xix olimpíada méxico - 68 aspectos técnicos evolutivos

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ASPECTOS TÉCNICOS EVOLUTIVOS

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ASPECTOS TÉCNICOS EVOLUTIVOS

XIX OLIMPÍADA M É X I C O - 68 ASPECTOS T É C N I C O S EVOLUTIVOS

1 II.. CPO ?>?>=rt%^ I LIVRO TÉCNICO EDITADO PELA DIVISÃO DE

EDUCAÇÃO FÍSICA DO M. E. C . E DESTINA­

DO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS E S P E ­

CIALIZADOS.

DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

BRASÍLIA, D. F.

BRASIL

EDIÇÃO MAIO 1969

XIX OLIMPÍADA M É X I C O - 68 ASPECTOS T É C N I C O S EVOLUTIVOS

COLABORADORES Arthur Orlando da Costa Ferreira Diretor da Divisão de Educação Física do MEC.

Antônio Boaventura da Silva Esco la de Educação Física de São Paulo.

Athayde Ribeiro da Silva Sociedade Internacional de Psicologia Des­portiva.

Cláudio Pêcego de Moraes Coutinho Escola de Educação Física do Exército.

Clovis do Nascimento Técnico da Seleção Olímpica de Atletismo.

Guilherme Augusto do Eirado Silva (Buck) Técnico da Seleção Olímpica de Remo

Hilton de Almeida Técnico da Seleção Olímpica de Pólo Aquático.

João Jardim Peclat Esco la de Educação Física de Goiás.

José Tarouoo Corrêa Técnico da Equipe de Tiro do Exército.

Júlio Delamare Presidente do Conselho Técnico de Natação da C B D .

Lamartine Pereira da Costa Divisão de Educação Fis ica do MEC.

Manoel José Gomes Tublno Centro de Esportes da Marinha.

Mário Carvalho Pinl Médico Chefe da Delegação Olímpica Brasileira

Ovídlo Silveira Souza Divisão de Educação Física do MEC.

Paulo Emmanuel da Hora Matta Técnico da Seleção Olímpica de Volibol.

Raimundo Nonato de Azevedo Assistente Técnico da Seleção Olímpica de Basketebol.

Ruthenio de Aguiar Divisão de Educação Física do MEC.

Siegfried Flscher Presidente do Conselho Técnico de Ginás­tica da C B D .

COORDENAÇÃO Lamartlne Pereira da Costa

APRESENTAÇÃO

Ê com incontida satisfação que a Divisão de Educação Físi­ca do Ministério da Educação e Cultura entrega ao público bra­sileiro, principalmente aos que têm o poder de decisão e aos responsáveis diretos e indiretos pela educação do nosso povo, o presente trabalho — X I X OLIMPIADAS-MÉXICO-68 — Aspec­tos técnicos e evolutivos — fruto não apenas de observação única, individual, porém de várias pessoas das mais categoriza­das no assunto, cuja cooperação nos foi possível conseguir.

Pelo que sabemos, neste campo de atividades, é iniciativa pioneira, essa de uma equipe de observadores oficiais do Brasil reunir, em alentado volume, a análise, a reflexão e a apreciação de diversos técnicos sobre a composição e o desenrolar daquilo que se vem perpetuando através dos séculos com o nome de OLIMPÍADAS, o maior acontecimento mundial dos desportos, que cada vez mais se alteia em fervor, em número de participan­tes e em perfeição.

As observações da organização e o livro que ora vêm a lume foram planejados tomando-se por base, primordialmente, o fato de que muito pouco tem sido assimilado das Olimpíadas pelos técnicos brasileiros.- Assim, a presente publicação completa um ciclo de informações, iniciado com a nossa edição Planejamento México e seguida da Moderna Ciência do Treinamento Despor­tivo. Como não há, além dêsses, entre nós, trabalho sistemati­zado e veículos adequados de comunicação para os especializa­dos, somente os pouquíssimos que comparecem a êsses jogos têm oportunidade de captar o progresso havido no setor e, em conseqüência, evoluir individual e profissionalmente de acordo com as exigências dos temp03 que atravessamos.

A maioria imensa dos nossos professores tem ficado privada dos benefícios dos conhecimentos renovados e das técnicas mais avançadas, o que os impossibilita de atualização e da eficiência profissional requerida pela tumultuada época presente.

Ê sobejamente sabido que as Olimpíadas constituem os mar. cos evolutivos culminantes da Educação Física e dos Desportos no mundo inteiro. Um levantamento de sua organização e de seus pormenores técnicos era urgente e se impunha, para o ade­quado acompanhamento do setor, como uma necessidade inadiá­vel a atender de nossa gente, ávida de progresso. .

A evolução científica e tecnológica vem-nos mostrando .que o homem do futuro, mais do que o de períodos pretéritos, pre­cisa ser dotado de constituição orgânica altamente hígida, har­mônica na evolução e funcionamento de suas parte$, possuidor de resistência incomum, tudo perfeitamente integrado na inte-lecção individual.

O treinamento desportivo tem tomado rumos imprevistos, conduzindo o praticante a um estado de perfeição' pessoal e téc­nica impressionante. Modernos métodos vêm sendo utilizados no preparo físico do homem em todos os setores das atividades profissionais. E nós, brasileiros, não poderíamos ficar alheios e distanciados dos novos processos educacionais, sob pena de prolongarmos mais ainda o já enorme período de atraso em que estamos em relação aos povos vanguardeiros.

Na direção da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura, sentimos a premente necessidade de tam­bém ela seguir de perto a evolução mundial dessas atividades. Por isso, propusemos ao Governo federal o envio, ao México, de

•observadores habilitados e capazes de desenvolver um trabalho adredemente planejado. Foi, portanto, com júbilo que recebe­mos a aprovação da proposta, regozijo que se redobra agora com o término desta publicação, que temos a honra de passar ao domínio do público brasileiro, cumprindo, dêsse- modo, um dos seus principais objetivos — a democratização da informação técnica.

Ressalte-se que a tarefa não se resumiu em um navegar em mar sereno e azul. Ao grupo de observadores não foi fácil o acesso às melhores e essenciais fontes de informação, tanto a administrativa do grande empreendimento, como ainda a de organização e técnica, pois teve de enfrentar inúmeros fatores adversos, como sejam: impossibilidade de se hospedar a equipe

de observadores Tia Vila Olímpica, ponto de convergência das informações pertinentes, e, mesmo, a de conseguir para ela cre­denciais que atenuassem as dificuldades da missão; acúmulo de atividades diárias; localidades de realização muito distanciadas umas das outras; transporte escasso para atender à massa de milhares e milhares de espectadores e participantes; dirigentes atarefadissimos, todos voltados para a preocupação máxima do Governo mexicano — a eficiência, o sucesso do encargo de orga­nizar e executar o acontecimento desportivo de maior projeção, mundial.

Embora tais percalços, vultosos foram os dados coletados, o que forçou o grupo a proceder a uma seleção, com o objetivo de o trabalho se restringir aos pontos essencialmente funda­mentais e de interesse para o Brasil.

Ainda por motivo desses obstáculos, a direção do grupo de observadores recorreu à colaboração de alguns técnicos da re­presentação brasileira, que viveram e conviveram, quotidiana­mente, no cerne do desenrolar dos acontecimentos. Essa ajuda, valiosa, se acha estampada nas páginas seguintes, sendo de intei­ra responsabilidade dos autores as opiniões e conceitos nela expressos.

A Divisão, esposando a orientação de que, por meio do co­nhecimento técnico, a evolução desportiva é mais viável e pode alcançar níueis elevados de perfeição e eficiência, considera a circulação de informações como uma das suas atribuições de caráter prioritário.

Contenta o grupo de observadores pôr os resultados de seu esforço nas mãos dos interessados, mas só dará como cabalmente cumprida sua missão se êles contribuírem para despertar a cons­ciência nacional quanto ao nosso atraso, neste particular, e lhe" convencer da necessidade impostergável de incentivar a prática desportiva e aprimorar a formação dos nossos desportistas, téc­nicos, professores e povo, em geral, por meio de uma política nacional de educação física bem planejada, que venha substituir o nosso inveterado vêzo da improvisação.

ARTHUR ORLANDO DA COSTA FERREIRA Diretor da DEF-MEC

ORGANIZAÇÃO

Arthur Orlando da Costa Ferreira

Antônio Boaventura

João Jardim Peclat

Lamartine Pereira da Costa

Ouídio Silveira Souza

Huthenio de Aguiar

O estudo da organização de uma Olimpíada deve obedecer à finalidades específicas. É compreensível que a enorme massa de dados registráveis se torna inerente às condições do local-sede, originando ineficácia numa apre­ciação global para objetivos essencialmente técnicos.

Assim sendo, a seleção das observações procurou acompanhar a evo­lução dos pontos considerados chaves, bem como divulgar as inovações, em atendimento às peculiaridades do atual ambiente desportivo brasileiro.

Essas diretrizes se pautaram, sobretudo, pela possibilidade de o nosso País vir a patrocinar uma Olimpíada e pela conseqüente necessidade de criar circulação de informações técnicas condizentes com as nossas carên­cias. Em prazo imediato é atendida a orientação da Divisão de Educação Física do MEC no sentido informativo, emitindo mais um veículo de atuali­zação e participação dos professores, técnicos e dirigentes de todo o Brasil.

LOCAL

A escolha da sede dos Jogos Olímpicos tem sofrido influências, em grau sempre crescente, de interesses políticos e econômicos. Nos últimos anos, a tendência é para a promoção da cidade ou do país eleito. Uma verdadeira batalha de bastidores nasce dentre essas imposiçõeis, com o Comitê Olímpico Internacional procurando manter o equilíbrio diante de imperativos de sua própria organização e programação.

A eleição da Cidade do México, preterindo Detroit, Lyon e Buenos Aires (60.a Sessão do C.O.I., Baden-Baden, 18 de outubro de 1963), foi bem dentro dessa característica, acrescendo-se a novidade de campanhas a pos-teriori Até o dia da inauguração circularam boatos prenunciando adia­mento e mudança do local-sede. Além de uma sub-reptícia desconfiança da

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capacidade mexicana para realização de empreendimento de tal vulto, a altitude serviu de base para os ataques, dando lugar, mais tarde, ao clima revolucionário estudantil.

De fato, os fatores negativos eram evidentes, porém não a ponto de comprometer uma organização de tão importantes empcnhos realizada pelo Governo mexicano. Isso ficou comprovado simplesmente pelo desenrolar do evento com um mínimo de deslizes.

Essas circunstâncias projetaram-se principalmente sobre o aspecto f i ­nanceiro, aumentando os custos de organização. Somente para neutralizar a campanha sõbre a altitude e seus malefícios, foram promovidas três com­petições pré-olímpicas de elevados encargos. À terceira, por exemplo, em outubro de 1967, compareceram 56 países e 2.578 competidores.

Com referência ao problema da organização, visto isoladamente, obser­vamos que esses dados se conjugam quanto ao caráter promocional: tanto em Tóquio como no México, assim como fôra notado em Roma, era reco­nhecido o clima de "maior Olimpíada de todos os tempos." Em tais condi­ções, é natural a elevação dos custos, a invocação da honra nacional etc, bem como a quebra de recordes de público, de países participantes etc, em face dos meios planejados especificamente.

No caso em exame, da Cidade do México, o objetivo promocional foi plenamente atingido. Sendo uma das megalópolis do mundo moderno, com mais de sete milhões de habitantes em uma área de 1.499 quilômetros qua­drados, de notável infra-estrutura e mentalidade turística e de população altamente motivada em torno dos jogos, constituiu o cenário ideal para a "maior Olimpíada de todos os tempos". Resta-nos, portanto, examinar a im­plicação mais importante quanto ao local: a eficiência de circulação.

É sensível que, na organização e realização de uma Olimpíada em ci­dade grande e densamente habitada apresentando tráfico intenso e locais de competição espalhados, o problema de circulação é básico. Para tornar possível a realização das X V I I I Olimpíadas, a prefeitura de Tóquio gastou quase 3 bilhões de dólares em obras viárias.

O problema para a Cidade do México não era tão grave, o que não lhe impôs gastos muito elevados. A figura 1 nos dá uma idéia das vias princi­pais'de acesso e distribuição dos locais de competição (uma avaliação da escala pode ser feita pela Av. Insurgentes, que, no setor detalhado no mapa, se estende por 32 quilômetros). Embora não existam dados concretos*sôbre o prejuízo para o público e para os atletas, podemos afirmar que, no futuro, tal configuração não poderá ser adotada sem grandes transtornos para a vida da cidade e dos participantes, quer atletas, quer assistentes. As expe­riências de Tóquio e México foram suficientes para demonstrar a incompa­tibilidade da realização de uma Olimpíada em grande centro urbano, dotado de acessos aos locais das competições cruzados com suas vias de penetração.

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Efetivamente, a massa de competidores e assistentes torna-se cada vez maior e mais exigente quanto às condições de deslocamento. A solução deverá incidir sobre a concentração dos locais de competição, em uma só área. Êste foi um dos fatores condicionantes da escolha de Munique, para 1972. Naquela cidade alemã a quase, totalidade das instalações estará con­centrada numa área de 2,8 milhões de metros quadrados, fora dos limites da cidade, de cujo ponto focai se poderá alcançar a pé, e em poucos minutos, qualquer sítio de competição, serviços auxiliares e Vila Olímpica. Além disso, há previsão de estacionamento para 10.000 automóveis, três áreas de camping e ligação da cidade com a já denominada "área olímpica de dis­tâncias curtas" através de uma linha especial de metrô (figura 2).

C U S T O

A imprecisão é uma característica do levantamento dos custos de uma Olimpíada, em razão de despesas indiretas e imprevistas. Há, também, em algumas ocasiões, interêsse dos organizadores em não divulgar o desem­bolso governamental por motivos de ordem política.

No México, não obstante os reiterados esclarecimentos das autoridades responsáveis, surgiram contradições nas cifras, repetindo-se a rotina de Roma e Tóquio. Entretanto, o cruzamento dos informes de diversas fontes leva-nos a crer que as despesas se situaram por volta de 150 milhões de dólares.

Essa quantia mostra que os Jogos Olímpicos estão tornando um empreendimento cada vez mais caro: em Roma foram gastos 100 milhões e em Tóquio, não se levando em conta as obras viárias, 130 milhões. Não somente têm crescido os números referentes aos encargos com atletas, d i r i ­gentes, assistentes, propaganda e implicações do avanço tecnológico (me­dição e cronometragem, meios de comunicação etc.) mas principalmente quanto ao montante deficitário.

O prejuízo, portanto, é ponto pacífico na organização de uma Olimpía­da. A receita, conseqüentemente, vem-se constituindo em ponto de conver­gência das atenções, porque aumenta a viabilidade do empreendimento, ao tempo em que reduz o inevitável ônus financeiro. No México avaliou-se um retorno de 24 milhões de dólares por meio dos gastos dos visitantes (cálculo da VConfederación de Câmaras Nacionales de Comercio", CONCANACO, México, D. F-), além de mais 20 milhões derivados da venda de ingressos e direitos de publicidade e informações. Essas últimas cifras constituíram recordes bastante distanciados dos anteriores, em face do reconhecido em­penho dos mexicanos em tornar menos oneroso o esquema financeiro.

Efetivamente, pelos dados citados, é cada vez mais inviável uma Olim­píada autofinanciada, tese levantada, com freqüência, por dirigentes des­portivos entusiasmados de todo o mundo. O próprio AVERY BRUNDAGE, Presidente do Comitê Olímpico Internacional, advertiu, em um de seus

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pronunciamentos: "A ninguém é permitido render lucros dos Jogos Olímpi­cos. Êles requerem, sobretudo, sacrifícios, sendo extraordinário que tenham evoluído e prosperado em nossa era materialística. Na realidade, a sobre­vivência das Olimpíadas está ligada ao amadorismo: nunca poderá ser um empreendimento comercial em vista dos custos elevados" (52.a Sessão do C.O.I., Melboume, novembro de 1956).

Isto pôsto, cairemos, inevitavelmente, na problemática do item ante­rior, referente à eleição do local-sede: os interêsses em causa na promoção dos Jogos Olímpicos são, em essência, de ordem política e econômica. Neste sentido, o caso do México é bastante sintomático.

Trata-se de um país cuja economia se baseia na "indústria sem cha­minés" — o turismo. A receita anual dessa atividade atinge um bilhão de dólares (o principal produto brasileiro, o café, rende por volta de 800 mi­lhões), o que tem permitido, ao lado de sua florescente indústria e de sua moderna agricultura, contínuo crescimento no Produto Nacional Bruto de, aproximadamente, 8% ao ano, taxa somente ultrapassada, na atualidade, pelo Japão e pela China Nacionalista. O turismo, conclusivamente, repre­senta 4% do PNB mexicano, posição excelente, considerando-se que, na Espanha, país de maior .importância no setor, a taxa é de 5%.

A par dessa necessidade funcional de implicações econômicas, assis­timos a uma investida política do México para se projetar como a nação líder da América Latina. Sem embargo de outras condições, a equilibrada e sólida performance desenvolvimentista dos últimos dez anos, oferece a base necessária para essa pretensão.

Assim, sendo, o ônus financeiro da realização de uma Olimpíada é perfeitamente explicável para um país como o México, uma vez que se insere em suas peculiaridades econômicas e políticas. As autoridades me­xicanas, certamente, pautaram a decisão de patrocinar os Jogos Olímpicos com vistas a uma rentabilidade a longo prazo e não a um retorno imediato, como se pode inferir de um exame simplista do tipo receita-despesa.

Outrossim, podem ser citadas outras compensações, A Vila Olímpica mexicana foi programada para se transformar em nôvo bairro e a maior parte dos apartamentos já estava vendida antes da Cerimônia de Abertura. O restante das instalações darão condições ao México de ser um dos países mais destacados do cenário desportivo mundial.

Razões semelhantes podem ser levantadas em relação aos países que promoveram Olimpíadas desde 1956, ano em que o evento ganhou impor­tância em relação aos custos. Na Austrália, nonsidera-se o investimento aplicado nos Jogos Olímpicos de Melboume como um dos mais rentáveis até hoje realizados: incrementou-se o turismo, o comércio e a entrada de capitais foram estimulados, além do início de um movimento desportivo que tem rendido extraordinária projeção internacional e, literalmente, aproximado a Austrália, com atuação mais incisiva, do concerto das nações.

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No concernente a Roma, as implicações ligavam-se à promoção turística, embora o revigoramento desportivo tenha atingido tôda a Itália. Quanto a Tóquio, em que pese ao fantástico total de 3 bilhões de dólares de custos, o interêsse ostentava conexão com o empenho do Japão em se colocar entre as grandes potências mundiais.

Em conclusão, podemos estabelecer a premissa da imposição de um exame da viabilidade para a realização de uma Olimpíada em face das cres­centes despesas e da contingência de interesses específicos de determinada cidade ou país, tal qual como em qualquer projeto racional de grande im­portância. Isto é sobremaneira indispensável para países em vias de desen­volvimento, geralmente subordinados a uma escala prioritária de investi­mentos. Essa hipótese ganha privilégios de validade, em vista de o México ter aberto precedente entre nações de nível médio e, assim, conseguido contribuir para engrossar o já elevado conjunto de autoridades e dirigentes desportivos com pretensões olímpicas.

ORGANIZAÇÃO PROPRIAMENTE DITA

Nos níveis inferiores de organização, ou seja, na competição das 19 mo­dalidades programadas no México, não houve alterações de importância no referente à rotina das ações e ao cumprimento das regulamentações. O ponto He realce foi o da mobilização de meios e de pessoal para acionamento dos eventos. Em alguns casos, como no atletismo, por exemplo, houve exa-gêro de recursos, originando pequenos deslizes.

O trabalho impecável do pessoal envolvido e a utilização correta do material de apoio espelharam a segurança adquirida em intensivos treina­mentos. Informações oficiais deram conta de que os 945 elementos mexica­nos da arbitragem foram preparados durante três anos; as três competições pré-olímpicas de 1965, 1966 e 1967, respectivamente; serviram de testes para o grande evento de 1968. Notou-se, porque de clareza sem rebuço, que os pormenores mais insignificantes foram devidamente levantados, planejados e ensaiados.

O que se reconheceu em Tóquio como culminância dos X V I I I Jogos Olímpicos, foi suplantado no México: o ambiente de superorganização formal deu lugar a uma estrutura perfeita, com soluções caracteristicamen-te locais e de elevado teor de comunicação, de acordo com a emotividade mexicana.

Para atletas, dirigentes e desportistas, de modo geral, acostumados aos padrões rotineiros de organização a impressão foi de impacto e deslumbra­mento. As Olimpíadas do México, sem dúvida, criaram novas dimensões num setor que parecia ter esgotado as alternativas, assim como estabelece­ram um desafio para os futuros patrocinadores.

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No nível superior, entretanto, a diferenciação foi substancial, inovan-do-se integralmente a estrutura. Enquanto em Tóquio, conforme dispositi­vos anteriores, bastante experimentados e funcionais, se utilizou de uma organização flexível com apenas seis grandes centros de decisões (divisões) e quinze setores subordinados (seções) — como podemos observar no orga­nograma da figura 3 —, no México a diretriz derivou-se para a descentra­lização, repartindo-se as funções entre centenas de elementos que se liga­vam em cadeia aos pontos principais de controle (a figura 4 mostra o or­ganograma de base).

Essa estrutura, por seu turno, conjugava-se com fluxogramas de mi­lhares de eventos representativos das ações a serem desenvolvidas para a organização global da Olimpíada. Finalmente, todo o sistema era contro­lado pelo processo CPM (Criticai Path Method), por meio de computação eletrônica.

Tal tipo de organização é de comum utilização na atualidade, principal­mente nas obras de grande complexidade, sendo de fácil alcance para pro­fissionais de nível superior. Vejamos, contudo, a experiência adquirida.

Em princípio, interrupções eventuais do fluxo de recursos impediram o funcionamento adequado do sistema, se bem que os pontos de estrangula­mento se colocavam em evidência, permitindo concentrações de esforços e retomo, à normalidade. Segundo se observou, atrasos maiores poderiam comprometer a realização das Olimpíadas, uma vez que diversos eventos eram inadiáveis (comunicação pessoal de Edgar Ducloux, assistente da coordenação geral). Assim sendo, o ponto crítico de uma Olimpíada orga­nizada desta forma é o ritmo de injeções de recursos. Isto implica, em úl­tima análise, um comprometimento prioritário das fontes, cuja principal, no México, foi o próprio governo, ao contrário de Tóquio, que dependia de uma miscelânea de repasses financeiros, desde impostos específicos até a venda de cigarros. Daí a adoção de um sistema caracteristicamente flexível pelos japoneses, estando de modo perfeito adequado à situação.

Nesse contexto é preciso realçar que a organização de Munique, para 1972, repousará em bases simples e flexíveis, semelhantes à diretriz assu­mida por Tóquio (figura 5).

Também é relevante que os mexicanos tenham encarado a organização das X I X Olimpíadas como um dos mais importantes projetos até hoje rea­lizados naquele País, explicando-se, assim, o empenho de meios até então inéditos no setor desportivo. Os acontecimentos desportivos de qualquer nível, mesmo nas nações mais adiantadas, transcorrem normalmente, com limitações de recursos, dando origem a arranjos e improvisações; a organi­zação desportiva e seus dirigentes são, por esta razão, flexíveis em suas essências. No México, os dirigentes desportivos deram lugar a pessoas expe­rimentadas de alto gabarito gerencial, que deram ao sistema montado es­trutura somente encontrada nos grandes complexos industriais ou comer-

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XIX OLIMPIÃDA-MÉXICO 1968

PRESIDEM TE D4 REPUBLICA

PREFEITO DA CIDADE DO MÉXICO

A S S E Ô S O R I A S

• ALOJAMENTO • TOCHA O U M P I C A

• ARTE • ASSUNTO! JUOÚHCOS • CERIMONIAL • COMPETIÇÕES FORA VA

CiOADC OO MÉXICO • COMPUTAÇÃO ELETRÕNIUI • COMGRSfSdt OeSPORTIVOS • CONTR&LE K (NGOE5SOS • IMIGRAÇÃO • IMPRENSA.RAOlO.TELtVJ

SÃO E FOTOGRAFIA • PUBLICIDADE • CRITICftL PATH METHOO • S E R V I Ç O S M É D I C O S

• T R A N S P O R T E F / C O M U M I C .

• T R A F E G O

LOCAIS

ASSESSOR GERAL DESPORTIVO

PRESIDENTE DO COMITÊ' ORGANIZADOR.

VICE - PRESIDENTE

SECRETARIO GERAL

AUDITOR PRINCIPAL

I DIREÇÃO DE TE*C. NICA DESPORTIVA

DIREÇÃO DE SERVI ÇOS AOS VISITANTE!

I

DIREÇÃO DE ATIV. ARTIST. E CULTUO.

DIREÇÃO DE CONTRD LE DE INSTALAÇÕES

DESTACAMENTO MILITAR OLÍMPICO

SECRETARIA PARTICULAR

ASSESSOR GERAL DE ADMINISTRAÇÃO

DIREÇÃO DE RELAÇÕES PÚBUCAS

DIREÇÃO DE CQNT«; LE DE PROGRAMAS

DIREÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO

XVIII OLIMPÍADA - TOKIO 1964- ORGANIZAÇÃO

3 cm c PRESIDENTE

SECRET. GERAL HONORÃWO SECRETÁRIOS ASSISTENTES

VICE-SECRETARIO GERAL

DIVISÃO DE A D M I N I S T R A Ç Ã O

SEÇÃO DE ASSUNTOS GERAIS

LIGAÇÃO E PROTOCOLO

TRANSPORTES

ALOJAMENTOS

DIVISÃO DE FINANÇAS

I CONTABILIDADE

CONTRATOS

BILHETAGEM

DIVISÃO DE IMPREk SA E IUFORM. POÍL

RELAÇ. PÚBLICAS

IMPRENSA

DIVISÃO DE TÉCNI­CA DESPORTIVO

D E S P O R T O S

CERIMÔNIAS E TOCHA OLÍMPICA

EXPOSIÇÃO DE ARTE E FOLKLORE

ASSISTÊNCIA MÉOICA E HIGIÊNICA

DIVISÃO DE INSTALAÇÕES

I PLANEJAMENTO

CONSTRUÇÃO

BUREAU DE RENDAS

MUNICH-1972 COMITÊ'ORGANIZADOR - ASSEMBLÉIA GERAL

Conselho Consultivo

Protocolo

Comitê' de Direção Comissões

Divisão I Finanças Legislação

Administração

Divisão II Modalidades Desportivos

Divisão IV Campo dqJuventude Tocha Olímpica

Divisão V Programo Cultural

Divisão. V Relações Públicas

Divisão VIII Transportes

Divisão X Direção Técnica

Divisão XI Comunicação Grdf ico

Divisão Ml Vila Olímpica

Divisão VI Imprensa

Divisão IX Segurança e Atendimento

Bureou de Regatas-Kiel

ciais. Daí a quase ausência de improvisações e um desencadeamento per­feito das ações. Em suma, isto valoriza o feito de nosso país irmão, tendo em vista que a máquina montada dificilmente se ajustaria a erros de im­portância.

Convém, todavia, ressalvar a validade das opções de Tóquio e de_ Mu­nique, para uma colocação correta do aspecto evolutivo de organização. O Japão e a Alemanha possuem dirigentes desportivos experimentados e de alto gabarito. Êles, naturalmente, tomaram a iniciativa do patrocínio, em­polgaram os governos das cidades-sede e, num último estágio, foram desig­nados para os cargos de direção. Na realidade esta é a rotina da realização desportiva, cuja gerência implica carreira — geralmente não subvencio­nada — e experiência. Uma Olimpíada, portanto, é a culminância da elite dirigente dos desportos de um país, principalmente em relação aos coloca­dos em pauta.

A funcionalidade dêsse pessoal ficou comprovada no Brasil por ocasião dos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963. Em algumas semanas, o Comitê Organizador, com ações quase que totalmente improvisadas e em ritmo notável de trabalho conseguiu montar uma estrutura que, de modo habitual, requereria anos para sua complementação. Êsse sucesso seria também duvidoso, se a atuação fôsse de estranhos ao setor desportivo, sem experiência específica.

Portanto, de forma a entrar em consonância com o recente aparecimen­to, em condições efetivas do management desportivo, concluiremos que a organização de uma Olimpíada tende a buscar o equilíbrio entre os técnicús de alto gabarito dos setores especializados e os experimentados dirigentes desportivos nos cargos de direção e controle.

INFORMAÇÃO

Seguindo tendência universal, um dos pontos de maior cuidado na or­ganização de qualquer Olimpíada tem sido o da informação.

Em Tóquio, o sistema montado foi dos mais aperfeiçoados, utilizando-se computador eletrônico, instalado no então denominado "Olympic Data Cen-ter", dentro do edifício que funcionava o Centro de Imprensa. A aparelha­gem estava ligada a todos os locais de competição, dos quais recebia os resultados e demais informações complementares. Êsses dados eram compu­tados de acordo com um programa que relacionava todos os atletas inscri­tos por país e por modalidade. Assim, com rapidez e precisão ainda desco­nhecidas nos Jogos Olímpicos, colocava-se à disposição dos meios de infor­mação e dos demais setores da organização, o programa de treinamento e de competições, bem como os resultados oficiais devidamente ordenados. Além disso, o mesmo aparelho providenciava a impressão e distribuição dos bole­tins de informações, montava o livro de resultados gerais e emitia certifica­dos individuais de participação para os atletas.

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Embora no México tenha se optado por um serviço descentralizado, no qual a computação dos resultados era feita nos próprios locais da com­petição e posteriormente transmitidos para os Centros de Informações,, o sistema montado mostrou extraordinária eficiência de qualidade e quan­tidade. O pessoal pertencente ao setor de informações da Organização, fazia-se presente a partir do Aeroporto da Cidade do México, onde recepcionava os representantes dos diversos meios de comunicação, orientando-os inicial­mente para os dois Centros de Imprensa. O principal dêles situava-se num hotel da área central da cidade (Hotel Maria Isabel), que possuía infra-estrutura completa de informações e fun­cionava 24 hpras por dia. O segundo estava instalado na Vila Olímpica, com organização modelar, conforme a figura 6 mostra. Havia, também, subcentros em cada local de competição, todos ligados entre si e com os centros principais — através de telex, telefone e radiofo-nia —, mantendo, dessa forma fluxo permanente de informações. A capa­cidade da rêde pode ser avaliada pelas cifras: 350 operadores (militares). 68 máquinas copiadoras eletrônicas, 206 duplicadores e 40 impressoras

off-set.

Ao contrário de Tóquio, a descentralização no México atingia inclusive a programação do treinamento e da competição, que tinha controle especial instalado na Vila Olímpica, informando indistintamente a atletas, técnicos, dirigentes e meios de comunicação. No concernente à imagem e ao som, o órgão estatal mexicano de tele­comunicações seguiu o procedimento de seu similar japonês, enfeixando todas as transmissões a fim de auferir direitos. Nesse setor, sobretudo, os recordes foram remarcáveis. Calculou-se uma audiência diária de 600 mi­lhões de espectadores alcançados nos Estado Unidos (enlace de microon­das), Europa e Ásia (via satélite Intelsat III). A perfeição de todo êsse sistema ficou permanentemente em evidência pela nitidez das imagens a côres — iniciativa pioneira em Olimpíadas — ou em prêto e branco da televisão cuja transmissão obedeceu a determinado plano de luminosidade dos interiores das instalações, e atingiu seu ponto culminante com a distribuição do livro geral de resultados (Memória Olímpica) poucas horas após a última prova programada. Finalmente, convém relevar a importância crescente da informação nos Jogos Olímpicos: em Munique, para 1972, dentro da denominada "área olímpica de distâncias curtas", uma das instalações mais imponente e mais centralmente localizadas, será o edifício da torre de televisão (vide figu­ra 2).

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Figura 6 — O Centro de Imprensa da Vila Olímpica foi projetado de acordo com a experiência adquirida em Helsinki, Roma e Tóquio. O edifício ocupava uma superfície de 10.000 metros quadrados de construção; a iluminação era natural, obtida por meio de desníveis alternados na cobertura, Havia 4 zonas principais; a primeira, administrativa, destinava-se ao atendimento de jornalistas e estava localizada em nível de destaque, onde eram encontrados os elementos de base da organização (mesas de informações e registro de jornalistas, representação do Comitê Organizador, sala de tradutores, ligação com a rêde de telecomuni­cações, distribuição e controle de alojamento, transportes e localidades para jornalistas); a segunda era ocupada pelas agências internacionais e nacionais de notícias e pelo "pool" fotográfico; a terceira incluía a infra-estrutura de comunicações (telex, teleimpressão, telefoto, telégrafos, rádio, telefone, serviços de impressão, etc); a quarta zona, finalmente, destinava-se aos serviços gerais restaurante, bar, farmácia, banco, correios, aduana, bombeiros, rouparia e almoxarifado).

APOIO MILITAR

Os Jogos Olímpicos de Roma foram os primeiros a utilizar em massa elementos das Forças Armadas, que antes eram usados discretamente em tarefas especializadas. Êsse recurso, de fato, transfere parte dos custos para as despesas indiretas, tendendo, por isso, a ser explorado em escala crescente.

Em Tóquio, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica participaram ativa­mente, fornecendo 5.361 militares, 12 aviões, 72 embarcações, 750 veículos e 843 aparelhos de comunicações ( X V I I I OLYMPIAD OFFICIAL BULLE-TIN, n.° 16).

No México, os elementos envolvidos subiram para 16 mi l (13 mil cons-critos e 3 mi l de carreira). Êsse contingente constituiu o chamado "Destaca­mento Militar Olímpico", criado por decreto presidencial e comandado por um General de Divisão (vide organograma da figura 4). A unidade ficou à disposição do Comitê Organizador durante três anos, devidamente subven­cionada pelas Forças Armadas mexicanas.

Uma avaliação do que representou na organização êsse despercebido mas importante item, pode ser feita pelas missões atribuídas ao Destaca­mento:

1) Apoio às cerimônias e à cobertura da rota da Tocha Olímpica.

2) Recepção e segurança da Vila Olímpica.

3) Bandas, fanfarras e bandeiras.

4) Organização e arbitragem do Tiro, Pentatlo Moderno e'Hipismo

5) Segurança nas provas de ruas e estradas (Ciclismo, maratona e marchas).

6) Segurança dos eventos e material da Olimpíada Cultural.

7) Fornecimento de 40 treinadores e 120 cavalos para a prova hípica do Pentatlo Moderno.

8) Apoio às provas de Iatismo, Remo e Canoagem (unidades de Ma­rinha).

9) Confrôle dos ingressos.

10) Operação do Serviço~*"de Comunicações.

11) Fornecimento de 180 cozinheiros treinados em cozinha interna­cional.

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INSTALAÇÕES

No setor de instalações a organização mexicana também conseguiu in -vulgar êxito. Depois de Tóquio, julgava-se difícil instalar as modalidades olímpicas em locais tão funcionais. Não se esperava, contudo, que a próxima organização — a do México — fôsse entregue aos arquitetos. A direção do Comitê Organizador e as funções principais estavam entregues à nata da arquitetura mexicana. Esta buscou soluções próprias, seguindo uma con­duta já tradicional, tornando a X I X Olimpíada uma das mais interessantes sob o ponto de vista de cores, cenários e funcionalidade.

Um exame pormenorizado das instalações foge aos objetivos do pre­sente trabalho. Por outro lado, alguns dos locais constituíram aperfeiçoa­mento e ampliações de obras já existentes, tornando desnecessário maiores atenções. Algumas construções e soluções, todavia, necessitam de registro, dada a notabilidade alcançada (figuras 7, 8, 9, 10,11 e 12).

SIMBOLOGIA

Um aspecto nôvo dos Jogos Olímpicos, que começa a influenciar a evolução dos desportos, é a simbologia. O desporto, hoje, é um dos meios de maior importância de contato internacional e uma simbologia própria de­verá contribuir para entendimento mais efetivo. Realmente, os gestos atlé­ticos já constituem instrumento de comunicação, haja vista o congraça-mento entre atletas de mais de uma centena de nações na Vila Olímpica mexicana.

Outrossim, a nova ciência da comunicação — a Informática — tende a se impor em todos os setores da atividade humana e as Olimpíadas vieram a acelerar a assimilação dêsse moderno conceito.

O iniciador do alfabeto de sinais desportivos foi o grapkic designer KATSUMIE MASARU, que recebeu incumbência do Comitê Organizador de Tóquio para idealizar uma sinalização que pudesse contornar as dif i­culdades de entendimento dos visitantes quanto à organização japonesa. O trabalho do artista citado passaria despercebido, não fora o extraordinário sucesso da inovação, que não era esperado pelos dirigentes das X V I I I Olim­píadas. Os símbolos referentes às modalidades programadas na ocasião, são reproduzidas nas páginas 23,. 24 e 25.

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Figura 7 — JCstádio Olímpico da Cidade Universitária; utilização: atletismo e ceri­mônias de abertura e encerramento; capacidade: 80.000 espectadores; convenções: A — pista, B — passagem para atleta, C — tribuna de honra e de, imprensa, D — oficinas, E —, edifício de repouso para atletas, F — serviços médicos e bureau de informações para atletas, G — Túnel de entrada dos serviços, H — campo e pista de aquecimento.

17

Figura 8 — Estádio Olímpico — atletismo — distribuição dos locais de competição. 1 — centro de concentração e controle de atletas, 2 — meta geral, 3 — salto em distância, 4 — salto triplo, 5 — salto em altura. 6 — salto com vara, 7 — lançamento de pêso, 8 — lançamento de pêso, dis­co e martelu. 9 — lançamento de disco, 10 — lançamento de dardo, 11 — saída para entrega de prêmios, 12 — saída de atletas.

Figura 9 — Palácio dos Desportes — Perspectivas interior e exterior; capacidade: 22 370 espectadores; modalidade: basquetebol.

19

fO o

Figura 10 — Conjunto Piscina e Ginásio Olímpicos; capacidade: 10.000 e 5.242, respectivamente; mo- ' dalidades: natação e volibol; a disposição das colunas permite, nas duas instalações, uma visão livre de obstáculos.

21

Figura 12 — Canal artificial de remo e canoagem de Xochimilco, o maior do mundo das características dessas modalidades: 2.100 metros de comprimento, 125 de largura e 2 de profundidade; capacidade: 5.000. espectadores sentados; possui marcadores de tempo nos 500, 1.000 e 2.500 metros, tôrres de chegada, foto finish e aparelhagem de TV em circuito fechado.

TÓQUIO — 64

Pentatlo Moderno

Ginástica T i r 0

Hóquei Basquetebol

A l * F u t e b o 1 ; Pólo Aquático

23

A organização mexicana intencionou adotar é aperfeiçoar a idéia e, para tanto, contratou um dos maiores especialistas do mundo em desenho indus­trial, o americano LANCE WYMAN, que planejou os símbolos encontrados nas páginas 27, 28 e 29.

A concepção de WYMAN foi orientada no sentido de comunicação mais forte e direta, o que se procurou conseguir por meio de imagens re­presentativas de material ou de gesto característico da.s modalidades. Se­gundo foi observado, a figura humana — base da simbologia utilizada pelos japoneses — entrava em conflito visual com outras representações quando em contraste em fotografias, desenhos ou silhuetas. Os desenhos de MA-SARU, contudo, apresentavam a vantagem da continuidade, que os rela­cionava entre si, graças à utilização de figura humana como elemento comum.

No México, os organizadores procuraram explorar ao máximo a co­municação visual e, neste sentido, deram cores diferentes aos símbolos, co­locando-os literalmente por tôda parte: uniforme dos juizes e auxiliares, rotas de tráfego, ingressos, decoração dos locais de competição, impressos etc. Além disso, o logotipo identificador da X I X Olimpíada — também de responsabilidade de WYMAN —, que está reproduzido na capa deste livro, foi planejado para se adaptar à nomenclatura dos locais de competição, for­mando um conjunto de sinais que permitia entendimento imediato e efi­ciente. A figura 13 mostra dois exemplos de logotipos dos locais estam­pados em ingressos, que, por sua vez, eram quase integralmente com­postos por símbolos.

Ultrapassar os mexicanos neste setor, passou a ser tarefa difícil, dado o grau de perfeição atingido. Entretanto, para 1972, em Munique, os alemães já planejaram seus símbolos, desta vez a cargo de OTL AICHER, que pro­curou estabelecer um meio termo entre as toncepções de MASARU e WYMAN, conforme podemos observar nas páginas 30, 31 e 32.

A tendência, até onde se possa discernir, é a de esgotarem as alterna­tivas, quando se terá, então, um alfabeto desportivo universal.

26

MÉXICO — 68

MÉXICO — 68

Ginástica Hipismo

28

MUNICH — 72

Figura-23

33

OLIMPÍADA CULTURAL

Os eventos culturais em Tóquio estavam adjudicados à organização, na seção "Exposição de Arte e Folclore", a qual programou quatro exposições propriamente ditas e sete espetáculos folclóricos. Os mexicanos, neste setor, elevaram o nível de tal forma que os acontecimentos extradesportivos nas Olimpíadas passaram para primeiro plano.

Na realidade, os Jogos Olímpicos na Antigüidade Grega eram uma combinação de festival artístico-religioso com provas atléticas. No México houve uma tentativa de adaptar o passado aos interesses modernos e, tam­bém neste ponto, os objetivos foram plenamente atingidos. Possivelmente, teremos em futuras Olimpíadas atenções iguais ou superiores para ativi­dades culturais em busca do ideal grego. Ficou comprovado que o ambiente é bastante propício à conjugação dos aspectos citados, atendendo tanto à promoção dos Jogos como também eliminando o tradicional isolamento das atividades desportivas: o ecletismo do programa atrai público de diversos, gêneros, garantindo maior parcela de sucesso.

Com a aprovação do Comitê Olímpico Internacional a organização mexicana fêz realizar vinte eventos culturais, dando ênfase semelhante às modalidades desportivas. Embora as datas fossem defasadas e progressivas, de modo a não prejudicar mutuamente os diversos acontecimentos, a cha­mada "Olimpíada Cultural" obedeceu aos mesmos princípios de organiza­ção dos jogos, inclusive simbologia própria, vila especial para alojar os participantes etc.

Os acontecimentos foram grupados em cinco grandes setores. O pri­meiro denominou-se "Os Jogos Olímpicos e a Juventude", incluindo: "Re­cepção da Juventude do México à Juventude do Mundo", "Missão da Ju­ventude: Resenha Cinematográfica" e "Acampamento Olímpico da Juven­tude". O segundo grupo recebeu o título de "Os Jogos Olímpicos e a Arte", constando de:_ "Exposição de Obras Seletas da Arte Mundial", "Festival In ­ternacional de Belas-Artes", "Reunião de Escultores", "Encontro Interna­cional de Poetas" e "Festival de Pintura Infantil". O terceiro setor ganhou o título de "Os Jogos Olímpicos e a Expressão Popular", dividindo-se em: "Festival Mundial de Folclore", "Ballet dos Cinco Continentes" e "Exposi­ção Internacional de Artesanatos Populares". O quarto, "Os Jogos Olímpi­cos no México", incluiu: "Recepção à Tocha Olímpica em Teotihuacáu", "Exposição de Filatelia Olímpica" e "Exposição de História e Arte dos Jogos Olímpicos". Por último, "Os Jogos Olímpicos e o Mundo Contempo­râneo", abrangeu: "Exposição sobre a Aplicação da Energia Nuclear ao Bem-estar da Humanidade", "Exposição sobre o Conhecimento do Espaço", "Programa de Genética e Biologia Humana", "Exposição de Espaço para

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Desporto e Cultura: Encontro de Jovens Arquitetos", "A Publicidade á Serviço da Paz" e "Projeção dos Jogos das X I X Olimpíadas no Cinema e Televisão".

Custo e importância de tais eventos podem ser avaliados por meio do "Acampamento Olímpico da Juventude", que recebeu como convidados 1.500 jovens de todo o mundo, enquanto b«total de atletas nos Jogos foi dc 7.627.

FILME DAS OLIMPÍADAS

Sendo um instrumento de promoção por excelência, assiste-se a uma escalada na preparação do filme das Olimpíadas. O fenômeno começou em 1936, em Berlim, com o sucesso de LENI RIEFENSTAHL, que realizou a película "FEST DER VOLKER" (Festival dos Povos): a atenção foi atraída para o grande interesse popular em torno de um filme representativo das competições olímpicas.

Após um hiato de películas inexpressivas (Londres, Helsinki e Mel­boume), a organização italiana produziu uma verdadeira obra de arte ci­nematográfica sobre as Olimpíadas de Roma, dirigida por ROMORO MAR-CELLINI. Tóquio seguiu a mesma orientação, realizando uma superprodu­ção ao custo de quase um milhão de dólares e entregando a direção a KON ICHIKAWA e AKIRA KUROSAWA, expoentes do cinema japonês; na ocasião foram empenhados 70 operadores de câmaras, 260 assistentes e 330 mil pés de filme.

.No México, o esquema montado prometeu colocar tudo, até então rea­lizado, em segundo plano. Certamente, as repercussões de um acontecimen­to de tão grande penetração devem ser exploradas condignamente. Uma obra de alto nível técnico e artístico para a ser o fecho de ouro de um sucesso promocional.

Com isto em mente, foi instalada uma seção de cinema subordinada ao Comitê Organizador (figura 4) que mobilizou os profissionais mexicanos do setor. O início dos trabalhos fòi inaugurado com um seminário com a presença dos japonêses, que realizaram o filme oficial dos Olimpíadas de Tóquio e. alguns expertos inglêses, que trabalharam na película sobre o Campeonato Mundial de Futebol em 1966.

• -Aos vinte mais categorizados diretores do Cinema Mexicano foi atri­

buída a cobertura das 19 modalidades desportivas e da Olimpíada Cultural; GABRIEL FIGUEROA, autoridade mexicana de fama internacional, ficou com a direção da fotografia. Para total cumprimento do roteiro, 400 técnicos nacionais e estrangeiros, assim como um milhão de pés de película, foram utilizados.

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CRONOMETRAGEM

Não apenas nos métodos científicosde treinamento e nos processos de comunicação se faz remarcável a influência da moderna Tecnologia nos Jogos Olímpicos. Principalmente nos sistemas de medição de tempo, a evo­lução tem sido mais acentuada. Pode ser registrado a crédito dos novos aparelhos de cronometragem, maiores possibilidades de quebra de recordes, uma vez que os eventos contínuos de curta duração necessitam, agora, de precisão mais eficaz que a alcançada pela reação nervosa humana. Além disso, a participação dos assistentes é mais direta, tanto pela conjugação dos aparelhos de tempo com marcadores (vide próximo item) como pela in­clusão da televisão nos circuitos eletrônicos dos sistemas. . .

No Méxic.o, a firma suíça Omega Louis Brandt forneceu os aparelhos e uma equipe de técnicos especializados em cronometragem desportiva. Examinaremos em seguida os pormenores mais importantes da equipagem, permitindo-nqs o realce do equipamento similar de marca Seiko, utilizado em Tóquio e que mostrou elevado índice de aperfeiçoamento.

O Registrador de Tempo é um cronógrafo eletrônico composto de um relógio de quartzo e um mecanismo de impressão. Imprime o tempo com aproximação de um centésimo de segundo e permite o registro, graças a células fotoelétricas, dos tempos de saídas, passagens e chegadas, dentro de uma freqüência qqe pode alcançar 14 impressões por segundo.

A tira de papel do aparelho em causa oferece condições instantâneas de exame por intermédio de protocolo escrito, estabelecido de maneira automática, que não permite discussão possível; o registro é feito em horas, minutos, segundos, décimos e centésimos de segundo. Em circuito com ou­tros aparelhos auxiliares, o Registrador de Tempo pode ser utilizado em Atletismo, Remo, Hipismo, .Ciclismo, Canoagem e Pentatlo Moderno.

Segue-se o Fotosprint, aparelho que registra a chegada completa das provas de corridas, dando a posição de cada .participante e os tempos reali­zados. O método clássico da fotografia instantânea da chegada nem sempre permitia avaliações com segurança total, principalmente quando os com­petidores alcançavam a meta agrupados (provas de 100 e 200 metros, do atletismo, por exemplo).

O Fotosprint está provido de uma câmara cujo obturador é uma brecha vertical de pouca largura, sempre mantida aberta e orientada com exatidão para a linha de chegada. Uma película fotográfica desenrola no interior do aparelho com uma velocidade sincronizada com a desenvolvida pelos competidores. Cada competidor é captado pelo filme na posição e no ins­tante preciso em que ultrapassa individualmente a meta.

Uma diferença de um centésimo de segundo é viável de registro: basta traçar uma vertical tangente sobre o peito e os ombros de cada atleta, e ler o tempo no pé da película (figura 14). Êste tipo de aparelho é utilizado

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Figura -14

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em Atletismo, Remo, Ciclismo e Canoagem, e pode ser conjugado com outros; no Atletismo, por exemplo, enquanto um Registrador de Tempo im­prime numa fita de papel os resultados, o Fotosprint registra a chegada completa da prova, não deixando lugar a dúvidas. . t : -

O terceiro aparelho em importância é o Omegascope que se destina à televisão. É inteiramente transistorado e está composto de um cronógrafo eletrônico com dispositivo de fixação digital, que permite ler, ao pé da tela da televisão, os tempos em minutos, segundos, décimos, centésimos e milé­simos de segundo.

. * Durante uma cena televisada, em complemento ao desenrolar da prova, uma câmara é orientada para o Omegascope, captando os números lumi­nosos. Essa imagem é transmitida ao centro de controle, que a compõe com a cena televisada da competição. Assim, o espectador tem possibilidade de seguir os competidores e a cronometragem durante todo o percurso da pro­va. O aparelho, outrossim, possui uma memória eletrônica que permite fixar o tempo de cada competidor que entra no campo de ação das câmaras.

O Registrador de Tempo, o Fotosprint e o Omesgascope, que formam a base da equipagem de medição de tempos, completam-se com aparelhos adaptados às particularidades de cada modalidade: pistolas de saída, cé­lulas fotoelétricas, marcadores de tempo e de classificação etc. As figuras 15, 16, 17, 18 e 19 esquematizam a utilização de diferentes equipagens de acordo com as características das modalidades.

' MARCADORES

I A exigência dos assistentes no sentido de maior participação durante

as competições, deu origem a notável progresso no referente aos marca­dores públicos. Estes aparelhos, atualmente, são conectados aos sistemas de cronometragem (vide item anterior), tendo sido criadas versões específicas para cada modalidade.

Em geral, os modernos marcadores possuem duas partes básicas: área de informação e sistema de cronometragem. Nomes, nacionalidades, provas e resultados são compostos por jogos de luzes nas áreas de informação que também podem emitir mensagens do interesse dos assistentes; o sistema de cíonometragem pode ser representado por relógio comum com ponteiros, por jogo de luzes em formas digitais ou por sistema seriado de luzes. A com­posição das mensagens é feita mediante um controle central similar aos te-letipos: o que ó operador escreve num teclado surge luminosamente no marcador.

No México, a eficiência dos marcadores foi uma das tônicas dos Jogos. A firma húngara Electro Impex desenhou e instalou os aparelhos cujos detalhes de olgumas modalidades reproduzimos nas figuras 20, 21 e 22.

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Figura 15 — Equipagem para o Atletismo (provas de corridas) (1) Pistolas de partida; (2) farol da célula fotoelétrica; (3) célula fotoelétrica da chegada; (4) Registrador de Tempo; (5) Fotosprint; (6) marcador público sincronizado com agulha recuperadora; (7) Omegascope; (8) rêde de câmaras de tele­visão.

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Figura 16 — Equipagem para ZJasquetebol. (1) Relógio público com indicador da pontuação no transcurso do jògo; (2) controlador do relógio público; (3) cronógrafo duplo; (4) aparelho de comando para marcar a regra dos 30 segundos; (5) indicador luminoso público para a observação da regra dos 30 segundos.

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Figura 17 — Fquipagem para Remo e Canoagem (1) Bandeira de sinalização da partida com contato elétrico; (2) Contatos para tempos intermediários; (3) Registrador de Tempo; (4) Fotosprint; (5) relógio público sincronizado com o Registra­dor de Tempo e adotado de agulha de segundos recuperadora.

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Figura 18 — Fquipagem para Ciclismo. (1) Farol da célul afotoelétrica; (2) Célula fotoelétrica; (3) Registrador de Tempo conectado ao farol e à célula foto­elétrica; (4) sinais luminosos para o público acompanhar as pro­vas de perseguição; (5) repetidores de utilidade dos competido­res; (6) relógio público com agulha recuperadora; (7) Fotosprint; f8)pistolas de saída.

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5

Figura 19 — Equipagem para a Natação. (1) pistolas de saída; (1-A) pistola automática; (2) cronógrafo eletrônico de quartzo com memória; (3) impressora de tempos, (4) Omegascope; (5) relógio público com agulha recuperadora; (6) Câmaras de televisão; (7) contatos automáticos de chegada.

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30.00 m.

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Figura 20: Marcador para o Atletismo

(1) Painéis luminosos das áreas de informação: 12) Relógio: <3> Luzes indicadoras de minutos e segundos; (4) Recorde mundial da prova; (5> Recorde olímpico; (Gi Equipagem de som. No Estádio Olímpico da Cidade do México, dentro do campo, foram instalados 3

repatidores giratórios para mos(rnr os resultados prvliininares das provas de pista c campo, e um con­tador de voltas para as corridas de fundo:

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1 2 3 4 3.30 m.

Figura 21 — Marcador para Basquetebol. (1) Nome das equipes em competição; (2) Marcador da contagem; (3) Cada. barra vertical representa um minuto dos 20 que dura cada meio tempo,

todas se acendem no princípio do jogo e ao passar cada minuto uma barra se apaga;

~(4) Fila de 30 luzes para acompanhamento da regra dos 30 segundos.

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Figura 22 — Marcador para Volibol. (1) Nome das equipes competidoras; (2) Pontuação do jogo; ' (3) Resultado dos jogos anteriores em "sets"; (4) Luzes para indicar a equipe que saca; (5) Luzes para contagem dos pedidos de tempo.

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BASKETBALL

Raimundo Nonato de Azevedo

No desempenho da honrosa missão de preparar para a Divisão de Edu­cação Fís ica do M E C . uma aprec iação técnica da Compe t i ção de Basketball da X I X Ol imp íada Moderna, realizada no México, de 12 a 27 de outubro de 1968, cumpre-me esclarecer que a principal finalidade deste trabalho é co­laborar com a Organ ização Desportiva Brasileira e com todos os especiali­zados que t iverem a oportunidade de o ler. Essa co laboração visa dar ou renovar uma. concepção cientifica do Esporte como fator de Educação e Cul tura de u m povo, a t r a v é s de uma mostra atual do Basketball Ol ímpico e da s i tuação real do Brasi l como potênc ia esportiva.

Serei breve e expl íc i to evitando citar fatos que são do conhecimento públ ico . Espero que o objetivo principal , que é colaborar, n ã o seja desvir­tuado por i n t e r p r e t a ç õ e s e r rôneas , e que esta ap rec iação alcance a f ina­lidade a que se p ropõe .

ESTUDO B I O M É T R I C O DOS P A R T I C I P A N T E S

Esse estudo mostrou-nos que as equipes mais "velhas" eram, na se­guinte ordem:

l.o _ I t á l i a — com a idade m é d i a de 26,50 anos 2. ° — Espanha — com a idade m é d i a de 25,91 " 3. ° — Fi l ipinas — com a idade m é d i a de 25,75 " 4. ° — Marrocos — com a idade m é d i a de 25,41 " 5. ° — Brasi l — com a idade m é d i a de 25,33 "

Mostrou-nos, t a m b é m , que as equipes mais "altas" eram, na seguinte ordem:

1. ° — U n i ã o Soviét ica — com a altura m é d i a de 1,975 m . 2. ° — Iugos láv ia — com a al tura m é d i a de 1,966 " 3. ° — Estados Unidos — com a al tura m é d i a de 1,961 " 4. ° — Po lôn ia — com a altura m é d i a de 1,929 " 5. ° — I tá l ia — com a altura m é d i a de 1,927 "

Constatou-se que nenhuma das equipes consideradas mais "velhas" conseguiu obter as 3 primeiras colocações, como, t a m b é m , se p ô d e verificar facilmente que as referidas colocações foram repartidas exatamente pelas 3 equipes mais "altas", que apresentaram uma m é d i a de al tura bem acima das outras r ep re sen tações .

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É, pois, de impor t ânc i a fundamental no -Basketball moderno a in f luên­cia da idade e da altura, principalmente o fator altura, e isso ficou mais uma vez provado na Ol imp íada r e c é m - e n c e r r a d a .

Segue-se o estudo b iomét r i co de todos os jogadores participantes da t Compet ição de Basketball da X I X O l i m p í a d a Moderna:

P A I S : BRASIL

N? Nome

4 Machado Sérg io Toledo 5 Marques Wlami r 6 Maciel Ubiratan Pereira 7 Scarpini Celso L u i z 8 Garcia Hél io Rubens 9 Souza Carmo de

10 Santos J o s é Aparecido 11 Menon Luiz Cláudio 12 Succar An tôn io Salvador 13 S imões J o s é Edvar 14 Castro J o s é Geraldo de '. 15 Massoni Carlos Domingos

M É D I A D E I D A D E 25,33 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,919 m .

Idade Peso Altura

23 88 1,91 31 80 1,85 24 98 1,98 24 87 1,91 27 78 1,85 28 89 1,89 22 86 2,02 24 94 1,96 29 100 2,02 25 80 1,85 18 81 1,99 29 75 1,80

P A I S : BULGÁRIA

N? Nome

4 Miha i lov E m i l 5 Boiadjiev Stanislav 6 Pandov Pando 7 Doitchinov Khris to 8 Spassov Valent in 9 Phi l ipov Stefan

10 Dimov Mintcho 11 K i r o v Iva i lo 12 Sakhanikov Dimi t a r 13 Branzov Boitcho 14 Raitchev Slavy 15 Khr i s tov Gueorgui

M É D I A D E I D A D E 23,58 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,902 m .

Idade Peso Altura

25 92 2,00 23 80 1,87 21 91 1,93 24' 105 2,02 22 86 1,92 25 78 1,83 28 68 1,78 21 89 1,93 26 84 1,87 22 92 2,00 25 78 1,87 21 79 1,81

48

P A I S : ' CORÉIA

' N9 IrnNome i .c :Idade ; >" : Peso . • Altura

25 • t"i 80 . 1,89

J 27 08 * t ' " 1 "715 , 1,75

6 A A

22 -.\> A A

73 1 t 1,84

1 A ^

25 74 i 1 1,87

a 8/.; - Yoo H i - H y u n g . . ]>i 19 75 1 1,83

0 " •> 28 72 72 1,' / 1,77

10 -i > 24 83 1. V 1,91

i i 23 r.,r>' 80 L * t ' " 1,88

12 24 70 M 1,80

13 27 80 1/ •7 1,87

25 73 3 1,79

M L I M Ê D I A DE I D A D E ' / , 24,45 anos

h t I M É D I A D E A L T U R A . 1,836 m .

PA 3 í PAIS:':'iCÜBA

' • '>. N? UvríNome í 7 :vIdade Peso •Altura

t * * ?. 24 ' C » A A

80 « 7 •;0 1,80

• Í 19 98 7 7 1,9?

! J 27 21 n e 81

• í. " 7 1,89

7 25 A A

94 * >

..... .

' ! 25 *H 84 A 1,98

i . . 18 77 77 ic 1,78

7*;": r 17 74 74 A: 3 1,83

Ü 11 J ú / C a l d e r o n Migue l • . . . / v . ' ->-> . . . . . . ;»

17 75 • i , - ' / 1,83

12 26 \ i 87 1,88

. 1 3 . 22 88 A 1,87

14 25 • * _ 87 ^ 1 , ; 1,98

15 Í J r F r ahk lyn - Standard Johnson V . 1 7 . 19 . 82 1 ! 7 3 1,98

T ' T / M É D I A ' D E J D A D E Í í l 22,00 anos - t i ' •

M f i i M É D I A D E i A L T U R A Ç Cl,894 m .

-'!.•/49

P A I S : ESPANHA

N? Nome JUUUc Pâ<iO Altura,

4 24 75 1,82

5 21 78 1,80

6 Santiago Zavaleta Lu i s G. . . 22 79 1,87

7 29 .77 . 1,86

8 24 83 1,95

g 20 76 1,90

10 30 75 1,87

11 27 98 2,03

12 24 87 1,89

13 Buscato Dur lan Francisco . . . 28 78 ' 1,80

14 31 89 1,94

15 71 1 Q2

M É D I A D E I D A D E 25,91 "anos

M É D I A D E A L T U R A 1,887 m .

P A I S : ESTADOS UNIDOS

N<? Nome Idade resu A Ifnm A u m u

4 24 91 1,93

5 22 109 2,06

6 22 89 1,91

7 25 78 1,88

8 19 • 102 2,03

9 20 82 1,96

10 22 102 ;. 2,03

11 . . . . . . . 28 77 1,86

12 24 105 1,98

13 23 80 •• . .. 1,88

14 25 91 2,01

15 25 93 tO

O

M É D I A D E I D A D E 23,25 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,961. m. .

50

P A Í S : FILIPINAS

fJO Idade ' Pêso Altura

4 28 98 1,88

5 26 73 1,93

6 26 77 1,88

7 23 74,5 1,80

8 30 75 1,75

9 23 83 ' 1,85

10 30 63 1,75

11 28 72 1,86

12 68 1,IU

13 23 68 1,80

14 30 76 1,83

15 22 84 1,83

M É D I A D E I D A D E 25,75 anos

M É D I A DE A L T U R A 1,825 m.

P A Í S : ITÁLIA

N<? Nome Idade Peso A l t u r a

4 23 78 1,84

5 30 80 1,86

6 27 94 1,94

7 22 105 2,10

8 23 106 2,05

9 30 92 1,92

10 30 89 1,92

11 . . . . . . . 30 85 1,92

12 28 97 1,97

13 27 95 1,97

14 . . . . . . . 25 76 1,80

15 23 78 1,85

M É D I A D E I D A D E 26,50 anos

M É D I A DE A L T U R A 1,927 m.

51

P A I S : MARROCOS

N? Nome Idade P ê s o A l t u r a

4 27 70 1,80

5 23 70 1,83

6 24 ' 84

00 cq

7 77 1,84

8 26 74 1,85

, 9 Belgnaoui Abdeljebbar 26 75 1,85

10 25 75 1,85

11 26 77 1,85

12 74 1,78

13 29 87 1,98

14 28 70 1,75

15 25 75 1,95

M É D I A DE I D A D E 25,41 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,850 m .

P A I S : MÉXICO

Ne Nome Idade Pêso A l t u r a

4 78 1,90

5 81,5 1,92

6 23 77 1,86

7 81 1,87

8 21 92,5 1,97

9 21 86 1,94

10 31 72 1,79

11 22 88 1,93

12 30 84 1,91

13 24 83 1,89

14 19 75 1,80

15 24 78 1,88

M É D I A D E I D A D E 24,35 anos

M É D I A DE A L T U R A 1,888 m .

52

P A I S : P Ô R T O RICO

N? Nome Idade Peso m

A l t u r a

4 30 96,4 2,00

5 . . . . . . 20 81,8 1,60

6 20 86,4 1,84

7 . 27 93,1 1,86

8 26 90,9 1,90

9 25 75,4 1,70

10 20 87,2 1,90

11 96,1 1,90

12 9 3 íífi 3 1 96

13 . . . . . . 27 93,1 2,03

14 27 77,5 1,82

15 23 79,5 1,84

M É D I A D E I D A D E 24,58 anos

M É D I A DE A L T U R A 1,862 m.

P A Í S : PANAMÁ

N<? Nome Idade Peso Altura

4 28 . 69 1,75

5 Osório Quintana J ú l i o 29 76 1,90

6 25 82 1,88

7 21 86 1,90

8 Alvarado L . Nicolas Noe . . 24 . 84,5 1,90

9 31 89,5 1,95

10 Rayes Quijano Ramon 31 93 1,93

11 59 1,75

12 9 3 8 9 1 93

13 21 93,5 1,90

14 23 61 1,85

15 23 90 1,90

M É D I A DE I D A D E 24,91 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,878 m.

53

P A Í S : POLÔNIA

Nome Idade Peso A l t u r a

4 OO Qrt yu

1 9 5

5 OA R 5 1 85

6 97 R1 O-L

1 9 4

7 93 81 1,91

8 T w * * J - 00 flfl oo 1 9 9

9 T _ „ 1 ? * J — • • * u J 9(1 R7 1 9 5 i , O u

1 rt 1U M l A m i ú A u n a m 21 81 1.92

11 28 109 1,99

12 29 97 1,97

13 28 77 1,81

14 26 83 1,85

15 22 102 2,02

M É D I A DE I D A D E 24,33 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,929 m .

P A Í S : SENEGAL

m Nome Idade Pêso Altura

4 99 71 1 8 1 l , O i

5 9d 8 8 1 8 3

6 3 1 ' 7 0 1 8 1

7 91 IR i O 1 8 7 1,0 (

8 OK 70 1 RO i,oy

9 00 ou 1 9 0

10 24 81 1,93

11 35 75 1,90

12 25 78 1,87

13 30 69 1,87

14 22 80 1,83

15 19 82 1,93

M É D I A D E I D A D E 25,25 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,870 m .

54

P A Í S : U.R.S.S.

Nome Idade Pêso Altura

4 *

20 87 1,90

5 23 89 1,94

6 23 80 1,86

7 28 85 1,90

8 25 82 1,85

9 21 n o 2,00

10 24 84 1,90

11 26 86 1,92

12 21 95 - 2,12

13 lo

29 90 2,00

14 28 95 2,15

15 23 90 2,17

M É D I A D E I D A D E 24,25 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,975 m .

P A Í S : YUGOSLÁVIA

N9 Nome Idade Pêso Altura

4 22 91 2,00

5 30 96 1,96

6 26 95 2,04

7 31 96 2,04

8 27 92 1,96

9 27 90 1,90

10 31 85 1,83

11 20 85 2,05

12 19 86 1,99

13 20 81 1,87

14 24 92 1,90

15 25 104 2,06

M É D I A D E I D A D E 25,16 anos

M É D I A D E A L T U R A 1,966 m.

55

RESUMO C R O N O L Ó G I C O E T É C N I C O DOS JOGOS

Antes do assunto propriamente di to , é necessár io fazer algumas cita­ções r áp idas sôbre o local dos jogos (Pa lác io dos Desportes) e meios auxi -liares (pessoal e serviços) que podem ser considerados perfeitos nos pontos que se seguem, o que, em s ín tese , preenche exatamente todos os requisitos necessár ios para uma compet ição de ta l envergadura:

a) Quadra de jôgo t è e n i c a m e n t e perfeita para a sua evolução e prote­ção do atleta.

b) ó t i m a s ins ta lações auxiliares, tais como: ginás ios para aquecimen­to muscular, salas de r e c u p e r a ç ã o , escr i tór ios , ves t iá r ios etc.

c) Ins ta lações para o púb l i co assistente h ig iên icas , confor táve is (ca­deiras individuais em qualquer local) e com boa visão do campo de jôgo. C o n v é m citar que, arquitetonicamente, o Pa lác io dos Des­portes me parece perfeito, pelo menos do ponto de vista da p r á t i c a do Basketball, pois tôda a sua á r ea é uti l izada, o que vem a ser grande contraste com o nosso M a r a c a n ã z i n h o , onde grande parte de sua á r e a é simplesmente inaproveltada.

d) Turmas de ano tações es ta t í s t icas para levantamento técnico-es ta-tíst ico dos participantes.

e) Turmas de Ass i s tênc ia -médica com muitos méd icos e auxiliares, devidamente equipados; algumas vêzes , parecia-nos haver exagero em n ú m e r o de pessoas trabalhando.

De modo geral, foram êsses os pontos principais que nos chamaram a a tenção em re lação ao local da Compe t i ção de Basketball e meios auxi ­liares. Posso afirmar, sem nenhum receio, que os mexicanos pr imaram por apresentar condições excepcionais à s r ep re sen t ações de Basketball, e que isso fo i conseguido, pois no â m b i t o dês t e Esporte tudo saiu mui to bem.

A par t i c ipação Ol ímpica fo i l imi tada a 16 equipes, eleitas pela F I B A de acordo com a seguinte r e l a ç ã o :

1 — As 5 melhores equipes classificadas nos X V I I I Jogos Ol ímpicos realizados em Tóquio em 1964: Estados Unidos, U n i ã o Sovié t ica , Brasi l , Porto Rico e I tá l ia .

2 — O país patrocinador: México .

3 — As 2 melhores equipes classificadas em jogos continentais:

Das A m é r i c a s = Cuba e P a n a m á Da Europa = Yugos láv ia e B u l g á r i a Da Ásia = Coréia e Fil ipinas Da África = Senegal e Marrocos.

56

4 — As 2 equipes mais bem classificadas no Torneio Pré-Ol ímpico realizado na cidade de Monterrey: Polôn ia e Espanha.

A compet ição foi realizada de acordo com o Processo de Rodízio em Sér ies , sendo as 16 equipes participantes sorteadas nos grupos A e B , clas­sificando-se as duas primeiras de cada grupo para as semifinais e jogando o vencedor de cada grupo com o 2.° do outro grupo:

1. ° do grupo A x 2.° do grupo B

2. ° do grupo A x 1.° do grupo B

e defrontando-se nas finais os 2 vencedores das semifinais em disputa dos 1.° e 2." lugares, e os 2 perdedores em disputa dos 3.° e 4.° lugares, sendo que as outras colocações foram disputadas dentro do mesmo cr i tér io , jogan­do nas semifinais:

3. ° do grupo A x 4.° do grupo B

4. ° do grupo A x 3.° do grupo B

e nas finais os 2 vencedores em disputa dos 5.° e 6.° lugares, e os 2 perde­dores em disputa dos 7.° e 8.° lugares, e assim sucessivamente a t é a esco­lha da 16.a colocação.

Os grupos para o Turno de Classificação do país , sorteadas as equipes, ficaram assim cons t i tu ídos :

Grupo A " Grupo B

Estados Unidos U n i ã o Soviét ica P ô r t o Rico • Brasi l I t á l ia Bu lgá r i a Yugos láv ia México P a n a m á Cuba Filipinas '. Coréia Senegal Marrocos Espanha Polôn ia

Houve u m total de 72 jogos durante a compet ição de Basketball, que foi iniciada no dia 13 e encerrada no dia 25 de outubro, de acordo com o resumo que segue e com as es ta t í s t icas oficiais:

a — Turno de Classificação = 56 jogos b — Semifinais = 8 jogos .

c — Finais = 8 jogos

57

OBS. — C O N V E N Ç Õ E S D A S E S T A T Í S T I C A S

T.S. ou T.P. P.R. ou C S . ou C A . L.F.R. ou F.T.S. ou T .L .A. T.P. P. ou I . T. D . L .F .M. ou F .T .M. ou T.L.F .

Tempo jogado Cestas de campo feitas, Lances-livres convertidos Total de pontos. Faltas pessoais

Faltas técnicas .

Faltas desqualificantes

Lances-livres n ã o convertidos.

