El llamado del mar: Aspectos magicos y/o religiosos en la practica del Surfing
242 grupos religiosos, identificados nesta pesquisa (Figura 6 ...
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grupos religiosos, identificados nesta pesquisa (Figura 6 e Quadro 8), ressaltando-se também
a sobreposição de territórios e os conflitos inter-religiosos, e entre os religiosos e a
administração do Parque. O material cartográfico produzido teve o objetivo de evidenciar as
formas de uso e ocupação religiosa nas áreas do PNT e entorno, construídas em
temporalidades diferentes. O uso religioso da natureza contrapõem-se ao conservacionismo
praticado pelos agentes ambientais do ICMBio e ao próprio uso religioso (conflitos inter e
intra-religiosos). Esses cenários e correlações são representados em mapas temáticos de uso
sagrado do Parque, conforme ressaltado anteriormente.
Nesse sentido, a pesquisa visou revelar a significância religiosa do Parque Nacional da
Tijuca, a partir das leituras de diferentes atores sociais - grupos religiosos, gestores ambientais
e pesquisadores - perante as paisagens do Parque, e valorizar conhecimentos e saberes de
grupos religiosos, que realizam suas práticas religiosas na natureza inserida no território do
Parque e entorno, e que podem contribuir para a sustentabilidade ambiental e cultural do PNT.
A seguir, nas próximas subseções, são apresentados: os tipos de religiosos
identificados no PNT; a visão dos religiosos em relação à importância da natureza, às práticas
religiosas e à conservação ambiental; a visão dos gestores ambientais em relação ao uso
público religioso no Parque; a visão dos pesquisadores; os pontos comuns e divergentes nos
discursos; a discriminação e a intolerância religiosa; a compatibilização do uso público
religioso com a conservação ambiental; e as paisagens religiosas do Parque Nacional da
Tijuca e entorno.
4.1 Tipos de religiosos do PNT
A partir das observações de campo e da análise das narrativas das lideranças
religiosas, gestores ambientais e pesquisadores entrevistados, foi possível perceber que
existem diferenças nos tipos de religiosos que realizam cerimônias, cânticos, preces, danças,
rituais e oferendas no PNT e entorno. A relação do homem religioso com a natureza envolve
muitas dimensões. Muitos indivíduos identificam nas áreas naturais protegidas do Parque
locais propícios para se comunicarem com suas divindades e entidades, com as energias e
vibrações da natureza, estabelecendo um forte vínculo, carregando simbolicamente essa
paisagem, cujos elementos naturais possuem, ao mesmo tempo, valores utilitários e valores
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sagrados. Para algumas tradições religiosas politeístas, a natureza é fundamental para
manutenção de suas práticas, seus modos de vida, identidades culturais e perpetuação cultural.
As áreas naturais protegidas pelo Parque são utilizadas por autoridades religiosas,
iniciados, devotos, simpatizantes e até o totalmente leigo, mas curioso e supersticioso, os
clientes das casas de santo, que, por exemplo, “levam uma oferenda para Oxum na cachoeira
porque sua vizinha disse que ia ajudar a engravidar” (MOUTINHO-DA-COSTA, 2013). Mas
não importa se o religioso é frequentador assíduo ou não, todos são classificados,
preconceituosamente, por grande parte da sociedade (cultura dominante), como macumbeiros
e poluidores, e, nesse sentido, a religião passa a ser a grande vilã, estando associada às
imagens de medo, lixo e sujeira.
Em relação ao comportamento dos religiosos, àqueles que eram acompanhados e
supervisionados por suas lideranças, escolhiam locais limpos, e usavam folhas como suporte
para as oferendas. Já os simpatizantes, que muitas vezes atuavam sozinhos, tinham um
comportamento muito diferente. Mostravam-se envergonhados, colocando suas oferendas de
forma apressada, utilizando essas práticas como meio para resolver situações de desconfortos
financeiros, amorosos, não possuindo o preparo suficiente para fazer a oferenda. Muitos as
colocavam em locais com grande acúmulo de detritos. No sentido de reverter esse processo
danoso ao meio ambiente e à imagem dessas religiões e de aumentar a consciência de
preservação da natureza, segundo a pesquisadora Lara Moutinho-da-Costa (Ibid.), precisa-se
direcionar a ação educativa para as casas de venda de produtos religiosos e esotéricos. O
Mercadão de Madureira, um dos grandes centros de distribuição desses materiais, por
exemplo, precisaria ser incluído no plano de educação ambiental. Essa ação seria importante
no sentido de conscientizar também os simpatizantes e religiosos que não frequentam as casas
de santo, tendas, terreiros e outras instituições compromissadas com a preservação de suas
tradições e da natureza, cenário das inter-relações entre o homem e o sagrado.
Percebe-se, portanto, que essa atitude antiecológica, que degrada a natureza, está
associada predominantemente aos indivíduos que não possuem vínculo com instituições
religiosas. Em sua fala, o sacerdote wiccano entrevistado nesta pesquisa (REL8) enfatizou que
são pessoas que vêm fazer algum trabalho, para o bem ou para o mal, se enfiam em
qualquer canto, aonde possam parar o carro razoavelmente perto, sem correr risco e
também sem que possa ser visto, entram mata dentro e faz [...] esses são os piores
casos, porque eles colocam em lugares onde a limpeza não vai. E aí que ficam os
resíduos que vão causar incêndios, ferir os animais, interferir na dieta deles [...] esse
é o grande perigo pr’a gente. No [Recanto do] Tai Chi Chuan, por exemplo,
achamos cerca de 30 ou 40 tambores e mais de 100 despachos. Despachos é
normalmente quando uma pessoa morre ou um centro acaba, aí pega-se o que foi
dessa pessoa ou que foi desse centro e vai lá e literalmente despacha e entrega para a
natureza, despacha-se. Então, achava-se de tudo ali. Eu lembro que a gente
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tropeçava na trilha que liga a sede (barracão) ao Centro de Visitantes, de tanta
oferenda que tinha.
Pessoas que não são de fé, e que geralmente integram as classes média ou alta, têm
vergonha e não querem ser vistos fazendo uma oferenda religiosa. Por isso, não utilizam o
espaço religioso criado especificamente para este fim, como o Espaço Sagrado da Curva do S.
Os elementos naturais e a floresta provavelmente não possuem significado religioso para
essas pessoas, que, por conseguinte, provavelmente também não possuem consciência
ecológica, e procuram as áreas naturais porque alguém disse que tinham que fazer uma
oferenda na mata, de preferência próximo a uma pedra ou árvores, ou perto da água corrente.
São visitantes ocasionais e possivelmente não valorizam o sagrado na natureza, entrando nas
matas, sem pedir autorização, sem respeitar as energias primordiais, e sem compreender o
sentido sagrado daqueles elementos ali representados.
Por outro lado, também é observado certo distanciamento do princípio religioso básico
de respeito à natureza por parte de muitas lideranças e adeptos da Umbanda e do Candomblé,
assim como de outras tradições religiosas de matrizes da natureza. As formas como são feitas
as oferendas causam poluição hídrica e do solo, risco de incêndios, o que gera
discriminação/desqualificação dessas práticas por parte da sociedade.
Todavia, visando corrigir ou mitigar eventuais impactos ocasionados à natureza e
reorientar práticas e ações, muitas autoridades religiosas vêm trabalhando na educação,
sensibilização e conscientização ambiental, bem como no resgate dos saberes tradicionais de
seus adeptos. Algumas lideranças religiosas apontaram a ignorância ou a falta de
conhecimento e de consciência, e não a religião, como a principal causadora da poluição
ambiental. Além disso, não existem políticas públicas que priorizem a implantação de
infraestrutura e oferecimento de serviços para as populações religiosas, que realizam suas
práticas na natureza.
No próximo subcapítulo, são apresentadas as visões/percepções dos religiosos atuantes
no PNT entrevistados na presente pesquisa - umbandistas, candomblecistas, druidas, wiccas,
evangélicos, católicos, ciganos, esotéricos e budistas - no tocante às questões relacionadas à
importância da natureza, aos aspectos/elementos da natureza que são valorizados em suas
práticas religiosas, e às motivações dos grupos religiosos em busca das áreas naturais do
Parque.
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4.2 A visão dos religiosos em relação à importância da natureza, às práticas
religiosas e à conservação ambiental
Por que e de que forma as paisagens do Parque Nacional da Tijuca, compostas por
elementos naturais e construídos, possuem sentido/significado para o homem religioso? Na
tentativa de responder a essa pergunta, cada pessoa percebe seletivamente aquilo que lhe
interessa e que está habituado a observar, de acordo com o seu contexto sociocultural. A
atividade perceptiva diária enriquece e acompanha a experiência individual e por meio dela
nos apegamos cada vez mais ao lugar. Trata-se de uma interação sempre muito carregada de
afetividade. Assim, “o indivíduo torna a paisagem, um lugar especial justamente porque ela
contém os bens que ele considera essenciais. Todo objeto deve ter um significado, prático ou
afetivo” (DEL RIO, OLIVEIRA, 1999, p. 105-106).
As paisagens possuem significado para determinados grupos religiosos atuantes no
PNT e entorno - candomblecistas, umbandistas, ciganos, wiccas, druidas, evangélicos etc. -,
que realizam suas práticas religiosas em áreas naturais protegidas. As lideranças religiosas,
que representam esses grupos religiosos, quando foram questionadas à respeito da
importância da natureza, de seu significado para os grupos religiosos, foram contundentes
em dizer que significava o nosso templo, a nossa divindade, Deus, um espaço sagrado, o
nosso altar, uma aliada, purificação, enfatizando que o sagrado está na natureza, onde
residem seus orixás, seus deuses.
Para a sacerdotisa druidesa entrevistada nesta pesquisa (REL1), “a Floresta é o nosso
templo, é a nossa divindade [...] os druidas não existem sem a floresta [...] que é um espírito
divino”. No que tange à visão de outros grupos religiosos que utilizam a Floresta da Tijuca, a
sacerdotisa argumentou que o Druidismo “é o único grupo religioso que tem o respeito com a
floresta. Outros grupos estão na floresta, e usam a floresta, e seus recursos, mas não é o
templo deles. Nossos deuses são a própria natureza. A floresta faz parte de nosso coração”.
No que tange aos resíduos deixados na natureza por algun grupos religiosos, a sacerdotisa fez
uma analogia: “para os druidas, deixar resíduos/lixo na natureza é um insulto tão grande como
cuspir em cima da Bíblia dos cristãos. A floresta é o nosso altar, é a nossa divindade, é tudo!
[...] A montanha é tudo pr’a gente”.
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Essa relação com a natureza, de que o homem faz parte da natureza, de que árvores e
animais são irmãos do homem, é uma visão xamânica66
, resgatada pelo Druidismo, portanto,
bastante diferente da visão judaico-cristã, de que houve um deus que criou o mundo, e que os
seres humanos se transformaram nos senhores da natureza.
Nas religiões da natureza, os deuses são a própria natureza. A sacerdotisa ressaltou
que
Deus não é o criador, e o homem não é o senhor da natureza! O rio é uma deusa. A
terra é uma deusa. O mar é um deus. As árvores têm espírito, as árvores pensam,
sentem. Animais têm alma, tudo tem alma. Pedras tem alma, tudo tem alma, tem
ânima, tudo é animado, dotado de vida.
De acordo com a sacerdotisa druidesa, nas religiões pagãs, celtas, no Druidismo, “a
natureza não é algo criado por Deus, a natureza é Deus! Deuses são a natureza, e porque a
natureza é plural [...] os celtas nunca viam a natureza de forma idealizada, pelo contrário,
viam de forma real”. Portanto, a natureza tem encantos e tem perigos. Os deuses, as fadas e
divindades, que são a própria natureza, são extremamente temperamentais. “Ao mesmo tempo
em que são encantadores, podem ser extremamente difíceis, porque eles têm uma essência
própria, uma natureza própria”, explicou a liderança entrevistada.
O babalorixá entrevistado nesta pesquisa (REL6A), representante do Candomblé,
dirigente espiritual do terreiro Ilê Asè Ala Koro Wo - com mais de 60 anos de existência, no
município de São João de Meriti, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro -, afirmou que
os espaços verdes nos terreiros estão diminuindo, aumentando cada vez mais “a presença do
concreto, do urbano”. Na contramão desse processo, há momentos da prática religiosa, do
culto, que é necessário o contato com a natureza. O entrevistado explicou que há o espaço
mato dentro do próprio terreiro, com nascente e várias árvores sagradas, não havendo,
portanto, a necessidade de utilizar muitas vezes a Floresta da Tijuca, onde costuma ocorrer
somente a parte de limpeza, o banho dos iaôs. No entanto, em função da intolerância e das
perseguições religiosas, essas cerimônias têm sido realizadas no espaço nascente do terreiro.
Nesse sentido, em bom tom de voz, exaltou: “Graças a Deus essa área já nasceu pensada para
ser um espaço para orixás”.
Outro representante do Candomblé entrevistado na pesquisa (REL6C), também
integrante do Ilê Asè Ala Koro Wo, destacou que
a natureza é um aliado nosso. A preservação da natureza é importante pr’a gente. Se
a gente se utiliza dela, a gente tem que preservá-la também. As águas, as folhas, as
66
De acordo com a sacerdotisa druidesa, o Xamanismo é um conjunto de características que várias religiões têm.
Diz-se que uma religião é xamânica, quando essa religião acredita em vários mundos, diferentes mundos
existindo ao mesmo tempo. O xamã, o mago, o feiticeiro, é aquela pessoa que viaja entre os mundos buscando
respostas espirituais, cura, enfim, ele tem essa capacidade de viajar espiritualmente entre os mundos.
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plantas, as árvores, tudo a gente tenta preservar. Eu procuro pegar somente aquilo
que vou utilizar, para agredir o mínimo a natureza. A gente sabe que se a gente
poluir, degradar ou retirar algo que não precisa, quando voltar àquele lugar não irá
encontrar. [...] Quanto mais preservar, melhor para nós. Vamos ter sempre onde
pegar uma folha, achar uma água limpa.
Portanto, trata-se de uma relação de respeito e de preservação com a natureza, pelo
menos no discurso. A natureza é vista, significada e valorizada pelos candomblecistas, de
forma utilitária e simbólica, pois existem algumas árvores consideradas sagradas. No entanto,
somente os religiosos enxergam essa dimensão. O leigo desconhece, não vê essas paisagens
sagradas. O entrevistado REL6C exemplificou: “Iroco é uma árvore sagrada dentro do nosso
culto, mas o leigo não sabe, pode chegar e degradar uma árvore sagrada como essa, vai
colocar velas no sopé da árvore”. Nesse momento, o babalorixá REL6A lembrou uma história
sobre Iroco67
, a árvore-orixá.
O ser humano não tinha permissão de entrar na floresta. Começou a agradar Iroco,
colocando presentes em seus pés. Assim, Iroco convenceu as outras árvores de que o
ser humano era bom. No entanto, sentindo-se dono das matas, o homem começou a
desmatar. [Assim] Iroco foi chamado de traidor por todas as árvores; ficou com
fama negativa, por causa da malandragem do ser humano. Até hoje, ele carrega essa
culpa.
O entrevistado REL6A relacionou a existência da energia dos orixás na Floresta da
Tijuca aos negros escravos que ali viveram, trabalharam arduamente e morreram.
Um dos dirigentes espirituais mais antigos da Umbanda, entrevistado nesta pesquisa
(REL9), afirmou que a Umbanda tem por princípio o respeito aos pontos vibratórios da
natureza, como as matas, os rios, o mar, que são costumeiramente louvados por seus adeptos.
Em relação à Mata da Tijuca - como ele nomeou -, são louvadas as energias da natureza, que
na Umbanda são denominadas de Oxóssi, Ogum, Xangô, Oxum, Iansã, Nanã Boruquê, Oxalá,
Omolú, Obaluaê e Exu. Nesse momento da entrevista, cantou:
Quem manda nas matas é Oxóssi
Oxóssi é caçador, Oxóssi é caçador
Ouvi meu Pai assoviar e Ele mandou chamar
Oxóssi assoviou lá no Humaitá
O pai de santo ressaltou que
a mata é um ponto de referência, onde busca-se essa energia da natureza, porque
tudo na vida é vibração e o contato com essas vibrações renova o corpo físico ou
intensifica nossas células, gerando mais força, mais vibrações e mais luz espiritual.
A finalidade da ida às matas, à beira dos rios, é cultuar ou entrar em sintonia com
esses padrões vibratórios da natureza.
Outra antiga liderança umbandista, a mãe de santo entrevistada nesta pesquisa (REL5)
afirmou que “os umbandistas são da natureza; se não existir natureza não existe umbanda”.
67
Odu é uma lenda contada oralmente no culto de Ifá.
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Segundo ela, é imprescindível a presença da natureza e seus elementos para que a prática
aconteça. Explicou que a ida à cachoeira e à mata é necessária, pelo menos uma vez ao ano,
para a feitura do amaci68
. A mãe de santo relatou todo o processo:
quem faz isso é a entidade no médium. Ali entram 21 ervas, inclusive a de Exu. [...]
entra as ervas frias de tudo que é orixá [...] tem erva fria, erva mole e erva quente,
cada erva tem uma finalidade. Todas as ervas são quinadas com orações e uma vela
acesa. Eu batizo aquele banho com um pouco de água mineral, guaraná, vinho tinto,
vinho branco doce, champanhe, cachaça, cerveja branca, cerveja preta, vinho
moscatel de Oxóssi. A gente batiza com a bebida e as folhas dos orixás. Depois
entra o obi ralado. Aquela semente africana (uma frutinha). A gente rala o obi
branco (semente de Oxalá). Aí quando chega no local, a entidade (a Preta Velha)
vibra e lava a cabeça de todos, enxuga e amarra o lenço.
