Os piratas no poder: Algumas considerações sobre a proposta política do Partido Pirata
Algumas considerações acerca do Processo de Neolitização no Norte de Portugal
Transcript of Algumas considerações acerca do Processo de Neolitização no Norte de Portugal
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Monteiro-Rodrigues, Sérgio (2010) Algumas considerações acerca do Processo de Neolitização no Norte de Portugal. In Ana M.
S. Bettencourt, M. Isabel Caetano Alves & Sérgio Monteiro-Rodrigues (Eds.), Variações Paleoambientais e Evolução Antrópica no Quaternário do Ocidente Peninsular/ Paleoenvironmental Changes and Anthropization in the Quaternary of Western Iberia.
Braga, Associação Portuguesa para o Estudo do Quaternário (APEQ) e Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e
Memória (CITCEM), pp. 73-82.
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Algumas considerações acerca do Processo de
Neolitização no Norte de Portugal1
On the Process of Neolitisation in Northern Portugal
Sérgio Monteiro-Rodrigues
Departamento de Ciências e Técnicas do Património – Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto
Resumo
Tradicionalmente, a explicação do processo de neolitização do Norte de Portugal assenta em três
principais pressupostos: (1) trata-se de um processo que resulta da colonização de um território que se
encontrava desabitado desde os finais do Plistocénico, levada a cabo por populações neolíticas; (2) é
um processo tardio (primeiro quartel do V milénio cal. BC) comparativamente ao de outras regiões
mais próximas da costa (segunda metade do VI milénio cal. BC); relaciona-se com a expansão da
economia de produção para as regiões do interior.
Trabalhos realizados no sítio pré-histórico do Prazo (Alto Douro – Portugal) permitiram, no
entanto, questionar os referidos pressupostos, uma vez que: (1) foi identificada, localmente, uma
sequência de ocupações que se estende dos finais do Plistocénico aos meados Holocénico; (2) a
cronologia absoluta do Prazo coloca o início do Neolítico Antigo nos últimos séculos do VI milénio
cal. BC; (3) não foram identificados indícios de práticas agrícolas, e o pastoreio, a ter existido, terá sido
de pequena escala.
Defende-se assim que as populações que habitaram a região desde os finais do Plistocénico até ao
Holocénico médio correspondem a caçadores-recolectores. Estas comunidades, a partir da segunda
metade do VI milénio cal. BC, terão começado a assimilar selectivamente elementos neolitizantes, ao
que tudo indica de origem mediterrânica, sendo, desde modo, os principais agentes no processo de
neolitização regional.
Palavras-chave: Norte de Portugal, Processo de Neolitização, Caçadores-recolectores
Summary Some archaeologists have suggested that the process of Neolithisation in Northern Portugal has three
main characteristics: (1) It is the result of the colonization of a territory that had been inhabited since
the end of the Pleistocene; (2) This Neolithisation is a late process when compared to other areas closer
to coastal regions. From the coast, the Neolithic would have started around the middle of the 6th
1 Este texto resulta do desenvolvimento de alguns dos tópicos da comunicação intitulada Um Modelo de
Neolitização para o Norte de Portugal, apresentada nas III Jornadas do Quaternário – Evolução Paleoambiental e
Povoamento no Quaternário do Ocidente Peninsular (Universidade do Minho, Campus de Gualtar, Braga, 7 e 8 de
Maio de 2010), promovidas pela Associação para o Estudo do Quaternário.
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millennium cal. BC, and in the hinterland it would date from the first quarter of the 5th
millennium cal.
BC. (3) The colonisation of inland territories would represent the consolidation and diffusion of the
“farming way of life”, and so there is the expectation of finding sedentism and production in the
archaeological record of the region.
Recent research on a prehistoric site of the Douro Valley – the site of Prazo (Freixo de Numão) –
made possible new perspective on this subject. The prehistoric occupation of Prazo was identified in
1996. Later on, an important stratigraphic succession was found containing upper Palaeolithic,
Epipalaeolithic, Mesolithic, Late Mesolithic and Early Neolithic occupations. Thus, for the first time in
the region clear evidence of early Holocene settlement was identified, contradicting the idea of an
unoccupied territory between the end of the upper Palaeolithic and the Early Neolithic.
In terms of the radiocarbon chronology, it is possible to question the model that suggests that the
process of Neolithisation in the hinterland is a late one. In Prazo the presence of pottery still occurs
during the last quarter of the 6th
millennium cal. BC.
