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A INSERÇÃO DO CONTROLE SOCIAL NAS ESCOLAS
CRIMINOLÓGICAS: DO MONISMO SOCIAL À
CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Antonio Henrique Graciano Suxberger1
I. Origem e evolução histórica da expressão controle social.
II. Análise histórica das posições teóricas fundamentais ao controle social. 1.
A visão da criminologia positivista 2. As vertentes doutrinárias das teorias do
processo social. 2.1. Teorias da aprendizagem social. 2.2. Teorias do controle
social. 2.3. O paradigma do controle: o labelling approach. 2.3.1. A
criminalização primária. 2.3.2. A criminalização secundária. 3. A
criminologia crítica.
III. Conclusão.
I. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EXPRESSÃO CONTROLE SOCIAL
O uso originário da expressão controle social remonta à segunda metade do
século XIX nos Estados Unidos. Encontra-se associado à necessidade de integrar em um
mesmo marco social as grandes massas de imigrantes que, como força de trabalho,
acudiram à convocação migratória decorrente do processo de industrialização da então
emergente potência norte-americana. A demanda organizativa desse acúmulo
populacional migratório, caracterizada por sua variada cosmovisão cultural, religiosa
etc., acabou por provocar a necessidade de refinar os instrumentos sociológicos de
integração, de sorte a superar essas diferenças culturais e, a partir de normas
comportamentais, garantir uma convivência social organizada.
Nesse contexto a constatação e o estudo dos instrumentos de controle social
assim considerados.2 A primeira utilização dessa expressão é creditada a Edward Ross,
1 Mestre em “Direito, Estado e Constituição” pela Universidade de Brasília e Promotor de Justiça do
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O presente artigo é fruto das reflexões surgidas na
disciplina Criminologia II, ministrado pela Professora Ela Wiecko Volkmer de Castilho, do Programa de
Mestrado da Universidade de Brasília, que contou com a participação dos integrantes do Grupo de
Pesquisa “Sociedade, Controle Penal e Sistema de Justiça” da mesma Universidade, a quem o autor rende
seus agradecimentos.
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quem primeiro se referiu ao controle social como categoria voltada aos problemas de
ordem e organização sociais, em busca de uma estabilidade social integrativa resultante
da aceitação de valores únicos e uniformes de um conglomerado humano inserido em
suas raízes étnicas e culturais. A pretendida coincidência axiológica propugnada na obra
de Ross em torno do conceito de Controle Social motivou a classificação de sua posição
científica, criticamente, inserida dentro do “monismo social”.
O sentido outorgado por Ross a esse novo conceito excluía de certo modo os
controles estatais, tanto legais como políticos, que, na prática, demonstraram sua
inoperância para construir a necessária harmonia social. Nessa perspectiva, a essência
controladora seria assumida pela sociedade por meio da interação social persuasiva, da
qual derivaria o embasamento da consciência individual às necessidades a sua volta,
produzindo-se então um processo de assimilação e internalização individual das normas
culturais. O enfoque monista desse autor lastreou-se na identificação única das
“necessidades culturais”; conceito excludente baseado na conhecida cultura do
W.A.S.P. (white-angloxan-protestant), constituída por sua vez pelos princípios do
american way of life.3
A evolução seguinte da categoria controle social associa-se ao
desenvolvimento da sociologia acadêmica norte-americana e mais concretamente à
influência da conhecida Escola de Chicago, donde surgiram autores como Park, Mead,
Dewey, Burgess, Shaw etc. Esses sociólogos fizeram referência ao processo de
interação como base da comunicação social, outorgando a esta última capacidade de
coesão e estruturação do consenso nas grandes cidades dos Estados Unidos. Tal
perspectiva apóia-se no pragmatismo da psicologia social de George H. Mead e na
filosofia política de John Dewey, de sorte a permitir que os representantes desse
pensamento distanciassem o conceito de controle social daquilo que chamaram de
controle público, ou seja, das estratégias de disciplina social que afloraram desde o
2 Carlos Alberto Elbert lembra que, embora hoje se preocupe em discutir até onde é razoável chegar, a
criminologia nasceu ocupando-se do produto do controle social, exercido mediante o direito penal e
deixando de lado a análise crítica desse direito e sua práxis (Criminologia latino-americana: teoria e
propostas sobre o Controle Social do Terceiro Milênio. São Paulo: LTr, 2000, p. 97). 3 Nesse sentido, RODRÍGUEZ, Marta González. Análisis del control social desde una perspectiva
histórica. Disponível em <http://www.monografias.com/trabajos15/control-social/control-social.shtml>.
Acesso em 3 dez 2004.
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surgimento do Estado. Com isso, a idéia de controle social desenvolve-se sem
confundir-se com as formas organizativas que o direito estatal poderia impor.4
A posição anterior, que sustentava a exclusão estatal do controle social,
restou superada pelos objetivos traçados por ocasião da imperiosa necessidade surgida a
partir das conseqüências da grande depressão norte-americana dos anos de 1929 e 1930.
Por esse motivo o Estado norte-americano começou a assumir o papel de centralizador
estratégico do controle da sociedade, principalmente por meio do Direito, alçado a
instrumento regulador por excelência. Produziu-se assim uma ruptura entre a teoria
sociológica e a práxis do Controle Social na sociedade norte-americana. Essa
reorientação possibilitou ao Estado a capacidade organizativa do conglomerado social;
critério que se explica e se consolida por meio da corrente estrutural-funcionalista.
