária;

e) Pela superveniência de motivo que incapacite otestamenteiro para a testamentária ;

f) Pela anulação do testamento;g) Pela destituição por decreto judicial, nos casos em

que tenha cabimento (art. 1989, CC e 1140, CPC).Art. 1.983. Não concedendo o testador prazo maior,

cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará contas emcento e oitenta dias, contados da aceitação datestamentária.

Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado sehouver motivo suficiente.

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Art. 1.985. O encargo da testamentária não se transmiteaos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável; mas otestamenteiro pode fazer-se representar em juízo e foradele, mediante mandatário com poderes especiais.

Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de umtestamenteiro, que tenha aceitado o cargo, poderá cadaqual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficamsolidariamente obrigados a dar conta dos bens que lhesforem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento,funções distintas, e a elas se limitar.

Art. 1.987. Salvo disposição testamentária emcontrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro oulegatário, terá direito a um prêmio, que, se o testadornão o houver fixado, será de um a cinco por cento,arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme aimportância dela e maior ou menor dificuldade na execuçãodo testamento.

Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à contada parte disponível, quando houver herdeiro necessário.

Art. 1.988. O herdeiro ou o legatário nomeadotestamenteiro poderá preferir o prêmio à herança ou aolegado.

Art. 1.989. Reverterá à herança o prêmio que otestamenteiro perder, por ser removido ou por não tercumprido o testamento.

37.0INVENTÁRIO E PARTILHA

37.1INVENTÁRIO

Inventário em sentido estrito é o rol de todos os haverese responsabilidades patrimoniais de um indivíduo. Naacepção lata, isto é, naquela comum no foro, no sentidosucessório, o termo significa o processo no qual sedescrevem e avaliam os bens de pessoa falecida, epartilham entre os seus sucessores o que sobra, depois de

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pagos os impostos, as despesas judiciais e as dívidaspassivas reconhecidas pelos herdeiros.

Nos termos do art. 982, do CPC, com a redação dada pelalei n° 11.441, de 04 de janeiro de 2007, o inventário podeser judicial ou feito mediante escritura pública, se todosforem capazes, constituindo, título hábil para o registroimobiliário, in verbis:

Art. 982.  Havendo testamento ou interessado incapaz,proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes econcordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha porescritura pública, a qual constituirá título hábil para o registroimobiliário. (Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).

Parágrafo único.  O tabelião somente lavrará a escriturapública se todas as partes interessadas estiverem assistidas poradvogado comum ou advogados de cada uma delas, cujaqualificação e assinatura constarão do ato notarial. (Incluídopela Lei nº 11.441, de 2007).

Entretanto, o inventário também pode ser judicial, sendocerto que, em qualquer hipótese, nos termos do mesmodiploma legal retrocitado, que alterou o art. 983, da LeiAdjetiva, o processo de inventário e partilha deve seraberto em 60 dias a contar da abertura da sucessão,ultimando-se nos 12 meses subseqüentes, podendo, noentanto, o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou arequerimento das partes:

Art. 983.  O processo de inventário e partilha deve ser abertodentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão,ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juizprorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.(Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).

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Em havendo, portanto, testamento ou herdeiros incapazes, oinventário será sempre judicial, ainda que estejam todosconcordes em relação à partilha de bens.

No entanto, quando não há acordo, o inventário constituiráprocesso judicial de caráter contencioso, em que sãointeressados o cônjuge supérstite (ou companheiro),herdeiros, sucessores por testamento (herdeiros elegatários), contemplados em codicilo, o MinistérioPúblico (quando houver testamento, incapazes, ausentes ouFundação), o testamenteiro, a Fazenda Pública, credores,bem como outras pessoas jurídicas ou naturais que, dequalquer forma, possam ter direitos em relação ao espólio.

O inventário é indispensável ainda que o falecido tenhadeixado um único herdeiro. Nessa hipótese não se procede apartilha, mas apenas à adjudicação dos bens a este.

37.2Bens que não se Inventariam

Para o levantamento de pequenas quantias deixadas pelofalecido, como saldos bancários, por exemplo, pode serrequerido alvará judicial.

Os depósitos derivados do FGTS e do PIS/PASEP nãorecebidos em vida pelos seus titulares, cadernetas depoupança, restituição de tributos, saldos bancários, einvestimentos de pequeno valor poderão ser levantadosadministrativamente pelos dependentes do falecido, desdeque não haja outros bens sujeitos a inventário. (lei6.858/80):

Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aosempregados e os montantes das contas individuais do Fundo de

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Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serãopagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perantea Previdência Social ou na forma da legislação específica dosservidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessoresprevistos na lei civil, indicados em alvará judicial,independentemente de inventário ou arrolamento.

