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GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁUNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ – UEAPPRO REITORIA DE GRADUAÇÃO DO AMAPÁ – PROGRADCOORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
GEOLOGIA AMBIENTAL
ANDREZA LOPES RIBEIROEMANUEL MATHEUS GOMES CARDOSO
Macapá2014
ANDREZA LOPES RIBEIROEMANUEL MATHEUS GOMES CARDOSO
GEOLOGIA AMBIENTAL
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Amapá - UEAP, como requisito parcial da disciplina de Introdução a Engenharia Ambiental.
Orientador:Prof. Mariano Rocha
Macapá2014
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome dos Autores: RIBEIRO, Andreza LopesCARDOSO, Emanuel Matheus Gomes
Título: Geologia Ambiental
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Amapá - UEAP, como requisito parcial da disciplina de Introdução a Engenharia Ambiental.
Data da aprovação:
Banca examinadora:
_______________________________________________________Orientador Prof. Mariano RochaCurso de Engenharia Ambiental/Universidade do Estado do Amapá
RESUMO
RIBEIRO, A. L. & CARDOSO, E. M. G. Geologia Ambiental. 2014. Monografia – Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá.
Ao se deparar com os problemas ambientais, é fundamental uma visão integrada e multidisciplinar para resolvê-los, tanto de ordem cientifica como técnica. A Geologia Ambiental é necessariamente interdisciplinar, envolvendo, não somente o conhecimento de várias disciplinas geológicas, mas, também, de outras áreas, tais como a biologia, a conservação dos solos, a meteorologia, a geografia, a química, a legislação ambiental, a arquitetura e a engenharia, além de aspectos culturais e socioeconômicos. O objetivo desta pesquisa foi a construção de um modelo conceitual e operacional para a geologia ambiental, associado aos riscos geológicos, procurando esclarecer e expressar as características principais. Analisando o papel do profissional que atua em Geologia Ambiental na ação de gerenciamento de riscos urbanos. Os estudos sobre geologia ambiental têm por objetivo incentivar a aplicação de conhecimento das ciências geológicas ao desenvolvimento de estudos e novos métodos e tecnologias a serviço da preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida da população. Neste sentido, vêm sendo desenvolvidas, de forma sistemática, linha de ação com enfoque na análise e redução de danos e perdas provocados por desastres naturais (em especial, desertificação, escorregamentos e inundações): avaliação de anomalias geoquímicas em sedimento de fundo, água e solo e possíveis associações com problemas de saúde pública; e análise e remediação de impactos ambientais promovidos pela atividade mineral por meio de subsídios à execução de planos de recuperação de área desagradadas pela mineração. A importância do homem como agente geológico e como modificador do ambiente é muito significativa e vários processos geológicos, distribuição e sobrevivência de espécies animais e vegetais, estão sendo diretamente ou indiretamente afetados por intervenção humana, com a revisão bibliográfica, tudo isso pôde ser explicado. Evidentemente que a planificação e a correta gestão do território e seus recursos não pode ser feita sem um conhecimento e uma compreensão aprofundada da constituição e dinâmica da superfície da terra. Com esse objetivo, se desmembra a Geologia Ambiental nas seguintes subações: Zoneamento Ecológico-Econômico e Apoio Técnico aos Municípios e Regiões Metropolitanas; Mineração e Meio Ambiente/Recuperação de Áreas Degradadas; Estudos Geológico-Ambientais e Geoecoturismo; Geoquímica Ambiental e Geologia Médica; e Cartografia para o Ordenamento Territorial e Meio Ambiente.
Palavras-chave: Problemas ambientais. Homem. Soluções. Processos geológicos.
ABSTRACT
When faced with environmental problems, it is essential an integrated and multidisciplinary approach to solve them, both scientific and technical order. Environmental Geology is necessarily interdisciplinary, involving not only knowledge of various geological disciplines, but also other areas, such as biology, soil conservation, meteorology, geography, chemistry, environmental legislation, architecture and engineering, as well as cultural and socioeconomic aspects. The objective of this research was to build a conceptual and operational model for environmental geology, geological risks associated with, seeking to clarify and express the main features. Analyzing the role of professionals working in Environmental Geology in action management urban risks. Studies on environmental geology aim to encourage the application of knowledge of the geological studies and the development of new methods and technologies in the service of environmental preservation and improvement of quality of life sciences. In this sense, have been developed in a systematic way, the line of action focusing on the analysis and reduction of damage and losses caused by natural disasters (especially, desertification, landslides and floods): evaluation of geochemical anomalies in bottom sediment, water and soil and possible associations with public health problems; and analysis and remediation of environmental impacts by mining activities promoted through subsidies for the implementation of recovery plans by mining area displeased. The importance of man as a geological agent and as a modifier of the environment is very significant and various geological processes, distribution and survival of animal and plant species are being directly or indirectly affected by human intervention, with the literature review, all of this could be explained. Evidently planning and proper management of the territory and its resources can not be made without a knowledge and a thorough understanding of the constitution and dynamics of the earth's surface. With this objective, we parse the Environmental Geology subactions the following: ecological zoning and engineering services to municipalities and metropolitan areas; Mining and Environment / Recovery of Degraded Areas; Geological and Environmental Studies and Geoecoturismo; Environmental Geochemistry and Medical Geology; and Mapping for Spatial Planning and Environment .
