(Adoramos Ler) STEPHEN R COVEY - OS SETE HBITOS DAS PESSOAS MUITO EFICAZES
VI Colóquio Ibérico de Geografia: actas - Ler Letras
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Publicação subsidiada por:
Reitoria da Universidade do Porto Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica
Fundação Calouste Gulbenkian
Título: VI COLOQUIO IBERICO DE GEOGRAFIA- ACTAS
Subtítulo: A Península Ibérica- um espaço em mutação Editor: Universidade do Porto- R. D. Manuel II, 4050 PORTO, PORTUGAL. Telef. +351 2 694462 Fax. +351 2 698736
No de exemplares: 1500
Capa: Nazareth Rego (montagem com base na fotografia aérea em infravermelhos da ACEL, 1990)
Revisão: Grupo de Documentação do VI Colóquio Ibérico de Geografia
Tratamento de imagem: Silvano Rego
Arranj.2_gráfico: Silvano Rego e Fernando G. Monteiro
Gráfica da Universidade do Porto
Impressão: Litogaia- Artes Gráficas, Lda
Data: Janeiro de 1996
Depósito Legal n°: 92751195
Vol. I
Temáticas: 1. Geografia Humana e Planeamento Regional 2. Cidades e Metrópoles 3. Ruralidades· 4. Dinâmicas Industriais 5. Políticas Regionais e Locais.
Vol. II
Temáticas: 1. Geografia Humana e Planeamento Regional 2. Turismo e Lazer 3. Geografia Física e Ambiente 4. Geomorfologia 5. Climatologia e Hidrologia. 6. Catástrofes Naturais e Impacte Ambiental
Vol. III
Temáticas: 1. Geografia Física e Ambiente 3. Recursos Naturais e Ordenamento do Território 4. Investigação e Ensino em Geografia
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA ACTAS
A Península Ibérica - um espaço em mutação
Volume I
Publicações da Universidade do Porto 1995
COMISSÃO ORGANIZADORA
Presidente- Prof' Doutora Rosa Fernanda Moreira da Silva
Prof' Doutora Maria da Assunção Araújo
Prof' Doutora Nicole Devy-Vareta
SECRETARIADO
Dr. Carlos Valdir Bateira
Dra Fátima Loureiro de Matos
Dr. José Queiroz dos Santos
Dra Maria Madalena Magalhães
DOCUMENTAÇÃO- EXPOSIÇÕES
Dra Carmen Gonçalves Ferreira
Dra Edite Velhas
Dra Elsa Pacheco
Dr. João Carlos Garcia
Dra Laura Soares
OUTRAS ACTIVIDADES PARALELAS
Prof. Doutor Álvaro Domingues
Prof' Doutora Ana Monteiro
Prof. Doutor António de Sousa Pedrosa
Prof. Doutor José-Alberto Rio Fernandes
Prof. Doutor Luís Paulo Saldanha Martins
Dr Fantina Maria Tedim S. Pedrosa
Dr. Helder Marques
Dr• Maria Helena Mesquita Pina
Dr. Mário Gonçalves Fernandes
Dr• Teresa Sá Marques
MESA DA SESSÃO DE ABERTURA
Reitor da Universidade do Porto,
Prof. Doutor Alberto Manuel Sampaio Castro Amaral
Presidente da Comissão Organizadora do VI Colóquio Ibérico de Geografia,
Prof' Doutora Rosa Fernanda Moreira da Silva
Presidente da Comissão de Coordenação da Região do Norte,
Eng. Luís Braga da Cruz
Presidente da Câmara Municipal do Porto,
Dr. Fernando Gomes
Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Economia do Porto,
Prof. Doutor Manuel Duarte Baganha
Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras do Porto,
Prof. Doutor Carlos Manuel Borges de Azevedo
Presidente do Conselho Cientifico da Faculdade de Letras do Porto,
Prof. Doutor Luís António de Oliveira Ramos
Representante do Secretariado do VI Colóquio Ibérico de Geografia,
Dra. Fátima Loureiro de Matos
XII
17 de Setembro
09,00- 12,30 horas- Apresentação e discussão, em sessões paralelas, dos temas:
Políticas Regionais e Locais
Turismo e Lazer
Recursos Naturais e Ordenamento do Território
Ensino em Geografia.
15,00 horas- Sessão Plenária.
16,30 horas- Sessão de Encerramento.
18 de Setembro
08,00-21,00 horas
VISITAS DE ESTUDO EXTRA-COLÓQUIO
-A Serra do Marão: evolução no quaternário e dinâmica actual.
-Área Metropolitana do Porto: processo de metropolitanização.
-Dois exemplos de configurações espaciais no noroeste: vales do Ave e Lima.
-Alguns exemplos de continuidades e rupturas no Alto Douro.
- Serras Minhotas: alguns exemplos de espaços rurais.
EXPOSIÇÕES
"A Pintura do Mundo. Geografia Portuguesa e Cartografia dos séculos XVI a XV/lf'.
Inauguração a 14 de Setembro de 1992, na Biblioteca Pública Municipal do Porto.
"Uma Cartografia Exemplar. O Porto em 1892".
Inauguração a 16 de Setembro de 1992, na Casa do Infante.
PROGRAMA GERAL
14 de Setembro
14,00 horas- Recepção dos participantes. Entrega da documentação.
17,00 horas - Sessão de Abertura.
18,00 horas- Conferência: Gestão de Áreas Metropolitanas, pelo Dr. Braga da Cruz, Presidente
da Comissão de Coordenação da Região do Norte e pelo Dr. Fernando Gomes,
Presidente da Câmara Municipal do Porto.
15 de Setembro
09,00- 12,30 horas- Apresentação e discussão, em sessões paralelas, dos temas:
Cidades e Metrópoles
Ruralidades
Geomorfologia
Investigação em Geografia.
14,30- 17,30 horas- Apresentação e discussão, em sessões paralelas, dos temas:
Cidades e Metrópoles
Dinâmicas Industriais
Climatologia e Hidrologia
Ensino em Geografia.
18,00 horas - Conferência: Políticas do Ambiente pelo Eng. António Taveira.
Comentário e Coordenação do debate pela Prof• Doutora Maria Eugénia
Albergaria Moreira.
16 de Setembro
08,00- 12,30 horas- Visitas de Estudo:
-Aspectos geomorfológicos do litoral da região do Porto.
- S. Miguel-o-Anjo: a importância do frio em regiões de baixa altitude.
-A evolução urbanística do núcleo histórico do Porto.
-A "Baixa" do Porto no último século.
-Aspectos da industrialização no Porto.
-Serviços: cenários de uma metrópole policêntrica.
-A industrialização na coroa metropolitana do Porto.
-As praias portuenses: génese, apogeu e declínio do espaço de lazer.
14,30- 17,30 horas- Apresentação e discussão, em sessões paralelas, dos temas:
Políticas Regionais e Locais
Catástrofes Naturais e Impacte Ambiental
Climatologia e Hidrologia
Ruralidades.
18,00 horas- Conferência: Planeamento Urbanístico nos anos 90,
pelo Prof. Doutor Nuno Portas.
Comentário e Coordenação do debate pelo Prof. Doutor Jorge Gaspar.
Discurso de Abertura
pela Professora Doutora Rosa Fernanda Moreira da Silva,
Presidente do VI Colóquio Ibérico de Geografia
Magnífico Reitor da Universidade do Porto
Sr. Presidente da Comissão de Coordenação da R. N.
Digníssimas autoridades Civis e Académicas
Prezados colegas convidados e demais participantes
Minhas senhoras e meus senhores
Em Setembro de 1989 os Presidentes das Associações de Geógrafos Espanhóis e Portugueses,
reunidos em Léon, aceitaram uma proposta nossa no sentido de que a organização do VI Colóquio Ibérico
de Geografia fosse confiada ao Instituto de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Por esse motivo, como docente mais antiga do Curso de Geografia da minha Faculdade e
na qualidade de Presidente da Comissão Organizadora, coube-me a missão de me dirigir a V as. Exs. na Sessão
de Abertura deste VI Colóquio Ibérico de Geografia.
Permitam-me que, como introdução, evoque um texto que me parece sintetizar algumas das
motivações que se podem buscar para um Colóquio como este, que agora se inicia. Faço-o citando
o Art0 128° do TRATADO DE MAASTRICHT, cujo tema é a Cultura no âmbito da Comunidade Europeia:
"1 - A Comunidade contribuirá para o desenvolvimento das culturas dos Estados membros,
respeitando a sua diversidade nacional e regional, e pondo simultaneamente em evidência o património comum;
2 - A acção da comunidade tem por objectivo incentivar a cooperação entre Estados membros
e, se necessário, apoiar a sua acção nos seguintes domínios:
- melhoria do conhecimento e da divulgação da cultura e da história dos povos europeus:
- conservação e salvaguarda do património cultural de importância europeia;
- intercâmbios culturais não comerciais.
3 - A Comunidade e os Estados membros incentivarão a cooperação com os países terceiros
e as organizações internacionais competentes no domínio da cultura ... ".
Duas ideias fundamentais sobressaem destas deliberações: o desenvolvimento das culturas
dos Estados Comunitários Europeus deverá ser feito com respeito pela sua diversidade nacional; a cooperação
entre esses Estados é objectivo central da acção comunitária.
XVIII
Creio que este VI Colóquio Ibérico de Geografia se integra no espírito que inspirou estas
orientações que, de resto, já tinham estado presentes desde o início da organização dos anteriores
Colóquios Ibéricos e tinham antecipado mesmo essa filosofia de intercâmbio.
Num período de 13 anos realizaram-se, com grande êxito, cinco Colóquios Ibéricos :
o 1 o em Salamanca, em 1979; o 2° em Lisboa, em 1980; o 3° em Barcelona, em 1983; o 4° em Coimbra,
em 1986; e o 5° em Léon, em 1989. O 6°, que agora se leva a cabo, é, portanto, o primeiro realizado na cidade do
Porto e na sua Universidade, razão suficiente para justificar o empenhamento e o entusiasmo da Escola do Porto . . Por isso faço aqui duas saudações. A primeira vai para um ilustre Geógrafo, grande
impulsionador do Curso de Geografia da Faculdade de Letras do Porto, o Professor Doutor Orlando Ribeiro,
infelizmente ausente por razões de saúde. A segunda é dirigida a todos os Geógrafos que para aqui convergiram,
trazendo-nos a sua presença, as comunicações e os resultados de trabalhos de investigação, que constituirão,
certamente, a parte mais substancial deste colóquio.
O VI Colóquio Ibérico de Geografia, como qualquer iniciativa do género, tem como objectivo
primordial proporcionar oportunidades de discussão científica, no domínio dos problemas de matriz geográfica.
Ora, como todos bem sabemos, essa matriz revela-se no contexto que envolve o relacionamento entre a
sociedade e o território. Por isso, numa perspectiva mais vasta, temos aqui a participação de outras áreas
e sensibilidades científicas, de que me permito destacar aquelas que tratam questões relacionadas com o estudo e
a intervenção no território, como são exemplos o planeamento urbanístico ou a gestão de recursos naturais.
Foi por isso que, numa perspectiva de actualidade, nos pareceu pertinente e oportuno
congregar este Colóquio em torno do tema "A PENÍNSULA IBÉRICA- UM ESPAÇO EM MUTAÇÃO".
E para tal definimos três grandes áreas distintas:
Geografia Humana e Planeamento Regional;
Geografia Física e Ambiente;
Investigação e Ensino em Geografia.
Mas para permitir um leque mais alargado de discussão, entendemos útil incluir
três conferências, sobre as áreas seguintes:
Gestão de áreas metropolitanas;
Políticas de ambiente;
Planeamento urbanístico nos anos 90.
Trata-se de um conjunto de temas que pela sua actualidade e pertinência, permitem despertar
o interesse de um público que extravasa o núcleo restrito do Colóquio. Na perspectiva da Organização, esta
iniciativa traduz também uma acção explícita de abrir estes encontros a uma audiência mais alargada,
XIX
reforçando, ao mesmo tempo, a visibilidade e o papel da Geografia e dos Geógrafos
O interesse que este VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA suscitou foi enorme e
superou as nossas expectativas desde que foram abertas as pré-inscrições. As cerca de 800 inscrições, entre
as quais se contam mais de duas centenas de estrangeiros, e as duzentas comunicações previstas, são bem
um sinal disso. Por imposição de prazos, não nos foi possível aceitar mais uma centena de pedidos.
Neste conjunto de um tão elevado número de participantes contam-se, para além
dos geógrafos, arquitectos, historiadores, sociólogos, engenheiros, técnicos de comissões de coordenação e
de câmaras municipais, políticos, numa diversidade significativa do que promete vir a ser esta grande reunião de
pessoas dedicadas aos problemas que caracterizam a vastidão das questões geográficas.
Como sempre sucede em iniciativas como esta, poder-se-ão discutir alguns aspectos da
organização do colóquio ou algumas das soluções encontradas para a tomar mais funcional. No entanto, estamos
crentes de que a solução encontrada se oferece globalmente como a mais adequada para fazer frente aos
condicionalismos de vária ordem que se nos depararam na sua organização
Talvez não seja inoportuno, por isso, falar mais em "CONGRESSO IBÉRICO
DE GEOGRAFIA" do que em "COLÓQUIO". É uma proposta que deixamos desde já no vosso espírito, e que
virá certamente a acarretar uma estrutura remodelada, em reuniões trienais, mas dedicadas a
temáticas específicas, se bem com um número mais limitado de participantes em cada uma.
Ficam para o fim as palavras de agradecimento que devo dirigir a todos os que proporcionaram
as condições de realização deste colóquio: ao Senhor Reitor da Universidade do Porto, pelo apoio e incentivo
que nos concedeu desde o início; ao Senhor Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras;
ao Senhor Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Economia, pela cedência das instalações:
aos diversos patrocinadores e apoiantes. Todos permitiram que este VI Colóquio Ibérico de Geografia
pudesse ser a realidade presente.
Mas, pessoalmente, devo um agradecimento particular aos meus colegas geógrafos
do Curso de Geografia da Faculdade de Letras do Porto, e de forma muito especial àqueles que constituíram
o Secretariado e os restantes grupos de trabalho. Enfim, e porque este imenso esforço é de mais alguém ainda,
deixo mais um agradecimento sincero: às funcionárias do Instituto de Geografia e aos alunos. '
Só falta, para terminar, exprimir um desejo que sem dúvida está no pensamento de todos
os presentes: que os trabalhos que nos vão ocupar intensamente nos próximos dias correspondam, pelo
seu interesse e qualidade, aos desideratos e objectivos do colóquio.
Por isso,
Um bom colóquio
Um aproveitamento intenso do programa social que é proporcionado
Enfim, ... uma boa estadia na cidade do Porto.
Muito obrigado!
j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j j
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Discurso
do Magnífico Reitor da Universidade do Porto
Prof. Doutor Alberto Manuel Sampaio Castro Amaral
A Faculdade de Letras da Universidade do Porto, por intermédio do seu Curso de Geografia,
assumiU a tarefa de organizar o VI Colóquio Ibérico de Geografia, subordinado ao tema geral
"A Península Ibérica- Um Espaço em Mutação" e dividido por três grandes áreas distintas:
- Geografia Humana e Planeamento Regional;
- Geografia Física e Ambiente;
- Investigação e Ensino em Geografia.
O Colóquio integrou ainda três conferências sobre:
- Gestão das Áreas Metropolitanas;
- Políticas de Ambiente;
- Planeamento Urbanístico nos anos 90.
Com este leque alargado de temas para discussão foi possível atingir plenamente dois grandes
objectivos: por um lado realçar, perante a sociedade, a visibilidade e o papel da Geografia e dos Geógrafos
e, por outro, interessar um vasto conjunto de profissionais de diversos sectores, numa perspectiva
de interdisciplinaridade que caracteriza a vastidão das questões geográficas.
Reuniu, portant~, o Colóquio mais de 900 participantes onde, para além dos geógrafos
se incluíram arquitectos, engenheiros, historiadores, sociólogos, técnicos de comissões de coordenação e
de autarquias e políticos, sendo presentes mais de 200 comunicações, o que é testemunho mais do que suficiente
do enorme êxito deste encontro ibérico.
Como Reitor da Universidade do Porto não posso deixar de felicitar todos os que contribuíram
para este êxito, o que engloba a Comissão Organizadora e, muito especial, a Doutora Rosa Fernanda Moreira
da Silva que assumiu a sua presidência, e permito-me participar modestamente com o apoio à publicação das
Actas do Colóquio que constituirão, por certo, um excelente documento de trabalho para todos os que
se interessam por esta área científica.
ÍNDICE
GEOGRAFIA HUMANA E PLANEAMENTO REGIONAL
Cidades e Metrópoles
Introdução ao Tema "Cidades e Metrópoles", pelo Prof. Doutor Pereira de Oliveira
Os transportes rodoviários de passageiros no Grande Porto, por Elsa Maria Teixeira Pacheco ....................... . Cambias demograficos en la ciudad de Santiago en el presente siglo, por M• Luisa Perez Farifía e Francisco R.
Duran Villa .............................................................................................................. . La aglomeración urbana de Granada: articulación territorial y funcionalidad urbana, por Francisco
Rodriguez Martinez e Yolanda Jiménes O li vencia ................................................................. . As novas estratégias espaciais na A.M.L.: o caso de Oeiras, por José Eduardo Costa e Teresa Magalhães Pereira .. . A oferta de escritórios em Lisboa num contexto de internacionalização, por Teresa Barata Salgueiro ................. . Dinâmicas de transformação da oferta de bens e serviços na cidade do Porto, por José Alberto Rio Fernandes ..... .
O comércio do concelho de Ponta Delgada. Reflexões metodológicas para a abordagem do comércio ambulante,
por Helena Calado e João Porteiro ................................................................................... . O pequeno comércio alimentar na cidade de Coimbra: as mudanças e a sua percepção, por Jorge Manuel
Bastos Brandão ........................................................................................................... .
Función comercial y organización del territorio a traves del ejemplo de una cabecera comarca! del
1
3
13
21
35 39 47
57
63
interior Gallego, por Roman Rodriguez Gonzalez ........... .... .... ...... ..... ..... ..... .................. ...... .. 81 Quatro décadas de Beja. Uma busca das bruscas transformações (1950-1989), por David Argel e Helena
Guerreiro Marques 87 Esfera doméstica, urbanização e relações residência-trabalho, por António Gama, Norberto Santos e Nuno Serra 95 Caracterização do parque habitacional no "Grande Porto", por Fátima Loureiro de Matos ............ ............... 105 La publicidad inmobiliaria. Fuente para el estudio del mercado de la vivienda, por Cayetano Espejo Marín e
Angeles López De Los Mozos González . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 El problema de la vivienda en Las Palmas de Gran Canaria: análisis para una correcta planificación del territorio,
por Matilde Armengol Martín, Gerardo Delgado Aguiar e Alejandro González Morales ... ............ ...... 123 Los centros históricos de las villas de la Galicia costera: aproximación a su problematica a través de
dos casos concretos, por Pedro García Vidal 129 Consideraciones sobre el espacio rural en el Area Metropolitana de A Corufía: planes de ordenación espacial
del territorio, por Fernando García Pazos 135 Planeamiento y gestión de un conjunto urbano-portuario: la ciudad de Las Palmas de Gran Canaria, por Gerardo
Delgado Aguiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . . . 141 Ciudades y Metropolis Espafíolas, 1979-1992. Politicas urbanisticas y planeamiento democratico, por Antonio-José
Campesino Fernández . . .. ....... ... ..... .... .................. ...... ........... ..... ....... ........ .. ................... 149 Transformaciones de la fachada del casco histórico de Sevilla en relacion à la prolongacion de la Darsena
y EXPO '92, por Juan Carlos Castellano Alvarez e Víctor Fernández Salinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 175 Creación de suelo urbano y su planificación en la zona periurbana Salmantina: Santa Marta de Tormes, por Luis
Alfonso Hortelano Mínguez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 Despesas municipais e transformações nas políticas urbanas em cidades da C.E.E.: uma análise da década de 80,
por Maria José Boavida Caldeira, Eduardo Brito Henriques, Jorge Macaísta Malheiros e Eduarda Marques
da Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 El estudio del valor y usos del sue lo urbano. Teorias y modelos explicativos, por Francisco Rodrígez Lestegás . . . . . . 203
Ruralidades
Reestruturação vitícola e turismo no espaço rural da Ribeira Lima, por Helder Marques e Luís Martins 211 Transformações do reordenamento do povoamento rural numa província a sul de Moçambique, por Manuel Araújo 217 Analisis comparado de las agriculturas de Madeira y Gran Canaria, por Alejandro González Morales e Cristina
Martín Gomez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 Notas de GeografíaAgraria de Portomarín (Lugo), por Amparo De Lorenzo Romero.................................... 231 Principias de ordenación territorial en la montaiia subbética: un caso de subdesarrollo en el medio rural,
por Francisco Ortega Alba, Juan Manuel Parrefio Castellano, Silvia Pena Torrededía e Domingo Santiago Pérez Mesa 237
XXIV
Nuevas tendencias en la ganaderia europea. Estudio comparativo de Lugo (Galicia) y Sarthe (P. Loira), por M. P. De Torres Luna, J. R. Bertrand, A. Pérez Alberti e R. C. Lois González .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 245
As Caixas de Crédito Agrícola mútuo no Algarve- elementos para a compreensão da sua acção, por Luís Moreno 253 La utilización de la legislación como fuente para el estudio de la Geografía Rural. Repercusión territorial de
la política para zonas agrícolas desfavorecidas en el territorio Andaluz, por Rocío Silva Pérez . . . . . . . . . . . . 259 El fracaso de la ley de agricultura de montafía en el planeamiento y desarrollo de las áreas serranas, por Ma Isabel
Martín Jiménes . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . 267 Los arrendamientos rústicos históricos en Galicia, por Alberto José Pazo Labrador e José Manuel Santos Solla 275 Cambias en el sistema de asentamientos rurales: la Província de Teruel (Aragón), por Luísa María Frutos, Manuela
Solans e M. Carmen Chueca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 El declive demografico de la Camisa Cantábrica, por Julio Hernandez Borge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 Perspectivas de Geografia Humana: contributo biodemográfico para o estudo da mortalidade infantil na população
Picoense (Açores), por Helena Calado e Manuela Lima .................................. ............ ........ ...... 299 Análisis de la desruralización en un espacio de la comarca de Santiago: el habitat como elemento transformador
del paisaje, por Severino Fernández Abel e Fernando García Pazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305 Dinâmica demográfica e desenvolvimento rural na Serra do Marão. O exemplo da "região" da Campeã,
por Fantina Tedim Pedrosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311 Peneda-Gerês: um espaço rural de características contrastantes, por Rosa Fernanda Moreira da Silva . . . . . . . . . . . . . . . 319 Alto Douro: alguns apontamentos sobre a sua estrutura fundiária, por Maria Helena Mesquita Pina . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323
Dinâmicas Industriais
A indústria têxtil no médio Ave. Alguns aspectos da sua problemática actual, por Maria Helena Mendes Ribeiro 333 Condições e impactes territoriais do investimento directo estrangeiro na Região Norte Litoral - o exemplo da
Área Metropolitana do Porto, por Teresa Sá Marques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 Investimento estrangeiro e sistemas de incentivos, por Gentil Sousa Duarte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357 Pernes: um caso de especialização produtiva ou da aplicação do conceito de "distrito industrial", por Anabela
Carvalho e Mário Vale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367 "Industrialização" dos territórios periféricos: contradições do processo: o caso de Portugal, por Lucília Caetano 373 Considerações acerca da fecundidade num espaço do Minho - peifil dos seus intervenientes, por Paula Cristina
A. Remoaldo ............................................................................................................... 385 Telecomunicações, desenvolvimento e actividade empresarial na Região Centro, por Rui Miguel Abrantes Martins 395
Políticas Regionais e Locais
Evolução da política regional e a sua incidência nas regiões portuguesas, por Isabel Boura e Rui Jacinto . . . . . . . . . . . . 409 Política regional comunitária na Península Ibérica. Aplicação do FEDER, 1975-1988, por Nuno Marques da Costa,
Iva Pires e Mário Vale . .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. . .. . .. .. . . .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .... .. .. .. .. .. . .. .. . .. .. . .. .. .. . .. .. .. . 421 La aplicación de los programas comunitarios de politica regional: el caso deZ VALOREN en Andalucía, por José
Miranda Bonilla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429 Desplazamientos diarios en la Isla de Gran Canaria: pasos previas para la determinacion de las areas
de influencia, por M" dei Carmen Ginés De La Nuez, José Angel Barra Aznar .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 435 La asimetria intraterritorial de Extremadura: las disparidades socio-economicas intermunicipales, por Julián
Mora Aliseda e Montserrat Alberca-Garcia Adamez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 443 La actual planificación sectorial y territorial en Andalucía, por Jose Manuel Jurado Almonte e António
Garcia Gomez 455 La ordenació. Aproximación propedeútica al equipo educativo de la Comunidad Autónoma de Andalucía (Espana),
por Jesús Ventura Fernandez 467 Acessibilidade e utilização dos serviços de saúde. Estudo da situação no concelho de Coimbra, por Paula Margarida 475 N del territorio en Andalucía, por Jesús Arias Abellán . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 483 Aspectos territoriales de la planificación sanitaria: las areas de influencia hospitalares, por Enrique Lopez Lara . . . 499 Políticas territoriales, realidad regional y perspectivas de intervención en la región fronteriza de Castilla y León
con Portugal, por Juan Ignacio Plaza Gutiérrez e José Manuel Llorente Pinto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505 Política de cooperación Galicia-Norte de Portugal en el ambito de la CEE, por María Luísa Pérez Iglesias e Ramón
G. Romaní Barrientos 511
Evaluación e impactos de las politicas territoriales en areas fronterizas, por Ma Jesús Vida! Dominguez e Julio Vinuesa Angulo 519
XXV
La red de comunicaciones y la articulación transfronteriza: Zamoraírras-Os-Montes e Alto Douro, por José Cortizo Alvarez e Antonio Maya Frades ..................................................................... 00 ••• 00.. 525
O papel da rede urbana na dinamização das regiões fronteiriças: exemplo de Trás-os-Montes, por Alina Esteves e Jorge Silva ................. 00 ..................... 00 •••••••••• 00 •• 00 •••• 00 •• 00 ••••••••••• 00 •••••••••••• 00 •• 00 00 •• 00 •• 00.00.. 529
Descrição de uma metodologia sintética para a detecção dos desequilíbrios inter-regionais em áreas transfronteiriças, por João Paulo Martins Farinha e Serafim Costa 00 00 00 00 00 00 .. 00 ................ 00 00 00 00 00 .. 00 00 535
Políticas regionais e locais do Fordismo ao Pós-Fordismo, por Paula Bordalo Lema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537 El desarrollo local o endogeno: su aplicación en una comarca, por Esperanza Caro De La Barrera Martin 545 Perspectivas para o ordenamento do território em Palmela. Breve abordagem de alguns problemas encontrados e
formas de intervenção, por Carlos Alberto Gomes, Maria Isabel Lico e Maria do Rosário Moreno . . . . . . . . . 551 Processo de elaboração e formalização de PDM's em dois municípios do País, por José da Cruz Lopes e Maria da
Conceição Viana ............................................... 00 •••••••••• 00 ............................... 00 00......... 557 La organización territorial político-administrativa en el interior de las Comunidades Autónomas, en Espana:
1980-1992, por Emílio Arroyo Lopez . ...................................... ... ................... .... ................ 567 As relações entre o poder local e a administração central num período de maioria absoluta de um só partido:
o caso do XI Governo Constitucional ( 1987-1991), por Carlos Nunes Silva ....................... oo ....... oo.. 573 A população portuguesa no final do século XX - que políticas demo-espaciais para o território nacional,
por Fernanda Delgado Cravidão .................................................................... 00 •••• 00 00 ••••• 00.. 579 Ejes de desarrollo y política regional, por Jose Luis Sanchez Hernandez 00 00 00 00 00 00 00 00 00 .. 00 00 00 00 .. 00 00 00 .. 00 00 00 00 00 00. 589 Mobilidade e transporte: efeitos e agentes da transformação do espaço, por Maria de Lurdes Alves dos Santos 595
ÍNDICE POR AUTOR 609
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
INTRODUÇÃO AO TEMA "CIDADES E METRÓPOLES"
PROF. DOUTOR PEREIRA DE OLIVEIRA
A vastidão dos problemas que a temática genérica "Cidades e Metrópoles" encerra, estava longe
de ser suspeitável quando se afirmaram com "foros de cidadania" os primeiros trabalhos científicos saídos
da reflexão e da investigação de alguns geógrafos. Mesmo assim, diríamos que sobre eles - apesar de um
iniludível esforço de independência- pairavam ainda os fumos da História e da Sociologia.
Os primeiros artigos e monografias geográficas - tão tímidas estas quanto se poderia esperar -
marcaram todavia e desde logo a vontade de um caminho próprio.
Em 1904, A. Vacher, escreveu o seu pequeno texto, "Montluçon, essai de géographie urbaine» e
em 1912, por sua vez, R. Blanchard publicou a sua primeira e pequena monografia, "Grenoble, étude de
géographie urbaine". Vida! de La Blache havia de deixar incompleto um outro texto onde a sua aguda
percepção crítica abordava alguns dos problema~ da geografia urbana. Foi esse fragmento impresso,
postumamente, em 1921, pelo seu discípulo e genro E. de Martonne, mas escrito antes de 1918. Segundo
Martonne ainda, a obra que o inclue «Príncipes de Géographie Humaine" -estaria programada já em 1907.
R. Gradmann, em 1916, tinha dado à estampa o seu "Schwabische Stadte".
Entre nós, em 1925, A. de Amorim Girão apresentava-se a concurso académico em Coimbra
defendendo um estudo sobre "Viseu. Estudo de uma aglomeração urbana" e Orlando Ribeiro, mais tarde,
em 1947, escrevia para as "Publicações comemorativas do 8° Centenário da tomada de Lisboa aos Moiros"
um pequeno texto sobre «0 Território de Lisboa».
Reconhecia-se porém ainda mal - a tendência para a efemeridade ou venalidade temporal
da cidade como "paisagem humana". Complexo fenómeno de relações múltiplas, de alta densidade
de concomitantes interacções e consequente concentração espacial, houve sempre a tentação de
um tratamento descritivo ou, quanto muito, por análise comparativa analógica, sempre uma atracção para
a conceptualizar como um "organismo vivo", que "nasce, cresce, reproduz-se e morre". A tentação
ainda é hoje poderosa e não serei eu quem afirmará que sem alguma razão.
Os ensinamentos da História; as conquistas da Sociologia, particularmente nos aspectos que
viriam a enformar a Sociologia Urbana; os da Economia, na préfiguração do que mais tarde se aceitaria
claramente com a designação de Economia Espacial; os desenvolvimentos da Demografia; entretanto
compreendida na dimensão das suas referências concretas espaço-temporais; que direi mais, a
crescente importância do alargamento vivencial das realidades políticas e suas transformações,
como factores do comportamento colectivo das populações e a descoberta do seu peso como elementos
intervenientes na própria organização diferencial dos territórios, planos de compreensão que
se interceptam na complexidade do objecto da Geografia, tudo enfim assimilado e temperado pelo
sentido concreto e dinâmico de espaço-tempo dos geógrafos, ajuda a compreender não só a persistência
desse tratamento - mitigado embora - como também modera as tentações do modelo que, não raro,
põem em cheque o cunho fundamental da "res humanitas" que a cidade antes de tudo é.
Não admira pois que, a cada passo, das novas reflexões e investigações, na sucessão
dos "comportamentos" - passe o antropomorfismo - do espaço morfo-funcional urbano, através das
suas relações com as alterações (qualitativas e quantitativas) do valor das principais varáveis significantes
- demográficas, funcionais, arquitectónicas e urbanísticas, enfim, dos crescentes resultados de novos tipos
de relação física espaço-temporal - se descubram linhas de força pouco antes insuspeitáveis.
Assim, as teorias da evolução (ou involução) integrada das cidades - crescimento e
desenvolvimento, a própria vertente prática e de crescente aplicabilidade dos "processos de conhecimento"
feitos técnicas -estão mais ou menos condenadas a um também crescente grau de efemeridade.
Nos nossos dias, a vida média de uma mulher ou de um homem, podem permitir, com
um mínimo de segurança, um registo memorial de uma evolução integrada, impensável há I 00 anos.
2
Diante dos nossos olhos, por vezes atónitos, desenrolam-se com uma rapidez incrível as alterações
mais profundas ou os retrocessos mais gritantes, quando não a estabilidade aparentemente mais
incongruente. As exigências da grande intensidade dos fenómenos urbanos, a quase instantaneidade da
informação por cada vez mais sofisticadas formas dos "media", aumentam essa efemeridade e vêm somar-se
às espantosas "contracções da distancia-tempo» mercê das conquistas tecnológicas dos transportes.
Ao mesmo tempo, o tonus geral da evolução parece tender para além da diversificação
- a decrescer.
O gigantismo das grandes metrópoles canceriza-as. Demograficamente as cidades tendem
a "estabilizar", como se tivessem atingido um limiar de saturação, mas este não é igual para todas.
Os rítmos vitais do devir urbano apresentam-se sob uma extensa gama de amplo intervalo. De espaços
de encontro multinteractivo, as cidades tornam-se crescentemente espaços de conflitualidade múltipla,
sociológica, politica, económica. Os arrabaldes crescem à custa da estagnação da vertente "residência» da
cidade. Os fenómenos de periurbanismo aumentam de importância e de dimensão espacial e rapidamente
se organizam e diversificam do ponto de vista funcional. As áreas centrais- a "baixa" -descaracteriza-se
em relação ao padrão de aqui há 50 anos. As relações funcionais centripetas e centrífugas, conhecem
novos eixos e mesmo inversões de sentido verdadeiramente espectaculares.
Uma publicação relativamente recente - «Cities of the 21 st. Century - New Technologies
and Spatial Systems» (Edited by J. Brotchie, M. Batty, P. Hall & P. Newton, New York, Longman
Cheshire, Halsted Press, 199 I), reune uma série de trabalhos de análise e reflexão de alguns dos mais
conceituados investigadores e professores do mundo e mostra-se verdadeiramente sintomática pela
temática considerada mesmo exclusivamente no âmbito do seu sub-título que se caracteriza exactamente
pela análise das relações dinâmicas entre as novas conquistas nos domínios das tecnologias
dos transportes, da informação e comunicações, das indústrias e para as consequentes políticas industriais,
enfim, mercê das conquistas da electrónica e da informática, das suas potencialidades e versatilidade, e os
respectivos impactos na gestão, organização e transformação previsível dos espaços geográficos urbanos.
As perspectivas avançadas e induzidas são de tal ordem, os vertiginosos rítmos dos percursos
desses avanços são tão vulgarmente insuspeitados quando perigoso é ignorá-los e, com essa insuspeição
e com essa ignorância, cada vez mais se acentua a perecidade das concepções de intervenção.
Não admira pois que, o aproveitamento dos conhecimentos científicos resultantes do estudo
das cidades e do percurso da sua evolução como "paisagem humana em continuo e rápido devir"
deva ensinar, apesar de tudo e antes de mais, por exemplo, a aparente incongruência de uma filosofia
do planeamento que aponta exactamente para a não rigidez das suas indicações, isto é, propugna um
planeamento que é cada vez menos uma "receita terapêutica" ou um "molde para encher", mas
cada vez mais um "código deontológico do gerir e do viver em cidade".
Um rápido relance pelos títulos e resumos das comunicações destinadas a esta sessão e
tanto quanto, através destes últimos, se podem abarcar as preocupações que neles certamente se espelham,
creio não ser abusivo afirmar que o problema das transformações reais, concretas e funcionais das cidades
é, em síntese, o essencial de todos eles.
Quase se podia avançar também que as actividades terciárias comércios e serviços- são o fulcro
dessas preocupações. Os processos e as dinâmicas dessas evoluções e/ou transformações é em alguns casos
desde já transparente mas, entender-se-á que é muito melhor dar a palavra aos seus Autores
a quem saudamos com muito gosto por os ver aqui, como todos nós, preocupados com os problemas
que são objecto do nosso esforço cientifico e docente.
Não o farei todavia sem antes .me permitir lembrar-vos que todos os textos são em principio
importantes mas que o tempo não é imenso. Outra coisa isto não é senão pedir-lhes a compreensão para
a necessidade de uma disciplina da sessão. Para que ela possa existir importa que, em vez de ser imposta,
resulte da compreensão, preocupação e aceitação consciente de todos.
Muito obrigado em nome da Comissão Organizadora deste VI Colóquio Ibérico de Geografia
do Porto, no do meu Caro Colega Prof. Campesino Fernandez - que me dá a honra e o prazer de
me acompanhar - e no meu próprio.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
OS TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DE PASSAGEIROS NO GRANDE PORTO
1. Introdução
ELSA MARIA TEIXEIRA PACHECO Instituto de Geografia Faculdade de Letras da Universidade do Porto
A função dos transportes sempre foi a de aproximar localidades ou, dentro delas, reduzir as
distâncias que separam os diferentes usos do solo, os quais se distribuem de forma desigual no espaço
geográfico.
É nas cidades e áreas envolventes onde essa diversidade assume maiores proporções. Para os
intensos movimentos de pessoas, mercadorias e informações de diversa ordem, a rede e o serviço de
transportes sobressai como um importante factor de articulação entre as partes e, globalmente, como
estruturante de toda a organização espacial.
A sua evolução parece revelar uma relação em que tanto são os tipos de ocupação do solo que
orientam o desenho das linhas, como são os próprios transportes o principal factor de distribuição daquelas
ocupações.
É o "jogo" que se estabelece entre transportes e urbanização, que vamos abordar em síntese,
utilizando o exemplo dos concelhos de Gondomar, Maia, Matosinhos, Valongo e Vila Nova de Gaia que,
com o do Porto, constituem um conjunto que designaremos de Grande Porto (Fig.l).
CONCELHOS:
o
da Área Metropolitana
do Porto
do Grande Porto
20Km
Fig. 1 -A Área Metropolitana do Porto
* Os elementos apresentados nesta comunicação fazem parte de um trabalho de investigação, no âmbito do Curso de Mestrado em Geografia Humana, em fase de conclusão.
4
A nossa escolha prende-se com a observação de alguns dados do XII Recenseamento Geral da
População (I.N.E., 1981), segundo os quais, cerca de 45% da população residente activa utilizava os
transportes colectivos rodoviários nas suas deslocações diárias casa-trabalho, valor que terá provavelmente
aumentado, já que, tendo ocorrido aumentos significativos da população, não foi desenvolvido outro meio
de transporte.
Assim, após uma síntese sobre a evolução da rede de transportes colectivos no Grande Porto,
concluiremos sobre o tipo de actividade levada a cabo, por um lado, pelo Serviço de Transportes
Colectivos do Porto (S.T.C.P.), único concessionário urbano que opera com exclusividade dentro da cidade
e com preferência de linhas até 10Km a Norte e 5Km a Sul da Praça da Liberdade e, por outro, pela
camionagem, serviço que conta hoje com 38 operadores privados nos concelhos daquele conjunto de
municípios.
2. Evolução da Rede de Transportes Colectivos e os Movimentos da População no Grande Porto.
Os primeiros transportes colectivos de carácter regular, à semelhança dos ómnibus lisboetas,
surgiram no Porto na década de 40 oitocentista com os populares carroções que transportavam os
portuenses à Foz, às romarias e ao teatro de S. João.
Em 1872 com a autorização concedida ao Barão de Trovisqueira, para o estabelecimento de uma
linha de tracção animal sobre carris de ferro, surgem os americanos, com o objectivo de transportar
passageiros e mercadorias entre a cidade do Porto e a Foz do Douro e, mais tarde, até Matosinhos, dando
início a uma rede de transportes colectivos de carácter urbano.
À rede dos americanos veio juntar-se em finais da década de 70, do século passado, a da tracção
a vapor (fig.2). Ambas decalcavam as principais saídas do Porto: para Ocidente até à Foz do Douro e
Matosinhos e, para Norte, pelo Campo Lindo, Costa Cabral e S. Roque da Lameira, revelando
preocupações de servir os bairros extremos da cidade e a estação de caminho de ferro em Campanhã.
MJXfOSINHOS
Cruz das Regateiras
Castelo do Queijo Campo lindo S. Roque
Campanhã
o
REDE DOS AMERICANOS .. __ '""""'"" REDE DA TRACÇÃO A VAPOR
Fig. 2- Rede dos Americanos e da Tracção a \ápor em 1880
5
Se os primeiros transportes colectivos eram utilizados principalmente para actividades de lazer
(nas áreas balneares da Foz e Leça da Palmeira), o crescimento da cidade do Porto, associado a um
aumento da frequência das carreiras, terá despoletado uma modificação nas atitudes dos portuenses
confrontados com a possibilidade de residir em áreas aprazíveis, nos arredores da cidade, servidas por
transportes regulares. Também a população rural terá usufruído desse serviço, ao tomar conhecimento da
existência de actividades melhor remuneradas na cidade -local para onde podiam agora deslocar-se com
mais facilidade.
Nos últimos anos do século XIX, as redes dos americanos e da tracção a vapor definiam as áreas
de maior solicitação de transportes, de mais movimentos e, portanto, as direcções de crescimento da
cidade.
Foi ainda em finais do século passado que, com a introdução da tracção eléctrica, se iniciaram
importantes transformações urbanas no Porto. Pela primeira vez na Península Ibérica, em 1894, o eléctrico
inicia a sua actividade substituindo os velhos americanos, primeiro nas linhas do Carmo a Massarelos e
depois nas da Restauração até à Foz, pela Marginal, alargando-se faseadamente ao resto da cidade.
Em 19.30 o eléctrico (fig.3), pertença da Companhia de Carris de Ferro do Porto, substituía e
prolongava para os concelhos limítrofes do Porto a totalidade das ligações dos americanos. Para Norte
demarcava as saídas do Porto até Matosinhos, Monte dos Burgos (pela antiga estrada de Viana do Castelo),
Ponte da Pedra (na saída para Braga), estação de caminho de ferro de Ermesinde (em direcção a
Guimarães), Venda Nova (para Penafiel) e, mais tarde, até S. Pedro da Cova (importante centro mineiro da
altura). A Sul do Douro existiam
duas linhas: até Santo Ovídio e
Coimbrões, passando pela estação
das Devesas.
Dando continuidade à
rede da tracção eléctrica, a da
camionagem, em finais da década
de 20, prolongava a estrutura
radial de transportes colectivos do
Porto a partir do centro da cidade
ligando-a a Braga, Viana do
Castelo, Mondim e Celorico de
Basto, Guimarães, Vila Nova de
Famalicão e Serzedo, revelando
preocupações de âmbito regional.
Em síntese, a rede de
1930 evidenciava as necessidades
das deslocações: com o eléctrico
entre a cidade do Porto e os
arredores próximos e, com a
camionagem, entre ela e as
localidades mais distantes.
De 1930 a 1950 as
grandes modificações na rede de
transportes públicos e privados
o 2Km
Rede do Eléctrico
MAIA \ J \{ Ermesinde
Custóias
Coimbrões
\ Leça do Balio
I I
Águas Santas
I Ponte da Pedra
(
1
(\
) S. Mamede l de Infesta
J Ameai J
I J
\ )
\ Santo \ Ovídio ....._
/
)
I \
Vilar de Andorinho
~
I \\!lactares !
/ I
.......__ em 1914 -------- em 1930
Vilar do Paraíso
Rede de Camionagem
Fig. 3 - Rede de Camionagem em 1930 e 1950
r ~
I
Rio Tinto
em 1930
6
consistiram na colmatação dos espaços entre os principais eixos de circulação que irradiavam do Porto, e
em escassos prolongamentos das linhas existentes.
Em 1948, dois anos após ser criado o S.T.C.P., iniciou-se a exploração da rede urbana por I
autocarros, numa altura em que a tracção eléctrica contava ainda com 49 linhas . Pelas principais saídas da
cidade (fig.4), a partir da avenida dos Aliados até à Foz do Douro, Viso e Matosinhos, S. Mamede, Areosa,
Contumil e Azevedo, a Norte do rio Douro e, para Sul, até ao Candal, Santo Ovídio e Monte da Virgem, o
traçado das linhas dos autocarros parece ter sido pensado em função da localização dos bairros
residenciais, das áreas escolares e das estações de caminho de ferro, localizados nas freguesias periféricas,
entre os tradicionais eixos de saída da cidade.
o 2Km S. Caetano
REDE DE AUTOCARROS
Fig. 4- Rede de Autocarros em 1950 e 1990
Nogueira
Rio
uro
S. Pedro Fins Codi eira
Alfena
Suzão
VALONGO
Ervedosa Fânzeres
S. Pedro da Cova
Carvalhal
Jovim Avintes
Vilar de Andorinho
Camp
~ eml950
---------- em 1990
l - Hoje, face à concorrência levada a cabo pelos autocarros e ao elevado preço da instalação de carris de ferro, dispomos apenas de duas linhas de eléctricos, que correspondem aproximadamente aos itinerários das primeiras: do Infante a Matosinhos (pela Marginal) e da Boavista a Matosinhos (pela avenida da Boavista).
7
Na década de sessenta, os autocarros difundem-se pela periferia dirigindo-se, preferencialmente,
para as sedes municipais e para as principais áreas residenciais. No mesmo período de tempo, a
camionagem (fig.5) também se expande para Ocidente, em direcção às áreas litorais de Matosinhos e Vila
Nova de Gaia.
REDE DE CAMIONAGEM -em 1950 - em 1990
Fig. 5 - Rede de Camionagem em 1950 e 1990
Recentemente tem sido Ermesinde e Gondomar as que maior número de linhas têm obtido,
seguidas das de Matosinhos e Maia, onde se localizam o porto de Leixões, a Exponor, o aeroporto, o
terminal TIR e várias actividades industriais de grande dimensão.
Observando agora alguns dados, mais recentes, sobre movimentos da população activa e da
evolução do número de linhas de transportes colectivos rodoviários na periferia do Porto, verifica-se que 2 3
de 1981 a 1989, a variação do movimento de activos no Grande Porto (fig.6) foi superior a 50%, para os
2- XII Recenseamento Geral da População, Lisboa, I.N.E., 1981.
3- CARDOSO, Nuno -"0 sistema de transportes da cidade para a A.M.P.", Porto, Porto de Encontro, (5), 1992, p. 15-24.
8
residentes no Porto, trabalhadores nos outros concelhos, e para a generalidade das deslocações
casa-trabalho entre os municípios vizinhos do Porto. Gondomar assume claramente um papel de dador de
mão-de-obra para todos os outros, seguido do de Valongo, situação que contrasta com os de Matosinhos e
Maia- os mais atractivos, além do Porto, para os activos do Grande Porto.
Com origem ou destino no Porto Entre os concelhos da periferia do Porto
Maia
Matosinhos ~
~
~~~~loogo Pow~
l ~ GoodomO<
Vila Nova de
Gaia ~ <40%
~ 41-60 o/o
~ 61-100 o/o
Matosinhos
~ 101-150% .... 151-200 o/o .... >200%
Maia
/ Nova de
Gaia
\álongo
Gondomar
Fig. 6- Variação dos valores da população residente activa nos concelhos do Grande Porto, por local de trabalho, de 1981 a 1989.
FONTE: XII Recenseamento Geral da População, Lisboa, INE, (!981) e Nuno Cardoso (!992), dados do Centro Regional de Segurança Social do Porto.
(%)
800-
700-
600-
500-
400-
300-
I
200- I r-'
.-?' .·Y
100-
o I + I I
1950 1958 1966
I Camionagem I - - - - -
~ -:-_..:..
_ _-,;---'------.--/ --,
-- /
/ I
/
I I
I /
I
I I I
1974
LINHAS:
sem ligação ao Porto com ligação ao Porto
I
1982
I I
(---,---/
I
I I
1990 (anos)
STCP I
Fig. 7 - 'Jlriação do número de linhas dos operadores privados, com e sem ligação ao Porto, e do S.T.CP. no exterior da cidade do Porto. FONTE: D.G.T.T./D.T.N. e S.T.C.P.
Paralelamente,
embora com variações
bastante semelhantes, parece
que o número de linhas da
camionagem, além de registar
um ritmo de crescimento mais
acelerado que o S.T.C.P.
(Fig.7), evidencia, para os
últimos anos, aumentos
pertinentes de linhas entre o
concelhos limítrofes do Porto,
acompanhando a dinâmica
populacional intermunicípios
em detrimento da polarização
pelo Porto.
9
3. A Camionagem e o S.T.C.P.
No que respeita à camionagem, o seu serviço reparte-se actualmente entre três tipos, que
designaremos de periurbano, misto e regional.
TIPO N°Empresas N° Linhas
Periurbano 6 40 Misto 13 128
Regional 21 70
Fig. 8 - Número de empresas e de linhas de camionagem, por tipo de serviço, em 1992.
Da comparação das figuras 8 e 9, sobressai, por um lado, a crescente importância da
camionagem como complemento do S.T.C.P. na periferia do Porto, com cerca de 17% das carreiras a
efectuar um serviço exclusivamente dentro do Grande Porto. (periurbano) e, por outro, o acompanhamento
da já referida dinâmica intermunicípios pelo crescente número de ligações, dos operadores privados, tanto
no interior do Grande Porto como nas suas conexões com o exterior (misto). A rede de âmbito regional,
resume-se às tradicionais Estradas Nacionais, por onde se desenharam as primeiras linhas dos operadores
públicos e privados.
Leça da Palmeira
\.ruar do Pinheiro \
--1 I ~~ ~- ~---
'I~ 11 ~ P.cdras '-.....
!Rubras I
Santa Maria Avioso
I
- - - - - ~ J_ 2· va Escura y -
I
/
\~Jmoim I
Granja -s..Félix da Marinha
Rameiro
A grela
Aiuiarde Sousa
0~~~2Km
~
Sangucdo Mosteiro
Ligações ao Porto
Mozclos
CAMIONAGEM Ligações entre os concelhos
limítrofes do Porto
Fig. 9 - Ligações directas dos transportes colectivos rodoviários do Grande Porto em 1991.
I I
I I
Vandoma
S.T.C.P.
P:JÇOS DE F7RREIRA
I I ode! os
10
A estas tendências, acrescentamos a que se pode verificar através da evolução dos preços
praticados pelo S.T.C.P. e pela camionagem (fig. lO).
Foi no início dos anos 70 que ocorreu um aumento dos preços dos bilhetes nos transportes
colectivos. Embora os preços praticados pelo S.T.C.P. fossem mais baixos do que os dos privados (relação
que parece inverter-se actualmente para alguns casos), em termos percentuais o primeiro efectuou
aumentos superiores aos da camionagem. Acrescente-se que, após Fevereiro do corrente ano (segundo
informação da Direcção Geral de Transportes Terrestres) a maioria dos operadores privados não aumentou
o preço dos bilhetes e o S.T.C.P. aumentou apenas nos concelhos limítrofes do Porto, criando o bilhete de
módulo 4, até àquela data inexistente.
4500
4000
3500
3000
% 2500
2000
1500
1000
500
o 1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990
ANOS Fig. 10- Média da variação do preço dos bilhetes da camionagem e do S.T.C.P.
Fonte: S.T.C.P. e D.G.T.T./D.T.N., Porto, 1992.
4. As Tendências.
S.T.C.P
0 CAMIONAGEN
Conhecedores do que o passado nos legou, devemos hoje eleger as prioridades de intervenção,
partindo da consideração da dinâmica actual de crescimento de toda a área onde a aglomeração do Porto se
integra.
Os transportes, e a sua história, parecem ter sido um dos mais pertinentes elementos de
estruturação da AMP, servindo sempre, e em primeiro lugar, as áreas a Ocidente, privilegiadas
populacional e economicamente, em parte devido à presença do mar, e a Norte do velho burgo, junto a
importantes eixos de ligação regional, por áreas de topografia suave, que contrastam com o território
oriental da AMP. Por outro lado, se os transportes acompanharam as áreas com maiores valores de
população, ambos funcionaram também como atractivo para as actividades económicas, ou seja, para o
desenvolvimento dessas áreas.
Julgamos ter sido esta a lógica das diferenças na organização da rede de transportes e, portanto,
do espaço no Grande Porto: o transporte de passageiros, inicialmente pensado em função da procura,
passou a ser manipulado por outros elementos, entre eles os económicos e os políticos, tornando complexo
o entendimento das actuais estruturas.
11
Do passado, depreendemos claramente que o sistema de transportes da AMP, teve, e deve ter,
uma dupla função: diluir as necessidades das deslocações evidenciadas pela população e promover o
crescimento económico equilibrado do território que serve.
Isto é, a tendência, em termos globais parece apontar para o aumento das ligações no interior, e
entre os municípios limítrofes do Porto, tal como aquelas que neles têm um término e o outro no exterior
do Grande Porto. Ritmo de evolução este que assume valores mais elevados do que a generalidade das
ligações ao Porto. Verifica-se, por último, a tendência para a uniformização dos preços dos bilhetes
praticados por ambos os operadores .
Se acrescentarmos a estas observações o facto de em 1991 ter sido retirada ao S.T.C.P. a
preferência de opção para obtenção de concessões nos concelhos limítrofes do Porto, ou seja, hoje este
serviço obedece aos requisitos de concurso até agora impostos exclusivamente à camionagem, parece que
podemos expôr três ideias de síntese.
A primeira ideia, refere-se ao S.T.C.P., ao qual parece estar a ser atribuída a vocação definida no
DL 38144 de 30.12.50, de serviço municipalizado de transportes do Porto (só a título de curiosidade,
recorde-se que 57% das linhas, nos concelhos limítrofes do Porto, servem os municípios de Matosinhos e
Vila Nova de Gaia- questiona-se o seu significado com o futuro metro de superfície);
A segunda ideia diz respeito à camionagem. O seu florescimento confunde-se entre serviços de
tipo intramunicipal, intermunicipal e interdistrital. Da complexidade da rede julgamos que talvez venha a
usufruir de um estatuto de transportador periurbano do Porto, prolongando o serviço do STCP.
A terceira, e última ideia, refere-se à globalidade da rede de transportes colectivos rodoviários a
qual, revelando a forma como se processam os movimentos no Grande Porto, traduz a crescente dinâmica
intra e intermunicípios limítrofes.
Na primeira metade deste século, era possível identificar claramente no espaço as funções dos
tranportes colectivos. Hoje, embora complexa, a sua rede permite definir o que são: tranportes colectivos
do Porto, tranportes colectivos do Grande Porto e o que são tranportes colectivos de atravessamento. Este
poderá ser um passo para simplificar e pensar de forma coordenada os tranportes colectivos da AMP.
Para os futuros projectos, o sector dos transportes na metrópole portuense deve ser abordado em
função das necessidades da procura, considerando, em cada caso, o tipo de serviço mais adequado: urbano,
periurbano, misto ou regional, consoante se trate de um serviço direccionado para a(s) cidade(s), para as
suas vizinhanças ou, ainda, para localidades mais distantes.
BIBLIOGRAFIA
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12
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CAMBIOS DEMOGRAFICOS EN LA CIUDAD DE SANTIAGO EN EL PRESENTE SIGLO
Ma LUISA PEREZ FARINA FRANCISCO R. DURAN VILLA Departamento de Xeografía Universidade de Santiago
En este breve trabajo abordamos el análisis de algunos aspectos de la población dei núcleo
urbano de Santiago de Compostela en los últimos anos de la década de los ochenta, antes de que el cada
vez más generalizado proceso de construcción de urbanizaciones en los municipios colindantes, de la
ocupación dei poligono de Fontinas, de la progresiva aunque moderada terciarización dei núcleo urbano y I
de la posible disminución dei número de estudiantes contribuyan a modificar la situación poblacional de
la capital de Galicia, sobre todo en el âmbito espacial, haciendo disminuir la presión demográfica sobre el
casco urbano y particularmente sobre el "ensanche" o una buena parte de él (Fig. 1).
N
+
Fig. 1 - Localización de los barrios urbanos
I - Salgueirifíos 2 - San Lázaro-Concheiros 3- VistaAlegre-Vite 4- Estila 5 - San Roque-Almáciga 6 - San Lorenzo-Poza de Bar 7 - Casco Viejo 8- Belvís 9- Campus 1 O - Ensanche 11 - Tenencia 12- Sar 13 - Choupana 14- Conxo 15- Pontepedrifía 16 - Castifíeirifío
1 Este previsible descenso debe relacionarse con la creación de las nuevas universidades gallegas, asi como con la dinámica demográfica actual.
14
I - Evolución y distribución espacial de la población.
La población dei núcleo urbano de Santiago presenta una evolución diferente a la de su
município, pues si la de éste experimenta un crecimiento notable en la primera mitad de esta centuria
(108,2%), en lo que influyo la anexión dei município de Conxo, y de un modo más moderado entre 1955 y
1991 (91,1 %), la de aquél, aún siendo también siempre positiva, registra una trayectoria inversa. Durante
los primeros cincuenta anos de este siglo el núcleo urbano conoce un débil progreso demográfico (32,6% ),
de ahí que todavía en 1950 nos encontremos con que los límites de la ciudad se circunscriben, salvo ligeros 2
matices, al recinto amurallado secular .Esta situación se modifica a partir de los anos sesenta cuando la
ciudad conoce un avance espectacular que se cifra en un incremento del 649% entre aquella fecha y la
rectificación padronal de 1988.
Este aumento ha sido el resultado de la concurrencia de varios factores entre los que se debe
resaltar la dinamización de algunas de sus funciones tradicionales, sobre todo la universitaria y la sanitaria,
que estimularon la inmigración y a las que se ha anadido más recientemente la administrativa, al ser
designada Santiago como capital de la Comunidad Autónoma de Galicia.
Tan interesante como el crecimiento de la población resulta el proceso de redistribución espacial
de la misma en el interior de la ciudad puesto que no todo el espacio urbano ha mostrado el mismo
comportamiento durante estos anos.
Los cambios en la relocalización espacial de la población son, de hecho, relativamente recientes
y se inician coetáneamente con el proceso de vaciado de la ciudad vieja en el segundo quinquenio de los
anos sesenta o primero de los setenta. Vaciado que ha derivado en una estructura demográfica muy
envejecida y en la pérdida, en parte, de su primitivo y predominante carácter residencial, habiéndose
producido en este aspecto una cierta reconversión funcional, traducida en un relativo aumento de la
dedicación de los edifícios - sobre todo dei área más próxima al "ensanchel' - a las actividades
de servicios, como la hostelería, comercio, oficinas ...
Frente a este decaimiento no solo demográfico sufrido por el Casco Viejo, los barrios
periféricos, especialmente los más inmediatos a aquél, han experimentado, por el contrario, un crecimiento
importante al haberse constituído en receptores de buena parte de la población trasladada desde el Casco
Viejo y de mayor volumen de la inmigrada, en su mayoría joven con un crecimiento vegetativo
relativamente fuerte, al menos en los primeros tiempos de su llegada.
Lógicamente, existen diferencias en la trayectoria seguida por los distin~os barrios pues no todos
han tenido la misma capacidad de incremento. Entre ellos destaca el denominado Ensanche, gestado al
compás de la expansión demográfica urbana, al contrario de otros, como los de la Estila o la Choupana,
cuyo despegue estuvo directamente relacionado con la política gubernamental de vivienda adoptada en los
anos cincuenta, y materializada en la construcción de bloques de viviendas sociales.
El Ensanche se ha convertido en el barrio de mayor peso demográfico - en él reside el 29' 1% de
los efectivos humanos- y de más alta densidad de población- 590'8 hab./ha. frente a los 188'6 de Belvís,
que es el que se sitúa en segundo lugar - (fig. 2) y de edificación, en el cual la especulación encontrá su
"potosí". Ahora bien, y por las razones apuntadas al comienzo de este estudio, hay que hacer constar que
se está registrando un aumento de las viviendas desocupadas, especialmente grave en algunas secciones en
las que se divide este barrio.
2 Véase: Ma. Luísa Pérez Farifia (1989).
N
• 1~~~~~Fç;;
1
1 Hab./ha. i bd Menos25
g 25,1-50
~ 50,1-100
100,1-150
Fig. 2 - Densidad de población
15
Con excepción dei Ensanche, que podemos considerar como un distrito fuertemente
congestionado tanto desde e! punto de vista demográfico como de edificación, y de Belvis, las densidades
se vuelven más moderadas, siendo los barrios dei centro o más próximos a é! Casco Viejo, Tenencia,
San Roque-Almáciga y, a más distancia, Vista Alegre-Vite- donde se alcanzan valores que podemos
considerar medi os - entre los I 00 y los !50 hab./ha. -, mi entras que hacia la periferia urbana aquellos van 3
aminorándose a medida que e! espacio edificado va alternando con espacios verdes "consolidados" o
todavía no urbanizados.
H - Origen de Ia población.
Ciertamente no puede decirse de Santiago que tenga un poder de atracción comparable al de
determinados núcleos industriales espanoles y aún gallegos, pero tampoco debe menospreciarse su
capacidad de absorción de población que ha ido incrementándose a lo largo dei siglo, pues mientras que en
1903 la población de Santiago era mayoritariamente compostelana por su origen - 59,7% - en 1988
solamente algo menos de la mitad habia nacido en ella.
A nível espacial, como nos revela la fig. 3, puede hacerse una clara distinción entre el centro
urbano y los barrios periféricos, puesto que si en aquél predomina la población de origen foráneo, en éstos,
con más o menos contundencia, lo hace la población nativa. Solamente en dos barrios se alcanza un cierto
equilíbrio entre población autóctona e inmigrada- San Roque-Almáciga y San Lorenzo -, en tanto que los
dos más destacados por su desequilíbrio son Salgueirinos, con un 69,5% de población autóctona, y e!
Ensanche con sólo un 35,5%.
Lamentablemente sólo atrevemos a considerar como tal a! espacio ocupado por e! Campus Universitario
16
Fig. 3 - Origen de la población
III Nacidos en Santiago
O Población inmigrada
No se trata en esencia de una inmigración de largo alcance, puesto que la mayor parte de los
foráneos han nacido en la Comunidad Autónoma ( el 81,8%) y dentro de la región destaca la aportación de
las provincias occidentales, especialmente de la corunesa y, a su vez, dentro de és ta sobresale la
contribución de los municipios dei área de influencia de Santiago, todo lo cual pone de manifiesto que el
poder de atracción de nuestra ciudad es bastante limitado, al menos desde el punto de vista espacial.
Lo que sucede en el conjunto de la ciudad se refleja en los diferentes barrios (fig. 4). Asi se
observa un predominio muy claro de los inmigrantes coruneses, que es abrumador en los situados al norte
de la ciudad y más atenuado hacia el sur de la misma, en tanto que los originarias de la provincia de
Pontevedra presentan una cierta tendencia a concentrarse en el área meridional y los de otras procedencias
revelan una distribución homogénea.
1 - La Corufía 2- Lugo 3- Orense 4 - Pontevedra 5 - Otras províncias 6 - Extranjero
N
•
Fig. 4 - Origen de la población inmigrada
~ 1
02 EZ] 3
lliD4 as 1116
17
Algo similar ocorria a comienzos de siglo, aunque con un peso mucho mayor de los inmigrantes
coruneses y una muy reducida representación de los extranjeros y espanoles no gallegos. Puede decirse que
aqui se acaban las coincidencias ya que de la misma manera en que se ha ido modificando la proporción de
inmigrantes, también se ha ido produciendo una transformación cualitativa. En 1903, aquellos pertenecian
mayoritariamente al sexo femenino (63,1 %) con una casi nula preparación profesional. En nuestros días, si
bien la participación femenina ofrece unos valores similares, ya no se trata de mujeres inmigradas para
dedicarse casi exclusivamente al servicio doméstico u otros ofícios similares, sino que ahora se trata sobre
todo de estudiantes o trabajadoras pero con una cualificación más elevada.
III - Estructuras demográficas.
Posiblemente sea en este apartado en el que se detecten los mayores contrastes internos, sobre
todo en la estructura por edad, aunque la composición por sexos también revele ciertas diferencias.
En el conjunto del núcleo urbano de Santiago hay un predomínio muy claro de población
femenina, con un indice de masculinidad de 85,2 que puede explicarse por la conjunción de varios
factores: mayor inmigración femenina, mayor emigración masculina, reducción de la natalidad y paulatino
envejecimiento de la población. Como denota la fig. 5, existen diferencias de comportamiento según los
barrios, destacando como de fuerte predomínio femenino el Casco Viejo, Tenencia, Ensanche y Choupana
(cuyos índices de masculinidad son respectivamente de 69,4; 72,8; 80,5 y 83,3), existiendo una evidente
correlación (aunque en algunos casos es menos notoria, como sucede en el Ensanche) entre mayor
porcentaje de mujeres con mayor grado de envejecimiento.
18
N
+
Fig. 5 - Composición de la población por sexo.
% 100
50
o
1 - Varones 2- Mujeres
En la población de Santiago se han producido unos cambios significativos, similares a los que
han tenido lugar en el resto de la población gallega, de tal manera que frente a una población muy joven a 4
principias de siglo , la de finales de la década de los ochenta presenta claros signos de envejecimiento, que
si en el conjunto de la ciudad es todavía moderado, mereciendo más bien el calificativo de población
adulta o madura, existen algunos sectores urbanos en los que aquél aparece como una realidad muy
evidente.
La población vieja representa en Santiago un 12,3%, lo que supone un porcentaje revelador de lo
que acabamos de decir, aunque no deba considerarse alarmante ni tampoco excesivamente diferente al
alcanzado en 1903 (9,8%). Son varios los factores que han coadyuvado a que este incremento se haya
producido: aumento de la esperanza de vida, la disminución de la mortalidad y también e! descenso de la
natalidad, que no sólo reduce e! grupo de jóvenes sino que también aumenta los valores relativos de los
otros grupos, particularmente de! de los adultos que alcanza un 56,3% frente al 48,9% de 1903. Además,
influye la inmigración que, aunque de forma moderada afluye a la ciudad. También debe senalarse que e!
grupo de adultos jóvenes es el más numeroso, lo cual constituye un hecho positivo cara el futuro pues es el
responsable inmediato de! crecimiento de la población, si bien no debe olvidarse que este grupo de edad
engloba a los estudiantes universitarios que, en una fuerte proporción, procedeu de otras entidades y que
en buena medida establecerán sus residencia fuera de Santiago en un futuro, previsiblemente, no muy
lejano.
41,3% de jóvenes; 57,1% de adultos y 9,8% de viejos. Indice de envejecimiento 0,23.
19
La situación comentada con carácter general para el núcleo urbano presenta divergencias según
los distintos barrios, de tal manera que sólo uno, el Campus, registra un comportamiento comparable al de 5
la ciudad .
Los distritos con mayor proporción de jóvenes se localizan claramente en dos sectores
periféricos (fig. 6): uno, al norte, integrado - por este orden - por los barrios de Vista Alegre-Vite,
Salgueirinos y Concheiros-San Lázaro, y el segundo, al este-sureste, que comprende los del Castineirino,
Pontepedrina y Sar. No constituyen todos éstos barrios nuevos en sentido estricto, pero en algunos casos la
edificación ha sido reciente y bastante intensa, siendo ocupadas las nuevas viviendas por matrimonias
jóvenes con un número de hijos algo más elevado que en otros ámbitos urbanos. En contra de lo que cabria.
suponer, estos barrios se caracterizan por ser de los que tienen menor proporción de población foránea.
N
+
Fig. 6 - Composición de la población por edad.
li:SI jóvenes
~ adultos
IIII viejos
Un segundo grupo está formado por los distritos de San RoqueAlmáciga, Campus, Belvís y
Ensanche con una estructura intermedia o menos joven. Por un lado, el porcentaje correspondiente a los de 6
menor edad permitiría incluirlos junto con los que componen el anterior tipo, pero en los dos primeros hay
un peso significativo de los viejos, hasta el punto que el índice de envejecimiento se eleva a 0,4, y en los
otros son los adultos los más destacados (56,9% y 59,4%), aunque predominando nitidamente los adultos
jóvenes gracias a la fuerte presencia de estudiantes y de matrimonias todavia jóvenes pero con un claro
comportamiento malthusiano.
Campus: 30,5% de jóvenes; 57,1% de adultos y 9,8% de viejos. Santiago de Compostela: 31,4% de jóvenes; 56,3% de adultos y 13,2% de viejos. 6 33,8%, 30,5%, 32,7% y 31,1% respectivamente.
20
Los barrios de la Estila y la Tenencia tienen en lineas generales unos caracteres bastante
similares a los del grupo anterior, pero su menor porcentaje de jóvenes (28,3% y 25,3%, respectivamente),
nos lleva a no incluirlos en el mismo y a considerados de estructura de transición. En ellos el peso de la
población adulta es ciertamente notable (59,7% y 61,1 %, respectivamente) y la proporción de viejos se
eleva de forma moderada, alcanzando el indice de envejecimiento los valores respectivos de 0,4 y 0,5, lo
cual es lógico si se tiene en cuenta que se trata de barrios de antigua ocupación y escasa renovación
urbana.
Finalmente, los distritos que podemos calificar de envejecidos son los del Casco Viejo, Conxo,
Choupana y San Lorenzo-Poza de Bar, si bien pueden hacerse matizaciones pues entre ellos existen
algunas diferencias. En primer lugar la espacial, ya que el casco Viejo ocupa un sector central del núcleo
urbano, mientras los tres restantes se ubican en la orla periférica meridional - Choupana y Conxo - y
occidental en el caso de San Lorenzo-Poza de Bar.
Sin embargo, la diferencia más importante a este respecto, es que aunque todos son barrios
envejecidos ninguno alcanza un grado tan alto y preocupante como el Casco Viejo, donde el porcentaje de
jóvenes se reduce al 21,3%, mientras que el de ancianos se eleva al 26%, con un indice de envejecimiento
de 1,2, de tal manera que, como decíamos en untrabajo anterior, "parece qué el Casco viejo de Santiago 7
este a punto de alcanzar el agotamiento biológico" , al cual se está llegando por el progresivo abandono de
la población más acomodada bacia otros barrios urbanos, particularmente el Ensancher bacia la periferia
más reciente, en busca de viviendas mejor acondicionadas, por el consiguiente descenso de la natalidad,
porque la remodelación de los edificios con fines residenciales es todavia poco significativa y por una
progresiva terciarización de parte del recinto histórico.
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FUENTES:
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7 Ma. Luísa Pérez Farifía, 1989, p. 207.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA AGLOMERACIÓN URBANA DE GRANADA: ARTICULACIÓN TERRITORIAL Y FUNCIONALIDAD URBANA
FRANCISCO RODRIGUEZ MARTINEZ YOLANDA JIMÉNEZ OLIVENCIA. Instituto de Desarrollo Regional. Granada.
A instancias dei gobierno autónomo andaluz se halla abierto actualmente un debate sobre las
aglomeraciones urbanas andaluzas en función dei cual cabe plantearse una reflexión sobre el modelo
territorial de Granada y su área de influencia, ámbito cuyo alcance inmediato y regional ha variado
notablemente en los ultimos anos, debido principalmente a algunos factores económicos, demográficos y
políticos. En esta comunicación pretendemos contribuir a esclarecer dicha problemática y, en todo caso, a
enriquecer la reflexión antes mencionada con algunos datos recientes y nuestras propias opiniones. En todo
caso nos parece, ya de antemano, que la definición de un ámbito metropolitano no puede hacerse a partir
de criterios de afinidad política de los gobiernos municipales implicados, aunque éste sea un factor no
desdefíable cuando se quieren desarrollar una serie de programas supramunicipales. Por último creemos
que la discusión sobre el papel de Granada como centro de articulación regional puede enriquecer también
de algún modo la reflexión general sobre los centros de tipo intermedio en las diversas regiones periféricas
europeas, entre las cuales Andalucía constituye un modelo singular.
1 - Granada en el sistema urbano andaluz
Por su volumen poblacional Granada (286.688 habs. en 1991) ocupa una posición intermedia en
e! contexto regional andaluz, con un nivel similar ai de Córdoba o la Bahía de Cádiz, si bien con unas
pautas demográficas diferentes. No obstante, la importancia de la ciudad como centro urbano y la de su
área de influencia requieren una valoración que va más allá de sus dimensiones físicas y demográficas
actuales.
Ante todo, Granada ciudad ha sido prácticamente siempre y lo es en la actualidad un centro
rector de primer orden cuya influencia alcanza, cuando menos, a toda la província, aunque todavía podrían
considerarse en su esfera actual algunas áreas extraprovincales que conservan en parte su tradicional
gravitación sobre la ciudad.
Esto obliga a reflexionar algo más sobre la incardinación de Granada y su aglomeración en e!
sistema urbano regional y provincial.
Según el Sistema de Ciudades elaborado por la Junta de Andalucía, Granada es actualmente un
centro situado en e! primer nivel de articulación regional, lo que plantea una serie de cuestiones.
En primer lugar esto equivale a reconocer que Granada ha incrementado su tamafio poblacional
en la misma o parecida proporción que otras capitales que otras capitales provinciales de este rango, pero
ello no significa necesariamente que haya mejorado su peso específico en el contexto regional y, sobre
todo, su articulación funcional en la región y en la propia província.
La organización actual dei territorio granadino, y más en concreto de la aglomeración urbana
puede explicarse, ante todo, en relación con la evolución experimentada por el sistema urbano por el
sistema urbano regional en general y, en particular, por un sector dei mismo, el correspondiente a la
22
Andalucía interior y oriental.
En definitiva esta evolución ha estado en gran medida determinada por:
a)- la emigración rural de hace dos décadas y,
b)- las transformaciones económicas recientes de la región, que han provocado una
redistribución de las actividades económicas en el espacio, de donde se ha derivado también una relativa
redistribución del poblamiento que ha afectado al equilíbrio básico de la red tradicional de asentamientos,
hecho perfectamente coherente con un crecimiento del población urbana, concentrado exclusivamente en
ellitoral y en las cabeceras provinciales interiores.
Importa recordar y valorar estos hechos no sólo por su repercusión directa en la aglomeración de
Granada, sino también por cuanto afectan a los equilíbrios territoriales básicos.
En definitiva, en función de todo ello cabe, en principio, explicar la atonía urbana del interior,
considerado por oposición al litoral o a parte del valle del Guadalquivir, que sólo se ve alterada por la
di?ámica de las capitales provinciales, una dinámica muchas veces un tanto hipertrófica puesto que, a
diferencia de lo que ocurre en las otras áreas citadas, no se corresponde con una dinámica paralela de tipo
agroturístico o industrial sino con una acumulación de servicios en gran medida parásitos o sin apenas una
base económica propia, habiéndose producido, además, en muchos casos, una grave involución de la
economía agroindustrial tradicional.
Este proceso ha provocado:
a)- la coexistencia, perfectamente evidente en Granada, de unas aglomeraciones urbanas
congestionadas con espacios desarticulados en su entorno.
b)- una decadencia de la vieja red urbana, relativamente bien jerarquizada y organizada a nível
provincial y local.
Se ha consolidado así, de hecho, un modelo organizativo que tiene su base en las capitales de
província, más Jerez y Algeciras, que completan el llamado primer nível de articulación regional. Podría
decirse que dicho modelo favorece la articulación a escala provincial, ya que con algunos matices, como
hemos dicho, el domínio funcional de las capitales se extiende a la totalidad de las províncias. Pero en la
práctica no es así.
En efecto, si Granada capital se ha beneficiado, sobre todo inicialmente, de este proceso, ha sido
al precio de una mayor desarticulación de la Província y de un vaciamiento demográfico de ésta que es
particularmente sensible en los centros secundarias, cabeceras de las comarcas tradicionales o centros
intermedios (sólo Motril en Granada según el Sistema de Ciudades) y centros básicos.
Por otra parte es evidente que la relación que todo este proceso tiene con el desarrollo reciente
de la red de comunicaciones y, en especial, las carreteras.
Así, el aún insuficiente y desequilibrado desarrollo de las comunicaciones por carretera, sobre
todo en lo relativo a la red comarca! (o básica funcional) y a la red de interés general del Estado puede
decirse que está favoreciendo más que corrigiendo la tendencia al desequilíbrio del sistema urbano,
especialmente por la situación de accesibilidad relativa en la que quedan muchos centros subregionales y
por la deficiente accesibilidad en términos absolutos y relativos que presentan hacia el exterior de la región
algunas províncias orientales y sobre todo partes de estas províncias. Se sigue deteriorando así la red
provincial de centros intermedios, que son un "Capital fijo" en expresión de las Bases para la Ordenación
del territorio, pero cada vez de más problemática movilización (Figura 1.1).
El ejemplo de Granada es paradigmático, pues basta recordar que cuenta, junto con Almería, con
la única área dinámica o positiva dellitoral con índices de accesibilidad inferiores a la media, producto de
su todavía deficiente articulación intraprovincial y extraprovincial (Figura 1.2). Otro tanto ocurre con la
23
Alpujarra y el NE. Esta situación, a pesar de las mejoras recientes o en curso, se agravará en términos
relativos cuando se terminen los nuevos accesos a Málaga. Sobre el papel quedan sólo los proyectos sin
concreción precisa como el eje prioritario Adra-Puerto Lumbreras, punto este último que quedará
conectado con la A-92 hasta Baza. De este modo Andalucía y en especial su parte oriental y Granada
quedarán mucho tiempo aisladas del eje de desarrollo del arco mediterráneo. Y, del mismo modo, mi entras
cada vez son más óptimas las comunicaciones entre Sevilla y Madrid, el eje Bailén-Motril se retrasa sine
die y se deteriora la comunicación aérea y ferroviaria de Andalucía oriental (Figura 1.3) .
..... :······ ...
. · ... .:'·· .. ···· .... ···-; .· .... ·
Fig. 1.1 - Areas dinamicas
Fig. 1.2 - Accesibilidad por carretera
<Í]) Urbanas
~ Turismo I Agricultura Intensiva
O Alta o media
({) Baja
• Muybaja
24
Fig. 1.3 - Carreteras y ferrocarriles
t=l=+++f Ancho Europeo ~ Ancho Espaiíol
Autopistas y autovias
En consecuencia, la aglomeración de Granada no podrá ejercer en plenitud su papel articulador
de su província ni su subregión durante mucho tiempo, en tanto que otras províncias vecinas han visto y
van a ver mejorar su accesibilidad mucho antes, lo que es importante y transcendente no sólo para Granada
sino· para el equilíbrio territorial de todo el Oriente andaluz, un conjunto crecientemente conectado con
Sevilla pero al mismo tiempo mal conectado internamente entre sí. Si es lógico, hasta cierto punto al
menos, favorecer la relación funcional Este-Oeste y forzar la polarización de Sevilla como metrópoli
regional, esto tiene la contralectura de la ruptura y el desequilíbrio de la red tradicional de centros, con
todo lo que ello implica en una subregión más pobre que el resto.
2 - Los límites dei área metropolitana.
Cuando nos enfrentamos con la escala dei área metropolitana, la primera cuestión a resolver,
podría ser la propia definición de la esfera inmediata de la aglomeración granadina, lo que realizado sólo a
partir de criterios funcionales gravitatorios plantea no sólo el problema de la temporalidad de los criterios,
sino también la elección de umbrales adecuados a la finalidad que se persigue. Por eso es necesario y
urgente completar estos análisis con un estudio serio de los flujos internos de la aglomeración que tenemos
ya avanzado.
De todos modos, creemos estar ya en condiciones de intentar una definición provisional derivada
esencialmente de la confrontación de ocho variables demográficas y funcionales y del análisis de algunos
flujos (Figuras 3, 4 y 5). La propuesta se ha matizado ulteriormente con algunos criterios de base física,
especialmente los aprovechamientos hidráulicos y la red de comunicaciones (Figura 5.4). La perspectiva
de todo ello es una planificación y gestión territorial lo más equilibrada y concertada posible. El área así
obtenida revisa notablemente la que cabría derivar dei Sistema oficial de Ciudades, propuesto por la Junta
de Andalucía, y reune prácticamente las comarcas agrarias de Granada y Fuente Vaqueros (Figura 2).
Densidad de Población en 1991 (H/Km2)
c=:J 0-25 OIIIJ 26-50 8EH 51-100 IIIIIIlllD I O 1-25 O llml!ll >250
Fig. 2
Perímetro propuesto dei area metropolitana
25
26
Fig. 3.1- 1986-1991
Fig. 3.2- 1976-1986
Crescimento de la población
CJ <0%
[]]] 0-10%
EEH3 11-25%
IIIIIIIII 26-5 o%
1111 51-75%
.. 76-100%
Crescimento de la población dei area metropolitana
(1981-1991)
D Negativo o O
[I[] <lO%
!lliiiil 10%-30% - 31%-70% - 71%-100%
27
Fig. 3.3- 1960-1975
Fig. 3.4
28
Población ocupada por sectores económicos
Fig. 4.1 - Primaria
Fig. 4.2 - Secundaria
c=:J 0-25%
DID 26-50%
ll1ITIIIJ 5 I -7 5%
;mm 76-100%
[:=J 0-25%
DID 26-50%
UIIIIIIl 51-75%
.. 76-100%
c:=J 0-25%
ITID 26-50%
lmlW 75-100%
c=J 0-6% rrm 7-12%
[[]]]] < 12%
Fig. 4.3 - Servicios
Fig. 4.4- Construcción
29
Población ocupada por sectores económicos
30
CJ Sin datas
rrm 0-2
lililiii1 3-6
lltJI 7-8
Fig. 5.1- Numero de bancos y cajas de ahorros
c=J Sin datas
DJJJ <150
lillilliJ 150-250
nam >250
Fig. 5.2- Telefonas por 1000 habts.
[=:J Sin datos
[[[O 1-5
[]]]]ll] 6-15
mmm 16-26
CJ 0-50
OID 51-2oo
[illJ]]]] 20 1 -400
mm >400 (n° expediciones semanales)
31
Fig. 5.3 - Cuota de mercado
Fig. 5.4- Transporte publico por carretera
32
La isla central ocupada por la Aglomeración y su zona de influencia inmediata afecta a un total
de 40 municípios y una población que en 1991 era de 451.253 habitantes. Los municípios afectados
presentan un alto grado de conexión funcional y una tendencia demográfica relativamente homologable y
se distinguen claramente por ello dei resto de la província e, incluso, dei resto de los municípios que
integran el conjunto fisiográfico de la Depresión de Granada.
3 - Los ámbitos internos.
El análisis pormenorizado de las variables demográficas y de las actividades de la población y
otros indicadores (Figuras 3, 4, y 5) permiten distinguir una serie de ámbitos internos dentro dei área
metropolitana y precisar algunas características de la misma.
La evolución demográfica 1960-1975, (Figura 3.1) permite apreciar como el éxodo rural fuerte
afectó en su día a toda la Província incluida, aunque en menor grado, la Vega inmediata a Granada. Este
éxodo tuvo su destino parcialmente en Granada-ciudad. En el período 1976-1986 (Figura 3.2) crecen
notablemente Granada-capital y algunos municípios periféricos dei borde Norte (área industrial dei Polo de
Desarrollo) y Sureste (urbanización residencial). La evolución más reciente (1986-91) acusa una
ralentización dei crecimiento de la capital en tanto que crecen las periferias citadas aún más, lo que cabe
relacionar con la urbanización y, tal vez, con la aparición por vez primera de ciertas deseconomías de
aglomeración. El análisis globalizado dei intercensal 81-91, porre de manifiesto (Figura III.4) claramente
las deseconomías internas de algunos municípios agrarios y el proceso urbanístico sin precedentes de
algunos otros, que conllevan una serie de repercusiones funcionales y ambientales, sobre todo por su
carácter anárquico y poco planificado globalmente.
El análisis de las actividades (Figura 4) porre de manifiesto, sobre todo, el papel determinante
que la construcción tiene en el desarrollo de las periferias antes citadas. Asimismo el gran relieve que el
regadío tiene todavía en la articulación económica de este espacio minifundista necesitado de una
reorganización agroindustrial en profundidad. Por último, el notable y diferenciado crecimiento de algunos
servicios especializados en la periferia que confirman ciertos indicadores (Figuras 5. 1,2,3) es también
expresivo de la situación actual.
En definitiva los ámbitos internos que podrían distinguirse y que traducen los flujos de
transporte principales (Figura 5.4) podían ser los siguientes:
l.Eje central de regadíos dei Genil. Con deseconomías urbanas en la capital y agrarias en el eje
Santa Fé-Pinos Puente.
2.Eje dei Cubillas y aledafíios. Que asocia residencial secundaria con ciertas actividades
paraindustriales y de almacenaje.
3.Borde serrano de Huetor-Arana. Con economías agrarias marginales, pequenas
concentraciones artesanales y de construcción y urbanización residencial en crecimiento.
4.Periferia Sureste (Monachil-Dilar). Agricultura periurbana de alto rendimiento y urbanización
enorme. Distorsiona algo, a nível estadístico, el desarrollo turístico de alta montafía.
5.Periferia Sur Sureste. Agricultura residual de secano. Grandes crecimientos de urbanización
poco planificada.
En conjunto el área se configura con una densidad media superior a 190 Km2, con matices
descendentes entre las zonas 1 y 5.
En conclusión es evidente la necesidad de una ordenación global de toda ei área, por encima de
los intereses locales, pero será difícil superar la "autonomía municipal" que se apoya además en la
33
experiencia frustrante del Plan Comarcal de 1973 sistemáticamente incumplido. La ordenación debe
hacerse no sólo en función de las infraestructuras y de los recursos físicos y sus problemas derivados
(aguas residuales, contaminación, etc.) sino en función de lograr una más sólida base económica común y
una mejor ordenación de los flujos internos. Un nuevo soporte legal es necesario pero necesita contar con
la participación efectiva de los municípios afectados incluídas las diversas tendencias políticas. Sólo así
será posible, además, el disefio e implementación ·de estrategias globales en beneficio de una mejor
articulación regional.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
AS NOVAS ESTRATÉGIAS ESPACIAIS NA A.M.L: O CASO DE OEIRAS
JOSÉ EDUARDO COSTA Câmara Municipal de Oeiras e Faculdade Ciências Sociais e Humanas (Univ.Nova Lisboa) TERESA MAGALHÃES PEREIRA Escola Secundária Corroias No 1
O Concelho de Oeiras localiza-se na Área Metropolitana de Lisboa, contíguo à Capital, pelo que
se desenvolveram numerosas relações centrifugas e centrípetas, com influência decisiva sobre todo o seu
crescimento e desenvolvimento.
O território de Oeiras teve até há pouco tempo, como principal função, servir de área residencial
privilegiada de Lisboa.
O tecido industrial do Concelho de Oeiras tem registado nos últimos anos uma dinâmica de
expansão/crescimento e reconversão, devido à crescente acessibilidade e ao processo em curso de
relocalização das actividades económicas na AML.
A diminuição do número de postos de trabalho na indústria transformadora na década de 80,
deveu-se a vários factores, como o processo de reconversão industrial, que implicou o despedimento e
encerramento de grandes empresas inviáveis. Por outro lado, entre as indústrias recém instaladas, a
componente mão-de-obra não domina no processo produtivo (empresas tecnologicamente avançadas).
A actividade comercial e hoteleira no Concelho, tem registado nos últimos anos um grande
crescimento, tendo sido a principal responsável pela criação de novos postos de trabalho. Em 1988, 55%
dos activos dedicavam-se a este ramo de actividade.
A par da instalação de grandes superfícies comerciais (centros comerciais, hipermercados e
armazéns grossistas), implantaram-se numerosos estabelecimentos vocacionados para a venda de produtos
com frequência de procura ocasional ou excepcional, de que o Concelho e a sua população careciam,
evitando-se, deste modo, deslocações frequentes a Lisboa ou a Cascais.
Intimamente ligado ao crescimento da actividade económica, encontra-se também a instalação
no Concelho, de novos estabelecimentos, bancos, seguros, operações sobre imóveis, bem como de serviços
pessoais.
Uma breve análise das mutações que se têm verificado nas zonas industriais, existentes ou
previstas, junto aos nós da Auto-estrada Lisboa-Cascais (AS), é bem elucidativa das novas estratégias
espaciais na AML.
A zona de Outurela/Portela, a mais próxima do Centro de Lisboa, e localizada na intersecção das
Auto-estradas Lisboa-Sintra e Lisboa-Cascais, e da Circular Regional Interior de Lisboa em construção, até
há poucos anos não registava nenhum crescimento significativo, continuando a existir espaço disponível.
A localização nos finais da década de 80, dos hipermercados Continente (no Concelho da
Amadora) e Jumbo/Pão de Açúcar num dos extremos desta zona industrial, com sucesso económico,
provocou uma rápida e crescente procura de terrenos (cerca de 30 hectares), com a consequente subida dos
preços. Posteriormente foram implantados o "Cash & Carry" Makro e o hipermercado de bricolage Aki.
36
Na sequência destes investimentos, a área de Outurela/Portela, começou a transformar-se progressivamente
numa área de serviços.
Nas imediações de outro nó da Auto-estrada Lisboa-Cascais, encontram-se as zonas industriais
de Linda-a-Velha e de Carnaxide.
Em Linda-a-Velha, onde o espaço da zona industrial já se encontra todo ocupado, principalmente
por empresas multinacionais, também se assiste a uma reconversão industrial e funcional. Por exemplo a
empresa Suiça, Nestlé, decidiu desactivar e demolir uma unidade industrial que aí estava localizada, para
construir a sua nova sede social em Portugal.
A de Carnaxide merece especial realce, pelo facto de aí estarem localizadas numerosas empresas
multinacionais (como a Philips, Tetra Pak, Atlas Copco), unidades fabris e/ou sedes sociais, bem como
algumas grandes empresas nacionais (FNAC, Triunfo). Nos últimos anos, também nesta zona se tem
registado um acelerado processo de terciarização, de que são exemplo a sua escolha pelas multinacionais
Miele, Osram, Intergraph, bem como por um dos vencedores da exploração de um canal privado de
televisão (SIC), para a implantação dos seus estúdios (adaptação das instalações de um antigo armazém).
A política da Autarquia, de não permitir a localização de actividades poluentes, no sentido de
manter a boa qualidade ambiental, bem como o elevado preço do terreno infraestruturado disponível, leva
a que esta área esteja a ser ocupada preferencialmente para a implantação de sedes e serviços (incluindo
armazenagem) de empresas multinacionais.
As áreas de terreno ainda não urbanizadas nas proximidades do novo nó da Auto-estrada A5,
localizado a Norte dos aglomerados de Oeiras e Paço de Arcos (a 12 Km do centro de Lisboa), estão
também a ser bastante procuradas por empresas multinacionais (principalmente imobiliárias) para a
implantação de "Parques de Escritórios - Office Parks", com padrões de qualidade de nível europeu. A
área de expansão da zona industrial de Paço de Arcos, nas imediações, onde se regista um processo
idêntico, será também provavelmente ocupada por sedes sociais de empresas.
A acessibilidade de vastas áreas ainda não urbanizadas do interior do Concelho de Oeiras, que o
prolongamento da Auto-estrada Lisboa-Cascais veio aumentar, e que a futura Circular Regional Exterior
de Lisboa (transformada há algum tempo por decisão governamental em Auto-estrada - A9) va1
intensificar, justificam as grandes pressões urbanísticas que aí se verificam.
A Autarquia tirando partido da privilegiada localização desta extensa área no contexto
metropolitano, incluindo a proximidade do ampliado Aeródromo de Tires, que começa a ser uma
alternativa ao Aeroporto da Portela para certo tipo de aeronaves, está em conjunto com as Câmaras
Municipais de Sintra e de Cascais, a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, a Universidade Técnica
e outras instituições universitárias, científicas e de investigação, a evidenciar todos os esforços para a
rápida concretização, num espaço inicial de 120 hectares que poderá dehtro de 10 a 15 anos ocupar
250 hectares, do Parque de Ciência e Tecnologia - T AGUS PARK.
Na área do futuro Parque Tecnológico de Oeiras, que se pretende atraente e competitivo a nível
europeu, além das inerentes actividades de Investigação e Desenvolvimento, instalar-se-ão outras
complementares, vocacionadas para o turismo e o lazer, como uma unidade hoteleira e campos de golfe.
As perspectivas de sucesso são bastante encorajadoras, pois existem já numerosas intenções de
empresas e instituições nacionais e estrangeiras, de se implantarem no Parque.
As novas estratégias espaciais não ocorrem somente nas áreas de influência das grandes
infraestruturas rodoviárias existentes, em construção ou previstas a curto-prazo, mas também em toda a
faixa litoral do Concelho, principalmente na mais próxima da Cidade de Lisboa, onde se pretende tirar
partido da óptima localização à entrada do estuário do Rio Tejo e privilegiado enquadramento paisagístico.
37
Neste contexto se enquadram as pretensões de construção dos seguintes três grandes projectos:
- O complexo "Teleport" do World Trade Center, que integrará zonas empresariais de
escritórios, empreendimentos turísticos e comerciais, bem como avançadas infraestruturas telemáticas;
_- A Marina de Algés, empreendimento que ocupará 1S a 20 hectares, que além de uma marina,
terá áreas destinadas à habitação, comércio, serviços e hotelaria;
-A construção da Nave Desportiva do Jamor, integrada no Complexo Desportivo do Jamor, que
permitirá a internacionalização de Portugal em matéria de equipamentos desportivos.
O comportamento dos agentes imobiliários no Concelho de Oeiras também se alterou nos
últimos anos, pois a qualidade das edificações destinadas à habitação alterou-se significativamente,
apostando-se progressivamente em empreendimentos de luxo, com menores índices de construção.
Assim, a maioria das novas urbanizações, sejam de habitação individual ou colectiva, devido aos
seus padrões de qualidade e bastante elevado.
A estratégia de numerosos promotores imobiliários de solicitarem à Autarquia, a transformação
de áreas previstas em planos urbanísticos aprovados exclusivamente para fins habitacionais, em zonas
mistas habitação/terciário, merece especial realce.
A maior ocorrência destas solicitações, verifica-se nos aglomerados com melhor acessibilidade,
existente ou prevista, de que são exemplo os empreendimentos em curso em Miraflores (área contígua à
CRIL e AS), para onde se vai transferir a sede social e serviços administrativos da Philips, actualmente a
funcionar em Lisboa.
A breve análise das novas estratégias espaciais dos diversos agentes económicos, levam-nos a
concluir que o Concelho de Oeiras, por via da sua óptima localização na Península de Lisboa, e existência
de importantes infraestruturas de transporte ferro-rodoviárias, constitui, hoje, um dos pontos mais
atractivos e selectivos da AML.
O recente prolongamento da Auto-estrada da Costa Estoril até Cascais, aumentou
significativamente a acessibilidade à Capital, nomeadamente de vastas áreas ainda não urbanizadas
existentes no interior do Concelho.
As obras em curso de alargamento do troço inicial da Auto-estrada AS e de construção da CRIL,
bem como o arranque ainda no corrente ano da A9 (ex-CREL), têm também contribuído decisivamente
para o aumento das pressões urbanísticas.
O solo potencialmente urbanizável, apesar de registar nos últimos anos, um incremento
significativo do seu valor comercial, é ainda bastante competitivo em relação a Lisboa. A crescente
acessibilidade, a ausência de congestionamentos de tráfego e a qualidade ambiental, tornaram o Concelho
num espaço disputado por empresas multinacionais e nacionais de prestígio, para a implantação de
actividades terciárias, unidades industriais tecnologicamente avançadas e centros de investigação.
Uma confirmação desta tendência de reconversão e transformação progressiva de espaços
outrora exclusivamente vocacionados para a habitação ou a indústria em atractivas áreas terciárias
(serviços e certos ramos de comércio especializado), é, desde 1984, o acentuado acréscimo anual da área
loteada destinada à construção não habitacional, e o seu crescente peso relativo no total da área edificada.
O Concelho de Oeiras, é por estas razões um bom exemplo da actual dinâmica dispersiva das
actividades económicas na área Metropolitana de Lisboa.
38
BIBLIOGRAFIA:
COSTA, José Eduardo (no prelo) -Planeamento Urbanístico e Gestão Autárquica no Concelho de Oeiras -Oeiras: CMO.
Plano Director Municipal: Programa Base.- Oeiras: CMO, Nov. 1989-527 p.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
, - I A OFERTA DE ESCRITORIOS EM LISBOA NUM CONTEXTO DE INTERNACIONALIZAÇAO
TERESA BARATA SALGUEIRO Dept. Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa
Nos anos 80 as cidades conheceram programas de construção massiva, grande parte da qual
destinada a escritórios. Lisboa não fugiu à regra.
O aparecimento do mercado de escritórios está relacionado com as profundas mudanças que se
registaram na fileira da produção imobiliária nos últimos anos, e aparece como um facto novo na produção
da cidade. Este facto não se explica em si próprio mas é produto da reestruturação económica e social
global e das suas incidências no espaço urbano. A evolução do sector imobiliário corresponde à
manifestação de um processo muito mais global que se desenvolve à escala internacional ligado com a
reestruturação pósfordista da economia e a emergência da sociedade de serviços.
Nesta comunicação faz-se uma reflexão sobre o mercado de escritórios em Lisboa nesta dupla
perspectiva. Assim, depois de uma breve caracterização da situação actual do mercado em Lisboa,
consideramos os agentes mais relevantes nas mudanças detectadas e as suas consequências na organização
do espaço da cidade para, finalmente perspectivar estes processos no quadro de mutações mais profundas e
gerais.
O mercado de escritórios de Lisboa apresenta dois estratos com lógicas de produção e utilização
distintas. Um que se pode designar como tradicional ou difuso é constituído por fracções em edifícios
construídos para habitação e apresenta portanto um padrão relativamente disperso, embora ocorra com
mais intensidade nas áreas terciárias principais da cidade. O segmento moderno compreende os edifícios
especializados para escritórios. Os primeiros foram sedes que grandes empresas mandavam edificar, pois
só desde finais dos anos 60 se assistiu à autonomia da promoção de edifícios especializados de escritórios
destinados ao mercado.
O espaço ocupado por escritórios em Lisboa no final de 1991 rondava um milhão e oitocentos
mil m2. Destes, 1,4 milhões distribuíam-se por 271 edifícios especializados enquanto os restantes 25% 2
ocupavam fracções em prédios concebidos para uso residencial .
A produção de espaço para serviços cresceu muito nos últimos anos. Elementos existentes na
Câmara Municipal de Lisboa sobre a evolução do volume de construção na cidade mostram que, entre
1984 e 1989 foram construídos 1927 milhões de m2, cerca de metade dos quais destinados a comércio e
escritórios. Portanto, neste período foi produzido cerca de um quarto do espaço de escritórios actualmente
existente.
Os edifícios especializados de escritórios substituem os habitacionais ou de uso misto pelo
processo de renovação pontual em muitas áreas edificadas no princípio do século, contribuindo para a
formação do novo centro terciário da cidade. Nas áreas do Marquês de Pombal e das Avenidas Novas que
se verifica a maior oferta de espaço de escritórios desde os anos 70, quer pela substituição de edifícios,
1 Este texto é uma adaptação da colaboração prestada como consultor à GEOIDEIA que está a desenvolver um estudo sobre escritórios em Lisboa para a Câmara Municipal de Lisboa. 2 Estimativas da imobiliária P&I, concordantes com outras fontes.
40
quer pela ocupação de andares em prédios outrora residenciais.
Para além de edifícios isolados, a principal característica da actual fase da oferta é a existência
de "grandes projectos". Trata-se de complexos plurifuncionais de grande volume que podem combinar os
escritórios com restaurantes, centro comercial, hotel ou habitação de luxo. Estes projectos destacam-se no
tecido construído pelo volume e pela arquitectura que serve uma imagem forte. Distinguem-se também
pela localização pois situam-se no interior da cidade em pontos de boa acessibilidade mas fora do centro
tradicional ou do novo centro, contribuindo assim para a criação de novos pólos terciários, aquilo a que
alguns chamam de "novas centralidades".
Para os agentes do sector, a fase actual foi iniciada com a construção do complexo das
Amoreiras (1983-87), considerado uma nova filosofia na oferta de espaço de escritórios em Lisboa. O
complexo plurifuncional com grande volume de construção substitui a lógica do. prédio, do lote.
O mercado de escritórios tende também a desenvolver-se fora da cidade oferecendo espaços com
boa acessibilidades a preços mais baixos que no núcleo citadino. Os "parques de escritórios" destinam-se a
escritórios e serviços de interesse social (como por exemplo, creche, sauna, ginásio, restaurantes),
enquanto os parques de ciência e tecnologia reunem actividades terciárias e industriais, que usam alta
tecnologia a institutos de investigação. Quase todos os parques em fase de projecto ou licenciamento
adiantado optaram pelo eixo suburbano de Cascais, desenvolvendo-se ao longo da auto-estrada e
apresentam, com frequência, uma imagem de edifícios baixos no meio de zonas verdes.
Estas novas realidades estão relacionadas com alterações na fileira da produção e decorrem da
transição de volumes expressivos de capital para o circuito secundário da acumulação.
Alterações na Fileira de Promoção Imobiliária
Os principais traços das alterações ocorridas na fileira de promoção imobiliária são os seguintes:
- a promoção de escritórios afirma-se como actividade autón5ma (SGII e promotores
"tout court") da de construção e capaz de lançar grandes volumes em pontos seleccionados do território;
- aparecimento de investidores institucionais que buscam o aluguer de escritórios como forma de
colocação de capital tendo em vista um rendimento a médio prazo;
- redefinição da actividade de comercialização com profissionalização e expansão das
mediadoras.
Deve salientar-se que a redefinição dos agentes que actuam na oferta de imobiliário se deve em
larga medida à reestruturação ocorrida no sistema financeiro e à importante entrada de empresas e capital
estrangeiro no país. Naturalmente que ela também não se poderia ter produzido sem uma expansão global
da economia responsável pela criação de novas empresas, pelo crescimento de outras, pela adopção de
novas tecnologias, tudo com reflexos no aumento da procura de espaços para escritórios.
Tradicionalmente, e com muita frequência, as tarefas de promoção eram desempenhadas pelos
construtores que ampliavam assim a sua actividade e se convertiam em construtores-promotores como lhes
chamou Topalov (1972) quase não se individualizando o agente intermediário promotor . O
desenvolvimento das relações capitalistas de produção e a expansão do investimento imobiliário acabam
todavia por propiciar a individualização deste agente, sem que isso implique a cessação da actividade dos
promotores-construtores.
O capital das empresas de promoção que actuam na região de Lisboa provem da indústria
(Grupo Amorim, RAR), da indústria e serviços (Sonae), ou da banca (Grupos Espírito Santo, Horácio
41
Roque que, no entanto, promovem principalmente habitação) e que quase sempre está associado a capital
estrangeiro.
Para além das empresas que continuam a mandar fazer um edifício para a respectiva sede, nos
promotores com certa dimensão podem distinguir-se as SGII, Sociedades de Gestão e Investimento
Imobiliário, que foram autorizadas pelo DL 291185 de 24 de Julho. Com este instrumento legal
pretendia-se dinamizar o mercado imobiliário estabelecendo como actividade principal destas sociedades
"o arrendamento para habitação e a prestação de serviços conexos em imóveis por elas adquiridos ou
construídos" (art.l 0 ). O número destas sociedades tem oscilado em face de alterações nos instrumentos
legais do respectivo enquadramento, especialmente no que toca à importância do património destinado a
arrendamento.
A revitalização do sector imobiliário, designadamente no segmento da propriedade comercial,
andou muito ligada com a reestruturação do sistema financeiro.
O desenvolvimento de um mercado especializado de escritórios oferece um novo pólo de
interesse aos investidores, agente que evita correr riscos e procura um rendimento moderado e constante, à
volta de 9-10% durante 10 ou 15 anos. Para além do rendimento, o investidor conta igualmente com a
"valorização da pedra" no tempo ou, pelo menos, com a sua não desvalorização.
Para além dos particulares e das grandes empresas, designadamente do sector financeiro, os anos
80 registam a expansão dos investidores institucionais. Os investidores institucionais são agentes recentes
no mercado na medida em que o seu aparecimento foi propiciado por medidas legislativas que se prendem
com a reestruturação do sistema financeiro e da segurança social. Os principais são as companhias de
seguros, ramo vida, os Fundos de Investimento Imobiliário e os Fundos de Pensões. Representam uma
forma de canalizar para o imobiliário pequenas poupanças e parte da mais-valia do trabalho hipotecada à
pensão de reforma.
Harvey (1985) integra a produção do quadro construído nos circuitos da acumulação do capital
dizendo que quando se verifica excesso de acumulação no circuito primário, isto é, no da produção e de
bens de consumo, pode dar-se um afluxo de capital ao circuito secundário da acumulação, entendido como
o investimento na construção urbana e na produção de bens de consumo duráveis. "necessários" à
realização do consumo. Para que essa transição se verifique é preciso que a manifestação da
sobreacumulação se possa transformar em capital dinheiro com mobilidade para se dirigir ao circuito
secundário. Normalmente isso é assegurado pelo funcionamento do mercado de capitais no quadro de
garantias de longo prazo dadas pelo Estado.
No geral as empresas de construção asseguram directamente a comercialização dos edifícios que
promovem, enquanto os promotores recorrem com frequência a empresas especializadas nessas tarefas, as
mediadoras. Nos processos posteriores de revenda ou mudança de inquilino recorre-se cada vez mais a
estas empresas especializadas. Para além da simples mediação, que consiste em pôr em contacto o
vendedor e o comprador ou o senhorio e o inquilino, as mediadoras fazem avaliação de propriedades, hoje
muito importante no seguimento do DL 237/87 de 12 de Junho sobre reavaliação dos activos imobilizados
nas empresas, dão conselho sobre investimento imobiliário e, nalguns casos, fazem também administração
de condomínios. O papel de conselho e a informação que divulgam torna estes agentes muito importantes
no afeiçoamento do território.
A procura de espaço de escritórios resulta do crescimento do sector dos serviços e das novas
necessidades funcionais destes, mas serve também para investimento como referimos. Outro elemento
nóvo e importante é a formação de um mercado imobiliário global, isto é à escala mundial. A relativa
homogeneidade do produto escritórios, cada vez mais "open space" e dotados de uma série de
42
equipamentos, permite aos investidores comprar estes espaços à distância como qualquer outra mercadoria.
Os mediadores imobiliários desenvolvem um importante papel na formação do mercado global
porque se instalam noutros países ou se associam com empresas nacionais, produzem informação
comparada sobre a situação dos vários mercados nacionais, aconselham o investimento num tipo de
produto e numa determinada região e, portanto, levam os clientes de uns países para outros.
Nas empresas do topo da gama cerca de metade dos clientes são estrangeiros, valor bastante
inferior ao registado em anos recentes. Uma empresa afirmou-nos que os estrangeiros chegaram a
representar 90% da sua clientela. Esta retracção prende-se principalmente com a conjuntura económica
internacional menos favorável desde a Guerra do Golfo, e com as condições de arrendamento comercial
vigentes no país, que tornam o investimento no imobiliário bastante arriscado.
Relação com a Estrutura Urbana
Em termos de estrutura urbana, a oferta terciária em Lisboa contribuiu para a formação de um
novo centro terciário desde finais dos anos 60, enquanto os grandes complexos já construídos ou em
construção abrem novas frentes de concentração terciária aproveitando as mais valias decorrentes da
construção de infraestruturas viárias em zonas não desprestigiadas (Fig. 1 ).
Os bancos têm efectuado profundas obras nos edifícios que detinham no antigo centro financeiro
(quarteírões sul da Baixa), conservando as fachadas pré-existentes e não aumentando a volumetria.
Os constrangimentos urbanísticos não permitiram a renovação da Baixa de modo que o espaço
para as crescentes necessidades de terciário veio a produzir-se à custa de áreas habitacionais que ficavam a
norte e foram servidas pela red~ de metropolitano construída no início dos anos 60. Progressivamente a
iniciativa privada foi determinando a mudança de uso neste território que se veio naturalmente a converter
em zona de expansão do centro tradicional num primeiro tempo, e já em centro principal consolidado, 3
depois, à revelia do que aparecia preconizado no PDL da cidade de 1967.
A zona nobre do centro, aquela onde se registam os preços mais altos, é constituída pela
Avenida da Liberdade que tem estado parada nos últimos anos devido ao estudo urbanístico em curso, e
pela rua Castilho, Avenida da República e Avenida 5 de Outubro.
Na periferia ocidental do núcleo terciário já consolidado estão em desenvolvimento novos pólos
(Amoreiras-Campolide, e Praça de Espanha-Rua José Malhôa) e desenham-se já novas concentrações mais
3 T. Barata Salgueiro, 1989 e 1992.
Fig. 1 - Áreas de escritórios e "Grandes Projectos" em Lisboa
Áreas I- Baixa II- Av. Liberdade III - M. Pombal IV- Av. Novas V - Amoreiras VI- Av. J. Malhôa-Pr. Espanha VII - Combatentes Eixo N-S
43
para norte, de Sete Rios à Segunda Circular pela Avenida dos Combatentes (fig. 1 e Quadro 1).
QUADRO 1 - GRANDES PROJECTOS EM LISBOA
1 -Amoreiras: A CML prevê a instalação de 116467 m2 de comércio e serviços. Inclui:
• Empreend. Águas Livres: Ed. com 2500m2 de hab. + 14000m2 de escrit. + 3500m2 de
comércio+ estac .. Está para iniciar a construção. Promoção da DOURO SGPS.
• Ed. com 6015 m2 de escritórios promovido por Morate (Grupo Amorim).
2 - Praça de Espanha: 130 550 m2 projectados.
3 - A v .José Malhôa: 133 269 m2 de escritórios projectados. Inclui o conjunto de alto nível com
70 000 m2 de escritórios e 50 000 m2 de parqueamento (a iniciar) promovido por LONGA VIA
(Grupo Queirós Pereira).
4 - Empreendimento Nova Campolide com 32 mil m2 de hab., 29 mil de escrit. , 3000 de
comércio e 40 mil de estacionamento. Destina-se ao aluguer. Loteamento aprovado. Aprovação do projecto
em curso. Promoção INOGI (Grupo Amorim).
5 - Quarteirão do Anjo no Saldanha: 39253 m2 de escritórios projectados e 30 mil de
estacionamento. Promotor: IMOSAL (c/ franceses).
6- Caixa Geral de Depósitos (Campo Pequeno): 60000 m2 de escritórios. Em vias de conclusão.
7 -Av. Forças Armadas ed. Open com 14800 m2 de escritórios e comércio (este com cerca de
1800 m2) e 7740 m2 de estacionamento. Destina-se à venda em fracções. Promoção: LONGA VIA. Está em
construção.
8- Empreendimento Green Park: 8 eds para oeste da Av. dos Combatentes, dois de escritórios,
cinco para habitação e um misto com hotel e escritórios. Todos terão comércio no r/c. Está em
acabamentos um edifício luxuoso com 17349 m2 de escritórios, 1570 m2 de comércio, e 11799 m2 de
estacionamento. Destina-se à venda. Promotor: Valor Imobiliário (Grupo Albaquer de capitais árabes).
9- Complexo do Sporting: 49156 m2 de escritórios projectados.
10 - Torres de Lisboa no cruzamento do eixo Norte-Sul com a Segunda Circular. São quatro
torres com 69 mil m2 de escrit. , 3200 m2 de comércio e 60 mil de estacionamento. Está no início de
construção. Promotor: INOGI (Grupo Amorim).
11 -Complexo Colombo (Segunda Circular): 190 mil m2 de escritórios projectados. Projecto em
negociação. Promotor: SONAE.
44
Breve Explicação das Alterações Verificadas
O aumento de espaço necessário às actividades terciárias obrigou muitas empresas,
designadamente do sector financeiro, a uma grande dispersão de serviços por vários edifícios e zonas da
cidade o que representa importante obstáculo à sua eficaz relação funcional. A partir de certa altura,
meados dos anos 70, assiste-se a um movimento generalizado de relocalização com a concentração
geográfica dos serviços ligados à decisão das actividades financeiras e outras grandes empresas
interessadas em racionalizar o uso do espaço, aumentar a eficácia dos serviços e das suas relações mútuas,
e reduzir os custos de instalação, eventualmente combinado com a melhoria da imagem que a construção
de uma sede ou a instalação numa nova zona ou edifício prestigiado comporta.
A aplicação das novas tecnologias nas empresas de serviços é o principal responsável pela
desadequação dos espaços pré-existentes às novas exigências de funcionalidade traduzidas principalmente
na necessidade de tectos ou pavimentos falsos para passagem de tubagens e cabos, instalações de ar
condicionado e boas comunicações, difíceis de conseguir em edifícios construídos para habitação há
algumas dezenas de anos. Esta necessidade de espaços especialmente projectados para instalar empresas de
serviços conduziu à construção e oferta de grandes volumes de escritórios no centro das cidades ou suas
imediações, produto de operações de renovação ou reutilização urbana aproveitando o sítio de velhos
mercados e instalações de transporte, ferroviárias ou portuárias desafectadas pelas novas condições de 4
tráfego. O exemplo melhor conhecido é o de Londres com operações de vulto na "city" e nas docas .
A adopção de novas tecnologias e novos métodos de produção levou à relocalização das
empresas, muitas das quais abandonaram as áreas urbanas interiores. Estas alterações implicam
simultaneamente processos de centralização e de descentralização pois, enquanto umas empresas optam
pela proximidade funcional, outras adoptam uma produção segmentada, podendo corresponder a cada tipo
de tarefas uma localização diferente.
O "boom" dos escritórios que se verificou em muitas cidades a partir dos anos setenta pode ser
visto como consequência de uma das estratégias de competição entre as cidades, principalmente capitais,
enunciadas por Harvey (1985, 1987), para captar as sedes das empresas nacionais ou supranacionais, seja
da indústria, do comércio ou da esfera financeira, que para isso oferecem edifícios "inteligentes", boas
infraestruturas de comunicação, mão de obra com qualificação adequada e estilos de vida cosmopolitas.
O aumento da mobilidade do capital que acompanhou a fase de reestruturação da economia foi
acompanhado de transferências de capital da indústria para os serviços e imobiliário. Assistiu-se a
desinvestimentos na indústria transformadora, especialmente nos ramos tradicionais da siderurgia,
construção naval e químicas, e expansão dos ramos industriais ligados com novas tecnologias, dos serviços
intermédios às empresas e do imobiliário.
Os elevados ganhos obtidos na Bolsa foram também orientados para o imobiliário. Os "crashes"
das Bolsas em 1987 foram estímulo adicional para o desvio da especulação do mercado bolsista para o
mercado da pedra (imobiliário), especialmente naquelas regiões ou países onde os preços eram baixos e
propiciavam bons rendimentos a curto prazo como era o caso de Lisboa no final dos anos 80. Com efeito,
as transferências sectoriais do investimento dão-se cada vez mais à escala internacional privilegiando os
sectores e as regiões que, em cada momento, ofereçam maiores vantagens. Assiste-se então à formação de
4 Broadgate iniciado em 1986 é constituído por 14 eds. fornecendo 370 mil m2 de escritórios na Liverpool Street Statíon, Canary Wharf (1 a fase do desenvolvimento da operação Docklands) com 930 mil e existe um projecto de instalar 560 mil m2 de escritórios na zona de King's Cross (D. Diamond, 1991:86).
45
um mercado imobiliário à escala global/mundial em que o capital de promoção ou de investimento circula
de uns países para os outros consoante as maiores vantagens e garantias que pode obter.
A reestruturação do sector financeiro acompanhando o aumento global da flexibilização da
economia é outro elemento muito importante para a explicação das mudanças detectadas. Sassen (1991)
salienta o declínio da banca comercial que tinha vedado certas operações e vê reduzir a sua quota do
mercado devido à expansão de actividades parabancárias, a reestruturação do funcionamento das Bolsas de
Valores, a expansão dos seguros e dos fundos de pensões e de reforma, ao mesmo tempo que se reduz a
presença do "welfare state".
A desregulamentação dos mercados financeiros associada às potencialidades das novas
tecnologias facilitou o desenvolvimento da agressividade concorrencial que se traduziu no aparecimento de
novos serviços, na internacionalização do sector bancário, no esbatimento de fronteiras entre os conceitos
clássicos dos agentes que intervêm nos mercados financeiros (Calixto, 1990).
A redução do "Estado providência", conquista progressiva das organizações sindicais desde os
anos 30, é explicada por Castells (1991) por dois conjuntos de razões interrelacionados. Por um lado, a
grande diversidade dos movimentos sociais desenvolvidos nos anos 60 (desde as lutas dos moradores aos
ecologistas, passando pelas dos direitos das mulheres e de diversas minorias, seja em termos sexuais ou
étnicos) não permitiu estabelecer coligações suficientemente fortes para se opôr à investida conservadora
dos finais da década de 70. Por outro lado, assistiu-se à formação de um forte bloco conservador com
gestores, financeiros e amplos estratos das classes médias, empenhando em modificar as condições de
investimento, reduzir as contribuições sociais, reduzir os impostos (de que uma parte era canalizada para
benefícios sociais), modificar as condições do mercado de trabalho e da acumulação. Este movimento
encontrou suporte nas ideologias que defendiam os valores tradicionais da família e, em termos urbanos,
foi precipitado pela situação de bancarrota atingida pelas finanças municipais de grandes cidades como
Nova Iorque.
Percentagem
120,-----------------------------------------------------~
80
60
40
20
o 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990
• Ind. Trans. • Com. Hot. • Construc. O Banca. Seg.
Todos estes factores que se prendem com a mobilidade geográfica do capital foram potenciados
no caso português com a adesão à CE e a maior abertura do país ao investimento estrangeiro (fig. 2). Com
efeito, a integração de Portugal nas Comunidades constituiu um importante desafio ao nosso sistema
financeiro ao impôr a sua liberalização total até 1992 e ao facilitar a entrada de capitais. Aumentou o
46
número de bancos e companhias de seguros estrangeiras que operam em Portugal bem como o
investimento em imóveis a tal ponto que, a partir de 1987 se regista uma inversão na repartição do
investimento directo estrangeiro nos principais sectores, particularmente nítida a quebra verificada na
indústria transformadora e a subida vertiginosa do conjunto "bancos, outras instituições financeiras,
operações sobre imóveis e seguros às empresas". Para reforçar o nosso argumento de que a
internacionalização desempenhou um importante papel nas transformações registadas pelo imobiliário em
Portugal deve atender-se também à subida do investimento em construção civil e obras públicas, não
obstante o seu muito menor valor absoluto. Finalmente, deve registar-se que os promotores dos grandes
projectos, especialmente dos mais luxuosos, que entrevistámos, considerem que o seu produto se destina
principalmente a empresas estrangeiras.
BIBLIOGRAFIA
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CALIXTO, José G., 1990, O Sistema Bancário Português face à criação do Mercado Único Comunitário, Lisboa, Banco de Fomento Exterior. ser. Estudos, no 28.
CASTELLS, Manuel, 1991, The Informational City, Cambridge Mass., Basil Blackwell. (la ed., 1989). DIAMOND, Derek, 1991, "The City, the "Big Bang" and Office Development", em HOGGART K. e Green, D. (eds.),
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City", Antipode 19 (3), pp. 260-86. SALGUEIRO, T. Barata, 1983, Mercado de Habitacão e Estrutura Urbana na área Suburbana de Lisboa, Lisboa, Assembleia
Distrital, cap. 7. SASSEN, Saskia, 1991, The Global City. New York. London. Tokyo, Princeton N.J., Princeton Univ. Press. TOPALOV, CHRISTIAN, 1972, "La Promoción Inmobiliária: un Sistema de Agentes Económicos", trad. em Documents
d' Análisi Urbana 3, Barcelona, 1975, pp.45-85.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
DINÂMICAS DE TRANSFORMAÇÃO DA OFERTA DE BENS E SERVIÇOS NA CIDADE DO PORTO
JOSÉ ALBERTO RIO FERNANDES Instituto de Geografia Faculdade de Letras da Universidade do Porto
1. A "Revolução Comercial" e o desajustamento do quadro teórico
Face a uma clara dificuldade de definição genérica do sector terciário e a uma enorme
diversidade interna, resultante em parte, do crescente significado e especialização e da emergência de
novas formas neste sector, têm-se procurado traçar distinções internas que possibilitem abordagens que
melhor ajudem a explicar comportamentos distintos e permitam uma mais completa compreensão de um
grupo de actividades de notável heterogeneidade. Contudo, esta subdivisão interna não é menos difícil e
tem resultados claramente distintos conforme a perspectiva utilizada, sendo evidente a multiplicidade de
agrupamentos que podem ser definidos. Assim, é possível, por exemplo, (com a individualização, ou não,
do comércio retalhista), distinguir serviços públicos, de serviços privados; serviços de natureza social, dos
de natureza económica; serviços de apoio à produção, dos vocacionados ao consumo final, ou, numa lógica
de base claramente funcionalista, comércio retalhista, de serviços pessoais ou domésticos, de serviços
ligados ao transporte, de bancos e seguros, etc.
Alguns autores, defendendo ou não uma destas subdivisões internas do sector, questionam a
própria divisão sectorial da economia, baseando-se no peso crescente do sector terciário e na sua
reconhecida diversidade interna para defender soluções alternativas, como a necessidade de consideração
de um sector quaternário (agrupando os serviços ligados às novas tecnologias de informação), ou o
completo repensar dos princípios que presidiram à célebre formulação tri-sectorial, atribuída a I
Colin Clark .
Estas soluções avançam com reorganizações do terciário tradicional, de entre as quais se incluem
as que foram estabelecidas de acordo com o receptor dos serviços prestados (produção, consumo colectivo
e consumo individual), segundo o papel económico que desempenha no sistema de produção (circulação,
distribuição, regulação) e com base nas "funções" prestadas pelos estabelecimentos (sete grupos), a que
poderíamos aduzir, por exemplo, subdivisões em serviços de distribuição, às empresas, sociais e pessoais;
em serviços complementares, serviços antigos e serviços novos; ou em serviços para-produtivos de
produtos estandartizados, serviços para-produtivos de produção não material, serviços produtivos
imateriais e serviços organizacionais (tipologia elaborada com base no grau de dificuldade em avaliar a
produtividade).
Mas, a aceitar-se a validade da existência de um sector terciário, a sua definição como o sector
que não agrupa as actividades ligadas à agro-pecuária, pesca, silvicultura, extracção e produção, evidencia
de forma clara a diversidade interna das actividades que reúne. Enquanto que, por outro lado, o continuum
bem-serviço e as ligações cada vez menos perceptíveis entre os momentos de produção, comercialização e
consumo, complicam a própria delimitação do sector.
I Colin Clark- The condition for economic progress, Londres, MacMillan, 1951.
48
Internamente - e focalizando já a nossa atenção no comércio retalhista (entendido num sentido
amplo), num cenário profundamente alterado em relação ao existente há duas décadas atrás, torna-se de
igual forma inoperacional uma subdivisão baseada na frequência da procura, tendo em vista quer uma
estrutura de oferta que em muitos casos acumula bens de procura diversa, quer a alteração dos ritmos de
compra e da multiplicidade de comportamentos aquisitivos dos consumidores.
No que respeita à distribuição espacial dos estabelecimentos, as recentes alterações rompem
também com postulados vulgarmente aceites há ainda poucos anos, sendo nos nossos dias praticamente
inviável, por exemplo, uma abordagem hierárquica às concentrações de actividades, designadamente no
interior do espaço urbano. Como, de facto, conciliar hierarquicamente o núcleo central, a "baixa", com os
hipermercados e os "centros regionais" periféricos dos nossos dias?
A base teórica da teoria dos lugares centrais, na sua aplicação à cidade, de instrumento quase
indispensável ao entendimento e intervenção sobre a distribuição comercial inter e intra-urbana, passou nas
últimas décadas a ser vista apenas como um corpo válido apenas à aproximação a um determinado estádio
evolutivo da organização. Um estádio que corresponderá, nas cidades da Europa Ocidental e
América do Norte, ao imediatamente anterior do actual, marcado pelas rupturas que novos quadros de
acessibilidade e a implantação de equipamentos periféricos introduziram, a par da banalização do
automóvel, da conservação de alimentos e da alteração dos hábitos aquisitivos, que tornaram praticamente
impraticável uma abordagem norteada pelo estabelecimento de relações hierárquicas entre concentrações
comerciais. De panaceia, a teoria dos lugares centrais (na sua aplicação ao espaço urbano), passou a alvo
de severas críticas, sendo mesmo considerada por alguns como uma ferramenta propiciadora de abordagens
estáticas a uma actividade excepcionalmente dinâmica e, até, como um modelo nefasto, na medida em que
terá estado na base de políticas urbanísticas indutoras de resistências a alterações estruturais.
De uma organização segundo relações hierárquicas, feita de centros(s) e desenvolvimentos
arteriais, a distribuição dos estabelecimentos comerciais dos nossos dias obriga, antes de mais - e mais que
nunca -, a uma abordagem à sua dinâmica de alteração posicional, o que implica, necessariamente, formas
de compreensão das complementaridades e interdependências que os estabelecimentos têm entre si e com
os demais usos do solo.
Como contraponto ao conjunto de desenvolvimentos teóricos baseados na teoria dos lugares
centrais e a outros, entre os quais se incluem os que têm amplo recurso à matemática, contrapõe-se uma
abordagem centrada na alteração da estrutura comercial, onde o factor tempo é privilegiado. Mais que o
entendimento de um determinada realidade numa dada altura, as chamadas teorias da mudança
institucional do comércio a retalho preocupam-se pela compreensão da mutação estrutural e da dinâmica
subjacente às alterações do tecido comercial.
Em face do seu conteúdo teórico, são passíveis de agrupamento em três grandes conjuntos.
Assim, as alterações podem ser vistas como o resultado de um conflito entre empresas que é gerado pela
emergência e desenvolvimento de novas formas comerciais, como consequência de mutações ocorridas no
tecido sócio-económico, ou simplesmente como o resultado de um processo cíclico, caracterizado pela
repetição de diferentes estádios evolutivos. 2
Para lá dos muitos que optam por uma ou outra abordagem, vários investigadores procuraram
encontrar formas de interligação entre os três grandes grupos de teorias de alteração institucional, tendo
sido nesse sentido exploradas as mais variadas opções.
2 Em que os pioneiros terão sido E. Agergaard, P. A. Olsen e J. Allpass, com o artigo The interaction between retailing and the urban centre structure: a theory of spiral movement, xxxxxx, "Environment and Planning", U
0 2, 1970, pp. 55-71.
49
Foi assim possível, por exemplo, defender-se a existência de um padrão de evolução cíclica,
explicado por factores relacionados com o meio (ciclo-meio); a existência de um mecanismo de
assimilação em que as instituições ameçadas adoptam as.pectos ligados à inovação, forçando o
recém-introduzido a evoluir e a tornar-se mais semelhante aos pré-existentes (ciclo-conflito); ou que as
modificações do aparelho comercial se devam ao resultado de um processo de competição e de reacção às
alterações do meio (meio-conflito).
Face à possibilidade de uma utilização complementar das diferentes teorias, alguns autores
procuraram ainda explorar a conjugação de factores explicativos ligados às três abordagens à alteração
institucional do comércio retalhista. Desse esforço, emergiu uma teoria que defende um desenvolvimento
em espiral e que é passível também de ser considerada apenas como uma alteração da teoria cíclica, se bem
que faça apelo às alterações do meio sócio-económico e ao conflito inter-institucional gerado pela
introdução da inovação. A ideia é a de que a inovação, uma vez introduzida, evolui como resposta à
pressão imposta pela competição, criando em consequência um vazio no extremo oposto do espectro,
condição eventualmente aproveitada por uma nova técnica retalhista. Mas, porque os estilos de vida se
modificaram entretanto, como resultado designadamente de um aumento do poder de compra médio, o
formato original é, nesse segundo tempo, recriado num plano mais elevado, gerando o início de um ciclo
contínuo do anterior, mas situado já num plano superior - donde a imagem de uma espiral. Alterações ao
meio, sejam elas de natureza económica (inflacção, nível de consumo, vulgarização do uso individual do
automóvel), tecnológica (maior facilidade da conservação dos alimentos), demográfica (estrutura etária,
dimensão familiar), legislativa (horário comercial, regulamentação urbanística), ou outras, criam
oportunidades que são aproveitadas individualmente. O comércio retalhista, combativo e imitativo, tenderá
assim a adoptar, adaptar ou rejeitar o novo modelo, gerando um equilíbrio que aguardará que uma outra
iniciativa propicie novo choque no aparelho comercial.
Ou seja, fazendo apelo aos pressupostos das teorias cíclicas e às que privilegiam o meio e o
conflito, poder-se-á dizer que a alteração do aparelho do comércio retalhista é sobretudo a consequência
das influências do meio, que geram uma sequência cíclica, animada por conflitos inter e
intra-institucionais.
Têm sido várias as tentativas de aplicação deste conjunto teórico à distribuição espacial das
unidades comerciais e, nesse sentido, são visíveis, por exemplo, as possibilidades de aplicação da teoria do
conflito à oposição centro-periferia que anima muitas das discussões relacionadas com questões de
localização das unidades comerciais e que se levantam, designadamente, a propósito do futuro da área
central, face à concorrência que lhe é movida pelos equipamentos comerciais que nos últimos anos se têm
instalado em localizações periféricas à cidade. Assim, numa perspectiva dialética, o centro tradicional,
com os pequenos comerciantes independentes e problemas de circulação e estacionamento pode ser visto
como a tese, os centros periféricos como a antítese e um centro revitalizado com acesso mais fácil, como a
síntese resultante da dialética gerada. De igual modo, a explicação da manutenção de determinadas
localizações por parte de alguns estabelecimentos, pode ser vista como o resultado de um desfazamento
por parte destes, em relação a uma crise que impôs uma nova localização que um grande número já
adoptou.
A alteração das condições do meio pode igualmente servir de apoio à explicação de
modificações introduzidas na distribuição espacial dos estabelecimentos comerciais. Assim é possível, por
exemplo, fazer apelo ao crescimento populacional e ao aumento da mobilidade para defender um
desenvolvimento faseado, em que, sinteticamente, se pode identificar uma primeira fase, em que a cidade é
dominada por uma área comercial central; uma segunda fase, em que, com o aumento populacional e a
50
importante expansão do espaço urbanizado, se desenvolvem extensões arteriais e centros secundários
periféricos; uma fase posterior, de maturidade, durante a qual o sistema comercial é composto por centros
de hierarquia diversa, desenvolvimentos arteriais e centros especializados para, num último tempo, acolher
inovações periféricas como os hipermercados, os "armazéns comerciais" e os grandes centros comerciais
de influência regional.
A decadência e posterior revitalização do centro (na ordem do dia em muitos países europeus e
na América do Norte), pode igualmente ser vista à luz da chamada "teoria do acordeão", tendo alguns 3
autores comprovado que determinadas funções centrais, com uma localização central, se afastam a um
dado tempo para a periferia, para mais tarde retornarem ao centro.
Numa perspectiva locativa, a teoria da "roda comercial", por seu turno, defende que as inovações
se localizam em áreas de baixo preço do solo e evoluem com o tempo para posicionamentos em solo de
custo mais elevado. Tal pressuposto parece confirmar-se em alguns estudos empíricos, como o dos
supermercados nos Estados Unidos e Reino Unido, mas a universalidade é posta claramente em causa por
outros trabalhos que demonstram uma evolução inversa. Uma abordagem possível à questão, é considerar
o centro como uma área de baixo custo (na perspectiva de acessibilidade e não de preço do solo) que se
torna crescentemente menos acessível, originando concentrações mais periféricas que vão igualmente
assistindo a crescentes perdas de capacidade de absorção do tráfego, num processo de progressiva
descentralização. Neste contexto, seria possível abordar a localização das unidades comerciais como um
conjunto heterogéneo de posicionamentos que corresponderiam à existência simultânea de unidades
comerciais, associadas a uma fase de emergência de uma determinada localização, à maturidade de uma
outra e à decadência de uma terceira.