Os representantes da corrente estrutural-funcionalista que maior relevância
tiveram a respeito do tema ora proposto foram Émile Durkheim, Talcott Parsons e
Robert Merton. Todos de uma forma ou de outra atribuíram à organização estatal uma
alta carga de representatividade no controle social da conduta desviada. O sociólogo
francês Émile Durkheim5 destacou-se no âmbito do estudo do delito com a sua tese
sobre a normalidade da criminalidade e o importante papel que exerce esta última na
manutenção da coesão e da solidariedade social. O delito, para Durkheim, representa
um “fator de saúde pública” na medida em que garante a mobilidade e a alternância do
4 A Escola de Chicago surgiu nas primeiras décadas do século XX e desenvolveu trabalho pioneiro e
fundamental sobre as cidades. Destaca-se a ecologia humana, que teve como principais expoentes Robert
Park e Ernest Burgess, precursores da exploração da relação entre organização do espaço urbano e
criminalidade. O mesmo tema foi desenvolvido por Clifford Shaw e Haney McKay, cujos estudos se
debruçaram sobre a hipótese de desorganização social das áreas pobres ser a principal causa de
criminalidade ocorrente na cidade. A primeira fase da Escola de Chicago vai de 1915 a 1940, ao passo
que a segunda fase vai de 1945 a 1960. A primeira fase da Escola de Chicago espelha uma tradição
marcada pelo pragmatismo filosófico, pela observação direta da experiência e pela análise de processos
sociais urbanos. Sua obra é marcada por três vertentes: (i) o trabalho de campo e o estudo empírico; (ii) o
estudo da cidade (problemas relativos a imigração, delinqüência, crime e problemas sociais, o que se
relaciona diretamente com a teoria ecológica); e (iii) uma forma característica de psicologia social
(interacionismo simbólico). Uma marca da Escola de Chicago foi a reunião de dados estatísticos e
qualitativos que evidenciavam que o crime era um produto social do urbanismo (o que, na época,
representou um novo enfoque teórico). A Escola de Chicago, importante para o estudo da criminalidade
urbana e as teorias dali estabelecidas, caracterizou-se pelo pragmatismo. Entre as inovações que
preconizou, destacam-se o método de observação participante e o conceito de ecologia humana. Sobre a
importância da Escola de Chicago, cf. FREITAS, Wagner Cinelli de Paula. Espaço Urbano e
Criminalidade: lições da Escola de Chicago. São Paulo: IBCCrim, 2002. 5 Duas obras merecem destaque sobre o assunto ora abordado: Da divisão do trabalho social. Tradução
de Eduardo Brandão. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, e O suicídio: estudo de sociologia.
Tradução de Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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caráter geral das normas sociais, incluídas as que o Estado promulga por meio do
Direito. Um dos principais méritos científicos desse autor consistiu no desenvolvimento
do conceito de “anomia”, entendida como a ausência ou carência de efetividade das
normas sociais de todo tipo, o que, a seu modo de ver, gera uma especial
desorganização coletiva pela perda da capacidade reguladora do controle social
normativo.6
Idêntica tônica funcionalista caracteriza a obra de Talcott Parsons, autor
que, seguindo a linha de Durkheim, reconhece neste último a profundidade do
tratamento a respeito do controle social e seu significado de conformismo moral.
Parsons enfoca o conceito a partir da ótica psico-sociológica e estabelece uma relação
de congruência entre o desvio e a falta de controle. Sua principal nota reside no
profundo reconhecimento do Direito como manifestação do controle social, destinado
como toda variante controladora a garantir a ordem social. Com isso, a abordagem de
Parsons discrepa da pretendida dicotomia, ou mesmo abandono, entre a função de
controle e a gestão estatal, sustentada originariamente pelos representantes da Escola de
Chicago.
Roberto Bergalli, reconhecido estudioso da evolução histórica do uso do
termo controle social, atribui relevância à abordagem realizada por outro representante
da corrente estrutural-funcionalista, Robert Merton, discípulo de Parsons que
desenvolveu o conceito de anomia elaborado por Durkheim. As principais idéias
teóricas de Merton derivaram do estudo da sociedade norte-americana, qualificada por
ele como uma sociedade anômica. Sua obra tratou de demonstrar que algumas estruturas
sociais são claramente criminógenas ao propiciar que as pessoas decidam pelo
comportamento desviante. Merton procurou elaborar um sofisticado conceito de
6 Jacinto Nelson de Miranda Coutinho e Allana Campos Marques bem sintetizam a importância de
Durkheim nessa mudança de compreensão do fenômeno delituoso: “O momento marcante da releitura do
fenômeno criminal, que modifica o enfoque tradicional do criminoso, outrora concebido como um mal à
sociedade, ou como uma verdadeira patologia social, contra o qual faz-se [sic] necessário um efetivo
controle, é o desenvolvimento do pensamento de Durkheim no final do século XIX. As teses
durkheiminianas da funcionalidade e da anomia, além de marcarem a virada sociológica na criminologia
contemporânea, possibilitaram o deslocamento dos estudos para os Estados Unidos do início do século
XX, marcando um momento de eclipsamento, quiçá pela estagnação do pensamento criminológico na
Europa” (Baratta: Aldilà do sistema penal. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de (org.). Verso e
reverso do Controle Penal: (Des)Aprisionando a Sociedade da Cultura Punitiva. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2002, p. 106).
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controle social que combinasse a manifestação interna ou individual com a institucional
ou social.7
Embora os funcionalistas bem expliquem a conduta desviada a partir da
contradição entre os valores culturais e os valores instrumentais, não esclarecem as
razões essenciais que produzem essa dicotomia. Nesse sentido é que se reputa a teoria
funcionalista como uma teoria de médio alcance, como um modelo teórico suficiente
para fundamentar somente algumas investigações empíricas limitadas e de um certo
tipo, a exemplo daquelas que contemplam a criminalidade contra a propriedade por
parte das classes subalternas em uma sociedade como a norte-americana. Outras
posições críticas foram assumidas pelos principais teóricos do controle, que
questionaram as possibilidades de confirmação empírica do enfoque estrutural-
funcionalista.
Segundo Bergalli, uma radiografia crítica do uso do termo controle social
revela que a origem sociológica de seu conceito nada teve de revolucionário. Visualiza
ele um cariz reformista no desenvolvimento do conceito de controle social a partir de
uma política de controle destinada a apaziguar ou diminuir os abusos sociais derivados
do desenvolvimento do capitalismo industrial. Com isso, o controle social, segundo
Bergalli, contribuiu no seu início para operações sociais “cosméticas” que acabaram por
suportar os fenômenos estruturais e residuais – tais como a violência, marginalidade,
exploração etc. - da sociedade capitalista.8
II. ANÁLISE HISTÓRICA DAS POSIÇÕES TEÓRICAS FUNDAMENTAIS AO
CONTROLE SOCIAL
A história do pensamento criminológico no século XX caracterizou-se pela
evolução de vários paradigmas criminológicos, que, sem solução de continuidade,
desenvolveram-se até as posições científicas contemporâneas. Alessando Baratta
7 MANNHEIM, Hermann. Criminologia comparada. Vol. II. Tradução de J. F. Faria Costa e M. Costa
Andrade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, p. 767-775. Igualmente, cf. FERRO, Ana Luiza
Almeida. Robert Merton e o Funcionalismo. Belo Horizonte: Mandamentos Editora, 2004. 8 ¿De cuál derecho y de qué control social se habla? Disponível em:
<http://www.ub.es/penal/control.htm>. Acesso em 3 dez 2004.