Art. 2º - O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativasao Imposto de Renda e outros tributos, recolhidos por pessoafísica, e, não existindo outros bens sujeitos a inventário, aossaldos bancários e de contas de cadernetas de poupança efundos de investimento de valor até 500 (quinhentas)Obrigações do Tesouro Nacional.

Parágrafo único. Na hipótese de inexistirem dependentes ousucessores do titular, os valores referidos neste artigoreverterão em favor do Fundo de Previdência e AssistênciaSocial.

No entanto, se o extinto não deixou dependenteshabilitados perante a previdência social, o levantamentodaqueles depósitos caberá aos sucessores mediante aexpedição de alvará judicial.

A Súmula 161, do STJ proclama que “é da competência daJustiça Estadual autorizar o levantamento de valoresrelativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência dofalecimento do titular da conta”.

Súmula: 161E DA COMPETENCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL AUTORIZAR O LEVANTAMENTO DOSVALORES RELATIVOS AO PIS / PASEP E FGTS, EM DECORRENCIA DOFALECIMENTO DO TITULAR DA CONTA.

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37.3 ABERTURA DO INVENTÁRIO

Prazo: 60 dias (art. 983, CC, com redação dada pela Leinº 11.441, de 2007).

Se houver retardamento, o inventariante somente pode serpunido pelo atraso, com a remoção do cargo, a pedido dealgum interessado e, se demonstrada a sua culpa, eis quenão há remoção de ofício. Se for testamenteiro, perderá oprêmio.

Têm legitimidade para requerer inventário e partilha quemestiver na posse e administração do espólio (art. 987,caput CPC). O requerimento deve estar instruído com acertidão de óbito do autor da herança (§ único, art.987,CPC).

  Art. 987.  A quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo estabelecido no art. 983, requerer o inventário e a partilha.

        Parágrafo único.  O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.

O art. 988, da Lei Adjetiva aduz que têm legitimidadeconcorrente:

I - o cônjuge supérstite;II - o herdeiro;III - o legatário;IV - o testamenteiro;V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;Vl - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor daherança;Vll - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, doautor da herança ou do cônjuge supérstite;

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Vlll - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.

Somente após, decorrido in albis o prazo legal, podemrequerer o inventário as pessoas enumeradas no art. 988 doCPC. A inércia do responsável, que está na posse eadministração do espólio podem ensejar, também,providência judicial ex officio, nos termos o art. 989, doCPC, caso haja inércia dos demais legitimados no art. 988,CPC:

Art. 988.  Tem, contudo, legitimidade concorrente:        I - o cônjuge supérstite;        II - o herdeiro;        III - o legatário;        IV - o testamenteiro;        V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;        Vl - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;        Vll - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge supérstite;        Vlll - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;        IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.        Art. 989.  O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal.

Instaurado o processo, segue o inventário até finalpartilha, não podendo ser extinto por abandono ou inérciado inventariante. Nesse caso, deve o juiz determinar oregular prosseguimento do feito, se necessário com remoçãodo inventariante e sua substituição por outro interessadona herança ou por inventariante dativo. Só se extingue oinventário se comprovada a inexistência de bens a

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inventariar, uma vez que nessa hipótese a ação perde o seuobjeto.

37.4 ESPÉCIES DE INVENTÁRIO

O Estatuto Processual prevê, nos art. 982 a 1.030, quatroespécies de inventário, de ritos distintos:

a) Inventário extrajudicial, feito mediante escriturapública, se todos forem capazes, nos termos do art 982,CPC, com redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007:

Art. 982.  Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. (Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).        Parágrafo único.  O tabelião somente lavrará aescritura pública se todas as partes interessadasestiverem assistidas por advogado comum ou advogados decada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarãodo ato notarial. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).

b) inventário pelo rito tradicional e solene, de aplicaçãoresidual e regulado nos art. 983 a 1.030;

b) inventário pelo rito sumário, abrangendo bens dequalquer valor, para a hipótese de todos os interessadosserem capazes e concordarem com a partilha, que seráhomologada de plano pelo juiz mediante a prova dequitação de tributos, na forma do art. 1.031, aplicável,também, ao pedido de adjudicação, quando houver herdeiroúnico;

c) inventário pelo rito de arrolamento comum, previsto noart. 1.036, para quando os bens do espólio sejam de valorigual ou inferior a 2.000 ORTN;

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37.3INVENTÁRIO NEGATIVO

Embora não seja previsto em nossa legislação, tem sidoadmitido pelos juízes em situações excepcionais, em que hánecessidade de comprovar a inexistência de bens ainventariar.

