Conselho Nacional de Justiça - CNJ Na Mídia

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Conselho Nacional de Justiça - CNJ Na Mídia

Índice Knewin Monitoring

8

Correio Braziliense | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

STF decide 4ª feira sobre CPIPolítica - 11/04/2021

10

Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF, CNJ - Rosa Weber /

Kassio agrada bolsonaristas ao contrariar STF em dicisõesPoder - 11/04/2021

1313

Judiciário - STF, CNJ - Rosa Weber /

Ataques ao STF por fazer cumprir a Constituição são retrato do cenário institucional napandemiaPoder - 11/04/2021

15

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

CPI da Covid dá maior poder de fogo ao Senado sobre governo BolsonaroPoder - 11/04/2021

18

O Estado de S. Paulo | NacionalCNJ - Luiz Fux /

Fux antecipa aval do plenárioPolítica - 11/04/2021

19

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

'STF cumpriu seu papel ao ordenar abertura de CPI'Política - 11/04/2021

21

O Globo | NacionalJudiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

STF antecipa julgamento sobre instalação de CPI da PandemiaPaís - 11/04/2021

22

Diário de Cuiabá | Mato GrossoCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialNoticias - 10/04/2021

24

Estadão Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a Polícia JudicialPolítica - 10/04/2021

2626

Folha de Pernambuco | PernambucoCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir imunizantecontra CovidNoticias - 10/04/2021

Folha Online | Nacional

2828

CNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir imunizantecontra Covid-19equilibrioesaude - 10/04/2021

30

Gazeta do Povo | ParanáCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Resolução do CNJ libera criação da Polícia JudicialRepública - 10/04/2021

31

Isto é Dinheiro Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialpolítica - 10/04/2021

3333

O Estado CE Online | CearáCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir imunizantecontra Covid-19Nacional - 10/04/2021

35

O Liberal online - Americana (SP) | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialPolítica - 10/04/2021

37

Tribuna da Bahia Online | BahiaCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialNoticias - 10/04/2021

39

Tribuna do Norte | Rio Grande do NorteCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Coluna Rosalie ArrudaNoticias - 11/04/2021

42

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Coluna Anelly MedeirosNoticias - 11/04/2021

44

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialNoticias - 10/04/2021

46

UOL | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialcotidiano - 10/04/2021

Valor Online | Nacional

4848

CNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir dose contracovid-19Brasil - 10/04/2021

49

Bem Paraná Online | ParanáCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialNoticias - 10/04/2021

5151

Consultor Jurídico | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Resolução altera composição do Fórum Nacional da Infância e da JuventudeNoticias - 10/04/2021

52

Correio Popular | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialPOLÍTICA - 10/04/2021

54

Folha Rondoniense | RondôniaCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a Polícia JudicialNoticias - 10/04/2021

56

Gaúcha ZH | Rio Grande do SulCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialPolítica - 10/04/2021

58

Jornal de Brasília | Distrito FederalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicialNoticias - 10/04/2021

60

Correio Braziliense | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Conta de Bolsonaro com Centrão só crescePolítica - 11/04/2021

63

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Moraes: Supremo respeita e exige respeitoPolítica - 11/04/2021

64

Judiciário - Judiciário /

Praça dos Dois PoderesEsportes - 11/04/2021

Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF /

66Elio Gaspari - O governo já soube lidar com epidemiaPoder - 11/04/2021

69

Judiciário - STF /

Incompetência da Vara de Curitiba é limitadaPoder - 11/04/2021

72

Judiciário - Judiciário /

A lorota do comitêOpinião - 11/04/2021

73

Judiciário - STF /

Fé em tempos de pandemiaIlustríssima - 11/04/2021

78

Judiciário - STF /

CPI DA PANDEMIAFolha Corrida - 11/04/2021

7979

Judiciário - Judiciário /

Romeu Zema Bolsonaro podería ter capitaneado a crise, mas há certa perseguição a elePoder - 11/04/2021

83

O Estado de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF /

Desgastar o governo via CPI é estratégia legítima da oposiçãoPolítica - 11/04/2021

85

Judiciário - STF /

Em live, nova crítica ao STFPolítica - 11/04/2021

86

Judiciário - STF /

Bolsonaro age como 'monarca', diz CelsoPolítica - 11/04/2021

88

Judiciário - STF /

Aparecida 'quebra' com ausência de peregrinosPolítica - 11/04/2021

90

Judiciário - STF /

Dízimo alimenta lobby por abertura de templosPolítica - 11/04/2021

93

Judiciário - STF /

COLUNA DO ESTADÃOPolítica - 11/04/2021

95

O Globo | NacionalJudiciário - Judiciário /

DORRIT HARAZIM - Terra em transe

Opinião - 11/04/2021

97

Judiciário - STF /

Um ano depois, pautas citadas em reunião avançaramPaís - 11/04/2021

100

Judiciário - STF /

LAURO JARDIMPaís - 11/04/2021

103103

Judiciário - Judiciário /

'HÁ MOVIMENTOS PARA CONTER AVANÇOS DA FORÇA-TAREFAPaís - 11/04/2021

105105

Folha de Londrina Online | ParanáJudiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir imunizantecontra Covid-19Noticias - 10/04/2021

107107

Notícias do Dia | Santa CatarinaJudiciário - Presos, Judiciário - Sistema Prisional, Judiciário - Socioeducativo, Judiciário - Covid-19 /

Covid-19: mortes de profissionais de penitenciárias aumentou em quase 6 vezes, diz CNJNoticias - 10/04/2021

108108

O Tempo online | Minas GeraisJudiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal contra Covid-19Noticias - 10/04/2021

110

Consultor Jurídico | NacionalJudiciário - Covid-19 /

É preciso desjudicializar ou descentralizar a execução civilopinião - 10/04/2021

114114

O Tempo - Super Notícia | Minas GeraisJudiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal contra Covid-19super tv - 10/04/2021

116116

Portal do Holanda | AmazonasJudiciário - Covid-19, Judiciário - Coronavírus /

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para produzir imunizantecontra Covid-19Noticias - 10/04/2021

STF decide 4ª feira sobre CPI

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Renato Souza;

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),

ministro Luiz Fux, marcou para a próxima quarta-feira o

julgamento no plenário da decisão liminar do ministro

Luís Roberto Barroso, que determinou que o presidente

do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instale a

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para

investigar ações e omissões do governo federal durante

a pandemia de covid-19. A decisão do colegiado é

aguardada pelos senadores para que os trabalhos

avancem com mais segurança.

A comissão ainda não foi instalada no Senado. O

governo e seus aliados tentam impedi-la e fazer com

que parlamentares retirem as assinaturas -- são

necessárias 27 para que a CPI seja formalizada e, até

agora, já foram obtidas 32. No entanto, mesmo

contando com o número necessário, o presidente do

Senado não determinou o início dos trabalhos. Diante

da demora, parlamentares recorreram ao Supremo e

obtiveram a decisão pela instalação.

Barroso determinou a formalização, destacando que a

Constituição não prevê aval do presidente da Casa para

que as diligências sejam iniciadas, mas apenas os

apoios necessários, delimitação de tempo de duração e

assunto a ser investigado. A decisão do ministro foi

tomada após ouvir todos os demais magistrados da

Corte, o que reforça a tendência para que os pares

aprovem, na próxima quarta, a decisão que autorizou a

criação da CPI.

Nos bastidores, o governo corre contra o tempo para

oferecer verbas e cargos para tentar impedir o

andamento da comissão. Parlamentares confessaram,

em conversas reservadas com o Correio, que foram

procurados por apoiadores do Executivo. Alguns

disseram não ter a intenção de retirar o nome do

requerimento, mas não descartam essa possibilidade.

Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um

dos que ingressaram com o pedido de liminar no

Supremo, as ações revelam um temor pelo avanço das

investigações. "Não é o primeiro governo que faz isso.

Governos, tradicionalmente, não gostam de ser

investigados", disse.

O parlamentar também destacou que o caso foi levado

ao Supremo para garantir o cumprimento de regras

constitucionais. "O presidente da Casa não estava

cumprindo a sua função. Ele usava o argumento de que

não existe no ordenamento jurídico, que é o de

conveniência. Por isso, como qualquer um que se sente

prejudicado, procuramos o Judiciário", explicou.O

senador Reguffe (Podemos-DF) destacou que apurar os

fatos é importante, mas defendeu que as investigações

incluam estados e municípios. "Tem que investigar a

todos. A União, mas também a aplicação dos recursos

federais pelos estados, municípios e Distrito Federal",

destacou.

Em entrevista à Rede Globo, o presidente Rodrigo

Pacheco disse que vai ler em plenário, na terça-feira, o

requerimento para criação da CPI -- o primeiro passo

para a instalação da Comissão.

8

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

9

Kassio agrada bolsonaristas ao contrariar STF em dicisões

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Matheus Teixeira

brasília Em cinco meses como integrante do STF

(Supremo Tribunal Federal), o ministro Kassio Nunes

Marques acumula polêmicas e passa por cima da

jurisprudência da corte para dar decisões que agradam

a aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Na última semana, ele contrariou o próprio voto para

declarar a Anajure (Associação Nacional de Juristas

Evangélicos) apta a acionar o Supremo e para permitir a

realização de missas e cultos na pandemia. Em

fevereiro, por n ao, o Supremo havia decidido que a

entidade não tinha legitimidade para apresentar ações.

Em dezembro, Kassio ignorou decisões dos ministros

Celso de Mello (a quem ele substituiu) e Rosa Weber e

liberou a pesca de arrasto no litoral do Rio Grande do

Sul.

A ordem judicial foi dada em uma ação do PL articulada

pelo senador Jorginho Mello (PDSC), aliado de

Bolsonaro, e foi comemorada nas redes sociais pelo

congressista e pelo presidente.

Kassio também foi na contramão do tribunal ao restringir

o alcance da Lei da Ficha Limpa, no fim de dezembro.

A atuação do mais novo ministro do STF tem sido alvo

de críticas internas e estremecido sua relação com os

colegas. A Folha questionou-o se as decisões que deu

desde que chegou à corte o desgastaram, mas não

obteve resposta até a publicação deste texto.

Ministros avaliam como natural o indicado pelo governo

em curso fazer gestos em direção ao Palácio do

Planalto. No entanto, dizem acreditar que Kassio tem

exagerado nesse sentido e, com isso, exposto

publicamente o Supremo em situações consideradas

desnecessárias.

A nomeação de Kassio para o STF pegou de surpresa a

maior parte do mundo político e jurídico. Ele estava

cotado para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Após a indicação, Bolsonaro ainda sofreu pressão para

mudar a escolha por causa de inconsistências no

currículo do ministro. Ao final, porém, Kassio foi

aprovado pelo Senado.

Já no Supremo, na questão da liberação de celebrações

religiosas em meio à pandemia da Covid, a decisão do

ministro incomodou.

A avaliação interna é que, mesmo o tribunal tendo uma

extensa jurisprudência em favor da liberdade religiosa, o

entendimento de Kassio obrigou a corte a contrariar a

vontade de boa parte dos fiéis e da bancada evangélica

no Congresso, que é próxima de Boisonaro.

A decisão fez com que Kassio fosse criticado pelo

ministro Gilmar Mendes, um dos padrinhos de sua

indicação. O ministro afirmou que apenas uma "postura

negacionista" declararia inconstitucionais decretos que

proíbem missas e cultos como forma de conter o avanço

da Covid.

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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

O decano do tribunal, ministro Marco Aurélio Mello,

seguiu a mesma linha. Ele questionou por que Kassio

não remeteu o caso ao plenário: "Que pressa foi essa?".

As decisões de Kassio, por outro lado, agradam a

Bolsonaro e o fazem ganhar influência junto ao

presidente na escolha, por exemplo, do sucessor de

Marco Aurélio, que irá se aposentar em julho.

A aposta é que Kassio tem se cacifado com Bolsonaro

também para influenciar outras indicações, como as três

cadeiras vagas no STJ e o assento que deixou aberto

no TRF-i (Tribunal Regional Federal da ia Região) ao ir

para o STF.

As decisões e votos que satisfizeram Bolsonaro foram

dados logo que chegou ao STF.

No julgamento no início de dezembro sobre a

possibilidade de reeleição dos presidentes da Câmara e

do Senado, por exemplo, ele se posicionou conforme os

interesses do Planalto.

Kassio defendeu que Davi Alcolumbre (DEM-AP), aliado

do governo, podería ser reconduzido ao comando do

Senado, mas que Rodrigo Maia (DEM-RJ), adversário

do Executivo, não podería continuar à frente da

Câmara.

Na discussão sobre a possibilidade de imposição de

vacina obrigatória contra a Covid, Kassio também deu o

voto que mais agradou ao Planalto.

Na ocasião, o STF decidiu que o Estado não pode

imunizar as pessoas à força, mas tempoder para

aprovar legislação que estabeleça restrições, como

impedimento de frequentar determinados lugares, a

quem não se vacinar.

A maioria votou para que estados e municípios tenham

autonomia para aprovar leis nesse sentido. Kassio, por

sua vez, foi o único a defender que a medida só podería

ser adotada se houvesse prévia oitiva do Ministério da

Saúde.

Ainda em 2020, o ministro também ajudou, de maneira

indireta, a defesa do senador Flávio Bolsonaro

(Republicanos-RJ), denunciado pelo Ministério Público

do Rio de Janeiro por lavagem de dinheiro e

organização criminosa. Esse é o ponto fraco da família

do presidente, que tenta abafar as investigações.

Em dezembro, o ministro interrompeu o julgamento da

ação penal contra o deputado Silas Câmara

(Republicanos-AM) que serviría de baliza para a análise

do caso de Flávio. O deputado é acusado de recolher

parte dos salários de seus servidores, como no caso em

que Flávio é investigado. A análise do tema indicaria

aposição do STF sobre a prática.

O voto de Kassio no julgamento sobre a parcialidade do

ex-juiz Sérgio Moro no processo do tríplex que levou à

prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

também foi visto internamente como uma sinalização a

Bolsonaro.

Desde que havia chegado à corte, o magistrado só tinha

dado votos contrários à Lava Jato, operação com quem

o chefe do Executivo passou a antagonizar após o

pedido de demissão de Moro do Ministério da Justiça.

No julgamento que podería beneficiar o petista e deixá-

lo mais próximo de disputar as eleições de 2022 contra

Bolsonaro, porém, Kassio mudou de posição - e acabou

derrotado. A Segunda Turma declarou a suspeição de

Moro, o que pode ter aberto o caminho para Bolsonaro

ter um concorrente de peso na eleição presidencial do

ano que vem.

Bolsonaro já elogiou publicamente decisões de Kassio.

Na decisão tomada pelo Supremo com um placar de 6 a

5 contrário à possibilidade de amante dividir a pensão

com viúva, por exemplo, o presidente enalteceu apenas

o voto do ministro que indicou.

"Você sabe como foi o voto do Kassio? Procura saber.

Se tivesse lá o Celso de Mello [que se aposentou em

outubro passado] , teria sido aprovado o direito da

amante", disse Bolsonaro.

11

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

N a manhã da última sexta-feira (9), a Folha questionou

Kassio por que ele votou em fevereiro contra a

legitimidade da Anajure para acionar o STF e, agora,

decidiu no sentido contrário no caso dos decretos das

igrejas.

Kassio também preferiu não opinar sobre a decisão do

ministro Luís Roberto Barroso de determinar ao Senado

a instalação da CPI da Covid e sobre as mudanças

feitas por Bolsonaro no Ministério da Defesa e no

comando das Forças Armadas.

Além disso, o ministro não respondeu ao

questionamento relativo às afirmações de Gilmar em

relação ao seu voto no julgamento que declarou a

parcialidade de Moro.

Quer me parecer que apenas uma postura negacionista

autorizaria resposta em sentido afirmativo. Uma

ideologia que nega a pandemia que ora assola o país, e

que nega um conjunto de precedentes lavrados por este

tribunal durante a crise sanitária que se coloca

Gilmar Mendes ministro do STF, em decisão que vetou

cultos religiosos presenciais no estado de São Paulo

dois dias após Kassio autorizara realização dessas

cerimônias em todo o país

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Rosa Weber

12

Ataques ao STF por fazer cumprir a Constituição são retrato do cenário

institucional na pandemia

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Eloísa Machado de Almeida

A decisão liminar que determinou ao presidente do

Senado a instalação da CPI da Covid para investigar

atos do governo de Jair Bolsonaro gerou um embate

entre os Três Poderes que, de alguma forma,

representa o cenário institucional brasileiro na

pandemia.

A Constituição determina que, mediante requerimento

de um terço de deputados ou senadores, serão criadas

as comissões parlamentares de inquérito nas

respectivas Casas Legislativas.

Trata-se, assim, de um direito resguardado pela

Constituição às minorias parlamentares, justamente por

relegar a um terço dos deputados ou senadores a

possibilidade de iniciar o processo de investigação no

âmbito do Legislativo.

Na dinâmica constitucional de controles mútuos entre os

Poderes, as minorias parlamentares - que comumente

não fazem parte da base de apoio do governo -

possuem o poder de fiscalização dos atos do Executivo.

É um dos poucos poderes dado s às minorias no âmbito

do Legislativo, já que regras da Constituição e dos

regimentos internos de Câmara e Senado privilegiam,

como não poderia deixar de ser, as maiorias: leis

ordinárias, complementares, emendas constitucionais e

impeachment são instrumentos das maiorias; o poder

de fiscalização foi garantido constitucionalmente às

minorias, à oposição.

Em 15 de janeiro de 2021, quando o país contava 1.131

mortos por Covid-19 em 24 horas e acompanhava

pessoas morrendo asfixiadas, 30 senadores

apresentaram requerimento de instalação de CPI para

"apurar as ações e omissões do governo federal no

enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em

especial, no agravamento da crise sanitária no

Amazonas com a ausência de oxigênio para os

pacientes internados".

O requerimento atendia aos critérios constitucionais:

pelo menos um terço de signatários, objeto determinado

e prazo certo.

O pedido aguardou pela eleição do novo presidente do

Senado. Eleito, Rodrigo Pacheco deveria promover a

instalação da CPI; entretanto, não o fez. Em 11 de

março de 2021, quando o Brasil computava 2.207

mortos por Covid em 24 horas, senadores recorreram

ao Supremo Tribunal Federal, solicitando a ordem

para Pacheco cumprir seu dever.

Em 8 de abril, com 4.190 mortos por Covid em 24 horas,

o ministro Luís Roberto Barroso determinou nada mais

do que manda o texto constitucional: presentes os

requisitos constitucionais, a CPI deve ser instalada.

O Supremo tem decidido assim há décadas. Em 2005,

maioria parlamentar tentava impedir a instalação da CPI

13

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

dos Correios.

O então ministro Celso de Mello decidiu, em voto

histórico, que "a maioria legislativa não pode frustrar o

exercício, pelos grupos minoritários que atuam no

Congresso Nacional, do direito público subjetivo que

lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da Constituição e

que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente

instaurada a investigação parlamentar, por período

certo, sobre fato determinado".

Da mesma forma, em 2014, o então presidente do

Senado queria submeter a instalação da CPI da

Petrobras à deliberação da maioria. A ministra Rosa

Weber decidiu que, por se tratar de um direito de

minoria parlamentar, deveria ser imediatamente

instalada, já que presentes os requisitos constitucionais.

Não há dúvidas, seja no texto constitucional, seja na

jurisprudência do Supremo, que, mediante fatos

determinados e suficientes subscritores, o presidente do

Senado tem o dever de instalar a CPI. Por isso, não

deixa de ser surpreendente areação do senador Rodrigo

Pacheco, contrariado com a decisão judicial que não

podería ser diferente.

Já a reação do presidente Jair Bolsonaro, cujos atos

compõem o objeto de investigação do requerimento de

CPI, não surpreende. Pouco afeito a investigações e

controle, o presidente ameaçou o ministro Barroso com

impeachment.

Não deixa de ser irônico tal ameaça vir logo de

Bolsonaro, o presidente que acumula mais de cem

pedidos de impeachment, todos aguardando despacho

de Arthur Lira, presidente da Câmara, depois de terem

repousado por dois anos na gaveta de Rodrigo Maia.

Sobram ameaças a Barroso, faltam fundamentos. CPIs

são direitos de minorias; impeachment, não. Ademais -

e mais importante - , uma decisão judicial que cumpre a

Constituição e segue a jurisprudência do Supremo não

configura crime de responsabilidade. E impeachment,

sem crime de responsabilidade, é golpe.

Areação de Bolsonaro não só não surpreende como é

compreensível; afinal, CPIs existem para expor os

crimes do governo e promover responsabilização.

Dotadas de poderes de investigação, as CPIs podem

requisitar documentos, demandar depoimentos e até

promover quebras de sigilo. Em se tratando de uma CPI

sobre os atos do governo federal em relação à

pandemia de Covid-19, não serão poucos os atos a

serem investigados.

Resta saber, entretanto, se a CPI da Covid sobreviverá,

isto é, se pelo menos um terço dos senadores manterá

seu apoio às investigações (o endosso ao requerimento

pode ser retirado até a efetiva instalação da CPI), e qual

o comprometimento dos mesmos com os seus

trabalhos.

Uma CPI que cumpra com seu papel constitucional

poderá conduzir o presidente da República à

responsabilização - política ou até mesmo criminal - que

tem sido adiada pelos órgãos de controle.

O descontrole total da pandemia, a ausência de

campanhas efetivas de prevenção e vacinação, os

tratamentos ineficientes, a resistência às vacinas, a falta

de medicamentos e de oxigênio merecem investigação

apropriada: quase 350 mil mortes assim exigem.

O embate entre os Poderes na CPI exemplifica o

cenário institucional brasileiro na pandemia de Covid-19:

um presidente que descoordena a política de saúde e

repudia controles sobre seus atos e omissões, um

Congresso resistente a fiscalizar ou responsabilizar o

presidente, e um Supremo Tribunal Federal agindo

para garantir o mínimo de resposta à pandemia - e

sofrendo ataques dos demais Poderes por isso.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Rosa Weber

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CPI da Covid dá maior poder de fogo ao Senado sobre governo Bolsonaro

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Daniel Carvalho

brasília A decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do

STF (Supremo Tribunal Federal), de mandar o Senado

instalar a CPI da Covid deu ao chefe da Casa, Rodrigo

Pacheco (DEM-MG), um poder de fogo sobre o

presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que antes

estava mais restrito ao presidente da Câmara, Arthur

Lira (PP-AL).

Para auxiliares de Bolsonaro, além de um novo capítulo

da crise entre os Poderes, a medida do Judiciário

permite ao Senado chegar com mais poder de barganha

à mesa de negociações para pressionar o governo pela

concessão de cargos e verbas.

Assessores no Palácio do Planalto lembram que não há

nenhum ministro senador e que, hoje, deputados têm

mais facilidade na liberação de emendas parlamentares,

recursos públicos usados para irrigar bases eleitorais.

O entorno de Bolsonaro considera que essa relação

tende a ficar mais equilibrada a partir da instalação da

comissão parlamentar de inquérito, prevista para esta

terça-feira (13).

Todos os ministros oriundos do Congresso são da

Câmara —Tereza Cristina (DEM-MS), da Agricultura;

Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Secretaria-Geral; Fábio

Faria (PSD-RN), das Comunicações; e, mais

recentemente, João Roma (Republicanos- BA), da

Cidadania; e Flávia Arruda (PD DF), da Secretaria de

Governo.