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vislumbra três etapas criminológicas no século passado: a velha criminologia
positivista, a criminologia liberal e a criminologia crítica.9
Convém traçar um breve exame dos três modelos criminológicos
mencionados, de modo a detalhar com especial referência o labelling approach (ou
teoria do etiquetamento), por sua reconhecida relevância como ponto de convergência
entre a criminologia liberal e a criminologia crítica, bem assim por sua transcendência
conceitual para o estudo do controle social da criminalidade.
1. A VISÃO DA CRIMINOLOGIA POSITIVISTA
A determinação biológica da conduta criminosa constitui a essência
explicativa da criminologia positivista ou criminologia etiológica. Os estudos
criminológicos positivistas dirigiram sua atenção ao criminoso em detrimento da
abordagem do próprio crime ou mesmo da possível definição territorial do delito a partir
da ação defensiva-reativa da sociedade. Essa ótica explicativa move-se do campo do
determinismo (biológico) até alcançar a periculosidade social do indivíduo, de modo a
localizar as “causas” do fenômeno no sujeito ativo do delito. Tal enfoque considera que
as razões ensejadoras do crime são preexistentes à reação social repressiva que se
desenvolve com a consumação delitiva.
O modelo etiológico dedicou sua atenção ao delinqüente, obviando as
questões pertinentes ao controle social, por força da função legitimadora pretendida por
tal corrente criminológica. Sua teoria da criminalidade configura-se a partir de uma
explicação tendenciosa que observa uma pequena parcela da realidade delitiva - o
sujeito delinqüente -, com a exclusão valorativa de significativo setor restante dos
fenômenos sociais relativos à ocorrência do crime.10
9 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à Sociologia
do Direito Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. 10 A concepção do crime e do criminoso, a partir da criminologia etiológica, permite que conflitos sociais
sejam criminalizados e reduzidos ao código crime-pena, de forma a legitimar uma resposta meramente
repressiva e eficientista. Nesse sentido, são oportunas as considerações tecidas por Camila Cardoso de
Mello Prando e Felipe Cardoso de Mello Prando sobre o processo de criminalização que constitui as
relações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e as agências estatais e midiáticas
(Criminalização da exclusão social: análise a partir da repressão aos trabalhadores rurais sem-terra no
estado do Paraná. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de (org.). Verso e reverso do Controle Penal:
(Des)Aprisionando a Sociedade da Cultura Punitiva. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2002, v. 2, p.
151-167).
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A criminologia positivista tradicional, a toda evidência, não contemplou
análises mais detidas dos mecanismos sociais controladores tampouco a própria
apreciação crítica do sistema penal, pois sua missão histórico-científica consistiu em
justificar e racionalizar o sistema social em que se desenvolveu. A essência do modelo
etiológico clássico de explicação do delito converteu a criminologia numa ciência
auxiliar do sistema penal e da política criminal oficial.
A contribuição determinante do positivismo criminológico, que balizou-se
pelas instâncias de controle social presentes na sociedade da época, consistiu em
valorar, por um lado, uma concepção abstrata e historicamente descontextualizada da
sociedade e, por outro lado, interpretar esta como realidade orgânica que se funda no
consenso em torno de valores e interesses assumidos como gerais. Com isso, propôs a
sociedade como um bem e a conduta criminalmente desviada como um mal, de sorte a
fixar a política criminal como legítima e necessária reação da sociedade para a tutela e a
afirmação dos valores sobre os quais se funda o consenso da maioria.
2. AS VERTENTES DOUTRINÁRIAS DAS TEORIAS DO PROCESSO SOCIAL
O desenvolvimento histórico da criminologia liberal caracterizou-se por sua
permeabilidade em face dos enfoques sociológicos do fenômeno delitivo. A partir da
análise ora desenvolvida, que parte da corrente estrutural-funcionalista à etiologia e à
evolução do conceito de controle social, cumpre mencionar outro dos núcleos teóricos
que, dentro da sociologia criminal, patenteia marcada importância para o tema em
estudo: as teorias do processo social.
As teorias do processo social surgem como reação científica frente às
limitações do enfoque estrutural-funcionalista. Demonstram um déficit explicativo
dessa abordagem estrutural-funcionalsita lastreada na inegável criminalidade presente
nas classes média e alta. Rechaçam a propalada afirmação estruturalista de que o crime
é apenas um comportamento das classes baixas. Passam da análise do funcionamento
das estruturas macrossociais, própria do pensamento estrutural-funcionalista, à
valoração dos efeitos psicossociais dos processos interativos individuais. Segundo essa
última visão analítica, potencialmente qualquer pessoa poderia figurar como agente
criminoso e isso transpareceria como resultado de estados sócio-psicológicos derivados
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de alterações negativas na saudável interação do sujeito com os grupos a que pertence e
que o cercam.
Entre as teorias do processo social não existe uniformidade explicativa
relativamente à etiologia delitiva. García-Pablos de Molina reconhece a existência de
três vertentes doutrinárias nesse grupo de teorias: as teorias da aprendizagem social
(social learning), as teorias do controle social e as teorias da reação social ou labelling
approach (interacionismo simbólico e construtivismo social).11
2.1. Teorias da aprendizagem social
As teorias da aprendizagem social sustentam que a prática de delitos revela-
se como conduta apreendida da interação social própria de grupos pequenos; realiza-se
por meio de um processo socializador no qual se transmitem os elementos culturais
próprios de setores criminais. No dizer de García-Pablos de Molina, essas teorias
“sustentam que o comportamento delituoso se aprende do mesmo modo que o indivíduo
aprende também outras condutas e atividades lícitas, em sua interação com pessoas e
grupos e mediante um complexo processo de comunicação. O indivíduo aprende assim
não só a conduta delitiva, senão também os próprios valores criminais, as técnicas
comissivas e os mecanismos subjetivos de racionalização (justificação ou
autojustificação) do comportamento desviado”.12
2.2. Teorias do controle social
No que toca às teorias do controle social, quadra gizar que seu marco
temporal data do final da década de 1960 e do início da década de 1970. A
peculiaridade teórica que caracteriza os autores das teorias do controle social refere-se
ao questionamento invertido da problemática criminal. Uma vez que dão por evidente a
explicação lógico-racional da conduta desviada, centram seus esforços científicos em
fundamentar as razões do comportamento não delitivo ou do conformismo social.