Por último, adoptando factores explicativos constantes nas diversas teorias das alterações
institucionais do comércio retalhista, poder-se-ia ver o centro tradicional, a "Baixa", como uma localização
de baixo custo que, por razões que se prendem com alterações do meio (descentralização da residência,
banalização do automóvel, emergência do auto-serviço, etc.), se torna com o tempo uma localização de
alto custo. Criar-se-ia então a oportunidade para o surgimento de novos centros periféricos de baixo custo,
que gerariam uma crise e provocariam diversas respostas pelas localizações ameaçadas, levadas a imitar a
inovação, a procurar afirmar a diferença ou, permanecendo indiferentes, a gerar as condições conducentes
ao declínio.
Em suma, face à rápida perda da capacidade de suporte de qualquer corpo teórico, tendente a
responder às condições do meio num período marcado, antes de tudo, pela rapidez e intensidade das
transformações, todo este vasto conjunto teórico, baseado no entendimento do processo de alteração,
impõe novas reflexões, assentes na alteração do aparelho e tecido comerciais. Porque, num ambiente em
rápida e profunda mutação, importa sobretudo procurar entender os processos e as dinâmicas, mais que a
simples constactação da realidade num dado momento, potencialmente muito diferente pouco tempo
depois. Este corpo teórico, embora não permita com facilidade uma aplicabilidade universal, em
contrapartida pode contribuir para a explicação da evolução de determinadas inovações e do seu impacte.
2. As grandes transformações recentes do comércio retalhista e a cidade do Porto
É notória a existência de traços comuns entre o processo de transformação ocorrido no Porto
industrial do século XIX e o que vive actualmente o "Porto de serviços" de finais de XX.
Como Johnston, para o caso dos cabeleireiros em R. J. Johnston - City and society: an outline for urban geography, Harmondsworth, Penguin, 1980.
51
Tomando como base de estudo o comércio retalhista (incorporando o conjunto dos "serviços
prestados ao público em geral"), parece evidente que em ambos os períodos se gerou um grande número de
novas actividades, em resultado, designadamente, de um processo de segmentação da venda face ao
fabrico, ou da especialização e emergência de novos bens e serviços.
De igual forma, parece visível que em ambos os períodos as localizações preferenciais se
alteraram radicalmente. Assim, enquanto que a "Baixa" pode ser vista, essencialmente, como um
"produto" do século XIX e o resultado das notáveis modificações demográficas, urbanísticas e económicas
do "Porto industrial" que romperam com a estrutura medieva de distribuição funcional segundo
arruamentos profissionais, do mesmo modo as grandes superfícies de venda periféricas, os centros
comerciais e os modernos centros de serviços são, necessariamente, resultantes de alterações
sócio-económicas e urbanísticas recentes que revolucionaram o quadro da organização espacial da
metrópole terciária de finais do século.
O comércio retalhista de XIX era, quase só, o veículo de escoamento de um maior número e
variedade de bens que eram produzidos, parecendo ser possível associar o despertar da sociedade industrial
com as profundas transformações introduzidas no sistema de distribuição, designadamente na medida em
que o processo de industrialização introduziu notáveis acréscimos à diversidade dos produtos e criou
condições de significativo desenvolvimento do mercado, aspectos aos quais não é estranha uma mais clara
e generalizada subdivisão entre o processo de fabrico e a venda do produto.
A oferta de bens e serviços à população em geral, após uma evolução continuada ao longo de
mais de um século, marcada por uma crescente especialização interna e por uma notável disseminação
espacial dos estabelecimentos, tornou-se, nos últimos anos, um dos sectores mais dinâmicos da economia,
não parecendo haver dúvidas que, ao contrário do que ocorreu no Porto no século passado, este conjunto
de actividades (em conjugação com os serviços prestados às empresas) está no cerne das profundas
transformações que a economia urbana evidencia e que se traduzem em alterações em campos diversos e,
designadamente, ao nível da distribuição espacial das actividades.
Entre os sinais mais evidentes desta dinâmica - que alguns, por paralelo com as outras
"revoluções" apelidam de "revolução comercial" -, salientam-se a emergência de novas formas de
urbanismo comercial, como as grandes superfícies periféricas e os centros comerciais e a o papel
significativamente acrescido das chamadas "novas formas de venda", de que a franquia, a tele-compra e a
compra por correspondência constituem exemplo. No seu conjunto e associadamente com alterações
verificadas, designadamente, no tecido económico e no comportamento e na mobilidade do consumidor,
introduzem notáveis alterações na distribuição e na organização espacial, obrigando a questionar segundo
uma nova perspectiva, por exemplo, os papéis do centro e da periferia e o do futuro do comércio
independente, enquanto que, por outro lado, se assiste a um crescente protagonismo por parte de grandes
empresas, que auxiliam a uma cada vez maior importância da distribuição face à produção.
Assim, tal como determinadas inovações formais causam um notável impacte sobre o quadro da
distribuição espacial dos estabelecimentos, também a introdução de empresas de elevada dimensão, são
geradoras de notáveis repercussões em toda a estrutura comercial, bem como na organização intra e
inter-urbana da ocupação funcional, tanto mais quando se introduzem num tecido económico constituído,
maioritariamente, por pequenas e médias empresas (frequentemente de cariz familiar).
Existem todos os sinais pois, que fazem supôr estarmos, nos nossos dias, em presença de uma
qualquer "revolução", cujos contornos se adivinham apenas, mas que obrigam desde já a esquecer
postulados antigos e a procurar compreender, antes de mais, o sentido das alterações e as causas que estão
na base dos processos de transformação.
52
Neste propósito, julgamos adequado, mais que nunca, reflectir sobre o passado e abordar o
presente como um instante só, num longo processo de alteração contínua de um dos sectores mais
dinâmicos da economia, num espaço em perpétua e acelarada transformação, como o espaço urbano.
Tal como na generalidade das cidades do "mundo desenvolvido", assistimos nos últimos anos,
na cidade do Porto, a uma alteração radical de um panorama prevalecente desde há mais de 100 anos e que
consistia na concentração de grande parte dos estabelecimentos comerciais - e a quase totalidade dos
principais- num espaço restrito, "o centro" (ou, no caso, a "Baixa").
Enquanto se rompe com esta "macrocefalia intraurbana", durante as duas últimas décadas
assiste-se também, na área central, não só a algumas alterações significantes no uso do solo, como a um
processo de concentração económica que passa, designadamente, pela diminuição do número de 4
estabelecimentos, com manutenção da área consagrada a outros usos do solo que não a residência .
Paralelamente às perdas que se registam nalguns serviços de carácter comercial, se bem que no
seu conjunto mantenham ainda uma boa representatividade, parece acentuar-se a vocação retalhista da
"Baixa", com uma especialização no equipamento da pessoa. De facto, os estabelecimentos deste conjunto
de actividades, onde se inclui a venda de roupa, tecidos, peles, calçado e acessórios (artigos de ouro e
prata, relógios, brinquedos, malas, etc.), dominam quase em absoluto a ocupação do rés-do-chão e, com as
unidades de serviços de carácter comercial (muito importantes em termos de preenchimento dos
pavimentos superiores), perfazem, em conjunto, 65% do total global considerado (donde foram excluídas
actividades industriais, comércio grossista, serviços de transportes e comunicações e de natureza social).
Parece assim existir, na "Baixa", um duplo processo, de especialização e regressão,
presumivelmente acentuado por medidas de peatonização do espaço de circulação que, sem articularem
convenientemente os circuitos do peão, ao contrário do que acontecia noutras cidades, não contribuíram de
forma significativa para a resolução dos cada vez mais graves problemas de circulação.
Por outro lado, a inflexibilidade dos planeadores em relação à alteração dos usos do solo, ou a
interpretação subjectiva de intenções expressas num documento de 1962, nem sempre puderam dar a
melhor resposta aos anseios do comerciante e do cliente e, sobretudo, à necessidade de vitalização da
"Baixa", face aos novos desafios que lhe são colocados, por novos equipamentos e novas centralidades.
As condições de natureza formal contribuíram também, de modo significativo, para que se possa
falar nos nossos dias de um estado de exaustão do centro tradicional, uma vez que o tecido urbano,
estruturalmente definido no século XVIII, não oferece as condições ideais para a fixação de muitas das
novas actividades económicas ou de novos estabelecimentos de velhas actividades, com as suas ruas
estreitas (também sinuosas e declivosas em muitos casos), os lotes esguios e profundos e os edifícios de
altura relativamente modesta, aspectos que se conjugam com as fracas condições oferecidas ao
automobilista e ao peão, no sentido da repulsão do consumidor (fazendo recordar a época onde idênticas
desvantagens no centro histórico da cidade, favoreceram a emergência do centro retalhista à cota alta).
A nosso ver, a não aplicação, ou inexistência, de uma filosofia de intervenção conducente a uma
melhoria sensível da acessibilidade ao centro da cidade, de articulação das circulações e de promoção da
racionalização das ocupações do solo, a par da escassez de espaços livres passíveis de suportar construção,
ou de espaços onde seja permitido (e rentável) a substituição do imóvel, terão sido decisivas para levar a
que a "Baixa" tenha tido um desenvolvimento horizontal, descontínuo e excessivo, acompanhado de uma
diminuição da capacidade de atracção e de acolhimento à novidade e à inovação.
Verifica-se entre 1972 e 1990 uma diminuição de mais de 100 estabelecimentos, no conjunto das principais artérias da "Baixa".
53
Assim, a afirmação da área da Boavista deve ser entendida, pelo menos em parte, como o
resultado, directo ou indirecto, da incapacidade de aumento da oferta na área central tradicional, a que se
somou, entre outros factores, a acessibilidade acrescida que resultou da abertura da Via Marechal Carmona 5
e da conclusão do tramo Carvalhos-Porto da auto-estrada Porto-Lisboa, via Ponte da Arrábida (1973) .
Assim, ao longo dos últimos anos assiste-se a uma cada vez mais significativa alteração
ocupacional (quantitativa e qualitativa) da área da Boavista- espaço articulado pela Avenida da Boavista e
pela Rua do Campo Alegre (e delimitado grosso modo, a nascente pela Rua de Júlio Diniz e a poente pela
Rua de Serralves) - que passou em cerca de 30 anos, de uma vocação quase exclusivamente ligada à
residência (complementada sobretudo pelo exercício de profissões liberais), para se assumir como um
importante núcleo de concentração do investimento no sector terciário e, designadamente, de praticamente
todo aquele que carece de espaços para a implantação de imóveis de grande volume (hotéis, alguns bancos,
"shopping centres", "business centres", etc.).
No contexto da emergência e afirmação dos novos interesses da economia e da sociedade, a
Boavista assume-se, de facto, como um centro de serviços da maior importância, foco catalizador de um
terciário superior intensamente dinâmico, carenciado de espaços e volumes que permitam afirmar o seu
vigor e modernidade.
Por oposição, a "Baixa" procura manter a sua importância essencialmente ao nível do comércio
retalhista, revelando-s~ ainda como a área mais importante da cidade e do Grande Porto, no que respeita à
concentração da oferta de bens.
Deste modo, atenua-se, ou rompe-se mesmo, com uma estrutura hierárquica bem definida, onde
o centro detinha praticamente o exclusivo das funções centrais de carácter regional e desenvolve-se uma
relação de uma certa complementaridade entre "Baixa" e Boavista, enquadrada por uma crescente atracção
da periferia do município, dentro de um sistema complexo de relações de interdependência e crescente
especialização, numa área metropolitana multicêntrica e de limites incertos, inserida num espaço regional
densamente povoado e de cariz crescentemente urbano.
Neste contexto, onde a dualidade "Baixa" - Boavista parece ser, em parte importante, o
resultado da construção de uma ponte e alguns quilómetros de vias que passaram a tornar regional e
localmente mais acessível um espaço excêntrico ao núcleo principal, importa reflectir sobre o impacte que
terá o fecho de uma via rápida como a Via de Cintura Interna, ou sobre as alterações que serão
introduzidas pela modificação-"revolução" no sistema de transportes que se avizinha (de que o sistema de
relação rápida por carril fixo é um importante elemento) e que vão, por certo, com outras intervenções
previstas, alterar radicalmente as condições de acessibilidade no vasto aglomerado urbano de que o Porto é
o centro principal.
Se hoje em dia se pode grosseiramente falar, no interior do município do Porto, de uma "Baixa"
dominada pelo comércio retalhista, de uma Boavista financeira, de um Núcleo Histórico e de uma Foz de
lazer e de turismo e de um oriente rural, industrial e de residência operária, de futuro haverá que pensar
não só na alteração de algumas vocações actuais, como na afirmação económica de espaços
dominantemente residenciais (Antas, Paranhos, Campanhã) e no surgimento de novas vocações, resultantes
do investimento em equipamentos ligados, por exemplo, ao ensino, cultura e investigação, ou ao turismo e
lazer.
A que há que acrescentar, como auxiliares à compreensão de um dinamismo crescente, a inauguração do Mercado do Bom Sucesso que, em associação com a proliferação dos cafés, gerou hábitos de deslocação à Boavista e a pré-existência de uma população residente com elevado poder de compra.
54
Mas, conjugadamente com uma crescente concentração institucional, haverá também que ter
necessariamente em maior consideração a real tendência para a "perifererização" (ou
"metropolitanização") do comércio e dos serviços e para uma evolução marcada pela criação de padrões
espaciais caracterizados por configurações em rede. Tanto mais quanto são já evidentes os sinais que
confirmam uma especialização territorial de sentido diverso do tradicional e o interesse em localizações
"periféricas à cidade", que já não só para a fixação de grandes superfícies comerciais, e se antevêm
intervenções de vulto, passíveis de gerar estruturas nucleares de significativa dimensão e alcance, de que
são exemplo o "prolongamento" do comércio e serviços perspectivado para sul da Boavista (na área
próxima aos hipermercados de Vila Nova de Gaia), a atenuação da dependência de Gondomar e mesmo a
afirmação supramunicipal do "Centro Direccional" previsto para esta cidade e a construção de
equipamentos como o tri-polar Parque de Ciência e Tecnologia, o "Parque das Nações", ou de centros
comerciais regionais, como o NortShopping.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
O COMÉRCIO DO CONCELHO DE PONTA DELGADA REFLEXÕES METODOLÓGICAS PARA A ABORDAGEM DO COMÉRCIO AMBULANTE
HELENA CALADO JOÃO PORTEIRO Universidade dos Açores-Departamento de Biologia
A presente comunicação pretende apresentar um projecto de investigação, em curso na Secção
de Geografia da Universidade dos Açores.
Elaborado em colaboração com a Direcção Regional do Comércio, esse projecto pretende em
primeira instância analisar a evolução do aparelho comercial do Município de Ponta Delgada, caracterizar
a situação actual, e por fim, permitir alguma visualização de tendências futuras.
O Concelho de Ponta Delgada localiza-se na área Ocidental da Ilha de São Miguel, pertencente
ao Grupo Oriental do Arquipélago dos Açores. Administrativamente encontra-se dividido em 22
freguesias.
A origem vulcânica condicionou um relevo vigoroso e imponente, que transforma a noção de
acessibilidade e distância.
O Concelho engloba 2 das 3 unidades geomorfológicas da ilha de S. Miguel:
1.- Maciço das Sete Cidades (Relevo movimentado com declives acentuados)
2.- Região dos Picos (Plataformas suaves de baixa altitude)
Foi o relevo o principal condicionante da forma como o Povoamento se efectuou e de como ele
se apresenta actualmente:
-Constituído por aglomerados de pequena e média dimensão ( < 1000 hab.), ao longo das linhas
de costa e acompanhado a rede viária.
- A cidade de Ponta Delgada expande-se primordialmente, para a área de declives mais suaves
(Arrifes, Fajãs).
Da população do Município, 61 644 habitantes, (INE, 1991), 72% encontra-se concentrada na cidade
ou freguesias limítrofes, apresentando as freguesias rurais indícios de despovoamento (2 freg. < 100 hab.fkm2).
O Sector III constitui o mais significativo no que respeita à população activa (55,7%) (INE,
1981), apesar da importância que detem a exploração Agro-Pecuária e Pesca.
Durante a fase de recolha de informação deste projecto, surgiram diversos obstáculos e
levantaram-se questões que originaram uma nova orientação do projecto, optando-se por dedicar maior
atenção e estudar com especial detalhe o comércio das freguesias rurais do concelho, e o peso significativo
que o comércio ambulante detém.
De realçar que o Município tem em fase de finalização o seu Plano Director Municipal (PDM)
pelo consórcio, OA- SISMET, com quem se estabeleceu colaboração. Visto não existir na região Cadastro
Comercial nem qualquer estudo relativo ao Comércio, as dificuldades na obtenção de informação
estiveram presentes desde o primeiro momento.
58
Os organismos regionais, apenas nos últimos anos começaram a produzir informação
normalizada, assim apenas quatro fontes foram consultadas:
-SECRETARIA REGIONAL DA JUVENTUDE E RECURSOS HUMANOS (SRJRH) Quadros
de Pessoal (estabelecimentos/pessoal ao serviço).
- DIRECÇÃO REGIONAL DO COMÉRCIO (DRC), Arquivo de Licenciamentos Comerciais
(Cujos registos não apresentam grande fiabilidade visto que os Comerciantes não comunicam a cessação
da actividade e só contempla o último decénio).
- CÂMARA MUNICIPAL Registo de vendedores ambulantes.
- PLANO DIRECTOR MUNICIPAL (PDM) Levantamento Funcional Inquérito de Dependência
de Bens e Serviços.
Relativamente a este último, embora cumprindo os objectivos do PDM, não se revelou eficaz no
âmbito do projecto, visto que se perdeu a informação relativamente à população que efectua as suas
compras a Vendedores Ambulantes V A à porta de casa, na medida em que apresenta a freguesia como
unidade mínima de análise; assim optou-se pela sua repetição.
-No âmbito do projecto
Inquérito ao Comércio (em fase de execução)
Uma questão importante que se põe é a delimitação da zona urbana num território marcadamente
rural (em que a própria cidade se encontra perspassada por essa ruralidade). Esta questão põe-se também
ao nível do comércio, embora não seja tarefa fá~il definir o que é o comércio rural (BEAUJEU-GARNIER,
1977).
Sem querer voltar à velha questão do que é que é rural, e o que é o urbano, tentou-se optar por
um critério pré-existente.
O Dec. Leg. Reg. n° 11/83/ A que estabelece o apoio financeiro aos comerciantes das zonas
rurais, considera como freguesias do centro urbano apenas São José, São Sebastião (Matriz) e São Pedro
que constituem a zona mais antiga da cidade.
A cidade de Ponta Delgada tem em fase de aprovação o seu Plano de Urbanização e em fase de
finalização (como já referido) o seu PDM. Optou-se pelo critério utilizado em conjunto com a equipe do
PDM, visto abranger todo o território e não ser incompatível com a informação recolhida pela DRC. Este
propõe a divisão do território Concelhio em 4 Zonas:
ZONA I- Centro urbano (S. José, S. Sebastião e S. Pedro)
ZONA II- Freguesias Limítrofes ao centro
ZONA III- Eixo Capelas/S. Vicente/Penais da Luz/
Zona IV - Zona rural noroeste - todas as restantes freguesias
Esta divisão foi estabelecida em conclusões apresentadas pela equipe do PDM, que vêm
confirmar a grande dependência de todo o Município relativamente à cidade çie Ponta Delgada (PDL)
(Fig. 1) faz sobressair Capelas na costa Norte, como o núcleo urbano mais importante depois de PDL e
exercendo a sua influência sobre todo o eixo que constitui a Zona III.
59
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FONTE: Inquérito ao local preferencial para a aquisição de bens e serviços- PDM Ponta Delgada- Julho 1991
EXISTÊNCIA DE FUNÇÕES CENTRAIS POR LUGAR
O Comércio apresenta-se como uma componente significativa relativamente ao emprego, e à
actividade empresarial, 43% dos estabelecimentos e 32% da pop. trabalhadora.
O peso assumido pelo ramo de Comércio a Retalho de Géneros Alimentícios e Bebidas (CAE
6201), 29% dos estabelecimentos de Comércio a Retalho e 22% do emprego (SRJRH , 1 990), revela
também a reduzida capacidade de gerar emprego, por unidades que se apresentam muitas vezes como
pequenas explorações familiares.
O Levantamento Funcional realizado pela equipe do PDM em Julho de 1991, detectou 1007
unidades funcionais em que 46% dos estabelecimentos se encontram concentrados em Ponta Delgada.
No registo de Licenciamentos Comerciais da Direcção Regional do Comércio encontram-se 1625
estabelecimentos comerciais e 208 Vendedores Ambulantes.
O Relatório de Actividades de 1991 da DRC, apresenta um aumento significativo dos
Licenciamentos Comerciais ao nível da Região e é notório o peso significativo que representam os V A
(Fig. 3).
Por outro lado, na Câmara Municipal de Ponta Delgada encontram-se registados 96 V A que
operam no Concelho.
60
EVOLUÇÃO DOS LICENCIAMENTOS COMERCIAIS
300
250
200
150
100
50
o 1899 1990 1991
LICENCIAMENTOS COMERCIAIS POR ILHAS- 1991
5,20%
S. Miguel
D Terceira
47,90% São Jorge
O Pico
• Faial
19,80% ISJ Outros
Um território em que a dispersão é grande, a acessibilidade em algumas zonas francamente
reduzida e em que os aglomerados populacionais são de pequena dimensão, parece não constituir um
quadro apelativo à fixação de comerciantes. De facto, apesar da criação, em 1983 do Sistema de Incentivos
ao Comércio Rural, vastas zonas do Município continuam a ser um "deserto comercial".
Da reunião destes factos e da vivência diária no Concelho, onde é raro não encontrar Vendedores
Ambulantes quando nos deslocamos às freguesias rurais, surgiu a necessidade de melhor compreender a
importância da Venda Ambulante no Concelho, quais são os mecanismos que permitem que mantenha um
peso significativo e mensurar este peso.
Face aos dados existentes até ao momento, apenas se pode, condicionalmente, apresentar alguns
dos motivos que levam a esta expressão do comércio ambulante:
I- Grande mobilidade (venda em veículos motorizados de freguesia em freguesia) ultrapassando
assim a questão da acessibilidade e alargando o leque de consumidores.
II- Atendimento personalizado (venda à porta, clientela fixa).
61
III- Forma de pagamento (numa população rural cujas receitas são incertas a forma de
pagamento continua a ser primordialmente o "fiado").
Mas serão estas realmente e exclusivamente! (continuará no futuro, o comércio ambulante a
exercer um papel importante no abastecimento das populações rurais?
Assim embora se mantenham os objectivos iniciais, este projecto desenvolverá ainda as
seguintes acções:
-Inquéritos aos Vendedores Ambulantes (em fase de execução)
- Inquéritos de Dependência de Bens.
A dimensão da amostra, relativamente aos vendedores ambulantes,foi estabelecida com base no
proposto por NORDIN, na sua obra Marchés Commerçants Clientéle-Le commerce non sédentaire de la
région parisienne. e condicionada pela dimensão do universo em causa, (98 V A licenciados pela CM).
Assim para que seja possível a percepção de todo um intrigante mundo de relações, que é o da
venda ambulante, torna-se necessário estabelecer uma amostra suficientemente alargada que permita
estudar a diversidade e especialização destes vendedores e ao mesmo tempo, objectivar as suas
regularidades e características comuns.
Com base nos produtos comercializados, em que o ramo predominante é o alimentar,
estabeleceu-se uma amostra de 30% para este ramo e 10% para outros produtos.
LICENCIAMENTOS COMERCIAIS POR ACTIVIDADE- 1991
Cafés
D Vendedores Ambulantes
• Supermercados 43,10%
D Minimercados
D Mercearias
Outros 11,50%
Após o tratamento desta informação, talvez se torne compreensível o facto de esta forma de
comércio, que noutras regiões tende a desaparecer, consiga não só sobreviver, apresentando características
especiais ( como o facto de não terem locais próprios para venda nem se reunirem em Feiras ou Mercados
de Levante) como ainda, encarar com indiferença o surgimento de novas formas de comércio na cidade.
Esta é uma atitude constatada nos inquéritos até agora realizados em que a quase totalidade dos inquiridos
diz não temer a concorrência dos dois Hipermercados ( um deles já em funcionamento) ou do
desenvolvimento do comércio instalado. Terá tanto optimismo razão de existir?
62
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
O PEQUENO COMÉRCIO ALIMENTAR NA CIDADE DE COIMBRA: AS MUDANÇAS E A SUA PERCEPÇÃO
JORGE MANUEL BASTOS BRANDÃO Comissão de Coordenação da Região Centro
1. Introdução
A presente comunicação resulta de um projecto de investigação integrado no Mestrado em
Geografia Regional da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que agora se encontra em fase de
finalização. O objectivo da investigação tem por base as preocupações com o sector tradicional do
comércio alimentar português, actualmente submergido pela difusão acelerada de novas formas de
comércio, altamente concorrenciais. Estas, têm uma grande aceitação junto dos consumidores, acarretando
profundas alterações nos seus hábitos de consumo e repercutindo-se, com intensidade, nas estruturas do
comércio tradicional, pouco receptivo às inovações porque pouco capacitado da necessidade de
acompanhar os processos de mudança liderados, neste momento, pelos grandes grupos económicos cujas
estratégias ainda ditam as leis neste sector.
Os estudos mais recentes realizados no âmbito do comércio têm centrado a sua atenção nas
novas formas de comércio, pelo que se circunscrevem às cidades e áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Por outro lado, o reduzido volume e as características estruturais da informação sobre este sector impedem
o aprofundamento das análises e o acompanhamento de dinâmicas mais subtis, e daí a necessidade do
recurso à realização de trabalho de campo (inquéritos, entrevistas, levantamentos, etc.). Para além de
outras razões, estas motivaram a escolha da cidade de Coimbra como área de estudo privilegiada.
Existem, mesmo assim, alguns diagnósticos globais sobre o sector comercial português com
destaque para o comércio de retalho alimentar. As similitudes das conclusões entre estudos com diferentes
incidências espaciais e temporais permitem-nos resumir as principais, significativamente coincidentes.
Em 1977 o sistema de distribuição português caracterizava-se pela elevada proporção de
pequenos comerciantes independentes vendendo, a partir de um grande número de pequenas unidades de
venda fisicamente dispersas, uma variedade limitada de artigos o que acarretava aos consumidores a
necessidade de visitar vários locais. A alta proporção de pequenas lojas e a limitada utilização do método
de vendas em livre serviço resultava também numa mais alta força de trabalho no comércio de retalho.
Muitas das pequenas unidades de venda, apresentavam também uma qualidade e um aspecto muito pobres
(MCT, 1979). I
Em 1989, num artigo publicado no Boletim do Comércio Interno era sintetizado assim o
panorama do aparelho comercial português: excessiva pulverização, reduzida dimensão, predomínio das
empresas de tipo familiar e de empresas em nome individual, peso excessivo das formas de venda
não sedentárias tradicionais como a venda ambulante e em feiras, deficiente funcionamento dos circuitos
de distribuição.
Destes dois depoimentos registamos a coincidência entre as conclusões, o que nos leva a
deduzir, globalmente, o reduzido alcance das mudanças sofridas nas últimas décadas.
Estas considerações ajustam-se ainda mais ao sector alimentar onde as alterações com maior
I Pereira, J. A. (1989) O comércio e o impacto na distribuição moderna. Boletim do Comércio Interno, no 16, p. 5-9.
64
impacto começaram a ocorrer apenas na segunda metade da década de 80, contudo, com expressões
espaciais muito diversas.
Deste modo, hoje, encontramos no território nacional disparidades assinaláveis resultantes de
processos de mudança actuais que nos permitem diferenciar, grosso modo, áreas que registam acentuadas
dinâmicas, principalmente os grandes centros urbanos - com destaque para Lisboa e Porto - onde novas
formas de comércio e novos padrões de consumo estão consideravelmente difundidos, e outras áreas, a
maior parte do território português e dos seus pequenos centros urbanos, onde as mudanças que se registam
centram-se na introdução em pequena escala de novos métodos de venda como o livre serviço, a
disponibilização de maior variedade de produtos ou a maior capacidade aquisitiva da população.
O caso que estudamos, Coimbra, situa-se, certamente, entre estes dois extremos.
2. Actividade comercial e organização do espaço na cidade de Coimbra
Das mudanças com maior impacto no tecido comercial (ao nível regional e urbano) destaca-se o
aparecimento dos centros comerciais e das grandes superfícies.
Os centros comerciais, surgidos em Portugal no início da década de 70, só nos anos 80 se
difundirão por todo o território do país. O seu impacto traduz-se, fundamentalmente, na renovação do
tecido comercial de áreas tradicionais, quando aí instalados, ou na promoção de outros centros de
comércio, nomeadamente em áreas residenciais periféricas, dos grandes centros urbanos.
As grandes superfícies, representadas pelos hipermercados ao nível da distribuição de retalho
alimentar, foram introduzidos em Portugal em 1985 tendo já, atrás de si, a experiência dos supermercados
que vinham a aumentar de dimensão. O processo de difusão, quer dos grandes supermercados quer dos
hipermercados, delineado pelas estratégias das empresas promotoras, seguiu um modelo similar ao que se
registou com a introdução de outras inovações em Portugal, basicamente organizado em três tempos:
primeiramente a instalação nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa, expansão aos centros urbanos mais
próximos do litoral e, finalmente, aos centros urbanos do interior e sul (Pereira e Teixeira, 1989; Cachinho,
1991).
Mas se o número de hipermercados e supermercados é ainda relativamente reduzido no conjunto
de unidades de distribuição de retalho alimentar, já a sua participação no volume de vendas arrebatou a
preponderância aos pequenos estabelecimentos. A. C. Nielsen Comp. estimava que em 1990, hiper e
supermercados representavam 38,5% do volume de vendas total no ramo alimentar de retalho
(representando apenas 0,8% dos estabelecimentos), outros livres serviços 19,7%, grandes mercearias
15,3% e pequenas mercearias 26,5%, quando em 1976 estes dois últimos grupos de estabelecimentos
representavam mais de 75% do volume de vendas (DGCI, 1991). Estas mudanças associam-se a alterações
profundas nos hábitos de consumo - em especial ao nível dos locais de frequentação, dos produtos
consumidos ou no relacionamento comerciante - cliente.
Até há relativamente poucos anos o comércio conimbricense concentrava-se fundamentalmente 2 .
na Baixa (com excepção do pequeno comércio alimentar tradicional, distribuído pelo tecido urbano), entre
as estreitas ruas denominadas, apropriadamente, pelas actividades que acolhiam- comerciais e artesanais.
A expansão urbana da cidade a partir do núcleo central, durante este século, só bastante mais tarde foi
2 Gama e Santos (1991) definem o núcleo comercial central, a Baixa, pelas ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz, Sofia e Figueira da Foz, a Oriente, e pelas avenidas Emídio Navarro e Fernão de Magalhães, a Ocidente, com duas extensões: a avenida Sá da Bandeira/Praça da República e o sector Norte da avenida Fernão de Magalhães. ·
65
acompanhada pela descentralização da actividade comercial e pela criação de novos centros de comércio,
tendo permanecido, até bem perto de nós, concentrada na Baixa. Segundo Caetano (1970: 61), para os
consumidores representava grandes vantagens "pois aqui se encontra praticamente de tudo ... e à mão! Só
quem vive em Lisboa e palmilha as distâncias, conhece a enorme dificuldade em conseguir um lugar livre
para parquear o carro e desespera para arranjar táxi."
Já nos anos 70, desenvolveram-se duas áreas de alguma concentração comercial, integradas em zonas
residenciais, aproveitando as potencialidades oferecidas pela população numerosa, pertencente à classe média
·mais abastada e localizando-se junto a vias estruturantes da cidade: o largo de Celas - avenida
Calouste Gulbenkian, por um lado, e a rua do Brasil - Solum, por outro. Estes dois novos centros de comércio,
onde os serviços comercializáveis tomaram também um importante papel, tiveram por base pequenas
aglomerações de comércio alimentar (e também de estabelecimentos como cafés e restaurantes) mas foram
impulsionadas, definitivamente, pela localização de centros comerciais, já nos anos 80.
O primeiro centro comercial em Coimbra surgiu em 1980, localizado numa extensão do centro
da cidade: a avenida Sá da Bandeira (figura 1). Actualmente existem 9 centros comerciais em Coimbra,
que totalizam perto de 460 estabelecimentos de comércio e serviços (350 lojas comerciais). Localizam-se
5 na Baixa (aí encontra-se um novo em construção) e suas extensões. Na avenida Calouste Gulbenkian
foram instalados 3 centros comerciais, lado a lado, que perfazem cerca de 160 estabelecimentos. Na
Solum, o centro comercial Girassolum tem cerca de 115 estabelecimentos (aproximadamente 90 lojas
comerciais e 25 estabelecimentos de serviços).
A dimensão destes empreendimentos e o seu impacto no conjunto do tecido comercial de
Coimbra traduziu-se em importantes alterações nos hábitos comerciais dos seus habitantes, quer em termos
de locais quer do tipo de comércio frequentado. O comércio tradicional, conhecido pela sua baixa 3
qualidade , tem vindo a modernizar-se criando uma nova imagem face à concorrência dos novos
estabelecimentos (para quem conhece a Baixa de Coimbra, uma rápida visita será elucidativa).
Em relação ao comércio alimentar, pouco significativo no conjunto dos estabelecimentos dos
centros comerciais ( 4,0% ), fundamentalmente baseado em pequenos estabelecimentos dispersos pelo
espaço urbano, ainda não revelou alterações estruturais profundas. Contudo, algumas mudanças têm
ocorrido que prefiguram as transformações que ocorrerão a curto prazo.
A instalação, a breve trecho, de um hipermercado foi precedida por dois estabelecimentos de
uma cadeia de supermercados de implantação nacional- INÔ- em 1988 e 1990 (figura 1). Estes, criaram
alguma expectativa entre os comerciantes locais e introduziram uma nova vertente nas possibilidades de
abastecimento dos agregados familiares conimbricenses. Área suficientemente vasta que permite "imitar" o
modelo de abastecimento familiar associado à ocupação de tempos livres e, por consequência, ao usufruto
do espaço comercial também como um espaço de lazer.
Todavia, já nos anos 60, Coimbra tinha visto a introdução da fórmula dos supermercados em
especial através da constituição de uma empresa de âmbito regional promovida por comerciantes locais
-COLMEIA- que inaugurou a primeira loja em 1965, chegando a ter 8 supermercados (1 em Miranda do
Corvo, 1 em Condeixa-a-Nova e os restantes na cidade de Coimbra). A instalação destes estabelecimentos
teve algum impacto no comércio tradicional, ainda hoje não esquecido. As suas consequências
traduziram se, nomeadamente, na modernização de muitas mercearias tradicionais que adquiriram o
estatuto de minimercados.
3 Caetano (1970: 61) referia-se assim ainda ao problema do comércio de Coimbra: "disseram-me que o comércio «rico» ou de maior importância é feito pelos conimbricenses no Porto e, muito especialmente, em Lisboa".
Centros comerciais
II]
m m ll] Primavera
[!I Visconde
[[)Amado
[!] Sofia
[!lJ Avenida
(!I Tropical
[!3 D. Dinis (em construção)
Lojas das cadeias de supermercados
0 INÔ
0 COLMEIA
Feiras e mercados
<:!> Mercado D. Pedro V
~ Mercado do Calhabé
~ Mercado do Alto de Santa Clara
~ Mercado semanal bairro Norton de
Figura 1 - Localização das principais estruturas comerciais da cidade de Coimbra &
N
i I I I o 300 m
67
3. O pequeno comércio alimentar: organização e funcionamento
Tradicionalmente tem-se considerado a cidade de Coimbra como um centro de comércio e
serviços cuja actividade está orientada não só para a população residente na cidade e no concelho, mas
também para uma vasta população da Região Centro que aqui acorre em busca da prestação dos seus
serviços e ainda porque aqui trabalha.
Segundo dados da Direcção Geral do Comércio Interno, em 1990, haveria cerca de
16 estabelecimentos comerciais por 1 000 habitantes (est./1000 hab.) no Continente Português, subindo
esse valor para 20 no concelho de Coimbra. Relativamente ao comércio alimentar, essas relações seriam de
7 est./1000 hab. no Continente e 10 est./1000 hab. no concelho de Coimbra.
Ainda em 1990, 74,6% das empresas do concelho de Coimbra inscritas no seu Centro Regional
de Segurança Social pertenciam ao tradicional sector terciário (quadro 1). 34,5% pertenciam ao ramo do
comércio, enquanto ao comércio de retalho pertenciam 25,5%. Em termos de emprego, o sector terciário
representava 55,3% do total, o ramo do comércio 23,0%, enquanto o comércio de retalho apenas 14,8%.
Quadro 1- Repartição sectorial do emprego no concelho de Coimbra (1990)
%empresas %emprego Emprego/ Emp. fem./
em ores a emo. total
Sector primário 4,8 2,0 4,2 41,4
Sector secundário 20,6 42,7 20,9 35,8
Comércio por grosso 9,0 8,2 9,2 24,5
Comércio de retalho 25,5 14,8 5,9 37,5
Total do comércio 34,5 23,0 6,8 32,9
Restaurantes e hotéis 10,5 5,3 5,1 52,0
Serviços 29,6 27,0 9,2 53,9
Total das actividades 100,0 100,0 10,1 41,0
Fonte: CRSSC, 1990
As dificuldades criadas pelas classificações estatísticas, mais evidentes no comércio alimentar,
levaram a que tivéssemos de recorrer a um levantamento no terreno dos estabelecimentos de comércio
alimentar que procurou ser exaustivo, na área da cidade de Coimbra (de que a figura 2 dá conta
relativamente às mercearias, minimercados e supermercados). Não contabilizando os estabelecimentos
integrados em mercados municipais (D. Pedro V e Calhabé), foram reconhecidos, segundo a função
comercial desempenhada, os estabelecimentos constantes no quadro 2.
A característica mais saliente nos estabelecimentos comerciais é a sua dimensão física. Este é o
primeiro aspecto que se realça quando se referem, por exemplo, os hipermercados ou os centros
comerciais, já que cortam com a tradicional imagem das pequenas lojas.
À dimensão física- passível de tradução na área de exposição e vendas dos estabelecimentos -
podem associar-se outras características, menos visíveis, como o número de empregados ou o volume de
vendas, mas de significativa relevância.
A pequena dimensão dos estabelecimentos comerciais inquiridos, é elucidada por aqueles três
indicadores.
Figura 2 -Localização na cidade de Coimbra das mercearias, minimercados e supermercados ~
•
• • •
•
+ Mercearia, minimercado ou supermercado
N
i • I I I o 300m •
69
Quadro 2 - Estabelecimentos reconhecidos e inquéritos realizados segundo a sua função principal
Estabelecimentos Inquéritos realizados
reconhecidos No o/o No o/o o/o (E. r.)
Mercearias, minimercados e supermercados 176 66,4 106 73,1 60,2
Talhos e charcutaria 42 15,8 24 16,5 57,1
Padarias 15 5,7 4 2,8 26,7
Peixarias 7 2,6 5 3,4 71,4
Frutarias 11 4,2 4 2,8 36,4
Garrafeiras 3 1,1 1 0,7 33,3
Alimentação racional 5 1,9 1 0,7 20,0
Outras lojas especializadas 6 2,3
TOTAL 265 100,0 145 100,0 54,7
Fonte: Levantamento no terreno, 1991.
Inquérito directo, 1991.
A pequena área de exposição e vendas dos estabelecimentos está generalizada aos diversos tipos
de estabelecimentos (quadro 3). É que 69,0% dos estabelecimentos têm menos de 75 m2 (no caso 4 <
específico das mercearias· são 68,0%). Por outro lado, com mais de 200m2, limiar mínimo legal na
legislação sobre os supermercados, foram inquiridos 2 estabelecimentos (classificados no grupo das
mercearias). Em relação às outras funções comerciais, não foi inquirido nenhum estabelecimento com mais
de 150m2.
Em termos de volume de vendas (quadro 4), apesar do grande número de inquéritos
não respondidos ( 4 7,6% ), podemos reter alguns factos de relevo, designadamente: o predomínio dos
estabelecimentos com um volume de vendas entre os 10 e os 50 mil contos/ano (31,8% do total dos
estabelecimentos inquiridos e 60,5% dos que responderam). Apenas 8,3% tinham um volume de vendas
inferior a 5 mil contos/ano enquanto, acima de 100 mil, contaram-se 4 casos (3 no grupo das mercearias
que correspondem aos supermercados e uma padaria/pastelaria).
O predomínio da propriedade individual da empresa (80,7% dos estabelecimentos inquiridos)
associa-se ao uso, em larga escala, da informalidade do trabalho familiar, tradicional no comércio
alimentar, o que gera grandes dificuldades na avaliação estatística do emprego.
Para o diferenciar daquela forma de prestação de trabalho, considerámos na situação de
empregado todos os trabalhadores não familiares e os trabalhadores familiares que recebem salário,
têm participação nos lucros ou estão inscritos como tal em esquemas de segurança social.
Ainda assim, 50,3% dos estabelecimentos não têm nenhum empregado (percentagem um pouco
mais elevada no caso das mercearias e talhos) enquanto apenas 27,6% não recorriam ao trabalho familiar
(em 16,5% dos estabelecimentos trabalhava apenas o comerciante). Os estabelecimentos com maior
número de empregados são alguns minimercados e supermercados e as padarias que associam o fabrico de
pão, estando contabilizados também os empregados daquela secção (quadro 5).
O trabalho familiar apresenta, também, diversas formas. Desde o familiar que é sócio do
estabelecimento trabalhando nele a tempo inteiro, até ao familiar que, esporadicamente, quando as suas
actividades próprias lhe permitem, ajuda em tarefas específicas ou em períodos do dia/semana em que há
maior frequentação da clientela e cujo atendimento exige maior quantidade de mão de obra, do que a
que trabalha habitualmente no estabelecimento.
4 Englobamos também os minimercados e supermercados para simplificação quer no texto quer nos quadros.
70
O cônguje do comerciante trabalha em mais de metade dos estabelecimentos inquiridos - 54,6%
(em 49,0% é o cônjuge o único familiar a trabalhar). Em 23,4% dos estabelecimentos trabalham outros
familiares, enquanto em 14,5% são os únicos familiares a trabalhar. Contudo, os tempos destinados ao
trabalho no estabelecimento são muito variáveis: desde trabalho a tempo inteiro até trabalho esporádico,
quer dos côngujes quer de outros familiares, podendo aparecer formas complementares em que mais do
que um familiar trabalha no estabelecimento (em 9,1% dos estabelecimentos ocorrem aquelas formas, quer
entre o cônguje e outros familiares, quer entre outros familiares). Em 43,6% dos casos há algum familiar a
trabalhar a tempo inteiro enquanto em 10,3% trabalha algum familiar não mais do que esporadicamente.
A forma de prestação do serviço ao cliente é também um elemento fundamental de
caracterização do comércio alimentar. O livre serviço abrange mais de metade dos estabelecimentos do
grupo das mercearias. Contudo, é significativo o facto de ainda 43,4% daqueles estabelecimentos
centrarem o seu serviço na forma tradicional ("atrás do balcão").
4. O comerciante e a decisão sobre a actividade e a localização
O grande predomínio de empresas em nome individual (80,7%) e em nome colectivo (17,2%)
perfazendo quase a totalidade dos inquiridos, associado ao facto de 89,7% dos comerciantes serem ao
mesmo tempo proprietários, leva-nos a supor que a responsabilidade da gestão e as tomadas de decisão,
estão centralizadas. A participação dos familiares que trabalham no estabelecimento pode ser, contudo,
relevante pois, muitas vezes, estão associados à sua gestão, nomeadamente nos casos em que são também
proprietários.
As decisões ao nível destes estabelecimentos comerciais aplicam-se desde a escolha do
estabelecimento a adquirir ou a localização do estabelecimento a criar, até aos aspectos da sua gestão
diária.
Segundo Merenne-Schoumaker (1984) e Cowlard (1990), o grau de optimização de uma decisão
dependerá, fundamentalmente, da informação disponível e da capacidade de decisão. Por seu lado, em
decisões mais importantes como a localização ou o estabelecimento a adquirir, quer a informação
disponível quer a capacidade de decisão dependem, em larga escala, das características profissionais,
socio-económicas ou mesmo culturais do comerciante, mas também dos conhecimentos que este tem do
sector (muito variável entre os que desde jovens trabalham nesta actividade, os que depois de desempenhar
outras funções enveredaram pelo comércio, ou os mais jovens que iniciaram recentemente a sua actividade
profissional) e do conhecimento do meio onde investem (clientela potencial residente ou de passagem e
suas características socio-económicas, concorrência local ou que tenha influência sobre a área, ambiente
comercial e não comercial local, etc.).
À frente dos destinos dos estabelecimentos inquiridos encontrámos 30,3% de mulheres. Em
estabelecimentos como as peixarias e frutarias encontramos maior proporção de mulheres (respectivamente
75,0% e 71,4%) pois são, no comércio, as suas actividades mais tradicionais.
Em termos de estrutura etária (quadro 7), a idade média dos comerciantes inquiridos é de
48 anos. O mais novo tinha 21 anos e o mais velho 86 anos. Mais de metade dos comerciantes (56,6%)
tinham entre 40 e 60 anos, enquanto aqueles com menos de 40 anos representavam 27,6% do total. Nas
mercearias, há uma tendência para um maior envelhecimento dos comerciantes (com menos de 40 anos
representam 21,7%).
71
À idade relativamente alta dos comerciantes associa-se a baixa escolaridade (quadro 8).
62,1% apenas tinham finalizado ou frequentado a instrução primária. Em 2 casos apenas sabiam ler e
escrever, enquanto que com frequência do ensino superior existiam 6 casos.
É também relevante, em termos de envolvimento na actividade, o motivo da escolha da profissão
de comerciante.
A grande maioria dos comerciantes rumaram para esta profissão sem objectivos muito
directamente ligados com a actividade em si (quadro 9). 18,6% disseram que a necessidade de arranjar
emprego os tinha levado a esta actividade, 20,7% disseram que era o que sabiam fazer (desde novos
trabalhavam no comércio) e em 9,7% dos casos referiram não ter havido nenhum motivo especial.
Noutra vertente, 16,6% dos inquiridos disseram que tinham investido no comércio por motivos
relacionados com a melhoria das suas condições de vida (não só económicas).Também foi significativo o
número de respostas relacionadas com gosto e vocação. Apesar destes motivos terem sempre um peso
inferior em todos os níveis etários, não deixa de ser relevante o facto de aumentar com a diminuição da
idade, demonstrando um possível maior envolvimento no comércio por razões mais objectivas, tendo por 5
base estratégias individuais ou familiares de investimento .
Quase três quartos (71,7%) dos estabelecimentos inquiridos, foram adquiridos pelo actual
proprietário enquanto 22,8% foram criados de raíz. Apenas em 7 casos tinha ocorrido herança e num caso
estava arrendado. Daí não se poder falar propriamente de decisão de localização, antes de decisão sobre
qual estabelecimento adquirir.
Em 33,1% dos casos questionados sobre o motivo da localização/aquisição (quadro 10), foi
referido o interesse em iniciar um negócio e a disponibilidade daquele estabelecimento para venda.
Também assume relevo a resposta "por acaso" ou "sem motivo especial" (15,2%). A indefinição da
resposta (tanto relacionada com a constituição como com a aquisição) só reforça a ideia transmitida
anteriormente: a incapacidade em promover uma estratégia credível de investimento, principalmente na
constituição de uma empresa, recorrendo-se àquelas já constituídas que asseguram uma organização
estruturada (organização interna do estabelecimento, dos abastecimentos, definição de uma clientela), mas
que não impede alguns insucessos (as razões para que um estabelecimento esteja à venda podem ser
variadas),
9,7% responderam que achavam um bom negócio ...
Já 18,6% responderam que a decisão tinha dependido da boa localização do sítio, relacionada
com a existência de uma zona residencial em expansão, com um local de passagem, uma zona comercial
(fortemente atractiva da clientela), ou um local sem concorrência.
5 Diversos autores têm desenvolvido a ideia da existência de poucas diferenças entre o comportamento de empresas ou organizações e dos indivíduos nomeadamente face à questão do consumo: "Contrary to popular belief, research clearly indicates that organizational buyers are no more rational than consumers in their purchase decisions" (Sheth, 1977, p. 30, citado por Horton, 1984, p. 356). Apesar das diferenças entre a situação que analisamos e os comportamentos face ao consumo corrente, não podemos deixar de equacionar as similitudes entre o comportamento do cliente habitual e o comerciante que adquire o seu estabelecimento.
72
Merc. % Talho % k:harcut Padaria Peix. Frutarial Garraf. Al.Rac. Total % i Quadro 3 - Superfície de exposi ão e vendas <25m2 13 12,3 2 11,8 1 1 3 20 13,8 25 a49 m2 36 34,0 7 41,2 2 1 1 1 1 49 33,8 50 a 74m2 23 21,7 3 17,6 1 2 1 1 31 21,4 75 a 99m2 13 12,3 1 14 9,7 100 a 149m2 11 10,4 1 12 8,3 150 a 199m2 2 1,9 2 1,4 200 a 249m2 2 1,9 2 1,4 200 a 250m2 1 0,9 1 0,7 300 a 399m2 1 0,9 1 0,7 NRINS 4 3,8 5 29,4 1 3 13 9,0
Total 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 1 1 145 100,0 Quadro 4 -Volume de vendas(contos) < 1 000 1 0,9 1 0,7 1 000 a 4 999 9 8,5 1 1 11 7,6 5 000 a 9 999 13 12,3 1 5,9 14 9,7 10 000 a 19 999 20 18,9 4 23,5 1 1 1 27 18,6 20 000 a 49 999 14 13,2 1 5,9 1 2 1 19 13,1 50 000 a 99 999 100 000 a 149 000 3 2,8 1 4 2,8 NRINS 46 43,4 11 64,7 3 2 6 1 69 47,6
Total 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 1 1 145 100,0 I Quadro 5 - Número de empregados
Nenhum 56 52,8 9 52,9 1 2 4 1 73 50,3 1- 2 37 34,9 8 47,1 3 1 3 52 35,9 3-4 5 4,7 2
' 1 1 9 6,2
5-9 8 7,5 8 5,5 10-20 3 3 2,1
Total 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 1 1 145 100,0 Quadro 6- Natureza jurídica Emp. nome individual 91 85,8 13 76,5 3 3 7 117 80,7 Soe. em nome colectivo 14 13,2 4 23,5 1 3 1 1 1 25 17,2 Sociedade anónima 2 2 1,4 Sociedade por quotas 1 0,9 1 0,7
Total 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 1 1 145 100,0 Quadro 7 - Idade do comerciante
<30 5 4,7 4 23,5 1 1 11 7,6 30-39 18 17,0 4 23,5 1 1 3 2 29 20,0 40-49 33 31,1 4 23,5 1 2 1 41 28,3 50-59 31 29,2 4 23,5 1 2 2 1 41 28,3 60-69 14 13,2 1 5,9 2 17 11,7 70-90 4 3,8 1 5 3,4 NR/NS 1 0,9 1 0,7
Total 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 1 1 145 100,0 Fonte: Inquérito directo, 1991.
73
Quadro 8 -Nível de instrução do comerciante
Merc. % Talho % Charcut. Padaria Peix. Frutaria Garraf. Al.Rac. Total %
Apenas sabe ler e escrever 2 1,9 2 1,4
Instrução primária 72 67,9 7 41,2 1 2 2 5 1 90 62,1
E. preparatório 5 4,7 2 11,8 1 8 5,5
E. secundário (até 9° amo) 8 7,5 4 23,5 2 1 2 1 18 12,4
E. secundário (até 12° ano) 5 4,7 4 23,5 1 1 11 7,6
E. técnico com. e indust. 7 6,6 1 8 5,5
Ensino superior 5 4,7 1 6 4,1
NR/NS 2 1,9 2 1,4
Total 106 100 17 100 4 5 4 7 1 1 145 100,0
Fonte: Inquénto drrecto, 1991.
Quadro 9- Motivo para a escolha da actividade de comerciante segundo a idade
<30 30-39 40-49 50-59 60-69 >70 NRJNS Total %
Por acaso ou sem motivo espcial I 1 5 5 2 14 9,7
Desde novo é o que sabe fazer 1 3 lO lO 5 I 30 20,7
Arranjar emprego 3 6 6 lO I I 27 18,6
Influência familiar ou herança 7 9 1 2 I 20 13,8
Investir com vista a obter compensações 3 8 3 5 3 2 24 16,6
Por vocação I por gosto 2 3 4 7 2 18 12,4
Vontade de ser independente 1 1 0,7
Ajuda a familiar ou subst. de empregado 1 1 2 4 2,8
NRJNS 1 2 1 2 1 7 4,8
TOTAL 11 29 41 41 17 5 I 145 100,0
Fonte: Inquérito directo, 1991.
Quadro 10- Motivo para a localização do estabelecimento segundo a instrução do comerciamte
Apenas Intrução Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino NR/NS Total %
sabe ler e Primária Preparat. Secund. Secund. Técnico Superior
escrever (até 9° (até 12° Comere.
ano) ano) e
Industria
Por acaso/nenhum motivo especial 16 2 2 I 1 22 15,2
Queria montar negócio e estava à venda I 32 3 7 3 2 48 33,1
Já era empregado no estabelecimento 4 4 2,8
Pertencia à família (compra ou herança) 5 1 2 1 2 II 7,6
Achou um bom negócio 7 3 2 2 14 9,7
Próximo do local de habitação 6 1 2 9 6,2
Local calmo e limpo 1 1 0,7
Boa localização: 14 2 4 5 1 1 27 18,6
Boa localização - zona residencial 4 1 2 I 8 5,5
Boa localização - zona em expansão 2 1 1 1 5 3,4
Boa localização - local de passagem 2 2 1,4
Boa localização - sem concorrência 5 1 2 1 9 6,2
Boa localização - zona comercial 1 1 1 3 2,1
NR/NS 1 5 2 1 9 6,2
TOTAL 2 90 8 18 11 8 6 2 145 100,0
Fonte: Inquérito directo, 1991.
74
5. Percepção e perspectivas de mudanças no comércio
Questionados sobre as mudanças no comércio em geral no passado e as mudanças que
perspectivam para o futuro, os inquiridos fizeram ressaltar à evidência três grandes áreas: alterações nas
estruturas comerciais; alterações nas condições de enquadramento da actividade comercial; alterações no
comportamento dos consumidores. Estas áreas, representam os inputs fundamentais de dinâmica do sector.
As alterações nas estruturas comerciais no passado (mudanças internas à actividade comercial)
foram caracterizadas fundamentalmente por:
- modernização dos estabelecimentos comerciais quer em termos de equipamento quer em
termos do serviço prestado. Vários termos foram usados pelos comerciantes para a designar:
reestruturação, modernização, actualização, melhoramentos, eficiência, substituição;
- aumento do número de estabelecimentos comerciais, destacando-se os estabelecimentos
modernos, as grandes superfícies e os centros comerciais. Esta situação foi, muitas vezes, referida como
aumento da concorrência (desleal) através dos preços ou dos horários;
- diminuição dos pequenos estabelecimentos ou a tentativa de reorganização que realizam.
As alterações das condições de enquadramento da actividade comercial centram-se nas
condições materiais do comércio - os produtos (apresentados como tendo aumentado significativamente
em termos de variedade, qualidade e apresentação), e nas políticas praticadas pelos diversos agentes
intervenientes: Estado (liberalização e subida dos preços; aumento dos impostos; publicação de legislação
sobre condições de higiene dos estabelecimentos) e instituições financeiras (apoio dos bancos às grandes
empresas).
As alterações no comportamento dos consumidores resultam de alterações no seu poder de
compra (referido por alguns como tendo aumentado e por outros como tendo diminuído), além de
alterações no seu nível de exigência (qualidade) ou dos hábitos de compra (expansão do hábito de compra
nos supermercados e hipermercados).
Com um esquema simples podemos rever como aqueles aspectos se relacionam entres si, sendo
ao mesmo tempo causa e efeito:
Alteração nas condições de enquadramento da actividade comercial
Alteração nas estruturas comerciaiS
Alteração no comportamento do consumidor
Fig. 3 - Factores da dinâmica do comércio
75
Apesar das respostas sobre as mudanças no passado e as mudanças no futuro se distribuírem por
aquelas três áreas, na análise prospectiva houve maiores dificuldades de resposta (4,1% dos inquiridos
disseram não saber e 27,6% não responderam, quando esses valores relativamente à primeira, foram
1,4% e 7,6%, respectivamente).
Globalmente, como seria de esperar, existe menor capacidade de avaliar as transformações em
geral e em especial as ligadas ao enquadramento da actividade comercial e ao comportamento do
consumidor devido à sua maior contingência e, portanto, a maior variabilidade a curto e médio prazo.
Assim, enquanto as respostas naquelas duas áreas tiveram um peso de 29,0% e 24,6%, respectivamente, na
questão sobre o passado, baixam para 16,2% e 5,4% respectivamente, na questão sobre o futuro
(quadro 11).
Por outro lado, houve uma tendência para um maior peso das respostas com um sentido mais
negativo (aumento das falências, subida do custo de vida ou diminuição do poder de compra dos
consumidores).
Relativamente às mudanças que a actividade e o estabelecimento comercial do inquirido
sofreram no passado, onde 21,4% não responderam, pudemos estruturar as respostas nos seguintes grupos
(quadro 12): alterações nos estabelecimentos e nos serviços prestados (fundamentalmente alterações no
sentido da modernização e melhoria dos serviços prestados); alterações negativas no nível de actividade; e
alterações positivas no nível de actividade (19,3% dos inquiridos responderam não ter havido qualquer
alteração).
As alterações negativas no nível de actividade e que atraíram a maioria das primeiras respostas
(41,2%) relacionam-se com o aumento da concorrência, dos preços e diminuição dos clientes e
a consequente diminuição das vendas e do volume de negócios. Contudo, no conjunto das 3 possibilidades
de resposta dadas aos inquiridos, são as alterações nos estabelecimentos e nos serviços prestados aquelas
que assumem maior peso (43,0%), demonstrando que, apesar do aumento das dificuldades sentidas pelos
comerciantes, não deixaram de investir na sua actividade.
Em relação aos projectos para o futuro, salienta-se o facto de a maioria dos inquiridos não ter
sabido ou não ter querido responder (60,0%) denotando dificuldades na construção de cenários de
evolução futura e pequena capacidade de iniciativa. Entre os que responderam à questão, 46,6% projectam
fazer alterações nos seus estabelecimentos, enquanto 39,7% prevêm uma mudança de actividade com
destaque para os que abandonariam o comércio.
Os motivos para tais alterações, relacionam-se pouco com a instalação de concorrentes locais,
conforme se pode inferir do quadro 13, onde 57,9% dos inquiridos afirmaram que a sua instalação
não provocou nenhuma alteração. Antes, têm sido as mudanças nas mentalidades e nos hábitos dos
consumidores influenciados por mecanismos globais de transmissão da informação - em especial através
da publicidade - e não tanto por novos locais de comércio que poderiam oferecer as novidades em termos
de produtos e formas de consumo, que têm provocado as maiores alterações.
O impacto previsível de uma grande superfície como um hipermercado apresenta, para os
inquiridos, outros contornos. 68,3% afirmaram que, naquela situação, seriam muito afectados e apenas
13,1% disseram não prever qualquer alteração (quadro 14).
É neste sentido que entre as medidas propostas pelos comerciantes face àquela eventualidade
(quadro 15) se destacam a criação de formas de compensação dos comerciantes estabelecidos,
nomeadamente a criação de estruturas organizativas (41,0% dos inquiridos), mas também o impedimento
da sua instalação ou as restrições ao seu funcionamento (30,0%) demonstrando a existência de
sensibilidades diferentes àquele problema.
76
Quadro 11 -Alterações na actividade comercial segundo a idade do comerciante (peso percentual de cada grupo de respostas)
< 30 30-39 40-49 50-59 60-69 >70 NR Total
Alteracões - Passado
Estruturas comerciais 36,8 41,7 47,8 50,0 48,6 28,6 100,0 46,4
Condições de enquadramento da actividade comercial 31,6 31,3 31,3 23,5 27,0 57,1 29,0
Comportamento do consumidor 31,6 27,1 20,9 26,5 24,3 14,3 24,6
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Alteracões - Futuro
Estruturas comerciais 76,9 85,2 80,0 82,9 54,5 50,0 78,5
Condições de enquadramento da actividade comercial 23,1 7,4 15,0 8,6 45,5 50,0 16,2
Comportamento do consumidor 7,4 5,0 8,6 5,4
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Inquérito directo, 1991.
Quadro 12 -Alterações na actividade comercial e no estabelecimento comercial do comerciante
Passado Futuro
I' Resposta Total Respostas I' Resposta Total Respostas
Total % Total % Total % Total %
Alterações nos estab. e nos serviços prestados 36 31,6 64 43,0 27 46,6 38 54,3
Mudança de local 2 1,8 2 1,3
Modernização e inovação 14 12,3 20 13,4 16 27,6 17 24,3
Novos equipamentos, mobiliário e diferente exposição 4 3,5 5 3,4 I 1,7 3 4,3
Ampliação do estabelecimento/remodelação 5 8,6 6 8,6
Melhoria do visual/aspecto 6 5,3 8 5,4 I 1,7 2 2,9
Informatização I 0,7 I 1,4
Instalação do livre serviço 3 2,0
Melhoria do serviço prestado (melhor atendimento) 4 2,7 I 1,7 3 4,3
Criação de novos serviços I 1,4
Fim do crédito aos clientes I 0,9 I 0,7
Mais variedade de produtos 8 7,0 II 7,4 I 1,7 2 2,9
Maior qualidade dos produtos I 0,9 9 6,0 2 3,4 3 4,3
Alterações negativas no nível de actividade 47 41,2 51 34,2 6 10,3 6 8,6
Aumento da concorrência li 9,6 12 8,1 2 3,4 2 2,9
Aumento dos preços I 0,9 I 0,7 I 1,7 I 1,4
Diminuição vendas, actividade, vol. negócios ou lucros 33 28,9 36 24,2 2 3,4 2 2,9
Maiores dificuldades para os comerciantes I 0,9 I 0,7 I 1,7 I 1,4
Diminuição dos clientes I 0,9 I 0,7
Alterações positivas no nível de actividade 9 7/) 12 8,1 2 3,4 3 4,3
Aumento dos clientes 8 7,0 10 6,7 2 3,4 2 2,9
Aumento do volume de negócios I rendimentos I 0,9 2 1,3
Expansão da empresa I 1,4
Mudanças de actividade 23 39,7 23 32/]
Especialização do estabelecimento I 1,7 I 1,4
Diversificação de investimentos I 1,7 I 1,4
Mudança de ramo 5 8,6 5 7,1
Abandono da actividade (outra actividade ou emigração) 10 17,2 10 14,3
Abandono da actividade- devido à idade 5 8,6 5 7,1
Demolição do prédio I 1,7 I 1,4
Não houve 22 19,3 22 14,8
TOTAL 114 100,0 149 100,0 58 100,0 70 100,0
Não sabe 9 8
Não respondeu 22 79
(% de inquiridos que NR/NS) 21,4 60
Fonte: Inquérito directo, 1991.
Quadro 13 -A opinião do comerciante: impact;cta instalação de concorrentes locais
Merc. % Talho % Charcut. Padaria Peix. Frutaria Garraf. AI. Rac. Total %
Muitas alterações 17 16,0 6 35,3 I I 2 27 18,6
Poucas alterações 17 16,0 2 11,8 I 2 27 15,2
Nenhumas alterações 65 61,3 8 47,1 4 I 3 2 I 84 57,9
Não sabe 6 5,7 0,0 I I 8 5,5
Não respondeu I 0,9 I 5,9 2 4 2,8
TOTAL 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 I l 145 100,0
Fonte: Inquérito directo, 1991.
Quadro 14-A opinião do comerciante: impacto previsível da instalação de um hipermercado em Coimbra
Merc. % Talho % Charcut. Padaria Peix. Frutaria Garraf. AI. Rac. Total %
Muitas alterações 74 69,8 lO 58,8 3 3 3 4 l I 99 68,3
Poucas alterações 15 14,2 2 11,8 3 20 13,8
Nenhumas 12 11,3 3 17,6 I 2 l 19 13,1
Não sabe 4 3,8 I 5,9 5 3,4
Não respondeu I 0,9 I 5,9 2 1,4
TOTAL 106 100,0 17 100,0 4 5 4 7 I l 145 100,0
Fonte: Inquérito directo, 1991.
Quadro 15-A opinião do comerciante: Medidas a tomar face à possiblidade de instalação de um hipermercado em Coimbra
Merc. % Talho % Charcut. Padaria Peix. Frutaria Garraf. AI. Rac. Total %
Nenhuma 18 15,7 2 11,1 I I 2 I 25 15,9
Compensar os outros comerciantes 15 13,0 2 11,1 I I 2 21 13,4
Facilidades iguais aos outros comerciantes 4 3,5 I 5,6 I 6 3,8
Criar estruturas organizativas 29 25,2 I 5,6 I 3 2 3 39 28,8
Não ser pem1itida a sua instalação 23 20,0 5 27,8 I 29 18,5
Restringir a sua instalação e funcionamento 14 12,2 4 22,2 18 11,5
Decretar preços iguais em todos estabelecimentos 2 1,7 I 3 1,9
Boicote aos fornecedores que os favorecem I I 0,6
Estudo da situação de Coimbra I 0,9 I 0,6
NS/NR 9 7,8 3 16,7 I I 14 8,9
TOTAL 115 100.0 18 100.0 5 5 5 7 I I 157 1000
Fonte: Inquérito directo, 1991. ::::}
78
6. Conclusão
Se considerarmos como estruturantes do processo global de mudança do comércio alimentar em
Coimbra, a introdução da fórmula do supermercado na década de sessenta e dos supermercados de média
dimensão no final dos anos 80, não podemos deixar de registar que estamos próximo do início de uma
nova fase neste sector, com a introdução das grandes superfícies. A diminuição do tempo entre o
aparecimento daquelas novas unidades comerciais demonstram o aumento da velocidade das
transformações e, certamente também, o aumento do seu alcance e impacto.
Segundo Brown (1987: 189) desde as cadeias de lojas, supermercados, lojas de desconto até aos
hipermercados e outros, todos foram, no início, criticados, acusados de práticas comerciais injustas e
sujeitos a tentativas para afectar o seu sucesso. Contudo, muitos afirmam que é este conflito o motor das
mudanças no comércio, a essência da inovação.
O aparecimento dos primeiros supermercados e do livre serviço não provocou alterações
significativas nos hábitos dos consumidores. Antes provocaram uma reacção do comércio tradicional que
adoptou algumas das suas características - a principal o livre serviço. Os estabelecimentos entretanto
criados juntaram as vantagens de uns e outros: o modernismo do estabelecimento e do serviço por um lado,
e a informalidade da relação comerciante - cliente, por outro.
Já os supermercados de média dimensão, introduziram a primeira possibilidade de usufruto
não comercial do espaço de exposição e vendas, em especial para os consumidores que não têm acesso às
grandes superfícies doutros centros.
As alterações que um hipermercado pode provocar são de outra dimensão.
Detendo a cidade de Coimbra pouco mais de 90 mil habitantes e a sua área urbana cerca de 6
120 mil, associado ao facto de se estenderem por uma área relativamente pequena, registamos que a 7
instalação de um hipermercado dentro da cidade, acarretará, em primeira análise, algumas consequências
ao nível das formas de abastecimento dos agregados familiares: os abastecimentos mais raros das famílias
(semanal ou mensal) exigindo, normalmente, a utilização de veículo próprio, vai atrair pessoas de todas as
partes da cidade; apenas os agregados das áreas mais afastadas sem veículo próprio terão mais dificuldades
de acesso, dependendo de possíveis adaptações das linhas dos transportes públicos; a integração daquela
unidade na cidade, gera uma bacia de clientes relativamente importante que podem ali aceder a pé, quer
para a realização de compras mais raras quer para as compras regulares.
Não é, pois, sem motivo que grande número de comerciantes se mostr<?u apreensivo face à sua
instalação. Mas para além das naturais críticas e reservas, como fez notar Brown, certamente isso
provocará alguma reacção do pequeno comércio.
A dinamização do processo de modernização do tecido comercial deverá ser uma realidade,
passando quer pela actualização de alguns dos estabelecimentos que já existem quer pela sua substituição
(também dos comerciantes). Contudo, este não será um processo rápido já que se os pequenos
estabelecimentos caracterizados pelo baixo volume de vendas, por um lado, detêm pouca capacidade para
promover investimentos significativos necessários à sua modernização, por outro lado, associados ao
pequeno número ou mesmo ausência de empregados, privilegiando o trabalho familiar, detêm
6 Segundo os dados preliminares do Censo de 1991. 7 Segundo Lusitano e Catarino (1992: 218), o hipermercado localizar-se-á numa zona residencial de alta densidade e na proximidade de grandes equipamentos de ensino.
79
uma capacidade de adpatação passiva às mudanças - em especial à possibilidade de diminuição da
clientela - através de ajustamentos nas formas de prestação de trabalho e nos rendimentos do agregado do
comerciante. Funcionando essencialmente como "locais de emprego para o comerciante e seus familiares",
os agregados adaptar-se-ão a menores rendimentos ou poderão diversificar as suas fontes de rendimento
recorrendo a empregos noutras actividades.
Aqueles, porém, que dispõem de capacidade financeira e empresarial para dinamizarem o seu
próprio processo de mudança, reclamando apoios para a prossecução dos seus objectivos, nomeadamente
através de políticas de incentivos ao investimento não podem encará-los como mero meio de sobrevivência
mas antes como forma de proporcionar as transformações que se traduzam na oferta de maiores níveis de
qualidade e satisfação aos clientes, em consonância com os objectivos de uma política global de promoção
do desenvolvimento económico e social.
Bibliografia
Brown, S. (1987) Institutiona1 change in retailling: a geographical interpretation. Progress in Human Geography, vol. II, 2. Cachinho, H. (1991) Centros Comerciais em Lisboa. Os Novos Espaços de Consumo. Centro de Estudos Geográficos, no 37. Caetano, E. (1970) Coimbra e os seus Problemas. Atlântida Editora, Coimbra. Cowlard, K. (1990) Decision-making in Geography. A Manual of Method and Pratice. Hodder & Stoughton, Londres. Direcção Geral do Comércio Interno (1991) O Comércio em Números. Lisboa. Lusitano Santos e Catarino M. (1992) Problemes de localisation d'une grande surface dans une ville moyenne. Actas do
Colóquio Commerce, Amenagement et Urbanisme Commercial. Merenne-Schoumaker B. (1984) Le choix d'une localisation commerciale. Le Commerce Urbain Français. Ed. A. Metton,
PUF, Collection Université d'Orléans. Ministério do Comércio e Turismo (1979) O Planeamento do Comércio Retalhista em Portugal. Relatório da Missão
Realizada pelo sr. Bryan Wade e patrocinada pela OCDE. Lisboa. Pereira, J. A. (1989) O comércio e o impacto na distribuição moderna. Boletim do Comércio Interno, no 16, p. 5-9. Pereira, M. e Teixeira, J. ( 1989) Os supermercados em Portugal: distribuição geográfica e estratégias empresariais.
Distribuição Hoje, no 22, p. 41 -54.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
FUNCIÓN COMERCIAL Y ORGANIZACIÓN DEL TERRITORIO A TRAVES DEL EJEMPLO DE UNA CABECERA COMARCAL DEL INTERIOR GALLEGO.
RO_MAN RODRIGUEZ GONZALEZ Universidad de Santiago de Compostela.
De entre todas las actividades que un núcleo urbano concentra, la comercial es, quizás, la que
presenta un mayor grado de interrelación y de dependencia con el espacio que lo rodea. Tal afirmación
tiene una doble vertiente. Por una parte el comercio, y su grado de alcance, genera un área de influencia
clave en la articulación local y comarcal, configurando sistemas, o regiones funcionales, controladas por
un núcleo central que atrae hacia si toda una serie de flujos humanos y económicos. Por otra parte la
organización del sector comercial, cuya oferta debe estar, lógicamente, en función de los virtuales
consumidores, permite extraer deducciones sobre el poder adquisitivo, las estructuras productivas y
el grado de desarrollo económico de una sociedad.
En este sentido, y a través del ejemplo concreto de una cabecera comarcal del interior gallego,
LALÍN (provincia de Pontevedra), se enmarca el doble objetivo de la presente comunicación. En primer
lugar lograr una aproximación al papel que tales entidades desempenan en la articulación territorial y
funcional de la Galicia actual. En segundo, demostrar como el proceso de desarrollo económico integral
que experimenta la pequena ciudad y su entorno rural a partir de los anos sesenta, repercute en
un incremento cuantitativo y cualitativo de la función comercial.
1.- ALCANCE COMERCIAL, PIEZA BASICA EN LA ARTICULACIÓN DE UN TERRITORIO.
A la hora de abordar la organización de una actividad tan geográfica como la presente nos vemos
en la obligación de hacer referencia al papel que desempena a la hora de establecer toda una serie de
modelos de ordenación espacial. Pese a que tradicionalmente se ha hecho una lectura, en clave
economicista, de Galicia como una comunidad eminentemente agraria, desorganizada y aislada de
las estructuras productivas del mundo occidental; sin embargo la situación actual, y los estudios que sobre I
ella se hacen , modifican sustanciablemente esta premisa. En este sentido Galicia se presenta como
una región periférica en el sistema económico capitalista, donde las pautas que este introduce fijan un
espacio especializado, afectando por igual tanto la aldea más diminuta como la ciudad más relevante.
Debemos entender nuestra comunidad en base a los contrastes geográficos y funcionales de los
cuales, la actividad comercial (junto a otras como la sanitaria, la escolar. .. ) son un ilustrativo reflejo. Los
dos polos centrales del sistema territorial gallego, formados por las regiones urbanas de Vigo-Pontevedra y 2
La Coruna-Ferrol , presentan unas áreas de influencia y, por tanto, una capacidad de organizar el territorio,
1 Sobre todo a partir de las aportaciones de X. M. Souto González. 2 Sólo las cuatro ciudades, sin tener en cuenta el resto de los municípios (que le prestan actividades especializadas), pertenecientes a su región funcional, concentran cerca de 113 de la Pbl. gallega, y en ellas se concentran las grandes superficies comerciales e hipermercados (Corte Inglés, Continente, ... ) junto a las empresas de mayores índices de producción y empleo: Pescanova, Citroen, Zara ...
82
que supera con creces los límites estrictamente administrativos de sus mancomunidades, alcanzando a gran
parte de la superficie gallega. Cuentan, para ello, tanto con grandes superficies comerciales, como con
comercios minoristas de alto grado de especialización. Junto a ellas Santiago, Lugo Y Orense sirven de
punto de referencia en la compartimentación de un interior gallego predominantemente agrícola; si bien en
el caso de la ciudad compostelana su funcionalidad se ve notablemente incrementada por su tradición
religiosa y universitaria acompanada de la capitalidad político administrativa.
Como quiera que las leyes fundamentales de la teoría comercial implican una serie de umbrales
de demanda y distancia a la hora de acceder al uso y consumo de todo bien o servicio, entre las siete 3
anteriores y el mundo rural existen un número oscilante de asentamientos urbanos de pequeno tamafío que
sirven de engarce entre ambos medios. En este grupo se encuentra Lalín. Con cerca de 7.000 Hbt en 1990
se localiza aproximadamente en el sector central dei territorio gallego, sirviendo de núcleo rector de un
área de fuerte presencia agrícola/ganadera (la comarca dei Deza) formada por los municipios de, aparte dei
propio, de Silleda, Dozón, Villa de Cruces, Rodeiro y Agolada lo que hace una extensión total de 985 Km2
y una población cercana a los 50.000 Hbt. Una vez centrados en el ámbito comarcal se hace patente
comprenderlo como un espacio polarizado alrededor de un núcleo central que canaliza y organiza los flujos
económicos y humanos del sistema que organiza. Teóricamente este corresponde a los municipios
anteriormente citados aunque, en las áreas más alejadas dei núcleo, su atracción disminuye formándose
áreas de interferencia (sobre todo en la parte más oriental de Silleda y Villa de Cruces, debido a su
proximidad a Santiago de Compostela).
El carácter de villa de mayor entidad dentro de su comarca (complementada por las capitales
municipales cuyo volumen demográfico no sobrepasa los 1.500 Hbt) le permite una dotación comercial de
extraordinaria importancia debido a la especialización como centro abastecedor de bienes y servidos de
todo tipo a su "hinterland", ello hace que la población de los territorios que organiza no tenga necesidad de
desplazarse a una ciudad de mayor rango, salvo para aquellos de un alto grado de especialización: cirugía,
librerías científicas ... De este modo debemos entender la relevancia que desempena el comercio en las 4
cabeceras comarcales gallegas .
Como resultado de este proceso estructurador podemos concluir que el territorio gallego sufre
una jerarquización a partir de una serie de núcleos aglutinadores de población y funciones, las cabeceras
comarcales, que canalizan las interrelaciones con los espacios rurales, desempenando un papel relevante en
areas de un desarrollo económico integral.
2. - LA FUNCIÓN COMERCIAL, SIMBOLO DEL GRADO DE DESARROLLO ECONÓMICO DE UN ESPACIO
Desde su orígenes todo núcleo urbano se caracteriza por concentrar los intercambios y atender a
las necesidades de bienes y servicios de la población de la misma aglomeración y de su "hinterland". Tal
hecho propicia el establecimiento de un diálogo en el que la oferta comercial debe ponerse en función de
los potenciales demandantes. En este ·sentido la organización comercial de toda villa o ciudad debe
3 Su volumen demográfico oscila entre los 3.000-10.000 Hbt según las características del poblamiento y la densidad de población de cada espacio de referencia. Su número oscila entre las 40-50 según los criterios seleccionados. 4 En algunas cabeceras comarcales encontramos cantidades tan elevadas como, por ejemplo, en Viveiro, núcleo más pujante de la costa norte de Lugo, donde tenemos 1 unidad comercial por cada 8 personas; o casos aún más curiosos y significativos como Sarria donde encontramos 1 establecimiento textil minorista por cada 28,5 Hbt extràordinariamente más elevada que la media gallega de 71 establecimientos/Hbt
83
relacionarse las estructuras productivas y las singularidades socioeconómicas propias y de su
espacio circundante.
En este ámbito comarcal que nos atiende, se experimenta un muy notable incremento
cuantitativo y cualitaiivo de las unidades comerciales que no vienen más que a ser el reflejo del
desenvolvimiento económico acaecido en el espacio articulado por la villa de Lalín desde la década de
los sesenta.
EVOLUCIÓN DE UNIDADES COMERCIALES 1960-1990
ACTIVIDAD 1960
ZAPATERIAS 4
CONFECCION 8
FOTOGRAFIA 1
CONC. AUTOMOVILES
PIENSOS/ ABONOS 5
DROGUERIA 2
1990
17
39
5
10
14
10
Tal aumento numérico debemos relacionado con un incremento del potencial consumidor por
unidad familiar, ya que la población total del área de influencia de este núcleo sufre una contracción en el 5
período de estudio . Por otra parte el fuerte proceso de concentración demográfica y de actividades 6
acaecidas en Lalín , no basta por si sólo para justificar el importante papel que el comercio juega en su
estructura económica. No debemos olvidamos que esta villa, al servir de centro abastecedor de bienes y
servicios de su comarca, se ve beneficiada por el aumento del nível de vida de la misma y por la
posibilidad de efectuar un número mayor de compras en el núcleo central, que trae como resultado la
consolidación de tal actividad.
Se establece así un proceso en el cualla elevación de la disponibilidad monetaria repercute en un 7
parejo aumento de la población terciaria y de las unidades comerciales. Las claves del desenvolvimiento
económico de este espacio se entiende en base a la mutación de las estructuras agrícola/ganaderas,
encaminadas hacia una creciente especialización en la producción láctea. Esto es consecuencia directa de
un proceso inducido por la implantación en la capital comarcal de dos empresas de corte capitalista
NESTLÉ Y UTECO, cuyas políticas consiguen romper los moldes económicos tradicionales e introducir
las tareas agrarias en el sistema de mercado. Este fenómeno implica, por una parte, la aparición de una
serie de nuevas necesidades para hacer frente al proceso productivo: maquinaria, abonos, semillas, ... cuyas
unidades abastecedoras se establecen en el punto más accesible y central; y, por otra, dicha modernización
permite al campesino un incremento de su nível de rentas y una mayor holgura económica que repercute
directamente en un aumento de la capacidad consumidora canalizada, en gran medida, hacia la villa
de Lalín.
Al mismo tiempo que se produce esta mutación en el mundo rural, se experimenta un creciente
desarrollo industrial, de corte endógeno, basado e dos ramas productivas intensivas en mano de obra
5 Los ayuntamientos de sú partido judicial, que configuran su área funcional, pasan de 63.722 Hbt en 1960 a 48.501 en 1990. 6 La villa central desde 1900 a 1990 sufre un aumento porcentual del 635%, concretada, fundamentalmente, en las últimas décadas, donde pasa de 2678 Hbt. en 1960 a 6563 en 1990. 7 En 1960 tenemos 421 trabajadores terciarios en el núcleo de Lalín, 50,1 %, mientras en 1990 aumenta a 2044 que supone el 74,5%.
84
(textil y construcción) y en la carpintería metálica. La particular coyuntura económica y política que se 8
vive en las últimas tres décadas permite una constante reinversión de los benefícios , con el fin de
aumentar la producción, y la posibilidad de absolver gran cantidad de trabajadores que la modernización
agraria, por mor de la mecanización, subempleaba o forzaba a la emigración.
Todo ello, en conjunto, implica un aumento del nível de rentas, de la capacidad consumidora por
unidad familiar y el crecimiento y consolidación de la función comercial en Lalín (pese a la contracción
demográfica que experimenta el total de su área de influencia), muy favorecida por las fáciles
comunicaciones y la situación central de la villa dentro de su área funcional.
En paralelo a toda esta espiral de mutaciones sociales y económicas el empleo comercial que
posee el núcleo de Lalín pasa de suponer el 8,4% de su población activa total en 1960, al 22,4% en 1990.
En un principio no parece un porcentaje definitorio para una entidad con un elevado grado de
especialización comercial. Sin embargo si tenemos en cuenta que estos datos sólo hacen referencia a 9
"comerciantes" y "dependientes", y no a la categoría de "empresarios" , se puede deducir que el número de
población empleada en el comercio es superior. Esto es debido a la naturaleza y estructura de la actividad,
dándose una primacia dei comercio minorista con escaso número de dependientes y donde el "empresario
comerciante" es la figura principal.
CONCLUSIÓN
De este modo se entiende la importancia que el sector comercial adquiere en la articulación
territorial de todo espacio mediante el establecimiento de una serie de flujos económicos y humanos entre
este y los núcleos rectores dei sistema. En otro sentido, como la estructura, organización y fuerza de dicho
sector es deudor, en todo momento, de la evolución económica, histórica y social de la región funcional
que organiza.
BIBLIOGRAFIA
DURAN VILLA, F., LOIS GONZALEZ, R.C., LOPEZ ELVIRA, M.J. y MONTOTO QUINTEIRO, J.: Viveiro. A chegamento á realidade dun núcleo urbano galego. Santiago de Compostela, 1986.
FERRER REGALES, M.: Los sistemas urbanos. Madrid, 1992. ARMAS DIEGUEZ, P.: Análise xeográfica das actividades terciarias compostelás. Santiago de Compostela, 1989. LOPEZ GONZALEZ, A.: E1 estudio geográfico dei comercio minorista a partir de tres ejemplos dei interior de Galicia.
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8 No debemos olvidar la importancia que en este proceso adquieren las remesas de capital procedente de la emigración, sobre todo, en e! sector de la construcción. 9 Los propietarios de las unidades comerciales varían en cuanto a su fijación estadística entre "comerciantes" y "empresarios", al comprobarse que numerosos indivíduos propietarios de comercias se censan como "empresarios".
85
ARTICULACIÓN FUNCIONAL DE LA COMARCA DEL DEZA.
• CAPITAL MUNICIPAL
• PARROQUIA/NUCLEO DE POBLACION !
,., ... ..'-·- LIMITE MUNICIPAL
..,....-.... CARRETERA NACIONAL
~ CARRETERA COMARCAL
~ PISTAASFALTADA
R ~
Area de vecinidad
Area de influencia directa
Area de intcrfcrcncias
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
QUATRO DÉCADAS DE BEJA UMA BUSCA DAS BRUSCAS TRANSFORMAÇÕES ( 1950- 1989)
DAVID ARGEL Escola Secundária de Diogo de Gouveia, Beja HELENA GUERREIRO MARQUES Escola Secundária no 2 de Beja
Com a obra" Quatro Décadas de Beja- Uma Busca das Bruscas Transformações (1950-1989)"
faz-se uma apresentação de aspectos da organização espacial associados à dinâmica funcional de uma
cidade de província e da sua importância para o planeamento regional e urbano.
A estrutura do livro que aqui se apresenta inclui três capítulos: I - Beja no tempo e no espaço;
II - O comércio e os serviços - 40 anos de grandes transformações; III - Para uma avaliação global das
mutações.
Resenha histórica
Beja é geralmente considerada de fundação céltica ou pré-céltica. Frequentemente sujeita a
diversas invasões e lutas pela sua ocupação, a cidade foi, ao longo da história, vítima de destruições e
saques, que a desapossaram de muitos dos seus vestígios monumentais. Com as invasões napoleónicas,
Beja é mais uma vez atingida. Em meados do século XIX são construídos novos edifícios, destinados a
albergar repartições e serviços estatais, mas é nos finais do século passado que Beja conhece um período
de nítida expansão, associada ao caminho de ferro. Fomentam-se então diversas obras no interior da
cidade, com o alargamento e a pavimentação de vários largos e ruas, não tendo havido nenhuma relutância
em construir nos espaços de oiro do recinto amuralhado, à custa da demolição de um património
monumental que Beja chora ainda hoje. Aponta-se apenas como exemplo a destruição da maior parte do
Convento da Conceição, onde professou Soror Mariana Alcoforado. Vivia-se então o surto demolidor
desse tempo em que, no dizer de José Hermano Saraiva, " tudo quanto pudesse recordar o mundo extinto
era considerado feio, reaccionário, carecido de substituição radical ".
A Beja não chegam, porém, muitos reflexos da industrialização liberal. A sua indústria, muito
incipiente, sempre tem vivido ligada à actividade agrícola. Apesar disso, o progresso vai invadindo a
cidade que também vê aumentadas por via férrea as suas ligações a outros centros. Em 1902 é aberto à
circulação o ramal de Moura e em 1906 a linha do sul atinge Vila Real de Santo António, factos que
contribuíram também para o desenvolvimento da cidade. As inaugurações sucedem-se. Em 1923 e
em 1926 são inaugurados, respectivamente, os serviços de abastecimento de água e de energia eléctrica e
variadíssimos edifícios e equipamentos públicos vão também surgindo.
Sítio e situação de Beja
A cidade de Beja situa-se a 38°02' de latitude N e 7°53' de longitude W sobre um relevo
residual de gabro que atinge 284 m no seu ponto de maior altitude. Os solos que rodeiam Beja têm origem
na faixa diorítica que atravessa o distrito. São os barros negros de Beja, " polpas gordas, fundeiras,
88
ubérrimas, as terras nobres de melhor pão ", no dizer de Manuel Ribeiro, solos das classes A e B,
protegidas pelo decreto-lei 551/82, de 16 de Novembro, que cria a Reserva Agrícola Nacional. O seu
afastamento em relação ao litoral oeste é, aproximadamente, de 80 Km, em linha recta, distando, também
em linha recta, cerca de 50 Km da fronteira espanhola. Beja é a capital do mais extenso distrito do país,
que ocupa 11,5 o/o da área continental portuguesa. No que se refere às vias de comunicação e aos
transportes públicos que ligam Beja a Lisboa e às três capitais de distrito que lhe estão geograficamente
mais próximas, podemos dizer que Beja tem uma forte acessibilidade por transportes públicos a Lisboa e
Setúbal. Sendo boas as estradas, também é boa a acessibilidade por transporte automóvel privado. A Évora
e a Faro a acessibilidade é média.
Síntese demográfica
A população do concelho e do distrito de Beja cresce a um ritmo bastante acelerado de 1920 a
1940, sendo a aceleração menor nas freguesias urbanas do que nas rurais que acabam por marcar o ritmo
do crescimento populacional do concelho. Neste período, o Alentejo é uma região que atrai população.
Migrações internas sazonais, originárias das Beiras e da Serra Algarvia, chegam ao Alentejo para
participarem nos trabalhos agrícolas, à época intensivos em mão-de-obra, acabando alguns destes
migrantes por se fixarem nas áreas rurais. De 1940 a 1950 verifica-se uma viragem na história da evolução
demográfica do concelho. As freguesias rurais começam a perder população, enquanto a cidade continua a
crescer demograficamente. De 1950 a 1970, a população do concelho decresce de forma rápida, devido ao
acentuar do êxodo _rural. Estes fluxos demográficos inserem-se no amplo fenómeno migratório que atingiu
todo o país, com particular incidência na década de 60-70. No início da década de 70, o peso relativo aos
conjuntos populacionais rural e urbano são iguais. A partir de então a população da cidade apresenta um
ritmo de crescimento quase exponencial, idêntico ao que se verifica no concelho, sendo actualmente a
cidade que marca o ritmo da evolução demográfica concelhia.
A distribuição espacial da população no concelho de Beja evidencia uma grande diferenciação
entre a pressão demográfica das freguesias rurais e urbanas.
Na freguesia urbana mais densamente povoada a densidade populacional é superior a
700 hab/Km2. A freguesia rural menos densamente povoada tem uma densidade populacional inferior a
7 hab/Km2.
Pop. (em milhares)
~ I • • ••• • .. • • • • . • • .. • • • .. • • • .. • • .. • ..... • • • • • • • • . • • • • • • • • • . • • • .. • 20
16
12
8
4
o +-----~---+----~----+---~-----r----+-----~---+----+---~ 1864 1870 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981
-ts-- Freguesias Urbanas ---4.----- Freguesias Rurais --o--- Concelho
59%
I
26%
II 0 III
1960
15%
62%
18%
II 0 III
1981
89
No que diz respeito à estrutura da população activa, os sectogramas que a ilustram mostram
grandes transformações entre 1960 e 1981. Estas transformações patenteiam uma forte terciarização do
concelho, onde obviamente a cidade tem grande peso ( e não as freguesias rurais que, assim, asseguram
uma certa importância ao sector primário).
A expansão urbana
Através da análise comparada da evolução demográfica e da expansão urbana, verifica-se que é
possível estabelecer algumas conexões. De 1920 a 1940, o ritmo de crescimento da população citadina
sofre uma aceleração, ainda que moderada. São desse período, que corresponde grosso modo às 3• e 4•
décadas deste século, muitas das construções que se podem observar na cidade, embora algumas já tenham
sido atingidas por processos de renovação urbana. São casas que ocupam grandes áreas ( a especulação
fundiária ainda não tinha chegado a Beja ). As construções a que nos referimos tinham uma organização de
acordo com as funções a que eram destinadas. Dispunham todas de um quintal enorme, a que se tinha
acesso por um largo portão, com ombreiras e arco de cantaria, geralmente encimado pelas iniciais do nome
do proprietário e/ou a data de construção. Para o quintal davam as cavalariças e outras dependências
- celeiro, palheiro, amassadoria, casa da lenha, casa do forno - que atestam o carácter autosuficiente
dessas habitações, a que não é exagero chamar " montes transplantados ", onde alguns bens e serviços
eram ainda obtidos no âmbito doméstico. A esses quintais, por cujos muros caiados trepavam geralmente
as parreiras, a caminho dos caramanchões, de onde provinha a dádiva das uvas e da sombra, nem falta
sequer o poço para a sede dos homens e dos bichos. Das dependências residenciais destas casas, uma parte
era ocupada pelos grandes proprietários e outra, bem diferenciada, destinava-se aos criados.
Foi neste contexto de expansão urbana que Beja ficou dotada com um magnífico exemplar da
arquitectura portuguesa, uma das " casas portuguesas " do arquitecto Raul Lino. Nesta mansão funciona
actualmente o Centro Regional de Saúde.
Com uma certa decadência da aristocracia rural, algumas destas casas funcionais e ostentatórias
foram sendo ocupadas por funções diversas, das quais as primeiras terão sido as estalagens.
O ritmo de crescimento da população vai aumentando progressivamente a partir de 1940. A área
urbana também continua a crescer. Em 1942, o perímetro da cidade foi dilatado a poente, não por casas
senhoriais, mas por um bairro social - o Bairro da Apariça - que, apesar de algumas alterações e
adaptações introduzidas pelos seus ocupantes, ainda hoje apresenta as características da 1 a fase da
90
habitação social do Estado Novo, características que também se encontram noutro bairro social inaugurado
em 1948- o Bairro Salazar (hoje Bairro Catarina Eufémia)-, que constitui um prolongamento do Bairro
da Apariça e que amplia o perímetro urbano no sentido WNW.
Paralelamente às construções de carácter social, surgem vivendas ao longo das estradas para
Mértola e para a Salvada e do espaço que é hoje a Avenida Vasco da Gama. A cidade cresce, a traça
arquitectónica vai-se modificando, ao sabor das modernidades e das necessidades de cada época e das
alterações quantitativas e qualitativas do tecido social. As vivendas dos finais da década de 40 e dos
anos 50 apresentam uma fisionomia bem diferenciada das casas solarengas já descritas. Têm garagem, em
vez de cavalariça, que dá para um espaço ajardinado, aberto e de dimensões relativamente exíguas,
apresentando alguns laivos da arquitectura moderna de inspiração "corbusiana". A construção das vivendas
é da iniciativa da burguesia citadina, em regra descendente da velha aristocracia rural, que exerce agora na
cidade profissões liberais ( médicos, advogados, engenheiros, etc. ).
O crescimento urbano de Beja começa a preocupar os responsáveis pelo município. Em 1949,
Beja foi objecto do 1 o Plano Geral de Urbanização, do qual não se faz ideia, por não existir qualquer
documentação nos arquivos camarários. Em 1954, Beja volta a ser objecto de um 2° Plano Geral de
Urbanização. Neste plano é afectada uma vasta área à expansão urbana. Em 1955, os responsáveis pelo
Município expressavam assim as suas preocupações: " Como é sabido, há várias zonas da cidade, e vastas,
que não estão urbanizadas. Está a construir-se nelas em más condições e o município vê a área da cidade a
aumentar, mas de maneira indesejável. O critério seguido foi mau e a situação financeira que encontrámos
não permitiu que medidas se tomassem para conjurar o mal. Devia o Município ter comprado terrenos,
urbanizá-los e depois proceder à sua venda. Vamos ver se no próximo ano é possível extrair uma certa
verba para a compra de terrenos e sua urbanização e pôr travão à anarquia em que se vive".
Em 1960, é inaugura.do o Bairro das Caixas de Previdência, mais um bairro social que surge no
contexto das urbanizações sociais do Estado Novo, na sua 2• fase.
Em 1967, Beja vai ser objecto do seu 3° Plano Geral de Urbanização. Este plano propunha uma
expansão de cerca de 285 hectares, proposta que excede em muito as necessidades da altura, excedendo até
as expectativas mais distantes.
Em 1974, surge outro Plano Geral de Urbanização, que é uma proposta de contenção em relação
ao plano anterior. As áreas de expansão habitacional são muito reduzidas e aparecem envolvidas por
cinturas verdes.
Em 1978179, o PGU de 1974 foi revisto, através de uma síntese de zonamento, proposta pelos
Serviços Técnicos da Câmara Municipal de Beja.
Este conjunto de áreas de expansão, devidamente planeadas, permitiria que o crescimento de
Beja pudesse não ser mais obra do acaso ou do jogo de interesses políticos ou económicos, que são
geralmente factores determinantes do crescimento e da modelação dos espaços urbanos.
Mas será mesmo assim?
Os actuais limites da área urbana de Beja resultaram dos vários planos de que a cidade foi alvo
nas últimas três décadas. A cidade está delimitada por um conjunto de infraestruturas viárias ( estradas
nacionais e caminhos de ferro ) dificilmente modificáveis. As estradas nacionais que circundam Beja
foram classificadas como itinerários principais no Plano Rodoviário Nacional. Segundo se afirma nos
Estudos Prévios do Plano .Director Municipal, " dentro destes limites todos os terrenos, mesmo que com
uso agrícola ou em abandono, passaram a perspectiva de transformação do seu uso para fins urbanos "
(relatório 7, pág 33 ).
Pelo que atrás se apontou acerca dos vários planos de urbanização para Beja, e embora
91
não saibamos os princípios orientadores que levaram às propostas de expansão urbana verificadas nas
diferentes épocas, é mais que evidente que tais propostas ultrapassavam de longe as reais necessidades e
potencialidades de crescimento da capital do Baixo Alentejo.
É característico, em economia de mercado, o processo de produção da cidade comprometer áreas
em excesso e, sempre que possível, em descontinuidade espacial, com vista à criação de "bolsas"
expectantes, para aumentar a renda fundiária. Este processo, que é bastante lesivo dos interesses
colectivos, obriga a autarquia a utilizar recursos suplementares em infraestruturas e equipamentos.
Geralmente, os habitantes das novas áreas em expansão são, durante largo tempo, obrigados a suportar os
inconvenientes da ausência de certas infraestruturas. A pavimentação de arruamentos e a arborização dos
espaços destinados a logradouros arrastam-se até que a construção da área seja totalmente concretizada.
Beja não é excepção a esta regra, "verificando-se na cidade um largo excedente de área em urbanização ou
aprovada em relação às necessidades e potencialidades para o curto/médio prazo e, obviamente, em relação
aos próprios horizontes do Plano" (Estudos Prévios do PDM, relatório 7, pág 14 ).
A nosso ver, o aspecto mais gravoso, relacionado com a expansão urbana é o facto de esta estar a
consumir solos de elevado potencial agrícola.
Retomando a comparação entre o crescimento demográfico e o crescimento urbano, verifica-se
que o maior crescimento demográfico da cidade corresponde às décadas de 70 e 80. Dado que, nas mesmas
décadas a expansão urbaria acusa um forte incremento, entre as duas variáveis estabelece-se uma
correlação positiva.
O comércio e os serviços - 40 anos de grandes transformações
Ao longo das últimas quatro décadas a paisagem funcional da cidade transfigurou-se, quer
quantitativa quer qualitativamente. É sobretudo a esta dimensão qualitativa da mudança que nos referimos
na obra que temos vindo a apresentar. As actividades passaram a assumir novas formas, em obediência a
novas necessidades e possibilidades. Foi assim que, entre diversas outras transições, se passou dos fornos
às padarias e aos depósitos de pão; das mercearias aos (mini)supermercados e aos estabelecimentos de
"pronto-a-comer"; das casas de pasto aos restaurantes; das tabernas aos cafés; das lojas de tecidos a metro
ao "pronto-a-vestir"; das lavadeiras e dos lavadouros às máquinas de lavar e às lavandarias; das oficinas de
sapateiro às sapatarias; das oficinas de carpinteiro às casas de móveis; dos estúdios fotográficos artesanais
aos laboratórios automatizados; das estalagens às residenciais; dos albardeiros e correeiros aos estofadores;
da dinâmica comercial da rua à sua perda.
Para este estudo valemo-nos de entrevistas a profissionais dos ramos enunciados, da consulta
minuciosa dos alvarás camarários e do levantamento funcional da cidade, efectuado pelo método de
observação directa, e da nossa própria memória de residentes na urbe ao longo de muitos anos.
Tentemos fazer a síntese possível.
A extinção dos fornos (e eram 12 nos anos 60) e a sua progressiva substituição por depósitos de
venda de pão/padarias acontece num contexto de desaparecimento de funções que asseguravam, a
montante, o seu funcionamento: os transportadores de lenha ( chamiceiros e carroceiros ) tinham os dias
contados. Além disso, as exigências legais de laboração com alvará sanitário afastaram as
forneiras/rendeiras da actividade, por não poderem satisfazer os requisitos legalmente estabelecidos, dado
não serem proprietárias das instalações. Outra razão importante para o encerramento dos fornos teve a ver
92
com o aumento do preço da farinha vendida ao público, enquanto que a destinada à indústria panificadora
era subvencionada pelo Estado.
A partir da década de 60 os estabelecimentos de mercearia adaptam-se às exigências e à
modernidade da época. A organização funcional assume a forma de self-service, as fachadas exibem as
designações de mini-mercado ou auto-serviço. Contudo, é a designação de mercearia que consta
geralmente nos alvarás passados nas décadas de 70 e 80. Mas a mercearia pertence ao passado e, ao que
parece, hoje já ninguém quer ser merceeiro.
Do mesmo modo, também os proprietários de casas de pasto, designação que é atribuída em
muitos alvarás passados recentemente, ostentam nas placas identificadoras dos seus estabelecimentos a
palavra restaurante. Estes exemplos revelam bem a importância comercial que se atribui a uma designação
e que a modernidade e a mudança também passam pelas palavras.
No iní~io da década de 50 a taberna era por excelência o local de convívio da população
masculina. As mulheres, sobretudo as dos estratos sociais mais pobres, tinham as tabernas por casas
malditas, onde os maridos deixavam os magros salários e de onde traziam as monumentais bebedeiras. Das
cerca de 50 tabernas que então havia restavam em 1989 apenas 13, mas, à mesma data, o número de cafés
existentes na cidade era de 74. Nas décadas de 70 e 80 os cafés proliferaram em Beja. Todavia, se pelo
aumento da oferta, se poderá dizer que o café " é o que está a dar ", é proque a procura existe, procura que
se explica fundamentalmente pelo hábito generalizado, por parte da população bejense, de ir ao café " dar
dois dedos de conversa ", enquanto toma a " bica ", para espevitar. Podemos até dizer que a " bica "
substitui o copo de três como bebida-pretexto para o convívio, que é agora extensivo a ambos os sexos e a
todas as classes etárias.
As estalagens ( que chegaram a ser sete nos primórdios da década de 50 ) constituíam locais de
encontro entre a cidade e o campo e acolhiam as populações rurais, aquando das suas deslocações à cidade.
A expansão do comércio automóvel, a intensificação das carreiras rodoviárias, a mecanização da
agricultura e o consequente êxodo rural contribuíram para o seu encerramento, tendo a última terminado a
sua actividade em meados da década de 70.
N
t
Fig. 3 - As tabernas em 1950
O 100m ,____.
N" DE EST. 2 3
- Estabelecimentos existentes em 1950 ~w.«:::: Estabelecimentos existentes em 1989
Fig. 4- As tabernas em 1950 e em 1989
93
Ao falarmos de Beja e do que lhe era peculiar e a distinguia das outras cidades, não podemos
deixar de referir a rua e os protagonistas da sua dinâmica comercial. Dessa galeria de vendedores que
enchiam a cidade de pregões gritados ou cantados faziam parte: o carvoeiro, distribuidor domiciliário de
energia; o caieiro, fornecedor da cal viva, para a brancura das casas; o vendedor de palha de milho; o
leiteiro, despertador das antigas manhãs de Beja. Quase todos foram atingidos pelo desaparecimento,
deixando as ruas às buzinas e ao trânsito automóvel.
Para uma avaliação global das mutações
Ao longo das várias páginas do trabalho, fez-se prova de como Beja mudou.
A estrutura funcional dos anos 50, que em parte havia sido herdada dos anos 40 e que, por ter
permanecido o tempo bastante, existe ainda hoje na memória de quem conheceu Beja, está completamente
alterada.
Mas, embora as mutações que alteraram a estrutura funcional, a morfologia urbana e o tecido
social tivessem ocorrido ao longo das quatro décadas de que nos ocupamos, o processo que conduziu à
densificação das actividades terciárias e às outras mudanças teve dinâmicas diferentes em diferentes
períodos.
Sintetizemos o que ocorreu nos anos 60.
A cidade espraiou-se pelas terras de barro.
A morfologia urbana alterou-se.
Os fornos fecharam.
As mercearias passaram a assumir uma nova organização e novas denominações.
Introduziu-se o" pronto-a-vestir".
Divulga-se a televisão e outros electrodomésticos.
Expande-se o comércio automóvel.
Intensifica-se a mecanização da agricultura.
Começam a fechar as estalagens.
Acabam os albardeiros e a quase totalidade dos ferradores.
Os serviços públicos e privados sofrem um grande incremento.
A rua perde a sua dinâmica comercial.
Instala-se em Beja uma base da Força Aérea Alemã.
É óbvio que todas estas mudanças não se originaram exclusivamente em Beja, que não é uma
ilha isolada do vasto mundo.
Mas quais eram então os factos mais relevantes que ocorriam no país e no mundo na década de 60?
De Portugal jorrava uma corrente migratória nunca igualada.
Muitos emigrantes partiram do Alentejo, a cujos campos chegavam mais as máquinas agrícolas
vindas de fora e para fora iam os homens que as máquinas faziam sobrar.
O país sustentava uma guerra colonial que sugava meios económicos e humanos vultuosos.
A crise económica do país agudizava-se.
O Estado e o sector empresarial, numa tentativa de relançarem a economia, dinamizavam a
indústria, mas operavam " em condições de manutenção e intensificação dos estrangulamentos. Um dos
principais manifestou-se no sector agrícola; aqui, sob a base de estruturas económicas intocáveis e
obsoletas, aprofunda-se a situação de crise " ( Armando de Castro ), crise que se sentiu sobretudo
no Alentejo.
94
Quando em 1968 Marcello Caetano assume a chefia do governo tenta dar ao país uma nota de
renovação. Abre as portas ao capital estrangeiro fazendo crescer algumas indústrias. As decisões
marcelistas incidem também sobre as leis do trabalho e a segurança social. Assim, aumenta em Beja o
emprego no terciário público, que é principalmente emprego feminino.
Depois de Abril de 74 outras mutações chegaram à estrutura funcional de Beja e ao seu
tecido social.
O poder local torna-se autónomo.
Alterações do meio rural, decorrentes da reforma agrária, reflectem-se na cidade, que sofre um
forte acréscimo demográfico.
Os serviços prestados pelo sector do ensino têm uma grande expansão.
E, como reflexo das mutações enunciadas, as actividades do sector terciário são as que mais
se intensificam.
Com a democratização das instituições e da sociedade, o tecido social também sofre alterações.
Hoje, Beja apresenta um tecido social que é constituído fundamentalmente por uma ampla e
estratificada classe burguesa ocupada no sector terciário.
Esta é, com efeito, uma época de grandes mutações.
Passámos em síntese algumas e referimos também algumas explicações para elas.
Foram muitos a gerá-las. Agora importa que todos aprendamos a geri-las. Tudo afinal é mutável
no tempo e no espaço e isso não é grave. Grave seria os homens deixarem de ser capazes de gerir as
mutações, que muito afectam o espaço que nos afecta. E quem não saiba organizar ( nem respeitar ) o
espaço não merece a cidade nem a Terra. Que talvez nós não mereçamos por não termos sabido organizá-lo
de forma a condensar em dez páginas o que originariamente não coube em cem. Que nos perdoem. Mas
que nos leiam as cem, ao menos para saberem se estas dez fazem sentido.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ESFERA DOMÉSTICA, URBANIZAÇÃO E RELAÇÕES RESIDÊNCIA-TRABALHO
ANTÓNIO GAMA* NORBERTO SANTOS* NUNO SERRA** *Instituto de Estudos Geográficos- F.L.U.C. **Mestrado de Geografia Humana- F.L.U.C. (Bolseiro da
JNICT)
Os processos de urbanização apresentam ligações estreitas com alguns aspectos da estrutura
social, nomeadamente no que se refere à esfera doméstica, variando segundo a natureza desses processos,
o tempo e o modo do seu desenvolvimento. Centrada na residência e tendo a família como unidade de
prática social em que predominam relações sociais de reprodução e consumo, a esfera doméstica
articula-se fortemente com outros domínios do social, como sejam o mercado de trabalho, a produção de
bens de consumo e a de habitação.
Por esfera doméstica entende-se o lugar social definido pela co-habitação dos seus membros, em
torno da família como unidade de prática social, em que a forma institucional, mecanismo de poder e modo
de racionalidade são, respectivamente, o parentesco, o patriarcado e a maximização da afectividade
(SANTOS, 1989). Por conseguinte, nesta, o agregado familiar aparece estruturado segundo uma divisão de
trabalho em articulação com os tipos de necessidades das relações com o mundo social exterior. Assim, na
divisão de trabalho no seio da família tecem-se relações de maior ou menor intensidade com o mercado de
trabalho, expressas de forma directa pelo grau de participação dos membros da família, em particular, da
mulher, e de forma indirecta pela repartição interna das tarefas domésticas. Geralmente desempenhadas
pela mulher, estas tarefas são actualmente mais repartidas entre os cônjuges, repartição esta facilitada pela
utilização de uma panóplia de máquinas domésticas, as quais vieram a contribuir para uma
disponibilização diferente do tempo. Dependendo dos rendimentos familiares, estes equipamentos do
mundo doméstico levaram à alteração das formas de relação deste com as outras esferas do mundo
sócio-económico. Em consequência disso e para além do mundo do trabalho, a esfera doméstica toma uma
centralidade analítica nos processos sacio-espaciais. Nestes, as estratégias familiares, nomeadamente a
forma de consumo das famílias, aparecem influenciadas pelo do grau de mobilidade social e geográfica,
pela posição social e pelo ciclo de vida, apresentando, em geral, uma forte territorialização (PAHL, 1970;
1986). Dando origem a novas configurações territoriais, as transformações que se operaram nos modos de
produção, em particular o desenvolvimento industrial e as formas de reprodução social associadas, ficaram
expressas numa acentuação das diferenciações espaciais, traduzidas no que lhes diz respeito, na separação
entre a residência e o trabalho. Esta separação entre os espaços doméstico e privado e os espaços da
produção e público, acomodando o tipo de família e a divisão de trabalho entre os géneros às novas
situações (HEROD 1991: 181; ENGLAND 1991: 136) veio a pôr em novos termos a norma social da
família e da sua relação com a esfera do trabalho.
96
1. A esfera doméstica, as relações de trabalho e o espaço
Um dos aspectos importantes emergentes nos processos de mudança das estratégias familiares é
o modo como se tem dado a integração da mulher no mundo do trabalho e o papel que esta desempenha no
seio das famílias, na educação dos filhos, no trabalho doméstico familiar e, mesmo com frequência, no
trabalho domiciliário. A relação entre a família e o trabalho aparece pois mediada pela divisão de trabalho
entre os cônjuges (P ACI, 1980), passando-se da plenitude da presença masculina no mercado de trabalho,
com a correspondente plenitude das mulheres no trabalho familiar, a um quadro mais diversificado e de
maior partilha de tarefas.
A dimensão espacial desta questão aparece como um aspecto essencial, quer pela oposição entre
áreas rurais e áreas urbanas, criando diferentes relações entre a esfera doméstica e as esferas
extra domésticas, quer ainda nas diferenciações no interior destas, marcadas pelos níveis sociais, os
atributos de classe e os status. Por isso, identificar as localizações das residências, a sua contextualização,
a história das mudanças residenciais, torna-se importante para a sua compreensão. A relevância do lugar de
residência nas práticas sociais manifesta-se no facto de esta ser o lugar de reprodução social onde se
definem as estratégias familiares, em que, pelas fortes implicações na esfera do trabalho, devem ser tidas
em atenção as questões respeitantes à localização e às características espaciais. A residência, além de lugar
de trabalho doméstico familiar, feito ainda em grande medida pela mulher, é, muitas vezes, local do
trabalho domiciliário, podendo assumir, nas economias com um sector informal considerável, um grande
significado. Enquanto o trabalho doméstico familiar envolve as tarefas do lar, como cozinhar, arrumação
da casa, lavar a roupa, não directamente remuneradas, ao trabalho domiciliário cabem as situações de
eventual remuneração, correspondentes ao desempenho de tarefas executadas no domicílio, sendo cada vez
mais reconhecida, a qualquer deles, importância nas abordagens contemporâneas da economia.
Como expressão da situação da família no mundo do trabalho, e denotando também as
estratégias no seio das famílias, os tipos de trabalho ligados à residência, ora mostram a compatibilidade,
ora a incompatibilidade entre o trabalho remunerado e o trabalho doméstico familiar. Em função da
flexibilidade daquele, o grau de adequação entre trabalho remunerado e trabalho doméstico resulta do
confronto entre as diferentes condições de trabalho e dos encargos familiares das mulheres, como
domésticas ou como trabalhadoras. A natureza dos horários de trabalho, a distância em relação à
residência, a sua situação profissional e a própria natureza do trabalho vêm a influenciar as opções de
emprego e a sua compatibilidade com as ocupações domésticas. Por conseguinte, o modo como na família
se decide quem e como se apresenta no mercado de trabalho mostra a sua interacção com o ciclo de vida
familiar e com os outros trabalhos remunerados ou não (SARACENO, 1990). Além destes, deve ainda
fazer-se referência à agricultura a tempo parcial que, situando-se no cruzamento daqueles dois tipos e
não se enquadrando necessariamente em qualquer deles, aparece, em muitas situações, como recurso
complementar dos rendimentos das famílias, em especial daquelas em situação de ascensão social e com
tradição de ligação à terra (BERTAUX, 1978). Estas componentes informais da economia vêm a conferir
aos lugares uma significação em que se cruzam uma diversidade de valores, desde os monetários aos
simbólicos (HESPANHA, 1992), e que vêm a reforçar a tradição da familia unidade produtiva. Por via
disso, oferta de trabalho dos membros da família, embora se apresente individualmente, é na maioria das
vezes, parte e expressão de estratégias familiares, com importância em algumas das regiões de
desenvolvimento intermédio, em que aspectos formais e informais do trabalho se combinam: Assim,
97
"a articulação do sistema económico nos seus diversos sectores (formal, informal para o mercado, informal
para o autoconsumo ou a troca), dos diversos mercados de trabalho e dos diversos trabalhos"
(SARACENO, 1992) parece encontrar na esfera doméstica um lugar estrutural decisivo, pelo menos numa
primeira fase na transformação dos processos de regulação das economias.
Por esta ordem de razões, as estratégias em relação ao alojamento aparecem condicionadas por
vínculos espaciais, tanto no que concerne ao espaço social como ao espaço jurídico de propriedade. A sua
configuração torna-se pois expressão das relações sociais de posse, de segurança, de comunicação, em que
a propriedade da terra, ao conferir, quer uni lugar na estrutura social, quer uma forma de estatuto, onde o
presente e o passado se entrecruzam, através das heranças de capital e do nome de família, se torna
essencial. Para além do mais, deve recordar-se que a propriedade é um património económico que, para
além de meio de produção, desempenha ainda, em situações críticas, as funções de seguro.
A importância da esfera doméstica, apesar de oculta, por vezes, tem-se manifestado
particularmente em algumas sociedades de desenvolvimento recente, como a sociedade portuguesa,
tornando-se visível, por exemplo, em algumas regiões de Portugal, que apresentam um desenvolvimento de
tipo intermédio associadas a formas de urbanização difusa, pela importância que os vínculos locais,
nomeadamente o parentesco, a vizinhança e a propriedade da terra, têm tomado nestes casos. Nestas
regiões, essa importância advém de, entre outras razões, ser dominante uma estrutura de pequena
propriedade da terra, possibilitando por via disso um mais fácil acesso ao solo para construção e à
generalização da prática da agricultura a tempo parcial, reforçando a informalização dos mercados formais
(REIS, 1988 e GAMA, 1987).
2. Urbanização difusa e relações de trabalho na esfera doméstica
O processo de urbanização por que atravessou a sociedade portuguesa nos últimos trinta anos,
deu origem a uma diferenciação regional da matriz urbana em três tipos principais: áreas metropolitanas,
em redor de Lisboa e Porto, áreas de urbanização polinucleada, por numerosos pequenos e médios centros,
abrangendo a maioria das regiões do Norte e Centro Litorais e do Algarve, e centros urbanos das regiões
predominantemente rurais do interior. Em particular nas regiões onde pontifica o segundo tipo, a
urbanização traduziu-se pelo aumento da população activa nos sectores não agrícolas, num primeiro
momento o sector secundário, seguido do terciário, e por uma recomposição espacial em que a
densificação populacional se fez dentro de um padrão difuso de povoamento em torno de centros
maioritariamente de pequena dimensão. As transformações ocorridas tiveram como resultado a
modernização da sociedade, expressa pela generalização e diversificação das formas de consumo
acompanhando a salarização do trabalho e a mercantilização da economia.
Em relação com estes, outro dos aspectos de grande importância neste processo de
transformação foi a crescente integração da mulher no mundo do trabalho formal, em paralelo com o que
aconteceu em outras sociedades modernas. Se nas mais desenvolvidas foi a partir da década de quarenta
que se assistiu, por uma série de circunstâncias técnicas, sociais e económicas à crescente integração da
mulher no mundo do trabalho activo, na sociedade portuguesa aparece como um fenómeno mais tardio
(FERREIRA, 1992). Esta entrada da mulher no trabalho formal vem a alargar o seu campo de poder, dando
origem a uma complexificação da estratificação social, traduzida, entre outras razões, como refere
A. Giddens, no facto de "a posição económica da mulher não pode extrair-se simplesmente da do
seu marido", dando origem a posições de classe diferenciadas no seio da família (GIDDENS, 1989). Por
98
seu lado, Pratt e Hanson consideram que em toda a dialéctica entre a mulher esposa e mãe e a mulher
trabalhadora foi o declínio económico que forçou as mulheres a integrarem a força de trabalho como forma
de suprir as dificuldades económicas da família (PRATT e HANSON, 1991: 63).
Tornou-se assim inevitável em termos de estratégia familiar a necessidade de conseguir um
aumento dos rendimentos da família, materializado com frequência no recurso ao duplo ou ao
pluri-rendimento num mesmo agregado. Situações como estas são comuns nos processo que têm estado na
% 90
80
70
60
50
40
30
20
10
H M
Fig. 1 - Variação da população activa, segundo o género de 1960 a 1981
base das transformações recentes da sociedade
portuguesa, evidenciando particularidades no que
se refere ao momento do seu desenvolvimento e
ao modo da sua regionalização. No caso
português, com se referiu acima, esta integração
apresenta-se como um fenómeno ainda recente,
pois foi principalmente após os anos sessenta que
se deu o crescimento da população activa
feminina, patenteadas no facto de, entre 1960 e
1981, se ter verificado o maior aumento, ou seja,
de18,2% para 35,3% do total da população activa
(Fig. 1).
No que se refere à repartição regional, evidenciam-se as diferentes dinâmicas territoriais da
economia, na medida em que foi nas áreas onde a.modernização da sociedade foi mais generalizada, na
faixa litoral de Viana do Castelo a Setúbal e no Algarve, aquelas em que veio a ter uma maior expressão.
3. O consumo e as famílias
Associado á feminização do mercado de trabalho observam-se também mudanças significativas
no domínio do consumo das famílias. Assim, como característica das sociedades modernas, o consumo
expressa a valorização dos processos de relação entre indivíduos, sustentando, de igual forma, estreitas
relações com os processos produtivos (ZORRILLA, 1990: 14), o que vem tornar necessária a distinção
entre tipos de consumo. Entre estes, o consumo das famílias aparece como um indicador importante para a
avaliação da natureza das relações sociais de reprodução e da sua relação com os processo produtivos. Na
análise das despesas das famílias portuguesas desde os anos setenta evidenciam-se tanto as mudanças
sociais que vimos referindo, como os contrastes regionais mais marcantes do território.
Esta regionalização, mau grado as agregações espaciais das estatísticas serem pouco I
diferenciadoras, pois apenas consideram grandes regiões , vem, grosso modo, a ter correspondência com a
que outras análises recentes da formação social portuguesa puseram em evidência, na estrutura urbana
(GASPAR, 1987, 1988 e GAMA, 1992), na indústria e no grau de desenvolvimento (FERRÃ0,1987;
REIS, 1992). A comparação dos Inquéritos às Despesas das Famílias de 1973 e 1980 permite extrair
algumas informações relativas ás mudanças sociais de que vimos tratando, nomeadamente naquilo que se
refere à variação temporal.
1 - São seis as regiões, agrupando distritos no ano de 1973, e concelhos no ano de 1980: Norte Litoral, Norte Interior, Centro Litoral, Centro Interior, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Foi necessário proceder a alguns ajustamentos de modo a tomar comparáveis os dados dos Inquéritos às Despesas das Famílias.
SUL 50
40
30
20
10
o 2 3
NORTE
2 3
4
4
5 6 7 8
• 1973 [] 1980
5 6 7 8
• 1973 D 1980
99
LISBOA
2 3 4 5 6 7 8
• 1973 o 1980
CENTRO
2 3 4 5 6 7 8
• 1973 o 1980
1 - Alimentação, bebidas e tabaco, 2- Vestuário e calçado, 3 -Habitação, aquecimento e iluminação, 4- Móveis, decoração e equipamentos domésticos, 5 - Serviços médicos e de saúde, 6 - Transportes e comunicações, 7 - Instrução, cultura e divertimentos, 8 - Outros bens e serviços.
Fig. 2- Variação da Despesa das Famílias entre 1973 e 1980
Assim, em 1973 são as regiões com maior índice de urbanização as que evidenciam gastos
médios mais elevados, enquanto cabem às regiões mais rurais os que se referem às despesas com a
alimentação. Por outro lado, as maiores diferenças entre regiões mais urbanizadas e regiões rurais
patenteiam-nas as despesas com a habitação, o aquecimento e iluminação e os transportes e comunicações,
com valores maiores para aquelas, a que não deve ser alheio o facto de estas serem nas regiões urbanas
mais dependentes dos mercados de bens de consumo, convertendo-as num indicador de urbanização.
Por sua vez, a comparação dos mesmos indicadores, em 1980, mostra que se atenuam as
diferenças relativas entre os mesmos grupos de despesas, com realce para a que se refere aos equipamentos
domésticos e mobiliário, em transportes e comunicações e em vestuário e calçado, com um aumento nas
famílias das regiões mais rurais, expressão da crescente mercantilização da economia e das mudanças
sociais verificadas durante este período. Já no que se refere às diferenças regionais expressas pelos valores
médios das despesas segundo grupos de consumo, verifica-se que são o Algarve, Lisboa e Vale do Tejo
(Figs. 2 e 3) e o Norte Interior aquelas regiões em que as amplitudes de variação se apresentam mais
elevadas. Cada uma com sua feição, denotam com nitidez a oposição litoral-interior, este mais rural,
enquanto aqueles mais urbano-industriais. Entre estes extremos de oposição, o Norte e o Centro Litorais
(Figs. 2 e 3) patenteiam valores intermédios e amplitudes mais reduzidas, sintoma das características
mistas destas regiões e, ainda, do que parece ser a natureza intermédia da transformação sócio-espacial que
nelas ocorreu.
100
15
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Reg. 3 Reg. 4 O Reg. 5 O Reg. 6
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1 - Alimentação, bebidas e tabaco, 2- Vestuário e calçado, 3 -Habitação, aquecimento e iluminação, 4- Móveis, decoração e equipamentos domésticos, 5 - Serviços médicos e de saúde, 6 - Transportes e comunicações, 7 - Instrução, cultura e divertimentos, 8- Outros bens e serviços.
Fig. 3- Variação das Despesas Familiares relativamente à média, em 1980.
Quanto aos valores máximos nas despesas por região, as maiores variações no sentido do
incremento dos consumos relacionados com o lazer e o bem-estar, cabem ao Algarve, as relativas às
despesas com a instrução, cultura e divertimentos, a Lisboa e Vale do Tejo. No extremo oposto aparece a
região do.Centro Interior, enquanto o Centro Litoral se destaca, em termos relativos, das outras, nas
despesas com a habitação, aquecimento e iluminação.
4. A mobilidade residência-trabalho e a esfera doméstica
Nestas regiões de urbanização difusa, que correspondem, em Portugal, em boa parte, às formas
dispersas de industrialização, evidenciam-se normalmente características próprias quanto à forma de
articulação entre o social e o espacial. Assim, no que se refere à esfera doméstica, combinam-se estratégias
que, através de vínculos sócio-espaciais (vizinhança, parentesco, aliança), a articulam fortemente com o
mercado de trabalho. Em consequência disso, a esfera doméstica converte-se num lugar social decisivo na
estruturação dos dÍferentes universos de relação social no seio da família: 1 - com o mercado de trabalho:
o emprego e o pluri-rendimento familiar, 2 - na relação com a vizinhança/comunidade local
(trabalho formal/entre-ajuda; angariação de emprego/aprovisionamento de bens), 3- na divisão das tarefas
na esfera doméstica articulando as economias formal e informal.
A fim de ilustrar mais detalhadamente estas questões escolheram-se três tipos de práticas sociais,
a saber: as práticas relacionadas com as mobilidades residência-trabalho, o acesso à habitação, o
quotidiano e as práticas de consumo (Fig. 4). Estas práticas sociais expressam-se por um lado pelo grau de
MOBILIDADE RESIDÊNCIA-TRABALHO
< 11,4%
11,4-39,0
39,0- 50,3
2: 50,3
ATRACÇÃO DO EMPREGO
Fig. 4 - Mobilidade residência-trabalho e atracção do emprego no Centro Litoral
101
<7,5%
7,5- 10,7
10,7- 17,5
2: 17,5
importância que detém quando se tem em conta o conjunto da população, e por outro, pelo modo como se
combinam quando se analisam nos universos das famílias, revelando, pela repetição e pela sincronização,
a forma como as estratégias se "encaixam" quer nos diferentes segmentos do campo social, quer no espaço
que serve de suporte e é constituinte desse campo. Nestas práticas podem ver-se as diferentes estratégias
de reprodução social, que, longe de serem explicitamente racionais e reveladoras de uma intencionalidade
estratégica, se organizam objectivamente sem terem sido claramente concebidas e efectuadas em relação a
determinado fim; na medida em que "têm por princípio o habitus, o qual tende a reproduzir as condições
da sua própria produção, produzindo, nos diferentes domínios da prática, as estratégias objectivamente
coerentes e sistemáticas, características de um modo de reprodução" (BOURDIEU, 1989). Entre os
contextos destas práticas, os espaços tomam um papel relevante pelo facto de serem, além do mais,
constitutivos das relações sociais.
No primeiro caso, as mobilidades residência-trabalho, tem-se em vista mostrar como as
trajectórias e o seu alcance são, nestas áreas de urbanização difusa, condicionados em larga medida pelos
contextos locais. Estas mobilidades apresentam, em geral, um fraco alcance, rondando em média os
3 a 5 Km. sendo, por outro lado, pouco significativa a percentagem de população com trajectórias cujo
alcance ultrapassa os 15 Km de percurso
A maioria dos concelhos desta área, posicionada entre os dois centros metropolitanos do país,
apresenta uma.mobilidade diária relativamente fraca, poucos excedendo os 50%. Destacam-se, com valores
mais elevados três grupos de concelhos bem definidos regionalmente, como sejam, um no norte do distrito
de Aveiro, em que a proximidade do Porto se faz sentir, os outros dois em torno de Aveiro e de Coimbra
(Fig 5). Fora estes, apenas alguns casos pontuais se destacam, uns emissores de mão de obra, outros
polarizadores de emprego, como os de Batalha ou de Marinha Grande, respectivamente, para apenas referir
os que respeitam à Área Urbana de Leiria. Por outro lado, o mapa das mobilidades inter-concelhias, ao
102
mostrar uma grande interdependência entre concelhos vizinhos, generalizada a quase toda a faixa litoral,
denota as complementaridades que se foram constituindo no domínio do emprego. Além disso, deve ainda
referir-se que estas mobilidades se estruturam em torno de vários núcleos dentro de um bom número de
concelhos, correspondendo, muitas delas a migrações pendulares entre freguesias na fronteira entre
concelhos.
Deslocando agora a atenção para as mobilidades residência-trabalho na Área Urbana de Leiria,
dando ênfase às que se estabelecem entre freguesias, verifica-se que uma fracção importante da população
trabalha na freguesia da sua residência que conjuntamente com as freguesias contíguas absorvem a quase
totalidade das mobilidades (Fig. 5). De entre estas, são as freguesias da primeira coroa peri-urbana de
Leiria as que evidenciam índices de mobilidade para fora da freguesia de residência mais elevados. Esta
característica de fraco alcance das mobilidades, e cosequentemente de emprego nas vizinhanças da
residência, parece denotar uma dimensão localista do mercado de emprego, aqui fortemente associado a
uma estrutura de povoamento de tipo difuso e a uma localização emprego pouco concentrada, em
particular no que se diz respeito às indústrias. Esta associação é reforçada pelas características de fraca
hierarquização das redes de transporte e pela pouca representatividade dos transportes de massa, obrigando
ao recurso predominante do transporte individual, onde automóveis e motociclos ombreiam na primazia.
O fraco alcance das mobilidades diárias, em comparação com outras regiões urbanizadas e o carácter
localista das relações sociais, apontam para a expressão de uma forma de transição sócio-espacial no
sentido da urbanização, na qual muitas das características da sociedade rural, que lhe serviu de suporte,
estão ainda presentes, e que, além destes, a avaliação das formas de acesso à habitação e as práticas do
quotidiano ajudam a corroborar (Fig. 5).
Emprego na freguesia de residência
D o-Is% 10-30 30-60
-:2:60 O 5Km '--------'
Fluxos Residência-Trabalho
... :2: 150 pessoas ~ 100a150 -==+ ::; 50
Cidade e primeira coroa suburbana de Leiria
Fig. 5 -Mobilidade residência-trabalho na Área Urbana de Leiria.
103
Assim, no que se refere ao acesso à habitação, as estratégias dominantes tendem a combinar a
esfera doméstica e a comunidade local com os diferentes sectores do mercado da habitação, diferenciadas
segundo áreas. Enquanto na área urbana, mais edificada, o sector formal do mercado é preponderante, nas
peri-urbanas a produção do espaço resulta da interferência de diversos componentes com relevo para a
esfera doméstica, pela presença de factores de património, de herança e de entreajuda, este extensivo,
muitas vezes, à comunidade local. Nesta área urbana predomina um tipo de edificação de um a dois pisos,
maioritariamente unifamiliar, que em grande percentagem é de construção promovida pelo próprio
ocupante. Dos resultados do inquérito às famílias e à habitação em três freguesias da primeira coroa
peri-urbana de Leiria, conclui-se que o património fundiário e as situações de herança, como solução para
solo de construção, se apresentam como um recurso determinante das localizações a que se junta ainda o
fraco significado que as soluções de compra (cerca de 10%) em relação às situações de herança,(cerca de
60% ). Esta dimensão localista é reforçada pela importância das formas de administração directa e de
autoconstrução na promoção da habitação, muitas vezes, com a entreajuda de vizinhos. Uma orientação
local deste tipo determina, em grande medida, a localização da residência, que, por sua vez, pela relação
tempo-espaço e pelo grau de integração no espaço social local, configura as opções de emprego.
Por fim, no que diz respeito ao quotidiano e às formas de consumo, procura-se mostrar como as
práticas diárias da população, e entre estas as formas de consumo, são influenciadas pelo tipo residencial e
se enquadram nas estratégias familiares. Assim, a relação entre trabalho doméstico e trabalho remunerado
aparece ligado a formas de consumo, como a aquisição de equipamentos domésticos, máquina de lavar
roupa e louça. Os resultados do inquérito às famílias na área peri-urbana de Leiria, mostram que a
aquisição de equipamentos como a máquina de lavar roupa ou a arca frigorífica, é um fenómeno recente
com maior frequência a partir de finais dos anos setenta (cerca de 75%) acompanhando as mudanças na
estrutura sócio-económica com reflexos nas atitudes de consumo, nas economias de tempo e na
feminização do trabalho. As residências que declaram possuir máquina de lavar correspondem a 52% dos
inquiridos, enquanto à arca congeladora cabem 62%. Uma e outra não aparecem em simultâneo nas
mesmas famílias, ocorrendo esta última com maior frequência em residências associadas com a produção
agrícola ou em famílias cuja periodicidade semanal nas compras e bens alimentares depende da rigidez dos
horários de trabalho dos cônjuges. Também os trajectos de aquisição de bens, estes aparecem vinculados às
proximidades da residência nas famílias idosas ou com a mulher como doméstica, enquanto nas famílias
com duplo emprego, os períodos entre compras são mais alargados e consequentemente a diferenciação de
lugares de compra torna-se maior.
