O Papel da família na gestão do Processo de Ensino-Aprendizagem. Caso da Escola Primária Unidade...

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Fernanda Emília Macie O Papel da família na gestão do Processo de Ensino- Aprendizagem. Caso da Escola Primária Unidade 11 de Xai-Xai, (2005- 2010). Licenciatura em Administração e Gestão Escolar Universidade Pedagógica de Moçambique Xai-Xai 2014

Transcript of O Papel da família na gestão do Processo de Ensino-Aprendizagem. Caso da Escola Primária Unidade...

Fernanda Emília Macie

O Papel da família na gestão do Processo de Ensino-

Aprendizagem.

Caso da Escola Primária Unidade 11 de Xai-Xai, (2005-

2010).

Licenciatura em Administração e Gestão Escolar

Universidade Pedagógica de Moçambique

Xai-Xai

2014

Fernanda Emília Macie

O Papel da família na gestão do Processo de Ensino-

Aprendizagem.

Caso da Escola Primária Unidade 11 de Xai-Xai, (2005-

2010).

Monografia Científica,

apresentada ao curso de

Administração e Gestão

Escolar como requisito final

para obtenção do grau

académico de Licenciatura.

Supervisor: MSc. Alberto

Marcos Halar

Universidade Pedagógica de Moçambique

Xai-Xai

2014

Declaração

Declaro, por minha honra, que esta monografia apresenta um

conteúdo original, que nunca foi apresentada em nenhuma

instituição de ensino para a obtenção de qualquer grau

académico.

A presente monografia resulta de pesquisa por mim feita sob

orientação do meu supervisor e que as fontes de consulta estão

devidamente mencionadas na bibliografia.

Xai-Xai, 2014

_____________________________________________________

(Fernanda Emília Macie)

Lista de siglas e abreviaturas

EPC…………………(Escola Primária Completa)

INE………………….(Instituto Nacional de Estatística)

MCE………………(Membros do Conselho de Escola)

MEC………………...(Ministério de Educação e Cultura)

PEA………………....(Processo de Ensino e Aprendizagem)

Dedicatória

Ao meu filho Kawan, e ao meu esposo Albino Alechande Manhique,os quais endereço o meu maior apresso, dedico.

Agradecimentos

Agradeço em primeiro plano, à Deus todo poderoso, aquem tudo

devo;

Ao meu supervisor Alberto Marcos Halar, que me acompanhou com

zelo e paciência em todas as etapas da produção do presente

trabalho, até a fase actual.

Aos meus pais: Samuel Macie e Marta Mucavele, que me geraram e

me educaram pacientemente, mostrando-me o caminho da escola

como o mais prioritário da vida, o meu muito obrigado.

Expresso o meu sincero agradecimento aos meus colegas do

grupo, Joaninha dos Anjos Abudo, Arnaldo Francisco Mucavele,

Amália Vasco Ussene, Ernesto Samuel Cumbe, pelo companheirismo

e apoio incondicional, nas actividades académicas desde o

início até ao fim das cadeiras curriculares.

Ao meu esposo Albino Alexandre Manhique, que me acompanhou de

forma incondicional, a sua compreensão, por ter dispensado o

papel de esposa, para satisfazer as actividades académicas,

quer no período nocturno e diurno, grato pelo seu papel em

tudo.

Aos meus irmãos, Lucas Sérgio Macie, José Lucas Macie, Micede

Macie, Ana Marta Macie, Cátia Inês Macie, Pedro José Lucas

Macie, Rita Yolanda Macie, Samuel José Macie, pelo apoio moral

e material, bem como pela força que me deram para que desse

continuidade com os estudos.

A todos que directa ou indirectamente participaram da minha

vida académica, e que não os faço menção, o meu muitíssimo

obrigado.

Resumo

No presente trabalho, trazemos uma abordagem sobre: O Papel da Família nagestão do Processo de Ensino-Aprendizagem. Caso da Escola Primária CompletaUnidade 11. E, com este tema, tencionamos no geral, Compreender opapel da família na gestão do Processo de Ensino e Aprendizagem.Este estudo pretende trazer uma reflexão do papel que a comunidadedeve desempenhar na escola como forma de melhorar o desempenhodesta. Para concretização deste trabalho fez-se inquéritos eentrevistas à comunidade ao director da escola em epígrafe paracolher sensibilidades sobre como estes actuam na gestão do PEA. Aprincipal conclusão deste trabalho mostra que a comunidade poucoparticipa no acompanhamento do PEA, devido a falta de esclarecimentosobre o seu papel. Para o efeito sugerimos que a comunidade comungueem todos os planos curriculares com a escola para melhorar a suaparticipação.

Palavras-chave: Família, Comunidade e Escola.

Índice Introdução 170.1. Objecto da pesquisa 180.2.1. Geral: 180.2.1.1. Específicos: 180.3. Formulação do problema de pesquisa 180.4 Hipóteses 190.4.1 Varáveis 190.5 Justificativa 19CAPÍTULO I – METODOLOGIA DA PESQUISA 211.1 Tipo de pesquisa 211.2 Método de abordagem 211.4 Técnicas de recolha de dados 222.1 Escola 232.2 Comunidade 232.3 Relação comunidade e escola 242.3 Gestão escolar 282.3.1 Gestão democrática na escola 292.4 A escola como um sistema de interacções 31CAPÍTULO III – RESULTADOS DE PESQUISA E SUA DISCUSSÃO 33

3.1.1 Estratégias de participação da comunidade na escolaprevista pela Lei moçambicana 333.1.2 Quanto à participação da comunidade 343.3 Plano de acção para uma boa relação escola-comunidade naEPC Unidade 11 40CAPÍTULO IV - CONCLUSÃO E SUGESTÕES 444.1 Conclusão 444.2 Sugestões 455. Bibliografia 46

Apêndices

___________________________________________________________________________CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

Uma escola é tida como estabelecimento ou instituição de

Educação que monitora o PEA, desde a antiguidade. Neste

processo, o envolvimento de entidades que possam garantir a

eficácia do ensino tem sido discutido com maior relevância, de

modo a integrar cada vez mais, elementos que possam ajudar, de

algum modo, para o bom andamento da escola.

Nesta óptica, verifica-se com alguma regularidade a integração

das comunidades em qualquer parte onde exista uma escola, como

forma de tomar a Educação, não somente como uma instituição na

qual se deva transmitir apenas conhecimentos de carácter

técnico profissional, mas também como local que garanta a

transmissão de valores de uma geração para outra, daí que se

torna imprescindível envolver a comunidade para melhor se

inteirar, e ajudar a gerir o processo educativo dos alunos,

com finalidade de que, uma vez formados, possam assegurar com

eficiência o desenvolvimento das mesmas.

A escola é formada por diferentes entidades, entre elas: o

director-expoente máximo, o professor que faz a monitoria e

gestão da aula, o aluno como centro do processo educativo e, a

comunidade, sob forma do Conselho de Escola, que ajuda a fazer

o acompanhamento do processo, pretende-se, com esta pesquisa,

fazer uma abordagem sobre: o Papel da família na gestão do Processo de

Ensino-Aprendizagem.

Partindo do pressuposto de que o Ensino Primário constitui o

alicerce para a formação integral e integrada do Homem, e que

requeira maior atenção de todos os intervenientes, afigura-se

importante a integração da família na vida da Escola, como

expressão do reconhecimento do papel que esta desempenha em

todas as esferas sociais.

Pretende-se que se perceba, também, que a família é a primeira

instituição, na qual o cidadão aprende os símbolos primitivos

da vida em sociedade e que é fundamental na formação de

valores humanos, daí que surge a necessidade de se chamar para

provar a sua missão e responsabilidade na educação das

crianças.

0.1. Objecto da pesquisa

O Papel da Comunidade escolar na gestão do Processo de Ensino-Aprendizagem.

