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Revisão do Estudo de Impacto Ambiental da Reabilitação e Expansão do Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Nacala, Nampula Preparado Por: Eduardo Saldanha Langa Av. Comandante Augusto Cardoso, N°453, 3° A Único Polana Cimento, Cidade de Maputo Contactos: +258 84 748 4709 Email: [email protected] Versão Final Maputo, Maio de 2020 Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Revisão do Estudo de Impacto Ambiental

da Reabilitação e Expansão do Sistema

de Abastecimento de Água da Cidade de

Nacala, Nampula

Preparado Por:

Eduardo Saldanha Langa

Av. Comandante Augusto Cardoso, N°453, 3° A Único

Polana Cimento, Cidade de Maputo

Contactos: +258 84 748 4709

Email: [email protected]

Versão Final

Maputo, Maio de 2020

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, HABITAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS

SEGUNDO PROJECTO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E APOIO

INSTITUTIONAL (WASIS II)

REVISÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL DO

PROJECTO DE REABILITAÇÃO E EXPANSÃO DO SISTEMA DE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA A CIDADE DE NACALA

RELATÓRIO PRINCIPAL

Preparado Por:

Eduardo Saldanha Langa

Av. Comandante Augusto Cardoso, N°453, 3° Andar Único

Polana Cimento, Cidade de Maputo

Contactos: +258 84 748 4709

Email: [email protected]

VERSÃO FINAL

Maputo, Maio de 2020

i

INDICE

LISTA DE ABREVIATURAS

RESUMO NAO TÉCNICO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS E OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ..................... 1 1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE DO PROJECTO ........................................................................... 2 1.3 IDENTIFICAÇÃO DO CONSULTOR AMBIENTAL RESPONSÁVEL PELO ESTUDO ACTUALIZADO ....... 3 1.4 ENTIDADE LICENCIADORA E AUTORIDADE DE AIA ...................................................................... 3 1.5 ESTRUTURA GERAL E CONTEÚDO DO REIA.................................................................................. 3

2 ABORDAGEM E METODOLOGIA DO PROCESSO DE EIAS ............................................................ 5

2.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ............................................................................................. 5 2.2 METODOLOGIA E FASEAMENTO DA AIA ....................................................................................... 6 2.2.1 ESTA FASE, NA QUAL O PRESENTE RELATÓRIO SE INTEGRA, CONSISTE NA IDENTIFICAÇÃO E

SELECÇÃO, DE ENTRE UMA SÉRIE DE POTENCIAIS PROBLEMAS E UM LARGO ESPECTRO DE

IMPACTOS POSSÍVEIS, OS ASPECTOS AMBIENTAIS QUE PODERÃO ADVIR DA IMPLEMENTAÇÃO DO

PROJECTO PODENDO CONDICIONAR O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDIMENTO. ..................... 6 2.2.2 CATEGORIZAÇÃO DO PROJECTO .................................................................................................... 6

2.2.3 Fase de Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do EIA ..................................................................................................................... 7

2.2.4 Fase de Estudo do Impacto Ambiental ............................................................................... 7 2.2.3.1 Metodologia de Identificação dos Impactos ..................................................................... 8

2.3 CONSULTA PÚBLICA .................................................................................................................... 11 2.4 RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (REIA) E PLANOS DE GESTÃO AMBIENTAL E

SOCIAL (PGAS) ........................................................................................................................... 11

3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ..................................................................................................... 12

3.1 ANTECEDENTES DO PROJECTO .................................................................................................... 12 3.2 LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO ....................................................................................................... 14 3.3 DEFINIÇÃO E JUSTIFICAÇÃO DA ACTIVIDADE PROPOSTA ........................................................... 16 3.4 O PROJECTO PROPOSTO ............................................................................................................... 18

3.1.1 Abertura de Estaleiros ....................................................................................................... 22 3.1.2 Consumo de Água e Energia.............................................................................................. 22

3.5 PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS .......................................................................... 23 3.6 RECRUTAMENTO DE MÃO-DE-OBRA ........................................................................................... 24 3.7 DURAÇÃO DO PROJECTO E ETAPAS DE EXECUÇÃO ..................................................................... 24 3.8 ALTERNATIVAS CONSIDERADAS ................................................................................................. 24 3.8.1 ALTERNATIVAS À ACTIVIDADE PROPOSTA ................................................................................. 25 3.8.2 ALTERNATIVAS RELATIVAS AO PROJECTO ................................................................................. 26 3.8.3 ALTERNATIVAS DE FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ....................................................... 26 3.9 TRATAMENTO DE ÁGUA .............................................................................................................. 32

3.1.3 Filtro de Membrana com Pré-Tratamento ........................................................................ 32 3.1.4 Filtração Lenta com Areia com Pré-Tratamento ............................................................... 32 3.1.5 Processo de Tratamento Convencional de Água .............................................................. 33

3.10 LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ........................................................... 34 3.11 CONDUTA ADUTORA ................................................................................................................... 35

ii

3.12 ROTA DA CONDUTA ADUTORA .................................................................................................... 36

4 ENQUADRAMENTO LEGAL ..................................................................................................... 36

4.1 QUADRO LEGAL GERAL SOBRE O AMBIENTE ............................................................................. 37 4.2 QUADRO LEGAL NO CONTEXTO DAS ACTIVIDADES DO PROJECTO ............................................. 37 4.3 QUADRO LEGAL E PRINCIPAIS POLÍTICAS DE ÁGUAS RELEVANTES AO PROJECTO .................... 39 4.4 OUTROS DISPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS ............................................................................... 40 4.5 QUADRO LEGAL MUNICIPAL RELEVANTE AO PROJECTO ............................................................ 42 4.6 QUADRO LEGAL E POLÍTICAS SOBRE REASSENTAMENTO .......................................................... 42 4.7 POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BANCO MUNDIAL .................................................................. 44

4.7.1 Políticas de Salvaguarda Aplicaveis ao Projecto ............................................................... 45 4.7.1.1 Avaliação Ambiental (OP 4.01) ...................................................................................... 45

4.7.1.2 Habitats Naturais (OP 4.04) ............................................................................................ 46

4.7.1.3 Património Cultural (OP 4.11) ........................................................................................ 46

4.7.1.4 Reassentamento Involuntário OP/PB 4.12 ...................................................................... 47

4.7.2 Diretrizes Ambientais, de Saúde e Segurança do Banco Mundial .................................... 48 4.8 DIRECTRIZES INTERNACIONAIS ................................................................................................... 48 4.9 INSTALAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS TEMPORÁRIAS ................................................................... 49 4.10 OUTRAS CONSIDERAÇÕES LEGAIS .............................................................................................. 49

5 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA .......................................................... 51

5.1 MEIO BIOFISÍCO ........................................................................................................................... 51 5.1.1 Clima .................................................................................................................................. 51 5.1.2 Geologia E Solos ................................................................................................................ 52 5.1.3 Flora e Fauna ..................................................................................................................... 52 5.1.4 Hidrologia e Hidrogeologia ................................................................................................ 53 5.1.5 Ambientes Sensíveis .......................................................................................................... 54 5.1.6 Áreas e Espécies Protegidas .............................................................................................. 54

5.2 DESCRIÇÃO DO MEIO SOCIO-ECONÓMICO .................................................................................. 55 5.2.1 A Cidade de Nacala ............................................................................................................ 55 5.2.2 Divisão Administrativa....................................................................................................... 55 5.2.3 Liderança ........................................................................................................................... 57 5.2.4 Demografia ........................................................................................................................ 57 5.2.5 Padrão de Uso de Terra ..................................................................................................... 58 5.2.6 Actividades Económicas .................................................................................................... 59 5.2.7 Aspectos culturais ............................................................................................................. 60 5.2.8 LIDERANÇA ........................................................................................................................ 61

6 IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO PROJECTO E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO ........ 61

6.1 FASE DE PRÉ-CONSTRUÇÃO ................................................................................................. 63 6.2 FASE DE CONSTRUÇÃO ......................................................................................................... 65

6.2.1 Impactos da Actividade Sobre o Meio Biofísico ................................................................ 65 6.2.2 Impactos da Actividade Sobre o Meio Socioeconómico ................................................... 79 6.2.3 Impactos da Actividade na Saúde e Segurança Ocupacional ............................................ 89

6.3 FASE DE OPERAÇÃO/MANUTENÇÃO ............................................................................................ 92 6.3.1 Impactos da Actividade Sobre o Meio Biofísico ................................................................ 92 6.3.2 Impactos da Actividade Sobre o Meio Socioeconómico ................................................... 95 6.3.3 Impactos da Actividade na Saúde e Segurança Ocupacional .......................................... 101

7 ELATÓRIO SOBRE O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA (RPPP) ....................................... 104

iii

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 106

9 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 107

RELATÓRIO DA REUJIÃO DA CONSULTA PÚBLICA .................................................... XLVI

ACTA DA REUNIÃO DA CONSULTA PÚBLICA ............................................................... XLVI

LOCAIS E DATAS DE REUNIÃO DAS CONSULTA PÚBLICAS ...................................... XLVI

1 INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS DA CONSULTAS PÚBLICAS ..................................................... XLVII

2 APRESENTAÇÃO DO PROJECTO E DOS RESULTADOS DO EIAS .............................................. XLVII

3 SÍNTESE DAS QUESTÕES LEVANTADAS E RESULTADOS DO PPP .......................................... XLVIII

SÍNTESE DE QUESTÕES DISCUTIDAS ............................................................................. XLIX

CIDADE: NACALA PORTO ................................................................................................ LXIV

SÍNTESE DE QUESTÕES DISCUTIDAS ............................................................................. LXIV

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................................... XXXV

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Etapas do Processo de AIA que foram seguidas para o presente Projecto .................... 6

Figura 2: Localização da área do projecto incluindo os limites administrativos e os bairros do

Município de Nacala ................................................................................................................... 15

Figura 3: Vista da Barragem no Rio Muecula onde é captada a água para a Cidade de Nacala. 17

Figura 4: Alternativas de fontes de abastecimento de água foram consideradas ........................ 28

Figura 5: Construções informais instaladas em zonas de protecção devido á elevada densidade

populacional ................................................................................................................................ 58

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estrutura Do Relatório ............................................................................................................. 3

Tabela 2– Lista de áreas de avaliação de impactos................................................................................ 9

Tabela 3– Critério usado para avaliação dos impactos ....................................................................... 10

Tabela 4– Ordem de prioridade na aplicação de medidas de gestão ................................................. 12

Tabela 5-Sumário das acções previstas no Projecto para a componente DE REABILITAÇÃO e

Expansão do Sistema de Abastecimento de Água ............................................................................... 21

Tabela 6-Avaliação de fontes alternativas de abastecimento de água ............................................... 29

Tabela 7-Materiais de Tubagem1 ........................................................................................................... 36

Tabela 8: Relação das Politicas de Salvanguda aplicáveis ao Projecto ............................................ 45

LISTA DE ANEXOS

Anexo I: Categorização da AIA pelo MICOA Actual MITADER

iv

Anexo II: TdR para o EIA submetidos ao MICOA Actual MITADER

Anexo III: Carta de Aprovação do EPDA e dos TdR pelo MICOA/MITADER

Anexo IV: Lista de mamíferos que ocorrem na área de Estudo

Anexo V: Lista de Aves que Ocorrem na Área de Estudo

Anexo VI: Acta da Reunião de Consulta Pública

LISTA DE ABREVIATURAS

AC Asbestos Cimento

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

AIS Avaliação do Impacto Social

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BM Banco Mundial

CO Monóxido de Carbono

COV Compostos Orgânicos Voláteis

DNAIA Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental

DPCA Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

EAS Estudo Ambiental Simplificado

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental de Definição de Âmbito

ETA Estação de Tratamento de Água

FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água

GPS Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System)

HIV Human Immunodeficiency Virus

IDA Associação Internacional de Desenvolvimento

IFC Conselho Financeiro Intenacional (Intenational Finance Council)

INE Instituto Nacional de Estatísticas

LA Licença Ambiental

MCA Millenium Challenge Account

MCC Millennium Challenge Corporation

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

NOx Oxidos de azoto

NWDP National Water Development Project

OBA Output-based Aid

OCDE/DAC Organization for Economic Cooperation and Development/ Development

Assistance Committee

ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

ONU Organização das Nações Unidas

PAR Plano de Acção de Reassentamento

PARPA Planos de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta

Pb Chumbo

PESA Plano Estratégico de Água e Saneamento

PGA Plano de Gestão Ambiental

PGAS Plano de Gestão Ambiental Social

v

PI&A’s Partes Interessadas e Afectadas

PPP Processo de Participação Pública

REIA Relatório de Estudo de Impacto Ambiental

SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida

SO2 Dióxido de Enxofre

TdR Termos de Referência

RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E

SOCIAL (REIAS)

RELATÓRIO NÃO TÉCNICO

i

RESUMO NÃO TÉCNICO

Introdução

O presente documento constitui o resumo não técnico da versão actualizada do Relatório

de Estudo de Impacto Ambiental (REIA) do projecto de Reabilitação e Expansão do

Sistema de Abastecimento de Água Para a Cidade de Nacala. O projecto visa melhorar a

capacidade de fornecimento de água, e este documento foi elaborado no âmbito do

Processo da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do referido projecto. A actividade

compreende cinco componentes, com um custo total de US $ 164 milhões, 4 dos quais

serão implementados pelo FIPAG- Fundo de Investimento e Património do Abastecimento

de Água, enquanto a quinta componente será implementada pelo CRA-Conselho de

Regulação do Abastecimento de Água.

O projecto foi inicialmente proposto em 2009, no âmbito do financiamento do Millenium

Challenge Account – Mozambique (MCA-Mozambique), a contraparte Moçambicana do

Millenium Challenge Corporation (MCC), uma agência de desenvolvimento dos Estados

Unidos de América. As actividades do projecto iniciaram, no entanto não foram concluídos

durante o período da vigência MCA-Moçambique, tendo as várias infraestruturas do

projecto interrompidas na fase das fundações.

Do ponto de vista de sustentabilidade ambiental e social, o projecto foi classificado pela

Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Nampula, no abrigo do

Decreto 45/2004 de 29 de Setembro, que aprovara o Regulamento sobre o Processo de

Avaliação Ambiental no contexto do então Ministério da Coordenação da Acção

Ambiental (MICOA), o qual classificou o projecto como sendo da Categoria A, requerendo

assim, a realização do Estudo de Impacto Ambiental Completo. É de referir que o MICOA

foi em 2015 transformado em Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, e

igualmente, o Decreto 45/2004 de 29 de Setembro foi igualmente revisto e revogado pelo

Decreto nº 54/2015 de 31 de Dezembro), que regula a realização do processo de Avaliação

do Impacto Ambiental.

O requerido EIA tinha como propósito a identificacção e avaliação dos potenciais impactos

no ambiente físico, biológico e socioeconómico resultante da implementação do projecto,

e identificar medidas de mitigação, gestão e monitorização dos impactos apropriados para

reduzir/eliminar potenciais efeitos negativos tendo em conta as características biofísicas e

socioeconómicas da área de influência do projecto. Foi igualmente objectivo do Estudo de

Impacto Ambiental realizado identificar medidas que permitam incrementar o efeito dos

impactos positivos.

Após a categorização seguiu-se a fase de Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição

de Âmbito (EPDA), tendo sido submetidos os Termos de Referência (TdR) para o Estudo

de Impacto Ambiental ao MICOA (actual MITADER) conforme previsto na legislação em

vigor. É com base nestes Termos de Referência, aprovados pelo MICOA e tendo em

consideração quer as recomendações do MICOA, quer a legislação, normas e

ii

procedimentos nacionais e internacionais relacionados com o processo de avaliação de

impactos ambientais e sua mitigação, que se elaborou o Relatório do EIA do proposto

empreendimento, que culminou com a emissão da Licenca ambiental que deu ninicio ás

actividades do projecto.

O Consultor Ambiental Eduardo Saldanha Langa foi selecionado pelo FIPAG para

conduzir a revisão do presente EIAS do projecto de melhoramento e expansão do sistema

de abastecimento de água à Cidade de Nacala, de modo a adequar/responder o denominado

“Segundo Projecto de Abastecimento de Água e Apoio Institucional (WASIS II)” –

Financiamento Adicional. A versão inicial do EIAS, incluindo o PGAS do proejcto em

causa tinha sido elaborada pela Burnside, em parceria com AustralCowi e Consultec no

âmbito do financiamento do (MCC). O senhor Eduardo Langa é Consultor Ambiental com

mais de 15 anos de experiencia comprovada na realização de avaliação do impacto

ambiental, igualmente certificado pelo MITADER para desenvolver actividades de AIA

no país.

O Estudo Ambiental e Social original foi elaborado num contexto integrado de Estudos de

Viabilidade, Avaliação do Impacto Ambientale Social (ESIA), Desenho e Supervisão do

Melhoramento dos Sistemas de Abastecimento de Água, Saneamento e Drenagem da

Cidade de Nacala, realizados pelo Consórcio de empresas BURNSIDE (empresa

Canadiana), Consultec e Austral-Cowi (empresas Mocambicanas). Sendo assim, a presente

actualização do relatório do ESIA tem como base o Projecto Final tal como elaborado no

âmbito do financiamento do MCC, o qual o FIPAG tenciona implementa-lo.

O Proponente do Projecto

O projecto de Reabilitação e Expansão do Sistema de Abastecimento de Água Para a

Cidade de Nacala é proposto FIPAG.

O Implementador do Projecto

O MCA-Moçambique foi responsável pela gestão de recursos financeiros para os projectos

acima descritos e o Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água

(FIPAG) a entidade beneficiária dos investimentos e actualmente responsável pela

implementação do projecto em causa.

Localização do Projecto

A Cidade de Nacala situa-se na Província nortenha de Nampula, e dista cerca de 200 Km

da Cidade de Nampula, 500 Km em linha recta da Fronteira Norte do País com a Tanzânia,

cerca de 1800km da fronteira Sul com a África do Sul, e cerca de 620 km da fronteira Oeste

com Malawi (Figura 2).

A cidade de Nacala constitui o ponto terminal do eixo de transporte constituído pela estrada

EN12 que a liga com a capital da Província de Nampula e ainda das linhas-férreas ligando

Nacala-Lichinga e Nacala-Entre-Lagos. A existência de Porto em Nacala, considerado

iii

como o terceiro mais importante do país depois de Maputo e Beira, e aliada as infra-

estruturas ferroviárias, em conjunto constituem o Corredor Regional de transportes,

conhecido por Corredor de Nacala, o que torna Nacala uma cidade com potencial para

desenvolvimento económico.

iii

Figura 1: Localização da área do projecto incluindo os limites administrativos e os bairros do Município de Nacala

iv

O projecto traz intervenções na zona da barragem (fonte e tratamento da água), no corredor

da conduta (transporte) e na própria cidade (construção de reservatórios, reabilitação e

expansão da rede de distribuição.

Descrição sumária do Projecto Proposto

O projecto proposto tem como finalidade a reabilitação e expansão do sistema de

abastecimento de água da Cidade de Nacala de forma a aumentar os actuais níveis de

cobertura actual que se situam em cerca de 75% para passarem a atingir 100% da população

projectada para 2029. O projecto inclui a construção de uma nova conduta adutora de 600

mm de diâmetro nominal numa extensão de 28 km para ligar a Barragem de Nacala à

Cidade de Nacala Porto.

Figura 2: Vista da Barragem no Rio Muecula onde é captada a água para a Cidade de

Nacala

Para o efeito, pretende-se desenvolver para a expansão da rede de abastecimento de água,

as seguintes actividades:

• Instalação de novas bombas de captação de água na nova estação de tratamento;

• Construção uma nova estação de bombagem e transporte de água;

• Instalação de um laboratório de testagem e análise de qualidade de água;

• Substituição da principal conduta adutora; e

v

• Reabilitação, melhoramento e ampliação do sistema de distribuição, incluindo a

instalação de zonas de medição de caudal e controle de pressão e a criação de uma

unidade de redução NRW devidamente equipada.

As actividades do projecto incluem ainda:

• Aumento da rede e a cobertura do serviço através de novas ligações domiciliárias para

os residentes nas zonas peri-urbanas da área do projecto;

• Redução de perdas de água e água não contabilizadas, através da reabilitação e

substituição da rede de distribuição;

• Melhoramento da gestão do abastecimento de água e a gestão das perdas de água, a fim

de disponibilizar mais água aos residentes da cidade de Nacala, instalação de medidores

de cdo hidrômetros distritais;

• Fortalecimento do quadro institucional e regulatório das empresas regionais de

abastecimento de água no país; e

• Tornar o sistema de abastecimento de água sustentável melhorando as medidas de

recuperação dos custos, proporcionando formação e apoio para melhorar a eficácia, a

fim de criar envolvimento / interesse do sector privado no funcionamento deste sistema.

No que concerne ao Segundo Projecto de Abastecimento de Água e Apoio Institucional –

WASIS II, financiado pelo Banco Mundial, serão desenvolvidas ainda as seguintes

actividades:

• Equipamento eletromecânico de captação e 2 km de conduta adutora de água bruta (DN

750 mm), da captação à nova ETA;

• Montagem de novas bombas de captação de água na estação de captação na zona da

Barragem, para a nova ETA;

• Conclusão das obras de construção da nova ETA não terminada no âmbito do projecto

MCC;

• Construção de uma Nova Estação de Tratamento de Água (ETA) e de uma nova estação

de bombagem de água tratada com capacidade maior, baseada na demanda para 2029;

• Construir reservatórios adicionais de água tratada em lugares estratégicos na zona

urbana;

• Substituição da conduta adutora por uma nova com a capacidade adequada às

necessidades projectadas de 2029 que ligará o ponto de extracção à rede de distribuição

através dum nova ETA;

• Reabilitação, melhoramento, ampliação da rede de distribuição, incluindo o

estabelecimento de zonas de medição do caudal e a criação de uma unidade de redução

NRW devidamente equipada;

• Reabilitação e construção de um centro distribuidor constituído por um reservatório

apoiado e torre de pressão; e

vi

• Construção de uma barragem que pode servir também para o abastecimento da cidade

de Monapo. A construção da barragem, do ponto de extracção e da conduta adutora,

neste momento ainda não há informação sobre o local proposto e o traçado da conduta

adutora.

O Estudo de Impacto Ambiental e Social

O EIAS incidiu sobre aspectos biofísicos e socioeconómicos, tendo-se baseado tanto em

informação bibliográfica quanto em trabalho de campo. Foram identificados os principais

impactos do projecto nas suas fases de pré-construção, construção e exploração (Capítulo

8 do Relatório Principal do EIAS) e formuladas as respectivas medidas de mitigação. As

medidas de Gestão e Monitorização Ambiental foram integradas num PGAS, que constitui

parte do Relatório de EIAS.

O EIAS inclui também um Processo de Participação Pública (PPP) que se realiza com o

objectivo principal de informar o público sobre o projecto, assim como auscultar a sua

sensibilidade sobre as questões-chave relacionadas com o mesmo, para serem consideradas

no EIAS. Neste contexto, foram realizadas reuniões de Consulta Pública, na Cidade de

Nacala.

O Processo do Envolvimento do Público (PPP)

Com o intuito de atender à directriz sobre o Regulamento sobre o Processo de AIA, assim

como o Diploma Ministerial no. 130/2006, de 9 de Julho sobre o Processo de Partcipação

Pública (PPP), foram realizadas reuniões de auscultação das Partes Afectadas e/ou

Interessadas (PI&As) nos dias 17 de Abril de 2019, na EPC da Barragem, Posto

Administrativo do mesmo nome, no Distrito de Nacala-à-Velha e no dia 18 de Abril de

2019 no Thamole Lodge, na Cidade de Nacala.

Especificamente, as reuniões tinham entre outros objectivos (i) informar ao Público sobre

o projecto WASIS II e a necessidade de revisão do Estudo do Impacto Ambiental e Social

(EIAS) e do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do Projecto de Abastecimento

de Água para Cidade de Nacala, (ii) Divulgar o Relatório do EIAS – Versão Actualizada

do estudo feito pela Burnside/ AustralCowi/Consultec) no âmbito do MCC; (iii) Recolher

contribuições das partes interessadas, pessoas envolvidas e/ou afectadas sobre os

potenciais impactos e medidas de mitigação, e (iv) Finalizar a revisão do AIAS/PGAS com

base nos inputs adicionais recolhidos nas reuniões de auscultação de pessoas interessadas

e afectadas pelo projecto de reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água

à Cidade de Nacala.

A audiência pública contou com a participação de 50 pessoas de várias instituições do

governo, órgãos locais e sociedade em geral e as PI&As foram unânimes que o projecto é

de importância vital para a Cidade de Nacala, considerando que vai contribuir na melhoria

de abastecimento de água à cidade e na saúde pública, para além do contributo na criação

de postos temporários de emprego.

vii

Contudo foram levantadas algumas questões pertinentes pelas PI&As nomeadamente,

i) Como serão tratadas as benfeitorias afectadas;

ii) Como o projecto irá lidar com riscos de aumento dos índices de criminalidade e

prostituição que normalmente estão associados à qualquer empreendimeno de

desenvolvimento do tipo proposto;

iii) A criação de tarifa de água bonificada para as comunidades locais (zona da barragem)

face à tarifa de água que os citadinos de Nacala conseguem pagar;

iv) Quando efectivamente o projecto começa;

v) Como será resolvido o assunto das compensações pendentes em torno do projecto

descontinuado;

vi) E como será feita a contratação de mão-de-obra de modo a assegurar algumas vagas

para o pessoal local.

Por fim os participantes deixaram suas opiniões e recomendações, sendo de destacar

i) A necessidade da realização de reuniões públicas regulares com as PI&As desde o

princípio até ao fim do projecto, independentemente do curso normal ou não do projecto;

ii) O FIPAG, sendo o proponente do projecto, deverá fazer o acompanhamento directo da

implementação das varias medidas socio-ambientais pois a experiência mostra que os

empreiteiros têm o habito de passarem por cima de regras básicas e desrespeito da

população local.

Potenciais Impactos Ambientais do Projecto e Medidas de Mitigação e/ou de

Potenciação

À implementação deste projecto está associada a uma série de impactos potenciais de

natureza biofísica, socioeconómica e sobre a saúde e segurança quer dos trabalhadores,

quer das populações das áreas circunvizinhas. Alguns dos principais impactos identificados

estão listados abaixo com as correspondentes medidas de incrementação/mitigação

conforme o impacto:

Expectativa de Solução a Curto Prazo os Problemas de Abastecimento de Água na

Cidade de Nacala

Dada a relevância que os problemas de abastecimento de água mostram na Cidade de

Nacala, a presença de mais um projecto pode criar expectativas muito elevadas na

população da cidade quanto à solução imediata de todos os problemas do sector de

abastecimento de água. Contudo, sabe-se que as soluções serão graduais havendo

iniciativas que serão tomadas a curto prazo e outras a longo prazo devido a limitações em

relação às fontes de água.

O processo de divulgação das fases e das metas de implementação do projecto deverá ser

coordenado com as autoridades locais, os líderes locais e tradicionais sendo as escutas

públicas a serem realizadas no âmbito do EIA um ponto de partida para o início desta

viii

sensibilização.

Alterações na Morfologia do Terreno

Este impacto poderá ocorrer como resultado de actividades de terraplanagem necessárias

para a implantação das infra-estruturas do projecto que serão construídas, assim como da

criação de locais de deposição de material. A utilização de câmaras de empréstimo de

material é outra actividade que levará a alterações na morfologia do terreno o que se

constitui num impacto negativo de ocorrência provável, mas de significância baixa dada a

sua reversibilidade. Para mitigar este impacto dos solos retirados na abertura das trincheiras

serão repostos imediatamente ao enterro da tubagem seguido de uma reabilitação da área

de trabalho.

Impactos no Habitat, Vegetação e Fauna

Para a substituição da conduta de adutora será necessário abrir um corredor, livre de

obstáculos, que permita a circulação da maquinaria de escavação. A abertura desse

corredor implicará a remoção da vegetação que influirá também na redução do habitat das

espécies de animais do ambiente terrestre. Apenas uma pequena quantidade de fauna

residente na zona onde será removida a conduta antiga, ou associada à vegetação da área

de influência directa, poderá ser afectada pelas actividades do projecto. Algumas espécies

de aves dependentes da vegetação dos locais por onde será substituída a conduta, poderão

ser afectadas.

A abertura de estaleiros implicará também a remoção da cobertura vegetal, no entanto

numa escala menor pois são áreas menores, e não necessitam de uma limpeza total da

cobertura vegetal, podendo ser mantidas algumas espécies. As consequências directas desta

forma de desmatamento são a alteração na drenagem natural, compactação do solo e

erosão. Para mitigar este impacto a vegetação será removida apenas pontualmente

limitando a remoção de vegetação para o mínimo necessário. Todo o pessoal envolvido nas

actividades do projecto deve ser instruído a preservar os habitats naturais e sensíveis na

área de influência do projecto para além de medidas com vista a garantir uma rápida

reposição da vegetação assim como conservação da camada superior do solo (topsoil),

plantio de árvores pelo empreiteiro em substituição das árvores de grande porte removidas.

Nos estaleiros, a localização das infra-estruturas auxiliares ao empreendimento, deverá ser

cuidadosamente escolhida, de modo a reduzir ao mínimo a perturbação de habitats e

reabilitar todas as áreas degradadas dos estaleiros de modo a reconstituir a situação

anterior.

Criação de Postos de Trabalho e Melhoria das Condições de Vida da População

O projecto criará postos de trabalho limitados, temporários e permanentes. A economia

será estimulada directamente através da compra local/regional de bens e serviços, quer por

parte das populações locais como por parte dos empreiteiros. Para incrementar este impacto

propõe-se que seja dada a preferência a trabalhadores e fornecedores de bens e serviços

locais e/ou nacionais.

ix

Reassentamento de parte da População Residente ao Longo da Rota das Condutas

Algumas pessoas residentes ao longo da rota das condutas poderão ser afectadas havendo

necessidade de serem reassentadas obrigando a identificação de terras residenciais e

agrícolas de reposição. As perdas de culturas em campo e de árvores de frutos poderão

conduzir a situações de maior vulnerabilidade e insegurança alimentar para as famílias

afectadas, particularmente num contexto em que estas constituem a principal base de

subsistência e rendimento.

Notar ainda que as terras de reposição poderão apresentar condições diferentes das terras

perdidas, conduzindo assim a uma modificação no tipo de culturas e métodos empregues

na actividade agrícola, o que poderá requerer um período longo de adaptação por parte das

famílias afectadas. A alteração das distâncias para aceder aos principais recursos

produtivos (machambas, rio, florestas, etc.) poderá também constituir uma perturbação

para os sistemas de sobrevivência, bem como na actual estrutura de divisão do trabalho ao

nível familiar.

Para minimizar os efeitos de reassentamento que possam decorrer do projecto recomenda-

se, sempre que possível, a alteração pontual na rota das condutas. A deslocação de pessoas

e suas casas e bens deverão ser devidametne indeminizadas recorrendo um PAC (Plano de

Acção e Compensação) a ser elaborado e aprovado antes do arranque das obras. Para o

caso específico de compensação por perda de áreas de machambas e de árvores de fruta, a

Direcção Provincial de Agricultura e Segurança Alimentar (DPASA) de Nampula deve ser

contactada em todos os casos de dúvidas relativas a procedimentos de compensação,

incluindo a negociação com os usuários da terra. Mecanismos de indemnização devem ser

implementados em todos os casos justificáveis, com base em critérios claros de

elegibilidade. O envolvimento das autoridades locais irá contribuir para a minimização de

casos de oportunismo.

Interferência com as Actividades Económicas da População

As actividades de construção poderão interferir com as actividades comercias das

populações como bancas, barracas e pequenos estabelecimentos comerciais, bem como

com a rotina diária da população durante a fase de construção. Estas actividades poderão

ser temporariamente interrompidas devido à actividades de construção da conduta de água

bem coo de actividades associadas, podendo ter implicações no rendimento das famílias.

As medidas de mitigação propostas incluem a identificação das actividades que

necessitarão de remoção para curta distância enquanto as obras decorrem e definir as

necessárias compensações pela interrupção temporária de actividade.

Perturbação do Trânsito de Pessoas e Veículos durante a fase de Construção e

Mudança no Volume de Tráfego

As obras de construção do projecto vão induzir aumento do tráfego de veículos pesados e

equipamento ao nível local e escavações criando cortes das estradas situação que irá

perturbar os padrões de acessos e circulação de pessoas e bens, implicando desvios do

x

tráfego e congestionamentos do trânsito. O aumento do trânsito de veículos nas zonas de

construção fora da cidade poderá aumentar o risco de acidentes de atropelamento para a

população local (especialmente crianças) e seus animais, particularmente tendo em conta

que o tráfego actual na zona é reduzido e a população local não está sensibilizada para este

tipo de riscos.

Anunciar nos órgãos de comunicação social sobre as restrições de trânsito sempre que eles

forem acontecer e instalar uma boa sinalização das áreas de trabalho indicando as rotas

alternativas, restrições de velocidade e desvios nas estradas enquanto decorrerem as obras

são algumas medias para minimizar os constrangimentos do projecto em relação a

perturbação do transito.

Trabalho Infantil

O projecto será desenvolvido numa área subdesenvolvida caracterizada por pobreza e falta

de perspectiva de futuro, assim como educação de baixa qualidade, que são alguns dos

fatores que poderão estimular a inserção de menores como mão-de-obra no projecto,

expondo-as a situações de risco e vulnerabilidade em diversos aspectos, incluindo a saúde,

exposição à violência, assédio sexual, esforços físicos intensos, acidentes com máquinas,

entre outros. As medidas de mitigação correspondentes incluem criação de critérios claros

sobre a contratação da mão-de-obra, ou seja, será interditação da contratação de menores

de 18 anos e o Projecto deve ter um Codigo de Conduta sobre o influxo de trabalho infantil

conforme especificado no PGA.

Influxo de Mão-de-obra

A implementação das actividades do Projecto está relacionada com a possibilidade de

ocorrer um influxo de pessoas à procura de trabalho por causa das previstas oportunidades

de emprego. Os trabalhadores migrantes deverão provavelmente vir principalmente de

outras povoações, por onde o Projecto passa, mas também de outros distritos. O influxo de

pessoas à procura de emprego tende a resultar em comportamentos muitas vezes

reprovados pelas comunidades locais que acolhem os migrantes. Estes comportamentos

anti-sociais percebidos podem incluir actividades criminosas, uso de álcool e drogas. Estes

impactos podem levar a ressentimentos e fricção entre os residentes estabelecidos e as

pessoas que chegam.

As medidas de mitigação recomendadas incluem desenho de um Plano de Gestão de

Acomodação e Estaleiros, para minimizar conflitos com a comunidade associados com a

localização dos estaleiros e acomodação de pessoal; implementação de um Plano de

Recrutamento Local, para garantir que a contratação seja conduzida de modo transparente

e justo e para maximizar o emprego local, tanto quanto possível, e ainda desenvolvier um

Plano de Comunicação, para interagir com as comunidades, informando-as da natureza e

tempo de duração das actividades, e estabelecer canais de comunicação para lidar com

quaisquer conflitos sociais que possam surgir e ainda acções sobre riscos comunitários

associados ao influxo de trabalhadores.

xi

Interferência com Usos e Aproveitamentos da Terra

A substituição da conduta de menor dimensão actualmente existente poderá interferir com

machambas e instalações precárias da população para além de actividades comerciais.

Assim, está previsto que seja feito um levantamento de todas as instalações afectadas,

sendo activados mecanismos de indemnização, em coordenação com as autoridades locais,

sempre que se justifique.

Em circunstâncias extremas um reassentamento da população poderá ser necessário

obrigando a identificação de terras residenciais e agrícolas de reposição. Diferentes

experiências no País e a nível internacional indicam que as acções de reassentamento

também são susceptíveis de criar impactos de ordem socioeconómica, particularmente num

contexto em que a terra não é só investida de um valor económico, mas também de

identificação social e espiritual.

Acidentes de Trabalho e Aumento do Risco de Contrair Doenças

Os trabalhadores manusearão maquinaria pesada e estarão expostos a combustíveis e outros

produtos químicos. Será implementado um programa de saúde e segurança ocupacional

que fornecerá a cada trabalhador equipamento de protecção pessoal e lhe dará formação

sobre as regras de segurança a cumprir para um trabalho seguro.

Melhoria das condições de vida da população beneficiária devido ao acesso a serviços mais

eficientes de fornecimento de água.

O projecto de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento da água à Cidade de

Nacala criará condições para o melhoramento da vida das populações beneficiárias devido

ao acesso a serviços mais eficientes de fornecimento de água. A disponibilidade de água

de qualidade ajudará na redução da incidência de doenças de natureza hídrica aumentando

o bem-estar da população local.

A disponibilidade de água levará à redução do tempo de procura de água passando as

populações locais a dispor de mais tempo para outras actividades produtivas de geração de

rendimentos. O projecto irá deste modo criar sinergias com o sector de saúde, educação e

desenvolvimento social. Este será um impacto positivo do projecto e a grande motivação

para a sua implementação.

Estes e outros impactos potenciais do projecto são analisados com detalhe no Capítulo 8

do Relatório Principal, onde são igualmente apresentadas as medidas de mitigação, para os

impactos negativos, e as medidas de optimização, para os impactos positivos. O processo

de gestão de todos os impactos identificados no EIAS, que se encontra detalhado no PGA

da actividade irá requerer do FIPAG e o Empreito contratado para as obras, o

desencadeamento de acções de formação adequada dos trabalhadores, incluindo a

contratação de pessoal/serviços certificados em OHSAS 18001: 2007, bem como do

pessoal qualificado de Ambiente e Segurança para que estes possam ser capazes de

desempenhar as suas tarefas de forma eficaz, reduzindo os riscos de saúde e segurança

xii

ocupacional e ambiente,e socioeconómicos associados às mesmas; Consciencialização

ambiental e social dos trabalhadores do projecto; e Gestão adequada de situações de risco

e emergência.

Impactos Cumulativos do Projecto

O projecto poderá criar sinergias com outras instituições como o município, obras públicas

e administração de estradas que possam resultar em obras de reabilitação/melhoramento de

estradas criando um impacto positivo no património. Este impacto pode ser incrementado

através de coordenação interinstitucional de modo a executarem em simultâneas as

diferentes obras tomando em consideração que serão abertas trincheiras para colocação da

tubagem de expansão da rede.

O projecto irá também criar sinergias com o sector de saúde considerando à sua influência

na redução da incidência de doenças de natureza hídrica que resulta da disponibilidade de

água de qualidade aumentando o bem-estar da população local. As crianças que dedicam

uma parte do seu dia na busca de água terão mais disponibilidade de tempo para se ocupar

a actividaes esepcificias como, por exemplo, estudar no caso de existir disponibilidade de

água, o mesmo acontecendo com a população produtiva que passará a dispor de mais tempo

para outras actividades produtivas de geração de rendimentos aumentando o

desenvolvimento social

Principais Conclusões e Recomendações

As constatações do EIAS do projecto de reabilitação e expansão do sistema de

abastecimento de água à Cidade de Nacala permitem concluir que o projecto proposto não

possui quaisquer elementos que possam determinar a sua suspensão podendo, assim, ser

considerado viável do ponto de vista ambiental.

A importância do projecto foi confirmada durante o processo de consultas públicas às

PI&As que culminou com audiências públicas realizadas no dia 17 de Abril de 2019, na

EPC da Barragem, Posto Administrativo do mesmo nome, no Distrito de Nacala-à-Velha

e no dia 18 de Abril de 2019 no Thamole Lodge, na Cidade de Nacala, que contaram com

a participação de 50 pessoas, que foram unânimes afirmando que o projecto é de

importância vital para a Cidade de Nacala, considerando que vai contribuir na melhoria de

abastecimento de água à cidade e na saúde pública, bem como irá criar postos temporários

de emprego. Contudo, deixaram recomendações pertinentes destacado-se (i) a realização

de reuniões públicas regulares com as PI&As desde o princípio até ao fim do projecto,

independentemente do curso positivo das actividades; e (ii) O FIPAG, na qualidade de

proponente, deverá fazer o acompanhamento directo da implementação das obras do

projecto, bem como das medidas de mitigação e compensação realizadas pelo empreiteiro,

poís, a experiencia mostra que os empreiteiros geralmente passam por cima das regras

ambientais e da saúde e segurança ocupacional, para além do desrespeito pela população

local.

A maioria dos impactos identificados será de intensidade moderada a baixa, podendo ser

xiii

controlados através da implementação das medidas de mitigação, gestão e monitoria

ambiental formuladas neste Estudo.

A responsabilidade de implementação das acções de mitigação, gestão e monitorização

ambiental formuladas neste estudo recaem sobre o FIPAG, na qualidade de Proponente do

Projecto e ao Empreiteiro contratado para a execução das obras. O FIPAG na qualidade de

Proponente, tem a responsabilidade de exigir dos empreiteiros uma actuação responsável

do ponto de vista ambiental.

i

EXECUTIVE SUMMARY

Introduction

This document constitutes the non-technical summary of the updated version of the

Environmental Impact Study (REIA) Report of the Nacala City Water Supply

Rehabilitation and Expansion project. The project aims to improve water supply capacity,

and this document was prepared under the Environmental Impact Assessment Process

(EIA) of the project. The activity comprises five components, with a total cost of US $ 164

million, 4 of which will be implemented by FIPAG - Water Supply Investment and

Heritage Fund, while the fifth component will be implemented by CRA - Water Supply

Regulation Board.

The project was initially proposed in 2009, under the funding of the Millennium Challenge

Account - Mozambique (MCA-Mozambique), the Mozambican counterpart of the

Millennium Challenge Corporation (MCC), a United States development agency. Project

activities started but were not completed during the MCA-Mozambique term and the

various project infrastructures were disrupted at the foundations stage.

From the point of view of environmental and social sustainability, the project was classified

by the Provincial Directorate for the Coordination of Environmental Action of Nampula,

under the Decree 45/2004 of 29 September, which approved the Regulation on the

Environmental Assessment Process in the context. then Ministry of Environmental Action

Coordination (MICOA), which classified the project as Category A, thus requiring the

completion of the Complete Environmental Impact Study. It should be noted that MICOA

was in 2015 transformed into Ministry of Land, Environment and Rural Development, and

also, Decree 45/2004 of 29 September was also revised and revoked by Decree No.

54/2015 of 31 December), which regulates the conduct of the Environmental Impact

Assessment process.

The requested EIA was intended to identify and assess potential impacts on the physical,

biological and socio-economic environment resulting from project implementation, and to

identify appropriate mitigation, management and monitoring measures to reduce /

eliminate potential negative effects taking into account the characteristics biophysical and

socio-economic aspects of the project's area of influence. It was also the objective of the

Environmental Impact Study carried out to identify measures to increase the effect of

positive impacts.

Following categorization, the Environmental Pre-Feasibility and Scoping Study (EPDA)

phase was followed, and the Terms of Reference (ToR) for the Environmental Impact

Study to MICOA (now MITADER) were submitted as provided for in the legislation in

force. It is based on these ToR, approved by MICOA and taking into account both MICOA

recommendations and national and international legislation, standards and procedures

related to the environmental impact assessment process and its mitigation, that the

ii

Preliminary Report was prepared. EIA of the proposed venture.

Environmental Consultant Eduardo Saldanha Langa has been selected by FIPAG to

conduct the revision of this EIAS of the project to improve and expand the water supply

system to Nacala City, in order to adapt / respond to the so-called “Second Water Supply

Project”. Institutional Support (WASIS II) ”- Additional Financing. The initial version of

the EIAS, including the PGAS of the project in question, had been prepared by Burnside,

in partnership with AustralCowi and Consultec under the MCC funding. Mr. Eduardo

Langa is an Environmental Consultant with over 15 years of proven experience in

conducting environmental impact assessment, also certified by MITADER to develop EIA

activities in the country.

The original Environmental and Social Impact Study was prepared within an integrated

contexto of Feasibility Study, Environmental and Social Impact Assessment, Project

Design and Supervision for the Improvement of Water Supply, Sanitation and Drainage

Systems for the Nacala City, prepared by a Consortium of Companies, namely Burnside (a

Canadian Engineering company), Consultec and Austral-Cowi (Mozambican companies).

On these grounds, the presente ESIA Report update is based on the Final Project Design,

as prepared under the MCC funding, which FIPAG now intends to implemente.

The Project Proponent

Nacala City Water Supply Rehabilitation and Expansion project is proposed by FIPAG.

The Project Implementer

MCA-Mozambique was responsible for managing financial resources for the projects

described above and the Water Supply Investment and Heritage Fund (FIPAG) was the

beneficiary of the investments and is currently responsible for the implementation of the

project concerned.

Project Location

Nacala City is located in the northern province of Nampula, about 200 km from Nampula

City, 500 km in a straight line from the country's northern border with Tanzania, about

1800 km from the southern border with South Africa, and about 620 km from the west

border with Malawi (Figure 2).

Nacala is the terminal point of the transport axis consisting of the EN12 road that connects

it with the capital of Nampula Province, as well as the railway lines between Nacala-

Lichinga and Nacala-Entre-Lagos. The existence of Porto, considered to be the third most

important in the country after Maputo and Beira, and allied rail infrastructure together

constitute the Regional Transport Corridor, known as the Nacala Corridor, which makes

Nacala a city with potential for economic development.

iii

Figure 1: Location of project area including administrative boundaries and neighborhoods of Nacala Municipality

The project brings interventions in the dam area (water source and treatment), in the

conduit corridor (transportation) and in the city itself (reservoir construction, rehabilitation

and expansion of the distribution network.

Summary Description of the Proposed Project

The proposed project aims to rehabilitate and expand Nacala City's water supply system to

increase current coverage levels by around 75% to reach 100% of the projected population

by 2029. The project includes the construction of a new 600 mm nominal diameter pipeline

in a 28 km extension to connect the Nacala Dam to the City of Nacala Porto.