Key words: Environmental Issues. Man. Solutions. Geological processes.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO_____________________________________________________7
2 OBJETIVOS_______________________________________________________9
3 METODOLOGIA___________________________________________________10
4 REVISÃO DA LITERATURA__________________________________________11
4.1 GEOLOGIA E GEOLOGIA AMBIENTAL______________________________114.2 RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES________________________________15
4.2.1 O TERMO GEOLOGIA AMBIENTAL_____________________________154.2.2 O CONTEXTO DA GEOLOGIA AMBIENTAL_______________________17
4.3 OBJETIVOS PRINCIPAIS_________________________________________194.4 FUNDAMENTOS BÁSICOS_______________________________________20
4.4.1 MEIO AMBIENTE____________________________________________204.4.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS_________________________________21
4.5 ÁREA DE ATUAÇÃO____________________________________________224.5.1 SUBAÇÕES DA GEOLOGIA AMBIENTAL_________________________22
4.5.1.1 ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO E APOIO TÉCNICO AOS MUNICÍPIOS E REGIÕES METROPOLITANAS___________________234.5.1.2 MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS_________________________________________________234.5.1.3 ESTUDOS GEOLÓGICO-AMBIENTAIS E GEOECOTURISMO_____234.5.1.4 GEOQUÍMICA AMBIENTAL E GEOLOGIA MÉDICA_____________234.5.1.5 CARTOGRAFIA PARA O ORDENAMENTO TERRITORIAL E MEIO AMBIENTE.____________________________________________________24
4.5.2 PRINCIPAIS EXECUÇÕES____________________________________244.6 SITUAÇÃO NO BRASIL__________________________________________254.7 EXEMPLOS DE PROJETOS DE ESTUDOS GEÓLOGICOS______________254.8 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO____________________________________264.5 - REFLEXÕES__________________________________________________26
5 CONCLUSÃO_____________________________________________________28
REFERÊNCIAS_____________________________________________________29
1 INTRODUÇÃO
O termo geologia ambiental apareceu pela primeira vez publicado por Hackett
em 1967, num artigo relativo a planejamento e uso do meio físico e seus recursos. A
partir dessas datas os geológicos, tradicionalmente voltados para a exploração dos
recursos minerais e energéticos e ao estudo da evolução geológica, começaram a
voltar sua atenção na compreensão do funcionamento atual dos sistemas terrestres
de prever seu comportamento futuro e de prevenir e corrigir os danos e prejuízos
que podem derivar da interação entre processos terrestres, meio ambiente e
atividade humana. (CENDRERO, A., 1990).
O ramo de Geologia de Ambiental tem demonstrado um crescimento
considerável nos últimos anos no país, principalmente, devido às exigências legais
cada vez mais restritivas em relação às obras de engenharia, mineração e meio
ambiente, além do aumento dos investimentos em obras de infraestrutura. Ela
enfatiza a abordagem de soluções não estruturais, baseadas em parâmetros
ambientais, com a finalidade de estabelecer impactos e indicadores de qualidade
ambiental.
A geologia ambiental está diretamente ligada à geodiversidade, definida como
o estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de
ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem às
paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos
superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores
intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico.
Proveniente da ciência geológica, ela estuda e apresenta soluções para os
problemas que o homem passa a enfrentar ao fazer uso do solo e para os
problemas advindos da reação do solo ao seu uso, ou seja, procura estabelecer o
equilíbrio nas relações homem-habitat geológico. Nesse panorama, a geologia
ambiental enfatiza a articulação de muitos campos distintos para um objetivo
comum: Obter o máximo benefício do sistema natural com o mínimo distúrbio no
ecossistema Terra-Água, como auxiliar naqueles estudos e decisões a fim de
minimizar os impactos humanos sobre o ambiente.7
Como é de amplo conhecimento, atualmente têm ocorrido graves acidentes
geológicos, desta forma, a prevenção e o gerenciamento de riscos se tornam
essenciais para a redução da incidência de tais processos e as consequências
sociais e econômicas. O conhecimento prévio das fragilidades e potencialidades da
superfície terrestre, destacando o conhecimento das características geológicas e
pedológicas, é fundamental para subsidiar ações e tomadas de decisão para que a
ocupação e o uso da terra sejam compatíveis com a capacidade de suporte do meio.
8
2 OBJETIVO
O presente trabalho busca por retratar a Geologia Ambiental, dando ênfase
maior aos seus diversos conceitos, assim como seus objetivos e áreas de atuação.
9
3 METODOLOGIA
Como primeiro passo, procedeu-se a um levantamento do material
bibliográfico disponível existente, levando a uma ampla busca de objetos de estudo
sobre geologia ambiental de seus diversos campos interdisciplinares, encontrado em
bibliotecas como a UEAP e IFAP, assim como a utilização da internet como fonte de
pesquisa, conforme sites universitários e do Serviço Geológicos do Brasil - CPRM.
Em uma etapa subsequente, efetuou-se um levantamento dos principais objetos de
focagem multitemática nos diversos campos do conhecimento de geologia e que
possam contribuir no planejamento e sistematização de argumentos para
demonstrar noções de Geologia Ambiental.