A entrevistada REL5 relatou ainda que essas cerimônias religiosas ocorrem em um
sítio particular, localizado no município de Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro, e que
nunca fez amaci na Curva do S, no Alto da Boa Vista, devido à sujeira existente na Cachoeira
de Oxum. Costumava fazer na Cachoeira Grande e nas Furnas da Tijuca, que eram limpas. No
entanto, devido à dificuldade de acesso da vovó - entidade da Preta-Velha - à cachoeira,
coletava-se a água para lavar a cabeça dos religiosos em uma bacia de ágata. No local,
também são observadas pedras enormes (furnas). Durante a entrevista, a sacerdotisa encheu
os olhos d’água e, revisitando suas memórias, exclamou: “Era um espetáculo aquilo, você
sentia uma vibração [...] que vibração! Eu vi muita coisa acontecer ali [...] muita coisa.
Trabalhei muito ali [...] era maravilhoso!”
Os religiosos buscam purificação, encontrada na natureza. “Dentro de um terreiro você
tem a purificação artificial, mas a natural você não tem. Um banho de cachoeira, por exemplo,
te descarrega”, explicou a mãe de santo.
Respondendo a indagação sobre de que forma as paisagens possuem significado para
os religiosos, a sacerdotisa explicou que
uma estrada, um caminho, a abertura de um caminho representam o orixá Ogum,
assim como Exu. Uma área descampada, uma capoeira representa os ciganos,
entidades que também são trabalhadas na Umbanda. Uma área descampada de
subida, tipo um monte, pode ser representado por Oxalá, cujo ar é o mantenedor da
vida. O mar é Iemanjá. Os raios representam Iansã. As pedreiras, rochas e trovões
são Xangô. Cemitério é Obaluaê, que representa a energia da transformação, que
transforma a morte em vida. Um lamaçal ou rios lamacentos, e a chuva representam
Nanã, que é o contrário de Obaluaê, ou seja, transforma a vida em morte. Rios,
lagos e fontes de água doce representam Oxum, a parte amorosa, de mãe, de
paparicar o filho. Oxóssi é a parte da natureza, das plantas, para tomar os banhos,
das árvores frutíferas, da terra de onde se tira os alimentos, os tubérculos etc. Oxóssi
está ligado à prosperidade. Quando se faz uma oferenda à Oxóssi, está buscando
prosperidade, o progresso, para que nunca falte os alimentos. A tríade da Umbanda é
formada por Oxalá, Iemanjá e Obaluaê. São os três orixás que têm uma importância
68
Amaci é um reforço para a cabeça de cada integrante do corpo mediúnico da casa, templo ou tenda espírita de
Umbanda.
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maior. Iemanjá dá a vida, Oxalá é o mantenedor da vida e o Obaluaê é o
transformador da vida.
Assim, os orixás trabalhados na Umbanda relacionados ao elemento terra são Oxóssi e
Obaluaê. Ao fogo, associa-se Ogum, Xangô, Exu e Iansã. À água, Oxum, Iemanjá e Nanã; e
ao ar, Oxalá.
Os elementos naturais e construídos valorizados pelas religiões que cultuam a natureza
são chamados geossímbolos. Quando observa-se um tipo de imagem de Preto-Velho, de
Cosme Damião, ou de Caboclo disposta em uma área natural, percebe-se que se trata de uma
prática de Umbanda. Quando o que se vê são algumas obrigações, oferendas entregues na
mata, com muito alimento, principalmente a base de milho, de variadas formas, entende-se
são práticas de grupos religiosos de matriz africana, como o Candomblé, que estão fazendo
algum tipo de culto a Oxóssi, ou, no caso do uso de inhame, para Ogum, ou uma canjica para
Oxalá, ou quiabo para Xangô etc.
O babalorixá REL6A esclareceu que, para as religiões de matriz africana,
pra quem cultua a energia dos orixás, inquices, caboclos [...] para quem cultua
energias que são ligadas à natureza, você não pode agredir a natureza, você está
agredindo essa energia. Você quando vai assorear um rio você está agredindo Oxum.
Quando você tira uma folha de uma forma errada, mata uma árvore, você está
agredindo Ossaim. Tem coisa melhor do que cultuar os orixás na própria natureza?
O sagrado está ali.
O babalaô REL6C complementou:
quando um rio seca ou morre, está morrendo parte de um orixá, parte de Oxum está
morrendo ali. Orixá é natureza. Não tem como separar uma coisa da outra. Orixá é
água, é terra, é fogo, é ferro, é mata, é árvore, é pedra. São os geossímbolos [...] as
cosmolocalidades. Você vai observar os geossímbolos na natureza, se você tiver o
olhar para observar!
Nesse sentido, um das lideranças candomblecistas entrevistadas (REL6B) argumentou
que “tem pessoas que passam por determinados lugares e não dão valor, não percebem, não
tem esse olhar” para os elementos naturais que são significados pelos religiosos. Não
conseguir enxergar nada em um símbolo, não significa que ele não possua valor para outra
pessoa. O entrevistado REL6C ressaltou que é preciso ter respeito por aquilo que não se
conhece.
Para a Mãe Beata de Yemonjá, ialorixá do Ilê Omi Oju Aro, sacerdotisa das religiões
de matriz africana,
não existe uma religião que tenha mais compromisso com a natureza do que o
candomblé. Tudo no candomblé é voltado para a natureza, para a ecologia. Se nós
não tivermos água limpa, não podemos cuidar das nossas mezinhas, que são os
nossos chás; se não cultivarmos as ervas, não poderemos ter a sua seiva perfeita. E a
pedra, o solo que nós pisamos, o ar que respiramos [...] Embora tenhamos esse
250
compromisso, há anos nos jogam o estigma de que as religiões de matriz africana
são devastadoras da natureza (COSTA, 2013, p. 17-18).
A mãe de santo ressaltou que orixá é natureza, “é uma força sagrada que ninguém tem
o poder de segurar, e sim de respeitar, de amar, ser fiel, pois sem a natureza, sem o respeito à
natureza, nem o ser humano teria espaço aqui na Terra”.
A relação das religiões de matriz africana com a natureza é um traço em comum com
as culturas indígenas, que foram incorporadas pelos cultos afro‐brasileiros. De acordo com
Aderbal Moreira da Costa, Ashogun do Ilê Omi Oju Aro, os negros receberam uma grande
ajuda dos índios assim que desembarcaram em terras brasileiras, com sua medicina e seus
rituais religiosos peculiares. O intercâmbio de informações entre os dois povos foi favorecido
por uma crença em comum: a de respeito ao meio ambiente. Para ambos, cuidar da natureza
sempre significou cuidar das divindades.
Mãe Beata argumentou que o sagrado pode estar no mundo material que nos cerca:
Só alcançamos o sagrado quando nos aproximamos da natureza, o que inclui pedra,
água, folha, raiz, caule, frutos e o nosso próprio corpo. Tocar a natureza significa se
fortalecer, trazer o sagrado para o seu interior. Nós somos a morada verdadeira da
natureza e, através de nossos mitos e ritos, nós a perpetuamos.
Além das forças da natureza - os orixás -, as árvores e plantas também são muito
valorizadas e cultuadas pelas religiões de matriz afro-brasileira, em função de seu uso
fitoterápico e litúrgico. Destacando a importância das plantas e das ervas, cujo patrono é
Ossaim, outro babalorixá entrevistado nesta pesquisa (REL10) recitou um milenar provérbio
iorubano que diz Omi Kosi, Ewê Kozi, Orisá Kozi, que significa Sem Água e Sem Folha, Não
Existe Orixá. Então, é exatamente o elemento vegetal, é a folha que pode curar. É a folha que
se transforma no medicamento, no elemento que acalma a energia e reequilibra o espírito.
Segundo o babalorixá, “é a folha que vai na sua cabeça, que vai fazer eclodir o orixá que está
dentro num processo iniciático. Então a folha faz esse intercâmbio entre você e os deuses”.
Para os wiccanos, a natureza é sagrada porque ela é a própria representação da
divindade. Segundo o sacerdote wiccano REL8, as divindades falam com os wiccanos através
da natureza.
Observando a natureza, é possível perceber os sinais que ela dá. O sacerdote explicou
que
a árvore é sagrada, a cachoeira é sagrada, tudo que está na natureza é sagrado.
Acreditamos que através desses sinais os deuses estão tentando se comunicar
conosco. É como se fosse um oráculo, mas sem jogo. É parar, sentar, meditar,
prestar atenção nos sinais, ouvir o vento, sentir o vento [...] Através desse contato
com a natureza, você tenta se conectar com a divindade, com a Deusa.
251
Assim, desvincular a natureza da Wicca é impossível, pois os wiccanos veem a
natureza como um todo. Por outro lado, cada divindade tem um elemento próprio,
dependendo do panteão utilizado. Pela Tradição Grega, por exemplo, há Poseidon, deus do
mar, das águas submersas e das águas dos oceanos; Deméter, deusa agrária; Zeus, deus do
trovão. É o animismo, elementos da natureza que representam as divindades. “Cada divindade
possui elementos vinculados a ela, como árvores e pedras consagradas a ela. Pode ter uma
ideia bem parecida com o Candomblé, embora não consigamos estabelecer um sincronismo
entre as religiosidades”. É costume falar “o Deus e a Deusa”, ou “o Deus de mil nomes e a
Deusa de mil nomes”, porque as outras divindades “são energias dentro da própria divindade
una”, explicou Og. No entanto, os adeptos da Wicca não fazem oferendas na natureza.
Justificando o processo de ocupação católica no Alto da Boa Vista, contou o abade e
bispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, entrevistado nesta pesquisa
(REL12), que o Alto da Boa Vista chamou a atenção da Igreja Católica, em função do clima
mais agradável, mais ameno do que a zona portuária, e da Praça Mauá, onde localiza-se o
Mosteiro de São Bento. Alguns monges europeus, que vieram recuperar a Obra Beneditina,
no início do século XX, não se adaptaram ao litoral, então migraram para o Alto da Boa Vista,
onde foi construída a Casa de São Bento (ou Priorato), e outras estruturas católicas, como a
Igreja de Nossa Senhora da Luz, as capelas Mayrink e do Santo Cristo dos Milagres, que
possuem muito significado para os adeptos do Catolicismo, sendo também considerados
geossímbolos, marcas que dominam a paisagem religiosa.
O bispo explicou que os monges beneditinos alemães, belgas e suíços “gostavam
muito de caminhar [...] possuíam uma cultura montanhesca, e começaram a traçar trilhas na
Floresta da Tijuca. Assim, poderíamos dizer que esse grupo de monges que chegaram ao Rio
de Janeiro era extremamente ecológico”.
O bispo costuma fazer celebrações e encontros com alunos de colégios no Cristo
Redentor. Ressaltou que “é bonito, porque enquanto você está fazendo a celebração, você vai
tendo uma resposta dos turistas”. Percebe-se, nesse sentido, uma valorização da paisagem
estética em seu discurso.
O padre entrevistado nesta pesquisa (REL2) destacou a emergente preocupação da
Igreja Católica, a partir da década de 1990, pela preservação do meio ambiente. Segundo ele,
antes, “a natureza existia para servir e ser utilizada pela humanidade”. No que tange à
proximidade da igreja com a floresta o padre inferiu que, provavelmente, “alguns católicos
unem o ritual dos sacramentos ao prazer de um passeio no Alto da Boa Vista, atraídos pelo
entorno, pelo silêncio, ar puro, exuberância das árvores, e contemplação da floresta”. Todavia,
252
assim que os fiéis adentram os templos, percebem que o ritual realizado na Capela Mayrink,
dentro da Floresta da Tijuca, será o mesmo de uma igreja incrustada no Centro do Rio de
Janeiro. Quer dizer, nas palavras do padre, “o ritual não se modifica conforme o entorno.
Celebro a mesma missa em Cubatão ou no seio da Floresta Amazônica”. Contudo, ressaltou
que não tem dúvidas que o contato com a natureza propicia um maior relaxamento e
concentração, sobretudo para os exercícios espirituais, como os retiros, meditações e orações
contemplativas.
Os evangélicos pentecostais, por sua vez, resgataram a tradição do evangélico
ortodoxo, de subir ao monte. Segundo o evangélico entrevistado na presente pesquisa
(REL4), esse grupo de religiosos é composto, em sua maioria, por serem negros e pobres, e,
por isso, são apelidados de canela de fogo. Na busca por poder, por santificação, consagram o
monte em sacrifício, de jejum, de roupa, de internet, de água etc. Esses religiosos estão
migrando para as áreas mais fechadas (de mata), pois gostam de lugares isolados. “O
elemento água é utilizado para o batismo do Espírito Santo, a terra para enterrar o azeite
ungido, e o fogo para a queima dos pedidos de oração na rocha, como fez Moisés”, explicou
entrevistado REL4. Percebe-se, portanto, uma relação de uso sagrado com alguns elementos
da natureza no ambiente montanha, monte.
4.3 A visão dos gestores ambientais em relação ao uso público religioso no PNT
Os primeiros movimentos em prol da conservação da natureza valorizavam uma linha
estética, que nasceu do romantismo europeu, em reação à modernidade. Da valorização dos
monumentos históricos, estendeu-se a inquietação a porções do território, urbanas ou naturais,
selecionadas visualmente por suas qualidades pitorescas, ou seja, as paisagens. De uma visão
estética, se evoluiu, com John Muir, que teve influência decisiva na criação de muitas áreas de
conservação nos Estados Unidos, para uma perspectiva mais científica (LEROY, 2013).
Assim, os parques nacionais permitiriam à ciência dispor de ambientes intocados e intocáveis.
Adotando o conservacionismo americano, o pensamento preservacionista brasileiro
não via - e ainda não vê - o uso religioso de áreas naturais protegidas com bons olhos.
Preconiza-se a conservação no interior das unidades. Os gestores ambientais das áreas
protegidas, normalmente, não reconhecem e não permitem o uso de seus espaços naturais para
as práticas de religiões da natureza. Os discursos de restrição ao uso destes espaços
253
apresentam como um de seus fundamentos o uso impróprio da natureza por grupos religiosos.
As oferendas religiosas que ficam na natureza poluem as águas de rios, cachoeiras e as matas
com materiais não degradáveis, interferindo na beleza cênica da paisagem e causando forte
impacto negativo aos visitantes das unidades de conservação. De fato, as comidas e carcaças
de animais mortos provenientes das oferendas, após certo tempo, tornam-se veículo de
patogenias para homens e fauna silvestre, além de servirem como pontos de disseminação de
vetores às comunidades residentes do entorno; as velas acesas usadas na ritualística matam
árvores e contribuem para ocorrência de incêndios florestais; as louças, garrafas e copos
deixados no ambiente quebram-se com facilidade, poluem águas e matas e colocam em risco a
vida de frequentadores e fauna local. Sem considerar as embalagens que levam as oferendas e
que são constantemente descartadas no meio ambiente local, seja por má educação ambiental,
ou pela ausência de coletores de lixo e de programas de coleta regular de resíduos nestes
ambientes.
Analisando o discurso dos analistas ambientais entrevistados (GES1 e GES2) percebe-
se que o ICMBio tem um discurso de diálogo e inclusão dos religiosos, contudo não é o que
se vê na prática. Dos projetos Meio Ambiente e Espaços Sagrados e Elos da Diversidade,
iniciados no Parque Nacional da Tijuca e entorno, em 1997 e 2004, respectivamente, não
restou nada. Os grupos religiosos que participaram dessas iniciativas na Curva do S, em prol
da preservação da natureza e das práticas religiosas na natureza, de certa maneira, adquiram
“uma inserção direta no Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado
do Ambiente (SEA). Então, a gente não precisa estar à frente para ter ações e ir lá, eles
mesmos é que estão fazendo ações”, explicou o gestor GES1.
Em outra área sagrada, o Monte Cardoso Fontes, era proibido qualquer tipo de uso,
porque, pelo Plano de Manejo do PNT (ICMBIO, 2008), aquela área, anexada ao Parque em
2004, virou Zona de Recuperação (ZR). Constitui-se em uma área mais frágil
ambientalmente, que tem mais propensão a incêndio, à erosão. E o fato de ser uma ZR, não
pode ter uso público. Estabeleceu-se um conflito velado, durante uma década, com os
religiosos, pois “nenhuma das partes se encontrava [...] e quando se encontrava ocorriam
multas contra os evangélicos que estavam ali à noite. Havia fogo. A multa tinha um porque de
existir, porém sem o diálogo, só aumentava o conflito”, relatou o gestor entrevistado GES1.
A partir da primeira multa, em 2012, os evangélicos entraram em contato com o
Parque, sendo interrompida a questão da fiscalização com multa. Para evitar o uso religioso,
foi colocada uma grade, o que diminui a frequência, mas não cessou a atividade.
254
As conversas entre os religiosos e o Parque foram retomadas em 2014, muito embora
o principal motivo seja outro. Atualmente, uma das prioridades na gestão do PNT é implantar
a Trilha Transcarioca, uma trilha de longa extensão, cujo percurso teria que passar por dentro
da ZR existente no Setor D do Parque, área que contempla o Monte Cardoso Fontes. No
entanto, para oficializar a Trilha Transcarioca seria necessário mudar o Plano de Manejo do
PNT, alterando o zoneamento ou a definição de ZR, passando a permitir o uso público. Dito e
feito. Em paralelo, essa medida retirou o status de irregular do uso religioso na ZR.
Conforme coloca o gestor: “a Transcarioca, indiretamente, ajudou a resolver esse conflito”.
No final de 2014, ocorreu um evento no local, cujo objetivo era manejar as trilhas,
mais uma vez demonstrando algo velado nas ações em prol da natureza e dos religiosos. A
real pretensão do Parque é implantar a trilha e induzir o uso turístico na área. Nas palavras do
analista ambiental:
a gente usa a desculpa do trilheiro, do turista para implantar uma trilha, achando que
aquilo vai inibir a entrada de grupos religiosos, caçadores, incendiários, bandidos. A
gente só usa esse discurso com o turismo, e não usa com o religioso. Eu acho que o
mesmo discurso de se inibir outras atividades pelo uso turístico pode ser feito
através do uso religioso. Acho verdade isso. Mas pouca gente afirma isso.