Figure 2: View of the Muecula Dam where water is captured to Nacala City

To this end, the following activities are intended for the expansion of the water supply

network:

• Installation of new water collection pumps in the new treatment plant;

• Construction of a new pumping and water transport station;

• Installation of a water quality testing and analysis laboratory;

• Replacement of the main pipeline; and

• Rehabilitation, upgrading and expansion of the distribution system, including the

installation of flow measurement and pressure control zones and the creation of a

properly equipped NRW reduction unit.

Project activities also include:

• Increased network and service coverage through new home connections for residents

v

in peri-urban areas of the project area;

• Reduction of unaccounted water and water losses through rehabilitation and

replacement of the distribution network;

• Improvement of water supply management and water loss management in order to

make more water available to Nacala city residents by installing district water meters;

• Strengthening the institutional and regulatory framework of regional water supply

companies in the country; and

• Make the water supply system sustainable by improving cost recovery measures,

providing training and support to improve efficiency to create private sector

involvement / interest in the operation of this system.

With regard to the World Bank-funded Second Water Supply and Institutional Support

Project - WASIS II, the following activities will be further developed:

• Electromechanical capture equipment and 2 km of raw water transmission pipe (DN

750 mm), from the capture to the new ETA;

• Assembly of new water catchment pumps at the catchment station in the Dam area, for

the new ETA;

• Completion of construction works for the new Water Treatment Station (WTS) not

completed under the MCC project;

• Construction of a New Water Treatment Station and a new treated water pumping

station with greater capacity, based on demand for 2029;

• Build additional reservoirs of treated water in strategic places in the urban area;

• Replacement of the pipeline by a new one with the capacity adequate to the projected

needs of 2029 that will connect the extraction point to the distribution network through

a new WTS;

• Rehabilitation, upgrading, expansion of the distribution network, including the

establishment of flow measurement zones and the establishment of a properly equipped

NRW reduction unit;

• Rehabilitation and construction of a distribution center consisting of a supported

reservoir and pressure tower.

• Construction of a dam that can also be used to supply the Monapo village. The

construction of the dam, the extraction point and the pipeline, at this moment there is

still no information on the proposed location and the layout of the pipeline.

The Environmental and Social Impact Study

The EIAS focused on biophysical and socioeconomic aspects, based on both bibliographic

information and field work. The main impacts of the project on its pre-construction,

construction and operation phases (Chapter 8 of the EIAS Main Report) were identified

and their mitigation measures formulated. Environmental Management and Monitoring

vi

measures have been integrated into a PGAS, which is part of the EIAS Report.

The EIAS also includes a Public Participation Process (PPP) which is carried out with the

primary purpose of informing the public about the project, as well as listening to their key

issues related to it, for consideration in the EIAS. In this context, public consultation

meetings were held in Nacala City.

The Public Involvement Process (PPP)

In order to comply with the guideline on the EIA Process Regulation as well as Ministerial

Diploma no. 130/2006, of 9 July on the Public Participation Process (PPP), were held

meetings of the Affected and / or Stakeholders (PI & As) on 17 April 2019, at the EPC

Barragem, Administrative Post Nacala-a-Velha District and on April 18, 2019 at the

Thamole Lodge in Nacala City.

Specifically, the meetings had among other objectives (i) to inform the public about the

WASIS II project and the need for revision of the Environmental and Social Impact Study

(EIAS) and the Environmental and Social Management Plan (PGAS) of the Water for

Nacala City, (ii) Disseminate the EIAS Report - Updated Version of the study by Burnside

/ AustralCowi / Consultec) under the MCC; (iii) Collect input from stakeholders,

stakeholders and / or affected persons on potential impacts and mitigation measures, and

(iv) Finalize the review of AIAS / PGAS based on additional inputs collected from

stakeholder and affected stakeholder meetings. the project for the rehabilitation and

expansion of the water supply system to Nacala City.

The public hearing was attended by 50 people from various government institutions, local

bodies and society at large and the PI & As unanimously agreed that the project is of vital

importance to Nacala City, considering that it will contribute to the improvement of water

supply to the city. and public health, as well as contributing to the creation of temporary

jobs.

However, some pertinent questions were raised by the PI & As, namely:

(i) how will the affected improvements be treated;

ii) How will the project deal with risks of increased crime and prostitution rates that are

usually associated with any development venture of the proposed type;

iii) The creation of a subsidized water tariff for the local communities (dam area) in relation

to the water tariff that Nacala city residents can afford;

iv) When the project actually begins;

v) How will the issue of pending compensation around the discontinued project be

resolved;

vi) And how labor will be hired to secure some vacancies for local staff.

vii

Finally, the participants left their opinions and recommendations.

(i) The need for regular public meetings with M & As from the beginning to the end of the

project, regardless of the normal course of the project or not;

ii) FIPAG, being the project proponent, should directly monitor the implementation of the

various socio-environmental measures as experience shows that contractors have a habit

of overriding the basic rules and disrespect of the local population.

Potential Environmental Impacts of the Project and Mitigation and / or

Empowerment Measures

The implementation of this project is associated with a number of potential biophysical,

socioeconomic and health impacts on workers and the surrounding population. Some of

the key impacts identified are listed below with the corresponding incremental / mitigation

measures as per impact:

Short-Term Solution Expectation for Water Supply Problems in Nacala City

Given the relevance of water supply problems in Nacala City, the presence of one more

project can create very high expectations among the city's population for the immediate

solution of all water sector problems. However, it is known that solutions will be gradual

and there are initiatives that will be taken in the short term and others in the long term due

to limitations on water sources.

The process of disseminating the project implementation phases and targets should be

coordinated with local authorities, local and traditional leaders and public listening to be

carried out within the EIA is a starting point for initiating this awareness raising.

Changes in Terrain Morphology

This impact could occur as a result of the earthmoving activities required for the

deployment of the project infrastructures to be built, as well as the establishment of material

disposal sites. The use of material lending chambers is another activity that will lead to

changes in terrain morphology which is a negative impact of probable occurrence but of

low significance given its reversibility. To mitigate this impact of the soil removed at the

opening of the trenches will be immediately returned to the pipe burial followed by a

rehabilitation of the work area.

Impacts on Habitat, Vegetation and Fauna

To replace the water pipe it will be necessary to open an unobstructed corridor to allow the

excavation machinery to circulate. The opening of this corridor will imply the removal of

vegetation that will also reduce the habitat of animal species from the terrestrial

environment. Only a small amount of fauna residing in the area where the old pipeline will

be removed, or associated with vegetation in the area of direct influence, may be affected

viii

by the project activities. Some bird species dependent on the vegetation in which the

pipeline will be replaced may be affected.

The opening of yards will also imply the removal of the vegetation cover, however on a

smaller scale as they are smaller areas and do not require a complete cleaning of the

vegetation cover, and some species may be maintained. The direct consequences of this

form of deforestation are changes in natural drainage, soil compaction and erosion. To

mitigate this impact vegetation will be removed only on time limiting vegetation removal

to the minimum necessary. All staff involved in project activities should be instructed to

preserve natural and sensitive habitats in the project's area of influence in addition to

measures to ensure rapid vegetation replacement as well as conservation of topsoil,

planting of trees by the contractor to replace the large trees removed. In the shipyards, the

location of the ancillary infrastructure should be carefully chosen to minimize disturbance

of habitats and rehabilitate all degraded areas of the yards to reconstitute the previous

situation.

Job Creation and Improvement of Population Living Conditions

The project will create limited, temporary and permanent jobs. The economy will be

stimulated directly through local / regional purchase of goods and services, both by local

people and by contractors. To increase this impact, it is proposed to give preference to

workers and suppliers of local and / or national goods and services.

Resettlement of Affected Population along the Water Transmission Main Route

A number of assets along the water transmission main may be affected leading to the need

for compensation and resettlement. Losses of field crops and fruit trees may lead to

situations of greater vulnerability and food insecurity for affected families, particularly in

a context where they are the main basis for subsistence and income. Replacement of land

need to ensure that the new land is of the same agri-ecological conditions to minimize

disruptions on agricultural methods that farmers are familiarized with . Changing distances

to access the main productive resources (machambas, river, forests, etc.) may also be a

disruption to survival systems, as well as the existing structure of division of labor at the

family level.

To minimize the resettlement effects that may arise from the project, it is recommended,

whenever possible, to change the design of the pipeline route to avoid of the assets through

design. The displacement of people, their homes and assets that could not be avoided

through design should be properly compensated using a RCAP (Resettlement and

Compensation Action Plan) to be prepared and approved before the works start. For the

specific case of compensation for loss of areas of machambas and fruit trees, the Provincial

Directorate of Agriculture and Food Security (DPASA) of Nampula should be contacted

in all cases of doubts regarding compensation procedures, including negotiation with land

users. Compensation mechanisms must be implemented in all justifiable cases, based on

clear eligibility criteria. The involvement of local authorities will help to better coordinate

ix

the resettlement activities and minimize conflicts.

Interference with the Economic Activities of the Population

Construction activities may interfere with the commercial activities of the population, such

as stalls, tents and small commercial establishments, as well as with the daily routine of

the population during the construction phase. These activities may be temporarily

interrupted during the installation of the water transmission main and other related civil

works, which may have implications for the families' income. The proposed mitigation

measures include the identification of activities that will require removal for short distances

while the works are in progress and defining the necessary compensation for the temporary

interruption of income-earning activity.

Disruption of Traffic of People and Vehicles and Traffic Volume during the

Construction phase

The construction works of the project will induce an increase in the traffic of heavy vehicles

and equipment at the local level and excavations mainly for the installation of water

transmission main, and other civil works at the water treatment plant and distribution

centers. The increase in vehicle traffic in construction areas in the city of Nacala and its

vicinities may increase the risk of hit-and-run accidents for the local population (especially

children) and their animals. In order to minimize this impact, the project should advertise

in the media, information about traffic restrictions whenever they happen and install a good

signage of the work areas indicating alternative routes, speed restrictions and detours roads

affected by the civil works related to the project.

Child labor

The project will be implemented in an underdeveloped area characterized by poverty and

a lack of perspective for the future, as well as low quality education, which are some of the

factors that may encourage the inclusion of minors as labor in the project, exposing them

to risky situations and vulnerability in several aspects, including health, exposure to

violence, sexual harassment, intense physical efforts, accidents with machines, among

others. The corresponding mitigation measures include the creation of clear criteria on the

hiring of labor, that is, the hiring of minors under the age of 18 will be prohibited and the

Project must have a Code of Conduct on the influx of child labor, as specified in the ESMP.

Influx of Labor

The implementation of the Project's activities is related to the possibility of an influx of

people looking for work because of the expected employment opportunities. Migrant

workers are likely to come mainly from other villages covered by the project but also from

other districts. The influx of jobseekers tends to result in behaviors that are often

disapproved by local communities that welcome migrants. These perceived antisocial

x

behaviors can include criminal activities, alcohol and drug use. These impacts can lead to

resentment and friction between established residents and people who arrive.

Recommended mitigation measures include design of a Accommodation and Workyard

Management Plan, to minimize conflicts with the community associated with the location

of the shipyards and accommodation of personnel; Implementation of a Local Recruitment

Plan, to ensure that hiring is conducted in a transparent and fair manner and to maximize

local employment as much as possible, and to develop a Communication Plan to interact

with communities, informing them of the nature and duration of activities, and establish

communication channels to deal with any social conflicts that may arise and actions on

community risks associated with the influx of workers.

Interference with Earth Uses and Profits

Replacing the existing smaller pipeline may interfere with poor machambas and population

facilities in addition to commercial activities. Accordingly, it is foreseen that a survey of

all affected installations will be carried out and compensation mechanisms will be

activated, in coordination with local authorities, where appropriate.

In extreme circumstances a resettlement of the population may be necessary forcing the

identification of replacement residential and agricultural land. Different experiences at

home and internationally indicate that resettlement actions are also likely to create socio-

economic impacts, particularly in a context where land is not only invested with economic

value but also social and spiritual identification.

Project Cumulative Impacts

The project could create synergies with other institutions such as the municipality, public

works and road administration that could result in road rehabilitation / upgrading creating

a positive impact on heritage. This impact can be increased through interinstitutional

coordination in order to simultaneously carry out the different works taking into account

that trenches will be opened for placement of the network expansion piping.

The project will also create synergies with the health sector considering its influence in

reducing the incidence of water-borne diseases that result from the availability of quality

water, increasing the well-being of the local population. Children who devote part of their

day to water will have more time available to engage in specific activities, such as studying

if water is available, as well as the productive population who will have access to water.

More time for other productive income generating activities enhancing social development.

Accidents at Work and Increased Risk of Disease

Workers will handle heavy machinery and be exposed to fuels and other chemicals. An

occupational health and safety program will be implemented that will provide each worker

with personal protective equipment and train them on the safety rules to be met for safe

work.

xi

Improvement of the living conditions of the beneficiary population through access to

more efficient water services.

The Nacala City water supply system improvement and expansion project will create

conditions for improving the lives of beneficiary populations through access to more

efficient water services. The availability of quality water will help reduce the incidence of

water-borne diseases by increasing the well-being of the local population.

Water availability will lead to a reduction in water demand time, giving local people more

time for other productive income generating activities. The project will thus create

synergies with the health, education and social development sector. This will be a positive

impact of the project and a great motivation for its implementation.

These and other potential impacts of the project are discussed in detail in Chapter 8 of the

Main Report, where mitigation measures for negative impacts and optimization measures

for positive impacts are also presented. The process of managing all impacts identified in

the EIAS, which is detailed in the Environmental Management Plan of the activity, will

require from FIPAG and the contracted contract for the works, including also recruit

OHSAS 18001:2007 certified OHS staff, as well as qualified E&S personnel the initiation

of adequate training of workers, so that they can be able to perform their tasks effectively

by reducing the associated health, safety, environmental and socio-economic risks;

Environmental and social awareness of workers; Proper management of risk and

emergency situations.

Main Conclusions and Recommendations

The EIAS findings of the Nacala City water supply system rehabilitation and expansion

project show that the proposed project does not contain any elements that could lead to its

suspension and could therefore be considered environmentally viable.

The importance of the project was confirmed during the public consultation process at PI

& As culminating in public hearings held on April 17, 2019, at EPC Barragem,

Administrative Post of the same name, in Nacala-à-Velha District and on April 18, 2019 at

the Thamole Lodge in Nacala City, attended by 50 people, who unanimously stated that

the project is of vital importance to Nacala City, considering that it will contribute to the

improvement of water supply. city and public health, and will create temporary jobs.

However, the relevant recommendations were noteworthy: (i) regular public meetings with

PI & As from the beginning to the end of the project, regardless of the positive course of

activities; and (ii) FIPAG, as the bidder, should directly monitor the implementation of the

project works, as well as mitigation and compensation measures undertaken by the

contractor, as experience shows that contractors generally override the rules. occupational

health and safety, in addition to disrespect for the local population.

Most of the identified impacts will be of moderate to low intensity and can be controlled

by implementing the mitigation, management and environmental monitoring measures

xii

formulated in this Study.

The responsibility for implementing the mitigation, management and environmental

monitoring actions formulated in this study rests with FIPAG, as Project Proponent and the

Contractor contracted for the execution of the works. FIPAG as the Proponent is

responsible for requiring contractors to act environmentally.

RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E

SOCIAL (REIAS)

RELATÓRIO PRINCIPAL

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais e Objectivo da Avaliação de Impacto Ambiental

O presente documento constitui-se na edição revista do Estudo de Impacto Ambiental e SOCIAL

(REIAS) do projecto de reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água para a cidade

de Nacala e foi conduzida no contexto da implementação do “Segundo Projecto de

Abastecimento de Água e Apoio Institucional (WASIS II)”, que o FIPAG está a desenvolver.

A versão inicial do EIAS, incluindo o PGAS do proejcto, foi elaborada pelo Consórcio Burnside,

AustralCowi e Consultec no âmbito do financiamento do Millennium Challenge Account (MCC).

O Estudo Ambiental e Social original foi elaborado num contexto integrado de Estudos de

Viabilidade, Avaliação do Impacto Ambientale Social (ESIA), Desenho e Supervisão do

Melhoramento dos Sistemas de Abastecimento de Água, Saneamento e Drenagem da Cidade de

Nacala, realizados pelo Consórcio de empresas BURNSIDE (empresa Canadiana), Consultec e

Austral-Cowi (empresas Mocambicanas). Sendo assim, a presente actualização do relatório do

ESIA tem como base o Projecto Final tal como elaborado no âmbito do financiamento do MCC, o

qual o FIPAG tenciona implementa-lo.

O projecto visa melhorar e aumentar a capacidade de fornecimento de água e este documento foi

elaborado no âmbito do Processo da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do referido projecto.

A actividade compreende cinco componentes, com um custo total de US $ 164 milhões, 4 dos

quais serão implementados pelo FIPAG- Fundo de Investimento e Património do Abastecimento

de Água, enquanto o quinto será à cargo do CRA-Conselho de Regulação do Abastecimento de

Água.

Por Despacho de 9 de Fevereiro de 2010 com a Refa. n.º 73/GD/DPCAA/020/023.7 projecto foi

classificado pela Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER)

de Nampula como sendo de Categoria A (Anexo I), requerendo, à prior, a realização de um Estudo

de Impacto Ambiental (EIA) completo ao abrigo do Regulamento sobre o Processo de Avaliação

do Impacto (Decreto nº 54/2015 de 31 de Dezembro).

A avaliação de impacto ambiental foi desenvolvida com o propósito de identificar e avaliar os

potenciais impactos nos ambientes físico, biológico e socioeconómicos resultantes do projecto e

identificar medidas de mitigação, gestão e monitorização dos impactos do projecto apropriadas

para reduzir/eliminar potenciais efeitos negativos tendo em conta as características biofísicas e

socioeconómicas da área de influência do projecto. É igualmente objectivo do processo de AIA

identificar medidas que permitam incrementar o efeito dos impactos positivos.

O EIAS sucede às fases de Instrução do Processo e de EPDA/TdR já apresentadas e foi elaborado

nos termos definidos no Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental

(Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro) e da Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental

(Diploma Ministerial 129/2006, de 19 de Julho). Tal como previsto no respectivo regulamento, o

principal objectivo deste relatório é o de “analisar técnica e cientificamente as consequências da

implantação de actividades de desenvolvimento sobre o ambiente”. É ao abrigo destes dispositivos

2

legais que se submete, então, o presente documento para efeitos de apreciação e eventual

aprovação pela Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental (DNAIA). O REIA vai

acompanhado pelo Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do proposto projecto, cuja

aprovação resultará na emissão de uma Licença Ambiental (LA) pelo MITADER, que constitui o

objectivo final do presente EIA.

O EIA, assim como PGAS foram elaborados guiando-se pelos Termos de Referência (TdR)

submetidos e aprovados pelo MITADER. O Anexo II apresenta os TdR para o EIA submetidos ao

MITADER e o Anexo III contém a carta de aprovação do EPDA e dos TdR pelo MITADER.

1.2 Identificação do Proponente do Projecto

O projecto de reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala foi

inicialmente proposto pelo Millennium Challenge Account-Moçambique (MCA- Moçambique),

uma instituição de direito público que havia sido criada pelo GoM para implementar o

“Compacto”, um acordo de Cooperação financeira firmado entre o Governo de Moçambique e o

Governo Norte-Americano, representado pelo Banco Mundial/Millennium Challenge Corporation

(MCC) cujas áreas de intervenção são água e saneamento, reabilitação de estradas, terras e combate

ao amarelecimento letal do coqueiro.

Conforme mencionado acima, o projecto de melhoramento e expansão do sistema de

abastecimento de água à Cidade de Nacala será desenvolvido pelo FIPAG. O FIPAG é uma agência

governamental nacional criada com a missão de representar o Estado na gestão do património,

assim como no Programa de Investimento Público dos Sistemas de Abastecimento de Água, na

promoção do seu desenvolvimento e sustentabilidade económica e no acompanhamento da gestão

delegada dos sistemas de abastecimento de água a operadores privados.

A autoridade e responsabilidade da FIPAG incluem (i) investimento e gestão financeira para

reabilitação e expansão do património de abastecimento de água; (ii) maximizar a eficiência e o

retorno no património já existente; e (iii) gestão de contratos, monitoria e fazer cumprir as

obrigações contratuais dos operadores privados.

O FIPAG recebe fundos do governo nacional, governos e organismos internacionais, agências de

financiamento com vista a reabilitar os serviços de abastecimento de água existentes ou criar novos

(por ex. novos pontos de captação, furos, tubagem, estações de tratamento de água e reservatórios)

reabilitar infra-estruturas (edifícios, sistemas eléctricos, fornecimento de energia e vias de acesso).

No âmbito das suas competências, o FIPAG propõe-se a implementar o projecto de reabilitação e

expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala com o objectivo de melhorar o

acesso à água pelas populações desta Cidade. A actividade conta com o financiamento do Banco

Mundial.

O FIPAG tem os seus escritórios centrais em Maputo no seguinte endereço:

Avenida Felipe Samuel Magaia, Nº 1291,

Tel: +258 21308840 / 308815,

Fax: +258 21 308881

Telemóvel: +258 82 3025430 / +258 82 3025910

3

Pessoa de Contacto – Pedro Paulino (Director Geral)

1.3 Identificação do Consultor Ambiental Responsável pelo Estudo Actualizado

Conforme mencionado anteriormente, o processo de AIA do projecto foi levado à cabo pela

empresa Burnside em parceria com a AustralCowi, Limitada e a Consultec, Limitada que foi

selecionada pelo MCA-Moçambique através de um concurso público, como consultor para

conduzir o estudo de viabilidade, avaliação do impacto ambiental e social, concepção e supervisão

do projecto de melhoramento e expansão dos sistemas de abastecimento de água, saneamento e

drenagem às Cidades de Nacala, Mocuba e Gurùé e das Obras de Melhoramento dos Sistemas de

Abastecimento de Água em Monapo e Montepuez.

A presente versão actualizada do EIAS foi conduzida pelo Dr. Eduardo Saldanha Langa. O Dr.

Eduardo Langa é Consultor Ambiental Individual certificado pelo MITADER nos termos do

número 2 do Artigo 23 do Decreto no. 54/2015, de 31 de Dezembro, para realizar estudos de

impacto ambiental no país. O Dr. Eduardo Saldanha Langa é consultor ambiental com mais de 15

anos de experiencia comprovada na realização de avaliação do impacto ambiental no país.

Os detalhes de endereço e contacto do consultor ambiental são fornecidos abaixo.

Av. Comandante Augusto Cardoso, N°453, 3° Andar Único.

Telefone: +258 84 748 4709

Correio electrónico: [email protected]

Polana Cimento, Cidade de Maputo

1.4 Entidade Licenciadora e Autoridade de AIA

O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) que antecede o licenciamento ambiental do

presente projecto, será conduzido pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural –

MITADER, através da Direcção Nacional do Ambiente (DINAB), enquanto Autoridade de AIA.

O endereço físico da DINAB é:

Avenida Acordos de Lusaka no. 2115

Tel.: +25821466245. Fax: +2582146514. C.P 2020

Cidade de Maputo

Por se tratar de um projecto do sector de abastecimento de água, a sua execução enquanto

empreendimento estará associada ao Ministério das Obras Públicas e Habitação.

1.5 Estrutura Geral e Conteúdo do REIA

O presente relatório é constituído por onze capítulos, sendo o conteúdo de cada capítulo descrito

na Tabela 1. Em anexo a este relatório são apresentados os TdR do Estudo de Impacto Ambiental

(EIA), o Processo de Participação Pública (PPP) proposto e a Equipa Proposta para a condução do

EIAS e do PPP.

Tabela 1- Estrutura Do Relatório

SECÇÃO DESCRIÇÃO

Capítulo 1. Apresenta a informação geral relativa ao projecto e define os

4

SECÇÃO DESCRIÇÃO

Introdução objectivos deste relatório e apresenta os proponentes do

projecto, o consultor e a entidade licenciadora.

Capítulo 2.

Abordagem e metodologia do

Processo de EIA

Apresenta o enquadramento metodológico do EPDA no

processo de AIA, descreve as fases de elaboração do EPDA

incluindo a metodologia de identificação dos impactos,

aborda o processo de participação pública e apresenta a

equipa responsável pelos estudos.

Capítulo 3.

Descrição do projecto e das

Alternativas Consideradas

Apresenta a descrição e o fundamento lógico do projecto

proposto suas componentes de modo a assegurar a

compreensão do projecto e a avaliação de impactos. Fornece

uma discussão das alternativas em relação a actividade

proposta e as alternativas a serem consideradas no

desenvolvimento do projecto.

Capítulo 4.

Enquadramento legal

Analisa os requisitos legislativos específicos aplicáveis para

a AIA incluindo o enquadramento do projecto no regime de

Avaliação de Impactos Ambientais vigente em Moçambique

e outros requisitos legais relevantes para a actividade

proposta

Este capítulo apresentação também as principais directrizes

dos proponentes e de organizações internacionais, relativas

ao processo de AIA, participação pública e reassentamento.

Capítulo 5.

Descrição da Situação

Ambiental de Referência

Descreve o meio biofísico da área de estudo e as possíveis

interacções resultantes das actividades do projecto e esse

meio receptor

Capítulo 6.

Identificação dos Potenciais

Impactos do projecto e

Medidas de Mitigação

Apresenta uma listagem e explanação dos potenciais

impactos ambientais decorrentes da actividade proposta.

Classifica os impactos associados ao empreendimento nas

fases de construção e exploração, bem como os impactos

cumulativos de acordo com a existência. Identifica as

medidas de mitigação dos impactos

Capítulo 7

Relatóro sobre o Processo de

Partcipação Pública

Fornece informação relativa ao processo de envolvimento do

público, incluindo a metodologia de organização e realização

de audiências públicas, bem como a lista dos participantes

das mesmas.

Capítulo 8.

Considerações finais

Fornece as conclusões retiradas do estudo de definição de

âmbito.

Capítulo 9.

Bibliografia

Lista as referências bibliográficas usadas no presente estudo

5

O PGAS anexo a este relatório descreve todos os procedimentos necessários para a gestão dos

impactos ambientais.

2 ABORDAGEM E METODOLOGIA DO PROCESSO DE EIAS

2.1 Enquadramento Metodológico

A metodologia geral preconizada para a elaboração dos estudos ambientais associados ao projecto

de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala, considera

todos os requisitos que superintendem estudos de impacto ambiental, com os necessários ajustes

decorrentes das alterações de âmbito dos trabalhos, quer no que respeita ao quadro legal

moçambicano aplicável, nomeadamente o Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro e o Diploma

Ministerial 129/2006, de 19 de Julho, como às orientações internacionais com particular referência

para as directrizes do Banco Mundial, sobretudo no que diz respeito ao reassentamento da

população e Processo de Participação Pública (assim como outras directrizes constantes nos

Princípios do Equador, 2002).

O processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem por objectivo apoiar a tomada de

decisão relativamente ao licenciamento ambiental de uma actividade, nele se inclui a definição do

nível de avaliação ambiental requerido (Screening) e a definição do âmbito do Estudo de Impacto

Ambiental (Scoping), já efectuadas, e a fase de estudo de impacto ambiental e plano de gestão

ambiental.

A outra componente do Regulamento sobre o Processo da AIA, cuja importância é realçada na

legislação aplicável, é o Processo de Participação Pública (PPP), cujas regras se encontram

detalhadas nas Directrizes do Processo de Participação Pública, estipuladas no Diploma

Ministerial n.º 130/2006, de 9 de Junho. As etapas que foram seguidas no processo de AIA com

vista ao Licenciamento Ambiental do projecto, em conformidade com o Regulamento do Processo

de AIA, são apresentadas no diagrama da Figura 1.

6

Figura 1: Etapas do Processo de AIA que foram seguidas para o presente Projecto

2.2 Metodologia e Faseamento da AIA

2.2.1 Esta fase, na qual o presente relatório se integra, consiste na identificação e selecção, de

entre uma série de potenciais problemas e um largo espectro de impactos possíveis, os

aspectos ambientais que poderão advir da implementação do projecto podendo condicionar

o desenvolvimento do empreendimento.

2.2.2 Categorização do Projecto

A categorização do projecto seguiu-se à Instrução do Processo de pré-avaliação ambiental. Esta

categorização ocorreu em resposta ao previsto no Regulamento sobre o Processo de Avaliação do

Impacto Ambiental (Decreto nº54/2015 de 31 de Dezembro1) que prevê a classificação em

Categorias A+, A, B ou C em função do potencial de risco sócio-ambiental que os projectos de

desenvolvimento podem provocar. O projecto foi classificado como de Categoria A por ter um

potencial de causar impactos negativos na área de implementação, o que obrigou à realização de

um Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) e dos Termos de

Referência, seguido da realização de um Estudo de Impacto Ambiental, incluindo um Plano de

Gestão Ambiental e Social (PGAS).

ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DE

ÂMBITO +

TERMOS DE REFERÊNCIA

INSTRUÇÃO DO PROCESSO

Categorização (Categoria A)

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

Relatório de EIA + Plano de Gestão Ambiental

LICENÇA AMBIENTAL

7

2.2.3 Fase de Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito e dos Termos

de Referência do EIA

As etapas definidas para a elaboração do EPDA e dos TdR são as seguintes:

Etapa 1: Actividades Preparatórias

As actividades preparatórias consistiram na revisão de fontes secundárias onde foi compilada e

revista toda informação existente sobre a área do projecto e na mobilização da equipa técnica

envolvida e os meios e equipamentos a afectar às várias tarefas a desenvolver.

Foi feita uma visita de campo para a primeira avaliação das condições ambientais existentes,

potenciais impactos ambientais e sociais e potenciais medidas de mitigação e identificação

preliminar das partes interessadas e afectadas assim como a preparação de uma estratégia, para o

Processo de Participação Pública (PPP).

Etapa 2: Estudos Básicos

Estudos de base: esta componente teve como objectivo a identificação das áreas e aspectos

ambientais críticos que merecerão maior atenção nas fases posteriores assim como as que

precisarão de estudos detalhados. Isto foi possível por intermédio da análise da região onde o

projecto será implementado, as características do projecto em si, a definição de âmbito resultante

de estudos anteriores e do processo de participação pública, de modo a estruturar os conteúdos

para o EIA e desenhar os TdR para o EIA a serem aprovados pela autoridade reguladora. Não

foram identificadas, durante a prossecução destas actividades, quaisquer questões fatais, ou seja,

susceptíveis de inviabilizar o projecto proposto, pelo que se prosseguiu com as análises e estudos

necessários tendo em vista a definição do âmbito do EIA e a elaboração dos TdR do estudo a serem

aprovados pela entidade reguladora competente.

Etapa 3: Elaboração do Relatório Preliminar do EPDA e TdR

Preparação do relatório preliminar do EPDA e TdR, integrando as recomendações, sugestões e

comentários de vários organismos intervenientes de modo a ter versões finais reflectindo os

resultados de todos estudos e o processo dinâmico levado a cabo.

2.2.4 Fase de Estudo do Impacto Ambiental

A seguir a fase de EPDA seguiu-se esta fase de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) conforme

indicado no diagrama apresentado na Figura 1.

O Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto n.º 54/2015 de 31

de Dezembro) recomenda a indicação dos estudos especializados a serem levados a cabo na fase

de EIA. No presente projecto foram desenvolvidos os seguintes estudos:

• Águas (Captação, Tratamento, Adução (transporte) e Conservação);

• Ecologia

8

- Identificação e descrição do meio biológico e as possíveis interacções resultantes das

actividades do projecto;

- Espécies de plantas e animais que podem ser afectadas.

• Condição Socioeconómica

- Dados de população e suas projecções;

- Infra-estruturas existentes;

- Divisão Administrativa e Organizacional

- Condições de vida da população;

- Emprego/desemprego na região;

- Padrões de Uso do Solo;

• Delimitação do Âmbito do Reassentamento.

O estudo de impacto ambiental compreendeu as seguintes actividades principais:

• Visita à área do projecto;

• Consultas a técnicos/gestores da empresa de Águas de Nacala a respeito do projecto;

• Descrição biofísica e socioeconómica da área do projecto;

• Identificação dos principais impactos potenciais, tendo em conta as características do projecto

confrontadas com as características biofísicas e socioeconómicas da área de referência;

• Qualificação dos impactos com base em critérios especialmente utilizados para o efeito a nível

nacional e internacional (natureza, probabilidade, extensão, duração, intensidade e

significância);

• Formulação de medidas de mitigação dos impactos negativos e medidas potenciadoras dos

impactos positivos identificados;

• Formulação de medidas de gestão e monitoramento ambiental dos impactos do projecto,

integradas num Plano de Gestão Ambiental;

O Estudo envolveu igualmente consultas bibliográficas, incluindo documentação diversa

relacionada com o projecto.

2.2.3.1 Metodologia de Identificação dos Impactos

A essência da análise de impactos reside na elaboração e comparação de cenários ambientais: o

quadro ambiental sem o empreendimento serviu como situação de referência, contra o qual foi

confrontado o cenário que considera as tendências ambientais com a implantação do projecto, de

forma a possibilitar a:

• Identificação dos impactos: definição dos potenciais impactos associados às acções previstas

no projecto;

• Determinação das principais características e magnitude dos impactos: caracterização e

determinação da importância de cada impacto em relação ao factor ambiental afectado, quando

analisado isoladamente;

• Identificar as medidas de mitigação incluindo alternativas;

Tendo em atenção a optimização dos recursos necessários para a realização dos estudos, na

identificação e análise global dos impactos foram adoptados métodos do tipo:

9

• Revisões literárias de estudos semelhantes;

• Analogias com casos similares e experiência adquirida em estudos de natureza semelhante;

• Consultas com representantes do FIPAG;

• Reconhecimento de campo a áreas potencialmente afectadas;

• Análise de listagens de controlo e verificação ("checklists") e de matrizes de interacção;

• Consulta à equipa de engenheiros responsáveis pela concepção das componentes de engenharia

do projecto;

• Consulta contínua de outros estudos ambientais e socioeconómicos da área de implementação;

• Observação directa;

• Preocupações e expectativas das Partes Interessadas e Afectadas (PI&As).

A análise preliminar dos impactos realizou-se com base nas características referidas e em outras

informações, tais como a percepção das expectativas da população, as características dos locais e

dos aspectos ambientais considerados críticos e/ou sensíveis e a capacidade de recuperação do

meio, entre outras.

Foram também avaliados impactos cumulativos ou impactos associados a projectos

complementares, associados ou subsidiários, de modo a assegurar uma avaliação tão completa

quanto possível dos impactos ambientais associados à implementação do presente

empreendimento.

Os impactos foram avaliados, para as áreas indicadas na Tabela 2, segundo os critérios

internacionalmente aceites: carácter, extensão, duração, intensidade dos impactos, probabilidade

de ocorrência e sua significância.

• Carácter: descreve a natureza do impacto podendo ser positivo ou negativo;

• Probabilidade: descreve a probabilidade de impacto realmente acontecer;

• Extensão: este critério descreve a área afectado pelo projecto;

• Duração: Este critério descreve o tempo de vida no qual o impacto far-se-á sentir;

• Intensidade: avalia a magnitude do impacto na área do projecto.

• Significância: este parâmetro é avaliado através da síntese de todos critérios mencionados

acima.

Tabela 2– Lista de áreas de avaliação de impactos

GRANDES TEMAS

AMBIENTAIS ASPECTOS AMBIENTAIS

Meio Físico

Clima e Qualidade do Ar

Geologia e Geomorfologia

Recursos Hídricos (quantidade e qualidade,

hidrogeologia, usos da água)

Ruído

Paisagem

Meio Biótico

Habitas, Flora e Vegetação

Fauna Terrestre

Ecossistemas Aquáticos

10

GRANDES TEMAS

AMBIENTAIS ASPECTOS AMBIENTAIS

Meio Socioeconómico

Divisão Administrativa e Organizacional

Aspectos Demográficos

Actividades Económicas

Infra-estruturas e Serviços

Padrões de Uso do Solo

Património Cultural

(Antropológico/Sagrado/Arqueológico)

A Tabela 3 indica os critérios usados para qualificar os impactos.

Tabela 3– Critério usado para avaliação dos impactos

Carácter Positivo Mudanças que beneficiam o ambiente

Negativo Mudanças ambientais adversas

Extensão

Local Área proposta para a construção

Sub-regional Distritos vizinhos

Regional Províncias vizinhas

Nacional Moçambique

Regional/Internacio

nal

Moçambique e países vizinhos

Duração

Curto –prazo Dentro de um período de 6 meses

Médio – prazo Dentro de um período de 6 meses a 2 anos

Longo – prazo Pelo tempo de vida do projecto

Intensidade

Baixa Impacto de baixa severidade, efeitos

menores

Média Severidade média, maiores efeitos

Alta Impactos de grande severidade

Ocorrência

Improvável Improvável de ocorrer

Provável Possibilidade distinta

Altamente provável O mais provável

Permanente Deazfinitivo

Significância

Significância Baixa Não requer uma investigação mais

aprofundada, sem mitigação ou gestão

Significância Média

Requer mitigação e gestão para reduzir os

impactos a níveis aceitáveis (se for

negativo)

Significância Alta Deve influenciar a decisão sobre o projecto

se o impacto não pode ser mitigado ou

gerido

11

2.3 Consulta Pública

A outra componente do Processo da AIA, cuja importância é realçada na legislação aplicável, é o

Processo de Participação Pública (PPP), cujas regras se encontram detalhadas nas Directrizes do

Processo de Participação Pública, estipuladas no Diploma Ministerial n.º 130/2006. A participação

pública durante a AIA é também um requisito do BM em todos os projectos por si financiados.

A participação pública é fundamental nesta fase, uma vez que permite por um lado manter as

PI&A’s informadas acerca dos diversos aspectos que caracterizam o desenvolvimento do projecto

ao mesmo tempo que permite identificar as expectativas e preocupações dessas mesmas PI&A’s,

as quais deverão igualmente ser tidas em consideração durante o EIA.

As actividades levadas a cabo durante a fase de EIA do presente projecto e que permitirão a

preparação da versão final do presente Relatório, incluirão:

• Entrevistas com informantes chave do sistema de abastecimento de água;

• Reuniões com Grupos Focais - Líderes comunitários e mulheres;

• Reuniões Públicas Abertas.

2.4 Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (REIA) e Planos de Gestão Ambiental e

Social (PGAS)

Os resultados do exercício de avaliação e as consultas feitas, incluindo as consultas públicas

auxiliou na elaboração do Relatório de Estudo do Impacto Ambiental (REIA), bem como o Plano

de Gestão Ambiental e Social (PGAS).

Um dos principais objectivos do EIA é assegurar que os potenciais efeitos ambientais dos projectos

propostos sejam evitados ou reduzidos, na medida do possível ou viável. Isto pode ser conseguido

por intermédio de um Plano de Gestão Ambiental. O objectivo da gestão e mitigação dos impactos

ambientais é o de evitar a ocorrência dos impactos negativos ou o de manter os impactos dentro

de níveis aceitáveis. As medidas de mitigação estão centradas sobre os agentes que podem

provocar o impacto. O principal objectivo das medidas de mitigação é de evitar, minimizar ou até

mesmo optimizar o efeito de qualquer intervenção no meio ambiente.

O plano de gestão ambiental tem como objectivo gerir e mitigar os impactos ambientais através

de:

• Identificação de medidas de mitigação que devem ser implementadas, por exemplo, utilizando

métodos de construção, operação e restauração ou processos que reduzem os efeitos ambientais

• Localização do projecto de modo a não afectar locais ambientalmente sensíveis

• Concepção cuidadosa de todo projecto para evitar ou minimizar os impactos ambientais

• Introdução de medidas específicas na concepção do projecto, construção, desmantelamento e

restauração, que vão reduzir ou compensar os efeitos adversos

• Identificação de sistemas e procedimentos para esse efeito, incluindo as entidades responsáveis

pela sua execução

• Especificar os indicadores ambientais para monitorar a eficácia das medidas de mitigação.

12

Para a gestão ambiental ser eficaz, o foco principal deve ser colocado na gestão das actividades de

forma a evitar ou minimizar a ocorrência de impactos. Medidas de gestão ambiental podem ser

variadas e as medidas em si podem ter uma variedade de objectivos, no entanto, a primeira

prioridade é sempre a de evitar impactos negativos, em seguida as medidas de gestão com outros

objectivos devem ser consideradas.

A Tabela 4 apresenta a ordem sequencial em que as várias medidas de gestão devem ser aplicadas.

As várias medidas estão listadas em ordem decrescente de prioridade.

Uma unidade de gestão ambiental vai ser necessária e, consequentemente sugerida no PGAS para

assegurar que em todas as fases as várias questões relacionadas com a mitigação dos impactos

sejam tratadas de forma adequada.

Tabela 4– Ordem de prioridade na aplicação de medidas de gestão

3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO

3.1 Antecedentes do Projecto

Como consequência da longa guerra civil que terminou em 1992, Moçambique foi empobrecido e

Evitar Evitar actividades que possam resultar em impactos negativos.

Evitando recursos ou áreas consideradas sensíveis.

Prevenção Prevenir a ocorrência de impactos ambientais negativos

Preservação

Evitar qualquer tipo de acções futuras que possam afectar

negativamente um recurso ambiental. Normalmente realizado pela

extensão da protecção legal aos recursos seleccionados para além

das necessidades imediatas do projecto.

Minimização

Limitar ou reduzir o grau, extensão, magnitude e duração dos

impactos adversos. Isto pode ser conseguido por

redimensionamento, relocação ou redesenhando os elementos de

um projecto

Reabilitação

Reparação ou melhoria dos recursos afectados, tais como os

habitats naturais ou fontes de água, particularmente quando o

desenvolvimento anterior resultou em significativa degradação

dos recursos

Restauração

Restaurar os recursos afectados a um estado anterior (e,

possivelmente, mais estável e produtivo), normalmente condição

de “background/primitivo”.

Compensação Criação, reforço ou protecção do mesmo tipo de recurso em outro

local adequado e aceitável, para compensar os recursos perdidos.

13

em resultado, o período pós-guerra apresenta a maioria das suas infra-estruturas básicas na

condição de insuficientes para satisfazer as diversas necessidades sociais e económicas, destruídas

ou obsoletas. Para ajudar na redução da pobreza, o Governo de Moçambique desenvolveu e

implementou os Planos de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA)2 (GM, 2006)

cujas bases foram o crescimento económico e investimentos em infra-estruturas. Como resultado,

o país cresceu a um ritmo médio de 8% ao ano e possui muitos programas de investimento em

curso. Estes incluem o sector de abastecimento de água e saneamento e especificamente o projecto

financiado pelo Millennium Challenge Corporation (MCC) estabelecido pelo governo dos Estados

Unidos da América. O Governo de Moçambique e o MCC assinaram um acordo para assistência

financeira denominado “Compact” que estabelece o Millennium Challenge Account for

Mozambique (MCA), como sendo a entidade competente para gerir e implementar o Compact.

O principal objectivo da estratégia do Governo de Moçambique para a reabilitação e expansão dos

sistemas urbanos de abastecimento de água, saneamento e drenagem é o de aumentar a

acessibilidade, fiabilidade e qualidade dos serviços de abastecimento de água, saneamento e

drenagem. Isto é para ser alcançado pela utilização sustentável dos recursos existentes, melhorando

e expandindo as infra-estruturas de tratamento de água, saneamento e drenagem e expandindo estes

sistemas gerindo adequadamente os existentes, dentre outras medidas.

O acesso à água potável e a um serviço adequado de saneamento e drenagem constituem um pré-

requisito para o aumento da produtividade e melhoria da qualidade de vida das pessoas. A água é

vital para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, tais como a redução da

pobreza, a educação, saúde e igualdade de género. A água joga um papel importante e

insubstituível no bem-estar das populações. As medidas acima referidas devem ser

complementadas pelas iniciativas do Governo de Moçambique e outras entidades de apoio ao

desenvolvimento para expandir o tratamento de águas residuais e as redes de esgotos, aumentar o

uso de sistemas sépticos nas áreas urbanas e latrinas nas áreas suburbanas, para além de expandir

e melhorar os sistemas de drenagem de águas pluviais.

Dentre os vários desafios enfrentados pelo sector de águas, constam:

a) O reforço da actual capacidade na provisão dos serviços adequados;

b) Promoção de projectos integrados de abastecimento de água e saneamento

Neste âmbito, reformas institucionais do sector têm sido implementadas também para melhorar os

serviços de abastecimento de água, saneamento e drenagem em todo o país.

Para melhorar os serviços de abastecimento de água às populações urbana e rural de Moçambique,

foi criada, em 1998, uma instituição pública com autonomia patrimonial e de gestão, FIPAG para,

inicialmente, gerir o abastecimento de água nas cinco principais cidades de Moçambique incluindo

a capital, Maputo.

2 De 2001 a 2005 vigorou a primeira versão da estratégia de redução da pobreza (PARPA I) e de 2006 até

ao presente momento vigora o PARPA II.

14

Em 2009, o FIPAG assumiu também o controlo sobre o sistema de abastecimento de água da

cidade de Nacala. Este projecto envolve um estudo de viabilidade (dentro do qual se enquadra o

estudo de impacto ambiental e social), concepção do projecto e supervisão dos melhoramentos

propostos nos sistemas de abastecimento de água destas cinco cidades.

3.2 Localização do Projecto

A Cidade de Nacala situa-se na Província nortenha de Nampula, e dista cerca de 200 Km da Cidade

de Nampula, 500 Km em linha recta da Fronteira Norte do País com a Tanzânia, cerca de 1800km

da fronteira Sul com a África do Sul, e cerca de 620 km da fronteira Oeste com Malawi (Figura

2).

Esta cidade constitui o ponto terminal do eixo de transporte constituído pela estrada EN12 que a

liga com a capital da Província de Nampula e ainda das linhas-férreas entre Nacala-Lichinga e

Nacala-Entre-Lagos. A existência de Porto, considerado como o terceiro mais importante do país

depois de Maputo e Beira, e aliada as infra-estruturas ferroviárias, em conjunto constituem o

Corredor Regional de transportes, conhecido por Corredor de Nacala, o que torna Nacala uma

cidade com potencial para desenvolvimento económico.

