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242 grupos religiosos, identificados nesta pesquisa (Figura 6 e Quadro 8), ressaltando-se também a sobreposição de territórios e os conflitos inter-religiosos, e entre os religiosos e a administração do Parque. O material cartográfico produzido teve o objetivo de evidenciar as formas de uso e ocupação religiosa nas áreas do PNT e entorno, construídas em temporalidades diferentes. O uso religioso da natureza contrapõem-se ao conservacionismo praticado pelos agentes ambientais do ICMBio e ao próprio uso religioso (conflitos inter e intra-religiosos). Esses cenários e correlações são representados em mapas temáticos de uso sagrado do Parque, conforme ressaltado anteriormente. Nesse sentido, a pesquisa visou revelar a significância religiosa do Parque Nacional da Tijuca, a partir das leituras de diferentes atores sociais - grupos religiosos, gestores ambientais e pesquisadores - perante as paisagens do Parque, e valorizar conhecimentos e saberes de grupos religiosos, que realizam suas práticas religiosas na natureza inserida no território do Parque e entorno, e que podem contribuir para a sustentabilidade ambiental e cultural do PNT. A seguir, nas próximas subseções, são apresentados: os tipos de religiosos identificados no PNT; a visão dos religiosos em relação à importância da natureza, às práticas religiosas e à conservação ambiental; a visão dos gestores ambientais em relação ao uso público religioso no Parque; a visão dos pesquisadores; os pontos comuns e divergentes nos discursos; a discriminação e a intolerância religiosa; a compatibilização do uso público religioso com a conservação ambiental; e as paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno. 4.1 Tipos de religiosos do PNT A partir das observações de campo e da análise das narrativas das lideranças religiosas, gestores ambientais e pesquisadores entrevistados, foi possível perceber que existem diferenças nos tipos de religiosos que realizam cerimônias, cânticos, preces, danças, rituais e oferendas no PNT e entorno. A relação do homem religioso com a natureza envolve muitas dimensões. Muitos indivíduos identificam nas áreas naturais protegidas do Parque locais propícios para se comunicarem com suas divindades e entidades, com as energias e vibrações da natureza, estabelecendo um forte vínculo, carregando simbolicamente essa paisagem, cujos elementos naturais possuem, ao mesmo tempo, valores utilitários e valores

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grupos religiosos, identificados nesta pesquisa (Figura 6 e Quadro 8), ressaltando-se também

a sobreposição de territórios e os conflitos inter-religiosos, e entre os religiosos e a

administração do Parque. O material cartográfico produzido teve o objetivo de evidenciar as

formas de uso e ocupação religiosa nas áreas do PNT e entorno, construídas em

temporalidades diferentes. O uso religioso da natureza contrapõem-se ao conservacionismo

praticado pelos agentes ambientais do ICMBio e ao próprio uso religioso (conflitos inter e

intra-religiosos). Esses cenários e correlações são representados em mapas temáticos de uso

sagrado do Parque, conforme ressaltado anteriormente.

Nesse sentido, a pesquisa visou revelar a significância religiosa do Parque Nacional da

Tijuca, a partir das leituras de diferentes atores sociais - grupos religiosos, gestores ambientais

e pesquisadores - perante as paisagens do Parque, e valorizar conhecimentos e saberes de

grupos religiosos, que realizam suas práticas religiosas na natureza inserida no território do

Parque e entorno, e que podem contribuir para a sustentabilidade ambiental e cultural do PNT.

A seguir, nas próximas subseções, são apresentados: os tipos de religiosos

identificados no PNT; a visão dos religiosos em relação à importância da natureza, às práticas

religiosas e à conservação ambiental; a visão dos gestores ambientais em relação ao uso

público religioso no Parque; a visão dos pesquisadores; os pontos comuns e divergentes nos

discursos; a discriminação e a intolerância religiosa; a compatibilização do uso público

religioso com a conservação ambiental; e as paisagens religiosas do Parque Nacional da

Tijuca e entorno.

4.1 Tipos de religiosos do PNT

A partir das observações de campo e da análise das narrativas das lideranças

religiosas, gestores ambientais e pesquisadores entrevistados, foi possível perceber que

existem diferenças nos tipos de religiosos que realizam cerimônias, cânticos, preces, danças,

rituais e oferendas no PNT e entorno. A relação do homem religioso com a natureza envolve

muitas dimensões. Muitos indivíduos identificam nas áreas naturais protegidas do Parque

locais propícios para se comunicarem com suas divindades e entidades, com as energias e

vibrações da natureza, estabelecendo um forte vínculo, carregando simbolicamente essa

paisagem, cujos elementos naturais possuem, ao mesmo tempo, valores utilitários e valores

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sagrados. Para algumas tradições religiosas politeístas, a natureza é fundamental para

manutenção de suas práticas, seus modos de vida, identidades culturais e perpetuação cultural.

As áreas naturais protegidas pelo Parque são utilizadas por autoridades religiosas,

iniciados, devotos, simpatizantes e até o totalmente leigo, mas curioso e supersticioso, os

clientes das casas de santo, que, por exemplo, “levam uma oferenda para Oxum na cachoeira

porque sua vizinha disse que ia ajudar a engravidar” (MOUTINHO-DA-COSTA, 2013). Mas

não importa se o religioso é frequentador assíduo ou não, todos são classificados,

preconceituosamente, por grande parte da sociedade (cultura dominante), como macumbeiros

e poluidores, e, nesse sentido, a religião passa a ser a grande vilã, estando associada às

imagens de medo, lixo e sujeira.

Em relação ao comportamento dos religiosos, àqueles que eram acompanhados e

supervisionados por suas lideranças, escolhiam locais limpos, e usavam folhas como suporte

para as oferendas. Já os simpatizantes, que muitas vezes atuavam sozinhos, tinham um

comportamento muito diferente. Mostravam-se envergonhados, colocando suas oferendas de

forma apressada, utilizando essas práticas como meio para resolver situações de desconfortos

financeiros, amorosos, não possuindo o preparo suficiente para fazer a oferenda. Muitos as

colocavam em locais com grande acúmulo de detritos. No sentido de reverter esse processo

danoso ao meio ambiente e à imagem dessas religiões e de aumentar a consciência de

preservação da natureza, segundo a pesquisadora Lara Moutinho-da-Costa (Ibid.), precisa-se

direcionar a ação educativa para as casas de venda de produtos religiosos e esotéricos. O

Mercadão de Madureira, um dos grandes centros de distribuição desses materiais, por

exemplo, precisaria ser incluído no plano de educação ambiental. Essa ação seria importante

no sentido de conscientizar também os simpatizantes e religiosos que não frequentam as casas

de santo, tendas, terreiros e outras instituições compromissadas com a preservação de suas

tradições e da natureza, cenário das inter-relações entre o homem e o sagrado.

Percebe-se, portanto, que essa atitude antiecológica, que degrada a natureza, está

associada predominantemente aos indivíduos que não possuem vínculo com instituições

religiosas. Em sua fala, o sacerdote wiccano entrevistado nesta pesquisa (REL8) enfatizou que

são pessoas que vêm fazer algum trabalho, para o bem ou para o mal, se enfiam em

qualquer canto, aonde possam parar o carro razoavelmente perto, sem correr risco e

também sem que possa ser visto, entram mata dentro e faz [...] esses são os piores

casos, porque eles colocam em lugares onde a limpeza não vai. E aí que ficam os

resíduos que vão causar incêndios, ferir os animais, interferir na dieta deles [...] esse

é o grande perigo pr’a gente. No [Recanto do] Tai Chi Chuan, por exemplo,

achamos cerca de 30 ou 40 tambores e mais de 100 despachos. Despachos é

normalmente quando uma pessoa morre ou um centro acaba, aí pega-se o que foi

dessa pessoa ou que foi desse centro e vai lá e literalmente despacha e entrega para a

natureza, despacha-se. Então, achava-se de tudo ali. Eu lembro que a gente

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tropeçava na trilha que liga a sede (barracão) ao Centro de Visitantes, de tanta

oferenda que tinha.

Pessoas que não são de fé, e que geralmente integram as classes média ou alta, têm

vergonha e não querem ser vistos fazendo uma oferenda religiosa. Por isso, não utilizam o

espaço religioso criado especificamente para este fim, como o Espaço Sagrado da Curva do S.

Os elementos naturais e a floresta provavelmente não possuem significado religioso para

essas pessoas, que, por conseguinte, provavelmente também não possuem consciência

ecológica, e procuram as áreas naturais porque alguém disse que tinham que fazer uma

oferenda na mata, de preferência próximo a uma pedra ou árvores, ou perto da água corrente.

São visitantes ocasionais e possivelmente não valorizam o sagrado na natureza, entrando nas

matas, sem pedir autorização, sem respeitar as energias primordiais, e sem compreender o

sentido sagrado daqueles elementos ali representados.

Por outro lado, também é observado certo distanciamento do princípio religioso básico

de respeito à natureza por parte de muitas lideranças e adeptos da Umbanda e do Candomblé,

assim como de outras tradições religiosas de matrizes da natureza. As formas como são feitas

as oferendas causam poluição hídrica e do solo, risco de incêndios, o que gera

discriminação/desqualificação dessas práticas por parte da sociedade.

Todavia, visando corrigir ou mitigar eventuais impactos ocasionados à natureza e

reorientar práticas e ações, muitas autoridades religiosas vêm trabalhando na educação,

sensibilização e conscientização ambiental, bem como no resgate dos saberes tradicionais de

seus adeptos. Algumas lideranças religiosas apontaram a ignorância ou a falta de

conhecimento e de consciência, e não a religião, como a principal causadora da poluição

ambiental. Além disso, não existem políticas públicas que priorizem a implantação de

infraestrutura e oferecimento de serviços para as populações religiosas, que realizam suas

práticas na natureza.

No próximo subcapítulo, são apresentadas as visões/percepções dos religiosos atuantes

no PNT entrevistados na presente pesquisa - umbandistas, candomblecistas, druidas, wiccas,

evangélicos, católicos, ciganos, esotéricos e budistas - no tocante às questões relacionadas à

importância da natureza, aos aspectos/elementos da natureza que são valorizados em suas

práticas religiosas, e às motivações dos grupos religiosos em busca das áreas naturais do

Parque.

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4.2 A visão dos religiosos em relação à importância da natureza, às práticas

religiosas e à conservação ambiental

Por que e de que forma as paisagens do Parque Nacional da Tijuca, compostas por

elementos naturais e construídos, possuem sentido/significado para o homem religioso? Na

tentativa de responder a essa pergunta, cada pessoa percebe seletivamente aquilo que lhe

interessa e que está habituado a observar, de acordo com o seu contexto sociocultural. A

atividade perceptiva diária enriquece e acompanha a experiência individual e por meio dela

nos apegamos cada vez mais ao lugar. Trata-se de uma interação sempre muito carregada de

afetividade. Assim, “o indivíduo torna a paisagem, um lugar especial justamente porque ela

contém os bens que ele considera essenciais. Todo objeto deve ter um significado, prático ou

afetivo” (DEL RIO, OLIVEIRA, 1999, p. 105-106).

As paisagens possuem significado para determinados grupos religiosos atuantes no

PNT e entorno - candomblecistas, umbandistas, ciganos, wiccas, druidas, evangélicos etc. -,

que realizam suas práticas religiosas em áreas naturais protegidas. As lideranças religiosas,

que representam esses grupos religiosos, quando foram questionadas à respeito da

importância da natureza, de seu significado para os grupos religiosos, foram contundentes

em dizer que significava o nosso templo, a nossa divindade, Deus, um espaço sagrado, o

nosso altar, uma aliada, purificação, enfatizando que o sagrado está na natureza, onde

residem seus orixás, seus deuses.

Para a sacerdotisa druidesa entrevistada nesta pesquisa (REL1), “a Floresta é o nosso

templo, é a nossa divindade [...] os druidas não existem sem a floresta [...] que é um espírito

divino”. No que tange à visão de outros grupos religiosos que utilizam a Floresta da Tijuca, a

sacerdotisa argumentou que o Druidismo “é o único grupo religioso que tem o respeito com a

floresta. Outros grupos estão na floresta, e usam a floresta, e seus recursos, mas não é o

templo deles. Nossos deuses são a própria natureza. A floresta faz parte de nosso coração”.

No que tange aos resíduos deixados na natureza por algun grupos religiosos, a sacerdotisa fez

uma analogia: “para os druidas, deixar resíduos/lixo na natureza é um insulto tão grande como

cuspir em cima da Bíblia dos cristãos. A floresta é o nosso altar, é a nossa divindade, é tudo!

[...] A montanha é tudo pr’a gente”.

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Essa relação com a natureza, de que o homem faz parte da natureza, de que árvores e

animais são irmãos do homem, é uma visão xamânica66

, resgatada pelo Druidismo, portanto,

bastante diferente da visão judaico-cristã, de que houve um deus que criou o mundo, e que os

seres humanos se transformaram nos senhores da natureza.

Nas religiões da natureza, os deuses são a própria natureza. A sacerdotisa ressaltou

que

Deus não é o criador, e o homem não é o senhor da natureza! O rio é uma deusa. A

terra é uma deusa. O mar é um deus. As árvores têm espírito, as árvores pensam,

sentem. Animais têm alma, tudo tem alma. Pedras tem alma, tudo tem alma, tem

ânima, tudo é animado, dotado de vida.

De acordo com a sacerdotisa druidesa, nas religiões pagãs, celtas, no Druidismo, “a

natureza não é algo criado por Deus, a natureza é Deus! Deuses são a natureza, e porque a

natureza é plural [...] os celtas nunca viam a natureza de forma idealizada, pelo contrário,

viam de forma real”. Portanto, a natureza tem encantos e tem perigos. Os deuses, as fadas e

divindades, que são a própria natureza, são extremamente temperamentais. “Ao mesmo tempo

em que são encantadores, podem ser extremamente difíceis, porque eles têm uma essência

própria, uma natureza própria”, explicou a liderança entrevistada.

O babalorixá entrevistado nesta pesquisa (REL6A), representante do Candomblé,

dirigente espiritual do terreiro Ilê Asè Ala Koro Wo - com mais de 60 anos de existência, no

município de São João de Meriti, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro -, afirmou que

os espaços verdes nos terreiros estão diminuindo, aumentando cada vez mais “a presença do

concreto, do urbano”. Na contramão desse processo, há momentos da prática religiosa, do

culto, que é necessário o contato com a natureza. O entrevistado explicou que há o espaço

mato dentro do próprio terreiro, com nascente e várias árvores sagradas, não havendo,

portanto, a necessidade de utilizar muitas vezes a Floresta da Tijuca, onde costuma ocorrer

somente a parte de limpeza, o banho dos iaôs. No entanto, em função da intolerância e das

perseguições religiosas, essas cerimônias têm sido realizadas no espaço nascente do terreiro.

Nesse sentido, em bom tom de voz, exaltou: “Graças a Deus essa área já nasceu pensada para

ser um espaço para orixás”.

Outro representante do Candomblé entrevistado na pesquisa (REL6C), também

integrante do Ilê Asè Ala Koro Wo, destacou que

a natureza é um aliado nosso. A preservação da natureza é importante pr’a gente. Se

a gente se utiliza dela, a gente tem que preservá-la também. As águas, as folhas, as

66

De acordo com a sacerdotisa druidesa, o Xamanismo é um conjunto de características que várias religiões têm.

Diz-se que uma religião é xamânica, quando essa religião acredita em vários mundos, diferentes mundos

existindo ao mesmo tempo. O xamã, o mago, o feiticeiro, é aquela pessoa que viaja entre os mundos buscando

respostas espirituais, cura, enfim, ele tem essa capacidade de viajar espiritualmente entre os mundos.

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plantas, as árvores, tudo a gente tenta preservar. Eu procuro pegar somente aquilo

que vou utilizar, para agredir o mínimo a natureza. A gente sabe que se a gente

poluir, degradar ou retirar algo que não precisa, quando voltar àquele lugar não irá

encontrar. [...] Quanto mais preservar, melhor para nós. Vamos ter sempre onde

pegar uma folha, achar uma água limpa.

Portanto, trata-se de uma relação de respeito e de preservação com a natureza, pelo

menos no discurso. A natureza é vista, significada e valorizada pelos candomblecistas, de

forma utilitária e simbólica, pois existem algumas árvores consideradas sagradas. No entanto,

somente os religiosos enxergam essa dimensão. O leigo desconhece, não vê essas paisagens

sagradas. O entrevistado REL6C exemplificou: “Iroco é uma árvore sagrada dentro do nosso

culto, mas o leigo não sabe, pode chegar e degradar uma árvore sagrada como essa, vai

colocar velas no sopé da árvore”. Nesse momento, o babalorixá REL6A lembrou uma história

sobre Iroco67

, a árvore-orixá.

O ser humano não tinha permissão de entrar na floresta. Começou a agradar Iroco,

colocando presentes em seus pés. Assim, Iroco convenceu as outras árvores de que o

ser humano era bom. No entanto, sentindo-se dono das matas, o homem começou a

desmatar. [Assim] Iroco foi chamado de traidor por todas as árvores; ficou com

fama negativa, por causa da malandragem do ser humano. Até hoje, ele carrega essa

culpa.

O entrevistado REL6A relacionou a existência da energia dos orixás na Floresta da

Tijuca aos negros escravos que ali viveram, trabalharam arduamente e morreram.

Um dos dirigentes espirituais mais antigos da Umbanda, entrevistado nesta pesquisa

(REL9), afirmou que a Umbanda tem por princípio o respeito aos pontos vibratórios da

natureza, como as matas, os rios, o mar, que são costumeiramente louvados por seus adeptos.

Em relação à Mata da Tijuca - como ele nomeou -, são louvadas as energias da natureza, que

na Umbanda são denominadas de Oxóssi, Ogum, Xangô, Oxum, Iansã, Nanã Boruquê, Oxalá,

Omolú, Obaluaê e Exu. Nesse momento da entrevista, cantou:

Quem manda nas matas é Oxóssi

Oxóssi é caçador, Oxóssi é caçador

Ouvi meu Pai assoviar e Ele mandou chamar

Oxóssi assoviou lá no Humaitá

O pai de santo ressaltou que

a mata é um ponto de referência, onde busca-se essa energia da natureza, porque

tudo na vida é vibração e o contato com essas vibrações renova o corpo físico ou

intensifica nossas células, gerando mais força, mais vibrações e mais luz espiritual.