0.2. Objectivos da pesquisa

0.2.1. Geral:

Estudar a relevância do papel da comunidade na gestão do

Processo de Ensino e Aprendizagem.

0.2.1.1. Específicos:

Identificar as formas de participação da família e da

comunidade escolar dentro dos princípios e instrumentos

estabelecidos pela Educação moçambicana;

Demonstrar o impacto da ligação entre a escola, família e

a comunidade escolar no desenvolvimento do processo de

ensino-aprendizagem;

Sugerir mecanismos de interacção entre a escola e a

comunidade para uma gestão escolar eficiente e eficaz.

0.3. Formulação do problema de pesquisa

Pelos resultados da pesquisa exploratória feita pela autora do

trabalho, as escolas na sua maioria, em que a Primária

Completa Unidade 11 é parte integrante, reclamam a falta de

uma participação massiva e activa da comunidade, bem como dos

pais e encarregados de educação dos alunos em grande parte das

actividades lectivas. Depoimentos avançados por professores e

Direcção desta escola, apontam que a falta desta

comparticipação por parte da Comunidade compromete, em grande

medida a aprendizagem dos petizes.

Este facto, contrasta, de certa maneira, com a Lei 6/92 do

Sistema Nacional de Educação que estabelece a aliança entre a

comunidade e a escola. Procuramos questionar um facto

generalizado, ligado à qualidade de ensino, na perspectiva dos

actores de todo o processo educativo.

Muitas das vezes, quando os resultados são insatisfatórios,

esquecemos do papel da comunidade, por onde o educando tem a

sua educação básica. E sendo este um papel interventivo da

comunidade no PEA, impõe questionar o seguinte:

Como é que a comunidade deve agir com vista a contribuir no

desenvolvimento e na gestão do PEA?

Que papel a comunidade pode desempenhar no processo educativo dos

alunos, para o garante da qualidade de ensino no país?

0.4 Hipóteses

De causa: O funcionamento do Conselho de Escola como

órgão representativo na comunidade, pode ser bastante

fraco por não participarem activamente da planificação e

desenvolvimento das actividades curriculares, redundando

apenas em responder e solicitações da escola ao órgão.

De solução: A comunidade pode desempenhar um papel de

dinamizador das actividades curriculares, participando

activamente em todas actividades da escola, como parte

integrante do processo, e não como meros espectadores

deste processo.

0.4.1 Varáveis

Independente: Participação da comunidade na gestão do PEA na

Escola.

Dependente: Desenvolvimento multifacetado do processo

educativo; .

0.5 Justificativa

A realização do presente trabalho, é na opinião da autora, de

extrema importância para o desenvolvimento do PEA, pois poderá

constituir um instrumento que fornecerá informações claras

sobre os factores que influenciam a dinâmica da participação

das comunidades na vida escolar.

O estudo poderá facilitar a compreensão daqueles que pretendem

ter conhecimento e que queiram ainda fazer estudos posteriores

acerca do tema, e a partir deste, criarem teorias, princípios,

normas, políticas que possam mudar o cenário desta e de mais

escolas, sobre a participação da comunidade escolar.

Esperamos, com este trabalho, uma mudança social, que possa

despertar atenção aos outros estudantes, docentes, políticos,

religiosos a terem o espírito de desenvolver ainda mais o

assunto de modo a se perpetuar a ligação Escola – Família e

Comunidade.

Na perspectiva pessoal, julgo pertinente trazer um instrumento

teórico-prático, não apenas como cursante da Administração e

Gestão Escolar, mas sim pela preocupação de mostrar que a

comunidade é parte chave do PEA.

A escolha do período (2005-2010), deve-se ao facto de ser um

período capaz de trazer dados que, do ponto de vista

estatístico e científico possam provar que não houve uma

informação precipitada, mas sim que possa ajudar a concluir,

claramente, que existe do lado do pesquisador uma análise

profunda do fenómeno.

O tema é actual na medida em que a cada dia, imputa-se à

escola o papel da gestão do PEA, como se fosse um todo,

esquecendo-se que todos intervenientes são sempre importantes

para o garante dos resultados esperados na escola.

___________________________________________________________________________CAPÍTULO II – METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo, trazemos os métodos e técnicas que sustentam a

acção do trabalho de campo para o curso destes, as técnicas e,

a descrição da área onde os instrumentos foram recolhidos.

1.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa é qualitativa, na medida que centra-se na compreensão

dos problemas, analisando os comportamentos, as actitudes e os

valores. Este tipo de investigação é indutiva e descritiva, na

medida em que o investigador desenvolve conceitos, ideias e

entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados. A

credibilidade reside no facto de um dos critérios ser de

aferir a qualidade do fenómeno em investigação.

Como afirmam (Sousa e Batista, 2011:56), a pesquisa

qualitativa é de carácter descritiva, dado que procura expor e

analisar o papel da comunidade na gestão do PEA, um sistema de

carácter qualitativo/o ensino.

1.2 Método de abordagem

Para a elaboração da pesquisa, usamos o método indutivo pelo

facto de tomarmos como ponto de partida, um caso particular,

(Escola Primária Unidade 11), para obter generalizações, isto

é, que nos vão ajudar a perceber outras realidades iguais a

este.

Esta perspectiva de análise, é sustentada por Gil (1999:35)

que diz: o método indutivo parte do particular para o geral.

A generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas

constatada a partir da observação de casos concretos

suficientemente confirmados dessa realidade. Lakatos & Marconi

(1999:90), afirmam que o método indutivo é usado quando um

estudo cinge-se a um objecto de investigação que seja

homogéneo em diferentes fenómenos, sem considerar as

circunstâncias acidentais.

A abordagem indutiva mostra-se importante e fundamental para

esta pesquisa pois a partir de dados que o fenómeno único,

demonstrar podemos trazer algumas inferências para compreender

o que está por detrás deste fenómeno para compreender o geral.

Além do método indutivo trazemos para este trabalho os

seguintes métodos:

1.4 Técnicas de recolha de dados

Para o presente trabalho, foram usadas as seguintes técnicas

de recolha de dados: técnica primária e secundária:

Quanto à técnica primária, ela é foi aplicada pelo facto de ter

observado o fenómeno in loco, tendo sugerido um questionário que

orientava a entrevista para colectar dados no terreno.

Esta técnica, é sustentada por Sousa & Baptista (2011:71), ao

afirmar que a técnica de natureza primária, privilegia as

informações que o investigador obtém directamente, através da

aplicação de inquéritos, planeamento de condução de

entrevistas, e em estudos baseados na observação.

Neste contexto, esta técnica é bastante válida para a

pesquisa, pois entramos em contacto directo com os

pesquisados, observamos e aplicamos um questionário efectuado

por meio de uma entrevista semi-estruturada. Pois, na óptica

de Sousa & Baptista (2011:80), Entrevista semi-estruturada é

aquela que tem um guião, um conjunto de tópicos ou perguntas a

abordar na entrevista, o guião pode ser memorizado ou não, mas

abordando o assunto com liberdade e rigidez sem fugir do tema.

Quanto à técnica secundária deveu-se ao facto de termos começado

pela revisão bibliográfica, pois partimos da consulta de

livros, relatórios, artigos electrónicos, bem como fizemos uma

análise documental, como é o caso de legislação consultada,

com o intuito de aprofundar o conhecimento referente ao tema

em estudo, em todas etapas de elaboração do trabalho.

Este aspecto é também fundamentado por Sousa & Baptista

(2011:71), ao advogar que a técnica secundária, provém da

análise bibliográfica e documental, onde o investigador tem

acesso a informações trabalhadas por terceiros e procede a sua

recolha em livros, dicionários, enciclopédias, internet,

jornais, e revistas, os quais formam um conjunto de principais

fontes de investigação.