15

Figura 2: Localização da área do projecto incluindo os limites administrativos e os bairros do Município de Nacala

16

O projecto traz intervenções na zona da barragem (fonte e tratamento da água), no corredor da

conduta (transporte) e na própria cidade (construção de reservatórios, reabilitação e expansão da

rede de distribuição.

Estas três áreas constituem a zona de influência directa do projecto. Caso se incluir a construção

duma barragem no Rio Monapo e duma conduta do local desta barragem para Nacala a zona da

barragem e o corridor atravessado pela conduta farão também parte da área de influência directa.

À área de influência directa acrescentam-se ainda as zonas onde se construirão vias de acesso

temporárias e permanentes, por exemplo para a movimentação dos materiais e equipamento

necessários para as obras de construção.

O projecto provoca ainda mudanças no rio Muecula e, caso se construir uma segunda barragem,

no Rio Monapo, como resultado duma maior extracção de água, e na baía, como resultado da

implantação e operação dos sistemas de saneamento por esgotos e de drenagem. Estas áreas

constituem a zona de influência indirecta do projecto proposto.

3.3 Definição e Justificação da Actividade Proposta

A água usada para o abastecimento da Cidade de Nacala Porto é captada numa barragem localizada

a 30 Km da cidade. A barragem foi erguida sob o rio Muecula e tem capacidade de armazenamento

de 4.5 milhões de m3, em seu funcionamento pleno. A figura 3 mostra a Barragem no Rio Muecula

onde é captada a água abastecida a Cidade de Nacala.

17

Figura 3: Vista da Barragem no Rio Muecula onde é captada a água para a Cidade de Nacala.

A sua capacidade de armazenamento sofreu uma redução considerável como resultado a

assoreamento e da falta de manutenção. A capacidade de captação do sistema é também reduzida

pela fraca pluviosidade nos últimos anos devido às mudanças climáticas.

Depois da captação, a água é tratada e aduzida a quatro reservatórios para distribuição (R1, R2,

R3 e R4) com uma capacidade de 100m3 cada. Para além destes, existem mais dois reservatórios

(R0 e R5) com capacidade de 100m3 cada.

O referido sistema de captação e adução sofre constantes cortes e violação da conduta ao longo do

seu percurso até à cidade, devido a falta de manutenção e ao mau estado de conservação.

Como resposta à diminuição da capacidade de captação foram identificados 3 campos de furos

onde foram abertos 10 furos de água nova nas zonas de MPaco e Mutuzi 2 e Mutuzi 2.

O sistema de abastecimento de água tem uma cobertura estimada de 75% de uma população

estimada em 206.444 habitantes. A rede de distribuição consiste em 2.524 ligações domiciliárias,

1.123 torneiras no quintal e 55 fontenários.

Os principais problemas relacionados com este sistema de abastecimento de água à Cidade de

Nacala resumem-se no seguinte:

• A capacidade de bombeamento precisa de ser expandida através da instalacao inclusão de

novas bombas;

• A actual estação de tratamento de água não possui capacidade para responder à procura actual

e a projectada para o futuro;

• Mau estado de conservação das condutas de distribuição de água á cidade de Nacala;

• A principal conduta de distribuição de água está localizada numa zona com bastantes

problemas de erosão, e com o acesso bastante difícil;

• O actual estado da barragem, deixa muito a desejar, na medida em que uma das comportas se

encontra estragada, permitindo uma perda permanente de água;

• Localização de condutas em zonas íngremes, habitacionais e susceptíveis à erosão; e

• O sistema de distribuição precisa de ser expandido de modo a aumentar a cobertura de

abastecimento de água e melhorar a qualidade dos serviços fornecidos à cidade.

A descrição acima efectuada justifica a implementação deste projecto tendo em vista não só a

melhoria da qualidade de vida dos citadinos de Nacala, mas também aderir ao preconizado na

Política de Águas (PNA) (Lei 43/2007 de 30 de Outubro) e nos objectivos de desenvolvimento do

milénio (ODM) para o abastecimento de água, saneamento e drenagem das quais Moçambique é

signatário.

Para além disso, foi observado que o desafio mais significante enfrentado no sistema de

abastecimento de água é a limitação da capacidade das fontes de água.

Estes problemas e limitações estão a tornar-se mais evidentes com o acentuado crescimento

18

populacional e as significativas expansões e melhoramentos efectuados na rede de distribuição de

água e o consequente aumento no número de ligações mostrando o facto de que mais água é

necessária a cidade.

3.4 O Projecto Proposto

Actualmente a água bruta captada na barragem de Nacala passa por um processo de tratamento

que consiste na introdução de sulfato de alumínio numa camara de mistura, e a agua passa pelos

decantadores, onde acontece a floculação e decantação, posteriormente, a água passa pelos filtros

metálicos selado, e por fim é introduzido o cloro para a desinfecção e posterior distribuição.

As lamas produzidas são recolhidas para uma bacia especifica e preparada para o efeito e passam

para um processo de secagem, e posteriormente são usadas para actividades agricolas pelas

populações que praticam agricultura nas machambas circunvizinhas.

O projecto proposto tem como finalidade a reabilitação e a expansão do sistema de abastecimento

de água, à Cidade de Nacala de forma a aumentar os actuais níveis de cobertura que actualmente

se situam em 75% de uma população estimada em 206.444 habitantes (INE, 2007). A meta é a de

atingir uma cobertura de 88% em relação à população projectada para 2029. O projecto torna-se

necessário pelo facto de os sistemas actuais de fornecimento de água, não responderem às

necessidades actuais e futuras, não cobrindo todas as áreas residenciais que neste momento

carecem de água.

Um sistema de abastecimento pode ser descrito pelos componentes seguintes:

• Abrangência: população é área geográfica coberta pela rede de abastecimento;

• Fonte da água bruta: O corpo de água que fornece a água que é usada para abastecer o sistema

e o local onde esta água é extraída;

• Transporte: O transporte da água da fonte para a rede de distribuição;

• Tratamento: O processo de limpeza das águas das impurezas bióticas (bactérias, amoebas,

vírus, etc.), físicas (partículas em suspensão) e químicas (substâncias químicas dissolvidas

nocivas à saúde) numa instalação própria chamada Estação de Tratamento de Água (ETA) e

mediante um processo de tratamento específico.

Existem várias técnicas para o tratamento de água onde se destacam:

• Filtragem lenta com filtros de areia: um sistema simples em que a água passa por um filtro de

areia e é purificada através de processos naturais; não requer o uso de químicos (salvo o

adicionamento de cloro depois do próprio tratamento para evitar o risco de contaminação

biológica durante o transporte e a distribuição);

• Tratamento convencional onde a água passa por várias bacias onde se faz a floculação

(acelerada mediante a adição de Al2 (SO4) 3, a sedimentação, e a própria filtragem através de

meios como areia e carbono activado ou antracite. Adiciona-se o cloro para concluir o

tratamento biológico e evitar o risco de contaminação durante o transporte depois do

tratamento;

19

• Tratamento convencional sob pressão, onde o processo é semelhante, mas onde a filtragem é

feita sob pressão, o que reduz o tamanho dos filtros em relação ao volume de água que pode

ser tratada. Pode ainda ser necessário fazer-se tratamentos adicionais para eliminar cargas

excessivas de cal, ferro ou magnésio;

• Todos os processos produzem resíduos. No caso do tratamento por filtragem lenta é preciso

remover com uma certa regularidade uma camada orgânica conhecida pelo nome

schmutzdecke”, que se constitui em cima do filtro. No caso do processo convencional sem e

com pressão com a lavagem dos filtros mediante uma inversão da corrente de água;

- Armazenamento: A armazenagem de água para garantir que haja sempre água disponível,

mesmo em momentos em que a demanda ultrapassa as capacidades de extracção, transporte e

tratamento;

- Distribuição: O fornecimento de água aos utentes mediante uma rede de tubagens e ligações,

onde se destacam as ligações domésticas (ligações para o interior da casa com saídas

específicas, por exemplo na cozinha, na casa de banho e no lavabo), as ligações ao quintal (a

casa tem apenas uma torneira que se localiza normalmente fora do edifício no seu quintal), e

fontenárias (uma torneira colectiva que serve um conjunto de agregados familiares);

O sistema de pagamento pelo consumo de água relaciona-se à distribuição e é determinante para a

sustentabilidade económica e social do sistema de abastecimento.

Nestas componentes, o Projecto pretende desenvolver para a expansão da rede de abastecimento

de água, as seguintes actividades:

• Alcançar uma abrangência geográfica e populacional maior de modo a que em 2029 88% duma

população estimado em 340.000 pessoas tenham acesso através de ligações domésticas,

torneiras no quintal, ou fontenárias;

• Substituir a antiga conduta adutora por uma nova adutora com a capacidade da conduta adutora

adequada às necessidades projectadas de 2029 que ligará o ponto de extracção à rede de

distribuição através dum novo Estação de Tratamento de Água;

• Concluir as obras de construção da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) não terminada

no âmbito do projecto MCC localizada a 2.5 km da albufeira onde a água será tratada mediante

o método de tratamento convencional;

• Construir uma nova estação de bombagem de água tratada com capacidade maior, baseada na

demanda projectada para 2029;

• Construir reservatórios adicionais de água tratada em lugares estratégicos na zona urbana;

• Reabilitar, melhorar e ampliar o sistema de distribuição, incluindo o estabelecimento de

contadores distritais;

• Fortalecer a unidade de gestão para alcançar a redução de perdas de água e a cobrança das

taxas de consumo;

• Identificar uma fonte adicional no Rio Monapo para a construção duma barragem que pode

servir também para o abastecimento da cidade de Monapo, a construção da barragem, do ponto

de extracção e da conduta adutora; neste momento ainda não há informação sobre o local

proposto e o traçado da conduta adutora.

20

A operação das várias instalações exige energia (neste caso: electricidade) para a operação das

bombas e produtos químicos para o tratamento (normalmente cloro e sulfato de alumínio). As

intervenções e as suas dimensões quantitativas encontram-se sumarizadas na Tabela 5.

21

Tabela 5-Sumário das acções previstas no Projecto para a componente DE REABILITAÇÃO e

Expansão do Sistema de Abastecimento de Água

Área de

intervenção Situação actual Meta 2019 Meta 2029

Actividades até

2019

Abrangência

8% de cerca de

87.000 com

cerca de 11.000

m3/dia

80% duma

população de

250.000

usando 25.600 3/dia

88% duma

população de

340.000 usando

37.225 m3/dia

Aumento das

fontes, Redução

das perdas,

Expansão da

rede

Fonte

Barragem no

Rio Muecula,

7.200 m3/dia;

Campo de furos

em Mtuzi e

Mpaco, 3800

m3/dia

Reforçar

barragem

existente

Exploração

completa dos

furos,

Rio Monapo

com 10.000

m3/dia a 70

km da cidade

Barragem

existente (com

10.000 m3/dia)

Exploração

completa dos

furos (10.000

m3/dia),

Rio Monapo com

27.000 m3/dia a

70 km da cidade

Levantar a

barragem;

Pôr em

operação todos

os furos

Construção

duma represa,

ponto de sucção

e conduta de

cerca de 70 km,

servindo

também

Monapo

Conduta

Tubo com

diâmetro de 30

cm numa

distância de 4,1

km e Tubo com

diâmetro de 40

cm numa

distância de 23,4

km;

AC

Tubo com

diâmetro de 75

cm numa

distância de

4,1 km e Tubo

com diâmetro

de 75 cm

numa

distância de

23,4 km;

Manter a

conduta

existente

como reserva

depois de ser

reabilitada

70 km conduta

do Monapo

Tubo com

diâmetro de 75

cm numa

distância de 4,1

km e Tubo com

diâmetro de 75

cm numa

distância de 23,4

km;

Manter a conduta

existente como

reserva depois de

ser reabilitada

70 km conduta do

Rio Monapo

Colocar nova

conduta,

reabilitar a

existente

Escavar, colocar

nova conduta,

vias de acesso

(temporárias)

22

Área de

intervenção Situação actual Meta 2019 Meta 2029

Actividades até

2019

Depósitos

4000 m3, 200 m3

elevado no

sistema da

barragem e 500

m3 e 200 m3

elevado no

sistema de

Mpaco

Três novos

reservatórios

nas áreas com

depósitos

existentes com

o total de 5000

m3

Três novos

reservatórios nas

áreas com

depósitos

existentes com o

total de 5000 m3

Construir mais

três

reservatórios

nas áreas com

depósitos

existentes

Tratamento

Filtragem directa

na ETA ao lado

da barragem

Convencional Convencional

Modificação e

ampliação da

ETA e a sua

operação

Distribuição

4.200 domésticas

4.200 quintal

100 fontenárias

AC e PVC

10.000

domésticas

10.500 quintal

130

fontenárias

Apenas PVC

17.000

domésticas

17.750 quintal

140 fontenárias

Apenas PVC

Substituição do

AC, expansão

3.1.1 Abertura de Estaleiros

A proximidade entre a barragem e os assentamentos populacionais não obrigará a criação de

acampamento para alojar toda mão-de-obra recrutada para as obras à excepção da que for

seleccionada para guarnição. Esta será geralmente acomodada nos acampamentos.

A localização dos mesmos será seleccionada pelo Empreiteiro, o qual deverá ter em conta aspectos

como acesso para o acampamento, acesso a água e outros materiais, etc. Todo o material será

armazenado nos acampamentos.

3.1.2 Consumo de Água e Energia

Será necessária água para as obras, em quantidades não determinadas, sabendo-se apenas que os

volumes serão relativamente baixos, pois destinam-se apenas aos trabalhos de dimensão

relativamente reduzida, tais como a construção de fundações e betonagem das paredes da estação.

Prevê-se que o Empreiteiro venha a fazer uso da água da barragem no caso da expansão da ETA e

das fontes públicas de distribuição de água existentes no caso da construção de um novo

reservatório de água e centro distribuidor.

Para a operação de equipamento mecanizado, onde aplicável, recorrer-se-á ao uso de geradores a

diesel. Enquanto as viaturas de construção usarão os combustíveis apropriados.

As pás escavadoras que serão usadas para a abertura de trincheiras para a substituição de secções

23

da conduta de asbestos cimento serão abastecidas de diesel. As quantidades dependem do tipo e

do estado do equipamento a ser usado pelo Empreiteiro seleccionado para levar a cabo a

empreitada.

O processo de selecção do empreiteiro será rigoroso no sentido de avaliar o tipo de equipamento

que ele se propõe a usar nesta actividade. Máquinas em melhor estado de conservação ajudarão a

baixar os níveis de emissões previstas neste tipo de actividades. Os lubrificantes a usar são os

genéricos para motores a diesel. Estes combustíveis e lubrificantes provirão do mercado nacional

que tem capacidade completa de abastecer.

3.5 Produção de Resíduos Sólidos e Líquidos

Prevê-se que durante as obras de construção seja gerada uma quantidade limitada de resíduos

sólidos, principalmente ligados a lixos domésticos produzidos pelos trabalhadores, tanto na frente

de trabalho como nos acampamentos. Da actividade de construção poderão surgir alguns resíduos,

nomeadamente entulho e restos de materiais.

Quanto aos resíduos líquidos, a maior parte serão também gerados nos acampamentos – águas

residuais provenientes das casas de banho. Pequenas quantidades de óleo usado e combustíveis

poderão também ser gerados durante o decurso da actividade.

O tratamento consiste em coagulação ou floculação. Neste processo, as partículas sólidas se

aglomeram em flocos para que sejam removidas mais facilmente. Este processo consiste na

formação e precipitação de hidróxido de alumínio (AI (OH)3) que é insolúvel em água e "carrega"

as impurezas para o fundo do tanque. Primeiramente, eleva-se o pH da água pela adição ou de uma

base directamente, ou de um sal básico conhecido como barrilha (carbonato de sódio). Pós o ajuste

do pH, adiciona-se o sulfato de alumínio, policloreto de alumínio (PAC) ou ainda sais de ferro III.

No caso de ser adicionado o sulfato de alumínio, nota-se que este irá se dissolver na água e depois

precipitar na forma de hidróxido de alumínio. Os flocos formados vão sedimentando no fundo do

tanque, "limpando" a água.

A concentração final de alumínio residual é função de vários aspetos tais como a concentração

presente na água bruta, a dosagem de coagulante, o pH da água, a temperatura, o carbono orgânico

dissolvido e da eficiência de filtração.

O processo de tratamento ao deixar progredir o alumínio para a fase de distribuição pode levar à

precipitação deste na forma de compostos insolúveis. A deposição e acumulação deste pode causar

problemas ao nível do aumento da turbidez da água. Os depósitos conseguem ainda interferir com

o processo de desinfeção, levado a cargo pelo desinfetante residual, ao servir como proteção dos

microrganismos ao químico desinfetante.

O alumínio residual poderá ainda aumentar de concentração ao longo da rede de abastecimento

se o sistema de distribuição possuir estruturas de transporte e armazenamento constituídos por

cimento, fibrocimento ou argamassa. A presença de residual de alumínio na rede de distribuição

, pode causar alguma turvação e eventual presença de microrganismos, poderá então conferir à

24

água de consumo problemas estéticos e de saúde.

É possível a mitigação da passagem do alumínio residual para o sistema de distribuição, quando

aplicadas estratégias de correção no processo de tratamento. A estratégia mais comum para a

redução dos níveis de residuais de alumínio é o ajuste do pH para próximo do mínimo de

solubilidade, próximo dos 6. Outras estratégias podem ser aplicadas como o uso de um coagulante

alternativo como os sais de ferro, a redução da dose aplicada de alumínio com a combinação de

polímeros e a remoção efetiva da fração particulada (Al (OH) 3 (s)) durante o processo de filtração.

3.6 Recrutamento de Mão-de-Obra

A força de trabalho a ser envolvida nas actividades deste projecto será definida durante o estudo

de viabilidade onde está prevista a estimativa de custos do projecto. Entretanto força de trabalho

qualificada será necessária para a condução das actividades de construção cuja proveniência será

na sua maioria moçambicana. Se as especificidades das actividades do projecto requererem a

contratação de especialistas com experiência que não existam em Moçambique então mão-de-obra

estrangeira será contratada.

De entre várias especialidades espera-se que o projecto envolva técnicos das seguintes

especialidades: Técnicos de obras civis, Técnicos de agrimensura, Técnicos de hidráulica,

Topógrafos, Geotécnicos para além de pessoal de gestão do projecto. Força de trabalho local será

contratada como trabalhadores eventuais para aquelas actividades que não requeiram qualificações

específicas.

3.7 Duração do Projecto e Etapas de Execução

Está previsto que o projecto de expansão da rede de distribuição de água à Cidade de Nacala seja

levado a cabo em dois anos. O cronograma de execução das actividades será definido

posteriormente e coberto pelo relatório de EIA.

3.8 Alternativas Consideradas

Segundo a Alínea f) do artigo 11 do Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro que regula o Processo

de Avaliação do Impacto Ambiental, devem ser descritas detalhamente e comparadas as

alternativas durante o EIA.

Na fase de EPDA foram analisados dois tipos de alternativas, nomeadamente (i) alternativas à

actividade proposta equivalente a “Não Execução” do projecto, e (ii) alternativas relativas ao

projecto, incluindo o tipo e localização de fontes adicionais de água para abastecer a cidade, a

infra-estrutura da Adutora de água e o seu traçado, o tipo de estação de tratamento de água,

localização da estação de tratamento de água, o sistema de distribuição de água e a expansão do

sistema de transporte da água. As alternativas a seguir descritas e comparadas estão sujeitas a

medidas de protecção ambiental que permitam assegurar a minimização da potencial interferência

negativa do empreendimento na qualidade do ambiente biofísico e socioeconómico da sua área de

25

implementação.

3.8.1 Alternativas à Actividade Proposta

Em projectos desta natureza, a localização proposta para a instalação das infra-estruturas de

abastecimento de água é determinada após uma série de estudos hidrológicos/hidrogeológicos,

topográficos combinados com a distribuição espacial da população. Deste modo, a localização do

projecto está condicionada à probabilidade da existência de condições apropriadas em determinada

localização. Por este motivo, a alternativa de localização a considerar para este projecto é a de

“não execução”, onde nenhum tipo de actividade ocorre dentro da área da Cidade de Nacala.

O presente projecto permitirá que o FIPAG desenvolva o melhoramento e expansão do sistema de

abastecimento de água à Cidade de Nacala que tem a eles associados uma série de benefícios

socioeconómicos e ambientais potenciais. A “não execução” deste projecto não se recomenda pois

anularia todos estes benefícios potenciais que a seguir se descriminam:

• Melhoria das condições socioeconómicas da população devido a expansão do serviço de

abastecimento de água para novas áreas da cidade;

• Fiabilidade do abastecimento de água a cidade de Nacala;

• Criação de oportunidades de emprego temporário directo e indirecto para a população local na

fase de construção, sobretudo trabalho não especializado e semi-especializado para além da

Geração de oportunidades de pequenos negócios

• Impactos cumulativos devido a sinergias com projectos de outras instituições (saúde,

educação). O projecto poderá criar sinergias com outras instituições como o município, obras

públicas e direcção de estradas que possam resultar em obras de reabilitação/melhoramento de

estradas. O projecto irá criar também sinergias com o sector de saúde devido a sua influência

na redução da incidência de doenças de natureza hídrica que resulta da disponibilidade de água

de qualidade aumentando o bem-estar da população local. As crianças que dedicam uma parte

do seu dia na busca de água terão mais disponibilidade de tempo para estudar no caso de existir

disponibilidade de água, o mesmo acontecendo com a população produtiva que passará a dispor

de mais tempo para outras actividades produtivas de geração de rendimentos aumentando o

desenvolvimento social.

Entretanto o projecto é susceptível de causar impactos ambientais negativos:

• Aumento do potencial de erosão dos solos;

• Potencial aumento de rotura de tubagens e formação de charcos de água;

• Aumento de efluentes domésticos devido ao aumento da disponibilidade de água;

• Aumento de doenças de natureza hídrica devido ao potencial aumento de charcos;

• Potencial impacto na Baía de Nacala em resultado do aumento das descargas de efluentes

causados pelo aumento da disponibilidade de água;

• Potencial contaminação dos solos e águas subterrâneas pelo aumento por derrames acidentais

de hidrocarbonetos e pela má gestão de resíduos sólidos e líquidos;

• Potencial contaminação dos solos pelo aumento das lamas provenientes da estação de

tratamento de água;

26

• Aumento dos níveis de ruídos e vibrações associados à fase de construção do projecto;

• Emissão de fumos e gases resultantes de veículos e maquinaria afecta à obra;

• Mudanças do uso de terra ou mudança da intensidade de uso de terra;

• Potenciais impactos nos habitats e na vegetação e fauna;

• Reassentamento de parte da população residente ao longo da rota das condutas;

• Interferência com as actividades económicas da população;

• Perturbação do trânsito de pessoas e veículos durante a fase de construção e mudança no

volume de tráfego;

• Expectativas excessivas em relação a oportunidades de emprego;

• Perda de culturas, árvores de frutos e terras produtivas (terras agrícolas e de pastagem);

• Possível interferência com usos do solo prevalecentes na zona do projecto;

• Potencial aumento da incidência de doenças transmissíveis e não transmissíveis, incluindo a

propagação do HIV/SIDA;

• Impactos sobre a Saúde e Segurança Ocupacional.

Os impactos ambientais negativos que foram identificados são de fácil mitigação pelo que não

foram identificadas questões fatais que impeçam a realização do projecto. Esta é uma razão para a

rejeição da alternativa de “não execução” do projecto.

3.8.2 Alternativas Relativas ao Projecto

Para além da alternativa de “não execução”, são consideradas alternativas relativas ao projecto.

Estas incluem o tipo e localização de fontes adicionais de água para abastecer a cidade, a infra-

estrutura da conduta adutora de água e o seu traçado, o tipo de estação de tratamento de água,

localização da estação de tratamento de água, o sistema de distribuição de água e a expansão do

sistema de transporte da água. As alternativas indicadas com sendo de curto prazo deverão ser

desenvolvidas até 2013 no âmbito do “compacto” pelo que apenas elas são consideradas neste

EIA. As alternativas a longo prazo são componentes do projecto que serão levadas a cabo

posteriormente sendo nessa altura preparados os EIA correspondentes.

3.8.3 Alternativas de Fontes de Abastecimento de Água

Diversas alternativas de fontes de abastecimento de água foram consideradas e são aqui resumidas.

A alternativa avançada como a opção preferida é a continuação do uso da fonte na barragem

existente, juntamente com a optimização do abastecimento a partir dos dois campos de furos e

deve ser complementada por uma captação futura no rio Monapo (Figura 5).

Dada a demanda máxima diária projectada de 55.316 m³/d, e permitindo que cerca de 10 mil m³/d

da Barragem de Muecula e dos três campos de furos existentes, um remanescente de cerca de 35

mil m³/d terá de ser obtido a partir do rio Monapo. Especificamente, a demanda máxima diária

projectada é assumida que possa se obtida da seguinte forma:

• Barragem de Muecula 10,000 m³/d;

• Os três campos de furos 10,000 m³/d;

27

• Outras fontes 35,316 m³/d;

• Fornecimento máximo diário 55,316 m³/d.

A avaliação das fontes alternativas de abastecimento de água é sumarizada na Tabela 5.

28

Figura 4: Alternativas de fontes de abastecimento de água foram consideradas

29

Tabela 6-Avaliação de fontes alternativas de abastecimento de água

Fonte Capacidade Vantagens Desvantagens Observações

Água Subterrânea – Existente

Campo de Furos de M’Paco

Campo de Furos Mutuzi

3,230 m³/d

4,420 m³/d

(Total de 7,650

m³/d)

• Alguma Infra-estrutura no

local

• Condições geológicas para

fonte de água subterrânea

• Rendimento definido

• Água de boa qualidade

• Reabilitar, reconstruir e

testes de bombagem são

necessários para confirmar

dados de rendimento seguro

• só pode fornecer 21% da

demanda futura. Fontes

adicionais são necessárias.

• devidamente equipados, a

capacidade combinada dos

seis furos pode ser da ordem

de 10.000 m³/dia.

• Considerada uma alternativa

viável para suprir 21% da

demanda de água prevista

para o futuro

Água Superficial

Barragem existente sobre o

Rio Muecula

10,000 m³/dia. –

98% de confiança

• Algumas infra-estruturas no

local

• fonte existente na cidade (25

km da cidade).

• confiabilidade de 98%

• água de boa qualidade

• Novas instalações de

tratamento devem ser

construídas para fornecer a

capacidade necessária

• Só pode fornecer 20% da

demanda futura.Uma fonte

adicional é necessária.

• Considerada uma alternativa

viável para suprir 21% da

demanda de água prevista

para o futuro

• A barragem pode fornecer

até 50% da demanda futura

se for elevada por 2 metros.

Rio Sanhute 35,000 m³/d –

<30% de

Confiança

• Água de boa qualidade

• Rio sazonal, mas com fluxo

suficiente para abastecer

57% da demanda prevista

para o futuro, se uma

estrutura de armazenamento

for criada

• ~35 km da cidade

• <30% de confiança

• Requer estrutura de

armazenamento de água

• Localizar o local para

construir a barragem pode

• Fluxos disponíveis são

sensivelmente mais

elevados do que no Rio

Muécula

• Considerada uma alternativa

viável para suprir 57% da

30

Fonte Capacidade Vantagens Desvantagens Observações

• 30 km da cidade ser difícil à medida que o rio

aproxima-se da foz.

demanda de água prevista

para o futuro

• Estrutura de represamento

de água é necessário

• Análise detalhada solicitada,

se esta alternativa for

seleccionada

• Análise detalhada será

necessária se esta alternativa

for seleccionada

Rio Muriaco 35,000 m³/d –

<20% de

confiança

• Perto da cidade • <20% de confiança

• ~9 km da cidade

• Não tem fluxo em mais de

60% do tempo do tempo

• Rio sasonal e não adequado

para cobrir a demanda de

água da cidade

• Possibilidade de ocorrência

de Intrusão Salina

• Esta alternativa não é

considerada uma alternativa

viável uma vez que ela não

tem capacidade de fornecer

os volumes requeridos

• Não é proposta qualquer

investigação adicional

Rio Niequei 35,000 m³/d –

<50% de

confiança

• Perto da cidade • <50% de confiança

• ~11 km da cidade

• Não tem fluxo em mais de

60% do tempo do tempo

• Rio sasonal e não adequado

para cobrir a demanda de

água da cidade

• Esta alternativa não é

considerada uma alternativa

viável uma vez que ela não

tem capacidade de fornecer

os volumes requeridos

• Não é proposta qualquer

investigação adicional

31

Fonte Capacidade Vantagens Desvantagens Observações

Possibilidade de ocorrência

de intrusão Salina

Rio Monapo na E-140 35,000 m³/d –

>70% de

confiança

• > 70% de confiança

• Água de boa qualidade

• Fluxo suficiente para

abastecer 57% da demanda

prevista para o futuro, se

uma estrutura de

armazenamento for

construída

• 70 km da cidade

• Maior distância da cidade

• Requer uma estrutura de

armazenamento de água

bruta

• O rio Monapo é proposto

como fonte de água

superficial para Monapo, e

Nampula, e também em

consideração para Nacala, o

que levanta a questão da

necessidade de uma

avaliação de multi-uso e

estudo da bacia do Monapo

• Custo das condutas

Adutoras

• O rio Monapo é uma

alternativa viável para uma fonte

confiável para a cidade de

Nacala

• Estrutura de armazenamento

de represamento é necessário

• Alto custo da conduta adutora

• Análise detalhada será

necessária, se esta alternativa for

seleccionada

• Avaliação Multi-uso da bacia é

necessária

Oceano Indico

(dessalinização)

55,316 m³/d –

100% de

confiança

• Fornecer 100% da demanda

total

• Pode ser considerada como

uma alternativa para um

sistema regional de

abastecimento de água de

modo a incluir as cidades de

Nacala, Nampula e Monapo

• Alto capital inicial e custo

de operação

(dessalinização)

• Elevado Consumo de

energia

• Esta alternativa não é o

escopo dos TdR para este

projecto. Se fosse para ser

considerada, deveria ser

baseado em um horizonte

de planeamento que

ultrapassa os 20 anos

32

3.9 Tratamento de Água

A fim de atingir os objectivos para o tratamento, conforme documentado nos parágrafos anteriores,

três opções são consideradas e avaliadas como se segue.

3.1.3 Filtro de Membrana com Pré-Tratamento

A filtração por membranas é um processo de tratamento muito eficiente, mas sofisticado, que

poderia ser considerado para este e virtualmente para qualquer tipo de fonte de água de superfície.

O fundamental do processo é a passagem da água pré-condicionada através de uma membrana

sintética que vai separar as partículas suspensas e patógenos do fluxo do rio e assim, atingir os

objectivos que são a remoção de turbidez acima referida. O processo exigiria um nível adequado

de pré-tratamento, dado que os níveis característicos de turbidez da água terão oscilações extremas

especialmente durante a estação chuvosa que precisariam de ser humedecido antes da aplicação

para este processo. O pré-tratamento consistiria no mínimo, de sedimentação numa área de cerca

de 1,250 m². A estrutura da membrana de filtração terá uma área estimada de cerca de 3.250 m².

As membranas precisam de regeneração periódica normalmente com uma solução concentrada de

cloro e também a substituição após um número de anos em operação. A substituição é garantida

normalmente a cada 5-10 anos, dependendo das características da água bruta e do nível de

manutenção do operador.

A desinfecção é conseguida através da aplicação de solução de hipoclorito, no final do processo

de tratamento. A pré-cloração também pode ser necessária para controlar o crescimento de

organismos orgânicos dentro do processo.

A filtração por membranas, embora simples em conceito e em algumas situações pode reduzir

significativamente ou eliminar por completo a aplicação extensiva de coagulantes químicos, que

requerem um sistema múltiplo de suporte de equipamento electromecânico e de controlo. Dada a

complexidade dos periféricos e sistemas de apoio que são necessários com essa tecnologia, a

filtração por membranas com o pré-tratamento não é considerada uma tecnologia apropriada para

Monapo e não será mais considerada.

3.1.4 Filtração Lenta com Areia com Pré-Tratamento

Em vez da exigência de aplicação de coagulantes como auxiliares de filtração, que são uma

componente integral do processo convencional de tratamento de água, a filtração lenta com areia

depende do processo passivo de uma taxa de filtragem extremamente baixa que pode ser da ordem

de 50 vezes menos que a taxa usada numa filtragem convencional rápida de areia.

Dada a variação caracteristicamente alta na turbidez da água bruta dos rios, assim como o Monapo,

o processo de filtração lenta de areia também garante pré-tratamento, tal como sedimentação. Por

exemplo, seria necessário um fluxo de 45.000 m³/d à uma taxa baixa de calarificação de 1,5 m/h,

e uma área de sedimentação de cerca de 1,250 m².

A desinfecção é conseguida através da aplicação de solução de hipoclorito, no final do processo

33

de tratamento. Ao contrário de outros processos, a pré-cloração é normalmente evitada, uma vez

que o processo lento de filtração de areia é dependente da formação de uma camada orgânica

(termo técnico, schmutzdecke) na parte superior do filtro, que é um componente crítico de um

processo funcional. A remoção periódica desta camada orgânica é a principal manutenção

necessária para um filtro lento de areia porque não há nenhuma lavagem regular da areia.

No Norte de Moçambique, a eficácia do processo de filtração lenta de areia é significativamente

influenciada pelo crescimento de algas nos reservatórios, que é impulsionado pela combinação de

temperatura quente da água, intensas e longas horas de luz solar e níveis suficientes de nutrientes

na água bruta. Estas condições são observadas na planta de filtração lenta de areia existente e que

está em operação em Quelimane. Para mitigar os problemas operacionais causados por algas é

necessário garantir que os tanques sejam cobertos por uma sombra à base de uma estrutura com

lona.

As vantagens da filtração lenta em um local como Monapo são:

• O fluxo a ser tratado é relativamente pequeno, portanto, a área de filtro que se justifica, mesmo

em baixa taxa de filtração será administrável. Por exemplo, a capacidade de tratamento de

10.810 m³/d, a uma taxa de 0,2 m / h, exigirá uma área de 2.250 m2. Isso é equivalente a 8

células de 30 x 10 m e que em comparação é aproximadamente 50% maior que a planta de

tratamento de água existentes no campo de furos Licuari em Quelimane;

• A principal vantagem do processo de filtração lenta de areia é que ele elimina a necessidade

do uso de coagulantes químicos que não só reduz o custo das operações, mas também

simplifica os requisitos técnicos de operação e manutenção, como lavagem regular que é

necessária com o processo convencional de tratamento de água.

3.1.5 Processo de Tratamento Convencional de Água

O processo de tratamento convencional de água é uma tecnologia bem estabelecida e comprovada

que é adaptável a praticamente qualquer combinação de características da água bruta. É o processo

que é comum em Moçambique, por exemplo, em Nampula, Beira, Maputo, etc. O elemento-chave

para um melhor desempenho do sistema para além do projecto inicial e a construção são as

operações efectivas e muitas vezes isso se torna o elo mais fraco.

Uma estação de tratamento de água convencional é composta por uma série de processos

singulares, como se segue:

• Adição de coagulantes geralmente hidróxido de alumínio em combinação com a ajuda de um

coadjuvante de coagulante comummente referido como um “polímero";

• Para a água com alta alcalinidade, como são as fontes normalmente encontradas no Norte de

Moçambique, há também a necessidade da adição de carbonato de cálcio ou um composto

similar;

• Mistura rápida do coagulante ajuda a promover a reacção química que resulta na formação de

flocos químicas;

• Mistura lenta, floculação, para promover o crescimento das partículas de flocos químicos;

34

• Sedimentação (clareamento) para sedimentar as partículas de flocos químicos e para a qual são

atraídas as partículas finas em suspensão que existem na água e que são medidos como

turbidez;

• Filtragem do efluente do decantador através de areia ou combinações de areia, antracite ou

outros meios com mesma capacidade, para continuar a remover os flocos em suspensão;

• Lavagem e limpeza regular dos filtros com água em combinação com ar comprimido;

• Pode haver uma necessidade de ajustar o pH final da água; e em particular para a água que

requer a adição de uma fonte de alcalinidade.

Deve ser referenciado que o processo de tratamento convencional pode ser efectuado em tanques

abertos no topo, como é o caso dos sistemas mencionados acima, ou num sistema pressurizado.

Sistemas pressurizados combinam uma série de vasos de pressão para clareamento e filtros de

pressão. Sistemas deste tipo foram já implementados em Moçambique em vários locais do país

incluindo Nacala, antes de as operações actuais do FIPAG (Monapo, Mocuba, Gurué, Angoche,

Cuamba, etc) e com resultados muito fracos. Com a excepção do sistema de Nacala, recentemente

reabilitado pelo FIPAG, nenhum dos outros sistemas estão actualmente operacionais.

Embora o sistema de filtração a pressão tenha a grande vantagem de ser relativamente de baixo no

custo e fácil de implementar, no entanto, tende a apresentar um desempenho muito fraco, porque:

• O tempo de reacção do processo é muito curto e a formação e remoção de flocos químicos

tende a ser bastante ineficiente tanto nos clarificadores de contacto e nos filtros de pressão;

• As taxas de filtragem tendem a ser altas para os filtros rápidos;

• Os sistemas funcionam como uma "caixa negra" e totalmente inadequado para um operador

inexperiente;

• Estes sistemas são particularmente adequados para aplicações industriais com objectivos de

tratamento específicos para o processo de abastecimento de água e onde há um alto grau de

capacidade funcionamento e de manutenção.

Os sistemas de tratamento à base de filtração a pressão não são considerados como um processo

adequado para a implementação em Nacala, sendo assim, e para o caso do projecto em preparação

recomenda-se a adpcao de um sistema de tratamento baseado no método convencional para o caso

do sistema de Nacala

3.10 Localização da Estação de Tratamento de Água

O local ideal para a proposta estação de tratamento de água superficial é regido pelas seguintes

considerações:

• Uma linha recta entre a origem e a cidade de modo a minimizar o comprimento das condutas

de água bruta e de água tratada;

• Fora da planície de inundação;

• Minimizar o cumprimento da extensão do fornecimento de energia eléctrica;

• Minimizar os impactos ambientais e socioeconómicos.

A Estação de Tratamento de Água actual fica ao lado da barragem, ao lado da EN-8 e este parece

35

ser um local adequado para uma expansão das instalações de tratamento. Isto garante a

coordenação com o aumento do nível de água na barragem após a conclusão das obras de

reabilitação propostas.

3.11 Conduta Adutora

Para a demanda diária máxima projectada de 55.316 m³/d, e com um fornecimento de 10.000 m³/d

a provir de águas subterrâneas a diferença seria de 45.316 m³/d que deve ser fornecida a partir de

fontes superficiais. Destes 45.316 m³/d, 10.000 m³/d serão fornecidos pelo actual sistema da

Barragem de Muecula e a diferença de cerca de 35 mil m³/d serão fornecidos, a longo prazo, pela

fonte de que será desenvolvido a partir do rio Monapo.

Para determinar o tamanho da conduta Adutora da fonte de Monapo, utilizando um projecto para

uma demanda máxima diária de 35.000 m³/d, e aplicando uma velocidade de fluxo nominal

máxima da ordem de 1 m/s e usando a Equação de Hazen-Williams, com um coeficiente de atrito

de 120, o diâmetro da conduta adutora deverá estar na faixa de 750 mm ND.

Tamanho da Conduta Adutora

Duas opções podem ser consideradas:

• Menor diâmetro da conduta adutora - enquanto o custo inicial de construção será menor, as

perdas por atrito serão maiores requerendo bombas maiores e mais energia aumentando assim

os custos recorrentes;

• Velocidades elevadas em linhas de menor diâmetro também aumentam o potencial para a

ocorrência de picos de pressão transiente prejudiciais que contribuem para a probabilidade de

reparações da frequentes da conduta;

• Maior diâmetro da tubulação - enquanto os custos iniciais serão maiores, os tamanhos das

bombas necessárias serão menores e os custos de energia será reduzido. O maior diâmetro,

consequentemente, também permite velocidades mais baixas de fluxo que tem uma relação

directa com a gravidade das condições de pressão transiente. Como se observa, em condições

transientes são um factor de rotura da tubagem que pode contribuir para problemas de

manutenção futura.

Um diâmetro económico será estabelecido na fase de projecto detalhado, equilibrando os custos

de capital e custos de energia e outras considerações.

Material da Conduta Adutora

A opção de material da tubulação será pré-seleccionada a partir de dois ou três tipos e a selecção

final avaliada através de um processo de licitação, permitindo que os licitantes apresentem os

preços das opções de material aceitável com um diâmetro especificado. Finalmente, o mercado

oferece um valioso contributo no tipo de material do tubo que irá oferecer o melhor valor.

Os materiais da tubagem alternativos considerados nesta análise são resumidos na Tabela 8.

36

Tabela 7-Materiais de Tubagem1

Parâmetros Aço Ferro Dúctil Betão

Armado PVC Polietileno

Capacidades

Hidráulicas

Baixo Médio Médio Alto Alto

Sujeito a Degradação

Química

Alto Alto Alto Baixo Baixo

Flexível Médio Médio Baixo Alto Alto

Disponibilidade em

diâmetros grandes

Alto Alto Médio Baixo

(900

mm)

Baixo

(900 mm)

Força (pressão máxima) Baixo Alto Alto Alto Médio

Custo unitário por

metro linear em USD

490 305 320 480 272

1Assumindo 450 mm de DN

3.12 Rota da Conduta Adutora

Em geral, serão propostas as rotas mais curtas, com condições técnicas favoráveis e aquelas que

menos impacto terão sobre a utilização da terra existente. Sempre que possível as rotas das

condutas seguirão as estradas existentes e utilitários estabelecidos. Se uma fonte de água de

superfície viável ser desenvolvido usando o rio Monapo, a conduta adutora seguiria estrada EN-8.

Sempre que outras fontes forem desenvolvidas, as condutas adutoras deverão seguir as estradas

existentes.

A conduta existente é de cimento-amianto e essa será mantida para evitar transtornos ambientais

decorrentes de sua remoção. O amianto é um material nocivo à saúde e ainda não há formas

desenvolvidas para sua reutilização ou reciclagem. A descontaminação é muito difícil de ser feita

devido ao alto custo e apenas em alguns casos é realizada, geralmente em indústrias. A

recomendação é de que o amianto seja descartado juntamente com resíduos perigosos em aterros

especializados. Na hora de retirar as estruturas inacabadas de amianto ou a caixas de água será

preciso tomar todo o cuidado e evitar a quebra do material e eventual contaminação pelas fibras

do amianto.

4 ENQUADRAMENTO LEGAL

Neste capítulo será apresentado o quadro legal em matéria de ambiente em que o projecto de

melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água da Cidade de Nacala se insere,

tendo como referência os instrumentos legais tanto de âmbito nacional como internacional. Boas

práticas de gestão ambiental serão também consideradas sempre que necessário, embora possam

não se constituir, necessariamente, num imperativo legal. De referir que os requisitos legais

específicos relacionados com aspectos particulares serão detalhados nos locais apropriados.

37

4.1 Quadro Legal Geral Sobre o Ambiente

De acordo com a Lei do Ambiente (Lei nº 20/97, de 1 de Outubro) todas as actividades públicas

ou privadas com potencial para influir sobre as componentes ambientais, devem ser precedidas de

uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), com vista à obtenção de uma Licença Ambiental

(LA) emitida pela autoridade responsável pelo licenciamento ambiental das diferentes actividades

portanto Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), através da

Direcção Nacional do Ambiente (DINAB). Esta Lei baseia-se especialmente no princípio de

precaução que incide em evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou

irreversíveis, independentemente da existência de certeza científica sobre a ocorrência de tais

impactos sobre o meio ambiente.

A Lei do Ambiente define o processo de avaliação de impacto ambiental como um instrumento de

prevenção para a gestão ambiental de projectos e apoia o Governo de Moçambique na tomada de

decisão quanto à atribuição da licença ambiental para o desenvolvimento de projectos. O

licenciamento ambiental precede qualquer outra licença legal requerida.

O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental está regulamentado pelo Decreto n.º54/2015 de

31 de Dezembro. Este processo de AIA é complementado pela Directiva Geral para Estudos de

Impacto Ambiental (Diploma Ministerial nº 129/2006, de 19 de Julho).

Os Processos de Auditoria Ambiental e de Inspecção Ambiental estão regulamentados,

respectivamente, pelos Decretos nº 32/2003, de 20 de Agosto e nº 11/2006, de 15 de Julho. O

regulamento relativo ao Processo de Auditoria Ambiental (Decreto nº 32/2003, de 20 de Agosto)

indica que qualquer actividade pública ou privada pode ser objecto de auditorias ambientais

públicas (realizadas pelo MITADER), ou privadas (internas). A entidade alvo de auditoria deve

facultar aos auditores o livre acesso aos locais a serem auditados, bem como toda a informação

solicitada. Enquanto isso, o Regulamento relativo a Inspecções Ambientais (Decreto nº 11/2006,

de 15 de Julho), regula os mecanismos legais de inspecção de actividades públicas e privadas, que

directa ou indirectamente são passíveis de causar impactos negativos no ambiente. Este diploma

tem como objectivo principal regular a actividade de supervisão, controlo e fiscalização do

cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional.

4.2 Quadro Legal no Contexto das Actividades do Projecto

A avaliação do impacto ambiental das actividades do projecto proposto pelo FIPAG foi realizada

em conformidade com os requisitos forçados pela Lei do Ambiente (Lei nº 20/97 de 1 de Outubro).

A actividade proposta é coberta pelo regulamento moçambicano sobre o processo de AIA (Decreto

nº54/2015 de 31 de Dezembro), sem contudo descurar os outros regulamentos e normas nacionais

em vigor no país, normas regionais e internacionais aplicáveis para estes casos. O Regulamento

sobre o Processo de AIA é aplicável a “todas as actividades públicas ou privadas que directa ou

indirectamente possam influir nas componentes ambientais” (Artigo 2), conforme preconizado na

Lei do Ambiente (Lei nº. 20/97 de 20 de Outubro).

