1° Seminário de Tese
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Seminário de Tese apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, área Transporte Aéreo e Aeroportos.
Helen Feuser Fernandes
UMA PROPOSTA DE REQUISITOS PARA OS AEROPORTOS
DESTINADOS Á AVIAÇÃO REGIONAL
Cláudio Jorge Pinto Alves
Orientador
Alessandro V. M. Oliveira
Coordenador de Área
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2014
1. RESUMO
Observa-se, neste século (últimos dez anos): uma alta taxa de crescimento de
demanda pelo transporte aéreo, uma estagnação na capacidade instalada nos aeroportos
brasileiros e um consequente descompasso entre demanda e capacidade no setor. Uma das
alternativas, dadas a dificuldade e o tempo necessário para a ampliação dos grandes
aeroportos, é a utilização de aeroportos menores e que estejam ociosos. A Aviação Regional,
instituída em 1975 e, praticamente abandonada na década de 90, volta a ser considerada uma
alternativa para satisfazer as necessidades de ligação entre comunidades.
1.1 JUSTIFICATIVA
A reentrada de aeroportos de pequeno e médio porte na rede nacional pode
colaborar com o sistema aeroportuário brasileiro. A Aviação Regional se caracteriza por ser
integrada por aeronaves de pequeno e médio porte que podem exigir menores requisitos de
infraestrutura. Nesse cenário, o estabelecimento dos requisitos que caracterizem um aeroporto
voltado à Aviação Regional ganha relevância.
1.2 OBJETIVO
O objetivo é estabelecer um modelo com os padrões necessários na área de
movimento de aeroportos que se destinem ao atendimento da Aviação Regional e, como
estudo de caso, aplica-lo num sítio, identificando os requisitos necessários para a
infraestrutura.
2. EXPOSIÇÃO DO TEMA
Desde a antiguidade, cidades sempre se desenvolveram em torno das rotas de
comércio (rios, portos, ferrovias). Com isso, houve a expectativa de melhorias em relação aos
transportes. Uma alternativa relativamente nova, mas com uma expansão crescente é o
transporte aéreo, juntamente com os aeroportos.
A grande vantagem do avião aos demais transportes é a flexibilidade das rotas por
não estar “preso” as condições geográficas do terreno, nem a inflexibilidade das estradas e das
ferrovias.
De acordo com Button (2010), em países geograficamente maiores, com a
população esparsa, o número de aeroportos menores é superior ao número de aeroportos de
grande vulto, atendendo toda a população.
Porém, os aeroportos não “surgem” simplesmente, eles são planejados e
regulamentados, e operados por organizações locais, estaduais ou federais e, mais
recentemente, são concessionados para entidades capitaneadas pela Iniciativa Privada.
No Brasil, tem-se a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), desenvolvendo
atividades antes de competência do Departamento de Aviação Civil (DAC), que faz o papel
de reguladora dessa atividade. Pode ser dividida em duas vertentes, uma em relação à
regulação técnica, que tem como objetivo a garantia da segurança dos passageiros e usuários
da Aviação Civil através de requisitos de segurança e mão de obra qualificada. A segunda
vertente trata-se da regulação econômica, através de monitoramento e possíveis intervenções
no mercado (ANAC, 2014). Os requisitos para o projeto são assegurados por regulamentos,
como o RBAC 154 – Projeto de Aeródromos, que especifica toda a parte de infraestrutura de
um aeródromo (resistência do pavimento, declividades das pistas, dimensões etc) até
sinalizações necessárias para a navegação (RBAC 154, 2009).
Porém, o desenvolvimento de um aeroporto em uma região não é nenhuma
panaceia, é necessário atrair os serviços de companhias aéreas e que estes serviços possam ser
duradouros até certo período de tempo estimado. O que não se pode supor é que o
desenvolvimento de uma região irá ocorrer pelo fato isolado da implantação de uma
infraestrutura aeroportuária.
