A Instituição da Família

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A Instituição da Família A família é a primeira e mais importante instituição da sociedade. Ela é formada pela união do homem com a mulher, podendo criar uma nova geração, para logo desenvolver laços de parentesco e comunidade, que gradualmente evoluem para uma grande sociedade. A família é a instituição através da qual uma geração prepara as gerações seguintes para o serviço da civilização humana e para o cumprimento das suas obrigações sociais com devoção, sinceridade e entusiasmo. Esta instituição não recruta apenas cadetes para a manutenção e o desenvolvimento da cultura humana, mas também protetores dela. Eles desejam honestamente que aqueles que os substituirão no futuro sejam ainda melhores. família pode ser considerada, com justa razão, a fonte do progresso, do desenvolvimento, da prosperidade e da força da civilização humana na nossa terra. Dai que, no quadro dos problemas sociais, o Islam concede particular atenção aos relacionados com a família, e empenha-se em colocar esta importante unidade social nos alicerces mais saudáveis e mais duradouros. Segundo o Islam, a forma correta de relação entre o homem e a mulher é o casamento, que é a relação em que eles assumem todas as responsabilidades sociais, e que tem por resultado a criação duma família. As práticas sexuais livres e o comportamento irresponsável não são considerados pelo Islam como meros divertimentos inocentes ou transgressões ordinárias, mas sim como atos que minam as próprias raízes da sociedade humana. Por isso é que o Islam considera qualquer tipo de relação sexual extra- matrimonial como um pecado e uma proibição (haram), e o direito registra- o como crime. Duros castigos lhe são prescritos para que este comportamento anti-social não se generalize. Ao mesmo tempo, o Islam tenta purificar e libertar a sociedade de todas as atividades que encorajem tais ações irresponsáveis ou que lhes

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A Instituição da Família

A família é a primeira e mais importante instituição da sociedade. Ela é formada pela união do homem com a mulher, podendo criar uma nova geração,para logo desenvolver laços de parentesco e comunidade, que gradualmente evoluem para uma grande sociedade.

A família é a instituição através da qual uma geração prepara as geraçõesseguintes para o serviço da civilização humana e para o cumprimento das suas obrigações sociais com devoção, sinceridade e entusiasmo. Esta instituição não recruta apenas cadetes para a manutenção e o desenvolvimento da cultura humana, mas também protetores dela. Eles desejam honestamente que aqueles que os substituirão no futuro sejam ainda melhores.

família pode ser considerada, com justa razão, a fonte do progresso, do desenvolvimento, da prosperidade e da força da civilização humana na nossa terra. Dai que, no quadro dos problemas sociais, o Islam concede particular atenção aos relacionados com a família, e empenha-se em colocar esta importante unidade social nos alicerces mais saudáveis e mais duradouros.

Segundo o Islam, a forma correta de relação entre o homem e a mulher é o casamento, que é a relação em que eles assumem todas as responsabilidadessociais, e que tem por resultado a criação duma família. As práticas sexuais livres e o comportamento irresponsável não são considerados pelo Islam como meros divertimentos inocentes ou transgressões ordinárias, massim como atos que minam as próprias raízes da sociedade humana.

Por isso é que o Islam considera qualquer tipo de relação sexual extra-matrimonial como um pecado e uma proibição (haram), e o direito registra-o como crime. Duros castigos lhe são prescritos para que este comportamento anti-social não se generalize.

Ao mesmo tempo, o Islam tenta purificar e libertar a sociedade de todas as atividades que encorajem tais ações irresponsáveis ou que lhes

fornecem oportunidades. Regulamentações de <<Purdah>>, proibição de os homens e as mulheres se misturarem livremente, restrições contra a músicae os filmes obscenos e ações desanimadoras da divulgação da pornografia edas aberrações, tudo isso se destina a combater este perigo. O único objetivo é a proteção e a consolidação da instituição da família.

O Islam não considera esta forma desejável de contato social como apenas permitida, mas afirma-a e mantém-na como um ato bom e virtuoso, um ato deverdadeira devoção. Ele não se limita a olhar desfavoravelmente para o celibato de uma pessoa adulta, mas incita cada jovem a assumir, por sua vez, as responsabilidades sociais da vida matrimonial tal como os seus pais fizeram no tempo deles.

O Islam considera que o ascetismo e o celibato perpétuo não são nenhuma virtude, mas sim aberrações e desvios da verdadeira natureza do homem, e uma forma de revolta contra as disposições divinas. E também desaprova com insistência aqueles ritos, cerimônias ou restrições que tendem fazer do casamento um assunto difícil e aborrecido.

A intenção do Islam é facilitar o casamento e dificultar as relações extra-matrimoniais o mais possível na sociedade, e não ao contrário, comoacontece na maioria das sociedades hoje em dia. O Islam legalizou as relações matrimoniais; eliminou todas as distinções de casta e comunidadee permitiu o casamento entre os muçulmanos; decidiu que o dote (mahar) fosse fixado a uma cifra acessível, e conveniente para os dois cônjuges; e dispensou, os dos sacerdotes e do registro obrigatório.

Em uma sociedade islâmica, o casamento é uma cerimônia tão simples, que pode ser feita em qualquer sitio, perante duas testemunhas, embora o essencial se fixe em não fazer segredo desta ação, na idéia de que a sociedade deve ter conhecimento da efetuação do matrimônio.

Dentro da família propriamente dita, o Islam destinou ao homem uma posição de autoridade, para manter a ordem e a disciplina na sua qualidade de chefe de família. A mulher deve colaborar e cooperar no bem-estar do lar; quanto às crianças, terão que se portar convenientemente

com os pais. O Islam não favorece um sistema familiar desagregado, privado de qualquer autoridade, controlo e disciplina, em que ninguém é expressamente responsável pelo bom comportamento dos membros da família.

A disciplina só se pode manter através duma autoridade central, e segundoo Islam, a posição de pai de família é tal que o torna a pessoa mais conveniente para assumir esta responsabilidade. Mas isso não quer dizer que o homem tenha sido designado como o tirano e opressor da família, e que a mulher lhe tenha sido entregue como um bem mobiliário desamparado.

Segundo o Islam, o verdadeiro espírito da vida matrimonial é o amor, o entendimento e o respeito mútuo. Se à mulher se lhe exige obedecer ao marido, este tem que contribuir com o seu esforço para,o bem-estar da família, e tratar a mulher com amor, afeto e delicadeza.

O Islam consolida o laço matrimonial, mas pretende mantê-lo intacto só enquanto se basear no afeto, ou pelo menos enquanto existir a possibilidade de um convívio duradouro. Se esta possibilidade deixar de existir, o Islam confere aos cônjuges o direito ao divórcio; em determinadas circunstâncias, em que a vida matrimonial se torne fonte de miséria e dissabores, os tribunais islâmicos são autorizados a anularem ocasamento.

http://www.islam.org.br/a_instituicao_da_familia.htm

A família é unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligados por laços afetivos.

Índice [esconder]

1 Conceito de família

2 Estruturas familiares

3 Funções de família

4 Conceito histórico de família

5 Referências

6 Bibliografia

7 Ver também

8 Ligações externas

[editar] Conceito de família

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ouum número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimónio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar domesmo sobrenome, herdado dos ascendentes directos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.

Podemos então, definir família como um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interacção dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transaccionais. Assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais (MINUCHIN,1990).

Alberto Eiguer, psicanalista francês, em seus livros “Um Divã para a Família” e "O Parentesco Fantasmático" estabelece alguns “organizadores” que orientam a escolha de parceiro. Para ele, os casamentos e, por extensão, a família, se estruturam por mecanismos inconscientes ligados às primeiras experiências de vinculação.

Alberto Eiguer edifica um modelo de vínculos intersubjetivos narcísicos eobjetais, do qual emergirá a representação do antepassado que desperta identificações cheias ou ocas, estruturantes ou aniquiladoras. E assim, mostra que doravante faz-se necessário - se admitirmos que o sujeito utiliza-se do outro como defesa, como fonte e motor de seu imaginário - pensar a família em termos de "transgeração" e "mito familial". Afirma que “os objetos parentais constituem o núcleo do inconsciente familiar”, para o bem e para o mal, pensa o psiquiatra e psicanalista Cláudio Costa [1].