O principal motivo dessa maior atenção aos deputados,

salienta um assessor do presidente, é porque é na

Câmara que começa um eventual processo de

impeachment contra o chefe do Executivo.

Foi por esse raciocínio que a Secretaria de Governo,

responsável pela negociação de cargos e emendas, foi

entregue a uma deputada —o líder do governo no

Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO),

chegou a ser considerado para o posto.

Pacheco, que chegou ao comando do Senado com

apoio explícito do Planalto, sempre se disse contrário à

instalação de uma comissão neste momento, mas, em

entrevista à Folha na última sexta-feira (9), afirmou que

não vai "trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem

para que não seja instalada nem para que não

funcione”.

A pressão para instalar uma CPI para investigar a

atuação do governo no enfrentamento da pandemia

representou um dos primeiros desafios de Pacheco no15

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

comando da Casa.

Três dias após tomar posse, em 4 de fevereiro,

senadores anunciaram que o requerimento do líder da

oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia

recolhido as assinaturas necessárias.

Em sua decisão na última quinta (8), Barroso disse que

estão presentes os requisitos necessários para a

abertura da comissão parlamentar de inquérito,

incluindo a assinatura favorável de mais de um terço

dos senadores, e que o chefe do Senado não pode se

omitir em relação a isso.

O julgamento da decisão pelo plenário do Supremo será

nesta quarta (14).

O gesto de Barroso deixou Bolsonaro furioso, segundo

pessoas que trabalham no Planalto.

"Pelo que me parece, falta coragem moral para o

Barroso e sobra ativismo judicial”, disse Bolsonaro a

apoiadores. Em rede social, disse que “falta-lhe

coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política”.

O presidente seguiu nos ataques pessoais ao ministro

do Supremo.

"Barroso, nós conhecemos teu passado, a tua vida, o

que você sempre defendeu, como chegou ao STF,

inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então,

use a sua caneta para boas ações em defesa da vida e

do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do

Senado Federal.”

Horas mais tarde, o magistrado afirmou que seu

entendimento era baseado na jurisprudência do

Supremo e que havia consultado todos os colegas da

corte antes de tomara decisão.

Ao menos dois ministros do STF discordaram da

decisão de Barroso por ter sido monocrática e por

avaliarem que o momento não é o ideal para abrir uma

CPI e provocar conflitos entre Poderes.

Não é a primeira vez que o STF determina a instalação

de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo

mandou instaurar a dos bingos, em2007, a do apagão

aéreo, e, em 2014, a da Petrobras.

Em sua fala raivosa, Bolsonaro também pressionou

Barroso a determinar que o Senado desengavetasse um

dos processos de impeachment de ministro do Supremo

que se acumulam na Casa.

A declaração, segundo auxiliares presidenciais, é jogo

de cena. Eles dizem que o chefe do Executivo sabe que

Pacheco não vai abrir um processo de impedimento de

magistrado, embora bolsonaristas radicais insistam há

quase dois anos para que o Senado entregue a cabeça

de um ministro como maneira de intimidar a corte.

Sem efeito prático real, o ataque de Bolsonaro a

Barroso teve dois objetivos: marcar posição de que

considera a decisão do ministro uma interferência de um

Poder em outro e jogar para seu público.

O governo sabe que será difícil conseguir reverter a

decisão de Barroso pelo plenário do STF e começou a

agir no Congresso.

Nova articuladora política do governo, Flávia Arruda

passou a fazer telefonemas ainda na noite de quinta.

O Planalto quer ganhar tempo. Além de querer adiar o

desgaste do governo, o Executivo está preocupado com

os impactos que o aumento da tensão política podem

ter nas negociações sobre o Orçamento 2021, que

ainda não foi sancionado.

Na operação de procrastinação, partidos aliados devem

retardar as indicações dos membros do colegiado.

Se a articulação de governistas funcionar, a CPI da

Covid não deve ser efetivamente criada antes do

julgamento do caso pelo plenário do Supremo.Em outra

frente há uma tentativa de inviabilizar a comissão

alegando questões sanitárias, pois a pandemia já matou

três senadores, além de funcionários dos gabinetes da

Casa. Continua na pag. A6

CPI da Covid dá maior poder de fogo ao Senado sobre

governo Bolsonaro

Emissários do Executivo também tentam convencer

alguns dos 32 signatários do requerimento de criação

da CPI a recuar —a decisão de Barroso só vale se a

comissão tiver assinatura de ao menos 27 dos 81

senadores.

Outro argumento é que a Comissão Parlamentar Mista

de Inquérito das Fake News está parada.

O governo também tem tentado convencer senadores

pelo medo, alegando a possibilidade de ampliação do

escopo da CPI para atingir prefeitos e governadores, o

que comprometería aliados importantes dos

congressistas, inclusive os da oposição, pouco mais de

um ano antes das eleições de 2022.

O próprio Bolsonaro manifestou apoio à estratégia de

ampliar o escopo da comissão.

Neste sábado (10), em frente ao Alvorada, disse que a16

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

CPI foi feita pela "esquerda para perseguir e tumultuar”.

“Conversei com alguns [senadores] e a ideia é

investigar todo mundo, sem problema nenhum”, disse.

Pela manhã, Bolsonaro passeou de moto pela periferia

de Brasília. Em uma das paradas, ele se reuniu com um

grupo de venezuelanas que migraram ao Brasil devidoà

crise econômica e política em seu país. No local,

Bolsonaro repetiu o roteiro e criticou o STF, atacou

Doria, chamando-o de patife, falou em "nosso Exército”

e ignorou o uso de máscara.

Caso a comissão parlamentar de inquérito seja

instalada nesta semana, a intenção é esvaziar as

sessões, não garantindo o quórum sob o argumento de

que não há segurança para os senadores estarem

presentes por conta da pandemia.

Paralelo a isso, o senador Oriovisto Guimarães

(Podemos-PR) desengavetou uma proposta para que

nenhum ministro do Supremo Tribunal Federal possa,

isoladamente, suspender um ato normativo, como lei ou

decreto. Isso só seria possível após apoio da maioria

absoluta da corte, ou seja, seis votos.

Fux antecipa julgamento no plenário do STF

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal

Federal, marcou para quarta (14) o julgamento sobre a

instalação da CPI da Covid no Senado. Autor da liminar

que determinou ao Senado a instalação da comissão.

Luís Roberto Barroso havia submetido sua decisão para

a análise da corte por meio do plenário virtual. O caso

seria julgado na próxima sessão virtual, que começa em

16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês.

Agora, com a decisão de Fux, a decisão será no

plenário físico, quando os ministros votam um em

seguida do outro. O caso da CPI da Covid será o

primeiro item da pauta.

A CPI [é] para apurar omissões do presidente Jair

Bolsonaro, isso que está na ementa. Toda CPI tem que

ter um objeto definido. Não pode por exemplo, por essa

CPI que está lá, você investigar prefeitos e

governadores, onde alguns desviaram recursos. Eu

mandei recursos para lá e eu sou responsável?

Jair Bolsonaro presidente, a apoiadores, neste sábado

(10)

Não vou trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem

para que não seja instalada nem para que não funcione.

Eu considero que a decisão judicial deve ser cumprida

Rodrigo Pacheco presidente do Senado, em entrevista à

Folha na última sexta-feira (9)

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

17

Fux antecipa aval do plenário

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021CNJ - Luiz Fux

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Após conversas com ministros, o presidente do STF,

Luiz Fux, antecipou a discussão e marcou para quarta-

feira o julgamento no plenário da Corte sobre a

instalação da CPI da Covid.

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

protocolou, ontem, pedido para que a CPI da Covid

também apure ações dos governos de Estados, do

Distrito Federal e dos municípios, além das ações do

governo Bolsonaro.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Luiz Fux

18

'STF cumpriu seu papel ao ordenar abertura de CPI'

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Bianca Gomes

Ao contrário do que sustenta o presidente Jair

Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal "cumpriu seu

papel" ao determinar a abertura da Comissão

Parlamentar de Inquérito para investigar a atuação do

governo federal na pandemia. A avaliação é da cientista

política e professora doutora da Universidade de São

Paulo Maria Tereza Sadek. Estudiosa do sistema de

justiça, ela defendeu o papel da Corte na atual crise de

enfrentamento da covid-19. Maria Tereza lembra que o

STF só age se for provocado, o que tem ocorrido com

frequência por causa da atuação dissonante entre os

Poderes, a União, Estados e municípios. "O Judiciário

tem sido provocado porque o governo não tem

respeitado as medidas demonstradas pela ciência." Leia

os principais trechos da entrevista ao Estadão a seguir:

Como a sra. avalia a atuação do Judiciário na

manutenção das garantias constitucionais e

democráticas no Brasil?

Vivemos um clima de muita incerteza. Veja a liminar do

ministro Kassio Nunes Marques sobre a realização de

missas e cultos presenciais. Sou capaz de apostar que,

se não estivesse em jogo a aposentadoria do ministro

Marco Aurélio (Mello), a discussão não teria tomado

esse rumo. Muitas vezes é complicado entender a pauta

e os argumentos se ficamos presos na letra da lei. É

preciso olhar o contexto.

Por que teria sido diferente?

Marco Aurélio vai se aposentar e há vários candidatos

ao posto. O presidente Bolsonaro já falou que queria um

ministro "terrivelmente evangélico", e os discursos no

julgamento (de André Mendonça , ministro da

Advocacia-Geral da União , e Augusto Aras ,

procurador-geral da República) foram assim. Tinha um

recado ali.

O Judiciário tem contribuído para esse clima de

incerteza?

O Judiciário é mais um ator nesse grau de instabilidade

e incerteza que vivemos. Deveria ser um fator de

previsão, pois trabalha com as leis e a Constituição.

Quando isso não ocorre, aumenta a instabilidade no

País. Entretanto, hoje, todos os Poderes estão

contribuindo para esse cenário.

A insegurança se aplica só ao STF ou a todo o

Judiciário?

É do primeiro ao último grau. A insegurança jurídica é a

ideia de uma roleta. Ou seja, a decisão sobre uma

mesma questão pode variar de juiz para juiz. E isso cria

áreas de incerteza.

Como resolver essa questão?

O Judiciário tem mecanismos para tomar decisões

mais previsíveis. Por exemplo, a utilização da súmula

vinculante (interpretação pacífica ou majoritária adotada

por um tribunal a respeito de um tema específico), da

reforma de 2004. A pergunta é: por que são tão poucas

as súmulas vinculantes?19

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

Luis Roberto Barroso invadiu as atribuições do Senado

ao ordenar a abertura da CPI da Covid?

O ministro cumpriu seu papel, assim como o STF, que

só age se provocado. Todos os requisitos

constitucionais foram cumpridos para a instalação da

CPI. Não houve "ativismo jurídico".

Decisões monocráticas recentes causaram grande

repercussão. As liminares não deveriam ser exceção?

Sim. Quando o atual presidente assumiu (Luiz Fux),

disse que mudaria essa estrutura, mas não conseguiu

ainda. Cada um age voltado para os interesses aos

quais está sujeito. Quando um ministro ou juiz não quer

que determinada questão seja discutida, ele engaveta.

A questão da colegialidade vem sendo desrespeitada há

muito tempo. E as reviravoltas (decisões monocráticas

revistas pelo plenário) aumentam a descrença na

Justiça.

O STF tem cumprido adequadamente seu papel na

pandemia?

Sobre o direito à saúde tem respondido, assim como na

questão federativa. Mas vivemos uma situação tão

pouco previsível que alguns obedecem e outros se

acham no direito de não obedecer e até contestar.

Todas as deficiências por parte do Executivo acabaram

no Judiciário. Se o governo federal tivesse dado

prioridade a minimizar os efeitos da pandemia,

certamente não teríamos tantos processos. O

Judiciário só age por provocação. E tem sido

provocado porque o governo não tem respeitado as

medidas demonstradas pela ciência.

Há "ativismo jurídico" do STF?

Toda vez que se fala em ativismo é como se a

instituição estivesse extrapolando os limites. Não é o

caso nessa pandemia. O Supremo tem sido muito

provocado. Quanto maior o grau de negacionismo,

maior a probabilidade de se entrar com questões a

serem resolvidas no Judiciário. E ele tem de

responder.

No dia 14, o STF deve decidir sobre a anulação das

condenações da 13ª Vara de Curitiba contra Lula na

Lava Jato. Qual sua avaliação?

Não arrisco fazer previsões. Os ministros estão

divididos, e a decisão provocará consequências,

algumas desconhecidas, já que poderão afetar outros

processos. Mas a Lava Jato, desde sua origem,

provocou divisões entre os ministros. Não há como

ignorar que toda a Lava Jato provocou impactos,

bastaria observar as profundas alterações na arena

politico-partidária decorrentes da última decisão da 2a

turma do STF (que considerou o ex-juiz Sérgio Moro

suspeito no caso do triplex de Lula).

Era clara a divisão do tribunal antes da Lava Jato?

Desde sua origem, o STF nunca foi um colegiado

marcado pela unanimidade. O que caracteriza os

últimos tempos é o grau e a forma em que são

explicitadas as divisões. Foram as questões criminais

que provocaram esse grau de cisão. Ter divergência é

normal em um colegiado, numa democracia. O que se

supõe é que os embates ocorram obedecendo

parâmetros de civilidade.

Quando o STF começou a ter uma atuação mais

política?

A criação da TV Justiça foi uma variável importante,

mas não a única. A Constituição de 1988 responde em

grande parte por isso. A TV aumentou o grau de

transparência, o que é positivo, e os ministros tornaram-

se mais conhecidos da população. Por outro lado, a TV

Justiça alimentou um grau de exposição e competição

entre eles, e, segundo pesquisas, os votos ficaram mais

longos.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

20

STF antecipa julgamento sobre instalação de CPI da Pandemia

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - País

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: ANDRÉ DE SOUZA

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),

ministro Luiz Fux, marcou para quarta-feira o

julgamento sobre a criação da CPI da Pandemia no

Senado. Ao determinar a instalação da comissão, em

decisão publicada na última quinta-feira, o ministro Luís

Roberto Barroso havia marcado o início do julgamento

do caso para o dia 16, sexta-feira, no plenário virtual.

Em razão da urgência e da relevância do tema, no

entanto, os ministros conversaram, e Fux antecipou a

análise o tema agora será julgado em uma sessão

tradicional, realizada por videoconferência desde o

início da pandemia.

Barroso determinou o funcionamento da comissão

argumentando que o requerimento apresentado pelos

senadores reunia todos os requisitos estabelecidos na

Constituição: assinatura de, no mínimo, um terço dos

parlamentares; prazo definido para os trabalhos; e

objeto determinado a ser investigado. O presidente do

Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), no entanto, ainda

não havia determinado a instalação - após a decisão,

ele disse que não vai trabalhar "um milímetro" para

atrapalhar o andamento.

O primeiro passo é a leitura do requerimento em

plenário, o que está previsto para ocorrer na terça-feira.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra

(MDBPE), disse que vai atuar para convencer colegas a

retirarem as assinaturas - há, hoje, 32 apoios.

O objetivo dos senadores é apurar eventuais omissões

do governo federal na pandemia. Ontem, o senador

Alessandro Vieira (Cidadania-SE), signatário da CPI e

um dos autores da ação que provocou a decisão de

Barroso, apresentou um pedido para aumentar o escopo

da comissão, investigando também a atuação de

estados e municípios.

"CUMPRO A CONSTITUIÇÃO"

Bolsonaro, que já havia afirmado que Barroso fez

"ativismo judicial" e "politicalha" ao tomar a decisão,

voltou a reclamar ontem do que chamou de

"interferência" do STF no Senado. Na sexta-feira, a

Corte, em nota, saiu em defesa do ministro. No mesmo

dia, Barroso também se posicionou após a reação do

presidente: - Na minha decisão, limitei-me a aplicar o

que está previsto na Constituição, na linha de pacífica

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e após

consultar todos os Ministros. Cumpro a Constituição e

desempenho o meu papel com seriedade, educação e

serenidade. Não penso em mudar.

A sessão de quarta estava reservada para julgar

recursos do Ministério Público contra a decisão do

ministro Edson Fachin que anulou as condenações e

outras decisões tomadas pelo juiz Sérgio Moro contra o

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

21

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJDiário de Cuiabá/Mato Grosso - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Por Marcelo Godoy. Colaboraram Fábio Grellet e José

Maria Tomazela e Danielle Ferreira, João Renato

Jácome, Leonardo Augusto e Pedro Jordão, especiais

para AE

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (. .) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

22

Conselho Nacional de Justiça - CNJDiário de Cuiabá/Mato Grosso - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

23

Tribunais utilizam resolução para criar a Polícia Judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstadão Online/Nacional - Política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar 'procedimentos preliminares

apuratórios' e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta 'o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial'.

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um 'passo

além', após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

'É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua', disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: 'caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais'.

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. 'Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da Casa.'

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem24

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstadão Online/Nacional - Política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. 'Confunde-se o poder de polícia

no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia', disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. 'Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição.'

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. 'O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição', afirmou. /

COLABORARAM FÁBIO GRELLET e JOSÉ MARIA

TOMAZELA e DANIELLE FERREIRA, JOÃO RENATO

JÁCOME, LEONARDO AUGUSTO e PEDRO JORDÃO,

ESPECIAIS PARA O ESTADÃO

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

25

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir imunizante contra Covid

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Pernambuco/Pernambuco - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Folhapress

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado (10) com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou.

"É muito importante nós não perdermos o foco, nós

mantermos a união, a pacificação, o diálogo

permanente, com as soluções efetivas para o problema

maior dos brasileiros, que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da Covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

26

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Pernambuco/Pernambuco - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da Astrazeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário -

Coronavírus

27

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir imunizante contra Covid-19

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha Online/Nacional - equilibrioesaude

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Danielle Brant

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado (10) com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. 'É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde', disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

'Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo', afirmou. 'É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia.'

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.?

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da Covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

28

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha Online/Nacional - equilibrioesaude

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da Astrazeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário -

Coronavírus

29

Resolução do CNJ libera criação da Polícia Judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - República

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Uma resolução publicada pelo Conselho Nacional de

Justiça (CNJ) permite que tribunais possam criar a

Polícia Judicial. Com isso, esses policiais poderão atuar

em casos de crimes ocorridos no interior de tribunais,

instaurar "procedimentos preliminares apuratórios" e até

mesmo realizar diligências.

Segundo um levantamento do jornal O Estado de São

Paulo, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-

2), com sede no Rio, é o primeiro do Brasil a instalar

sua polícia com base na resolução. Segundo o tribunal,

há cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-

2 e pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo.

Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5 (Nordeste) - estudam

adotar o modelo, assim como seis Tribunais de Justiça:

Sergipe, Rio Grande do Sul, Roraima, Maranhão, Acre e

Distrito Federal.

A resolução, elaborada pelo ministro Dias Toffoli,

regulamenta "o exercício do poder de polícia

administrativa no âmbito dos tribunais, dispondo sobre

as atribuições funcionais dos agentes e inspetores da

polícia judicial". Antes de sua criação, em 2020, o poder

de polícia administrativa era exercido por agentes de

segurança judiciária. Esses técnicos eram servidores

concursados e passaram a compor a Polícia Judicial.

Por isso, conforme o TRF-2, os gastos não

aumentaram.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

30

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJIsto é Dinheiro Online/Nacional - política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Estadão Conteúdo

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar 'procedimentos preliminares

apuratórios' e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta 'o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial'.

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um 'passo

além', após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

'É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua', disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: 'caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (?) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais'.

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. 'Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da Casa.'

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem31

Conselho Nacional de Justiça - CNJIsto é Dinheiro Online/Nacional - política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. 'Confunde-se o poder de polícia

no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia', disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. 'Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição.'

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. 'O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição', afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

32

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir imunizante contra Covid-19

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado CE Online/Ceará - Nacional

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: O Estado CE

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado (10) com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Foto: Reprodução/ Internet

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. 'É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde', disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

'Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo', afirmou. 'É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia.'

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

'um milímetro' para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da Covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

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Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado CE Online/Ceará - Nacional

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da Astrazeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Mais conteúdo sobre: Ministro da Saúde Vacinação

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário -

Coronavírus

34

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Liberal online - Americana (SP)/São Paulo - Política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Por Agência Estado

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar 'procedimentos preliminares

apuratórios' e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta 'o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial'.

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um 'passo

além', após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

'É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua', disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: 'caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (?) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais'.

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. 'Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da Casa.'

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem35

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Liberal online - Americana (SP)/São Paulo - Política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. 'Confunde-se o poder de polícia

no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia', disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. 'Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição.'

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. 'O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição', afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

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Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna da Bahia Online/Bahia - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (. .) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse37

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna da Bahia Online/Bahia - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

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Coluna Rosalie Arruda

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

domingo, 11 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

rosaliearruda@uol.com.br

Nascituro

Mais polêmica à vista. A ministra Damares, do Ministério

da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, quer

criar o Dia Nacional do Nascituro e de Conscientização

sobre os Riscos do Aborto. Para isso, abriu consulta

pública para a sociedade se manifestar até o dia 05 de

maio, pelo site www.gov.br/participamaisbrasil. A partir

disso, se cria a lei e passa então a valer a data de 08 de

outubro para as celebrações.

A ideia da criação da Lei é proteger o feto, antes de

nascer, e promover uma conscientização sobre os

riscos da prática do aborto. Ou seja, Damares quer

instituir o dia contra o aborto e a favor da vida.

'Assuntando'

Enquanto as cadeiras se mexem no Rio Grande do

Norte visando as acomodações em 2022, o presidente

da Assembleia Ezequiel Ferreira contempla o horizonte

do Seridó. Fechado com Rogério Marinho (sem partido)

para o Senado, aguarda a definição do bloco da

governadora que conversa com o PDT potiguar nos

bastidores.

Violência

desconsiderada

O Conselho Nacional de Justiça, por meio do Plano

Nacional de Atenção à Vítima, determinou a criação de

centros de atenção à vítima nos tribunais brasileiros. A

intenção é facilitar a interlocução com os movimentos de

mães de vítimas de homicídio e melhorar a formação de

magistrados e servidores para o tratamento, com

especial atenção, às violências tradicionalmente

desconsideradas como: racismo, violência sexual, trans

e homofobia.

Covid no Sistema

Prisional

O número de mortes por Covid-19 entre profissionais de

estabelecimentos de privação de liberdade acumulou

alta de 487% no último trimestre quando comparado ao

trimestre anterior, segundo o CNJ. Foram 94 novos

óbitos nos últimos três meses, contra 16 entre outubro

de 2020 e janeiro de 2021.

Atividade pesqueira

A deputada federal Natália Bonavides (PT/RN)

encaminhou requerimento ao Ministério da Agricultura e

a ministra Tereza Cristina solicitando a atualização do

Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) no Rio

Grande do Norte.

Somente no RN, de acordo com dados da Federação

dos Pescadores Artesanais, há mais de 30 mil

pescadores e apenas um terço deles possui registro

atualizado. Ou seja, cerca de 20 mil trabalhadoras e

trabalhadores estão com seu cadastro desatualizado, o

que impede que possam exercer de forma regular sua

profissão.39

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

domingo, 11 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Transporte público

Com a deficiência no transporte público estadual, a

Ebserh, que gerencia os hospitais públicos federais,

contratou a empresa KGA - Desenvolvimento e

Tecnologia, por meio da Maternidade Escola Januário

Cicco, para serviços de transporte terrestre dos

servidores, empregados e colaboradores, no âmbito do

município de Natal.