A finalidade da ida às matas, à beira dos rios, é cultuar ou entrar em sintonia com

esses padrões vibratórios da natureza.

Outra antiga liderança umbandista, a mãe de santo entrevistada nesta pesquisa (REL5)

afirmou que “os umbandistas são da natureza; se não existir natureza não existe umbanda”.

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Odu é uma lenda contada oralmente no culto de Ifá.

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Segundo ela, é imprescindível a presença da natureza e seus elementos para que a prática

aconteça. Explicou que a ida à cachoeira e à mata é necessária, pelo menos uma vez ao ano,

para a feitura do amaci68

. A mãe de santo relatou todo o processo:

quem faz isso é a entidade no médium. Ali entram 21 ervas, inclusive a de Exu. [...]

entra as ervas frias de tudo que é orixá [...] tem erva fria, erva mole e erva quente,

cada erva tem uma finalidade. Todas as ervas são quinadas com orações e uma vela

acesa. Eu batizo aquele banho com um pouco de água mineral, guaraná, vinho tinto,

vinho branco doce, champanhe, cachaça, cerveja branca, cerveja preta, vinho

moscatel de Oxóssi. A gente batiza com a bebida e as folhas dos orixás. Depois

entra o obi ralado. Aquela semente africana (uma frutinha). A gente rala o obi

branco (semente de Oxalá). Aí quando chega no local, a entidade (a Preta Velha)

vibra e lava a cabeça de todos, enxuga e amarra o lenço.

A entrevistada REL5 relatou ainda que essas cerimônias religiosas ocorrem em um

sítio particular, localizado no município de Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro, e que

nunca fez amaci na Curva do S, no Alto da Boa Vista, devido à sujeira existente na Cachoeira

de Oxum. Costumava fazer na Cachoeira Grande e nas Furnas da Tijuca, que eram limpas. No

entanto, devido à dificuldade de acesso da vovó - entidade da Preta-Velha - à cachoeira,

coletava-se a água para lavar a cabeça dos religiosos em uma bacia de ágata. No local,

também são observadas pedras enormes (furnas). Durante a entrevista, a sacerdotisa encheu

os olhos d’água e, revisitando suas memórias, exclamou: “Era um espetáculo aquilo, você

sentia uma vibração [...] que vibração! Eu vi muita coisa acontecer ali [...] muita coisa.

Trabalhei muito ali [...] era maravilhoso!”

Os religiosos buscam purificação, encontrada na natureza. “Dentro de um terreiro você

tem a purificação artificial, mas a natural você não tem. Um banho de cachoeira, por exemplo,

te descarrega”, explicou a mãe de santo.

Respondendo a indagação sobre de que forma as paisagens possuem significado para

os religiosos, a sacerdotisa explicou que

uma estrada, um caminho, a abertura de um caminho representam o orixá Ogum,

assim como Exu. Uma área descampada, uma capoeira representa os ciganos,

entidades que também são trabalhadas na Umbanda. Uma área descampada de

subida, tipo um monte, pode ser representado por Oxalá, cujo ar é o mantenedor da

vida. O mar é Iemanjá. Os raios representam Iansã. As pedreiras, rochas e trovões

são Xangô. Cemitério é Obaluaê, que representa a energia da transformação, que

transforma a morte em vida. Um lamaçal ou rios lamacentos, e a chuva representam

Nanã, que é o contrário de Obaluaê, ou seja, transforma a vida em morte. Rios,

lagos e fontes de água doce representam Oxum, a parte amorosa, de mãe, de

paparicar o filho. Oxóssi é a parte da natureza, das plantas, para tomar os banhos,

das árvores frutíferas, da terra de onde se tira os alimentos, os tubérculos etc. Oxóssi

está ligado à prosperidade. Quando se faz uma oferenda à Oxóssi, está buscando

prosperidade, o progresso, para que nunca falte os alimentos. A tríade da Umbanda é

formada por Oxalá, Iemanjá e Obaluaê. São os três orixás que têm uma importância

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Amaci é um reforço para a cabeça de cada integrante do corpo mediúnico da casa, templo ou tenda espírita de

Umbanda.

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maior. Iemanjá dá a vida, Oxalá é o mantenedor da vida e o Obaluaê é o

transformador da vida.

Assim, os orixás trabalhados na Umbanda relacionados ao elemento terra são Oxóssi e

Obaluaê. Ao fogo, associa-se Ogum, Xangô, Exu e Iansã. À água, Oxum, Iemanjá e Nanã; e

ao ar, Oxalá.

Os elementos naturais e construídos valorizados pelas religiões que cultuam a natureza

são chamados geossímbolos. Quando observa-se um tipo de imagem de Preto-Velho, de

Cosme Damião, ou de Caboclo disposta em uma área natural, percebe-se que se trata de uma

prática de Umbanda. Quando o que se vê são algumas obrigações, oferendas entregues na

mata, com muito alimento, principalmente a base de milho, de variadas formas, entende-se

são práticas de grupos religiosos de matriz africana, como o Candomblé, que estão fazendo

algum tipo de culto a Oxóssi, ou, no caso do uso de inhame, para Ogum, ou uma canjica para

Oxalá, ou quiabo para Xangô etc.

O babalorixá REL6A esclareceu que, para as religiões de matriz africana,

pra quem cultua a energia dos orixás, inquices, caboclos [...] para quem cultua

energias que são ligadas à natureza, você não pode agredir a natureza, você está

agredindo essa energia. Você quando vai assorear um rio você está agredindo Oxum.

Quando você tira uma folha de uma forma errada, mata uma árvore, você está

agredindo Ossaim. Tem coisa melhor do que cultuar os orixás na própria natureza?

O sagrado está ali.

O babalaô REL6C complementou:

quando um rio seca ou morre, está morrendo parte de um orixá, parte de Oxum está

morrendo ali. Orixá é natureza. Não tem como separar uma coisa da outra. Orixá é

água, é terra, é fogo, é ferro, é mata, é árvore, é pedra. São os geossímbolos [...] as

cosmolocalidades. Você vai observar os geossímbolos na natureza, se você tiver o

olhar para observar!

Nesse sentido, um das lideranças candomblecistas entrevistadas (REL6B) argumentou

que “tem pessoas que passam por determinados lugares e não dão valor, não percebem, não

tem esse olhar” para os elementos naturais que são significados pelos religiosos. Não

conseguir enxergar nada em um símbolo, não significa que ele não possua valor para outra

pessoa. O entrevistado REL6C ressaltou que é preciso ter respeito por aquilo que não se

conhece.

Para a Mãe Beata de Yemonjá, ialorixá do Ilê Omi Oju Aro, sacerdotisa das religiões

de matriz africana,

não existe uma religião que tenha mais compromisso com a natureza do que o

candomblé. Tudo no candomblé é voltado para a natureza, para a ecologia. Se nós

não tivermos água limpa, não podemos cuidar das nossas mezinhas, que são os

nossos chás; se não cultivarmos as ervas, não poderemos ter a sua seiva perfeita. E a

pedra, o solo que nós pisamos, o ar que respiramos [...] Embora tenhamos esse

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compromisso, há anos nos jogam o estigma de que as religiões de matriz africana

são devastadoras da natureza (COSTA, 2013, p. 17-18).

A mãe de santo ressaltou que orixá é natureza, “é uma força sagrada que ninguém tem

o poder de segurar, e sim de respeitar, de amar, ser fiel, pois sem a natureza, sem o respeito à

natureza, nem o ser humano teria espaço aqui na Terra”.

A relação das religiões de matriz africana com a natureza é um traço em comum com

as culturas indígenas, que foram incorporadas pelos cultos afro‐brasileiros. De acordo com

Aderbal Moreira da Costa, Ashogun do Ilê Omi Oju Aro, os negros receberam uma grande

ajuda dos índios assim que desembarcaram em terras brasileiras, com sua medicina e seus

rituais religiosos peculiares. O intercâmbio de informações entre os dois povos foi favorecido

por uma crença em comum: a de respeito ao meio ambiente. Para ambos, cuidar da natureza

sempre significou cuidar das divindades.

Mãe Beata argumentou que o sagrado pode estar no mundo material que nos cerca:

Só alcançamos o sagrado quando nos aproximamos da natureza, o que inclui pedra,

água, folha, raiz, caule, frutos e o nosso próprio corpo. Tocar a natureza significa se

fortalecer, trazer o sagrado para o seu interior. Nós somos a morada verdadeira da

natureza e, através de nossos mitos e ritos, nós a perpetuamos.

Além das forças da natureza - os orixás -, as árvores e plantas também são muito

valorizadas e cultuadas pelas religiões de matriz afro-brasileira, em função de seu uso

fitoterápico e litúrgico. Destacando a importância das plantas e das ervas, cujo patrono é

Ossaim, outro babalorixá entrevistado nesta pesquisa (REL10) recitou um milenar provérbio

iorubano que diz Omi Kosi, Ewê Kozi, Orisá Kozi, que significa Sem Água e Sem Folha, Não

Existe Orixá. Então, é exatamente o elemento vegetal, é a folha que pode curar. É a folha que

se transforma no medicamento, no elemento que acalma a energia e reequilibra o espírito.

Segundo o babalorixá, “é a folha que vai na sua cabeça, que vai fazer eclodir o orixá que está

dentro num processo iniciático. Então a folha faz esse intercâmbio entre você e os deuses”.

Para os wiccanos, a natureza é sagrada porque ela é a própria representação da

divindade. Segundo o sacerdote wiccano REL8, as divindades falam com os wiccanos através

da natureza.

Observando a natureza, é possível perceber os sinais que ela dá. O sacerdote explicou

que

a árvore é sagrada, a cachoeira é sagrada, tudo que está na natureza é sagrado.

Acreditamos que através desses sinais os deuses estão tentando se comunicar

conosco. É como se fosse um oráculo, mas sem jogo. É parar, sentar, meditar,

prestar atenção nos sinais, ouvir o vento, sentir o vento [...] Através desse contato

com a natureza, você tenta se conectar com a divindade, com a Deusa.

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Assim, desvincular a natureza da Wicca é impossível, pois os wiccanos veem a

natureza como um todo. Por outro lado, cada divindade tem um elemento próprio,

dependendo do panteão utilizado. Pela Tradição Grega, por exemplo, há Poseidon, deus do

mar, das águas submersas e das águas dos oceanos; Deméter, deusa agrária; Zeus, deus do

trovão. É o animismo, elementos da natureza que representam as divindades. “Cada divindade

possui elementos vinculados a ela, como árvores e pedras consagradas a ela. Pode ter uma

ideia bem parecida com o Candomblé, embora não consigamos estabelecer um sincronismo

entre as religiosidades”. É costume falar “o Deus e a Deusa”, ou “o Deus de mil nomes e a

Deusa de mil nomes”, porque as outras divindades “são energias dentro da própria divindade

una”, explicou Og. No entanto, os adeptos da Wicca não fazem oferendas na natureza.

Justificando o processo de ocupação católica no Alto da Boa Vista, contou o abade e

bispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, entrevistado nesta pesquisa

(REL12), que o Alto da Boa Vista chamou a atenção da Igreja Católica, em função do clima

mais agradável, mais ameno do que a zona portuária, e da Praça Mauá, onde localiza-se o

Mosteiro de São Bento. Alguns monges europeus, que vieram recuperar a Obra Beneditina,

no início do século XX, não se adaptaram ao litoral, então migraram para o Alto da Boa Vista,

onde foi construída a Casa de São Bento (ou Priorato), e outras estruturas católicas, como a

Igreja de Nossa Senhora da Luz, as capelas Mayrink e do Santo Cristo dos Milagres, que

possuem muito significado para os adeptos do Catolicismo, sendo também considerados

geossímbolos, marcas que dominam a paisagem religiosa.

O bispo explicou que os monges beneditinos alemães, belgas e suíços “gostavam

muito de caminhar [...] possuíam uma cultura montanhesca, e começaram a traçar trilhas na

Floresta da Tijuca. Assim, poderíamos dizer que esse grupo de monges que chegaram ao Rio

de Janeiro era extremamente ecológico”.

O bispo costuma fazer celebrações e encontros com alunos de colégios no Cristo

Redentor. Ressaltou que “é bonito, porque enquanto você está fazendo a celebração, você vai

tendo uma resposta dos turistas”. Percebe-se, nesse sentido, uma valorização da paisagem

estética em seu discurso.

O padre entrevistado nesta pesquisa (REL2) destacou a emergente preocupação da

Igreja Católica, a partir da década de 1990, pela preservação do meio ambiente. Segundo ele,

antes, “a natureza existia para servir e ser utilizada pela humanidade”. No que tange à

proximidade da igreja com a floresta o padre inferiu que, provavelmente, “alguns católicos

unem o ritual dos sacramentos ao prazer de um passeio no Alto da Boa Vista, atraídos pelo

entorno, pelo silêncio, ar puro, exuberância das árvores, e contemplação da floresta”. Todavia,

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assim que os fiéis adentram os templos, percebem que o ritual realizado na Capela Mayrink,

dentro da Floresta da Tijuca, será o mesmo de uma igreja incrustada no Centro do Rio de

Janeiro. Quer dizer, nas palavras do padre, “o ritual não se modifica conforme o entorno.

Celebro a mesma missa em Cubatão ou no seio da Floresta Amazônica”. Contudo, ressaltou

que não tem dúvidas que o contato com a natureza propicia um maior relaxamento e

concentração, sobretudo para os exercícios espirituais, como os retiros, meditações e orações

contemplativas.

Os evangélicos pentecostais, por sua vez, resgataram a tradição do evangélico

ortodoxo, de subir ao monte. Segundo o evangélico entrevistado na presente pesquisa

(REL4), esse grupo de religiosos é composto, em sua maioria, por serem negros e pobres, e,

por isso, são apelidados de canela de fogo. Na busca por poder, por santificação, consagram o

monte em sacrifício, de jejum, de roupa, de internet, de água etc. Esses religiosos estão

migrando para as áreas mais fechadas (de mata), pois gostam de lugares isolados. “O

elemento água é utilizado para o batismo do Espírito Santo, a terra para enterrar o azeite

ungido, e o fogo para a queima dos pedidos de oração na rocha, como fez Moisés”, explicou

entrevistado REL4. Percebe-se, portanto, uma relação de uso sagrado com alguns elementos

da natureza no ambiente montanha, monte.

4.3 A visão dos gestores ambientais em relação ao uso público religioso no PNT

Os primeiros movimentos em prol da conservação da natureza valorizavam uma linha

estética, que nasceu do romantismo europeu, em reação à modernidade. Da valorização dos

monumentos históricos, estendeu-se a inquietação a porções do território, urbanas ou naturais,

selecionadas visualmente por suas qualidades pitorescas, ou seja, as paisagens. De uma visão

estética, se evoluiu, com John Muir, que teve influência decisiva na criação de muitas áreas de

conservação nos Estados Unidos, para uma perspectiva mais científica (LEROY, 2013).

Assim, os parques nacionais permitiriam à ciência dispor de ambientes intocados e intocáveis.

Adotando o conservacionismo americano, o pensamento preservacionista brasileiro

não via - e ainda não vê - o uso religioso de áreas naturais protegidas com bons olhos.

Preconiza-se a conservação no interior das unidades. Os gestores ambientais das áreas

protegidas, normalmente, não reconhecem e não permitem o uso de seus espaços naturais para

as práticas de religiões da natureza. Os discursos de restrição ao uso destes espaços

253

apresentam como um de seus fundamentos o uso impróprio da natureza por grupos religiosos.

As oferendas religiosas que ficam na natureza poluem as águas de rios, cachoeiras e as matas

com materiais não degradáveis, interferindo na beleza cênica da paisagem e causando forte

impacto negativo aos visitantes das unidades de conservação. De fato, as comidas e carcaças

de animais mortos provenientes das oferendas, após certo tempo, tornam-se veículo de

patogenias para homens e fauna silvestre, além de servirem como pontos de disseminação de

vetores às comunidades residentes do entorno; as velas acesas usadas na ritualística matam

árvores e contribuem para ocorrência de incêndios florestais; as louças, garrafas e copos

deixados no ambiente quebram-se com facilidade, poluem águas e matas e colocam em risco a

vida de frequentadores e fauna local. Sem considerar as embalagens que levam as oferendas e

que são constantemente descartadas no meio ambiente local, seja por má educação ambiental,

ou pela ausência de coletores de lixo e de programas de coleta regular de resíduos nestes

ambientes.

Analisando o discurso dos analistas ambientais entrevistados (GES1 e GES2) percebe-

se que o ICMBio tem um discurso de diálogo e inclusão dos religiosos, contudo não é o que

se vê na prática. Dos projetos Meio Ambiente e Espaços Sagrados e Elos da Diversidade,

iniciados no Parque Nacional da Tijuca e entorno, em 1997 e 2004, respectivamente, não

restou nada. Os grupos religiosos que participaram dessas iniciativas na Curva do S, em prol

da preservação da natureza e das práticas religiosas na natureza, de certa maneira, adquiram

“uma inserção direta no Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado

do Ambiente (SEA). Então, a gente não precisa estar à frente para ter ações e ir lá, eles

mesmos é que estão fazendo ações”, explicou o gestor GES1.

Em outra área sagrada, o Monte Cardoso Fontes, era proibido qualquer tipo de uso,

porque, pelo Plano de Manejo do PNT (ICMBIO, 2008), aquela área, anexada ao Parque em

2004, virou Zona de Recuperação (ZR). Constitui-se em uma área mais frágil

ambientalmente, que tem mais propensão a incêndio, à erosão. E o fato de ser uma ZR, não

pode ter uso público. Estabeleceu-se um conflito velado, durante uma década, com os

religiosos, pois “nenhuma das partes se encontrava [...] e quando se encontrava ocorriam

multas contra os evangélicos que estavam ali à noite. Havia fogo. A multa tinha um porque de

existir, porém sem o diálogo, só aumentava o conflito”, relatou o gestor entrevistado GES1.

A partir da primeira multa, em 2012, os evangélicos entraram em contato com o

Parque, sendo interrompida a questão da fiscalização com multa. Para evitar o uso religioso,

foi colocada uma grade, o que diminui a frequência, mas não cessou a atividade.