TURNO DE CLASSIFICAÇÃO

(de 13 a 20 de outubro)

O Turno de Classificação encerrou-se com o resultado abaixo:

C L A S S I F I C A Ç Ã O

G R U P O A

P A Í S V I T Ó R I A S DERROTAS

1.° lugar ESTADOS U N I D O S 7 0 2.° n Y U G O S L A V I A 6 1 3.° tt I T Á L I A 5 2 4.° »• E S P A N H A 4 3 5.° »» P Ô R T O RICO 3 4 6.° i» P A N A M Á 2 5 7.° » F I L I P I N A S 1 6 8.° S E N E G A L 0 7

C L A S S I F I C A Ç Ã O

G R U P O B

P A Í S V I T Ó R I A S D E R R O T A S

1.° lugar U N I Ã O S O V I É T I C A 7 0 2.« i» B R A S I L 6 1 3.° i» M É X I C O 5 2 4.° »» P O L Ô N I A 4 3 5.° n B U L G Á R I A 3 4 6.° n C U B A 2 5 7.° »» C O R É I A 1 6 8.° »» MARROCOS 0 7

58

SEMIFINAIS

(dia 22 de outubro)

57 = 8.° do gr. A (Senegal) X 7.° do gr. B (Coré i a ) . 58 = 7.° do gr. A (Fil ipinas) X 8.° do gr. B (Marrocos). 59 = 6.° do gr. A ( P a n a m á ) X 5.° do gr. B ( B u l g á r i a ) . 60 = 5.° do gr. A (P. Rico) X 6.° do gr. B (Cuba). 61 = 3.° do gr. A ( I tá l ia) X 4.° do gr. B (Po lôn i a ) . 62 = 4.° do gr. A " (Espanha) X 3.° do gr. B (Méx ico ) . 63 = 2.° do gr. A (Yugos láv ia ) X 1.° do gr. B (U.R.S.S.). 64 = 1.° do gr. A (E. Unidos) X 2.° do gr. B (Bras i l ) .

FINAIS

(dia 23 de outubro — Disputa de 9.° a 16.° lugares)

J ô g o N.° 65 — Perd. J ô g o N . ° 57 (Senegal) X Perd. J ô g o N.° 58 (Marrocos)

Disputa 15.° e 16.° lugares.

J ô g o N . ° 66 — Venc. J ô g o N . ° 57 (Coré ia ) X Venc. J ô g o N . ° 58 (Filipinas)-

Disputa 13.° e 14.° lugares.

J ô g o N . ° 67 — Perd. J ô g o N . ° 59 ( P a n a m á ) X Perd. J ô g o N . ° 60 (Cuba) , Disputa 11.° e 12.° lugares.

J ô g o N . ° 68 — Venc. J ô g o N . ° 59 (Bu lgá r i a ) X Venc. J ô g o N.° 60 (P. Rico) Disputa 9.° e 10.° lugares.

(dia 25 de outubro — Disputa de 1.° a 8.° lugares)

J ô g o n .° 69 — Perd. J ô g o n . ° 61 ( I tá l ia ) X Perd. J ô g o n . ° 62 (Espanha)

Disputa 7.° e 8.° Lugares.

J ô g o n . ° 70 — Venc. J ô g o n . ° 61 (Po lôn ia ) X Venc. J ô g o n'.° 62 (México)

Disputa 5.° e 6.° Lugares.

J ô g o n . ° 71 — Perd. J ô g o n . ° 63 ( U . Soviét . ) X Perd. J ô g o n . ° 64 (Brasi l)

Disputa 3.° e 4.° Lugares.

J ô g o n . ° 72 — Venc. J ô g o n . ° 63 (Iugosl.) X Venc. J ô g o n.° 64 (E.E.U.U.)

Disputa 1.° e 2.° Lugares.

59

E S T A T Í S T I C A S

C L A S S I F I C A Ç Ã O F I N A L D A C O M P E T I Ç Ã O DE B A S K E T B A L L D A

X I X O L I M P Í A D A D A ERA M O D E R N A :

1." lugar — E S T A D O S , U N I D O S 2." " — I U G O S L Á V I A 30 » U N I Ã O S O V I É T I C A 4.° " — B R A S I L 50 » __ M É X I C O 6.0 " P O L Ô N I A 7.° " . — E S P A N H A 8 o » _ I T Á L I A 90 » P Ô R T O RICO

10. ° " — B U L G Á R I A 11. ° " — C U B A 12.o » — P A N A M Á 13 o _ F I L I P I N A S 14 o » C O R É I A

15 o » S E N E G A L

16.° " — MARROCOS

60

C O M I T S O R G A N I Z A D O R D B L O S J U B G O S D B L A XXX OLIMPÍADA

BB-8

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INDIVIDUAL SCO RE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

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C O M I T B O R G A N I Z A D O R D B L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

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COMPtLAClON TABLEAU OANNOTATION PERSONNELLE

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HOM NAHC N O M S R f

P A U T S * F O U L I F A L T A S

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P B . C S . C A .

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T . P . r. t .

T . 0 . L . F . M F . T . H T . L . F

BUrSTÀTÍAlí lamcun 4 25 3 r; A L I 2 0 0 0

IACHRIS3I AMcrroouT 5

ABDELL.ATOUI ^chanod 6 30 2 0 4 . 5 0 0

SETA D "Jokhtap 7 40 A 2 10 2 0 0 0 BODAZAOUI TatlaJ7.afc 8

BELHTAOUI A b d u l j o b t a r 9 6 0 0 0 1 0 0 0

ELYAHAM K h a l í l 10 27 1 0 o o 0> J p

CHE2RAL3I Ifour* odine 11 13 0 2 2 1 0 0 0 —

RIAD ITOULAY Ai cofl 12 20 0 0 0 1 0 0 J

EEL C/.ID Al i a? 13

cs 2 0 4 4 0 J 0

SEBBAR Abderrchmans 14 10 0 0 0 0 ü 0 0

D10UKY Parouk 15 T O T A U K T O T A L * T O T A L E S

>oo 1G G 33 10 Ü J 2

LFR L H U I I F U M E I H O l t l l l M l M I E I F H F I 0CODCS 1l« K W ) L I 0 " E S U O T 1 0 0 1

I TCCHM1QUCS I TtCHHlCHi I l E m c o i

I t t u r S JOuC I T I U C FL A T I D I ftEMFO AISFOO

LFM LMICCRI F R M C l U U O l t l I W MEC THH0V1 M I 1 I E 0 TIF TIRO» L I P M S rtLUPCI

DE OUHMLIFICtF oi soutiirime

OC í í * l ' F K » O 0 )

| F U I M I > I U » S I

u m ; !o* !o iFERSOHHCLLt» II» 0t»1DU«L IFERSOMUES

TOTAL OCI FBIT TOTAL FOI» I I T 5 T A L DE FLKTt j ms

62

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D E L A X I X OLIMPÍADA

CB-6

G A R E J j 2 66

7 I L I P U A S 66

CGMPILACION TABLE AU OANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE AN0TACION PERSONAL

C 0 B E A 63

IE Q U I P E

23 Octubro/60 I T E R R A I N 2 U Í X C I 0 *>»

C A N C H A

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N2 T . J . T . P .

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T . D_ L . F . H F . T . H T . L . F

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TTARTATTO Jaime 6 12 2 1 5 : 0 0 1

T011T!TTN0 E l i 10 6 8 1 0 2 ; 0 0 0 ItfYES Renato 7 4 1 0 2 0 0 0 0CA1IP0 Edí^irú') 8 26 2 0 4 0 0 0 BAutOi; Or lam!» 9 22 0 0 0 i 0 0 0

ROJAS Joarçuin 10 30 7 3 15 A 1 0 0 1

rTELETíCIO RoreMo 11 22 4 1 9 4 0 0 1

" I O R I T Í C I O RonMo 12 12 2 3 5 • 0 0 3

RAPA Adi-iano 13 17 2 2 6 í 0 0 4

riARiüEZ Aironco" 14 23 6 0 12 2 0 0 0

JAVÍORMI Hoboi t 15 9 1 2 4 4 0 0 0 T O T A U X T O T A L S T O T A L E S

200 29 (i 66 39 0 0 10

L F R I H C I I I 1 I I I F I I FUJ1J.1 r n I T R C E r w o « i icoaco T I A I T I A D I L I » » » M O T A D O S

I TICMHIIXICl I T [c i<Ric*L I recairei

T E M A S JOUC T I M E F L A T E O T I E M P O lUljlOG

LFU LiHCEHS FSAhC» MANGUES F IM F*Ct THA0*S Ml 1110

' • 0 1 LISTES I I U W I

lOE DISOUAIIFIEITIOT • Dl JOUAAIFTINS IDCStALlTItAOOS

1CS5 TEg ' íS : l PERSOHNELLES ITO1 V3UAL PEH5J1»LCS

I TOTAL 011 FOia I TOTAL POIBTT

TOTAL LC FLUI-:

63

C O M I T H O R G A N I Z A D O R D B L O S J U B G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

C9-6 COMPIUCION

J Í U G A M E J U E O O

66 TABLEAU 0-ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

o n V. ; \ 63 r " L i n 66

( Q U I F C T I A M

I EOUtBO c o n - A

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C . L C A . T . L . A

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VAIC IIyii»-Chno 6 2 3 2 8 3 0 0 2

ClIEI Dor.3-?a 7 2 5 4 14 1 0 0 0 YOO : i i -H7i inc 8 Z 2 0 5 0 0 0

9 t 1 2 4 3 0 0 0 r.U37 i f j i 10

11 1 . 1 1 3 2 0 0 1

H

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12 3 4 0 8 4 0 0 0 Y O W I - V . I I : 13 2 ' 2 3 7 0 0 0 1

LEE i n - f y o 14 41 • 6 3 15 3 0 0 1

15 T O T A U A T O T A L » T O T A L 1 1

20 24 15 63 21 0 0 5

LFR LMCER» I I M I C 1 REU1M1 FT* M i l T F . I I»» 1««E0 TLA TIRO» ttOUE» MDTAO01

U t w aui» I I I M I I L U E l i r o l

t J ITEMPI 13UE TF l l I M E FLATIO T J | riCMPO jgaAOc

LFM F I M TLF

L M I t H r l « ( l MAMOuE» FREE THR0W1' M l 11C0 TI ROÍ LUTE» FAI.LA0C1

M «noviLiriCArioa o n a v u r v i a * ' 0 (W«U' l («0O*

F E K X M a t L L E l IN0'T>3VAL F E R M T . H 1

10 TAL BE* .01« '0TA1 FOIRTl ' .TA'. (.1 F l i F I l

64

" « N2

C u B A

C O M I T B O R G A N I Z A D O R D B L O S J U E G 0 9 D B L A X I X OLIMPÍADA

BB-6

91

COMPILACION TABLE AU DANNOTATIDN PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

88 ' f A M A H A

IEQUIPE T I Ú EQUIPO \j 3

TERRAlM'-

COUHT -" . I CANCHA

1 ' ' . D'INSCRIP. .0. Ne.

He. REGISTRO

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P.R. C S . CA.

F.T . i . T . L . A

T.P. F . 1 ,

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I TICHHIOUll I TCCHNirAL ITCClICOT

I t t H F l JOUE I l iMC FLATEL I TIFMFO JUCAO.

I U I I I 1 F R U C I U A H B U O FBCI T U B O * ! Ml ) ) L D T - R B S L I B B C * FA.tAOO»

et D i s suA i i i CAi-er BIIOUALIFTIH» OEiCM.'MEADO»

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U E R T O T A I Ei

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65

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D B L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

GB-6

J E U

G A M E fl>2 J6L

V A W A « A

COMPILACI0N TABLEAU D'ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO OE ANOTACION PERSONAL

C U B A 91

E Q U I P E T E A H

| E Q U I P O p A H A J,í A

I O A T E | F E C H A n c t / f i 8

T E R R A C O U R T C A N C H

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PAUTES F O U L S FALTAS

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P . R . c.s C . A ' .

C .T.S. T . L . A

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T. . 0 . L . F . H

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7 -12 —o- \

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—0 —0- _ t —0 - 0 - -0 . 9

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10 -25 - 1 n 0 n n 0 0

PISTALT.'. J r Havia 11

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12 -*c —9 - 1 2

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TtCHNIOuES TECHBICAL IECBIC0 3

LAMtFRl FAAHCS LlAHOítEE I FHFC THD0W3 M l l S E ; I

OC OIIDUALHIC" D I l T U A l i r T . H CFSCALir .cIDOl

PE •3DNTELL ' • .OVDUAl r l P W s A L F l

I D T U DEI PDIi - • I M P0IKI5 r;r«-_ t t n t :

66

l™« N9 68

C O M I T B O R G A N I Z A D O R D B L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

BB*6 COMPILACIOH TABLEAU D'ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

P Ü B R T O B I C O 6' B U L G Á R I A 57

feí*? U E R T O I l I C OloATt 23 Oot/68 I E Q U I P O I F E C H A

Pal&olo de ÍSíS^loo Deporteo C A N C H A

" 1 . 0'IMSCHIP. C. HO.

NEGISTItO

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P.N. c * . C A .

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T.P. l. 1 . o.

L.F.M F.T.H T . L . F

UCCADNEY B i l l 4 18 2 0 4 5 0 0 0

IUTTON Joe 5 9 0 0 0 0 0 0 0

TORRATA A d o l f o 8 36 7 0 14 2 0 0 0

CAJÍCEL AlVTOl 7 12 0 1 1 3 0 0 1

ADORNO Rubeu 8

ZAIíOT A l b e r t o 9

DALUAU Rajaond 10 25 5 0 10 2 0 0 2

FRORTKRA Jaime 11 3 0 1 1 1 0 0 1

nonoovA Franoiaoo 12 26 1 1 0 2 4 0 0 2 CRUZ T e o f i l © 13 a 7 23 1 0 0 1

CUTIERREZ Tooaa 14 4 í 0 2 2 0 0 0

ORTIZ Kar iano 18 31 5 0 10 1 0 0 4 TOTAIIM TOTAL* TOT ALE*

>00 29 9 67 21 0 0 u

I F * j i u t l M F t u m « u m * r i * ( « l i T F I U H I ttoAH

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L F U I L M C C H I M A N E I M A H O U E * I ] o r Dl l lX'AL>r.EAtlO F T M I F A C C TNNOWÍMlMtB I D | 91 MXIAl l FTl lO TLF |T'Htl« L I I H 1 F A i L ' M l l 1 0C*t AL1 flCAUO»

U l i l l H U .5 * fPCNTONHKLLC* | < » 9 < < ' 9 U A L I P ; » W . A L C Í

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67

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D E L A X I X OLIMPÍADA

BB-6

68

B U L G Á R I A 57

COMPILACION TABLEAU D'ANN0TATÍ0N PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTAC10N PERSONAL

I P U E R T O R I C O 67

E Q U I P E B U L G Á R I A [ E Q U I P O

23 Oat/60 . Pa lao lo de TMMWIOB Deportao

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T . 0 . L . F . H F . T . H T . L . F

IHIIAILOV B a i l 4 ~Z~ T- - 9 - -z~ - 6 - - s -

BUUWliJV u t a n i e l u v 5 -3 ~a~ - 4 -

~xr~ - o -- 8 - -3—

- t r 0

- 0 - - 0 -n PAHUOV Pando 6

1W1TUH1WUV AAPIStO 7 - w - 3 - - t - -6—

5PA5S0V V a l e n t i a 8 m u w v atarem 9 26 2 T T 4 - T " - 0 - - c r

DItIOV Uin toho ,0 31 r r T - - t r - c r - t -

KIROV I v a i l o 11 —y - 0 - - t - - t - - G - -G~ - 0 -

SAKHHIKOV D i m i t a r 12 BRAHZOV BoitCho 13 - Í 5 - - 4 - - 1 - - 4 - - O -

- 0 --©- - * -

-1-KAITUIIÜV a i a v y 14 -1—

K1IRIST0V Gueorcui 15 23 1 " 2 - - 0 - - t r - 0 -

T O T A U X T O T A L » T O T A L E I

200 24 9 57 17 0 0 7

L N C I I I F R U C ) HCUSSIS FHEC TKIKXf» HO»tO TIAQS IIIAE» ANOTADO»

I TtCHHlOUt l I TEC-HICAL I TEÓRICOS

LAHCER» F i a t l HU0 -JC 1 r»(E i n U A I H l i l t O • •W» L'«»t» TA- .Lt t .ss

OC Dl SOU ALI Fl C AT DISOUALirVLNS DtitA.iFiIACO»

' CR IOU-EL I SC «'OU At 'TSSOSA! E i

TDFAl D l t ADUTS TOTAL FOU.TS TOTA; 6E R L H O i

63

J U E G O " 69

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D E L A X I X OLIMPÍADA

B B ' B COMPILACION TABLEAU 0'ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

E 8 P A i: A I . I T Á L I A 72

E Q U I P E T E A N

I E Q U I P Q

E 3 P A fi A 23 Oot/68 T E R R A I N _ _ . _ " C Q U P T Falaolo de loo Doporteo C A N C H A

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L . F . M F . T . H T . L . F n T . J .

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P . R . C S . C A .

L . I . A . F . T . S . T . L . A

T . P J P .

f. T . D .

L . F . M F . T . H T . L . F

HAPTinrz Jttan 4 22 3 0 6 4 0 0 o R A T O S Vicente 5 SARTIAGC 2 Lullf 8 —a —s — T B

CCDIRA Jecua 7 10 1 0 2 3 0 0 0

FAROALL &ariqne 8 0 0 0 4 0 0 0 FAVA C AntcBle 9 R O D R I G U E S U B Í I Í M O 10 33 9 5 23 3 0 0 1

vm vm- a i f f o x d 11 34 12 1 25 4 0 0 1

C A O I T O . A Joe» Lula 12 15 0 6 2 0 0 2

roncivc svr.^o;.s<ic 13 32 9 1 19 4 0 0 1

' L C J I I I L O S - O ? . ? , O 14 12 1 0 2 1 0 0 2

FARSIFEZ Alfcoso - 15 20 2 1 5 5 0 0 1 T O T A U » T O T A L * T O T A L E S

200 40 a 08 30 0 0 8

L M LA*CEI> FRAHC* IEUSSIS FT1 M I E TH AO WS SCO» [O TLA Tl"OS L l t A t S MOTA0OS

I T E C H » I O U E I I TECHH1CAL I T E C A I C O S

TEMAS IOUE TIME ALAYIO TIEHRO tuDAK

LFM LMICEIS MAN CS U A H O U E I F I M MEC TUROWS Ml S I E S TLÍ T ' » O S L I M E S FALLAD0S

0E dSOUALIFICATIOH 0I10UM.IFTIHI1 OESCALIflCAOOS

I P A H l t - l I I U S I l S I W A L I ÍC0A!O [ L A T A I - L I AA0*" ) !

PERSOHHELLCS IA 01 USUAL FERIO-AL ES

TOTAL DtS F0IBTS TOTAL FOI AT 3 TOTAL OE FURTO*

69

C O M f T E O R G A N I Z A D O R D B L O S J U B G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

B B * B COHPILACION TABLEAU D ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET

&?. CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

E 3 P A íi A 8 0

EQUIPE I T I AH I EQUIPO I e A L 1 A D A T E 25 Oet/60

[ F E C H A \ll»ZV P«lsoio d» loo LopcrtoB

» L 0 ' INIÇHIP,

e. «o . HEGI1THO

NOH / ' NAME NOHBHE

FAUTE» F O U L S FALTA»

N2 T . J . T P.

C A C * .

L . F . H . F . T . l T . L A

T . P . r l .

T . o. L . F . H F . T . H T L . F

FIXALCAVl CíiTlO 4

PILINUJEEA Q i t L T t o 5 32 4 3 11 2 0 ò 1 6 6 1 0 2 0 0 0 0

SGTCÍÍE Sir ico 7 l ã 3 3 9 l 0 0 5

EAúini Faeeinc 8 21 i 2 4 2 .0 0 b VTTTCia Fnclo 9 Í 4 1 6 2 3 0 " 0 u

VIAUULO OcicriolO 10 20 3 0 6 0 0 0 0

QIT,Ü "JXDO c-n.o 11 8 2 0 4 4 0 0 0

F.AEOFHA. Ctinj-ir.o 12 20 10 0 20 4 0 0 0

13 5 1 0 2 L 0 - o —0

1". lítrí • í. .*.• 14 c 10 1 0 0 0

15 15 * 0 2 j 0 0 0

T O T A U I TOTAL» T O T Í L 1 5

3-0 •j 1

8 V2 Ifi 0 0 12

l l l LÚCIA» IAWC9 I I U I 1 I 1 T tS F»C( THADWS SCO»CO TI» Ti»0J LIME» UOT»O0I

I TCCHHlIJuC» I I 1 C K I I C U I TÍCmlO» J

1TCMPI JOUC

i T I M E P L * T I O

I f M L f CEP1 T l U C l HAft t iuEI FTM FITE TNROWi Ml i l f O K f KHO* V I I * " í»kLAO*i

ÚC aiiguALJF»CAT OI30UAL iFYLItO -

PÍHWflUlLlES lhO'V*OUAA PÍB50'l*L*3

TOTAL DEI FOlHT I TOfAI POlhT-» TOTAL OE PU*. TO 5

70

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D B L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

BB-6

t e u GAHE JUEGO

gr r, T T n n _Z5.

C0MPILACION TABLEAU D-ANNOTATIOM PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET

CUADRO DE ANOTAClON PERSONAL

P 0 L 0 H I A 65

EQUIPE TEAI l l

[ E Q U I P O

ti n I oo 25 (Wgfl T I R N A I N p t l l t U j l O d 0 l O O C O U R T . -

I C R H C H A Peporteo RO. 0 ' I N I C R I P .

' - : G . HO. J. REGISTRO

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P A U T E S

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P.R. C l . ' A .

- . F . R . Y.T.A T . L . A

T.P. F, T. s. L . F . M F.T.M T . L . F

lUEUHA—£a£&»l 4 5 0 1 1 2 0 0 1

5 35 ? 1 1? 1 0 0 1 íBlffggSfO-Apfagq T ^ r r - r n rmwnwtlQ

8 10 1 0 2 2 0 0 0 7 ? 0 0 0 4 0 0 0

.TATJl Antônio 8 14 3 0 6 3 0 0 0

IGIAIU Ooaag . 9 7 í 1 3 4 0 0 1

fflAJBSA-LuA» -B 10 24 3 0 6 1 0 0 0

Hfg:A»-A3,eJft»dTQ , 11 7 3 0 6 4 0 0 0

:U7\7TAI;AR cariou 12 17 1 0 2 4 0 0 0

tfíTV.TAirn Sl;;::^r 13 22 2 2 6 3 0 0 0 14 1? 3 0 6 2 0 0 0

BMU TlnT-TT nT 15 35 7 4 18 1 0 0 2 TOTAU» T O T A L ) T O T A u E ) íOO 33 9 75 31 0 0 5

l l l LÚCIA* F A U C * H t U M l ! FTS F M I THAOF) ÍCORID TIA TIAO* L I M I ) «H0TAD0I

I T I C H H I M I S I FICHHICAl.

I M C I A S FAMC4 U A n O l F ! FAEt T B U O P Í MISSES ' f . A O l t l l . C l F A . L t f j T

01 OIJOKALIF.CAI o i s o u u i r ' ' - ) OITtF.-FlIAOO»

AC I I 5 0 » «l l l . CS l * D ' , I M , A l A I F U - A L f *

71

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

BB-B

i?-. N i f U E O O "

70

P O L Ô N I A 65

C0MP1LACI0N TABLEAU DANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE AN0TACION PERSONAL

M É X I C O 75

octubra 25/68 TERRA!»

PALÁCIO DE LOS EEP0RTE3

HS. D ' I M ) C R I P . 3. HO.

• .. REGISTRO

H O H HAUC H O H B R E

PAUTE» F O U L S F A L T A S

El O T . P .

P R . C S . C A.

IL .F .A . C .T.». T , L .A

T , P . F. 1.

- T . D. L . F . M F .T .H T . L . F

KORCZ Grzegore 4

TRAMS Wlodzlmierz 5 28 5 0 t 1

MALEC Czealaw 6 17 : 0 c 0 r 0

CEGILLSKI Hehryk 7 9 t 0 ( 1 : 0 c 0

KASPRZAK AndnaJ 8 7 ( 0 < C 0 0

JUmEMICZ EdTrird 9 1 1 2 l : : 1 0 c 0

BIBÍIEC Adam . 10 U < 0 C 1 0 í 0

LIKSO Bodgan 11 31 í 2 14 1 0 Q 4

LOPATKA Mieczyj law 12 33 7 0 14 3 0 C 0

TOELEIE1ÍIC2 Kas lmUrs 13 31 3 0 A 1 0 0 , 0

KWIATKCV.ílKI Scleolsw 14 22 3 0 ; 1 0 0 0

l PASIOROW3KI A n l r c o j 15 T O T A U A T O T A L * T O ' A L E »

22 1 28 9 63 14 0 ..,0 - 5

l l l LÚCIA» r a u c t Atui i i» FTS ' A l t INAOH» ICOFID T I A TI AO» L I A A I 1 U O T l D S t

I F M I H C I F I I 1 M Í I liluOuI» F TU F*CI HI11EB TLF TiFO» !••••» TALIADC!

T l t M H I O U t l I TICAAICIL. I T(CAICO»

I D I S l l S U t l ,1.111 I 3 1 I U A I I M I |DCTC«.TI(t[.05 J

„ l A H I I A l V L ( t I C O A l l S DA! C l ( H Í ! ' I _ A

l A I A I W - I L l I I I lAD .'DUAL l«IA<OAlllt

XieM

.72

C O M I T K O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

G A M E H 2 n% J U E G O " ' J"

U R S 70

C0MPILAC10H TABLEAU D ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE AN0TAC10N PERSONAL

B R A S I L 53

U R S ? E V Í A 25 0ct/66 T E M A . H ^ C Í O de C O U A T l o s Deoortes

I G A N C H A

D N H S C R I P . C. HD.

n t . R E G I S T R O

M O H H A M E N O M B R E

P A U T E S F O U L S F A L T A S

N2 T . J . T . P .

A . R . cs. C A .

L.t.h. r.t.s. T . L . A

T . P . P. f .

T . 0 . L . F . M F . T . M T . L . F

KHIKUK A n a t o l l 4 8 0 0 0 1 0 ô 0

PAULAUSKAS Kodeat 5 22 6 5 17 4 0 0 1

SAKANUELIDZP Zvrab 6 32 6 2 14 3 0 0 2

KAPRANOV Vadira ' 7 4 1 0 2 3 0 0 0

SELIKHOV Y u r i 8 17 0 0 0 3 0 0 0

P0LIV03A A n a t o l i 9 25 3 4 14 4 0 0 4

BELOV Serce l 10 18 2 0 4 2 0 0 0

TOMSON P r i i t 11 15 1 2 4 2 0 0 0

a. KOVALENXO S e r i e i 12 8 0 2 2 0 0 0 0

VOLTíOV G?nnedy 13 4 0 0 0 1 0 ó 0

LIPSO Yaak 14 15 3 0 6 2 0 0 0

ANURFrV V l a d i n l r 15 32 3 1 7 1 0 0 1

T O T A U X T O T A L S T O T A L E S

200 27 16 70 20 0 0 8

L L ' K IHKfA» F I M » MUíSIS FT» F M I TuFOWJ fCORES T I A TIROS H R A I S «01*005

TCCNHIOUIl T C C M H C 1 L T I C R I C O S

TF uns j«UI l . l .Tl I H I 1 0 l l tMAO JUGAPt

I F M F TU TH

i w u i i r i u i i U A H S U I I F«!t U B F I U I I U D TIROI l l l l l l FALLADOJ

P I OlSOUALIF.EA D I Í O I A L I T V I U S OIíCALIFICAODS

FlRSOHRELLCS IN Dl VISUAL BCRÍONALF S

TOTAL DI1 ACINI-. TOTAL ROINTS "Of tL Cí FUNTtS

73

COMITÊ O R G A N I Z A D O R D E L O S J U E G O S D B L A X I X OLIMPÍADA

88-6 COMPILACION TABLEAU DANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET

CUADRO OE ANOTACION PERSONAL

D :i A S I t, 53 D it 70

EQUIPE T E A H

I EQUIPO B R A S I L DATE 25 Oct/68 » I H PALÁCIO DE LOS

«* DETORT i3

" 1 . 0 ' l M J C H I P . C. HO.

. .V H E G I I T D O

HOH HAHE ' HOMSHC

F A U T I Í F O U L S F A L T A S

N2 T J . T . P .

P .H . c.s. C A.

L F.T.» T . L . A

T .P . ». 1.

T . 0 . L . F . H F . T . H T . L . F

I1ACHAD0 Serc io 4 20 3 2 8 2 0 0 0 KAR3U23 Ulamir 5 22 4 1 9 3 0 0 1 UACI2L UM r a t a a 6 40 3 0 6 4 0 0 4 COAR: I K I Celoo L u i z 7

GARCIA H ô l l o 8 9 1 0 2 1 0 0 0

SOUZA Corno de 9 12 2 0 4 1 0 0 0

SALTOS Jooe 10

UE1.0N L u i z 11 30 4 0 8 4 0 0 0

SUCCAI? A n t ô n i o 12 7 0 0 0 4 0 0 c

ÕI"0Ef) ,T033 13 2? 1. 1 3 3 0 0 1 C .OTiL: JorO G 14

IiASSOWI Carloa 15 35 .5 3 13 3 0 0 0 T O T A U X TOTAL» T O T ALES

200 23 7 53 25 0 0 6

I TCI.-P1 JCUC l » I PLAY(D

I THHPI) HltAOC

l I H t m FAAAC S I I U S I I I r i t t T A A B H S í toFio T I M I L I O A I * «OTAOOS

L M C t l * FAAAC1 UAnOuC* I [DE O I > X ' i C A T I D -FASE T H * 0 * 1 MISSES I O I si SOuALl l - S TiFO» L « * t l F A L l A O 0 t ^ | D[ i ( 1 . • TIC ADOS

PCOSMAELLt» IHO'Y-0UAL F I A M A A l I S

I TOTAL 011 FOI'1 TOTAL P O l k f . ' J T A l M H i A ' .

74

C O M I T B O R G A N I Z A D O R D B L O S J U B O O B D B L A X I X O U M P I A D A

J = u . . . GAHE N 2 k,-JUEGO " i a

E U A

BB-6

65

COMPILACION T A B L E A U D'ANNOTATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

Y » r, Q 3 U V . I A 50

EQUIPE

TEAM S U A :15 Oci/$Q "^"•PALÁCIO DE 7:0: I C A H C H A D5P0RT3.5

D"IHSCBIP. 6 . H O .

H O . H E G 1 S T B O

NOM MAME NOMBBE

P A U T E » F O U L » F A L T A »

N2 T J . T.P.

c.s. C A .

T E F.T.». T .L.A

T.P. F. f.

T. o. F.T H T.L.F

CIiAY.UOÍÍ John 4 0 0 0 i7 0 0 C A I R tom ' 5 0 1 1 1 J , i) 1 V.IIITE .103 2 ^ : 6

. 3 0 - t"i 14- .1 . 0 A Cl BA Ai; ET Miohnat 7 22 Q G Z 0 0 0

H.\Y\700B C a n n t r 8 37 10 1 21 2 0 0 1

S O O T - P G h . i v l p r - 9 20 2 1 5 p 0 0 1

HOSITE? 75111 10 U. 1 1 - 3 - í)

VOY.TT77 C.rArtu 11 22 •5 0 A 1 ô ç

t'

k-J 12 24 0 r} 0 0 0 13 \ 0 1 7

=rTT."í''- -T-I-Í- 14 21 0 1 1 •J 0 J

15 *> s> 0 0 J 0 . J

TOTAOX T O T A L » TOTALEI !00 2 n 7 G5 1 1

ü TJ

LFK LMCtAI FBHIC l • C U H I I FT1 F B E I T H M W » ICO»tO TLA T H 0 1 L I M E S WOTASO»

I TECMMIOUES IrCCMICAL IttCHICOI

[TEMFI JÚUE J l l l A t FLATtG I FIEMFO Al A A 00

L FM I IWCFFt FAUCt UUOuCl FIM l l F l E IFAOHt M I 1 F I 0 TLF ItlHOl LIME» FALLAOOf

I N W I O U A L I F I C A T I M

l o i X X I A L i n i H S | P [ H » L I F I C A D O »

FA IlAFItA» »CU'.£>» C J !c«»Li sc;»!í CA [CM« AhJ AM»

FCIMPHCLLtl I F S I I I OU AL FtAlOAALE*

I IOTM- Ot* F o m r i fioriu. FOlFli • TOTAL H FUHIOÍ

75

C O M I T U O R O A N I Z A D O R D B L O S J U K G O S D B L A X I X OLIMPÍADA-

BB-6

ICU 72

í U C 0 3 L A Y I i l 5C

COMPILACION TABLEAU D'ANNOT ATION PERSONNELLE

INDIVIDUAL SCORE SHEET

CUADRO DE ANOTACION PERSONAL

E D A 65

"«VüGOSLAYIA I EQUIPO

25 Oct/68 T E R R A COUAT CAHCH

PALÁCIO DE LOS DEPORTES

-9. o ' u i i c n i P . «. «a.

, , J PCOISTRâ

HOH MAM» HOHOPC

P A U T E S F O U L S F A L T A f

N9 T . J . T P.

A .n . c s . C A.

i m r F.T.» T . L A

T .P . •F. 1 .

T . D. L .F .M F .T .U T L .F

ZORGA Aljoof t 4

KORAC Radivo.' 5 15 0 1 1 3 0 0 3

UAROEVIC Sorca 6 8 1 0 2 1 0 0 0

RAJXOTIC T r o í k o 7 21 2 0 *4 1 0 0 0

CVETCOVIC V l c d l x i i r ' 8 11 0 3 3 3 0 0 1

RA7HAT0VIC DiQ^OOlc V 9 13 1 0 2 2 0 0 0

DAREU I v o 10 38 6 4 16 2 0 0 0

COSIC jü*a3i i r , l r 11 13 1 2 4 2 0 0 0

SOúi:*.Ji Doni r 12 14 1 3 5 2 0 a 1

•T.riC.r Kih.olr. 13

14 29 4 0 0 3 0 0 0

OXAilSI r e - ; á r ' 15 38 2 1 5 2 0 0 1 T O T A 1 I A TOTAL» T O T A L E S 200 18 14 50 a 0 0 6

I T C M F I IOUI I t i u E A AMO l n s u i a AIS»»

LFA t m t l a f f * « C l «tu 1 1 1 1 FTS FUCE THAOPS SCOAED TLA TIROS L I M C * «OT»OQS

LTU LAHCERI ( ( « E S U U O u C I F t u i n | TaOOBI MISSEO TLT l'ROS LIÉAIS U m B I

I TIEHMIOUES I TEt mi l CAL I n t u i t o s

l a ( 0 1 1 3 0 A L I F i C l f l O T l o i íaiHiiiiit lo(lC».'»IC»051 J

r w i t A S c C L * • OOAIS ÍC0' 'T t * A S " A : V . j 1

FEASOmtLI.ES I - 0 ' I I S U A L

I (OTAL DEI FOI1

I TOTAL FOIFTS I TOT»l Dl FUAT

76

R Á P I D A A P R E C I A Ç Ã O T É C N I C O - T Á T I C A G E R A L

Essa r á p i d a aprec iação es ta t í s t ica tornou mais uma vez evidente e irrefutavelmente que o Esporte, de modo geral, e o Basketball, em par t i ­cular, t em sua constante evo lução originada em u m fator mui to simples, que é o e m p r ê g o da Ciência , ou seja, P r inc íp ios e Métodos Científ icos apl i ­cados na busca de melhores resultados e mais eficiência.

No Brasi l , infelizmente, ainda predominam o empirismo e a imprevisão , derivados de i n ú m e r o s fatores sócio-econômicos e principalmente da:

a) Deficiente p r á t i c a da Educação Fís ica nas Escolas P r i m á r i a s e S e c u n d á r i a s e nenhuma nas Universidades, pois as atividades ministradas, a l é m de insuficientes, são relegadas a u m plano secundár io , porquanto, de modo geral, r a r í s s imos são os estabelecimentos de ensino que apresentam ins ta lações adequadas, o que torna difícil a iniciação desportiva.

b) Falta de mentalidade esportiva do povo, fator de grande inf luência no desenvolvimento esportivo do Brasi l , pois essa ausência de mentalidade esportiva faz com que muitos jovens, que gostariam de a b r a ç a r uma profis­são eminentemente dedicada ao Esporte ( técnicos desportivos e professores de E d u c a ç ã o F í s i c a ) , sejam desestimulados do estudo, ao perceberem que qualquer um pode ser técnico de grandes equipes e que para isso . n ã o é necessá r io cursar nenhuma escola superior ou Universidade. Êsse qualquer um, n ã o tendo feito estudos un ive r s i t á r ios , pouca razão e menor base t e r á para valorizar a profissão de técnico desportivo e, ainda mais, quase ne­nhum conhecimento e mui to menos cul tura p o d e r á t ransmit i r aos que tem sob sua o r i en tação , resultando disso a es tagnação esportiva em que se encontra o Brasil .

c) Incapacidade da imprensa esportiva para o exercíc io da função, pois é difícil a ela compreender que o Esporte é u m dos principais meios de Educação de u m Povo, e n ã o apenas fonte de not íc ias sensacionais para maior venda do jorna l .

d) Real ização de compet ições interclubes em detrimento das compe­tições que deveriam ser realmente estimuladas: colegiais e un ive r s i t á r i a s . Ê de ines t imáve l valor para a Nação que se transfira a impor t ânc i a das compet ições interclubes para o â m b i t o estudantil, não querendo isso dizer que o Esporte passe a ser menos praticado nos clubes, mas sim, que ser o colégio c a m p e ã o tem mais elevado valor educativo do que o clube. A trans­fe rênc ia dessa i m p o r t â n c i a e q ü i v a l e a dizer que o clube u s a r á o atleta formado no e d u c a n d á r i o e n ã o o que acontece agora: os estabelecimentos de ensjno se valem dos alunos sócios de clubes e que nê les recebem prepa­r a ç ã o desportiva aprimorada. Com essa t ranspos ição , o atleta se rá formado no â m b i t o educativo da escola e n ã o no meio deturpado pela pa ixão c lubís -tica, cujos dirigentes, de modo geral, pensam apenas no aspecto competit i­vo e na v i tó r i a de seu clube e nunca na Educação pelo Esporte. Temos,

77

t a m b é m , de levar em cons ideração que no colégio todos os alunos podem dispor da oportunidade de desenvolver suas habilidades, ao passo que nos clubes só a uma minoria é proporcionada essa possibilidade, ocorrendo com isso o alijamento dos, aparentemente, menos dotados e dos de menores con­dições sócio-econômicas.

.Na Ol imp íada do Méx ico evidenciaram-se alguns fatores que marca­r a m nitidamente a p r e d o m i n â n c i a da Filosofia do J ô g o , de acordo com a inf luência externa, recebida por i n t e r m é d i o da cul tura esportiva absorvida pelo Pa í s , e com o temperamento racial do respectivo povo, para n ã o falar no grau de desenvolvimento das nações participantes.

Algumas equipes se apresentaram técnica e taticamente (estilo i n d i v i ­dual dos jogadores e sistemas tá t icos) influenciadas pelo Basketball norte--americano, outras pelo Basketball russo e ainda u m terceiro grupo que po­deria ser inc lu ído em uma categoria menos dependente, pois, pelo menos em técnica (fundamentos indiv iduais ) , se faz notar uma pequena in f luên­cia norte-americana.

As equipes participantes, de acordo com o p r e d o m í n i o da inf luência recebida, poderiam ser agrupadas do seguinte modo:

1 — P r e d o m í n i o de inf luência do Basketball norte-americano: P ô r t o Rico, P a n a m á , México , Coréia,* Fi l ipinas .

2 — P r e d o m í n i o de inf luência de Basketball russo; Iugos láv ia , B u l g á ­r ia , Po lôn ia , Cuba (exp l icáve l pelo fato do seu treinador ser russo).

3 — P r e d o m í n i o de independênc ia , p o r é m com certa inf luência t écn i ­ca ind iv idua l norte-americana: Brasi l , Espanha, I tá l ia , Senegal.

Obs. — A de Marrocos n ã o fo i inc lu ída por ser uma equipe bisonha em re lação às outras, mas poderia ficar nesse 3.° grupo, onde, por sinal, h á o p r e d o m í n i o de nações latinas, o que, de certo modo, explica o porque da menor inf luência t á t i ca em re l ação à in f luên­cia técn ica que traz do Basketball norte-americano, pois o jogador latino, de modo geral, acredita mais na sua potencialidade técn ica que no poderio tá t ico de sua equipe.

Às equipes do grupo que recebiam inf luência de técn íca- tá t i ca do Bas­ketball norte-americano, apresentaram comportamento t ípico de uma equi­pe m é d i a americana, na qual, de modo geral, encontramos bom trabalho de fundamentos individuais do jôgo , com o Sistema Tát ico Ofensivo com grande n ú m e r o de var iações , baseado principalmente em dá e segue com mudança de direção e corta luz. Nesse grupo, as equipes coreana e mexica­na exibiram u m Basketball tipicamente norte-americano, derivado do grande tempo de treinamento ministrado e do fato de seus técnicos serem americanos e jovens, A equipe coreana, levando-se em cons ideração fun-

78

damentalmente a técnica e a tá t ica , pode ser vista como uma das mais perfeitas j á formadas em Basketball, e no entanto só conseguiu obter a 14.a colocação, g r a ç a s ao fator al tura, que a deixava em flagrante desvan­tagem em re lação aos adversá r ios .

As equipes componentes do grupo que recebia inf luência do Basketball russo ostentaram técnica ind iv idua l altamente eficiente, como resultado de intenso treinamento, p o r é m com estilo bem diferente do norte-americano na maioria dos gestos de execução , pois, embora a técnica do jôgo seja uma só, os estilos de execução diferem de. jogador para jogador e de uma para outra escola de treinamento. O rendimento dessas equipes era grandemente beneficiado pela maravilhosa condição física de seus integrantes. Tà t i ea -mente foram as equipes mais disciplinadas e bem organizadas, só encon­trando paralelo nas norte-americana e coreana. Nos sistemas tá t icos ofen­sivos dessas equipes, havia o p r e d o m í n i o de jogador usando bloqueios du­plos e triplos e de jogadas corpo a corpo, t irando part ido dessas jogadas g raças às suas excelentes condições a t lé t icas . A equipe de Cuba apresentou, a l é m da juventude de seus figurantes (foi a equipe mais jovem da O l i m ­p í a d a ) , uma condição a t lé t ica excepcional, o que nos leva a crer que, n u m futuro n ã o mui to distante, ela venha a obter melhor colocação no ranking ol ímpico.

J á as equipes do grupo mais independente mostraram u m Basketball em que se notava certa inf luência norte-americana na técnica ind iv idua l de seus jogadoreâ , p o r é m com menos eficiência em conseqüênc ia dos vícios de fundamentos e da e legância com que executavam os movimentos. T a t i ­camente foram as equipes mais ins táve is , pois jogavam u m Basketball espetacular com u m Basketball i r regular de momento a momento. Coin­cidência ou não , neste grupo se encontram quatro das cinco equipes mais velhas das Ol imp íadas mexicanas, o que nos faz temer pela sorte da Edu­cação Fís ica e dos Desportos nos pa í ses latinos, uma vez que entre êsses quatro se acham a I tá l ia , 'a Espanha e o Brasi l .

A o f ina l das Ol imp íadas do México , tivemos a r ea f i rmação de algumas conclusões anteriores:

I — A altura é fator fundamental no Basketball moderno.

I I — O preparo físico e a condição a t l é t i ca t ê m u m pêso acentuado em compet ições dessa envergadura.

I I I — A velocidade é ainda uma das melhores armas das grandes equipes.

I V — A técnica ind iv idua l tem sofrido grande evolução em seu está­gio mais avançado . , ,

V — H á uma acentuada exp lo ração de determinadas formas de ata­que com o uso de bloqueios duplos e triplos pelas mais d i fe ­rentes equipes.

79

V I — A defesa é o ún ico elemento es táve l do Basketball .

V I I — Só os arremessadores que t ê m velocidade no a r r e m ê s s o de meia -d i s t ânc ia conseguem manter o mesmo í n d i c e . durante a compet ição .

V l l f — Somente as equipes supertreinadas se aventuraram a usar a pressão toda quadra, o que é exp l i cáve l devido áo temor à altitude,

O B S E R V A Ç Õ E S GERAIS S Ô B R E A S 5 EQUIPES M A I S B E M C L A S S I F I C A D A S

(Estados Unidos, Iugoslávia , U n i ã o Sovié t ica , Bras i l e M é x i c o ) .

1 — Estados Unidos — medalha de ouro — foi , sem d ú v i d a alguma, a melhor equipe da Compet i ção , apresentando u m Basketball baseado p r i n ­cipalmente na simplicidade de movimentos, a d m i r á v e l j ôgo de equipe, h u ­mildade e d e t e r m i n a ç ã o diante de qualquer a d v e r s á r i o e perfeita técn ica de fundamentos. Faziam parte destacada dessa equipe 2 jogadores dos mais perfeitos j á surgidos no Basketball Ol ímpico , que são Joseph W h i t e e Spencer Haywood. Esses jogadores, a l é m de desequilibrarem qualquer j ôgo a favor de sua equipe, t inham a v i r tude de cont r ibui r eficazmente para o jôgo de conjunto, tornando-a praticamente imba t íve l .

A equipe norte-americana usou sistema defensivo baseado pr incipal ­mente em defesa individual , em massa, no ga r ra fão , com a v i r tude de todos os jogadores se ajudarem, entre si, flutuando e fechando o caminho para a cêsta , fo rçando com isso a tentativa de arremessos longos por parte dos seus adve r sá r ios . Part indo dessa defesa excepcional, a equipe norte-ameri­cana pôs em ação contra-ataque velocíss imo e eficiente, a l é m de sistema ofensivo baseado na simplicidade, paciência e exp lo ração de seus homens--chaves (Joseph Whi te e Spencer Haywood) . Esse sistema ofensivo compu­nha-se, principalmente, de: passe, drible, dâ e segue, corta-luz, jump de meia distância, e caracterizava-se pela eficiência, ao ser tentada a cêsta , e pela paciência , na procura da melhor condição de a r r e m ê s s o , quando diante de defesa bem organizada. Essa equipe deu dignificante exemplo de humildade e pac iênc ia ao ficar v á r i a s vêzes 30" de posse da bola, na busca de melhor condição para perfeito a r r e m ê s s o à cês ta . Isso no Bras i l é difícil de ser aceito, pois impera aqui o conceito de que essa at i tude signi­fica fraqueza e n ã o vir tude. Devo dizer que foi essa a pr imeira vez que v i uma equipe norte-americana de grande categoria revelar desn íve l t é c ­nico mui to acentuado entre os seus principais jogadores e os seus substi­tutos, n ã o pela pouca qualidade técnica dos substitutos, que' eram mui to bons, mas sim pela excepcionalidade de jogadores como: Joseph Whi te , Spencer Haywood, Calvin Fowler (todos negros) e Michael S i l l iman (ca­p i t ão da equipe).

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A impres são deixada pelos norte-americanos é de que durante mui to tempo m a n t e r ã o a hegemonia do Basketball Ol ímpico, apesar do progresso apresentado pelo Basketball da Europa Oriental , notadamente da U n i ã o Soviét ica e Iugos lávia .

2 — Iugoslávia — medalha de prata — compareceu com uma equipe em ó t imo índice físico e jogando u m Basketball simples e eficiente, p o r é m com a c e n t u á d a d i fe rença de estilo em re lação ao americano. O extraordi­ná r io jogador Ivo Daneu, ; veterano, com 31 anos, conhecido e querido dos brasileiros, pois aqui jogou durante o Campeonato Mund ia l de 1963, ainda foi o melhor jogador de sua equipe, embora bem apoiado por bons jogado­res, de elevada estatura e grande desenvoltura, o que nos faz crer ser a Iugos láv ia u m país em grande ascensão técnica em Basketball. |

Seu sistema defensivo era v a r i á v e l - m a i s em função do adve r sá r io , p o r é m , deixou-nos boa impressão a defesa por Zona 2-3, usada com sucesso contra a União Soviét ica.

Seu contra-ataque, dependendo dos jogadores que havia em campo no momento, podia ser considerado mui to bom ou apenas regular. O sistema ofensivo iugoslavo.baseava-se principalmente em jogadas preparadas para os seus pivots decidirem embaixo da cêsta, o que era feito quase sempre com sucesso, sem desmerecer a excelente meia -d i s tânc ia do cap i tão da equipe Ivo Daneu.

A Iugos lávia obteve a medalha de prata com inegáve is mér i tos , sendo sua surpreendente v i tó r ia sobre a U n i ã o Sovié t ica merecida e h is tór ica , pois, antes de mais nada, fo i conseguida com a cabeça e o coração.

.: 3 — União Soviética — medalha de bronze — como a do México e a da Coréia , foi a equipe que exib iu maior índice de treinamento, e em razão do supertreinamento os soviét icos estavam confiantes em encontrar os Es­tados Unidos na f ina l e conseguir, pela pr imeira vez na His tór ia , a meda­lha de ouro em Basketball. Essa conf iança t inha sua r a z ã o de ser, pois a equipe soviét ica apresentou:

melhor m é d i a de al tura;

melhor preparo físico e condição at lé t ica , e devido a isso foi a equipe que mais Usou m a r c a ç ã o pressão toda quadra;

excelente contra-ataque;

bons substitutos, o que é comprovado pelo tempo utilizado por todos os jogadores;

boa forma técnica de todos os jogadores;

ó t ima disciplina tá t ica , com u m sistema defensivo baseado em blo­queios duplos e tr iplos.

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Por essas razões, a perda da medalha de prata e a falta de chance de enfrentar os Estados Unidos em disputa da medalha de ouro, talvez tenham sido das maiores decepções dos russos nesta O l imp íada , pois, realmente, pelo que apresentaram durante a compet ição , tudo fazia crer1 que o f ina l mais empolgante na h is tór ia do Basketball Ol ímpico , seria o jôgo que n ã o se realizou:

União Soviética x Estados Unidos.

Sem nenhum d e m é r i t o para a equipe da Iugos lávia , que soube real­mente vencer o jôgo com a União Sovié t ica , o resultado desse encontro foi a maior surpresa da Compet ição , isto porque a equipe russa era, na realidade, de maior gabarito. Sua derrota ante a Iugos láv ia foi mais uma lição, pois na vida a humildade e o respeito aos semelhantes são coisas que jamais podem ser esquecidas. A equipe soviét ica entrou na quadra com excessiva autoconf iança e orgulhosa de seu poderio técnico, esquecendo-se da grande categoria do concorrente, que tem tido, a t r a v é s dos anos, u m a d v e r s á r i o sempre temido e que, nesta Ol impíada , a l é m de apresentar-se na plenitude de sua técnica, reuniu u m conjunto de homens fisicamente t ão capazes quanto os russos.

V Na equipe soviét ica merecem destaque os jogadores: Gennedy Volnov,

cap i tão da equipe e veterano do Mund ia l realizado em 1963, no Brasi l , e Modest Paulauskas, ambos excelentes jogadores, possuidores de t écn ica e x t r a o r d i n á r i a . Esses destaques de modo a lgum ofuscam as qualidades dos outros componentes da equipe, pois todos se houveram realmente mui to bem'.

4 — Brasil — 4.° lugar — A a tuação brasileira nesta Ol impíada , apesar da perda da medalha de bronze, conquistada em Roma e mantida em Tó­quio, pode ser considerada boa, uma vez que a nossa equipe era uma das mais velhas e com a m é d i a de al tura nit idamente inferior às 3 equipes mais bem classificadas. Isso para n ã o falar na pouca r e n o v a ç ã o havida desde a O l i m p í a d a de Tóquio , pois nada menos de 7 jogadores são rema­nescentes da nossa r e p r e s e n t a ç ã o que conquistou a medalha de bronze na Ol impíada de 1964, os quais são os jogadores básicos da equipe atual, por­quanto, com exceção de Menon, os outros 4, que completaram o elenco de 12, ainda não estão tecnicamente à al tura dos disputantes da Ol imp íada anterior.

A equipe brasileira se apresentou mui to bem dentro de suas possibili­dades, derrotando com categoria os concorrentes do grupo B . F o i vencida apenas pela equipe soviética, sem sombra de dúv ida , bem superior à bra­sileira, e pelos Estados Unidos, merecidamente os campeões ol ímpicos.

. De modo geral, as causas principais de nossas derrotas pelos soviét icos e norte-americanos foram:

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a) Inferioridade técnica de nosso basketball em re lação aos vencedo­res, pois, embora a nossa técnica seja mui to elegante, é menos efi­ciente e es táve l em re lação à simplicidade e eficiência dêsses dois contendores.

b) Insuficiente Educação Tá t i ca da equipe brasileira, o que vem a ser u m mal geral de nossas equipes de esportes coletivos, pois, como foi di to anteriormente, a t endênc ia do latino é acreditar mais na sua potencialidade técnica do que no poder tá t ico da equipe.

c) Menor m é d i a de altura, o que vem a ser u m fator impor tan t í s s imo no Basketball atual.

d) Equipe mais velha que nossos adversá r ios , fator que pode parecer de pouca impor tânc ia , mas, na realidade, de muita influência, ain­da mais por que a m é d i a de idade da base formada por Wlamir , Massoni (Mosquito) , Edvard, Ubiratan, Menon, Carmo (Rosa Bran­ca) e Sucar subiu de 25,33 para 27,14 anos. Em Basketball "vem a ser uma equipe velha.

e) P r e o c u p a ç ã o excessiva com a arbitragem — reflexo de inadequada educação esportiva e dos vícios adquiridos nos clubes, onde, às vêzes, as m á s atitudes são estimuladas, desde que propiciem van­tagens imediatas para as côres defendidas. Essa p reocupação com a arbitragem prejudicou enormemente o rendimento da equipe bra­sileira no 1.° jôgo com os soviéticos, pois êstes se exibiam de ma­neira bisonha ante o bom desempenho dos brasileiros, que t iveram a tuação surpreendentemente boa em alguns momentos do jôgo.

A equipe brasileira, apesar do pouco tempo de treinamento, motivado pelas deficiências internas do nosso esporte, apresentou bom p a d r ã o de jôgo. As maiores falhas apresentadas são de difícil correção, nessa altura de fo rmação de basquetebolistas, pois são derivadas da falta de or ien tação correta no início das carreiras dos jogadores (anos de infan t i l e j uven i l ) e que persistem a té a retirada das quadras. As principais são : passar errado, marcar deficientemente, arremessar sem equi l íbr io perfeito etc.

O Brasi l pôs em prá t i ca o sistema defensivo básico individual em massa no gar ra fão (semelhante à equipe norte-americana) e algumas var iáções , de acordo com o andamento do jôgo e o comportamento do adversá r io . O contra-ataque brasileiro foi de grande eficiência com equipes da mesma m é d i a de altura por causa do rebote defensivo, contudo contra os russos e os norte-americanos ficou prejudicado em conseqüênc ia da dificuldade encontrada na disputa do rebote com adve r sá r ios de maior estatura.

O sistema ofensivo baseou-se principalmente na a r m a ç ã o com 2 pivots, 2 laterais, cortando constantemente pelo meio, em di reção à cêsta, e u m jogador mais a t r á s coordenando as jogadas. Êsse sistema ofensivo tinha 5 var iações , de acordo com o t ipo de defesa encontrado, e oferecia a van­tagem de d iv id i r as responsabilidades ofensivas entre todos os integrantes

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da equipe, evitando com isso o desequ i l íb r io da' eficiência ofensiva. T a l sis­tema pode ser classificado como perfeito, em face da propriedade funda­mental de proporcionar a concre t ização de jogadas com tiros de meia-dis­tânc ia e tiros curtos, e, ainda mais, ter continuidade de movimentos, a qual dificultava sensivelmente o trabalho defensivo do a d v e r s á r i o . Havia ainda outro sistema ofensivo com u m SÓ pivot, para ser usado contra a m a r c a ç ã o pressão , e t a m b é m - a d a p t á v e l , contrapondo-se à m a r c a ç ã o em massa no ga r ra fão . •<_../ .. ; ',

Devo dizer que taticamente a equipe brasileira estava preparada para enfrentar todo t ipo de jôgo adve r sá r io . Nesse particular, ela portou-se rela­tivamente bem, pois, se mais bem n ã o atuou fo i porque o jogador brasileiro é imediatista e, quando enfrenta uma defesa bem armada, n ã o tem p a c i ê n ­cia para trabalhar as jogadas a t é que a defesa mostre seu ponto v u l n e r á v e l .

Individualmente n ã o h á destaques a fazer, convindo salientar que todos se empenharam dentro do esperado, tendo alguns jogadores se es­forçado bri lhantemente em alguns momentos e em alguns jogos, para, logo depois, c a í r e m de rendimento, demonstrando, mais uma vez, que a a t u a ç ã o indiv idual dos jogadores e a coletiva da equipe, como de todas as latinas participantes, era ins táve l , às vezes bri lhante, outras apenas regular.

Como conclusão da Ol imp íada do México ficou evidente que o Bras i l precisa renovar sua se leção com elementos fisicamente mais fortes, jovens e bem mais altos, do con t rá r io , o nosso basketball e s t a r á fadado a fazer apenas boa figura em jogos continentais e a ter a t u a ç ã o discreta no â m b i t o das Compet ições Ol ímpicas e Mundiais. Se nossa seleção n ã o se refizer, jamais f o r m a r á conjunto capaz de enfrentar a n í t i d a r e n o v a ç ã o e evo lução da maioria das equipes participantes, em contraste com a e s t a g n a ç ã o bra­sileira. A r enovação de nossos basquetebolistas se i m p õ e com u r g ê n c i a . ,

5 — México — 5.° lugar — A colocação do México em 5.° lugar, para muitos desavisados, constituiu-se numa su rp rê sa , mas ta l realmente n ã o houve, pois o progresso apresentado pelo Méx ico se deveu exclusivamente a u m longo trabalho de base, desenvolvido por u m jovem técn ico norte--americano, com o apoio de dirigentes e jogadores mexicanos.

A equipe mexicana competiu supertreinada, com u m sistema de j ôgo altamente disciplinado e de acordo com a capacidade técn ica de seus exe-cutantes. É fato que a torcida mexicana i n f l u i u decisivamente no resultado de alguns jogos, tais como: contra Cuba (ês te pa í s fo i visivelmente p re ju ­dicado) e contra a Espanha. Convém, no entanto, frisar que o comporta­mento da torcida fo i normal , pois, afinal de contas, o povo v ibrava por uma equipe realmente merecedora de incentivos, pelo esp í r i to de luta e organi­zação de jôgo apresentados. Fôsse a quipe mexicana mais alta, fatalmente ela teria obtido melhor colocação f inal , pois no basketball apresentado pelo México prevalecia a força de conjunto.

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No basketball moderno, a o rgan ização e a capacidade tá t ica aumentam sensivelmente o rendimento técnico de qualquer equipe. O México u t i l i ­zou-se de sistema defensivo mui to bom, no qual predominava a pressão tôda quadra e meia quadra, com u m excelente contra-ataque, quando exe­cutado enfrentando equipes de mesma m é d i a de altura. Ofensivamente, o México apresentou u m sistema onde prevalecia grande n ú m e r o de passes, buscando o desequ i l íb r io da defesa oponente, para que houvesse boa con­dição de arremessos de meia -d i s tânc ia , nos quais os mexicanos demonstra­ram boa percentagem de rendimento, destacando-se nesse trabalho o j o ­gador Raga. Fêz parte t a m b é m de sua ex ib ição uma va r i ação em seu sis­tema ofensivo, na qual era explorado o bloqueio duplo na lateral, com bons resultados.

Conquistou assim o Méx ico o 5.° lugar na Ol imp íada , o que vem a ser p r ê m i o ao excelente trabalho desenvolvido por técnicos , jogadores e d i r i ­gentes mexicanos, em busca de progresso esportivo, que resultou t a m b é m como progresso cu l tu ra l do povo mexicano.

A o concluir essas observações gerais, devo dizer que a classificação f ina l foi realmente justa, em par t icular a dos 5 mais bem classificados, apesar da pequena superioridade soviét ica sobre a equipe Iugos lávia . Essa superioridade n ã o p ô d e ser transformada em n ú m e r o s pelos soviét icos numa noite infeliz, sendo, assim, merecido o t r iunfo iugoslavo e, portanto, a conquista da medalha de prata.

R E C O M E N D A Ç Õ E S F I N A I S

De acordo com o aqui exposto e tendo como objetivo colaborar para que sejam tomadas algumas p rov idênc ia s que d ê e m ao esporte brasileiro o progresso que realmente- merece, a f i m de que saia da es tagnação em que se encontra, recomendo que:

1 — Seja obr iga tó r i a em todas as Escolas P r i m á r i a s do P a í s a p r á t i c a da Educação Fís ica .

2 — Seja ob r iga tó r i a a ex i s t ênc ia nos colégios dos governos federal, estaduais, municipais e nos particulares, se possível , de locais ade­quados para a p r á t i c a da E d u c a ç ã o Fís ica e iniciação desportiva, com u m m í n i m o de 3 aulas semanais para cada turma.

3 — Seja obr iga tór io , em todas as Universidades Brasileiras, o funcio­namento de Departamento de Educação Fís ica e Esportes, com pessoal especializado e ins ta lações adequadas, inclusive para pes­quisas, de modo que possa efetivamente haver esporte nas U n i ­versidades.

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Seja dada prioridade à s Compet içõés Colegiais e U n i v e r s i t á r i a s , evitando que sua i m p o r t â n c i a seja superada pelas compet ições i n ­terclubes, uma que estes, de modo geral, deturpam o amadorismo, fazendo o atleta perder o amor pela camisa que veste, com refle­xos, muitas vêzes , perniciosos em rep re sen t ações oficiais.

Seja cumprida a L e i que determina que, nos clubes e em ins t i ­tu ições similares, as equipes desportivas recebam or i en tação de profissionais habilitados na forma por ela prescrita, pois somente técnicos desportivos e professores de Educação Fís ica com inst ru­ção superior es tão em condições de melhorar o n íve l técnico de nosso esporte, considerando que agora, mais do que nunca; o es­porte deixou de ser essencialmente r ec reação para se transformar em uma p rá t i ca educativa, a que é impresc ind íve l a ap l icação de conhecimentos científicos, necessitando assim de profissionais com cul tura superior e n ã o apenas de práticos com boa vontade.

Tenha a imprensa desportiva melhor preparo, para dar cobertura a todas as atividades do setor, pois é a t r a v é s dela que podemos dar ao povo a mentalidade esportiva de que o Bras i l tanto precisa para a c o m p r e e n s ã o , d o valor do esporte, e, dêsse modo, procurar conquistar o desenvolvimento esportivo que requer.

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W A T E R PÓLO

Hilton de Almeida

Após campanha digna de elogios, realizada por ocasião dos últimos jogos P A N - A M E R I C A N O S , levados a efeito em j u l h o de 1967, na cidade de W I N N E P E G , CANADÁ, onde o nosso Water Pólo, obtendo a 2.a classi­ficação, conquistou o direito de part ic ipar das Olimpíadas que se realiza­r iam na cidade do México no ano vindouro, ou seja, no mês de outubro de 1968.

Todavia, o alento de uma atuação louvável não f o i suficiente para que voltássemos as vistas para uma preparação que poderia durar 12 meses, não por falta de interêsse de nossos dirigentes mas, sim, pelas inúmeras dificuldades próprias do esporte em nosso país, como poderemos constatar, mais adiante.

i

Foi assim que, em junho de 1968, resolveu a Confederação Brasileira de Desportos, por intermédio do seu Conselho de Water Pólo, inic iar os preparativos de sua seleção, visando partic ipar do evento olímpico do Mé­xico. .Torna-se necessário esclarecer que, nessa época, o nosso Water Pólo ainda não havia sido confirmado pelo C.O.B., como parte integrante da Delegação Brasileira, uma vez que a restrita verba concedida para fazer face a tais despesas o deixava a braços com enormes problemas. O apoio dado pela nossa Força Aérea, cedendo u m confortável avião DC-6, veio e l iminar o grande ônus da passagem em avião comercial, possibilitando assim, o envio de uma delegação mais numerosa, onde o Water Pólo t a m ­bém fo i beneficiado.

Uma vez convocados os atletas do Rio de Janeiro e de São Paulo, a direção técnica elaborou u m plano de preparação, cujo roteiro acusava treinamentos individuais diários de 120 minutos em média, com coletivos nos fins de semana. Assim, com u m responsável na cidade do Rio de J a ­neiro e outro na de São Paulo, iniciaram-se os trabalhos dêste esporte. A dificuldade de se obter a concentração de tôda a equipe f o i acarretada pela imperiosa necessidade de seus componentes atenderem aos seus com­promissos estudantis e de trabalho. Outro grande problema a ser superado fo i o da locomoção Rio-São Paulo e vice-versa, a f i m de efetuar os tre ina­mentos de conjunto, uma vez que as dificuldades financeiras que atra ­vessava a Confederação Brasileira de Desportos, deixava ao atleta a respon­sabilidade do ônus de transporte e estada, correndo por conta dêle todas as despesas decorrentes da convocação para êsse treinamento, sem qualquer reembolso.

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0 plano de treinamento, em sua parte f i n a l , que solicitava uma con­centração de 15 dias para tôda a equipe, antes do embarque, visando à ultimação do apronto, teve de ser modificado para somente 7 dias, por­quanto alguns atletas não conseguiram, no próprio trabalho, a dispensa necessária do respectivo empregador.

No que diz respeito ao treinamento propriamente dito , ministrou-se, de início, distâncias diárias da ordem de 3.000 metros, das mais variadas formas, como também exercícios com bola, no que concerne a manejo, passe, arremêsso ao goal, marcado e desmarcado, com e sem penetração. Com o andamento dos treinos, as distâncias iniciais i am sendo encurtadas, exigindo-se, porém maior esforço. No apuro da técnica ind iv idua l , pouco ou quase nada se pôde fazer em face da exiguidade do tempo. Após a def i ­nição dos componentes da seleçãó, cêrca de 30 dias de antecedência do embarque, passaram a treinar 5 no Rio de Janeiro e 5 em São Paulo, o que veio e l iminar qualquer pretensão relat iva ao treinamento tático durante a semana.

Partindo do princípio de que a equipe brasileira i r i a enfrentar adver­sário de grande gabarito técnico e excelente preparo físico, a direção técni­ca, sempre que f o i possível, procurou estruturar a seleção de forma que se fizesse a marcação por zona. Não jogar dé contra-ataque mas, s im, condu­zindo a bola de forma lenta e avançada, no máximo com 4 jogadores. Na marcação por zona, visava colocar todo o t ime dentro de seu próprio campo, quer dizer, com 6 e mais o goleiro, obrigando com isto o avanço de 6 con­trários e concentrando 12 jogadores em menor área de jôgo. Obter-se-ia com isso a diminuição do poder de locomoção do adversário, reduzindo, áo mesmo tempo, a necessidade de nosso deslocamento, o que nos pouparia maiores esforços. É necessário registrar que, por diversas vêzes, houve necessidade de se proceder à mudança de ta l forma de jogar, uma vez que os diversos adversários, exímios manej adores e excelentes arremessadores, não sofrendo marcação cerrada e sim por zona, faziam rodar a bola e mes­mo de longe conseguiam converter muitos arremessos em goals.

E m linhas gerais, assim venceu o Water Pólo o seu estágio de t r e i ­namento.

E m contrapartida, ao analisarmos o período de preparação das grandes equipes dêste esporte, vamos deparar com o seguinte quadro:

1 — Preparação mínima nos 24 meses que antecedem a uma compe­tição da envergadura de uma Olimpíada.

2 — Treinamento,diário da ordem de 4 a 6 horas, fator êsse que nos leva a concluir haver certa mácula no conceito amadorista, por se ju lgar que, para atender a tais compromissos, pouco ou quase nada restará para se fazer, em face de outros encargos.

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3 — Facilidade de intercâmbio, principalmente dos europeus, em v i r ­tude da circunvizinhança de outros centros de igual gabarito técnico. •

Para nós brasileiros, o tempo de preparação é por demais curto, o ho­rário de treinamento é restrito , em face dos afazeres diversos de seus praticantes, e o intercâmbio é pro ib i t ivo , em v i r tude da nossa posição geo­gráfica, que nos obriga a vencer grandes distâncias sem o numerário su­ficiente para t a l .

Se procurarmos uma análise numérica dos fatos, vamos concluir que treinamos 4 meses, com 240 horas-treino, concentramos 7 dias e não rea­lizamos u m só jôgo internacional, ao passo que qualquer equipe européia tre inou cerca de 24 meses, com 2.880 horas-treino, concentrou-se por meses e realizou dezenas de jogos internacionais. Tudo isso, aliado ao grande lastro possuído por essas equipes, não nos deixa a mínima possibilidade de êxito, quando em confronto.

A título de registro, divulgamos declaração do técnico de procedência iugoslávia, contratado especialmente para treinar a equipe Mexicana. Êsse profissional ministrou treinamento de 18 horas, em forma de concentração, com 4 a 6 horas de práticas diárias; realizou diversos jogos internacionais e, por f i m , reclamou do pouco tempo que dispôs para a preparação.

Dos 16 países classificados, somente concorreram 15, tendo em vista que a Austrália, motivada por problemas internos, não teve autorização de seu próprio Comitê Olímpico para participar.

Obtivemos a 13.a colocação, somente superando a Grécia e a R.A.U. / Admite-sé, porém, que, se maior sorte houvesse no sorteio das chaves," po­

deríamos ter-nos, colocado em 9.° lugar. Os resultados de nossa partic ipa­ção foram os seguintes:

B R A S I L 5 E.U.A. 10 B R A S I L 2 C U B A 9 B R A S I L 5 A L . OCID. 10 B R A S I L 6 E S P A N H A 6 B R A S I L 2 H U N G R I A 8 B R A S I L 2 . RÚSSIA 8 B R A S I L 5 GRÉCIA 2 B R A S I L 5 R.A.U. 3

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A C O N D U T A D A EQUIPE B R A S I L E I R A NOS JOGOS E M QUE P A R T I C I P O U

Tivemos como primeiro adversário a equipe dos E.U.A., que revelou o melhor preparo físico ~de todos os concorrentes. Enfrentamos a mesma equipe dos Jogos Pan-Americanos, realizado 12 meses antes, que nos ven­cera pelo apertado escore de 4 x 3. Diga-se de passagem que perdemos a chance de u m empate, porque não convertemos u m penalty a nosso favor.

Ta l equipe vinha, agora, bem modificada, não nos seus componentes mas, sim, na sua estrutura de jôgo. Conseguimos chegar aos 3/4 do prélio com o placard favorável aos americanos de 5x3, sendo que no 3.° quarto êles não lograram marcar nenhum goal e nós obtivemos u m ponto. No a l i ­nhamento para cumpr ir a última etapa do jôgo, ou seja, o quarto, alegavam os nossos jogadores total exaustão, em conseqüência do r i t m o de jôgo em­pregado pelo adversário. Foram feitas as substituições possíveis e neces­sárias e partimos para o último quarto de jôgo. Aí, fêz-se valer o estado físico de ambos os contendores. O que se v i u foram os americanos nos en­volvendo totalmente, para, sem dificuldades, nos 5 minutos finais, ampliar o marcador para 10, enquanto, a duras penas, conseguíamos a conquista de 2 goals. »

Na segunda partida, coube-nos como adversário outro país dos que havíamos defrontado nos Jogos Pan-Americanos de Winnepeg. Nessa oca­sião, os cubanos foram derrotados pelos brasileiros por 6x5. É de se sa­l ientar que Cuba obteve, por ocasião desses jogos, a 4.a classificação, o que não lhe daria direito de partic ipar das Olimpíadas de 68, tendo em vista que às Américas são reservadas somente 3 vagas. Todavia, o 3.° colocado — México — com sua vaga assegurada como patrocinador, possibilitou a inclusão de Cuba. Êsse país, classificado, no f ina l , em 8.° lugar, entre 15 concorrentes fo i , a nosso ver, a grande surpresa entre os chamados peque­nos. A idade de seus jogadores era de 20 anos e a característica de jôgo assemelhava-se à dos europeus, isto f ru to , quer-nos parecer, do perma­nente intercâmbio com a "Cort ina de Ferro" . E m relação ao adversário, podemos considerar que f o i o nosso pior resultado. Fomos vencidos pela representação cubana com o placard de 9x2, em cuja part ida perdemos 4 penalties e os cubanos converteram 7 penalidades. Não esperávamos resul ­tado tão adverso, com que a equipe brasileira sofreu grande abalo.