Advogados

O advogado Hagaemerson Magno é o novo diretor da

Associação Brasileira de Advogados. Ele foi nomeado

pela presidência nacional da entidade e substitui Kaio

Paiva, que estava como gestor local desde 2019.

Bolsista da CGE

A Controladoria-Geral do Estado vai realizar de 20 a 25

de abril de 2021 inscrição (via internet) em processo

seletivo para contratação de quatro pesquisadores-

bolsistas em projetos de pesquisa e inovação. O prazo

total das bolsas é de 24 meses, com valor de R$ 2 mil

reais e carga horária presencial de 30 horas semanais.

TCU condena

1ª Câmara do TCU determinou ao ex-prefeito de Alto do

Rodrigues, Abelardo Rodrigues Filho (DEM), que

restitua aos cofres públicos o valor de R$99 mil, mais

multa de R$7 mil, pela omissão no dever de prestar

contas de recursos do Programa de Ensino para Jovens

e Adultos (Peja), no exercício de 2013.

Leilão

Se você tem 'pano pras mangas' pode se interessar por

isso. A Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) vai

realizar de 13 a 15 de abril leilões para venda de

imóveis, carros de luxo, fazendas, engenhos, galpões,

terrenos e até um avião através do site

www.gracieleiloes.com.br. Os bens estão localizados

em Pernambuco.

Doses de poesia

Como forma de incentivar a produção dos artistas

locais, o Natal Shopping estampou versos de poetas

potiguares em um tapume em seu corredor no piso L2.

Desta forma, quem passa por ali pode contemplar obras

de autoria de nomes como Maíra Dal'maz, Adélia

Danielli, Anna Zêpa, Regina Azevedo, Gessyka Santos,

Eveline Sin, Marina Rabelo e Iara Carvalho. Intitulado

'Doses de poesia no seu dia', o espaço dispõe de um

QR Code onde é possível ter acesso a mais

informações sobre a ação.

Contestação

O Ministério Público do RN e a Defensoria Pública viram

"discriminação por motivo de deficiência" no decreto do

prefeito Álvaro Dias que restringiu o trânsito de idosos

durante a pandemia, como forma de resguardá-los dos

riscos de contrair o coronavírus.

... e ajuste

As promotoras recomendaram que fosse extraído do

texto: "os idosos e as demais pessoas enquadradas no

grupo de risco da Covid-19 se sujeitarão a um dever

especial de proteção, devendo restringir sua circulação,

com o uso obrigatório de proteção facial, apenas ao

deslocamento para atividades e serviços essenciais".

Para o MPRN, deve-se manter a liberdade de

locomoção, exceto durante o toque de recolher.

Dica da coluna

Para quem gosta de filme de suspense, vale a pena

conferir 'O Recepcionista', novo longa da Netflix.

A história de Bart Bromley (Tye Sheridan), um jovem

funcionário que tem síndrome de Asperger e trabalha à

noite na recepção de um hotel, longe de ser

excepcional, torna-se cativante diante da magnífica

interpretação do ator.

40

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

domingo, 11 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Na trama, uma mulher é assassinada durante o seu

turno e ele se torna o principal suspeito pelo crime.

Enquanto a investigação prossegue, Bart percebe que

precisa deter o assassino antes que ele faça sua

próxima vítima, enquanto tenta desviar do detetive.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário -

Coronavírus

41

Coluna Anelly Medeiros

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

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Clique aqui para abrir a imagem

anellymedeiros@hotmail.com

Acúmulo de função

Um ex-motorista de carreta do Posto Frei Damião Ltda.

conseguiu na Justiça o acúmulo de função com a de

frentista. O direito foi reconhecido pela Primeira Turma

do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-

RN). Para o desembargador José Barbosa Filho, as

provas deixaram claro que, nos dias em que não estava

viajando, o motorista atendia os clientes do posto,

abastecendo os veículos, recebendo o pagamento e

entregando ao caixa.

Acúmulo de função II

Para a advogada empresarial trabalhista Janaína

Barbosa, a tarefa adicionada de frentista não é

conciliável com a de motorista, originalmente ajustada,

portanto, fere o contrato de trabalho na essência,

caracterizando, assim, acúmulo de função. Não é

vedado ao empregador a alteração unilateral das

condições de trabalho com o fito de adaptá-las às

necessidades que surgem na empresa, todavia, para

que isso tenha respaldo a atividade acrescida deve ser

condizente com a função para a qual o trabalhador foi

inicialmente contratado.

Sem justa causa

A juíza Maria Rita Manzarra de Moura Garcia, da Vara

do Trabalho de Macau (RN), homologou acordo para

que o município de Guamaré pague o valor de R$ 1,68

milhões a ex-empregados da SS Empreendimentos e

Serviços Eireli (nova denominação social - SERVITE),

que prestaram serviços à Prefeitura. O montante

disponibilizado refere-se à parte do crédito que a

empresa possui junto ao Município, relativo ao contrato

de prestação de serviços firmado entre ambos e

destina-se ao pagamento das rescisões contratuais dos

378 trabalhadores dispensados sem justa causa.

Abuso de poder

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) condenou o

juiz Marcelo Testa Baldochi, do Tribunal de Justiça do

Maranhão, à pena de disponibilidade, com proventos

proporcionais, por agir com abuso de poder durante a

cobrança de uma dívida pessoal. "As provas

constituídas nos autos sobre a prisão do devedor,

conhecido por 'Mineiro', e a apropriação de gado pelo

magistrado processado após essa prisão, revelam-se

suficientes para afirmar a prática de infração disciplinar

pelo magistrado", destacou o relator, o conselheiro Luiz

Fernando Bandeira de Mello Filho.

Advogado fica pelado em sessão do TJ-DFT

Mico grande! Um advogado que participava da sessão

do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

(TJ-DFT), na última quinta-feira (8), resolveu ir ao

banheiro tomar banho, enquanto aguardava a vez de

defender o seu cliente, e ligou a câmera acidentalmente.

Imaginem o espanto! 'Só um instantinho doutor, tem um

cidadão nu', disse o desembargador Humberto Adjuto

Ulhôa interrompendo a fala do desembargador José

Jacinto Costa Carvalho.

42

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domingo, 11 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Advogado II

O desembargador Humberto Adjuto Ulhôa chamou à

atenção dizendo que "Tem que desconectar. Esses

advogados só têm que entrar aí quando for fazer

sustentação oral. Não pode ficar passeando aí. O cara

estava nu aí na frente."O advogado foi retirado da

reunião virtual na hora e não retornou mais.

Revista abusiva

Um comerciário que trabalhou por 12 anos para os

Supermercados Mundial Ltda., no Rio de Janeiro (RJ),

tem direito a receber indenização por revista abusiva em

seus armários. A Sexta Turma do Tribunal Superior do

Trabalho negou provimento a agravo de instrumento da

empresa, que buscava rediscutir a condenação no TST.

O comerciário, cuja última função foi de operador de

perecíveis, afirmou que todos os dias, ao término do

expediente, era revistado por um fiscal de prevenção de

perdas do supermercado, que inspecionava seus

pertences dentro da bolsa, 'na frente da loja, perante os

demais funcionários e clientes". A empresa 'punha em

dúvida sua honestidade' e a dos demais empregados ao

também revistar, indistintamente, seus armários, sem

prévia autorização, com a intenção de localizar

mercadorias da loja possivelmente desviadas.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem,

necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE,

sendo de responsabilidade total do autor.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

43

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse44

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

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que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão Conteúdo

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de Justiça

45

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJUOL/Nacional - cotidiano

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Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse46

Conselho Nacional de Justiça - CNJUOL/Nacional - cotidiano

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

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de Justiça

47

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir dose contra covid-19

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Online/Nacional - Brasil

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Autor: Folhapress

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou. "É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF),

ordenar a instalação de uma Comissão Parlamentar de

Inquérito (CPI) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à 'Folha', Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da AstraZeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Covid-19, Judiciário -

Coronavírus

48

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJBem Paraná Online/Paraná - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Marcelo Godoy. Colaboraram Fábio Grellet e

José Maria Tomazela e Danielle Ferreira, João Renato

Jáco

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal49

Conselho Nacional de Justiça - CNJBem Paraná Online/Paraná - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

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Resolução altera composição do Fórum Nacional da Infância e da

Juventude

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/Nacional - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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O Plenário do Conselho Nacional de Justiça aprovou,

na última terça-feira (6/4), durante a 328ª Sessão

Ordinária, resolução que inclui representantes de cinco

entidades na composição do Fórum Nacional da

Infância e da Juventude (Foninj).

ReproduçãoResolução altera composição do Fórum

Nacional da Infância e da Juventude

A partir de agora, a Associação dos Magistrados

Brasileiros, a Associação dos Juízes Federais do Brasil,

a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do

Trabalho o Fórum Nacional da Justiça Protetiva e Fórum

Nacional da Justiça Juvenil terão assento no grupo.

Relatora do ato normativo, a conselheira Flávia Pessoa

destacou a importância da medida. "Tem-se que a

participação de entes da sociedade civil em muito

contribuirá para a melhoria da articulação e da

interlocução entre órgãos e atores que, diretamente ou

indiretamente, autuam na temática da Infância e da

Juventude, com o intuito de potencializar as políticas

públicas voltadas a promover garantias expressas no

artigo 227 da Constituição Federal". Com informações

da assessoria do CNJ.

0002409-41.2021.2.00.0000

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

51

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Popular/São Paulo - POLÍTICA

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Publicado 10/04/2021 13:00:00 - Atualizado 10/04/2021

14:21:15

Estadão Conteúdo

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da52

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Popular/São Paulo - POLÍTICA

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Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Escrito por:

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Tribunais utilizam resolução para criar a Polícia Judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha Rondoniense/Rondônia - Noticias

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Autor: Marcio Martins martins

Decisão do CNJ autoriza a abertura de apurações

preliminares e a realização de diligências sobre crimes

ocorridos dentro das Cortes

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar 'procedimentos preliminares

apuratórios' e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta 'o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial'.

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um 'passo

além', após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

'É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua', disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: 'caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (?) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais'.

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. 'Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da Casa.'

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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha Rondoniense/Rondônia - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. 'Confunde-se o poder de polícia

no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia', disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. 'Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição.'

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. 'O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição', afirmou.

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

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Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Política

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Autor: Estadão Conteúdo

Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar "procedimentos preliminares

apuratórios" e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta "o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial".

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um "passo

além", após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

"É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua", disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: "caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (...) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais".

No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. "Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da

Casa."

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia56

Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Política

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

Inconstitucional

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. "Confunde-se o poder de

polícia no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia", disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada. "Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição."

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. "O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição", afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

57

Tribunais utilizam resolução para criar a polícia judicial

Conselho Nacional de Justiça - CNJJornal de Brasília/Distrito Federal - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Uma resolução do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) abriu espaço para o nascimento de um novo tipo

de polícia no País: a Polícia Judicial. Essa polícia

poderá, em casos de crimes ocorridos no interior de

tribunais, instaurar 'procedimentos preliminares

apuratórios' e até mesmo realizar diligências.

Levantamento do Estadão mostra que o Tribunal

Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), com sede no

Rio, é o primeiro do Brasil a instalar sua polícia com

base na resolução. Outros dois TRFs - o 4 (Sul) e o 5

(Nordeste) - estudam adotar o modelo, assim como seis

Tribunais de Justiça: Sergipe, Rio Grande do Sul,

Roraima, Maranhão, Acre e Distrito Federal.

A resolução 344 é de 2020. Elaborada na gestão do

ministro Dias Toffoli, ela regulamenta 'o exercício do

poder de polícia administrativa no âmbito dos tribunais,

dispondo sobre as atribuições funcionais dos agentes e

inspetores da polícia judicial'.

Sob críticas, a publicação da resolução foi vista por

especialistas como um risco à democracia e um 'passo

além', após o Supremo Tribunal Federal ampliar suas

atribuições para investigar crimes cometidos também os

contra ministros, no chamado inquérito da fake news.

Neste, porém, as diligências são feitas pela Polícia

Federal, a pedido do relator, o ministro Alexandre de

Moraes.

'É um passo além. Estão criando uma polícia própria

para chamar de sua', disse o professor Floriano de

Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito da

USP. Com a resolução, nas apurações, as diligências

poderão ser feitas pela Polícia Judicial, inspirada na

Polícia Legislativa. O artigo 2.º diz: 'caso sejam

necessárias à instrução do procedimento apuratório

preliminar (. .) poderá a autoridade judicial determinar

aos agentes e inspetores da polícia judicial a realização

de diligências de caráter assecuratório que se entendam

essenciais'.

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No Rio, o TRF-2 informou que já tem Polícia Judicial

criada nos moldes da resolução. Segundo o tribunal, há

cerca de 230 agentes distribuídos pela sede do TRF-2 e

pelas Seções Judiciárias do Rio e Espírito Santo. Antes

de sua criação, em 2020, o poder de polícia

administrativa era exercido por agentes de segurança

judiciária. Esses técnicos eram servidores concursados

e passaram a compor a Polícia Judicial. Por isso,

conforme o tribunal, os gastos não aumentaram.

Um dos tribunais que estudam adotar a medida, o TJ-

DF afirmou que possui 300 servidores com

especialidade em segurança. 'Atualmente, as funções

de segurança institucional são exercidas com apoio de

agentes e inspetores de segurança judiciária, os quais

possuem competência para efetuar prisões, sejam em

flagrante delito, sejam as determinadas por autoridade

judicial, na esfera da competência jurisdicional da Casa.'

Segundo a desembargadora Ivana David, do Tribunal

de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os magistrados

sempre detiveram o chamado poder de polícia

administrativa, que é a autoridade para manter a ordem58

Conselho Nacional de Justiça - CNJJornal de Brasília/Distrito Federal - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

nos tribunais. A presidência do TJ de São Paulo disse

que não pensa em criar a Polícia Judicial. A segurança

de desembargadores e das dependências da Corte é

feita pela Polícia Militar.

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'Inconstitucional'

Nenhum tribunal consultado abriu até agora apuração

com base na resolução. 'Confunde-se o poder de polícia

no âmbito da competência administrativa com o

exercício concreto de polícia', disse Azevedo Marques.

Para ele, a resolução pode ser contestada 'Como as

polícias têm assento constitucional, a norma é

inconstitucional, pois cria polícia que não está prevista

na Constituição.'

O delegado Henrique Hoffmann, professor da Escola da

Magistratura do Paraná, também não vê previsão legal

para a nova polícia. 'O princípio da legalidade diz que a

autoridade só pode fazer o que está expressamente

autorizado em lei. Não adianta a resolução estabelecer

algo sem previsão legal. O que está sendo aberto é

mais uma possibilidade de investigação sem

autorização da Constituição', afirmou. As informações

são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

59

Conta de Bolsonaro com Centrão só cresce

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Jorge VasconcellosIngrid Soares

Os projetos políticos do presidente Jair Bolsonaro

sofreram um abalo com a iminente instalação da

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a

apurar a atuação do governo na pandemia da covid-19.

A ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo

Tribunal Federal (STF), para o Senado instalar o

colegiado rompeu a blindagem do mandatário, que tem

aliados à frente das duas Casas do Congresso e conta

com o apoio do Centrão, bloco partidário que detém

postos importantes no Executivo. Com a popularidade

em queda e ante o risco de desgastes com as

investigações da CPI, o presidente, talvez, precise

pagar uma fatura ainda maior para manter essa

sustentação, com mudanças em mais ministérios e a

concessão de outras contrapartidas.

Bolsonaro tem colhido os frutos da opção que fez de

politizar as discussões sobre a pandemia, confrontando

governadores, prefeitos e a comunidade científica. O

presidente vem colecionando uma série de derrotas

políticas e judiciais, por tentar sobrepor suas posições

pessoais ao dever de liderar um esforço nacional para o

país vencer a crise. Na sexta-feira, ao atacar e desafiar

Barroso, o presidente deixou transparecer que sentiu o

golpe da ordem judicial -- e, de "bônus", aumentou o

fosso entre o Palácio do Planalto e o STF, além de

conquistar a antipatia de vastos setores do Judiciário,

como verbalizou a Associação dos Juízes Federais

(Ajufe) em nota.

A decisão do ministro foi tomada no momento em que o

presidente esperava colher os frutos da recente reforma

em seis ministérios. Entre outras mudanças, ela levou o

Centrão a despachar nos gabinetes vizinhos ao seu,

com a nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF)

como chefe da Secretaria de Governo.

Mesmo após a posse da ministra, porém, a avaliação

dentro do Centrão, conforme parlamentares ouvidos

pelo Correio, é de que, com o enfraquecimento político

do governo e o aprofundamento da crise, o presidente

terá que fazer mais concessões se quiser manter o

apoio no Congresso e formar alianças para disputar a

reeleição em 2022. Agora, com o fantasma da CPI

batendo à porta, essa barganha deverá ser ainda mais

dura.

Na última sexta-feira, um dia depois da ordem de

Barroso para o Senado instalar a comissão de inquérito,

o Centrão já deu demonstrações de que pode ajudar

Bolsonaro em mais um momento difícil. O senador Ciro

Nogueira (PI), presidente do Progressistas, passou a

fazer pressões para que a investigação parlamentar não

se atenha só à atuação federal na pandemia, mas

também alcance governadores e prefeitos. É o mesmo

discurso de Bolsonaro, que defende que a CPI

investigue gestores locais suspeitos de desviar recursos

da saúde.

Além da CPI, um outro componente que deve dar mais

cacife político ao Centrão -- um bloco formado por

legendas como Progressistas, PL, PSD, PTB, PROS,

PSC, Avante e Patriota -- é o assédio de virtuais

adversários de Bolsonaro na corrida presidencial do ano

que vem. O PSD do ex-ministro Gilberto Kassab, por60

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

exemplo, é um dos alvos preferenciais do ex-presidente

Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lista de desejosTendo o presidente da Câmara, Arthur

Lira (Progressistas-AL), como um de seus principais

líderes, o Centrão mira posições de peso na

administração federal. Estão no alvo, por exemplo, os

comandos dos ministérios do Turismo, de Minas e

Energia, da Educação e possíveis desmembramentos

nas superpastas da Economia e da Infraestrutura,

chefiadas, respectivamente, por Paulo Guedes e

Tarcísio de Freitas. Há também uma articulação do

bloco pela criação do Ministério da Integração Nacional.

Para o cientista político Rodrigo Prando, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, o apetite do

Centrão aumenta a cada dia com Bolsonaro acuado e

em seu pior momento. "O Centrão começou a cobrar a

demissão do Ernesto (Araújo, ex-chanceler) e ele foi

demitido. Conseguiu colocar uma deputada de primeiro

mandato para despachar seus interesses. Com a

possibilidade de uma CPI, o preço político do Centrão

fica maior. Quanto mais ganha, mais quer", observa.

Prando explica que a CPI da covid é um grande revés

para o governo, pois enfraquece e coloca Bolsonaro nas

cordas. "Vai convocar ex-ministros da pasta, médicos

renomados, especialistas, governadores. Uma CPI bem

conduzida traz problemas, porém, quem tem a caneta

na mão, recursos, cargos, pode conseguir diminuir a

intensidade e anular alguma ação política. O governo

está fragilizado, no pior momento e, ainda assim, não

aprende com os erros", explicou.

Pouco mais de dois anos depois de assumir a

Presidência da República com a promessa de acabar

com a velha política, Bolsonaro depende cada vez mais

do "toma lá dá cá" para garantir a sobrevivência do seu

governo e conseguir um segundo mandato. Um dos

interlocutores frequentes do presidente, o deputado

Bibo Nunes (PSL-RS), considera que não houve um

abandono das promessas de campanha. Embora o

chefe do governo tenha sido deputado federal por 28

anos, Nunes disse que o aliado não tinha conhecimento

da realidade política.

"O presidente Bolsonaro, quando chegou ao poder, viu

como é a realidade. E, aí, teve que se adaptar para ter

governabilidade. Se é um aliado, tem que participar do

governo, o que é natural. O presidente tinha uma ideia,

chegou lá, viu que não era tão fácil assim e tocou a

realidade ao seu estilo, bem diferente do antigo 'toma lá

dá cá'. O que eu acho normal", diz.

Novo ataque ao Supremo

Ainda irritado com a decisão do ministro Luís Roberto

Barroso de determinar a instalação, pelo Senado, da

CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro voltou a

criticar, ontem, o Supremo Tribunal Federal. Ele

atacou a decisão da Corte de determinar o fechamento

de templos religiosos em todo o país, em razão da

pandemia de covid-19. Para ele, é o "absurdo dos

absurdos".

"Lamento os superpoderes que o Supremo Tribunal

Federal deu a governadores e prefeitos para fechar,

inclusive, salas, igrejas, de cultos religiosos. É um

absurdo dos absurdos. É o artigo quinto da

Constituição. Não vale o artigo quinto da Constituição,

não está valendo mais. Está valendo o decreto do

governador lá na frente", reclamou, durante a visita à

casa de imigrantes venezuelanos moradores de São

Sebastião, no Distrito Federal.

Bolsonaro voltou a insistir que o Exército -- que

novamente classificou como "meu Exército" -- não

atuará para assegurar lockdowns, caso sejam

decretados em estados e municípios. "Eu tenho o poder

de, numa canetada, fazer um lockdown no Brasil todo,

mas isso não será feito. O nosso Exército não vai para a

rua para obrigar o povo a ficar em casa. Quem está

fazendo isso tudo são governadores e alguns prefeitos.

Eu acho que chegou no limite, essa política não está

dando certo".

E acrescentou: "Nosso Exército nunca irá à rua para

forçar você a ficar em casa. Nunca. O nosso Exército

(não) fará qualquer coisa contra a liberdade individual

de vocês. E vocês sabem que, em todos os momentos61

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

que vocês precisaram das Forças Armadas do Brasil,

elas estiveram do seu lado e não ao lado de possíveis

governantes com viés ditatorial", disse. (IS)

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

62

Moraes: Supremo respeita e exige respeito

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal

Federal (STF), disse, ontem, que a decisão individual

do colega de Corte Luís Roberto Barroso, que mandou

o Senado Federal abrir a CPI da covid-19 para

investigar a gestão da pandemia pelo governo federal,

foi tomada por "obrigação". E classificou a reação do

presidente Jair Bolsonaro como "lamentável".

"É lamentável a forma e o conteúdo das ofensas

pessoais que foram dirigidas ao ministro Luís Roberto

Barroso. É um conteúdo falso, absolutamente

equivocado, mas a forma também, a forma grosseira, a

forma descabida de relacionamento entre os Poderes.

Quem quer respeito deve respeitar também. O

Supremo Tribunal Federal respeita o Poder Executivo,

respeita o Poder Legislativo e exige respeito de ambos",

criticou Moraes, em transmissão ao vivo promovida pelo

grupo Prerrogativas para discutir o papel do tribunal na

defesa da democracia.

Ele também repreendeu os ataques ao colega, dirigidos

por apoiadores do governo e pelo próprio presidente

Jair Bolsonaro, que acusou Barroso de fazer "militância

política" e "politicalha". "Decisões judiciais nós podemos

discordar, criticar acidamente, recorrer. Agora, uma

decisão judicial fundamentada, pública, transparente,

não cria o direito de ninguém ofender da forma que se

ofendeu o ministro Luís Roberto Barroso. Lamentáveis

as agressões, que acabaram se multiplicando por

fanáticos milicianos digitais", salientou.