O que foi divulgado na mídia foi uma ação de educação ambiental em prol da
conscientização dos religiosos, e de manejo de um espaço específico para o uso religioso
dentro do Parque. Segundo o gestor, “foi uma resposta fantástica, absurda, que mudou a
imagem do Parque, a imagem da gestão pública frente à questão da tolerância”. No entanto, o
gestor, durante a entrevista, deixou transparecer certa intolerância em seu discurso: “A gente
até tolera oferenda dentro do Parque, desde que seja retirada após o ritual”.
Outra situação que os gestores ambientais têm observado está relacionada à ação de
facções criminosas, que estão ocupando áreas que ainda não têm Unidades de Pacificação da
Polícia Militar (UPP), como o Complexo do Lins e o Morro do Banco, situadas no entorno do
Parque. Por possuírem maior ligação com os evangélicos do que com grupos religiosos de
matriz afro-brasileira, as lideranças criminosas vêm expulsando esses últimos dos morros
cariocas, em um processo de desterritorialização religiosa. Segundo o entrevistado evangélico
REL4, esta questão justifica-se pelo fato das mães de vários traficantes serem evangélicas
ferrenhas. Por outro lado, no discurso do gestor ambiental, foi possível vislumbrar uma
possibilidade de empoderamento das lideranças evangélicas no Monte Cardoso Fontes, o que
poderia pacificar a área, frente ao uso criminoso, propiciando também o uso turístico.
Na visão do gestor ambiental GES1, uma das dificuldades de diálogo com os
evangélicos é a capilaridade do poder, ou seja, a não concentração de lideranças, diferente do
255
que ocorre com os grupos umbandistas e candomblecistas. “Você não consegue falar com
10% dos grupos. Tenho que falar com muita gente para atingir os grupos. É muito
capilarizado. Você não tem um pastor de 20 igrejas”. Na Umbanda e Candomblé, contatando
os principais líderes, eles têm uma rede, que consegue disseminar informações de modo mais
fácil do que os grupos evangélicos.
No tocante ao uso religioso noturno no Monte Cardoso Fontes, como o Parque não
possui serviço de vigilância por 24 horas e não permite o uso público após o horário de
fechamento (17 horas), a ideia da gestão do Parque é fechar a área durante a noite. Na opinião
do gestor ambiental, seria uma ação inócua, pois os religiosos continuariam a acessar a área.
Na visão da gestão do PNT, a maior oferenda dentro do Parque é o Cristo Redentor.
No platô superior do Santuário do Cristo Redentor, da estátua pra dentro, onde localiza-se a
Capela de Nossa Senhora Aparecida, a gestão é da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de
Janeiro, e da estátua para fora, a gestão é do Parque Nacional da Tijuca. Ou seja, como
exclamou o gestor GES1, “a gestão do espaço muda em relação ao Cristianismo!”
No entanto, para aumentar o espaço de gestão, a Arquidiocese faz parcerias com
outras instituições e empresas para iluminar o Cristo, fazer eventos etc., ficando com uma
gestão mais independente do Parque.
Há um conflito razoável com a gestão da área do Cristo. A Arquidiocese é uma
instituição privada, sem fins lucrativos, porém cobra pela realização de casamentos, missas e
batizados na Capela do Santuário do Cristo Redentor. Para a Arquidiocese ter a arrecadação
do Cristo, teria que passar a área para a gestão do PNT, fazer um convênio, e, aí sim, o Parque
repassaria parte da arrecadação para ela, conforme o cálculo para a manutenção da estátua e
demais estruturas. Contudo, ela perderia a liberdade de fazer negócios com as empresas, o
que teria que ser feito mediante a chancela do Parque.
A gestão pública do espaço no Cristo é extremamente polêmica e conflituosa. Além
disso, a qualidade da visitação não é considerada; quanto mais gente melhor.
Continuando a análise da visão da gestão do Parque sobre os usos religiosos, outro
analista ambiental entrevistado (GES2) informou que
a gente não se preocupa muito com esses grupos novos ou pequenos, como os
wiccas e os druidas, porque ainda é muito insipiente, e não tem nenhum registro de
danos que eles tenham causado. Já com outros grupos, como evangélicos,
candomblecistas, umbandistas e outras de matrizes afro, que já têm o uso muito mais
frequente, então a gente tem um olhar mais cuidadoso para esse público.
256
Ainda segundo o gestor público entrevistado, em quase todas as favelas que limitam
com alguma área verde, protegida ou não, são encontrados grupos religiosos.
O trabalho dos funcionários do Parque é orientado no intuito de não intervir no direito
de culto das pessoas. Os que as pessoas não devem fazer, no entanto, é uma questão de
inadequação entre os seus direitos e deveres.
O dever de proteção da natureza e o direito de culto são, respectivamente, dever e
direito adquiridos constitucionalmente69
. O gestor GES2 falou sobre como deve ser a
abordagem do técnico ambiental no momento do culto religioso na natureza:
o dever de proteção é da coletividade, então cada religioso que vem no Parque tem
esse dever. O papel d’a gente é só ficar atento para que não seja deixado nenhum
impacto ambiental. A pessoa pode vir aqui fazer o culto dela, arriar um alguidar,
pode fazer um trabalho, uma oferenda, um ebó, o que for [...] mas ela vai ter que
levar. A gente sabe que tem oferendas, alguns trabalhos que são feitos, que
dependem de algum tempo para fazer efeito [...] aí depende de cada orixá, de cada
trabalho, de cada situação. Enquanto ela está no culto, a orientação que a gente
passa, na Educação Ambiental para os funcionários daqui, é que eles não abordem
essa pessoa, porque enquanto ela está ali praticando o culto dela, ela é tão visitante
quanto qualquer outro visitante. Se ela acender uma vela, o funcionário tem a
prerrogativa de interromper, o que não é desejável, é um risco ambiental iminente. O
funcionário não pode esperar que se inicie o fogo para interromper aquela conduta.
Mas o fogo é o único caso para se interromper uma prática, fora isso não se
interrompe. Deixa a pessoa concluir seu culto e depois vai conversar. Se a pessoa
disser que aquele trabalho vai levar determinado tempo, a pessoa vai ter que ficar ali
até findado o trabalho, ou então leva tudo embora, para outro lugar, e faz em outro
lugar.
Nas ações de orientação e de conscientização ambiental o gestor ambiental tem
observado que a maioria dos frequentadores do espaço sagrado não são religiosos, e sim
curiosos. Por caminhar a pé, diariamente, de sua residência no Bairro da Tijuca até o Parque,
a percepção do gestor é de que, em geral, essas pessoas provocam danos mais intensos à
natureza. Segundo ele, há casas de santo que não vão à Curva do S, por exemplo, porque as
lideranças religiosas acham que aquele lugar é sujo, poluído. Sabe-se que, ao longo dos anos,
a Curva do S mudou muito. Os religiosos lutaram para deixar algum tipo de marco para
mostrar sua luta por esse espaço. Há placas que foram deixadas com mensagens, que foram
trabalhadas com bastante atenção e cuidado. São mensagens em prol da conservação
ambiental e falam a língua da religião: “Oxóssi não vai gostar que você suje as matas dele”.
69
Dão respaldo aos rituais: a garantia da liberdade de local de culto e de liturgia (CF, art. 5º, VI); o dever de o
Estado brasileiro proteger as manifestações culturais afro-brasileiras (CF, art. 214, § 1º); a possibilidade de
promover ações de educação ambiental nos parques nacionais (Lei Nº 9.985/00, art. 11); a possibilidade de
serem criados, no cenário da cidade, espaços especialmente destinados aos rituais afro-brasileiros, desde que
considerados como “zonas especiais de interesse social” (Lei Nº 10.257/01, art. 4°, letra “f”) e, ainda, a
instituição destas práticas rituais como “celebrações relevantes para a memória, identidade e formação da
sociedade brasileira” (Decreto Federal Nº 3.551/00, art. 1°, § 2º).
257
Segundo o gestor, “isso é muito importante. É um trabalho que tem que ser continuado.
Então, a Curva do S não parou”.
Nos enunciados expostos, nota-se portanto implicações da perspectiva utilitária sobre
o significado do Parque, sendo reconhecido como reserva ou área de preservação, o que
atende às necessidades e objetivos em relação à área protegida.
O discurso velado é uma característica dos gestores das unidades de conservação
brasileiras. Nesse sentido, Marcial (2013) alertou que alguns aspectos parecem permear o
imaginário da sociedade brasileira e muitas vezes não aparecem explicitados nos discursos
daqueles que são contrários ou não reconhecem as práticas religiosas de tais grupos.
4.4 Outros olhares: a visão dos pesquisadores
A Constituição Federal garante o direito de culto na natureza e o dever de preservação
do meio ambiente estendido a todo cidadão brasileiro. Por outro lado, os Parques Nacionais
possuem um conjunto de normas e procedimentos. Então, todo o trabalho do Movimento
Inter-Religioso, segundo sua coordenadora e uma das pesquisadoras entrevistadas nesta
pesquisa (PES3), é no sentido de provocar, mobilizar, para que sejam definidas e
regulamentadas Normas de Uso Público Religioso, pelo ICMBio, órgão responsável pela
gestão das unidades de conservação brasileiras.
Durante quatro anos, o Programa Ambiente em Ação (terminou em 15/12/2014),
através da componente Elos da Diversidade, atuou nesse sentido, ouvindo os religiosos e os
conservacionistas (do Parque). De acordo com a pesquisadora, esse conflito encontra-se,
atualmente, em um estágio mais avançado, porque os primeiros conflitos começaram a ser
trabalhados pelo próprio PNT, através do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, que
era do Programa de Educação Ambiental do próprio Parque.
Entre esse projeto do PNT e o Programa Ambiente em Ação, ainda ocorreu uma etapa
intermediária, chamada Campanha Elos do Axé, tocada pelo MIR. Na visão da coordenadora
do MIR, “o Espaço Sagrado da Curva do S era um sonho muito caro”.
No tocante à ocupação católica do Alto da Boa Vista, a pesquisadora enxerga que as
igrejas e as capelas refletem o momento da história religiosa do País. Para ela, os sacramentos
realizados em uma estrutura sagrada, dentro da floresta, trazem “um encantamento. Todos têm
o objetivo de estar numa espécie de ermida. Complementa dizendo que “a paisagem do
258
Parque Nacional da Tijuca é composta por várias motivações e significados religiosos”, ou
seja, geossímbolos (BONNEMAISON, 2002). Sem dúvida, as igrejas cristãs apresentam
maior visibilidade no contexto da área de estudo pesquisada, por serem as religiões
majoritárias.
Em relação à prática da subida ao Monte Cardoso Fontes, a pesquisadora enfatizou
que
o cuidado à Mãe Natureza tem que ser garantido. Não dá para todo mundo subir!
Eles trabalham muito com a comoção. Algumas dessas pessoas caem no estado
patológico. Não é mais uma religião. A pessoa se considera um Deus, que vai
libertar todo mundo. Neste local, durante um mutirão, em 2004, apareceu um senhor
completamente comovido e criou uma série de problemas, foi parar na Polícia
Federal. Ele mais a comissão do Parque e os policiais. Ele não queria sair de lá. São
pessoas que jejuam, ficam em vigília desde sexta-feira. A fé daquelas pessoas tá
difícil de ver hoje [...] é a fé cega mesmo. Em geral, fazem essa vigília a partir de
sexta-feira à noite. Ficam em jejum, orando. O lixo urbano e papéis queimados,
porque eles fazem a queima do karma, escrevem o nome das pessoas e queimam. É
um movimento similar à Índia, a algumas tradições antigas.
O ordenamento dessas áreas é muito difícil, porque você vai trabalhar com os direitos
e os deveres das pessoas. As pessoas chegam corridas com medo de serem vistas, e se
escondem na mata. O trabalho tem que começar pelas lojas de vendas de material religioso. A
pesquisadora entrevistada PES3 afirmou que houve uma migração muito grande para as
igrejas evangélicas e o movimento carismático. “As pastorais têm trabalhado para chegar no
verdadeiro Cristo, dos mais pobres”. No entanto, para a coordenadora do MIR, “os
evangélicos já têm o espaço consagrado. A Trilha Transcarioca é um desenho no papel, não
vai tirar eles de lá. Até fizeram o manejo na entrada para eles [...]”. A entrevistada defendeu a
fé como um agente de mobilização para a conservação da Mãe Terra.
Uma das pesquisadoras entrevistadas (PES1), que esteve à frente do Projeto Meio
Ambiente e Espaços Sagrados durante praticamente dez anos, lutando pela conciliação das
práticas religiosas na natureza com a preservação ambiental, reconheceu que acabou
prevalecendo a vertente conservacionista e mercadológica, que preconiza o uso turístico e
privilegia as religiões cristãs, que dominam as paisagens conservadas e religiosas do Parque e
entorno. Nesse sentido, “como fica o direito ao acesso das áreas protegidas de grupos
religiosos marginalizados face à legislação e a esses privilégios? Os outros grupos estão
percebendo a diferença de atitude dos órgãos públicos e o que estão fazendo em relação a
isso?” São questionamentos feitos pela educadora ambiental e que ainda precisam ser
solucionados.
Outra ex-funcionária do IBAMA-PNT, pesquisadora entrevistada nesta pesquisa
(PES2), destacou que, durante a vigência do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, foi
259
aprovado pelas populações religiosas (judeus, espíritas, ciganos etc.) um projeto para a
construção de uma capela ecumênica, no Lago das Fadas. No entanto, em função das
divergências entre conservacionistas e educadores ambientais, o projeto não foi adiante.
A pesquisadora PES2 ressaltou a sua relação com a Floresta da Tijuca, onde trabalhou
por muitos anos:
a Floresta cativa as pessoas. Exuperry não dizia que você é eternamente responsável
pelo que cativas, então? É isso, a Floresta cativa as pessoas e você começa a gostar
de estar lá dentro, você cria amor ao seu trabalho. Durante muitos anos, você via
todo mundo que trabalhava lá dentro, literalmente apaixonado pela floresta [...] Ela
tem realmente uma energia muito especial, que ultrapassa o sentido religioso. A
energia que você capta e que você transmite tem a ver com a fé que você tem, com a
sua personalidade, a sua história de vida, a sua sensibilidade. Em uma mesma
experiência, como andar na floresta, em silêncio, duas pessoas, sensíveis vão sair da
floresta renovados, mas de formas diferentes, pois o grau de sensibilidade é
diferente, independente de religião. Talvez por ter sido um local historicamente que
começou com a energia dos índios, depois a dos escravos, o fato dela ter sido
reflorestada, eu não sei dizer precisamente o quê, mas ela é mais mágica, é
diferenciada. Conheço muitas florestas, fui a muitos parques nacionais, gosto de
andar em outros lugares, adoro andar aqui no Parque Lage, trabalhei anos no Jardim
Botânico, você não sente em lugar nenhum a mesma coisa. Eu acho a Floresta
mágica não só pelas coisas que aconteceram comigo e com outras pessoas. Tá
chateado, triste, faz uma trilha, conversa com uma árvore, ou abraça uma árvore,
interage com a natureza [...] você se renova!
Para a pesquisadora entrevistada PES2, a Floresta da Tijuca é o setor mais especial do
Parque Nacional da Tijuca, embora aconteçam celebrações e usos religiosos no Parque como
um todo. “A Floresta tem algo que realmente chama”.
Durante os seminários e eventos realizados no escopo do Projeto Meio Ambiente e
Espaços Sagrados, a pesquisadora teve contato com muita gente, de várias religiões, daí que
foi possível levantar, na ocasião, as dezenove vertentes religiosas frequentadoras do Parque.
Ocorreram casamentos ciganos, de índio, sem que as pessoas soubessem. Perguntavam se era
permitida a realização de tal cerimônia, em função da questão do uso público, mas também
vinham perguntar em termos energéticos.
Em 1997, havia muitas oferendas religiosas, principalmente no Recanto do Tai Chi
Chuan. Era comum retirar toneladas por mês. Conta a pesquisadora que viu, nesse lugar,
“coisas assustadoras [...] era um local de fácil acesso [...] vi oferendas muito fortes, de
matanças brabas de animal, não era igual o do candomblé [...] eu não gosto desse espaço [...] a
energia de lá eu não gosto”.
Na época, comentou a pesquisadora PES2, os agentes florestais do IBAMA foram
treinados para saber como falar com as pessoas, assim como foram conscientizadas as
lideranças dos centros de umbanda e candomblé, que vieram participar das atividades com os
funcionários do IBAMA.
260
No tocante à escolha da Curva do S, como espaço sagrado instituído pelo PNT, a
entrevistada PES2 comentou que o local já era utilizado pelos religiosos desde o início do
século XX, e que havia facilidade de acesso e era próximo à cidade. O primeiro projeto para a
utilização religiosa ordenada do espaço foi de sua autoria, tendo sido aprovado pela Diretoria
do Parque e durante os seminários. Contou ainda que “com o uso restrito e controlado haveria
formas de manter a água limpa [...] local pra mudar de roupa, para reciclar oferenda [...] uma
sala de multiuso para apresentações em dias de chuva, até mesmo para celebrações [...] turma
de limpeza para coletar os resíduos”.
Na visão da antiga funcionária do Parque, os evangélicos também deixam muito lixo e
usam o fogo, fazendo fogueiras para queimar os pedidos de oração.
Um dado histórico interessante é que, até a época da gestão do Dr. Aldrigh (1969-
1987), as pessoas faziam muitas oferendas no entorno da Cascatinha. Há vários depoimentos,
inclusive o do Dr. Aldrigh, que comprovam que os turistas adoravam ver essas práticas, que
foram proibidas em sua gestão.
4.5 Integrando as percepções: os pontos comuns e divergentes nos discursos
Pensar cultura e meio ambiente, a partir da visão de diversos atores sociais, em busca
de respostas para questões socioambientais, entre elas o uso público religioso no contexto de
unidades de conservação (UC), é um desafio. Sem dúvida, é um convite ao diálogo, à
possibilidade de interação entre o saber técnico-científico e os diversos saberes produzidos
por grupos culturais diferenciados no decorrer de longos processos civilizatórios (QUINTAS,
2013).