Nestas regiões onde se cruzam e sobrepõem temporalidades diferentes, umas internalizadas pela sociedade, outras que acabam por lhes ser estranhas, habilitantes ou limitadoras, umas e outras conformadoras do grau de autonomia das práticas dos indivíduos. A sincronização das práticas, a sua repetição e transmissão, como efeito e sintoma dos processos sociais espacializados, a criação e o sentido de mudança dos indivíduos em sociedade, constituem os dados do jogo para interpretação dos processos de estruturação dos territórios. Estes espaços de transição de que falamos, são o resultado da combinação de características de tradicionalidade e de modernidade, configurando uma regionalidade, ao mesmo tempo, homogeneizada e diferenciada pela dimensão local dos processos.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE HABITACIONAL NO "GRANDE PORTO"
FÁTIMA LOUREIRO DE MATOS Instituto de Geografia F.L.U.P.
I 1- Características gerais das áreas residenciais no Grande Porto
É sobretudo a partir da década de 60 que os concelhos periféricos à cidade do Porto assumem
uma importante função de suporte residencial de uma força de trabalho, em parte, ligada ao mercado
portuense. Factores como, a diferenciação e especialização funcional do espaço urbano do Porto, o
movimento centrífugo da indústria, os custos de solo, a falência do mercado de arrendamento, a escassa
oferta de habitação social e a melhoria da acessibilidade, contribuem directamente para o desenvolvimento
de estratégias de descentralização residencial.
Embora esta descentralização da residência seja, por um lado, consequência da lógica de
crescimento da cidade do Porto, ela é também condicionada por estratégias próprias do espaço periférico.
Na verdade, as solicitações do mercado de trabalho portuense vão incidir sobre uma área de densidade
demográfica tradicionalmente elevada, com uma força de trabalho já localizada na periferia, que vai retirar
vantagens da melhoria dos transportes urbanos e da rede viária, envolvendo-se em movimentos pendulares,
sem abandono do seu local de residência. Outro aspecto importante é o facto dessa pendularidade se
associar a processos de pluriactividade do agregado familiar, conjugando o emprego na cidade e/ou em
ramos de actividade locais com a actividade agrícola.Tal facto, conjuntamente com a estrutura fundiária,
explica a sua articulação territorial com um povoamento difuso e o seu reforço ao longo dos anos.
A questão do alojamento, surge intimamente ligada às formas de trabalho no seio da estrutura
familiar. Ela funciona como um factor importante sobre os custos de reprodução da força de trabalho e na
manutenção de relações de vizinhança sólidas, marcadas ainda pelo interconhecimento local e pela criação
de um imaginário de "sucesso na vida", simbolizado sobretudo pela posse da casa.
De trabalhos anteriormente desenvolvidos podemos afirmar que, na área do Grande Porto e no
que diz respeito à habitação, se conjugam três estratégias do ponto de vista dos utentes:
uma, directamente ligada à expansão do espaço urbano do Porto e às carências habitacionais
deste, que leva anteriores residentes urbanos a instalar-se nos concelhos periféricos;
- outra, que devido às carências habitacionais da cidade conduz as populações migrantes das
áreas deprimidas do interior a fixar-se nesta área periférica;
- finalmente uma última, que está directamente ligada a processos locais de mudança de
residência relacionado com a constituição de novas famílias.
Identificamos também duas formas distintas de crescimento do espaço residencial e que
traduzem no terreno a acção de dois tipos de agentes diferentes. Por um lado a chamada produção legal,
feita pelos agentes imobiliários privados, pelo Estado ou cooperativas, por outro a produção clandestina,
que escapa às normas legais e que é feita pelas populações insolventes, por processos de autoconstrução
evolutiva, em parte facilitada pela extrema parcelarização da propriedade fundiária.
1 Considerou-se os Municípios de Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Valongo e Vila Nova de Gaia.
106
A ocupação residencial dos municípios periféricos ao Porto aumentou, não só devido à pressão
demográfica, como também, ao aumento do poder de compra da população. Este facto, permitiu que
grande parte da população conseguisse um certo nível de rendimentos, que é canalizado para a resolução
do seu problema habitacional, num momento em que o mercado imobiliário atravessava uma grave crise.
Consequentemente, gerou-se uma procura crescente de terrenos para construção, relativamente acessíveis,
de preferência junto dos principais eixos de circulação e em áreas mais agradáveis da periferia.
Esta procura crescente de alojamentos, teve consequências graves ao nível espacial, sobretudo
por não existir um planeamento municipal, nem oferta de terrenos urbanizados, que conseguisse
acompanhar o seu ritmo. Assim sendo, verifica-se uma ocupação mais ou menos espontânea de espaços
agrícolas e/ou florestais, muitos deles sem condições para a construção, sem qualquer controle por parte da
administração local, dando origem a um modelo de urbanização pulverizado, apoiado nas infraestruturas
pré-existentes, ao longo das estradas e caminhos rurais.
Assistimos assim a profundas mudanças. O terreno agrícola e florestal transforma-se e vai ser
"disputado" por outras actividades, provocando alterações no seu valor, condicionado, de certa forma, por
essa concorrência entre os possíveis usos e pela realização de infraetruturas e zonamento ao uso do solo.
O solo é na verdade o factor essencial para a compreensão das transformações deste espaço
periférico à cidade do Porto e principalmente no que se refere ao alojamento. Os mecanismos de produção
do solo urbano e a legislação ligada a esta questão, são essenciais para a compreensão da estrutura do
mercado habitacional, quer legal, quer clandestino.
Estamos portanto, perante um crescimento "espontâneo", constituído por pequenos
investimentos, muitos deles por processos clandestinos. Este crescimento teve como consequência uma
sobreutilização das infraestruturas pré-existentes, nomeadamente no que toca aos transportes urbanos e
suburbanos, sistema de abastecimento de água e saneamento, e uma desqualificação do tecido urbano.
É difícil destrinçar internamente as áreas residenciais neste espaço periférico, no entanto, pode
dizer-se, que se tem assistido ao reforço das tendências anteriores e apesar das diferenças existentes,
nomeadamente no litoral, a regra é a densificação das áreas mais valorizadas através da construção de
novos edifícios nos espaços livres ou ainda pela substituição do tecido anterior, onde predominava a
residência unifamiliar.
A configuração espacial que se nos depara, apesar de ter resultado de políticas relativamente
semelhantes (quase ausência de segregação espacial da indústria; promoção habitacional sem critérios
urbanísticos, nomeadamente a incapacidade dos municípios conterem a construção clandestina),
apresenta-se extremamente diversificada.
A tipologia que de seguida se apresenta, meramente aproximativa, resulta de uma primeira
abordagem desta questão no âmbito de uma investigação em curso e cuja intenção é permitir reconstituir
os padrões locacionais que se sucederam:
1- áreas imediatamente periféricas à Cidade do Porto com predomínio da construção em altura e
onde se regista uma forte especulação fundiária;
2- áreas residenciais ao longo das vias de comunicação radiais que saem do Porto. Trata-se das
áreas de ocupação e densificação mais antigas, onde se misturam tipologias de carácter rural, com outras
mais urbanas, que em parte têm vindo a substituir as primeiras;
3- áreas em que houve o aproveitamento do padrão construído já existente, que se moldou sobre
os antigos aglomerados rurais, ocupando os espaços livres junto dos caminhos rurais, constituídas por
residências unifamiliares de caraterísticas semi-rurais. Áreas estas que fazem de certa forma a ligação com
as anteriores, cuja ocupação tem sido intensificada, sobretudo após os anos 70, por meio de construções
não licenciadas e clandestinas;
107
4- áreas de alojamentos colectivos multifamiliares de tipo urbano, desinseridas do tecido
construído pré-existente, contruídas quer por empresas privadas, quer por cooperativas (após o 25 de
Abril) ou ainda constituindo bairros sociais, sobretudo através dos Contratos de Desenvolvimento
Habitacionais, efectuados entre as Instituições Especiais de Crédito e empresas imobiliárias.
5- áreas residenciais de habitações unifamiliares e bifamiliares, de classe alta de primeira e
segunda habitação, ao longo da faixa litoral;
6- áreas, em parte, de habitação unifamiliares clandestinas, que "invadem" áreas agrícolas e
florestais, quer no litoral, quer no interior onde ocupam progressivamente os maciços arborizados.
Com esta caracterização geral e de certo modo empírica, não queremos deixar a imagem de que
não existem problemas habitacionais. Pelo contrário, uma prova de que existem é a expansão da 2
construção clandestina . Além deste, outros se colocam, como as carências habitacionais, relativamente às
famílias residentes, a degradação do parque construído mais antigo, a falta de infraestruturas e
equipamentos de apoio à população.
2- Caracterização da evolução do parque habitacional
Bastará ter em conta a evolução do número de alojamentos nos últimos 40 anos, para nos
apercebermos do forte crescimento do parque imobiliário nos concelhos periféricos do Porto. Assim,
verifica-se que entre 1940 e 1960 o Porto apresenta o acréscimo mais reduzido (25.3% ), o que denota já
uma perda de importância da residência na cidade em favor dos concelhos periféricos, principalmente os
de Matosinhos, Maia e Gondomar, que apresentam os valores mais altos da taxa de variação dos
alojamentos, respectivamente 71.0%, 72.0% e 50.3%. No período seguinte, 1960-1981, acentua-se esta
tendência, apresentando o Porto o valor mais baixo da variação dos alojamentos, inferior a 25%, enquanto
que os concelhos periféricos tanto a norte como a sul do Douro, apresentam valores superiores a 50%,
destacando-se principalmente o concelho de V alongo, com um valor superior a 100% .
Não há dúvida que os principais responsáveis por este aumento da ocupação residencial do
espaço "periurbano" foram o alargamento da rede rodoviária, quer a norte, quer a sul do Douro, a expansão
da rede de transportes urbanos, a construção da ponte da Arrábida e a falta de alojamentos de baixo custo
na cidade, passando alguns aglomerados periféricos a constituir autênticos dormitórios da cidade.
Em 1981, existia um total de 180 107 alojamentos superior ao número de famílias residentes
(172 160), sendo 99% dos alojamentos clássicos. Destes, 91% estavam ocupados como residência habitual,
residindo neles 623 671 pessoas, 1% são de uso sazonal e os restantes 8% tinham ocupante ausente ou se
encontravam vagos.
A percentagem mais baixa de alojamentos ocupados em permanência ocorre em Vila Nova de
Gaia e a mais alta em Matosinhos. Os alojamentos com ocupante ausente, são superiores aos de uso
sazonal, em todos os concelhos. Ainda quanto à ocupação, cerca de 26% dos fogos de residência
permanente estavam subocupados, segundo o critério utilizado pelo INE e os valores mais altos são
atingidos pelos concelhos de Gondomar (33%), Gaia (28%) e Maia (28%).
Esta imagem de aparente abundância contrasta marcadamente com as graves carências
existentes. No mesmo ano e segundo a mesma fonte, 729 famílias viviam em 724 barracas, 14 125
partilhavam a habitação com outra e 50 154 viviam em sobreocupação.
2 Ainda que nestes últimos anos tenha praticamente estabilizado, devido, em parte, à diminuição do poder de compra da população e às acções entretando desencadeadas pelos municípios.
108
Tendo em conta a diferença entre o número de famílias e o número de alojamentos clássicos de
residência habitual, verifica-se que existe um déficit de 9 087 alojamentos, atingindo os valores mais
graves em Matosinhos (-3 280), Gondomar (-2 223) e V. N. de Gaia (-1 871) carência esta agravada ainda
mais se tivermos em conta o número de famílias que vivem em habitações precárias e em alojamentos
degradados. Esta situação de degradação do parque é ainda reforçada pelo facto de o arrendamento ser a
forma dominante de ocupação (58% das famílias residentes), à qual correspondem dificuldades maiores de
conservação, do que, a habitação própria.
Relativamente à idade do parque habitacional, que constitui um dos principais indicadores
quanto ao estado de degradação do mesmo, apenas dispomos de valores relativamente aos edifícios. Cerca
de 75% do parque habitacional, foi construído antes de 1970.
O concelho de Vila Nova de Gaia apresenta o parque mais antigo, pois 77% dos edifícios foram
construídos antes deste ano, enquanto que o concelho de Valongo é aquele que apresenta o parque mais
recente, com 52% de edifícios construídos após 1960.
A predominância da construção de edifícios com um pavimento e com um alojamento, superior a
50% em todos os concelhos, faz realçar a importância que assume nesta área a construção unifamiliar,
geralmente feita por iniciativa dos particulares individuais, com características rurais e semi-rurais.
Relativamente à titularidade dos fogos 38% das famílias habitavam em alojamento próprio. As
famílias em alojamentos arrendados, constituem a maior percentagem no conjunto dos concelhos (58%),
atingindo os maiores valores em Matosinhos (64%) e Vila Nova de Gaia (58%).
Em relação à dimensão das famílias e dos alojamentos, verifica-se que, 50 154 famílias residiam
em alojamentos clássicos superlotados, sendo a situação mais grave a dos concelhos de Vila Nova de Gaia,
Gondomar e Matosinhos.
Ainda quanto a este indicador e segundo os cálculos do INE, existiam 47 033 fogos
sobreocupados, o que representa 29% dos fogos habitados. Daqueles, 12.3% encontravam-se na situação
mais grave, ou seja, com duas ou mais divisões a menos.
Em termos absolutos os concelhos com pior situação são os de Gaia e Gondomar. No entanto,
a percentagem destes alojamentos no conjunto dos clássicos habitados, mostra que as situações mais
graves ocorrem em Gondomar, Valongo e Gaia.
3- Análise da situação do parque habitacional (1981-1990)
3.1- A Produção Habitacional
Uma vez que não dispomos ainda dos dados provisórios do Recenseamento de 1991, no que se
refere à habitação, iremos fazer uma abordagem da situação do parque habitacional nesta última década,
com base nas Estatísticas da Construção e Habitação.
Demograficamente durante esta última década registou-se para o Grande Porto um crescimento
moderado (6,7%) atingindo em 1991 um valor absoluto de 1 037 632 residentes.Enquanto que entre
1960/81 verificou-se um nítido reforço de um anel periférico à volta do Porto, a imagem de 1981/91 é mais
confusa, para além do decréscimo demográfico das freguesias centrais da cidade do Porto (tendência
manifestada já na década anterior), as situações restantes - os maiores decréscimos e as maiores subidas -
revelam um comportamento espacialmente pouco legível.
No que se refere às famílias e alojamentos familiares, verifica-se um acréscimo respectivamente
de 31,7% e 23,6%, entre 1981 e 1991, havendo um reforço, no que respeita à evolução dos alojamentos dos
eixos a Noroeste e a Norte do Porto (freguesias de Lavra,Sa da Hora, Custóias, Guifões, Maia e Gueifães ),
109
do eixo a sul, estruturado pela EN 1 e EN 109 (freguesias de Mafamude, Vilar do Paraíso, Sermonde,
Sandim, Canelas, Perosinho, Olival e Serzedo) e do eixo Nordeste (freguesias de Rio Tinto, S. Pedro da
Cova, Valongo, Ermesinde e Alfena) (fig. 1).
LEGENDA: >50% 30-50
c::=J 15- 30 c::=J < 15
o 3 6Km
FONTE: INE, Recenseamento geral da População e Habitação, 1981 Recenseamento geral da População e Habitação, 1991, Resultados Preliminares
Fig. I -Variação do número de alojamentos 1981-1991
Saliente-se ainda que somente a maioria das freguesias da cidade do Porto e as mais periféricas
da área em análise -caso de Grijó e Lever (em Vila Nova de Gaia); Medas (em Gondomar); Gemunde,
Barca e S. Pedro de Fins (na Maia), apresentam os valores mais baixos da variação dos alojamentos,
inferior a 15%.
É manifesta a tendência de crescimento global do sector da construção desde 1985, embora, a
partir de 1988, se passasse a registar comportamentos diversos nos seus dois principais subsectores ( o
mercado habitacional e o das obras públicas).
Enquanto o primeiro veio a defrontar-se com dificuldades, tendo as vendas sofrido uma quebra
em resultado das restrições de crédito, o segundo cresceu fortemente, devido ao aumento significativo dos
investimentos públicos no sector, a que não são alheias as comparticipações comunitárias, através
especialmente do FEDER.
No período em análise a produção habitacional dos municípios do Grande Porto totalizou os
36 073 fogos novos, ou seja, 3 607fogos/ano (quadro 1).
A partir de 1988 assiste-se na generalidade dos concelhos a um grande acréscimo do volume de
fogos lançados no mercado, correspondendo à dinamização que a economia portuguesa conhece a partir
dos finais de 1985.
Os valores relativos a 1989/90 demonstram a fase de expansão que o sector atravessou, sendo o
resultado de intenções de construção de cerca de dois anos antes (vide n° de licenças).
Quanto à relação fogos por edifícios, verifica-se um predomínio de edifícios unifamiliares e com
elevado número médio de divisões por fogo (quadro 2), para a maioria dos concelhos. Apenas o Porto e
Matosinhos, apresentam uma maior concentração de fogos por edifício.
-.......... ~ ................. ~ ....... _ _. ..... -~ ......... -~··~~·~· -~- ........ _. "''"' ..... ~, ................................ ....,...... ..... ...................... ._ ................. ..., ........ _.,. ....... _., _... .....
ANOS GONDOMAR . . M~IA; _ MATOSINHOS PORTO VALONGO V. N. DE GAIA TOTAL ---~-;,-Ii~.---:---f~g~~--- ~-;,-Ii~.---:---[~~~~--- ---;-;,-Ii~.---:--- f~g~~
--~-;,-Ii~.---:--- f~g~~--- ---~-;,-Ii~.---:--- f~g~~--- ---;-;,-Ii~.---'--- f~g~~---n° h c. ~ foo-os
1981 586 ' 569 389 540 285 ' 249 146 822 317 427 686 ' 634 2409 3241 ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 1982 532 ' 331 428 260 298 ' 496 158 1116 439 ' 184 677 ' 417 2532 2804 ' ' ' ' ' ' ' 1983 439 ' 638 328 335 219 ' 367 143 811 336 ' 215 799 ' 433 2264 2799 ' ' 1984 370 ' 348 236 '
' 303 155 500 145 502 345 383 902 ' 575 2301 2463 ' 1985 295 ' 226 257 155 234 795 121 687 280 281 605 645 1792 2789 ' ' 1986 318 ' 373 316 387 198 867 126 867 233 240 605 821 1796 3555 ' 1987 416 427 356 340 219 476 113 578 297 476 752 874 2153 ' 3171 ' ' 1988 338 392 381 523 253 790 122 1014 283 287 697 864 2074 ' 3870 ' 1989 477 650 380 769 186 1017 140 940 260 732 709 1233 2152 ' 5341 ' ' 1990 376 716 303 783 171 1300 173 1196 211 ' 426 673 ' 1619 1907 ' 6040 '
TOTAL 4147 : 4670 3441 4247 2299 6857 1387 8533 3001 ' 3651 7105 8115 21380 : 36073 ' FONTE: INE, Estatísticas da Construção e Habitação 1981-1990
.............. ,. ....... - .. ...... ............... ............ ................... ......... ... ...... ,. .............................................................
ANOS GONDOMAR MAIA _____ MAJ:Q~Jl'!I:I.Q§_ _ PORTO VALONGO V. N. DE GAIA -----------.,-------- -- -----------,----------- -----------,----------- -----------.,--------- - -----------,---------fogos/edif. : div./foo-o foaos/edif. : div./fogo fogos/edif. : div./foao foaos/edif. : div./foo-o fogos/edif. : div./fogo fogos/edif. : div./foao
1981 3,9 ' 4,8 3,6 ' 5,1 4,1 ' 4,8 11,6 ' 4,8 4,1 ' 4,7 3,1 ' 4,8 ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 1982 1,9 ' 4,9 1,8 ' 5,1 3,2 ' 4,7 16,9 4,5 1,8 ' 5,1 2,2 ' 4,8 ' ' ' ' ' ' ' ' ' 1983 1,7 ' 5,1 2,2 ' 5,1 4,7 ' 5,1 10,3 5,1 1,9 ' 4,9 2,1 5,1 ' ' ' '
' ' ' 1984 2,3 4,9 1,2 5,5 4,8 ' 4,7 4,6 4,9 2,6 5,1 2,1 5,2 ' ' 1985 1,8 5,1 1,6 5,3 8,6 ' 5,1 10,3 4,5 2,1 ' 4,9 1,7 5,1 ' ' '
' ' ' 1986 2,1 5,2 2,5 4,9 4,8 ' 4,7 10,6 ' 4,1 1,9 ' 5,2 2,7 4,9 ' ' '
' ' 1987 2,9 5,1 2,3 5,2 4,5 ' 4,8 11,3 4,3 3,9 ' 4,3 2,9 5,1 ' '
' : ' 1988 2,5 4,8 3,1 4,7 6,1 4,6 13,1 4,6 2,4 ' 5,1 2,6 4,8 ' ' ' 1989 3,2 4,7 4,1 4,7 8,1 ' 4,3 13,4 ' 4,4 4,4 ' 4,8 3,8 ' 4,5 ' ' ' ' ' ' 1990 3,4 4,7 2,9 ' 4,7 9,6 ' 4,4 14,4 4,6 2,4 ' 4,9 4,7 ' 4,7 ' ' ' ' '
FONTE: INE, Estatísticas da Construção e Habitação 1981-1990
''o
111
3.2- Os Promotores de Habitação
Os volumes da oferta habitacional referidos no ponto anterior foram o resultado da intervenção
de diferentes agentes promotores. De acordo com os dados da Fig. 2, verifica-se que o sector privado
assegura cerca de 90% da produção na maioria dos concelhos, havendo um predomínio da promoção pelos
particulares, tendência esta já manifestada na década anterior, destacando-se sobretudo Valongo (52%),
Gondomar (53%) e Maia (51%).
Ainda no que se refere ao sector privado, é de salientar a aproximação que se está a constatar,
nos últimos anos, entre a promoção feita pelos particulares e a dos organismos privados facto que
demonstra um sentido mais organizado quanto à oferta de habitação, dada a quebra da promoção
individual.
O sector cooperativo é ainda insignificante, apesar de lentamente ter vindo a melhorar a sua 3
participação no mercado, apenas destacando-se em Matosinhos e Maia. Refira-se que o período de maior
actividade, isto é, em que mais fogos foram concluídos foi entre 1984/90, o que tem a ver com os
desbloqueamentos do INH (aprovação de Créditos) e com os anos de constituição das cooperativas.
V. N. Gaia
Valongo
Porto
Matosinhos
Maia
Gondomar
0% 20% • Ind. Particulares
40% Org. Privados
FONTE: INE, Estatísticas da Construção e Habitação.
60% Sector Coop.
80% 100% D Sector Público
Fig. 2 - Fogos Concluídos para Habitação segundo a Entidade Investidora ( 1981-1990)
Quanto ao sector público ele é praticamente inexistente, destacando-se apenas no Porto (20%),
Gondomar e Vila Nova de Gaia, ambos com lO% da produção.
A cada vez menor posição do sector público é resultado da orientação política que foi tomada
para este sector, a partir de 1983, de passar a promoção de habitação social para os Municípios,
Cooperativas e Empresas Privadas (pela via dos Contratos de Desenvolvimento para a Habitação),
abandonando a Administração Central, a função de promotora directa de habitação. No entanto,
exceptuando o sector cooperativo, ainda que com pouco significado, quer as Autarquias, quer as Empresas
Privadas não têm mostrado suficiente dinamismo na produção de habitação social ou de custos controlados
(veja-se por exemplo, o caso da Vila D' Este, em Vila Nova de Gaia, cujo processo de construção, feito
segundo esta modalidade, arrasta-se à vários anos).
3 Onde aliás e segundo dados da FENACHE existem 15 cooperativas filiadas nesta instituição e cuja actividade tem sido fortemente apoiada pelo Município através da cedência de terrenos.
Quadro 3 -Fogos construidos para venda e arrendamento 1981-1990 (%)
ANOS I_----- _Çi_Ql\l_~_QMA13-_---- ·1----------M~~f-.._----- ---MA1.:9.~~~!-!Q_S.---- ·1--------- -~9.~T.Q-------- ·1- --- _YA~c,2l\l.GQ------ ·1------y, -~: RI<:_9A!f-.._----venda : arrend. venda : an·end. venda : arrend. venda : arrend. venda : arrend. venda : arrend.
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
34,2
58,3
36,5
69,9
55,3
56,3
52,6
67,6
73,5
79,1
' ' ' ' ' ' '
1,2
1,2
0,8
1,4
1,3
0,3
2,3
5,8
1,2
0,3
21,6
47,7
50,4
29,7
47,7
48,3
50,3
43,2
73,2
81,5 '
0,0
4,6
1,2
1,3
2,6
4,9
2,1
2,7
3,9
1,7
FONTE: INE, Estatísticas da Construção e Habitação 1981-1990
82,3
72,4
46,8
51,8
27,5
33,9
85,9
78,2
92,9
94,5
0,0
0,0
1,6
0,2
0,5
0,2
0,2
0,8
0,6
0,5
49,6
46,3
66,3
73,3
82,6
86,5
58,9
78,1
90,2
62,1
1,8
0,8
0,8
2,6
1,2
1,9
0,2
1,1
0,0
0,0
27,4
64,2
57,6
39,9
58,7
57,1
80,4
70,7
67,3
68,1 '
1,6
0,0
1,9
1,3
1,4
0,0
0,0
0,7
0,4
0,9
62,9
58,1
40,1
50,5
33,7
43,8
58,2
67,7
44,6
80,9
3,6
5,2
1,4
3,2
0,6
0,9
0,5
3,1
2,1
0,4
......
...... N
113
Os Municípios têm vindo a fazer um esforço cada vez maior neste campo, no entanto, lutam com
graves dificuldades financeiras que não permitem uma acção mais eficaz e que seria desejável.
3.3- O Mercado Habitacional- Venda e Arrendamento
Abordando a produção habitacional no que se refere ao seu escoamento, verifica-se que, quer a
nível Nacional, quer nos Concelhos do Grande Porto, o destino de quase a totalidade dos alojamentos foi o
mercado de compra e venda, atingindo em todos os concelhos um valor superior a 50%.
São essencialmente duas as razões que contribuíram para esta situação, a política de
arrendamento seguida até 1985, altura em que se procedeu ao descongelamento generalizado das rendas
- embora este facto em nada tivessse alterado as expectativas quanto à reanimação deste mercado - e
o regime de crédito à aquisição de casa própria, que continua a ser o suporte fundamental de escoamento
da produção.
A década de 80 é marcada pelo acentuar do decréscimo do mercado de arrendamento (quadro 3),
situação esta que decorreu da desarticulação do modelo que havia sustentado durante longos anos o sector,
apoiado numa baixa evolução geral dos preços e das taxas de juro.
Com o aumento da inflação, associada à crise económica de 1973 e à instabilidade
económico-institucional, provocada pelo 25 de Abril, dá-se praticamente a falência deste mercado,
não só em termos de investimento por parte dos promotores, como também em termos de conservação do
património arrendado.
Esta situação vem a revelar-se ao nível dos volumes de produção , verificando-se que apenas
1,3% do total de fogos novos concluídos no Grande Porto entre 1981-1990, foram destinados ao
arrendamento.
Um dos problemas que o sector da habitação enfrenta é o desajustamento que se regista entre o
preço final dos alojamentos e a capacidade de solvência das famílias.
Segundo a informação disponível (MOPTC, 3/90) o acréscimo dos preços de venda das
habitações tem sido nos últimos anos largamente superior à inflação, o que torna cada vez mais difícil o
acesso das famílias a uma habitação, visto que os acréscimos salariais anuais têm sido quase sempre
inferiores às taxas de inflação atingidas.
São essencialmente duas as razões que levam ao aumento espectacular dos preços de venda dos
alojamentos, a partir de 1986: a fase de expansão económica que o país atravessa e a pressão do
investimento estrangeiro no sector imobiliário, que, actuando principalmente na área dos serviços
(particularmente construção de edifícios para escritórios e hotéis), veio a reflectir-se no domínio da
habitação.
114
4- Conclusão
O grande aumento da construção civil nos concelhos suburbanos, devido à época em que se
processa, permitiu oferecer no geral condições habitacionais razoáveis. Os problemas maiores dizem
respeito às infraestruturas e equipamentos, que não conseguiram acompanhar o ritmo da construção.
A dinâmica recente do sector habitacional assentou principalmente na habitação própria, de
preferência unifamiliar. No entanto, nos últimos anos, denota-se já uma concentração física da habitação
traduzida por edifícios com mais pavimentos e mais fogos.
Quanto ao papel do Estado no sector, ele tem vindo a diminuir progressivamente desde 1980,
tendo aumentado substancialmente o sector cooperativo e continuando, no entanto, a predominar a
construção feita por particulares.
O modelo de funcionamento do sector da habitação permanece assente no sistema de crédito à
habitação própria, vocacionado essencialmente, para as classes de rendimentos de média e média-alta
solvência, que têm suportado o escoamento da maior parte da produção habitacional.
BIBLIOGRAFIA
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA PUBLICIDAD INMOBILIARIA. FUENTE PARA EL ESTUDIO DEL MERCADO DE LA VIVIENDA.
' I CA YET ANO ESPEJO MARIN .
"' / 2 ANGELES LOPEZ DE LOS MOZOS GONZALEZ
En la actualidad el mercado de la vivienda es uno de los que despierta mayor interés ya que por
una parte atiende una necesidad básica de la población y por otra en los últimos anos, la evolución de los
precios ha hecho que se convierta en un bien practicamente inaccesible para muchos ciudadanos. Esta es la
razón que nos lleva a dirigir nuestro estudio bacia este campo, utilizando las posibilidades que ofrece como
fuente de información la publicidad inmobiliaria recogida en la prensa.
Nos centramos en este tipo de publicidad aparecida en el diario "El Pais" y referida a
la Comunidad de Madrid, durante una semana elegida aleatoriamente (21 - 27 Octubre de 1991), ya que lo
que pretendemos no es una visión de la evolución, sino una instantánea de la situación.
Esta fuente permite conocer una serie de características del mercado de la vivienda: zonas en las
que se realizan las promociones, empresas que se ocupan de ellas, y sobre todo cuáles son los aspectos que
más se destacan en los anuncios, lo que nos permitirá acercamos a las características de la oferta y de la
demanda.
1. LOCALIZACIÓN.
En total han sido 27 los anuncios recogidos, de los cuales 13 correspondeu al município de
Madrid y 14 a otros municípios de la Comunidad. Es decir que por lo que se refiere a la publicidad
enprensa ambas zonas presentan una similar actividad constructora, aunque se trata de promociones de
distinto tipo como analizaremos más adelante.
Dentro dei município de Madrid no podemos senalar una localización preferente para las
viviendas anunciadas, las hay tanto del centro, considerando como tal el área que queda dentro dei
perímetro que marca la M-30 (Retiro, Arapiles, San Francisco El Grande), como de la periferia
(Mirasierra, Conde de Orgaz, Aluche) sobre to do de la periferia norte, aunque tambien hay algún caso en
el sur.
En lo que se refiere a las promociones localizadas en el centro lo más destacado es la aparición
de algunas zonas donde la función residencial era apenas inportante hace unos anos, ya que dominaban
actividades de otro tipo: industrial, de transporte, almacenes, e incluso a veces eran zonas desprestigiadas
por la presencia de población marginal. En la actualidad se han revitalizado enormemente al iniciarse la
construcción de viviendas al amparo de otro tipo de operaciones urbanísticas. Se trata por ejemplo dei
extremo sur del distrito de Retiro, próximo al Planetario, zona donde se va a llevar a cabo toda una gran
reforma con la instalación de una nueva estación de autobuses y otra serie de edificaciones destinadas a
actividades terciarias. Otro tanto ocurre con el distrito de Arganzuela, con toda el área que queda en las
proximidades del Pasillo Verde Ferroviario, que se presenta como una de las mayores realizaciones
I Licenciado en Geografía. Universidad de Murcia. 2 Licenciada en Geografía. Universidad Autónoma de Madrid.
116
urbanísticas de Madrid y que en la actualidad está en fase de ejecución.
Este tipo de actuaciones urbanísticas, llevadas a cabo en lugares donde aún quedaba suelo por
edificar, han atraído a los constructores (como queda recogido en los anuncias) sobre todo porque en la
actualidad y dado el crecimiento de la ciudad ocupan un lugar bastante céntrico y bien comunicado,
ganando poco a poco el prestigio que no tenían, precisamente a raiz de la localización allí de viviendas de
calidad, lo que ayuda a regenerar el tejido social, aunque tambien supone costes sociales por la población
que se ve desplazada.
En cuanto a la periferia del município de Madrid encontramos por una parte anuncias que
se refieren a viviendas edificadas en zonas residenciales ya tradicionales como Mirasierra o el Parque
del Conde de Orgaz en el norte, y Aluche en el sur, y por otra podemos apreciar de nuevo el papel que
juega la realización de ciertas operaciones urbanísticas para atraer hacia sus proximidades la construcción
de viviendas. En este caso nos referimos a los nuevos recintos feriales y el Campo de Las Naciones, área
en la que encontramos varias promociones inmobiliarias en los anuncias recogidos.
Por lo que se refiere a las promociones situadas en otros municípios de la Comunidad de Madrid,
lo más destacado, es que salvo una de ellas localizada en Navalcarnero (SW de la Región) todas las demás
se situan en el N y NW, en los ejes que conducen hacia la Sierra de Guadarrama: Pozuelo, Colmenar Viejo,
San Sebastián de los Reyes, Torrelodones, San Agustín de Guadalix.
Se trata en todos los casos de municípios próximos a la capital, localizados en un radio de unos
40 km. Estas municípios experimentaron su primer gran crecimiento urbano gracias al "boom" de la
segunda residencia, pero en la actualidad, ante el continuo aumento del precio de las viviendas en Madrid
y la congestión y problemas de la gran ciudad, se ofrecen como alternativa de residencia permanente para
aquellos que no pueden acceder a una casa en el centro o prefieren vivir en zonas más tranquilas.
Esta zona, que cuenta con la mayoría de los anuncias, es probablemente la menos congestionada
de la periferia, frente a la gran aglomeración dei S y SW (Getafe, Leganés, Fuenlabrada, etc.). Esto se debe
a que ha iniciado más tarde su crecimiento y lo ha hecho con tipologías de edificación de más calidad y
menos densidad: viviendas de pocas alturas y sobre todo unifamiliares. Además su proximidad a la Sierra
hace que el entorno natural sea mucho más agradable.
Este último punto nos lleva a una de las diferencias más claras entre las dos zonas que hemos
distinguido: el município de Madrid y el resto de la Comunidad. En el primero todos los anuncias menos
uno se refieren a pisos o apartamentos, mientras que en los dei segundo grupo dominan las viviendas
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Cabe destacar para terminar este punto como el proceso de urbanización en la Comunidad de
Madrid se ve fuertemente polarizado en torno a la capital y su periferia próxima, ya que no apareceu
anuncios de promociones en otras áreas de la Región.
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2. CARACTERÍSTICAS DE LOS ANUNCIOS.
Dentro de este apartado nos centramos en aquello que los anuncias destacan como más
importante para atraer la atención del posible comprador. Esto nos permite conocer las características de
las viviendas actualmente en el mercado y tambien podremos aproximamos a las preferencias de la
demanda, ya que las campafías publicitarias, como es lógico, ofrecen aquello que más puede atraer a los
posible compradores.
En general en casi todos lon anuncias encontramos referencias al tamafío de las viviendas, com
más frecuencia por número de dormitorios que por metros cuadrados, sus características: número de
cuartos de bafio, calefacción, materiales nobles, etc., con abundantes alusiones a aspectos como el lujo. Se
especifican tambien en muchos de ellos las instalaciones y equipamientos de la promoción: piscina,
jardines, tenis. Este último aspecto es el que tiene mayor incidencia en los anuncias referidos al resto de
la Comunidad, donde la disponibilidad de suelo es mayor y puede dedicarse más espacio a estas funciones.
En cambio, no es tan frecuente que aparezcan alusiones al precio, en muy pocos se sefíala el
precio real y en otros sólo las condiciones de pago o financiación, posiblemente esto sea así porque los
altos precios alcanzados por el sector en los últimos afíos sean uno de los aspectos más negativos y por ello
no se incluyen en el anuncio para no "asustar" a posibles clientes.
Los puntos que más se destacan en los anuncias, incluso tipograficamente, son aquellos que se
refieren a la localización, como es lógico, en relación con los aspectos más positivos de ésta, pudiéndose
establecer distinciones entre las dos grandes zonas que hemos establecido. En los anuncias referidos al
municipio de Madrid se ofrece especial atención a la proximidad al centro o a zonas de prestigio: Plaza de
Castilla, Retiro, o incluso a las nuevas actuaciones urbanísticas mencionadas más arriba: Parque de
las N aciones, Pasillo Verde Ferroviario.Se incide en el hecho de que se trata de "vi vir en Madrid", y
en muchas ocasiones se indica la ausencia de muchos problemas, como la contaminación, propios de
la ciudad en general pero menos presentes en determinadas zonas.
Los anuncias de promociones en otros municipios se centran en destacar las ventajas de
su localización en un entorno natural sin los inconvenientes de la gran ciudad, este entorno permite otra
forma de vida más acorde con las preferencias de una parte de la demanda, a la que no le gusta la
congestión y problemas de las ciudades.
En algunos de los anuncias se incluyen planos de localización de la promoción donde
no encontramos de nuevo con las características sefíaladas con anterioridad. En ocasiones el plano ofrece
cierta distorsión para acentuar la proximidad al centro o a las zonas antes mencionadas.
Otro punto en relación con la localización son las comunicaciones a las que tambien se alude en
muchos anuncias, bien sea la proximidad a medios de transporte público o a vías de comunicación
importantes.
Con menos frecuencia que todo lo citado antes se mencionan otros aspectos como que se trata de
una "zona exclusiva" o la "rentabilidad de la inversión". Tambien en algunos anuncias se incluyen
fotografías o dibujos de la promoción destacando si hay jardines o elementos naturales, y en la mayoría de
ellos se sefíala cual es la inmobiliaria.
En definitiva por todo lo expuesto podemos deducir que la oferta la constituyen viviendas de
calidad situades en entornas con diferentes ventajas, según se trate del centro de la ciudad o la periferia. Se
dirige hacia una demanda con elevado poder adquisitivo que valora la calidad y un emplazamiento
adecuado a sus preferencias, aunque en general se prima la proximidad a espacios naturales, la facilidad de
comunicaciones y la ausencia de los aspectos más negativos de la vida en las grandes ciudades.
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CONCLUSIÓN.
Una vez vista la cantidad de información que se puede extraer de los anuncios recogidos en una
sola semana, la conclusión más importante a la que llegamos es que la publicidad inmobiliaria es
una fuente fundamental para conocer las características reales de! mercado de la vivienda, con lo
que queda abierto el campo para posteriores investigaciones más amplias y sistematizadas.
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j I
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EL PROBLEMA DE LA VIVIENDA EN LAS PALMAS DE GRAN CANARIA:ANÁLISIS PARA UNA CORRECTA PLANIFICACIÓN DEL TERRITORIO
1.- INTRODUCCIÓN
MATILDE ARMENGOL MARTÍN · GERARDO DELGADO AGUIAR ALEJANDRO GONZÁLEZ MORALES Departamento de Arte, Ciudad y Territorio Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
El espectacular crescimiento que experimentá la ciudad de Las Palmas en la década de los
sesenta generó un notable incremento de la demanda de viviendas, como consecuencia de las elevadas
tasas de natalidad y, sobre todo, por el alto contingente de inmigrantes que procedían de otros municípios e
islas (Lanzarote y Fuerteventura), a raíz dei fuerte despegue económico sustentado en el desarrollo
turístico de Las Canteras y comercial dei puerto de La Luz.
En efecto las licitaciones para la construcción de nuevas viviendas experimentá un fuerte
ascenso. Sin embargo, ello no fue suficiente para cubrir la creciente demanda: la incapacidad de
los diferentes agentes (públicos y privados) para dar respuesta a este fenómeno propició, además, un
aumento acelerado de las viviendas de autoconstrucción y la aparición de barriadas periféricas carentes de
infraestructuras y equipamientos colectivos (zonas verdes, centros comerciales, etc ... ). Y determinó,
también, la proliferación de núcleos de chabolas, en donde el hábitat carece de los parâmetros exigibles
para una calidad de vida humana óptima: agua, electricidad, alcantarillado, etc ...
En definitiva, estamos ante una ciudad desarticulada en lo económico y en lo social, sin que los
diferentes gestores dei sistema adecúen las inversiones de capital a una correcta planificación dei territorio
urbano. Con todo, las inversiones en sectores no productivos son cada vez mayores y la práctica de
la gestión municipal se dirige a resolver en parte las demandas sociales inmediatas, sin que exista un
proyecto de acción a largo plazo.
2.-FUENTES
Desde que en mayo de 1990 emprendimos la tarea de realizar un estudio que evalúe la
problemática de la vivienda en la província de Las Palmas, supimos de inmediato las dificultades que
íbamos a encontrar para la realización dei mismo. Ello se debía fundamentalmente a la diversidad de
las fuentes y a la heterogeneidad de los datos que en ellas se ofrecen.
Tal circunstancia determinó en cierto modo la orientación dei estudio, pues tuvimos que
proceder a construir un instrumento que nos proporcionara aquella otra información que no estaba
registrada, como ya es tradicional por otra parte, en los documentos oficiales de instituciones públicas
(Estado, Comunidad Autónoma, Ayuntamiento, Cabildo Insular, ... ) o privadas (Asociación de
Empresarios de la Construcción, ... ). Este se concretó en una encuesta sistematizada que contenía diversos
items de gran valor para alcanzar los objetivos propuestos inicialmente, pues incidían en la caracterización
de la demanda.
124
En cualquier caso, para llevar a buen término la investigación se creó un listado de fuentes,
disgregando las públicas de las privadas y, a su vez, las cuantitativas de las cualitativas. Todas e lias
conforman un cuerpo importante de información que se somete a distintos procesos estadísticos en los que
se cruzan las distintas variables para el consiguiente análisis. A continuación, éstos se reflejan en una
cartografía a escala 1: 10.000, en la que se expresan los registros obtenidos por unidades espaciales.
Algunos de los siguientes aspectos trazaron el perfil de los criterios utilizados para seleccionar
las fuentes más adecuadas:
a) Observar la evolución dei número de viviendas y sus tipologias en un período de tiempo
bastante amplio que permitiese medir su estructura en las últimas dos décadas.
b) Detectar la demanda de viviendas por distritos y barrios, así como valorar los estados de
opinión sobre el problema.
c) Analizar el crecimiento demográfico de la ciudad y la formación de nuevos grupos sociales
que aspiran a poseer una vivienda.
d) Mostrar espacialmente el proceso constructivo y de ocupación urbana del espacio
metropolitano comprendido por la ciudad de Las Palmas y los núcleos colindantes como Arucas,
Santa Brígida y Telde.
e) Evaluar la oferta pública y privada de vivienda (las V.P.O. y libres), preferentemente en
el último bienio.
f) Conocer e! grado de equipamiento y de servicios de las unidades urbanas (barrios, distritos) y
sus posibles déficits.
g) Estudiar e! proceso constructivo intraurbano y las diferentes tipologias, correlacionando la
oferta y la demanda en la lógica dei mercado del suelo capitalista (aparición acelerada de formas de
autoconstrucción para sol ventar la reducida oferta, chabolismo, ... ).
h) Averiguar la estructura de la propiedad dei suelo urbano.
i) Indagar en las distintas figuras dei planeamiento urbano, la capacidad de respuesta dei
município a la demanda de suelo para e! mercado inmobiliario y las previsiones para los próximos anos.
Finalmente, las fuentes utilizadas hasta e! presente son:
* E! Plan General de Ordenación Urbana.
* E! Catastro de la Riqueza Urbana.
* Las Licitaciones Oficiales en Construcción.
* Los Censos de Edifícios de 1980 y 1990.
*Los Censos de Viviendas de 1960,1981 y 1990.
* Los Censos y e! Padrón Municipal de Población.
* Los registros oficiales de las V.P.O. de promoción pública y privada.
*E! Libro Blanco de la Vivienda en Canarias de la Asociación de Empresarios de
la Construcción.
* La Encuesta.
3. METODOLOGÍA
El método seguido para la realización del este proyecto ha sido el hipotético-deductivo. Esto es,
hemos considerado a priori una serie de hipótesis, que tras el preceptivo análisis se han ido verificando
para formar parte dei modelo explicativo que nosotros proponemos. En cualquier caso, no se ha
desestimado el método inductivo para algunas cuestiones.
125
La información, como ya hemos comentado con anterioridad, proviene de fuentes de diversa
índole, aunque una buena parte de la misma se ha obtenido a través de una encuesta disefiada para tal fin y
que más adelante detallamos (véase anexo I).
Como se observa, hay dos tipos de items diferenciados. Por un lado, los que se refieren a
factores exclusivamente demográficos y, por otro, los destinados a la recogida de información de
la infraestructura urbana y de la vivienda propiamente dicha. En el primer caso, las variables a estudiar son
en exclusiva de estructura demográfica, pues nos parece que los aspectos de la dinámica no juegan un
papel tan importante. En efecto, paralelamente a la recogida de los datos referidos a la estructura por edad
y sexo de la población encuestada, también nos propusimos contar con los niveles educativos y el estado
socioprofesional, porque así nos permitiría contar con un diagnóstico bastante completo de la población
estudiada.
Por lo que respecta al resto de la información, hay un bloque reservado para valorar los estados
de opinión de los indivíduos encuestados respecto de las precariedades infraestructurales y, asimismo, de
las características y necesidades de las viviendas en donde se alojan.
La encuesta se realizó por los diferentes distritos de la ciudad mediante el muestreo aleatorio
simple, de tal manera que de cada cinco vecinos de una calle se escogía al azar a uno de ellos, procurando
que la muestra abarcara las distintas problemáticas de los habitantes dei distrito. A continuación se
procedió a tabular la misma, combinando las variables que nos interesaban contrastar.
En síntesis, la metodología empleada ha priorizado la necesidad de mostrar un amplio abanico de
características de la ciudad, que nos permitiera realizar a posteriori un adecuado diagnóstico que recojan
propuestas y recomendaciones dirigidas a afrontar con resolución el problema de la vivienda de
esta sociedad de tipo capitalista no industrializada, pero fuertemente terciarizada.
4. FASES DEL TRABAJO
Este trabajo se ha dividido en dos fase para su elaboración, siendo cada una de éstas
complementarias, ya que evidentemente el proceso de valorar e interpretar las necesidades de vivienda e
infraestructura en la ciudad de Las Palmas de Gran Canaria pasan previamente por una primera fase que
abarca un estudio detallado de las características demográficas de la población, donde se han evaluado las
diferentes variables (nivel de instrucción, nível de ocupación, estructura socioprofesional, ... ) que nos han
apartado una información exhaustiva sobre los condicionantes económicos, sociales y culturales de
la población. Asimismo, se ha realizado un detallado estudio de los condicionantes naturales donde se
establece la ciudad.
Por otro lado, en una segunda fase del proyecto, hemos acometido el estudio, primeramente dei
estado actual de las viviendas en la ciudad, tanto en lo que se refiere a las viviendas de promoción pública
como las de iniciativa privada a los efectos de obtener una interpretación global del fenómeno dentro del
desarrollo urbano de la ciudad.
A continuación hemos procedido a constatar las demandas reales en el sector, teniendo en cuenta
tanto las necesidades primarias de contar con una vivienda digna, como aquéllas situaciones que permiten
una movilidad residencial por las mejoras de la posición económica y social de la población y que por
tanto demandan nuevos tipos de viviendas.
Con toda esta información hemos pasado a definir las necesidades actuales de viviendas, tanto en
lo que se refiere a las viviendas de promoción pública como a las de iniciativa privada, así como las
previsiones de necesidades futuras en función al crecimiento de la población de la ciudad.
126
En conclusión, hemos pretendido realizar un proyecto que permita ordenar de forma racional la
demanda de viviendas en el município de Las Palmas de Gran Canaria, con miras a contribuir al desarrollo
de una ciudad más habitable y humana.
5. ANEXO DOCUMENTAL (Anexo I)
ENCUENT AS DE LA VIVIENDA
Ciudad: .............................................. Distrito: ....................................... ..
1. Edad......... 2. Sexo: V o H 3. Estado Civil: S C V D
4. N. Instrucción: sin estudios primaria secundaria universitaria
5. Estructura Socioprofesional
A. Rama de Actividad )0 2° 3° 4°
B. Categor.: sin cualif. cualif. encarg. jefe/propietario
6. Tipo de Viviendas: piso/m2 chaletfm2 casa terrera/m2 otros/m2
7. Uso vivienda: primera segunda pensión otras
8. Coste vivienda/Herencia ............................................... .
8.1. Afio de compra ........................ 8.2 Afio de Herencia ................ .
9. Construcción: VPO I.P. Autoconst 9.1 Afio construcción
I O. Regímen de Tenencia: propia: en alquiler
I 0.1 precio de arrendamiento: ............................ .
11. Z,Con Financiación?: si o no 11.1 Entidad: .......................... ..
12. No Habitaciones bafios: Jm2: cocina: Jm2
dormit: Jm2: salón: Jm2 estar: Jm2 garajes: Jm2 otros: 1m2:
13. Z,Qué echa en falta en su vivienda?
más grande número
1. cuartos bafio
2. cocina
3. terraza
4. salón
5. dormitorios
6. garajes
7. otras observaciones: .................................... .
127
14. z,Le gusta la zona donde vive? si no
15. z, Qué echa en falta?
a) zonas verdes
b) seguridad ciudadana
c) transportes
d) infraestructura comercial
e) infraestructura financiera
f) infraestructura sanitaria
g) servicios jurídicos
h) infraestructura de ocio
i) infraestructura social
j) infraestructura escolar
k) centros culturales
16. Indique respecto a los servicios de su barrio:
SER VICIO PROX LEJOS
1. parques,jardines,plazas
2. paradas de guaguas
3. camisarias de policia
4. tiendas de ultramarinos
5. supermercados
6. tiendas de textiles
7. tiendas de electrodomésticos
8. bazares
9. cajas de ahorros y bancos
10. farmacias
11. centros médicos
12. ambu1atorios/centros salud
13. despachos médicos particulares
14. bufetes de abogados
15. salas de multicines
16. videoclubs
17. nights clubs y otros
18. bares, pubs
19. discotecas
20. restaurantes
21. clubs sociales
22. clubs de jubilación
23. pensiones, hostales y hoteles
17. De comprar una vivienda. z,Dónde lo haría?
ciudad periferia fuera ciudad
128
18 . .;,Qué barrios de la ciudad le parece más atractivo para residir?
a.
b.
c.
19 . .;,Tienes pensado cambiar de vivienda?
si no .;,por qué?
20. Cuáles son los mayores obstáculos para conseguir una vivienda?
CONCEPTO SI NO PORQUE
Financiación
precio
baja calidad
otros
21. .;,Cuántas viviendas tiene el edifício?
a.l b.2 c.3 o más
22. Afio aproximado de la construcción: ............................. .
23. Clase de vivienda:
1. Vivienda principal 2.Vivienda no principal
2.1. vivienda desocupada 2.2. vi v. secundaria
23. otros tipos
24. Regimen de tenencia
a. propiedad b. herencia
c. alquiler d. otras formas
25. Superfície de la vivienda: ..................................... m2
26. No de habitaciones: .................................... .
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LOS CENTROS HISTÓRICOS DE LAS VILLAS DE LA GALICIA COSTERA: APROXIMACIÓN A SU PROBLEMATICA A TRAVES DE DOS CASOS CONCRETOS
PEDRO GARCÍA VIDAL Universidade de Santiago
La temática en la que se inscribe la presente comunicación hace referencia a la delicada
situación en la que se encuentra la mayoría de centros históricos de villas de Galicia, que fruto de un
desarrollo incontrolado ven como desapareceu o se transforman muchos de los elementos más
característicos de su paisaje. Si en otros momentos de la historia las transformaciones fueron importantes,
sin embargo nunca como en fechas recientes se realizaron con un total desprecio del Patrimonio heredado.
l. LA DESTRUCCIÓN DE LA MEMORIA
El progreso económico de los afíos sesenta y setenta, producido en gran medida gracias a
las remesas de dinero enviadas por la riada humana que constituyó la emigración, financiá el denominado
por TERAN (1984), "urbanismo positivista", que levantá verdaderos monstruos de ladrillo y hormigón en
las partes nuevas de la ciudad, creando espacios totalmente deshumanizados, donde el árbol apenas existe
y las zonas ajardinadas y verdes brillan por su ausencia; y no conforme con ello, irrumpió de manera brutal
en los recintos históricos produciendo unos efectos sociales, arquitectónicos y urbanos especialmente
perversos (POL, F. , 1992).
Es en las partes antiguas de nuestras villas donde el desastre va alcanzar mayores dimensiones y
esto es así, por el todavía destacado valor de posición que estos recintos juegan en el conjunto urbano y
que va a originar que fuertes intereses económicos compitan por los espacios de mayor nodalidad, que
generalmente coinciden con aquellas zonas que presentan más fácil accesibilidad dentro de los recintos
históricos (zonas de borde, calles comerciales, etc. ). Esta presión especulativa, amparada en la ausencia u
obsolescencia de normas, junto a la incapacidad de gestión de las corporaciones locales, conduce a la
irreversible destrucción de tan singulares espacios.
La destrucción no tiene sólo que ver con el patrimonio construído, aún reconociendo que es este
el aspecto más fácilmente detectable, sinó que lo amenazado va a ser el conjunto de la realidad urbana, con
modificaciones que afectan a su morfología y estructura. En definitiva, lo que se destruye es el paisaje
urbano, entendido este como el escenario objetivo visible donde se desarrola la vida de la comunidad, así
como aquel espacio percibido por las mentes de los individuas, las imágenes de la ciudad de
KEVIN L YNCH, que van a jugar un papel fundamental en la valoración del medio ambiente y en
el sentido de pertenencia e identidad.
2. MEDIDAS PROTECTORAS INEFICACES
El serio peligro de desaparición de las sefías de identidad de los recintos históricos, lleva en
algunos casos a las autoridades municipales, presionadas por las capas más concienciadas de la sociedad, a
intentar poner freno a esa carrera especulativa, y a procurar detener su progresiva degradación. De
130
esta forma, muchos núcleos históricos son oficialmente declarados Conjunto histórico Artístico, lo que
supuso que la protección fuera asignada a todo el área delimitada, y no como venía sucediendo hasta ese
momento, a edifícios concretos a los que de manera individual se declaraba Monumentos
Histórico-Artísticos; generalmente edifícios religiosos, palacios y casas nobles, de época medieval o
moderna.
La declaración de Conjunto histórico-Artístico del casco histórico, si bien en principio pudo
suponer un incremento de la conciencia de la población sobre el valor patrimonial de sus respectivas villas,
acompafiada de una reducción de actuaciones por parte de particulares por la necesidad del dictamen
de Patrimonio; sin embargo, parece que todo se reduce a atender problemas de conservación o
mantenimiento de la apariencia externa, e incluso este deseo presenta claras evidencias de no tenerse
producido en el conjunto urbano protegido.
En la mayoría de los casos, los espacios urbanos que en Galicia están declarados Conjuntos
Histórico-Artísticos, gozan de una protección real prácticamente nula. Un ejemplo claro que contribuye a
confirmar la veracidad de esta afirmación, es el incumplimiento general de la "Ley de Patrimonio
Histórico Espafiol" que en su artículo 25 obligaba a todos los Conjuntos Histórico-Artísticos a redactar un
Plan Especial de Protección. En e! afio I 990, superado con creces e! plazo de dos afios impuesto por
Ia Ley, ninguno de los 35 núcleos gallegos en esa situación, poseía tal figura urbanística, estando en
ese momento tan sólo diez en fase de redacción (PLACIDO LIZANCOS, 1990). En muchos casos,
las villas incluso no cuentan con Planeamiento propio de ningún tipo.
3. LA URGENTE NECESIDAD DE UN PLANEAMIENTO
La situación de los centros históricos de pequenas localidades urbanas presenta síntomas, en
muchos aspectos, mucho más preocupantes que los centros históricos de Ias grandes ciudades, y eso
por varios motivos:por un lado, estos recintos tienen un menor reconocimiento de Ias instituciones
públicas, lo que conduce a una menor atención en Ia aplicación de medidas eficaces de salvaguarda.
Un segundo aspecto, hace referencia a la falta o menor intensidad en la toma de conciencia social de estas
poblaciones sobre los bienes culturales y patrimoniales, producto de un alejamiento mayor de los centros
de cultura. Un tercer aspecto, que se relaciona con los anteriores, se refiere ai poco interés que Ias
corporaciones municipales muestran a Ia hora de Ilevar a cabo un Planeamiento verdaderamente protector
de sus recintos históricos en e! que se combinan: a dejación de responsabilidades en organismos superiores
con la disculpa de no ser considerados expresamente por la Ley de Patrimonio Histórico "Organismos
competentes para Ia ejecución de la Ley" (artículo 6°), atribuyéndose1es (art. 7) unas funciones
subsidiarias generales (GARCIA BELLIDO, J. 1988); e! disponer de una escasa autonomía financiera y
principalmente e! temor ante los previsibles conflictos de intereses que pudiera originar la ejecución del
Plan. La política de "laissez faire" que actualmente rige en muchos de los pequenos recintos históricos,
conduce progresivamente a su total degradación, hacia Ia pérdida absoluta de sus senas de identidad.
La tardía llegada al finisterrae gallego de las modernas teorías de procedencia italiana
(CIARDINI/FALINI, 1983) de "recuperación de la ciudad", o los nuevos conceptos acufiados por el
Consejo de Europa en el afio 1975 de "conservación o rehabilitación" y posteriormente e! de
"rehabilitación integrada" referidos ai "conjunto" dei recinto histórico, hace que se empiece a tomar
conciencia, con un importante retraso respecto ai resto de Espana, de la situación de los centros históricos
y que sea ahora cuando comiencen a darse los primeros pasos de cara a conseguir una política de
conservación dei Patrimonio acorde con los nuevos tiempos que corren.
131
Con la base en esas ideas, empieza a considerarse imprescindible y de urgencia que en los
centros históricos de nuestras pequenas villas se ponga en marcha la elaboración de un Plan Específico
destinado a proteger eses lugares concretos dei espacio urbano de acuerdo con lo establecido en la
Ley 16/1985, de 25 de junio, del Patrimonio Histórico Espanol; un Plan destinado a preservar aquellas
partes de nuestras villas y ciudades más significativas desde el punto de vista histórico y cultural. Un Plan,
en definitiva, con una fundamentación en investigaciones de base histórica y un destacado contenido
social, (CAMPESINO FERNANDEZ, A, 1989), que permita un tratamiento integrado de la problemática,
debe ser un objectivo primordial si queremos evitar la dilapidación irreversible de un patrimonio de gran
valor sacio-cultural.
4. APORTACIONES GEOGRÁFICAS A UNA MEJOR LECTURA DEL CENTRO HISTÓRICO
Senalada la imperiosa necesidad de un Planeamiento que contemple la rehabilitación integral de
nuestros recintos históricos, un segundo aspecto que nos interesa destacar como geógrafos preocupados
por la realidad urbana, es la excesiva frecuencia con que dicho Planeamiento se realiza sin tener en cuenta
la aportación de las fuentes geográficas de análisis urbano, siendo infrecuente la presencia en la
composición de los equipas redactores de geógrafos urbanos. Esta realidad nos decidió a plantearnos un
estudio previo, una radiografia dei centro histórico desde una perspectiva geográfica, destinada tanto a las
Corporaciones responsables de la convocatoria, como a los equipas redactores de los P. E. P. R. I. , así
como para el conocimiento general de los más directamente implicados en el tema, como son los propios
moradores dei centro histórico y el resto de población en general.
AI referimos, por tanto, al papel dei geógrafo en las investigaciones sobre el espacio urbano, hay
que entender que estamos transmitiendo nuestras particulares experiencias que se centran en dos pequenas
villas próximas a nuestro lugar de origen, en este caso las villas de Muros y Noia situadas en la ría de
su mismo nombre, en las que llevamos a cabo dicho estudio previo ai P. E. P. R. I. Bajo esta perspectiva,
vamos a sefíalar algunhas cuestiones que consideramos destacables de sus centros históricos,
generalizables en gran medida al resto de las villas costeras de Galicia.
4. 1. LOS RASGOS DEFINIDORES DE NUESTROS C. H.
Aunque por razones obvias, no sea posible describir aquí los resultados de la investigación en
los diferentes puntos, que hacen referencia a los procesos generales que condujeron a la formación y
posterior desarrolo urbano de los recintos históricos de la villas de Muros y No ia, ni detenernos en
aspectos de su estructura y morfología urbanas, así como tampoco en la dinámica y problemática que
presenta su población; si vamos a indicar, aunque sea muy brevemente, aquellos rasgos más destacables de
dichos espacios.
4. 1. 1 . UN PAISAJE DE NATURALEZA DIVERSA
Con el término paisaje urbana queremos referimos a una de las partes constituyentes de la
ciudad como es su continente, su esencia física, pero siempre teniendo en cuenta que esta es el
132
resultado espacial que refleja unas maneras de vivir y unas condiciones socioeconómicas que se sucedieron
a través de los siglas. Trataremos por tanto el paisaje como un producto social, condicionado en parte por
el entorno geográfico (emplazamiento y situación) en el que la ciudad se levanta, (ZARATE MARTIN,
1991).
a) El plano y parcelario
En esencia la planta de las villas de Muros y Noia permaneceu fieles a su configuración
originaria: el núcleo medieval de tendencia circular que encierra un tejido viario con disposición radio
concéntrica, donde perdura la antigua jerarquía viaria, apareciendo en su contorno unos arrabales en los
que el camino se convierte en elemento prolongador de la ciudad.
Con estos elementos el plano perdura hasta la segunda mitad dei XIX, cuando tienen lugar una
serie de reformas urbanísticas que ya se comenzaran con el progresivo desmantelamiento de la cerca
medieval, que tiene ahora su fase final, a la que contribuye la construcción de las vías de circunvalación.
Los espacios libres sufren importantes cambias: apertura o regularización de plazas desde las que poder
contemplar mejor las antiguas edificaciones; creación de amplias alamedas para disfrute de la naturaleza y
una transformación dei entramado viario centrado en la nueva alineación de las calles y en la desaparición
de un elemento característico de la ciudad preindustrial como es e! soportal; son actuaciones que tienen
una importancia decisiva en la creación de la imagen actual de nuestras villas, pues fue en ellos cuando
Muros y Noia adquirieron la fisonomía que hoy podemos contemplar. Posteriormente sólo pequenas
variaciones de una escala en detalle producen ligeros cambias.
Sobre e! otro elemento estructural como es e! parcelaria han actuado como elementos
transformadores de! mismo las sucesivas transmisiones y particiones que alteraron grandemente la
partición histórica, dando lugar a un catastro minifundista. La regularización de! plano con las
nuevas alineaciones ayudaron a geometrizar la silueta de los solares.
b) Un caserío decimonónico predominante
La intensa transformación que va a tener lugar en los núcleos de Muros y Noia por parte de
las capas burguesas a partir de la segunda mitad dei XIX, se manifiesta de manera más visible en lo
que afecta a! espacio edificado. Una nueva forma de concebir e! espacio urbano, espacio que debe
adaptarse a las nuevas necesidades de una clase social cada vez con mayor poder económico y político, y
será lógico que los cambias más profundos afecten a! lugar de residencia, a la vivienda, que ve como es
modificada su naturaleza constructiva, y su imagen, (GARCIA VIDAL, I 992).
Los siglas XIX y XX supondrán, un cambio en la fisonomía, como sucede en la mayoría de
los núcleos urbanos gallegos, de las villas de Noia y Muros, por el nuevo disefío de las fachadas en las
que adquirirá gran protagonismo el balcón o corredor cerrado con hermosas rejerías de hierro forjado.
Casas con balcones en diferentes combinaciones van a sustituir a las típicas viviendas asoportaladas de
época preindustrial. Un elemento importante de! cambio de imagen de las fachadas de los edifícios de esta
época, va a ser la aparición de una variante de las casas con corredor:la galería acristalada construída de
madera y pintada de color blanco, que tanto éxito alcanzó en las ciudades gallegas. Este tipo de alzado
predominante, aparece salpicado de monumentos de época medieval y moderna - edificios religiosos,
palacios urbanos, casas nobles, etc. - que por su especial significación histórica se convirtieron en
elementos simbólicos y referenciales de la ciudad.
133
4. 1. 2. EL CASCO HISTÓRICO CENTRO FUNCIONAL
El papel económico que juega en la actualidad el núcleo histórico en las pequenas villas
costeras, a diferencia de lo que sucede en otros espacios urbanos, sigue siendo de privilegio. La ciudad
antigua continúa conservando su aparato comercial y organismos de dirección, para continuar funcionando
como centro de gravedad sobre el que gira el resto de sectores urbanos aparecidos en los últimos anos. En
virtud del desarrolo experimentado a partir de los afíos sesenta, en que las villas desbordan los límites del
recinto histórico, algunas actividades comerciales y de servicios se instalan en estes nuevos espacios, pero
el grado de mantenimiento de funciones centrales y la obtención de otras nuevas que tiene lugar en el
centro, lo convierten en polo de atracción generador de densos flujos, itinerario obligado desde el resto de
los barrios y punto focal al que se dirigen las gentes que se incluyen dentro de la esfera de influencia de
las villas de Muros y Noia.
El desigual reparto espacial de las actividades terciarias, la problemática de expulsión
habitacional por terciarización, al lado de problemas de tráfico rodado por la intensidad de flujos, son
temas a tener muy en cuenta en un futuro Plan.
4. 1. 3. V ACIADO POBLACIONAL Y ENVEJECIMIENTO
Es un dato aceptado mayoritariamente que uno de los males que acompafían a los centros
históricos es aquel que hace referencia al vaciado poblacional que están a sufrir en las últimas décadas.
El núcleo de Noia, por ejemplo, aún sosteniendo muchas de las funciones de cabecera, no fue capaz de
impedir que se diera en el interior de su espacio un proceso de abandono y envejecimiento demográfico.
Entre 1955 y 1986, el Casco histórico pierde el 60 o/o de sus habitantes, pasando de 3.165 a 1. 905 personas.
La emigración hacia zonas nuevas del espacio urbano a partir de la década de los 60-70, invirtió
la tendencia de épocas anteriores en las que vivir en el centro era símbolo de poderío social y económico,
de prestigio en definitiva. El deterioro dei parque inmobiliario hace que la gente busque las viviendas más
confortables de los nuevos espacios urbanos, lo que directamente contribuye al agravamiento del problema
de deterioro físico de ciertos sectores del núcleo histórico. Tanto en Muros como en Noia, se detecta un
importante grado de degradación física. En nuestro estudio del ano 1986, aproximadamente la mitad de
los edifícios precisaban obras parciales de conservación y restauración; un porcentaje de edifícios de
alrededor de un 15-20% se encontraban en estado deficiente o ruinoso. Paralelamente una proporción de
viviendas se encuentran abandonadas o sólo parcialmente ocupadas, siendo en muchos casos únicamente
utilizado el bajo.
Paralelamente al abandono poblacional dei casco histórico va a producirse otro de los problemas
dei mismo, cual es el envejecimiento de sus efectivos. Son los estratos más jóvenes de población los
que dirigen sus pasos cara a los nuevos sectores urbanos de la ciudad. De la intensidad de este proceso
pueden dar idea los siguientes datos:
El centro histórico de las villas de Muros y Noia en 31 anos (1955-1986) cambia su signo y pasa
de albergar un porcentaje de menores de 20 afíos próximo ai 35% en el afio 1955, a contar con sólo un 28%
en 1986. Por el contrario, los viejos van suponer un 22% en el1986, cuando en 1955 eran sólo un 10%.
134
5. CONSIDERACIONES FINALES
Una reflexión sobre la situación actual de los centros históricos de las villas de Galicia, hace ver
como, realmente, estamos en un momento decisivo para su futuro. La elaboración de un Plan protector
acorde con las ideas de rehabilitación integral, que contemple no sólo la recuperación dei paisaje físico,
sino también de los grupos sociales que lo habitan, se nos antoja como un paso previo imprescindible
de cara a su salvación. El geógrafo, ante la dilapidación acelerada e irreversible de tan singulares espacios,
y anticipándose a la realización dei referido Plan, puede aportar su particular visión que contribuya a
un mejor conocimiento dei centro histórico, lo que posibilitará, por un lado, el desarrollo de una mayor
conciencia social sobre su problemática, al mismo tiempo que facilitará la toma de decisiones positivas a
los equipos redactores y a los propios ayuntamientos.
BIBLIOGRAFIA:
CAMPESINO FERNANDEZ, A. J.: "Patrimonio y planeamiento democrático en nuestras ciudades históricas". IV Colóquio Ibérico de Geografia. Coimbra, Instituto de Estudos Geográficos. 1987. "La rehabilitación integrada de los centros históricos: E! reto urbanístico de finales de los ochenta". Revista Investigaciones Geográficas. Instituto Universitario de Geografia de Alicante. n° 7/1989.
GARCIA BELLIDO, J.: "Problemas urbanísticos de la Ley dei Patrimonio Histórico Espafíol: Un reto para e! urgente desarrollo legislativo autonómico". Revista Ciudad y Territorio, no 78/1988.
GARCIA VIDAL, P.: Noia:Xeografia urbana e área de influencia. Noia, 1989 A Noia da memoria. Pasado e presente dun casco histórico. Noia, 1991. "A cidade da burguesía: unha nova paisaxe para unha nova sociedade". Revista de Estudios Sociais do Barbanza, no 2/1992.
HIGUERAS ARNAL, A.: "E! papel dei geógrafo en las investigaciones sobre e! espacio urbano". Geographicalia n° 11-12/1981.
LIZANCOS MORA, P.: "Aproximación á problemática dos Conxuntos Históricos". Revista A Nosa Terra, n° 5/1990. RIBAS PIERA, M.: "Problemática de la conservación de centros históricos". Revista Ciudad y Territorio, n° 311975. VV. AA. Primeiras Xornadas de Planificación Especial para os Conxuntos Históricos. C. O. A. (1992).
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CONSIDERACIONES SOBRE EL ESPACIO RURAL EN EL AREA METROPOLITANA DE A CORUNA: PLANES DE ORDENACIÓN ESPACIAL DEL TERRITORIO.
FERNANDO GARCÍA P AZOS Licenciado en Geografía
El proceso de urbanización del espacio rural en el Area Metropolitana de A Corufia supone la
evolución de una nueva concepción de! espacio, resultante de la superposición de diferentes formas de vida
y yuxtaposición de economías descontextualizadas del medio, ante la expansión de la ciudad en continuo
crecimiento y modeladora principal del paisaje de un campo en crisis, que soporta una población
envejecida en explotaciones de escasa rentabilidad económica y dentro de una sociedad cerrada y cada vez
más desarraigada.
Este fenómeno se puede constatar a distinta escala y con diferentes repercusiones en los
municípios de Arteixo, Culleredo, Oleiros, Sada, Cambre, y Bergondo. Según la proximidad al núcleo
urbano de A Corufia modifican el ritmo de su crecimiento, haciendo necesario una planificación en la que
se adoptan una serie de medidas, correctoras en unos casos y directoras en otros, sobre los usos y las
distintas ocupaciones dei suelo.
HACIA UNA PLANIFICACIÓN DEL TERRITORIO EN GALICIA.
La Ordenación dei Territorio en Galicia presenta una serie de problemas derivados de! concepto
de propiedad de la sociedad gallega, de la calificación del suelo (prácticamente igual que en la ciudad), y
la concepción de núcleo de población por las distintas disposiciones legislativas (SOUTO GONZALEZ,
X. M., 1987), así como e! escaso interés de los ayuntamientos en abordar una política de ordenación
adecuada.
Todo ello va incidir en una falta de planeamiento dei suelo no urbanizable, dominante y
caracterizador dei medio rural, donde se produce una degradación de sus valores propios con la utilización
indiscriminada de este suelo, debido a una atribución a las parcelas de una capacidad de edificabilidad
consustancial a la propiedad, junto con e! continuo aumento de la dispersión de los asentamientos
humanos, en especial de los residenciales e industriales, sobre e! territorio conformando un modelo
urbanístico atípico, en donde se imposibilita la implantación de infraestructuras, servicios, y
equipamientos.
Incidencia de la legislación en la ordenación dei mundo rural.
El planeamiento físico o bien ha valorado el espacio rural como simple reserva de suelo urbano y
marco natural de fuerte carga emotiva o bien ha estimado su capacidad productiva sin preocupación por
los efectos medioambientales que de la misma se derivan (FALQUE, M. 1973). Es significativo en tal
sentido una aplicación poco rigurosa de la Ley del Suelo de 1975, y la clasificación ambigua y negativa
como Suelo No Urbanizable del espacio rural, que supone una transformación drástica de un entorno
natural de especiales connotaciones en Galicia, al ser este espacio definidor de la base de ordenación dei
territorio gallego.
136
La Comunidad Automónica, al asumir las competencias en materia de Ordenación dei Territorio,
elaboró en 1985 la Ley de Adaptación dei Suelo a Galicia (LASGA), una normativa particular y diferente
dei resto dei Estado espafiol, donde se modifica y se desarrolla la Ley dei Suelo que presentaba
dificultades de aplicación en un territorio como el gallego.
Los criterios seguidos en la LASGA incorporan la necesidad de la defensa o de una peculiar
protección de los núcleos rurales, con el objeto de establecer una serie de medidas tendentes a la
conservación y mejora de sus valores y potencialidades intrínsecas como son:
a) Control dei crecimiento de forma anárquica y dispersa para evitar la desestructuración dei
sistema de asentamientos dei territorio definido en torno a la división parroquial y reservar suelo para
el crecimiento potencial.
b) Se diferencia entre núcleos rurales tradicionales y recientes, cuyos terrenos se podrán
clasificar en su totalidad o en parte como urbanos, urbanizables programados, o no programados o aptos
para urbanizar o no urbanizables, ampliándose la delimitación dei suelo urbano a los núcleos rurales de
cada parroquia.
c) Se toman medidas para controlar la creación de nuevos núcleos de población siguendo
criterios de nivel de consolidación apoyado en el viario existente, y mediante parámetros de densidad de
vivienda/habitante comprendidas en un radio fijo, según lo cual en un radio de 50 m no puede haber más
de una edificación, en el de 75 metros 3 y en e! de 100m 6 edificaciones.
d) Se reconocen las diferentes tipologías edificatorias, edificación vivienda adosada o en hilera,
y unifamiliar aislada.
e) Se establece que e-1 suelo no urbanizable de los núcleos rurales seguirá conservando su
condición de rural, permitiéndo, en casos excepcionales, la construcción de viviendas permitiendo aisladas
no vinculadas a explotaciones agrícolas (superfície miníma 6.000 m2 en el área estudiada).
f) Se establecen áreas de protección agrícola, forestal y paisajística, que se reducen a
los mínimos espacios por parte de los ayuntamientos dei A. M. de A Corufia.
g) Las áreas industriales se establecen siempre sobre zonas existentes o consolidadas en torno a
las vias de comunicación importantes.
En resumen, se puede decir que la implantación de la LASGA trata de buscar soluciones a
la realidad urbanística gallega, en la que el medio rural escapa fuera de todo tipo de planeamiento. Es un
esfuerzo serio en la organización dei territorio, a pesar de que los ayuntamientos se muestran reaccios en
aplicar estas medidas debido a una marafia de intereses particulares, lo que se constata en el hecho de que
en 1990, en la província de A Corufia dei conjunto de los 94 municípios, sólo 71 tienen una figura de
planeamiento urbanístico, de los cuales e! 56 alcanzan a ordenar todo e! territorio municipal, y e! resto
son proyectos de delimitación de suelo urbano, y sólo 16 de ellos se adecuan a las prescripciones de
la Ley 11/1985 de adaptación dei suelo de Galicia.
Medidas adoptadas para la ordenación dei territorio en A.M. de A Corufia.
E! proceso de periurbanización se explica a través de distintas variables como son
e! considerable aumento demográfico de la ciudad con la consiguiente alza dei valor dei suelo y la
vivienda, la descentralización de los centros de trabajo, la generalización dei automóvil, la mejora de
los accesos, y la búsqueda de nuevos modelos residenciales. Todo ello provoca el éxodo de funciones
urbanas hacia la periferia determinando:
- La localización de pequenas aglomeraciones urbanas que pasan a convertirse en núcleos
satélites de la ciudad, receptores de inmigrantes dei éxodo urbano (Oleiros, y parte septentrional de
Culleredo y Arteixo).
137
- Una descongestión industrial consecuencia de una intensa suburbanización con
la concentración física de las industrias en el Polo de Desarrollo en Arteixo y Culleredo y Poligonos
industriales en Cambre, Oleiros y Bergondo.
- Una reorientación funcional de ciertos núcleos en base a una nueva organización del espacio.
Así unos pasan a desempenar funciones relacionadas con la industria en Culleredo y Arteixo, y con
las actividades del sector terciario predominantes en Perillo (Oleiros), y en otros casos se combinan como
en Sada y Bergondo.
- La transformación de la población activa por el aumento de población dedicada al sector
secundaria y terciario, en detrimento del sector primario. El descenso importante de la población agraria,
que se caracteriza por un fuerte envejecimiento y su localización predominante en la parte sur del
municipio de Culleredo, Arteixo, Cambre, y Bergondo, supone la aparición de una nueva agricultura
orientada al mercado con una mayor especialización tanto en la ganaderia, y de carácter más intensivo con
invernaderos (hortalizas y flores) en las proximidades a los núcleos de población.
- Espacio que se configura zona de descentralización residencial, siendo el incremento del
parque de viviendas mayor que el crecimiento demográfico, confirmando asi su función de
área complementaria para el descanso y el tiempo libre. Las viviendas principales o de uso permanente y
las desocupadas destacan en las zonas más industrializadas, mientras que en el sector oriental el
predomínio corresponde a la vivienda secundaria, determinando una urbanización dispersa, lo que se hace
evidente en municípios de caráter rural como Bergondo y Cambre, y en las proximidades de la costa en
Sada, Oleiros y Arteixo ( cuadro I).
MUNICIPIOS POBLACIÓN % CRECIMIENTO % POBLACIÓN % VIVIENDA (1991)
1991 DE 1981-1991 ACTIV AAGRARIA Principal Secundaria
Arteixo 8.643 14 9,65 61 10
Bergondo 5.443 -0,4 29,62 54 32
Cambre 12.383 32 16,53 60 15
Culleredo 14.602 10 8,80 64 10
Oleiros 18.727 24 8,51 52 19
Sada 9.190 14 18,89 55 35
- La expansión física de los asentamientos implica una intensa transformación de la red de
asentamientos humanos que se corresponde con una distribución de la población descentralizada y
un habitat difuso periurbano, encontrándonos con municípios como Bergondo donde la casi totalidad de
la población vive en hábitat disperso, al no existir ningún núcleo que sobrepase los trescientos habitantes.
Alli donde existe núcleos de población consolidada la dispersión de la población es menor, como ocurre en
Arteixo y Culleredo donde se tiende hacia un modelo nucleado.
Estas diferentes características socioeconómicas de los municípios conlleva una preocupación
díspar en la ordenación del territorio, ante unos problemas y objetivos distintos y de consecuencias
dispares, que se hace evidente en las figuras de planeamiento donde destacan las delimitaciones de suelo
urbano y Normas Subsidiarias de Planeamiento, lo que implica una concepción urbana dei espacio que
poco tiene que ver con la realidad objetiva de Galicia, eminentemente rural, pero si es coherente con
la percepción de los vecinos respecto al espacio: un suelo valorable en términos monetarios y que se puede
vender para edificar sobre él.
Por otra parte, la menor presión fiscal en los municípios limítrofes, la mayor tolerancia y
agilidad burocrática, unido a disponer de suelo abundante y barato, justifican la evolución de los distintos
municípios que teniendo escasos rocursos económicos tratan de rentabilizar la expansión de la ciudad.
138
En un análisis detallado de los municipios se pueden diferenciar los que tienen un Plan de
Ordenación y los que actúan con las Revisiones y Normas Subsidiarias por la necesidad de un control de
la ocupación dei suelo, o también en áreas en contacto directo con A Coruiía y aquellas más alejadas.
a) Areas de localización industrial y residencial en contacto directo con A Coruiía.
Oleiros, Culleredo y Arteixo, donde el crecimiento demográfico de las parroquias limítrofes con
A Coruiía es espectacular, son municipios sometidos a fuertes presiones inmobiliarias en su condición de
mercado potencial de suelo urbano. La ocupación residencial y la industrial, junto con los atractivos que
ofrecen hacia un cierto turismo, definen los parámetros de las directrices de la ordenación de su territorio.
Hemos de diferenciar claramente entre Oleiros y Culleredo donde se llega a abordar las
consecuencias de su expansión mediante un Plan General de Ordenación Urbana Municipal, y Arteixo
donde no se adoptan ninguna medida de control ante una clara falta de voluntad politica.
Los problemas en uno y otro municipio son distintos, pues la incidencia urbana en Oleiros se
extiende por casi la práctica totalidad dei municipio con una alta ocupación residencial dei suelo,
convirtiéndose desde los anos 60 en e! municipio gallego con mayor número de urbanizaciones y
parcelaciones. En 1984 se aprueba el Plan General de Ordenación ai amparo de la reforma de la Ley dei
Suelo de 1975, no siendo aún adaptada a la LASGA. La estrategia definida en el Plan hace descansar sobre
la iniciativa privada el desarrollo de suelos urbanizables no programados de baja densidad, con e! tipo de
ciudad jardin, para lo cual es especialmente apto e! término municipal, tanto por sus propias características
como por su situación en la comarc.a.
En Culleredo cuenta desde 1970 con un Plan General de Ordenación Urbana Municipal, según la
Ley dei Suelo de 1956, se hace una revisión y adaptación dei Plan General de Ordenación Urbana con
referencia a la LASGA. La zona 1_10rte surge como área residencial de la ciudad de A Coruiía, mientras que
la zona sur tiene un marcado carácter rural y un fuerte éxodo de población.
Estos planes definen las áreas de crecimiento y de nueva urbanización, buscando e!
reconocimiento de los asentamientos de población tradicionales y su ordenación, limitando el proceso de
dispersión de la edificación con el fin de evitar la desestructuración dei sistema de asentamientos.
Finalidad, completar los núcleos existentes, y propiciando su conexión con la red viaria
existente.(PENAS MURIAS, M. V., 1987).
Sin embargo, nos encontramos con el municipio de Arteixo que se puede seiíalar como
paradigma por sus características socio-económicas en tanto que se presentan dos realidades contrastadas
entre e! norte y el sur. Por una parte la vocación rural agrícola forestal de la zona meridional, donde es
necesario la protección del paisaje fomentando e! uso agrícola y la creación de incentivos urbanísticos para
evitar el éxodo hacia e! norte, y por otra parte una importante área urbana e industrial en el norte.
Un municipio que posee también ciertos recursos de índole turistico escasamente explotados, y en e! que
nunca se asumió ningún tipo de control ante el aumento de ocupación del suelo por las edificaciones
residenciales e industriales, resultando e! actual caos y una irreversible planificación sobre hechos
consumados.
Actualmente, no existe un Plan de Ordenación, solamente un avance de las Normas subsidiarias
en la que se especifica como "Normas de salvación", de alcance limitado dado el caos existente al
producirse una disfuncionalidad entre el empleo en Arteixo y la vivienda en A Coruiía al mismo tiempo
que se hace notar una ubicación de las zonas industriales sin ningún tipo de criterio urbanizador, con
una red viaria pésima, junto con unas edificaciones aisladas que rompen todo criterio de con junto o
139
núcleo urbano organizado y lo convierten en el basurero de la capital.
En estos tres municípios de evolución diferente, se configuran como el área de expansión más
it?-mediata de la ciudad de A Corufía, donde se localizan una serie de infraestructuras (autopista, el
aeropuerto, líneas de ferrocarril, abastecimiento de agua a Corufía, etc), y las instalaciones de diverso
índole y significado (Club de Golf, y el Casino ... ), que se podría englobar como equipamiento
institucional extramunicipal, siendo consideradas como servidumbres y unas afecciones que estiman que
no tienen la debida compensación para los habitantes dei município. Esto hace palpable la necesidad de un
Plan que coordine las iniciativas de conservación y protección dei medio ambiente, y una diversificación
económica y de prestación de servicios, con el fin de un desarrollo integral dei territorio.
b) Areas residenciales periféricas ai núcleo urbano A C o rufia.
La accesibilidad de los municípios de Cambre, Sada y Bergondo, propicia un crecimiento a
expensas dei desarrollo de A Corufía, lo que conlleva a un habitat disperso debido a un gran número de
viviendas de segunda de residencia, y a la necesidad de una vertebración dei territorio según las vfas de
acceso controlando el proceso de éxodo urbano que se vienen experimentando en las últimas décadas.
Existen en estos ayuntamiento un documento de Revisión y Adaptación de las Normas
Subsidiarias de Planeamiento; adaptado a la LASGA; no se realiza un Plan General, aduciendo la reducida
capacidad de gestión dei município, con lo que tan sólo se controla el crecimiento de los asentamientos
rurales actuales evitando la dispersión en función de las dotaciones infraestructurales y los equipamientos.
En Sada se parte dei desarrollo dei núcleo urbano como cabecera de una pequena subcomarca,
dada su entidad como puerto pesquero. Se trata de potenciar como município acaparador de población
corufíesa con predomínio de viviendas permitiendo permanentes y secundarias, teniendo en cuenta
su carácter turístico y la falta de todo tipo de industria.
En Cambre, de caracter más rural, presenta características óptimas para el desarrollo residencial:
viviendas unifamiliares secundarias, ai ser suelo menos caro que en el resto de municípios costeros, asf
mismo el desarrollo de una actividad agraria competitiva es factible dada las condiciones de sus
explotaciones, lo que permitiría una planificación rural en base a sus propias potencialidades.
En Bergondo teniendo en cuenta las especiales caracterfsticas socioeconómicas dado su fuerte
carácter rural y residencial, se tratan de aprovechar su atractivo turístico, su accesibilidad y la reciente
creación de un Polígono Industrial para potenciar su economía, facilitando la instalación de población
siendo flexibles tanto con la vivienda secundaria como con la permanente. Si bien, la regulación sobre la
ordenación dei territorio es bastante precaria, es factible un planeamiento interesante que suponga
la conservación dei medio rural así como la adaptación dei nuevo habitat con una perspectiva de futuro.
La escasa entidad económica de estos municípios explica que su futuro se orienta a ser un núcleo
fundamentalmente residencial y con posibilidades de potenciarse como áreas de esparcimiento y ocio dado
su carácter marítimo (Sada y Bergondo), así como ser zonas propicias para la concentración de industrias
no contaminantes o almacenes (Bergondo) ante unas cargas impositivas mínimas, o desarrollo de
agricultura intensiva de invernaderos (Cambre).
140
CONCLUSIONES
Es evidente que la realización de una planificación del territorio presenta serios conflictos al
encontrarse distintas partes interesadas, de intereses contradictorios: propietarios del suelo, promotores
inmobiliarios, ciudadanos (consumidores), y município (regulador y arbitro).
No obstante, desde el punto de vista legislativo, la aprobación de la LASGA supone una
concienciación de la necesidad de un modelo territorial vertebrado, partiendo de las especificidades de
la tipologia urbanística gallega y la consideración de un mundo rural propio y cada vez menos cerrado en
si mismo, plasmando la necesidad por parte de los municípios de una política comprometida en
una planificación del territorio, elemento básico del futuro desarrollo económico del país.
En el A. M. de A Corufia se necesita la realización de un Plan Director Comarca!, que defina las
directrices generales de estructuración del territorio rompiendo las particularidades de cada município,
pero protegiendo la personalidad de los mismos, asi como el estudio de las interrelaciones de su comarca,
que pueden partir de la existencia de unas vias de comunicación que faciliten el desarrollo integro del área
metropolitana. Asi pues, la autovia de pronta realización entre Carballo-A Corufia debe vertebrar el
desarrollo de Arteixo, tanto del área industrial como la zona rural; el acceso libre a la autopista supondria
para Cambre, y Bergondo, unos viales de primera magnitud para el desarrollo de áreas industriales como
de zona residencial, aumentando considerablemente el desarrollo económico de enclaves de características
netamente rurales, y del interior, por otra parte, supondria una descongestión de la circulación de los
núcleos urbanos que crecen entorno a la carretera Santiago-Corufia (Culleredo).
El espacio rural necesita de una planificación del paisaje que no sólo lo considere como un
simple marco verde, sino como espacio polivalente de nuevo uso social de recreo, ocio, excursiones, etc.
BIBLIOGRAFIA
PRECEDO LEDO, A.: La Coruiia, Metrópoli Regional. Fundación Caixa Galicia. A. Corufía 1991. SOUTO GONZALEZ, X. M.: Xeografía Humana. Vigo, Galaxia, 1988.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PLANEAMIENTO Y GESTIÓN DE UN CONJUNTO URBANO-PORTUARIO: LA CIUDAD DE LAS PALMAS DE GRAN CANARIA.
GERARDO DELGADO AGUIAR Departamento de Arte, Ciudad y Territorio Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
1. CARACTERIZACIÓN DEL CONJUNTO URBANO-PORTUARIO.
En este trabajo presentamos un análisis de las relaciones que se establecen entre la ciudad y
el puerto de Las Palmas de Gran Canaria. Ambos, dada su peculiar configuración espacial, mantienen unas
relaciones simbióticas que conviene desenmascarar, precisamente en relación a la problemática que
se sucita en las zonas fronterizas.
Acometemos esta labor desde la perspectiva dei análisis geográfico. Nuestros objetivos serán:
a) reconocer espacialmente el conjunto urbano-portuario objeto de estudio, pues así nos proporcionará la
información adecuada para evaluar los procesos de crecimiento y desarrollo urbano de estas dos unidades;
y b) localizar y v a! orar los diferentes puntos conflictivos que se generan en esas relaciones espaciales.
En palabras de CASTEJÓN-ARQUED (1991, p. 432): "Las relaciones espaciales entre ciudad y
puerto que se explican por su emplazamiento en un territorio común, se detectan en el paisaje urbano tanto
por vestigios arquitectónicos como en el di se fio dei plano de la ciudad".
1.1. El medio físico.
La ciudad y puerto de Las Palmas de Gran Canaria se asientan sobre un espacio definido
claramente:
a) Un bloque formado por una serie de conos volcánicos escoriáceos y coladas lávicas ai sur de
los mismos, actualmente muy desgradados por la acción antrópica, que denominamos La Isleta; en donde,
también, e! efecto dei oleaje ha modelado la costa de este islote, violentamente castigado en su vertiente
norte y oeste, generando un escarpe más pronunciado, al que se contrapone el litoral raso y con pendientes
poco acusadas ai este y sur.
b) Un tómbolo configurado por acumulaciones de arenas de tipo orgânico que es e! soporte de
la malla urbana de la ciudad de Las Palmas, quedando actualmente como únicos vestigios visibles las
playas de Las Canteras y de Las Alcaravaneras.
c) Dos bahias, por un lado la conocida como El Confital ai oeste con una lengua lávica que
ha derivado en una barra natural frente a la playa de Las Canteras y, por otro, la de La Isleta ai este;
que resultan de la disposición de los anteriores elementos geomorfológicos.
d) Finalmente, depósitos sedimentarios de origen marino, que denominamos Terraza de
Las Palmas y que los hallamos en la costa de la bahia dei Confital y en otras zonas del extremo noreste de
la isla de Gran Canaria, con manifestaciones puntuales en algunas zonas de la ciudad.
142
1.2. La morfología urbana.
Las Palmas de Gran Canaria surge en 1478 en torno a la desembocadura dei barranco de
Guiniguada como un antiguo campamento castellano de colonización. Una vez terminada la conquista de
la Isla y trancurridas casi tres centurias este primigenio asentamiento creció lentamente en tanto que se
desarrollaba una actividad comercial fundamentada en el tránsito de buques entre Europa y América. A
finales dei siglo XIX la función comercial de la ciudad se consolidá a partir de la construcción dei puerto
de La Luz en sustitución dei muelle de Las Palmas que ofrecía pocas garantías de seguridad y expansión
para las actividades portuarias (reducida superfície de abrigo, limitaciones del medi o físico, .... ). Desde
1883, momento en el que se inician las obras dei puerto, se dieron las pautas para la expansión y ocupación
territorial de la ciudad moderna y contemporánea. La llegada de nuevos contingentes de población y
el crecimiento económico generado en los confines de la centuria propiciá una dinámica urbana agresiva.
Así en 1915 la ciudad ya presentaba dos áreas de expansión: en primer lugar, el espacio de la ciudad vieja
de Vegueta-Triana, junto ai barranco y, en segundo orden, e! nuevo puerto de La Luz que atrae pobladores
que invaden ahora e! sue lo libre con autoconstrucciones y limítrofes a aquél (véase figura 1 ).
En los afíos sucesivos, la importancia sustantiva dei puerto favoreció la implantación de una
malla urbana con un eje directriz de tipo lineal, desde Vegueta ai sur hasta La Isleta al norte. La
transformación dei paisaje urbano es trascendental y en los próximos afíos terminará ocupándose todo el
istmo de Guanarteme, con una trama irregular que refleja formas de ensanche más o menos regular y trazos
que no respondeu a unos perfiles concretos o definidos por la planificación. En cualquier caso, en ningún
momento se tuvo en cuenta las singulares condiciones naturales (arenales, playas) en la construcción y
extensión de la red urbana. La colonización dei litoral y el desarrollo de la trama urbana sincroniza con
el crecimiento de la infraestructura portuaria, generándose un espacio urbano-portuario peculiar por su
perfil intrincado, que condiciona la accesibilic\ac\ y el uso dei sue lo apetecido por estos dos "organismos".
1.3. La infraestructura portuaria.
La vida de cualquier puerto está profundamente marcada por e] medio físico en que se ubica. La
condiciones geológicas y medioambientales marcan las posibilidacles de la infraestructura. En el pasado,
éstas dificultaban sobremanera la arquitectura portuaria. Hoy, en cambio, no suponen un gran impedimento
ya que el nivel alcanzado por la tecnología permite resolver en muchos casos los obstáculos que impone
el medio.
El puerto de La Luz no es un proclucto aleatorio ni circunstancial. Por el contrario, es una
realidad que ha ido gestándose en el tiempo y en el espacio. Se debe a un proceso histórico en el que
ha desempenado una importante función, siendo partícipe de la construcción y evolución de la ciudad de
Las Palmas. El actual puerto contó favorablemente con un marco natural que fue decisivo: la bahia
de La Isleta se convirtió en ellugar más idóneo para el desarrollo de una infraestructrua que permitiera la
expansión dei hinterland al que se supeclitaba, la isla ele Gran Canaria y la ciudad de Las Palmas. Tanto el
puerto como la ciudad no se entienden por separado, considerándose como un núcleo macrocefálico de
Gran Canaria y de su burguesía mercantil.
El puerto se sitúa entre los 15°25' de longitud oeste y los 28°09' de latitud norte, ocupando la
bahía de La Isleta desde la Península del Nido hasta la dársena deportiva en la Avenida Marítima dei
143
Norte: 181 hectáreas de superfície terrestre que incluyen la red viaria interna, depósitos, jardines, edifícios,
muelles y diques, y 654 hectáreas de superfície marina abrigada con dos bocanas de acceso desde el
mar abierto.
La relaciones entre el puerto y la ciudad son bastante dependientes y, sin lugar a dudas, ello
se refleja en la accesibilidad. Éstas tienen un punto de encuentro común, las vías de comunicación. La
conjuncíon de las actividades a través de las vías terrestres, indican el grado de importancia de las mismas
como red arterial que canaliza los flujos entre el puerto y su hinterland. Sin embargo, si bien el puerto
tiene buenas comunicaciones interiores, con vías rapidas y de gran capacidad, ello no sucede así con las
vías de acceso desde o hacia la ciudad, frecuentemente saturadas y colapsadas por el cuello de botella que
supone atravesar el punto de mayor confluencia de tráfico de la ciudad, justamente en el istmo de
Guanarteme. Este nodo de comunicaciones se bifurca en dos direcciones, conectando a través de una red
reciente los espacios al sur de la Isla, incluído el aeropuerto de Gran Canaria, y hacia el norte a través de
una serie de carreteras poco aptas (reducido ancho de la calzada y de uno o dos carriles en ambos sentidos)
e inscritas en un tejido urbano que impide su transformación. La evacuación del trafico que flueye desde o
hacia el puerto es difícil y cada vez más supone un riesgo para la expansión de las zonas de ocio de
la ciudad, hipotecadas frente al protagonismo dei transporte y, en definitiva, dei automóvil.
Hasta aquí, hemos descrito, grosso modo, el espacio afectado. La estructura portuaria está
profundamente marcada por el dinamismo urbano. Y, en mutua correspondencia, la ciudad está inmersa en
esl espacio marítimo-portuario. Es ineludiblemente una ciudad portuaria de una sociedad capitalista no
industrializada. Este caracter ha condicionado hasta el momento la planificación y gestión de la misma.
En el siguiente cuadro podemos observar algunos de los aspectos que mediatizan actualmente las
relaciones puerto-ciudad. Aquí hallamos algunos elementos de desajuste en la integración de! puerto en la
ciudad, provocado por la necesidad de buscar nuevos espacios para e] consumo de la actividad portuaria y
de la ciudad.
Cuadro 1
PROBLEMÁTICA:
1. Ciudad portuaria histórica.
2. Escasa superfície interior disponible.
3. Red de comunicaciones colmatada.
4. Medio natural degradado.
5. Limitación dei crecimiento.
6. Faltan proyectos concretos de actuación conjunta.
ITENDENCIA:
1. Crecimiento incontrolado.
2. Expansión hacia el norte de la Isleta.
3. Red de circunvalación de la ciudad.
4. Extracción de áridos para la construcción de muelles.
5. Reutilización de muelles.
6. Búsquedade fórmulas de integración en la planificación de la ciudad.
2. LAS ÁREAS DE CONFLICTOS CIUDAD-PUERTO.
A partir de aquí vamos a deslindar las áreas que plantean una singularidad especial y que, a
nuestro juicio, son: 1. La Península del Nido; 2. La Urbanización Industrial Escarlata (EL Cebadal);
3. La prolongación del dique Reina Sofía; 4. Las dársenas; 5. Los accesos; 6. Zona de Santa Catalina;
7. La Base Naval; 8. La playa de las Alcaravaneras; y 9. El Muelle Deportivo (véanse planos 1 y 2). Todas
ellas muestra una problemática particular que provoca conflictos de difícil resolución
144
Zona 1: Península dei Nido. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) Lugarfronterizo entre las actividades portuarias y e! a) El consumo de más sue! o por parte de las actividades parque natural de La Isleta. No hay un plan de uso y portuarias. gestión. b) Ocupaciónilegal de suelo por chabolas, albergando b) Desalojo de los chabolistas sin perspectivas de población marginada sin recursos económicos. viviendas inmediatas. c) Degradacióncontinua dei media litoral por vertidos c) Saturación dei espacio disponible al NE. dei puerto. humanos y restos de barcos abandonados. No hay posibilidad de recuperación como área de
esparcimiento de la ciudad.
Zona 2: Urbanización industrial Escarlata. PROBLEMÁTICA:
a) No existen probabilidades de expansión. b) Fuertedependenciaal puerto, sin que exista una actividad de tipo industrial sólia que le identifique.
TENDENCIA:
a) Escasa resolución para la búsqueda de nuevas b) Impacto continuadoen el media: vertidosdederivados industriales, sin contrai efectivo sobre los contaminantes y los ruidos.
Zona 3: Prolongación dei dique Reina Sofía. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) Extracción de áridos de La Isleta para las obras de a) Las obras se efectúan con celeridad, pese a las ampliación dei dique. alegaciones en contra de grupos sociales diversos. b) No está debidamentejustificada dicha prolongación: b) Continúa la extracción de áridos, frente al se aducen necesidades de espacio para acoger el contencioso jurídico-administrativo interpuesto por el incremento dei tráfico, cuandorealmente éste permanece Defensor dei Pueblo queasumió las protestas dedistintos
Zona 4: Las Dársenas. PROBLEMA TICA:
a) Frecuentes vertidos de resíduos líquidos y sólidos provenientes de buques y muelles, que enturbian las aguas superficiales.
TENDENCIA:
a) No se acomenten inversiones para la protección delas aguas interiores apesar de los efectos negativos que provoca sobre el litoral y, principalmente, en la playa de Las Alcaravaneras.
Zona 5: Los accesos. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) Frecuente saturación de las vías terrestres en tres a) No hay posibilidades inmediatas de resolución dei puntos de acceso al puerto o a la ciudad:por e! muelle de colapso dei tráfico en estas puntos. La Luz, el muelle de Santa Catalina y Mesa y López. b) Efecto de estrangulamiento de la trama urbana en un b) El perfil de embudode la ciudaden torno ai espacio espacio muy limitado y transitado, debido, sobre todo, portuario dificultalas comunicaciones. A largo plazo las al índice elevado de centros comerciales v turísticos que alternativas pasan por la ordenación dei tráfico pesado ocupan. cedente dei puerto, desviándolos por vías paralelas como
PROBLEMÁTICA:
las de Juan R. Doreste y la red de circunvalación en cons trucción, evitando así el paso dramático por Albareda, Juan M. Durán, así como Mesa y López.
Zona 6: Santa Catalina (véase plano 3). TENDENCIA:
a) La ciudad necesita de forma inminente de espacios a) EI plan propuesto por e! arquitecto Félix Juan Bordes para su crecimiento interno (centros comerciales, Caballero incideen la revalorización urbana de esta área, espacios lúdicos v de ocio, zonas verdes, ... ). dirigida a crear un compleio núcleo de esparcimiento v b) Este enclave constituye un cuerpo de ampliá planta gocios, con la reconversión de antiguos edificios quese extiendedesdeel propio muelle de Santa Catalina portuarios singulares (Eldery Miller) y la construcción hasta e! parque urbano homónimo. Toda una antigua de un gran edifício de congresos y oficinas próximo. tuaria quehay que revitalizar; pero quees, sin duda, e! b) Por e! contrario, no se propone una alternativa área fronteriza con mayores problemas de comunicación brilhante a! problema de las comunicaciones de la y seguridad. misma.
145
Zona 7: Base Naval. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) AI igual que para el caso plataforma portuaria de gran comercio de la ciudad.
anterior, se trata de una a) Actitudpoco favorecedoradelas autoridades militares apetencia para el ocio y y gubernamentales queestán hipotecandounaalternativa
factible al desarrollo futuro de la ciudad. b) Esta antigua base militar no tiene hoy valor estratégico alguno y consideramos que se trata de un núcleo queentorpece sensiblemente las comunicaciones de la ciudad, habida cuenta de su posición respecto al gocios y comercias que es Mesa y López y su área circundante.
b) Hay numerosas propuestas sin que lleguen a cuajar de una forma concreta, pues no se genera un debate social que permita articular soluciones efectivas. El coste económico se aduce en muchos casos como éste para ciones inmediatas.
Zona 8: Playa de Las Alcaravaneras. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) La playa se encuentracerradaal público por motivo de a) No hay un contrai y gestión municipal dela playa, que la fuerte contaminación que es altamente peligrosa para vigile el uso y las actividades en sus zonas fronterizas. e! hombre. Este impacto en e! media ambiente no es re-ciente y se ha acentuado en e! último lustro. b) Continúan llegando los residuos dei puerto a la playa. b) Ocupación de los márgenes norte y sur por parte de c) Las obras recientes que se acometieron en su perímetro muros de contención dei Real Club Náutico y e! espigón afectaron a su dinámica natural. de protección de la explanada de varada dei Muelle d) Con estas obras se extrajeron ilegalmente cantidades Deportivo. impotantes de arena.
Zona 9: El muelle deportivo. PROBLEMÁTICA: TENDENCIA:
a) Genera fuerte contaminación por vertidos desde los a) Despreocupación por parte de la Junta dei Puerto, que barcos que inciden sobre la playa cercana. La renovación no exige un mayor rigor en los vertidos. de las aguas de su dársena interior ya no se efectúa por e! b) Ambición injustificada de la Junta dei Puerto por cierre dei antiguo aliviadero. producir suelo portuario, en un crecimiento desmesuradc b) Previsible expansión dei muelle hacia e! norte, ocupando parte dei litoral, hacia los espigones de protección.
BIBLIOGRAFÍA.
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VV.AA. (1986): Territorio, puerto y ciudad. Junta de Andalucía. Sevilla. 182 pp.
PENINSULA DEL NIDO
DIQUE REINA SOFIA
MUELLE DE REPARACIONES MUELLE ADOSADO
PUERTO EXTERIOR DARSENA NORTE
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147
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Plano3
Puntos principales dei futuro Muelle de Santa Catalina según e! boceto de anteproyecto perfilado por la Junta dei Puerto: 1. Escuela Naval. 2. Oficinas. 3. Aparcamientos. 4. Centro de negocios. 5. Palacio de congresos. 6. Edificio auxiliar. 7. Estaciones marítimas. 8. Faseo. 9. Elder. 10. Miller. 11. Zona comercial. 12. Edificio socio-cultural.
._ ~
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CIUDADES Y METROPOLIS ESPANOLAS, 1979-1992. POLITICAS URBANISTICAS Y PLANEAMIENTO DEMOCRA TICO.
O. A MODO DE INTRODUCCIÓN.
ANTONIO-JOSÉ CAMPESINO FERNÁNDEZ Depto. de Geografía y Ordenación del Territorio Universidad de Extremadura. Caceres.
"El urbanismo no es una técnica, ni un arte, es una ciencia social, o al menos está más cerca de
esa rama deZ saber que de cualquier otra, porque estudia los fenómenos urbanos que no son otra cosa que
la expresión territorial de los fenómenos económicos sociales y políticos. Por ello, la Geografia Urbana,
preocupada por los impactos de los procesos económicos y sociales y de las lógicas territoriales y
el Urbanismo son disciplinas condenadas a encontrar se relacionarse y enriquecerse mutuamente"
(LEAL, 1989, p. 40).
Con asunción plena de los presupuestos conceptuales anteriores, pretendemos en la ponencia
pasar revista crítica a la incidencia que las mutaciones economicas y políticas espafiolas de la última
década han tenido en los patrones urbano-territoriales y en la reorientación de las políticas urbanas y
del planeamiento del Estado de las Autonomías, desde la crisis de los primeros ochenta hasta la eclosión
especulativa del quinquenio 1986-1989, que desemboca en los eventos triunfalistas, urbanísticos e
infraestructurales del 92, a las puertas del cada vez más incierto Mercado Unico.
Tarea relativamente cómoda para el análisis de los primeros ochenta, por disponer al respecto de
estudios geográficos de base: (SERRANO, 1988 b), (CALVO, 1988), (MAS, 1989) (TROITINO, 1989),
(V ALENZUELA, 1989), (VERA, 1989), (CARRERAS y LOPEZ, 1990), (CAMPESINO, 1991 ) y
(CAMPESINO, FERRER y PRECEDO, 1992), entre otros.
En virtud dei carácter progresivamente interdisciplinar de la materia urbanística, han resultado
de obligada consulta los notables diagnósticos de profesionales de la arquitectura (SOLA-MORALES,
1985), (TERAN, 1989), (LOPEZ, 1987), (LEIRA, 1990) o QUERO (1990), entre otros; las aportaciones
sociológicas de (ALVAREZ-CIENFUEGOS, 1983), (CASTELLS, 1985), (BORJA, 1989) o (LEAL, 1989);
de los expertos en derecho administrativo (PAREJO, 1989); de los economistas (V AZQUEZ, 1986) o
(LAZARO, 1989) y de los ingenieros de caminos (GONZALEZ PAZ, 1983). La conjunción de
perspectivas enriquece la reflexión.
Problemas de actualización de fuentes y escaso distanciamiento temporal se dejan sentir al
abordar el período de 1986-1992, apasionante por la contrapuesta tendencia experimentada:
el relanzamiento neoliberal de 1986-1989, manejado por la precipitada incorporación a la CEE, da paso
sin transición a una nueva involución crítica, enmascarada por la jarana despilfarradora de los "eventos"
cincuentenarios del 92 con desprecio olímpico por los desequilíbrios regionales.
I. MUTACIONES CRITICAS EN LA TRANSICION URBANA.
En la segunda mitad de los setenta, crisis industrial, involución de comportamientos
demográficos por recesión del mercado laboral, profunda crisis política y territorial constituyen los hitos
claves que, íntimamente unidos, modifican el proceso de urbanización espanola durante la "prodigiosa"
década de los ochenta.
150
1.1. Desindustrialización.
De 1975 a 1985 Espana encaja, con el retraso acostumbrado, la penúltima crisis dei sistema
capitalista. La segunda revolución industrial periclita, acosada por la dependencia energética, la
baja productividad y la obsolescencia tecnológica de los subsectores tradicionales: minería, siderurgia,
construcción naval, metalurgia y textil.
La crisis económica espanola tiene un elevado componente de crisis industrial de base urbana,
por cuanto la "planificación" tecnocrática concibió el sector industrial como factor gravitatorio dei
desarrollo, ai que se supeditaron los restantes esfuerzos sectoriales.
Conforme a los mandamientos económicos de aglomeración y escala, la polarización puntual de
recursos materiales, humanos y productivos en e! territorio profundizaron, aún más, los desequilíbrios
regionales precipitando procesos de metropolización, sin orden ni concierto. Dependencia tecnológica,
mecenazgo público dei INI y obsolescencia productiva sin horizontes de reconversión, no pudieron resistir
los impactos encadenados de la crisis.
De ahí que las concentraciones urbanas sustentadas por los citados subsectores en las periferias
litorales: Ferrol, Gijón-A viles, Bilbao, LLodio, Reinosa, Sabadell, Sagunto, La Línea, Algeciras y
la bahía de Cádiz, entre otras, trocaran sin transición su status privilegiado frente ai agravio comparativo
de la Espana interior contribuyente a su desarrollo, por la cruda realidad dei paro, la conflictividad social y
la desaceleración de las actividades productivas (VALENZUELA, 1989, p. 149).
1.2. Involución de comportamientos demográficos.
Los cinturones industriales, colmatados desde e! inicio de los sesenta con la mano de obra
exógena inmigratoria, registran a mediados de los setenta un drástico bloqueo de la movilidad espacial de
largo recorrido. E! flujo de sangre joven hacia las áreas metropolitanas se detiene quebrándose los
impulsos económicos y e! crecimiento urbano. En su defecto, se intensifica la movilidad interregional de
corto radio hacia las capitales de província y cabeceras comarcales progresivas. La expectativa dei efecto
retorno quedaba desterrada como esperanza revitalizadora.
Gran parte de los activos reales pierden su condición, alcanzando e! paro niveles dei 34% en
áreas industriales en declive con miles de puestos de trabajo destruídos. La inseguridad y la dependencia
económicas, por demora de acceso "sine die" ai primer empleo, precipitan desde 1978 una fuerte caída de
la natalidad y el consiguiente avance de los procesos de envejecimiento poblacional e hipoteca de
renovación generacional.
Fenómeno involutivo ai que asisten atónitas las metrópolis, con saldos negativos en los núcleos
centrales tras un siglo de crecimiento exponencial, que ratifican la falacia dei desarrollo ilimitado; en
cambio, los núcleos dormitorio de las periferias metropolitanas mantienen sus inercias imparables de
crecimiento, así como la mayoría de las ciudades costeras mediterrâneas dependientes dei terciario
turístico.
I.3. Transición política.
Para animar el ambiente, la crisis económica se solapa con la política en la compleja coyuntura
de! finiquito franquista a todo lo largo de la etapa transitaria hacia el Estado de las Autonomias nacido de
la Constitución de 1978.
151
Las elecciones municipales de 1979 permitieron a una parte de la izquierda contestataria
alcanzar los ayuntamientos de las principales ciudades espafíolas, instancia administrativa largamente
reivindicada para gestionar un "urbanismo de izquierdas", con la asesoría militante de profesionales
paleomayos dei 68, curtidos en movimientos reivindicativos vecinales desde 1976 a 1979.
Proclives a los bandazos de timón sin anestesia, la fiebre preautonómica, obsesionada por la
ruptura del centralismo autoritario que reproduciría mejorándola después la actual jungla autonómica
político-administrativa, no permitió la reflexión obligada acerca de los efectos de la crisis económica sobre
el territorio y el sistema de ciudades. El analfabetismo democrático exigía toda la atención de los escolares
matriculados en los diversos partidos políticos.
1.4. Crisis territorial.
La política territorial de base urbana, contenida en el III Plan de Desarrollo, había reducido las
decisiones planificadoras a la potenciación de las periferias septentrionales de mayor potencial económico
y demográfico, santificando los patrones de concentración mediante una jerarquía urbana estructurada en
cuatro niveles:
- 6 áreas metropolitanas de rango superior: Madrid, Barcelona, Bilbao, Sevilla, Valencia y
Zaragoza (superiores a 750.000 habs);
- 17 metrópolis de equilibrio: Pontevedra-Vigo, La Coruiia, Oviedo, Santander, Vitoria,
San Sebastián, Tarragona, Palma de Mallorca, Alicante, Cartagena, Málaga, Cádiz, Las Palmas de
Gran Canaria, Santa Cruz de Tenerife, Córdoba y Valladolid (entre 750.000 y 250.000 habs.);
20 ciudades de tamaiio intermedio: con las capitales de província restantes, incluyendo a
Villagarcía de Arosa, Santiago de Compostela, Tortosa-Amposta, Algeciras y las "geoestratégicas" de
Ceuta y Melilla (entre 75.000 y 250.000 habs.);
- y 286 cabeceras comarcales: encargadas de la organización y desarrollo del medio rural
depauperado.
En compensación a la marginalidad de los espacios interiores se inciensó el territorio con
polígonos y zonas industriales, (de preferente localización industrial, de descongestión y de localización
industrial preferente), con la vaga ilusión de que irradiasen desarrollo a los entornos deprimidos. Las
utópicas previsiones caducaron con el régimen político que las inspiraba, no por ello sin dejar huellas
indelebles en un territorio desordenado con sus áreas metropolitanas ya en crisis.
De 1977 a 1979 compete al recién creado Ministerio de Obras Públicas y Urbanismo (MOPU)
encauzar una política global de ordenación dei territorio y planificación regional al monopolizar bajo su
control todos los instrumentos infraestructurales, urbanísticos y medioambientales.
Sin embargo, con la aprobación del Texto Constitucional en 1978, que convertía a las futuras
Comunidades Autónomas y Ayuntamientos en depositarias de la democracia territorial reconociéndoles
competencias plenas en materia de ordenación del territorio, el país renunciá implicitamente, una vez más,
al ejercicio de una política territorial de Estado, competencia globalizadora indiscutible, cuyo certificado
de defunción se rubricó con el entierro de los Planes Directores Territoriales de Coordinación en 1980
(LAZARO, 1989, p. 146).
Las preocupaciones de la coyuntura y las connontaciones franquistas de la planificación iban a
perpetuar la disociación entre planificación física y económica hasta el final de los tiempos ...
152
1.5. Desurbanización.
Los efectos conjugados de los factores críticos precedentes van a precipitar una drástica ruptura
del proceso de urbanización que interrumpe la fase expansiva de crecimiento desarrollista, con
modificaciones sustanciales en la jerarquia del sistema de ciudades.
Sobre el armazón urbano, tan fuerte en apariencia, afloran en la crisis con toda su crudeza las
contradicciones y disfuncionalidades del modelo económico sustentante, contradictoriamente
funcionalista: segregación social, desarticulación espacial, desorden urbanístico, agresividad
arquitectónica, deterioro patrimonial, densificación, carencias equipamentales, contaminación ambiental y
ausencia de calidad de vida. Quienes achacaron entonces, no sin razón, al corrupto régimen franquista
autoritario los desequilíbrios urbanos sefíalados, iban a tener ocasión de superarlo una década después
gobernando en pleno estado de derecho.
Obviamente, desindustrialización y desurbanización mantuvieron estrechas relaciones causales.
La crisis metropolitana se ceba en las metrópolis y submetrópolis antedichas, suavizándose en
las aglomeraciones de Madrid merced al contrapeso del sector terciario más potente dei país, y Valencia
por su peculiar sistema mixto industrial-artesanal más descentralizado y especializado (economía
sumergida y trabajo familiar a domicilio), que acabará exportándose como modelo futuro de vanguardia.
El retroceso de las ciudades centrales produjo efectos difusores dei crecimiento suburbanizador en
las caronas perimetropolitanas, dando lugar a nuevas aglomeraciones por rebosamiento de los términos
municipales propios y agregación de municípios periféricos.
El conjunto de ciudades intermedias encajó mejor e! decrecimiento en función directa a su renta
de situación, rango y capacidad de ~;esistencia a la crisis por alternativas funcionales. De ahí que resulte
congruente el crecimiento de áreas urbanas tales como Málaga, Sevilla; Valencia, Alicante o Vitoria,
receptoras de recursos productivos decentralizados y relocalizados.
Dei estancamiento no escapan las pequenas ciudades capitalinas ubicadas en la Espafía irredenta,
cuyo alejamiento de las pasiones capitalistas industriales y financieras, lejos de procurarles ventajas en
la crisis, se traduce en atonía, compensada en gran parte con e! proceso de vampirización dei medio rural
circundante.
En suma, la crisis metropolitana favorece la transición urbana en los segundos setenta,
consistente en una readaptacion de todo el sistema territorial urbano con reequilíbrio de su estructura
interna.
En efecto, desde mediados de los setenta asistimos a un giro revolucionaria en la tensión
dialéctica desarrollista norte-sur, por e! que de forma, presuntamente incruenta, la hegemonía
económico-territorial dei norte de Espana es reemplazada por la nueva dinámica meridional.
Potentes inversiones extranjeras y nacionales extraen ahora los mayores rendimientos de las
potencialidades litorales que del mediterráneo al atlántico incluyendo los archipiélagos de Baleares y
Canarias, permiten cohabitar al turismo especializado dei estado de bienestar con la revolucionaria
agroindustria sin tierra, como nuevas alternativas sectoriales a la crisis de la industria tradicional.
Este fenómeno contraurbanizador postindustrial, caracterizado por la penetración de las nuevas
tecnologias en el medio rural paleotécnico, con transformación radical de modos de vida y de actividades
laborales, encuentra un apoyo precioso en el consolidado sistema meridional de ciudades medias en
crecimiento, intercomunicadas - al fin -, mediante toda la gama de costosas infraestructuras básicas
exigidas por la racionalización mercantil internacional (FERRER, 1988, p. 420).
153
Tales tensiones contrapuestas obligan a reconsiderar seriamente el discutido estribillo de
la "crisis urbana", al propagarse la idea apocalíptica importada del ocaso del crecimiento urbano, hecho
que no tiene correspondencia con la realidad (TERAN, 1989, p. 15).
El termómetro más sensible para la medición de la crisis reside en el subsector de
la construcción. La inercia promotora de los primeros setenta no inicia su desaceleración hasta los últimos
anos de la década, como se podía constatar en el paisaje urbano de nuestras ciudades coronado por
las plumas de carga de materiales de construcc,ión que senalizaban las distintas actuaciones urbanísticas.
La sobreoferta residencial todavía encontraba en 1978 cierta demanda compradora, cada vez
menos solvente, pero amparada en los competitivos precios del sobresaturado stock de viviendas, en
la mínima repercusión del precio sel suelo y en la relativa facilidad de obtención de préstamos en
condiciones de menor usura.
Lo que no admite dudas es la crisis interna de la ciudad, que magnifica y ensancha aún más la
dicotomía interna entre los ensanches privilegiados prestigiosos centros de gravitación urbana financiera,
comercial y residencial, y las áreas ghettificadas (centros históricos y polígonos perifericos) que comparten
miseria, degradación física, paro, marginalidad, congestión de tráfico, ausencia de espacios libres y
zonas verdes y la gama de lacras propias de tejidos urbanos segregados (GOMEZ, 1988, p. 362). Todo
ello, cortesía del planeamiento funcionalisto zonificador.
1.6. Obsolescencia del planeamiento.
Con el bloqueo de la ciudad ilimitada se agota el planeamiento tecnocrático racionalista que,
amparado en la Ley del Suelo de 1956 y hasta su revisión en 1975, habia producido cuarenta Planes
Generales de Ordenación Urbana en ciudades espanolas con resultados evidentes de caos urbanístico,
fragmentación del tejido social y despilfarro.
La aprobación del texto refundido de la Ley de Régimen del Suelo y Ordenación Urbana
en 1976, marca el proceso de transición hacia nuevas formas conceptuales y metodológicas en
e! planeamiento. La homologación de los planes vigentes al nuevo marco legal lleva ímplícita la nueva
filosofía de intenciones: la planificación deja paso al proyecto y la ordenación al diseno; la utopia de
las proyecciones al estudio riguroso de la realidad; la producción de periferias de "ensueno" a partir
de suelo urbanizable sin medida, a la consolidación y reequipamiento del suelo urbano consolidado; la
dilatada vigencia de tres lustros, a la gestión flexible en dos cuatrienios, a través de los oportunos planes
de actuación y el dirigismo científico a la participación vecinal asociativa.
II. TERRITORIOS, METROPOLIS Y CIUDADES EN LOS OCHENTA.
Sobre el entramado radial de la red de infraestructuras básicas, que remodela y define el sistema
urbano radioconcéntrico espanol desde mediados del XIX, gravita la contrastada dicotomía entre periferias
litorales, de elevada tasa de urbanización y despoblados interiores ruralizados, si exceptuamos las
concentraciones de Madrid, Zaragoza y Valladolid.
Metrópolis y ciudades intermedias compiten por e! control del continuo urbanizado litoral
policéntrico, en contraste con las pequenas ciudades capitalinas que agigantan su protagonismo
monopolista en la Espana interior por carencia de núcleos urbanos competidores.
154
11.1. Territorios regionales y tasa de urbanización.
La zonificación territorial de las ciudades en el marco de sus respectivos límites regionales,
permite conocer la estructura dei armazón urbano espafiol y su jerarquía por Comunidades Autónomas,
sirviendo de parâmetros referenciales básicos el contraste dinâmico de sus respectivas tasas de
urbanización, densidad y relación entre municípios urbanos y no urbanos, que ratifican las dicotomías
antedichas en la década de los ochenta.
CUADROI
COMUNIDADES AUTONOMAS Y JERARQUIA URBANA (1981-1991)
Comunidades Superfície Densidad Poblaciones de Derecho T. Urbanización Autónomas Krrt Hb!Kn:f 1981 1991 1981 1991
Madrid 7 995 618,8 4 686 895 4 947 555 94,1 93,1 Murcia 11 317 92,4 955 487 1 045 601 72,6 74,1 Canarias 7 242 206,3 1 367 646 1 493 784 64,7 69,5 Catalufía 31 930 190 5 956 414 6 059 494 73 69,3 Asturias 10 565 103,5 1 129 556 1 093 937 71,8 67,2 País Vasco 7 261 290 2 141 809 2 104 041 69,9 66,5 C. Valenciana 23 305 166 3 646 778 3 857 234 64,5 65,6 Andalucía 87 268 79,5 6 440 985 6 940 522 60,3 62,8 Baleares 5 014 141,4 655 909 709 138 64 61,5 Aragón 47 650 24,9 I 196 952 I 188 817 55,4 56,1 Cantabria 5 298 99,5 513 115 527 326 46 51,5 Castilla-Léon 94 193 27 2 583 137 2 545 926 46,4 47,9 La Rioja 5 034 52,3 254 349 263 434 43,6 46,4 Galicia 29 434 92,8 2 811 912 2 731 669 40,3 44,1 Navarra 10 421 49,8 509 002 519 277 40,8 39,8 Castilla-La M. 79 230 20,9 I 648 584 I 658 446 33,8 37,4 Extremadura 41 602 25,5 I 064 968 I 061 852 31,3 33,7
TOTALES 504 759 M:76,7 37 563 498 38 748 053 M:63,2 M:63,9 . ,
Fuente: INE. Censos de Poblac10n. Nucleos urbanos: > de 20.000 habs. de derecho . No se incluyen los datos referidos Ceuta y Melilla. Elaboración propia.
Núcleos Total Urban muni
21 178 11 45 15 87 42 942
8 78 18 247 42 539 61 766
7 67 3 729 3 102
13 2 248 I 174
17 313 2 265
13 915 7 380
284 8 075
La dinâmica poblacional-urbanística dei decenio reflejada en e! CUADRO I, sugiere e!
diagnóstico siguiente:
- débil crecimiento intercensal de 1,1 millones de habitantes, equivalente a un 0,3% anual.
La cifra absoluta de población nacional censada en 1991 era de 38.872.268 habitantes de derecho y
39.433.942 de hecho- (INE, 1992, p. 11);
- sobre este frágil avance nacional (3,2%), destacan los fuertes incrementos de efectivos
humanos en los nuevos ejes dinâmicos mediterrâneos e insulares de Murcia (9,4% ), Canarias (9,2% ),
Baleares (8, 1%) y Andalucía (7 ,8% ); a li gera distancia, pero restafiando ya la crisis metropolitana,
la Comunidad Valenciana (5,8%) y Madrid (5,6%); con saldos menores, aunque positivos,
La Rioja (3,6%), Cantabria (2,8%), Navarra (2,0%), Catalufia (1,7%) y Castilla-La Mancha (0,6%),
estancada, pero sin pérdidas;
- preocupante involución poblacional, derivada de la negación de horizontes económicos, la
padecen Asturias (-3,2%), Galicia (-2,9%) País Vasco (-1,8%), Castilla y León (-1,4%) y Aragón (-0,7%).
A Extremadura, desconocedora de revoluciones y crisis industriales por desígnios insondables de
los poderes fácticos, pero suministradora de proletariado industrial metropolitano, le resulta imposible
estabilizar sus pérdidas (-0,3%), situándose la población actual al nível de la censada en 1920 ... ;
GRAF!CO l
GRAFICO II
o o
- >de9,0% ~ 4,5 a9,0%
~ Oa4,5% f~~~J Oa-4,5%
CRECIMIENTO INTERCENSAL (1981-1991): COMUNIDADES AUTONOMAS
~Ç.)
~ '()
.. >de 9,0%
~ 4,5 a 9,0%
~ O a4,5%
IT!J] ' O a -4,5%
D -4,5 a -9,0%
o >de -9,0%
CRECIMIENTO INTERCENSAL (1981-1991): PROVINCIAS
155
156
- paulatino refuerzo de la población urbana (admitiendo como tal la residente en núcleos
superiores a 20.000 habitantes, para duplicar la equívoca definición administrativa espafíola de
«lo urbano»), que ascendía en 1991 a 24.7 4 7.4 72 habitantes, el 64% de los efectivos nacionales,
concentrados en 284 núcleos- 19 más que en 1981 -, el 3,5% del total;
- mutaciones en la jerarquía urbana, medidas a través del comportamiento dinámico de la
Tasa de Urbanización (T.U.) en el último decenio, fiel termómetro de la crisis industrial frente al
renacimiento de las nuevas alternativas económicas:
* la relación directa entre crecimiento poblacional e incremento de la T.U. se cumple en los
casos de Cantabria (5,5 puntos), Canarias (4,8%), Andalucía (2,5%) y Murcia (1,5), que ganan puestos en
relación a 1981, manteniendo idéntico lugar Castilla-La Mancha (3,6), La Rioja (2,8) y la Comunidad
Valenciana (1, 1);
* en cambio, dicho paralelismo se quiebra en aquellas comunidades que, pese a experimentar
un saldo poblacional positivo, acusan los efectos de la crisis industrial metropolitana y urbana:
Catalufía (-3,7 puntos) pierde dos puestos en la tabla; Madrid (-1,0) mantiene, pese a todo, la cabeza de la
jerarquía, y Navarra (-1,0) retrocede un lugar;
* excepción notoria es la de Baleares que, pese a su despegue poblacional de (8, 1% ),
pierde (2,5 puntos) y un puesto en la tabla;
* retroceso demográfico y desarme urbano se cumplen inexorablemente en los casos de
los viejos enclaves industriales, Asturias (-4,6 puntos), País Vasco (-3,4) y Navarra (-1,0) cuyas redes
urbanas descienden un peldafío.
* en las comunidades poblacionalmente regresivas, se patentizan mucho más los procesos de
movilidad interna de los rurales para engorde de los centros urbanos, como ocurre en Galicia (3,8),
Extremadura (2,4), Castilla y León (1,5) y, con mayor descaro, en Aragón (0,7 puntos).
11.2. Provindas y tasa de urbanización.
Importa descender de la escala regional a la provincial para el establecimiento de los oportunos
matices de la concentración urbana en núcleos superiores a 20.000 habitantes, porque de lo contrario se
enmascaran situaciones equívocas.
El CUADRO II complementa ai CUADRO I en e! sentido de pormenorizar en e! momento
presente la relación entre crecimiento poblacional y contribución urbanizadora de cada província a sus
respectivos marcos regionales, mediante la jerarquía impuesta por su tas a de urbanización.
La ordenación de las províncias de efectivos millonarios, con tasas de urbanización iguales o
superiores a la media nacional (63,9%), apoyada en la dinámica poblacional del último decenio permite su
jerarquización con las matizaciones oportunas:
- en la cúspide de la jerarquía, con tasas de urbanización superiores al 75% y
saldos poblacionales relativos de signo diverso, se encuentran Madrid (5,7), Alava (5,7), Cadiz (9,1),
Barcelona (0,7), Las Palmas (8,4) y Málaga (13,2%).
Conviene matizar la inclusión en este grupo de la província alavesa, cuya tasa se dispara debido
a que su escasa población aparece concentrada en dos núcleos urbanos Vitoria y Llodio-, de evidentes
categorías industriales polarizadoras, lo que enmascara el componente rural dei resto;
- e! segundo escalón significativo, con tasas entre el 60 y 75%, integra al resto de províncias
li to rales que alternan crecimiento y declive: Murcia (9,4 ), Vizcaya ( -3,0), Zaragoza (1, 1), Sevilla (9,6),
157
CUADROII PROVINCIAS Y JERARQUIA URBANA (1991)
Provincias Pobl. total Pobl. Urbana Tasa Urban Núcl urb Total mun % Madrid 4 947 555 4 574 802 93,1 21 178 11,8 Alava 272 447 226 591 83,1 2 50 4 Cádiz 1 078 404 873 169 81 13 42 31 Barcelona 4 654 407 3 664 867 78,7 32 308 10,4 Las Palmas 767 969 593 086 77,2 8 34 23,5 Málaga 1 160 843 880 295 75,8 lO 100 10 Murcia 1 145 601 774 977 74,1 11 45 24,4 Vizcaya 1 155 106 848 408 73,4 11 109 10,1 Zaragoza 837-327 594 394 71 1 291 0,3 Sevilla 1 619 703 1 116 495 68,9 14 103 13,6 Alicante 1 292 563 887 399 68,7 15 140 10,7 Asturias 1 093 937 734 694 67,2 8 78 10,3 Valladolid 494 207 330 700 66,9 1 225 0,4 Valencia 2 117 927 1 398 480 66 22 263 804 Burgos 352 772 226 642 64,2 3 371 0,8 Baleares 709 138 436 097 61,5 7 67 15,5 Santa Cruz T. 725 815 445 651 61,4 7 53 13,2 Córdoba 754 452 445 023 59 7 75 9,3 Albacete 342 677 197 573 57,7 4 86 4,7 Pontevedra 896 847 497 338 55,5 8 61 13,1 Castellón 446 744 245 674 55 5 136 3,7 Almería 455 496 243 440 53,4 4 103 3,9 Santander 527 326 271 553 51,5 3 102 2,9 Granada 790 515 383 440 48,5 6 168 3,6 Guipúzcoa 676 488 324 255 47,9 5 87 5,7 La Rioja 263 434 122 254 46,4 1 174 0,6 La Corufia 1 096 966 500 717 45,6 6 94 6,4 Tarragona 542 004 247 367 45,6 4 183 2,2 Salamanca 357 801 162 888 45,5 1 362 0,3 Guadalajara 145 593 63 649 43,7 1 287 0,3 León 525 896 224 473 42,7 3 212 1,4 Jaén 637 633 271 743 42,6 6 96 6,3 Palencia 185 479 77 863 42 1 191 0,5 Navarra 519 277 206 833 39,8 2 265 0,8 Ciudad Real 475 435 188 098 39,6 5 100 5 Badajoz 650 388 247 535 38,1 5 162 3,1 Segovia 147 188 54 375 36,9 1 208 0,5 Gero na 509 628 177 412 34,8 5 222 2,3 Soria 94 537 32 360 34,2 1 183 0,5 Huelva 443 476 142 547 32,1 1 77 1,3 Lérida 353 455 112 093 31,7 1 229 0,4 Zamora 213 668 64 476 30,2 1 248 0,4 Orense 353 491 102 758 29,1 1 92 1,1 Lugo 384 365 103 560 26,9 2 66 3 Cáceres 411 465 110 649 26,9 2 218 0,9 Toledo 489 543 128 502 26,2 2 204 1 Huesca 207 810 44 165 21,3 1 202 0,5 Cuenca 205 198 42 817 20,9 1 238 0,4 Teruel 143 680 28 487 19,8 1 236 0,4 A vila 174 378 45 977 10,1 1 248 0,4
TOTALES 38 748 053 24 747 472 M = 63,9 284 8.075 M=3,5 Fuente: INE. Censos de Poblac1ón. Núcleos Urbanos: > de 20.000 habs. de derecho. El. pr.