A finalidade do inventário negativo é, na maioria dasvezes, evitar a causa suspensiva prevista no art. 1523, I,CC, que exige inventário e partilha dos bens aosherdeiros, a cargo do viúvo ou viúva, que pretende casar-se novamente, sob pena de tornar-se obrigatório o regimeda separação de bens.

Pode haver interesse do sucessor, ainda, na realização doinventário negativo para comprovar que o falecido nãodeixou bens, nem numerário suficiente, para responder porsuas dívidas.

Art. 1.523. Não devem casar:I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge

falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casale der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez porser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois docomeço da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologadaou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes,ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoatutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela oucuratela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar aojuiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivasprevistas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para oherdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou

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curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provarnascimento de filho, ou inexistência de gravidez, nafluência do prazo.

37.4Rito do Inventário Tradicional

37.4.1 Pedido de Abertura

O requerimento de abertura será instruído,obrigatoriamente, com a certidão de óbito (art. 987, §único, CPC) e outro documentos necessários à instrução dofeito, como, por exemplo, cédula testamentária, certidãode casamento do viúvo meeiro, certidão de nascimento dosherdeiros, etc.

Art. 987.  A quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo estabelecido no art. 983, requerer o inventário e a partilha.

        Parágrafo único.  O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.

Ao despachar a inicial, o juiz deve nomear inventariante,que, em cinco dias prestará compromisso e, em vinte dias,após o compromisso, as primeiras declarações.

37.4.2 Prestação das Primeiras Declarações

Das primeiras declarações constarão os dados elencados noart. 993, CPC.

No caso dos bens imóveis, ainda que não estejamregistrados, no registro de imóveis em nome do de cujus ,devem ser descritos no inventário, se lhe pertenciam e seencontravam em sua posse.

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Os bens pertencentes ao defunto e seu cônjuge, emcomunhão, devem ser descritos integralmente, e não apenasa parte ideal que lhe pertencia.

Também devem ser relacionados os bens alheios que seachem no espólio, com a menção dos respectivosproprietários, quando conhecidos, para que possam serdestacados da partilha (inciso IV, art. 993, CPC):Art. 993.  Dentro de 20 (vinte) dias, contados da data em que prestou o compromisso, fará o inventariante as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado. No termo, assinado pelo juiz, escrivão e inventariante, serão exarados: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        I - o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar em que faleceu e bem ainda se deixou testamento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        II - o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo cônjuge supérstite, o regime de bens do casamento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        III - a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o inventariado; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das transcrições aquisitivas e ônus que os gravam;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        b) os móveis, com os sinais característicos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

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        c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais distintivos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        d) o dinheiro, as jóias, os objetos de ouro e prata, e as pedras preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos de sociedade, mencionando-se-lhes onúmero, o valor e a data; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)        f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhesas datas, títulos, origem da obrigação, bem como os nomes dos credores e dos devedores; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        g) direitos e ações; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        Parágrafo único.  O juiz determinará que se proceda: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em nome individual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima. (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Na mesma esteira, o inventariante mencionará as penhoras,seqüestros, litígios e ônus a que os bens da herançaestejam sujeitos.

Se o defunto era comerciante em nome individual, o juizdeterminará a realização de um balanço, para tanto,nomeará um contador, nos termos do art. 1003, CPC (art.993, § único, I).

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Art. 1.003.  Findo o prazo do art. 1.000, sem impugnação ou decidida a que houver sido oposta, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial.        Parágrafo único.  No caso previsto no art. 993, parágrafo único, o juiz nomeará um contador para levantar o balanço ou apurar os haveres.

Se era sócio de sociedade não anônima, somente haverá aapuração dos haveres do falecido, se a morte do sócio nãoacarretar a liquidação da sociedade (art. 993, § único,II, CPC):

Parágrafo único.  O juiz determinará que se proceda: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em nome individual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima. (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1º.10.1973)

37.4.3 Citação dos Interessados

Reduzidas a termo as primeiras declarações, o juiz mandarácitar os interessados, isto é, cônjuge, herdeiros,legatários, Fazenda Pública, MP (herdeiro incapaz ouausente) e o testamenteiro se o extinto deixou testamento.