Nosso terceiro compromisso fo i contra a Alemanha Ocidental. Tivésse­mos melhor preparo físico e mais tar imba de jogos internacionais, f a t a l ­mente o resultado nos seria favorável. A o término do 2.° quarto, nossa representação vencia de 3x1, além de não ter convertido u m penalty. Nos 2 quartos finais sobressaiu a falta de preparo físico e a intranqüilidade pa­ra manter u m jôgo de bola dominada. Isso desfavoreceu, pouco a pouco, a posição de vantagem e o prélio terminou com o marcador contrário de 10x5.

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O quarto adversário do Bras i l fo i a Espanha. País de tradição nesse esporte, apresentou-se com u m t ime bem jovem, inclusive u m jogador de 15 anos de idade. A equipe espanhola recebeu a orientação técnica do t r e i ­nador que, em 1960, levou a Itália a sagrar-se campeã olímpica. Fizemos u m jôgo de igual para igual do início ao f i m , para chegarmos ao marcador também igual de 6x6. Todavia, desperdiçamos enorme chance, quando, ao faltarem 2 segundos para o término do jôgo, não convertemos u m penalty a nosso favor. A vitória nessa partida nos daria direito a entrar na chave que i r i a disputar do 9.° ao 12.° lugar, posição peçdida para a própria Es­panha, em face de nosso pior saldo de goals.

A poderosa equipe húngara fo i a nossa quinta adversária. Como era patente a disparidade de forças, entramos para jogar com retenção de bola, visando, com isso, gastar o tempo e perder de pouco. Em que pese à t r a n ­qüilidade e, por que não dizer, certa displicência dos magiares no trans­curso do jôgo, o marcador lhes f o i favorável por 8x2. Ao espectador era dada a impressão de que u m quadro de l . a divisão jogava contra outro de 3.a categoria. Exímios manejadores da bola, possuidores de sistema tático apurado, organizavam suas jogadas importantes e mais difíceis por intermédio do "estrela" do t ime, como era considerado u m jovem de 20 anos, de nome S I V O R I , com 2,03 de al tura e pesando 101 quilos. Êsse j o ­gador, f i lho de antigo centro efetivo-da seleção de Water Pólo húngara, revezava-se na posição de bacíc central e pivot.

Contra a União Soviética, nosso sexto adversário, repetiu-se o quadro acima, inclusive no marcador. O conjunto da URSS, a nosso ver, fo i o mais regular de tôda a Olimpíada. Apresentou defesa sólida e ataque de ótima penetração, com grandes finalizadores. Era, sem dúvida, o quadro de maior estrutura dentre todos os concorrentes.

Findo o período classificatório, e sem que obtivéssemos uma só vitória, ficamos para disputar do 13.° ao 15.°, tendo como adversários o quadro da Grécia e o da R.A.U. Respectivamente, com os resultados de 5x2 e 5x3 a nosso favor, tais jogos se caracterizaram pela pobreza de técnica, não me­recendo qualquer registro especial.

A classificação f ina l acusou o seguinte resultado:

1.° — YUGOSLÁVIA 2.° — U.R.S.S. 3.° — H U N G R I A 4.° — ITÁLIA 5.° — E.U.A. 6.° — A L E M A N H A O R I E N T A L 7.° — H O L A N D A 8.° — C U B A

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qo E S P A N H A 10 ° A L E M A N H A O C I D E N T A L

A L A - J J _ y X t X A L i l l l i l W A l ^ l J J i 1 A * 11-1 11 O —* lVlJ±.A.lV»w

12.° — JAPÃO 13.° — B R A S I L 14.° — GRÉCIA 15.° — R.A.U.

A Iugoslávia f o i a grande vencedora, apesar de, na chave classificató-r ia , apresentar-se mal , a ponto de necessitar de vencer a part ida contra o Japão por mais de 13 goals de diferença, a f i m de obter saldo de pontos. O resultado dêsse jôgo fo i de 17x2 em favor dos iugoslavos. Os componen­tes dessa equipe eram de compleição física avantajada, com u m pêso médio superior a 95 quilos, a l tura média de mais de 1,90, tendo u m dos integran­tes 2,03 de al tura e 110 quilos de pêso.

Na partida decisiva, teve como oponente a excelente equipe da União Soviética, que se caracterizou pela rigidez do sistema de jôgo, ótimo pre ­paro ifsiço e rudeza nas jogadas individuais. Êsse jôgo, tècnicamente bas­tante fraco, durou mais de 70 minutos, porquanto as paradas eram suces­sivas, forçadas pelo grande número de goals e peratlties, acrescidos do pe­ríodo de prorrogação, já que o tempo normal de jôgo acusou empate no marcador. Terminado o prélio, o escore acusava 13x11 em favor da Iugos­lávia, sendo que somente dois goals de campo foram consignados e pela equipe dêste país. Todos os demais goals, em número de 22, foram obtidos por penalties.

A equipe da União Soviética obteve a 2.a classificação e não seria injustiça se conseguisse a pr imeira . Sua equipe nada ficou a dever em relação à equipe iugoslava. A igualdade de forças era tão patente, como ficou demonstrado no jôgo decisivo, que a vitória, sem surprêsa, poderia pender para qualquer lado.

Os mestres do Water Pólo mundial , assim são considerados os magiares, não foram além da 3.a classificação. Demonstraram, como sempre, padrão técnico elevadíssimo, mas revelaram deficiências no que concerne ao pre­paro físico.

E dos 4 grandes, a Itália f o i o país que teve pior classificação, ocupando p quarto pôsto. Apresentou-se de forma magnífica na fase classificatória, vencendo todos os seus oponentes. Na fase f i n a l suas exibições não foram reeditadas e nos dois prélios que partic ipou fo i derrotada. E m seu quadro alinhava o desportista de nome PIZZO, considerado o maior jogador de Water Pólo da atualidade.

" Os E.U.A. obtiveram a 5.a classificação, apresentando o melhor preparo físico dentre todas as equipes, bem como a maior média de velocidade.

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Sua equipe, mui to jovem, composta de excelentes nadadores, f i rmou a média de 100 metros em 55 segundos. A fa l ta de experiência, todavia, não lhe p e r m i t i u melhor colocação. .

A 6.a colocação f icou de posse da Alemanha Oriental . Sua equipe os­tentou exuberante preparo físico, grande destemor, que, às vezes, chegava as raias da deslealdade. Teve começo excelente, para cair de padrão nas finais.

A Holanda obteve a 7.a classificação, assegurando, no panorama geral, a colocação que os prognósticos iniciais lhe reservavam. Êsse país possui peculiaridade no part icular , pois lá existem mais de 300 equipes de Water Pólo do sexo feminino. O número de equipes praticantes dêsse esporte na Holanda ascende a mais de 1.000.

No bloco dos pequenos, Cuba obteve a melhor classificação, situando-se em 8.° lugar. Para u m país que, em 1962, desconhecia pràticamente essa modalidade esportiva, temos de a d m i t i r que o seu avanço f o i impressio­nante. Uma equipe toda de jovens e, parece-nos, voltada inteiramente para o que diz respeito ao Water Pólo, conseguiu, mercê de seu in interrupto i n ­tercâmbio com a "Cort ina de Ferro " e sob a orientação de u m húngaro, técnico campeão olímpico por várias vezes, u m lugar de destaque no cenário do Water Pólo mundia l .

Do 9.° ao 15.° lugar,' entendemos que, excetuando-se a Grécia e a R A U , as equipes possuíam igualdade de condições e a classificação f ina l depen­deu mais das chaves iniciais, por ocasião do sorteio.

No que diz respeito ao padrão técnico-tático, verifica-se que o Water Pólo, em face de suas mudanças de regras, empobreceu como espetáculo para o assistente. As grandès equipes jogam dentro de u m mesmo sistema. Não existem defensores ou atacantes e sim todos defendendo e todos ata­cando, n u m total processo de "vaivém". O adestramento indiv idual dos j o ­gadores é perfeito; embora isso, procuram sempre as jogadas mais simples possíveis. Todos jogam sem a fixação de um centro avançado e sim com piuot móvel e o restante do quadro incursionando sempre pelo goal adver­sário, onde o objetivo pr inc ipal é a obtenção do goal penalty. De acordo com a nova regulamentação, o benefício de 3 goal penalty resulta da co­brança de u m penalty. Se nos reportarmos ao jôgo que decidiu o campeo­nato Olímpico, verificaremos que, excetuados os penalties diretos, tivemos cêrca de quase 6 dezenas de fouls penalties. O foul penalty representa a punição de uma fa l ta considerada grave. De ta l estado de coisas adveio a eliminação, pelas equipes, no transcorrer do jôgo, de qualquer processo de tentativa de jogada. Faziam-na tendo em vista que a posse da bola é de capital importância.

A igualdade técnico-tática com que se apresentaram as grandes equi ­pes, fêz com que elas dessem carinho especial ao preparo físico. E isso fica

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demonstrado pelo período de 4 a 6 horas por -d ia que elas dedicavam ao treinamento.

Quanto ao Water Pólo brasileiro, devemos dizer que é u m esporte de pouca difusão, existindo em todo o Bras i l somente cinco times de l . a

divisão. Seus praticantes são puramente amadoristas, o que só lhes possibi­l i t a a prática do esporte nas horas de lazer.

Todavia, discordamos da tenaz campanha movida pela imprensa, con­t r a a ida do nosso Water Pólo às Olimpíadas, cujo fundamento era a falta de. chance para obter medalha. A amparar ta l raciocínio, teríamos então uma Olimpíada, não de 3.000 atletas, mas, sim, de 800, pois somente 10% têm chance de ganhar troféus.

O que devemos pugnar é pela delegação brasileira cada vez mais n u ­merosa, quando não seja, visando premiar os atletas que conseguem, su­perando uma inf inidade de dificuldades, ser os melhores do seu país e esperam, por isso, a honraria do galardão Olímpico. Nosso país, ainda em desenvolvimento, não poderia ter campo esportivo em padrão elevado. Superemos, antes, esta fase, a f i m de pensarmos em perseguir os resultados

^aíçsiriçados pelos E.U.A., URSS e JAPÃO, na realidade as maiores potências • industriais do mundo. '. . s \V Não seria justo encerrar sem registrar o espetáculo Olímpico que nos ' proporcionou o México, dando verdadeiro show de organização e apresen­tando magníficas instalações esportivas.

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TIRO AO A L V O

José Tarouco Corrêa

0 México, nas últimas Olimpíadas, honrou o Continente americano com uma soberba organização; as instalações para as provasivde t i r o ao alvo não deixaram nada a desejar, com exceção da falta de separação dos postos de t i ro e proteção contra o vento. . -*~\.-

Partic iparam cerca de 43 nações, sendo que, em algumas-.-provas, o número delas reduziu-se a 16 nações, a exemplo da prova " f u z i l ; l i v r e " , em que 14 nações apresentaram 2 atiradores e duas se l imi taram a somente u m atirador.

As equipes completas foram, sem dúvida, as melhores, como a dos Estados Unidos, da Rússia, da Polônia, da Alemanha e da Tchecd^Eslová-quia; é de se ressaltar a supremacia dos países europeus. Podemos citar, como causas desta supremacia, o seguinte:

1 — Treinamento — melhor e mais intensivo.

2 — Munição — ótima qualidade, melhor do mundo. 3 — A r m a — ótima qualidade, melhor do mundo.

4 — Competições internacionais •.— 3 a 4 por ano.

5 — Concorrência >— o número de atiradores é grande; por exemplo, enquanto nas eliminatórias dos Estados Unidos concorrerem 1054 atiradores, no Brasi l tivemos apenas 14.

1 — Treinamento — Há u m velho conceito que diz: "Só vence quem . tre ina" . É lógico, deve ser u m trabalho sério e planejado a longo e curto prazo. A longo prazo, visando aos futuros atiradores, criando-se nas Fe­derações provas para infantis e juvenis, com armas de ar comprimido (de­talhe: armas com condições técnicas). A Alemanha, que após a l . a Grande Guerra ficou proibida de fabricar ou usar armas de fogo, desenvolveu com grande ênfase a construção de armas de ar comprimido, resultando que a primeira Olimpíada, após a interrupção'ocasionada pela guerra, fo i venci­da pela Alemanha. Já fiz experiência, e vários atiradores já a f izeram: o t i ro de ar comprimido é ótimo para a iniciação do atirador nôvo, pois o sistema nervoso é menos solicitado do que com arma de fogo, por u m princípio de conservação. Os fundamentos principais para execução de t i ro são o controle do gatilho e o alinhamento das miras.

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Isto se consegue muito bem com as armaá de ar comprimido, i n c l u i n ­do-se também o fator econômico.

A curto prazo, incentivando-se os. atiradores existentes, faci l i tando--lhes a~compra de armas e munições e permit indo o còmparecimento do Brasi l nas competições internacionais. Nas Olimpíadas do México, o Bras i l só mandou dois (2) atiradores para competir em carabina, deitado, sendo que u m dêles competiu em pistola l i vre e o outro em carabina, 3 posições. Nas demais provas o Brasi l não enviou representantes.

Para o Congresso de t i r o , e como dirigente e técnico, esteve presente o Presidente da C.B.T.A. Dêsse modo, a delegação brasileira aos X I X Jogos Olímpicos, no tocante a t i r o ao alvo, se reduziu apenas 3 elementos.

Assisti a vários treinamentos e, para termos uma idéia a respeito, d i r e - . mos que o treino da equipe russa de pistola l i v r e — cal. 22 — 5 0 m — alvo. de revolver, iniciava-se às 8,30 horas e terminava às 11,30 horas. Nesse pe­ríodo cada atirador cumpria uma média de 300 (trezentos) tiros, sendo a prova de 60 tiros. Com êsse treino, o atirador fazia o "disparo" (tempo entre levantar o braço, apontar a arma e acionar o gatilho) no tempo ideal de mais ou menos 12 segundos, melhorando e treinando o reflexo condicio­nado, que é o acionamento f ina l do gati lho quando há u m perfeito a l inha­mento de miras, sem comando consciente do atirador, como o datilografo bem treinado, que lê e automàticamente seus dedos vão batendo nas teclas correspondentes às letras que seus olhos vêm, sem u m comando consciente dêle.

O tempo de disparo de 12 segundos é u m período no qual conseguimos a máxima concentração, a melhor focalização das miras e o menor arco de movimento, como podemos ver na tabela comparativa desses fatores, apresentada abaixo: .

Com o treino intensivo de 300 tiros em 3 horas, os russos conseguem resistência suficiente para, durante a prova, " re fugarem" vários disparos, pois a prova é de 60 tiros.

Na prova de pistola l i v re , ao atirador Kosykh , da URSS, faltava u m t i ro para completar a prova e 5 minutos para acabar o tempo permit ido (detalhe: teria de fazer u m 10 para vencer a prova) .

Pois bem, o atirador levantou o braço e apontou várias vêzes; trans­corridos os 12 segundos, ainda assim não conseguiu u m bom conjunto de fatores: baixava o braço, respirava e refazia tudo novamente. Na sexta vez, após 3 minutos, disparou e conseguiu u m 10!!! Isto completa, sem dú­vida, a eficiência de u m treinamento.

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O treinamento em t iro ao alvo visa a vários objetivos a que chamamos fundamentos, e que são:

I ) Pontaria — relação ôlho-miras alvo. A melhor focalização se con­segue no período de 6 a 8 segundos. Após esse tempo há falta de oxigênio (respiração bloqueada) e os músculos do cristalino, fatigados, fazem a ofuscação da imagem ou a formação de uma falsa imagem.

I I ) Controle do gatilho — o acionamento do gatilho deve ser pro­gressivo e constante,' sendo que a duração ideal dêsse período é de 2 a 5 segundos.

I I I ) Posição — ou seja, habilidade para empunhar a arma e mantê-la «r^equilíbrio. É o que chamamos de arco de movimento. Conse-

..T>i£ue-se melhor estabilidade entre 5 e 6 segundos.

I V ) Concentração — é o conjunto: alinhamento das miras, gatilho e posição. A mente humana tem sua concentração máxima para coordenar entre 3 a 6 segundos. /

A coordenação dos diferentes movimentos deverá ser feita de ta l modo que coincidam exatamente os períodos ideais para a execução do disparo.

Podemos iniciar essa coordenação com o levantamento do braço, a fo­calização das miras, o arco de movimento diminuído, a concentração e o acionamento do gatilho. Dêsse modo, temos um r i t m o , que, como em todos os desportos, é necessário. - .

A seqüência rítmica para executarmos u m t i ro , é a seguinte:

a) Preparação — posição empunhadura. b) Planejamento — pontaria, concentração, pressão do gatilho.

c) Relaxamento muscular —.isolar outros músculos que não estejam solicitados.

d) Disparo — acionamento — reflexo.

e) Analisar o t i ro — dizer mentalmente se o disparo fo i bom ou não, e verif icar se todos os fundamentos foram aplicados, anotando em seguida na caderneta.

f ) Correção — se necessária, isto é, se a análise do t i ro fo i boa e o impacto realmente bom, não é necessária, de outro modo, corr ig i ­ríamos as miras e iniciariamos a seqüência para outro t i ro .

Para que possamos fazer u m bom treinamento, é importante o conheci­mento de u m conjunto de normas técnicas, que têm grande influência no aproveitamento do preparo adquirido, a saber:-

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Conhecer os efeitos das condições de tempo (luz, sol br i lhante ou nublado, vento e t c ) .

Fazer o ajuste das miras para cada tipo de munição e local onde é feito o treino.

Usar adequadamente a luneta para observar o t i r o feito, do seguin­te modo: após o disparo, o atirador deve f icar apontando a arma como se estivesse seguindo o projétil, analisar em seguida o t i r o dado, anotando na caderneta a análise e, então, veri f icar pela luneta o local onde está realmente o impacto.

T 1 1 1 i 1 4 t c ' u W • — • — i — I i i r~ | 2 3 4 5 6 7 8 9 10 II 12 13 14 15 1 \ I I I I

TK!S,0nd0T H to- lA . & & &

Nas Olimpíadas, u m americano, favorito pela sua pontuação nos t r e i ­nos, "foi em parte prejudicado em sua performance, porque contrariando frontalmènte êsse fundamento, êle dava o t i r o rapidamente, corria a olhar pela luneta a f i m de veri f icar o impacto (como disse alguém: "Êle está querendo ver se consegue observar a chegada do projétil ao a l v o " ) ; isto prejudicou bastante o seu r i t m o e afetou-o psicologicamente, perdendo a prova por três (3) pontos e fazendo pontuação 15 pontos abaixo de seus treinamentos.

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Pode-se dizer que 60% de u m bom resultado é conseguido.pelo treina­mento, autodomínio, concentração e reflexo condicionado.

2 — Munição — É de grande importância, sendo sua participação de 20% da prova. Uma boa munição não falha e sua percussão deve ser cons­tante; além disso, deve apresentar grupaiqento de impactos (carga homo­gênea) e ter bom acabamento, isto é, o diâmetro do cartucho tem de ser homogêneo, e não apresentar excesso de chumbo do projétil etc.

A melhor munição, usada por vários atiradores, é a E L E Y , inglêsa, fa ­bricada pela Imper ia l Industries L i m i t e d .

Como temos alguma dificuldade em conseguir armas e munições pró­prias e especiais para o t i ro ao alvo, a C B T A deveria ligar-se aos represen­tantes das Forças Armadas, a f i m de obter seu apoio e facilidades para a sua importação.

3 — Armas — As que mais se destacaram foram as russas, tanto a pis­tola l i v r e , como a pistola para silhuetas. No t i ro rápido às silhuetas são feitos 5 tiros em 4 segundos e a estabilização da arma, após cada t i ro , é importante.

A pistola russa é mui to bem equilibrada e os seis (6) primeiros colo­cados nas Olimpíadas usavam essa arma, seguindo-se a suíça Hamer l l i . O mesmo aconteceu na pistola l i v re , onde os americanos usaram uma pistola construída por u m armeiro (Major Green) , feita especialmente para as Olimpíadas. O seu mecanismo de disparo é elétrico e a empunhadura de todos os atiradores é completamente bloqueadas na região metacarpial, oferecendo melhor apoio.

A influência da arma evidencia-se pelo grupamento dos impactos que ela possa proporcionar.

No stand de t i r o , no México, havia sala de reparos e campo de prova para grupamento de t i r o . Normalmente acompanha a arma uma ficha ba­lística com seu grupamento. A maioria dos atiradores não usava armas fabricadas em seu país e sim as melhores do mundo.

4 — Competições internacionais — A participação do atirador em provas é o que lhe dá a experiência necessária para vencer. Enquanto em treinamento os nervos não . inf luem, em provas oficiais são o maior obstá­culo à maioria dos atiradores, graças ao que chamamos de "pressão de prova".

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No Brasi l , a única competição importante é o Campeonato Brasileiro. O-último deles fo i realizado em 1968, em Recife, com ótima organização. Na Europa, são realizadas competições várias vezes por ano, entre di feren­tes países, principalmente visando às Olimpíadas.

Sugiro que a C B T A organize programação de competições regionais e, principalmente, faça a inscrição do Brasi l , com equipes completas, para participar em provas internacionais com os países vizinhos da América Lat ina , além dos campeonatos mundiais, como o de 1970, a realizar-se no Arizona, Estados Unidos da América.

5 — Concorrência — Somente o comparecimento de grande número de atiradores poderá fazer com que possamos formar boas equipes. Faz-se ne­cessário que sejam programados cursos, com auxílio das Forças Armadas, para o aprimoramento dos valores existentes e aparecimento de novos valores. E m diversos países êsses cursos são realizados com o apoio dos atiradores de escol das Forças Armadas e seus resultados em competições internacionais podem ser considerados excelentes.

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GINÁSTICA

Siegjried Fischer

Um esporte cuja sensação não decorre da apreciação simples e ime­diata do ponto obtido ou da superação de tempo, espaço, pêso, adversário; esporte que, no virtuosismo de seus movimentos e na imaginação criativa de suas combinações margeia a arte mas no recato que o caracteriza, não se força sobre o assistente, — êste precisa amadurecer a ponto de se capa­citar à absorção do refinamento dos movimentos impostos ao corpo pelo espírito através de um domínio por vezes inverossímel — um tal esporte não insiste em obter de imediato uma preferência generalizada.

Caminha porém com a segurança que lhe confere uma introspecção profunda até atingir, inadvertidamente, a elevação do cume, e sofrer o im­pacto da resplandescência de uma consagração.

Houve efetivamente a contribuição de fatos correlatos: Vera Caslavska, a grande ginasta tcheca, campeã olímpica e mundial, se constituiu sem dú­vida na figura de maior destaque desta Olimpíada.

A popularidade que atraíra, através da participação nos torneios pré-olímpicos, se acentuaria ainda mais pelo momento político. A invasão de sua pátria desencadeava fluxos de simpatia, os quais, mesmo que incompa­tíveis com as normas olímpicas, são incontroláveis.

Os russos procuraram justapor ao prestígio de "la reina", a simpatia cativante de Natalia Kutchinskaya — "La novia de México", tida também como a mais forte concorrente de Vera no campo puramente esportivo, e os reflexos da disputa aumentam a evidência da Ginástica.

Mas, na realidade o gosto do público já se aguçara para a modalidade. Os ingressos, há mais de um mês antes do início das competições estavam esgotados. Nos jornais apareciam anúncios, propondo a troca de ingressos de outros eventos, pelos de Ginástica, e destes, alguns eventualmente emergiam a preços exorbitantes no câmbio-negro.

As sessões finais de treinamento, as quais, a fim de permitir a adapta­ção dos participantes eram realizadas no próprio local das competições, já ocasionavam a lotação dêste.

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A expectativa era enorme, ninguém queria perder a . À"HORA DE ARTE DAS OLIMPÍADAS.

Se tal denominação é válida para a Ginástica Olímpica em geral, com maior razão se aplica ao espetáculo alegre proporcionado pelas malhas co­loridas e o som de acompanhamento dos exercícios de solo da GINÁSTICA FEMININA.

Nestas, uma preocupação sensível pela originalidade, e um conseqüente respeito por esta redundam numa sucessão viva e variada de composições adaptadas à índole e às características próprias de cada executante. O ele­mento surprêsa valoriza as combinações. Os mais categorizados exercícios livres do Mundial de Dortmund, ou foram totalmente abandonados, ou substancialmente modificados e enriquecidos.

Na Ginástica feminina, a pesquisa e a criatividade são intensas.

A orientação revelada pelos russos em Dortmund, Mundial de 66, onde Natalia Kutchinskaya, com 17 anos, obteve o 2.° lugar geral e três me­dalhas de ouro por modalidade, fêz escola. A maioria das equipes apresen­tou integrantes de 15 a 16 anos.

A naturalidade e despreocupação juvenil que estas meninas conservam, apesar do treinamento necessariamente assíduo, é um atestado em favor dos instrutores e de seus métodos, que permitem evoluções tão céleres.

Basicamente aproveitam e procuram desenvolver a flexibilidade e sol­tura de articulações da criança, e com a educação do senso rítmico e o de­senvolvimento bem dosado da tonicidade muscular necessária, assentam as condições , necessárias para o rápido aprendizado da execução de qual­quer movimento.

É previsível que a graciosa soltura, da execução das mais jovens possa ter influência no estilo da Ginástica em geral.

Mesmo que algumas aindá denotem imaturidade, a americana Rigby, a russa Turischewa, a alemã Janz, a tcheca Liskova ou a russa Burda apre­sentam uma ginástica convincente e encantadora.

Encantadoras são as ginastas em geral; o equilíbrio de proporções da maioria diz muito das virtudes dêste esporte.

As russas em conjunto, o buquê mais formoso, e a sua vitória coletiva um prêmio justo a um trabalho inspirado e preciso. •

Duas ginastas tchecas, sucumbindo eventualmente às tensões, sensí­veis ademais em tôda a equipe, cometem, logo ao início da competição, falha, na saída da prova obrigatória de paralelas assimétricas, e a perda de pontos daí resultante, não seria mais recuperada no transcurso da compe­tição: A equipe terá que se contentar com a segunda colocação.

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Sobrepondo-se a tudo e a si mesma, Vera Caslavska, sobre quem se con­centram todas as atenções, se impõe com a autoridade de uma rainha. O intenso e persistente labor de anos redunda numa extraordinária seguran­ça e lapidação de movimentos. Uma competição brilhante, um coroamento digno para uma carreira esportiva excepcional.

Após o sucesso, o casamento, conforme preconizara. Os mexicanos o recebem como mais uma deferência. O próprio arquiteto Ramirez Vasquez, responsável direto pela beleza e unidade desta Olimpíada, orienta a deco­ração para os festejos das bodas de Vera, e é mais um acontecimento ful­gurante que se associa à Ginástica.

Além da Caslavska mais 100 competidoras. Quatro equipes competem paralelamente no solo, salto, trave e paralelas as simétricas, que são as mo­dalidades femininas. É uma contingência da limitação de tempo. A movi­mentação é intensa, mas evidentemente muito trabalho de valor passa desapercebido. Cada trabalho porém se valoriza por si.

Vice-campeã, como seu marido no naipe masculino, Zenaida Woronina, a esbelta ginasta russa, apresenta, pela limpidez e elegância, um estilo verdadeiramente clássico.

Petrik,''russa, e Zuchold, Alemanha Oriental, empatadas em quarto, deveriam ter estado no terceiro lugar que coube à Kutchinskaya, por força talvez da deliberação de manter o ídolo.

Pessoalmente acabamos desprezando a perturbadora influência das notas. Preferimos absorver- a perfeição dos movimentos e a beleza das com­binações — quanta originalidade, graça e jovialidade, por exemplo, na co­reografia de solo das russas — do que nos desconcentrar pela preocupação do seu reflexo numérico.

Apesar do grande esforço de sistematização despendido pelas Comissões Técnicas da Federação internacional na elaboração do seu Código de Pon­tuação, permanece duvidosa a validez da tradução de um conceito qualita­tivo numa expressão quantitativa.

Parece que o Código feminino, justamente por ainda não ter descido à minuciosidade excessiva do detalhe, incentiva um trabalho mais livre e criativo.

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Natália Kutchinskaya 105

NA GINÁSTICA MASCULINA

Temos, por sua vez, a impressão de que o seu Código pedantemente meticuloso, coage e cerceia por ora a liberdade criativa. Sente-se uma preocupação científica em obter a máxima desenvoltura de um movimento, o que é meritóriò, e de se expor o menos possível aos descontos de pontos previstos, e isto influi na espontaneidade da execução. Não há, como na par­te feminina, o orgulho da originalidade. Movimentos mais em voga se re­petem com freqüência em um e outro exercício.

Muitos exercícios de Dortmund ressurgem sem a mínima alteração. Sempre que a preocupação pelo ponto se antepõe à curiosidade e prazer pela novidade, há uma estagnação.

De estagnação porém não pode se falar no tocante à mecânica dos mo­vimentos. Neste terreno a rápida evolução é notória. Impulsionam-a prin­cipalmente a pesquisa de russos e japonêses.

Os últimos principalmente, mercê de sua constituição, da fácil flexibi­lidade de sua fibra muscular e da força que conseguem desenvolver, aliam pujança a um ritmo sereno em seu estilo, por ora não igualado, para o que contribui certamente a particularidade da mentalidade oriental.

Sawao Kato já durante os treinos não deixa dúvidas que é o me­lhor dos 117 participantes. Tanto psicológica — como fisicamente — revela uma disposição superlativa.

Os 0,05 pontos que ao final da competição o separam de Woronin, no­vamente falham em refletir uma superioridade patente.

Teriam os juizes sentido, que dar expressão a esta era um caso de cons­ciência, quando, se reunindo após a última prova, conferiram 9,90 ao seu exercício de solo?

Por coincidência, Woronin no mesmo momento executava e falhava nesta prova de extrema concentração que é o cavalo. A justiça parecia estar se impondo por meios indiretos: Também aqui o afã de preservar a imagem do herói havia forçado a colocação do competidor.

Nakayama vencendo a individual de barra, paralelas e argolas, con­firma a nossa impressão pessoal, que partilhamos com muitos, que a êle' teria cabido a segunda classificação geral.

No Mundial cedera a primeira colocação a um Woronin superlativo, e agora surgiu o excepcional Kato. Conseguirá manter o auge de sua forma a ponto de ainda aspirar um título máximo? A evolução em seu país acar­reta contínuas modificações nas posições de proa, a ponto de que um campeão olímpico das argolas, Hayata, já se constituir reserva.

Quanta técnica e sentimento, quanto estudo e labor são necessários para atingir a característica de plumas, demonstra a diferença entre a gi­nástica dos japonêses e a dos demais competidores.

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Miguel Woronin

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São êstes igualmente assíduos, e apresentam trabalho de alto valor em dificuldade e elegância. Não alcançam porém aquela irisação suple­mentar que parece aureolar as execuções dos orientais.

Do.grande número de-participantes, somente um pequeno grupo pode sonhar com uma vitória nestas competições máximas.

O seu comparecimento assíduo demonstra que a esta não é atribuída importância incondicional. A valorização do indivíduo através do aprimo­ramento no esporte é o alvo maior, e a satisfação pela evolução e aperfeiçoa­mento dentro deste já é por si compensador.

Viver êstes acontecimentos é uma experiência que em geral se traduz num enriquecimento íntimo, e a evolução decorrente não somente da ele­vação dos alvos como das observações captadas sensorialmente proporciona emotivação e força para uma maior realização dentro do esporte.

O Brasil também deveria participar destas competições de Ginástica. Não teria, como a grande maioria, possibilidades de se destacar com vitó­rias, mas além de ser a própria participação uma questão de prestígio, dada a posição e as características próprias do esporte, adviria disto um grande impulso para o progresso de um esporte, considerado pelas nossas autoridades educacionais, junto com o atletismo e a natação, como fun­damentais.

Omitir-se com a escusa de que ainda não temos condições, é relativo. Teremos que deixar bem delineados os alvos e induzir a confiança que não são fictícios, para que o nosso ginasta tenha a emotivação e força suficientes para vencer um programa de treinamento intenso planejado com a devida previsão e antecipação.

Uma Olimpíada como a do México, que teve como principal orientador um grande arquiteto, resultou num acontecimento de imaginosidade e uni­dade estética até o mínimo de seus detalhes.

Na parte da Ginástica não houve exceção. O Auditório Nacional foi transformado num cenário condigno do grande espetáculo. Houve esmero e savoir jaire. O côr de rosa, escolhido como característica para êste esporte nesta Olimpíada irisava a atmosfera com um ar otimista e matinal, bem coerente com a disposição geral, e com a imagem que usamos no início do presente trabalho.

A ótima organização permitia perfeita fluência e precisão cronológica e as áreas dos aparelhos uma disciplinada clareza.

Nestas então se desenvolvia, como num grande balé, com intensa mo­vimentação, o espetáculo do domínio do corpo pelo espírito, através das próprias leis que regem os movimentos do primeiro, e que pelas emoções • que oferecia parecia estar confirmando que o senso de beleza se origina da noção do movimento mais econômico e adequado, o qual se torna mais satisfatório aos sentidos, e que a dança precedeu a música.

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GINÁSTICA

Antônio Boaventura da Silva

APROXIMAÇÃO HISTÓRICA

Embora os primeiros tratados de ginástica fossem localizados na China, por volta do ano 2.600 A.C., o conceito dessa atividade parece ter evoluído realmente nos últimos dois séculos.

Impulsionada por Jean Jacques Rousseau e Johan Basedow, foi desta­cada pelo primeiro em sua famosa obra Emílio (1762) e se deve ao segundo a instituição do primeiro ginásio público dos tempos modernos, assim como a direção do primeiro grupo de professores de ginástica em um colégio europeu (1723-1790).

Mencionada nas obras de Jerônimo Mercurial, em seus aspectos mé­dico, bélico e atlético, foi ressaltada por Guts Muths (1759-1839) com a pu­blicação do primeiro livro didático. Juntamente com Fricdirich Ludwig Jahn (1778-1852), foi um dos inventores dos aparelhos que hoje se utilizam na ginástica esportiva.

Enquanto Guts Muths incrementou a ginástica infantil, Jahn foi o in­vestigador e mestre entusiasta, o organizador e divulgador da habilidade física para estimular o vigor da juventude alemã. Foi também o criador da "barra fixa", das "barras paralelas" e das "argolas", como aparelhos ginásticos, enquanto o "cavalo", construído em madeira, tinha já sua ori­gem entre os romanos, utilizado no treinamento de seus exércitos para aquisição de agilidade e destreza. As competições de ginástica nos Jogos Olímpicos foram incluídas desde 1896, em Atenas, cujas provas eram es­tabelecidas apenas para equipes. As provas realizadas no solo, isto é, os "exercícios a mãos livres", bem como o concurso individual, somente tive­ram lugar nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936). Em Atenas, utilizaram-se apenas a barra fixa, as barras paralelas, as argolas, o cavalo com arções e o cavalo para salto.

O desenvolvimento da Ginástica Olímpica, tanto no setor masculino como feminino,, tem dado nos Jogos Olímpicos nôvo sentido à beleza do ritmo, da força e da habilidade, alcançando a nível técnico cada vez mais apurado e logrando interessar milhares de aficionados, que acorrem de todo o mundo a êsses eventos, com o fim principal de presenciar as com­petições de ginástica.

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Dentre os países que vêm ocupando ultimamente as primeiras coloca­ções em Ginástica Olímpica, destacamos Japão, Rússia, Alemanha de Leste e Tcheco-Eslováquia, tanto no setor masculino como no feminino. A Gi­nástica Olímpica tem dado ao mundo grandes figuras de autênticos cam­peões, dentre os quais: Chukarin, Azarian, Chaguinian, Titov, Voronin, Shakhlin (Rússia) — Tsurumi, Takemoto, Ono, Endo, Kato S-, Nakayama (Japão) — Menichelli ( I tál ia) ; no setor feminino, Larisa, Astakhova, Kuchinskaya, Veronina (Rússia) — Eva Bosakowa, Vera Caslavska (Tche­co-Eslováquia), dentre tantos outros atletas, de distintos países, que des­frutam de grande prestígio no mundo ginástico.

Para se ter idéia dos países detentores da hegemonia no terreno ginás­tico, eis alguns resultados da atualidade (Melbourne, Roma e Tókio):

Campeões Masculinos

Por equipe Individual Geral

1956 — RÚSSIA — Viktor Chukarin — RÚSSIA 1960 — JAPÃO — Boris Shakhlin — RÚSSIA 1964 — JAPÃO — Yukio Endo — JAPÃO

Por Aparelho

Cavalo çom Alções

1956 — Boris Shakhlin — RÚSSIA 1960 — Boris Shakhlin — RÚSSIA

Eugen Ekman — FINLÂNDIA 1964 — Miroslav Cerar — IUGOSLÁVIA

Cavalo-Salto

1956. — Helmut Bantz — ALEMANHA 1960 — Takashi Ono — JAPÃO

Boris Shaklin — RÚSSIA 1964 — Haruhiro Yamashita — JAPÃO

Barras Paralelas

1956 — Viktor Chukarin — RÚSSIA 1960 — Boris Shakhlin — RÚSSIA 1964 — Yukio Endo — JAPÃO

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Barra Fixa

1956 1960 1964

1956 1960 1964

Takashi Ono Takashi Ono Boris Shakhlin

Argolas

Albert Azarian Albert Azarian Takuji Hayata

— JAPÃO — JAPÃO — RÚSSIA

— RÚSSIA — RÚSSIA — JAPÃO

1956 1960 1964

1956 1960 1964

Solo

Valentin Mourator Nobuyuki Aihara Franco Menichelli

— RÚSSIA — JAPÃO — ITÁLIA

Por equipe

RÚSSIA RÚSSIA RÚSSIA

Campeões Femininos

Individual Geral

— Larisa Latynina — Larisa Latynina — Vera Caslavska

RÚSSIA RÚSSIA TCHECOSLOV.

1956 1960 1964

1956 1960 1964

Solo

Larisa Latynina Larisa Latynina Larisa Latynina

Barras Assimétricas

Agnes Kaleti Polina Astakhova Polina Astakhova

Por Aparelho

— RÚSSIA — RÚSSIA — RÚSSIA

HUNGRIA RÚSSIA RÚSSIA

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Cavalo-Salto

1956 — Larisa Latynina — RÚSSIA 1960 — Margarita Nikolaeva — RÚSSIA 1964 — Vera Caslavska — TCHECO-ESLOVAQUIA

Trave de Equilíbrio

1956 — Agnes Kaleti — HUNGRIA 1960 — Eva Bosakova — TCHECO-ESLOVAQUIA 1964 — Vera Caslavska — TCHECO-ESLOVAQUIA

LOCAL DAS COMPETIÇÕES

O "Auditório Nacional" (o Teatro Municipal Mexicano), transformado em palco das competições de Ginástica, está situado no "Paseo de La Re­forma", dentro do majestoso "Parque de Chapultepec".

Com capacidade de estacionamento, nas imediações, para 2.700 auto­móveis, o edifício tem a forma quase trapesoidal, com a base maior em arco, podendo abrigar 10 a 12 mi l espectadores em seus conjuntos de arqui­bancadas e gerais, cuja situaçãof em plano inclinado de 45°, aproximada­mente, torna possível plena visão da pista onde foram localizados os apa­relhos ginásticos, em plano elevado.

Certamente que a escolha e a concessão do majestoso edifício, para as competições de ginástica, não só fazem jús ao valor artístico dessa ativi­dade, como evidenciam sua elevada conceituação e o apurado gosto artístico de dirigentes e governantes mexicanos.

INSTALAÇÕES E APARELHAMENTO

O plano elevado geralmente em uso na instalação dos aparelhos ginás­ticos, conforme procuramos ilustrar na figura 1, torna possível, nos corre­dores em tõrno dos locais reservados a cada aparelho, a localização dos corpos de árbitros e auxiliares, bem como das equipes de médicos e atletas, satisfatoriamente instalados em suas mesas individuais e bancos, sem ne­nhum prejuízo para a visibilidade de qualquer prova em andamento.

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Para se ter idéia do valor dos referidos corredores entre os pisos ele­vados e atapetados dos diversos aparelhos, basta lembrar que eles servem para abrigar, sem prejuízo da visibilidade para quem quer que seja, o se­guinte pessoal mínimo em ação:

— 4 juizes e 1 registrador para cada um dos 6 aparelhos (30);

— 2 equipes de 3 médicos cada ( 6 ) ;

— 6 equipes de 6 atletas, 1 chefe de equipe e 1 técnico cada (48); .

— 1 pianista ( 1 ) »

Além das mesas individuais reservadas aos juizes, bem como dos ban­cos para as diversas equipes e seus técnicos, cada registrador, por aparelho, dispõe de um placará eletrônico retangular e giratório para registro da nota média alcançada pelo ginasta e conhecimento do público.

Próximo à mesa de controle de cada aparelho, um luminoso pequeno controla a execução de cada ginasta, a saber: a luz verde autorizando a execução e a vermelha indicando o seu término. Nessas condições, quando as luzes de todos os aparelhos permanecem vermelhas, estão indicando ao diretor da Competição o final de todas as provas, para efeito de determi­nação do rodízio das equipes, o qual é realizado em marcha, ao piano e em coluna por um, tendo à frente o chefe de equipe (portador de um cartaz retangular com o nome do país), seguido do técnico e dos atletas.

Próximo ao aparelho de salto, em cavalete especial, são encontradas . as placas numeradas correspondentes aos diversos saltos convencionais, a fim de que o ginasta, ao levantar e mostrar uma delas, possa dar a conhe­cer ao corpo de juizes o salto a ser executado, uma vez que cada salto tem valor máximo determinado.

Completando a excelência das instalações, Seis Tabuleiros Marcadores foram localizados, três a três, nas paredes laterais do auditório, medindo cada um aproximadamente, lm80 X lm20, a f im de ser facilmente visível de qualquer ângulo.

Cada tabuleiro registrava, por países os números e nomes dos compo­nentes das equipes bem como as notas alcançadas por concorrente em cada aparelho. Dêsse modo, a qualquer altura da competição, poderia-se ter seu panorama geral, em face da pontuação de cada equipe ou competidor.

Do aparelhamento utilizado, da melhor procedência (Janssen e Fritsen — Holanda), destacamos a excelência dos colchões tipo Reuther, de 2m X lm20 X 0,045, em amálgama especial, de material suave, côr esverdeada, que vieram eliminar o material até então utilizado, isto é, lona, algodão, feltro, espuma de borracha etc.

O piso, de 12m X 12m, para as provas de solo é formado por 60 colchões de iguais dimensões, dispostos no sentido longitudinal, em 6 fileiras de 10,

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os quais se interligam por dispositivos tipo "macho e fêmea". O quadrilátero assim formado, de 144 m 2 , se localiza em uma superfície livre de 14m X 14m.

Também as Barras Assimétricas já não se identificam com as Paralelas masculinas adaptadas, mas se constituem especialmente em duas barras horizontais de madeira, com armadura interior, de formato oval, de 2m40 de comprimento, colocadas sôbre suportes, uma a lm50 de_altura e a outra a 2m30, separadas horizontalmente de 0m42 a 0m48 uma da outra, conforme mostra a figura 2.

A direção técnica da competição estabeleceu escala de treinamento para todas as equipes, cujos locais designados, além do oficial da compe­tição, foram os seguintes: Ginásio da Escola Nacional de Educação Física, Ginásio do Clube Desportivo Chapultepec, Centro Social e Desportivo L i ­banês e Ginásio de Aquecimento do próprio Auditório Nacional.

Vale observar o enorme interesse despertado pela Ginástica dentre o público em geral, presente aos Jogos, pois que durante tôda a semana de treinamento, o Auditório Nacional teve suas arquibancadas disputadas e repletas de um público entusiasta, pródigo em aplausos e ávido por do­cumentação escrita, filmada ou fotografada.

EQUIPES PARTICIPANTES

Dos 108 países presentes aos Jogos da X I X Olimpíada, 24 participaram das competições femininas de ginástica — dos quais apenas 14 com equipes completas — e 29 das competições masculinas, sendo 17 com equipes com­pletas, a saber:

Competições Femininas

Grupo " A " (

Equipes completas Equipes incompletas

1 — Cuba 1 — Dinamarca (1) 2 — México 2 — Suécia (3) 3 — Polônia 3 — Inglaterra (2)

4 — Áustria (1) 5 — Bélgica (2)

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Grupo "B , :

4 5 6 7 8

9 10 11 12

13 14

Noruega Tcheco-E slováquia Rússia Alemanha de Leste Bulgária

Estados Unid' s Alemanha Japão Hungria

Grupo "C"

Grupo " D "

França Canadá

Equipes completas

1 — Suíça 2 — México 3 — Itália 4 — Polônia 5 — Estados Unidos

6 — Portugal 7 _ Tai-Wan 8 — Iugoslávia 9 — Itália

10 — Mongólia

Competições Masculinas

Grupo " A "

Equipes incompletas

1 — Áustria 2 — Filipinas 3 — Portugal.

(D (D (2) (3) (3)

(D (2) (1)

6 — Canadá 7 — Hungria 8 — Cuba 9 — Tcheco-Eslováquia

10 — Alemanha de Leste

Grupo " B "

4 — Equador (4)

117

Grupo "C

11 — Alemanha 12 — Finlândia 13 — Iugoslávia

5 — Coréia 6 — Inglaterra 7 — Suécia

(D (2) (3)

14 — Coréia do Norte

Grupo "D

15 — Rússia 16 — Japão 17 — Bulgária

8 — Tai-Wan 9 — Algéria

(2) (D (2) (D (3)

10 — Dinamarca 11 — Mongólia 12 — França

Estranhamos a ausência de equipes completas da Suécia (M e F ) , In ­glaterra ( M e F ) , França ( M ) , Iugoslávia (F) , Áustria ( M e F ) , Itália (F) e Dinamarca ( M e F ) , não só pela elevada conceituação da ginástica nesses países, como também pelas facilidades materiais disponíveis.

É também digno de observação a presença do Equador nas competições -de Ginástica — ainda que com quatro elementos apenas como único país da América do Sul presente àquelas olimpíadas, A julgar pela compreensão e esforço demonstrados por alguns países, em prestigiar e aprender, fazen­do-se presentes com seus técnicos e alguns ginastas, acreditamos sincera* mente que o Brasil devesse estar presente com alguns de seus ginastas de ambos os sexos, sem qualquer preocupação pela performance ou nível téc­nico, mas com o objetivo de aproveitar as esplêndidas oportunidades de es­tímulo e aprendizagem. Afinal, em que mais poderia importar a despesa de três ou quatro ginastas e técnicos, quando lá compareceram 22 futebo­listas "amadores", cuja presença só foi notada pela ausência técnica, física e moral?

O PROGRAMA DE COMPETIÇÕES

2.a feira — 21 de Outubro

EXERCÍCIOS OBRIGATÓRIOS — Feminino

Competições individual e por equipe

8h30 — Grupo " A " 10h20 — Grupo " B " 17h00 — Grupo "C* 18h30 — Grupo " D "

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3 a feira — 22 de Outubro

EXERCÍCIOS OBRIGATÓRIOS — Masculino

Competições individual e por equipe

8h30 — Grupo 4 , A " 10h30 — Grupo "B ' 17h00 — Grupo "C" -19h00 — Grupo " D "

4 a feira — 23 de Outubro

EXERCÍCIOS LIVRES — Feminino

Competições individual e por equipe

8h30 — Grupo " A " 10h20 — Grupo " B " 17h00 — Grupo "C" 18h30 — Grupo " D "

— Cerimônia de Premiação

5 a feira — 24 de Outubro

EXERCÍCIOS LIVRES — Masculino

( Competições individual e por equipe

8h30 — Grupo " A " 10H30 — Grupo " B " 17h00 — Grupo "C" 18h30 — Grupo " D "

— Cerimônia de Premiação

6.a feira — 25 de Outubro

19h00 — Competições Finais Individuais por Aparelho — Feminino — Cerimônia de Premiação f-

Sábado — 26 de Outubro

19h00 — Competições Finais Individuais por Aparelho — Masculino — Cerimônia de Premiação

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As equipes femininas incompletas foram reunidas de modo a somar, juntamente com as completas, cinco equipes no Grupo "A", cinco no "B", quatro no "C" e quatro no "D", facilitando, desse modo, o rodízio das equipes nas quatro provas femininas.

No caso dos grupos compostos de cinco equipes (A e B ) , em cada ro­dízio descansava uma equipe, apenas durante o intervalo de tempo que mediava até o rodízio imediato. No caso dos grupos de quatro equipes (C e D ) , o rodízio se fazia normalmente^a intervalos regulares, de quatro minutos para aquecimento, na seguinte ordem:

Salto — Barras Assimétricas — Trave e Solo.

As equipes masculinas incompletas, foram, do mesmo modo, reunidas de maneira a somar, juntamente com as demais, seis equipes completas em cada um dos quatro grupos. Considerando.que as provas masculinas foram em número de seis, não houve qualquer dificuldade ou perda de tempo de qualquer equipe. As seis equipes de cada grupo, entravam e saíam juntas da competição, dentro dos seis horários estabelecidos com a duração de vinte minutos para cada prova, em cada período de competição, con­forme já demonstrado anteriormente. O rodízio estabelecido para as provas masculinas, também em intervalos regulares de 4 minutos, foi o seguinte: Solo — Cavalo com Alções — Argolas — Salto — Barras Paralelas e Barra Fixa. Todo rodízio era divulgado em francês, inglês e espanhol, seguido de um toque de campainha para ressaltar o início do aquecimento. A apro­ximação do fim do aquecimento era anunciada igualmente em francês, inglês e espanhol, quando faltavam 2 minutos, 1 minuto e 30 segundos para se esgotar o tempo, ocasião em que apenas um toque de campainha determinava o início das provas subseqüentes.

AS PROVAS

Para se ter idéia do extraordinário interesse demonstrado para com as provas masculinas e femininas de ginástica, lembramos apenas que os seis dias de competições apresentaram lotação completa e um público pa­gante nas seguintes bases, em moeda mexicana (1 dólar — 12,5 pesos):

Eliminatórias — finais

Gerais (G) — $ 10.00 — $10.00

Arquibancadas r(F) — $ 50.00 — $75.00 (E) - $ 75.00 — $100.00

Cadeiras (D) — $100.00 — $125.00 (C) - $125.00 — $150.00

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Quer-nos parecer que a presença em ação, pela l . a vez, no México, de equipes completas das grandes potências ginásticas, tenha representado extraordinário estímulo e tremendo impacto naquele país.

Em ambos os setores (feminino e masculino), os prognósticos se con­firmaram quanto às melhores classificações, tanto por equipe, como indi­viduais, cabendo a Vera Caslavska e Akinori Nakayama o maior número de medalhas de ouro — quatro para a primeira e três para o segundo.

. A magnífica ginasta tcheca completou sua apoteótica atuação na noite de 25 de outubro, finais do Torneio Olímpico feminino, empenhando-se na apresentação do seu melhor repertório, certamente desejosa de deixar o melhor das recordações aos milhares de aficiohados que a estimularam e aplaudiram em tôda a sua campanha Olímpica. E se de fato estiver reti­rando-se, como se propalou, depois de onze anos de competições, foi evi­dente que se despediu com todas as honras de autêntica rainha, sob estron­dosa e calorosa ovação, tão merecida para a mais completa e mais perfeita de todos os tempos. Acreditamos que passará ainda muito tempo antes de surgir alguém capaz de igualar seus feitos.

É bem verdade que as soviéticas Natasha Kuchinskaya, Zinaida Veroni-na e Larisa Petrik demonstraram classe e qualidades que não só justifi­caram sua classificação, senão fazem também prever muitas glórias.

Da Alemanha de Leste, também são dignas de destaque as atuações de Erika Zuchold e Karin Janz, dando ao seu país a honra de quase único participante ao lado da Rússia e Tcheco-Eslováquia, na classificação por aparelhos.

No setor masculino, Akinori Nakayama, Mikhail Voronin e Sawao Kato foram os que mais se destacaram nos, distintos aparelhos e na classificação individual. O primeiro, além do ganhador do maior número de medalhas de ouro, foi, por assim dizer, o rei da dificuldade, realizando nas Argolas quanto exercício problemático foi necessário para justificar a medalha de cúro. O segundo ginasta — extraordinário atleta — classificado em Cavalo com Alções, Argolas, Salto, Barras Paralelas e Barra Fixa, impressionou sensivelmente na prova de Salto, executando dois magníficos saltos e lo­grando, assim, o maior aplauso e entusiasmo dos aficionados.

O terceiro atleta, detentor da maior classificação individual, apresen­tou, nos exercícios a mãos livres, uma rotina plena em dificuldades e, em­bora não tivesse alcançado a maior nota nos exercícios livres, sua média de pontos assegurou-lhe no Solo sua única medalha de ouro.

Os exercícios a mãos livres exibidos na prova de Solo, tanto masculino como feminina, vêm-se'constituindo na expressão mais apurada de arte em movimento ginástico, em que se exploram todas as dimensões de velocida­de, altura, distância, espaço, direção, sentido e forma, a par de uma alter­nância em flexibilidade, elasticidade, força (para homens), equilíbrio e

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posições, em deslocamentos com saltos e giros e em exercícios de dificul­dades variadas, realizados em tempo de 50 a 70 segundos, na prova para homens, e de 60 a 90, para damas. Os exercícios ginásticos de categoria olímpica, executados a mãos livres, devem ainda evidenciar conhecimentos e domínio das tendências mais recentes da ginástica internacional, e sua atuação deve constituir uma manifestação de energia, conduzida de forma natural e expressiva.

As múltiplas combinações para damas, acompanhadas de um só instru­mento musical, devem expressar um sentimento de beleza, graça e harmo­nia, ressaltando a elegância e personalidade da executante. No Cavalo com Alções — um dos aparelhos Olímpicos mais difíceis o ginasta, em posição de apoio, realiza movimentos contínuos de impulso, que compreendem passes de uma e de ambas as pernas, movimentos de tesoura para frente e para trás e circundações das pernas para a direita e para a esquerda, ao longo da superfície total do aparelho.

A prova nas Argolas compreende combinação de movimentos de im­pulso, força e flexibilidade, sem balanço do aparelho e caracterizados por elegância, agilidade e apurada técnica. A rotina de exercícios deve incluir posições estáticas, das quais uma deve conter um alto grau de dificuldade, tal como o "cristo" (invertido ou não) ou a "prancha facial"; também deve exigir posições invertidas, como a parada de mãos, uma tomada à base de força e outra à base de impulso.

O salto no Cavalo — longitudinal para homens e transversal para da­mas — compreende a corrida inicial, a tomada de impulso no trampolim oficial (Reuther), a elevação ou vôo de entrada no aparelho colocado em posição longitudinal (em comprimento), o apoio passageiro com uma ou ambas as mãos, a elevação ou vôo de saída e finalmente a tomada de apoio em posição de equilíbrio no solo. À execução da corrida inicial, as demais etapas da prova são contadas para efeito de nota ou pontuação, especial­mente a distância e altura alcançadas, na prova feminina. Seja nos exer­cícios obrigatórios, seja nos livres, duas tentativas são sempre permitidas a cada competidor, valendo a nota da melhor perfomance alcançada. O tipo de salto das duas tentativas só pode ser variado no caso de provas livres.

As combinações realizadas nas Barras Paralelas incluem de preferên­cia movimentos de impulso, giros e equilíbrios, geralmente no sentido do comprimento do aparelho e em posição de apoio. São permitidas ainda até três paradas pronunciadas, com a duração máxima de dois segundos cada uma. Além disso, obriga-se a apresentar uma figura difícil, executada acima ou abaixo das barras, na qual ambas as mãos soltem simultâneamen? te as barras.

As Barras Paralelas para as provas femininas são assimétricas quanto a altura, possibilitando, dêsse modo o predomínio de exercícios em suspensão e apenas algumas posições passageiras em apoio, o que facilita os impul-

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sos, giros e passagens de uma barra à outra, na execução de movimentos elegantes e harmoniosos.

A rotina de exercícios na" Barra Fixa consiste exclusivamente de mo­vimentos de impulso e balanço, cujo adequado aproveitamento por parte do atleta deve assegurar a realização, sem qualquer parada, das mais va­riadas combinações circulares e de alta qualificação.

Os exercícios realizados na-Trave de equilíbrio, para damas, em um período de 80 a 105 segundos, devem apresentar as posições: sentado e dei­tado, passos e corridas, saltitamentos e saltos, voltas e giros, interligados com um sentido de execução artística, expressando graça, segurança, preci­são, ritmo e elegância.

A ARBITRAGEM

A classificação por equipe, individual geral e individual por aparelho, resulta das qualificações obtidos por competidor em cada um dos diferentes aparelhos. Para competir por equipe, cada país deve inscrever pelo menos cinco ginastas.

A qualificação do competidor é de dez pontos, ao se iniciar a prova, e que se vão reduzindo à medida que os erros são cometidos. Para os exer­cícios obrigatórios, por exemplo, há uma tabela específica de pontuação para as falhas. J á os exercícios livres são julgados em razão de sua dif i­culdade (3,40 pontos para homens e 3 para damas), das combinações in­cluídas na rotina (1,60 para homens e 2 para damas) e da qualidade de sua execução, a qual originalmente vale 5 pontos para ambos os sexos.

A competição individual para homens consiste em seis pares de exer­cícios (obrigatórios e livres) e para damas, em quatro pares de exercícios, nos seis e quatro aparelhos olímpicos, respectivamente. Os concorrentes executam , os seis ou quatro pares de exercícios e obtêm duas séries de qualificação, uma correspondendo aos exercícios obrigatórios e outra aos exercícios livres. A pontuação máxima acumulada é que indicará o pri­meiro lugar na classificação individual geral. A escala decrescente, apon­tará os lugares seguintes.

A classificação por equipe será obtida pela soma das cinco melhores pontuações dentre os seis integrantes da equipe, em cada uma das provas (seis para homens e quatro para damas). A pontuação máxima acumulada classificará a equipe em primeiro lugar. A escala decrescente determinará os lugares seguintes.

A competição final por aparelho realiza-se com a participação dos seis concorrentes mais bem classificados em cada aparelho, os quais se regis­tram de acordo com a média das duas pontuações obtidas inicialmente por eles nos exercícios obrigatórios e livres.

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Dessa média, somada à nova qualificação obtida por concorrente, com a realização de uma série de exercícios livres no aparelho de sua especiali­dade, resulta a classificação final por aparelho.

Tôda essa qualificação estará a cargo de um corpo de jurados, compos­to de cinco juizes por aparelho (um juiz árbitro e quatro juizes qualifica-dores), os quais dispõem de uma papeleta individual de pontuação. A qua­lificação do ginasta é então obtida tirando-se a média das duas pontuações intermediárias, das quatro recebidas, uma vez que se eliminam a pontuação mais alta e a mais baixa.

O corpo de jurados é formado por juizes do sexo correspondente aos concorrentes, indicados pelos países participantes.

Considerando que todo público leigo geralmente conhece muito de es­tética e pouco de técnica, nem sempre a pontuação dada pelos juizes é . aceita satisfatoriamente, a despeito do apurado critério para a seleção de reais valores morais e técnicos condizentes com o alto nível de um corpo de jurados exigido para uma competição de natureza Olímpica. Essa não aceitação, porém, não pode, a nosso ver, eliminar o bom-senso e o dever de consciência em se reconhecer a maior experiência e capacidade dos juizes, em relação à nossa. Não pode, por igual, neutralizar a compreensão e o equilíbrio emocional que devem corresponder ao nível de cultura e de inteligência dos cidadãos que assistem tais competições. Nessas condições, entendemos que as manifestações de vaia somente são admissíveis em si­tuações absolutamente extremas.

Não obstante, logo no terceiro dia das competições de ginástica (23-10-69), acontecia o primeiro grande descontrole do corpo de jurados, que, ao qualificar a soviética Natasha Kuchinskaya com 9,85 nos exercícios livres de Solo, recebeu a primeira grande vaia do público, por julgá-la imerecida. Imediatamente, a seguir, por infeliz coincidência, a tcheca Vera Caslavska, recebendo 9,60 nos exercícios livres na Trave, foi considerada injustiçada, contribuindo, dêsse modo, para que a manifestação pública de vaia, já iniciada, viesse a se generalizai* e recrudescer de tal modo, que o Corpo de Juizes da prova de" Trave veio a se reunir e decidir, lamentavel­mente, a elevar a pontuação dada a tcheca, em ü,20. A partir dêsse momento (essa pelo menos é a nossa impressão), o Corpo de Jurados da Competição perdeu todo o contrôle de seu julgamento, que, dêsse modo, passou a ser pretendido pelo público, que, então, se julgou "bastante entendido de téc­nica", já que havia conseguido alterar a nota de uma ginasta e, que é mais importante, sem qualquer esclarecimento por parte do Corpo de Juizes que procedeu a essa alteração.

Vale ainda observar que o mesmo público que aplaudiu a tcheca, ao considerá-la injustiçada na prova de Trave, também já havia sabido pro­testar contra o Corpo de Juizes que qualifica a própria Vera com pontuação superior à soviética Zinaida Veronina e à alemã Erika Zuchold, que esti­veram magníficas nas Barras Assimétricas. Do Corpo de Jurados das com-

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petições femininas, apreciamos bastante o trabalho criterioso, equilibrado e seguro da soviética Larisa Natinina, detentora de muitas medalhas de ouro nos jogos de Melbourne, Roma e Tókio.

Nas competições livres masculinas (24.10.68), voltou o público com sua tentativa de comandar o julgamento, protestando contra a pontuação de 9,55 creditada ao americano Steven Cohen (n.° 42), nas Argolas, logran­do ainda uma vez que o Corpo de Juizes se reunisse e aumentasse essa nota èm apenas 0,05, o que lhe valeu uma manifestação pública de protesto ainda maior.

" A propósito de tais acontecimentos, incomuns e inadmissíveis em com­petições dêsse jaez, não sabemos qual tenha sido a reação dos Comitês Técnico e da Federação Internacional de Ginástica (FIG).

COMITÊS DIRIGENTES

FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA (FIG): '

Presidente — Arthur Gander Vice-Presidentes — Takshi Kondo, Nicólai Popov e George Gulack Secretário — Max Bangester Tesoureiro — Roger Clegerie

Membros — Klass Thoresson, Mário Gotta e Berthe Villancher

COMITÊ TÉCNICO:

Masculino Feminino Presidente: Arthur Gander — Berthe Villancher Vice-Presidentes: Ivan Ivancevic — Valerie Nagy

FEDERAÇÃO MEXICANA DE GINÁSTICA (FMG):

Presidente — José Savinon Urbina . Vice-Presidente — Jorge Pérez.Lima Secretário — Gregorio Vázquez Delegado Feminino — Kochitl Avina

Rudolf Spieth Secretário: Alexandre Lylo Membros: Valentin Muratov

Pierre Hentges Tuomo Jalantie

Herpich Milica Sepa Andreina Gotta Káthe Wiesenterger Taissia Demidenko

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A CLASSIFICAÇÃO (1968)

) Por Equipe

Masculina Feminina

1. ° lugar — JAPÃO — URSS 2. ° lugar — URSS — TCHECO-ESLOVAQUIA 3. ° lugar — ALEMANHA (de Leste) — ALEMANHA (de Leste)

) Individual Geral:

Classificação Masculina

1.° lugar Sawao Kato — JPN — 115,90 2.° lugar Mikhail Veronin — URSS — 115,85 3.° lugar Akinori Nakayama JPN 1 1 E C E

110,03 4.° lugar Eizo Kenmotsu • JPN —

n/t

114,90 5.° lugar Takeshi Kato JPN 114,83 6.° lugar Sergey Diomidov URSS 114,10 7.° lugar Wladimir Klhnenko • URSS 113,95 8.° lugar Yukio Endo JPN •H i o c e

113,55 9.° lugar Miroslav Cerar L IUG 1 1 A I A

113,30 10.° lugar Valery Karasev • URSS 1 1 O A C

113,25 11.° lugar Wilhelm Kubica POL 1 1 A 1 C

113,15 12.° lugar 'Matthias Brehme ADE «—mm

* 1 A A C

112,85 13.° lugar Mikolay Kubica PULl 112,oU 14.° lugar Victor Lisitsky URSS 112,60 15.° lugar Valery I l j inykh URSS 111,90

Classificação Feminina

1.° lugar Vera Caslavska TCHE 78,25 2.° lugar Zinaida Voronina URSS 76,85 3.° lugar Natasha Kuchinskaya URSS 76,75 4.° lugar Larisa Petrik URSS 76,70 4.° lugar Erika Zuchold ADE 76,70 6.° lugar Karin Janz ADE 76,55 7.° lugar Bohumila Rimnacova TCHE 76,00 7.° lugar Olga Karaseva URSS 76,00 9.° lugar Miroslava Sklenicova TCHE 75,85 9.° lugar Mariana Krajcirova TCHE 75,85

11.° lugar Hana Liskova TCHE 75,65

126

12. ° lugar — Maritta Baverschmidt 13. ° lugar — Kazue Hanyu 14. ° lugar — Agnes Banfai 15. ° lugar — Jana Kubickova

c) Por Aparelho:

Classificação Masculina

SOLO

l.o — Sawao Kato 2.° — Akinori Nakayama 3 o _ Takeshi Kato 4 o — Mitsuo Tsukuhara 5. ° — Valery Karasev 6. ° — Eizo Kenmotsu

CAVALO com Alções

l.o — Miroslav Cerar 2. ° — Olli Laiho 30 — Mikhail Voronin 4to _ Wilhelm Kubica 5. ° — Eizo Kenmotsu 6. ° — Victor Klimenko

ARGOLAS

1. ° — Akinori Nakayama 2.o — Mikhail Voronin 3. ° — Sawao Kato .4.° — Mitsuo Tsukahara . 5. ° — Takeshi Kato 6. ° — Sergey Diomidov

SALTO

l.o — Mikhail Voronin 2. ° — Yukio Endo 3. ° — Sergéy Diomidov 4. ° — Takeshi Kato 5. ° — Akinori Nakayama 6. ° — Eizo Kenmotsu

ADE JPN HUN TCHE

75,45 75,30 75,10 75,05

JPN JPN JPN JPN URSS JPN

IUG FIN URSS POL JPN URSS

JPN URSS JPN JPN JPN URSS

URSS JPN URSS JPN JPN JPN

19,475 19,400 19,275 19,050 18,950 18,925

19,325 19,225 19,200 19,150 19,050 18,950

19,450 19,325 19,225 19,125 19,050 18,975

19,000 18,950 18,925 18,775 18,725 18,650

127

BARRAS PARALELAS

— Akinori Nakayama —• JPN — 19,475 2.o — Mikhail Voronin — URSS — 19,425

— Vladimir Klimenko u r i 00 XUI64.<J

40 ll

Takeshi Kato JPN 19,200 5 ° EÍ7o TCenmotsu JPN 19,175

— V a r l a v TCubicka TCHE 18,950

BARRA FIXA -

l.o — Mikhail Voronin — URSS — 19,550 1.° — Akinori Nakayama JPN 19,55U 3.° — Eizo Kenmotsu JPN — 19,375 4.o — Klaus Kostle1 ADE — . 19,225 0." — Sergey Diomidov URSS I O 1 Ert

fí 0 V.

— Yukio Endo JPN 19,025

CLASSIFICAÇÃO FEMININA

SALTO l.o — vera v^asiavsKa T C H F

X V - 1 l i - j — 19,755

2.0 — Erika Zuchold ADE — 19,625 0 0 — Zinaida Voronina URSS 40 — Mariana Krajcirova TCHE 19,475 5 o — Natasha Kuchinskaya URSS 19,375 6 0 — Miroslava Sklenickova TCHE 19,325

BARRAS ASSIMÉTRICAS

l . ° — Vera Caslavska TCHE — 19,650 2.° — Karin Janz ADE — 19,500 J . u — Zinaida V ronina URSS I O á O E ly,423 40 — Bohumila Rimnacova. TCHE 19,350 " í 0 — Erika Zuchold ADE 19,325 6 o — Miroslava Sklenickova TCHE 18,200

TRAVE~

1.° — Natasha Kuchinskaya URSS — 19,650 2.° — Vera Caslavska TCHE " 19,575 3.0 — Larisa Petrik URSS 19,250 4.0 — Karin Janz ADE 19,225 4.° — Linda Metheny EUA 19,225 6.° — Erika. Zuchold ADE 19,150

128

SOLO

1.° — Larisa Petrik 1.° — Vera Caslavska 3. ° — Natasha Kuchinskaya 4. ° — Zinaida Veronina 5. ° — Olga Karaseva 5.° — Bohumila Rimnacova

— URSS — TCHE — URSS — URSS — URSS — TCHE

— 19,675 — 19,675 — 19,650 — 19,550 — 19,325 — 19,325

A GINÁSTICA E O PANORAMA ESPORTIVO NACIONAL

A Ginástica se impõe, especialmente as crianças e jovens em cresci­mento e desenvolvimento, pelas suas qualidades educativas e formativas específicas, ao lado do Atletismo e da Natação, dentre as atividades espor­tivas individuais. Cada uma delas tem qualidades e objetivos específicos que se completam e se justificam em qualquer programa educacional, for-mativo ou esportivo.

A Ginástica, compreendida atualmente como Atividade Física Gene­ralizada, se destaca e se justifica dentre os demais agentes de educação física, por sua ação metódica, sistemática e tendente à totalidade; por sua capacidade em abreviar o processo de formação, adequando-se às exigên­cias de tempo e de espaço e, em geral, aos meios disponíveis, podendo lograr rapidez no alcance dos resultados; por sua possibilidade em assegu­rar.o cumprimento de objetivos ou fins determinados; por sua adaptação fácil e adequada à situação educativa; por ser um valioso fator de disci­plina mental e física; por sua possibilidade de atuar de forma sempre efi­caz, em face da maior variedade de seus recursos; por sua capacidade de maior atendimento dos interesses, necessidades, habilidades e capacidades relacionadas com as atividades do homem.

Por todos esses motivos, a Ginástica, embora não seja suficiente por si só, não pode ser prescindida como meio fundamental, em todo programa de Educação Física. Além disso, não podemos deixar de considerar suas relações estreitas e permanentes com as atividades atléticas e desportivas, especialmente porque a Ginástica, em sua moderna conceituação, amplia extraordinariamente seu campo de ação: inclui em seus domínios, as ações físicas, as formas básicas de atividades e as destrezas físicas, que também pertencem ao campo atlético e desportivo e cuja utilização para a formação física que lhe compete, vem contribuir, por antecipação, para favorecer, prevenir, ampliar e difundir o campo atlético-desportivo. A passagem do campo ginástico para o atlético, fazendo-se sem solução de continuidade, chega a se processar tão naturalmente, que, às vezes, não se pode precisar ou identificar o campo a que pertence a atividade, isto é, pode ser consi­derada como pertencente a dois ou mais campos contíguos. Acontece, então, como tendência atual, que um dos campos, o mais forte — o atlético — tende a absorver a ginástica.

129

Assim, dentre as diversas classes de ginástica (formativa, esportiva, corretiva, recreativa, criativa etc) , a ginástica de competição, também cha­mada atlética e olímpica, não pode deixar de integrar todo programa espor­tivo que pretenda estar em condições de atender às necessidades educa­cionais das crianças e dos jovens, bem como suas tendências, habilidades e interêsses desportivos.

Ocorre, porém, que, em nosso país, infelizmente, a geração atual de dirigentes ainda associa ao termo "ginástica" a idéia acanhada de movi­mentos isolados de braços, pernas e tronco, à guiza da ginástica sueca de antanho; ao "jogo", a mera suposição de brincadeira, geralmente supérflua, pois que grande parte da vida da criança é jôgo; ao "esporte", a concepção restrita de competição, nos moldes das que geralmente se tem oportuni­dade de presenciar pela televisão, nos grandes eventos futebolísticos.