Moraes procurou deixar claro que o Poder Judiciário

age somente quando provocado e que, por esta

característica, não pode se omitir. "O Poder Judiciário

é inerte, mas não pode ser omisso. Tem que decidir,

com base na Constituição. Nesse caso específico, o

ministro Luís Roberto Barroso foi provocado, via

mandado de segurança, por vários senadores. A

função, a obrigação era analisar a concessão ou não da

liminar", afirmou.

Enquanto Barroso tem evitado dar declarações públicas

sobre o assunto, o STF divulgou, na última sexta-feira,

uma nota para defender a legalidade da decisão.

Moraes disse que todos os integrantes da Corte foram

consultados sobre o texto e sublinhou que as relações

harmônicas entre os Poderes exigem respeito.

"Nós podemos concordar ou discordar da decisão, mas

é assim que funciona o mecanismo judiciário. Não foi o

ministro Luís Roberto Barroso que acordou de manhã e

disse: estou com vontade de instalar uma CPI",

observou.

"É lamentável a forma e o conteúdo das ofensas

pessoais que foram dirigidas ao ministro Luís Roberto

Barroso. Quem quer respeito deve respeitar também. O

Supremo Tribunal Federal respeita o Poder Executivo,

respeita o Poder Legislativo e exige respeito de ambos"

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal

Federal

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

63

Praça dos Dois Poderes

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Esportes

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Marcos Paulo Lima

Apraça do povo é dos Três Poderes. A praça da final

sem torcida, dos dois clubes mais poderosos do país.

Vazio nas arquibancadas devido à pandemia, mas cheio

de ingredientes nas quatro linhas para a receita de uma

saborosa iguaria, o Mané Garrincha servirá pelo

segundo ano consecutivo, hoje, no banquete das 11h, a

quarta edição da Supercopa do Brasil.

Lançado em 1990 e 1991, abandonado por 29 anos e

ressuscitado no ano passado, o torneio tradicional no

cardápio das ligas nacionais da Europa tem tudo para

colar em gramados tupiniquins. Na abertura desta

temporada, opõe os campeões de 2020 do Brasileirão,

Flamengo, do atacante Gabi; e da Copa do Brasil,

Palmeiras, liderado pelo goleiro Weverton.

É impossível dissociar os candidatos ao título, em jogo

único, com decisão por pênaltis se houver empate no

tempo normal, do contexto político da capital. Os

tentáculos de Flamengo e Palmeiras vão muito além da

montagem de elencos e times milionários. Ambos estão

entre os maiores lobistas do futebol nacional. Jogam

livres, leves e soltos na esfera pública de Brasília.

Apesar de trocar camisa de time como quem muda de

roupa, o presidente da República, Jair Bolsonaro, é

torcedor do Palmeiras. Participou da festa do título da

Série A, em 2018, após derrotar o petista Fernando

Haddad nas eleições, no gramado do Allianz Parque.

Vira-casaca, também usou farda rubro-negra, no Mané

Garrincha, para atrair a simpatia do clube mais popular

do país. Deu até "manto sagrado" para o presidente da

China, Xi Jinping, em Pequim.

O governador do DF, Ibaneis Rocha, é torcedor do

Flamengo daqueles de tirar o jatinho particular do

hangar para ver jogo da Libertadores. Em 2019, chefiou

a delegação, no Equador. Na final do torneio, licenciou-

se do Buriti para ir ao Peru testemunhar a conquista do

bi.

A diretoria do Flamengo tem passe livre no Palácio do

Planalto. Foi até criticada pela cúpula do Palmeiras por

forçar a volta do futebol e a criação da Medida

Provisória do Mandante (MP 984/2020) em meio à

pandemia. Meses depois, o clube paulista pegou carona

na abertura política e liderou caravana com outros sete

clubes até o gabinete de Bolsonaro.

Flamengo e Palmeiras movimentam-se com facilidade

no poder executivo, mas também são articulados no

legislativo. Fazem tabelinhas no Programa de

Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal

do Futebol Brasileiro (Profut). A suspensão do

pagamento das dívidas na pandemia tem influência

deles. Também acompanham com lupa a confecção de

uma nova MP do Mandante. A anterior, feita a trancos e

barrancos, caducou no Congresso Nacional.

Os dois clubes são fortes, ainda, no poder judiciário.

Na última quinta-feira, o Tribunal Federal da 1ª Região

(TRF1) determinou novo lockdown no DF. Impedia a

Supercopa do Brasil e rejeitou recurso. O GDF apelou

ao Superior Tribunal de Justiça. O processo caiu nas

mãos do presidente do STJ, Humberto Martins. A64

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Esportes

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

caneta do ministro liberou a decisão em Brasília.

Os protagonistas da Supercopa também transitam

facilmente no mercado financeiro público e privado.

Graças ao governador rubro-negro Ibaneis Rocha, o

Flamengo tem a vida econômica turbinada pelo Banco

de Brasília -- parceiro estatal máster da camisa.

Patrocinado pela Crefisa, o Palmeiras tenta aumentar a

exposição da marca justamente na casa do BRB. Por

sinal, dinheiro não falta à CBF. O campeão fatura R$ 5

milhões. O vice, R$ 2 milhões.

O que esperar do jogo?

O jogo será um choque de estilos, de propostas na linha

do que foi Bayern x PSG. O Flamengo versão 2021 já

deixou claro que tem o objetivo de "morar" no campo

adversário, jamais abrir mão da bola, criar situações

seguidas de gol e, assim, vencer os jogos. O Palmeiras

será o mesmo de 2020, como demonstrou na vitória

sobre o Defensa y Justicia, quarta-feira, fechado e até

acuado em determinados momentos do cotejo, mesmo

diante de um oponente inferior tecnicamente. O jogo

poderá ter um grande impacto nas discussões se a

imposição rubro-negra prevalecer. Caso contrário,

sairão até das tumbas os negacionistas da bola, os

defensores do jogo da rejeição à pelota, do

pragmatismo, de tudo o que impera no futebol praticado

no país desde o começo do século, pelo menos.

Mauro Cezar Pereira é blogueiro do UOL, colunista do

Estadão e comanda o canal do Mauro Cezar no

YouTube

O que esperar do jogo?

A Supercopa não é tradição no Brasil, mas tem tudo

para ser um torneio muito legal. Entenda, muito bacana.

Não é base para nada. Na Inglaterra, festeja-se o início

da nova temporada, como um torneio de preparação,

não como objetivo. Em 2017, José Mourinho festejou o

título da Liga Europa levantando três dedos, em

referência aos três troféus conquistados. Um deles, a

Community Shield, a Supercopa inglesa. Não foi levado

a sério. A Supercopa é o início, não é o objetivo final.

Na Espanha, no início da década de 2000, Real Madrid

e Barcelona duelavam com ódio, em busca do troféu da

Supercopa. Era mais uma briga Guardiola x Mourinho.

Na temporada passada, o Athletic Bilbao venceu. Não

quis dizer nada, nem que a temporada seria boa nem

ruim. Perdeu a final da Copa do Rey para a Real

Sociedad. Tudo isso mostra que o Brasil terá de

construir uma história com a Supercopa a partir de

agora. Flamengo e Palmeiras esboçam uma rivalidade

que não é a maior do país. Longe, bem longe disso.

Não contabilize como um título nacional. É o início da

temporada. É muito mais uma festa do que a exposição

de uma raiva sobre um rival.

Paulo Vinicius Coelho, o PVC, é comentarista do Grupo

Globo, blogueiro do GE e colunista da Folha de S. Paulo

e rádio CBN

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

65

Elio Gaspari - O governo já soube lidar com epidemia

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Elio Gaspari

Sérgio Buarque de Holanda já ensinou: conservador é

uma coisa, atrasado é outra. Bolsonaro e seu pelotão

têm os dois pés no atraso. Outrodiao jornal francês Le

Monde publicou uma reportagem que faria a alegria do

general Eduardo Ramos, aquele que não gosta de

fotografias de sepultamentos. Louvava a campanha de

vacinação brasileira que imunizou8o milhões de

pessoas em poucos meses com uma mistura de

'ambição, audácia e paixão" Só que isso aconteceu

em1975, quando o Brasil estava numa ditadura que

tinha o outro pé no progresso.

A reportagem está no site do jornal (só para

assinantes), mas na rede há um trabalho que conta a

história da fabricação de uma vacina contra a meningite

pelo laboratório francês Mérieux ('Histoire du

développement, de la production, et de Vutilisation du

vacein contre la méningite A (1963-1975)', de Baptiste

Baylac-Paouly).

Ema1973, quando a epidemia de meningiteainda era

chamadade surtono Brasil, o laboratório francês testava

uma vacinaea aplicava com sucesso na África. No ano

seguinte, a ditadura lidou com a doença.

O pé fincado no atraso, tendo reconhecido a epidemia

(2. 000 casos em São Paulo), chamavaas notícias de

'alarmantes'. Em julho do ano seguinte, a censura vetou

uma longa reportagem de Clóvis Rossi. Ela falava de

200 pessoas mortas naquele mês.

Como pé que tinha no progresso, em agosto o ministro

da Saúde, Paulo de Almeida Machado, foi a Lyon, onde

ficava a sede do Mérieux. Em São Paulo morriam 20

pessoas por dia no hospital Emílio Ribas. Sem apostas

em tratamentos precoces ou parolagens, o Brasil correu

atrás da vacina, que só era produzida pelo Mérieux.

Tratava-se de imunizar 8o milhões de pessoas. Não se

discutiram detalhes nem dinheiro. Os dois lados

confiaram na boa-fé.

O laboratório de Lyon não tinha instalações para

produzir 60 milhões de vacinas em menos de um ano.

Tratava-se de multiplicar por cem sua capacidade. Fez

as obras e começou a operar em 9o dias. Em meados

de setembro (um mês depois da visita de Almeida

Machado), remanejando estoques, despachou dois

milhões de vacinas e começou a imunização de 500 mil

crianças em São Paulo.

O governo começou uma campanha nacional e em12

dias de janeiro de 1975 foram vacinadas quatro milhões

de pessoas no Rio. No Carnaval daquele ano, os casos

de meningite na cidade começaram a cair. O Mérieux

associou-se ao Instituto Oswaldo Cruz, e produziram

dez milhões de vacinas por mês. Em abril (nove meses

depois da ida de Almeida Machado a Lyon), começou a

vacinação em São Paulo e em cinco dias foram

vacinados 10, 3 milhões de pessoas.

Em julho de 1975 o Brasil tinha recebido 90 milhões de

vacinas. Estava concluído um dos maiores programas

de vacinação em massa do mundo.

Como a ditadura tinha um pé no progresso e outro no66

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

atraso, um mês antes da ida de Almeida Machado a

Lyon para descascar o abacaxi, o Serviço Nacional de

Informações reclamava das tais 'notícias alarmantes'

'Esses fatos, constantemente explorados pelos meios

de comunicação social, e, em particular, as sucessivas

notícias divulgadas sobre a existência de doenças

graves, principalmente sobre a meningite, normalmente

acompanhados de boatos, poderão criar ou manter a

população em estado de insegurança, intranquilidade e

apreensão, que pressupõe uma falsa noção de que,

quando houver necessidade, não se contará com

assistência médica, hospitalar ou preventiva por parte

dos setores responsáveis do país'.

Passou o tempo, a epidemia é outra eo atraso

prevaleceu. Eremildo, o idiota Eremildo é um idiota e

sempre acreditou em todas as teorias de conspiração

de Ubaldo, o Paranoico, inesquecível personagem do

humorista Henfil.

Quando o idiota soube que o governo tem planos para

transformar o prédio do Museu Nacional, no Rio, num

simulacro de Palácio Imperial, teve seu momento de

Ubaldo, associando paranoia à sua cretinice.

A paranoia seria a seguinte: como em 2022 comemora-

se o bicentenário da Independência e em São Paulo

será reinaugurado o Museu do Ipiranga, seria

aconselhável evitar que o governador João Doria (o da

vacina chinesa que não seria comprada) sediasse uma

festa.

A cretinice é outra.

Antes de pegar fogo, em2018, o Museu Nacional

funcionava no casarão onde moraram dom João 6º e os

dois dom Pedro. No incêndio, as poucas lembranças

dos imperadores viraram cinzas. Do prédio, sobrou

parte da carcaça da edificação que um mercador de

negros escravizados doou (ou foi obrigado a doar) a

dom João. Ademais, o que havia ali era um museu de

história natural, com meteorito, múmias e objetos

indígenas.

Museu Imperial, o Brasil já tem um, e é muito bom. Fica

em Petrópolis, no casarão onde dom Pedro 2º se

protegia do calor e das epidemias. Lá estão seu trono,

sua coroa, as carruagens e a luneta com que via as

estrelas. Não há por que mexer nele.

Tirar peças de um acervo para satisfazer vaidades

políticas é oportunismo.

BBB no Supremo

Em julho, Bolsonaro indicará o substituto do ministro

Mar co Aurélio Mello para a vaga no Supremo Tribunal

Federal.

Essa escolha era feita com discrição, comparando-se

currículos, mas as coisas mudaram. O procurador geral

Augusto Aras e o advogado-geral da União, André

Mendonça, disputam a vaga com tamanha ferocidade

que o espetáculo assemelha-se às disputas do

programa BBB, para ver quem vai para o paredão.

Privataria na pandemia A pandemia estimulou a

mobilização de empresários para colaborar com a

saúde pública. Estimulou também a entrada de

vigaristas.

Basta lembrar o aparecimento de duas girafas. No ano

passado havia um inglês oferecendo 40 milhões de

testes por mês. Em janeiro, apareceram 33 milhões de

vacinas da AstraZeneca que seriam intermediadas por

um fundo a um consórcio de empresas que repassariam

metade ao SUS e ficariam com a outra parte. A dose

sairia a US$ 23, 79, enquanto no mercado ela custava

US$ 5, 25. A AstraZeneca disse que não vendia as

vacinas e o fundo denunciou a malandragem.

Finalmente, em março, vigaristas arrebanharam otários

para serem vacinados clandestinamente numa garagem

da Viação Saritur, em Belo Horizonte. Cada um pagou

R$ 600 (cerca de US$100) pela picada. A enfermeira-

frentista esteve presa, e os otários esconderam-se.

Em princípio, empresário entende de dinheiro. Quem

quiser meter sua reputação nessas aventuras deve

saber que elas têm duas balizas: numa ponta ficou o

Itaú Unibanco, que tirou R$ 1 bilhão do seu caixa,67

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

formou um conselho e deu-lhe poderes para distribuir o

dinheiro. Na outra está a turma da garagem da Saritur.

No meio ficam as girafas dos testes ingleses, das

vacinas do consórcio, dos projetos de isenções

tributárias, leitos privatizados e outros avanços na Bolsa

da Viúva.

Como dizem os crupiês: façam seu jogo, senhores.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

68

Incompetência da Vara de Curitiba é limitada

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Marcelo Rocha

brasília Ainda pendente de análise no plenário do STF

(Supremo Tribunal Federal), a decisão do ministro

Edson Fachin de retirar da 13ª Vara Federal de Curitiba

as ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula

da Silva (PT) faz parte de um conjunto de casos da

Lava Jato transferidos do Paraná para outras

localidades do país nos últimos anos.

Situações envolvendo, entre outros investigados, os ex-

ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo ou caciques

do MDB também deixaram de ser processadas na vara

responsável pela operação após o tribunal concluir, em

deliberações colegiadas, que ela não tinha competência

para conduzi-las.

Até o fim de 2018, o titular da 13ª Vara era o então juiz

Sérgio Moro, depois ministro da Justiça do governo Jair

Bolsonaro (sem partido).

O julgamento no Supremo está marcado para a próxima

quarta-feira (14). Integrantes da corte e criminalistas

avaliam que, por se tratar de tema sem grande

controvérsia, a margem para interpretações é estreita e

a possiblidade de repercutir sobre outras apurações,

limitada.

A análise do tribunal, porém, mexe no jogo eleitoral.

Duas condenações impostas ao ex-presidente, j á

confirmadas em instâncias superiores, foram

derrubadas com o despacho de Fachin, devolvendo ao

petista os direitos políticos. Isso eleva o grau de

incerteza sobre o debate a ser travado pelos 11

ministros.

Para os críticos da Lava Jato e aliados de Lida, a

decisão de Fachin foi tomada tardiamente, tendo como

principal consequência a prisão do petista em 2018.

Lava-jatistas, por sua vez, destacaram o risco de as

acusações prescreverem, uma vez que as ações penais

terão de recomeçar do zero em Brasília.

Nos últimos cinco anos, em mais de uma dúzia de

casos, seja no plenário, seja na Segunda Turma, o

colegiado encarregado da Lava Jato, o Supremo aplicou

o raciocínio usado por Fachin em relação aos processos

de Lida: a 13ª Vara não p ode conduzir investigações

sem conexão direta com desvios na Petrobras.

"Aplico aqui o entendimento majoritário que veio se

formando e agora já se consolidou no colegiado

[Segunda Turma]. E o faço por respeito à maioria, sem

embargo de que restei vencido em numerosos

julgamentos", afirmou Fachin na decisão.

Ele citou precedentes na peça de 46 páginas. Entre eles

está o caso sobre irregularidades no Ministério do

Planejamento envolvendo a presidente nacional do PT e

deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), e o ex-ministro

Paulo Bernardo. A parte relativa às pessoas sem

prerrogativa de foro foi remetida para São Paulo.

O STF enviou para São Paulo e Brasília acusações

contra o ex-ministro Guido Mantega, titular da Fazenda

no s governos Lula e Dilma Rousseff Assim também69

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poder

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

procedeu para fixar na capital do país a tramitação de

ações penais contra os envolvidos nos chamados

quadrilhão do PT e do MDB, ou processos relacionados

a desvios naTranspetro, subsidiária da Petrobras.

"O excesso de atribuição de Curitiba vem, aos poucos,

sendo reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal",

afirmou o criminalista Pierpaolo Bottini. "Ainda que a

conta-gotas, é o reconhecimento das regras de

competência previstas no Código do Processo Penal."

O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região),

instância revisora das decisões da Justiça Federal no

Paraná, também incorpora a questão em sua

jurisprudência e retirou um caso da 13a Vara após

analisar um habeas corpus. O caso envolve Fábio Luís

Lula da Silva, filho mais velho do ex-presidente.

Conhecido como Lulinha, ele foi investigado pela força-

tarefa da Lava Jato em Curitiba sob a suspeita de

receber valores ilegais de empresas de telefonia.

O tribunal determinou o envio para a Justiça Federal de

São Paulo, sede da Gamecorp, empresa em que

Lulinha foi sócio, por intermédio da qual teriam sido

feitas as transferências ilegais.

Advogado de Fábio Luís no caso, Fábio Toffic Simantob

disse que a competência da Lava Jato de Curitib a

atrelada à Petrobras é tema pacificado.

"Você pode, sim, discutir se há ou não Petrobras

envolvida no caso concreto", afirmou o criminalista, para

quem a análise sobre o caso Lula cabería à Segunda

Turma. "Qual seria a questão relevante a demandar o

plenário? O envio ao pleno deve ser motivado por

questão jurídica relevante."

Ao recorrer da decisão de Fachin, a subprocuradora-

geral da República Lindôra Araújo argumentou que a

LavaJato apontou crimes praticados no âmbito do

esquema criminoso que pilhou a Petrobras.

Segundo a acusação, contratos da estatal com a

construtora OAS estão na origem de valores ilícitos para

Lula.

A denúncia, frisou a representante do Ministério Público

Federal, relata elos entre os contratos da OAS com a

Petrobras e a vantagem ilícita obtida por Lula. "Há de

ser preservada a competência do juízo de origem",

afirmou Lindôra.

A defesa do ex-presidente afirmou que aguarda a

manutenção da decisão de Fachin que retirou os

processos da 13ª Vara Federal de Curitiba.

"[A 13a Vara] Sempre foi apontada pela defesa como

incompetente para julgar os casos", disseram Cristiano

Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, em nota

enviada pela assessoria do petista.

"[A decisão] está amplamente fundamentada em

critérios estabelecidos pelo plenário do STF e que foram

reafirmados em cerca de duas dezenas de diferentes

casos julgados na Segunda Turma."

Os advogados disseram ainda que pediram ao Supremo

que o recurso da PGR seja julgado pela Segunda

Turma, e não pelo plenário.

Procurados, Moro e a Procuradoria da República no

Paraná não quiseram se manifestar sobre o assunto.

STF julgará decisão de Fachin pró-Lula

O que será julgado?

A decisão de transferir da 13ª Vara Federal de Curitiba

quatro ações penais contra Lula na Operação Lava Jato

Porque Fachin tomou essa decisão?

O relator entendeu que a 13ª Vara não tem atribuição

para processar o petista porque as acusações não têm

relação com os desvios na Petrobras. Em linguagem

técnica, não tem competência jurisdicional

Quais as consequências da decisão?

O despacho de Fachin anulou todos os atos e decisões70

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

tomadas em quatro processos contra o ex-presidente

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71

A lorota do comitê

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Durante um dos surtos de indignação do pais contra o

desgoverno do combate à epidemia, Jair Bolsonaro

anunciou a criação de um comitê de integrantes dos três

Poderes a fim de atenuar o problema. Ao que tudo

indica, tratava-se apenas de permitir que o presidente

escapulisse das críticas, escamoteasse sua

responsabilidade pelo desastre e iludisse a opinião

pública com nova promessa de coordenação sanitária

nacional, com diálogo federativo e observância do

aconselhamento científico.

Bolsonaro teve algum sucesso. Conseguiu a

cumplicidade do comando do Congresso, fez

propaganda para seus seguidores e abafou por uns dias

parte das críticas.

O Comitê de Coordenação Nacional para

Enfrentamento da Pandemia daCovid-19, anunciado em

24 de março e criado por decreto no dia seguinte, por

ora não passa de mais uma farsa para desviar a

atenção da incompetência e das sabotagens

presidenciais.

No anúncio dos resultados da primeira reunião do

comitê, de 31 de março, os presidentes do Senado,

Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos

Deputados, Arthur Lira (PP-AL) , preferiram dar ênfase à

propaganda de projetos para facilitar a compra de

vacinas pela iniciativa privada e ao financiamento

privado de leitos de UTI com incentivo tributário.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que teria

autonomia técnica, que enfrentaria os problemas de

escassez de insumos e vacinas e que estava criando

uma "secretaria extraordinária" para a epidemia, com o

que reuniria os maiores especialistas no assunto.

O comitê reuniu-se uma vez. Segundo Bolsonaro, as

reuniões seriam semanais. Ainda no mesmo dia do

anúncio da criação do grupo, o mandatário retomou o

ataque ao distanciamento social.

Não houve anúncio de oferta de mais vacinas - a

vacinação depende em larga medida das doses do

Butantan. Os estoques de medicamentos e

equipamentos de tratamento intensivo escasseiam.

O ministro não propôs política de coordenação nacional

ou mudança de rumos, nem demonstrou sua

"autonomia técnica". Parte da indignação nacional

tomou a forma de uma Comissão Parlamentar de

Inquérito a ser instalada por determinação do

Judiciário.

Como se disse aqui, as CPIs dos últimos tempos

conseguiram mais barulho do que resultados palpáveis.

O Congresso não precisa desse instrumento

extraordinário para fiscalizar e até investigar as ações

do Executivo. Basta que seu comando não se omita

nem se deixe cooptar pelo Palácio do Planalto.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

72

Fé em tempos de pandemia

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustríssima

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Anna Virgínia Balloussier

[resumo] Debate sobre liberação ou não de cultos e

missas presenciais na pandemia, que chegou ao STF,

divide os grupos religiosos e renova um dilema milenar

da humanidade a respeito de socorro espiritual e

responsabilidade social em tempos de catástrofes

sanitárias

"A Bíblia diz que quem tem fôlego louve ao Senhor,

então vamos louvar ao Senhor dentro do ônibus", disse

o pastor Eduardo Silva em março, até então o mês mais

letal de uma pandemia que clama o fôlego de suas

vítimas.