Serão citadas por mandato somente as pessoas domiciliadasna comarca por onde corre o inventário ou que aí foremencontradas, e por edital, com prazo de 20 a 60 dias osresidentes fora dela, no Brasil e no estrangeiro (art.999, § 1º, CPC). Portanto, a carta precatória ésubstituída por edital.

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  Art. 999.  Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, oMinistério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente,e o testamenteiro, se o finado deixou testamento.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        § 1o  Citar-se-ão, conforme o disposto nos arts. 224 a 230, somente as pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário ou que aí foram encontradas; e poredital, com o prazo de 20 (vinte) a 60 (sessenta) dias, todas as demais, residentes, assim no Brasil como no estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        § 2o  Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem as partes.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        § 3o  O oficial de justiça, ao proceder à citação,entregará um exemplar a cada parte.  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)        § 4o  Incumbe ao escrivão remeter cópias à FazendaPública, ao Ministério Público, ao testamenteiro, se houver, e ao advogado, se a parte já estiver representada nos autos. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

37.4.4 Fase das Impugnações. Questões de AltaIndagação.

Concluídas as citações, abrir-se-á vistas às partes, emcartório e, prelo prazo comum de 10 dias, para dizeremsobre as primeiras declarações.

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As questões a serem argüidas são aquelas previstas no art.1000, CPC:

Art. 1.000.  Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações. Cabe à parte:        I - argüir erros e omissões;        II - reclamar contra a nomeação do inventariante;        III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.        Parágrafo único.  Julgando procedente a impugnaçãoreferida no no I, o juiz mandará retificar as primeiras declarações. Se acolher o pedido, de que trata o no II, nomeará outro inventariante, observada a preferência legal. Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro, a que alude o no III, constitui matéria de alta indagação, remeterá a parte para os meios ordinários e sobrestará, até o julgamento da ação, na entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido.

Se acolhida a impugnação relativa à argüição de erros eomissões, mandará o juiz que sejam retificadas asprimeiras declarações. Se acolhida a reclamação contra anomeação de inventariante, deverá nomear novoinventariante, observando a preferência legal. Sedeliberar pelo acolhimento da contestação sobre aqualidade de herdeiro, por se tratar de questão de altaindagação, sujeita a dilação probatória, remeterá a partepara os meios ordinários, ocasião em que sobrestará até ofinal da ação proposta, o quinhão que couber na partilhaao herdeiro admitido (art. 1000, § único, 3ª parte).

Não tendo impugnado, nessa oportunidade, a qualidade deherdeiro, não mais poderão fazê-lo os interessados.

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Se o fizerem, poderá o juiz decidir de plano a questão,caso encontre elementos no próprio inventário. Questões dedireito, mesmo intrincadas e questões de fato documentadasresolvem-se no juízo do inventário, e não nas viasordinárias. Assim dispõe o art. 984, CPC:

Art. 984. O juiz decidirá todas as questões de direito e tambémas questões de fato, quando este se achar provado pordocumento, só remetendo para os meios ordinários as quedemandarem alta indagação ou dependerem de outras provas.

Por exemplo, união estável, pode ser reconhecida nos autosdo inventário, desde que provada documentalmente ou desdeque os herdeiros e interessados na herança, maiores ecapazes, estejam de acordo.

Quem se julgar preterido poderá demandar a sua admissão noinventário, enquanto não for efetivada a partilha. Ouvidasas partes no prazo de 10 dias, o juiz decidirá. Se nãoacolher o pedido, remeterá o requerente aos meiosordinários, mandando reservar em poder do inventariante, oquinhão do herdeiro excluído (art. 1.001, CPC):

Art. 1.001.  Aquele que se julgar preterido poderádemandar a sua admissão no inventário, requerendo-o antesda partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 (dez) dias,o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, remeterá orequerente para os meios ordinários, mandando reservar, empoder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído atéque se decida o litígio.

37.4.5 Avaliação dos Bens Inventariados

Decidas as questões suscitadas, segue-se a avaliação dosbens inventariados, que servirá de base para cálculo doimposto de transmissão mortis causa e possibilitará umacorreta partilha dos bens. Para tanto, será nomeado um

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perito, se não houver na comarca um avaliador judicial(art. 1.003, CPC).

Art. 1.003.  Findo o prazo do art. 1.000, sem impugnação ou decidida a que houver sido oposta, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial.        Parágrafo único.  No caso previsto no art. 993, parágrafo único, o juiz nomeará um contador para levantar o balanço ou apurar os haveres.