Alicante (12,5), Asturias (-3,2), Valladolid (2,3), Valencia (2,5), Burgos (-3,0), Baleares (8,1) y
Santa Cruz de Tenerife (10,2%).
Los matices correspondeu en este caso a las provincias interiores de Zaragoza, Valladolid y
Burgos, monocentros industriales y urbanos en torno a las capitales respectivas con áreas de influencia
regionales y suprarregionales.
- en la base de la jerarquía, con tasas superiores al 50%, se alinean Córdoba (4,7),
Albacete (1,0), Pontevedra (1,5), Castellón (3,4), Almería (10,9) y Santander (2,8%).
158
Con la excepción de Madrid, frente a la decadencia metropolitana tradicional se ratifica el
dominio de las provincias litorales altamente urbanizadas de connotaciones submetropolitanas, en las que
los avances, tanto mediterráneos meridionales espectacular en los casos de Málaga, Alicante, Almería y
Cádiz, como atlánticos Santa Cruz de Tenerife y Las Palmas de Gran Canaria desplazan a los
estancamientos y moderados incrementos de las damnificadas por la crisis.
La distribución geográfica de las mutaciones resefíadas adquiere mayor claridad expositiva en el
contraste de las situaciones regionales y provinciales (GRAFICOS I a IV).
>de 75%
~ 65 a 75%
GRAHCO III ~ 50 a 65%
~ ' 35 a 50%
t=l <de 35%
JERARQUIA REGIONAL POR TASA DE URBANIZACION (1991).
- >de 75%
~ 65 a 75% GRAFICOIV
~ 50 a 65%
Em ' 35 a 50%
~ <de 35%
JERARQUIA PROVINCIAL POR TASA DE URBANIZACION ( 1991 ).
159
11.3. Concentración urbana capitalina.
La juiciosa organización territorial espaííola de 182211833, de rancia tradición y sabor aííejo a
finales de los setenta, se mantuvo inalterada en la estructuración autonómica, circunstancia que reforzaria
los privilegias capitalinos, en detrimento de los restantes núcleos urbanos intermedios y pequenos hasta
el siglo XXI. o o
CU ADRO III DINAMICA POBLACIONAL DE LAS CAPITALES DE PROVINCIA: (1981-1991)
CAPITALES 1981 1986 1991 1981/86 1986/91 1981/91 TCIP% Guadalajara 55 137 59 080 63 649 7,2% 7,7% 15,4% 1,5% MURCIA 284 585 303 257 328 100 6,7% 8,2% 15,3% 9,4% Lugo 72 574 75 623 83 242 4,2% 10,1% 14,7% -5,2% A vila 40 173 43 603 45 977 8,5% 5,4% 14,5% -5,0% Ciudad Real 50 151 54 409 57 030 8,5% 4,8% 13,7% 15,0% Cáceres 65 758 69 193 74 589 5,2% 7,8% 13,4% -2,4% León 127 095 134 641 144 021 5,9% 7,0% 13,3% 0,4% Albacete 116 484 126 110 130 023 8,3% 3,1% 11,6% 1,0% LOGRONO 109 536 115 622 122 254 5,6% 5,7% 11,6% 3,6% Huelva 127 822 135 210 145 547 5,8% 5,4% 11,5% 6,0% Pontevedra 64 184 67 289 71 491 4,9% 6,2% 11,4% 1,5% Almería 140 745 153 592 155 120 9,1% 1,0% 10,2% 10,9% Zamora 58 560 60 364 64 476 3,1% 6,8% 10,1% -6,2% TOLEDO 54 335 58 198 59 802 7,1% 2,8% 10,1% 3,1% Tentei 25 935 27 226 28 487 5% 4,6% 9,8% -6,4% Badajoz III 456 118 852 122 225 6,6% 2,9% 9,7% 1,1% Orense 94 346 100 143 102 758 6,1% 2,6% 8,9% -17,8% VITORIA 189 533 i99 449 206 116 5,2% 3,3% 8,8% 5,7% Palencia 71 716 75 403 77 863 5,1% 3,3% 8,6% -1,6% Córdoba 279 386 295 290 302 154 5,7% 2,3% 8,2% 4,7% Alicante 245 963 258 112 265 473 4,9% 2,9% 7,9% 12,5% Castellón 124 487 127 440 134 213 2,4% 5,3% 7,8% 3,4% Jaén 95 783 102 933 103 260 7,5% 0,3% 7,8% -0,3% SANTA CRUZ To 185 899 211 209 200 172 13,6% -5,3% 7,7% 10,2% Sego via 50 759 53 397 54 375 5,2% 1,8% 7,1% -1,5% Cuenca 40 007 41 034 42 817 2,6% 4,4% 7,0% -5,0% Soria 30 326 31 144 32 360 2,7% 3,9% 6,7% -6, I o/o La Corufía 231 721 239 150 246 953 3,2% 3,3% 6,6% 0,4% Huesca 41 455 40 736 44 165 -1,7% 8,4% 6,5% -3,3% OVIEDO 184 473 185 864 196 051 0,8% 5,5% 6,3% -3,2%
SANTANDER 179 694 186 145 191 079 3,6% 2,7% 6,3% 2,8% SEVILLA 645 817 651 084 683 028 0,8% 4,9% 5,8% 9,6% Salamanca 153 981 152 833 162 888 -0,8% 6,6% 5,8% -1,8% Burgos 152 545 158 331 160 278 3,8% 1,2% 5,1% -3,0% Lérida 106 814 107 749 112 093 0,9% 4,0% 5,0% 0,1% Málaga 502 855 563 332 522 108 12,2% -7,3% 4,0% 13,2% ZARAGOZA 571 855 573 662 594 394 0,3% 3,6% 3,9% 1,1% Granada 246 642 256 073 255 212 3,8% -0,3% 3,5% 4,2% VALLADOLID 320 293 327 452 330 700 2,2% 1,0% 3,3% 2,6% PALMA DEMO 290 372 295 136 296 754 1,6% 0,6% 2,2% 8,1% PAMPLONA 177 906 178 439 180 372 0,3% 1,1% 1,4% 2,0% VALENCIA 744 748 729 414 752 909 -2,1% 3,2% 1,1% 2,5% Tarragona 109 112 106 495 110 153 2,4% 3,4% 1,0% 5,6% San Sebastián 172 303 175 138 171 439 1,7% -2,1% -0,5% -2,6% LAS PALMAS 360 098 356 911 354 877 -0,9% -0,6% -1,5% 8,4% Cá diz 156 711 155 299 154 347 -0,9% -0,6% -1,5% 9,1% MADRID 3 158 818 3 058 182 3 010 492 -3,2% -1,6% -4,7% 5,6% BARCELONA 1 752 627 1 701 812 1 643 542 -2,9% -3,4% -6,2% 0,7% Bi1bao 433 115 381 506 369 839 -11,9% -3,1% -14,6% -2,9% Gero na 86 624 67 009 68 656 -22,6% 2,5% -20,7% 9,1%
TOTALES 13 692 691 13 745 580 13 826 926 0,4% 0,6% M=1,0% M=3,2% Fontes: INE, Censos Y Padrón de 1981-1986-1991. Poblactón de Derechoo TOCol.Po Creco mterco provmctal.
160
El CUADRO III muestra de forma sugerente los cambiantes comportamientos poblacionales
capitalinos en la última década.
En ésta, pese al incremento bruto de 134.232 habitantes, la población urbana concentrada en
las ciudades espafíolas capitales de provincia pasó de significar el 36,5% de la nacional (con exclusión
de Ceuta y Melilla) y el 57,7% de la urbana, al 35,7% y 55,9%, respectivamente, situándose en
13.826.923 habitantes.
Nueva tendencia demográfica-territorial la de retroceso de la acumulación humana en
las capitales, que ya se intuía en los sondeos realizados con las cifras del primer lustro (SERRANO,
1988 c, p. 248), por efecto encadenado de la reducción de la movilidad migratoria, la nueva ordenación
autonómica y las escasez de ofertas laborales en centros terciarios hipertrofiados que reduce, sin poder
impediria, la permanencia de los activos más jóvenes en los núcleos rurales.
Y ello se demuestra mediante la ordenación de las capitales según su crecimiento intercensal.
Resulta un alivio encontrar en cabeza de la lista a pequenas ciudades cuyos indicadores regionales y
provinciales te empujan a buscarias sistemáticamente por la cola (Guadalajara, Lugo, A vila, Ciudad Real,
Cáceres, Zamora o Toledo); ahí están multiplicando por diez el saldo medio intercensal en su papel de
«Meca» para sus deprimidas provincias ruralizadas en extinción biológica y económica.
De ahí que no extrafíe y mucho menos a los que convivimos con la liquidación dei campo por
derribo, la relación inversa entre crecimiento capitalino y deshumanización provincial, como atestigua la
variable T.C.I.P. (Tasa de Crecimiento Intercensal Provincial), cuyo exponente extremo viene representado
por la situación orensana: mi entras la capital creció un 8,9%, la provincia decreció en ( -17,8% ).
A finales de la tabla y por efecto de esta gran mudanza sin duda también atribuible a los efectos
dei "cambio socialista", se encuentran las capitales de la crisis, núcleos centrales de sus respectivas áreas
metropolitanas en declive (LOPEZ et alia, 1988): San Sebastian ( -0,5), Las Palmas de Gran Canaria ( -1 ,5),
Cádiz (-1,5), Madrid (-4,7), Barcelona (-6,2 %), Bilbao (-14,6) y Gerona con la disparatada perdida
dificilmente asimilable de (-20,7%).
De la quema se han librado las cabeceras de las restantes aglomeraciones: Valencia (1,1),
Valladolid (3,3) Zaragoza (3,9) y Sevilla (5,8% ).
11.4. J erarquía urbana y terciarización.
En 1991, la jerarquia urbana espafíola aparecía organizada en los siguientes escalones, siguiendo
la propuesta de (PRECEDO, 1988, p. 70):
a) En cabeza, las metrópolis nacionales de Madrid (3.010.492 habs.) y Barcelona (1.643.542)
con la mitad de efectivos, que definen la estructura bipolar de! sistema urbano espafíol. Ambas acusaban
perdidas con relación a 1981, sin alteración de su rango (CUADRO IV).
Las aglomeraciones millonarias de sus coronas metropolitanas crecían y se consolidaban
mediante núcleos urbanos de diverso tamafío y características funcionales distintas (de centros industriales
a ciudades-dormitorio), significándose los mayores de 100.000 habitantes:
- Móstoles (192.018), Leganés (171.589), Alcalá de Henares (159.355), Fuenlabrada (144.723),
Alcorcón (139.662) y Getafe (139.190}, en el área de Madrid;
- Hospitalet (272.578), Badalona (218.725), Sabadell (189.404), Tarrasa (158.063),
Santa Coloma de Gramanet (133.138) y Mataró (101.510), en el área barcelonesa.
A este grupo se incorpora a pasos agigantados Valencia (752.909 habs.) con una aglomeración
millonaria que cierra el triángulo Madrid-Barcelona-Valencia.
161
b) un segundo escalón de metrópolis regionales con población superior al medio millón de
habitantes en la ciudad primate: Sevilla (683.028), Zaragoza (594.394), Málaga (522.108) con
un crecimiento espectacular de su aglomeración litoral y Bilbao (369.839) con el apoyo de
Baracaldo (105.088) un área metropolitana millonaria en declive.
c) el nivel de ciudades medias, con población entre el cuarto y el medio millón de habitantes, se
amplía a los casos de Las Palmas de Gran Canaria (354.877), Valladolid (330.700), Murcia (328.100) con
la presencia de Cartagena (168.023), Córdoba (302.154), Palma de Mallorca (296.754), Alicante (265.473)
con la presencia de Elche (188.062), Granada (255.212) y La Corufía (246.953).
Los cambios de rango se suceden: Murcia, Córdoba y Alicante ganan un puesto, en detrimento
de Granada, y Palma de Mallorca que pierde dos. La Corufía mantiene su lugar.
d) el umbral de pequenas ciudades, entre ciento cincuenta mil y un cuarto de millón de
habitantes, representa el dominio de las capitales de provincias por excelencia. Sin ánimo de pormenorizar,
parece necesario distinguir un primer grupo que incluye a Vitoria (206.116), Santa Cruz de Tenerife
(200.172) en conurbación progresiva con el municipio de La Laguna (110.895), Oviedo (196.051) con la
espina competencial de Gijón (259.067), Santander (191.079), Pamplona (180.372) y San Sebastián
(171.439), que han mantenido su rango en el decenio sin alteración alguna.
En cambio, las interferencias se plantean a continuación: Salamanca (162.888),
Burgos (160.278), Almería (155.120) y Cádiz (154.347) con las competencias de Jerez de la Frontera
(183.316) y Algeciras (101.256). Lastres primeras ascienden un lugar en el rango en detrimento de Cádiz
que pierde tres puestos.
e) la base de la jerarquía urbana constituye un cajón desastre que alberga al resto de las capitales
de provincia con tamafíos inferiores a los ciento cincuenta mil habitantes y situaciones muy contrastadas,
desde el binomio Pontevedra-Vigo (71.491 )-(276.190), a solapamientos con capitalidades autonómicas,
casos de Logroffío (122.254) y Toledo (59.082) o noviciados capitalinos como los de Santiago (87.807) y
Mérida (49.284).
Este empacho de datos cuantitativos únicamente es digerible desde la comprensión de las
mutaciones funcionales y relocalizadoras de los procesos urbanos, productivos y consumistas, a partir de
enero de 1986.
El clarinazo de entrada en la CEE, permitió justicar prisas y atropellos en el proceso de
integración de un país desintegrado. No pueden negarse sus efectos positivos sobre el final de la crisis y la
aceleración de la economía espafíola entre 1986 y 1989, pero resulta irritante que al grito de "todo por la
patria" se abriera la veda al furtiveo monetario, nacional y extranjero, más descarado que conocieron los
tiempos, a cargo de una neoburguesia impresentable.
Las faraónica estructura industrial-urbana en declive no reconvertida por la iniciativa pública
franquista, constituyó una pesada hipoteca para e! estado socialista que tampoco supo ni quiso abordar más
que en casos puntuales. En su defecto, la iniciativa privada recurrió por su cuenta a procesos
desindustrializadores que culminan en un nuevo modelo de industrialización sumergida en localización
periférica (V ALENZUELA, 1989, p. 151), con pingües beneficias de ida y vuelta.
Las actividades de gestión financiera, promoción inmobiliaria, comercio, servicios, turismo,
ocio ... , reavivan la industria de la construcción imponiendo la nueva ley urbanizadora, desde
las metrópolis nacionales más cualificadas en terciario superior y cuaternario (Madrid, Barcelona y
Sevilla) - ya en e! punto de mira de los negocias del 92 -, hasta las urbanizaciones turísticas enjalbegadas
ahora cone! blanqueo del dinero negro circulante (VERA, 1989).
162
El nuevo policentrismo surgido de la eclosión de las ciudades medias y pequenas, teórico
favorecedor de procesos de articulación territorial (CARRERAS y LOPEZ, 1990, p. 420), se ve
contrarrestado por el egocentrismo posesivo de los servicios terciarios de máxima capacidad polarizadora
(sanitarios, educativos, administrativos, transportes, lúdicos ... ) en las sedes de las taifas autonómicas
(GRAFICO V).
CUADRO IV CAMBIOS EN LA JERARQUIA URBANA DE LAS CAPITALES DE PROVINCIA:(1981-1991)
RANGO i CAPITALES I 1981 I 1991 I CAPITALES I RANGO 1 MADRID ..--------------." MADRID 1 2 BARCELONA ~----------~BARCELONA 2 3 VALENCIA -<(------------...-VALENCIA 3 4 SEVILLA ~----------~SEVILLA 4 5 ZARAGOZA -<(------------...- ZARAGOZA 5 6 MALAGA -<(------------...- MALAGA 6 7 BILBAO ~----------~ BILBAO 7 8 LASPALMAS -+------------.LAS PALMAS 8 9 VALLADOLID ~----------~ VALLADOLID 9 I O P. DE MALLORCA 11 MURCIA 12 CORDOBA < MURCIA 10
::=--------------=======~~===~ CORDOBA 11 P. DE MALLORCA 12 13 GRANADA 14 ALICANTE
-<1(-:-:::======~======--:-'J>- ALICANTE 13 ~- -------)>- GRANADA 14 15 LACORUNA ~----------~,LACORUNA 15 16 VITORIA -+------------.VITORIA 16 17 SANTACRUZT. <~-~-----------., SANTA CRUZ T. 17 18 OVIEDO <~"'~-----------."'OVIEDO 18 19 SANTANDER <~-~-----------.SANTANDER 19 20 PAMPLONA ~----------~ PAMPLONA 20 21 SAN SEBASTIAN -<(-------------. SAN SEBASTIAN 21 22 CADIZ 23 SALAMANCA 24 BURGOS 25 ALMERIA =ê
SALAMANCA 22 ~ --------- _ , BURGOS 23
~----------------=-<:::::::::::::::: ALMERIA 24 -"" CADIZ 25
26 HUELVA 27 LEON
-<(- ~ LEON 26 .a(-::=====~-========~ HUELVA 27
28 CASTELLON ~----------~ CASTELLON 28 29 ALBACETE <1(------------...-ALBACETE 29 30 BADAJOZ 31 LOGRONO ""'E'""'=======--======'J>- LOGRONO 30 .a(- ~ BADAJOZ 31 32 TARRAGONA 33 LERIDA
-<(- ~ LERIDA 32 .a(-::=====~-========)> TARRAGONA 33
34 JAEN <1(------------~JAEN 34 35 ORENSE ~----------~ ORENSE 35 36 GERONA 37 LUGO 38 PALENCIA 39 CACERES 40 PONTEVEDRA E ~
LUGO 36 -=::::::::::::: PALENCIA 37
S CACERES 38 -------- PONTEVEDRA 39
~ GERONA 40 41 ZAMORA ~-----------~, ZAMORA 41 42 GUADALAJARA <~"'~-----------."' GUADALAJARA 42 43 TOLEDO <~-~-----------., TOLEDO 43 44 SEGOVIA 45 CIUDAD REAL -<(-"""=======--========~ CIUDAD REAL 44 .a(- )>. SEGOVIA 45 46 HUESCA 47 AVILA
""E' --)>- AVILA 46 ... :::=======-======~: HUESCA 47 48 CUENCA ~----------...- CUENCA 48 49 SORIA ..-------------.."'SORIA 49 50 TERUEL TERUEL 50
Fontes: INE, Censos y Padrones: 1981-1986-1991. Pob. de Derecho. Elaboración prop1a. En mayúsculas subrayadas la coincidencia con la capital autonómica
JERARQUIA 3.000.000 1.500.000
750.000
500.000
250.000
150.000
100.000
50.000
20.000
163
o C>
• > 3 000 000 hab.
• > I 500 000 hab .
GRAFICOV • > 750 000 hab.
> 250 000 hab.
\) ,... ..Yl ~ j)O t-----------------= ___ :_~_~o-0~-~o_h~_~:b_· . __ __. V' V"' V e > 20 000 hab.
r:) JERARQUIA URBANA CAPITALINA ( 1991)
III. POLITICAS URBANISTICAS Y PLANEAMIENTO DEMOCRA TICO.
La organización interna de nuestras ciudades en el último decenio se ha realizado en un marco de
inadecuación de los mecanismos legales a la drástica realidad cambiante, de la crisis ai boom inmobiliario.
En los primeros ochenta se reivindicaba ya una revisión de la Ley dei Suelo de 1976, nacida en
la crisis pero con filosofía desarrollista, para adecuarla a la nueva cultura de la regeneración urbana
(MARTINEZ, 1983).
Por e!lo, no deja de ser chocante el punto I dei preámbulo de la Ley 811990, de 25 de julio, sobre
Reforma dei Régimen Urbanístico y Valoraciones dei Sue lo (BOE. 29/0711990), cu ando admite: "El fuerte
incremento del precio del suelo, que excede de cualquier límite razonable en muchos lugares, y
su repercusión en los precios finales de las viviendas y, en general, en los costes de implantación de
actividades económicas, es hoy motivo de seria preocupación para los poderes públicos que deben
promover las condiciones necesarias para conseguir una utilización del suelo de acuerdo con el interés
general e impedir la especulación ".
Esta declaración enternecedora, cargada de preocupación social, la realizan los redactores de
una ley emanada de un parlamento con mayorla absoluta socialista, tras cinco afíos de connivencia con
la especulación desmadrada. Genial.
Dei contenido de la misma destacamos la atribución a los ayuntamientos dei 15% de todos los
aprovechamientos lucrativos, tanto en suelo urbano como urbanizable; el fomento de la ampliación de
los patrimonios municipales de suelo y la atribución de los derechos de tanteo y retracto en las transmisiones
de terrenos y viviendas, y el desideratum de valoración de los aprovechamientos urbanísticos con criterios
fiscales, utopía irrealizable mientras no se proceda a un ajuste civilizado de las revisiones catastrales, tras el
fracas ado "catastrazo".
164
III.l. Las políticas de suelo y vivienda.
De entre la pluralidad de frentes gestores que encierran las políticas urbanísticas destacamos
aquellas de mayor relevancia ciudadana, tanto las concernientes a la rehabilitación del parque inmobiliario
consolidado, como a las de promoción de nuevo suelo residencial y viviendas. Su íntima causalidad exige
una coordinación integrada en el marco de la política urbanística general, porque, de lo contrario - y la
«década prodigiosa" es paradigmática en este sentido-, favorecen el desorden urbano que jamás beneficiá
al interés público.
III.l.l. Reurbanización.
A partir de 1982 el abanico de legislación estatal protectora de la rehabilitación urbana, se
complementa con normativas autonómicas propias (Madrid, Cataluna, País Vasco, Asturias, Na varra,
Valencia, Andalucía, entre otras,) que refuerzan los insatisfactorios mecanismos financiadores estatales,
para el fomento de actuaciones promovidas por los propios usuarios a través de subvenciones personales
de apoyo a los préstamos subsidiados.
Tampoco la Ley dei Patrimonio Histórico Espanol de 1985 ha producido hasta el momento los
efectos deseados, en gran medida porque su puesta en vigor vino a coincidir con la salida de la crisis y el
despegue económico acelerado que acabó con el urbanismo de la austeridad (CAMPESINO, 1991, p. 412).
En la valoración de resultados es preciso diferenciar las actuaciones privadas de las públicas.
Las grandes operaciones privadas de rehabilitación residencial en los centros históricos de las metropolis
espanolas, a cargo de empresas especializadas, atentan contra la filosofía inicial de intenciones. La
recuperación de la centralidad o gentrification, por retorno al centro de los nuevos burgueses y de
las actividades a juego, exige el desalojo previ o de los antiguos residentes, que desentonan con el bok de la
gente guapa, sustituyendo el ghetto proletario por el de lujo.
Apartamentos de prestigio para ejecutivos, despachos profesionales, locales de oficinas
bancarias, galerías comerciales y hosteleria de moda se estratifican en los contenedores renovados de
precios prohibitivos, generando radicales mutaciones formales, sociales y funcionales en calles
peatonalizadas (CAMPESINO, 1985).
Si bien reconocemos el fracaso sin paliativos de la rehabilitación residencial pública en
los centros históricos, en cambio valoramos muy positivamente los esfuerzos ir;versores de comunidades
autónomas, diputaciones y ayuntamientos en la reutilización, con cambio de uso, dei patrimonio edificado
singular para las nuevas funciones institucionales de prestigio, como sedes de presidencias, parlamentos,
consejerías y facultades universitarias.
En paralelo, las campanas públicas de recuperación de las senas de identidad en los centros
históricos han revestido distintas vertientes y resultados: desde la rehabilitación de funciones culturales en
teatros de los anos veinte, pasando por el acondicionamiento de plazas y espacios libres como lugares de
encuentro, ajardinamientos y zonas verdes, pavimentaciones y mobiliario urbano, a veces con cuantiosas
inversiones de pésimo gusto y nula funcionalidad, hasta la instrumentación política de la "movida" a
la búsqueda electoralista dei voto perdido.
111.1.2. Nueva construcción.
Las ofertas de suelo urbanizable y de vivienda de nueva construcción han de regularse por medio
dei planeamiento planes parciales y programas de actuación urbanística para que su entrada en el mercado
se realice con garantías de estabilidad de precios.
165
En la década de los ochenta se distinguen con claridad dos etapas de signo bien distinto, crisis y
boom neoliberal:
A) la de crisis, de 1979 a 1984, en la que los gobiernos municipales democráticos se enfrentan
impotentes a presupuestos ridículos, carencia de suelo por apropiación indebida, dilapidación de
patrimonio propio y falta de previsión, deterioro del parque inmobiliario del centro-ciudad y demanda
insatisfecha de nueva vivienda (230.000 en 1981), frente a increibles volúmenes de viviendas vacías
(2,4 millones).
En plena crisis de la construcción, con el repliegue de la iniciativa privada sin poder dar salida al
sobredimensionado stock de viviendas invendibles por regresión de la demanda solvente, la iniciativa.
publica de los gobiernos de la UCD se ve obligada a planificación del mercado.
A esa filosofía responde el Plan Trienal de la Vivienda (1981-1983), que pretende reflotar el
mercado de la nueva construcción, mitigando el paro y convirtiéndose en revulsivo a la promoción de
vivienda pública, mediante generosas financiaciones a la iniciativa privada y préstamos hipotecarias a
bajo interés para los adquirentes, lo que permitiría que la producción anual de VPO alcanzase el 60% de
la producción anual.
Con el inicio de la legislatura socialista, por Real Decreto 232911983 se promueve el
Plan Cuatrienal de Viviendas (1984-1987), que pretende introducir un giro político nuevo a la política
social de vivienda, bruscamente interrumpido por el «suicidio de la ideología»;
B) la deZ boom neoliberal, de 1985-1989, que pone fin a la crisis de las grandes sociedades
inmobiliarias, al borde de la quiebra en vísperas de las expectativas de la integración europea (MAS, 1989,
p. 222).
Para la reactivación de la demanda interna el gobierno promulga el Real Decreto Ley 2/1985, de
30 de abril, tristemente famoso "Decreto Boyer". Tres artículos dei mismo favorecieron la especulación
salvaje del quinquenio:
- el Art. 8, al permitir la transformación de viviendas en locales de negocias, obligó a una
competencia desigual por el control dei suelo de mayor centralidad que disparó los precios de compraventa
en las ciudades y terciarizó las grandes metrópolis, con inversiones masivas de muy dudosa procedencia
capitalizadas en bloques de oficinas multinacionales y en centros institucionales autonómicos;
- el Art. 9, ai suprimir la prorroga forzosa de los alquileres, establecida por la Ley de
Arrendamientos Urbanos de 1964, liberalizó y colocó en el mercado nuevos incentivos para
la especulación inmobiliaria, teniendo en cuenta el crónico vacío legal en la materia;
-por último, el Art. 7, al permitir una desgravación fiscal dei 17% en e! impuesto de la renta por
la adquisición de viviendas de nueva construcción, derivó gran parte de las ayudas oficiales de VPO a
la proliferación de segundas residencias sin control, para titulares solventes, algunos de los cuales
afiadieron las facilidades desgravadoras al blanqueo dei dinero negro.
A tales desatinos intenta poner coto el R. D. 2569/1986 de 22 de diciembre, consciente la
Administración de que los precios desatados dei suelo no permiten construir VPO, con el cual e! régimen
de protección oficial deja paso a la promoción libre a partir dei boom inmobiliario de 1987 a 1989. En este
último afio aparece e! Decreto Ley 224/89 de subvenciones y créditos blandos a los adquirentes de primera
vivienda hasta 2,5 veces el S.M.I. Para entonces ya se apreciaba en ciudades pequenas cierta estabilización
y ligero descenso de los precios.
La política de viviendas en los ochenta ha producido mutaciones paisajísticas urbanas, derivadas
de los cambias tipológicos de habitación. El urbanismo verticalista de los poligonos ha dado paso a las
urbanizaciones de unifamiliares adosadas, sin mejora de la calidad ambiental urbana, con gran consumo de
suelo en periferias y espacios litorales y elevación de los costes de infraestructuras y transportes.
166
El quinquenio 1985-1989 pasará a la historia urbana como una etapa de crecimiento económico,
en plena crisis industrial, fundamentada en la expansión de los activos financieros, es decir a
la especulación urbana mobiliaria e inmobiliaria.
Sus repercusiones antisociales se dejan sentir en el desahucio dei mercado de la vivienda de
estratos cada vez más amplios de población, en una dinámica contradictoria entre auge inmobiliario e
incremento de la demanda insatisfecha de habitación, pese a ser un derecho de reconocimiento
constitucional.
Queremos entender que, tras un exámen de conciencia "obrera", la política de vivienda espano la
en 1992 pretende enderezar entuertos bajo nuevos objetivos, estrategias y actuaciones:
- objetivo principal de favorecer el acceso a la vivienda a los que no puedan hacerlo en
las condiciones dei mercado, con un ámbito de protección familiar de hasta 5,5 veces el S.M.I.
- estrategias de mejora de la eficacia del gasto público en la oferta y demanda de viviendas,
fomentando un funcionamiento más eficaz dei mercado que reduzca la necesidad de ayudas públicas;
- de agilización de los circuitos de financiación dei crédito hipotecario y regulación de
las cuentas-vivienda, fomentando la canalización del ahorro, vía regulación de los fondos de inversión
inmobiliaria para vivienda en alquiler, una asignatura pendiente que nos diferencia de Europa;
- actuaciones promotoras de ayudas directas a la rehabilitación estructural, individual y
colectiva, y para la adquisición de inmuebles destinados a su rehabilitación inmediata;
- apoyo financiero a la compra y urbanización de suelo, con destino preferente a viviendas de
VPO en propiedad y alquiler, para lo cual resulta obligada la reforma de la normativa sobre
arrendamientos urbanos.
HI.2. Planeamiento democrático.
Las políticas territoriales y urbanísticas se materializan mediante técnicas instrumentales de
planificación y de planeamiento a todas las escalas. Por ello, los nuevos enfoques de planificación
territorial y planeamiento urbano de los ochenta iban a exigir un tratamiento integral, pero diferenciado.
Hl.2.1. Ayuno de planificación territorial.
Los procesos cambiantes de involución demográfica, freno emigratorio, desindustrialización,
relocalizaciones productivas y desurbanización claman por una planificación ordenadora dei territorio
espano! que atienda a Ia variada gama de nuevas pautas urbanísticas: crisis metropolitana, dinámica
periurbana, crecimiento de ciudades medias y recualificación de núcleos rurales (TERAN, 1989, p. 17).
Tanto la planificación territorial como el planeamiento supramunicipal continúan siendo
asignaturas pendientes. Ocurre que ai ser aquélla materia inabordable desde la exclusiva óptica
morfológica-urbanística, e! nuevo Estado autonómico ha sido incapaz de generar una cultura territorial
postconstitucional y situar a la planificación en la clave de la política pública para el interés global dei
territorio (PAREJO, 1989, p. 127).
Dejando a un lado lo concerniente a planificación y políticas regionales, objeto de otra ponencia,
destacamos las políticas consensuadas entre e! Estado y las Comunidades Autónomas en materia de
infraestructuras, como instrumentos básicos de política regional y urbana, por sus afecciones con
el planeamiento general.
167
Desde la entrada en la CEE, los fondos comunitarios del FEDER se han materializado en
la modernización de la obsoleta red viaria espafiola para la articulación del sistema de ciudades con
el resto del continente europeo. Los devaneos gubernamentales entre autopistas clasistas y autovías
democráticas y las imposiciones de Bruselas, acabaron reforzando a la baja - aunque con presupuestos
multimillonarios - el sistema radial heredado en detrimento de circulaciones paralelas (Cornisa
Cantábrica) y meridianas (Ruta de la Plata), errores que nos retrasarán otro siglo con Europa y pagaremos
a medio plazo quizás por partida doble, si progresa la elucubración ministerial de las autovías de
peaje diferenciado, según niveles de renta ... (?)
De nuevo, la teórica rentabilidad económica impone su lógica matemática al volcar las
inversiones infraestructurales en los espacios regionales emergentes con excepciones notables del
TGV - AVE en versión ecologista espafiola, entre Madrid y Sevilla -, frente a la rentabilidad social
reservada para el discurso electoralista. Su prevista prolongación hasta Barcelona castiga la conexión del
País Vasco con el Suroeste francés sin justificación alguna que no sea de tipo político.
A nadie se le oculta la incidencia polarizadora de las infraestructuras arteriales sobre los usos
conjugados del suelo periurbano, ni el valor de la accesibilidad en la génesis de las modernas
implantaciones periurbanas: industriales (parques tecnológicos), de transporte y tranferencia de mercancías
(centros de distribución), comerciales (shopping centers), residenciales, deportivas, etc, privilegiando el
uso del automóvil privado, genuíno chivo fiscal expiatorio.
111.2.2. El "urbanismo más urbano".
Las carencias planificadoras del territorio muestran su contrapartida en la preocupación
ordenancista del suelo urbano consolidado, con toda una legislación renovada a su servicio.
Desde finales de los setenta, nuevos giros conceptuales, metodológicos y aplicados definen al
planeamiento de la última generación como austero, participativo e instrumental (GAGO, 1990, p. 17),
pactista, consensuado y flexible a los cambios coyunturales:
A) etapa de crisis, de 1979 a 1985, en la que el bloqueo de la ciudad ilimitada y la austeridad
económica se trasplantan al planeamiento cualitativo. Para los ayuntamientos democráticos de izquierdas
es el momento de repensar la ciudad consolidada y reordenar sus carencias, con especial énfasis en
la revalorización patrimonial de las áreas históricas.
El nuevo planeamiento general sometido a revisión va a desarrollarse a partir de planes
espaciales de protección y reforma interior (PERI), que afrontarán la reconstrucción fragmentada de las
áreas urbanas homogéneas, en función de procesos compartidos de transformación y crecimiento (CALVO,
1990, p. 99) para su posterior ensamblaje y sutura en el esquema director ordenancista de la estructura
urbana general (BOHIGAS, 1986 a).
El plan pretende ser así un instrumento gestor de los problemas cotidianos, mediante un proceso
participativo y negociado de objetivos, medios disponibles y estrategias contrapuestas de los distintos
agentes constructores de la ciudad, un marco permanente de confrontación de intereses.
Si se destierra la modelística por inoperante y se admite la pluralidad de escenas urbanas, porque
ser cada ciudad modelo de sí misma, diversas han de ser las propuestas y las prácticas de intervención
(GOMEZ, 1988, p. 364). De ahí que la forma urbana y su espacio de referencia vuelvan a constituir el
objetivo básico del planeamiento. El mayor reto arquitectónico reside en construir sobre lo ya construido,
partiendo del espacio público colectivo como referencia.
168
Es una etapa de urbanismo proyectual, de acupuntura arquitectónica de la ciudad convertida en
maqueta, de exaltación morfológica postmoderna frente al urbanismo funcionalista, de respeto a los
instrumentos más acreditados de la urbanística (trazados, parcelaciones, tipologías y composición urbana),
en suma, de un urbanismo más urbano (SOLA-MORALES y PARCERISA, 1987).
Efectivamente, las propuestas reviven lo mejor de la cultura urbanística espaíiola decimonónica,
representada en los trazados de ensanches, alineaciones y saneamiento, en el perfil regularizado de calles,
paseos, espacios públicos y equipamientos dotados de identidad y habitabilidad y, por ello, susceptibles de
apropiación por el ciudadano.
Morfología y tipología edificatoria se plantean en estrecha relación con el trazado viario y
el retorno a la sempiterna cuadrícula permite la recreación de la manzana cerrada de escala humana
(4 a 6 alturas), con patio interior y apertura en fachada contínua a las avenidas centrales arboladas,
modelando plazas y espacios públicos.
En paralelo, como alternativa tipológica al verticalismo masivo de los polígonos se repueblan las
periferias de unifamiliares adosadas, legalizando, de paso, las consumadas urbanizaciones clandestinas
metropolitanas.
El reequipamiento comunitario cobra especial énfasis con la creación de centros culturales de
barrio, instalaciones deportivas y zonas verdes. La fiebre ecológica cala en las demandas de pulmones
verdes urbanos que el planeamiento asume y traduce en proliferación de parques y plazas ajardinadas, más
alicàtadas que arboladas, a nivel de barrio rompiendo con las standarizadas zonas verdes de uso común.
Para enfrentar los sangrantes problemas de tráfico y los impactos ambientales aíiadidos se
derriban pasos elevados, se arbitran políticas restrictivas (ORA), sin alternativas de aparcamientos
disuasorios, y se limitan velocidades en arterias con islas peatonales ajardinadas.
Las críticas a este lenguaje interpretativo con abstracción de la globalidad urbana, a la estupida
ciudad-collage de Venutti, .no se hicieron esperar cuestionándose el exceso de formalización
arquitectónica, la exportación de metodologías recualificadoras desde la ciudad histórica a las restantes
áreas urbanas, la moda de la manzana cerrada con profundidad edificable de 12 a 14 m, las tipologías
unifamiliares en hilera con densidades inferiores a 40 vi v ./h a, que contradicen la idea de creación de tejido
urbano por el bajo nivel de usuarios irrentables para dotaciones, equipamientos y transportes públicos, y
el repertorio de soluciones forzadas de tráfico, tomadas de la tradición sin justificación en el presente
(glorietas, bulevares, vías-parques), entre otras.
B) la de expansión, 1986-1989, con una lógica rentabilista que pone de relieve la inoperancia
del planeamiento poético ante el imperio de las supercuentas.
Aquella ciudad que en los primeros ochenta, según Mangada, debia dejar de ser un simple solar
de negocios, para convertirse en un espacio humanizado y socializado, donde la disciplina urbanfstica
imperase, exigiendo el cumplimiento de licencias, cesiones obligatorias y aprovechamientos medios ... ,
acaba convirtiéndose en el mercado especulativo más incontrolado de la historia urbana espaíiola.
La escasez de suelo urbanizable en la etapa de planeamiento de austeridad, favorecería las
prácticas especulativas sobre el suelo de mayor centralidad con renovaciones salvajes en los ensanches.
En desagravio del planeamiento y de los profesionales sensibles de la arquitectura es preciso
matizar que el Plan General de Madrid, el más complejo de los revisados en el decenio y aprobado en
1985, se convierte en portavoz de la nueva ideología urbanística de la recuperación urbana, al ser capaz de
conjugar ordenación y diseíio formal.
Lo que demuestra en éste como en algunos otros casos contados, que la mayoría de
169
los problemas urbanísticos en nuestras ciudades surgen de las prácticas mafiosas de los agentes privados
sin escrúpulos, de las presiones financieras neoliberales que controlan el mercado inmobiliario y de
la incapacidad gestora y/o de la ingestión ·política pública, para cumplir y hacer cumplir las normas de
juego dimanadas del planeamiento.
IV. A MODO DE REFLEXIONES.
Diagnosticada una parte de hs mutaciones acaecidas a nuestras metrópolis y ciudades en
la década de los ochenta y las políticas urbanísticas amparadas en el planeamiento que enfrentaron tales
cambios parece llegado el momento de ofertar algunas propuestas peninsulares, nacidas de la convicción
de que ciudades e infraestructuras son los soportes básicos de la vertebración territorial:
- a escala de territorio ibérico y pensando con mentalidad de Europa sin fronteras, no creemos
que puedan mantenerse sin sonrojo los desequilíbrios regionales peninsulares que permiten la convivencia
de regiones expansivas, ciudades dinámicas, economías alternativas e infraestructuras del siglo XXI, con
áreas en declive, ruralismo agonizante y postración secular tercermundista;
- la dinámica territorial del eje mediterráneo, todavía discontínua, es imparable de Catalufía a
la Andalucía del Guadalquivir y obligadamente prolongable desde Ayamonte por el litoral atlántico
del Algarve a todo lo largo de la fachada metropolitana occidental Sines-Lisboa-Oporto-Valença
do Minho, hasta La Corufía sin abandono de autopistas y autovías;
queda por resolver el cierre del anillo a través de las obligadas infrestructuras rápidas de unión
entre el golfo ártabro y el suroeste francés. Por encima de estrategias partidistas, hay que frenar el declive
de la cornisa cantabríca, reconvirtiendo sus estructuras industriales y medioambientales deterioradas para
extraer todas sus potencialidades endógenas;
- su salida hacia el litoral valenciano a través dei eje dinámico dei Valle dei Ebro,
se torna crónica incomunicación natural con la Meseta, (Santander-Burgos-Valladolid) y
(Oviedo-León-Benavente), que ha de resolverse en este siglo para triangulación de las conexiones
interregionales favorecedoras dei reequilíbrio territorial entre litorales y bolsas interiores;
- la diagonal privilegiada peninsular de Lisboa-Oporto-Salamanca-Tordesillas-Valladolid-
-Burgos-Vitoria-Hendaya, a través de la Castilla del Duero, (cortada por la ortogonal
Madrid-Benavente-La Corufía) es el eje indiscutible de conexión de Portugal con Europa, por carretera y
ferrocarril como lo demuestra la intensidad de los flujos internacionales. Oponerse a la lógica de la
geometría es incomprensible porque la realidad es más testaruda;
- la difusión del desarrollo a las províncias interiores dei centro, sur y oeste fronterizo de
la iberia profunda debe ser la justa compensación a las aportaciones humanas y materiales de estos
territorios ai bienestar de sus respectivas regiones emergentes y de la Europa comunitaria;
- dejando a un lado el fraude del Fondo de Compensación Interterritorial, las ayudas FEDER
no son sino pequenas limosnas de la deuda norte-sur impagada. Su inversión en infraestructuras básicas de
comunicación permitirán resolver en Extremadura, entre otras ignomínias, la conversión en autovía de
la Ruta de la Plata o la resolución al enigma de la N-430, Badajoz-Valencia, perdida en el fondo del
embalse de García Sola ...
- mención especial requiere el caso dei archipiélago canario, susceptible de ser olvidado por
políticas nacionales y comunitarias dada su especifica situación a la deriva en la desenfilada atlántica, tan
cerca y tan lejos;
170
- escasez de agua, eliminación de resíduos, sobreexplotación turística, incendios forestales,
consumo indiscriminado de naturaleza, records de contaminación e impactos ambientales de todos los
sectores de la actividad económica neoliberal, constituyen los comportamientos paleourbanos del país
más guarro e inconsciente de Europa, en reconocimiento a lo cual se creó en febrero de 1990 la Secretaria
General dei Medio Ambiente, cuando no hubiese bastado con un Ministerio;
- con la descentralización productiva y la difusión relocalizadora de actividades estamos
contagiando la masacre ambiental de las áreas metropolitanas a las ciudades medias y pequenas y a
los territorios todavía impolutos, supervivientes del subdesarrollo;
- de ahí que en las estrategias de las políticas urbanas y dei nuevo planeamiento de los noventa
deberá incorporarse al planeamiento el funcionamiento integrado dei sistema ecológico urbano,
aiíadiéndole seriedad a los socorridos estudios de impacto ambiental y rigidez punitiva al delito ecológico,
en la convicción de que el medio ambiente es un patrimonio exíguo y deteriorado que precisa de
rehabilitación y transmisión a las jóvenes generaciones, cuya sensibilización al respecto resulta lógica.
Termino estas utópicas reflexiones, compartiendo los presupuestos utópicos del mismo autor que
sirvió de prólogo a la ponencia: "e! poder de! planeamiento como instrumento de política urbana es tal y
sus repercusiones tan elevadas que no puede dejarse al despotismo ilustrado y/o desilustrado de
urbanistas o de políticos. De continuar las cosas así, es probable que tengamos que recurrir de nuevo a
desempolvar las reivindicaciones vecinales de la segunda mitad de los setenta, archivadas con
la ideología radical marxista que las sustentaba" (LEAL, 1989, p. 42).
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
TRANSFORMACIONES DE LA FACHADA DEL CASCO HISTÓRICO DE SEVILLA EN RELACION À LA PROLONGACION DE LA DARSENA Y EXP0'92
1.- Introducción.
JUAN CARLOS CASTELLANO ALV AREZ VICTOR FERNÁNDEZ SALINAS Departamento de Geografía Humana Universidad de Sevilla
La calle Torneo ha sido tradicionalmente uno de los límites físicos al desarrollo de la ciudad en
su extremo noroeste. Desde el siglo XII, con la ampliación de la muralla en el período almohade,
se consolida esta barrera, una de las más estables de la historia morfológica de Sevilla. Esta estabilidad se
relaciona con uno de sus principales problemas: las frecuentes avenidas dei Guadalquir, ya que esta área
se encontraba entre las que más sufrían los desbordamientos por ser el primer punto de contacto dei río con
Sevilla y existir en sus inmediaciones zonas de cotas relativamente más bajas.
La primera gran transformación se produce a mediados dei siglo XIX con la implatanción dei I
ferrocarril. Precisamente en el extremo sur de la calle Torneo se ubica la estación de la Plaza de Armas ,
con lo que se crea una nueva barrera física entre la calle y el río: la playa de vías que accedía a dicha 2
estación . Con esto se materializa la separación de la ciudad y el río en todo el cuadrante poniente; además,
el terraplén levantado como soporte del tendido ferroviario, también servía como defensa contra las
avenidas dei río, lo que facilitá el derribo de la muralla en este punto de la ciudad. Durante las últimas
décadas dei siglo XIX y primeras de! siglo XX, se asiste al asentamiento industrial sobre los solares
conformados tras la demolición de aquel tradicional sistema de defensa.
Tras los anos cincuenta de este siglo, se acentúa e! proceso de expulsión de la industria sevillana
hacia la periferia. Sin embargo, este proceso es más acentuado en el sur de! casco, en los ámbitos cercanos
a! puerto histórico; no teniendo esta repercusión en los aledanos de la calle Torneo, dado e! escaso valor 3
urbano de este sector por su localización de fondo de saco .
Con e! cambio de década de los anos cincuenta a los sesenta, se realiza una importante obra
hidráula en e! río: se abre la Corta de Triana, canal artificial del río, y se crea el llamado "tapón de
Chapina". Con estas operaciones se desvía el curso de! Guadalquir por la parte trasera de! arrabal de
Triana y e! cauce histórico queda convertido en una dársena desde e! citado tapón de Chapina hasta la
Punta dei Verde, donde ésta se conecta con el río. Con esto se consigue liberar al puerto de las avenidas
del Guadalquivir.
E! incremento dei tráfico rodado en la ciudad convierten a la calle Torneo en una importante vía
de circunvalación, ya que no existe ninguna vía urbana exterior a la misma. En 1984 se abre una nueva
corta, la llamada Corta de la Cartuja, que traslada e! cauce dei Guadalquivir más hacia el Oeste, crea un
nuevo tapón a la altura dei meandro de San Jerónimo y convierte también en dársena el cauce primitivo dei
Guadalquivir a su paso por la calle Torneo.
1 SUAREZ GARMENDIA, J.M.: Arquitectura y urbanismo en la Sevilla dei si2:lo XIX, Sevilla, Diputación Provincial, 1987, p. 182. 2 Ibídem. 3 GERENCIA DE URBANISMO DEL A YUNT AMIENTO DE SEVILLA: Modificado dei Plan General en e! área de Tomeo, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1991, sin paginación.
176
Grafico 1
o 250 500mts.
N
I s
Cuadrante noroccidental del casco historico de Sevilla en el siglo XVIII. Fuente: modificado del P.G.O.U., Sevilla. Exmo. Ayuntamiento, 1991. Elaboración propia
177
2.- La calle Torneo en la nueva configuración urbana de Sevilla.
La celebración de la Exposición Universal ha inducido una serie de transformaciones profundas
que han alterado el papel de la calle Torneo en la ciudad. Se podrían sintetizar en los siguientes puntos los
cambias urbanos que afectan a Torneo:
a) En julio de 1985 se decide ubicar la Exposición en la erróneamente denominada "isla" de
la Cartuja, lo que coloca a la calle Torneo en el papel de fachada del recinto histórico frente a los terrenos
de la muestra.
b) La construcción de la estación de Santa Justa, el consiguiente abandono dei uso ferroviario de
la de Plaza de Armas y el nuevo sistema de defensas, que se desplaza hasta el verdadero cauce dei río más
al oeste, plantearán la posibilidad de reutilizar el espacio que media entre la calle Torneo y la dársena. De
hecho ya existe un Plan de la Red Arterial Ferroviaria de 1978, vigente durante gran parte de los
afíos ochenta, que pretendia desmontar la barrera ferroviaria paralela a la calle Torneo y desplazarla a 4
la Cartuja.
c) La nueva red viaria incorpora una serie de rondas transversales y exteriores a la calle Torneo
que eliminan parte dei tráfico, sobre todo el pesado, en esta vía urbana.
Todo lo anterior se lleva a cabo en la segunda mitad de los afíos ochenta y primeros noventa, ya
que la elección de la Cartuja como solar de la Exposición data de julio de 1985. El documento urbanístico,
el Plan General de Ordenación de Sevilla, que guía la transformación global de la ciudad, se aprueba 5
en 1987.
El desmantelamiento de las vías de la estación de la Plaza de Armas, el ensanchamiento de
la calzada y la construcción de paseos ajardinados frente a la Exposición Universal se materializan entre
finales de 1990 y los primeros meses de 1992. Cuando la citada Exposición se inaugura, el espacio que
media entre los frentes de fachada tradicionales de la calle Torneo y la dársena se han transformado
completamente. Sin embargo, el caserío, tanto dei frente de fachada de la ciudad, como de las calles
interiores próximas, pese a haber experimentado bastantes sustituciones y rehabilitaciones, no presenta el
mismo nivel de intervención.
3.- El ordenamiento futuro dei entorno de la calle Torneo: el Proyecto Modificado dei Plan General.
El caserío del cuadrante noroccidental dei casco llega a los afíos noventa poco transformado.
Gran parte dei mismo padece problemas serias de conservación y el propio viario manifiesta un grado de
inmadurez que limita en buena parte los procesos de rehabilitación. El Ayuntamiento, consciente durante
los últimos afíos ochenta del proceso de cambio que afectaría la zona, inicia los trâmites para su
ordenamiento. La carencia de un plan especial para el casco histórico se soslaya mediante la elaboración
de una modificación del propio plan general, cuya aprobación inicial se realiza a finales de 1990, y
la provisional en febrero de 1991.
Desde 1985, se venían observando algunos procesos de cambias físicos y de uso en el sector;
entre aquel afío y 1992, casi diez de cada cien edifícios dei barrio (el 9,34%) se construye de nueva planta
4 LEON VELA, José: Sevilla ante la Exposición Universal de 1992, Sevilla, Instituto de Desarrollo Regional, 1986, p. 139. 5 " ... así como la protección a la arquitectura es muy intensa, el catastro queda mucho más libre y móvil a través de las condiciones permisibles de agrupación de parcelas, no reconociéndose la existencia de algunos recintos urbanos cuyo valor y cualidad se fundamenta en su estructura catastral y cuya dimensión es básica para la protección y control dei paisaje urbano", GERENCIA DE URBANISMO: Plan General de Ordenación Urbana, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1987, p. 128.
178
Grafico 1
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i o 250 500! mts.
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Estado en que se encontraba la antigua ronda de Torneo antes de su remodelación en 1991, con la antigua estación de F.F.C.C. de plaza de armas, el entramado ferroviario, y el muro que la aislaba dei rio y de los antiguos terrenos de la Cartuja, actual emplazamiento de la Exposición Universal de 1992.
Fuente: Almax. Madrid, 1988.
179
o se rehabilita. Este proceso de cambio tan dinámico es paralelo a una rebaja en la consideración del grado
de protección del caserío en la zona por parte de las autoridades municipales (cuadro 1). Además, debe
senalarse que las 320 parcelas afectadas por ese documento, eran 330 en 1985, o lo que es lo mismo, a
través de las agregaciones parcelarias con motivo de algunas construcciones de nueva planta, se ha perdido
en siete anos un 3,03% del número de parcelas, aun cuando el propio Plan General de 1987 indica el valor
de la parcela como referencia histórico-paisajística para comprender la ciudad.
Todo este proceso se acompana a su vez de una transformación de las actividades del área de
Torneo, apreciándose un retroceso significativo en los edifícios con uso industrial, especialmente talleres y
pequenas fábricas, así como en el número de almacenes (ver cuadro 2).
Entre tanto, el número de solares experimenta una alza considerable, superior incluso a la caída
del de edifícios en mal estado y ruína (ver cuadro 3). Lo que indica, unido a los datos de construcción y
rehabilitación, que una buena parte de los edifícios en mal estado son, o bien reconstruidos, o
bien derribados y se mantienen como solares; sin embargo, no debe olvidarse el dato de que aún en
la actualidad, casi 14 de cada 100 edifícios no reúnen unas condiciones de habitabilidad dignas.
En este contexto, el Modificado del Plan General plantea las siguientes propuestas:
a) Una considerable rebaja del grado de protección y conservacíon del caserío (cuadro 1).
b) La recomposición morfológica del frente de la calle Torneo, considerada no sólo como
fachada a esta vía ensanchada y acondicionada en 1991, sino como una nueva fachada fluvial de la ciudad.
A este fin se determina la ejecución de dos estudios de detalle, cinco unidades de actuación, diez proyectos
unitarios y cuatro actuaciones simples. Algunas parcelas aparecen en más de un documento urbanístico;
así, por ejemplo, gran parte de los llamados "proyectos unitarios" se conciben sobre unidades de actuación
o estudios de detalle.
c) Los dos estudios de detalle prevén: la sustitución de la manzana situada ai comienzo de
la calle Torneo y la adecuación dei extremo final de la misma, ai sitio del ex convento de San Laureano.
Parcelas afectadas: 33 (1 0,31% de las parcelas del sector)
d) Las cinco unidades de actuación establecen mejoras en e! viario, soluciones a las diferencias
de cota en la zona, redifinición de parcelas mediante su sustitución, abrir una calle de acceso al arrabal de
Los Humeros y la apertura de una plaza: la plaza dei Bajondillo, derribando una serie de establecimientos
industriales. Superfície afectada: 6.675 m2. Parcelas afectadas: 27 (8,43% de las parcelas del sector).
e) Con los diez proyectos untarios se pretende crear, mediante la construcción de nueva planta de
varias parcelas agregadas, puntos de renovación paisajística en la calle Torneo, parcelas afectadas:
58 (18, 12% de las parcelas del sector).
f) Mediante las cuatro actuaciones simples se prevé: eliminar una pequena parcela junto al
convento de san Clemente, establecer una plaza en las cercanias del mismo convento, otra en la mitad
norte del arrabal de los Humeros, operación en la que desaparecen catorce parcelas, y adecuar también
para plaza e! solar que cierra el sector por el sur, en el extremo final de la calle Torneo.
4.- Conclusiones.
El área de la calle Torneo, en e! extremo noroccidental dei casco, es un sector cuya evolución
física ha estado muy ligada a su condición de límite de la ciudad: primero en relación a la muralla y
la defensa que esta significaba contra las inundaciones del río, y después como fondo de saco junto al
entramado ferroviario de acceso a la estación de Córdoba. La configuración de esta ronda de poniente en la
segunda mitad dei siglo XIX y las características físicas de la zona, con un parcelario amplio proveniente
180
Grafico 3
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0,5 1 KM
EXP0'92
Parcelas afectadas por la modificación de! P.G.O. U. Sevilla. Ex mo Ayuntamienlo, 1991.
Fuente: Guia Oficial EXP0'92, Sociedad Estatal para la Exposición Universal Sevilla 92. Elaboración propia.
Cuadrol - Protección del caserío afectado por el Modificadodel P.G.O.U. según el Modificadodel P.R.I.C.A. (1981), el P.G.O.U. (1987) y epropio .o Modificado del P.G.O.U. (1991).
1981 1987 1991
Porcentaje de edifícios protegidos 75,45% 65,45% 32,19%
Edifícios con grado de protección "A' 4 2 3
Idem "B" 1 2 -
Idem "C" 83 29 25
Idem "D" 161 44 13
Idem "E" * 139 62
Total de edifícios protegidos 249 216 103
* En el Modificado del Plan de Reforma Interior (1981), no existe el grado de catalogación "E"
Fte : Modificado del Plan de Reforma Interior del Casco Antiguo, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1981, Plan General de Ordenación Urbana, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1987 y Modificado del Plan General de Ordenación Urbana (aprobación provisional), Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1991.
c d 2 p ua ro - . d d'f . orcentaJe e e 1 !CIOS con uso d 'd e a macen o m ustria.
1985 1992
Almacenes e industrias 18,89% 12,19%
Con actividad 15,76% 10,63%
Vacíos 3,13% 1,56%
Fte: Reconocimiento directo en 1985 y 1992 .. 1 s2.
c d 3 p ua ro - . d orcenta]e d'f. e so ares y e 1 !Cios en ma d esta o.
1985 1992
Solares 4,85% 7,19%
Ruina y mal estado 16,36% 13,75%
Total 21,21% 20,94%
Fte: Reconocimiento directo en 1985 y 1992.
181
de los loteos posteriores al derribo de la muralla y de los conventos desamortizados, potencian la
localización abundante de industrias, talleres y almacenes.
El nuevo cauce del Guadalquivir, desplazado hacia el oeste con la Corta de la Cartuja, la
construcción de una nueva estación de ferrocarril y la decisión de ubicar la Exposición Universal de 1992
en los antiguos terrenos pertenecientes al Monasterio de la Cartuja, generan distintas expectativas en
la ciudad, entre ellas, la necesidad de dotar de una nueva fachada de calidad a la Sevilla que asoma al
cauce histórico del Guadalquivir, recuperado en forma de dársena junto a Torneo.
La iniciativa privada ya ha comenzado un importante proceso de sustititución del caserío, que se
concreta en que c a si 1 O de cada 100 edifícios han sido construidos o rehabilitados en los últimos
siete afios.
El Ayuntamiento, a través de los objetivos presentados en el Modificación del Plan General,
aprobado provisionalmente en febrero de 1991, plantea un programa de operaciones con menor premura,
pero muy contundente, ya que prevé la apertura de tres plazas, en las que desaperecen más de treinta
parcelas, y la regeneración de la fachada de Torneo, sustituyendo muchos edifícios pertenecientes a
tipologías industriales y de alojamiento obrero. Para esto se descatalogan la mayor parte de los inmuebles,
tanto de esa calle como de las aledafias, y se propone una mejora en el viario del sector.
182
Grafico 4
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o 100 200 300 mls.
PROPUESTA DE ACTUACION SEGUN EL MODIFICADO DEL PLAN GENERAL
EN EL AAEA DE TORNE0.1991.
Fuente: G.M,U. EXMO.AYUNTAMIENTO.SEV lllA, 1991.
ELABORACION PROPIA
183
Se institucionaliza mediante el documento que prevé la modicificación del Plan General una
profunda alteración del caserío histórico del sector, muy valorado por otros documentos urbanísticos más
antiguos, e, incluso, alteraciones del viario profundas, que sin duda implicarán transformaciones
paisajísticas, dado el menor grado prescrito para la conservación general de esta zona.
BIBLIOGRAFIA
EXPO 92: Guía Oficial Expo 93, Sevilla, Sociedad Estatal para la Exposición Universal Sevilla 92, 1992. GERENCIA DE URBANISMO DEL AYUNTAMIENTO DE SEVILLA: Modificado del Plan Reforma Interior del
Casco Antiguo, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1981. - Plan General de Ordenación Urbana, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1987. -Modificado del Plan General en el área de Tomeo, Sevilla, Excmo. Ayuntamiento, 1991.
LEON VELA, José: Sevilla ante la Exposición Universal de 1992, Sevilla, Instituto de Desarrollo Regional, 1986. SUAREZ GARMENDIA, J.M.: Arquitectura y urbanismo en la Sevilla del siglo XIX, Sevilla, Diputación Provincial, 1987.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CREACIÓN DE SUELO URBANO Y SU PLANIFICACIÓN EN LA ZONA PERIURBANA SALMANTINA: SANTA MARTA DE TORMES
INTRODUCCIÓN
LUIS ALFONSO HORTELANO MÍNGUEZ. Universidad de Salamanca.
La planificación y la clasificación que el Plan o Norma hacen dei suelo son la base de
la ordenación dei territorio y de la actividad urbanística. El objetivo principal de esta comunicación parte
de este presupuesto y pretende estudiar y sintetizar el planeamiento urbanístico, precedente y vigente,
y la división dei territorio municipal en áreas de suelo urbano, urbanizable y no urbanizable de
Santa Marta de Tormes.
Si la ordenación urbana goza de una gran tradición en las ciudades la planificación de
sus espacios periurbanos pocas veces ha merecido una atención particular, hasta hace relativamente poco
tiempo; es decir, a partir de la entrada en vigor de la Ley sobre Régimen dei Suelo y Ordenación Urbana de
1975, justo cuando se ha producido en Espana un proceso de concentración urbana debido al éxodo rural,
inmigrantes que casi siempre se asientan en los barrios periféricos o en su entorno más próximo.
Santa Marta de Tormes responde a estas características de zona periurbana de la ciudad de
Salamanca donde se han asentado un buen número de emigrantes dei mundo rural, salmantino
principalmente, habiéndose sumado en los últimos afíos la transformación de los usos agrarios, el
establecimiento de algunas industrias dispersas y la irrupción de urbanizaciones de segunda residencia.
Circunstancias, por otro lado, propias de las áreas periurbanas de la mayoría de las ciudades.
DESCRIPCION DEL MARCO GEOGRAFICO
El município que nos sirve de referencia, Santa Marta de Tormes, está situado a orillas dei río
que le presta su apellido, para aprovechar las fértiles tierras de su vega. Su crecimiento, así como la
importancia adquirida dentro de la província, se debe, por una parte, a su situación a lo largo de la
carretera N-501, que une a la capital provincial con Madrid, y, por otro lado, a su cercanía con Salamanca.
De estos dos elementos se desprende tanto su crecimiento demográfico en los últimos cuarenta afíos, el
mayor de toda la província con 558 habitantes en 1950 y 6.868 en 1991, como la forma alargada y
desintegrada dei núcleo.
En el entorno inmediato dei pueblo de Santa Marta de Tormes fueron apareciendo una serie de
expansiones de muy distinto carácter, tales como urbanizaciones unifamiliares, viviendas colectivas, naves
industriales, variados servicios y espacios de ocio que constituyen una trama urbana desorganizada pero
continua, enmarcada en la franja periurbana dei Sur del Tormes. La importancia adquirida por esta zona es
causa de conflictos entre las distintas Administraciones y de competencia entre los diferentes usos dei
suelo, que se resumen, fundamentalmente, en dos actuaciones concretas:
1) Con el Decreto 2.774/63, de 17 de Octubre de 1963, Salamanca pide la incorporación de
los municípios de Tejares y Santa Marta de Tormes (Boletín Oficial del Estado n° 264, de 4 de Noviembre
de 1963). Consigue anexionarse el término de Tejares pero no el de Santa Marta de Tormes, que desde
186
este momento inicia en solitario la andadura de la ordenación de su territorio, aunque su término municipal
intente incluirse en el Plan General de Salamanca de 1966, posteriormente en el Plan Comarcal de
Ordenación Urbana de 1979, y finalmente en la Revisión del Plan General de Salamanca de 1984. Estas
propuestas fracasan, y por tanto el Ayuntamiento de Santa Marta ha contado y cuenta con un planeamiento
propio, que ha permitido la transformación de la fisionomía de un núcleo rural hasta convertirse en
un espacio rururbano.
2) El município rural, con gran cantidad de suelo rústico, que era Santa Marta de Tormes, va
cediendo parte de su ager a la urbanización indiscriminada. Incluso el espacio agrario de regadío en el que
se transformá por el Decreto de 3 de Octubre de 1952 (Boletín Oficial del Estado no 298, de 24 de Octubre
de 1952) parte de su parcelario con la construcción del Canal de Villagonzalo, por la Confederación
Hidrográfica del Duero, y acondicionado por el Instituto Nacional de Colonización. El suelo
no urbanizable especialmente protegido de uso agrícola no se ha respetado en todas las ocasiones y ha sido
invadido, poco a poco, por un caserío disperso de segunda residencia, como se demuestra en el retroceso
de los cultivos propios de regadío: en 1965 las patatas suponían un 5,42% y las hortalizas un 10,83%,
mientras en 1988 los porcentajes respectivos eran dei 0,72% y 2,41 %.
INSTRUMENTOS DE PLANEAMIENTO URBANISTICO
El pequeno núcleo rural que fue Santa Marta de Tormes se reconoce aún por la pervivencia de
un conjunto de casas bajas con una trama irregular que se sitúan en el punto más próximo ai río Tormes y
de la carretera N-501, en función de la existencia de la acena y el molino. El posterior desarrollo urbano ha
estado marcado por dos grandes tendencias: como territorio apetecido por la implantación de segunda
residencia y como alternativa a las necesidades de viviendas de las clases medias-bajas que trabajan en
Salamanca.
La primera de estas tendencias es la más antigua y está relacionada con la existencia de vías
rápidas de comunicación y con un medio natural atractivo tanto en las proximidades dei río Tormes como
en la zona localizada entre el Canal de Villagonzalo y la carretera C-51 O.
La segunda está vinculada ai desarrollo urbano de Salamanca capital entre los anos 1965 y 1975,
que no es sino reflejo de la etapa desarrollista general de esa época. Las razones proceden de la facilidad
de comunicación y el ser el núcleo más próximo a Salamanca en la margen izquierda dei Tormes, unidas a
la existencia de una demanda de vivienda barata por parte de la población inmigrante dei mundo rural,
como consecuencia de la capacidad de generar puestos de trabajo en esos afíos la ciudad de Salamanca.
Coincidiendo con esta gran avalancha inmigratoria y la aparición de la segunda Ley sobre
Régimen dei Suelo y Ordenación Urbana, la Comisión Provincial de Urbanismo aprueba definitivamente el
4 de febrero de 1977 las primeras Normas Subsidiarias y Complementarias de Ordenación Urbana de
Santa Marta de Tormes (Tipo b), redactadas por el arquitecto municipal Arsenio Barbero Martín. La
aprobación estaba condicionada a la rectificación de la documentación gráfica aportada, es decir, en
los planos de ordenación, y a la inclusión de algunas observaciones en la calificación del suelo,
edificabilidad máxima por parcela, superfície máxima de ocupación por parcela y altura máxima (mapa 1).
Estas indicaciones las adoptó la Comisión Provincial de Urbanismo el 23 de Diciembre dei afio anterior,
publicándose en el "Boletín Oficial" de la província de Salamanca el 7 de Enero de 1977.
-TERMINO MUNICIPAL DE SANTA MARTA DE TORMES -SALAMANCA
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Fuente: Normas Subsidíorios y Complementarias de Ordenoción Urbono de Santo Morto de Tormes. Aiio 1.977
187
o ,.,.,
188
En virtud de esta reglamentación se ponen en marcha dos Planes Parciales: El Plan Parcial de
Valdelagua el 10 de mayo de 1977 de 659.175 m2 y el Plan Parcial de La Serna aprobado por
el Ayuntamiento inicialmente el30 de mayo de 1977 de 358.320 m2, que nunca se llevó a la práctica.
Estas Normas Subsidiarias se anularon, por acuerdo dei Ministerio de Obras Públicas y
Urbanismo, en base a las alegaciones de los recurrentes, pero sobre todo por omitir:
-el estudio sobre población, imprescindible para evaluar sus determinaciones y ulteriores
desarrollos;
-las previsiones mínimas para edifícios y servicios públicos y para fines de interés general o
comunitario;
-la proyección, dimensiones y características dei desarrollo previsible;
-el esquema indicativo de infraestructura y servicios urbanos, y
-el seiialamiento de las zonas en que puede urbanizarse con arreglo a las prescripciones
contenidas en las propias normas, siendo asímismo insuficientes las condiciones con que quedan
delimitados en ellas los Planes Parciales.
La Comisión Provincial de Urbanismo define una Comarca, para la Revisión y Comarcalización
d.el Plan General de Salamanca, compuesta por los siguientes municípios: Villamayor, Villares de la Reina,
Cabrerizos, Pelabravo, Santa Marta de Tormes, Carbajosa de la Sagrada, Las Torres, Aldeatejada y
Doiiinos de Salamanca. Para estos municípios aprobó unas Normas Subsidiarias Comarcales de carácter
transitorio el 18 de diciembre de 1979, redactadas por los arquitectos Eduardo Mangada Samain y
Carlos Ferrán Alfaro (mapa 2), que concretan y completan las Normas Subsidiarias y Complementarias de
Planeamiento de la Província de Salamanca (Orden Ministerial de 3 de julio de 1976), mientras se redacta
el Plan Comarca!. Los criterios de planeamiento que pretendía son:
-Completar los desarrollos existentes y en proceso de consolidación.
-Proponer y delimitar expansiones periféricas que sean capaces de absorber unas demandas
razonables, en función de un equilíbrio comarca!.
-Hacer compatible este desarrollo con la defensa y mejora de los terrenos agrícolas de regadío y
de los valores ecológicos y paisajísticos dei río Tormes.
-Garantizar las reservas para la implantación de Sistemas Generales de carácter comarca!, tales
como la Red Arterial.
Mientras regían las Normas Subsidiarias Transitarias con carácter comarca! hubo un intento de
aprobar una nuevas Normas Subsidiarias municipales de planeamiento en 1982 (mapa 3), elaboradas
por Enrique Tristán, siendo anuladas por la Comisión Provincial de Urbanismo e! 24 de Marzo de 1983
("Bo1etín Oficial" de la província de Salamanca no 44, de 13 de Abril de 1983).
En 1984 expresan todos los Ayuntamientos su rechazo a la redacción dei Plan Comarca! y
la decisión de su total desvinculación para proceder cada uno de manera independiente y autónoma a
la gestión de su planeamiento, lo que conlleva iniciar la elaboración y tramitación de nuevas
Normas Subsidiarias Municipales.
Por este motivo se inicia la Revisión de la Normas Subsidiarias Comarcales, a cargo dei
arquitecto J. C. Marcos Berrocal, en el ámbito de Santa Marta de Tormes (mapa 4 ), aprobándose
inicialmente el 5 de Mayo de 1987 y definitivamente por la Comisión de Urbanismo el 19 de Mayo
de 1987 ("Boletín Oficial" de la província de Salamanca no 76, de 26 de Junio de 1987).
El suelo urbano es aquel que cumple las condiciones establecidas en el Art. 78 de la
Ley dei Suelo. En el suelo urbano se diferencian, el casco urbano consolidado y grandes áreas vacías
sin edificar, que conforman 22 Areas Problema o suelo urbano de nueva creación.
-TERMINO MUNICIPAL DE SANTA MARTA DE TORMES
LE.YENDA
- SALAMANCA -
CLASIFICACION DEL SUELO
I o 1Km.
-MAPA 2-
N
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• SUE LO URBANC
~SUELO r.::-G ~SUELO
URBANIZABLE
NO URBANIZABLE
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Fuente: Normas Subsidiarias Comarcales Antblto de Senta Marta de Tormes. Ano 1. 979
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190
TERMINO MUNICIPAL DE SANTA MARTA DE: TORMES
SALAMANCA
CLASIFICACION DEL SUELO
o 500m.
-MAPA 3
LEYENDA
~ SUELO URBANO
~ SUELO URBANIZABLE
D SUELO NO URBANI.ZABLE
RED ARTERIAL
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t 1Km.
Fuente: Normas Subsidíorias Municipoles de Ptoneomiento de Santa Morto de Tormes. Aiio de 1.982
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:::..:: TEFMINO MUNICIPAL DE SANTA MARTA DE TORMES -
- SALAMAf':.ICA-CLASIFICACION DEL SUELO
o 500m.
-MAPA 4-
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LEYENDA
• SUELO URBANO
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RED ARTERIAL
'1-o
I Km.
Fuente: Revision de los Normas Subsidiarias Comarcoles Ambito de Santo Morto de Tormes. Afio 1.987
o fTl
191
192
El suelo apto para urbanizar está constituido por aquellas superficies con vocación de desarrollo
inmediato, pero cuyas condiciones exigen la previa redacción de un Plan Parcial. Las actuales Normas
preveen 13 actuaciones sectoriales.
El resto del término municipal está formado por suelo no urbanizable con distintos tipos de
protección, destacando la ribera del Tormes y las islas que deja en el meandro que forma a su paso por
Santa Marta con un grado especial. También se reserva un espacio de influencia de las infraestructuras,
que representa la variante de la N-501 a su paso por el núcleo urbano integrada en la futura "Ronda Sur"
de Salamanca. Aparece finalmente suelo no urbanizable de protección agrícola en las zonas de regadío de
La Vega o en el contacto con el monte de encinas de Gargabete.
FUENTES.
Normas Complementarias y Subsidiarias de Ordenacion Urbana de Santa Marta de Tormes de 1977. Arquitecto: D.Arsenio Barbero Martín. Junta de Castilla y León. Servicio Territorial de Medio Ambiente y Ordenación dei Territorio. Sección de Calidad Ambiental y Urbanismo.
Normas Subsidiarias dei Plan Comarca! de 1979 (Area de Santa Marta de Tormes). Arquitectos: D.Eduardo Mangada Samain y D.Carlos Ferrán Alfaro. Excmo. Ayuntamiento de Santa Marta de Tormes.
Normas Subsidiarias Municipales de Planeamiento de Santa Marta de Tormes de 1982. Arquitecto: D. Enrique Tristán. Junta de Castilla y León. Servido Territorial de Medio Ambiente y Ordenación dei Territorio. Sección de Calidad Ambiental y Urbanismo.
Revision de las Normas Subsidiarias dei Plan Comarca! de 1987, (Ambito de Santa Marta de Tormes). Arquitecto: D. José Carlos Marcos Berrocal. Excmo Ayuntamiento de Santa Marta de Tormes.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
DESPESAS MUNICIPAIS E TRANSFORMAÇÕES NAS POLÍTICAS URBANAS EM CIDADES DA
INTRODUÇÃO
, , I
C.E.E.: UMA ANALISE DA DECADA DE 80
MARIA JOSÉ BOA VIDA CALDEIRA EDUARDO BRITO HENRIQUES JORGE MACAIST A MALHEIROS EDUARDA MARQUES DA COSTA Centro de Estudos Geográficos Faculdade de Letras da Unversidade de Lisboa
Da reestruturação económica à Europa das Cidades
Nos últimos anos, o interesse pelas questões urbanas conheceu um recrudescimento notável no
domínio da Geografia e da problemática do desenvolvimento regional. Passado o período da crise profunda
dos anos 70, a que se associaram transformações relevantes na organização e ocupação do território que
alguns autores interpretam como o início de um amplo processo de desurbanização do mundo desenvolvido
(declínio demográfico e económico das grandes aglomerações, agravamento das condições de vida nas
cidades, relocalização das actividades produtivas, urbanização difusa, crescimento dos centros urbanos de
pequena dimensão ... ), a cidade parece ressurgir como foco da vida económica e elemento estruturante do
território. Como notava um trabalho recente da DATAR, "as cidades revelam-se, mais que nunca, as
pedras angulares do desenvolvimento económico" (1990:57).
A terciarização da economia e a integração crescente da tecnologia e da massa cinzenta no
processo produtivo são factores que justificam, com efeito, a reavaliação das vantagens comparativas do
meio urbano e a recuperação da importância funcional e económica das cidades. Por outro lado,
às alterações na estrutura do emprego associam-se transformações profundas nos modos de vida e na
composição da sociedade, favoráveis à formação de uma nova cultura urbana (recorde-se o papel dos
yuppies nos processos de gentrificação e o significado deste fenómeno, quer ao nível dos processos de
transição social, quer ao nível da reabilitação e revitalização de certas áreas da cidade).
1. GODDARD (1989) salientou, por seu turno, as articulações estreitas que se estabelecem entre
o desenvolvimento da economia da informação e o protagonismo dos centros urbanos no novo contexto
geoeconómico. A acelerada mundialização da economia, a externalização dos serviços e o reforço das
ligações interempresariais, envolvendo frequentemente áreas geográficas distantes, implicam
uma dependência crescente da informação e das telecomunicações na integração e gestão do processo
produtivo. Daqui resulta o reforço da importância da cidade como centro de decisão, concentrando as
funções mais qualificadas (designadamente, as que carecem de forte interacção pessoal e organizacional),
já que se lhe associam tradicionalmente custos de transacção inferiores e condições de centralidade
privilegiadas.
I A presente comunicação insere-se no âmbito de um projecto de investigação, mais alargado, sobre as transformações recentes na Rede Urbana Europeia, em curso no Centro de Estudos Geográficos (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e sob a coordenação do Prof. Doutor Jorge Gaspar. Agradece-se a colaboração de Maria Adelaide Carranca e Maria João Lourenço.
194
As transformações em curso no continente europeu aceleram e ampliam, de forma ímpar, a
tendência de afirmação das cidades como elementos estruturadores do território e motores do
desenvolvimento regional. A dissolução das barreiras nacionais e as dinâmicas associadas à integração
europeia, a rápida terciarização e a existência de uma rede urbana densa e consolidada parecem concorrer
para a reconfiguração do espaço europeu num sistema reticular, assente nos centros urbanos e transversal
às regiões e aos países (BORJA, 1991; RÍO GÓMEZ, 1991).
Objecto e casos de estudo
O novo papel dos centros urbanos na organização do território e no desenvolvimento das regiões
que polarizam justifica o interesse crescente que, nos últimos anos, vêm suscitando as medidas de
promoção das cidades. Trata-se, em suma, de uma estratégia conducente à valorização das potencialidades
específicas e dos aspectos em que cada cidade apresenta maior capacidade competitiva, por forma
a garantir uma posição vantajosa no sistema urbano europeu. Este processo envolve, naturalmente,
o reforço e a reorientação das políticas urbanas, com repercussões óbvias nos gastos municipais.
Na presente comunicação confronta-se a estrutura das despesas municipais de 11 cidades da
Europa Comunitária (Lisboa, Porto, Sevilha, Nice, Bordéus, Milão, Roma, Leeds, Luxemburgo,
Edimburgo e Dublin) e as transformações ocorridas no decurso da década de 80 (pela comparação do perfil
funcional das despesas em 1981 e 1988), como indicadores da orientação tomada pelas políticas urbanas
no período considerado.
Ainda que a selecção dos casos de estudo tenha sido condicionada pelo envio dos respectivos 2
relatórios de contas , procuraram analisar-se situações diferenciadas no contexto do espaço económico e
da rede urbana europeia: a vasta megapólis que se estende em arco do Sudeste da Inglaterra à Lombardia, e
que decalca, grosso modo, o eixo estruturante da vida económica europeia, é aqui representada por Milão
e, à sua escala, pela cidade do Luxemburgo; o "Norte dos Suis" (para utilizar a expressão feliz do relatório
da DATAR sobre as cidades europeias) é ilustrado por Nice; as velhas áreas urbano-industriais, abaladas
no passado pela crise mas hoje em franca recuperação, podem ser, de algum modo, representadas por
Leeds; e por fim, as periferias (Lisboa, Sevilha, Dublin, ... ) diferenciadas nas potencialidades e
nas estratégias de integração no sistema urbano europeu.
DESPESAS MUNICIPAIS E TRANSFORMAÇÕES NAS POLÍTICAS URBANAS
Competências Municipais - O quadro institucional das políticas urbanas
Os municípios aparecem, naturalmente, como intervenientes privilegiados dos processos de
transformação e valorização da cidade, uma vez que as suas acções podem gerar e potenciar importantes
efeitos indirectos. Na verdade, a prossecução de políticas urbanas que visem, por exemplo, a melhoria
da rede viária ou a difusão da imagem da cidade através da realização de exposições ou feiras, acabam
por desempenhar um duplo papel: tornar mais fáceis as funções, quer produtivas, quer improdutivas,
dos agentes locais, ao mesmo tempo que contribuem para a criação de condições que justifiquem
a instalação e o investimento de agentes exteriores, designadamente do sector empresarial privado.
2 No total, havíamos solicitado a mais de três dezenas de cidades (centros de aglomerações com mais de 400 mil habitantes ou capitais de países pertencentes à Comunidade Económica Europeia) o envio dos respectivos relatórios de contas. As cidades do Porto, Roma e Edimburgo não enviaram informação respeitante ao ano de 1981, o que inviabilizou parte da análise.
195
Neste sentido, a definição, por parte das autoridades urbanas, dos principais eixos de intervenção
municipal na cidade constitui um elemento fundamental para a compreensão das suas tendências de
transformação. No entanto, a acção das autoridades municipais é balizada, em sentido lato, por toda
a legislação (leis de solos, planos, ... ) que regulamenta as intervenções na cidade e, em sentido restrito,
pelas competências que configuram o âmbito da intervenção municipal no quadro dos diferentes níveis da
organização administrativa do Estado.
Deste modo, para que se possam compreender as estruturas das despesas municipais das cidades
em análise, convém ter presentes as competências que, em cada caso, delimitam as áreas de intervenção do
poder local.
O resumo fornecido pelo quadro 1 permite retirar quatro ilacções principais em relação aos
domínios em que as cidades em estudo podem exercer as suas competências:
-Constituem competências comuns aos municípios de todos os países:
• os domínios referentes à satisfação das necessidades básicas não primárias das populações
locais (assistência social, cultura e desporto) que exigem uma maior proximidade ao
utilizador e implicam gastos suportáveis pelas autoridades locais.
• os domínios que dizem respeito à manutenção, conservação e salvaguarda do ambiente e
património local (património, urbanismo, espaços verdes, higiene, ... ). Em muitos casos,
estas competências são exercidas conjuntamente pelas autoridades locais e
pela administração central, quer pelas verbas envolvidas, quer pelo facto de
muitos elementos do património local, especialmente no caso das cidades, fazerem também
parte do património nacional.
• a construção e manutenção da rede rodoviária municipal, bem como o domínio do
fornecimento de transportes públicos locais. Em relação a esta última competência, convém
referir que muitos municípios urbanos procuram concessioná-la a operadores privados,
subsidiando apenas o serviço de transportes.
os mercados, como herança do período em que competia às autoridades municipais
regulamentar a utilização dos espaços comerciais mais importantes dos lugares.
a promoção dos municípios, designadamente no domínio dos serviços e do turismo.
esta função é particularmente importante no caso dos centros urbanos, uma vez que
a difusão da imagem da cidade e a exaltação das suas vantagens face aos nós concorrentes
constituem vectores fundamentais para a afirmação de cada cidade europeia numa rede
urbana extremamente competitiva e bastante hierarquizada.
- Os municípios dos países do sul, apresentados no quadro 1, possuem competências em mais
domínios que os países da Europa do Norte. Esta situação tem origem quer na inexistência de níveis de 3
decisão regionais (caso de Portugal) , quer no facto dos processos de regionalização da Itália e, sobretudo,
da Espanha se encontrarem em desenvolvimento no período a que se reporta a informação utilizada.
- O domínio das infra-estruturas é da competência dos municípios apenas nos países da
Europa do Sul. No entanto, em diversas cidades, verifica-se que a satisfação destas funções é feita, quer
por empresas municipais (caso do abastecimento de água a Lisboa e de electricidade a Lisboa e Porto),
quer por empresas com participação de capitais municipais.
- Os municípios das Ilhas Britânicas (Inglaterra, Escócia e a própria República da Irlanda)
distinguem-se dos restantes pelas suas competências ao nível da gestão dos solos e da intervenção no
domínio da habitação.
3 Exceptuam-se as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
196
Convém agora destacar que, apesar das limitações conferidas pelo quadro das competências
municipais de cada país, as opções dos municípios em termos de prioridades de investimento constituem
elementos-chave para a prossecução das políticas municipais. De facto as autoridades municipais adequam,
necessariamente, o exercício das suas competências às características das circunscrições que administram,
para além de terem de fazer o ajustamento correcto entre as necessidades de investimento e
as oportunidades para a sua efectivação.
QUADRO 1 -Competências do Poder Local nos Países da C.E.E. correspondentes às cidades estudadas (a)
ESP(b) FRA. ITÁ LUX POR R.U. (ESC) R.U.(c)ING Just/Seg. Pública Polícia * * * ** Bombeiros ** ** ** * Protecção Civ. * * * ** ** Educ., Cult., Desp. Ens. Prim. ** ** ** Ens. Sec./Téc. ** Ens. Sup. Bibliotecas ** * * ** * ** Museus * * * * * ** Espectáculos * * * ** ** * ** Eq. Desportivo ** * * ** ** * ** Bab./Urbanismo Cons. Patrim. * * * * * * Habit. Social * * * * ** ** Op. Urbanist. ** * * ** * * * Assist. Soc./Saúde Assist. Social * ** * * * ** ** Creches * ** "' ** ** * ** Equip. Saúde * * ** * Equip. 3a Idade ** ** * * * ** ** Hig./ Ambiente Higiene ** ** ** ** ** ** ** Resíduos * ** * * * ** ** Matadouros ** * ** ** ** ** Cemitérios ** ** ** ** ** ** * Esp. Verdes * ** ** ** * * Transf.!Comunic. Serv. Tran.Ter. ** * ** * * * * Out. Serv. Trans. * * * Inf.-Estruturas Rede Rodoviária * * ** ** ** * * Água :j: ** ** ** ** Electricidade * ** ** Gás * ** ** ** Esgotos * ** ** ** ** ** * Competências Serv. Econ./Desenv. Mercados ** ** ** ** ** ** * *partilhadas Serv. Turismo * * * * * * * **exclusiva a) Não existe informação referente à República da Irlanda
b) Competências diferenciadas em função da dimensão demográfica dos municípios c) Competências diferenciadas para os distritos metropolitanos e não metropolitanos
Fonte: CONSEIL DE L'EUROPE (1988), La Répartition des Compétences aux Niveaux Local et Régional d' Administration dans les Etats membres du Conseil de L'Europ~, Strasbourg, Conseil de l'Europe.
197
Alterações na cidade dos anos 80: estrutura de despesas e políticas urbanas
A análise comparativa das transformações ocorridas nas políticas das diversas cidades europeias,
com base nas alterações na estrutura de despesas, obriga a um reforço de compatibilização das diferentes
contas municipais, na medida em que estão subordinadas a critérios de classificação distintos. Para
o efeito, consideraram-se classes funcionais de despesas (de investimento e correntes) suficientemente
amplas por forma a englobar os itens das diversas contabilidades municipais (administração geral;
instrução, cultura e desporto; higiene, saúde pública e ambiente; habitação e urbanismo; ... ).
Na presente comunicação, optou-se por analisar separadamente as estruturas de gastos correntes
e de investimento na medida em que traduzem dimensões distintas da intervenção no espaço urbano:
por um lado, a gestão; por outro, a "produção da cidade".
As despesas correntes corresponderam, no período estudado, a mais de metade do orçamento
municipal, com excepção persistente de Sevilha: no início do decénio, tratava-se sobretudo de fazer face
aos estrangulamentos na área de habitação, decorrentes do rápido e desregulado crescimento a que a cidade
havia sido sujeita nas décadas anteriores (cerca de 60% do total das despesas de capital); em 1988, é
sobretudo no domínio das infra-estruturas que se realizam os maiores investimentos (mais de 55% do total
dos gastos de capital), denunciando os efeitos induzidos pela Expo 92 na transformação urbanística (em
sentido lato) e valorização da cidade.
As tendências de evolução global da estrutura percentual de gastos nas cidades estudadas, entre
1981 e 1988, parecem apontar, de resto, para uma intensificação das despesas nas rúbricas directamente
relacionadas com a qualidade de vida urbana e o bem estar na cidade (quadro 2). Na verdade, ocorre um
acréscimo generalizado da percentagem das despesas correntes com a segurança pública. Para além disso,
se se verifica genericamente uma redução do peso relativo da rúbrica habitação e urbanismo nas despesas
de investimento, tal facto deve-se sobretudo à diminuição dos gastos com o sector da habitação que,
constituindo a principal componente da rúbrica nas cidades referenciadas, não permite compensar o
aumento entretanto registado na área do ordenamento urbano. Um raciocínio semelhante pode
estabelecer se relativamente à secção educação, cultura e desporto, pois se o incremento da oferta de
lazeres urbanos contribui para o aumento do peso relativo dos itens da cultura e do desporto,
o envelhecimento da população, por seu turno, justifica o decréscimo nas despesas com o ensino,
especialmente ao nível da instrução básica, de onde decorre a redução da globalidade da rúbrica em
diversas cidades.
Importa ainda salientar o aumento generalizado da percentagem dos gastos de capital em
infra-estruturas; tal comportamento enquadra-se numa lógica de renovação e melhoramento das diversas
redes (água, esgotos, vias, etc.), cujo objectivo último se prende com a melhoria do funcionamento da
cidade, através do incremento da acessibilidade e da redução da sobrecarga das restantes infra-estruturas.
Finalmente, pode-se admitir ainda que o processo generalizado de relocalização dos segmentos
directamente produtivos implicou uma redução no peso relativo dos investimentos municipais destinados a
apoiar este tipo de actividades (por exemplo, oferta de lotes industriais).
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Quadro 2 -Tendências de evolução das despesas médias correntes e de capital no conjunto das cidades em análise (198111988)
I D. CORRENTES D. DE CAPITAL Administração Geral + -
Justiça Segurança + -
Instrução Cultura Desporto - -
Habitação e Urbanismo + -Assistência Social Saúde o -
Higiene Saúde Pública Ambiente - -
Transportes e Comunicações o + Infra-estruturas - + Desenvolvimento Serviços Económicos - -
A despeito das tendências globais que se acabam de referir, as diversas cidades revelam perfis
distintos de despesas (quer de investimento, quer correntes), consoante os problemas, as potencialidades,
as condicionantes legais e as estratégias de desenvolvimento por cada uma delas adoptadas. 4
As taxonomias numéricas aplicadas à estrutura percentual das despesas correntes e de capital
das diversas cidades, para os dois anos em estudo, permitiu definir com maior clareza as semelhanças entre
os perfis dos gastos de cada uma delas.
Da comparação dos dendogramas definidos a partir da estrutura das despesas correntes nos dois
anos (fig. 1 e fig. 2), destaca-se a persistência de um grupo continental de cidades (constituído por Nice,
Bordéus, Luxemburgo, Milão, Roma e, a maior distância, especialmente em 1988, Lisboa) agregado pelos
encargos comparativamente mais elevados com a administração geral e os serviços de utilidade pública
(instrução e cultura, infra-estruturas, assistência social e saúde), e ainda bastante marcado pelo modelo
político-administrativo francês tradicional e por um relativo intervencionismo. Em contrapartida,
as cidades das Ilhas Britânicas situam-se sempre numa posição excêntrica em relação ao grupo continental,
situação que deriva, em larga medida, da participação preponderante da rúbrica habitação/urbanismo nas
despesas correntes, resultante do próprio quadro de competências específico do sistema do Reino Unido e
do Eire.
No entanto, Leeds detém um comportamento específico que a diferencia, tanto em 1981 como
em 1988, das duas capitais de língua inglesa incluídas no estudo. Naturalmente, o facto dos efeitos da crise
económica (encerramento das unidades produtivas, desemprego, instabilidade social) se terem feito sentir
com maior intensidade no centro de Inglaterra, terá levado a que a cidade de Leeds adoptasse políticas
municipais específicas, empreendidas no espírito das estratégias de requalificação das condições de vida
em meio urbano. Em termos de despesas municipais, estas opções implicaram um progressivo acréscimo
nas rúbricas correspondentes ao domínio social (instrução, cultura e desporto e assistência social), o que
dá origem a que Leeds e Sevilha integrem o mesmo grupo em 1988.
Na verdade, a capital da Andaluzia tem conhecido também graves problemas sociais, decorrentes
da fragilidade da economia local e da dificuldade de inserção da população no mercado de emprego (o que
ainda hoje se consubstancia em taxas de desemprego muito elevadas), com consequentes acréscimos nos
custos sociais. Face a esta situação, é natural que a cidade de Sevilha se destaque das restantes (com
excepção de Leeds, em 1988) pelo valor elevado que as despesas correntes com a assistência social (em
sentido lato) assumem no seu orçamento.
Na taxonomia numérica utilizou-se o coeficiente de correlação como medida de proximidade e a distância média como estratégia de agrupamento.
199
.00 .20 .40 .60 .80 1.00 1.20
.898
Sevilha
Lisboa
Bordéus I
Luxemburgo I
Nice
Milão -
Leeds -
Dublin
Fig. 1 -Tipologia das cidades segundo a estrutura das despesas correntes em 1981
.00 .20 .40 .60 .80 1.00 1.20
Edimburgo I
Dublin I
Sevilha I
Porto I 1--
Leeds
Bordéus
Luxemburgo
I 1---
I -
Nice
Milão I
Roma I
Lisboa
Fig. 2 - Tipologia das cidades segundo a estrutura das despesas correntes em 1988
200
.00 .20 .40 .60 .80 1.00 1.20
Sevilha
Dublin
Leeds
Luxemburgo
Lisboa
Bordéus
Nice
Milão
Fig. 3- Tipologia das cidades segundo a estrutura das despesas de capital em 1981
A análise dos dendogramas definidos com base na estrutura dos gastos de investimento nos dois
anos estudados revela um padrão relativamente diferenciado (fig. 3 e fig. 4) que poderá estar relacionado
com o carácter circunstancial das despesas de capital, dependentes do faseamento dos projectos e
planos em curso, da realização de eventos e da necessidade de dar resposta a situações singulares.
Em 1981, as cidades estudadas revelam perfis de despesas muito mais contrastados do que
em 1988, o que se traduz na individualização de um maior número de grupos a um nível de corte elevado
(0. 700). O contexto de crise económica ainda generalizado, a dificuldade em definir estratégias de
actuação face à dimensão e diversidade dos problemas que se colocam às diferentes regiões, justificam a
variedade de respostas. Ainda assim, é possível definir um grupo relativamente estável ao longo do
período em causa, constituido pelas cidades anglo-saxónicas e pelo Luxemburgo, onde predominam
os investimentos com a habitação e o urbanismo.
.00 .20 .40 .60 .80 1.00
Nice
~ Milão
Roma
Sevilha I
Porto I ~ -
Lisboa -
Bordéus
Leeds
-
~ Edimburgo
Dublin
Luxemburgo
Fig. 4- Tipologia das cidades segundo a estrutura das despesas de capital em 1988
201
Em 1988, é já possível identificar estratégias de actuação comuns a diversas cidades. A par do
conjunto constituído pelos centros urbanos do norte da Europa surge um segundo grupo formado pelas
cidades ibéricas, cujo perfil de despesas de investimento é marcado pela preponderância da rúbrica
infra-estruturas. Neste caso, a necessidade de reestruturar o tecido urbano desarticulado, consequência de
um rápido e recente crescimento, levou as autarquias a um esforço tanto na construção de novas
infra-estruturas, como no melhoramento das já existentes.
O terceiro grupo, constituído pelas cidades mediterrâneas (Nice, Roma e Milão), individualiza-se
pela importância assumida pela administração geral bem como pelo investimento no sector dos transportes
que, no caso das cidades italianas, constitui um domínio da exclusiva responsabilidade dos municípios.
Finalmente, a cidade de Bordéus aparece isolada e,m ambos os anos, situação que resulta dos
importantes investimentos efectuados na área da instrução, cultura e desporto.
Nos próximos anos, o desafio que se põe às cidades europeias implicará, certamente, o reforço
de algumas das trajectórias que foram tomando forma durante a década de 80. De entre estas, serão de
destacar os domínios que se prendem com a valorização da cidade, tanto do ponto de vista da melhoria do
ambiente urbano (património natural e edificado), como do incremento e diversificação na oferta
das funções que mais beneficiam de uma localização metropolitana: os serviços em geral e os aspectos
culturais, em particular. Por outro lado, será de esperar um reforço na transferência de algumas
competências (e.g. transportes) do domínio municipal para o sector privado.
Quanto às cidades analisadas, os resultados do dendograma, aplicado às despesas de
investimento em 1988 (fig. 4), parecem constituir a melhor tipificação das estratégias de desenvolvimento
dos últimos anos. Em termos genéricos, podem-se diferenciar duas grandes linhas de actuação,
correspondentes, respectivamente às cidades do Sul e Norte da Europa: no primeiro caso trata-se ainda,
em larga medida, de solucionar problemas básicos de funcionamento da própria cidade (infra-estruturas,
transportes, ... ), enquanto no.segundo estamos perante estratégias conducentes, essencialmente, à melhoria
dos padrões urbanísticos. Contudo, estas duas perspectivas interpenetram-se com frequência (veja-se o
caso da Expo 92 de Sevilha), tendo como objectivo último a requalificação e valorização da cidade e,
no caso das cidades peninsulares, relançar os principais nós da periferia sudoeste europeia no sistema
urbano do Velho Continente.
BIBLIOGRAFIA
ALONSO, William (1991), "Europe's Urban System and its peripheries", Journal of The American Planning Association, 57(1), p. 6-12.
BALBONTÍN, Tomás et al (1991), Sevilla 1992. Crónica de una Transformación Urbana, Gerencia Municipal de Urbanismo/ Ayuntamiento de Sevilla, Sevilla.
BORJA, Jordi (1991), "Europa: ciudades y territorios", Barcelona. Metràpolis Mediterrània, Cuaderno Central no 15, p. 68-73.
CONSEIL DE L'EUROPE (1988), La Répartition des Compétences aux Niveaux Local et Régional d'Administration dans les États Membres du Conseil de l'Europe, Conseil de l'Europe, Strasbourg.
DATAR (1989), Les Villes Européennes, La Documentation Française, Paris. DATAR (1990), Une Nouvelle Étape pour l'Aménagement du Territoire, La Documentation Française, Paris. GODDARD, John B. (1989), "The city in the global information economy", in LAWTON, Richard (ed), The Rise and Fali
ofGreat Cities, Belhaven Press, London, p. 154-167. RÍO GÓMEZ, Clemente (1991), "El nuevo papel de las ciudades", Barcelona. Metràpolis Mediterrània, Cuaderno
Central n° 15, p. 74-81.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EL ESTUDIO DEL VALOR Y USOS DEL SUELO URBANO. TEORIAS Y MODELOS EXPLICATIVOS
FRANCISCO RODRÍGUEZ LESTEGÁS Universidade de Santiago (Campus de Lugo)
Es sabido que e! valor y los usos de! suelo urbano son cuestiones estrechamente relacionadas
( vid. Bastié, I 965) que han sido abordadas desde la óptica de diversas ciencias sociales. Ahora bien,
así como la influencia de los precios dei suelo en la configuración dei paisaje rural fue objeto de estudios
geográficos ya desde una época relativamente temprana, la introducción de esta misma problemática en
los trabajos de Geografía urbana se produjo mucho después, aparte de resultar escasamente fecunda.
Sin embargo, en este caso la perspectiva geográfica nos permite incidir en una temática de
diferenciación dei espacio, considerado éste como un producto social, como elemento de producción y
consumo, y como objeto de apropiación por los diferentes usos y clases sociales, para relacionar los
procesos sociales que tienen a la ciudad como escenario con la forma espacial que aquélla asume
(Harvey, 1973, p. 16). Y desde esta óptica, e! propósito de esta comunicación consiste simplemente en
tratar de ofrecer una revisión de las teorías y los modelos explicativos elaborados para dar respuesta a
tales cuestiones.
1. LAS EXPLICACTONES BASADAS EN LA ACCESIBILIDAD.
La consideración de la accesibilidad a! trabajo como criterio básico de diferenciación espacial
intraurbana de los precios dei suelo, representa, sin duda, la línea teórica que recibió la mayor cantidad de
aportaciones, ya desde finales dei pasado siglo (Roca, 1986, p. 14). En efecto, situado en el principio de
la competencia perfecta (que supone un mercado inmobiliario estático y en equilibrio por un rígido ajuste
entre oferta y demanda), Marshall (cit. por Murcia, 1979, p. 181) consideraba que e! valor dei suelo urbano
equivale a su valor agrícola más e! derivado de las ventajas de su localización de acuerdo con
su funcionalidad potencial.
Una rápida matización a esta interpretación es la que apunta Hurd (cit. por Murcia,
1979, p. 1 82), quien, aplicando la tesis ricardiana de la renta diferencial, hizo entrar en juego una "renta de
situación o de accesibilidad" de los terrenos urbanizados, puesto que la propia expansión de la ciudad,
al poner en valor e! suelo periférico últimamente urbanizado, contribuye a acelerar indirectamente e!
incremento de los precios en e! centro, con lo cual y en definitiva el valor de los terrenos dependerá de
su accesibilidad al trabajo, identificada normalmente con la proximidad al centro de la ciudad (modelo
"standard" o "trade-off' en su formulación original).
La búsqueda de terrenos baratos en localizaciones cada vez más periféricas determina, pues, un
desarrollo urbano continuo en e! tiempo pero discontinuo en el espacio, lo que fomenta la anarquía
urbanística y obliga a un costoso equipamiento (o fuerza la ausencia del mismo), a la vez que desencadena
un proceso especulativo en las áreas intermedias (García Ballesteros, 1986, p. 130), que se benefician de
la plusvalía derivada del incremento de centralidad de unos terrenos por simple expansión de la ciudad.
204
AI mismo tiempo, Hurd dejaba planteada la íntima conexión existente entre transporte urbano
(que cuando él escribía, a princípios de siglo, era fundamentalmente de carácter colectivo) y precios dei
suelo en el mercado inmobiliario, toda vez que el trazado de la red viaria y sus características condicionan
tanto los intercambios intraurbanos como la revalorización de aquellos terrenos que, favorecidos por
la disposición de las infraestructuras de transporte, han ganado accesibilidad (Vera y Gomis, 1991, p. 13).
Partiendo dei supuesto de que, por lo general, la oferta de trabajo está concentrada en un emplazamiento
central y aceptando que el uso dei suelo urbano está determinado por un proceso de licitación competitva,
es lógico que este mecanismo actúe elevando los precios dei suelo en función de su proximidad al centro
de actividad (Harvey, 1973, p. 139).
Ello significa que el valor dei suelo debería reducirse ai aumentar la distancia ai trabajo (y
disminuir, por tanto, la accesibilidad), con el consiguiente incremento de los costes de transporte,
entendidos éstos tanto en su aspecto monetario (Wingo, 1961) como en concepto de "valor dei tiempo"
(Mayer, 1965); lo que, en definitiva, revalidaría la hipótesis de Haig (cit. por Murcía, 1979, pp. 182-183),
cuando, en )os afíos veinte, afirmaba que en todos los puntos dei espacio urbano la suma dei precio dei
suelo y de los costes de transporte al centro tiende a ser equivalente.
En la década de los sesenta, los modelos microeconómicos neoclásicos de carácter marginalista
y determinista de Alonso, Beckmann, Mills y Muth, a partir de la idea de que los consumidores buscan la
maximización de la utilidad en función de un presupuesto limitado y de los diferentes gustos, tratan de
conciliar la teoría de las rentas de accesibilidad con la de los usos dei suelo, otorgando ai modelo
"trade-off' su formulación actual (Roca, 1986, p. 14). Según este renovado planteamiento, que no se libra
de Ia contundente crítica de Harvey (1973, pp. 159-204), es Ia óptima situación con relación al centro dei
mercado la que, en virtud de la renta de situación generada, determina e! alto precio dei suelo en ese punto
de la ciudad, ai cual sólo podrán acceder aquellos usos dominantes que, necesitados de esa ubicación
privilegiada, estén dispuestos y puedan pagar un alto precio en función de la relación oferta/demanda,
desplazando a los usos menos competitivos hacia emplazamientos menos favorables (García Bellido,
1982, p. 62). De este modo, el precio dei suelo sería, en última instancia, e! mecanismo responsable de
los usos o funciones que corresponden a cada zona (García Bellido y González Tamarit, 1979, pp. 68-71),
así como el instrumento regulador dei mercado de la vivienda.
2. LAS EXPLICACIONES RASADAS EN LAS EXTERNALIDADES URBANISTICAS
Aunque seguramente podemos situar el primer precedente de esta teoría en el ya citado Marshall,
será, sin embargo, a partir de Hoyt cuando los aspectos relacionados con la distribución espacial de
las externalidades urbanísticas se convierten en el factor determinante de las variaciones de los precios dei
suelo (Roca, 1986, pp. 14-15).
Frente al esquema concêntrico de distribución intraurbana de unidades de ocupación dei suelo
que, en términos epistemológicos de ecología humana descriptiva, había elaborado Burgess en 1925,
catorce afíos más tarde Hoyt imagina el reparto de usos dei suelo residencial como unos sectores radiales
en forma de cufía que, partiendo dei centro de la ciudad, siguen a lo largo de las principales rutas de
transporte, de manera que las diferentes clases socioeconómicas residen en áreas distintas, definidas,
no como anillos concêntricos, sino como sectores circulares extendidos a partir dei centro urbano.
Como vemos, esta interpretación explica la utilización dei suelo (y también su precio) en función del
comportamiento económico de sus usuarios y de los aspectos de calidad dei entorno.
205
Esta propuesta sugiere, pues, que la accesibilidad ai trabajo no es la única razón de la variación
de los precios dei suelo, y ni siquiera la más importante, puesto que en numerosas ocasiones es la búsqueda
de un entorno de calidad (sosiego y tranquilidad, tráfico descongestionado, ambiente descontaminado,
espacios verdes y libres, etc.) lo que puede justificar una creciente demanda de suelo periférico para
uso residencial de elevado standing con destino a las clases dominantes.
La inferior renta de accesibilidad en relación con las áreas centrales sería sustituida en este caso
por una superior "renta de externalidad", lo que justifica la circunstancia de que los precios dei sue lo no
siempre disminuyan a medida que aumenta la distancia ai centro urbano.
3. LAS EXPLICACIONES RASADAS EN LA JERARQUIZACIÓN SOCIAL.
Como alternativa a los enfoques anteriores, que justificaban la diferenciación de los precios dei
suelo (y por consiguiente la diversidad de su utilización) a partir de la intervención de factores
perfectamente objetivables, la teoría de la jerarquización social se centra en la dimensión subjetiva de
los hechos geográficos, representados en este caso por los aspectos psicosociales dei espacio urbano
(Roca, 1986, pp. 15-16).
En los afíos cuarenta, y dentro de la corriente historicista de la sociología urbana, Firey
(cit. por Carter, 1972, pp. 204-205; Johnson, 1974, pp. 238-239; Chapin, 1977, pp. 33-40) interpretaba la
diferenciación de la ocupación dei suelo a partir de los valores, ideales y actitudes compartidos por
grupos sociales homogéneos, y de las acciones resultantes de la búsqueda de aquellas localizaciones que
satisfagan tales intereses. Es decir, frente ai planteamiento "racionalista" y básicamente "economicista"
enfatizado en anteriores formulaciones, Firey concede especial importancia a los factores "no racionales" y
a la incidencia de los valores de raíz cultural y psicosocial ("sentimiento" y "simbolismo", en sus
propias palabras) arraigados en los habitantes de la ciudad.
Y aunque esta corriente de investigación no cuenta todavía con un desarrollo tan importante
como los estudios sobre la accesibilidad o la calidad urbanística del entorno, lo cierto es que el papel
determinante dei prestigio o del prejuicio sociales, de la composición socioprofesional o del fenómeno
racial en el mercado inmobiliario y, consiguientemente, en los procesos de segregación socioespacial
urbana, ya ha sido suficientemente destacado, quedando de manifiesto que las "rentas de jerarquización
social" (rango que puede incluso degenerar hacia actitudes de discriminación) constituyen también un
factor decisivo en la formación de los precios dei suelo urbano.
Así lo ha comprobado Roca (1986) cuando, ai interpretar las variaciones de los precios del suelo
en la ciudad y área metropolitana de Barcelona, pudo constatar la escasa incidencia de la accesibilidad ante
el mayor protagonismo explicativo de las rentas de externalidad urbanística. Pera lo realmente
significativo resultó ser el papel desempenado por la jerarquización social, que, junto a la cualificación de
la oferta tipológica, aparecían como los principales determinantes de la distribución y variación de
los precios del suelo en Barcelona (ibid., pp. 61-62 y 136-137).
Asimismo, es notaria que los actuales medias de comunicación posibilitan la transmisión a
distancia de los mensajes y de la información, de manera que ya no son indispensables los contactos cara a
cara y es posible establecer una relación directa sin necesidad de que sea personal. La localización central
ha dejado, pues, de ser imprescindible para determinados servicios (vid. Remy, 1974), de modo que si
todavía se mantiene es, más que por razones objetivas, por "el prestigio de una localización dentro de un
sector del espacio urbano particularmente magnificado en la imagen que se posee de la ciudad"
(Cape!, 1977, p. 98).
206
4. LAS EXPLICACIONES BASADAS EN LA ZONIFICACIÓN.
Tras las aportaciones realizadas desde la perspectiva conductista de la geografía de la percepción
y dei comportamiento, en los afíos setenta se abren paso los postulados marxistas, según los cuales
"el precio deZ suelo viene determinado, en última instancia, por el uso a que se pueda destinar"
( García Bellido, 1982, p. 60), de lo cual parece desprenderse que es la asignación de usos a cada
zona urbana lo que genera unas rentas diferenciales, que, en definitiva, son las que determinan el precio
que puede alcanzar el suelo en cada punto de la ciudad, con la consiguiente segregación social y
económica dei espacio urbano (ibid., pp. 61-62). Esta interpretación plantea las relaciones sociales de
producción y distribución dei espacio en términos inversos a la formulación neoclásica: la zonificación
pone en marcha un proceso general de diferenciación espacial, con lo cual unas zonas se destinarán a unos
usos y otras a otros, dando como resultado una graduación de la rentabilidad obtenida en las distintas áreas
en función dei destino que seles asigna (Alvarez Mora y Roch, 1980, p. 74).
De todos modos, esta secuencia implica una realimentación cíclica, puesto que las rentas
diferenciales generadas por un uso o clase dominantes establecen un alto precio dei suelo que no podrá ser
satisfecho por los restantes usos o clases, con lo cual la utilización dei suelo es la que determina su precio,
pero a su vez éste selecciona los usos o las clases sociales que pueden apropiarse de él.
Uso o clase ~
Rentas ~
Precio dei ~
Selecciona usos o dominantes diferenciales suei o clases sociales
Así, García Ballesteros et al. ( 1988) sefíalan, a propósito de la ciudad de Madrid, las "profundas
interdependencias entre la creciente espiral de los precios deZ suelo urbano y la progresiva segregación
de las actividades económicas y sociales" (ibid., p. 106), aunque sin olvidar la intervención de
"factores sociales, como la propia valoración subjetiva que hacen los diversos grupos sociales de ciertas
zonas de la ciudad" (ibid., p. 116).
5. LAS EXPLICACIONES BASADAS EN LA INTERACCIÓN.
A principias de los afíos ochenta, Bosque Maurel et al. ( 1981) pusieron de manifiesto que la
accesibilidad explicaba, ai menos relativamente, la variación espacial de los precios dei suelo en Madrid,
pero no así las oscilaciones de los incrementos temporales de los mismos, cuya varianza sólo podía
justificarse muy parcialmente a expensas de la centralidad. Y, análogamente, García Alvarado y Muíioz
( 1982) tampoco hallaron una relación clara entre la intensidad de tráfico rodado (considerada ésta como
un claro indicador de la accesibilidad) y el precio dei suelo en el término municipal de Madrid.
Por ello, y frente a los modelos "reactivos" (que tratan de relacionar las variaciones de
los precios dei suelo con los valores alcanzados por las variables explicativas empleadas),
Bosque Sendra et al. (1987) proponen el empleo de los llamados modelos "interactivos" o de "contagio
espacial". Parten de la idea de que "el primer factor explicativo de los precios deZ suelo en un lugar son
los propios precios deZ suelo en el entorno de ese punto" (Bosque Sendra et al., 1987, p. 137). Es como
si los valores dei suelo en un lugar determinado dei espacio urbano se viesen afectados por una especie de
"contagio espacial" provocado por los precios existentes en los alrededores de ese mismo lugar (ibid. ).
207
El principal problema para la aplicación de este modelo radica en la definición del entorno de
cada punto, que los autores que estamos citando solucionan, para el caso de Madrid, a partir de
la correlación entre la separación de los lugares y los precios del suelo en los mismos. Salvado ese
obstáculo, el modelo de interacción revela una mayor potencia explicativa acerca de las variaciones de
los precios del suelo que la teoría "reactiva" de la accesibilidad, aparte de ofrecer un carácter más
"espacial'' y, por lo tanto, más específicamente geográfico (ibid., p. 144).
CONCLUSIÓN.
El esquema de la concurrencia perfecta, tantas veces manejado en los estudios a que nos hemos
venido refiriendo, se hace demasiado rígido y escasamente realista para poder ser aplicado al mercado
inmobiliario, de carácter altamente especulativo y en el que intervienen numerosos mecanismos que
impiden el ajuste inmediato entre la oferta y la demanda. Desigual poder de información, diferentes
posibilidades de elección, falta de transparencia, situaciones de monopolio ... , son circunstancias que
permiten a los grupos dominantes controlar el espacio, en tanto que los dominados quedan atrapados en él.
Además, el suelo constituye un bien heterogéneo, de manera que parcelas de igual extensión
pueden alcanzar valores considerablemente distintos en función de la intervención de una serie de factores
de tipo general que, al incidir en la diferenciación social y funcional del espacio urbano, explican la
variabilidad de los precios del suelo de cada barrio en relación con el valor medio de la ciudad, así como
la diferenciación de precios dentro de un mismo barrio. Estos factores, entre otros, son: tamafio de la
ciudad y ritmo de crecimiento urbano; variaciones de la coyuntura económica general; localización y
accesibilidad con respecto ai centro y a las redes de circulación y transporte; dotación de infraestructuras,
servicios y equipamientos colectivos; entorno social, simbolismo y prestigio; proceso de deterioro
urbanístico o, por e! contrario, operaciones de renovación y remodelación; regulación urbanística, que
posibilitará diferentes tipos de uso y distinta intensidad de ocupación o edificabilidad (Cape!, 1974, p. 16;
García Ballesteros y Redondo González, 1981, pp. 361-362).
Por todo ello, es necesario contemplar e! funcionamiento de! mercado inmobiliario y de
la utilización dei suelo urbano de una forma flexible, intentando integrar la actuación de todos esto
factores y sirviéndose del modelo que mejor se adapte a! contexto de investigación.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
REESTRUTURAÇÃO VITÍCOLA E TURISMO NO ESPAÇO RURAL DA RIBEIRA LIMA
HELDER MARQUES LUIS MARTINS Instituto de Geografia da FLUP
A estética rural que ancestralmente tem caracterizado a paisagem da Ribeira Lima continua a ser
preponderante, demonstrando mesmo uma grande capacidade de absorção em relação às alterações formais
mais recentes, quer se trate da maior urbanidade que facilmente se visualiza nas novas construções, vias de
comunicação e equipamento funcional, ou mesmo das transformações operadas no modo de utilização das
parcelas de cultivo, cujo exemplo mais significativo é a monocultura da vinha.
Apesar do crescente peso da industrialização na faixa litoral, acompanhando o eixo que
se estende do Porto a Viana, a população activa, na globalidade dos municípios, continua a ter como
predominante a actividade agrícola. As sedes concelhias têm visto crescer a sua centralidade, e
além de centros aglutinadores do comércio e dos serviços de natureza económica beneficiaram também,
recentemente, da expansão do sector social e administrativo do Estado, sendo praticamente os únicos
aglomerados urbanos que não registaram, entre 1960 e 1991, perdas populacionais, ao invés dos
de pequena dimensão e dos isolados.
A agricultura limiana, tradicionalmente sustentada numa policultura intensiva, onde se destacam
a viticultura e a criação de bovinos de leite e carne, passou no decorrer das décadas de 50 e 60 por
uma fase de modernização, se bem que incipiente e tardia, se se tiver em conta a que já se tinha operado
nos países da Europa do Norte. A referência era a exploração racionalizada e mecanizada, fortemente
articulada a montante e a jusante (elevados consumos de adubos, pesticidas, etc. I produção essencialmente
mercantil), normalmente especializada e com uma elevada produtividade do trabalho. A vinha, desde que
as ramadas se generalizaram por finais do séc. XIX, acompanhava as áreas de lavradio, distribuindo-se ao
longo do vale pela bordadura dos campos de cultivo. O tinto era largamente predominante e, apesar
das barcas carregarem nos diversos portos fluviais pipas com destino a Viana, o autoconsumo era
muito elevado. Os gados alimentavam-se essencialmente de pastos espontâneos e de sub-produtos da
cultura do milho, já que não se recorria à silagem, enquanto o cultivo de forragens e pastagens para tal fim
era praticamente inexistente.
É neste quadro, quase oitocentista, ainda que contemporâneo de um êxodo rural significativo, no
qual se insere o fluxo emigratório para a Europa, que aumentam as jornas, se rarefaz a mão de obra
assalariada e se alteram as condições das parcerias. Na viticultura surgem as primeiras formas de
racionalização do trabalho quer pelo aparecimento de uma nova forma de condução da videira (o festão),
quer pela vulgarização dos atomizadores, ao mesmo tempo que se começa a notar um aumento de
importância dos quantitativos de vinho branco, que se mostra de melhor acolhimento nos mercados
urbanos. Mas a principal alteração reside, sem dúvida, no surgimento das adegas cooperativas (a de
Ponte de Lima inicia a laboração em 1962), cuja construção foi incentivada e coordenada pelo Estado.
No que respeita à produção de leite verifica-se uma clara melhoria no processamento em natureza com a
implementação de postos de recolha, recurso à pasteurização e apoio financeiro, também por parte
do Estado, às cooperativas, cuja influência se fez sentir sobretudo no litoral, (Viana do Castelo) mas que
212
se foi alargando aos concelhos interiores, permitindo abranger mais de cinco mil produtores, a maioria de
pequena dimensão, com uma produção média diária relativamente baixa, mas importante enquanto fonte de
rendimento seguro e permanente.
Depois de estabelecidos e testados, por finais da década de 60, os circuitos comerciais, opera-se
progressivamente uma especialização na vinha e na bovinicultura, ainda assente no predomínio das
explorações de pequena e média dimensão, de tal forma que são, ainda actualmente, estas explorações e
estes sectores que detêm um maior peso no PAB, sendo ainda dominantes quer na aplicação do
regulamento (CEE) 797/85, quer no 2239/86. Desde o período de pré-adesão à Comunidade Europeia
não parece ter existido uma transformação ou ruptura significativa no essencial da agricultura limiana,
reforçando-se apenas as tendências que já anteriormente eram detectáveis. O envelhecimento dos
dirigentes das explorações e a redução no número de activos agrícolas foi acompanhado pelo aumento
do plurirrendimento e pluriactividade, pelo surgir de fenómenos de extensificação a exemplo do abandono
de alguns campos de cultivo (sobretudo de cereais para grão-milho) e pelo peso crescente da conta própria,
reduzindo-se a importância do arrendamento e da parceria.
Mas, se a falência das políticas produtivistas, que apenas tocaram um reduzido número de
explorações agrícolas, não permitiu um aumento generalizado dos rendimentos das famílias, a manutenção
formal no arranjo dos campos, reproduzindo uma ruralidade tradicional sem problemas ou impactes
ambientais significativos, e que se encaixa quer no imaginário ruralista de uma geração urbana,
recentemente migrante, que transporta a memória da casa na aldeia dos pais ou avós, quer na necessidade
das classes médias e superiores encontrarem o contraponto ao bulício e frenesim urbano, permitiu
criar condições para o surgimento de actividades ligadas ao turismo.
A reestruturação vitícola e o turismo em espaço rural são, actualmente, as duas principais
componentes da revitalização das áreas rurais da Ribeira-Lima, corporizando a sua actual "imagem de
marca". Estas transformações, até pela forma como têm sido assumidas, filiam-se em concepções de
ruralidade, enquanto elemento de referência social, que foram evoluindo ao longo tempo, sem que, ao
suceder-se, tenham recoberto por inteiro as anteriores, até porque a composição do actual cenário limiano
encerra um pouco de cada uma delas. Numa primeira fase, quando as teses ruralistas eram dominantes,
o espaço rural era entendido pelo Estado Novo como suporte das tradições sociais e culturais, como
"reserva do regime", como espaço conservador e contraponto às ideias industrialistas, onde
se consubstanciavam as atitudes reformistas e modernizadoras. Nesse sentido, a par da inércia dos sistemas
agrícolas e sobretudo das estruturas agrárias, o lazer surgia, ainda que de forma marginal, como
um elemento de fixação e justificação do tradicionalismo da paisagem geo-humana rural, enquanto
o consumo de vinho era tido como um bom exemplo do prosseguir das tradições de antanho. Depois,
sobretudo a partir dos anos 50, o campo passa a ser visto como lugar de produção, ao mais baixo custo
possível, de produtos alimentares, para ser actualmente entendido como reserva ecológica e ambiental,
onde algumas "ilhas" especializadas e de elevada produtividade bastariam à procura urbana.
Apesar dos agentes que impulsionaram a reestruturação vitícola e o Turismo no Espaço Rural
(TER) não serem sempre coincidentes, podem ser encontrados, pelo menos na sua génese, alguns traços
comuns. Trata-se de uma inovação de matriz essencialmente urbana, centrada numa procura exógena e
em regra protagonizada por dirigentes de explorações com profissão principal exterior à agricultura,
quase sempre proprietários fundiários, com ou sem experiência nos sectores, mas que aproveitaram as
linhas de crédito existentes com a intenção de revalorizar um património que se ia degradando física e
financeiramente, tendo a maioria sabido tirar vantagem do associativismo.
Em parte motivado pelas razões expostas, tentando tirar partido das mudanças nos gostos e
213
motivações, tiveram lugar, durante a década de oitenta, um conjunto de significativas alterações de
algumas das facetas mais inatingíveis da Ribeira Lima, embora tenham adquirido uma maior expressão
no Município de Ponte de Lima, onde o arranque foi mais precoce.
Entre elas destacam-se uma de raiz arquitectónica que passou pela construção, reconstrução ou
melhoramento de numerosos edifícios entre os quais avultam vários solares em diferentes estádios de
degradação e outra de raiz agrária que se prende com o facto de a vinha, nas vertentes melhor expostas,
começar a ganhar o centro dos campos em detrimento do milho e a trepar as vertentes substituindo áreas de
bravio, ao mesmo tempo que vai sendo abandonada a forma de condução da vinha em ramada - a mais
comum nesta área - substituída pela cruzeta ou mais recentemente pela armação em cordão duplo e
simples.
A sangria populacional ocorrida ao longo das últimas décadas, que afectou também a
Ribeira Lima provocou uma manifesta diminuição da mão-de-obra disponível com a consequente
necessidade de simplificação de tarefas sobretudo as maiores consumidoras de mão-de-obra como
a vindima, a par da necessidade de melhorar a qualidade do vinho, abriu o campo a uma reestruturação
agrícola onde as adegas cooperativas, sobretudo a de Ponte de Lima, têm vindo a desempenhar um
papel decisivo, o que tem passado nomeadamente pela prática de uma política diferencial de preços entre
o branco e tinto, pela vinificação em separado e maior valorização das uvas de casta loureiro, pelo
fornecimento aos sócios de varas e porta-enxertos e ainda a orientação e apoio técnico, sobretudo
importante nas novas plantações. A produção de vinho branco aproximou-se de forma clara da do tinto,
entre o início da década de setenta e a de noventa, e apesar das áreas reestruturadas monoculturais
não serem ainda muito significativas, é de salientar a forte adesão ao processo dos pequenos viticultores
sócios da adega.
Um outro aspecto que importa salientar diz respeito às mudanças culturais que se foram
operando e que se prenderam com processos diferenciados, ora assumidos ora consentidos por inevitáveis,
entre os quais avultam as preocupações com o património arquitectónico, nomeadamente com
a revalorização da casa típica minhota, quer a de lavoura quer o solar, e mesmo com as vilas e aldeias onde
o antigo não é necessariamente sinónimo de velho.
O segundo tipo de alterações adquire contornos e uma amplitude difíceis de precisar,
prefigurando-se de qualquer forma, mais complexo e capaz de desencadear mudanças mais profundas e
mesmo irreversíveis. Em primeiro lugar cabe sublinhar o abandono de práticas agrícolas de gerações
nomeadamente no cultivo da vinha. Por tradição, o orgulho da exploração agrícola assenta no vinho,
a produção mais nobre, aquela que poderá melhor salientar a capacidade do agricultor e na qual
se podia rever.
Mas a penetração das adegas, a opção por técnicas tendencialmente uniformizantes, a usual
passagem da parceria ou arrendamento para a conta própria no caso das novas plantações, a queda
do vinho tinto (na medida em que as populações rurais emigram ou se transfere o consumo para outras
bebidas a que se associa um perfil mais urbano) perante o avanço do branco - um vinho com maiores
possibilidades de comercialização actualmente - força o rompimento com o tradicional e vai abrindo
as portas à modernidade.
O orgulho do agricultor vê-se agora transferido para a capacidade de absorver as novidades,
na graduação alcoólica dos seus vinhos - até pelo aumento de rendimento que lhe anda associado -
ou na amplitude de horizontes que permitiram abandonar o fundo de vale onde a produção era maior e que
em muitos casos significava a garantia de abastecimento para todo o ano.
A mentalidade do agricultor, não necessariamente residual, adequa-se também às novas
214
iniciativas de valorizar o seu vinho pela definição de uma identidade própria - o vinho de quinta.
Em muitos casos é o empresário que tenta encontrar novas formas de valorização patrimonial ao tornar-se
produtor-engarrafador de um vinho de qualidade superior, onde é normalmente dominante a casta loureiro.
Um terceiro vector de alteração, resultou na mercantilização da tradicional hospitalidade
minhota e que está na base da compreensão da abertura da casa da família do Minho ao turista.
Por tal facto se poderá compreender também porque existem diferentes concepções
relativamente ao tipo de alojamento que é proporcionado: na residência em comunhão de mesa e espaços
com os proprietários, ou de chave na mão, isto é, apartamentos ou quartos independentes da residência
principal.
Estão de qualquer forma reunidas condições para que da interligação entre a vontade de afluir
ao campo, da venda de hospitalidade e da produção de vinho resulte o sustentar de uma estreita
relação vinho-TER, a exemplo da implementação de circuitos vitícolas, que tem nos «chateaux» franceses
uma indisfarçável referência, e que os incentivos financeiros permitiram potenciar.
O associativismo na Ribeira Lima contou com a adesão de figuras prestigiadas da sociedade
limiana como o Conde de Aurora, que constituiu um elemento da penetração da Adega de Ponte de Lima,
ou o Conde de Calheiros que tem desempenhado idêntico papel no TER, através da Turihab. A capacidade
de associação desempenhou um decisivo papel na regulação das actividades aqui tratadas: como forma
de aumentar o campo de adesões aos processos em curso; como forma de penetrar as novas ideias pela
formação e da informação; pela fiscalização da prática da actividade pelos associados; pela criação e
suporte de circuitos de comercialização do vinho e do TER.
Importa salientar que depois de um processo de esvaziamento e lenta regressão, só a
requalificação das áreas rurais, alicerçada no crescente interesse por estes espaços, sustenta mudanças mais
profundas, tanto ancoradas numa base exógena definidora das alterações a introduzir, como da capacidade
de absorção e interiorização local destes processos e valores. De facto, a pressão exercida pela evolução
das sociedades ditas desenvolvidas sobretudo com base no crescimento industrial, levou à recuperação
essencialmente a partir dos anos sessenta, de conteúdos ideológicos, que se filiam em acções
desenvolvidas por finais do século passado, e que provocaram movimentos contrários ao tradicional e
marcante sentido decorrente do êxodo rural levando um sensível número de cidadãos para as comunidades
rurais. Aí tentaram dar forma a subculturas capazes de se bastarem a si próprias, em ruptura com o
crescimento económico posterior à 2a Grande Guerra Mundial, verificado essencialmente pelos anos 50, e
caracterizado por uma utilização intensiva dos recursos, tendencialmente uniformizador dos
comportamentos sobretudo através da introdução e difusão de formas de consumo de massa e fortemente
penalizador para o ambiente. A partir da constituição de núcleos de divulgação do «movimento
ecológico», difundiu-se um conjunto de temas emoldurados num discurso dramático, tantas vezes fatalista
e radical, que defendia o término das fronteiras ideológicas, para lá das classes e dos regimes políticos.
O movimento de preservação do meio ambiente desencadeia, assim, um processo de retorno à natureza que
vai conquistar amplos sectores sociais entre as classes média e alta, sobretudo nos
países mais desenvolvidos, passando por um processo de difusão de informação dirigido inicialmente a
grupos restritos e tendencialmente massificador, ao acompanhar a transformação dos valores tradicionais
de uma sociedade industrial nos de uma sociedade de serviços, mais "limpa".
Mas o regresso formal que decorre do regresso ideológico e conceptual, torna premente
a necessidade de assegurar a permanência das populações, de tal forma que as áreas rurais
não sejam entregues em exclusivo aos novos visitantes, com consequências porventura mais nefastas que
o próprio esvaziamento. E, para que a sua presença possa constituir um benefício para as populações das
215
áreas de acolhimento, parece necessário orientar as iniciativas segundo um quadro de intervenção que
extravase o âmbito de soluções mais comuns ao turismo, onde domina a concentração espacial, até porque
no território da Ribeira Lima, uma parte significativa da população, vive ainda fora dos principais
aglomerados urbanos, dispersa no espaço rural, a desempenhar uma actividade na agricultura.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
TRANSFORMAÇÕES DO REORDENAMENTO DO POVOAMENTO RURAL NUMA PROVÍNCIA A SUL DE MOÇAMBIQUE
L INTRODUÇÃO
MANUEL ARAÚJO Departamento de Geografia Universidade Eduardo Mondlane (Maputo- Moçambique)
Após a independência nacional o governo moçambicano definiu uma política explícita de
redistribuição da população rural que visava essencialmente concentrar a produção e a população rurais
como forma de aumentar a produção no campo e de fazer chegar aos camponeses, mais facilmente, alguns
serviços sociais essenciais.
A distribuição da população rural em Moçambique apresenta tradicionalmente uma forma de
organização territorial dispersa de fraca densidade, com base no "muti" (unidade residencial familiar), que
nunca ultrapassa duas dezenas de pequenas habitações. Tal forma de povoamento representa uma estreita
simbiose entre o espaço residencial e o produtivo familiar, que constitui uma unidade espacial única, onde
o equilíbrio população-recursos-meio ambiente é mantido estável.