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4 REVISÃO DA LITERATURA
4.1 GEOLOGIA E GEOLOGIA AMBIENTAL
A Geologia, na qual significa estudo da Terra, é uma ciência multidisciplinar,
mas que é considerada academicamente como uma ciência da área
de exatas. Ela tem um campo muito vasto, necessitando de muito conhecimento
em química, física, matemática e até em zoobotânica. Dentro dela estão contidas
diversas especializações, como a Geologia Ambiental, que é a abordada nesta
pesquisa.
Sendo a geologia uma ciência da terra, soa redundante colocar o termo
ambiental após a mesma. A geologia chamada ambiental se caracteriza pela
interação com outras ciências como geografia, biologia, geomorfologia e etc.
Ela fornece conhecimentos para a base física onde ocorrem os efeitos do impacto
de aumento populacional sobre o meio ambiente, sem descuidar da parte social que
envolve o meio físico.
A Geologia Ambiental é um ramo da Geologia que atualmente apresenta um
grande desenvolvimento graças às preocupações em relação ao meio ambiente e às
legislações cada vez mais exigentes e restritivas. Os estudos sobre geologia
ambiental têm por objetivo incentivar a aplicação do conhecimento das ciências
geológicas no desenvolvimento de estudos, novos métodos e tecnologias a serviço
da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida da população. Nesse
sentido, vêm sendo desenvolvidas, de forma sistemática, linhas de ação com
enfoque na análise e redução de danos e perdas provocados por desastres naturais
(em especial desertificação, escorregamentos e inundações); na avaliação de
anomalias geoquímicas em sedimento de fundo, água e solo e possíveis
associações com problemas de saúde pública; e na análise e remediação de
impactos ambientais promovidos pela atividade mineral por meio de subsídios à
execução de planos de recuperação de áreas degradadas pela mineração.
Estuda e analisa as interações entre o ser humano e o meio físico, dando
grande ênfase para os estudos ambientais, a cartografia geológico-geotécnica
11
(planejamento urbano), os riscos geológicos (terremotos, deslizamentos, etc) e a
disposição de resíduos (lixo), sendo todos esses temas integrados principalmente
aos processos geológicos.
Entre as definições abaixo, podemos observar que o conceito de Geologia
Ambiental sofreu poucas mudanças na sua concepção ao longo das três últimas
décadas. Note que em todos os conceitos o estudo das interações entre o meio
físico e o Homem é enfatizado.
"Geologia Ambiental é o ramo da Ecologia que trata das relações entre o homem e seu
habitat geológico; ela se ocupa dos problemas do homem com o uso da terra - e a reação da terra a
este uso." (FLAWN, 1970).
"Geologia Ambiental inclui os ramos tradicionais da Geologia de Engenharia e da Geologia
Econômica, ou uma pequena parte desta última, referente aos recursos minerais." (HOWARD &
REMSEN, 1978)
"A inter-relação entre o Homem e o ambiente geológico considerada em escala local e global,
sendo que o ambiente geológico inclui a topografia, o manto de cobertura de solo e de outros
materiais desagregados, o substrato rochoso, os processos naturais que modificam a paisagem e os
fatores que influenciam os processos em atividade, tais como vegetação ou subsolo congelado
permanentemente." (HOWARD & REMSEN, 1978)
12
FONTE: Unesp/IGCE, 1999Figura 1: Interação da Geologia Ambiental
"Aplicação prática de princípios geológicos na solução de problemas ambientais" (COATES,
1981).
"Geologia é a ciência da terra. Geologia Ambiental é a área que estuda a relação daquela
ciência com as atividades humanas" (COATES, 1981).
"Geologia Ambiental é geologia aplicada abrangendo um amplo espectro de interações
prováveis entre o Homem e o ambiente físico. Especificamente, é a aplicação da informação
geológica para resolver conflitos, minimizando a possibilidade de degradação ambiental, ou
maximizando a possibilidade de adequado uso do ambiente natural ou modificado". (KELLER, 1982)
"Geologia Ambiental é o domínio da geologia que aproveita os respectivos conteúdos e dados
analíticos das várias ciências da terra para a proteção e melhor aproveitamento dos recursos
naturais, de modo que a qualidade de vida da humanidade seja protegida e melhorada".
(CARVALHO, 1982)
"Geologia Ambiental é o campo do conhecimento geológico que estuda as variações (melhor:
transformações) do meio físico, decorrentes da interação entre os processos naturais e a ocupação
humana. Inclui o estudo das noções fundamentais sobre o meio físico e o equilíbrio ecológico.