Concerning the Late Mesolithic and the Early Neolithic occupations it is important to underline
the ephemeral nature of the structures which suggest high patterns of mobility. Moreover, lithic
industry both of the Late Mesolithic and the Early Neolithic occupations seem to be related to hunting
activities rather than cropping, in the case of the Neolithic. The Early Neolithic vessels have small
dimensions that fit more to cooking activities than to that of cereal storage.
From a palaeo-environmental point of view, the palinological, anthracological and carpological
data suggest a low degree of landscape anthropisation (which was mainly done by fire), no animal
pressure and there was an absence of cereal pollen. On the contrary, wild fruits such as different
species of red berries were identified.
Archaeozoology studies show mainly the presence of wild animals, though Ovis sp. could also be
present. Unfortunately, the bones of medium-sized animals were badly preserved and so in most cases
it is not possible to determine the particular species. Malacology documents the presence of Pisidium, a
freshwater species which is evidence for fishing practices.
In conclusion, we consider that we can no longer sustain the idea of a non-occupied territory
during the first half of the Holocene. Archaeology has shown that there were human communities in
the Douro Valley in that period, and that these groups might have been the main actors in the process of
neolithisation. This Process could have occurred a little later than that of the areas nearer the coast.
However, it is clearly a process that starts in the 6th
millennium cal. BC.
In northern Portugal there is no evidence of an economy of production. Instead, there is evidence
for hunting, fishing, and gathering by hunter-gatherer societies with a high degree of mobility. These
hunter-gatherers, from the 6th millennium cal BC onwards, began to assimilate new elements of
Mediterranean origin (pottery, ovicaprids, etc.), and some were incorporated in a selective manner into
a hunter-gatherer social way of life. Simply, this is what the author calls the Selective Assimilation
Model.
Key-words: North of Portugal, Process of Neolithisation, Hunter-gatherers
O crescimento não está na busca da perfeição,
o crescimento é não deixar ficar as coisas conforme elas estão.
Ana Sã, 2008
1. Pressupostos da Neolitização
Em diversas abordagens ao processo de neolitização do Interior Norte de Portugal
encontram-se recorrentemente três pressupostos que podem ser sintetizados da seguinte
forma:
(1) Segundo alguns autores (p.e. Carvalho, 1999, 2002, 2003; Zilhão, 2000; Cardoso,
2002; Fullola e Zilhão, 2009), o processo de neolitização na referida região ter-se-á iniciado
3
com a colonização de um território que se encontrava desabitado desde os finais do
Plistocénico, colonização essa levada a cabo por populações neolíticas. De acordo com Zilhão
(2000, p. 144), “the interior of Iberia knew an important settlement throughout the Upper
Palaeolithic. However, after the end of the Ice Age, c. 11,400 calendar years ago, it shows no
sign of human occupation (…) until 5000-4500 BC, when the protagonists of such occupation
are already clearly defined agro-pastoral societies. (…) Many systematic survey projects in
both Portugal and Spain (…) have consistently identified large numbers of late early Neolithic
(epi-cardial or Impressed Ware) sites all over this vast area, as well as, particularly in
Portugal, fair numbers of Upper Palaeolithic sites. None, however, is of Mesolithic age (…)”.
(2) Por outro lado, esta neolitização é referida como um processo tardio – já do V milénio
cal. BC –, sendo subsidiária de um Neolítico Antigo que surge mais próximo do litoral,
datado dos meados do VI milénio cal. BC (idem). Utilizando o faseamento definido por
Soares e Silva (1979), a neolitização nortenha enquadrar-se-ia no “Neolítico Antigo
Evolucionado” (posterior ao Neolítico Antigo Pleno), que corresponde “a um momento (…)
de expansão para o interior da economia de produção de alimentos” (Soares, 1995, p. 135).
(3) Efectivamente, a colonização dos territórios do Interior de Portugal (e da Península
Ibérica em geral) é posta em estreita relação com a consolidação do modo de vida agro-
pastoril e com a intensificação económica neolítica. Os grupos humanos deste período teriam
assim alcançado o patamar tecno-económico e demográfico necessário ao seu estabelecimento
em regiões mais adversas em função da adopção do “modo de vida aldeão”, que assentava na
agricultura e na criação de gado, e que pressupunha maior grau de sedentarização.