Aliás, a propaganda periodista em torno de tais espetáculos desporti­vos, o frenesi das multidões de espectadores, ante as proesas dos campeões — que nada têm a ver com os propósitos da Educação Física — não só polarizam o entusiasmo do público, como também atraem a atenção de po­líticos e governantes, levando aquêles a se aproveitarem do esporte nas' ocasiões de campanhas políticas e fazendo crer a êstes, muito erradamente por certo, que a medula, o essencial do problema da educação física nacio-' nal está ali nos grandes espetáculos, nas seleções desportivas, nas perfor­mances extraordinárias dos campeões. E tudo isso os leva a crer — a po­líticos e governantes — que as obrigações fundamentais dos órgãos dirigen­tes estão precisamente no espetáculo desportivo e não na escola; no adulto e não na criança e no jovem; na seleção e não na totalidade; na minoria e não na massa.

Em que pese à nossa satisfação pelos campeões brasileiros que, ocasio­nalmente, têm surgido no atletismo, na natação, no tênis e no boxe, não podemos deixar de nos preocupar em que tais acontecimentos esporádicos possam estar contribuindo para confundir ainda mais a dirigentes, políticos e governantes, ao pretender aceitar tão autênticas exceções como manifes­tação satisfatória do panorama esportivo nacional.

i Esquecem-se, porém, de que tão valorosos campeões têm surgido ape­

nas como autênticas exceções, fruto de uma condição pessoal excepcional­mente privilegiada e nunca como conseqüência de um trabalho de base, resultante da prática generalizada da atividade física no meio escolar e no seio da massa. Entendemos que às glórias, dos campeões esporádicos, é mi l vezes preferível que, pelo menos, a população escolar primária, média e universitária, tenha oportunidade para a prática generalizada das ativi­dades físicas, recreativas e esportivas, convenientemente orientadas em favor da educação, da saúde e do bem-estar social.

Com certeza, como conseqüência dêsse trabalho de base e generalizado, surgirão, logicamente e cada vez em maior número, os indivíduos mais bem dotados, os mais hábeis. e capazes, que estarão constituindo os reais •

130

campeões e as seleções de elite, que estariam em condições de saciar a sede de grandes performances em que se resume o anseio de tantos políticos e dirigentes mal esclarecidos, em geral leigos em matéria de educação.

Entretanto, o esporte sadiamente considerado é acima de tudo, fator de educação e de formação, antes que íle performance ou técnica. Porém, enquanto perdurar essa concepção arcaica e acanhada; enquanto as ativi­dades físicas, recreativas e esportivas não constituírem efetivamente parte integrante dos currículos escolares primário, médio e universitário, com suficiência de tempo e espaço, extensão e profundidade, jamais os brasi­leiros poderão ver satisfeitos seus anseios naturais de vitória nos Jogos Olímpicos, pelo menos em proporção compatível com o volume da popula­ção e com os foros de civilização de nosso país. Oxalá não venha a ser confundido com pessimismo o realismo de nossas observações.

Entendemos, porém, que não está nos Clubes ou nas Federações Es­portivas Amadoras, geralmente presididos por leigos em assuntos de ordem educacional, recreativa e competitiva relacionados ao esporte, a base estru­tural das atividades físicas e esportivas de uma nação. Seu verdadeiro po­tencial desportivo tem de crescer com a escola, a partir do curso primário, por onde tôda criança tem, pelo menos, obrigação de passar.

Os clubes esportivos particulares, tanto quanto os centros oficiais de recreação, constituirão sempre instituições complementares da escola e do lar, no trabalho de formação educacional e esportiva dos jovens, jamais podendo se colocar em substituição à escola, no seu trabalho educativo. A atividade física e esportiva é fundamentalmente formação e educação e, como tal, compete à escola a tarefa de sua realização. Aos clubes e centros desportivos deverá competir a missão de complementar aquilo que a escola não pôde oferecer por alguma razão, geralmente de ordem material. Mes­mo assim, suas atividades deverão ser conduzidas por pessoal especializado e jamais por leigos, ainda que veteranos atletas transformados em técnicos, pois que o esporte, na esfera social, antes de se constituir em assunto de ordem técnica, competitiva, é matéria de educação, de formação, de saúde, de bem-estar, de conduta humana. E tarefa dessa natureza é suficiente­mente valiosa e importante para exigir a presença de um professor.

E não se pense que estamos procurando superestimar a atividade'físi­ca! Não se pense que a Educação Física tenha sido idealizada para atender à existência dos profissionais da matéria! Muito pelo contrário. Ela existe como uma imposição de natureza biológica, e como tal deve ser conside­rada em face dos objetivos da educação.

Infelizmente, desde o célebre parecer de Rui Barbosa (1882) e a pro­posição de Jorge de Morais (1905); desde a criação das Escolas de Educa­ção Física do País, em 1929 (Mil i tar) , 1934 (São Paulo) e 1939 (Nacional), parece que não melhorou muito a situação da Educação Física Nacional, pelo menos no conceito de políticos, Secretários e Conselheiros de Educa­ção, administradores e dirigentes do ensino, pois que os mesmos pretextos

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continuam sendo invocados ainda hoje, para cercear a plena e oportuna realização das atividades físicas e esportivas em nossas escolas. O mesmo desinteresse, a mesma incompreensão ainda perduram desastrosamente para a formação da juventude de nossos dias, a despeito da Educação Fí­sica ser tachada, já desde 1930, cpmo prática educativa obrigatória nos cursos primário e médio, obrigatoriedade essa confirmada pelo artigo 22 da Lei n.° 4.024, de 20-12-1961 (Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a qual, para decepção geral, fêz apenas reduzir de 21 para 18 anos, o limite da obrigatoriedade de sua prática. Com ela caiu por terra tôda a contri­buição oferecida na época aos sábios legisladores da 'referida Lei, pelas Associações dé Classe e pelos Departamentos e Escolas de Educação Física do País! Afinal — "a Lei, ora Lei!" — que. diferença faz entre nós o texto ou o espírito da Lei? Não se tem vivido'até então sem Educação Física? Temos que concordar que sim, especialmente na esfera do ensino primá­rio. Também não temos vivido, de um modo geral, sem higiene, sem cultura moral e cívica e até sem educação? Valerá, porém, a pena, continuar v i ­vendo vida tão incompleta? Parecem falar mais alto as convulsões gene­ralizadas no seio da juventude escolar.

Não se pense, porém, que estamos investindo contra o espírito da L.D.B., pois que ela, ainda que passível de ser considerada sábia no seu conteúdo, já se poderia ter firmado como suficiente instrumento de base, tivesse sido elaborada para ser interpretada por administradores e di r i ­gentes todos honestos nos seus propósitos e côncios de suas responsabili­dades perante a Nação.

A verdade, entretanto, pelo menos no tocante a Educação Física (art. 22), tem sido bem outra, infelizmente, pois que seu texto não tem sido suficiente e jamais o será, sequer para cercear a prodigiosa capacidade brasileira para deformar, deturpar e desvirtuar o espírito de todas as leis.

Tanto isso é verdade, que a L.D.B. mereceu pronunciamento especial do Conselho Federal de Educação, constando dos Pareceres 16 e 16A/62, cujo atendimento foi exigido pelo art. 5.°, do Decreto n.° 58.130, de 31-3-66, do Senhor Presidente da República e cujas recomendações são as seguintes:

"A Educação Física, obrigatória por lei e considerada uma das práti­cas educativas, faz presumir que requeira, como prática, certa continuida­de, o que afasta, em princípio a possibilidade de ser-reduzida a uma só hora semanal.

É obrigatória a inclusão da Educação Física, como prática educativa, para alunos até 18 anos. A liberdade dada aos colégios para a utilização de sistemas diversos na integração das atividades da Educação Física, não exclui que o respectivo órgão de fiscalização identifique casos de evidente deformação da regra geral e prescreva normas capazes de evitar essas deformações."

Aí está, com bastante clareza, o reconhecimento, pelo intérprete da Legislação, da perniciosa capacidade de muitos responsáveis para a defor-

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mação das leis e normas indispensáveis a qualquer sociedade civilizada. Ainda agora, no Estado de São Paulo, as normas oficiais do ensino médio possibilitam a tolerância de uma só aula semanal para a prática da Edu­cação Física.

- Em compensação, colégios há ostentando duas e até três aulas de Re­ligião! Não somos contrários à religião, senão contra tão absurdas aberra­ções na distribuição semanal das atividades curriculares, e tudo isso impu­nemente. Algum órgão oficial tem se sentido com fõrça legal suficiente para cerceá-las? Quantos estabelecimentos têm recebido autorização para funcionar, sem apresentar qualquer condição para a prática da Educação Física? Quais os responsáveis por essas concessões? Algum órgão oficial estadual se tem sentido em condições legais de exigir o cumprimento do referido decreto do Govêrno Federal, ainda que somente no tocante ao número de aulas? Continuamos, nesse particular, como há trinta anos! Pro­va eloqüente dessa inconsistência, temo-la em nosso próprio Estado, em período bastante recente, quando o número de aulas semanais de Educação Física chegou a oscilar entre uma, duas e três por semana, absolutamente ao léu das preferências, experiências e conceito exclusivo dos Senhores Secretários de Educação da época, sempre indiferentes às manifestações de protesto das Associações de Classe e dos próprios órgãos oficiais especiali­zados — criados para conduzir os assuntos da Educação Física e raramente ouvidos.

Para se ter idéia dos pasmosos argumentos utilizados como pretexto para a redução do número de aulas semanais de Educação Física, de forma tão lesiva para a formação de milhares de jovens, não podemos deixar de nos referir a dois dos mais espantosos deles para a nossa época: "Reduzi­mos as aulas a uma por semana, porque nossa experiência em Educação Física foi negativa" (!!!) — "Reduzimos porque não podemos perder tempo das disciplinas do currículo, com Educação Física" (!!!).

E tudo isso foi presenciado e protestado em vão por todos os mem­bros das comissões representativas das associações e órgãos especializados, encarregados de discutir o assunto.

Tal argumentação poderia ainda ser admitida se partisse de leigos. Mas partindo de professores investidos de tamanha responsabilidade-pe­rante o Estado e a formação de'toda uma juventude é inconcebível! Ao tecer tais considerações, não nos move qualquer desejo exclusivo de crítica e disso estamos conscientes. Fazemo-lo, sim, impelidos por um dever moral para com a causa por que lutamos e para com o próprio. Estado, em mais uma de nossas muitas tentativas em advertir e alertar sobre a necessidade urgente de medidas vigorosas e corajosas por parte do Govêrno Federal e consideradas absolutamente decisivas para a formação de nossa juventu­de, muito especialmente no terreno físico, moral, cívico e esportivo. Fa­zemo-lo, sim, movidos pela necessidade urgente de alertar e, se possível, impedir que enorme parcela da formação educacional de nossos jovens con- • tinue ao léu das predileções, vaidades, interesses ou experiências pessoais

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de quem quer que seja, sem a devida consideração às recomendações e protestos dos órgãos oficiais criados especialmente, pelo próprio Govêrno, para cuidar dêsse assunto.

Fazemo-lo, ainda, numa tentativa de lograr a compreensão dos gover­nantes e diretores de ensino, para a seriedade do assunto e para a necessi­dade urgente de medidas governamentais (federais) de base, capazes de regulamentar, definir e determinar de vez, de maneira clara e efetiva, as responsabilidades de dirigentes, administradores e docentes, com respeito às determinações contidas no art. 22 da Lei de Diretrizes e Bases, cujo espírito já estava ultrapassado quando a lei foi promulgada.

A menos que tais medidas sejam tomadas, de forma corajosa, decisiva e urgente, a Educação Física e os Esportes continuarão sua falsa existência de até então, omitidos como fator inconteste de educação, de formação, de bem-estar e de evolução de um povo civilizado. Tõda e qualquer argumen­tação em contrário, geralmente partida dos céticos, pessimistas, inconscien­tes ou interesseiros, jamais poderá ser levada na devida consideração, pois que em sua totalidade cai por terra diante da exigência biológica de mo­vimento suficiente, a que todo ser humano tem necessidade para a sua completa formação educacional.

Não somos nós que assim afirmamos, senão a ciência através dos tem­pos e jamais contestada por qualquer conselheiro ou dirigente do ensino. Os problemas de local, instalações, equipamento, horário e professores, ainda que sérios e comuns a muitos estabelecimentos, jamais poderão ser­vir de base para o estabelecimento de normas gerais no tocante a prática das atividades físicas. Ou reconheceremos a necessidade de sua prática efe­tiva e positiva, procurando afastar progressivamente tais problemas, ou estaremos contribuindo, como até então, para que êles se tornem cada vez mais graves, em demanda do aniquilamento de uma atividade que ninguém até então teve coragem de afastar do currículo de nossas escolas e jamais o terá, ainda que por todos os meios tenham tentado anulá-la. De qualquer modo, essa tentativa de anulação, infelizmente, continuará sendo uma cons­tante, enquanto os órgãos oficiais especializados continuarem à margem das discussões atinentes aos assuntos de sua própria especialidade e para cuja realização foram criados.

Enquanto isso, as nossas crianças e jovens aí estão à espera de um substitutivo sadio para sua sede de atividade vigorosa e emocionante, capaz de libertá-los das tensões próprias da idade e da época, possibilitando-lhes e orientando a expressão equilibrada e a expansão sensata de suas próprias /

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qualidades e capacidade. E assim continuarão ainda por muito tempo, pois que a tarefa de sua formação educacional, especialmente de formação fí­sica, esportiva, moral e cívica, continua em compasso-de-espera pela regu­lamentação da Lei Básica da Educação Nacional, no sentido de definir, de forma clara e insofismável, as responsabilidades da escola:

. 1.° — As atividades físicas e esportivas deverão se realizar obrigato­riamente e de forma devidamente alternada, duas vezes por semana nos cursos pré-primário e primário, três vezes, nos cursos ginasial, colegial, normal e profissional de regime diurno e duas vezes nos de regime noturno.

2. ° — Os benefícios das atividades físicas e esportivas deverão ser extensivos a todos os alunos, sem limite de idade.

3. ° — O aproveitamento das áreas livres dos estabelecimentos de ensi­no já instalados para a prática das atividades físicas e esportivas, será obrigatório em todos os graus.

4. ° — Será obrigatória a existência de um ginásio de esportes ou de uma quadra esportiva de 15 m X 30 m, coberta e iluminada, como o mí­nimo em matéria de instalações previstas para as novas unidades escola­res e indispensável para efeito de reconhecimento e registro dos esta­belecimentos.

5. ° — Será obrigatória a existência de instalações, facilidades e opor­tunidades, nas instituições de nível superior, para a prática esportiva de seus alunos, ex-alunos e professores.

6. ° —.Será obrigatória a realização anual de Torneios Colegiais de Esporte, de âmbito municipal, regional e estadual, com a participação compulsória, na fase municipal pelo menos, de todos os estabelecimentos oficiais e particulares do ensino médio. Tal participação deverá implicar, no mínimo, duas modalidades esportivas em cada estabelecimento, uma co­letiva e uma individual.

7. ° — Será da competência do órgão Federal (Divisão de Educação Física) e dos Estaduais (Departamentos ou Serviços de Educação Física) especializados, a determinação dos programas mínimos, a orientação e assis­tência técnico-pedagógica, bem como a apreciação do cumprimento legal dêsses programas em todas as instituições particulares e oficiais de ensino

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primário e médio, em consonância com o Conselho Federal e os Estaduais de Educação.

8.° — A Divisão de Educação Física e os Departamentos ou Serviços Estaduais de Educação Física serão os órgãos de consulta e assessoria téc­nica do Conselho Federal e dos Estaduais de Educação, respectivamente.

A par da despretensão de nossas considerações, sentimos que ainda se passarão muitos anos, antes que o Brasil possa colocar-se em condições de lograr algum resultado Olímpico condizente com o volume de sua popu­lação e com os seus foros de civilização, pelo menos na esfera das ativida­des esportivas individuais. E assim mesmo, êsse lapso de tempo somente deverá ser contado do momento em que as atividades físicas e esportivas estejam oficialmente organizadas a partir do ensino primário.

Enquanto isso não se realizar, o professorado especializado, a despeito de todas as dificuldades, deverá continuar sendo o realizador e o maior res­ponsável pela difusão, conceituação e aprimoramento técnico disciplinar das atividades físicas, esportivas e recreativas em todos os meios educacio­nais e associativos.

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NATAÇÃO

Júlio de Lamare

Creio que o melhor modo de analisar o que apresentou de mais im­portante a Natação nos Jogos Olímpicos do México, seja dividir esse tra­balho em quatro tópicos distintos: 1) Influência da Altitude; 2) Técnica Individual; 3) Treinamento; 4) Mentalidade. Assim fazendo, acredito que estarei enfocando exatamente os pontos que mais podem interessar àqueles que estudam e se preocupam com o que há por trás dos simples resultados que os meios de comunicação tão bem exploram e dão a conhecer.

1 — ALTITUDE • -'

Não há dúvida de que a natação nos Jogos de 1968 se constituiu, tècni-mente, num esporte marcado fortemente pela influência da altitude sobre a performance dos concorrentes. E como essa influência tem caráter puramente pessoal, para ela jamais podendo ser determinado um padrão, não se pode fixar uma norma geral para explicar a que representaram os 2.300 metros da Capital Mexicana sobre os tempos alcançados pelos maiores nadadores do mundo.

A grosso modo, no entanto, pode-se afirmar que em todas as provas onde o esforço do nadador não chegava a um minuto, seus melhores tempos puderam ser repetidos ou mesmo melhorados; por outro lado, quando os nadadores se empregavam por mais de um minuto, seus tempos caíam sensivelmente.

No setor masculino, por exemplo, nas provas mais rápidas' os recordes mundiais ou foram batidos — Wenden (Austrália), com 52,2s nos lOOm livre, contra antigos 52,6s, e Matthes (Alemanha Oriental), com 58,0s nos lOOm de costas, na abertura do relay de 4 x lOOm 4 nados, contra 58,4s — ou foram arranhados, como sucedeu com Russel (55,9s nos lOOm de borboleta, contra 55,6s de Spitz). Nas demais provas, con­tudo, quanto maiores as distâncias piores os tempos com relação aos

137

recordes mundiais. Pode-se, inclusive, acompanhar o percentual de queda dos tempos pelo quadro abaixo, que mostra a decisiva influência da altitude sobre cada percurso adicional de 100 metros:

Recorde Prova Vencedor Tempo Mundial %

lOOm livre Wenden 52,2s • 52,6s - 0,67 200m " Wenden lm55,2s lm54,3s + 0,78 400m " Burton 4m09,2s 4m06,5s • + 1,01

1500m " Burton 16m38,9s 16m08,5s + 3,13 lOOm costas Matthes 58,0s 58,4s - 0,99

' 200m ' Matthes 2m09,6s 2m07,5s + 1,61 lOOm peito Mackenzie lm07,7s lm06,2s + 2,26 200m peito Muhoz 2m28,7s 2m27,4s + 0,88 lOOm borboleta Russell 55,9s 55,6s + 0,53 200m " Robie 2m08,7s 2m06,7s + 1,57 lOOm medley Hickcox 2ml2,0s 2ml0,6s + 0,60 200m " Hickcox 4m48,4s 4m39,0s + 3,36

Como se vê, a não ser no nado de peito, onde o tempo dos 200 metros foi percentualmente melhor do que o dos 100 e ainda assim porque o ven­cedor foi Muhoz, mexicano, e portanto à vontade em sua ambiência), em todas as demais provas a um aumento de distância sempre correspondeu um sensível decréscimo percentual de tempo com relação ao recorde mun­dial da prova. Nossos próprios nadadores nunca conseguiram repetir seus melhores tempos, embora em distâncias curtas — tiros de 50 metros, por exemplo — registrassem suas melhores marcas. E como não tinham êles a base de treinamento necessária para mais bem enfrentar a influência de altitude, nem podemos confirmá-los nos 200 metros (exceção de Fiolo, que ainda assim fracassou na distância maior), pois jamais o técnico Ro­berto Pavel encontrou condições para dar-lhes o treino necessário, a f im de que suportassem a prova mais longa.

Lògicamente, houve exceções, como a confirmar a regra geral, mas, de qualquer maneira, a não ser no caso de Kaye Hall, que bateu o recorde mundial dos 400m de costas, com lm6,2 (antigos lm6,4s), no setor feminino tôdas as nadadoras pioraram seus tempos e ficaram bem abaixo dos recor­des mundiais, como se pode verificar igualmente pela tabela abaixo:

138

Recorde D „ _ „ _ T 7 ^ - J Tempo Mundial

juuni n\iL I XJ o ri n o ou.us Oo,ys + l,ou 2n0m " O 1\ T p v r> i"

Av, 1 U C V L 1 zm i u,os zmuo,/s + z,yy

tuum D. Meyer 1 „ Í 1 Q- 4mz4,5s + 2,75 ouum T 1 1\ f C l m n

u . iweyei 9mz4,Us 9mlU,4s + 2,47

iuum cosias J \ . nau imuo.zs imuo,4s 0,99 r \ waison zmzt.os zmzj.os + o cn U,t)9

luum peno T l Vi 1 . * . .

u . A J J P U O V j mio,os imii,zs + • i *; 4.,lo

200m " S. Wichman 2m44,4s 2m38,5s 3,72 lOOm borboleta L. McClemcnts lm06,5s lm04,5s + 3,10 200m " A. Kok 2m24,7s 2m22,5s + 1,54 200 medley ind. C. Kolb 2m24,7s 2m23,5s 0,83 400m " C. Kolb 5m08,5s 5m04,7s + 1,24

Sabendo-se, tanto para o setor masculino quanto para o feminino, a medida do progresso da natação mundial e o preparo que os nadadores levaram para essa Olimpíada, é fácil imaginar-se até onde iriam os tempos, so os Jogos fossem realizados em cidade ao nível do mar.

E o que sentiam os nadadores no México?

Sintetizando: nos primeiros dias, nada houve de extraordinário; po­rém, à medida que o trabalho tinha de ser mais intenso, apresentavam uma sensação de intensa ardência no peito, pêso e lentidão de movimentos, nariz e gargantas muito secos. As queixas eram tais que, em nenhum mo­mento, pôde ser ministrado um treinamento da intensidade necessária. Nas demais equipes que não se haviam preparado em locais de altitude seme­lhante à da Cidade do México os sintomas foram os mesmos, só que a mais sadia mentalidade de seus nadadores levava-os a redobrar os esforços e com mais ímpeto, enfrentar as condições adversas. E para que não paire à menOr dúvida sobre a decisiva influência de altitude sobre a performance dos na­dadores, vários foram os exemplos de extremo desgaste físico a demonstrar a inadaptação à altitude de alguns dos maiores nadadores do mundo, que ou terminaram suas provas em deploráveis condições (Galina Prozumens-chikova quase não pôde comparecer à cerimônia de entrega de medalhas nos 200m nado de peito) ou caíram incrivelmente em seus tempos, como foi o caso de Mark Spitz, que chegou ao México para ganhar 4 medalhas de ouro individuais, não ganhou uma sequer e acabou 8.° e último nos 200 de borboleta, 7 segundos além de seu recorde mundial; ou o caso de Cathie Bali, recordista das duas provas de peito e franca favorita de ambas, e que foi a 5.a nos 100 e nem nadou os 200, tal a queda de seu estado atlético, à medida que se passavam os dias na capital mexicana. Influência, portanto, decisiva da altitude, o primeiro ponto sério a considerar.

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TÉCNICA INDIVIDUAL

Janela aberta para o mundo do progresso da técnica individual, como sempre foram os Jogos anteriores, desta feita as Olimpíadas do Mé­xico nada apresentaram'de revolucionário para exigir dos técnicos novas tomadas de posição, embora alguns pontos fossem reafirmados. No nado livre e no borboleta, por exemplo, acentuou-se o pequeníssi­mo tempo de apoio para o início da puxada dentro d'água, verifican­do-se que as mãos buscavam, de modo ávido o apoio, o momento dá parada nada mais sendo do que o estritamente necessário para se fir­mar a posição e iniciar-se a violenta tração. Fora d'água, não havia maiores preocupações de estilo, a não ser manter-se sempre cotovelos altos, com ângulos de incidência elevados para a entrada da mão. Wenden foi típico exemplo dêsse detalhe, entrando com as mãos como se fossem verdadeiras pás, em ângulo quase reto com o pulso.

No nado de costas, os campeões mostraram braços bem estendidos entrando na água bem junto à cabeça para a puxada com quebra do antebraço e término da braçada com violento empurrão da mão junto ao quadril. Tudo enérgico e violento, embora nunca "picado", apro­veitando-se ao máximo a passagem do braço pela água. A linha me­diana do corpo era sempre mantida sem maior movimentação, cabeça alta, com o tronco apresentando ligeira rotação para cada lado, a acompanhar a entrada do braço na água.

Roland Matthes, sóbre quem convergiam todas as atenções, dados seus notáveis recordes mundiais, mereceu estudo e atenção especiais, para verificar-se se algo de nõvo em seu estilo podia justificar seus 58s4, nos 100, e 2m7,5s, nos 200.

Na realidade, o esguio alemão provou ser mais um fenômeno natural do que propriamente um produto de nova técnica. Com quase l,95m de altura e pesando apenas 65 quilos, Matthes não tem o menor pro­blema para "carregar" seu corpo, podendo elevar notavelmente os quadris, a fim de alcançar uma posição alta de extremo conforto com os ombros totalmente fora da água, facilitando assim o trabalho de seus longos braços para a puxada na água. Sua posição é de tal ordem que, quando êle acelera o nado, seu calção chega a ficar todo acima da superfície da água.

O nado de peito, sem nada de revolucionário, foi todavia o estilo que mais se aprimorou, firmando o que Jastremski mostrou pela primeira vez em Tóquio, quatro anos antes, e que Fiolo tão bem soube aper­feiçoar com Roberto Pavel: pernada curta e o mais fechada possível, só com os pés rodando e "pateando" violentamente a água com as plan­tas, enquanto a braçada é cada vez menor, desmanchada logo após a extensão para a frente e a forte puxâda lateral, No final da tração dá-se, então, o que se chamaria de "sustação", isto é, a elevação do

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tronco, que fica fora da água até quase a cintura, proporcionando ao corpo uma posição alta, bem diferente da antiga, em que os ombros f i ­cavam ao nível da água e o corpo se alongava, o mais plano possível.

Os norte-americanos, que em Winnipeg nada fizeram de extraordi­nário um ano antes, apresentaram-se segundo o "figurino" de Fiolo, a quem filmaram exaustivamenteno Canadá e de cujo técnico Roberto Pavel obtiveram em palestras os ensinamentos necessários para apri­morar êsse estilo, realmente o mais difícil de todos. E prova elo­qüente de que até êles, reis da natação, aprendem com os outros, foi a frase dita pelo grande Counsilman, após a vitória de Mackenzie, seu pupilo, nos 100 de peito, sobre o nosso campeão: "Muito obrigado, Mr. Pavel". Ainda sobre o nado de peito, um detalhe chamou a atenção durante os treinamentos, mostrando a clara preocupação de se obter o maior fechamento de pernas possível: no treino de pernas os pei-tistas efetuavam'freqüentemente o movimento de golfinho, em vez-do fie peito clássico. Fiolo, por exemplo, após bater pernas dessa maneira, fazia sempre tempos melhores nos "tiros" de peito clássico que se seguiam. Aliás, a tendência dêsse nado é chegar quase ao mo­vimento de pernas de golfinho, com a rotação dos pés, apenas para justificar a obediência as leis do estilo.

Quanto às viradas, nada de nôvo; apenas já constituiu lugar comum a perfeição com que todos de crawl efetuam a cambalhota para baixo, sem o toque de mão na borda. Ninguém, nem no treino mais leve, vira de outra maneira. E para mostrar, uma vez mais, que toda regra tem exceção, exatamente aquele que foi o mais veloz dos Jogos, o australiano Wenden, era dentre todos o que de modo pior virava, uti­lizando ainda a virada reversa', jogando o corpo para o lado, após o toque da mão na borda, com o que enfrentava muito mais resistência da água e perdia preciosos centésimos de segundo. Se não fosse essa deficiência, muito sentida nos 200 metros, seus tempos seriam ainda melhores, pois sua aceleração é verdadeiramente fantástica. Seu téc­nico, aliás, indagado a respeito, explicou que Wenden não se adaptou a virada sem toque de mão com cambalhota para baixo, e por isso preferiu, ainda dessa feita, deixá-lo nadar assim para não se arriscar a perder a virada numa final.

TREINAMENTO

Falar sobre observação de treinamento numa Olimpíada, nunca teve muito sentido, pois sempre se chegou à ridade-sede, dps Jogos poucos dias antes das competições, com os nadadores já prontos e no estágio final de polimento, de modo que as observações pouco valor têm nesse aspecto. Dessa vez a situação se alterou bastante, graças à antecedên­cia com que as equipes chegaram ao México para melhor adaptação à altitude. Do mesmo modo que Fiolo e o técnico Pavel tiveram na

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capital mexicana um mês exato de sua chegada até a abertura das competições de natação, quase todos os demais países agiram assim.

Os norte-americanos foram os únicos que preferiram concentrar-se nos Estados Unidos, mas em localidade de mesma altitude da Cidade do México e durante ou até mesmo um pouco mais de tempo do que os chegados à sede dos Jogos, lá aparecendo somente 10 dias antes do início das provas. Dêsse modo, pôde-se acompanhar o treinamento final e o aprimoramento das principais equipes, o que nunca ocorrera.

O que hoje se verifica, e em dose mais acentuada entre os norte-ame­ricanos (em especial os treinados por Chavoor), é que o polimento está cada vez mais sendo reduzido, não passando de simples diminui­ção da intensidade do treinamento normal. O que hoje é regra geral é o violento trabalho de base — na água e de ginástica fora da pis­cina — no começo de temporada para, adquirida essa base indispen­sável aos estágios seguintes, se preocuparem os técnicos unicamente com o treinamento de intervalo, visando a um ou dois picos no má­ximo, de forma para o nadador por temporada. As competições de fins-de-semana são consideradas simplesmente como etapas de trei­namento, sem qualquer polimento. Nessa fase de repetições, o nada­dor chega a perfazer de 10 a 12 mil metros diários em duas seções, modificando-se os ciclos de repetições para não cair o treino na mo­notonia e na rotina, tão prejudiciais ao espírito do nadador. E o que é sumamente importante, todo nadador treina mais de um estilo, já superada a época do treinamento exclusivo em um nado. Burton e Debbie Meyer, por exemplo, foram vistos sempre fazendo repetições

/ também em borboleta, para variar a rotina do trabalho. Uma semana antes da competição importante — duas, no máximo, por temporada — o nadador entra então no polimento, caindo o trabalho de 10 a 12 mil metros diários para 4 ou 6 mil , e as sessões de treinamento se reduzindo em alguns dias para apenas uma, já que o repouso é então vital para a recuperação total das energias queimadas nas etapas anteriores. Chavoor, como disse antes, é adepto de uma redução bem menor nessa fase, permanecendo seus nadadores em duas sessões diá­rias e com metragem bem próxima da normal.

Por outro lado, já no polimento, os técnicos hoje utilizam muito o treinamento tipo broícen ou split, para ter não só idéia do que seus nadadores são capazes de fazer mas também para dar-lhes noção do ritmo da prova que vão nadar. Trata-se de dividir a distância da pro­va por quatro e fazer cada uma dessas quatro etapas praticamente a 100% com intervalos diminutos de 5 ou 10 segundos. Assim, num broken de 200 metros, o nadador faz quatro 50 metros com apenas 5 ou 10 segundos de intervalo entre cada um. Êsse tipo de polimento vem sendo muito usado e psicologicamente é de grande valia, pois o na­dador em forma fica muito confiante em suas possibilidades ao saber da soma dos tempos registrados, que sempre totaliza uma excelente marca.

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MENTALIDADE

Fator dos mais importantes, que as Olimpíadas do México deixaram patente e que precisa ser muito bem cuidada e encarada desde cedo por nossos técnicos, dirigentes e nadadores, é a questão da mentali­dade do atleta. Lamentàvelmente, o nadador brasileiro, em sua esma­gadora maioria, é um revoltado, ou, pelo menos, um queixoso,' ante a intensidade do treinamento a que é submetido. Enquanto, observando--se as demais equipes, se via com prazer a maneira pela qual seus nadadores atendiam ao plano de treinamento dado pelos técnicos, nunca se queixando e pràticamente treinando até sozinhos, quando se tratava de realizar trabalhos que independiam de um controle mais direto do coach, na nossa equipe e, também nas dos demais países sul-americanos, a tônica eram as exclamações de "não agüento", "estou morrendo" etc. Ou o técnico é obrigado a diminuir a soma de traba­lho necessário ou o nadador, ante a insistência do preparador, cumpre o que se determina, mas sem élan e espírito de colaboração, o que in­valida na prática o que se procura. Êsse problema, que é sério e se aplica a todos os desportistas no Brasil em têrmos gerais — logica­mente há exceções — já vem de longa data e dêle têm culpa di r i ­gentes e técnicos além do próprio atleta. É preciso que os dirigentes dêem não forte ao técnico quando êste exigir do atleta, pois o comum é o diretor passar a mão pela cabeça do nadador, alegando que o clube precisa dêle e de seus pontos; é comum, em reação de cadeia, o técnico acomodar-se, por saber que o dirigente não vai aceitar uma atitude mais enérgica de sua parte, se quiser, excluir o nadador do treina­mento por um dia ou mesmo por algum tempo, até que êle se adapte ao trabalho determinado. É natural e comum pois, que o nadador, sen­tindo que de cima lhe vão facilitar as coisas, afrouxe seu ritmo de treinamento ou procure treinar menos para não chegar à fadiga. In­dispensável é que êsse estado de coisas se altere profundamente. Os norte-americanos, com mentalidade excepcional, jamais reclamam do treinamento fortíssimo; os australianos, outra vez subindo notavel­mente no panorama mundial, reuniram os convocados para as Olim­píadas com 6 meses de antecedência e fizeram-nos assinar um têrmo de responsabilidade — treinar como nunca e jamais se queixar. Um exemplo típico dessa mentalidade distorcida foi dado pelas equipes argentina ê peruana, bons termômetros para observação, pois dêles faziam parte Nícolao e Juan Bello, que foram ao México diretamente dos Estados Unidos, onde estudam e treinam. Enquanto eles davam exemplos de dedicação nos treinos, seus companheiros de equipe, na maioria, destoavam, apresentando os mesmos vícios, que são também muito nossos.

Na equipe brasileira, forçoso é reconhecer, nunca conseguimos nem 70% de nossos nadadores". Fiolo, por exemplo, que tinha as maiores chances que um nadador brasileiro já possuiu de ganhar uma medalha

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de ouro olímpica, deixou-a escapar por falta de melhor mentalidade. Enquanto nos outros países seus adversários treinavam como se deve treinar para uma Olimpíada, êle passou 3 meses no Brasil pratica­mente afastado das piscinas. E como lhe fizeram falta esses 3 meses dé treino naqueles últimos 15 metros decisivos no México, em que não teve êle pernas nem braços para manter a dianteira que conse­guiu na prova dos 100 m de peito, graças às suas notáveis qualidades.

Ê duro dizer que sua derrota foi justa, mas é preciso reconhecer que sua vitória seria um prêmio injusto a quem, sendo melhor que os outros, não treinou como devia para uma Olimpíada. Êrro exclusiva­mente seu? Não.^Culpa de toda uma estrutura que precisa ser modi­ficada. Desde cedo, com ajuda de dirigentes e técnicos, nossos nada­dores têm de ser moldados na trilha do treinamento forte, sem recla­mações nem truques visando fugir do trabalho determinado. Se todos compreenderem que só assim se atingirá o alvo comum, que é o pro­gresso de nossa natação, então não perderemos as poucas chances de que dispomos de ganhar projeção no panorama mundial. Mentalidade é uma coisa muito séria. Sem ela, os dotes naturais sozinhos não bastam. E essa mentalidade sadia tem de ser inculcada desde os pr i ­meiros dias. É uma falha que grita em todos os setores do esporte brasileiro — seja nas modalidades individuais, seja nas coletivas, seja entre amadores, seja entre profissionais. Os Jogos Olímpicos do Mé­xico demonstraram, uma vez mais, e gritantemente, que a mentali­dade é fator básico de progresso e melhores resultados, em especial numa competição em que só os fortes de espírito é que vencem.

Nada melhor para concluir do que repetir a declaração do extraordi­nário Mark Spitz, quando lhe foi perguntado quando considerava ter feito um bom treinamento: "Quando, depois do treino, chego a minha casa exausto pelo esforço despendido na piscina, onde meu coração e meus pulmões pareciam estalar diante da exigência do trabalho preparado por meu técnico e que cumpri ao pé da letra, é então que tenho certeza de ter aproveitado o dia." No dia em que essa mentar lidade se aliar ao verdadeiro amor ao esporte, à ordenação correta das horas necessárias ao estudo e ao treinamento e à certezavde que nada se consegue sem esforço, se tudo isso se conjugar, enfim, em nossos nadadores, então teremos os grandes campeões com que tanto sonhamos.

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REMO

Guilherme Augusto do Eirado Silva (Buck)

O México, realmente, estava disposto a demonstrar ao mundo a sua capacidade de organização. Nas Olimpíadas de 1968, tudo funcionou maravi­lhosamente, e só teremos a lucrar se aproveitarmos o que lá vimos para organizar as nossas competições, nacionais ou internacionais.

No que se refere ao Remo, só há uma palavra para descrever a orga­nização: excepcional. Tentarei reproduzir, em seguida, os aspectos mais importantes.

DA RAIA

A raia olímpica de Xochimilco é um canal artificialmente construído, com as seguintes características: 2.200 metros de comprimento, sendo 2.000m para o percurso, e dois espaços livres, um de 175m de comprimento, depois da chegada, e outro de 25m para permitir o alinhamento dos barcos na saída; 2m de profundidade; largura total de 125m com seis raias de 13,50m de largura, separadas das margens por uma distância de 22m. A água do canal provém de poços de 350m' de profundidade, especialmente cavados para permitir a formação da raia.

Surpreende saber que êsse canal artificial foi preparado especialmente para as X I X Olimpíadas. Aliás, o México tem a intenção de desenvolver muito a prática do remo, tendo encarado todas as despesas — não só com a raia, mas também com barcos e todas as instalações — como um investi­mento que terá conseqüências imediatas para êsse desenvolvimento, esti­mulando os clubes e os atletas.

Além da raia de competição, onde também se realizavam os treina­mentos, há um canal adjacente, onde os países participantes das competi­ções de "kayak" podiam treinar.

O local da raia olímpica, onde se travaram as competições tanto de remo quanto de canoe-kayak, dispunha dos serviços e do aparelhamento seguin­tes: torre de saída, tôrre de chegada, cabine para o alinhador, cabines de observação e cronometragem, de 500 em 500m, escadas marinhas, embar-cadouros de 500 em 500m, plataforma para entrega dos prêmios, embarca-

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douros para lanchas a motor, 4 pontões de embarque e desembarque (para os barcos a remo) de 28x6m e 6 pontões de partida móveis, de 25xl,20m (*)

Junto ao canal, foram estabelecidos vários serviços, como locais para a imprensa, salas de recepção para convidados de honra, escritórios das federações nacionais e internacionais, tribunas de honra, serviços de rádio e televisão, concessionários de artigos diversos, banheiros etc, tudo isso reunido num edifício administrativo; tribunas com capacidade para 6.144 pessoas; hangar com boxes para os barcos de cada país; vestiários e uma ducha para os atletas; restaurante e bar para os atletas; estacionamento para todos; local para as bandeiras de todos os países (45 participantes); placard eletrônico para os resultados; edifício de controle e serviços gerais; ao longo das margens, pistas para as bicicletas dos técnicos e uma pista para a uni­dade móvel de televisão. O placard eletrônico foi instalado diante das t r i ­bunas, na margem oeste da raia.

Xochimilco está a l i km da Vila Olímpica, a 15 minutos de carro. Havia um ônibus à disposição dos participantes, partindo de 15 em 15 minutos.

DO MATERIAL E DOS SERVIÇOS AUXILIARES

Para poder cumprir a programação olímpica de remo, o México com­prou, em estaleiros suíço, italiano e alemão, flotilhas excelentes, ficando os barcos à disposição de qualquer país, caso necessário, seja para as regatas olímpicas, seja para treinamento. Todo o material usado nos treinamentos e nas regatas foi disposto e organizado nas instalações de Xochimilco, com o maior cuidado. Todos os países contavam com boxes para os barcos e vestiários para os remadores, e uma ducha comum a todas as delegações. Estavam sempre a postos, o Departamento Médico e um almoxarifado; êste fornecia, além de todo o aparelhamento, desde ferramentas até remos, uma bicicleta para cada treinador, com o seü nome estampado, para que êle pudesse acompanhar os treinamentos. Havia ainda um local para repouso dos atletas, com cadeiras, barracas e bar, assim como serviço de intérpretes e informações.

A Organização pensou nos mais diversos detalhes, desde o policiamento até a doação de toalhas a cada membro de todas as delegações, formando uma atmosfera de eficiência e bom entrosamento, que facilitou a aproxi­mação entre os países participantes. Donde se conclui que nunca é demais cuidar bem dos pequenos detalhes de uma grande competição.

O material do Brasil foi colocado no mesmo box do Uuruguai. Note-se que apenas nosso país e o Uruguai não contavam com um carpinteiro em suas delegações, precisando recorrer aos serviços de carpintaria montados

( 1 ) Todos êsses dados foram fornecidos pela Organização das Olimpíadas em publicações de grande perfeição gráfica.

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pelo México no local. Os carpinteiros eram um suíço e um italiano, dos estaleiros em que haviam sido adquiridos os barcos.

Êsses barcos, da flotilha especialmente comprada para as Olimpíadas, como dissemos, eram oferecidos, também, para os remadores reservas e para os técnicos, se quisessem exercitar-se.

DAS COMPETIÇÕES

Julgo interessante, para dar uma idéia da forma pela qual forair or­ganizadas as regatas, começar pela programação das diversas fases da pro­va olímpica de double-skijfs — única prova em que o Brasil se inscreveu — fases que se desenrolaram conforme o esquema da Fig. 1 (na pág. segs.).

Dentro dêste esquema, competiu o Brasil com o douMe formado por Harry Klein e Edgard Gijsen, passando pelas Eliminatórias, Repescagem, Semifinais e Pequenas Finais e ficando em sétimo lugar, na classificação final, com a sua vitória na Regata das Pequenas Finais.

Para dar idéia do aspecto regulamentar das Regatas Olímpicas, desta­caremos, a seguir, algumas das determinações constantes de uma circular distribuída pela Fédération Internationale des Sociétés d'Aviron (FISA), durante as competições:

1 — Os competidores não devem receber qualquer vantagem eco­nômica; * • \

2 — Devem obedecer às instruções dos funcionários;

3 — Prestar particular atenção aos regulamentos de tráfego, tanto na água quanto em terra;

4 — Ter uma aparência correta durante o treinamento e, principal­mente, durante as competições, o que diz respeito à indumentária, em todos os seus detalhes;

5 — O uso de drogas fica estritamente proibido;

6 — O pêso mínimo dos timoneiros é de 40 kg — junto com o lastro, 50 kg;

7 — A responsabilidade pelo equipamento é dos competidores; deve ser revisto antes de cada prova; a prova não será suspensa por quebra de material;

8 — A proa do barco, será presa uma esfera de borracha branca de ' 4cm de diâmetro, tanto nos treinamentos, quanto nas competições;

9 — As "tripulações devem estar no local da saída pelo menos 5 minu­tos antes do começo da prova; esta será iniciada sem consideração pelos ausentes;

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ELIMINATÓRIAS - 3 S É R I E S . 13 P A I ' S E S

13 DE OUTUBRO

Figura - 1

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10 — Toda tripulação que faça duas saídas em falso será excluída da corrida;

11 — Se uma guarnição deseja fazer uma reclamação, deve um de seus remadores levantar uma das mãos para chamar o juiz, o que pre­cisa ser feito antes de desembarcar; o representante da delegação confirmará por escrito a reclamação, depositando, ao mesmo tem­po, a quantia de 50 francos suíços, ou seu equivalente em moeda local, depósito que, se não fôr aceita a reclamação, ficará para o Comitê Organizador.

Nos dias das Regatas Olímpicas, a FISA determinava que desde o amanhecer, até a última prova, não poderia ficar kayak algum na raia. Para evitar o atraso das guarniçÕes, recomendava, também, que todos os remos e barcos deveriam estar nos depósitos o mais tardar às 8,30 horas, devendo ser transportados pelo próprio Comitê para a saída, e ainda por êle trazidos de volta; nos depósitos, o chefe de cada equipe deveria apa­nhá-los, para recolocá-los nos boxes. Para se aquecerem, os participantes, antes das provas, poderiam remar nas pistas 0 e 7, somente.

DOS TREINAMENTOS

Como já dissemos, os treinamentos eram feitos na Raia Olímpica, na zona Este. Todos os participantes podiam treinar diàriamente, no período de 12 de setembro a 11 de outubro, das 7 às 19 horas. Cada equipe tinha liberdade de escolher o horário que mais lhe conviesse, ficando sempre um funcionário encarregado de registrar as entradas e saídas dos barcos e de indicar aos competidores a maneira de arrumar o equipamento nos boxes, acumulando também a função de encarregado do fornecimento de todo o material de limpeza e conservação dos remos e barcos.

Os técnicos acompanhavam os treinos em pistas ao longo da raia, usan­do bicicletas marcadas com seu nome e dando as instruções através de megafones.

A circulação na raia se distribuía assim (ver planta da raia, na f i ­gura anexa):

— as pistas 0 e 1 eram destinadas à circulação norte-sul; a pista 2 f i ­cava reservada para as embarcações de controle do percurso (duas lanchas, uma entre 0 e 1.000 metros, outra de 1.000 a 2.000 metros); as pistas 3, 4 e 5 serviam para a circulação sul-norte: nelas as guarniçÕes deviam remar em ritmo de corrida, sem parar nunca. As pistas 5 e 6 eram destinadas ao íca-ya/c e as restantes, para o remo.

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DAS PROMOÇÕES PARALELAS

A par das competições e dos treinamentos, o Comitê Organizador pro­moveu uma série de encontros, conferências etc, para os aficcionados do remo. Nesse sentido, as Olimpíadas foram, inclusive, uma grande opor­tunidade para aquisição e intercâmbio de conhecimentos.

A programação foi a seguinte: •

10 de outubro, às 14,30 horas: Reunião dos técnicos, remadores, juizes

e FISA.

11 de outubro, às 10,00 horas: Congresso.

12 de outubro, às 16,00 horas: Reunião do Júr i .

14 de outubro, às 9,00 horas: Seminário e Exame dos juizes. 14 e 16 de outubro: Conferências sobre construção de raias olímpicas, trei­

namento, medicina esportiva, remo para mulheres e para iniciantes.

18 de outubro: Festa de encerramento, com uma prova de 500 metros, da qual participaram todos os aficcionados do remo: técnicos, juizes, autoridades e até o presidente da FISA, em barcos de oito remos.

O treinamento da equipe brasileira

Entramos, agora, na apreciação mais propriamente técnica.

Fazendo um retrospecto do trabalho desenvolvido com o double, em lermos de seu treinamento e de sua adaptação ao barco e ao local de com­petição, posso reconstituir, dia a dia, a orientação técnica que lhe prestei, assim como os fatos mais importantes a consignar, durante o período da nossa estada no México. (*)

. Data Observações Treinamento

28/9 A organização nos fornece um 4.000 metros com voga de 24 re-barco nôvo, de fabricação Stámp- madas, pela manhã, e 6.000 m à fly. tarde. Objetivo: adaptação à

raia.

( 1 ) Dados tirados do relatório entregue por mim ao chefe de missão, logo após o encerramento.

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29/9 Dificuldades relativas ao barco. Treinamento intenso, de ma-Chuva forte, à tarde. nhã. Descanso à tarde.

30/9 O barco ainda apresentava pro- 16.000 metros (total para o dia), blemas. voga de 24 a 26 remadas, treino

leve.

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2/10

3/10

4/10

O técnico russo, Seansonov, exa­minou nosso barco, concordando comigo sobre a necessidade de substituí-lo (braçadeiras mal co­locadas). O "sculler" russo, Iva-nov, remando junto com o nosso "Belga", confirmou a nossa im­pressão. O barco foi trocado por um de fabricação italiana (Dono-ratt i) , também novo, no qual nos­sa guarnição remou à tarde, sen­tindo mais segurança.

Pela manha, os remadores e eu fomos submetidos a um exame antropométrico, para uma pesqui­sa antropológica (também patro­cinada pelo Comitê Organizador). Remaram somente à tarde. Esta­do físico excelente. Note-se que, nos primeiros 2 dias de treino, seu pulso passou de 80-para 76 pulsações por minuto.

Revisão do barco pelo carpinteiro italiano.

8.000 metros, pela manhã 6.000 A tarde, 4 x 500 metros, com os seguintes tempos: (1) vento de ré, 1 min. 29 seg.; (2) vento de proa, 1 min. e 37 seg.; (3) vento de ré, 1 min. 34 seg.; (4) vento de proa, 1 min. 40 seg.

8.000 metros, pela manhã. 6.000 à tarde e 4 piques de 250 me­tros.

Treinamento intensivo.

Pela manhã, apenas subir e des­cer a raia. À tarde, treinamento pesado.

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7/10

8/10

Domingo. Visita do médico da de­legação. Êste considerou os rema­dores em boa forma física. Sen­tem, porém, fortes dores nas per­nas. Não participaram de uma Regata amistosa, entre todos os países. No treino que fizeram, ao lado do 4 "com" argentino, chega­ram sem fôrças (primeiro "t iro" que'realizaram na raia olímpica), fazendo tempo inferior ao que conseguem no Rio (6 min. e 40 seg., em geral). Os treinamentos, a partir deste dia, devem ser orientados no sentido da veloci­dade, com 70% de força, tendo em vista melhor adaptação à raia.

O double ainda.

demonstrou cânsaço,

9/10 Nos "tiros" realizados, contra o 4 "com" da Argentina, nossos re­madores demonstraram, nos últi­mos 250m (2.° t i ro) , muito can-

8.000 metros. 4 piques de 250. metros, apenas pela manhã.

Desceram 2.000 metros, ao lado do 4 "com" da Argentina, le­vando 5 seg. de vantagem na partida, fazendo o seguinte per­curso: 1.000 metros: Brasil com 3 min. 20 seg. Argentina 3 min. 25 seg.; 1.300 metros — o 4

"com" argentino encostou e pas­sou nosso double (nossa guarni-çáo demonstrou cansaço); final — Brasil, 7 min. e 17 seg.; Ar ­gentina 7 minutos.

Interval-training: 10 x 40 rema­das e intervalo de 2 minutos en­tre cada série (pela manhã) . A tarde, o treinamento foi inten­sificado.

Desceram 1.000 metros, c/ 50% de fôrça e voga de 32 remadas; nos últimos 1.000 metros, voga de 36 remadas e tempo de 3 min. e 29 seg. A tarde, pique de 30 remadas, repetindo-se a sé­rie 9 vezes, com intervalo de 1,5 minuto. O tempo para 250 m foi 45 segundos.

Pela manhã, aprontaram 1.000 m 2 vezes, contra o 4 "com" argentino: 1.° apronto, Brasil 3 min. e 15 seg.; Argentina 3 min.

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saço e se queixaram de dor de ca­beça, falta de ar e dores nas per­nas. Mas houve melhoria, no que se refere à velocidade.

10/10 Às 17 horas, houve o sorteio para as Eliminatórias. O Brasil ficou na chave 1, na raia 3.

11/10 O treino teve início às 10,15 ho­ras e terminou às 12,30 horas — esta é a hora em que o double de­verá estar competindo.

12/10 Após o treinamento, os remado­res limparam o barco e os remos. Fêz-se revisão da parte mecânica (carrinho, finca-pé, forqueta, bra-çadeiras e tc) . Neste dia, termi­naram os treinamentos, ou seja, a fase preparatória. A guarnição

19 seg. Após o 1.° apronto, o double fez 2.000 metros, reman­do leve. Segundo apronto: o Brasil esteve, até 750 metros, na frente, caindo muito nos 250 m finais; o 4 argentino fêz 3 min. 22 seg. e nosso double, 3 min. 25 seg. A tarde: 4.000 me­tros, com uma voga de 28 rema­das e 50% de força, terminando os 250 m finais em 45 seg.

Atiraram 1.500 metros contra o 4 "com" argentino. Levaram 5 seg., chegando com 5 min. e 15 seg. e os argentinos com 5 min. e 19 seg. Descansaram uma ho­ra e voltaram para a água, re­mando 4.000 m, fazendo inter­valos com séries de 100% de força durante 15 seg., voltando à voga anterior para outra sé­rie. Descansaram à tarde.

4.000 m com 50% de fôrça para aprimoramento da técnica e, de­pois, 3 tiros de 500 m: 1.° ven­to de ré, 1 min. e 33 seg.; 2.° vento contra, 1 min. 35 seg.; 3.° vento de ré, 1 min. 38 seg. Re­maram mais 6.000 m com o ri t­mo de 28 remadas, com 50% de fôrça. A tarde, descanso.

4.000 metros com voga de 28 re­madas. Apronto de 1.500 m, com 1 min. e 33 seg. nos 500 metros finais. A seguir, mais 4.000 me* tros,-com voga de 26 remadas.

154

está com um moral elevado, ten­do tudo corrido dentro da maior ordem e disciplina.

13/10 ELIMINATÓRIAS

14/10 Treinamento p a r a . aprimora­mento da técnica, sem finca-pé; •subiram 2.000 m; remaram um total de 8.000 m; treinaram saí­das e aprontaram 2.000 m, fir­mes. Fizeram exercícios em terra. A tarde, descanso.

15/10 REPESCAGEM

16/10 Depois de revermos o barco, de- 4.000 m com 70% de fôrça e vo-""cidimos melhorar os trilhos, che- ga de 28 remadas. Revisão do

gando-os 2 cm mais para a fren- barco, te, pois, na Regata, o proa senti­ra dificuldade em chegar bem à ' proa.

17/10 SEMIFINAIS

18/10 PEQUENAS FINAIS"

Algumas observações gerais sobre o Remo nas XIX Olimpíadas

Na opinião da maioria dos entendidos que observaram o panorama geral das Regatas Olímpicas, as condições atmosféricas da cidade do Mé­xico foram fator da maior significação para a "performance" dos remado­res. Realmente, foi êsse fator o responsável pela "falta de ar" e pelos dis­túrbios nos brônquios de diversos atletas, pois a atmosfera em Xochimilco, graças à altitude, era muito rarefeita e com um grau de umidade muito baixo. Segundo o depoimento dos próprios remadores, sentiam o ar "sêco" demais; após 500m de esforço, as narinas se fechavam, a bôca e a garganta ardiam; ficavam com uma irritação forte, provocando tosses e problemas nos brônquios.

Naturalmente, essas condições afetaram muito mais as equipes em que a forma física era pior e as equipes que menos tempo tiveram para a adap­tação. Acho que, nos,dois casos, os recursos financeiros são decisivos: os países com melhores recursos financeiros podem dar a seus atletas toda a assistência durante largos períodos de tempo, o que implica o estabeleci-

155

mento de um equilíbrio na forma física e, portanto, maior resistência à in-fecções e maior resistência física, em geral; tanjbém foram os países com maiores recursos que puderam dar a seus atletas maiores possibilidades de adaptação — por eexmplo, os Estados Unidos podiam levar seus atletas a treinar todo fim-de-semana no México; os países mais ricos podiam dispor de número maior de barcos, os seus próprios barcos, o que diminuía os problemas de adaptação (ver o relato que faço dos nossos problemas de adaptação ao barco, no item "O treinamento da equipe brasileira").

Dessa forma, as Olimpíadas, no caso do Remo, não foram disputadas em condições de igualdade. Devemos aprender, nós dos países menos privile­giados, a suprir nossas deficiências financeiras por meio de organização, melhor e mais adequada as nossas circunstâncias.

O fator apontado afetava principalmente o organismo dos competidores, por não permitir üma oxigenação suficiente. Isto tornou evidente a im­portância de uma tática de corrida. Notava-se que as guarniçÕes, dando seu máximo no início, já nos 500m estavam fracas, tendo queimado suas reser­vas de oxigênio. Era necessário usar uma tática que levasse em conta êste dado. E, a meu ver, 50% das chances de vencer estão, sempre, no acerto da tática, pois só com ela nos colocamos em situação de enfrentar as condições do momento da competição, condições imprevisíveis antes de se chegar ao local.

Foi assim no caso do nosso double, que só conseguiu vencer a Regata das Pequenas Finais, por ter tido a calma suficiente para cumprir a tática por mim indicada: não dar o máximo de início, e só intensificar o ritmo após os 1.000 metros, qualquer que fôsse a colocação dos outros concorren­tes. Nas outras Regatas, não conseguiram essa calma.

Tendo em vista a nossa possível participação nas X X Olimpíadas, acho interessante registrar aqui os resultados das Finais para todas as provas (exceto os resultados da prova de double-síci//, que já vêm apresentados no item 4). Será muito útil observar e comparar êsses tempos com os atin­gidos pelos mesmos países em competições anteriores, deduzindo-se, dessa observação, se as guarniçÕes estão em desenvolvimento progressivo ou re­gressivo e quais devem ser as estimativas de índices a serem atingidos fu-futuramente.

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— RESULTADOS DAS FINAIS, EM 19 DE OUTUBRO DE 1968:

Quatro com timoneiro:

500 m

1. ° Nova Zelândia — 1:37.19 2. ° Alemanha Oriental — 1:37.81 3 ° Itália — 1:38.40 4.o Suíça — 1:39.60 5. ° Estados Unidos — 1:40.59 6. ° União Soviética — 1:41.14

1.500 m

1. ° Nova Zelândia — 5:00.69 2. ° Alem. Oriental — 5:05.51 3. ° . Estados Unidos — 5:07.70 4. ° Suíça — 5:08.12 5. ° Itália — 5:08.50 6. ° União Soviética — 5:11.01

Dois sem timoneiro:

500 m

1. ° Áustria — 1:48.20 2. ° Dinamarca — 1:48.96 3. ° Alem. Oriental — 1:49.28 4. ° Estados Unidos — 1:50.00 5. ° Holanda — 1:50.30 6. ° Suíça — 1:51.87

1.500 m

1. ° Estados Unidos — 5:39.05 2. ° Alem. Oriental — 5:39.90 3. ° Holanda — 5:40.41 4. ° Áustria —5:41,31 5. ° Dinamarca — 5:41.84 6. ° Suíça — 5:47.30

1.000 m

1. ° Nova Zelândia — 3:16.96 2. ° Alem. Oriental — 3:20.07 " 3. ° Estados Unidos — 3:21.41 4. ° Suíça — 3:23.38 5. ° Itália — 3:23.67 6. ° União Soviética — 3:24.31

2.000 m

1. ° Nova Zelândia — 6:45.62 2. ° Alem. Oriental — 6:48.20 3. ° Suíça — 6:49.04 4. ° Itália — 6:49.54 5. ° Estados Unidos — 6:51.41 6. ° União Soviética — 7:000.00

1.000 m

1. ° Áustria — 3:43.62 2. ° Alem. Oriental — 3:44.55 3. ° Dinamarca — 3:45.17 4. ° Estados Unidos — 3:45.45 5. ° Holanda — 3:46.28 6. ° Suíça — 3:49.29

2.000 m

1. ° Alem. Oriental — 7:26.58 2. ° Estados Unidoâ — 7:26.71 3. ° Dinamarca — 7:31.84 4. ° Áustria — 7:41.80 5. ° Suíça — 7:46.79 6. ° Holanda — s/t

157

Skiff:

500 m

1. ° Alem. Ocidental — 1:52.78 2. ° Holanda — 1:53.98 3. ° Alem. Oriental — 1:56.26 4. ° Argentina — 1:56.67 5. ° Estados Unidos — 1:57.72 6. ° Inglaterra — 1:58.08

1.500 m

1. ° Holanda — 5:53.20 2. ° Alemanha — 5:54.81 3. ° Argentina — 6:00.06 4. ° Alemanha Oriental — 6:01.28 5. ° Estados Unidos — 6:05.76

6. ° Inglaterra — 6:13.41

Dois com timoneiro;

500 m 1. ° Alemanha Oriental — 1:56.54 2. ° Itália — 1:57.49 3. °. Holanda — 1:58.49 4. ° Dinamarca — 1:59.09 5. ° Estados Unidos — 1:59.56 6. ° Alemanha Ocidental — 1:59.98

1.500 m

1. ° Holanda — 6:04.50 2. ° Itália — 6:06.51 3. ° Alemanha Oriental — 6:07.33 4. ° Dinamarca — 6:09.77 5. ° Estados Unidos — 6:12.32 6. ° Alemanha Ocidental — 6:26.82

1.000 m

1. ° Alemanha Ocidental — 3:54.47 2. ° Holanda — 3:55.55 3. ° Alemanha Oriental — 3:57.86 4. ° Argentina — 8:59.70 5. ° Estados Unidos — 4:02.43 6. ° Inglaterra — 4:06.30

2.000 m

1. ° Holanda — 7:47.80 2. ° Alemanha Ocidental — 7:52.00 3. ° Argentina — 7:57.19 4. ° Estados Unidos — 8:00.51 5. ° Alemanha Oriental — 8:06.09 6. ° Inglaterra — 8:13.76

1.000 m

1. ° Holanda — 3:59.77 2. ° Itália — 4:00.22 3. ° Alem. Oriental — 4:01.63 4. ° Dinamarca — 4:04.73 5. ° Estados Unidos — 4:05.40 6. ° Alemanha Ocidental — 4:10.32

2.000 m

1. ° Itália — 8:04.81 2. ° Holanda — 8:06.80 3. ° Dinamarca — 8:08.07 4. ° Alemanha Oriental — 8.08.22 5. ° Estados Unidos — 8.12.60 6. ° Alemanha Ocidental — 8:41.51

158

Quatro sem timoneiro:

500 m

IP Hungria — 1:33.20 2. ° Alemanha Oriental — 1:33.51 3. ° Itália —1:34.50 4. ° Suíça — 1:36.33 5. ° Alemanha Ocidental — 1:37.30 6. ° Estados Unidos — 1:37.82

1.500 m

1. ° Alemanha Oriental — 4:59.77 2. ° Hungria — 5:01.04 3. ° Itália —5:04.76 4. ° Suíça — 5:05.63 5. ° Estados Unidos — 5:09.31 6.9 Alemanha Ocidental — 5:17.24

Oito:

500 m

1. ° Nova Zelândia — 1:27.66 2. ° Tcheco-Eslováquia — 1:28.30 3. ° Estados Unidos — 1:28.90 4. ° Alemanha Ocidental — 1:29.24 5. ° Austrália — 1:29.60 6. ° União Soviética — 1:29.92

1.500 m

1. ° Alemanha Ocidental — 4:32.89 2. ° Nova Zelândia — 4:33.35 3. ° União Soviética — 4:34.52 4. ° Estados Unidos — 4:36.56 5. ° Tcheco-Eslováquia — 4:39.01 6. ° Austrália —

, 1.000 m

1. ° Alemanha Oriental — 3:14.72 2. ° Hungria — 3:15.20 3. ° Itália — 3:17.75 4. ° Suíça —3:19.33 5. ° Estados Unidos — 3:22.91 6. ° Alemanha Ocidental — 3:24.00

2.000 m

1. ° Alemanha Oriental — 6:39.18 2. ° Hungria — 6:41.64 3. *> Itália — 6:44.01 4.o Suíça —6:45.78 5. ° Estados Unidos — 6:47.70 6. ° Alemanha Ocidental — 7:09.22

1.000 m

1. ° Nova Zelândia — 2:57.74 2. ° Alemanha Ocidental — 2:58.96 3. ° Estados Unidos — 3:00.18 4. ° União Soviética — 3:00.26 5. ° Austrália — 3:00.59 6. ° Tcheco-Eslováquia — 3:02.07

2.000 m

1. ° Alemanha Ocidental — 6:07.00 2. ° Austrália — 6:07.98 3. ° União Soviética — 6:09.11 4. ° Nova Zelândia — 6:10.43 5. ° Tcheco-Eslováquia — 6:12.17 6. ° Estados Unidos — 6:14.34

159

Análise dos resultados do barco brasileiro

Resultados da prova de double-skiff

Os resultados das diversas Regatas Olímpicas foram os seguintes:

Eliminatórias (13/10/68) — 3 séries

(D (2)

Bulgária, 6:54.16 Holanda, 6:56.09 A. Orient., 6:59.32 Suíça, 6:59.52

(3)

Rússia, 7:07.46 Tcheco-Esl. 7:10.35 França, 7:10.72 Canadá, 7:36.52

1. ° Est. Unidos, com 6:56.96 2. ° Rumânia, com 6:58.96 3. ° Alem. Ocid., com 6:59.70 4. ° México, com 7:02.18 5. ° Brasil, com 7:16.70

Repescagem (15/10/68)

1. ° Suíça, com 7:07.09 2. ° Brasil, com 7:08.46 3. ° México, com 7:11.43 4.o Canadá, com 7:22.87

Semijinxiis (17/10/68) — 2 séries

d ) (2)

1.° Alemanha Oriental, com 7:07.86 Estados Unidos, com 7:10.05 2. ° Bulgária, com 7:12.08 3. ° União Soviética, com 7:12.41 4. ° Suíça, com 7:14,74 5. ° França, com 9:54.48 6. ° Rumânia, com 10:53.17

Pequenas Finais (18/10/68)

1. ° Brasil, com 7:04.13 2. ° Rumânia, com 7:08.27 3. ° França, com 7:08.49 4.o México, com 7:09.90 5.° Suíça, com 7:12.72 6 ° Tcheco-Eslováquia, 7:25.14

Alemanha Ocidental, com 7:11.56 Holanda, com 7:13.74 México, com 7:15.20 Brasil, com 7:17.08 Tchecos-Eslováquia, sem tempo.

7. ° na classificação final 8. ° na classificação final 9. ° . na classificação final

10. ° na classificação final 11. ° na classificação final 12. ° na classificação final

160

Final (19/10/68)

500 m 1.000 m

1. ° Alemanha Ocid. — 1:38.72 2. ° Holanda — 1:39.11 3. ° Bulgária — 1:39.45 4. ° Alem. Oriental — 1:39.76 5. ° Estados Unidos — 1:40.20 6.9 União Soviética — 1:40.99

1. ° Holanda — 3:23.33 2. ° Bulgária — 3:24.88 3. ° União Soviética — 3:25.14 4. ° Alem. Ocidental — 3:26.85 5. ° Alem. Oriental — 3:27.33 6. ° Estados Unidos — 3:27.53

1. ° 2. ° 3. ° 4. ° 5. ° 6. °

1.500 m

Holanda — 5:07.08 Bulgária — 5:10.89 União Soviética — 5:11.34 Estados Unidos — 5:13.52 Alem. Oriental — 5:15.64 Alem. Ocidental — 5:17.78

2.000 m

1. ° União Soviética — 6:51.82 2. ° Holanda — 6:52.80 3. ° Estados Unidos — 6:54.21 4. ° Bulgária — 6:58.48 5. ° Alem. Orientai — 6:04.92 6. ° Alem. Ocidental — 7:12.20

Velocidade do vento: 1,5 m/s (Nota: nas Pequenas Finais, a velocida­de do vento era também de 1,5 m/s).

COMENTÁRIOS

Na Regata das Eliminatórias, o Brasil começou bem, porém com muita fôrça, passando os 500 metros com 1:35.36; o México passou com 1:38 e os Estados Unidos com 1:38.63; a Alemanha Ocidental com 1:39.15 e a Ru­mânia com 1:42. A diferença em favor do Brasil era de um barco. J á nos BOOm, o double brasileiro começou a perder terreno, cedendo para o México e Estados Unidos, cujo ritmo era constante. Nossa guarnição vinha com 38 remadas por minuto, e as outras com 36. Nos l.OOOm, o México era o pon­teiro, com 3:23, vindo depois os Estados Unidos, com 3:24.26, e o Brasil, meio barco atrás, com 3:25.15, depois a Alemanha com 3:25.24 e a Rumânia com 3:25.97. Nos 1.500m, dando demonstrações de cansaço, o Brasil ficava em terceiro (sem tempo), fazendo os Estados Unidos, em primeiro, o tempo de 5:11.5; o México (segundo), 5:13.76; a Alemanha (4.°), 5:14.80 e a Ru­mânia (5.°), 5:16.6. No final, após a forte reação da Rumânia, o double brasileiro terminou.no 5.° e último lugar (ver tempos, acima). Notamos que o ocorrido na prova foi uma repetição do ocorrido nos treinos: houve sempre uma queda de produção acentuada, nos últimos 500m. A meu ver, nossos remadores não estavam ainda bem aclimatados, pois a sua reação (falta de ar) indica êste problema e também porque Hany Klein apresen­tava um princípio de resfriado. Aliás, uma observação importante, con-

161

firmando o que já dissemos antes, é que todos os barcos que largavam com muita fôrça perdiam o impulso na metade da corrida, em virtude, talvez, alem de tudo, do forte calor reinante (12,30 horas, sol a pino).

, Na Regata da Repescagem, nosso barco correu melhor. A corrida de­senrolou-se assim: 500m — Brasil passa em primeiro", com 1:36.63, a Suíça em 2.°, com 1:37.93, México em 3.°, com 1:41.95, e o Canadá em 4.°, com 1:42.76; l.OOOm — a Suíça em 1.°, com 3:25.92, Brasil em 2.°, com 3:26.46, México em 3.°, com 3:29.86, e Canadá em 4.°, com 3:34. 1.500m — a Suíça distanciou-se, sem que nosso barco percebesse; o 1.° fêz 5:17.62, o nosso tempo foi 5:20; o México fêz 5:21.13 e o Canadá, 5:27.84. No final, o Brasil atacou bastante, recuperando a diferença: chegou em segundo lugar, um segundo depois do vencedor, a Suíça (ver tempos, acima). Com êsse segun­do lugar, passamos à semifinal, realizando, com isso, um feito sem prece­dentes para o Remo brasileiro: é a primeira vez que um barco brasileiro chega às semifinais, nas Olimpíadas. O barco demonstrou um progresso sensível e parecia estar em fase de franca ascensão. Note-se que a Suíça correu com um barco Campeão Europeu e, em 1967, Campeão Mundial.

No dia das Semifinais, o double repetiu o êrro tático das Eliminatórias, começando a corrida com tôda a fôrça, remando 37 por minuto. Mesmo as­sim, acompanhou o barco americano algum tempo e chegou em 5.° — no último lugar ficou a Tcheco-Eslováquia, cuja guarnição se sentiu mal (ver tempos, acima). Durante o percurso, os tempos registrados foram os se­guintes: 500m — Tcheco-Eslováquia com 1:39.69, Brasil, com 1:40.41, Ale­manha Ocidental, com 1:41.54, México, com 1:42.10, Estados Unidos, com 1:43.10 e Holanda, com 1:43.88. l.OOOm — Tcheco-Eslováquia, com 3:26.19, Alemanha Ocidental, com 3:31.74, Estados Unidos com 3:32.48, México, com 3:33.01, Brasil, com 3:33.44, e Holanda, com 3:36.85. 1.500m — Alemanha, com 5:20.65, Holanda, com 5:21.24, Estados Unidos, com 5:22.21, México, com 5:24.40, Brasil, com 5:25.48, e Tcheco-Eslováquia sem tempo. Com o 5.° lugar, não obtendo classificação para a Final, nos preparamos, ainda assim, para disputar do 7.° ao 12.° lugares, nas Pequenas Fina:s.