Abrange o estudo de conservação e reciclagem de recursos naturais; a valorização econômica das
jazidas, incluindo os parâmetros ambiental e social, como os efeitos da mineração. Engloba também
o estudo da conservação de solos, das alterações devidas aos seus diversos usos, das voçorocas e
da desertificação". (SBG, 1983)
"A Geologia Ambiental preocupa-se essencialmente com a aplicação prática das informações
geológicas na resolução de problemas geológicos, naturalmente existentes ou artificialmente criados,
durante a ocupação e exploração do meio físico pelo Homem". (BATES & JACKSON, 1987)
"Geologia Ambiental é a ciência geológica fronteira com as ciências ambientais, cujo objetivo
é o conhecimento dos sistemas ambientais, terras e águas continentais, com vista à compreensão do
meio ambiente e, em cooperação com a geologia de engenharia e as ciências e tecnologias
ambientais, ao seu aproveitamento racional e conservação. (AYALA CARCEDO, 1988)
13
"A Geologia Ambiental consiste no estudo dos problemas geológicos decorrentes da relação
que existe entre o homem e a superfície terrestre.". (LEINZ & AMARAL, 1989)
"O termo Geologia Ambiental é usualmente empregado para se referir particularmente às
relações diretas da Geologia com as atividades humanas [...]. Geologia Ambiental é geologia aplicada
à vida" (MONTGOMERY, 1992)
"Os processos do meio físico são aqueles que atuam na atmosfera, na hidrosfera e na
litosfera. Geologia Ambiental aborda os processos da hidrosfera e da litosfera". (PROIN/CAPES e
UNESP/IGCE, 1999)
Nos livros textos mais antigos era dada muita ênfase aos processos
geológicos, centrando as discussões na sua caracterização. Atualmente, os
referidos processos ainda tem grande importância nos livros, porém vem ganhando
bastante espaço, as discussões sobre as consequências econômicas e sociais da
interação inadequada do ser humano com o meio físico. Alguns autores tratam de
temas absolutamente novos no meio geológico, como é o caso de Montgomery
(1992) e Aswathanarayana (1995), que dedicam um capítulo à Geologia Médica.
Um dos mais famosos autores da Geologia Ambiental é Edward A. Keller, que
já publicou uma considerável quantidade de textos e livros sobre o tema, seja como
títulos inéditos ou como reedição.
Desta forma, o conceito de Geologia Ambiental a ser adotado é de Keller
(1982), qual seja: "Geologia Ambiental é geologia aplicada abrangendo um amplo espectro de
interações prováveis entre o Homem e o ambiente físico. Especificamente, é a aplicação da
informação geológica para resolver conflitos, minimizando a possibilidade de degradação ambiental,
ou maximizando a possibilidade de adequado uso do ambiente natural ou modificado".
4.2 RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES
4.2.1 O TERMO GEOLOGIA AMBIENTAL
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Segundo Suguio (1999), no Brasil existe uma discussão muito acirrada sobre
a utilização da terminologia Geologia Ambiental. Enquanto Prandini et al. (1974)
propuseram a substituição do termo por Geologia de Planejamento, Siegnemartin
(1979) enfatiza que os objetivos da Geologia de Planejamento são mais específicos,
e nem sempre coincidem com o enfoque mais amplo da Geologia Ambiental. Este
último autor propõe o uso da designação Geologia Ambiental e a criação da
Geologia de Áreas Urbanas, que teria a finalidade de estudar os problemas
geológicos relacionados ao planejamento de cidades.
Keller (1982) considera que o termo Geologia Aplicada é equivalente ao termo
Geologia Ambiental. Porém, a partir da análise de conceitos de vários autores, pode-
se observar que a designação de Geologia Aplicada também é utilizado para outras
disciplinas, como por exemplo, Geologia de Engenharia.
Para a Sociedade Brasileira de Geologia (SBG, 1983 apud Suguio, 1999), a
Geologia Ambiental e a Geologia de Planejamento apresentam enfoques diferentes,
sendo a primeira o campo do conhecimento geológico que estuda as transformações
do meio físico decorrentes da interação entre os processos naturais e a ocupação
humana. Já a Geologia de Planejamento corresponde ao campo de aplicação do
conhecimento geológico em obras de engenharia, análise ambiental, planejamento
urbano e regional e recuperação do meio ambiente. A este respeito, nota-se que não
é comum, entre vários autores, utilizar o conceito de Geologia de Planejamento nos
moldes definidos pela SBG.
É interessante observar que a Internacional Association of Engineering
Geology (IAEG) e a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE),
recentemente incorporaram o termo Ambiental aos seus nomes.
15
FONTE: Oliveira, Bitar & Fornasari Filho, 1995Figura 2: Esquema da Geologia Ambiental inserido na Geologia
Levando em conta as discussões sobre a designação de Geologia Ambiental e a
figura acima se pode concluir o seguinte:
Geologia Ambiental está englobada pelo tema Geologia Aplicada;
Dentro da Geologia Aplicada existem dois ramos distintos: o ramo que estuda
o aproveitamento sócio-econômico dos recursos naturais (Geologia
Econômica) e o que trata do equilíbrio no uso dos referidos recursos
(Geologia de Engenharia e Geologia Ambiental);
A diferença entre a Geologia de Engenharia e a Ambiental está nas soluções
predominantemente estruturais que a primeira fornece, através da análise de
parâmetros geotécnicos, enquanto que na Geologia Ambiental o enfoque
predominante é para soluções não estruturais, a partir da análise de
parâmetros ambientais. Isso para a aplicação em obras de engenharia,
conservação de recursos naturais, riscos geológicos, impactos ambientais,
ocupação do solo, entre outras áreas que necessitam de estudos geológicos
aplicados.
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No Brasil não é tarefa fácil diferenciar a atuação dos profissionais da Geologia
de Engenharia e da Geologia Ambiental. Para melhor entendimento, podemos
exemplificar da seguinte maneira: se indagarmos diferentes profissionais
envolvidos em estudo de escorregamentos, não seria surpresa se alguns
deles respondessem estar atuando no campo da Geologia de Engenharia,
enquanto outros classificariam o mesmo estudo no campo da Geologia
Ambiental.
4.2.2 O CONTEXTO DA GEOLOGIA AMBIENTAL
Os livros didáticos que tratam a Geologia Ambiental consideram-na como
uma disciplina muito ampla, com conteúdo muito semelhante ao da disciplina
Geologia Geral.