O estado de São Paulo, a mando do governador João

Doria (PSDB), havia paralisado atividades religiosas. Foi

aí que o líder de um pequeno ministério evangélico na

capital paulistana, o Aviva, abarrotou um ônibus de fiéis

e, em afronta registrada em vídeo ao decreto estadual,

celebrou ali mesmo seu culto - não havia impedimento

para tais atos em transportes coletivos.

Em movimento estava também o lobby evangélico que

culminou, na véspera da Páscoa, na liberação de

práticas presenciais de fé no país em meio à chacina

viral da Covid-19. A decisão partiu do ministro do STF

(Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques,

que reagiu a uma ação proposta pela Anajure

(Associação Nacional de Juristas Evangélicos).

Dois dias depois, o colega Gilmar Mendes se agregou

ao script judicial, validando a constitucionalidade do

decreto paulista que vetava reuniões religiosas. O

debate foi levado ao plenário da corte e, na quinta-feira

(8), a maioria dos ministros decidiu que estados e

municípios podem barrar cultos e missas.

A Covid-19 arrastou para o século 21 um dilema que

perseguiu a humanidade em outras catástrofes

sanitárias: fechar templos quando o socorro espiritual é

mais do que nunca necessário ou abri-los e destrancar

o caminho para um patógeno descarrilado em sua

sanha mortífera?

Amais apocalíptica das previsões para o flagelo atual

desbota perto do estrago que a peste negra fez no

século 14. Estima-se que a doença dizimou entre um73

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustríssima

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

terço e metade de europeus de todas as idades,

enquanto a Covid, até aqui, matou menos de 0,2% da

União Européia e do Reino Unido.

A Igreja Católica medieval se infiltrava em todos os

poros sociais, da política à cultura, e foi a ela que o

continente em apuros recorreu. Na época, a medicina

tinha um conhecimento grosseiro do corpo humano, já

que médicos, proibidos de realizar autópsias, pouco

compreendiam de anatomia. O melhor remédio era ser

um bom cristão, que contribuía financeiramente com a

igreja e mantinha a oração em dia.

"Em geral, a peste era vista como um instrumento da

cólera divina", diz o médico e historiador Francisco

Moreno de Carvalho, pesquisador associado ao Centro

de Estudos Judaicos da U SE "Homero aponta a

moléstia como punição do deus Apolo aos gregos. Na

Bíblia, há várias referências a doenças coletivas como

um corretivo. Em Tebas, na história de Édipo, a peste é

um castigo pelo incesto involuntário."

Pandemias, portanto, eram comumente aceitas como

uma merecida marretada de Deus. "Mas também como

uma outra face desta mesma moeda", pondera

Carvalho. "Podem ser momentos de prova para testar a

fé dos crentes na divindade: em que medida ela pode

enviar sua cura aos que se arrependem e praticam o

bem."

O surto bubônico, contudo, acabou por derreter maiores

expectativas com a deidade. Padres não sabiam

responder por que tantos fiéis morriam, bebês inclusive.

Os mais devotos morriam tanto quanto os piores

devassos. Quando clérigos começaram a perecer em

massa, estraçalharam ilusões de que a salvação estava

na igreja.

Como na crise de hoje, era necessário encontrar

culpados por tanta ruína, afirma Carvalho. No primeiro

relato considerado histórico de uma epidemia, uma

praga que arrasou Atenas 430 a.C., o grego Tucídides

atribui o surgimento da doença a estrangeiros - no caso,

etíopes. "Em diversos episódios de pestilência, sempre

o 'outro é o causador. Agora temos a 'gripe chinesa.

Assim foi com a peste negra em relação aos judeus.

Todo preconceito é gerador de fake news. Na Idade

Média, sem WhatsApp, já as havia."

Judeus eram acusados de envenenar poços para

provocar a enfermidade. Milhares foram chacinados.

Havia ainda uma falsa avaliação de que o grupo seria

mais imune à doença do que cristãos, "o que reforçava

a acusação de que eles eram os promotores da peste,

visando destruir o cristianismo".

Um milênio antes, outra pandemia ajudou a construir a

ideia de cristandade. Apraga de Cipriano se alongou por

duas décadas no século 3° e ghggou a matar mais de

5.000 pessoas por dia no Império Romano. Convertido

ao credo monoteísta e feito bispo de Cartago, Cipriano

escreveu "Sobre a Mortalidade".

Neste ensaio, descreve "intestinos agitados com

contínuos vômitos", "olhos em fogo com o sangue

injetado" e outros efeitos da peste que historiadores

suspeitam ter sido varíola ou sarampo.

É verdade que cristãos tombavam tanto quanto pagãos

adeptos de crenças greco-romanas. Cipriano, no

entanto, procurou acalmálos com a promessa da vida

após a morte para os que têm fé em Deus. Muitos se

infectaram porque não deixaram doentes para trás, o

que é apontado por pastores contemporâneos como um

ato último de amor pelo próximo.

A imagem do sacrifício é bem explorada pelo pastorado.

É conhecida a história do povoado inglês de Eyam. No

verão de 1665, apeste chegou ao vilarej o por meio de

umapeça, lotada de pulgas de ratos infectados, enviada

a um alfaiate.

Eyam, então, isolou-se numa quarentena autoimposta,

incentivada por dois pastores protestantes. As vilas

vizinhas ajudavam colocando alimentos em buracos

feitos na cerca de pedra construída ao redor do

povoado. O isolamento custou caro: quase metade dos

cerca de 750 moradores morreu.

Dois séculos e meio depois, os médicos ainda pouco74

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

tinham a oferecer ante umapandemia que ceifou 50

milhões de vidas. Laura Spinney, autora do livro "Pale

Rider: the Spanish Flu of 1918 and How It Changed the

World ("Cavaleiro Pálido: a Gripe Espanhola de 1918 e

Como Ela Mudou o Mundo", sem edição no Brasil) ,

aponta Samora, uma cidade bastante devota da

Espanha, como símbolo de um choque letal entre

religião e ciência.

O bispo local desafiou autoridades sanitárias ao

convocar orações, al- gumas que se estendiam por mais

de uma semana, em homenagem a são Rocco, protetor

contra apeste. As novenas envolviam filas para beij ar

relíquias do santo no auge do contágio. Samora perdeu

quase 6% dapopulação, uma taxa de mortalidade quase

15 vezes maior que a da capital, Madri.

A etimologia dapalavraigreja vem do grego "ekklesia",

que significa assembléia, amesmaquelesus pregou

quando, segundo o Evangelho de Mateus, disse: "Onde

estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali eu

estouno meio deles". Em 1930, o teólogo luterano

Dietrich Bonhoeffer cravou: "Um cristão que se mantém

afastado da assembléia é uma contradição em termos".

Presidente da Anajure, a entidade evangélica que

advoga pelo funcionamento de templos, Edna Zili saca a

imagem de Jesus e seus 12 apóstolos para ilustrar o

pendor coletivista do cristianismo, desde reuniões em

templos relatadas no Antigo Testamento até a formação

das primeiras igrejas cristãs no Novo Testamento.

"Parte da importância da manutenção das igrejas

abertas se vincula à pro eminência conferida à adoração

coletiva entre os fiéis, de modo que meios virmais,

apesar de úteis, não conseguem substituir tais aspectos

essenciais."

O que fazem as religiões,no entanto, senão se

adaptarem? "Todo momento de crise é de

transformação também, e isso estamos cansados de ver

na história", diz o professor emérito da USP Reginaldo

Prandi, sociólogo da religião que é também um ogã no

candomblé, tíndo que nos terreiros equivale ao de

auxiliar nos rituais.

Essa espécie de darwinismo social também se aplica às

religiões, mesmo à Igreja Católica, uma placa maciça

que custa ase mover, em contraposição às células

evangélicas miúto mais ágeis em reagir ao espírito do

tempo.

A cena do papa Francisco rezando numa praça São

Pedro esvaziada, eternizadano começo dapandemia e

repetida em 2021, é uma amostra recente da

capacidade de acomodação da Santa Sé. No Brasil,

lideranças como dom Odilo Scherer, arcebispo de São

Paulo, viram bom senso no veto a missas presenciais

enquanto o morticínio não arrefecer.

Agruras sanitárias apressam aggiornamentos, mas não

só. O Concilio Vaticano 2°, conferência que se

descrevia como a abermra de janelas numa sala

malventilada, marcou a flexibilização de ritos que

pareciam inabaláveis para consecutivas gerações de

católicos.

Lideradopelaigrejanos anos 1960, removeu uma série

de tradições, das missas emlatim, com o padre de

costas ao público, ao uso de véu pelas mulheres. "Para

as solteiras, supostamente virgens, o branco. Para

outras, o preto. Isso mudou completamente", diz Prandi.

E hoje? "Com véu ou sem véu? Com máscara ou sem

máscara?"

Com mais ou menos ligeireza, as grandes religiões dão

um jeito de não perder o bonde da história. As crenças

de matriz africana tiveram de mudar na marra com a

diáspora compulsória provocadapela escravidão,

exemplifica o sociólogo.

"Antigamente, todos de uma família de sangue

possuíam o mesmo orixá [como guia espirimal] . No

Brasil escravagista, essa herança não podiamais ser

determinada pela família, que foi desfeita, roubada. O

escravo ganhava nome cristão e o sobrenome do

proprietário. Seu orixá pessoal agora podia ser

comunicado por meio de um oráculo."

Dizia o filósofo alemão Georg Hegel que ahistórianos

ensina que nada aprendemos com a história. Professor75

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

de cultura da medicina em Harvard, Davidjones vê certo

chiste histórico em como muitas pessoas, mesmo tendo

dez semanas de aviso, pareciam surpresas em março

de 2020, quando a Covid mostrou as asas em Nova

York e depois em outros estados. "Por algummotivo,

pensamos que isso não iria acontecer conosco", afirmou

num podcast da universidade.

Alertas não faltaram. Na época, outro podcast, do jornal

The New York Times, entrevistou um médico da Itália

sobre o mal que se avizinhava dos EUA. Ele contou

como os pacientes em seu hospital estavam morrendo

sozinhos: "Tentamos ligar, todos os dias, para seus

parentes. Mas preciso dizer que às vezes, no meio da

confusão, ninguémlembra de telefonar. Então acontece

do filho ligar paraohospital, e apessoa já estar morta".

A escalada do drama italiano, segundo o doutor,

começou no dia 23 de fevereiro, o domingo de

Carnaval. Era questão de tempo até aportamos EUA,

hoje anaçãomais atingida pela Covid emnúmeros

absolutos, com quase 560 mil óbitos (projeta-se que o

Brasil irá ultrapassar essa marca).

O histórico epidemiológico da humanidade reforça essa

descrença cíclica. Em 1832, amesma Nova York, diante

de um rompante de cólera prenunciado com meses de

antecedência, respondeu com espanto. É o mesmo

filme: "Pensaram que isso não aconteceria com eles,

que eram de alguma forma diferentes", afirma Jones. A

confiança numa providência divina que nos livrará de

todo o mal é um espólio cukural legado mesmo àqueles

sem filiação religiosa, segundo o professor.

A ordem socialpode entrar em curto-circuito quando a

expectativana onipotência divina não se confirma, como

aconteceu quando o Vaticano foi incapaz de dar uma

justificativa espiritual à aluira para o massacre bubônico.

Via de regra, porém, quando uma crise como a da

Covid-19 brota, a praxe é ver uma leva de tementes a

algum deus, ou múltiplos deles, buscarem guarida na fé.

Hospitais que tratam o espírito podem fazer tão bem

quanto os que cuidam do corpo físico, argumenta Pedro

Luis Barreto Litwinczuk, teólogo e pastor da

Comunidade Batista do Rio.

Daí o disparate em comparar templos como outros

estabelecimentos fechados por decreto napandemia,

diz. "É óbvio que todaigreja que defende o nome de

Cristo deve primar pelo bem-estar de suas ovelhas,

respeitando distanciamento, limite de pessoas, uso de

máscaras e álcool em gel. Mas elas não devemnem

podem ser fechadas. Opovo estápadecendo como

nunca visto antes. Muitos estão em depressão,

apavorados, inseguros, e aigrejamostra que, mesmo

nas lutas, Deus está ao nosso lado."

Na visão de Litwinczuk, um argumento recorrente para

defender fechar todos os templos, o surto de Covid

ligado a superigrejas na Coréia do Sul, é falacioso

porque elas desrespeitavam o protocolo sanitário. Já

outra linha argumentativa, que equipara templos a um

botequim que traz alegria para boêmios em tempos

difíceis - "por que não abrilos também?"-, beiraria o

escárnio.

"O [jurista] Ives Gandra Martins disse que pandemia é

igual guerra, se não tiver uma voz de comando, vira

zona. Num bar é diferente, não tem uma liderança, nem

regras. As ovelhas ouvem a orientação do seu pastor."

Congregações que não zelam pelas normas sanitárias

precisam ser enquadradas, afirma.

Não dáparaignorar que a canetada de Kassio Nunes

Marques atendia a uma agenda evangélica, diz Pai

Rodney de Oxóssi, babalorixá e doutor em ciências

sociais pela PUC-SP que toda segunda-feira reza para

Obaluiê, orixá da cura. "Claro que o ministro nem se

lembrou dos terreiros quando tomou essa decisão, né?

Os cristãos sempre mandaram."

Há, conmdo, espaço para convergência: também Pai

Rodney diz que preservar alguns ritos presenciais "tem

sido importante para a saúde mental de muita gente".

Um deles é o bori ("literalmente, oferenda à cabeça"),

que busca apaziguar tormentas mentais e requer um

período hospedado na casa de candomblé.

"Normalmente, aspessoas chegam num dia, dormem no

terreiro e seguem no outro. Muitas com desequilíbrios76

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustríssima

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

emocionais epsíquicosrecorrem a esse rimai. Neste

momento, uma pessoa chegou da Itália para fazer o

bori."

Se neste momento o menor contato físico pode

representar uma ogiva viral, a realização de uma

cerimônia presencial não é só eticamente errada, diz

Ruben Sternschein, rabino da Congregação Israelita

Paulista. "Segundo a lei judaica, todos os preceitos

religiosos ficamrelegados a segundo plano se a vida

está em jogo. Do shabat ao casamento, nadapode

justificar o risco de contaminar pessoas."

Digamos que uma pessoa está anêmicano Yom Kipur, o

Dia do Perdão. Espera-se nessa data, a mais sagrada

do calendário judaico, um período de oraçõesintensas e

25horas de jejum. Para alguém fisicamente debilitado,

contudo, privar-se de alimentos seria uma transgressão,

afirma Sternschein "A vida está acima de tudo, inclusive

acima do judaísmo."

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

77

CPI DA PANDEMIA

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Folha Corrida

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Jair Bolsonaro

presidente (sem partido), na sexta (9), sobre

determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal

Federal) Luís Roberto Barroso para que o Senado

instale CPI| da pandemia de Covid19g

'Pelo que me parece, falta coragem moral para o

Barroso e sobra ativismo judicial'

Luís Roberto Barroso

ministro do STF, na sexta (9), sobre afirmação de

Bolsonaro

'Limitei-me a aplicar o que está previsto na Constituição,

na linha de pacífica jurisprudência do Supremo

Tribunal Federal, e após consultar todos os ministros'

Rodrigo Pacheco

presidente do Senado (DEM-MG), na sexta (9), em

entrevista à Folha, sobre determinação da CPI por

Barroso

'Não vou trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem

para que não seja instalada nem para que não funcione.

Eu considero que a decisão judicial deve ser cumprida'

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

78

Romeu Zema Bolsonaro podería ter capitaneado a crise, mas há certa

perseguição a ele

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Autor: Fernanda Canofre

belo horizonte Na mesa do gabinete, o governador de

Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem enfileirados os

jornais do dia. Só consegue abrir para ler em casa, diz

ele. No momento mais crítico da pandemia em Minas,

os vídeos do governador no TikTok diminuíram e estão

mais institucionais. Ele aparece com mais frequência

agora no Instagram, onde compartilha frases que

coleciona desde adolescente.

Em março, Zema anunciou a onda roxa, com maiores

restrições de circulação - pela primeira vez, para todos

os 853 municípios mineiros. Também se reuniu com o

presidente Jair Bolsonaro e viu seu secretário da Saúde

cair por denúncias de fura-fila na vacinação.

No início de março, o senhor anunciou a onda roxa. Foi

uma mudança no tom de falas anteriores do senhor

sobre enfrentamento à pandemia. Em abril de 2020, o

senhor disse que era preciso que o vírus viajasse um

pouco. Neste ano, disse que quem sai às ruas podería

ser considerado assassino. O que mudou?

O que mudou foi a pandemia. Nunca havíamos tido uma

quantidade de casos, internações e óbitos tão elevada,

e o colapso do sistema hospitalar. Você tem de tomar

ações de acordo com a situação, não pode deixar

pessoas sem atendimento médico. Está muito claro que

essa nova cepa do vírus [a de Manaus] , que é muito

mais transmissível, veio com uma força maior que a

primeira onda.

O senhor criticou várias vezes prefeitos que adotaram

medidas mais rígidas de isolamento social, como foi o

caso de BH, em falas no decorrer de 2020. Comove

essas decisões hoje?

Vejo que o prefeito conhece a cidade dele melhor que

eu. Cada cidade é um caso, não me cabe ficar

criticando os prefeitos, mas houve casos extremos nos

dois sentidos. Temos um acompanhamento diário dos

853 municípios, então fica fácil perceber o que alguns

prefeitos parecem ignorar.

Em entrevista à Folha em abril de 2020, o senhor

defendeu que o Brasil era um dos países que melhor

estava conduzindo a pandemia no mundo. Nesta

semana, o senhor afirmou: "O governo federal

subestimou a periculosidade desse vírus. Deveria dar

mais atenção ao inimigo. Nesse ponto houve uma

deficiência, algo a mais podería ter sido feito". O que

podería ter sido feito?

Primeiro, temos de contextualizar o Brasil no mundo.

Vamos pegar morte por milhão de habitantes e vamos

ver que temos países até mais desenvolvidos, que têm

mais recursos, e estão piores.

Na última quinta (8), o senhor usou esse parâmetro e

disse que ficava claro que o desempenho do país não

era bom.

79

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

Está [ruim]. Como a nossa população é maior do que a

grande maioria dos países, é de se esperar que

venhamos a ter mais casos, como os EUA, que diga-se

de passagem, é um país muito mais rico e, mesmo

assim, teve dificuldades. Sabemos que, realmente, o

que estamos vivenciando no Brasil podería ter sido

conduzido de uma forma melhor. Faltou uma unicidade

na condução da pandemia, termos procedimentos - nós

aqui temos orientação para os 853 municípios.

Faltou isso do governo federal, ele deveria ter tido um

cuidado, ter chamado os governadores, os secretários

de Saúde. Aqui em Minas, desde o início da pandemia,

deixei a cargo da Secretaria de Saúde, com

especialistas.

Vejo que quem conduz um estado, um país, deve estar

muito mais na posição de técnico do que de jogador,

que é lateral direito, centroavante etc. Sem a

centralização, governadores e prefeitos tiveram de

assumir de uma forma um tanto quanto descoordenada

a condução da pandemia.

Quem são os responsáveis por este algo a mais não ter

sido feito?

Vejo que é o governo federal, de um modo geral. Não

arriscaria dizer nomes, até porque estou distante, não

participei das reuniões, os nossos secretários de Saúde,

o ex e o atual, é que estavam. O que sempre falei é que

faltou essa coordenação central. Eu me sinto

incapacitado, desinformado para estar fazendo essa

avaliação mais aprofundada.

O senhor é um dos governadores mais próximos a

Bolsonaro, foi um dos únicos que não quis assinar

cartas e notas críticas a ele sobre ações adotadas na

pandemia. Como o senhor avalia o papel e a postura

dele na condução da crise sanitária?

Com relação às cartas, vamos deixar claro que assinei

várias e não assinei várias. Muitas vezes, elas têm um

cunho político e, como eu tenho contato com os

ministros, é muito mais fácil se comunicar do que

escrever cartas.

Há um número expressivo de governadores que fazem

uso desse instrumento, respeito, mas vejo que você

sentar, dialogar, pode ser muito mais produtivo do que

ficar escrevendo. Muitas pessoas querem mais

visibilidade do que solucionar o problema.

Mas como o senhor avalia o papel e a postura de

Bolsonaro na condução da crise?

Ele podería ter capitaneado essa questão de ter

centralizado o combate à pandemia. Ter chamado para

o governo federal, [o vírus] é um inimigo que não

conhecemos tão bem, vamos tomar todos os cuidados

e, principalmente, ter colocado um ministro da Saúde

com mais autonomia para decidir.

O senhor o defendeu anteriormente de críticas, disse à

Folha que não concordava com a forma como batiam

nele [Bolsonaro]. O que acha das críticas atuais, que o

chamam, inclusive, de genocida?

Eu acho que são exageradas. Se for esse o caso,

podemos ter situação semelhante em vários países, que

têm taxas de óbitos maiores que o Brasil. Aqui no Brasil

mesmo temos estados que têm taxas de óbitos

completamente diferentes de outros, e cidades também.

Não vi nenhum governador ser chamado de genocida e

nenhum prefeito. Me parece que há uma certa

perseguição a uma pessoa. Ficar xingando, acusando a

esta aluna do campeonato não vai melhorar a situação.

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou

que o Senado instalasse a CPI da Covid, para apurar se

houve omissão do governo. O senhor acha a comissão

necessária ou há interferência entre Poderes?

Opinião minha, dentro do Estado já temos uma série de

controles, órgãos específicos para tratar de controles,

como o TCU ou TCE, o MPF, os MPs estaduais, a CGU.

Será que esses órgãos já não são suficientes para fazer

as apurações? Eu questiono se não está havendo uma

super-redundância em apurações.

O setor público vive muito dessa questão de apontar o80

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

dedo. Temos reforma tributária, administrativa paradas,

uma reforma talvez política, eleitoral, que [o Congresso]

podería aperfeiçoar, isso vai ficar congelado.

Como avalia o papel do Supremo na crise?

O Brasil continua sendo esse país em que muitas

vezes, por ausência de um Legislativo que legisla, o

Judiciário começa a legislar. Uma deficiência leva à

outra. Ainda há essas interferências indevidas que

precisavam ser mais bem conduzidas, cada um assumir

de fato seu papel. As cortes em outros países trabalham

em silêncio, julgam só casos expressivos. Aqui nós

temos uma Constituição disfuncional, caso de um

traficante de drogas vai ocupar um ministro do STF. Na

minha opinião, ele deveria tratar só de questões

constitucionais. A culpa é de um modelo que foi sendo

construído nas últimas décadas. A Constituição de 1988

deixou algumas coisas difíceis de serem alteradas, que

provocam tanta ineficiência.

O senhor disse que o ritmo da vacinação em Minas está

lento por questões das prefeituras, mas alguns prefeitos

responderam que doses são insuficientes. Como avalia

o tempo que o governo levou para negociar as vacinas?

Com relação às prefeituras, temos muitas

eficientíssimas na vacinação, e outras em que a

questão não evoluiu. Temos que lembrar que todo país

do mundo hoje gostaria de ter mais vacinas do que tem.