______________________________________________________________

_____________CAPÍTULO III – REVISÃO DA LITERATURA

Para a efectivação deste trabalho, trazemos alguns termos-

chave que estejam intimamente ligados ao tema, para a

compreensão da abordagem, não somente na perspectiva enumerar

os conceitos que fazem parte do tema, mas para tomar como

ponto de partida das nossas análises, mostrando que este

estudo possui um enquadramento científico da pesquisa. Para o

efeito, começaremos pelo termo básico, que é a escola,

comunidade, a aliança entre a escola e a comunidade, gestão

escolar, e gestão democrática na escola, visto que a

participação da comunidade, tem como fulcro a escola uma

instituição que precisa da gestão do PEA, onde houve a

descentralização do sistema de ensino para garantir a

participação da comunidade e de vários intervenientes, daí a

gestão democrática. Neste contexto temos a seguir:

2.1. Escola

Segundo Alonso (2004:19) é uma organização social e complexa.

Para sua gestão é importante a existência de um corpo

directivo que possa garantir o cumprimento dos fins sociais e

pedagógicos.

Para Mytey (1976:21) escola é uma instituição social. É uma

instituição de ensino, constituída por professores, alunos e

programas de ensino.

Em função dos conceitos acima apresentados, compreende-se que

a escola é um estabelecimento de ensino onde há interacção

entre o educador e o educando, buscando-se conhecimento

científico e a revitalização do saber mútuo (…) é uma

instituição social de ensino que tem encargo de educar segundo

planos pré-estabelecidos funcionando numa tenção dinâmica

entre produção e reprodução e entre a liberdade e a

responsabilidade.

2.2 Comunidade

Segundo Carmo, (1999:86), comunidade é um conceito polissémico

muito estudado nas ciências sociais, que pode fazer referência

a um grupo humano organizado que vive em um espaço concreto e

delimitado, mas não basta falar de um território para entender

esta noção, pois a comunidade também esta definida pelos seus

recursos e pelas interacções sociais desenvolvidas entre os

seus membros.

Além disso, a comunidade pode ser desenvolvida como um

conjunto de necessidades e interesses comuns, ainda que esta

não pode ser levada a um extremo e esquecer a heterogeneidade

interna (Ibid, p. 87).

Desde o outro ponto de vista, a comunidade implica um

sentimento de colectividade que define uma identidade. Há que

sublinhar o seguinte: para entender a comunidade não se pode

esquecer que esta é construída e definida através do

estabelecimento de limites simbólicos que se afirmam fazer

parte dela ou não. De ponto de vista da sociologia, uma

comunidade é um conjunto de pessoas que se organizam, governo

e partilham do mesmo legado cultural e histórico estando no

mesmo bairro, aldeia, localidade ou cidade.

2.3 Relação comunidade e escola

Torres (2006), na sua análise, concluiu que a escola e a

comunidade dão uma imagem dinâmica da metamorfose da

organização escolar, no que respeita às relações estabelecidas

com o meio. Os dinamismos inerentes à influência da comunidade

local tendem a conquistar um espaço crescente na sucessão das

representações, sobretudo pelo aumento crescente da

participação institucional dos pais e encarregados de educação

e pelo alargamento da participação a outros sectores da

propalada comunidade educativa. (Ibid,p.38)

Assim sendo, Fontana (2000:80), afirma que é preciso que o

adulto assuma o seu papel com o objectivo claro da relação de

ensino (que é o de ensinar), levando em consideração a

condição de ambos os lados dessa prática, como parceiros

intelectuais, desiguais em termos de desenvolvimento

psicológico e dos lugares sociais ocupados no processo. É

justamente, nessa “prática social” que o professor deve estar

ciente de que não basta tratar somente de conteúdos actuais em

sala de aula, mas sim, também, resgatar conhecimentos mais

amplos e históricos, para que os alunos possam interpretar

suas experiências e suas aprendizagens na vida social.

Este autor coloca a sociedade igual ao termo comunidade, pois

feitas as analises, depreende-se que a sociedade refere-se a

algo extenso, enquanto a comunidade é mais reduzida, mas ela é

parte da comunidade, trazendo a ideia de as práticas desta

mesma, serem as que se devem levar para alicerçar o contexto

educativo.

Kramer (1989:73), propõe que para essa função (da comunidade)

se efective na prática: é exactamente nesse sentido que

devemos considerar as experiências sociais acumuladas de cada

aluno e seu contexto social, de modo a construir a partir daí,

um ambiente escolar acolhedor em que o aluno se sinta parte do

todo e esteja totalmente aberto a novas aprendizagens.

O enfoque social oferecido aos processos de ensino e

aprendizagem traz para a discussão pedagógica, aspectos de

excepcional importância, em particular no que se refere ao

modo como se devem entender as relações entre a sociedade e a

escola, no desenvolvimento da aprendizagem, para a relevância

da relação interpessoal, à relação entre educação e cultura e

ao papel da acção educativa ajustada às situações de

aprendizagem e às características da actividade mental

construtiva do aluno em cada momento de sua escolaridade.

(Ibid, p.73)

Para este autor, o aspecto forte seria criar uma

característica equilibrada dos educandos, ajustando os papéis

de cada interveniente entre a escola e a comunidade e/ou

sociedade onde o educando se encontra inserido.

Libâneo (1994:87), faz uma abordagem sobre a aprendizagem

escolar, aceitando que esta tem um vínculo directo com o meio

social que circunscreve não só as condições de vida das

crianças, mas também na relação da escola com o meio social e

estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A

consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles

carregam em relação à experiência social das crianças e jovens

na família, no meio social e/ou da sua comunidade.

Barroso (1995:192), aflora uma observação diacrónica das

relações escola-comunidade, advogando que elas dinamizam o

movimento de deslocação do local sobre as fronteiras da

organização entre a escola e a comunidade, demonstrando alguma

mobilidade consoante a pressão dos actores, que tendem a

reagir e a interagir, salvaguardando os seus espaços de

identidade organizacional.

Torres (2006:48), reitera o facto de a escola ser um elemento

de grande importância na formação das comunidades e torna o

desenvolvimento das atribuições do gestor um componente

crucial, é necessário que possua tendência crítico-social, com

visão de empreendimento, para que a escola esteja acompanhando

as inovações, conciliando o conhecimento técnico à arte de

disseminar ideias, de bons relacionamentos interpessoais,

sobretudo, sendo ético e democrático.

Os coordenadores por sua vez precisam assumir sua

responsabilidade pela qualidade do ensino, actuando com a

comunidade, promovendo momentos de trocas de experiências e

reflexão sobre a prática pedagógica, o que trará bons

resultados na resolução de problemas quotidianos, e ainda

fortalece a qualidade de ensino, contribui para o resgate da

auto-estima da comunidade, e para isso a contribuição do

coordenador será imprescindível, o que resultará no

crescimento intelectual dos alunos, (Ibid, p.48).

Daniel Nivagara (2005:64), defende que a comunidade é tida

como fonte-chave da escola, pois é dele que se retira o homem

que se pretende formar, e é lá onde retorna como capital

humano dinamizador do desenvolvimento, pois eles são

mobilizados para realizar actividades definidas na comunidade

integrante.

Salienta ainda que existem muitas escolas, nos países em

desenvolvimento, que foram construídas pela comunidade, pelo

reconhecimento que estes tem do valor da escola como elemento-

chave de desenvolvimento da mesma. Estes, além das demais

participações, quer seja financeiros, materiais, morais e

outros que facilitam a escola a lograr os objectivos

preconizados e, mobilizam a par da escola, projectos de

desenvolvimentos comunitários.

Nesta vertente, os líderes comunitários são chamados a

desempenhar um papel de mobilização de massas para a

participação mais efectiva nos projectos escolares, integrando

antigos estudantes.