Para Eiguer, são três organizadores: 1) Escolha de objeto; 2) as vivências do “eu familiar” e sentimentos de pertença”; 3) o romance familiar, vivido na primeira infância, representando uma imagem idealizada dos pais.

Quanto ao primeiro ítem - “escolha de objeto” - haveria três modelos:

Uma família norte-americana1) Escolha objetal anaclítica, ou assimétrica:o homem ou a mulher buscam um parceiro que lhes forneça amparo e apoio (mãe ou pai da infância). É uma escolha alimentada pela pulsão de conservação e visa, antes de tudo, dominar a angústia de perda das figuras parentais. Haveria uma identificação mútua na perda e cada um idealiza o outro. De alguma forma, o casal se julga sabedor de como um deve sanar a falta do outro. Dois caminhos se oferecem: a) defensivo: quando o homem escolhe uma mulher que é o oposto ao pai e vice versa; b) regressivo: quando se identifica, no parceiro, um sucedâneo da figura parental de identificação. Conheço um casal, por exemplo, que se conheceuno Cemitério Parque da Colina(BH), quando ambos velavam as respectivas mães.

2) Escolha objetal narcisista, ou simétrica: Neste caso, a pessoa se ligaa um parceiro que se assemelha: a) ao que se é; b) ao que se foi; c) ao que gostaria de ser; d) ao que possui uma parte do que se foi.

O vínculo se estabelece a partir de uma idéia de poder, orgulho, onipotência e ambição. Por exemplo: o parceiro seria alguém que seja difícil, a fim de se comparar com ele em força e em capacidade manipuladora. Há um jogo sadomasoquista na relação. Exemplo: uma pessoa, muito fechada, tímida e insegura se sente atraída pelo parceiro arrogantee sociável. É provável que uma das partes acabe desprezando a outra.

3) Escolha objetal edípica, ou dissimétrica: trata-se de uma escolha regida pela identificação madura e adulta ao pai do mesmo sexo.

Exemplos: a) um rapaz se casa com uma mulher que, de alguma forma, representa a mãe dele; b) casais que procuram o significado de sua relação amorosa, de interação homem-mulher, baseados nas vivências satisfatórias em suas famílias de origem.

As afirmações de Alberto Eiguer se basearam em pesquisas feitas durante anos, na França, com casais que procuraram terapia. As bases teóricas se fundamentam na teoria psicanalítica do Complexo de Édipo e sua resolução – teoria esta colocada em cheque por inúmeros autores. Afinal, Freud viveu na época vitoriana e tinha, por modelo, a família estruturada pelo pai, mãe e filhos. Esse tipo de família, por incrível que pareça, somentefoi definido por Littré, em 1869 (há menos de duzentos anos).

Aliás, é bom lembrar que a palavra "família" deriva do verbete latino "famulus" = 'domésticos, servidores, escravos, séquito, comitiva, cortejo, casa, família'.

[editar] Estruturas familiares

A família assume uma estrutura característica. Por estrutura entende-se, “uma forma de organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente” (WHALEY e WONG, 1989; p. 21). Deste modo, a estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente também ela, socialmente aprovada.A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que

consiste num homem, numa mulher e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário.

Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental,tratando-se de uma variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio, óbito, abandono de lar, ilegitimidadeou adopção de crianças por uma só pessoa.

A família ampliada ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes directos oucolaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.

Para além destas estruturas, existem também as denominadas de famílias alternativas, sendo elas as famílias comunitárias e as famílias homossexuais.

As famílias comunitárias, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, onde a total responsabilidade pela criação e educação das crianças se cinge aos pais e à escola, nestas famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as crianças da responsabilidade de todos os membros adultos.

Nas famílias homossexuais existe uma ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo sexo, que podem incluir crianças adoptadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros (Idem).

Quanto ao tipo de relações pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-STRAUSS (cit. por PINHEIRO, 1999), refere três tipos de relação. São elas, a de aliança (casal), a de filiação (pais e filhos) e a de consanguinidade (irmãos). É nesta relação de parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento ou por uniões sexuais, que se geram os filhos.

Segundo ATKINSON e MURRAY (cit. por VARA, 1996), a família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo. O conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções, como se têm vindo a verificar.

Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, “as expectativas de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na família ou no grupo social” (DUVALL ; MILLER cit. por STANHOPE, 1999; p. 502).

Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, tendo NYE (cit. por STANHOPE, 1999) considerado como característicos os seguintes: a “socialização da criança”, relacionado com as actividades contribuintes para o desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança; os “cuidados às crianças”, tanto físicos como emocionais, perspectivando o seu desenvolvimento saudável; o “papel de suporte familiar”, que inclui a produção e/ ou obtenção de bens e serviços necessários à família; o “papel de encarregados dos assuntos domésticos”, onde estão incluídos os serviços domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família; o “papel de manutenção das relações familiares”, relacionado com a manutenção do contacto com parentes e implicando a ajuda em situações de crise; os “papéis sexuais”,relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros; o “papel terapêutico”, que implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemasfamiliares; o “papel recreativo”, relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o relaxamento e desenvolvimento pessoal.

Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar. “Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protectores, interpretando o mundo exterior,

ensinando os outros sobre equidade, formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros” (Idem; p. 502). Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).

[editar] Funções de família

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias, comojá foi referido. As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objectivos, sendo umde nível interno, como a protecção psicossocial dos membros, e o outro denível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros (MINUCHIN, 1990). Existe consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade (STANHOPE, 1999).

DUVALL e MILLER (cit. por Idem) identificaram como funções familiares, asseguintes: “geradora de afecto”, entre os membros da família; “proporcionadora de segurança e aceitação pessoal”, promovendo um desenvolvimento pessoal natural; “proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade”, através das actividades que satisfazem os membros da família; “asseguradora da continuidade das relações”, proporcionando relações duradouras entre os familiares; “proporcionadora de estabilidade e socialização”, assegurando a continuidade da cultura dasociedade correspondente; “impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto”, relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas. Para além destas funções, STANHOPE (1999) acrescenta ainda uma função relativa à saúde, na medida, em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de doença. “Afamília, como uma unidade, desenvolve um sistema de valores, crenças e atitudes face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através

dos comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)” (Idem; p. 503).

Para SERRA (1999), a família tem como função primordial a de protecção, tendo sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensivacontra agressões externas. FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadorasde stress associadas à vida na comunidade.

Relativamente à criança, a necessidade mais básica da mesma, remete-se para a figura materna, que a alimenta, protege e ensina, assim como cria um apego individual seguro, contribuindo para um bom desenvolvimento da família e consequentemente para um bom desenvolvimento da criança. A família é então, para a criança, um grupo significativo de pessoas, de apoio, como os pais, os pais adoptivos, os tutores, os irmãos, entre outros. Assim, a criança assume um lugar relevante na unidade familiar, onde se sente segura. A nível do processo de socialização a família assume, igualmente, um papel muito importante, já que é ela que modela e programa o comportamento e o sentido de identidade da criança. Ao crescerem juntas, família e criança, promovem a acomodação da família às necessidades da criança, delimitando áreas de autonomia, que a criança experiencia como separação.

A família tem também, um papel essencial para com a criança, que é o da afectividade, tal como já foi referido. Para MCHAFFIE (cit. por PINHEIRO,1999), a sua importância é primordial pois considera o alimento afectivo tão imprescindível, como os nutrientes orgânicos. “Sem o afecto de um adulto, o ser humano enquanto criança não desenvolve a sua capacidade de confiar e de se relacionar com o outro” (Idem; p. 30).

Deste modo, “(...) a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência, estabelecido através das relações e identificações que a criança criou durante o desenvolvimento” (VARA, 1996; p. 8), tornando-a na matriz da identidade.

[editar] Conceito histórico de família

O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também escravidão legalizada.

No direito romano clássico a "família natural" cresce de importância - esta fámília é baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos.A família natural tem por base o casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.[1] Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas famílias fazia também parte a descendência gerada que, assim, tinha duas famílias,a paterna e a materna.