Não é exclusividade do Brasil.

Talvez poderiamos estar melhores, mas, mesmo que

tivéssemos acertado no passado, seria pouco provável

que estaríamos com tudo solucionado.

Minas demitiu em março o secretário da Saúde devido a

denúncias de fura-fila na vacinação, quando o próprio

secretário Carlos Eduardo Amaral e o adjunto dele,

Marcelo Cabral, foram imunizados. O senhor afirmou

que não sabia do caso. Foi cogitado que o senhor

também fosse imunizado?

Se procurar nas minhas redes sociais, vai ver um vídeo

em que eu digo que quero ser vacinado, quando chegar

a hora e com a vacina que estiver disponível. Se é

aprovada pela Anvisa, não tenho nenhuma restrição.

Desde que o processo de vacinação começou, eu

sempre disse ao secretário que íamos acompanhar o

PNI [Programa Nacional de Imunização] e ele me disse

que era o que estava fazendo. Nenhum secretário meu

foi vacinado, anão ser o de Saúde, que alega que o

motivo é por ser médico e porque estava sempre dentro

de hospitais.

Em BH, nas últimas semanas, veio à tona o caso de

uma suposta enfermeira que feria vacinado empresários

de forma ilegal. O senhor é empresário, qual sua

posição na discussão sobre aquisição de vacinas por

entes privados?

Sou contrário. Na minha opinião, uma vacina que salva

vidas deve ser exclusividade de nações que têm de ter

critérios de vacinação, como foi criado aqui no Brasil.

Senão, vamos cair numa situação em que vai se salvar

quem tem mais dinheiro. Seria mais uma desigualdade

provocada por questões financeiras.

A Polícia Militar de Minas, segundo reportagem do

Estado de Minas, elaborou um protocolo sugerindo o

chamado "tratamento precoce", com uso de

hidroxicloroquina e ivermectina, entre outros, que não

têm eficácia científica comprovada. O senhor, como

governador, apoia esse protocolo? Não sou médico.

Mesma coisa que você me perguntar se eu quero

revólver calibre .38 ou .40 para essa operação. Não

estou apto. Profissionais de saúde é que têm que

responder.

O senhor usaria esses medicamentos? Se o meu

médico recomendasse, usaria.

Houve um telefonema entre o senhor e o prefeito de

Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em março, mas o

senhor deu uma alfinetada nele nesta semana ao falar

sobre municípios não pararem de vacinar nos fins de

semana [BH fez isso no fim de semana de Páscoa] . O

prefeito disse algumas vezes que o senhor teria um

gabinete do ódio que causou o afastamento. Como está

a relação entre vocês?81

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

Nosso relacionamento é bom, civilizado, não tenho nada

contra o prefeito Kalil e, na minha opinião, temos de

trabalhar juntos neste momento de pandemia. Eu

desconheço [gabinete de ódio]. Se tiver aqui é gabinete

do amor.

Kalil é apontado como um nome para disputar o

governo do estado no ano que vem. O senhor pretende

concorrer à reeleição?

Neste momento de pandemia, não é hora de se falar em

reeleição, mas, pela velocidade das reformas que temos

conseguido em Minas Gerais, eu muito provavelmente

serei candidato porque quero deixar meu trabalho

completo. Quatro anos eu já vi que não serão

suficientes.

O senhor já disse ser contra o impeachment do

presidente. Apoiará a reeleição dele, como em 2018?

Está muito longe, vamos aguardar. A política muda de

um dia para o outro.

Faltou uma unicidade na condução da pandemia,

termos procedimentos. Faltou isso do governo federal,

ele deveria ter tido um cuidado, ter chamado os

governadores, os secretários de Saúde.

[...] Vejo que quem conduz um estado, um país, deve

estar muito mais na posição de técnico do que de

jogador, que é lateral direito, centroavante etc. Sem a

centralização, governadores e prefeitos tiveram de

assumir de uma forma um tanto quanto descoordenada

a condução da pandemia

Acho que são exageradas [críticas de Bolsonaro

genocida] . Se for esse o caso, podemos ter situação

semelhante em vários países, que têm taxas de óbitos

maiores que o Brasil. Aqui temos estados que têm taxas

de óbitos completamente diferentes de outros, e cidades

também. Não vi nenhum governador ser chamado de

genocida e nenhum prefeito. Me parece que há uma

certa perseguição a uma pessoa. Ficar xingando,

acusando a esta altura do campeonato não vai melhorar

a situação

Romeu Zema, 56 Natural de Araxá (MG), formado em

administração pela Fundação Getúlio Vargas, é dono do

Grupo Zema, que tem negócios nas áreas de varejo e

combustíveis, entre outras. Foi eleito governador em

2018, na primeira eleição que disputou

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

82

Desgastar o governo via CPI é estratégia legítima da oposição

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: CARLOS PEREIRA

O ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou que

o Senado instalasse a CPI da Covid em reação a um

mandado de segurança impetrado pelos senadores

Alessandro Vieira e Jorge Kajuru, ambos do partido

Cidadania. Neste sentido, não houve interferência

indevida do STF no Legislativo ou ativismo judicial como

sugere o presidente Jair Bolsonaro.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

fez uso do argumento do juízo de conveniência e

oportunidade ao interpretar como inconveniente a

instalação da CPI da Covid em plena pandemia que já

matou quase 350 mil pessoas no Brasil. Mas o que foi

realmente conveniente ao senador foi a decisão liminar

de Barroso, pois permitiu que Pacheco não se

desgastasse politicamente com Bolsonaro, que atuou

ativamente na sua recente eleição para presidir o

Senado. A procrastinação de Pacheco em instalar a CPI

sob o argumento de distensionar o ambiente político foi,

na realidade, estratégica. Não cabia ao presidente do

Senado a inação, pois os requisitos constitucionais para

a sua instalação já tinham sido cumpridos pela minoria.

O caminho mais "curto" para a oposição deixar para trás

esta condição e virar governo é expor até as vísceras as

vulnerabilidades do governo de plantão o mais cedo

possível. Sugerir autocontenção ou esperar

responsabilidade de quem está na oposição implica

aumentar o tempo em que este grupo minoritário

continuará nesta posição indesejável.

Enquanto o impeachment, seja do chefe do Executivo

ou de ministros da Suprema Corte, é o instrumento

político da maioria, a Comissão Parlamentar de

Inquérito (CPI) é o que resta à minoria para expor as

potenciais mazelas do governo.

CPI e impeachment têm requisitos e seguem ritos

procedimentais distintos. Se o governo não consegue

implementar impeachment de ministro da Suprema

Corte é porque o governo não dispõe de maioria

legislativa para tanto e, portanto, essa ameaça

simplesmente não é crível.

A composição de todas as comissões no Congresso,

sejam elas permanentes ou especiais, como uma

comissão parlamentar de inquérito, obedece à regra da

proporcionalidade, levando-se em consideração o

número de cadeiras ocupadas por partidos na Casa.

Portanto, se o presidente da República, que raramente

dispõe sozinho de maioria legislativa, monta e gerencia

adequadamente uma coalizão majoritária no Congresso,

não tem o que temer de uma CPI, pois a preferência do

presidente tenderia a sempre prevalecer em qualquer

comissão legislativa.

Os receios e potenciais problemas para o presidente

Bolsonaro se devem ao fato de ele não dispor, até o

momento, de uma coalizão majoritária. O Centrão

proporciona apenas uma maior minoria. Ou seja, é uma

coalizão fundamentalmente "negativa", com capacidade

de bloquear iniciativas legislativas não desejáveis pelo

Palácio do Planalto. Além do mais, os termos de troca e

os propósitos de sua coalizão minoritária com o Centrão

ainda não estão claros. Não é, portanto, uma coalizão83

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

majoritária com poder de gerar governabilidade, mas

apenas de sobrevivência.

CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR TITULAR DA

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E DE EMPRESAS (FGV EBAPE)

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

84

Em live, nova crítica ao STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Jair Bolsonaro conversa com venezuelanos que vivem

no Brasil, em São Sebastião, região administrativa do

DF. Na visita, o presidente fez uma live e voltou a

criticar decisão do STF por ter dado aval sobre veto a

cultos e missas na pandemia.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

85

Bolsonaro age como 'monarca', diz Celso

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Rafael Moraes Moura

Na decisão em que mandou o Senado abrir uma CPI

para investigar a atuação do governo na pandemia, o

ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal

Federal, mencionou 12 vezes o nome de Celso de

Mello. O ministro aposentado foi relator de três casos

que embasaram a decisão do colega, que se tornou

alvo do presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo

acusou Barroso de "militância política" e "politicalha". Ao

Estadão, Celso disse que Bolsonaro age como um

"monarca presidencial" e "revela a face sombria de um

dirigente político que não admite nem tolera limitações

ao seu poder".

Na avaliação de Celso, a determinação, por Barroso, de

abertura da CPI da Covid no Senado foi uma decisão

"corretíssima" e ancorada em uma série de precedentes

firmados pelo próprio Supremo. O ministro aposentado

também rechaçou os ataques feitos por Bolsonaro ao

seu ex-colega de Corte.

"Um presidente da República que não tem o pudor de

ocultar suas desprezíveis manifestações de desapreço

pela Constituição da República e pelo princípio

fundamental da separação de Poderes, que atribui aos

seus adversários a condição estigmatizante de inimigos

e que se mostra disposto a atingir, levianamente, o

patrimônio moral de um dos mais notáveis juízes do

Supremo Tribunal Federal, que proferiu corretíssima

decisão em tema de CPI, inteiramente legitimada pelo

texto constitucional e amplamente sustentada em

diversos precedentes firmados pelo plenário de nossa

Corte Suprema, revela, em seu comportamento, a face

sombria própria de um dirigente político que não admite

nem tolera limitações ao seu poder, que não é absoluto,

comportando-se como se fosse um paradoxal 'monarca

presidencial!", escreveu o ministro apo- sentado à

reportagem.

"Mais do que nunca, torna-se necessário que o

Supremo Tribunal Federal, agindo, como sempre agiu,

nos estritos limites de sua competência institucional,

atue com o legítimo objetivo de repudiar

comportamentos presidenciais quando estes se

revelarem transgressores do princípio da separação de

Poderes ou se mostrarem lesivos à supremacia da

ordem constitucional!", acrescentou Celso.

Ainda de acordo com o ex-decano do Supremo, um

verdadeiro líder político, que ostente o perfil de

estadista, "há de preocupar-se em respeitar a

institucionalidade legitimamente estabelecida, em

submeter-se à autoridade da Constituição e das leis da

República, em cumprir fielmente e sem tergiversações

os comandos judiciais a ele dirigidos e em exaltar a

liberdade dos cidadãos, o primado dos valores

democráticos e a dignidade essencial do ser humano".

Apagão.

Em 2007, o então ministro Celso de Mello deu decisão

similar à de Barroso, dirigida ao então presidente

Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT), que

tentava contornar a instalação da CPI do Apagão Aéreo

com uma votação em plenário, embora a oposição já

tivesse levantando as assinaturas necessárias para86

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

abrir a investigação sobre a crise do sistema de tráfego

aéreo do País.

Na época, Bolsonaro era deputado, atuava em oposição

ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da

Silva e defendeu uma atuação do Supremo no caso. "Eu

espero que o Supremo tenha, apesar do que eu falei

aqui, é o Supremo ... Espero que tenha uma decisão lá

voltada para a razoabilidade e deixe instalar a CPI",

disse Bolsonaro durante uma entrevista à TV Câmara,

veiculada em 2007.

Hoje, Bolsonaro comanda o Palácio do Planalto, Lula

está na oposição e a CPI da Covid conta com o apoio

de mais de um terço dos senadores, mas sofre

resistência do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco

(DEM- MG), aliado do governo que chegou ao cargo

com apoio do chefe do Executivo.

Poderes.

Anteontem, Bolsonaro afirmou, em suas redes sociais,

que falta "coragem moral" a Barroso por se omitir de

também ordenar a abertura de processos de

impeachment contra integrantes da Corte. Após os

ataques, o Supremo divulgou uma nota institucional em

que afirma que seus integrantes tomam decisões

conforme a Constituição e ressalta que, dentro do

Estado Democrático de Direito, questionamentos sobre

essas decisões devem ser feitos no âmbito dos

processos, "contribuindo para que o espírito republicano

prevaleça" no País.

Barroso, por sua vez, afirmou que, ao ordenar a

abertura da CPI da Covid, se limitou a "aplicar o que

está previsto na Constituição, na linha de pacífica

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e após

consultar todos os ministros".

Celso de Mello se despediu do Supremo em outubro do

ano passado, ao completar 75 anos. Entre seus últimos

atos no tribunal, cuidou do inquérito que investiga

acusações de interferência política indevida de

Bolsonaro na Polícia Federal e determinou que o

presidente prestasse depoimento presencial. Até hoje, o

plenário da Corte não resolveu a controvérsia. /

COLABORARAM PAULO ROBERTO NETTO e

RAYSSA MOTTA

'Transgressores

"Mais do que nunca, torna-se necessário que o STF

atue com o legítimo objetivo de repudiar

comportamentos presidenciais quando estes se

revelarem transgressores do princípio da separação de

Poderes."

Celso de Mello MINISTRO APOSENTADO DO

SUPREMO

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87

Aparecida 'quebra' com ausência de peregrinos

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Vinícius Valfré

Sem os turistas católicos, o mercado da fé entrou em

ruína e o impacto da pandemia de coronavírus na

arrecadação quebrou uma cidade. Aparecida, município

de 36 mil habitantes localizado a 170 km de São Paulo,

vive da peregrinação de fiéis ao Santuário Nacional. Ali,

a receita e os postos de trabalho são atrelados à rotina

do templo construído em homenagem à santa surgida

no Rio Paraíba do Sul, no século 18.

Em tempos normais, o Santuário atrai 13 milhões de

pessoas por ano. Em 2020, no entanto, permaneceu

sete meses fechado. Agora, na fase mais dura da covid-

19, uma série de restrições de funcionamento voltou a

ser imposta, conforme os critérios do plano emergencial

do governo do Estado. A prefeitura foi à Justiça contra o

decreto do governador de São Paulo, João Doria

(PSDB), e ganhou uma liminar, mas perdeu em seguida.

Antes, eram 2,5 mil comerciantes e outros 600

vendedores ambulantes vivendo da devoção dos

peregrinos e pagando licenças de funcionamento à

prefeitura. Atualmente, só 5% dos 150 hotéis estão

abertos. A maioria fechou e demitiu funcionários. De

acordo com a administração municipal, o desemprego

em Aparecida alcança a taxa de 80%.

"Com esse fechamento agora, a cidade acabou de

quebrar.

Está socioeconomicamente destruída", afirmou o

prefeito Luiz Carlos de Siqueira (Podemos), o "Piriquito".

Siqueira estima que, com a paralisação das atividades

do Santuário, entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões

deixaram de entrar nos cofres da prefeitura, que tem

orçamento anual de aproximadamente R$ 140 milhões.

No dia 29 de março, por exemplo, só 10% da cidade

pagou o IPTU. A adimplência das taxas de alvarás de

funcionamento, fonte de receita importante do

município, nem sequer alcançou esse patamar.

"O pessoal fica falando que o Santuário tinha que

ajudar. O povo sabe da minha ligação com o Santuário",

afirmou o prefeito de Aparecida. "Eu estive outro dia

com o reitor. E ele me disse: 'Também estamos

sofrendo, não estamos tendo receita."

Cestas básicas.

No "desespero" e sem agenda marcada, Siqueira foi até

Brasília apelar para o ministro da Cidadania, João Roma

(Republicanos). Conseguiu 7 mil cestas básicas. Ligado

ao presidente do DEM, ACM Neto, Roma foi

pessoalmente a Aparecida fazer a entrega, levando a

tiracolo deputados e a primeira-dama, Michelle

Bolsonaro.

Em busca de imprimir uma marca à frente da pasta, o

ministro Roma aproveitou para usar a cidade como

palco para o lançamento do programa Brasil Fraterno.

Trata-se de uma parceria entre o governo federal e o

Sistema S que prevê a distribuição de alimentos para

famílias em situação de vulnerabilidade social.

Assim como fez em São Paulo o pastor Valdemiro88

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, o

arcebispo de Aparecida, d. Orlando Brandes, abriu o

Santuário na Páscoa com o respaldo da decisão liminar

do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo

Tribunal Federal. No templo, que acomoda mais de 30

mil pessoas e tem área externa para outras 300 mil, 154

ocuparam seus lugares.

Com a decisão do plenário do STF que derrubou a

liminar de Nunes Marques, porém, o Santuário voltou a

suspender as missas presenciais. E o reflexo foi a

queda na arrecadação.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e

a Igreja Mundial do Poder de Deus não se manifestaram

até a conclusão desta edição.

Santuário

"O pessoal fica falando que o Santuário tinha que

ajudar. Eu estive outro dia com o reitor e ele me disse:

'Também estamos sofrendo, não estamos tendo

receita."

Luiz Carlos de Siqueira (Podemos) PREFEITO DE

APARECIDA (SP)

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

89

Dízimo alimenta lobby por abertura de templos

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: Vinícius Valfré

Com a decisão liminar que permitia a abertura de

templos ainda em vigor, o pastor Valdemiro Santiago

convocou seus fiéis para um culto presencial, no

domingo de Páscoa, prometendo "um tempo poderoso

de milagres e salvação" na pandemia de covid19. Em

São Paulo, a imponente sede da Igreja Mundial do

Poder de Deus, que abriga até 10 mil pessoas, encheu.

Ao final de mais de duas horas de sermões e

testemunhos, Valdemiro pediu doações.

"Queria dizer que estamos dando um duro danado para

pagar aluguéis, funcionários, fornecedores. Está tão

difícil para todo mundo...", implorou o pastor. Dentro da

igreja, números das contas bancárias foram projetados

em telões. Valdemiro, no entanto, se concentrou no

método tradicional, e seus colaboradores passaram a

percorrer o templo com envelopes, alforges - sacolas de

pano - e gazofilácios pequenas urnas de madeira. "Você

vai colocar uma oferta generosa, com muita alegria. Vai

colocar e dar um beijinho: 'Essa é para o Senhor Jesus",

orientou.

Na última quinta-feira, porém, o plenário do Supremo

Tribunal Federal derrubou a liminar que havia sido

concedida pelo ministro Kassio Nunes Marques. Ao

afastar os fiéis das celebrações presenciais, o

coronavírus reduziu a arrecadação de instituições

evangélicas e católicas (mais informações na pág. As) .

O presidente Jair Bolsonaro ajudou na pressão sobre a

Corte. "Supremo fechar igrejas é o absurdo do

absurdo", insistiu ele ontem. Na prática, a limitação das

receitas é um dos panos de fundo do lobby religioso

para que templos não sejam fechados no pior momento

da covid-19.

Apoiar organizações religiosas é a causa mais popular

de doações no Brasil, segundo a pesquisa Brasil Giving

Report 2020, realizada antes da pandemia pelo Instituto

para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS).

Na rotina das igrejas, depósitos em espécie feitos

durante as celebrações são importante modalidade de

arrecadação, principalmente nos templos frequentados

por pessoas mais pobres. O impacto é acentuado pela

crise econômica, que aumentou o desemprego e

diminuiu a renda.

Contribuições de fiéis de todas as denominações

religiosas levam cerca de R$ 15 bilhões para dentro das

instituições. O valor equivale a 65% de tudo o que as

entidades arrecadam, de acordo com os mais recentes

dados da Receita Federal, de 2018. Líderes religiosos

admitem encolhimento de 5% a 40% nas receitas.

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus

Vitória em Cristo, confirmou a redução nas ofertas, mas

disse que é mínima, não justificando sua defesa pela

abertura de templos. "O mundo mudou. Para ter uma

ideia, 80% de tudo o que recebo de oferta e dízimo é

por dispositivos eletrônicos. A queda na arrecadação é

ínfima. A prova é que, do ano passado até aqui, eu

inaugurei 20 igrejas", destacou.

A doação online não é a mais comum no Brasil. O

estudo do IDIS indica que a contribuição em dinheiro é a90

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

opção de 65% dos fiéis. Transferências bancárias e

pagamento via cartão de crédito são escolhidos por

23%. Boletos, por 7%.

Interlocutor de Malafaia na Câmara, o deputado

Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse que sua igreja

não amarga mais do que 10% de redução. "A maioria

das igrejas de capitais teve alguma diminuição da

receita, coisa de 5% ou 10%. Não conheço uma que

tenha despencado 50%", afirmou. "Dizem que a gente

quer a presença física das pessoas por causa

financeira. Não faz sentido. Isso é preconceito contra o

segmento evangélico. Nos veem como gente atrás de

dinheiro."

Deputado estreante, o pastor e sargento aposentado

Isidório (Avante-BA), da Assembleia de Deus, diz ter

ouvido dos pares queixas sobre a baixa arrecadação,

por causa da redução de até 60% nas presenças. "A

igreja é o hospital da alma", comparou Isidório, que

perambula pela Câmara sempre levando uma Bíblia.

Presidente da Frente Parlamentar Evangélica, o

deputado Cezinha de Madureira (PSDSP) minimizou a

questão dos recursos: "O prejuízo maior é para o

próprio fiel, que tem seu direito fundamental de

aconselhamento espiritual atingido, suas liberdades de

culto e liturgia embaraçadas. As igrejas querem cultuar

Deus, interceder pelo País neste momento de crise. O

financeiro vem depois".

Nos Estados Unidos, o encolhimento já foi constatado

em pesquisa. Levantamento da Lifeway Research,

consultoria voltada para igrejas, apontou que, em 60%

dos templos, as doações caíram 25%. Em outros 30%,

a redução superou os 50%. O estudo ouviu 400

pastores protestantes na fase inicial da pandemia.

"A maneira de minimizar isso é por doações remotas,

mas, evidentemente, a perda é maior do que a

capacidade de doação por esses mecanismos", disse

André Miceli, coordenador do MBA de marketing e

negócios digitais da FGV. "Por mais que haja prática

remota, híbrida, e as igrejas estejam se reinventando,

não conseguimos ver uma transferência na mesma

proporção."

Discurso.

Para o pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda -

dissidência da Assembleia de Deus -, o interesse de

alguns líderes religiosos em abrir templos na pior fase

da pandemia vai além do aspecto arrecadatório. "Deve-

se levar em conta não apenas o esforço de pagar as

contas, mas a necessidade de manter o discurso",

afirmou. "Por anos, neopentecostais prometeram uma

espécie de proteção contra outros males que nos

acossam e agora, mais do que nunca, precisam

continuar a dizer que quem frequentar aquela

determinada igreja ficará imune ao coronavírus."

Para Gondim, a sobrevivência institucional das igrejas

deve ficar abaixo da salvação de vidas. Mas ele alerta

que os prejuízos são imensos: "Não se deve medir o

movimento evangélico por igrejas ricas, que estão na

TV e já diversificaram suas rendas. Os pastores de

igrejas em garagens, galpões e que nem conhecem a

internet se encontram em uma situação de extrema

fragilidade".

Com mais de 20 mil templos, a Igreja Pentecostal Deus

é Amor agiu para que templos menores não fechassem.

A cúpula da instituição emitiu comunicado aos pastores

informando que arcaria com várias despesas. A sede da

igreja no Distrito Federal fica em Taguatinga. Líder da

congregação, o pastor Gumercindo do Prado estima

queda de 35% a 40% nas receitas, enquanto crescem

demandas por cestas básicas.

