SOCIOLOGIA AMBIENTAL

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITO DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHO OLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da Silva Fichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006. Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade Autor: Cristiano Luis Lenzi Introdução O encontro da Sociologia com a questão ecológica tem sido marcado por uma série de controvérsias. Nos últimos anos, muitos autores assinalaram anecessidade de os sociológos dedicarem uma maior aten ção à q u e s t ã o ambiental, uma vez que os problemas ambientais que estamos enfrentandon a atualidade teriam raízes em processos sociais. Ao mesmo t e m p o , aqueles que defendem essa reorientação da Sociologia reconhecem que tal tarefa não é fácil, já que a defesa da preponderância do “social” em relação ao “natural” estaria na razão de ser da própria sociologia. (p.19).A discussão se iniciou no final dos anos 70 e início dos anos 80, períodos emq u e os sociólogos americanos Riley E. Dunlap e Wilian R. Catton Jr.,propuseram a criação de uma so ciologia ambiental. A proposta dessesautores tinha como ponto de partida justamente uma crítica à ênfase

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITO

DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHO

OLI KOPPE PEREIRA

Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da Silva

Fichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco e

sustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.

Edusc., 2006.

Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade

Autor: Cristiano Luis Lenzi

Introdução

O encontro da Sociologia com a questão ecológica tem sido

marcado por uma série de controvérsias. Nos últimos anos, muitos

autores assinalaram

anecessidade de os sociológos dedicarem uma maior aten

ção à questãoambiental, uma vez que os problemas ambientais que

estamos

enfrentandon a   a t u a l i d a d e   t e r i a m   r a í z e s   e m   p r o c e s s o s  

s o c i a i s .   A o   m e s m o   t e m p o , aqueles que defendem essa

reorientação da Sociologia reconhecem que tal tarefa não é fácil,

já que a defesa da preponderância do “social” em relação ao

“natural” estaria na razão de ser da própria sociologia. (p.19).A

discussão se iniciou no final dos anos 70 e início dos anos 80,

períodos

emq u e   o s   s o c i ó l o g o s   a m e r i c a n o s   R i l e y   E .   D u n l a p   e  

W i l i a n   R .   C a t t o n   J r . , propuseram a criação de uma so

ciologia ambiental. A proposta dessesautores tinha

como ponto de partida justamente uma crítica à ênfase

da Sociologia no social, em detrimento do natural. Além

disso, argumentaram também que a negligência sociológica dos

fatores ecológicos teria sido

bemr e c e b i d a   n a   á r e a   d a s   C i ê n c i a s   S o c i a i s ,   p o r   r e p r

e s e n t a r   u m a   m u d a n ç a p o s i t i v a :   a   c r e s c e n t e   m a r g i n a l

i z a ç ã o   d a s   e x p l i c a ç õ e s   d e   c a r á t e r   d a s explicações

calcadas em fatores ambientais e a valorização

de explicações de caráter especificamente sociocultural.

(p.19)H á   e m   p a r t i c u l a r ,   d o i s   a s p e c t o s   c o n t r a

d i t ó r i o s   q u e   m e r e c e m   s e r considerados com relação

ao impacto da obra de Catton e Dunlap. Por

uml a d o   a   a c e i t a ç ã o   a i n d a   h o j e   p r e s e n t e   d a   c r í t i c a  

e c o l ó g i c a   q u e   o s   d o i s autores endereçaram à

Sociologia. A condenação que Catton e

Dunlappf i z e r a m   d a   n e g l i g ê n c i a   s o c i o l ó g i c a   e m   r e l a

ç ã o   à   q u e s t ã o   a m b i e n t a l   é compartilhada por uma série de

cientistas sociais que se debruçam sobre o tema, conforme veremos

ao longo deste trabalho. Por outro lado, embora

osautores tenham conseguido repercussão na polêmica qu

e criaram, suapenetração teórica ocorreu de uma forma

bastante parcial. Isso porque muito do que foi produzido

na área das Ciências Sociais, nos últimos

anos,a c a b o u   n ã o   c o n s e g u i n d o   o   c a m i n h o   t r i l h a d o  

p o r   e l e s .   E l e s   m e s m o s reconheceram, na década de

90, o fracasso de suas propostas (Catton e Dunlap apud

MArtell, 1994, p.9).(p.20)

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DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHO OLI

KOPPE PEREIRA

Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da Silva Fichamento do Livro:

Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade Lenzi,

Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.

Mas se a sociologia ambiental desses autores não vingou

num primeiro momento, surgiram nos anos 90 tentativas

para recriá-las ou dar a ela novas direções.Essas novas

direções da Sociologia Ambiental podem ser percebidas

porm e i o   d o   i m p a c t o   q u e   o s   c o n c e i t o s   d e   d e s e n v o l v i m e n

t o   s u s t e n t á v e l , modernização ecológica e os trabalhos de

Anthony Giddens e Ulrich Beck provocaram no campo da Sociologia

nos últimos anos. Para autores como Barry (1999ª), por exemplo, um,

dos primeiros passos para se aprofundar a construção de uma teoria

social da modernização ecológica seria uma

dasc o r r e n t e s   t e ó r i c a s   q u e   m a i s   c o n t r i b u í r a m   p a r a   a   “

e c o l o g i z a ç ã o ”   d a s Ciências Sociais. (p.20)Esse estudo

irá oferecer uma análise comparativa dessas três abordagens,com,

o intuito de repensar a Sociologia ambiental como uma nova área

de pesquisa dentro das Ciências Sociais Contemporâneas. Como procurar e

mos argumentar, há razões para acreditar que

todas elas possam servir de diretriz para essa nova área de

pesquisa da Sociologia, direcionando-a

paraq u e s t õ e s   d i s t i n t a s   e   f u n d a m e n t a i s   n o   q u e   c o n c

e r n e   à   r e l a ç ã o   e n t r e sociedade e meio ambiente.Convém

considerarmos rapidamente alguns problemas que surgem diante

desse quadro. Desenvolvimento sustentável, em grande parte da

literatura,é considerado como uma não teoria sociológica, mas

como um conceito ou discurso ecológico. Isso não significa que

ele não tenha uma relação com a teorização sociológica

propriamente dita, uma vez que tende a ser visto como um

discurso fundamental para “ecologizar” a teoria social. O mesmo

acontece, parcialmente, com o conceito de modernização

ecológica. Paraautores como Dryzek (1997), tanto este

último como o primeiro seriam constituintes de dois tipos

diferentes de dois tipos diferentes de discursos ecológicos.