Com a implementação da nova forma de organização territorial da população rural a partir
de 1975, designada por "sistema de aldeias comunais" assistiu-se, um pouco por todo o espaço rural do
país, a uma transformação mais ou menos profunda que teve consequências diversas a nível populacional,
económico, ambiental e de recursos.
Com o agravamento e o alastrar da guerra a que se tem assistido nos últimos anos, o povoamento
rural continua a sofrer profundas alterações a um ritmo impressionante, tornando muito difícil prever o que
se irá passar quando a situação de instabilidade for eliminada. Sem que tenha havido tempo suficiente para
aferir os resultados sócio-económicos da política introduzida em 1975, a população é constrangida a
permanentes deslocações que não permitem falar em formas de povoamento estável em áreas consideráveis
do território nacional. Calcula-se que existam cerca de 5 milhões de deslocados e mais de 1 milhão de
refugiados nos países vizinhos.
Das onze províncias em que o país se subdivide, uma das que maiores transformações sentiu
com a introdução do "sistema de aldeias comunais" e, posteriormente, com os efeitos da guerra e da seca,
tem sido a província de Gaza.
2. TRAÇOS GERAIS DA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NA PROVÍNCIA DE GAZA.
Gaza faz parte da região designada por "sul do Save", em conjunto com as províncias de
Inhambane e Maputo.
Atravessada, no sentido W-E, pelo rio Limpopo, eixo vital da sua economia, tem uma superfície
de 75.709 Km2, para uma população de 990.900 habitantes em 1980, sendo 94,4% rural. Em 1990 a
população total estimada para a província foi de 1.280.800 habitantes, sendo 85% rural, o que representa
ainda um grande peso, mas, em relação a 1980 houve uma alteração significativa na relação rural-urbana.
As razões para esta mudança serão compreendidas ao longo deste texto.
218
A distribuição territorial da população da província sempre apresentou desigualdades bastante
acentuadas. Excluindo as concentrações urbanas, observa-se uma maior densificação no litoral e ao longo
do vale do Limpopo. As actividades económicas concentradas no litoral e ao longo do vale daquele rio
levarall,l, desde há bastante tempo atrás, à formação de aglomerações consideráveis. No entanto, isso
não foi o suficiente para alterar a forma tradicional de povoamento disperso e irregular.
Três distritos do litoral (Bilene, Gaza e Manjacaze), com apenas 11,3% da superfície provincial,
concentravam, em 1980, 43% da população rural. Esta situação, nestes últimos anos, foi
consideravelmente reforçada pois, apesar da falta de dados, estima-se que estes mesmos distritos
concentrem, actualmente, cerca de 508 da população rural provincial.
Esta distribuição populacional, para além dos factores económicos que a condicionam, é também
influenciada por factores climáticos que adquirem maior peso numa situação de agudo
subdesenvolvimento, e que se agudizam à medida que se caminha para o interior. Outros factores entram
em jogo, como mais adiante se verá.
3. A IMPLANTAÇÃO E EVOLUÇÃO DO "SISTEMA DE ALDEIAS" NA PROVÍNCIA.
A distribuição territorial das aldeias, que de comunal pouco têm, apresenta uma certa
heterogeneidade, concentrando-se o maior número ao longo do vale do Limpopo e no litoral (fig. 1),
coincidindo com as áreas tradicionalmente de maior densidade demográfica.
[J
o ..
LEGENDA:
CHICUALACUALA
+ + +
Capital provincial Sede distrital Aldeia Limite provincial Limite distrital
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GOVURO ------- "-" ( .. .. .. ú t
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Escala-1:300.000
- Fig. 1- Distribuição territorial das aldeias nas províncias de Gaza e Inhame (1985)
219
Nesta província, assim como em muitas outras, a implantação e desenvolvimento desta
nova forma de povoamento rural deveu-se mais ao aproveitamento de factores conjunturais que a
um movimento voluntário da população.
Em 1976/77 a província foi assolada por fortes inundações, repetidas em 1978/79. Este factor
conjuntural natural deu origem a um movimento maciço da população residente no vale em direcção às
terras altas. As autoridades locais aproveitaram esta situação e orientaram os camponeses para a edificação
de novos espaços residenciais em forma de aldeias, abandonando, desta forma, o povoamento disperso;
mas na maior parte dos casos foi secundarizado o espaço produtivo.
A este movimento juntou-se, nos anos seguintes, a migração de camponeses das áreas mais secas
e mais isoladas em direcção ao litoral e aos vales mais férteis. O número de aldeias aumentou e
as já existentes viram a sua população acrescida de novos residentes.
Entre 1976 e 1978 surgiram destas unidades aldeãs que concentraram 20% da população rural da
província (345.023 habitantes). Tendo em conta que antes de 1976 apenas cerca de 5% da população rural
vivia em formas de povoamento concentrado (vilas), no curto espaço de dois anos a transformação foi
evidente (fig. 2). Entre 1978 e 1980 o número de novas unidades de povoamento continuou a subir,
alcançando as 115, que albergavam 37% da população rural provincial. A partir de 1980 o ritmo decresceu
consideravelmente, mas não deixou de evoluir positivamente, pelo que, em 1983 o seu número já era
de 13 2, abrigando 51 o/o da população rural (tabela 1).
Tabela I - Distribuição das aldeias e evolução demográfica
1980 1983 Distritos Aldeias População %do tot. Aldeias População %do tot.
(no) distrital (no) distrital
GAZA 24 82692 68,9 24 120000 92
LIMPOPO 22 91511 84,3 22 139534 99,7
BILENE 8 33025 31,9 11 50000 44,5
CANIÇADO 9 22066 22 9 35760 32,5
MASSINGIR 25 23967 88,6 25 27000 90
CHIBUTO 13 65369 31,2 22 77300 32,4
MANJACAZE 14 26393 15,2 19 65000 34,4
TOTAL 115 345023 37,4 132 514594 51,1
Fonte: ARAÚJO, Manuel, 1988.
A grande mola para o arranque desta nova forma de povoamento rural na província de Gaza
foram as inundações, que destruíram culturas e residências instaladas nas terras mais baixas e mais férteis
dos vales sob forma dispersa, mantendo a estreita relação territorial da unidade familiar
residencial/produtiva. Mas a dimensão que este movimento demográfico atingiu originou a acumulação de
erros que mais tarde vieram criar desequilíbrios ambientais/produtivos difíceis de remediar.
Até 1985/86 assistiu-se à consolidação de muitas destas unidades de povoamento através de
alguns sucessos produtivos e porque mais facilmente os aldeãos passaram a ter acesso a alguns, embora
poucos, benefícios sociais. O maior ou menor sucesso das aldeias explicam a dimensão demográfica que
atingem ao atraírem mais famílias, assim como o assumir, por uma parte dos camponeses, deste tipo de
povoamento, apesar das muitas vicissitudes por que passam. Nesta província nenhuma aldeia tinha,
220
A
•
B
Fig. 2 - Povoamento rural numa secção do litoral da Província de Gaza, 1968 A- antes de 1975 B-em 1985
Capital provincial Sede de distrito
.. .. Povoação comercial Povoamento rural disperso
- Estrada asfaltada Estrada de terra
~Rio ~ Lago ~Terreno pantanoso
Escala: l :250.000 o
<i) Capital provincial 0 Sede de distrito o Povoação comercial • Aldeia "Comunal"
lO Km
::::::: Povoamento rural disperso = Estrada asfaltada ~:: Estrada de terra 7.._ Rio t::::7 Lago ~ Terreno pantanoso
Escala: I :250.000 O !O Km
Elaborado com base na carta de Portugal1:250.000 Província de Moçambique, folha n° 100 L. Marques. Direcção Provincial dos serviços Geográficos cadastrais.
221
em 1986, menos de 500 residentes, enquanto algumas atingiam dimensões iguais ou superiores às
de alguns centros urbanizados do país; é a situação das aldeias Julius Nyerere e 3 de Fevereiro, distantes
15Km uma da outra e que têm, cada uma, cerca de 20.000 habitantes.
Mas os sucessos produtivos agrícolas iniciais podem vir a ser postos em causa pelos
desequilíbrios ambientais e da relação população/recursos que se podem criar. O início da edificação duma
aldeia é antecedido, como norma geral, pelo deflorestamento completo da área destinada ao espaço
residencial. À volta deste elimina-se a cobertura vegetal para dar lugar à instalação das actividades
produtivas agrícolas. De acordo com a dimensão da aldeia, cria-se um enorme espaço completamente
despido de vegetação arbórea e arbustiva. Porque a maior parte dos solos são arenosos ou argila-arenosos,
muito frágeis, em poucos anos estes transformam-se em extensas áreas improdutivas, obrigando à procura
de novos locais de cultivo. Assim, a aldeia vai-se transformando no centro de um enorme espaço
completamente desnudado e improdutivo.
Com sucessos e erros, e apesar das fortes críticas que o sistema tem sofrido, o certo é que num
período de 1 O anos, o povoamento rural da província sofreu uma profunda transformação espacial que
envolveu metade da sua população rural, passando da dispersão para uma certa forma de aglomeração
organizada, mas ainda sem se constituir numa verdadeira rede de povoamento rural.
4. A SITUAÇÃO ACTUAL
Torna-se extremamente difícil apresentar a evolução das transformações operadas no
reordenamento do povoamento rural depois de 1986. A situação de guerra no país tem afectado de forma
muito particular os camponeses da província de Gaza e, em geral, todo o espaço rural. A investigação de
campo, nestas condições, torna-se impraticável e as estruturas governamentais não conseguem obter
informação suficiente e fiável do que se passa no meio rural. Assim, trabalha-se com base em informação
dispersa, oral, pouco quantificada e muito parcelar.
Do que se conhece, pode avançar-se alguma análise que, no entanto, deve ser considerada
limitada, mas que em termos qualitativos de tendência, se aproxima muito da realidade.
É evidente que a guerra, de 1986 para cá, desencadeou um movimento migratório de grandes
dimensões entre as áreas mais atingidas e as que, em princípio, se apresentam menos afectadas; calcula-se
que a província tenha entre 300 a 400 mil deslocados dos seus locais de origem. Este movimento faz-se em
duas direcções predominantes (fig. 3): (i) das áreas rurais do interior para o litoral; (ii) em direcção aos
centros urbanizados (cidades e vilas). Deve acrescentar-se ainda o grande número de refugiados que
procuram segurança nos países vizinhos (África do Sul e Zimbabwe) (fig. 3).
O primeiro destes movimentos (rural-rural) vem aumentar a já tradicional maior densidade das
regiões ribeirinhas que, constituindo um ecossistema bastante frágil, tem agravado os seus problemas
ambientais e de recursos naturais. Ao mesmo tempo, o interior sofre um esvaziamento humano
considerável com consequências nefastas para a produção. Movimento em direcção ao litoral, os migrantes
procuram instalar-se em aglomerações já existentes ou nas suas proximidades.
O movimento rural-urbano, de dimensões ainda pouco conhecidas, mas que o dia a dia das
cidades e vilas revela ser preocupante, trouxe para o meio urbano problemas sócio-económico-ambientais
graves. A população urbana da província de Gaza passou de 54.665 habitantes em 1980, para
222
LEGENDA:
Limite provincial Limite distrital Capital provincial Sede distrital Posto administrativo
® o
,_ ·--\ ......... ,.:::
DIRECÇÃO DAS MIGRAÇÕES:
Países vizinhos Litoral Centros urbanos
-----~ --~
--+
MANICA
MASSANGENA 0
t
--~
CHIGUBO O
r
Fig. 3 - Direcções predominantes dos actuais movimentos migratórios em Gaza
N
ESCALA 1:2.000.000
223
188 047 em 1991, o que significou uma taxa de crescimento médio anual de 11,2%. Porque o
crescimento natural foi de cerca de 2,5%, o restante foi feito à custa de imigrantes rurais.
A guerra, aliada agora a uma situação grave de seca que está a atingir toda a África Austral,
origina dois outros tipos de movimento da população rural: (i) deslocação permanente de famílias,
sem um rumo bem definido, procurando instalar-se, provisoriamente, em locais que permitam produzir
algo com um mínimo de segurança. As famílias nestas condições adquirem características de nomadismo.
Este movimento afecta tanto as formas de povoamento disperso como as aldeias; (ii) calcula-se que
das 132 aldeias existentes em 1986, cerca de 50% foram destruídas pela guerra. Mas isto
pode não significar que o actual número esteja reduzido a metade. Sucede que muitas das aldeias
destruídas migraram em bloco indo instalar-se noutro local. Isto sucede quando os aldeões já assumiram
esta nova forma de povoamento, não pretendendo voltar à organização dispersa.
Se em 1986 se podia definir, para esta província, uma tendência de crescimento e consolidação
de um novo padrão de reordenamento rural residencial/produtivo, o mesmo não se pode fazer actualmente.
É verdade que o sistema de aldeias continua, mas a mobilidade a que a população é permanentemente
forçada, provoca o aparecimento de outras formas, a maior parte das vezes temporárias, de organização da
população no espaço.
Perante este panorama, não se pode prever, com facilidade, qual será a evolução no após guerra.
Muitas hipóteses se podem colocar: os camponeses regressarão ou não aos seus locais de origem? Esta
resposta depende de diversos factores, entre os quais a forma como se fixaram no novo local. Alguns
inquéritos por nós realizados em bairros da cidade de Maputo revelam que apenas entre 30 e 50%
regressarão (os mais idosos e crianças). Regressando, adoptarão a primitiva forma de organização
espacial? Estas questões e outras estão ainda sem resposta, mas parecem-nos fundamentais para se poder
definir a política de desenvolvimento para o pós-guerra.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Manuel- O sistema das aldeias comunais em Moçambique: transformações na organizacão do espaço residencial e produtivo. Lisboa, Universidade de Lisboa, 1988.
"As aldeias comunais e o seu papel na distribuição territorial da população rural na República Popular de Moçambique", Finisterra, 28 (36), 1983, pp .. 365-377.
Levantamento actualizado da ocupação territorial, Xai-Xai, Delegação Provincial de Planeamento Físico, 1984 e 1989. Arquivos do Instituto Nacional de Planeamento Físico, Maputo.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ANALISIS COMPARADO DE LAS AGRICULTURAS DE MADEIRA Y GRAN CANARIA
ALEJANDRO GONZÁLEZ MORALES (DACT) CRISTINA MARTÍN GOMEZ (DACT).
1. LOS FACTORES ECOLÓGICOS Y NATURALES DE MADEIRA Y GRAN CANARIA.
La isla de Madeira forma parte, junto a la de Porto Santo y las islas Desérticas, de un
Archipiélago que lleva el mismo nombre que la isla principal, esto es Madeira. A su vez este conjunto de
islas conforman con otras del Atlántico próximas a ellas - Azores, Canarias y Cabo Verde - la denominada
Macaronesia, es decir un espacio geográfico que comparte similar clima, geomorfología y vegetación.
En cambio, las formas de vida, por razones de tipo histórico, social y económicas, son algo diferenciadas
como veremos más adelante.
Las principales características naturales son: su origen volcánico, las primeras emisiones de
lavas datan de hace unos 20 millones de afíos (Quintal e Viera, 1985), su abrupta topografía, apenas hay
lugares llanos si exceptuamos Paúl da Serra. La excesiva compartimentación dei espacio insular. En
efecto, la superficie está conformada por una alteración de barrancos y lomos, siendo los primeros
muy profundos, mientras que los segundos son muy puntiagudos, lo que dificulta enormemente el trazado
de la red viaria. La escasez de suelo, que se explica por las acusadas pendientes, impidiendo que el manto
edáfico se estabilice, junto a unas precipitaciones de carácter torrencial que producen una excesiva
lixivación de la superficie, razón por la cual en muchas zonas aflora la roca madre. La exuberante
vegetación, producto de unas condiciones climáticas idóneas, pues a las ya comentadas abundantes
precipitaciones, le acompafían unas temperaturas elevadas en verano y suaves en invierno, que favoreceu el
crecimiento de la flora de Madeira. Por último, sefíalar que estas particulares condiciones climáticas han
facilitado el desmantelamiento de los materiales que componen los distintos pisos dei edificio insular,
siendo más importante en la configuración dei paisaje actual la morfodinámica climática que la propia
estructura. El perímetro insular presenta dos partes bien distintas. En efecto, en la costa de barlavento, y
debido a la pertinaz acción de la erosión, hay dos arcos concavos, producto dei desmantelamiento del
cantil. El primero abarca desde Porto Moniz hasta la Punta de San Jorge; mientras que el segundo lo hace
desde este cabo geográfico hasta la Punta de San Lorenzo. En cambio, la costa de sotavento presenta una
forma convexa debido a la escasa incidencia dei oleaje en la misma. En cualquier caso, toda la costa
presenta una morfología acantilada, pues no existen playas si exceptuamos algunas desembocaduras de
barrancos (pongamos por caso el de Ribeira Brava). Las principales altitudes se encuentran en la
parte central de la isla, aunque en su mitad oriental, siendo la mayor estribación montafíosa el Pico Ruivo
(1.861 mts), seguido dei Pico Arriero (1.810 mts). Por lo que respecta a la mitad occidental, la mayor
altura se alcanza en Bica da Cana (1.620 mts) en las proximidades de Paúl da Serra, el principal espacio
llano de la isla.
A continuación vamos a exponer los factores ecológicos de la isla de Gran Canaria, lo que
nos permitirá observar la existencia de un gran número de coincidencias entre ambos espacios.
Las principales características naturales de la isla son: su origen volcánico, las primeras
emisiones de lavas datan de unos 14 millones de afíos (MacDougall, I. y Schmincke, H. U.; 1977); su
226
abrupta topografía, apenas hay lugares llanos si exceptuamos los fondos de barrancos, la llanura litoral
del sur y las escasas vegas. La excesiva compartimentación dei espacio insular, son numerosos los
barrancos que fragmentan la superfície insular, hasta el punto de constituirse en el rasgo morfológico
más destacado de la propia isla (Arana, V. y Carracedo, J. C.; 1978). Los lomos que forman
los interfluvios de barrancos son, en ocasiones, muy puntiagudos y estrechos impidiendo su utilización
humana; en otros casos, encontramos algunos con una cresta lo suficientemente ancha para permitir su
puesta en cultivo o, también, para concentrar el pob1amiento. Como consecuencia de lo anterior hay una
gran escasez de suelo, pues las acusadas pendientes y la falta de zonas llanas impide la estabilización del
mismo, a ello ha contribuído también el régimen torrencial de las precipitaciones. La vegetación potencial
ha desaparecido casi en su totalidad, siendo esta una de las diferencias más significativas con respecto a
Madeira, pues como se sabe en esta última la floresta natural todavía conserva una gran extensión.
En síntesis, la formación y características naturales de Gran Canaria y Madeira tienen muchos
puntos en común, salvo en lo referente a la cubierta vegetal, debido a una diferencial acción antrópica. A
su similar edad y naturaleza volcánica hay que anadir unas parecidas condiciones climáticas, que
se traducen en unos similares pisos biogeográficos, aunque en nuestra isla estas formaciones se hallan muy
degradadas hoy día. Sin embargo, en la actualidad, presentan dos Formaciones Sociales diferentes, lo que
se explica por sus diferentes avatares históricos que han propiciado un mayor desarrollo dei Modo de
Producción Capitalista en Gran Canaria, frente a Madeira donde las formas de pequena producción
mercantil, como veremos a continuación, están más desarrolladas. En efecto, unos cultivos especializados
en la exportación (cana de azucar y vino), que llevaron caminos paralelos hasta finales de la
pasada centuria, presentan en estos momentos grados de desarrollo diferentes, por razones de diversa
índole como tendremos ocasión de demostrar más adelante.
2. LAS AGRICULTURAS DE MADEIRA Y GRAN CANARIA.
Es preceptivo aclarar que la información estadística utilizada para la realización de este apartado
proviene dei Censo Agrario de Espana (1982), y dei Recenseamiento Agrícola de Madeira (1986).
Ambos espacios geográficos presentan, como hemos tenido ocasión de comprobar, unos rasgos
ecológicos similares. Sin embargo, las agriculturas de estas Formaciones Sociales son diferenciales,
debido, tanto a razones de tipo histórico, como ai desigual desarrollo dei Modo de Producción Capitalista.
En efecto, mientras en la isla de Gran Canaria, en particular, y del conjunto del Archipiélago canario en
general, las formas de producción capitalistas han tenido un desarrollo considerable en la presente centuria
(Martín Ruiz, J. F. y González Morales, A.; 1990), en Madeira éste se ha visto frenado por razones
infraestructurales y supraestructurales que han propiciado, en última instancia, un mayor protagonismo de
las formas de pequena producción mercantil. De tal forma, que una buena parte del espacio insular
madeirense se encuentra en unos niveles de subdesarrollo considerables, aunque la situación ha empezado
a cambiar con la entrada del mencionado espacio en la Comunidad Económica Europea.
A continuación, vamos a esbozar de forma sintética, por la obvia falta de espacio en esta
comunicación, los rasgos más significativos de las estructuras agrarias de ambos conjuntos insulares. Por
lo que respecta a la utilización de las tierras se observa un número similar de explotaciones en
tierras labradas, aunque los tamanos son sensiblemente distintos, pues mientras que para Gran Canaria el
número de explotaciones entre O, 1 y 1 Ha suponen 9.552, para Madeira casi se dobla esta cantidad,
ascendiendo a un total de 17.484. Estas explotaciones controlan unas 2.600 Ha tanto en uno como en
otro caso, significando en el caso de Gran Canaria el 12,6%, mientras que en Madeira asciende al 67% de
227
la superfície total de tierras labradas. Asimismo, llama poderosamente la atención las
grandes explotaciones de tierras labradas, en el caso dei Archipiélago portugués sólo existe
una explotación de más de 50 Ha, concretamente de 60 Ha, en cambio para Gran Canaria el número
asciende a 112 explotaciones que suponen unas 4.724 Ha, o lo que es lo mismo el 23% de las tierras
labradas. En prados y pastizales la situación es, de nuevo, muy favorable a la isla Canaria, siendo en
Madeira muy escaso tanto el número de explotaciones como la superfície. Las tierras no labradas
suponen un considerable número, tanto en una como en otra isla, sobre todo por lo que respecta a
las explotaciones de menor tamano (de 0,1 a 5 Ha). Por último, las superficies irrigadas suponen una
extensión de cierta consideración en relación a las tierras labradas en el caso de Gran Canaria, ascendiendo
a un 90% dei total; en cambio en Madeira la situación es bien distinta, pues esta superfície de riego apenas
supera un tercio dei total de las tierras. La explicación de este fenómeno es bien sencilla, pues mientras
que en Madeira, la cantidad de precipitaciones anuales en muchas partes de la Isla superan los 600 mm lo
que hace innecesario el riego; en Gran Canaria, el régimen pluviométrico es más precario, pues incluso en
las zonas de medianías, donde se recogen las más cuantiosas precipitaciones, hay presencia de riego,
aunque bien es verdad que éste, en muchas ocasiones, no es sistemático sino ocasional.
Ahondando en las explotaciones y superfícies de las tierras labradas hay que senalar que en
Gran Canaria el mayor número de explotaciones y de superfície están destinadas, por este orden, a los
siguientes cultivos: hortalizas, frutales (incluído el plátano), papas y cereales (Martín Ruiz, J. F. y
González Morales, A.; 1990). En cambio para Madeira el orden de los principales cultivos es el siguiente:
frutales (incluído el plátano y la vina), papas, hortalizas y cereales. Otro aspecto que conviene destacar es
que la vina tiene una gran importancia en el contexto general de los cultivos madeirenses, siendo el que
abarca mayor número de Has (1.801); en cambio en Gran Canaria apenas ocupa unas 175 Has, ' encontrándose este cultivo en franca recesión. Por el contrario, la superfície de platanera es sensiblemente
mayor en Gran Canaria, suponiendo unas 3.079 Has y 1.175 Has, para Gran Canaria y Madeira
respectivamente.
La parcelación es mucho más elevada en Madeira que en Gran Canaria. Las razones que explican
este fenómeno son de índole diversa. Debemos tener en cuenta que a pesar de tratarse de dos territorios
altamente fragmentados, esta división es considerablemente mayor en el Archipiélago luso. En segundo
lugar influye la mayor importancia e impacto espacial dei modo de pequena producción mercantil en
Madeira, lo cual ha propiciado la existencia de pequenas propiedades, ai igual que una gran atomización de
las mismas. Todo ello unido a unos sistemas de cultivo muy arcaicos, junto a una gama de productos
susceptibles de ser cultivados en reducidas áreas, ha facilitado la fragmentación de las explotaciones en
numerosas parcelas, ascendiendo a un total de 123.717 frente a las 49.000 de Gran Canaria. Con todo,
lo que más llama la atención es que el 89% de las mismas tienen una superfície comprendida entre
O y 1 Ha, lo que se explica por el fenómeno, antes mencionado, de la excesiva accidentalización
dei territorio.
Por lo que respecta a los regímenes de tenencia de la tierra es dominante la propiedad directa,
suponiendo más dei 80% de las formas de tenencia de la tierra en ambos espacios insulares. En cambio los
regímenes indirectos (arrendamiento, aparcería y otros) han cedido importancia con respecto ai pasado
reciente, ello obedece a la penetración dei Modo de Producción Capitalista en ambas Formaciones
Sociales, tal y como pone de manifiesto la mayor importancia dei arrendamiento frente a la aparcería en
las dos islas. Por último, senalar que hay un gran número de propiedades cuya extensión no supera la
hectárea, suponiendo éstas un 95% para Madeira, mientras que para Gran Canaria solo significan el 58%.
La situación de la cabana ganadera se presenta muy desigual según las especies animales.
228
El bovino tiene un número de cabezas similar en ambos espacios geográficos, 11.508 en Madeira y
12.781 en Gran Canaria, aunque en Gran Canaria las explotaciones presentan una concentración mayor,
pues frente a las 7.081 explotaciones de bovino existentes en la isla portuguesa, tenemos tan sólo 3.315 en
Gran Canaria. El ovino es superior, tanto en número como en explotaciones, en Madeira, lo cual se explica
por las mejores condiciones naturales de esta isla para el desarrollo de tal especie. En efecto, la mayor
abundancia de pastos debido al régimen de precipitaciones en Madeira ha facilitado el desarrollo de esta
particular cabana, en cambio, en Gran Canaria tuvo una cierta importancia en el pasado, pero en
la actualidad está en franca regresión. El caprino es muy superior en Gran Canaria dado que este animal
se adapta muy bien a la aridez y a la existencia de forrajes propios de medios desérticos, constituyendo un
valioso baluarte de la cabana ganadera insular, aunque la comercialización de sus productos (leche, carne y
queso) se realiza sólo en el mercado interior de las Islas (González Morales, A.; 1983). Por el contrario,
la cabana de porcino es significativamente superior, tanto en explotaciones como en número de animales,
en Madeira, siendo la inmensa mayoría de las piaras explotaciones familiares y, destinándose
sus productos al autoabastecimiento. El equino apenas tiene importancia en ambos espacios geográficos.
Y, por último, las aves son, con todo, las que presentan un mayor número, siendo diferencial la situación
en los dos territorios; mientras que en Gran Canaria las explotaciones de más de veinte aves son
relativamente numerosas, en Madeira no existen, lo cual nos indica el carácter de explotación familiar que
tienen las aves en esta última isla.
Finalmente, y en cuanto a la maquinaria, hay que senalar que Madeira presenta un grado de
mecanización inferior al de Gran Canaria, pues tanto los tractores, como los motocultores y las segadoras,
son sensiblemente inferiores a los de la isla canaria. Esto se explica, obviamente, por una
menor penetración del Modo de Producción Capitalista en el agro Madeirense.
3. CONCLUSIONES
- A pesar de partir de unas parecidas condiciones ecológicas, las agriculturas desarrolladas en
estas dos Formaciones Sociales son distintas debido, principalmente, a razones históricas, y a un diferente
grado de evolución dei Modo de Producción Capitalista.
- En ambas islas hay una importante fragmentación dei terrazgo, y el número de explotaciones
de tierras labradas es similar. En Madeira el caso de fragmentación es extremo, concentrándose el 67% de
las tierras labradas en explotaciones menores de 1 Ha, y existiendo sólo una explotación mayor de 50 Has.
Las tierras no labradas tienen una gran importancia en ambas islas. En cuanto a la superfície irrigada tiene
un peso mucho más decisivo Gran Canaria debido, sobre todo, a la menor cantidad de precipitaciones de
esta última isla.
- Aún existiendo en los dos espacios geográficos unos cultivos tropicales similares, la
importancia y desarrollo de cada uno de ellos es diferente; mientras que en Gran Canaria dominan las
hortalizas, frutales (con gran importancia dei plátano), papas y cereales; en Madeira el orden es
el siguiente: los frutales (con gran importancia dei plátano pero menor que en Gran Canaria, y de la vina),
las papas, las hortalizas y los cereales.
-.La parcelación es importante en ambas islas debido a la excesiva accidentalización dei
territorio, pero en Madeira es mucho más acentuada por la menor introducción del Modo de Producción
Capitalista frente a Gran Canaria; en realidad lo dominante en Madeira es la pequefía producción
mercantil.
229
- La propiedad directa es el régimen de tenencia de la tierra más importante en las dos islas, en
este aspecto, en los dos espacios se ha producido una penetración del Modo de Producción Capitalista,
perdiendo importancia los regímenes de tenencia indirectos.
- En cuanto a la cabana ganadera hay un mayor peso del ganado bovino, ovino y porcino en
Madeira, mientras que el caprino y las aves son mayoritarios en Gran Canaria.
- Por último, senalar que la diferencial situación de ambos archipiélagos se debe al
distinto grado de desarrollo del Modo de Producción Capitalista, siendo mayor en Gran Canaria, y
en cambio para Madeira las formas de pequena producción mercantil son dominantes, aunque las formas
de producción capitalistas son las determinantes también de la Formación Social Madeirense.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
NOTAS DE GEOGRAFÍA AGRARIA DE PORTOMARÍN (LU G 0)
AMPARO DE LORENZO ROMERO UNIVERSIDAD DE SANTIAGO DE COMPOSTELA
Varios municipios de la Galicia centrooriental presentan una serie de características, desde
el punto de vista geoeconómico, que los individualizan frente a aquellos que se encuentran emplazados en
otros espacios geográficos de nuestra Comunidad. Esta Comunicación pretende dar a conocer algunos
aspectos de la Geografía Agraria de uno de ellos que, como veremos a través de esta páginas, comparte
muchos de sus rasgos con otros situados en la Meseta interior Lucense.
Portomarín, cuyo marco geográfico sería difícil de encuadrar en una sola unidad comarca!, ya
que están presentes a lo largo de sus 115 Km2 de extensión varias unidades morfológicas de la antedicha
Meseta Lucense (relieves de la divisoria entre las cuencas dei Ulla y dei Mino; superficie de aplanamiento;
y valle del Mino) es un territorio donde predominan de forma rotunda las actividades agropecuarias.
Siendo muchos los aspectos relativos a esta temática que serían interesantes de abordar, nos
hemos visto en la obligación de sintetizar, y centramos en algunos relativos a la estructura agraria y a
los componentes dei espacio rural.
Vamos a presentar estas notas referidas no solo ai momento presente, sino también a hace
unas décadas (lo que sería su pasado más inmediato) pues en este espacio temporal se han ido forjando
muchas de las características actuales.
Empezamos nuestro análisis refiriéndonos ai número de explotaciones, ya que en este caso
concreto, ai igual que en Galicia en general, e! interés se centra ante todo, más que en la propiedad, en
las unidades de explotación, pues es frecuente el hecho de que éstas tengan varios propietarios.
Hecha esta salvedad, tenemos que sefíalar en primer lugar que se advierte en este municipio un
descenso en e! número de aquellas:
- 1962 (769 explotaciones); 1972 (709 expl.); 1982 (752 expl.); 1989 (730 expl.).
Este descenso no tiene una gran significación desde un punto de vista cuantitativo, si bien sí
sería necesario hacer unas matizaciones: por un lado la regresión mayor se advierte entre 1962-72,
momento de gran auge migratorio, al igual que la década anterior, coincidiendo con el momento álgido de
las migraciones a Europa y áreas industrializadas de nuestro país. Sin embargo, la crisis de 1973 provocó,
como todos sabemos, un freno a esta corriente migratoria, e incluso el regreso de algunos, lo que podría
explicar la leve recuperación que nos ofrece e! Censo Agrario dei 82.
Con relación al tamafío medio de las explotaciones, se aprecia un ligero aumento pues los
últimos. datos que poseemos y hemos elaborado, referidos al afio 1989 nos dan una superficie media por
explotación de 14,8 Ha.
Sin embargo esta media nos encubre situaciones heterogéneas, como por ejemplo e! hecho de
que más de la mitad de las censadas en la actualidad en este municipio, (concretamente un 68,8%) sean
inferiores a las 10 Ha.; y precisando aún más, un 41,5% no alcanzan las 5 Ha., lo que parece exponente
claro de la presencia del minifundio como una re.alidad patente a nivel municipal.
Por otro lado estas dimensiones nos revelan el carácter de subsistencia de estas unidades
232
dç producción y en donde la introducción de mejoras que llevasen a la unidad familiar a salir de
esta situación, viene frenada por la pequenez de la explotación.
Es interesante incidir en el hecho de que el tamano de la explotación está vinculada a otros
factores, como son la topografía dei terreno, o que los empresarios tengan o no la agricultura como
actividad principal; estas circunstancias las observamos a nível municipal en el hecho de que
las explotaciones situadas en las zonas más montanosas presentan en general una mayor superfície, frente a
aquellas que se localizan en los valles. Asimismo, el mayor porcentaje de las de menos de 5 Ha. se
encuentran en aquellos lugares donde el sector primaria deja de ser el único presente, para dar paso a otras
actividades económicas; en nuestro caso concreto se manifiesta sobre todo en donde radica la villa capital
dei município.
Esta situación dei momento presente contrasta con el hecho de que hace algunas décadas aún era
más acusado el minifundismo, ya que como nos refleja el I Censo Agrario alrededor dei 85% de
las explotaciones poseían menos de 10 Ha., cuando la superfície media era de 13,1 Ha).
Otro punto interesante a destacar es el de la parcelación de las explotaciones, y otra vez nos
encontramos aquí con una constante en el paisaje gallego, y que se manifiesta en una agricultura
poliproductiva, autárquica e insuficientemente mecanizada (o ai menos no mecanizada de una forma
racional), que no permiten las más de las veces superar el ciclo de la autosuficiencia.
En nuestro caso concreto el número medio de parcelas por explotación, ateniéndonos a los datos
que nos brindan los Censos Agrarios, es de 13 parcelas en 1962; 15,11 en 1972; 11,63 en 1982; y
11,66 en 1989, lo que nos da una superfície media por parcela muy escasa, que apenas rebasa la cifra
de 1 Ha. (1 ,O Ha; 0,93 Ha y 1,26 Ha respectivamente.
Pero nuevamente es necesario hacer una serié de puntulizaciones, ya que en general hay un
predomínio absoluto de las parcelas de 1 Ha.; concretamente un 96,4% en 1962 y un 94,5% en 1972
(no hay datos posteriores recogidos oficialmente, pero a través de la encuesta, si bien no pueden darse
cuantificaciones exactas, sí se puede decir que sobre el 90% se encontrarían en las circunstancias ya
descritas).
No podemos, al hablar de las unidades de explotación, dejar de hacer una referencia al
empresario agrícola, que suele ser normalmente el cabeza de família; y aquí nuevamente hemos de insistir
otra vez en el carácter familiar de las explotaciones, en donde no solo aquél aporta su trabajo,
sino que también lo hacen otros miembros de la unidad familiar.
Si analizamos la clasificación de los empresarios que establecen los Censos Agrarios del 72 y
dei 89, podemos sacar una serie de conclusiones que juzgamos pueden ser de interés:
- Por una parte, un aspecto que prácticamente tienen en común es el predomínio de la actividad
agraria como ocupación principal de los empresarios, que es superior al 80% (89,3% en 1972;
84,4 en 1989 respectivamente).
- Por otra, y con respecto a los grupos de edad, nos encontramos con que en la actualidad hay un
predomínio dei grupo de empresarios mayores de 65 anos, frente a los datos referidos a 1972, en donde el
máximo porcentaje estaba en el grupo de 35 a 54 anos, seguido del de los mayores de 65. Sin embargo
si consideramos los grupos con unos intervalos más lógicos, podemos constatar la influencia general de la
emigración y el evidente envejecimiento poblacional, ya que en ambas etapas el predomínio de
más de 55 anos es ap1astante (61% en 1972; 65% en 1989).
Curioso es también hacer notar como el grupo de empresarios menores de 34 anos está muy
poco representado en este territorio (3% en el 72; 4,1% en el 89); y como, sin embargo, ha habido
un pequeno aumento, que si bien no es muy significativo, sí nos permite entrever unas deducciones:
233
- Escaso interés por parte de los jóvenes a la hora de seguir los pasos de sus mayores, desde
el punto de vista de la actividad agraria.
- Abandono del trabajo de la tierra, tanto por la realización de estudios, como por la búsqueda de
un puesto de trabajo en otro sector.
- Influencia del final de la etapa "dorada" de la emigración, en ese ligerísimo aumento
correspondiente a la década de los 80.
No podemos terminar este apartado sin permitimos hacer una reflexión; y es que las estructuras
agrarias tienen muchos retos pendientes, derivados de una dimensión física y económica insuficiente, así
como de la normativa Comunitaria, que exige en la mayoría de los casos importantes cambios. Por eso
creemos que la modernización, introducción de nuevas tecnologías y conocimientos, así como
la adaptación a las nuevas circunstancias, pasa por la inc'orporación de los jóvenes a este sector
de actividad, con todo lo de positivo que ello tendría, a pesar de las lógicas dificultades.
Hemos dejado para el final la morfología agraria, y como es lógico al hablar de paisaje rural
no podemos por menos que hacer referencia a los elementos de éste; y por eso primeramente trataremos de
los dos componentes de é!: e! Ager y el Saltus.
En este pequeno estudio vamos, no obstante, a incluir dentro dei Ager los prados, praderas y
pastos, por considerar que, aunque no son terreno cultivado en un sentido estricto sí son objeto de algunos
cuidados, y desempefian hoy día un papel fundamental en la economía campesina desde el punto de vista
de su aprovechamiento.
Cuantificar el espacio cultivado dentro de la superfície productiva puede resultar problemático a
tenor de las fuentes consultadas; pues siguiendo los Censos Agrarios del 82 y 89, y a través de los datos
ofrecidos por e! Catastro de Rústica, la proporción es de aproximadamente un 35% de Ager, frente a
un 65% de Saltus.
Censo Agrario de 1982 Ager: 32,5%; Saltus: 67,5%
Censo Agrario de 1989 Ager: 37,2%; Saltus: 62,8%
Catastro de Rústica de 1986 Ager: 28,2%; Saltus: 71 ,8%.
Por tanto nos encontramos ante un Saltus predominante sobre e! Ager, que se disponen sobre
el espacio de forma entremezclada, configurando un mosaico abigarrado.
Respecto a la localización del Ager, lo normal es encontrado en forma de "agras" en torno a las
aldeas o asentamientos de población, localizándose las masas forestales y e! matorral en ellímite de éstas.
Configurando e1 Ager podemos apreciar, comparando los datos que nos brindan los 2 últimos
Censos Agrarios, una disminución de los cultivos herbáceos, barbechos y huertos familiares de un 42,6%;
al igual que ha disminuído también cerca de un 50% el espacio dedicado a vifiedo. Frente a esto, y
observando el aumento de los prados en un 60% podemos sacar una serie de conclusiones:
- El campesino tiende hacia una orientación ganadera en sus explotaciones, lo que le ha llevado
a aumentar e! territorio dedicado a pastos a costa dellabradío.
- Las razones son fácilmente deducibles; por una parte son más factibles de mantener; de
igual modo que su rendimiento desde e! punto de vista crematístico es mayor.
- El Saltus también ha experimentado un leve retroceso, a tenor de los datos que nos ofrecen las
fuentes consultadas. Hay que tener en cuenta que en unas épocas pretéritas era fundamental para
las actividades económicas (no hace falta recordar la importancia del "toxo" para el abono orgánico, por
poner un ejemplo).
En general, y cifiéndonos al dato objetivo, habría un predomínio de 5 a 1 en cuanto
234
al matorral sobre las masas arbóreas; pero aquí se hace necesaria precisar que ambos Censos engloban bajo
la denominación de "otras tierras" no sólo el matorral, sino también superfície improductiva, por lo que lo
dicho anteriormente sería en cierto modo cuestionable, si bien la observación directa sobre el terreno nos
permite afirmar, sin lugar a dudas, el predomínio de la ocupación dei matorral sobre las masas boscosas.
En la parte oriental del município es frecuente encontrar asociaciones de coníferas y otras
frondosas (pinus pinaster y quercus pirenaica); en la parte central y occidental grandes superfícies de
repoblación de pinus pinaster; salpicando el territorio, o bien solas.
El matorral predomina en el área central dei município y en menor cuantía en la zona occidental.
El Ager se ofrece al espectador, en toda la ribera dei Mino, en las tierras más bajas o situadas a
menor altura dei município, generalmente por debajo de los 500 m.; y dentro de él queremos hacer una
mención a un cultivo que ha retrocedido en los últimos anos: La vid.
Esta se circunscribe a las orillas dei río Mino, cultivándose generalmente a bancales o pequenas
parcelas. Su regresión se debe en parte a la construcción dei embalse de Belesar, aguas abajo de
Portomarín, que provocó el anegamiento de la antigua villa, así como de las fincas situadas en
las márgenes dei río. Su producción hoy día está limitada al consumo familiar, y en muy poca cantidad a
la comercialización dei aguardiente.
Para terminar, y a modo de corolario, podemos esbozar una serie de conclusiones:
- Portomarín es un município de la Galicia interior donde la superfície productiva (96,8%)
predomina absolutamente sobre la improductiva.
- El número de explotaciones agropecuarias ha descendido en los últimos anos, aunque este
descenso no ha sido especialmente significativo desde un punto de vista cuantitativo.
- El tamano de las explotaciones es pequeno, lo que se traduce en el carácter de subsistencia
de ellas.
- Excesiva parcelación de las explotaciones.
Predomínio de la actividad agraria en los emprésarios, así como una elevada edad de
los mismos.
- En lo relativo a las superfícies de aprovechamiento se da un predomínio dei Saltus frente
ai Ager.
Fuentes y Bibliografía
- Primer Censo Agrario de Espana 1962. I.N.E. en colaboración cone! Ministerio de Agricultura y Organización Sindical. Lugo T.27
-II Censo Agrario de Espana 1972. Serie A. Lugo T. 27. -Censo Agrario 1982. Tomo IV. Resultados comarcales y municipales. Lugo. -Censo Agrario de 1989. Resultados comarcales munidaples.Lugo. Tomo IV. -Mapa de Cultivos y Aprovechamientos, escala 1:50.000 hoja no 123 (Portomarín) Ministerio de Agricultura: Servido de
Publicaciones agrarias. - Mapa de cultivos y Aprovechamientos, escala 1:50.000 hoja no 97 (Guntín) Ministerio de Agricultura: Servi cio
de Publicaciones. - Lorenzo Romero, Amparo de: "Portomarín (Lugo): Población y Economía" Ed. Servido de Publicadones Diputadón
Provincial de Lugo. Lugo 1991. - I.G.E. Xunta de Galicia. Consellería de Economía e Facenda. "A Estadística na Agricultura". Reedidón 1991. - Catastro de Rústica. Estadística, Hacienda 1ústica de Portomarín. 1986. - Fotografías aéreas. Portomarín. Ministerio de Hadenda; Dirección General de Impuestos; Sección de Planimetría y
Fotografía. 1976. Escala aprox. 1:2.500.
235
Areas roreslales 5.000 o UillLWL
5.000 I 0.000 15.000 20.000
H. rural E= 1:2.500
Entramado parcelaria en una parroquia de Portomarín
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PRINCIPIOS DE ORDENACIÓN TERRITORIAL EN LA MONTANA SUBBÉTICA: UN CASO DE SUBDESARROLLO EN EL MEDIO RURAL
ORTEGA ALBA, FRANCISCO * PARRENO CASTELLANO, JUAN MANUEL ** PENA TORREDEDÍA, SILVIA ** PÉREZ MESA, DOMINGO SANTIAGO ** Miembros del grupo de investigación del Dto. de Geografía Física y Análisis Geográfico Regional de la Universidad de Granada.
*Catedrático de Geografía Física
**Becarios de la Dirección General de Ordenación del Territorio de Andalucía
La revisión de las bases teóricas del corpus jurídico-técnico en que se enmarca actualmente la
ordenación del territorio, ha asumido en cierto modo los principias emanados de la dialéctica hombre
- recursos puestos de relieve a partir de las crisis energéticas de 1973 y 1979, evolucionando en el caso
espafíol desde una óptica casi exclusivamente urbanística hacia metodologías cada vez más integradas. La
superación de la visión sectorial que establece la actual Ley de Suelo no tendría, sin embargo, sentido en
un marco político distinto al de la separación de los poderes central, autonómico y local. En efecto, la
transferencia de la competencia exclusiva en materia de política territorial y ordenación del territorio a las
distintas autonomías ha servido como revulsivo a una intensa labor de planificación territorial y sectorial a
escala regional, al menos en el caso andaluz, que ha tenido su plasmación más relevante en un documento
denominado BASES PARA LA ORDENACIÓN DEL TERRITORIO EN ANDALUCÍA. Este
documento marco, aprobado en marzo de 1990, es fruto de varios estudios sectoriales precedentes, en
ma teria de transportes, comunicaciones, economía, etc ... No obstante, ante la complejidad y diversidad del
espacio andaluz, la aplicación material de planes emanados por los princípios de las Bases puede generar
cierto tipo de disfunciones en territorios poco favorecidos. La misma escala regional que se utiliza en este
documento podría tergiversar, aún sin pretenderia, los propios fines de las Bases. De ahí que se estén
financiando por parte de la Dirección General de Ordenación del Territorio iniciativas tales como el
proyecto que los autores de esta comunicación estamos llevando a cabo en el norte de la província de
Granada, en el territorio comarcal de los Montes Orientales y Occidentales, denominado " Aproximación a
modelos de ordenación territorial en ámbitos de montafía: La comarca de los Montes granadinos ". Con
este proyecto se está intentando crear un vínculo metodológico entre el concepto y el modelo regional que
emanan las Bases y los factores locales de desarrollo y/u organización espacial, en un espacio claramente
definido por el binomio periferia + montaíia, que invariablemente desemboca en subdesarrollo y
desarticulación espacial. Pero empecemos por definir este documento marco que vertebra cualquier
actuación que en materia de ordenación territorial se lleve a cabo en Andalucía.
1. LAS BASES PARA LA ORDENACIÓN DEL TERRITORIO EN ANDALUCÍA
Tal como se dice en la introducción de las Bases, la consolidación de la administración
autonómica andaluza y la atribución exclusiva en materia de ordenación territorial y planificación ha
238
favorecido la aparición, durante los diez primeros afíos de gobierno autónomo, de una serie de documentos
sectoriales de clara incidencia territorial. La mejora de la instrumentación dei planeamiento urbanístico
municipal se une a los Planes Especiales de Protección dei Medio Físico y sus Catálogos (1987) para
orientar posibles actuaciones a nivellocal y provincial, respectivamente. La Propuesta de Comarcalización
(1983), el Sistema de Ciudades (1986), el Plan General de CarTeteras (1986), el Plan Estratégico
Ferroviario de Andalucía (1986) y el Inventario de Espacios Naturales Protegidos (1989) o las Directrices
Regionales del Litoral de Andalucía (1990) han servido, junto a otros documentos y programas
económicos, como fundamento teórico para confeccionar las Bases. Sus objetivos primordiales son:
l - Aprovechar territorialmente las oportunidades derivadas de los nuevos procesos de
desarrollo, basados tanto en la diversidad de experiencias de desarrollo endógeno en el medio rural, como
en la tendencia a una mayor flexibilidad de localización de las nuevas actividades económicas.
2 - Orientar la nueva fase de crecimiento económico de manera que se evite la reproducción y
profundización de modelos de ocupación territorialmente desequilibrados.
3 - Superar los desequilíbrios territoriales y ambientales heredados y evitar los derivados de la
nueva situación económica.
E! contenido explícito de las 15 Bases se distribuye en tres grandes sistemas territoriales
interrelacionados, que son el Sistema URBANO-RELACIONAL, que estructura la red de asentamientos,
sus funciones y dotaciones urbanas, así como sus elementos de comunicación; e!
Sistema PRODUCTIVO, compuesto por los engranajes económicos y de desarrollo; y
el Sistema FISICO-AMBIENTAL, en e! que se imbrican los aspectos naturales dei territorio, tanto en
forma de recursos como en forma de limitaciones. El esquema de cada uno de los sistemas sería:
A. -SISTEMA URBANO RELACIONAL
La desarticulación y carácter rural de los asentamientos, insuficientes áreas de influencia y nivel
de prestación de servicios y equipamientos, así como una red de comunicaciones deficiente y anticuada
son las notas negativas que se diagnostican en este sistema. Como estrategias de actuación se determina
una mejora de la jerarquización de la red de asentamientos y sus áreas de influencia, definiéndose políticas
de intervención para dichos núcleos, establecimiento de umbrales de funciones y dotaciones urbanas,
conexiones intrarregionales según jerarquía y definición de redes y terminales de comunicación y
transportes.
B. -SISTEMA PRODUCTIVO
Como Diagnóstico se percibe un bajo nível de desarrollo socioeconómico, una marcada situación
periferica, y un desarrollo desigual intrarregional diferenciándose áreas marginales, estancadas y
dinámicas. Para mitigar esta situación, se propugna un desarrollo renovable mantenido, la coordinacción
economía y ordenación territorial, la corregicción de desigualdades y desarrollo de potencialidades
endógenas mediante e! establecimiento de marcos espaciales comunes para producción económica y
espacial, desarrollo local junto a políticas globales, y uso racional de los recursos naturales.
C. - SISTEMA FÍSICO-AMBIENTAL
Se diagnostican una serie de rupturas dei equilíbrio ambiental, un importante papel de los
macro-recursos naturales y una desarticulación de zonas protegidas con áreas dinámicas. Para asegurar un
desarrollo equilibrado de toda Andalucía y la minimización de disfuncionalidades ambientales, se definen
políticas de integración que adecúen usos a potencialidades, articulando los espacios protegidos con áreas
de demanda de estos espacios.
239
2. EL ÁREA DE LOS MONTES EN LAS B.O.T.A.
Según la comarcalización utilizada por el Sistema de Ciudades, se conforma el área en
tres ámbitos funcionales básicos, correspondientes dos de ellos (Montefrío e Iznalloz) ai ámbito
intermedio/subregional de Granada, mientras que el tercero, Pedro Martínez, al ámbito intermedio de Baza.
La definición de éstos tres ámbitos no resulta muy diferencial en ninguno de los sistemas, prueba de que
existe una afinidad clara entre ellos. No obstante, el grado de divergencia es mayor en el caso de
Pedro Martínez, cuya morfología física y estructura funcional guarda más relación con los Altiplanos de
Guadix-Baza que con el Subbético en sentido estricto.
En cualquier caso, se trata de una zona que está perdiendo su capital demográfico, no ya sólo por
la dinámica estructural de la emigración, sino también por efecto de la intensa emigración temporal, que
sustrae a dicha población, en su mayoría mano de obra joven, dei mercado potencial de la zona. El modelo
demográfico ai que tiende el área es nítidamente negativo a medio y largo plazo, si bien se debería atenuar
en aquellos núcleos que, como Iznalloz, posean una renta de localización clara y un grado de accesibilidad
mayor con los centros neurálgicos - subregionales - de organización territorial externa, ya que en ámbitos
de escaso interés exógeno, el factor 'accesibilidad' se convierte en un detractor dei grado de desenclave
general de la zona. En las B.O.T.A. se demuestra cómo el área de Pedro Martínez posee un bajo nivel de
accesibilidad junto con Montefrío, a pesar de que según los factores físicos deberían poseer una mejor
accesibilidad. El grado de accesibilidad de Iznalloz es el mejor, debido a la travesía de la carretera N-323.
En cuanto al sistema ferroviario, el área apenas cuenta con infraestructura, pero nuevamente la
que encontramos se halla en el enclave de Iznalloz, por cuya estación pasan todos los trenes de
Andalucía Oriental hacia Madrid. La accesibilidad a centros portuarios y aeroportuarios es bajísima,
siendo Iznalloz la que mejor conectividad tiene con dichos centros.
Por lo que respecta al Sistema de Ciudades, las diferencias entre los distintos ámbitos son más
claras: Montefrío es una comarca claramente bicefálica, ya que Montefrío e Illora comparten funcionalidad
y prestación de servicios- poco complementarios -, pero carecen de núcleos intermedios y, por tanto, de
una vertebración significativa entre el aún intenso poblamiento rural y las cabeceras comarcales.
Iznalloz posee un mejor grado de vertebración, teniendo como cabecera significativa al propio
núcleo de Iznalloz. Por contra, la estructuración de núcleos en la comarca oriental de Pedro Martínez está
significativamente desjerarquizada y desvertebrada, no presentando ningún núcleo con suficiente
capacidad de vertebración funcional.
Por tanto, no disponemos de una buena estructuración de asentamientos, y ni tan siquiera las
cabeceras comarcales cuentan con una calificación potencial urbana. Con una situación tal, no resulta
extrafío que algunas cabeceras Montefrío en especial- presente graves déficits de servicios y dotaciones.
Por lo que respecta al sistema productivo, los tres ámbitos son calificados como áreas marginales
de desarrollo, esto es, sin potencialidad. El uso, sin duda, de una escala regional impide, en términos
comparativos, atisbar recursos de entidad en la zona. Dentro del esquema de usos de suelo, los dos ámbitos
más occidentales se hallan en áreas agrícolas de "campinas" olivareras, en tanto que Pedro Martínez
presenta una agricultura con fuertes limitaciones físicas y socioeconómicas. De ahí que la potencialidad
económica de esta última se considere nula, en tanto que las otras dos poseen una potencialidad de
quinto orden. Las tres cabeceras comarcales se incluyen dentro de los municípios preferentes de la zona de
promoción económica (ZOPRE), uno de cuyos primeros objetivos se basa en el fomento de recursos
naturales mediante actuaciones forestales, a la vez que se mejora la red de infraestructuras rurales y, en
240
el caso de Pedro Martínez, lucha contra la desertificación y despoblación. Asimismo, al estar incluída una
parte de este territorio dentro de las áreas de reforma agraria, se pretendeu mejorar las estructuras agrarias
deficientes de la zona.
Por último, según el sistema físico-ambiental, el âmbito de los Montes se corresponde con un
área de frecuentes cultivos marginales, con grave riesgo de erosión en muchos casos, y fuerte proceso de
desertificación en la zona de Pedro Martínez. Se propone reconsiderar estos usos de suelo perjudiciales,
incentivando los aprovechamientos agroforestales, más racionales y con mayor vocación en un territorio
como éste.
3. MODELO DE ORGANIZACIÓN TERRITORIAL Y PAUTAS DE PLANIFICACIÓN
Podríamos definir la situación, tanto económica como espacial y territorial, en el área-problema
como de DESENCLAVE, puesto que la suma del binomio PERIFERIA + MONTANA =ZONA
DEPRIMIDA, ha conllevado esta situación (Periferia a nivel nacional, autonómico y provincial).
Justamente ser un espacio de DESENCLA VE ha sido la causa de que se haya considerado
generalmente a este territorio como un ESP ACIO-OBST ACULO. Sus negativos condicionantes físicos, su
ubicación entre dos zonas de mejor accesibilidad (Depresión Bética y Vega de Granada), su
escaso incentivo económico, la clara tendencia emigratoria, el mayor coste tanto cuantitativo como
cualitativo en la adjudicación de infraestructura, dotación, equipamientos y servicios, etc ... han
desembocado en una DESECONOMIA DE AGLOMERACIÓN, caracterizada por:
1. Manifiesto DESENCLA VE externo y muy baja CONECTIVIDAD interna, si bien con claras
diferencias intermunicipales; situación que está sufriendo variaciones importantes con las autovías del 92 y
la Bailén-Granada-Motril.
2. Desinterés económico tanto interno como externo.
3. Coste de inversión desfavorable.
4. Capital demográfico en regresión.
5. Disfuncionalidades en el sistema de asentamientos y en su jerarquía, así como en ejes y
áreas de influencia.
De ahí que el modelo de tendencia, según el estado preoperacional sea el siguiente:
a. - Despoblamiento. Según nuestros cálculos demográficos, en unos 40 anos los vacíos de
poblamiento rondarán cercanos al 40-50% del territorio, siendo directamente proporcionales a zonas de
menor accesibilidad o de condicionantes físico-naturales más adversas a la calidad de vida.
b. - Desestructuración demográfica, evidenciada en un continuo proceso de envejecimiento y en
una sustración del capital humano en edad laboral por los ritmos emigración temporal!regreso-desempleo.
Estos procesos coyunturales hasta ahora, tenderán a ser estructurales en 5-l O anos.
c. - Incremento de disfuncionalidades en la red jerárquica de asentamientos, con graves déficits
de abastecimiento de servicios, dotaciones y equipamientos en determinados núcleos desligados de
las economías de aglomeracion internas de la zona. Aumentarán las disparidades sociales, con lo que
el proceso de despoblamiento se hará más traumático.
d. - Pérdida absoluta y relativa de accesibilidad de determinados núcleos en fase de degradación,
cuyas consecuencias son el aumento de] grado de desarticulación; el descenso de conectividad media,
especialmente en las relaciones transversales, pérdida de potencial de flujos, lo que genera una
compartimentación espacial y aumento del carácter periférico en todos aquellos sectores que no comporten
una especial renta de localización.
241
e. - Procesos acumulativos y contínuos de desarrollo desigual, llegando a industrializarse
(industrias locales modestas principalmente) y terciarizarse áreas bien conectadas, en tanto que el resto
dependerá de la viabilidad productiva y evolución de precios agrarios dentro del seno del Mercado Unico.
De poder mecanizarse le recogida de la aceituna en los próximos 30-40 anos, siempre que, el mercado
europeo responda adecuadamente, se mentendrá o incluso aumentará la producción oleícola; pero de
no cambiar las estructuras agrarias, aspecto poco probable, la rentabilidad comparativa con otras zonas
haría poco viable éste y otros cultivos de la zona, siéndolo actualmente debido a unos modos de
producción típicamente familiares.
f. - Discordancias territoriales provenientes, por una parte, de conflictos de uso y gestión de
recursos naturales en zonas accesibles, y de procesos de desertificación/erosión asociados al abandono de
tierras marginales.
Este modelo simulado procede de la prolongación de la inercia territorial que inevitablemente
va a verse modificada por elementos exógenos de cambio. De esta manera se pueden entender las acciones
político-territoriales emprendidas por la administración en los últimos anos de la década de los ochenta y
en los noventa, tales como:
-La construcción de la autovía del 92 Sevilla-Granada-Baza-Pto. Lumbreras.
-La construcción de la autovía Bailén-Granada-Motril.
-La construcción de la carretera autonómica de primer orden Estepa-Alcalá la Real-
-Iznalloz Guadix.
- Los cambias en la accesibilidad provocados por los Campeonatos del Mundo de Esquí Alpino
de 1995 en Sierra Nevada.
La declaración de la comarca de los Montes Occidentales como Comarca de Reforma Agraria.
-La puesta en práctica del Area Metropolitana de Granada.
- El ingreso en la CEE, y los cambias generados por la política agraria comunitaria.
Estas acciones incidirán territorialmente provocando fuertes disparidades espaciales en la zona.
La introducción de las nuevas infraestructura&. de comunicación generarán cambias en la accesibilidad y
conectividad interna, incrementando en ciertos casos la renta de localización y en otros disminuyéndola en
términos relativos. La introducción de la autovía Bailén-Motril va a suponer una ruptura de los escasos
flujos transversales que hasta ahora existían, siendo éstos en gran parte desviados hacia otras zonas
fuera del ámbito (subbético giennense), debido a la construcción de la carretera autonómica
Estepa Alcalá la Real-Iznalloz-Guadix.
El Area Metropolitana de Granada produce unos claros efectos de arrastre gravitacionales
coincidiendo con la isocrona de 25 minutos, tal como estipulan las B.O.T.A., lo cual conlleva desajustes
espaciales a la hora del acceso a determinados servicios y equipamientos especializados. De esta manera,
la conarca de Iznalloz se vertebrará en base a los nuevos flujos verticales, incrementando las relaciones
exógenas con el Area Metropolitana de Granada, generándose una potencial ruptura de la funcionalidad
comarca! de Iznalloz. La comarca de Montefrío-Illora acentuará su bicefalismo sin que aumente
la vertebración comarca!, debido a que Illora va a quedar dentro del área de influencia del
Area Metropolitana de Granada.
La política de disminución de subvenciones de la CEE a la mayor parte de los cereales, viene
originando una fuerte dinámica de cambio en los cultivos subbéticos y una sustitución de los cereales por
arboricultura, principalmente una fuerte expansión del olivar (contrariamente a la intención de la P.A.C.) y
a una rápida introducción del cerezo. El sector que más ha sufrido esta detracción de capital ha sido la
242
zona oriental, eminentemente cerealística, y hasta ahora con escasa capacidad de cambio.
Estos nuevos elementos de cambio van a alterar profundamente la funcionalidad de la zona,
alterando en gran medida la realidad territorial dei ámbito de estudio. Se hace necesario disefiar una
estructura espacial acorde con los nuevos elementos exógenos actuantes así como con la necesidad de
solucionar los problemas territoriales que existen en la zona, tales como desenclave, periferia,
subdesarrollo ...
La nueva estructura territorial (provocada por los cambias expuestos) entra en conflicto con los
principias dei Sistema de Ciudades. Por ello, es impensable, por su falta de funcionalidad, mantener los
centros básicos delimitados por éste o lo que es lo mismo, el disefío administrativo que mantiene. La
nueva articulación podría basarse en la existencia de 4 sectores diferentes:
1. El ámbito funcional de Montefrío-Algarinejo-Alcalá la Real-Priego, con una clara estructura
descentralizada.
2. El centro básico de Iznalloz, que debe ser potenciado mediante servicios, dotaciones y
fomento de la accesibilidad interna, para evitar la gran dependencia que existirá con respecto al
Area Metropolitana de Granada, favoreciendo la articulación transversal de la comarca.
3. La comarca oriental que debe optar por una estructura más compleja, aprovechando el eje
Huelma-Guadahortuna-Guadix así como Ia posición central de Pedro Martínez. Esta zona, no cuenta con
núcleos estructurantes, por lo que, la comarca debe de gravitar hacia el núcleo de Guadix (como centro
intermedio en lugar de Baza), quedando Pedro Martínez como un centro articulador de 2° grado. Por ello,
el desarrollo de la zona se debe de ligar a las medidas que para esta comarca se dispongan.
4. Y por último, los municípios de Illora, Villanueva dei Mesías, Colomera y Moclín se
estructurarán en torno al Area Metropolitana de Granada. Es importante delimitar los roles funcionales que
ESQUEMA DE FUNCIONALIDAD AMBITO DE LOS MONTES (GRANADA)
o o o. o ••• o. o. o ••••
• • o •• o o o •• • o o. o ••• o o o
... + -j- + -j- ~ .,_ + -.--.- + + -j- + + + +
GR:GRANADA IZ: IZNALLOZ ILL: ILLORA MO: MONTEFRIO PM: PEDRO MARTINEZ GU:GUADIX LO: LOJA PR: PRIEGO DE CORDOBA AR: ALCALA LA REAL (JAEN) HU: HUELMA (JAEN)
correspondeu a estos núcleos y la necesidad de una comunicación transversal entre ellos que pula el
esquema gravitacional radial que Granada está generando.
243
Con esta nueva estructuración territorial, y teniendo presente su operatividad funcional, se debe
de intentar fomentar una cierta integración económica de los centros funcionales definidos, basándose en
la puesta en práctica de medidas de planificación de âmbito comarca! (lo que supone un importante cambio
institucional). Esta integración económica pasa por la articulación de un tejido productivo, capaz de captar
los posibles valores afíadidos que la estructura económica genere, a la vez que la vertebración de un
mercado comarcal. En este posible esquema socioproductivo las relaciones extracomarcales se deben
asentar en la especialización económica, generadas mediante las posibles ventajas comparativas existentes.
A estos principios socio-económicos hay que sumarie características endógenas de
funcionalidad, para las comarcas de Guadix-Pedro Martínez, Montefrío-Alcalá-Priego, al menos, y en
alguna medida, para Iznalloz. Estas características se concretan en el aprovechamiento de los recursos
naturales (lo que supone sustitución de usos, ampliación de la base de recursos naturales, atención a los
problemas de salubridacl ambiental, recuperación de ti erras abandonadas ... ), fomento de los capitales
internos y de la inversión comarca!, potenciación de la conciencia comarca!, asociacionismo y
cooperativismo ...
BIBLIOGRAFÍA
CEE. Carta Europea de la Ordenación dei Territorio. Consejo de Europa.Bruselas. 1991. CEOTMA. Análisis territorial. Definición de un sistema nodal de referencia. Serie Monografías no 5. Madrid, 198!. COPUT. Plan especial de protección dei Medio Físico de la província de Granada. Junta de Andalucía. Sevilla. 1989. COPUT-CETU. Bases para la Ordenación de1 Territorio de Andalucía. Junta de Andalucía. Sevilla. 1990. COPUT -CETU. Autovía dei 92. Significación territorial dei Eje Transversal de Andalucía. Junta de Andalucía.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
NUEVAS TENDENCIAS EN LA GANADERIA EUROPEA. ESTUDIO COMPARATIVO DE LUGO (GALICIA) Y SARTRE (P. LOIRA)
M. P. DE TORRES LUNA J. R. BERTRAND A. PÉREZ ALBERT! R. C. LOIS GONZÁLEZ Universidades de Santiago y Le Mans
La agricultura atlántica europea se enfrenta a una coyuntura de crisis que viene sefialada por la
imposición de cuotas a las explotaciones ganaderas. En el presente estudio trataremos de analizar este
proceso de reconversión agraria en dos espacios bien diferenciados: la provincia de Lugo, dentro de
Galicia, y el departamento de la Sarthe, en el País del Loira.
Estas unidades administrativas poseen un tamano demográfico bastante similar (515.000
habitantes en 1982 para la Sarthe y 400.000 en 1981 para Lugo) y también coincidentes al orientarse
preferentemente hacia la ganadería bovina productora de leche. De hecho, en Lugo el número de
ejemplares vacunos asciende a 505.000 en 1986 (de los cuales 284.000 son vacas de ordeno) y en
la Sarthe a 410.000 (de los cuales cerca de 100.000 son vacas lecheras). En la Sarthe el máximo ganadero
se alcanzó en los anos 1950-1960 y la imposición de cuotas a la producción va a explicar un contínuo
retroceso en el volumen total de la cabana. Por el contrario en Lugo los anos anteriores a la incorporación
a la CE supusieron un crecimiento considerable de la cabana (recordemos que el censo bovino de esta
provincia era de 370.000 cabezas en 1970), mientras que en los últimos tiempos se empieza a estimular el
abandono de la producción lechera en beneficio de otras orientaciones agropecuarias.
La distribución actual de la ganadería bovina
En e! oeste de Francia, e! departamento de la Sarthe reserva un lugar preferente para la
ganadería de bovinos y se aproxima, por la importancia de su cabana, a la vecina Normandía. Esta
orientación privilegiada de la agricultura se traduce en un elevado promedio de bovinos por Ha. de SAU,
entorno a uno (concretamente 0,98) por Ha. en 1988. Con 412.000 cabezas el bovino es la primera cabana
del departamento. Todo este territorio muestra la misma tendencia y únicamente hacia e! sureste las
densidades de bovino por Ha. se debilitan. Las mayores concentraciones de esta espacie se localizan en
la mitad norte del espacio considerado y especialmente en una banda central, donde las densidades
sobrepasan frecuentemente los 11 O bovinos por cada 100 Has.
Este reparto de conjunto, sin embargo, encubre dos sistemas de producción bastante
diferenciados y geográficamente separados. Por una parte, la ganadería bovina lechera ocupa un puesto
preeminente con cerca de cien mil cabezas y una composición de la cabana donde la raza normanda
no ha sido superada hasta hace poco por las vacas frisonas. En número de explotaciones la dominante
lechera se encuentra en más de 4.600 casos, o sea, en cerca de un tercio del total de unidades de
producción dei departamento. Las densidades medias de vacas lecheras por cada 100 Has. de SAU son de
23 para el conjunto de la Sarthe. Y sobrepasan las 25 en un cierto número de comarcas (cantones) que se
localizan en una banda orientada de noroeste a sureste desde Fresnay sur Sarthe hasta Vibraye y Bouloire
pasando por Beumont y Monfort. Se debe anadir, de forma más modesta, el trazo de una periferia lechera
246
en el oeste y suroeste del Le Mans.
Por otra parte, la ganadería bovina para carne está representada sobre todo por la cifra de
vacas de cría censadas en 1988. Representan más de 46.000 cabezas, lo que ofrece una carga media de ll
animales por cada 100 Has. de SAU. Las densidades más fuertes se localizan en la mitad oeste del
departamento y particularmente en las comarcas (cantones) de Sablé, Loué, Brulon, Conlie y Sillé. Hacia
el este no tienen importancia más que en la comarca de la Suze y al sur de Le Mans. La ganadería de
terneros para carnicería aparece a menudo separada del sector pecuario de cría; se encuentra mucho
más difusa en el departamento y se reparte en dos bandas oeste-este al norte y al sur de Le Mans. De la
misma manera, las ganaderías de novillos no presentan una localización predominante. Se les encuentra
por todo el territorio con la única excepción de las comarcas situadas en la periferia de Le Mans.
Las dos distribuciones geográficas contrastadas, vacas lecheras y de cría, no sefíalan
especializaciones rígidas de los sistemas de producción agraria. En efecto, las zonas de fuertes densidades
de vacas de cría coinciden con áreas de implantación privilegiada de porcinos (cerdas madres y cerdas) y
de aves de corra!. Pera para los cerdos de engorde o las gallinas ponedoras se registra la misma dispersión
general que la observada para los terneros y los novillos. Esto quiere decir que las garantías industriales,
en relación más o menos estrecha con los productos cultivados, han alcanzado a todas las
pequenas regiones dei campo sarthoise. Incluso la denominación "pollos de Loué" desborda ampliamente
los límites dei departamento. Solamente la ganadería de vacas escapa todavía a la banalización y a la
homogenúzación de las distribuciones geográficas.
De la misma manera, las especializaciones en ganadería lechera o las vacas de cría resisten a las
transformaciones de los paisajes agrarios por e! mantenimiento (más de un tercio dei total) de praderas
naturales en la SAU. Asimismo no se puede olvidar que por todas partes progresan los cultivos forrajeros
de trébol y alfalfa y, sobre todo, de maíz forrajero.
SARTHE 1988- ELEVAGE BOVIN
NOMBRE DE V ACHES POUR 100 HECTARES V ACHES LAITIERES ET V ACHES NOURRICES·
• 45
ii 38 Moyenne = 34
5 Ecart-type = 7 31
Ej 24
E3 .
NUMERO DE VACAS (DE MUXIDA Y OTROS) POR CIEN HECTAREAS DE LABRADIO, PRADOS Y PASTIZALES
• 242
~ 175
§ Moyenne = 142 Ecart-type = 87
108 §
41 E3 .
247
Como se puede apreciar en el mapa correspondiente, la carga bovina en la provincia de Lugo
es muy superior a la comentada para la Sarthe si bien la estructura de la cabana es
bastante diferente en los dos espacios. De hecho, en la província gallega se llegan a contabilizar un total
de 142 vacas por cada 100 Has. de SAU, un promedio cuatro veces superior ai dei departamento dei
País dei Loira. En cifras absolutas el total de vacunos está próximo; sin embargo, los más de 500.000
ejemplares de Lugo son el resultado de contabilizar cerca de trescientas mil vacas y poco más de
doscientos mil terneros. Que la cifra de jóvenes bovinos sea inferior se explica porque los becerros se
venden ai cumplir los seis o siete meses de edad en toda Galicia (incluso en una minoría de casos hay
ventas para recría a los 15 días de edad). Frente a un consumo de carne poco diversificado en Espana,
el oeste francés llega a mostrar especializaciones muy detalladas en ganadería bovina (terneros, novillos,
bueyes, vacas, etc.), especializaciones que, en todo caso, implican que la edad de sacrifício de los animales
sea de promedio superior. Si el engorde de terneros se prolonga varios meses más en la Sarthe,
no es de extranar que supongan más de la mitad dei bovino total dei departamento (más
de doscientos cincuenta mil sobre un total de cuatrocientos diez mil).
En Lugo la fuerte presión bovina sobre el territorio se aprecia en casi todos sus municípios, a
excepción de las comarcas orientales de la alta montana y las de la costa occidental, donde llega a remitir
de forma significativa. En las áreas litorales las actividades agrarias, y en general la ganadería, juegan un
papel secundario en la economía local, vinculada a las industrias de implantación (alúmina-aluminio, etc.)
y a la explotación de los recursos marinos. Por lo que se refiere a la alta montana, la menor densidad de
vacas se asocia a marcados procesos de despoblación y a la existencia de cierta especialización ovina en
algunos espacios. A título de ejemplo, en el município de Cervantes se contabilizan 7.900 ovinos y
9.700 vacunos. Por lo que se refiere a los sectores con mayor número de bovinos por Ha. de SAU, cabe
senalar que la mayoría de ellos se localizan en las estribaciones de las Serras septentrionais:
área de montana media, de fuerte orientación pratense y definida por la existencia de un
248
tradicional paisaje de bocage. Como se puede deducir, esta comarca del norte lucense contrasta con
las características de los municípios de valle banados por el mar en los que la hegemonía de los prados
tradicionalmente fue sustituida por un predomínio de terrenos de labor y huerta.
La especialización bovina en esta província gallega del interior es un hecho evidente. En
concreto, cuando se alude a una reserva ganadera de Galicia es preciso tener en cuenta que el vacuno de
leche y carne se concentra en casi todo Lugo y las comarcas interiores de Pontevedra y A Coruna,
la orientación mixta bovino-ovino en el este y sur de Ourense y el porcino está distribuído de forma
homogénea por toda la región (en Lugo destacan sobre todo los cerdos de engorde en las comarcas de
Sarria y Chantada). A diferencia de lo comentado para la Sarthe, una abrumadora mayoría de las
vacas de Lugo se orientan a la producción láctea como lo demuestra la dinámica seguida en la composición
racial de la cabana: desde 1970 se ha producido una sustitución masiva de ejemplares de rubia gallega con
triple aptitud (trabajo, carne y leche) por frisonas holandesas. En los diversos municípios de la província la
venta de leche en fresco supone mayores ingresos que la comercialización de los terneros; tan sólo en
algunos espacios de la montana una minoría apreciable de explotaciones prefiere dedicarse a la carne de
calidad (venta de terneros de rubia gallega seleccionada a los siete u ocho meses de edad).
Transformaciones recientes
Desde fines dei siglo XIX la Sarthe ha conocido dos fases de evolución sucesivas.
Primeramente, como consecuencia de las crisis agrícolas y de la caída dei precio de los cereales, se registra
una reducción considerable de las superfícies cultivadas en beneficio de los cultivos forrajeros y de lo que
se ha dado en llamar "transgresión herbácea", es decir, una generalización de las praderas permanentes en
e! seno de las explotaciones. El paso hacia las superfícies herbáceas se ha realizado por todas las partes
donde las condiciones edafológicas lo permitían, pero sobre todo en las tierras arcillosas de la mitad
armoricana dei departamento. Esta transición, como en Normandía, ha acompanado a la intensa emigración
de los rurales y de los agricultores en la primera mitad dei siglo XX. E! auge de la ganadería bovina sobre
este soporte forrajero respondía también a las demandas acrecentadas de las ciudades regionales y de la
aglomeración parisina, tanto en carne como en leche. Y todo como en Normandía pues es la gran
raza mixta normanda la protagonista dei proceso. No obstante, no se trata de una simple copia dei modelo
normando; los ganaderos sarthois han recurrido igualmente a las razas vecinas de Maine-Anjou.
Hacia 1950 las superfícies ocupadas por la hierba cubrían entre la cuarta y las tres cuartas partes de
la SAU. En este momento ya aparecen especializaciones en el conjunto de la cabana de bovinos, las
vacas lecheras eran muy mayoritarias en e! sureste dei departamento y los alrededores de Le Mans, el
oeste y e! noroeste se orientaban ya hacia la carne.
Desde el máximo de difusión de la ganadería bovina lechera sobre praderas permanentes en los
anos 1950-60, el retroceso de la cabana bovina es contínuo. Se pasa de más de 140.000 cabezas
hacia 1970, a unas 130.000 en 1979 antes de caer a 98.000 en 1988. Pero, de hecho, los efectivos vacunos
(todas las categorías) no evolucionan apenas: el retroceso de las vacas lecheras es compensado
parcialmente por el aumento de las de cría cuyo efectivo en 1988 ya sobrepasa las 40.000 cabezas. Estas
transformaciones de la cabana bovina se acompanan de una modificación de los paisajes con un
retroceso importante de las superfícies ocupadas por praderas permanentes en beneficio de los cultivos
forrajeros y del maíz. La introducción y la generalización dei cultivo del maíz ha sostenido igualmente la
difusión de la ganadería porcina en el conjunto dei departamento.
Estas transformaciones de la cabana se vinculan claramente con la puesta en práctica de cuotas y
249
de primas al cese de la actividad lechera. La aplicación de la política agraria común definida en Bruselas
ha supuesto un violento éxodo agrícola, tanto por el paso a la jubilación de numerosos titulares de
explotación con poca superfície, como por la elección que hacen muchos jóvenes ganaderos antes de
proseguir con la producción lechera. El resultado no necesita comentarias: en menos de diez anos la cifra
de explotaciones lecheras ha pasado de más de 10.000 según datas de 1979, a menos de 5.000 en 1988. En
la Sarthe la disminución de las explotaciones lecheras es mucho más fuerte que la del conjunto de las
explotaciones agrícolas. Esto se comprueba con el retroceso más limitado en las regiones donde la
especialización lechera es menos acusada (banda occidental) que en los sectores donde constituye la
orientación dominante (conjunto de cantones dei noroeste). En resumen, la aplicación de la política agraria
común ha acelerado claramente el declive de la ganadería lechera en este departamento y recompone el
mapa de especialidades dei bovino, que tienden a retornar; al menos para la orientación lechera, a la
configuración territorial anterior a la segunda guerra mundial.
Como es posible deducir, la evolución de Lugo a lo largo dei siglo XX mantiene ritmos muy
diferentes a los dei departamento analizado. Durante los primeros decenios de la centuria las superfícies
pratenses, y en general los espacios consagrados a la alimentación de los animales, se mantuvieron
estancadas. El campo gallego refleja problemas de superpoblación y, en consecuencia, el desarrollo de
modelos agrarios fuertemente autoconsumistas era lo más representativo. En las casas había que procurarse
el cereal, las patatas, el lino y la carne (sobre todo a partir de la matanza de los cerdos) que se iba a
necesitar para todo el afio. Una orientación preferentemente comercial, como es el caso de la ganadería
bovina, ocupaba un papel secundaria en los esquemas productivos por varias razones. Por una parte, las
vacas tenían que trabajar como animal de tiro, lo que implicaba una merma de sus rendimientos. Por otra,
la escasa importancia de los mercados urbanos en Galicia y la lejanía de las grandes ciudades espaiiolas
justificaba una difícil comercialización de los terneros y, sobre todo, de los productos lácteos. De hecho,
sólo la elaboración de quesos artesanos y la exportación de becerros por ferrocarril permitían que esta
ganadería principal canalizase sus rendimientos hacia las regiones vecinas. En estas anos comienzan a
llevarse a cabo las primeras experiencias de mejora racial dei bovino. Las vacas dei país fueron cruzadas
con sementales suizos (sobre todo de la raza simmenthal), lo que dio lugar a la aparición de la
"rubia gallega" que mantenía una triple aptitud (trabajo, leche y carne) pero ligeramente especializada
hacia la consecución de buenos terneros.
Distintos estudios de historia agraria ponen de manifiesto que en los anos 1930 tu v o I ugar un
proceso de intensificación en el campo lucense. La introducción dei maíz forrajero y la ampliación de los
espacios reservados a pasto en general sustentaron un crecimiento y mejora de la cabana bovina que
continuaba orientándose preferentemente hacia los rendimientos cárnicos, si bien se detecta la aparición de
numerosas desnatadoras distribuídas por toda la província (es el primer signo de la entrada de
la agroindustria en el rural). Esta mejora fue bruscamente interrumpida por la guerra civil y los duros
aiios de postguerra supusieron el retorno a los modelos autoconsumistas. Se volvieron a plantear problemas
de superpoblación en el campo ante la imposibilidad de emigrar al exterior; en consecuencia, la idea de
producir el cereal y la carne de cerdo suficiente para aguantar todo el afio se convirtió en la principal
estrategia en el seno de la explotación. Durante dicho período el bovino juega un papel marginal en las
economías agrarias (en este contexto la demanda de las ciudades se había reducido considerablemente) ya
que el principal producto de comercialización hacia afuera va a ser el ganado mular, que se vende en
las grandes ferias de la província (San Froilán, San Lucas, Santos, etc.) a intermediarias que lo envían a
Castilla para trabajar en el campo.
250
El momento álgido de las mulas pasó pronto y a finales de los anos 1950 debe de hablarse de
franca decadencia de este tipo de comercio. El decenio de los 1960 se vincula en todo Lugo a la
proliferación de granjas de porcino y avícolas. La política gubernamental subvencionaba los piensos de
engorde de estas especies en un intento de abastecer los crecientes mercados urbanos de carne a precios
asequibles. Por el contrario, esta época prolonga la crisis dei vacuno, que debió hacer frente a
importaciones de carne procedentes de Argentina. Hay que esperar hasta 1970 para que se inicie el
proceso de intensificación bovina que va a suponer un crecimiento contínuo de la cabana, la
especialización lechera y la progresiva expansión de las superfícies pratenses y forrajeras a costa de
antiguos espacios reservados al cereal de autoconsumo. La raza rubia gallega de triple aptitud comienza a
ser sustituida masivamente por ejemplares de frisona holandesa, que duplican o triplican sus rendimientos
lácteos. Esta etapa expansiva dei vacuno se prolonga hasta 1986 (incorporación a las CE y último censo
ganadero ), en tanto que en los anos recientes la aplicación de políticas de cu o tas y de primas al cese de la
actividad lechera van a suponer un retroceso de las explotaciones bovinas que, bien se abandonan o, en una
minoría de casos, se transforman en explotaciones ovinas. Por último, el porcino y la avicultura mantienen
sus niveles de producción aunque estas cabanas tiendan a concentrarse territorialmente (en Lugo sobresale
la especialización porcina de Sarria con 69.104 cabezas y la de Chantada con 16.330).
Comarcas ganaderas tipo
Sin querer simplificar hasta el extremo la diversidad de situaciones de las zonas de ganadería en
la Sarthe, dos sectores pueden ilustrar las evoluciones de los sistemas de producción agrícola. Por
una parte tenemos el cantón más septentrional, en los límites con Normandía, que presenta una carga de
Unidades de Ganado Mayor por Ha. de las más débiles, esto es 0,9, y que conserva una clara orientación
lechera; por otra parte, un cantón occidental, Brulon, claramente orientado bacia la ganadería de carne con
una carga de 1,6 UGM por Ha. de SAU.
En el cantón septentrional de La Fresnaye sur Chédouet, la utilización y los paisajes reservan
todavía una parte predominante a las praderas naturales con un 68% de la SAU. Este rasgo tradicional deja
poca extensión a los cultivos de trébol y alfalfa o a las praderas temporales. El mantenimiento de prados
naturales actúa como freno a la puesta en cultivo de suelos generalmente arcillosos y ácidos. Las
mejores tierras se reservan al cereal. E! tamano de las explotaciones a tiempo completo se ha desarrollado
considerablemente desde hace 20 anos con una media de 48 Has. Este cantón es uno de los raros ejemplos
donde se ha visto aumentar la explotación directa en la Sarthe. La ganadería bovina presenta una clara
orientación lechera con 89 granjas sobre un total de 112 que se someten a cuotas. La raza nm·manda
tradicional representa aquí aun más de las lecheras y el peso de las razas holandesas no progresa más que
muy lentamente. La especialización lechera no excluye el engorde pero apenas apareceu otras especies
pecuarias. En este espacio se mantiene el sistema más tradicional de rentabilización agraria y la débil
intensificación aparente se debe de relacionar con la edad relativamente elevada de los titulares (un tercio
tiene más de 60 anos). Pero también es el resultado de una adaptación a condiciones edafológicas
medíocres que se traducen en la progresión de las ganaderías ovinas y en la aparición de
tierras abandonadas.
Hacia el oeste, en el canton de Brulon, la fuerte carga ganadera subraya la amplitud de la
revolución forrajera, que ha reducido la importancia de las praderas permanentes hasta el 44% de la SAU
en beneficio, sobre todo, de las asociaciones cereales-cultivos forrajeros (el maíz forrajero ocupa el
12% de la SAU). La tendencia al agrandamiento de las explotaciones a tiempo completo es menor, con
251
una media de 33 Has. Los sistemas pecuarios practicados son mucho más diversos, si bien 199
explotaciones sobre un total de 352 se someten a cuotas lecheras. Asimismo las formas de esta orientación
se han modernizado con salas de ordeno en una cuarta parte de las explotaciones. Y, sobre todo, lo que
sobresale es la cría de bovinos para carne: recién nacidos, terneros para carnicería y más todavía novillos.
Las razas se han adaptado con una cuarta parte de frisonas, una quinta parte de normandas y el resto
de Maine-Anjou. Estos bovinos se asocian con granjas de cerdos de engorde y avicultura. Todas estas
formas de intensificación y reorientación hacia la carne se vinculan a la juventud de los agricultores (hay
un titular de cada 5 con menos de 35 anos). Es preciso anadir el dinamismo de estas gentes que han
obtenido para sus productos denominaciones de calidad ("Loué'' para los pollos, "Erve-vegre" para
la carne vacuna).
Para el caso de Lugo también se han elegido dos áreas perfectamente individualizadas que
permiten explicar las distintas posibilidades que ofrece la cría pecuaria de este territorio. Se trata de la
comarca de la Ulloa, en el límite con A Coruna y Pontevedra, que sobre terrenos de penillanura y montana
media muestra una reciente especialización de bovinos de leche. Por su parte, la comarca de Becerreá
incluye todo el sector central de la alta montana Incense (Serras de Ancares y Cebreiro)
sin una clara especialización pecuaria, si bien la obtención de carne de calidad supera en importancia a la
vocación láctea.
La carga de UGM por Ha. de SAU en la Ulloa es extraordinariamente elevada: entre 2 y 2,5 para
los distintos municípios. Hay que tener en cuenta que las praderas permanentes y los pastizales tienden a
presentar cerca dei 70% del espacio no forestal. Por norma las superfícies herbáceas se han extendido a
costa dei cereal cuando se produjo la expansión de los recorridos lecheros en los afíos 1970; además esta
comarca, de aguda despoblación reciente, ve incrementar aquellos espacios agrarios que requieren menos
atención, en concreto las praderas sembradas cada varias anos con hierba dei país. Aunque los cultivos
forrajeros tienen menos importancia, no se puede olvidar su espectacular expansión en épocas recientes: e!
maíz forrajero pasa de ocupar 64 Has. en 1968 a 640 en 1990; los terrenos de trébol y alfalfa han pasado
de 73 Has. a 925 en el mismo período. En otro orden de cosas la cabana bovina muestra cierto equilibrio
entre las frisonas y las rubias gallegas; las primeras vinculadas a los rendimientos lácteos que justifican la
presencia de más de una decena de empresas recogedoras en la comarca. El número total de explotaciones
decrece como resultado del paso a la jubilación de un gran volumen de titulares (el envejecimiento dei
campesinado gallego es un hecho incuestionable). Sin embargo la cifra de explotaciones modernizadas y
con ganaderos jóvenes se mantiene y nuevas especializaciones de alta rentabilidad como el ovino, el queso
con denominación de calidad y la carne perteneciente ai tipo "ternera gallega" comienzan a irse
consolidando en un proceso de diversificación.
Los recorridos de las centrales lecheras en Becerreá sólo benefician a una minoría de
explotaciones ya que las bajas densidades de población y los graves problemas de accesibilidad de muchas
aldeas de este sector de la montafía hacen poco rentable la comercialización de leche en fresco. Por lo tanto
esta área se vincula a sistemas de explotación más tradicionales aun cuando la carga de UGM por Ha. de
SAU es muy similar a la de la Ulloa. Este hecho se explica si tenemos en cuenta que la superfície ocupada
por el monte bajo y el bosque arbolado representa cerca del 90% de la extensión total. Muchas áreas de
matorral actúan como espacios preferentes de pasto para rebanos ovinos y vacunos, que apenas retornan a
la explotación. La especialización pecuaria es menor y así se comprueba que los terrenos reservados a
cultivos forrajeros tienen una escasísima importancia si exceptuamos la tradicional siembra de nabos
salpicando parcelas de cereal. Las razas vacunas y ovinas predominantes son las dei país y es necesario
matizar que el escaso dinamismo agrario de este sector tiene que ver con un espectacular proceso de
252
envejecimiento demográfico (más del 25% de los habitantes superan los 60 aiíos) y de despoblación (estos
municipios han perdido entre un 60 y un 65% de sus habitantes a partir de 1950).
BIBLIOGRAFIA
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Santiago de Compostela, 1992.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
AS CAIXAS DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO NO ALGARVE- ELEMENTOS PARA A COMPREENSÃO DA SUA ACÇÃO
LUÍS MORENO Faculdade de Letras de Lisboa
As caixas de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM), instituições parabancárias de crédito cooperativo
para o sector agrícola, têm raízes nos Celeiros Comuns criados no último quartel do século XVI e nas
Misericórdias que, embora anteriores, tiveram um papel percursor do actual crédito agrícola desde o
século XVIII. Nos fins do século XIX, com a extinção dos Celeiros Comuns, as evoluções das
Misericórdias, a publicação das "Leis-Base" do Cooperativismo e do Associativismo Agrícola e do
Código Comercial de 1888, aparecem as CCAM - a partir de 1904 - embora mudanças mais ou menos
profundas de alcance e condições de actuação se venham a efectuar com medidas legislativas em 1911,
1914 e 1919. A autonomia administrativa é conseguida de 1925 a 1929, em que a existência da
Caixa Geral de Crédito Agrícola a permitiu, contrapondo-se a sequente tutelagem das CCAM pela
Caixa Nacional de Crédito e, após 1969, pela Caixa Geral de Depósitos, com efeitos limitantes pela
concorrência no financiamento e recolha de poupanças e dando fraca importância à actividade das CCAM,
salvo raras excepções.
Na prática, as CCAM funcionam como associações de agricultores e cooperativas de crédito em
benefício exclusivo dos associados, procurando tirar proveito da ausência do lucro próprio dos banqueiros
e intermediários do crédito, além da vantagem dos privilégios, isenções fiscais e tributárias inerentes ao
estatuto de "pessoas colectivas de utilidade pública". Possuem uma área de influência ao nível do concelho
ou, mais raramente, da freguesia.
Na segunda metade dos anos 70, no contexto da perspectiva de adesão à CEE, e em plena crise
associada ao primeiro choque petrolífero, foram encetadas várias acções para enfrentar o mal-estar geral da
agricultura portuguesa, com recurso às CCAM: a Lei no 14/78, de 23 de Março, ratificando a criação do
IFADAP' em 1977, consagra também as CCAM como "Instituições especiais de Crédito", agrupadas em
federação nacional por iniciativa de algumas (criação da FENACAM em 1978); desde 1979 são
implementadas normas no âmbito do SIFAP2
, a que as CCAM aderem em 1981, pelo que coerentemente é
instituído um novo regime jurídico no ano seguinte, integrando a actividade destas instituições no regime
geral das instituições de crédito, substituindo o financiamento da CGD pelo do IFADAP e permitindo
estender o crédito a outras actividades essenciais ao desenvolvimento rural, além da produção
agropecuária. A revisão dos estatutos - o código cooperativo e legislação complementar (Decretos-Lei
454/80 e 231/82) são adaptações coerentes às novas exigências. Em Junho de 1984, por iniciativa das
CCAM individuais e da FENACAM é também criada a Caixa Central, cooperativa para crédito,
compensação e obtenção de recursos, no sentido de suprir a falta de uma entidade central de garantia.
Neste contexto de rápidas e profundas mudanças, o facto de as CCAM constituírem o veículo
privilegiado de atribuição de crédito subsidiado aos agricultores, integrando fundos de origem nacional e
1. Instituto Financeiro de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas, da responsabilidade do Banco de Portugal, criado com o Decreto-Lei n° 344177, de 19 de Agosto. 2. Sistema de Financiamento à Agricultura e Pescas.
254
da CEE (no âmbito das ajudas de pré-adesão) para projectos de investimento, provocou uma adesão ímpar
de associados, além de depositantes (associados ou não) atraídos pelas mais elevadas taxas de juro e
isenção de impostos.
No caso do Algarve, de acordo com a figura l, apenas existiam 9 CCAM até 1977
-correspondendo a cerca de 3400 associados nesse ano -passando para 16 em 1980 (5558 associados)
e 18 em 1982 (7533 associadod. De acordo com PINHO (1987), o distrito de Faro (Algarve) era em 1986
o segundo, quer no número total de CCAM (depois de Viseu), quer no total de empréstimos das CCAM do
país (depois de Lisboa), sendo ainda o Algarve a região em que as CCAM mais cresceram em termos
gerais (depósitos, empréstimos, número de estabelecimentos, membros, etc.). A este facto não é alheio o
papel indutor da CCAM de Monchique, considerada a "Alma Mater" do cooperativismo de crédito em
Portugal,. já que interveio na implementação do Crédito Agrícola nos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda e
na constituição de várias outras CCAM em vários distritos, incluindo grande parte das outras CCAM
algarvias (sob a forma de apoio logístico, formação de funcionários e até colocação de excedentes a
taxas inferiores às praticadas pela CGD). Tendo em perspectiva inicial a fundação da Caixa Regional de
Crédito Agrícola Mútuo do Algarve (prevista na legislação de 1911 e 1914 ), e também com o empenho 4
particular da CCAM de Monchique, é fundada a UNICAMA em 1978, união regional para o apoio técnico
e representação das CCAM algarvias.
N
t
D Até 1977 m 1987- 1988
D 1978- 1980 • 1989- 1992
1981 - 1982 1983- 1984 D Sedes
1985- 1986 o Delegações
Fig. 1 -Caixas de Crédito Agrícola no Algarve
Difusão de informação e crédito agrícola.
A mobilização dos recursos financeiros locais para o investimento produtivo no mundo rural é
um privilégio de domínio geral das CCAM. De facto, os bancos comerciais encontram-se menos
vocacionados para actividades de alto risco e fraca e lenta recuperação do capital, envolvendo mais alguns
3. A não coincidência com o número de concelhos (16) deve-se à existência das CCAM de Alte e S. Bartolomeu de Messines, com área social circunscrita às respectivas freguesias, duplicando estas instituições nos concelhos de Loulé e Silves, embora algo oposto se venha a apresentar com a junção numa só, em 1986, das CCAM de Castro Marim e Vila Real de SantoAntónio, criadas respectivamente em 1979 e 1978. 4. Cujo director executivo veio a ser um dos principais organizadores da Caixa Central e membro da sua direcção.
255
agricultores ricos e/ou cosmopolitas e pluriactivos. Além disso, o conhecimento da realidade local nas
áreas rurais é coerente com as razões que estão na base da constituição e sustentação das CCAM:
a consciência das condições e limitações locais consolida a força anímica que leva alguns agricultores a
constituírem uma forma associativa (cooperativa) - ainda que com apoios externos - cujo caso particular
lhes surge como acarretando vantagens económicas evidentes, tanto mais porque acompanhadas de
serviços ao agricultor menos viáveis para outras instituições.
A difusão de informação dos mass média sobre os apoios comunitários e estatais para o
investimento agrícola, mais intensa desde meados dos anos 80, trouxe às CCAM a responsabilidade de
assumir um papel supletivo ao do Ministério da Agricultura, na satisfação dos interesses dos associados,
em número crescente. A participação do Crédito Agrícola Mútuo no capital social de várias empresas é
coerente com a prestação de serviços através delas, como é o caso de seguros, viagens, elaboração de
projectos e estudos de viabilidade. Essa prestação de serviços, tornada necessária no contexto de todo um
conjunto articulado de meios viabilizadores do investimento positivo e consequente, teve como uma das
condições a admissão de técnicos superiores com formação técnica na área agronómica (65.2% do total,
hoje), o que foi a regra desde 1980. Outras formações dos técnicos superiores, para as CCAM com mais de
um, são as de Economia (17.4%), Direito (13%) e Sociologia (4.3%). As CCAM sem dimensão ou
possibilidade de ter o(s) técnico(s) necessário(s) puderam recorrer aos serviços da UNICAMA, para dispor
de assistência periódica, mais ou menos regular, na elaboração de projectos de investimento para
atribuição de crédito aos associados, bem como acompanhamento posterior dos mesmos. Contudo, a
evolução da generalidade das CCAM algarvias, àtingindo dimensões de escala suficientes para dispor de
técnicos próprios, e o aumento da cooperação directa "inter-CCAM", além do decréscimo de agricultores
solicitando os serviços técnicos locais, nos últimos anos (passada a "grande vaga"), ocasionaram
diminuição da procura de serviços da UNICAMA e apontam para a sua extinção.
A intensificação dos contactos entre os agricultores e entre estes e os técnicos, induzidas pelo
aumento do poder difusor de informação das CCAM (técnica agrícola, financeira e outras), é paralelo e
mais ou menos proporcional à área de influência e implantação da CCAM cada vez mais à dimensão e
estrutura socio-económica da massa humana de sustentação, já que o acesso à informação e ao
financiamento é indicador do grau de integração do agricultor no sistema de mercado e apresenta, assim,
diferenças regionais cuja importância se cruza com os vários aspectos em que se definem os desequilíbrios
intra-regionais algarvios.
Assim, a figura 2 dá-nos a dimensão das CCAM em associados, em 1990, bem como o relativo
incremento bienal desses apenas nos anos oitenta e biénio anterior. Em conjunto com a figura 1, que nos
apresenta a "dinâmica espaço-tempo", ajuda-nos a esboçar o seguinte panorama.
Uma oposição essencial identifica, por uma lado, um Algarve marginal, infra-dotado de
agricultura ou pecuária com capacidade concorrencial, testemunhado por escasso número de balcões para o
crédito agrícola cooperativo, correspondente dimensão associativa modesta e fraco ou nulo apoio técnico
próprio, complementar ao financeiro. Corresponde, em primeiro lugar, ao quarto algarvio do NE, que
inclui a maior parte do maciço xistoso da Serra Algarvia - os relevos mais movimentados da Serra
do Caldeirão e o Planalto de Alcoutim - área repulsiva de população rarefeita ( 4 a 12 hab/km2),
envelhecida, pobre e dominantemente analfabeta, reflectindo a herança da ausência crónica das
infraestruturas, equipamentos e diversidade de recursos de outras áreas. Sofrendo também estes problemas,
de forma um pouco menos marcada, embora devido (em parte) a factores naturais diferentes, deve-se
mencionar o litoral ocidental, até um eixo N-S a Oeste da Serra de Monchique.
Por outro lado, temos um Algarve menos desfavorecido, em que a diversidade impera. É o
256
N
t
O CJ... []••• § 11 • :::: :::: 1978 1980 1982 1942 1986 1988
-1980 -1982 -1984 -1986 -1988 -1990
Biénios
o 10 20Km
1624
1050
600 N" de associados
198
o
Fig. 2- CCAM's do Algarve, n° de associados em 1990 e saldo da evolução inter-bienal
Algarve da Agricultura irrigada, em maior ou menor escala, das infraestruturas viárias essenciais. No
interior, Monchique apresenta condições naturais favoráveis, embora tal não seja o caso das infraestruturas
e equipamentos. A dimensão da sua CCAM deve-se à sua dinâmica particular, embora o seu potencial de
crescimento seja muito reduzido na base local (saturação) corresponde ao concelho com a maior taxa de
variação demográfica negativa no Algarve, nos anos oitenta (aprox. -26%). Silves beneficia dos
maiores perímetros de rega do Algarve, além da sólida implantação da sua CCAM; sendo um concelho
agrícola de grande dimensão, houve lugar para um forte crescimento de uma CCAM independente na sua
freguesia de S. Bartolomeu de Messines, com balcão em S. Marcos da Serra, facto favorecido pelo
atravessamento das duas principais vias de acesso ao Algarve: ferroviária e rodoviária, esta desde os
inícios do decénio em estudo.
No litoral, a forte concorrência inter-sectorial repercute-se no domínio de agricultores entre o
absentismo e o pluri-rendimento (turismo e actividades induzidas), com reflexos numa dimensão contida
das CCAM em número de associados, embora com relativo sobredimensionamento da massa de
depositantes, coerente com a concentração demográfica peri-costeira.
O número de balcões, ou seja, delegações de cada CCAM, surge como resposta a essa
concentração demográfica, no quadro da nova legislação que permite às CCAM competir com as demais
instituições de crédito. Assim, a imposição do Banco de Portugal que põe fim à actividade dos 5
prospectores , deixa no seu lugar as delegações que vão beneficiar principalmente as CCAM inseridas em
meios urbanos e proximidades, já que comporta uma população mais numerosa e geralmente com
melhor inserção no sistema económico. É o caso das áreas limítrofes das cidades de Faro e Olhão, com
grande número de pequenas explorações em solos ricos, com culturas forçadas e irrigação intensa. Embora
·sem estas riquezas naturais do ponto de vista da utilização agrícola, muitas outras áreas liturais vêm nascer
Agentes ambulantes das CCAM, actuando no meio rural para a angariação de associados e cobranças.
257
QUADRO I QUADRO II
Diferença entre o número de associados admitidos por concelho e o No e % de associados das de admitidos pelas CCAM correspondentes (1986-1990) residentes fora do concelho da
respectiva CCAM
1986 1987 1988 1989 1990 Som. No % ALBUFEIRA 11 -5 -3 -5 -9 -11 ALBUFEIRA 169 16,1 ALCOUTIM o -3 -2 -3 -1 -9 ALCOUTIM 41 10,1 ALJEZUR -2 -6 -1 -2 -2 -13 ALJEZUR 43 9,1 C.MARIM+VR 2 -1 -7 -6 -6 -18 C.MARIM+VR 52 6,3 FARO 8 7 20 28 56 119 FARO 75 6,3 LAGOA -11 -15 -6 -10 -19 -61 LAGOA 200 21,4 LAGOS -2 -7 -2 -lO 914 -35 LAGOS 243 19,1 LOULÉ 5 3 13 18 20 59 LOULÉ 55 4,9 MONCHIQUE -18 -20 -25 -9 o -72 MONCHIQUE 271 16,7 OLHÃO -32 -6 -33 -37 -82 -190 OLHÃO 359 24,3 PORTIMÃO 16 24 -23 25 13 101 PORTIMÃO 65 6,7 S.BRÁSALP. -6 -2 -11 -4 -8 -31 S.BRÁSALP. 111 17,8 SILVES -17 -13 -25 -24 -23 -102 SILVES 404 13,1 TAVIRA 14 4 16 4 25 63 TAVIRA 92 9,2
nas suas povoações um balcão de CCAM, como estratégia de captação de depósitos e diversificação
associada à penetração concorrente na rede dos serviços bancários multi-sectoriais. São exemplo os
balcões recém-surgidos ou a abrir em breve de Vila Real de Santo António, Cabanas de Tavira,
Olhos de Água e Sagres.
Na área de influência que se estabelece para cada CCAM a partir da sua forma particular de
implantação espacial, não há apenas concorrência com as instituições bancárias, mas também entre as
próprias CCAM. Os quadros I e II permitem-nos apreender dois fenómenos paralelos e de acção
complementar. Por um lado, os centros urbanos de Faro, Portimão, Loulé e Tavira, ou melhor, os
respectivos concelhos, são residência de vários associados de CCAM's externas a estes concelhos, pelo
menos em maior número que aqueles das próprias CCAM residentes noutros concelhos, o que é indicador
satisfatório da importância destas cidades e da sua centralidade no sistema regional. Por outro lado, isso
reflecte também a estratégia mais ou menos agressiva de crescimento de algumas CCAM, conseguindo
assim associados suposta e potencialmente mais cosmopolitas, embora este fenómeno possa não ser muitas
vezes resultante de uma acção intencional, que poderia ser interpretada como anti-ética; a multiresidência
de alguns agricultores, associada por vezes ao grande afastamento de parcelas da exploração agrícola, pode
justificá-lo. Em qualquer caso, a CCAM de Olhão destaca-se nitidamente, com quase 1/4 dos seus
associados provenientes do exterior do concelho e contribuindo para se afirmar proximamente como a
maior do Algarve. Outros casos (Lagoa, Lagos ... ) parecem ter uma tendência semelhante, embora em
menor escala, ao passo que Monchique parece acusar uma tendência inversa.
A importância destes aspectos prende-se com o facto de as novas áreas de influência em
definição passarem a ser também áreas sujeitas a novas formas ou cambiantes de informação e
investimento para o agricultor, próprias de cada CCAM, em função das formas organizativas adoptadas, do
tipo e frequência de contactos, de solicitações, de facilidades ou entraves às inovações e, daí, às alterações
com expressão na organização do espaço agrícola e do espaço rural. A interpretação de áreas de influência
é, assim, um potencial factor de "efervescência": diversidade induzida- conflito- estratégias de superação
258
- mudança. Só um estudo mais profundo e articulado (não cabe aqui mais que sugeri-lo) poderá permitir
pesar as diferentes contribuições para a informação e investimento do agricultor. É essencial a articulação
com a dinâmica encetada pelos ministérios da Agricultura, do Emprego e Segurança Social, da Educação,
das diversas associações e cooperativas (muitas dinamizadas pelas CCAM), bem como a forma como se
estruturam no espaço as suas acções. Também é essencial analisar os condicionamentos inerentes à cultura
própria (saberes, motivações, expectativas ... ) e às condições de vida dos diferentes agricultores. Tudo isto,
no quadro das transformações regionais induzidas pela adesão à CEE.
BILIOGRAFIA
BORRÊGA, Maria Manuela F B (1984) -"O papel do IFADAP no desenvolvimento das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo", Tribuna do Algarve, no 23, Lagoa, pp. 17-20.
CAVACO, Carminda (1977)- A cooperação agrícola em Portugal: desenvolvimento e expressão geográfica, Lisboa. GUERREIRO, João P (1987)- "O Algarve e os seus recursos naturais", Pensamiento lberoamericano, no 12,
Julio-Diciembre 1987, pp. 361-379. PINHO, Ezequiel A ( 1987) - Credit Cooperatives in Southern Portugal: recent evolution and current performance,
The Ohio State University, DRAA. SEBASTIANA, Diogo A R C (1984)- "A origem e evolução das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo", Tribuna do Algarve,
no 23. Lagoa, pp. 8-12.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA UTILIZACIÓN DE LA LEGISLACIÓN COMO FUENTE PARA EL ESTUDIO DE LA GEOGRAFÍA RURAL. REPERCUSIÓN TERRITORIAL DE LA POLÍTICA PARA
ZONAS AGRÍCOLAS DESFAVORECIDAS EN EL TERRITORIO ANDALUZ.
INTRODUCCIÓN
ROCÍO SILVA PÉREZ Departamento de Geografía Humana Universidad de Sevilla.
Entre los distintos tipos de fuentes con el geógrafo cuenta a la hora de acometer el análisis de la
dinámica evolutiva de un espacio rural concreto cada vez están cobrando un mayor protagonismo las
estrictamente legislativas.
La normativa legal con incidencia en el medio rural puesta en marcha por parte de las distintas
administraciones implicadas en el desarrollo de estos espacios constituye un elemento primordial para
explicar la evolución de las estructuras productivas agrarias, a la vez que una importante fuente de
investigación geográfica.
En esta comunicación nos proponemos, por una parte, precisar la contrubución social que puede
hacer el geógrafo con el estudio de este tipo de fuentes y, por otra, analizar la repercusión territorial que
éstas puedan tener en un doble aspecto:
1.- El análisis de los resultados obtenidos con su aplicación efectiva en las zonas
rurales afectadas.
2.- El análisis de sus condiciones de aplicabilidad, o lo que es lo mismo, la
adaptación/inadaptación de los imperativos legales contenidos en cada medida a las características
concretas del espacio rural al que se pretende aplicar.
Para ello nos hemos centrado en el estudio de una normativa específica, el Titulo III
dei Reglamento (CEE) No 797/85 relativo a la Política Comunitaria aplicable en zonas agrícolas
desfavorecidas y en e! análisis de su aplicación a una zona concreta: e! territorio ocupado por
la Comunidad Autónoma andaluza.
REPERCUSIÓN DE LA POLÍTICA SOCIOESTRUCTURAL COMUNITARIA PARA ZONAS AGRÍCOLAS DESFAVORECIDAS EN EL TERRITORIO ANDALUZ.
La Política Socioestructural Comunitaria para Zonas Agrícolas Desfavorecidas se inicia en 197 5
con la Directiva 75/268/CEE que será sustituida diez afíos más tarde por el Título III del R. (CEE) 797/85,
modificado a su vez en algunos puntos por el R. (CEE) 2052/88 puesto en marcha con motivo
de la Reforma de los Fondos Estructurales iniciada en 1988 en vistas a la consecusión del
Mercado Unico Europeo.
A través dei programa comunitario para áreas desfavorecidas se pretende "asegurar la
preservación de la actividad agrícola en estas zonas, como medio de garantizar en las mismas el
mantenimiento de un nível mínimo de población y la conservación del medi o natural (Art0 1 o Título 1 de
la Directiva 75/268/CEE). Para conseguido, se incentiva a los agricultores a que sigan manteniendo las
hectáreas de cultivo o la cabana ganadera de sus explotaciones por medio de una prima anual denominada
260
Indemnización Compensatoria, fijada anualmente por cada Estado miembro de la CEE y aplicada en
nuestro país, como ya hemos sefialado, desde el afio 1986.
Resultados de la aplicación de la Política Socioestructural Comunitaria para Zonas Agrícolas Desfavorecidas en el territorio andaluz durante el período 1986-1989.
La Política Comunitaria para Zonas Agrícolas Desfavorecidas no es aplicable en todo el
territorio de la Comunidad, sino sólo en aquellos espacios que cumplen una serie de condiciones que
justifican su carácter "desfavorecido".
La CEE distingue tres tipos de zonas desfavorecidas:
a) Las Zonas Desfavorecidas de Montaíia, caracterizadas por presentar especiales dificultades
para el ejercicio de la actividad agraria en razón de su altitud y/o pendiente.
b) Las Zonas Rurales Desfavorecidas con riesgo de despoblamiento, caracterizadas por
poseer tierras de poco potencial productivo, utilizables sobre todo por la ganadería extensiva y por
presentar una escasa densidad de población o tendencia a la regresión demográfica, y
c) Las Zonas con limitaciones específicas bien sean éstas de carácter natural - pobreza dei
suelo, falta de drenaje, excesiva salinidad, etc. - o "legislativo" - disposiciones que regulan
la preservación dei paisaje y limitan la actividad agraria por regulaciones relacionadas con la protección
dei medioambiente -, de superfície reducida, en las que resulte conveniente el mantenimiento dei ejercicio
de la agricultura para la conservación dei medio natural, la preservación dei atractivo turístico, etc.
De estos tres tipos de zonas desfavorecidas sólo las dos primeras - Zonas Desfavorecidas de
Montafia y Zonas Desfavorecidas en Despoblamiento - han sido desarrollados por la legislación espafiola.
La primera delimitación de Zonas de Agricultura de Montafia tuvo lugar en nuestro país con
anterioridad a nuestra incorporación a la CEE (Orden Ministerial de 6 de marzo de 1985);
con posterioridad, en 1986 (Orden Ministerial de 9 de junio) se efectuó una segunda delimitación inclui da,
junto con la anterior, en la lista Comunitaria de Zonas Agrícolas Desfavorecidas a través de la
Directiva 86/466/CEE; finalmente, con la ampliación de 1987 (Orden Ministerial de 21 de julio) se
termina de configurar la actual superfície espafiola incluída en la lista comunitaria de Zonas de Agricultura
de Montafia, pero habrá que esperar a 1989 (Orden Ministerial d~ 3 de abril) para que el Estado espafiol
acometa la primera delimitación de nuestras Zonas Desfavorecidas en Despoblamiento, ampliación ésta
última que será reconocida en la Decisión 89/566/CEE.
Cuadro no I
Municípios andaluces incluídos en la lista comunitaria de Zonas Agrícolas Desfavorecidas.
PROVINCIA ZDM (1) ZDM (2) TOTAL
Almería 75 14 89
Cádiz 16 16
Córdoba 13 46 59
Granada 125 14 139
Hue1va 25 23 48
Jaén 57 32 59
Málaga 70 70
Sevilla 5 18 23
ANDALUCÍA 386 147 533
(1) Zonas Desfavorecidas de Montaiía
(2) Zonas Desfavorecidas por despob1amiento
FUENTE: Documento de trabajo facilitado por la Dirección General de Agricultura, Ganadería y Montes. Junta de Anda1ucía. E1aboración propia.
261
Como resultado de todo este proceso, los municípios andaluces incluídos en la lista comunitaria
de Zonas Agrícolas Desfavorecidas se elevan en 1989 a 533 (cuadro n° I) y ocupan una superfície
de 5,8 millones de hectáreas (el 67,5% de la superfície regional); entre éllos, predominan los situados en
Zonas Desfavorecidas de Montafía (más dei 72% de los municípios calificados como "desfavorecidos")
sobre los desfavorecidos a causa de su despoblamiento (véase mapa adjunto).
A estos dos tipos de zonas agrícolas desfavorecidas (ZDM y ZDD) se correspondeu dos
Indemnizaciones Compensatorias distintas: una Indemnización Compensatoria de Montafía (ICM),
aplicada en Andalucía desde 1986, y una Indemnización Compensatoria para Zonas Desfavorecidas en
Despoblamiento, que se afíade a la anterior en 1989.
Cuadro no II
La Indemnización Compensatoria recibida por las explotaciones andaluzas durante el período 1986-1989
N° Explotaciones Importe Subv. Media Subv. Máxima
beneficiadas (mill. ptas) (ptas/explot.) (ptas/explot)
ICM/86 11.115 759,27 68.319 225.000
ICM/87 6.893 228,192 40.395 60.000
ICM/88 10.025 485,963 48.475 73.500
IC/89 11.857 552,145 46.467 73.500
IC 86/89 39.890 1.895,570 50.927
FUENTE: Idem
Durante el período comprendido entre 1986 y 1989 se beneficiaron de la Indemnización
Compensatoria unas 40.000 explotaciones andaluzas que recibieron un importe conjunto para estos
cuatro afíos cifrado en unos 2.000 millones de pesetas (cuadro n° II). La prima máxima recibida por
explotación (225.000 pesetas) se consiguió en 1986, habiéndose producido un descenso de ésta en
afíos sucesivos hasta estabilizarse en 73.500 ptas/explotación a partir de 1988.
El importe medio anual recibido por explotación durante este período - unas 51.000 pesetas -
está muy lejos de acercarse a las subvenciones máximas anteriormente sefíaladas. No obstante, pese
a la parquedad de estas poco más de 50.000 pesetas de ayuda podemos decir que la
Indemnización Compensatoria constituye la principal línea socioestructural de la PAC con incidencia
en las explotaciones agrarias andaluzas tanto en lo que se refiere al volumen de los fondos recabados como
al número de los agricultores afectados por la misma, queda por averiguar en qué medida está
contribuyendo este programa comunitario a la fij ación de la población en las zonas andaluzas
más desfavorecidas y si estos fondos están redundando en una mejora efectiva de las estructuras
productivas de las explotaciones más necesitadas en función de su marginalidad.
MUNICIPIOS ANDALUCES INCLUIDOS EN LA LISTA COMUNITARIA DE ZONAS DESFAVORECIDAS
o 10 30 50 70 Kms
DELIMITACION DE LA SUPERFICIE ANDALUZA AFECTADA POR EL SET-ASIDE
ZONAS DESFAVORECIDAS DE MONTANA
1:~:~:5 ZONAS DESFAVORECIDAS EN DESPOBLAMIENTO
(Elaboración própria)
N 0\ N
263
Condiciones de Aplicabilidad de la política socioestructural Comunitaria para Zonas Agrícolas Desfavorecidas en el territorio andaluz.
Una vez presentados los resultados de la aplicación del programa socioestructural Comunitario
para Zonas Agrícolas Desfavorecidas en la Comunidad Autónoma andaluza nos proponemos evaluar
el grado de adaptación de la Indemnización Compensatoria a las características específicas de
las agriculturas y las explotaciones de esta región.
De acuerdo con la legislación europea aplicable en zonas desfavorecidas pueden benerficiarse de
la Indemnización Compensatoria los agricultores cuyas explotaciones estén situadas en uno de los
municípios incluídos en la lista Comunitaria de Zonas Agrícolas Desfavorecidas que se comprometan a
seguir cultivando al menos dos hectáreas de superfície y/o a mantener el equivalente a dos Unidades de
Ganado Mayor (UGM) durante un período mínimo de cinco anos. La Indemnización Compensatoria
pagada en estos casos se cifra en unas 6.000 ptas/Unidades Liquidables (obtenidas éstas de la adición de
las hectáreas de cultivo y las unidades ganaderas contabilizadas por explotación) para las
zonas desfavorecidas de montafía y en 3.600 Ptas/U.L. para las zonas desfavorecidas en despoblamiento
estableciéndose, a! efecto de favorecer a las explotaciones más pequenas - que se suponen que son las
más desfavorecidas - un coeficiente reductor de la prima aplicado a medida que aumenta el número de
hectáreas o Unidades Ganaderas auxiliables por explotación. Asímismo, se fija en 25 unidades e! número
máximo de cabezas de ganado subvencionadas y en 40 e! número máximo de hectáreas de
tierras de cultivo auxiliables por explotación.
Teniendo en cuenta estos intervalos podemos afirmar que la política estructural Comunitaria
para zonas agrícolas desfavorecidas ha sido disefíada pensando en explotaciones de tipo "medio"
nada fáciles de encontrar a lo largo de la geografía andaluza y, especialmente en e! territorio calificado
como "desfavorecido" en esta región.
Cuadro no III
Estructura de la propiedad de la ti erra en las zonas andaluzas desfavorecidas
Tamafío No %sobre Superfície %sobre la
(Has) Explot. total* afectada(Has) Superf.Total*
< 1 79.800 23,3 40.420 0,62
de 1 a< 5 148.406 44,0 351.800 5,40
>50 15.994 5,0 4.771.286 73,60
*Ambos porcentajes están hallados sobre e! total de explotaciones andaluzas "desfavorecidas" y la superfície ocupada por las mismas.
FUENTE: Elaboración propia a partir dei Censo Agrario de 1982. Tomo IV. Resultados Comarcales y municipales.
Cifíéndonos a las explotaciones desfavorecidas andaluzas de vocación agrícola dominante
(cuadro no III) observamos que cerca de la cuarta parte de las mismas (unas 80.000 en toda la región)
quedan excluídas totalmente de los benefícios de la Indemnización Compensatoria por poseer una
dimensión superficial inferior a una hectárea, cifra que habría que elevar hasta alcanzar un porcentaje de
al menos el 35-40% de las explotaciones "desfavorecidas" de la región si tenemos en cuenta que en
el intervalo 1-5 Has quedan incluídas muchas explotaciones que también quedarian al margen de esta línea
estructural de la CEE por no poder garantizar e! mantenimiento del cultivo en una superfície mínima de
dos hectáreas.
264
Si nos centramos en las explotaciones de mayor tamano, la escasa aplicabilidad de este programa
en el territorio andaluz se refuerza, pues, como se recordará, la Comunidad fija en cuarenta hectáreas la
superfície máxima subvencionable por explotación para el cómputo de la Indemnización Compensatoria y
las explotaciones andaluzas con una superfície por encima de las 50 Has - intervalo, éste último, de
nuestro Censo Agrario que más se aproxima al contemplado en la normativa europea - sobresalen,
sí no por su número (unas 16.000 en todo el territorio "desfavorecido" de la región), sí por la superfície
que ocupan: más de 4,7 millones de hectáreas que representan las tres cuartas partes del territorio andaluz
incluído en el programa comunitario para zonas desfavorecidas.
Podemos, pues, concluir diciendo, que la estructura de la propiedad de la tierra existente en
las zonas desfavorecidas andaluzas, con un predomínio del binomio pequena/gran explotación y
una práctica ausencia de explotaciones de tipo "medio" (estructura que, por su parte, es característica de
la región andaluza en su conjunto) se convierte en un handicap para la aplicación de la política
socioestructural comunitaria para zonas agrícolas desfavorecidas en el territorio andaluz.
Cuadro no IV
Tamafío medio de la cabafía ganadera existente en las explotaciones andaluzas situadas en zonas agrícolas desfavorecidas
No de explotaciones "desfavorecidas" andaluzas que cuentan con un censo de Unidades de Ganado Mayor
No de cabezas de UGM existentes en las mismas
Tamafío medio de la cabafía (UGM/explotación)
FUENTE: Idem
74.942
692.499
9,2
Si nos centramos en las explotaciones "desfavorecidas" andaluzas de vocación
predominantemente ganadera (cuadro n° IV), la situación no aparece tan alarmante 'al menos en lo que
se refiere al tamano medio de la cabana existente en las mismas, poco más de 9 UGM/explotación que
se sitúan no sólo muy por debajo de las 25 UGM fijadas por la CEE como umbral máximo subvencionable
para e! cómputo de la Indemnización Compensatoria, sino incluso casi exenta de los
coeficientes reductores de esta prima aplicados a medida que se incrementa la cabana. No obstante,
no podemos decir lo mismo de la conversión de cabezas de ganado en Unidades de Ganado Mayor (UGM)
contemplada en la legislación europea - toros, vacas y otros animales de la especie bovina de más de
dos afíos y équidos de más de cinco meses = 1 UGM; animales de la especie bovina de 6 meses
a dos anos = 0,6 UGM y ovejas y cabras= 0,15 UGM- que, no sólo perjudica a dos especies ganaderas
muy extendidas por las zonas desfavorecidas mediterráneas - el ganado ovino y caprino -, sino que
deja fuera a una especie, el cerdo ibérico, muy presente en las zonas desfavorecidas andaluzas y
con grandes potencialidades de desarrollo en esta región, especialemente en el territorio ocupado por
Sierra Morena y buena parte de las Subbéticas.
Evidentemente, cuando en la CEE se habla de porcino, se está pensando en un ganado criado de
una manera intensiva en las granjas "industriales" características del Norte de Europa, olvidándose que
existe otro tipo de porcino, el cerdo ibérico, alimentado en base a los recursos provenientes de la propia
explotación que, por la calidad de sus productos ha dado lugar a! desarrollo de una industria
transformadora que hoy aparece como una de las principales actividades a promocionar en
muchos espacios serranos andaluces de caras a conseguir la diversificación de su base económica y
un desarrollo integrado con su medio natural.
265
Conclusiones
El análisis de los resultados conseguidos con la aplicación de la Política Estructural Comunitaria
para zonas agrícolas desfavorecidas en el territorio andaluz - primera gran línea de análisis de las políticas
agrarias a acometer por parte de la Geografía, según hemos venido manteniendo a lo largo de
esta comunicación - nos ha permitido precisar que estamos ante uno de los programas estructurales
comunitarios con incidencia a nível de explotación agraria que ha tenido una mayor repercusión económica
y territorial en esta región debido, entre otras razones:
l. A que estamos ante un programa que se viene aplicando en Espana y, por tanto, en Andalucía
desde 1986, lo que explicaría el volumen de los fondos recabados por parte de las explotaciones andaluzas
del FEOGA-Orientación.
2. Al gran porcentaje de superfície regional incluída en este programa comunitario, lo que unido
a las escasas contrapartidas que se exigen a los agricultoroes que deciden beneficiarse del mismo, podría
explicar el gran número de explotaciones andaluzas implicadas en esta línea estructural de la PAC durante
el período comprendido entre 1986 y 1989.
No obstante, aunque estas conclusiones no dejan de ser ciertas, al analizar las condiciones de
aplicabilidad de este programa comunitario para zonas desfavorecidas en el territori:o andaluz - segunda
gran línea de investigación geográfica de las políticas agrarias - hemos caído en la cuenta de que estamos
ante una línea política escasamente adaptada a las características de las agriculturas y de las explotaciones
andaluzas desfavorecidas:
- Por una parte, la estructura de la propiedad de la tierra dominante en nuestra región resta,
como hemos visto, aplicabilidad a este programa.
- Por otra, estamos ante una línea política que deja fuera de sus benefícios a un gran número de
explotaticones andaluzas especializadas en la cría y acabado del cerdo ibérico.
Es precisamente en este último punto, donde debe entrar en juego el papel del geógrafo en
el disefio de las políticas agrarias como especialista que, por su conocimiento del territorio,
está en condiciones de diagnosticar el grado de adecuación de cada medida política a las
características específicas del territorio al que éstas se pretendan aplicar.
BIBLIOGRAFIA
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266
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-SILVA PEREZ, R. (1992) La Política Estructural Comunitaria con incidencia a nivel de explotación agraria .. Su aplicación en el territorio andaluz. Próxima Memoria de Licenciatura. Inédita.
FUENTES Y DOCUMENTACION
Fuentes Legislativas
- Decisión 89/566/CEE de la Comisión por la que se modifican los límites de las zonas desfavorecidas en Espana tal como se definen en la Directiva 75/268/CEE. DOCE No L 308 de 25 de octubre de 1989.
- Directiva 75/268/CEE dei Consejo sobre agricultura de montana y determinadas zonas desfavorecidas. DOCEN° L 128 de 19 de mayo de 1975.
- Directiva 86/466/CEE dei Consejo relativa a la lista comunitaria de zonas agrícolas desfavorecidas con arreglo a la Directiva 75/268/CEE (Espana). DOCE No L 273 de 24 de septiembre de 1986.
- Reglamento (CEE) No 797/85 relativo a la mejora de la eficacia de las estructuras agrarias. DOCE No L 93 de 30 de marzo de1985.
- Reglamento (CEE) No 2052/88 dei Consejo relativo a las funciones de los fondos con finalidad estructural y a su eficacia, así como a la coordinación entre si de sus intervenciones, con las dei Banco Europeo de Inversiones y con las de los demás instrumentos financieros existentes. DOCE No L 185 de 15 de julio de 1988.
- Ley 2511982 de 30 de junio de Agricultura de Montafia. B.O.E. no 164 de 15 de julio de 1982. -Real Decreto no 1684/1986 dei MAPA Ayudas específicas para explotaciones agrarias en zonas de montana.
B.O.E. no 190 de 9 de agosto de 1986. - Real Decreto No 80811987 dei MAPA por el que se establece un sistema de ayudas para la mejora de la eficacia de
las estructuras agrarias. B.O.E. no 152 de 26 de junio de 1987. - Real Decreto No 193011987 dei MAPA por el que se regula la Indemnización Compensatoria en zonas de montana.
B.O.E. no 194 de 14 de agosto de 1987. - Real Decreto No 327/89 dei MAPA por el que se amplian las ayudas dispensadas a las zonas desfavorecidas de
la montana espanola a aquellas zonas desfavorecidas a causa de su despoblamiento. B.O.E. no 80 de 4 de abril de 1989.
Fuentes documentales
- I.N.E. Censo Agrario de 1982. Tomo II. Resultados comarcales y municipales. Volúmenes correspondientes a las ocho provindas andaluzas.
- JUNTA DE ANDALUCIA (1990) Análisis de las ayudas dei Feoga en Andalucía durante e! trienio 1986-1988. Informe dei Servi cio de Estudios de la Consejería de Agricultura y Pesca. Ejemplar mecanografiado.
- Documentos de carácter interno facilitados por la Dirección General de Agricultura, Ganadería y Montes. Consejería de Agricultura y Pesca. Junta de Andalucía.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EL FRACASO DE LA LEY DE AGRICULTURA DE MONTANA EN EL PLANEAMIENTO Y DESARROLLO DE LAS ÁREAS SERRANAS
INTRODUCCIÓN
Ma ISABEL MARTÍN JIMÉNEZ Universidad de Salamanca
La incorporación de Espana a la CEE determina la progresiva adaptación de la legislación
espaíiola a las distintas Directivas Comunitarias y la puesta en marcha de las políticas sectoriales. Entre
ellas encontramos una serie de medidas encaminadas a corregir los desequilíbrios estructurales y
e! desigual reparto de la riqueza, dados los grandes contrastes socioeconómicos entre las diversas regiones
de la Comunidad Económica Europea, donde coexisten zonas prósperas y desarrolladas con áreas pobres y
agrícolas de bajos niveles de renta.
Una de las actuaciones encaminadas a reducir los desequibrios ha sido el reconocimiento oficial
de la existencia de comarcas que presentan limitaciones para el ejercicio de la actividad agraria,
habiéndose establecido diferentes tipologías según se recoge en la Directiva emitida por el Consejo, con
e! n° 268 de 1975. En el artículo tercero de dicha Directiva se especifica con claridad que "las zonas
agrícolas menos favorecidas comprenden las zonas de montafía en las que la actividad agrícola es necesaria
a fin de salvaguardar e! espacio natural, fundamentalmente por razones de protección contra la erosión o
para responder a las necesidades en materia de ocio, así como otras zonas en las que e! mantenimiento de
un mínimo de población o la conservación dei espacio natural no estén aseguradas" (artículo 3°, punto 1,
Directiva 268175).
De estos presupuestos se deriva la delimitación de zonas desfavorecidas de montaiía, que
ofrecen limitaciones en el aprovechamiento de las tierras relacionadas con la altitud; condiciones
climáticas desfavorables y, por tanto, un corto período vegetativo; y con las fuertes pendientes que
dificultan y encarecen la mecanización. Aparecen también las zonas desfavorecidas por despoblamiento,
aquí las tierras son inadecuadas para un cultivo intensivo, las producciones agrarias están por debajo de
la media nacional, la población depende fundamentalmente de la actividad agrícola y la densidad de
población es muy baja y con tendencia regresiva, estando en peligro la viabilidad de la zona y
la estabilidad demográfica de la misma. Por último, se definen las zonas desfavorecidas por limitaciones
específicas, en las cuales la continuidad de la actividad agraria y la permanencia de la población es
imprescindible para garantizar la conservación de! espacio natural y de! paisaje, su vocación turística o la
protección costera; estas zonas no pueden sobrepasar e! 4% de la superfície total de los diferentes Estados'.
La Ley 2511982, de 30 de Junio acomoda la normativa comunitaria a Espana en lo referente a
las zonas desfavorecidas de montaíia y tiene como fin principal, según se recoge en e! artículo primero,
posibilitar e! desarrollo social y económico de estas zonas, dedicando una especial atención a los
aspectos agrarios, a! mantenimiento de la población y a la conservación dei medio físico.
Para conseguir estos objetivos hay que delimitar en primer lugar las zonas de montaíia siguiendo
los criterios marcados en la propia Ley y en los Reales Decretos 2.164/84 y 1.083/862
, que fijan unos
'· En la Directiva 268/75 figura el2,5%, aunque posteriormente se ha modificado este porcentaje. 2. Una relación más completa de la Legislación sobre la montafia puede verse en MARTÍN JIMÉNEZ, M. L (1990)
268
límites altitudinales, más del 80% en cotas superiores a 1.000 metros, y clinométricos, pendiente media
superior al 20% o diferencia de cotas extremas de 400 metros. Por su parte, las zonas equiparables deberán
cumplir simultáneamente que un 80% de su territorio se encuentre de los 600 metros y tengan
una pendiente media superior al 15%, o al 12% si es limítrofe de una zona ya declarada de Montafia
o Equiparable.