A Constituição Federal Brasileira garante o direito à liberdade religiosa. Ao mesmo
tempo, define meio ambiente como bem de uso comum, ou seja, riqueza social, cabendo tanto
ao poder público quanto à coletividade o dever de preservá-lo. Por sua vez, a legislação
ambiental diretamente ligada às UCs, especialmente a Lei do SNUC70
e o Regulamento de
Parques Nacionais71
, apresenta uma série de restrições ao uso público em UCs de Proteção
Integral, ao mesmo tempo, em que inclui entre seus objetivos a promoção de educação e
70
Lei Nº 9.985, de 18/07/2000 (BRASIL, 2000).
71
Decreto Nº 84.017, de 21/09/1979 (BRASIL, 1979).
261
cultura, havendo assim a necessidade de compatibilizar a legislação às diversas situações,
predominando sempre os princípios constitucionais.
Diante desse arcabouço legal, a posição assumida pela Administração do Parque
Nacional da Tijuca (PNT) é a de não proibir nem discriminar qualquer prática religiosa em
suas áreas protegidas. Durante a vigência do Projeto Elos da Diversidade, uma iniciativa do
Parque, junto à Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA) e à Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi a impressão de material educativo - cartilhas - para
ser distribuído nos espaços sagrados criados do Rio de Janeiro. No entanto, as orientações
socioambientais contidas nessas cartilhas não foram interpretadas do mesmo modo por
educadores, técnicos e os profissionais da fiscalização do ICMBio, o que continuou gerando
polêmica interna e posições contraditórias face às práticas religiosas em áreas legalmente
protegidas.
A partir da análise das narrativas dos atores sociais entrevistados nesta pesquisa em
tela, observou-se um ponto comum nos discursos de gestores ambientais, pesquisadores e
lideranças e representantes religiosos, que é a preocupação com a preservação da natureza,
uma vez que as oferendas dispostas junto à natureza podem causar problemas ambientais, tais
como a queima de troncos de árvores por velas, consumo de alimentos por animais nativos,
poluição do solo e da água. Outra preocupação comum é a preservação das práticas
culturais/religiosas na natureza. Portanto, o ponto comum nos discursos é a preservação.
A fim de conciliar cultura e proteção do meio ambiente, os técnicos e analistas
ambientais do PNT buscaram estabelecer o diálogo e o entendimento com os religiosos sobre
o risco de impactos ambientais, sempre procurando relacionar as questões ambientais com as
de cunho cultural - religioso. Além do diálogo sobre os cuidados que os religiosos que atuam
junto à natureza necessitavam saber, também foram sugeridas alternativas de espaços
sagrados no entorno do Parque, onde os mesmos poderiam realizar suas oferendas com maior
liberdade, inclusive deixando-as junto à natureza.
Como todos os visitantes, os religiosos também podem utilizar os diversos recantos do
Parque, desde que, ao final de seus rituais sagrados, recolham os recipientes, alimentos e
outros objetos utilizados, não deixando nenhum resíduo nesses locais. Para evitar incêndios
florestais, nenhuma atividade com fogo é permitida, a não ser o uso das churrasqueiras na área
de lazer do Meu Recanto. Estes cuidados fazem parte das normas de uso público do PNT, que
visam à proteção do meio ambiente.
Uma das lideranças do Candomblé entrevistadas (REL6A) concordou que as práticas
religiosas devem ser orientadas, contudo, argumentou que tais práticas não podem ser
262
proibidas ou coibidas. A natureza, segundo ele, “tem que ser preservada, mas tem que ser
respeitado [também] o direito constitucional adquirido pelo nosso povo à prática de culto,
prática de grupos de matriz africana e de povos tradicionais, desde que não agridam à
natureza”. Historicamente, essas práticas ficaram invisibilizadas e marginalizadas na
sociedade, contudo, atualmente, estão conseguindo visibilidade através da perspectiva da
justiça socioambiental. Na visão dos religiosos, o uso impróprio da natureza é uma colocação
pertinente, porém parece conter uma carga de preconceito e desconhecimento dessas religiões,
preferindo por vezes legitimar ações muito mais violentas contra a natureza, como queimadas
e desmatamentos praticados para a implementação de projetos imobiliários do que aceitar tais
práticas religiosas (MARCIAL, 2013). O babalorixá REL6A completou seu raciocínio
dizendo que a
conservação vai usar o discurso da preservação para excluir os grupos religiosos das
áreas naturais. No entanto, o direito à prática, desde que não agrida à natureza, está
alinhado, está juntinho com a preservação. O Estado tem que garantir o direito e a
forma como será a utilização desses espaços. O papel do Estado não está sendo
feito!
O babalaô REL6B relatou que “você vai ver muito, no discurso da mídia, do governo,
que a gente [o povo do santo] agride, destrói, polui”. É importante entender o que é o Parque
hoje? Pra que o Parque está sendo montado? Atualmente, o PNT faz parte de uma estratégia
de grandes parques transformados em negócio, a exemplo do Parque Nacional de Foz do
Iguaçu, do Parque Nacional do Caparaó, entre outros, que estão sendo preparados para o
turismo internacional. Nas discussões do entevistado REL4 sobre a justiça ambiental, a
discriminação e a intolerância religiosa observadas no Parque Nacional da Tijuca, o
evangélico e também educador ambiental colocou que os Parques estão se transformando em
parques viáveis, sob o ponto de vista econômico, da ótica do capital. “É aquilo que dá
dinheiro, e dá dinheiro pra quem? O PNT faz parte disso!”
O entrevistado REL6B, representante do Candomblé, destacou que a decisão é
institucional e privilegia trilhas e determinadas atividades sob o enfoque ao turismo:
o Parque está todo sendo preparado para isso. Então, além dos preconceitos que a
gente vê individualmente, há uma questão mais institucional, do que se quer com o
PNT? É onde você vê claramente que algumas coisas vão sendo postas de lado e se
possível vão sendo excluídas mesmo. E aí você vai ver isso em relação a nós e em
relação às favelas do entorno. Aqueles meninos que viviam como guias de turismo
estão sendo tirados, porque é para o turismo internacional. Você chega ali e paga por
qualquer coisa no PNT. Por isso que o clima ali é tenso em relação às favelas.
Porque ao invés de você fazer a inclusão, simplesmente tiraram aqueles jovens
porque eram negros, favelados [...] é tudo preparado para o turismo internacional.
263
O educador afirmou que determinados trechos da Trilha Transcarioca, por exemplo,
serão entregues para a iniciativa privada administrar. Portanto, o Parque
não é para a gente frequentar, não é para o favelado frequentar, é para outro tipo de
público frequentar. Está sendo montado um determinado tipo de Parque, que exclui
não só as práticas religiosas, mas também outras coisas: exclui o favelado, o negro
[...] não interessa se é evangélico, se é da umbanda, do candomblé, interessa assim:
você tem dinheiro ou você não tem dinheiro. Estão aceitando fazer aquela coisa nos
Pretos Forros, porque tem ligação com a Transcarioca.
A estratégia do Parque, de acordo com o babalorixá REL6A e o babalaô REL6B,
entrevistados nesta pesquisa, escondida em um discurso velado, é, em determinado momento,
excluir os religiosos e deixar somente o uso turístico. “Eles se abrem agora, para excluir você
lá na frente. Utiliza da legislação do seu grupo, mas na hora que se tem o que ele quer ele vai
começar a excluir o próprio grupo”, explicou o entrevistado REL6A.
De modo geral, o perfil do técnico e do analista ambiental do PNT está de acordo com
a orientação institucional do ICMBio, ou seja, conservacionista. Comenta o babalorixá que
“eles não têm nenhuma simpatia com nada que diga respeito a esse componente humano, não
só do sagrado. Eles desqualificam, tem uma forma pejorativa de olhar [...] é o olhar da
conservação clássico: a gente de um lado e a conservação do outro lado”.
No entanto, há outras regras no jogo. Quer dizer, além de uma leitura
conservacionista, há “aquilo que eles toleram, aquilo que eles não toleram, aquilo que eles
têm que engolir por força de pressão política e econômica, aquilo que eles não têm que
engolir”, explicou o babalorixá. É preciso entender as especificidades do quadro técnico da
conservação no PNT. “Vários chefes do Parque, e outros nomes clássicos da ótica
conservacionista ainda transitam no Parque, e eles não têm nenhuma simpatia por essa
discussão”. O religioso ressalta que o gestor não pode chegar e dizer que não quer conversar.
Mas percebe-se claramente que “ele enrola, ele embroma [...] ele não pode dizer: eu não
quero”.
O entrevistado REL6B lembrou que o direito constitucional choca-se com a gestão,
porque “não adianta dizer que não pode isso, não pode aquilo, mas, sim, ‘o que pode’ e ‘de
que forma pode’”. Quando o Estado, representado pela área natural protegida, se recusa a
fazer esse debate, simplesmente nega, dizendo que não pode, mas não dizendo o que pode,
entra-se na prática do racismo ambiental institucionalizado. “Foi o que fizeram na Curva do S.
Eu deixo tudo sujo, com insegurança, violência, agressão, e vou expulsando naturalmente. O
problema é teu”. O sagrado está na natureza, então
como é que você impede o acesso aquilo ali. Se aquela cachoeira tem um sentido
sagrado [...] a gestão fala assim: aqui você não pode mais entrar. A pessoa vai entrar,
264
vai entrar de madrugada, vai entrar escondido, vai tentar subornar o guarda, vai
gerar outros problemas [...] mas ele vai tentar acessar.
No final de 2014, com a mudança de orientação da SEA, volta-se a atenção para os
evangélicos do Cardoso Fontes, em detrimento do projeto Espaço Sagrado da Curva do S
frequentado majoritariamente pelas religiões de matriz afro-brasileira. Percebe-se claramente,
segundo o babalaô REL6B, “o interesse econômico e a discriminação pesando, porque fazer
algum acerto de gestão com evangélicos é mais fácil, agrada, traz efeitos do ponto de vista do
interesse político”. O entrevistado REL6A explicou como se desenrolou o processo
discriminatório no PNT:
da mesma forma que o PNT está fazendo com os evangélicos, eles têm que fazer
com a gente. A prática do batizado cristão, lá dentro, é pré-autorizada. Então, você
vê que tem uma discriminação. [...] A Igreja Católica não precisa pedir autorização
para fazer um batizado, ela comunica. A gente não pode nem entrar. Cadê a
igualdade do ponto de vista legal?
O discurso ambientalista se preocupa, efetivamente, com a estocagem da natureza
para garantir a produção econômica (MORAIS, 2015). É a paisagem como reserva de valor,
um espaço ou patrimônio a ser conservado de forma a garantir, sob a guarda do poder público,
as necessidades das gerações presentes e futuras (CABRAL, BUSS, 2012). Nesse sentido, os
religiosos também deveriam reconhecer que a garantia de satisfação de seus interesses e
objetivos - práticas religiosas na natureza - depende da preservação dos elementos naturais
por eles valorizados. Tais intencionalidades se aproximam, viabilizando o diálogo e a busca
por soluções ambiental e culturalmente favoráveis à questão. Enquanto um gestor ou técnico
ambiental vê a floresta enquanto recurso natural, outros sentidos são formulados por
diferentes atores sociais, como os adeptos de diversas religiões. O importante é que a gestão
ambiental trabalhe a partir de diferentes significados que são atribuídos às paisagens do
Parque. É preciso respeitar a diversidade, outros saberes e fazeres, modos de ver o mundo.
Quintas (2013) ressalta que “os grupos religiosos passam a ser protagonistas na
proteção ambiental à medida que há interação, convivência e respeito mútuos”. Nesse sentido,
o respeito à diversidade consiste em um ponto comum, um ponto de convergência,
entrelaçando homem, natureza e cultura, apesar da aparente oposição quando da análise do
conflito entre natureza e cultura.
Em resumo, as necessidades humanas materiais e imateriais passam pela proteção ao
meio ambiente e à cultura, não sendo, portanto, divergentes nem excludentes, ao contrário,
mostram-se convergentes e complementares, podendo coexistir de maneira equilibrada e
265
harmoniosa. A solução pode-se dizer que está diretamente relacionada ao respeito à
diversidade (KLOSKE, NIKOLAY, 2015).
4.6 A discriminação e a intolerância religiosa
Sobre o movimento contra a intolerância religiosa, o pai de santo da Umbanda (REL9)
ressaltou que “estamos nos tornando tão intolerantes quanto os intolerantes. É um movimento
muito agressivo”. Segundo ele,
a única coisa que nós não temos o direito é de perder tempo. Não perca seu tempo
com aqueles que não queiram evoluir! Você fala, você esclarece, vai querer mudar?
É problema de cada um. Ninguém muda ninguém. Cada um muda a partir do
momento que queira mudar. Não quer mudar? Fica.
A Umbanda ensina a ser tolerante, a compreender cada irmão como cada irmão é. A
base é o amor, a convivência harmônica e o respeito entre todos. “Sem amar ao próximo,
pratica-se o egoísmo”. Conforme o mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros, tanto
quanto eu os amei”.
A liderança candomblecista REL6A reclamou da postura discriminatória e intolerante
de muitos evangélicos. Ressaltou ainda que dificilmente eles participam do diálogo com as
outras religiões.
O sacerdote wiccano REL8, por sua vez, alertou que “estamos vivendo um momento
de intolerância e insegurança muito grande”. Nesse sentido, os wiccanos têm procurado fazer
seus rituais em ambientes fechados, uma forma de ficar mais conectado com seu Eu, com sua
energia, ajudando na concentração, apesar de não estar em contato direto com a natureza.
Todavia, por conta desse distanciamento da natureza, têm apelado muito às causas ambientais.
“Em todo tipo de manifestação voltada para a natureza os wiccanos estão engajados”, ressalta
o sacerdote, que acredita que o preconceito “vem de dentro, é falta de caráter”.
Cabe lembrar que o Estado brasileiro é laico72
, não confessional, o que significa dizer
que os governos devem manter-se neutros, não podendo fazer discriminação entre as igrejas,
quer para beneficiá-las quer para prejudicá-las.
72
CF de 1988, Art. 19 (BRASIL, 1988).
266
4.7 A compatibilização do uso público religioso com a conservação ambiental:
mudança de atitudes
Utilizando as palavras do babalorixá REL6A, afinal, “o que pode e o que não pode? O
que dá e o que não dá para fazer?” É, portanto, uma questão de política pública, “uma questão
de sentar e definir”. Não é uma questão de incompatibilidade entre o uso público religioso e a
conservação ambiental, porque existe um ponto comum entre os dois lados do conflito que é a
preservação da natureza, “por motivos diferentes, mas é! O técnico quer o rio íntegro do ponto
de vista ambiental, mas eu quero também sob o ponto de vista sagrado. Então, não tem
nenhuma incompatibilidade. Os dois querem a mesma coisa”.
Entretanto, conforme as discussões apresentadas na presente pesquisa, percebe-se que
a convivência harmônica entre órgãos ambientais e comunidades religiosas ainda está longe
de acontecer. Por um lado, a Constituição Brasileira garante a livre manifestação religiosa -
liberdade de crença, liberdade de culto e liberdade de organização religiosa - por meio do
princípio de equidade e de não discriminação e, por outro, o SNUC proíbe atividades e usos
de recursos naturais que possam gerar impactos ao meio ambiente, como degradação da mata,
geração de resíduos, poluição material e sonora, incêndios etc. (MANDARINO, 2013).
Do ponto de vista jurídico, há possibilidades para o avanço na solução dos conflitos
socioambientais, que visem compatibilizar a interface entre a proteção ambiental e as
oferendas religiosas deixadas nas áreas naturais do PNT.
O Decreto Nº 5.758, de 13/04/2006, institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas
Protegidas (PNAP), seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias, e prevê a valorização
dos aspectos éticos, étnicos, culturais, estéticos e simbólicos da conservação da natureza.
Prevê ainda o reconhecimento e o fomento às diversas formas de conhecimento e práticas de
manejo sustentável dos recursos naturais. Nesse sentido, pelas diretrizes aprovadas para o
PNAP, há necessidade de pactuação e articulação das ações de gestão das áreas protegidas
com os diferentes segmentos da sociedade e a valorização de ações que prevejam
participação, inclusão social e exercício da cidadania na gestão das áreas protegidas, buscando
permanentemente o desenvolvimento social (MANDARINO, 2013).
A Portaria MMA Nº 120, de 12/04/2006, aprova o documento Diretrizes para
Visitação em Unidades de Conservação, considerando os impactos potenciais da visitação
tanto no interior das UCs quanto em suas respectivas áreas de influência e a necessidade de
minimizar os efeitos negativos, bem como potencializar os efeitos positivos da visitação.
267
Sem dúvida, são instrumentos legais que apontam para o caminho da interlocução
entre os atores sociais envolvidos no conflito. No entanto, denota-se a necessidade de
intensificar e ampliar os estudos e pesquisas que vêm sendo realizadas desde 1997 sobre a
questão meio ambiente e religião na UC, bem como a mobilização dos diversos atores sociais
através de ações de educação e cultura.
Ao abordar a legislação ambiental diante dos princípios constitucionais, a procuradora
Adriana Sobral Barbosa Mandarino, coordenadora de estudos e pareceres ambientais, da
procuradoria Federal Especializada (IBAMA), entende que a mesma solução encontrada para
a Igreja Católica, mediante o esforço de compatibilização de missas, casamentos e outras
cerimônias, realizadas nas capelas Mayrink e Nossa Senhora Aparecida (esta última, na base
da estátua do Cristo Redentor), com todos os impactos daí decorrentes, como o aumento no
tráfego de automóveis, a poluição sonora, a eventual geração de resíduos, o fluxo intenso de
pessoas, e os objetivos de preservação ambiental, deve aplicar-se também aos demais cultos e
rituais, em razão da aplicação dos princípios da equidade e da não discriminação asseverados
na Constituição Federal brasileira (ALVES, PRAZERES, 2013). De acordo com o parecer da
procuradora do IBAMA, busca-se evitar a desigualdade no uso dos espaços públicos,
reconhecendo que as demais tradições religiosas também têm direito de utilizar áreas do
Parque, que deverão ser consideradas também no Plano de Manejo do PNT, na Categoria de
Zona Especial e sujeita a regramentos específicos, conforme expõe Adriana:
há uma estreita relação entre o meio ambiente e religiões afro-brasileiras, em razão
de que os deuses cultuados e seus espaços de celebração coincidem com a própria
natureza. Se algumas religiões pressupõem espaços fechados, a natureza das
entidades invocadas pelos praticantes de cultos como o candomblé e a umbanda
fazem-nos aliados inseparáveis da natureza, cuja proteção é a razão primeira da
criação do Parque e objeto principal de preocupação e atenção de sua Administração
(ALVES, PRAZERES, 2013, p. 61).