A razão subjacente a essas posições decorre da suposta obviedade benéfica
que, num plano material, proporciona o atuar delitivo, pois este assegura o acesso às
11 MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus
fundamentos teóricos. 4. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 372-389. 12 Idem, p. 373.
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metas perseguidas de uma forma expedita. Com isso, afirmam os teóricos do controle
que, por derivação lógica, o comportamento mais racional seria a prática de crimes para
obter os benefícios desejados.
Assim, as teorias do controle social ocupam-se de explicar os motivos que
dominam o comportamento que respeita à lei e responder ao questionamento “por que
todas as pessoas não cometem delitos?”. As principais manifestações doutrinárias
dentro das teorias do controle social podem ser resumidas da seguinte maneira: (i) teoria
do enraizamento social; (ii) teoria da conformidade diferencial; (iii) teoria da contenção;
(iv) teoria do controle interior; (v) teoria da antecipação diferencial etc. Convém
esboçar somente os principais elementos constitutivos das variantes teóricas
mencionadas.
A teoria do enraizamento social, conhecida também como teoria dos
vínculos sociais, foi desenvolvida por Travis Hirschi.13 Parte da idéia de que o controle
necessário para que o indivíduo não atue de modo delinqüente assenta-se nos nexos que
esse indivíduo estabelece com a sociedade. A ruptura desses laços significaria uma
sensível perda para a pessoa. Quando lhe falta esses vínculos ou estes se debilitam,
desaparece para o indivíduo o enraizamento social que atua como um verdadeiro muro
detentor do atuar de modo criminoso. A necessidade de perceber-se e ser reconhecido
como integrante pleno e respeitado dos diversos grupos sociais com que guarda
pertinência atua, segundo essa vertente teórica, como elemento formador de uma pauta
de conduta.
Já os defensores da teoria da conformidade diferencial – nomes como Briar
e Piliavin - salientam seu pensamento em duas premissas fundamentais: a possibilidade
de influência do indivíduo por estímulos passageiros e o diferenciado grau de
compromisso da pessoa com valores socialmente aceitos. O resultado da interação de
ambas as variáveis sempre resultará diferente em dois seres humanos submetidos a
condições estimulantes análogas, haja vista que esses indivíduos possuem graus não
equivalentes de conformidade com os valores sociais. Em situações equiparáveis, é
menos provável que uma pessoa com elevado grau de compromisso ou conformidade
13 DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia: o homem delinqüente e a
sociedade criminógena. 2. reimp. Coimbra: Coimbra Editora, 1997, p. 222-228.
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face os valores convencionais se envolva em comportamentos delitivos que outro
indivíduo com nível inferior de conformismo.
A nota distintiva da teoria da contenção, por seu turno, evidencia-se na
valorização dos elementos de índole individual no contexto de um enfoque de tendência
sociológica. O principal autor dessa variante teórica, Reckless, prende-se ao papel
determinante que têm as qualidades pessoais, aquelas que em alguns casos funcionam
como fatores imunizantes dentro de um microambiente estritamente delitivo e
constituem os chamados mecanismos de contenção. Tais mecanismos podem possuir
índole interna ou externa. No caso dos primeiros (mecanismos internos), referem-se eles
aos mecanismos subjetivos próprios da personalidade, tais como: bom conceito, projetos
de vida bem definidos, adequada tolerância à frustração etc. Já os mecanismos de
contenção externa são aqueles relacionados ao controle normativo social, dos quais
servem como exemplos: códigos morais sólidos, papéis sociais bem estruturados,
disciplina social efetiva etc.
Aos adeptos da teoria do controle interior o atuar delitivo surge em virtude
da inconsistência controladora dos grupos primários que conseguiram que seus
membros internalizassem as regras e papéis necessários. Com isso, do controle social
não decorreria, convenientemente, um controle pessoal interno. Este último é
compreendido como a transcendência funcional efetiva à esfera volitiva, dos valores e
normas socialmente prevalentes. Para Reiss, representante dessa corrente de
pensamento, a criminalidade aparece como derivação da disfuncionalidade de controles
sociais ineficientes e da conseqüente debilidade do controle pessoal ou interior.
A teoria da antecipação diferencial pressupõe um trabalho intelectivo
detalhado do indivíduo, que pondera os custos e benefícios que podem resultar do
delito. Formulada por D. Glaser, trata de conciliar os pressupostos da teoria do controle
social e os conceitos básicos da associação diferencial14. Seu postulado é muito simples:
a decisão de cometer ou não o delito ampara-se nas conseqüências que o autor antecipa.
O núcleo essencial da análise repousa na inclinação vantajosa ou desvantajosa das
14 Sobre a associação diferencial, cf. SANTOS, Juarez Cirino dos. Raízes do Crime: um estudo sobre as
estruturas e as instituições da violência. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 38.
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expectativas, grau de benefícios que se relativiza a partir da profundidade do contato de
cada pessoa com os modelos criminais.
Conclusivamente, pode-se afirmar que as teorias do controle social superam
a visão macrossociológica da corrente estrutural-funcionalista, valoram o controle social
com lastro em uma posição dicotômica relacionada com o caráter externo ou interno do
controle, bem assim prestam especial relevância à função dos pequenos grupos a que
pertence o indivíduo. Nesse sentido, as teorias do controle costumam ser vistas de modo
equivocado como teorias das quais deriva uma demanda de maior controle penal.
Todavia, isso mostra-se incorreto, pois a ênfase das teorias do controle reside no
controle social, isto é, no aumento do vínculo da pessoa com as instituições sociais que
efetivamente prevenirão que a pessoa se volte à prática criminosa.
As teorias do controle social são questionadas por diversas razões, dentre as
quais se destaca a renúncia em localizar o fator positivo que gera a prática de crimes.
Por conseqüência, reconhecem a existência de um fator negativo ensejador do ato
criminoso, a saber, presumem que a ausência de controle basta para provocar
inevitavelmente, por si só, a realização de atos delitivos.