Mas se a ideia de modernização ecológica é percebida

dessaf o r m a   p o r   a l g u n s   c i e n t i s t a s   s o c i a i s ,   o u t r o s  

v ê e m   c o m o   u m a   t e o r i a sociológica em seus próprios termos. Tais

abordagens, frequentemente, situam-se em perspectivas opostas ou

conflitantes. Defensores da modernização ecológica mostram-se críticos

emr e l a ç ã o   a o   c o n c e i t o   d e   d e s e n v o l v i m e n t o   s u s t e n t á v e l

,   c o n s i d e r a n d o - o inadequado para satisfazer seus propósitos

analíticos, sobretudo porque

nãoe x i s t e   u m ,   m a s   u m a   a f i n i d a d e   d e   c o n c e i t o s  

d e   d e s e n v o l v i m e n t o sustentável. Algo que, segundo

eles, inviabilizaria a fundação de uma sociologia

ambiental. Por outro lado, a noção de modernização ecológica é

criticada pelos

defensores do conceito de desenvolvimento sustentável

emrazão do seu silêncio sobre questões-chave da 

problemática ambiental.

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Concomitantemente, a perspectiva da modernização ecológica é vistacomo oposta á teoria da Sociedade de Risco desenvolvida por

autores comoUlrichBeck.O   d e s a c o r d o   e   a   t e n s ã o   e n t r e   e s s a s   p e r s p ec t i v a s   n ã o   é   n o v i d a d e ,   s e olharmos para a história daSociologia e, mais recentemente, para o próprio contexto em queemergiu a Sociologia Ambiental. É bastante conhecidaacrítica endereçada à Sociologia, e as Ciências Sociais deuma forma mais geral, sobre a suaincapacidade de “acumular conhecimento”. A sociologiaambiental, como poderemos ver no primeiro capítulo, pareceter herdado essa característica “reprovável” da Sociologia.Assim, a questão ambiental transcendeu o próprio campoda Sociologia e veio abarcar várias áreasdasC i ê n c i a s   S o c i a i s   ( E c o n o m i a ,   H i s t ó r i a ,   G e o g r a f ia ,   A n t r o p o l o g i a ,   T e o r i a Política, etc.). Isso poderiaparecer um retrocesso para aqueles queviramna ecologia a possibilidade de uma abordagem “holística” e a ruptura,subsequentemente, de qualquer tipo deespecialização ou fragmentação do conhecimento. (p.21/22).Diantedesse quadro, há duas posições possíveis. De um lado,poder-se-ia optar pelaafirmação positivista de que a Sociologia se encontraria eme s t a d o   d e   “ i m a t u r i d a d e   c i e n t í f i c a ” .   T a l   vi s ã o   s u b e n t e n d e - s e   q u e   o amadurecimento dadisciplina seria seguido pelo desaparecimentodessasdisputas. A segunda visão, validada por este trabalho, é enxergar taiscontestações de um modo diferente.A primeira opção talvez tenha gozado de maiorpopularidade no passado, quando se pensava que asCiências Sociais deveriam seguir o mesmo caminho das CiênciasExatas. Mas, hoje, tal visão está longe de ser hegemônica. Ainterpretação que vê na contestação e na diversidade teóricaaspectos endêmicos às Ciências Sociais, como tambémresultado da complexidade de questões que envolvem oestudod a s   s o c i e d a d e s   h u m a n a s .   A l é m   d i ss o ,   m u i t a s   d i f e r e n ç a s   s ã o sobrevalorizadasem relação aos seus pontos em comum. Porexemplo,alguns dos principais nomes das Ciências Sociaisna contemporaneidade (Bordieu, Habermas, Giddens) sãoapontados como representantes de um novo movimentoteórico marcado pela busca de uma síntese o que implica queesses autores construíram suas obras aproximando, ouatémesmointegrando, grandes clássicos da Sociologia (Durkheim, Weber, Marx) e teorias (estruturalismo, funcionalismo,

interacionismo simbólico) de autores contemporâneos mostram que,por trás de teorias aparentementebastanted i f e r e n t e s ,   h á   u m a   “ a c u m u l a ç ã o   s o c i a l m e n t e  i r r e c o n h e c i d a ” .   T e o r i a s sociais, muitas vezes,compartilham pontos em comum que simplesmente Página3 de 18 

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Não são admitidos por seus arautos. Há uma tendência de seressaltarasd i f e r e n ç a s   m a i s   d o   q u e   a s   s e m e l h a n ç a s   e x i s t e n t es   e n t r e   t e o r i a s .   I s s o significa que a diferença ousemelhança entre elas nem sempre pode ser confirmada porfatos e dados empíricos. Muitas vezes, taisdivergências situam-se no conjunto de pressupostoscontidos no discurso teórico enemsempre explicitados por seus representantes. A diferença, semelhança,complementaridade ou o conflito existenteentre teorias nem é algo “dado”,nem é simples de ser percebido. Aspróprias linhas que dividem disciplinas,t e o r i a s   e   c o n c e i t o s   p o d e m   s e r ,   e l a s   m e s m a s ,   o b j e to   d e   c o n t e s t a ç ã o   e análise.(p.23)O   p r e s e n t e   t r a b a l h o   p r e t e n d e   m o s t r a r   o  q u a n t o   o   s i g n i f i c a d o   d a “ecologização” daSociologia é ainda controverso e esclarecer um poucooc a m p o   d a   s o c i o l o g i a   a m b i e n t a l   a o   m e s m o   t e m p o  q u e   p r o p õ e   u m a i n t e r p r e t a ç ã o   d i f e r e n c i a d a   p a r a  a l g u m a s   q u e s t õ e s   e   p e r s p e c t i v a s m e n c i o n a d a s  a n t e r i o r m e n t e .   N o s s o   a r g u m e n t o   c e n t r a l  é   q u e   a modernização ecológica, desenvolvimentosustentável e as teorias sociais de Giddens e Beck, podemser vistas como perspectivas complementar e sem muitos pontosque, em razão disso, respondem a interesses distintos daSociologia Ambiental.Em linhas gerais, este trabalho apontapara uma reconstrução conceitual dessas três abordagens nocampo da Sociologia ambiental, buscandotornare v i d e n t e   a   c o n t r i b u i ç ã o   v i t a l   q u e   el a s   t r a z e m   p a r a   o s   e s t u d o s socioambientais. No