Coates (1981) entende que a Geologia Ambiental pode ser definida a partir da
integração de três ramos da Geologia, que são: a Geologia de Engenharia, a
Geologia Econômica (aproveitamento dos recursos naturais) e a Geologia Geral
(estudo dos processos geológicos).
Para entendermos como a Geologia Ambiental está inserida neste contexto,
primeiramente precisamos conhecer os conceitos desses três ramos geológicos:
A Geologia de Engenharia pode ser definida como a ciência dedicada à
investigação, estudo e solução de problemas de engenharia e meio ambiente,
decorrentes da interação entre a Geologia e os trabalhos e atividades do
homem, bem como à previsão e desenvolvimento de medidas preventivas ou
reparadoras de acidentes geológicos.
A Geologia Econômica é definida como a geologia aplicada aos problemas
econômicos, sendo o ramo que estuda as matérias-primas do reino mineral
que o homem extrai para suas necessidades e comodidades.
A Geologia Geral é o estudo da composição, da estrutura e dos fenômenos
genéticos formadores da crosta terrestre, assim como do conjunto geral de
fenômenos que agem não somente sobre a superfície, como também em todo
o interior do nosso planeta.
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Portanto, a partir da análise desses conceitos a Geologia Ambiental apresenta
uma relação bem estreita com a Geologia de Engenharia, sendo difícil delinear onde
começa uma e termina a outra.
Já com referência à Geologia Geral e Econômica, nota-se que esta relação
não é tão estreita. A relação com a Geologia Geral se dá a partir do entendimento
dos processos geológicos, sejam eles superficiais ou internos, entre eles podemos
citar: escorregamentos, erosão, terremotos, etc. Na Geologia Econômica a relação é
representada pela resolução de problemas ambientais decorrentes da exploração
mineral.
Além dos ramos geológicos citados acima, a Geologia Ambiental apresenta
ligações com diversas áreas, tais como: Biologia, Ecologia, Direito, Geografia,
Engenharias, Economia, Sociologia, Medicina, entre outras.
18
FONTE: Coates, 1981Figura 3: resumo das relações interdisciplinares da Geologia Ambiental.
4.3 OBJETIVOS PRINCIPAIS
Segundo Suguio (1999) "as tarefas inerentes à Geologia Ambiental podem
incluir, desde a avaliação de riscos naturais como enchentes, deslizamentos,
terremotos e atividades vulcânicas, na tentativa de mitigar as perdas de vidas
humanas e as danificações de propriedades; avaliação da paisagem para a
ocupação planejada do espaço com mínimo possível de impacto ambiental, até a
avaliação das potencialidades dos recursos naturais (minerais, rochas, solos e
água), bem como atuando na seleção de sítios mais adequados para deposição de
rejeitos sem causar efeitos danosos à saúde humana.”.
Neste contexto, podem-se enumerar os objetivos principais da Geologia
Ambiental da seguinte forma:
Reconhecer e caracterizar as feições e os processos que correspondem à
contínua transformação do Planeta, considerando o Homem como um dos
principais agentes dessa transformação;
Realizar diagnósticos geológicos das relações de causa e efeito dos
processos atuais, desencadeados no meio geológico pelas atividades
humanas;
Contribuir e participar da elaboração de instrumentos de gestão ambiental,
como os estudos de impacto ambiental e inúmeros outros.
Em complemento aos objetivos principais descritos acima, Heling (1994) e
Suguio (1999) coloca de maneira mais abrangente, que a "Geologia Ambiental deve
realizar prognósticos sobre o futuro da geosfera, com abordagens quantitativa e
interdisciplinar incluindo, além das ciências naturais, as ciências humanas
(sociologia e economia), oferecendo alternativas integradas aos tomadores-de-
decisão. Para tanto, a abordagem de um fenômeno pela Geologia Ambiental, deve
levar em conta aspectos como características gerais, abrangências temporal e
espacial, além da ciclicidade, resistência e elasticidade do fenômeno".
Suguio (1999) coloca que um dos objetivos mais importantes da Geologia
Ambiental consiste em aperfeiçoar as atividades antrópicas para que os ambientes
naturais possam suportar as comunidades humanas. Já outros autores ressaltam
19
que a Geologia Ambiental busca estudar os ambientes naturais para definir suas
limitações, buscando a melhor forma de uso e ocupação deste pelo Homem.
Se o objetivo da geologia em relação ao meio ambiente é claramente o
mesmo de outras ciências, ou seja, encontrar soluções para a questão ambiental, no
que se refere ao objeto meio ambiente. Pode-se esboçar aquilo que, no contexto da
gestão ambiental parece constituir seu principal objetivo: a identificação e
caracterização das formas geológicas e dos processos naturais atuantes no
subsistema físico, incluindo a compreensão de suas interações com os demais
subsistemas bem como a análise e a avaliação dos recursos minerais, hídricos e
energéticos envolvidos.