2.3. O paradigma do controle: o labelling approach
Sem a pretensão de reconhecimento como um modelo explicativo da
criminalidade, surgiu nos Estados Unidos um novo paradigma criminológico conhecido
indistintamente como teoria da reação social, modelo do etiquetamento, labelling
approach, paradigma do controle etc.15 Com um claro substrato interacionista, esse
novo enfoque superou largamente a valoração linear e simplista que caracterizava a
criminologia positivista clássica. Para os representantes do labelling approach –
Lemert, Chapman, Becker e Payne -, a determinação causal do delito configura
processo problemático e relativo, haja vista que o fenômeno criminoso constrói-se
socialmente com base nos processos de definição e seleção.
A raiz dessa teoria da interdependência dos fenômenos do desvio social e da
reação social sofreu um verdadeiro giro de perspectiva na sua interpretação, que
15 Para o desenvolvimento deste ponto, foram preciosas as considerações expendidas por Roberto Bergalli
(Crítica a la Crimonología. Bogotá: Temis, 1982, p. 191-216.
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cluminou na inversão da relação de determinação da delinqüência aceita até então. O
modelo etiológico de explicação do delito presumia que a existência do desvio gerava a
reação controladora desse desvio; a teoria do etiquetamento, no entanto, sinalizou
justamente o contrário: o controle social cria a criminalidade. Produziu-se, assim, uma
correlação configurativa na qual a reação social atua como fator preexistente e
constituinte do desvio. O controle social – seus agentes e mecanismos – não se limita a
detectar a criminalidade e a identificar o infrator, mas cria ou configura a própria
criminalidade: realiza uma função verdadeiramente constitutiva.16
Assim, o interesse do paradigma do controle centrou-se nos processos de
criminalização interpretados como criadores da criminalidade, reconhecendo dentro
deles duas variantes fundamentais: (i) a etapa de definição legislativa, de criação da lei
penal, conhecido como processo de criminalização primária; (ii) e os mecanismos de
seleção atuantes no período de aplicação da norma que derivam na designação a
determinada pessoa da etiqueta de criminoso, etapa identificada comumente como
processo de criminalização secundária.
2.3.1. A criminalização primária
A criminalização primária é interpretada como um processo de definição, no
que de pronto nega a natureza ontológica do crime, para se sustentar na premissa de que
o crime é um fenômeno eminentemente normativo. Essa seleção realiza-se no nível dos
comportamentos criminalizáveis tendo por lastro a decantação político-criminal dos
bens jurídicos que reclamam proteção. Um aspecto importante a esclarecer consiste em
quem possui a capacidade potestativa ou poder de criminalizar. Decerto, o jus puniendi
é uma atribuição da organização político-estatal, que em representação da sociedade
decide as condutas instituídas como tipos penais. O poder legislativo do Estado arroga-
16 Angela de Quadros Mongruel assinala com precisão que “ (…) de qualquer modo que se pretenda tratar
a questão da criminalidade, é certo que é um assunto polêmico, pois, de acordo com os planos expostos
por Baratta, estaremos sempre diante de um problema. Seja no caso de se saber se realmente os
comportamentos criminalizados são os que verdadeiramente deveriam ser definidos como crime, ou se
saber se as pessoas criminalizadas e penalizadas são as que deveriam receber tal definição. Ou ainda, se o
grupo de pessoas que têm o ‘poder’ para definir quais as atitudes que deverão ser consideradas como
criminosas, sinceramente, é o mais adequado para esta função. Esses indivíduos foram escolhidos ou
designados da melhor maneira para este trabalho? Realizam-no com qualidade e eficiência? Podemos
confiar no que fazem? É a forma mais correta de definição?” (Criminalidade: um problema socialmente
construído. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de (org.). Verso e reverso do Controle Penal:
(Des)Aprisionando a Sociedade da Cultura Punitiva. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2002, v. 2, p.
170).
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se na definição legal do comportamento lesivo que será merecedor de uma resposta
punitiva. A criminalização primária desnuda-se, assim, como um processo de seleção
dos atos penalmente hábeis a serem perseguidos.
2.3.2. A criminalização secundária
A atuação profissional das agências executivas do sistema penal põe em
funcionamento o segundo processo seletivo: a criminalização secundária, processo
caracterizado pela designação criminalizante a um indivíduo de uma conduta prevista
como tipo penal na lei. O delito, então, não se configura (aos efeitos do sistema penal)
no momento do cometimento do crime, mas quando esse atuar delitivo é detectado e
interpretado como tal pelo aparato de justiça criminal.
Para o labelling approach, a seleção de qual indivíduo específico deve ser
processado (etiquetamento) não se rege por critérios técnico-jurídicos, mas conforme
estereótipos criminais que se estruturam no imaginário dos operadores do direito penal.
O mandamento abstrato da norma desvia-se substancialmente ao passar por certos
“filtros” altamente seletivos e discriminatórios que atuam segundo critérios de status
social do infrator. Se no processo de definição da criminalização primária escolhem-se
condutas, no de criminalização secundária concretiza-se individualmente a seqüência
seletiva, definindo-se as pessoas delinqüentes.
As vertentes do paradigma da reação social dedicaram especial atenção aos
efeitos criminógenos da atribuição do status de delinqüente (criminalização secundária),
para concluir que o etiquetamento do indivíduo e sua conseqüente estigmatização
produzem um fenômeno identificado como “desviação secundária”17, consistente na
potencialização do desvio caracterizado. A pessoa etiquetada rompe definitivamente seu
liame com a ordem social normativa, de modo a reforçar sua “fidelidade” ao desvio e
produzir uma troca de identidade ou “reconstrução” adaptativa da personalidade (ajuste
17 Edwin M. Lemert registra: “While class structure may be considered an important variable in deviation,
equally important are technology, group interaction, socio-biological limits and psychic processes.
Discussion of the latter two variables leads to the conclusion that secondary deviations, arising from the
societal and subjective reactions to primary, or original, deviation, is one of the more important problems
for analysis in modern society” (Human deviance, Social Problems & Social Control. New Jersey:
Prentice Hall, p. 26).
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
14
de imagem), na qual o indivíduo assume coerentemente as estereotipadas expectativas
sociais que se lhe atribuem e se comporta de maneira correspondente.