Quando eram permitidos cultos presenciais, a igreja

exigia a limpeza dos sapatos, álcool em gel e aferição

da temperatura na entrada. Em maio passado, sua

capacidade foi reduzida de 600 para 115 pessoas.

"Estamos cientes do perigo que corremos, com tanta

gente morrendo. De forma alguma concordaria em ter

igreja cheia, sem distanciamento", afirmou o pastor

Gumercindo.

PARA LEMBRAR

91

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

Decisão acabou derrubada

Há uma semana, o ministro do Supremo Tribunal

Federal Kassio Nunes Marques autorizou a realização

de celebrações religiosas presenciais em todo o País,

mesmo com o agravamento da pandemia. A decisão do

ministro foi tomada em ação movida pela Associação

Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). A entidade

alegava que a suspensão de cultos e missas violava o

direito fundamental à liberdade religiosa. A Anajure

havia questionado decretos de governadores e prefeitos

que tinham proibido a realização presencial desses

eventos.

Na quinta-feira passada, no entanto, o plenário do STF

decidiu, por 9 votos a 2, que Estados e municípios

podem vetar a realização presencial de missas e cultos

em um esforço para evitar a propagação da covid-19 no

País. Na ocasião, Nunes Marques voltou a defender a

abertura de igrejas e templos, mas foi acompanhado

apenas pelo voto do ministro Dias Toffoli.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

92

COLUNA DO ESTADÃO

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: COM MARIANA HAUBERT

Governadores querem serenidade em CPI

Wellington Dias (PT-PI) resume o que a maior parte dos

governadores e gestores da área de saúde espera da

CPI no Senado. A mando do STF, a comissão a ser

instalada vai apurar descalabros do poder público, com

foco em Jair Bolsonaro e no combate à pandemia da

covid-19. "Se a decisão foi de abrir a CPI, que ela não

se desvie do seu caminho. O Brasil precisa de muita

serenidade, equilíbrio e foco para vencer o coronavírus.

Não dá para perder tempo com falsas guerras diárias",

disse. Em resumo, ninguém quer ver uma "CPI das

Fake News 2".

Lost.

Apesar de atentos para as prováveis omissões do

governo federal, os Estados temem que um desvio de

rota da CPI possa atrapalhar ainda mais o já confuso

Ministério da Saúde.

Caneta.

Também há o medo de que, entre os técnicos, surja o

receio de tomar decisões e assinar despesas. Afinal,

Bolsonaro é mestre em levantar suspeitas, muitas sem

comprovação, de desvios nas verbas.

No ventilador.

Ao menos nove Estados já têm comissões similares à

do Senado, como mostrou o Estadão em março, mas

gestores avaliam que a CPI da Covid-19 deve acabar

mirando Estados e municípios também.

Na trilha.

O MDB no Senado quer a presidência ou a relatoria da

CPI. Os nomes de Eduardo Braga (AM) e Renan

Calheiros (AL) têm circulado. Mas o último, pelo

discurso abertamente de oposição, não deve assumir a

dianteira.

Poker face.

A decisão de Luís Roberto Barroso sobre a CPI da

Covid-19 ajudou a embaralhar todas as cartas da

articulação política do governo, nas palavras de um

assessor palaciano. Em especial, no Orçamento.

Pesou...

Pesquisa do Instituto Renoma mostra que os moradores

da cidade de São Paulo, de alta e de baixa renda,

perceberam queda nas receitas das famílias. A

sensação é maior entre as mulheres e demais cidadãos

com mais de 30 anos.

...no bolso.

"O ganho mensal familiar dos brasileiros diminuiu. Está

difícil para todos, independentemente da renda", afirma

o sociólogo Fábio Gomes, fundador do Bateiah, instituto

ligado ao Renoma.

93

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

Estudo.

Foram entrevistados 205 eleitores de bairros com

moradores de alto e de baixo poder aquisitivo, em 30 de

março último. O nível de confiança é de 95%.

Menu.

A parcela do empresariado crítica a Jair Bolsonaro se

incomodou com o jantar nesta semana por um motivo

especial: o mal gosto de um convescote em meio a

quase 350 mil mortes por covid-19 no País.

Como?

Para o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão do

presidenciável Ciro Gomes, "empresário que defende a

política de Bolsonaro é suicida". "Impossível que alguém

veja momento favorável aos negócios neste momento",

disse.

Oi...

Aloizio Mercadante, ex-ministro de Lula, disse que

alguns dos empresários que estiveram no jantar

"sempre tiveram excelente diálogo ( com o PT) e o fato

não mudará isso".

...sumidos.

"Tínhamos muito mais dificuldade de dialogar com o

empresariado em 2002 do que agora", afirmou

Mercadante.

Click.

Marina Silva prestou homenagem ao Príncipe Philip,

com lembrança de 2008, quando ele entregou-lhe

medalha da ONG WWF pela defesa da Amazônia.

SINAIS PARTICULARES.

Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal

Federal

PRONTO, FALEI!

Danilo Medeiros Conselheiro do Instituto de Formação

de Líderes (IFL)

"O leilão de concessões de aeroportos é positivo. Mas é

importante que ele seja acompanhado de proposta de

privatização ou liquidação da Infraero."

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

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DORRIT HARAZIM - Terra em transe

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: DORRIT HARAZIM

O capitão Jair e o Dr. Jairinho têm algo em comum:

gostariam de virar a página. O primeiro é presidente do

Brasil. Como a responsabilidade pelo caos pandêmico

não sai de seu colo, ele explora tentativas cada vez

mais bizarras de virar a página, de varrer a realidade

fúnebre do país nem que seja aprofundando ao extremo

o precipício. A mortandade que o capitão semeia é

coletiva.

Já o Dr. Jairinho prefere semear terror individual. Por

espancamento. Foi preso com a mulher esta semana

pelo assassinato do enteado Henry, de 4 anos.

Vereador carioca no quinto mandato e habituado a

trafegar nas paralelas, Jairo Souza Santos Junior

procurou varrer a realidade de seu crime ainda no

hospital - pediu, ao arrepio da lei, que o corpo do

menino não fosse encaminhado para o Instituto Médico-

Legal. Pretendia encaminhá-lo a um legista particular

para, em suas próprias palavras, "poder virar a página

logo". Felizmente, não foi atendido. Mais tarde, segundo

relato do devastado pai biológico da criança, o vereador

teria se dirigido a ele em termos ainda mais crus :

"Mermão, vira essa página, vida que segue. Você faz

outro filho".

Frieza insaciável existe.

Jair e Jairinho têm em comum uma desumanidade

doentia. Ela parece não ter fim neste Brasil em transe,

resignado a chorar. É natural chorar pelo menino Henry

mesmo sem tê-lo conhecido, pois os elementos

conhecidos do caso geram empatia universal: o horror e

medo de uma criança brutalizada até desfalecer, a

animalidade de um padrasto espancador, a frieza

criminosa da mãe. Como não querer escancarar os

braços para proteger o miudinho indefeso?

Mais complexa é a subtração diária de vidas brasileiras

levadas pela Covid-19, esse matador silencioso,

invisível, não humano. Mesmo quando tentamos

individualizar alguma morte anônima igualmente cruel, o

pranto não vem fácil em meio aos outros 350 mil que já

se foram. Tome-se o caso da menina de 4 anos, mesma

idade de Henry, cujo corpo foi encontrado no Hospital

Materno Infantil de Brasília por vigilantes da instituição.

Segundo o portal "Metrópoles", o corpo sem vida estava

há mais de 24 horas numa salinha sem ventilação na

entrada da emergência pediátrica, à vista de pacientes

que por ali passassem. Só que o pavor da menina com

suspeita de Covid-19, sua solidão e asfixia antes de

morrer são mais difíceis de imaginar. Permaneceu

anônima, exceto para quem a perdeu.

Tinha razão o dramaturgo e romancista Max Frisch

quando escreveu que, mais cedo ou mais tarde, todo

mundo inventa uma história que acredita ser sua vida.

Nesse sentido - e apenas nesse sentido - , Jair

Bolsonaro não é diferente do resto do mundo. Para

manter sua vida ficcional vedada, ele precisaria "virar a

página" de sua responsabilidade na tragédia brasileira.

Não vai conseguir. Basta responder a uma pergunta de

simplicidade cristalina que aponta a responsabilidade

única do presidente da República no abandono do país:

qual o único brasileiro que poderia ter mudado o curso

da voracidade do vírus? A resposta independe das95

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

complexas deliberações do Judiciário e das

tortuosidades do Legislativo. Ela se fundamenta no

senso comum.

Desde o início da pandemia, a parte dos brasileiros em

condição de optar pelo iluminismo entendeu a seriedade

do perigo, adotou medidas protetivas individuais,

assumiu sua responsabilidade coletiva. Sempre se

manteve decidida a não compactuar com o

obscurantismo. Para que o combate à Covid-19 tivesse

alguma chance de êxito ou racionalidade, teria bastado

convencer o outro Brasil. Esse outro Brasil em estado

de mitomania, aguerrido, porém fiel, teria seguido com

disciplina religiosa qualquer ordem de distanciamento,

uso de máscara ou confinamento emanada da boca do

seu líder. Tamanho poder e privilégio somente o

presidente tinha, com tudo à disposição - cadeia

nacional de rádio e TV diária, se quisesse, redes

sociais, confiança cega de seguidores. Nenhum ministro

da Saúde, nenhuma sumidade científica, nenhum

acadêmico, celebridade ou vencedor do "BBB" teria,

sozinho (nem em conjunto), eficácia semelhante. O

presidente da República preferiu incentivar o

descarrilamento de vidas.

Muito acima das lambanças generalizadas deste Brasil

esgarçado, a responsabilidade de Bolsonaro é única.

Apenas ele, sem precisar de mais ninguém, dado que o

governo o seguiría, teve a chance de evitar o naufrágio.

Nem sequer tentou. Optou pela morte.

Muito acima das lambanças generalizadas deste Brasil

esgarçado, a responsabilidade de Bolsonaro é única

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96

Um ano depois, pautas citadas em reunião avançaram

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - País

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Autor: DIMITRIUS DANTAS E JULIA LINDNER

Há um ano, todos os ministros do governo Bolsonaro se

reuniram para a discussão de um plano que

acreditavam ser o caminho para a superação da

pandemia: obras e investimentos públicos focados no

reaquecimento da economia. A época, o Brasil

registrava 2 .924 mortes pelo coronavírus - não por dia,

mas ao todo - , e as lideranças do governo acreditavam

que o pior já tinha passado. As imagens da reunião, que

vieram a público por decisão do Supremo Tribunal

Federal (STF), mostram que, apesar de avaliações

equivocadas sobre a extensão dos efeitos do vírus,

políticas defendidas no encontro, como a flexibilização

de acesso às armas, foram implementadas.

Marcada pela desorganização, xingamentos e ameaças

a outras instituições, como o Supremo Tribunal

Federal (STF), o encontro, que ocorreu em 22 de abril

de 2020, causou uma crise política que tensionou a

relação com outros Poderes e, dois meses depois, teve

como efeito a demissão de Abraham Weintraub do

Ministério da Educação.

O "responsável" pela divulgação da reunião, Sérgio

Moro - a determinação do então ministro Celso de Mello

partiu de um pedido dele - , também não está mais no

governo, e foi na área que esteve sob sua alçada em

que uma das diretrizes anunciadas pelo presidente Jair

Bolsonaro passará a vigorar. No encontro, o chefe do

Executivo defendeu "armar a população" - a partir de

amanhã, passará a vigorar um decreto que estende

para seis armas o limite que um cidadão pode ter em

casa.

No encontro, Bolsonaro também evidenciou que faria

mudanças em cargos ligados ao Ministério da Justiça e

Segurança Pública, declaração que Moro apresenta

como uma das provas da interferência do presidente na

Polícia Federal. O inquérito que apura o caso ainda está

em aberto no Supremo. De lá para cá, o ex-juiz foi

substituído por André Mendonça, que na semana

passada deu lugar a Anderson Torres - delegado que é

adversário de Moro.

No comando da PF, a tentativa de emplacar Alexandre

Ramagem foi barrada pelo STF, o que levou o posto a

ser ocupado, na ocasião, por Rolando de Souza. Na

semana passada, foi oficializada nova troca: Paulo

Maiurino assumiu a chefia da corporação.

"PASSAR A BOIADA"

Outra frase marcante da reunião partiu do ministro do

Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ao afirmar que a

imprensa estava focada na pandemia, ele defendeu que

seria um bom momento para "passar a boiada",

flexibilizando regras ambientais. Pesquisadores da

UFRJ encontraram 57 dispositivos legais de

desregulação e flexibilização, enfraquecendo regras de

preservação - mais da metade foi publicada após a

frase de Salles.

Já no combate à pandemia, o Ministério da Saúde

voltou para as mãos de um médico Nelson Teich,

presente ao encontro, foi substituído no mês seguinte

pelo general Eduardo Pazuello - , mas apresença de97

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - País

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

Marcelo Queiroga não foi capaz de alterar

completamente a postura de Bolsonaro. O presidente

segue se manifestando contra medidas de isolamento

social e, ontem, circulou sem máscara por Brasília.

Divulgação de imagens da reunião elevou tensão entre

governo e

STF BOLSONARO E MINISTROS CUMPRIRAM O

QUE PROMETERAM DURANTE O ENCONTRO

"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de

Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu

não vou esperar foder minha família toda de

sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar

alguém da segurança na ponta da linha que pertence à

estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe

dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto

final. Não estamos aqui para brincadeira" POLÍTICA

ARMAMENTISTA "Olha, eu tô, como é fácil impor uma

ditadura no Brasil. Como é fácil. 0 povo tá dentro de

casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e

ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a

garantia que não vai ter um filho da puta aparecer para

impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma

ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um

bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo

dentro de casa"

MAIS DINHEIRO PARA OBRAS "Pró-Brasil. É um

programa para integrar, aprimorar ações estratégicas,

os senhores vão ver que o foco, ele não é de Governo,

ele é de Estado. Eu tô tentando fazer uma projeção de

dez anos, tá? É ... eu tô tentando não, nós vamos ter

que fazer isso aí. É ... pra retomada do crescimento

socioeconômico em resposta aos impactos relacionados

ao coronavírus, tá?"

A BOIADA N0 MEIO AMBIENTE "Então pra isso precisa

ter um esforço nosso aqui enquanto estamos neste

momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de

imprensa, porque só fala de Covid e ir passando a

boiada e mudando todo o regramento e simplificando

normas. De Iphan, do ministério da Agricultura, do

ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de

ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços para

dar de baciada a simplificação... É de regulatório que

nós precisamos, em todos os aspectos."

CONFRONTO COM STF "Eu, por mim, botava esses

vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é

isso que me choca. Era só isso presidente, eu

realmente acho que toda essa discussão de "vamos

fazer isso", "vamos fazer aquilo", ouvi muitos ministros

que vi, chegaram, foram embora. Eu percebo que tem

muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem,

assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim

pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar."

COMBATE ÀPANDEMIA "No que depender de mim,

nunca feríamos lockdown. Nunca. É uma política que

não deu certo em lugar nenhum do mundo. (Nos)

Estados Unidos vários estados anunciaram que não tem

mais. Mas não quero polemizar esse assunto aí."

COMO FICOU No início deste mês, Bolsonaro trocou

pela terceira vez o ministro da Justiça. Anderson Torres

assumiu a vaga de André Mendonça, que substituiu

Sérgio Moro após o ex-juiz afirmar que o presidente

tentou interferir na PF. Para o comando da corporação,

foi nomeado Alexandre Ramagem, mas o STF barrou a

indicação por causa da proximidade dele com os

Bolsonaro. Rolando de Souza assumiu o cargo e, agora,

foi substituído por Paulo Maiurino.

Bolsonaro editou quatro decretos que flexibilizam as

regras de compra e posse de armas. 0 limite de armas

para compra passou de quatro para seis. Se a pessoa

atuar na segurança pública, sobre para oito. Produtos

antes vendidos sob o monitoramento do Exército

deixaram de ser controlados. Flouve um crescimento

recorde de 90% de novos registros de armas de fogo

em 2020, em comparação com o ano anterior.

BRAGA NETTO Pelo Orçamento deste ano, R$ 11

bilhões foram destinados a áreas ligadas aos ministérios

comandados por Rogério Marinho (Desenvolvimento

Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que

pressionaram por mais recursos ao longo de 2020.

Também tiveram o Orçamento aumentado os98

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

ministérios de Defesa; Minas e Energia; Agricultura,

Pecuária e Abastecimento; Relações Exteriores e

Economia.

RICARDO SALLES 0 ministro do Meio Ambiente

destacou que, com a atenção da imprensa voltada para

a Covid, o governo poderia "passar a boiada" e publicar

normas de desregulamentação e simplificação que não

precisam de aprovação do Congresso. Pesquisadores

da UFRJ encontraram 57 dispositivos legais de

desregulação e flexibilização, enfraquecendo regras de

preservação. Mais da metade foi publicada após a frase

de Salles.

ABRAHAM WEINTRAUB

Vários foram os momentos de atritos entre STF e

governo Bolsonaro, como o pedido para que Weintraub

explicasse as agressões contra ministros da Corte, o

que terminou com a sua demissão; a diminuição do

prazo para que ministros militares fossem ouvidos no

inquérito da PF aberto após denúncias de Moro; o

pedido de análise sobre a apreensão do celular do

presidente; e buscas e apreensões nas casas de

apoiadores de Bolsonaro.

JAIR BOLSONARO

Por várias vezes, Bolsonaro afirmou que a cobrança

sobre as mortes provocadas pelo novo coronavírus no

Brasil deveria ser feita a governadores e prefeitos que

adotaram medidas de isolamento para tentar conter o

contágio pela Covid-19. O presidente chegou a

apresentar uma ação ao Supremo Tribunal Federal

contra medidas restritivas adotadas por governadores,

que incluem toques de recolher no agravamento da

pandemia. O STF negou o pedido.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

99

LAURO JARDIM

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

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Briga de estrelas

No dia seguinte à demissão de Eduardo Pazuello do

Ministério da Saúde, o gabinete presidencial foi palco de

uma acalorada discussão entre ele e o ministro Luiz

Eduardo Ramos - tudo devidamente testemunhado por

Jair Bolsonaro. A reunião havia sido tensa por causa

das menções à corrupção feitas no discurso de

despedida de Pazuello do ministério. Mas foi na saída

da sala que o tempo esquentou. "Ramos", disse o ex-

ministro tentando reiniciar a conversa. "Ramos, não.

General Ramos. Você é general de divisão, eu sou de

Exército e não vou falar com você". O papo acabou por

aí. Ou, para usar a célebre frase de Pazuello, dita para

descartar a chance de ele discordar de Bolsonaro: "É

simples assim: um manda e o outro obedece".

BRASIL

Sem função A

liás, quase um mês depois de ser demitido, Pazuello

continua sem função definida.

Na semana passada, esteve no Palácio do Planalto.

Mas permanece perambulando como um morto-vivo.

Evento "pauta-bomba"

O Ministério da Economia trabalha pelo veto de um

projeto classificado por técnicos da pasta como a nova

"pauta-bomba" do Congresso. E um pacote de socorro

ao setor de eventos, que fez intenso lobby entre os

parlamentares sob alegação de prejuízos com a

pandemia. Ocorre que, para a equipe de Guedes, os

congressistas foram muito generosos. Entre outros

pontos, zeraram impostos federais por cinco anos.

Pelas contas de técnicos, uma perda de R$ 100 bilhões

em arrecadação no período.

JUDICIÁRIO

Alta velocidade

O STF recebeu na segundafeira passada o pedido de

habeas corpus 200 mil. Trata-se de uma tentativa de

revogar a prisão preventiva de um homem detido com

um revólver. Mas o que esse número revela? Uma

explosão de HCs na Corte. O primeiro pedido desse tipo

de que se tem notícia no Supremo foi impetrado em

1870. Somente em 2009, chegouse à marca de 100 mil

HCs protocolados. Ou seja, foram precisos 139 anos

para chegar aos primeiros 100 mil pedidos de habeas

corpus. E apenas doze anos para atingir os 200 mil.

Súmulas desprezadas Internamente e em público, os

ministros vêm criticando o excesso de HCs que tomam

o trabalho na Corte. Dizem que eles têm tornado o

Supremo uma "quarta instância". Para os magistrados,

muitos são protocolados porque tribunais inferiores

deixam de seguir súmulas do STF.

Fim da lua de mel

Bem recebido como novo presidente do Senado pelo

Supremo, Rodrigo Pacheco terminou a semana sob

olhar de desconfiança de magistrados. A avaliação feita100

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

em conversas entre ministros é que, na tentativa de ficar

bem com todos os lados, ele jogou a crise no colo do

STF. Não só no episódio da CPI da Pandemia. Na

última semana, Pacheco desistiu de votar propostas que

sustam decretos de armas de Bolsonaro. Eles entram

em vigor esta semana. A expectativa é que o tema seja

decidido, mais uma vez, pelo STF.

GOVERNO

Tempo quente

Para que o leitor entenda melhor como estão

tensionadas as relações no governo, vale repetir a

expressão com a qual Paulo Guedes já se referiu várias

vezes a Rogério Marinho nas últimas semanas - e

diante de outros ministros: "batedor de carteira". O

epíteto refere-se a uma suposta maneira desleal de

Marinho em conseguir mais verbas para o seu

ministério.

Nova reforma

Jair Bolsonaro deu o o.k. para uma reforma no Palácio

do Planalto - desta vez, não uma reforma ministerial,

mas na ocupação do prédio principal. Alguns órgãos e

assessorias serão transferidos para os anexos. E

outros, como a AGU, deixam os anexos para ganhar

salas localizadas mais perto do presidente. A propósito,

Hamilton Mourão permanece na periferia, ou seja, no

Anexo II.

A brasileira As cerca de 40 pessoas que se reuniram na

semana passada para jantar com Jair Bolsonaro em

São Paulo, entre empresários e ministros, tinham uma

característica em comum: eram todos homens e todos

brancos.

ELEIÇÕES 2022

Nem de centro, nem de direita e nem...

A interlocutores, Gilberto Kassab tem revelado que o

PSD não terá candidato a presidente no primeiro turno

de 2022.

SAÚDE

Vai passar

Na quarta-feira, completa um ano que Osmar Terra

lustrou sua bola de cristal e, numa sessão da Câmara,

previu boas novas em relação à Covid: "O pico da

pandemia já passou em São Paulo. O pico é quando

mais de 60% das pessoas já estão contaminadas. É a

imunidade de rebanho. O colapso anunciado não irá

acontecer. A epidemia está terminando dentro de duas,

três semanas em São Paulo". Duas semanas atrás, o

oráculo Terra foi recebido em audiência por Jair

Bolsonaro.

O escritor Lázaro Ramos vai começar a dar um enfoque

maior à sua carreira de escritor. Está escrevendo uma

obra inédita para adultos e vai lançar seu primeiro título

para adolescentes. O novo livro tem "Medida

Provisória", a recente estreia de Lázaro na direção

cinematográfica, como ponto de partida para reflexões

sobre as linguagens e abordagens dele como artista. Ao

longo do filme, o ator gravou um diário do diretor para si

mesmo, que será usado na obra. A ideia é pensar como

proporcionar diálogos em tempos de caos usando a arte

como meio. Já o livro infantojuvenil foi finalizado em

janeiro e sairá pela Companhia das Letras. Há cinco

anos sendo rascunhado, "Você não é invisível", título

provisório, fala sobre dois irmãos que moram sob o

mesmo teto, mas não conseguem se relacionar. Além

dos lançamentos, seus títulos infantis serão publicados

no exterior. "Edith e a Velha Sentada" já está em

negociações com editoras africanas. O foco na literatura

é fruto da parceria com Pascoal Soto, que passa a ser

seu agente literário e vai gerenciar a carreira de Lázaro

como autor.