A existência de prédios e pistas por si só demonstra-se ineficiente se não houver
uma manutenção adequada e um esforço de operar de forma eficiente (BUTTON, 2010).
Pelas características geográficas do Brasil, suas grandes extensões e infraestrutura
deficitária de estradas e ferrovias, deve-se destacar a aviação regional como uma alternativa
para o transporte. Além do estímulo na economia e na geração de empregos e bens, há a
interligação do país como um todo no âmbito cultural e na unidade política nacional
(RIBEIRO, FRAGA, SANTOS, 2011).
Diante do exposto pretende-se:
- Estabelecer uma proposta de definição de “aeroporto regional”;
- Identificar os sistemas dentro do aeroporto a ser objeto de estudo na área de
movimento do aeroporto;
- Analisar os requisitos desses componentes;
- Propor uma metodologia que se adeque ao objeto de estudo garantindo os níveis
de segurança do setor;
- Desenvolver um estudo de caso;
- Avaliar os resultados, da proposta.
3. AEROPORTOS REGIONAIS
A aviação regional tem como grande trunfo a interligação de regiões (estados,
cidades) principalmente em países com grande área territorial, além de propiciar maior
rapidez no transporte de regiões remotas, como é o caso da Amazônia no Brasil. Sendo a
rapidez, a característica mais marcante na escolha desse modal pelo passageiro. Além de
contribuir para o desenvolvimento econômico regional, principalmente nos locais que contêm
rotas turísticas e parques industriais.
A importância de pesquisas na área da aviação regional no Brasil pode ser
justificada pelas próprias características do país. Tendo ele uma grande extensão territorial
(sendo o quinto maior em extensão contínua), elevado número de cidades e microrregiões,
uma grande diversidade cultural, além das limitações dos outros modais de transporte.
Um dos problemas da aviação regional é a rivalidade em relação aos demais
modais, em virtude das etapas caracteristicamente serem menores. O tempo, preço, conforto,
acessibilidade são fatores que contribuem na escolha do modal. Acessibilidade depende da
infraestrutura da região, enquanto os demais fatores dependem do aeroporto em si e da oferta
das companhias aéreas. Apenas onde as regiões são remotas, como o caso da Amazônia e não
há opção por outros modais, é que não acontece competição. Portanto, para a aviação regional
o ideal seria encontrar lugares onde não há tanta disponibilidade de transporte e/ou onde as
pessoas prezem mais pelo tempo do que pelo custo do transporte, como o caso dos
passageiros que viajam a negócios (SILVA, OLIVEIRA, 2008).
Em relação, a infraestrutura dos aeroportos, tanto a aviação regional quanto a
aviação convencional precisam basicamente dos mesmos insumos. Seriam eles: um
aeródromo, aeronaves, passageiros, combustível, suporte técnico. Porém, as empresas que
operam a aviação regional reclamam do alto custo do combustível e do sistema deficitário dos
aeroportos, principalmente em regiões remotas onde os insumos são mais escassos e, portanto
mais caros (BETTINI, 2007).
Congestionamentos e atrasos são outros grandes problemas dos aeroportos. Até
mesmo na Europa, com países de economias, culturas tão diferentes e geograficamente
menores que o Brasil, encontra desafios na aviação regional. Segundo Postorino (2010),
considerações ambientais de uma Europa realmente lotada podem impedir o
desenvolvimento/expansão de um grande aeroporto. Porém o maior problema é a existência
de aeroportos muito próximos das cidades e os inconvenientes que isso acarreta, como o
excesso de ruído, poluição e congestionamento nas vias de acesso aos aeroportos. O grande
interesse do desenvolvimento da aviação regional na União Europeia e nos Estados Unidos é
a dispersão desses congestionamentos e impactos ambientais. Além de demais efeitos como o
desenvolvimento socioeconômico de regiões distantes, a satisfação de capacidade
aeroportuária e o aumento da malha aérea.