O processo de AIA Regulamentado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro revogado pelo

38

Decreto no. 54/2015, de 31 de Dezembro, estabelece três fases sucessivas de AIA nomeadamente

(i) Instrução do Processo; (ii) Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito, e (iii)

Estudo de Impacto Ambiental. O Decreto prevê ainda 4 categoriais de actividades, nomeadamente:

• Categoria A+: projectos que devido a sua complexidade, localização, e/ou irreversibilidade e

magnitude dos passíveis impactos merecem não só um elevado nível de vigilância social e

ambiental, mas também o envolvimento de especialistas nos processos de AIA, necessitando

de um EIAS, incluindo um PGAS.

• Categoria A: são projectos que causam impactos significativos devido à actividades ou zonas

sensíveis, necessitando de um EIA, incluindo também um PGAS.

• Categoria B: trata-se de empreendimentos que provocam impactos negativos de curta duração,

intensidade, extensão, magnitude e importância, necessitando, portanto, de um EAS-Estudo

Ambiental Simplificado, incluindo um PGAS.

• Categoria C: projectos que não necessitam de ser submetidos a um processo formal de

Avaliação Ambiental, mas que estão sujeitos à observância das normas constantes de directivas

específicas de boa gestão ambiental. Estes projectos estão isentos de um EIA ou EAS uma vez

os impactos negativos serem negligenciáveis, insignificantes, mínimos ou mesmo não

existentes.

A decisão quanto à classificação de cada projecto é da responsabilidade do Ministério da Terra,

Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER).

As actividades propostas neste projecto incluem a substituição da velha conduta de asbestos

cimento de forma a aumentar a capacidade de transporte de água da EB1 para EB2 dos actuais

20.000 m³/dia para 40.000 m³/dia (aumento de 20.000 m³/dia). Esta actividade envolve a escavação

de trincheiras de 1 m de profundidade e envolverá pás escavadoras de modo a garantir o custo-

efectividade das escavações. Secções do traçado da conduta de asbestos cimento encontram-se

densamente e a sua substituição pode determinar a necessidade de reassentar populações, mas todo

esforço será feito no sentido de minimizar ou evitar o reassentamento das populações. Este pode

também ocorrer devido a construção de um novo reservatório de água e centro distribuidor com

capacidade de 3.350 m³ de modo a aumentar a capacidade actual de armazenamento de 18.650 m³

para 22.000 m³.

A actividade inclui entre outras actividades os seguintes critérios relevantes que contribuíram a

para a sua categorização:

• Áreas povoadas que impliquem necessidade de reassentamento;

• Áreas ao longo de cursos de água usadas como fonte de abastecimento de água para consumo

das comunidades;

• Condutas de água de mais de 0.5m de diâmetro.

A actividade de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água na Cidade de

Nacala foi classificada de acordo com o anexo I do Regulamento sobre o Processo de Avaliação

do Impacto Ambiental (Decreto Nº 54/2015) como pertencente à Categoria A, necessitando da

realização de um Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA), seguido

da realização de um Estudo de Impacto Ambiental, incluindo um Plano de Gestão Ambiental e

39

Social (PGAS).

O regulamento acima citado e a Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental (Diploma

Ministerial 129/2006, de 19 de Julho) assim como o Diploma Ministerial nº 130/2006, de 9 de

Julho, que define os princípios a seguir num processo de participação pública durante um Processo

de Avaliação do Impacto Ambiental, incluindo os princípios da acessibilidade, inclusão,

representação, funcionalidade, negociação e responsabilidade, constituíram a base legal para a

realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

A Lei de Ordenamento do Território instituído pelo Decreto-Lei no. 19/2007, de 18 de Julho) cria

um quadro jurídico-legal do ordenamento do território e materializa, através dos instrumentos do

Ordenamento Territorial, a Política de Ordenamento Territorial (POT). A Lei Lei no. 19/2007

define os mecanismos de elaboração, aprovação, implementação, monitoria e fiscalização dos

planos de ordenamento territorial, assim como as responsabilidades associadas. Esta Lei aplica-se

a todo o território nacional e, para efeitos do ordenamento do território, regula as relações entre os

diversos níveis da Administração Pública, das relações desta com os demais sujeitos públicos e

privados, representantes dos diferentes interesses económicos, sociais e culturais, incluindo as

comunidades locais.

O Regulamento da Lei de Ordenamento do Território (Decreto no. 23/2008) estabelece medidas e

procedimentos regulamentares que assegurem a ocupação e utilização racional e sustentável dos

recursos naturais, a valorização dos diversos potenciais de cada região, das infra-estruturas, dos

sistemas urbanos e a promoção da coesão nacional e segurança das populações.

4.3 Quadro Legal e Principais Políticas de Águas Relevantes ao Projecto

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é também exigido pela Lei de Águas (Lei 16/91 de 3

Agosto) que no seu nº 2 do Artigo 7 refere que as obras hidráulicas não poderão ser aprovadas sem

prévia análise dos seus efeitos e impactos sociais, económicos e ambientais sendo esta tarefa

imputada aos donos das obras de grande envergadura.

O Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas

Residuais (Decreto 30/2003 de 1 de Julho) indica que na concepção da ampliação de sistemas de

distribuição de água existentes deve ser tida em conta a necessidade de garantir um serviço

adequado, traduzido pela continuidade do fornecimento, garantia de pressões adequadas nos

dispositivos de utilização prediais, estabilidade da superfície piezométrica e minimização de zonas

de baixa velocidade. Este mesmo decreto no seu artigo 9 obriga que na avaliação técnico-

económica da obra para reabilitação de sistemas existentes devem ser considerados também os

custos sociais resultantes do prejuízo causado aos utentes, aos peões, ao trânsito automóvel e ao

comércio na área de implementação como consequência do projecto.

O Decreto 30/2003 regula também a distância das condutas para os limites das propriedades que

não deve ser inferior a 0,60 m e o seu afastamento de outras infra-estruturas implantadas

paralelamente não devem ser, em geral, inferiores a 0,50 m, não podendo em caso algum ser

inferior a 0,30 m para facilitar operações de manutenção de qualquer delas. A implantação das

condutas deve ser feita num plano superior ao dos colectores de águas residuais e, sempre que

40

possível, a uma distância não inferior a 1,0 m, de forma a garantir protecção eficaz contra possível

contaminação. Em relação a profundidade mínima de assentamento das condutas, esta deve ser de

1,00 m, ou de 0,60 m, medida entre a geratriz exterior superior da conduta e o nível do pavimento,

consoante se trate de arruamentos ou de zonas pedonais. Enquanto isso, tendo em conta as

necessidades de operacionalidade e de segurança do pessoal a largura das valas para condutas deve

ter salvo condições especiais devidamente justificadas, 0,90 e 1,10 m de dimensão mínima para

condutas de diâmetro até 0,50 m e superior a 0,50 m respectivamente.

A Lei de Águas (Lei 16/91 de 3 de Agosto) e a Política de Águas (46/2007 de 21 de Agosto)

preconizam o direito a água potável por parte das populações cabendo às pessoas singulares ou

colectivas encarregadas de fornecer água para o consumo assegurar que as instalações utilizadas e

a água fornecida respeitem os requisitos definidos pelo Diploma Ministerial que os definem, neste

caso Diploma Ministerial nº 180/2004.

O Diploma Ministerial nº 180/2004 (Regulamento sobre a qualidade de água para o consumo

humano) estabelece os parâmetros de qualidade de água destinada ao consumo humano e as

modalidades para a realização do seu controlo, visando proteger a saúde humana dos efeitos

nocivos resultantes de qualquer contaminação que possa ocorrer nas diferentes etapas do sistema

de abastecimento de água desde a captação até à disponibilização do consumidor. Este

regulamento pretende tomar medidas para que a água disponibilizada às populações rurais como

urbanas, tenha uma qualidade aceitável para o consumo humano o que irá contribuir para a redução

das doenças associadas, e estabelece que o Ministério de Saúde através da Direcção Nacional de

Saúde é a autoridade competente para garantir o controlo de qualidade de água destinada ao

consumo humano. Esta tarefa ao nível provincial é exercida pelos Centros de Higiene Ambiental

e Exames Médicos e Laboratórios Provinciais de Água.

A intervenção da autoridade competente nas actividades do projecto proposto poderão se

circunscrever entre outras no seguinte:

• Verificar as condições higiénico-sanitárias e de garantia de qualidade do sistema de

abastecimento de água;

• Emitir parecer técnico para o licenciamento sanitário do sistema de abastecimento de água;

• Emitir parecer sanitário sobre as obras e instalações de captação, tratamento, armazenamento,

transporte e distribuição de água;

• Inspeccionar os sistemas de controlo e garantia de qualidade do sistema de abastecimento de

água.

4.4 Outros Dispositivos Legais Aplicáveis

O Regulamento sobre os Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto no.

18/2004, de 2 de Junho, emendado pelo Decreto no. 67/2010, de 31 de Dezembro) aplica-se para

todas actividades que possam directa ou indirectamente influir as componentes ambientais. O

Artigo 7 do regulamento apresenta os parâmetros para a manutenção da qualidade do ar para que

este mantenha a sua qualidade de auto-depuração e não tenha impacto negativo significativo para

a saúde pública e no equilíbrio ecológico. Subsequentemente o artigo 9 do Decreto forne

igualmente os valores limite admissíveis para a emissão de poluentes atmosféricos por fontes

41

móveis ou veículos a motor.

O Artigo 16 apresenta padrões a observar para as descargas de águas residuais domésticas no meio

receptor, incluindo marinho, para que não haja alteração da qualidade das águas. Alerta a

necessidade de ajustes a valores mais baixos em função da sensibilidade e do uso do meio receptor,

particularmente quando este seja constituído por lagos, albufeiras ou baias com fraca renovação

de águas ou seus afluentes. O Artigo 19, por sua vez, determina a observância de limites aceitáveis

para depósito no solo de substâncias nocivas e o exercício de actividades que impliquem

movimentação de solos sem as devidas medidas de sua conservação, que possam comprometer ou

contribuir para a degradação do meio.

Os níveis aceitáveis do ruído, para a salvaguarda da saúde e sossego público a serem estabelecidos

de acordo com a fonte emissora do ruído estão estipulados pelo Artigo 20 do Regulamento. Por

fim, o artigo 24 apresenta igualmente as condições e multas aplicáveis no caso de não cumprimento

deste dispositivo legal no país.

O Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos aprovado pelo Decreto nº13/2006, de 15 de

Junho (revogado pelo Decreto no. 94/2014) estabelece princípios, assim como regras relativas a

produção e deposição no solo e subsolo de resíduos sólidos, o lançamento para a água ou para

atmosfera de qualquer substância tóxica e poluidora, assim como a prática de actividades

poluidoras que acelerem a degradação do ambiente, com vista a prevenir ou minimizar os seus

possíveis impactos negativos sobre a saúde e o ambiente, em conformidade com o artigo 33 da Lei

do Ambiente e do artigo 204 da Constituição.

O Regulamentado pelo Decreto n° 83/2014 de 31 de dezembro estabelece especificamente as

regras para a produção e gestão dos resíduos perigosos em território nacional e é aplicável a todas

pessoas singulares e colectivas, públicas e privadas envolvidas na gestão de resíduos perigosos. O

dispositivo estabelece, entre outros requisitos, o licenciamento ambiental prévio das instalações,

assim como equipamentos destinados ao armazenamento, transporte, deposição, tratamento,

aproveitamento, ou eliminação de resíduos perigosos; certificação dos operadores e

transportadores de resíduos perigosos e obrigações dos produtores, transportadores e operadores

de resíduos perigosos, bem como métodos de tratamento, eliminação e deposição de resíduos

perigosos.

A Lei sobre o Património Cultural aprovada pelo Decreto Lei n º 10/88 define o património cultural

como conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo povo moçambicano ao

longo da história, com relevância para a identidade moçambicana". Bens materiais incluem

monumentos, grupos de edifícios com importância histórica, artística ou científica, lugares ou

locais (como arqueológico, histórico, estético, etnológico ou antropológico de interesse) e bens

imateriais ou simplesmente elementos naturais (formações físicas e biológicas, com particular

interesse do ponto de vista estético ou científico). Assim sendo, durante a fase de construção e

operação do projecto, os locais sagrados e os locais arqueológicos que porventura venham a ser

descobertos deverão ser protegidos a luz desta lei.

A Lei de Protecção de Trabalhadores com HIV-SIDA (Lei no. 5/2002, de 5 de Fevereiro)

estabelece os princípios gerais com vista a garantir que todos os trabalhadores e candidatos a

42

emprego não sejam descriminados nos locais de trabalho ou quando se candidatam a emprego por

serem suspeitos ou portadores do HIV/SIDA e aplica-se sem qualquer discriminação, a todos os

trabalhadores e candidatos a emprego, na Administração Pública e outros sectores públicos ou

privados, incluindo os trabalhadores domésticos. Segundo o artigo 10, a entidade empregadora é

obrigada a manter a assistência médica devida ao trabalhador infectado com HIV/SIDA, mesmo

quando impossibilitado de trabalhar, desde que esse princípio se enquadre na política de assistência

médica psicossocial e medicamentosa adoptada para todos os trabalhadores e à luz do Sistema

Nacional de Segurança Social vigente no país, recorrendo a assistência médica disponível no país.

4.5 Quadro Legal Municipal Relevante ao Projecto

Administrativamente, a Cidade de Nacala é um município, tendo um governo local eleito. A Lei

no 2/97 de 18 de Fevereiro que aprova o quadro jurídico para a implantação das autarquias locais,

indica que as autarquias locais são pessoas colectivas públicas dotadas de órgãos representativos

próprios que visam a prossecução dos interesses das populações respectivas sem prejuízo dos

interesses nacionais e da participação do Estado. Esta lei confere às autarquias locais atribuições

que respeitem os interesses próprios comuns das populações no respeitante entre outras ao

desenvolvimento económico e social local, meio ambiente, saneamento básico e qualidade de vida

e abastecimento público.

Apesar da descentralização preconizada pelos instrumentos legais a que corresponde o “Pacote

Autárquico”, a administração do Estado mantém a sua representação e serviços na circunscrição

territorial cuja área de jurisdição coincida total ou parcialmente com a da autarquia local. Estes

serviços deverão articular com os órgãos autárquicos no exercício de competências que respeitem

a atribuição que a Administração do Estado partilhe com a autarquia local. A implementação deste

projecto de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala

requererá uma articulação entre o financiador (BM), o proponente FIPAG e as autoridades

municipais de Nacala.

4.6 Quadro Legal e Políticas Sobre Reassentamento

O MITADER endossa as recomendações sobre reassentamento e requer que a localização e

dimensão das áreas de reassentamento sejam conduzidas de uma maneira participativa, de modo a

permitir um crescimento demográfico natural, fornecimento e manutenção de serviços, bem como

a geração de oportunidades locais económicas e sociais com o acesso a benefícios resultantes do

programa de reassentamento.

Segundo o regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante das Actividades

Económicas, aprovado pelo Decreto no. 31/2012 de 8 de Agosto, no artigo 4 nas alineas a seguir,

cinge os seguintes princípios:

a) Princípio de coesão social, que diz que o reassentamento deve garantir a integração social e

restaurar o nível de vida dos afectados, para um nível melhor;

b) Princípios de igualdade social, que diz que no processo de reassentamento todos os afectados

tem direito arestauração ou criação de condições iguais ou acima do padrão anterior de vidal;

c) Princípio de benefício directo, que diz que, dar possibilidade aos afectados de se beneficiarem

43

directamente do empreendimento e dos seus impactos socio-economicos.

d) Princípio de equidade social, que diz que, na fixação das populações nas novas zonas deve se

ter em conta o acesso aos meios de subsistência, serviços sociais e recursos disponíveis;

e) Princípio de não alteração do nível de renda, que permite que os ressentamentos tenham a

possibilidade de restabelecer seu nível anterior de rendimento básico;

f) Princípio de participação pública, que diz que, no processo de reassentamento deve-se garantir

a auscultação das comunidades locais e outras partes interessadas e afaectadas pela actividade;

g) Principio de responsabilização ambiental, que diz que, com a qual quem poluiou de qualquer

forma degrade o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou compensar os danos dai

decorrentes;

h) Princípio de responsabilidade social, que diz que, o investidor tem de criar infra-estruturas

sociais, que promovam a aprendizagem, lazer, saúde, cultura e outros projectos de interesse

comunitário.

De acordo com as agências acima, o reassentamento involuntário representa um impacto

significativo numa pessoa, família, grupo ou comunidade, que é/são forçosamente removidos

devido a decisões tomadas por agentes externos ao grupo. As pessoas afectadas são as pessoas

atingidas pela perda de infra-estrutura de habitação de variados tipos, fontes de emprego e/ou

meios de subsistência. O reassentamento não se restringe apenas ao seu significado usual – ou seja

“deslocação física”. Dependendo dos casos, uma acção de reassentamento pode incluir (i) a perda

de terra ou de estruturas físicas sobre a terra, incluindo negócios; (ii) a deslocação física; e (iii) a

reabilitação económica das pessoas deslocadas (PDs), no sentido de melhorarem (ou pelo menos

de poderem repor) os níveis de rendimento ou de vida prevalecentes antes da acção causadora do

reassentamento.

A prática internacional, regional e nacional indica que, sempre que possível, o reassentamento

deve ser evitado e/ou minimizado. Quando o reassentamento é inevitável, é necessário elaborar

um Plano de Acção de Reassentamento (PAR) para garantir que as pessoas afectadas sejam

compensadas e reassentadas de forma adequada e equitativa. De modo semelhante, as pessoas

afectadas e as autoridades a que estas se subordinam devem receber informação clara e atempada

sobre as possíveis alternativos de compensação para poderem escolher as alternativas que melhor

se adequam às suas necessidades. O processo de reassentamento deve ser participativo.

Para além disso, é quando as magnitudes dos impactos afectam mais de 200 pessoas, que se solicita

um plano de reassentamento completo para tratar das medidas de mitigação necessárias para gerir

efeitos potencialmente empobrecedores do reassentamento involuntário (Banco Mundial OP 4.12,

§ 25). Quando as pessoas a serem afectadas forem inferiores a 200 pessoas um plano de

reassentamento simplificado torna-se aceitável (BM OP 4.12). Quando as políticas de salvaguarda

dos doadores requeiram conformidade como pré-condição de acesso a empréstimos, estas devem

também ser referidas. Adicionalmente, o BAD e a OCDE/DAC3 têm políticas e linhas de

orientação que são grandemente abafadas pelas abordagens, directrizes e directivas operacionais

do BM para avaliações ambientais e reassentamento involuntário. Em princípio, estas linhas de

3 DAC é o órgão de coordenação para organizações bilaterais de países da OCDE

44

orientação aplicam-se a todos os projectos financiados por agências membro, mais as da UE. Por

conseguinte, a maioria dos procedimentos de reassentamento realizados até à data por iniciativas

de desenvolvimento do sector privado/público, que requereram o reassentamento de famílias

rurais, seguiu em geral a política operacional OP 4.12 (Dezembro de 2001) do BM sobre

reassentamento involuntário. Outras cláusulas legais e provisões reguladoras que regem a AIAS e

o PAR são:

• A Lei de Terras 19/97 que fornece a base para definir os direitos à terra das pessoas afectadas,

baseados no direito consuetudinário, e os procedimentos para aquisição do título de uso e

aproveitamento pelas comunidades e indivíduos.

• O Regulamento 66/98 da Lei de Terras, bem como as directrizes de compensação básica

produzidas pelas Direcções Provinciais de Agricultura, abrangendo os custos mínimos de

diversas árvores e colheitas, regulamenta a compensação de perdas incorridas pelo processo

de realocação. As directrizes para avaliação dos valores das casas, produzidas pelas Direcções

Provinciais de Obras Públicas e Habitação, baseiam-se no Diploma Ministerial 119/94, de 14

de Setembro.

4.7 Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial

As políticas de Salvaguarda do Banco Mundial, são consideradas uma pedra angular pelo seu apoio

à projectos sustentáveis de redução da pobreza.

Em regra, as políticas do BM descrevem requisitos cujos projectos devem incluir, como a

necessidade de avaliações de impacto ambiental e social, consulta as comunidades afectadas sobre

os impactos que esses projectos teriam, bem como a necessidade de restaurar os meios de

subsistência das pessoas afectadas (restabelecer as condições pré-existentes ou melhora-las). A

eficácia e os impactos positivos globais dos projectos e programas apoiados pelo BM aumentaram

substancialmente como resultado da atenção prestada a essas políticas. As políticas de salvaguarda,

bem como a legislação Moçambicana, muitas vezes constituíram uma plataforma útil para a

participação das partes interessadas na concepção do projecto e constituem um instrumento

importante para a construção de propriedade entre as populações locais.

As Principais Políticas Operacionais do BM e os Procedimentos Bancários associados são

fundamentais para garantir que as consequências socio-ambientais potencialmente adversas sejam

identificadas, minimizadas e atenuadas e recebam atenção durante os processos de preparação e

aprovação do projecto do BM. Essas Políticas Operacionais ou Salvaguardas incluem:

• OP 4.01 Avaliação Ambiental;

• OP 4.04 Habitats naturais;

• OP 4.09 Gestão de Pragas;

• OP 4.11 Património Cultural;

• OP 4.12 Reassentamento Involuntário;

• OP 4.10 Povos Indígenas;

• OP 4.36 Florestas;

• OP 4.37 Segurança de Barragens;

• OP 7.50 Projectos em Vias navegação internacional;

• OP 7.60 Projectos em Áreas Disputadas.

45

O BM, através de sua Política de Divulgação BP 17.50, exige que todos os documentos de

salvaguarda sejam divulgados nos respectivos países, bem como no Infoshop do BM, antes da

avaliação de um projecto ou para Iniciativas de rastreamento rápido antes da assinatura de um

Acordo de financiamento.

4.7.1 Políticas de Salvaguarda Aplicaveis ao Projecto

O Projecto estudado irá se concentrar principalmente na reabilitação e a expansão do sistema de

abastecimento de água, à Cidade de Nacala visando melhorar os serviços de fornecimento de água

a população.

Assim, o projecto em causa será realizado considerando as salvaguardas para evitar ou minimizar

os efeitos ambientais e sociais negativos associados a reabilitação e a expansão do sistema de

abastecimento de água, à Cidade de Nacala. A tabela 1 apresenta as Politicas de Salvaguarda

aplicáveis ao projecto.

Tabela 8: Relação das Politicas de Salvanguda aplicáveis ao Projecto

Políticas de Salvaguarda Aplicáveis ao Projecto Sim Não

Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01) X

Habitats Naturais (OP/BP 4.04) X

Gestão de Pragas (OP 4.09) X

Património Cultural (OP 4.11) X

Florestas (OP/BP 4.36) X

Segurança de Barragens (OP 4.37) X

Povos Indígenas (OP/BP 4.10) X

Reassentamento Involuntário (OP 4.12) X

Projecto em vias de navegação internacional (OP/BP 4.50) X

4.7.1.1 Avaliação Ambiental (OP 4.01)

O objectivo desta política é de assegurar que os projectos financiados pelo BM sejam sustentáveis

do ponto de vista ambiental e social e que assegurem uma melhor tomada de decisão através da

integração das considerações de impacto ambiental e social ao longo das diferentes fases de

planeamento, construção e operação do projecto.

Os principais objectivos da Avaliação Ambiental (EA) são de garantir a consideração dos aspectos

ambientais (ar, água e terra), saúde humana e segurança, aspectos sociais (reassentamento

involuntário, comunidades locais e património cultural), bem como a consideração de efeitos

transfronteiriços e globais, como as mudanças climáticas. A Política OP 4.01 (Avaliação

Ambiental) é aplicável sempre que um projecto proposto ou acções pode causar efeitos ambientais

negativos para o meio ambiente.

46

O melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala é um

projecto de Categoria “A” e deve, por isso, ser sujeito a análise ambiental. A PO assegura que

sejam tomados em consideração níveis apropriados de avaliações ambientais e sociais como parte

do desenho do projecto. Requer também que seja levado a cabo um processo de consulta pública,

que tomará em linha de conta os pontos de vista dos grupos afectados pelo projecto e das ONGs

locais. Requer ainda que sejam abrangidos os pontos de vista dos grupos económicos

desfavorecidos e socialmente prejudicados, assegurando que sejam desenhados e implementados

planos de acção específicos para mitigar e compensar os prováveis impactos negativos.

4.7.1.2 Habitats Naturais (OP 4.04)

A conservação de habitats naturais e das suas funções ecológicas, assim como outras medidas que

protegem e melhoram o meio ambiente, é essencial para o desenvolvimento sustentável de longo

prazo. Áreas que constituem “Habitats Naturais Críticos” de acordo com as políticas do BM (tais

como Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos de água, reservas legais, unidades de

conservação e áreas inalteradas que mantêm uma integridade ambiental razoável) devem estar

presentes dentro da área de influência do Projecto.

Os procedimentos para implementação das actividades planeadas deverão assegurar que essas

áreas sejam preservadas. Razão pela qual deverão ser previstas acções para a monitorização e

protecção dos habitats naturais.

"O BM não suporta projetos que, na sua opinião, envolvam a significativa conversão ou

degradação de habitats naturais críticos, a menos que não haja alternativas viáveis para o projecto

e sua localização e uma análise abrangente demonstre que os benefícios globais do projecto

superam substancialmente os custos ambientais. Se a avaliação ambiental e social indicar que um

projeto converteria ou degradaria significativamente os habitats naturais, o projecto deve incluir

medidas de mitigação aceitáveis para o BM. Essas medidas devem incluir, conforme apropriado,

medidas para minimizar a perda de habitat (por exemplo, retenção estratégica de habitat e

restauração pós-desenvolvimento) e estabelecer e manter uma área protegida ecologicamente

semelhante;

4.7.1.3 Património Cultural (OP 4.11)

Esta política aborda recursos físicos/culturais (objectos, sites, estruturas, grupos de estruturas e

características naturais e paisagens) que possuem formas arquitetônicas, paleontológicas,

históricas, religiosas, estéticas ou outras de importância cultural. Podendo estar localizadas em

ambientes urbanos ou rurais e podem estar acima ou abaixo do solo. Os procedimentos para

abordar os impactos nos recursos físicos e culturais dos projetos propostos para o financiamento

do Banco Mundial devem seguir o processo de avaliação ambiental (AA) OP 4.01 e Regulamento

EIA - Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro). Os seguintes projectos estão sujeitos às disposições

desta política:

• Quaisquer projectos envolvendo escavações significativas, demolições, movimentos de terra,

inundações ou outras mudanças ambientais;

47

• Quaisquer projectos localizados em, ou na proximidade de sites de recursos físicos / culturais

reconhecidos pelo mutuário.

Como parte integrante do processo de avaliação de impacto ambiental, o mutuário desenvolve um

plano de gestão de recursos físicos/culturais que inclui medidas para evitar ou mitigar quaisquer

impactos adversos sobre recursos físicos/culturais, provisões para gestão de descobertas, quaisquer

medidas necessárias para fortalecer a capacidade institucional e um sistema de monitoria para

rastrear o progresso dessas actividades. O financiamento do projecto é sustentado pela existência

de danos mínimos para os bens culturais não replicáveis, com forte ênfase posta na sua implantação

em locais identificados e desenhados de forma a prevenir danos maiores. É necessário considerar

ajustamentos ao longo do alinhamento do projecto, de modo a assegurar que este não destrua

quaisquer locais culturais.

4.7.1.4 Reassentamento Involuntário OP/PB 4.12

As indicações preliminares existentes são as de que o projecto deve não ter implicações na

movimentação de pessoas e famílias dos locais em que vivem para outros locais. Porém dada a

relativa ocupação desordenada dos espaços nos centros urbanos e interferência das pessoas e suas

actividades sociais em áreas que deveriam ser reservadas para a implantação e desenvolvimento

de infra-estruturas públicas um número de pessoas e de famílias poderá sofrer muitas formas de

perturbação na sua vida normal incluindo pequenas perdas temporárias ou definitivas de

componentes das suas infra-estruturas (casas, quintais, barracas, etc.) assim como outros activos

(árvores, campos agrícolas, culturas, etc.).

A OP 4.12 sobre o Reassentamento Involuntário, assegura que a população afectada por um

projecto receba benefícios do mesmo, incluindo os relacionados com usufruto ou direito

consuetudinário à terra ou outros recursos abrangidos pelo projecto. A OP 4.12 é abrangente e

assegura que sejam compensados todos aqueles que forem directa ou indirectamente afectados

pelo desenvolvimento dos projectos.

O projecto está directamente relacionado com a reabilitação do sistema de abastecimento de água,

numa área relativamente estável. Por esta razão, ao lidar com o impacto do reassentamento nos

grupos sociais como mulheres e agregados familiares chefiados por mulheres, que são geralmente

marginalizados dos processos de tomada de decisões, devem ser tomadas precauções especiais

para assegurar que não sejam excluídos das oportunidades e decisões. Nas pessoas afectadas

incluem-se aqueles cujos rendimentos provêm do sector informal e de actividades não agrícolas e

ainda de recursos de propriedade comum. A ausência de direitos legais não limita o direito à

compensação. Particular atenção deve ser dada às necessidades de grupos vulneráveis,

especialmente os que vivem abaixo da linha de pobreza, os sem terra, os anciãos, mulheres e

crianças. Deve também ser prestada atenção às RDSAS do BM, onde é dada ênfase aos exemplos

em que as pessoas perdem o direito de aproveitar os recursos, mas não perdem a posse sobre eles.

Estas perdas involuntárias de acesso aos recursos podem também caber dentro do contexto de

reassentamento involuntário.

Na linha dos princípios do Banco, insistindo na necessidade de harmonização do reassentamento

através, sempre que possível, do reajustamento do desenho e implementação do projecto a fim de

48

reduzir a realocação, o proponente do projecto FIPAG pretende causar o mínimo de perturbações

resultantes do processo de reassentamento. Preservará os direitos comunitários no processo de

reassentamento e apoiará o esquema mais viável para o restabelecimento bem-sucedido dos meios

de subsistência das pessoas afectadas.

4.7.2 Diretrizes Ambientais, de Saúde e Segurança do Banco Mundial

O projecto de reabilitação e a expansão do sistema de abastecimento de água, à Cidade de Nacala

visando o melhoramento de fornecimento de água, deverá estar em conformidade com as

Diretrizes Ambientais, de Saúde e Segurança (ASS) do Banco Mundial, de Abril de 2007, que

compreendem uma multiplicidade de diretrizes de referência técnica com exemplos específicos

sobre Boas Práticas Industriais Internacionais (BPII), que devem ser seguidas no desenvolvimento

e implementação de projetos financiados pelo Banco. Estas diretrizes cobrem uma série de áreas

sendo que em relação a este projeto apresentam-se como tendo interesse as que se referem a (i)

Ambiente (emissões atmosféricas e qualidade ambiental do ar; conservação de energia; águas

residuais e qualidade ambiental da água; conservação da água; gestão de materiais perigosos;

gestão de resíduos; ruído; e locais contaminados); (ii) Saúde e Segurança Ocupacionais

(concepção e funcionamento geral do projeto; comunicação e formação; perigos físicos; perigos

químicos; perigos biológicos; perigos radiológicos; equipamentos de proteção pessoal; ambientes

de perigos especiais; e monitoria); (iii) Saúde e Segurança da Comunidade (segurança estrutural

da infra-estrutura do projeto; segurança de vida e contra o fogo; segurança do tráfego; transporte

de materiais perigosos; prevenção de doenças; e prontidão e resposta de emergência); Ruídos

(seleção de equipamentos com níveis de potência sonora mais baixos; instalação de silenciadores

para ventiladores, instalação de silenciadores adequados nos escapes dos motores e componentes

de compressores; instalação de isolamento acústico para revestimento de equipamentos que

irradiam ruído, etc.

4.8 Directrizes Internacionais

Moçambique é signatário de directrizes internacionais que serão tomadas em consideração na

avaliação de impacto ambiental. Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM’s) são uma

declaração assinada pelos Estados membro da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000 e

que fixam objectivos de desenvolvimento específicos a serem alcançados até ao ano 2015 nas áreas

de combate à pobreza, ao analfabetismo, à desigualdade entre os sexos, à mortalidade infantil, à

mortalidade materna, à mortalidade epidemiológica (incluindo a que decorre do HIV/SIDA), à

degradação ambiental e à desigualdade social entre os países ricos e os países pobres.

O projecto de expansão e melhoramento do sistema de abastecimento de água da Cidade de Nacala

tem como objectivo a melhoria dos serviços de abastecimento de água às populações urbanas e

para além das metas definidas no Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA

II) (GM, 2006) e no Plano Estratégico de Água e Saneamento (PESA), guia-se também pelos

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) (Objectivo 7), do qual Moçambique é

signatário.

As metas previstas, de acordo com os ODM e assumidas no contexto nacional para as áreas urbanas

e suburbanas, são:

49

a) Atingir a cobertura de 70% em abastecimento de água em 2015 (serviço cobrindo cerca de 6

milhões de pessoas);

b) A longo prazo, garantir acesso universal a um serviço seguro e fiável de abastecimento de

água;

c) Aumentar a eficiência dos sistemas de abastecimento de água através de programas adequados

de gestão;

d) Aumentar a cobertura para atingir uma cobertura universal a longo prazo;

e) Garantir a adopção de práticas de higiene nas famílias, comunidades e escolas.

O Objectivo número 7 de Desenvolvimento do Milénio refere-se à necessidade de garantir a

sustentabilidade ambiental pois reconhece-se que os destinos das pessoas e do ambiente estão

interligados. As ameaças ambientais como o consumo de água contaminada colocam sérios

desafios à saúde pública tendo já sido reportados conflitos em torno dos recursos naturais que

dividem algumas sociedades o que obriga a uma gestão equilibrada destes recursos. A necessidade

de prevenir uma degradação ambiental irreversível obriga a uma avaliação de impacto ambiental

dos projectos de desenvolvimento.

O mesmo conceito está também por detrás dos Princípios de Equador estabelecidos em 2002 e que

são um conjunto de exigências mínimas para a concessão de crédito, que asseguram que os

projectos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável

(CpS, 2009). Estes princípios têm por objectivo garantir a sustentabilidade, o equilíbrio ambiental,

o impacto social e a prevenção de acidentes de percurso que possam causar embaraços no

transcorrer dos empreendimentos, reduzindo também o risco de imcumprimento dos

compromissos de pagamentos assumidos.

4.9 Instalação de Infraestruturas Temporárias

A autorização para a construção de instalações temporárias como acampamentos, estaleiros,

oficinas e escritórios necessários para a fase de construção é da responsabilidade dos Presidentes

dos Concelhos Municipais e Administradores dos Distritos em função do tipo de unidade

administrativa como preconizado na Lei de Terras (Lei 19/97 de 1 de Outubro) e respectivo

regulamento (Decreto nº 66/98, de 8 de Dezembro)

O pedido é feito na forma de requerimento que deve conter no mínimo a seguinte informação:

• Área pretendida e a sua localização;

• Para que fim se destina;

• Por quanto tempo o requerente pretende explorar o espaço; e

• Plano de uso do espaço.

4.10 Outras Considerações Legais

Para além do quadro legal acima descrito, os seguintes instrumentos legislativos servirão de

referência para o estudo de impacto ambiental:

• Regulamento sobre os Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto

18/2004 de 2 de Junho);

• Lei de Terras (Lei 19/97 de 1 de Outubro);

50

• Lei do Trabalho (Lei 8/98 de 20 de Julho);

• Lei de Águas (Lei 16/91 de 3 de Agosto);

• Política de Águas (Lei 43/2007 de 30 de Outubro);

• Regulamento sobre a qualidade de água para o consumo humano (Diploma Ministerial nº

180/2004);

• Regulamento sobre padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes (Decreto

18/2004 de 2 de Junho);

• Regulamento sobre a Gestão de Resíduos (Decreto n.º 13 /2006, de 15 de Junho).

• Decreto 30/2003 de 1 de junho sobre Regulamento dos sistemas públicos de distribuição de

água e de drenagem de águas pluviais.

51

5 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA

A Cidade de Nacala situa-se numa Península do Oceano Índico, entre as coordenadas de latitude

14°27’ e 14°45’ S e Longitude: 40°36’ E, e na posição oriental em relação a Moçambique e da

África Austral. A cidade é limitada a Norte e Oeste pela Baía de Nacala e Distrito de Nacala-a-

Velha, a Sul pelo Distrito de Mossuril, e a Este pelo Oceano Índico.

A cidade situa-se na Província nortenha de Nampula, e dista a cerca de 200Km da Cidade de

Nampula, 500Km em linha recta da Fronteira Norte do Poaís com a Tanzânia, cerca de 1800km

da fronteira Sul com a África do Sul, e cerca de 620km da fronteira Oeste com Malawi.

A sua posição ao longo da faixa sobre a Costa Moçambicana, as suas condições naturais e a

existência de um porto de águas profundas, determinam a importância e as funções deste centro

urbano, cujo desenvolvimento está intimamente ligado a perspectiva regional.

A Cidade de Nacala constitui o ponto terminal do eixo de transporte constituído pela estrada EN12

que a liga com a capital da Província de Nampula e ainda das linhas férreas de Nacala-Lichinga e

Nacala-Entre-Lagos. A existência de Porto, considerado como o terceiro mais importante do país

depois de Maputo e Beira, e aliada as infra-estruturas ferroviárias, em conjunto constituem o

Corredor Regional de transportes, conhecido por Corredor de Nacala, o que torna Nacala uma

cidade com potencial para desenvolvimento económico.

5.1 Meio Biofisíco

5.1.1 Clima

A Cidade de Nacala está localizada numa região de clima tropical sub-húmido seco (classificação

de Thornwaite, CA´w) que é um clima tropical com uma estação seca. A estação seca e fresca é

de Maio a Novembro, e a estação húmida e quente é de Dezembro a Abril.

As temperaturas médias anuais são de cerca de 25,9 oC, sendo o mês de Julho considerado o mês

mais frio, com uma temperatura média de 23,5 oC e o mês mais quente, o mês de Dezembro, com

temperatura média de 27,6oC. A humidade média anual é de 74, 8%, sendo Setembro o mês com

a taxa de humidade mínima (68%) e Janeiro o que apresenta humidade máxima (81%).

A Cidade de Nacala é influenciada por ventos de monção, com ventos do Nortes dominantes de

Outubro a Fevereiro, e ventos do Sul de Março a Setembro. A Cidade está localizada na área de

influência dos ciclones originados no Oceano Índico, mas não é frequentemente atingida por

ventos ciclónicos, e sim por depressões tropicais com chuvas intensas. O último ciclone reportado,

foi o Ciclone Nádia, em 1994.

A precipitação média anual é de cerca de 800mm, sendo a maior parte da precipitação registada

durante os 4 meses da estação chuvosa, de Dezembro a Março. O regime de precipitação é irregular

durante a estação de chuvas com fortes concentrações em curtos períodos.

52

5.1.2 Geologia E Solos

O Município de Nacala caracteriza-se por dois tipos de solos, nomeadamente:

• Solo arenoso de fertilidade muito baixa e baixa retenção da água, situado junto á costa

oceânica;

• Solos muito pesados localizados em volta da Baía de Nacala.

Ocorrem ainda no Município, outros quatro tipos de solos:

• Solo franco e arenosos-alaranjados, amarelados e cinzentos, em toda a parte ocidental do

município e em algumas áreas na sua parte intermédia;

• Solos argilosos pardo-amarelados na região central, estendendo-se do Norte para o Sul, ao

longo do rio Macutucha;

• Solos arenosos-argilosos vermelhos á alaranjados, cinzentos, e das baixas e depressões, junto

á costa oceânica;

• Solos argilosos vermelhos á alaranjados e das baixas e depressões, na costa oceânica

Quase todo o Município de Nacala é caracterizado por um relevo bastante acidentado,

concretamente na parte central da cidade, que compreende os bairros Maiaia, Ribáué, Triângulo,

com cotas que variam de 30 a 70m de altitude em relação ao nível médio das águas do mar, o que

torna a zona susceptível a ocorrência de erosão, assim como deslizamento de solos, uma vez que

estes são arenosos soltos e de pouca vegetação.

Os Bairros Bloco I e Mocone são zonas de relevo regulares menos susceptíveis a erosão, mas a

medida que caminhamos para o Bairro Ontupaia, Mathapué, Nacurrula e Mupete, verifica-se uma

ligeira depressão. Na parte ocidental da cidade, o relevo muda rapidamente de altitude e em

distâncias curtas, maior declive. Facto que torna a região muito susceptível a erosão e outros

fenómenos naturais, associados a estas características e tipos de solo existentes.

Ao longo da costa Oriental, no Bairro Chivato, existem bancos de areia, o que torna a zona não

aconselhável a habitação densificada.

Uma grande parte onde se pretende substituir a conduta, passa por uma zona habitada e de

actividade agrícola e com alguns pequenos estabelecimentos comerciais, mas de difícil acesso

devido a erosão. Prevê-se que com as actividades do projecto sejam negativamente afectados

durante as fases de construção e implementação. Considera-se que estes impactos, caso aconteçam,

sejam de baixa intensidade, na medida em que deverão ser pagas compensações acordadas com as

partes afectadas.

5.1.3 Flora e Fauna

Nacala tem uma faixa estreita de vegetação costeira no seu lado Oriental, ao longo da costa

Oceânica de Relazapo. O resto é composto por áreas agrícolas activas ou em pousio (vegetação

secundária). Ocorre também o mangal na Baía de Quissimajulo e numa pequena região na praia

de Relanzapo.

A vegetação pioneira, situada nas dunas, junto á costa é composta por espécies de Ipomea pés-

53

caprae, Cyperus maritimus, Launea sarmentosa, Sporobolus virginicus, Canavalia rósea,

Scaevola plumieri, Cassytha filiformis, Dactylotenium aegyptiacium e Opuntia vulgaris.

Da praia de Fernão Veloso até a praia de Mulala, há uma vegetação secundária aberta de floresta

seca decídua, com árvores dispersas tais como Adansonia digitata, Cordyla africana, Ziziphus

jujuba, Albizia fornesii, Dichrostachys sp e Ulvaria acuminata.

Na parte Ocidental, ao redor da Baía de Nacala, há também uma vegetação secundária aberta com

Adansonia digitata, Cassia afrofistula e Thylachium africanum. As ervas mais dominantes são

Panicum maximum e Hyparheania birta.

A vegetação costeira (floresta decídua seca), no lado Oriental, é formada por Adansonia digitata,

Stercuila appediculata, Afzelia quanzensis, Acácia nigrescens, Acacia sieberiana, Sclerocarya

caffra, Dalbergia melanoxylon, Albizia harveyi, Combretum ghasalense e Dombeya sp. O capim

é dominado por Andropogon sp e Setaria sp.

Existem também duas reservas florestais:

• Reserva Florestal de Matibane: ocupa uma área de 19.900ha e a espécie florestal mais

abundante é o Mecrusse

• Reserva Florestal de Baixo Pinda: ocupa 19.600ha e as principais espécies são Mecrusse,

pau-preto e casuarinas. Existem também mangais de pequena expressão.

Perto dos centros de maior aglomeração populacional, os mangais sofrem já pressão de abate para

construção e lenha, principalmente para o fabrico de cal.

Ocorrem na costa do Município de Nacala 10 espécies de ervas marinhas, 142 espécies de algas

marinhas, das quais 48 pertencem á divisão Chlorophyta (algas verdes), 64 Rhodophyta (algas

vermelhas), 30 Phaeophyta (algas castanhas) e 9 géneros de macroalgas com importância

económica. Na zona de Fernão Veloso existe a maior riqueza específica de ervas marinhas. Quanto

a macroalgas, a praia de Relanzapo é a que tem maior biodiversidade.

Os recursos marinhos de Nacala incluem variedades de peixes e a ocorrência de baleias, golfinhos,

dugongos, tartarugas marinhas (Verdes, Falcão, Cabeçuda e Couro), corais, invertebrados

marinhos, etc. Ocorrem também duas espécies de golfinhos, nomeadamente o golfinho narigudo

(Turciops truncatus) e o corcunda (Sousa chinensis). As tartarugas são alvo de pesca e colheita de

ovos dos seus ninhos, na praia de Relanzapo e Fernão Veloso.

Os corais que suportam os recursos faunísticos mais abundantes e mais ricos são os de Naeli-Lile

e Fernão Velosos. Ambos têm potencial para serem considerados habitats importantes para a

biodiversidade. Estes recifes estão localizados muito perto da baía, e por isso estão sujeitos aos

efeitos indirectos do desenvolvimento do porto de Nacala. A dragagem do Porto, canais de

navegação e deposição de lixo, resulta na destruição.

5.1.4 Hidrologia e Hidrogeologia

O Município de Nacala tem uma rede hidrológica pouco significante. O rio mais importante é o

54

Macutucha que desagua na Baia de Quissimajulo, o qual se junta ao rio N´repa, pouco antes de

desaguar na Baía. O outro rio que desagua em Quissimajulo é o Ncopulo, que percorre de Norte

para Sul. No extremo sudoeste, os rios Nacapala e Maucuni, fazem o limite entre o Município de

Nacala-Porto e o Distrito de Nacala-à-Velha.

Com a excepção da parte central, a água subterrânea do Município de Nacala é salubre, sendo

apenas localmente favorável para furos, ou as vezes pouco favorável, por estes possuírem baixa

produtividade e/ou alto risco de insucesso. Contudo, ao longo da faixa Ocidental do Município

está confirmada a existência de nascentes mais pobres.

Os recursos hídricos de Nacala são fracos. A barragem do Rio Muecula é insuficiente e precisa de

um reforço, que poderia ser através dos Rios Sanhote e Rio Monapo. O abastecimento de água às

zonas urbanas é insuficiente em quantidade e qualidade. As zonas altas, ou zonas de expansão, são

mais carentes enquanto deveriam ser promovidas como uma alternativa á ocupação das encostas.

A maior parte das populações das zonas rurais recorre a fontes de água dos campos de furos:

• Campo de Furos de MPaco;

• Campo de Furos de Mutuzi I e.