A Regata das Pequenas Finais foi, para o double brasileiro, uma con­sagração. Mudando de tática, nossa guarnição não empregou sua fôrça máxima de início e aumentou a voga só nos 1.000 metros, passando, pouco depois dos 1.500 metros, a liderar a prova e terminando espetacularmente em primeiro, dois barcos à frente da Rumânia e do México, que haviam vencido o Brasil nas Eliminatórias (ver tempos, acima). Isso demonstra o quanto nosso double cresceu até o final. O desenvolvimento da prova foi o seguinte: 500m — Tcheco-Eslováquia, com 1:37.87, Suíça, com 1:38.34, França, com 1:39.22, México, com 1:39.56, Rumânia, com 1:42.85, e Brasil, sem tempo. l.OOOm — Tcheco-Eslováquia, com 3:23.32, México, com 3:24.28, Suíça, com 3:25.1, Brasil, com 3:26.83, França, com 3:28.26, e Rumânia, com 3:28.65. 1.500m — Tcheco-Eslováquia, com 5:16.82, Brasil, com 5:17.32, México, com 5:19.35, Suíça, com 5:20.29, França, com 5:21.69, e Rumânia, com 5:21.99.

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Sugestões para o futuro

Diante do balanço e da descrição que procurei fazer, acerca do trabalho realizado com o double nas X I X Olimpíadas, acho que todos concordarão, sem discutir, com a seguinte conclusão: o Brasil conseguiu um resultado excepcional, mas êste poderia ser muito melhor se a guarnição houvesse sido escalada com mais antecedência, para que atingisse o seu. ápice de rendimento mais cedo: com um tempo de 7:04, estaria classificado para a final, mas, infelizmente, só atingiu êsse índice na última Regata. Note-se que, no Brasil, o double náo teve treinamento de conjunto, como preparação para as Olimpíadas. Depois de ter remado no Sul-Americano em maio (Tetra-Campeão), a guarnição não treinou mais, até às vésperas da viagem para o México. Além disso, nosso país foi o último a chegar ao México, tendo sido o período de adaptação muito reduzido. O treinamento para a competição, propriamente dito, teve de ser feito já durante as competições. O tempo atingido finalmente pelo Brasil (Pequenas Finais) era superior aos tempos dos 5.° e 6.° lugares, na Final, com o mesmo vento.

Esta conclusão me induz a sugerir que se adote, no Remo brasileiro, o sistema de "planejamento de perspectivas", o qual é uma previsão de ati­vidades para formação de conjuntos a longo prazo, tendo em vista a parti­cipação em competições do nível das Olimpíadas (seria possível saber, des­de já, se o remo vai às próximas Olimpíadas?). Quero aproveitar a opor­tunidade da publicação dêste artigo para deixar esta sugestão feita, em suas linhas gerais.

A duração prevista por um plano de perspectivas é de 4 anos, em gèral. Durante êsse período, tenta-se atingir 2 objetivos principais: (1) controlar o ritmo de crescimento das guarniçÕes, até quando seus ciclos em função dos índices a serem atingidos; (2) experimentar e comprovar métodos e técnicas de treinamento.

O plano de perspectivas divide o período de 4 anos em 2 etapas prin­cipais: a primeira, de desenvolvimento dos atletas, considerando sobretudo número de horas de treinamento e número de competições (aspecto quan­titativo, visando a fixação da aprendizagem e a resistência: adestramento), sendo estas competições necessárias para que os conjuntos ganhem "can­cha"; a segunda, de aperfeiçoamento dos atletas (aspecto qualitativo, re­sultando em aumento de velocidade, eficiência), em que a ênfase do treina­mento se desloca para a intensidade e a complexidade dos treinos. O plano deve abranger também um sistema de comunicações, para que se possa ter uma idéia global sobre o crescimento dos conjuntos, principalmente quando, como em nosso caso, êstes se encontrarem distribuídos por todos os estados — já que, numa situação ideal, a equipe deve ser formada pelos melhores conjuntos (critério seletivo) e não pelos conjuntos "à mão", no momento (critério prático).

163

Um planejamento de perspectivas não precisa descer a detalhes, como os de indicação de atletas, de relação de material, que constituem, já, a concretização do plano (concretização que fica inteiramente sob a respon­sabilidade do técnico da equipe). A sua principal finalidade é determinar o que é típico e indispensável em cada etapa em que se subdividir o período de 4 anos.

Os itens a serem incluídos no planejamento de perspectivas são os se­guintes:

Descrição da equipe, em conjunto e por barco.

Etapas, duração de cada uma.

Principais competições por etapa.

Orientação dos treinamentos em cada etapa.

Distribuição dos treinamentos, competições e fases de descanso em cada etapa.

índices para cada etapa.

Controles característicos de determinados aspectos da preparação física, por etapa.

Modificações possíveis na equipe.

Sistema pedagógico e médico a ser adotado.

Locais de treinamento, auxiliares necessários, bases esportivas, pre­visão de material a ser usado (número de barcos, remos etc) .

O item' a implica a realização de uma ficha que contenha os dados necessários para a avaliação de cada remador quanto a técnica, preparo físico, controle médico, "fôrça de vontade" (dados psicológicos). Dos dados assim colhidos, dependerá o estabelecimento dos objetivos do planejamento, que devem ser adequados às reais possibilidades da equipe. Nos itens b, c e d, o mais importante é considerar o seguinte: cada etapa deve ser pre­parada com base no que se conseguir na etapa anterior, elevando-se pro­gressivamente o nível de realização e eliminando-se, primeiro, os êrros maiores e depois as deficiências de cada remador e de cada conjunto; tendo isto em vista, é que será possível planejar a duração das etapas, as compe­tições em que a equipe entrará e a orientação principal do processo de treinamento, em cada etapa. Os objetivos para cada etapa podem variar muito, de acordo com a evolução da equipe: ou será a luta pelo primeiro lugar, ou a experimentação de uma equipe nova, ou a aclimatação ao local e às distâncias da competição. No item e, lembrar que a distribuição acer­tada das etapas, competições e descanso determinará a aquisição e a con­servação da forma física e técnica, garantindo os atletas contra o esgota­mento. Nos itens f e g, é importante destacar o fato de o remo não ter recordes absolutos; apesar disto, há velocidade relativas, estáveis, para cada

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tipo de barco, que devem ser calculadas e colocadas como índices, a serem corrigidos de acordo com as condições específicas de cada competição e de cada raia; deve-se usar como índice o tempo dos barcos mais estáveis, ao qual se pode comparar a velocidade de todos os outros barcos. Para o esta­belecimento desses índices, não se pode esquecer nunca que os pontos fra­cos no preparo dos atletas limitam o nível geral dos resultados, sendo ne­cessários exercícios de controle (preparação física geral). Tanto os índices específicos, como os exercícios de controle devem tornar-se progressiva­mente mais difíceis. O item h trata da previsão de modificações na equipe e, conseqüentemente, de uma equipe reserva, altamente qualificada, com planejamento paralelo. Os controles pedagógicos e médico, de que fala o item x, devem constituir uma unidade orgânica, sendo o controle médico uma indicação do acerto do sistema técnico empregado. A consideração dos locais de treinamento e competição (item j) é muito importante, pois desses dois fatores depende, muitas vezes, a vitória ou a derrota de uma equipe.

No planejamento de perspectivas, é indispensável calcular bem o pe­ríodo preparatório, para que não se precise voltar, quando do treinamento de velocidade, à aprendizagem técnica, propriamente dita. Êsse período pre­paratório pode ser feito em barcos auxiliares. Para o período de velocidade,

" é necessário muito cuidado no planejamento da técnica.

Minha intenção, ao sugerir este sistema, é contribuir para criar, em nosso meio esportivo, expectativas mais otimistas e propósitos mais firmes de progresso para o Remo brasileiro.

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DELEGAÇÃO BRASILEIRA AOS XIX JOGOS OLÍMPICOS ASPECTOS MÉDICOS

Afário Carvalho Pini

A realização da XIX Olímpiada, em outubro de 1968, na Cidade do México, situada a 2.240 m acima do nível do mar, correspondeu, em termos biológicos, à execução de atividade física de máxima intensidade e, portan­to, caracterizada por máxima necessidade de oxigênio, numa atmosfera cuja pressão parcial dêsse gás (116 mm de Hg) é inferior àquela ao nível do mar (156 mm de Hg) ,

A natureza essencialmente competitiva do acontecimento, além dos pro­blemas fisiológicos da hipóxia relativa inerente àquela cota de altitude, exigindo certo período de aclimatação, envolveu outros, de índole psico­lógica, de organização etc. O problema psicológico, resultou dos "graves riscos" para a saúde e para a vida dos atletas, em conseqüência dos comen­tários jornalísticos sem nenhuma base científica, provocando situação alar­mante de fenômenos inexistentes. Quanto à par te fisiológica, o problema fundamental era representado pelo conjunto das adaptações orgânicas à atividade esportiva, constituindo a "aclimatação atlética" à reduzida tensão de oxigênio. Aliás, êsse assunto, no que concerne ao esforço físico máximo, já havia sido solucionado, no campo das pesquisas científicas.

Nos esportes em geral, como em qualquer atividade humana, o,orga­nismo procura energia em sistemas bioquímicos, que permitem a realização das contrações musculares, de diferentes entidades e duração.

Duas são as fontes energéticas do trabalho muscular: aeróbia e anae-róbia.

A produção de energia pelo sistema aeróbio é a mais importante, no que diz respeito a um trabalho de longa duração, sendo representada pelas reações oxidativas, através da utilização das substâncias energéticas em presença do oxigênio, fornecendo energia de alto rendimento a baixo custo, por tempo prolongado.

A produção de energia pelo sistema anaeróbio se faz à custa de substân­cias contidas na própria massa muscular e cuja desintegração independe da presença de oxigênio, fornecendo aos músculos, de imediato, maior quantidade de energia na unidade de tempo, porém, de breve duração.

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Na prática, durante a realização de u m trabalho muscular, os dois sistemas são mobilizados. Quando êsse trabalho é moderado, ó organismo utiliza-se do sistema energético aeróbio, porém em condições de emergên­cia, quando requer dos músculos uma atuação energética relevante e os aparelhos respiratório e circulatório não são suficientes para fazer frente à requisição de oxigênio por par te dos músculos, o sistema energético anae-róbio procura suprir as necessidades orgânicas.

Em Resumo:

a) as atividades esportivas que exigem um trabalho muscular prolon­gado, se realizam principalmente graças ao sistema energético aeróbio;

b) as atividades esportivas que se caracterizam por um desempenho físico rápido, de poucos segundos, se realizam à custa do sistema energético anaeróbio;

c) as atividades esportivas definidas como esportes do tipo misto, nos quais as fases de trabalho máximo são intercaladas com fases de relativo descanso, o organismo vale-se dos dois sistemas energé­ticos, de acordo com as necessidades do momento.

Essas premissas se faziam necessárias, para uma mais perfeita com­preensão dos problemas inerentes à aclimatação atlética para a Cidade do México.

A ACLIMATAÇÃO ATLÉTICA A CIDADE DO MÉXICO Í

Os fenômenos relativos à aclimatação à altitude, de maneira geral, se realizam entre a 3.a e 6.a semanas de permanência nas cotas elevadas, de acordo com variações individuais. A permanência de muitas semanas na alt i tude pode conduzir a uma boa adaptação orgânica (aclimatação parcial) , porque, a verdadeira aclimatação se realiza somente nos nativos ou nos indivíduos que lá permaneçam durante muitos anos como residentes, sendo representada por fenômenos mais profundos e complexos. Indivíduos há, por exemplo, que podem permanecer a vida tôda na altitude e não se adap­tarem nunca.

No estudo da aclimatação atlética à Cidade do México, deveremos considerar algumas características geográficas e climáticas diferentes, em relação às do Brasil (sempre nos referindo ao Rio e São Paulo, onde vive a maioria dos atletas que integraram a delegação olímpica): fuso horário, diminuição da aceleração da gravidade, diminuição da densidade e da viscosidade do ar, irradiação solar, estado higrométrico do ar e variações da temperatura no período nictêmero.

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«

Considerando a exigência do organismo colocado em tais condições, diferentes da usual, deveremos examinar a atuação dos elementos ambien­tais que repercutem sobre o funcionamento dos diferentes órgãos, apare­lhos e sistemas orgânicos, influenciando positiva ou negativamente no re­sultado do trabalho físico esportivo.

A diminuição da aceleração da gravidade (9,8036 m/seg.2 ao nível do mar, para 9,7794 m/seg.2 a 2240 m acima do nível do m a r ) , diminui discre-tamento o pêso do atleta e dos materiais esportivos, favorecendo o movi­mento "dos corpos que se deslocam.

O mesmo se verifica com relação à diminuição da pressão atmosférica (760 mm de Hg ao nível do mar, para 588 mm de Hg a 2240 m acima do nível do m a r ) . Como conseqüência dessa menor densidade e viscosidade do ar, há uma diminuição da resistência ao deslocamento dos corpos, na dependência do movimento, do pêso e da forma do corpo que se desloca, Isso é facilmente compreensível, sabendo-se que nessas circunstâncias, menor será o número de moléculas de ar deslocadas, por unidade de volume do corpo em movimento. Essa influência se torna' mais evidente sobre os corpos de baixa densidade e dotados de grande velocidade de deslocamento.

A diminuição da pressão atmosférica, entretanto, corresponde a uma diminuição da pressão do oxigênio na atmosfera, com a conseqüente dimi­nuição de moléculas desse gás ao nível da barreira hemato-alveolar, provo­cando uma redução na sua absorção e no seu transporte aos tecidos, dimi­nuindo a máxima potência aeróbia do indivíduo.

O organismo procura compensar essa situação negativa, da seguinte maneira: aumentando a ventilação pulmonar, ou seja, a quantidade de ar introduzida e eliminada dos pulmões; aumentando o número de glóbulos vermelhos circulantes; aumentando a velocidade circulatória do sangue, através de maior trabalho do aparelho cárdio-circulatório. Essa tentativa de compensação para conduzir o organismo à sua máxima potência aeróbia, não alcança, entretanto, o nível desejado em relação àquele obt'do ao nível do mar, porque a maior quantidade de oxigênio introduzida no organismo é, praticamente, consumida pelo maior trabalho exigido dos aparelhos ci­tados, pouco restando aos músculos esqueléticos, diretamente interessados no trabalho esportivo. Nessas condições, os músculos acabam recebendo 10-15 por cento menos de oxigênio, em relação à quantidade utilizável ao nível do mar. Não devemos esquecer também que a hiperglobulia provo­cada, determina aumento da viscosidade sangüínea e, conseqüentemente, menor rendimento do aparelho cárdio-circulatório.

Como vemos, se os fatores ambientais podem influir positivamente no resultado do trabalho físico esportivo (atividades atléticas que se desen­volvem em poucos segundos), por outro lado, podemos deduzir que o tra­balho físico esportivo prolongado (atividades atléticas do tipo misto), sofre uma influência negativa.

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O clima compreende, entretanto, além do f a t o r altitude, outros, como, por exemplo, o estado higrométrico do ar, a irradiação solar, a temperatura e t c , cujos efeitos biológicos podem modificar a atividade atlética.

O estado higrométrico do ar na Cidade do México no período entre os meses de setembro e outubro, apresenta uma percentagem mínima de hu-midade relativa, nit idamente inferior aquela do Brasil, em conseqüência das chuvas freqüentes; porém, de breve duração, que não conseguem man­t e r u m aumento do teor de umidade do ar. Êsse fato provoca aumento na eliminação da água orgânica, através das mucosas dos brônquios e da su­perfície alveoíar, especialmente nos esportes que exigem esforço prolonga­do, acompanhado da conseqüente hiperventilação pulmonar. Assim sendo, dur"nte os primeiros dias de aclimatação, os atletas sofrem de secura da fauce e das primeiras vias aéreas, acompanhadas de sensação de cansaço doloroso, durante e'após o trabalho muscular, sintomatologia que regride nos dias subseqüentes.

Quanto à irradiação solar, é superior àquela verificada no Brasil, pela posição do sol ao meio dia, mais próximo do Zênite, o que dá menor obli­qüidade aos raios solares. Essa direção dos raios solares, somada à menor densidade das camadas atmosféricas, torna a radiação mais forte. Não acre­ditamos, porém, que êsse fator possa influenciar nos resultados da atividade esportiva dos nossos atletas. Os "golpeâ de calor" devem ser evitados com o liso de pequenos chapéus de brim branco.

A Cidade do México, no que diz respeito à temperatura, apresenta uma média menor de valores (10°C a 2Z°C), em relação à do Brasil. Durante os meses de setembro e outubro, as variações no período nictêmero são grandes, com frio pela manhã e à noite e calor intenso durante o dia. Como para o caso da radiação solar, não acreditamos também que êsse fator possa influenciar nos resultados da atividade esportiva dos nossos atletas.

Essa, em linhas gerais, a influência climática da Cidade do México exercida sôbre os atletas. Sobre êsse assunto, aliás, existe u m trabalho bas­tante interessante, de autores italianos, determinando quais as modalidades esportivas que recebem influências positivas ou negativas dos fatores cli­máticos.

Assim, temos; 1) . Ciclismo: Provas de velocidade: quilômetro parado. Provas de

estrada: 100 quilômetros contra o cronômetro; 2) Pugilismo; 3) Natação; 4) Polo-aquático; 5) Ginástica de solo; 6) Remo;

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I

7) Hipismo — grandes obstáculos; 8) Atletismo: provas de velocidade, saltos e arremessos — 400 m

até maratona; 9) Luta;

10) Futebol; 11) Basquetebol. Considerando os estudos anteriores sobre as médias altitudes e as pes­

quisas realizadas na Cidade do México, por alguns países, durante os Jogos Fré-Olímpicos de 65, 66 e 67, concernentes à problemática do máximo es­forço físico esportivo naquela cota, ficou estabelecido o seguinte:

a) que um período de aclimatação é imprescindível a todos os atletas que vivem em baixas altitudes;

b) o período de aclimatação deverá ser maior ou menor, de acordo com a modalidade esportiva praticada e com as variações indivi­duais de adaptação à altitude;

c) os fenômenos fisiológicos que caracterizam a aclimatação atlética, se realizam de maneira mais rápida e completa nos indivíduos jo­vens e treinados.

DELEGAÇÃO OLÍMPICA BRASILEIRA Objetivando proporcionar aos atletas brasileiros uma boa aclimatação

na Cidade do México, por ocasião dos XIX Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Brasileiro procurou ouvir opiniões de especialistas no assunto, através de relatórios que lhe foram entregues com dois anos de antedência à realização dos Jogos.

Entre uma série de considerações de ordem fisiológica, o problema prin­cipal girou em torno do período de aclimatação que deveria ser programa­do para os nossos atletas.

Êsse período, de início, foi teoricamente estipulado em 3 semanas, no mínimo, considerando que, dentro dos padrões já estabelecidos para um indivíduo não atleta, êsse é o tempo mínimo necessário para a aclimatação. Entretanto, em se tratando de atletas treinados e jovens, em plena, forma física e atlética, o tempo de aclimatação poderia ser abreviado para 8 a 10 dias, de acordo com experiências já comprovadas anteriormente. Nesse caso, naturalmente, deveriam também ser levados em consideração, fatores de ordem individual, psicológica e a modalidade esportiva praticada.

Quanto ao primeiro fator, infelizmente não dispunhamos de elementos para determinar, em cada um, sua capacidade de adaptação àquela cota (participação nas Pré-Olimpíadas Mexicanas ou câmaras apropriadas para testes); quanto aos outros dois fatores, foram estudados convenientemente,

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dentro da organização estrutural que se pretendia imprimir à nossa partici­pação olímpica (1 nadador, 1 atleta, 1 esgrimista e as equipes de basquete-bol, iatismo e hipismo). Posteriormente, entretanto, outros atletas e outras equipes foram incluídas, embora sem apresentar resultados técnicos convin­centes para U m a participação olímpica, numa demonstração inequívoca do C.O.B. em incentivar esses atletas, proporcionando-lhes excelente opor­tunidade para melhorarem suas "marcas" e adquirirem maiores conheci­mentos técnicos das suas especialidades esportivas.

Dessa maneira, o C.O.B. foi levado a reformular seus planos de viagem e, num grande esforço administrativo, procurou atender às indicações mé­dicas, no tocante aos diferentes períodos de aclimatação que então se im­punham, em relação às diferentes modalidades esportivas que compunham a nossa Delegação.

Assim, o nadador de 100 m, nado de peito, e o seu técnico, foram enviados com 30 dias de antecedência; a equipe de iatismo, com 21 dias (aclimatação ao local de competição, natureza das águas, temperatura ambiente etc.); a equipe de hipismo, com 18 dias e o restante da delegação, com 16 dias antes do início dos Jogos, o que eqüivale dizer, com 18 e até 20 dias de antecedência, com exceção do Remo, que iniciou suas provas no dia 12, que marcou o início das competições olímpicas.

Como vemos, o tempo para a aclimatação do atleta proporcionado à nossa delegação, foi bastante razoável, considerando todas as variáveis que integram o fenômeno da adaptação orgânica à altitude.

O primeiro fenômeno a vencer foi a diferença de fuso horário entre os dois países, que provocou um pequeno período de defasagem no ri tmo sono-vigília, com variações individuais e fàcilmente superado após alguns dias de permanência naquela cidade.

O segundo fenômeno foi representado pelo conjunto das adaptações fisiológicas à altitude, responsáveis pelo bom funcionamento orgânico. Es­sas adaptações exigiram, na dependência de fatores intrínsecos individuais, muitos dias de permanência naquela cota. Nesse sentido, os técnicos foram aconselhados a reiniciarem os treinamentos após 1 a 2 dias de descanso, visando uma preparação física gradual às novas condições de vida, dando preferência aos exercícios de velocidade e destreza, no início e, por último, aos de resistência.

Nos primeiros dias de aclimatação, os atletas apresentaram aumento da pressão arterial, aumento das freqüências cardíaca e respiratória, em repouso e aumento do tempo de recuperação aos esforços físicos. Êsses sin­tomas foram aos poucos se atenuando e após alguns dias de permanência naquela cidade, todos se sentiam relativamente bem, com exceção de um atleta do hipismo, que manteve aquela sintomatologia por mais tempo, caracterizada part icularmente por instabilidade emocional e insônia, que exigiram maiores cuidados de nossa parte. Observamos também que alguns atletas, como os remadores, por exemplo, começaram a obter os seus melho-

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res resultados técnicos nos últimos dias da sua participação olímpica, fato que nos levou à conclusão de que necessitavam de mais alguns dias para mais bem se aclimatarem (talvez 3 semanas)

Entre a primeira e segunda semanas de permanência naquela cota, quando toda a delegação já suportava melhor o treinamento, demonstrando que a adaptação fisiológica àquela altitude caminhava normalmente, surgiu o fenômeno da "crise de aclimatação", observada com quase todos os com­ponentes das equipes esportivas, com maior ou menor intensidade, de acor­do com a sensibilidade de cada um.

A-"crise de aclimatação" caracteriza-se por um conjunto de sintomas observáveis entre a primeira e segunda semanas de aclimatação, de acordo com a sensibilidade individual, fazendo regredir ou mesmo desaparecer aqueles sinais positivos de uma aclimatação em perfeito andamento. Assim, após a euforia adquirida na primeira semana, seguiu-se um estado de astenia, com depressão e comprometimento de algumas funções psíquicas, entre as quais a da atenção, bem como aumento da pressão arterial em alguns, insõnia e pesadelos, em outros.

Os atletas que se mostraram mais sensíveis a êsse fenômeno, exigiram maiores cuidados médicos e part icularmente um amparo psicológico ade­quado, através de explicações de cunho fisiológico, com a finalidade de me­lhor compreenderem o problema, possibilitando-lhes um controle emocional mais de acordo com a realidade, sem falsas interpretações de uma inadapta-bilidade pessoal àquela altitude.

Após a segunda semana de permanência em cota, os atletas voltaram a se sentir melhor, conseguindo bons resultados técnicos nas suas provas, com exceção dos remadores e do nadador de 100 m nado de peito, que apesar da obtenção de resultados técnicos razoáveis, não se sentiam bem, fisicamente falando: os remadores, sentindo ainda muito cansaço dos es­forços físicos, com recuperação tardia e o nadador, apesar de já se encontrar na quarta semana de aclimatação, acusava a mesma sintomatologia, agra­vada por certo desinterêsse aos treinamentos, uma verdadeira apatia geral. Êsse estado permaneceu inalterado até o dia em que disputou a final de sua prova, obtendo a 4.a classificação, com resultado técnico inferior à sua melhor "marca". Acreditamos que êsse nosso atleta, como muitos outros dentro dêsse mesmo setor esportivo, para não procurarmos mais longe, carregou nos ombros a responsabilidade de vencer a prova da sua especia­lidade, tendo sido vítima de u m "complexo de culpa", complicado pela ansiedade pré-competicional.

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A ansiedade pré-competicional, característica -emotiva que acompanha os atletas em todas as competições, se tornou mais forte, mais evidente na Olimpíada do México, em conseqüência da hipoxia cerebral relativa, que lá se estabelece, com diminuição da eficiência das funções psíquicas, como a atenção, a-vontade, a coordenação psicomotora e t c , de acôrdo com a sen­sibilidade individual. >

Situação diametralmente oposta foi verificada com o atleta do salto triplo. Durante os primeiros dias de permanência naquela altitude, quei­xou-se de dores localizadas no joelho, na perna e no tornozelo direitos, além de todos os sintomas próprios da aclimatação e da "crise de aclimatação". Após o t ra tamento médico e fisioterápico instituído, melhorou rapidamente da sintomatologia dolorosa e enfrentou com segurança os problemas da adaptação à altitude- Êsse atleta, sempre alegre e bem disposto, sem grandes responsabilidades na prova de sua especialidade, embora se esperasse dêle boa atuação, treinou com regularidade e conseguiu melhorar suas "marcas" progressivamente até o dia da disputa final de sua prova, quando conseguiu a 2.a classificação, garantindo, assim, a medalha olímpica de prata para o Brasil.

Aliás, todos os nossos atletas se apresentaram bem, do ponto de vista de saúde e de aclimatação, com exceção dos casos já apontados, no que diz respeito ao segundo item, numa demonstração evidente das boas diretrizes traçadas pelo C.O.B., com a sua representação olímpica.

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XVII CONGRESSO MUNDIAL DE MEDICINA DESPORTIVA MÉXICO — 1968

Waldemar Areno Ao ensejo dos Jogos da XIX Olimpíada, a Federação Mexicana de Me­

dicina Desportiva, com o apôío do Governo e de todas as instituições des­portivas mexicanas, organizou o XVII Congresso Mundial de Medicina Desportiva.

O Comitê Organizador elaborou um regulamento atendendo às dispo­sições dos Estatutos da Fédération Internationale de Médicine Sportive (F. I. M. S.), instituição patrocinadora do conclave, que congrega todas às Federações Nacionais da especialidade, fundada em 1928, em S. Moritz, e que tem por fim "excluído todo o espírito de lucro, manter e melhorar a saúde física e moral do homem, pela educação física e os desportos, assim como pelo estudo científico de seus efeitos, tanto normais como patológicos".

Os Congressos Mundiais patrocinados pela F. I. M; S. tiveram início por ocasião da IX Olimpíada, em Amsterdam, em 1928. Foi um Congresso em comum com os pedagogos, e os trabalhos foram catalogados pelo Prof. F . J. Buytendijk, fisiologista da Universidade de Groningen, no norte da Holan­da, e publicados no volume Ergebnisse der sportaertzlichen Untersuchungen hei den IX Olympischen Sp'-elen — Splinger Verlag, 1929.

O II Congresso, em Turim, 1933, foi promovido pela organização fas­cista Ballila, da Juventude Italiana; o III realizou-se em Chamonix, em 1934, onde houve a tentativa, sem resultado, de criar uma ficha internacio­nal para o exame médico desportivo. Vale ressaltar que êste tema voltou a ser debatido em vários congressos internacionais, na Europa e na Amé­rica do Sul, sempre sem conclusões definitivas.

O IV Congresso foi em Berlim, em 1936, durante a XI Olimpíada, em comum com a Sociedade de Nutrição, e os documentos informam sobre o seu aspecto solene e o muito que se falou a respeito da paz e do temor de uma guerra.

Paris serviu de sede do V Congresso, por ocasião da Exposição Inter­nacional, em 1938. O VI teve como sede Bruxelas e efetuou-se em 1939, e só em 1948 foi realizado o VII Congresso em Praga, por ocasião da Festa Nacional da Tcheco-Eslováquia, e onde se tratou, essencialmente, da edu­cação física da juventude.

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O VIII Congresso teve lugar em Montecatini, em 1950, o IX em 1952, na cidade de Belgrado, o X novamente em Paris, em 1954, e o XI em Luxemburgo, no ano de 1956. Neste Congresso, pela primeira vez, tomou par te uma representação soviética, e foi amplamente discutido o problema da mulher nos desportos, tema que já havíamos apresentado ao II Congres­so Pan-Americano de Educação Física realizado no México, em outubro de 1946, monografia publ icada /na época, pela Divisão de Educação Física do M. E. C,

Moscou foi a sede do XII Congresso, em 1958, no ano em que a F.I.M.S. comemorava o seu 30° aniversário. Debateram-se vários temas sobre treina­mento, traumatismos desportivos e indicações da educação física após a cirurgia cardiovascular,-e o Brasil foi representado pelo Dr. Guilherme Gomes Júnior, que apresentou u m trabalho sobre "Problemas sexuais dos desportistas".

O XIII Congresso foi em Viena, em 1960, e os temas oficiais foram sobre "Sport e Alimentação" e "Sport e pé". Os trabalhos, catalogados pelos Drs. Ludwig Prokop e Félix Rinner, saíram publicados no volume Sportmedizin 1960, da Verlag Brüder Hollinek.

Em 1962, realizou-se, pela primeira vez, um Congresso na América do Sul, o XIV, em Santiago, por ocasião do VII Campeonato Mundial de Futebol. O Brasil esteve representado pelos Drs. Waldemar Areno, com 2 trabalhos ("A sauna nos desportos" e "Formação do médico especializado em educação física") e Mário Carvalho Pini (''Organização do Serviço Médico nos IV Jogos Pan-Americanos a serem realizados em S. Paulo") . Foram levados mais 6 trabalhos de médicos brasileiros. Sobre êsse Con­gresso, publicamos um relatório, em folheto. Os Anais do Congresso foram editados pela Comissão Organizadora, em um volume de 285 páginas.

Em 1964, o XV Congresso precedeu os Jogos Olímpicos de Tóquio, numa realização conjunta com a F . I. E. P., o I. C. H. P . E. R. o I. C. S. P . E., com o patrocínio do C. O. I., das instituições científicas japonêsas e do Govêrno de Tóquio. O Brasil apresentou 3 trabalhos pelos seus delegados presentes ao Congresso: Waldemar Areno ("Especialização em Medicina da Educa­ção Física"), Mário C. Pini ("Controle e combate ao doping") e Guilherme Gomes J r . ("Doping — Conceito gera l" ) . Publicamos o relatório do Con­gresso nos "Arquivos" da E. N. E. F . D., n.° 20, e a União Japonêsa de Ciên­cias dos Desportos publicou, em bela apresentação, seus anais em volume de 624 páginas, editado pelo Dr. Kitsuo Kato.

O XVI Congresso foi realizado em Hannover, na República Federal da Alemanha, em 1966, e a Federação Brasileira de Medicina Desportiva enviou u m trabalho do Dr. Pinkwas Fizsman, sôbre "Coprologia funcional nas atividades desportivas".

O XVII Congresso, no México, foi o 4.° realizado por ocasião de uma Olimpíada (Amsterdam-1928, Berlim-1936 e Tóquio-1964), mas, em outras

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Olimpíadas, os Comitês Olímpicos dos países organizadores promoveram simpósios e conclaves de Medicina Desportiva.

Em Londres, 1948, foram apresentados diversos trabalhos sobre higiene da alimentação, valores da hemoglobina e da pressão arterial em atletas olímpicos, publicados no Relatório do Comitê Organizador e no British Médical Journal , 1:300, 1949.

Em Helsinque, 1952, houve o Simpósio Internacional de Medicina e Fi-siologia Desportiva e as suas comunicações foram publicadas no livro Sports in the Cultural Pattern of the World, de Ernst Jokl, M. J. Karvonen e outros, e no volume Sport Medicine, editado por M. J . Karvonen, em 1953. O Brasil estêve representado pelo Dr. Waldemar Areno, médico da delega­ção olímpica.

Em Roma, 1960, o Comitê Médico Científico da XVII Olimpíada reuniu as pesquisas sobre vários aspectos morfo-fisiológicos dos atletas, e os traba­lhos estão publicados por Luigi Gedda e outros, no volume editado pela Escola Central de Desportos e o Instituto de Medicina Desportiva, de Roma.

A análise dêsse rebuscado histórico, revela que faltou aos dirigentes da F . I. M. S. o necessário espírito olímpico, no sentido de ter orientado a rea­lização dos Congressos, obrigatoriamente, por ocasião dos Jogos Olímpicos. Não haveria motivação maior, no momento em que se reuniam os maiores atletas do mundo, para o maior evento desportivo internacional. Essa au­sência de espírito olímpico, observamos, tantas vêzes, bem caracterizada pelo fato de muitos médicos regressarem aos seus países tão logo terminam os trabalhos do Congresso, numa indiferença pelo desenrolar dos Jogos, onde o convívio com atletas e treinadores de outros países, os treinamentos e a excelência técnica dos espetáculos das competições, sempre favorecem, aos que vão ver para transmitir, inúmeras oportunidades para documenta­ção, para observações e para motivos de futuras pesquisas no amplo campo da especialidade.

A nossa opinião parece ter ecoado, porque no México foi resolvido que os Congressos da F. I. M. S. serão futuramente realizados por ocasião dos Jogos Olímpicos. Aguardemos Munich, após o XVIII Congresso já progra­mado para Oxford, em 1970.

Como complemento, vale citar que o Brasil já realizou os seguintes Congressos de Medicina Desportiva: Em 1947 — IV Congresso Sul-Americano, no Rio, patrocinado pela CBD,

por ocasião dos Campeonatos Sul-Americanos de atletismo. Em 1948 — I Congresso Brasileiro, em Curitiba, promovido pela Confede­

ração Brasileira de Desportos Universitários, por ocasião dos Jogos Universitários Brasileiros.

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Em 1954 — VI Congresso Sul-Americano, em S. Paulo, promovido pela Sociedade de Medicina da Educação Física, ao ensejo dos Cam­peonatos Sul-Americanos.de Atletismo e do ' IV Centenário de S. Paulo.

Em 1963"— IV Congresso Pan-Americano, em S. Paulo, promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, por ocasião dos IV Jogos Pan-- Americanos.

Em 1965 — XIII Congresso Sul-Americano, no Rio, patrocinado pela C.BXL, ao ensejo dos Campeonatos Sul-Americanos de Atletismo.

Em 1965 — Simpósio Internacional, promovido pela Confederação Brasilei­ra de Pugilismo, por ocasião do IV Campeonato Mundial de Judô e do X X X . Campeonato Latino-Americano de Box Amador.

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0 XVII Congresso de Medicina Desportiva, na cidade do México, foi realizado de 7 a 11 de outubro de 1968, nas magníficas instalações da Uni­dade de Congressos do Centro Médico Nacional, do Instituto Mexicano de Seguro Social; foi presidido pelo Dr. Gilberto Bolanos Cacho, presidente da Federação Mexicana de Medicina Desportiva, sendo como Organizador Geral o Dr. Rafael Giorgana.

A Comissão Organizadora atendeu aos mínimos detalhes para o êxito dos trabalhos, com eficiente secretaria, serviços de comunicações e amplos auditórios para as sessões científicas, sempre com tradução simultânea nos idiomas oficiais, francês, inglês e espanhol.

Foi cobrada a taxa de inscrição de 40 dólares para os congressistas e 30 dólares para cada acompanhante, com a isenção para um delegado oficial de cada país, que teve, também, pagas as suas despesas de hospedagem, du­rante os 5 dias do Congresso.

As atividades, de modo geral, foram as seguintes: 1 — Sessões solenes: a) de inauguração, com a presença das autoridades do desporto me­

xicano, do Presidente do C. O. I., sob a honrosa presidência do Exmo. Sr. Presidente dos Estados Unidos Mexicanos, Lie. Gustavo Diaz Ordaz, que proferiu brilhante alocução, enaltecendo, com propriedade, a significação e o valor da medicina desportiva;

b) de encerramento, com os discursos de praxe e entrega dos diplomas aos congressistas e instituições representadas.

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2 — Sessões da F. I. M. S.: e) do Comitê Executivo; b) do Conselho de Delegados Oficiais; c) da Comissão Científica dos Arquivos Médicos Olímpicos; d) do Comitê Executivo, em conjunto com o ICHPER e o ICSPE; e) do Colégio Internacional de Medicina Desportiva; f) da Comissão para estandardização das provas de capacidade física,

com amplos e proveitosos debates sobre vários testes, sua aplicabi­lidade e significação dos seus resultados.

3 — Resenha cinematográfica, realizada nos dias 8 e 9, das 10 às 13 ho­ras e das 16 às 20 horas; foram exibidos filmes de 16 e 35 mm e, após a pro­jeção, cada autor dispunha de 5 minutos para comentários ou esclareci­mentos eventuais.

4 . — Exposição bibliográ/ica das publicações de Medicina Desportiva de todo o mundo.

5 — Atiuidades Sociais: A Comissão Organizadora atendeu amplamente ao setor das atividades

sociais, com reuniões e visitas diversas a exposições, lugares históricos, es­petáculos culturais e folclóricos, oportunidades em que os colegos mexica­nos e suas famílias souberam demonstrar sua fidalguia, com acolhida cari­nhosa a todos os congressistas e acompanhantes estrangeiros.

6 — Sessões científicas: a) Sessões plenárias, pela manhã, nos dias 8, 9 e 10, para a apresen­

tação dos 3 temas oficiais, cada qual com o seu relator previamente designa­do, que dispunha, no máximo de 30 minutos. Cada trabalho não poderia exceder de 12 minutos em sua apresentação, e, ao final de cada sessão, havia a mesa-redonda para as discussões coordenadas, com a duração máxima de 75 minutos.

b) Sessões de temas livres, no horário vespertino, realizadas nos dias 8, 9 e 10, simultaneamente, em 3 salas. Cada autor dispunha de 10 minutos para a exposição e 2 minutos para as respostas aos comentários eventuais.

Foi realizada, também, uma sessão científica em conjunto com a Aca­demia Mexicana de Cirurgia, no dia 8, às 20,30 horas.

Durante os dias do Congresso, houve 2 reuniões da Confederação Ibero--Americana de Medicina Desportiva e 2 do Agrupamento Latino de Medici­na Física e dos Desportos.

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O Congresso recebeu a inscrição de 280 membros representando 35 paí­ses; foram apresentados 105 trabalhos e mais 22 enviados fora do prazo, além de 17 filmes exibidos por médicos representantes de 7 países.

O Brasil teve a seguinte representação: —: Waldemar Areno, como seu delegado oficial, representando o Co­

mitê Olímpico Brasileiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Es­cola de Educação Física e Desportos) e a Federação Brasileira de Medi­cina Desportiva; foi o Presidente Honorário da sessão de Temas Livres do dia 9 de outubro.

— Guilherme de Souza Gomes J r , representando a Federação Brasi­leira de Medicina Desportiva, que apresentou o trabalho "Fuso horário e desportos"; foi o Vice-Presidente Honorário da sessão de Temas Livres do dia 8 de outubro.

— Paulo Callarge, que enviou um trabalho sobre "A palmilha balan­ceada para o jogador de futebol", não apresentado em plenário, porém, exposto na exposição bibliográfica.

* * *

A análise serena dos trabalhos do Congresso, numa avaliação sumá­ria dos seus conteúdos científicos, permite constatar, como quase sempre acontece, o seu saldo positivo.

Os Congressos não valem somente pela essência dos trabalhos apre­sentados e discutidos. Eles ensejam os reencontros dos homens da espe­cialidade, vindos de inúmeros países e de todos os continentes; favorecem os proveitosos diálogos das comissões e das-ante-salas, durante os momen­tos de recesso; solidificam amizades e iniciam novos contatos, estabele­cendo ou restabelecendo a correspondência tão necessária para o inter­câmbio da cultura internacional, proporcionando, dêsse modo, maiores facilidades e melhor trato com os assuntos do interesse comum.

Repetimos, no entanto, e cabe fazê-lo, o mesmo comentário já exte-riorizado em conclaves anteriores. Torna-se necessário limitar os temas oficiais e estabelecer uma seleção prévia dos trabalhos que devem ser, na íntegra, programados para o plenário. Não há ínterêsse na apresentação de u m grande número de comunicações, muitas sem qualquer substrato científico que as possam motivar, outras derivando para os conceitos filo­sóficos e sociais, e algumas insistindo na afirmação do óbvio.

Foi acertada a concentração das sessões do turno matinal no auditório magno, onde foram apresentados os trabalhos dos 3 temas oficiais, com boa audiência do plenário e interesse nos momentos das discussões coor­denadas.

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O mesmo não aconteceu em muitas sessões dos temas livres, realiza­das no turno da tarde e em face do grande número de trabalhos, em 3 salas simultaneamente, o que diluía a freqüência e esvaziava o interêsse dos congressistas.

Ao serem encerrados os trabalhos do Congresso, discutirám-se as ba­ses do "Documento Doutrinário", numa tentativa de estabelecer uma "Carta de Princípios" sobre a Medicina Desportiva. E vale transcrever, na íntegra, as linhas rascunhadas no nosso caderno de anotações, escritas no plenário do Congresso, com a mesma impressão, já sentida e externada em relatórios de Congressos anteriores:

"A discussão sobre o "Documento Doutrinário" está tratando de tanta matéria sobre a qual já doutrinamos, já publicamos e, evidentemente, parece ignorada. As bases filosóficas da-Medicina Desportiva, os seus conceitos, a formação do profissional especia­lizado, as disciplinas a serem estudadas, o seu campo de ação, a necessidade da pesquisa etc. etc. No entanto, a muitos ainda pa-reçe que estamos na retaguarda, porque no nosso país, infelizmen­te, ainda não conseguimos estruturar uma organização adequada, no que tange à Medicina Desportiva."

Sente-se, nas entrelinhas, um quase desencanto. A especialidade exis­te pela teimosa dedicação de alguns interessados, que até assumem o ônus de tôdas as despesas de viagens, para representar o nosso país, como ocorreu neste Congresso e em alguns Congressos anteriores.

Em quase tôdas as estruturas das organizações desportivas do mundo, mesmo em muitos países onde-os desportos ainda não alcançaram maior maturidade e maior projeção internacional, as Federações de Medicina Desportiva têm a sua posição definida nos órgãos técnicos e desportivos dos seus.países.

Isso, infelizmente, não acontece entre nós, onde tantos ainda não se detiveram sobre o problema e quase ignoram a existência, por isso mesmo precária, de uma entidade como a Federação Brasileira de Medicina Des­portiva, e a sua importância para a conceituação científica dos nossos desportos, no cenário internacional.

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A OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA Athayde Ribeiro da Silua

Nossas observações no México, e os contatos com colegas, prossegui-dos, em Washington, durante a realização do II Congresso Internacional de Psicologia Esportiva, foram 'de extrema utilidade, principalmente por permit ir uma avaliação da situação atual dá Psicologia Esportiva.

Essa especialização, no panorama teórico, está viva em todo o mun­do; nos aspectos práticos existe, com maior ou menor intensidade, em alguns países, mas, há problemas, no momento, dificultando sua ação, coisa habitual e até inevitável com especialidades novas, sem que, por isso mesmo, possa ser desprezada ou deixar de ser reconhecida e procla­mada. Podemos sumariar as resistências dessa ou daquela categoria que lida com esportes: em alguns países, os dirigentes; em outros, os treina­dores; acolá os atletas, às vêzes os médicos.

No Brasil, onde o campo da Psicologia Esportiva é limitado quase que só ao futebol, ou ao pentatlo militar, nota-se mais ou menos o se­guinte quadro: os médicos são os grandes aliados dos psicólogos, reco­nhecem sua importância, propugnam por sua atuação e facilitam a coor­denação dos trabalhos; os educadores físicos têm a mesma atitude dos médicos até mais: têm entusiasmo e u m sentido de cooperação al tamente incentivador; os atletas aceitam muito bem a Psicologia, mas se acaute-lam com a pessoa do profissional, dependendo o êxito da especialidade entre os esportistas muito da personalidade do Psicólogo; os dirigentes, de modo geral, aceitam com reservas a Psicologia. A nossa impressão (e quem sabe se estamos errados) é a de que conhecem a validade dela, mas não estão interessados em usá-la, principalmente no esporte profis­sional, onde, ademais, há, sempre, a preocupação em comprimir as des­pesas, coisa compreensível, aliás (com certeza não será difícil mostrar, demonstrar e provar que os gastos com a Psicologia constituem fração mínima do que se despende com um profissional, e que podem até torná--lo menos custoso às entidades) . Também os dirigentes assumem uma atitude de quem deseja êxito absoluto e rápido da Psicologia e, às vêzes, demonstram insatisfação, se o clube não passa logo a obter vitórias.

Relativamente - aos treinadores, ocorrem três situações distintas: os que se dedicam ao amadorismo aceitam a Psicologia e desejam a coope­ração do psicólogo, todavia, os profissionais estão divididos: uns aceitam,

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outros não. A meu ver, os que a recusam o fazem com honestidade, em­bora equivocadamente, com receio de que o psicólogo invada seu terreno ou que lhe prejudique o trabalho. Não esqueçamos que a esmagadora maioria de nossos técnicos dedicados ao profissionalismo são autodidatas e, como tal, não sentem a necessidade de ajuda. Sem nenhum sentido de malícia ou conotação pejorativa, a verdade é que quase todos os grandes treinadores se caracterizam por sensível auto-suficiência e não se sentem confortàvelmente perto de um observador, coisa que o psicólogo jamais pode deixar de ser.

Um ponto à parte, mas cujo comentário é oportuno: ainda não pe­netrou a fundo em tôdas as categorias profissionais do esporte a idéia de que o trabalho do psicólogo não é apenas aplicar testes. Isto precisa ser falado, refalado e enfatizado: o verdadeiro papel do psicólogo é coun-selling, o aconselhamento repetido, em forma assistencial, a orientação, o convívio. Não esqueçamos que o atleta, via de regra, é um ser instável, emotivo, inseguro, muito preocupado com sua situação, com suas condi-

, ções físicas, sua imagem perante o público: vai fàcilmente à tensão e ao • conflito intrapsíquico.

Embora a Psicologia esportiva esteja em condições de prestar servi­ços a qualquer tipo de esporte, não resta a menor dúvida que o esporte amador condiz mais com o trabalho do psicólogo do que o profissional.

Psicologia Esportiva no Brasil

De nossos contatos também podemos falar nas preocupações básicas do momento brasileiro atual, em relação à Psicologia Esportiva.

Em tom didático classificamos assim: a) o estudo teórico da psicologia esportiva deve ser intensificado; b) o conhecimento do que fazem os outros países é necessário; c) o conhecimento aprofundado do atleta brasileiro deve constituir preocupação permanente; d) a elaboração de um sistema brasileiro, sem imitações, consentâ-

neo com nossa, realidade, de utilização da Psicologia Esportiva, é o caminho a ser procurado e seguido.

O estudo teórico da Psicologia" Esportiva parte, obviamente, do co­nhecimento, do estudo teórico da Psicologia Geral, todavia, ela tem seus próprios parâmetros, seus princípios, suas coordenadas básicas, embora constitua apenas um ramo de uma ciência maior.

O Professor José Maria Cagigal, de Madrid, que mistura o excelente preparo filosófico.a um instintivo espírito didático, ao traçar, em Wash­ington (novembro, 1968), o panorama geral da Psicologia Esportiva, diz,

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entre outras coisas, que o tempo já amadureceu para que se possa esbo­çar considerações.a respeito dos objetivos desse novel departamento cien­tífico. Par te êle do princípio de que o importante é investigar, t rabalhar com fatos e permanecer objetivo. . Como. tôda ciência positiva — pois está sendo aplicada ao esporte —

de vez em quando êsse ramo da Psicologia deve inquietar-se, auto-ava-liar-se e levantar dúvidas e formular indagações.

Esclareçamos, antes que sejamos arrastados a mal-entendidos: esta­mos longe de categorizar a Psicologia Geral — ciência sobretudo do com­portamento humano — como ciência exata, todavia, ao ser aplicada ao esporte, a Psicologia deve ser entendida como ciência positiva. Destarte ela tem os seus "porquês", "de onde", "como", "a quem", e "para quem", renovados periodicamente, no tempo e no espaço.

O Cagigal didata, em conversa conosco, chamou nossa atenção para o fato de que, às vêzes, o próprio conceito de Psicologia Esportiva pode tornar-se ambíguo, dicotomizado em vias aparentemente opostas, mas que, no final, se encontram, se fundem e tomam corpo. Assim:

A — Psicologia para o esporte Seria a Psicologia e seu mundo de pesquisas, experimentos, o traba­

lho prático, colocados a serviço do esporte "a serviço dêsse fenômeno social e pessoal que chamamos esporte" (Cagigal).

É claro que nessa conceituação estamos tratando daquele aspecto da Psicologia que tem por objetivo obter do atleta o máximo de rendimen­to; sua finalidade é fazer com que êle se torne mais produtivo, coisa que, dita assim, pode ferir ouvidos, pois deixa subjacente uma idéia comercial, quase que a desumanização dêsse homem tão excepcional fisicamente.

Tal classificação, ou tal meta se inclui em todos esses sistemas, que, desde a famosa experiência da Western Electric Co., vêm enriquecendo a Psicologia Industrial, servindo precipuamente à Ciência Administrati­va e aos administradores, embora de uso contínuo em qualquer grupo preocupado em elevar sua produtividade.

B — Psicologia Esportiva para o homem É o estudo do esporte como fenômeno humano. Todavia, aqui a co­

gitação já não é a produtividade, o rendimento, o trabalho; o que se de­seja, o que se almeja é melhorar o homem, por meio do esporte. Certa­mente que essa melhoria do esportista — chamemo-la terapia, canaliza­ção, sublimação, reajuste, reforma da personalidade, o que se quiser — acarretará, indiretamente, o aumento do rendimento e da produtividade.

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Na primeira categorização, o esporte é u m fim imediato por si mes­mo; na última, é u m meio para u m fim.

Se trabalharmos com a primeira conceituação, estaremos enquadran­do o esporte numa conceituação técnica. Aqueles que trabalhassem den­tro dessa finalidade, seriam os peritos em busca de elevação do coefi­ciente ergótico (à falta de termo menos pedante) .

A segunda maneira de encarar a Psicologia Esportiva seria a do filósofo, do professor, do sociólogo, do pensador, do estudioso, em suma, situado num ângulo em que coloque a teoria acima da prática.

Outro ponto de preocupação teórica que deve te r a Psicologia é uma definição exata do que ela deseja procurar no atleta.

Que faz o esportista ser êsse animal de exceção? Quando vemos mar­cas e mais marcas serem quebradas nos esportes individuais, quando ve­mos êsse fluir incessante de novos grandes cracks nos esportes coletivos, mormente no futebol e no basquete, perguntamos sempre: Como foi que isso aconteceu? Onde a explicação para tanta perfeição? Coisa nata? Adquirida? Mas, por que exceções tão discrepantes entre os grandes e a massa de medianos, que nasceram do mesmo modo, t reinaram nas mes­mas condições, foram alunos dos mesmos professores? Talvez o leitor diga que tudo isso é pergunta já feita e refeita. Concordamos e fazemo--la só para lembrar que o assunto, a inquietação e a dúvida voltam à tona no plano teórico, e também tocamos no tema por necessidade de meto­dologia. Abordando-o, dois psicólogos americanos — Cofer e John — con­cluíram que há suficiente evidência para apoiar a generalização de que o atleta excepcional pode ser descrito como a speciál breed.

Destarte, a Psicologia teórica tem de indagar: Que coisa é esta que se chama aptidão esportiva? Existe uma inteligência esportiva? Ou: não poderíamos forçar a criação do termo para explicar uma série de requi­sitos físicos, psíquicos, emocionais?

Certamente que à Psicologia Esportiva teórica deve interessar a cria­ção dêsse têrmo e procurar defini-lo, ou melhor, dividi-lo em comporta­mentos estanques.

A professora Anne Anastasi, em trabalho publicado no n.° 4/68 dos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, sob o título "Inteligência, sua ori­gem e natureza", ressalta como o conceito de inteligência está sendo mo­dificado em nossa cultura. A modificação se processa em duas direções: em primeiro lugar, as fronteiras da inteligência estão sendo estendidas para incluir mais aptidões não verbais; tal fato ocorreria em conseqüên­cia da progressiva mecanização de nossa cultura; na segunda coordenada há grande ênfase na criatividade e pensamento original.

Podemos dizer que a habilidade motora é um dos fatores básicos para definir o que se ousa chamar inteligência esportiva; e nela inclui­ríamos êsse poder criador a que se referiu a professora Anne Anastasi,

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mormente em certos esportes (futebol, basquete etc.) e na ginástica. Gênio inventivo, criativo, artístico, podemos dizer, seriam outros nomes mais bonitos e mais literários para definir a habilidade motora.

É ainda da professora Anastasi (Fordham University) êsse trecho lapidar: '*... As crianças das classes inferiores geralmente gozam de mais li­

berdade do que as das classes médias no que diz respeito ao comporta­mento motor. Essa diferença pode ajudar a explicar o desenvolvimento motor acelerado, que é freqüentemente encontrado nas crianças de ca­madas sociais inferiores. Em outros aspectos, no entanto, os lares das classes inferiores fornecem um ambiente mais repressivo e psicologica­mente menos saudável.

Vários estudos revelaram que as crianças de classes inferiores têm menos liberdade de comunicação com seus pais e mostram mais mêdo e sentimentos de rejeição deles do que as crianças de classe média. Em geral, certos aspectos da vida de familia das classes mais baixas são ca­pazes de minar a autoconfiança da criança e sua segurança emocional, e desencorajar seu desenvolvimento intelectual, É preciso ter-se em men­te, é clarq, que tôdas essas diferenças de classes representam somente ten­dências grupais. Lares individuais, em qualquer nível sócio-econômico, exibem grande variedade nas práticas repressivas e no clima psicológico que elas geram".

Para u m trabalho teórico e prático com o atleta brasileiro, quanta riqueza nessa contribuição da professora Anastasia. Ajuda-nos a entender por que nosso esporte mais difundido — o futebol — encontra nas clas­ses menos favorecidas seu inesgotável manancial, quer do ponto de vista quantitativo quer do qualitativo, e sobretudo nos dá elementos para com­preender por que nossos atletas, de modo geral, apresentam tantos casos de insegurança, com sérias implicações negativas no rendimento esportivo.

Recordemos que, no momento, universalmente, se aceitam cinco es­pécies de inteligência, ao lado da geral. Êsses cinco fatores são: inteli­gência ou raciocínio verbal (capacidade de trabalhar com palavras, con­ceitos e idéias); raciocínio numérico (dotação para a matemática em gera l ) ; raciocínio mecânico (capacidade de compreender e aplicar as leis e forças físicas, e de t rabalhar com mecanismos); inteligência espacial (poder de visualizar sólidos e estruturar; pensamento tridimensional); raciocínio abstrato (capacidade de pensar com elementos não facilmente expressos em palavras ou números).

Ao lado da habilidade motora, poder-se-ia pesquisar, para cada es­porte, a espécie de inteligência dominante, a mais exigida, quais os fa­tores de ordem teórica e prática com fronteira não bem definida entre os dois campos.

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Outros elementos que podem constituir a inteligência esportiva, já os abordamos na primeira contribuição, dent re as três, qué fizemos ao curso e ao livro Introdução à Moderna Ciência do Treinamento Despor­tivo (publicado pela Divisão de Educação Física do Ministério da Edu­cação e Cultura) . Recordemo-los: percepção, resistência, fôrça, coordena­ção (os educadores físicos conhecem, ex-cathedra, o valor dêsses três últi­mos fatores), atitude e certamente os traços de personalidade com domí­nio de si mesmo, controle emocional, espírito de iniciativa, equilíbrio, segurança, maturidade, noção de responsabilidade, disciplina etc. etc.

Com o objetivo de pôr ordem no estudo teórico da Psicologia Espor­tiva, poderíamos sugerir, entre outros, e a mero título de exemplo, os seguintes assuntos, cujo conhecimento é necessário para a aplicação da especialidade:

— Psicologia da Agonística; — Psicomotrícidade; — Dinâmica de grupos; — Psicologia da Personalidade; — Agressividade. Culpa e autopunição; — Motivação esportiva; — Fatores psicológicos envolvidos na competição (conscientes e in­

conscientes) ; — O esporte e suas implicações sócio-econômicas no mundo de hoje; — Amadorismo e profissionalismo; — Imprensa e outros meios de comunicação. Sua influência no es­

pectador; — Psicologia do treinador; — Psicologia do torcedor; — Patologia no esporte; — Preparo do atleta.

O que fizeram outros países para as Olimpíadas Tivemos contatos com psicólogos no México, já o dissemos. Diferen­

tes países adotam diferentes orientações no modo de o psicólogo traba­lhar com os atletas olímpicos. Em mais de um ponto há coincidência nos métodos, noutros não. Num particular todos estão de acordo, e fazemos questão de realçá-lo logo, de início, porque nos parece extremamente relevante e porque sabemos que muitos vão surpreender-se: o psicólogo

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deve estar com as equipes em prazo que varie de um a dois anos. Êsse o prazo ideal. Se na prática fôr impossível, pelo menos que seja igual ao tempo, de convocação.

Vamos transcrever, sumàriamente, o programa de trabalho dos psi­cólogos de dois países — Tcheco-Eslováquia e Estados Unidos — de ta­manhos diferentes, de estrutura social e política diversa e ambos com psicólogos de reconhecida capacidade e prestígio no cenário internacional.

O programa traçado pelo Dr. Miroslav Vanek (Professor na Univer­sidade de Praga) foi o seguinte:

I — Princípios Gerais A — O psicólogo ou grupo de psicólogos deve trabalhar sem exibi-

bicionismo; B — A missão fundamental é infundir confiança ao treinador, mé­

dicos e atletas; C — O psicólogo deve integrar o staff técnico da delegação e tra­

balhar em estreita colaboração com médicos, treinadores e di­rigentes. (O psicólogo Vanek esteve dois anos trabalhando com o grupo de atletas olímpicos.)

II — O Trabalho. 1. O psicólogo conversou com cada atleta, antes das Olimpíadas,

mostrando os objetivos de sua atividade, tudo com a finalidade de ganhar confiança.

2. O problema da alt i tude foi imediatamente focalizado. 3. O psicólogo tomou parte na organização dos treinos. 4. O psicólogo requisitou e levou 35 tapes de música tcheca, para

relaxação, 5. Estabeleceu u m programa sincronizando treino, refeição e música. 6. O treinador, em combinação com o psicólogo, se encarregou de

outras tarefas, além do treino. 7. O psicodrama. foi utilizado para resolver conflitos; alguns surgi­

ram, afetando a vida interpessoal em conseqüência dos fatores de mui ta gente e pouco espaço.

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8. A vida sexual dos atletas mereceu atenção especial: na primeira semana, o problema, obviamente, não surgiu, depois houve a in­

tensificação dos treinos para drenar e canalizar o excesso de ener­gia na área sexual.

9. A necessidade de regular as tensões: o método psicotônico (deri­vado do autógeno de Schultz) foi empregado em alguns casos, mormente antes das competições.

10. A psicoterapia verbal também foi usada. 11. O problema econômico: providências foram tomadas para não ha­

ver distinção, nesse campo, entre atletas bem e mal sucedidos. 12. O psicólogo colaborou com os médicos na utilização da farmaco-

tropos; em alguns casos, a título de píacebos, foi usado apenas açúcar, enganando-se o atleta, tudo com vistas ao perigoso exame da dopagem.

13. Alguns problemas que o atleta leva ao conhecimento do psicólogo devem ser comunicados ao treinador, para que êste oriente o trei­no de modo condizente com a situação emocional do esportista.

I I I — Par te recreativa a) Leitura de livros, sempre com fins felizes; b) Cerveja permitida, tanto mais que facilitava as relações inter­

pessoais; c) Quadros da Tcheco-Eslováquia foram afixados na parede, com o

intuito de evitar as crises de saudade; d) Foi preparada a comunicação com o país: jornais diariamente, te­

lefonemas, telegramas, rádio (êste foi usado 15 vêzes); Nota — Em virtude da situação política especial que atravessava a

Tcheco-Eslováquia, a informação quotidiana da vida polí­tica do país (comportamento dos estudantes e do Exército) assumiu aspecto especial para os atletas.

e) O psicólogo supervisionou a preparação de instruções sobre o Mé­xico: não só o problema de aclimatação como também o de com­pras: artigos, câmbio e t c ;

f) Os atletas realizaram, praticamente, todos os programas de turis­mo da cidade do México.

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IV — Testes usados O psicólogo Miroslav Vanek emprega os seguintes testes para exa­

minar os atletas: Matrizes Progressivas de Raven, Questionário 16 P F de Cattell, Mittenecker (parte de personalidade) e Eisenck.

V — Conclusões 0 Dr. Vanek (como é chamado dentro da delegação tcheca) apre­

sentou suas próprias conclusões, dizendo: 1 — Não sabe até que ponto seu trabalho foi bom e positivo. Se se

par t i r do número de medalhas ganhas, diz êle em tom irônico, deve ter sido positivo.

2 — Notou que o importante para o atleta é êle sentir-se em boa forma.

3 — Sentiu que, de modo geral, os atletas podem ser divididos em dois grupos:

1. " tipo: o atleta regular ou mediano: compete bem em especificar condições;

2. " tipo: o campeão: compete em qualquer condição. 4 — O psicólogo deve usar de todos os recursos possíveis para dar

auto-confiança ao atleta nos dias que precedem às competições (uma conversa foratuita e eventual, até em ônibus, sobre a família do atleta, é recurso válido num grupo esportivo).

5 — É necessária a interação entre psicólogo e treinador. 6 — Há atletas que, ao competirem, querem ganhar medalhas para

si, para os filhos e para a esposa. 7 — A discrição é cuidado permanente que deve ter o psicólogo. 8 — O psicólogo colaborou com os jornalistas, sem quebrar a já ci­

tada discrição mas procurando ao mesmo tempo, compreender que nor­malmente o jornalista está mais interessado na par te sensacionalista do que propriamente no trabalho do psicólogo.

Passemos agora a expor o trabalho dos psicólogos norte-americanos, onde se salientam e bri lham os professores Bruce Ogilvie e Thomas Tutko, ambos da Faculdade Estadual de São José, Califórnia (Ogilvie é além de professor, chefe do Departamento de Psicologia da aludida Faculdade).

Êsses professores, juntos, sozinhos, ou em combinação com outros psicólogos, têm inúmeras publicações e pesquisas sobre Psicologia Espor­tiva, atletas etc. Em nossa livro Psicologia Esportiva e Preparo do Atleta

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— Edição da Fundação Getúlio Vargas, 1967, fizemos ampla referência à pesquisa que realizaram com medalistas e não medalistas, nadadores participantes das Olimpíadas de Tóquio (1964).

A preocupação imediata dos psicólogos norte-americanos em relação aos atletas (mormente os nadadores) compreende quatro aspectos:

— Motivação; — Objetivos ou metas; — Aptidões para o treino (se compreende bem as instruções, se mos­

tra disciplina, noção de responsabilidade para o treino e t c ) ; — Assistência psicológica. Como se vê, a Psicologia Esportiva americana está muito voltada

para o conhecimento, da personalidade do atleta. Usam, de preferência, os seguintes testes: MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inven-tory) o Califórnia Personality Inventory, o Edwards Personal Preference Schedule, o Cattell 16 PF , o Maudsley Psychological Inventory.

De passagem, registremos como funcionam bem na cultura americana os testes tipo Questionário, aos quais o povo daquele país está habituado desde criança, desde a escola primária (No Brasil, de modo geral, os psicó­logos não sentem muito entusiasmo pelos testes dêsse tipo, preferindo aquêles em que o examinando não possa ser levado a escolher o que lhe parece mais correto, mesmo que não reproduza exatamente a característica individual).

Os psicólogos americanos fazem as seguintes observações de ordem prática:

a) os atletas, em geral, hão gostam de testes longos; b) em conseqüência, todo esforço deve ser feito para o emprêgo de

testes abreviados ou de elaboração de testes curtos; c) a observação direta ou indireta dos atletas pode ajudar muito, tal­

vez mais que os próprios testes; d) êsse sistema de observação pode ser mais eficiente, porque há

atletas que se mostram desconfiados ou suspeitosos em felação ao psicólogo e nem sempre oferecem todos os dados necessários, quer nos Inventários, quer na Entrevista;

e) ao atleta não agrada ser classificado, "deportam ented", e muito menos ser "descovered", isto é, não gosta que seu íntimo seja co­nhecido do psicólogo, ou de ninguém, já se vê;

f) alguns atletas tomam a iniciativa de procurar o psicólogo;

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g) ao atleta deprimido ou com problemas emocionais se oferece a liberdade de mudar de treinador ou até de programa de treina­mento.

Os psicólogos americanos dão, como dissemos, muita importância ao exame da personalidade do atleta, porque acreditam haver suficiente evi­dência de que existem "general sports Personalities" (Bruce Ogilvie em "Personality of high levei competitors"). Por meio da aplicação dos vários Inventários e demais testes psicológicos, o Prof. Ogilvie, talvez a maior figura da l i teratura da Psicologia Esportiva, nos Estados Unidos, afirma poder estabelecer a "personalidade futebol" ( rugby) , a "personalidade trei­nador", a "personalidade corredor de automóvel" etc. Acha êle que certos traços de personalidade recebem maior reforço dentro do mundo compe­titivo de atletas. Diz poder afirmar, com algum grau de certeza, que os es­portistas que conservam sua motivação para competir terão a maioria dos seguintes traços de personalidade: ambição, organização, respeito, domí­nio, resistência (endurance) e agressão. A maturidade emocional variará de mediana ao nível alto e será complementada por autocontrôle, autocon­fiança, coragem moral, convicção, inteligência e baixos níveis de tensão. Já autonomia, exibicionismo e afiliação são traços menos generalizados. Os traços de propensão assistencial, auxílio e necessidade de mudança apa­receram subdesenvolvidos nas várias amostras de treinadores e atletas.

É interessante conhecer as conclusões a que chegou o chefe da equipe de psicólogos norte-americanos, Prof. Bruce Ogilvie. Êle preparou um trabalho, cujo significativo título é Que é um atleta?. Em conversa pessoal conosco (outubro, 1968) autorizou a reprodução do sumário de seu inspi­rado estudo. Evitaremos a seqüência completa do texto dando realce apenas aos pontos mais importantes.

Diz êle que, para fazer-se a pergunta Que é um atleta?, necessitamos propor outras significativas indagações de considerável relevância antes de proceder com confiança. Precisamos definir nossa população, diz êle, em termos de sexo, esporte específico, idade do participante, nível de status acadêmico, nível da realização atlética, amadora, profissional ou interuni-versitária. Devemos ser cuidadosos e dar a devida atenção aos estudos de transculturação, fazendo uso de instrumentos similares ou idênticos.

Onde o processo de seleção de estudante é semelhante, como o da Aca­demia da Fôrça Aérea, da Universidade da Califórnia em Berkeley e Stan-ford, a analogia de perfis aumenta acentuadamente. As amostras da Facul­dade Estadual da Califórnia apresentam perfis que diferem, em certos tra­ços básicos, como autonomia, auto-humilhação, agressão e necessidade de amparo, mas ainda permanecem muito idênticos para outras importantes dimensões da personalidade. O atleta profissional parece diferrir significa­t ivamente somente em grau, e quando essas finalidades estão presentes em suas personalidades.

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Quando se considera a estrutura da personalidade de competidores fe­mininos, são encontradas muito mais semelhanças que diferenças. As nada­doras olímpicas britânicas, as tenistas de qualquer categoria se assemelham em alto grau, às educadoras físicas. Os mais recentes dados obtidos a res­peito de nadadoras americanas (as que competem) sugerem, acentuada-mente, a semelhança de traços de personalidade entre elas e a totalidade do grupo, tomado por idade. Tornam-se cada vez mais semelhantes à medida que, aumenta a idade e, tal como as nadadoras britânicas, parecem-se com os nadadores olímpicos nos mais importantes requisitos, essenciais ao sucesso na" competição.

Em termos de probabilidade de previsão acuradora, eis as afirmações que podem ser feitas a respeito de atletas competidores:

O competidor masculino é uma pessoa básica e emocionalmente sadia, que tende para a extroversão. Tem coragem moral, auto-afirmação, auto­confiança e elevada capacidade de resistir (to endure) ao stress de compe­tição em alto nível. Opera com baixo nível de ansiedade e pode ajustar seu nível pessoal de tensão adequadamente ao nível de stress que deve en­frentar. Aprendeu meios eficientes para canalizar a tensão crescente, mo­tivadas pela competição de alto nível. É pessoa que estabelece suas metas e para os outros. Tem grande fôrça (endurance) psicológica e tende a ser dominante; é o tipo que "toma conta" de outros, sem contudo procurar liderança. Ademais, sente-se livre para expressar suas naturais tendências agressivas, aliadas à elevada necessidade de convivência social (afiliação). Fundamentalmente, é organizado, gosta de ordem, com baixa tendência a agir impulsivamente. A mais generalizada afirmação é a de que se trata de pessoa extremamente sensível, que pode encontrar um sentimento de satisfação em sua participação na vida.

Ademais, quando o competidor masculino sobe a escada do sucesso, passando de amador a profissional, muitos desses traços se intensificam. Torna-se menos interessado pelos outros, pouco se preocupa com as moti­vações das pessoas, nem se sente inclinado a querer desempenhar o papel de assistente social. As necessidades exibicionistas parecem decrescer, como também as de apoio e as de ser ajudado. As necessidades de domínio e liderança revelam tendência para tornar-se elevadas com o tempo, nos esportes competitivos.

Embora limitados os dados a respeito de atletas femininos já mostram traços altamente coincidentes com os masculinos. A exceção, presume-se, é que elas são menos extrovertidas, porém possivelmente mais estáveis, mo­ralmente corajosas e tão capazes quanto os atletas olímpicos de dominar as situações de stress. Dão índice baixo de neuroticismo, são de independência maior mas menos criativas; outrossim, aparecem como mais impulsivas, menos dominantes, agressivas, auto-humilhantes todavia mais assistenciais. A análise dos diferentes grupos de idade, dentre as nadadoras, sugere, for­temente, a ocorrência de mudanças positivas com o tempo (é possível que as competições tenham contribuído para as mudanças observadas).

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Eis os pontos extremos do dilema: 1 — Parece haver tendências na nadadora (competidora) a tornar-se menos reservada à medida que sobe na escala competitiva. 2 — Há certa evidência de que a competição aumenta a estabilidade

emocional; ou, talvez, as menos estáveis, emocionalmente, são levadas a deixar o campo competitivo.

3 — As jovens de alto grau de segurança, tornam-se levemente menos firmes sob a disciplina do treino; ou moças com elevado índice de auto-afirmação acabam abandonando a natação competitiva.

4 — Parece haver dramática mudança no desenvolvimento da cons­ciência, à medida que as jovens sobem na escalada da competição; ou u m processo de eliminação ocorre sob a direção do treinador.

5 — Há significativa mudança da personalidade, no sentido de tornar--se muito mais corajosa moralmente e menos inclinada a aceitar a tolice; ou a criança deve tornar-se valente ou "cair fóra".

6 — Há mudanças muito dramáticas, que vão da extrema apreensão e tendência a preocupar-se à auto-segurança e autoconfiança. Será resultado do processo de "limpeza" ou estar-se-á construindo um personagem?

7 — Há sistemática redução da tensão e ansiedade com o aumento da idade; crianças do tipo ansioso elevado não podem suportar a pressão.