Bens localizados fora da comarca serão avaliados porprecatória, salvo se forem de pequeno valor, ouperfeitamente conhecidos do perito nomeado (art. 1.006,CPC):

Art. 1.006.  Não se expedirá carta precatória para aavaliação de bens situados fora da comarca por onde correo inventário, se eles forem de pequeno valor ouperfeitamente conhecidos do perito nomeado

Entregue o laudo de avaliação, o juiz determinará que aspartes se manifestem no prazo de 10 dias, que correrá emcartório (CPC art. 1.009). Se a impugnação versar sobre ovalor dado pelo perito, o juiz deverá decidir de plano,levando em consideração os elementos do processo (§ 1º).Se julgar procedente a impugnação, determinará que peritoretifique a avaliação (§ 2º):

  Art. 1.009.  Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele se manifestem as partes no prazo de 10 (dez) dias, que correrá em cartório.        § 1o  Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de plano, à vista do que constar dos autos.

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        § 2o  Julgando procedente a impugnação, determinará o juiz que o perito retifique a avaliação, observando os fundamentos da decisão.

O juiz poderá determinar que se repita a avaliação, nashipóteses do art. 1.010, CPC:

Art. 1.010.  O juiz mandará repetir a avaliação:        I - quando viciada por erro ou dolo do perito;        II - quando se verificar, posteriormente à avaliação, que os bens apresentam defeito que Ihes diminuio valor.

37.4.6 Últimas Declarações do Inventariante

Aceito o laudo ou decidas as impugnações suscitadas a seurespeito, lavrar-se-á, em seguida, o termo de últimasdeclarações, no qual o inventariante poderá emendar,aditar ou complementar as primeiras (art. 1.011):

Art. 1.011.  Aceito o laudo ou resolvidas as impugnaçõessuscitadas a seu respeito lavrar-se-á em seguida o termode últimas declarações, no qual o inventariante poderáemendar, aditar ou completar as primeiras.

As partes serão ouvidas sobre as últimas declarações noprazo comum de 10 dias (art. 1012, CPC), podendo argüir asonegação de bens, pelo inventariante, somente após adeclaração pó ele feita, de não existirem outros ainventariar, ou por algum herdeiro, depois de declarar quenão os possui.

  Art. 1.012.  Ouvidas as partes sobre as últimasdeclarações no prazo comum de 10 (dez) dias, proceder-se-áao cálculo do imposto.

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37.4.7 Liquidação de Impostos

Após a manifestação das partes sobre as últimasdeclarações, procede-se ao cálculo do imposto detransmissão mortis causa. Serão ouvidas todas as partes,inclusive o MP, se houver menor ou incapaz, e a FazendaPública. Homologado por sentença, serão expedidas guiaspara o pagamento, encerrando-se o inventário.

Como condição para julgamento da partilha, o art. 1.026,CPC exige prova de quitação dos demais tributos incidentessobre os bens do espólio, como IPTU, ITR, INSS, IR.

Art. 1.026.  Pago o imposto de transmissão a título demorte, e junta aos autos certidão ou informação negativade dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará porsentença a partilha.

37.5Fase de Partilha

O juiz facultará às partes, no prazo de 10dias, o pedidode quinhão e, depois proferirá o despacho de deliberaçãoda partilha, resolvendo as solicitações e designando osbens e devam constituir o quinhão de cada herdeiro elegatário ( art. 1.022, CPC):

Art. 1.022.  Cumprido o disposto no art. 1.017, § 3o, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 10 (dez)dias, formulem o pedido de quinhão; em seguida proferirá, no prazo de 10 ( dez) dias, o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando osbens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.

38.0SONEGADOS

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38.1Conceito

Sonegar é ocultar bens que devem ser inventariados oulevados à colação. Assim, sonegado é tudo aquilo quedeveria entrar na partilha, porém foi ciente econscientemente omitido na descrição dos bens peloinventariante, não restituído pelo mesmo ou por sucessoruniversal, ou doado a herdeiro e não trazido à colaçãopelo beneficiado com a liberalidade.

Dispõem os art. 1992 e 1993, CC, in verbis:

Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não osdescrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou,com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir nacolação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los,perderá o direito que sobre eles lhe cabia.Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se osonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em seprovando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens,quando indicados.

Assim os sonegados constituem uma pena de natureza civilque tem por espeque assegurar aos herdeiros a integridadedos seus direitos sobre o acervo hereditário, e, aoscredores, o direito de terem os seus créditos pagos, com oproduto da venda de bens do espólio.