O paradigma do labelling approach, segundo García-Pablos de Molina,
destacou três elementos básicos do controle social penal: seu comportamento seletivo e
diferenciador, sua função criadora da criminalidade e a seqüela danosa e estigmatizante
que deriva da ação do sistema penal.18
A necessária apreciação crítica das bases do paradigma do controle repousa
em dois momentos de análise: de um lado, as contribuições e os acertos do modelo e, de
outro lado, os eventuais equívocos e insuficiências. No primeiro desses momentos,
quadra reconhecer o evidente dinamismo que o labelling approach proporcionou aos
estudos criminológicos, além de uma sofisticação na visão valorativa do fenômeno
criminoso, haja vista que a partir de seus postulados já não se afigura admissível o único
e simplista enfoque causalista clássico. Merece relevo a inegável (ainda que não
totalitária) significação que devem guardar os processos de criminalização na
configuração de alguns setores da delinqüência.
Um acerto que merece destaque refere-se aos estudos sobre os efeitos
estigmatizantes da ação do sistema penal. O questionamento dirigido ao impacto
criminógeno da própria reação social contribuiu para pavimentar uma consciência a
respeito da conveniência do uso discreto e ponderado do direito penal, a ser tomado
como ultima ratio na medida em que substancia remédio violento e traumatizante para o
próprio seio social.19
A análise dos desacertos do modelo da reação social mostra que não se
cuida de uma teoria da criminalidade, mas sim de um modelo de criminalização, para o
qual o crime propriamente dito parece não interessar. O ponto central dessa vertente
teórica, vale repetir, reside no efeito criminógeno e estigmatizador do controle social
18 Idem. p. 385-389. 19 Sobre a implementabilidade de princípios minimalistas da intervenção penal como instrumento de
contração da intervenção punitiva e, por conseqüência, da contenção da violência estatal, cf. SANCHES,
Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini. Os direitos humanos como fundamento do Minimalismo penal de
Alessandro Baratta. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de (org.). Verso e reverso do Controle Penal:
(Des)Aprisionando a Sociedade da Cultura Punitiva. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2002, v. 2,
p.15-31.
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
15
formal. Diz-se que esse modelo padece de vício metodológico consistente em um
fundamentalismo antideterminista, que evita ou deixa de lado a existência dos fatores
etiológicos do delito. Parte, desse modo, da fundamentação errônea de que a
criminalidade constitui-se unicamente pela interdependência condicionante entre as
agências do sistema penal e um setor da sociedade.
Pavarini, citado por Marta González Rodríguez, chega a sustentar que esse
modelo pretendeu ignorar o desvio como um fenômeno social, visualizando-o apenas
como um produto interacionista do controle penal.20 Tal posição explicativa conduziria
a uma paralisia de uma política social em busca de soluções para as contradições sócio-
econômicas. Passa-se, pois, a pugnar apenas pela redução do controle, o que reclamaria
uma intensificação e aprofundamento dos mecanismos de valoração e limitação do jus
puniendi, bem assim de apontamento funcional das agências que estruturam o sistema
penal. Para o enfoque da reação social, a orientação principal dirigir-se-ia à redução ao
mínimo de presença do controle social formal, em vez de buscar a racionalidade
funcional desse mesmo controle.
Com o advento da criminologia crítica, aparece outro dos questionamentos
ao enfoque seletivo consistente na carência de perspectiva política desse modelo de
criminalização: ele não se propôs a explicar as razões políticas que propiciam que certas
condutas sejam tipificadas legalmente como delitos e outras, não. Demais disso, o
modelo da reação social deixa sem respostas perguntas como: quais são os interesses
defendidos pelas instituições penais e por que certos setores populacionais apresentam
índices mais altos de criminalização secundária que outros? É oportuno, portanto, tecer
algumas considerações sobre os postulados da corrente crítica em relação ao controle
social.
20 RODRÍGUEZ, Marta González. Análisis del control social desde una perspectiva histórica. Disponível
em <http://www.monografias.com/trabajos15/control-social/control-social.shtml>. Acesso em 3 dez
2004.
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
16
3. A CRIMINOLOGIA CRÍTICA
O movimento da criminologia crítica21 substancia, pode-se dizer, uma
radicalização política da plataforma teórica do labelling approach, cujas posições num
processo de amadurecimento ideológico deram origem à nova criminologia. A
criminologia crítica alcança uma abordagem macrossociológica dos delineamentos da
teoria da reação social, contextualizando-os política e historicamente em relações de
poder concentradas no pequeno grupo social dos mais poderosos.
No dizer de Ela Wiecko Volkmer de Castilho, a contribuição mais
importante da criminologia crítica foi a de demonstrar que o sistema penal reproduz a
desigualdade própria da sociedade capitalista. Na criminalização primária, na
criminalização secundária e na execução da pena ou das medidas de segurança, a
criminalidade é distribuída desigualmente segundo a hierarquia dos interesses
estabelecida no sistema sócio-econômico e conforme a desigualdade social entre os
indivíduos.22
Os postulados básicos do modelo radical podem ser sintetizados numa dupla
contraposição: seu choque com a criminologia clássica, dada a condição desta de
mantenedora do status quo, e seu questionamento dos esquemas explicativos baseados
no etiologismo do delito, em face dos quais contrapõe a análise científica dos
mecanismos criminalizadores e estimagtizantes do controle social. A criminologia
crítica situa historicamente a realidade do comportamento desviado e põe em evidência
sua relação funcional, ou disfuncional, com as estruturas sociais, por meio do
desenvolvimento das relações de produção e de distribuição.
Merecem atenção as fortes críticas traçadas pela criminologia radical contra
as estruturas de poder capitalista e a ordem legal que as sustentam, pois por intermédio
da criminalização – que se ampara na propriedade e na estrutura de poder de uma
sociedade – mantêm-se a estrutura classista e a submissão da classe trabalhadora às
classes dominantes que ostentam a propriedade dos meios de produção.
21 Cf. TAYLOR, Ian; WALTON, Paul; e YOUNG, Jock (org.). Criminologia Crítica. Tradução de
Juarez Cirino dos Santos e Sérgio Tancredo. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1980.
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
17
Há quem reconheça uma segunda fase do paradigma da libertação, etapa
caracterizada pela estruturação de uma revisão autocrítica de suas posições primárias
mais radicais, entre as quais vale destacar a negação do determinismo econômico do
delito que marcou o início do movimento. Conseqüentemente, reduziu-se a exacerbação
primeira da função instrumental do direito, de sorte a rechaçar a visão extrema do
criminoso como um rebelde político mal enfocado.