254

As conversas entre os religiosos e o Parque foram retomadas em 2014, muito embora

o principal motivo seja outro. Atualmente, uma das prioridades na gestão do PNT é implantar

a Trilha Transcarioca, uma trilha de longa extensão, cujo percurso teria que passar por dentro

da ZR existente no Setor D do Parque, área que contempla o Monte Cardoso Fontes. No

entanto, para oficializar a Trilha Transcarioca seria necessário mudar o Plano de Manejo do

PNT, alterando o zoneamento ou a definição de ZR, passando a permitir o uso público. Dito e

feito. Em paralelo, essa medida retirou o status de irregular do uso religioso na ZR.

Conforme coloca o gestor: “a Transcarioca, indiretamente, ajudou a resolver esse conflito”.

No final de 2014, ocorreu um evento no local, cujo objetivo era manejar as trilhas,

mais uma vez demonstrando algo velado nas ações em prol da natureza e dos religiosos. A

real pretensão do Parque é implantar a trilha e induzir o uso turístico na área. Nas palavras do

analista ambiental:

a gente usa a desculpa do trilheiro, do turista para implantar uma trilha, achando que

aquilo vai inibir a entrada de grupos religiosos, caçadores, incendiários, bandidos. A

gente só usa esse discurso com o turismo, e não usa com o religioso. Eu acho que o

mesmo discurso de se inibir outras atividades pelo uso turístico pode ser feito

através do uso religioso. Acho verdade isso. Mas pouca gente afirma isso.

O que foi divulgado na mídia foi uma ação de educação ambiental em prol da

conscientização dos religiosos, e de manejo de um espaço específico para o uso religioso

dentro do Parque. Segundo o gestor, “foi uma resposta fantástica, absurda, que mudou a

imagem do Parque, a imagem da gestão pública frente à questão da tolerância”. No entanto, o

gestor, durante a entrevista, deixou transparecer certa intolerância em seu discurso: “A gente

até tolera oferenda dentro do Parque, desde que seja retirada após o ritual”.

Outra situação que os gestores ambientais têm observado está relacionada à ação de

facções criminosas, que estão ocupando áreas que ainda não têm Unidades de Pacificação da

Polícia Militar (UPP), como o Complexo do Lins e o Morro do Banco, situadas no entorno do

Parque. Por possuírem maior ligação com os evangélicos do que com grupos religiosos de

matriz afro-brasileira, as lideranças criminosas vêm expulsando esses últimos dos morros

cariocas, em um processo de desterritorialização religiosa. Segundo o entrevistado evangélico

REL4, esta questão justifica-se pelo fato das mães de vários traficantes serem evangélicas

ferrenhas. Por outro lado, no discurso do gestor ambiental, foi possível vislumbrar uma

possibilidade de empoderamento das lideranças evangélicas no Monte Cardoso Fontes, o que

poderia pacificar a área, frente ao uso criminoso, propiciando também o uso turístico.

Na visão do gestor ambiental GES1, uma das dificuldades de diálogo com os

evangélicos é a capilaridade do poder, ou seja, a não concentração de lideranças, diferente do

255

que ocorre com os grupos umbandistas e candomblecistas. “Você não consegue falar com

10% dos grupos. Tenho que falar com muita gente para atingir os grupos. É muito

capilarizado. Você não tem um pastor de 20 igrejas”. Na Umbanda e Candomblé, contatando

os principais líderes, eles têm uma rede, que consegue disseminar informações de modo mais

fácil do que os grupos evangélicos.

No tocante ao uso religioso noturno no Monte Cardoso Fontes, como o Parque não

possui serviço de vigilância por 24 horas e não permite o uso público após o horário de

fechamento (17 horas), a ideia da gestão do Parque é fechar a área durante a noite. Na opinião

do gestor ambiental, seria uma ação inócua, pois os religiosos continuariam a acessar a área.

Na visão da gestão do PNT, a maior oferenda dentro do Parque é o Cristo Redentor.

No platô superior do Santuário do Cristo Redentor, da estátua pra dentro, onde localiza-se a

Capela de Nossa Senhora Aparecida, a gestão é da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de

Janeiro, e da estátua para fora, a gestão é do Parque Nacional da Tijuca. Ou seja, como

exclamou o gestor GES1, “a gestão do espaço muda em relação ao Cristianismo!”

No entanto, para aumentar o espaço de gestão, a Arquidiocese faz parcerias com

outras instituições e empresas para iluminar o Cristo, fazer eventos etc., ficando com uma

gestão mais independente do Parque.

Há um conflito razoável com a gestão da área do Cristo. A Arquidiocese é uma

instituição privada, sem fins lucrativos, porém cobra pela realização de casamentos, missas e

batizados na Capela do Santuário do Cristo Redentor. Para a Arquidiocese ter a arrecadação

do Cristo, teria que passar a área para a gestão do PNT, fazer um convênio, e, aí sim, o Parque

repassaria parte da arrecadação para ela, conforme o cálculo para a manutenção da estátua e

demais estruturas. Contudo, ela perderia a liberdade de fazer negócios com as empresas, o

que teria que ser feito mediante a chancela do Parque.

A gestão pública do espaço no Cristo é extremamente polêmica e conflituosa. Além

disso, a qualidade da visitação não é considerada; quanto mais gente melhor.

Continuando a análise da visão da gestão do Parque sobre os usos religiosos, outro

analista ambiental entrevistado (GES2) informou que

a gente não se preocupa muito com esses grupos novos ou pequenos, como os

wiccas e os druidas, porque ainda é muito insipiente, e não tem nenhum registro de

danos que eles tenham causado. Já com outros grupos, como evangélicos,

candomblecistas, umbandistas e outras de matrizes afro, que já têm o uso muito mais

frequente, então a gente tem um olhar mais cuidadoso para esse público.

256

Ainda segundo o gestor público entrevistado, em quase todas as favelas que limitam

com alguma área verde, protegida ou não, são encontrados grupos religiosos.

O trabalho dos funcionários do Parque é orientado no intuito de não intervir no direito

de culto das pessoas. Os que as pessoas não devem fazer, no entanto, é uma questão de

inadequação entre os seus direitos e deveres.

O dever de proteção da natureza e o direito de culto são, respectivamente, dever e

direito adquiridos constitucionalmente69

. O gestor GES2 falou sobre como deve ser a

abordagem do técnico ambiental no momento do culto religioso na natureza:

o dever de proteção é da coletividade, então cada religioso que vem no Parque tem

esse dever. O papel d’a gente é só ficar atento para que não seja deixado nenhum

impacto ambiental. A pessoa pode vir aqui fazer o culto dela, arriar um alguidar,

pode fazer um trabalho, uma oferenda, um ebó, o que for [...] mas ela vai ter que

levar. A gente sabe que tem oferendas, alguns trabalhos que são feitos, que

dependem de algum tempo para fazer efeito [...] aí depende de cada orixá, de cada

trabalho, de cada situação. Enquanto ela está no culto, a orientação que a gente

passa, na Educação Ambiental para os funcionários daqui, é que eles não abordem

essa pessoa, porque enquanto ela está ali praticando o culto dela, ela é tão visitante

quanto qualquer outro visitante. Se ela acender uma vela, o funcionário tem a

prerrogativa de interromper, o que não é desejável, é um risco ambiental iminente. O

funcionário não pode esperar que se inicie o fogo para interromper aquela conduta.

Mas o fogo é o único caso para se interromper uma prática, fora isso não se

interrompe. Deixa a pessoa concluir seu culto e depois vai conversar. Se a pessoa

disser que aquele trabalho vai levar determinado tempo, a pessoa vai ter que ficar ali

até findado o trabalho, ou então leva tudo embora, para outro lugar, e faz em outro

lugar.

Nas ações de orientação e de conscientização ambiental o gestor ambiental tem

observado que a maioria dos frequentadores do espaço sagrado não são religiosos, e sim

curiosos. Por caminhar a pé, diariamente, de sua residência no Bairro da Tijuca até o Parque,

a percepção do gestor é de que, em geral, essas pessoas provocam danos mais intensos à

natureza. Segundo ele, há casas de santo que não vão à Curva do S, por exemplo, porque as

lideranças religiosas acham que aquele lugar é sujo, poluído. Sabe-se que, ao longo dos anos,

a Curva do S mudou muito. Os religiosos lutaram para deixar algum tipo de marco para

mostrar sua luta por esse espaço. Há placas que foram deixadas com mensagens, que foram

trabalhadas com bastante atenção e cuidado. São mensagens em prol da conservação

ambiental e falam a língua da religião: “Oxóssi não vai gostar que você suje as matas dele”.

69

Dão respaldo aos rituais: a garantia da liberdade de local de culto e de liturgia (CF, art. 5º, VI); o dever de o

Estado brasileiro proteger as manifestações culturais afro-brasileiras (CF, art. 214, § 1º); a possibilidade de

promover ações de educação ambiental nos parques nacionais (Lei Nº 9.985/00, art. 11); a possibilidade de

serem criados, no cenário da cidade, espaços especialmente destinados aos rituais afro-brasileiros, desde que

considerados como “zonas especiais de interesse social” (Lei Nº 10.257/01, art. 4°, letra “f”) e, ainda, a

instituição destas práticas rituais como “celebrações relevantes para a memória, identidade e formação da

sociedade brasileira” (Decreto Federal Nº 3.551/00, art. 1°, § 2º).

257

Segundo o gestor, “isso é muito importante. É um trabalho que tem que ser continuado.

Então, a Curva do S não parou”.

Nos enunciados expostos, nota-se portanto implicações da perspectiva utilitária sobre

o significado do Parque, sendo reconhecido como reserva ou área de preservação, o que

atende às necessidades e objetivos em relação à área protegida.

O discurso velado é uma característica dos gestores das unidades de conservação

brasileiras. Nesse sentido, Marcial (2013) alertou que alguns aspectos parecem permear o

imaginário da sociedade brasileira e muitas vezes não aparecem explicitados nos discursos

daqueles que são contrários ou não reconhecem as práticas religiosas de tais grupos.

4.4 Outros olhares: a visão dos pesquisadores

A Constituição Federal garante o direito de culto na natureza e o dever de preservação

do meio ambiente estendido a todo cidadão brasileiro. Por outro lado, os Parques Nacionais

possuem um conjunto de normas e procedimentos. Então, todo o trabalho do Movimento

Inter-Religioso, segundo sua coordenadora e uma das pesquisadoras entrevistadas nesta

pesquisa (PES3), é no sentido de provocar, mobilizar, para que sejam definidas e

regulamentadas Normas de Uso Público Religioso, pelo ICMBio, órgão responsável pela

gestão das unidades de conservação brasileiras.

Durante quatro anos, o Programa Ambiente em Ação (terminou em 15/12/2014),

através da componente Elos da Diversidade, atuou nesse sentido, ouvindo os religiosos e os

conservacionistas (do Parque). De acordo com a pesquisadora, esse conflito encontra-se,

atualmente, em um estágio mais avançado, porque os primeiros conflitos começaram a ser

trabalhados pelo próprio PNT, através do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, que

era do Programa de Educação Ambiental do próprio Parque.

Entre esse projeto do PNT e o Programa Ambiente em Ação, ainda ocorreu uma etapa

intermediária, chamada Campanha Elos do Axé, tocada pelo MIR. Na visão da coordenadora

do MIR, “o Espaço Sagrado da Curva do S era um sonho muito caro”.

No tocante à ocupação católica do Alto da Boa Vista, a pesquisadora enxerga que as

igrejas e as capelas refletem o momento da história religiosa do País. Para ela, os sacramentos

realizados em uma estrutura sagrada, dentro da floresta, trazem “um encantamento. Todos têm

o objetivo de estar numa espécie de ermida. Complementa dizendo que “a paisagem do

258

Parque Nacional da Tijuca é composta por várias motivações e significados religiosos”, ou

seja, geossímbolos (BONNEMAISON, 2002). Sem dúvida, as igrejas cristãs apresentam

maior visibilidade no contexto da área de estudo pesquisada, por serem as religiões

majoritárias.

Em relação à prática da subida ao Monte Cardoso Fontes, a pesquisadora enfatizou

que

o cuidado à Mãe Natureza tem que ser garantido. Não dá para todo mundo subir!

Eles trabalham muito com a comoção. Algumas dessas pessoas caem no estado

patológico. Não é mais uma religião. A pessoa se considera um Deus, que vai

libertar todo mundo. Neste local, durante um mutirão, em 2004, apareceu um senhor

completamente comovido e criou uma série de problemas, foi parar na Polícia

Federal. Ele mais a comissão do Parque e os policiais. Ele não queria sair de lá. São

pessoas que jejuam, ficam em vigília desde sexta-feira. A fé daquelas pessoas tá

difícil de ver hoje [...] é a fé cega mesmo. Em geral, fazem essa vigília a partir de

sexta-feira à noite. Ficam em jejum, orando. O lixo urbano e papéis queimados,

porque eles fazem a queima do karma, escrevem o nome das pessoas e queimam. É

um movimento similar à Índia, a algumas tradições antigas.

O ordenamento dessas áreas é muito difícil, porque você vai trabalhar com os direitos

e os deveres das pessoas. As pessoas chegam corridas com medo de serem vistas, e se

escondem na mata. O trabalho tem que começar pelas lojas de vendas de material religioso. A

pesquisadora entrevistada PES3 afirmou que houve uma migração muito grande para as

igrejas evangélicas e o movimento carismático. “As pastorais têm trabalhado para chegar no

verdadeiro Cristo, dos mais pobres”. No entanto, para a coordenadora do MIR, “os

evangélicos já têm o espaço consagrado. A Trilha Transcarioca é um desenho no papel, não

vai tirar eles de lá. Até fizeram o manejo na entrada para eles [...]”. A entrevistada defendeu a

fé como um agente de mobilização para a conservação da Mãe Terra.

Uma das pesquisadoras entrevistadas (PES1), que esteve à frente do Projeto Meio

Ambiente e Espaços Sagrados durante praticamente dez anos, lutando pela conciliação das

práticas religiosas na natureza com a preservação ambiental, reconheceu que acabou

prevalecendo a vertente conservacionista e mercadológica, que preconiza o uso turístico e

privilegia as religiões cristãs, que dominam as paisagens conservadas e religiosas do Parque e

entorno. Nesse sentido, “como fica o direito ao acesso das áreas protegidas de grupos

religiosos marginalizados face à legislação e a esses privilégios? Os outros grupos estão

percebendo a diferença de atitude dos órgãos públicos e o que estão fazendo em relação a

isso?” São questionamentos feitos pela educadora ambiental e que ainda precisam ser

solucionados.

Outra ex-funcionária do IBAMA-PNT, pesquisadora entrevistada nesta pesquisa

(PES2), destacou que, durante a vigência do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, foi

259

aprovado pelas populações religiosas (judeus, espíritas, ciganos etc.) um projeto para a

construção de uma capela ecumênica, no Lago das Fadas. No entanto, em função das

divergências entre conservacionistas e educadores ambientais, o projeto não foi adiante.

A pesquisadora PES2 ressaltou a sua relação com a Floresta da Tijuca, onde trabalhou

por muitos anos:

a Floresta cativa as pessoas. Exuperry não dizia que você é eternamente responsável

pelo que cativas, então? É isso, a Floresta cativa as pessoas e você começa a gostar

de estar lá dentro, você cria amor ao seu trabalho. Durante muitos anos, você via

todo mundo que trabalhava lá dentro, literalmente apaixonado pela floresta [...] Ela

tem realmente uma energia muito especial, que ultrapassa o sentido religioso. A

energia que você capta e que você transmite tem a ver com a fé que você tem, com a

sua personalidade, a sua história de vida, a sua sensibilidade. Em uma mesma

experiência, como andar na floresta, em silêncio, duas pessoas, sensíveis vão sair da

floresta renovados, mas de formas diferentes, pois o grau de sensibilidade é

diferente, independente de religião. Talvez por ter sido um local historicamente que

começou com a energia dos índios, depois a dos escravos, o fato dela ter sido

reflorestada, eu não sei dizer precisamente o quê, mas ela é mais mágica, é

diferenciada. Conheço muitas florestas, fui a muitos parques nacionais, gosto de

andar em outros lugares, adoro andar aqui no Parque Lage, trabalhei anos no Jardim

Botânico, você não sente em lugar nenhum a mesma coisa. Eu acho a Floresta

mágica não só pelas coisas que aconteceram comigo e com outras pessoas. Tá

chateado, triste, faz uma trilha, conversa com uma árvore, ou abraça uma árvore,

interage com a natureza [...] você se renova!

Para a pesquisadora entrevistada PES2, a Floresta da Tijuca é o setor mais especial do

Parque Nacional da Tijuca, embora aconteçam celebrações e usos religiosos no Parque como

um todo. “A Floresta tem algo que realmente chama”.

Durante os seminários e eventos realizados no escopo do Projeto Meio Ambiente e

Espaços Sagrados, a pesquisadora teve contato com muita gente, de várias religiões, daí que

foi possível levantar, na ocasião, as dezenove vertentes religiosas frequentadoras do Parque.

Ocorreram casamentos ciganos, de índio, sem que as pessoas soubessem. Perguntavam se era

permitida a realização de tal cerimônia, em função da questão do uso público, mas também

vinham perguntar em termos energéticos.

Em 1997, havia muitas oferendas religiosas, principalmente no Recanto do Tai Chi

Chuan. Era comum retirar toneladas por mês. Conta a pesquisadora que viu, nesse lugar,

“coisas assustadoras [...] era um local de fácil acesso [...] vi oferendas muito fortes, de

matanças brabas de animal, não era igual o do candomblé [...] eu não gosto desse espaço [...] a

energia de lá eu não gosto”.

Na época, comentou a pesquisadora PES2, os agentes florestais do IBAMA foram

treinados para saber como falar com as pessoas, assim como foram conscientizadas as

lideranças dos centros de umbanda e candomblé, que vieram participar das atividades com os

funcionários do IBAMA.

260

No tocante à escolha da Curva do S, como espaço sagrado instituído pelo PNT, a

entrevistada PES2 comentou que o local já era utilizado pelos religiosos desde o início do

século XX, e que havia facilidade de acesso e era próximo à cidade. O primeiro projeto para a

utilização religiosa ordenada do espaço foi de sua autoria, tendo sido aprovado pela Diretoria

do Parque e durante os seminários. Contou ainda que “com o uso restrito e controlado haveria

formas de manter a água limpa [...] local pra mudar de roupa, para reciclar oferenda [...] uma

sala de multiuso para apresentações em dias de chuva, até mesmo para celebrações [...] turma

de limpeza para coletar os resíduos”.