entanto não irá fornecer o que muitos desejariam: umaestrutura conceitual alternativa que incorpore todasessas perspectivas.Buscamos investigar a possibilidade de aproximar as abordagens nummesmo trabalho sem que oinvestigador seja apontado de um ecletismoirresponsável. (p.23).CAPÍTULO IECOLOGIZANDO A SOCIOLOGIA: O DESAFIO DE UMASOCIOLOGIAAMBIENTALINTRODUÇÃOCATTON E DUNLAP E A PROPOSTA DE UMA SOCIOLOGIA AMBIENTAL. Aofinal da década de 1970, Catton e Dunlap publicaramdois artigosemque apresentaram uma crítica ecológica à Sociologia contemporânea edelinearam a proposta de criação de umasociologia ambiental.Página4de18

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITODISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade. Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.O p o n t o d e p a r t i d a d o s a u t o r e s f o i a c r í t i c a q u ee n d e r e ç a r a m t a n t o àSociologia clássica como a contemporânea. Basicamente esses autoresapontaram na história da Sociologia aausência de qualquer preocupação com a base ecológica dasociedade. Ao mesmo tempo, argumentaram que a tendência denegligenciar os fatores físicos e biológicos doambiente foi vista até mesmo como um sinal dematuridade no desenvolvimento das Ciências Sociais. Oque Catton e Dunlap fizeram, no final dos anos 70, foicolocar em dúvida a certeza sobre esse sucesso. A substituiçãoprogressiva de explicações deterministas ligadas aoambiente físico por explicações socioculturais, segundoeles, também teria levado a Sociologia a desprezar os fatoresambientais que estão embebidos na vida social.(p.25/26)Os sereshumanos estão ligados de uma forma interdependente a outrase s p é c i e s   n a   r e d e   d a   v i d a .   N o   a r t i g o ,Envirommental sociology: a new paradigm,   d e   1 9 7 8 ,   a r g u m e n t a r a m   q u e   a s   “ n u m e r o s a s   p e rs p e c t i v a s teóricas que estão em competição na Sociologia Contemporânea – ex:f u n c i o n a l i s m o ,   i n t e r a c i o n i s m

o   s i m b ó l i c o ,   e t n o m e t o d o l o g i a ,   t e o r i a   d o conflito,marxismo e outras – são propensas a exagerar em suasdiferenças.Afirmaram que a “sua aparente diversidade não étão importante quanto o antropocentrismo subscrevendo atodas elas” Tanto a Sociologia clássica quanto acontemporânea compartilhariam como denominador comumumforte antropocentrismo que as impediria de considerar a problemáticaa m b i e n t a l .   A   e s s a   v i s ã o   a n t r op o c ê n t r i c a   g e r a l   d e n o m i n a r a m   d e “HumanExpectionalismParadigm” ou (HEP) (Paradigma do ExcepcionalismoHumano).(p.26)C o m o   a l t e r n a t i v a   a o   H E P   o s   a u t o r e s   p r o p u s e r am   u m   n o v o   c o n j u n t o   d e p r e s s u p o s t o s   q u e   t o r n a r i a m a   S o c i o l o g i a   m a i s   s e n s í v e l   à   r e a l i d a d e ambiental,que chamaram de “New Envirommental Paradigm” ou NEP.( NovoParadigma Ecológico) (p.27). Exemplo quadro a seguir:Página5de18 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITODISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.Quadro 1 – Mudança paradigmática proposta por Catton e Dunlap:P r e s s u p o s t o s  d o HumanExecpcionalismParadigm - HEPPressupostos do NewEnvirommentParadigm- NEP1.Seres humanos, são únicos entre as criaturas da terradevido a sua cultura.1 . S e r e s h u m a n o s s ã o a p e n a s u m ae s p é c i e   e n t r e   m u i t a s   o u t r a sinterdependentes envolvidas na comunidade biótica quemodela a nossavida.2 . A   c u l t u r a   p o d e   v a r ia r indefinidamente e pode mudar mais rapidamenteque os traçosecológicos2 . L i g a ç õ e s i n t r i n c a d a sd e   c a u s a   e e f e i t o   e   f e e d b a c k   n a   r e d e   d an a t u r e z a   p r o d u z e mconseqüências não intencionadas da ação humanaintencional.3 . M u i t a s   d i f e r e n ç a s   sã o socialmente induzidas antes doque congênitas, elaspodem ser socialmente alteradas quando vistascomo inconvenientes.3. O mundo é finito, assim hálimitesf í s i c o s   e   b i o l ó g i c o s   p o t e n c i a i s c o n s t ra n g e n d o   o   c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o ,   o   p r o g r e s s o  