A pesquisadora Lara Moutinho-da-Costa (2013), através da Comissão de Defesa do
Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (CDMA/ALERJ),
vinha trabalhando num Projeto de Lei, que criaria as Áreas de Relevante Interesse do Sagrado
(ARIS), no âmbito do Sistema Estadual das UCs, para serem declaradas no processo de
zoneamento ambiental das unidades de conservação ou como categorias próprias. O Vale das
Almas e a Cachoeira de Pai Antônio, por exemplo, que são dois locais do PNT carregados de
simbolismos e significados religiosos, poderiam ser considerados como ARIS. Lara
Moutinho-da-Costa e outros membros da ONG Defensores da Terra acreditavam ser
importante e estratégico, tanto para a conservação quanto para as religiões, a geração de
políticas públicas que reconhecessem a dimensão sagrada e simbólica da natureza.
268
Com base na liberdade de culto, no diálogo inter-religioso e entre religiosos e a gestão
do Parque, e no respeito à diversidade cultural, cabe à administração do PNT estabelecer, em
conjunto com a comunidade e com os outros setores que fazem uso do Parque, procedimentos
e regras a serem seguidos, de forma a coibir danos à UC. É importante tomar cuidado para
evitar posições extremamente conservacionistas, sem considerar a pluralidade de religiões, o
que pode ensejar manifestações preconceituosas e discriminatórias.
José Quintas explica que são colocadas em confronto e discussão duas visões, dois
códigos bastante diferenciados: o código religioso, do crente, fiel ou devoto que valoriza sua
prática sagrada; e o código racionalista e cientificista (mundo acadêmico e órgãos públicos),
que enxerga naquela oferenda um resíduo, que pode impactar flora, fauna, água e solo.
Em suma, não há base legal para a proibição das oferendas religiosas no Parque
Nacional da Tijuca, embora haja base legal para a vedação de atividades que coloquem em
risco a integridade dos atributos naturais que justificaram a criação da UC. Os religiosos
podem realizar celebrações de qualquer natureza, desde que respeitem os limites de som, não
deixem resíduos, nem usem fogo. Tais limitações, no entanto, inviabilizam grande parte dos
rituais e celebrações de religiões da natureza, que demandam espaço para suas crenças.
De acordo com Alves e Prazeres (2013), atualmente “nos confrontamos com o desafio
de conjugar uma ética ambiental com uma teologia ambiental”, associando valores ligados à
preservação do meio ambiente e à sacralização dos espaços naturais, tomando a natureza
como valor fundamental. O diálogo franco e aberto sobre as diferenças pode ser o caminho
para o desenvolvimento da tolerância e da cooperação, bases para o entendimento e para a
busca de soluções, que viabilizem a superação do dilema meio ambiente e religião no PNT.
As experiências de gestão do uso público religioso, desenvolvidas, de 1997 a 2014, no
Parque Nacional da Tijuca, foram direcionadas para a implantação de um sistema de gestão
participativa, através de espaço organizado como modelo sustentável, voltado
simultaneamente para a proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico-cultural. Os
mutirões de limpeza e de plantio de mudas, as oficinas de plantas medicinais, entre outras
atividades e ações de cunho socioambiental, demonstraram a grande motivação das lideranças
religiosas com a preservação ambiental, sendo disseminados cuidados e respeito ao meio
ambiente, e incentivadas novas práticas através das lideranças religiosas, de programas de
rádio, palestras e cursos nas instituições religiosas. Também mostraram grande desejo de
participar efetivamente da gestão ambiental.
269
No que tange a essas novas práticas, percepções, atitudes e posturas em relação à
natureza, na Gergóvia73
Escola de Druidismo e Cultura Celta, há uma disciplina de
Conhecimentos da Floresta, realizada como aula prática (aos domingos), que envolve uma
caminhada da Praça Afonso Viseu até a Cachoeira das Almas, onde são reconhecidas plantas
nativas e estrangeiras (exóticas), e observada a relação próxima/íntima com a floresta. A
sacerdotisa druidesa entrevista nesta pesquisa (REL1) enfatizou que, nas atividades e práticas
religiosas do grupo, não podem ser feitas oferendas, nem desrespeito em relação às normas do
PNT. “Não dá para ser druida sem ser politicamente e ecologicamente consciente”, afirmou a
sacerdotisa, que complementou dizendo que os “druidas não se candidatam a nada e nem
pertencem a partido algum. Mas têm consciência política. São politicamente engajados,
conscientes e são ecologicamente ativos”.
Em seu depoimento, a liderança da Umbanda REL9 mencionou que, há algum tempo,
projeta uma caminhada na mata, onde ainda seja possível sentir a vibração do meio ambiente.
Destacou que não levaria qualquer tipo de oferenda, nem acenderia velas. Caminharia na
mata, cantando, em determinado momento, parando, fechando os olhos e entrando em
sintonia com essas vibrações. Cantaria o seguinte ponto:
Quem manda na mata é Oxóssi
Oxóssi é caçador
Eu vi chover, eu vi relampejar
Mas mesmo assim o céu estava azul
Firma seu ponto na folha da Jurema...
Oxóssi assoviou lá no Humaitá
Olhou com quem tá de ronda
Com licença de Oxalá
Seria a tonalidade vibratória do som, que é o ponto cantado, em sintonia com a
tonalidade vibratória do meio ambiente, das árvores que exercem um papel no Planeta Terra.
O entrevistado REL9 ressaltou que a vegetação tem uma propriedade importante na vida do
ser humano.
É comum nos rituais de candomblé, afirmou o Ashogun Aderbal Moreira Costa
(2013), as crianças e os adolescentes acompanharem os mais velhos, aprendendo
conhecimentos ancestrais e contribuindo com sua agilidade, esperteza e força a lidar com o
ambiente natural, ajudando a carregar o material necessário para a realização da prática
cultural, bem como na coleta dos resíduos, no fim das atividades. Em suas observações, o
ashogun notou o aumento da quantidade e a inserção de novos produtos nas oferendas, fatos
73
Gergóvia é a cidade natal de Vercingetorix, lider gaulês, educado pelos druidas, que lutou contra o general
romano Júlio César. Maiores informações podem ser obtidas no filme A lenda de um guerreiro (Druids), dirigido
por Jacques Dormann, distribuído por Lolistar (2001).
270
que o motivaram a trabalhar com o reaproveitamento de recipientes, como os alguidares de
louça, que não podem ser assimilados pela natureza, mas servem como vasos para plantas
ornamentais. Em relação aos alguidares de barro, justificou a não utilização em função da
porosidade dos vasos, que “se infestam mais facilmente de bactérias”.
Uma discussão polêmica é a partir de que ponto uma oferenda se transformaria em
lixo? Entre os adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, Umbanda e Candomblé, as
respostas são as mais variadas. Alguns dizem que o tempo útil de uma oferenda é de sete dias;
outros, três dias, ou até 24 horas. Em relação à Umbanda praticada segundo a orientação do
Caboclo das Sete Encruzilhadas, o dirigente espiritual REL9 enfatizou que “talvez já seja o
momento de analisar se há ou não há necessidade das oferendas que se colocam nas matas”.
Entretanto, “a mente humana, em razão da sua limitação [...] de ainda não estar em condição
de entender, de compreender esta ação da natureza, se condiciona a levar determinadas
oferendas para saldar aquela energia”.
Para o pai de santo REL9, essa busca, esse contato com a natureza estaria relacionado
à ignorância do ser humano.
Grande parte dos religiosos, com suas práticas, está ofendendo a natureza, colocando
na natureza aquilo que não era para ser colocado, com prejuízo para determinados
tipos de animais, que vão se alimentar de rejeitos dessas oferendas. A falta de
conhecimento e esclarecimento é que os conduz a determinadas práticas, que estão
enraizadas na mente humana. Quando vem na tua mente dizer que tem o rei da
natureza, o rei da mata, a rainha do mar, você começa a se limitar, porque tudo isto
foi criado. Penso que o processo de evolução da reforma de nosso plano mental fará
com que nos afastemos de algumas práticas religiosas. Por enquanto, ainda não
estamos preparados. Alguns comportamentos religiosos são relembrados, em razão
de algumas pessoas recordarem suas vidas passadas. Mas o processo evolutivo
haverá de ocorrer.
“A Umbanda não é o melhor caminho, é um dos caminhos”. O entrevistado REL9
explicou que a Umbanda não é uma religião, é uma revelação espiritual, com a finalidade de
proporcionar ao ser humano a condição para a sua reforma íntima. “Acender velas, botar isso,
botar aquilo [...] tudo isto ainda é admissível pela condição mental do ser humano. Se Deus
está dentro de nós, vou procurá-lo dentro de mim [...] vou procurar me conhecer, entender o
que é Deus?” Continuo dizendo que “estamos vivendo um momento de indagações: quem
somos nós? De onde nós viemos? O que cada um de nós está aqui fazendo?” Nesse sentido,
seria imprescindível o ser humano mudar seus hábitos.
O pai de santo REL9 explicou que a Umbanda está se adaptando aos novos tempos,
num processo evolutivo de tomada de consciência. As energias da natureza existem desde a
formação do Planeta Terra. Os orixás, imantações da natureza, nunca tiveram corpo físico. E
isto é o que o ser humano precisa entender: “mais do que ver, é melhor sentir!” No entanto, o
271
enrevistado entende que a maioria dos religiosos ainda está limitada à matéria, sendo preciso
haver uma evolução/uma renovação na mente dessas pessoas, um entendimento maior. Sente
“que há um processo de mudança ou transformação. Não só numa reação na defesa do meio
ambiente”.
Corroborando, em parte, os pensamentos do pai de santo REL9, uma das lideranças do
candomblé entrevistadas (REL6C) comentou que “é preciso ter essa consciência ecológica,
para que não coloquem as velas perto de locais que possam ocasionar acidentes”. Este é o
ponto nevrálgico do conflito com os conservacionistas.
A mãe de santo entrevistada (REL5), liderança da Umbanda, explicou que vem
utilizando o conceito de oferendas ecológicas, de acordo com o Oku Abo - Decálogo das
Oferendas, um texto simples, informativo e provocativo, para ser usado como uma ferramenta
de educação ambiental voltada para o público religioso das tradições de matriz afro-brasileira
(MOUTINHO-DA-COSTA, 2013), divulgado pelo Projeto Elos da Diversidade, através de
seus pares - Defensores da Terra, Ilê Omi Oju Aro e MIR:
a comida é colocada no alguidar forrado por duas ou três folhas de mamona. Depois,
descarta-se tudo naquelas folhas de mamona, e traz o alguidar de volta. Em coités e
cascas de coco, materiais biodegradáveis, são colocadas as bebidas. Depois, espalha-
se o líquido e traz a garrafa de volta.
No Monte Cardoso Fontes, apesar do uso do fogo ser proibido pelas normas do PNT,
há crentes que, em virtude de uma possível conscientização quanto ao risco de incêndios
florestais, queimam os pedidos de oração em cima das rochas. Atividades de educação
ambiental realizadas entre os anos de 2013 e 2014, no âmbito do Projeto Elos da Diversidade,
promoveram a proteção ambiental e a luta por direitos à prática religiosa com o objetivo de
sugerir a criação de políticas públicas para garantir a igualdade na diferença, na perspectiva de
contribuir para a percepção integral do ambiente (MACIEL, GONÇALVES, 2015). Criado
inicialmente com o objetivo de atender às demandas das populações afro-brasileiras inseridas
nas práticas religiosas da Umbanda e do Candomblé, o projeto também incluiu, em 2013, as
demandas de evangélicos negros e moradores de favelas.
Faz parte da essência das religiões, portanto, atitudes ecológicas positivas de cuidado e
preservação das áreas naturais consideradas sagradas que, diferentes da lógica judaico-cristã,
não se encontram apenas em prédios e construções, mas sim nas matas e florestas. Contudo, é
necessário discutir formas de conscientização da sociedade para esse uso religioso de maneira
a legitimá-lo, garantindo aos grupos religiosos seu direito ao uso, constituição e
reconhecimento de seus espaços naturais (MARCIAL, 2013).
272
4.8 As paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno
As paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno estão repletas de
valores, crenças e significados, caracterizadas em elementos naturais e estruturas
arquitetônicas, e em rituais que evidenciam a hierarquia do sagrado em determinadas áreas,
localidades e caminhos sagrados. Na perspectiva de compreender essas paisagens religiosas,
foram utilizados geossímbolos, que caracterizaram áreas, localidades e caminhos como
paisagens religiosas. Assim, a partir das informações obtidas na pesquisa de campo, foi
possível criar uma tipologia de paisagens religiosas, em função do tipo de uso sagrado e dos
elementos naturais e estruturas construídas (geossímbolos) valorizados pelos religiosos: as
paisagens católicas (dominantes); as paisagens evangélicas; as paisagens multirreligiosas -
compostas por usos religiosos variados, em temporalidades distintas - esotéricos, budistas,
ciganos, druidas, wiccas - ou simultâneos, em áreas próximas de uma mesma paisagem; e a
paisagem das religiões de matriz afro-brasileira - o candomblé e a umbanda. A localização
dos espaços, lugares, caminhos, estruturas e elementos sagrados identificados em campo, e
que compõem as paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno, conforme o
tipo de uso religioso e os geossímbolos consagrados - microcosmolocalidades religiosas -,
podem ser observados nos Quadros 11 e 12, e nas Figuras 8 e 9, respectivamente.
Nas palavras de Bonnemaison (2002, p. 99-109), “[...] o geossímbolo pode ser um
lugar, um itinerário, uma extensão que, por razões religiosas, políticas ou culturais, aos olhos
de certas pessoas e grupos étnicos assume uma dimensão simbólica que os fortalece em sua
identidade”. Nesta perspectiva, os geossímbolos podem estar representados através de pontos
fixos, como pedreiras, árvores, rios, cachoeiras, lagos, florestas, grutas, montanhas,
construções e itinerários reconhecidos, desenhando no solo uma semiografia que é elaborada
por signos, figuras e sistemas espaciais, que são a “representação da concepção que os
homens produzem do mundo e dos seus destinos” (BONNEMAISON, 2002, p. 105). No que
tange aos elementos naturais, estes são plenos de significados simbólicos, e reconhecidos por
muitas crenças e religiões como sítios sagrados, que refletem a influência da natureza na
evolução de diferentes religiões, motivo primordial para a preservação de paisagens sagradas
(PARK, 1996). Os devotos se dirigem à natureza em busca de proteção divina, reforçando,
então, a importância desses elementos sacralizando as paisagens.
273
As formas simbólicas presentes na paisagem podem ser o ponto de partida para a
compreensão da realidade, na qual os indivíduos estruturam seus próprios mundos através de
atos de formação de uma pluralidade simbólica (SALOMON, 1955 apud COSTA, 2010).
A localização de determinadas estruturas construídas pelo homem e elementos naturais
funcionam como formas simbólicas espaciais, ou geossímbolos, que se impõem à paisagem.
Como marcos espaciais religiosos, podem ser citados: igrejas, capelas, grutas, cachoeiras,
árvores, espécies de plantas sagradas etc. Os roteiros e trajetos utilizados pelos religiosos, tais
como trilhas, caminhos, estradas também imprimem marcas na paisagem. Para Correa (2007),
as formas adquirem uma espacialidade quando estruturadas por fixos e fluxos, isto é, por
localizações e itinerários. Assim, a imponência de uma montanha, onde está situada uma
capela, ou onde estão situados alguns elementos da natureza que são cultuados, como uma
gruta, por exemplo, exprime um valor sagrado para os devotos.
A religião católica do colonizador português se impôs de tal forma no território
brasileiro, utilizando formas de difusão e catequização tão profundas, que de certa forma
dificultaram ao longo dos séculos a dispersão e a valorização de outras religiões e tradições
trazidas por outros povos europeus e pelos africanos. Nesse sentido, as formas simbólicas
edificadas pelo homem, como as igrejas, capelas, entre outras estruturas da Igreja Católica
expostas na paisagem, serviram para reafirmar o poder dominante do colonizador e impregnar
a sociedade em construção de tais valores e crenças (MARCIAL, 2013).
274
Quadro 11 - Localidades sagradas, por tipo de uso sagrado.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015.
275
Quadro 12 - Localidades sagradas, por geossímbolo.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015.
Legenda: Geossímbolos.
Água - rios, cachoeiras, cascatas, lagos, açudes,
represas Fogo - práticas e rituais que usam esse elemento
Mata - floresta, vegetação, natureza Montanha - picos, serras, montes, morros
Árvore - jaqueiras, eucaliptos, figueiras, jequitibás Terreiro - Terreiro de candomblé
Pedra - grutas, rochas, pedras, rochedos, cavidades Cruz - estruturas católicas, como igrejas, capelas,
cruzeiros, colégios e estátuas
Terra - capoeiras, áreas abertas, solo, terra Triângulo - estrutura evangélica
276
Figura 8 - Mapa das localidades sagradas, por tipo de uso sagrado.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).
277
Figura 9 - Mapa das localidades sagradas, por geossímbolo.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).
278
Figura 10 - Correlação entre os usos sagrados identificados em campo e os principais rios do Parque Nacional da Tijuca.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), Pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).