Na visão da antiga funcionária do Parque, os evangélicos também deixam muito lixo e

usam o fogo, fazendo fogueiras para queimar os pedidos de oração.

Um dado histórico interessante é que, até a época da gestão do Dr. Aldrigh (1969-

1987), as pessoas faziam muitas oferendas no entorno da Cascatinha. Há vários depoimentos,

inclusive o do Dr. Aldrigh, que comprovam que os turistas adoravam ver essas práticas, que

foram proibidas em sua gestão.

4.5 Integrando as percepções: os pontos comuns e divergentes nos discursos

Pensar cultura e meio ambiente, a partir da visão de diversos atores sociais, em busca

de respostas para questões socioambientais, entre elas o uso público religioso no contexto de

unidades de conservação (UC), é um desafio. Sem dúvida, é um convite ao diálogo, à

possibilidade de interação entre o saber técnico-científico e os diversos saberes produzidos

por grupos culturais diferenciados no decorrer de longos processos civilizatórios (QUINTAS,

2013).

A Constituição Federal Brasileira garante o direito à liberdade religiosa. Ao mesmo

tempo, define meio ambiente como bem de uso comum, ou seja, riqueza social, cabendo tanto

ao poder público quanto à coletividade o dever de preservá-lo. Por sua vez, a legislação

ambiental diretamente ligada às UCs, especialmente a Lei do SNUC70

e o Regulamento de

Parques Nacionais71

, apresenta uma série de restrições ao uso público em UCs de Proteção

Integral, ao mesmo tempo, em que inclui entre seus objetivos a promoção de educação e

70

Lei Nº 9.985, de 18/07/2000 (BRASIL, 2000).

71

Decreto Nº 84.017, de 21/09/1979 (BRASIL, 1979).

261

cultura, havendo assim a necessidade de compatibilizar a legislação às diversas situações,

predominando sempre os princípios constitucionais.

Diante desse arcabouço legal, a posição assumida pela Administração do Parque

Nacional da Tijuca (PNT) é a de não proibir nem discriminar qualquer prática religiosa em

suas áreas protegidas. Durante a vigência do Projeto Elos da Diversidade, uma iniciativa do

Parque, junto à Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA) e à Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi a impressão de material educativo - cartilhas - para

ser distribuído nos espaços sagrados criados do Rio de Janeiro. No entanto, as orientações

socioambientais contidas nessas cartilhas não foram interpretadas do mesmo modo por

educadores, técnicos e os profissionais da fiscalização do ICMBio, o que continuou gerando

polêmica interna e posições contraditórias face às práticas religiosas em áreas legalmente

protegidas.

A partir da análise das narrativas dos atores sociais entrevistados nesta pesquisa em

tela, observou-se um ponto comum nos discursos de gestores ambientais, pesquisadores e

lideranças e representantes religiosos, que é a preocupação com a preservação da natureza,

uma vez que as oferendas dispostas junto à natureza podem causar problemas ambientais, tais

como a queima de troncos de árvores por velas, consumo de alimentos por animais nativos,

poluição do solo e da água. Outra preocupação comum é a preservação das práticas

culturais/religiosas na natureza. Portanto, o ponto comum nos discursos é a preservação.

A fim de conciliar cultura e proteção do meio ambiente, os técnicos e analistas

ambientais do PNT buscaram estabelecer o diálogo e o entendimento com os religiosos sobre

o risco de impactos ambientais, sempre procurando relacionar as questões ambientais com as

de cunho cultural - religioso. Além do diálogo sobre os cuidados que os religiosos que atuam

junto à natureza necessitavam saber, também foram sugeridas alternativas de espaços

sagrados no entorno do Parque, onde os mesmos poderiam realizar suas oferendas com maior

liberdade, inclusive deixando-as junto à natureza.

Como todos os visitantes, os religiosos também podem utilizar os diversos recantos do

Parque, desde que, ao final de seus rituais sagrados, recolham os recipientes, alimentos e

outros objetos utilizados, não deixando nenhum resíduo nesses locais. Para evitar incêndios

florestais, nenhuma atividade com fogo é permitida, a não ser o uso das churrasqueiras na área

de lazer do Meu Recanto. Estes cuidados fazem parte das normas de uso público do PNT, que

visam à proteção do meio ambiente.

Uma das lideranças do Candomblé entrevistadas (REL6A) concordou que as práticas

religiosas devem ser orientadas, contudo, argumentou que tais práticas não podem ser

262

proibidas ou coibidas. A natureza, segundo ele, “tem que ser preservada, mas tem que ser

respeitado [também] o direito constitucional adquirido pelo nosso povo à prática de culto,

prática de grupos de matriz africana e de povos tradicionais, desde que não agridam à

natureza”. Historicamente, essas práticas ficaram invisibilizadas e marginalizadas na

sociedade, contudo, atualmente, estão conseguindo visibilidade através da perspectiva da

justiça socioambiental. Na visão dos religiosos, o uso impróprio da natureza é uma colocação

pertinente, porém parece conter uma carga de preconceito e desconhecimento dessas religiões,

preferindo por vezes legitimar ações muito mais violentas contra a natureza, como queimadas

e desmatamentos praticados para a implementação de projetos imobiliários do que aceitar tais

práticas religiosas (MARCIAL, 2013). O babalorixá REL6A completou seu raciocínio

dizendo que a

conservação vai usar o discurso da preservação para excluir os grupos religiosos das

áreas naturais. No entanto, o direito à prática, desde que não agrida à natureza, está

alinhado, está juntinho com a preservação. O Estado tem que garantir o direito e a

forma como será a utilização desses espaços. O papel do Estado não está sendo

feito!

O babalaô REL6B relatou que “você vai ver muito, no discurso da mídia, do governo,

que a gente [o povo do santo] agride, destrói, polui”. É importante entender o que é o Parque

hoje? Pra que o Parque está sendo montado? Atualmente, o PNT faz parte de uma estratégia

de grandes parques transformados em negócio, a exemplo do Parque Nacional de Foz do

Iguaçu, do Parque Nacional do Caparaó, entre outros, que estão sendo preparados para o

turismo internacional. Nas discussões do entevistado REL4 sobre a justiça ambiental, a

discriminação e a intolerância religiosa observadas no Parque Nacional da Tijuca, o

evangélico e também educador ambiental colocou que os Parques estão se transformando em

parques viáveis, sob o ponto de vista econômico, da ótica do capital. “É aquilo que dá

dinheiro, e dá dinheiro pra quem? O PNT faz parte disso!”

O entrevistado REL6B, representante do Candomblé, destacou que a decisão é

institucional e privilegia trilhas e determinadas atividades sob o enfoque ao turismo:

o Parque está todo sendo preparado para isso. Então, além dos preconceitos que a

gente vê individualmente, há uma questão mais institucional, do que se quer com o

PNT? É onde você vê claramente que algumas coisas vão sendo postas de lado e se

possível vão sendo excluídas mesmo. E aí você vai ver isso em relação a nós e em

relação às favelas do entorno. Aqueles meninos que viviam como guias de turismo

estão sendo tirados, porque é para o turismo internacional. Você chega ali e paga por

qualquer coisa no PNT. Por isso que o clima ali é tenso em relação às favelas.

Porque ao invés de você fazer a inclusão, simplesmente tiraram aqueles jovens

porque eram negros, favelados [...] é tudo preparado para o turismo internacional.

263

O educador afirmou que determinados trechos da Trilha Transcarioca, por exemplo,

serão entregues para a iniciativa privada administrar. Portanto, o Parque

não é para a gente frequentar, não é para o favelado frequentar, é para outro tipo de

público frequentar. Está sendo montado um determinado tipo de Parque, que exclui

não só as práticas religiosas, mas também outras coisas: exclui o favelado, o negro

[...] não interessa se é evangélico, se é da umbanda, do candomblé, interessa assim:

você tem dinheiro ou você não tem dinheiro. Estão aceitando fazer aquela coisa nos

Pretos Forros, porque tem ligação com a Transcarioca.

A estratégia do Parque, de acordo com o babalorixá REL6A e o babalaô REL6B,

entrevistados nesta pesquisa, escondida em um discurso velado, é, em determinado momento,

excluir os religiosos e deixar somente o uso turístico. “Eles se abrem agora, para excluir você

lá na frente. Utiliza da legislação do seu grupo, mas na hora que se tem o que ele quer ele vai

começar a excluir o próprio grupo”, explicou o entrevistado REL6A.

De modo geral, o perfil do técnico e do analista ambiental do PNT está de acordo com

a orientação institucional do ICMBio, ou seja, conservacionista. Comenta o babalorixá que

“eles não têm nenhuma simpatia com nada que diga respeito a esse componente humano, não

só do sagrado. Eles desqualificam, tem uma forma pejorativa de olhar [...] é o olhar da

conservação clássico: a gente de um lado e a conservação do outro lado”.

No entanto, há outras regras no jogo. Quer dizer, além de uma leitura

conservacionista, há “aquilo que eles toleram, aquilo que eles não toleram, aquilo que eles

têm que engolir por força de pressão política e econômica, aquilo que eles não têm que

engolir”, explicou o babalorixá. É preciso entender as especificidades do quadro técnico da

conservação no PNT. “Vários chefes do Parque, e outros nomes clássicos da ótica

conservacionista ainda transitam no Parque, e eles não têm nenhuma simpatia por essa

discussão”. O religioso ressalta que o gestor não pode chegar e dizer que não quer conversar.

Mas percebe-se claramente que “ele enrola, ele embroma [...] ele não pode dizer: eu não

quero”.

O entrevistado REL6B lembrou que o direito constitucional choca-se com a gestão,

porque “não adianta dizer que não pode isso, não pode aquilo, mas, sim, ‘o que pode’ e ‘de

que forma pode’”. Quando o Estado, representado pela área natural protegida, se recusa a

fazer esse debate, simplesmente nega, dizendo que não pode, mas não dizendo o que pode,

entra-se na prática do racismo ambiental institucionalizado. “Foi o que fizeram na Curva do S.

Eu deixo tudo sujo, com insegurança, violência, agressão, e vou expulsando naturalmente. O

problema é teu”. O sagrado está na natureza, então

como é que você impede o acesso aquilo ali. Se aquela cachoeira tem um sentido

sagrado [...] a gestão fala assim: aqui você não pode mais entrar. A pessoa vai entrar,

264

vai entrar de madrugada, vai entrar escondido, vai tentar subornar o guarda, vai

gerar outros problemas [...] mas ele vai tentar acessar.

No final de 2014, com a mudança de orientação da SEA, volta-se a atenção para os

evangélicos do Cardoso Fontes, em detrimento do projeto Espaço Sagrado da Curva do S

frequentado majoritariamente pelas religiões de matriz afro-brasileira. Percebe-se claramente,

segundo o babalaô REL6B, “o interesse econômico e a discriminação pesando, porque fazer

algum acerto de gestão com evangélicos é mais fácil, agrada, traz efeitos do ponto de vista do

interesse político”. O entrevistado REL6A explicou como se desenrolou o processo

discriminatório no PNT:

da mesma forma que o PNT está fazendo com os evangélicos, eles têm que fazer

com a gente. A prática do batizado cristão, lá dentro, é pré-autorizada. Então, você

vê que tem uma discriminação. [...] A Igreja Católica não precisa pedir autorização

para fazer um batizado, ela comunica. A gente não pode nem entrar. Cadê a

igualdade do ponto de vista legal?

O discurso ambientalista se preocupa, efetivamente, com a estocagem da natureza

para garantir a produção econômica (MORAIS, 2015). É a paisagem como reserva de valor,

um espaço ou patrimônio a ser conservado de forma a garantir, sob a guarda do poder público,

as necessidades das gerações presentes e futuras (CABRAL, BUSS, 2012). Nesse sentido, os

religiosos também deveriam reconhecer que a garantia de satisfação de seus interesses e

objetivos - práticas religiosas na natureza - depende da preservação dos elementos naturais

por eles valorizados. Tais intencionalidades se aproximam, viabilizando o diálogo e a busca

por soluções ambiental e culturalmente favoráveis à questão. Enquanto um gestor ou técnico

ambiental vê a floresta enquanto recurso natural, outros sentidos são formulados por

diferentes atores sociais, como os adeptos de diversas religiões. O importante é que a gestão

ambiental trabalhe a partir de diferentes significados que são atribuídos às paisagens do

Parque. É preciso respeitar a diversidade, outros saberes e fazeres, modos de ver o mundo.

Quintas (2013) ressalta que “os grupos religiosos passam a ser protagonistas na

proteção ambiental à medida que há interação, convivência e respeito mútuos”. Nesse sentido,

o respeito à diversidade consiste em um ponto comum, um ponto de convergência,

entrelaçando homem, natureza e cultura, apesar da aparente oposição quando da análise do

conflito entre natureza e cultura.

Em resumo, as necessidades humanas materiais e imateriais passam pela proteção ao

meio ambiente e à cultura, não sendo, portanto, divergentes nem excludentes, ao contrário,

mostram-se convergentes e complementares, podendo coexistir de maneira equilibrada e

265

harmoniosa. A solução pode-se dizer que está diretamente relacionada ao respeito à

diversidade (KLOSKE, NIKOLAY, 2015).

4.6 A discriminação e a intolerância religiosa

Sobre o movimento contra a intolerância religiosa, o pai de santo da Umbanda (REL9)

ressaltou que “estamos nos tornando tão intolerantes quanto os intolerantes. É um movimento

muito agressivo”. Segundo ele,

a única coisa que nós não temos o direito é de perder tempo. Não perca seu tempo

com aqueles que não queiram evoluir! Você fala, você esclarece, vai querer mudar?

É problema de cada um. Ninguém muda ninguém. Cada um muda a partir do

momento que queira mudar. Não quer mudar? Fica.

A Umbanda ensina a ser tolerante, a compreender cada irmão como cada irmão é. A

base é o amor, a convivência harmônica e o respeito entre todos. “Sem amar ao próximo,

pratica-se o egoísmo”. Conforme o mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros, tanto

quanto eu os amei”.

A liderança candomblecista REL6A reclamou da postura discriminatória e intolerante

de muitos evangélicos. Ressaltou ainda que dificilmente eles participam do diálogo com as

outras religiões.

O sacerdote wiccano REL8, por sua vez, alertou que “estamos vivendo um momento

de intolerância e insegurança muito grande”. Nesse sentido, os wiccanos têm procurado fazer

seus rituais em ambientes fechados, uma forma de ficar mais conectado com seu Eu, com sua

energia, ajudando na concentração, apesar de não estar em contato direto com a natureza.

Todavia, por conta desse distanciamento da natureza, têm apelado muito às causas ambientais.

“Em todo tipo de manifestação voltada para a natureza os wiccanos estão engajados”, ressalta

o sacerdote, que acredita que o preconceito “vem de dentro, é falta de caráter”.

Cabe lembrar que o Estado brasileiro é laico72

, não confessional, o que significa dizer

que os governos devem manter-se neutros, não podendo fazer discriminação entre as igrejas,

quer para beneficiá-las quer para prejudicá-las.

72

CF de 1988, Art. 19 (BRASIL, 1988).

266

4.7 A compatibilização do uso público religioso com a conservação ambiental:

mudança de atitudes

Utilizando as palavras do babalorixá REL6A, afinal, “o que pode e o que não pode? O

que dá e o que não dá para fazer?” É, portanto, uma questão de política pública, “uma questão

de sentar e definir”. Não é uma questão de incompatibilidade entre o uso público religioso e a

conservação ambiental, porque existe um ponto comum entre os dois lados do conflito que é a

preservação da natureza, “por motivos diferentes, mas é! O técnico quer o rio íntegro do ponto

de vista ambiental, mas eu quero também sob o ponto de vista sagrado. Então, não tem

nenhuma incompatibilidade. Os dois querem a mesma coisa”.

Entretanto, conforme as discussões apresentadas na presente pesquisa, percebe-se que

a convivência harmônica entre órgãos ambientais e comunidades religiosas ainda está longe

de acontecer. Por um lado, a Constituição Brasileira garante a livre manifestação religiosa -

liberdade de crença, liberdade de culto e liberdade de organização religiosa - por meio do

princípio de equidade e de não discriminação e, por outro, o SNUC proíbe atividades e usos

de recursos naturais que possam gerar impactos ao meio ambiente, como degradação da mata,

geração de resíduos, poluição material e sonora, incêndios etc. (MANDARINO, 2013).

Do ponto de vista jurídico, há possibilidades para o avanço na solução dos conflitos

socioambientais, que visem compatibilizar a interface entre a proteção ambiental e as

oferendas religiosas deixadas nas áreas naturais do PNT.

O Decreto Nº 5.758, de 13/04/2006, institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas

Protegidas (PNAP), seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias, e prevê a valorização

dos aspectos éticos, étnicos, culturais, estéticos e simbólicos da conservação da natureza.

Prevê ainda o reconhecimento e o fomento às diversas formas de conhecimento e práticas de

manejo sustentável dos recursos naturais. Nesse sentido, pelas diretrizes aprovadas para o

PNAP, há necessidade de pactuação e articulação das ações de gestão das áreas protegidas

com os diferentes segmentos da sociedade e a valorização de ações que prevejam

participação, inclusão social e exercício da cidadania na gestão das áreas protegidas, buscando

permanentemente o desenvolvimento social (MANDARINO, 2013).

A Portaria MMA Nº 120, de 12/04/2006, aprova o documento Diretrizes para

Visitação em Unidades de Conservação, considerando os impactos potenciais da visitação

tanto no interior das UCs quanto em suas respectivas áreas de influência e a necessidade de

minimizar os efeitos negativos, bem como potencializar os efeitos positivos da visitação.

267

Sem dúvida, são instrumentos legais que apontam para o caminho da interlocução

entre os atores sociais envolvidos no conflito. No entanto, denota-se a necessidade de

intensificar e ampliar os estudos e pesquisas que vêm sendo realizadas desde 1997 sobre a

questão meio ambiente e religião na UC, bem como a mobilização dos diversos atores sociais

através de ações de educação e cultura.