As condições ambientais vigentes não resultam apenas de ações humanas,
mas refletem também aspectos decorrentes de processos e fenômenos naturais
atuantes, entre os quais aqueles de origem puramente geológica. Tais processos
podem causar mudanças ambientais importantes sendo pouco perceptíveis ao
sentido humano. Os processos geológicos que, com frequência, tem interessado à
gestão ambiental, especialmente em razão da potencialidade que apresentam no
sentido de influir significativamente na sustentabilidade e na qualidade ambiental de
um determinado contexto associam-se especialmente ao ramo de conhecimentos da
geodinâmica externa, como a erosão hídrica, erosão eólica, movimentos de massa,
escoamento de águas superficiais, deposição de assoreamento, movimentação de
águas subterrânea, inundação, subsidências e colapsos, processos costeiros,
intemperismo, sismicidade e vibrações no solo.
4.4 FUNDAMENTOS BÁSICOS
4.4.1 MEIO AMBIENTE
"Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas" (Política Nacional de Meio Ambiente – Lei Federal 6.938/81).
"Determinado espaço onde ocorre a interação dos componentes bióticos (fauna e flora), abióticos (água, rocha e ar) e biótico-abiótico (solo). Em decorrência da ação humana, caracteriza-se também o componente cultural" (ABNT, 1989).
20
Figura 4: Subdivisão do meio ambiente
4.4.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A Terra constitui um "sistema natural essencialmente fechado", sendo necessário
um conhecimento mais perfeito possível das taxas de mudanças nos processos de
retroalimentação, antes de se tentar resolver (prevenir ou remediar) os problemas
ambientais. A Terra, até o presente momento, constitui o único planeta a apresentar
hábitats apropriados às vidas animal e vegetal, incluindo a humana, mas os seus
recursos são reconhecidamente finitos.
Os processos físicos atuantes estão modificando a paisagem terrestre,
analogamente ao que aconteceu em tempos geológicos passados e, além disso, as
intensidades e as frequências de ocorrência desses processos são modificadas por
processos naturais e também artificiais induzidos ou exacerbados. Nas
transformações que ocorreram na Terra através dos tempos geológicos, sempre
houve atuação de processos geodinâmicos perigosos ao Homem e, deste modo,
esses riscos devem ser identificados e, na medida do possível, evitados ou os seus
efeitos minimizados como ameaças às vidas humanas ou às propriedades.
Nas atividades de planejamento de usos dos solos e da água, por exemplo,
deve-se ter em mente a preocupação em se obter o equilíbrio entre os custos
econômicos, incluindo qualidade e quantidade, além de aspectos menos
quantificáveis, como a estética. Os efeitos dos usos do solo, incluindo os recursos
renováveis (fauna e flora) e não renováveis (minérios e combustíveis fósseis) são
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MEIOAMBIENTE
Meio físico(ar, água, solo/rocha)
Meio biológico(fauna e flora)
Meio Socioeconômico (atividades antrópicas)
MEIO AMBIENTE NATURAL
MEIO AMBIENTE CULTURAL OU ANTRÓPICO
cumulativos e irreversíveis e, deste modo, deve haver um firme compromisso da
sociedade humana atual com as gerações futuras no sentido de não extingui-los. O
cenário natural ("pano de fundo") do ambiente da vida humana mais ou menos
transformado por fatores antrópicos é comumente condicionado por fatores
geológicos, de modo que existe a necessidade de ampla compreensão dos
processos geológicos e dos conhecimentos científicos afins.
O principal problema ambiental é o incremento da população humana e, neste
contexto, são cada vez mais frequentes as situações em que se torna bastante
complicado discernir as causas socioeconômicas das ambientais.
Oliveira (1990) & Suguio (1999) consideram o Homem como "o mais novo e
agressivo agente geológico", devendo ser entendido como um fator importante de
dinâmica externa, causando impactos locais e globais. Neste contexto, pode-se
fazer as seguintes afirmações:
O campo de investigação dos fenômenos ligados à dinâmica externa não
pode restringir-se às pesquisas dos processos naturais, pois, as atividades
humanas interferem nos cenários geológicos e climáticos da Terra. Essa
afirmação traduz a época denominada de Quinário ou Tecnógeno, definida
por geólogos russos.
A geologia, que nos seus aspectos de aplicação, esteve ligada à prospecção
e exploração de recursos minerais e combustíveis fósseis para suprir a
sociedade industrial, passa agora a ter que se preocupar também com os
efeitos e os impactos comumente danosos dos seus usos sobre os ambientes
naturais terrestres.
As mudanças químicas qualitativas e quantitativas, por conta desses efeitos e
impactos podem ser comprovadas sobre os fenômenos geológicos e
geodinâmicos externos, em escala global, pela exacerbação do "efeito
estufa", pela depleção da camada de ozônio na estratosfera, pela ocorrência
de chuvas ácidas, etc.
4.5 ÁREA DE ATUAÇÃO
4.5.1 SUBAÇÕES DA GEOLOGIA AMBIENTAL
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4.5.1.1 ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO E APOIO TÉCNICO AOS MUNICÍPIOS E REGIÕES METROPOLITANAS
Propicia aos órgãos estaduais de planejamento a delimitação de zonas
destinadas à preservação ambiental ou à recuperação das áreas degradadas pela
ação humana ou por processos naturais, bem como aquelas direcionadas ao
fortalecimento e incentivo ao desenvolvimento sustentável do território nacional.
Assim, o ZEE não se caracteriza apenas como um produto técnico-científico, mas
como um instrumento de planejamento das atividades sociais e econômicas de um
território, debatidas e acolhidas pela sociedade.