Ainda de acordo com Postorino (2010), um estudo recentemente realizado
estimou que em 2025 os vinte maiores aeroportos da Europa estarão saturados de 8 a 10 horas
por dia, caso nenhuma política de melhorias seja providenciada. Mas isso não significa apenas
o não cumprimento de escalas, como também o aumento de custos em relação à segurança e
ao ambiente. Dados de uma pesquisa no ano de 2006 (POSTORINO, 2010) mostram que a
Europa dispunha de 2100 aeroportos na época, sendo, em sua maioria, aeroportos regionais e
secundários. Eles estavam em crescente dispersão territorial, aumentando suas áreas de
influência. Nas cidades próximas aos aeroportos mais movimentados tinha-se entre 4 e 46
aeródromos dentro de um raio de 100 km do centro da cidade.
O discurso sobre o desenvolvimento de aeroportos regionais está sempre ligado ao
tráfego de passageiros, porém na Europa, com o aumento de transporte de carga houve uma
reestruturação como ocorreu com o surgimento dos passageiros Low Cost. Comparando esses
aeroportos exclusivos de carga, muitas vezes antigas bases militares com apenas as funções
básicas em funcionamento, aos aeroportos regionais que contêm cargas e passageiros, esses
estão localizados mais distantes dos grandes centros. Mas para ambos os aeroportos valem os
mesmos requisitos (POSTORINO, 2010).
Nos Estados Unidos, a aviação regional, melhor definida e estruturada, já está
mais consolidada que no Brasil. Lá, metade dos voos realizados são da aviação regional,
dando a países em desenvolvimento, como o Brasil, uma grande perspectiva de crescimento
nessa área. A Figura 3.1 mostra o mapa dos Estados Unidos e o percentual dos voos totais
(sendo divididos entre voos regionais e os demais) em alguns aeroportos. Pode-se observar
que na maioria das regiões a aviação regional é mais expressiva que as demais. Já no Brasil,
aviação regional é uma pequena parcela do transporte aéreo doméstico do país, chegando no
máximo a 2,5% do total de passageiros-quilômetros transportados no ano de 2005 em rotas
domésticas (SILVA, OLIVEIRA, 2008). Além das empresas de transporte aéreo regional
terem um faturamento anual muito inferior em comparação a companhias como Gol e TAM.
FIGURA 3.1 – Mapa dos Estados Unidos com o percentual de voos regionais.
FONTE: Adaptado de RAA (2013).
Na Figura 3.2 apresenta-se o mesmo mapa, porém com as etapas mais longas e as
mais curtas da aviação regional americana. Na etapa mais distante que é de Austin (Texas) a
San Francisco (Califórnia), com 2420 quilômetros (1504 milhas) e na etapa mais próxima é a
de Lewiston (Idaho) até Pullman (Washington), com apenas 41,84 quilômetros (26 milhas).
Para auxiliar a aviação regional, existem associações como a Regional Airline
Association (RAA), nos Estados Unidos e a European Association of Regional Airlines
(EARA) na Europa. No Brasil a Associação Brasileira de Empresas de Transporte Aéreo
Regional (ABETAR) foi instituída em 2001.
FIGURA 3.2 – Mapa dos Estados Unidos com as etapas mais longas e mais curtas da aviação
regional do país.
FONTE: Adaptado de RAA (2013).
Já a Ásia é um continente mais diversificado cultural, economicamente e
politicamente que os Estados Unidos. O continente asiático foi o que teve um crescimento
econômico mais rápido nas últimas décadas, tendo países desenvolvidos (Japão, Coréia do
Sul, Singapura) e países em desenvolvimento (China, Indonésia, Malásia). Atualmente
enfrenta um desafio em suprir a demanda pelo crescimento do transporte aéreo e dos altos
custos do combustível, que acabam afetando os investimentos na área. Há uma dificuldade
enorme em coletar dados de aeroportos regionais, em definir o que é um aeroporto regional,
devido ao grande número de aeroportos na Ásia. Há alguns aeroportos em ilhas turísticas na
Ásia, como Haikou na China, Bali na Indonésia, Okinawa no Japão. Esses aeroportos atraem
muitos turistas todos os anos por causa da paisagem exuberante e ótimo clima. Há ainda a
impressão que o sudeste asiático é pouco desenvolvido, porém tem um fluxo de turismo
crescente. Esse turismo é regional, pois 45% dos visitantes são do ASEAN (Association of
South East Asian Nations) e 27% de outros países asiáticos, demonstrando uma grande
perspectiva de crescimento na aviação regional, pois mais da metade do turismo é do próprio
continente asiático (CHANG, 2010).