279
Das religiões atuantes no PNT, apenas a Católica conta com permissão prévia para
realizar seus diferentes rituais (casamentos, batizados, missas e bodas) e infraestrutura
adequada para receber os visitantes religiosos.
Nos lugares sagrados inscritos nas paisagens do Parque, tais como as capelas Mayrink,
Silvestre e Nossa Senhora Aparecida, e o Santuário do Cristo Redentor, no Morro do
Corcovado, há coletores de lixo, o serviço de coleta regular de resíduos - realizada por
empresa terceirizada nas áreas internas, e pela COMLURB, nas áreas externas do PNT -,
áreas para acenderem velas - velódromos - e colocarem demais artefatos da ritualística
(candelabros, taças e jarros para vinho, panos, Bíblia e recipientes para a hóstia), áreas para
estacionamento, iluminação, segurança e, no caso do Cristo Redentor, há também oferta de
serviços de alimentação e transporte. É a paisagem dominante na área de estudo da presente
pesquisa.
Em relação às religiões não católicas que atuam nos lugares sacralizados do Parque
Nacional da Tijuca, os religiosos necessitam de permissão prévia da administração do PNT
para realizarem seus rituais, de modo a cumprir a exigência do Art. 37, do Decreto Nº 84.017,
de 21/09/197974
. Não contam com infraestrutura adequada para suas práticas, sequer um lugar
previamente organizado e estruturado, com coletores de lixo, sistema de coleta regular de
resíduos, áreas para uso de velas, áreas preestabelecidas para oferendas, estacionamento,
iluminação e segurança (CORRÊA et al., 2013). São as paisagens alternativas, excluídas ou
marginalizadas.
No PNT e entorno, foram inventariados diversos lugares sagrados, caracterizando 46
paisagens religiosas. Dessas paisagens, 11 são católicas, 2 evangélicas, 17 de matriz afro-
brasileira e 16 podem ser consideradas multirreligiosas, exprimindo uma pluralidade de fé
(Quadro 11 e Figura 8).
Conforme já foi dito anteriormente, não se trata de um universo fechado, e sim dos
resultados obtidos na presente pesquisa, que procurou revelar parte da dimensão simbólica do
Parque Nacional da Tijuca, no que tange às inter-relações entre o homem e a natureza, através
de suas práticas culturais (religiosas).
A seguir, são apresentadas, as paisagens religiosas do PNT e entorno.
74
As atividades religiosas, reuniões de associações ou outros eventos, só serão autorizados pela direção dos
Parques Nacionais, quando:
I - existir entre o evento e o Parque Nacional uma relação real de causa e efeito;
II - contribuírem efetivamente para que o público bem compreenda as finalidades dos Parques Nacionais; e
III - a celebração do evento não trouxer prejuízo ao patrimônio natural a preservar.
280
4.8.1 As paisagens religiosas católicas
Situada no Alto da Boa Vista, a Paróquia de Nossa Senhora da Luz está diretamente
vinculada à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (ASSRJ). Fazem parte da
paróquia estruturas construídas pelo homem - marcos espaciais -, que remontam uma
arquitetura característica do Sul da Alemanha, especificamente da Bavária. Trata-se de uma
herança cultural de monges beneditinos, que, no início do século XX, vieram para o Brasil, no
sentido de recuperar a Ordem de São Bento (OSB), decadente desde o início do período
republicano (iniciado em 1889). De acordo com o depoimento do abade e bispo entrevista
nesta pesquisa (REL12), a partir da Praça Afonso Viseu, no sentido da Barra da Tijuca,
“parece que você está na Alemanha, em função do grande número de construções em estilo
arquitetônico germânico”.
Como pontos fixos das paisagens católicas do Alto da Boa Vista podem ser
observados: a Igreja de Nossa Senhora da Luz, a Capela Santo Cristo dos Milagres e a Capela
Mayrink - esta situada dentro do Parque Nacional da Tijuca (PNT). Além dessas estruturas,
que compõem a paróquia supracitada, há: o Santuário do Cristo Redentor, situado no Alto do
Morro do Corcovado, com a Capela Nossa Senhora Aparecida situada na base da Estátua do
Cristo Redentor; a Casa de São Bento (ou Priorato de São Bento), pertencente à OSB e
subordinada à ASSRJ; o Colégio Santa Marcelina, das irmãs italianas marcelinas; e o Sagrado
Coração de Maria - Sacré Creur de Marie - das irmãs francesas (atualmente fechado),
(Figura 8 e Quadro 11). Portanto, percebe-se a forte influência europeia - sobretudo dos
alemães - na ocupação religiosa católica do Alto da Boa Vista, que se originou no início do
século XX.
Outras estruturas religiosas católicas existentes no PNT e entorno, referem-se a duas
capelas localizadas nos bairros do Silvestre e Santa Teresa. A Capela Silvestre (atualmente
fechada), situada dentro dos limites do Parque, e a Capela de Nossa Senhora da Assunção da
Lagoinha (Figura 8 e Quadro 11), que situa-se fora do Parque, na Estrada Dom Joaquim
Mamede.
No interior do Parque, outra estrutura católica remete ao simbolismo religioso. O
Cruzeiro das Almas (Figura 8 e Quadro 11) é o testemunho de um passado escravo na
Floresta da Tijuca. No século XIX, os escravos das fazendas de café então existentes na área,
mesmo quando cristianizados, não podiam frequentar as missas que eram realizadas para os
nobres na Capela Mayrink. Assim, a solução foi construir um Cruzeiro no meio da floresta
281
(Figura 9 e Quadro 12), onde, aos domingos, os negros escravos podiam praticar sua fé
religiosa, sem perder as raízes de sua cultura, em um processo de sincretismo religioso, pois,
na mata, também eram cultuadas as divindades africanas, transportadas espiritualmente para a
realidade brasileira.
Outra paisagem católica existente no PNT é caracterizada por um trajeto, um
itinerário religioso, a Trilha do Pico da Tijuca (Figura 8 e Quadro 11), por onde passaram
monges do Mosteiro de São Bento, em uma peregrinação de fé, louvações e provações. A
caminhada se iniciava na Praça Afonso Viseu, por volta das 23h de uma quinta-feira, e rompia
a madrugada de sexta-feira, quando os monges alcançavam o cume do Pico da Tijuca. Antes
de amanhecer o dia eram feitas orações, cânticos e meditações. Ao primeiro raio de Sol, todos
se deitavam de braços abertos, em cruz, na capoeira ainda existente no topo do morro. “Era
um momento extraordinário”, comentou o ex-seminarista entrevistado nesta pesquisa (REL3).
Essa antiga prática não existe mais. Contudo, muitas pessoas continuam fazendo esse
caminho com a intenção de renovação espiritual, superação, busca de respostas, enfim,
dotando o trajeto de significados e valores especiais e sagrados.
4.8.2 As paisagens religiosas evangélicas
De acordo com Mariano (1996), o movimento evangélico no Brasil teve três grandes
ondas pentecostais: o pentecostalismo clássico ou tradicional (1910 a 1950); o
pentecostalismo neoclássico ou simplesmente pentecostalismo (anos 1950); e o
neopentecostalismo (anos 1970). O pentecostalismo clássico inicia-se com o surgimento das
igrejas Congregação Cristã no Brasil e Assembleia de Deus. Ambas possuem como
características principais o anticatolicismo, a ênfase na crença no Espírito Santo, a rejeição
das coisas do mundo, e defendem a plenitude da vida moral. O pentecostalismo neoclássico
teve como objetivo a concentração na cura divina. Utilizaram o rádio para atingir a
evangelização da massa popular; em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular.
A evangelização fez surgir novas igrejas: Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor,
Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus, Igreja Unida, entre outras. O neopentecostalismo,
diferentemente do pentecostalismo clássico, prega a Teologia da Prosperidade, tendo em
vista que o cristão está destinado à prosperidade terrena. Este movimento, por ter princípios
liberais, vem crescendo exponencialmente no mundo todo. São exemplos: a Igreja Universal
282
do Reino de Deus, a Internacional da Graça, Sara Nossa Terra, Renascer em Cristo. Essas
igrejas foram fundadas por pregadores brasileiros que adaptaram as doutrinas pentecostais
clássicas, relacionando-as com situações do cotidiano das pessoas (MARIANO, 1996).
No entorno do Parque Nacional da Tijuca (PNT), no Hospital Adventista Silvestre, foi
identificada uma estrutura cristã, a Capela Lugar de Paz (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12),
espaço sagrado utilizado diariamente por médicos, enfermeiras, funcionários do hospital,
pacientes e visitantes. A paisagem religiosa evangélica tradicional compõe o ambiente da
capela, e a partir de suas janelas, observa-se o Vale do Silvestre e uma paisagem católica, ou
para muitos ecumênica, composta pela imagem do Cristo Redentor sobre o Morro do
Corcovado.
Outro ponto fixo religioso vinculado ao universo evangélico é o Monte Cardoso
Fontes (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12), localizado no Setor D do PNT, em Jacarepaguá. A
paisagem religiosa do monte comporta lugares sagrados, como os arraiais, furnas e rochas,
que servem de abrigo para aqueles que ficam em vigília durante dias e semanas, acampados
em barracas de camping, ou sob estruturas improvisadas de papelão. Nesses locais, os
religiosos - compostos majoritariamente por negros pobres, pentecostais chamados de canelas
de fogo - costumam orar em nome de Deus. As trilhas são caminhos que levam para o topo e
propiciam a subida do monte, prática tradicional entre os cristãos. A paisagem é repleta de
significados religiosos, que podem ser observados em todos os cantos, tais como os pedidos
de oração que são queimados e enterrados, numa prática conhecida como queima do karma.
Nesse lugar sagrado, os elementos naturais servem de apoio às práticas religiosas evangélicas,
como as rochas e as árvores, que servem de abrigo contra a chuva e o Sol, a água, utilizada
para dessedentação e para o ritual de Batismo do Espírito Santo, e a terra, para o enterro dos
pedidos de oração, que são ungidos em óleo (azeite).
4.8.3 Pluralidade da fé: as paisagens multirreligiosas
Grande parte das localidades sagradas identificadas no PNT e entorno é frequentada
por visitantes de distintas vertentes religiosas, filosóficas e espirituais, tais como esotéricos
(fadas, elfos etc.), budistas, ciganos, druidas, wiccas, candomblecistas, umbandistas, católicos,
evangélicos. Nesse sentido, as paisagens multirreligiosas são constituídas pelos elementos
283
naturais e estruturas construídas pelo homem - geossímbolos -, que são valorizados por grupos
religiosos distintos, sendo observada uma pluralidade de fé nessas paisagens.
A Cascatinha de Taunay, o Recanto Job de Alcântara, o Meu Recanto, o Recanto das
Jabuticabeiras, o Recanto do Tai Chi Chuan, o Lago das Fadas, o Largo do Bom Retiro, o
Parque Lage, por exemplo, são pontos fixos (Figura 8 e Quadro 11), localidades consagradas
nas práticas religiosas de druidas, wiccas, fadas, elfos, budistas e ciganos, simultaneamente ou
em temporalidades diferentes, caracterizando territórios sagrados temporários dentro do
território protegido, que são transportados espiritualmente e simbolicamente para esta
realidade.
Caracterizados, respectivamente, como localidades sagradas e caminho sagrado -
pontos fixos e itinerário -, o Pico do Andaraí Maior, a Pedra da Gávea e a Trilha da Cachoeira
dos Primatas (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12), possuem conotações místicas, em seus
elementos naturais - geossímbolos -, que são valorizados por religiões pagãs, esotéricas e afro-
brasileiras. Também podem ser considerados como exemplos de paisagens multirreligiosas.
O Espaço Sagrado da Curva do S e o Entorno da Avenida Édson Passos (Figura 8 e
Quadro 11) são localidades sagradas que fazem parte de uma mesma paisagem multirreligiosa
existente na subida do Alto da Boa Vista, em uma área externa ao PNT, frequentada,
majoritariamente por populações religiosas de matriz afro-brasileira, e por outros grupos
religiosos, como os ciganos e os esotéricos. Também são muito comuns nessa paisagem os
curiosos e simpatizantes das religiões de matriz afro-brasileira, que utilizam os recantos e
praças para fazer suas oferendas, no entanto, sem perceber ou valorizar os elementos naturais
sagrados existentes nessa paisagem - geossímbolos (Figura 9 e Quadro 12) -, na mesma
intensidade ou vibração dos adeptos dessas religiões. Isso ocorre em função da facilidade de
acesso a esses locais, que apresentam excesso de lixo (resíduos) e de urubus e pombos. Essas
paisagens podem ser caracterizadas como paisagens excluídas e desvalorizadas por grande
parte da sociedade.
O Entorno do Rio dos Macacos, próximo ao Solar da Imperatriz, no bairro do Horto,
também é uma localidade sagrada muito frequentada por adeptos das religiões afro-
brasileiras, e por outros grupos religiosos, esotéricos, que também buscam os elementos
naturais - pedras, árvores, água etc. - como formas de representação de suas divindades
(Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Curiosos e simpatizantes também frequentam a localidade,
característica de uma paisagem multirreligiosa e problemática, no tocante ao nível de
degradação ambiental existente nas matas ciliares e nas águas do Rio dos Macacos, que
integram as paisagens do PNT.
284
O Entorno da Estrada da Represa dos Ciganos, em Jacarepaguá, é outra paisagem que
mescla elementos naturais valorizados simbolicamente por populações religiosas de distintas
vertentes. Assim, pode-se observar grupos evangélicos realizando batismos nas águas do Rio
Sangrador - especificamente na localidade sagrada conhecida por poção -, no Tanque dos
Ciganos ou na Represa dos Ciganos (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Nesses locais, a água
é o geossímbolo, que significa/valoriza religiosamente a paisagem. Na Figura 10, é
apresentada a correlação direta entre o uso religioso e o elemento água, em diferentes
localidades sagradas identificadas no Parque Nacional da Tijuca e entorno, o que demonstra a
importância desse geossímbolo para muitas religiões e tradições.
Nos mesmos locais, ou em áreas adjacentes, observa-se as práticas, rituais e oferendas
das religiões de matriz afro-brasileira. Nesse caso, são valorizadas árvores, como a figueira e
a jaqueira, pedras e rochas, além dos já citados recursos hídricos - todos elementos
geossimbólicos da paisagem multirreligiosa da Estrada da Represa dos Ciganos (Figura 9 e
Quadro 12). Ressalta-se que, nos canteiros da Avenida Menezes Cortes, no espaço da rua que
dá acesso à localidade, podem ser identificados trêss domínios simbólicos usados para fins
religiosos: a grama, a beira da estrada e a encruzilhada.
Completando o rol de paisagens multirreligiosas significadas pelos religiosos que
atuam no PNT e entorno, o Morro da 2-2 (Rua Dois de Fevereiro, no bairro da Água Santa) é
uma localidade externa ao PNT, que apresenta sinais e evidências em sua paisagem -
geossímbolos - do uso religioso afro-brasileiro (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Contudo,
um elemento construído pelo homem e que integra esta paisagem religiosa, descaracteriza o
domínio total das religiões afro-brasileiras. Trata-se de uma capela (abandonada), testemunho
de uma antiga fazenda, cujas áreas atualmente também são frequentadas por ciclistas da
modalidade downhill. Nesta mesma paisagem, foi identificado um terreiro de candomblé,
porém não foi possível realizar o contato com o povo de santo que utiliza esse espaço sagrado.
4.8.4 As paisagens religiosas afro-brasileiras
As religiões de matriz afro-brasileira, como o Candomblé e a Umbanda, utilizam as
áreas naturais para cultuar suas divindades, seus orixás, assim como entidades como os
caboclos, preto-velhos, entre outras forças da natureza.
285
De acordo com Pessoa de Barros (2003), as comunidades de Candomblé utilizam-se
de dois espaços: o espaço-urbano, onde está instalada a estrutura destinada aos rituais e à
moradia dos membros da comunidade; e o espaço-mato, onde são coletadas as ervas, plantas e
essências necessárias ao culto das divindades - orixás, inquices e voduns, de acordo com a
etnia. No entanto, em função do crescimento das cidades, e consequente diminuição das áreas
naturais disponíveis para a realização dos cultos afro-brasileiros, é cada vez mais complicado
exercer o direito de liberdade religiosa. Em função da perseguição, discriminação e
intolerância religiosa, muitos terreiros estão construindo suas microcosmolocalidades
religiosas, dentro dos próprios terreiros, situados, em sua maioria, nas áreas desvalorizadas
das cidades, na periferia de grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana do Rio de
Janeiro.
Ao contrário das estruturas cristãs que dominam a paisagem do Parque Nacional da
Tijuca, as localidades sagradas utilizadas nos rituais, cultos e cerimônias afro-brasileiras não
possuem visibilidade aos olhos dos leigos, pois, nestes locais, são valorizadas as divindades
que habitam na natureza, codificadas/representadas através de elementos naturais como
árvores, pedras, grutas, rios, cachoeiras, montanhas, entre outros. Os geossímbolos - ao serem
consagrados pelos pais e mães de santo - tornam-se microcosmolocalidades sagradas -,
geografizando/marcando o território e formando as paisagens religiosas.
O Caminho das Grutas, o Caminho das Almas, o Entorno da Estrada dos Três Rios, o
Caminho do Mocke e o Entorno da Estrada do Redentor são itinerários sagrados (Figura 8 e
Quadro 11), compostos por elementos naturais e construídos pelo homem, valorizados e
significados religiosamente - geossímbolos - por adeptos do Candomblé e da Umbanda, tais
como grutas, rochas, rios, cachoeiras, fontes e bicas d’água, ruínas de antigas senzalas (na
Floresta da Tijuca), árvores, encruzilhadas (nas trilhas), entre outros (Figura 9 e Quadro 12).
São elementos que dão significado às paisagens religiosas afro-brasileiras existentes no
Parque Nacional da Tijuca.