Ao abordar a legislação ambiental diante dos princípios constitucionais, a procuradora

Adriana Sobral Barbosa Mandarino, coordenadora de estudos e pareceres ambientais, da

procuradoria Federal Especializada (IBAMA), entende que a mesma solução encontrada para

a Igreja Católica, mediante o esforço de compatibilização de missas, casamentos e outras

cerimônias, realizadas nas capelas Mayrink e Nossa Senhora Aparecida (esta última, na base

da estátua do Cristo Redentor), com todos os impactos daí decorrentes, como o aumento no

tráfego de automóveis, a poluição sonora, a eventual geração de resíduos, o fluxo intenso de

pessoas, e os objetivos de preservação ambiental, deve aplicar-se também aos demais cultos e

rituais, em razão da aplicação dos princípios da equidade e da não discriminação asseverados

na Constituição Federal brasileira (ALVES, PRAZERES, 2013). De acordo com o parecer da

procuradora do IBAMA, busca-se evitar a desigualdade no uso dos espaços públicos,

reconhecendo que as demais tradições religiosas também têm direito de utilizar áreas do

Parque, que deverão ser consideradas também no Plano de Manejo do PNT, na Categoria de

Zona Especial e sujeita a regramentos específicos, conforme expõe Adriana:

há uma estreita relação entre o meio ambiente e religiões afro-brasileiras, em razão

de que os deuses cultuados e seus espaços de celebração coincidem com a própria

natureza. Se algumas religiões pressupõem espaços fechados, a natureza das

entidades invocadas pelos praticantes de cultos como o candomblé e a umbanda

fazem-nos aliados inseparáveis da natureza, cuja proteção é a razão primeira da

criação do Parque e objeto principal de preocupação e atenção de sua Administração

(ALVES, PRAZERES, 2013, p. 61).

A pesquisadora Lara Moutinho-da-Costa (2013), através da Comissão de Defesa do

Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (CDMA/ALERJ),

vinha trabalhando num Projeto de Lei, que criaria as Áreas de Relevante Interesse do Sagrado

(ARIS), no âmbito do Sistema Estadual das UCs, para serem declaradas no processo de

zoneamento ambiental das unidades de conservação ou como categorias próprias. O Vale das

Almas e a Cachoeira de Pai Antônio, por exemplo, que são dois locais do PNT carregados de

simbolismos e significados religiosos, poderiam ser considerados como ARIS. Lara

Moutinho-da-Costa e outros membros da ONG Defensores da Terra acreditavam ser

importante e estratégico, tanto para a conservação quanto para as religiões, a geração de

políticas públicas que reconhecessem a dimensão sagrada e simbólica da natureza.

268

Com base na liberdade de culto, no diálogo inter-religioso e entre religiosos e a gestão

do Parque, e no respeito à diversidade cultural, cabe à administração do PNT estabelecer, em

conjunto com a comunidade e com os outros setores que fazem uso do Parque, procedimentos

e regras a serem seguidos, de forma a coibir danos à UC. É importante tomar cuidado para

evitar posições extremamente conservacionistas, sem considerar a pluralidade de religiões, o

que pode ensejar manifestações preconceituosas e discriminatórias.

José Quintas explica que são colocadas em confronto e discussão duas visões, dois

códigos bastante diferenciados: o código religioso, do crente, fiel ou devoto que valoriza sua

prática sagrada; e o código racionalista e cientificista (mundo acadêmico e órgãos públicos),

que enxerga naquela oferenda um resíduo, que pode impactar flora, fauna, água e solo.

Em suma, não há base legal para a proibição das oferendas religiosas no Parque

Nacional da Tijuca, embora haja base legal para a vedação de atividades que coloquem em

risco a integridade dos atributos naturais que justificaram a criação da UC. Os religiosos

podem realizar celebrações de qualquer natureza, desde que respeitem os limites de som, não

deixem resíduos, nem usem fogo. Tais limitações, no entanto, inviabilizam grande parte dos

rituais e celebrações de religiões da natureza, que demandam espaço para suas crenças.

De acordo com Alves e Prazeres (2013), atualmente “nos confrontamos com o desafio

de conjugar uma ética ambiental com uma teologia ambiental”, associando valores ligados à

preservação do meio ambiente e à sacralização dos espaços naturais, tomando a natureza

como valor fundamental. O diálogo franco e aberto sobre as diferenças pode ser o caminho

para o desenvolvimento da tolerância e da cooperação, bases para o entendimento e para a

busca de soluções, que viabilizem a superação do dilema meio ambiente e religião no PNT.

As experiências de gestão do uso público religioso, desenvolvidas, de 1997 a 2014, no

Parque Nacional da Tijuca, foram direcionadas para a implantação de um sistema de gestão

participativa, através de espaço organizado como modelo sustentável, voltado

simultaneamente para a proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico-cultural. Os

mutirões de limpeza e de plantio de mudas, as oficinas de plantas medicinais, entre outras

atividades e ações de cunho socioambiental, demonstraram a grande motivação das lideranças

religiosas com a preservação ambiental, sendo disseminados cuidados e respeito ao meio

ambiente, e incentivadas novas práticas através das lideranças religiosas, de programas de

rádio, palestras e cursos nas instituições religiosas. Também mostraram grande desejo de

participar efetivamente da gestão ambiental.

269

No que tange a essas novas práticas, percepções, atitudes e posturas em relação à

natureza, na Gergóvia73

Escola de Druidismo e Cultura Celta, há uma disciplina de

Conhecimentos da Floresta, realizada como aula prática (aos domingos), que envolve uma

caminhada da Praça Afonso Viseu até a Cachoeira das Almas, onde são reconhecidas plantas

nativas e estrangeiras (exóticas), e observada a relação próxima/íntima com a floresta. A

sacerdotisa druidesa entrevista nesta pesquisa (REL1) enfatizou que, nas atividades e práticas

religiosas do grupo, não podem ser feitas oferendas, nem desrespeito em relação às normas do

PNT. “Não dá para ser druida sem ser politicamente e ecologicamente consciente”, afirmou a

sacerdotisa, que complementou dizendo que os “druidas não se candidatam a nada e nem

pertencem a partido algum. Mas têm consciência política. São politicamente engajados,

conscientes e são ecologicamente ativos”.

Em seu depoimento, a liderança da Umbanda REL9 mencionou que, há algum tempo,

projeta uma caminhada na mata, onde ainda seja possível sentir a vibração do meio ambiente.

Destacou que não levaria qualquer tipo de oferenda, nem acenderia velas. Caminharia na

mata, cantando, em determinado momento, parando, fechando os olhos e entrando em

sintonia com essas vibrações. Cantaria o seguinte ponto:

Quem manda na mata é Oxóssi

Oxóssi é caçador

Eu vi chover, eu vi relampejar

Mas mesmo assim o céu estava azul

Firma seu ponto na folha da Jurema...

Oxóssi assoviou lá no Humaitá

Olhou com quem tá de ronda

Com licença de Oxalá

Seria a tonalidade vibratória do som, que é o ponto cantado, em sintonia com a

tonalidade vibratória do meio ambiente, das árvores que exercem um papel no Planeta Terra.

O entrevistado REL9 ressaltou que a vegetação tem uma propriedade importante na vida do

ser humano.

É comum nos rituais de candomblé, afirmou o Ashogun Aderbal Moreira Costa

(2013), as crianças e os adolescentes acompanharem os mais velhos, aprendendo

conhecimentos ancestrais e contribuindo com sua agilidade, esperteza e força a lidar com o

ambiente natural, ajudando a carregar o material necessário para a realização da prática

cultural, bem como na coleta dos resíduos, no fim das atividades. Em suas observações, o

ashogun notou o aumento da quantidade e a inserção de novos produtos nas oferendas, fatos

73

Gergóvia é a cidade natal de Vercingetorix, lider gaulês, educado pelos druidas, que lutou contra o general

romano Júlio César. Maiores informações podem ser obtidas no filme A lenda de um guerreiro (Druids), dirigido

por Jacques Dormann, distribuído por Lolistar (2001).

270

que o motivaram a trabalhar com o reaproveitamento de recipientes, como os alguidares de

louça, que não podem ser assimilados pela natureza, mas servem como vasos para plantas

ornamentais. Em relação aos alguidares de barro, justificou a não utilização em função da

porosidade dos vasos, que “se infestam mais facilmente de bactérias”.

Uma discussão polêmica é a partir de que ponto uma oferenda se transformaria em

lixo? Entre os adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, Umbanda e Candomblé, as

respostas são as mais variadas. Alguns dizem que o tempo útil de uma oferenda é de sete dias;

outros, três dias, ou até 24 horas. Em relação à Umbanda praticada segundo a orientação do

Caboclo das Sete Encruzilhadas, o dirigente espiritual REL9 enfatizou que “talvez já seja o

momento de analisar se há ou não há necessidade das oferendas que se colocam nas matas”.

Entretanto, “a mente humana, em razão da sua limitação [...] de ainda não estar em condição

de entender, de compreender esta ação da natureza, se condiciona a levar determinadas

oferendas para saldar aquela energia”.

Para o pai de santo REL9, essa busca, esse contato com a natureza estaria relacionado

à ignorância do ser humano.

Grande parte dos religiosos, com suas práticas, está ofendendo a natureza, colocando

na natureza aquilo que não era para ser colocado, com prejuízo para determinados

tipos de animais, que vão se alimentar de rejeitos dessas oferendas. A falta de

conhecimento e esclarecimento é que os conduz a determinadas práticas, que estão

enraizadas na mente humana. Quando vem na tua mente dizer que tem o rei da

natureza, o rei da mata, a rainha do mar, você começa a se limitar, porque tudo isto

foi criado. Penso que o processo de evolução da reforma de nosso plano mental fará

com que nos afastemos de algumas práticas religiosas. Por enquanto, ainda não

estamos preparados. Alguns comportamentos religiosos são relembrados, em razão

de algumas pessoas recordarem suas vidas passadas. Mas o processo evolutivo

haverá de ocorrer.

“A Umbanda não é o melhor caminho, é um dos caminhos”. O entrevistado REL9

explicou que a Umbanda não é uma religião, é uma revelação espiritual, com a finalidade de

proporcionar ao ser humano a condição para a sua reforma íntima. “Acender velas, botar isso,

botar aquilo [...] tudo isto ainda é admissível pela condição mental do ser humano. Se Deus

está dentro de nós, vou procurá-lo dentro de mim [...] vou procurar me conhecer, entender o

que é Deus?” Continuo dizendo que “estamos vivendo um momento de indagações: quem

somos nós? De onde nós viemos? O que cada um de nós está aqui fazendo?” Nesse sentido,

seria imprescindível o ser humano mudar seus hábitos.

O pai de santo REL9 explicou que a Umbanda está se adaptando aos novos tempos,

num processo evolutivo de tomada de consciência. As energias da natureza existem desde a

formação do Planeta Terra. Os orixás, imantações da natureza, nunca tiveram corpo físico. E

isto é o que o ser humano precisa entender: “mais do que ver, é melhor sentir!” No entanto, o

271

enrevistado entende que a maioria dos religiosos ainda está limitada à matéria, sendo preciso

haver uma evolução/uma renovação na mente dessas pessoas, um entendimento maior. Sente

“que há um processo de mudança ou transformação. Não só numa reação na defesa do meio

ambiente”.

Corroborando, em parte, os pensamentos do pai de santo REL9, uma das lideranças do

candomblé entrevistadas (REL6C) comentou que “é preciso ter essa consciência ecológica,

para que não coloquem as velas perto de locais que possam ocasionar acidentes”. Este é o

ponto nevrálgico do conflito com os conservacionistas.

A mãe de santo entrevistada (REL5), liderança da Umbanda, explicou que vem

utilizando o conceito de oferendas ecológicas, de acordo com o Oku Abo - Decálogo das

Oferendas, um texto simples, informativo e provocativo, para ser usado como uma ferramenta

de educação ambiental voltada para o público religioso das tradições de matriz afro-brasileira

(MOUTINHO-DA-COSTA, 2013), divulgado pelo Projeto Elos da Diversidade, através de

seus pares - Defensores da Terra, Ilê Omi Oju Aro e MIR:

a comida é colocada no alguidar forrado por duas ou três folhas de mamona. Depois,

descarta-se tudo naquelas folhas de mamona, e traz o alguidar de volta. Em coités e

cascas de coco, materiais biodegradáveis, são colocadas as bebidas. Depois, espalha-

se o líquido e traz a garrafa de volta.

No Monte Cardoso Fontes, apesar do uso do fogo ser proibido pelas normas do PNT,

há crentes que, em virtude de uma possível conscientização quanto ao risco de incêndios

florestais, queimam os pedidos de oração em cima das rochas. Atividades de educação

ambiental realizadas entre os anos de 2013 e 2014, no âmbito do Projeto Elos da Diversidade,

promoveram a proteção ambiental e a luta por direitos à prática religiosa com o objetivo de

sugerir a criação de políticas públicas para garantir a igualdade na diferença, na perspectiva de

contribuir para a percepção integral do ambiente (MACIEL, GONÇALVES, 2015). Criado

inicialmente com o objetivo de atender às demandas das populações afro-brasileiras inseridas

nas práticas religiosas da Umbanda e do Candomblé, o projeto também incluiu, em 2013, as

demandas de evangélicos negros e moradores de favelas.

Faz parte da essência das religiões, portanto, atitudes ecológicas positivas de cuidado e

preservação das áreas naturais consideradas sagradas que, diferentes da lógica judaico-cristã,

não se encontram apenas em prédios e construções, mas sim nas matas e florestas. Contudo, é

necessário discutir formas de conscientização da sociedade para esse uso religioso de maneira

a legitimá-lo, garantindo aos grupos religiosos seu direito ao uso, constituição e

reconhecimento de seus espaços naturais (MARCIAL, 2013).

272

4.8 As paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno

As paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno estão repletas de

valores, crenças e significados, caracterizadas em elementos naturais e estruturas

arquitetônicas, e em rituais que evidenciam a hierarquia do sagrado em determinadas áreas,

localidades e caminhos sagrados. Na perspectiva de compreender essas paisagens religiosas,

foram utilizados geossímbolos, que caracterizaram áreas, localidades e caminhos como

paisagens religiosas. Assim, a partir das informações obtidas na pesquisa de campo, foi

possível criar uma tipologia de paisagens religiosas, em função do tipo de uso sagrado e dos

elementos naturais e estruturas construídas (geossímbolos) valorizados pelos religiosos: as

paisagens católicas (dominantes); as paisagens evangélicas; as paisagens multirreligiosas -

compostas por usos religiosos variados, em temporalidades distintas - esotéricos, budistas,

ciganos, druidas, wiccas - ou simultâneos, em áreas próximas de uma mesma paisagem; e a

paisagem das religiões de matriz afro-brasileira - o candomblé e a umbanda. A localização

dos espaços, lugares, caminhos, estruturas e elementos sagrados identificados em campo, e

que compõem as paisagens religiosas do Parque Nacional da Tijuca e entorno, conforme o

tipo de uso religioso e os geossímbolos consagrados - microcosmolocalidades religiosas -,

podem ser observados nos Quadros 11 e 12, e nas Figuras 8 e 9, respectivamente.

Nas palavras de Bonnemaison (2002, p. 99-109), “[...] o geossímbolo pode ser um

lugar, um itinerário, uma extensão que, por razões religiosas, políticas ou culturais, aos olhos

de certas pessoas e grupos étnicos assume uma dimensão simbólica que os fortalece em sua

identidade”. Nesta perspectiva, os geossímbolos podem estar representados através de pontos

fixos, como pedreiras, árvores, rios, cachoeiras, lagos, florestas, grutas, montanhas,

construções e itinerários reconhecidos, desenhando no solo uma semiografia que é elaborada

por signos, figuras e sistemas espaciais, que são a “representação da concepção que os

homens produzem do mundo e dos seus destinos” (BONNEMAISON, 2002, p. 105). No que

tange aos elementos naturais, estes são plenos de significados simbólicos, e reconhecidos por

muitas crenças e religiões como sítios sagrados, que refletem a influência da natureza na

evolução de diferentes religiões, motivo primordial para a preservação de paisagens sagradas

(PARK, 1996). Os devotos se dirigem à natureza em busca de proteção divina, reforçando,

então, a importância desses elementos sacralizando as paisagens.

273

As formas simbólicas presentes na paisagem podem ser o ponto de partida para a

compreensão da realidade, na qual os indivíduos estruturam seus próprios mundos através de

atos de formação de uma pluralidade simbólica (SALOMON, 1955 apud COSTA, 2010).

A localização de determinadas estruturas construídas pelo homem e elementos naturais

funcionam como formas simbólicas espaciais, ou geossímbolos, que se impõem à paisagem.

Como marcos espaciais religiosos, podem ser citados: igrejas, capelas, grutas, cachoeiras,

árvores, espécies de plantas sagradas etc. Os roteiros e trajetos utilizados pelos religiosos, tais

como trilhas, caminhos, estradas também imprimem marcas na paisagem. Para Correa (2007),

as formas adquirem uma espacialidade quando estruturadas por fixos e fluxos, isto é, por

localizações e itinerários. Assim, a imponência de uma montanha, onde está situada uma

capela, ou onde estão situados alguns elementos da natureza que são cultuados, como uma

gruta, por exemplo, exprime um valor sagrado para os devotos.

A religião católica do colonizador português se impôs de tal forma no território

brasileiro, utilizando formas de difusão e catequização tão profundas, que de certa forma

dificultaram ao longo dos séculos a dispersão e a valorização de outras religiões e tradições

trazidas por outros povos europeus e pelos africanos. Nesse sentido, as formas simbólicas

edificadas pelo homem, como as igrejas, capelas, entre outras estruturas da Igreja Católica

expostas na paisagem, serviram para reafirmar o poder dominante do colonizador e impregnar

a sociedade em construção de tais valores e crenças (MARCIAL, 2013).

274

Quadro 11 - Localidades sagradas, por tipo de uso sagrado.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015.

275

Quadro 12 - Localidades sagradas, por geossímbolo.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015.

Legenda: Geossímbolos.