LAS ZONAS DE AGRICULTURA DE MONTANA EN ESPANA
Una vez aprobada la Ley de Montafia se inician los estudios pertinentes para determinar que
municipios cumplen los requisitos antes expuestos. La complejidad técnica derivada del extenso volumen
de información y del análisis de diferentes parámetros físicos hace que la primera delimitación perimetral
de las superficies suceptibles de ser declaradas Zonas de Agricultura de Montaiía (Z.A.M. a partir
de ahora) se retrase hasta 1985 (Orden de 6 de Marzo) reconociéndose en la propia Orden las dificultades
que "han aconsejado abordar la delimitadón perimetral en fases sucesivas". De hecho, las Ordenes de
9 de Junio de 1986 y de 21 de Julio de 1987 recogen nuevas delimitaciones de Z.A.M.
CU ADRO 1.- Municípios declarados Zonas de Agricultura de Montafía y Zonas Desfavorecidas en Espafía.
TOTAL Montafía Desfavorecidas No Total % Total %
Andalucia 764 411 53,8 122 16 Aragón 727 285 39,2 240 33 Asturias 78 64 82,1 o o Baleares 66 19 28,8 o o Canarias 87 73 83,9 o o Cantabria 102 66 64,7 o o Castilla la Mancha 916 340 37,1 363 39,6 Castilla y León 2.248 735 32,7 1.199 53,3 Catalufía 940 264 28,1 69 7,3 Comunidad Valenciana 536 155 28,9 46 8,6 Extremadura 380 79 20,8 275 72,4 O alicia 312 111 35,6 90 28,8 Madrid 178 62 34,8 3 1,7 Murcia 45 2 4,4 10 22,2 Navarra 265 140 52,8 63 23,8 País Vasco 236 189 80,1 6 2,5 La Rioja 174 72 41,4 o o Ceuta y Melilla 2 o o o o TOTAL 8.056 3.067 38,1 2.486 30,9 Fuente: Ordenes de Delimitación de Z.A.M. e LN .E.: Padrón mumctpal de habttantes 1986. (Elaboración propia).
El resultado hasta e! momento ha sido la declaración de 3.067 municipios 1
como Z.A.M. o equiparables·, que suman un 38,1% dei total de los municipios nacionales, si bien en
algunas Comunidades Autónomas este porcentaje se eleva considerablemente; como sucede
enCanarias, donde el 83,9% de sus pueblos están considerados de montaiía (ver cuadro 1).
A escala provincial se observa una concentración de municipios de Agricultura de Montaiía
en relación con las grandes cordilleras peninsulares, sobre todo aquellas provindas asentadas en gran parte
sobre territorio montafioso. Nos encontramos, así, con ocho provindas que tienen más de un 70% de
sus pueblos declarados como Z.A.M. (ver mapa 1), tres de ellas, Asturias, Guipuzcoa y Vizcaya, se
sitúan entre la Cordillera Cantábrica y el mar, uniéndose unas alturas considerables en las cumbres
serranas con unos fuertes desniveles que enlazan las cimas con la costa. Otro tanto sucede en Almeria,
3. El número de municípios varia en función de las anexiones o segregaciones de municipios de unas fechas a otras. En esta ocasión se han tomado las entidades municipales tal y como apareceu en e! Padrón de Habitantes de 1986 (I.N.E.).
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(Porcentage de municipios declarados Z.A.M. sobre e! total provincial)
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Mapa I - Las Zonas de Agricultura de Montafía a escala provincial. N
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270
Granada y Málaga, aunque aquí nos situamos en las Cordilleras Béticas. Sólo Teruel ocupa una posición
interior y debe su elevado porcentaje de municipios de Z.A.M. a su localización en el Sistema Ibérico.
Santa Cruz de Tenerife tiene declarado de montfía el 90,6% de sus pueblos, al existir grandes desniveles
entre la costa y los más de 1.000 metros en los conos volcánicos de las diferentes islas, alcanzándose
los 3.707 metros en el Teide.
Las provincias que presentan entre un 50 70% de municipios de montafía ofrecen un
territorio diverso que cabalga entre las sierras y las llanuras; como por ejemplo A vila, situada en parte
sobre la Cordillera Central pero con una zona llana en su mitad Norte, que se extiende sobre la cuenca
sedimentaria dei Duero. Circunstancias que también concurren en otras provincias, aunque los porcentajes
de participación sean menores (30-50% ).
Los grandes espacios llanos de la península quedan reflejados en las dieciocho provincias que
tienen menos dei 30% de sus pueblos declarados Z.A.M. y, sobre todo, en aquellas que no llegan al 10%,
entre las que encontramos a Sevilla, en la Depresión dei Guadalquivir, Zaragoza, en el Valle dei Ebro,
Toledo, en la submeseta Sur, o Valladolid, única provincia espafíola que no cuenta con zonas de montafía,
dada su posición central en la cuenca dei Duero.
CU ADRO 2.- Superficie declarada de Agricultura de Montafia.
Superficie total Superficie de Montafia Km2 % Km2 % %
Andalucia 87.268 17,3 38815,5 18,9 44,5 Aragón 47.65 9,4 20316,3 9,9 42,6 Asturias 10.565 2,1 9584,3 4,7 90,7 Baleares 5.014 1 1785,2 0,9 35,6 Canarias 7.242 1,4 4917,8 2,4 67,9 Cantabria 5.289 1 4349,3 2,1 82,2 Castilla la Mancha 79.23 15,7 28117,5 13,7 35,5 Castilla y León 94.193 18,7 39079,2 19 41,5 Catalufia 31.93 6,3 13987,9 6,8 43,8 Comun. Valenciana 23.305 4,6 7401,1 3,6 31,8 Extremadura 41.602 8,2 6046,8 2,9 14,5 Galicia 29.423 5,8 13005,0 6,3 44,2 Madrid 7.995 1,6 2393,4 1,2 29,9 Murcia 11.317 2,2 1819,6 0,9 16,1 Navarra 10.421 2,1 5277,4 2,6 50,6 La Rioja 5.034 I 2615,8 1,3 52,0 País Vasco 7.261 1,4 6049,7 2,9 83,3 TOTAL 504.75 100 205561,8 100 40,7 Fuente: Ordenes de Delimitación de Z.A.M. e I.N.E.: Nomenclator de Población 1981. (Elaboración propia).
La correspondencia entre las cordilleras y las zonas declaradas de montafía es evidente, como
se aprecia en el mapa 2. Por un lado, se sefíalan todos los espacios que superan los 1.000 metros de altura,
cota por encima de la cual estamos en una montafía según la legislación vigente. Estas áreas elevadas
conforman los sectores centrales de los grandes sistemas montafíosos y se corresponden con
los Pirineos, la Cordillera Cantábrica, los Montes Galaico-Leoneses, el Sistema Ibérico y Central y
las Cordilleras Béticas. Fuera de ellos aparecen pequenas zonas elevadas por encima de los citados
1.000 metros en las Montafías Costeras Catalanas, en los Montes de Toledo, en la Sierra dei Noreste
en Mallorca y en los picos volcánicos de Canarias. Sierra Morena sólo está insinuada en su mitad oriental,
dada su modesta altitud.
El mapa de las Z.A.M. (ver mapa 2) refleja este mismo esquema aunque la superficie punteada
rebasa los límites altitudinales, no en vano en la declaración de una zona como de montafía también se
tiene en cuenta la pendiente. A pesar de ello, en ambos mapas se aprecian las grandes unidades
morfoestructurales de la península y están bien definidas tanto las zonas llanas como las serranas,
27!
ascendiendo estas últimas a 205.562 Km2.
Si a escala municipal las Z.A.M. representan un 38% del total nacional, la superficie afectada
asciende a un 40,7% (ver cuadro 2), con algunas Comunidades Autónomas que rebasan el 80% de
su territorio declarado de montafia, como el País Vasco, Cantabria y Asturias. En el lado opuesto
sólo Extremadura y Murcia tienen menos del 20% de su espacio delimitado como Z.A.M .. Pero
son Castilla y León y Andalucia las dos regiones que más superficie de montafia aportan al conjunto
nacional, casi 78.000 Km2, el 38% de las Z.A.M., claro que son también las dos comunidades de
mayor extensión agrupando al 36% de la superficie total espafiola.
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ç:C:::::, 6" o
O > 1.000 metros
o
W Z.A.M.
Mapa 2 - Altimetria y Zonas de Agricultura de Montafia en Espana
272
LA ORDENACIÓN Y LAS AYUDAS ECONÓMICAS EN LAS Z.A.M.
Conocida la superfície y los municípios declarados Z.A.M. en Espana pasamos a analizar las
medidas encaminadas a mejorar las rentas agrarias y a procurar la ordenación integral de los espacios
serranos. La propia directiva 268/75 y la Ley 25/82 especifican las actuaciones concretas que se han de
desarrollar en las Z.A.M. y que pretendeu, por un lado, elevar las precarias rentas agrarias y, por otra parte,
el desarrollo social y económico de estas áreas. Se preve, en primer lugar, conceder una indemnización que
compense los inconvenientes naturales permanentes y apoyar las inversiones colectivas y las destinadas a
mejorar las explotaciones y estructuras agrarias. En segundo lugar, se ha de elaborar para las
distintas Z.A.M. un programa de ordenación y promoción (PROPROM) de los recursos de montafia.
La indemnización compensatoria establecida por primera vez en el afio 1986 (Real Decreto
1.684/86) y que si concede de forma anual, es probablemente la principal medida y la que más acogida ha
tenido por parte de los agricultores, no en vano la aportación económica que se percibe sólo exige el
compromiso de mantener la explotación durante cinco afios 4
•
CU ADRO 3.- La Indemnización Compensatoria básica en 1989.
No de beneficiarias Millones de pesetas Pesetas/beneficiaria Andalucia 10.130 494 48.766 Aragón 7.647 456 59.631 Asturias 18.418 839 45.553 Baleares 177 9 50.847 Canarias 1.518 53 34.914 Cantabria 6.897 388 56.256 Castilla la Mancha 8.331 491 58.937 Castilla y León 22.812 1.341 58.785 Catalufia 7.687 398 51.776 Comun. Valenciana 4.256 156 36.654 Extremadura 3.717 173 46.543 Galicia 18.639 768 41.204 Madrid 1.126 66 58.615 Murcia 630 34 53.968 Navarra 3.651 217 59.436 País Vasco o o o La Rioja 1.204 64 53.156 TOTAL 116.840 5.947 50.899 *E! País Vasco financia por completo la indemnización compensatoria, sin participación de la Administración Central (la básica), de ahí que figure sin aportación ni peticionarias. Fuente: Revista Noticias Agrarias, n° 19, Junio de 1990, pág. 17. M.A.P.A. (Elaboración propia).
En 1989 en número de peticionarias de indemnizaciónes compensatorias en las zonas
de montafia5
ascendió a 116.840, habiendo repartido el Estado6
un total de 5.947 millones de pesetas. Una
cantidad que parece elevada pero que en términos relativos sólo supone un ingreso de poco más
de 50.000 pesetas por beneficiaria (ver cuadro 3), con escasas variaciones entre unas Comunidades
Autónomas y otras, y que en poco contribuye a elevar el nível de renta de las Z.A.M.
Recordemos que la mayoría de las ayudas para la mejora de las explotaciones requiere el desembolso de una parte de la inversión a cargo dei agricultor. 5. En 1989 también se percibe indemnización compensatoria en las zonas desfavorecidas por despoblamiento, que suman un total de 2.486 municípios (ver cuadro 1), aunque en nuestra valoración sólo hemos considerado las Z.A.M. 6, La indemnización compensatoria básica es aportada por la Administración Central en su totalidad aunque algunas Comunidades Autónomas tienen establecida una indemnización complementaria con cargo a sus propios presupuestos, habiendo ascendido entre 1986-1989 a1 200 millones de pesetas anuales en conjunto. E! País Vasco, por su parte financia integramente la indemnización compensatoria, sin participación dei Gobiemo Central.
273
Los programas de ordenación y promoción tampoco han conseguido hasta el momento una
ordenación integral de las Z.A.M. Por un lado, su realización ha sido lenta y aunque se especifican los
objetivos y las diferentes partes de que constan los programas en el Real Decreto 2.164/84 su puesta en
marcha se ha retrasado y en muchas zonas ni siquiera estaba ultimado el estudio socioeconómico tres o
cuatro anos más tarde7
• Allí donde este se había llevado a cabo se dilataba la firma del convenio que
exige la Ley, a través del cual las diferentes Administraciones se comprometeu a financiar las actuaciones
previstas en el programa. Por otra parte, cuando el convenio se ha podido firmar se ha contemplado
casi siempre un recorte presupuestario sobre las inversiones que en un principio aparecian como básicas.
En definitiva, los retrasos en la ejecución de los programas de ordenación y promoción y
la escasez de recursos monetarios por parte de las diferentes Administraciones, sobre todo la local,
han supuesto, en gran medida, un fracaso de la política sobre la montana, dado que no se ha conseguido
mejorar las estructuras agrarias y productivas ni tampoco mantener a la población. En términos generales,
la Administración sólo ha conseguido dar pequenas limosnas a las explotaciones agropecuarias que
subsisten con gran esfuerzo en nuestras montanas.
BIBLIOGRAFIA
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GOMEZ BENITO, C.; RAMOS RODRIGUEZ, E. y SANCHO HAZAK, R. (1987): La política socioestructural en zonas de agricultura de montafía en Espana y en la CEE. M.A.P.A. Madrid.
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En Castilla y León, por ejemplo, los estudios socioeconómicos de 7 Z.A.M. se iniciaron en e! afio 1987 y aún no están firmados todos los convenios respectivos. La situación de las Z.A.M. de esta Comunidad Autónoma está siendo objeto de un estudio más detallado por nuestraparte y será publicado en fechas próximas.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LOS ARRENDAMIENTOS RÚSTICOS HISTÓRICOS EN GALICIA
ALBERTO JOSÉ PAZO LABRADOR Universidad de Vigo JOSÉ MANUEL SANTOS SOLLA Universidad de Santiago
A simple vista, e! estudio y análisis de los regímenes de tenencia en la región gallega, con base
en las estadísticas (que vienen recogidas fundamentalmente en los censos agrarios), no ofrece mayores
dificultades. La Dra. Pérez Iglesias, en diversos trabajos ha constatado la evolución de distintos aspectos
sobre dichos regímenes desde e! primer Censo Agrario de 1962 hasta e! de 1982. En estos y otros estudios
se pone siempre de manifiesto e! dominio de la propiedad directa de la tierra en toda la región,
especialmente en las provincias meridionales de Ourense y Pontevedra. Esta característica se ha ido
acentuando en los diferentes períodos intercensales hasta e! punto de que otros tipos de regímenes de
tenencia (arrendamiento, aparcería, etc.), se han ido convirtiendo en residuales. Las causas que se aducen
para ello derivan de las consecuencias de la emigración puesto que los que primero dejan su
lugar de origen son, normalmente, aquellos que trabajan las tierras de otros.
De todas maneras, también todos los autores que han tratado e! tema de los regímenes de
tenencia, han puesto en entredicho la información que presenta la fuente principal. Son deficiencias que
derivan, en última instancia, de la aplicación de criterios uniformizadores a un territorio tan heterogéneo
como Espana, y sobre las que no vamos a entrar ahora por haber sido estudiadas con mayor profundidad
por geógrafos tan cualificados como Gómez Mendoza.
En conjunto, el aplastante dominio que tiene la propiedad directa en Galicia, apenas permitiría
un breve comentaria, sobre todo si nos atenemos a la Superficie Agrícola Utilizada. Unicamente las
provincias de A Coruna y Lugo conocen algunos sectores en los que, fundamentalmente, e! arrendamiento
tiene cierta importancia (excluyendo, por supuesto, e! epígrafe "otros", que engloba comunales,
propiedades eclesiásticas, etc. y que afecta sobre todo a! monte). Sin embargo, la realidad es mucho
más compleja, dada la importancia que adquieren en nuestra región los contratos verbales a! margen
de cualquier regulación legal, que no sea e! derecho consuetudinario. Esta práctica, que obviamente
no es posible cuantificar, se ha incrementado a raíz de la generalización de la corriente emigratoria.
E! emigrante, eminentemente rural, muy pocas veces vende sus tierras, intentando así
mantener un lazo de unión con su lugar de origen, sino que, en caso de no quedar abandonadas o
"a monte", son frecuentemente cedidas a familiares o vecinos que las explotan a menudo
de manera gratuita. Esta tipología de arrendamiento en precario se ve favorecida por e! habitat dominante
en Galicia de pequenas aldeas dispersas por el territorio que refuerza los sentimientos de vecinidad y
parentesco, y por e! minifundismo ya que permite aumentar el tamano de la explotación a aquellos que
no han emigrado; aumento que de otra forma no sería posible por e! elevado precio de la tierra en Galicia,
y que, en todo caso, contribuye a disminuir la presión sobre el terrazgo. De todas formas, en numerosas
comarcas, incluso e! campesino rechaza trabajar una mayor superficie, debido fundamentalmente a que
los que permaneceu en el campo son personas de edad avanzada; a la orografía y parcelación que
impiden un uso rentable de la maquinaria; pero también a! ingreso de capital extraagrario proveniente de
la emigración, dei trabajo asalariado en la ciudad o con origen en la generalización dei régimen
276
de pensiones; todo ello, y en especial estos últimos aspectos, hace que el agricultor no dependa tanto para
vivir de los recursos del campo y pueda así rechazar esas nuevas aportaciones de tierra que,
inevitablemente, tiende a abandonarse.
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Localización parroquial de las solicitudes hechas para acceder a la propriedad de tierras bajo arrendamientos rústicos históricos en Galicia, Hasta abril de 1992.
Por otra parte, la Ley de Arrendamientos Rústicos de 1980 favorece, sin duda alguna,
la pervivencia de estos contratos verbales. Por un lado, hemos de tener en cuenta lo dicho en
el párrafo anterior, y por otro la cost.umbre gallega de llevar muchas cuestiones al margen de la ley, bien
por desconfianza, bien por desconocimiento de la misma. A ello, la de 1980 anade una excesiva protección
al arrendatario, mientras que el arrendador pudiera ver enajenadas sus propiedades durante 21 anos, lapso
que incluye el contrato mínimo de 6 anos y las prórrogas obligatorias. Se trata de un período
excesivamente amplio que no ayuda ni al arrendamiento ni mucho menos a la movilidad de tierras.
El dueno de unas parcelas que decida emigrar preferirá dejarlas "a monte" o a un vecino, antes que
formalizar un contrato que le privará de ellas durante largo tiempo.
Ya hemos dicho que este fenómeno que venimos comentando aún con ser fácilmente constatable
es difícil de cuantificar por la propia naturaleza de la cesión. En este sentido, el Catastro de Rústica, tanto
por su antigüedad (aunque está en fase de renovación), como por su finalidad fiscal, no ofrece interés
alguno. Unicamente en las zonas donde se ha realizado la concentración parcelaria, en las que
277
es preciso conocer al titular del domínio útil y del directo, puede observarse el desfase existente entre
cultivadores "de facto" y propietarios. De todas formas es en las concentraciones más antiguas, es decir en
las realizadas íntegramente por la Administración, en las que se puede estudiar el fenómeno puesto que
en las más-recientes son empresas privadas las encargadas de realizar gran parte del trabajo, limitándose
la Administración a supervisar y ejecutar.
En definitiva, podemos afirmar que los regímenes de tenencia indirectos tienen mucha
más importancia de la que le otorgan las estadísticas a pesar de que se diga lo contrario y de que se insista
en su tendencia regresiva. Además entre estos regímenes indirectos existen modalidades de enorme
trascendencia social como los citados contratos verbales, la aparcería ganadera o el arrendamiento
histórico, que más bien deberíamo~ llamar "de largo plazo" ya que se entiende como tales los efectuados
en fechas anteriores a 1935 y en determinados casos a 1942.
El estudio de esta última tipología tan particular de arrendamiento en Galicia es el objetivo
de nuestro trabajo. Ciertamente, y como ya veremos, su importancia numérica es escasa, pero creemos que
se debe de valorar sobre todo su enorme significado social puesto que su presencia nos está delatando la
existencia a finales dei siglo XX en Europa de sistemas de explotación de la tierra propios de
siglos pasados. No en vano debemos de considerar a estos arrendamientos históricos como contratos a
largo plazo, lo cual nos lleva directamente a la definición más simple y más clara de "foro". Algunos
conflictos recientes entre arrendatarios· y arrendador nos hacen pensar en la actua1idad del contenido de
ciertos libros de Historia.
De todas formas nos consuela saber que nuestros legisladores están preocupados por el tema y
que se arbitran medidas encaminadas a fomentar la desaparición de dichas reminiscencias del pasado.
En este sentido los llamados "arrendamientos rústicos históricos" fueron reconocidos por la citada
Ley 8311980 de 31 de diciembre de Arrendamientos Rústicos (B.O.E. no 26, de 30-1-1981). Más que
reconocer, en realidad lo que aportó esta ley fue el derecho a la adquisición forzosa de
aquellas tierras arrendadas con anterioridad a la Ley de 15 de marzo de 1935 (artículo 98), o
anteriores al 1 de agosto de 1942, siempre que la renta no fuese superior a 40 quintales métricos de trigo y
que las fincas sean cultivadas personalmente por el arrendatario (artículo 99). En tales casos se dan unos
plazos para este acceso, que en el primer supuesto, que es el más especial, es de 6 anos (punto tercero de
la disposición transitaria primera). También se consideran arrendamientos rústicos históricos a
los concertados con anterioridad al Código CiviL
Sin embargo esta primera medida desarrollada por la Ley de 1980 no fue suficiente para que
se produjese un acceso real a la propiedad por parte de estos arrendatarios "históricos", tanto por
causas económicas, ya que era necesario disponer de un dinero para comprar la tierra y para afrontar los
posibles costes derivados de un proceso judicial en caso de que las partes no se pusiesen de acuerdo como
por otras más complejas a las que aludiremos más adelante. Ante las dificultades existentes para poner fin
al problema, la Administración optó por regular nuevas disposiciones legales que trataron de
hacer efectivos los fines y objetivos propuestos en la Ley de Arrendamientos Rústicos.
Así, la Ley 111987 de 12 de febrero (B.O.E. n° 38 de 13-2-1987), prorroga los plazos para que
estos arrendatarios históricos puedan acceder a la propiedad "de iure". En su artículo único se amplía el
plazo en 5 anos más para los contratos anteriores a 1935, afectando también la disposición a los
de antes de 1942 que reuniesen las oportunas condiciones. La necesidad de aplicar esta medida queda
reflejada en el hecho de que ya un ano antes el Parlamento Gallego aprobase la "Ley de Prórroga en
el Régimen de Arrendamientos Rústicos para Galicia" (B.O. del Parlamento de Galicia,
n° 75 de 3-11-1986) que consideraba vigente, en el territorio gallego, hasta el 31 de diciembre de 1988
278
la regia tercera de la disposición transitaria primera de la Ley 83/1980. Obviamente, por
falta de competencia en dicha materia el Tribunal Constitucional suspendió la Ley emanada
dei Parlamento autonómico.
Pero quizás más importante que lo anterior, sea el Real Decreto 1229/1987, de 5 de octubre
(B.O.E. no 240 de 7-10-1987), complementado por la Orden de 7 de octubre de 1987 (B.O.E. n° 242
de 9-10-1987), que establecen una serie de subvenciones y créditos para facilitar el acceso a la propiedad y
que, por supuesto, son compatibles con la política y los reglamentos de la CE referentes a la mejora de
las estructuras agrarias. Estas disposiciones se ven completadas con otras emanadas
del g~bierno autónomo gallego que, aparte de subvenciones para compra de tierra, ofrece ayudas
encaminadas a cubrir gastos derivados de la gestión y tramitación de dichas operaciones y que
pueden llegar a representar hasta el 100% del total.
En función de esta normativa legal, la Administración puso en marcha el mecanismo de
admisión de solicitudes para acceder a la propiedad por parte de los detentadores de arrendamientos
rústicos históricos. Para el caso de nuestra región, no se sabía con certeza el número efectivo de
estos contratos porque no aparecen consignados en ninguna estadística, dado su especial carácter.
Algunas estimaciones apuntaban a la existencia de unos 5.000 arrendatarios de este tipo. Sin embargo,
estudios más recientes y hechos con mayor rigor evalúan en poco más de 1.000 los casos existentes
en Galicia, comunidad que junto con la vecina Asturias, y algunas comarcas de Valencia y Andalucía
reúnen la mayor parte de los ejemplos registrados en Espana.
En un principio la respuesta que tuvo esta medida por parte del agricultor gallego fue
muy escasa, por no decir nula, debido bien al desconocimiento de las ayudas existentes, bien a
la falta de credibilidad por parte dei campesino y, en última instancia, a la confianza de que se
ampliasen los plazos sucesivos para poder optar a Ia posibilidad de acceso a la propiedad de la tierra, entre
una casuística extraordinariamente variada. No obstante, en los últimos anos, y más concretamente
a partir de 1989, aumenta el número de solicitudes. De todas formas, el incremento que se produjo
no fue lo suficientemente importante como para pensar en la desaparición dei problema. Así por ejemplo,
hasta diciembre de 1990, se habían tramitado o estaban en fase de ello únicamente 75 expedientes. De ahí
que la Administración optase por elaborar una nueva ley, no ya para prorrogar de nuevo los contratos
existentes (la última vencía en el afio 1992), sino para solucionar definitivamente la cuestión dando
un plazo hasta el 31 de diciembre de 1997, fecha a partir de la cual los arrendamientos rústicos históricos
se considerarán extinguidos. Los puntos principales de esta Ley 1/1992, de 10 de febrero (todavía
pendiente dei decreto que la desarrolle), son por ejemplo los que hacen referencia a la mayor flexibilidad
en las condiciones para demostrar que un arrendamiento es efectivamente histórico; en este sentido ya
no exige documentación escrita sino que basta con otro tipo de pruebas como pueden ser
los testigos orales. Se establece también un caso especial en el supuesto que el arrendatario tenga ya
los 55 anos cumplidos en 1997 sin haber accedido a la propiedad, con lo que se tendrá por prorrogado
hasta que tenga derecho a una pensión o bien cumpla los 65 anos.
Por último, en caso de que el arrendatario tenga que dejar las tierras por vencimiento dei plazo
sin haber hecho efectivo el acceso a la propiedad, y por razones fundamentalmente sociales,
podrá mantener el arrendamiento sobre la casa de labor, en el caso de que lo hubiere, y un 10% de
la superfície total de las fincas arrendadas hasta un máximo de 1 Ha.
Como se ve, lo que se intenta es solucionar de una vez por todas este anacronismo, para lo cual
también se aumentan los créditos y las subvenciones. De todas formas, y a falta del decreto
que regule la ley ésta en algunos aspectos es un poco ambígua y no se adapta bien a la compleja casuística
279
de la región, por lo que no parece, y así lo confirma el número de solicitudes realizadas, que la cuestión
se vaya a resolver en un plazo tan corto como el que quiere la Administración.
El fracaso dei que hablamos queda reflejado en el hecho de que hasta abril de 1992
sólo se habían tramitado o estaban en fase de tramitación unos 120 expedientes, lo que no quiere decir
que todos lleguen a buen fin, puesto que, como ya veremos, algunos son denegados por la
propia Administración y otros a través dei proceso judicial, al carecer de los requisitos exigidos. De este ,, total de solicitudes, un 70% pertenecen a la província de A Corufia y el resto a Lugo, ya que en Ourense
sólo hay una solicitud y en Pontevedra ninguna. Estos porcentajes podemos decir que
guardan una estrecha relación con el número estimado de arrendamientos históricos existentes. Así, de
los poco más de 1.000 que se calculan para la región, casi el 60% están en A Corufia, más de un 30% en
Lugo, mientras que Pontevedra y Ourense tienen una representación mucho menos destacada. En la
província de A Corufia se encuentran muy repartidos por todo el territorio, si bien podemos decir que
existe una mayor concentración en las tierras orientales de la penillanura ya en su transición hacia
la Dorsal, como pueden ser Curtis, Sobrado o Vilasantar. Igualmente, también se aprecian bastantes
hacia el occidente entre los municípios de Zas, Vimianzo y Santa Comba. En cuanto a la província
de Lugo, destaca sobre todo el noreste si bien existen numerosos casos aislados por toda la meseta lucense
e incluso en las montafias orientales. En Pontevedra está mucho más concentrado en las tierras ganaderas
dei noreste (Lalín, Silleda, Vila de Cruces) y en sectores dispersos como Cuntis o A Cafiiza; también
parece que en algunas áreas de las Rías Bajas, sobre todo en la Ría de Pontevedra, hay
algún arrendamiento rústico histórico, aunque están sin cinfirmar y pareceu un tanto dudosos, porque
dado el elevadísimo valor que ahí tiene la tierra es muy extrafio que no se haya intentado el acceso a
la propiedad. Por último en Ourense podemos destacar las tierras orientales en especial las comarcas
de O Bolo y Valdeorras, si bien también existen casos aislados en la Depresión de Verín, Carballifio y
municípios como Pereiro de Aguiar o Esgos.
En general la importancia de los arrendamientos rústicos históricos coincide con la que tiene el
régimen de arrendamiento normal, y así por ejemplo, la província de A Corufia, y según el Censo Agrario
de 1982, destaca muy por encima de las otras tres. Incluso esta coincidencia se refleja a escala municipal,
de manera que el mayor número de solicitudes se corresponde normalmente con ayuntamientos en los que
el porcentaje de superfície en arriendo es relativamente importante.
Las solicitudes no siempre se correspondeu, evidentemente, con el total de la extensión
que compone una explotación, puesto que algunas son de agricultores que sólo tienen en arrendamiento
histórico una parte de la tierra que trabajan. Así se entiende que ciertos expedientes sólo vayan referidos a
pequenas superfícies que, en ocasiones, no llegan a 1 Ha., siendo el ejemplo extremo uno de 8,26 áreas
que, por supuesto, fue denegado ya que el valor de la tierra no llegaba ni para cubrir los gastos
que originaría su recuperación. En líneas generales, podemos decir que la superfície por solicitud es
mucho mayor en A Corufia que en Lugo, siendo la media en el primer caso de 6,81 Has., frente a
las 3,22 Has. dei segundo; semejante diferencia probablemente se deba a que en la província occidental
es más común tener arrendada toda la explotación mientras que en la oriental predominan
los regímenes mixtos. En cualquier caso tampoco podemos dar una norma común, puesto que
existen diferencias de tamafio muy acusadas incluso dentro de un mismo município. Así por ejemplo
en Ordes (A Corufia), encontramos una solicitud de casi 20 Has. junto a otra de 0,12 Has. Como mucho,
podemos apreciar un descenso dei tamafio hacia el litoral, en el mismo sentido que el de
la propiedad general, de forma que disminuye cuanto más cerca de la ciudad de A Corufia y se incrementa
en la montafia; esta tendencia nos podría explicar también en parte el comportamiento de Lugo, puesto que
280
allí abundan en la Marina Oriental (Ribadeo, Barreiros). Un caso bastante común es el del propietario que
tenía divididas sus tierras en lotes iguales, de ahí que en algunas parroquias haya solicitudes que afectan
a extensiones de tierra idénticas.
En total la superfície afectada en la región, en función de las solicitudes, gira en torno a
las 600 Has. y es menor si sólo considerásemos aquellas que fueron aceptadas. Este último dato de
momento no es factible ofrecerlo, ya que la mayor parte de los expedientes están en vias de tramitación.
Hay que tener en cuenta la existencia de un cierto número de casos denegados.
A esta situación se llega por varios motivos. Una primera causa, ya comentada, es que se trate de
una extensión excesivamente reducida. Otra viene dada por la elevada edad de algunos solicitantes que
no pueden asegurar, ni por ellos mismos ni por sus herederos, la dedicación. agrícola que requiere la
ley (6 anos a partir del acceso a la propiedad). Otro hecho es el relacionado con la exigencia de trabajar en
la explotación a tiempo completo. También induce a la denegación la falta de pruebas fehacientes que
determinen la antigüedad y naturaleza del contrato de arrendamiento; piénsese que la mayor parte son
anteriores a 1935, los documentos no siempre existen o no son legibles, y no en todos los casos
hay testigos vivos que aporten testimonios válidos.
Por último, podemos referimos a una causa de denegación, muchas veces difícil de demostrar,
como es el intento de acceder a la propiedad bajo estas condiciones ventajosas con el fin único de
poder especular con la tierra. En efecto, a veces incluso con la connivencia de ambas partes, lo que
se persigue fundamentalmente es conseguir el dinero de las ayudas y los créditos blandos para, una vez
arreglada la cuestión de la propiedad, recalificar los terrenos y dedicados a un uso diferente al agrario con
lo que se multiplica su valor. Si se observa el mapa, se puede comprobar que algunas solicitudes se
registran en municípios periféricos a la ciudad de A Coruna y en sectores costeros de Lugo en donde
el suelo tiene un precio muy elevado.
En cualquier caso, la casuística, como ya dijimos varias veces, es muy compleja en todos
los sentidos. Asi se encuentran casos en los que el arrendador es un clásicó terrateniente que puede
llegar a controlar incluso aldeas enteras. Pero también abundan los ejemplos en los que el propietario
tiene unas rentas muy por debajo de las del arrendatario, pese a! elevado valor de sus tierras, de las que
no puede disponer, y que !e proporcionan unos ingresos normalmente muy bajos.
Sobre el fracaso que de momento está teniendo la aplicación de esta normativa, gravita el hecho
evidente de que el acceso a la propiedad por parte del arrendatario no siempre le reportará benefícios,
puesto que podría tener que realizar un importante desembolso económico para seguir trabajando
las mismas tierras que ahora apenas !e cuestan nada. Estas reticencias se ven incrementadas porque
la mayoría de los arrendatarios son personas de avanzada edad que no tienen un heredero que
pueda garantizar la continuidad del trabajo agrario tal y como exige la ley.
En definitiva, es cierto que los arrendamientos rústicos históricos deben de desaparecer por
las situaciones de injusticia social que generan. De todas formas, presentan tal variedad de casos que
una excesiva simplificación puede llevar a cometer graves errores en la aplicación de la ley. No debemos
olvidar tampoco que se trata de un tema que a veces da lugar a falsas interpretaciones, al
pretender considerar como históricos algunos arrendamientos rústicos que no lo son, además de que
en ciertos casos concretos se ha pretendido instrumentalizar políticamente.
281
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PEREZ IGLESIAS, M. L. (1987): Los regímenes de tenencia de la tierra en Galicia según el tercer Censo Agrario, en "Jubilatio. Homenaje de la Facultad de Geografía e Historia a los Profs. D. Manuel Lucas Alvarez y D. Angel Rodríguez González". Universidad de Santiago, tomo II, pp. 469-481.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CAMBIOS EN EL SISTEMA DE ASENTAMIENTOS RURALES:
Introducción
LA PROVINCIA DE TERUEL (ARAGÓN)
LUÍSA MARÍA FRUTOS Dep. Geografía y O.T. Universidad de Zaragoza MANUELA SOLANS M. CARMEN CHUECA Centro de Ciencias Sociales (CIESM) C.S.I.C.
A lo largo dei siglo XX las áreas rurales espafíolas se han visto afectadas por una serie de
cambios socioeconómicos y técnicos, inmersos en la transformación general dei país, que han generado,
entre otras modificaciones, una intensa despoblación provocada por la emigración desde estas zonas a
las urbanas y por las secuelas demográficas de desarticulación estructural y envejecimiento que
tales migraciones conllevan. Este movimiento se acelera particularmente a partir de los afíos cincuenta,
coincidiendo con el proceso de industrialización y desarrollo espafíol. Así, según los criterios
del Instituto Nacional de Estadística (INE), que considera población rural la que habita en municípios de
menos de 2000 habitantes y semi-rural la de aquellos que tienen entre 2000 y I 0.000, en el primer censo
dei siglo se registraba una población netamente rural de mas de cinco millones de personas, que suponían
el 27.5% dei total, a la que puede afíadirse la calificada como semi-rural, que casi alcanzaba los 8 millones
y un 40% de los espafíoles, con lo que entre ambos conjuntos abarcaban cerca dei 70% de la población.
En 1981 el número de habitantes registrado en estos grupos había descendido en cifras absolutas
y relativas, contabilizándose algo mas de tres millones de rurales, esto es e! 8.6% de todo el contingente
demográfico, mientras los semi-rurales no alcanzaban los siete millones, siendo su porcentaje dei 18.2
sobre el total y, por tanto, entre ambos apenas superaban el 25%.
Esta pérdida demográfica no ha sido, ciertamente, homogénea en todas las regiones espafíolas
aunque si generalizada. Muchos son los factores que han influído en las variaciones que se constatan en
las diversas áreas, estudiadas por algunos autores, pero entre ellos tiene un peso importante el sistema
de poblamiento existente a princípios de siglo y su grado de conectividad, relacionado con algunos de
los caracteres del soporte físico, especialmente con la topografía y la altitud. En suma, pueden considerarse
como causas directamente relacionadas con el abandono de la población rural el tamafío de
los asentamientos, su localización en altitud, el grado de aislamiento y la conexión con el núcleo principal
mas cercano. Es evidente que e! descenso del número de habitantes de las áreas rurales y semi-rurales
ha debido comportar algunos cambios en el sistema de poblamiento, habiéndose puesto de manifiesto, en
los datos estadísticos y en numerosos trabajos, la disminución del número de municípios
de menos de 2.000 y de menos de 10.000 habitantes, que entre 1900 y 1981 pasan de 7.215 a 5.893 en
el primer caso y de 1.832 a 1.589 en el segundo, bien que dicho concepto de "município" no se identifique
con el de "núcleo". Igualmente se da el hecho, aunque de mas difícil comprobación, del abandono de
un elevado número de diseminados.
Partiendo de estas ideas previas se ha centrado nuestro interés en la província de Teruel, una
de las tres en que se divide la región aragonesa, que cumple las condiciones de pertenecer a
la Espana interior, que es donde mas fuertemente se ha dejado sentir el éxodo rural, de estar constituída
284
casi en su totalidad por tierras de bastante altitud, de tener un tradicional sistema de poblamiento de
pequenos núcleos con zonas de bastantes diseminados, de sufrir una defectuosa red de comunicaciones y
de ser eminentemente rural. Las conclusiones a las que se ha llegado, en tanto esta província se considere
como un espacio característico de áreas con fuerte despoblación, pueden generalizarse para entender lo que
ha ocuqido en otras regiones espanolas.
Fuentes que informan sobre el poblamiento.
Inicialmente se partió de la base de que una de las claves que permitirían explicar las causas
dei abandono de numerosos asentamientos y los consiguientes reajustes dei sistema de poblamiento era
encontrar la relación existente entre estos abandonos y las variables mas arriba mencionadas: tamano,
altitud y aislamiento, sentando la hipótesis de que a menor tamano y mayor altitud y aislamiento
se producirían un número mas importante de despoblados. La única fuente de información que permite
constatar los cambios en el número de asentamientos y sus características es el Nomenclator,
documento oficial que es un apéndice dei Censo de la Población de Espana publicado de modo regular
cada diez anos: en los terminados encero desde principos de siglo y en los terminados en uno, desde 1981,
en ambos casos por acuerdo internacional. El Nomenclator de 1991 no está publicado todavía.
Dei Nomenclator se dispone de una serie larga y relativamente homogénea, ya que desglosa para
cada término municipal el núcleo principal y los distintos asentamientos, informando no solo sobre
la cantidad de la población sino sobre las edificaciones y otras características. Sin embargo tanto en
la calificación de dichos asentamientos como en los últimos aspectos citados a lo largo dei siglo han ido
cambiando los criterios de inscripción, lo que impide establecer correctas comparaciones entre
las distintas variables, como ya senaló MELON (1958).En lo que se refiere al registro de los asentamientos
destacaremos, respecto de las variables que interesan en este caso, las principales diferencias entre
los documentos censales. El Nomenclator de 1900, que va a servir de punto de partida a este trabajo,
recoge nominalmente todas las entidades o núcleos de población constituídas por 1 O o mas edifícios
o albergues en cada término municipal, citados aquí como "ayuntamientos", y englobando los de menos
de 10 edifícios bajo el título "Grupos inferiores, inhabitables y edificios diseminados". En este
último conjunto senala, por una parte, los destinados a vivienda, desglosando los habitados y
los accidentalmente deshabitados y, por otra, los inhabitados por razón de uso (pajares, corrales, parideras,
etc.), diferenciando en todos los que distan mas o menos de 500 metros dei núcleo mayor. Los.de 191 O, 20
y 30 tienen entre si gran similitud, pero hay que mencionar algunas distinciones respecto dei
primero citado. Así,el fuerte crecimiento de las entidades nominativas a lo largo de este período no solo
se debe al aumento de población, que conlleva el incremento de edifícios y el paso de algunos de los
establecimientos de los "grupos inferiores" a entidad nominativa, sino también a una desagregación
distinta, y al parecer arbitraria, de las mencionadas entidades nominativas y a la creación de otras
de nueva planta (Estaciones, fábricas, etc.).
El Nomenclator de 1940 presenta novedades de terminología y de fondo, siendo el que registra
una mayor cantidad de lugares nominados. En lo que afecta a la clasificación de los asentamientos
suprime radicalmente el concepto de "diseminado" e introduce el de "entidades singulares" para calificar
cualquier asentamiento nominado, por lo que no se identifica con la "entidad de población" de
los anteriores registros, no especificándose si dicha "entidad singular" está habitada o deshabitada.
Los Nomenclator de 1950 y 1960 mantienen el nombre de "entidades singulares" pero diferenciando en
ellas las edificaciones y habitantes en compacto y en diseminado y las destinadas a vivienda y otros usos.
285
Los diseminados se registran en grupo y ninguno de ellos tiene asignado un nombre, cosa que si ocurre
en 1940, por lo que el numero de entidades nominadas es inferior al de esta fecha. Los
últimos Nomenclator de 1970 y 1981 mantienen criterios similares, definiendo lo que se entiende
por entidad singular, núcleo de población y diseminado, con la única diferenciación entre ambos de
la distancia mínima a partir de la cual una edificación se considera perteneciente al núcleo o separada
de él: en la primera fecha son 500 metros y en la segunda 200. Igualmente se puede aiíadir que introducen
la diferenciación de la población por sexos.
Otros datos que en principio hubieran sido de utilidad para establecer algunas causas posibles de
abandono de asentamientos, como la altitud o la distancia a la capital municipal, tienen un
registro temporal incompleto o responde a criterios distintos entre principias del siglo y el momento actual.
Respecto a la altitud, aunque solo aparece registrada a partir de 1950, el dato sería válido igualmente
para 1900. Sin embargo no resulta util, pues solo consta para la capital municipal y algunas otras entidad.
En cuanto a la distancia, en los primeros registras se refiere a la que hay entre las entidades singulares
en compacto y el mayor núcleo de población y en los mas recientes a la capital municipal,
no coincidiendo necesariamente ambos núcleos. Por otra parte no consta en ningún documento la
calidad de las vias y por tanto no permite conocer la distancia-tiempo, máxime teniendo en cuenta
el cambio en los medios de transporte. Por todo ello no es posible introducir en el análisis de
modo sistemático el uso de estas variables, aunque se ha podido constatar localmente el papel que
han jugado en despoblamiento.
La rápida revisión que se ha presentado sobre esta fuente pone de manifiesto que para conocer
los cambios en el sistema de poblamiento no es utilizable toda la serie. Por ello para este trabajo
se han empleado los N omenclators de 1900, 1930, 1950 y 1981 y solo respecto de la variable
"número y tamaiío" de los núcleos y contingente global de la población diseminada.
El carácter rural de la provinda de Teruel.
Si consideramos los criterios generalmente aceptados que permiten calificar un espacio
como rural, puede decirse que la provincia de Teruel ha mantenido este caracter a lo largo de todo el siglo
en la mayor parte de sus comarcas. Tales criterios se refieren a la población, el poblamiento y la actividad
predominante. Respecto dei comportamiento demográfico, uno de sus rasgos mas significativos es
la pérdida de población por emigración y sus repercusiones en la dinámica y estructura biológica.
Desde 1900 hasta 1991 la provincia en conjunto ha pérdido el 42.68% de su población, con un
descenso muy rápido desde 1950. Este mismo hecho se constata en todas las comarcas, incluida la de
la capital provincial. Como resultado de una emigración selectiva las pirámides de edades presentan
profundas muescas en los grupos de edad activa y fecunda y un estrechamiento acusado en la base.
El envejecimiento resultante se refleja en los altos porcentajes de personas de más de 65 anos que en
la mayoria de las comarcas superan el 20%, siendo el índice de reemplazamiento inferior a 1
salvo en Cuencas Mineras y Teruel.
La dimensión de los núcleos es considerada estadísticamente como factor de diferenciación,
como se ha indicado al principio. Aun sin contar los diseminados, al iniciarse el siglo
el 96.6% de los núcleos tenían menos de 2.000 habitantes y el 3.3% restante no superaba los 10.000,
incluida la capital provincial, manteniendose estos mismos porcentajes en 1981, con la salvedad de que
dos de los núcleos mas grandes, la capital y Alcaiíiz superan los 10.000 habitantes. Con este sistema de
poblamiento, siendo bastante extensa la provincia, la densidad media es baja a lo largo de toda la centuria,
286
Evolución de la población de la provinda de Teruel 275000
' I I I I I I I I I I I I I I I
- - -, - - - 'i - - - - - - I - - - I - - - - - - - - - - .- - - - - - - I - - - - - - I - - - I - - -,- - - 'i - - - ,- - - -, - - - - - - -
---.--- ' ' - - -•- - - T - - -,- - - , - - - r -,- - - T - - - ,- - - -,- - - r - - -.- - - , - - - r - - -e- - - T - - -c- - - -,- - - r - - -, 250000
' I I I I I
225000 I I I I I I I I - - - - - - T - - - - - - -,- - - - - - - - - - - - - - I - - - - - - - - - - ,- - - -,- - - 1 - - - - - - i - - - - - - - - - - - - - - ,- - - - - - - - - - -
-- _J ___ .L--- 1- _--'--- J. _- -1--- .J--- 1..-- -1--- .L __ - 1--- -1--- L--- -- .J--- L-- -1--- .L-- -1--- -1--- L- - -1 I I I t I I
I I I I - - - r - - -,- - - T - - - ,- - - -, - - - - - - -200000 I I I I I I I I I I I
- - -~- - - T - - -1- - - -~- - - T - - -~- - - "'1 - - - r - - -~- - - T - - - 1- - - -~- - - r - - -,- -
' ' - - -·- - - + - - -1- - - -1- - - + - - -I- - - -1 - - - 1- - - -I- - - + - - - 1- - - -·- - - 1- - - -·- - - -i I I I I I I I
175000 I I I I I I I I I I I I I I I I I - - - - - - - - - - .- - - -,- - - i' - - - - - - I - - - - - - - - - - i' - - - - - - -,- - - i' - - - - - - - - - - - - - - - - i' - - - - - - -r- - - I - - -
- - -~- - - T - - -r- - - 1- - - T - - -,- - - , - - - r - - -,- - - T - - -1- - - -,- - - r - - -,- - - , - - - r - -I I l 1 l
150000 __ _ 1 _ __ .!. __ _ I _ __ _ I _ __ .!. __ _ I _ __ J ___ L ______ .!. __ _ I _ __ _ t ___ L ______ ..! ___ L __ _ I _ __ _
I l I I I I I t I I I I I I
-- -~--- T-- -,--- 1--- T-- -~---,---r---~--- T--- ,----~---r---~---,--- r---~--- T--- r----,--- r- - -, I I I I I I l I I I
125000+--+--+--+--~~---r~~-r--r--r--+--+--+--+--~-+--~~---r--~-r~
100
80
60
40
20
1890 1900 1910 1920 1930
Provincia de Teruel 1900-1987
o ~--~~--~~~~~~~--~~--~ 1900 1950 1955 1964 1975 1987
1940
100
80
60
40
20
o
1950 1960 1970 1980
Comarcas 1985
D o/o población activa agraria/total población activa.
1990 2000
con una clara disminución entre los 17 h./km2 de 1900 y los 10.2 h./km 2 actuales. En
e! último Nomenclator disponible, tres comarcas, Albarracín, Maestrazgo y Mora-Gudar, tienen
menos de 5 h./km2, siendo todas ellas zonas de montana.
En cuanto a las actividades económicas, la agricultura sigue siendo la ocupación predominante
en zonas rurales, aunque no sea la única. En la província de Teruel hasta 1950 la población activa agraria
superaba e! 60% dei total. La evolución económica de estos últimos decenios han permitido
un cierto crecimiento industrial y de los servicios pero todavia e! 27% de los activos son agrarios.
A nivel comarca! con la excepción de las Cuencas Mineras y Teruella población dedicada a la agricultura
es superior ai 40% e incluso ai 70% en e! Maestrazgo. En suma, todo parece indicar que esta província
mantiene un fuerte carácter rural, como se mencionó mas arriba.
El sistema de poblamiento y sus cambios.
Ya ha quedado dicho que las tierras turolenses se caracterizan por un sistema de poblamiento
en pequenos núcleos con algunas zonas donde los diseminados son importantes. Básicamente la
pérdida de población no ha modificado sustancialmente este marco, salvo en el abandono de la mayor parte
de los diseminados t"radicionales, y en todo caso lo ha agÚdizado, haciendo más numerosos
los núcleos pequenos al perder los medianos parte de su población como puede apreciarse en el cuadro.
Desde 1900 se han perdido 59 núcleos y los de menos de 50 habitantes, que eran el 18%,
son ahora el 25% dei total. A esto habría que anadir los despoblados en diseminado, cuyo número es
imposible de constatar por la falta de homogeneidad de las fuentes ya citada, pero cuya población, que
si puede compararse, ha pasado de 22433 en 1900, a 3867 en 1981, con una pérdida de 82.76%.
287
E I ., dI ' VO UCIOn e numero d ' I e nuc eos por tamanos Ano 1900 Ano 1950 Ano 1981
N° núcl. %/total N° núcl. %/total N° núcl. %/total Menores de 50 habt. 77 18,3 60 15 90 24,7 De 51 a 100 habt. 31 7,4 34 8,5 55 15,5 De 100 a 500 habt. !54 36,6 179 44,7 145 39,9 De501 a 2000habit. 144 34,2 114 28,5 61 16,8 De 2001 a 10000 habit. 14 3,3 12 3 lO 2,7 Mi!yores de 10000 habit. o o I 0,3 2 0,6 TOTAL 420 100 400 100 363 100
Población en diseminado Comarcas Ano 1900 Ano 1981
Población %/total Población %/total Albarracín 923 5,57 310 54 BajoAragón 6948 4,47 696 I Calamocha 821 2,48 248 0,69 Cuencas Mineras 1397 3,58 226 0,84 Maestrazgo 2955 22,07 616 19,81 Mora-Gudar 5581 30,59 682 5,9 C. Teruel 3808 7,63 1088 2,32 Total Provincia 22433 9,05 3866 1,96
En las distintas comarcas este cambio no ha tenido exactamente el mismo significado puesto que
ya se partía de matices diferenciales en el sistema de poblamiento. En el hábitat diseminado, Mora-Gudar
destaca entre todas ellas con una pérdida tal que la población que habitaba en diseminado suponía el 30.5%
en 1900 y se ha reducido al 5.9% en 1981. En las restantes las diferencias son menores, aunque
heterogéneas, como indica e! cuadro. Respecto de las entidades por município, en los mapas adjuntos se
reflejan las diferencias entre e! inicio dei siglo y el momento actual. No obstante la evolución
no ha sido lineal, puesto que, siempre excluyendo los diseminados, se aprecian dos fases: hasta 1930, en
todas las comarcas hay un incremento a veces muy fuerte dei número de núcleos censados, por las razones
mencionadas ai hablar de las fuentes. Poniendo en re1ación los datos de 1930 con los de 1950 se
comprueba una disminución generalizada que se mantiene hasta 1981. Comparando los datos mas recientes
con los de 1900, los cambios mas importantes corresponden a la comarca de Teruel, que pierde 29,
a Mora-Gudar y al Bajo Aragón que pierden 12 cada una de ellas. En las demás las pérdidas se dan,
pero son menores, con la excepción de Cuencas Mineras, que es la menos rural, donde se suma un
nuevo núcleo. En Calamocha no ha habido ningun cambio.
Si excluímos las cabeceras municipales la distribución dei número de entidades por município y
sus cambios se plasman en los mapas de 1900 y 1981. En 1900 las comarcas con un mayor número
de entidades y también con diseminados eran las correspondientes a áreas montafíosas orientales
(Mora-Gudar y Maestrazgo), al sector meridional de la comarca de Teruel y a Albarracín.
Muy pocos municípios fuera de este ámbito tienen algunas entidades. La pérdida de estos asentamientos
afecta especialmente a la comarca de Teruel y Mora-Gudar que actualmente tienen 11 menos que
al iniciarse el siglo. En menor grado el Bajo Aragón, Mestrazgo y Albarracín presentan también
una evolución negativa. Calamocha y las Cuencas Mineras constituyen excepciones, por diversas causas.
En el primer caso se debe a una reorganización administrativa y muchas de las entidades corresponden a
antiguas cabeceras municipales; en el segundo caso ademas de algunas fusiones municipales existan
nuevos asentamientos de caracter minero.
288
Província de Terue1
No de entidades
Municípios con:
D De 1 a 5 entidades
De 6 a 1 O entidades
B De 11 a 20 entidades
B 21 y mas entidades
Algunas causas y efectos dei despoblabiento.
Partiendo de la hipótesis citada al principio, en la que se consideraba que el sistema de
poblamiento de pequenos núcleos existente en 1900 condicionaba el despoblamiento a lo largo de
la centuria, se ha puesto en relación el número de asentamientos en compacto de menos de 50 habitantes,
para esa primera fecha, con el número de despoblados hasta 1981, resultando una correlación lineal
de 0.801, que evidentemente es alta. Puede afiadirse que si correlacionamos dichas pérdidas con
los núcleos menores de 100 habitantes, el índice es 0.678, todavía significativo aunque pone de manifiesto
que casi un 30% de los factores que influyen en el abandono de los asentamientos corresponde a
otras variables.
El primer efecto dei abandono de núcleos que se aprecia en las curvas de Lorenz es
una variación en la concentración poblacional, que aumenta entre 1900 y 1930 para disminuir de nuevo
289
en 1950, esencialmente como resultado de los criterios censales, e incrementarse de nuevo en 1981. Así, si
el índice de Gini era 0.6054 al iniciarse el siglo, en 1981 es 0.7199, dejando constancia del incremento de
la concentración citado.
% pobl. 1900 % pobl. 1930
100 100
80 80
60 60
40 40
20 ,---- --- ---~----~--+-- ,---+--- 20 I I 1 I
o 20 40 60 80 o 20 40 60 80
% núcl. 1900 % núcl. 1930
lnd. Gini: 0.6054 lnd. Gini: 0.7672
% pobl. 1950 % pobl. 1981
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
o 20 40 60 80 o 20 40 60 80
% núcl. 1950 % núcl. 1981
Ind. Gini: 0.5737 lnd. Gini: 0.7199
A escala comarcal y de nuevo sin tener en cuenta los diseminados cuyo número real, como ya
se ha dicho, se desconoce, se ha aplicado el índice de Colas, pese a tener algunas deficiencias, porque
permite establecer la relación entre el sistema de asentamientos, la población que se distribuye entre ellos
y la superficie del área que se está analizando. Aun considerando que la información que afecta solo a
las entidades no es completa, se porre de manifiesto que a lo largo del siglo ha habido un cambio en
el grado de dispersión, que era bastante fuerte en 1900 y se va haciendo menor hasta 1981. En este
último afio solo es apreciable en Albarracin y Mora-Gudar, que mantienen las pautas de poblamiento
iniciales, aunque con mucha menor intensidad, y en Calamocha en razón de las fusiones de municipios
mencionadas mas arriba. En la comarca de Teruel se mantiene alguna dispersión pero
mucho menosacusada que en etapas anteriores, siendo el cambio mas importante el que corresponde
al Bajo Aragón y al Maestrazgo, que partiendo de un sistema con alta dispersión han evolucionado
hacia una población bastante concentrada.
Otro de los efectos del cambio es el descenso de las densidades no solo demográficas sino de
los asentamientos nominales, pese a haber surgido recientemente algunas urbanizaciones y
residencias secundarias que compensan las pérdidas de los asentamientos tradicionales. Ya se aludió mas
arriba a la baja densidad demográfica de principios de siglo, que se extrema en 1981. Relacionado
290
directamente con todo esto puede hablarse de dos efectos complementarias distintos: por un lado la escasa
entidad de los municipios turolenses actuales repercute en el montante de sus presupuestos municipales y
en la deficiente dotación de servicios a todos los niveles, aunque destacan en educación, sanidad y
transportes, siendo el mas reciente hecho la supresión de servicios de ferrocarril acordada por la
propia administración alegando su escasa rentabilidad, lo que es suficientemente ilustrativo. Por otro lado
en algunas comarcas se ha producido un reajuste administrativo con la fusión de municipios, siendo los
casos más típicos los de las comarcas de Calamocha y Teruel.
Indice de Colas
k= S.N T-E
- Menos de! O
- De II a25 De 26 a 50
S= Superfície dei município N= Número de núcleos
D De 51 a 75
D De76a 100
D Mas de 100
T= Población total dei município E= Población total de los núcleos
En suma y como conclusión puede decirse que la idea previa de que se partía se constata,
comprobándose un cambio en el sistema de poblamiento sino espectacular si suficiente, con un
descenso importante de la población dispersa y una disminución generalizada dei tamafío de los núcleos,
desajustándose la jerarquia de los asentamientos en toda la provincia al agudizarse la diferencia entre
los núcleos mas importantes con los restantes, cuestión, a la que por otra parte, ya se habían referido
algunos autores. Se evidencia también que una de las causas principales dei cambio es el tamafío previo de
los asentamientos y su disposición en el territorio.
Referencias bibliográficas
BIELZA, V. (1977): La población aragonesa y su problemática actual. Librería General. Zaragoza. BELZA. V. (1988): La población de la província de Teruel. Inst. Estudios Turolenses. Teruel. CHUECA, C.; FRUTOS, L; SOLANS, M. (1983): "Teruel: un espacio desertizado". Actas dei VIII Coloquio de Geógrafos
Espaííoles. Univ. de Barcelona./ AGE. Pp. 269-276. FAUS, C.; HIGUERAS, A. (Ed.) (1992): Rural depopulation. Com. on Population Geography. Dep. Geografía y
O.T. Zaragoza. MELON, A. (1958): "Los modernos Nomenclatores de Espana (1857-1950)" Real Academia de la Historia. Madrid. SOLANS, M. (1968). Evolución de la población de Teruel entre 1860 y 1960. Inst. de Estudios Turolenses. Teruel.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EL DECLIVE DEMOGRAFICO DE LA CORNISA CANTÁBRICA
JULIO HERNANDEZ BORGE Departamento de Geografía Universidad de Santiago de Compostela
Desde que se inició el último cuarto dei siglo XX la evolución demográfica de
la cornisa cantábrica espafiola ha conocido numerosos cambios, los cuales han provocado
una desaceleración dei crecimiento de su población y una disminución de su peso relativo en
el conjunto de Espana. Los 6.458.460 habitantes censados en 1991 en las cuatro Comunidades Autónomas
bailadas por el Atlántico entre el Mino y el Bidasoa representaron el 16,37% dei total nacional, cifra
ligeramente más baja que la correspondiente a recuentos precedentes, continuando una
tendencia descendente iniciada en 1975, si bien en algunas Comunidades (Galicia, sobre todo) ya venía
de bastante tiempo atrás, entanto que en otras (País Vasco especialmente) comenzó entonces:
Porcentaje de la población de las Comunidades Autónomas de la camisa cantábrica y de és ta sobre la total espaiíola
Galicia Asturias Cantabria País Vasco Cornisa cantábrica Fuente: I.N.E. y elaborac1ón prop1a
La caída de la fecundidad
1970 7,61 3,08 1,37 5,53 17,59
1975 7,45 3,05 1,36 5,75 17,61
1981 1986 1991 7,29 7,16 6,9 2,98 2,86 2,78 1,35 1,35 1,34 5,65 5,48 5,35 17,29 16,86 16,37
En esta desaceleración dei crecimiento demográfico ha desempenado un papel fundamental
la caída de la fecundidad, operada desde mediados de los afios setenta, hecho que puede ser calificado
como uno de los más sobresalientes en la reciente evolución demográfica, no sólo de la cornisa cantábrica
sino de toda Espana, y que ha llevado a este país a alinearse junto a los europeos de natalidad más débil,
pues, si bien el descenso se inició con una década de retraso (en la mayoría de
los Estados de Europa Occidental la natalidad comenzó a disminuir en torno a 1965, tras los anos dei
llamado "baby boom"), el retraso se ha compensado con una mayor intensidad en la caída.
Son variados los factores que han incidido en esta evolución de la fecundidad: en primer lugar
conviene aludir a las modificaciones en la mentalidad de la población desde 1976, que afectaron a esta
cuestión: difusión dei modelo de familia reducida, aumento de la cohabitación juvenil y descenso de
la nupcialidad (HERNANDEZ, J. 1989), crecimiento de la participación femenina en el mundo laboral,
deterioro de la religiosidad, generalización del uso de métodos de prevención de nacimientos (en 1978 se
despenalizá la distribución, venta y propaganda de anticonceptivos y en 1985 se autorizó la realización
de abortos en determinados supuestos). Todos estos cambios coincidieron con una crisis económica que
se hizo notar con bastante dureza, máxime si tenemos en cuenta que llegaban al mercado laboral
generaciones muy numerosas, nacidas en anos de relativamente alta fecundidad, para los que no había,
como para los que los precedieron, la válvula de escape que constituía la emigración a países europeos.
Este proceso evolutivo es aplicable a la cornisa cantábrica, que partía a comienzos de los
afios setenta de unos niveles de natalidad ligeramente más bajos que los espafioles, aunque altos en
292
el contexto europeo, y que ha llegado a registrar en la actualidad valores muy débiles, inferiores a 8%o,
como fruto de una reducción más intensa.
Dentro de la cornisa cantábrica hay diferencias entre sus cuatro Comunidades Autónomas, hecho
que también se puede observar dentro de ellas en el caso de las pluriprovinciales. En todas se ha producido
el comentado descenso de la natalidad y de la fecundidad, pero la caída ha sido más fuerte en las
que partían de niveles más elevados, por lo que las diferencias internas actuales son menores: más de cinco
puntos separaban en 1970 los valores extremos de las tasas de natalidad dei País Vasco (20,88%o) y
Asturias (15,75%o) o casi nueve existían, a nivel provincial entre Guipúzcoa (21,07%o) y Orense (12,25%o),
en tanto que en 19.89 la diferencia entre Comunidades Autónomas se redujo a 1,37 (8,33%o en Cantabria
frente a 6,96 %o en Asturias) y entre províncias a 3,86 (9,47%o en Pontevedra frente a 5,61%o en Orense).
Tasas de natalidad (%o) 1970 1975 1980 1985 1989 Galicia 16,5 17,09 13,8 9,91 8,05 Asturias 15,75 16,03 11,96 9,18 6,96 Cantabria 18,42 18,25 15,82 11,02 8,33 País Vasco 20,88 18,17 12,39 9,66 7,85 Cornisa cantábrica 17,88 17,37 13,16 9,79 7,82 Espafía 19,5 18,64 15,13 11,72 10,35 Fuente: I.N.E. y elaboración propia
Los mismos cambios se observan tomando en consideración otros indicadores más precisos
que la tasa bruta de natalidad por eliminar la influencia de la estructura por edades de la población,
como las tasas de fecundidad (en las que se produjo un descenso superior al45% entre 1970-71: 76,67%o y
1985-86: 40,03%o) o e! índice sintético de fecundidad, que arroja en la actualidad en las
cuatro Comunidades Autónomas cifras muy débiles, incapaces de asegurar e! remplazo futuro
de generaciones, mi entras que en 197 5 se sobrepasaba en todos los casos la barrera de 2, I. Y todo esto
se ha producido en las cuatro Comunidades, cada vez más uniformes a pesar de los grandes contrastes
que encierran desde e! punto de vista económico.
Indice sintético de fecundidad
1975 1980 1985 1987 Galicia 2,339 2,066 1,444 1,267 Asturias 2,303 1,824 1,325 1,178 Cantabria 2,649 2,154 1,454 1,317 País Vasco 2,638 1,847 1,285 1,132 Espana 2,781 2,21 1,637 1,474 Fuente: DELGADO PEREZ, M. y FERNANDEZ CORDON, J.A. (1989)
Galicia, con un elevado peso específico dei sector primario, fue la primera de las
cuatro Comunidades Autónomas en alcanzar un debilitamiento de la fecundidad, sobre todo sus
províncias orientales que, desde mediados de siglo sobre todo, presentaron unos rasgos bastante diferentes
a los de las occidentales, especialmente a los de Pontevedra. En un territorio caracterizado por un
débil desarrollo industrial y urbano, por una agricultura aquejada de graves deficiencias estructurales y por
e! bajo nível cultural de la población, la secular e intensa emigración envejeció la estructura demográfica
Incense y orensana desde una fecha bastante temprana, en tanto que la costa, sobre todo las Rías Bajas y
las Marinas se mantenían más jóvenes y gozaban de un mayor desarrollo económico; de todos modos
esta Galicia "desarrollada" se ha visto muy afectada por la crisis iniciada a mediados de los afíos setenta,
ya que algunos de los pilares de su economía (construcción naval, industria conservera, pesca ... ) se
han visto duramente afectados por la recesión. Por todo ello se da la "paradoja" de que la Galicia Oriental,
la más atrasada y pobre, se haya alineado pronto, por sus caracteres demográficos, junto a
los países más desarrollados económicamente y que finalizaron primero su transición demográfica
293
(HERNANDEZ, J. 1986), en tanto que La Corufí.a y Pontevedra han mantenido una natalidad más alta
hasta fechas recientes.
Las tres Comunidades restantes constituyen una zona definida por algunos autores
(CASTILLO, J. y RIVAS, J. A., 1988) como macro-región industrial en declive, en la cual
se ha venido produciendo un deterioro económico en las últimas décadas, palpable ya desde princípios
de los afí.os sesenta en Asturias y Cantabria y desde mediados dei octavo decenio de siglo, más tardíamente
por tanto pero de forma más virulenta, en e! País Vasco, región que se caracterizaba hasta
e! segundo quinquenio de los afí.os setenta por una natalidad relativamente alta (lo que en cierto modo
constituía una anomalía, dado e! nivel de renta per cápita de su población), que hay que relacionar con
e! elevado sentimiento religioso de su población y también, no lo olvidemos, con la recepción de
una intensa inmigración, formada por población laboral (en edad fecunda) que en los afí.os sesenta y
princípios de los setenta alcanzó altas cotas, lo contrario de lo que ha venido sucediendo desde
mediados dei octavo decenio de siglo, en que la crisis económica no sólo ha frenado esta afluencia
de inmigrantes sino que ha provocado un retorno de muchos de ellos hacia sus lugares de origen; y ésto
ha sido más intenso en las províncias septentrionales de esta Comunidad, de industrialización más antigua,
sobre todo e! sector de la industria pesada vizcaína, en tanto que Alava, de industrialización más reciente y
diversificada, ha resistido mejor las consecuencias de la recesión. En Asturias, Comunidad uniprovincial,
algunas de sus industrias básicas (las ligadas a la minería dei carbón y a la producción de hierro y acero,
con una elevada participación de inversiones públicas) ya presentaron dificultades a comienzos de
los afí.os sesenta, lo que influyó en un descenso de la natalidad, por lo que a comienzos de los setenta
las tas as eran relativamente bajas; después, a partir de 1977, se agudizá la caída. Por otra parte
dentro de esta província hay que sefí.alar la existencia de un fuerte contraste entre las diferentes comarcas
que la componen, especialmente entre e! tercio central, más industrializado y urbanizado, y e! resto
dei territorio de carácter rural, que ha sufrido una fuerte despoblación. Por último, Cantabria, que es
en la actualidad la Comunidad con natalidad y fecundidad menos bajas, ha tenido un desarrollo industrial
también relacionado en parte con la minería; fue en 1960 cuando e! sector secundaria alcanzó
la máxima participación en la producción industrial espanola (2,73%), descendiendo desde entonces
a pesar dei crecimiento de la producción, por la pérdida de dinamismo y capacidad de los
sectores dominantes (ORTEGA, J. 1986, 287-288).
El estancamiento de la mortalidad
El otro elemento del movimiento natural, la mortalidad, no ha estado sujeto ai mismo
proceso descendente, sino que ha permanecido muy estable en las dos últimas décadas (8,42%a fue la
tas a bruta de la cornisa cantábrica en 1970 y 8,61 %o la de 1989), puesto que se ha contrarrestado e!
crecimiento de la proporción de viejos con e! aumento de la duración media de la vida gracias ai
descenso de la mortalidad infantil y a las mejoras en e! terreno médico-sanitario (de prevención y
tratamiento de enfermedades). Las diferencias dei conjunto de la población espafí.ola con
la cornisa cantábrica o las existentes en e! interior de esta última entre las nueve províncias que la forman
son también sensiblemente más débiles que en e! caso de la natalidad, reflejando fundamentalmente
distintos grados de envejecimiento. Por ello las tasas brutas espafí.olas son ligeramente más bajas que las
de la cornisa cantábrica, destacando dentro de esta última por su debilidad los índices de
las províncias vascas, que alcanzaron sus cotas mínimas entorno a 1981-82, entanto que Asturias
y Galicia se sitúan en e! otro extremo con cifras que rebasan el 9%a, siendo particularmente elevadas las de
las províncias orientales de esta última Comunidad, especialmente las de Lugo, la província
más envejecida demográficamente.
294
Tasas de mortalidad (%o) 1970 1975 1980 1985 1989 Galicia 9,2 9,75 8,82 9,11 9,36 Asturias 8,54 8,85 8,92 9,43 9,66 Cantabria 8,42 8,81 8,23 8,36 8,96 País Vasco 7,28 6,33 6,2 7,0 7,02 Cornisa cantábrica 8,42 8,35 7,91 8,42 8,61 Espana 8,37 8,15 7,7 8,01 8,29 Fuente: I.N.E. y elaboración propia
Un crecimiento vegetativo reducido
Lo que sí se ha reducido ostensiblemente ante esta evolución de la natalidad (fuerte descenso) y
de la mortalidad (estancamiento con leve ascenso en los afíos más recientes) es e! crecimiento vegetativo,
actualmente nulo o de signo negativo, en tanto que a comienzos de los afíos setenta podía ser calificado
de medio-alto.
Como sucedía con la fecundidad, son bastante importantes las diferencias internas existentes en
e! seno de la cornisa cantábrica, aunque muestren también una tendencia a la atenuación. E! País V asco era
a comienzos de los afíos setenta la Comunidad con mayor crecimiento vegetativo (13, 13%o en e!
quinquenio 1970-74) por la combinación de una relativamente alta natalidad y una muy baja mortalidad,
pero e! descenso acusado de aquélla y la leve elevación de esta última ha reducido drásticamente
sus índices que, desde 1979, son inferiores a la media espafíola; en la actualidad las tasas vascas
de crecimiento natural son muy débiles, sobre todo en Vizcaya (0,49 %o en 1989) y Guipúzcoa (l ,08%o), en
tanto que Alava se mantiene en una situación menos desfavorable (1 ,67%o), de todos modos
por la baja mortalidad de las tres superan a las demás províncias de la cornisa cantábrica,
excepto a Pontevedra (1,14%o).
Galicia, una vez más, presenta fuertes desequilíbrios internos. Esta región ha pasado de tener
un crecimiento vegetativo positivo medio en 1970 a presentar tasas de signo negativo. Pero hay
que destacar la consabida diferencia entre sus províncias orientales, que ya a comienzos dei período
estudiado tenían índices próximos ai crecimiento cero y que desde princípios de los afíos ochenta
presentan valores claramente negativos, y La Corufía y, sobre todo, Pontevedra, la única que mantiene
en la actualidad un balance positivo de los nacimientos sobre las defunciones, presentando, pese a
las profundas diferencias de orden económico, una evolución demográfica bastante paralela a la
de las províncias vascas.
Asturias registra desde 1985 un saldo de signo negativo, si bien antes de esta fecha ya lo tenía
débil por su baja natalidad. Finalmente, Cantabria se encuentra en la actualidad en una posición intermedia
entre las nueve províncias.
Crecimiento vegetativo (%o) 1970 1975 1980 1985 1989 Galicia 7,3 7,34 4,98 0,8 -1,3 Asturias 7,21 7,19 3,04 -0,25 -2,69 Cantabria 10,0 9,44 7,59 2,67 -0,62 País Vasco 13,6 11,84 6,19 2,66 0,82 Cornisa cantábrica 9,46 9,02 5,25 1,37 -0,78 Espana 11,12 10,49 7,43 2,71 2,06 Fuente: I.N.E. y elaboración prop1a
295
Los cambios de signo en los movimientos migratorios
Otro factor que ha contribuído a la desaceleración del crecimiento demográfico de
la cornisa cantábrica es el correspondiente a los cambias de signo operados en los movimientos
migratorios. En efecto, desde mediados de los qnos setenta, con la aparición e intensificación de
la crisis económica, la Comunidad Autónoma vasca, que constituía uno de los focos espanoles receptores
de mano de obra procedente de todo el Estado (en los anos sesenta llegó a absorber el 14% de
los migrantes interiores), empezó a presentar balances de signo negativo, sobre todo en las
províncias septentrionales, más afectadas por la recesión, de tal modo que en los anos ochenta este saldo
ha sobrepasado al crecimiento vegetativo, llegando a perder población en términos absolutos; Alava, en
cambio, siguió presentando como Cantabria un pequeno saldo migratorio positivo. Asturias tiene unas
características similares, en cierto modo, a las províncias vascas septentrionales; esta Comunidad, a pesar
de la crisis de sus industrias tradicionales iniciada en los anos sesenta que se traduj? en un
éxodo migratorio hacia países europeos, todavía presentá a comienzos dei octavo decenio un
balance migratorio de signo positivo, cosa que ya no ocurrió entre 1976 y 1981 ni entre 1981 y 1986,
en que descendió la cifra de habitantes· por ser mayor la pérdida neta de las migraciones que el
débil crecimiento natural. En cuanto a Galicia, Comunidad caracterizada tradicionalmente por una
fuerte emigración, que en algunos períodos (1951-70) superó ai crecimiento vegetativo, provocando
un descenso dei número de habitantes, la aparición de la crisis económica con el freno a las
salidas de emigrantes y el retorno de muchos de ellos procedentes de otras regiones espanolas
o de países europeos ha traído una inversión dei proceso, llegando a tener saldos migratorios positivos
en algunas fechas, incluso en la Galicia oriental.
Saldo miaratorio Crecimiento real 1971-81 1981-86 1971-81 1981-86 1986-91
Gal i c ia -6.381 332 170.162 31.558 -64.949 Asturias 10.556 -20.621 81.372 -12.892 -15.390 Cantabria 3.731 2.600 43.678 13.854 5.611 País Vasco 22.400 -48.874 256.331 -1.965 -23.993 Cornisa cantábrica 30.303 -66.563 551.543 30.555 -98.721 Fuente: l.N.E. y elaborac1ón propJa.
El envejecimiento de la estructura por edades
Los cambias registrados en el movimiento demográfico de la cornisa cantábrica se han traducido
en una modificación de su estructura por edades, que en muy poco tiempo ha pasado de tener
una composición propia de poblaciones con una cierta madurez demográfica, pero no calificable de vieja
(caso dei Censo de 1970 o, todavía, dei Padrón de 1975), a presentar una estructura envejecida en 1986,
siendo más perceptibles las modificaciones estructurales en aquellas províncias y Comunidades
Autónomas que tenían un grado de juventud más alto hace dos décadas, como es el caso, sobre todo,
dei País Vasco por su alta proporción de jóvenes y ninos (dada su relativamente elevada natalidad) y
un buen porcentaje de adultos (por los apartes de población en edad laboral venida de otras partes
de Espana), en tanto que los viejos eran poco numerosos, a pesar de la baja mortalidad. Pontevedra y,
en menor medida, Cantabria tenían en 1970 una composición por edades parecida a la vasca, aunque
la proporción de jóvenes fuese algo menor y mayor la de los viejos. En un tercer nivel se situaban, en la
misma fecha, La C01·una, Galicia y Asturias con un mayor grado de madurez y unas pirámides de edades
con bases que empezaban a ser regresivas. Las províncias más envejecidas en 1970 eran las dos
de la Galicia oriental, sobre todo Lugo.
296
En 1986 la composición por edades de las nueve províncias era muy diferente a la de 1970,
apareciendo o acentuándose, según los casos, escasez de ninos y jóvenes, singularmente en el grupo de
los menores de cinco anos por la caída de la natalidad. Alava, Cantabria y Pontevedra son las que
presentan una estructura demográfica menos desfavorable, teniendo más jóvenes, por el menor descenso de
los nacimientos, que, por ejemplo, Guipúzcoa o Vizcaya, províncias que destacan por lo bien nutridas que
están de adultos jóvenes (los nacidos antes de la caída de la natalidad), lo que repercute en que
su proporción de viejos sea bastante débil (menor que en Cantabria o Pontevedra). Asturias y, sobre todo,
Orense y Lugo tienen en 1986 una composición por edades propia de las poblaciones viejas sin paliativos.
La pérdida de la vitalidad demográfica
Con el fin de sintetizar los cambios registrados en el régimen demográfico de la
cornisa cantábrica y, al mismo tiempo, poner de relieve el diferente ritmo evolutivo y la situación actual
de las províncias y Comunidades Autónomas que la forman, se ha calculado para los anos 1970, 1975,
1981 y 1986 el índice de vitalidad de Veyret-Verner (1959, 131), quien hace una clasificación de la misma
en tres grupos: elevada para los valores superiores a 8, media para los índices comprendidos entre 4 y 8 y
débil para los menore de 4. Este índice, de gran simplicidad y expresividad, da los siguientes resultados
en la cornisa cantábrica:
1970 1975 1981 1986 Galicia 4,1 3,33 2,96 1,78 Asturias 4,5 3,79 2,74 1,64 Cantabria 5,53 4,98 4,24 2,49 País Vasco 10,74 10,72 6,59 3,32 LaCorufía 5,61 4,12 3,53 2,01 Lugo 1,61 1,47 1,14 0,78 Orense 2,07 1,5 1,32 0,85 Pontevedra 6,23 6,23 5,43 3,24 Alava 11,26 12,52 8,9 4,65 Guipúzcoa 10,73 10,52 6,61 3,2 Vizcaya 10,37 10,25 6,15 3,11 Cornisa cantábrica 5,64 5,05 3,01 2,16 Fuente: Elaboractón propia
En 1970 sólo el País Vasco tenía una elevada vitalidad demográfica, destacando Alava con
el índice más alto de sus tres províncias. Las demás regiones presentaban valores de tipo medio, como
e! conjunto de la cornisa cantábrica. A nível provincial sólo Orense y Lugo quedaban por debajo de 4
con una vitalidad débil. Cinco anos después, en 1975, no se habían producido demasiados cambias. El
País Vasco seguía presentando una elevada vitalidad, con crecimiento en e! caso de Alava, pero
las otras tres Comunidades acusaron un descenso que situó a Asturias y Galicia dentro de los
niveles débiles, quedando Cantabria con un valor de tipo medio al igual que La Coruna (que tuvo
bastante descenso) y Pontevedra (que dio un valor similar a 1970). Pero en 1981 la situación ya
había cambiado notablemente por e! descenso de la fecundidad en los anos precedentes. En esa fecha
la cornisa cantábrica sólo alcanzó 3,01 de media, siendo débiles los índices en todos los casos menos en
el País Vasco y sus províncias (Alava dio más de 8), Pontevedra y Cantabria. Los datos de 1986 muestran
ya una baja vitalidad demográfica general, superando únicamente Alava el índice 4. Comparando con
la media espanola, sólo el País Vasco, a nivel de Comunidades Autónomas, lo sobrepasaba gradas a
la menor mortalidad y a una proporción de viejos más baja. En el otro extremo Asturias y Galicia (con
la excepción de Pontevedra) dieron las cifras menores (inferiores a 2), destacando por su debilidad
los índices de Orense y Lugo.
297
Las perspectivas futuras hacen pensar en un nuevo descenso de la vitalidad demográfica de
la cornisa cantábrica, puesto que desde 1986 ha continuado descendiendo la fecundidad, en tanto que
para la mortalidad cabe esperar un aumento en los anos noventa (tal y como ha sucedido ya en Lugo y
Orense) en la medida en que se acentúe el envejecimiento de la estructura por edades. Por otra parte
no se ven demasiadas perspectivas de revitalización económica que puedan hacer que se inviertan
las tendencias demográficas, ya que los ejes de crecimiento de la economía espafiola parecen
estarse desplazando bacia el Mediterráneo.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PERSPECTIVAS DE GEOGRAFIA HUMANA: CONTRIBUTO BIODEMOGRÁFICO PARA O ESTUDO DA MORTALIDADE INFANTIL
NA POPULAÇÃO PICOENSE (AÇORES)
Introdução
HELENA CALADO MANUELA LIMA Departamento de Biologia Universidade dos Açores
a diversidade dos fenómenos criados pelos
acontecimentos demográficos confere à investigação um caracter
por excelência multidisciplinar e, entre todas as ciências humanas,
a demografia é a que menos pode alhear-se das outras."
PICHAT, 1970
A importância da interdisciplinaridade na investigação científica constitui uma das apostas
do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores. Neste âmbito, realiza-se todos os anos
uma expedição científica a uma das nove ilhas do Arquipélago. Estas expedições privilegiam o contacto
entre cientistas de diferentes nacionalidades e com formações diversas, com o intuito de conhecer melhor
o arquipélago na sua diversidade, originada pela dispersão geográfica, e na especificidade da vivência
própria de cada ilha.
No ano de 1991 realizou-se a Expedição Científica à ilha do Pico, na qual a Secção de Geografia
participou com diversos objectivos; esta comunicação resulta de parte integrante de um deles. O facto
desta secção englobar o Núcleo de Antropologia Física, cuja vertente de investigação é a Biodemografia,
constitui uma oportunidade de melhor tentar compreender os acontecimentos demográficos em causa.
Após a análise de alguns indicadores (DREPA, 1988b) três questões essenciais
foram individualizadas:
I- O facto do índice de Vitalidade da população ser muito baixo (Pico: 2,9%; RAA: 9,0%).
II- O acentuado decréscimo da Taxa de Crescimento Natural (Pico: 0,3%; RAA: 10,7%).
III - As oscilações bruscas da Taxa de Mortalidade Infantil, que apresenta valores elevados,
mesmo nos anos mais recentes.
A ilha do Pico pertence ao grupo central do arquipélago e representa 19,2% da área total
do mesmo, constituindo a segunda maior ilha dos Açores (447,7 Km2). Administrativamente encontra-se
dividida em três concelhos: Lages, Madalena e São Roque (DREPA, 1969).
Apresenta um relevo vigoroso com 16,4% da sua superfície em cotas superiores a 800m,
41,2% com cotas inferiores a 300m e 42,4% em cotas compreendidas entre 300m e os 800m (IGC, 1969).
Os solos, no geral, por pouco meteorizados que são, têm fraca capacidade agrícola, requerendo
a sua mobilização cuidados especiais.
As condições morfológicas da faixa litoral não são favoráveis à fixação de vilas dotadas de
porto, dada a deficiente protecção dos ventos e das marés, mas as necessidades de pesca e comércio local
300
A Taxa de Mortalidade Infantil foi calculada de acordo com a definição do Instituto Nacional
de Estatística. Para efeito de análise dos tipos de mortalidade infantil, consideraram-se os óbitos
nos primeiros seis dias (mortalidade perinatal), entre o sétimo dia e um mês, inclusivé
(mortalidade neonatal), e entre um mês e um ano (mortalidade pós-neonatal).
Resultados e discussão
Os valores da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) para os concelhos da ilha do Pico
estão apresentados no Quadro I.
Quadro I - Taxa de Mortalidade Infantil para os concelhos das Lages, Madalena e São Roque, durante o período 1980/90.
Anos TMI- Lages TMI- Mad. TMI- S. Roq.
1980 15,6 25,6 40,0 1981 0,0 0,0 0,0 1982 0,0 0,0 III, I 1983 0,0 0,0 0,0 1984 29,0 27,0 0,0 1985 57,1 0,0 0,0 1986 0,0 0,0 21,3 1987 0,0 0,0 0,0 1988 0,0 0,0 0,0 1989 0,0 0,0 0,0 1990 0,0 0,0 0,0
Constata-se que se tratam de valores extremamente oscilantes, onde em grande parte
dos anos estudados a taxa apresenta o valor zero. Em contrapartida, no ano de 1982, em São Roque, a taxa
atinge o valor de 111, I o/o apesar de se ter verificado apenas um óbito.
No Quadro II indicam-se os valores da TMI, para os anos de 1983/85 (DREPA, 1985),
em oposição aos valores encontrados no presente estudo; é nítida a discrepância entre os mesmos.
Este facto poderá ser explicado pela forma como se efectuou a recolha dos dados, uma vez que
se consideraram como óbitos dos concelhos do Pico apenas os aí registados.
Quadro II - Taxa média de mortalidade infantil para os três concelhos da ilha do Pico ( 1983/85), segundo dados do DREPA (1988b), e dados obtidos pelos autores (*).
Concelho Taxa média ( 1983/85)
DREPA * Lages 20,3 28,7 Madalena 17,3 9,0 São Roque 31,1 0,0
Por outro lado, a não existência de uma unidade hospitalar com internamento na ilha do Pico,
condiciona a ocorrência quer dos nascimentos, quer dos óbitos infantis picoenses na vizinha ilha do Faial.
Isto implica uma adulteração da Taxa de Natalidade e de Mortalidade Infantil, tanto do Pico
como do Faial, como é visível na Figura 1.
301
deram origem a pequenos cais que permitem a acostagem de barcos de menor tonelagem.
Facto incontestável é a dependência administrativa e económica da população do Pico
em relação ao Faial, que prevalece até aos dias de hoje; o papel polarizador da cidade da Horta reflecte-se
na importância que assume a vila da Madalena (ponto de ligação entre as duas ilhas).
Através de mais de quinhentos anos de história (o povoamento deu-se por volta de 1460),
os picoenses desenvolveram várias actividades económicas das quais se destacaram, no início, a cultura
do trigo e a exploração do pastel. Seguiu-se a transformação dos campos de lava em ricos vinhedos
e pomares. Por fim, a presença dos baleeiros americanos veio induzir uma nova actividade: a caça
ao cachalote, que durante anos constituiu, além de fonte de rendimentos, um dos aspectos pitorescos
da ilha (Carreiro da Costa, 1978; Bento, 1988).
A população do Pico apresentou-se, em 1981, como a mais envelhecida da região com um
índice de envelhecimento de 84,5% (INE, 1991), contribuindo decisivamente para tal os elevados índices
de emigração. O índice de perda de população a partir de 1960, nesta ilha, é superior ao registado
no conjunto do Arquipélago (INE, 1991 ). O decréscimo marcado da taxa de crescimento natural
está também intimamente relacionado com este facto.
O sector primário continua a ser aquele que domina na população activa, sendo nele que
assenta a economia da ilha (42,2% do PIB em 1983), nomeadamente na produção agropecuária,
quase exclusivamente para consumo interno (DREPA, 1988a). Esta agricultura de subsistência condiciona
uma dependência da importação de produtos agrícolas. Somente a vinha, que na última década foi
em parte abandonada, dá mostras de algum dinamismo, com a introdução, com sucesso, de novas castas,
e a tentativa de recuperar a imagem de qualidade do vinho Verdelho, famoso nos séculos anteriores.
O sector secundário possui uma importância relativa (24,2% do PIB em 1983), que lhe advém
do sector piscatório, indústria conserveira e pequenos estaleiros. A actividade transformadora é reduzida à
indústria de lacticínios (DREPA, 1988a).
O Turismo não se revela como uma actividade significativa, pese embora as potencialidades
etnográficas e paisagísticas da ilha; dotada de alguns empreendimentos hoteleiros, falta-lhe a divulgação
a nível dos circuitos turísticos regionais e exteriores.
Todas as actividades se ressentem de três carências básicas que condicionam as potencialidades
da ilha: a falta de água, a carência de energia e a inexistência de mão de obra qualificada.
Também condicionante do desenvolvimento, é o sector dos transportes; no entanto a
abertura recente do aeroporto e as obras de melhoramentos dos portos existentes podem induzir uma
nova dinâmica nesta área.
Toda a ilha do Pico continua a ver a sua população partir em busca de melhores condições
de vida, e o vazio que fica dificilmente é preenchido.
Material e métodos
Os dados constantes deste trabalho foram obtidos a partir da consulta dos registos de óbitos e
assentos de nascimento que se encontravam nos Registos Civis da Horta, São Roque, Madalena e Lages.
Pretendia-se inicialmente estudar o período inter-censos, mas dado que, a partir de 1990
deixa de constar no registo de óbito a causa da morte, perdendo-se assim um importante elemento
de análise, optou-se por estudar o decénio 1980-1990.
302
Como é demonstrado pela Figura 1, após terem sido retirados dos registos da Horta
os óbitos de crianças cuja residência oficial dos pais não é nesse concelho, verificou-se
um decréscimo acentuado dos valores da TMI, embora o padrão geral de evolução da taxa se tenha mantido.
Taxa mort.
60
50
40
30
20
10
o 00 r--0\ ,.....,
o 00 0\ ,.....,
'i" 00 0\ ,.....,
00 00 0\ ,.....,
-D-- TMI Total
-<>-- TMI Horta
o 0\ 0\ ,.....,
0l 0\ 0\ ,.....,
Anos
Fig. 1 - Taxa de mortalidade infantil da Horta, considerando todos os óbitos registados nesse concelho (TMI Total), e apenas os óbitos de crianças cuja residência habitual dos pais é na ilha do Faial (TMI Horta).
Dadas as circunstâncias anteriormente expostas, optou-se por não efectuar uma
análise específica da mortalidade infantil para cada concelho, mas sim considerar um universo único
(Lages-S. Roque-Madalena-Horta).
Relativamente à análise dos tipos de mortalidade infantil (Quadro III), existe concordância
entre os resultados apresentados e os valores globais indicados para o arquipélago (Direcção Regional
de Saúde, 1989).
Quadro III - Valores percentuais relativos aos três tipos de mortalidade infantil (perinatal, neonatal e pós-neonatal).
Tipo de mortalidade %
Perinatal 84,6 Neonatal 5,7 Pós-neonatal 9,8
303
A mortalidade na primeira semana de vida é claramente a mais elevada, assumindo os óbitos
no período pós-neonatal um peso menos importante. Complementou-se a análise anterior com o estudo
das causas de morte (Quadro IV).
Quadro IV - Causas de morte por tipo de mortalidade infantil, para a totalidade dos anos estudados
Causa da morte 0-6d 6d-IM !M-IA Total
Indefinida 3 2 o 5 Prematuridade 38 o o 38 Malf. congénitas 17 o I 18 Compressão I Circ. do cordão umbilical. 12 o o 12 Asfixia I Hipóxia l3 o I 14 Apir. vómito 2 o 3 5 Pneumopatia o 2 3 5 Gastroenterite o o I I Morte fetal 2 o o 2 SDR 6 o o 6 S. morte súb. o 2 I 3 Complic. parto 2 o o 2 Outros 9 I 2 12
Se admitirmos que os resultados apresentados possam servir de suporte para algum tipo
de intervenção, ao nível do Plano de Saúde, e tendo em conta os equipamentos existentes (um Centro
de Saúde por cada concelho no Pico, e uma Unidade Hospitalar no Faial), então as acções a desenvolver
serão predominantemente no campo dos cuidados primários de saúde, nomeadamente na vigilância
à grávida, não só com a educação da população, mas também com o apoio de especialistas.
Estas medidas tenderiam a obviar o peso importante que apresenta tanto a prematuridade
como as malformações congénitas. De salientar o facto de serem quase inexistentes as causas de morte
normalmente associadas a condições sócio-económicas deficitárias.
Embora se reconheça o valor da análise da mortalidade (Marcuzzi & Martinelli, 1987;
Tasso & Marcuzzi, 1990; Marcuzzi & Gottardo, 1991), através da determinação da TMI, da observação
dos seus tipos e causas de morte, as conclusões a retirar estão condicionadas pela exactidão com que
são anotados os dados, especialmente em regiões onde a dispersão geográfica dificulta a correcta análise
dos fenómenos.
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(Prealpi Bergamashe). Quademi di Ecologia Umana, 20.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ANALISIS DE LA DESRURALIZACIÓN EN UN ESPACIO DE LA COMARCA DE SANTIAGO: EL HABITAT COMO ELEMENTO TRANSFORMADOR DEL PAISAJE.
SEVERINO FERNÁNDEZ ABEL FERNANDO GARCÍA PAZOS Universidad de Santiago de Compostela
En esta comunicación pretendemos analizar la mutación de un espacio rural en su contacto con
el mundo urbano. La creación de una microurbanización metropolitana en el interior de una Galicia
escasamente industrializada y con un fuerte peso de la economía agraria, supone el desarrollo de
un proceso urbano que lleva implícito la pérdida de identidad de un espacio en proceso de desruralización.
Término éste último más o menos afortunado, pero con el que tratamos de describir la realidad de
un espacio netamente agrario donde se encuentran áreas densamente pobladas que participan de
la vida rural por su localización y de la urbana por su proximidad.
Santiago de Compostela, capital autonómica con más de 100.000 hab. en 1991, poco a poco
va conformando su área periurbana sobre los municípios más próximos: Ames, Teo y Brión, de
manera desigual, donde el crecimiento de determinados núcleos de población viene favorecido
por distintos factores como: la saturación dei espacio urbano y los elevados precios dei suelo,
la generalización dei transporte individual y las facilidades para la edificación en los municípios vecinos
que abaratan el coste de la vivienda.
Así pues, la localización del nuevo hábitat periurbano, bien éste adopte la dispersión pura,
más o menos estructurada en función del viario rural y de las rutas principales de acceso a la ciudad
de Santiago, o se opte por unidades residenciales de cierta envergadura a partir del acondicionamiento
urbano de piezas importantes de suelo rústico, generalmente fruto de iniciativas dispersas, supone
la configuración de un nuevo paisaje y la ordenación del territorio de manera no funcional, donde
no se respetan las condiciones físicas, económicas y sociales de un poblamiento tradicional que sufre
un fuerte impacto en Ames y Teo en tanto que en Brión será más moderado.
Por lo tanto, trataremos de analizar la incidencia en el hábitat del nuevo tipo de vivienda que
se manifiesta como primer factor en la producción de espacio urbano y en la transformación del paisaje rural.
1. EVOLUCIÓN DE LA POBLACIÓN EN UN ÁREA DEMOGRÁFICA REGRESIV A.
La transferencia de población urbana de Santiago hacia su periferia incide de manera importante
en la evolución demográfica de los municípios de Ames, Teo y Brión situados dentro del área comarca!
santiagesa.
Esta zona se caracterizaba demográficamente por un fuerte éxodo rural determinando
un importante envejecimiento de la población, descenso del crecimiento vegetativo, al mismo tiempo que
fuertes desequilíbrios internos ante el despoblamiento de las zonas montafíosas.
Actualmente la evolución demográfica está directamente ligada a la dinámica urbana de
la ciudad de Santiago, por lo cual se puede hablar de dos procesos distintos:
306
EVOLUCIÓN DE LA POBLACIÓN
Municípios 1970 1981 % (*) 1986 % 1991 % Ames 9.833 9.166 -6.78 9.226 -6.17 9.864 0.31 Brión 5.679 5.942 4.63 5.814 2.38 5.752 1.29 Teo 11.119 10.986 -1.73 11.017 0.28 13.066 15.68 San tia o-o 70.893 93.695 24.34 104.045 9.95 107.472 3.29 (*)Incremento porcentual de la población
a) Un primer proceso centrípeto que tiende a aglomerar la población en el área central
en detrimento de la periferia, característico de las áreas rurales. Esto explicaría el fuerte descenso
de población hasta 1980 no llegándose a recuperar totalmente en la actualidad.
b) Un segundo proceso centrífugo que, por el contrario, tiende a incrementar
el peso demográfico de la periferia en la relación con el "centro", dando lugar a un área que
se está conformando como una microurbanización metropolitana. Este proceso se desarrolla a partir
de 1980 lo que explica la evolución demográfica de Ames y Teo, siendo de menor incidencia en Brión. Es
suficientemente indicativo que con respecto a 1970 en Ames sólo la parroquia de Biduido registra
un aumento considerable, en Teo son sólo las de Cacheiras y Calo, mientras que en Brión a pesar
de registrarse un cierto descenso de la población el número de parroquias que se mantiene es mayor.
La diferente evolución de estos municípios cuyo crecimiento se realiza en los núcleos situados
en el fondo del valle de "A Mahía" y en torno a las principales vías de comunicación, conduce a
unfuerte desequilíbrio en la distribución espacial de la población. Tanto en Teo como en Ames con
una densidad superior a los 100 hab/km2, concentran el 22% de sus respectivas poblaciones en núcleos
recientemente creados como Os Tilos y Parque Montouto, o consolidados como Milladoiro y Bertamiráns.
NÚCLEOS DE POBLACIÓN SEGUN NUMERO DE HABITANTES
Municípios N° Núcleos +1000 hab 200- 1000 100-200 Menos de 100 No %Poblac No % Poblac No % Poblac No % Poblac
AMES 118 1 14 4 14 21 27 92 54 TEO 138 I 18 9 19 24 25 104 38 BRIÓN 106 - - 2 9 10 20 94 71
La dispersión de los asentamientos favorecida por los condicionantes topográficos se
puede constatar en los 357 núcleos existentes, de los cuales 4 son de nueva creación. Ames y Teo
concentran más del 30% de su población en núcleos que sobrepasan los 200 habitantes, contrastando
con Brión donde no se alcanza el 10%, lo que una vez más indica su carácter regresivo y
menos influenciado por el flujo urbano de Santiago.
2. EL HABITAT COMO ELEMENTO MODIFICADOR DEL PAISAJE.
La ciudad consolidada va actuar como polo de atracción conformando un espacio destinado a
las implantaciones residenciales de vivienda principal o secundaria sobre el medio rural más próximo y
en función de su accesibilidad, de los atractivos del entorno natural y de las regulaciones urbanísticas.
2.1 Contraste entre la evolución de la población y la vivienda.
En las últimas décadas se produce un fuerte aumento de viviendas residenciales que por
lo general no se traduce en el crecimiento de la población en estos municípios, pero que provocará
la modificación total del habitat rural. El aumento que han experimentado estos municípios en el
número total de viviendas es de casi el 100% en los últimos veinte afíos, destacando Teo que
multiplica por más de dos el total de 1970, en Ames se supera el 60% de crecimiento, y es en Brión
307
con un 50% donde resulta más paradójico dado que es un município que pierde población.
El número de viviendas aumenta considerablemente en los núcleos urbanos, mientras que
en el resto el crecimiento es mucho menor. Por otra parte, como antes hemos sefíalado, se puede observar
que la evolución de la vivienda no se correlaciona con la de la población, pues frente a los 187 núcleos
que aumentan el número de viviendas totales, sólo 66 lo hacen en el número de habitantes.
En Teo y Ames el número de núcleos que aumentan en viviendas es menor debido a la
concentración de las mismas en entidades urbanas como Os Tilos o Parque Montouto (Teo) con un 25%
y Milladoiro o Bertamiráns (Ames) con un 40%. Por el contrario, en Brión el aumento de viviendas se
distribuye en más núcleos al no disponer de concentraciones urbanas importantes, pero aún así la parte
más montafíosa del município pierde 54 viviendas, mientras que la parte baja aumenta en 86.
No hay grandes diferencias entre el modelo residencial permanente y el secundaria, aunque
la localización de la vivienda principal está más ligada a las condiciones de accesibilidad a la ciudad
de Santiago que la secundaria. Esta se difunde por ello en un mayor radio respecto al núcleo urbano, que
se irá ampliando en función de la movilidad y de la mayor disponibilidad de tiempo de ocio semanal.
EVOLUCIÓN DE LA VIVIENDA SEGUN EL TIPO DE OCUPACIÓN
1970 1981 1991 CONCELLO TOTAL TOTAL PRINC% SECUN% DESOC o/t TOTAL PRINC% SECUNo/t DESOCo/t
AMES 2.442 2.694 84,0 2,6 13,3 4.032 65,2 4,4 30,4 BRIÓN 1.232 1.674 85,0 4,4 10,4 1.836 77,7 9,3 10,2 TEO 2.003 2.87 85,0 2,0 13,2 4.315 75,2 9,0 15,7 TOTAL 5.677 7.238 84,5 2,8 12,5 10.183 71,7 7,2 20,5
En cuanto al tipo de ocupación de la vivienda podemos observar:
- La vivienda principal experimenta un importante crecimiento en total en las últimas décadas
tanto en Teo (31%) como en Ames (15%), mientras que en Brión tan sólo se registra un 3%. Esto
se debe al gran número de urbanizaciónes que se originan en las parroquias colindantes con Santiago.
Sin embargo hay una disminución en su crecimiento si la relacionamos con los otros tipos de vivienda.
-La vivienda secundaria aumentó considerablemente en 1991 (28% del total), cuando en 1970
eran poco significativas y en 1981 suponían el 15%. Su número supera el 10% del total en las parroquias
de Cacheiras, Recesende, Luou y Oza (Teo); Bastavales y Anxeles (Brión), y Ames, Covas y
Bugallido (Ames), s~ ven favorecidas todas ellas de un medio físico excelente que atrae al descanso y ocio
de la población urbana de Santiago.
-La vivienda desocupada en su mayoría se centra en las parroquias de Biduido y Ortofío (Ames)
que presentan más del 38% del total de la zona debido a la existencia de los núcleos urbanos de Milladoiro
y Bertamiráns donde la vivienda colectiva es dominante constituyéndose como zonas de paso o transición
a la ciudad, junto con la reciente construcción de urbanizaciones aún con débil ocupación (As Mimosas
y Aldea Nova).
Además existen otras parroquias como Brión, Cacheiras, Calo, Oza y Recesende en Teo
en donde el proceso de urbanización es importante por lo que presentan el 15% de sus viviendas totales
como desocupadas.
2.3. El proceso de construcción de la vivienda
La evolución en la construcción aparece ligada a diversos factores entre los que destacamos
los siguientes:
a) Políticas de planeamiento: La escasez de recursos de los municípios rurales y la posibilidad
308
de poder incrementar los ingresos, explican que las autoridades locales recurren a la atraccción
de la población dando todo tipo de facilidades para la construcción de viviendas, dejando a un lado
todo tipo de planificación dei territorio e incluso favorecen de forma soterrada el incumplimiento de
las normas más elementales existentes en materia de urbanismo. Este tipo de política es la realizada en Teo
hasta 1989 y que de alguna manera todavia continúa en Ames, permitiéndose una
edificación descontrolada que provocaría graves problemas en las dotaciones de servicios que hacen que
se tomen desde 1989 una serie de medidas conducentes a una adaptación a las normas de planeamiento
provinciales vigentes.
Brión supuso un caso peculiar con la aplicación de soluciones que se contradecían con las
de los municipios vecinos, de forma que en 1983 se realiza un profundo estudio socio-económico
dei municipio que dará lugar a la elaboración de unas Normas de Planeamiento aprobadas en 1985,
que controlarán de forma estricta la construcción y la conservación dei medio natural.
b) Are as de edificación: En los primeros afíos de la década pasada la construcción de
viviendas unifamiliares se repartía por las parroquias más próximas a Santiago y con mejores
vías de comunicación. Uno de los factores que más favorecerá su expansión es la concentración parcelaria
realizada en los afíos setenta con fines agrícolas pero que ahora se presenta como suelo fácil de urbanizar
dada su regular parcelación y su entramado viario.
Desde 1984 la construcción en Ames se centra en grandes bloques en los núcleos urbanos
de Milladoiro y Bertamiráns (75% de las viviendas totales) y en las urbanizaciones de Aldea Nova
y As Mimosas.
NUMERO MEDIO DE LICENCIAS ANUALES CONCEDIDAS PARA LA CONSTRUCIÓN DE VIVIENDAS
A fios Ames Brión Te o Total
1980-82 63 37 79 179 1984- 86 165 22 53* 240 1989-91 426 50 96* 572
* No están incluídas las viviendas construídas en Os Tilos y Parque Montou to.
En Teo desde los afíos setenta se centra la construcción en las parroquias de Calo y Cacheiras
con viviendas unifamiliares, para luego a principios de los afíos ochenta extenderse a otras parroquias
vecinas como Oza, Luou y Recesende, y al mismo tiempo se inician una serie de urbanizaciones
(A Palloza, Os Tilos, Os Verxeles, Parque Montouto) que representarán en torno al 80% de la vivienda
construída.
En Brión la construcción se vio frenada por las normas urbanísticas impuestas siendo cuatro
parroquias las que centrarán la casi totalidad de la edificación siempre en viviendas unifamiliares aisladas
hasta que en 1989 se inician dos urbanizaciones en Anxeles.
c) El origen de los constructores: A lo largo de la década de los ochenta el crecimiento
de la construcción estará ligado a la demanda desde Santiago, que se canalizará de los siguientes modos:
- Mediante promotoras y constructores que solicitan licencia para la realización
de urbanizaciones y grandes bloques para luego buscar los compradores en Santiago.
- Personas particulares residentes en Santiago, que compran un terreno y solicitan permiso
para construir una pequena edificación con fines agrícolas ("galpón"), que luego se convierte en vivienda.
- Propietarios de terrenos que, previa parcelación y solicitud de construcción,
venden a compradores de Santiago.
"De esta forma alrededor de un 30% de las licencias solicitadas en el municipio de Ames
son realizadas por vecinos de Santiago o de otros lugares de Galicia; en Teo esta proporción pasa de un 30%
309
a princípios de los ochenta a un 43% en el afio 1990, y el caso de Brión es particular, pues se favorece
a los vecinos del município y a las iniciativas de restauración de vivienda mientras que los no residentes
encuentran muchas trabas lo que se constata consolo el20% de licencias concedidas en 1990.
3. TIPOS DE ASENTAMIENTOS
El habitat actual es el resultado de la transformación del original caracterizado por la
agrupación de vivendas en núcleos compactos que en los afíos setenta se va extendiendo a lo largo
de las carreteras, pero será en los ochenta cuando se produzca una fuerte transformación con la
constante urbanización de suelos antes dedicados a actividades agrarias.
Paralelamente se introducen unos modelos de vivienda nuevos ligados a las actividades
no agrarias. Normalmente desapareceu los edifícios accesorios al tiempo que cambia la forma tradicional
y los materiales de construcción, siendo sintomático la aparición de la pizarra casi siempre ligada
a viviendas de alto standing, así como los grandes bloques y naves industriales al lado de edifícios
de tipo tradicional.
De esta forma se pueden distinguir los siguientes tipos de habitat:
- Aldea tradicional: alejadas de las vías de comunicación principales y aunque pueden
aparecer nuevas edificaciones estas son realizadas por vecinos integrados en la vida parroquial. Aún son
muy abundantes en Brión y norte de Ames.
- Núcleos tradicionales transformados: La transformación no afectó por igual a todos ellos
por lo que podemos distinguir tres formas de modificación relacionadas con las políticas urbanísticas
municipales y el tipo de edificación más frecuente:
a) Núcleos urbanos: catalogados así por el tipo de construcción permitida en la que dominan
los edifícios en altura. Existen sólo dos Milladoiro y Bertamiráns.
b) Núcleos rural-urbanos: Se trata de núcleos considerados como urbanos por los ayuntamientos
por lo que se puede edificar en una reducida superfície, pero no se permiten más de dos alturas en
los edifícios. Existen cinco de estos núcleos en Teo y tres en Brión.
c) Aldeas urbanizadas: Nos referimos a aquellas que aunque consideradas rurales presentan
un grado tan alto de urbanización que los núcleos originales se difuminan llegando a unirse entre sí por
la multiplicación de viviendas unifamiliares. Son numerosos en todas las parroquias más próximas a Santiago.
EVOLUCIÓN DE LOS NÚCLEOS MAS IMPORTANTES.
NÚCLEO MUNICIPIO 1981 1991 TOTAL PRINC. HAB. TOTAL PRINC. SEC UNO DESOC. HAB.
COBAS-OS TILOS TEO 24 23 108 950 697 114 139 2545 PARQUE MONTOUTO " - - - 144 97 13 25 386 HERMIDA-A PALLOZA " 4 4 23 23 22 I o CASALONGA " 78 69 272 88 71 2 15 271 SOLLANS " 62 58 230 94 67 14 13 256 CACHEIRAS " 71 69 283 87 59 11 17 247 MILLADOIRO AMES 310 !53 59 1077 410 o 667 1360 BERTAMIRANS " 226 179 738 547 338 2 207 840 AS MIMOSAS " - - - 88 58 o 30 205 ANXELES BRIÓN 402 326 1377 473 372 51 50 1396 PEDROUZOS " 81 79 249 87 72 4 11 236
- Nuevos núcleos: Durante la última década surgen las "Urbanizaciones" que no siempre darán
lugar a nuevos núcleos, pues en la mayoría de los casos se integran en otros ya preexistentes, pero
a veces su aislamiento dei resto hace que sea obligatorio su reconocimiento como tal.
Entre 1982 y 1991 se construyeron innumerables urbanizaciones de las que debemos
310
destacar ocho por su tamafío y trascendencia: Os Tilos, Parque Montouto, Os Verxeles y A Palloza (Teo),
As Mimosas y Aldea Nova (Ames), y Hortensia y Sociedad Cooperativa de Brión (Brión). De ellas
cinco forman nuevos núcleos, presentando en 1991 un alto porcentaje de ocupación solamente Os Tilos,
A Palloza y As Mimosas.
CONCLUSIONES
El espacio rural pierde su especificidad basada en la explotación agrícola convirtiéndose en
un área plurifuncional que hace evidente una corriente de descongestión urbana que busca un
nuevo espacio, condicionada por la planificación urbana de la ciudad de Santiago y la crisis
de la agricultura.
El crecimiento se realiza sin la debida planificación por lo que la libre edificación,
salvo excepciones, provocará una profunda modificación del habitat rural de forma descontrolada y
perniciosa para la calidad de vida.
Se mezcla el paisaje rural con el urbano en un difícil equilíbrio que terminará con la imposición
del segundo afectando así profundamente al modo de vida tradicional de las parroquias rurales afectadas.
El habitat natural de esta zona, como en el resto de Galicia rural, centrado en la "aldea"
sufrirá un profundo impacto que la llevará a la práctica desaparición en cuanto a la estructura y funciones
tradicionales.
BIBLIOGRAFIA
Valenzuela Rubio, M.: Los espacios Perirurbanos, en Actas, discursos, ponencias y mesas redondas dei IX Coloquio de Geógrafos Espaiíoles. Murcia, diciembre 1985. pp. 82-123. 1985.
Junta de Castilla y Leon. Jornadas de Geografía y Urbanismo. Salamanca, diciembre 1984.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
DINÂMICA DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO RURAL NA SERRA DO MARÃO O EXEMPLO DA "REGIÃO" DA CAMPEÃ
1 -EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO
FANTINA TEDIM PEDROS:{\ Instituto de Geografia, FLUP
Na área montanhosa do Marão, desenvolve-se uma depressão de grandes dimensões,
de orientação E- W: a depressão da Campeã. Assenta, fundamentalmente, nas rochas do
complexo xisto-grauváquico do Grupo do Douro. O fundo está colmatado por sedimentos resultantes
da evolução das vertentes no Quaternário, formando um plaino que se encontra a 700-7 50 m de altitude.
A cota mais baixa (686m) situa-se junto da povoação de Foz (freguesia de Pena), no local onde o rio Sordo
atravessa os filões de aplitos e o seu vale inicia um encaixe profundo até à confluência com o rio Corgo.
Estas características estruturais justificam, ainda hoje, os problemas de má drenagem na área
de menor declive.
Esta depressão, cujo território está quase totalmente distribuído pelas freguesias de Campeã,
Quintã e Vila Cova, do concelho de Vila Real, é designada localmente por "região" da Campeã, expressão
que adoptaremos na sequência deste trabalho.
Em 1950 viviam na "região" da Campeã 3143 pessoas, enquanto que em 1991 era de 2494
o número de habitantes o que representa um decréscimo de 20,6% (QUADRO I). Embora nas
três freguesias a população em 1991 seja inferior à existente em 1950, verificaram-se dois tipos
de comportamentos demográficos distintos. Em Campeã e Vila Cova, na década de cinquenta registou-se
um crescimento da população ocorrendo, a partir de então, um decréscimo contínuo. Em Quintã, nos
anos cinquenta a população diminuiu enquanto que nas décadas seguintes alternam períodos de
crescimento e de decréscimo populacional.
QUADRO I- Evolução populacional entre 1950 e 1991 na "região" da Campeã. Freguesia População Variação da população Saldo Fisiológico Saldo Migratório
1950 1960 1970 1981 1991 50/60 60170 70/81 81/91 50160 60170 70/81 81191 50/60 60170 70/81 81191 Campeã 2416 2742 2285 2211 1950 13.49 -16.67 -3.23 -11.8 483 490 189 14 -157 -947 -263 -275
Quintã 196 192 215 180 192 -2.04 11.98 -16.28 6.67 14 52 10 4 -18 -29 -15 8
Vila Cova 531 803 445 418 352 51.22 -44.58 -6.07 -15.79 155 155 28 2 117 -513 -55 -68
TOTAL 3143 3737 2945 2809 2404 18.89 -2l.l9 -4.62 -14.42 652 697 227 20 58 -1489 -363 -335
Fonte: I. N. E.
Num espaço em que a agricultura era praticamente a única actividade produtiva, existia uma
excessiva pressão demográfica, havendo mesmo nos anos cinquenta situações de miséria. Nessa altura a
densidade populacional era de 89,7 hab/km2 e aumentou na década seguinte para 106,7 hab/km2
(QUADRO II). O número de trabalhadores agrícolas excedia largamente a procura, pelo que era
frequente as pessoas trabalharem só para receberem a "merenda". Embora não seja possível quantificar,
existia desemprego e subocupação.
A riqueza do subsolo do Marão fez com que a exploração mineira tivesse tido bastante
importância, embora tenha suscitado comportamentos distintos por parte da população. Na época de
procura de volfrâmio e estanho, dadas as características da exploração, houve bastante interesse por parte
dos residentes.
312
QUADRO II- Evolução da densidade populacional, do número de fogos, e de famílias.
Freguesia Densidade (habfkm2 Número de fogos Número de famílias 1950 1960 1970 1981 1991 1960 1970 1981 1991 1950 1960 1970 1981 1991
Campeã 101,0 114,7 95,6 92,5 81,6 729 624 738 935 582 678 546 524 705 Quintã 46,8 45,8 51,3 42,9 45,8 56 49 59 78 42 46 44 41 62 Vila Cova 76,8 115,9 64,2 60,3 50,8 187 139 196 152 132 171 128 90 127 TOTAL 89,7 106,7 84,1 80,2 68,6 972 912 983 1165 756 895 718 655 884. FONTE: I.N.E.
No entanto a extracção do ferro nas minas de Vila Cova, durante as décadas de cinquenta
e sessenta suscitaram uma acentuada migração de pessoas para esta área, algumas das quais viviam nas
"casas da Malta" enquanto que outras se deslocavam diariamente utilizando os meios de transporte
possíveis. No entanto como o trabalho nas minas era duro os habitantes da "região" da Campeã
não se interessaram significativamente por esta actividade. A Vicominas, indústria de exploração e
transformação do minério de ferro que se explorava em Vila Cova e noutras minas do Marão, que
actualmente se encontra desactivada, teve a fase de maior intensidade de laboração nos anos cinquenta e
na primeira metade da década de sessenta. Aí chegaram a trabalhar 760 pessoas, no ano de 1968, das quais
303 (39,9%) residiam na "região" da Campeã. No entanto somente 89 eram naturais, o que demonstra a
fraca adesão dos habitantes destas freguesias e a forte atracção de trabalhadores sobretudo provenientes
dos municípios vizinhos.
Na década de cinquenta a deficiente alimentação em termos de quantidade e de qualidade, aliada
a deficientes condições de habitabilidade e de acompanhamento médico, assim como de infra-estruturas
nos hospitais regionais, justifica a elevada mortalidade infantil nesta área em 1950/59 era superior a 80%.
e que actualmente é bastante inferior. Por exemplo, em Quintã das 22 crianças nascidas em 1980/89
nenhuma morreu com menos de um ano e em Campeã e Vila Cova a taxa de mortalidade infantil cifrou-se
em cerca de 25%, que todavia ainda é um valor relativamente elevado.
A dimensão média da família também tem diminuído (QUADRO II). Em 1950 oscilava
entre 4,0 pessoas em Vila Cova e as 4,7 em Quintã, que continua a apresentar o valor mais elevado
em 1991 que é de 3,1 indivíduos. As outras duas freguesias apresentam um valor de 2,8 pessoas por fogo.
Embora a dimensão média das famílias tenha vindo a diminuir sendo cada vez mais difícil encontrar as
famílias numerosas, que já foram tão comuns em meio rural, o número absoluto das, famílias aumentou. De
facto em 1950 havia 756 agregados familiares, enquanto que em 1991 o seu número ascende a 894.
Daí resulta o aumento dos fogos que se verificou na Campeã e em Quintã. Já o mesmo não se passa
em Vila Cova, onde se assiste a um decréscimo do número de famílias e de fogos entre 1981 e 1991, que
poderá ser ainda resultado da perda de importância da exploração mineira nesta freguesia.
O saldo fisiológico tem vindo a decrescer de modo muito acentuado (QUADRO I).
Entre 1950/60 era de 652, enquanto que no último período inter-censitário foi de. apenas 20. Este
comportamento deve-se sobretudo a uma redução acentuada do número de nascimentos. Assim entre 1950
e 1960 registaram-se 1002 nascimentos, enquanto que em 1981/91 nasceram apenas 283 indivíduos.
O saldo migratório entre 1950 e 1991, estimado através do método do movimento natural, foi
bastante negativo. Em termos globais, no período acima referido, a região da Campeã, registou um
défice de 1176 pessoas, embora seja importante evidenciar tendências distintas nas três freguesias.
Na Campeã o saldo migratório é negativo em todos os períodos considerados, ocorrendo o maior défice
em 1960170, com um saldo negativo de 947 pessoas. Não podemos esquecer que a emigração para
países europeus na "região" da Campeã verificou-se a partir de meados dos anos 60, e começou a fazer-se
a "salto", pois só podiam emigrar legalmente os jovens que tivessem cumprido o serviço militar,
313
verificando-se mesmo certas facilidades para os que tivessem feito serviço nas antigas colónias
portuguesas em África. Em Vila Cova o saldo migratório é positivo entre 1950/60, o que se deve
inteiramente à exploração do ferro, regista na década seguinte saldos negativos, particularmente
acentuados com a desactivação da referida exploração mineira. Em Quintã o saldo migratório é negativo
até 1981, ocorrendo o maior valor em 1970/81 com menos 45 pessoas. No entanto entre 1981191
esta situação altera-se e torna-se mesmo positivo ( +8), o que poderá estar relacionado com o regresso
de emigrantes.
Para comprovar os importantes movimentos migratórios que ocorreram nesta área podemos,
a título exemplificativo, tomar como referência a populaÇão que nasceu entre 1950 e 1973. Verifica-se que
em todas as freguesias mais de 75% da população não reside actualmente na "região" da Campeã.
Os naturais que saíram de Vila Cova e Quintã dirigiram-se fundamentalmente para a Europa. Embora
este tipo de movimento também tenha sido fundamental na Campeã verifica-se que as migrações
para outros locais do país também tiveram importância que se pode constatar ainda pela existência de
um número considerável de habitações secundárias de residentes, nomeadamente, na área metropolitana
do Porto e de Lisboa.
Actualmente, ainda há emigração que se destina sobretudo à Suiça para execução de
contratos mais ou menos longos, ou a França, para a execução de trabalhos agrícolas. Na época em
que permanecem na "região" trabalham na agricultura ou na construção civil.
O movimento de retorno de emigrantes, de que existem vários exemplos, não alterou de modo
significativo a estrutura da população aí residente, já que a maior parte deles ainda não regressou, o que é
notório pelo movimento intenso nos meses de Verão, que provoca mesmo um inflacionamento temporário
do preço dos bens de consumo na "região".
Também o movimento de fixação de população urbana neste espaço rural não assume aqui
senão um carácter temporário, e pode dizer-se que a quase totalidade das pessoas que adquiriram,
construíram ou herdaram uma casa nesta área nasceram ou pelo menos os progenitores viveram aqui. Se
em Quintã e Vila Cova assume reduzido significado, o mesmo não se podendo dizer, em relação
à freguesia da Campeã. A título exemplificativo e com base em trabalho de campo, pode dizer-se que
no lugar de Vila Nova 31,7% dos fogos existentes são habitações secundárias. Destas mais de metade
pertencem aos actuais proprietários por herança e algumas conservam a arquitectura original. Cerca
de 12,7% das habitações secundárias são novas, mas destas 75,0% são propriedade de emigrantes. No
lugar de Vendas (Campeã), o número de habitações secundárias é ainda mais elevado (45,8%). Destas
33,3% são de residentes no país, sobretudo herdadas, enquanto que das novas 90,0% são de emigrantes.
2- ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA PRODUTIVA
Como já foi referido a agricultura era, na década de cinquenta, a principal actividade a que
se dedicava a população desta "região". Praticava-se uma agricultura fundamentalmente
para autoconsumo. As principais produções eram a batata, o milho, centeio, feijão, o feno e a castanha.
A batata que tinha grande procura para semente, era facilmente comercializável sobretudo pelos
proprietários que já nessa altura possuíam veículos motorizados, pois nem sempre apareciam
intermediários. O milho destinava-se a Amarante e o feno também era muito utilizado para alimentação
dos asininos que faziam trabalhos nas vinhas do Douro. A castanha era também uma produção importante
e ainda continua a ser, embora se note um envelhecimento dos soutos. Tem pouca expressão nesta área
a plantação de novos soutos com apoios da CEE, e os agricultores não estão muito sensibilizados para esta
produção, não obstante constatarem existir boas condições para o seu escoamento.
314
Nos últimos quarenta anos ocorreram algumas modificações no sector agropecuário. De facto
a vulgarização do tractor e a introdução da vaca turina, como produtora de leite em meados da
década de setenta, provocaram as alterações mais significativas, com um aumento de importância
das culturas forrageiras e dos prados, em detrimento de outras produções.
No início dos anos cinquenta havia grandes rebanhos de gado miúdo (QUADRO III). Em 1955
existiam na "região" da Campeã 1048 cabeças de gado miúdo enquanto que em 1989 o seu número era
de 289, o que representa uma diminuição de 72,4%. Este acentuado decréscimo reflecte a dificuldade
em encontrar pastor a partir do momento em que se acentuou a emigração.
Nos anos cinquenta o gado bovino existente era sobretudo maronês e barrosão. As fêmeas
eram preferidas porque embora tivesssem menos força para os trabalhos agrícolas, as suas crias
constituíam um rendimento suplementar para os agricultores. Em 1955 foram recenseados 1126 cabeças
de gado bovino, enquanto que em 1989 o seu número ascendia a 1297, que todavia era inferior em 18,2%
ao do ano de 1979. Os bovinos de raça turina vão expandir-se a partir dos anos setenta quando se torna
regular a recolha de leite e quando o gado de trabalho deixa de ser tão necessário já que foi sendo
substituído pelo tractor, cuja introdução se efectuou nos anos sessenta. No entanto, convém referir que
em Vila Cova o gado serrano ainda é criado e tem mesmo maior importância que o turino. Esta situação
advém da existência de uma boa área de "monte" onde o gado autóctone encontra boas condições de pasto
e pode mesmo deslocar-se sózinho. Pelo contrário o gado turino é mais exigente em termos de pastagens e
como a superfície agrícola é reduzida, esta espécie de gado não tem tido grande penetração nesta freguesia.
QUADRO III - Evolução do número de cabeças de gado.
Freg. Cavalares Bovinos Ovinos Caprinos Suinos Asininos Muares 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989 1955 1972 1979 1989
Campeã 55 25 29 8 804 932 1198 918 351 202 259 137 371 45 149 138 316 325 228 15 14 28 41 80 4 2 2 52
Quintã lO lO 7 2 123 93 133 191 6 13 33 6 I 35 40 7 2 2 I 13
Vila Cova 5 3 6 2 199 162 256 188 238 93 86 8 81 91 43 76 59 82 2 2 3 I
TOTAL 70 38 42 12 1126 1187 1587 1297 595 308 378 151 453 136 192 138 427 424 317 17 18 30 42 96 4 2 2 53
FONTE: I.N.E.
Se no início da década de cinquenta a agricultura era a actividade fundamental de praticamente
todos os residentes da "região" da Campeã, em 1981 a população activa a trabalhar no sector primário
(QUADRO IV) era, ainda, nas três freguesias superior a 56%, atingindo mesmo os 83,6% em Quintã.
O mercado de emprego noutros sectores era e continua a ser muito reduzido e mesmo no
espaço envolvente existiam várias limitações que ainda hoje permanecem.
QUADRO IV- Estrutura da população activa em 1981
Freguesia Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário (%) (%) (%)
Campeã 65,6 20,4 14,0 Quintã 83,6 9,8 6,6 Vila Cova 56,1 25,2 18,7
"REGIÃO" 65,7 20,1 14,2 Fonte: INE
De facto, o sector agrícola continua a ser, no momento presente, fundamental na economia da
região, embora em muitas famílias não seja a única fonte de rendimento, nem mesmo a mais importante.
O sector agro-pecuário tem continuado a registar algumas inovações. A procura de
sementes selecionadas e melhor adaptadas às condições edafo-climáticas permitiram aumentar a produção.
Na "região" da Campeã desde 1987 foram aprovados 17 projectos, 13 na freguesia da Campeã e 4
em Quintã, ao abrigo do Regulamento comunitário 797/85, substituído pelo regulamento 2328/91. Destes
projectos só três pertencem a agricultores com mais de 50 anos (QUADRO V e VI). Na freguesia
da Campeã 76,9% dos projectos são de jovens agricultores o mesmo acontecendo com três dos quatro
315
projectos de agricultores residentes em Quintã. Em termos globais os objectivos dos diferentes projectos
orientam-se em duas perspectivas: aquisição de espécies animais e vegetais; melhoramentos ao nível
das infra-estruturas e aquisição de equipamentos e maquinaria diversa.
Em relação ao primeiro aspecto mencionado, verifica-se que tem sido dinamizada a criação de
prados e a expansão das culturas forrageiras, assim como a aquisição de bovinos tanto para produção
de leite como também, embora com menor importância a produção de carne. Os quatro projectos de Quintã
apontam neste sentido, como também 69,2% dos da Campeã. Noutros é visível a procura de reabilitação de
produtos como o mel e a castanha. Foram solicitados subsídios para o aumento do número de colónias
apícolas e para a plantação de um souto e de um pomar. De registar a aposta de duas explorações
na produção de espécies hortícolas para o mercado regional, pelo menos numa primeira fase.
Em todos os projectos é solicitada colaboração financeira para a aquisição de maquinaria
mais adaptada às novas condições de produção, a construção de estábulos, silos e melhoramentos
no sistema de rega das explorações.
QUADRO V - Projectos agrícolas que beneficiaram de fundos comunitários na freguesia de Campeã.
Ano de Residência aprovação Idade do Sexo Agricultor projecto Agricultor
Dimensão da exploração (ha) Alterações a nível de
Campeã 1987 57
Campeã 1987 62
Campeã 1988 5
Campeã 1990 34
Campeã 1991 38
Campeã 1991 23
Campeã 1991 24
Campeã 1991 21
Campeã 1991 28
Campeã 1992 25
Campeã 1992 41
Campeã 1992 36
Campeã 1992 35
Total Própria Arrendada produção Infra-estruturas e equipamentos técnicos
M 5.050 5.050
M 5.902 5.902
M 1.670 1.111
F 11.398
M 28.300
F 8.340
M 21.510
M 11.800
M 10.400
M 21.510
M 7.670 0.300
F 4.500
F 11.500
Criação de I ,6 h a de prado; Arranjos na vacaria; aquisição de compra de 5 vacas leiteiras. equipamento para rega por aspersão.
Aquisição de motocultivador, reboque, charrua, freza e roçador.
0.559 Compra de 40 colónias apícolas Compra de equipamento agrícola. para aumentar a produção.
11.398 Compra de 4 bovinos para Arranjo da vacaria; construção de silo carne. e reservatório de água; aquisição de
acessórios para tractor.
28.300 Compra de 7 vacas leiteiras; Construção de vacaria e silo; criação de 4 ha de prado. reconstrução de armazém e tanques;
compra de tractor e equipamento de rega.
8.340 Compra de 17 vacas frízias; Compra de tractor, alfaias e criação de 20 ha de prado. equipamento de ordenha; restauração
de vacaria e ordenha.
21.51 O Compra de 15 novilhos Melhoria de estábulo; construção de
11.800
10.400
21.510
7.370
4.500
11.500
importados e 4 nacionais. dois silos; compra de material de rega, um tractor e acessórios; aquisição de um sistema de ordenha.
Criação de prado temporário. Melhoramentos no sistema de rega; compra de tractor e acessórios; reconstrução de barracão para adaptar a vacaria e ordenha; construção de silo.
Construção de vacaria, ordenha e silos· compra de equipamento apícola e um tractor com respectivos acessórios; abertura de poço e canalização de água.
Aquisição de 8 vacas. Compra de um tractor; adaptar estábulo a vacaria.
Plantação de um souto e de um Compra de motor de rega e acessórios; pomar; produção de hortícolas. construção de um tanque e um poço.
Produção de hortícolas e Construção de 2 tanques; reconstrução batatas; recria de novilhos até de estábulo; compra de motor de rega, 12 a 14 meses. cisterna e freza.
Plantação de souto (4,2 ha); Exploração de água e melhoramentos criação de novilhos. no sistema de rega; construção de 2
tanques; compra de tractor; arranjo de armazém para novilheira
316
QUADRO VI - Projectos agrícolas que beneficiaram de fundos comunitários na freguesia de Quintã.
Ano de Idade do Residência aprovação Agri- Sexo Dimensão da exploração Agricultor projecto cultor (ha)
Alterações a nível de
Quintã
Quintã
Quintã
Quintã
1987 31
1987 26
1987 20
1991 32
1-=~~~~~~~------~~------~--------~----~~--~ Total Própria Arrendada produção Infra- estruturas e equipamentos técnicos
M 16,320 16,320 Criação de prado; Contrução de armazem e silo, compra de aquisição de 15 vacas de tractor, equipamento de ordenha e tanque de leite. refrigeração (800 litros).
M 8,710 8,710 Criação de prado; Construção de estábulo, armazem e silo; aquisição de 12 vacas compra de tractor, acessórios e equipamento de leiteiras. ordenha.
M 10,280 10,280 Produção de forragem; Construção de estábulo, arrnazem e silo; aquisição de 16 vacas compra de tractor, colhedor de milho, leiteiras. equipamento de ordenha e tanque de
refrigeração. M 9,660 9,660 Compra de 10 vacas Compra de alfaias.
frízias.
3 -PERSPECTIVAS NO DESENVOLVIMENTO RURAL: BREVE REFLEXÃO
O forte êxodo rural que se verificou na "região" da Campeã, tão comum nos espaços rurais
do interior do país, foi a única resposta possível numa área caracterizada por uma excessiva
pressão demográfica. O mercado de emprego local e regional que era muito limitado, com problemas de
desemprego e subocupação, ainda hoje apresenta fortes limitações.