Com a Revolução Francesa surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, coma Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas em redor dos complexos industriais. Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas famílias, num cenário similar ao que existe hojeem dia. As mulheres saem de casa, integrando a população activa, e a educação dos filhos é partilhada com as escolas. Os idosos deixam também de poder contar com o apoio directo dos familiares nos moldes pré-Revoluções Francesa e Industrial, sendo entregues aos cuidados de instituições de assistência (cf. MOREIRA, 2001). Na altura, a família eradefinida como um “agregado doméstico (…) composto por pessoas unidas por vínculos de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo serrestrita ou alargada” (MOREIRA, 2001, p. 22). Nesta definição, nota-se a ambiguidade motivada pela transição entre o período anterior às revoluções, representada pelas referências à família alargada, com a tendência reducionista que começava a instalar-se reflectida pelos vínculos de aliança matrimonial.

Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente (como no casamentoe na adoção). Muitos etnólogos argumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar deve ser entendida metaforicamente; dizemque em muitas sociedades e culturas não-ocidentais a família é definida por outros conceitos que não "sangue". A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série de regulamentos de afiliação e aliança, aceitos pelos membros. Alguns destes regulamentosenvolvem: a exogamia, a endogamia, o incesto, a monogamia, a poligamia, ea poliandria.

A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, económicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que deve ser continuamente renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se realizado mais que em outro espaço social qualquer, e deve ser visto comoum espaço político de natureza criativa e inspiradora.

Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que se insere. De encontro a esta afirmação, [[JANOSIK e GREEN]], referem que a família é um “sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro dafamília e interacção com outros membros” (STANHOPE, 1999, p. 492).

Engels em seu livro Origem da família da propriedade privada e do estado,faz uma ligação da família com a produção material,utilizando do materialismo-hitórico-dialético,relacionou a monogamia como "propriedade privada da mulher".

Através de uma análise de DNA, pesquisadores coordenados por Wolfgang Haak, da Universidade de Adelaide, na Austrália, identificaram quatro corpos como sendo uma mãe, um pai e seus dois filhos, de 8 ou 9 anos e 4 ou 5 anos. Com uma idade de 4600 anos a descoberta consiste no mais antigo registro genético molecular já identificado de uma família no mundo. [2][3]

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia

A família tem uma ligação fundamental com a sociedade, porque é com a família que nos aprendemos o significado de amar e ser amado, e o que quer dizer, de verdade, ser uma pessoa, ter seus princípios, ideais e objetivos.

E é nos pais que os filhos se espelham para criar sua própria família, repleta de amor e intenso respeito, como eles aprenderam com seus pais, epassam isso entre as gerações criando um circulo, transmitindo o bem a humanidade. Hoje em dia varias crianças não ganham tanto afeto quanto antigamente, pelo fato da dedicação que seus pais tenham pelo trabalho deixando-os com pessoas que não tenham o amor que eles necessitam, crescem crianças rebeldes e descontroladas.

A família é quem orienta, e mostra que na vida existem muitos caminhos a se seguir, ela instrui o individuo a caminhar sozinho, alerta sobre decisões que devem ser tomadas, e que podem ser irreversíveis.

A família é fundada principalmente sobre o matrimonio, onde cria uma doação recíproca de si mesmo, criando um ambiente fundamental onde a criança pode nascer e desenvolver seu potencial tornando-se consciente dasua dignidade.

O homem hoje em dia se desencoraja a constituir sua própria família, pelofato de querer manter sua privacidade, sem considerar uma vida em conjunto com outra pessoa. Por muitas vezes colocar seu trabalho em primeiro plano, e desconsiderar a criação de uma vida em conjunto, deixamde constituir uma família e ter seus próprios filhos e conseqüentemente deixam de experimentar o privilegio de ensinar e aprender junto ao outro.É necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida, poisela é sagrada, é o lugar onde há vida, um dom de Deus e onde ele abita.

A família natural e estável, tal como o desígnio de Deus a concebeu e o cristianismo a santificou, deve continuar a ser esse “lugar de encontro de várias gerações que reciprocamente se ajudam a alcançar uma sabedoria mais plena e a conciliar os direitos pessoais com as outras exigências davida social”.

http://pt.shvoong.com/social-sciences/sociology/1680229-institui%C3%A7%C3%A3o-familiar/

I. A INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA

84. “Pois que o Criador de todas as coisas constituiu o matri- mônio princípio e fundamento da sociedade humana”(Apostolicam Actuositatem, n. 11); a família tornou-se a “célula primeira e vital da sociedade”. A família possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade, porque constitui o seu fundamento e alimento contínuo mediante a sua função de serviço à vida: saem, de fato, da família os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade. Assim por força da sua natureza e vocação, longe de fechar-se em si mesma, a família abre-se a outras famílias e à sociedade, assumindo a sua tarefa social. (FamiliarisConsortio, n. 42)

85. A primeira e fundamental estrutura a favor da “ecologia humana”é a família, no seio da qual o homem recebe as primeiras e determinantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado e, consequentemente, o que quer dizer, em concreto, ser uma pessoa.Pensa-se aqui na família fundada sobre o matrimônio, onde a doação recíproca de si mesmo, por parte do homem e da mulher, cria um ambiente vital onde a criança pode nascer e desenvolver as suas potencialidades, tornar-se consciente da sua dignidade e preparar-se para enfrentar o seu único e irrepetível destino. Muitas vezes dá-se o inverso; o homem é desencorajado de realizar as autênticas condições da geração humana, e aliciado a considerar a si próprio e à sua vida mais como um conjunto de sensações a ser experimentadas do que como uma obra a realizar. Daqui nasce uma carência de liberdade que o leva a renunciar ao compromisso de se ligar estavelmente com outra pessoa e de gerar filhos, ou que o induz a considerar estes últimos como uma de tantas “coisas”que é possível ter ou não ter, segundo os próprios gostos, e que entram em concorrência com outras possibilidades. É necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se segundo as exigên- ciasde um crescimento humano autêntico. Contra a denominada cultura da morte,a família constitui a sede da cultura da vida. (Centesimus Annus, n. 39)

86. Mas o homem só é homem quando integrado no seu meio social, onde a família desempenha papel de primeira ordem. Este foi por vezes excessivo,em certas época e regiões, quando exercido à custa de liberdades fundamentais da pessoa. Os antigos quadros sociais dos países em via de desenvolvimento, muitas vezes dema- siado rígidos e mal organizados, são ainda necessários por algum tempo, embora devam ir diminuindo o que têm de influência exagerada. Porém, a família natural, monogâmica e estável, tal como o desígnio de Deus a concebeu e o cristianismo a santificou, deve continuar a ser esse “lugar de encontro de várias gerações que reciprocamente se ajudam a alcançar uma sabedoria mais plena e a conciliar os direitos pessoais com as outras exigências da vida social”(GS, n. 52). (Populorum Progressio, n. 36)

87. No seio do “povo da vida e pela vida”, resulta decisiva a responsabilidade da família: é uma responsabilidade que brota da própria natureza dela-uma comunidade de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio-e da sua missão que é “guardar, revelar e comunicar o amor”(Familiaris Consortio, n. 17). Em causa está o próprio amor de Deus,do qual os pais são constituídos colaboradores e como que intérpretes na transmissão da vida e na educação da mesma segundo o seu projeto de Pai (cf. GS, n. 50). (Evangelium Vitae, n. 92)

88. Núcleo originário da sociedade, a família tem direito a todo o apoio do Estado, para cumprir plenamente a sua missão peculiar. Por isso, as leis estatais devem ser orientadas para a promoção do seu bem-estar, ajudando-a a realizar as tarefas que lhe competem. Perante a tendência, hoje cada vez mais insistente, de legitimar como sucedâneos da união conjugal, formas de união que, pela sua intrínseca natureza ou intencional transitoriedade, não podem de modo algum exprimir o sentido eassegurar o bem da família, é dever do Estado encorajar e proteger a autêntica instituição familiar, respeitando a sua fisionomia natural e osseus direitos congênitos e inalienáveis. (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1994, n. 5)

II. MATRIMÔNIO

89. Segundo o desígnio de Deus, o matrimônio é o fundamento da mais amplacomunidade da família, pois que o próprio instituto do matrimônio e o amor conjugal se ordenam à procriação e educação da prole, na qual encontram o seu coroação (cf. GS, n. 50). (Familiaris Consortio, n. 14)