Lembramos, para encerrar esta parte, que os psicólogos americanos t rabalham exclusivamente com os nadadores, pelo menos até agora. Com­preende-se essa particularidade, se levarmos em conta vários problemas do panorama social e racial dos Estados Unidos e, sobretudo, porque, normal­mente, como aconteceu nas Olimpíadas de 68, os nadadores dão aos Es­tados Unidos mais ou menos 50% de suas medalhas de ouro. E não estamos considerando as de p r a t a . . . Ademais, têm tal massa de nadadores capazes que, através dos exames de personalidade, como que buscam uma seleção.

O conhecimento do atleta brasileiro deve ser preocupação permanente no trabalho de organização de um programa de preparação para as Olim­píadas. É necessário conhecer-se o background social, a motivação, as aspira­

ções, o espírito agonístico, o equilíbrio emocional, os traços de personali-.dade de cada atleta em cada esporte. Temos de nos situar, de estudar gru­pos, sociais, grupos humanos e grupos esportivos. É necessário estudar os melhores atletas, os de alta competição, os medianos e os fracos, a fim de se traçar um perfil padrão do atleta brasileiro.

O estudo da atleta, da mulher-esportiva é outro ponto fundamental. Todos sabem como é grande o número de mulheres medalistas (vá lá o neo-logismo) no cenário esportivo internacional de hoje. Nós, no Brasil, já tive-

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mos mulheres que obtiveram medalhas olímpicas. Todavia, nosso número de competidoras é irrisório. Assim, precisamos estudar também êsse campo e as atletas femininas.

Todos aquêles aspectos que enumeramos atrás como programa de co­nhecimento teórico da Psicologia Esportiva devem ser examinados, na prá­tica, no atleta.

Sobretudo, não esqueçamos que somos fundamentalmente latinos, e devemos ter presente essa idéia de Psicologia de latinos em nossos estudos.

Programa de atuação da Psicologia Esportiva no cenário brasileiro

Já antecipamos, diretamente ou nas entrelinhas, o que deve ser um programa de utilização da Psicologia na preparação olímpica.

Primeiro que tudo, há que se constituir o sistema: que queremos? Qual a nossa filosofia básica? Devemos imitar pura e simplesmente êsse ou aquêle país? Part iremos para o plano eclética? Evidentemente, adian­temos, esta última hipótese é a mais certa, num país de nossas condições.

, Ademais, deve-se ponderar que a Psicologia Esportiva é nova, ainda tem muito a construir, a ver e a corrigir.

O mais importante, obviamente, é sentir-se o de que necessita nosso atleta. Quais suas dúvidas? Fica muito ansioso nos treinos, às vésperas da competição, na hora de iniciar a contenda? Tudo isto exige tempo para observações, providências e conclusões.

Também constitui preliminar-de atuação do psicólogo ou grupo de psi­cólogos, no preparo olímpico, sua aceitação pelos dirigentes, pelos treina­dores, pelos atletas. '

A Psicologia visa ao auxílio, à ajuda do esportista; não tem a pretensão de ser o segredo da vitória. Pode demonstrar isso? Convencer aos que dela precisam, direta ou indiretamente?

Já seria grande vitória da Psicologia e, na verdade, o primeiro passo para seu êxito numa equipe, a compreensão, por par te de tôdas as cate­gorias profissionais, de que ela é útil, de que ela constitui a última ciência a serviço do esporte.

O primeiro ponto do programa, pois, de um psicólogo dedicado ao esporte, é saber convencer todos de que sua atuação não vem atrapalhar nem prejudicar, mas ajudar.

Depois vem a organização do trabalho específico. Que instrumentos usar? Sabemos que a Entrevista psicosocial é a arma número um do psicó­logo. Então, é preciso estabelecer, em cada caso, quem, além do atleta, deve ser entrevistado: se familiares, se seu treinador de agremiação, ou o

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da equipe. O psicólogo não deve ter pressa e, se necessário, convém fazer mais de uma entrevista (e veja bem que ainda não é o counselling, obvia­mente) .

De passagem, e antes que nos escape, já falamos em não se ter pressas, reiteremos que o psicólogo deve trabalhar pelo menos um ou dois anos, ou então durante todo o tempo de convocação, com os atletas. Êsse convívio é altamente benéfico, construtivo e constitui mesmo o fator decisivo de êxito da atuação do psicólogo.

Realizada a Entrevista, em que o psicólogo deve passar a conhecer a fundo os problemas do atleta, composição de família (quantas vêzes a in­dagação sobre uma. pessoa da família do atleta constitui excelente meio para consolidação do rapport entre Psicólogo e esportista) e tudo que fôr pessoal, deve-se part ir para os testes.

Quais? Aqui é que entra a necessidade de não imitação. Devemos fazer testes

de personalidade, com preferência os de natureza não verbal. Nem sempre nossos atletas têm muita instrução, embora no campo amadorístico o índice de instrução deva ser bem maior que entre os profissionais, não sendo, por isso, muito aconselhado o sistema de Inventários ou de Questionários. Ademais, como dissemos anteriormente, não temos a tradição de inquéri­tos, motivo por que, em muitos casos, podemos ficar em dúvida sobre a sin­ceridade de alguma resposta.

Nossa proposta é utilizar-se, para o exame de personalidade, além da entrevista, o PMK, o Coch e o Teste das 3 colunas de algarismo de Brosson. O Inventário de Cattell (16 PF) teria apenas a vantagem de comparação, já que vários outros países o empregam para examinar os atletas.

Se o psicólogo achar conveniente verificar a inteligência dos atletas, nossa sugestão é o Raven, ou o Dominó, ou IN.V.

Mas, a nosso ver, o trabalho fundamental do psicólogo é a parte assis-tencial, é o counsellinp, a ajuda permanente. O psicólogo tem de mostrar que nêle o atleta encontrará sempre o amigo, o companheiro mais velho e experimentado. O aconselhamento individual e em grupo (sensitive trai-ning, grupo T, qualquer que seja o nome) é procedimento dos mais reco­mendáveis com os atletas.

O psicólogo deve estar atento a dois aspectos: 1) se o PMK indicar disritmia (ou arritmia, como quei ram) , convém pedir imediatamente o Eletroencefalograma; 2) se ao psicólogo parecer que o desajuste de algum

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atleta transcende a área da normalidade, enfim, se o quadro é de neurose deve, obviamente, encaminhá-lo ao psicoterapeuta.

A utilização do método de regularização psicotônica (De Winter, Hombravella, Vanek e Cabot-Boix), ou mesmo o de Schultz, é outra preo­cupação válida por parte, do psicólogo; mas êle deve, nesse caso, seguir a orientação do médico e com êle colaborar. Enfim, o trabalho deve ser dos dois profissionais, sob o comando do médico.

Em resumo, o trabalho do psicólogo, no preparo olímpico, compreende: a) esforço para que dirigentes, treinadores, médicos, atletas, imprensa

e público aceitem a Psicologia Esportiva; b) colaboração estreita com o treinador; c) trabalho e convívio com os atletas; d) os instrumentos devem ser, de preferência:

— Entrevista psicosocial, — Raven, — PMK, — Hoch, . — Três colunas de algarismo,

' — Outros, como o Rorschah e o TAT, se fôr o caso; e) counselling; f) conduzir a tratamento, quando o caso o exija.

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ATLETISMO

Nelson Barros

A história do atletismo cònfunde-se com a própria história dos despor­tos. Para irmos além, diríamos até que se confunde com a história de alguns povos da antigüidade, como os antigos gregos, em cuja formação as ativi­dades atléticas tinham cunho educativo, de preparação para as guerras, que tem sido, apesar de um mal, a tônica de tôdas as eras. Se assim o foi, mais o será na sua comparação com os Jogos Olímpicos. Com o atletismo nasceram os Jogos Antigos, mais precisamente com a corrida do Estádio, isto é, o trecho em linha reta existente nele e que era de 192,27 m.

Daí para cá, a evolução havida foi sempre paralela entre ambos. O atle­tismo servindo-se das Olimpíadas para sua codificação e èstas tendo-o como sua "principal atividade, a expressão máxima do movimento olímpico, mesmo agora, quando tantas outras atividades fazem parte da Grande Festa.

Desde 1963, quando foi eleita a cidade do México como séde dos Jogos de 68, imperava no mundo uma. curiosidade inusitada. Seria sem dúvida uma disputa especial. A grande interrogação apontava para a altitude. Para alguns, seria temerária a realização de competição desta envergadura nos 2.240 metros acima do nível do mar. Outra dúvida era a capacidade de organização do país asteca. A primeira Festa Olímpica da América L a ­tina causava certas apreensões.

Para o estudo do primeiro problema, reuniram-se os cientistas ligados ao desporto de todo o mundo. A fisiologia esportiva foi tôda revista e, desta feita, à base de teorias, comprovações e experimentações relacionadas ao esforço físico em níveis elevados. A par de muitas confirmações, novos conhecimentos trouxeram novas teorias, ditando normas para formas espe­ciais de treinamento. Já se via claramente nôvo avanço nos conhecimentos da fisiologia humana. As previsões aos poucos passaram a ser uniformes. Esperavam-se resultados muito bons nas provas de curta duração e maior sofrimento nas provas mais longas. Em função disso, ditou-se normas pa­drões para a aclimatação e a Vila Olímpica foi aberta três semanas antes da inauguração dos jogos.

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Porém, em tudo se imiscuía a outra questão. Estaria o México em con­dições de receber o mundo, preparando-lhe a Olimpíada após Roma e Tóquio?

Governo e povo deram-se as mão?, enfrentando o problema. E logo apa­receu um lema que não foi escrito: "Tiraremos do mundo a figura do mexi­cano sentado junto ao cacto, sob o seu sombrero". Iniciou-se um esforço titânico, em que a figura do jovem apareceu exponencialmente. Do mais óbvio ao mais requintado detalhe da organização, tudo foi previsto e pre­parado. E tivemos a grata satisfação de juntar-nos às milhões de vozes que aplaudiam o coroamento de um esforço tão grande. Foi com renovado orgulho que ouvimos as opiniões dos experts de todo mundo, quando elo­giavam as condições olímpicas de 68.

Foi sem dúvida uma grande vitória para o México. E certamente um exemplo para tôda a América Latina, que através daquele país, se impôs ao mundo como um continente adulto.

Locais de treinamentos e competições

Desde há alguns anos já se vem experimentando inovações para a subs­tituição do material das pistas de atletismo. Foram, entretanto, tentativas não convincentes e o carvão continuou imperando. Com o aparecimento nos Estados Unidos da América do Norte das pistas de material sintético, conseguiu-se a evolução desejada. Faltava apenas a comprovação nas gran­des competições internacionais. Isto foi feito em 1967 em Winnipeg, no Canadá, quando da realização dos Jogos Pan-Americanos. Foi o primeiro grande ensaio.

Acompanhando a evolução natural, o México preparou-se para a prova final. Apresentou não uma, mas seis pistas de TARTAN. Cinco delas, na Cidade Universitária, destinavam-se, durante os Jogos, a treinamentos. A outra está no Estádio Olímpico que também pertence à Universidade. Aí foram disputadas as provas.

Seis pistas completas de TARTAN em um conjunto, talvez represente hoje o que há de melhor no mundo. Foi um requinte todo especial que se deu ao esporte base.

A aprovação da nova pista é fato incontestável. O moderno campo dc atletismo, além dos benefícios que trouxe ao melhoramento técnico das diferentes provas, pode também ser considerado como a sala de visitas do complexo esportivo.

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AS COMPETIÇÕES

Depois das maravilhas de um dia de abertura dos X I X Jogos Olímpicos da Era Moderna, estava-nos reservada a grande jornada. Iniciou-se o atle­tismo.

A expectativa pela queda de muitos recordes era perfeitamente jus-. tificável, uma vez que nos pré-olímpicos realizados até setembro e nos

treinos dos primeiros dias de outubro já tinham sido suplantadas muitas marcas, que aguardavam apenas uma comprovação oficial. Isto viria, sem dúvidas, acontecer em dias próximos.

100 METROS RASOS — HOMENS

"A Rainha dos Jogos":

R. Mundial: 10,0s — Hary, A. Alemanha Ocidental — Zurique — 1960.

R. Olímpico e Mundial: 10,0s — Hays, R. — U.S.A. — Tóquio — 1964.

Nada menos de 66 atletas disputaram o ambicionado título de "O mais veloz do mundo". ^

1. as Eliminatórias — Dia 13-10-68, às 10,00 horas. v

2. as Eliminatórias — Dia 13-10-68, às 16,30 horas.

Até aqui estava igualada a .marca mundial dos 10,0s. A despeito de sua excelência, havia ainda uma insatisfação geral. O homem, não procura infinita da perfeição, sempre aspira a algo mais. E êste algo mais era a quebra da barreira dos 10,0s.

Três norte-americanos haviam registrado os 9,9s em competições an­teriores, sem entretanto, conseguir homologação.

. "O HOMEM CONTRA O TEMPO EM UMA CORRIDA QÚE DURA UM PEQUENO MOMENTO, MAS QUE V A L E A PENA VÊ-LA"

Verdadeiros relâmpagos os que competiram nas várias eliminatórias. Por exemplo, Charles Greene, de manhã, marcou os 10,0s, que não foram homologados porque o vento estava a 2,8 metros por segundo, quando o máximo permitido é de 2 m por segundo. À tarde, o mesmo atleta repetiu êsse tempo, e desta vez com validade. Greene foi um dos que registraram os 9,9s anteriormente citados. Além dêle, marcaram também 10,0s os cubanos Pablo Montes e Hermes Ramirez.

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Semifinais — Dia 14-10-68, às 16 horas.

Novamente foi feita a marca dos 10,0s, agora pelo norte-americano Jímmy Hines, que nas eliminatórias não havia aparecido com grande des­taque.

De 10,0 a 10,3s variaram os tempos dos 16 semifinalistas que competi­ram em dois grupos, de onde saíram os oito finalistas.

APROXIMA-SE O GRANDE MOMENTO. Hines, a "Flexa de Ébano", rompe a barreira.

Final — Dia 14-10-68, às 18 horas.

Jimmy Hines voltou a repetir sua façanha de 20 de junho, na Califór­nia, quando registrou 9,9s para os 100 metros rasos. Desta vez, com vento regular de 0,3 metros por segundo, mostrou ser o homem mais veloz do mundo em uma corrida sensacional. Até a metade da prova não havia des­taque para ninguém. Daí para a frente, Hines separou-se dos demais e foi para a vitória. O segundo e o terceiro colocados, marcando 10,0s, criaram a dúvida de classificação, que, por fim, foi decidida a favor de Miller em segundo e Greene em terceiro.

Mel Pender, o terceiro herói dos 9,9s, em Sacramento, Califórnia, ter­minou essa final em sexto lugar.

1.° lugar Jimmy Hines U.S.A. 9,9 s 2.o Lennox Miller Jamaica 10,0 s 3.° » Charles Greene U.S.A. 10,0 s 4.° Pablo Montes Cuba 10,1 s 5.° Roger Bambuck França 10,1 s 6.o » Mel Pender U.S.A. 10,1 s-7 ° Hary Gerome Canadá 10,1 s 8.o Jean Ravelomanantsoa Madagascar 10,2 s

ARREMESSO DO PÊSO — HOMENS

R. Mundial: 21,78m — Maston, R. — U.S.A. — Texas — 1967.

R. Olímpico: 20,33m — Long, D. — Ú.S.A. — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 13-10-68, às 10,00 horas.

Já aqui apareceu uma grande marca. Foi a primeira de uma série que viria cognominar'os Jogos do México como a Olimpíada dos Recordes. Randy Matson, o gigante americano, que ostenta o recorde mundial da prova, foi o décimo arremessador. Em sua primeira tentativa, estabeleceu a marca de 20,68 m, pondo por terra o recorde olímpico.

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Final — Dia 14-10-68, às 15,30 horas.

Essa final veio confirmar a superioridade de Matson, que, apesar de não confirmar sua marca de classificação, se consagrou campeão olímpico.

1 o lugar Randy Matson U.S.A. 20 54 m 9 O >t George Woqds TT q A 9fl 19 m

3.° tt Edward Gushchin Rússia 20,09 m 4.° tt Dieter Hoffmann Al. Oriental 20,00 m

5.° u David Maggard U.S.A. 19,43 m

6.° » Wladislaw Komar Polônia 19,28 m

7.° n Uwe Grabe Al. Oriental 19,03 m

8.° tt H. Birleubach Al. Ocidental 18,80 m

ARREMESSO DO DARDO — DAMAS

R. Mundial: 62,40m — Gorchakova — Rússia — Tóquio

R. Olímpico: 62,40m — Gorchakova — Rússia — Tóquio

Classificação — Dia 13-10-68 às 10,30 horas.

Final — Dia 14-10-68, às 15,30 horas.

Com 60,36m, Ângela Nemeth, da Hungria, sagrou-se campeã olímpica, vencendo Michaela Penes, da Romênia. A marca de Nemeth, apesar de boa, foi inferior à da atleta russa feita em 1964.

1.° lugar Nemeth, A. Hungria 60,36 m 2.° ii Penes, M. Romênia 59,92 m

3.° ti Jano, E . Austrália 58,04 m 4;° 1) Rudas, M. Hungria 56,38 m

5.° H Jaworskai, D. Polônia 56,06 m 6.° tt Urbaneic, N. Iugoslávia 55,42 m

7.° 11 Koloska, A. Al. Oriental 55,20 m

8.° tt Launela, K . Finlândia 53,96 m

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— 1964.

— 1964.

400 METROS SÔBRE BARREIRAS — HOMENS

R. Mundial: 49,ls — Cawley — U.S.A. — Los Angeles — 1964.

R. Olímpico: *49,3s — Davis — U.S.A. — Roma — 1960.

R. Mundial não homologado: 48,8s — Vanderstock — U.S.A. — South Lake — 1968.

Eliminatórias — Dia 13-10-68, às 15,00 horas.

Semifinais — Dia 14-10-68, às 15,00 horas.

Nas séries eliminatórias e semifinais, destacaram-se os seguintes resul­tados: o campeão da Alemanha Ocidental, Gerard Hennig, estabeleceu nôvo recorde olímpico e igualou o mundial com 49,ls. Classificou-se tam­bém Ron Whitney, da Inglaterra, com 49,3s. O italiano Frinoli, marcando 49;2s na primeira série, estava também entre os favoritos, assim como G. Vanderstock dos Estados Unidos da América do Norte, que fêz 49,2s.

Um resultado também digno de nota foi o do argentino Juan Carlos Dryzka, que, com 49,8s, bateu o recorde sul-americano, sem, entretanto, conseguir classificação para a final.

Ainda em uma das semifinais, Whitney, em duelo com o alemão Schu-bert, que fêz 49,ls, estabeleceu a marca de 49,0s, o que, até aqui, já repre­sentava nôvo recorde mundial.

Final — Dia 15-10-68, às 17,35 horas. '

Novamente é melhorado o recorde mundial, com marca sensacional.

1.° lugar David Hemery Inglaterra 48,1 s n RO e M 2.° » Gerhard Hennige Al. Ocidental 49,0 s 3.° Jonn Sherwood Inglaterra 49,0 S :

4.o » Geff Vanderstock U.S.A. 49,0 s 5.° tt Viachsslav Skomarokhov Rússia 49,0 s 6.° tt Ron Whitney U.S.A. 49,2 s 7.° » Rainer Schubert Al. Ocidental 49,2 s 8.° Roberto Frinoli Itália 50,1 s

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SALTO EM EXTENSÃO — DAMAS

R. Mundial: 6,76m — Rand, M. — Inglaterra — Tóquio — 1964. .

R. Olímpico: 6,76m — Rand, M. — Inglaterra — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 13-10-68, às 15,00 horas.

Essa prova de classificação apontou Heide Rosendahl, que fêz a me­lhor marca, com 6,54m, e sua companheira Becker como as favoritas. Havia também a considerar a presença da romena Viscopoleanu, que em-Tóquio foi a quinta colocada, com a marca de 6,35m, e da inglesa Sherwood, que pretendia repetir a façanha de sua companheira Mary Rand.

Final — Dia 14-10-68, às 16,00 horas.

Caem as marcas olímpicas e mundial.

1.° lugar Viscopoleanu, V. Romênia 6,82 m 2.° >> Sherwood, S. Inglaterra 6,68 m 3.o » Talysheva, T. Rússia 6,66 m 4 ° »» Wieczorek, B. Al. Oriental 6,48 m 5.° >» Sama, M. Polônia 6,47 m 6 ° >» Becker, I. .. Al. Ocidental 6,43 m 7.° j i Berthelsen, B. Noruega 6,40 m 3.o >> Rosendahl, H. Al. Ocidental 6,40 m

800 METROS RASOS — HOMENS

R. Mundial: lm44,3s — Snell — Nova Zelândia — Nova Zel. — 1962.

R. Olímpico: lm45,ls — Snell — Nova Zelândia — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 13-10-68, às 15,30 horas.

Com o tempo de lm46,ls, Kiprugut, de Quênia, apareceu como favorito da prova, iniciando assim a magnífica atuação que tiveram os africanos nas provas de corridas. O segundo melhor tempo foi o do alemão Kemper, com lm46,9s.

Semifinais — Dia 14-10-68, às 16,20 horas.

Duas foram as semifinais com a classificação dos« quatro primeiros para a final. Na segunda, o duelo entre Ralph Doubell, da Austrália, e Kiprugut, que marcaram, respectivamente, lm45,7s e lm45,8s, fêz antever o que seria a luta do dia seguinte.

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Final — Dia 15-10-68, às 18,10 horas.

Do encontro Doubell — Kiprugut resultou a quebra do recorde olímpi­co e foi igualado o mundial. Isso se deveu muito ao excelente ritmo apre­sentado por Doubell, que agora se ombreia com seu compatriota Snell.

1.° lugtr Ralph Doubell Austrália lm44,3 s n RO e M. 2.° Wilson Kiprugut Quênia Im44,5 s 3.° Thomas Farrell U.S.A. lm45,4 s 4.° ii Walter Adams Al. Ocidental lm45,8 s 5.° »» Josef Plachy Tcheco-Eslov. lm45,9 s 6.° n Dieter Fromm Al. Oriental lm46,2 s 7.° ii Thomas Saisit Quênia lm47,5 s 8.° i* Benedict Cayenne Trin. Tobagcr lm54,3 s

10.000 METROS RASOS — HOMENS

R. Mundial: 27m39,4s — Clarke, R. — Austrália — Oslo — 1965.

R. Olímpico: 28m24,4s — Mills — U.S.A. — Tóquio — 1964!

Com 41 atletas, deu-se a largada dos 10.000 metros. Grande era a expec­tativa em tôrno dessa prova, principalmente pela presença do recordista Ron Clarke e o duelo que se previa com os africanos de Quênia e Etiópia. Para os mexicanos, em particular, havia outra coisa a considerar. Martinez estava preparado para grande atuação.

Era a primeira prova de percurso longo e os nervos estavam à flor* da pele. Por mais que se tenha estudado o problema da altitude e por me­lhor que tenha sido o preparo específico para tal, a dúvida era a tônica dominante, que se transformaria em incerteza de ritmo para os grandes corredores europeus. Afinal, levaram vantagem, os mais bem aclimatados, por circunstâncias especiais. Os três primeiros postos couberam aos afri­canos, também habitantes de regiões altas, e o quarto, ao mexicano. Valeu de igual modo o bom trabalho de equipe feito pelos de Quênia e Etiópia.

Naftali Temu obteve a vitória mosrando a excelência do seu preparo, Ron Clarke perdeu-se no jogo dos etíopes, para acabar em sexto lugar.

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1.° lugar Naftali Temu Quênia 29m27,4 s

2.° Mamo Wolde Etiópia 29m28,0 s 3.° Mohamed Gamoudi Tunísia 29m34,2 s 4 ° Juan Martinez México 29m35,0 s 5.° ii Nikolay Sviridov Rússia 29m43,2 s 6.° ii Ron Clarke Austrália 29m44,8 s 7.o . ii Ron Hill Inglaterra 29m53,2 s

8.° ii Wohio Maaresha ' Etiópia 29m57,0 s

100 METROS RASOS — DAMAS

R. Mundial: l l , l s — Kirzens tein — Polônia — Praga — 1965.

R. Olímpico: ll,2s — Tyus — U.S.A. — Tóquio — 1964.

l.as Eliminatórias — Dia 14-10-68, às 10,00 horas.

As três norte-americanas, Tyus, Baile e Ferrei, com o tempo de ll,2s, igualaram, nessas primeiras eliminatórias, suas marcas à do recorde olím­pico, destacando-se como favoritas.

2 as Eliminatórias — Dia 14-10-68, às 15,30 horas.

A . polonesa Kirszenstein, que havia sido desclassificada do salto em extensão, onde mantinha grandôs esperanças, correu a segunda elimina­tória em 11, ls, igualando-se assim ao recorde do mundo. A australiana R. Boyle e Baile, dos Estados Unidos da América do Norte fizeram marcas iguais ao recorde olímpico.

Ainda na segunda eliminatória apareceu o melhor tempo feito em todas as eras, quando a americana W. Tyus correu a prova em ll,0s. Esse tempo não pôde ser homologado pelo fato de o vento estar mais forte que o regulamentar.

Semifinal — Dia 15-10-68, às 15,00 horas.

Final — Dia 15-10-68, às 17,50 horas.

Do encontro das recordistas nasce outro recorde.

Tyus, que aos 23 anos se consagra bicampea olímpica, estabelecendo nova marca mundial de ll,0s para os 100 metros, considera-se velha para o atletismo e anuncia que largará o esporte para dedicar-se à decoração, que é a sua profissão.

205

1.° lugar Tyus, W. U.S.A. 11,0 s n RO e M. 2.° Ferrei, B. U.S.A 11,1 s 3.° » Kirszenstein, I . Polônia 11,1 s 4 ° Boyle, R. Austrália 11,1 s 5.° w Baile, M. U.S.A. 11,4 s

6.° •1 Burge, 0. Austrália 11,4 s

7.° tt Chi, C. Formosa 11,5 s 8.° tt Cobian, M. Cuba 11,6 s

SALTO COM VARA

R. Mundial: 5,38 m — P. Wilson — U.S.A. — Bakersfield — 1967.

R. Olímpico: 5,10 m — F. Hansen — U.S.A. — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 14-10-68, às 10,00 horas.

Ultrapassar os 4,90 m era a exigência para a classificação nessa prova, o que conseguiram quinze atletas.

Final — Dia 16-10-68, às 12,30 horas.

Sete horas haveria de durar a luta final do salto com vara, que se iniciou com 4,40 m. Na altura dos 4,35 m, Bob Seagren, que tinha a ter­ceira colocação por haver falhado nos 5,30 m, não realizou seus saltos, procurando, assim, num lance de tudo ou nada, arriscar diretamente a altu­ra dos 5.40 m. Isso lhe valeu a vitória. Bob Seagren ostenta um recorde não homologado de 5,41 m.

1.° lugar Bob Seagren U.S.A. 5,40 m n RO e M.

2.° >t Claude Schiprowski Al. Ocidental 5,40 m

3.° tt Wolfgtng Nordwig Al. Oriental 5,40 m

4.° a C. Papanikolau Grécia 5,35 m

5.° a J . Pennel U.S.A. 5,35 m

6.k tt G. Bliznetsov Rússia 5,30 m

7.° n H. D'Encausse França 5,25 m

6.° tt G. Bliznetsov Al. Ocidental 5,20 m

206

AREMÊSSO DO DISCO — HOMENS

R. Mundial: 66,54 m — Süvester — U.S.A. — Modesto — 1968.

R. Olímpico: 61,00 m — Oerter — U.S.A. — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 14-10-68, às 10,00 horas

O recordista mundial da prova estabeleceu, na série de classificação, novo recorde olímpico, ao fazer, em seu primeiro lançamento, 63,34 m. Doze atletas passaram a marca mínima de 58 m, classificando-se para a final.

Final — Dia 15-10-68, às 15,00 horas.

Alfred Oerter, norte-americano, pela quarta vez consecutiva, sagrou-se campeão olímpico, realizando feito jamais repetido por outro atleta.

Nessa final, cinco vêzes foi superado o recorde olímpico, num con­fronto dos melhores discóbulos do mundo.

1.° lugar Alfred Oerter U.S.A. 64,76 m n RO

2.° Lothar Wilde Al. Oriental 63,08 m

3.° Ludvik Danek Tcheco-Eslov. 62,92 m

4.° Manfred Losch Al. Oriental 62,12 m

5.° *i Jay Süvester U.S.A. 61,78 m

6.° ii Gary Carlsen U.S.A. 59,46 m

7.° a Edmund Piatkowski Polônia 59,40 m

8.° Djorn Bruch Suécia 59,28 m

400 METROS RASOS — DAMAS

R. Mundial: 51,9 s — Thin G. Dan — Coréia do Norte — C. N. — 1962.

R. Olímpico: 52,0 s — Cuthbert, B. — Inglaterra — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 14-10-68, às 10,40 horas.

Semifinal — Dia 15-10-68, às 15,00 horas.

As melhores marcas do ano de 1968 apareceram nas disputas das elimi­natórias e semifinais, com tempos que variaram de 52,5 a 54 s.

Final — Dia 16-10-68, às 17,00 horas.

Com resultados bem melhores do que nas eliminatórias e semifinais, a disputa dessa final proporcionou à professora francesa Bessen, C , de 22

207

anos, a oportunidade de sagrar-se campeã olímpica, com tempo igual ao recorde da prova.

1.° lugar Bessen, C. £ rança OZ,U S 1 liKJ

2.° " Beard, L . Tr» cria tp r i*a *í9 1 «

3.° " Pechenkina, N. Rússia dz,Z s 4,° " Simpson, J . Inglaterra 52,5 s 5.° " Penton, A. Cuba 52,7 s 6.° " • Scott, J . U.S.A. 52,7 s 7.° '** Henning, H. Al. Ocidenttl 52,8 s 8.° " Van Der Heeven Holanda 53,0 s

MARCHA ATLÉTICA — 20 QUILÔMETROS

R. Mundial: Ih29m05,0 s — V. Gelubnichy — Rússia.

R. Olímpico: Ih29m34,0 s — K. Matheus — Inglaterra.

Dia 14-10-68, às 16,50 horas.

Esperançosos estavam os nossos anfitriões. É que Pedraza, apesar do favoritismo dos russos, era apontado como forte candidato. E não faltou o entusiasmo do grande público mexicano. Dentro e fora do estádio, tôda a população aplaudia e parecia espiritualizar-se inteiramente no seu sar­gento. Depois de uma caminhada de 20 quilômetros entraram de volta ao tartan os dois russos, seguidos pelo mexicano, que, com esforço desespera­do, impulsionado também pela grande ovação popular, procurava passar para o primeiro pôsto. Metro a metro, aproximava-se de seus oponentes e, ao passar por Nikolay Smaja, mais uma vez encheu de esperanças os cora­ções mexicanos. Porém, na reta final, Vladimir Gelubnichy, reanimando-se, adquire mais rapidez definindo a prova a seu favor. Constituiu êste o maior feito olímpico do México.

Ih33m58,4 s

Ih34m00,0 s

Ih34m03,4 s

Ih35m00,2 s

Ih35m27,2 s

Ih36ml6,8 s

1. ° lugar Vladimir Gelubnichy Rússia

2. ° ** José Pedraza México

3. ° " Nikolay Smaja Rússia.

4. ° " Rodolfo Haluza . U.S.A.

5. ° " Gerhard Sperling Al. Oriental

6. ° " Otto Barch Rússia

208

3.000 METROS COM OBSTÁCULOS ( S T E E P L E CHASE)

R. Mundial: 8m26,4 s — Roelants — Bélgica — Bruxelas — 1965.

R. Olímpico: 8m30,8 s — Roelants — Bélgica — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 14-10-68, às 17,00 horas.

Final — Dia 16-10-68, às 17,00 horas.

Gaston Roelants, outro grande recordista mundial e olímpico, não conseguiu impor-se na prova de sua especialidade. Talvez tenha sentido um pouco mais a altitude da capital mexicana, à qual pagou seu tributo, terminando em sétimo lugar. Quênia, mais uma vez, mostrou suas ótimas condições, fazendo dupla com Biwott e Kogo. O primeiro, com caracterís­ticas bastante próprias e naturais, impressionou pela sua passagem no fôsso, completamente fora do comum. Do obstáculo, em vez de ir diretamente para baixo e cair na perna contrária à de apoio, fazia uma subida com técnica semelhante à do salto em extensão. Grande elevação, adiantamen­to dos quadris e queda na perna de apoio na barreira, davam-lhe não apenas a condição de sempre cair fora da água, como também um adiantamento que calculamos em, pelo menos, um metro em relação aos seus adversários. Era tôda a manifestação de naturalidade em uni corredor que nos pareceu altamente preparado para confronto com grandes campeões.

Nessa, como nas outras provas de médio e longo percurso, os quenia-nos procuraram sempre valer-se do trabalho de equipe de sua dupla. Boa orientação tática ou intuição, a verdade é que o resultado foi sempre positivo.

1.° lugar Amos Biwott Quênia 8m51,0 s

2.° »» Benjamin Kogo Quênia 8m51,6 s

3.o »» George Young U.S.A. . 8m51,8 s

4.° K. 0'Obrien Austrália 8m52,0 s

5.° Alex Morozov Rússia 8m55,8 s

6.o » Julev Mihail Bulgária 8m58,4 s

7.° Gaston Roelants Bélgica 8m59,4 s

8.° »> A. Riza Noruega 9m09,0 s

209

ARREMESSO DO DARDO — HOMENS

R. Mundial: 91,72 m — Pederson, T. — Noruega — Oslo — 1962.

R. Olímpico: 85,71 m — Danielsen, E . — Noruega — Melborne — 1956.

Classificação — Dia 15-10-68, às 10,00 horas.

Final — Dia 16-10-69, às 15,00 horas.

Três vezes foi superado o recorde olímpico numa prova bastante disputada, mas que, desde o início, confirmou o favoritismo do russo Lusis, que, em tôda a sua série de arremêssos, esteve perto dos 90 metros. Mais uma vez se repetiu a superioridade européia nessa prova.

1.° lugar Janis Lusis Rússia 90,10 m n RO.

2.° » Jorwa Kinnunen Finlândia 88,58 m

3.° Gergely.Kulcasr . Hungria 87,06 m

4.° ii Wladislav Nikiciuk Polônia 85,70 m

5.° i> Manfred Stelle Al. Oriental 84,42 m •

6.° ii Kar-Ake Nilson Suécia 83,48 m

7.° ii Janus Sidle Polônia 80,58 m

8.° ii V. Von Wartburg Suíça 80,56 m

200 METROS RASOS — HOMENS

R. Mundial: 20,0 s — Smith, T. — U.S.A. — Sacramento — 1966.

R. Olímpico: 20,3 s — Carr, H. — U.S.A. — Tóquio — 1964.

1. as Eliminatórias — Dia 15-10-68, às 10,30 horas.

2. as Eliminatórias — Dia 15-10-68, às 15,20 horas.

Semifinais — Dia 16-10-68, às 15,20 horas. < <

Final — Dia 16-10-68, às 17,50 horas.

Dezenove segundos e sete décimos (19,7 s) para os 200 metros rasos, é um tempo extraordinário, que, pouco antes desses jogos, foi feito por John Carlos, atleta norte-americano. Não tendo sido homologado, perdurou ex­pectativa até a ocasião dessa prova, pois o autor da façanha ali estava e com êle outro excelente corredor, o seu compatriota Tomy Smith.

Nas eliminatórias, Smith, com a marca de 20,2 s, já havia derrubado o recorde olímpico. A presença de outro grande astro, o australiano Peter

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Norman, valorizava grandemente êsse confronto, que realmente fui sensa­cional, onde o recorde mundial e o olímpico foram oficialmente para 19,8 s.

Entretanto, tudo isto passaria, logo depois, para comentários secundá­rios em virtude da eclosão de um fato que tomou as manchetes do mundo inteiro: Tommy Smith e John Carlos aproveitaram-se da solenidade de premiação olímpica para protestar contra a situação em que se encontram os negros em seu país. Foi quebra dos princípios olímpicos, que criou gran­de mal-estar para os desportistas de todo o mundo. Não nos cabe aqui ana­lisar os méritos e deméritos.

As conseqüências vieram com a expulsão dos dois desportistas. Os Jogos Olímpicos, que, desde antigas eras, têm sido um fator de grande força na intercomunicação humana, viram escrita mais uma página de sua fabulosa história. Daí para frente, seguiram-se outras manifestações de aparente menor importância, mas não de significado. O negro, uma das molas mestras do esporte mundial, fêz-se, com isso, mais presente, comen­tado e analisado. O certo é que outros problemas virão, e para nós despor­tistas resta a esperança de que o homem possa espelhar-se nos verdadeiros princípios do desporto para estabelecer melhor convívio. .

1.° lugar Tommy Smith U.S.A. 19,8 s n RO e M.

2.° " Peter Norman Austrália 20,0 s

3.° " John Carlos U.S.A. 20,0 s

4.° " Edwin Roberto Trinidad Tobtgo 20,3 s

5.° " Roger Bambuck França 20,5 s

6.° " Larry Questad U.S.A. 20,6 a

7.° " Michael Fray Jamaica 20,6 s

8.° " Jochen Eigenherr . Al. Ocidental 20,6 s

5.000 METROS RASOS — HOMENS

R. Mundial: 13 m 16,6 s — Clarke, R. — Austrália — 1966.

R. Olímpico: 13 m 39,6 s — Kuts, V. — Rússia — Melborne — 1956.

Eliminatórias — Dia 15-10-68, às 16,30 horas.

Final — Dia 17-10-68, às 17,20 horas.

Mohamed Gamoudi, um sargento do Exército da Tunísia, com o tempo de 14 m 05,0 s, sagrou-se campeão dessa prova numa luta bastante renhida

211

com o queniano Keino, já famoso pelos seus confrontos com o recordista mundial Ron Clarke. Clarke, que também participou da prova, desde a fase de treinamento, demonstrou grande dificuldade em aclimatar-se à altitude, não passando de um quinto lugar.

Os 5.000 metros caracterizaram-se pela insegurança de ritmo e, por isso, a variação na liderança da corrida foi freqüente. Finalmente, saiu ganhando o grupo africano, seguido do entusiástico quarto lugar do mexicano Mar-tinez.

1.° lugar Mohamed Gamoudi Tunísia 14m05,0 s

2.° Kipchege Keine Quênia 14m05,2 s

3.° ti Naftali Temu Quênia 14m06,4 s

4.° »» Juan Martinez México 14ml0,8 s .

5.° »> Ron Clarke Austrália ' 14ml2,4 s

6.° ii Wohid Masresha Etiópia 14ml7,6 s

7.° » Nikoltay Sviridov Rússia 14ml8,4 s

8.° F . Deguefu Etiópia 14ml9,0 s

110 METROS SÔBRE BARREIRAS — HOMENS

R. Mundial: 13,2 s — Lauer, M. — Al. Ocid. — Zurique — 1959.

— Calhoun, L . — U.S.A. — 1960.

— Mc. Collouen — U.S.A. — 1967.

R. Olímpico: 13,5 s — Calhoun, L . — U.S.A. — Melborne — 1956.

1. *s Eliminatórias — Dia 16-10-68, às 10,00 horas.

2. as Eliminatórias —- Dia 16-10-68, às 15,00 horas.

Semifinais — Dia 17-10-68, às 15,00 horas.

Final — Dia 17-10-68, às 17,00 horas.

A sempre emocionante prova dos 110 metros sobre barreiras, um dos domínios dos norte-americanos, voltou a ter dupla dos Estados Unidos. A Itália e a Alemanha, que nessa corrida também têm suas tradições, mos­traram, já nas eliminatórias, que estariam presentes à final, registrando, juntamente com os norte-americanos, os melhores tempos.

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1.° lugar Willie Davenport 2.o " Erwin Hall 3.° " Eddy Ottoz 4 ° " L . Coleman 5. ° " Werner Trzniel 6. ° " Boberick Forssander 7. ° " Mareei Duriez 8. ° " Pierre Schoebel

Suécia França França

Al. Ocidental

U.S.A. U.S.A. Itália U.S.A.

13,4 s 13,4 s 13,6 s 13.6 s 13.7 s 13,7 s 14,0 s

13,3 s N RO

SALTO TRIPLO

R. Mundial: 17,03 m — Schmidt, I . — Polônia — 1965.

R. Olímpico: 16,85 m Schmidt, I. — Polônia — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 16-10-68, às 10,00 horas.

Aqui tínhamos uma de nossas esperanças, que era Nélson Prudêncio. 16,10 m eram necessários para a classificação e ele, em uma de suas tenta­tivas, com o melhor salto de sua vida, foi a 16,46 m.

A sensação, entretanto, foi o italiano Giuseppe Gentile, que, em seu único salto válido e justamente quando não havia vento contra nem a favor, alcançou os 17,10 m, batendo o recorde mundial da prova.

Final — Dia 17-10-68, às 15,00 horas.

Uma seqüência de emoções; para nós brasileiros, veio, porém, em dose maior.

Gentile — 17,11 m — Prudêncio — 17,10 m Gentile — 17,22 m — Prudêncio — 17,27 m

e, finalmente, o russo Saneev, com 17,39 m, constituíram impressio­nante luta pela medalha de ouro no salto triplo, numa das competições mais acirradas destes últimos Jogos Olímpicos.

1.° lugar Victor Sannev Rússia 17,39 m n RO e M. 2.° " Nélson Prudêncio Brasil 17,27 m 3.° " Giuseppe Gentile Itália 17,22 m 4.° " Arthur Walker U.S.A. 17,12 m 5.° " Nikolay Dudkin Rússia 17,09 m 6.° " Philipp May Austrália 17,02 m

o. Josef Schmidt Polônia 16,89 m 8.° " Mansur Dia Senegal 16,73 m

213

Prudêncio — Salto Triplo — I7£7m

ARREMESSO DO MARTELO

R. Mundial: 73,76 m — Zivotski, G. — Hungria — Budapeste — 1968.

R. Olímpico: 69,74 m — Klim, R. — Rússia — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 16-10-68, às 10,00 horas.

Os 72,60 m, conseguidos por Zivotski na série de classificação, além de representarem queda do recorde olímpico, faziam antever ótimo resultado para a final. Treze atletas foram além da marca mínima exigida, que era de 66 m, e entre eles estava também o recordista olímpico Klim, que fêz a marca de 68,82 m, pouco inferior a Lazar Levasz, que conseguiu 68,96 m. Além desses, mais quatro atletas lançaram o martelo acima dos 68 m. Final — Dia 17-10-68, às 15,00 horas.

1.° lugar Gyula Zivotski Hungria 73,36 m n RO 2.° t> Romuald Klim Rússia 73,28 m

3.° n Lazar Levasz Hungria 69,78 m 4.° tt Takeo Sugawara Japão 69,78 m . 5.° tt Sandor Eckschimitd " Hungria 69,48 m 6.° • tt Gennady Kondras kov Rússia 69,08 m

7.° tt Reinhard Teihmer Al. Ocidental 68,84 m 8.° » Helmuth Baumann Al. Ocidental 68,26 m

SALTO EM ALTURA — DAMAS

R. Mundial: 1,91 m — Balas, I. — Romênia — 1961. .

R. Olímpico: 1,90 m — Balas, I. Romênia — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 16-10-68, às 10,00 horas.

Com a marca mínima de 1,74 m, classificaram-se doze atletas, entre elas a nossa Conceição Cipriano, que, para isso, teve de superar-se grande­mente, pois sua melhor marca até então era 1,70 m.

Final — Dia 17-10-68, às 15,00 horas.

Com 1,82 m, resultado que, apesar de distanciar-se dos conseguidos pela fenomenal Iolanda Balas, pode considerar-se bom, a tcheca Rezkova Milo, conseguiu sua medalha de ouro. Nossa compatriota não repetindo sua atua­ção da classificação, ficou em décimo lugar, com 1,71 m.

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1.° lugar Rezkova Mila Salva Tcheco-Eslováquia 1,82 m

2.° " Okorokova Antonina Rússia 1,80 m

3.° " Kosij Valentina Rússia 1,88 m

4.° " J . Valentova Tcheco-Eslováquia 1,78 m

5.° " K . Schulze Al. Oriental 1,76 m

6.° " M. I. Gusambauer Áustria 1,76 m

400 METROS RASOS — HOMENS

R. Mundial: 44,5 s — Smith, T. — V.S.A. — São José — 1967. '

R. Olímpico: 44,9 s — Davis, O. — U.S.A. — Roma — 1960.

1. a Eliminatórias — Dia 16-10-68, às 15,40 horas.

2. a Eliminatórias — Dia 17-10-68, às 15,20 horas.

Semifinais — Dia 17-10-68, às 18,00 horas.

Final — Dia 18-10-68, às 15,50 horas.

O I — 2 — 3 dos norte-americanos, que, em Olimpíadas passadas, foi tantas vezes repetido, apareceu aqui pela primeira"vez com um estupendo trio negro.

Lee Evans não parecia disposto para uma grande prova. Teve proble­mas emocionais, possivelmente ligados aos fatos anteriores, em que esti­veram envolvidos seus companheiros Tommie Smith e John Carlos. Com os olhos inchados e vermelhos, dirigiu-se para o estádio. No ônibus que o conduziu, ainda chorava, evitando conversar com os que procuravam con­solá-lo. Declarações de seu técnico admitiam três hipóteses: 1 — "Está esgotado por ter passado a noite discutindo sôbre a crise que se criou com a expulsão dos seus amigos." 2 — "Houve uma briga no pavilhão norte-americano." 3 — "Está doente e totalmente desanimado."

Entretanto, é fácil adivinhar a verdadeira causa. O abalo emocional deve ter sido grande para todos os componentes da equipe norte-america­na, principalmente para os negros, como o foi, à distância, para todos nós.

Pois bem, chegado o momento da largada, Evans disparou em sur­preendente "sprint" e daí foi para uma das marcas mais difíceis de tôda a história* do atletismo. Registrou 43,8 s. Seus companheiros James e Free-man vinham logo atrás, em bloco compacto dos demais concorrentes. Na segunda curva, destacaram-se e foram para 43,9 e 44,4 s, respectivamente, o que representou o 1 — 2 — 3 mais espetacular, pois superaram os re­cordes mundial e olímpico.

216

Aí, novamente, se evidencia o grande poderio atlético já despontado nos países africanos.

Os 45,0 s do senegalês Gakou, quarto colocado, e a presença de um etíope, Bezabeh, no sexto lugar, são provas evidentes.

1.° lugar Lee Evans U.S.A. 43,8 s n RO e M.

2.° » Larry James U.S.A. 43,9 s 3.° tt Ronald Freeman U.S.A. 44,4 s

4.° tt Amadori Gakou Senegal 45,0 s

5.° II Martin Jellingshaus Al. Ocidental 45,3 s

6.° íl Tegene Bezabeh Etiópia 45,4 s

7.° 1» Andzeg Badenski Polônia 45,4 s

8.° 1» Amos Omolo Uganda 47,6 s

200 METROS RASOS — DAMAS

R. Mundial: 22,7 s — Kirszenstein, I . — Polônia — Varsóvia — 1965.

R. Olímpico: 23,0 s — Mc. Guire, E . — U.SA..'— Tóquia — 1964.

Eliminatória — Dia 17-10-68, às 10,00 horas.

Semifinais — Dia 17-10-68, às 16,00 horas.

Nova torrente de recordes confirma a excelente condição em que se apresentaram os concorrentes desses jogos. Irena Kirszenstein, da Polônia, ratificou sua supremacia na distância.

1.° lugar Kirszenstein, I . Polônia 22,5 s n RO e M.

2.° " Boyle, R. Austrália 22,7 s 3.° " Lamy, J . Austrália 22,8 s 4.° " Ferrell, B. U.S.A. 22,9 s

5.° " Montandon, N. França 23,0 s

6.° " Tyus, W. U.S.A. 23,0 s

7.° " Bailes, M. U.S.A. 23,1 s

8.° " Stock, J . Al. Ocidental 23,2 s

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ARREMESSO DO DISCO — DAMAS

R. Mundial: 62,57 m — Westermann, L . — Al. Acid. — Werdohl — 1968.

R. Olímpico: 57,27 m — Press, T. — Rússia — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 17-10-68, às 10,00 horas.

Final — Dia 18-10-68, às 15,30 horas.

Lisel Westermann era por nós olhada com especial carinho, pois, além dos laços que cada vez mais nos unem ao atletismo alemão, havia o fato de ela ter conquistado o seu primeiro recorde mundial em um de nossos campos, o do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. Não conseguindo, porém, melhores resultados, ficou em segundo lugar, cedendo à romena Manoliu a medalha de ouro. Ambas, entretanto, melhoraram a marca olímpica.

1.° lugar Manoliu, L . Romênia 58,28 m n RO 2.° " Westermann, L . Al. Ocidental 57,76 m

3.° " Kleiber, A. Hungria 54,90 m

4.° " Otto, A. Al. Oriental 54,40 m.

5.° " Popova, A. Rússia 53,42 m

6.° " Connolly, O. U.S.A. 52,96 m

7.° " Spielberg, C. Al. Oriental 52,86 m

8.° " Berendonk, B. Al. Ocidental 52,80 m

SALTO EM EXTENSÃO — HOMENS

R. Mundial: 8,35 m — Boston, R. U.S.A. — Modesto — 1965.

R. Olímpico: 8,12 m — Boston, R. — U.S.A. — Roma — 1960. Classificação — Dia 17-10-68, às 10,30 horas.

Ralph Boston, a figura marcante da história do salto em extensão, uma vez mais, disse "Presente", e na série de classificação melhorou seu re­corde • olímpico para 8,27 m. Igor Ter Ovanesyan, seu costumeiro rival, apenas se classificou, mas sem grande expressão.

Final — Dia 18-10-68, às 17,30 horas.

Havia um Beamont, outro negro norte-americano, que, em suas atua­ções anteriores, se mostrara possuidor de condições para enfrentar os me­lhores do mundo.

218

Iniciada a fase final, Beamont, em seu primeiro salto, surpreendeu o mundo atlético com o resultado de 8,90 m. Tão inacreditável e surpreen­dente, que poucos dos presentes no Estádio Olímpico puderam vê-lo (a prova apenas se iniciava); tão inesperado, que o aparelhamento utilizado para a medição dos saltos, tipo teodolito, não pôde ser usado: a barra horizontal não alcançava tal distância e os juizes viram-se obrigados a re­correr a uma trena. O próprio Beamont surpreendeu-se, a ponto de somente realizar mais um salto e isso depois de ter chorado e beijado o solo. Suas declarações: "Beijei o solo e chorei porque aterrizei com tôda a felicidade."

Tecnicamente o salto de Beaipont não apresentou novidades, mas, sim, total aproveitamento de todos os princípios básicos já conhecidos. Foi exe­cução realmente feliz, que pressupõe uma das marcas mais difíceis de ser superada. Daí para frente a prova perdeu em emoção, pois tôda ela se havia concentrado naqueles poucos segundos. *

1.° lugar Robert Beamont U.S.A. 8,90 m N RO e M. 2.° Klaus Beer Al. Oriental 8,19 m 3 ° » Ralph Boston U.S.A. 8,16 m 4 ° i> I. Ter Ovanesyan Rússia 8,12 m 5.° »» Tynu Lepik Rússia 8,09 m 6 ° » Allen Crawley Austrália 8,02 m 7.° Jack Pani França 7,97 m 8.° » Adrezej Stalmach Polônia 7,94 m

800 METROS RASOS — DAMAS

R. Mundial: 2m01,l s — Packer, A. — Inglaterra — Tóquio — 1964.

R. Olímpico: 2m01,l s — Paeker, A. — Inglaterra — Tóquio — 1964.

Eliminatória — Dia 17-10-68, às 11,00 horas.

Nossa esperança nos 400 e 800 metros, Irenice Maria Rodrigues, não teve oportunidade de pôr à prova suas condições. Por questões disciplina-res, foi desligada da delegação. Lastimável. Talvez tivesse feito boa figura. Semifinais — Dia 18-10-68, às 16,40 horas.

O melhor tempo das semifinais foi o de 2m05,l s, da holandesa Maria Gommes. Duas foram as séries que apontaram as 8 finalistas.

219

Final — Dia 19-10-68, às 17,50 horas.

Madeline Mannlng, americana do norte, que nas séries anteriores ainda não havia mostrado tôda a sua pujança, surpreendeu com a nova marca mundial e olímpica de 2m00,9 s. 1 o lugar Manning, M. TT C A £iIllUU,tJ â 11 C 1*1.

2." » Silai, I. xtomema 611106,0 S

3.o i i Gommes, M. Holanda 2m02,6 s

4.° »t Taylors, S. Inglaterra 2m03,8 s

5.° Brown, D. U.S.A. 2m03,9 s

6.° i i Lowe, A. Inglaterra 2m04,2 s

7.o Hoffmann, A. Canadá 2m06,8 s

8.° Dupureur, M. ' França 2m08,2 s

MARCHA ATLÉTICA — 50 QUILÔMETROS

R. Mundial: 4hl0m51,8 s — Hohne, C. — Alemanha Oriental. R. Olímpico: 4hllml2,4 s — Pemich, A. — Itália.

Dia 17-10-68, às 14,20 horas. , • Essa prova, que para nós brasileiros tem despertado pouco interesse

e não recebe aqui o mínimo cultivo, está entre as "duríssimas". Seu incre­mento maior sempre esteve na Europa o ocasionalmente aparece nos Es­tados Unidos. O México, que fêz boa figura nos 20 quilômetros, apresentou-se com o mesmo Pedraza. Naturalmente, êle haveria de ressentir-se ainda do cansaço da prova anterior. Sabia-se também que esta não é sua melhor prova. Sendo o único atleta a completar as duas marchas, ficou em oitavo lugar. O recordista mundial não teve dificuldade para terminar com a medalha de ouro.

1.° lugar Christophe Hohne Al. Oriental 4h20ml3,6 s

2.° " Antal Kies Hungria 4h30ml7,0 s 3.° " Larry Young U.S.A. 4h31m55,4 s

4.° " Peter Selzer Al. Oriental 4b33m09,8 s

5.° " S. Lindberg . Suécia 4h34m05,0 s 6.° " Vittorine Visine Itália 4h36m33,2 s 7.° " Brian Eley Inglaterra 4h37m32,2 s 8.° " José Pedraza México 4h37m51,4 s

220

80 METROS SÔBRE BARREIRAS — DAMAS

R. Mundial: 10,3 s — Press, I. — Rússia — Tblisi — 1965.

R. Olímpico: 10,5 s — Balzer, K. — AI. Ocid. — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 17-10-68, às 16,20 horas.

Os 10,4 s da australiana Kilborn representaram nôvo recorde. Karin Balzer classificou-se com 10,7 s.

Semifinais — Dia 18-10-68, às 15,00 horas.

Final — Dia 18-10-68, às 16,20 horas.

Maureen Caird, da Austrália, que nas séries anteriores havia feito 10,6 s, melhorou o recorde olímpico, alcançando o mundial.

1-° lugar Caird, M. Austrália 10,3 s N RO i M. 2.° " Kilborn, P. Austrália 10,4 s

3.° " Chi, C. Formosa 10,4 s

4.° " Van Wolvelaere, P. U.S.A. 10,5 s 5.° " Balzer, K. Al. Ocidental 10,6 s

6.° " Siraszynska,. D. Polônia 10,6 s

7.° " . Zebrowska, E . Polônia 10,6 s

CO

'o

" Talysheva Rússia 10,7 s

1.500 METROS RASOS

R. Mundial: 3m33,l s — Ryun, J . — U.S.A. — Los Angeles — 1967.

R. Olímpico: 3m35,6 s — Elliott, H. — Austrália — Roma — 1960.

Eliminatórias — Dia 18-10-68, às 11,00 horas.

Semifinais — Dia 19-10-68, às 17,20 horas.

Êsse é um dos clássicos do atletismo. Sua história sempre esteve ligada à disputa da milha. A Austrália marcou época nas atuações de Elliott. En­tretanto, nessa prova o favorito era o próprio recordista mundial, que nas semifinais fêz o melhor tempo, 3m45,7s, e a expectativa estava também na presença do queniano Keino.

221

Final — Dia 20-10-68, às 15,30 horas.

1. ° lugar Kipchege: Keino

2. °

3. °

4. °

5. °

6. °

7. °

8. °

Jim Ryun

Bob Tummler

Harald Norpoth

John Wotton

Jacques Boxberger

* Henry Szordykowski

Josej Odlozil

Quênia

U.S.A.

Al. Ocidental

Al. Ocidental

Inglaterra

França

Polônia

3m34,9 s n RO

3m31,3 s

3m39,0 s

3m42,5 s

3m43,8 s

3m46,6 s

3m43,9 s

Tcheco-Eslováquia 3m48,6 s

ARREMESSO DO PESO — DAMAS

R. Mundial: 18,67 m — Chizhowa, N. — Rússia — Sochi — 1968.

R. Olímpico: 18,14 m — Press! T. — Rússia — Tóquio — 1964!

Classificação — Dia 19-10-68, às 10,00 horas.

Apenas oito atletas conseguiram a marca de-classificação, e entre elas

estava Margarita Gummel, da Alemanha Oriental, que, em treinamento

na Vila Olímpica, havia pulverizado as marcas mundial e olímpica com

tiros de 18,90 e 19,10 m.

Final — Dia 20-10-68, às 15,00 horas.

1.° lugar Gummel, M. ' Al. Oriental 19,61 m n RO e M

2.° " Lange, M. Al. Oriental 18,78 m

3.° " Chizhova," N."" Rússia 18,19 m

4.° " Lendvai, J . Hungria 17,78 m

5.° " Boy, R. Al. Oriental 17,72 m

6.° " Christova, I. Bulgária 17,25 m

7.° " Fuchs, M.' Al. Ocidental .17,11 m

8.° " Van Nooduyn, E . Holanda 16,23 m

222

SALTO EM ALTURA — HOMENS

R. Mundial: 2,28 m — Brumel, V. — Rússia — Moscou — 1963.

R. Olímpico: 2,18 m — Brumel, V. — Rússia — Tóquio — 1964.

Classificação — Dia 19-10-68, às 10,00 horas.

Uma das grandes novidades aparecidas nesses jogos foi o salto em altura de Fosbury. Já há algum tempo, a imprensa mundial divulgou, com poucas fotografias, o salto que apresenta características bem diferentes do que até agora se conhecia. Num ângulo de corrida que se aproxima dos 90 graus, Fosbury parte quase como um velocista. Ataca como se fosse um saltador de esquerda, mas seu impulso é feito com a direita. Aí, na fase de elevação, faz um giro de quase 180 graus para o interior e de costas para o sarrafo, eleva-se. Daí para frente, seu salto é tècnicamente simples, mas espetacular aos olhos do público, quando lhe proporciona uma queda inteiramente na região dorsal. Foi a atração da prova, em que pese à par­ticipação de outros bons saltadores, todos êles com técnica de rolo ventral.

Final — Dia 20-10-68, às 14,30 horas.

1.° lugar Richard Fosbury U.S.A. 2,24 m n RO 2.° ti Edward Carathers U.S.A. 2,22 m

3.° >t Valentin Gavrilov Rússia 2,20 m 4.° ii V. Skvortsov Rússia 2,16 m

5.° i» Reynard Brown U.S.A. . 2,14 m

6 ° i> G. Grosa Itália • 2,14 m

7.° it G. Spillvogal Al. Ocidental 2,14 m

8.° >» L . Peckhan Austrália 2,12 m

REVEZAMENTO DE 4 X 100 METROS — HOMENS

R. Mundial: 38,6 s — U.S.A. — Provo, USA 1967.

R. Olímpico: 39,0 s — U.SA.. — Tóquio — 1964.

Eliminatória — Dia 19-10-68, às 11,00 horas.

Cuba e Jamaica, apresentando grandes equipes, superaram os favori­tos, que eram os norte-americanos, registrando tempos melhores do que os recordes olímpico e mundial. Assim, para a final, deixava de haver fa-voritismos.

223

fosbury — Sal ío em altura — 2,24m

Semifinais — Dia 19-10-68, às 18,00 horas.

Final — Dia 20-10-63, às 16,00 horas.

Um confronto de tão boas equipes, às quais se somou a da França, que também mantém grandes tradições nessa prova, e tudo isso sobre o tartan, provocou a quebra de muitos recordes.

1.° lugar U.S.A. — Greene, Pender, R. Smith, Hines 38,2 s n RO e M.

2!° " Cuba — Ramires, Morales, Montes, Figueirola 38,3 s

3. ° " França — Fenouil, Delecour, Piquemal, Bambuck 38,4 s

4. ° " Jamaica — Stewart, Fray, Forbes, Miller 38,4 s

5. ° " Al. Orien, — Esbstossu, Schelter, Hase, Eggers 38,6 s

6. ° " Al. Ocid. — Schimidtke, Metz, Wucherer, Eigenherr 38,7 s

7. ° " Itália — Ottolina, Pratoni, Sgrazzaro, Berruti 39,2 s

8. ° " Polônia - Maniak, Romanowski, Nowosz, Dudziak 39,2 s

REVEZAMENTO DE 4 X 100 METROS — DAMAS

R. Mundial: 43,9 s — U.S.A. — Tóquio — 1964.

R. Olímpico: 43,9 s — U.S.A. — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 19-10-68, às 15,30 horas.

Final — Dia 20-10-68, às 16,30 horas. A última prova de velocidade pura veio confirmar a alcunha que re­

cebeu a Olimpíada de 68, "A Olimpíada dos Recordes", com grande núme­ro de ótimos resultados, que representam a superação das marcas olímpica e mundial. J

1.° lugar U.S.A. 42,8 s n RO e M.

2.° ti Cuba 43,3 s

3.° Rússia 43,4 s

4.° » Holanda 43,4 s

5.° Austrália 43,4 s

6.° it Al . Ocidental 43,6 s

7.° Inglaterra ' 43,7 s

8.° ii França 44,2 s

225

REVEZAMENTO DE 4X400 METROS

R. Mundial: 2m59,6s — U.S.A. — Los Angeles — 1966.

R. Olímpico: 3m00,7 s — U.S.A. — Tóquio — 1964.

Eliminatórias — Dia 19-10-68, às 16,40 horas.

Final — Dia 20-10-68, às 16,50 horas.

Com a apresentação dos três corredores norte-americanos nos 400 me­tros rasos, o mais natural era esperar-se a vitória de sua equipe no reve­zamento. A êles juntou-se Vincent Mathews, para fazerem a marca de 2m56,ls.

Surpreendente foi o segundo lugar feito pelos quenianos, que mos­traram não estar apenas trabalhando no setor das corridas de fundo.

1.° lugar U.S.A. 2m56,l s n RO e M.

2.° íi Quênia 2m59,6 s

3.° ti Al. Ocidental 3m00,5 s

4.° ii Polônia 3m00,5 s

5.° ii Inglaterra 3m01,2 s

6.° ii Trinidad Tobago 3m04,5 s

7.° ii Itália 3m04,5 s

8.° ii França 3mÜ7,5 s

MARATONA

R. Mundial: 2hl2mll,2 s— Abebe, B. — Etiópia — Tóquio — 1964

R. Olímpico: 2hl2mll,2 s — Abebe, B.— Etiópia — Tóquio — 1964.

Dia 20-10-68, às 15,00 horas.

A maratona, apesar de não ser disputada nos antigos Jogos de Olím­pia, tornou-se, por sua peculiaridade, a mais dramática das provas olímpi­cas. Sua inspiração ainda vem dos gregos. Pelos idos de 490 A.C., quando Milcíades, general grego, à frente de seu exército, se defrontou com os persas a cêrca de 40 quilômetros de Atenas, apesar de estar em inferiori­dade numérica, alcançou penosa vitória. Uma vez expulsos os persas, Mil­cíades chamou a Feidipedes, famoso corredor, e ordenou que fôsse a Atenas para dar a boa notícia.

226

Embora exausto pela luta, a disciplina e obediência do soldado puse­ram-no a correr, pelas colinas de Maraton, até chegar a Atenas, onde cum­priu a missão de transmitir a alvissareira notícia, e caiu morto.

Quando, em 1896, se restaurou a Festa Olímpica, nada mais justo que a instituição da Maratona, prova de 42.195 metros, em homenagem a Fei-dipedes. Nessa época venceu um modesto grego, pastor de ovelhas, de nome Spiridion Luys. Daí para cá, sempre houve alguma curiosidade na mara­tona. Desde o caso de Saint Louis, em 1904, quando Fred Lorz, já cansado, abandonou a prova e subiu em um automóvel, mas, a oito quilômetros do Estádio, resolveu correr novamente e, entusiasmado pelos aplausos popula­res, fêz chegada triunfal. Esteve por receber os louros da vitória, até que alguém, que percebera sua manobra, o tachou de impostor. Suas declara­ções: "Não pude resistir aos impulsos dos aplausos. Na realidade, não pre­tendia levar adiante esta farsa."

E há também à história de 1908, em Londres, quando o italiano Do-rando Pietri foi o primeiro a aparecer no Estádio, porém em condições de já não poder completar a última volta. Surpreendentemente, os juizes, to­mados pelo entusiasmo, correram em seu auxílio e levaram-no para a meta final. Em segundo chegou o norte-americano Johnny Hayes, que foi o real vencedor, mas que só teve reconhecida sua vitória depois do protesto oficial do Comitê Olímpico de seu país.

Assim, histórias sucederam-se até 1960, quando Abebe Bikila, um sol­dado da guarda imperial da Etiópia, ganhou a prova, correndo sem sapa­tos. E quatro anos depois, bisou a vitória, caso inédito na maratona, ao mesmo tempo que estabeleceu nôvo recorde mundial e olímpico.

Pois bem, êsse mesmo Bikila compareceu ao México e era apontado como favorito. Tal não aconteceu porque o herói precisou abandonar a prova no meio do percurso. Passou a coroa ao seu discípulo Mamo Wolde.

1.° lugar Mamo Wolde Etiópia 2h20m26,4

2.° n Kenji Kímihara Japão 2h23m31,0

3 ° n Michael Ryan Nova Zelândia 2h23m45,0

4.° tt Ismail Akcay Turquia 2h25ml8,8

5.° tt Willian Adcocks Inglaterra 2h25m33,0

6.° ti Merawi Gebru Etiópia 2h27ml6,8 7.° tt Derek Clayton Austrália 2h27m23,8

8.° tt Timothy Jonhston Inglaterra 2h28m04,0

227

PENTATLON — DAMAS

R. Mundial: 5.246 pontos — Press, T. — Rússia — Tóquio -

R. Olímpico: 5.246 pontos — Press, T. — Rússia — Tóquio

Dia 15-10-68, às

10,00 horas — 80 m sobre barreiras

10,30 horas — Arremesso do pêso

16,00 horas — Salto em altura

Dia 16-10-68

11,30 horas — Salto em extensão

16,30 horas — 200 metros rasos

Nessa competição tivemos a presença da nossa Aída dos Santos, atleta das mais dedicadas, e que, apesar de estar com problemas de lesão mus­cular, procurou superá-los. A custa de maior esforço, conseguiu totalizar 4,578 pontos, o que, se não lhe deu mais que um décimo sétimo lugar, se constituiu em nôvo recorde sul-americano para essa complexa especialidade.

A disputa, bastante acirrada em seus dois dias de realização, consagrou a Ingrid Becker, da Alemanha Ocidental, que totalizou 5.098 pontos, com os seguintes resultados parciais:

80 m sobre barreiras — 10,9 s

Arremesso do pêso — 11,48 m

Salto em altura — 1,71 m

Salto em extensão — 6,43 m

200 metros rasos — 23,5 s

1. ° lugar Ingrid Becker Al. Ocidental 5.098 pontos

2. ° " Liese Prokop Áustria 4.966 "

3. ° " Toth Kovacs Hungria 4.959 "

4. " " Tikhomirova Rússia 4.927 "

5. ° " M. Bornholdt Al. Ocidental 4.890 "

6. ° " P. Cinslow U.S.A. 4.887 "

228

- 1964.

— 1964.

DECATLON

R. Mundial: 8:319 pontos — Bendlin, K. — Al. Ocid. — Heidelberg — 1967.

R. Olímpico: 8.001 — Johnson, R. — Roma — 1960.

Dia 18-10-68

10,00 horas — 100 metros rasos

10,40 " — Salto em extensão

15,00 " — Arremesso do pêso

16,20 " — Salto em altura

18,10 " — 400 metros rasos

Dia 19-10-68

10,00 horas — 110 metros sôbre barreiras

10,40 " — Arremêsso do disco

12,30 " — Salto com vara

16,00 " — Arremêsso do dardo

18,10 " — 1.500 metros rasos.

A prova de "O mais completo" reuniu, como principal atração, Ben­dlin, da Alemanha Ocidental, recordista do mundo, e o norte-americano Bill Toomey, que vinham de recentes disputas. Antecipadamente seria di­fícil apontar o vencedor.

Já em plena contenda, outro alemão, Walde, mostrou-se em condições de almejar o primeiro posto. Bendlin não estava em sua melhor condição. Recuperava-se de uma lesão no tendão de Aquiles, mas, durante as provas, dava evidentes mostras de sôbre-esfôrço, como aconteceu no arremêsso do dardo, quando apresentou sinais de estar com o braço lesado. Sofreu muito nos 1.500 metros, porém se contentou com o terceiro lugar. Êle e seu com­patriota, que ficou em segundo lugar, confirmaram a boa situação dos de-catletas alemães que, em Tóquio, ganharam a medalha de ouro com Willi Holdorf, perfazendo um total de 7.887 pontos.

Bill Toomey, o vencedor, vindo também de grave lesão, fêz estupendo retorno às pistas e sagrou-se campeão com 8-193 pontos, estabelecendo nôvo recorde olímpico. Superou o feito do fabuloso Rafaer Johnson em Roma, 1960.

229

1.° lugar Bill Toomey T t r i A

U.S.A. 8.19o pontos n nu.

2.° t l T T I T T 1 1

" Hans Walde AL Ocidental 8.111

3.° Kurt Bendlin Al. Ocidental O.UD4

A O

4." " Nikolava Avilov Rússia

5.° " Joachim Hírst AL Oriental 7.861 "

6.» " Thomas Wadell U.S.A. 7.720 "

7.» " Richard Sloam U.S.A. 7.692 "

8.° " Sten Smith Dinamarca 7.648 "

Resultados parciais de Bill Toomey:

100 metros rasos — 10,4 s

Salto em extensão — 7,87 m

Arremêsso do pêso — . 13,75 m

Salto em altura — 1,95 m

400 metros rasos — 49,0 s

110 metros sobre barreiras — 14,9 s

Arremêsso do disco — 43,68 m

Salto com vara — 4,65 m

Arremêsso do dardo — 68,80 m

1.500 metros. — 4m57,l s

"A OLIMPÍADA DOS RECORDES"

Assim ficaram denominados os X I X Jogos'Olímpicos da Era Moderna, realizados na cidade do México. Foi o feliz encontro de circunstâncias fa­voráveis, determinando avanço muito longo na constante evolução dos re­sultados atléticos. A par do crescente desenvolvimento e aperfeiçoamento dos processos de treinamento, da melhor seleção do elemento humano, específico para cada prova, do incentivo cada vez maior em todo o mundo para uma prática mais especializada e do interesse por eficientes repre­sentações, o que, de certa forma, traduz a própria eficiência de cada país, duas outras circunstâncias fundamentais contribuíram definitivamente para isso. As disputas realizadas a 2.240 metros de altitude já são um fator pre-

230

ponderante. Finalmente, a nova pista de tartan, maravilha da técnica mo­derna, somando-se aos fatores citados, trouxe os resultados tão espetacula­res e em tão grande número, como vimos, na capital asteca.

Senão vejamos:

Provas masculinas — 24

Recordes olímpicos — 18

Recordes mundiais — 9

Provas femininas — 12

Recordes olímpicos — 9

Recordes mundiais — 7

Êsses Jogos foram chamados também "A Olimpíada da Paz". Da Paz ou dos Recordes. Podem-se confundir as designações em uma abstração, pois, por muito que se repita, nunca será demais, declarar, com tôda ênfase, que os esforços dos campos esportivos, apesar de tôdas as deturpações, de­vem ser considerados essencialmente como o empenho pela fraternidade, amizade e autovalorização baseada no respeito humano, entre indivíduos e nações, portanto, pela Paz.