Sarmento (1999:19), distingue o jogo social um processo

educativo, isto é, pelo sistema de interacções

escola/comunidade no seu interior e com o seu contexto

envolvente. Neste jogo estabelecem-se regras e condições de

acção. São essas regras que delimitam o território e lhe dão

espessura e relevo, estabelecendo, desse modo, uma atmosfera

comunicativa e participativa entre as partes.

Dentre outros autores que problematizam a vinculação da

escola ao território ou à comunidade, Sarmento enfatiza que o

território não é dado, no sentido de não serem imediatos e

consensuais os seus limites e de exigir conhecimento e análise

dos jogos estabelecidos, tanto quanto capacidade de

compreender as regras emergentes e de conceber e afectar

regras aos jogadores.

O fenómeno educativo é um dos temas jogados nos territórios

contemporâneos, com uma forte proliferação de actores, de

contextos e de versões dos seus resultados. Nas versões

primeiras, a educação desenrolava-se, tanto melhor quanto mais

independente fosse dos territórios. Seguiram-se versões mais

complexas de justaposição das especificidades da instituição

escola e do território onde se situa, assumindo-se que o

processo educativo de um indivíduo deve integrar e contemplar

a sua pertença e enraizamento a um local.

De facto, a apologia da territorialização associa-se a uma

progressiva sofisticação do processo educativo que implica

organizações aprendentes, comunidades activas e interventivas

a uma educação permanente.

Uma outra posição é defendida pela Isabel (1999:93) ao colocar

a Carta Educativa como a que potencia o protagonismo local em

termos de política educativa, pois o que está em causa em

momentos de territorialização da educação é o papel da

educação na sociedade contemporânea e “as questões que se

colocam não são apenas técnicas, administrativas ou jurídicas,

mas são, sobretudo, questões políticas” como sustenta (Guerra,

2002:193) ao acordar que exige-se a tomada de posição local,

no sentido da adopção de um pensamento reticular que insira as

escolas em redes de relações que as transcendem, em vez de as

tomar como unidades de gestão da escolarização isento da

comunidade.

Conscientes de que a qualidade do Sistema Educativo não

depende apenas da valorização dos espaços de aprendizagem, a

Carta Educativa deve expressar a mobilização de toda uma

comunidade local que reconhece nos agentes educativos os

vectores principais da necessária animação, mediação e

concertação de vontades na promoção e procura constante da

qualidade e adequabilidade do sistema educativo local aos

desafios colocados por uma sociedade cada vez mais exigente

com as competências dos seus cidadãos.

Em conformidade com Castigo, Ngoenha e Berthoud (2005:99), As

autoridades comunitárias desempenham um papel preponderante.

As escolas comunitárias exigem a participação da comunidade,

pois a administração das mesmas é de carácter colectivo, uma

vez que exige maior intervenção da comunidade ou dos pais na

gestão da mesma. Os autores sustentam, ainda, o facto de estas

escolas serem as que são maioritariamente frequentadas por uma

população/crianças de rendimento familiar pobre, por isso,

estas escolas constituem uma forma de encaixe para estas

mesmas crianças, sem capacidades financeiras.

Elucidando ainda mais, sobre a participação da comunidade na

escola, Wegher, (1999:186) apud Silva (2007:90), afirma que as

autoridades coloniais ofuscaram durante muito tempo a

autoridade da comunidade na intervenção administrativa, assim

sendo, com a expulsão destes, aquando da tomada do poder pela

FRELIMO, trouxe um outro paradigma de abordagem, em que o

vínculo da autoridade comunitária com o governo foi se

transformando de décadas em décadas. Nesta vertente, mais

tarde, por meio de um Diploma Ministerial 80/2004, de 14 de

Maio atribui-se funções às comunidades, como forma de

descentralização do poder, colocando vários deveres, dentre os

quais nos interessa somente os que compactuam com a pesquisa

em causa:

- Participar da educação das comunidades por meio de órgãos

locais, para garantir a gestão de recursos locais;

- Educar a comunidade para preservar e assegurar o

desenvolvimento dos valores culturais.

Nesta óptica, o contributo que a comunidade pode exercer na

planificação de acções de desenvolvimento do processo

educativo, pode contribuir para a melhoria das suas vidas, na

família e na comunidade.

Os autores acima destacados, olham com maior destaque a

questão da aliança entre a comunidade e a escola, como

elemento chave que facilita o processo de ensino na prática

pedagógica, evidenciando mais a posição de Torres, pois este,

ao chamar a comunidade para participar das actividades

curriculares na escola, coloca a pesquisa mais viva no caso da

EPC de Fenicelene, pois torna-se preocupante perceber o quanto

esta comunidade deve participar na escola.

2.3 Gestão escolar

Segundo Catani (2001:26) a gestão escolar deve ser entendida

como um processo que rege o seu funcionamento, compreendendo a

tomada de decisão, planeamento, execução, acompanhamento e

avaliação referentes à política educacional no âmbito da

unidade escolar, com base na legislação em vigor e de acordo

com as directrizes fixadas pelo Ministério de Educação.

Portanto, na nossa percepção, a gestão da Escola será

desenvolvida de modo colectivo, sendo o Conselho de Escola a

instância de elaboração, deliberação, acompanhamento e

avaliação do planeamento e do funcionamento da Unidade

Escolar.

Para Teixeira (2006:123), a gestão escolar é uma das

especificidades da gestão como tema macro, que se lida mais

com o elemento educacional/a escola, como uma organização

igual a todas outras, visando interpretar os objectivos

propostos pela escola e transformá-los em acção através de

planeamento, organização, direcção e controle de todos os

esforços realizados em todas as áreas e todos os níveis desta

escola, a fim de atingir resultados pedagógicos amplos e a

consequente qualidade de ensino pela formação de um capital

humano adequável às necessidades das exigências dos tempos

modernos.”

A posição do autor é de olhar a Gestão Escolar como uma

especificidade da gestão como um todo, mas ressalta um facto

bastante importante que coloca é que a forma de implementá-la

é igual pois, para este a escola é uma organização igual a

outras que requerem uma gestão bem regulamentada.

2.3.1 Gestão democrática na escola

Para Medeiros (2003:45) a democratização do acesso e

estratégias que garantam a permanência na escola, tendo como

horizonte a expansão do ensino para toda a população, bem como

o debate sobre a qualidade social dessa educação, são questões

que estão relacionadas a esse debate. Esses processos devem

garantir e mobilizar a presença dos diferentes actores

envolvidos, que participam no nível dos sistemas de ensino e

no nível da escola.

Para Catani (2001:46) a Gestão Democrática na escola é formada

por alguns componentes básicos: Constituição do Conselho

Escolar; Elaboração do Projecto Político Pedagógico de maneira

colectiva e participativa; definição e fiscalização da verba

da escola pela comunidade escolar; divulgação e transparência

na prestação de contas; avaliação institucional da escola,

professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica;

Segundo Costa & Silva (1998:58), para funcionar em uma

perspectiva democrática na escola os Conselhos devem cultivar

uma prática participativa de todos os segmentos escolares

(pais, professores, alunos, funcionários). Para tal, é

importante que todos tenham acesso às informações relevantes

para a tomada de decisões e que haja transparência nas

negociações entre os representantes dos interesses. Os

conselhos e assembleias escolares devem ter funções

deliberativas, consultivas e fiscalizadoras, de modo que

possam dirigir e avaliar todo o processo de gestão escolar, e

não apenas funcionar como instância de consulta.

Em seu projecto político-pedagógico, construído através do

planeamento participativo, desde os momentos de diagnóstico,

passando pelo estabelecimento de directrizes, objectivos e

metas, execução e avaliação, a escola pode desenvolver

projectos específicos de interesse da comunidade escolar, que

devem ser sistematicamente avaliados e revitalizados.

Portanto, nesta óptica, a gestão democrática da escola

significa a conjunção entre instrumentos formais – eleição de

direcção, conselho escolar, descentralização financeira – e

práticas efectivas de participação, que conferem a cada escola

sua singularidade, articuladas em um sistema de ensino que

igualmente promova a participação nas políticas educacionais

mais amplas.