90. A sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher. No casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal e um penhor de comunhão espiritual. Entre os bati- zados os vínculos do matrimônio são santificados pelo sacramento. “A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas que diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana somente se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte”(...). “Os atos com os quais os cônjuges se unem íntimae castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido”(GS, n. 49). A sexualidade é fonte de alegria e de prazer: “O próprio Criador (...) estabeleceu que nesta função (isto é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto os espososnão fazem nada de mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa”(Pio XII, Discurso, 1951). Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos cônjuges e a transmissão da vida. Estes dois significados ou valores do casamento não podem ser separados sem alterar a vida espiritual dos casal sem comprometer os bens matrimoniais e o futuro da família. Assim o amor conjugal entre o homem e a mulher atende à dupla exigência da fidelidade e da fecundidade. (Catecismo da Igreja Católica, nn. 2360-2363)

91. A íntima comunidade de vida e de amor conjugal que o Criador fundou edotou com Suas leis é instaurada pelo pato conjugal, ou seja, o consentimento pessoal irrevogável. Dessa maneira, do ato humano pelo qualos cônjuges se doam e recebem mutuamente, se origina, também diante da sociedade, uma instituição firmada por uma ordenação divina. No intuito do bem, seja dos esposos como da prole e da sociedade, esse vínculo sagrado não depende do arbítrio humano. Mas o próprio Deus é o autor do

matrimônio dotado de vários bens e fins, que são todos de máxima importância para a contin- uação do gênero humano, para o aperfeiçoamentopessoal e a sorte eterna de cada um dos membros da família, para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da própria família e da sociedade humana inteira. A instituição do matrimônio e o amor dos esposos estão pela sua índole natural ordenados à procriação e à educaçãodos filhos em que culminam como numa coroa. Por isso o homem e a mulher, que pelo pato conjugal, “já não são dois, mas uma só carne”(Mt 19, 6), prestam-se mutuamente serviço e auxílio, experimentam e realizam cada diamais plenamente o senso de sua unidade pela união íntima das pessoas e das atividades. Essa união íntima, doação recíproca de duas pessoas, e o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade dos cônjuges e sua indissolúvel unidade. (Gaudium et Spes, n. 48).

92. Uma certa participação do homem no domínio de Deus manifesta-se também na específica responsabilidade que lhe está confiada no referente à vida propriamente humana. Essa respons- abilidade atinge o auge na doação da vida, através da geração por obra do homem e da mulher no matrimônio, como nos recorda o Concílio Vaticano II: “O mesmo Deus que disse “não é bom que o homem esteja só”(Gn 2, 18) e que “desde a origem fez o ser humano varão e mulher”(Mt 19, 6), querendo comunicar uma participação especial na sua obra criadora, abençoou o homem e a mulher dizendo: “crescei e multiplicai-vos (Gn 1, 28)”(GS, n. 50). Ao falar de “uma participação especial”do homem e da mulher na “obra criadora”de Deus, o Concílio pretende pôr em relevo que a geração do filho é um fato não só profundamente humano mas também altamente religioso, enquanto implica os cônjuges, que formam “uma só carne”(Gn 2, 24), e simultaneamente o próprio Deus que Se faz presente. (Evangelium Vitae, n.43)

III. FILHOS E PAIS

93. (É) quando da união conjugal dos dois nasce um novo homem, este traz consigo ao mundo uma particular imagem e semelhança do próprio Deus: na biologia da geração está inscrita a genealogia da pessoa. Ao afirmarmos

que os cônjuges, enquanto pais, são colaboradores de Deus Criador na concepção e geração de um novo ser humano, não nos referimos apenas às leis da biologia; pretendemos sobretudo sublinhar que, na paternidade e maternidade humana, o próprio Deus está presente de um modo diverso do que se verifica em qualquer outra geração “sobre a terra”. Efetivamente, só de Deus pode provir aquela “imagem e semelhança”que é própria do ser humano, tal como aconteceu na criação. A geração é a contin- uação da criação. (Gratissimam Sane, n. 43)

94. Revelando e revivendo na terra a paternidade mesma de Deus, o homem échamado a garantir o desenvolvimento unitário de todos os membros da família. Cumprirá tal dever mediante uma generosa responsabilidade pela vida concebida sob coração da mãe e por um empenho educativo mais solícito e condividido com a esposa (cf. GS, n. 52), por um trabalho que nunca desagregue a família mas a promova na sua constituição e estabilidade, por um testemunho de vida cristã adulta, que introduza maiseficazmente os filhos na experiência viva de Cristo e da Igreja. (Familiaris Consortio, n. 25)

95. Não há dúvida de que a igual dignidade e responsabilidade do homem e da mulher justificam plenamente o acesso da mulher às tarefas públicas. Por outro lado, a verdadeira promoção da mulher exige também que seja claramente reconhecido o valor da sua função materna e familiar em confronto com todas as outras tarefas públicas e com todas as outras profissões. De resto, tais tarefas e profissões devem integrar-se entre si se se quer que a evolução social e cultural seja verdadeira e plenamente humana. (Familiaris Consortio, n. 23)

IV. FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CULTURA

96. O dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso mesmo o dever de ajudar

eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como recordou o Concílio Vaticano II: “Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como os primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente será suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor, pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais que todas as sociedades têm necessidade”(Gravissimum Educationis, n. 3). O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está com a transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao deverde educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre padres e filhos; como insub- stituível e inalienável e, portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável. (Familiaris Consortio, n. 36)

97. Assim como a sociedade civil, a família, conforme atrás dissemos, é uma sociedade propriamente dita, com a sua autoridade e o seu governo paterno, é por isso que sempre indubitavelmente na esfera que lhe determina o seu fim imediato, ela goza, para a escolha e uso de tudo o que exige a sua conservação e o exercício de uma justa independência, de direitos pelo menos iguais aos da sociedade civil. Pelo menos iguais aos da sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, de que participam necessariamente os seus direitose os seus deveres. E se os indivíduos e as famílias, entrando na sociedade, nela achassem, em vez de apoio, um obstáculo, em vez de proteção, uma diminuição de seus direitos, dentro em pouco a sociedade seria mais para evitar do que para procurar. (Rerum Novarum, n. 8)

98. A função social da família não pode certamente fechar-se na obra procriativa e educativa, ainda que nessa encontre a primeira e insubstituível forma de expressão. As famílias, quer cada uma por si, quer associadas, podem e devem portanto dedicar-se a várias obras de serviço social, especial- mente em prol dos pobres, e de modo de todas aquelas pessoas e situações que a organização de previdencial e assistencial das autoridades públicas não consegue atingir. O contributo social da família tem uma originalidade própria, que pode ser conhecida melhor e mais decisivamente favorecida, sobretudo à medida que os filhos

crescem, empenhando de fato o mais possível todos os membros. (FamiliarisConsortio, n. 44)

99. Querer, pois, que o poder civil invada arbitrariamente o santuário dafamília, é um erro grave e funesto. Certamente, se existe em alguma parteuma família que se encontre numa situação dese-sperada e que faça esforços vãos para sair dela, é justo que, em tais extremos, o poder público venha em seu auxílio, porque cada família, é um membro da sociedade. Talvez em tão extrema necessidade que por seus próprios meios não pudesse sair dela, é justa a intervenção do poder público ante necessidade tão grave, porque cada a uma das famílias é parte da sociedade. Da mesma forma, se existe um lar doméstico que seja teatro de graves perturbações dos direitos mútuos, que o poder público intervenha para restituir a cada um o seus direitos. Não é isto usurpar as atribuições dos cidadãos, mas fortalecer os seus direitos, protegê-los e defendê-los como convém. Todavia, a ação daqueles que presidem ao governopúblico não deve ir mais além; a natureza proíbi-lhes passar esses limites. (Rerum Novarum, n. 10)

