A gestão urbanística municipal na lógica do Estado mínimo: privatiza-se ou reinventa-se?

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A gestão urbanística municipal na lógica do Estado mínimo: privatiza-se ou reinventa-se? Jorge Gonçalves 1 , Jorge Baptista e Silva 1 , Luís Sanchez Carvalho 2 1: CESUR- Núcleo de Urbanismo e Ambiente, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa 2: Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design, Faculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa XVI Congresso Ibero-americano de Urbanismo SOCIEDADE E TERRITÓRIO: NOVOS DESAFIOS Centro Cultural Olga Cadaval e Museu das Artes, Sintra, Portugal / 1 a 4 de Outubro de 2014

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A gestão urbanística municipal na lógica do Estado mínimo: privatiza-se ou reinventa-se?

Jorge Gonçalves1, Jorge Baptista e Silva1, Luís Sanchez Carvalho2

1: CESUR- Núcleo de Urbanismo e Ambiente, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa 2: Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design, Faculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa

XVI Congresso Ibero-americano de Urbanismo SOCIEDADE E TERRITÓRIO: NOVOS DESAFIOS Centro Cultural Olga Cadaval e Museu das Artes, Sintra, Portugal / 1 a 4 de Outubro de 2014

Crise e Estado Mínimo

“Menos Estado, melhor Estado” contexto

Meados dos anos 70: fim dos “30 gloriosos”. Welfare state em

questão Início dos anos 90: segunda

transformação neoliberal

Liberalização, desregulação, competitividade, privatização e individualismo

neoliberals made the argument for a clean break from the abstract

intellectualism to the state-authored restructuring projects of Thatcher and

Reagan

neoliberal project itself gradually metamorphosed into more socially

interventionist and ameliorative forms, epitomized by the Third-Way

“Menos Estado, melhor Estado” limite público/privado

Limite marcado pela convergência na forma e no conteúdo: da organização do sistema económico e da necessidade de competir num mercado capitalista global

Dupla ligação

Neoliberalismo como redentor do duplo falhanço: do estado-providência e da cidade modernista

Entre a vigência do neoliberalismo e a

consequente necessidade de implementar uma

administração local de carácter empresarial

Entre a gestão privada como solução para os problemas

da gestão urbanística municipal e a abdicação da “ditadura” da administração

pública

Tipos de reconfiguração do Estado

TC transferência de competências P privatização C concessão de serviços a privados A Amalgamar serviços e/ou autarquias (agrupando) ou, no sentido complementar, criando novos e subdividindo

Evolução dos Impostos municipais diretos entre 2007 e 2013 Fonte: OTOC, 2014

Estado Mínimo, Gestão Municipal mínima?

Gestão Municipal de Urbanismo e Ordenamento do Território: Uma questão de recursos?

Estrutura de recursos

humanos

Contratação externa de serviços

Alteração de instrumentos de gestão do

território

Elaboração

dos instrumentos e estudos pelos interessados

Elaboração de estudos de

planeamento informais

p.15

Exemplos do caso português

Sociedade de reabilitação Urbana (SRU)

Comunidades Intermunicipais (CIM)

Sociedades POLIS

Projetos de Potencial Interesse Nacional (PIN)

Exemplos do caso português

Sociedades POLIS: os “territórios POLIS e os “outros”

Dois regimes de gestão urbanística Autonomização do planeamento territorial e da gestão urbanística •  RCM 26/2000 de 16/05 (que enuncia o

conceito do Programa) •  RCM 58/2000 de 16/05 (que dispõe

sobre o modelo de gestão) •  DL 119/2000 de 04/07 (que aplica as

Medidas Preventivas nas “Áreas Polis”) •  DL 314/2000 de 02/12 (que estabelece

o regime excecional das entidades gestoras no processamento dos IGT)

•  Lei 18/2000 de 20/08, (que aplica o Regime Excecional nas “Áreas Polis”)

•  Instrumento de Intervenção Urbanística

•  Instrumentos Empresariais

•  Instrumentos de Protocolização com os Municípios

•  Estrutura de instrumentos de gestão

•  Instrumentos Jurídicos

Exemplos do caso português

Projetos de Potencial Interesse Nacional (PIN)

2009: estavam já aprovados 82 PIN num investimento

total de quase 18 mil milhões de euros

2012: aprovados 46 PIN, num investimento de mais de 20 mil milhões de euros e a criação de 80.000 postos de trabalho

Dupla-divergência: o plano/programa não corresponde nem ao perspetivado pela administração nem à intenção expressa dos particulares

triplo-prejuízo: o mau uso dos recursos da administração; não aplicação dos recursos do privado; custos da não realização

Fonte: Semanário Expresso, 30 de Janeiro de 2009 http: // expresso.sapo.pt

Modalidades de externalização e respetivos níveis territoriais

Conclusões

Fonte: Google Earth, Global Images 2014

O plano e as estruturas seguiam uma visão normativa/regulamentar, tecnocrática e rígida

O plano e a sua gestão eram o instrumento nuclear do processo

Município estava sobretudo pensado para dar resposta às enormes exigências da expansão urbana

A expansão urbana

Contexto mudou radicalmente:

o declínio urbano

Mudança traduzida pela substituição de política de coesão por competitividade assente no sector privado

Hermetismo das diversas partes levando a que o todo acabe por não beneficiar de forma adequada

Problemas resultantes de fraco controlo, objetos difusos e instrumentalização por parte da autarquia

Fonte: Google Earth, Global Images 2014

“Menos Estado, melhor Estado”

“Melhor Estado (para podermos ter) melhor Estado”

A externalização de funções é uma atitude política e uma opção ideológica que merece:

Um esforço de avaliação sobretudo no que se refere aos critérios de economia, de eficiência e de qualidade de serviços oferecidos

A definição de uma estratégia de desenvolvimento para um futuro de médio prazo a ser construído pelo município

A gestão urbanística municipal na lógica do Estado mínimo: privatiza-se ou reinventa-se?

Jorge Gonçalves1, Jorge Baptista e Silva1, Luís Sanchez Carvalho2

1: CESUR- Núcleo de Urbanismo e Ambiente, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa 2: Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design, Faculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa

XVI Congresso Ibero-americano de Urbanismo SOCIEDADE E TERRITÓRIO: NOVOS DESAFIOS Centro Cultural Olga Cadaval e Museu das Artes, Sintra, Portugal / 1 a 4 de Outubro de 2014