A discussão proposta nessa série de programas sobre a gestão

democrática pretende:

Abordar as diferentes concepções que disputam, na arena

educacional, as proposições e vivências em termos de

autonomia escolar, na construção do projecto político-

pedagógico de cada unidade de ensino;

A participação da comunidade na gestão escolar nos

conselhos escolares e no provimento do cargo de direcção;

A gestão dos recursos financeiros no âmbito da escola; a

gestão de projectos inovadores que conferem identidade a

cada escola;

A avaliação institucional da escola pública como o

processo que confere informações para as decisões, suas

possibilidades e limites.

Para Medeiros (2003:42) a gestão democrática é uma forma de

gerir uma instituição de maneira que possibilite a

participação, transparência e democracia. Os princípios que

norteiam a Gestão Democrática são:

Descentralização : A administração, as decisões e as

acções devem ser elaboradas e executadas de forma não

hierarquizada.

Participação : Todos os envolvidos no quotidiano escolar

devem participar da gestão: professores, estudantes,

funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que

participam de projectos na escola, e toda a comunidade

ao redor da escola.

Transparência : Qualquer decisão e acção tomada ou

implantada na escola tem que ser de conhecimento por

todos.

Nesta acepção, compreende-se que a Gestão democrática implica

a efectivação de novos processos de organização e gestão

baseados em uma dinâmica que favoreça os processos colectivos

e participativos de decisão. Nesse sentido, a participação

constitui uma das bandeiras fundamentais a serem implementadas

pelos diferentes atores que constroem o quotidiano escolar.

2.4 A escola como um sistema de interacções

Para Alves-Pinto (1995:146) a escola configura um espaço de

“acções levadas a cabo por pessoas situadas num sistema de

interacção caracterizado por determinados estatutos, papéis e

regras de funcionamento (formal e informal) ”. Segundo esta

autora, “abordar a realidade social da escola é focar a

atenção num sistema de acção de diferentes intervenientes”

(ibid, p. 147). A escola aparece assim como uma realidade

social, ou seja, como um espaço de actuações, cujo sentido da

vida comunitária resultará provavelmente das diversas

interacções praticadas pelos actores, enquanto sujeitos

intervenientes na comunidade educativa (ibid, p. 146).

À luz deste entendimento, na relação com os outros, todos os

intervenientes na organização escola ocupam posições

definidas, às quais estão associados determinados estatutos e

determinados papéis. Por isso o sistema de interacções é

também importante por abordar na pesquisa, visto que a escola

e a comunidade devem trabalhar de forma interactiva.

Para Teixeira (1995:123) “o que, de facto, conta é o modo como

os diferentes actores assumem os seus papéis, o modo como

valorizam as várias funções que lhes são confiadas”. Assim, no

espaço de interacção que é a escola, e na busca de

desocultação da acção dos que aí intervêm, torna-se

indispensável conhecer o(s) seu(s) estatuto(s) e os papéis a

ele(s) associados.

Convém, para o efeito, perceber que o conceito de papel se

situa na interacção dos actores, como um processo dinâmico

entre o comportamento esperado, ou seja, as expectativas, e a

resposta dada, isto é, a acção nesta interacção ocorra,

necessariamente, ajustamentos mútuos que tenderão mais para o

consenso na organização.

Na óptica de Crozier e Friedberg (1992:42), cada actor pode,

de facto, desenvolver comportamentos estratégicos próprios e

optar pela conduta que melhor lhe convém na e para a sua

organização. Cada actor possui sempre uma certa margem de

liberdade que lhe permite, assim, definir a sua maneira de

participar e de estar na escola.

A posição dos autores acima, é a que a interacção seja

conjugada pela disputa de ideias, para que se diga que os

interesses dos actores na acção educativa são mutuamente

válidos, ou seja, cada actor propões suas estratégias de

participação, equilibrando com os objectivos organizacionais

por alcançar.

___________________________________________________________________________CAPÍTULO IV – RESULTADOS DE PESQUISA E SUADISCUSSÃO

Neste capítulo, fazemos uma confrontação da teoria constante

do Capítulo II com a prática vivida no terreno com vista a

alcançar os objectivos preconizados. Para o efeito, trazemos

em primeiro plano, as formas de participação da comunidade na

escola, partindo da base legal, para a posterior, mostrar a

sedimentação detalhada do que se vivenciou no terreno, com

vista a compreender de forma exaustiva a forma como é que a

comunidade participa na gestão do processo educativo na EPC

Unidade 11.

3.1.1 Estratégias de participação da comunidade na escola

prevista pela Lei moçambicana

Em relação aos dados colectados no terreno, quando

questionamos sobre as estratégias ou dispositivos legais

usados para garantir uma participação efectiva entre a

comunidade e a escola, disse que a escola tem como base o

artigo nº 2 da Lei 6/92, que regula o Sistema Nacional de

Educação vigente no país.

Perante esta situação, em confrontação com a lei, percebemos

que o artigo 2 da Lei nº 6/92, referenciado, defende os

princípios pedagógicos que orientam a educação moçambicana,

sobre a ligação entre a escola e a comunidade. E uma das

formas previstas é a criação de um órgão representativo da

comunidade, denominado Conselho Escolar, onde tanto a

comunidade, quanto a escola, fazem parte, visando ligar as

partes, para garantir que haja:

i) uma boa gestão escolar;

ii) um bom aproveitamento escolar;

iii) um bom desempenho dos professores e

iv) uma gestão transparente dos recursos. MEC (2005).

Neste pressuposto, percebemos que a escola insere-se dentro

dos dispositivos legais, ou seja, ela está dentro dos padrões

previstos na gestão educacional no país, Pois, uma das

melhores formas de empreender uma boa gestão do PEA na escola,

é valorizar a comunidade como um dos intervenientes do

processo, com objectivo de auxiliar a escola na:

Aprovação do plano estratégico da escola e garantir a suaimplementação;

Aprovação do plano anual da escola e garantir a suaimplementação;

Aprovação do regulamento interno da escola e garantir asua aplicação;

Pronunciar-se sobre a proposta do orçamento da escola;

Aprovar e garantir a execução de projectos de atendimentopsicopedagógico e material aos alunos, quando sejainiciativa da escola;

Elaborar e garantir a execução de programas especiaisvisando a integração da Família-escola-comunidade;

Pronunciar-se sobre o aproveitamento pedagógico daescola.

Assim, na base destes elementos, a família, comunidade e a

escola, estarão a par das actividades lectivas da escola,

acompanhando todo processo educacional, desde os fracassos até

aos sucessos, bem como os desafios necessários.

Mas, como a nossa análise não se esgota, apenas em afirmar se

usam ou não dispositivos legais, fez-se necessário confrontar

sobre as formas de participação usadas no concreto, isto é, na

prática, como se pode verificar no subtítulo que se segue.

3.1.2 Quanto à participação da comunidade

Para a materialização deste subcapítulo, tomamos como base o

questionário que consta do apêndice I, direccionado ao

director da EPC Unidade 11, como parte integrante do Conselho

de Escola, segundo a informação por ele dada aquando da

entrevista feita no campo da pesquisa.

Nesta óptica, quando questionado se havia alguma interacção

efectiva entre a comunidade e a escola, o Director respondeu

nos seguintes moldes:

Existe mas não é muito regular, isto porque estes precisam de

ser chamados, sempre que acharmos que fazem falta para

interagir connosco nas actividades lectivas. (Director da

escola aos, 08/4/2014)

Nesta óptica, percebe-se a prior que a participação da

comunidade é bastante deficiente, o que legitima a nossa

pesquisa, bem como a escolha do tema em estudo, visto que a

questão faz parte do tema seleccionado.