100. No seio do “povo da vida e pela vida”, resulta decisiva a responsabilidade da família: é uma responsabilidade que brota da própria natureza dela-uma comunidade de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio-e da sua missão que é “guardar, revelar e comunicar o amor”(Familiaris Consortio, n. 17). Em causa está o próprio amor de Deus,do qual os pais são constituídos colaboradores e como que intérpretes na transmissão da vida e na educação da mesma segundo o seu projeto de Pai (GS, n. 50). É, por conseguinte, o amor que se faz generosidade, acolhimento, doação: na família, cada um é reconhecido, respeitado e honrado porque pessoa, e se alguém está mais necessitado, maior e mais diligente é o cuidado por ele. A família tem a ver com os seus membros durante toda a existência de cada um, desde o nascimento até à morte. Elaé verdadeiramente “o santuário da vida (...), o lugar onde a vida, dom deDeus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se segundo as exigências de um crescimento humano autêntico”(CA, n. 39). Por isso, o papel da família é determinante e insubstituível na construção da cultura da vida.Como igreja doméstica, a família é chamada a anunciar, celebrar e servir o Evangelho da vida. Esta tríplice função compete primariamente aos cônjuges, chamados a serem transmissores da vida, apoiados numa consciência sempre renovada do sentido da geração, enquanto acontecimento

onde, de modo privilegiado, se manifesta que a vida humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado. Na geração de uma nova vida, eles tomam consciência de que o filho “se é fruto da recíproca doação de amor dos pais, é, por sua vez, um dom para ambos: um dom que promana do dom”(João Paulo II, Discurso aos participantes no VII Simpósio dos Bisposda Europa, 1989, n. 5). (Evangelium Vitae, n. 92)

101. O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. Amorosamente acolhido cada dia pela Igreja, há de ser fiel e corajos- amente anunciado como boa nova aos homens de todos os tempos e culturas. Na aurora da salvação, é proclamado como feliz notícia o nascimento de ummenino: “Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor”(Lc 2, 10-11). O motivo imediato que faz irradiar esta “grande alegria”é, sem dúvida, o nascimento do Salvador; mas, no Natal, manifesta-se também o sentido pleno de todo o nascimento humano, pelo quea alegria messiânica se revela fundamento e plenitude da alegria por cadacriança que nasce (cf. Jo 16, 21). Ao apresentar o núcleo central da sua missão redentora, Jesus diz: “Vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10, 10). Ele fala daquela vida “nova”e “eterna”que consiste na comunhão com o Pai, à qual todo o homem é gratuitamente chamado no Filho, por obra do Espírito Santificador. Mas é precisamente em tal “vida”que todos os aspectos e momentos da vida do homem adquirem pleno significado. (Evangelium Vitae, n. 1)

V. A SACRALIDADE DA VIDA HUMANA

102. A vida do homem provém de Deus, é dom seu, é imagem e figura dÕEle, participação do seu sopro vital. Desta vida, portanto, Deus é o único senhor: o homem não pode dispor dela. Deus mesmo o confirma a Noé, depoisdo dilúvio: “Ao homem, pedirei contas da vida do homem, seu irmão”(Gn 9, 5). E o texto bíblico preocupa-se em sublinhar como a sacralidade da vidatem o seu fundamento em Deus e na sua ação criadora: “Porque Deus fez o homem à sua imagem”(Gn 9, 6). (Evangelium Vitae, n. 39)

103. “A vida humana é sagrada, porque, desde a sua origem, supõe Òa ação criadora de DeusÓ e mantém-se para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é senhor da vida, desde o princípio até ao fim: ninguém, em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de destruir diretamente um ser humano inocente”. Com estas palavras, a Instrução Donum Vitae (n. 7) expõe o conteúdo central da revelação de Deus sobre a sacralidade e inviol- abilidade da vida humana. (Evangelium Vitae, n. 53)

104. A inviolabilidade da pessoa, reflexo da inviolabilidade absoluta do próprio Deus, tem a sua primeira e fundamental expressão na inviolabilidade da vida humana. É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos- como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura,-senão se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa. A Igreja nunca se deu por vencida perante todas as violações que o direito à vida,que é próprio de cada ser humano, tem sofrido e continua a sofrer, tanto por parte dos indivíduos como mesmo até por parte das próprias autoridades. O titular desse direito é o ser humano, em todas as fases doseu desenvolvimento, desde a concep- ção até à morte natural, e em todas as suas condições, tanto de saúde como de doença, de perfeição ou de deficiência, de riqueza ou de miséria. (Christifideles Laici, n. 38)

105. Ao aceitar amorosa e generosamente toda a vida humana, sobretudo se fraca e doente, a Igreja vive hoje um momento funda- mental da sua missão, tanto mais necessária quanto mais avassaladora se tornou uma “cultura de morte”. De fato, “a Igreja firmemente acredita que a vida humana, mesmo se fraca e sofredora, é sempre um dom maravilhoso do Deus da bondade. Contra o pessimismo e o egoísmo, que ensombram o mundo, a Igreja está do lado da vida: e em cada vida humana ela consegue descobriro esplendor daquele “Sim”, daquele “Amém”, que é o próprio Cristo (cf. 2 Cor 1, 19; Ap 3, 14). Ao “não”que avassala e aflige o mundo, contrapõe esse vivo “Sim”, defendendo dessa maneira o homem e o mundo daqueles que ameaçam e mortificam a vida”(Familiaris Consortio, n. 30). Pertence aos fiéis leigos, que mais diretamente ou por vocação ou por profissão se ocupam do acolher a vida, tornar concreto e eficaz o “sim”da Igreja à vida humana. (Christifideles Laici, n. 38)

106. Ora, a razão atesta que há objetos do ato humano que se configuram como “não ordenáveis”a Deus, porque contradizem radicalmente o bem da pessoa, feita à Sua imagem. São os atos que, na tradição moral da Igreja,foram denominados “intrinsecamente maus”(intrinsece malum): são-no sempree por si mesmos, ou seja, pelo próprio objeto, independentemente das posteriores intenções de quem age e das circunstâncias. Por isso, sem querer minimamente negar o influxo que têm as circunstâncias e sobretudo as intenções sobre a moralidade, a Igreja ensina que “existem atos que, por si e em si mesmos, independentemente das circunstâncias, são sempre gravemente ilícitos, por motivo do seu objeto”(Reconciliatio et Paenitentia, n. 17). O mesmo Concílio Vaticano II, no quadro do devido respeito pela pessoa humana, oferece uma ampla exempli- ficação de tais atos: “Tudo quanto se opõe à vida, como são todas as espécies de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o queviola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instru- mentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles queassim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador”(GS, n. 27). (Veritatis Splendor, n. 80)

VI. O MAL DO ABORTO E DA EUTANÁSIA

107. A vida humana atravessa situações de grande fragilidade, quer ao entrar no mundo, quer quando sai do tempo para ir ancorar-se na eternidade. Na Palavra de Deus, encontramos numerosos apelos ao cuidado erespeito pela vida, sobretudo quando esta aparece ameaçada pela doença e pela velhice. Se faltam apelos diretos e explícitos para salvaguardar a vida humana nas suas origens, especialmente a vida ainda não nascida, ou então a vida próxima do seu termo, isso explica- se facilmente pelo fato de que a mera possibilidade de ofender, agredir ou mesmo negar a vida em

tais condições estava fora do horizonte religioso e cultural do Povo de Deus. (Evangelium Vitae, n. 44).