Caminhos cruzados João Marcelo, o mais velho dos três

filhos de João Gilberto, está tentando produzir um

documentário sobre o pai, que comemoraria os 90 anos

no dia 10 de junho. Os convites para amigos e artistas

próximos do pai da Bossa Nova já estão sendo feitos -

como NanaCaymmi, por exemplo. Não será uma tarefa

fácil para João Marcelo, 61 anos e há décadas morando101

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - STF

nos EUA. A feroz disputa judicial dele com a irmã Bebel

deve levar alguns contatados a ficar de fora do projeto.

Semgeosmina São dois os candidatos que estão

disputando para valer o controle da Cedae, no maior

leilão do setor de infraestrutura deste ano no Brasil, que

será realizado no dia 30: a Aegea Saneamento

(sociedade do grupo Equipav com o Fundo Soberano de

Cingapura) e o consórcio que reúne a BRK Ambiental e

a Vinci Partners. O lance mínimo é de R$ 10,6 bilhões e

o vencedor terá a obrigação de investir R$ 31 bilhões

nos próximos doze anos.

Comfibra Sem alarde, a EB Fibra, empresa provedora

de fibra ótica, que anunciou dias atrás Pedro Parente

como o seu novo presidente, iniciou seu road show com

vistas a abrir o capital em2022.

O mistério de Luna O general Silva e Luna, que assume

a presidência da Petrobras nos próximos dias, ouviu

numa das reuniões que fez com diretores da estatal que

é fundamental a manutenção da política de preços

alinhada dos combustíveis com a variação do preço do

petróleo no mercado internacional - numa dessas

reuniões, até Roberto Castello Branco, o atual CEO,

participou. Luna ouviu, mas, enigmático, não deu sinais

do que fará. Como ele vai se equilibrar entre as

demandas do mercado financeiro e as exigências de

Jair Bolsonaro de controle de preços, ninguém ainda

descobriu - ainda que seja óbvio que a balança penderá

para o lado do presidente.

Problema a menos O bilionário Lirio Parisotto já havia

vendido há algum tempo seu jato. Passara a voar em

aviões de carreira, como um comum mortal.

Só que surgiu a Covid e, com ela, os riscos de se voar

em aviões lotados. Parisotto resolveu o problema:

comprou um jato novamente.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

102

'HÁ MOVIMENTOS PARA CONTER AVANÇOS DA FORÇA-

TAREFA

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domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

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ENTREVISTA

Eduardo El Hage/ Procurador e ex-chefe da Lava-Jato

O firn da força-tarefa da Lava-Jato no Rio, em março,

não representa uma trégua aos agentes públicos

envolvidos em corrupção, diz o procurador da República

Eduardo El Hage. Depois de coordenar por cinco anos o

grupo do Ministério Público Federal no Rio que prendeu

o ex-governador Sérgio Cabral, entre mais de 300

pessoas que integravam esquemas criminosos no

estado, El Hage assume agora, por dois anos, o

comando do Grupo de Atuação Especial de Combate ao

Crime Organizado (Gaeco) no âmbito do MPF-RJ.

Quais são as suas expectativas no Gaeco federal?

Vamos ampliar as linhas de investigação produzidas

nas ações da 7- Vara Federal Criminal, com os casos

do ex-governador Sérgio Cabral e da construção da

usina nuclear de Angra 3. Podemos atuar agora em

corrupção em estatais, crimes financeiros, tráfico

internacional de armas e drogas e outros da esfera

federal.

O chamado caso "vaza-jato" atrapalhou as operações

anticorrupção no Rio?

No Rio, apesar de termos sido vítimas de tentativas de

ataques, não tivemos os dispositivos invadidos. Quanto

às mensagens, é difícil atestar a cadeia de custódia da

prova. Tanto no material divulgado pelos hackers

quanto na Operação Spoofing, houve violação da

cadeia de custódia. Nessas condições, os invasores

podiam fazer o que quisessem com o conteúdo. Material

sem validade jurídica.

O senhor identifica alguma ação orquestrada para

esvaziar a Lava-Jato?

Há um movimento para conter alguns avanços originado

de frentes no Legislativo, Executivo e Judiciário.

Alguns até com bons propósitos, como a decisão do

ministro Gilmar Mendes (do STF) de restringir a

condução coercitiva, uma medida acertada para

preservar o direito do acusado. Mas outras medidas

impuseram um prejuízo grande.

O que representou a prisão de Sérgio Cabral?

O afastamento da política fluminense do líder de uma

grande organização criminosa, que comandou

esquemas que tinham braços na Alerj, no Ministério

Público do Estado do Rio, no Tribunal de Contas do

Estado, em secretarias e empresas de ônibus. As

operações mostraram que havia um jogo de cartas

marcadas com o dinheiro público. O problema se repetiu

com o governo estadual no ano passado. Nossas

operações, pelo visto, não tiveram o esperado efeito

dissuasório.

Porque os corruptores fluminenses não recuaram?

No Brasil, a impunidade ainda é regra. Há uma

dualidade entre prisões preventivas e impunidade

absoluta. O dito pacote anticrime aumentou garantias

individuais, especialmente, nos crimes de colarinho103

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - País

domingo, 11 de abril de 2021Judiciário - Judiciário

branco, mas falhou em não prever a possibilidade de

prisão após julgamento em segunda instância. Hoje,

temos, então, restrições a prisões preventivas e um

sistema que impõe o esgotamento de quatro instâncias

para o cumprimento de pena.

Como vê os ataques que a Lava-Jato recebeu?

Setores da esquerda veem o combate à corrupção

como uma bandeira da direita e afirmam que o mal do

Brasil é a desigualdade social. Ocorre que nenhuma

política pública é capaz de ser implementada se o

governador, a Assembléia Legislativa e o Tribunal de

Contas estiverem mais preocupados em se locupletar

de recursos públicos do que de criar programas sociais.

Não haverá redução da desigualdade social enquanto a

política for povoada por pessoas que têm uma única

bandeira: a própria. ( Chico Otávio)

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

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Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir imunizante contra Covid-19

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do

Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se reuniu neste

sábado (10) com o ministro da Saúde, Marcelo

Queiroga, para debater a possibilidade de uso de

fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou. "É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da Covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê --a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

105

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da Astrazeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Covid-19,

Judiciário - Coronavírus

106

Covid-19: mortes de profissionais de penitenciárias aumentou em quase 6

vezes, diz CNJ

Conselho Nacional de Justiça - CNJNotícias do Dia/Santa Catarina - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Presos

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No último trimestre, segundo dados do CNJ (Conselho

Nacional de Justiça), o número de mortes de

profissionais do sistema penitenciário e socioeducativo

em decorrência da Covid-19 cresceu 487%.

O balanço aponta 94 novos óbitos nos últimos três

meses, contra 16 entre outubro de 2020 e janeiro de

2021. Somente em março, 42 servidores e servidoras

de estabelecimentos prisionais morreram em

decorrência da doença segundo dados oficiais.

Em unidades socioeducativas, o número total de óbitos

no período saltou de 38 para 53.

Leia mais

Desde o início da pandemia, foram 78.029 casos da

Covid-19 confirmados em estabelecimentos do sistema

prisional e unidades do sistema socioeducativo.

Somente no sistema penitenciário foram registradas 70

mil ocorrências, sendo 51 mil de presos e 18 mil de

profissionais.

As mortes, em unidades penitenciárias, são 322, sendo

159 de presos e 163 de funcionários, enquanto no

socioeducativo foram registrados 1.846 casos de

contaminação entre adolescentes em privação de

liberdade, além de 6.128 entre funcionários, com 53

mortes, sendo todas de funcionários.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Presos,

Judiciário - Sistema Prisional, Judiciário -

Socioeducativo, Judiciário - Covid-19

107

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal contra

Covid-19

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Tempo online/Minas Gerais - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

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Autor: FOLHAPRESS

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado (10) com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas. Também participou do encontro o senador

Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da comissão

temporária criada para acompanhar as ações contra a

Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou."É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento. Pacheco foi o articulador inicial da ideia de

instituir um comitê nacional para enfrentamento da

Covid-19, anunciado em 24 de março pelo presidente

Jair Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco. Hoje, no Brasil, a

produção de vacinas é feita pela Fiocruz, responsável

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Conselho Nacional de Justiça - CNJO Tempo online/Minas Gerais - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

por doses da Astrazeneca, e pelo Instituto Butantan,

que fabrica a Coronavac.

---

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Covid-19,

Judiciário - Coronavírus

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É preciso desjudicializar ou descentralizar a execução civil

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/Nacional - opinião

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

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Autor: Juliana Melazzi Andrade

A desjudicialização da execução consiste na retirada do

processo de execução do Poder Judiciário para que

outros sujeitos passem a ser responsáveis por auxiliar

credores a satisfazer créditos contidos em títulos

executivos. O objetivo precípuo dessa mudança é

"desafogar" o Judiciário, haja vista a alta carga de

processos executivos em trâmite por longos anos, e

tornar a execução mais efetiva e eficiente para credores

e devedores [1].

O tema da desjudicialização da execução vem se

tornando mais comum nos debates jurídicos. Desde o

início da pandemia da Covid-19, temos observado

diversas lives e congressos virtuais sobre o tema,

acompanhados de importantes contribuições e

sugestões ao projeto de lei em tramitação no Congresso

Nacional (PL 6.204/2019).

Fato é que essas propostas em palestras, somadas a

poucas reflexões teóricas mais elaboradas, evoluíram

para que a desjudicialização da execução se converta

em uma possibilidade real no médio prazo. o que exige

a elaboração de propostas sólidas pelos juristas a fim

de evitar que a alta carga de processos executivos no

Brasil não seja apenas transposta para uma outra

seara. Sem diagnosticar os problemas e sem propor

soluções adequadas, desjudicializar poderia revelar-se

mudar a ineficiência de lugar: do Judiciário para outra

sede. É necessário pensar, portanto, como podemos

efetivamente contribuir para a melhoria do dia a dia dos

advogados, magistrados, promotores e procuradores.

O mencionado PL 6.204/2019 previu como responsável

pela execução o tabelião de protestos, com o objetivo

de retirar os processos de execução do Poder

Judiciário.

Uma outra proposta foi por nós desenvolvida no Grupo

de Pesquisa Transformações nas Estruturas

Fundamentais do Processo, na Universidade Estadual

do Rio de Janeiro (Uerj), coordenada pelo professor

Antonio Cabral, com a elaboração de um anteprojeto de

lei sobre o tema [2].

A proposta do anteprojeto da Uerj é no sentido de que o

processo de execução seja iniciado perante o juiz, que

exercerá uma cognição inicial para certificar se estão

presentes os requisitos para a caracterização do título

executivo de modo a autorizar a prática dos atos

executivos [3] [4]; determinar que se prove a

implementação de termo ou condição que interferem na

exigibilidade do título; converter a execução em

procedimento comum ou monitório; ou extinguir o

processo sem a resolução do mérito.

Em seguida, haveria uma delegação da competência

para a prática de atos executivos a um agente de

execução por meio de livre distribuição, o que se

diferencia do artigo 6º do PL 6.204/2019, que prevê que

os títulos executivos seriam apresentados diretamente

ao tabelionato, com prévio protesto do título. No modelo

do anteprojeto da Uerj, portanto, o processo seguiria

como um processo judicial normal, com número do CNJ,

mas a condução dos atos executivos se daria por um

agente de execução, sob supervisão do juiz. Há, assim,110

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/Nacional - opinião

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

uma verdadeira descentralização da execução, sem que

haja propriamente exclusão do juiz (descentralização

sem desjudicialização, portanto).

De fato, pela óptica de uma execução conduzida por

sujeitos externos ao Judiciário, muito se discute se a

execução deveria ser conduzida por agentes públicos

ou por agentes privados. Os formatos já existentes em

outros países variam, havendo modelos em que órgãos

administrativos públicos conduzem a execução, como

Finlândia, Suécia, Polônia e Suíça; modelos em que são

profissionais liberais, como Macedônia, Lituânia,

Letônia, Portugal, Bélgica, Eslováquia, Holanda, França;

e modelos mistos, como Ucrânia, Albânia, Bulgária e

Cazaquistão.

Nesse sentido, já defendemos que a condução da

execução pode se dar por agentes privados, o que não

parece tão estranho à realidade brasileira. Temos, por

exemplo, o administrador judicial na recuperação judicial

e falência, que é um agente privado que efetivamente

conduz o processo junto ao juiz. O administrador judicial

atua desde o início da recuperação judicial e falência

até o término do procedimento, sobretudo como

responsável pela consolidação do quadro-geral de

credores após a apresentação das habilitações,

divergências e impugnações, mas também ao auxiliar

na prática de outros atos. Inclusive, o administrador

judicial adquiriu novas e importantes funções com a Lei

nº 14.112.2020, como estímulo a autocomposição e

resposta a ofícios e solicitações de outros juízos e

órgãos públicos sem a intermediação do juiz (artigo 22,

I, "j" e "m", da Lei nº 11.101/05).

Mas o CPC também prevê agentes privados para

atuação pontual, como se vê na nomeação de um

administrador, em processos de execução, quando há

penhora de quotas e ações de sociedades empresárias

(artigo 861, §3º, do CPC), de estabelecimento (artigo

862 do CPC), de percentual de faturamento de empresa

(artigo 886, §2º, do CPC) ou de frutos e rendimentos de

coisa móvel ou imóvel (artigo 868 do CPC),

Assim, admite-se no ordenamento jurídico brasileiro,

sem maiores discussões, a atuação de agentes

privados auxiliando o Poder Judiciário, com exigências

de qualificação e controle sobre quem exercerá tais

funções, como no caso do administrador judicial, pois

deverá ser profissional "idôneo, preferencialmente

advogado, economista, administrador de empresas ou

contador, ou pessoa jurídica especializada" (artigo 21 da

Lei nº 11.101/05), na mesma linha do que viemos

defendendo em relação aos agentes de execução.

Na verdade, seja como agentes públicos externos ao

Judiciário, seja como agentes privados ou profissionais

liberais delegatários de uma função pública, deve ser

buscado um modelo que melhor atenda às

necessidades do processo civil brasileiro.

Nesse sentido, é importante termos um processo de

execução efetivo, sendo absolutamente fundamental

que o agente de execução tenha acesso a uma base de

dados de bens do devedor - até mesmo para que se

saiba se vale a pena prosseguir na execução -, a fim de

evitar que os processos de execução continuem sendo

um encadeamento de tentativas frustradas de localizar e

penhorar bens, sem que previamente se tenha certeza

sobre a sua solvência.

Ao nosso ver, parece ser mais simples a implementação

de um modelo em que continuemos com os processos

judiciais, principalmente por hoje termos a maior parte

dos processos eletrônicos, de modo que teríamos uma

plataforma digital única (CNJ) com acesso igualitário

pelas partes, juiz e agente de execução [5].

Na prática, o processo seria constituído e ganharia

número no Poder Judiciário, e se seguiria a "abertura da

conclusão" ao agente de execução, em vez do juiz, para

a prática da maior parte dos atos processuais.

A manutenção de um único sistema eletrônico até

mesmo facilitaria a supervisão judicial sobre a atuação

do agente de execução. Já haveria um juízo para o qual

distribuído o processo, caso fosse necessário que o juiz

fosse chamado a decidir alguma impugnação dos atos

praticados pelo agende de execução.

Além disso, seguindo o modelo proposto pelo111

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/Nacional - opinião

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

anteprojeto da Uerj, o processo de execução continuaria

a abranger e a dar um tratamento uniforme a todos os

devedores, com exceção, é claro, da execução

concursal regida pela Lei nº 11.101/05, o que não

ocorre no PL 6.204/2019, que faz expressa ressalva a

participação de incapaz, condenado preso ou internado,

pessoas jurídicas de direito público, massa falida e

insolvente civil.

Da mesma forma, a proposta do anteprojeto continuaria

a abranger todas as obrigações, e não apenas a

obrigação de pagar quantia líquida, certa, exigível, como

consta no artigo 6º do PL ora em tramitação no

Congresso Nacional.

Acrescente-se que entendemos ser impossível retirar

por completo o processo de execução do Poder

Judiciário. Embora desejável delegar a um agente de

execução a prática concreta de atos executivos,

inevitavelmente surgirão impugnações e embargos que

deverão ser decididos pelo magistrado, lembrando

ainda a impossibilidade de eliminar por completo as

competências executivas do juiz para decretação de

prisão civil do devedor de alimentos, sem falar nos

questionamentos que podem surgir sobre a

possibilidade de um agente de execução decidir pela

implementação de medidas executivas atípicas (artigos

139, IV, 536 e 537 do CPC). Daí parecer ser mais

correto falar-se em descentralização, e não

propriamente desjudicialização.

De todo modo, um ponto que todos concordam é que o

aprimoramento da execução civil, a fim de atribuir-lhe

mais eficiência, deve estar entre as preocupações mais

urgentes do legislador. A questão a ser debatida, nos

próximos anos, é o modelo mais adequado ao Brasil, se

um formato de maior exclusão dos juízes ou um modelo

de descentralização e supervisão judicial.

[1] Sobre o tema no Brasil, por todos: RIBEIRO, Flávia

Pereira. Desjudicialização da execução civil. 2. ed.,

Curitiba: Juruá, 2019.

[2] Anteprojeto publicado na Civil Procedure Review, v.

12, n. 1, jan.-abr./2021, p. 212-234, e disponível em:

https://www.academia.edu/44477847/ANTEPROJETO_

DE_LEI_ATRIBUI%C3%87%C3%83O_DA_PR%C3%81

TICA_DE_ATOS_EXECUTIVOS_PARA_AGENTES_DE

_EXECU%C3%87%C3%83O_NO_CUMPRIMENTO_D

E_SENTEN%C3%87A_OU_NO_PROCESSO_DE_EXE

CU%C3%87%C3%83O_PROPOSTA_DE_ALTERA%C

3%87%C3%95ES_AO_C%C3%93DIGO_DE_PROCES

SO_CIVIL_E_%C3%80_LEI_DE_EXECU%C3%87%C3

%95ES_FISCAIS.

[3] O anteprojeto teve como ponto de partida muitas das

sugestões desenvolvidas pela autora deste artigo

publicadas em: ANDRADE, Juliana Melazzi. A

delegação do exercício da competência no processo

executivo brasileiro. Revista de Processo, vol. 296,

out./2019, p. 111-147; ANDRADE, Juliana Melazzi. A

condução do processo de execução por agentes

privados. In: MEDEIROS NETO, Elias Marques de;

RIBEIRO, Flávia Pereira. Reflexões sobre a

desjudicialização da execução civil. Curitiba: Juruá,

2020, p. 545-470. As ideias desenvolvidas nesses

artigos constaram em Parecer do Conselho Federal da

OAB sobre o PL 6.204/2019 e tiveram como importante

referência teórica o tema da delegação de

competências desenvolvido por Antonio Cabral em sua

tese de titularidade na UERJ, recentemente publicada

como livro: CABRAL, Antonio do Passo. Juiz natural e

eficiência processual: flexibilização, delegação e

coordenação de competência no Processo Civil. São

Paulo: RT, 2021.

[4] SICA, Heitor Vitor Mendonça. Cognição do juiz na

execução civil. São Paulo: RT, 2017, p. 191-192.

[5] Essa foi uma das sugestões feitas pelo professor

Miguel Teixeira de Souza (Universidade de Lisboa) ao

comentar o anteprojeto em discussão na academia.edu.

Juliana Melazzi Andrade é mestranda em Direito

Processual pela Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ), pesquisadora do Grupo de Pesquisa

Transformações nas Estruturas Fundamentais do

Processo Civil-UERJ.

Revista Consultor Jurídico, 10 de abril de 2021, 15h10112

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sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Covid-19

113

Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal contra

Covid-19

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sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

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Autor: FOLHAPRESS

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu neste sábado (10) com o ministro da Saúde,

Marcelo Queiroga, para debater a possibilidade de uso

de fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas. Também participou do encontro o senador

Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da comissão

temporária criada para acompanhar as ações contra a

Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou."É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento. Pacheco foi o articulador inicial da ideia de

instituir um comitê nacional para enfrentamento da

Covid-19, anunciado em 24 de março pelo presidente

Jair Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê -a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

municipais será feita por Pacheco. Hoje, no Brasil, a

produção de vacinas é feita pela Fiocruz, responsável

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por doses da Astrazeneca, e pelo Instituto Butantan,

que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Covid-19,

Judiciário - Coronavírus

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Pacheco e Queiroga discutem uso de fábricas de vacina animal para

produzir imunizante contra Covid-19

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do

Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se reuniu neste

sábado (10) com o ministro da Saúde, Marcelo

Queiroga, para debater a possibilidade de uso de

fábricas de vacina animal para produzir imunizantes

contra a Covid-19 e também o cronograma de aquisição

de vacinas.

Também participou do encontro o senador Confúcio

Moura (MDB-RO), presidente da comissão temporária

criada para acompanhar as ações contra a Covid-19.

Na conversa, foi tratada a antecipação de fornecimento

de doses, além da conversão de parques industriais de

vacinas para animais para a fabricação de imunizantes

contra o novo coronavírus. "É uma possibilidade

concreta trabalhada pelo Ministério da Saúde", disse

Pacheco.

Pacheco também ouviu a posição do Ministério da

Saúde sobre patentes, em especial um projeto que

tramita no Senado sobre o tema, e discutiu insumos

para sedação, medicamentos para atendimento dos

pacientes de Covid-19 e a distribuição de oxigênio aos

hospitais onde estão internados doentes.

"Esse cronograma de trabalho, de maneira coordenada

e inteligente, colaborativa do Congresso Nacional e do

Ministério da Saúde é que nos fará sair desse momento

crítico que nós estamos vivendo", afirmou. "É muito

importante nós não perdermos o foco, nós mantermos a

união, a pacificação, o diálogo permanente, com as

soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros,

que é a pandemia."

A reunião ocorreu dois dias depois de o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal),

ordenar a instalação de uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) pelo presidente do Senado.

Na decisão, o ministro do STF afirmou que já estavam

presentes os requisitos necessários para a abertura da

comissão, como a assinatura favorável de mais de um

terço dos senadores, e argumentou que o chefe do

Senado não poderia se omitir em relação ao tema.

Em entrevista à Folha, Pacheco disse que não mexerá

"um milímetro" para impedir a atuação da CPI da Covid,

embora diga ser contrário à sua instalação neste

momento.

Pacheco foi o articulador inicial da ideia de instituir um

comitê nacional para enfrentamento da Covid-19,

anunciado em 24 de março pelo presidente Jair

Bolsonaro após uma reunião com ministros, o

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o

presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será

formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por

um representante do CNJ (Conselho Nacional de

Justiça).

Governadores e prefeitos foram excluídos do comitê --a

interlocução das demandas dos Executivos estaduais e

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Conselho Nacional de Justiça - CNJPortal do Holanda/Amazonas - Noticias

sábado, 10 de abril de 2021Judiciário - Covid-19

municipais será feita por Pacheco.

Hoje, no Brasil, a produção de vacinas é feita pela

Fiocruz, responsável por doses da Astrazeneca, e pelo

Instituto Butantan, que fabrica a Coronavac.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Covid-19,

Judiciário - Coronavírus

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