• Campo de Furos de Mutuzi II

O Rio Sanhute e o Rio Monapo têm estado a ser colocado como fonte alternativa de água para

responder a actual demanda e a futura para a projecção de 2029.

5.1.5 Ambientes Sensíveis

A zona costeira da área de influência de Nacala está marcada pela existência de valiosos recursos

costeiros e marinhos, em particular recifes de corais e florestas de mangais. Na zona, existem

praias de alto valor paisagístico. Algumas praias da região são zonas de desova de tartarugas. Há

relatos de ocorrência de florestas de mangal e ervas marinhas no Arquipélago das Primeiras e

Segundas na província de Nampula. Para a área de incidência do projecto em questão, não há

conhecimento de nenhum ambiente sensível que mereça especial atenção, assim como não se prevê

nenhum impacto sobre ambientes sensíveis na área de estudo.

No entanto, caso se proceder à construção duma barragem no Rio Monapo a extração prevista

deste rio estimado em 10.000 m3/dia junta-se a outras intervenções no mesmo rio, nomeadamente

a expansão do sistema de abastecimento de água nas cidades de Nampula e Monapo, bem como

actividades agrícolas e mineiras. É provável que este conjunto de actividades tem um impacto

cumulativo importante afectando toda a bacia do rio bem como a zona da sua foz, onde ocorrem

mangais e possivelmente outros ambientes sensíveis.

5.1.6 Áreas e Espécies Protegidas

Não são conhecidas, na área do projecto, quaisquer espécies de fauna e/ou flora protegidas por lei

e que mereçam alguma atenção especial no presente estudo.

55

5.2 Descrição do Meio Socio-Económico

5.2.1 A Cidade de Nacala

A cidade de Nacala está localizada na província de Nampula, ao norte de Moçambique. Banhada

pelo Oceano Índico, localiza-se a 180 Km a nordeste da cidade de Nampula, a capital provincial,

e a 60 km a norte da Ilha de Moçambique, um importante destino turístico da região. A cidade de

Nacala tem uma base aérea e uma base naval e algum desenvolvimento industrial, incluindo duas

fábricas de cimento. Existe igualmente uma importante actividade agrícola local, registando-se

uma considerável produção de sisal, copra, algodão e castanha de cajú.

Apesar do potencial do porto de águas profundas de Nacala ter sido reconhecido há muitos anos

atrás, só no final da década de sessenta a estrutura ferro-portuária se desenvolveu, tendo nessa

altura sido concluídas as ligações ferroviárias com o interior. Nacala está hoje ligada por via-férrea

a Lichinga, na Província do Niassa, e ao sistema ferroviário do Malawi. Esta última ligação,

conhecida como Corredor de Nacala, foi criada com o objectivo de oferecer ao Malawi um acesso

mais fiável e mais rápido ao mar, em alternativa às rotas existentes através do Zimbabwe e da

África do Sul.

A sabotagem da linha férrea e a ruptura económica no norte de Moçambique, causada pela guerra

da independência no início dos anos setenta e, mais tarde, pela guerra civil durante a década de

oitenta, reduziu drasticamente o transporte de mercadorias através do porto de Nacala durante estes

períodos

5.2.2 Divisão Administrativa

O Conselho Municipal é o órgão executivo colegial do Município da Cidade de Nacala, que é

constituído por um Presidente e sete vereadores, distribuídos por áreas, que no exercício das suas

actividades para o pelouro de cada um supervisionam os serviços respoectivos no Conselho

Municipal, bem como coordenam e articulam as actividades cuja competência ou não é exclusiva

do Conselho Municipal ou é do Estado.

A cidade de Nacala tem cerca de 530km2, com dois Postos Administrativos e 22 Bairros:

Posto Administrativo de Mutiva:

a) Bairros Bloco 1;

b) Chivato;

c) Janga;

d) Lile;

e) Maiaia;

f) Mathapué;

g) Mocone;

h) MPaco;

i) Mutiva;

j) Muzuane;

56

k) Naherenque;

l) Nauaia;

m) Ontupaia;

n) Quissimajulo;

o) Ribaué e;

p) Triângulo.

Posto Administrativo de Muanona:

a) Bairros de Matola;

b) Muanona;

c) Mupete;

d) Murrupelane;

e) Nacurrula e;

f) Mahelene

Na área de jurisdição do Município de Nacala existem duas regedorias: O Regulado de Muxilipo,

que abrange a Zona Sul da Cidade, e o Regulado de Suluhu, que abrange a zona Norte e costeira

da Cidade. O Regulado de Muxilipo abrange algumas áreas limítrofes do Distrito de Nacala-a-

Velha.

57

5.2.3 Liderança

A liderança é garantida por secretários de diferentes escalões (1o, 2o e 3o escalões). Estes têm a

função de mobilização da comunidade para as tarefas sociais e económicas e os líderes

tradicionais, que se dividem em:

• Régulos;

• Chefes de Grupo de Povoações;

• Chefes das Povoações;

• Chingore;

• Outras personalidades na comunidade respeitadas e legitimadas pelo seu papel social cultural,

económico e religioso tratam principalmente dos aspectos tradicionais tais como cerimónias,

ritos e conflitos sociais.

5.2.4 Demografia

Segundo o Censo Populacional de 2017, o distrito de Nacala-Porto tem uma população de 225.034

habitantes, dentre 108.224 homens e os restantes 116.810 são do sexo feminino.

Os principais distritos de imigração são Memba, Nacala-a-Velha, Mossuril, Eráti e Monapo.

Fazendo uma análise da distribuição da população por sexo e idade, com base nos últimos censos

populacionais (1997 e 2007), verifica-se que a distribuição não é equitativa entre os homens e

mulheres (Conselho Municipal da Cidade de Nacala, 2006).

O Município de Nacala é directamente influenciado pelo Corredor de Nacala que liga o principal

Porto da zona Norte com outros países da região. A abertura de algumas pequenas indústrias, em

particular em Nacala -Porto trouxe muitos trabalhadores homens para viver temporariamente nas

comunidades á volta do corredor.

A distribuição da população por bairros, não responde a critérios rígidos, pois são vários os factores

que actuam para a fixação da população numa certa região, neste caso bairro. Para a Cidade de

Nacala, os bairros mais povoados são os que se localizam próximo da zona portuária e industrial,

concretamente Triângulo, Mocone, Ribaué e o bairro de Ontupaia, o que pressupõe que estas

populações se possam ter fixado nestas áreas para estarem próximo dos empreendimentos que

fornecem maior emprego, tais como o Porto, os Caminhos-de-ferro e as indústrias, como também

a zona de expansão habitacional.

Por outro lado, os bairros menos povoados são Chivato, Lile, e MPaco, por serem desprovidos de

infra-estruturas e equipamentos sociais, e com características rurais.

Os assentamentos informais são outro grande problema existente na Cidade de Nacala. Foram

estabelecidas, pelo Conselho Municipal, zonas de protecção onde não é permitida a construção de

casas e nem a instalação de machambas, devido a susceptibilidade da área para a erosão. No

entanto, as populações não obedecem a estes sinais, perigando as suas próprias vidas (Figura 7).

58

Figura 5: Construções informais instaladas em zonas de protecção devido á elevada densidade

populacional

5.2.5 Padrão de Uso de Terra

Os assentamentos informais estão associados ao mau ordenamento territorial, fazem com que

algumas infra-estruturas e outros empreendimentos (habitações, pequenos estabelecimentos

comercias informais e machambas) sejam construídas ou estabelecidos em áreas por onde passam

as condutas de abastecimento de água, tendo já sido relatados casos de rompimento sobre os quais

a gestão do sistema teve que intervir.

Prevê-se que as actividades do projecto tenham um impacto negativo sobre as pessoas que vivem

nas áreas de incidência do projecto, na medida em que irão criar alguns transtornos na sua

mobilidade e acesso às suas residências. No entanto, este impacto será de baixa significância e de

curta duração (durante a fase de construção). Apesar do impacto negativo, as actividades do

projecto terão um impacto positivo visível, através da melhoria na distribuição e qualidade da água

para a população.

A dinâmica de ocupação nas zonas urbanizadas corresponde à construção de habitação própria por

pessoas com meios financeiros, construção de equipamentos sociais pelo Estado e lugares de culto

por confissões religiosas, construção de armazéns e estabelecimentos comerciais. Uma parte das

construções feitas não obedece aos usos previstos nos Planos aprovados (não se construiu em altura

e localizaram-se armazéns e industrias em zonas previstas para habitação ou serviços).

Adinâmica de ocupação nas zonas semi-urbanizadas existentes corresponde ao investimento

particular no melhoramento da habitação, com fundos próprios e em auto-construção. Existe algum

investimento público nestas zonas, mas ainda reduzido.

A dinâmica de ocupação nas zonas de expansão está numa fase inicial induzida por uma

intervenção do Governo, para criar alternativas de ocupação das zonas sujeitas à erosão.

59

5.2.6 Actividades Económicas

A Cidade de Nacala tem como principais actividades económicas: agricultura, comércio, indústria,

pecuária, pesca, turismo, serviços ferro-portuários. Ocupa um lugar fulcral no eixo económico que

liga o Oceano através das cidades de Nampula e Cuamba ao hinterland do Malawi e Zámbia

mediante uma linha férrea e uma estrada. Dispõe dum porto de águas profundas e um aeroporto

militar a ser convertido num aeroporto internacional civil. A gestora do porto e da linha férrea, o

Corredor de Desenvolvimento de Nacala, é um dos principais actores económicos na região.

A agricultura de subsistência é a principal actividade das populações da parte rural do Município

de Nacala e é desenvolvida em forma de sistemas de consociação de culturas, onde a cultura de

mandioca é a predominante. Mas também destacam se as culturas do milho, amendoim e do feijão

(nhemba, oloco e jugo) como produtos alimentares básicos, ao lado do arroz plantado nos terrenos

alagadiços, mas com menor expressão (MAE, 2005).

A actividade pecuária é de fraca expressão, estando actualmente em franca recuperação, mas de

forma isolada. Em termos de efectivo de gado, pode-se destacar a existência de alguns privados e

alguns criadores do sector familiar que fazem a criação de gado bovino, suíno, caprino, ovino e

aves (MAE, 2005).

A pesca com maior expressão é a artesanal, praticada na Baía de Nacala. Esta pesca desempenha

um papel de relevo no abastecimento de proteína animal, na geração de empregos e na fixação das

populações. Verifica-se uma grande complementaridade entre a actividade agrícola e a pesqueira

(MAE, 2005).

Em 2002, o levantamento realizado pelo IDPPE identificou 24 centros de pesca artesanal em

Nacala-Porto, 358 unidades de pesca licenciadas. Usam-se os seguintes métodos e artes: draga,

arrasto para a praia, armadilha como Gambôa, pesca submarina nos corais, pesca a linha.

O Sector comercial tem tido um desenvolvimento progressivo na cidade de Nacala, devido ao

resultado do seu crescimento interno, da sua localização, da base industrial e um pouco associado

á actividade pesqueira.

Para além do comércio formal com 83 estabelecimentos, existem cinco mercados Municipais

localizados na Cidade da Baixa e outros na Cidade Alta com mais de 190 bancas fixas. Os

mercados informais estão localizados em quase todos os bairros periféricos da cidade. Este sector

tem-se revelado como um enorme potencial tributário, do ponto de vista financeiro, visto que as

receitas dos mercados e lojas constituem, em média, um terço do total das receitas do Conselho

Municipal de Nacala, nos últimos anos.

O Bairro que goza de maior concentração de estabelecimentos comerciais é o Maiaia, pelo facto

de ser a parte consolidada e a mais antiga da cidade, enquanto na parte baixa da cidade se verifica

maior concentração de armazéns que se dedicam a venda a grosso de produtos diversos.

A actividade industrial na cidade de Nacala tem maior expressão em relação a alguns distritos da

província de Nampula. Existem duas grandes indústrias de produção de cimento, que buscam a

60

matéria-prima, o calcário dentro da área do município na zona de Quissimajulo. Para além das

indústrias de produção de cimento, a indústria de processamento de cereais (moagens) tem um

considerável impacto, em termos de absorção de mão-de-obra local.

Existem também outros estabelecimentos industriais, como a de produção de sacos de ráfia,

produção de chapas de zinco, e extracção de sal na baía de Quissimajulo. O conjunto de todos os

estabelecimentos emprega mais de 1000 trabalhadores (Conselho Municipal da Cidade de Nacala,

2006).

O artesanato é praticado de forma singular e isolada em que os praticantes produzem diversos

produtos, mas em alguns casos os artistas estão organizados em associações. O artesanato é

exercido informalmente e constitui alternativa para o auto-emprego, destacando-se a tecelagem,

cestaria, olaria, ourivesaria entre outras actividades espalhadas por todo o município.

Apesar de o Plano Director de Desenvolvimento Turístico de Moçambique (1998) caracterizar

Nacala como estando numa área litoral de categoria D, pertencendo ao pólo de desenvolvimento

principal, a actividade turística é ainda incipiente apesar do imenso potencial da costa do país,

que se expressa na concentração de diversos recursos naturais e ambientais com elevado valor

turístico em espaços relativamente próximos, o que constitui um importante factor atractivo. A

costa de Nacala oferece condições favoráveis para o desenvolvimento do turismo, carecendo de

um investimento na área, concretamente na zona da praia de Fernão Veloso, Relanzapo e

Quissimajulo. Apesar dos constrangimentos, pode-se encontrar alguns estabelecimentos turísticos,

concentrados na sua maioria no bairro Maiaia.

As empresas de prestação de serviços em Nacala, são representados pela banca, seguros,

empresas de segurança, e empresas de construção civil. Todos estes estabelecimentos concentram-

se no centro da cidade e beneficiam também as populações dos distritos circunvizinhos, em

particular Nacala-a-Velha e Memba.

O sistema de estradas e caminhos-de-ferro é de importância regional para a região Norte do país

(Províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula), assim como de importância internacional, visto

que o corredor de Nacala se liga á República do Malawi. Nacala-Porto possui 914kms de linha

férrea (que liga, por um lado, Nacala a Lichinga e por outro, liga Nacala a Cuamba e as áreas de

Entre-Lagos). O maior Porto Natural de Moçambique está localizado neste Município e possui um

aeroporto em óptimas condições.

O Município de Nacala possui excelentes serviços como bancos e seguradoras fornecidas pelas

sucursais de alguns dos principais bancos e empresas de seguros do país, assim como serviços

públicos de comunicação e companhias de telecomunicações (MAE, 2002).

5.2.7 Aspectos culturais

A população da cidade de Nacala obedece ao padrão de cultura e vida de quase toda a província

de Nampula. Esta é composta por grandes famílias, linhagens e clãs.

A base étnica das populações locais é na sua maioria do subgrupo étnico emacua (macuas

61

islamizados) da família Macua – Lómwé.

Existe uma grande variedade de danças locais praticadas pela população. Dentre elas o Mapico,

Tufo e Marimba são as mais conhecidas. Estas danças são praticadas como forma de reafirmar a

identidade cultural e exteriorizar o estado de tristeza e de culto.

Os habitantes da Cidade de Nacala têm uma tradição típica dos árabes principalmente na zona do

litoral. As mulheres pintam o rosto com um creme branco (inclusive aparecendo em público com

as caras brancas), isto é, tratam a pele do rosto com muciro (mussiro), uma máscara de beleza

extraída de uma raíz que serve para alisar a pele. As mulheres dedicam-se à feitura de cestos,

peneiras, esteiras e outros artigos de palha, assim como de objectos de escultura em pau-preto e

olaria. Também furam o nariz para poder colocar o brinco, cobrem o corpo todo de capulana

(insunque) deixando somente o rosto pintado a descoberto. Por seu lado, os homens se dedicam a

trabalhos mais pesados como a pesca, os Caminhos-de-Ferro e o Porto.

As religiões predominantes são a Islâmica (Muçulmana) e a Católica, praticadas pela maioria da

população. As populações do distrito acreditam numa força sobrenatural que está ligada aos

destinos (chuva, sorte, morte, luz e vida).

A maioria da população é animista crendo nos antepassados a quem atribuem poderes eternos para

ajudar os vivos a superar as crises e dificuldades e a conseguirem o bem-estar.

5.2.8 LIDERANÇA

A liderança é garantida por secretários de diferentes escalões (1o, 2o e 3o escalões). Estes têm a

função de mobilização da comunidade para as tarefas sociais e económicas e os líderes

tradicionais, que se dividem em:

• Régulos;

• Chefes de Grupo de Povoações;

• Chefes das Povoações;

• Outras personalidades na comunidade respeitadas e legitimadas pelo seu papel social cultural,

económico e religioso

Tratam principalmente dos aspectos tradicionais tais como cerimónias, ritos e conflitos sociais.

6 IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO PROJECTO E MEDIDAS

DE MITIGAÇÃO

O principal objectivo do exercício do EIAS, é o de identificar e avaliar os potenciais impactos que

poderão surgir durante as actividades de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento

de água à Cidade de Nacala, nas fases de construção/instalação e operação/manutenção. Este

estudo inclui a análise de aspectos socioeconómicos, biofísicos e de saúde e segurança

ocupacional.

Os impactos significantes das fases de construção e operação foram identificados de acordo com

critérios pré-definidos de carácter, extensão, duração, intensidade, ocorrência e significância.

62

As actividades relacionadas ao projecto com potencial de causar mudanças ambientais foram

estudadas com detalhe usando técnicas apropriadas para sistematizar as análises e avaliações dos

impactos. Desta forma, uma análise conjunta dos seguintes elementos foi levada a cabo:

• Resultados da fase de EPDA para os aspectos críticos e áreas sensíveis de acordo com as

características do projecto;

• Situação ambiental de base especialmente das áreas sensíveis e aspectos ambientais críticos;

• Informação do projecto, particularmente com referência às actividades com potencial de causar

impactos importantes durante as fases de construção e exploração.

São considerados impactos todas as modificações relevantes, em relação ao quadro de referência

actual e perspectivas de evolução futuras, directa ou indirectamente associadas à implantação dos

empreendimentos propostos. Adoptou-se para esta fase dos estudos e de acordo com a metodologia

de definição do âmbito referida, uma perspectiva selectiva, que tem em vista a identificação dos

impactos de acordo com o seu significado, e que, consequentemente, deverão constituir a base da

avaliação da viabilidade ambiental do projecto.

Os impactos potencialmente significativos, os quais estão naturalmente associados à natureza da

intervenção e características das áreas a ser objecto de intervenções, prendem-se com os seguintes

aspectos:

• Gestão qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos;

• Aspectos geológicos, geomorfológicos e paisagísticos;

• Aspectos ecológicos;

• Aspectos socioeconómicos e aspectos culturais;

• Reassentamentos e uso da terra.

Os impactos são na generalidade apresentados segundo três fases do projecto, nomeadamente, i)

fase de pré-construção, ii) fase de construção e iii) fase de exploração.

Os impactos positivos podem ser observados como consequência do projecto de melhoria e

expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala e estes incluem:

• Expectativa de emprego;

• A criação de empregos temporários;

• Melhoramento das condições de vida das populações, devido à criação de emprego;

• Provisão planeada do abastecimento de água para a área;

• Adequação e fiabilidade do abastecimento de água;

• Resposta positiva para o direito de ter água de boa qualidade, como indicado na Lei de Águas

e Política de Águas;

• Redução de escoamento e erosão, melhoria na saúde pública;

• Colecta de água extraída;

• Redução de assoreamento dos corpos receptores de águas;

• Aumento dos níveis de água dos corpos de recepção;

• Melhoria da saúde pública, e melhores condições para o desenvolvimento das actividades

económicas;

63

• Melhorar a qualidade no tratamento de efluentes;

• Compatibilidade com o desenvolvimento económico da região;

• Impactos cumulativos devido a sinergias com projectos de outras instituições.

Estes impactos positivos justificam a implementação do projecto pois os impactos negativos que

foram identificados como consequência da implementação do projecto são na generalidade de

magnitude baixa, circunscritos e temporários, relativos à perturbação induzida pelas obras, locais

de apoio, estaleiros, acessos, remoção da vegetação e possibilidade de reassentamento de uma

pequena quantidade de população que pode ser afectada pela materialização do projecto em

apreço.

6.1 FASE DE PRÉ-CONSTRUÇÃO

A fase de pré-construção pode ser associada a altas expectativas em relação aos resultados do

projecto a curto prazo. Estes impactos devem ser geridos por uma boa comunicação sobre os

objectivos e resultados esperados ao final do projecto. Eles podem ser resumidos no seguinte:

1 Potencial Impacto: Expectativa elevada de emprego por parte das populações locais

Por se tratar de um projecto de grande dimensão, existem no seio da população local, expectativas

exageradas quanto à criação de postos de trabalho. As questões relacionadas com emprego foram

levantadas nas escutas públicas realizadas na fase de EPDA. De facto, e apesar de o projecto criar

oportunidades de emprego na região, os postos de trabalho serão limitados pelo que se torna

importante que os processos de contratação sejam claros e justos. Espera-se que a não criação de

emprego suficiente possa criar descontentamento por parte dos locais, podendo ocorrer conflitos

ou gerar-se má vontade em relação ao projecto.

Classificação do Impacto

Estatuto Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensao Local

Duracao Curto Prazo

Intensidade Media

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Para cada função deve ser divulgado o número exacto de postos de trabalho disponíveis, o

período aplicável e as remunerações a atribuir para cada tipo de trabalho;

• Os requisitos de contratação devem ser claros, devidamente divulgados antes do início do

processo de recrutamento e cumpridos pelo empreiteiro designado. Para um melhor impacto

junto das comunidades este processo deverá ser conduzido com o envolvimento dos líderes

locais;

• Devem ser indicadas as qualificações necessárias para tal função ou, nos casos em que tal não

seja aplicável, deve ser claramente indicado não ser necessária qualificação especial;

64

• Caso se verifique existirem localmente expectativas de emprego que não possam ser satisfeitas

pelo projecto, a disponibilidade limitada de vagas deve ser dada a conhecer aos interessados

(por meio de um documento escrito assinado por uma pessoa competente, a ser mantido como

comprovativo de tal condição);

• Estes princípios e procedimentos de contratação deverão, tanto quanto possível, dar prioridade

à contratação de mão-de-obra local.

2 Potencial Impacto: Expectativa de solução a curto prazo de todos os problemas de

abastecimento de água na cidade

Dada a relevância que os problemas de abastecimento de água mostram na Cidade de Nacala, a

presença de mais um projecto pode criar expectativas muito elevadas na população da cidade

quanto a solução imediata de todos os problemas do sector de abastecimento de água. Contudo,

sabe-se que as soluções serão graduais havendo iniciativas que serão tomadas a curto prazo e outras

a longo prazo devido a limitações em relação as fontes de água existentes e aos custos envolvidos

com as alternativas identificadas para a solução definitiva dos problemas de abastecimento de água

tendo em conta o horizonte de 2029.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensao Local

Duracao Medio Prazo

Intensidade Media

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Divulgação junto das comunidades locais do alcance das medidas que vão ser tomadas a curto

prazo para evitar falsas expectativas e garantir a credibilidade do projecto junto das

comunidades;

• Coordenar com as autoridades locais, os líderes locais e tradicionais o processo de divulgação

do faseamento e das metas de implementação do projecto;

• Aproveitar as escutas públicas para o início desta sensibilização.

3 Potencial Impacto: Expectativa elevada de obter grandes compensações nos casos de

reassentamento

O facto de o projecto estar a ser levado a cabo por um projecto poderá criar expectativas de

compensações muito elevadas por parte das populações que tenham as suas parcelas de terra

afectadas ou com necessidade de serem reassentadas.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

65

Classificação do Impacto

Probabilidade Altamente Provavel

Extensao Local

Duracao Curto Prazo

Intensidade Media

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Para o caso específico de compensação por perda de áreas de machambas e de árvores de fruta,

a Direcção Provincial de Agricultura e Segurança Alimentar (DPASA) de Nampula deve ser

contactada em todos os casos de dúvidas relativas a procedimentos de compensação, incluindo

a negociação com os usuários da terra;

• As situações identificadas no terreno são variáveis e devem ser analisadas caso a caso. Assim,

mecanismos de indemnização devem ser implementados em todos os casos justificáveis, com

base em critérios claros de elegibilidade. Acredita-se que o envolvimento das autoridades irá

contribuir para a minimização de casos de oportunismo.

6.2 FASE DE CONSTRUÇÃO

De acordo com os resultados do levantamento de campo diferentes tipos de características

biológicas e físicas serão afectados com o melhoramento e expansão do sistema de abastecimento

de água à Cidade de Nacala.

De um modo geral podemos identificar os tipos de impactos que são previsíveis com a

implementação do projecto:

• Alterações na morfologia do terreno;

• Destruição de vegetação e flora;

• Contaminação e degradação das características dos solos;

• Redução de habitats sensíveis;

• Compactação do solo;

• Alteração da qualidade de água;

• Poluição da água subterrânea;

• Interferência com Fauna;

• Aumento do ruído e vibrações;

• Qualidade do ar;

• Actual uso de terra e o potencial e carácter da paisagem;

• Habitats e Vegetação;

• Fauna;

• Impactos Socioeconómicos.

Em seguida são descritos os potenciais impactos na fase de construção do projecto.

6.2.1 Impactos da Actividade Sobre o Meio Biofísico

66

1 Potencial Impacto: Potencial de erosão dos solos

As actividades de construção poderão resultar em aumento do risco de erosão dos solos devido às

seguintes actividades:

• Remoção da vegetação para abrir trincheiras para substituir as condutas de água;

• Actividades de construção, incluindo o uso de maquinaria pesada;

• Actividades de terraplanagem necessárias para a implantação de infra-estruturas a construir;

• Preparação do terreno para a construção e instalação dos estaleiros e acampamentos;

• Escavações de trincheiras para colocação da tubagem;

• Acumulação de material.

Em dias com elevada intensidade pluviométrica e escoamento das águas das chuvas pode ocorrer

excessiva erosão devido à exposição de material solto que é susceptível a fácil erosão.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensao Local

Duracao Curto Prazo

Intensidade Media

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Decapagem: a camada de solo superficial, com pelo menos 20 centímetros de espessura, deve

ser manuseada de forma a repô-la aquando do fecho das trincheiras abertas para enterrar as

condutas de água.

• Vegetação com propriedades de prevenir erosão deve ser replantada (ou deixada intacta) à

volta das trincheiras.

• Assim, plantas rasteiras e estrato herbáceo devem ser mantidos e em casos especiais devem ser

replantadas.

• Tomar medidas apropriadas para garantir que a erosão seja controlada através da estabilização

das margens, uso de vegetação, bacias de sedimentação e outras medidas apropriadas que

assegurem a dissipação de fluxo superficial concentrado;

• Reposição da vegetação com arbustos de crescimento lento ou espécies madeireiras de

pequeno porte e índice de crescimento lento pois poderão ajudar na retenção de água e

consequente diminuição da erosão.

• Restringir a circulação de veículos pesados em áreas propensas a erosão;

2 Potencial Impacto: Potencial de Inundação

As actividades de construção resultam na acumulação de terras no local de construção o que pode

levar à obstrução de linhas naturais de escoamento de águas pluviais podendo resultar em

inundações. Estes impactos são negativos, mas podem ser facilmente mitigados.

67

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Media

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Reduzir ao máximo o tempo de exposição do material susceptível de ser arrastado na

eventualidade de queda pluviométrica;

• Reposição imediata dos solos retirados na abertura das trincheiras.

3 Potencial Impacto: Degradação das características dos solos e Poluição do solo e água

resultante da má gestão de resíduos sólidos e líquidos produzidos nas actividades de

construção de infra-estruturas

A edificação das infra-estruturas complementares ao projecto (armazéns, oficinas, parque de

máquinas, acampamento para trabalhadores), deverá ser realizada de modo a minimizar os

impactos sobre o meio envolvente. De facto, as actividades de construção, ao lidarem com

materiais diversos que têm diferentes potenciais contaminantes, podem degradar as características

dos solos, causar contaminação de solos e/ou águas superficiais ou subterrâneas. As actividades

de construção propostas poderão resultar no aumento do risco de poluição do meio hídrico e dos

solos uma vez que haverá efluentes produzidos nos estaleiros e na própria obra.

Estes impactos negativos são susceptíveis de ocorrer durante a fase de construção e resultariam

de:

• Compactação dos solos por veículos pesados e por equipamento de construção – é um potencial

impacto devido à passagem sucessiva de maquinaria, especialmente maquinaria pesada. A

compactação traduz-se na diminuição do espaço para água e ar no solo, dificultando o

desenvolvimento de raízes e afectando o crescimento das plantas;

• Poluentes emitidos dos escapes de veículos, partículas de pneus e travões que poderão ser

transportados dissolvidos ou em suspensão para a componente subterrânea do ciclo

hidrológico;

• Instalações sanitárias temporárias;

• Efluentes domésticos provenientes dos acampamentos e estaleiros de construção;

• Águas e óleos das lavagens de veículos e das oficinas de manutenção de motores, centrais de

fabricação e depósitos de materiais,

• Materiais residuais da obra.

68

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Local e sub Regional

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Os materiais de construção deverão ser descarregados num estaleiro temporário (apenas para

a fase de construção) que deverá ser compactado e, se possível impermeabilizado, ficando os

materiais de construção armazenados em paletes, longe do chão.

• As operações de preparação de cimento deverão ser realizadas em zonas compactadas dotadas

de barreiras de contenção em terra. No caso de ocorrer um derrame acidental de cimento, este

deve ser imediatamente removido para reciclagem.

• Todos os edifícios deverão ser construídos sobre uma plataforma de cimento, que será

removida para reciclagem, aquando da fase de encerramento dos estaleiros.

• Findo o trabalho de construção, o estaleiro deverá ser desactivado e a área deverá ser

reabilitada.

4 Potencial Impacto: Alterações na morfologia do terreno

Este impacto ocorrerá como resultado de actividades de terraplanagem necessárias para a

implantação de infra-estruturas que serão construídas e da criação de locais de deposição de

material. A utilização de câmaras de empréstimo de material é outra actividade que levará a

alterações na morfologia do terreno o que se constitui um impacto negativo de ocorrência provável,

mas de significância baixa dada a sua reversibilidade.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Reduzir ao máximo o tempo de exposição do material susceptível de ser arrastado na

eventualidade de queda pluviométrica;

• Reposição imediata dos solos retirados na abertura das trincheiras.

69

5 Potencial Impacto: Potencial de erosão dos solos

As actividades de construção em dias com elevada intensidade pluviométrica e escoamento das

águas das chuvas podem levar a excessiva erosão devido à exposição de material solto e ser

susceptível a fácil erosão. A acumulação de terras no local de construção do projecto pode também

levar à obstrução de linhas naturais de escoamento de águas pluviais o que pode resultar em

inundações. Estes impactos são negativos, mas podem ser facilmente mitigados.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Reduzir ao máximo o tempo de exposição do material susceptível de ser arrastado na

eventualidade de queda pluviométrica;

• Reposição imediata dos solos retirados na abertura das trincheiras.

6 Potencial Impacto: Geração de resíduos de demolições das infra-estruturas incompletas

da ETA inacabada

As actividades de demolição das instalações da ETA inacabada vão gerar quantidades

consideráveis resíduos designados “resíduos de demolição”, compostos por entulhos de obra

(tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, madeiras e compensados,

forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica

etc), cuja sua gestão deficiente poderá impor riscos ao meio ambiente:

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

70

• Limitar ou reduzir o grau, extensão, magnitude e duração dos impactos adversos. Isto pode ser

conseguido por redimensionamento, relocação ou redesenhando os elementos de um projecto;

• Os resíduos reciclveis e/ou reutilizáveis deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de

agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos

de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

• Os resíduos recicláveis com outros destinos diferentes dos anteriores deverão ser reutilizados,

reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo

a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

• O restante material não reciclavel poderá ser usado para acções de controlo de erosão nos

arredores do local da nova ETA ou em outros locais de erosão crítica no Município de Nacala;

e

• Consciecialização do pessoal envolvido nas actividades de demolição sobre as boas práticas

de gestão de resíduos.

7 Potencial Impacto: “Material “obsoleto” de construção acumulado em vários locais do

projecto (tubagem, etc.)

As obras inacabadas do projecto resultaram em material abandonado que, no geral, pode ser

considerado como obsoleto, até que prove o contrário, a possibilidade de sua utilização nas obras

projectadas do projecto. A acumulação desse material diverso poderá igualmente perigar o meio

ambiente.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• A tubagem armazenada desde a realização de obras incompletas financiadas pelo MCC, poderá

ser inspecionada para determinar o uso ou não. Caso os tubos estejam danificados ou

considerados impróprios, serão necessárias medidas para a deposição adequada.

• Uma das alternativas seria o uso na drenagem de águas pluviais e minimizar erosão em locais

críticos do município de Nacala.

8 Potencial Impacto: Interferência com Usos e Aproveitamentos da Terra

A substituição da conduta adutora actual por uma maior pode resultar em impactos sobre bens e

propriedades privadas – culturas, árvores e infra-estruturas precárias das populações locais.

71

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Envolvimento das partes interessadas e directa ou indirectamente afectadas pelas actividades

do Projecto.

• Se o reassentamento for inevitável, o processo de reassentamento deve ser gerido de acordo

com a Lei de Reassentamento nº 31/2012, de 8 de Agosto, e também deve estar em

conformidade com a Política de Salvaguarda do Banco Mundial sobre Reassentamento

Involuntário OP / BP 4.12

9 Potencial Impacto: Poluição do Ar e das águas como resultado de Poeira / produtos

químicos tóxicos no ar resultantes da demolição de infra-estruturas da ETA e outras

inacabadas

Durante a demolição de infra-estrutura irao se usar maquinas pesadas (Bulldosers, escavadoras,

etcs) que de alguma forma poderão emitir gases e poeiras para atmosfera e às águas, poluindo desta

forma o meio ambiente.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Rega das superfícies para reduzir o pó e reduzir o uso de produtos químicos (tóxicos);

• Preparação adequada de material de construção, como cimento;

• Redução dos limites de velocidade e / ou acesso a estradas que levam às áreas do Projecto;

72

• Garantir a manutenção regular de veículos e equipamentos usados no local;

• Evitar incêndios;

10 Potencial Impacto: Poluição sonora durante a demolição das infra-estruturas existentes

Durante a demolição de infra-estrutura serão utilizados equipamentos pesados (bulldozers,

escavadoras, etc.) que de alguma forma poderão emitir ruidos com incomodidade transformação

em poluição sonora.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Uso do equipamento apropriado contra ruido pelos trabalhadores envolvidos nas actividades

de demolição; e

• Garantir a manutenção regular de veículos e equipamentos usados no local

11 Potencial Impacto: Potencial poluição dos solos e águas subterrâneas pelo derrames

acidentais de hidrocarbonetos

A maquinaria de construção civil incluindo máquinas de sondagem rotativa, pás escavadoras,

veículos de transporte e equipamentos que serão usadas nas actividades de construção levarão a

um uso de grandes quantidades de hidrocarbonetos. Além disso serão também usados na

construção detergentes, cimento e será produzido lixo doméstico como sacos vazios de cimento,

tambores metálicos e embalagens e sacos de plástico. Derrames acidentais dos produtos

petroquímicos e de produtos perigosos nos acampamentos/estaleiros e depósitos de abastecimento

de combustíveis podem resultar em contaminação de solos cuja lixiviação e infiltração

contaminaria o lençol freático.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Médio Prazo

73

Classificação do Impacto

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• Materiais poluentes, como combustíveis, lubrificantes, detergentes, cimento e outros, devem

ser manuseados com especial cuidado, de modo a evitar derrames.

• O abastecimento de máquinas e viaturas deve ser feito em locais apropriados previamente

identificados;

• O armazenamento de combustível e a manutenção ou reabastecimento de veículos ou

equipamento deverão ser efectuados a uma distância não inferior a 100 metros de qualquer

curso de água, terras húmidas, onde exista potencial para que derrames de combustível

contaminem os cursos de água ou a água subterrânea.

• Os óleos lubrificantes usados devem ser recolhidos em tambores, selados e remetidos às

empresas fornecedoras desses produtos para posterior reciclagem.

• Evitar o derrame de óleo ou combustíveis no solo o máximo que for possível.

• A manutenção das viaturas deverá ser feita em oficinas dentro do acampamento. Caso não seja

possível remover a viatura para a oficina a manutenção só poderá acontecer num outro local

com as devidas precauções como por exemplo cobrir o solo com material impermeável como

por exemplo folhas de plástico.

• Os locais de construção, armazéns e acampamentos temporários devem ser limpos para evitar

queimadas indiscriminadas, enterro ou abandono de lixo.

• Uma equipe deverá ser responsável por manter a área de trabalho limpa, recolhendo todo o

lixo produzido pelos trabalhadores envolvidos no projecto, e depositando nos locais

apropriados.

• Devem ser usados aterros sanitários temporários para deposição de lixos; a camada de solo

superficial deve ser manuseada de tal forma que possa retomar ao mesmo lugar donde foi

removida, quando termine a utilização do aterro.

• As embalagens feitas de materiais facilmente biodegradáveis (papel, cartão, madeira) devem

ser depositadas em aterros ou incinerados. Embalagens e tambores que tenham sido usados

com produtos tóxicos como combustíveis e lubrificantes, devem ser devolvidos às empresas

distribuidoras desses produtos; os que não tenham sido utilizados com produtos tóxicos podem

ser distribuídos às populações que os poderão usar como reservatórios de água.

12 Potencial Impacto: Aumento dos níveis de ruídos e vibrações associados à fase de

construção do projecto

Em função do número assim como das características dos equipamentos a utilizar espera-se que

haja aumentos expressivos, tanto pontuais, como constantes, dos níveis de ruído e de vibrações. O

ruído gerado enquadra-se no contexto da exposição ocupacional no microclima do local de

trabalho e no contexto da poluição ambiental e perturbação do bem-estar dos trabalhadores e dos

74

transeuntes. Os ruídos estarão circunscritos ao local de construção sendo causados por:

• Movimento de veículos de construção;

• Ruído do funcionamento de equipamentos pesados (compressores, martelos pneumáticos ou

brocas pneumáticas);

• Vibrações resultantes da terraplenagem e compactação das camadas de base durante a fase de

construção

• Abertura de trincheiras para as condutas de água;

• Actividade de construção da estação de tratamento de água;

• Trabalhos de construção em dias de ventos fortes e condições climáticas que possam favorecer

a propagação de ruído.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Concentrar todas as actividades durante o dia o que reduzirá as horas de incidência do impacto.

• As viaturas e o equipamento da unidade de processamento deverão ser inspeccionados

regularmente, para assegurar o seu funcionamento adequado e limitar a libertação de

fumos/ruído;

• Evitar trabalhos de construção em dias de ventos fortes e condições climáticas que possam

favorecer a propagação de ruído de modo a controlar a incidência deste impacto.

• O pessoal que estiver a trabalhar directamente com a maquinaria geradora dos ruídos, incluindo

a sua estadia curta em zonas onde o ruído é exagerado será disponibilizado equipamentos

auriculares de protecção de tipo inserção, conforme recomendado no PGA.

• Instalação de silenciadores e mecanismos de controlo de ruído (isolantes) nos equipamentos e

máquinas que emitam elevados níveis de ruído;

• O transporte de materiais deverá ser feito respeitando os limites de carga dos equipamentos e

a velocidade máxima dentro das vias não pavimentadas deverá ser limitada a 20 km/h;

• Adicionalmente deverão ser adoptadas medidas de protecção e monitoria das comunidades

próximas estabelecendo um sistema de monitoria dos ruídos junto das comunidades para e, se

necessário, determinar mais medidas de mitigação, em conjunto.

13 Potencial Impacto: Degradação da qualidade de ar devido a emissão de poeiras e material

particulado

75

A degradação da qualidade do ar resultará das emissões de poeiras, com consequente aumento das

concentrações de material particulado no ar, em resultado das várias actividades envolvidas na

obra. Está previsto que este impacto ocorra na fase de construção onde se espera um aumento da

circulação de veículos e transporte de materiais de construção, a realização de operações de

desmatação para a colocação da tubagem. Este impacto é geralmente pouco expressivo sendo que

depende da estação do ano e das condições meteorológicas. Nos períodos mais secos do ano e nos

dias mais ventosos verificar-se-ão maiores emissões de material particulado, tanto pela normal

intensificação dos trabalhos nestas épocas, como pela facilidade de suspensão das poeiras em

épocas menos húmidas. Este impacto far-se-á sentir com maior intensidade nas zonas de

actividades mais intensas de obra, i.e. nos locais de escavação para a colocação da tubagem, nos

acessos onde se venha a verificar maior circulação de veículos e maquinaria. A quantidade e tipo

de partículas emitidas no ar dependerão das características do solo, do volume e tipo de tráfego,

da distância percorrida e da velocidade a que os veículos circulam.

As actividades emissoras são, no entanto, temporárias, limitadas ao período de obra e assumem

um carácter local, por se encontrarem restritas às áreas de intervenção. Assim, relativamente aos

potenciais impactos negativos decorrentes da fase de construção estes impactos deverão reportar-

se a emissões (sobretudo de poeiras) geradas nos locais de obras e seus principais acessos sendo

potencialmente pouco significativos face à sua natureza temporária e localizada e sobretudo devido

a não ocorrerem perto de zonas com presença actual de receptores sensíveis (apesar de poder vir a

constituir-se também incómodos para os residentes nos estaleiros sociais).

O ligeiro aumento esperado da concentração de material particulado no ar, embora tenha um efeito

algo desconfortável e perturbador não assume riscos para a saúde dos indivíduos que contactem

directamente com estas poeiras.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local a Sub Regional

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação

• Todos trabalhadores na área de serviço deverão ter protectores de poeiras, com máscaras;

• Limitar a remoção da vegetação ao mínimo necessário para reduzir as áreas expostas;

• Restringir a duração da remoção das camadas do solo durante a abertura das trincheiras e

proceder imediatamente à sua protecção com cobertura vegetal após a reposição, protegendo-

as do vento até que a vegetação cresça;

76

• Limitar a velocidade de circulação de máquinas e veículos para 20 km/h dentro das vias não

pavimentadas;

• Instalar dispositivos de controle de velocidade em todas as viaturas envolvidas no projecto;

• O transporte de materiais deverá ser feito respeitando os limites de carga dos equipamentos, e

a carga deverá ser coberta;

• Deverá ser utilizado o método de aspersão de água no solo das estradas e vias não pavimentadas

para fazer assentar as poeiras sempre que necessário (i.e. antes do início de actividades

geradoras de níveis altos de poeiras; sob condições de ventos fortes).

• Adicionalmente deverão ser adoptadas medidas de protecção e monitoria das comunidades

próximas:

− Deverão ser estabelecidas barreiras de som e vento na vizinhança das comunidades próximas

ao local de projecto;

− Deverá ser estabelecido um sistema de monitoria das poeiras junto das comunidades para, se

necessário, determinar mais medidas de mitigação, em conjunto.

14 Potencial Impacto: Emissão de fumos e gases resultantes de veículos e maquinaria afecta

à obra

A operação de motores de combustão associados a veículos de transporte e equipamentos

utilizados nas obras poderão resultar em impactos devido a emissões temporárias de poluentes

atmosféricos provenientes da queima de combustíveis, tais como o monóxido de carbono (CO),

dióxido de enxofre (SO2), óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis (COV: aldeídos,

hidrocarbonetos, cetonas, etc.), partículas e fumos negros e compostos de chumbo (Pb), resultantes

da queima de combustíveis fósseis. Este impacto ocorrerá na fase de escavação de trincheiras de 1

m de profundidade e 8 km de comprimento para renovar ou substituir a velha conduta de asbestos

cimento (AC) da barragem para Cidade e Nampula e na construção para expandir a estação de

tratamento de água. Neste processo maquinaria apropriada de construção civil incluindo pás

escavadoras, veículos de transporte e equipamentos serão usadas de forma a garantir a qualidade

das obras.

A presença destes poluentes na atmosfera será responsável por alterações localizadas na qualidade

do ar, dependendo de um modo geral, das condições meteorológicas do local, a topografia da zona,

a natureza e o período de duração das várias operações, assim como o tipo e características dos

equipamentos utilizados.

O impacto resultante das emissões de fumos e gases resultantes de veículos e maquinaria será de

magnitude baixa e pouco significativo, dada a fraca presença de população na área do

empreendimento e o tráfego de veículos, relativamente reduzido, conforme esperado para a fase

de construção do empreendimento.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local a sub Regional

77

Classificação do Impacto

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada a Baixa

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação:

• É inevitável a emissão desses gases, pois a natureza do processo assim o dita. O único gás cuja

emissão pode ser regulada e controlada é o monóxido de carbono através da observância duma

boa prática da queima do combustível. Um excesso do ar da queima bem determinado elimina

o monóxido de carbono.

• Entretanto, o dióxido de carbono, responsável pelo efeito da estufa, entra no ciclo energético

entre plantas e animais, pela fotossíntese, nas plantas, e pela respiração, nos animais, para a

produção de respectivamente, carbohidratos e energia. Este ciclo, por si só, é responsável pela

redução dos níveis dióxido de carbono, repondo dessa forma o equilíbrio normal de sua

composição atmosférica.

• Será recomendado que o empreiteiro seleccionado possua equipamento em bom estado e da

melhor qualidade de modo a reduzir os níveis de emissões de gases.

15 Potencial Impacto: Impactos no habitat e na vegetação e fauna

Para a substituição da conduta adutora será necessário abrir um corredor, livre de obstáculos,

que permita a circulação da maquinaria de escavação. A abertura desse corredor implicará a

remoção da vegetação que influirá também na redução do habitat das espécies de animais do

ambiente terrestre.

Apenas uma pequena quantidade de fauna residente na zona onde será removida a conduta

antiga, ou associada á vegetação da área de influência directa, poderá ser afectada pelas

actividades do projecto. Algumas espécies de aves dependentes da vegetação dos locais por

onde será substituída a conduta, poderão ser afectadas

A abertura de estaleiros implicará também a remoção da cobertura vegetal, no entanto numa

escala menor pois são áreas menores, e não necessitam de uma limpeza total da cobertura

vegetal, podendo ser mantidas algumas espécies.