108. Nada nem ninguém pode autorizar a morte de um ser humano inocente, seja feto ou embrião, criança ou adulto, idoso, enfermo incurável ou agonizante. Além disso, ninguém pode requerer tal gesto homicida para si mesmo ou para alguém confiado à sua responsabilidade, nem pode aprová-lo explícita ou implicitamente. Nenhuma autoridade pode legitimamente impô-lo ou permiti-lo. (Iura et Bona, n. 2)

109. Portanto, com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos da Igreja Católica, confirmo que a morte direta e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral. Esta doutrina, fundada naquela lei não escrita que todo o homem, pela luz da razão, encontra no próprio coração (cf. Rm 2, 14-15), é confirmada pela Sagrada Escritura, trans- mitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal (LG, n. 25). (EvangeliumVitae, n. 57)

110. Um pensamento especial quereria reservá-lo a vós, mulheres, que recorrestes ao aborto. A Igreja está a par dos numerosos condicionalismosque poderiam ter influído sobre a vossa decisão, e não duvida que, em muitos casos, se tratou de uma decisão difícil, talvez dramática. Provavelmente a ferida no vosso espírito ainda não está sarada. Na realidade, aquilo que aconteceu, foi e permanece profundamente injusto. Mas não vos deixeis cair no desânimo, nem percais a esperança. Sabei, antes, compreender o que se verificou e interpretai-o em toda a sua verdade. Se não o fizestes ainda, abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a misericórdia espera-vos para vos oferecero seu perdão e a sua paz no sacramento da Reconciliação. Dar-vos-eis conta de que nada está perdido, e podereis pedir perdão também ao vosso filho que agora vive no Senhor. Ajudadas pelo conselho e pela solidariedade de pessoas amigas e competentes, podereis contar-vos, com ovosso doloroso testemunho, entre os mais eloqüentes defensores do direitode todos à vida. Através do vosso compromisso a favor da vida, coroado eventualmente com o nascimento de novos filhos e exercido através do acolhimento e atenção a quem está mais carecido de solidariedade, sereis

artífices de um novo modo de olhar a vida do homem. (Evangelium Vitae, n.99)

VII. PENA CAPITAL

111. A legitima defesa das pessoas e das sociedades não é uma exceção à proibição de matar o inocente, que caracteriza o homicídio voluntário. “Aação de defender-se pode acarretar um duplo efeito: um é a conservação daprópria vida, o outro é a morte do agressor (É) Só se quer o primeiro; o outro não”(Sto. Tomás de Aquino, STh, II-II, 64, 7). A legitima defesa pode ser não somente um direito, mas dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outros, pelo bem comum da família ou da sociedade. Preservar o bem comum da sociedade exige que o agressor se prive das possibilidades de prejudicar a outrem. A este título, o ensinamento tradicional da Igreja reconheceu como fundamentado o direito e o dever da legítima autoridade pública de infligir penas proporcionadasà gravidade dos delitos, sem excluir, em casos de extrema gravidade, a pena de morte. Por razões análogas, os detentores da autoridade têm o direito de repelir pelas armas os agressores da comunidade civil pela qual são responsáveis. A pena tem como primeiro efeito compensar a desordem introduzida pela falta. Quando esta pena é voluntariamente aceita pelo culpado, tem valor de expiação. Além disso, a pena tem um valor medicinal, devendo, na medida do possível, contribuir para a correção do culpado (Lc 23, 40-43). (Catecismo da Igreja Católica, nn. 2265-2266)

112. Nesta linha coloca-se o problema da pena de morte, à volta do qual se regista, tanto na Igreja como na sociedade, a tendência crescente parapedir uma aplicação muito limitada, ou melhor, a total abolição da mesma.O problema deverá ser enquadrado na perspectiva de uma justiça penal, queseja cada vez mais conforme com a dignidade do homem e portanto, em última análise, com o desígnio de Deus para o homem e a sociedade. Na verdade, a pena que a sociedade inflige, tem “como primeiro efeito o de compensar a desordem introduzida pela falta”(CIC, n. 2266). A autoridade pública deve justiça pela violação dos direitos pessoais e sociais,

impondo ao réu uma adequada expiação do crime como condição para se readmitido no exercício da própria liberdade. Deste modo, a autoridade procurará alcançar o objetivo de defender a ordem pública e a segurança das pessoas, não deixando, contudo, de oferecer estímulo e ajuda ao próprio réu para se corrigir e redimir (cf. CIC, n. 2266). Claro está que, para bem conseguir todos este fins, a medida e a qualidade da pena serão ponderadas e decididas, não se devendo chegar à medida extrema da execução do réu senão em caso de ab- soluta necessidade não fosse possível de outro modo. Mas, hoje, graças às organizações cada vez mais adequada da instituição penal, esses casos são já muito raros, se não mesmo praticamente inexis- tentes. (Evangelium Vitae, n. 56)

113. O tradicional ensino da Igreja não exclui, quando a identidade e responsabilidade do réu constam com plena clareza, o recurso à pena de morte, se esta é o único meio viável para proteger eficazmente, frente aoinjusto agressor, a vida de seres humanos. Porém, se os meios não-sangrentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretasdo bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana. De fato, hoje, dado os meios que dispõem o Estado de suprimir efetivamente acriminal- idade rendendo inofensivo o agressor sem privá-lo da possibilidade deste se redimir, mesmo nestes casos de necessidade absoluta de suprimir o agressor “mas, hoje (É) esses casos são já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes”(Evangelium Vitae, n. 56). (Catecismo da Igreja Católica, n. 2267)

VIII. A DIGNIDADE DAS MULHERES

114. Certamente, resta ainda muito a fazer para que o ser mulher e mãe não comporte discriminação. Urge conseguir onde quer que seja a igualdadeefetiva dos direitos da pessoa e, portanto, idêntica retribuição salarialpor categoria de trabalho, tutela da mãe trabal- hadora, justa promoção na carreira, igualdade entre cônjuges no direito de família, o reconhecimento de tudo quanto está ligado aos direitos e aos deveres do

cidadão num regime democrático. Trata-se não só de um ato de justiça, mastambém de uma necessidade. Na política do futuro, os graves problemas em aberto verão sempre mais envolvida a mulher: tempo livre, qualidade da vida, migrações, serviços sociais, eutanásia, droga, saúde e assistência,ecologia, etc. Em todos estes campos, se revelará preciosa uma maior presença social da mulher, porque contribuirá para fazer manifestar as contradições de uma sociedade organizada sobre critérios de eficiência e produtividade, e obrigará a reformular os sistemas a bem dos processos dehumanização que delineiam a “civilização do amor”. (Carta às Mulheres, n.4)

115. A tal heroísmo do cotidiano, pertence o testemunho silen- cioso, mastão fecundo e eloqüente, de “todas as mães corajosas, que se dedicam sem reservas à própria família, que sofrem ao dar à luz os próprios filhos, edepois estão prontas a abraçar qualquer fadiga e a enfrentar todos os sacrifícios, para lhes transmitir quanto de melhor elas conservam em si”(João Paulo II, Homilia de Beatificação, n. 4). No cumprimento da sua missão, “nem sempre estas mães heróicas encontram apoio no seu ambiente. Antes, os modelos de civilização, com freqüência promovidos e propagados pelos meios de comuni- cação, não favorecem a maternidade. Em nome do progresso e da modernidade, são apresentados como já superados os valoresda fidelidade, da castidade e do sacrifício, nos quais se distinguiram e continuam a distinguir-se multidões de esposas e de mães cristãs (...) Nós agradecemo-vos, mães heróicas, o amor invencível! Nós vos agradecemosa intrépida confiança em Deus e no seu amor. Nós vos agradecemos o sacrifício da vossa vida (...) Cristo, no Mistério Pascal, restituiu-vos o dom que Lhe fizestes. Ele, de fato, tem o poder de vos restituir a vida, que Lhe levastes em oferenda”(João Paulo II, Homilia de Beatificação, n. 5). (Evangelium Vitae, n. 86)

116. “Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou”(Gn 1, 27). Esta passagem concisa contém as verdades antropológicas fundamentais: o homem é o ápice de toda a ordem criada no mundo visível; o gênero humano, que se inicia com a chamada à existência do homem e da mulher, coroa toda a obra da criação; os dois são seres humanos, em grau igual o homem e a mulher, ambos criados à imagem de Deus. Esta imagem e semelhança com Deus, essencial para o homem, o homem e a mulher transmitem-na, como esposos e pais, aos seus descendentes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, povoai a terra; submetei-a”(Gn 1, 28). O Criador confia o “domínio”da terra ao gênero humano, a todas as

pessoas, a todos os homens e a todas as mulheres, que haurem a sua dignidade e vocação do “princípio”comum. (Mulieris Dignitatem, n. 6)