Neste contexto, foi nos revelado que os membros

representativos da comunidade, na maior das vezes não se faz

à escola quando solicitada, pois não dá importância sumária as

actividades desenvolvidas na escola, ou seja, não ajuda na

planificação das actividades curriculares, quando se faz

àquele estabelecimento de ensino, não se mostra incluida nas

actividades ou mesmo nos processos daquele ôrgão. Disvincula

se deste modo de todo um órgão uno capaz construir as decisões

ou propostas para o crescimento da Esclola. Esta não coloca

ponto de vista algum, ou seja, não se opõem a nada, nada

resolve, apenas cinge-se a aceitar as propostas havidas.

Esta mesma Comunidade não faz o acompanhamento da execução do

plano traçado, quer anual, semestral, trimestral, bem como

mensal. Não se preocupa em ver se, está a ser efectivado ou

não.

Consta-nos então que os membros da comunidade, não contribuem

de forma significativa na gestão do PEA, um elemento

praticamente desajustado à realidade dum membro representativo

da comunidade. Como podemos confrontar com a ideia de Gadotti

(2004), ao observar que a comunidade escolar, representada pelo Conselho

de Escola, não deve ser convocada para legitimar as decisões tomadas pelas

escolas. De igual modo, o Conselho de Escola dificilmente se transformará num

verdadeiro centro de debate, de articulação dos objectivos e de busca de

alternativas pedagógicas, administrativas, entre outros, enquanto as escolas

continuarem fechadas sobre si.

Nesta perspectiva, achamos que o acompanhamento que se espera

da comunidade diante dos planos curriculares, redunda-se a

nada, pois consta-nos que cabe a escola apenas de planificar,

executar e informar aos membros da comunidade que fazem parte

do conselho de escola, como objectos receptivos pois a voz

destes não se faz sentir nas decisões-chave sobre a vida da

escola.

Assim, percebemos mais uma vez que, os actores envolventes da

escola não partilham ideias, não discutem os problemas que

possam facilitar uma boa gestão do processo, pois as partes

não se aproximam, visto que os membros da comunidade mostram

um estado de latência nas decisões da vida da escola:

Os membros da comunidade, participam quando querem ou

quando tiverem tempo, isto porque, no período em que

marcamos encontro para abordar sobre a vida da escola, dizem

que não possuem disponibilidade de tempo, preferindo cumprir

o que lhes convém, naquele momento, e as vezes se fazem

presentes à escola, para procurar saber o que foi abordado e

qual foi a decisão tomada. (Director da escola aos,

08/4/2014).

Neste contexto, para sustentar a abordagem, recolhemos diante

da direcção, os dados referentes às participações da

comunidade na escola, que trazemos em forma de tabela que

ilustra o nível de participação da comunidade, nas reuniões de

conselho que ocorreram trimestralmente na escola entre 2005-

2010, bem como das reuniões extraordinárias que existiram,

conforme a tabela I:

Tabela I – Referente à participação da pomunidade na escola

Níveis de Participação da Comunidade na EscolaAno Nº total de Reuniões

Efectuadas

Reuniões Participadas pela

Comunidade

Regulares Extraordiná

rias

Regulares Extraordinári

as2005 3 2 1 02006 3 1 2 02007 3 0 1 02008 3 3 3 12009 3 4 2 0

2010 3 2 1 0

Como ilustra a tabela I, a comunidade participa em algumas

reuniões regulares, as trimestrais, mas não valoriza as

extraordinárias, que até certo ponto, visam trazer mudanças

pontuais para a gestão educacional na escola, um aspecto

bastante negativo, o que mostra a falta de uma ligação

saudável e efectiva entre a escola e a comunidade.

Esta forma de proceder dos membros da comunidade, traz consigo

um ponto de reflexão, no qual supomos que estes não conhecem o

verdadeiro papel que possuem sobre a escola, e muito menos

sobre como podem dar o seu contributo para a gestão do PEA,

com vista a ajudar a escola a garantir um ensino eficiente e

eficaz, para atingirmos a qualidade que tanto se almeja nos

educandos.

Assim, diante do objectivo: Identificar as formas de participação da

comunidade escolar dentro dos princípios e instrumentos estabelecidos pela

Educação moçambicana, temos a referir que a lei abre espaço para

o efeito, mas a realidade vivenciada na escola em estudo,

mostra-se contrária, porque a participação da comunidade é

fraca, insignificante e desajustada à realidade que se

esperava, de haver uma intervenção de todos os actores por

igual, como advoga Alves-Pinto, (1995:146), que:

“a escola aparece como uma realidade social,

ou seja, como um espaço de actuações, cujo

sentido da vida comunitária resultará

provavelmente das diversas interacções

praticadas pelos actores, enquanto sujeitos

intervenientes na comunidade educativa.”

Neste sentido, para elucidar mais sobre a participação da

comunidade nas reuniões da escola, transformamos os dados da

tabela I em forma de um gráfico que nos permitiu demostrar a

oscilação dos níveis de participação da comunidade na escola,

como podemos verificar abaixo:

Grafico I: Níveis de Participação da Comunidade na Escola

Nesta óptica, as reuniões menos participadas são demonstradas

pelas barras azuis e castanhas e representam as reuniões

planificadas, mas as barras verdes, bem como as que são

representadas por zero (sem cor saliente), indicam os níveis

de participação da comunidade.

Assim, tomando em conta que o número de reuniões efectuadas,

(regulares e extraordinárias), o índice de participações, por

parte da comunidade é bastante baixo, ou seja, negativo,

principalmente nas reuniões extraordinárias, razão pela qual,

inferimos que a população não se preocupa com as actividades

que a escola as coloca, na perspectiva de tornar a gestão do

PEA, participativa.

3.2 O papel da Comunidade escolar na gestão do PEA a exemplo

da Escola Primária e Completa Unidade 11

Uma das questões levantadas no campo de pesquisa foi se havia

uma ligação efectiva e saudável entre a escola e a comunidade.

Tendo nos sido dado um padrão modal de resposta do tipo sim,

algo que nos sugeriu uma apreciação positiva, visto que é o

que prevemos que aconteça. Ainda na mesma perspectiva de

análise, procuramos saber se há uma fácil interacção entre a

comunidade e a escola ou não. Em relação a esta questão,

tivemos como resposta modal ´´ sim´´, o que mais uma vez dava

uma boa impressão dos dois actores (família-escola), ou vice-

versa.

Esta percepção colocada pelos membros da comunidade, quando

confrontada com a resposta dada pelo Director da Escola,

percebemos que há uma pequena divergência, pois o Director

afirmou que estes participam mas de forma muito discreta, o

que não dá significância para a gestão do PEA, isto porque,

quando se procurou saber se: esta ligação era saudável? E em que

momentos interagem com a escola, todos os 5 membros representates da

comunidade na EPC Unidade 11, responderam:

Apresentamo-nos na escola quando somos chamados para

reuniões, eventos comemorativos, ou para reuniões do conselho

escolar, (MCE, 2014)1.

Com a informação obtida, percebemos que ainda é caricata a

participação da comunidade escolar, pois isto dá uma

confirmação clara de que estes não interagem no verdadeiro

sentido, mas sim, respondem as solicitações da Direcção da

Escola, como depreendemos em 3.1.2, na entrevista feita ao

Director da Escola/Presidente do Conselho Escolar na EPC

Unidade 11.

Dados os factos de os membros da comunidade participarem por

vias de solicitações na escola, procurou-se saber ainda, se

existem ou não actividades específicas para os membros da

comunidade que interagem com a escola, tendo sido dito que sim,

existem actividades específicas que necessitam da comunidade caso concreto das

reuniões realizadas na escola, ou nas cerimonias. O que fez perceber que

estes nao conhecem o seu verdadeiro papel.