s o c i a l   e outros fenômenossociais.4 . A   a c u m u l a ç ã o   c u l t u r a l   s i g n i f i c a que oprogresso pode continuar sem limites, tornando todos osproblemas solucionáveis.Em artigo de 1979, tentaram fornecer uma classificação do que aSociologia havia produzido com relação à temáticaambiental, inaugurando aíumad i s t i n ç ã o   e n t r e   a   “ S o c i o l o g i a   d a s   q u e s t õ e s  a m b i e n t a i s “   ( S Q A )   e   a “Sociologia Ambiental” (SA). Aprimeira (SQA) seria ainda tributária deumasociologia mais tradicional, incorporando apenas marginalmente o temaambiental, enquanto a última (AS) traria aquestão ecológica em seu cerne.Além disso, nesse texto ocorreuma reformulação do binômio HEPbersusN E P .   A s   s i g l a s   p a s s a m   a   t e r   n o v o s   si g n i f i c a d o s :   P a r a d i g m a   d o Excepcionalismo Humano (HumanExempionalisParadigm – HEP) e Novo ParadigmaEcológico (New EcologicalPradigm – NEP). Na novadistinção,Catton e Dunlap (1979) acabaram por tomar umaposição Aparentemente mais antropocêntrica. (p.28)Assimreconhecem que os estudos sociológicos sobre a temática ambientalsurgiram a partir de trabalhos que tinham como baseabordagens e temas tradicionais da sociologia. Ao mesmotempo, os autores reconhecem que essas interações são bastantecomplexas e variadas, o que faria com queossociólogos tivessem que investigar um leque bastante diversificado defenômenos.Página6de18

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Assim ambos propõem uma estrutura analítica inspiradano conceito dec o m p l e x o   e c o l ó g i c o ,   q u e   i n t e r -r e l a c i o n a   e s t r u t u r a l m e n t e   p o p u l a ç ã o , organização,ambiente e tecnologia. (p.28)Uma sociologia Ambiental Profunda?C a t t o n   e   D u n l a p   s u g e r e m   e m   s e u s   t r a b a l h o s ,   q ue   o s   e s t u d o s provindos de áreas sociológicas tradicionaisteriam servido como uma mola propulsora para o surgimento da

sociologia ambiental (SA). A Sociologia das questões ambientais,segundo os autores, teria servido como umadiretrizpara os trabalhos realizados na sociologia ambiental. Isso mostra que Catton e Dunlap definiram comouma “ruptura” da SociologiaAmbientalc o m   a s   a b o r d a g e n s   “ t r a d i c i o n a i s ”   d a   S o c i ol o g i a   n ã o   d e i x a   d e   s e r ,   n a verdade, o aprofundamentode uma tendência que já estava no bojo da SQA.(p.31)N o   e n t a n t o ,   o s   p r e s s u p o s t o s   q u e   C a tt o n   e   D u n l a p   ( 1 9 7 9 ) estabeleceram para umaSociologia Ambiental não são tributários apenas de autorescomo Malthus, mas também de uma face mais romântica dopensamento ambientalista contemporâneo. Essa matriz romântica serevela mais claramente se examinarmos o vínculoexistente entre as idéias de Catton e Dunlap e a ecologiaprofunda.(p.31).Página7de18

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Isso se afirma no pressuposto que assevera que os “sereshumanos são apenas uma espécie entre muitas outras queestão interligadasnac o m u n i d a d e   b i ó t i c a   d a   v i d a ” .   E s s e   p r i n c í p i o ,   q ua l   f a z   p a r t e   d o   N o v o Paradigma Ecológico de Catton eDunlap, diferencia-se muito pouco de um dos pilarescentrais da ecologia profunda: a igualdadebiocêntrica. Esta última, pressupõe que “nenhuma espécie,incluindo a espécie humana, é considerada como de maiorvalor, ou em algum sentido, superior do quequalquer outra espécie”. (p.33)As afirmações de Catton eDunlap de que o “mundo é finito” e que portanto, existem“limites físicos” e “biológicos” que vão contra as práticashumanas, fazem parte do discurso ambiental sobrevivêncialista que pode ser encontrado também em obras como a deMalthus, Hardin e em outros livros.(p.33).N o   e n t a n t o ,   o s   p r e s s u p o s t o s   q u e   C a tt o n   e   D u n l a p   ( 1 9 7 9 ) estabeleceram para uma Sociologia

ambiental não são tributários apenas de autores como Malthus e deobras como The limitstogrowth, mas tambémdeu m a   f a c e   m a i s   r o m â n t i c a   d o   p e n s a m e n t o   a m b i e nt a l i s t a .   A   e c o l o g i a profunda representa uma versão doromantismo ecológico contemporâneo cujo principal interesseé o de desenvolver novas formas de subjetividade,como intuito de fornecer uma alternativa para os indivíduosvivenciarem a natureza.Outro fator que reforçou essavisão de meio ambiente como uma “ n a t u r e z a s e l v a g e m ”e l i v r e f o i o u s o q u e C a t t o n e D u n l a p f i z e r a m d oconhecimento biológico e de conceitos como ecossistema. Aogerar uma estrutura única capaz de avaliar sistemasnaturais e sociais a partir doseuc o n c e i t o   d e   “ c o m p l e x o   e c o l ó g i c o ” ,   o s   a u t o r es   a c a b a r a m   a p a g a n d o importantes diferenças que devemser consideradas entre um e outro.Emdetrimento de sistemas naturais, sistemas sociais são uma projeção docomportamento humano. Isso implica que aestabilidade ou mudança de um sistema social dependerá deinteresses, desejos e práticas daqueles que o mantém. Aidéia de “ambiente natural” é contraproducente para acriaçãodeuma teoria social mais ecológica, embora pareça bastante atrativa porpermitir transcender, aparentemente,a questão de valores e interesses presentes nasinterpretações que fazemos do meio ambiente. Tal noçãoassocia o meio ambiente a algo que está além da culturahumana, a algo que não é influenciado por nossas escolhas epráticas culturais. Isso nosi l u d i r i a   a   v ê -l o ,   p o r t a n t o ,   c o m o   a l g o   t o t a l m e n t e   i s e n t o ,   l i v r e  d a   n o s s a subjetividade e de nossas opções valorativas.Página8de18