2. Discussão dos pressupostos
Após alguns anos de investigação na região do Alto Douro – mais especificamente no sítio
pré-histórico do Prazo –, e de reflexão sobre a problemática da neolitização regional, tornou-
se possível questionar fundamentadamente a validade dos referidos pressupostos.
O sítio pré-histórico do Prazo localiza-se no Alto Douro, concelho de Vila Nova de Foz
Côa, freguesia de Freixo de Numão (fig. 1). A sua descoberta ocorreu em 1996, durante os
trabalhos de escavação das estruturas romanas existentes no local (Coixão, 1996, 2000,
2000a, 2000b). A partir de 1997, e até 2001, realizaram-se as intervenções no âmbito da Pré-
história coordenadas pelo autor deste texto (Monteiro-Rodrigues, 2000, 2002, 2003, 2008;
Monteiro-Rodrigues e Angelucci, 2004; López Sáez et al., 2006-2007; Monteiro-Rodrigues et
al., 2008).
No quadro destas intervenções, escavou-se um depósito de vertente com cerca de dois
metros de espessura máxima, no qual se identificaram diversas unidades estratigráficas
sobrepostas (fig. 2). De acordo com as datações obtidas pelo carbono 14, os vestígios destas
unidades testemunham a presença de comunidades humanas no Prazo ao longo da primeira
metade do Holocénico – ou seja, entre 9525±70 BP (Ua-20495; 9176-8701 cal. BC 2) e
5550±50 BP (Ua-20491; 4490-4330 cal. BC 2) (Monteiro-Rodrigues e Angelucci, 2004;
Monteiro-Rodrigues, 2008; Monteiro-Rodrigues et al., 2008) (fig. 3).
As unidades mais profundas do depósito não conservaram material orgânico pelo que não
puderam ser datadas pelo radiocarbono, nem reuniam as condições necessárias à aplicação de
outras técnicas de datação. Todavia, a sua posição estratigráfica relativa – subjacentes ao
nível holocénico datado de 9525±70 BP – coloca-as no Plistocénico (fig. 2). A respectiva
indústria lítica, ainda que residual e atípica, remete-as para o Paleolítico Superior.
A unidade estratigráfica mais antiga do Holocénico assenta em discordância sobre a mais
recente do Plistocénico, tendo sido observada uma superfície de erosão que indica a existência
de um hiato sedimentar. Por esta razão não é possível avaliar o intervalo temporal entre os
respectivos vestígios de ocupação humana (Monteiro-Rodrigues e Angelucci, 2004;
Monteiro-Rodrigues, 2008). Assumindo que a última ocupação paleolítica possa remontar ao
Madalenense Final – em função da presença de uma ponta de dorso em sílex –, datado no
Vale do Côa de entre 12700±1000 BP (GYF-OBS no.2) e 9830±130 BP (Ua-32645) (Aubry
et al. 2010), poder-se-ia então colocar a hipótese desse hiato representar um período máximo
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de cerca de 4500 anos (diferença aproximada entre a datação mais antiga do Madalenense
Final do Vale do Côa e a datação 14
C mais antiga do Prazo – 9525±70 BP). Esse hiato poderá
representar todavia um intervalo de tempo substancialmente mais curto caso se esteja, no
Prazo, perante a fase terminal do Madalenense final da região (neste caso o hiato representaria
cerca de 400 anos – diferença aproximada entre 9830±130 BP e 9525±70 BP).
Seja como for, e com vista à crítica do tópico inicial deste texto (1), parece razoável afastar
a hipótese do despovoamento holocénico do Interior Norte de Portugal. Ao que tudo indica, o
território em questão terá estado ocupado de forma mais ou menos contínua (aspecto que
importa esclarecer futuramente) pelo menos desde os finais do Plistocénico (Monteiro-
Rodrigues, 2008; Aubry et al., 2010) (fig. 3).
Actualmente, começa a ser possível coligir uma série de dados que, à semelhança dos do
Prazo, também atestam a presença humana no Interior do País durante a primeira metade do
Holocénico. No vale do Côa, por exemplo, as pinturas a vermelho do sítio da Faia, as
gravuras das rochas 3 e 36 da Canada do Inferno e algumas da Ribeira de Piscos têm sido
atribuídas ao Epipaleolítico-Mesolítico (Baptista, 2001; Baptista e Gomes, 1995; Baptista e
Gomes, 1997; Carvalho, 1999; Luís, 2008); na Quinta da Barca Sul exumaram-se indústrias
líticas que poderão ser mesolíticas (Aubry [Coord.], 2009; Aubry et al. 2010). Mais a Oeste,
na Serra da Cabreira, a escavação de um abrigo sob rocha – Abrigo 1 de Vale de Cerdeira –
permitiu identificar um nível de ocupação acerâmico atribuído ao Mesolítico, datado de
6240±50 BP (GrN-25614; 5316-5056 cal. BC 2) e 6090±40 BP (GrN-25613; 5207-4853 cal.