Pois o Director afirmou que a comunidade é bastante importante

na escola, porque ela ajuda a discutir sobre os planos da escola,

cerimonias escolares, o que fazer com os fundos doados a escola, como combater a

indisciplina de certos alunos, a falta de assiduidade e pontualidade dos alunos,

como lidar com os alunos com necessidades educativas especiais, alunos retraidos,

traumatizados e agitados, entre tantos aspectos.

Para elucidar este facto, vejamos as respostas colhidas aos

membros representates da comunidade na escolar em estudo:

1 Membros da Comunidade Escolar, 2014.

A escola não faz nada sem nos informar;

Em todas as reuniões somos chamados a participar;

Informam-nos de tudo que fazem ou do que têm por fazer e

concordamos;

Sabemos do que se passa na escola porque sempre estamos lá;

Participamos porque não tomam nenhuma decisão sem a

nossa presença, (MCE, 2014).

Com esta forma de participação dos membros da comunidade, não

se equilibra o propósito que se prevê que seja como actor

educativo, pois mostram-se neutros, pelo facto de a presença

não ter impacto nenhum na Gestão do PEA.

Isto porquê a informação dada pela Direcção da Escola, mostra

claramente que a comunidade não interage, apenas se informa,

um dado bastante crítico porque se o sistema de interacção é

este, contradiz com o previsto, bem como com a literatura,

pois de acordo com Carpio Martín (1999:60), o papel da

comunidade para a escola é participar, indagar, propor

soluções adequáveis ao PEA, que se enquadrem aos objectivos

curriculares, para desenvolver o local onde ela vive, o que

significa garantir melhorias de vida da mesma, desde que ela

participe dos vários processos de evolução, como o

encaminhamento e acompanhamento dos vindouros à escola para a

busca de saberes potenciais para a capacidade intelectual dos

mesmos, apetrechando o futuro numa perspectiva a longo prazo.

Nesta onda de ideia, o autor advoga, ainda que “o papel da

comunidade” seria de:

Desenvolver no local: quaisquer agentes externos que se

dirigem à “comunidade” para promover a melhoria de suas

condições e qualidade de vida, com a “participação

activa” da mesma;

A mesma comunidade deve desdobrar suas capacidades,

competências e habilidades de agenciamento e gestão das

próprias condições e qualidade de vida, “metabolizando”

comunitariamente as participações efectivamente

contributivas de quaisquer agentes externos.

Aliando-se ao contexto dos autores, e em consonância com a

pesquisa em causa, compreende-se que o papel da comunidade

para a escola, caso específico de Unidade 11 deve ser

interventivo no processo de educação dos vindouros, pois só

com a interacção participativa se pode processar uma educação

desejável capaz de almejar a desejável qualidade de ensino.

Assim, pode se dizer que a comunidade encontra-se numa suposta

latência em termos de actitude participativa, na relação

comunidade-escola, pois a sua participação ainda não se pode

considerar desejável, na medida em que estes, pouco conhecem a

sua importância e papel, daí que é difícil entrar em acção, do

ponto de vista interactivo e interventivo.

A outra constatação que se pode tirar é que mesmo a escola,

não está a desempenhar o verdadeiro papel de influenciar a

comunidade a conhecer as verdadeiras actividades, e como estes

devem agir, para coordenar as actividades de forma conjunta,

acabando por pautar pela passividade em ambas as partes, isto

é, a participação ou a interacção destes no processo educativo

é algo simbólico que não tem maior relevância para transcender

aos objectivos previstos pela MEC, quer do ponto de vista

intelectual, cultural e social.

Assim, quer nas actividades curriculares, quer nos problemas

que a escola possa enfrentar (curriculares ou

extracurriculares), a comunidade não participa, se não for

apenas, esperar pelas soluções advindas da escola.

3.3 Plano de acção para uma boa relação escola-comunidade na

EPC Unidade 11

Neste subcapítulo, trazemos algumas estratégias de acção que

possam nos ajudar a lidar com o problema detectado no campo de

pesquisa, com vista a manter uma interacção efectiva entre a

escola e a comunidade para que haja uma gestão participativa.

Neste contexto, achamos importante definir os parâmetros a

seguir, em forma de metas sugestivas:

1º - Procurar conhecer e trocar experiências com a comunidade.

É preciso garantir o vínculo entre a escola e a realidade

vivencial do aluno, as condições reais e concretas de sua

vida.

2º - Favorecer vínculos positivos de parceria com os pais de

alunos.

A escola deve estar aberta aos pais, para que tragam sua

experiência, participem de programas e eventos, vejam os

trabalhos e conquistas dos filhos. Os pais devem ter espaço

para colaborar com escola.

3º - Envolver os pais e a comunidade no cumprimento objectivos

da escola.

As matérias do currículo, por exemplo, apesar de ser um

assunto de responsabilidade da escola, que a comunidade

colabore positivamente, para evitar queixas aos pais, sobre os

alunos, sobre seus pais.

Assim, os serviços serão tanto mais eficazes e eficientes,

quanto mais a escola conhecer a comunidade, as características

do local, as suas potencialidades e dificuldades, e quanto

mais a comunidade conhecer a escola e sentir aquele

equipamento como seu, podendo inclusive usufruir dele nos dias

e horários normais. Uma parceria assim, seria de grande

benefício para todos.

O bom contacto com as famílias dos alunos é, talvez, o ponto

mais importante da relação escola-comunidade. Quem são os pais

dos alunos ou seus responsáveis, como vivem, o que já

aprenderam em casa, são informações preciosas que todo

professor deve procurar obter para que possa, aí sim,

encontrar a melhor forma de apresentar a seus alunos a escola

e os conteúdos que serão ensinados.

Nas situações práticas que favorecem a valorização da escola,

os alunos e a comunidade, devem saber, para a posterior

prática no seu dia-a-dia, sob exigência da comunidade, como

por exemplo, a limpeza, a conservação do meio, a produção

escolar, a ligação da teoria com a prática, deve ser um

aspecto que a comunidade deve interagir para melhor exigir aos

educandos no contexto diário.

As apresentações de trabalhos por alunos poderiam ser

assistidas por seus pais. Com certeza, o aluno vai caprichar

bastante e os laços da parceria escola-pais-comunidade, serão

fortalecidos.

Avaliações frequentes ajudam os pais a acompanhar os avanços e

recuos escolares dos filhos. Mas não se deve confundir

avaliação com queixa.

4º - Envolver os actores nas relações escola-comunidade

Partindo pela posição de Alves-Pinto (1995:145), ao abordar

que a problemática da escola implica encará-la como um sistema

de trocas sociais, uma vez que as escolas são “instituições onde os

novos membros da sociedade começam a alargar a sua experiência

do social para além do seu grupo de origem”. Professores,

alunos e outros intervenientes neste sistema de trocas sociais

contribuem para a existência da escola uma vez que “todos se

integram nela. Todos a “usam” nas suas estratégias

diversificadas. Todos participam numa rede de interacções

complexas. Todos participam na produção da sua realidade

social. A escola constitui, portanto, um quadro de acção para

todos eles” (Ibid, p.146).

Assim, para nós, considerar a escola como comunidade envolve

uma asserção de carácter não apenas pedagógico mas igualmente

político, no sentido de prescrever a sua própria construção.

De facto, parece-nos que, ninguém concebe o sistema de trocas

sociais que estrutura a realidade social que é a escola como

apenas a relação individual e estreita professor-aluno, mas

antes como sentidos partilhados e multidireccionais pelos que

nela se movimentam.

Neste âmbito, constituindo-se como um dos núcleos por

excelência da actualização do processo educativo no sentido

amplo – sendo esta a sua verdadeira razão de ser, esta relação

professor-aluno tem de ser contextualizada na ligação que a

escola estabelece com o meio e na rede de relações que tece as

práticas tanto dos actores internos (os que se encontram

inseridos no palco escolar), quanto dos actores externos

(todos aqueles que directa mas também indirectamente criam

relações com a escola).