117. Nessa viragem cultural a favor da vida, as mulheres têm um espaço depensamento e ação singular e talvez determinante: compete a elas fazerem-se promotoras de um “novo feminismo”que, sem cair na tentação de seguir modelos “masculinizados”, saiba reconhecer e exprimir o verdadeiro gênio feminino em todas as manifestações da convivência civil, trabalhando pelasuperação de toda a forma de discriminação, violência e exploração. Retomando as palavras da mensagem conclusiva do Concílio Vaticano II, também eu dirijo às mulheres este premente convite: “Reconciliai os homens com a vida”(Mensagem do Concílio à humanidade [1965]: às mulheres). Vós sois chamadas a testemunhar o sentido do amor autêntico, daquele dom de si e acolhimento do outro, que se realizam de modo específico na relação conjugal, mas devem ser também a alma de qualquer outra relação interpessoal. A experiência da maternidade proporciona-vos uma viva sensibilidade pela outra pessoa e confere-vos, ao mesmo tempo, uma missão particular: “A maternidade comporta uma comunhão especial com o mistério da vida, que amadurece no seio da mulher (...). Este modo único de contato com o novo homem que se está formando, cria, por sua vez, uma atitude tal para com o homem-não só para com o próprio filho, mas para com o homem em geral-que caracteriza profundamente toda a personalidade da mulher”(Mulieris Digni- tatem, n. 18). Com efeito, a mãeacolhe e leva dentro de si um outro, proporciona-lhe forma de crescer no seu seio, dá-lhe espaço, respeitando-o na sua diferença. Deste modo, a mulher percebe e ensina que as relações humanas são autênticas quando se abrem ao acolhi- mento da outra pessoa, reconhecida e amada pela dignidade que lhe advém do fato mesmo de ser pessoa e não de outros fatores, como a utilidade, a força, a inteligência, a beleza, a saúde. Este é o contributo fundamental que a Igreja e a humanidade esperam das mulheres. E é premissa insubstituível para uma autêntica viragem cultural. (Evangelium Vitae, n. 99)

http://www.thesocialagenda.org/portugues/artigo3.htm

Família

Cristiane Bicca

A rigor, família é uma instituição social que compreende indivíduos ligados entre si por laços consangüíneos.

A formação do grupo familiar tem como função a educação, implicando, porém, outros fatores como amor, atenção, compreensão, carência e sobretudo o respeito à individualidade de cada componente do instituto doméstico.

Porém, com o Espiritismo, esse conceito de família se alarga, porque os velhos padrões que nos são impostos dão lugar a um clã familiar de visão mais ampla de vivência coletiva, dentro das bases da reencarnação. Por admitirmos que os laços da parentela são preexistentes à formada atual, os preconceitos de cor, de sangue, sociais e afetivos caem por terra, porque vêem nas possibilidades das vidas sucessivas o retorno dos espíritos, das almas, no mesmo domicílio, ocupando roupagens físicas conforme as necessidades evolutivas.

Existem vários tipos de família, conforme a afinidade entre os espíritos que as integram. As afeições reais sobrevivem, permanecem indissolúveis eeternas.

Independente do tipo de família que temos, vamos observar a importância desta instituição e como convivermos melhor dentro dela.

Alguns devem lembrar-se que em 1994, a ONU (Organização das Nações Unidas), proclamou este ano como o "ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA". Muitosficaram surpresos, com a importância dada pela ONU a um tema que parecia um tanto doméstico, sem muita importância para os homens responsáveis pelo destino político do mundo.

Aí é que está o erro, o engano. O assunto, família, é de maior relevânciapara toda a humanidade. Matutando sobre a questão, pouco a pouco, vamos descobrindo que a harmonia das nações só será conquistada com lares ajustados. E quanto maior for a desorganização familiar, maior também será o desequilíbrio social. Eis a lei de causa e efeito.

Certa feita, pelas mãos de Chico Xavier, Neio Lúcio, espírito, marrou queo Mestre Jesus, na casa de Simão Pedro sentenciou:

"A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz entre quatro paredes, como aguardar a harmoniada nações."

Vejam a sabedoria de Jesus, demonstrando seu mais profundo conhecimento da alma humana.

O quanto os seus ensinamentos são atuais e devem ser o exemplo a ser seguido. De fato, nós mesmos podemos confirmar essa advertência do Mestre, analisando, no nosso dia a dia, a nossa conduta fora de casa, quando temos algum problema dentro da família. Quando começamos o dia comdesavenças no lar, ainda que de pequena monta, nosso dia parece que não engrena. Algo parece que esta amarrado, dificultando o nosso deslanche. Eaquela desarmonia familiar tende a se reproduzir fora do lar, seja o trânsito, no trabalho ou na escola. Quantas crianças tem experimentado quer no rendimento escolar quanto seus pais passam por desavenças conjugais? Muitas chegam, inclusive, a repetência, sem falar ainda em doenças adquiridas em tempos de crise conjugal. E, por vezes, as desavenças dos pais são tão profundas que provocam verdadeiros traumas psicológicos nos filhos. Só que um dia a criança também cresce e pode se tornar um novo pai ou uma nova mãe, com um perigo muito grande de reprodução daqueles transtornos vivenciados na infância.

Aqui entra a responsabilidade do pai, da mãe ou do responsável pela educação.

Se a mãe soubesse a força que dispõe da palavra diante dos seus filhos, procuraria falar com mais cuidado. A tua conversa, mãe, é tinta divina, etua mente educada, a caneta pela qual podes escrever no destino do teu filho.

A criança é por assim dizer, uma folha de papel em branco, na existência que começa, que foi dada aos pais para escreverem nela as primeiras letras da educação. É certo que a verdadeira educação começa no lar.

A mãe, nos primeiros anos do bebê, é um sol para aquecê-lo, é uma mão divina para guiá-lo no caminho da vida.

A voz materna pode ganhar ou perder autoridade moral perante os filhos, dependendo do modo de vida que escolhe. O exemplo é a força dominante na vida daqueles que convivem contigo, mãe, e este filho há muito tempo estácontigo.

A mulher tem uma grande missão junta à família, na arte de falar à esta, e nisto está muita responsabilidade no que diz aos outros.

Falando no teu lar, estás preparando outras mães e pais para outros lares, que sucessivamente herdam o que falas, o teu exemplo.

E tu pai, também é de grande importância. A tua conversa, é de certo modo, alimento para os espíritos que moram contigo, não existe família unida sem palavras bem formadas.

Mas, voltando ao nosso exemplo anterior, de analisar a nossa conduta no dia a dia, se temos harmonia em casa, tudo conspira a nosso favor, sentimos que somos amados, queridos por nossos familiares, e aí o nosso comportamento no meio social tende a ser muito melhor, pois temos uma grande retaguarda de amor em nossa família. Sem a família não há evoluçãoespiritual, ao menos em nosso atual estágio evolutivo. Allan Kardec perguntou ao Espírito da Verdade, questão n° 775 no Livro dos Espíritos:

"Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?"

A resposta foi curta e sábia:

"Um recrudescência do egoísmo", ou seja um agravamento do nosso egoísmo.

Olhem que resposta magnífica, o melhor remédio para curar o egoísmo é viver em família. Sim, porque no lar nós vamos compartilhar a vida com pessoas diferentes de nós. Cada componente de uma família é um ser diferente do outro. As vezes, até são parecidos, mas iguais, nunca. Podemos dar como exemplo, um filho que gosta de estudar, outro que não suporta um livro. A esposa prefere férias no litoral, o marido gosta do campo. E todos estão reunidos para um "lar, doce lar".

Por isso, viver em família é imperativo evolutivo de todos nós. Exatamente porque ainda somos muito egoístas, não aceitamos as nossas limitações e as limitações dos que nos rodeiam e, portanto, precisamos das diferenças para evoluirmos. Daí por que na família acabamos convivendo com pessoas muito diferentes de nós. E parece que quanto maioro egoísmo, maior é a diferença. Isso explica aquela insatisfação que sentimos com nossos familiares, exatamente por que eles não são do jeito que nós gostaríamos que eles fossem. Nós sempre achamos "algo do vizinho"melhor do que o que temos. E assim todos caminham insatisfeitos.

As diferenças devem ser, antes de tudo, aproveitadas. A diferença também tem a sua beleza e pode nos proporcionar grande aprendizado.

Com uma convivência aberta, cada um vai ficando menos egoísta, porque aceita o outro como ele é e acredita que também pode aprender algo com o outro. É um processo de muita interação, que só ocorre quando aceitamos os outros e quando saímos da condição de "certinhos", de perfeitos. Todosnós precisamos de contrastes, das adversidades, por isso é que o benfeitor Emmanuel afirmou ser o lar o purificador das almas individadas.As carências de hoje representam os abusos do passado.