BC 2). Este nível surge subjacente a um outro com cerâmica, correlacionável com o
Neolítico Antigo (Meireles, 2009; Meireles, informação pessoal).
Em relação ao Sul do País, é de destacar o sítio da Barca do Xerez de Baixo, no Vale do
Guadiana, no qual foram identificados vestígios arqueológicos epipaleolíticos-mesolíticos da
primeira metade do VIII milénio cal. BC (8640±50 BP: 7782-7579 cal. BC 2) (Almeida et
al., 1999; Araújo e Almeida, 2003), demonstrando-se assim que também no Interior
Alentejano existiu povoamento holocénico anterior ao Neolítico Antigo.
Perante isto, poder-se-á concluir que o mais provável é que a invisibilidade do registo
arqueológico (e cronológico) deste período – isto é, a existência de vazios ocupacionais –
esteja mais relacionada com a história dos processos sedimentares e erosivos regionais
(ligados a eventos climáticos, à antropização do território, etc.), e mesmo com a pouca
investigação realizada, que com efectivos despovoamentos do território (Monteiro-Rodrigues
e Angelucci, 2004; Monteiro-Rodrigues, 2008; Aubry et al. 2010).
No que diz respeito ao processo de neolitização propiamente dito, a existência de
populações no Interior do País durante o Holocénico Antigo e Médio vem conflituar com a
lógica difusionista/ migracionista dos autores supra citados (Carvalho, 1999, 2002, 2003;
Zilhão, 2000; Cardoso, 2002). Segundo eles, a Neolitização decorreu da chegada de grupos
humanos de origem litoral (ocidental e/ou meridional), portadores do pacote neolítico, “que
rapidamente se afirmaram nas respectivas regiões, libertos de quaisquer processos de
interacção com populações pré-existentes” (Cardoso, 2002, p. 173). Ora, perante a presença
de comunidades epipaleolíticas e mesolíticas esta modalidade deixa de ser viável, tornando-se
então necessário proceder, pelo menos, a uma alteração do discurso no sentido da adopção de
modelos de tipo “misto” (Bernabeu et. al., 1993), uma vez que a realidade da interacção
cultural passa agora a ser incontornável.
Outra possibilidade, tal como é aqui defendido, é pensar a neolitização como um
fenómeno de mudança social que ocorre no contexto da História das sociedades de caçadores-
recolectores que habitavam o Interior, considerando-se desnecessária a colonização enquanto
factor determinante das transformações que se irão processar na longa duração (Monteiro-
Rodrigues, 2008).
O segundo tópico que importa analisar diz respeito à cronologia da neolitização do Interior
Norte de Portugal (2). Como foi referido, este processo tem sido descrito como tardio,
datando no máximo dos inícios do V milénio cal. BC. De acordo com Zilhão (2000, p. 155),
“the transition is completed by 4750 BC, when Neolithic people reach eastern Trás-os-Montes
(…)”.
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Tal cronologia constitui uma das bases de sustentação dos modelos que assentam na
hipótese das migrações neolíticas a partir da Estremadura (Zilhão, 1992, 2000) e do Algarve
(Cardoso, 2002; Carvalho, 2003), onde existem sítios do Neolítico Antigo datados da segunda
metade do VI milénio cal. BC (por exemplo, Gruta do Caldeirão, Gruta do Almonda,
Cabranosa e Padrão), normalmente interpretados como locais de estabelecimento de
populações de origem mediterrânica (Zilhão, 1993, 2001, 2003; Cardoso, 2002; Cardoso et
al., 1998; Carvalho, 2008). De acordo com Zilhão (2000), estas populações neolíticas
alóctones teriam chegado à Fachada Atlântica por volta de 5500 BC., aí permanecendo num
habitat confinado (enclaves neolíticos) até cerca 5000 BC. Após este período, e após o
fortalecimento do potencial técnico, económico e demográfico, iniciariam o povoamento dos
territórios interiores, chegando ao Nordeste de Portugal em torno dos inícios do segundo
quartel do V milénio cal. BC.