Assim, a comunidade educativa acaba por tornar possível a

intervenção de todos os que mantêm um interesse legítimo na

actividade e na vida de cada escola, ou seja os diferentes

agentes do sistema de interacção escolar. Para além dos

actores óbvios que são os alunos, os professores, e o pessoal

não docente, temos os pais e encarregados de educação, os

representantes das autarquias mas também da comunidade local,

nomeadamente representantes de instituições, organizações e

actividades económicas, sociais, culturais e científicas.

Na esteira de Formosinho (1989:56-57), estamos igualmente

persuadidos que a escola como comunidade educativa pressupõe

que o modelo de Administração Pública e Escolar seja um modelo

de partilha, que permita um relacionamento mútuo entre a

escola e a comunidade local.

A responsabilização dos membros da organização não é feita

apenas perante o Estado numa perspectiva de escola serviço

local, mas, também, perante a comunidade local através da

avaliação e controlo da execução do Projecto Educativo da

Escola. A prestação de contas, como refere Formosinho

(1989:7), “na comunidade educativa ela própria é uma prestação

de contas profissional porque é, sobretudo, do tipo

democrático, no sentido de que procurará justificar os meios

usados em função dos resultados atingidos e não se satisfará

com a mera verificação da legalidade desses meios,

independentemente dos fins prosseguidos”.

__________________________________________________________________________CAPÍTULO V - CONCLUSÃO E SUGESTÕES

4.1. Conclusão

A partir do estudo avançado nesta pesquisa e dos resultados

colhidos, concluímos que não existe um a relação saudável,

efectiva e significativa entre a escola e a comunidade pelo

facto de os membros da comunidade não se preocuparem em

participar das actividades curriculares com regularidade, ou

seja, das poucas vezes que participam, não interagem por

ideias específicas que ajudem na gestão escolar.

O distanciamento priva a escola do conhecimento e da

experiência local, do que é realmente a vida dos alunos, bem

como a comunidade não ganha espaço para intervir activamente

na gestão do processo educativo das crianças.

Assim, a separação entre a vida social, comunitária, e a vida

no interior da escola que muitas vezes coloca a comunidade

distante da escola, ou vice-versa, transforma a escola como

uma instituição isolada que não preconiza a participação dos

outros actores.

Finalmente, concluímos que a comunidade precisa de uma

sensibilização forte e contínua, capaz de ajudar a perceber a

maneira como devem proceder ao interagir com a escola, ter uma

informação clara do que isso significa, ser mostrado

directrizes através das quais compreendam que participar não é

somente se informar das actividades curriculares, mas sim,

tomar parte também do processo decisório de vários planos que

a escola possui e tomar posição em função do benefício comum

que desta advém.

4.2 Sugestões

Acreditamos que a análise da escola e sua relação com a

família e a comunidade podem indicar novas possibilidades na

construção de políticas públicas e de gestão escolar que

vislumbrem parcerias e rupturas de isolamento e distanciamento

entre esses segmentos. Por isso colocamos como principais

sugestões, as seguintes:

Que se crie uma estratégia de capacitação dos membros eleitos

na comunidade, que fazem parte do conselho de escola, para que

saibam interagir, discutir, propor soluções permanentes, que

ajudem a própria escola, no lugar de se retraírem diante das

decisões ou dos planos curriculares;

Que se criem condições para que os membros da comunidade

conheçam o seu verdadeiro papel diante da escola, para que se

sintam activamente integrados no processo de gestão e não

passem a esperar, apenas pelo chamamento, mas sim trabalhar em

coordenação e consentimento;

Que tanto a escola quanto a comunidade comunguen as

actividades para que, no caso de maus resultados saibam como

resolve-las em comum.

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Internet

CROZIER, M., e FRIEDBERG, E., L'Acteur et le Système, Paris, Éditions

du Seuil, 1992. Disponível em Disponível em:

http://www.dgrhe.min-edu.pt/ Portal/ WebForms/ PDF, aos

20.07.2013.

BARROSO, J. L. Organização Pedagógica e Administração (1836-1960).

Volume I e II. Lisboa Fundação Calouste, 1995. Disponível em:

http://www.dgrhe.min-edu.pt/ Portal/ WebForms/ Escolas/ PDF/

RegimeJurídico/ DocumentaçaodeApoio/ BARROSO- Parecer

AutonomiaGest%C3%A3o.pdf , aos 06.10.2013.

III. Legislações

Diploma Ministerial 80/2004, Republica de Moçambique, Maputo,

Imprensa nacional, 2005.

República de Moçambique (1992). Lei nº 6/92 do Sistema

Nacional de Educação

República de Moçambique (1995). Política Nacional de Educação

e Estratégia de Implementação: Resolução nº 8/95 de 22 de

Agosto.

APÊNDICES

Inquérito direccionado ao Director da escola e aos professores

Carro entrevistando: Eu respondo pelo nome de Fernanda Emilia Macie,

estudante do curso de Administração e Gestão Escolar na Universidade

Pedagógica, na Faculdade de Ciências Sociais, Delegação de Gaza.

Venho por este meio, fazer uma entrevista com finalidade de obter

dados com vista a produzir um trabalho científico para a defesa da

minha Licenciatura. Por isso, trago comigo um breve questionário que

visa explorar algumas informações ligadas ao Processo de Ensino e

Aprendizagem. Desta feita, espero uma boa colaboração de todos.

1. Há alguma interacção entre a comunidade e a escola?

SIM…………… NÃO………………

1.1 Se existe, que dispositivos legais são usados para o

efeito, e como é que a escola executa o que é previsto nesses

dispositivos?

…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

……………………………………………………………………………………………………………………………………

2. Como é que mantém o contacto, entre a escola e a

comunidade?

…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

…………………………………

3. Qual tem sido a reacção das famílias quando são

solicitadas para comparecer na escola com vista a

responder sobre o seu educando?

……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

………………………………

4. As famílias dos educandos dão importância às actividades

lectivas da escola quando são solicitadas a comparecer?

SIM…………… NÃO………………

Comentário:

……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

…………………

5. Será que a família ou a comunidade ajuda nalgumas

decisões ou propostas que ajudam na gestão do PEA.

SIM…………… NÃO………………

Como?

………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………………………

6. Como é que a família acompanha os planos traçados pela

escola?

………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………………………………

Inquérito direccionado aos encarregados de educação e membros do

conselho escolar

Carro entrevistando: Eu respondo pelo nome de Fernanda Emilia Macie,

estudante do curso de Administração e Gestão Escolar na Universidade

Pedagógica, na Faculdade de Ciências Sociais, Delegação de Gaza.

Venho por este meio, fazer uma entrevista com finalidade de obter

dados com vista a produzir um trabalho científico para a defesa da

minha Licenciatura. Por isso, trago comigo um breve questionário que

visa explorar algumas informações ligadas ao Processo de Ensino e

Aprendizagem. Desta feita, espero uma boa colaboração de todos.

1. Acha que há alguma ligação entre a comunidade e a escola?

SIM…………… NÃO………………

2. Conseguem interagir com a escola facilmente?

SIM…………… NÃO………………

2.1 Em que situações interage com a escola?

Resposta:...................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

.....

3.0 Em que actividades específicas participa,

basicamente, na escola?

Resposta:...................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

.....

4 Tem ajudado a escola a resolver problemas ou a propor

soluções de varios problemas que ocorrem na escola durante o

processo de ensino e aprendizagem?

SIM…………… NÃO………………

4.1 Se sim, quais é que são os problemas que tem ajudado a

resolver, e que tipo de propostas ou soluções tem colocado?

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

............................................................

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5. Tem participado dos planos curriculares: (mensais,

trimestrais e anuais) traçados pela escola?

SIM…………… NÃO………………

5.1 Qual tem sido o vosso papel face aos mesmos planos?

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