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A teoria social não deve descartar a realidade de processosnaturais que não dependem de nossas decisões para serealizarem, mas tentar ver nessa natureza o principal

foco de direcionamento da teoria social e da práticapolítica não seria a coisa mais sensata a ser feita. O quecientistas sociais devem fazer é, antes o inverso: tomarcomo premissa o fato de que não existe nenhuma leiturado ambiente “livre de valor”. É importante entenderque a concepção de “natureza intocada” de CattoneDunlap é fruto da influência do sobre vivencialismo, da ecologiaprofunda e doprópriop e n s a m e n t o   b i o l ó g i c o .   P o r é m ,   t e n d e   a   d e sa p a r e c e r   n a s   a v a l i a ç õ e s sociológicas das questõesambientais contemporâneas. (p.34)Assim, a obra de Catton eDunlap parece ter apresentado certos erroseambiguidades que os trabalhos sociológicos mais recentes dificilmentee n d o s s a r i a m .   E m   p r i m e i r o   l u g a r ,  p o r   m a i s   q u e   C a t t o n   e   D u n l a p   s e emprenharam para criar um “novo paradigma ecológico”, pareceu quenuncadeixaram muito claro como esse paradigma seria, tendo emvista a própria tensão que criaram entre pensamentosociológico e pensamento biológico.Dessa forma, um teoriasocial realista não desconsidera as capacidades únicasdo humano, nem desmerece sua capacidade coletiva deexpressar essa excepcionalidade.Sociologia ambiental contemporânea: tarefas e temas de pesquisaVários autores tem escrito sobre as tarefas e os objetivosde pesquisa de uma Sociologia ambiental. Ao considerarmosseus argumentos, podemos delinear Três principais áreas deinteresse para essa Sociologia ambiental:A)Práticas sociais e mudança ambiental: Há um consenso, entre cientistas sociais, de que um dosprincipais focos de interesse da Sociologia ambiental deveria sera relaçãoentrep r á t i c a s   s o c i a i s   e   m u d a n ç a   a m b i e n t a l .   U m   d o s  f e n ô m e n o s   q u e deveria ser explicado pela Sociologia ambiental é, justamente, oimpacto que práticassociais intencionais e não intencionais acabam causando aomeio ambiente, Para Butell (1996), entre essas práticas. Página9de18

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sustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.

cotidianas, estariam nossas práticas no processo de produção econsumo.O u t r o s   a u t o r e s   c h e g a m   à   m e s m a   c o n c l us ã o .   S e g u n d o   D i c k e n s   o problema maior está nadivisão do trabalho contemporânea enad i v i s ã o   i n t e l e c t u a l   q u e   e l a   i m p l i c a .   A s   s o ci e d a d e s   m o d e r n a s t r a n s f o r m a m   a   n a t u r e z a   n u m   q u a dr o   d e   a l t a   e s p e c i a l i z a ç ã o   d o t r a b a l h o   e   n u m a   e s c a la   q u e   é   a t u a l m e n t e ,   g l o b a l .   D e s s e   m o d o , práticasindustriais e de consumo passam a ser questões-chave para umasociologia preocupada com questões ambientais. (p.40)B)Conhecimento e interpretações sobre o meio ambiente:Há alguns aspectos básicos, levantados pela literaturasociológica,relativos à questão do conhecimento ambiental.O primeirodeles dizr e s p e i t o   à   s i t u a ç ã o   p e l a   q u a l   u m a   m u d a n ç a  a m b i e n t a l   v e m   s e r reconhecida como um “mal” ou “ perigo”ambiental. Sendo então um dos objetivos colocados para aSociologia ambiental, o de investigaraf o r m a   p e l a   q u a l   a s   p r á t i c a s   s o c i a i s   a c a b am   c r i a n d o   “ m a l e s ” a m b i e n t a i s ,   e l a   a i n d a   n ã o   r e sp o n d e   a l g u m a s   q u e s t õ e s   b a s t a n t e importantes. (p.40)1 -Porque certas mudanças ambientais deveriam ser vistascomo “perigosas” ou como “males” e outras não?2 – Todas associedades de grupos sociais reagem da mesma forma emrelação a intervenção humana no meio ambiente?Alguns autorestentam responder da seguinte forma: a consciênciadeq u e   t e m o s   p r o b l e m a s   a m b i e n t a i s   s e r i a   u m   r e s u l t ad o   d i r e t o   d o impacto que criamos ao ambiente.Logo, O movimentoambiental consistiria em um resultado direto da poluição. Hannigan(1995) chama essa como a “tese do reflexo”.Página10de18

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Tudo é sintetizado pelo argumento apresentado por Buttel eTaylor(1994) de que a Sociologia Ambiental deve abarcarnecessariamenteu m a   S o c i o l o g i a   d o   c o n h e c i m e n t o .  O   r e c o n h e c i m e n t o   d e   q u e i n t e r e s s e s   e   v a l o re s   i n t e r f e r e m   n a s   a v a l i a ç õ e s   c i e n t í f i c a s  é constantemente abordado por essa área de pesquisa daSociologia. E essa perspectiva condiz com a proposta deBarry (1999ª) de que a teoria social não deveria admitira existência de uma readding-offdom e i o   a m b i e n t e .   T a l   p o s t u r a   t a m b é m   e s t á   p r e se n t e   a i n d a   n o s trabalhos de Giddens (1991) e Beck (1992), quealertam quequalqueravaliação de riscos ecológicos envolve algum tipo de julgamentovalorativo. (p.40/41)c) Política ecológica:Como Yearley (1992) argumenta, as ameaças ambientaismodernas colocam-se de duas formas distintas. Num primeiromomento, elas surgem como mudanças ambientais materiais e físicasque podem ou não trazer conseqüências graves para os sereshumanos. As ameaças podem colocar-se também sob uma forma“ideológica”, geralmente pela mão do movimentoambientalista. Assim, ao mesmo tempo que os problemasambientais comportam algum tipo de mudança “física”,o desafioambientalista, como conjunto de valores e idéias, reveste-os deconteúdos ideológicos em busca de uma mudançainstitucional ampla da sociedade. (p.41)Novas Direções dosEstudos Sócio Ambientais Na década de 1990, Catton e Dunlapnão apenas reconheceram que sua proposta de SociologiaAmbiental havia fracassado como também que a situação daSociologia ambiental não se teria alteradosignificativamente em relação ao quadro que eles encontraram nadécada de 1970.  T o r n a -s e   p r e m e n t e   a v a l i a r   a t é   q u e   p o n t o   a s   p e r s p e c t i v a s h o j e existentes na Sociologia ambiental se mostram comodiferentes umasdaso u t r a s   e   s e   t a l   d i f e r e n ç a   a s   t o r n a   i n c o m p a t í v ei s .   D o   m e s m o   m o d o ,   é importante avaliar em que medidaessas perspectivas apresentam ponto sem comum ou de quemodo suas possíveis diferenças podem contribuir.Página11de18