Acontece, porém, que algumas das datações absolutas obtidas no Prazo, bem como na
Lavra2 (Marco de Canaveses) (Sanches, 1988, 1997), permitem recuar o Neolítico Antigo
regional para os últimos séculos do VI milénio cal. BC, encurtando-se desta forma o intervalo
temporal entre o Neolítico Antigo do Norte de Portugal e o de estações da Estremadura
consideradas “fundacionais” (fig. 4). Em função deste encurtamento cabe então questionar, tal
como fez A. C. Valera, se teria havido tempo suficiente para que simples “enclaves” se
transformassem, em cerca de 200 a 300 anos, numa espécie de “zonas nucleares” capazes de
fornecer efectivos humanos para um tão vasto território: “A insipiência, genericamente
assumida, das tecnologias agrícolas seria suficiente para permitir um tal crescimento
demográfico rápido e denso? Um movimento demográfico territorialmente expansionista
ligado ao desenvolvimento de uma economia produtiva não será antes, tal como aquela, um
processo que se expressa sobretudo na longa duração?” (Valera, 2002-2003, p. 22).
Por outro lado, pode questionar-se também se será de valorizar o suposto decaimento dos
valores radiométricos à medida que se avança para Norte (Carvalho, 2003) enquanto reflexo
de uma “onda de avanço” neolítica de direcção Algarve – Trás-os-Montes. É um facto que até
ao momento não existem no Norte de Portugal (nem no Norte da Península Ibérica) datações
para o Neolítico Antigo tão antigas como as que foram obtidas em algumas estações
arqueológicas do Algarve e da Estremadura. Contudo, mais do que apontar a direcção
expansionista, esse dado pode tão-só indicar que os caçadores-recolectores holocénicos dessas
regiões foram pioneiros no que toca a incorporação das “novidades” neolíticas de origem
mediterrânica (basicamente, a cerâmica). No Norte, pelo contrário, poderá ter havido mais
resistência, ou porque estes elementos não tinham interesse tecno-económico, ou porque se
mantiveram até mais tarde desprovidos de “sentido social” (Tilley, 1991; Monteiro-
Rodrigues, 2008; Meireles, 2009; Meireles, informação pessoal).
Relativamente ao terceiro tópico (3) – a caracterização das sociedades do Neolítico Antigo
e das respectivas estratégias de subsistência – muito há ainda por fazer. Em todo o caso, os
dados até agora obtidos permitem avançar algumas ideias relativamente a estes dois aspectos.
Tendo em conta o carácter efémero das estruturas arqueológicas neolíticas identificadas no
Prazo – confirmado, entre outros aspectos, pela inexistência de paredes (p.e. em pedra seca ou
noutras técnicas construtivas “sólidas”) e de buracos de poste, e pela presença de lareiras
pequenas e estruturalmente simples – pode avançar-se a hipótese (de algum modo
funcionalista) de se estar perante vestígios produzidos por comunidades humanas com
elevados índices de mobilidade. Se a isto se acrescentar a clara vocação cinegética da
indústria lítica – com cadeias operatórias orientadas para a produção de esquírolas e de
microlítos geométricos destinados ao fabrico de pontas projéctil compósitas –, a quase total
ausência de artefactos conotados com o corte de cereais (lâminas, crescentes, etc.), bem como
o pequeno número de recipientes cerâmicos, torna-se óbvio que o Prazo terá sido frequentado
por sociedades de caçadores-recolectores, e não por comunidades de agricultores sedentários.
2 Entre as várias datações disponíveis que fazem remontar o Neolítico Antigo do Norte de Portugal ao VI milénio
cal. BC, apenas a ICEN-76 da Lavra reúne o mínimo de condições para que seja considerada válida: trata-se de
uma datação obtida a partir de carvão vegetal (de espécie indeterminada) recolhido numa estrutura de combustão
(Sanches, 1988, 1997). As restantes datações foram processadas no laboratório japonês de Gakushuin (GAK)
durante os anos 80, relacionam-se com contextos imprecisos ou, então, apresentam elevados desvios-padrão.
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Neste sentido, e ainda em relação aos recipientes cerâmicos, importa sublinhar a sua reduzida
capacidade, mais compatível com actividades culinárias do que com o armazenamento de
cereais ou de outros produtos de consumo não imediato.