As consequências directas desta forma de desmatamento são a alteração na drenagem natural,

compactação do solo e erosão.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Definitiva

Extensão Local

78

Classificação do Impacto

Duração Curto Prazo

Intensidade Baixa

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Limitar a remoção de vegetação ao mínimo necessário;

• Sempre que possível deverão ser usadas vias de acesso pré-existentes;

• Todo o pessoal envolvido nas actividades do projecto deve ser instruído a preservar os habitats

naturais e sensíveis na área de influência do projecto;

• A remoção da camada superior do solo (topsoil), de todas as zonas onde se vão implementar

infra-estruturas deverá anteceder todos os trabalhos da fase de construção. Esta operação

deverá ocorrer preferencialmente no tempo seco para reduzir a compactação do mesmo.

• A preparação para a remoção da camada superior do solo deverá incluir a remoção de todas as

árvores e arbustos da zona, seguida por uma gradagem ligeira que garante a incorporação de

matéria vegetal e sementes na camada a remover.

• Depois de removida, a camada superior do solo deve ser preservada de modo a ser usada para

cobrir as áreas após a reposição dos solos de modo a facilitar a recuperação da vegetação.

• Implementar medidas temporárias de controlo de erosão durante a construção para minimizar

a perda de solo durante o período de remoção da vegetação (p. ex. mecanismos de retenção de

sedimentos de modo a controlar as águas de escorrência tais como redes de protecção, estacas

de madeira, etc);

• Plantio de árvores pelo empreiteiro em substituição das árvores de grande porte removidas.

Para a produção de sementes deve ser construído um viveiro para arbustos e árvores indígenas;

• Nos estaleiros A localização das infra-estruturas auxiliares deverão ser cuidadosamente

escolhida, de modo a reduzir ao mínimo a perturbação de habitats.

• Após terminada a obra e removidas as infra-estruturas provisórias, as áreas degradadas deverão

ser reabilitadas de modo a reconstituir a situação anterior.

16 Potencial Impacto: Perturbação da qualidade estética da paisagem, carácter paisagístico

e locais cénicos e feições

As actividades de construção civil resultam em alterações da paisagem que se reflectem pela

interferência nas percepções humano-sensoriais. As alterações paisagísticas e das feições

cénicas resultam da introdução de elementos estranhos ao ambiente tradicional como

maquinaria pesada e materiais de construção, presença de canteiros de obras, abertura de

acessos, diminuição da visibilidade nos locais em construção, como resultado do aumento de

concentração de poeiras no ar, com a consequente deposição no espaço envolvente e

modificação da morfologia do terreno devido à movimentação de terras para regularização dos

terrenos para a implantação das obras, escavações e deslocamento de material que

correspondem a elementos estranhos à fisionomia. Ainda que a paisagem em macro escala

79

apresente-se modificada, principalmente pela substituição do cerrado por áreas abertas

(pastagens). As alterações fisionómicas decorrentes das estruturas mencionadas acima podem

ser consideradas significativas do ponto de vista paisagístico local.

O impacto na paisagem far-se-á sentir nos estaleiros e áreas de depósito bem como na área

envolvente, e na área da estação de tratamento de água com particular incidência em potenciais

receptores visuais.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provável

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Implantação de cortina vegetal em locais com estruturas que permanecerão activas durante a

operação;

• Recuperação das áreas utilizadas e abandonadas com o enriquecimento da cobertura vegetal

nativa.

6.2.2 Impactos da Actividade Sobre o Meio Socioeconómico

Do ponto de vista socioeconómico, os potenciais impactos associados ao melhoramento e

expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala, estarão essencialmente

relacionados com a ocupação de terra (motivada pelo estabelecimento das infra-estruturas), a

criação de postos de trabalho e as potenciais variações do nível das águas do rio a jusante da

futura barragem. Isto irá desencadear uma série de impactos, agrupados do seguinte modo:

• Impactos socioeconómicos;

• Impactos sobre a Saúde e Segurança Ocupacional;

• Impactos nos serviços e infra-estruturas;

• Impactos no Património

1 Potencial Impacto: Criação de postos de trabalho e melhoria das condições de vida da

população

As obras de construção irão requerer mão-de-obra qualificada e não-qualificada local e regional.

Prevê-se que as actividades de construção durem até 2 anos criando oportunidades de empregos

directos e indirectos. Estas oportunidades reverterão favoravelmente nos rendimentos das famílias

beneficiadas, melhorando os seus padrões de vida. Este impacto é positivo. Entretanto na fase de

80

operação as necessidades de mão-de-obra serão bastante inferiores.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Defenitiva

Extensão Regional

Duração Longo Prazo

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Alta

Medidas incrementadoras do impacto

• Estabelecer formalmente requisitos de contratação claros, a serem cumpridos pela empresa

contratante; devem ser indicadas as qualificações necessárias ou, nos casos em que tal não seja

aplicável, deve-se indicar claramente não serem necessárias qualificações;

• Para cada função deve ser divulgado o número de postos de trabalho disponíveis e o período

aplicável.

• Na contratação de trabalhadores deve ser dada prioridade a residentes locais;

• Tanto quanto possível, formação deverá ser dada a pessoas locais para a execução de tarefas

semi-especializadas, de modo a reduzir o número de trabalhadores de fora para este fim.

2 Potencial Impacto: Influxo de trabalhadores (afluxo de mão-de-obra)

A análise do potencial impacto está relacionada com a possibilidade, durante a implementação das

actividades do Projecto, de poder ocorrer um influxo de pessoas à procura de trabalho por causa

das previstas oportunidades de emprego. Conforme discutido no capítulo da Descrição de Projecto,

com base em empreitadas similares anteriores prevê-se que a fase de construção do Projecto venha

a mobilizar um pico máximo de trabalhadores, incluindo trabalhadores especializados e não-

especializados. Os trabalhadores migrantes deverão provavelmente vir principalmente de outras

povoações, por onde o Projecto passa, mas as actividades de construção podem também atrair

trabalhadores de outros distritos. O trabalho de construção exige um conjunto de competências

relativamente baixo, por conseguinte, apelativo para a maioria da população provincial. Dado a

falta geral de emprego formal na região do Projecto, o influxo de pessoas à procura de emprego

poderá ser relevante.

O influxo de pessoas à procura de emprego tende a resultar em comportamentos muitas vezes

reprovados pelas comunidades locais que acolhem os migrantes. Estes comportamentos anti-

sociais percebidos podem incluir actividades criminosas, uso de álcool e drogas. Estes impactos

podem levar a ressentimentos, assim como fricção entre os residentes estabelecidos e as pessoas

que chegam. Este potencial aumento de conflitos na comunidade é um impacto negativo, avaliado

como directo, de duração de curto prazo, de abrangência sub-regional e de intensidade moderada

(visto a disrupção da dinâmica social poder levar a perturbações sociais relevantes), resultando

81

numa significância média.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub-regional

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Projectos que envolvem grandes obras, comportam, muitas vezes, o potencial para a ocorrência de

conflitos sociais entre os trabalhadores que temporariamente se estabelecem em acampamentos no

local e a comunidade residente. Tais comportamentos estão geralmente relacionados com

comportamentos socialmente inaceitáveis segundo os padrões sociais locais, podendo ser

observados, por exemplo, no envolvimento dos trabalhadores com mulheres locais.

Este impacto deve ser considerado apesar de uma parte importante da mão-de-obra ser recrutada

localmente.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Deverá ser desenvolvido um Plano de Gestão de Acomodação e Estaleiros, para minimizar

conflitos com a comunidade associados com a localização dos estaleiros e acomodação de

pessoal;

• Deverá ser implementado um Plano de Recrutamento Local, para garantir que a contratação

seja conduzida de modo transparente e justo e para maximizar o emprego local, tanto quanto

possível;

• Desenvolver um Plano de Comunicação, para interagir com as comunidades, informando-as

da natureza e tempo de duração das actividades, e estabelecer canais de comunicação para lidar

com quaisquer conflitos sociais que possam surgir;

82

• Desenvolver um Plano de Sensibilização Comunitária, incluindo acções sobre riscos

comunitários associados ao influxo de trabalhadores;

• Deverá ser implementado um Mecanismo de Resposta a Reclamações. As comunidades locais

serão informadas do mecanismo e dos canais disponíveis para colocar uma reclamação.

• Deverão ser implementadas acções de consciencialização dos trabalhadores sobre o assunto,

realçando-se a importância de manter uma boa relação com as comunidades locais;

• Deverá existir pelo menos uma pessoa encarregue de estabelecer a comunicação entre o pessoal

do projecto e a comunidade, o que será particularmente importante em casos de reclamação.

Tal elemento deverá estar bem familiarizado com o projecto em geral e ser capaz de solucionar

ou encaminhar devidamente quaisquer queixas/reclamações;

• Deverá ser estabelecido e implementado um conjunto de Normas (ou um Código de Conduta)

para o local de trabalho. As Normas deverão incluir, entre outros aspectos, a entrada de pessoas

estranhas ao serviço e a proibição da prostituição nos acampamentos.

3 Potencia Impacto- Trabalho infantil

O projecto será desenvolvido numa área caracterizada por pobreza e falta de perspectiva de futuro,

assim como educação de baixa qualidade, que são alguns dos fatores que podeiam estimular a

inserção de menores como mão-de-obra no projecto, expondo-as a situações de risco e

vulnerabilidade em diversos aspectos, incluindo a saúde, exposição à violência, assédio sexual,

esforços físicos intensos, acidentes com máquinas, entre outros.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub-regional

Duração Curto Prazo

Intensidade Baixa

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• O Projecto deverá estabelecer critérios claros sobre a contratação da mão-de-obra, ou seja, será

interditada a contratação de menores de 18 anos; e

• O Projecto deve ter um Código de Conduta sobre o influxo de trabalho infantil conforme

especificado no PGA.

4 Potencial Impacto: Reassentamento de parte da população residente ao longo da rota das

condutas

Algumas pessoas residentes ao longo da rota das condutas poderão ser afectadas havendo

necessidade de serem reassentadas obrigando a identificação de terras residenciais e agrícolas de

83

reposição. Diferentes experiências no País e a nível internacional indicam que as acções de

reassentamento também são susceptíveis de criar impactos de ordem socioeconómica,

particularmente num contexto em que a terra não é só investida de um valor económico, mas

também de identificação social e espiritual.

As perdas de culturas em campo e de árvores de frutos poderão conduzir a situações de maior

vulnerabilidade e insegurança alimentar para as famílias afectadas, particularmente num contexto

em que estas constituem a principal base de subsistência e rendimento.

É importante ainda notar que as terras de reposição disponíveis poderão apresentar condições

diferentes das terras perdidas, conduzindo assim a uma modificação no tipo de culturas e métodos

empregues na actividade agrícola, o que poderá requerer um período longo de adaptação por parte

das famílias afectadas. A alteração das distâncias para aceder aos principais recursos produtivos

(machambas, rio, florestas, etc.) poderá também constituir uma perturbação para os sistemas de

sobrevivência, bem como na actual estrutura de divisão do trabalho ao nível familiar. Este impacto

é negativo sendo que todos esforços serão feitos para reduzir ao máximo a população a reassentar

através de alterações pontuais na rota das condutas.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Regional

Duração Defenitiva

Intensidade Alta

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Moderada

Medidas de Mitigação

• Elaboração de um Plano de Reassentamento e Compensação. Tanto quanto possível, a

transferência de pessoas, das suas casas e seus bens para outros locais não deve quebrar as suas

estruturas de organização social. Deve-se ter presente que praticamente todas as famílias têm

pequenas machambas perto das suas residências.

• Na negociação com as famílias sobre as novas áreas de residência deve-se observar o seguinte:

- Estabelecimento de compensações financeiras para a perda de habitação, de terra agrícola, de

culturas e de árvores de fruto;

- Disponibilidade de nova terra para agricultura; a sua área deve corresponder às necessidades

dos membros da família;

- Manutenção, e se possível, incremento, dos níveis de receita das famílias derivados da venda

de produtos e trabalho;

84

- Existência ou proximidade de fontes de emprego;

- Acesso a vias de comunicação e a transporte;

- Possibilidade de as culturas em campo serem usadas até à colheita.

• Monitorar em coordenação com as autoridades a área onde foram retiradas as pessoas de forma

a certificar que nenhuma construção/residência foi restabelecida locais.

• Delinear em colaboração com as autoridades locais, os procedimentos a adoptar nos casos em

que se verificar o retorno de famílias reassentadas aos seus antigos locais de residência.

• O processo de reassentamento deverá ser elaborado e conduzido em conformidade também da

PO:4.12

5 Potencial Impacto: Impacto do ordenamento e uso do solo no projecto

O tipo de ordenamento e uso de solo urbano na área do projecto terá consequências na quantidade

de pessoas e infra-estruturas sociais a realojar. Uso desordenado do solo como nos assentamentos

informais resultará em dificuldades de instalação da tubagem que compõe a rede secundária e

terciária. Esta constituirá uma limitante para o projecto podendo afectá-lo negativamente.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Extensão Local

Duração Temporaria

Intensidade Média

Probabilidade Altamente Provavel

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Moderada

Medidas de mitigação

• Fazer escavações manuais evitando assim maquinaria que precisa de mais espaço de

circulação;

• Potenciar o recurso a fontanários nos bairros bom baixo ordenamento do território evitando

assim a colocação de uma rede terciária muito grande.

6 Potencial Impacto: Interferência com as actividades económicas da população

As actividades de construção poderão interferir com as actividades comercias das populações

como bancas, barracas e pequenos estabelecimentos comerciais, bem como com a rotina diária da

população durante a fase de construção. Estas actividades poderão ser temporariamente

interrompidas devido à reabilitação da estrada, podendo ter implicações no rendimento das

famílias.

85

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Local

Duração Temporaria

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Fazer um levantamento, em colaboração com as autoridades locais e os líderes tradicionais, de

todas as actividades de negócio com potencial de serem afectadas pelas actividades do

projecto.

• Identificar as actividades que serão afectadas definitivamente necessitando de reassentamento

• Identificar as actividades que necessitarão de remoção para curta distância enquanto as obras

decorrem e definir as necessárias compensações pela interrupção temporária de actividade.

7 Potencial Impacto: Compatibilidade de uso de terra dentro da área

As actividades do projecto nomeadamente a abertura de trincheiras para a colocação das condutas

de água e a construção da estação de tratamento de água, poderão interferir com o uso de terra

prevalecentes na zona do projecto, concretamente agricultura levando a Perda de Culturas, Árvores

de Frutos e Terras Produtivas (terras agrícolas e de pastagem).

A ocupação de terras até então utilizadas para produção agrícola ou pastagem, interferirá com usos

do solo e diminuirá a quantidade de terra arável disponível. Esta situação poderá potenciar

situações de conflito pela terra e alterar os modos de vida de algumas das comunidades afectadas.

Este impacto é negativo mas pode ser mitigado através de compensações pelas culturas perdidas e

reassentamentos, sendo necessário para o efeito a identificação de terras agrícolas de reposição.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Local

Duração Permanente

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Baixa

86

Medidas de mitigação:

• Deverá levar a cabo um estudo detalhado dos usos e ocupações de terra prevalecentes na área

do projecto.

• As comunidades cujos usos e aproveitamentos da terra possam ser afectados pelo projecto

deverão ser identificadas e deverá ser realizado, em colaboração com as autoridades locais e

com essas mesmas comunidades um plano de compensação, que inclua procedimentos de

contratação claros;

• Identificação e disponibilização de nova terra para agricultura com condições biofísicas (solos

férteis) e geográficas semelhantes ou superiores às dos terrenos perdidos a favor do projecto

como por exemplo, proximidade das habitações, acesso fácil, disponibilidade de água, e

capazes de corresponder às necessidades das famílias afectadas;

• Evitar que os acampamentos de trabalhadores e outras infra-estruturas do projecto sejam

construídas em terra ocupada sendo aconselhável que eles se situem em local onde não possam

causar perturbação ou pôr em perigo a segurança das comunidades circunvizinhas;

• Solicitar consentimento das comunidades e/ou autoridades locais para a construção das infra-

estruturas associadas ao projecto caso elas interfiram com as o uso de terra da comunidade;

• Para o caso específico de compensação por perda de áreas de machambas e de árvores de fruta,

a Direcção Provincial de Agricultura e Segurança Alimentar (DPASA) de Nampula deve ser

contactada em todos os casos de dúvidas relativas a procedimentos de compensação, incluindo

a negociação com os usuários da terra;

• Caso sejam afectadas áreas de pastagem, o proponente deverá, em coordenação com as

autoridades e comunidades locais, identificar e disponibilizar terras de pastagem alternativas;

• As situações identificadas no terreno são variáveis e devem ser analisadas caso a caso.

Mecanismos de indemnização devem ser implementados em todos os casos justificáveis, com

base em critérios claros de elegibilidade. Acredita-se que o envolvimento das autoridades irá

contribuir para a minimização de casos de oportunismo.

8 Potencial Impacto: Mudanças do uso de terra ou mudança da intensidade de uso de terra

A necessidade de preservar os traçados da conduta de abastecimento de água sem nenhuma

actividade sobre ela levará a mudanças do uso actual em algumas áreas do traçado. É de notar que

por motivos de segurança e protecção das condutas de água, o Regulamento dos Sistemas Públicos

de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto 30/2003 de 1 de Julho)

regula a distância das condutas para os limites das propriedades que não deve ser inferior a 0,60

m e o seu afastamento de outras infra-estruturas implantadas paralelamente não deve ser, em geral,

inferior a 0,50 m, não podendo em caso algum ser inferior a 0,30 m para facilitar operações de

manutenção de qualquer delas.

Assim, não poderão existir quaisquer tipos de construções, especialmente residências, no interior

desta área, significando que durante a fase de construção poderão ser removidas habitações o que

obrigará inevitavelmente a reassentamento das populações ou compensações.

87

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Defenitiva

Intensidade Alta

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Moderada

Medidas de Mitigação:

Elaboração de um Plano de Reassentamento e Compensação. Tanto quanto possível, a

transferência de pessoas, das suas casas e seus bens para outros locais não deve quebrar as suas

estruturas de organização social. Deve-se ter presente que praticamente todas as famílias têm

pequenas machambas perto das suas residências.

Na negociação com as famílias sobre as novas áreas de residência deve-se observar o seguinte:

• Estabelecimento de compensações financeiras para a perda de habitação, de terra agrícola, de

culturas e de árvores de fruto;

• Disponibilidade de nova terra para agricultura; a sua área deve corresponder às necessidades

dos membros da família;

• Manutenção, e se possível, incremento, dos níveis de receita das famílias derivados da venda

de produtos e trabalho;

• Existência ou proximidade de fontes de emprego;

• Acesso a vias de comunicação e a transporte;

• Possibilidade de as culturas em campo serem usadas até à colheita.

É ainda importante efectuar monitorias constantes na área da conduta de água, durante a construção

e a fase de operação, de forma a certificar que nenhuma construção/residência foi restabelecida ao

longo da área de protecção e segurança da conduta. Estas monitorias devem ser coordenadas com

as autoridades locais. Ainda em colaboração com as autoridades locais, devem ser delineados os

procedimentos a adoptar nos casos em que se verificar o retorno de famílias reassentadas aos seus

antigos locais de residência.

9 Potencial Impacto: Perturbação do trânsito de pessoas e veículos durante a fase de

construção e mudança no volume de tráfego

As obras de construção implicarão o aumento do tráfego de veículos pesados e equipamento ao

nível local e escavações criando cortes das estradas. Isto perturbará os padrões de acessos e

movimento implicando desvios do tráfego e dificuldade de acessos havendo possibilidade de criar

congestionamentos do trânsito. O aumento do trânsito de veículos nas zonas de construção fora da

cidade poderá aumentar o risco de acidentes de atropelamento para a população local

88

(especialmente crianças) e seus animais, particularmente tendo em conta que o tráfego actual na

zona é reduzido e a população local não está sensibilizada para este tipo de riscos.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Local

Duração Temporaria

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Anunciar nos órgãos de comunicação social sobre as restrições de trânsito sempre que eles

forem acontecer;

• Instalar uma boa sinalização das áreas de trabalho indicando as rotas alternativas, restrições de

velocidade e desvios nas estradas enquanto decorrerem as obras;

• Contratar e treinar agentes sinaleiros para orientação dos motoristas e peões nas áreas de

tráfego intenso;

• Construir passagens seguras sobre as trincheiras que venham a ser abertas, de modo a

minimizar os incómodos das obras para a população local;

• Educar as populações locais sobre segurança rodoviária e sobre a presença de actividades de

construção na área que levam a presença de um número de excessivo de veículos;

• Observar limites de velocidade pelos veículos de construção, através da instalação em todos

os veículos utilizados na obra de dispositivos de controle e regulação dos limites de

velocidades propostos no PGA

10 Potencial Impacto: Necessidade de novas condutas

O melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala prevêem a

substituição da velha conduta por uma em ferro dúctil de maior capacidade de transporte de água

(450 mm de diâmetro nominal). A substituição da conduta de água levará a impactos sobre a

vegetação, fauna, actividades económicas e necessidade de reassentamento de populações.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Curto Prazo

89

Classificação do Impacto

Intensidade Baixa

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

As medidas de mitigação deste impacto estão descritas nos impactos sobre impactos sobre a

vegetação, fauna, actividades económicas e necessidade de reassentamento de populações.

11 Potencial Impacto: Impactos cumulativos do projecto

O projecto poderá criar sinergias com outras instituições como o município, obras públicas e

administração de estradas que possam resultar em obras de reabilitação/melhoramento de estradas

criando um impacto positivo no património.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Regional

Duração Permanente

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Alta

Medidas incrementadoras do impacto

• Coordenação interinstitucional de modo a executarem em simultâneo as diferentes obras

tomando em consideração que serão abertas trincheiras para colocação da tubagem de

expansão da rede.

6.2.3 Impactos da Actividade na Saúde e Segurança Ocupacional

1 Potencial Impacto: Potencial aumento da incidência de doenças transmissíveis e não

transmissíveis, incluindo a propagação do HIV/SIDA

As actividades de construção irão resultar num afluxo de mão-de-obra e de indivíduos em busca

de oportunidades de emprego na área do projecto. Isto poderá atrair para a área do projecto

elementos marginais que para aí se desloquem para empreender actividades ilícitas, tais como

trabalhadoras de sexo oriundas de outras regiões e o aumento do número de trabalhadoras do sexo

locais.

90

Os efeitos combinados da afluência de uma mão-de-obra masculina e exterior à região (portanto

não acompanhada) e o possível afluxo de prostitutas à área deixam prever um aumento da

promiscuidade e relações sexuais ocasionais e, em consequência, dos comportamentos de risco por

parte dos trabalhadores. Tal poderá resultar num aumento do risco da proliferação das infecções

de transmissão sexual (ITSs) e, em particular, no aumento de casos de HIV/SIDA.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub Regional

Duração Medio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de Mitigação

• Levar a cabo acções de sensibilização dos trabalhadores sobre formas de transmissão de ITSs

e HIV/SIDA, incluindo comportamentos de risco;

• Recrutar uma organização especializada para implementar actividades de consciencialização

sobre ITSs e HIV/SIDA, a nível das comunidades. Atenção especial deverá ser dada às

trabalhadoras do sexo, às mulheres locais em geral e às raparigas.

• Fornecer gratuitamente preservativos na área do projecto;

• Encorajar os trabalhadores a submeterem-se a testes de HIV; encorajar os trabalhadores a

submeterem-se ao tratamento de ITSs na sua fase inicial, para minimizar o risco de infecção

por HIV e criar condições para o efeito – tais condições incluem a atribuição de licença para

que o trabalhador se possa deslocar à unidade sanitária e a criação de mecanismos internos

para permitir que o trabalhador não se abstenha de procurar cuidados de saúde por falta de

fundos;

• Encaminhar os trabalhadores para tratamento e monitoria precoce de infecções

secundárias/oportunistas como tosses, gripes e pneumonia em unidades sanitárias.

2 Potencial Impacto: Impactos sobre a Saúde e Segurança Ocupacional

Durante a fase de construção, os trabalhadores estarão expostos a situações de risco durante o

desenvolvimento das suas actividades. Existe a possibilidade de ocorrência de acidentes de

trabalho tais como quedas, exposição a barulho e poeiras que podem resultar em fatalidades ou

contracção de doenças ocupacionais, dependendo do tipo de materiais usados na construção e da

exposição a certos produtos químicos.

Na construção da estação de tratamento de água, pela sua natureza, envolve o trabalho a altura

considerável impondo um risco de queda que poderá culminar com ferimentos ou fatalidades,

especialmente quando não existem medidas de protecção adequadas ou estas não são respeitadas.

91

Para além do risco de quedas, outros acidentes e fatalidades poderão ocorrer, como colisões e

queimaduras, bem como acidentes com máquinas e viaturas em movimento.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Mitigação

• Avaliar a aptidão física e psicológica dos trabalhadores que tenham que executar trabalhos a

grandes alturas, por pessoal devidamente qualificado para o efeito;

• Todos os trabalhadores envolvidos no processo de construção devem beneficiar de treino de

indução em matéria de saúde e segurança ocupacional antes do início das obras;

Consciencialização sobre saúde e segurança no trabalho é uma componente chave para o

cumprimento da legislação Moçambicana sobre este aspecto e para prevenir acidentes a

formação deve ser ministrada por pessoal devidamente qualificado para o efeito. Os

trabalhadores devem ser treinados de modo a serem capazes de identificar os riscos associados

à sua actividade e saberem como proceder em casos de emergência.

• Redigir e divulgar, através de acções de formação em saúde e segurança ocupacionais, um

manual com procedimentos de segurança para a fase de construção. Este manual deverá conter

de forma não limitativa o seguinte:

- Informação sobre os materiais a utilizar (seus riscos, especificações de segurança, modo de

manuseamento, transporte e armazenagem – geralmente feita a partir de um resumo das fichas

de dados de segurança dos materiais);

- Os principais riscos associados aos vários processos de construção, apresentando regras de

segurança de trabalho;

- A sinalética a utilizar na obra, bem como os procedimentos a adoptar em caso de acidentes.

• Assegurar que equipamento de primeiros socorros adequado esteja disponibilizado e que todos

os trabalhadores estão devidamente capacitados para o utilizar;

• Assegurar que existem trabalhadores formados e equipados para a resposta a acidentes;

• Disponibilizar o equipamento de protecção pessoal (EPP) e impor o seu uso;

• O equipamento de trabalho deverá ser devidamente inspeccionado e mantido, como forma de

reduzir a possibilidade de queda;

• Colocar sinalização em locais bem visíveis nos pontos onde o risco é maior (p.e. pontos

elevados abertos, ou seja, sem barreira de protecção);

92

• Realizar de exercícios regulares referentes aos procedimentos de emergência (p.e. simulações

de uma situação de incêndio, etc.);

• Proibir fumar em áreas específicas, através de sinalização com avisos localizados em pontos

visíveis;

• Providenciar, em locais adequados, extintores de fogo e proceder à sua manutenção regular; e

• Tornar obrigatório o uso de equipamento de protecção pessoal (uniformes, coletes

fluorescentes, botas, luvas, tampões de protecção auricular, óculos protectores, etc.).

6.3 Fase de Operação/Manutenção

6.3.1 Impactos da Actividade Sobre o Meio Biofísico

1 Potencial Impacto: Impacto do projecto sobre as actuais fontes alternativas de

abastecimento de água

A Cidade de Nacala Porto é presentemente abastecida em água potável captada numa barragem

localizada a 30 Km da cidade, furo de MPaco e furo de Mtuzi. A barragem foi construída sob o rio

Muecula e tem capacidade de armazenamento de 4.5 milhões de m3, em seu funcionamento pleno.

A cobertura de abastecimento de água está na ordem dos 75% da população sendo que esta água é

insuficiente para as necessidades actuais e a médio/longo prazo. O remanescente da população da

cidade recorre a poços artesanais construídos nos seus quintais ou nas zonas baixas da cidade para

obtenção de água para o seu consumo. O projecto proposto irá afectar positivamente todo o sistema

pois os poços artesanais são geralmente susceptíveis de contaminação devido a sua profundidade.

Estas fontes que actualmente são alternativas usadas pelas populações deixarão de ser usadas como

fonte principal passando a servir para o suprimento de necessidades para outras finalidades como

p.e. a lavagem de roupa.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Definitiva

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Alta

Medidas incrementadoras do impacto

• Realizar campanhas de sensibilização da população sobre da importância de usar água

canalizada;

• Sensibilizar a população sobre os riscos inerentes a uso de água dos poços e riachos que podem

ser fonte de doenças de veiculação hídrica;

93

• Financiar ligações domiciliárias;

• Aplicar taxas bonificadas para as populações desfavorecidas.

2 Potencial Impacto: Potencial contaminação dos solos e água pelo manuseamento

inadequado cloro na estação de tratamento de água

Com a construcao da estação de tratamento de água onde prevê-se fazer a desinfecção e filtragem

lenta com areia quantidades consideráveis de desinfectante (cloro) será manuseada. O

manuseamento inadequado destes produtos químicos pode levar a derrames que resultarão na

contaminação dos solos e água.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada a Baixa

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Deve-se prevenir o derrame de produtos químicos, óleo ou combustíveis no solo ou na água;

sendo impossível remover o equipamento/veículo para a oficina para a reparação ou

reabastecimento, estas acções só podem ser executadas sob as devidas precauções (i.e. sob

condições seguras de recolha e armazenamento de combustíveis derramados;

• Materiais contaminados devem ser imediatamente recolhidos e tratados como lixo perigoso;

• Produtos químicos, combustíveis e óleos deverão ser considerados “lixos perigosos” e tratados

como tal;

• Os trabalhadores devem ser consciencializados sobre a necessidade de manuseamento,

armazenamento e disposição adequada de resíduos perigosos.

3 Potencial Impacto: Redução de escoamento e erosão como resultado da colecta de água

extraída

A construção de uma boa rede drenagem criará condições para a redução do escoamento superficial

o que se reflectirá na redução dos níveis de erosão na cidade como resultado da colecta de água

extraída. Estes impactos são positivos e constituem o objectivo principal deste melhoramento da

rede drenagem.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

94

Classificação do Impacto

Probabilidade Definitiva

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Média

Significancia Alta

4 Potencial Impacto: Redução de assoreamento dos corpos receptores de águas

A construção de uma boa rede drenagem permitirá um fluxo das águas pluviais sobre uma

superfície preparada para o efeito reduzindo por isso, a erosão. Os baixos níveis de erosão vão se

reflectir na redução do assoreamento dos corpos receptores das águas pluviais. Este impacto é

positivo e constitui um dos objectivos principais deste projecto de melhoramento da rede

drenagem.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Definitiva

Extensão Local

Duração Longo prazo

Intensidade Média

Significancia com mitigação Alta

5 Potencial Impacto: Poluição do corpo receptor de água no caso de o sistema de drenagem

ficar contaminado com lixos sólidos e químicos

Problemas de gestão de resíduos sólidos nos centros urbanos de Moçambique têm resultado em

acumulação destes em vários locias incluindo em valas de drenagem. Estes lixos podem, em casos

de chuvas, serem lixiviados podendo resultar na contaminação dos corpos receptores de água.

Classificação do impacto

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo prazo

Intensidade Moderada

95

Classificação do Impacto

Significancia sem mitigação Moderada a Baixa

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Manutenção periódica das valas de drenagem para desimpidi-las de qualquer resíduo sólido;

• Estabelecer um sistema adequado de gestão de resíduos sólidos na cidade que permita a recolha

de todo lixo produzido.

6 Potencial Impacto: Produção de lodo como parte da manutenção regular e operação de

lagoas ou bacias

A construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais na cidade resultará na produção

de lodo como parte da manutenção regular e operação de lagoas ou bacias de decantação. As lamas

são um subproduto do processo de tratamento de águas residuais que podem estar contaminadas

pelos reagentes químicos usados no processo de tratamento de água dependendo da tecnologia

seleccionada para o tratamento de águas residuais. O manuseamento inadequado destas lamas pode

levar a contaminação dos solos.

Medidas de mitigação:

A bacia de retenção/decantação, dado o seu potencial de contaminação do meio envolvente, deverá

ser concebida de modo a evitar qualquer risco de contaminação quer das águas subterrâneas (por

infiltração) quer das águas superficiais e solo (através de fugas, fendas, sobrecarga). Assim, o

proponente deverá garantir que:

• A bacia de retenção/decantação assenta sobre solo ou rocha com capacidade para suportar a

carga máxima da bacia;

• Os limites da bacia suportam as vibrações a que o terreno pode estar sujeito (circulação de

maquinas pesadas), já que a fragilidade dos limites da bacia pode originar, em caso de

trepidação forte, uma liquefacção do efluente da unidade de processamento com o solo usado

para estabilizar as margens da bacia de retenção/decantação;

• A largura dos limites da bacia também deve ser suficiente para suportar um aumento de nível

rápido que pode acontecer na bacia de retenção/decantação como consequência de uma

chuvada intensa ou uma má gestão do efluente da unidade de processamento.

• O sistema de drenagem superficial a implementar deverá contornar a bacia de

retenção/decantação, de modo a prevenir o aumento do volume de efluente contaminado.

• Deverá ser instalado um sistema de monitoria das lamas retidas.

• Por fim, a transferência das lamas de retenção/decantação para o aterro de material inerte

deverá ser feita de modo a evitar qualquer contaminação de solo ou água. O transporte deverá

ser efectuado por serviços especializados.

6.3.2 Impactos da Actividade Sobre o Meio Socioeconómico

1 Potencial Impacto: Expectativa de solução a curto prazo de todos os problemas de

96

abastecimento de água na cidade

Dada a relevância que os problemas de abastecimento de água mostram na Cidade de Nacala, a

presença de mais um projecto pode criar expectativas muito elevadas na população da cidade

quanto a solução imediata de todos os problemas do sector de abastecimento de água. Contudo,

sabe-se que as soluções serão graduais havendo iniciativas que serão tomadas a curto prazo e outras

a longo prazo devido a limitações em relação as fontes de água existentes e aos custos envolvidos

com as alternativas identificadas para a solução definitiva dos problemas de abastecimento de água

tendo em conta o horizonte de 2029.

Classificação do Impacto

Carácter Negativo

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Local

Duração Medio Prazo

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Alta

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Divulgação junto das comunidades locais do alcance das medidas que vão ser tomadas a curto

prazo para evitar falsas expectativas e garantir a credibilidade do projecto junto das

comunidades;

• Coordenar com as autoridades locais, os líderes locais e tradicionais o processo de divulgação

do faseamento e das metas de implementação do projecto;

• Aproveitar as escutas públicas para o início desta sensibilização.

2 Potencial Impacto: Criação de Postos de trabalho e melhoria das condições de vida da

população

As obras de construção irão requerer mão-de-obra qualificada e não-qualificada local e regional.

Prevê-se que as actividades de construção durem até 2 anos criando oportunidades de empregos

directos e indirectos. Estas oportunidades reverterão favoravelmente nos rendimentos das famílias

beneficiadas, melhorando os seus padrões de vida. Este impacto é positivo. Entretanto na fase de

operação as necessidades de mão-de-obra serão bastante inferiores.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Definitiva

Extensão Regional

97

Classificação do Impacto

Duração Longo Prazo

Intensidade Média

Significancia Alta

Medidas incrementadoras do impacto

• Estabelecer formalmente requisitos de contratação claros, a serem cumpridos pela empresa

contratante; Devem ser indicadas as qualificações necessárias ou, nos casos em que tal não seja

aplicável, deve-se indicar claramente não serem necessárias qualificações;

• Para cada função deve ser divulgado o número de postos de trabalho disponíveis e o período

aplicável.

• Na contratação de trabalhadores deve ser dada prioridade a residentes locais;

• Tanto quanto possível, formação deverá ser dada a pessoas locais para a execução de tarefas

semi-especializadas, de modo a reduzir o número de trabalhadores de fora para este fim.

3 Potencial Impacto: Melhoria das condições de vida da população beneficiária devido ao

acesso a serviços mais eficientes de fornecimento de água

O projecto de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento da água à Cidade de Nacala

criará condições para o melhoramento da vida das populações beneficiárias devido ao acesso a

serviços mais eficientes de fornecimento de água. A disponibilidade de água de qualidade ajudará

na redução da incidência de doenças de natureza hídrica aumentando o bem-estar da população

local.

A disponibilidade de água levará a redução do tempo de procura de água passando as populações

locais a dispor de mais tempo para outras actividades produtivas de geração de rendimentos. O

projecto irá deste modo criar sinergias com o sector de saúde, educação e desenvolvimento social.

Este será um impacto positivo do projecto e a grande motivação para a sua implementação.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub Regional

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia Alta

4 Potencial Impacto: Sentimento de exclusão por parte da população sem recursos para

acesso a uma ligação de água

A expansão do sistema de abastecimento de água resultará na procura destes serviços por parte da

população. Entretanto, estudos de habilidade e vontade para pagar levados a cabo nesta cidade,

98

indicam que nem toda população da cidade está em condições de aderir aos serviços por

dificuldades financeiras. Este grupo poderá sentir-se excluído do processo.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Financiar ligações domiciliárias;

• Aplicar taxas bonificadas para as populações desfavorecidas.

5 Potencial Impacto: Compatibilidade com a escala de desenvolvimento económico da área

O projecto no seu todo trará impactos positivos devido ao aumento da disponibilidade de água o

que abrirá oportunidades para a abertura de outros projectos de desenvolvimento que têm no

fornecimento regular de água a sua principal alavanca.

Classificação do Impacto

Carácter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub Regiuonal

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia com mitigação Alta

6 Potencial Impacto: Procura de energia e o seu efeito nos períodos de pico

O aumento da capacidade do sistema de abastecimento de água irá implicar o aumento da procura

de energia. Um sistema de abastecimento de energia que seja fiável terá de ser montado incluindo

geradores de reserva de modo a evitar paragens tanto no tratamento como no bombeamento de

água.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

99

Classificação do Impacto

Extensão Local

Duração Curto Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Mitigação

• Coordenar com a companhia provedora de serviços de fornecimento de energia eléctrica, a

EDM, para prover uma linha que responda às necessidades da estação de tratamento de água

de modo a reduzir quedas de fornecimento;

• Instalar um sistema automático de geradores de permanência (de espera) que se activem

sempre que existir cortes de energia na rede da EDM de forma a manter a estação de bombagem

sempre em funcionamento.

7 Potencial Impacto: Resposta ao direito à água

Um dos grandes impactos positivos deste projecto é a resposta que ele dará ao direito a água

potável às populações como emanado na Lei de Água (Lei 16/91 de 3 de Agosto) e na Política

Nacional de Águas. Estes direitos estão também salvaguardados pelos Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio (Objectivo 7), do qual Moçambique é signatário.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub-regional

Duração Longo Prazo

Intensidade Alta

Significancia sem mitigação N/A

Significancia com mitigação N/A

8 Potencial Impacto: Fornecimento planeado de abastecimento de água no local e

fiabilidade do fornecimento de água

O melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água permitirão aumentar a

capacidade de resposta à demanda aumentando também a fiabilidade no funcionamento do

sistema. A fiabilidade do sistema permitirá um planeamento adequado do abastecimento de água.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

100

Classificação do Impacto

Probabilidade Altamente Provavel

Extensão Sub-regional

Duração Longo Prazo

Intensidade Alta

Significancia sem mitigação N/A

Significancia com mitigação N/A

9 Potencial Impacto – Perda de postos de trabalho com o final das obras e aumento da

vulnerabilidade social

Grande parte da mão-de-obra recrutada para a construção será dispensada após a conclusão desta

fase. A fase de exploração implicará a redução de postos de trabalho, na sua maioria direccionados

para mão-de-obra especializada. É responsabilidade não só do FIPAG, mas também das

comunidades e autoridades locais prever e preparar o fim da fase de construção. A diminuição

drástica das oportunidades de emprego irá conduzir a impactos directos na subsistência das

famílias beneficiadas pelas necessidades de mão-de-obra na fase de construção, sendo que a

ausência dos rendimentos que daí advinham se traduza na redução dos padrões de vida. Em

particular, é necessário considerar que muitas dessas famílias poderão alterar significativamente

os seus sistemas de sobrevivência, ficando essencialmente dependentes no rendimento auferido

pelos postos assalariados contribuindo desta forma para o aumento da sua vulnerabilidade social e

económica.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Sub-regional

Duração Medio Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

Para minimizar o impacto que o fim do projecto pode ter nas localidades e regiões circundantes,

sugere-se que:

• Indicação clara do cronograma de actividades e quantidade de mão-de-obra necessária para

cada fase;

• Priorizar a contratação de pessoal que antes esteve envolvido no projecto para as actividades

101

complementares.

10 Potencial Impacto: Impactos cumulativos do projecto

O projecto irá criar sinergias com o sector de saúde devido a sua influência na redução da

incidência de doenças de natureza hídrica que resulta da disponibilidade de água de qualidade

aumentando o bem-estar da população local. As crianças que dedicam uma parte do seu dia na

busca de água terão mais disponibilidade de tempo para estudar no caso de existir disponibilidade

de água, o mesmo acontecendo com a população produtiva que passará a dispor de mais tempo

para outras actividades produtivas de geração de rendimentos aumentando o desenvolvimento

social.

Classificação do Impacto

Caracter Positivo

Probabilidade Provavel

Extensão Regional

Duração Permanente

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Alta

Medidas incrementadoras do impacto

• Coordenação interinstitucional de modo a executarem em simultâneo as diferentes obras

tomando em consideração que serão abertas trincheiras para colocação da tubagem de

expansão da rede;

• Intensificação, por parte das autoridades de saúde, de campanhas de sensibilização sobre

higiene e saneamento do meio com a nova disponibilidade de água.

6.3.3 Impactos da Actividade na Saúde e Segurança Ocupacional

1 Potencial Impacto: Risco de contracção de doenças devido ao manuseamento de

hidrocarbonetos e cloretos

Este impacto poderá ocorrer no caso os trabalhadores que lidem directamente com combustíveis e

outros produtos químicos, não utilizem equipamento de protecção pessoal adequado. Está previsto

o fornecimento de equipamento de protecção aos trabalhadores do projecto.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

102

Classificação do Impacto

Duração Medio Prazo

Intensidade Baixa

Significancia sem mitigação Baixa

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

• Devem ser respeitadas a legislação moçambicana e internacional, bem como as especificações

do fabricante relevantes para o armazenamento, uso e disposição de material perigoso. Padrões

internacionais deverão servir de guião para a disposição de materiais e resíduos perigosos;

• Deverá ser preparada uma declaração de métodos para a gestão de materiais perigosos que

deve incluir, mas não se limitar ao seguinte: (i) Medidas para evitar incêndios; (ii) Medidas

para prevenir ferimentos e fatalidades; (iii) Medidas para minimizar o risco de danos a

propriedades, pessoas e animais; (iv) Medidas para a identificação, manuseamento,

classificação, transporte e deposição de material perigoso e tóxico; (v) Medidas para prevenir

a contaminação da água e do solo.

• Não deverão ser instalados tanques fixos para o armazenamento de combustíveis nos

acampamentos;

• Os postos de abastecimento de hidrocarbonetos para carros e caminhões devem ter um concreto

subterrâneo para evitar a poluição do solo e das águas subterrâneas;

• O tanque de armazenamento de combustíveis deve ser protegido lateralmente por um muro de

contenção betão, capaz de conter um volume pelo menos 1,5 vezes superior ao volume do

tanque; este reservatório deve possuir um pavimento de betão.

• Na área de armazenamento de combustível ou de outros materiais inflamáveis e em todas as

áreas de risco de incêndio devem estar afixados sinais de proibição tais como “Não Foguear”

e “Não Fumar”. Os trabalhadores devem ser instruídos sobre a obrigatoriedade incondicional

de observância destas proibições;

• A distância entre o tanque e a residência mais próxima deve ser superior a 100 metros, devido

ao risco de explosões; a mesma distância deve ser respeitada no caso de corpos naturais de

água, com forma de prevenir a sua contaminação;

• Devem ser realizadas inspecções regulares para verificar se as regras estabelecidas estão sendo

cumpridas.

2 Potencial Impacto: Degradação das condições de saúde dos trabalhadores em resultado

da exposição a níveis elevados de ruído, poeiras e fumos

A circulação de máquinas pesadas aumenta os níveis de ruído e poeiras nas áreas de trabalho e

imediações. Caso as máquinas não sejam devidamente mantidas, algumas pessoas poderão inalar

fumos de exaustão, tendo como consequência possível o desconforto ou problemas respiratórios.

Os níveis de perturbação serão tanto maiores quanto menor for a distância em relação aos locais

das obras.

103

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Moderada

Significancia sem mitigação Moderada

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação

De forma a prevenir ou minimizar os efeitos da exposição do pessoal aos riscos de saúde e

segurança ocupacionais serão tomadas as seguintes medidas de mitigação:

• Os empreiteiro deverá preparar e implementar adequadamente um Plano de Saúde e Segurança

Ocupacional em conformidade com padrões internacionais como OHSAS 18001: 2007, ou

similar (atualmente todos são substituídos pela ISO 45001) e recrutamento de especialistas

certificados em OHS. O engenheiro supervisor deve ser responsável pela qualidade do plano

de SSO e sua implementação adequada e, para esse fim, deverá recrutar especialistas em SSO

certificados pela OHSAS 18001: 2007.

• Fornecer e implementar o uso correcto de equipamento de protecção pessoal entre os

trabalhadores. Estes, por sua vez, deverão conhecer os riscos a que estão expostos e usar

correctamente o equipamento de protecção.

• Todos os trabalhadores envolvidos em actividades geradoras de níveis altos de poeiras ou

fumos devem usar máscaras respiratórias sobre o nariz e a boca, para a filtração do ar na

respiração, protegendo assim as vias respiratórias. Também deverão usar protecções oculares.