4.5.1.2 MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Direcionada aos impactos ambientais decorrentes da atividade mineral,
visando a propor medidas para minimizar os seus efeitos sobre o meio ambiente e
colaborando para que a mineração se realize de forma sustentável. No território
nacional, o seu alcance social é significativo, pois um expressivo número de
microrregiões brasileiras tem no setor mineral a base de sua economia, com grande
importância na geração de emprego e renda em diversos municípios.
4.5.1.3 ESTUDOS GEOLÓGICO-AMBIENTAIS E GEOECOTURISMO
Contempla estudos multidisciplinares sobre o meio físico, tendo a geologia
papel preponderante no atendimento dos efeitos impactantes sobre o meio
ambiente. Fornece subsídios para o planejamento da atividade geoecoturismo,
mediante a inserção de informações geocientíficas sobre a diversidade do
patrimônio natural brasileiro. Prevê a organização das informações geoecoturísticas
em bases de dados, abrangendo a caracterização física e a evolução dos processos
formadores de paisagens de beleza cênica, como cachoeiras, cavernas, fontes
termais, sítios fossilíferos, dentre outros.
4.5.1.4 GEOQUÍMICA AMBIENTAL E GEOLOGIA MÉDICA Desenvolvimento de projetos em regime de parcerias, objetivando fornecer
aos gestores da saúde pública elementos para correlação entre anomalias
geoquímicas naturais ou artificiais do meio físico (solo e águas) e a incidência de
endemias entre a população, propiciando a formulação de políticas de prevenção.
23
Visa a apoiar a aplicação do conhecimento das geociências na superação de
problemas na área de saúde.
4.5.1.5 CARTOGRAFIA PARA O ORDENAMENTO TERRITORIAL E MEIO AMBIENTE.
Tem por objetivo a implantação de Sistema de Informações Geográficas
(SIG), capaz de armazenar e processar as informações relacionadas às questões do
meio físico provenientes dos projetos conduzidos pela CPRM/SGB, no campo dos
estudos de apoio à tomada de decisão para gestão territorial.
4.5.2 PRINCIPAIS EXECUÇÕES
Há áreas de atuação da Geologia Ambiental que apresentam uma maior
quantidade de estudos e trabalhos. Como principais exemplos dessas áreas, temos:
Os estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA, PRAD, RCA, PCA), sistemas de
gestão ambiental, levantamento de passivos ambientais;
Elaboração de cartas geotécnicas e outros instrumentos de apoio ao
planejamento urbano e regional;
Estudos dos processos de dinâmica interna (terremotos, vulcanismo, etc) e
externa (escorregamentos, erosão, subsidências, assoreamento, inundações,
entre outros);
Recuperação de áreas degradadas, especialmente aquelas relacionadas à
mineração.
Segundo Suguio (1999) "o estudo das complexas interações físicas, químicas
e biológicas dos ambientes naturais, que afetam ou são influenciados pelos
processos físicos da Terra constitui um campo relativamente novo da Geologia
Ambiental".
Os estudos relacionados aos riscos geológicos, a disposição de resíduos e a
contaminação do subsolo por poluentes (principalmente associada à postos de
gasolina) são os campos de atuação profissional relacionados à Geologia Ambiental
que mais se desenvolveram recentemente no Brasil. Essa afirmação pode ser
constatada pela quantidade de trabalhos nas áreas em questão apresentados nos
eventos técnico-científicos.
24
Atualmente o geólogo ambiental tem trabalhado bastante na elaboração de
RIMAS (Relatórios de Impacto Ambiental), exigidos antes da execução de grandes
obras e como gestor ambiental para empresas de grande porte.
4.6 SITUAÇÃO NO BRASIL
O tema Geologia Ambiental no Brasil tem tido um grande desenvolvimento e
uma divulgação considerável, tanto no meio acadêmico como no meio profissional.
Essa afirmação pode ser comprovada pelo crescimento de disciplinas que tratam o
referido tema nos cursos de Geologia nas universidades brasileiras.
Outro fator que indica esse crescimento é a consolidação da Geologia
Ambiental na área profissional, sendo atualmente um importante campo de
contratação de mão de obra técnica e especializada. Além disso, pode-se notar no
país e no exterior, principalmente no Estados Unidos da América, a grande
quantidade de livros-texto publicados recentemente, com o título de Geologia
Ambiental.
4.7 EXEMPLOS DE PROJETOS DE ESTUDOS GEÓLOGICOS
APA Carste Lagoa Santa
Atlas Geoambiental: Subsídios ao Planejamento Territorial e à Gestão
Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape
Atlas Geoquímico do Vale do Ribeira
Informações do Meio Físico da Região Metropolitana do Recife
Mapas Geoambientais
Plano Diretor de Mineração da Região Metropolitana de Porto Alegre - RS
Programa de Interação com Municípios da Amazônia - PRIMAZ - Monte
Alegre
Programa de Interação com Municípios da Amazônia - PRIMAZ - Presidente
Figueiredo
Projeto APA SUL RMBH - Estudos do Meio Físico
Projeto Porto Seguro - Santa Cruz Cabrália
Sistema de Informação Geoambiental de Cuiabá, Várzea Grande e Entorno
Sistema de Informações Geoambientais da Região Metropolitana do Recife
25
4.8 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
O conhecimento geológico desenvolve-se com base na formulação e
aplicação de teorias que procuram dar respostas a questões sobre eventos diversos,
recorrendo à prática observacional e experimental, com o objetivo de comprova-las
ou refuta-las. Algumas características peculiares podem ser associadas aos
métodos de investigação da geologia, quando comparados aos de outras ciências,
entre as quais destaca a utilização de diferentes níveis de escala de tempo e
espaço.