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DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.

antes do que impedir, para um entendimento maiscomplexo e geral da realidade socioambiental. (p.47)A obra temo intuito de delimitar uma análise em três perspectivas teóricasque são consideradas como vitais para a “ecologização” daSociologianosú l t i m o s   a n o s .   E s s a s   p e r s p e c t i v a s   s ã o   M o d e r n i z aç ã o   E c o l ó g i c a   ( M E ) , Desenvolvimento Sustentável (DS) e ateoria da sociedade de risco (SR).MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ETEORIADA SOCIEDADE DE RISCOEmbora os teóricos da teoria da modernização ecológicaestabeleçamumai n t e r d e p e n d ê n c i a   e n t r e   s o c i e d a d e   e   m e i o   a m bi e n t e ,   e l e s   a c e i t a m   a existência de racionalidades diferentes (ecológica, social e econômica)governandoessa relação. Sistemas sociais e ecológicos não são,assim,totalmente diluídos unsnos outros, embora nexos entre si possam serestabelecidos.(p.48)M o l l   ( 1 9 9 5 )   a p r e s e n t a   t r ê s   u s o s   d i f e r e n t es   d o   t e r m o   M o d e r n i z a ç ã o Ecológicos:1 – ME como umnovo conceito que traz contribuições teóricas para umnovo ramo da Sociologia – a Sociologia Ambiental.2 – M E c o m ou m c o n j u n t o d e e s t u d o s d e c i ê n c i a s S o c i a i s q u eb u s c a m analisar as políticas ambientais propiciadoras de umpadrão mais ecológico de produção.3 - ME considerada com umprograma concreto de política ambiental radical colocado emandamento por partidos políticos.E m   s u a   d i m e n s ã o   s o c i o l ó g i c a :a   M E   é   u m a   t r a n s f o r m a ç ã o ecológica do processode industrialização numa direção na qualab a s e   d e   s u s t e n t a ç ã o   p o d e   s e r   g a r a n t i d a .   S e g u n d o  M o l ,   i n d i c a   a possibilidade de superar umacrise ambiental enquantofazemos usod a s   i n s t i t u i ç õ e s   d a   m o d e r n i d a d e ,   s e m  a b a n d o n a r   o   p a d r ã o   d e modernização.A origem do discurso da Modernização Ecológica

Como discurso político, a Modernização Ecológica nãoapareceu por acaso, mas como resultado de uma série de mudançasque se desdobraram Página12de18

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d e s d e a d é c a d a d e 1 9 7 0 e q u e a c a b a r a m p o r c r i a ru m c o n t e x t o s o c i a l propício para o seu surgimento nadécada posterior. Sua origem, portanto,está associadas àsreflexões que foram produzidas na década de 80 teria sidoimpossível se não houvesse existido uma geração anterior depolíticas,leis, regulações e instituições. (p.54)Mas que mudançasforam essas que levaram à emergência da ME?1 -N a   d é c a d a   d e   7 0 ,   o   a m b i e n t a l i s m o   t e r   s i d o   a t in g i d o   p o r   u m a “ a m b i g ü i d a d e   d e   s e n t i m e n t o s ” .   E s s a  a m b i g ü i d a d e   t e v e   s u a origem na coexistência de duas grandestendências contrastantes que vigoravam no movimento ambiental.Trabalhoscomo Limitesd o   C r e s c i m e n t o   ( M E A D O W S ,   1 9 7 2 ) ,   q u e  v e i o   a   t e r   u m   f o r t e impacto sobre o movimentoambiental do período, começaram ar e s s a l t a r   a   n e c e s s i d a d e   d e   u m   m a i o r“imput” e m   t e r m o s   d e ciência e tecnologia, enquanto obras como blueprint for survivalesmall is beautiful, também bastante influente entre os gruposambientais, começaram numa direção oposta.Diferentemente do primeiro (Limites do crescimento), nessesdois últimos trabalhos se começou a operar uma crítica geral àsociedade de consumo e,especificamente, à excessiva confiançadepositada nas inovações tecnológicas.Outros fatores tem destaque,como:A)A profissionalização do movimento ambiental nas maisdiferentes áreas: (engenharia, biologia, economia emarketing).B ) R e c o n h e c i m e n t o   d e   f a l h a s   na s   p o l í t i c a s   a m b i e n t a i s governamentais atéentão existentes, fortalecendo ainda mais o discurso daME.C)A emersão de uma linguagem ambiental alternativa

quepermitiua   O N G S ,   g o v e r n o s   e   o u t r a s   o r g a n i z a çõ e s   e s t r u t u r a r e m   a problemática ambiental de um novomodo. (p.56)A LINHA NARRATIVA CENTRAL DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICAA linha narrativa central do discurso da ME se sustenta naidéiadeq u e   p o d e   h a v e r   u m a   c o m p a t i b i l i d a d e   e n t r e   c r e s c im e n t o   e c o n ô m i c o   e proteção ambiental. É um discurso que vê acrise ambiental como resultado das falhas ou deficiências dasinstituições das sociedades modernas, masque acredita que asreformulações dessas instituições podem promover umprocesso deproteção ambiental. (p.60)Página13de18