Na China, houve uma grande expansão na quantidade de aeroportos, havia 142
aeroportos operando no país em 2005, comparado aos 121 em 2000 e 109 em 1994. A China
tem se esforçado em melhorar a infraestrutura dos aeroportos existentes e em obter recursos
para os novos. Em 2004, houve uma política de descentralização, onde cada província da
China ficou responsável pelo gerenciamento de todos os aeroportos civis dentro da província
(CHANG, 2010).
3.1 DEFINIÇÃO DE AEROPORTO REGIONAL
Uma das dificuldades desse estudo foi a quantidade de definições diferentes
encontradas para esse termo, ou seja, a falta de um consenso sobre o que seja a aviação
regional e o que seria um aeroporto destinado para a mesma. A necessidade de uma definição
mais homogênea no meio de tantos agentes envolvidos é uma dificuldade que deve ser
considerada na análise do transporte aéreo (RIBEIRO, FRAGA, SANTOS, 2011). Cada país
define de forma diferente, de acordo com sua experiência, cultura, demanda. Dessa forma, ter
como base outros países para estabelecer essa terminologia ficou muito difícil.
Bettini (2007) nomeia a aviação regional àquela atividade regulamentada, onde as
aeronaves possuem capacidade para cem passageiros ou menos, onde o transporte é feito entre
regiões com densidade de tráfego reduzida. Contudo, a ABETAR contesta essa nomenclatura,
pois por essa definição fica subentendido que as empresas não possam ter em sua frota
aeronaves com mais de cem assentos para essas rotas regionais, sendo que há empresas que
operam a aviação regional com aeronaves maiores. Além de ter empresas que operam etapas
curtas, e ter também algumas Low Cost Carrier (LCC) que operam em cidades com alta
densidade de tráfego.
Na Austrália, como apenas as cidades de Sydney, Brisbane, Perth e Adelaide têm
um movimento de passageiros superior a cinco milhões por ano, utiliza-se esse parâmetro
para distinguir os demais aeroportos como aeroportos regionais (COLLINS, HENSHER,
ZHENG, 2010). Desta mesma forma, Postorino (2010) define em termos de passageiros e
movimentos, os aeroportos como:
- Principais, se os passageiros por ano ultrapassam a 5 milhões ou;
- Regionais, ao contrário.
E na União Europeia os aeroportos podem ser classificados como:
- Community Airport, se o movimento de passageiros é superior a dez milhões por
ano;
- National Airport, se o número varia de cinco a dez milhões por ano;
- Large Regional Airport, se o número está entre um e cinco milhões por ano;
- Small Regional Airport, se o movimento é menor que um milhão de passageiros
por ano.
Outra maneira, de acordo com a ICAO (International Civil Aviation
Organization), através do Anexo 14, de definir aeroportos pode ser em relação à densidade de
tráfego:
- Leve: se o número de movimentos durante a hora pico é menor que 15 para cada
pista, ou se for menor que 20 para todas as pistas;
- Médio: se o número de movimentos durante a hora pico varia de 16 a 25 para
cada pista, ou se em todas as pistas os movimentos variam de 20 a 35;
- Pesado: se o número de movimentos durante a hora pico é maior que 26 para
cada pista ou se para todas as pistas for 35.