No âmbito da questão ambiental, os métodos empregados pela geologia
tendem a concentrar-se na interpretação da dinâmica dos processos atuantes na
superfície terrestre, abrangendo a interface da litosfera com as demais esferas
planetárias. Diante de um determinado problema ambiental, o conhecimento desses
processos envolve métodos e técnicas desenvolvidos em vários ramos da geologia,
devendo ser observadas tanto as atuais condições dinâmicas de superfície quanto
de subsuperfície.
4.5 - REFLEXÕES
Montgomery (1992) e Keller (1982) fazem algumas reflexões relacionadas ao
meio ambiente em seus livros sobre Geologia Ambiental:
As decisões que envolvem aspectos ambientais invariavelmente
contemplam e produzem conflitos.
A maioria das decisões que envolvem aspectos ambientais são baseadas em
análises de custo-benefício.
Gerenciar o ambiente é um pré-requisito para a compatibilidade entre o
homem e a natureza.
A deterioração ambiental apresenta crescimento exponencial.
Os processos físicos diariamente modificam a paisagem e vêm atuando ao
longo do tempo geológico. Entretanto, a magnitude e a frequência destes
processos estão sujeitas a alterações naturais e induzidas.
26
Sempre há processos terrestres que são perigosos para o homem. Estes
riscos naturais devem ser reconhecidos e evitados, quando possível. A
ameaça à vida do homem e suas propriedades também devem ser
minimizadas.
As modificações impostas pelo homem no solo e na água invariavelmente
produzem alterações nos sistemas ambientais. As respostas do ambiente às
alterações humanas variam em intensidade, velocidade e escala.
Os efeitos do uso do solo tendem a ser cumulativos e, desta forma, temos a
obrigação de acompanhá-los.
Complexidade é a norma nos sistemas físicos: lei das variáveis (múltiplos
fatores intervenientes – ex. escorregamentos; condicionantes: diferentes
intensidades de chuva deflagrando diferentes processos); lei da equifinalidade
(feições similares podem ser causadas por processos totalmente diferentes –
ex. erosão natural e depósitos tecnogênicos).
27
5 CONCLUSÃOEmbora tenha havido um grande avanço nas últimas quatro décadas, o Brasil
ainda não possui conhecimento satisfatório sobre a sua geologia. A metodologia
adotada durante a execução deste trabalho permitiu o aprofundamento deste tema
que ganha crescente relevância na realidade urbana brasileira, ao expor e
argumentar sobre o referido assunto. Portanto, a partir das informações coletadas
pode-se considerar que o objetivo buscado foi alcançado.
A Geologia Ambiental tem tido a atenção da maioria dos países
desenvolvidos e está voltada para a relação entre o homem e o meio ambiente, no
que tange mais especificamente à geodiversidade. Questões como os riscos de
desastres naturais (erupções vulcânicas, terremotos, inundações, deslizamentos de
encostas, abatimento de cavernas, desertificação, etc.), assim como aspectos
geocientíficos relacionados à saúde das populações (Geologia Médica) têm sido
motivo de estudos integrados de geologia e sociologia.
28
REFERÊNCIAS
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CARVALHO, G.S. Princípios e alguns problemas de geologia ambiental. Lisboa: Geonovas, Associação Portuguesa de Geologia, 1982. p.19-30.
COATES, D.R. Environmental geology. New York: John Wiley & Sons, 1981. 701p.
HOWARD, A.D. & REMSON, I. Geology in environmental planning. New York: McGraw-Hill, 1978. 478p.
KELLER, E.A. Environmental geology. 3ª ed. Columbus: Charles E. Merril Pub. Company, 1982. 526p.
LEINZ, V. & AMARAL, S.E. Geologia Geral. 11ª ed. São Paulo: Editora Nacional, 1989. 399p.
MONTGOMERY, C.W. Environmental geology. 3ª ed. Dubuque: WM. C. Brown Publishers, 1992. 465p
PRANDINI, F.L.; GUIDICINI, G.; GREHS, S.A. A geologia ambiental ou de planejamento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28, 1974, Porto Alegre. Anais..., São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 1974, p.273-290.
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<http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=39> acessado em:
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Mapas geoambientais - Cprm, Brasil. Disponível em:
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acessado em: 24 de Maio de 2014
Publicação sobre geologia ambiental - Cprm, Brasil. Disponível em:
<http://www.cprm.gov.br/publique/media/geologia_ambiental-06.pdf> acessado em:
23 de Maio de 2014
Dissertação de mestrado, ADAMY, A. Zoneamento Geoambiental de Pinta Bueno,
Crpm. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/media/amilcar_adamy.pdf>
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A geologia e os problemas ambientais, Penha. M. H. Unesp, Brasil. Disponível
em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/introducao/introd02.html> acessado
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29
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<http://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GA1_Introd/1_Introd.html> acessado em: 23 de
Maio de 2014.
Apostila de Geologia ambiental, Unicamp, Brasil. Disponível em:
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de Maio de 2014.
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Analise e síntese da Geologia no Brasil. Disponível em:
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2014.
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