Como pontos fixos nas paisagens religiosas afro-brasileiras do PNT, podem ser citadas
a Cascata Diamantina, a Cachoeira das Almas (ou Cachoeira de Pai Antônio), o Açude da
Solidão, a Cascata Gabriela, a Fonte do Chororó, a Caixa da Mãe D’água, o Largo da
Cachoeira das Duas Bicas, o Recanto da Mesa Redonda, a Represa dos Macacos e as
Cachoeiras do Horto, as Furnas da Tijuca e a Cachoeira Grande. Outros elementos naturais
como pedreiras, o Rio Perdido e as matas existentes no entorno das ruínas da antiga senzala
da Fazenda Vila Rica, também são pontos fixos que compõem as paisagens afro-brasileiras do
Parque.
286
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interpretação da significância religiosa do Parque Nacional da Tijuca (PNT) foi
possível graças às leituras de diferentes atores sociais investigados na presente pesquisa, que
atribuem significados a elementos naturais e construídos pelo homem inscritos nas paisagens
do Parque. Nesse sentido, de diferentes maneiras, o PNT representa um santuário sagrado na
percepção e nas práticas culturais de religiosos, gestores ambientais e pesquisadores.
A visão conservacionista do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), disseminada por analistas, gestores técnicos ambientais, privilegia
a conservação dos ambientes naturais protegidos pelo Parque. No entanto, para o homem
religioso, as áreas naturais do PNT também estão carregadas de valores sagrados e aspectos
simbólicos. Nesse sentido, os religiosos atribuem significados simbólicos às estruturas
construídas pelo homem e aos elementos naturais inscritos nas paisagens do Parque, de
acordo com seu contexto histórico e cultural, exprimindo discursos em prol da preservação da
natureza, e apresentando um sentimento de pertença em relação à natureza. De fato, sem a
natureza protegida pelo PNT não existiria grande parte do uso religioso observado atualmente.
Para pensar geograficamente e espacializar o uso público religioso no PNT e entorno,
manifestado em lugares sagrados identificados e nas paisagens observadas na presente
pesquisa, foi preciso considerar a materialidade existente nas estruturas e elementos sagrados
existentes na área de estudo, bem como a imaterialidade e o simbolismo que envolve as
práticas religiosas.
O uso sagrado da natureza do Parque como um todo foi evidenciado nas imagens
georreferenciadas, onde foram apresentados os elementos naturais e construídos pelo homem
valorizados e significados pelas práticas culturais de grupos religiosos dominantes (os
católicos), e marginalizados ou excluídos (evangélicos, candomblecistas, umbandistas,
druidas, wiccas, ciganos, esotéricos, entre outros), como as matas, pedras, grutas, picos,
montes, rios, lagos, açudes, represas, cachoeiras, capelas, cruzeiro etc., caracterizados como
geossímbolos (BONNEMAISON, 2002). Desse modo, as 46 paisagens religiosas observadas
no Parque e entorno refletem o papel do homem religioso na produção e seleção de
geossímbolos, marcas impressas nas paisagens, que se comunicam entre si ou com outros
grupos, demarcando territórios temporários dentro do território protegido pelo Parque e
próximo a seus limites.
287
Nessas localidades sagradas localizadas no PNT e entorno, são realizadas orações,
preces, meditações, rituais, cerimônias e oferendas, uma vez que os religiosos consideram que
ali estão representadas suas divindades. O intelectual ateu admira e contempla a Mãe-
Natureza. O católico reza nas capelas Mayrink e Nossa Senhora Aparecida, bem como em
outras estruturas sagradas da Igreja Católica existentes no entorno do Parque. Os evangélicos
realizam batismos nas águas dos rios e na Represa dos Ciganos, e sobem o Monte Cardoso
Fontes, em sacrifício. Adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, como o candomblé e a
umbanda, cultuam e reverenciam as matas, árvores, pedras, rios, cachoeiras, entre outros
elementos naturais, que representam suas divindades. Os esotéricos fazem oferendas e
meditação em recantos e praças que integram a área natural protegida, também frequentados
por budistas, ciganos e hare krishnas, que dançam e entoam cânticos. Adeptos do druidismo e
da wicca igualmente têm encontrado espaços na Floresta da Tijuca para a realização de seus
rituais e adoração da natureza, tranformando-os em lugares significados nas paisagens do
Parque.
Assim, as áreas naturais protegidas pelo PNT geram percepções, sentimentos e
emoções, que propiciam “a vivência fundamental do religare, a experiência de unidade e
integração com o todo que atravessa as diversas religiões” (VIEIRA, 2001). Ao longo do
tempo, as religiões e tradições foram deixando “marcas palpáveis da passagem de seus
adeptos pela floresta”, sendo geradas paisagens religiosas, compostas por estruturas e
elementos sagrados, os geossímbolos, que representam a relação do homem com a natureza e
o sagrado.
Por outro lado, a presença das religiões nas paisagens do PNT também pode ser
evidenciada por inúmeros impactos associados ao uso religioso de áreas naturais protegidas.
Nesse sentido, as inter-relações entre o homem religioso e a natureza são permeadas por
conflitos socioambientais.
A partir das observações de campo e da análise de conteúdo dos discursos dos
entrevistados, foi possível perceber que tem havido um distanciamento do princípio religioso
básico de respeito à natureza por parte de alguns religiosos, e por parte de curiosos ou
simpatizantes das religiões da natureza. Assim, grande parte da sociedade tem associado
frequentemente a prática religiosa na natureza à poluição e degradação. De fato, as oferendas
dispostas nas áreas naturais, compostas por materiais não degradáveis, após um tempo, podem
poluir as águas de rios e cachoeiras, e as matas, causando impactos negativos nos corpos
hídricos, na fauna e flora, e na experiência de outros visitantes da Unidade de Conservação
(UC). Tais associações induzem, na sociedade em geral, a uma visão discriminatória,
288
preconceituosa e intolerante em relação às religiões não católicas. A falta de conhecimento
sobre as questões ligadas aos saberes tradicionais das religiões e à conservação da natureza é
um dos fatores apontados pelos entrevistados para a poluição e degradação dos recursos
naturais.
Para reverter os impactos socioambientais negativos decorrentes das práticas religiosas
no PNT e entorno, precisam ser criadas políticas públicas, que visem: à regulamentação
dessas práticas em áreas naturais protegidas; à implantação de infraestruturas e oferta de
serviços públicos adequados aos religiosos que utilizam as áreas naturais do Parque e entorno;
e a ações de sensibilização e conscientização ambiental dos religiosos.
Enquanto isso não acontece, poderiam ser adotadas novas práticas culturais - mais
sustentáveis - por parte dos religiosos, na tentativa de conciliar o uso público religioso com a
preservação da natureza. As oferendas biodegradáveis/ecológicas, o reaproveitamento de
utensílios utilizados nas práticas religiosas - como os alguidares -, e os mutirões de limpeza
das áreas naturais utilizadas pelos grupos religiosos são alguns exemplos de ações que podem
mitigar ou minimizar os efeitos danosos das ações humanas sobre a natureza. É importante,
portanto, que os religiosos assimilem em suas práticas a atitude ecologicamente correta que
pregam em seus discursos, disseminando novas práticas, baseadas em saberes e
conhecimentos ancestrais, e em uma nova ética ambiental, onde impere o amor e o respeito à
diversidade cultural e à natureza. O reconhecimento desta ética é particularmente relevante
para a mitigação dos conflitos de interesses entre órgãos ambientais e grupos religiosos, no
que tange ao uso das florestas localizadas nos espaços públicos que compõem o Parque
Nacional da Tijuca.
A dialética estabelecida da relação entre religião e natureza, portanto, aponta muitas
divergências, que geram conflitos inter-religiosos, e entre os religiosos e a Administração do
PNT. Por outro lado, o ponto comum nos discursos dos religiosos e dos gestores ambientais, o
ponto de convergência entre a liberdade de expressão religiosa e a conservação ambiental, é a
preservação tanto das práticas culturais realizadas tradicionalmente na natureza, como dos
recursos naturais que fundamentam essas práticas. Assim, o Parque Nacional da Tijuca se
configuraria como lugar de preservação cultural e da natureza para as gerações presentes e
futuras.
No entanto, para que ocorra esse ponto de mutação, é preciso haver um intercâmbio
entre as realidades, sendo gerado o respeito mútuo, a tolerância à diversidade e a criação de
novos valores pautados numa visão de espaços sagrados construídos em novas consciências.
Nesse sentido, é importante valorizar as singularidades de determinadas localidades -
289
microcosmolocalidades religiosas - impressas nas paisagens religiosas do Parque Nacional da
Tijuca - paisagens marginalizadas -, da mesma forma que são valorizadas as paisagens
construídas pelos gestores ambientais do ICMBio, para atender às demandas das elites e do
turismo internacional (as paisagens conservacionistas e mercadológicas), e as paisagens
católicas dominantes, que legitimam a ocupação da Igreja Católica no Alto da Boa Vista.
A presente pesquisa contribui no sentido de revelar a importância de se preservar
determinados atributos sagrados - geossímbolos - presentes em 46 paisagens religiosas do
PNT e entorno, a fim de proteger o legado cultural de diferentes grupos religiosos, que
enxergam a natureza como a própria divindade e/ou como a morada de seus deuses. A partir
do resgate das memórias sociais dos entrevistados e das observações realizadas em campo, foi
possível compreender que essas localidades e paisagens são resultantes de atividades
econômicas e da valorização de recursos naturais e elementos construídos pelo homem, que
funcionam como representações do sagrado na natureza.
As paisagens religiosas do PNT e entorno são, portanto, investidas de muitos
significados religiosos, em consonância com os estudos de Cosgrove (1998) e Meinig (2003).
Contrapõe-se o uso religioso ecologicamente correto e os cenários de degradação dos recursos
naturais e de intolerância religiosa, que envolvem, respectivamente, conflitos entre os
religiosos e a gestão do Parque, quando aqueles realizam suas práticas sem consonância com
as normas e os locais estabelecidos no Plano de Manejo do Parque, e conflitos inter-
religiosos, quando uma mesma área é utilizada por religiosos que não se toleram.
A partir da análise das práticas religiosas realizadas na natureza e do processo de
gestão do PNT (religião x conservação) e das percepções do sagrado na natureza, tendo o
conceito de paisagem norteando as discussões teóricas e práticas, foi possível revelar
significados que podem ser convertidos em políticas públicas.
A geração e a execução de políticas públicas, que contemplem os desejos dos
religiosos - suas subjetividades - e conciliem suas práticas culturais com as normas de uso
público do Parque Nacional da Tijuca, bem como de outras áreas naturais protegidas e
unidades de conservação (UC), é a questão a ser perseguida em busca da preservação dos
recursos naturais do Parque e das práticas religiosas na natureza, tendo em vistas as enormes
demandas de uso público religioso que as UCs apresentam, e a falta de estratégias para o
enfrentamento da questão.
290
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<http://www.scopenvironment.org/downloadpubs/scope27/chapter16.html>. Acesso em:
12/01/2014. 32 p.
WIKIPEDIA. Guanabara. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guanabara>. Acesso
em: 15/01/2014.
WILD, R.; MCLEOD, C. Sitios Sagrados Naturales: Directrices para Administradores de
Áreas Protegidas. Gland, Suíça: IUCN. Série Directrices sobre Buenas Prácticas em Áreas
Protegidas n. 16, 2008.
WILLIAMS, R. Base e Superestrutura na Teoria Cultural Marxista. Espaço e Cultura, 14,
2003.
WILSON, E. O. A situação atual da diversidade biológica. p. 3-24. In: WILSON, E. O.
Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
WINKIN, Y. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas: Papirus, 1998.
310
APÊNDICE A - Contatos Institucionais e dos Atores Sociais
Como foi realizada a abordagem/o contato com as instituições e com os sujeitos-chave
(atores sociais) da pesquisa?
Alguns sujeitos-chave da pesquisa, sobretudo os institucionais, foram contatados em
reuniões do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Tijuca (CCPNT), ou através de
contatos realizados por email ou telefone, sendo as entrevistas agendadas e realizadas em dias
subsequentes nas sedes de suas instituições. Esse foi o caso dos seguintes órgãos
governamentais e instituições da sociedade civil organizada:
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);
Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA);
Movimento Inter-religioso do Rio de Janeiro (MIR)/Instituto de Estudos da
Religião (ISER).
Assim ocorreu em 04/12/2012, quando o pesquisador participou de reunião do
CCPNT, realizada no Auditório do Parque Lage, no Jardim Botânico, onde foram discutidos
assuntos relacionados a conflitos socioambientais existentes na área do Parque. Foi o
momento oportuno para conhecer e estabelecer o primeiro contato com alguns dos
atores/grupos sociais a serem investigados na pesquisa.
Em 06/06/2013, outro momento oportuno para o estabelecimento dos primeiros
contatos com lideranças religiosas, gestores ambientais (federais, estaduais e municipais), e
membros de instituições ambientalistas e religiosas, foi a Oficina sobre Plantas Medicinais de
uso litúrgico, realizada no Centro de Visitantes do Parque Nacional da Tijuca. Estiveram
presentes representantes e lideranças de religiões de matriz afro-brasileira (Foto 86), os
chamados guardiões do sagrado da natureza, pais e mães de santo da Umbanda e do
Candomblé, que palestraram a respeito de seus saberes tradicionais. A oficina fazia parte do
Programa Ambiente em Ação, uma iniciativa da Superintendência de Educação
Ambiental/Secretaria de Estado de Ambiente do Rio de Janeiro (Seam/SEA), em parceria com
Universidades, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ), e casas religiosas.
Em 21 e 22/08/2014, no Espaço Paineiras (antigo Hotel Paineiras), o V Encontro de
Pesquisadores do Parque Nacional da Tijuca, proporcionou mais um momento de interação
entre pesquisador e sujeitos-chave da pesquisa. Os principais objetivos do evento eram: gerar
intercâmbio de conhecimento; integrar diferentes grupos de pesquisa que atuam no PNT;
identificar demandas de estrutura e serviços de apoio à pesquisa e identificar pesquisas
311
prioritárias para manejo e conservação do PNT. Durante o encontro, ocorreu uma oficina onde
foram discutidas pesquisas prioritárias para o manejo do Parque. O tema do encontro foi
Como manejar uma floresta na metrópole? Ao todo, estiveram presentes 101 pesquisadores
de diversas instituições.
Foto 86 - Oficina de Plantas Medicinais com as lideranças religiosas no PNT.
Fonte: O autor, 06/06/2013.
No entanto, antes de qualquer contato formal com as instituições e atores sociais a
serem investigados, ou qualquer tipo de atividade ou pesquisa de campo, foi necessário
solicitar, em 03/10/2012, uma autorização para a realização de atividades com finalidade
científica no Parque Nacional da Tijuca, junto ao Sistema de Autorização e Informação em
Biodiversidade (SISBio)75
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio). Feito isso, a Autorização nº 36739-1, foi emitida em 26/10/2012, com data para
revalidação em 25/11/2013. Cabe ressaltar que o documento foi expedido com base na
Instrução Normativa Nº 154/2007.
Para dar continuidade às pesquisas científicas no PNT, foram solicitadas renovações
da autorização junto ao SISBio/ICMBio. Assim, foram emitidas, em 20/11/2013 e
04/02/2015, respectivamente, as autorizações nº 36739-2 e nº 36739-3, com vigência até
05/03/2016.
Após alguns contatos pessoais, foi solicitado por telefone o agendamento das
entrevistas com os gestores/analistas ambientais, funcionários do ICMBio, lotados na
Coordenação de Gestão Socioambiental do PNT. As entrevistas ocorreram no Centro de
Visitantes, localizado da Floresta da Tijuca, em comum acordo com os atores sociais
investigados.
75
Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/sisbio/>.
312
As lideranças candomblecistas, umbandistas, ciganas, druidas, wiccas, católicas,
evangélicas, esotéricas76
, entre outras religiões e tradições, foram contatadas por telefone, a
partir de uma busca pessoal, complementada por indicações de pesquisadores e educadores,
que participaram ativamente do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, realizado pelo
PNT e parceiros, e do projeto para a criação do Espaço Sagrado da Curva do S, através da
UERJ e do núcleo Elos da Diversidade/Programa Ambiente em Ação. Através dessa
estratégia, foi possível agendar encontros, onde seriam realizadas as entrevistas com os
sujeitos-chave da pesquisa.
Um primeiro contato com um dos sujeitos da pesquisa, um babalorixá (REL6A),
representante do Candomblé, dirigente espiritual do terreiro Ilê Asé Ala Koro Wo, com sede
no município de São João de Meriti-RJ, ocorreu no dia 14/12/2013. Naquela data, foi
realizado o trabalho de campo Território-terreiro de Candomblé Ilê Asé Ala Koro Wo, no
Espaço Sagrado na Curva do S, Área Estratégica Externa (AEE) do Parque Nacional da
Tijuca - de acordo com o Plano de Manejo do PNT (ICMBIO, 2008) -, por conta da disciplina
“Território, cultura e territorialidade”, ministrada pela Prof.ª Dra. Aureanice de Mello Corrêa,
no curso de Doutorado, no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UERJ (PPGEO). Na
ocasião, o babalorixá, que era responsável pela gestão do Espaço Sagrado da Curva do S,
acompanhou a visita dos discentes (mestrandos e doutorandos do PPGEO) ao espaço. A
professora Aureanice, por sua vez, atua como articuladora e consultora religiosa do Programa
Ambiente em Ação - núcleo Elos da Diversidade/Espaço Sagrado da Curva do S - Parque
Nacional da Tijuca, através de uma parceria entre a Seam/SEA e a UERJ.
O primeiro encontro com o babalorixá REL10 (tradição de matriz africana) ocorreu
em 15/07/2015, quando o mesmo proferiu a Palestra O Verde no Candomblé: uso litúrgico e
fitoterapêutico, realizada na Capela Ecumênica da UERJ. O evento foi organizado pelo
Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões (PROEPER), vinculado ao Centro de Ciências
Sociais (CCS) da UERJ, em parceria com o Instituto Ori.