Estudos realizados no âmbito da Paleopalinologia, da Antracologia e da Carpologia
parecem corroborar esta perspectiva (López et al., 2006-2007; Monteiro-Rodrigues, 2008;
Monteiro-Rodrigues et al., 2008). Efectivamente, não foi identificado qualquer indício que
comprove que os cereais tenham sido manipulados no Prazo. Do mesmo modo, também não
há sinais de pressão animal (isto é, concentração de animais domésticos na área do habitat), e
a antropização da paisagem terá ocorrido numa escala relativamente pequena, havendo
“indicios netos y claros del uso del fuego como elemento deforestador del bosque. En todo
caso, [...] no han podido confirmarse ni actividades agrícolas ni siquiera cierto tipo de presión
pastoral, ya que no se han identificado pólenes ni microfósiles no polínicos que puedan
informarnos de tales actividades” (López et al., 2006-2007, p. 24).
De facto, os resultados obtidos no domínio da Arqueozoologia (Monteiro-Rodrigues,
2008; Monteiro-Rodrigues et al., 2008) sugerem que a presença de ovicaprídeos terá sido
numericamente reduzida3, não sendo possível avaliar a sua real importância para estas
sociedades neolíticas. Paralelamente, foram identificadas espécies selvagens, tais como o
veado, o corço, o javali e o coelho, que confirmam a prática da actividade cinegética. Perante
este cenário há que aceitar a hipótese das queimadas terem sido realizadas para fomentar o
aparecimento de pastos para atrair animais selvagens com vista à sua captura, relacionando-se
portanto com contextos de caça-recolecção, e não para originar clareiras destinadas ao
pastoreio ou ao cultivo (Monteiro-Rodrigues, 2008; Monteiro-Rodrigues et al., 2008).
Para além caça, e ainda de acordo com os estudos referidos, as populações neolíticas do
Prazo terão consumido pilritos e medronhos, havendo possibilidade destes últimos terem sido
“armazenados” uma vez que se encontraram alguns exemplares carbonizados no interior de
uma pequena fossa. A identificação, através de pólenes e de carvões, de carvalho, pinheiro,
avelaneira, amendoeira brava, zambujeiro (oliveira brava) e videira brava traduz a
disponibilidade, no passado, de bolota, pinhão, avelã, amêndoa amarga, azeitona brava e uva
(Monteiro-Rodrigues, 2008; Monteiro-Rodrigues et al., 2008).
A descoberta de duas conchas milimétricas pertencentes ao género Pisidium remete para a
prática de uma qualquer actividade de subsistência desenvolvida em conexão com as linhas de
água das proximidades do Prazo: pesca, caça de aves aquáticas, recolha de vegetais aquáticos
ou ribeirinhos, etc. Na opinião de especialistas, há uma forte probabilidade das conchas
provirem do estômago de um peixe capturado (os hábitos alimentares do Barbo, Barbus
bocagei, fazem dele um potencial candidato) (Monteiro-Rodrigues, 2008; Monteiro-
Rodrigues et al., 2008).
Ainda em relação aos ovicaprídeos, o máximo que se pode dizer é que provavelmente
terão sido utilizados como alimento. Os respectivos restos osteológicos apresentam evidentes
marcas de combustão e encontraram-se associados a lareiras. O seu mau estado de
conservação não só dificultou a determinação da espécie, como também impediu que se
aferisse, entre outros aspectos, a idade de abate dos animais. Como é sabido, o abate em
idades avançadas traduz uma gestão pecuária mais elaborada na medida em que se procura
um aproveitamento mais intensivo do animal (aproveitam-se os seus produtos secundários,
como o leite e a lã, bem como o seu potencial reprodutor). O abate em fase juvenil revela uma
lógica de consumo imediato que não se coaduna com a do verdadeiro criador de gado
(Cardoso, 1996).
Tal como foi referido em trabalhos anteriores (López et al., 2006-2007; Monteiro-
Rodrigues, 2008; Monteiro-Rodrigues et al., 2008), a inexistência (ou escassez) de
indicadores directos de actividades produtoras no Prazo coincide com o que se observa
noutros sítios do Neolítico Antigo do actual território português: objectivamente, não existe
3 No Prazo existe apenas um elemento anatómico passível de ser atribuído com segurança a ovicaprídeo. Trata-se
de um dente M1 ou M2 superior esquerdo. O seu tamanho reduzido e fraca robustez sugere Ovis aries (ovelha)
(Monteiro-Rodrigues, 2008 e Monteiro-Rodrigues et al., 2008).