Água - rios, cachoeiras, cascatas, lagos, açudes,

represas Fogo - práticas e rituais que usam esse elemento

Mata - floresta, vegetação, natureza Montanha - picos, serras, montes, morros

Árvore - jaqueiras, eucaliptos, figueiras, jequitibás Terreiro - Terreiro de candomblé

Pedra - grutas, rochas, pedras, rochedos, cavidades Cruz - estruturas católicas, como igrejas, capelas,

cruzeiros, colégios e estátuas

Terra - capoeiras, áreas abertas, solo, terra Triângulo - estrutura evangélica

276

Figura 8 - Mapa das localidades sagradas, por tipo de uso sagrado.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).

277

Figura 9 - Mapa das localidades sagradas, por geossímbolo.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).

278

Figura 10 - Correlação entre os usos sagrados identificados em campo e os principais rios do Parque Nacional da Tijuca.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2014-2015. Realizado no ArcGIS 10.0 (ESRI), Pelo autor e Carlos Alberto Direito José (2016).

279

Das religiões atuantes no PNT, apenas a Católica conta com permissão prévia para

realizar seus diferentes rituais (casamentos, batizados, missas e bodas) e infraestrutura

adequada para receber os visitantes religiosos.

Nos lugares sagrados inscritos nas paisagens do Parque, tais como as capelas Mayrink,

Silvestre e Nossa Senhora Aparecida, e o Santuário do Cristo Redentor, no Morro do

Corcovado, há coletores de lixo, o serviço de coleta regular de resíduos - realizada por

empresa terceirizada nas áreas internas, e pela COMLURB, nas áreas externas do PNT -,

áreas para acenderem velas - velódromos - e colocarem demais artefatos da ritualística

(candelabros, taças e jarros para vinho, panos, Bíblia e recipientes para a hóstia), áreas para

estacionamento, iluminação, segurança e, no caso do Cristo Redentor, há também oferta de

serviços de alimentação e transporte. É a paisagem dominante na área de estudo da presente

pesquisa.

Em relação às religiões não católicas que atuam nos lugares sacralizados do Parque

Nacional da Tijuca, os religiosos necessitam de permissão prévia da administração do PNT

para realizarem seus rituais, de modo a cumprir a exigência do Art. 37, do Decreto Nº 84.017,

de 21/09/197974

. Não contam com infraestrutura adequada para suas práticas, sequer um lugar

previamente organizado e estruturado, com coletores de lixo, sistema de coleta regular de

resíduos, áreas para uso de velas, áreas preestabelecidas para oferendas, estacionamento,

iluminação e segurança (CORRÊA et al., 2013). São as paisagens alternativas, excluídas ou

marginalizadas.

No PNT e entorno, foram inventariados diversos lugares sagrados, caracterizando 46

paisagens religiosas. Dessas paisagens, 11 são católicas, 2 evangélicas, 17 de matriz afro-

brasileira e 16 podem ser consideradas multirreligiosas, exprimindo uma pluralidade de fé

(Quadro 11 e Figura 8).

Conforme já foi dito anteriormente, não se trata de um universo fechado, e sim dos

resultados obtidos na presente pesquisa, que procurou revelar parte da dimensão simbólica do

Parque Nacional da Tijuca, no que tange às inter-relações entre o homem e a natureza, através

de suas práticas culturais (religiosas).

A seguir, são apresentadas, as paisagens religiosas do PNT e entorno.

74

As atividades religiosas, reuniões de associações ou outros eventos, só serão autorizados pela direção dos

Parques Nacionais, quando:

I - existir entre o evento e o Parque Nacional uma relação real de causa e efeito;

II - contribuírem efetivamente para que o público bem compreenda as finalidades dos Parques Nacionais; e

III - a celebração do evento não trouxer prejuízo ao patrimônio natural a preservar.

280

4.8.1 As paisagens religiosas católicas

Situada no Alto da Boa Vista, a Paróquia de Nossa Senhora da Luz está diretamente

vinculada à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (ASSRJ). Fazem parte da

paróquia estruturas construídas pelo homem - marcos espaciais -, que remontam uma

arquitetura característica do Sul da Alemanha, especificamente da Bavária. Trata-se de uma

herança cultural de monges beneditinos, que, no início do século XX, vieram para o Brasil, no

sentido de recuperar a Ordem de São Bento (OSB), decadente desde o início do período

republicano (iniciado em 1889). De acordo com o depoimento do abade e bispo entrevista

nesta pesquisa (REL12), a partir da Praça Afonso Viseu, no sentido da Barra da Tijuca,

“parece que você está na Alemanha, em função do grande número de construções em estilo

arquitetônico germânico”.

Como pontos fixos das paisagens católicas do Alto da Boa Vista podem ser

observados: a Igreja de Nossa Senhora da Luz, a Capela Santo Cristo dos Milagres e a Capela

Mayrink - esta situada dentro do Parque Nacional da Tijuca (PNT). Além dessas estruturas,

que compõem a paróquia supracitada, há: o Santuário do Cristo Redentor, situado no Alto do

Morro do Corcovado, com a Capela Nossa Senhora Aparecida situada na base da Estátua do

Cristo Redentor; a Casa de São Bento (ou Priorato de São Bento), pertencente à OSB e

subordinada à ASSRJ; o Colégio Santa Marcelina, das irmãs italianas marcelinas; e o Sagrado

Coração de Maria - Sacré Creur de Marie - das irmãs francesas (atualmente fechado),

(Figura 8 e Quadro 11). Portanto, percebe-se a forte influência europeia - sobretudo dos

alemães - na ocupação religiosa católica do Alto da Boa Vista, que se originou no início do

século XX.

Outras estruturas religiosas católicas existentes no PNT e entorno, referem-se a duas

capelas localizadas nos bairros do Silvestre e Santa Teresa. A Capela Silvestre (atualmente

fechada), situada dentro dos limites do Parque, e a Capela de Nossa Senhora da Assunção da

Lagoinha (Figura 8 e Quadro 11), que situa-se fora do Parque, na Estrada Dom Joaquim

Mamede.

No interior do Parque, outra estrutura católica remete ao simbolismo religioso. O

Cruzeiro das Almas (Figura 8 e Quadro 11) é o testemunho de um passado escravo na

Floresta da Tijuca. No século XIX, os escravos das fazendas de café então existentes na área,

mesmo quando cristianizados, não podiam frequentar as missas que eram realizadas para os

nobres na Capela Mayrink. Assim, a solução foi construir um Cruzeiro no meio da floresta

281

(Figura 9 e Quadro 12), onde, aos domingos, os negros escravos podiam praticar sua fé

religiosa, sem perder as raízes de sua cultura, em um processo de sincretismo religioso, pois,

na mata, também eram cultuadas as divindades africanas, transportadas espiritualmente para a

realidade brasileira.

Outra paisagem católica existente no PNT é caracterizada por um trajeto, um

itinerário religioso, a Trilha do Pico da Tijuca (Figura 8 e Quadro 11), por onde passaram

monges do Mosteiro de São Bento, em uma peregrinação de fé, louvações e provações. A

caminhada se iniciava na Praça Afonso Viseu, por volta das 23h de uma quinta-feira, e rompia

a madrugada de sexta-feira, quando os monges alcançavam o cume do Pico da Tijuca. Antes

de amanhecer o dia eram feitas orações, cânticos e meditações. Ao primeiro raio de Sol, todos

se deitavam de braços abertos, em cruz, na capoeira ainda existente no topo do morro. “Era

um momento extraordinário”, comentou o ex-seminarista entrevistado nesta pesquisa (REL3).

Essa antiga prática não existe mais. Contudo, muitas pessoas continuam fazendo esse

caminho com a intenção de renovação espiritual, superação, busca de respostas, enfim,

dotando o trajeto de significados e valores especiais e sagrados.

4.8.2 As paisagens religiosas evangélicas

De acordo com Mariano (1996), o movimento evangélico no Brasil teve três grandes

ondas pentecostais: o pentecostalismo clássico ou tradicional (1910 a 1950); o

pentecostalismo neoclássico ou simplesmente pentecostalismo (anos 1950); e o

neopentecostalismo (anos 1970). O pentecostalismo clássico inicia-se com o surgimento das

igrejas Congregação Cristã no Brasil e Assembleia de Deus. Ambas possuem como

características principais o anticatolicismo, a ênfase na crença no Espírito Santo, a rejeição

das coisas do mundo, e defendem a plenitude da vida moral. O pentecostalismo neoclássico

teve como objetivo a concentração na cura divina. Utilizaram o rádio para atingir a

evangelização da massa popular; em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular.

A evangelização fez surgir novas igrejas: Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor,

Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus, Igreja Unida, entre outras. O neopentecostalismo,

diferentemente do pentecostalismo clássico, prega a Teologia da Prosperidade, tendo em

vista que o cristão está destinado à prosperidade terrena. Este movimento, por ter princípios

liberais, vem crescendo exponencialmente no mundo todo. São exemplos: a Igreja Universal

282

do Reino de Deus, a Internacional da Graça, Sara Nossa Terra, Renascer em Cristo. Essas

igrejas foram fundadas por pregadores brasileiros que adaptaram as doutrinas pentecostais

clássicas, relacionando-as com situações do cotidiano das pessoas (MARIANO, 1996).

No entorno do Parque Nacional da Tijuca (PNT), no Hospital Adventista Silvestre, foi

identificada uma estrutura cristã, a Capela Lugar de Paz (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12),

espaço sagrado utilizado diariamente por médicos, enfermeiras, funcionários do hospital,

pacientes e visitantes. A paisagem religiosa evangélica tradicional compõe o ambiente da

capela, e a partir de suas janelas, observa-se o Vale do Silvestre e uma paisagem católica, ou

para muitos ecumênica, composta pela imagem do Cristo Redentor sobre o Morro do

Corcovado.

Outro ponto fixo religioso vinculado ao universo evangélico é o Monte Cardoso

Fontes (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12), localizado no Setor D do PNT, em Jacarepaguá. A

paisagem religiosa do monte comporta lugares sagrados, como os arraiais, furnas e rochas,

que servem de abrigo para aqueles que ficam em vigília durante dias e semanas, acampados

em barracas de camping, ou sob estruturas improvisadas de papelão. Nesses locais, os

religiosos - compostos majoritariamente por negros pobres, pentecostais chamados de canelas

de fogo - costumam orar em nome de Deus. As trilhas são caminhos que levam para o topo e

propiciam a subida do monte, prática tradicional entre os cristãos. A paisagem é repleta de

significados religiosos, que podem ser observados em todos os cantos, tais como os pedidos

de oração que são queimados e enterrados, numa prática conhecida como queima do karma.

Nesse lugar sagrado, os elementos naturais servem de apoio às práticas religiosas evangélicas,

como as rochas e as árvores, que servem de abrigo contra a chuva e o Sol, a água, utilizada

para dessedentação e para o ritual de Batismo do Espírito Santo, e a terra, para o enterro dos

pedidos de oração, que são ungidos em óleo (azeite).

4.8.3 Pluralidade da fé: as paisagens multirreligiosas

Grande parte das localidades sagradas identificadas no PNT e entorno é frequentada

por visitantes de distintas vertentes religiosas, filosóficas e espirituais, tais como esotéricos

(fadas, elfos etc.), budistas, ciganos, druidas, wiccas, candomblecistas, umbandistas, católicos,

evangélicos. Nesse sentido, as paisagens multirreligiosas são constituídas pelos elementos

283

naturais e estruturas construídas pelo homem - geossímbolos -, que são valorizados por grupos

religiosos distintos, sendo observada uma pluralidade de fé nessas paisagens.

A Cascatinha de Taunay, o Recanto Job de Alcântara, o Meu Recanto, o Recanto das

Jabuticabeiras, o Recanto do Tai Chi Chuan, o Lago das Fadas, o Largo do Bom Retiro, o

Parque Lage, por exemplo, são pontos fixos (Figura 8 e Quadro 11), localidades consagradas

nas práticas religiosas de druidas, wiccas, fadas, elfos, budistas e ciganos, simultaneamente ou

em temporalidades diferentes, caracterizando territórios sagrados temporários dentro do

território protegido, que são transportados espiritualmente e simbolicamente para esta

realidade.

Caracterizados, respectivamente, como localidades sagradas e caminho sagrado -

pontos fixos e itinerário -, o Pico do Andaraí Maior, a Pedra da Gávea e a Trilha da Cachoeira

dos Primatas (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12), possuem conotações místicas, em seus

elementos naturais - geossímbolos -, que são valorizados por religiões pagãs, esotéricas e afro-

brasileiras. Também podem ser considerados como exemplos de paisagens multirreligiosas.

O Espaço Sagrado da Curva do S e o Entorno da Avenida Édson Passos (Figura 8 e

Quadro 11) são localidades sagradas que fazem parte de uma mesma paisagem multirreligiosa

existente na subida do Alto da Boa Vista, em uma área externa ao PNT, frequentada,

majoritariamente por populações religiosas de matriz afro-brasileira, e por outros grupos

religiosos, como os ciganos e os esotéricos. Também são muito comuns nessa paisagem os

curiosos e simpatizantes das religiões de matriz afro-brasileira, que utilizam os recantos e

praças para fazer suas oferendas, no entanto, sem perceber ou valorizar os elementos naturais

sagrados existentes nessa paisagem - geossímbolos (Figura 9 e Quadro 12) -, na mesma

intensidade ou vibração dos adeptos dessas religiões. Isso ocorre em função da facilidade de

acesso a esses locais, que apresentam excesso de lixo (resíduos) e de urubus e pombos. Essas

paisagens podem ser caracterizadas como paisagens excluídas e desvalorizadas por grande

parte da sociedade.

O Entorno do Rio dos Macacos, próximo ao Solar da Imperatriz, no bairro do Horto,

também é uma localidade sagrada muito frequentada por adeptos das religiões afro-

brasileiras, e por outros grupos religiosos, esotéricos, que também buscam os elementos

naturais - pedras, árvores, água etc. - como formas de representação de suas divindades

(Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Curiosos e simpatizantes também frequentam a localidade,

característica de uma paisagem multirreligiosa e problemática, no tocante ao nível de

degradação ambiental existente nas matas ciliares e nas águas do Rio dos Macacos, que

integram as paisagens do PNT.

284

O Entorno da Estrada da Represa dos Ciganos, em Jacarepaguá, é outra paisagem que

mescla elementos naturais valorizados simbolicamente por populações religiosas de distintas

vertentes. Assim, pode-se observar grupos evangélicos realizando batismos nas águas do Rio

Sangrador - especificamente na localidade sagrada conhecida por poção -, no Tanque dos

Ciganos ou na Represa dos Ciganos (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Nesses locais, a água

é o geossímbolo, que significa/valoriza religiosamente a paisagem. Na Figura 10, é

apresentada a correlação direta entre o uso religioso e o elemento água, em diferentes

localidades sagradas identificadas no Parque Nacional da Tijuca e entorno, o que demonstra a

importância desse geossímbolo para muitas religiões e tradições.

Nos mesmos locais, ou em áreas adjacentes, observa-se as práticas, rituais e oferendas

das religiões de matriz afro-brasileira. Nesse caso, são valorizadas árvores, como a figueira e

a jaqueira, pedras e rochas, além dos já citados recursos hídricos - todos elementos

geossimbólicos da paisagem multirreligiosa da Estrada da Represa dos Ciganos (Figura 9 e

Quadro 12). Ressalta-se que, nos canteiros da Avenida Menezes Cortes, no espaço da rua que

dá acesso à localidade, podem ser identificados trêss domínios simbólicos usados para fins

religiosos: a grama, a beira da estrada e a encruzilhada.

Completando o rol de paisagens multirreligiosas significadas pelos religiosos que

atuam no PNT e entorno, o Morro da 2-2 (Rua Dois de Fevereiro, no bairro da Água Santa) é

uma localidade externa ao PNT, que apresenta sinais e evidências em sua paisagem -

geossímbolos - do uso religioso afro-brasileiro (Figuras 8 e 9, e Quadros 11 e 12). Contudo,

um elemento construído pelo homem e que integra esta paisagem religiosa, descaracteriza o

domínio total das religiões afro-brasileiras. Trata-se de uma capela (abandonada), testemunho

de uma antiga fazenda, cujas áreas atualmente também são frequentadas por ciclistas da

modalidade downhill. Nesta mesma paisagem, foi identificado um terreiro de candomblé,

porém não foi possível realizar o contato com o povo de santo que utiliza esse espaço sagrado.

4.8.4 As paisagens religiosas afro-brasileiras

As religiões de matriz afro-brasileira, como o Candomblé e a Umbanda, utilizam as

áreas naturais para cultuar suas divindades, seus orixás, assim como entidades como os

caboclos, preto-velhos, entre outras forças da natureza.

285

De acordo com Pessoa de Barros (2003), as comunidades de Candomblé utilizam-se

de dois espaços: o espaço-urbano, onde está instalada a estrutura destinada aos rituais e à

moradia dos membros da comunidade; e o espaço-mato, onde são coletadas as ervas, plantas e

essências necessárias ao culto das divindades - orixás, inquices e voduns, de acordo com a

etnia. No entanto, em função do crescimento das cidades, e consequente diminuição das áreas

naturais disponíveis para a realização dos cultos afro-brasileiros, é cada vez mais complicado

exercer o direito de liberdade religiosa. Em função da perseguição, discriminação e

intolerância religiosa, muitos terreiros estão construindo suas microcosmolocalidades

religiosas, dentro dos próprios terreiros, situados, em sua maioria, nas áreas desvalorizadas

das cidades, na periferia de grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana do Rio de

Janeiro.

Ao contrário das estruturas cristãs que dominam a paisagem do Parque Nacional da

Tijuca, as localidades sagradas utilizadas nos rituais, cultos e cerimônias afro-brasileiras não

possuem visibilidade aos olhos dos leigos, pois, nestes locais, são valorizadas as divindades

que habitam na natureza, codificadas/representadas através de elementos naturais como

árvores, pedras, grutas, rios, cachoeiras, montanhas, entre outros. Os geossímbolos - ao serem

consagrados pelos pais e mães de santo - tornam-se microcosmolocalidades sagradas -,

geografizando/marcando o território e formando as paisagens religiosas.