• O impacto do ruído na saúde dos operadores de máquinas com elevadas emissões de ruído

(estações de bombagens) e os que trabalham na sua proximidade poderá ser reduzido através

de utilização de equipamentos adequados de protecção individual. Assim, o pessoal que estiver

exposto a níveis exagerados de ruído, incluindo sua estadia longa em zonas onde o ruído é

exagerado será disponibilizado equipamentos auriculares de protecção de tipo inserção, por

forma a evitar lesões auditivas;

• Estabelecimento do programa de exames médicos e acompanhamento regular, assim como

anuais para todos os trabalhadores envolvidos no processo produtivo;

• Além disso, sempre deve haver um médico especialista no local, bem como transporte para o

hospital mais próximo (ambulância); e

3 Em caso de acidente grave ou fatalidade, o Banco Mundial deverá ser notificado dentro de 24

horas.

Potencial Impacto – Potencial aumento do tráfico de crianças

As actividades de construção irão resultar num afluxo de mão-de-obra e de indivíduos em busca

104

de oportunidades de emprego e de oportunidades de negócios na área do projecto. Isto poderá atrair

para a área do projecto elementos marginais que para aí se desloquem para empreender actividades

ilícitas incluindo oportunismo de rapto e tráfico de menores.

Classificação do Impacto

Caracter Negativo

Probabilidade Provavel

Extensão Local

Duração Longo Prazo

Intensidade Média

Significancia sem mitigação Moderada a Baixa

Significancia com mitigação Baixa

Medidas de mitigação:

• Aumentar a vigilância na área de implementação do projecto de forma a desencorajar qualquer

actividade ilícita;

• Desenvolver campanhas nas escolas direccionadas as crianças no sentido de elas evitarem

solicitações de pessoas estranhas.

7 ELATÓRIO SOBRE O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA (RPPP)

Um dos objectivos do PPP no projecto consiste em facilitar a disseminação das informações

relacionadas com o projecto às PI&As e o público em geral, de modo a dar oportunidades para o

levantamento de questões e pontos de preocupação relacionadas com o projecto e dessa forma

permitir a identificação de alternativas e de recomendações pertinentes para o bom termo. É neste

contexto que o consultor, em coordenação com FIPAG, levou acabo reuniões de Consulta Pública,

de acordo com directrizes sobre o Processo de AIA estabelecido pelo Decreto no. 54/2015, de 31

de Dezembro, assim como sobre o Processo de Consulta Pública instituito pelo Diploma

Ministerial no. 130/2006, de 9 de Julho.

O RPPP resulta de consultas havidas durante o processo da revisão do EIAS, que culminou com a

realização de reuniões nos dias 17 de Abril de 2019, na EPC da Barragem, Posto Administrativo

do mesmo nome, no Distrito de Nacala-à-Velha e no dia 18 de Abril de 2019 no Thamole Lodge,

na Cidade de Nacala. Especificamente, as reuniões tinham entre outros objectivos os seguintes:

(i) Informar ao Público sobre o WASIS II e a necessidade de revisão do Estudo do Impacto

Ambiental e Social (EIAS) e do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do Projecto de

Abastecimento de água para Cidade de Nacala;

(ii) Divulgar o Relatório do EIAS – Versão Actualizada do estudo feito pela Burnside/

AustralCowi/Consultec) no âmbito do MCC;

(iii) Recolher contribuições das partes interessadas, pessoas envolvidas e/ou afectadas sobre os

105

potenciais impactos e medidas de mitigação, e

(iv) Finalizar a revisão do AIAS/PGAS com base nos inputs adicionais recolhidos nas reuniõezs

de auscultação de pessoas interessadas e/ou afectadas pelo proposto empreendimento de

reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala.

A audiência pública contou a participação de 50 pessoas de várias instituições do governo, órgãos

locais e sociedade em geral. Estiveram presentes na reunião os representantes do Proponente,

assim como a equipa do consultor do responsável pela revisão do EIAS e do PGAS.

As principais constatações colhidas do PPP, assim como os procedimentos de organização de todo

o processo de consultas pública foram compiladas e apresentada no Relatório de Consulta Pública

apresentada em Anexo IV, incluindo a Acta da Reunião e a Lista dos Participantes.

As PI&As foram unânimes que o projecto é de importância vital para a Cidade de Nacala,

considerando que vai contribuir na melhoria de abastecimento de água à cidade, assim como na

saúde pública, para além do contributo na criação de postos temporários de emprego. Contudo,

foram apesentadas algumas questões pertinentes pelos presentes, nomeadamente:

(i) Como serão tratadas as benfeitorias afectadas, tais como perda de porção de terras, infra-

estruturas, árvores e culturas, etc; e se este valor de investimento de 164 milhões de dólares

Norte Americanos inclui ou não o pagamento de eventuais compensações /reassentamento?,

porque se não inclui a componente de reassentamento/compensação torna-se difícil mobilizar

estes recursos internamente resultando muito tempo de espera entre a fase de levantamento

e a fase de pagamentos das compensações e/ou reassentamento;

(ii) Falta de informação quando ao projecto foi descontinuado, pois, simplesmente os promotores

e o empreiteiro abandonaram-no, criando problemas sério para o governo local e as

populações, sobretudo ao nível de pendentes das compensações de famílias que afectafas;

(iii) Riscos de aumento dos índices de criminalidade e prostituição na zona decorrentes do

projecto, pois qualquer desenvolvimento deste tipo está associado à esses problemas sociais;

(iv) A comunidade na área do projecto, onde se localiza a barragem, devia beneficiar-se duma

tarifa de água bonificada, uma vez esta população está desprovida de recursos económicos e

financeiros para fazer face à tarifa de água que os citadinos de Nacala conseguem pagar;

(v) Desrespeito de algumas regras por parte de alguns empreiteiros em relação à população local.

A titulo de exemplo, no decurso do projecto descontinuado, o empreiteiro não tinha um bom

relacionamento com os líderes locais, situação que os presentes pediram para se evitar no

novo projecto;

(vi) Problemas de comunicação por causa da língua, criando limitação para lidar com o

empreiteiro,

(vii) Desacordos/disputas resultantes de falta de compensações junstas às pessoas directmente

afectadas pelo projecto. Por conta disso foi colocada a questão sobre o procedimento que

106

será dado para esses casos; questionou-se quando efectivamente o projecto começa;

(viii) Ainda sobre o assunto das compensações, levantou-se a questão a volta do projecto

descontinuado, onde as pessoas e bens afectadas não chegaram a ser compensadas, havendo

situação de compensações pendentes, será que estas pessoas vão receber as suas

compensações;

(ix) Como será feita a contratação de mão-de-obra como de modo a assegurar algumas vagas para

o pessoal local;

Por fim os participantes deixaram suas opiniões e recomendações, sendo de destacar (i) nessidade

da realização de reuniões públicas regulares com as PI&As desde o principio até ao fim do projecto

independentemente se as coisas estejam a correr bem ou não; (ii) FIPAG, uma vez proponente do

projecto, deverá fazer o acompanhamento directo da implementação destas medidas pois se

depender apenas do empreiteiro, nada acontecerá, poís, é prática frequente os empreiteiros

passarem por cima as regras e sem qualquer respeito pela população local.

Estas e outras questões levantadas e passíveis de esclarecimentos imediatos foram discutidas e

respondidas no momento e outras foram avaliadas e incorporadas na versão final do presente

REIAS.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na sequência das actividades levadas a cabo no âmbito do presente EIA, não foram identificadas

quaisquer questões fatais, ou seja, aspectos que possam inviabilizar a implementação do projecto

de reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala. As análises

que se seguiram visaram a definição de medidas de mitigação dos impactos identificados e o Plano

de Gestão Ambiental das actividades do projecto.

Na sequência da previsão dos principais impactos ambientais que poderão decorrer das acções de

projecto preconizadas, quer na fase de construção, quer na fase de exploração, considera-se que os

aspectos e impactos mais importantes estejam relacionados com os aspectos socioeconómicos.

A importância do projecto foi igualmente confirmada durante o processo de consultas públicas às

PI&As que culminou com audiências públicas cujo participante foram unânimes afirmando que o

empreendimento é de importância vital para a Cidade de Nacala, considerando que vai contribuir

na melhoria de abastecimento de água à cidade e na saúde pública, para além do contributo na

criação de postos temporários de emprego.

O projecto de melhoramento e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala

é ambientalmente viável e a implementação das medidas de mitigação identificadas no estudo irá

minimizar as suas implicações socio-ambientais. Os impactos ambientais identificados são todos

de significância moderada a baixa, reduzindo sensivelmente após a implementação das medidas

de mitigação.

Um aspecto positivo da implementação do projecto de melhoramento e expansão do sistema de

abastecimento de água à Cidade de Nacala é a contribuição que ele terá no alcance dos objectivos

107

de desenvolvimento do milénio uma vez que com a sua implementação está previsto um aumento

da taxa de cobertura dos actuais 29% para cerca de 88%.

O impacto nas populações, especificamente a necessidade de deslocação das mesmas e das suas

residências é também uma questão importante que terá de ser monitorado cuidadosamente aquando

da fase de construção e produzido um plano de reassentamento e compensações.

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109

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Development Projects”. Washington, DC.

ANEXOS

i

ANEXO I – CATEGORIZAÇÃO DA AIA PELO MICOA ACTUAL MITADER

ii

iii

iv

ANEXO II – TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O ESTUDO DE IMPACTO

AMBIENTAL SUBMETIDOS AO MICOA ACTUAL MITADER

v

1 INTRODUÇÃO

O presente documento constitui-se na proposta dos Termos de Referência (TdR) do Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) referente ao projecto de Melhoria do sistema de abastecimento de água,

saneamento e drenagem para a Cidade de Nacala, como parte do processo de Avaliação de Impacto

Ambiental com a finalidade de obter a Licença Ambiental (LA).

O objectivo deste documento é o de estabelecer um referencial para orientar a equipa multi e

interdisciplinar quanto aos procedimentos a serem seguidos na elaboração do Estudo de Impacto

Ambiental – EIA para a expansão do sistema de abastecimento de água e melhoria do sistema de

saneamento e drenagem da Cidade de Nacala. Este instrumento fixa os requisitos mínimos para o

levantamento e análise das componentes ambientais (natural e socioeconómica) existentes na área

de influência do projeto, tornando-se, assim, num instrumento orientador, o qual a equipa

executora deverá tomar como base para a realização dos estudos, sem contudo, excluir a sua

capacidade de inovação e de criação.

No Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) foram identificados os

principais impactos potenciais do projecto, bem como as questões a serem investigadas com

detalhe no EIA. Outros impactos não identificados no EPDA poderão ser identificados durante a

fase do EIA. Em paralelo com a identificação e medição dos impactos o EIA irá também identificar

medidas necessárias para prevenir, minimizar, mitigar ou compensar impactos adversos e ainda

medidas que permitam conservar e melhorar o ambiente da área onde a actividade será

desenvolvida. Neste último sentido o EIA incluirá também um Plano de Gestão Ambiental e Social

(PGAS) e de monitoria ambiental que descreverá detalhadamente as medidas de mitigação a serem

implementadas, a planificação inerente e as responsabilidades de implementação. O PGAS incluirá

acções de monitoramento e controlo aplicáveis tanto na fase de construção como na de operação

do projecto. O documento cobrirá um conjunto de medidas a serem tomadas para permitir a

implementação e funcionamento íntegro da actividade em termos ambientais, garantindo a

segurança de pessoas e infra-estruturas, bem como interferência mínima na qualidade do ambiente

biofísico e socioeconómico circundante.

Para o caso do presente projecto, poderá haver a necessidade de reassentamento de um certo

número de famílias. Aqui, reassentamento é entendido no seu sentido lato abrangendo a deslocação

física e os impactos económicos que possam causar a perda de, ou perda de acesso a, qualquer bem

a crescer ou permanentemente ligado à terra como por exemplo abrigos, edifícios e culturas e o

impacto causado pela perda de, ou acesso a, um recurso económico base ou meios de subsistência

das comunidades locais. Como tal, em paralelo com os esforços a ser empreendidos com vista a

evitar e/ou minimizar a necessidade de acções de deslocar pessoas ou de privá-las de acesso aos

seus bens essenciais será preparado um plano de acção de reassentamento respeitando tanto a

legislação nacional como outras normas e directrizes internacionais para compensar as pessoas em

relação às quais essas medidas poderão não ser aplicáveis. É importante mencionar que o

proponente do projecto possui uma política que define os padrões e princípios de reassentamento.

2 OBJECTIVOS GERAIS DO EIA

Os estudos ambientais propostos para o Estudo de Impacto Ambiental para a expansão do sistema

de abastecimento de água e melhoria do sistema de saneamento e drenagem da Cidade de Nacala,

visam dar cumprimento aos seguintes objectivos gerais:

vi

• Cumprir as determinações legais em vigor, para a obtenção da Licença Ambiental, que implica

necessariamente a realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA), atendendo a que se trata

de um projecto classificado de Categoria A (segundo o Regulamento sobre o Processo de

Avaliação do Impacto Ambiental (AIA), aprovado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de

Setembro) Revogado pelo decreto no. 54/2015 de 31 de Dezembro;

• Caracterizar, segundo os vários aspectos ambientais, a área de implementação do projecto, de

forma a definir a situação ambiental actual de referência;

• Analisar e avaliar em termos ambientais as componentes do projecto, de forma a contribuir

para a selecção das alternativas de projecto, mais favoráveis em termos técnicos, económicos

e ambientais;

• Determinar e avaliar as condicionantes ambientais e os impactos potencialmente significativos

associados às fases de construção e exploração;

• Identificar medidas de mitigação dos impactos que contribuam para um projecto melhor

concebido, optimizando os seus benefícios;

• Preparar um Plano de Gestão Ambiental a implementar antes, durante e após a construção. As

medidas serão concebidas com detalhe executivo;

• Realizar um Programa de Compensação e Reassentamento para a população a ser realojada,

estabelecendo as devidas formas de atenuação de impactos decorrentes da sua deslocalização,

no âmbito do actual quadro legal;

• Prestar o apoio técnico necessário ao processo de Avaliação do Impacto Ambiental (AIA),

assim como a preparação e implementação do processo de Consulta Pública integrado nos

procedimentos de AIA.

3 O PROJECTO PROPOSTO

O projecto proposto tem como finalidade a expansão e o melhoramento do abastecimento de água,

saneamento e drenagem à Cidade de Nacala de forma a aumentar os actuais níveis de cobertura

que actualmente se situam em 75% de uma população estimada em 206.444 habitantes (INE,

2007). A meta é a de atingir uma cobertura de 88% em relação à população projectada para 2029.

O projecto torna-se necessário pelo facto de os sistemas actuais de fornecimento de água, de

saneamento e de drenagem não responderem às necessidades actuais e futuras, não cobrindo todas

as áreas residenciais que neste momento carecem de água e dos serviços de saneamento e

drenagem.

Isto justifica a implementação deste projecto tendo em vista não só a melhoria da qualidade de

vida dos citadinos da área da Cidade de Nacala, mas também aderir ao preconizado na Política de

Águas (Lei 43/2007 de 30 de Outubro) e nas metas de desenvolvimento do milénio para o

abastecimento de água das quais Moçambique é signatário.

Um sistema de abastecimento pode ser descrito pelos componentes seguintes:

• Abrangência: população é área grográfica coberta pela rede de de abastecimento;

• Fonte da água bruta: O corpo de água que fornece a água que é usada para abastecer o sistema

e o local onde esta água é extraída;

vii

• Transporte: O transporte da água da fonte para a rede de distribuição;

• Tratamento: O processo de limpeza das águas das impurezas bióticas (bactérias, amoebas,

vírus, etc.), físicas (partículas em suspensão) e químicas (substâncias químicas dissolvidas

nocivas à saúde) numa instalação própria chamada Estação de Tratamento de Água (ETA) e

mediante um processo de tratamento específico.

Existem várias técnicas para o tratamento de água onde se destacam

• Filtragem lenta com filtros de areia: um sistema simples em que a água passa por um filtro de

areia e é purificada através de processos naturais; não requer o uso de químicos (salvo o

adicionamento de cloro depois do próprio tratamento para evitar o risco de contaminação

biológica durante o transporte e a distribuição); no entanto, não pode ser usada para

quantidades muito grandes;

• O tratamento convencional onde a água passa por várias bacias onde se faz a floculação

(acelerada mediante a adição de Al2(SO4)3), a sedimentação, e a própria filtragem através de

meios como areia e carbono activado ou antracite. Adiciona-se o cloro para concluir o

tratamento biológico e evitar o risco de contaminação durante o transporte depois do

tratamento.

• O tratamento convencional sob pressão, onde o processo é semelhante, mas onde a filtragem é

feita sob pressão, o que reduz o tamanho dos filtros em relação ao volume de água que pode

ser tratada.

• Filtragem com membranos, precedido dum tratamento para remover sedimentos. É um

processo eficaz, mas relativamente sofisticado, e requerer limpeza e substituição periódica dos

membranos.

Pode ainda ser necessário fazer-se tratamentos adicionais para eliminar cargas excessivas de cal,

ferro ou magnésio.

Nestas componentes, o Projecto pretende desenvolver para a expansão da rede de abastecimento

de água, as seguintes actividades:

• Alcançar uma abrangência geográfica e populacional maior de modo a que em 2029 88% duma

população estimado em 340.000 pessoas tenham acesso através de ligações domésticas,

torneiras no quintal, ou fontenárias.

• Substituir a antiga conduta adutora por uma nova adutora com a capacidade da conduta adutora

adequada às necessidades projectadas de 2029 que ligará o ponto de extracção à rede de

distribuição através dum novo Estação de Tratamento de Água;

• Reabilitar a Estação de Tratamento de Água (ETA) existente nas proximidades da albufeira

onde a água será tratada mediante o método de tratamento convencional

• Construir uma nova estação de bombagem de água tratada com capacidade maior, baseada na

demanda projectada para 2029;

• Construir reservatórios adicionais de água tratada em lugares estratégicos na zona urbana;

viii

• Reabilitar, melhorar e ampliar o sistema de distribuição incluindo o estabelecimento de

contadores distritais;

• Fortalecer a unidade de gestão para alcançar a redução de perdas de água e a cobrança das

taxas de consumo.

• Identificar uma fonte adicional no Rio Monapo para a construção duma barragem que pode

servir também para o abastecimento da cidade de Monapo, a construção da barragem, do ponto

de extracção e da conduta adutora; neste momento ainda não há informação sobre o local

proposto e o traçado da conduta adutora.

4 ENTIDADE IMPLEMENTADORA DO PROJECTO

O FIPAG - Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água será a entidade

beneficiária dos investimentos a serem feitos e responsável pela implementação do projecto de

abastecimento de água.

O Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água é uma agência governamental

criada com a missão de representar o Estado na gestão do património e no programa de

investimento público dos sistemas de abastecimento de água, na promoção do seu

desenvolvimento e sustentabilidade económica e no acompanhamento da gestão delegada dos

sistemas de abastecimento de água a operadores privados.

A autoridade e responsabilidade da FIPAG incluem:

• Investimento e gestão financeira para reabilitação e expansão do património de abastecimento

de água

• Maximizar a eficiência e o retorno no património já existente;

• Gestão de contratos, monitoria e fazer cumprir as obrigações contratuais dos operadores

privados.

O FIPAG recebe fundos do governo nacional, governos e organismos internacionais, agências de

financiamento com vista a reabilitar os serviços de abastecimento de água existentes ou criar novos

(por ex. novos pontos de captação, novos furos, tubagem, estações de tratamento de água e

reservatórios) reabilitar infra-estruturas (por ex. edifícios, sistemas eléctricos, fornecimento de

energia e vias de acesso).

No âmbito das suas competências, o FIPAG propõe-se a implementar o projecto de melhoramento

e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala com o objectivo de melhorar

o acesso à água pelas populações desta Cidade. O projecto conta com o financiamento do Banco

Mundial através do Projecto de Abastecimento de Água e Apoio Institucional (WASIS II).

O FIPAG tem os seus escritórios centrais em Maputo no seguinte endereço:

Avenida Felipe Samuel Magaia, Nº 1291,

Tel: +258 21308840 / 308815,

Fax: +258 21 308881

Telemóvel: +258 82 3025430 / +258 82 3025910

Pessoa de Contacto: Director Geral – Pedro Paulino

5 CONSULTOR E EQUIPA TÉCNICA

ix

O Estudo de Impacto Ambiental e Social foi inicialmente preparado por uma empresa de

Consultoria, a Austral-Cowi, contratada pelo Millenium Challenge Account (MCA) num

contexto de um programa de melhoramento e expansão dos sistemas de abastecimento de

água, saneamento e drenagem às Cidades de Nacala, Mocuba e Gurùé e das Obras de

Melhoramento dos Sistemas de Abastecimento de Água em Monapo e Montepuez. Para a

presente revisão do EIAS, o FIPAG contratou o Consultor Independente, Eduardo Langa que

teve a responsabilidade de actualizar o estudo tendo em conta mudanças ocorridas na área do

projecto desde que o EIAS inicial foi efectuado, bem como a actualizacao das Leis que regem

o processo de avaliação de impacto ambiental e social de projectos em Mocambique.

6 ENQUADRAMENTO LEGAL

De acordo com a Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro) todas as actividades

públicas ou privadas com potencial para influir sobre as componentes ambientais, devem ser

precedidas de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), com vista a obtenção de uma

Licença Ambiental (LA) emitida pela autoridade responsável pelo licenciamento ambiental

das diferentes actividades que é o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

(MICOA) actualmente MITADER, através da Direcção Nacional de Avaliação de Impacto

Ambiental (DNAIA). Esta Lei baseia-se especialmente no princípio da precaução que incide

em evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis,

independentemente da existência de certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos

ambientais sobre o meio ambiente.

A Lei do Ambiente define o processo de avaliação de impacto ambiental como sendo um

instrumento de prevenção para a gestão ambiental de projectos e que apoia o Governo de

Moçambique na tomada de decisão quanto à atribuição da licença ambiental para o

desenvolvimento de projectos. O licenciamento ambiental precede qualquer outra licença

legal requerida. O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental é regulamentado pelo

Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, que recentemente viu algumas das suas cláusulas a

ser revistas por intermédio do Decreto n.º 42/2008 de 4 de Novembro, revogado pelo decreto

no 54/2015 de 31 de Dezembro.

Os Processos de Auditoria Ambiental e de Inspecção Ambiental são regulamentados,

respectivamente, pelos Decretos n.º 32/2003, de 20 de Agosto e n.º 11/2006, de 15 de Julho.

O regulamento relativo ao Processo de Auditoria Ambiental (Decreto nº 32/2003, de 20 de

Agosto) indica que qualquer actividade pública ou privada pode ser objecto de auditorias

ambientais públicas (realizadas pelo MITADER), ou privadas (internas). A entidade alvo de

auditoria deve facultar aos auditores o livre acesso aos locais a serem auditados, bem como

toda a informação solicitada. Enquanto isso, o Regulamento relativo a Inspecções Ambientais

(Decreto nº 11/2006, de 15 de Julho), regula os mecanismos legais de inspecção de actividades

públicas e privadas, que directa ou indirectamente são passíveis de causar impactos negativos

no ambiente. Este diploma tem como objectivo regular a actividade de supervisão, controlo e

fiscalização do cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional.

7 ESTUDOS ESPECIALIZADOS A SEREM EFECTUADOS

Esta fase envolverá a revisão e actualização do Estudo de Impacto Ambiental e Plano de Gestao

Ambiental e Social, com vista a assegurar a avaliação pormenorizada dos impactos ambientais

x

associados ao projecto e a sua mitigação, garantindo a integração da componente ambiental nas

decisões de projecto (opção pela alternativa ambientalmente mais sustentável), envolvendo uma

vez mais a Participação Pública. A elaboração do EIA terá como base a recolha de dados primários,

dados secundários, estudos de gabinete, visitas de campo incluindo vários instrumentos de

pesquisa tais como entrevistas, questionários, recolhas de amostras, consultas e reuniões públicas

dentre outras metodologias.

Estudos especializados serão desenvolvidos nos domínios relevantes para o projecto, com

objectivo de identificar os impactos da actividade tanto na fase de construção como na fase de

operação sobre o ambiente natural e social receptor. Os resultados destes estudos serão incluídos

no Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (REIA). Neste contexto, com vista à persecução dos

objectivos enunciados, os trabalhos e estudos ambientais a desenvolver seguirão a estrutura

metodológica preconizada relativamente à mencionada primeira fase de Estudo de Pré-Viabilidade

Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA).

O art.º 11 do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto n.º

45/2004, de 29 de Setembro) recomenda a indicação dos estudos especializados a serem levados a

cabo na fase de EIA. Neste contexto, as principais componentes ambientais que merecerão estudos

detalhados durante o EIA são as seguintes:

• Águas – Serão destacadas as componentes de Captação, Tratamento, Adução (transporte) e

Armazenamento;

• Geologia e solos – Levantamento das condições geológicas e de solos que podem influenciar

ou serem influenciadas pelo projecto;

• Ecologia – Far-se-á a descrição do meio biológico terrestre e marinho e as possíveis

interacções resultantes das actividades do projecto e a identificação das espécies de plantas e

animais que podem ser afectadas. Os estudos de especialidade abordarão, com o devido

detalhe, os habitats terrestres e aquáticos, os biotas que estes suportam (atendendo à

especificidade de cada um dos principais grupos/classes. Os Consultores responsáveis pelos

estudos bióticos irão rever criticamente a informação bibliográfica disponível sobre o meio

biótico.

• Gestão de resíduos sólidos – será feita uma análise sobre:

− Descarte da tubagem de asbestos cimento que será substituída e implicações ambientais de

manter a tubagem enterrada depois de desactivada.

− Tratamento que será dado a lama produzida no tratamento de água que é rica em sulfato de

alumínio. Legislação moçambicana e internacional sobre manuseamento, tratamento e

deposição de lixos perigosos será usada.

• Condição Socioeconómica

− Dados de população e suas projecções;

− Infra-estruturas existentes;

− Divisão Administrativa e Organizacional

− Condições de vida da população;

− Capacidade de pagar;

− Emprego/desemprego na região;

xi

− Padrões de Uso do Solo com especial referência para questões de ordenamento – descrição do

tipo de ordenamento e suas implicações no reassentamento;

− Fontes alternativas de abastecimento de água (rede de água, poços, riachos) e o impacto que o

projecto terá sobre essas fontes alternativas;

− Locais arqueológicos e locais sagrados;

• Delimitação do Âmbito do Reassentamento.

Para além destes estudos acima listados, durante a fase de EIA serão analisadas questões

transversais como:

• Género – de forma a identificar:

− Benefícios que as mulheres irão ter com o melhoramento e expansão do sistema de

abastecimento de água;

− As implicações da fase de construção nas relações de género e como estas influenciarão o

projecto;

− A relação que um sistema de abastecimento de água melhorado terá nos hábitos higiénicos da

comunidade onde a mulher desempenha um papel relevante;

− Possíveis mudanças no sistema social com a redução do tempo necessário para obtenção de

água;

• HIV/SIDA – definição do tipo de estratégia de controle da propagação de HIV no sector de

trabalho;

• Tráfico de crianças – o aumento de movimento nas áreas de trabalho poderá criar condições

favoráveis para o tráfico de menores. O EIA procurará através do PGA definir estratégias que

limitem a ocorrência destes fenómenos;

• Impactos do projecto no cumprimento dos objectivos de desenvolvimento do milénio para o

abastecimento de água urbana.

8 METODOLOGIA

A elaboração do EIA terá como base a recolha de dados primários, dados secundários, estudos de

gabinete, visitas de campo incluindo vários instrumentos de pesquisas como entrevistas, recolhas

de amostras, consultas públicas dentre outras metodologias. Estudos especializados serão

desenvolvidos nos vários domínios relevantes para o projecto, com o objectivo de identificar os

impactos da actividade tanto na fase de construção como na fase de operação. Os resultados destes

estudos serão incluídos no Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (REIA).

O processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem por objectivo apoiar a tomada de

decisão relativamente ao licenciamento ambiental de uma actividade, nele se incluindo a definição

do nível de avaliação ambiental requerido (Screening), já efectuada, a definição do âmbito do

Estudo de Impacto Ambiental (Scoping) e a fase de estudos especializados.

Outra componente do Processo de AIA, cuja importância é realçada na legislação aplicada, é o

Processo de Participação Pública (PPP), cujas regras se encontram detalhadas nas Directrizes do

Processo de Participação Pública, estipuladas no Diploma Ministerial n.º 130/2006.

9 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA – DIAGNÓSTICO

AMBIENTAL

Esta actividade consistirá na elaboração de um diagnóstico ambiental, sobre os seus vários

xii

aspectos, fundamentado na análise e descrição, dirigida e interpretativa, da área a ser afectada pelo

projecto para o ano horizonte considerado, sem a implementação do projecto.

O objectivo principal desta etapa de caracterização e análise da situação de referência será

estabelecer um quadro de referência das condições actuais do ambiente da região a ser afectada

pelo projecto em apreço, antes da sua implementação. Para cada componente ambiental deverão

ser desenvolvidos estudos de caracterização da situação de referência sem o empreendimento, com

recurso a metodologias específicas, consoante a natureza dos aspectos ambientais em causa, a

escala de análise e a área de estudo. Neste diagnóstico serão identificadas as zonas sensíveis e

aspectos ambientalmente críticos, de forma a definir uma hierarquia de sensibilidade dos diversos

locais.

A caracterização será fundamentada no levantamento, análise e interpretação de informações

obtidas através de pesquisa bibliográfica, de medições e levantamentos de campo e de contactos

com interlocutores privilegiados, locais e regionais.

A caracterização deverá ser dirigida, com maior acuidade, para aqueles aspectos para os quais

espera-se impactos de maior significado, visando apoiar a posterior avaliação das alterações

induzidas pelo empreendimento.

10 MÉTODOS DE ESTUDOS PARA CADA COMPONENTE DE ESTUDO

Diferentes metodologias serão aplicadas para estudar as diferentes componentes ambientais do

projecto, destacando-se:

• Água (estudos de gabinete sobre os recursos hidrológicos, recolha e análise de amostras de

água, de acordo com os padrões nacionais e internacionais);

• Ecologia (estudos de gabinete, visita de campo para identificar e descrever o meio biológico e

as possíveis interacções resultantes das actividades do projecto);

• Geologia e solos (estudos de gabinete). No EIA deverão ser analisadas as formações

geológicas, litológicas e respectivos graus de consolidação, com vista à identificação de

eventuais zonas críticas com o objectivo de avaliar os impactos mais significativos que poderão

ocorrer na fase de construção e/ou exploração do empreendimento, os quais serão

correctamente identificados e cartografados, definindo-se os pontos críticos, gerais e

localizados, para os quais se indicarão as medidas mitigadoras consideradas mais ajustadas a

cada caso, bem como medidas de integração paisagística que minimizem os impactos visuais

expectáveis, de acordo com as intervenções e o movimento de terras esperado (com particular

atenção na escolha e exploração de pedreiras e de escombreiras);

• Socioeconomia (estudos de gabinete, visitas de campo, entrevistas aos agregados familiares e

outras entidades afectadas, resultados da consulta pública, análise com guias internacionais

como IFC (Performance Standards, WB OP 4.12);

• Arqueologia e locais sagrados (estudos de gabinete, vistas de campo e entrevistas aos

agregados familiares).

11 METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS POTENCIAIS

IMPACTOS

A essência da análise de impactos reside na elaboração e comparação de cenários ambientais: o

xiii

quadro ambiental sem o empreendimento servirá como situação de referência, contra o qual será

confrontado o cenário que considera as tendências ambientais com a implantação do projecto, de

forma a possibilitar a:

• Identificação dos impactos: definição dos potenciais impactos associados às acções geradoras

consideradas;

• Previsão dos impactos: determinação das principais características e magnitude dos impactos;

• Determinação das principais características e magnitude dos impactos: caracterização e

determinação da importância de cada impacto em relação ao factor ambiental afectado, quando

analisado isoladamente.

• Identificar as medidas de mitigação incluindo alternativas.

Tendo em atenção a optimização dos recursos necessários para a realização dos estudos, na análise

global dos impactos foram adoptados métodos do tipo:

• Analogias com casos similares;

• Análise de listagens de controlo ("checklists") e de matrizes de interacção;

• Consulta a especialistas;

• Preocupações e expectativas das Partes Interessadas e Afectadas.

Os potenciais impactos ambientais a serem avaliados no EIA foram identificados também com

base em:

• Consultas com representantes do FIPAG

• Reconhecimento de campo a áreas potencialmente afectadas;

• Revisões literárias de estudos semelhantes; e

• Experiência adquirida em estudos anteriores de natureza semelhante.

A análise preliminar dos impactos realizou-se com base nas características referidas e em outras

informações, tais como a percepção das expectativas da população, as características dos locais e

dos aspectos ambientais considerados críticos e/ou sensíveis e a capacidade de recuperação do

meio, entre outras.

Foram também avaliados impactos cumulativos ou impactos associados a projectos

complementares, associados ou subsidiários, de modo a assegurar uma avaliação tão completa

quanto possível dos impactos ambientais associados à implementação do presente

empreendimento.

Os impactos serão avaliados, para as áreas indicadas na Tabela 1, segundo os critérios

internacionalmente aceites: natureza, extensão, duração, reversibilidade e intensidade dos

impactos, probabilidade de ocorrência, status do impacto e grau de confidência das previsões dos

impactos identificados.

Baseado na síntese da informação contida no procedimento acima descrito, os potenciais impactos

serão avaliados em termos de critérios como significância, baixa média ou alta, com recurso a uma

matriz. A análise dos impactos será apresentada concisamente em termos de localização, tempo

esperado de ocorrência e importância quantitativa.

Natureza do impacto: Uma avaliação do tipo de efeito que a operação teria no ambiente afectado

ou no projecto, incluindo o que é que está para ser afectado e como (negativo/positivo);

xiv

Extensão do impacto: Uma descrição da extensão geográfica do impacto como local, nacional,

regional ou além fronteiras (localizado/disperso);

Tabela 1– Lista de áreas de avaliação de impactos

GRANDES TEMAS

AMBIENTAIS

ASPECTOS AMBIENTAIS

Meio Físico

Clima e Qualidade do Ar

Geologia e Geomorfologia

Recursos Hídricos (quantidade e qualidade,

hidrogeologia, usos da àgua)

Ruído

Paisagem

Meio Biótico

Habitats, Flora e Vegetação

Fauna Terrestre

Ecossistemas Aquáticos

Meio Socioeconómico

Divisão Administrativa e Organizacional

Aspectos Demográficos

Actividades Económicas

Infra-estruturas e Serviços

Padrões de Uso do Solo

Património Cultural

(Antropológico/Sagrado/Arqueológico)

Magnitude (ou grau de afectação da componente ambiental): baixa, moderada, elevada.

Duração do impacto: Uma avaliação da longevidade do impacto como curto, médio ou a longo

prazos, ou permanente;

Intensidade: Uma avaliação sobre se o impacto é destrutivo ou benigno, classificado como baixo,

médio ou alto. Vai ser feito um esforço para quantificar a magnitude dos impactos e esboçar a

lógica usada;

Probabilidade de Ocorrência: Uma avaliação da probabilidade de o impacto ocorrer como

improvável (pouca probabilidade), provável (clara possibilidade), muito provável (elevada

probabilidade) ou definitiva (o impacto irá ocorrer independentemente de quaisquer medidas de

prevenção);

Grau de confiança: Uma declaração de confiança (baixa, media ou alta) nas previsões baseadas

na informação existente e nível de conhecimento e perícia;

Grau de significância: Com base numa síntese da informação contida no procedimento acima

descrito, os potenciais impactos serão avaliados em termos dos seguintes critérios de significância:

• Insignificante: os impactos não influenciam, seja de que maneira for, a actividade proposta

e/ou o ambiente.

• Pouco significante: os impactos terão pouca influência sobre a actividade proposta e/ou o

ambiente. Esses impactos não requerem modificação da concepção do projecto ou mitigação

alternativa.

xv

• Significância moderada: os impactos terão uma influência moderada sobre a actividade

proposta e/ou o ambiente. Os impactos podem ser melhorados por via de uma modificação na

concepção do projecto ou pela implementação de medidas efectivas de mitigação.

• Muito significante: os impactos terão grande influência sobre a actividade proposta e/ou

o ambiente. Os impactos podem ter uma implicação “não prosseguimento” independentemente da

implementação de quaisquer medidas de mitigação.

12 IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DE MITIGAÇÃO E MELHORAMENTO

Neste tópico deverão ser apresentadas as medidas que venham a minimizar ou eliminar impactos

adversos analisados, abrangendo as áreas de implantação e influência do projecto separadamente

as fases de implantação e operação as quais sofrerão uma integração posterior no PGAS. Devem

também ser incluídas as medidas para redução das frequências e das ocorrências de riscos.

Os consultores farão recomendações sobre como minimizar os impactos negativos. Estas medidas

deverão incluir os seguintes aspectos:

• Objectivos da mitigação;

• Medidas de mitigação ou acções de melhoramento;

• Como implementar as medidas de mitigação e acções de melhoramento.

As medidas de mitigação serão classificadas quanto a:

• Sua natureza: preventiva ou correctiva inclusive os sistemas de controlo ambiental avaliando

a sua eficácia em relação aos critérios de qualidade ambiental e padrões de deposição de

efluentes, emissões e resíduos;

• Fase do projecto em que deverão ser adoptadas: implantação, operação e para o caso de

desactivação e acidentes;

• Factor ambiental a que se aplicam: físico, biológico ou socioeconómico;

• Prazo de permanência da sua aplicação: curto, médio ou longo;

• Responsabilidade pela sua implantação: proponente, poder público, empreiteiro ou outros, para

os quais serão especificados claramente as responsabilidades de cada um dos envolvidos;

• Sua exequibilidade (em termos de meios, recursos, tecnologia, etc.). Deverão ser mencionados

os impactos adversos que não poderão ser eliminados ou evitados, indicando as medidas

destinadas à sua compensação.

As medidas mais complexas, que envolvam uma metodologia particular de trabalho com a

finalidade de obter-se a mitigação e/ou compensação de um ou mais impactos importantes, deverão

ser consolidadas em programas específicos de “Mitigação de Impactos”.

13 PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL (PGAS)

Tendo em consideração a avaliação de impactos efectuada no âmbito do EIA, serão tidos em conta

os aspectos mais sensíveis que deverão ser acompanhados nas consequentes fases do projecto,

designadamente antes da construção, durante a obra e quando da sua exploração, para os quais

serão estabelecidos Programas de Monitorização para o período de vida do projecto, não se

esgotando com o seu licenciamento, nem terminando com a realização do EIA.

Desta forma, o Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) deverá estar bem estruturado com

toda a sistematização dos procedimentos a estabelecer e todos os registos comprovativos e demais

xvi

documentações relevantes, que assegurem a gestão ambiental da obra, a implementação das

medidas preconizadas no EIA, assim como um conjunto de programas de monitorização, que

visem avaliar de forma contínua a qualidade ambiental da área de influência do empreendimento.

Na formulação do PGAS serão apresentados os programas de acompanhamento e monitoramento

dos impactos e da eficiência das medidas mitigadoras nas diversas fases do projecto, entre outros,

os seguintes aspectos:

• Indicação e justificação dos parâmetros e indicadores seleccionados para a avaliação dos

impactos sobre cada um dos factores ambientais considerados;

• Apresentação e justificação da periodicidade de amostragem para cada parâmetro

seleccionado;

• Apresentação e justificação dos métodos a serem empregados no processamento das

informações levantadas, visando retratar o quadro de evolução dos impactos ambientais

causados pelo empreendimento;

• Cronograma de implantação e desenvolvimento das actividades de monitoramento;

• Indicação e justificativa dos métodos de recolha e análise de amostras;

• Indicação dos responsáveis.

No desenvolvimento dos trabalhos deverão ser contemplados, principalmente, os seguintes

programas:

• Programa de monitoramento dos recursos hídricos (controlo do escoamento para permitir o

uso múltiplo dos recursos hídricos, no local e a jusante do projeto; monitoramento da qualidade

das águas; acompanhamento da ocorrência do processo de assoreamento e de eutroficação,

etc.);

• Programa de monitoramento da implantação da estação ecológica e faixas de protecção

marginal ao reservatório;

• Programa de acompanhamento do processo de reassentamento da população;

• Programa de monitoramento da reestruturação, reorganização e implantação da infra-estrutura

económica e social (rodovias, energia eléctrica, escolas, hospitais, etc.);

A informação referenciada no PGAS servirá de base para o acompanhamento da efectividade do

projecto pelo Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) que será feito

através de auditorias ambientais, garantindo assim o cumprimento das directivas e recomendações

traçadas no documento.

Os objectivos gerais do PGAS deverão recomendar o seguinte:

• Prevenção e Mitigação – fundamenta-se no princípio da prevenção, indicando acções e

medidas de controlo e minimização dos impactos ambientais negativos mitigáveis, podendo

ser evitados, reduzidos ou controlados. Enquadram-se nesse tipo os programas:

− Gestão Ambiental de Obra,

− Educação Ambiental;

− Conservação do Património Histórico e Natural;

− Plano de Contingências de Acidentes;

xvii

• Correctivos – englobam as actividades entendidas como necessárias para colmatar e corrigir

impactos ambientais considerados reversíveis, através de acções de recuperação e

recomposição das condições ambientais satisfatórias e aceitáveis. Neste tipo, enquadram-se:

− Programa para Conservação da Flora e o Programa para Conservação da Fauna, (embora

ambos os programas devam incluir também acções de monitorização das medidas correctivas

implantadas);

• Monitorização – visam a adopção de programas sistematizados de acompanhamento e registo

ao longo do tempo, quer da evolução ambiental do meio como da ocorrência e intensidade dos

impactos e do estado dos componentes ambientais afectados, atendendo às medidas

minimizadoras entretanto implementadas.

• Compensatórios – destinam-se aos impactos ambientais avaliados como negativos cuja

ocorrência não pode ser evitada e nem mitigada. Em face da perda de recursos e valores

ecológicos, sociais, materiais e urbanos, as medidas indicadas destinam-se a compensar os

efeitos negativos decorrentes da implantação do empreendimento, procurando devolver à área

afectada condições semelhantes ou até melhores que as originais. Nessa categoria está incluído

o Programa de Compensação e Reassentamento, cuja elaboração deverá merecer destaque

especial, mas também Programas de Desenvolvimento Social destinados às comunidades

potencialmente afectadas;

• Plano de Gestão – visa integrar e analisar conjuntamente os programas propostos, de forma a

promover o acompanhamento contínuo dos resultados da implementação prática de todas as

acções ambientais previstas, além de manter o órgão ambiental informado a respeito. Neste

caso, inclui-se o Plano de Gestão Ambiental e Social– PGAS (que engloba todos os referidos

programas).

14 PLANO DE REASSENTAMENTO

Espera-se que a implementação do projecto de abastecimento de água, saneamento e drenagem

para a Cidade de Nacala afecte principalmente habitações, pequenos estabelecimentos comerciais

da população e outras infra-estruturas, campos de cultivo, culturas e árvores de frutas e outras

árvores diversas. A preparação de um plano de acção para o reassentamento irá seguir políticas,

directrizes e padrões do Banco Mundial e do Governo de Moçambique, especialmente a Política

de Reassentamento através do Decreto 31/2012 de 8 de Agosto, referente ao Regulamento do

Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas.

15 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

De acordo com o Regulamento sobre o processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto

nº54/2015 de 31 de Dezembro) e a respectiva Directiva Geral para Participação Pública, no

Processo de AIA (Diploma Ministerial nº130/2006), a consulta pública em projectos de Categoria

A é obrigatória. Duas reuniões de consulta pública serão realizadas, uma durante a Fase de

Definição de Âmbito e a outra durante a Fase de Avaliação de Impacto e formulação do Plano de

Gestão Ambiental e Social. A consulta pública proporcionará aos intervenientes uma oportunidade

para influenciar a AIA.

xviii

O principal objectivo da consulta pública é o de obter questões que se constituam em preocupação

e sugestões para os benefícios acrescidos das partes interessadas e afectadas (PI&A’s), em tanto

que organizações ou individuais, e dar uma oportunidade para as PI&A’s comentarem sobre os

resultados da AIA. O processo serve como um fórum de recolha de preocupações, opiniões e

comentários sobre qualquer assunto que se considere relevante para se incluir no Estudo de

Impacto Ambiental, bem como para esclarecimento de eventuais aspectos sobre o projecto. Este

processo permite também que durante o período em que estiver a decorrer a AIA, exista um canal

de comunicação entre o público, os consultores e o cliente. Mais especificamente, os objectivos

do processo de consulta pública são os de providenciar informação às PI&A’s sobre o projecto

proposto e sobre o processo do AIA a fim de habilitá-las a:

Durante a Fase de Definição de Âmbito Ambiental da AIA (a primeira fase)

• Dar a conhecer às partes PI&A’s a metodologia a ser seguida no Estudo de Impacto Ambiental

e dar oportunidade de levantar questões, preocupações e sugestões relativamente a benefícios

e alternativas acrescidas;

• Contribuir para o conhecimento local;

• Apresentar o Relatório Preliminar do Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de

Âmbito (EPDA) e Termos de Referência (TdR) às PI&A’s e recolher questões/comentários,

para posterior incorporação na versão final do EPDA/TdR a ser considerados no Estudo de

Impacto Ambiental.

Durante a Fase de Avaliação do Impacto da AIA

Nesta fase será apresentado o Relatório Preliminar do Estudo de Impacto Ambiental (REIA) e

respectivo Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do projecto às PI&A’s onde elas poderão:

• Verificar se os estudos especializados do EIA tiveram em consideração os assuntos levantados

na primeira fase;

• Comentar sobre as constatações e recomendações dos estudos realizados.