Importa criar condições para promover a viabilidade e o dinamismo dos espaços rurais, que
não poderão resultar senão da adopção de uma política integrada de desenvolvimento. Esta deverá
promover a melhoria de condições de vida e a igualdade de oportunidades em termos económicos, sociais e
culturais. Compete-lhe aproveitar as potencialidades do espaço rural tanto em termos naturais como
humanos. Deverá respeitar a cultura e a identidade do espaço rural, com o risco de os descaracterizar.
Um dos motores deste desenvolvimento plurisectorial será, obviamente, a administração central,
dada a sua competência na gestão do território. No entanto as autoridades locais, os organismos regionais
da administração pública têm um papel fundamental na elaboração de estratégias, adaptadas
à especificidade e fragilidade de cada espaço rural, resultante da combinação das condições físicas
e sacio-económicas. Mas as comunidades locais, intervenientes activos e responsáveis,
devem empenhar-se na exploração das potencialidades e, como aconselha um relatório da OCDE de 1986,
conservar o controlo do seu desenvolvimento, com o risco de perderem a sua identidade.
Se durante muito tempo o desenvolvimento do espaço rural foi confundido com desenvolvimento
agrícola, cujo resultado não se traduziu, em geral, numa melhoria das condições de vida dos rurais,
o desencanto pelo fraco sucesso deste tipo de actuação não pode levar à secundarização do papel
da agricultura em meio rural. Se bem que importe favorecer a resolução dos problemas estruturais,
criadores de estrangulamentos, urge dinamizar a diversificação de rendimentos entre
diferentes actividades, que parece ser cada vez mais necessária para a revitalização das populações rurais.
Se durante muito tempo a indústria foi encarada como uma actividade capaz de dinamizar
regwes rurais deprimidas, e se em muitos casos cumpriu a sua missão, noutros tal não aconteceu.
Hoje atendendo aos novos meios de comunicação procuram-se novas formas de implantação industrial
em meio rural. Entretanto, outras actividades surgem como alternativa.
O turismo tem sido encarado como um meio de promover o desenvolvimento. Na "região"
da Campeã existe uma casa de turismo rural, mas dispersos pela Serra do Marão estão implantados
vários alojamentos turísticos de diferentes tipos. Se estes são indispensáveis também não são, só por si,
suficientes para um correcto aproveitamento turístico. É necessário dispor de alojamentos de qualidade,
mas também de equipamentos diversos, que se bem que existam nas áreas urbanas estão bastante
317
maltratados a nível rural. Importa criar condições de divertimento e lazer que abarquem um variado leque
de opções, em função das potencialidades naturais e sócio-económicas existentes.
Importa cuidar o aspecto paisagístico das aldeias. Se bem que seja um pouco tarde
para conservar a traça original em muitas aldeias, torna-se necessário promover a valorização da aplicação
de materiais tradicionais embora com a qualidade adequada aos tempos actuais.
A qualidade dos restaurantes e dos cafés deve ser melhorada, procurando valorizar
a gastronomia local. A este aspecto estará associada a valorização de aspectos culturais que o "progresso"
fez perder e que são raízes da actual identidade do espaço rural.
Se já existem casos em que os próprios agricultores promovem a venda directa de produtos,
como por exemplo o mel, é necessário rever as condições em que se processa, no intuito de zelar
pela qualidade do produto.
Atendendo à importância da área passível de aproveitamento florestal, é conveniente
procurar novas formas para a sua rendabilização, já que frequentemente se encontram sub-aproveitadas.
O sector do artesanato tem vindo a ser bastante incrementado sendo importante continuar
a procurar conservar a sua autenticidade e qualidade.
É fundamental que os espaços rurais não se descaracterizem, mas isso não pode nem deve
significar impossibilidade de usufruir dos sinais de progresso das sociedades urbanas.
BIBLIOGRAFIA
CAVACO, Carminda (1991 ), Diversidade dos processos de tercearização das explorações agrícolas, II Jornadas de Geografia Humana, Instituto de Estudos Geográficos, Coimbra, p. 179-198.
CAVACO, Carminda (1991), Considerações em torno do desenvolvimento rural numa perspectiva espaço-social, Actas das Jornadas de Desenvolvimento Agrário da Região Norte, IDARN, Ponte Lima, 1991 (policopiado)
KAISER, Bernard (1990), La Renaissance Rurale, Armand Colin, Paris. HOUÉE, P (1989), Les politiques de développement rural. Des années de croissance au temps d'incertitude,
Economica, Paris. HUILLET, Christian (1991) Le developpement rural dans les Pays membres de l'OCDE, Actas das Jornadas
de Desenvolvimento Agrário da Região Norte, IDARN, Ponte Lima 1991 (policopiado). OCDE (1990) Les partenaires pour le developpement rural, Paris. OCDE (1991), Nouvelle gestion des services dans les zones rurales, Paris PIRES, A. Rosa (1991), Desenvovimento Rural: Algumas dimensões de uma política em construção, Actas das Jornadas
de Desenvolvimento Agrário da Região Norte, IDARN, Ponte de Lima 1991 (policopiado).
VI COLÓQUIO. IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PENEDA- GERÊS: UM ESPAÇO RURAL DE CARACTERÍSTICAS CONTRASTANTES
ROSA FERNANDA MOREIRA DA SILVA Instituto de Geografia Faculdade de Letras do Porto
Dada a grande extensão da Serra minhota e a diversidade das mutações registadas neste
espaço rural, decidimos dividir esta nossa comunicação em duas partes. Na primeira preferimos optar
por uma visão de conjunto das problemáticas observáveis até à década de 70, para depois, na
segunda parte, entrar na análise das questões que irão condicionar a futura dinâmica de intervenção
territorial neste espaço transfronteiriço.
Para atingir os objectivos anteriormente mencionados, adoptou-se uma metodologia que permite
o recurso a alguns dos resultados obtidos na investigação pessoal realizada desde 1982/831
1 a Parte - A organização territorial até à segunda metade do Século XX (Breves considerações)
Pelo interesse de que se reveste esta temática, pareceu-nos pertinente recordar desde já que
o povoamento destes espaços serranos remonta nos séculos e são numerosas as fontes. Manuscritos
inéditos, e na posse de actuais proprietários, retratam quer os contrastes sociais entre os habitantes
da serra, quer o tipo de economia e sua adaptação ao ambiente físico e localização fronteiriça.
Por vezes afirma-se, de forma generalizada, que estamos perante uma economia agrícola,
extensiva e pobre, onde o pastoreio surge como uma compensação ao escasso rendimento da terra.
No entanto, novos documentos demonstram que a estrutura social destas sociedades serranas sempre foi
muito complexa e heterogénea, o que torna as generalizações perigosas e pode levar a falsear, por vezes,
profundamente as realidades.
A título de nota decidimos apoiar estas nossas afirmações em algumas transcrições ' de documentos que brevemente serão publicados. Assim, no Séc. XVIII " ... o lugar de Fafião - é dos
mais povoados que tem a freguesia. Há vários caminhos e veredas, entre os quais o caminho para baixo até
ao Rio Cabado - barca de Salamonde, onde são usados bois e carros para o transporte de produtos até
ao Rio ... ". Daqui se pode deduzir a importância do local de travessia e, simultâneamente recordar as
incidências das cheias no isolamento destas populações.
Outras fontes manuscritas vem fornecer novos indicadores que por vezes, contrariam
as generalidades até ao momento referenciadas quanto ao povoamento e tipo de casa serrana. Por exemplo,
a leitura pormenorizada de manuscritos existentes no arquivo da Caza dos Cazay em Pínea/,
(dos Séc. XVIII e XIX) revelam a existência de que:
" ... neste lugar há casas de estimação e nobreza ... uma delas é a casa da Fonte de S. Lourenço
que é e sempre foi nobre, e isenta e em muito respeitada pois a muitos continua a amparar a fome
de muitos pobres ... ".
l - Trabalho de investigação por nós realizado nos espaços serranos do Gerês e da Peneda. Análise de fontes manuscritas inéditas, Séc. XVI, XVIII e XIX, a serem publicadas brevemente. 2- Lugar da freguesia de S. Lourenço do Cabril, concelho de Montalegre. 3- Lugar da freguesia de S. Lourenço do Cabril, concelho de Montalegre.
320
Contudo, a localização geográfica forçou esta população a atitudes de interajuda, o que conduziu
ao recurso, até ao início da segunda década do Séc. XX, a uma economia de tipo agro-pastoril apoiada em
actividades comunitárias.
Neste momento a economia está ligada a derradeiros costumes comunitários, de que são • 4
testemunho as Vezelfas .. Neste quadro o gado permanece na serra de Junho a Setembro, de acordo com as
características do estado de tempo. Quanto à guarda das Vezeiras, era feita segundo o recurso ao costume
da Roda5
, que já foi substituído pela utilização de um pastor pago por todos os proprietários. Contudo,
a falta de mão de obra e as péssimas condições de vida do pastor na serra conduziram, à prática do Feirio6
•
Mas neste regime os prejuízos são elevados, o que provoca o desinteresse pela criação de gado bovino.
No que diz respeito à Rez,7
regressa diariamente ao Eirio8
•
Quanto ao rendimento relacionado com o lavradio, há que distinguir, por um lado, o
pequeno proprietário de baixíssimo rendimento e profundamente condicionado pelos factores naturais e,
por outro lado, o proprietário ligado a casas senhoriais. Estes últimos casos possuem sempre
áreas de cultivo entre 1 O a 20 h a. Porém, desde os anos 60, assiste-se a um desinteresse das novas gerações
pela permanência na terra de origem.
Estamos, portanto, perante tipos de espaços rurais bem diferenciados, mas que denunciam
preocupante decadência, ou até mesmo abandono a curto e médio prazo.
Há, pois, que nos interrogarmos sobre o seu futuro.
2a Parte- Um território de contrastes- no presente e futuro
Qualquer investigador interessado nesta temática rapidamente se apercebe da diversidade
de mutações ocorridas nestes espaços rurais e da ausência de políticas de ordenamento territorial.
A diversidade e beleza destas paisagens denunciam que a vida desta laboriosa gente serrana
tem sido uma constante luta com a natureza e os interesses do homem. Embora tradicionalmente o serrano,
dia após dia, tentasse conquistar à serra mais palmos de terra arável, desde a década de 60 vemos que
sofre pressões exteriores, de fins bem diferenciados e de consequências muito diversificadas.
A título de exemplo recorde-se o impacte das barragens hidroeléctricas na mutação
destes espaços serranos. Desde o caso de inundação total da aldeia e Veiga de Vilarinho das Fumas, outras
se sucederam desde Dezembro de 1945 até ao actual empreendimento do Alto Lindoso (a inaugurar
em Setembro de 1993).
No entanto, há que reconhecer que, se por um lado estes empreendimentos hidroeléctricos
têm alterado profundamente a paisagem e o tipo de economia pré-existente nestes espaços rurais serranos,
por outro lado podem oferecer novas oportunidades de organização do território.
Outro factor responsável pelas profundas mutações ocorridas está relacionado com os diferentes
tipos de mobilidade da população. Não sendo nosso objectivo, nesta comunicação, desenvolver este
complexo assunto, parece-nos importante recordar o preocupante envelhecimento da população serrana
desde 1980 até à actualidade.
4 - Como determina o velho livro de capa de fole, é no derradeiro domingo de Abril de cada ano, depois da missa, que se reúnem todos os possuidores de vacas, para assentarem no dia dos Cavais, ou seja o dia em que os proprietários dos animais ou seus familiares vão concertar os caminhos de acesso aos Currais, isto é as áreas de prados na Serra. 5 - Este costume comunitário exigia o recurso a todos os fogos, desde o primeiro vizinho até a ele. A duas cabeças de gado bovino coiTespondem 24 horas de guarda. 6 - O gado fica em liberdade sem pastor. 7- Rebanho de gado miudo (caprino e/ou ovino). 8 - Designação local de aldeia.
321
Nesta perspectiva, parece-nos evidente que, para obviar aos graves e diversificados problemas
que ocorrem nestas regiões periféricas, é necessário criar e promover novos modelos de desenvolvimento.
Assim, nesta última década do século XX exige-se:
- a modernização e expansão da rede de acessibilidade;
-a aplicação de novos incentivos ao investimento produtivo;
- a prática de uma política do Parque nacional Peneda/Gerês que responda à forte tradição
humana deste complexo e diversificado espaço transfronteiriço;
Em síntese: qualquer que seja o modelo ou modelos a concretizar há que prioritariamente
conhecer bem as realidades deste território.
BIBLIOGRAFIA
Fontes manuscritas - "algumay casay da freg. de S. Lourenco do Cabril e especialmente da casa dos Cazay de Pinquens", dos séculos XVIII e XIX., in arquivo particular das Casas dos Casais em Pincães e da Casa da Fonte em S. Lourenço do Cabril.
MEDEIROS, Isabel- "Estruturas pastoris e povoamento na Serra da Peneda", Publ. do CEG-FLUL, Lisboa, 1984. RIBEIRO, Orlando - "Montanhas Pastoris de Portugal", Comptes Rendus du Congrés International de Geographie,
Tome III, Lisboa, 1951.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ALTO DOURO: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A SUA ESTRUTURA FUNDIÁRIA
MARIA HELENA MESQUITA PINA Instituto de Geografia- Faculdade de Letras do Porto
A Região Demarcada dos Vinhos do Alto Douro, a primeira região vinícola a ser demarcada
à escala mundial, abrange uma área total que ultrapassa os 250 000 hectares. Região heterogénea,
apresenta, no entanto, sempre o Rio Douro como sua "espinha dorsal", enquadrado por um vale encaixado
onde a vinha se encontra em múltiplos socalcos.
Nesta comunicação, devido à escassez de tempo, apresentarei de modo muito sintéctico
apenas alguns apontamentos relativos à estrutura fundiária da Região Demarcada.
Importa desde já referir que a Região se encontra actualmente dividida em três subregiões
(Fig. l):
Fig 1 - A Região Demarcada dos Vinhos do Alto Douro
~~-·j\
\. ______________________ r /
/'• .• ,, I-., ,/ ·---.. --{ \ .. ___ _
... 1 .. __ _
•,
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----.. o /
•• ·,_ •' -Limite de País
o lO 20Km - Região Demarcada do Douro ·- ·- • - Limite de Distrito
...---.• _ _... - Limite de Concelho ~ - Rios e ribeiros
Fonte: Instituto do Vinho do Porto
Baixo Corgo: pólo inicial do desenvolvimento da vinha. Efectivamente, no século XVII, entre os
vinhos referenciados em documentação diversa provenientes do Norte de Portugal e que já constituíam
um elemento destacado no comércio externo português, referem-se os "vinhos de Lamego". Como
a designação da origem dos vinhos o indicia já, os vinhedos concentravam-se nas proximidades do referido
núcleo urbano de Lamego, envolvendo-o e unindo-o ao Rio Douro.
324
Estende-se actualmente esta subregião desde Barqueiros,limite oeste da Região, até
à confluência do Rio Corgo na margem direita e da Ribeira de Temilobos na outra margem com
o Rio Douro.
Cima Corgo: localiza-se imediatamente a montante da subregião anteriormente referenciada,
ou seja o Baixo Corgo. Abrange uma área muito vasta que se espraia ·aproximadamente até ao meridiano
do Cachão da Valeira. Enquanto na subregião anterior a vinha e as actividades que habitualmente lhe
andam conexas dominavam indubitavelmente a estrutura económica local, no Cima Corgo a área destinada
à vinha decresce aceleradamente, surgindo outros tipos de cultura com grande implantação, nomeadamente
a oliveira. Em oposição, a produção vinícola desta área é habitualmente de superior qualidade justificando
plenamente que aqui se localize a área tradicionalmente designada por "Coração do Vinho do Porto".
Douro Superior: congrega toda a área situada a montante do meridiano que passa
pelo Cachão da Valeira até à fronteira com Espanha. Das três subregiões é no Douro Superior que a vinha
apresenta menor expressão. Efectivamente, esta cultura apenas se desenvolveu nesta subregião após
a destruição do Cachão da Valeira em 1792. Só então se quebrou o "isolamento" em que esta área
se encontrava.
É certo que ao longo da sua história a região sofreu diversas alterações que se repercutiram
quer nas suas demarcações, quer, inclusivamente, na importância relativa de cada uma das subregiões
existentes. Nesta comunicação, contudo, fixar-nos-emos apenas na situação existente em 1979 e 1989,
ou seja, tendo por base documental os recenseamentos agrícolas dos referidos anos. Acrescente-se ainda I
que debruçar-nos-emos somente na análise de alguns indicadores relativos à estrutura fundiária da região .
Um dos indicadores primordiais corresponde à dimensão da exploração agrícola. Efectivamente
(Figura 2) a dimensão média das explorações agrícolas sediadas na área em análise era em 1979
de 5,17 ha, sendo evidentes, contudo, assimetrias espaciais. De facto em 1979 a dimensão média das
explorações agrícolas vai aumentando quando nos encaminhamos do Baixo Corgo para o Douro Superior,
situação que se repete, aliás, em 1989. Neste último ano os contrastes aprofundam-se inclusivamente.
Fig. 2.a- Dimensão média das explorações agrícolas em 1979
1979
Vila Pouca de Aguiar
O 5 10 Km
Área média da exploração agrícola (ha)
O la2
D 2,1a3
EJ 3,1a5
t::::::::::::::::J 5,1 a 7
- 7,lal0
- Sup.IO
~ Limite de País
~ Limite de Concelho
I Chamamos desde já a atenção para o facto de parte da cartografia a apresentar ter sido realizada tendo por base espacial de análise o concelho, apesar de nem sempre existir uma coincidência entre os referidos limites e os da região Demarcada dos Vinhos do Alto Douro.
Fig. 2.b- Dimensão média das explorações agrícolas em 1989
1989
Vila Pouca de Aguiar Mirandela
O 5 10 Km
Fonte: Recenseamentos Agrícolas de 1979 e 1989, LN .E.
325
Área média da exploração agrícola (ha)
D la2
D 2,1 a3
O 3,1 a5
CJ] 5,1 a 7
!t:MM 7,1 a 10
- Sup.lO
~ Limite de País
~ Limite de Concelho
Mas se a informação relativa à dimensão da exploração agrícola constitui um óptimo indicador,
não é contudo suficiente para nos retratar as características reais das explorações agrícolas. Na realidade,
qual o grau de parcelamento dessas explorações? Qual o seu grau de dispersão? São evidentes
as repercussões de um elevado grau, quer de um, quer de outro na economia agrícola da área.
Relativamente ao grau de parcelamento ele apresenta-se muito acentuado, pois em
termos médios cada exploração agrícola apresenta a sua área agroflorestal dispersa por 6 a 7 blocos.
Naqueles concelhos incluídos integralmente na Região Demarcada, o número de blocos por exploração
é mais limitado pois restringe-se aos 3 a 5.
Se à informação anterior associarmos a dimensão média por bloco (Fig. 3), facilmente somos
confrontados com o grande parcelamento das explorações agrícolas sediadas no Baixo Corgo, a que
se segue uma "auréola" com valores intermédios que, por sua vez, envolvem o designado "Coração do
Vinho do Porto". É certo que concelhos como Sabrosa ou Alijó ou Carrazeda de Ansiães se vêm colocados
numa posição subalterna, apesar de se enquadrarem na área mais favorecida em termos vitivinícolas, mas
nos referidos casos têm de ser tidos em consideração, entre outros factores, o relevo extremamente
acidentado com que nos defrontamos, nomeadamente os vales extremamente encaixados dos Rios Pinhão
e Tua, propiciadores da multiplicação dos socalcos e do extremo parcelamento das explorações agrícolas.
No entanto, independentemente da informação em que fundamentemos a nossa análise,
as conclusões obtidas apenas vêm corroborar o referido anteriormente: as assimetrias espaciais são nítidas,
evidenciando-se pelas suas características as explorações sediadas nos concelhos que se enquadram
no "Coração do Vinho do Porto".
Mas uma questão subsiste ainda: qual a influência exercida pelas explorações agrícolas
de tipo empresarial na estrutura fundiária da Região Demarcada?
Para responder a esta questão é suficiente a análise da estrutura das explorações agrícolas
localizadas em três concelhos exemplificativos dessas influências:
326
Fig. 3 - Dimensão média por bloco em 1979
Vila Pouca de Aguiar
Tarouca
O 5 10 Km
~ Limite de País
~ Limite de Concelho
Dimensão média por bloco (m2)
[//j Inferior a S 000
[/:ª De SOO I a 10 000
~ De 10 001 a 15 000
illj Superior a 15 000
a) Vila Nova de Foz Côa: neste concelho embora a área média das explorações agrícolas aqui
sediadas corresponda a 6,8 h a e a dimensão média por bloco corresponda a 1,63 h a, se analizarmos
esta informação desagregada por classes de área, verificamos que 55,8% das explorações agrícolas
com dimensão total inferior a 3 ha congregam 14,7% da área agrícola. Em oposição 3,8% das explorações
dominam 36,5% da área agrícola. De facto, é evidente a presença de grandes explorações de
tipo empresarial num emaranhado de pequenas explorações familiares;
b) se penetrarmos agora no Baixo Corgo, designadamente nos concelhos de Peso da Régua
ou Mesão Frio, sobretudo neste último concelho, a situação é similar embora com matizes mais graves.
De facto, nesta área o número total de explorações agrícolas com dimensão total inferior a 3 ha atinge
os 91,4% abrangendo 47,4% da área agrícola.
Mas também a informação relativa à natureza jurídica do produtor nos possibilita a detecção
de assimetrias. Na realidade, os agricultores autónomos detêm 52% a 75% das explorações agrícolas,
localizando-se os valores mais destacados ao Baixo Corgo. Pelo contrário e se analisarmos somente
aquelas explorações cuja natureza jurídica do produtor corresponde à designada como empresarial,
a situação inverte-se. Os valores que congregam variam entre 24% e 47%, localizando-se os
mais destacados na área "mais nobre", centrada do Pinhão. É, na verdade, a área preferencial
da implantação dos bens fundiários das Grandes Casas Produtoras e Exportadoras do afamado néctar,
como aliás a Fig. 4 o confirma. Efectivamente é nítida uma grande concentração de grandes quintas
nessa área, embora o Cima Corgo também se evidencie.
Mas existem outras ilações possíveis de extrair da figura: é no "Coração do Vinho do Porto" que
se localiza a maior percentagem de quintas cuja última trasferência jurídica se concretizou ainda no
século XIX2
• Contudo o interesse das Casas Exportadoras pelo sector produtivo é notório nesta subregião,
2 Independentemente de corresponderem a alienações ou à transmissão de bens por herança.
327
pois é elevado o número de quintas que foram adquiridas ainda nos anos oitenta deste século, tendência
que prosseguiu nos primeiros anos da década de noventa. Estas últimas aquisições quando
não se concretizaram na área "mais nobre", dispersaram-se por toda a região, embora preferencialmente
localizando-se nas proximidades do Pinhão.
N
t
Fig. 4 - Data da última transferência jurídica das principais quintas do Alto Douro.
~
~
•Alijó
- linha de água -estrada - sede de concelho
Data da última transferência:
[3 séc. XVIII ou XIX
E:2:'.J 1900 a 1920
c::J 1921 a 1950
~ 1951 a 1970
Área (ha) •••••••• 600 ·······- 400
-------- 200 •••••••• 100
"o ======== 3
~ 1971 a 1980
... 1981 a 1992
o lO Km ~--'---~
Uma outra característica muito divulgada entre as referidas empresas corresponde ao grau
de dispersão das quintas que constituem o seu património rústico, embora centrando-se preferencialmente
no "coração" da região como já referimos por diversas vezes. Esta dirpersão foi sofrendo adaptações
sucessivas, em sintonia clara aliás, com interesses económicos subjacentes, crises fitopatológicas (oídium
e filoxera no final do século passado), etc.
Um dos exemplos típicos das características aludidas anteriormente encontramo-lo numa
das Casas Produtoras e Exportadoras de Vinho do Porto, a A. A. Ferreira S. A .. A sua base de implantação
no Alto Douro recua ao século XVIII, embora com um estatuto jurídico diferente do actual. O seu
período aúreo centrou-se, de acordo com diversas fontes, no século XIX e com especial destaque para
a gerência de D. Antónia Adelaide Ferreira. Efectivamente localizando-se então a sede original da
sua empresa na Régua (Século XVIII), a grande maioria das quintas que constituíam o seu património
fundiário localizavam-se nas proximidades do entreposto da Régua (Fig. 5). Contudo, após a destruição
do Cachão da Valeira a penetração para montante foi-se acentuando até atingir a área administrativa
de Vila Nova de Foz Côa. O aproveitamento das potencialidades descobertas nas novas áreas foi efectivo.
Após a morte de D. Antónia Adelaide Ferreira e com as sucessivas gerações, a divisão
e dispersão do património rústico inicial foram muito acentuadas. Actualmente a firma A. A. Ferreira S. A.,
"herdeira" da Casa Exportadora do Vinho do Porto, concentra o seu património nas áreas
328
N
t
Fig. 5- Património rústico de D. Antónia Adelaide Ferreira em 1898 (apenas as quintas)
...----<_
"-../"
•Alijó
- linha de água -estrada - sede de concelho
O Quinta
Fcmte: Arquivo Histórico de A. A. Ferreira S. A. o 5 lO Km '----'----'
mais privilegiadas, política aliás seguida pela grande maioria das Casas Exportadoras, nomeadamente
pelas firmas que pertencem à família Symington. Consequentemente o contraste é flagrante
quando comparamos as Figs. 6 e 7 com a Fig. anterior.
Uma questão fica em suspenso: qual o futuro da Região Demarcada do Vinho do Porto tendo
em atenção as tendências e as assimetrias apresentadas?
N
t
Fig. 6 - Património rústico actual ( 1992) de A. A. Ferreira S. A.
o L:~mcgo
...----<_
"-../"
•Alijó
- linha de água -estrada - sede de concelho
Fonte: A. A. Ferreira S. A.
O Quinta
o 5 lO Km '----'----'
Fig. 7 - As principais quintas que constituem o património rústico actual das firmas pertencentes à família Symington.
N
t
~ - linha de água ~
•Alijó -estrada - sede de concelho
Bibliografia
O Quinta o lO Km
AMORIM, Carlos, Casa do Douro- quinquagésimo aniversário, Edição da Casa do Douro, Régua, 1983 AZEVEDO, Correia de, O Douro maravilhoso, Litoarte, sem data CORDEIRO, J. Alcino, Quintas do Douro, Régua, 1941 COSTA, Pe. A. Carvalho da, Coro grafia Portuguesa, 3 volumes, Lisboa
329
FONSECA, A. Moreira da e outros, O vinho do Porto -Notas sobre a sua história. producão e tecnologia, Instituto do Vinho do Porto, Porto, 1987
Instituto Nacional de Estatística, Recenseamentos Agrícolas de 1979 e 1989 (distritos de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu), I.N.E., Lisboa
LEMA, Paula Bordalo, O Alto Douro, Centro de Estudos Geográficos, Lisboa, 1980 LIDDELL, Alex, PRICE, Janet, Port wine quintas of the Douro, Quetzal Editores, Lisboa, 1992 MARTINS, Conceição Andrade, Memória do Vinho do Porto, Instituto de Ciências Sociais, Lisboa, 1990 OLIVEIRA, J. M. Pereira de Oliveira, O Douro e as navegações, in "Trabalhos de Geografia e História", Coimbra, 1975
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
A INDÚSTRIA TÊXTIL NO MÉDIO AVE ALGUNS ASPECTOS DA SUA PROBLEMÁTICA ACTUAL
MARIA HELENA MENDES RIBEIRO Escola Secundária n°l Matosinhos
Esta comunicação tem como objectivo fundamental divulgar, de forma sucinta, os resultados
obtidos em duas fases de investigação, por nós realizada, sobre a mobilidade da população operária bem
como de algumas das principais características dessa mesma população operária. Este trabalho foi
executado em lO empresas têxteis/vestuário localizadas na região do Médio A v e. I
A primeira decorreu no período de 1986/88 e a segunda teve como finalidade a actualização
do banco de dados já existente e, simultaneamente, a formulação do texto desta comunicação.
A estrutura desta comunicação levou-nos a apresentar só alguns dos resultados obtidos sobre
uma temática que consideramos de alto significado para a compreensão do tecido sócio-económico da
região industrial em análise. Referimo-nos, concretamente ao perfil da população fabril da indústria têxtil.
O texto que se segue foi estruturado em duas partes: a primeira corresponde ao período
de 1986/88 e a segunda a uma breve actualização em 1992.
la Parte
Para atingir os objectivos previamente estabelecidos, recorremos nesta primeira fase ao estudo
da estrutura etária e grau de qualificação da referida população. Assim, pela leitura das Figs. l e 2 fica em
evidência o predomínio da população com idades inferiores a 39 anos embora apresentando um
comportamento bem diferenciado nos estabelecimentos têxteis e nos de confecções. De facto, enquanto
nas sete empresas têxteis há uma maioria de trabalhadores com idades compreendidas entre os 20 e
os 39 anos, diferentes resultados se observam no domínio das confecções.
800
700
600
"' 500 ~ o
'O d .c d 400 .o É z 300
200
100
o A B c D E
Fábricas
F G H
o 14-19
o 20-29
lii!l30-39
• 40-49
.>50
Fonte: Ficheiro das empresas, 1986
FIG. 1- ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, HOMENS, 1986
I Tese de Mestrado em Geografia Humana, defendida na Faculdade·de Letras da Universidade de Coimbra.
334
800
700
600
"' soo ~ o "O
"' = 400 "' .o Ê z 300
200
100
o A B c D E
Fábricas
F G H
o 14-19
o 20-29
l.iill 30-39
III 40-49
111>50
Fonte: Ficheiro das empresas, 1986
FIG. 2- ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, MULHERES, 1986
A esta leitura devem associar-se as diferenciações do sexo, pois, a título de exemplo, é evidente
nas empresas de tipo vertical (fiação, tecelagem, tinturaria e estamparia), o recrutamento preferencial
dos homens. Fenómeno oposto é registado para as empresas de confecções (Quadro I).
Quadro 1- Estrutura etária da população fabril das empresas em 1986.
14- 19 20-29 30-39 40-49 >50 TOTAL Empresas H M H M H M H M H M H I M TOTAL
A 284 44 753 709 652 557 492 214 236 40 2417 1564 3981
B 209 96 788 542 512 260 303 74 110 15 1922 987 2909
c 105 70 479 587 552 424 389 73 178 20 1703 1174 2877
D 235 20 557 330 351 206 176 71 98 15 1417 642 2059
E 201 66 318 171 218 108 124 61 70 12 931 418 1349 F 141 56 225 154 113 156 90 52 66 13 635 431 1066
G 154 232 128 139 64 41 32 9 18 3 396 424 820
H 22 333 21 366 13 40 12 7 2 4 70 750 820 I 22 328 16 100 18 51 10 9 4 2 70 490 560
J 6 108 2 115 5 18 2 2 I I 16 244 260
TOTAL 1379 1353 3287 3213 2498 1861 1630 572 783 125 9577 7124 16701 Fonte: Ficheiros das empresas, 1986
Se a esta breve análise se associar a leitura referente aos níveis de qualificação (Figs. 3 e 4 ),
verifica-se o predomínio de trabalhadores qualificados e semi-qualificados2
, o que denota uma carência de
qualificação profissional (Quadro 2).
2 Esta classificação utilizada está de acordo com as normas emanadas pelo Ministério da Indústria e Tecnologia.
335
2000
1800
1600
1400
"' 1200 • Dirig., Q.Sup.,Q.Alt.Qualif.
e o • Q.Qualif. Q.Semi-gualif. "O
"' ::5 1000 "' ~ Q. Não Qualificados .D
É z 800
D Pratic. Aprendizes
600
400
200
o A B c D E F G H
Empresas Fonte:Ficheiro das empresas, 1986
FIG. 3- NÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, HOMENS, 1986
1400
1200
1000
• Dirig., Q.Sup.,Q.Alt.Qualif. "' e 800 Eiil Q.Qualif. Q.Semi-gualif. o
"O
"' ::5 D Q. Não Qualificados "' .D
É 600 z D Pratic. Aprendizes
400
200
o A B c D E F G H
Empresas Fonte: Ficheiro das empresas, 1986
FIG. 4- NÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, MULHERES, 1986
336
Quadro 2- Níveis de qualificação da população fabril.
E111presa Níveis de Qualificação H M Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 296 47
A Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 1844 !390 Q. Não Qualificados 233 122 Praticantes e Aprendizes 45 4 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 415 132
B Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 1181 703 Q. Não Qualificados 279 107 Praticantes e Aprendizes 47 43 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 264 55
c Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 1331 1026 Q. Não Qualificados 58 70 Praticantes e Aprendizes 50 23 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 200 39
D Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 1021 576 Q. Não Qualificados 71 23 Praticantes e Aprendizes 126 4 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 75 13
E Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 687 366 Q. Não Qualificados 121 19 Praticantes e Aprendizes 48 19 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 66 20
F Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 455 376 Q. Não Qualificados 34 19 Praticantes e Aprendizes 76 16 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 32 5
G Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 231 297 Q. Não Qualificados 39 22 Praticantes e Aprendizes 94 100 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 16 12
H Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 31 686 Q. Não Qualificados 9 12 Praticantes e Aprendizes 14 2 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 19 9
I Q.Qualiticados Q. Semi.qualificados 39 457 Q. Não Qualificados 6 6 Praticantes e Aprendizes 6 18 Dirig. Q Superi. Q.Alta. Qualificados 3 3
J Q.Qualificados Q. Semi.qualificados 6 230 Q. Não Qualificados 4 I Praticantes e Aprendizes 3 !O
Fonte: Ficheiros das empresas, 1986
Em relação aos níveis de instrução, Figs. 5 e 6, verifica-se o predomínio da 4• classe
e Ciclo Preparatório, tanto nos homens como nas mulheres.
1800
1600
1400
1200 "' ~ o
"O 1000 "' ..c
'" .D
Ê 800
z 600
400
200
o A B c D E F
Empresas
G
• Curso Superior
• Curso Geral e Complementar
lil 4' classe e Ciclo
D Analfabetos e Sabem Ler
H J
Fonte: Ficheiro das empresas,l986
FIG. 5- HABILITAÇÕES LITERÁRIAS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, HOMENS, 1986
337
1200
1000 • Curso Superior
• Curso Geral e Complementar
800 ljj 4a classe e Ciclo
D Analfabetos e Sabem Ler
400
200
o
A B c D E F G H
Empresas Fonte: Ficheiro das empresas, 1986
FIG. 6- HABILITAÇÕES LITERÁRIAS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS, MULHERES, 1986
O grupo de analfabetos e "sabem ler" (Quadro 3) acusa níveis elevados em ambos os sexos,
' sobretudo a partir do grupo etário dos 30 anos·. Este nível de instrução aparece quase nulo na
população fabril das empresas de vestuário, consequência evidente da existência da escolaridade mínima
obrigatória bem como da ampliação do número de anos de escolaridade a partir de 1973.
Podemos deduzir que a falta de formação profissional terá como consequência o baixo nível
salarial da população fabril (Figs. 7 a l 0). Embora predominem as remunerações entre os 22.500$00 e
os 33.750$00 mensais é de salientar que os homens auferem as remunerações mais elevadas (Quadro 4).
Além disso acrescente-se que em relação aos homens há, geralmente, compensações monetárias
relacionadas com a diferenciação dos turnos.
Em relação à mobilidade dos trabalhadores relacionada com a actividade profissional verifica-se
que a população activa se concentra não só nas freguesias de implantação das firmas, mas também
nas circunvizinhas e dispersa-se numa razão directamente proporcional à distância-tempo em relação
ao local de trabalho 4
•
Em todas as empresas em estudo, constatamos que a sua área de influência irradia até
aos principais centros urbanos, mobilizando população activa pertencendo exclusivamente aos
quadros superiores.
3 Lembramos que só a partir de 1952 o governo procurou extinguir o analfabetismo através da obrigatoriedade do ensino primário dos 7 aos 12 anos. 4 RIBEIRO, M. Helena M. A indústria têxtil no Médio Ave, Coimbra, 1988, p.91.
338
Quadro 3- Habilitações literárias da população fabril das empresas, 1986
G. Etários FÁBRICAS Habilitações Literárias 14- 19 20-29 30-39 40-49 50 ou mais TOTAL
H M H M H M H M H M H M Curso Superior o o 7 3 6 o l o 2 o 16 3 Curso Geral e Complementar 31 17 79 27 50 11 20 2 11 o 191 57
A 4" classe e Ciclo 237 24 610 645 531 351 264 43 101 2 1743 1065 Analfabetos e Sabem Ler 8 o 56 33 65 195 207 169 122 38 458 435 TOTAL 276 41 75? 708 652 557 492 214 236 40 2408 1560 Curso Superior 2 o 16 7 18 5 5 I 4 o 45 13 Curso Geral e Complementar 44 II 69 25 56 22 15 1 7 o 191 59
B 4" classe e Ciclo !56 85 663 493 416 208 172 33 43 lO 1450 839 Analfabetos e Sabem Ler 6 o 40 17 22 25 111 39 56 5 235 86 TOTAL 208 96 788 542 512 260 303 74 IIO 15 1991 987 Curso Superior 1 o 12 8 17 6 II 1 8 o 49 15 Curso Geral e Complementar II 2 33 32 27 24 13 1 4 2 88 67
c 4" classe e Ciclo 81 59 424 540 437 326 209 20 65 3 1207 948 Analfabetos e Sabem Ler I o 8 4 70 68 155 51 110 15 344 138 TOTAL 94 67 477 584 551 424 388 73 187 20 1617 1168 Curso Superior o o 13 3 9 I 9 o 3 o 34 4 Curso Geral e Complementar 19 lO 41 24 27 17 10 I lO 3 107 55
D 4" classe e Ciclo 203 lO 466 289 279 121 89 13 33 3 1070 436 Analfabetos e Sabem Ler lO o 36 14 35 67 68 57 52 8 201 146 TOTAL 232 20 556 330 350 206 176 71 98 14 1412 641 Curso Superior o 2 5 I 6 I 3 o o o 14 4 Curso Geral e Complementar II 9 15 lO 12 2 7 o I o 46 21
E 4• classe e Ciclo 185 54 265 140 170 59 49 6 21 o 690 259 Analfabetos e Sabem Ler 5 I 33 20 30 46 65 55 48 12 181 134 TOTAL 201 66 318 171 218 108 1?4 61 70 12 931 418 Curso Superior o o I 2 I o I o 3 o 6 2 Curso Geral e Complementar 3 5 17 6 4 6 5 I 5 o 34 20
F 4" classe e Ciclo 133 50 192 132 105 132 57 22 41 8 528 344 Analfabetos e Sabem Ler 4 I 14 12 3 18 27 29 17 5 65 65 TOTAL 140 56 224 154 113 !56 90 52 66 13 633 431 Curso Superior o o I I 2 o 2 o o o 5 1 Curso Geral e Complementar 4 5 15 7 4 2 3 o I o 27 14
G 4" classe e Ciclo 149 224 102 102 48 22 16 2 6 o 321 350 Analfabetos e Sabem Ler I 3 lO 29 lO 17 II 7 II 3 43 59 TOTAL !54 232 128 139 64 41 32 9 18 3 396 424 Curso Superior o 3 3 5 I I 2 o o o 6 9 Curso Geral e Complementar 13 18 10 23 3 o 3 I o o 29 42
H 4" classe e Ciclo 9 311 8 307 9 33 6 3 I 3 33 657 Analfabetos e Sabem Ler o I o 31 o 6 I 3 I I 2 42 TOTAL 22 333 ?] 366 13 40 12 7 2 4 70 750 Curso Superior o o o o I o o o o o I o Curso Geral e Complementar 16 lO 8 8 6 I I I o o 31 20
I 4• classe e Ciclo 6 317 8 88 II 31 9 3 4 1 38 440 Analfabetos e Sabem Ler o I o 4 o 19 o 5 o I o 30 TOTAL 22 328 16 100 18 51 10 9 4 2 70 490 Curso Superior o o o o o o o o o o o o Curso Geral e Complementar I 3 1 I o 2 o o o o 2 6
J 4• classe e Ciclo 5 105 1 113 5 15 2 o 1 I 14 234 Analfabetos e Sabem Ler o o o o o o o o o o o o TOTAL 6 108 2 114 5 17 2 o I 1 16 240
Fonte: Ficheiros das empresas, 1986
N° Trabalhadores
300
250
200
150
100
50
c
o v;
<'i N v
v; r-r<)
"' o v; <'i N
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v; r-: "' "' o v; <'i N
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o c: v; "T A
o 14-19
Bii:l20-29
~ 30-39
11140-49
339
III 50 ou mais
Salários
(Em 1000 escudos)
FIG. 7- SALÁRIOS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS TÊXTEIS (TIPO VERTICAL-C,E,F), POR GRUPO ETÁRIO, EM 1986 -HOMENS
W Trabalhadores
600
500
400
300
200
100
o o v; <'i N v
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o 14-19
o 20-29
III 30-39
III 40-49
III 50 ou mais
o c: v; "T A
Salários
(EmlOOO escudos)
FIG 8-SALÁRIOS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS TÊXTEIS (TIPO VERTICAL-C,E,F), POR GRUPO ETÁRIO, 1986- MULHERES
340
N° trabalhadores 14
12
10
8
6
4
2
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6 "' <'i N
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D 14-19
li! 20-29
lil30-39
1!140-49
1!1 50 ou mais
o o v)
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Salários (em 1000 escudos)
FIG. 9- SALÁRIOS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS DE CONFECÇÕES I VESTUÁRIO (H, I, J), POR GRUPO ETÁRIO, EM 1986- HOMENS
N° trabalhadores
350
300
250
200
150
100
50
o 111 o "' <'i N v
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L.rn ID •
D 14-19
D 20-29
• 30-39
III 40-49
1!1 50 ou mais
Salários (em I 000 escudos)
FIG. 10- SALÁRIOS DA POPULAÇÃO FABRIL DAS EMPRESAS DE CONFECÇÕES/ VESTUÁRIO (H,I,J), POR GRUPO ETÁRIO, 1986- MULHERES
341
Quadro 4- Salários por grupo etário da população fabril das empresas, 1986.
Grupos etários Empresas Salários* 14-19 20-29 30-39 40-49 50 ou mais TOTAL
H M H M H M H M H M H I M <22.50 18 5 123 10 o 3 4 2 3 3 38 23
c 22.50-33.75 5 7 150 227 201 598 153 148 113 44 622 1024 33.76-45.00 1 o 106 26 290 24 210 5 156 1 763 56
>45.00 o o 13 lO 82 43 123 15 62 3 280 71 <22.50 50 12 6 o 2 o 6 o 4 I 68 13
E 22.50-33.75 146 46 272 160 135 103 76 60 39 11 668 380 33.76-45.00 5 7 26 7 59 o 24 o 13 o 127 14
>45.00 o I 14 4 22 5 18 I 14 o 68 li <22.50 40 15 6 o o I 6 2 4 1 56 19
F 22.50-33.75 100 40 185 148 89 148 66 48 37 li 477 395 33.76-45.00 I o 24 3 13 2 8 2 4 I 50 8
>45.00 o I lO 3 li 5 10 o 21 o 52 9 <22.50 13 20 o I I o 3 I o o 17 22
H 22.50-33.75 7 306 2 342 4 30 I 6 I 4 15 688 33.76-45.00 2 6 7 16 3 7 2 o o o 14 29
>45.00 o I 12 7 5 3 6 o I o 24 li <22.50 5 14 o o I o 2 I o o 8 15
I 22.50-33.75 8 306 2 82 I 43 3 7 3 2 17 440 33.76-45.00 9 6 4 14 5 5 2 I o o 20 26
>45.00 o 2 lO 4 li 3 3 o I o 25 9 <22.50 2 6 I o o o I o o o 4 6
J 22.50-33.75 3 99 I III I 15 I 2 I I 7 228 33.76-45.00 o 2 o 4 2 I o o o o 2 7
>45.00 I I o o 2 2 o o o o 3 3 Fonte: Ficheiros das empresas, 1986 *-em milhares de escudos
2" Parte
A fim de actualizar a análise anterior decidimos nesta segunda parte, seleccionar apenas 4
das I O empresas anteriores. A nossa escolha recaiu numa empresa de tipo vertical
(Têxtil Manuel Gonçalves, S.A.) e em três de vestuário (Profato, Super Corte e Latitude 42).
Decidimos nesta breve apresentação do tema fazer uma simples abordagem analítica
da população fabril com base nos seguintes indicadores: sexo, idade, grau de escolaridade,
nível de qualificação e salários.
Constatamos que houve, na globalidade das empresas, uma redução da população fabril.
O decréscimo na empresa Têxtil Manuel Gonçalves, S.A., visa uma racionalização do
próprio serviço. Para atingir tais objectivos recorre ao aproveitamento dos meios técnicos e humanos
existentes bem como à prática de investimento tecnológico permitindo que a mão de obra não seja tão
intensiva e o seu recrutamento mais cuidado.
Nas empresas de vestuário a diminuição da população fabril, com excepção da Latitude (esta
empresa sofreu um ligeiro aumento), esta oscilação não é significativa. Pois, quando a situação assim o
aconselha, além de recorrerem a uma rotatividade de 50 ou 60 indivíduos por ano, as empresas entre si 5
fazem permutas de pessoal .
Desde 1980 a 1986 as empresas em estudo viram o seu quadro laboral "rejuvenescido".
A partir de 1986 assiste-se, portanto, a uma forte diminuição da população operária integrada
no grupo etário dos 14 aos 19 anos, pois as empresas, sobretudo as de vestuário, preferiram admitir pessoal
de idade compreendida entre os 20 e os 29 anos. Estas preferem trabalhadores já especializados 6
,
diminuindo assim a admissão de praticantes e aprendizes.
5 Esta permuta é fácil de se concretizar pois todas elas pertencem ao mesmo grupo financeiro
6 Não é alheio a esta característica o excesso de oferta de mão de obra (costureiras, sobretudo), devida à crise no sector.
342
No que se refere ao nível de qualificação predominam os assalariados qualificados
e semi-qualificados. Contudo, na empresa Têxtil Manuel Gonçalves S.A. regista-se uma diminuição 7
de qualificados e semi-qualificados e um acréscimo de "altamente qualificados" .
Neste âmbito parece-nos de interesse sublinhar que nas fábricas de vestuário os níveis
de qualificação estão mais relacionados com a especialização, isto é, a costureira especializada
é considerada qualificada e o acesso a esta categoria profissional, por não ser automática,
pressupõe sempre um trabalhador detentor de uma longa carreira no sector.
Se passarmos à leitura do indicador referente aos salários pode verificar-se que a
classe predominante é a dos 44 510$00 a 86 500$00. Est'e grupo abrange 2146 empregados (81%) na
empresa Têxtil Manuel Gonçalves, S.A.8
O mesmo se confirma nas empresas de confecções já referidas. De facto os empregados
inseridos neste mesmo nível salarial totalizam 706 na Profato, 440 na firma Super Corte e 251 na Latitude,
valores que correspondem respectivamente a 90%, 85% e 87%. Pensamos que a indústria têxtil/vestuário
continua a investir em mão de obra barata.
Quanto à variável relativa ao nível de escolaridade dos trabalhadores esta não apresenta grandes
diferenças no período 1986/92, pois que o predomínio continua a incidir sobre aqueles que possuem
a 4a classe e ciclo preparatório, (a exigência mínima na maior parte dos casos para os trabalhadores
de confecções) e o 9° ano para alguns quadros da têxtil. Na empresa Têxtil Manuel Gonçalves, S.A.,
assiste-se a uma evolução positiva do número de operários com habilitações correspondentes aos
cursos geral e complementar.
Em termos de mobilidade da população fabril nas empresas de vestuário nota-se que
não há mutações significativas, pois continuam as freguesias circunvizinhas a serem as grandes
mobilizadoras dessa população.
No entanto, na empresa Têxtil Manuel Gonçalves, S.A. sofreu uma mutação significativa. A
sua população provem actualmente das freguesias do concelho de Guimarães. Inicialmente a maior parte
dos trabalhadores deslocavam-se do concelho de Vila Nova de Famalicão, onde existia mão de obra,
máquinas e o know-how. Posteriormente, a partir de 1986, foi mais vantajoso recrutar pessoal da
área geográfica da própria empresa, ou seja, concelho de Guimarães. Esta alteração vem confirmar a tese
de que as freguesias circunvizinhas das empresas são as grandes fornecedoras de mão de obra.
Do ponto de vista actual o perfil do trabalhador da indústria têxtil/vestuário não evoluiu
no tempo como seria de esperar pois o nível de qualificação não corresponde às actuais exigências
tecnológicas.
Em síntese, a apresentação e análise destes indicadores tiveram como objectivo fundamental
deixar algumas reflexões sobre uma tentativa de justificação da grande crise que atravessa o sector.
7 Para estas características não podemos esquecer que esta empresa em questão tem um plano de formação de pessoal anualmente. 8 A remuneração mais elevada ultrapassa os 128 500$00 e está em função do maior nível de qualificação bem como do maior grau de escolaridade.
343
Bibliografia
BASTOS, Carlos, Indústria e arte têxtil, Porto, 1960. BRAGA, Alberto V. Curiosidades de Guimarães, vol I, separatas I a V, 1980. CARDOSO, A. e TAVEIRA, A., Posicão da Câmara Municipal de Guimarães sobre o seu papel no processo
de desenvolvimento industrial do concelho, Câmara Municipal de Guimarães, policopiado, Guimarães, 1985. CARVALHO, A. L. de, Os mesteres de Guimarães, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 1941. Comissão de Coordenação da Região do Norte, Deslocacões casa-trabalho. Centros de emprego, Porto, 1985. Labor da grei, Publicacão comemorativa da exposição industrial e agrícola concelhia, Guimarães, 1923. RIBEIRO, M. Helena M., A indústria têxtil no Médio Ave,Coimbra, 1988. SILVA, Mário Rui, A relacão salarial nas indústrias têxteis e de vestuário, Cadernos de Ciências Sociais, Abril, no 4, 1986,
p.ll9a138. Levantamento da informação existente nos ficheiros das empresas em estudo (ficheiros do pessoal assalariado), 1986 e 1992
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VI COL6QUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
CONDIÇÕES E IMPACTES TERRITORIAIS DO INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO NA REGIÃO NORTE LITORAL- O EXEMPLO DA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
TERESA SÁ MARQUES Instituto de Geografia da Universidade do Porto
1. Introdução
Entramos numa nova economia caracterizada fundamentalmente, por uma profunda
revolução tecnológica e por um processo acelerado de internacionalização e de articulação mundial.
Há uma constante preocupação dos produtores e das regiões em aumentarem a sua competividade.
Num mercado em constante mutação, é crucial ser-se capaz de acompanhar o mercado em termos
de produtos e de clientela alvo. Os gastos em I&D, as economias de escala e/ou gama, a importância
da inovação, da dimensão do estabelecimento e de dominar a rede de comercialização, fazem com que
o poder se concentre cada vez mais nas grandes empresas.
Este movimento implicou a transnacionalização da economia, na qual a estrutura e
os interesses do grupo são, cada vez mais, supranacionais, pressupondo o desenvolvimento de estratégias
globais e integradas. Podemos considerar, pelo menos, quatro formas de globalização das empresas
(excluindo aqui os processos de importação/exportação):
- investimento directo estrangeiro, através de instalações de novas empresas de
capital estrangeiro ou através de fusões e de aquisições (parcial ou total) de empresas nacionais;
- alianças internacionais estratégicas, que podem apresentar diferentes figurinos,
designadamente as "joint-ventures" ou as alianças funcionais específicas;
- redes de empresas, estruturas de empresas especializadas que estão integradas e organizadas
de uma forma flexível, de forma a desenvolverem complementaridades, rendibilizarem canais
de comercialização, know-how, informação, poder negocial, etc.
- subcontratação internacional, com vista a aproveitar diferenciais de custo de produção,
desenvolver processos de especialização em produtos ou processos.
Qualquer um destes processos apresenta implicações regionais a considerar. Será objectivo
deste artigo analisar as implicações regionais do investimento directo estrangeiro e avaliar a importância
estratégica que possíveis alianças internacionais ou presenças em redes internacionais estão a ter
na modernização e internacionalização da economia regional. O trabalho aqui apresentado insere-se num
projecto de investigação mais alargado, de análise das implicações do investimeno directo estrangeiro
(IDE) na indústria, na área compreendida entre Valença e A v e iro, na região normalmente designada I
por "Região Metropolitana do Porto" . Neste artigo iremos abordar só algumas questões relativas ao IDE
na Área Metropolitana do Porto (AMP).
Numa óptica de abertura ao exterior, será importante questionarmos o papel das "empresas
transnacionais" em Portugal, e mais concretamente na AMP, esclarecendo de que forma o IDE é um factor
condicionador do desenvolvimento económico regional. A integração económica na Europa reforçou
a articulação da "Região Metropolitana do Porto" com a economia mundial e com Espanha, sobretudo
no eixo Porto-Galiza.
l Designação da autoria de Abílio Cardoso.
346
Normalmente, o investimento directo estrangeiro é encarado, em alternativa, como factor
de dependência e de desestruturação das economias nacionais ou como elemento de dinamização
e desenvolvimento das economias que o atraem. Além disso, é referido como um dos elementos
importantes no equílibrio da balança de transacções correntes. Os estudos desenvolvidos identificam
os padrões de distribuição espacial do investimento directo estrangeiro e constatam a contribuição do IDE
para o reforço das especializações produtivas locais, assim como para o desenvolvimento dos contrastes
e dos desequilíbrios regionais.
Perante estas avaliações genéricas, será de insistir na análise espacial do investimento
estrangeiro e na importância das dimensões analíticas no estudo de relação do
investimento estrangeiro/desenvolvimento regional.
Há que avaliar a integração local/regional do I.D.E., centrando a análise na empresa, no tipo
de relações mercantis que esta estabelece ou não com as empresas abastecedoras e clientes do meio
envolvente e nos efeitos demonstrativos que este tipo de relações estará a desencadear. As
implicações regionais passam, também, por acordos de coope"ração na área da inovação tecnológica,
formação profissional, comercialização, e por efeitos de demonstração ao nível do espírito empresarial
e da inovação de produto, processos produtivos e mercados.
Os impactes ambientais, financeiros (fontes de receitas municipais e/ou polizadores
de incentivos) e sobre o mercado imobiliário e de solos são outras dimensões possíveis do
desenvolvimento regional.
Assim, o conhecimento e a caracterização geográfica do IDE mais não constitui que o ponto
de partida para uma análise mais cuidada e enriquecida. Nesse sentido, pretendemos centrar a nossa análise
nas estratégias desenvolvidas pelas empresas transnacionais e nos respectivos impactes
a nível local/regional, revelando o possível confronto das relações que se estabelecem entre a
crescente globalização das economias e das sociedades actuais e a especificidade de cada região.
As implicações e a avaliação do investimento directo estrangeiro em meios complexos
e diversificados, como são as Áreas Metropolitanas, são difíceis de ser analisadas e avaliadas com rigor.
O primeiro elemento a saber é a natureza do investimento localizado na AMP e que posição
a empresa aqui localizada tem na estrutura do grupo estrangeirp: que actividades o grupo desenvolve,
o que é que fabrica e que papel o estabelecimento português desempenha na orgânica funcional
da estrutura multinacional, tecnologias empregues e diferenciais tecnológicos e de qualificação da
mão de obra relativamente à empresa investidora, grau de autonomia/dependência nas decisões estratégicas
e nos serviços necessários à actividade produtiva.
Interessa-nos detectar os factores determinantes do investimento estrangeiro em Portugal,
numa perspectiva de país comunitário, e o que determinou a opção por esta área metropolitana.
Por outro lado, as razões que levaram a empresa de capital nacional, localizada na AMP, a optar
pela inserção interna de capital estrangeiro.
As ligações criadas pelo estabelecimento de IDE e empresas locais, via fornecimento
(matérias primas e componentes), subcontratação (de algumas fases do processo de fabrico, ou de alguma
gama de produtos) ou venda, dão origem a importantes implicações no tecido produtivo local. Poderão ser
canais de transmissão de informação e mesmo formação, tendo um efeito de demonstração
ao nível tecnológico, organização da produção, na qualidade total, numa nova e eficaz filosofia de gestão
e/ou na expansão dos serviços de apoio à produção. Este efeito pode ter implicações num ganho
de competividade das empresas locais em mercados nacionais e europeus.
Estas implicações dependem da importância que o fornecimento local apresenta relativamente
347
às compras realizadas em empresas externas, do grupo ou não, da capacidade das empresas locais
na percepção e na adaptação a novas necessidades e oportunidades de negócio criadas, no grau de
integração de produtos nacionais no aprovisionamento do grupo, criando oportunidades de exportação de
matérias primas e componentes fabricadas localmente para outros estabelecimentos da orgânica do grupo.
No entanto, a alternativa para o fornecimento externo, sobretudo via grupo, cria
implicações negativas para as empresas locais e contribui para aumentar a dependência, o nível de controlo
e mesmo dominância da economia local.
Este domínio- dependência relativamente a um grupo -pode ser tratada a diferentes dimensões,
sendo necessário avaliar, na definição e decisão estratégica, qual a importância/papel da empresa local
relativamente à "casa-mãe": quem decide ou faz a concepção do produto, o tipo de produtos a fabricar,
o desenrolar do processo de fabrico, a informação e o desenvolvimento tecnológico, os preços de venda
dos produtos, os estudos de marketing, a comercialização da produção, o controlo/gestão da empresa, os
projectos de investimento, a I&D, a estratégia global da empresa cá localizada. Quanto mais concentrada
estiver a decisão na empresa externa investidora maior será o grau de dependência da economia local.
As implicações locais do IDE poderão estar, também, nos acordos, parceria e/ou
redes de cooperação que estas empresas estabelecem com empresas e/ou instituições locais, para
a inovação tecnológica e de produto, a formação, a comercialização ou a produção. Os centros
de investigação e as universidades, as instituições de formação e a administração local/regional têm
o importante papel de criar estruturas que facilitem e dinamizem estas ligações, de forma a aumentar
a inserção local do IDE e aumentar a competividade das empresas da área metropolitana.
O impacto da'transnacionalização ao nível do mercado de trabalho é, muitas vezes, considerado
o mais importante, dado que as situações internas das empresas têm implicações que podem extravasar
o próprio estabelecimento e modificar as regras locais: será necessário avaliar a quantidade e qualidade
do emprego criado, a estrutura desse emprego, as qualificações tecnológicas do pessoal, alterações
das regras de regulação, desde os salários, formas de recrutamento, até possíveis prémios de produtividade,
assiduidade e outros, condições de trabalho e estruturas de formação. Em termos de análise é
necessário atender ao emprego directo criado na empresa com IDE e ao emprego indirecto, das
empresas locais que desenvolvem uma actividade de subcontratação ou que são fornecedoras,
cuja dimensão e actividade está muito dependente da empresa estrangeira.
O IDE, só por si, não parece contribuir para novas possibilidades e oportunidades
de desenvolvimento regional, mas poderá constituir um dos seus principais vectores, pela forma
como consegue condicionar e contribuir para o desenvolvimento regional.
2. Diagnóstico Estratégico e Cenários de Desenvolvimento
2.1. Enquadramento da amostra
A operacionalidade deste estudo, as implicações do IDE no desenvolvimento regional, exige
um profundo trabalho de campo, centrado nas estratégias das empresas transnacionais e nos
respectivos impactes a nível local/regional (implicações no sistema produtivo, no mercado de trabalho,
no dinamismo empresarial, nos efeitos de demonstração, ambiente, ... ) e inter regional/internacional
(no comércio, transferência tecnológica, dependência funcional, mobilidade de recursos humanos, etc).
Neste propósito, a nossa análise vai-se centrar em entrevistas realizadas em empresas com
investimento directo estrangeiro localizadas na Área Metropolitana do Porto. Em primeiro lugar,
entrevistamos as empresas que em 1990 declararam ao ICEP ter realizado algum tipo de operação de IDE
348
(criação de novas empresas e de sucursais, aquisições, aumentos de capital, prestações suplementares
de capital, modificação na estrutura dos sócios, .. ), de forma a contemplarmos diferentes situações,
dimensões e sectores. Seguidamente, optamos pela realização de entrevistas às maiores e/ou as melhores
empresas com capital estrangeiro localizadas na AMP, considerando que aqui se encontra uma
superior capacidade de inovação e intensidade tecnológica e uma maior integração no tecido produtivo
local. Paralelamente, temos vindo a contactar associações sectoriais e empresariais, câmaras de comércio
e grandes empresas, de forma a avaliarmos, na perspectivas dos agentes regionais, os efeitos competivos
locais e sectoriais do IDE nesta metrópole.
Realizamos cerca de 74 entrevistas2
: a empresas locais de IDE (61 empresas), empresas
de capital 100% nacional (5 empresas), associações sectoriais (quatro), câmaras de comércio (três)
e instituições de apoio tecnológico (duas).
Todos os sectores de actividade estão representados, ainda que, relativamente a
certas actividades, o material acumulado não foi suficientemente testado de forma a apresentarmos
neste relatório conclusões sustentadas.
Em termos de análise estatística, foram tratados 49 inquéritos. A dimensão média
dos estabelecimentos contactados é de 323 empregados, variando entre 4 e 2300, num total de 49 empresas
e 15.824 empregados. Relativamente ao panorama médio do IDE na AMP, a amostra sobrevaloriza
as grandes empresas. Tal situação deve-se ao facto da dinâmica de inovação e da intensidade tecnológica,
resultantes dos critérios da amostra, ter maior probabilidade de se encontrar neste tipo de empresas.
Das 49 empresas, 38 são maioritariamente participadas por capital estrangeiro (26 das quais
totalmente). É um facto a reter, dado que, como iremos verificar, o grau de dependência destas empresas
relativamente às empresas externas é muito forte, ao que não é alheio o facto da opção por
investimentos maioritários ser de mais fácil controlo.
Capital social: importância do IDE No de empresas
100% 26 ]50%-100%[ 8
50% 4
<50% 7
sem informação I
Relativamente ao ano de inserção do capital externo, como era de prever, há uma
forte concentração de empresas de IDE recente, 34 unidades industriais depois de 1986, ano de adesão
de Portugal na Comunidade Europeia.
2.2. Sistematização de alguns resultados
Factores de Localização Nacionais e Regionais
Em primeiro lugar, interessa-nos analisar os factores determinantes do investimento estrangeiro
em Portugal, país da Comunidade Europeia, analisando de seguida os factores que levaram o
capital estrangeiro a optar pela AMP.
2 Em termos de tratamento dos inquéritos às empresas irão ser tratados para este relatório 49 inquéritos. Em anexo designa-se o nome das empresas e instituições contactadas.
A. A inserção no mercado nacional e/ou comunitário
Os factores determinantes do investimento em Portugal, nas empresas transnacionais localizadas na AMP
Inserção no mercado Português
Inserção no mercado Ibérico
Inserção nos mercados do Mediterrâneo
Inserção nos mercados Africanos
Acesso ao mercado Europeu
Mão-de-obra disponível em quantidade
Mão-de-obra qualificada disponível
Dedicação e vontade de progredir da M.O.
Facilidade de adaptação dos trabalhadores numa nova cultura de empresa
Níveis salariais baixos
Legislação laboral flexível
Custos de transporte baixos
Custos de instalação baixos (terreno e constr.)
Área especializada nesta indústria
Relações comerciais mais estáveis com IDE
Investig. e Inovação Nacional neste sector
Apoios ao Investimento e à Formação (SIBR, PEDIP, FSE)
Apoios Locais (Câmaras Municipais)
Distância reduzida a Espanha
Distância reduzida ao centro da CEE
Uma ponte para futuros investi/ na CEE
N° de empresas
28 4
I
4
14
21
5
6
27 3
2
9
15 4
lO
2
10
6
3
349
A expansão pelo espaço europeu de empresas comunitárias, muitas delas já localizados
num grande número de países, e a conquista do mercado europeu por parte das empresas localizadas
no exterior, foram determinantes na opção por uma localização na Europa e não noutro país de outra
área geográfica.
É de salientar a importância do investimento espanhol (10 empresas), que geralmente prefere
o investimento no país vizinho, já que a menor distância permite uma maior facilidade nas interrelações 3
e no controlo e, por outro, parece diminuir o risco psicológico do investimento .
A localização num país da Comunidade, e por esta via, a inserção directa num vasto mercado
com isenção de taxas alfandegárias à entrada, é crucial para 14 empresas de origem não comunitária, sendo
de frisar a importância da Finlândia, Suíça e Japão.
Depois da opção por uma localização na Comunidade, a questão que se põe ao investidor externo
é a da escolha do país. Aqui as condicionantes são de diversa ordem, desde factores relacionadas com
o mercado, com as características da mão de obra, os custos de instalação e de transporte,
as especificidades da indústria de cada país e região, assim como as suas capacidade de inovação
e investigação, até possíveis incentivos ao investimento de carácter comunitário/nacional ou local.
Relativamente às empresas de IDE localizadas na AMP, a estratégia de localização em Portugal
passa sobretudo pelas questões de inserção no mercado português (em 28 das empresas),
no mercado ibérico (em 4) e no mercado da CE (em I 0). A necessidade por parte do investidor em
3 Por vezes, este investimento é o primeiro fora do país e é encarado como um teste num país que já conhecem, para acumular experiências com vista a uma futura expansão para outros países da comunidade.
350
alargar o seu mercado, a forte expansão do consumo em Portugal nos últimos e próximos anos, a
distância reduzida a um grande mercado, que é o espanhol, e a inserção nos mercados africanos através
de Portugal (em 4 empresas), são os factores mais relevantes.
A inserção no mercado português desenvolve-se em diversas actividades. No entanto, é de
realçar a importância das empresas com IDE na química, que produzem matérias primas e componentes
para diferentes indústrias locais e nacionais, designadamente:
- as colas para a indústria do mobiliário e calçado;
- as tintas e vernizes para a indústria automóvel;
- as resinas sintéticas para a têxtil;
- as tintas para a indústria gráfica.
Esta estratégia, pode também ser detectada nos aditivos para a indústria alimentar; na fiação,
produção de rendas, acessórios de confecção e linhas de coser para a indústria têxtil; nas gáspeas e solas
para a indústria do calçado; e nas carroçarias, componentes em materiais metálicos (escapes, reservatórios
de combustível, apoios de motor e suspensão, ... ) e compósitos (pára-choques, bandas laterais, ... ) para
a indústria automóvel.
A localização perto da indústria consumidora prende-se com uma necessidade de adaptação do 4 '
produtos às características do mercado . E um aspecto a reter, pelas implicações que estes investimentos
podem arrastar a jusante, na indústria local.
Depois da opção por Portugal, o capital decidiu localizar-se concretamente na AMP. Esta
localização é considerada estratégica relativamente à região envolvente, pela centralidade que esta área
apresenta relativamente a uma região fortemente industrial, que vai de Valença a Aveiro. Relativamente ao
investimento espanhol, de forte incidência nesta área, a proximidade à região da Galiza e o facto de,
anteriormente, a AMP ser uma área de mercado da indústria dessa região espanhola, criaram as condições
para uma implantação local (realce-se, designadamente, a indústria alimentar e a indústria automóvel).
B. Características do emprego e do mercado de trabalho
Os factores relacionados com a mão de obra são, na maioria das vezes, muito importantes
na escolha do país onde localizar o investimento. No entanto, a importância desta variável está relacionada
com o tipo de mão de obra pretendida para o processo de fabrico a implantar. Relativamente a Portugal,
há uma imagem regional no estrangeiro: no norte os salários são mais baixos, há disponibilidade
de mão de obra em quantidade sem grandes exigências de qualidade, o ambiente laboral é mais calmo,
a mão de obra é mais flexível e menos exigente do que na Região de Lisboa.
A opção do investimento em Portugal prende-se também com as características do emprego e
do mercado de trabalho: a disponibilidade de pessoal em quantidade1 qualificado ou não, a dedicação
e vontade de progredir da mão de obra deste país ou região, a facilidade de adaptação dos trabalhadores
a uma nova cultura de empresa, os níveis salariais mais baixos e alguns elementos da legislação laboral
(designadamente, a laboração em turnos e ao fim de semana), são alguns dos elementos mais referidos.
É preocupante, para a AMP e para o país, a importância que o factor mão de obra tem
na estratégia de localização. São, sobretudo, os níveis salariais baixos, e a disponibilidade de mão de obra
em quantidade os elementos que, na maioria das vezes, atraíram o investimento externo para Portugal.
O factor qualificação da mão de obra só é mencionado nas empresas têxtil/vestuário, calçado,
4 Em termos exemplificativos, as tintas e vernizes para a indústria automóvel tem de estar adaptada às condições climatéricas nacionais, e no mercado de repintura às condições de aplicação destes produtos (pequenas oficinas, a maioria sem estufas de secagem, ... ).
351
fundição de ferrosos e metalomecânica, pelo facto destas actividades terem uma forte expressão regional.
Trata-se de pessoal formado no local de trabalho, com fraca flexibilidade e de discutível qualificação.
Actualmente, estas actividades estão a dar lugar a outras igualmente intensivas em mão de obra, na área
das indústrias eléctrica e electrónica, a produção de cabos eléctricos, circuitos integrados, fios magnéticos,
cablagens, para as quais a localização em Portugal se prende unicamente com o facto de Portugal ser
um país da comunidade com níveis salariais baixos e com mão de obra disponíve para a indústria.
Com a subida dos salários, os Países de Leste são uma alternativa a Portugal para os
investimentos baseados nos menores custos laborais. Um ambiente social, ainda, instável nesses países
está a travar a localização e/ou a re-localização de investimentos nessas áreas.
C. Outros atractivos ao investimento externo
Os custos de instalação baixos (terrenos, unidades industriais para alugar ou vender, etc), ainda
que mencionados por 9 empresas, não são um factor discriminatório, e surgem posteriormente à opção
pelo investimento em Portugal.
Os incentivos ao investimento e à formação profissional, não sendo também os
factores determinantes da localização, são elementos tidos em consideração pelas empresas, sobretudo,
em períodos de expansão. Relativamente a esta variável, notamos nos últimos tempo a sua valorização,
designadamente em actividades fortemente intensivas em capital.
A qualidade das estradas e dos caminhos de ferro, a proximidade a um porto e a um aeroporto e
a qualidade das telecomunicações são também referidos na perspectiva da selecção da região a investir,
depois de ter sido feita a opção pelo investimento em Portugal.
Actualmente, as regiões alternativas a Portugal para investimento industrial, situam-se na
Grécia, Irlanda, Espanha, Turquia, Alemanha de Leste, Bulgária, Polónia, URSS, Checoslováquia. Como
podemos verificar, é na Europa de Leste que se localiza a nossa maior concorrência a nível de atracção de
investimento externo, o que só por si não valoriza o IDE aqui realizado. No entanto, o nosso país continua,
temporariamente, a ser mais atractivo dada a instabilidade política, social, legislativa que estes países
estão a atravessar e por carências ao nível das infra-estruturas (telecomunicações) e de fornecimentos.
A empresa depois de ter optado por uma localização na Comunidade e em Portugal, terá
de escolher a região de localização do investimento. A opção por esta região prende-se, sobretudo, com
as interrelações produtivas e as potencialidades ao nível do mercado regional que esta área centraliza.
Segundo os empresários estrangeiros, o norte, e implicitamente a AMP, tem no exterior uma imagem
marcada pela indústria (têxtil e vestuário, calçado, alimentar, mobiliário, fundição e metalomecânica, etc.),
pela abundância de mão de obra, de baixo custo e flexível, pela sua dedicação ao trabalho e capacidade
de adaptação a uma nova cultura de empresa.
No entanto, a opção por uma localização na área metropolitana, dentro de um leque diversificado
de possibilidades na região, tem também uma justificação.
Esta localização apresenta vantagens locativas relativamente à Região, dadas pelas
externalidades desenvolvidas pela cidade do Porto, centro financeiro, comercial e de serviços, pela
concentração de mão de obra especializada, com disponibilidade e capacidade de fixação de quadros e
de instituições de âmbito regional de apoio ao investimento e à formação. A proximidade às principais
infra-estruturas produtivas, aeroporto, terminal de cargas e porto de mar, são da máxima importância para
empresas fortemente importadoras e exportadoras. Outros factores menos específicos jogam
nesta localização, embora com menor incidência: área muito industrial, proximidade de
352
outros estabelecimentos do grupo, mão de obra barata e disponível, empenhamento e apoio das autarquias,
proximidade da Galiza, e a localização de instituições de formação estrangeiras.
Factores de inserção de capital estrangeiro em empresas que eram totalmente nacionais
Algumas empresas de capital nacional da AMP (22 empresas na nossa amostra), optaram por
se fundirem ou serem adquiridas por capital estrangeiro. As motivações que levaram essas empresas a
esta estratégia são muito diversificadas (por ordem de importância):
- problemas financeiros;
-necessidade de aumentar a capacidade de investimento;
-necessidade de reforçar a base tecnológica e/ou de aumentar a informação na área tecnológica;
- aumentar o número de clientes e a informação sobre o mercado europeu e/ou mundial;
-garantir aprovisionamentos;
- permitir a articulação entre concepção, I&D, produção e/ou serviços venda, o que transmite
estabilidade à empresa;
-necessidade de racionalizar, segmentar e integrar à escala do grupo a produção;
- criar uma gestão mais eficaz, um planeamento estratégico e por objectivos, melhor
enquadrados na economia mundial.
Como podemos verificar, o tecido produtivo metropolitano sofre de uma fraca capacidade
de investimento, num momento de importantes renovações e reestruturações tecnológicas, e de uma
falta de informação a diversos níveis, mercados, tecnologias, gestão, etc.
Se estes objectivos foram alcançados, é um sinal positivo para a economia regional. A forma
como foram atingidos, como iremos analisar (aumento da dependência e domínio do capital estrangeiro)
leva-nos a questionar esse desenvolvimento.
Relações de interrelação ou de dependência entre as empresas do grupo
O grau de dependência das estruturas produtivas locais relativamente à empresa ou
grupo estrangeiro investidor são muito fortes.
Em termos de gestão, à empresa localizada no território nacional compete sobretudo as áreas
aprovisionamento, acompanhamento do processo de fabrico e a comercialização da produção, os
estudos de marketing e a definição dos preços de venda dos produtos para o mercado nacional. Por
sua vez, a empresa estrangeira controla a estratégia global da empresa, a informação, o desenvolvimento
tecnológico, as áreas de concepção do produto, os projectos de investimento, as áreas de I&D,
da comercialização, a definição dos preços de venda dos produtos e os estudos de marketing.
Esta dependência da empresa localizada na AMP relativamente à empresa estrangeira pode ser
ainda avaliada a outros níveis.
A informação tecnológica chega, na maioria das vezes, através da empresa externa e
raramente através de visitas a feiras, informações em revistas da especialidade ou através das
associações sectoriais e empresariais locais. O investidor externo informa-se, determina o volume
de investimento e muitas vezes executa mesmo a própria compra no estrangeiro.
O fornecimento de matérias primas e componentes têm também uma forte dependência externa.
Cerca de 78% das empresas têm uma percentagem dominante (50% ou mais) de compras importadas:
41 o/o dos fornecimentos são realizados por outras empresas do grupo investidor, 29% por compra directa
no mercado externo (ainda que, muitas das vezes, o grupo decida e informe a empresa portuguesa
353
dos canais a privilegiar) e 8% através de fornecedores locais de produtos importados. O fornecimento
através do grupo insere-se em estratégias internacionais de segmentação da produção, por exemplo,
na compra de tecidos, de peles, de produtos químicos e outros em empresas do grupo.
Concluindo, é de salientar a grande dependência de fornecimentos externos, por incapacidade
produtiva da indústria local e pelo domínio da estratégia do grupo sobre possíveis interesses nacionais. No
sector têxtil, fortemente especializ~do nesta região, verificamos alterações no local de compra dos tecidos,
justificados pelo facto da nossa indústria não ter preço/qualidade/inovação relativamente a fornecedores
externos. Esta tendência é recente, dado que são empresas que inicialmente compravam no mercado
nacional e para as quais o fornecimento local foi considerado importante à data da instalação em Portugal.
O mercado externo constitui o principal mercado (50% ou mais) para 49% das empresas e
o mercado exclusivo do grupo absorve maioritariamente a produção de 33% das empresas. Esta
dependência da estratégia comercial do grupo poderá criar debilidades à indústria local. Em
termos sectoriais, produzimos para:
- o grupo, sobretudo nas indústrias de vestuário, calçado, texteis, montagens de material
de baixa tensão, cablagens para a indústria automóvel;
- directamente para o mercado externo (não através do grupo), sobretudo nas componentes
para a indústria automóvel da Europa e o vestuário;
- o mercado nacional, sobretudo nas indústrias alimentares (conservas de carne, aditivos, etc),
nas químicas (os produtos intermédios, colas, resinas sintéticas, produtos químicos, tintas e vernizes) e
na indústria de componentes para a indústria automóvel portuguesa.
Emprego5
As 49 empresas empregam quase 16.000 pessoas, o que constitui uma razoável base para a
nossa análise.
São empresas com uma estrutura do emprego muito diversificada. De forma a avaliarmos
o pessoal qualificado nas empresas, contabilizamos a importância dos quadros técnicos intermédios e
dos quadros superiores e chegamos à seguinte tipologia.
1. As indústrias menos qualificadas são:
- as indústrias de vestuário, calçado, montagem eléctrica, a indústria das cablagens para a
indústria automóvel, que correspondem aos valores mais baixos de qualificação valores inferiores a 4%
do emprego. São as indústrias que recorrem a processos mais intensivos em mão de obra;
2. As indústrias mais qualificadas são:
- as indústrias de fundição de precisão, as químicas (tintas para as artes gráficas, resinas para
indústria têxtil, óleos lubrificantes), electrónica (circuitos integrados), electromecânica, bebidas (cervejas),
indústria automóvel (tintas) são as áreas industriais mais qualificadas- mais de 18% do emprego;
- a indústria automóvel (na área da metalomecânica, nos materiais compósitos, na carroçaria),
a química (tintas), a fundição de ferrosos e a confecção de lingerie apresentam valores compreendidos
entre os 9 e os 16%;
3. As indústrias intermédias em termos de qualificação são:
- desde as alimentares, passando pelas texteis e algum vestuário, até à eléctrica e electrónica TV,
com valores compreendidos entre os 5 e os 9%.
5 As questões do emprego são também tratadas na abordagem sectorial (no próximo capítulo).
354
A qualificação da mão de obra nas empresas de IDE poderá ser um bom indicador da qualidade
do investimento realizado e traduz a intensidade do processo tecnológico empregue. Fazer análises
laboratoriais, realizar internamente o controlo de qualidade e produtividade, a concepção e o desenho
dos produtos, a manutenção e reparação dos equipamentos, são alguns sintomas de uma certa qualidade
do emprego.
O emprego de estrangeiros atinge só 86 pessoas, dos quais 51 são técnicos. Cerca de
42% das empresas contratam pelo menos uma pessoa no estrangeiro. No entanto, 20% só contrata pessoal
para a administração, enquanto que 22% privilegia os técnicos (sobretudo, para dar formação interna,
dirigir a produção e o marketing, chefiar equipas na produção e para a manutenção e reparação
dos equipamentos). A vinda de estrangeiros pretende resolver algumas insuficiências de mão de obra
qualificada e formar internamente o pessoal. No entanto, o que é mais usual, é uma deslocação
à "casa-mãe" durante dois a três meses, para "carregar Know-how" em tecnologia, organização
da produção, gestão, controlo de qualidade e produtividade, etc.
A incorporação de capital estrangeiro em empresas 100% nacionais, determinou quase sempre
uma diminuição de pessoal mais antigo e menos qualificado e a contratação de pessoal jovem,
melhor formado e mais aberto às inovações. Assim, houve diminuições drásticas de pessoal, sobretudo,
no sector das metalomecânicas, das eléctricas e electrónicas. Estas alterações foram motivados pelo
fraco nível de formação do pessoal e pela necessidade/facilidade de implantar outras estruturas
organizativas na produção, uma nova cultura de empresa, a renovação e modernização tecnológica
das empresas adquiridas, uma maior exigência em termos de qualidade. Em termos globais,
as empresas estrangeiras estão, relativamente à estrutura empresarial nacional, mais atentas às questões
de formação, sobretudo dos quadros intermédios, considerando essa mesma função estratégica.
Nos próximos anos, na AMP, vamos assistir, sobretudo, a dois tipos de fenómenos:
- diminuição do pessoal nas empresas de vestuário, e talvez no calçado, actividades
intensivas em mão de obra para as quais os salários portugueses deixaram de ser competitivos com
os Países de Leste e o Norte de África;
- valorização das estruturas produtivas instaladas na AMP (designadamente, na
indústria eléctrica e electrónica, na alimentar e na metalúrgia), que irá implicar despedimento de pessoal
não qualificado e excessivo e a contratação de pessoal intermédio com maior e melhor formação.
Em termos territoriais, as Metrópoles são consideradas pelos empresários como
os únicos lugares onde há disponibilidade de recursos estratégicos em mão de obra (mais qualificada e
com um perfil de especializações mais diversificado). Por outro lado, são os únicos locais onde
é possível o duplo emprego (ou múltiplo) para pessoal muito qualificado e de remunerações
muito elevadas. No entanto, relativamente à AMP, a oferta de pessoal qualificado está abaixo
das futuras necessidades do aparelho produtivo.
BIBLIOGRAFIA principal:
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355
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO E SISTEMAS DE INCENTIVOS
GENTIL SOUSA DUARTE Mestrando em Planeamento Regional e Local Faculdade de Letras de Lisboa
1. INVESTIMENTO ESTRANGEIRO E SISTEMAS DE INCENTIVOS
A localização do Investimento Estrangeiro em Portugal, nos últimos vinte anos, foi
mais determinada por outros factores que o da existência de incentivos de natureza sectorial ou regional.
Na realidade, com a publicação do Código de Investimentos Estrangeiros, estes
foram praticamente equiparados aos investimentos nacionais e os benefícios disponíveis são válidos
quer para uns quer para outros. Além disso, o controle excessivo do investimento estrangeiro, não traria
vantagens ao país. A iniciativa estrangeira é complementar da portuguesa, e vem dinamizar o
seu crescimento através da procura no tecido industrial e nos serviços. Acresce ainda que o investimento
estrangeiro, foca o seu interesse nos sectores ligados à exportação e trabalho-intensivos,
respondendo positivamente aos principais objectivos da política industrial vigente.
Na actualidade, o I. Estrangeiro insere-se em dois regimes: o regime geral, com os
mesmos direitos, benefícios e deveres do investimento português. O regime contractual, para
os investimentos com dimensão mínima de I O Milhões de Contos, que correspondam a projectos de raiz
em sectores interessantes, e que tenham um período de vigência significativo. Neste caso, os incentivos são
negociados caso a caso, mas só em casos excepcionais os incentivos poderão ser superiores
a investimentos portugueses idênticos. É o caso das decisões de localização, em que Portugal esteja
em risco de ser preterido por outras ofertas de incentivos (Irlanda, Espanha, Grécia, por ex.). Portugal
poderá negociar neste caso o aumento de incentivos por troca com uma localização regional que venha
de encontro a objectivos da política regional; o que aconteceu no caso Ford/Wolksvagen e o que se espera
que venha a suceder no caso da Samsung, são exemplos desta política contractual. Para o caso do
regime geral, as subvenções ligadas aos dois grandes instrumentos comunitários de apoio
à política industrial e regional, existentes em Portugal - o S.I.B.R. e o PEDIP parecem ser suficientes
na actualidade, como elementos de incentivo ao investimento estrangeiro e à sua localização regional.
O primeiro a ser estabelecido foi o Sistema de Incentivos de Base Regional (S.I.B.R.).
Trata-se de um esquema directo de incentivo ao Investimento, assumindo a forma de uma comparticipação
a fundo perdido. O seu principal objectivo era o de apoiar as regiões mais deprimidas e atenuar
os desequilíbrios, apoiando a criação de novas empresas ou dinamização das já existentes, em paralelo com
a modernização/inovação tecnológica e a criação de novos empregos. No decurso de negociações
com a C.E.E., o S.I.B.R. passou a estar integrado no Programa Nacional de Interesse Comunitário
de Incentivo à Actividade Produtiva (PNICIAP). Deste modo, tornou-se possível o co-financiamento
dos regimes de auxílio apresentados por Portugal, enquadrando o sistema não só na política regional
portuguesa, mas também na política regional comunitária. Deste modo, aos fundos de apoio nacionais
juntam-se os provenientes do FEDER. Por outro lado o sistema também se insere no Programa
de Correcção Estrutural do Défice Externo e Desemprego (PCEDED).
O outro sistema de Incentivos é o PEDIP (Programa Estrutural de Desenvolvimento da Indústria
Portuguesa). Dada a particular situação do desenvolvimento industrial do país comparativamente
358
aos outros países, houve que negociar um quadro comunitário de apoio ao PEDIP, já que os instrumentos
estruturais tradicionais (FEDER e FSE), se mostravam insuficientes. Deste modo, em 1988, foram postos
à disposição da indústria portuguesa, recursos provenientes dos Fundos Estruturais, sendo
1 Milhão de ECU' s de subvenções directas e 1 Milhão de ECU' s, sob a forma de empréstimos do BEl,
para o período 1988/92. Dos diversos programas que contem, irei referir o Sistema de Incentivos
Financeiros- SINPEDIP (Subprograma 3.1 do Programa 3-Incentivos ao Investimento Produtivo), por ser
sem dúvida o mais relevante. Aliás a partir de Julho de 1988, houve que compatibilizar o SINPEDIP com
o SIBR, no sentido de se complementarem em termos geográficos. O SINPEDIP, na sua óptica industrial
apoia os projectos referidos à zona mais industrializada do litoral, enquanto o SIBR reforçando a sua
componente regional, concentra os seus recursos nas zonas mais fracas em actividade industrial (ver anexo).
2. OS INCENTIVOS REGIONAIS E O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Estando os diversos projectos de Investimento Estrangeiro ou de empresas de capital estrangeiro
maioritário, em condições semelhantes às empresas portuguesas, interessava verificar qual o nível da
sua resposta aos dois grandes tipos de incentivos existentes. Verificar o seu peso no investimento e
nos incentivos. Os sectores de maior investimento e que recebem mais incentivos. Comparar a
sua distribuição regional e tentar encontrar novas tendências de localização do capital estrangeiro
como resposta às diferentes subvenções.
Uma análise geral, mostra que as empresas de capital estrangeiro, responderam bastante bem
aos dois sistemas de incentivos. Como se pode observar nos dois quadros abaixo, ainda que representem
um pequeno n° de projectos (à volta dos 5/6%), os investimentos estrangeiros incluídos no SIBR
ou no SINPEDIP, são cerca de 1/3 do total, sendo os incentivos obtidos também proporcionais a este valor
(cerca de 32%). Se compararmos os investimentos estrangeiros com investimentos feitos só por
empresas nacionais, o peso é ainda mais significativo: as empresas de capital estrangeiro, que
representam menos de 6% dos projectos, investiram quase metade (o mesmo valor em incentivos),
que os restantes 94% de origem nacional. Só a nível do emprego criado o peso é menos acentuado.
Esta situação explica-se facilmente: os projectos ligados ao Inv. Estrangeiro, são geralmente
mais intensivos em capital e de maior dimensão média, quando pertencentes ao regime geral; para
além destes existem investimentos do tipo contratual: ao abrigo do SIBR, três investimentos
(Ford Electronica, Valmet e Delco Remy), representaram 30 Milhões de Contos de Investimento,
14 Milhões de Incentivos e quase 3000 postos de trabalho.
Quer o SIBR quer o SINPEDIP, subvencionam principalmente o capital, e portanto
os investimentos estrangeiros ligados normalmente a grandes grupos multinacionais, são os
mais beneficiados.
Uma análise sectorial pormenorizada aos dois grandes tipos de sistema de incentivo industrial,
existentes em Portugal, permite tirar mais algumas conclusões, sobre a sua utilização pelo Inv. Est.
Em primeiro lugar, o facto de o SINPEDID ter até agora distribuído um valor em incentivos
quase igual ao SIBR (Quadro 1). Aliás em termos de investimento global ou de investimento estrangeiro,
o valor dos projectos SINPEDIP (Quadro 2), foi claramente superior aos do SIBR, apesar de ser
um sistema mais recente.
359
QUADRO 1 - PROJECTOS SIBR
Natureza do Investimento Investimento Empreao Incentivo Proiectos
1. Invest. Estrangeiro 97158307 9685 26369575 88
2. Invest. Nacional 208901263 34176 57624318 1380
3. Invest. Estr. + Nac. 306059570 43861 83993893 1468
4. I I 3 31,70% 22,10% 31,40% 6,00%
5. I I 2 46,50% 28,30% 45,70% 6,30%
Unidades Monetárias do Investimento e Incentivo: 1000 escudos
QUADRO 2 - PROJECTOS SINPEDIP
Natureza do Investimento Investimento Incentivo Projectos
I. Invest. Estrangeiro 107797439 21479802 112
2. Invest. Nacional 221552561 45729198 2165
3. Invest. Estr. + Nac. 329350000 67200000 2277
4. I I 3 32,7% 32,0% 4,9%
5. I I 2 48,7% 47,0% 5,2% Apenas se constderaram os mvestJmentos supenores a I 00 mil contos
Isto leva-nos a considerar, que a existência dos dois sistemas de incentivos, um para a
região litoral e outro para a periferia, acaba por não impedir a manutenção dos contrastes
de desenvolvimento existentes.
QUADRO 3 - INVESTIMENTO DE EMPRESAS COM CAPITAL ESTRANGEIRO EM PROJECTOS DO SIBR ( 1988 A 1990)
SECTORCAE INVESTIMENTO TOTAL EMPREGO TOTAL INCENTIVO TOTAL N" DE PROJECTOS
INDÚSTRIAS (1000 ESC.) (%) (N") (%) (1000 ESC.) (%) (1000 ESC.) (%)
20129. Extractivas 15.454.540 15,9 258 2,7 911.266 3,4 6 6,8
31. Alimentares 6.558.540 6,8 94 1,0 975.487 3,7 8 9,1
32. Têxtil/Calçado 11.947.833 12,3 2.836 29,3 2.688.619 10,2 19 21,6
33. Madeira/Cortiça 4.190.124 4,3 4!0 4,2 1.156.202 4,4 9 10,2
34. Papel e Gráficas 2.467.217 2,5 160 1,7 726.480 2,8 5 5,7
35. Químicas/Borrachas 3.533.094 3,6 321 3,3 1.193.458 4,5 8 9,1
36. Min. não Metálicos 2.253.232 2,3 100 1,0 220.000 0,8 I 1,1
37. Metalurgia de Base 542.236 0,6 29 0,3 160.551 0,6 2 2,3
38. Metai./Maq./Equipa. 49.185.330 50,6 5.330 55,0 18.084.072 68,6 28 31,8
39. Outras Ind. Transf. 1.026.111 1,1 147 1,5 253.440 1,0 2 2,3
TOTAL 97.158.307 100,0 9.685 100,0 26.369.575 100,0 88 100,0
Nos projectos SIBR (Quadro 3), os investidores estrangeiros interessam-se sobretudo por
três sectores: Fabricação de máquinas e produtos metálicos ( + de 50%), têxtil/calçado e ind. extractivas.
Em conjunto, representam 2/3 dos investimentos, 4/5 dos incentivos e dos empregos criados. As empresas
estrangeiras parecem pois procurar antes de mais, mão de obra barata e recursos naturais. Mesmo
no sector 38, onde seria de esperar maior intensidade de capital, o peso relativo do emprego é superior
ao do investimento. Isto beneficia as empresas, pois o SIBR ao conceder um subsídio fixo de 600 contos
por posto de trabalho criado, beneficia os projectos intensivos em trabalho.
A análise atrás referida parece aliás ser específica do investimento estrangeiro e muito
determinada pelos grandes investimentos no sector 38 citados anteriormente, já que quando se analisa
a globalidade dos projectos SIBR (Quadro 5.A), verifica-se um maior equilíbrio em termos de no
de projectos apresentados por sector, ainda que com predomínio do sector têxtil (31 o/o contra cerca de 15%
dos sectores CAE 33, 36 e 38). O equilíbrio é ainda maior em termos de investimento e incentivos.
A diferente estrutura industrial da área de acção do SINPEDIP, reflecte-se numa diferente
distribuição sectorial (Quadro 4) do investimento estrangeiro candidato a este sistema de incentivos.
360
O sector predominante continua a ser o da fabricação de produtos metálicos e maquinaria (35%
dos projectos), mas em equilíbrio com o investimento do sector (33%) e com os incentivos recebidos
(45%). O sector têxtil tem pouca importância, sobretudo a nível do investimento aplicado e dos subsídios
recebidos. Ao contrário, os sectores capital intensivos como o da indústria química e cerâmica/min.
não metálicos, têm um grande peso em termos de volume de investimento, mostrando que as empresas
estrangeiras mantêem o interesse nesta região, para as suas aplicações nestes sectores.
QUADRO 4- PROJECTOS SINPEDIP POR EMPRESAS DE CAPITAL ESTRANGEIRO MAIORITÁRIO (1988 A 1990)
SECTORCAE INVESTIMENTO TOTAL INCENTIVO TOTAL N" DE PROJECTOS
INDÚSTRIAS (1000 ESC.) (%) (1000 ESC.) (%) (1000 ESC.) (%)
20/29. Extractivas 494.942 0,6 126.239 . 0,6 1 0,9
31. Alimentares 3.812.595 3,5 408.418 1,9 4 3,6
32. Têxtil/Calçado 8.572.921 8,0 1.855.227 8,6 21 18,8
33. Madeira/Cortiça 707.326 0,7 116.088 0,5 3 2,7
34. Papel e Gráficas 1.667.351 1,5 286.375 1,3 4 3,6
35. Químicas/Borrachas 35.786.234 33,1 5.663.398 26,4 16 14,3
36. Min. não Metálicos 17.205.772 16,0 2.374.317 11,1 16 14,3
37. Metalurgia de Base 2.512.052 2,3 613.590 2,9 5 4,4
38. Metal./Maq./Equipa. 36.029.066 33,4 9.846.424 45,8 40 35,7
39. Outras Ind. Transf. 1.009.180 0,9 189.726 0,9 2 1,7
TOTAL 107.797.439 100,0 21.479.802 100,0 112 100,0 . . ' . -Fonte: Listagens de Empresas Subsidiadas dos Relatonos de Execuçao do PEDIP ( 1989 e 1990) M.I.E.
Também aqui existe algum contraste com o investidor nacional. Pelo quadro 5B, podemos
verificar que o sector têxtil/calçado e o das máquinas/produtos metálicos dominam a nível do
no de projectos e com peso idêntico ao nível do investimento e incentivo recebido. Os sectores 35 e 36,
surgem para os mesmos parâmetros numa posição secundária.
A existência de incentivos não parece ser aliás ,o factor determinante para a existência e
localização dos investimentos estrangeiros, sejam eles candidatos ao SIBR seja ao SINPEDIP. Serão mais
um factor complementar de atracção, que poderá eventualmente facilitar a tomada de decisão de investir.
Na generalidade o SIBR dá um maior grau de incentivo que o SINPEDIP, como seria de esperar;
os limites contratuais foram especialmente ultrapassados em projectos SIBR e alguns subcapítulos
do SINPEDIP, têm limites máximos de apoio menores que os do SIBR. Assim no SIBR a relação
incentivo/investimento é de 27% e no SINPEDIP de 20% (Quadros 6 e 7), quer se considere apenas
investimento estrangeiro, quer se considere o investimento na totalidade (Quadros 5A e 5B).
QUADRO 5A- ESTRUTURA SECTORIAL DOS PROJECTOS SIBR ( 1988 A 1990)
']} l'd d d ota I a e d os projectos aprova os
SECTORCAE PROJECTOS INVESTIMENTO INCENTIVO INCENT./INV. EMPREGO
INDÚSTRIAS (%) (%) (%) (%) (%)
20/29. Extractivas 5,8 8,8 5.8 18,2 3,9
31. Alimentares 9,3 11,1 9,5 23,5 4,0
32. Têxtil/Calçado 31,3 20,8 22,2 29,4 39,3
33. Madeira/Cortiça 15,7 10,4 11,3 30,0 12,2
34. Papel e Gráficas 3,2 8,5 4,1 13,3 1,4
35. Químicas/Borrachas 5,2 5,2 5,5 21,6 4,6
36. Min. não Metálicos 13,8 10,7 12,0 31,0 11,8
37. Metalurgia de Base 1,5 1,1 1,3 31,2 1,5
38. Metal./Maq./Equipa. 13,8 23,1 27,9 33,0 20,9
39. Outras Ind. Transf. 0,4 0,3 0,4 25,5 0,4
QUADRO SB - ESTRUTURA SECTORIAL DOS PROJECTOS SINPEDIP ( 1988 A 1990) Totalidade dos projectos aprovados*
SECTORCAE PROJECTOS INVESTIMENTO
INDÚSTRIAS (%) (%)
20/29. Extractivas 0,7 0,3
31. Alimentares 5,0 4,6
32. Têxtil/Calçado 28,8 21,6
33. Madeira/Cortiça 6,9 5,5
34. Papel e Gráficas 4,9 5,4
35. Químicas/Borrachas 9,9 16,4
36. Min. não Metálicos 12,0 17,3
37. Metalurgia de Base 3,4 2,3
38. Metai./Maq./Equipa. 27,2 25,4
39. Outras Ind. Transf. 1,1 0,7
Fonte: Relatório de Execução do PEDIP; G.G.P., M.I.E.
* Excepto subcapítulo IV
INCENTIVO INCENT./INV.
(%) (%)
0,4 30,4
4,1 18,2
22,5 21,3
5,7 21,1
4,7 17,8
14,1 17,6
14,9 17,1
2,6 23,7
30,5 24,5
0,7 19,5
361
lntersectorialmemte, quer o SIBR quer o SINPEDIP, parecem não ser sistemas de incentivo
descriminatórios. Nos Inv. Estrangeiros subsidiados pelo SIBR, com excepção do sector 38, beneficiado
por acordos contractuais em meia dúzia de grandes projectos, a relação incentivo/investimento, é muito
semelhante (23 a 30%) na maioria dos sectores. Apenas os sectores da ind. extractiva e min. não metálicos,
marcados por inv. estrangeiro não contratual, perdem peso nessa relação. Por isso, se considerarmos I
os investimentos na globalidade, o equilíbrio intersectorial, a nível daquele parâmetro é maior. Nos inv.
ao abrigo do SINPEDIP, apenas as indústrias alimentares, têm uma menor relação incentivo/investimento
(11 o/o), havendo um desvio muito fraco de sector para sector.
QUADRO 6-PESO DO EMPREGO E DOS INCENTIVOS NOS INVESTIMENTOS AO
ABRIGO DO SIBR EMPRESAS DE CAPITAL ESTRANGEIRO ( 1988 A 1990)
SECTORCAE INVEST./EMPREGO INCENT./EMPREGO INCENT./INVEST.
INDÚSTRIAS (1.000 ESC.) ( 1.000 ESC.) (%)
20/29. Extractivas 59.901 3.532 5,9
31. Alimentares 69.771 10.377 14,9
32. Têxtil/Calçado 4.213 948 22,5
33. Madeira/Cortiça 10.220 2.820 27,6
34. Papel e Gráficas 15.420 4.540 29,4
35. Químicas/Borrachas 11.006 3.718 33,8
36. Min. não Metálicos 22.532 2.200 9,8
37. Metalurgia de Base 18.697 5.536 29,6
38. Metai./Maq./Equipa. 9.228 3.393 38,8
39. Outras Ind. Transf. 6.980 !.724 24,7
TOTAL (MÉDIA GLOBAL) 22.796,8 3.878,8 27,1
Fonte: Lista de Empresas Subsidiadas (D.G.D.R.)
Paradoxalmente, o investimento médio por projecto é ligeiramente superior no caso dos
projectos de inv. estrangeiro ao abrigo do SIBR (Quadro 8), do que nos que concorreram ao SINPEDIP
(Quadro 7). Tal, no entanto, deve-se unicamente ao elevado peso da meia dúzia de megaprojectos
na ind. extractiva, na ind. dos minerais não metálicos e na dos produtos metálicos/máquinas. Estes são
essencialmente, intensivos em trabalho, enquanto no caso do SINPEDIP, o maior investimento médio
vai para os sectores de maior intensidade tecnológica, como a química e a cerâmica.
362
QUADRO 7 - PROJECTOS SINPEDIP POR EMPRESAS DE CAPITAL ESTRANGEIRO
MAIORITARIO. RELAÇAO INVESTIMENTO/INCENTIVO/PROJECTO (1988 A 1990)
SECTORCAE INCENT./INVEST. INVEST. MÉDIO INCENT. MÉDIO
INDÚSTRIAS (%) POR PROJECTO POR PROJECTO
20/29. Extractivas 25,5 494.942 126.239
31. Alimentares 10,7 953.148 102.105
32. Têxtil/Calçado 21,6 408.234 88.344
33. Madeira/Cortiça 16,4 235.775 38.696
34. Papel e Gráficas 17,1 416.837 71.594
35. Químicas/Borrachas 15,8 2.236.240 353.962
36. Min. não Metálicos 13,8 1.075.361 148.395
37. Metalurgia de Base 24,4 502.410 122.718
38. Metal./Maq./Equipa. 27,3 900.727 246.161
39. Outras Ind. Transf. 18,8 504.590 94.863
TOTAL (MÉDIA GLOBAL) 19,9 971.140 193.512
Fonte: Listagens de Empresas Subsidiadas dos Relatórios de Execução do PEDIP ( 1989 e 1990) M.I.E.
QUADRO 8 - PROJECTOS SIBR DE EMPRESAS DE CAPITAL ESTRANGEIRO
(1988 A 1990)
SECTORCAE INVEST. MÉDIO No DE EMPREGOS INCENTIVO MÉDIO
INDÚSTRIAS POR PROJECTO POR PROJECTO POR PROJECTO
20/29. Extractivas 2.575.757 43,0 151.878
31. Alimentares 819.818 11,8 121.936
32. Têxtil/Calçado 628.683 88,6 141.506
33. Madeira/Cortiça 465.569 45,6 128.467
34. Papel e Gráficas 493.443 32,0 145.296
35. Químicas/Borrachas 441.637 40,1 149.182
36. Min. não Metálicos 2.253.232 100,0 220.000
37. Metalurgia de Base 271.118 14,5 80.276
38. Metal./Maq./Equipa. 1.756.619 190,4 645.860
39. Outras Ind. Transf. 513.056 73,5 126.720
TOTAL (MÉDIA GLOBAL) 1.104.07? 110,1 299.654
Fonte: Listagens de Empresas Subsidiadas (D.G.D.R.) Unidades: 1"000 Esc.
Uma análise pormenorizada à localização dos principais investimentos subsidiados pelo SIBR
(Quadro 9), permite uma constatação curiosa: praticamente metade dos projectos de investimento
(e mais de 2/3 do valor), localizam-se no distrito de Setúbal.
Sendo uma região beneficiária de uma O.I.D. (por força da situação de cnse no
modelo industrial aí vigente até meados da década de 80), foi incluída na região beneficiária do SIBR.
Tratando-se de uma região central, onde os potenciais investidores podem ter benefícios só atribuídos
a regiões periféricas, não será de estranhar que a resposta tenha sido excelente. E mais que o
n° de projectos, é importante o facto de haver uma distribuição equilibrada de investimentos por bastantes
sectores ainda que com o predomínio do sector 38 CAE, onde se situam os principais projectos
(Ford Electrónica em Setúbal, Delco Remy no Seixal, Valmet no Montijo, Tronitec em Palmela, etc.).
Se lhes juntarmos os investimentos do distrito de Santarém, verificamos que os investidores estrangeiros
(na sua maior parte), ainda preferem localizações próximas das regiões centrais ao mesmo tempo
que aproveitam as subvenções destas semi-periferias. A análise mantém-se válida para a globalidade
dos investimentos na região: L. e Vàle do Tejo (distritos de Santarém e Setúbal) têm no SIBR, um peso
de cerca de 40% do total do investimento e do incentivo recebido (Quadro 1 OA).
QUADRO 9 -LOCALIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS DE EMPRESAS COM CAPITAL ESTRANGEIRO MAIORITÁRIO P . . d 1 SIBR CAE ro ectos apma os pe o , por sectores
SECTORCAE 20/29 31 32 33 34 35 36
DISTRITO TOTAL
V. DO CASTELO 2 . . . . 1 .. . . .. . . BRAGA (0) 3 . . . . 3 . . .. .. . . PORTO (1) 3 .. 1 2 .. . . . . .. NORTE LITORAL 8 . . 1 6 . . . . .. . . AVEIRO (2) 2 .. .. 2 .. . . . . .. COIMBRA(3) 1 . . . . .. . . 1 .. .. VISEU 4 . . . . 2 2 . . .. .. LEIRIA (4) 3 .. . . . . .. . . 2 . . SANTARÉM 11 . . 1 .. 1 4 1 . . CENTRO LITORAL 20 . . I 4 3 5 3 .. LISBOA/SETÚBAL (5) 36 .. 5 6 5 .. 3 I LISBOA/SETÚBAL 36 .. 5 6 5 . . 3 I
BRAGANÇA 2 I .. . . I . . .. .. VILA REAL 2 I . . I . . . . .. . . GUARDA 5 I . . . . .. . . . . . . C. BRANCO 6 2 I I .. . . . . .. INTERIOR NORTE 15 5 I 2 I . . . . . . PORTALEGRE 4 . . . . .. . . .. 2 . . BEJA I I . . . . .. . . . . .. ÉVORA 3 .. . . 1 . . . . . . .. FARO I . . . . .. . . . . 1 . . SUL 9 I .. I . . . . 3 .. TOTAL 88 6 8 19 9 5 8 I Fonte: Listagens de Empresas Subsidiadas (D.G.D.R.)
(0) - Não inclui os concelhos de Braga, Fafe, Guimarães e Famalicão (I)- Só inclui os concelhos de Amarante, Baião, Marco de Canavezes, Paredes e Penafiel (2) - Só inclui os concelhos de Arouca e Castelo de Paiva (3)- Não inclui os concelhos de Cantanhede, Coimbra, F. da Foz, Montemor-o-Velho e Mira (4)- Só inclui Alvaiázere, Ansião, C. de Pêra, Figueiró e Pedrogão Grande (5) - Inclui todos os concelhos do distrito de Setúbal e o da Azambuja (Lisboa)
QUADRO 10A- DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS PROJECTOS SIBR (1988/90)
37
1 . . .. 1
..
. .
. .
.. 1
1
. .
. .
. .
. .
. .
..
..
. .
. .
. .
. .
.. 2
REGIÕES PROJECTOS INVESTIMENTO INCENTIVOS EMPREGO NORTE 33,4 20,5 22,6 33,2 CENTRO 28,5 25 24,9 29,9 L. V. TEJO 23,5 40,5 41,9 29,3 ALENTEJO 7,9 7,7 5,1 4,8 ALGARVE 1,8 0,9 1,2 0,8 ILHAS 4,9 5,4 4,3 2,2 P. SETÚBAL 10,8 29,8 30,9 19,3 TOTAL 100 100 100 100 Fonte: Anáhse de Execução do SIBR, D.G.D.R., 1991 Umdades:%
38
. .
. .
. .
. .
. .
..
.. 1 4
4
13 13
. .
. . 4 2
6
2 . . 2 . . 4
28
363
39
..
..
. .
..
. .
. .
. .
..
..
.. 2 2
. .
. .
..
. .
. .
..
. .
..
..
. . 2
364
QUADRO IOB -DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS PROJECTOS APROVADOS SINPEDIP (1988 A 1990- não incluindo o subc IV)
DISTRITOS PROJECTOS INVESTIMENTO BRAGA 16,4 11,1 PORTO 24,8 33,9 AVEIRO 21,6 16,1 COIMBRA 4,1 12,4 LEIRIA 9,8 7,0 LISBOA 18,3 18,6 TOTAL 95,0 99,1 OUTROS(*) 5,0 0,9 Fonte: Relatóno de Execução do PEDIP; G.G.P.- M.I.E. (*) - Só para os subcapítulos I e III, do SINPEDIP
INCENTIVO 12,0 31,2 17,5 14,2 6,5 17,0 98,4 1,6
As regiões mais deprimidas, têm comparavelmente, um menor n° de projectos de investimento.
Apesar de tudo a percentagem é superior à que seria de esperar, tendo em conta a concentração espacial
das empresas de capital estrangeiro e do I.D.E. em Portugal. E mais positivo ainda, para além
do tradicional investimento na extracção de recursos, é o significativo investimento, nas indústrias
de produtos metálicos e maquinaria. Os incentivos financeiros principalmente quando associados a outros
- terrenos com preços simbólicos, por exemplo - podem motivar os investidores. Não será de estranhar
igualmente uma alteração progressiva (ainda que lenta), do interesse dos investidores estrangeiros
por algumas regiões do interior e das zonas fronteiriças. No entanto, estas alterações devem-se mais
a factores relacionados com a aquisição de melhores acessibilidades (a nível infrastrutural e de mercados)
internas e externas, do que com o sistema de incentivos.
QUADRO II- LOCALIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS COM CAPITAL ESTRANGEIRO MAIORITÁRIO P . . d I SINPEDIP CAE roJectos apom os pe o , por sectores
SECTORCAE 20/29 31 32 33 34 35
DISTRITO/REGIÃO TOTAL
BRAGA (0) 23 .. .. li .. .. ..
PORTO (I) 23 .. 3 7 I .. 5
NORTE LITORAL 46 .. 3 18 I .. 5
AVEIR0(2) 23 .. .. 3 I .. 3 COIMBRA (3) 5 .. .. .. I I I LEIRIA (4) 6 .. .. .. .. .. ..
CENTRO LITORAL 34 .. .. 3 2 I 4
LISBOA (5) 31 I I .. .. 3 7 LISBOA 31 I I .. .. 3 7 TOTAL III I 4 21 3 4 16
. . ' . -Fonte: Listagens de Empresas Subsidiadas - Rei atono de Execuçao do PEDIP ( 1989 e 1990)
(0) - Só os concelhos de Braga, Fafe, Guimarães e Famalicão (I) - Não inclui os concelhos de Amarante, Baião, Marco de Cana vezes, Paredes e Penafiel (2) - Não inclui Arouca e C. de Paiva (3)- Só os concelhos de Cantanhede, Coimbra, F. da Foz, Montemor-o-Velho e Mira (4)- Inclui os concelhos de Alvaiázere, Ansião, C. de Pêra, Figueiró dos Vinhos e Pedrogão Grande (5)- Excepto concelho de Azambuja
36 37 38 39
.. I li ..
.. I 7 ..
.. 2 18 ..
6 2 6 2 I .. I .. 4 .. 2 ..
II 2 9 2
7 I 13 .. 7 I 13 .. 16 5 40 2
Na periferia Norte, localizam-se como seria de esperar os investimentos estrangeiros
no sector têxtil, que sendo intensivos em mão de obra, acabam por ver este aspecto reflectido
positivamente nos incentivos a que concorrem.
No caso dos projectos concorrentes ao SINPEDIP, verifica-se uma distribuição relativamente
equilibrada (Quadro 11), entre as três regiões do país, em termos de investimento estrangeiro. Conforme
se esperava, os investimentos nas indústrias mais tradicionais e intensiva em mão de obra, foram feitos
no Norte Litoral e os tecnologicamente avançados em Lisboa e Porto.
365
4. EFEITOS DOS DOIS SISTEMAS DE INCENTIVOS
Os dois tipos de incentivo, sendo subvenções de capital, mesmo quando apoiam a criação
de postos de trabalho, parecem ter um efeito complementar na decisão de investimento.
Não têm no entanto um efeito decisivo, e à excepção do caso de Setúbal, não são dinamizadores
da mudança da estrutura sectorial das regiões e não atenuam os desequilíbrios regionais.
O SINPEDIP e o SIBR, embora aparentemente diferentes, acabam por subsidiar as actividades
de duas regiões, do mesmo modo, apesar das suas diferentes necessidades. O resultado destas medidas
de politica regional, será paradoxalmente, uma possível melhoria das estruturas industriais, mas
uma manutenção dos contrastes industriais entre o litoral e o interior, pelo menos em termos
de investimento estrangeiro.
Apesar de tudo, o investimento estrangeiro reage bastante melhor que o nacional, à existência
de incentivos. As condições de acesso aos incentivos, torna-os especialmente apetecíveis aos investidores
estrangeiros, normalmente muito fortes. Por este motivo, é relativamente contraditório apoiar
empresas estrangeiras nas regiões PEDIP, em que a filosofia base deveria ser apoiar as dificuldades
estruturais das indústrias portuguesas.
Finalmente, o SIBR e o PEDIP, deveriam ser completados com outro tipo de incentivos,
de menor carácter financeiro mas mais interessantes para as empresas estrangeiras: reduções no preço
dos terrenos públicos disponibilizados, isenções ou reduções de alguns impostos, reforços substanciais
quando integrassem investigação ou ligações e interdependências com centros de investigação
e universidades portuguesas, poderiam ser soluções mais eficazes e atractivas. A inclusão
da Península de Setúbal como região favorecida é desnecessária no momento, devendo começar
a encetar-se políticas de incentivos que conduzam à desconcentração do Inv. Est. industrial, para
outras regiões em crise (Vale do Ave) ou com necessidade de restruturação industrial (Médio Tejo).
BIBLIOGRAFIA
Armstrong, H. e Taylor, J. ( 1985)- Regional Economics and Policy. Allan, London, pp. 188/249. M.I.E./G.G.P. (1990)- Relatório de Execução do Pedip. Ministério da Indústria e Energia, Lisboa. G.G.D.R./M.P.A.T. (1991)- Lista de empresas apoiadas pelo S.I.B.R., D.G.D.R.
366
A ZONAS DE MODULAÇÃO REGIONAL Ambito do SIBR e SINPEDIP- Vertente "Inovação e Modernização"
Legenda:
11111111111111 Zona Modulação Regional! > SINPEDIP
Zona Modulação Regional 2
Zona Modulação Regional 3 SIBR
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PERNES: UM CASO DE ESPECIALIZAÇÃO PRODUTIVA OU DA APLICAÇÃO DO CONCEITO DE "DISTRITO INDUSTRIAL"
L INTRODUÇÃO
ANABELA CARVALHO Esc. Sec. de D.Dinis MARIO VALE Centro de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Com a crise económica dos anos 70, o modelo de acumulação vigente, designado de "fordista",
deu lugar a novas formas de organização da produção e de regulação, cujos contornos ainda não estão
completamente delineados.
No entanto, dois novos paradigmas parecem surgir na geografia económica, como são o caso dos
sistemas organizados em rede ou dos denominados "distritos" (Benko e Lipietz, 1992).
Nesta pequena comunicação pretendemos, por um lado, discutir o conceito de
"distrito industrial" e, por outro, a partir do caso de Pernes, observar a sua validade na perspectiva
do desenvolvimento económico.
2. DEFINIÇÃO DE "DISTRITO INDUSTRIAL"
O conceito de "distrito industrial" foi definido pelo economista britânico Alfred Marshall
nos anos 20, tendo sido desenvolvido por Becattini em finais dos anos 70. Becattini (1992) define
"distrito industrial" como uma entidade sócio-territorial, onde se desenvolve um sistema de
pequenas empresas especializadas capaz de concorrer com a produção em grande escala.
Os sistemas de pequenas empresas circunscritos no território são um dos modelos
de desenvolvimento endógeno mais interessantes, representando talvez os casos mais complexos das
áreas de economia difusa (Garofoli, 1992). A inter-relação entre a estrutura produtiva, o mercado de
trabalho, a esfera familiar e as instituições locais conduz à afirmação de uma realidade territorial
relativamente autónoma. Por outras palavras, são as condições industriais, as condições sócio-económicas
locais e as formas de representação colectiva que podem permitir a formação de um sistema
produtivo local (Reis, 1988).
As características principais dos sistemas produtivos locais, segundo Becattini (1992) e
Garofoli (1983 e 1982), são as seguintes:
-forte especialização produtiva num determinado ramo industrial ou em outros
segmentos relacionados - na maior parte dos casos decorrente de uma tradição artesanal, mas cujos
produtos se destinam a um mercado final flutuante (nem estandardizado nem regular);
- tecido produtivo constituído por um conjunto de PME, não existindo uma empresa leader,
embora algumas empresas possam ter uma grande dimensão;
- divisão do trabalho acentuada entre empresas, ocorrendo a formação de uma rede de
interdependências produtivas do tipo intra-sectorial e inter-sectorial;
- modernização tecnológica facilitada pela especialização produtiva, aparecendo como
uma inovação social (consciencialização da estrutura social);
368
-sistema de informação eficaz, baseado nos contactos pessoais e informais dos
agentes económicos;
- recursos humanos com elevado grau de profissionalismo, como resultado de uma sedimentação
de conhecimentos técnico-produtivos;
-formação social periférica, possibilitando uma flexibilidade produtiva das PME que é
acompanhada por processos contínuos de mobilidade social, num quadro de gestão do trabalho e
do rendimento pela família.
Os sistemas de pequenas empresas são, assim, uma das vertentes dos modelos
de desenvolvimento endógeno. Refira-se, no entanto, que não se excluem iniciativas de cariz exógeno.
Os processos de desenvolvimento endógeno assentam na capacidade de negociação dos agentes locais
com os de outra proveniência, ainda que possam surgir situações de conflitualidade (Ferrão e
Mendes Baptista, 1989).
A emergência destes sistemas encontra-se fortemente articulada com a estrutura
macro-económica, pois a maior parte da produção destina-se aos mercados exteriores. Aliás, a evolução
das condições económicas (crise dos mercados de produtos de massa, difusão da informática,
microelectrónica, etc) tem contribuído para a emergência destes espaços (Garofili, 1992). É na capacidade
de antecipação e de modelação dessa estrutura que se baseia o sucesso dos sistemas produtivos locais,
recorrendo, para tal, à mobilização dos recursos endógenos. No entanto, nem todos os sistemas industriais
apresentam um nível de integração e complexidade tão elevado, tendo Garofoli ( 1983 e 1992) proposto
uma tipologia dos sistemas de pequenas empresas.
Garofoli parte da comparação das estruturas produtivas, das características da formação social
local, da dinâmica produtiva e das transformações qualitativas dos sistemas de pequenas empresas,
identificando três tipos de áreas: áreas de especialização produtiva; sistemas produtivos locais;
áreas-sistema.
Nas áreas de especialização produtiva verifica-se a dominância de um sector produtivo,
não gerando, no entanto, fenómenos de inter-relações empresariais significativos. Predominam as relações
de tipo horizontal, concorrendo todas as empresas no mesmo segmento de mercado. A especialização
resulta, em alguns casos, da transformação da actividade artesanal em actividade industrial e da formação
progressiva de um mercado de trabalho local. O modelo de desenvolvimento é de tipo extensivo,
baseando-se a estratégia do sistema no baixo custo e na flexibilidade da mão-de-obra.
Os sistemas produtivos locais caracterizam-se também pela presença de uma malha industrial
constituída por PME e por uma especialização produtiva do tipo "monoindústria". Embora as relações
de tipo horizontal sejam preponderantes, as inter-relações empresariais são suficientemente expressivas,
confinando-se, no entanto, a relações intra-sectoriais. O modelo de desenvolvimento é de tipo extensivo,
mas a capacidade de mudança é muito superior à verificada nas áreas de especialização produtiva.
Existe uma identidade sócio-territorial, uma tomada de consciência da população local, derivada
da formação histórica de uma cultura técnica, que conduz a um envolvimento de todos os actores
no processo de mudança.
As áreas-sistema são o tipo mais complexo dos sistemas de pequenas empresas, correspondendo
aos "distritos industriais marshallianos". A divisão do trabalho entre empresas é muito acentuada,
acabando o sistema por conter empresas que se especializam em fases específicas do processo produtivo,
ao ponto de, por vezes, se criar uma imagem errada de "despecialização". Com efeito, nestas áreas
assiste-se a um reforço das relações inter-sectoriais, conduzindo a uma integração progressiva da economia
local. O modelo de desenvolvimento é do tipo intensivo e também do tipo auto-centrado, pois
369
assenta fundamentalmente nos recursos locais (recursos humanos, capital, tecnologia, etc).
O sucesso dos sistemas de pequenas empresas decorre da conjugação das vantagens das
grandes empresas (economias de escala mas ao nível da área) e das pequenas empresas (flexibilidade
da produção) (Courlet e Pecqueur, 1992), conduzindo ambas ao que Marshall chamou de "atmosfera"
industrial, algo extremanente vantajoso para o desenvolvimento de sistemas produtivos, onde
predominam processos de acumulação intensivos.
No primeiro caso, as economias são de dois tipos. Por um lado, as relações intra-sectoriais
possibilitam uma crescente especialização por fase de produção ou por tipo de trabalho e, por outro lado,
as relações inter-sectoriais conduzem a uma progressiva integração vertical do sistema local e a uma
maior complexidade do sistema.
No segundo caso, a flexibilidade produtiva parece ser garantida quer pela formação social local
quer pela própria estrutura produtiva, permitindo ao sistema uma adequação mais rápida, ou mesmo
uma antecipação, a novas condições económicas (Garofoli, 1992).
2. O SISTEMA DE PME DE PERNES
2.1. Da tradição artesanal a indústria de torneados
Pernes é uma freguesia do concelho de Santarém, localizando-se a cerca de 20 km ao Norte
da sede de concelho. Actualmente, a população aproxima-se das 2000 pessoas, cerca de 3% da população
do concelho, estimando-se a população activa em 3000 efectivos.
O desenvolvimento anterior de Pernes baseou-se no aproveitamento da força motriz do Alviela
para a movimentação de inúmeros moínhos, bem como na abundância de peixe no rio e na fertilidade das
suas margens. O crescimento foi reconhecido pela Coroa, tornando-se concelho a partir de 1514 até 1855.
Contudo, a origem da actual especializ11ção produtiva parece estar associada à fábrica de
pás de aço, verrumas e fochinhas do genovês Schiappa Pietra, acompanhado por alguns operários italianos,
a quem o Marquês de Pombal dispensou alguns apoios. Aliás, o caso de Pernes enquadra-se na política
de desenvolvimento de Pombal, de que são exemplo as indústrias do vidro na Marinha Grande ou
a produção de vinho do Vale do Douro.
A indústria de serralharia, fabrico de pás, verrumas e outros utensílios destinados à agricultura
desenvolveu-se ainda até ao século XX, constituindo a indústria de torneados de madeira' uma actividade
subsidiária daquela, limitando-se ao fabrico de cabos. Só nos anos 20 é que esta indústria
se torna autónoma, registando-se inovações no produto como resultado do desenvolvimento de técnicas
de tornear a madeira. Neste período, a electrificação da indústria de serralharia conduziu a um aumento da
capacidade produtiva, acabando por ser também a principal fonte energética da indústria de torneados.
A crise do mercado de alfaias agrícolas, em consequência da mecanização da agricultura,
associada à introdução de tornos eléctricos, decorrendo daí um crescimento substancial da produtividade,
conduzem a emergência da indústria de torneados como principal actividade produtiva nos anos 50.
2.2. A formação de um sistema produtivo local
A génese do sistema de empresas de Pernes resulta da sedimentação de uma cultura técnica
local, ainda que impulsionada pela actividade de serralharia. Os conhecimentos da profissão de torneiro
1 - A indústria de torneados de madeira define-se pelo trabalho em madeira com o objectivo de lhe conferir formas arredondadas, através da utilização de tornos manuais ou mecânicos.
370
foram, assim, transmitidos de geração em geração, ao ponto da área de Pernes contribuir, quase na
totalidade, para as exportações portuguesas deste segmento.
Além da acumulação de conhecimentos técnicos, a formação social é composta por indivíduos
que detêm alguma iniciativa empresarial. Este aspecto é extremamente importante para explicar a taxa
de natalidade empresarial ocorrida a partir de fins dos anos 70.
O sistema local de Pernes desenvolveu-se em torno de um núcleo restrito de empresas.
As principais unidades são a Joaquim Baptista Violante e Filhos, SOT, Tonearte e Ultimad. A empresa
da família Violante é a mais antiga e uma das maiores (cerca de 70 empregados) e durante muitos anos
esteve na origem de novas empresas e da criação de novos produtos. A SOT, antiga Sociedade Operária
de Pernes, chegou a ser a principal empresa, tendo sido constituída nos finais dos anos 40 por
antigos operários de outras empresas. Mais tarde, alguns dos sócios afastaram-se e formaram a Tornearte,
hoje também participada na sua maioria por capitais de origem inglesa. No seu conjunto, estas empresas
deram origem a novas firmas através de processos de "spin-off". Esta tendência é particularmente
acentuada em períodos de franco crescimento económico (Scott, 1988).
A estrutura produtiva de Pernes corresponde ao modelo de sistema produtivo local. As empresas
estabelecem algumas relações entre si, constituindo-se redes de subcontratação, mas quase sempre
de capacidade. O trabalho domiciliário permite assegurar a flexibilidade do sistema. De um modo geral, as
principais empresas têm um pequeno núcleo de trabalhadores ao domicílio, 3 a 4 pessoas, aos quais
solicitam a realização de tarefas intensivas em trabalho (componentes como pés ou argolas).
O perfil empresarial é caracterizado pela predominância da via empírica', tendo os
conhecimentos sido adquiridos em experiências de trabalho anteriores na maior parte dos casos
como assalariados -, implicando a criação de empresas à semelhança das existentes. No entanto, refira-se
que existe em Pernes uma aspiração sócio-profissional conducente ao "estabelecer-se por conta própria".
Nesta actividade, por o investimento inicial não ser muito vultuoso, muitos assalariados tentam a sua sorte
como empresários, assegurando, de qualquer modo, a vitalidade do tecido económico.
As principais empresas são, na actualidade, geridas por profissionais com formação técnica,
quer no domínio da economia e gestão de empresas quer no da engenharia, existindo, no entanto,
laços familiares com os sócios-fundadores. A segunda geração de empresários encontra-se, assim,
mais preparada, fazendo apelo de técnicas inexistentes no sistema produtivo há alguns anos atrás.
Para as cerca de 40 empresas existentes, o mercado é o principal elemento regulador.
As variações na procura internacional afectam profundamente o sistema, criando dificuldades a
algumas empresas. A concorrência de produtos provenientes de outras economias intermédias, como
do SE asiático ou do Leste europeu, promove uma concorrência elevada na economia local,
nem sempre existindo a necessária "solidariedade espacial" (Reis, 1992).
3. LIMITAÇÕES DO SISTEMA PRODUTIVO DE PERNES
As limitações do sistema de local de Pernes decorrem da ausência de u.m verdadeiro
espírito colectivo, por outras palavras de uma verdadeira identidade sócio-territorial. A
excessiva atomização impede a definição de estratégias de actuação, dificultadas também pelo fraco poder
de intervenção política ao nível da freguesia.
Outras limitações do sistema prendem-se com a fraca terciarização do tecido económico,
apesar de alguns empresários se aperceberem que é necessário produzir segundo novas formas,
2- Para um desenvolvimento desta problemática consultar Ferrão e Mendes Baptista (1989).
371
inovação tecnológica reduzida (apenas uma empresa possui um sistema de CAD) e intensidade em
trabalho excessiva.
Pernes encontra-se, portanto, numa fase de transição, devendo conseguir-se uma integração
do tecido produtivo, sob pena de entrar em crise, como já aconteceu com outros sistemas produtivos locais.
Neste aspecto, a consciencialização de todos os agentes locais da necessária inovação e mudança
é fundamental para a consolidação do sistema produtivo local.
BIBLIOGRAFIA
BAGNASCO, A. (1977)- Tre Italie. La Problematica Territoriale dello Sviluppo Italiano. II Mulino, Bolonha. BECATTINI, G. (1992)- "Le district Marshallien: une notion socio-économique". in BENKO, G.; LIPIETZ, A. (Ed. Lit.)
Les Régions Oui Gagnent. PUF, Paris, pp. 35-55. COURLET, C.; PECQUEUR, B. ( 1992) - "Les Systemes Industrieis Local i sés en France: un nouveau modele
de développement". in BENKO, G.; LIPIETZ, A. (Ed. Lit.)- Les Régions Oui Gagnent. PUF, Paris, pp. 82-102. FERRÃO, J; MENDES BAPTISTA, A. (1989)- "Industrialização e desenvolvimento endógeno em Portugal: problemas
e perspectivas". Sociologia, no 7, pp. 43-64. GAROFOLI, G. (1983)- Industrializzazione Diffusa in Lombardia. Franco Angeli, Milão. GAROFOLI, G. (1992)- "Les Systemes de Petites Entreprises: un cas paradigmatique de développement". in BENKO, G.;
LIPIETZ, A. (Ed. Lit.)- Les Régions Oui Gagnent. PUF, Paris, pp. 57-80. REIS, J. (1992) - Os Espacos da Indústria. A regulacão económica e o desenvolvimento local em Portugal.
Afrontamento, Porto. SCOTT, A. (1988)- New industrial Spaces. Pion, Londres.
Agradecemos a colaboração da Junta de Freguesia de Pernes, nomeadamente do seu Presidente e
do Presidente da Assembleia Municipal. Ao Helder Vieira estamos gratos pela sua pronta disponibilidade
para a discussão do futuro de Pernes.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
"INDUSTRIALIZAÇÃO" DOS TERRITÓRIOS PERIFÉRICOS: CONTRADIÇÕES DO PROCESSO: O CASO DE PORTUGAL
LUCÍLIA CAETANO Instituto de Estudos Geográficos Universidade de Coimbra
A década de 70 constitui charneira na logística industrial. Novos cenários são compostos
em conformidade com a reestruturação da indústria transformadora a nível técnico, da organização
dos processos de produção/segmentação, das relações inter-indústrias e inter-firmas e
da localização/deslocalização. A competitividade entre firmas, estimula a transferência das unidades
de produção para territórios periféricos, com a preocupação de atingir custos de produção mais baixos.
Factores estruturais ligados às mutações económicas e tecnológicas das sociedades
industrializadas favorecem a emergência de estratégias de localização que introduzem uma nova
divisão internacional do trabalho.
Paralelamente, a reestruturação da indústria transformadora tem-se traduzido em considerável
perda de empregos nas tradicionais regiões industrializadas.
Consequentemente, esta dinâmica proporciona a "industrialização" de regiões periféricas.
Esta trajectória é reforçada, na década de 80, por iniciativas endógenas de desenvolvimento
envolvendo agentes inovadores, mobilização de poupanças, valorização dos recursos locais e sistemas
de incentivos de âmbito nacional e local (Quévit, 1986; Bm·quero, 1988; Houssel, 1990).
Definem-se fórmulas de desenvolvimento que podem conduzir à identificação de novos sistemas
espaciais nucleares de centralidade. Entretanto, a evolução dos sistemas produtivos locais é condicionada
pela sedimentação dos vários estádios económicos do território e do modo como este se insere no espaço
económico nacional/internacional.
O esforço de "industrialização" mais profícuo inicia-se na década de 1950, com o período da
substituição de importações, seguido pelo modelo exportador e reforçado após a abertura do País
ao investimento estrangeiro que coincide com a adesão à EFTA ( 1958).
Esta política proporcionará a progressiva integração na divisão internacional do trabalho, que
se traduziu na instalação de indústrias de mão-de-obra intensiva (confecção, electrónica e
produtos metálicos) tecnológica e financeiramente dependentes de firmas transnacionais.
Após 1980 incentiva-se a modernização com o apoio de programas no âmbito da adesão
às Comunidades Europeias.
A lógica do investimento vigente privilegia a concentração espacial e de capital nas
áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Neste contexto, a regulação da economia portuguesa segue um modelo de desenvolvimento
paralelo ao da região periférica mediterrânea, fortemente marcado pela evolução do
capitalismo internacional.