É preciso, pois, estar atento ao aprendizado que a vida familiar está lheoferecendo. Só a família é capaz de propiciar essa experiência tão enriquecedora.

Sem esquecer, ainda, que na família é que nós encontramos as nossas melhores companhias. Estamos reencarnados entre aqueles espíritos mais indicados ao nosso progresso espiritual.

Eles nos trazem as lições ainda não aprendidas. Diante daquele familiar que representa um problema, indague-se qual a lição que a vida esta lhe trazendo. Paciência? Aceitação? Perdão? Doação? Muito provavelmente.

Não encaremos nossos familiares problema como um carma, como um castigo. Um relacionamento difícil é algo para ser superado. Não temos que agüentar um familiar difícil, temos é que amá-los.

Portanto vamos amar nossa família do jeito que ela é. E se eles não são aquilo que gostaríamos que fossem, lembrem-se de que nós também não somoso que eles gostariam que fôssemos. Sem esquecer, ainda, que provavelmentejá convivemos com eles em vidas passadas e devemos ter nossa parcela de responsabilidade nessa história de capítulos tristes, mas cujo final poderá ser muito feliz, se soubermos amá-los como nossos irmãos.

Eles, nossos familiares, são nossos próximos mais próximos. Não adianta querer amar o mundo, se ainda não somos capazes de amá-los. Se houver muito ódio, perdoe. Esqueça as ofensas. Seja você aquele que ama. Não guarde o amor dos outros nem o reconhecimento pelos seus gestos. Dê o primeiro passo para a sua família ser mais feliz.

Comece com pequenos gestos. Sorria, cumprimente familiares pela manhã. Ore por eles. Faça pequenas gentilezas no lar. Seja capaz de elogiar seusfamiliares. Eis alguns passos para testemunhos maiores. Sua família e você ficarão muito feliz.

http://www.portaldoespirito.com.br/portal/palestras/ceecp/familia.html

Relação escola-família, uma história de desentendimentos

Foto: Divulgação

Miriam Abramovay, socióloga, é secretária-executiva do Observatório Violências nas Escolas

Escola e família são as principais instituições socializadoras da nossa sociedade. Nelas transitam crianças e jovens que se formam e se preparam,iniciando seu longo e contínuo processo de aprendizagem.

A escola proporciona, em primeiro plano, a aprendizagem e, em segundo, a socialização. Como explicita Morin (1966)1, a aprendizagem e a socialização são projetos necessários para a vida. Para Delors (2001)2, opapel fundamental da escola seria o de propiciar o desenvolvimento de habilidades essenciais para a convivência em sociedade e para a formação de um cidadão crítico. A educação transmitida pela escola é percebida como um meio de inclusão e de mobilidade social. A família, por sua vez, é a primeira referência psicológica e social da criança, constituindo-se no primeiro local de socialização.

As funções educativas dessas duas instituições, algumas vezes, se confundem e, outras, se sobrepõem. Segundo Aquino (2006)3, são instituições vizinhas, mas uma pertencente ao âmbito público e a outra aoprivado. A grande contradição se dá pelo fato de que, no imaginário escolar, as expectativas em relação à educação não são cumpridas pelas famílias, o que gera um diálogo árduo e não raras vezes, mutuamente sem retorno.

Por que a conversa entre escola e família é tão difícil?

Em primeiro lugar, porque o público da escola passou a ser mais heterogêneo, distinto daquele que a freqüentava no passado, constituído em sua maioria por uma classe média. A massificação do ensino não foi acompanhada pelo devido acolhimento e integração das famílias no processode transformação da escola. Os projetos familiares de vida e os projetos pedagógicos das escolas já não seguem com a mesma coerência, causando, assim, tensões entre as duas instituições.

No Brasil, a partir dos anos 1960, a escola iniciou um processo de mudança, o sistema educacional ampliado passou a receber uma parte da população que estava fora dele. A instituição deparou-se, desde então, com uma grande dificuldade para se adequar à nova população, apresentando-se despreparada para receber um público ao qual não estava habituada e que, na realidade, representa a maioria da população brasileira. Sob tal dificuldade, a escola não tem conseguido se transformar para se comunicar com novos códigos e valores.

Existe, sim, certa perplexidade diante da nova realidade: a escola não possui um papel protetor, de construção de uma cidadania ativa e não constitui um espaço de diálogo aberto.

Em geral, a escola desconfia da instituição familiar e tem dificuldade emcompreender os obstáculos que as famílias enfrentam partindo da idéia de que elas não sabem e não educam bem seus filhos. É comum escutarmos acusações de professores e diretores de escolas de que os pais não têm controle, não educam, não ensinam e deixam as principais responsabilidades da educação dos filhos para a escola. As famílias, muitas vezes, aceitam a condenação e se culpabilizam pelo que acontece com seus filhos na escola, enfatizando que a falta de tempo, o acúmulo detarefas domésticas e extra domésticas e a falta de conhecimento impossibilitam acompanhar os estudos de seus filhos.

Em recente pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com alunos, professores e pais

do Ensino Médio, em 13 capitais brasileiras - Rio Branco (AC), Macapá (AP), Belém (PA), Teresina (PI), Maceió (AL), Salvador (BA), Cuiabá (MT),Goiânia (GO), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG)4-, os professores apresentaram uma lista de queixas sobre as famílias:

existência de famílias “desestruturadas”;

ausência de regras no ambiente familiar;

ausência dos pais quando chamados para reuniões.

Por outro lado, a relação entre alunos e professores é, muitas vezes, dificultada pela baixa freqüência de alguns alunos às aulas. Para piorar,tal comportamento embasa o estereótipo de que esses são “problemáticos”. Note-se, nos depoimentos seguintes, a culpabilização da família por tal situação e o silêncio em relação ao lugar da escola no que diz respeito às faltas dos alunos:

Tem uma turma que tu não consegue criar um vínculo, porque se tu pegar umcaderno de chamada, tem alunos que, assim, vêm uma semana e faltam três. Então, tu não consegue estabelecer uma regra. Alunos que têm uma família desestruturada ou alguma coisa assim. São mais problemáticos. Então, tu tem que bater um pouco de frente. Mas, mesmo assim, não é nada insuportável de mandar pra aquele lugar ou coisa mais exaltada. Mas é levável, assim, tu consegue avançar de alguma forma, fazer eles tentarem aprender, se interessar e freqüentar a escola de alguma forma. (Grupo focal com professores de Porto Alegre, feito para o estudo Ensino Médio: múltiplas vozes, UNESCO, 2003)

Tem o caso de alguns alunos que são alunos repetentes, com problemas familiares, que deveriam ter acompanhamento psicológico e não têm. Então,nesses alunos você encontra, geralmente, uma resistência maior ao professor. E, às vezes, até uma ameaça. Mas fica só na ameaça. (Grupo focal com professores de Porto Alegre, feito para o estudo Ensino Médio: múltiplas vozes, UNESCO, 2003)

Existe, sim, certa perplexidade diante da nova realidade: a escola não possui um papel protetor, de construção de uma cidadania ativa e não constitui um espaço de diálogo aberto. Nesse contexto, a família se senteinsegura em relação à criança e ao jovem, os quais já não agem e se comportam como seus pais que “são de outro tempo”, como se costuma dizer.

A massificação da escola, em verdade, não correspondeu a um incremento desua qualidade. Ao contrário. Hoje a escola acolhe e reforça as desigualdades entre as classes sociais e torna mais visível o bloqueio dosistema às crianças e aos jovens de classes populares.

Deve-se ressaltar que os pais têm muito claro que uma boa escolarização éa única forma de seus filhos terem acesso a algum tipo de mobilidade social. As famílias acreditam na escola. Investem fortemente na idéia de que é um lugar de promoção social. Creditam a ela cumprir o papel de desenvolvimento do conhecimento e do saber.

As famílias pedem que a escola faça cargo da educação, enquanto que a escola acaba fazendo o mesmo. Nesse sentido, o diálogo família-escola é fundamental e, na teoria, há consenso sobre a importância da relação entre as duas instituições que têm como referência o mesmo sujeito – a criança, o adolescente e o jovem. Somente por meio de um amplo diálogo que se poderá atingir uma educação de maior qualidade.

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