O qualificativo “crítico” que caracteriza esse modelo criminológico centrou-
se no questionamento acerca do funcionamento do controle social, fenômeno a que se
reconhece natureza política. Bustos Ramírez assevera que a criminologia deixa de ser o
estudo etiológico do delinqüente para passar a ser o estudo do poder político concreto
(controle) que representa o direito penal do Estado moderno.
Essa perspectiva crítica do controle social não deve ignorar os apontamentos
de Aniyar de Castro, para quem a função constitutiva ou criadora do controle social
manifesta-se em três planos principais: na criação do delito, na criação do delinqüente e
na criação da delinqüência. Afirma ela que a agência legislativa cria o delito ao definir
determinadas condutas como tipos penais, ao passo que a ação policial-judicial
(criminalização secundária) determina seletivamente a que indivíduo aplica-se a
etiqueta de delinqüente e configura o fenômeno da criminalidade ao estruturar
funcionalmente a ação interdependente do plano normativo e do plano prático do
sistema penal, como instância formalizada do controle social.
A criminologia da libertação, portanto, revisa de certo modo o controle
social e, principalmente, aponta o direito penal como manifestação particular do poder
político, considerando-o como o subsistema mais reacionário de controle. As críticas
nesse sentido lastreiam-se na destruição dos mitos existentes sobre as garantias formais
da intervenção punitiva. Ao demonstrar as falácias da dogmática penal relativamente ao
cumprimento dos diferentes princípios básicos do direito penal, qualificados como
simples axiomas de lógica abstrata, a criminologia da libertação sublinha o princípio da
igualdade perante a lei e o princípio garantista da culpabilidade, baseados na suposta
22 Criminologia Crítica e a crítica do Direito Penal econômico. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de
(org.). Verso e reverso do Controle Penal: (Des)Aprisionando a Sociedade da Cultura Punitiva.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2002, p. 61.
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
18
liberdade dos sujeitos, como pilares básicos que sustentam o direito penal em suas
funções controladoras da criminalidade.
Louk Hulsman, reconhecido abolicionista, assevera que a criminologia
crítica questionou e criticou muitas das concepções “normais” sobre o delito. Essa
forma de desprestígio, segundo ele, varia segundo as correntes inseridas na criminologia
crítica. Durante certo tempo, os criminólogos marxistas, predominantemente,
consideraram o delito como um produto do sistema capitalista, que desapareceria com o
nascimento de uma nova sociedade. Nesse sentido enxergava-se o desaparecimento do
delito como o desaparecimento das “situações problemáticas” que o causavam. Em
outras palavras, não se tratava de um desaparecimento do problema da criminalização
como uma resposta a situações problemáticas. Numa etapa posterior, a criminologia
crítica questionou os aspectos irracionais e classistas dos processos de criminalização
primários e secundários. Com isso, desmistificou a funcionalidade e o princípio da
igualdade legal que muitas vezes legitimam os processos de criminalização primária.
Sobre a base dessa desmistificação, a criminologia crítica apoiou a descriminalização
parcial, uma política mais restritiva sobre o uso do direito penal e a não intervenção em
certos delitos e contra certos delinqüentes. Atribuiu maior importância aos delitos
cometidos pelos poderosos e pleiteou que as atividades da justiça penal se dirigissem
mais aos crimes de colarinho branco (white collar crimes) que aos desprotegidos e à
classe trabalhadora. A guerra contra o crime substancia uma derivação da própria luta
de classes, que no melhor dos casos servia para vender notícias e, no pior, para
converter os pobres em verdadeiros títeres expiatórios. Houlsman salienta o maior
equívoco da criminologia crítica na quase completa ausência de questionamentos acerca
do conceito de delito.23
23 La Criminologia Critica y el concepto del delito. In: Abolicionismo penal. Traducción de Mariano
Alberto Ciafardini y Mirta Lilián Bondanza. Buenos Aires: Ediar, 1989, p. 87-107. Aponta Houlsman, no
entanto, a existência de uma tendência mais recente – na qual se incluiria ele próprio, além de nomes
como Baratta, Normandeau e outros - que começa a questionar o conceito de delito e negar sua realidade
ontológica. A partir desse ponto, cuidaria de reorganizar o debate dentro da criminologia e da política
criminal, numa postura tendente à abolição da justiça penal, ao argumento de que o delito como realidade
ontológica é a pedra angular desse tipo de justiça penal. Sem a pretensão de aprofundamento a respeito do
viés abolicionista, é de ver que a assertiva de Houlsman parece não atentar para a advertência que
Zaffaroni bem giza acerca da resposta neokantista à neutralização da macrossociologia. Aponta o jurista
argentino que, no plano de uma pretensa integração da criminologia com o direito penal, resulta que o
Direito Penal atuaria como uma programação de valores cujos cultores apenas se ocupam de delimitar os
alcances do programa de criminalização, guiando-se pela pura lógica interna do programa (“dever ser”),
ao passo que a criminologia ocupar-se-ia de explicar as “causas” – etiologia – das ações humanas que
deveriam ser criminalizadas conforme o programa jurídico-penal. Na realidade, porém, o modelo de
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
19
O questionamento ao paradigma crítico guarda suas formulações na
excessiva carga especulativa que contém seu aparato teórico, nas suas desmedidas
pretensões generalizadoras e no inevitável déficit empírico de toda concepção
macrossociológica. García-Pablos de Molina24 registra que o método histórico-analítico
usado pela criminologia crítica gera uma abstração político-filosófica insuscetível de
verificação prática e, por conseqüência, uma carência de concreção de políticas
criminais viáveis. Nada obstante, por outra ótica valorativa menos radical, pode-se dizer
que o legado da criminologia crítica é recordar que o delito, o sistema penal e as
decisões de política criminal produzem-se dentro de uma estrutural social, política e
econômica.
III. CONCLUSÃO
Assim, a pretexto de uma síntese conclusiva, a época primária de
desenvolvimento da categoria “controle social” caracterizou-se por tendências
oscilatórias opostas quanto a estatizar ou não a função controladora da sociedade. No
surgimento do conceito sociológico de controle social, predominou a idéia da completa
separação entre o controle social e a intervenção estatal (Ross e a Escola de Chicago).