No que tange às lideranças wiccanas, o primeiro contato foi estabelecido em
19/09/2014, dentro das próprias dependências da UERJ (Auditório 93), no Seminário sobre
Religião Wicca, organizado pela União Wicca do Brasil (UWB) e pelo PROEPER. Outro
evento relacionado a essa tradição religiosa ocorreu no dia 18/09/2015, o I Seminário sobre
76
O termo esoterismo designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas e religiões que
buscam desvendar o seu sentido supostamente oculto. Atualmente, o termo está ligado ao misticismo, ou seja,
à busca de supostas verdades e leis últimas que regem todo o universo, ligando o natural ao sobrenatural.
(WIKIPEDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Esoterismo>. Acesso em: 03/06/2016).
313
Paganismo: a importância das religiões pagãs no diálogo inter-religioso, também realizado
na UERJ (Auditório 11), pela UWB, em parceria com o PROEPER.
Uma primeira aproximação com as lideranças da Umbanda ocorreu em 27 e
28/11/2014, também nas dependências da UERJ (Capela Ecumênica), no 2º Simpósio de
Umbanda do MUDA, promovido pelo Movimento Umbanda do Amanhã (MUDA) em
parceria com o PROEPER. Os temas, nos dois dias de evento, eram Qual o papel do
religioso? e Como lidar com esse mal que parece não ter fim?, que versavam sobre a
preservação ambiental e a intolerância religiosa. Outro evento importante ocorreu nos dias 25
e 26/05/2015, o seminário A Umbanda e a Sociedade: desafios do século XXI, realizado na
Capela Ecumênica da UERJ. Participaram do evento diversas lideranças religiosas . O
seminário também foi organizado pelo MUDA e o PROEPER.
Em 19/01/2015, foram feitos os primeiros contatos telefônicos com o público-alvo da
pesquisa, a fim de agendar os encontros para a aplicação das entrevistas.
Em 06/02/2015, foram feitos outros contatos com o público-alvo, com o agendamento
de entrevistas, no intuito de dar continuidade à pesquisa de campo.
Em relação às lideranças católicas, em 07/02/2015, na Igreja de Nossa Senhora da
Luz, no Alto da Boa Vista, após a missa, foi realizado o primeiro contato com o padre
responsável pela Paróquia, que abrange também a Capela Santo Cristo dos Milagres, no alto
da Estrada da Paz, e a Capela Mayrink, esta localizada na área da Floresta da Tijuca, portanto,
dentro do PNT. Foi agendada uma entrevista. O pároco indicou o responsável pelo Priorato,
ou Casa de São Bento, conjunto arquitetônico da Ordem Beneditina localizado no Alto da
Boa Vista, cujas estruturas são limítrofes à área do PNT. Assim, em 11/02/2015, foi feito
contato com o bispo e abade da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, no intuito
de obter um relato sobre o processo de ocupação da Igreja Católica no Alto da Boa Vista.
Em 19/02/2015, foram realizados novos contatos telefônicos e por email, para
agendamentos de entrevistas com lideranças representativas do público-alvo.
314
APÊNDICE B - Roteiro de Entrevistas para Lideranças Religiosas
Relação do grupo religioso com o PNT e com outras áreas naturais.
Locais utilizados no PNT e motivação (razão de escolha).
Qual a importância da floresta para o grupo religioso? (significado)
Como o grupo enxerga a natureza? Que aspectos da natureza são valorizados?
(paisagens valorizadas)
Que práticas são realizadas na floresta?
Há expectativas e/ou reivindicações/demandas do grupo religioso em relação aos
locais utilizados ou em relação à gestão do PNT? (visão do grupo religioso em relação
à gestão do PNT)
Há algum tipo de conflito em relação a outro grupo religioso? O grupo pensa em sair
do local? Há intenção de utilizar outros locais?
315
APÊNDICE C - Roteiro de Entrevistas para Gestores Ambientais e Pesquisadores
Relação do entrevistado com o PNT. (tempo de vínculo à instituição; formas de
atuação; como e por que ingressou no Parque)
Como é a atuação / gestão do PNT, no tocante ao uso religioso?
De que forma as religiões ocupam/utilizam as áreas do PNT?
Como compatibilizar diferentes usos religiosos com as normas de uso público do
Parque?
Que projeto(s) está(ão) sendo executado(s) em parceria com o PNT? Há perspectiva de
investimento ou realização de outro projeto voltado para os grupos religiosos? Qual?
316
APÊNDICE D - Aplicação das Entrevistas
As 18 (dezoito) entrevistas realizadas com os sujeitos-chave desta pesquisa ocorreram
no período de janeiro a setembro de 2015. Essas entrevistas possibilitaram a obtenção de
informações sobre questões relacionadas ao passado e ao futuro dos entrevistados, sobre suas
trajetórias de vida, bem como sobre suas crenças, atitudes e condutas religiosas e ambientais.
As entrevistas com as lideranças religiosas foram realizadas nas sedes das instituições
que representam, após um pré-agendamento. Já os gestores ambientais do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram entrevistados no Centro de
Visitantes do Parque Nacional da Tijuca (Setor A do PNT - Floresta da Tijuca), enquanto os
pesquisadores foram entrevistados em suas residências. Importante frisar que os locais das
entrevistas foram acertados em comum acordo entre o pesquisador e os informantes.
As lideranças e representantes de grupos religiosos atuantes no PNT foram escolhidos
de acordo com os seguintes critérios: grupo religioso membro do Conselho Consultivo do
PNT; participação do grupo religioso em iniciativas de cunho religioso e ambiental no PNT;
nível de conhecimento da área; e indicação feita por representantes e lideranças de grupos
religiosos e por pesquisadores relacionados à temática analisada.
No Quadro 13, apresentado a seguir, são listadas as lideranças e representantes
religiosos entrevistados (com seus nomes codificados por REL + nº), as religiões, tradições
e/ou instituições/grupos religiosos que representam, e seus cargos/responsabilidades.
Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (continua)
Entrevistado Religião /
Grupo Religioso
Cargo /
Responsabilidade Observações
REL1
Druidismo /
Gergóvia Escola de
Druidismo e Cultura Celta
Sacerdotisa -
Local da entrevista: antiga sede do grupo - no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.
Data: 24/01/2015, de 09 às 13h.
REL2 Catolicismo / Paróquia de
Nsa. Sra. da Luz Padre
Estruturas que compreendem a Paróquia
de Nossa Senhora da Luz: Igreja de
Nossa Senhora da Luz, Capela Santo
Cristo dos Milagres e Capela Mayrink
(dentro do PNT). No 1º domingo do mês,
ocorrem missas na Capela Mayrink.
Local da entrevista: Igreja de Nossa Senhora da Luz - Estrada das Furnas, 220, Alto da Boa Vista.
Dia 07/02/2015, das 13 às 14h (primeiro contato pessoal e formulação das perguntas).
Dia 18/02/2015 (envio das respostas por email).
317
Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (continua)
Entrevistado Religião /
Grupo Religioso
Cargo /
Responsabilidade Observações
REL3 Catolicismo
Ex-seminarista do
Mosteiro de São
Bento
-
Local da entrevista: residência do entrevistado, no Engenho Novo.
Dia 15/02/2015, das 13 às 16h.
REL4 Evangélico
Religioso, educador
ambiental e ex-
contratado do
IBAMA/PNT
Representante do Pentecostalismo e
pesquisador atuante no PNT.
Local da entrevista: residência do entrevistado, no Centro.
Data: 23/02/2015, das 20 às 21h30.
REL5
Umbanda / Congregação
Espírita Umbandista do
Brasil (CEUB) / Templo
Umbandista Vovó Maria
Conga do Congo
Sacerdotisa Uma das dirigentes espirituais mais
antigas da Umbanda.
Local da entrevista: Sede da CEUB - no Estácio.
Dia 17/06/2015, das 15 às 18h30.
REL6A
Candomblé / Ilê Asè Ala
Koro Wo
Babalorixá Contato realizado por indicação da Prof.ª
Dra. Aureanice de Mello Corrêa (UERJ).
Entrevista coletiva.
Os religiosos desse terreiro também
realizam suas práticas nas áreas
limítrofes ao PNT, em especial, no
Espaço Sagrado da Curva do S.
REL6B
Babalaô,
pesquisador e
educador ambiental
REL6C Babalaô
Local da entrevista: Refeitório do terreiro, em São João de Meriti-RJ.
Data: 30/06/2015, de 09 às 12h.
REL7 Esotérico / Fadas Brilhantes
Diamantes Coordenadora
Contatos realizados durante as práticas
do grupo no PNT. No 1º domingo de
cada mês, o grupo composto por 40
mulheres costuma frequentar áreas da
Floresta da Tijuca, tais como o Largo do
Bom Retiro, o Lago das Fadas e o Meu
Recanto.
Local das entrevistas: área Meu Recanto, localizada na Floresta da Tijuca (Setor A do PNT).
Data: 05/07 e 20/09/2015.
REL8 Wicca / União Wicca do
Brasil (UWB) Sacerdote -
Local da entrevista: sede da UWB, em Madureira.
Data: 09/07/2015, das 10 às 12h.
REL9
Umbanda / União
Espiritista de Umbanda do
Brasil (UEUB) / Tenda
Espírita São Jorge (TESJ)
Sacerdote Um dos dirigentes espirituais mais
antigos da Umbanda.
Local da entrevista: Escritório do entrevistado no Centro.
Dia 09/07/2015, das 16 às 20h.
REL10 Candomblé / Ilê Axé Aiyê
Obaluaiyê Babalorixá
Sede do terreiro no bairro de Pedra de
Guaratiba.
Local da entrevista: Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões (PROEPER), no Centro de Ciências Sociais
(CCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã,
Campus Universitário Francisco Negrão de Lima, Pavilhão João Lyra Filho, 8º Andar, Bloco E, Sala 8002.
Data: 31/07/2015, de 13h30 às 16h.
REL11 Ciências da Nova Terra Religiosa e
pesquisadora -
Local da entrevista: residência do entrevistado, no Jardim Botânico.
Data: 22/08/2015, das 14 às 16h.
318
Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (conclusão)
Entrevistado Religião /
Grupo Religioso
Cargo /
Responsabilidade Observações
REL12 Catolicismo / Casa de São
Bento
Abade
O Priorato é um conjunto arquitetônico
pertencente à Ordem Beneditina e à
Arquidiocese do Rio de Janeiro,
localizado no Alto da Boa Vista.
Foi realizado o agendamento da
entrevista com dois meses de
antecedência.
Local da entrevista: Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na Glória.
Dia 27/08/2015, das 14 às 15h.
REL13
Budismo / Centro de
Estudos de Budismo
Theravada
Instrutor O local pertence à Sociedade Budista do
Brasil (SBB).
Local da entrevista: Centro de Estudos de Budismo Theravada, em Santa Teresa.
Dia 08/09/2015, das 10 às 12h.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.
Os gestores ambientais do ICMBio foram selecionados em função de seu
envolvimento com a gestão do uso público religioso na Unidade de Conservação (UC) em
análise. No Quadro 14, são listados os gestores ambientais religiosos entrevistados (com seus
nomes codificados por GES + nº) e seus respectivos cargos/responsabilidades.
Quadro 14 - Gestores ambientais entrevistados na pesquisa. Entrevistado Cargo / Responsabilidade Observações
GES1 Analista Ambiental do ICMBio -
Local da entrevista: Centro de Visitantes da Floresta da Tijuca, Parque Nacional da Tijuca.
Dia 28/01/2015, das 10 às 12h30.
GES2 Analista Ambiental do ICMBio -
Local da entrevista: Centro de Visitantes da Floresta da Tijuca, Parque Nacional da Tijuca.
Dia 22/09/2015, das 10 às 11h.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.
Os pesquisadores, por sua vez, foram escolhidos para a presente análise e discussão
em função de sua importância como precursores no processo de diálogo inter-religioso e entre
as instâncias conservacionistas dos órgãos ambientais e as instituições e tradições religiosas,
que utilizam as áreas naturais protegidas pelo PNT como lugares sagrados inscritos em suas
paisagens. Esses pesquisadores foram selecionados devido ao seu envolvimento profissional
com a temática.
No Quadro 15, são apresentados os pesquisadores entrevistados nesta pesquisa
(codificados por PES + nº), suas áreas de atuação, cargos e/ou responsabilidades.
319
Quadro 15 - Pesquisadores entrevistados na pesquisa. Entrevistado Área de Atuação Cargo / Responsabilidade Observações
PES1
Educação
Ambiental /
Religião
Educadora e ex-
funcionária IBAMA/PNT
O objetivo da entrevista era
compreender o processo de
gestão do uso público
religioso no âmbito do PNT.
Local da entrevista: cafeteria, no Leme.
Data: 06/02/2015, das 13 às 14h30.
PES2 Patrimônio Cultural
/ Inter-religioso
Museóloga, historiadora e
Ex-funcionária do
IBAMA/PNT
O intuito era captar a visão
do gestor público federal em
relação às práticas religiosas
realizadas na UC em análise.
Local da entrevista: residência da entrevistada, no Jardim Botânico.
Data: 22/06/2015, das 13h30 às 16h.
PES3
Movimento Inter-
religioso do Rio de
Janeiro (MIR)
Coordenadora
O MIR é uma entidade
ligada ao Instituto de
Estudos da Religião (ISER).
É um espaço de respeito
mútuo para a promoção da
paz por meio do diálogo e
cooperação entre as diversas
religiões, tradições
espirituais e indígenas.
Local da entrevista: Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO), no Instituto de Geografia (IGEOG)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Campus
Universitário Francisco Negrão de Lima, Pavilhão João Lyra Filho, 4º Andar, Bloco F, Sala 4006.
Data: 08/07/2015, das 14 às 15h30.
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.
320
APÊNDICE E - Histórico das Ações de Campo
Quadro 16 - Datas, localidades e objetivos das ações de campo. (continua) Datas Localidades Objetivos
06/06/2013 Centro de Visitantes (Floresta da Tijuca)
Participação da Oficina de Plantas Medicinais, evento que contou com a
presença de lideranças religiosas da Umbanda e do Candomblé e de gestores
ambientais.
13/07/2013
Cascatinha, Recanto Job de Alcântara, Lago das Fadas e Largo do Bom
Retiro (Setor A do PNT), e Estrada da Vista Chinesa, Mesa do
Imperador e Vista Chinesa (Setor B)
Observações de campo nos recantos da Floresta da Tijuca e da Estrada da
Vista Chinesa.
01/05/2014 Pico da Tijuca e Largo do Bom Retiro (Setor A) Realização de caminhadas até o Pico da Tijuca, sendo realizadas
observações de campo. 14/06/2014 Pico da Tijuca (Setor A)
14/09/2014 Mutirão da Trilha Transcarioca (Setor A) Participação como voluntário nas atividades de sinalização da Trilha
Transcarioca.
28/01/2015
Caminho das Almas (Setor A) Realização de caminhada e observações de campo.
Centro de Visitantes
(Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista com gestor ambiental.
07/02/2015 Igreja de Nsa. Sra. da Luz (fora do PNT) Realização de entrevista com padre e observações de campo.
06/03/2015
Capela Mayrink, Cruzeiro das Almas, Jardim dos Manacás e Caminho
Dom Pedro Augusto (Setor A), Capela Santo Cristo dos Milagres,
Sacré-Coeur de Marie, Priorato e Igreja Nsa. Sra. da Luz (fora do
PNT), e Estradas do Redentor e das Paineiras (Setor B)
Realização de caminhada e observações de campo.
02/07/2015 Avenida Édson Passos (fora do PNT) e Estradas do Redentor e das
Paineiras (Setor B)
Realização de caminhada pela Av. Édson Passos, desde a Praça Afonso
Viseu (Alto da Boa Vista) até a Usina (Tijuca), e observações de campo.
05/07/2015 Capela Mayrink e Centro de Visitantes (Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista, observação da missa realizada na capela e
participação no evento em comemoração ao 54º Aniversário do PNT.
11/07/2015 Caminho das Almas, Cachoeira Diamantina e Caminho das Grutas
(Setor A) Realização de caminhada e observações de campo.
12/07/2015 Capela Silvestre (Setor B)
Observações de campo. Mirante Dona Marta e Capela Silvestre (Setor B)
23/07/2015 Parque Lage (Setor B)
03,05 e 06/09/2015 Hospital Adventista Silvestre
(fora do PNT)
Visita ao pai do pesquisador (que estava internado no hospital), sendo
também realizadas observações de campo.
321
Quadro 16 - Datas, localidades e objetivos das observações e trabalhos de campo. (conclusão)
Datas Localidades Objetivos
08/09/2015 Rua Almirante Alexandrino (fora do PNT)
Observações de campo. 19/09/2015 Cachoeira Grande / Morro do Banco
(fora do PNT)
20/09/2015 Represa dos Macacos e Cachoeira do Quebra (Setor B)
Meu Recanto (Setor A) Realização de entrevista e observações de campo.
22/09/2015 Centro de Visitantes
(Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista com gestor ambiental.
22/11/2015 Rua Marianópolis (fora do PNT) Observações de campo.
12/12/2015
Estrada Gávea Pequena, Caminho do Mocke, Recanto da Mesa
Redonda, Mesa do Imperador, Largo da Cachoeira das Três Bicas, Vista
Chinesa e Rio dos Macacos (Setor B)
Realização de caminhada e observações de campo.
15/12/2015
Açude da Solidão (Setor A)
Observações de campo.
Cascata Gabriela e Restaurante Os Esquilos (Setor A)
Cascatinha de Taunay (Setor A)
Recantos Jabuticabeiras, Tai Chi Chuan e Meu Recanto (Setor A)
17/12/2015 Furnas da Tijuca (fora do PNT)
Rua Marianópolis e Ruínas de Vila Rica (Setor A)
20/12/2015 Cachoeira e Gruta dos Primatas (Setor B) Realização de caminhada e observações de campo.
07/01/2016 Monte Cardoso Fontes (Setor D)
Realização de caminhadas e observações de campo.
Represa dos Ciganos e Vale dos Três Rios (Setor A)
11/01/2016
Espaço Sagrado da Curva do S
(fora do PNT)
Estrada das Canoas (em parte, no Setor B)
12/01/2016 Morro da 2-2 (fora do PNT)
Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015-2016.