A reunião terá lugar na Cidade de Nacala onde todas as PI&As serão convidadas a participar na

reunião de consulta pública através de anúncios publicados em órgãos de informação oficiais assim

como de cartas especificamente dirigidas a certas entidades. O anúncio irá incluir o objectivo do

projecto, a data, a hora e o local da reunião. Para o caso do presente projecto, o grupo alvo é o

seguinte:

• Governo aos Níveis Nacional e Provincial

• Conselho Municipal da Cidade de Nacala

• Administração dos Distritos de Nacala

• Administração Nacional de Estradas

• FIPAG

• ARA-Norte

• DNAAS

• Grandes Consumidores de Água (Hospital Local, centro de formação de saúde,

empreendimentos turísticos e Outros)

• Telecomunicações de Moçambique

• Electricidade de Moçambique

xix

ANEXO III - CARTA DE APROVAÇÃO DO EPDA E DOS TERMOS DE REFERÊNCIA

PELO MICOA/MITADER

xx

xxi

xxii

xxiii

xxiv

ANEXO IV - LISTA DE MAMÍFEROS QUE OCORREM NA ÁREA DE ESTUDO

xxv

LISTA DE MAMÍFEROS QUE OCORREM NA ÁREA DE ESTUDO

Nome científico Nome Comum (Em Inglês) Planície

costeira

Terras baixas

do interior

Montanha

s

Phacochoerus

aethiopicus

Wart hog (Javali africano) 1 1

Potamochoerus porcus Bush pig (Potamóquero vermelho) 1 1 1

Hippopotamus

amphibius

Hippopotamus (Hipopótamo) 1

Sylvicapra grimmia Common Duiker (Duiqueiro de

Grimm)

1 1

Cephalophus natalensis Red Duiker (Duiker vermelho de

natal)

1 1 1

Tragelaphus scriptus Bushbuck (Gazela pintada) 1 1 1

Tragelaphus strepsiceros Greater Kudu (Grande Kudu) 1 1

Tragelaphus oryx Eland (Elã)

Hippotragus niger Sable Antelope (Palanca Negra

Africana/Pala-pala)

1 1 1

Redunca arundinum Common Reedbuck (Cob Grande

dos Juncais)

1 1

Alcelaphus buselaphus Hartebeestes (boi-cavalo) 1 1

Connochaetes taurinus Blue wildebeeste (Gnu comum) 1 1 1

Aepyceros melampus Impala 1

Hippotigris quagga Burchell´s Zebra (Zebra Comum) 1 1 1

Diceros bicornis Black Rhinoceros (Rinoceronte

negro)

1 1

Heterohyrax brucei Yellow-spotted Rock Dassie

(Hirax-de-malha-amarela)

1

Procavia capensis Cape Dassie (Damão do cabo) 1 1

Loxodonta africana African Elephant (Elefante

Africano)

1 1 1

Orycteropus afer Aardvark (Urso formigueiro) 1 1

Manis (Smutsia)

temmincki

Temminck´s Ground Pangolin

(Pangolim)

1

Paraxerus flavovittis Striped Bush squirrel (Esquilo

oriental listrado)

1 1

Paraxerus palliatus Red Bush Squirrel (esquilo

vermelho)

1 1

Heliosciurus

rufobrachium

Red-legged Sun Squirrel 1 1

Hystrix africae-australis South African Crested Porcupine

(Porco-espinho)

1 1 1

Cricetomys gambianus Giant Gambiant Rat (Rato Gigante) 1

Thryonomys

swinderianus

Cane Rat (Rato Grande das Canas) 1

Thryonomys gregorianus Lesser Cane Rat (Rato Pequeno das

Canas)

1

Lepus whytei Whyte´s hare (Lebre de White) 1

Canis adustus Side-striped Jackal (Chacal listrado) 1

Lycaon pictus Hanting Dog (Mabeco, Cão do

Mato)

1 1

xxvi

Ictonyx striatus Stiped Polecat (Maritacaca,

Doninha-de-cheiro)

1 1

Mellivora capensis Ratel (Texugo de mel) 1 1 1

Genetta angolensis Angola genet (Geneta de Angola) 1 1 1

Genetta tigrina Large-spotted Genet (Geneta de

malhas grandes)

1 1 1

Civetis Civetta African Civet (Civeta africana) 1 1 1

Herpestes ichneumon Egyptian Mongoose (Manguço) 1 1 1

Galerella sanguinea Slender Mongoose (Manguço

vermelho)

1 1

Atilax paludinosus Marsh Mongoose (Manguço dos

pântanos)

1 1

Mungos Mungo Banded Mongoose 1 1

Ichneumia albicauda White-tailed Mongoose (Manguço

de cauda branca)

1

Helogale párvula Southern Dwarf Mongoose

(Manguço anão)

1 1

Crocuta crocuta Spotted Hyaena (Hiena malhada) 1 1 1

Panthera pardus Leopard (Leopardo) 1 1 1

Leptailurus serval Serval (Gato Serval) 1 1

Felis silvestris African Wild Cat (Gato Bravo

Africano)

1 1 1

Galago crassicaudatus Greater Bushbaby (Jagra grande,

Jagra gigante)

1 1 1

Galago senegalensis Lesser Galago (Jagra do Senegal,

Jagra pequena)

1 1

Papio cynocephalus Baboon (Macaco cão amarelo,

Babuíno)

1 1 1

Cercopithecus

albogularis

White-throated Guenon 1 1

Cercopithecus aethiops Green Monkeys (Macaco de cara

preta)

1 1 1

Erinaceus albiventris Fur-toed Hedgehog

Rhynchocyon cirnei Giant Elephant Shrew (Musaranho

elefante axadrezado)

1 1

Petrodromus

tetradactylus

Four-toed Elephant (Musaranho

elefante de quatro dedos)

1 1

xxvii

ANEXO V – LISTA DE AVES QUE OCORREM NA ÁREA DE ESTUDO

xxxv

LISTA DE AVES QUE OCORREM NA ÁREA DE ESTUDO

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Bradornis pallidus Pale flycatcher (Papa-moscas pálido) 1 1 1 Comum Todo ano

Batis molitor South African black flycatcher 1 Comum Todo ano

Terpsiphone viridis Grey-headed Paradise flycatcher 1 1 1 Comum Sazonal

Melaenornis pammelaina Puff-back flycatcher (Papa moscas preto

africano)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Turdus lybonyanus Kurrichane thrush 1 1 1 Comum Todo ano

Monticola angolensis Mottled Rock-Thrush (Melro das rochas

de Miombo)

1 1 1 Comum Todo ano

Oenanthe pileata livingstonii Capped Wheater (Chasco de barrette) 1 1 1 Comum Sazonal

Cercomela familiaris Red-tailed Chat (Chasco familiar) 1 1 1 Comum Todo ano

Thamnolaea cinnamomeiventris Mocking cliff-chat 1 1 1 1 Comum Todo ano

Saxicola torquata caffra Stonechat (Cartaxo comum) 1 1 Muito Comum Todo ano

Saxicola torquata axillaris Stonechat (Cartaxo comum) 1 1 Muito Comum Todo ano

Euplectes macrourus Yellow-mantled widow-bird (Viúva de

dorso dourado/viúva de manto amarelo)

1 1 1 Rara Todo ano

Euplectes albonotatus White-winged widow-bird (Viúva de asa

branca)

1 Rara Todo ano

Euplectes ardens Red-collared widow-bird (Viúva de

colar vermelho)

1 1 1 Rara Sazonal

Lonchura cucullata Bronze Mannikin (Freirinha bronzeada) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Oriolus larvatus Black- headed Oriole (Papa figos de

cabeça preta)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Oriolus auratus notatus African Golden Oriole (Papa figos

africano)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Dicrurus adsimilis Drongo (Drongo de cauda forcada) 1 1 1 1 Muito comum Todo ano

Dicrurus ludwigii Square-tailed Drongo (Drongo de cauda

quadrada)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Nilaus afer nigritemporalis Northern Brubru (Brubru) 1 1 1 1 Comum Todo ano

xxxvi

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Dryoscopus cubla Black-Backed Puff Back (Picanço de

almofadinha)

1 1 1 1 Muito comum Todo ano

Tchagra senegala Black-headed Bush Shrike (Picanço

assobiador de coroa preta)

1 1 1 1 Muito comum Todo ano

Telophorus nigrifrons Black-fronted Bush Shrike (Picanço de

peito preto)

1 1 Comum Todo ano

Chlorophoneus sulfureopectus Sulphur-breasted bush-shrike

Laniarius aethiopicus major Tropical Boubou (Picanço tropical) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Laniarius aethiopicus

mossambicus

Tropical Boubou (Picanço tropical) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Prionops plumata poliocephala Straight-crested Helmet shrike

(Atacador de poupa branca)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Corvus albus Pied crow (Seminarista) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Corvus albicollis White-necked Raven (Corvo de nuca

branca)

1 1 Rara e marginal Todo ano

Lanius collaris humeralis Fiscal (Picanço fiscal) 1 1 Rara Todo ano

Coracina pectoralis White-breasted cuckoo-shrike

(Lagarteiro cinzento e branco)

1 1 1 Rara Todo ano

Coracina caesia Grey cuckoo-shrike (Lagarteiro

Cinzento)

1 1 Rara Todo ano

Campephaga sulphurata Black cuckoo-shrike 1 1 1 1 Rara Todo ano

Lamprotornis chloropterus

elisabeth

Lesser blue-eared glossy starling 1 1 Comum Todo ano

Lamprotornis chalybaeus sycobius Greater Blue-eared glossy starling 1 1 Comum Sazonal

Cinnyricinclus leucogaster

verreauxi

Violet-backed starling (Estorninho de

dorso violeta)

1 1 Comum Todo ano

Creatophora cinérea Wattled starling (Estorninho

caranculado)

1 1 1 Comum

Parus rufiventris masukuensis Cinnamon-breasted tit 1 Comum Sazonal

xxxvii

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Parus griseiventris Northern grey tit (Chapim do miombo) 1 Rara Sazonal

Riparia paludicola ducis African Sand Martin (Andorinha das

barreiras africanas)

1 1 Rara Todo ano

Riparia cincta Banded Martin (Andorinha de colar) 1 1 Comum Sazonal

Ptynoprogne fuligula African Rock Martin 1 1 1 Comum Sazonal

Hirundo smithii Wire-tailed swallow (Andorinha cauda

de arame)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Hirundo senegalensis monteiri Mosque swallow (Andorinha das

mesquitas)

1 1 Comum Todo ano

Hirundo abyssinica Striped swallow (Andorinha estriada

pequena)

1 1 1 1 Rara Todo ano

Hirundo semirufa Rufous-chested swallow (Andorinha de

peito ruivo)

1 Muito comum Todo ano

Chlorocichla flaviventris Yelow-bellied greenbul (Tuta amarela) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Phyllastrephus terrestris Bristle-necked brownbul (Tuta da terra) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Andropadus virens zombensis Little greenbul (Tuta pequena) 1 1 Comum Todo ano

Alseonax adustus subadustus Dusky Flycatcher 1 1 1 Muito comum Todo ano

Alseonax cinereus Ashy flycatcher 1 1 1 1 Comum Todo ano

Erythropygia leucophrys

zambeziana

White-Browed Scrub-Robin 1 1 1 Comum Sazonal

Calamocichla gracilirostris

leptorhyncha

Cape Reed Warbler (Rouxinol Pequeno

dos Pântanos)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Prinia subflava affinis Tawni-flanked prinia (Prinia de flancos

castanhos)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Apalis flavida neglecta Yellow-chested Apalis (Apalis de peito

amarelo)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Camaroptera brachyura Green-backed Camaroptera (Felosa de

dorso verde)

1 1 Comum Todo ano

Cisticola woosnami Trilling cisticola 1 1 1

xxxviii

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Cisticola cantans belli Singing cisticola (Fuinha cantora) 1 1 Comum Todo ano

Cisticola erythrops nyasa Red-Faced cisticola (Fuinha de faces

vermelhas)

1 1 Comum Sazonal

Cisticola galactotes suahelica Winding cisticola (Fuinha de dorso

preto)

1 Comum Todo ano

Cisticola fulvicapilla muelleri Piping cisticola (Fuinha de cabeça ruiva) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Cossypha natalensis Red capped Robin-chat (Pisco do natal) 1 1 1 Muito comum Todo ano

Cossypha caffra iolaema Robin-chat (Pisco do Cabo) 1 Rara Sazonal

Cichladusa arquata Morning Warbler

Cinnyris venustus falkeinsteini Variable sunbird (Beija-flor de barriga

amarela)

1 1 1 Comum Todo ano

Cinniyris cuprea Copper Sunbird (Beija flor cobreado) 1 1 Rara Todo ano

Ploceus cucullatus Tecelão malhado (Black-headed village

weaver

1 1 1 Comum Todo ano

Anaplectes rubriceps Red-headed weaver (Tecelão de cabeça

vermelha)

1 1 Rara Todo ano

Quelea quelea lathamii Red-billed quelea (Quelea de bico

vermelho)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Quelea erythrops Red-headed quelea (Quelea de cabeça

vermelha)

1 1 Rara Sazonal

Euplectes hordeácea Black-winged red bishop (Cardeal

tecelão de coroa vermelha)

1 1 1 1 Comum Sazonal

Euplectes capensis Yellow Bishop (Viúva de rabadilha

amarela)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Pytilia afra Orange- winged pytilia (Aurora de dorso

amarelo)

1 Rara Todo ano

Lagonosticta jamesoni Jameson´s fire-finch 1 1 Rara e marginal Todo ano

Coccopygia melanotis Yellow-bellied waxbill (Bico de lacre de

garganta preta)

1 1 Rara Todo ano

xxxix

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Uraeginthus angolensis Cordon-Bleu (Peito celeste) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Estrilda cavendishi Waxbil 1 1 1 1 Muito Comum Sazonal

Lonchura cucullata scutata Freirinha bronzeada (Bronze manikin) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Lonchura nigreceps Rufous-backed manikin (Freirinha de

dorso vermelho)

1 1 1 Muito rara Todo ano

Vidua macroura Pin-tailed whydah Viuvinha 1 1 1 1 Rara Todo ano

Passer diffusus ugandae Grey-headed Sparrow (Pardal de cabeça

cinzenta)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Petronia superciliaris Yellow-throated petronia (Pardal de

garganta amarela)

1 1 1 Comum Todo ano

Motacilla aguimp African pied wagtail (Alvéola preta e

branca)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Motacilla clara mountain wagtail (Alvéola de cauda

comprida)

1 1 1 1 Comum Todo ano

Anthus richardi lacuum Richard´s pipit 1 1 Comum Sazonal

Anthus lineiventris

Striped pipit (Petinha estriada) 1 Residente Sazonal

Macronyx croceus Yellow-throated long claw (Unha longa

amarela)

1 1 1 Rara e marginal Todo ano

Macronyx ameliae Rosy-breasted long claw

Serinus sulphuratus Brimstone canary (Canário grande) 1 1 1 1 Comum Todo ano

Serinus mennelli Black-eared seed eater (Chamarico de

mascarilha)

1 1 1 Marginal Todo ano

Emberiza paradisaea Paradise whydah 1 1 Comum Todo ano

Emberiza flaviventris Golden-breasted bunting (Escrevedeira

de peito dourado )

1 1 1 1 Comum Todo ano

Emberiza cabanisi Cabani´s Bunting (Escrevedeira de

cabanis)

1 Rara Todo ano

xl

Nome científico Nome Comum (em Português) Planície

costeira

Planície

do

interior

Terras

altas

Montanhas Estatuto Periodicidade

Fringillaria tahapisi Cinnamon-breasted rock-bunting 1 1 1 1 Comum Sazonal

94 108 71 97

xlv

ANEXO VI – ACTA DA REUNIÃO DE CONSULTA PÚBLICA

xlvi

RELATÓRIO DA REUJIÃO DA CONSULTA PÚBLICA

ACTA DA REUNIÃO DA CONSULTA PÚBLICA

Locais e Datas de Reunião das Consulta Públicas

Local Data

Posto Administrativo de Barragem (EPC da

Barragem)

17/04/2019

Cidade de Nacala Velha (Thamole Lodge) 18/04/2019

xlvii

1 Introdução e Objectivos da Consultas Públicas

O Fundo de Investimentos e Património para o Abastecimento de Água (FIPAG) contratou

serviços de consultoria para a Revisão do Estudo de Impacto Ambiental e Social (EIAS) e

Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do Projecto de Reabilitação e Expansão do

Sistema de Abastecimento de Água à Cidade de Nacala. O EIAS e o PGAS iniciais haviam

sido elaborados pelo Consórcio Burnside, AustralCowi e Consultec no âmbito do

financiamento do Millennium Challenge Account (MCC).

É neste contexto que o consultor, em coordenação com FIPAG, levou acabo reuniões de

Consulta Pública, de acordo com o Regulamento sobre o Processo de AIA (Decreto

54/2015, de 31 de Dezembro), assim como o Diploma Ministerial no. 130/2006, de 9 de

Julho sobre o Processo de Participação Pública (PPP), nos dias 17 de Abril de 2019, na

EPC da Barragem, Posto Administrativo do mesmo nome, no Distrito de Nacala-à-Velha

e no dia 18 de Abril de 2019 no Thamole Lodge, na Cidade de Nacala. Esta reunião tinha

entre outros objectivos os seguintes:

• Informar ao Público sobre o WASIS II e a necessidade de revisão do Estudo do Impacto

Ambiental e Social (EIAS) e do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) do

Projecto de Abastecimento de água para Cidade de Nacala.

• Divulgar o Relatório do EIAS – Versão Actualizada do estudo feito pela Burnside/

AustralCowi/Consultec) no âmbito do MCC.

• Recolher contribuições das partes interessadas, pessoas envolvidas e/ou afectadas sobre

os potenciais impactos e medidas de mitigação.

• Finalizar a revisão do AIAS/PGAS com base nos inputs adicionais recolhidos nas

reuniões de auscultação de pessoas interessadas e afectadas pelo projecto de

reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água à Cidade de Nacala.

Nas reuniões de consulta pública participaram 50 pessoas conforme a distribuição abaixo:

Local Número de Participantes

Posto Administrativo da Barragem, Distrito de

Nacala-a-Velha, EPC de Barragem 44

Cidade de Nacala, Thamole Lodge 06

Total 50

2 Apresentação do Projecto e dos Resultados do EIAS

Depois de saudar e desejar as boas vindas a todos os participantes, o consultor referiu a

consulta pública é um procedimento legal e obrigatório em qualquer projecto de

desenvolvimento susceptível de gerar impactos negativos sobre o ambiente biofísico e

xlviii

socioeconómico. O projecto de reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de

água, por envolver obras de construção e reabilitação poderá causar danos ao ambiente e

às pessoas que vive na área de impacto directo do projecto caso medidas de mitigação dos

impactos negativos não sejam previamente pensadas e implementadas. O EIAS e o PGAS

são instrumentos que visam a identificação prévia dos potenciais impactos ambientais e

sociais e elaboração das medidas com vista a sua eliminação, redução ou

compensação/reassentamento das pessoas afectadas.

O Consultor do projecto já fez o seu trabalho de identificação dos potenciais impactos e as

respectivas medidas de mitigação e esta reunião de consulta pública visa principalmente

informar os stakeholders sobre esses impactos e medidas propostas e obter as suas opiniões

e preocupações de modo a melhorar estes instrumentos de gestão ambiental e social.

Em seguida o consultor fez a apresentação tendo abordado os seguintes tópicos.

Objectivos da reunião;

Visão geral do projecto;

Localização do Projecto;

Sistema Actual de Abastecimento de Água;

Actividades a desenvolver no âmbito da

Reabilitação e Expansão do Sistema;

Âmbito e Objectivos do EIAS;

Possível PAR e Objectivos;

Quadro Legal;

Potenciais Impactos Positivos;

Potenciais Impactos Ambientais Negativos;

Principais Conclusões e Recomendações;

Resultados Esperados da Reunião de

Consulta Pública.

3 Síntese das Questões Levantadas e Resultados do PPP

Depois da Apresentação, feita sem interrupção, todos os participantes foram dadas

oportunidades para levantar questões, solicitar esclarecimento e expressar suas opiniões

com enfoque aos impactos ambientais e sociais e medidas de mitigação.

Na tabela abaixo são apresentadas as questões/contribuições feitas pelos participantes em

cada local bem como as respostas/comentários feitos pelo Consultor.

Distrito: Nacala-à-Velha

Data: 17/04/19

Local: Escola Primária Completa da Barragem, Posto Administrativo da Barragem,

Distrito de Nacala a Velha

Participantes: Vide lista de presenças e fotografias

xlix

Síntese de questões discutidas

PI&A Comentário/Questão Resposta

Elisa J. M.

Leonel,

Directora de

SDAE

Começou por saudar o projecto de Abastecimento de

Água à Nacala na medida em que vai melhorar o

acesso à agua e qualidade de vida das populações.

Questionou como serão tratadas as benfeitorias que

venham a ser afectadas pelo projecto, nomeadamente,

perda de porção de terra, infraestruturas, árvores e

culturas, etc.. Não percebi se o projecto terá o

reassentamento ou trata-se apenas de questões

ambientais.

O projecto tem potencial de afectar propriedades e activos das

populações. Contudo neste momento, não temos detalhes sobre o

alinhamento da conduta adutora. Não sabemos se será ao longo da

conduta actual ou uma outra via. Depois de decisão do FIPAG sobre o

alinhamento da nova conduta, será necessário um levantamento

socioeconómico que irá determinar o nível e tipo de impactos sobre

pessoas e bem como a elaboração do respectivo plano de acção para o

reassentamento (PAR).

Sanade Panur

Chala - Chefe

do Posto

Administrativo

de Muanona

Começou por saudar o projecto de abastecimento de

água à Cidade de Nacala, tendo depois comentado que

este projecto não é novo. A primeira vez que o projecto

foi lançado no âmbito do MCC tiveram reuniões

similares de auscultação pública. No entanto, quando

o projecto foi descontinuado a população não foi

informada sobre desativação do projecto,

simplesmente os promotores e o empreiteiro

abandonaram sem deixar rasto e deixaram pendentes

atrás, criando problemas sério para o Governo local

com as populações.

Por fim solicitou que as reuniões públicas sejam

realizadas do principio até ao fim do projecto mesmo

que as coisas não venham a correr bem.

Tomamos nota sobre este comentário. De facto o processo de consulta

não termina com a aprovação dos instrumentos de gestão ambiental. As

consultas públicas devem continuar na fase de implementação do

projecto.

l

PI&A Comentário/Questão Resposta

Hélder

António,

Director

Adjunto da

EPC Barragem

Saudou em primeiro lugar a realização da reunião de

consulta pública em antecipação ao Projecto de

Reabilitação e Expansão do Sistema de Abastecimento

de Água à Cidade de Nacala, tendo comentado que o

gesto é digno de maior apreço pois isto é sinal de

desenvolvimento. Conduto, referiu, quando o

desenvolvimento aumenta, trás consigo outros

problemas. Por exemplo, referiu os índices de

criminalidade e prostituição poderão aumentar com o

advento do projecto.

Finalmente solicitou que a população do Posto

Administrativo de Barragem, local onde se localiza a

principal fonte de água para o abastecimento da cidade

de Nacala, devia beneficiar duma tarifa de água

bonificada, uma vez serem a população local está

desprovidos de meios económicos para fazer face à

tarifa de água que os citadinos de Nacala conseguem

pagar. A população local sobrevive na base da

agricultura e a renda familiar é extremamente baixa.

Alguns desses impactos, por exemplo a prostituição estão previstas no

plano de gestão ambiental e social. É por isso que recomendamos

medidas de mitigação como por exemplo as campanhas de

sensibilização das populações com enfoque para a rapariga sobre

comportamento sexual saudável e seguro para evitar infeções com vírus

de HIV. Outras medidas incluem restringir o acesso ao acampamento

do empreiteiro. Porém sabemos que trabalhadores da obra vão à

comunidade e é por isso que mais do que medidas de policiamento a

educação das comunidades sobre riscos de prostituição são

recomendados.

Tomamos notas sobre os riscos de criminalidade e medidas adequadas

serão propostas no PGAS.

Quanto à tarifa bonificada para a população de baixa renda da

Barragem, foi esclarecido que normalmente o FIPAG tem uma tarifa

social para populações de baixa renda. Nalguns pontos até providencia

fontenários públicos cuja gestão é feita por privados ou comités de água

com cobranças simbólica em consideração a situação económica dos

utentes. Todavia, caberá ao FIPAG responder em devida altura esta

solicitação.

li

Graciano

Décinio,

Técnico de

Campo da

Save the

Children -

Nacala

Saudou o projecto de abastecimento de água para

Nacala e tomou nota dos potenciais impactos e as

respectivas medidas de mitigação. Recomendou que o

FIPAG, sendo o proponente do projecto, deverá fazer

o acompanhamento directo da implementação destas

medidas pois se depender apenas do empreiteiro, nada

acontecerá. Temos visto empreiteiros a passar por

cima de regras e sem qualquer respeito pela população

local. “Precisamos de água, mas também queremos

que nos respeitem”, rematou.

Acrescentou que durante a apresentação, mencionou

que o projecto irá ressarcir toda a pessoa que tiver seus

bens afectados pelo projecto. Porém, vezes sem conta

tem havido disputas que resultam do facto de não

haver acordo no valor da compensação. Como

proceder nestes casos?

Finalmente gostaria de saber quando efectivamente o

projecto começa?

Foi esclarecido que o FIPAG terá sim a última responsabilidade na

implementação das medidas de mitigação previstas no PGAS.

Normalmente o proponente da obra para além da contratação do

empreiteiro que é a empresa que vai executar a obra, contrata também

um fiscal de obra. Para além das questões técnicas, o fiscal da obra

assegura também que as obras estão a ser executadas em respeito e

preservação do meio ambiente e propriedades privadas. Para além

destes serão criados comités locais de acompanhamento do projecto

que poderá chamar à razão qualquer desvio na implementação do

PGAS.

O cálculo das compensações é feita na base de legislação aprovada pelo

governo. O que muitas vezes cria problema é a falta de partilha com as

populações afectadas dos métodos de cálculos usados. No caso das

culturas e árvores, por exemplo, as tabelas usadas são fornecidas pela

Direcção Provincial da Agricultura e Segurança Alimentar. O consultor

não tem como inventar outros cálculos. Todavia, em caso de disputa,

está previsto um mecanismos de apresentação e resolução de queixas,

com diferentes níveis desde ao nível local, posto administrativo,

distrito/município até as instancias superiores incluindo fóruns legais

(tribunais). Nós recomendamos sempre que as disputas sejam

resolvidas localmente através dos comités criados para o efeito.

Não temos dadas para o arranque do projecto. Estamos na fase de

revisão do EIAS/PGAS e se seguira a fase de desenhos técnicos e

depois a fase da obra. Sabe-se que o projecto tem uma duração de 6

anos e o sistema a ser construído está dimensionado para a demanda de

lii

PI&A Comentário/Questão Resposta

água em 2029.

Emídio

Mariano,

Líder

Comunitário

do 1º Escalão

Começou por gradecer a retoma do projecto de

Abastecimento de água para depois comentar que no

projecto anterior havia muito fecalismo a céu aberto

protagonizado pelos trabalhadores da obra,

produzindo na zona um mau cheiro.

Quando os líderes procurasse saber sobre essa falta de

higiene, estes diziam que nós fomos trazido aqui.

O empreiteiro não tinha um bom relacionamento com

os líderes locais.

Nós como falamos a língua local (Macua) tínhamos

limitação para lidar com o empreiteiro.

Solicitamos que estas coisas não volte a acontecer no

novo projecto.

O consultor questionou se o empreiteiro não tinha no local da obra

sanitários móveis ao que foi respondido que tinha mas que a sua gestão

era péssima por isso que muitos trabalhadores preferiam ir fazer

necessidades no mato.

Vamos recomentar não só medidas atinentes à colocação de sanitários

públicos, como também esvaziamento regular e limpeza dos lavabos.

Vamos recomendar a realização de reuniões regulares entre o

empreiteiro, fiscal, FIPAG, Governo local e os Comités Locais de

acompanhamento onde serão usadas as línguas Portuguesa e Macua

com tradução simultânea. Não será possível que todos façam parte dos

comités mas apenas um grupo restrito e através destes a informação do

projecto será difundida a todas as partes interessadas/afectadas.

liii

Ali

Nahemelana,

Líder

Comunitário

do 2º Escalão

de Magene-

Sede

Levantou para reforçar as palavras do chefe do Posto

de Administrativo de Muanona. De facto chegada do

projecto a Nacala foi bastante acompanhada e as partes

envolvida tinham um bom comportamento. Porém a

interrupção foi abrupta e sem nenhuma informação

para as partes interessadas e afectadas pelo projecto.

Ficaram para trás muitos problemas. O projecto fez

levantamentos dos bens que seriam afectados num

corredor de impacto para implantação da conduta

bastante estreito e esses bens foram devidamente

compensadas. Quando o empreiteiro entra em acção,

através das suas máquinas enormes invadiu áreas com

culturas e machambas fora do corredor de impacto. A

população rebelou-se mas não havia vontade de

ninguém para resolver o problema. Foi então feito o

levantamento das pessoas e bens afectadas nestas

circunstancias que não chegaram a ser compensados e

encaminhada ao Distrito de Nacal-a-Velha depois de

passar do Posto Administrativos para um visto.

Agora estou preocupado, pois quando fui convocado

para esta reunião a população de Magene Sede tem

espectativa de que vimos receber solução dos

problemas criados pelo projecto passado. Assim que

regressar e informar que ainda não há solução não sei

o que será de mim pois as máquinas estão de voltam

para arrasar as nossas culturas e árvores.

O Consultor questionou se na altura dos factos, para além da elaboração

das listas das pessoas que perdem culturas e árvores, houve o cuidado

de se fazer o registo fotográfico das árvores e culturas esmagadas pelas

máquinas ao que foi negativamente respondido.

O consultor esclareceu que é importante fazer registos fotográficos

sempre que um bem é afectado seja dentro ou fora do corredor de

impacto.

Quanto ao assunto das compensações pendentes, o consultor sugeriu

para que se deixasse as estruturas governamentais decidirem sobre o

tratamento a ser dado uma vez que o dossier foi a si submetido.

O novo projecto de abastecimento de água terá procedimentos bastante

claros para evitar a destruição dos bens da população sem as justas

compensações. Não se sabe ainda se o traçado será o mesmo ou outro,

caberá ao FIPAG decidir depois dos estudos de viabilidade técnica.

liv

PI&A Comentário/Questão Resposta

Arlindo

Paulo, Chefe

do Posto

Administrativo

da Barragem

Colocou uma pergunta de insistência, questionando se

o novo projecto não passar da mesma zona onde há

compensações pendentes, será que estas pessoas vão

receber as suas compensações. Eu sou novo como

Chefe do Posto mas acompanhei este problema e é real

inclusive recebi o dossier do meu antecessor.

Não temos resposta definitiva sobre as compensações pendentes.

Deixemos que as estruturas competentes fazer as suas avaliações e

tomar as decisões necessárias.

lv

PI&A Comentário/Questão Resposta

Abdul

Amade, da

OJM

Agradeceu pelo convite endereçado a OJM para

participar na reunião de consulta pública. Referiu que

sentem que o nosso Governo já começa a reconhecer e

valorizar organizações juvenis e como jovens se

sentem bastante honrados.

Disse em seguida que eles como jovens locais não são

nenhuns técnicos, operadores de máquinas e nem

empreiteiros. Esses operadores serão recrutados em

Maputo e outros locais para virem trabalhar aqui. Não

podemos os proibir porque nós não temos essas

qualificações/competências. Sabemos é ir a machamba

e/ou fazer corte de lenha e produção de carvão vegetal.

O que nos preocupa é que nem o trabalho para ser

varredor ou sinalizador não somos dados. Quando

aproximamo-nos a obra para pedir emprego mandam-

nos para ir à Direcção de Trabalho na cidade de Nacala

submeter currículo. Não seria mais fácil essas

oportunidades serem oferecido aos jovens locais sem

precisar de fazer longas distancias para nada?

A outra coisa é que o projecto atrai muita gente e

alguns de conduta duvidosa. Saem jovens de muito

longe e chegam aqui somente para roubar. Como

consequência, os jovens locais são vistos como

criminosos quando efectivamente não são

responsáveis pelos actos criminais.

O EIAS/PGAS recomenda a contratação de mão-de-obra local sempre

que houver vagas cujas qualificações exigidas existem localmente.

Idem para as compras de bens e serviços deve-se priorizar as empresas

locais desde que reúnam os requisitos que se exigem nas especificações

do concurso. O Que acontece é que nem sempre as qualificações

exigidas para o preenchimento de vagas existem localmente. Por outro

lado, o empreiteiro de prazos a cumprir por isso que muita das vezes

prefere trazer a mão-de-obra de fora do local do projecto pois conhece

e tem referencias anteriores.

Recomendamos que as vagas sejam anunciadas localmente indicando

claramente as qualificações da vaga aberta.

lvi

PI&A Comentário/Questão Resposta

Mendonça

Mussa,

Professor /

Sociedade

Civil

Refere ter sido membro do comité local de supervisão

no projecto anterior do MCC. Levantou para confirmar

que houve impactos do projecto sobre culturas e

árvores afectadas fora do corredor de impacto durante

as manobras dos equipamentos. Houve reclamações da

população não atendidas que culminaram com greve e

paralisação dos trabalhos. Referiu que dever ter sido

esta a razão da desativação do estaleiro e retirada do

empreiteiro sem nenhum aviso prévio à população

afectada.

Nota tomada sobre o comentário.

lvii

PI&A Comentário/Questão Resposta

Graciano

Décinio,

Técnico de

Campo da

Save the

Children -

Nacala

Voltou a usar da palavra para referir que o FIPAG deve

ser o interlocutor permanente com as partes

interessadas e afectadas pelo projecto. O facto é que

numa fase o FIPAG (por exemplo nesta fase de

consultas está aqui) mas na fase de implementação

deixa o empreiteiro sozinho e isso cria ruido na

comunicação, pois o que a população concordou com

FIPAG o empreiteiro pode não estar a par porque não

esteve durante as consultas.

Sugeriu que nos casos em que o corredor é pequeno

para fazer as escavações de modo a implantar a

conduta adutora, porque não usar a mão-de-obra local

ao invés de usar máquinas e arrasar as culturas das

famílias pobres?

Reiterou que “precisam de água mas querem ser

respeitados como pessoas”.

Nota tomada e representantes do FIPAG deverão estar permanente em

todas as fases de interação com as populações afectadas.

Orlando

Nipute, da

Direcção

Técnica

Usou da palavra para agradecer a presença e as

contribuições feitas pelos participantes e assegurou

que todas as contribuições e inquietações serão

tomados em conta no processo de implementação do

projecto de modo a reduzir ou eliminar os impactos

negativos e aumentar os benefícios do projecto de

abastecimento de água.

lviii

PI&A Comentário/Questão Resposta

Eduardo

Macuácua,

Consultor

Por sua vez agradeceu as ricas contribuições feitas

pelos participantes e anotou que esta não era a última

reunião de consulta pública pois projecto desta

envergadura exissem que nas diferentes fases do

projecto hajam consultas para não só partilhar os

progressos alcançados, mas também para resolver

problemas que surgem no processo.

No fim convidou todos os participantes para um lanche

servido no local da reunião.

Fotografias da Reunião Pública na EPC da Barragem

lix

lx

lxi

lxii

lxiii

lxiv

Cidade: Nacala Porto

Data: 18/04/2019

Local: Thamole Lodge, Nacala Porto

Participantes: Vide a lista de presenças e fotografias

Síntese de questões discutidas

PI&A Comentário/Questão Resposta

João Ferrão

Manico, Chefe

do Departamento

Comercial

Depois de saudar a apresentação usou da palavra para

colocar as seguintes questões:

- Qual é o valor estimado do projecto?

- Associado a questão acima quis saber se este valor

é apenas para a obra ou inclui os custos com o

pagamentos de eventuais custos de

compensações/reassentamento? Se este valor não

inclui a componente de reassentamento torna-se

difícil mobilizar estes recursos internamente

resultando muito tempo de espera entre a fase de

levantamento e a fase de pagamentos das

compensações e/ou reassentamento.

- Quanto à saúde pública referiu que tem que haver

um trabalho de sensibilização dos líderes

comunitários e das famílias (pais e encarregados de

educação) para se sensibilizar a rapariga para evitar

gravidezes precoces e contaminação com HIV por

Foi esclarecido que o valor estimado do projecto são 164 milhões de

dólares Norte Americanos. Este valor será desembolsado pelo Banco

Mundial e destina-se simplesmente para financiar os custos da obra.

Regra geral, os reassentamentos e pagamento de compensações é feito

com fundos públicos. Não tem sido comum o financiador arcar com

as despesas de reassentamento/pagamento de compensações.

A lei moçambicana e mesmo as salvaguardas do Banco Mundial

recomendam que o pagamento das compensações e/ou

reassentamento deve acontecer antes do arranque das obras. Isto

significa que o Governo/FIPAG deverão mobilizar fundos adicionais

para acorrer a eventuais situações de reassentamento/pagamento de

compensações.

lxv

conta de concentração de homens atraídos pelo

projecto.

Face à resposta dada, o Sr. Ferrão rebateu que nesse

caso os levantamentos socioeconómicos devem ser

feitos com alguma urgência para se determinar o

quanto antes o valor das

compensações/reassentamento que será necessário o

FIPAG mobilizar.

Concordo! Porém esses levantamentos só poderão ser feitos depois da

definição do traçado. Esse traçado será determinado pelos estudos de

viabilidade técnica.

Adelino Cobre,

Director no

Conselho

Autárquico de

Nacala

Acredita que o boa preparação e consideração das

questões sobre o reassentamento/pagamento das

compensações constitui uma preparação para um

bom arranque de qualquer projecto.

Acrescentou que o projecto tinha sido iniciado no

tempo do MCC. Não usará o mesmo traçado? Caso

não, então deve-se definir o novo traçado para se

poder determinar o tipo e nível dos impactos bem

como o orçamento para as

compensações/reassentamento.

Questionou-se a área por onde passa a actual conduta

do FIPAG é monitorado para evitar que pessoas

desonestas voltem ocupar o corredor já limpo

Sobre Higiene e Segurança no Trabalho (HST)

referiu que entre a barragem e Nacala Porto existem

O traçado que o novo projecto de água usará para a implantação da

conduta não pode ser divulgado para evitar acções oportunistas.

Pessoas de má fé plantam bananeiras e implantam campas para exigir

compensações. Por isso o traçado só será conhecido na altura dos

levantamentos.

Tomamos nota sobre a necessidade de uma ambulância e serviços de

primeiros socorros no projecto para fazer face aos incidentes e

acidentes que venha surgir.

lxvi

uma vegetação densa e nela não faltam répteis

incluindo cobras venenosas. Sugeriu que o projeto

tivesse um meio de transporte preparado para

primeiros socorros e evacuação em caso de acidente

ou mordedura de cobras.

Referiu que entre a barragem e Nacala são cerca de

28 km de distancia. Esta zona, num futuro breve

estará interligada com novos assentamentos e

indústrias que possam surgir por ali. Aliás, o

Município tem esta área como a zona de expansão.

Questionou que planos existem no âmbito deste

projecto para incluir esta área nos planos futuros

(curto e médio prazo) de abastecimento de água?

Foi esclarecido que embora o projeto de abastecimento de água fale

de Nacala, este cobrirá também parte do Distrito de Nacala-à-Velha.

A colocação da ETA perto da fonte (há 2 km) é estratégico. É mesmo

para garantir o abastecimento do precioso líquido à população da

Barragem mas também as necessidades domésticas e industriais por

onde passa a conduta. Por isso a conduta poderá ter pontos de

derivação para suprir necessidades futuras.

Nélia Mabota,

FIPAG-

Departamento de

Planificação

Respondendo à questão levantada pelo Sr. Cobre

referiu que o FIPAG tem responsabilidades desde a

área da barragem até Locone e m todos os locais onde

tem infraestruturas de água na cidade de Nacala. Há

um técnico cuja actividade e monitorar os locais onde

FIPAG fez investimentos e tem áreas reservadas para

projectos futuros.

Nota tomada

Adelino Cobre,

Director no

Conselho

Autárquico de

Fala-se da reabilitação da rede de distribuição na

cidade para substituir os tubos velhos e colocação de

novos tubos e efetuar novas ligações. Um dos grandes

desafios é erosão. A implantação da conduta e da rede

pode perpetuar os problemas de erosão na cidade. Por

O consultor, em forma de resposta, questionou o modelo usado e tipo

de contrato para essas obras de reposição. Consta que não foi a

empresa CHICO a fazer as obras, contratou um empreiteiro local,

eventualmente sem nenhumas especificações e nem fiscalização.

lxvii

Nacala exemplo, referiu, houve na cidade de Nacala

recentemente um trabalho de reabilitação da rede de

distribuição à cargo do empreiteiro Chico contratado

pelo FIPAG. Nota-se que 90% dos passeios

intervencionados para possibilitar a passagem dos

tubos de água estão a ceder, incluindo locais onde se

fez atravessamento de estradas. O mais preocupante

é que estas infraestruturas voltam a ceder antes de um

ano o que denota a baixa qualidade das obras de

reposição.

Há necessidade de repensar o modelo de gestão deste tipo de obra e

trazer mais responsabilização à empresa que mantém o contrato com

o FIPAG. Ademais o FIPAG precisará de algum apoio do Conselho

Autárquico, na sua qualidade de gestora destas infraestruturas, para a

definição de especificações e acompanhamento por perto das obras de

reposição.

Félix Meleco,

Corredor de

Desenvolvimento

do Norte/Técnico

Ambiental

Usou da palavra para colocar as seguintes questões:

1) Este projecto abrange também Nacala-a-Velha

ou é simplesmente a Cidade de Nacala?

2) A contratação de mão-de-obra como será feita de

modo a assegurar algumas vagas para o pessoal

local

Foi-lhe esclarecido que o projecto abrange Nacala e arredores,

incluindo parte do Distrito de Nacala-a-Velha (mormente a vila sede).

A contratação de mão-de-obra é responsabilidade do empreiteiro.

Contudo, no seu contrato, o FIPAG poderá indicar que algumas

contratações devem ser feitas localmente. Quero acreditar que o

empreiteiro vai definir as necessidades locais de mão-de-obra e vai

anunciar as vagas, indicando as qualificações que pretende. Pessoas

interessadas irão apresentar as suas candidaturas e poderão assim ser

recrutadas.

Adelino Cobre,

Director no

Conselho

Autárquico de

Nacala

Questionou sobre a tubagem que foi adquirida há

mais de 5 anos no âmbito do MCC e abandonado em

Nacala-a-Velha. Referiu que no acto da realização

dos testes para aferir se estes tubos podem ou não ser

usados no novo projecto é importante para além do

empreiteiro e o FIPAG, a existência dum perito

externo/independente para evitar que se use aplique

Foi esclarecido que o maior interessado em que o sistema dure mais

tempo é o FIPAG, pois representa o seu futuro em termos alargamento

da receita. Acredito que fará tudo por tudo para tomar a melhor

decisão.

Segundo, a nova conduta usará tubos de 600 mm de diâmetro e me

parece que os tubos abandonados são de 400 mm. Contudo, a vossa

recomendação é válida dado que estes tubos poderiam ser utilizados

lxviii

Fotografias da Reunião Pública em Nacala Porto

tubos deteriorados e reduzam o tempo de vida do

sistema.

para fazer algumas derivações (ex. para Nacala-a-Velha).

Nossa recomendação é que caso não sirvam para água podem ser

usados para conduzir as águas pluviais e assim evitar a erosão.

lxix

lxx

xxxv

4 Conclusões e Recomendações

Os participantes foram unânimes em indicar que o projecto é de importância vital para

a Cidade de Nacala, considerando que vai contribuir na melhoria de abastecimento de

água à cidade e na saúde pública, para além do contributo na criação de postos

temporários de emprego. Contudo foram levantadas questões pertinentes pelas PI&As

nomeadamente, como serão tratadas as benfeitorias afectadas; como o projecto irá lidar

com riscos de aumento dos índices de criminalidade e prostituição que normalmente

estão associados à qualquer empreendimeno de desenvolvimento do tipo proposto; a

criação de tarifa de água bonificada para as comunidades locais (zona da barragem)

face à tarifa de água que os citadinos de Nacala conseguem pagar; quando

efectivamente o projecto começa; como será resolvido o assunto das compensações

pendentes em torno do projecto descontinuado; e como será feita a contratação de mão-

de-obra de modo a assegurar algumas vagas para o pessoal local.

As recomendações saídas das consultas das PI&AS se podem destacar (i) a necessidade

da realização de reuniões públicas regulares com as PI&As desde o principio até ao fim

do projecto, independentemente do curso normal ou não do projecto; (ii) O FIPAG,

sendo o proponente do projecto, deverá fazer o acompanhamento directo da

implementação das varias medidas socio-ambientais pois a experiencia mostra que os

empreiteiros têm o habito de passarem por cima regras básicas e desrespeito da

população local.

O projecto de abastecimento de água à cidade de Nacala é muito bem-vindo e os

stakeholders acreditam que com este projecto, o sofrimento das populações e as

necessidades de água para a indústria poderão ser minimizados.

Há uma grande preocupação das populações em ver o projecto a trazer para além do

precioso líquido, mais benefícios para as comunidades local do ponto de vista de acesso

ao emprego e oportunidades de negócio, compensações justas, tarifa de água bonificada

e fornecimento do precioso líquido para os arredores da cidade de Nacala e zonas de

expansão.

O projecto não deixa de levantar as feridas do projecto anterior que criou danos à

propriedades privadas sem as devidas compensações. Consideram que este projecto

devia reparar os dados do projecto anterior uma vez que o proponente continua o

mesmo (FIPAG).

Os stakeholders acham que a equipe de gestão do projecto anterior, incluindo o FIPAG,

estiveram muito fechados, sem comunicação efectiva com as comunidades/autoridades

locais, desrespeitando as regras locais. Mesmo na desativação não comunicaram as

comunidades locais.

Embora o projecto seja susceptível de gerar impactos sociais e ambientais negativos,

xxxvi

os stakeholders consideram que os benefícios do projecto superam os custos, sendo

necessário um trabalho exaustivo de identificação dos impactos, desenho,

implementação e monitoramento das medidas de mitigação, com envolvimento de

todas as partes afetadas e interessadas.