Todavia, as condições econômico-sociais dos Estados Unidos na década de 1930
levaram a uma mudança radical na interpretação da categoria “controle social” e suas
relações com o aparato estatal, modificação esta caracterizada pelo reconhecimento da
capacidade organizativa do Estado por meio do Direito, este último alçado a elemento
controlador por excelência (corrente estrutural-funcionalista). Apesar das tendências
divergentes expostas, sempre se reconheceu ao controle social sua centralidade
conceitual e operativa na necessária consolidação da ordem social.
Para sedimentar conclusivamente o que se mencionou acerca das posições
teórico-criminológicas fundamentais acerca do controle social, é possível asseverar que
criminologia neokantiana apresenta-se como de impossível realização, porque não pode estudar
etiologicamente todas as condutas cuja programação criminalizante ocupa o direito penal, haja vista que
há previsões penais que jamais provocam reações punitivas (como o adultério, por exemplo), outras nas
quais a reação é substancialmente problemática (rebelião, verbi gratia), outras que não têm vigência
alguma (o duelo) e, em geral, porque na imensa maioria dos casos a programação criminalizante não se
efetua. Esta última hipótese refere-se à chamada cifra negra, que não pode ocultar a realidade de que o
sistema penal reage somente num número extremamente reduzido de casos em comparação com o imenso
número de hipóteses em que a criminalização se programa (ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Criminologia:
aproximación desde um margen. Bogotá: Temis, 1998, p. 189-190).
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
20
a criminologia tradicional, desde sua posição idílica de consenso social, passou ao largo
do estudo do controle social. Porém, a criminologia mais liberal, por meio das teorias do
processo social e, mais concretamente, por meio das teorias do controle social,
promoveu maior aproximação entre a abordagem do controle social e os grupos
controladores. Já a corrente do labelling approach proporcionou ao controle social
inegável protagonismo, ao elevá-lo a fator constitutivo da própria criminalidade. Como
derivação politizada da teoria da reação social surgiu o modelo da criminologia crítica,
que contextualiza historicamente a função controladora do Estado, dotando-a de alta
carga ideológica e classista.
O âmbito do controle social é amplíssimo, alerta Zaffaroni, dada sua
protéica configuração e a imersão do investigador, e nem sempre evidente. O fenômeno
de ocultamento do controle social é mais pronunciado nos países centrais do que nos
periféricos, onde os conflitos são mais manifestos. Ainda assim, mesmo nos países
periféricos, o controle social tende a ser mais anestésico entre as camadas sociais mais
privilegiadas e que adotam os padrões de consumo dos países centrais. A enorme
extensão e complexidade do fenômeno do controle social evidencia que uma sociedade
é mais ou menos autoritária ou mais ou menos democrática segundo se oriente em um
ou outro sentido a totalidade do fenômeno e não unicamente a parte do controle social
institucionalizado ou explícito. Logo, para avaliar o controle social, o observador não
deve ater-se ao sistema penal, e menos ainda na mera letra da lei penal. Ao revés, deve
analisar a estrutura familiar (autoritária ou não), a educação (escola, métodos
pedagógicos, controle ideológico dos textos, universidade, liberdade de cátedra etc.), a
medicina (orientação anestesiante ou puramente organicista, ou mais antropológica de
sua ideologia e prática) e muitos outros aspectos que tornam complicadíssimo o tecido
social. A pretensão de formar uma idéia do modelo de sociedade com que se depara,
esquecendo a pluridimensionalidade do fenômeno do controle social, redundará num
simplismo ilusório.25
Por derradeiro, a par de qualquer consideração qualificativa ou mesmo
valorativa acerca desse desenvolvimento científico do enfoque criminológico do
24 Ob. cit. p. 562-585. 25 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro:
parte geral. 4. ed. São Paulo: RT, 2002, p. 61-62.
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
21
controle social, a compreensão aqui desenvolvida volta-se precipuamente à
oportunidade de apreender e tirar proveito dela, a fim de melhor formar e orientar as
propostas a serem tomadas ante o delito e à violência.26 O enfoque criminológico tem
demonstrado com clareza que uma política que pretenda tratar de forma adequada a
violência presente no seio social não pode simplificar nem dramatizar seu objeto, mas
sim compreendê-lo em toda a sua complexidade (incluídas as condições comunicativas
de aparição e modificação27), para a longo prazo permitir a assertiva de que esse objeto
não pode ser manejado com força e repressão.
26 A perspectiva do Controle Social inserido no contexto globalizado é precisamente abordada por
Roberto Bergalli (Relaciones entre Control Social y globalización: Fordismo y disciplina - Post-fordismo
y control punitivo. Disponível em: <http://www.ub.es/penal/control.htm>. Acesso em 3 dez 2004). 27 A advertência é de Winfried Hassemer (Crítica al derecho penal de hoy. Traducción de Patricia S.
Ziffer. Bogotá: Centro de Investigaciones de Derecho Penal y Filosofía del Derecho da Universidad
Externado de Colombia, 1998, p. 52). No mesmo sentido é precisa a lição de Jorge de Figueiredo Dias,
quando afirma que “(…) somente uma política criminal concebida nos termos expostos pode – no
contexto de uma ciência conjunta do direito penal – desempenhar a função de intermediário entre a
criminologia ea dogmática jurídico-penal, tal como estas devem ser compreendidas no momento presente.
Pelo contrário, uma relacionação imediata da criminologia com a dogmática jurídico-penal desde sempre
se revelou não só problemática, como pouco útil, nessa dificuldade residindo a razão do divórcio – que
até os anos 60 se revelou praticamente total – entre as duas ciências. Desde o momento, porém, em que se
quebrou a ‘assepsia’ científica e metódica em que durante décadas viveu a ciência criminológica e em que
se pôde reconhecer que esta se devia transformar, de ciência puramente explicativa, em ciência crítica,
também ela passou a se deixar penetrar por pressupostos básicos e, em definitivo, por valorações jurídico-
criminais. O que, por um lado, determinou um sensível alargamento do seu objeto, que, do crime (e
eventualmente também da personalidade criminosa), na sua vertente puramente etiológica (ou causal),
passou a ser o inteiro sistema da justiça penal; e assim permitiu, por outro lado, a sua inclusão, sem
contradições, em uma ciência conjunta do direito penal por via do entreposto constituído pela política
criminal” (Questões fundamentais do Direito Penal revisitadas. São Paulo: RT, 1999, p. 44-45, ênfases
do original).
A inserção do Controle Social nas Escolas Criminológicas: do monismo social à Criminologia Crítica
22
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