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nenhum local deste período com evidências claras de agricultura4 ou de criação de gado. Para
que uma economia pastoril tenha verdadeiras repercussões nos esquemas de subsistência, e
sobretudo nas relações sociais de uma população, é necessária a manipulação de um número
muito significativo de cabeças de gado (Robertshaw, 1990; Ingold, 1980), o que parece estar
longe da realidade observada nos contextos do Neolítico Antigo em geral. Uma verdadeira
actividade pastoril forneceria muito mais evidências arqueológicas relativas à sua prática do
que aquelas de que normalmente se dispõe. Por outro lado, a consolidação desta economia,
segundo Clutton-Brock (1990) e Hole (1990), implica a existência prévia de sistemas
agrícolas bem sucedidos capazes de produzir excedentes, ou seja, um quadro de intensificação
económica decorrente de uma complexificação social crescente, o que, como acima se referiu,
também não terá acontecido durante o Neolítico Antigo.
3. Um modelo de neolitização alternativo
No seguimento dos tópicos abordados, considera-se que o Norte de Portugal terá sido
povoado por comunidades de caçadores-recolectores cujas “origens” parecem remontar ao
Paleolítico Superior. Infelizmente, a escassez de sítios arqueológicos da primeira metade do
Holocénico faz com que não seja ainda possível caracterizar estas comunidades de uma forma
mais detalhada.
Sabe-se, contudo, que por volta da segunda metade do VI milénio cal. BC estes grupos
humanos terão começado a ter acesso a novas materialidades (cerâmica, pedra polida,
ovicaprídeos, etc.) e a novas “ideias”, ao que tudo indica provenientes do Mediterrâneo. Isto
terá acontecido em consequência da entrada dessas novidades nas redes de contacto dos
caçadores-recolectores. Uma vez que os contactos inter-grupo são muito frequentes (decorrem
de relações matrimoniais, alianças, conflitos, etc.), essas novidades ter-se-ão difundido muito
rapidamente (Vicent Garcia, 1997; Monteiro-Rodrigues, 2008).
Todavia, esta difusão rápida não significa que tenha havido uma assimilação sincrónica
destes novos elementos, nem mesmo que essa assimilação tenha sido generalizada (Vicent
Garcia, 1997; Jorge, 1999; Monteiro-Rodrigues, 2008). Neste quadro de percolação das
novidades neolíticas (Rodríguez Alcalde et al., 1996) terá havido grupos que demoraram mais
tempo a aceitá-las, outros que nunca as aceitaram e outros ainda que só as aceitaram
parcelarmente. Por esta razão, o processo de neolitização dever ser entendido como um
fenómeno em mosaico – irregular no tempo e no espaço –, que decorre de um mecanismo de
assimilação selectiva. Ou seja, cada sociedade terá filtrado a “informação” que lhe foi
chegando, adaptando-a à sua realidade específica (Monteiro-Rodrigues, 2008).
Esposende, Outubro de 2010
4 Veja-se López et al., 2006-2007 e Monteiro-Rodrigues et al., 2008 a propósito dos cereais do Buraco da Pala
(Mirandela).
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11
Figuras
Figura 1 – Vista do sítio pré-histórico do Prazo a partir de Sul (do Monte de Santa Eufémia).
Figure 1 – A view of the prehistoric site of Prazo from the South (from Monte de Santa
Eufémia).
Figura 2 – Sequência estratigráfica e sequência de ocupações humanas no Sector I do Prazo.
Figure 2 – Stratigraphic and archaeological succession of Prazo in Sector I.
12
Figura 3 – Cronologia absoluta para o sítio pré-histórico do Prazo e para a fase terminal do
Madalenense Final do Vale do Côa (Aubry et al., 2010).
Figure 3 – Radiocarbon chronology to the Prehistoric site of Prazo and to the Late
Magdalenian of the Côa Valley (Aubry et al., 2010).
13
Figura 4 – Datações absolutas para o Neolítico Antigo do Norte de Portugal, Estremadura e
Algarve. Datações que se inscrevem na segunda metade do VI milénio cal. BC.
Figure 4 – Radiocarbon chronology to the Early Neolithic of Northern Portugal, Estremadura
and Algarve. Dating that fall in the second half of the 6th millennium cal. BC.