O Caminho das Grutas, o Caminho das Almas, o Entorno da Estrada dos Três Rios, o

Caminho do Mocke e o Entorno da Estrada do Redentor são itinerários sagrados (Figura 8 e

Quadro 11), compostos por elementos naturais e construídos pelo homem, valorizados e

significados religiosamente - geossímbolos - por adeptos do Candomblé e da Umbanda, tais

como grutas, rochas, rios, cachoeiras, fontes e bicas d’água, ruínas de antigas senzalas (na

Floresta da Tijuca), árvores, encruzilhadas (nas trilhas), entre outros (Figura 9 e Quadro 12).

São elementos que dão significado às paisagens religiosas afro-brasileiras existentes no

Parque Nacional da Tijuca.

Como pontos fixos nas paisagens religiosas afro-brasileiras do PNT, podem ser citadas

a Cascata Diamantina, a Cachoeira das Almas (ou Cachoeira de Pai Antônio), o Açude da

Solidão, a Cascata Gabriela, a Fonte do Chororó, a Caixa da Mãe D’água, o Largo da

Cachoeira das Duas Bicas, o Recanto da Mesa Redonda, a Represa dos Macacos e as

Cachoeiras do Horto, as Furnas da Tijuca e a Cachoeira Grande. Outros elementos naturais

como pedreiras, o Rio Perdido e as matas existentes no entorno das ruínas da antiga senzala

da Fazenda Vila Rica, também são pontos fixos que compõem as paisagens afro-brasileiras do

Parque.

286

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interpretação da significância religiosa do Parque Nacional da Tijuca (PNT) foi

possível graças às leituras de diferentes atores sociais investigados na presente pesquisa, que

atribuem significados a elementos naturais e construídos pelo homem inscritos nas paisagens

do Parque. Nesse sentido, de diferentes maneiras, o PNT representa um santuário sagrado na

percepção e nas práticas culturais de religiosos, gestores ambientais e pesquisadores.

A visão conservacionista do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio), disseminada por analistas, gestores técnicos ambientais, privilegia

a conservação dos ambientes naturais protegidos pelo Parque. No entanto, para o homem

religioso, as áreas naturais do PNT também estão carregadas de valores sagrados e aspectos

simbólicos. Nesse sentido, os religiosos atribuem significados simbólicos às estruturas

construídas pelo homem e aos elementos naturais inscritos nas paisagens do Parque, de

acordo com seu contexto histórico e cultural, exprimindo discursos em prol da preservação da

natureza, e apresentando um sentimento de pertença em relação à natureza. De fato, sem a

natureza protegida pelo PNT não existiria grande parte do uso religioso observado atualmente.

Para pensar geograficamente e espacializar o uso público religioso no PNT e entorno,

manifestado em lugares sagrados identificados e nas paisagens observadas na presente

pesquisa, foi preciso considerar a materialidade existente nas estruturas e elementos sagrados

existentes na área de estudo, bem como a imaterialidade e o simbolismo que envolve as

práticas religiosas.

O uso sagrado da natureza do Parque como um todo foi evidenciado nas imagens

georreferenciadas, onde foram apresentados os elementos naturais e construídos pelo homem

valorizados e significados pelas práticas culturais de grupos religiosos dominantes (os

católicos), e marginalizados ou excluídos (evangélicos, candomblecistas, umbandistas,

druidas, wiccas, ciganos, esotéricos, entre outros), como as matas, pedras, grutas, picos,

montes, rios, lagos, açudes, represas, cachoeiras, capelas, cruzeiro etc., caracterizados como

geossímbolos (BONNEMAISON, 2002). Desse modo, as 46 paisagens religiosas observadas

no Parque e entorno refletem o papel do homem religioso na produção e seleção de

geossímbolos, marcas impressas nas paisagens, que se comunicam entre si ou com outros

grupos, demarcando territórios temporários dentro do território protegido pelo Parque e

próximo a seus limites.

287

Nessas localidades sagradas localizadas no PNT e entorno, são realizadas orações,

preces, meditações, rituais, cerimônias e oferendas, uma vez que os religiosos consideram que

ali estão representadas suas divindades. O intelectual ateu admira e contempla a Mãe-

Natureza. O católico reza nas capelas Mayrink e Nossa Senhora Aparecida, bem como em

outras estruturas sagradas da Igreja Católica existentes no entorno do Parque. Os evangélicos

realizam batismos nas águas dos rios e na Represa dos Ciganos, e sobem o Monte Cardoso

Fontes, em sacrifício. Adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, como o candomblé e a

umbanda, cultuam e reverenciam as matas, árvores, pedras, rios, cachoeiras, entre outros

elementos naturais, que representam suas divindades. Os esotéricos fazem oferendas e

meditação em recantos e praças que integram a área natural protegida, também frequentados

por budistas, ciganos e hare krishnas, que dançam e entoam cânticos. Adeptos do druidismo e

da wicca igualmente têm encontrado espaços na Floresta da Tijuca para a realização de seus

rituais e adoração da natureza, tranformando-os em lugares significados nas paisagens do

Parque.

Assim, as áreas naturais protegidas pelo PNT geram percepções, sentimentos e

emoções, que propiciam “a vivência fundamental do religare, a experiência de unidade e

integração com o todo que atravessa as diversas religiões” (VIEIRA, 2001). Ao longo do

tempo, as religiões e tradições foram deixando “marcas palpáveis da passagem de seus

adeptos pela floresta”, sendo geradas paisagens religiosas, compostas por estruturas e

elementos sagrados, os geossímbolos, que representam a relação do homem com a natureza e

o sagrado.

Por outro lado, a presença das religiões nas paisagens do PNT também pode ser

evidenciada por inúmeros impactos associados ao uso religioso de áreas naturais protegidas.

Nesse sentido, as inter-relações entre o homem religioso e a natureza são permeadas por

conflitos socioambientais.

A partir das observações de campo e da análise de conteúdo dos discursos dos

entrevistados, foi possível perceber que tem havido um distanciamento do princípio religioso

básico de respeito à natureza por parte de alguns religiosos, e por parte de curiosos ou

simpatizantes das religiões da natureza. Assim, grande parte da sociedade tem associado

frequentemente a prática religiosa na natureza à poluição e degradação. De fato, as oferendas

dispostas nas áreas naturais, compostas por materiais não degradáveis, após um tempo, podem

poluir as águas de rios e cachoeiras, e as matas, causando impactos negativos nos corpos

hídricos, na fauna e flora, e na experiência de outros visitantes da Unidade de Conservação

(UC). Tais associações induzem, na sociedade em geral, a uma visão discriminatória,

288

preconceituosa e intolerante em relação às religiões não católicas. A falta de conhecimento

sobre as questões ligadas aos saberes tradicionais das religiões e à conservação da natureza é

um dos fatores apontados pelos entrevistados para a poluição e degradação dos recursos

naturais.

Para reverter os impactos socioambientais negativos decorrentes das práticas religiosas

no PNT e entorno, precisam ser criadas políticas públicas, que visem: à regulamentação

dessas práticas em áreas naturais protegidas; à implantação de infraestruturas e oferta de

serviços públicos adequados aos religiosos que utilizam as áreas naturais do Parque e entorno;

e a ações de sensibilização e conscientização ambiental dos religiosos.

Enquanto isso não acontece, poderiam ser adotadas novas práticas culturais - mais

sustentáveis - por parte dos religiosos, na tentativa de conciliar o uso público religioso com a

preservação da natureza. As oferendas biodegradáveis/ecológicas, o reaproveitamento de

utensílios utilizados nas práticas religiosas - como os alguidares -, e os mutirões de limpeza

das áreas naturais utilizadas pelos grupos religiosos são alguns exemplos de ações que podem

mitigar ou minimizar os efeitos danosos das ações humanas sobre a natureza. É importante,

portanto, que os religiosos assimilem em suas práticas a atitude ecologicamente correta que

pregam em seus discursos, disseminando novas práticas, baseadas em saberes e

conhecimentos ancestrais, e em uma nova ética ambiental, onde impere o amor e o respeito à

diversidade cultural e à natureza. O reconhecimento desta ética é particularmente relevante

para a mitigação dos conflitos de interesses entre órgãos ambientais e grupos religiosos, no

que tange ao uso das florestas localizadas nos espaços públicos que compõem o Parque

Nacional da Tijuca.

A dialética estabelecida da relação entre religião e natureza, portanto, aponta muitas

divergências, que geram conflitos inter-religiosos, e entre os religiosos e a Administração do

PNT. Por outro lado, o ponto comum nos discursos dos religiosos e dos gestores ambientais, o

ponto de convergência entre a liberdade de expressão religiosa e a conservação ambiental, é a

preservação tanto das práticas culturais realizadas tradicionalmente na natureza, como dos

recursos naturais que fundamentam essas práticas. Assim, o Parque Nacional da Tijuca se

configuraria como lugar de preservação cultural e da natureza para as gerações presentes e

futuras.

No entanto, para que ocorra esse ponto de mutação, é preciso haver um intercâmbio

entre as realidades, sendo gerado o respeito mútuo, a tolerância à diversidade e a criação de

novos valores pautados numa visão de espaços sagrados construídos em novas consciências.

Nesse sentido, é importante valorizar as singularidades de determinadas localidades -

289

microcosmolocalidades religiosas - impressas nas paisagens religiosas do Parque Nacional da

Tijuca - paisagens marginalizadas -, da mesma forma que são valorizadas as paisagens

construídas pelos gestores ambientais do ICMBio, para atender às demandas das elites e do

turismo internacional (as paisagens conservacionistas e mercadológicas), e as paisagens

católicas dominantes, que legitimam a ocupação da Igreja Católica no Alto da Boa Vista.

A presente pesquisa contribui no sentido de revelar a importância de se preservar

determinados atributos sagrados - geossímbolos - presentes em 46 paisagens religiosas do

PNT e entorno, a fim de proteger o legado cultural de diferentes grupos religiosos, que

enxergam a natureza como a própria divindade e/ou como a morada de seus deuses. A partir

do resgate das memórias sociais dos entrevistados e das observações realizadas em campo, foi

possível compreender que essas localidades e paisagens são resultantes de atividades

econômicas e da valorização de recursos naturais e elementos construídos pelo homem, que

funcionam como representações do sagrado na natureza.

As paisagens religiosas do PNT e entorno são, portanto, investidas de muitos

significados religiosos, em consonância com os estudos de Cosgrove (1998) e Meinig (2003).

Contrapõe-se o uso religioso ecologicamente correto e os cenários de degradação dos recursos

naturais e de intolerância religiosa, que envolvem, respectivamente, conflitos entre os

religiosos e a gestão do Parque, quando aqueles realizam suas práticas sem consonância com

as normas e os locais estabelecidos no Plano de Manejo do Parque, e conflitos inter-

religiosos, quando uma mesma área é utilizada por religiosos que não se toleram.

A partir da análise das práticas religiosas realizadas na natureza e do processo de

gestão do PNT (religião x conservação) e das percepções do sagrado na natureza, tendo o

conceito de paisagem norteando as discussões teóricas e práticas, foi possível revelar

significados que podem ser convertidos em políticas públicas.

A geração e a execução de políticas públicas, que contemplem os desejos dos

religiosos - suas subjetividades - e conciliem suas práticas culturais com as normas de uso

público do Parque Nacional da Tijuca, bem como de outras áreas naturais protegidas e

unidades de conservação (UC), é a questão a ser perseguida em busca da preservação dos

recursos naturais do Parque e das práticas religiosas na natureza, tendo em vistas as enormes

demandas de uso público religioso que as UCs apresentam, e a falta de estratégias para o

enfrentamento da questão.

290

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______. Inventário dos Bens Culturais do Parque Nacional da Tijuca. 1997-2007 (mimeo).

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VIEIRA, M. V.; MOURA, R. A. A Cidade do Rio de Janeiro e suas representações na/da

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WINKIN, Y. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas: Papirus, 1998.

310

APÊNDICE A - Contatos Institucionais e dos Atores Sociais

Como foi realizada a abordagem/o contato com as instituições e com os sujeitos-chave

(atores sociais) da pesquisa?

Alguns sujeitos-chave da pesquisa, sobretudo os institucionais, foram contatados em

reuniões do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Tijuca (CCPNT), ou através de

contatos realizados por email ou telefone, sendo as entrevistas agendadas e realizadas em dias

subsequentes nas sedes de suas instituições. Esse foi o caso dos seguintes órgãos

governamentais e instituições da sociedade civil organizada:

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);

Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA);

Movimento Inter-religioso do Rio de Janeiro (MIR)/Instituto de Estudos da

Religião (ISER).

Assim ocorreu em 04/12/2012, quando o pesquisador participou de reunião do

CCPNT, realizada no Auditório do Parque Lage, no Jardim Botânico, onde foram discutidos

assuntos relacionados a conflitos socioambientais existentes na área do Parque. Foi o

momento oportuno para conhecer e estabelecer o primeiro contato com alguns dos

atores/grupos sociais a serem investigados na pesquisa.

Em 06/06/2013, outro momento oportuno para o estabelecimento dos primeiros

contatos com lideranças religiosas, gestores ambientais (federais, estaduais e municipais), e

membros de instituições ambientalistas e religiosas, foi a Oficina sobre Plantas Medicinais de

uso litúrgico, realizada no Centro de Visitantes do Parque Nacional da Tijuca. Estiveram

presentes representantes e lideranças de religiões de matriz afro-brasileira (Foto 86), os

chamados guardiões do sagrado da natureza, pais e mães de santo da Umbanda e do

Candomblé, que palestraram a respeito de seus saberes tradicionais. A oficina fazia parte do

Programa Ambiente em Ação, uma iniciativa da Superintendência de Educação

Ambiental/Secretaria de Estado de Ambiente do Rio de Janeiro (Seam/SEA), em parceria com

Universidades, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ), e casas religiosas.

Em 21 e 22/08/2014, no Espaço Paineiras (antigo Hotel Paineiras), o V Encontro de

Pesquisadores do Parque Nacional da Tijuca, proporcionou mais um momento de interação

entre pesquisador e sujeitos-chave da pesquisa. Os principais objetivos do evento eram: gerar

intercâmbio de conhecimento; integrar diferentes grupos de pesquisa que atuam no PNT;

identificar demandas de estrutura e serviços de apoio à pesquisa e identificar pesquisas

311

prioritárias para manejo e conservação do PNT. Durante o encontro, ocorreu uma oficina onde

foram discutidas pesquisas prioritárias para o manejo do Parque. O tema do encontro foi

Como manejar uma floresta na metrópole? Ao todo, estiveram presentes 101 pesquisadores

de diversas instituições.

Foto 86 - Oficina de Plantas Medicinais com as lideranças religiosas no PNT.

Fonte: O autor, 06/06/2013.

No entanto, antes de qualquer contato formal com as instituições e atores sociais a

serem investigados, ou qualquer tipo de atividade ou pesquisa de campo, foi necessário

solicitar, em 03/10/2012, uma autorização para a realização de atividades com finalidade

científica no Parque Nacional da Tijuca, junto ao Sistema de Autorização e Informação em

Biodiversidade (SISBio)75

do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio). Feito isso, a Autorização nº 36739-1, foi emitida em 26/10/2012, com data para

revalidação em 25/11/2013. Cabe ressaltar que o documento foi expedido com base na

Instrução Normativa Nº 154/2007.

Para dar continuidade às pesquisas científicas no PNT, foram solicitadas renovações

da autorização junto ao SISBio/ICMBio. Assim, foram emitidas, em 20/11/2013 e

04/02/2015, respectivamente, as autorizações nº 36739-2 e nº 36739-3, com vigência até

05/03/2016.

Após alguns contatos pessoais, foi solicitado por telefone o agendamento das

entrevistas com os gestores/analistas ambientais, funcionários do ICMBio, lotados na

Coordenação de Gestão Socioambiental do PNT. As entrevistas ocorreram no Centro de

Visitantes, localizado da Floresta da Tijuca, em comum acordo com os atores sociais

investigados.

75

Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/sisbio/>.

312

As lideranças candomblecistas, umbandistas, ciganas, druidas, wiccas, católicas,

evangélicas, esotéricas76

, entre outras religiões e tradições, foram contatadas por telefone, a

partir de uma busca pessoal, complementada por indicações de pesquisadores e educadores,

que participaram ativamente do Projeto Meio Ambiente e Espaços Sagrados, realizado pelo

PNT e parceiros, e do projeto para a criação do Espaço Sagrado da Curva do S, através da

UERJ e do núcleo Elos da Diversidade/Programa Ambiente em Ação. Através dessa

estratégia, foi possível agendar encontros, onde seriam realizadas as entrevistas com os

sujeitos-chave da pesquisa.

Um primeiro contato com um dos sujeitos da pesquisa, um babalorixá (REL6A),

representante do Candomblé, dirigente espiritual do terreiro Ilê Asé Ala Koro Wo, com sede

no município de São João de Meriti-RJ, ocorreu no dia 14/12/2013. Naquela data, foi

realizado o trabalho de campo Território-terreiro de Candomblé Ilê Asé Ala Koro Wo, no

Espaço Sagrado na Curva do S, Área Estratégica Externa (AEE) do Parque Nacional da

Tijuca - de acordo com o Plano de Manejo do PNT (ICMBIO, 2008) -, por conta da disciplina

“Território, cultura e territorialidade”, ministrada pela Prof.ª Dra. Aureanice de Mello Corrêa,

no curso de Doutorado, no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UERJ (PPGEO). Na

ocasião, o babalorixá, que era responsável pela gestão do Espaço Sagrado da Curva do S,

acompanhou a visita dos discentes (mestrandos e doutorandos do PPGEO) ao espaço. A

professora Aureanice, por sua vez, atua como articuladora e consultora religiosa do Programa

Ambiente em Ação - núcleo Elos da Diversidade/Espaço Sagrado da Curva do S - Parque

Nacional da Tijuca, através de uma parceria entre a Seam/SEA e a UERJ.

O primeiro encontro com o babalorixá REL10 (tradição de matriz africana) ocorreu

em 15/07/2015, quando o mesmo proferiu a Palestra O Verde no Candomblé: uso litúrgico e

fitoterapêutico, realizada na Capela Ecumênica da UERJ. O evento foi organizado pelo

Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões (PROEPER), vinculado ao Centro de Ciências

Sociais (CCS) da UERJ, em parceria com o Instituto Ori.