De acordo com a ABETAR (2008), são utilizados normalmente quatro critérios
para a definição de um mercado regional, são eles:
- Companhia aérea: se é uma “companhia aérea regional” ou “companhia área
nacional”;
- Aeronave: utiliza-se um critério de corte em relação ao tamanho da aeronave,
normalmente menor que cem assentos, independente da tecnologia (turbo hélice ou a jato);
- Aeroporto: os aeroportos regionais são definidos a partir da movimentação de
passageiros e/ou aeronaves e das características do município (menor que 1 milhão de
habitantes);
- Ligação aérea: de acordo com a densidade de tráfego (por exemplo: 15 mil
passageiros/ano), etapas percorridas (por exemplo: até 1000 quilômetros).
Porém deve-se ressaltar que não somente companhias aéreas LCC operam em
etapas regionais e que, portanto, nem sempre são aeronaves com menos de cem assentos os
utilizados.
Como citado nesse item, são várias as nomenclaturas utilizadas
internacionalmente. Portanto, uma das contribuições desse trabalho será a definição de
aeroportos regionais de acordo com a movimentação e as etapas. Lembrando que o Brasil têm
cinco regiões (norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste) e que as etapas dessas regiões
possuem distâncias diferenciadas.
Nessa pesquisa serão tomados como referência os mesmos parâmetros para
aeroportos regionais que os adotados pela ABETAR, já que ela atua no Brasil.
3.2 INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA
Antes de dimensionar um aeroporto com terminal de passageiros, pistas, pátios,
terminal de cargas, estacionamento etc., deve-se analisar o entorno do terreno a ser utilizado
para a construção do aeroporto. O aeroporto será influenciado pela região a sua volta e
influenciará a região também.
No que se refere à área de influência de um aeroporto, tem-se duas distinções
importantes a serem feitas. A área de influência primária é aquele perímetro ao redor do
aeroporto, onde as pessoas o escolhem ao invés dos demais por proximidade, comodidade. Já
na área de influência secundária estão aqueles passageiros que podem escolher esse aeroporto
por vontade, mas não são influenciados em relação à praticidade, analisam outros fatores,
como por exemplo, os serviços oferecidos pelo aeroporto, estes têm um comportamento mais
elástico. Na Figura 3.3 estão representadas essas regiões de influência. Este estudo é muito
importante para a análise da demanda. O interesse nesse estudo das áreas de influência é de
aumentar essa região primária. Uma das formas de fazê-lo é tornar o aeroporto mais atraente,
com oferta de serviços melhores, mais etapas, mais horários de voos, melhores preços
(POSTORINO, 2010).
FIGURA 3.3 – Área de influência primária e área de influência secundária.
FONTE: Adaptado de Postorino (2010).
Os passageiros também são consumidores e têm diferentes necessidades,
motivações. Um bom planejador de aeroportos, além de ter conhecimento da área técnica,
deve também entender os vários clientes que o aeroporto se destina e planejá-lo de forma a
corresponder às necessidades tanto quanto possível dos seus potenciais usuários.
Uma pesquisa realizada em sete aeroportos regionais na Espanha demonstra que,
ambientes mais confortáveis e convenientes facilitam compras e tornam as experiências mais
agradáveis. Fazendo, com isso, os passageiros utilizarem novamente aquele aeroporto,
aumentando significativamente as receitas comerciais num maior número de viagens com o
mesmo número de passageiros (CASTILLO-MANZANO, 2010).
De acordo com Castillo-Manzano (2010), há grupos de pessoas que consomem de
forma diferenciada. Por exemplo, dois passageiros viajando juntos consumiriam quase 8,5% a
mais que um passageiro sozinho, e no caso de três ou mais pessoas no grupo, o consumo
subiria em média para 17%. Viajar com crianças também aumenta o consumo, apesar das
compras serem pequenas, apenas a título de entretenimento rápido. Pessoas idosas costumam
consumir nas áreas próximas às áreas de embarque, como também passageiros que viajam
casualmente, por conta do receio de perder o voo. Estudantes estão no grupo de pessoas que
menos gastam 9% a menos que um passageiro comum e quando resolvem gastar, o gasto é
32% menor. A teoria de que pessoas que estão em viagens de férias têm maiores gastos é
correta, e passageiros internacionais estão no grupo dos que mais consomem (CASTILLO-
MANZANO, 2010).