L I G E I R A ANÁLISE DA ATUAÇÃO BRASILEIRA

A tarefa é relativamente fácil, se a encararmos de modo simples, ou de muita complexidade, se entrarmos no todo de sua problemática.

Dos quatro atletas enviados ao México, tivemos realmente a atuação de apenas três. Isso porque Irenice Rodrigues foi desligada, por questões disciplinares, tirando-nos a possibilidade de mais uma boa oportunidade. Não nos cabe julgar o fato, apenas lamentá-lo.

Maria da Conceição Cipriano igualou o recorde sul-americano do salto em altura. Apesar de não ter repetido sua marca na fase final, achamos que sua atuação foi normal e positiva.

Aida dos Santos, atleta que tantas glórias deu ao Brasil, ficou em décimo lugar no pentatlon. Isso, para o julgamento comum, a que infeliz­mente estamos sendo levados, em função de uma errônea valorização da medalha, parece fracasso. No entanto, devemos considerar como atuação das mais eficientes, que mais uma vez veio confirmar o grande desprendi­mento da valorosa atleta, que nos deu outro recorde sul-americano.

231

Nélson Prudêncio, superando-se grandemente e servindo como ratifi­cação de que temos excelente material humano, trouxe a medalha de prata, que vale menos por si própria, do que pelo seu resultado. Participou como um dos figurantes principais dos momentos de maior emoção nesses Jogos. Sua prova foi das mais tensas, em virtude das circunstâncias criadas pelas sucessivas quebras de recordes.

Boa, portanto, a atuação de nossos representantes.

Esta é a análise simples. Difícil, porém, é saber-se por que não tínha­mos mais alguns atletas. Estamos cientes de que não seriam candidatos a medalhas. Não ignoramos também que sempre há o* problema financeiro. Mas, ao admitirmos a existência de um real interêsse pela melhoria de nosso atletismo, que aqui tem vivido unicamente em função de alguns poucos clubes, é imperioso admitir que se dê oportunidade a maior número de praticantes para um convívio tão benéfico, como é o olímpico. Seriam mais alguns valores, preferentemente jovens, que, com o incentivo rece­bido, não obstante não nos darem medalhas, estariam elevando o nível atlético em nosso país. É óbvio que, sabendo dessa possibilidade, qualquer jovem se dedicaria muito mais à sua preparação.

Já vimos que a tendência normal é para superação dos resultados pessoais. Existe também a influência indireta que isso exerceria sobre um sem-número de iniciantes do atletismo, que passariam a aspirar à pos­sibilidade de um dia tornarem-se olímpicos.

Tudo isto é de fácil entendimento. O que não entendemos é a estrutura de formação de nossa representação. Estamos de acordo com a seleção rigorosa de atletas que só nos possam representar bem. O que não achamos é que represente bem somente aquêle que traz medalhas. Se assim fôsse, só haveria três bons em cada prova, e o resto seria fracasso. Pois bem, as exigências pré-olímpicas feitas no atletismo brasileiro foram.mais rigo­rosas do que a de muitos países onde o atletismo já está em nível bem su­perior ao nosso.

Para citar apenas um exemplo, apontamos o belga Jacques Pennewaert, aqui radicado. Com lm48,0 s, nos 800 m, ganhou um lugar na representação de seu país. Se fôsse brasileiro, não teria ido, porque as exigências aqui impostas o tolheriam. E assim perdemos mais uma oportunidade.

232

A T L E T I S M O

Clóvis do Nascimento

Os fatores que influíram para um melhor rendimento técnico do Atle­tismo nos Jogos Olímpicos do México foram os seguintes:

I — Impecável organização, que soube prever e engrenar milhares de detalhes, que naturalmente acompanham um certame de tal envergadura.

I I — A consistência da pista de tartan, material novo aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional e que, sem dúvida, contribuiu para as marcas notáveis alcançadas nas competições.

I I I — A forma de preparar o homem com a preocupação da altitude. Os países se esmeraram no treinamento físico dos seus atletas.

I V •— A altitude da cidade do México, de sobejo já conhecida, que para algumas provas atléticas foi benéfica.

O conjunto desses 4 fatores nos proporcionou resultados jamais vistos no mundo atlético.

DESCRIÇÃO DAS PROVAS (RESULTADOS NO TRABALHO ANTERIOR)

100 METROS RASOS HOMENS

Em final emocionante, multidão de mais de 70.000 aficionados, ansio­sos, presenciaram, de pé, a prova de 100 m rasos final, prova que mais atrai o público de pista e campo.

Junto aos tacos de partida, oito dos negros considerados como os mais velozes do mundo. O mais tranqüilo, Greene, com seus óculos; os demais, visivelmente nervosos. Silêncio total, quando o Juiz indica: "Aos seus lugares". Veio a partida, Greene saiu junto com o tiro, impondo um ritmo impressionante, porém, pouco a pouco, Hines vai reduzindo terreno, da mesma forma que Miller, o surpreendente jamaicano. Pender e Bambuck estavam um pouco na frente; na altura dos 50 metros, a vantagem era de 50 centímetros. Esperava-se luta do. lado direito, mas ela veio do lado es-

233

querdo. A três ou quatro metros da chegada, a superioridade de Hines se fêz patente, quando aumentou a diferença para mais de meio metro, mar­cando, no final, o tempo de 9,89 segundos, arredondado para 9,9, coroando, assim, um trabalho de 4 anos.

Nesta corrida Hines bateu o Record Olímpico de Bob Hayes, de lOsO, e o mundial de Hary (Alemanha), também de lOsO. Quando se irradiou o tempo de 9s9, todo o Estádio prorrompeu em ovação aclamando o homem mais veloz do mundo. E a Hines o povo mexicano se uniu para dar a volta Olímpica.

Uma corrida tão duramente disputada, só pode produzir surpresas, porém Hines foi um dos atletas mais regulares durante todo o ano. A ver­dade é que já há uma especialização para os eventos de velocidade e a prova disto é que: o \encedor, em Roma, nos 100 m não correu os 200 rasos; Livio Berruti, o campeão dos 200, não correu os 100 rasos. Em Tóquio Bob Hayes ganhou os 100 rasos e não correu os 200; o vencedor dos 200 rasos, Henry Carr, não correu os 100 dessas modalidade. E agora, no México, o vencedor dos 100, Jim Hines, não correu os 200, e o vencedor dos 200, Thomy Smith, não competiu nos 100.

Tudo isso indica a especialização, que parece concorrer para a melhoria das marcas, nas provas de velocidade pura.

Observando o treinamento e a competição, pudemos registrar que quase todos os velocistas colocaram os pés mais para a saída. Mediam as distâncias com uma trena e com cuidado exagerado faziam as suas marcas.

Notamos que, na posição de "Pronto", o quadril se elevava bem alto, visivelmente acima da linha dos ombros, ficando bem mais acentuado nos corredores americanos de 400 m.

/ Pareceu claro qüé, se òs quadris estivessem, na posição de "Pronto",

muito baixos, produziriam um ângulo fechado com a perna de impulso, a qual não permitiria extensão rápida para a impulsão, perdendo o atleta,, assim, pequena parcela de tempo. Ninguém "picava" os passos na partida.

A saída, entretanto, era uma violenta corrida de progressão com cada passada um pouco maior do que a anterior.

Não notamos diferenças entre as saídas de 100, 200 e 400 m, resguardan­do as diferenças individuais.

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200 METROS RASOS — HOMENS

Numa corrida trepidante, que terminou com unia autêntica façanha do atleta norte-americano Tommie Smith, foram batidos os recordes olímpi­co e mundial dos 200 metros rasos, com o tempo de 19s8.

O australiano Peter Norman, que conseguiu o segundo lugar, chegou à final levado pelos negros americanos T. Smith e John Carlos. Norman fêz um tempo inferior em 0,2 décimos de segundo em relação ao tempo do vencedor.

Realmente a luta esteve entre os três primeiros. Carlos e Smith assu­miram a liderança; logo depois, Smith tomou a frente, e o autraliano, que vinha no pelotão de trás, apertou e se juntou aos americanos. Quase na fita de chegada, Tommie Smith, novamente, retomou a frente.

Muito se tem propalado sobre o recorde mundial que era de John Carlos, com o tempo de 19s7. Porém, êste recorde não havia sido homolo­gado. O recorde mundial autêntico era de 20s0 e pertencia a Tommie. Smith, que o havia conseguido em junho de 1966, em Sacramento-Califórnia.

O treinamento dos 200 metros pareceu semelhante ao observado para a prova de 100 metros rasos. Naturalmente alguns atletas preferiam não somente apurar a velocidade, mas também a resistência, pois corriam a distância de 300 metros.

400 METROS RASOS — HOMENS

Os Estados Unidos, mais umâ vez, venceram a prova, conseguindo ain­da o primeiro 1 — 2 — 3 nos 400 metros das Olimpíadas. Também os negros sobressaíram-se repetindo o feito dos 100 e 200 metros. O vencedor, Lee Evavs, bateu o recorde mundial de Tomy Smith (44s4) e o recorde olímpico de Otis Davis e Kark Kaufman (44s9); em segundo, entrou James (43s9), e em terceiro, Freeman (44s4).

A surprêsa da prova foi a quarta colocação do senegalês Amadou Gakou.

Quanto ao treinamento, foi notado que os americanos tinham especial preferência pelas repetições de 300 metros.

800 METROS RASOS — HOMENS

Wilson Chuma Kiprugut, de Quênia, utilizou-se da doutrina que se ensina em seu País e que todos os seus compatriotas seguem: assim que foi dado o tiro de saída, assumiu a liderança e aí se conservou até os 750 me­tros, quando o australiano Doubell dele se aproximou e o ' ultrapassou para vencer a prova.

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Doubell correu sempre junto com o pelotão. E avaliava, com certeza, a sua capacidade para o máximo esforço, não permitindo que Wjlson Kiprugut fôsse demasiadamente para a frente.".

Ao entrarem na reta final, Kiprugut parecia o vencedor, porém o aus­traliano, de corpo e alma, o seguia e, pouco a pouco, com o seu tipo delgado, foi tirando a diferença. A poucos metros da chegada, com ligeiríssimo sprint, passou Wilson, estabelecendo dêsse modo, novo recorde olímpico e empatando com o recorde mundial de Snell.

1.500 METROS

Contra todos os prognósticos, principalmente depois da excepcional apresentação de Jim Ryun nas semifinais, Kipehoke Keino venceu a final com o tempo de 3m34s9, para estabelecer novo recorde olímpico.

O recorde anterior era de Herbert Elliot, um dos grandes atletas que tornou o nome da Austrália conhecido em todo o mundo. Keino trocou de tática na prova final e juntamente com o seu companheiro Jipcho formaram equipe, sendo este último o encarregado de queimar as energias dos pon­teiros, comandando o pelotão. Na segunda volta, Keino intentou identifi­car-se, quando Ryun se encontrava em quinto lugar,' sem dar mostras de nervoso, e os alemães Tummler e Norpoth lutavam com Jipcho. De repente, surge Keino, que toma a dianteira. Em seguida, o americano Ryun procura alcançá-lo, mas já era demasiado tarde, pois êste produzira uma distância difícil de se recuperar, mostrando nova faceta dos atletas de Quênia.

O sacrificado Jipcho colocou-se em décimo lugar, dando tudo que podia por sua Pátria.

Kipchopoque Keino, policial, com 28 anos de idade, vencedor da prova de 1500 metros rasos, treinou todo o tempo na cidade de Thompson Falls, cuja altitude é de 2400 metros. O tempo de preparação de tôda a equipe de Quênia durou três semanas. É curioso notar que anteriormente tinham um técnico inglês, John Velzian.

A técnica empregada é que se constituiu numa surpresa: até antes da prova de 1500 metros, todos os técnicos tinham certa impressão da equipe de Quênia, depois modificada, porque os atletas em causa mostraram que também têm cabeça. E o mais importante: sabem como e quando usá-la.

3 000 METROS

Havia enorme expectativa para ver o duelo entre o campeão olímpico "Gaston Roelants", da Bélgica, e p corredor negro Amos Biwott, que não somente passeou, mas causou sensação, graças à sua enorme velocidade inicial, mantendo larga distância entre o grupo que seguia, incluindo o belga, e ainda pela maneira com que transpunha os obstáculos.

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Todos estavam de acordo em que Gaston Roelants não iria permitir que Amos Kipwabok fugisse, porém estavam enganados, pois Biwott continuou correndo atrasado, deixando que os ponteiros corressem como lhes apete­cesse, e, ante a surpresa de todos, aquele que deveria correr atrás — o seu companheiro Kogo — colocou-se à frente, seguido de todo o grupo, entre os quais se encontrava o americano George Young, que vinha muito bem recomendado.

Nesta altura, todos perguntavam por Biwott. A estratégia funcionava, pois os primeiros mi l metros foram corridos em 3m04s2. Nos 2 000 metros o tempo foi exatamente o dobro dos primeiros mi l metros. Roelants, a essa altura, pensou que estava bem e resolveu avançar para desbancar Kogo, chegando nos 2 000 metros com 2m59s0. Era necessário aumentar o train de corrida e isto esgotou Gaston, que começou a perder terreno, permitindo a Kogo voltar a comandar a prova.'Mas, a essa altura, Amos Biwott come­çou a avançar e, ao sair da reta final, passou por seu companheiro Kogo, que estava esgotado pelo esforço empenhado para distrair os adversários. O tempo de Biwott foi de 8m51s0, que se aproximou da marca olímpica.

. Palavras de Amos Kipwabok Biwott, medalha de ouro dos jogos olímpi­cos do México, na prova de 3 000 m. Steeplechase: "Dentro de poucos anos as provas de pista serão dominadas pelos negros e as de campo pelos bran­cos. Dentro da competição pude dar-me conta de que era o mais forte dos concorrentes e que tinha energias maiores. Quando senti isto, lancei-me para vencer, superando o meu companheiro Kogo.

Surpreendente: Amos K . Biwott dedica-se à prova dos 3 000 metros Steeplechase desde junho do ano das Olimpíadas e esta foi a sua primeira experiência internacional. Anteriormente, praticava a prova de 5 000 me­tros, na qual ganhou algumas provas no pequeno povoado em que mora no Quênia. Com apenas 20 anos de idade, cursando estabelecimento de ensino secundário e fazendo, parte do Exército de seu país, assegura que se sente em condições de triunfar em competições futuras."

Disse que havia sido muito natural a corrida e que em nenhum mo­mento se sentiu extenuado. Para êle, que, no final, saiu de um sexto lugar nos últimos duzentos metros para triunfar com ampla margem, não houve mérito.

Biwott chamou também a atenção, assim como o seu companheiro de equipe Kogo, por não tocarem uma só vez na água do fôsso, transpondo com facilidade os três metros.

De modo geral, os atletas de Quênia chegaram ao México já em forma e se limitaram, somente, a conservar esta situação. Os homens que treina­ram mais intensamente foram Keino e Biwott, que vimos fazer séries de 300 metros de 8 a 10 vezes. O que mais nos impressionou foi a vontade de vencer. O treinamento dos demais fundistas geralmente era o mesmo. .

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É digno de realce o preparo que os campeões de distâncias grandes fazem, alguns treinando duas vêzes por dia, sendo disputadas 3 séries de 3 000 metros Steeplechase, o que demonstrou a grande popularidade desta prova.

5 000 METROS

Uma corrida extraordinária e inteligente deu ao tunisino Mohamed Gammoudi a vitória sobre a dupla de Quênia, composta por Kipchoge Keino e Naftali Temu. Foi uma prova dramática e com muitas alternativas de liderança.

Primeiro Ron Clarke passou à frente do grupo, lutando para obter a sua medalha de ouro, uma vez que o recordista mundial de 5 000 e dos 10 000 não possui nenhum galardão olímpico.

O australiano comandou o grupo, porém, quando faltavam sete voltas das 12 a percorrer, Nikolay Sviridov quis saber o que sente um homem estar na frente numa competição olímpica. Quando faltava 4 voltas, o etíope Wolde passou à frente, mas o fêz com um esforço mal calculado, pois não teve forças para terminar a prova.

Clarke tratou de se defender é foi à frente, ficou na ponta e comandou a prova, até que o sprint começou a 800 metros da chegada; Gammoudi dirigiu o ataque e Clarke começou a perder terreno ante seus adversários.

Na frente Gammoudi lutava pela medalha de ouro, suportando r ataque dos quenianos Temu e Keino.

Keino lutou e emparelhou-se com Gammoudi, porém êste, com mais reservas, apurou o passo e cruzou a chegada com dois décimos de vantagem.

É impressionante a distância que percorrem êsses homens durante o treinamento. Alguns treinam apoiados na quantidade e outros na qualidade (repetições)

O Campeão Olímpico Gammoudi procurava trabalhar na base da velo­cidade, correndo entre distâncias de 400 e 200 metros.

Ron Clarke trabalhava com intrepidez, buscando principalmente a re­sistência pela distância, tônica da Escola australiana de treinamento.

Todo o treinamento do vencedor foi feito na França em uma região de altitude igual à do México.

Segundo Gammoudi, não será difícil que, no futuro, a África domine as prcvas de pista. Não é somente porque a África tem homens de condição natural, o importante é o plano de trabalho que venham a adotar.

Com respeito à altitude, falou que a adaptação era algo muito pessoal, frisando que há gente, como êle, que não tem problemas, porém existem outros, como Clarke, em que é mais difícil.

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10 000 METROS

Dado o tiro de partida, Szerenyi, da Hungria, toma a ponta seguido por numeroso pelotão, percorrendo os primeiros mi l metros no tempo de 2m58s5; logo a seguir, o russo Sviridov passou a comandar a prova até a altura dos 4 000 metros, transpondo os 2 000 em 5m57s4, os 3 000 metros em 8m56sl e os 4 000 metros em Hm54s8, quando o atleta da Etiópia, Maresha, ganha a ponta atingindo os 5 000 metros em 14m55s5.

Logo a seguir, Martinez, do México, apoiado pelo público que assistia à prova, toma a frente com decisão para ultrapassar os 6 000 metros em 17m58s6 e os 7 000 em 20m57sl. Isso o faria penar mais tarde, pois, como não soube esperar, não resistiu, e nos 8 000 metros, H i l l da Grã-Bretanha foi para a frente, passando esta distância em 23m57s7. Aí, então começou a aparecer Wolde, da Etiópia, que, lutando com Gammoudi e Clarke, passou os 9 000 metros em 26m51sl.

Na última volta, porém, surge Temu, que, com um sprint, tomou a dianteira para reforçar a nova lenda dos países africanos, em particular de Quênia.

Gammoudi não pôde superar Wolde, mas, mesmo assim, conseguiu a medalha de bronze. O recordista mundial Ron Clarke teve de se contentar com um sexto lugar, enquanto Keino desistia da prova por anormalidade de saúde.

MARATONA

A corrida começou exatamente às 15 horas, com o toque dos sinos da Catedral, quando 80 corredores se lançaram na luta pela conquista das medalhas mais cobiçadas da Olimpíada.

Na altura dos 15 quilômetros—Bikila ia atrás e Wolde ainda não come­çara a atacar — Roelants comandava a luta. No quilômetro 17, Bikila de­siste, sendo levado para o hospital, esgotado.

Aos 30 quilômetros, Wolde avança, deixando todos para trás, coloca-se na ponta, seguido, surpreendentemente, pelo atleta japonês Kimiara, mas não por muito tempo.

Namo Wolde entra no Estádio sozinho e termina com o tempo de 2 ho­ras, 20 minutos, 26 segundos e 4 décimos.

Abebe Bikila, vencedor das duas maratonas anteriores, não conseguiu realizar a façanha que o mundo esperava dêle: ganhar a 3.a medalha de ouro consecutiva na Maratona. Seu país, porém, por intermédio do valoroso corredor Namo Wolde, manteve a tradição. Êste atleta, depois de superar o 2.° lugar por mais de 3 minutos, logrou, sob os aplausos dê 80 000 pessoas que lotavam o Estádio e depois de romper a fita de chegada, ainda dar uma volta na pista, com um sombrero mexicano na cabeça.

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MARCHA DE 20 K M

Houve 41 concorrentes nesta prova, sendo vencedor o russo Golubni-chiy, com o tempo de Ih33m58s4. Seguiu-se o atleta mexicano Pedroza, que marcou l h 34 m 00 s 0. O nível dos concorrentes foi bastante equilibra­do, haja vista a diferença de tempo do vigésimo colocado: l h 41m 52s.

Sem dúvida, os atletas da marcha foram os que mais trabalharam nos treinamentos; em qualquer lugar e a qualquer hora eram vistos com sua passada característica.

HO METROS COM BARREIRAS

Já se esperava que a medalha de ouro desta prova seria do atleta ame­ricano W. Davemport, com 24 anos de ida !e e professor de uma escola secundária.

A corrida de Davemport correspondeu às expectativas. Ainda que so­frendo pressão de seus adversários, transpôs os obstáculos com técnica e agilidade, terminando a prova em primeiro lugar, seguido, consecutiva-mente, do outro americano Erwin Hall e do italiano Eddy Ottcz, que impe­diu os americanos de realizarem o tradicional 1.°, 2.° e 3.° lugares.

Todos os bons barreiristas praticavam muita ginástica visando princi­palmente à flexibilidade. Dentre os que pudemos observar, Willie Da­vemport foi o que mais intensamente trabalhou nesse sentido e nêle so­bressaía notável flexibilidade da articulação coxofemural.

A velocidade era uma das preocupações máximas dos barreiristas, por isso faziam o treino de saída junto com os spnnters de classe mundial. Este fato era tão notório, que o italiano Ottoz e o sueco Bo Erik Forssander treinavam com os velocistas americanos. Em síntese, são homens velozes e que podem competir com a maioria dos velocistas.

O ataque da barreira com os dois braços estendidos à frente tem as suas vantagens e desvantagens. A principal vantagem é a de facilitar o eixo cspadular ficar paralelo à barreira, como também a inclinação do tronco para a frente. A desvantagem mais importante é a de que produz desequi­líbrio na movimentação dos braços.

Entretanto, o que é digno de nota é que os melhores especialistas que estiveram no México, faziam a passagem das barreiras sem desviar a linha dos ombros para a esquerda ou direita.

A manutenção da linha dos ombros nessa posição é mais importante do que a colocação dos braços à frente, no 'momento de ser feito o ataque às barreiras. Esse movimento dos braços é o meio pelo qual o atleta con­segue uma passagem rasante e curta sobre a barreira, reduzindo, assim, ao mínimo o tempo que fica sem contato com o solo.

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400 METROS COM BARREIRAS

David Peter Hemery não somente se destacou com a sua atuação, para o numeroso público que esteve reunido no Estádio Olímpico, mas também causou grande emoção com o tempo de 48sl, nôvo recorde mundial e olímpi­co para os 400 metros com barreiras (anterior: R. Crawley, em 1964).

Sucedeu o incrível nos 400 metros com barreiras: para se baixar 1 dé­cimo de segundo nos 100 m rasos, foram necessários anos, e Hemery, sem se esperar, derrubou o recorde por 1 segundo completo de diferença, im-pondo-se aos norte-americanos Whitney e Wanderstock, com facilidade verdadeiramente impressionante.

O atleta inglês, de lm,74 de altura, 72 quilos e 24 anos de idade, desde a saída, apresentou velocidade fora do comum e transpôs o primeiro obstá­culo apresentando técnica diferente, não saltando, mas, sim, ultrapassando, na expressão exata da palavra, passando por sôbre as barreiras, como se em cada uma delas fôsse ser fotografado para observação do estilo.

Não importou a Hemery que junto dêle se encontrassem disputando a prova campeões como Frinoli, Whitney, Hennige etc. Foi uma prova em que pudemos apreciar à existência de nova escola: velocidade e destreza em sua expressão máxima.

Assim fêz o atleta inglês, saindo forte, transpondo os obstáculos com desembaraço, sempre em primeiro lugar, até os 300 metros, quando, ao sair da última curva, lhe surgem energias ainda não observadas, distanciando-se dos adversários com rara facilidade.

Esta foi uma prova cujo primeiro colocado bateu o recorde mundial e olímpico, e o segundo e terceiro colocados bateram o recorde olímpico.

Nunca, como nesta prova, ficou tão patente uma das causas do sucesso técnico dos Jogos Olímpicos: o apurado preparo físico.

Quase todos os finalistas executaram esta prova, com 13 passadas no in­tervalo das barreiras; logo, foi uma corrida de ritmo intenso. Ao italiano Frinoll i careceu de condições para suportar esse ritmo, terminando em oitavo lugar, com o tempo de 52sl. Para o alemão Schubert faltou nervos, pois, nas eliminatórias, êle marcou 49sl, e Frinolli , na primeira semifinal assinalou 49s2.

É de se notar que o inglês Hemery, pelo sorteio, ficou na baliza 6 e o ritmo que impôs atrapalhou os demais. Evidenciou-se que, para os corre­dores desta prova, são necessários ritmo e preparo físico, a f im de suportar a cadência de 13 passadas. Seu vencedor chega à primeira barreira com 21 passadas e_p espaço entre uma e outra é feito com 13 passadas, atacando os obstáculos sempre com a perna esquerda.

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Observamos com mais apuro o treinamento dos alemães Hennige e Schubert. A preocupação do técnico alemão era, principalmente, a de acer­tar boa saída e procurar o ritmo das 13 passadas. O que nos impres^ionu foi o vigor físico desses homens e a intensidade do treinamento, pois pre­senciamos eles correrem 12 vêzes 6 barreiras em apenas uma tarde.

Os italianos, como novidade, corriam forte a reta oposta, completando os 400 metros.

Os demais atletas, principalmente os americanos e em particular Van-derstock, executavam inclinação bem acentuada da cabeça e por vêzes a perna de balanço passava por fora. \

SALTO EM DISTANCIA

Certamente foi um dos desempenhos mais extraordinários da História do Atletismo. Uma incisiva proclamação sem necessidade de consultar tábuas especiais. É o que podemos dizer, somente para valorizar, em tôda a sua magnitude, a quase inqualificável marca de 8 m e 90 cm., logrados em um momento em que o máximo objetivo era chegar à barreira dos 8m e 50 cm (o recorde pertencia a Ralfh Boston, com a distância de 8 m e 35 cm e também ao russo Igor Ter Ovanesian, que empatou com Boston em 1967, durante a I I I Competição Olímpica Internacional).

Bob Beamon apresentou um estilo todo seu: iniciou o salto comò se fôsse fazer o estilo de peito, pernas e braços como se culminassem no ar; saltou, abriu todo o alcance de suas prolongadas e finas pernas, picou à maneira de um canguru, abrindo as pernas acima adiante e pondo os braços entre elas.

É possível que tenha sido um salto feliz, que haja sido iluminado por alguma inspiração suprema, que contou com vento favorável ao máximo permitido, que pôde saltar quando ainda não caía uma gôta de água, que seus dotes são especialmente adaptáveis ao Tartan... Como também é ver­dade que somente havia logrado nos Estados Unidos marcas de 8 m 33 e 8 m 40 (isto extra-oficialmente, pois o recorde não foi homologado) e que a tábua de impulso era de madeira... Um gênio fora de série. Um fenômeno que foi projetado com um só salto. O homem que saltou matou a prova, porque logo todos os atletas — como Boston, Ovanesian, o gaulês Davies e seu título olímpico, o enorme negro Ahey, de Ghana, com sua elastici­dade africana — pareciam medíocres diante de tal grandeza. Para cúmulo começou a chover. Talvez na água que caía tenha o próprio Beamon en­contrado justificação para o outro salto que deu na segunda chamada dos juizes (8, 40 m) . Ainda nesse instante recordamos a opinião de Davies: "Bob Beamen jamais sabe com que pé salta; êle corre e salta... e como salta!"

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Quando os americanos chegaram ao México faltava somente uma se­mana para o início dos jogos. Não tivemos, por isso, oportunidade de ver os saltadores treinarem: já vieram preparados. O pouco que se pôde observar é que seu trabalho de base está apoiado na velocidade. Quanto aos halteres, para surprêsa, apenas vimos o russo Lepuik usá-los.

Quanto aos estilos, registramos:

Ralph Boston — hitchkick (corrida no ar) — 8m, 16

Ter-Ovanesian — hitchkick — 8m, 12

Lepik — grupado — 8m, 09

Grawley — hitchkick — 8m, 02

J. Panni — peito

Stalmach — hitchkick

L . Davies — hitchkick

Yamada — peito

Borkovsk — hitchkick

Boschert — grupado

J. Panni — peito

Stalmach — hitchkick

L . Davies — hitchkick

Yamada — peito

Borkovsk — hitchkick

Boschert — grupado

Como se vê, a maioria dos atletas saltou no estilo hitchkick com corrida no ar, o que nos dá uma idéia da evolução da técnica da prova.

SALTO EM ALTURA

Para todos os participantes da final de salto em altura, foi deprimente ver que o vencedor foi o atleta que saltou da forma mais grotesca.

Imitadores em todo o mundo têm tentado saltar da maneira de Dick Fosbury, mas, logo depois das primeiras tentativas, voltam a saltar como antes. Um dos pontos mais importantes é que êle tem experiência maior, com que pôde chegar ao resultado de 2 m e 24 cm. Também se sente muito

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mal quando salta no estilo Stradler.e com o sarrafo na altura de 2 m começa a ter dificuldades.

O próprio Dick não faz segredo do seu estilo. Tivemos oportunidade de assistir às suas explicações ao saltador de altura Ahmed, que se sur­preendeu com os esclarecimentos que Dick deu de sua técnica.

Poucas semanas antes de i r para o México, a revista Time Magazine lhe dedicou uma página inteira, comentando que os americanos mandavam algo de raro para as X I X Olimpíadas. Salientava, ainda, que, se ele não conseguisse saltar, serviria para distrair ou criar problemas para os técnicos dos demais países.

O saltador americano deixou uma dúvida e não quis esconder sua satis­fação, pois seus adversários foram tão fortes quanto êle.

Não pretendeu desvalorizar os outros estilos: somente desejou mostrar algo que criou, nada mais.

Fosbury, antes de iniciar a corrida, move-se para trás e para a frente, com uma perna na frente da outra, em demorada concentração. A seguir, começa a correr como um velocista, faz uma curva, ou melhor, uma pará­bola, e toma impulso. Quando está paralelo ao sarrafo, inicia o giro do corpo e termina o movimento ainda subindo. A cabeça em frente, o rosto para cima, Fosbury passa o sarrafo em decúbito dorsal e as pernas em parábola. Se tivesse saltado dessa forma nas caixas convencionais de areia, quebraria o pescoço.

De todos os modos, Brummel foi quem saltou mais alto. Os técnicos predizem que Fosbury deixou uma pergunta para sempre sôbre os estilos de Brummel. Efetivamente, não se conseguiu ver no México a quebra do recorde de Brummel. Quando Fosbury tentou passar os 2 m e 29 cm, der­rubou o sarrafo com o ombro.

O público torcia para que Dick Fosbury fõsse o vencedor, o que êle conseguiu normalmente. Com certeza, ao se examinar o êxito dò atleta norte-americano, haverá muitas pessoas que procurarão seguir a sua escola, porém será necessário que contém com excepcional impulsão- para poder imitá-lo.

Os outros concorrentes:

Gravilov, Caruthers, Skvortsov, Brawn, Gross, Sieghart e Spievogal usaram o balanço dos dois braços, e os outros, pelo que pudemos ver, tam­bém o fizeram, porém de forma mais natural.

Uma vez ou outra, a perna de balanço, no adiantamento, era estendida. Antes de tudo, mais ou menos pela metade do salto, os atletas traziam a sua perna de impulso dobrada ou esticada por cima do sarrafo.

Caruthers recebeu a sua medalha de prata, não por ser o mais técnico, mas sim pela sua grande força de salto.

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Todos os outros atletas ultrapassaram a barra diagonalmente (salvo Fosbury) passavam o sarrafo rapidamente com a cabeça, e somente Chaid passava o sarrafo de forma paralela. O saltador mais técnico foi o Gravilov.

Os saltadores de altura ficavam 3 a 4 horas treinando, na marca, após um bom aquecimento.

Os australianos, que vimos saltar em treino várias vêzes. acima de 2 m 20, foram infelizes e não se classificaram para a final.

Treinamento com halteres não vimos, mas pressupõe-se que êsses atle­tas já vieram em condições.

ARREMESSO DE DISCO

No primeiro arremêsso da prova final, começou liderando a. prova o atleta alemão L . Milde, com um arremêsso de 62 m, 44. No segundo, Milde continuou na frente, melhorando o resultado para 63 m 08. J á no terceiro foi ultrapassado por Alfred Oerter, o homem dos grandes momentos, com o. resultado de 64 m, 78 — nôvo recorde olímpico, que lhe garantiu a 4.a

medalha de ouro.

O atleta Jay Süvester se deixou trair pelos nervos, queimando as três tentativas, enquanto Danek confirmou sua falta de sorte nos Jogos Olímpicos.

No referente à parte técnica, o que podemos realçar é que o atleta Ludwig Danek é um homem que tem quase dois metros e pesa cerca de 113 quilos. Seu giro, tècnicamente, não impressionou. O que sobressaiu foi seu preparo físico e o porte atlético, assim como o de Lothar Milde, da Alemanha Oriental. Notamos que os arremessadores de disco, de modo geral, são homens de grande potência física.

O arremessador mais técnico, dentro do nosso ponto de vista, foi o polonês Piatkowski, atleta que, inclusive, já foi recordista mundial.

Aparentemente, o vigor físico predominou nesta prova. O treinamento era sempre longo. Faziam-no em média de 4 horas por dia, dedicando a parte da tarde aos trabalhos com o halteres. Cabe registrar que a carga fre­qüentemente atingia os 170 quilos na sessões de obtenção de força.

Uma idéia mais real da importância do porte nesta prova nos é ofere­cida pelo quadro seguinte:

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Nome País Altura Peso Idade

L . Milde — Alemanha Oriental — 1 m, 95 — 105 k. — 34 anos Schaumburg — Alemanha Oriental — 1 m, 94 — 108 k. — 25 anos Oerter — Estados Unidos — 1 m, 93 — 123 k. — 32 anos

Danek — Tcheco-Eslováquia — 1 m, 93 — 112 k. — 31 anos

M . Losch — Alemanha Oriental — lm,97 — 115 k. — 25 anos

Silvester — Estados Unidos — l m , 9 1 — 111 k. — 31 anos

Carlsen — Estados Unidos — 1 m, 93 — 109 k. — 23 anos

Piatkwski — Polônia — 1m,83 — 95 k. — 32 anos

Bruch — Suécia — 1 m, 99 — 122 k. — 22 anos

Hennig — Alemanha Ocidental — 1m,96 — 115 k. — 24 anos

Observando-se êsses dados, notamos também que o mais leve dos ho­mens é o mais perfeito tècnicamente.

ARREMÊSSO DE DARDO

O dardo cruzou pelo centro do Estádio Olímpico dando a impressão que ia cair no colchão de salto em altura, Janis Lusis, russo, de 29 anos de idade, estabelecia nova marca olímpica com 90 m, 10.

Falou Lusis: "Eu acreditava que perderia a prova. Era meu último . arremêsso e já me sentia cansado, ademais, Kihnunen, da Finlândia, havia lançado, a 88 m, 58. Tive ventura e me superei; fiz o que acreditava, lancei o dardo com tôda a minha íôrça e, por sorte, ganhei a prova"

Tècnicamente não houve nenhuma mudança no arremesso do dardo masculino. Todos usaram a conhecida técnica com deslocamento nos últimos passos; não presenciamos senão o estilo já conhecido "Russo-Sueco"

Por exemplo, sobre os cinco passos, usaram-no os seguintes atletas: Lusis, Sidlo, Nevala Rasmussen (da Noruega) e Von Wartburg (da Suíça) se utilizaram dos seis passos, sendo que incluíram um ritmo que igualou à técnica dos cinco passos. J á Kulcsar, da Hungria, preferiu os sete passos.

Particularidade interessante: observamos em Kinnunen um passo cruzado duplo, e que foi realizado relativamente alto, isto nos 4.° e 6.° pas­sos antes da decolagem do dardo. Êle executa a técnica normal dos cinco passos e mais uma repetição'do passo cruzado.

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Lusis, no seu arremêsso vencedor, utilizou os cinco passos ç tinha com isto um ritmo manifestado: 1, 2, 3, 4 e 5. Êle segura o dardo bem à altura da cabeça e arremessa-o com a ponta levemente erguida.

A verdade é que, nem .sempre, os campeões olímpicos servem como exemplo. Para mim, o melhor arremessador, do aspecto técnico, foi Sidlo.

ARREMÊSSO DE PÊSO

O americano Randy Matson, de 23 anos de idade, com 118 quilos, rece­beu a medalha de ouro desta prova, com o resultado de 20 m, 54.

É muito provável que Matson, já na próxima temporada, vá jogar futebol americano profissionalmente. A sua vitória foi o passo decisivo de um reinado que começou nas competições de South Lake Tahoe e que obteve a sua confirmação absoluta, pois não ganhou somente com um bom resultado como também arremessou seis vêzes acima de 20 metros. Seu primeiro arremêsso foi o melhor e superior ao de seu compatriota Woods, que ameaçava destroná-lo, mas acabou ficando em segundo lugar.

O russo Gushchin defendeu, com a medalha de prata, o prestígio europeu.

O que pudemos observar, quanto à técnica, foi principalmente a fase de aceleração para trás, pois, com o estilo "0'Brien", o pêso fica com um caminho mais longo para percorrer.

Todos os atletas desta prova.pesavam acima de 100 quilos. Eram ainda fisicamente fortíssimos e trabalhavam com halteres, na base de duas vêzes ao dia.

Os americanos iniciavam o treinamento dando duas voltas na pista, seguidas de arremessos, até se sentirem bem aquecidos. Aí, então, come­çavam os lançamentos fortes.

A-técnica predominante era a "0'Brien", com pequenas inovações, ou melhor, variações de estilo. O arremessador russo foi o que mais nos impressionou, pelo seu porte físico.

ARREMÊSSO DO MARTELO.

Também na prova de arremêsso do martelo, houve duelo renhido, e desta vez o húngaro Gyula Zsivotski conseguiu triunfo sôbre o russo Romuald Kl im , para ganhar a medalha de ouro e, ao mesmo tempo, esta­belecer nova marca olímpica — 73 m, 28.

O notável arremessador húngaro encontrou um adversário pertinaz no soviético, como ocorreu em Tóquio e como tem acontecido nos diversos

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campeonatos europeus. Entretanto, desta vez, Gyula esteve perfeito e mostrou realmente por que possui o recorde do mundo, nesta prova.

Em geral, a técnica usada no arremêsso do martelo foi a de três voltas. Note-se ainda que todos os técnicos com quem conversamos foram unâni­mes em confirmar que essa é a mais segura.

Entretanto, vários arremessador es tentaram dar mais de três voltas. Mas, na final, somente T. Sugawara, atleta japonês, lançou com 4 voltas, conseguindo um surpreendente quarto lugar, batendo o recorde olímpico com 69 m, 78.

Os homens mais fortes do atletismo treinavam em conjunto, isto é, um ajudando o outro, e o seu trabalho com halteres era expressivo, le­vantando mais de 140 quilos de carga.

Obedeciam mais ou menos à ordem de primeiro treinar o lançamento e depois passar a trabalhar com os halteres.

Observamos também que quase a totalidade fazia retas com os velocis­tas e alguns, dentre os quais os japoneses, principalmente T. Sugawara, faziam percursos de 200 metros.

SALTO COM VARA

Três homens conseguiram transpor o sarrafo na altura de 5 m. 40, esta­belecendo nova marca mundial e olímpica. A vitória final, com a corres­pondente medalha de ouro, coube ao norte-americano Bob Seagren, estu­dante da Universidade da Califórnia e que tem pretensões artísticas: ga­nhou a medalha por, ter cometido menos erros que seus rivais.

Dessa forma, seguem os Estados Unidos mantendo a supremacia na prova de salto com vara, depois da exaustiva e prolongada competição de 8 horas. Começou às 12 h, 45 e terminou às 21,00 horas.

Desde 1896 que os Estados Unidos não perdem esta prova, se bem que agora estão sempre ameaçados de perto pelos alemães.

Os atletas Bob Seagren, dos Estados Unidos, Claus Schiprowski, da Alemanha Ocidental, e Wolfgang Nordwig, da Alemanha Oriental, depois que ultrapassaram o sarrafo a 5 m, 40, falharam em todas as tentativas em 5 m, 45.

Houve, então, necessidade de se verificar as falhas dos saltadores até os 5 m, 40 e o resultado da verificação foi o seguinte: Bob Seagren com 5 tentativas; Claus Schiprowski 6 tentativas e Wolfgang Nordwig 6 ten­tativas.

O recorde olímpico era de 5 m, 10 e pertencia a Fred Hansen; e o mun­dial, de 5 m, 38 detinha-o Paul Wilson. Note-se que Seagren já havia salta­do 5 m, 41, marca não homologada.

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Até a altura de 5 m, 35 estavam na prova: o grego Papanikolaou, o americano Pennel, o soviético Bliznetsov e o francês D'Encausse, que lu­tavam contra os que ganhariam as medalhas.

O grego Papanikolaou e o russo Bliznetsov não conseguiram ultrapassar . o sarrafo na altura de 5 m, 35. Transpuseram" esta altura: Schiprowski, Seagren, Nordwig e Pennel. .

Na altura de 5 m, 40, Seagren e Schiprowski passaram na segunda ten­tativa e Nordwig, na terceira. O sarrafo foi levantado para 5 m, 45, altura que Seagren e Nordwig estiveram a ponto de passar.

Foi, sem sombra de dúvidas, um duelo que deixou o público em sus-pense, durante oito horas. Nesta prova, 11 atletas superaram o recorde olímpico e três bateram o mundial.

Comparando-se as execuções técnicas nos* melhores atletas do salto com vara, encontram-se diferenças visíveis na aplicação das regras mecâ­nicas fundamentais.

Podemos reduzir a dois pontos:

1. ° — na habilidade de curvar a vara; .

2. ° — na habilidade do aproveitamento do efeito de catapulta da pró­pria vara.

A altura da empunhadura, de maneira geral, recai sôbre 4 m, 60 a 4 m, 80; o grego Papanikolaou apresentou a maior marca neste pormenor: 4 m, 90. O americano Pennel empunha com a mão direita a 4 m, 80.

REVEZAMENTO 4 x 100

Os norte americanos deixaram para a história os 38"2, depois da dra­mática e sensacional prova corrida sob constante evoção de oitenta mil pes­soas, presentes no Estádio Olímpico.

Os negros americanos tiveram necessidade de realizar passagens per­feitas, para não se verem superados pelos cubanos, que, por sua vez, com 38"3, bateram por muito o próprio recorde.

O recorde mundial pertencia à Jamaica e durou somente 24 horas, pois Cuba o igualou. Os jamaicanos não foram tão felizes nas passagens e perderam para a França. Ambas as equipes, porém, marcaram 38"4.

• Das equipes que se apresentaram para o revezamento de 4 x 100 metros, a da Jamaica apresentou a melhor execução técnica (a técnica inglêsa, de Dynson)

Executavam da seguinte maneira: o homem que recebe somente co­loca o braço atrás quando o atleta que está com o bastão lhe avisa; o braço

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direito é levado para trás, com a palma da mão direita voltada para cima; o atleta que entrega, coloca o bastão de cima para baixo; o bastão perma­nece sempre na mão direita, não há troca de mãos: o primeiro homem já sai com êle na mão direita.

O que nos surpreendeu e muito, foi a distância de 28 pés empregada na passagem.

A equipe da França executa a passagem com o bastão sempre no meio. O primeiro homem sai com o bastão na mão direita e o entrega na mão esquerda do segundo homem, o qual, por sua vez, o entrega na mão direita do terceiro, de quem o último o recebe com a mão esquerda, evitando a troca do bastão de mãos em benefício de maior segurança. A distância para receber o bastão é de 30 pés. O bastão é entregue de cima para baixo.

Na equipe da Itália a passagem é executada da direita para a esquerda, tal como na da equipe da França, com o bastão sendo entregue de baixo para cima.

A equipe russa executa a passagem da mesma forma: o bastão da mão direita para a esquerda, desta para a direita e novamente para a esquerda. A única mudança apresentada é que os homens que recebem o bastão saem abaixados (esta fôrma de passagem será examinada mais adiante); o bastão é entregue de baixo para cima e à distância de 28 pés.

Os Estados Unidos também correm dentro desta forma, com-o bastão ; no meio, sendo que os seus homens não se abaixam.

Na equipe de Cuba, os homens correm dentro da técnica russa, com a distância de 28 pés.

Como uma constante, notamos que as melhores equipes de reveza­mento do mundo evitam a troca do bastão de mãos, pois o risco é desneces­sário. E ainda porque durante a fração de tempo que dura essa operação não se pode continuar acelerando e às vêzes nem se pode manter na velo­cidade adquirida. . ' •

A surpresa foi a equipe russa, que deixou cair o bastão, ainda na prova eliminatória, sendo desclassificada. A queda deu-se na passagem do pri­meiro para o segundo homem. . ..

O treinamento das equipes era encarado com o maior carinho, che­gando ao ponto de a equipe da Jamaica, que usa a técnica de Dynson, fazer o aquecimento com passagens de bastão. Colocavam-se em fila indiana e faziam a passagem do bastão em seqüência do primeiro ao quarto homem. Este, ao recebê-lo, lançava-o ao primeiro homem, reiniciando, assim, o tra­balho.

A equipe russa treinava duas a três horas, procedendo do mesmo modo • as equipes dos Estados Unidos e da França (em que treinava Nélson Pru-

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dêncio). J á Cuba fazia seus treinamentos escondidos. Víamos apenas seus atletas, mas nunca treinando, por mais que tivéssemos tentado observar seu preparo.

A equipe da Alemanha Ocidental e a da Oriental treinavam mais que a dos outros países, pois o revezamento para êles é considerado uma p~ova de importância capital.

A melhoria dos resultados na prova de 4 ?p 100 metros, sem sombra de dúvidas, deve-se ao aproveitamento dos 10 metros, e, à medida que os homens se forem adaptando, os recordes serão melhorados.

REVEZAMENTO DE 4 X 400

A equipe dos Estados Unidos, constituída pelos atletas Vincent Matheus, Ronald Freeman, Larry James e Lee Evans, melhorou os recordes olímpico e mundial com o tempo de 2 m 56 s 1. No dia anterior, correndo sem preo­cupações, já haviam igualado o recorde olímpico de 3 m 00 s 7. A equipe de Quênia ofereceu forte oposição, porém terminou era segundo lugar, com 2 m 59 s 6, também nôvo recorde olímpico e igual ao recorde mundial.

DECATLON

Will iam Toomeu ganhou a medalha de ouro, para os Estados Unidos, superando o recorde olímpico. Em 2.° e 3.° lugares ficaram Joachim Walde e Bendlin Kurt , ambos da Alemanha Ocidental. Com 8.193 pontos, Toomey superou o antigo recorde olímpico em 192 pontos. A marca anterior perten­cia a Rafer Johnson e perdurava desde as Olimpíadas de Roma.

Bendlin K u r t era considerado como o mais provável vencedor, por possuir o recorde mundial, com 8.319 pontos, desde 14 de maio de 1967, estabelecido em Heildeberg, e por ter os melhores resultados de 1968.

Toomey destronou Joachim Walde, da Alemanha Ocidental, do pri­meiro, lugar da competição, na prova de 400 metros rasos, que foi a quinta e última do primeiro dia de provas. Desde então, não perdeu mais a ponta da competição.

Toomey, neste decatlon, em relação à sua melhor marca do anb, caiu 29 pontos, o que quer dizer que êle foi relativamente bem. Hans Joachim Walde teve um bom desempenho, melhorando a sua marca, que era de 7.831 pontos, para 8.111 pontos.

Kur t Bendlin, favorito indiscutível, pelo menos o era quando chegou ao México, teve uma temporada feliz no ano de 1968 e sua melhor marca era de 8.086 pontos. Nos Jogos Olímpicos conquistou a medalha de bronze, totalizando, para tanto, 8.064 pontos. Mesmo levando em consideração a sua operação no joelho e uma distensão, ainda foi muito bem. Observamos

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Toomey em treinamento e sua preocupação era a de apurar a velocidade. Como prova estão os seus resultados: 10 s, 4 nos 100 meiros e 45 s, 6 nos 400 metros; êle é o homem que, dando as coisas certas, passará dos 8.500 pontos.

MARCHA DE 50 QUILÔMETROS

Christopher Hohne, da Alemanha Ocidental, conquistou, de forma por demais folgada, o primeiro lugar na extenuante prova de 50 km de marcha.

Hohne entrou no Estádio Olímpico com o mesmo ritmo com que saíra, apenas 4 h 20 m 13 s 8 antes, ante a ovação dos milhares de aficionados que esperaram no Estádio desde as 20 horas, para tributar honras ao nôvo campeão olímpico, medalha de prata em Tóquio e também campeão mun­dial da especialidade.

Desde o princípio, os alemães Hohne, Leuchke e Selzer, junto com os russos Agapov e Grigorjev, fizeram urn bloco difícil de se penetrar.

Entretanto, depois de passar pela Vila Olímpica, o grosso do pelotão começou a separar-se, pouco a pouco, e Hohne tomou a dianteira, junta­mente com o britânico Nihi l l . Ambos permaneceram na frente niais de 35 km em luta constante.

Na retaguarda, longe do primeiro contingente, vinha o restante, e o alemão Selzer com o australiano Gardiner lutavam com o húngaro Kiss, mas êste último finalmente ocupou o segundo pôsto.

Entre os ponteiros, se colocara o norte-americano Larr Young, o qual brilhou na primeira metade da competição; mais tarde deu mostras de estar cansado, porém se superou e, nos últimos 10 quilômetros, colocou-se em terceiro lugar, para terminar a competição neste honroso lugar.

Infelizmente, no Brasil, ainda não respiramos um ar sadio para reali­zarmos competições dessa especialidade.

O que deveríamos fazer é começar com pequenas distâncias entre os colegiais: distâncias de 1 000 metros, para mostrarmos o que é a marcha. Além disso, a Federação Paulista de Atletismo e as demais Federações deveriam incluir em seus calendários essas provas, para que os nossos jo­vens e os clubes trabalhassem na renovação de valores.

O importante é iniciarmos, pelo menos tentarmos, prestigiando essa modalidade.

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PARTICIPAÇÃO DOS ATLETAS BRASILEIROS

NELSON PRUDENCIO

Competiu no salto triplo, sendo a maior surpresa dos jogos nesta prova, batendo o recorde mundial por 3 vêzes, classificando-se em 2.° lugar, me­dalha de prata; única medalha sul-americana, superando o recorde do nosso sempre lembrado Ademar Ferreira da Silva. Perdeu a prova, no último salto, para o russo Saneev. Esta foi uma das provas mais fortes dos jogos olímpicos, pois os 7 primeiros bateram o recorde Olímpico e cfs 5 primeiros bateram Recorde Mundial e Olímpico.

MARIA CONCEIÇÃO CIPRIANO

Conseguiu classificar-se para a final do salto em altura para moças, saltando o índice, para i r à final com 1 m 74. Na final, tendo como compe­tidoras as melhores do mundo, saltou X m 69. Com a marca estabelecida nas preliminares, conseguiu igualar o recorde sul-americano e brasileiro que pertence à atleta Aída dos Santos.

AÍDA DOS SANTOS

Mesmo sentindo da perna, fêz o Pentlaton, ficando em 20.° lugar, com 4 578 pontos, nova marca sul-americana para esta prova.

IRENICE M. RODRIGUES

Foi desligada da Delegação por motivos disciplinares.

PARA A REPRESENTAÇÃO BRASILEIRA

Visando possível convocação olímpica, iniciamos o nosso trabalho em 17/7/66. Consistiu, primeiramente, em observar os atletas que tivessem possibilidades de integrar a nossa equipe, levando em consideração três grandes competições, a saber:

1) Jogos Luso-Brasileiros — 17/7/66 — Lisboa.

2) As 3 competições para os Jogos Pan-Americanos:- 29/4/67 — São Paulo, 28/5/67 — São Paulo e 3/6/67 — São Paulo.

3) Jogos Pan-Americanos — Canadá.

4) Campeonato Sul-Americano — Argentina.

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Mediante os resultados conseguidos e, com índices estabelecidos pelo C. O. B., do Jundiaí Clube foram convocados para o treinamento olímpico os seguintes atletas: NELSON PRUDÊNCIO, JOSÉ CARLOS JACQUES e ATÍLIO DENARDI ALEGRE.

Nesses 3 elementos o aproveitamento foi ótimo. Atílio Denardi Alegre conseguiu 1 m 52 s 2, nos 800 m rasos, ficando a dois décimos do recorde brasileiro da prova. Nos 1 500 metros conseguiu 3 m 53 s 1, superior ao re­corde brasileiro, porém marca importante tendo-se em vista que é de atleta juvenil.

Por sua vez, aperfeiçoamos em José Carlos Jacques a velocidade e o lançamos no Decatlon. Em sua estréia, ganhou o campeonato brasileiro e sagrou-se vice-campeão. Na fase final de preparação olímpica, arremes­sou o pêso a 17 m 0 6, novo recorde brasileiro, e o disco a 55 m 02, novo re­corde sul-americano. Êstes dois atletas ficaram de fora da equipe olímpica.

Sem dúvida alguma, NELSON PRUDÊNCIO foi o elemento que revelou maiores condições dos atletas brasileiros. Partimos dos seus resultados con- 1

seguidos nos campeonatos:

1) Jogos Lusos — 16 m 18.

2) Jogos Pan-Americanos — 16 m 45.

3) Campeonato Sul-Americano — 16 m 30.

Para mais bem acompanharmos a sua progressão, estabelecemos um gráfico em escala de 1 por 1 000 e, com êste ponto de partida, dividimos todo o seu treinamento em 2 partes:

1) Preparação Física e Resistência; ,

2) Velocidade e Educativos (cangurus).

Na primeira parte, fizêmo-lo correr distância, para melhor preparo físico, contando, para isso, com o apoio do DR. MÁRIO C. PINI que ficou encarregado da parte médica.

Na parte dentária, o DR. OSMAR FERREIRA DUQUE se prontificou a realizar todo o trabalho necessário.

No referente à segunda parte, trabalhamos em ritmo forte, pois tería­mos de explorar, como ponto básico, esta qualidade. Completando êste setor, trabalhamos em educativos (cangurus), pois queríamos encontrar uma fórmula melhor para aproveitar a elasticidade oferecida pela pista de tartan. Fomos felizes, estabelecendo, então, a fórmula:

VELOCIDADE + EQUILÍBRIO + ELASTICIDADE = MELHOR RENDIMENTO TÉCNICO.

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Como preparo psicológico, jogamos com base nos jogos abertos no inte­rior, pois nesta competição iríamos empenhar todo nosso trabalho com Prudêncio e ainda apoiado no objetivo de conseguir 15 m 96. Com êste re­sultado ficamos tranqüilos, porquanto vislumbrava-nos a certeza de conse­guirmos no México seu índice técnico.

Chegando ao México, a primeira atitude nossa foi deixar Prudêncio por 4 dias sem treinar, para i r se aclimatando com a altitude. Enquanto isto, localizávamos o Campo de Treinamento mais tranqüilo para começar­mos a trabalhar. Acabamos fixando-nos no "Campo de Acalientamento", porque nos pareceu o melhor, principalmente pelo fato de ser distante.

Após passado os dias de aclimatação para Prudêncio, começamos a tra­balhar em sua marca. Aliás esta foi a única etapa que deixamos para rea­lizar fora do Brasil. A nossa preocupação foi a de aumentar a marca de 32 m para 40 m, pois a idéia básica era sempre de aproveitar a velocidade e a elasticidade da pista, executando educativos (cangurus), a f im de conseguirmos melhor equilíbrio entre os saltos.

Inicialmente, a velocidade de Prudêncio surpreendeu os técnicos, dando inclusive margem a comentários elogiosos dos especialistas russos, alemães e franceses. Completada esta fase de trabalho, ficamos à espera das elimi­natórias, nas quais o Comitê Olímpico Internacional elevou o índice para 16 m 10.

COMPETIÇÃO DO SALTO TRIPLO

Algo de notável assistimos po Estádio Olímpico. Foi a prova do salto triplo, que não é nada mais do que um conjunto de VELOCIDADE, CO­ORDENAÇÃO, PRECISÃO, ELASTICIDADE E FÔRÇA.

A prova, como as demais de pista e de campo, conseguiu fazer com que todo o estádio criasse uma expectativa e um interesse inusitado em todo o público, que depois tomou proporções de dramatismo. Algo estranho se notava no ambiente e na atmosfera da cidade universitária, pois parecia que os triplistas voavam em cada salto, principalmente pelas distâncias que alcançavam.

Gentile, estudante de psicologia (1 m 86, 85 quilos), que tinha conse­guido bater o recorde Mundial e Olímpico no dia anterior, começou a prova final e no seu primeiro salto conseguiu 17 m 22, estabelecendo nova marca mundial e olímpica e ratificando a sua condição de recordista do Mundo. Até aquêle momento ninguém duvidava de que a medalha de ouro já tinha vencedor certo.

O russo Saneev não se acovardou com o extraordinário feito de Gen­tile e, na sua terceira oportunidade, bate a marca, saltando um centímetro a mais que Gentile. Porém este recorde também durou minutos.

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Veio então o ataque do brasileiro NELSON PRUDÊNCIO, que, com toda a sua categoria e os seus 65 quilos, fizeram recordar, para nós brasi­leiros, os feitos de Ademar Ferreira da Silva em Helsinki, Londres e México.

Muitos dos assistentes, que viram a façanha de Ademar no México, nos Jogos Pan-Americanos, tributaram ao "Canguru" brasileiro prolongada salva de palmas, entre as quais muitas havia para Ademar. E Nélson Pru­dêncio se colocava assim no primeiro posto da competição, para a surpresa de todos.

Mas a competição não tinha ainda terminado e o russo Saneev, de 23 anos, estudante de agricultura, realizou o impossível e, se o salto de Pru-dênció foi sensacional, mais ainda foi o salto deste atleta russo, mostran-do-se o Campeão que é com a realização do espetacular salto de 17 m 39, nova marca mundial e olímpica. '

Memorável reunião de triplistas, ficando uma delas — 17 m 39 — para iniciar nova história do salto triplo, que teve grande impulso com Ademar, quando saltou 16 m 00, e depois com Joseph Schmidt, quando se cobriu de glória em Roma, ao saltar, pela primeira vez, 17 m 02. E assim, mais uma

\ estréia foi ofuscada, ou seja, Schmidt, ior Victor Saneev.

Festa russa no México, festa brasileira pelos brasileiros e tristeza para o italiano, que ficou apenas com a medalha de bronze.

Nos Jogos Olímpicos, sempre surge uma figura que ofusca a luz bri­lhante dos outros astros. Nélson Prudêncio foi um desses astros, que su­plantou, no cenário internacional, as fabulosas performances conseguidas pelo nosso campeoníssimo Ademar Ferreira da Silva. Da mesma forma como Bob Beamon ensombrou os feitos de Ralph Boston, e Viscopoleneana os de Mary Rand Bignal.

Mas tão pouco se esperava que Nélson Prudêncio superasse por 3 vê­zes o recorde Mundial e Olímpico, um recorde que datava de 8 anos. Pre­cisamente por estas coisas é que existem os Jogos Olímpicos.

Na prova1 do salto triplo nos Jogos Olímpicos do México, tivemos a oportunidade de confrontar os melhores saltadores da atualidade em con­dições exteriores iguais para todos.

Nas nossas observações não foram notadas transformações inesperadas nesta prova, mas, sim, diferentes maneiras de saltar, fruto das investiga­ções russas, italianas e, para nossa vaidade, brasileiras.

Os saltadores russos e poloneses saíram vencedores nas últimas Olim­píadas. Suas técnicas podem ser cônsideradas como representativas, nos úl­timos descobrimentos, no domínio da técnica do salto triplo.

Entretanto, outros campeões se sobressaem por seu estímulo individual, mas com alguma afinidade com uma dessas escolas.

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1. " salto — predomina a velocidade.

2. " salto — predomina o equilíbrio entre a velocidade e o mesmo equi­líbrio.

Prudêncio, no Brasil, tinha a marca de 36 metros. A única mudança que fizemos com êle foi realizada na cidade do México, aumentando a cor­rida, que despertou o interesse dos demais técpicos. Saltadores como Newman e Shenk, da Alemanha, polacos e franceses não acreditavam que Prudêncio pudesse saltar com a velocidade que estava correndo. Esta característica foi a mais notada mudança na prova do salto triplo e mesmo comentada como possível nova alteração no salto triplo. Fazer as mudan­ças que fizemos na marca de Prudêncio, possuidor de impulsão, logo com maior velocidade e como tem muito ritmo (graças ao canguru), acredito eu.

Em Prudêncio observa-se:

1. ° salto — também não é alto, como saltava Ademar, e os saltadores da Escola russa. O que impressionou foi o equilíbrio dos saltos, baseado principalmente na velocidade, sendo que o apoio dos pés, quando termina o 1.° salto, é total.

2. ° salto — o joelho da perna que está livre, não o da perna de impulso, é o que dá a direção do salto, mas;ainda não se coloca tão pronunciado, como o que foi notado no atleta russo Saneev. O importante é aproveitar a característica do atleta, restringindo a sua liberdade; o importante é a naturalidade.

3. ° salto — a melhora do 3.° salto foi notável, e obdeceu, de forma geral, ao mesmo estilo do russo Saneev, para a frente e não para o alto. A técnica para o salto final é com fôrça individual e tôda pessoal.

SUGESTÕES FINAIS

I — A possibilidade de proporcionar aos atletas competições com países mais adiantados, no Brasil e no Exterior.

I I — A inclusão de 1 ou 2 cinegrafistas e observadores nas' futuras Se­leções Brasileiras, para trabalharem em conjunto com os técnicos, princi­palmente nos Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos.

I I I — Se possível, enviar técnicos e observadores que falem mais de uma língua, pois poderão atualizar-se e trocar idéias com técnicos de outros países mais adiantados.

I V — Divulgar, através de meios de comunicação diversos, a técnica assimilada nas observações.

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O NOVO S A L T O E M A L T U R A E S P E T A C U L A R E V I T O R I O S O

Oswaldo Gonçalves

O salto do atleta Richard Fosbury com o recorde olímpico de 2,24 m promete outros seguidores. O colchão "Port-A-Pit" contra possíveis aci­dentes. Características do nóvo estilo, gesto e velocidade.

* * * A realização de uma Olimpíada constitui, no âmbito puramente técni­

co, a verificação, o teste de aproveitamento dos variados processos usados pelos técnicos, tendo em vista sempre a melhor performance de seus atletas. O treinador presente à grande festa do esporte amador, ao fim da realização dos vários esportes com suas grandes disputas, faz o balanço dos valores postos em uso, e do saldo verificará se as competições valeram bons dividendos. Concluirá, por fim, qual foi a linha do trabalho preferida na consecução dos grandes resultados. Ao fazer um exame de consciência, também saberá se as suas convicções se firmam no caminho certo. Êste balanço de acontecimentos que sempre oferece a realização dos Jogos Olímpicos, sem dúvida, é de grande importância para o treinador experi­mentado, com grande lastro e bagagem na sua atividade esportiva. O trei­nador que ao regressar de uma Olimpíada informa que nada viu de nôvo, que nada o impressionou, que os - participantes já eram seus conhecidos através das revistas técnicas, livros, filmes etc. preferiu situar-se numa posição cômoda e demonstrar que está em dia com a evolução técnica do seu esporte. Todo o dia aprendemos sempre. E feliz o treinador que tem capacidade para, todo o dia, acumular novos conhecimentos em sua pro­fissão de especializado. A Olimpíada realizada na cidade do México foi um acontecimento repleto de novos ensinamentos. Dentre os principais se destacou o comportamento do atleta às grandes altitudes. Em um setor de provas os atletas foram grandemente beneficiados, enquanto em outro fo­ram demasiadamente prejudicados. No primeiro grupo estão incluídas as provas em que a velocidade era a prioridade principal e no segundo grupo, as provas em que a resistência cardiopulmonar era mais exigida, como nas distâncias de 5.000, 10.000 e corrida da Maratona. Não só a altitude benefi-

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ciou um grupo grande de atletas, incluindo os saltadores e lançadores, como ainda a pista de "tartan" usada pela primeira vez em Olimpíada, e ainda o vento quase sempre no limite de 2,00 metros por segundo, o que constituí um "handicap" legal às grandes performances. Além desses fato­res tão favoráveis, não devemos esquecer à expressão de uma competição olímpica que sempre estimula maior luta, esta preparada e esperada com quatro anos de antecedência. E envolvido neste preparo longo e cuidadoso em busca de uma medalha, estão também os técnicos com suas experiências, pesquisas, estudos, de braços dados com os fisiologistas e cinesiologistas. E sempre, por iso tudo, uma Olimpíada é o estímulo em busca dos novos valores técnicos que poderão ou não vingar com seus resultados. Neste caso todo especial, apontaria aqui o estilo sui generis de vencedor da prova do salto em altura, seguindo-se as quatro voltas que alguns martelófilos, mesmo de grande estatura, já estão aplicando na rotação dentro do círculo e, por último, a técnica de saltar o fôsso de água do atleta vencedor na prova dos 3.000 metros com obstáculos. Dos três fatos aqui apontados, qua­lificados como técnica nova e que mais foi da preferência dos espectadores no estádio da Universidade do México, se destacou por vários outros as­pectos, a participação do atleta norte-americano Richard Fosbury, ao re­gistrar õ nôvo recorde olímpico de 2,24 metros na prova do salto em altura.

GESTO E ESTILO

De fato, quando um atleta emprega um nôvo estilo e consagra-se ven­cedor, é natural que dali por diante tenha muitos seguidores em busca das grandes performances. Contudo, tem acontecido o inverso, isto é, atletas que apresentam novidade mas que,-por não saírem vencedores, passam despercebidos e portanto não terão candidatos seguidores. No caso do sal­tador em altura norte-americano, acredito que até os técnicos se sentiram contentes com a sua grande vitória contra afamadíssimos atletas especia­lizados e que tinham melhor posição no ranking mundial. Foi como se estivessem os técnicos pedindo que o referido atleta yanke fosse de fato o vencedor^ Pelo menos eu. Apreciei de fato a vitória do atleta norte-ameri­cano. Êle derrotou os destruidores do estilo até então o mais eficiente e que me parece ainda não será desta vez que perderá a sua supremacia. Pena que o estilo "Rã" venha recebendo preponderância de seu gesto contra até os princípios mecânicos da própria ação de saltar em altura. Com raras

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Na sua fase de concentração nervosa para a corrida do salto em altura, vê-se o atleta Richard Fosbury, dos E.U.A., vencedor da prova com 2,24 metros.

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exceções, assistimos na Olimpíada do México a saltadores recordistas apro­veitando todos os princípios mecânicos do salto.

A CORRIDA

O exagero do lançamento de ambos os braços vindos de trás, em ação simultânea, no ato da impulsão, exige uma preparação antecipada nos úl­timos passos da corrida. No México houve saltadores até que traziam essa preparação desde o início da corrida, isto é: partiam de sua primeirò "mar­ca" já com ambos os braços para trás. Era ridículo vê-los correr de tal maneira, com ambos os braços para trás prejudicando, assim, os movimentos sincrônicos da própria corrida. A velocidade da corrida passou a não ter importância como fase capital no salto em altura. A participação do atleta norte-americano, com o seu nôvo estilo de costas, onde a corrida é exagera-damente veloz, veio, pelo menos, lembrar aos grandes campeões, seus técni­cos e treinadores, o valor da corrida para armar o salto. De fato, a fase de impulsão, isto é, quando o salto é armado, constitui o ponto mais importante e.sério do salto propriamente dito. E como esta fase é bem difícil de ser ajustada quando a velocidade da corrida é muito intensa, o atleta se sente mais cômodo e hábil com os movimentos mais lentos. O lançamento de ambos os braços de trás para frente e para cima tem o objetivo de somar mais força à impulsão da perna do salto e seguir o ímpeto do chute da perna de elevação. Isto já constitui também um outro exagero na ânsia de se ganhar melhor performance no salto.

CARACTERÍSTICA DO SALTO NORTE-AMERICANO

Todo aquele que tem associação com a prática do atletismo possui uma idéia do arranjo do estilo nôvo do salto do atleta norte-americano Richard Fosbury, que, com alguma surpresa, foi o vencedor o recordista olímpico, com a performance de 2,24 metros, no México. R. Fosbury mudou comple­tamente as características de todos os estilos de salto em altura até então em uso desde a forma simples natural ao estilo presente e dominante, conhe­cido como "Rã", Straddle form, Zambolita e Barrei Roll. O referido salta­dor, depois de uma concentração tôda nervosa e que quase cobre os dois minutos de tolerância para a tentativa do salto, parte de uma distância sempre maior à média dos saltadores estilistas e com uma velocidade de aproximadamente entre 75 a 85% de intensidade. Êle se impulsiona pràti-

262

Vista geral de instalações tanto para o salto com vara como para o salto em altura. Na primeira prova vê-se em amplitude suficiente o colchão Port-A-Pit, material que foi usado no México, e de que também se beneficiaram os saltadores em altura.

263

• 10 U II

17 11 ]f M

Seqüência do salto empregado pelo atleta Richard Fosbury na Olimpíada do México. Na foto de n.° 12 observa-se a naturalidade dos movimentos da impulsão, sem dtíuida, o ponto alto do estilo e que é conseguido sem perder o mínimo da grande velocidade posta em uso em seus saltos.

264

265

camente de costas para o sarrafo, bem na vertical, para, no ápice da traje­tória do salto, empregar uma hiperextensão do tronco, ou golpe de r im, como mais atlèticamente é conhecido tal movimento de arquear o tronco. Em defesa da passagem de todo o corpo por cima do sarrafo, as pernas são também arqueadas com o tronco já descendo para a queda no colchão "Port-A-Pit" fabricado de espuma de nylon e que se constitui em grande ajuda e confiança à consecução dos grandes resultados técnicos, inclusive na prova do salto com vara. Tal equipamento já imprescindível às grandes performances, foi uma garantia contra os tão naturais acidentes que, res-salte-^e, aconteciam e acontecem em caixas ainda com areia de praia e outras misturas que, no ato da queda do atleta, constituem, isso sim, um traumatismo para o seguinte salto.

A queda do salto, a fase mais perigosa, sem dúvida, exige certa habi­lidade, já que o atleta se defende com o apoio dos omoplatas. Na tentativa de 2,29 i . tros, que seria o recorde do mundo, o atleta norte-americano chegou a cair de nuca e por pouco não completou o salto "mortal" de costas, tão conhecido na ginástica de solo. Tal estilo, que os americanos chamam de Fosburyflop só é possível com o uso de colchão que possa prevenir um possível acidente. Não será demais sugerir-se até que o estilo do atleta norte-americano tenha sido estimulado pela macieza do colchão "Port-A--Pit" que também é de fabricação norte-americana. Um atleta da equipe do pentatlo norte-americano também usou tal estilo e teve algum sucesso, se se analisar o seu tamanho para saltador em altura.

Vingará o nôvo estilo do atleta norte-americano? Pelo que trouxe de nôvo à corrida veloz, pelos seus movimentos de saltar mais simples e bem naturais, gostaria que tal estilo vingasse de vez. O preço caro. do colchão para a queda do saltador deverá tardar, sem dúvida, a aceitação por parte dos treinadores e técnicos.

Esperemos e veremos.

266

VOLLEY-BALL

Paulo Emmanuel da Hora Matta

PLANO GERAL DE TREINAMENTO FÍSICO

OBJETIVO

Preparar fisicamente a Seleção Brasileira de Volley-Ball masculino para os Jogos Olímpicos do México.

ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO

Sendo o Volley-Ball um desporto que exige potência muscular, resis­tência, agilidade e coordenação, serão empregados, na proporção abaixo, os seguintes métodos de treinamento:

PREPARO NEUROMUSCULAR Power Training , 20%

(Potência Muscular = Força x Circuit Training 15%

Velocidade) Interval Training 15%

(50%)

PREPARO ORGÂNICO (Resis- Cross Promenade 10%

tência — Endurance — Adapta- Interval Training 15%

ção à altitude) Circuit Training 5%

(35%) Altitude Training 5%

AGILIDADE E COORDENA- Ginástica Acrobática 10%

ÇAO MUSCULAR Ginástica Natural 5%

(15%)

SERVIDÕES

Considerando o fato de estar o local da competição (México) situado a 2.240 metros de altitude, e com uma diferença correspondente a 4 fusos

267

norários no sentido Leste—Oeste, serão constatadas reações orgânicas por parte dos atletas, tornando-se, pois, necessário observar as sebuintes ser­vidões:

a) Adaptação à altitude

Antes da viagem — Um período de pré-aclimatação de duas (2) sema­nas de treinamento em Campos de Jordão (1.800 metros de altitude).

Após a chegada — Um período de aclimatação no local da competição, constando de quatro (4) dias de repouso e duas semanas de treinamento progressivo até à estréia no Torneio.

b) Fusos horários

Para neutralizar parte dos efeitos negativos da mudança de fusos, os atletas serão instruídos de modo a alterar, a longo prazo, o horário de suas atividades. O quadro abaixo serve de orientação:

HORA — MÉXICO ATIVIDADE HORA — RIO

07,00 Desjejum 11,00

12,00 Almoço 16,00

16,00 Lanche 20,00

20,00 Jantar 24,00

22,00 Recolher 02,00

CADERNETA DE TREINAMENTO

Será mantido um registro individual de todos os atletas, em fichas apropriadas, onde constarão:

— Dados biométricos (peso, altura, envergadura, pulso, pressão e tc) .

— Observações durante o treinamento.

— Controle alimentar.

— Observações durante a competição.

PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA

Serão realizadas breves palestras de orientação para os atletas, abor­dando, entre outros, os seguintes assuntos:

— Importância da representação esportiva do Brasil.

— Espírito olímpico.

268

— Importância do preparo físico nas performances.

— Normas gerais de ação para treinamentos, viagens e concentração.

— Esclarecimento sôbre o efeito da altitude e da mudança de fusos.

— Atualização sôbre regras e conceitos de arbitragem. ,

CALENDÁRIO

1. " Fase .

— (28 dias — Rio) Concentração no C.E.M. (Ilha das Enxadas).

Início — 6 de julho — Apresentação.

— Exames médicos. " *' "

— Normas para o treinamento.

— Preparação física de base (70% do tempo de treinamento).

— Preparação técnica e tática (30% do tempo de treinamento).

Término — 4 de agôsto •— 1* dispensa.

Fase intermediária (14 dias — nos Estados de origem).

Início — 5 de agôsto. .

— Execução de um programa individual de treinamento, a ser pres­crito.

Término — 18 de agôsto.

2. " Fase • ]

— (20 dias — Rio) Concentração ho C.E.M. (Ilha das Enxadas).

Início — 18 de agôsto.

— Preparação física específica (50%).

— Preparação técnica e tát ica (50%).

Término — 6 de setembro — 2." dispensa.

3. a Fase

— (14 dias — Campos do Jordão) .

Início — 9 de setembro — Viagem.

269

— Preparação física 30%.

— Preparação técnica e tática (70%).

— Adaptação inicial à altitude.

Término — 23 de setembro — Retorno.

Viagem para o México

Preparativos — de 23 a 25 de setembro.

Embarque — 26 de setembro.

4." Fase

— (18 dias — Cidade do México).

— Repouso (recuperação e adaptação) — de 27 de setembro a 1.° de outubro. . „ .

— Treinamentos finais, em ritmo progressivo — de 2 a 14 de outubro.

— Estréia — dia 15 de outubro.

PLANO DE TREINAMENTO TÉCNICO

— PASSES

. toque

. recepção (rolamentos e suspensão)

. alto

. no local da penetração

. na entrada, no centro e na saída, dando condição a uma cortada ou a outro passe.

— LEVANTAMENTO

. para frente

. para o lado

. para trás

. posição em relação à bola

. bola alta . bola baixa (rápido, levantamento curto) . bola longa (com exploração de corredor e do bloqueio) . em diagonal . suspensão.

270

DEFESA

alta

baixa (manchete)

queda

rolamento

mergulho

posição do corpo e dos pés.

BLOQUEIO

ofensivo

defensivo

simples

duplo

triplo, no centro '

posição do corpo e das mãos

deslocamento do centro para as laterais

recuperação

tempo.

CORTADAS

frontal (tipo tênis e gancho)

em diagonal

forte

fraca

dirigida

entrada na bola (posição do corpo, braço e punho)

caída do corpo no chão

afastamento da rêde

aproveitamento do bloqueio adversário.

rapidez

desconcentração.

271

PLANO DE TREINAMENTO TÁTICO

— COBERTURA

. deslocamento com relação ao bloqueio e ao ataque adversário. .

— FECHADA

. no ataque de sua equipe, feita pela defesa centro, direita e esquerda.

. demais deslocamentos.

— BOLAS DE PRIMEIRA

. abertura para a rêde (laterais e centro).

— PENETRAÇÃO

. pela direita e pelo centro.

— JOGADAS PREESTABELECIDAS

. com infiltração e trocas

. fintas.

— CONJUNTO

. execução dos itens anteriores.

1» F A S E

TRE/NAMENTO FÍSICO

Inicialmente foram feitos os exames médicos, completados com exames de laboratório, para todos os atletas.

Na primeira semana foram realizadas sessões de ginástica, visando adaptar os atletas às cargas de trabalho das semanas subseqüentes, bem como testes de velocidade, recuperação física, agilidade e coordenação (Burpee Test), e verificação de carga (Pêso), para se conseguir as justas medidas para o internai, Circuit e Poiuer Trainings, Paralelamente, saben­do que no vôlei há uma grande exigência de flexibilidade e, levando em conta o pouco trabalho neste setor, nos clubes brasileiros, foi efetuada dià-riamente uma sessão de flexibilidade.

272

2.a SEMANA

Nesta semana o trabalho físico constou de:

a) 4 sessões de calistenia (reduzidas).

b) 3 sessões de Interval-Training, começando com 6 x 100, e termi­

nando com 8 x 100 m.

c) 2 sessões de Circuit-Training, com 10 etapas.

d) 1 sessão de Cross em 1.200 m.

e) sessões diárias de flexibilidade.

Além do trabalho físico, foram escolhidos dois dias na semana, de acordo com o trabalho executado, para sauna e massagens, bem como uma parte de recreação, acompanhando o trabalho diário.

Em virtude de descuido pessoal durante seu aquecimento (aqueceu-se e foi falar no telefone), o atleta Ary, no dia 19/7 em uma sessão de Inter-valo-Training, sentiu distensão no bíceps crural.

. 3.° SEMANA

Constou de:

a) 5 sessões de ginástica (reduzidas).

b) 3 sessões de Cross, começando com 1.200 e terminando com 2.300 m.

c) l sessão de Circuit-Training, com 10 etapas (igual à sessão anterior).

d) 1 sessão de interna l-Training, com 6 x 100 m.

e) saunas e massagens (2 dias).

f) sessões de flexibilidade (diárias).

g) recreação (basquete, natação, futebol e tc) .

4." SEMANA

Constou de:

a) 3 sessões de ginástica (reduzidas).

b) 2 sessões de Interval-Training, 6 x 100 m e 8 x 100 m.

c) 2 sessões de Circuit-Training, com 10 etapas com 2 repetições.

273

d) 1 sessão de Cross de 1.200 m.

e) saunas e massagens (2 dias).

í) sessões de flexibilidade (diárias).

g) recreação (basquete, natação, futebol e tc) .

Finda esta primeira etapa de treinamento, chegamos à conclusão que o estado atlético do plantei era muito bom. Lamentamos que tivéssemos que interromper o ritmo de trabalho, pois, em virtude dos atletas serem em sua maioria estudantes, deviam comparecer às suas escolas, que não os haviam dispensado. Sabíamos que tal interrupção iria prejudicar nosso tra­balho,, porém tivemos que nos submeter à realidade nacional. Com o obje­tivo de amenizar êsse prejuízo, organizamos guias de preparação física e técnica, para os convocados executarem nos seus clubes, no período de 5 a 17/8, ou seja, enquanto estivessem fora de concentração. Além disto, f i ­zemos preleções, procurando lembrar a necessidade de tal procedimento, e o benefício que traria ao plantei.

GUIA DE PREPARAÇÃO FÍSICA PARA O PERÍODO DE 5/8/1968 a 18/8/1968

INTRODUÇÃO

Visando a manutenção de sua forma física, conseguida com bastante sacrifício durante 30 dias, a Confederação Brasileira de Volley-Ball e nós, particularmente, esperamos que você cumpra êste Guia de Preparação Fí­sica, para que, ao retornar para a 2.a Fase de treinamento, possa ser tra­balhado sem prejuízo da continuidade do planejamento.

INSTRUÇÕES

a) LOCAL — Cada atleta deverá usar o seu clube de origem ou outro clube qualquer.

b) TRABALHO A SER EXECUTADO

Em dias alternados: 6 tiros de 100 metros 1.500 metros em trote.

Diàriamente: Sessão de flexibilidade.

ANEXOS: a) Sessão de aquecimento.

Quando fôr dia de tiros repetidos de 100 metros, deverá obedecer à seguinte série de exercícios, antes de iniciar os tiros, visando ao devido aquecimento:

274

Agachamento com as mãos aos quadris — 10 repetições.

•Flexão e extensão, das pernas e joelhos (para um lado e para outro, mantendo uma perna flexionada e outra estendida — 5 para cada lado.

Correr curto com elevação dos calcanhares, procurando alcançar a região glútea.

Andar cruzando as pernas alternadamente e ao mesmo tempo flexionar o tronco, alcançando o chão com a palma da mão.

Andar e executar alternadamente a elevação da perna, tocando o braço do mesmo lado.

Andar na posição de cócoras (20 metros).

Dar 7 piques de 70 metros.

Sessão de flexibilidade:

Salto no mesmo lugar com as pernas semi-abertas: 10 vêzes em cada direção.

Circundação dos braços — 15 vêzes em cada direção, iniciando o movimento para a frente. 1

Inclinação lateral do tronco: 10 vêzes para cada lado.

Circundação do tronco: 10 vêzes.

Flexão e extensão do tronco: com abertura lateral das pernas: 10 vêzes, sendo 3 tempos em baixo e 1 em cima e procurando tocar os dedos nos calcanhares.

Flexão e extensão do tronco, com as pernas unidas: 10 vêzes, sendo bastante similar ao exercício anterior, alcançando o chão com a pal­ma da mão.

Flexão e extensão das pernas e joelhos para o lado, simulando uma manchete, 13 vêzes, alternando os lados.

Flexão e extensão das pernas e joelhos para a frente, simulando uma manchete: 14 vêzes, alternando a perna que vai à frente.

Abertura máxima (lateral) das pernas, forçar o máximo e perma­necer 1 minuto na posição.

Sentar partindo da posição anterior. Abdominal (mergulho dos braços e cabeça na direção de cada perna): 10 vêzes na direção de cada perna, mantendo as pernas estendidas.

275

12) Fechar as pernas e executar o mesmo exercício anterior: 10 vêzes procurando tocar a cabeça no joelho.

13) Flexão e extensão dos braços na posição de apoio de frente: 15 vêzes.

14) Alternância das pernas na posição de apoio de frente: 10 vêzes.

15) 5 rolamentos para trás.

16) 5 rolamentos para frente.

17) Deitar e levantar rapidamente, forma correta e simulando a posi­ção básica do Volley-Ball cada vez que levantar: 10 vêzes.

18) Corrida estacionaria: 6 minutos ininterruptos.

FINAL

Esperamos que você realmente cumpra .o compromisso que tem com a CBV, com seus técnicos e com sua própria pessoa; esperamos recebê-lo de volta no dia 18, na plenitude de sua forma física.

TREINAMENTO TÉCNICO " '

1." FASE

Antes de tratarmos do treinamento técnico, gostaríamos de tecer algu­mas considerações sôbre um fenômeno que se observa na preparação de seleções nacionais. Os técnicos perdem tempo precioso em consertar defeitos na execução dos fundamentos, tendo que ensinar a atletas de seleção gestos básicos e elementares. É lamentável que tal aconteça, quando se sabe que o fundamento é igual, seja no Japão ou no Brasil. Como não podíamos fugir à realidade, tivemos de trabalhar muito neste setor.

No trabalho de fundamento visamos consertar os vícios de posição e de equilíbrio, para condicionar os atletas à tática que seria empregada.

Cada treino técnico constava de:

a) passes (toque), obedecendo a tôdas as variações, aproximadamente 25 minutos.

b) Manchete — idem.

c) Saque — livre e com precisão, aproximadamente 15 minutos.

d) Trabalho de rêde:

276

1) levantamento;

2) cortada;

3) bloqueio.

Com tôdas as variações e com duração aproximada de 60 minutos.

De acordo com a maior deficiência encontrada nos coletivos, era au­mentada a intensidade dêsse ou daquele fundamento.

Semanalmente, reuníamos a Comissão Técnica para analisar o trabalho executado durante o período, seus resultados e planejar as atividades da se­mana seguinte.

No final da primeira etapa também foi preparado um guia de trabalho técnico, para a fase fora de concentração.

GUIA PARA O TREINAMENTO DOS ATLETAS NO PERÍODO FORA DA CONCENTRAÇÃO (TREINAMENTO TÉCNICO)

O treinamento deverá ser diário e com bola japonesa.

Os atletas de uma mesma cidade deverão realizar o treinamento em grupo, de modo contínuo, sem interrupções. A altura da rêde será sempre de 2,50 m, obrigatoriamente.

Composição de um dia de treinamento:

Aquecimento — 10 minutos.

Passe (toque) em dupla ou trinca:

— 25 minutos — Passe alto e longo (largura da quadra) para frente.

Passe longo e rasante (largura da quadra). Passe curto de frente e de costas. Passe com salto, longo e curto, para frente e para trás.

Passe (manchete) em dupla ou trinca:

— 25 minutos — Passe longo de frente. Passe curto de frente (sempre de frente e com o corpo atrás da bola).

Educativos da cortada:

— 15 minutos — Batida da bola para o chão só com a "quebrada" de punho. Batida da bola para o chão com a movimentação de todo o braço. Batida da bola na rêde, prêsa a outra mão, saindo da linha de ataque. Batida da bola na rêde, jogando-a sôbre a rêde, sem corrida. Batida da bola da linha de ataque sem corrida.

277

Cortada:

— 30 minutos (cêrca de trinta cortadas) — Batida da bola levantada rasante (s/arco) na entrada da rêde e na altura da faixa.

Bloqueio:

— 10 minutos — Cêrca de trinta vêzes. Bloqueio nas três posições, extremidades (duplo) e centro (triplo), procurando o máximo de equilíbrio e de invasão (uma corda é um bom auxiliar neste treina­mento e serve como referência).

Dejesa:

— 10 minutos (cêrca de 40 defesas) — Caso haja possibilidade, treinar defesa de bola batida da rêde, caso contrário, treinar a defesa com a bola batida por um companheiro de 3 m de distância.

Saque;

— Estilo livre, procurando tirar efeito da bola e executá-lo o mais rasante possível; dirigido para pontos pré-determinados.

Volta à calma — 5 minutos.

TREINAMENTO TÁTICO

FASE: — Considerações.

Nesta fase, a parte tática era de menor percentagem. Porém, começa­mos a fazer ver aos atletas o que precisaríamos nesse setor. Para tra­çarmos o esquema tático a ser utilizado pela seleção brasileira, fizemos um levantamento de tôdas as apresentações internacionais do Brasil, a partir da Olimpíada de Tóquio. Procuramos nas súmulas os dados ne­cessários para saber:

a) quais os atletas que haviam participado;

b) quem tinha jogado mais, e em que situação;

c) como tinham transcorrido os jogos.

De posse dêsses dados e com o conhecimento que tínhamos da maneira de atuar das equipes européias, chegamos à conclusão que deveria ser mudada a nossa maneira de jogar, pelas seguintes razões:

27S

1) com um levantamento alto, ficaríamos com o nosso jôgo preso pelo bloqueio eficiente (invadido) dos nossos adversários;

2) - os nossos adversários possuíam maior condição física e atlética, e em confronto direto levariam vantagem.

3) a malícia e agilidade ainda são as principais características dos jo­gadores brasileiros;

4) o aparecimento no cenário mundial das equipes japonesas, de cons­tituição física semelhante à nossa.

Todas essas considerações levamos ao conhecimento dos atletas, pro­curando a necessidade de mudança. Sabíamos, e deixamos bem claro, que, para alguns, o esforço seria bem maior. Em princípio, encontramos boa receptividade.

A tática a ser empregada era baseada em jogadas de velocidade, com ' levantamentos curtos no centro e saída da rêde, bolas rápidas na entrada, trabalho permanente de finta. Na defesa trabalharíamos dentro do padrão das equipes brasileiras.

Para reforçar nossas explicações, apresentamos filmes, fotografias e usamos um quadro magnético, onde eram feitas as jogadas a serem ut i l i ­zadas.

Como teríamos de efetuar dispensas no término dessa primeira fase, procuramos, visando não prejudicar nenhum atleta, deixar mais ou menos livre a esquematização tática nos primeiros treinos.

Para colocar os atletas novos-mais à vontade, cabia a êles, em princípio, a escolha das equipes. Depois fomos separando os quadros, procurando fazer o maior número de combinações possíveis, com o fim de dar a todos oportu­nidades iguais, e evitar que fossem formados grupos, a favor ou contra êsse ou aquele atleta. Ao término de cada treino, era feita uma palestra, ocasião em que se analisavam as principais falhas individuais e coletivas. Além disto, recomendavam-se algumas manobras táticas a serem observadas nos treinos seguintes. Assim, gradativamente, procuramos chegar à tática a ser empregada, sem causar impacto aos atletas.

2." FASE

TREINAMENTO FÍSICO

Para a 2.a fase os jogadores se apresentaram em condições físicas e atléticas bem inferiores ao que se esperava. Pouco adiantou nossa recomendação. Somente uns poucos realizaram o trabalho previsto para o período sem concentração. Tivemos, por conseguinte, de alterar o nosso planejamento.

279

1." SEMANA

Constou de:

a)

b)

c)

d)

e)

f)"

1 sessão de ginástica.

3 de Cross (sendo 2 de 1.120 e 1 de 2.250 m) .

3 de flexibilidade.

1 de Poioer-Training.

1 de recreação.

1 sauna e massagem.

2. " SEMANA

Constou o trabalho desta semana de:

a) 2 sessões de ginástica.

b) 2 de Interval-Training (5x100 e 6x100 m) .

c) 2 de Poiaer-Training (1 e 2 circuitos).

d) 2 de flexibilidade.

e) 1 de equilíbrio — Trampolim de solo.

f) 1 Cross de 700 m.

g) 2 de sauna e massagens.

h) palestra sôbre "Aquecimento dos Jogos".

3. " SEMANA •

Constou de:

a) 1 sessão de ginástica.

b) 2 sessões de flexibilidade.

c) sauna e massagens. i

d) exames biométricos.

Nesta última semana o trabalho foi mais de manutenção, observando -se que os jogadores voltaram à condição que se encontravam na 1.* fase.

280

TREINAMENTO TÁTICO

Intensificamos nesta fase a parte de conjunto, realizando, diariamente, uma média de 5 sets.

Procuramos variar as equipes, a fim de que os atletas atuassem nas mais diferentes posições e com os mais variados companheiros. Diariamen­te eram feitos comentários, após os treinos, sôbre o que estava certo e- as principais falhas apresentadas. Foram realizados Scouts coletivos e indivi­duais. Estes últimos feitos pelo Cap. Souto e Ten. Tubino, sem o conheci­mento dos atletas, e variavam de jogadores. Vale também o registro do receio que os atletas possuem deste processo de aferição técnica. Por ser de base matemática, não aparece registrada "aquela jogada sensacional".

Quando do término da l . a fase de treinamento, organizamos um Calen­dário de Jogos-Treinos que necessitaríamos realizar. Foram previstos 10 jogos, nas seguintes datas: 28, 29 e 30/8; 11, 12, 13, 14, 18, 19 e 20/9. Fa­lamos com a Vice-Presidência Técnica sôbre a necessidade de tais confron­tos e que o ideal seria termos como adversários equipes estrangeiras de

bom gabarito. Sabíamos que tal possibilidade dificilmente ocorreria e pro­pusemos, como segunda alternativa, a formação de seleções em São Paulo, Minas e Guanabara, para servir de sparring à seleção nacional. Como últi­ma alternativa, faríamos os jogos contra equipes de "Clubes". Em virtude de uma série de problemas de ordem técnica e financeira e da já tradicio­nal "má vontade" dos que estão "por fora" da seleção nacional, tivemos de nos contentar mesmo com os jogos que realizamos.

na Escola Naval, contra a Escola Naval,

no Centro de Esportes da Marinha, contra a Liga Macabi.

na A. A. Banco do Brasil contra a A.A.B.B.

no Fluminense F . C, contra o Fluminense,

em Niterói, contra o Icaraí de Regatas,

no Centro de Esportes da Marinha, contra a Liga Macabi.

27/8 —

28/8 —

29/8 —

30/8 —

3/9 —

4/9 —

281

COMPETIÇÃO

Para fazermos uma análise dos nossos adversários, nesta Olimpíada, bastaria separá-los da seguinte maneira: a) bloco socialista (sem a Alema­nha), mais Estados Unidos; b) Alemanha Oriental; c) Japão; d) Bélgica e México.

As equipes assim separadas, atuavam da mesma maneira tática, va­riando somente no valor técnico dos atletas que a empregavam.

Equipes mais altas

Equipes mais baixas

Equipe mais pesada

Equipe mais leve

Equipes mais velhas

Equipes mais novas

Atletas mais altos

Atleta mais baixo

Atleta mais pesado

Atletas mais leves

*

Atletas mais velho

Atleta mais novo

U.R.S.S., Tcheco-Eslováquia, Média 1,87 m Japão e D.D.R.

México e Polônia

U. R. S. S.

México

Média 1,85 m

Média 86 kg

Média 74 kg

Tcheco-Eslováquia e Alemã- Média 27 anos nha (D.D.R.)

Bélgica e Japão Zdzislaw Ambroziak — n.° 7

Média 22 anos

— Polônia e Jesus Loya — 1,99 m n.° 10 — México

Juan Manuel Duran — México

n.° 1 1,71 m

Vladimir Belyaev — n.° 3 — 110 kg ' U. R. S. S.

Anguel Koritarov — n.° 11 — Bélgica e Juan Manuel 68 kg Duran — n.° 1 — México.

Bohumil Golian — n.° 1 — 37 anos Tcheco-Eslováquia.

Juan Manuel Duran — n.° 1 17 anos — México.

282

BÉLGICA:

Usava a seguinte equipe base:

6 — Josef Mol (18 anos — 1,83 m) , 8 — Benno Sae-4 — 12 — 8 lens (20 anos — 1,95 m) , que era seu capitão, 12 —

Fernand Walder (22 anos — 1,74 m) , 4 — Roger Maes 1 1 — 7 — 6 (25 anos — 1,79 m) , 11 — Ronal Vandewal (22 anos

— 1,87 m) e 7 — Berto Poosek (24 anos — 1,98 m) .

Atuavam no ataque com bolas altas nas pontas, que eram cortadas nas diagonais bem para. o fundo e faziam no centro jogadas com bolas curtas. Seus principais atacantes eram os n°s 11 e o 8, sendo melhor o último, que era canhoto. Trabalhavam num sistema de 4/2, usando os jogadores n.°s 4 e 6 na preparação de bola. Defendiam com o centro-defesa recuado e os

. laterais presos no fundo da quadra. Seu bloqueio duplo era razoável.

Entravam também em jôgo: o n.° 2 — Willen Bossàerts (27 anos — 1,83 m ) , para as funções principais de preparação e bloqueio; n.° 9 — Ber-qard Vaillant (20 anos — 1,83 m) , com as mesmas funções; n.° 3 — Leo Diercky (25 anos — 1,90 m ) , para o ataque; n.° 1 — Hugo Huybrechts (23 anos — 1,93 m) , atacante, porém muito fraco. Quase não jogaram os n,°s 10 — Roger Vandergatem (25 anos — 1,85 m) e 5 — Paul Mesdagh (21 anos — 1,87 m) . A equipe da Bélgica tem técnica pouco apurada, falhan­do muito ainda para uma equipe européia. No jôgo contra o Brasil (sua grande vitória), ela se superou (errou menos) e contou com uma atuação péssima da nossa parte, para auxiliá-la.

U.R.S.S.:

Equipe Base:

12 — Georgy Mondzolewsky (34 anos — 1,72 m) , 4 8 — 1 — 4 — Eugeny Lapinsky (26 anos — 1,92 m) , 1 — Eduard

Sibirikov (27 anos — 1,97 m) , 8 — Yury Pyarkov (31 11 — 3 — 12 anos — 1,85 m) , 11 — Ivan Bugaenkov (30 anos —

1,82 m) e 3 — Vladimir Belyaev (24 anos — 1,94 m) .

Os demais eram: 7 — Vitor Mikhalchuk (22 anos —1,85 m) , 6 — Vasi-lijus Matusheras (23 anos — 1,86 m) , 9 — Boris Tereshuk (23 anos — 1,86 m ) , 2 — Valery Kravchenko Valery (29 anos —.1,96 m) . Os n.°s 5 e 10 quase não jogaram.

283

Esta equipe (medalha de ouro) atuava em um sistema que, academi­camente, poderia ser considerado 4/2, porém usava o jogador n.° 12, nosso velho conhecido, infiltrando em todas as posições. O seu colega de função na preparação de bola era o n.° 8, também veterano que foi transformado de cortador em levantador. Êste atleta fazia a finta durante tôda a Olim­píada, sem receber uma bola.

O ataque era realizado nas pontas, com bolas altas (atacadas a 2,70 m de altura aproximadamente), em sua maioria, para o fundo de campo e cruzando na diagonal.

Os atacantes chegavam a sair da quadra para conseguir atacar bem em cima da faixa. Continua o ataque desta equipe sendo dos mais fortes. Apresentou a U.R.S.S., neste Campeonato, maior número de jogadas de velocidade com trabalho de finta no centro e na saída da rêde. Só as bolas assim trabalhadas eram atacadas para os pontos mais próximos da linha de ataque do adversário. Usaram para estas jogadas os atletas n.°s 1, 4 e 2. O melhor atacante continua ser o n.° 11 (conhecido no Brasil como capace­te). Dos demais, o n.° 4 ataca mais fraco porém tira grande proveito do bloqueio; o n.° 3 (com seus 110 kg) ataca com vigor tremendo, precisando da mais maturidade (pois ainda comete erros que não se admitem numa equipe da categoria da U.R.S.S.).

A defesa trabalha no fundo da quadra, os laterais sôbre a linha, abai­xados (alguns chegam a tocar a mão no chão, quando o adversário se prepara para atacar). Seu bloqueio (muito bom) é duplo nas. pontas e, se uma bola é levantada no centro mais alta, ele é triplo. Tanto no ataque, quanto na defesa, efetuam trocas, para que os jogadores fiquem nas po­sições que mais bem atuam. Esta equipe tem um problema: ainda não conseguiu substitutos para os n.°s 12 e 8. Todas as vêzes em que pre­cisou tirá-los para melhorar bloqueio ou potência de ataque, a equipe caiu vertiginosamente, obrigando a volta imediata dos dois.

ESTADOS UNIDOS:

Esta foi a única equipe da qual não conseguimos os dados estatísticos, pedimos várias vêzes e foram sempre protelando, até nos dizer que não podiam dar.

Apresentou-se nesta Olimpíada bem diferente das outras oportunida­des. Seu técnico cumpriu, no ano passado, um estágio de 6 meses na Po­lônia. De volta, convocou os jogadores e iniciou o treinamento. Seus jo-

284

gadores eram de estatura semelhante à nossa, sendo que os homens que faziam o trabalho de levantamento tinham estatura entre 1,33 m e 1,85 m. A sua equipe base era:

7 — Smitty Duke, 2 — Pedro Velasco, 11 — Rudy Su-6 — 11 — 2 Alstron.

A preparação de bola (levantamento) era feita . 3 — 8 — 7 wara, 6 — David Bright, 3 — John Henn e 8 — John

pelos n.°s 2, 7 e 3. A esquematização tática era igual a européia. Usavam no início da competição muitas

jogadas curtas no centro da quadra, com os jogadores 7 e 3 trabalhando bo­las um para o outro no tempo. Seu bloqueio nos primeiros jogos foi o melhor da Olimpíada, caindo depois da sua primeira derrota, como caiu todo o seu jôgo. Na fase inicial, sua defesa funcionou muito bem, alternando o centro, ora na frente (quando era um levantador que ali se encontrava), ora atrás, com defesas de queda iguais às melhores do bloco socialista. O principal homem de ataque e bloqueio (perfeito nesta última função) era o n.° 11. Seus homens do banco, muito fracos, quase não eram usados. O grande feito que lhe valeu a participação na competição, foi ter vencido, pela primeira vez na história do Volley-Ball mundial, a equime da U.R.S.S. no jôgo de estréia única derrota desta. Não sabemos se. o trabalho feito na equipe dos Estados Unidos, terá seguimento. Se tal acontecer, temos certeza que ela subirá no ranking internacional. TCHECO-ESLOVÁQUIA

Esta equipe apresentou-se com uma série de problemas. Primeiramen­te era idéia dos seus dirigentes fazer uma renovação no seu plantei. Ti­nham inclusive feito a festa de despedida, de alguns dos seus astros (Musil, Gòlian e Paulus). Com a invasão do seu território, porém, não puderam realizar o treinamento que desejavam e ficaram no seguinte dilema: levar uma equipe nova com preparo deficiente, ou chamar de volta seus vete­ranos e usar a sua maior categoria. Optaram pela segunda hipótese. Pela primeira vez, esta equipe deixou de ocupar as 2 primeiras colocações em certames desta envergadura (foi 3* colocada).

Sua equipe base era: 11 — 1 — 10 ' 6 — Vladimir Petlak (22 anos — 1,96 m) , 10 — Zde-

nek Croessl (27 anos — 1,88 m) , 1 — Antonin Pro-chazka (26 anos — 1,84 m) , 11 — Pavel Schenk (27

12"^- 9 — 6 anos — 1,98 m) , 12 — Drahomir Koudelka (22 anos — 1,92 m) , 9 — Golian Bohumil (37 anos — 1,75 m) .

285

Além destes, eram usados: 2 — Ji r i Svoboda (27 anos — 1,84 m) , atle­ta que apresentava a particularidade cortar usando, na impulsão apenas uma das pernas; 8 — Fraktisek Sokol (28 anos — 1,94 m) e 4 — Josef Musil (36 anos — 1,79 m) ; êste deu a todos os demais atletas participan­tes a maior lição de solidariedade, espírito de equipe e humildade. Sendo considerado o mais completo jogador (técnico) em vários eventos mun­diais, aceitou ficar numa situação de reserva, entrando somente na defesa e saindo ao chegar à rêde, quando passava a dar instruções e incentivar seus colegas do banco, foi de grande utilidade para sua equipe, nos piores momentos.

Os demais foram muito pouco usados.

Na parte tática -sta equipe atuou dentro do seu padrão habitual. Con­tinua sendo a equipe mais técnica e taticamente disciplinada que existe: só assim conseguiu sua medalha de bronze. De condição física (atlética) muito fraca, assim mesmo liderou a competição- até seu penúltimo jôgo (contra a Polônia). Seu ataque à exceção do n.° 7, era fraco, porém dir i ­gido para lugares desguarnecidos, ou usava, em seu benefício, o bloqueio. A defesa era muito boa, embora aparentemente parecesse mal distribuída. O atleta n.° 11 (Pavel Schenk) acidentou-se no jôgo contra o Brasil, só voltando a atuar no jôgo final, porém sem a mínima condição. Gostamos muito do trabalho do n.° 12 no ataque: não perdia jogada, aproveitava bem o bloqueio. O trabalho de preparação era executado pelos n.°s 1 e 9 e, às vêzes, pelo n.° 4. A grande atuação desta equipe foi contra o Japão 3 x 2 (depois de haver perdido os dois primeiros parciais por 15 x 2 e 15 x 3). Sua pior apresentação foi contra a U.R.S.S. no jôgo final. Acredi­tamos que, para seus próximos compromissos, esta equipe será reformulada.

BULGÁRIA:

Atuando dentro do sistema tático do bloco socialista, apresentava a seguinte equipe base:

9 — K i r i l Slavov (23 anos — 1,91 m) , 8 — Dimitar 2 — 6 — 8 Karov (24 anos — 1,73 m) , 6 — Zdravko Simoov (22

anos — 1,86 m) , 2 — Dimitar Slatanov (18 anos — - 1,93 m) , 4 — Petar Kratcmarov (30 anos — 1,86 m)

4 — 5 — 9 e 5 — Alexandre Alexandrov (26 anos — 1,95 m) .

Além destes, também jogavam: 12 — Stolan Stoyanov (21 anos — 1,87 m) , 3 — Gramen Prinov (24 anos — 1,86 m) , 11 — Anguel Koritanov (18 anos — 1,81 m) , 1 — Alexandre Trenev (22 anos

286

— 1,84 m) . O n.° 4 era o jogador que coordenava todo o jôgo. A represen­tação da Bulgária constituiu uma das equipes mais novas do campeonato, o que inspira confiança de muita melhora para o futuro. Possui atletas novos, bem promissores, como é o caso do n.° 2, que deverá ser, pelo que apresentou, um ótimo cortador.

POLÔNIA: '

Atua dentro do padrão das equipes socialistas, com as mesmas carac­terísticas táticas, ocupando, juntamente com a Bulgária, categoria inter­mediária neste bloco. Seu maior feito foi a vitória sôbre a Tcheco-Eslová­quia, por 3x1. Sua equipe básica era:

7 — Zdzislaw Ambroziak (24 anos — 1,99 m) , 9 — 4 — 10 — 9 Romuald Paszkiewicz (27 anos — 1,93 m ) , 10 — Hu-

bert Wagner (27 anos — 1,83 m) , 4 — Eduard Skorek (25 anos — 1,92 m ) , 5 — Zbigniew Yasinkiewicz (21

5 — 6 — 7 anos — 1,80 m) e 6 — Tadeusz Siwek (33 anos — 1,80 m ) .

Além destes, também participaram: n.° 2 — Andrzej Aleksander Ski-ba (23 anos — 1,84 m ) , 12 — Zbigniew Zarzycki (22 anos — 1,84 m) , 1 — Stanislaw Zdunczyk (26 anos — 1,83 m) e n.° 11 — Wojciech Rutkowski (33 anos — 1,90 m) . O n.° 11, que, no Brasil, tinha sido o melhor jogador da Polônia, quase não atuou e, quando entrou em campo, apresentou-se muito mal. O atleta que mais nos agradou nesta equipe foi o de n.°-7, cortador de ótimo porte atlético, atacava com grande vigor e era possuidor de boa defesa e ótimo bloqueio. Convém chamarmos a atenção do fato de que, na equipe polonesa, bem como na quase totalidade das equipes euro­péias e aquelas que destas sofreram influência direta, como o caso do Mé­xico e Estados Unidos, na recepção de saque, o homem que se encontrava no centro-ataque, aproximava da rêde, ficando em uma posição em que a bola não o alcançava. Tal procedimento era observado mesmo quando a infiltração se dava pelo meio, neste caso o infiltrador também se aproxi­mava, ficando as equipes com 4 jogadores distribuídos em semicírculo, para a recepção. Isso fazia com que os atletas tivessem mais espaço para sua movimentação.

ALEMANHA ORIENTAL — D.D.R.:

Esta equipe, embora pertencendo a bloco socialista, tinha maneira de atuar um pouco diferente das demais. Equipe dotada de um ótimo estado atlético, das mais altas que se apresentaram, fazia seu jôgo baseado nestes

287

atributos. Seu ataque era realizado no ponto mais alto (em nossa abserva-ção, mais ou menos na faixa dos 2,80 m) . Para que isto acontecesse, rea­lizava seu levantamento tão alto, como jamais tínhamos visto em outra equipe. Era a única equipe que se dava ao luxo de usar também no centro da rêde o levantamento alto. Seus atletas cortavam forte, porém para o fundo do campo, manobra que todas as melhores equipes foram obrigadas a usar, na tentativa de ultrapassar ou, ao menos, atuar, em seu favor, com 0 bloqueio, que cada vez se torna mais alto e invadido. Só havia bolas atacadas para setores mais próximos, nas jogadas, ou em trabalho* de finta, em que o cortador se sentisse sem bloqueio. Seu bloqueio era muito bom, talvez o mais regular da competição. A defesa atuava igual às demais de­fesas européias. Êste time tem apresentado progresso muito grande, nos últimos anos. Acontece, porém, que, sendo uma das mais velhas, não sabe­mos se o grupo que a irá substituir (já se encontra em treinamento para 1972) conservará as mesmas características. Sua equipe base era:

3 — Siegfried Schneider (28 anos — 1,94 m) , era o ca-7 — 12 — 6 pitão da equipe, cortador de bons recursos técnicos;

6 — Eckehard Pietzsch (29 anos — 1,86 m) , 12 — Wolfgang Webner (31 anos — 1,90 m) , 7 — Arnold

10 — 11 — 3 Schulz (25 anos — 1,93 m) , considerado no último mundial o melhor cortador, confirmou a fama, 10 —

Walter Toussaint (30 anos — 1,83 m) e 11 — Jurgen Freiwald (28 anos — 1,91 m) . Atuavam em 4/2 com os n.°s 6 e 10 fazendo o levantamento com infiltração. Além destes, também participavam bem abaixo dos titulares: 1 — Peter Horst (22 anos — 1,85 m) , 2 — Eckard Tielscher (26 anos — 1,92 m) e 9 — Jurgen Kessel (31 anos — 1,83 m) . Quanto aos demais, quase não chegaram a atuar.

JAPÃO:

Tem esta equipe as maiores possibilidades para assumir a liderança em futuro próximo, se continuar no rabalho que vem realizando. Senão, vejamos: equipe mais nova das que se apresentaram (média de 22 anos), conseguiu o 2.° lugar pelo saldo de sets (foi a que apresentou resultados mais uniformes): os dois jogos que perdeu foram em decorrência de falhas mínimas (falta de maior maturidade e de jogada mais rápida na entrada da rêde).

Atuou o Japão num sistema de 5/1, sendo o seu levantador n.° 3, Katsutoshi Nekoda, possuía uma velocidade na penetração e um domínio de bola impressionantes. Oitenta por cento das jogadas de ataque eram rea-

288

lizadas numa faixa de 2 metros no centro da. rêde, com bolas de tempo, usando todas as variações possíveis, em alta velocidade,,com poder de sus­tentação no salto e equilíbrio por parte dos jogadores; 6 — Kenji Kimura, 5 — Isao Koizumi, 7 — Yasuaki Mitsumor e 4 — Mamoru Shiragami, espe­taculares. Ficavam 20% para bolas altas, levantadas preferencialmente na entrada da rêde (em cima da faixa) e atacadas pelos jogadores n.°s 9 — Tadayoshi Yokata, 8 — Jungo Morita, 10 — Seiji Ohko e 2 — Masayuki Minami. Eram êstes atletas de estatura muito elevada, porém de movi­mentos mais lentos. Quando nas 2 oportunidades Tcheco-Eslováquia e de­pois U.R.S.S., bloquearam as jogadas do centro, não conseguiram pelas pontas o caminho da vitória. Seu bloqueio era atento e bom. Tanto na defesa quanto no ataque, faziam troca de lugares entre os atletas.

Sua equipe base era:

3 — Katsutoshi Nekada (24 anos — 1,78 m) , 8 — Jun-6 — 9 — 8 go Morita (21 anos — 1,94 m) , 9 — Tadayoshi Yokota

(20 anos — 1,94 m ) , 6 — Kenji Kimura (23 anos — 1,85 m ) , 5 — Isao Koizumi (23 anos — 1,83 m) e 10

5 — 1 0 — 3 — Seiji Ohko (20 anos — 1,92 m) .

Além dêstes, jogavam: 4 — Mamoru Shviagami (24 anos — 1,75 m ) , 7 — Yasuaki Mitsumor (21 anos — 1,84 m) e 2 — Ma­sayuki Minami (27 anos — 1,96 m) . Seu capitão era o n.° 1 — Naohiro Ikeda (28 anos — 1,87 m ) , que não participou de partida alguma nas Olimpíadas.

MÉXICO:

Por ser a dona da casa, esperava-se mais desta equipe. Contratou um técnico rumeno, pagando-Ihe US$ 850 por mês, livre de despesas. Seus di­rigentes elaboraram plano de treinamento, seguido nos mínimos detalhes, com a duração de 2 anos. Jogaram no exterior 45 vêzes, nos meses de maio e junho. Não conseguiram vencer 1 só jôgo. Faltou-lhes tradição des­portiva (cancha) e mais convicção do treinamento executado na fase de competição. Caíram demais do treinamento que presenciamos, para a com­petição, depois das primeiras derrotas. O público não lhes perduou o fato de terem sido gastos cêrca de NCr$ 100.000,00 e não conseguirem uma única vitória.

Sua equipe básica era:

8 — César Osuna (20 anos — 1,90 m) , 10 — Jesus 9 — 7 — 10 Loya (22 anos — 1,99 m) , 7 — Joel Calva (25 anos —

1,77 m) , 9 — Leopoldo Reyna (21 anos — 1,85 m) , 12 — Antônio Bárbet (22 anos — 1,84 m) e 11 —

12 — 11 — 8 Francisco Gonzalez (21 anos — 1,85 m) . Contando também com:

289

1 — Juan Manuel Duran (17 anos — 1,71 m ) , 4 — Carlos Barron (26 anos — 1,83 m) , 6 — Luis MartelI (23 anos — 1,78 m) e 5 — Eduardo Ji-menez (21 anos — 1,88 m) . Deixamos de tecer comentários sôbre ar ma­neira de atuar desta equipe em virtude das condições em que competiu e das maneiras como se apresentou.

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U . R. S. S. 9 8 1 17 26 8 464 326 1.°

Japão 9 7 2 16 24 6 430 253 2 °

Tcheco-Eslováquia 9 7 2 16 22 15 454 412 3.°

Alemanha Oriental 9 6 3 15 22 12 449 373 4.<»

Polônia 9 6 3 15 18 11 370 280 5.°

Bulgária 9 4 5 13 16 17 379 385 6.°

Estados Unidos 9 4 5 13 15 18 382 .414 7.°

Bélgica 9 2 7 11 6 24 239 417 8.°

Brasil 9 1 8 10 8 25 352 469 9.°

México 9 0 9 9 6 27 284 474 10.°

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ATUAÇÃO DA EQUIPE BRASILEIRA

Antes de analisarmos a atuação da equipe brasileira, convém uma ex­plicação. Não procuraremos justificar suas apresentações, nem tampouco nos isentar de culpa. Como técnico, somos responsável por tudo e disto não fugimos um só instante. Procuraremos dissecar nossas atuações, para que, no futuro, os técnicos que porventura venham a trabalhar com a sele­ção, possuam subsídios para o seu trabalho.

A principal característica apresentada por nossa equipe foi a oscilação de jôgo, tanto no plano coletivo, quanto no individual: um mesmo grupo podia jogar um set muito bem e, no seguinte, dentro das mesmas circuns­tâncias, apresentar-se pèssimamente, daí o número de substituições que t i ­vemos de efetuar. Um atleta que atuava muito bem um dia, no seguinte tinha de ser tirado do jôgo. Nossa melhor partida foi contra a Tcheco--Eslováquia e a pior contra a Bélgica. A defesa foi a nossa principal falha. Nossos atletas têm o vício de, quando dão o saque ou quando a bola se encontra no campo adversário, ir-se aproximando (os da defesa) da zona de ataque (quando analisamos nossos adversários, chamamos atenção de qué eles atacavam para o fundo da quadra), então se dava que as bolas ou cobriam nossos defensores ou êles eram apanhados recuando na hora dp ataque (posição de contra-pé), o que lhes tirava completamente a con­dição de defesa. Éramos a única equipe que tinha seus defensores em pé (mesmo os homens mais baixos), gerando a impossibilidade da defesa de bolas atacadas para o chão. Nosso ataque perdia muitos pontos tentando cravar bolas, com bloqueio; estas voltavam tão fortes e rápidas que era impraticável uma proteção (cobertura). Todas estas falhas, que foram apresentadas, são produto de falta de fundamento ou êrro no seu ensino. Um treinamento de seleção, por mais demorado que seja, não dá maturi­dade aos novos hábitos, de forma a fazer esquecer vícios tão antigos. O bloqueio era também outro problema: funcionava em um jôgo ou um set e no seguinte apresentava-se completamente falho.

Estás variações, em nossa opinião, se prendem ao fato de a falta de intercâmbio criar, em nossos atletas de seleção, a falsa impressão de supe­rioridade, no âmbito interno; aqui mesmo apresentando falhas, conseguem vencer jogos e campeonatos. Quando aumenta o gabarito técnico dos seus adversários (jogos internacionais), êles se sentem perdidos e assumem uma atitude de inferioridade de todos os aspectos condenável. Na ocasião, sur­gem os problemas disciplinares e são criados casos que outra intenção não têm, senão tentar justificar, na volta ao Brasil, suas atuações. Não pude­mos, de sã consciência, saber da nossa condição física, pois, em instante nenhum, sentimos o empenho total do nosso plantei. Registramos também (com tristeza) uma observação feita, que não está ligada apenas ao Volley--Ball e, sim, à maioria das equipes brasileiras de esportes coletivos, no exte-

291

rior. A falta quase total, por parte de grande. número de atletas, de co­nhecimento do que representa a ausência de amor e respeito ao uniforme que enyergam, também concorre para deficiências em uma equipe: feliz­mente para nós, que amamos o esporte, existem exceções, sinal que ainda há remédio para êste mal.

CONCLUSÕES

1 — Sejam feitas no âmbito nacional, reuniões com dirigentes, técnicos e jornalistas, para ser encetada campanha de base, no sentido de ser dada maior ênfase ao trabalho de conjunto e diminuir a promoção do individualismo.

2 — Seja tentada uniformidade no ensino de fundamentos.

3 — Haja intercâmbio maior e mais repetido com equipes como: U.R.S.S., Tcheco-Eslováquia, Alemanha e Japão, preferencialmente, trazendo--as ao Brasil, para que maior número de atletas possa colhêr ensi­namentos.

4 — Nas próximas seleções, antes dos exames médicos, sejam realizados por psicólogos testes que informem o grau de sociabilidade e abnega­ção dos convocados. Seja feito acompanhamento, por êstes técnicos, dos treinamentos e, se possível, da competição. Achamos êste ponto um dos mais necessários e uma das nossas grandes falhas.

5 — Que, em vez de mudarmos as seleções preocupando-nos apenas com a parte cronológica e física, nos deveremos preocupar também com a mudança de mentalidade.

6 — Que componham nas nossas delegações pelo menos 2 técnicos, como ocorre nos outros centros.

7 — Finalmente que seja mantido, nas próximas seleções, o sistema de jôgo adotado nesta, que, acreditamos, é o que melhor se adapta às nossas condições.

292

V O L L E Y - B A L L

Cláudio Pêcego de Morais Coutinho

ORGANIZAÇÃO E R E S U L T A D O G E R A L

A competição ol ímpica do Volibol constou de dois torneios, um masculino, com dez. equipes, e outro feminino, com oito equipes, disputa­dos em um único turno. No final desta apreciação encontramos o resultado geral nos quadros I e I I .

A TÉCNICA I N D I V I D U A L

Princípios de Defesa

a) O bloqueio — De influência decisiva, passou a ser um verdadeiro contra-ataque, sendo responsável por grande parte dos pontos obtidos pelas equipes.

Quase sempre "ofensivos" e "invadidos", os bloqueios, em sua maioria, eram duplos nas pontas e triplos no meio da rede. Os bloqueadores, antes do ataque, não se agrupavam no meio da rede, mas, sim, distribuíam-se ao longo dela, por zonas, e ao definir-se a levantada, movimentavam-se rapi­damente, com deslocamentos laterais, em direção ao ataque adversário. A impulsão para o salto era vigorosa, todos procurando atingir a melhor altu­ra (em .relação à da bola), braços bem estendidos e dedos bem abertos.

b) A defesa — Foram poucas as bolas defendidas por cima, espalma­das. A defesa mais utilizada foi a manchete, definitivamente consagrada como a melhor técnica para defesa baixa. De modo geral, apresentava as seguintes características: mãos entrelaçadas, zona de contato com a bola: o terço inferior dos antebraços; semMlexionar os cotovelos, o movimento partindo dos ombros, trabalho auxiliar de pernas (elevação) ou de quadris ( torção) .

A defesa com um dos braços, lateralmente, foi utilizada sempre que os atletas necessitavam defender uma bola mais longe do corpo, e, em geral, o faziam com a parte interna do têrço inferior do antebraço, man­tendo a mão fechada. A essas defesas quase sempre se sucedia uma queda lateral. -

293

c) A defesa em mergulho — A mais empregada foi a defesa com mergulho ventral, com bom rendimento. O atleta projetava seu corpo bem à frente, recuperava a bola com uma das mãos e com a outra auxiliava o amortecimento do impacto no solo, feito com o abdome e a parte superior das coxas, mantendo as pernas flexionadas para proteger os joelhos.

A defesa com rolamento quase não foi utilizada, a não ser pela equipe japonesa feminina, e assim mesmo poucas vezes.

d) Equipamento. Estão consagradas pelo uso as joelheiras protetoras (acolchoadas), de origem japonesa. Praticamente TÔDAS as atletas usa­vam tal equipamento, mas seu uso entre os homens era um tanto limitado. Essa preferência se justifica pela proteção eficaz dos joelhos por ocasião das qúedas, tão freqüentes na defensiva.

Princípios de ataque

a) Saques — Quase todas as equipes preferiram os saques dirigidos e com trajetórias irregulares aos saques violentos, pois, com as recepções de manchete, há mais facilidade para defesa destes últimos. E m sua maio­ria, eram dirigidos para o fundo da quadra, a fim de dificultar o primeiro passe, visando ou o local da infiltração ou um jogador fraco na recepção. Os tchecos experimentaram saque por baixo, altíssimo, mas sem obter ren­dimento significativo. Os japoneses continuam apresentando ótimo rendi­mento com seus saques, em especial sua equipe feminina.

b) Passes — A recepção do saque praticamente só era feita de man­chete, pois raríssimas vêzes os jogadores o faziam com toque por cima. Na

-continuação das jogadas era preferido o passe por cima.

c) Levantamentos — Foram os mais variados possível: longos, altos e rasantes, para as pontas da rêde, curtos, baixos e rasantes, para o meio, quase sempre precedidos de fintas, das quais destacamos as das equipes japonesas, pela variedade e rapidez de execução, especialmente nas bolas de tempo. Notou-se, nesses casos, a grande sincronização existente entre duplas "cortador-Ievantador", evidenciando ter havido um acurado treina­mento entre êsses elementos.

d) Cortadas — Predominaram as cortadas de frente, com impulsão nos dois pés. Notou-se a procura de maior altura de ataque da bola por parte dos cortadores mais altos, com a finalidade de sobrepujar o bloqueio adversário, batendo por cima -(especialmente russos, tchecos e a lemães) . Esses cortadores utilizavam bastante o punho, procurando esticar o braço ao m á x i m o no momento da batida na bola, obtendo assim maior altura.

c) Largadas — Bastante utilizadas, em face do poderio dos bloqueios. Obtiveram bom aproveitamento, notando-se certa condescendência dos árbitros com relação a flagrantes conduções de bola nessas jogadas.

294

TÁTICA D O J O G O

Ofensiva — As ações ofensivas baseavam-se no emprego constante dos três atacantes na rêde, utilizando-se das fintas para dividir o bloqueio adversário. Os levantamentos eram feitos por um defensor, que se infil­trava sempre que possível . As trocas, em geral, procuravam colocar o ata­cante mais alto no centro da rêde, para o bloqueio, ou o melhor cortador • na entrada da rêde e o levantador na direita, para o caso de não ser pos­s íve l a infiltração.

Sobressaiu-se a equipe 'japonêsa masculina na execução de fintas e bolas rápidas, de tempo, nas quais o cortador salta antes do levantamento, que só é feito depois dêste estar no ar. Muitas vezes também o levantador saltava para efetuar o levantamento.

A cobertura do ataque era feita, sempre, com quase todo o time cer­rando sobre o companheiro atacante, na zona de ataque, para recuperar a bola quando bloqueada pelo adversário. (Fig. 4)

Defensiva — A armação predileta foi a meia-lua com o centro recuado, bloqueio duplo nas pontas e triplo no meio. (Fig. 1) Havia equipes que trocavam, no fundo, os defensores de posição, após o saque, para, de acordo com o ataque adversário, ter seus melhores elementos de defesa nas zonas mais exploradas pelos atacantes contrários. Notou-se que os defensores se colocavam bem próximos às liqhas l imítrofes da quadra, quer do fundo quer laterais. Na recepção do saque, as formações adotadas foram a poli-gonal com 5 (cinco) elementos em "W" e a meia-lua de 4 (quatro) elemen­tos. Nesta úl t ima o cortador do centro da rêde e o infiltrador. procuram' colocar-se próximo à rêde, sem participar da recepção do saque. (Fig. 2 e 3)

Armação das equipes — De modo geral, as equipes apresentavam-se com 6x6 com esquema de 4x2. (Fig. 5)

C — cortadores principais: grande estatura, homens de fôrça.

I — intermediários: excelentes jogadores no ataque e da defesa bem como nos levantamentos.

L - C — levantadores — também cortadores, porém os mais hábeis no toque, eram os que se infiltravam mais freqüentemente .

Obs.: Algumas vezes um dos " L - C " era substituído por um " C " ou " I " , conforme o caso, aumentando a potência do ataque ou do bloqueio.

295

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296

A A R B I T R A G E M 8 < 5 a > A zolhbxt zozrt •rtústf.

NoHocante à arbitragem, embora muito idêntica à do Brasil , foram marcantes: alguns aspectos;(.especialmente quanto^ ao critério /deStoque de bola, os quais passamos a registrar: . . , ~

a) ^Reçepção do saque( — r £ maioria absoluta^ dos saques,M.recebida de mancnèflè^ sendo raríssimas as recepções d ê toque, muit<T enmora,'quan­do acontecidas, não foram penalizadas porque- efètuadas corretámerífe.

b) Passes e Levantamentos — Na continuaçãcrdo-jôgtrhavia~grande liberalidade para com toque de bola, emSespéc ia l quanto à°'condução. Isto quer dizer: era tolerado um tempo de retenção da bola nas mãos do jogador,jDenutaaior;.da:qü€qestaròos habituados íabveriáquii iaíBrasi l . tOcor-ria especialmente com os levantamentos da equipéojaporiêsqimasculiha;? que, assim, apresentou um jôgo de rara beleza, favorecida que foi a exe-cU£ão3decftàtáâ?e'Í)ôlá£3!é témfõC^noq aoiium sup ob onaurioo oA ( í

,ra3 £ a zozoiioqve aza s s i bèm aBjneiolib moo 29qiup9 ac o i i n o ohdi í i í jpo c) Defesas — Notou-se certa-prevençãè contrabas.défesasctíeocartadâst

foram toleradas. Maior retenção da bola nas mãos e trajetória modificada, após seu início, f o r a r u . a ^ ^ f ^ e n ç ^ ^ t a d a ^ , e í ^ C j l a ç ã o ao critério seguido no Brasil . ° 1

; JViVbnolo s£Í)£'jor ?s, aoíao-iols-í oinombHooao) 0I2 Transcrevem-se abaixo o pêso e a altüra dos jogadores e jogadoras das

principais •'equipes do Yõl ibò l mandia lr j bèm-comõ l c as^réspéct ivãs lmédias : -obqooxo Á o d o Ü s oJ?.t tao-iobs£oj; zuoz ob oobiT ohoboq obriG-ig o eiuiciao - ^ E Q U I P E S ' M A S C U L I N A S ^ q o n j o - o - i í n o o E Q U I P E S F E M I N I N A S - t í o I Iza zism 0301 ob oã ibsq mu íKÊínoaoiqB í a i i à g l n a o einôío*I .cdnamelA ,cia zb «'paísèa^iixo tzAlturasbmédias^-od sififPaísea^iqmo Alt int i fomédihfnia o b u p o í d ob fimbs 9 2 - 1 S V 9 Í 9 obneiisooiq eoiobaiico ao moo ,2;>Hg .sbôi

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297

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Tcheco 82,4 kg Japão 66,0 kg

Alemanha 81,5kg Peru 65,6 kg

Brasil 81,0 kg

Japão 79,0 kg

Da comparação das alturas e pesos médios podemos concluir, com re­lação à equipe brasileira:

1) Ao contrário do que muitos pensam, no tocante à estatura há um equilíbrio entre as equipes com diferenças médias não superiores a 2 cm, estando os brasileiros dentro dessa faixa.

2) Quanto ao peso médio, que de certo modo, vem significar (consi­derando as alturas médias em relativo equilíbrio) maior ou menor massa muscular, notamos que os brasileiros estão inferiorizados com relação aos russos (— 5,4kg), americanos (— 4,3kg) e tchecos ( — 1,4kg), assim como estão os alemães e os japoneses.

CONSIDERAÇÕES G E R A I S

Ficou mais uma vez caracterizada a existência de duas escolas táticas, dentro do Volibol: a européia e a asiática. Suas principais características são (especialmente referentes às jogadas ofensivas):

1) A Escola Européia — Baseando seu sistema de jôgo na elevada estatura e grande poderio físico de seus jogadores, isto aliado à excepcio­nal formação técnica, as equipes centro-européias (Tcheco-EslOYáquia, Rús­sia, Alemanha, Polônia e Bulgária) apresentam um padrão de jôgo mais simples e objetivo: empregam mais bolas levantadas nas extremidades da rêde, altas, com os cortadores procurando elevar-se acima do bloqueio adversário, e atacando com violência.

2) Escola Asiática — É liderada pelo Japão, o qual, dispondo de jo­gadores também altos, mas de menor poderio físico, recorre a bolas rápi­das e a fintas freqüntes no meio da rêde, a fim de dividir o poderoso blo­queio dos seus adversários europeus. É um sistema de jôgo que exige longos treinamentos, quer individuais, em duplas ou em trincas, ou ainda em conjunto. Acreditamos em sua grande eficiência, conforme comprovam os resultados dos japonêses nos úl t imos torneios internacionais, mas vemos certas l imitações em sua aplicabilidade às equipes brasileiras, pois o nosso

298

atleta não se submete, de bom grado, a longos treinamentos e nem tem elevada formação técnica individual, sendo, dêste modo, difícil atingir nível satisfatório de eficiência nas condições atuais vigentes no Volibol brasi­leiro, quer nos clubes, quer em seleções.

É, a nosso ver, um engano julgar que bastará que o Brasil simples­mente passe a empregar os métodos dos japoneses para colocar-se em destaque nas competições mundiais.

É necessário, pois, que se atente para os seguintes pontos:

a) Há uma. flagrante inferioridade no campo da TÉCNICA I N D I V I ­D U A L entre os brasileiros e os europeus e asiáticos, a qual deve ser sanada a partir dos clubes onde se formam os praticantes.

b) O atleta brasileiro dificilmente irá submeter-se a exaustivos trei­namentos (como os dos japoneses), indispensáveis às boas execuções das jogadas da escola asiática, onde se procura compensar com vantagens tá­ticas a vantagem física dos oponentes.

c) O atleta brasileiro, fisicamente, apresenta-se inferiorizado em re­lação aos centro-europeus, mas equilibra-se com os japoneses, sem, no entanto, dispor da mentalidade destes últ imos com respeito à dedicação aos treinamentos, assim como também não tem o apoio material e finan­ceiro que os nipônicos dispõem.

CONCLUSÕES

H á ainda um grande trabalho à frente dos nossos técnicos, dirigentes e atletas no sentido de colocar o Brasil entre as principais equipes de Vo­libol Mundial. Somente um trabalho de base, expecialmente no campo da Técnica Individual e da Preparação Física, nos dará possibilidades de vir a adotar uma Escola Tática de caráter brasileiro, de acordo com as condi­ções do nosso atleta, aproveitando as experiências dos outros e adaptando--as devidamente ao nosso caso.

A título de sugestão, apresentamos algumas diretrizes que julgamos cabíveis no treinamento dos volibolistas brasileiros, e nos parece ideal sua adoção nos clubes, e não apenas por ocasião de seleções, com curto prazo disponível .

a) Preparação Física — Musculação

Sendo o Volibol um desporto onde a potência muscular é essencial, torna-se imprescindível trabalho de musculação desde a fase de formação do atleta, que deverá conter, pelo menos, exercícios com cargas que me­lhorem, a impulsão vertical (agachamentos e e levação na ponta dos pés, barra à nuca), que fortaleçam os abdominais (prancha inclinada) e a cin­tura escapuíar (desenvolvimentos, elevações com halteres e tc ) . Tais exer­cícios poderão ser feitos sob a forma de circuito ou separadamente, em

299

séries. Os treinadores deverão interessar-se por, esse aspecto do treinamen­to, consultando literatura especializada.

b) Preparação Técnica — (Fundamentos)

De vital importância na formação inicial do atleta, os • fundamentos nem sempre são .praticados com gosto, pois a preferência dos praticantes se dirige ao jôgo propriamente dito. Isso nos leva a crer que o treinador poderá utilizar-se de recursos para despertar o interesse , de seus pupilos pelos fundamentos, tais como a realização de partidas entre duplas ou trin­cas, em que se utilizem estes ou aqueles fundamentos, sem objetivo de obter a queda da bola, mas sendo os pontos consignados pela execução incorreta de um fundamento pelo adversário. Deve-se frisar, no entanto, que não prescrevemos a abolição do bãte-bola dois a dois ou em trincas ou grupos, mas sim uma distribuição criteriosa do tempo para evitar a satu­ração inevitável de longas horas de sua prática, alternando-a com "jogos" adaptados.

c) Preparação Tática

Desde cedo o atleta deverá conhecer a sua colocação correta na quadra, as trocas, as fintas etc, bem como a finalidade e vantagem de cada uma.

Os treinadores deverão utilizar-se de palestras, com fotos, slides, filmes ou quadro-negro, para transmitir êsses conhecimentos aos atletas, em espe­cial os iniciantes.

Infelizmente, nas equipes iniciantes, é raro encontrarmos táticas mo­dernas, pois os técnicos não se arriscam a aplicá-las, preferindo, no máxi ­mo, um "4x2" com trocas.

Outra providência que auxiliará muito os técnicos de equipes jovens é obrigá-las a assistir a jogos mais categorizados, quando então poderão ver em prática e comentar os processos táticos ensinados.

d) Atualização de dirigentes, técnicos e árbitros

Os responsáveis pelo Volibol no Brasil devem procurar sua constante atualização, de preferência aproveitando ocasiões como as dos Campeona­tos Brasileiros para a realização de Congressos ou Simpósios, onde haja larga troca de pontos de vista entre todos.

Os dirigentes necessitam de conhecimentos mínimos para não interfe­rir no trabalho dos técnicos; estes, por sua vez, com freqüência são ultra­passados pela falta de informação e intercâmbio.

Quanto aos árbitros, do mesmo modo devem estar perfeitamente atua­lizados com o Volibol em geral, para não prejudicarem a técnica e a tática com interpretações errôneas à luz da conceituação internacional.

300

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VOLLEY-BALL-EVOLUÇÃO DO PREPARO FÍSICO

Manoel José Gomes Tubino

No volibol, como em todos os demais desportos, a preparação física evoluiu muito, e, dia a dia, as virtudes físicas tornam-se cada vez mais essenciais para o êx i to de uma equipe na disputa de certames de grande envergadura, como é o caso das Olimpíadas.

O primeiro passo da evolução do preparo físico de volibolistas foi dado pela Escola da Europa Oriental, liderada pela União Soviética e seguida de.perto pelos demais países socialistas, que trouxeram os métodos de pre­paração de outras modalidades esportivas, principalmente do atletismo. Essa fase coincidiu com o aumento do número de sets de uma partida para três sets vencedores, e por esta razão foi dada grande ênfase à resistência.

Quando a Federação Internacional de Volibol Amador passou a per­mitir o chamado bloqueio invadido, os países socialistas mais uma vez to­maram a iniciativa no que diz respeito ao aprimoramento das condições físicas de seus volibolistas, não só selecionando seus jogadores pela eleva­da estatura, como também dando vital importância à musculação dos mem­bros inferiores, visando, dessa maneira, a maior impulsão.

Como para tôda arma logo aparece uma contra-arma, o Japão iniciou um bel íss imo trabalho de grande profundidade, destinado a sobrepujar o Leste Europeu. Ta l trabalho tem sua base principal no treinamento físico, desenvolvendo principalmente a velocidade e a flexibilidade.

Atualmente, todos os países que ocupam o primeiro plano no cenário mundial dêsse desporto, já chegaram a um denominador comum para o treinamento físico, e, se observarmos os programas de preparação física das equipes finalistas das Olimpíadas do México, verificaremos que êles visavam principalmente a resistência, força, impulsão, velocidade e flexi­bilidade.

A Seleção Brasileira de Volibol trabalhou, dentro dessa moderna men­talidade de preparação física, durante, aproximadamente, três meses. Pode--se dizer agora que êsse período, considerado longo, à primeira vista, foi bastante reduzido, se compararmos com o tempo de treinamento dos de­mais participantes ol ímpicos e ainda levarmos em conta a ausência de um trabalho de base dos atletas convocados, nos clubes de origem.

303

MÉTODOS E M P R E G A D O S

Pode-se afirmar que todos os métodos modernos de preparação física são aplicados no desenvolvimento das qualidades físicas pretendidas para o volibol.

Há um grande emprego dê cargas em circuito, visando à aquisição de: resistência, força, velocidade e impulsão.

As cargas intervaladas são utilizadas em grande escala na obtenção de resistência è velocidade, variando-se os fatores tempo e intervalo de acordo com a qualidade física desejada.

As sessões de cargas contínuas são empregadas para o desenvolvimento da resistência.

Na aquisição da impulsão, é usado paralelamente um trabalho especí­fico de musculação dos membros inferiores com o auxí l io de halteres.

E , na obtenção da flexibilidade, quem realmente apresentou as dire­trizes foi o Japão, que utiliza grande quantidade de exercícios de flexibi­lidade, que, sem dúvida alguma, após bom período de aplicação, trazem notáveis resultados ao rendimento técnico dos volibolistas.

Como no Brasil não se tem conhecimento da aplicação desses exercí­cios nipônicos em qualquer equipe, apresentamo-los aqui com a finalidade de que nossos clubes de volibol possam adaptá-los ao seu treinamento. A saber:

1 — Exercícios para as espáduas (individuais):

— Circundução s imultânea dos braços da frente para trás.

— Circundução s imultânea dos braços de trás para a frente.

— Circundução alternada dos braços no mesmo sentido.

— Circundução alternada dos braços no sentido contrário.

2 — Exercícios para os membros superiores (individuais):

—• Na posição de apoio de frente, f lexão e extensão dos braços.

— Na posição de apoio de frente, trazer o tronco para trás e voltar

à posição inicial (mergulho).

304

3 — Exercícios para o tronco (individuais):

— F l e x ã o lateral do tronco (fig. 1).

— Rotação do tronco.

— Circundução do tronco.

— F l e x ã o e ex tensão do tronco com abertura lateral das pernas.

— Flexão e extensão do tronco com as pernas unidas.

4 — Exercícios de alongamento muscular para os membros inferiores (individuais):

— F l e x ã o e extensão alternada da perna e do joelho lateralmente, simulando defesa com uma mão ou em manchete (fig. 2) .

— F l e x ã o e extensão alternada da perna e do joelho no sentido lon­gitudinal, simulando defesa em manchete.

— Abertura lateral m á x i m a das pernas (fig. 3 ) .

5 — Exercícios abdominais (individuais):

— Na posição sentado, f lexão do tronco sôbre as pernas em abertura lateral.

— Na posição sentado, f l exão do tronco "Sôbre as pernas unidas.

— Na posição deitado, movimento s imultâneo do tronco e das pernas (rema-rema).

-— Na posição deitado, f lexão do tronco e f lexão das pernas unidas, alternadamente.

— Na posição deitado, ficando apenas apoiado na região dorsal, sus­pender as pernas e executar os movimentos de quem está de bi­cicleta.

6 — Exercícios para at ivação geral. (individuais):

— Ponte (fig. 4 ) .

— Na posição deitado, com as mãos e pernas unidas, rolar lateral-ralmente (fig. 5) .

— Na posição sentado, rotação do tronco, tocando a testa no chão.

305

I

Fig. 3 Fig. 4

306

7 — Exercícios específicos (em duplas):

— Na posição de pé, um de costas para o outro e com as mãos dadas, circundução do tronco.

— Carrinho de mão (fig, 6).

— Na posição de pé, um de costas para o outro e com os braços trelaçados, f lexão do tronco suspendendo o companheiro.

— Na posição sentado, um de costas para o outro e com os braços entrelaçados, f l exão do tronco suspendendo o companheiro.

— Na posição deitado em decúbito ventral, com o outro sentado na sua região glútea, suspender o tronco com o auxí l io do compa­nheiro (fig. 7) .

— Na posição sentado, f lexão do tronco sobre as pernas em abertura lateral, com o auxí l io do companheiro (fig. 8).

— U m na posição agachado e o outro saltando s ô b r c ê l e com os pés juntos e lateralmente.

— U m na posição agachado e o outro saltando sobre ele com os pés juntos e de frente.

8 — Exercícios de efeitos gerais específicos (individuais):

— Rolamento para a frente, após simular uma defesa para a frente, devendo o executante ficar novamente na posição básica de jôgo depois do rolamento.

— Rolamento para trás, após simular uma defesa em movimento para trás, devendo o executante estar rapidamente na posição bá­sica depois do rolamento.

— Deitar e levantar rapidamente ao som de apitos sucessivos, de­vendo o executante, quando estiver na posição de pé, encontrar- . -se na posição básica de jôgo.

SUGESTÕES P A R A A M E L H O R I A D A S CONDIÇÕES FÍSICAS D O S V O L I B O L I S T A S B R A S I L E I R O S

Para a melhoria física e técnica dos volibolistas brasileiros apresenta­mos uma série de sugestões que, temos certeza, encurtará o caminho do nivelamento do nosso volibol com as grandes escolas (Leste Europa e Oriente):

308

a) Que seja dada à preparação física no volibol o seu justo valor, começando pelos clubes, que deverão manter um preparador físico, inde­pendentemente do técnico.

b) Que sejam utilizados, nas equipes brasileiras, os modernos méto­dos de treinamento físico.

c) Que a preparação física básica seja iniciada nas categorias infantis e infanto-juvenis.

d) Que seja incrementado o intercâmbio internacional no campo- da preparação física, pois, caso contrário, continuaremos sempre desatua­lizados.

e) Que sejam realizados reuniões, Seminários etc. entre técnicos e ureparadores físicos brasileiros, para que cheguem à melhor fórmula de preparação adaptável às nossas circunstâncias, facilitando assim o trei­namento das seleções brasileiras.

309

ÍNDICE

ORGANIZAÇÃO 1

BASKETBALL 4 7

WATER PÓLO 8 7

TIRO AO ALVO ' • 9 5

GINÁSTICA. ••••••••• " 1

NATAÇÃO • • 1 3 7

REMO : . . > : . : 145

ASPECTOS MÉDICOS/PSICOLÓGICOS 168

ATLETISMO 0 0 1 9 7

VOLLEYBALL . . 2 6 7

311

I

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA