Violência familiar_ da violência conjugal à violência sobre a criança (2014)
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Revista Eletrónica de Educação e Psicologia edupsi.utad.pt Ano 1, Volume 1, 2014, pp. 1-10 ISSN 2183-3990
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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Violência Familiar : Da Violência Conjugal à Violência Sobre A Criança
Family Violence: From Marital Violence to the Violence on Children
* Eva Chaves, Doutorada em Ciências Sociais, ramo Psicologia pela Universidade Fernando Pessoa / ** Ana Sani, Professora Associada na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa.
RESUMO
O presente artigo aborda a problemática da violência na família caracterizando as dinâmicas
e fatores que teoricamente são conceptualizados na explicação deste fenómeno. A partir da
revisão de estudos empíricos concebemos uma caracterização das famílias com historial de
violência e abordamos a questão da experiência de vitimação na criança. A investigação tem
vindo a corroborar a existência de coocorrência de várias situações de violência num mesmo
contexto, sugerindo que as crianças em famílias violentas tendem, muitas vezes, a ser
simultaneamente vítimas diretas e indiretas. A exposição da criança à violência conjugal
constitui um fenómeno emergente na investigação internacional e nacional, sendo uma das
mais flagrantes formas de vitimação infantil. Apontando a transversalidade do fenómeno
entre gerações, pretende-se fundamentalmente alertar para a exposição da criança à
violência entre os pais, uma vitimação que mesmo indireta tem inegáveis implicações no
desenvolvimento global da criança.
Palavras-chave: violência familiar, violência conjugal, criança.
ABSTRACT
The present article tackles the issue of violence within the family characterizing the dynamics
and factors conceptualized its explanation. From empirical studies we form a characterization
of families with history of violence and we refer the issue of victimization of the child.
Research has corroborated the co-occurrence of several episodes of violence in same context,
_________________________________________________________________________________
A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para Ana Isabel Sani: Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. E-mail: [email protected]
Submissão: 01.6.2014 Aceitação: 28.11.2014
suggesting that children in violent families often are victims of direct and indirect violence
simultaneously. Children’s exposure to marital violence constitutes a research subject at
international and national levels, representing one of the most egregious ways of child
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victimization. Pointing to the transversality of the phenomenon between generations, we
intended to warn to children's exposure to violence between parents, one that even indirect
victimization has undeniable implications on the child’s global development.
Key-words: family violence, marital violence,child.
A violência em contexto familiar
O presente texto procede de uma revisão teórica sobre o fenómeno da violência familiar,
realizada entre os anos de 2011 e 2013 e tem como o principal objetivo explicar alguns dos
principais fatores e dinâmicas que fazem deste um problema complexo e multifacetado. Esta
problemática tem associada outras formas de violência específica, designadamente sobre
crianças, à qual pretendemos dar, em termos teóricos, a necessária visibilidade. Assim
partido da terminologia mais comum relacionada com a temática (e.g., família, violência,
criança), suas aglomerações (e.g., violência familiar, violência sobre a criança) e derivações
(violência infantil, conjugal, maus tratos), pesquisados em diversos motores de busca (e.g.,
PsycINFO, PsycARTICLES) e em várias línguas (português, inglês, espanhol) reunimos um corpo
teórico e empírico de conhecimentos que nos permitiu, neste texto refletir sobre
transversalidade do fenómeno a vários elementos de uma mesma família, podendo operar-se
em termos conceptuais a menção de diversas tipologias de violência em contexto familiar.
A violência em contexto familiar é um fenómeno que envolve questões complexas referentes
a aspetos como o género, as dificuldades e os problemas que podem afetar a relação entre os
membros da família, sendo essencialmente caracterizada pelo abuso de poder (Milani &
Loureiro, 2008). A violência intrafamiliar pode levar a consequências físicas, afetivas e
comportamentais, que por sua vez são causadoras de défices no desenvolvimento da criança
(Andrade & Triches, 2008).
Dentre as diversas formas de violência em contexto familiar, a violência conjugal revela-se
como uma das situações mais prevalentes, baseada fundamentalmente no exercício de
controlo sobre a vítima (Cunha, 2009). Na perspetiva de Walker (2009) a violência ocorre num
ciclo de três fases: a da acumulação de tensão, a da ocorrência de agressão e a da
reconciliação, também conhecida por fase da “lua-de-mel”. Na primeira fase o ofensor
acumula tensões do quotidiano que ele não sabe resolver sem recorrer à violência. A sua
duração pode variar entre semanas e anos. Esta fase é caracterizada por agressões menores
(físicas ou verbais) e ameaças. Geralmente a vítima culpa-se pelo sucedido atribuindo causas
externas ao comportamento do ofensor. Na fase da ocorrência de agressão, a vítima é alvo de
maus tratos físicos e/ou psicológicos, não reagindo por vezes à violência, assumindo um papel
de passividade. Ao longo do tempo ela pode prever em que fase do ciclo da violência se
encontra. Esta fase é caracterizada pela descarga de tensões acumuladas na fase anterior e
só termina quando o ofensor assim entende. É típico nesta fase a vítima apresentar vontade
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em acabar com este ciclo de violência (Walker, 2009), o que pode ser dificultado com a fase
“lua-de-mel”. Nesta última fase o ofensor mostra-se arrependido e tenta desculpabilizar-se
com motivos externos, mostrando que estes comportamentos não voltarão a repetir-se. Neste
estádio, muitas vezes, o próprio ofensor acredita que a violência não voltará a acontecer.
Contudo, a violência repete-se e aumenta, com a continuidade dos episódios de violência e a
fase “lua-de-mel” tende a ser mais breve (Walker, 2009).
A violência conjugal é frequentemente definida como uma violência de género, que ocorre
entre os dois elementos do casal numa relação de intimidade (Cunha, 2009). As questões
culturais inerentes ao fenómeno, que sustentam, em muitas sociedades, discursos
socialmente dominantes em torno do género e dos papéis diferenciados de homens e
mulheres são, sobretudo em sociedades patriarcais, elementos importantes na compreensão
desta problemática social. Segundo certos autores (e.g., Dobash & Dobash, 1992) algumas das
principais causas para a violência conjugal são o sentimento de posse e de ciúme que está
presente nestas relações; as expectativas em relação ao trabalho doméstico da mulher; a
convicção que o homem possui o direito de punir a mulher por causa de situações que ele
considera erradas e necessidade de manter ou impor a sua posição de dominação. Este tipo
de violência pode acontecer em qualquer local, em qualquer idade, religião, nível de
escolaridade ou camada social (Cunha, 2009). Esta violência é geralmente é uma violência
continuada, que tem tendência a agravar em frequência e intensidade, causando
consequências nefastas a nível físico e psicológico para a vítima.
A abordagem ecológica ao fenómeno da violência reveste-se de particular importância na sua
compreensão. Segundo Heise (2004) trata-se de um fenómeno multifacetado que envolvem
uma diversidade de fatores pessoais, situacionais e socioculturais que interagem entre si. Esta
leitura é perspetivada por outros autores (e.g., Casique & Furegato, 2006; Dahlberg & Krug,
2007) que baseados neste modelo ecológico procuram explicar a relação entre o indivíduo e
seu meio ambiente e social, considerando a influência de diversos fatores. Um fator pode não
ser por si só determinante, mas a interação dos fatores podem propiciar a violência ou
proteger o indivíduo desta (Casique & Furegato, 2006), ou seja, contribuir para o
desenvolvimento do risco e/ou de proteção de uma experiência com a violência, quer como
agressor e/ou vítima.
O modelo ecológico data dos anos 70 (cf. Bronfenbrenner, 1979) e desde essa década tem
sido usado na compreensão de várias formas de abuso (e.g., abuso infantil, abuso juvenil),
sendo mais recentemente adotado na explicação da violência na intimidade e mesmo da
violência contra idosos (Dahlberg & Krug, 2006). Este modelo assumido pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) (cf. Krug, Dahlberg, Mercy, Zwi, & Lozano, 2002) organiza-se em
quatro níveis (Casique & Furegato, 2006) (cf. Figura I).
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No primeiro nível identificam-se as características inerentes ao indivíduo, ou seja, fatores
biológicos e a sua história pessoal, fazendo parte deste nível as características pessoais e
demográficas tais como: o género, a idade, a educação. Constitui parte deste primeiro nível,
fatores como os antecedentes comportamentais agressivos, problemas psíquicos ou da
personalidade e as toxicomanias (Casique & Furegato, 2006).
O segundo nível refere-se às relações mais próximas que se estabelecem no âmbito da família
(pais, casal) e do grupo de pares (amigos, colegas) e que podem influenciar o comportamento
do indivíduo. A existência de violência entre os pais e a exposição da criança a essa violência
é um exemplo de condição que pode propiciar o risco de no futuro a pessoa experiência a
violência, quer como vítima que como agressora (Sani, 2011a).
O terceiro nível reporta-se ao contexto onde se desenvolvem as relações sociais na
comunidade (e.g., escola, local de trabalho, vizinhança). Nestes diferentes contextos existem
características que podem aumentar o risco de envolvência na violência. Assim, fatores como
a grande mobilidade de local de residência, o facto de residir num espaço com elevada
densidade populacional, de experienciar altos níveis de desemprego, o frequentar um
contexto social onde predomina o tráfico de drogas ou crime (Casique & Furegato, 2006;
Dahlberg & Krug, 2007) podem influenciar negativamente o percurso de vida de um indivíduo.
Por fim, o quarto nível refere-se a fatores relativos à organização das sociedades, fatores
esses muitas vezes de cariz estrutural (e.g., desigualdades de género; a legitimação cultural
da violência) que podem propiciar ou inibir a violência. Por exemplo, nas sociedades de
características mais patriarcais há uma hierarquização dos papéis de género, havendo uma
assimetria em prol do domínio masculino, sendo demasiado preocupante os tipos e níveis de
violência exercido sobre a mulher. Para além dos aspetos culturais, as políticas sociais,
económicas, sanitárias e educativas também são parte integrante deste quarto nível, na
medida em que contribuem para manter as desigualdades económicas ou sociais entre os
grupos (Casique & Furegato, 2006).
Assim, tomando com referência o modelo ecológico teremos de considerar a presença de
múltiplos fatores, através dos quais podemos avaliar o grau de risco em cada família. Deste
modo deve haver uma abordagem sensível ao problema da violência na família, devendo
analisar-se todas as dimensões e elementos que possam estar associados ao fenómeno da
violência.
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As famílias com historial de violência e o reconhecimento de fatores de
risco
O interesse na identificação do tipo de ambientes familiares violentos levou a que autores
como Dufour, Clément, Chamberland e Dubeau (2011) realizassem um estudo com 3148
famílias, nas quais avaliaram as dimensões cognitivas e comportamentais do papel parental
no que se refere ao grau da violência familiar na vida de uma criança. Dos resultados dessa
análise, os autores reconheceram um estilo de família com perfil abusivo, sendo este perfil
relacionado aos contextos familiares onde predomina a violência doméstica, a agressão física
e psicológica, marcadas por pelo menos uma agressão grave sobre a criança. Outras famílias
são caracterizadas por um perfil duro ou rígido, que embora se assemelhe ao anterior,
distingue-se deste por deter um ambiente familiar onde a violência é menos intensa e não
apresenta nenhuma agressão grave. O perfil de famílias não abusivas enquadra-se num
ambiente familiar onde não existe recurso à punição física como prática disciplinadora, na
medida em que há consciência das suas consequências para o desenvolvimento da criança.
Por último, as famílias com perfil paradoxal que não têm a mesma consciência das
consequências da violência para a criança como as famílias não abusivas e embora seja uma
família com baixos níveis de violência doméstica, recorrem mais à punição física como forma
de disciplina (Dufour et al., 2011).
Outros autores, como Pereira, Santos e Williams (2009) realizaram um estudo comparativo
com uma amostra de 40 crianças (20 crianças vítimas de violência e outras 20 sem historial de
violência) na faixa etária dos sete ao dez anos e da mesma sala de aula com o objetivo
caracterizar o desempenho escolar da criança vítima de violência doméstica atendida no
Fórum Judicial. Neste estudo, os dados obtidos quer por autorrelato (criança) quer por
heterorelato (mães e professores) permitiram traçar o perfil de vitimação direta e indireta da
criança, assim como identificar alguns dos fatores de risco associados à violência familiar.
Assim, a maioria das famílias marcada pela violência (A) têm como estado civil a união de
facto, um maior número de filhos (aproximadamente o dobro), comparativamente às famílias
onde não existe violência (B). Nas famílias B (não violentas), por norma 80% são constituídas
por elementos casados e têm em média dois filhos. Os resultados mostraram também a
maioria das crianças vítimas diretas de violência também estavam expostas à violência
conjugal e a outros fatores de risco, tais como, pobreza, baixa escolaridade materna e uso de
álcool e/ou droga por familiares. Relativamente a este último fator foi verificado que 75% das
mães já tivera experiências de consumo com estas substâncias, contrariamente às famílias B
(Pereira et al., 2009). Estes resultados corroboram o estudo de Pascolat, Santos, Campos,
Valdez, Busato,e Marinho (2001) que incidiu na análise de 225 casos de abuso físico a
crianças, tendo sido constatado 7.6% dos perpetradores de violência consumiam drogas e
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25.8% álcool,comportamentos esses muito associados ao aumento da violência (Freisthler,
2011).
Adicionalmente, outros estudos (e.g., Fantuzzo & Fusco, 2007; Galvani, 2012; Lee, Zhang, &
Hoover, 2013) consideram que as crianças em famílias violentas estão muitas vezes expostas a
progenitores com comportamentos instáveis e perigosos, nomeadamente com
comportamentos de alto risco como o uso de armas, agressão mútua e abuso de substâncias
como foi referido anteriormente.
Kang (2012) considera que famílias numerosas apresentam uma maior tendência para a
violência familiar. Para este autor, as dificuldades económicas podem também provocar mais
divergências entre os familiares. Os indivíduos com baixos rendimentos ou desempregados
com poucas relações sociais têm uma maior probabilidade de serem vítimas de violência
(Kang, 2012). Para Fergusson e Horwood (1998), as famílias onde existe violência estão
geralmente ligadas a desvantagens sociais, disfunção familiar e abuso da criança. Margolin e
Gordis (2000) seguem a mesma linha de pensamento, caracterizando estas famílias pela
pobreza, desnutrição, sobrelotação, abuso de substâncias, ausência de cuidados médicos,
desemprego e psicopatologia dos pais. Moffitt e Caspi (2002) acrescentam ainda, que a taxa
de violência duplica em casais jovens, que têm filhos muito cedo.
Assim, conclui-se que a violência familiar é influenciada por múltiplos fatores, a organização
familiar, recursos e estabilidade são fatores que devem receber mais atenção por parte dos
investigadores desta problemática (Kang, 2012). O certo é que esta violência atinge inúmeras
crianças no seu contexto familiar de forma direta e indireta, firmando a diversa literatura na
área pela elevada coocorrência de formas de vitimação num mesmo contexto (Sani &
Caprichoso, 2013).
Coocorrência de formas de violência na criança: vitimação direta e indireta
A literatura evidencia a coocorrência de diferentes formas de violência que vitimam a criança
(Papadakaki, Tzamalouka, Chatzifotiou, & Chliaoutakis, 2009; Pereira et al., 2009; Vellemen,
Templeton, Reuber, Klein, & Moesgen, 2008; Sani & Caprichoso, 2013). Estudos, levados a
cabo por Almeida, André e Almeida (1999) referem que, existem sinais de violência entre o
casal de cuidadores em metade dos casos conhecidos de violência direta às crianças. De
acordo com Matos (2002) aproximadamente metade dos homens que agridem fisicamente as
mulheres também agridem os seus filhos, reforçando a ideia de que a violência exercida sobre
a mulher surge muitas vezes associada à violência sobre as crianças. Em conformidade com
este estudo, a investigação de Shen (2009) considera que a violência entre os pais pode levar
aos maus tratos físicos das crianças, designadamente quando existem vários tipos de
violência, não apenas pelo agressor mas por outros membros da família (e.g., as mães). Neste
sentido, um estudo feito em Hong Kong por Chan (2011) destacou uma associação entre a
violência conjugal, nomeadamente maus tratos físicos e psicológicos entre os cônjuges e os
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maus tratos às crianças, salientando-se aqui as mães como perpetradoras de violência. A
literatura evidencia alterações possíveis nas práticas educativas das mães vítimas de
violência, designadamente a possibilidade destas adotarem estratégias mais coercivas, se não
mesmo violentas, na interação com os seus filhos (Sani, 2008; Sani & Cunha, 2011).
Um inquérito americano sobre a violência familiar entre 1975 e 1985 (cf. Straus, 1992)
revelou que famílias marcadas pela violência conjugal apresentam um maior risco de
perpetrar violência sobre os seus filhos. Assim, os resultados deste estudo indicam que,
metade dos pais e um quarto das mães confirmaram que também maltrataram os seus filhos
(Moffitt & Caspi, 2002). Os mesmos autores em concordância com estatísticas de outros
estudos referem que, famílias onde existe violência conjugal apresentam uma probabilidade
de 3 a 9 vezes maior de abuso sobre as suas crianças.
As crianças que estão expostas à violência indireta têm uma maior probabilidade de serem
vítimas diretas desta violência, sendo alta a percentagem referenciada em muitos dos estudos
(Pereira et al., 2009). No estudo anteriormente citado, os resultados revelaram que 75% dos
casos de crianças que estavam expostas à violência passaram a ser alvo direto da mesma. Mais
ainda, os autores revelaram que em 50% das situações ocorriam vários tipos de abuso em
simultâneo, sendo 20% das crianças vítimas de negligência; 15% de abuso físico; 10% abuso
sexual e 5% abuso psicológico (Pereira et al., 2009). Há estudos (e.g. Goodlin & Dunn, 2010),
que indicam que número de elementos do agregado familiar está diretamente relacionado
com a violência múltipla.
A vitimação da criança por exposição à violência conjugal
De acordo com a investigação realizada no domínio da Vitimologia, as mulheres e crianças são
as principais vítimas da violência familiar, sendo esta caracterizada pelo desequilíbrio de
papéis (Hernández & Gras, 2005). Nas últimas décadas, os estudos sobre os efeitos na criança
da exposição à violência conjugal são os que têm requerido uma maior atenção da
comunidade científica internacional (Esfandyari, Baharudin, & Nowzari, 2009; Geffner, Jaffe,
& Sudermann, 2000; Hughes & Graham-Bermann, 1999; Jaffe, Wolfe, & Wilson, 1990,
Jiménez, 2009; Jouriles, McDonald, Slep, Heyman, & Garrido, 2008).
A exposição de crianças à violência dos pais, enquanto problema social atingiu uma dimensão
pública quando surge o artigo “Child Welfare” de Moore, em 1975 (Kashani & Allan, 1998). Na
década de oitenta datam-se os primeiros estudos empíricos (Mohr, Lutz, Fantuzzo, & Perry,
2000) e, desde então, este problema tem vindo a ganhar visibilidade científica,
primeiramente na esfera internacional e, posteriormente, a nível nacional. A
consciencialização pública e um olhar mais atento dos diversos profissionais aos efeitos
negativos que podem surgir da exposição da criança à violência foram fundamentais para dar
visibilidade ao problema da vitimação indireta e voz às crianças vítimas que durante muito
tempo foram esquecidas (Sani, 2011b).
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Em Portugal, as investigações na área da vitimação indireta, particularmente no âmbito da
família, são recentes. Alguns dos primeiros trabalhos nacionais nesta temática (Sani, 1999,
2000, 2002) vieram demonstrar que a vitimação indireta da criança pode ser tão lesiva quanto
a violência direta. Posteriormente, outros estudos nacionais atribuem evidência às
características desse impacto e aos fatores mediadores para a sua compreensão (Calvete &
Orue, 2013; Coutinho & Sani, 2008b; Sani 2011a; Sani & Almeida, 2011).
A exposição pode resultar da observação direta dos atos violentos entre os pais, mas pode
também ocorrer da escuta dos incidentes e da constatação posterior das marcas da violência
entre os progenitores (Jouriles, Norwood, McDonald, & Peters, 2001). Outras formas de
vitimação da criança podem traduzir-se em desprezo, terror, ameaça, gritos, rejeição,
isolamento, humilhação ou em situações em que o ofensor usa a criança para atingir a mãe
(e.g., agressão ou ameaça a mãe quando a criança está ao colo dela). A violência psicológica
a que a criança está sujeita, pode ser muito cruel, em alguns casos é sugerido pelo
progenitor, que a criança assista aos maus tratos sobre a mãe. O ofensor utiliza muitas vezes
esta estratégia como uma lição ou aviso à criança para esta se manter obediente (Jaffe et al.,
1990).
As crianças expostas à violência entre os pais reconhecem claramente as consequências dos
episódios de violência sobre a progenitora (Cunningham & Baker, 2007) e sentem-se também
afetadas por isso (Sani, 2011). Segundo o estudo de Mitchell, Lewin, Rasmussen, Horn e
Joseph (2011) realizado com uma amostra de 230 mães com filhos de 3 a 5 anos de idade e
que deram à luz na adolescência, percebeu-se que a criança é afetada pela violência de que a
progenitora é vítima mesmo que não seja testemunha desta. Os progenitores que sejam
vítimas de violência com historial de depressão na família e dificuldades em lidar com
situações de maior stresse podem incutir o seu padrão de comportamentos aos seus filhos
(Mitchell et al., 2011).
Renner, DeBoard-Lucas e Grych (2011) consideram que uma diferença notável entre as
crianças que pertencem a famílias com historial de violência e crianças pertencentes a
famílias não violentas prende-se com a desejabilidade da separação dos pais, já que para
aquelas que vivem num contexto de violência esta separação é vista como uma solução para a
relação violenta. Segundo os mesmos autores para as crianças vítimas de violência é normal
não se recordarem do evento alguns meses depois, já outras podem não querer falar sobre um
momento que foi tão marcante. Aludindo ao impacto negativo desta experiência no
desenvolvimento da criança ao longo do tempo, tem sido reconhecida a afetação de vários
domínios do desenvolvimento da criança como o comportamental, o emocional, o social, o
cognitivo e o físico (Sani, 2011a). No entanto esta é uma violência que não é crime em muitos
países (Cardoso & Sani, 2013).
conclusão
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A violência em contexto familiar é um fenómeno complexo que pode englobar múltiplas
problemáticas de vitimação envolvendo crianças, jovens e adultos. A violência conjugal é das
situações mais prevalentes, cujas dinâmicas de poder e controlo se desenrolam num ciclo
trifásico, que a literatura reconhece. Esta violência, geralmente continuada e que se
desenvolve em escalada de frequência e intensidade tem repercussões nefastas a nível físico
e psicológico para a vítima e para todos os que habitam esse contexto.
A abordagem ecológica ao fenómeno da violência sublinha a importância de analisarmos os
múltiplos fatores associados ao indivíduo, às suas relações próximas, à comunidade ou da
sociedade que, em diversas etapas da vida de uma pessoa, pode ter uma influência decisiva
para a sua experiência com a violência. Obviamente temos de considerar não apenas o peso
de muitos daqueles que serão fatores de risco para a violência que diversos estudos
documentam (e.g., práticas educativas punitivas, desnutrição, abuso de substâncias, ausência
de cuidados médicos, desemprego e psicopatologia dos pais), mas pensar que a sua
identificação e neutralização pode constituir um relevante foco de trabalho para a prevenção
do fenómeno.
A investigação unanimemente converge na nomeação da violência na família como um dos
principais fatores de risco para o desenvolvimento de uma criança. Os estudos (e.g.,
Papadakaki et al., 2009; Vellemen et al., 2008) documentam que as crianças estão presentes
em muitas famílias violentas e muitas delas são vítimas diretas e indiretas de situações de
violência, havendo uma elevada coocorrência do fenómeno em termos de tipologias de
vitimação da criança. A exposição de crianças à violência conjugal, não é um problema social
novo, mas um fenómeno emergente na investigação internacional e nacional e nas
preocupações políticas e sociais da sociedade portuguesa, sendo considerada uma das mais
flagrantes formas de vitimação infantil, com particular expressão no domínio da família.
Deste modo deve haver uma abordagem sensível ao problema da violência na família,
devendo analisar-se todas as suas dimensões, uma vez que poderão estar associados múltiplos
fatores. Só desta forma poderemos estar aptos para obtermos melhores resultados na
intervenção com crianças vítimas diretas e indiretas de violência. Muitos destes fatores
surgem sobrepostos a outros, o que nos remete para a necessidade de intervirmos em
múltiplas frentes, operando sempre que possível em termos multi e interdisciplinares.
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anterior.
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