3.3 COMPARAÇÃO ENTRE ESTUDO DO DAC E RBAC 154
A infraestrutura de aeroportos regionais não é um tema muito abordado na
literatura, as publicações são escassas. E como já comentado em relação à definição de
aeroportos regionais, há dificuldade em correlacionar os aeroportos do Brasil com os de
outros países, por conta das inúmeras diferenças econômicas, culturais, geográficas, políticas
etc.. Nessa pesquisa vai se ater apenas ao Air Side.
O antigo DAC (Departamento de Aviação Civil), em 1980 realizou um estudo de
infraestrutura de aeroportos regionais no Brasil. Os critérios nele formulados são específicos
para os seguintes aeroportos:
- aeroportos públicos de pequenos e médios municípios;
- aeródromos públicos para aviação geral;
- aeródromos de fronteira ou de apoio a agrupamentos militares;
- aeródromos de apoio a grupos indígenas, missões religiosas etc.;
- aeródromos de apoio a grandes empreendimentos (construção de usinas, projetos
agrícolas etc.).
Nesse documento estão contidas definições de alguns termos, orientações básicas
quanto à localização do aeroporto, uso do solo, dimensionamento de pista,
balizamento/iluminação, métodos de cálculos de pavimentos flexíveis entre outros itens.
Porém, para o estudo foram utilizadas, como referência, aeronaves hoje obsoletas, de
capacidade menor que 20 assentos até um pouco mais de 100 assentos, como o B-737/200
Advanced, DC-9 e o B-727/100.
Esse estudo fornece uma visão holística sobre os componentes de um aeroporto. O
RBAC 154 é mais específico em diversos assuntos e abrange mais normativas comparadas ao
documento do DAC. Referente à largura da pista de pouso, o estudo fixa o valor de “30
metros” para qualquer aeroporto condizente com as categorias que a pesquisa se refere, pois
esse valor é suficiente para as operações das aeronaves críticas tomadas como referência, sem
onerar em demasia o investimento. Isso não significa o impedimento de larguras maiores de
pista, apenas que não há necessidade operacional para tal. Sobre o comprimento de pista,
adota a mesma metodologia de cálculo do comprimento necessário de pista utilizada no
RBAC 154. Porém, faz uma ressalva, como o aeroporto regional muitas vezes é o único
terminal aéreo local, é interessante permitir aeronaves de salvamento e apoio para essas
regiões. Sugere-se, portanto, um comprimento, de pista não inferior a 1500 metros (DAC,
1980).
A seguir, são apresentadas duas tabelas da RBAC 154 (2009) (Tabela 3.1 e Tabela
3.2), elas auxiliam no dimensionamento de pistas, comprimento e largura, respectivamente. Já
a Tabela 3.3, do estudo de infraestrutura do DAC (1980), apresenta a classe da pista em
função do comprimento e largura. Pode-se observar que a letra do código está em ordem
inversa ao utilizado pelo RBAC 154.
TABELA 3.1 – Dimensionamento do comprimento de pista.
FONTE: RBAC 154 (2009)
Número Comprimento básico Letra Distância entre as rodas
do de pista requerido do externas do trem de pouso
Código pela aeronave Código principal
1 Inferior a 800 m. A Inferior 15 m. Inferior a 4,5 m.
2 De 800 m a 1200 m. B De 15 m a 24 m exclusive. De 4,5 m a 6 m exclusive.
3 De 1200 m a 1800 m. C De 24 m a 36 m exclusive. De 6 m a 9 m exclusive.
4 1800m e acima. D De 36 m a 52 m exclusive. De 9 m a 14 m exclusive.
E De 52 m a 65 m exclusive. De 9 m a 14 m exclusive.
F De 65 m a 80 m exclusive. De 14 m a 16 m exclusive.