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Muitos autores chamam a atenção para o fato de a ME possuiruma forte ênfase no aspecto econômico. Afinal elabusca tanto “ecologizar a economia” como “economizar aecologia”. (p.64)É na sua redefinição da relação entre economia emeio ambientequer e s i d e   a   s u a   r u p t u r a   m a i s   d e c i s i v a   c o m   a s   pr o p o s i ç õ e s   d a   p o l í t i c a a m b i e n t a l   d o s   a n o s   70 .   T a n t o   n o   d i s c u r s o   c o m o   a   S o c i o l o g i a  d a Modernização Ecológica parece compartilhar um mesmopressuposto:o deq u e   é   p o s s í v e l   c o m p a t i b i l i z a r   c r e s c i m e n t o   e c on ô m i c o   c o m   p r o t e ç ã o a m b i e n t a l .   A s s i m ,   o   q u e   e s t á   po r   t r á s   d a s   i d é i a s   d e   “ e m a n c i p a ç ã o   d a ecologia” ede “reestruturação ecológica” da sociedade industrialé que crescimento econômico e proteção ambiental podemcaminhar juntos, demãos dadas. (p.65)Segundo Jacobs (1991) hádois pontos centrais que fazem parte da relação entre asforças de mercado e de sua relação com adegradaçãoambiental.1   –   M e c a n i s m o s   p a r a   a l o c a r   r e c u r

s o s :   a   u t i l i z a ç ã o   d e   d e c i s õ e s individuais para alcançarresultados coletivos.2 - O segundo se refere à tendência, navida moderna, das forças de mercado que definem asinterfaces entre sistema econômico e a questãoambiental.Outro problema reside no fato de que os alvos daproteção ambiental são “bens públicos”. Bens públicos sãoindivisíveis e não são passíveisded i s t r i b u i ç ã o   a o s   c o n s u m i d o r e s .   P a r a   b e n s   d e s s e  t i p o ,   n ã o   é   p o s s í v e l discernir entre consumidores e não-consumidores e, por conseguinte,entre“ p a g a n t e s ”   d o   p r o d u t o ,   o   q u e   i m p l i c a   q u e ,   c a so   f o s s e   f o r n e c i d o   p e l o mercdo, todas as pessoas se tornariam consumidores potenciais, semrestrição. Essacaracterística universal e coletiva inviabiliza a tentativade usar apenas a lógica do mercado capitalista parapromover a produção e o fornecimento desses “bens públicos”.(p.66)Nesse sentido, ambientalistas têm razão em criticar oseconomistas que não levam em consideração os limites decapacidade do ambiente em fornecer recursos e assimilar o lixoque produzimos.Para que haja uma eficiência ambiental,segundo Jacobs “torna-se necessária uma mudança estrutural etécnica da economia, a fim de manterPágina14de18

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os impactos ambientais dentro dos limites requeridos peloambiente. Essa mudança abarcaria todo o ciclo econômicoe deveria atingir seis tópicos centrais: 1) recursosrenováveis; 2) recursos não renováveis; 3) redução da poluição; 4)processo de produção, 5) produtos; 6)consumo;E n t ã o ,   a s   p o s s i b i l i d a d e s   d e   d i m i n u i r   o  i m p a c t o   a m b i e n t a l   d o crescimento econômico já estariamacessíveis. Uma vez incorporadasaoprocesso econômico, poderiam reduzir significativamente o impacto docrescimento econômico sobre o meio ambiente.(p.69)D i s s o   d e c o r r e   a   s e g u i n t e   p e r g u n t a :   d e   q u e  f o r m a   a s   p o l í t i c a s ambientais deveriam proceder para

incentivar a inovação tecnológica na economia?Resposta:Através do Estado com os seguintes mecanismos:a)Mecanismosvoluntários: são todas aquelas ações que indivíduos,grupos,empresas realizam para proteger o meio ambiente, masq u en ã o s ã o c o a g i d a s p e l a l e i e n e m m o v i d a s p o ri n c e n t i v o s financeiros.b ) R e g u l a ç ã o   d o   m e r c a d o :   t o d a   a  m e d i d a   a d m i n i s t r a t i v a   t o m a d a p e l o g o v e r n o q u e t e mo s u p o r t e d a l e i , m a s q u e n ã oe n v o l v e g a s t o   g o v e r n a m e n t a l   d i r e t o   e   n e m  o   u s o   d e   i n c e n t i v o s financeiros.c ) G a s t o s   p ú b l i co s :   P o d e m   t o m a r   d u a s   f o r m a s   d i f e r e n t e s :   a   d e subsídios e a de ações diretas do governo.c.1) A de subsídios: sedirige a empresas privadas;c.2) A de ações diretas do governo:órgão do própriogoverno.d )   I n c e n t i v o s   f i n a n c e i r o s :   b u s c am   t o r n a r   a s   a t i v i d a d e s a m b i e n t a l m e n t e   p e r ig o s a s   m e n o s   a t r a t i v a s   e m   t e r m o s   e c o n ô m i c o s , t o r n an d o - a s   m a i s   c u s t o s a s .   P o r   o u t r o   l a d o   p r e m i a m  a s   a t i v i d a d e s ambientalmente mais saudáveis. Incentivos financeiros usam, então, osistema de preços paraalcançar metas ambientais procurando influenciar na escolhade produtores econsumidores.P o r   e s s a s   r a z õ e s ,   o   a u t o r   c o n c l u i   q ue   r e g u l a ç õ e s   e   i n c e n t i v o s financeiros são os principaisinstrumentos da política ambiental. (p. 69/70)Página15de18