No que tange às lideranças wiccanas, o primeiro contato foi estabelecido em

19/09/2014, dentro das próprias dependências da UERJ (Auditório 93), no Seminário sobre

Religião Wicca, organizado pela União Wicca do Brasil (UWB) e pelo PROEPER. Outro

evento relacionado a essa tradição religiosa ocorreu no dia 18/09/2015, o I Seminário sobre

76

O termo esoterismo designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas e religiões que

buscam desvendar o seu sentido supostamente oculto. Atualmente, o termo está ligado ao misticismo, ou seja,

à busca de supostas verdades e leis últimas que regem todo o universo, ligando o natural ao sobrenatural.

(WIKIPEDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Esoterismo>. Acesso em: 03/06/2016).

313

Paganismo: a importância das religiões pagãs no diálogo inter-religioso, também realizado

na UERJ (Auditório 11), pela UWB, em parceria com o PROEPER.

Uma primeira aproximação com as lideranças da Umbanda ocorreu em 27 e

28/11/2014, também nas dependências da UERJ (Capela Ecumênica), no 2º Simpósio de

Umbanda do MUDA, promovido pelo Movimento Umbanda do Amanhã (MUDA) em

parceria com o PROEPER. Os temas, nos dois dias de evento, eram Qual o papel do

religioso? e Como lidar com esse mal que parece não ter fim?, que versavam sobre a

preservação ambiental e a intolerância religiosa. Outro evento importante ocorreu nos dias 25

e 26/05/2015, o seminário A Umbanda e a Sociedade: desafios do século XXI, realizado na

Capela Ecumênica da UERJ. Participaram do evento diversas lideranças religiosas . O

seminário também foi organizado pelo MUDA e o PROEPER.

Em 19/01/2015, foram feitos os primeiros contatos telefônicos com o público-alvo da

pesquisa, a fim de agendar os encontros para a aplicação das entrevistas.

Em 06/02/2015, foram feitos outros contatos com o público-alvo, com o agendamento

de entrevistas, no intuito de dar continuidade à pesquisa de campo.

Em relação às lideranças católicas, em 07/02/2015, na Igreja de Nossa Senhora da

Luz, no Alto da Boa Vista, após a missa, foi realizado o primeiro contato com o padre

responsável pela Paróquia, que abrange também a Capela Santo Cristo dos Milagres, no alto

da Estrada da Paz, e a Capela Mayrink, esta localizada na área da Floresta da Tijuca, portanto,

dentro do PNT. Foi agendada uma entrevista. O pároco indicou o responsável pelo Priorato,

ou Casa de São Bento, conjunto arquitetônico da Ordem Beneditina localizado no Alto da

Boa Vista, cujas estruturas são limítrofes à área do PNT. Assim, em 11/02/2015, foi feito

contato com o bispo e abade da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, no intuito

de obter um relato sobre o processo de ocupação da Igreja Católica no Alto da Boa Vista.

Em 19/02/2015, foram realizados novos contatos telefônicos e por email, para

agendamentos de entrevistas com lideranças representativas do público-alvo.

314

APÊNDICE B - Roteiro de Entrevistas para Lideranças Religiosas

Relação do grupo religioso com o PNT e com outras áreas naturais.

Locais utilizados no PNT e motivação (razão de escolha).

Qual a importância da floresta para o grupo religioso? (significado)

Como o grupo enxerga a natureza? Que aspectos da natureza são valorizados?

(paisagens valorizadas)

Que práticas são realizadas na floresta?

Há expectativas e/ou reivindicações/demandas do grupo religioso em relação aos

locais utilizados ou em relação à gestão do PNT? (visão do grupo religioso em relação

à gestão do PNT)

Há algum tipo de conflito em relação a outro grupo religioso? O grupo pensa em sair

do local? Há intenção de utilizar outros locais?

315

APÊNDICE C - Roteiro de Entrevistas para Gestores Ambientais e Pesquisadores

Relação do entrevistado com o PNT. (tempo de vínculo à instituição; formas de

atuação; como e por que ingressou no Parque)

Como é a atuação / gestão do PNT, no tocante ao uso religioso?

De que forma as religiões ocupam/utilizam as áreas do PNT?

Como compatibilizar diferentes usos religiosos com as normas de uso público do

Parque?

Que projeto(s) está(ão) sendo executado(s) em parceria com o PNT? Há perspectiva de

investimento ou realização de outro projeto voltado para os grupos religiosos? Qual?

316

APÊNDICE D - Aplicação das Entrevistas

As 18 (dezoito) entrevistas realizadas com os sujeitos-chave desta pesquisa ocorreram

no período de janeiro a setembro de 2015. Essas entrevistas possibilitaram a obtenção de

informações sobre questões relacionadas ao passado e ao futuro dos entrevistados, sobre suas

trajetórias de vida, bem como sobre suas crenças, atitudes e condutas religiosas e ambientais.

As entrevistas com as lideranças religiosas foram realizadas nas sedes das instituições

que representam, após um pré-agendamento. Já os gestores ambientais do Instituto Chico

Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram entrevistados no Centro de

Visitantes do Parque Nacional da Tijuca (Setor A do PNT - Floresta da Tijuca), enquanto os

pesquisadores foram entrevistados em suas residências. Importante frisar que os locais das

entrevistas foram acertados em comum acordo entre o pesquisador e os informantes.

As lideranças e representantes de grupos religiosos atuantes no PNT foram escolhidos

de acordo com os seguintes critérios: grupo religioso membro do Conselho Consultivo do

PNT; participação do grupo religioso em iniciativas de cunho religioso e ambiental no PNT;

nível de conhecimento da área; e indicação feita por representantes e lideranças de grupos

religiosos e por pesquisadores relacionados à temática analisada.

No Quadro 13, apresentado a seguir, são listadas as lideranças e representantes

religiosos entrevistados (com seus nomes codificados por REL + nº), as religiões, tradições

e/ou instituições/grupos religiosos que representam, e seus cargos/responsabilidades.

Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (continua)

Entrevistado Religião /

Grupo Religioso

Cargo /

Responsabilidade Observações

REL1

Druidismo /

Gergóvia Escola de

Druidismo e Cultura Celta

Sacerdotisa -

Local da entrevista: antiga sede do grupo - no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.

Data: 24/01/2015, de 09 às 13h.

REL2 Catolicismo / Paróquia de

Nsa. Sra. da Luz Padre

Estruturas que compreendem a Paróquia

de Nossa Senhora da Luz: Igreja de

Nossa Senhora da Luz, Capela Santo

Cristo dos Milagres e Capela Mayrink

(dentro do PNT). No 1º domingo do mês,

ocorrem missas na Capela Mayrink.

Local da entrevista: Igreja de Nossa Senhora da Luz - Estrada das Furnas, 220, Alto da Boa Vista.

Dia 07/02/2015, das 13 às 14h (primeiro contato pessoal e formulação das perguntas).

Dia 18/02/2015 (envio das respostas por email).

317

Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (continua)

Entrevistado Religião /

Grupo Religioso

Cargo /

Responsabilidade Observações

REL3 Catolicismo

Ex-seminarista do

Mosteiro de São

Bento

-

Local da entrevista: residência do entrevistado, no Engenho Novo.

Dia 15/02/2015, das 13 às 16h.

REL4 Evangélico

Religioso, educador

ambiental e ex-

contratado do

IBAMA/PNT

Representante do Pentecostalismo e

pesquisador atuante no PNT.

Local da entrevista: residência do entrevistado, no Centro.

Data: 23/02/2015, das 20 às 21h30.

REL5

Umbanda / Congregação

Espírita Umbandista do

Brasil (CEUB) / Templo

Umbandista Vovó Maria

Conga do Congo

Sacerdotisa Uma das dirigentes espirituais mais

antigas da Umbanda.

Local da entrevista: Sede da CEUB - no Estácio.

Dia 17/06/2015, das 15 às 18h30.

REL6A

Candomblé / Ilê Asè Ala

Koro Wo

Babalorixá Contato realizado por indicação da Prof.ª

Dra. Aureanice de Mello Corrêa (UERJ).

Entrevista coletiva.

Os religiosos desse terreiro também

realizam suas práticas nas áreas

limítrofes ao PNT, em especial, no

Espaço Sagrado da Curva do S.

REL6B

Babalaô,

pesquisador e

educador ambiental

REL6C Babalaô

Local da entrevista: Refeitório do terreiro, em São João de Meriti-RJ.

Data: 30/06/2015, de 09 às 12h.

REL7 Esotérico / Fadas Brilhantes

Diamantes Coordenadora

Contatos realizados durante as práticas

do grupo no PNT. No 1º domingo de

cada mês, o grupo composto por 40

mulheres costuma frequentar áreas da

Floresta da Tijuca, tais como o Largo do

Bom Retiro, o Lago das Fadas e o Meu

Recanto.

Local das entrevistas: área Meu Recanto, localizada na Floresta da Tijuca (Setor A do PNT).

Data: 05/07 e 20/09/2015.

REL8 Wicca / União Wicca do

Brasil (UWB) Sacerdote -

Local da entrevista: sede da UWB, em Madureira.

Data: 09/07/2015, das 10 às 12h.

REL9

Umbanda / União

Espiritista de Umbanda do

Brasil (UEUB) / Tenda

Espírita São Jorge (TESJ)

Sacerdote Um dos dirigentes espirituais mais

antigos da Umbanda.

Local da entrevista: Escritório do entrevistado no Centro.

Dia 09/07/2015, das 16 às 20h.

REL10 Candomblé / Ilê Axé Aiyê

Obaluaiyê Babalorixá

Sede do terreiro no bairro de Pedra de

Guaratiba.

Local da entrevista: Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões (PROEPER), no Centro de Ciências Sociais

(CCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã,

Campus Universitário Francisco Negrão de Lima, Pavilhão João Lyra Filho, 8º Andar, Bloco E, Sala 8002.

Data: 31/07/2015, de 13h30 às 16h.

REL11 Ciências da Nova Terra Religiosa e

pesquisadora -

Local da entrevista: residência do entrevistado, no Jardim Botânico.

Data: 22/08/2015, das 14 às 16h.

318

Quadro 13 - Lideranças e representantes religiosos entrevistados na pesquisa. (conclusão)

Entrevistado Religião /

Grupo Religioso

Cargo /

Responsabilidade Observações

REL12 Catolicismo / Casa de São

Bento

Abade

O Priorato é um conjunto arquitetônico

pertencente à Ordem Beneditina e à

Arquidiocese do Rio de Janeiro,

localizado no Alto da Boa Vista.

Foi realizado o agendamento da

entrevista com dois meses de

antecedência.

Local da entrevista: Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na Glória.

Dia 27/08/2015, das 14 às 15h.

REL13

Budismo / Centro de

Estudos de Budismo

Theravada

Instrutor O local pertence à Sociedade Budista do

Brasil (SBB).

Local da entrevista: Centro de Estudos de Budismo Theravada, em Santa Teresa.

Dia 08/09/2015, das 10 às 12h.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.

Os gestores ambientais do ICMBio foram selecionados em função de seu

envolvimento com a gestão do uso público religioso na Unidade de Conservação (UC) em

análise. No Quadro 14, são listados os gestores ambientais religiosos entrevistados (com seus

nomes codificados por GES + nº) e seus respectivos cargos/responsabilidades.

Quadro 14 - Gestores ambientais entrevistados na pesquisa. Entrevistado Cargo / Responsabilidade Observações

GES1 Analista Ambiental do ICMBio -

Local da entrevista: Centro de Visitantes da Floresta da Tijuca, Parque Nacional da Tijuca.

Dia 28/01/2015, das 10 às 12h30.

GES2 Analista Ambiental do ICMBio -

Local da entrevista: Centro de Visitantes da Floresta da Tijuca, Parque Nacional da Tijuca.

Dia 22/09/2015, das 10 às 11h.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.

Os pesquisadores, por sua vez, foram escolhidos para a presente análise e discussão

em função de sua importância como precursores no processo de diálogo inter-religioso e entre

as instâncias conservacionistas dos órgãos ambientais e as instituições e tradições religiosas,

que utilizam as áreas naturais protegidas pelo PNT como lugares sagrados inscritos em suas

paisagens. Esses pesquisadores foram selecionados devido ao seu envolvimento profissional

com a temática.

No Quadro 15, são apresentados os pesquisadores entrevistados nesta pesquisa

(codificados por PES + nº), suas áreas de atuação, cargos e/ou responsabilidades.

319

Quadro 15 - Pesquisadores entrevistados na pesquisa. Entrevistado Área de Atuação Cargo / Responsabilidade Observações

PES1

Educação

Ambiental /

Religião

Educadora e ex-

funcionária IBAMA/PNT

O objetivo da entrevista era

compreender o processo de

gestão do uso público

religioso no âmbito do PNT.

Local da entrevista: cafeteria, no Leme.

Data: 06/02/2015, das 13 às 14h30.

PES2 Patrimônio Cultural

/ Inter-religioso

Museóloga, historiadora e

Ex-funcionária do

IBAMA/PNT

O intuito era captar a visão

do gestor público federal em

relação às práticas religiosas

realizadas na UC em análise.

Local da entrevista: residência da entrevistada, no Jardim Botânico.

Data: 22/06/2015, das 13h30 às 16h.

PES3

Movimento Inter-

religioso do Rio de

Janeiro (MIR)

Coordenadora

O MIR é uma entidade

ligada ao Instituto de

Estudos da Religião (ISER).

É um espaço de respeito

mútuo para a promoção da

paz por meio do diálogo e

cooperação entre as diversas

religiões, tradições

espirituais e indígenas.

Local da entrevista: Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO), no Instituto de Geografia (IGEOG)

da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, Campus

Universitário Francisco Negrão de Lima, Pavilhão João Lyra Filho, 4º Andar, Bloco F, Sala 4006.

Data: 08/07/2015, das 14 às 15h30.

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015.

320

APÊNDICE E - Histórico das Ações de Campo

Quadro 16 - Datas, localidades e objetivos das ações de campo. (continua) Datas Localidades Objetivos

06/06/2013 Centro de Visitantes (Floresta da Tijuca)

Participação da Oficina de Plantas Medicinais, evento que contou com a

presença de lideranças religiosas da Umbanda e do Candomblé e de gestores

ambientais.

13/07/2013

Cascatinha, Recanto Job de Alcântara, Lago das Fadas e Largo do Bom

Retiro (Setor A do PNT), e Estrada da Vista Chinesa, Mesa do

Imperador e Vista Chinesa (Setor B)

Observações de campo nos recantos da Floresta da Tijuca e da Estrada da

Vista Chinesa.

01/05/2014 Pico da Tijuca e Largo do Bom Retiro (Setor A) Realização de caminhadas até o Pico da Tijuca, sendo realizadas

observações de campo. 14/06/2014 Pico da Tijuca (Setor A)

14/09/2014 Mutirão da Trilha Transcarioca (Setor A) Participação como voluntário nas atividades de sinalização da Trilha

Transcarioca.

28/01/2015

Caminho das Almas (Setor A) Realização de caminhada e observações de campo.

Centro de Visitantes

(Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista com gestor ambiental.

07/02/2015 Igreja de Nsa. Sra. da Luz (fora do PNT) Realização de entrevista com padre e observações de campo.

06/03/2015

Capela Mayrink, Cruzeiro das Almas, Jardim dos Manacás e Caminho

Dom Pedro Augusto (Setor A), Capela Santo Cristo dos Milagres,

Sacré-Coeur de Marie, Priorato e Igreja Nsa. Sra. da Luz (fora do

PNT), e Estradas do Redentor e das Paineiras (Setor B)

Realização de caminhada e observações de campo.

02/07/2015 Avenida Édson Passos (fora do PNT) e Estradas do Redentor e das

Paineiras (Setor B)

Realização de caminhada pela Av. Édson Passos, desde a Praça Afonso

Viseu (Alto da Boa Vista) até a Usina (Tijuca), e observações de campo.

05/07/2015 Capela Mayrink e Centro de Visitantes (Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista, observação da missa realizada na capela e

participação no evento em comemoração ao 54º Aniversário do PNT.

11/07/2015 Caminho das Almas, Cachoeira Diamantina e Caminho das Grutas

(Setor A) Realização de caminhada e observações de campo.

12/07/2015 Capela Silvestre (Setor B)

Observações de campo. Mirante Dona Marta e Capela Silvestre (Setor B)

23/07/2015 Parque Lage (Setor B)

03,05 e 06/09/2015 Hospital Adventista Silvestre

(fora do PNT)

Visita ao pai do pesquisador (que estava internado no hospital), sendo

também realizadas observações de campo.

321

Quadro 16 - Datas, localidades e objetivos das observações e trabalhos de campo. (conclusão)

Datas Localidades Objetivos

08/09/2015 Rua Almirante Alexandrino (fora do PNT)

Observações de campo. 19/09/2015 Cachoeira Grande / Morro do Banco

(fora do PNT)

20/09/2015 Represa dos Macacos e Cachoeira do Quebra (Setor B)

Meu Recanto (Setor A) Realização de entrevista e observações de campo.

22/09/2015 Centro de Visitantes

(Floresta da Tijuca - Setor A) Realização de entrevista com gestor ambiental.

22/11/2015 Rua Marianópolis (fora do PNT) Observações de campo.

12/12/2015

Estrada Gávea Pequena, Caminho do Mocke, Recanto da Mesa

Redonda, Mesa do Imperador, Largo da Cachoeira das Três Bicas, Vista

Chinesa e Rio dos Macacos (Setor B)

Realização de caminhada e observações de campo.

15/12/2015

Açude da Solidão (Setor A)

Observações de campo.

Cascata Gabriela e Restaurante Os Esquilos (Setor A)

Cascatinha de Taunay (Setor A)

Recantos Jabuticabeiras, Tai Chi Chuan e Meu Recanto (Setor A)

17/12/2015 Furnas da Tijuca (fora do PNT)

Rua Marianópolis e Ruínas de Vila Rica (Setor A)

20/12/2015 Cachoeira e Gruta dos Primatas (Setor B) Realização de caminhada e observações de campo.

07/01/2016 Monte Cardoso Fontes (Setor D)

Realização de caminhadas e observações de campo.

Represa dos Ciganos e Vale dos Três Rios (Setor A)

11/01/2016

Espaço Sagrado da Curva do S

(fora do PNT)

Estrada das Canoas (em parte, no Setor B)

12/01/2016 Morro da 2-2 (fora do PNT)

Fonte: O autor, Pesquisa de Campo, 2015-2016.