Envergadura
Para o dimensionamento de um aeroporto são feitas estimativas de capacidade.
Porém, para os aeroportos regionais é importante dimensiona-los a ponto de que, se houver de
fato demanda e precisar ser expandido haja espaço e, se por acaso não houver movimentação
no aeroporto não se tenham desperdiçados recursos. Portanto, no estudo do DAC é
recomendado que seja deixado espaço para uma pista de 3000 metros de comprimento, e
espaço para todas as suas adequações (afastamentos e zonas de proteção).
TABELA 3.2 – Dimensionamento da largura da pista.
FONTE: RBAC 154 (2009).
TABELA 3.3 – Dimensionamento de comprimento e largura da pista.
FONTE: DAC (1980).
Os acostamentos não devem ser inferiores a 60 metros, de acordo com o DAC, e
estes são necessários quando o comprimento de pista for maior que 1500 metros.
Diferentemente do RBAC 154 (2009), onde os acostamentos devem ter 60 metros quando a
letra do código for D (acima de 1800 metros) ou E, e 75 metros quando for F.
De acordo com o DAC (1980), as faixas de pista devem ter largura (A) (Figura
3.4) de 100 metros, para as classes A, B, C (tabela 3.3) e exceder a largura (B) (Figura 3.4) de
60 metros. A Tabela 3.4 apresenta os comprimentos que RBAC 154 (2009) utiliza. Pode-se
observar que o DAC (1980) é menos conservador em relação à largura (A) do que o RBAC
154 (2009).
Número do
código
1 18 m 18 m 23 m - - -
2 23 m 23 m 30 m - - -
3 30 m 30 m 30 m 45m - -
4 - - 45 m 45 m 45 m 60 m
Letra do código
A B C D E F
Comprimento (m) Largura (m) Classe
2100 ou mais 45 A
1500 a 2100 exclusive 45 B
900 a 1500 exclusive 30 C
750 a 900 exclusive 23 D
600 a 750 exclusive 18 E
FIGURA 3.4 – Faixa de pista.
FONTE: Próprio autor.
TABELA 3.4 – Dimensionamento da faixa de pista.
FONTE: RBAC 154 (2009).
As pistas de rolamento devem ter largura mínima de 15 metros para a classe C
(tabela 3.3) e de 23 metros para a classe B e A (tabela 3.3). No RBAC 154 (2009) as larguras
estipuladas são as fornecidas na Tabela 3.5.
TABELA 3.5 – Pista de rolamento.
FONTE: RBAC 154 (2009).
No estudo do DAC não é mencionada a utilização de RESA (Runway end safety
area) e nem de EMAS (Engineered Material Arresting System).
1 2 3 1,2 3,4
A (m) 60 80 150 150 300
B(m) 30 60 60
Código de pista
VFR
Código de pista
IFR
Pista
código
A 7,5
B 10,5
C 15,0 ou 18,0
D 18,0 ou 23,0
E 23,0
F 25,0
Largura (m)
3.4 SAFETY
Como o objetivo principal dessa pesquisa é sugerir adequações aos requisitos já
existentes para os aeródromos, especificamente para os aeroportos regionais, há a necessidade
de observar o safety dos componentes do Air Side. Pois como a RBAC 154 (2009) especifica
os requisitos dos componentes de um aeroporto internacional, subentende-se que para um
aeroporto de pequeno e médio porte não teria necessidade/ obrigatoriedade operacional para
seguir todas as recomendações existentes nessa norma. Porém, deve-se cuidar para que as
adequações sejam facilitadoras mas que mantenham os níveis de segurança.
Para auxiliar no processo de análise de segurança do aeródromo, pretende-se, a
princípio, utilizar como base metodológica o trabalho “Risk Assessment in Airports: São
Paulo/ Congonhas Airport – A case study” de Fortes (2012).
Na Figura 3.5 é apresentada a metodologia adotada por Fortes (2012). Os inputs
são os dados do METAR (Meteorological Aerodrome Report), do HOTRAN (Horário de
transporte), e as análises de infraestrutura. A metodologia se dá através do cálculo da
probabilidade do evento, definição de severidade, cálculo de risco e classificação. Com os
outputs são definidas ações que amenizem/ eliminem os riscos, calcula-se novamente os
riscos e avalia-se a melhora (ou não).
FIGURA 3.5 – Metodologia adotada por Fortes (2012).
FONTE: FORTES (2012).
4. ESTRUTURA BÁSICA
- Introdução (histórico, motivação, objetivo e escopo);
- Revisão bibliográfica sobre o tema;
- A aviação regional (caracterização e requisitos);
- Uma proposta de Modelo de infraestrutura para aviação regional (classificação e
necessidades por componentes);
- Estudo de caso (aplicação do modelo e discussão dos resultados);
- Conclusões e recomendações;
- Referências bibliográficas.
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ABETAR 2008, 2008.
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – BRASIL – ANAC. RBAC
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Development of Regional Airports – Theoretical Analyses and Cases Studies.
Southampton, Boston: WITPress, 2010, cap. 2 (p. 27-51).
POSTORINO, M. Nadia. Air Demand Modelling: Overview and Application to a
Developing Regional Airport. In:_____. Development of Regional Airports – Theoretical
Analyses and Cases Studies. Southampton, Boston: WITPress, 2010, cap. 4 (p. 77-108).
RAA, 2013 ANNUAL REPORT. Washington, DC, 2013. Disponível em:
http://www.raa.org. Acesso em: 03.03.2014
RIBEIRO, S. C.; FRAGA, C. C. L.; SANTOS, M. P. S. Analysis of the Regional
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In:_____.Regional Airports. Southampton, Boston: WITPress, 2011, p. 63-71.
SILVA, L. H. S.; OLIVEIRA, A. V. M. Constituição do Marco Regulatório
para o Mercado Brasileiro de Aviação Nacional. Nectar/ITA São José dos Campos: São
Paulo, Brazil, 2008. http://www.nectar.ita.br.
PLANO DE AÇÃO
Dados da pesquisa
Título da pesquisa: Uma proposta de requisitos para os aeroportos destinados á
aviação regional.
Nome do aluno: Helen Feuser Fernandes
Orientador: Cláudio Jorge Pinto Alves
Relator: Rogéria de Arantes Gomes Eller
Data do seminário: 28/03/2014
Datas dos seminários anteriores: 09/08/2013
Atividades acadêmicas
Disciplinas cursadas até o momento: IT-203, IT-210, IE-232
Disciplinas a serem cursadas: IT-200 (cursando), IT-201(cursando), à definir
Congressos que participou ou submissões realizadas: ATRS 2014 (aceito mar/2014)
Cumprimento de prazos
Periódico almejado para submissão
Opção 1:
Nome do periódico: Journal of Air Transport Management
URL do periódico: http://www.journals.elsevier.com/journal-of-air-transport-
management/
Qualis do periódico: A2 (Engenharias I)
Justificativa da escolha do periódico: grande número de artigos e a quantidade de
artigos encontrados relacionados ao tema.
ANO 2013 2015
Créditos MESTRADO - ATIVIDADES 1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre 4º Semestre
15 Matérias IT-203, IT-210, IE-232 IT-200, IT-201 à definir
1 Artigo ATRS (aceito)
1 Estágio de Docência
1 Seminário de Tese
- Exame de inglês
Revisão Bibliográfica
Definição "aeroportos regionais"
Identificar "objeto de estudo"
Analisar requisitos
Desenvolvimento da metodologia
Avaliar resultados
2014
T
e
s
e
Opção 2:
Nome do periódico: Journal of Advanced Transportation
URL do periódico: http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1002/(ISSN)2042-3195
Qualis do periódico: B1 (Engenharias I)
Justificativa da escolha do periódico: os temas abordados pela revista são parecidos ao
tema pesquisa.