Estão sujeitos à pena de sonegados os herdeiros, oinventariante, e o testamenteiro, se for inventariante.

A sonegação tem como pressuposto subjetivo o dolo. Assim,não sonega, quem não descreve determinado bem noinventário por esquecimento ou simples omissão decorrentede erro ou ignorância.

A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para oherdeiro, a perda do direito sobre o bem sonegado, para o

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inventariante, a remoção da inventariança. Se oinventariante for também herdeiro, perderá, também, odireito ao bem sonegado.

A pena aplicada ao testamenteiro que também forinventariante é a remoção da inventariança e a perda davintena (art. 1.040, CPC):

    Art. 1.040.  Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens:        I - sonegados;        II - da herança que se descobrirem depois da partilha;        III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;        IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.        Parágrafo único.  Os bens mencionados nos ns. III e IV deste artigo serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.

Em se tratando de pena de natureza civil, somente pode serimposta por sentença, ao responsável pela sonegação.

A ação de sonegados está prevista no art. 1.994, CC eprescreve em 10 anos (art. 205, CPC):

Art.1.994. A pena de sonegados só se pode requerer eimpor em ação movida pelos herdeiros ou pelos credores daherança.

Art. 205.  Havendo urgência, transmitir-se-ão a cartade ordem e a carta precatória por telegrama, radiograma outelefone.

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39.0COLAÇÃO

È o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorremà sucessão do ascendente comum declaram no inventário asdoações que dele em vida receberam, sob pena de sonegados,para que sejam conferidas e igualadas as respectivaslegítimas (art. 2002 e 2003, CC). É dever imposto aoherdeiro, pois a doação de ascendentes a descendentesimporta adiantamento do que lhes cabe por herança (art.544, CC):

Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessãodo ascendente comum são obrigados, para igualar aslegítimas, a conferir o valor das doações que dele em vidareceberam, sob pena de sonegação.

Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dosbens conferidos será computado na parte indisponível, semaumentar a disponível.

Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporçãoestabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes edo cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatáriosque, ao tempo do falecimento do doador, já não possuíremos bens doados.

Parágrafo único. Se, computados os valores das doaçõesfeitas em adiantamento de legítima, não houver no acervobens suficientes para igualar as legítimas dosdescendentes e do cônjuge, os bens assim doados serãoconferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha odonatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade.

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, oude um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhescabe por herança.

A colação tem por escopo a equidade e igualdade daslegítimas, fundando-se na vontade presumida do finado.Comprova a veracidade dessa concepção o fato de o doadornecessitar, se realmente desejar gratificar o donatário,

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colocando-o em situação vantajosa em relação aos demaisdescendentes, declarar expressamente essa intenção,dispensando de colação o beneficiário, como prevê o art.2005, CC:

Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que odoador determinar saiam da parte disponível, contanto quenão a excedam, computado o seu valor ao tempo dadoação.

A dispensa de colação pode ser outorgada pelo doador emtestamento ou no próprio titulo de liberalidade (art.2.006, CC):

Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgadapelo doador em testamento, ou no próprio título deliberalidade.

Os ascendentes não estão sujeitos à colação dos bens quereceberam em vida dos descendentes. Também não estãosujeitos a conferir os bens que receberam em doação, oscolaterais e os estranhos.

No entanto, nos termos do art. 544, CC, o cônjugecontemplado com doação do outro, deve trazer à colação ovalor do bem doado. Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.(Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)        § 1o O agravo de instrumento será instruído com aspeças apresentadas pelas partes, devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdão recorrido, da certidão da respectiva intimação, dapetição de interposição do recurso denegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva

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intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)        § 2o A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peçasque entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será processado na forma regimental. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)        § 3o Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo para dar provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua conversão, observando-se, daí em diante, o procedimento relativo ao recurso especial.  (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)        § 4o  O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de instrumento contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma causa, houver recurso especial admitido e que deva ser julgado emprimeiro lugar.  (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Releva consignar que o dever de colacionar do cônjuge estáadstrito à hipótese em que deva concorrer com osdescendentes, posto que, somente nessa hipótese, haveriaadiantamento de legítima.

Quando a doação a descendentes é feita somente por um doscônjuges, só no seu inventário se deve conferir a benesse.

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Todavia, quando é realizada por ambos os cônjuges, noinventário de cada um se conferia por metade (art. 2.012,CC):

Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges,no inventário de cada um se conferirá por metade

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