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITODISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.M O D E R N I Z A Ç Ã O   E C O L Ó G I C A   E   A   “ E C O L O G I Z A Ç Ã O ”  D O CRESCIMENTO ECONÔMICOA “emancipação da ecologia”, que a teoria da ME faz alusão,engloba dois processos distintos que influem diretamente narelação entre economia e ecologia: o processo de ecologizar aeconomia e economizar aecologia.Embora isso nem sempre seja declarado, pressupõe-se que esses doismovimentos acabem resultando num crescimento econômico ecológico.Quanto a esse ponto, MEsignifica substituição de tecnologias curativas por tecnologias

preventivas. A economia da ecologia implica, por suavez, a introdução de conceitos, mecanismos e princípioseconômicos dirigidosparap r o t e g e r   o   m e i o   a m b i e n t e .   E s s e   p r o c e s s o   o co r r e   e m   d u a s   e s c a l a s diferentes: uma micro e outra macro.(p.71)M a c r o :   b u s c a   d e s c r e v e r   e   p r o m o v e r   u m a   m u da n ç a   n o   c a r á t e r estrutural da economia das sociedadesmais industrializadas, fazendocomque indústrias intensivas em recursos e energia sejam substituídas porindústrias intensivas em conhecimento evalor. (p.71)Micro: ME estabelece um papel central para a mudançatecnológicaeo r g a n i z a c i o n a l   n o   n í v e l   d a s   e m p r e s a s .  P a r a   e s s a   t e o r i a   d a   M E , c o m p a t i b i l i z a r   c r es c i m e n t o   e c o n ô m i c o   e   p r o t e ç ã o   a m b i e n t a l   t o r n anecessário que o sistema produtivo incorpore “tecnologias ambientais”.Estas últimas são tecnologias que “reduzem oimpacto absoluto ou relativo de um processo ou produto sobre meioambiente”.A estratégia da ME é baseada sobre um alcanceamplo de atores organizacionais(Estado, empresas) que devemregular suas ações de modo a permitir a via em comum. É muitopouco provável que a política ambiental inspirada pela MEtenha que se basear em apenas um dos instrumentosregulatórios a que fizemos referência acima. O provável,antes é que ela venha a se constituir numa mistura dessesdiferentes instrumentos.A principal falha sobre essa teoria da MEem relação a essas questões remete-se à pouca atenção que elaparece conferir às questões envolvendo a regulação ambiental.Página16de18

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITODISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.PARA UMA CRÍTICA POSITIVA DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA

Uma das áreas óbvias da Sociologia em questão ambientalpode ser incorporada é a Sociologia do Industrialismo.Esta é um campo jábeme s t a b e l e c i d o   d e   p e s q u i s a   n a s   C i ê n c i a s   S o c ia i s ,   e m   q u e   a s   q u e s t õ e s a m b i e n t a i s   s e g u n d o   M a r t e

l l   ( 1 9 9 4 ) ,   p o d e r i a m   s e   m o s t r a r   a l t a m e n t e relevantes. A teoria da ME busca justamente seguir esseconselho. Mol(1995) situa justamente a ME dentro da aladas teorias da sociedade pós-i n d u s t r i a l .   E n f i m ,   e l a   b u s c a   t a n t o   t e o r i z a r   c o m o  t a m b é m   p r o m o v e r   a institucionalização da “ecologia” nosprocessos de produção e consumo.(p.75)U m d o s p o n t o sf o r t e s d a M E e s t á n o f a t o d e e l a c o n t r i b u i r c o mestudos que buscam mostrar que é possível ir além darelação conflitual existente entre economia e meioambiente. A teoria da ME pressupõe a possibilidade dese criar um “crescimento econômico ecológico”, o que noentanto, não a livra de contradições [...]. (p.75)Dessa forma,essa teoria “pretende tornar possível um “crescimentoecológico””. Para isso ao nosso ver,ela deveria abandonar sua ênfase unânime sobre o eixoindustrial da modernidade e passar a considerar ocapitalismo como um tópico importante de análise. (p.86)Nessecaso, que literatura ou teorias estariam mais próximas de seusobjetivos? Como Gouldson e Murphy (1998) procuram mostrar,a MEtema j u d a d o   a   i n c e n t i v a r   a   u m a   n o v a   r e g u l a ç ã o   am b i e n t a l - i n d u s t r i a l .   É surpreendente, então, quenenhum trabalho tenha procurado associar a teoria daME às teorias da regulação ou proposto que essedeveria ser o caminho a ser seguido por ela. (p.87)O Brien ePenna (1997) estabelecem uma relação entre a políticaambiental européia e as abordagens da regulação. Segundo eles,dentre os vários conceitos que figuram como centrais nasabordagens da regulação,dois parecem tocar diretamente emquestões que estão no cerne da política ambiental, e ao nossover, da teoria da ME: regime de acumulação e modo deregulação.R E G I M E   D E   A C U M U L A Ç Ã O :   S e   r e f e r e   à   r e l aç ã o   e n t r e   a c u m u l a ç ã o   e consumo.Página17de18

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SULMESTRADO EM DIREITODISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHOOLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco esustentabilidade na modernidade.Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP.Edusc., 2006.

M O D O   D E   R E G U L A Ç Ã O :   C o n s i s t e   n a   b a s e   p a r a   g u i ar   o   c r e s c i m e n t o econômico o longo do tempo num regimeespecífico de acumulação. (p.87)Dessa forma, é permitido perceberque:[...] Teóricos da ME preferem falar em “emancipação daecologia” e colocar à margem um elemento teórico quepa r e c e   e s t a r   d i r e t a m e n t e   a s s o c i a d o   c o m   p r o b l e ma s a m b i e n t a i s :   o   c a p i t a l i s m o .   A s s i m ,   s e   o   c r e sc i m e n t o e c o n ô m i c o   d e v e   s e r   c o m p a t i b i l i z a d o   c o m  a   p r o t e ç ã o a m b i e n t a l ,   i s s o   o c o r r e   a   p a r t i r   d e  u m a   d i m e n s ã o   d a modernidade que os teóricos da ME dispensam em suasanálises. Por todas essas razões, ateoria da ME é ainda perpassada por uma serei decontradições e ambivalências que só poderão ser suplantadasuma vez que um dos seus pressupostos sejam revistos eformulados. Isso, ao nosso ver não é algo impossível. Afinal,como tentamos mostrar, um novo direcionamento teórico da MEé tanto possível quanto desejável. (p.88)O Capítulo 3 tratará das demais discussões sobre essa temática.Página18de18