Apesar do progresso observado subsiste a situação periférica de Portugal, relativamente
aos países industrializados e, internamente, aprofundam-se as desigualdades territoriais, onde
a litoralização das economias é o fenómeno mais evidente.
374
1 -DESLOCALIZAÇÃO DA ACTIVIDADE INDUSTRIAL
A concentração industrial e de população operária, que tem caracterizado as tradicionais regiões
industrializadas, regida pelos princípios da lei de Weber (proximidade das fontes de energia,
das matérias-primas e disponibilidades em mão-de-obra) é totalmente abandonado.
A laboração em grandes fábricas, segundo métodos de fabricação fordista, deu lugar à
segmentação dos processos de produção e à divisão regional e internacional do trabalho. Este modelo tem
como consequência a deslocalização de grande número de fábricas e de indústrias básicas para territórios
bem longe dos espaços industriais tradicionais. Enquanto na siderurgia e metalurgia se optou, numa
primeira fase, pela transferência da localização para zonas litorai portuárias a fim de minimizar custos
de transporte e diversificar a oferta das matérias-primas ultramarinas, nas indústrias de confecção de
vestuário, têxteis e química, decidiu-se pela transferência para regiões periféricas do sul da Europa (países
em desenvolvimento) e novos países industrializados, que praticam baixos custos salariais e sociais.
Em conformidade com a nova ordem económica estes territórios registam aumentos de emprego.
- Este processo, subordina-se às estratégias das firmas multinacionais na sequência
da reorganização estrutural económica, orientada pelo reforço competitivo.
- Os diversificados incentivos criados no âmbito das políticas regionais de desenvolvimento,
com o objectivo de promover o crescimento económico em geral e, em particular, a localização
da indústria nas regiões periféricas, têm contribuído também para a transferência de unidades fabris.
Quando ocorre a transferência dos estabelecimentos, a selecção dos novos sítios é feita em função
das condições oferecidas pelos territórios periféricos: promoção de solo industrial, incentivos fiscais
e financeiros, custos de mão-de-obra ... enfim um conjunto de factores geradores de economia de escala.
2- COMÉRCIO EXTERNO
Apesar de no conjunto das exportações mundiais, os países ocidentais industrializados deterem
postçao cimeira, os novos países industrializados ganham (entre I 963 e 1976) alguma vantagem
ao passarem de 2,59% para 7,12% (Watts, 1989, p.20). Contudo, salienta-se o facto de as exportações
dos países centrais (mais desenvolvidos) se basearem em produtos que incorporam níveis superiores
de tecnologia e de valor acrescentado (mais valias). A exportação de máquinas e ferramentas, veículos,
artigos eléctricos e químicos apresentam valores superiores a 40% das vendas.
O sector dos têxteis e confecção de vestuário é exemplar na estratégia empresarial
de transferência para regiões com baixos custos de mão-de-obra. O peso das confecções
nas exportações da Tunísia é bem demonstrativo desta estratégia: 89,4% em 1984 e 87,3% em 1988
(CHARFI et HABAIEB, 1989).
Relativamente a Portugal permanece a nitra-especialização no sector dos têxteis, vestuário,
calçado, couros e peles e a dependência nas áreas da maquinaria, material de transporte, química
e das agro-alimentares. Portugal, deste modo, afasta-se da evolução observada nos restantes NICs
(Novos Países Industrializados) da Ásia do Leste e da América Latina (Fig. 1).
Para além disto, os saldos da Balança Comercial são negativos, representando a
taxa de cobertura 70,7% em 1989 e 69,9% em 1990.
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A deslocalização do País, para indústrias de alta tecnologia e a diferenciação em produtos,
não sofreu alteração e pelo contrário tem vindo a reforçar a dependência do exterior: uma economia
baseada num número limitado de indústrias exportadoras em detrimento dos sectores orientados para
a substituição das importações.
Pode, assim, afirmar-se que o modelo italiano não chegou a Portugal. Com efeito, a Itália
apostou na especialização intra-sectorial, na diferenciação de produtos para exportação e em indústrias
de alta tecnologia; ou seja, em produtos com facilidade de penetração nos mercados mundiais,
particularmente nas gamas médias e altas (calçado, artigos de couro, rochas ornamentais e cerâmica).
Neste âmbito, as grandes firmas multinacionais desempenham papel fundamental, através
das estratégias executadas. É reconhecido que a intervenção destas firmas se orienta em conformidade
com o investimento directo realizado noutros países. Esta situação induz controlo e influências a
diferentes níveis: estratégias de abastecimento das fábricas, produtos, extensão dos mercados e
postos de trabalho, sobrepondo as decisões, em regra, à estratégia dos países que as acolhem.
É exemplar o facto de um terço das exportações e um quarto do volume de negócios da
indústria transformadora portuguesa ser proveniente de empresas com capital total ou parcialmente
estrangeiro (CARRIERE et al., 1989).
Os afluxos comerciais fazem-se dominantemente com as CE's (73,9% das exportações e 69,2%
das importações, em 1990). Destes países provêm também os investimentos directos estrangeiros (64,5% ).
3- INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO
O investimento directo estrangeiro (IDE) tem vindo a aumentar progressivamente (acréscimo de
45,6% em 1990, relativamente a 1989). Embora sejam os sectores imobiliário, seguros e bancário
as actividades que mais têm atraído IDE, à indústria transformadora destinaram-se cerca de 30%.
376
No entanto, as indústrias privilegiadas são precisamente as concorrentes com as dos NICs, o que
torna "Portugal o mais asiático dos países europeus" (GRAÇA, E. et al., citado por CARRIERE et al.,
1989). Com efeito, Portugal funciona como uma plataforma de transformação directa, na medida em que
a quase totalidade da produção é exportada para o país de origem do capital. Portugal tem, igualmente,
recebido IDE cujo objectivo é conquistar espaços de mercado na Europa e surgindo, em regra sob acordos
de joint-ventures: americanos (12,6%), brasileiros ( 4,6%) e japoneses (1, 1% ). Note-se que esta estratégia
foi acelerada após adesão de Portugal às CE's.
O IDE tem sido dirigido preferencialmente a empresas já implantadas, destinando-se a aumento,
consolidação e reintegração de capital (67,1 %), seguido da criação de empresas ou de sucursais (21,9%),.
perfazendo em conjunto 89% (CARRIERE et al., 1989). Situação que concorre para reforçar
a especialização produtiva tradicional, contrariamente ao que se observava na década de 1970.
Para além disto, a repartição regional do IDE privilegia o litoral. Um processo que
encontra paralelo com a Tunísia, Marrocos e Grécia, acentuando as disparidades regionais entre um
litoral urbanizado e um interior marginalizado/subindustrializado: 63% das empresas e 74% do capital
social localizam-se no distrito de Lisboa, seguindo-se a distância o Porto, a que correspondem,
respectivamente, 12,6% e 7,5% (CARRIERE et al., 1989). No interior, apenas se evidenciam
alguns investimentos ligados à indústria de confecção, componentes para veículos automóveis ... ,
em distritos fronteiriços (Castelo Branco e Guarda).
As condicionantes que orientam a localização, selectiva do IDE decalcam as seleccionadas
pelas empresas nacionais: disponibilidade de mão-de-obra com os indispensáveis requisitos de qualidade,
equipamentos urbanos, ambiência económica, presença de serviços ou sectores complementares,
. qualidade da rede de comunicações.
A conjugação destes factores agravam a macrocefalia de Lisboa e Porto e o desenvolvimento
da economia portuguesa segundo um modelo urbano-industrial tão característico das regiões
mediterrânicas periféricas.
4- PERIFERIALIZAÇÃO
4.1- Estrutura do tecido industrial
Os empregos da população activa revelam uma estrutura que permanece afastada dos padrões
dos países industrializados, só encontrando paralelo na Grécia: o sector primário ocupa mais de 20%
dos activos e o terciário está abaixo da média europeia (respectivamente 44 e 59%), não obstante
a evolução positiva observada na década de 80.
Na indústria transformadora o emprego concentra-se na produção de bens de consumo
( + de 40% ), privilegiando sectores de extroversão acrescida (confecções), mantendo-se a área dos
bens de equipamentos pouco expressiva (Quadro 1). Estas características são reforçadas na década de 80,
inflectindo os sinais de mudança enunciados nos finais dos anos 70. Deste modo, a indústria portuguesa
ao afastar-se da estrutura atingida, na vizinha Espanha já em meados de 70 (Cfr. Quadro 1),
agrava a dependência.
Quadro 1 - Estrutura do Emprego na Indústria Transformadora ( o/o ) Portucral Espanha (c)
1970 (a) 1981 (a) 1987 (b) 1958-60 1973-75 B. Consumo (1) 44,4 42,0 47,6 47,4 32,9 B. Intermédios (2) 37,4 35,0 33,4 29,9 40,6 B. Equipamento (3) 18,2 23,0 19,0 22,7 26,5
- '. (I) Industnas da Ahmentaçao, Bebidas, Tabaco, Vestuano, Calçado. (2) Indústrias da Madeira, Cortiça, Papel, Químicas, Minerais não Metálicos, Metalúrgia de Base. (3) Indústrias dos Produtos Metálicos, Equipamento Electrónico, Máquinas e Material de Transporte. Fontes: (a) Censos da População, INE (b) Anuário Estatístico (c) VAZQUEZ-BARQUERO, 1986, p. 119.
377
Além disto, apesar da forte centralização provocada pelas nacionalizações de 1975, conjugada
com a concentração e centralização do capital, o tecido industrial regista, nos últimos 15 anos,
a multiplicação dos PMEs que passam, em 1988, a representar 99,5% das empresas, 72,2% do emprego
e 46% do volume de negócios.
Esta situação que é, certamente, estimulada pela descentralização produtiva no contexto
das novas estratégias de logística industrial (sobressaindo a segmentação do processo da produção e
consequentemente das firmas e da prática das relações inter-empresariais e inter-industriais, incluindo
a subcontratação e, formas de economias paralelas ou subterrâneas e/ou familiares) é no caso português
dinamizada após a abolição do Condicionamento Industrial (Decreto-Lei n° 523/74 de 10 de Outubro).
No entanto, no universo das PMis deparamos com situações algo divergentes. As PMis dominam
a produção de bens de consumo ao perfazerem 57% do volume de negócios, porém, nos restantes sectores,
apesar de deterem maioritariamente o emprego, são ultrapassadas no volume de negócios por um escasso
número de grandes empresas resultante da especificidade das indústrias de tecnologia/capital intensivo.
A comparação desta estrutura dimensional com a observada noutros países (por ex. França) torna
ainda mais evidente a fragilidade do tecido industrial português: 67,2% das empresas francesas têm
entre 10 e 49 trabalhadores enquanto, 86,5% das empresas portuguesas têm menos de 10 trabalhadores.
Resta, ainda, sublinhar que no final dos anos 80 "67% da mão-de-obra empregada ... ocupa
postos de trabalho de baixa qualificação, dos quais 46% também de baixa intensidade capitalista ... "
(RODRIGUES, 1992, p. 173 ).
É evidente que este cenário concorre para a desfavorável evolução da especialização produtiva,
ou seja: escassa produção de bens de equipamento (2% do valor da produção industrial, apesar de
algum progresso observado) e o não domínio dos segmentos mais qualificados das fileiras de produção.
A debilidade do tecido industrial reflecte-se, inclusivé, a nível de aquisição de componentes por parte
de algumas indústrias mais inovadoras. Situação que obriga estas empresas à concentração vertical
(Vide: Expresso, 2 de Maio de 1992; "Fabricação de máquinas não eléctricas").
A "industrialização" de Portugal retarda-se comparativamente à observada nos NICs asiáticos
(ex. Coreia), como mostra o Quadro 2.
378
Quadro 2 - Indicadores da Industrialização
Primário %PNB
Indústria (a) Primário
%Emprego Indústria
% Indústria de base no total do VA da indústria (d)
Agricultura e pesca Exportações
Indústria (a) Industna extracl!va e transformadora (b) dado de 1981 (c) dado de 1983
Coreia* 1964 1982 46,5 14,8
17,2 29,5 61,9 29,7
8,8 23,3
26,3 52,9 (b) 30,3 5,2 (c)
51,6 94,4 (c)
Portu.gal ':'* 1988 6,1
26,7 20,7
35,1
33,6 7,6
85,4
(d) Químicas, petróleo, metalurgia de base, maquinaria e material de transporte. Fonte: *PARK, 1986, p. 316 ** Estatísticas INE
4.2 - Estrutura do emprego
A população activa portuguesa tem progressivamente registado um acréscimo de participação
da mulher (cerca de 30% em 1970; 35% em 1981 e 38,7% em 1987), ultrapassando, inclusivé, a
média europeia (33,3%). Os sectores de actividade feminizados são a agricultura (característica dos
países do Sul da Europa) e o sector terciário. Na indústria cerca de 25% dos activos são mulheres.
A estas são destinadas, tradicionalmente, as tarefas menos qualificadas, mais particularizadas,
repetitivas e monótonas (que caracterizam as montagens em série) com elevada componente manual,
mais sedentárias e "menos responsáveis".
Assim, em consonância com a estrutura do tecido produtivo, o emprego feminino concentra-se
nos sectores têxteis e confecções (cerca de 60% ). Entretanto o ligeiro acréscimo observado nas indústrias
de bens de equipamento correlaciona-se com a expansão das indústrias de artigos eléctricos e electrónicos.
A feminização do emprego conjuga-se com o forte concurso de jovens. Com efeito, cerca
de 35% dos activos na indústria transformadora têm idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.
Contando-se, ainda, com trabalho infantil, que representa cerca de 2%.
Salienta-se, também, o baixo nível de escolaridade da mão-de-obra portuguesa: maioritariamente
possui apenas o grau elementar (cerca de 74%), e, apenas, cerca de I% o grau superior, com os
graus intermédios- 25%.
Estas características correlacionam-se com o emprego de pessoal não qualificado, com
baixos custos (salários, encargos de segurança social e outras despesas) que traduzem as
"vantagens comparativas" de Portugal.
Neste contexto, os operários são a força de trabalho dominante em conformidade com
a utilização de técnicas de produção retardadas (Quadro 3).
Quadro 3 - Repartição profissional Portuaal ( 1981 )
B. Cons. Quadros 2,2 Colaboradores 9,3 Operários 90,7 Fonte: (a) RODRIGUES, 1992, P. 186 e 187. (b) ONUDI ( 1970/75)
B. Int. 6,0 13,8 80,2
(a) B. Eq.
4,8 10,0 85,2
USA (b) B. Eq.
7,8 25,5 66,7
379
Entretanto, as empresas/"nichos" de novas tecnologias debatem-se com carência de pessoal
qualificado.
Apesar do baixo custo comparativo da mão-de-obra, os empregadores evidenciam tendência
para aumento de formas "precárias" de emprego, a fim de tornarem ainda mais flexível e menos custosa
a mão-de-obra; e de fundamentarem neste factor a competitividade das empresas.
Note-se que em 1988, relativamente ao custo salarial francês, considerado na base 100 no
sector dos têxteis, a Coreia do Sul correspondia a 21% e a China a 2%, de acordo com L. CARROUÉ
(1992, p.56).
As formas precárias do emprego têm vindo a conjugar-se com formas de "exteriorização"
do trabalho: subempreitada, subcontratação e trabalho temporário assumindo frequentemente formas de
trabalho "clandestino" (trabalho a domicílio individual ou familiar) que emergem, geralmente,
como formas legais de trabalho por conta própria (Quadro 4).
Quadro 4 -Tipo de vínculo dos trabalhadores - 1984 (%)
Vínculo Novos Perm. Contr. a contrat. a
prazo Bens de consumo 82,8 a) 17,2 a) Bens Intermédios 88,9 11,2 Bens de Equipamento 90,9 8,8 Total Act. Económicas 87,0 12,9 a) Confecção- 79,9; 20,1; 80,3; 20,0; 14,1 respectivamente Fonte,: RODRIGUES. 1992, p. 181.
prazo 76,5 a)
67,3 57,5 66,4
Clandes. 1981
13,2 a) 29,8 5,1
22,8
Conta própria
1981 6,9 a) 3,2 2,8 16,3
No entanto, estas tendências são comuns aos países industrializados e defendidas como sendo
uma das soluções para combater a crise com que se debate a economia.
São formas de utilização da mão-de-obra que possibilitam travar os custos salariais, reduzir
os conflitos laborais e o poder negocial dos sindicatos/assalariados. Porém, se apresentam "vantagens"
num curto prazo, no futuro os reflexos, na qualidade do trabalho e na valorização dos recursos humanos,
são manifestamente negativos.
E, finalmente, a complementaridade de actividades, de que se destaca a agricultura; cerca
de 22% da população assalariada possui explorações agrícolas.
Segundo os defensores deste "modelo italiano", o trabalho clandestino facilita o dinamismo
económico, estimulando o emprego, o consumo e o investimento. Conjugado com a actividade
complementar faz baixar as reivindicações salariais e nos meios rurais permite o reforço dos rendimentos
familiares que desmotivam a emigração.
Esquecem-se, no entanto, os efeitos consequentes das perdas de receitas do Estado e
da Segurança Social e, ainda, da degradação/insegurança das condições de trabalho, do absentismo e
dos prejuízos directos e indirectos provocados a todos os trabalhadores abrangidos pela economia legal,
como justamente, sublinhaM. J. Rodrigues ( 1992).
4.3 - Litoralização da economia
A faixa litoral, compreendida genericamente entre Braga e Setúbal, continua a concentrar
população (densidades entre 100 e 800 hab./km2, sendo a média nacional 100 hab./km2) e equipamentos,
a gerar maior volume de tráfego diversificado e logicamente a contribuir mais para o PNB.
Em função da dinâmica evidenciada pelo tecido produtivo perspectiva-se o reforço
da litoralização da economia, como indicia a distribuição territorial dos projectos apresentados,
e aprovados, no âmbito do Sistema de Incentivos (Fig.2)
380
N" de projectos
51- 196 -21-50 - II- 20
m 6- !O
~ I- 5
D o
Fonte: COSTA, F. et aL, 1992
Fig. 2 Total de Projectos subsidiados pelos Sistemas de Incentivos
Fontes: CAETANO. L 1984, p. 23 HOUSSEL, 1990, p. 19 (mediante adaptaçflo)
Regiões
ISS3 Central
[?21 Intermédia
D Periférica
Pólos dinâmicos
Áreas
Dominante - Lisboa
Secundário - Porto
~ Indústria espontânea cm expansão
D Mono-indústria tradicional em crise
~ Descentralização industrial
Expansão industrial recente com investimentos exógenos
Fig. 3 - Regionalização da dinâmica da "industrializaçãou
381
A gradual diluição, longitudinal, da estrutura produtiva, permite distinguir 3 regiões (Fig.3):
1 - Uma região que podemos designar de "central" onde se localizam cerca de 83% das
empresas, 92% do emprego, 94% do volume de negócios da actividade industrial e 67% das empresas
fabris com volume de vendas superior a 500 milhões de escudos.
Nesta região distinguem-se:
- o pólo dinâmico dominante Lisboa/Setúbal que detém a gama completa de actividades,
equipamentos e nichos de inovação tecnológica, 46,6% do V AB e 40% do volume de negócios
da actividade industrial e cerca de 73% dos quadros superiores e médios.
- O "Grande Porto" constitui, por sua vez, um pólo dinâmico secundário. O volume de negócios
realizado pela indústria representa apenas 20%. Situação que está em conformidade com as características
do tecido produtivo: as indústrias de bens de consumo representam 65,7% (43,8% são têxteis
e confecções), bens intermédios 20,5% e bens de equipamento 13,8%.
Neste contexto, os quadros médios e superiores representam apenas 13,5%.
No espaço urbano/industrial que medeia estes dois pólos desenvolvem-se sistemas integrados
locais (Cfr. Fig.3) em constante adaptação, baseados em indústria espontânea e dotados de
acentuada expansão, em que existem intensas relações interfirmas, com estabelecimento de subcontratação.
Segundo a estrutura produtiva é possível distinguir 3 tipos diferentes usando a nomenclatura
do IRER- Instituto Regionale di Richerche per Lombardie (Segre, 1986, p. 137):
- "áreas especializadas caracterizadas pela predominância de um sector tipificado, pelo
elevado nível de competição entre produtores de um mesmo/similar produto, ligações verticais entre firmas
com divisão de trabalho inter-firmas no sector da produção". Exemplos: Braga (têxteis-confecção)
e S.João da Madeira (calçado).
- "Sistemas de produção local com áreas de especialização, podendo ser monosectoriais, em que
existem intensas relações interfirmas, com estabelecimento de subcontratação, situação que confere
maior integração do sistema". Exemplo: Marinha Grande (Moldes para plásticos).
- "Áreas sistema em que é criada apreciável divisão do trabalho por firmas de actividades
diversificadas através das trocas inter-indústrias e intra-indústrias". Exemplo: Águeda (produtos metálicos,
artigos eléctricos e madeiras).
2 - Região intermédia com níveis de desenvolvimento fraco e limitado às sedes dos distritos.
Apenas detem 12,5% das empresas, 7,1% do emprego e 5,2% do volume de negócios da
actividade industrial.
O terciário é de tipo "arcaico" (tradicional: pequeno comércio, profissões liberais e
serviços pessoais). Rede insuficiente de infra-estruturas e equipamentos.
Nestas regiões distinguem-se, no entanto, algumas áreas de produção especializada (Cfr. Fig.3),
segundo tipologia apresentada por Garofoli ( 1983):
- Sistemas produtivos locais, de formacão recente, em expansão, e fortemente apoiados
por investimentos exógenos, incluindo investimento directo estrangeiro. Exemplos: Guarda,
Castelo Branco e Viseu.
- Áreas de especialização tradicional e atingidas por crise progressiva. Exemplos:
Covilhã/lanifícios da Serra da Estrela.
- Área de descentralizacão espacial, de indústrias de base, capital intensivas, fundamentada no
modelo de "industrialização" dos anos 60. Exemplo: Sines- complexo petro-químico.
382
3 - Região periférica sub-industrializada, fortemente rural e sub-povoada, contribuindo com
menos de 5% para o V AB nacional, caracterizada pela marginalização e estagnação das actividades
agro-pastoris.
CONCLUSÃO
Portugal, apesar de algum crescimento económico, continua a registar baixo Produto per capita
(1970 dólares; Grécia 3550 e CE's 7519, relativamente a 1985), peso relativamente fraco da indústria
transformadora no PNB e forte percentagem de PMEs.
Acrescem, ainda, as acentuadas diferenças de produtividade entre indústria/empresa e
entre regiões. As situações dualistas são uma constante.
Porém, quiçá mais inquietante é a dependência tecnológica, em bens de equipamento, energética
e financeira face às grandes economias industrializadas, o que constitui sério obstáculo
ao desenvolvimento das estruturas económicas destes territórios.
Competitividade interna e externa baseada em baixos custos salariais, proporcionam a crescente
penetração de firmas e de capital externo e reforça simultaneamente a dependência económica, fechando
um círculo vicioso do qual se fica prisioneiro. Neste cenário, torna-se cada vez mais difícil criar cadeias
interindustriais que articulem fileiras de produção e dominar sectores de produção estratégicos e mais
qualificados. Só resta espaço para a proliferação de trabalho, de execução e de montagem, não qualificado.
Deste modo, a especialização produtiva é regulada pela nova divisão internacional do trabalho
(expressa pela divisão vertical no interior dos sectores industriais, segundo os níveis de qualificação)
comandada do exterior.
Para os territórios periféricos a subcontratação prefigura-se como uma via para constituir fileiras
transnacionais, no contexto da divisão internacional do trabalho, reforçando a cooperação entre empresas.
No entanto, o tecido industrial português revela-se frágil e com limitações para poder explorar
as oportunidades do processo de desenvolvimento industrial (tecnológico e de competitividade) e
das oportunidades criadas pela integração nas Comunidades Europeias.
Sublinha-se, no entanto, que a concretização destas oportunidades concorrerá para o reforço
do desequilíbrio regional/litoralização, em resultado das sinergias acrescidas nas áreas já industrializadas,
se as políticas de desenvolvimento do Interior não forem compatibilizadas com o dinamismo litoral.
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PAULA CRISTINA A. REMOALDO Universidade do Minho
"( ... ) Cette période d'évolution rapide dans laquelle nous sommes annonce-t-elle une
ere nouvelle, caractérisée par un nouveau régime démographique, ou assiste-t-on à des
modifications relativement éphémeres de la période postérieure à la transition démographique?
L'avenir nous le dira" ..
Jean-Paul Sardon
A natalidade não é um fenómeno impoluto. No seu dimensionamento entram em jogo múltiplos
factores contribuindo para a perfilação da sua complexidade. No nosso país tem-se vindo a assistir a um
declínio rápido dos níveis de fecundidade, evidenciando-se nos primórdios da década de noventa, uma I
situação de taxas de fecundidade total significativamente abaixo dos 2.1 necessários para se processar
a renovação de uma população. De facto, em 1990, o número médio de filhos por mulher era de cerca
de 1.43, contrastando com o valor de 2.2 evidenciado dez anos antes. Tal cenário encontra-se coadunante
com o que se tem vindo a evidenciar noutros países da Europa mais desenvolvidos, desde, pelo menos,
a década de setenta. A continuar assim, o mito de que Portugal constitui uma das reservas
de população jovem da Europa depressa esmorecerá.
Todavia, parte do espaço Minhoto, isto é, o distrito de Braga, tem evidenciado níveis de
fecundidade superiores aos encontrados para a escala nacional2
, remetendo-nos para a tentativa de aferição
do perfil dos intervenientes neste fenómeno e para a aquilatação dos factores que lhe estão subjacentes.
Para tal concretização, optámos por estudar este fenómeno tendo como polo polarizador
o Hospital Distrital de Guimarães e utilizando uma metodologia fundamentada em inquéritos lançados
às mães. De facto, a maternidade inserta naquele estabelecimento hospitalar possui um elevado movimento 1
anual", nomeadamente em termos assistenciais, que nos permitiu tirar algumas ilações sobre tal fenómeno
para o concelho de Guimarães e para os concelhos de Fafe, Felgueiras, Celorico de Basto e Lousada.
O volume da amostra recolhida foi de 4.5% reportando-se aos primeiros cinco meses do ano
de 1991, constituindo uma amostra simples e de carácter aleatório. O questionário utilizado contémplou
I A Taxa de Fecundidade Total, também designada por Número Médio de Filhos por Mulher ou Descendência Média, equaciona-se do seguinte modo: ~ Nz
T.F.T.= n.(.L. -)
em que: Z=l Mz
n =Número de anos de cada grupo de idades (geralmente cinco); Z =Série dos grupos de idade (geralmente sete, visto considerarem-se grupos quinquenais); Nz =Nascimentos de mulheres de cada grupo de idades; Mz = Mulheres de cada grupo de idades.
2 A título de exemplo refira-se que em 1990 enquanto à escala nacional se registou uma Taxa de Fecundidade Geral de 46.47%o, o distrito de Braga denunciava um índice de 56.15%o. Em 1991, o panorama manteve-se quase inalterado para o conjunto do país (46.63%o), enquanto no distrito de Braga se processou uma descida, passando para um score de 54.84%o.
3 Em 1991, o Hospital Distrital de Guimarães notificou 3963 partos, reportando-se 62.96% (2495 partos) a mães cujo concelho de residência se cingia ao concelho de Guimarães. Outros concelhos bastante representativos foram: Fafe (15.77%), Felgueiras (9.49%), Celorico de Basto (5.68%) e Lousada (2.65%).
386
cerca de quarenta variáveis de cariz social, espacial, económico, religioso, et cetera.
A presente comunicação não pretende ser exaustiva, debruçando-se simplesmente sobre a análise
de algumas das suas componentet O Inquérito Português à Fecundidade5
, realizado para o ano de 1980,
constituindo o primeiro e o último levado a cabo no nosso país neste âmbito, assumiu-se como um dos
instrumentos de base da nossa pesquisa, deixando transparecer a sua influência na estruturação
do questionário elaborado.
Partimos do pressuposto de que existem variáveis explicativas do comportamento da mulher
no que concerne ao seu modelo de família. As seguintes variáveis adivinham-se como importantes e na
presente comunicação focalizaremos a nossa atenção particularmente na primeira:
o conhecimento e uso de métodos anticoncepcionais;
- a idade e o nível de instrução;
- a filiação e prática religiosa da mulher;
- o local de residência e de naturalidade;
- o trabalho da mulher;
-o rendimento familiar( ... ).
1 -O CONHECIMENTO E USO DE MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS
1.1 - O conhecimento de métodos anticoncepcionais segundo a idade e o nível de instrução da mulher
De acordo com os resultados obtidos a partir do Inquérito Português à Fecundidade, a causa
mais directa do declínio da fecundidade no nosso País prende-se com o uso de métodos anticoncepcionais.
Neste sentido, torna-se iniludível a análise de tal vertente.
In primis, há que referenciar que cerca de 8.9% das mulheres inquiridas revelaram não conhecer
qualquer método anticoncepcional", resultado bastante superior aos 2% encontrados para 1980 aquando 7
da realização do Inquérito Português à Fecundidade . Concomitantemente, a "pílula" afigurou-se como
o método mais referenciado pelas inquiridas.
A Figura 1 permite-nos fazer uma análise intragrupos etários, revelando que é no grupo
etário I 5- I 9 anos que a "pílula" adquire uma maior ponderação ( 41.67% das ocorrências).
4 O maior leque de variáveis será analisado num artigo que será brevemente publicado na revista "Cadernos do Noroeste" do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. s INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA- Inquérito Português à Fecundidade, 2 vols., Lisboa, 1980. A elaboração deste inquérito prendeu-se com a evolução recente dos métodos de controle de nascimentos (a sua crescente utilização e aperfeiçoamento) que contribuiu para o retirar à fecundidade o seu carácter aleatório, impondo "a deslocação das atenções da simples observação estatística dos resultados para a dos factores que determinam o recurso a essa possibilidade de controlo dum fenómeno até aqui regido pelo acaso." (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, 1980, vol. 1, p. 3). Por outro lado, pretendeu-se cobrir um grande leque de aspectos que geralmente escapam às Estatísticas Demográficas publicadas anualmente pelo INE, nomeadamente, o esclarecimento das motivações da fecundidade. Trata-se de um inquérito enquadrado no Inquérito Mundial à Fecundidade (WFS- World Fertility Survey). Em 1987, realizou-se o Inquérito Nacional de Saúde que contemplou um capítulo ao comportamento das mulheres em relação ao planeamento familiar. Trata-se de um instrumento igualmente válido mas que avalia apenas uma vertente da fecundidade. 6 A informação que se prende com o conhecimento de métodos anticoncepcionais resultou da utilização de uma questão de resposta aberta na qual se pediu às mulheres que mencionassem os métodos contraceptivos de que tinham ouvido falar. 7 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA- Inquérito Português à Fecundidade. Relatório Principal, vol. I, Lisboa, 1980, p. 128.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
FIGURA 1- Conhecimento dos métodos anticoncepcionais segundo a idade da mulher, 1991.
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 GRUPOS DE IDADES
Fonte: Inquérito realizado entre janeiro e Maio de 1991
40-44
11 NENHUM
PÍLULA
PRESERVATIVO
D COITO INTERR.
D CALEND./RITMO
• D.I.U.
11 ESPERMICIDAS
ÍiiJ DUCHES, LAVAGENS
• TEMPERATURA
!Jil CONES
\l2§ ESTERILIZ. FEMININA
387
Denota-se que é nas idades mais avançadas que este método é menos conhecido. Idêntico
comportamento foi diagnosticado para o "preservativo". Os resultados não nos espantam visto tratar-se • " X de métodos de recente divulgação no nosso Pms .
Por outro lado, é no seio das mulheres mais jovens que tem maior relevância o desconhecimento
total de métodos contraceptivos. No grupo 15-19 anos, 8.33% das mulheres denotaram tal
desconhecimento.Concomitantemente, este cenário perde importância nos grupos etários intermédios 9
(20-24; 25-29 e 30-34 anos) e ganha novo "élan" nos grupos terminais (35-39 e 40-44 anos). Um aspecto
que poderá estar subjacente a tal situação é o de que grande número de mulheres não se interessa
pelo conhecimento dos métodos contraceptivos até terem um ou dois filhos, i.e., a mulher minhota tende
a evidenciar uma fecundidade não controlada nos primeiros anos do casamento até atingir um determinado
número de filhos e só depois procura informar-se sobre os métodos contraceptivos. Esta adesão
processa-se em substancial número de casos, no seguimento de aconselhamento médico.
Deste modo, não é para admirar que o conhecimento dos métodos contraceptivos revelados pelas
mulheres se encontre relacionado com os métodos que cada mulher usa, não possuindo informação
sobre os restantes existentes. Assim, as mais novas não mencionam métodos mais tradicionais, de que
o coito interrompido é um exemplo e o D.I.U. (Dispositivo Intra-Uterino) é mais referenciado pelas
mais idosas porque é o que usam ou que foram aconselhadas a usar.
O nível de instrução afigura-se como uma variável que pode actuar indirectamente no nível
de fecundidade evidenciado pelo casal, induzindo um maior ou menor conhecimento dos métodos
anticoncepcionais, no seu uso e na sua eficácia. A Figura 2 patenteia uma forte conexão entre o nível
· de escolaridade atingido pelas mulheres inquiridas e o conhecimento de métodos anticoncepcionais.
8 Terá sido em 1976 que o Planeamento Familiar se tomou pela nova Constituição, um direito garantido a todos os cidadãos portugueses. Foi então incubido ao Estado o dever de divulgar o Planeamento Familiar e organizar estruturas jurídicas e técnicas que permitissem uma maternidade e paternidade responsáveis. Todavia, foi apenas na década de oitenta que se criaram estruturas a larga escala com a consequente massificação da utilização dos serviços pela população. 9 O grupo de idades 40-44 anos é constituído por apenas uma mulher, contribuindo para uma imagem distorcida do gráfico.
388
É ao nível do ensino primário incompleto (20.00%) e completo (5.98%) que se denotam
ponderações mais elevadas de desconhecimento total10
• Em relação aos restantes níveis de escolaridade,
a conexão não é tão evidente embora, por exemplo, o "preservativo" seja mais referenciado pelas
mulheres de níveis de esc0laridade mais elevados".
FIGURA 2- Conhecimento dos métodos anticoncepcionais segundo o nível de instrução da mulher, 1991
100%
80%
60%
40%
20%
0%
çO o.; o.; ~ c..5 o.; o
~ :;E :;E ~ :;E 25 o o ~ o ....) o5
'U.l --< u u Q u :;E z ~ ~ U.l z Q o --< ~
~ ;:J z [/) S2 o.. u ;:J ~ S2 o.. w:.i U.l u ;:J [/) o.. w:.i
w:.i U.l u
w:.i [/)
w:.i
NÍVEL DE INSTRUÇÃO
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
o E-< U.l ....) o.. :;E o u o.; ;:J [/)
c..5
III NENHUM
PÍLULA
PRESERVATIVO
D COITO INTERR.
D CALEND./RITMO
• D.I.U.
11 ESPERMICIDAS
ri1J DUCHES, LAVAGENS
ri1J TEMPERATURA
lmJ CONES
~ ESTERILIZ. FEMININA
1.2 - Desconhecimento de métodos anticoncepcionais segundo a freguesia de residência da mulher ·
A componente espacial também se pode afigurar como uma vertente importante na compreensão
do perfil da mulher quanto ao conhecimento de métodos contraceptivos. A Figura 3 revela-nos que as
mulheres que referiram desconhecer qualquer tipo de método contraceptivo, residiam em espaços de
cariz rural e/ou onde não existiam unidades de cuidados de saúde primários que poderiam facilmente
fornecer informação sobre os métodos existentes (e.g., Aboim em Fafe, Canedo de Basto em Celorico de Basto,
Arosa em Guimarães).
lO Unicamente uma das mulheres é analfabeta, usando habitualmente a pílula e tendo sido este o único método referenciado como seu conhecido. É ao nível do "curso superior completo" que se denota um melhor conhecimento dos métodos contraceptivos. Assim, o equilíbrio das percentagens para os diferentes métodos para esse nível (Figura 2), resulta de as quatro mulheres que dizem respeito a este grupo terem revelado conhecerem a quase totalidade dos métodos. II Cerca de 55.56% das mulheres (100 ocorrências) não possui mais do que o ensino primário completo e unicamente 3.89% (7 ocorrências) evidencia um bom nível de instrução (curso médio ou curso superior completo). Por seu turno, o nível de instrução do companheiro revelou ser bastante similar, já que para os mesmos níveis se encontraram os scores de 54.12% e 4.71 %, respectivamente.
FIGURA 3 - Desconhecimento de métodos anticoncepcionais segundo a freguesia de residência da mulher, 1991
voo
O 4Km liiiiiiiiiiiil
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
REAL Número de mulheres inquiridas
la2
( Limite de freguesia
r Limite de concelho
389
Os casos de desconhecimento total que se prendem com o concelho de Celorico de Basto
correspondem a 40% do total de casos, concordante com as características eminentemente rurais
daquele espaço.
Vários autores têm insistido no forte apego às tradições (coadjuvadas pela religiosidade) como ,, potentes barreiras à difusão do controle voluntário da fertilidade-. No Minho, a religiosidade "goes along
with a widespread attachment to traditions, with a strong family life, with an obedient attitude towards
any kind of authority, with a patient and enduring character, and with an innate suspicion of innovation" ".
1.3 - O uso de métodos anticoncepcionais segundo o nível de instrução e o grau da prática religiosa da mulher
No sentido de se aferir da forma de uso da contracepção, questionaram-se as mulheres sobre
o método usado habitualmente. Cerca de 36.67% (66 ocorrências) revelaram não usar habitualmente
qualquer método (Figura 4)14
• Das que usavam habitualmente algum método, cerca de 87.72% usava um
método eficiente ("pílula" e "dispositivo intra-uterino") e 12.28% um ineficiente ("preservativo",
"coito interrompido" e "calendarização/ritmo").
Paralelamente, a "pílula" revelou-se como o método mais utilizado (54.44% - 98 ocorrências).
Tal evento é mais notório nas mulheres com nível de instrução mais elevado (Figura 5).
12 LIVI BACCI, Massimo- A Century of Portuguese Fertility, Princeton University Press, Princeton, 1971, p. 129. Vd. também, KANNISTO, Vainéi- Factores associados às diferenças geográficas da mortalidade infantil em Portugal desde 1950, in "Revista do Centro de Estudos Demográficos", INE, Lisboa, 28, 1986, p. 11-35. 13 LIVI BACCI, Massimo, op. cit., p. 130.
14 As três mulheres que apresentam mais de seis filhos pertencem ao grupo que não usa habitualmente qualquer método contraceptivo.
390
A religião pode actuar como uma variável premente na aceitação e uso de métodos
anticoncepcionais, sobretudo nos de carácter não natural. Contudo, é de difícil medida tendo-se revelado
necessária a complementaridade da inquirição quanto à filiação religiosa com a aferição do grau da
prática religiosa.
FIGURA 4- Uso de métodos anticoncepcionais pelas mulheres inquiridas, 1991
%
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00 :::'2 < :::J -l ::r:: :::J z -l ~ ·c;: z
li [/)
~ 0:: iil 0:: ~ E-< ~ E-< :::J cn ~ o ~ 0:: 0
MÉTODOS o..
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
Das 180 mulheres inquiridas apenas duas ( 1.11%) declararam não serem católicas, cimentando a
imagem do elevado enraizamento da religião católica na área em estudo (Figura 6) 15
• Tal perfil foi
corroborado quando se avaliou o grau de frequência de assistência a serviços religiosos, visto 16
apenas 16.85% das inquiridas só assistirem em ocasiões especiais ou nunca .
FIGURA 5- Uso de métodos anticoncepcionais pelas mulheres inquiridas segundo o seu nível de instrução, 1991
100% IIII NENHUM
80% PÍLULA
60% PRESERVA.
40% D C.INTERR. 20%
D CAL.!RIT. 0%
o:i o.; o.; ~ 0 o.; o o • D.l.U.
if :::'2 :::'2 ~ :::'2 õ E-< o o 0:: o ·~
~ • ESPERMIC. -l o:; -l u u Q u :::'2 o.. < ~ ~ ~ z Q :::'2 z o
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õ2 o.. w ~ u :::J o.; cn o.. w w ~ u :::J w cn cn TEMPERA.
w 0 NÍVEL DE INSTRUÇÃO IHI CONES
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
------ ·------IS Os scores encontrados referentes às mulheres católicas foram superiores aos revelados pelo Inquérito Português à Fecundidade (98.89% e 92.00%, respectivamente). 16 Trata-se de scores bastante inferiores aos encontrados para as mulheres abrangidas pelo Inquérito Português à Fecundidade, pois neste caso os scores elevaram-se a 46.50%.
391
A partir da leitura da referida Figura é evidente a correlação entre a ausência de uso de métodos
contraceptivos e a frequência de assistência a serviços religiosos. É no seio da hipótese "Nunca" que
se encontrou a menor ponderação do não uso de qualquer método contraceptivo (25 .00%) e uma
maior adesão à utilização da "pílula" (75.00%).
FIGURA 6- Uso de métodos anticoncepcionais pelas mulheres inquiridas segundo o grau de assistência a serviços religiosos, 1991
100%
80%
60%
40%
20%
0%
• C/) C/)-
<< u-o&:l âi;; '-'l'-'l
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
< u z ;:::J z
IIII NENHUM
IIII PÍLULA
PRESERVA.
0 C.INTERR.
0 CAL./RIT.
III D.I.U.
Paradoxalmente, os métodos anticoncepcionais naturais, os únicos sancionados pela Igreja
Católica (à excepção do "coito interrompido") 17
, adquirem uma quase nula expressão
(e.g., "calendarização/ritmo", "temperatura"), devido, provavelmente, à falta de informação sobre as
transformações que o corpo da mulher sofre ao longo do seu ciclo. Segundo os resultados obtidos a partir
do "Enquête sur la Régulation des Naissances", realizado pelo INED em 198818
, cerca de 48%
das mulheres inquiridas tinham um conhecimento do seu ciclo menstrual, ou seja, conseguiam
situar correctamente o período fértil no seio do seu ciclo. Este valor contrastava com os 22% encontrados
para as contempladas num inquérito anterior realizado em 197819
• Tal mutação resultou do papel da escola
e de outros canais de difusão (e.g., jornais, médicos), que permitiram às mulheres o acesso a uma
informação precisa.
Tal cenário poderá ser trasladado para o nosso País com resultados provavelmente de
maior similitude com os do segundo inquérito.
Ainda de acordo com a leitura da Figura 6, o "coito interrrompido", cuja designação popular é
a de "o marido tem cuidado" ou "ter cuidado", era exclusivamente praticado pelas mulheres
que evidenciaram um maior grau de assistência a serviços religiosos. De qualquer modo, estamos
um pouco renitentes em relação a tais ocorrências e somos da opinião de que o "coito interrompido"
deverá ter mais expressão. Segundo os segundo e terceiro inquéritos realizados pelo Institut National
17 Vd. PAPA PAULO VI- Encíclica Humanae Vitae, 1968, que revela a posição oficial da Igreja sobre as formas de intervenção no processo reprodutivo. Trata-se de um documento revolucionário, visto a Igreja, pela primeira vez, considerar lícito o recurso a práticas para espaçar os nascimentos. "Se ( ... ) existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimónio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar". (Idem, p. 513) 18 O Inquérito sobre a Regulação dos Nascimentos realizado em 1988, é o terceiro de uma série consagrada pelo Institut National D'Études Démografiques (INED) às práticas contraceptivas em França. Seguindo as grandes linhas do segundo inquérito realizado em 1978, contemplou 3188 mulheres entre os 18 e os 49 anos. 19 TOULEMON, Laurent; LERIDON, Henri- Vingt années de contraception en France: 1968-1988, in "Population", Paris, 46(4), Jul.-Ag., 1991, p. 786.
392
D'Études Démographiques, constatou-se que havia uma omissão da prática do "coito interrompido" e 20
da "abstinência sexual" por cerca de 20 a 25% das mulheres inquiridas , visto a população francesa
tender a não os identificar como métodos anticoncepcionais, podendo extrapolar-se tal cenário para
a população portuguesa.
Interessa, contudo, referenciar que quando questionadas sobre o motivo do não uso de métodos
de controle da natalidade, os motivos são diversificados e prendem-se na maior parte dos casos
com "não está interessada, por enquanto, em evitar ter filhos" (39.39%), ou com causas residuais como
"outro motivo" (18.18%) (e.g., desleixo, motivos de saúde) ou com "não tem conhecimento dos métodos
a usar" (16.67% ). Este último motivo encontra uma forte representação nos baixos níveis de instrução
das inquiridas (Quadro l). De ressaltar que o motivo "o marido não permite que use qualquer método
ou não está disposto a usar", foi referido isoladamente ou em conjunto por cerca de 9.09% das mulheres,
revelando ainda um baixo grau de emancipação da mulher naquela área.
QUADRO I - Motivos evocados pelas mulheres do não uso de qualquer método anticoncepcional, 1991
MOTIVOS
l-Não tem conhecimento dos métodos a usar 2-0s métodos que conhece ficam caros 3-0 marido não permite que use qualquer método
ou não está disposto a usar 4-Tem medo das contra-indicações dos métodos contraceptivos (pensa que alguns deles causam esterilidade, cancro, hemorragias .... ) 5-Vai contra as suas convicções religiosas ou outras 6-Não estü interessada, por enquanto, em evitar ter filhos 7-0utro motivo .Associação dos motivos 3 e 4 .Associação dos motivos 4 e 6 .Associação dos motivos 4 e 7
TOfAL
l-Analfabeta. 2- Sabe ler e escrever. 3- Ensino Primário Incompleto. 4- Ensino Primário Completo. 5- Ensino Preparatório.
TOTAL
No %
li 16.67
4 6,06
7,58 2 3,03
26 39,39 12 18.18
2 3.03 2 3,03 2 3,03
66 100,00
6- Ensino Secundário, Liceal, Comercial ou Industrial incompleto. 7- Ensino Secundário, Liceal, Comercial ou Industrial completo. 8- Curso Médio. 9- Curso Superior incompleto. I 0- Curso Superior completo.
Fonte: Inquérito realizado entre Janeiro e Maio de 1991.
2 3
NÍVEL DE INSTRUÇÃO
4
2 6
2
4
13 5 2
2
34
5
I I
li 4
22
6 7
4
8 9 lO
Por último, a religião como motivo não foi evocada por mais de 3.03% das mulheres, o que
nos prova que, na actualidade, a religião tem um menor poder influenciador no manter de elevados níveis
de fecundidade, sobreelevando a variável "nível de instrução"21
•
20 Esse comportamento pôde ser detectado a partir de uma segunda questão lançada do tipo "Ni vous, ni votre mari, ne prenez aucune précaution?" e que veio complementar uma primeira que se estruturava do seguinte modo, "Est-ce que votre mari et vous-même, employez actuel!ement une méthode pour éviter d'avoir un enfant?" (TOULEMON, Laurent; LERIDON, Henri, op. cit., p. 780) 21 Pensamos que a nova posição da Igreja em relação ao Planeamento Familiar revelada em 1968, através da Enclícica Humanae Vitae, que passou a considerar lícito o recurso a práticas para espaçar os nascimentos, ainda que respeitando os ritmos naturais, veio contribuir para que a proibição dos métodos artificiais adquirisse um papel secundário. Neste sentido, não é para admirar que a variável religião tenha perdido significado.
393
2- CONCLUSÃO
Ainda que de uma forma circunscrita, tentámos na presente comunicação analisar uma
das variáveis que se revelou mais premente para o delinear do perfil da fecundidade na área que
se cinge aos concelhos de Guimarães, Fafe, Felgueiras, Celorico de Basto e Lousada.
Com base nos inquéritos lançados às mães, que escolheram a maternidade do Hospital Distrital
de Guimarães para ter o seu filho, foi-nos possível constatar que existe uma razoável percentagem
de mulheres (8.9%) que revelaram não conhecer qualquer método anticoncepcional. O baixo nível
de instrução evidenciado, assim como a freguesia de residência da mulher, apresentaram-se como
factores determinantes de tal ocorrência. Paralelamente, detectou-se que há uma tendência para a mulher
manifestar uma fecundidade não controlada nos primeiros anos do matrimónio, aderindo em
grande número de casos, aos métodos contraceptivos (nem sempre os mais eficazes) unicamente depois
de ter um primeiro filho ou de ter atingido o número desejado de filhos. Tal situação conduz,
necessariamente, a um reduzido intervalo de tempo entre o momento de início do casamento
e o do primeiro filho, e a um período de exposição mais longo a nascimentos não desejados, se
o seu controle não for eficaz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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laformation desfamilles, in "Popu1ation", 41(3), Mai.-Jun., 1986, p. 447-462. NAZARETH, Joaquim M. - Explosclo Demográfica e Planeamento Familiar: subsídios para uma política de defesa
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do século XX, vol. 3, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1988. REIS, Elisabeth- O tempo e o quantum do declínio da fecundidade em Portugal: análise dos intervalos entre nascimentos,
in "Actas do I Congresso Português de Sociologia", Lisboa, vol. 1, Editorial Fragmentos, 1990, p. 313-331. TOULEMON, Laurent; LERIDON, Henri- Vingt années de contraception en France: 1968-1988, in "Population", Paris,
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Nova Yorque, 16(3), Set., 1990, p. 84-89.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
TELECOMUNICAÇÕES, DESENVOLVIMENTO E ACTIVIDADE EMPRESARIAL NA REGIÃO CENTRO.
1 - Introdução
RUI MIGUEL ABRANTES MARTINS Comissão de Coordenação da Região Centro
A evolução recente do sector das telecomunicações a par da reestruturação actual das economias
têm repercussões profundas nas estruturas produtivas e territoriais. Este processo é acompanhado pela
crescente importância que as telecomunicações têm no desempenho da actividade produtiva, pelo que
se nos afigura importante analisar o papel dos novos serviços ao nível das empresas.
Com o intuito de esbater as disparidades verificadas no território nacional e assegurar
a competitividade das empresas, dos espaços periféricos mais vulneráveis e menos dotados destas
infraestruturas, tem-se assistido à promoção de políticas por parte de entidades nacionais e comunitárias
que visam a vulgarização e o acesso a novos serviços de telecomunicações.
Na comunicação, abordar-se-ão dois pontos fundamentais:
I -evidenciar a reestruturação no sector das telecomunicações e a sua importância na actividade
empresarial face às novas exigências do mercado, em termos de competitividade e da qualidade. Será,
ainda, avaliado o impacto que o Sistema de Incentivos aos Serviços Avançados de Telecomunicações
(SISA T) produziu na Região Centro;
2 - apresentar-se-ão os resultados preliminares de um inquérito, efectuado junto de empresas
da Região Centro, com o objectivo de analisar a utilização de equipamentos, o acesso a Novas Tecnologias
de Informação (NTI) e a importância dos serviços de telecomunicações para o desenvolvimento
da actividade empresarial.
2 - Telecomunicações, desenvolvimento regional e as políticas de apoio ao sector
As telecomunicações serão o maior investimento civil da Europa na alta tecnologia, em paralelo
com a tecnologia espacial, donde podemos depreender que estamos a viver uma nova fase de inovações,
depois da verificada com a máquina a vapor e, posteriormente com a electricidade e o automóvel
(Ungerer, 1989).
O desenvolvimento de novas tecnologias tem conduzido à criação de uma grande multiplicidade
de novos serviços de telecomunicações. No entanto, foram necessários cerca de 140 anos para que
se passasse de um serviço único (a telegrafia) para mais de uma dúzia de serviços de telecomunicações.
Prevê-se que este valor duplique ou triplique até ao ano 2000.
Na explosão dos serviços de telecomunicações estiveram importantes mudanças tecnológicas:
a microelectrónica ("chip"), a digitalização, a introdução de centrais com comando programado (SPC) e
as novas tecnologias de transmissão (fibras ópticas, aperfeiçoamentos nas micro-ondas e nos satélites).
A introdução dos computadores na rede em fina da década de 70, levou à criação de um
novo conceito - a telemática (Nora e Mine, 1978) - resultante da convergência das telecomunicações e
da informática.
As telecomunicações vêm sendo encaradas no quadro europeu, desde a década de 60, como
396
um dos elementos base para o desenvolvimento sócio-económico das Comunidades.
Na Europa durante a década de 70 assistiu-se, na generalidade dos países, a uma preocupação
de colocar o telefone ao alcance de qualquer utilizador (residencial ou comercial) independentemente
da sua situação geográfica, segundo uma óptica de prestação de um serviço público.
As telecomunicações portuguesas durante este período não acompanharam o desenvolvimento
verificado a nível europeu, apresentando, por isso, um atraso considerável. Portugal possui actualmente
menos de 30 linhas telefónicas por l 00 habitantes quando a média comunitária ronda as 50. A
situação Portuguesa tem sido marcada por algum atraso neste domínio, correlativo do nosso
baixo desenvolvimento económico relativamente à média da Comunidade.
Por outro lado, alguns especialistas de telecomunicações afirmam que, "em termos de
densidade de telefones Portugal tem um atraso de 14 anos relativamente à média dos quatro países
da CEPT (Conferência Europeia de Correios e Telecomunicações) que registam as mais baixas densidades.
Segundo Me!!des (1984 e 1985), este atraso será reduzido para 7 anos quando for atingido o ano 2000.
Nesta perspectiva, a densidade de telefones em Portugal no ano 2000 será semelhante à da Suécia em
finais dos anos 60." (Gaspar et al., 1986: 20)
Mas, internamente, também se verificam disparidades quanto ao nível de cobertura dos serviços
de telecomunicações e ao processo de difusão, induzido pelos operadores de telecomunicações
e correlativo do desenvolvimento sócio-económico das nossas regiões.
A título exemplificativo poderemos afirmar que persistem as tradicionais dicotomias entre
o litoral e o interior, por um lado, e entre as áreas urbanas e as áreas rurais por outro. Considerando
o número de postos telefónicos principais (PP) por 100 habitantes (Figs. 1 e 2), apesar do grande esforço
ocorrido entre 1985 e 1990 (Quadro I e Fig. 3), os valores da Região Centro permanecem muito abaixo
do valor médio do Continente. Por outro lado, a cobertura de postos telefónicos públicos (PF) evidencia
o carácter rural e periférico das regiões onde estes possuem valores superiores, caso das NUTS III
do Pinhal Interior Norte e Sul e da Beira Interior Norte (Fig. 4 ).
A distribuição da telecópia (Fig. 5) permite ver a maior concentração nos "concelhos
que registam maior actividade e dinamismo urbano-industrial seguindo, aliás, padrão idêntico ao de outros
indicadores sócio-económicos. O litoral da Região Centro destaca-se pelo número de aparelhos instalados,
particularmente os concelhos que constituem os três eixos polarizadores desta área: Aveiro-Águeda,
Coimbra-Figueira da Foz e Leiria-Marinha Grande" (Jacinto, R. et al. 1991). Esta distribuição resulta de
um processo de difusão (Fig. 6) "cujos traços gerais se confundem com outras dinâmicas regionais que
têm por pano de fundo uma constante: a diferenciação das estruturas regionais sócio-económicas mas,
principalmente, produtivas" (Jacinto, R. et al. 1991 ).
A introdução dos novos serviços e das infraestruturas verifica-se em áreas de maior procura, I
ou onde se rentabiliza mais facilmente o investimento a efectuar. O processo de digitalização da rede
telefónica constitui um bom exemplo, pois tem-se processado segundo a estratégia da empresa operadora
que passa pela conjugação dos seguintes aspectos:
• económicos: a não aquisição de mais material analógico e a reutilização do equipamento
analógico transferido das áreas digitalizadas para as áreas de menor tráfego;
1 A digitalização (a codificação, a transformação e a transmissão de qualquer informação- voz, dados, imagem- na forma de sinais binários "bits") generalizada da rede telefónica tanto ao nível da comutação como da transmissão e a introdução de novos serviços irá possibilitar o aparecimento da Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS). Permitindo a integração de qualquer tipo de comunicação, voz, texto, dados e imagem no mesmo suporte físico. Será numa primeira fase dirigida preferencialmente ao segmento de mercado empresarial, estando, neste momento, em Portugal numa fase experimental. Comercialmente surgirá no decurso do próximo ano (1993).
397
• intensidade de tráfego: a digitalização é efectuada onde existe maior intensidade de tráfego e
nos principais centros urbanos;
• digitalizar primeiro a transmissão e só depois a comutação. Esta estratégia pode conduzir a
um círculo vicioso para as regiões menos desenvolvidas, pois, não havendo procura, não há investimento,
não havendo serviços/equipamentos não se criam condições para a circulação de informação, como todos
sabemos, a informação e a sua rápida circulação é, hoje, indispensável às actividades produtivas instaladas
ou que se desejem instalar, produzindo estrangulamentos relativamente graves e penalizantes para
estas regiões.
Fig. I - Número de postos principais I I 00 habitantes ( 1985) Fig. 2 - Número de postos principais I I 00 habitantes (1990)
+ N" de PP/I 00 hab. 1985
• N" de PP/I 00 hab. 1990 - > 12 - >20
Bill 8- 12 Bill 16-20
[[]]]] 5-8 [[]]]] 10- 16
o 40 Km CJ :<;;5 o 40Km CJ <10
Fig. 3 - Variação do número de postos principais ( 1985 - 1990) Fig. 4- Postos públicos por I 000 habitantes ( 1990)
~ %
~ N" de PP/I 000 hab. - ;,200 - >10
Bill 140 200 Bill 5- 10
[[]]]] 100-140 [[]]]] 2.5-5
o 40Km < 100 o 40 Km 52.5
398
Para inverter esta tendência tem-se assistido ao aparecimento de várias políticas comunitárias
que posteriormente são adoptadas internamente.
Por iniciativa da Comunidade Europeia surge em 1987, o programa ST AR
(Special Telecommunications Actions for Regional Development) que tinha como finalidade utilizar
os serviços avançados de telecomunicações para promover o desenvolvimento das regiões
mais desfavorecidas de sete Estados-membros da Comunidade Europeia (CE).
O STAR, abrangendo todo o território nacional, teve um efeito impulsionador e acelerador nas
telecomunicações nacionais, subsidiando totalmente o serviço público de videotex, o serviço
público móvel terreste (Telemóvel), o serviço público de chamada de pessoas (Telebip) e o serviço
público de videoconferência.
Até 1986 tínhamos em Portugal, apenas, três serviços básicos de telecomunicações, com
igual número de redes de suporte, ou seja, o serviço telefónico (rede telefónica), o serviço telex
(rede telex) e o serviço de transmissão de dados (rede de dados). Os novos serviços de telecomunicações,
embora estivessem nos planos de investimento dos operadores públicos (CTT e TLP), eram preteridos
em benefício da expansão do telefone e do telex, devido a dificuldades orçamentais.
Para além da criação dos serviços avançados de telecomunicações e da execução
dos investimentos relativos às redes públicas e de suporte das mesmas (CTT/TLP), foram lançadas
medidas para incentivar a sua utilização. Foi assim que surgiu o Sistema de Incentivos aos Serviços
Avançados de Telecomunicações (SISAT), que tinha como objectivo apoiar as Pequenas
e Médias Empresas (PME) a modernizar os respectivos sistemas de telecomunicações.
A comparticipação financeira do FEDER ao ST AR correspondeu a 19,2 milhões de contos,
com a seguinte distribuição regional: a Região de Lisboa e Vale do Tejo absorveu cerca de 30%, seguida
pela do Norte (22,6%) e pelo Centro ( 12, l% ).
A componente de infraestruturas absorveu 76,8%, enquanto o Sistema de Incentivos (SISAT)
não ultrapassou os 12%.
Considerando o impacto regional do SISAT verifiéamos que é a Região Norte que evidencia
maior apetência, absorvendo cerca de 42% do número de projectos aprovados e 50% do incentivo
concedido. A Região Centro possui, respectivamente, 34% dos projectos aprovados e 23% do incentivo
concedido demonstrando, claramente, a menor dimensão dos projectos apresentados pelas empresas
desta região.
Mas este tipo de assimetrias também se evidencia a outras escalas, como testemunha a respectiva
distribuição dentro do espaço regional (Quadro 2): 70% dos projectos aprovados e 93% do investimento
encontra-se na área litoral constituída pelas NUTS III do Baixo Vouga, Baixo Mondego e Pinhal Litoral;
no interior o maior número de projectos aprovados ocorre nos concelhos de Viseu, Covilhã, Fundão
e Castelo Branco (Figs. 7 e 8).
Embora o Programa ST AR tenha terminado, a CE aposta na necessidade de continuar
a promover a utilização de serviços avançados de tekcomunicações (SAT) e contribuir para o incremento
do desenvolvimento nas regiões do "Objectivo l ". Por outro lado, havia que dar continuidade aos projectos
399
abrangidos pelo SISAT por se terem esgotado as verbas disponíveis. Surgiu, então,
o Programa Operacional Telematique2
, com um período de duração de Agosto de 1991 a Dezembro de 1993.
Contrariamente ao ST AR, que apoiou sobretudo a componente infraestrutura!, neste caso,
são "privilegiadas as acções que envolvam a criação e o desenvolvimento de aplicações e serviços
avançados de telecomunicações e o acesso à utilização sistemática deste tipo de serviços, nomeadamente
os que impliquem transmissão e partilha de dados com impacto nas actividades económicas".
Este programa tem incidência na totalidade do território nacional, representando o investimento
total, a preços constantes de 1991, 57,5 milhões de ECU, com uma comparticipação FEDER de
32,5 milhões de ECU.
Com o objectivo de "melhorar a acessibilidade das regiões menos desenvolvidas em matéria
de telecomunicações, através do crescimento quantitativo e qualitativo do serviço telefónico" lançou-se um
novo programa de iniciativa nacional, o Programa Operacional de Telecomunicações Rurais (PROTER).
Este insere-se no Eixo 1 A do QCA (1989-93), referente à "criação de infra-estruturas económicas
com impacto directo sobre o crescimento económico equilibrado: comunicações e telecomunicações",
tem como áreas de intervenção (Fig. 9) as zonas menos desenvolvidas do país, tendo sido alargado
em 1992 às NUTS III do Ave (Região Norte) e do Alentejo Litoral (Região do Alentejo).
Fig. 5 - Número de tclccopiadores instalados ( 1990) Fig. 6- Ano de instalação do primeiro telecopiador
No de Telccopiadorcs IIII < 1986
~ w.::::::a >200 t:=~::@ 1986 - 101-200
~ - 1987
~ 51 100 ~ 1988
li- 50 OIIIJ] 1989
c=J I· 10 - 1990
o 40Km CJ 1991 o o 40Km
CJ sem telecopiadorcs
2 Este programa, embora de iniciativa comunitária, pretende-se articulado com as intervenções previstas no Eixo lA do Quadro Comunitário de Apoio (QCA - 1989/93 ), no "que diz respeito ao factor complementaridade de serviços de telecomunicações, com os Programas ST AR e PROTER".
400
Fig. 7- Número de projectos SISAT aprovados (1991) Fig. 8- SISAT: incentivo por habitante
~ o 40Km
N° de projectos
~ - 43-68
lliD 10-21
rnrrm I -7
[:=J o o 40 Km
Fig. 9 - Área de Intervenção do PROTER
Sub-regiões (NUTS III):
REGIÃO NORTE •Ave • Douro • Allo Trás-os-Montes
REGIÃO CENTRO • Pinhal Interior Norte • Pinhal Interior Sul • Serra da Estrela • Beira Interior Norte • Beira Interior Sul • Cova da Beira
REGIÃO ALENTEJO • Alentejo Litoral • Alto Alentejo • Alentejo Central • Baixo Alentejo
O Área de Intervenção do Programa
-Limite de Município -Limite de NUTS Nível III
O 40 Knt L....__l____j
Fonte: DGDR ( 1990)- "PROTER. Programa Operacional de Telecomunicações Rurais"
Contos I hab.
lliD 1.00- 2.42
rnrrm 0.01-0.88
o
401
Isto pressupõe a ampliação das infraestruturas de telecomunicações e digitalização progressiva
da rede que permitirá o acesso aos novos serviços e facilidades que estão associadas à RDIS. Em termos
quantitativos, pretende-se fazer crescer a densidade telefónica com a instalação de 155.000 novos postos
telefónicos, envolvendo um investimento 131.040 milhares de ECU, a preços de 1990, comparticipados
a 35% pelo FEDER.
Para além dos programas referidos, existem outras acções com impacto no desenvolvimento da
I&D das telecomunicações e tecnologias de informação, que se encontram inseridas em outros programas
do Quadro Comunitário de Apoio, nomeadamente, o Ciência (Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) e o PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa).
3- As telecomunicações e o desenvolvimento empresarial
A amostra
Os dados preliminares que seguidamente se apresentam referem-se ao inquérito efectuado a
169 empresas, com diferentes dimensões, implantadas na Região Centro (Quadro 3) repartidos
pelos seguintes sectores de actividade económica: indústria transformadora (ramos 3.1 a 3.9 da CAE);
construção civil (5 CAE) e comércio por grosso e a retalho (6.1 e 6.2 da CAE) (Quadro 4).
Comparando os valores da amostra com os referentes aos Quadros de Pessoal do Ministério
do Emprego e Segurança Social (MESS) de 1991, verificamos que a amostra representa 1% do número
de estabelecimentos enquanto o peso no emprego é de cerca de 12%; as empresas que responderam
pertencem maioritariamente às NUTS III do Baixo Vouga, Baixo Mondego e Pinhal Litoral.
As empresas e os equipamentos de telecomunicações
Os equipamentos de telecomunicações que as empresas possuem tem a ver com as
diversas necessidades de comunicar resultantes da actividade económica que desenvolvem, mas
também do equipamento a que podem aceder. Será lógico que a forma como se encontram apetrechados
varie em função da dimensão mas também da respectiva inserção nos mercados.
Os postos telefónicos principais (PP) e os Postos Privados de Comutação Automática (PPCA)
são sem dúvida os equipamentos mais frequentes nas empresas. O telex, considerado um indicador
de penetração em termos empresariais, está, nesta amostra, ultrapassado pela telecópia (Quadros 5, 6 e 7),
possuindo 68% das empresas pelo menos um telecopiador.
Os novos serviços de telecomunicações possuem, entre as empresas que responderam,
uma razoável penetração, caso da comunicação de dados (14,7%), do telemóvel (23,6%), do telebip (11 %)
e do videotex (7,7%).
A inserção nos mercados
Um dos aspectos que determina o tipo de equipamento de telecomunicações é a sua rede
de contactos e inserção nos mercados. Na amostra considerada, cerca de metade das empresas vende para
o mercado nacional e externo (Quadros 8 e 9), o que faz supor a necessidade de contactos específicos.
De facto, grande parte dos contactos telefónicos (Quadro I O) são efectuados dentro do
espaço regional, sobretudo para os distritos de A v e iro, Coimbra e Leiria, ou então para Lisboa e Porto.
Nos contactos externos a quase totalidade destina-se aos parceiros comerciais europeus.
402
A adesão das empresas aos novos serviços de telecomunicações
É reconhecida a importância das telecomunicações, genericamente consideradas como
muito importantes, quer para a organização da empresa, gestão, processo produtivo, quer para o acesso
aos mercados nacional e externo e para o aumento de competitividade das empresas (Quadro 11).
Quando questionados sobre a necessidade de maiores débitos (velocidade) de Transmissão
de Dados, cerca de 53% apontam não necessitar. 1
Perante os novos serviços - DIGINET (que será implementada com a Rede Digital com
Integração de Serviços - RDIS) e MUL TIBIT4
(já em exploração) - ocorre uma grande percentagem
de respostas que desconhece tal serviço (47%).
Quanto aos serviços de Videotex, a maior parte das empresas afirma não o pretender utilizar
(54%) contra cerca de (20%) que se manifestaram favoráveis. 76% não pretende recorrer
à Videoconferência.
4- Nota Final
Perante o desconhecimento que algumas empresas demonstram face aos novos serviços
de telecomunicações, questiona-se o papel desempenhado pelos operadores de telecomunicações junto do
sector empresarial, não só na promoção, mas também na implementação dos respectivos serviços, pois uma
grande parte da Região Centro possui ainda um serviço telefónico deficiente, não digitalizado, o que
impossibilita o aparecimento de novos serviços complementares e dos serviços de valor acrescentado.
O simples facto de se colocar à disposição das empresas serviços avançados
de telecomunicações não constitui condição necessária para a sua expansão, em virtude de
não se adaptarem às necessidades das empresas, ou por terem tarifas bastante onerosas. Isto poderá,
eventualmente, provocar uma certa indiferença face aos serviços avançados que a RDIS irá possibilitar
a curto prazo.
Perante a perspectiva de um mercado potencial fabuloso, possível com a RDIS, alguns autores
ingleses apontam já uma adaptação da sigla inglesa (ISDN - Integrated Services Digital Network)
para "Innovation Subscribers Don't Need". Será que tal irá, algum dia, suceder em Portugal?!
3 Trata-se de um serviço que proporciona a ligação a 2 Mbit/s de Postos Privados de Comutação Automática Electrónica (PPCAE's) digitais de média e grande capacidade à rede telefónica comutada, proporcionando qualidade e alto débito de tráfego de comunicações, nomeadamente telefónicas e de dados. 4 Caracteriza-se pelo aluguer de circuitos e redes de médio e alto débito, disponibilizando canais de comunicação com débitos binários desde 64 Kbit/s, e múltiplos até 2Mbit/s. Outros circuitos digitais, com débitos de transmissão inferiores- desde 2,4 Kbit/s- também poderão ser estabelecidos.
403
Quadro 1 - Postos principais (PP) e postos Júblicos (PF) PP 100 hab. PP 100 hab. Var. 85-90 (%) PF/1000 hab.
1985 1990 (1990) Baixo Vouga 10,7 20,3 94,1 2,3 Baixo Mondego 12 21,8 81,3 2,~ Pinhal Litoral 9,3 23,2 154,1 2,9 Pinhal Interior Norte 6,4 14,2 110,3 6,5 Pinhal Interior Sul 5,9 14,7 129,6 9,3 Dão-Lafões 7,1 16,3 122,9 3,6 Serra da Estrela 7 18,3 156,3 3,2 Beira Interior Norte 7,1 17,8 138,5 4,4 Beira Interior Sul 9,5 21 114,5 3,6 Cova da Beira 8,9 19,9 116,3 2,2 Região Centro 9,1 19,4 110,2 3,5 Continente 14,4 24,4 69,8 2,6
Quadro 2 - Implantação regional do SISAT ( 1991)
No de projectos Investimento Incentivo/ Inv. Incentivo por total (contos) total(%) habitante
Baixo Vouga 147 846 558 35,3 0,85 Baixo Mondego 86 841 085 43,9 1,12 Pinhal Litoral 76 770 861 32,2 1,11 Pinhal Interior Norte 17 18 057 42,6 0,06 Pinhal Interior Sul 4 I 803 44,7 0,02 Dão-Lafões 39 82 478 38,4 0,11 Serra da Estrela 5 lO 460 58,4 0,11 Beira Interior Norte II 26 573 36,1 0,08 Beira Interior Sul 13 22 559 42,5 0,12 Cova da Beira 23 32 829 49,7 0,18 Sub-região litoral 309 2 458 504 37,3 1,01 Sub-região interior 112 194 759 42 0,1 Região Centro 421 2 653 263 37,6 0,58
Quadro 3 - Peso da amostra por NUT III MESS (1991) Amostra %Amostra
NUTS III Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. Baixo Vouga 3 452 69 653 68 II 205 2 16,1 Baixo Mondego 2 919 41094 15 I 912 0,5 4,7 Pinhal Litoral 3 049 45 339 30 4920 I 10,9 Pinhal Interior Norte I 059 14 935 9 I 876 0,8 12,6 Pinhal Interior Sul 347 3 000 4 510 1,2 17 Dão-Lafões 2 511 27 699 20 3 397 0,8 12,3 Serra da Estrela 360 6 824 6 I 996 1,7 29,2 Beira Interior Norte 996 9 722 6 608 0,6 6,3 Beira Interior Sul 835 9 871 5 793 0,6 8 Cova da Beira 940 15 825 6 I 297 0,6 8,2 Reoião Centro 16 468 243 962 169 28 514 I 11,7 .. (MESS - Mm1st. do Emp. e Seg. Socwl)
Quadro 4 - Peso da amostra por sectores de actividade económica (CAE) MESS (1991) Amostra %Amostra
Sectores (CAE) Est. Emp. Est. Emp. Est. Emp. 3.1 - Ind. alim, beb. e tab 890 16 957 18 4401 2 26 3.2- Ind. têxteis, vest. 839 48 359 32 7 777 3,8 16,1 3.3- Ind. madeira e cort. I 120 15 652 II I 244 I 7,9 3.4- Ind. papel , art. gráf. 260 7 909 7 I 199 2,7 15,2 3.5 - Ind. químicas 351 9 882 9 I 456 2,6 14,7 3.6 - Ind. min. n/met. 744 29 404 27 4 679 3,6 15,9 3.7- Ind. metal. base 96 3 669 4 I 380 4,2 37,6 3.8 - Fab. prod. metálicos I 415 34 027 28 3 616 2 10,6 3.9- Outras ind. transf. 50 978 o o o o 5 - Const. e ob. públicas 2 983 32 651 4 630 0,1 1,9 6.1 - Comércio p/ grosso 2 078 18 218 16 I 193 0,8 6,5 6.2 - Comércio a retalho 5 642 26 256 13 939 0,2 3,6 Total 16 468 243 962 169 28 514 I 11,7
404
Quadro 5 - N° de Empresas possuidoras de equipamentos/serviços de telecomunicações por NUT III
PP PPCA Telex Telecópia Com. Dados Telemóvel Telebip Videotex N.R.
Baixo \óuga 53 54 48 59 12 15 lO 8 Baixo Mondego 7 15 9 15 4 4 2 I Pinhal Litoral 19 22 20 27 3 9 2 l Pinhal Interior Norte 3 9 8 9 2 2 I o Pinhal Interior Sul l 4 I 4 o o o o Dão-Lafões 13 14 17 19 2 6 3 I Serra da Estrela 4 6 4 6 o o I o Beira Interior Norte 4 3 4 6 2 I o o Beira Interior Sul I 4 3 4 o o o I Cova da Beira 5 4 4 6 o 3 o I
Região Centro IIO 135 118 !55 25 40 19 13
Fonte: Inquérito às Empresas (1992)
Quadro 6- No de Empresas possuidoras de equipamentos/serviços de telecomunicações por CAE
PP PPCA Telex Telecópia Com. Dados Telemóvel Telebip Videotex N.R.
3.1 13 14 15 17 3 5 2 o 3.2 14 26 28 30 o 7 I 3 I 3.3 4 lO 4 II I 6 I o o 3.4 3 4 5 7 I o I o o 3.5 6 9 8 7 4 I 2 3 o 3.6 20 22 13 23 5 5 4 I o 3.7 3 4 4 4 I I o o o 3.8 21 23 23 27 5 5 I 2 o 3.9 o o o o o o o o o 5 4 3 3 4 I 2 I o o 6.1 II li 8 13 I 4 4 2 o 6.2 li 9 7 12 3 4 2 o
TOTAL 110 135 118 155 25 40 19 13
Fonte: Inquérito às Empresas ( 1992)
Quadro 7- N° de Empresas possuidoras de equipamentos/serviços de telecomunicações por dimensão do estabelecimento
PP PPCA Telex Telecópia Com. Dados Telemóvel Telebip
<50 20 13 50-199 70 86 200-499 14 28 >soo 6 8
TOTAL 110 !35
Fonte: Inquérito às Empresas ( 1992)
Quadro 8 - Principais destinos das vendas por NUT
Baixo \óuga Baixo Mondego Pinhal Lito)·al Pinhal Interior Norte Pinhal Interior Sul Dão-Lafões Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira
Região Centro
Fonte: Inquérito às Empresas (1992)
Local
5 3
2
lO
Região Centro
3
2 2
8
li 70 28 9
118
Cont.
14 5 7 2
7 2 3
42
22 96 28 9
155
Cont. e Ilhas
2
4
3 li 8 3
25
Nacional e Externo
38 7
13 6 I 6 4 I 3 3
82
6 24 9 I
40
Só Externo
5
3 I
2
13
4 9 4 2
19
Videotcx
I 8 4 o
13
N.R.
4
3
lO
N.R.
TOTAL
68 15 30 9 4
20 6 6 5 6
169
405
Quadro 9 - Principais destinos das vendas por CAE
Local Região Cont. Cont. e Nacional e Só Externo N.R. TOTAL Centro Ilhas Externo
3.1 10 5 18 3.2 4 21 5 32 3.3 7 2 II 3.4 2 5 7 3.5 7 2 9 3.6 II II 3 27 3.7 4 4 3.8 2 21 2 2 28 3.9 o 5 2 I 4 6.1 4 2 5 2 16 6.2 3 2 6 2 13
TOTAL 10 8 42 4 82 13 lO 169
Fonte: Inquérito às Empresas ( 1992)
Quadro 10- Principais destinos dos contactos telefónicos efectuados pelas empresas (n° de ocorrências)
N.R. Renião Centro Lisboa Parlo Resto do País Estrangeiro Aveiro Coimbra Leiria Viseu Guarda C. Branco Total Europa Resto Mundo Total
Baixo Vouga 6 46 22 li 6 87 44 53 26 94 12 106 Baixo Mondego 6 lO 4 I 2 23 lO 4 li 13 Pinhal Litoral 4 6 17 33 27 20 li 39 45 Pinhal Interior Norte lO 6 6 13 13 Pinhal Interior Sul 4 4 I 4 o Dão-Lafões li 2 2 29 14 16 6 19 19 Serra da Estrela 2 li 5 5 8 9 Beira Interior Norte 9 6 6 2 7 Beira Interior Sul 4 4 4 4 8 9 Cova da Beira 4 4 6 6 6
Região Centro lO 68 56 38 30 13 li 216 124 122 73 205 22 227
Fonte: Inquérito às Empresas ( 1992)
Quadro 11 -Importância atribuída às telecomunicações(%)
Nada Pouco Bastante Muito Muitíssimo Não Sabe/ Não Responde
Organização 0,6 8,3 17,2 31,4 30,8 11,8
Gestão 0,6 4,7 13,0 31,4 39,1 11,2
Processo Produtivo 3,6 10,7 23,1 26,0 18,9 17,8
Acesso ao Mercado Nacional 1,2 5,9 18,3 32,5 30,8 11,2
Acesso ao Mercado Externo 6,5 8,3 13,0 20,7 30,8 20,7
Aumento de Competitividade 3,0 4,7 19,5 30,8 23,7 18,3
406
BIBLIOGRAFIA
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EVOLUÇÃO DA POLITICA REGIONAL E A SUA INCIDÊNCIA NAS REGIÕES PORTUGUESAS
1. Introdução
ISABEL BOURA RUI JACINTO Comissão de Coordenação da Região Centro
As mudanças a que se tem assistido nas concepções e estratégias de desenvolvimento reflectem a
necessidade contínua de ajustamento das políticas às realidades económicas e sociais emergentes, de forma
a conferir às intervenções regionais um carácter inovador e uma dimensão que transcenda o estritamente
económico.
É reconhecido que Portugal vive um período de transformações a que estão implícitas
reestruturações económicas e dinâmicas territoriais mais ou menos complexas. As economias locais e
regionais portuguesas encontram-se confrontadas com mudanças, que se vêm intensificando desde
os anos 80. Num país cuja economia, sociedade e território evidenciam identidades muito próprias e
assimetrias bem conhecidas, os processos em curso, particularmente, de modernização da estrutura
produtiva, são vitais para assegurar a sua competividade num contexto de crescente internacionalização.
Por tudo isto, as intervenções de politica regional revelam-se instrumentos estratégicos e sensíveis para
a promoção do desenvolvimento.
A análise da evolução da Política Regional em Portugal, implica ter presente a adesão
à Comunidade Económica (CE), por ter sido determinante em grande parte das decisões tomadas, naquele
domínio, mesmo nos anos imediatamente precedentes. A adesão em 1986 e a Reforma dos
Fundos Estruturais em 1988 são datas que marcam os ciclos fundamentais das intervenções regionais
no nosso País. O incremento quantitativo e qualititivo das intervenções de índole regional, verificado
a partir de então, mobilizou recursos financeiros relativamente avultados, em domínios que constituíam os
principais estrangulamentos estruturais das regiões portuguesas: acessibilidades, reestruturação
e modernização do tecido produtivo e melhoria das condições de vida.
Aquando da adesão, já a Política Regional da Comunidade (PRC) dispunha de orientações e
prioridades bem definidas e de um instrumento de intervenção perfeitamente regulamentado,
o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), aos quais o Estado Português teve de se ajustar.
É neste contexto que devem ser interpretados ajustamentos institucionais e acções de desenvolvimento de
incidência regional, fortemente influenciadas pela premência de aceder e assegurar fluxos financeiros
provenientes do FEDER.
Neste momento e na sequência da reunião de Maastricht novas perspectivas se abrem para a
política regional, em que a eventual aplicação do Pacote Delors II assume papel muito relevante.
No entanto, as reservas políticas surgidas, em alguns países, ao Tratado, têm vindo a travar a definição de
orientações e montantes financeiros, que se previam duplicados a partir de 1994.
O esboço da evolução da política regional, o tipo de apoios que o FEDER foi proporcionando e
a respectiva incidência nas regiões portuguesas, são o objectivo central desta intervenção.
410
2. A Política Regional: retrospectiva e configuração
2.1. A Politica Regional da Comunidade Europeia: evolução recente e formas de intervenções
Os marcos fundamentais da evolução da Política Regional da Comunidade (Fig. 1) ligam-se
à correcção de orientações e redefinição de prioridades, implicando adaptações no funcionamento
do FEDER, para melhor responder aos objectivos traçados.
Os alargamentos de 1973, 1981 e 1986, o Acto Único Europeu (1986) e, mais recentemente,
o Tratado de Mastricht (1991), são os factos politicamente mais significativos na história recente
da Comunidade. Verificaram-se, por outro lado, profundas transformações nas economias regionais,
levando a CE a dar maior atenção à evolução çla situação económica e social das regiões
(Relatórios Periódicos em 1980, 1984, 1987 e 1991). É a partir da análise daquelas dinâmicas e
da avaliação do impacto, pouco preceptível, do FEDER no desenvolvimento das regiões que a Comunidade
foi definindo estratégias, para a resolução dos problemas mais prementes, das quais assume significado
importante, a Reforma dos Fundos Estruturais em 1981 (Fig.2).
No Acto Único Europeu e, posteriormente, no Tratado de Maastricht ficaram, pois, vertidas as
conclusões fundamentais de debates que vinham sendo produzidos, consagrando domínios não explícitos
no Tratado de Roma, como mercado interno, coesão económica e social, investigação e desenvolvimento
tecnológico e ambiente. A inclusão da Política Regional no Tratado da CEE, "veio corresponder assim, ao
reconhecimento do seu papel, não como política dependente mas sim, como política participativa
no reforço e no progresso da Europa Comunitária" (Porto, 1988:44)
Fig. I - Síntese das principais referências da evolução da Política Regional da Comunidade
Marcos relevantes para CE e a 'orientações e prioridades FEDER análise da situação definidas pela CE para a Formas de repartição sacio-económica das regiões da Evolução
Comunidade Política Regional pelos Estados Membros
1969
I 1973 - Primeiro Alargamento I 1969 - Criação da DG XVI (Política Regional) '
1975 Cl975- Constituição do Feder)
c 1977 - Novas Orientações )
c 1979 - Novas Orientações ) ( 1980 ~I Secção Quota
1
I Primeiro Relatório Periódico ( 1979 - I" Revisão do Regulamento) ~ Secção Fora de Quota
1981 I 1981 - Segundo Alargamento I c 1981 - Novas Orientações ) c 1980 - Reform. Regulamento )
1984 Limite Inferior I Segundo Relatório Periódico ( 1984 - 2a Revisão do Regulamento) Limite Superior
c 1985 - Novas Orientações ) c 1985- Reform. Regulamento ) 1986 I 1986 -Terceiro Alargamento I
I 1986-Acto Unico I
( 1987 J ·I Fixada a repartição entre o~ I Terceiro Relatório Periódico ( 1988 - Reforma dos J 1988 ..... E.M. de 85% dos créditos de
fundos estruturais (Reforma dos Fundos EstruturmJ- compromisso do Feder
'f 1989 ( 1989
Quarto Relatório Periódico
I !991 -Tratado Mastrich I Primeiro Quadro Comunitário
de Apoio (1989- 1993)
? 1993
Figura 2 -A configuração da Política Regional da CE e das intervenções regionais do QCA para Portugal
Acto Único - Art. 130° C (1986)
O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional tem como objectivo contribuir para a correção dos principais desequilíbrios regionais na Comunidade através de uma participação no desenvolvimento e no ajustamento estrutural das regiões menos desenvolvidas e na reconversão das regiões industriais em declínio.
Objectivos prioritários da Política Regional Comunitária ( 1988)
Objectivo no ajustamento desenvolvidas
- Promover o desenvolvimento e o estrutural das regiões menos
Tipologia de Regiões da Europa ( 1987)* (cujo PIB por habitante é inferior ou próximo de 75% da média comunitária)
A. Regiões em atraso de desenvolvimento Objectivo n° 2 - Reconverter as regiões, regiões fronteiriças ou partes de regiões (bacias de emprego, e aglomerações urbanas) gravemente afectadas pelo declínio industrial
B. Zonas industriais em declínio C. Regiões Agrícolas
C.!. Regiões de produção agrícola do tipo essencialmente mediterrânico
(critérios: taxa média de desemprego superior à média comunitária, taxa de emprego industrial superior à média comunitária, declínio do emprego industrial)
C.2. Zonas de montanha e outras zonas agrícolas desfavorecidas D. Regiões urbanas com problemas Objectivo n° 3 - Lutar contra o desemprego de
longa duração E. Regiões periféricas E. I. Regiões insulares
E Regiões fronteiriças (pessoas com mais de 25 anos, no desemprego há mais de 12 meses)
* tendo por base o seu estado de desenvolvimento, as estruturas sectoriais e as formas de implantação ou a sua repartição sectorial.
Objectivo n° 4 - Facilitar a inserção profissional dos jovens (menos de 25 anos, à procura de emprego) Objectivo n° 5 - Duas vertentes na perspectiva da reforma da Política Agrícola Comum:
(Fonte: As Regiões da Comunidade alargada, 3° Relatório Periódico da CCE, 1987)
5a: adaptar as estruturas de produção, de transformação e de comercialização na agricultura e na silvicultura
5b: promover o desenvolvimento das zonas rurais (critérios: taxa elevada da parte do emprego agrícola no emprego total, nível baixo de rendimento agrícola e nível baixo de desenvolvimento socio-económico avaliado com base no PIB por habitante)
Quadro Comunitário de Apoio ( 1989)
Eixo I - Criação de infraestruturas económicas com impacto directo sobre o crescimento económico equilibrado Eixo 2 -Apoio ao investimento produtivo e às infraestruturas directamente ligadas a este investimento Eixo 3 Desenvolvimento dos recursos humanos Eixo 4 - Promoção da competitividade da agricultura e desenvolvimento rural Eixo 5 - Reconversão e reestruturação industriais Eixo 6 Desenvolvimento das potencialidades de crescimento das regiões e desenvolvimento local (Programas Operacionais Regionais)
411
412
As disposições introduzidas no Tratado em matéria de coesão económica e social (Art0 130 A-E)
·acentuam, como meta principal, a promoção de um desenvolvimento harmonioso para o conjunto
da Comunidade, procurando reduzir as "disparidades entre os níveis de desenvolvimento das diversas
regiões e o atraso das regiões menos favorecidas, incluindo as zonas rurais" (Art0 130-A).'
Ao FEDER é atribuído papel destacado na "correcção dos principais desequilíbrios regionais
na Comunidade através de uma participação no desenvolvimento e no ajustamento estrutural das
regiões menos desenvolvidas e na reconversão das regiões industriais em declínio" (Art0 130-C).
Deliberou-se ainda, criar até 31 de Dezembro de 1993, "um Fundo de Coesão, que contribuirá
financeiramente para a realização de projectos nos domínios do ambiente e das redes transeuropeias
em matéria de infra-estruturas de transporte" (Art0 130-D).
A reforma dos fundos estruturais foi norteada por preocupações de racionalização das
inten:enções, e reforço da sua eficácia e coordenação.A metodologia proposta e adoptada para
a prossecução daqueles objectivos assentou em três vectores principais:
- aumento considerável dos volumes financeiros disponibilizados;
-estímulo à concentração das intervenções com o objectivo estratégico de criar
efeitos estruturantes;
- modulação das taxas de comparticipação, permitindo majorações em áreas de maior atraso de
desenvolvimento.
Paralelamente é dada preferência a programas, em substituição de projectos isolados, cujas
acções contemplem a participação de vários fundos e agentes.
Os propósitos de eficiência e competitividade sugerem uma atitude de mudança quanto à missão
das políticas e à interveniência dos seus intrumentos, através de uma intervenção mais integradora,
participativa e coordenada. Os princípios de solidariedade económico-social que nortearam o delinear
da Política Regional da Comunidade no final dos anos 60 evoluíram, na década de 80, para iniciativas e
programas de valorização do desenvolvimento auto-sustentado e do potencial endógeno das regiões, como
forma de ultrapassar os impactos negativos da recessão económica e responder à pouca eficiência das
acções então empreendidas. O aumento da competitividade das regiões mais débeis, a maior coerência,
selectividade e subsidariedade das intervenções, a promoção de iniciativas inovadoras e a flexibilidade
na sua execução, são pressupostos importantes na definição da PRC após a aprovação do Acto Único,
bem como na sua consolidação depois de 1992.
A diversidade de figuras e a multiplicidade de iniciativas que o FEDER foi promovendo (Fig. 3),
em consonância com as sucessivas orientações traçadas para a PRC sugerem que, por motivos estruturais
e conjunturais, se verificaram necessidades de adaptação muito frequentes. A abertura das intervenções
do FEDER, quer, em termos espaciais, quer a sectores até então não contemplados (saúde, educação), e
o lançamento de uma ampla e variada gama de programas comunitários, acabou por cobrir todos os
domínios considerados importantes e/ou estratégicos na promoção do desenvolvimento.
1 Tratado da União Europeia. Maastricht, 1992, Cosmos, Lisboa.
413
Fig. 3 - Formas de intervenção de iniciativa comunitária e nacional apoiadas pelo Feder no quadro da Política Regional Comunitária
1975
1979
1984
1989
1993
Iniciativa Comunitária
o Acções comunitárias específicas de desenvolvimento: I' série (1980) 2' série (1982)
o Acções comunitárias integradas de desenvolvimento: 010 (1980)
_P.Pl Q§~2l __________ _ PIM (1985)
0 Programas Comunitários:
Star \áloren
Rena vai Resider
Telematique Ora
Fast Stride
Leader lnterreg
Inciativa do E. M.
o Projectos
o PNIC: Sistemas de
incentivos
o \ál. pot. endógeno 0 Estudos
Portugal Intervenções Object. Polít.Reg.
o 1985 - Primeiro POR
I o 1986 - Projectos
I I I l 1 o 1988 - Segundo POR --.---------r----------------
Quadro Comunitário de Apoio
(1989- 1993)
~ Programas
Operacionais
o 1992 -Terceiro POR (em preparação)
2.2. Esboço da política de desenvolvimento regional em Portugal
À excepção de algumas tentativas pontuais e de duvidoso impacto reginal (III Plano de Fomento,
IV Plano de Fomento, nunca aplicado, e Plano a Médio Prazo 1977-80, não aceite pelo Parlamento)
não existiu, em Portugal até aos anos 80, uma Política de Desenvolvimento Regional. No entanto,
a Constituição da República Portuguesa aprovada em 1976 definia o modelo institucional que a politica
económica e de desenvolvimento regional devia seguir. Dois aspectos importantes eram enunciados:
a criação de regiões administrativas, o que pressupunha a definição do respectivo âmbito geográfico
e a constituição dos respectivos orgãos, preceito ainda hoje não concretizado; a necessidade de elaborar
planos de desenvolvimento económico e social com o objectivo de promover o desenvolvimento
harmonioso de sectores e regiões, a serem executados de forma descentralizada, regional e sectorialmente.
O consenso gerado relativamente à integração do país na CEE e a apresentação do pedido de
adesão em 1978, influenciaram as tomadas de posição relativamente ao desenvolvimento regional. A fase
de pré-adesão (83-85) foi marcada pela preocupação de introduzir maior operacionalidade na orgânica de
planeamento preparando a adesão, e possibilitando alguma eficiência no acesso e utilização dos recursos
disponibilizados. A criação em 1983 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, é sintoma
da necessidade de adaptar as instituições da Administração à integração de Portugal na Comunidade.
Com idêntica preocupação mas com maior envolvência e ambição surge em 1986 o Ministério do Plano e
414
da Administração do Território (o Decreto-Lei n° 130/86 corresponde à lei orgânica), que congregava
como domínios fundamentais de intervenção o planeamento e o desenvolvimento regional, a administração
local e o ordenamento do território, os recursos naturais e ambiente e a investigação científica. Estava,
deste modo, criado um quadro institucional, que deveria permitir ultrapassar situações de conflito
de competências entre diversos departamentos da Administração Pública. Foi neste quadro que
se implementaram acções de promoção de desenvolvimento, em todo o País, perfeitamente enquadradas
nas orientações e objectivos da PRC, então, em vigor e cujas evoluções posteriores se reflectem no
actual Quadro Comunitário de Apoio válido até 1993.
3. O território e as políticas de desenvolvimento regional: o Quadro Comunitário de Apoio e as intervenções operacionais
As profundas assimetrias económicas e sociais que caracterizam as diversas regiões, quer
da Europa, quer do nosso País, têm sido objecto de estudos e relatórios, cujas conclusões apontam para
a manutenção ou mesmo agravamento das situações de desequilíbrio. As mudanças verificadas
nas economias regionais ao longo dos anos oitenta aprofundaram algumas daquelas tendências e colocaram
as regiões mais débeis, perante a necessidade de novas respostas para a resolução de velhos problemas.
Se, por um lado, aquela evolução põe em causa alguns objectivos políticos que são apontados para a CE,
designadamente a coesão social e a convergência das economias, por outro lado, levanta dúvidas
sobre a eficácia dos fundos estruturais para as inverter.
As regiões portuguesas encontram-se desfavorávelmente posicionadas no contexto europeu,
periféricas, em ter.mos geográficos, e marginais porque desarticuladas dos principais centros económicos e
de decisão. A hierarquia das regiões segundo o índice de desenvolvimento e o seu afastamento
relativamente à média da Comunidade, ilustra o seu atraso estrutural: o Norte encontra-se na 3a
pior posição entre as 171 regiões, de nível II, da CE, com um PIB per capita de 41,9%
da média Comunitária; o Alentejo em 5° (45,9%), o Algarve em 6° (46,0%), o Centro em 11° (50,2%) e
a região de Lisboa e Vale do Tejo em 30° (69,7%).
Indicadores como a evolução e estrutura demográfica e a distribuição territorial da população e
actividades, para além de evidenciarem os tradicionais contrastes interregionais, sugerem, também,
ritmos diferenciados nas dinâmicas de crescimento instaladas. Estas têm originado padrões distintos
de ocupação e organização do espaço, onde é de ressaltar a crescente litoralização, face a um interior
cada vez mais envelhecido e despovoado, onde se destacam .apenas os centros urbanos mais importantes.
O Litoral, face às potencialidades que encerra e às avultadas iniciativas públicas e privadas, que conheceu,
regista nos últimos anos uma generalizada e extensiva vaga de crescimento apoiada e estruturada
pelos eixos de circulação, que progressivamente têm integrado alguns espaços mais periféricos.
As dinâmicas ins.taladas no Interior, para além de acentuarem a concentração, à custa do crescente
abandono das áreas rurais, encontram-se dependentes do florescimento de sectores vulneráveis como
os texteis, confecções e outras actividades de utilização de mão de obra intensiva e pouco especializada.
O actual Quadro Comunitário de Apoio na sua vertente de apoio às potencialidades
de crescimento das Regiões (Eixo 6), para além daqules contrastes mais gritantes, teve também em conta
Fig. 4 - Evolução da população ( 1981 - 1991)
%
~ I ,80- 8,41
c=J -3,75- -0,28
-8,69- -5,34
-10,33--14,11
X Continente = 0,28
Fig. 5 - Número de projectos apoiados no âmbito do SIBR e do SINPEDIP
N° de projectos
mJlllla 303-400
IBiliEII 131 -208
~ 51 -70
c=J 9-34
415
estrangulamentos e problemas mais específicos como os que dizem respeito às Areas Metropolitanas,
às de Indústria em declíneo ou ainda às de fronteira e ultra periféricas (casos da Madeira e Açores).
A configuração territorial (Fig. 6) dos vinte Programas Operacionais, em vigor, parece ter sido de facto
a medida de ~olítica Regional mais explícita, implementada nestes últimos anos.
A modulação regional tem estado também presente, em termos sectoriais, nomeadamente
na atribuição de prioridades de investimento e majoração de taxas de comparticipação, como acontece
no Sistema de Incentivos de Base Regional (SIBR),e no Sistema de Incentivos Financeiros ao Investimento
no Turismo (SIFIT) acabando, no entanto, por não ter uma tradução consequente em termos de equilíbrio
regional.
A necessidade de "superar estrangulamentos estruturais à consolidação de um processo
sustentado de desenvolvimento económico e social, tendo em conta as diferentes especificidades
regionais" foi o objectivo geral definido, para cuja concretização é fundamental promover o aumento
da eficiência do sistema produtivo, preparar os recursos humanos e assegurar a correcção progressiva
dos desequilíbrios internos (PDR, 1989).
Para responder aqueles objectivos o Quadro Comunitário de Apoio para Portugal (1989-1993)
prevê um conjunto de Programas Operacionais (P.O.' s) reunidos em seis eixos fundamentais (Qd. 1)
que estruturam as intervenções para o desenvolvimento do país.
Aqueles Eixos Prioritários de Desenvolvimento preveem a implementação de diversas
intervenções operacionais, que de uma forma geral ou complementar, cobrem a totalidade do território
nacional nas vertentes sectoriais consideradas estratégicas para o seu desenvolvimento integral e
equilibrado. Tendo em conta a distribuição dos recursos financeiros, constata-se a prioridade atribuída
à valorização dos recursos humanos que absorve 23,3% do total dos apoios disponibilizados. Estão
em curso investimentos consideráveis no ensino e formação profissional, em particular
equipamentos escolares e estruturas de formação, para além de um vasto conjunto de iniciativas
de formação, aprendizagem e emprego.
416
• • @
Fig. 6 - Intervenções Regionais do Quadro Comunitário de Apoio
D
@
PROGRAMA OPERACIONAIS
I. Áreas Metropolitanas 1. Lisboa 2. Porto
II. Regiões industriais com problemas específicos 3. Vale do Ave 4. Península de Setúbal
III. Regiões do litoral e de transição 5. Norte 6. Centro 7. Oeste 8. Vale do Tejo
IV. Regiões marginais (Norte. Centro Interior e Sul) 9. Alto Minho 1 O. Trás-os-Montes e Alto Douro 11. Raia Central 12. Pinhal 13. Norte Alentejano/Z. Mármores 14. Centro e Baixo Alentejo 15. Litoral Alentejano 16. Entre Mira e Guadiana 17. Barlavento Algarvio 18. Sotavento Algarvio
V. Ilhas Atlânticas 19. Açores 20. Madeira
Quadro 1 - Eixos de intervenção do Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993) para Portugal Unidade· MEcu's constantes 89*10 6
Eixos Custo CEE
% Feder Fse Total Total
1. Criação de infraestruturas económi.cas 3421 1116 15,1 1066 50 2. Investimento produtivo e infraestruturas 5017 1185 16,1 692 83 3. Desenvolvimento dos recursos humanos 3634 1719 23,3 419 1300 4. Desenvolvimento agrícola e rural 926 558,5 7,6 5. Reconversão e reestruturação industrial 508 296 4,0 247 49 6. Programas Operacionais regionais 2183,2 1161 15,8 1088 68 Assist. Técnica e Feder 1989 502 245 3,3 245 Total Objectivo 1 16195 6280,5 85,2 3757 1550 Objectivo 3 e 4 735,4 478 6,5 478 Objectivo 5 1 539 609,5 8,3 Total 18460 7368 100,0 3757 2028 % 100,0 50,9 27,6
417
Feoga Pedip
410
558,5
5
563,5 410
609,5 1173 410 15,9 5,6
O apoio ao investimento produtivo e infraestruturas subjacentes absorve também uma parcela
importante, 16,1 %, do QCA, que tem sido sobretudo orientada para a modernização do nosso
sistema produtivo, particularmente a indústria, onde quer o SIBR, quer o PEDIP assumem lugar
de destaque. Em situação próxima e com envolvimentos financeiros ainda consideráveis estão todos
os programas operacionais regionais (15,8%) e os de apoio à criação de infraestruturas económicas
(15,1%) que englobam todas as grandes intervenções no sector das infraestruturas- viárias,
telecomunicações, energia, ciência e tecnologia, etc.
Peso menos significativo apresentam as intervenções no domínio do desenvolvimento agrícola e
rural, bem como as de reconversão e reestruturação industrial, que no seu conjunto absorvem cerca de 10%
dos montantes globais. O facto de no primeiro caso (PEDAP) a programação e execução das
acções previstas serem em grande parte anteriores ao QCA, e de no segundo· abranger sectores
pouco implantados (construção naval e siderurgia) e áreas territoriais relativamente circunscritas
(Península de Setúbal e Vale do Ave), poderá explicar os valores aparentemente pouco expressivos.
4. Implementação e impacto das intervenções regionais
Os programas regionais em vigor até 1993, dirigidos a diferenciadas realidades
socio-económicas, apresentam uma estrutura e um conteúdo muito semelhante, variando apenas em termos
de dimensão territorial, demográfica e financeira. Pelo tipo de acções, a que se destinam os volumes
financeiros envolvidos, são particularmente os agentes do poder local os principais utlizadores e
os grandes protagonistas das mudanças, sensíveis, que se têm vindo a operar ao nível regional e local.
É portanto de reconhecer o contributo fundamental das autarquias locais na implementação de projectos de
infraestruturas e, em alguns casos, na dinamização de interessantes iniciativas de promoção económica,
social e cultural. Apesar do âmbito territorial das suas intervenções ser relativamente circunscrito, tiveram
um impacto relevante na melhoria das condições de vida, a nível local, e na animação dos tecidos
económico e social, em particular nas áreas mais deprimidas.
É no sector das infraestruturas que ocorre o maior número de iniciativas, face ao forte grau
de carências que ainda se regista, tanto ao nível das acessibilidades como de saneamento básico, e às
novas solicitações de desenvolvimento e modernização da base produtiva. A crescente intensificação
de investimento na área dos equipamentos (desportivos, de lazer e cultura) e dos estudos de ordenamento
do território, reflecte um salto qualitativo importante, no que é considerado fundamental para garantir
um ambiente de desenvolvimento e um aumento de qualidade de vida.
418
Com reduzido significado mas constituindo uma experiência importante, daquelas intervenções
operacionais, tem sido as múltiplas iniciativas de apoio às actividades produtivas e ao desenvolvimento
local envolvendo, regra geral, diferentes agentes e actores, em que as associações empresariais e
outras entidades de interesse público, têm desempenhado papel relevante.
Também a Formação Profissional e o Desenvolvimento Rural passaram a ser domínios de
intervenção, no âmbito dos Programas Operacionais Regionais, cujos investimentos, financiados pelo FSE
e FEOGA-orientação respectivamente, poderão garantir, por um lado, o funcionamento das infraestruturas
criadas e, por outro, a valorização de actividades tradicionais das áreas mais periféricas ajudando a integrar
estratos sociais mais desfavorecidos e comunidades locais mais marginalizadas.
Esta forma de abordagem do desenvolvimento, equacionada numa prespectiva espacial e
sectorial integrada, proporcionará o desenvolvimento e consolidação de redes (de actores, agentes
e regiões) capazes de potenciar sinergias e favorecer uma maior convergência sectorial e solidariedade
territorial.
Fig. 7 - Compromissos comunitários das intervenções regionais por municipio
Milhares de contos = 1499-5518 E! 580-776 § 371-504 D 240-328 X País= 693
Fig. 8 - Compromissos comunitários das intervenções regionais por habitante
Contos I Hab. = 85- 152 E! 19-43 § 12-17 D 3-9 XPaís=21,7
A afectação de recursos por áreas de intervenção e por habitante (Fig.7 e 8) evidencia, por
um lado, as opções de política a favor das regiões e, por outro lado, o esforço financeiro interno, neste caso
predominantemente local, no desafio do desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas.
S. Balanço e perspectivas
A configuração da política regional, tanto no que se refere às estratégias, que têm sido
adoptadas, como às intervenções implementadas, deverá ser entendida a partir do estádio
de desenvolvimento das economias e da diversidade dos problemas regionais e locais. As intervenções
preconizadas pela CE e adoptadas pela generalidade dos Estados Membros, têm implícita uma hierarquia
de desenvolvimento definida a partir de indicadores sócio-económicos, sem esquecer problemas
específicos de certas regiões (industriais em declíneo, de elevado desemprego, de fronteira, de montanha,
· insulares).
419
Para além das intervenções nacionais integrantes dos actuais Quadros Comunitários de Apoio,
a Comunidade foi implementando outras iniciativas, por vezes a título experimental, que cobrem
uma variedade de domínios fundamentais, (telecomunicações, energia alternativa, cooperação
transfronteiriça, ambiente, etc), para o desenvolvimento de regiões estruturalmente mais problemáticas.
A importância dos Fundos Estruturais a par da necessidade política de apoiar solidáriamente
as regiões menos desenvolvidas, tem conduzido ao fortalecimento do papel da Política Regional
Comunitária, de que as conclusões da Conferência de Maastricht, são um bom exemplo.
No caso de Portugal, país com uma economia pequena e dependente, tem sido forte o impacto
dos Fundos Estruturais, na medida em que tem mobilizado recursos consideráveis para o
seu desenvolvimento. A aplicação do actual QCA tem-se revelado, em termos nacionais, bastante positiva
apoiando a construção de infraestruturas fundamentais, a criação e manutenção de elevado número
de postos de trabalho, a reestruturação e modernização do sector produtivo, sustentando e estimulando
as economias regionais e locais mais débeis. Em termos qualitativos e de correcção de assimetrias
regionais, a avaliação para além de menos imediata será porventura menos optimista.
Os desafios que se preveêm para as regiões portuguesas e as opções de desenvolvimento
que terão de ser definidas, a curto prazo, para o próximo PDR/QCA, serão provávelmente mais exigentes.
A prioridade atribuída às infraestruturas dará, tendencialmente, lugar a iniciativas, capazes de
gerar maiores efeitos estruturantes, na área dos equipamentos e ordenamento do território; as intervenções
imateriais na área da modernização tecnológica e inovação empresarial poderão ser reforçadas, a par
de acções concertadas em sectores estratégicos como a formação profissional e o desenvolvimento rural.
São opções que terão de ser feitas, em nome de uma maior competetividade e eficiência
nacional, às quais correponderá um modelo de desenvolvimento económico e territorial que constará
no Programa de Desenvolvimento Regional para 1994-98, actualmente em preparação.
Bibliografia
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do Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra. Romus, Paul (1984)- Economie Regionale Europeene. Bruxelles, P.U.B., 4• ed ..
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PROGRAMA OPERACIONAL N" Ár~i!__ População Investimento previsto * Comp./ Investimento(%) Municípios (Km2) % 1981 % Total Como. CCE FEDER Habit. Infraest. Des. end. Formação Des. rural Exec.
~
I. Áreas Metropolitanas I. Lisboa 8 I 046 1,1 I 853 729 19,0 55 792 28 185 28 185 2,8 96,2 1,0 2,8
2. Porto 9 817 0,9 I 118 000 11,5 153 504 74 141 73 000 12,1 96,9 0,7 0,7 0,4 1,4
II. Regiões industriais com problemas específicos 3. Vale do Ave 4 886 1,0 393 000 4,0 94 507 52 000 33 000 24,1 66,4 1,3 30,9 1,4
4. Península de Setúbal 9 I 522 1,7 584 600 6,0 522 186 272 902 194 548 85,0 56,0 5,3 12,1 26,1 0,5
III. Regiões do litoral e de transição 5. Norte 25 4 501 4,9 I 058 000 10,8 79 779 52 616 51 000 9,1 92,5 2,1 1,9 0,9 2,6
6. Centro 43 9 963 10,8 I 234 495 12,6 152 018. 87 800 85 800 12,9 89,9 6,9 1,2 0,8 1,3
7. Oeste 12 2 176 2,4 310 795 3,2 76 887 51 190 50000 30,0 95,7 1,3 0,7 2,2
8. Vale do Tejo 22 7 539 8,2 568 934 5,8 101 382 70 232 64 710 22,5 83,6 11,5 2,0 0,9 2,0
IV. Regiões marginais (Norte, Centro Interior e Sul) 9. Alto Minho 10 2 222 2,4 256 814 2,6 35 306 23 425 22 000 16,6 88,7 2,1 3,6 2,1 3,5
1 O. Trás-os-Montes e Alto Douro 36 12 864 14,0 585 200 6,0 98 320 64 520 63 000 20,1 95,0 1,4 1,3 0,9 1,4
11. Raia Central 16 9 185 10,0 316 041 3,2 69 343 35 465 34 695 20,4 91,4 5,9 1,0 0,7 1,1
12. Pinhal 19 4 123 4,5 200 349 2,1 38 289 25 135 24 505 22,8 87,3 8,7 1,5 1,0 1,6
13. Norte Alentejano/Z. Mármores 20 3 069 3,3 82 000 0,8 81 284 44 593 20 046 99,0 23,1 9,7 14,3 52,2 0,8
14. Centro e Baixo Alentejo 13 7 880 8,6 191 621 2,0 37 314 23 500 23 500 22,3 61,8 31,6' 6,6
15. Litoral Alent~jano 5 5 262 5,7 103 141 1,1 14027 9 000 9 000 15,9 77,7 20,6 1,7
16. Entre Mira e Guadiana 8 5 791 6,3 83 971 0,9 20420 13 100 II 500 28,4 68,0 17,6 12,1 2,3
17. Barlavento Algarvio 7 2 782 3,0 185 121 1,9 38 144 19 423 19 001 19,1 95,3 1,3 1,0 0,5 1,9
18. Sotavento Algarvio 9 2 209 2,4 219 528 2,2 III 548 36 438 36 000 42,8 97,4 0,5 0,4 0,2 1,5
V. Ilhas Atlânticas 19. Açores 19 2 335 2,5 243 400 2,5 304 513 178 000 153 000 133,1 81,8 17,9 0,4
20. Madeira II 796 0,9 252 844 2,6 313 390 210 999 110 355 151,9 52,8 33,9 12,6 0,8
País 305 91 872 100,0 9 760 289 100,0 2 554 440 I 494 961 I 128 200 21,6 74,0 10,5 6,5 7,8 1,2
* Unidade: 1 000 ECU
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
POLÍTICA REGIONAL COMUNITÁRIA NA PENÍNSULA IBÉRICA APLICAÇÃO DO FEDER, 1975-1988
I. INTRODUÇÃO
NUNO MARQUES DA COSTA Centro de Estudos Geográficos Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa IV A PIRES Centro de Estudos Geográficos Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa F.C.S.H. Universidade Nova de Lisboa MÁRIO VALE Centro de Estudos Geográficos Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
A CEE, desde 1975, tem participado no financiamento de acções de desenvolvimento regional,
através do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional).
Durante o período de pré-adesão e após a integração no espaço económico europeu, em 1986,
os dois países ibéricos têm vindo a beneficiar deste Fundo, de modo a atenuarem os desequilíbrios
regionais existentes quer ao nível nacional quer ao nível europeu.
Nesta comunicação procura-se caracterizar brevemente o quadro regional de Portugal e
de Espanha, articulando-o com as perspectivas de desenvolvimento derivadas da aplicação do FEDER.
2. APRESENTAÇÃO SUMÁRIA DA POLÍTICA REGIONAL COMUNITÁRIA
2.1. A necessidade de uma Política Regional
A existência de uma política regional prende-se com os desequilíbrios regionais existentes na
Comunidade Europeia. Os níveis de desenvolvimento são muito diferenciados, revelando-se, de um
modo geral, as regiões do Sul como as mais desfavorecidas.
As regiões periféricas localizam-se em Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, Norte do
Reino Unido (Escócia), Sul de Itália e Oeste de França. A estrutura produtiva destas regiões encontra-se
muito marcada ou pela presença de estruturas agrícolas arcaízantes ou pela presença de unidades
industriais em declíneo. Por outro lado, os investimentos em infra-estruturas foram escassos,
encontrando-se carências nos domínios dos transportes e comunicações e, em alguns casos, também no
âmbito do saneamento básico.
2.2. Objectivos e principais instrumentos da Política Regional
Com a existência de regiões periféricas e na perspectiva de um desenvolvimento equilibrado,
aCEE definiu uma Política Regional Comunitária em 1975.
Em linhas gerais, a CEE procura atribuir uma dimensão europeia às politicas regionais nacionais,
de modo a potenciar-se uma coordenação das infra-estruturas, das políticas sectoriais e das
ajudas comunitárias.
No programa definem-se como prioridades a resolução dos desequilíbrios regionais,
422
particularmente o atraso das regiões periféricas, dos problemas resultantes da obsolescência das estruturas
produtivas, dos impactes regionais decorrentes da adesão à Comunidade e da implementação das
suas políticas.
Os instrumentos mais importantes de toda a política regional comunitária são os Fundos
Estruturais, formados pelo FEDER, FEOGA-Orientação e FSE. Apesar de ser o mais recente Fundo
Comunitário, o FEDER é, provavelmente, o de maior impacte e o único com um carácter exclusivamente
regional. Com efeito, este Fundo foi criado com o objectivo de atenuar os desequilíbrios regionais
existentes na CEE, incidindo as suas aplicações quer nas infra-estruturas quer nas estruturas produtivas.
O FEOGA-Orientação e o FSE têm um âmbito mais sectorial, incidindo o primeiro no
co-financiamento de iniciativas no domínio da actividade agrícola e o segundo em acções de formação e
treino de mão-de-obra, tendo em perspectiva a mobilidade da força de trabalho no espaço europeu.
Como instrumento financeiro na política regional comunitária deve destacar-se o BEl
(Banco Europeu de Investimentos), com um papel de relevo na promoção do desenvolvimento regional.
A política regional na Comunidade foi objecto de uma reforma em 1989, tendo-se estabelecido
objectivos prioritários para as acções dos fundos estruturais. Dos cinco objectivos prioritários, três são de
âmbito especificamente regional, pois destinam-se às regiões menos desenvolvidas (obj. 1), às de
reconversão industrial (obj. 2) e às rurais desfavorecidas (obj. 5b).
Os processos de execução passam a englobar 3 fases. Em primeiro lugar, cada Estado membro
executa um Plano de Desenvolvimento que é submetido à Comissão. Em segundo lugar, a Comissão, em
parceria com as autoridades nacionais, define um Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e, finalmente, cada
país apresenta à Comissão Programas Operacionais para cada um dos eixos prioritários definidos no QCA.
De acordo com a actual política, Portugal e Espanha têm o seu território maioritariamente
abrangido pelo objectivo 1'. O FEDER é o principal instrumento aplicado, estimando-se que cerca de 80%
é consagrado às regiões desfavorecidas.
3. DESEQUILÍBRIOS REGIONAIS NA PENÍNSULA IBÉRICA
Os desequilíbrios regionais ibéricos são muito acentuados, mesmo num quadro de predomínio de
regiões desfavorecidas num contexto comunitário.
Com efeito, é possível observar uma clivagem em vários domínios. Se considerarmo~,
por exemplo, o PIB/Hab., pese o facto de não ser um indicador de rendimento e de não traduzir as
condições sociais da população, constatamos que no Centro e Alentejo é de apenas 21, enquanto
no País Vasco e em Navarra é de 66', A densidade da população varia entre 21 habitantes por Km2
- Castilla-La Mancha e Alentejo - e cerca de 600 habitantes por Km2 em Madrid, com Lisboa e
Vale do Tejo e Pais Vasco entre 250 e 300 habitantes por Km2.
Embora existam desequilíbrios regionais muito acentuados na Península Ibérica, procuramos
estabelecer um agrupamento de regiões, atendendo a um conjunto de variáveis nos domínios demográficos,
sociais, económicos e de infra-estruturas3
• O tratamento utilizado foi a classificação ascendente hierárquica
1 Em Espanha, as regiões que não são objectivo 1 são aquelas onde o nível de desenvolvimento é maior (Madrid e Cataluiía), a indústria se encontra numa fase de reestruturação (costa atlântica Norte) ou em enclaves rurais desfavorecidos (área fronteiriça dos Pirineus). 2 Os valores são calculados em função da média da Comunidade (EUR12 = 100). 3 As variáveis utilizadas foram as seguintes: densidade populacional; taxa de natalidade; taxa de mortalidade infantil; índice de juventude; taxa de actividade; taxa de actividade feminina; taxa de desemprego; V AB no sector I; V AB no sector II; PIB/Habitante; Caminho de ferro/Km2xl000; Auto-estrada/Km2xl000. As unidades de análise são constituídas pelas regiões ibéricas, exceptuando-se, portanto, as regiões insula~es. Também não se considerou La Rioja devido a não ter tido nenhuma atribuição do FEDER no período em análise.
FIGURA I -CLASSIFICAÇÃO DAS REGIÕES DA PENÍNSULA IBÉRICA
Galicia
Cantabria
Murcia
Asturias
Andalucia
País Vasco
Catalufía
Comunidad Valenciana
Madrid
Lisboa Vale Tejo
Norte
Centro
Algarve
Navarra
Aragon
C as til! a y Leon
Castilla La Mancha
Extremadura
Alentejo
.00 .10 .20 .30 .40 .50 .60
-
I 1--I
r---
~ r----
~
I I
~~----1--
FIGURA 2- CLASSIFICAÇÃO DAS REGIÕES DA PENÍNSULA IBÉRICA, 1986
o
DA .B §;!C DD [[[]]E l::z::l s/d
350km
423
.70
424
(modo Q), sendo as distâncias baseadas nos coeficientes de correlação. Os dados reportam-se a anos
anteriores a 1986, pois pertende-se caracterizar o quadro regional no período de pré-adesão.
A árvore de ligações resultante permite confirmar as associações previsíveis (figuras 1 e 2). Num
nível de corte a 0.60, identificam-se dois grupos distintos. Por um lado, as regiões mais desfavorecidas
- predominantemente rurais e com estruturas industriais em crise -, constituídas por Navarra, Aragon,
Castilla y Léon, Castilla-La Mancha, Extremadura e Alentejo e, por outro lado, as restantes regiões.
Num outro nível de corte - 0.40 -, no primeiro agrupamento identifica-se um afastamento
do Alentejo, devido às suas condições de PIB/Hab., V AB I e densidade populacional e envelhecimento
da população. No outro agrupamento, as regiões Centro e Algarve constituem um sub-conjunto, pois os
seus níveis de PlB/Hab. são muito baixos no contexto ibérico.
Num coeficiente de corte de 0.30, observa-se a existência de 5 agrupamentos:
- Galicia, Cantabria, Murcia, Asturias e Andalucia (grupo A);
-Pais Vasco, Catalufia, Com. Valenciana, Madrid, Lisboa/Vale do Tejo e Norte (grupo B);
- Centro e Algarve (grupo C);
-Navarra, Aragon, Castilla y Léon, Castilla-La Mancha e Extremadura (grupo D);
-Alentejo (grupo E).
Os agrupamentos D e E constituem as regiões mais deprimidas da Península e onde
as perspectivas de desenvolvimento não permitem equacionar uma mudança significativa da sua condição
de marginalidade. Os níveis de urbanização e industrialização são fracos, diferenciando-se o Alentejo pelo
facto dos níveis de ruralidade serem mais elevados e apresentar uma taxa de desemprego menor.
No grupo B encontram-se as regiões mais desenvolvidas, com estruturas urbano-industriais e
onde as condições de vida são razoáveis. O grupo C apresenta potencialidades para vir a constituir um
núcleo mais alargado das regiões mais favorecidas.
O grupo A caracteriza-se pela presença exclusiva de regiões espanholas, todas do Norte, à
excepção da Andalucia e Murcia. O grau de urbanização e de infra-estruturação do território é intermédio,
apresentando, no entanto, situações de marginalidade social preocupantes (taxa de desemprego
muito elevada e taxa de actividade feminina baixa).
4. BREVE ANÁLISE DAS ATRIBUIÇÕES DO FEDER NA PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Desde o ano em que o fundo foi criado a 1988, o seu peso no orçamento comunitário duplicou,
passando de 4,8% para 8,1 %. Como foi referido, o FEDER é o principal inst1:umento da política regional
comunitária, atingindo um montante de cerca de 24,5 mil milhões no período em análise (quadro 1).
QUADRO 1- MONTANTES AUTORIZADOS POR CATEGORIA DE INVESTIMENTO, 1975-1988
(Milh ECU)
PROGRAMAS PROJECTOS
Comunitários P.N.I.C. Ind/Ser/ Art Infra-Est Pot Des End Estudos
Portugal* 51.4 65.8 - 1080.6 1.5 0.6
(%) 4.3 5.5 - 90.1 0.1 0.0
Espanha* 23.0 52.6 11.2 1945.2 2.3 0.1
(%) 1.1 2.6 0.6 95.6 0.1 0.0
EUR 12 187.0 1406.5 3305.5 19407.9 29.5 56.8
(%) 0.8 5.8 13.6 79.6 0.1 0.2
* - Os valores referem-se aos montantes globais atribuídos, estando englobados os montantes das regiões
insulares e os multiregionais.
Fonte: O FEDER em Números, 1975-1988
TOTAL
1199.8
100.0
2034.4
100.0
24393.3
100.0
425
As atribuições do FEDER podem comparticipar diferentes tipos de acções, destacando-se,
no entanto, a construção de infra-estruturas (79,6% do montante). A promoção do desenvolvimento
regional na Comunidade tem sido entendida como uma melhoria das condições de acolhimento ao
investimento. Nesse sentido, as aplicações foram preferencialmente nos domínios das acessibilidades,
telecomunicações, energia, recursos hidráulicos e também nas infr.a-estruturas de saúde e educação.
Os apoios directos à actividade produtiva - indústria e actividade turística principalmente -,
corresponderam apenas a cerca de 14% do Fundo. Os programas comunitários ou os programas nacionais
de interesse comunitário (PNIC) tiveram um peso reduzido, embora ligeiramente superior às restantes
categorias de investimento.
O montante autorizado do FEDER na Península Ibérica, entre 1975 e 1988", correspondeu
a 13,3% do total, dos quais 8,3% foram atribuídos a Espanha e 5% a Portugal.
A estrutura dos investimentos é um pouco diferente entre Portugal e Espanha. No nosso país,
os programas comunitários retiveram 4,3% do total do Fundo autorizado e em Espanha pouco mais de 1%.
Contudo, os investimentos na Península ocorreram maioritariarmente na construção de infra-estruturas,
se atendermos a que os programas comunitários em Portugal se destinaram sobretudo ao mesmo fim.
A partição dos montantes do Fundo' é, em termos relativos, nitidamente favorável a Portugal.
Este pais recebeu, entre 1975 e 1988, cerca de 950 mil milhões de ECU que, apesar de representar
cerca de metade dos montantes atribuídos a Espanha, constituiu uma relação de 96,8 ECU/Hab.
e 10621,3 por Km2, valores claramente superiores aos de Espanha, respectivamente 52,4 e 3890,9.
Com o objectivo de reduzir as disparidades regionais, o FEDER é por eleição um instrumento de
desenvolvimento para as regiões menos desenvolvidas. Se estas regiões, já identificadas nesta análise,
têm ou não sido claramente favorecidas é o objectivo da análise que efectuaremos em seguida.
A Andalucia foi a região que recebeu a maior fatia do FEDER na Península, não tendo sido, no
entanto, aquela onde os montantes ponderados pela população ou pela área foram maiores (figuras 3 e 4).
Regiões
Galicia Asturias
Cantabria País Vasco
Navarra Aragon Madrid
Castilla-León Castilla-La Mancha
Extremadura Catalufía
Comunidad Valenciana Andalucia
Murcia Norte
Centro Lisboa e Vale do Tejo
Alentejo Algarve
Fonte: C.C.E.
o 50
Figura 3 Montantes autorizados do FEDER, 1975-88
100 !50 200 250 300
ECU/Hab.
4 Os dois países ibéricos beneficiaram de fundos na fase de pre-adesão, considerando-se, pois, valores desde 1975, apesar da maior parte dos montantes autorizados dizerem respeito ao período 1986-88. 5 Os valores referem-se às regiões continentais, exceptuando-se os fundos mu1tiregionais.
426
Regiões Figura4
Montantes autorizados do FEDER, 1975-88 Galicia
Asturias Cantabria
País Vasco
Navarra
Aragon Madrid
Castilla-León
Castilla-La Mancha Extremadura
Catalufía
Comunidad Valenciana
Andalucia
Murcia
Norte
Centro
Lisboa e Vale do Tejo
Alentejo
Algarve
o 5 10 15 20 Fonte: C.C.E.
ECU/1 000 Km2
Se considerarmos a atribuição do Fundo em relação com a população podemos concluir que
as regiões dos agrupamentos C, D e E apresentaram, grosso modo, um ratio mais positivo. As excepções
foram Navarra e Aragon com atribuições na ordem dos lO ECU/Hab. Estas duas regiões do
Norte de Espanha atravessam um período de reestruturação económica, com os inerentes problemas
sociais, mas por os valores do PIB/Hab. serem relativamente elevados e o território se encontrar
já infra-estruturado, os investimentos do FEDER não foram muito elevados.
No grupo A e B, os investimentos variaram de acordo com o nível de desenvolvimento regional.
Todavia, as regiões portuguesas receberam um maior volume de ECU/Hab., devido ao próprio fundo
apresentar uma melhor relação no nosso pais.
Assim, numa primeira análise, pode concluir-se que as regiões com maiores problemas
no domínio das infra-estruturas e equipamentos foram mais apoiadas. No entanto, se equacionarmos a
dimensão territorial, que apresenta grandes variações na Península, é possível identificar estratégias de
desenvolvimento regional diferenciadas entre Portugal e Espanha.
Com efeito, a relação ECU/1 000Km2 foi claramente favorável às regiões portuguesas, à
excepção do Alentejo, e às Asturias. Apesar das dotações terem sido proporcionalmente maiores
em Portugal, deve referir-se que as regiões mais favorecidas e de pequena dimensão territorial em Espanha
apresentaram um ratio baixo, comparativamente às regiões portuguesas mais favorecidas.
Em Portugal, a região de Lisboa e Vale do Tejo foi a mais favorecida, tendo sido também a que
teve maiores atribuições na Península, destacando-se em seguida o Norte e o Algarve. Com estes
resultados pretendemos afirmar que a estratégia nacional de desenvolvimento regional foi diferente
nos dois países ibéricos. Com efeito, em Portugal a atenuação das disparidades regionais foi entendida
à escala comunitária, enquanto em Espanha prevaleceu a dimensão nacional. Note-se que
não se pretende contestar a política regional, pois estes resultados decorrem principalmente da
regionalização das políticas sectoriais (acessibilidades, energia, etc).
427
No nosso país, apostou-se na aproximação das regiões com maior potencial (sendo também
as mais desenvolvidas à partida) ao nível médio europeu, tendo prevalecido os investimentos em
infra-estruturas e equipamentos de suporte ao desenvolvimento-económico (assente na actividade industrial
e terciária no Norte e em Lisboa V. T., e na actividade turística no Algarve).
A estratégia espanhola privilegiou as regiões de desenvolvimento intermédio e baixo, de modo
a fortalecer as relações inter-regionais. As regiões urbano-industriais apresentavam uma situação
mais vantajosa à partida, mais próxima dos níveis comunitários, assim como um maior nível
de equipamentos e de infra-estruturas. As carências nestes domínios foram ultrapassadas ainda antes
da adesão à Comunidade, não se tendo verificado o mesmo em Portugal.
5. BALANÇO
As atribuições do FEDER, entre 1975 e 1988, contribuíram para a redução dos desequilíbrios
regionais em Espanha, enquanto em Portugal serviram fundamentalmente para a aproximação
das regiões mais favorecidas em relação ao nível médio da Comunidade. A divergência de estratégias
encontra-se associada às diferenças existentes à partida nos dois países ibéricos. Enquanto em Portugal
todas as regiões se encontravam desenquadradas dos níveis comunitários, algumas regiões espanholas
já convergiam para esses níveis.
Assim, a atenuaç,ão das disparidades regionais na Península Ibérica, principal objectivo genérico
da politica regional comunitária, não foi integralmente bem sucedida, parecendo pois que num processo
de desenvolvimento é inevitável a promoção de determinados espaços e a consequente marginalização
de outros.
BIBLIOGRAFIA
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CHARRIÉ, J.-P. (1990) - "Le F.E.D.E.R. et les Actions de Développement Régional dans !e Sud-Ouest (1975-87)". Norois, t.37, no 148, p. 393-412.
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p. 355-371. GASPAR, J. (1987)- Portugal- Os Próximos 20 Anos. F. C. Gulbenkian, Lisboa. V ASQUEZ BARQUERO, A. ( 1988)- Desarrollo Local Una Estrategia de Creación de Empleo. Ed. Pirámide, Madrid.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA APLICACIÓN DE LOS PROGRAMAS COMUNITARIOS DE POLITICA REGIONAL: EL CASO DEL V ALOREN EN ANDALUCÍA
MIRANDA BONILLA, JOSÉ Departamento de Análisis Geográfico Regional Universidad de Sevilla
Desde e! ingreso de nuestros países en las Comunidades Europeas, muchas de las esperanzas
se han puesto en las ayudas que concede ésta en e! marco de su política regional. Espana y Portugal
han contribuído a aumentar las disparidades en la Europa de los doce, y también a fomentar e! desarrollo
de un capítulo de la política comunitaria que se encontraba poco consolidado. Antes de que se concreticen
los acuerdos de Maastrich y se cree e! futuro Pondo de Cohesión, ya se habían puesto las bases de
una auténtica política regional comunitaria reforzadas con la Reforma de los Fondos Estructurales de 1988.
Desde la perspectiva de las regiones menos desarrolladas, uno de los aspectos que más puede
interesar es e! dei progresivo abandono dei caracter subsidiaria de la política regional comunitaria
frente a las políticas estatales. Estas actuaciones estrictamente comunitarias se iniciaron
allá por e! setenta y nueve con las denominadas acciones fuera cuota y en la actualidad constituyen
las Iniciativas Comunitarias. Entre ambas, se pusieron en marcha los Programas Comunitarios, salidos
de la reforma dei Pondo FEDER de 1984.
Estos programas se plantearon como alternativa a la financiación de proyectos aislados. Se trata
de conjuntos de actuaciones de caracter plurianual tendentes a paliar problemas concretos específicos
de una o varias regiones. Se llegaron a poner en marcha cuatro de estos programas, uno de ellos fue
e! V ALOREN, cuyas actuaciones acaban de finalizar.
EL PROGRAMA COMUNITARIO VALOREN
El 27 de Octubre de 1986 fue aprobado e! Reglamento 3301/86 dei Consejo', por !e que
se establecía un programa comunitario para e! desarrollo de determinadas regiones desfavorecidas de
la Comunidad mediante e! aprovechamiento dei potencial energético endógeno, programa V ALOREN.
Se trataba de articular una serie de medidas para aliviar en parte la carga que supone en
estas regiones la fuerte dependencia energética. De paso se facilitaria e! que contribuyesen a la
consecución de los planteamientos dictados desde las instancias comunitarias en materia de ahorro y
diversificación energética.
Aparece una vez más una clara sinergia entre la política regional y una política sectorial, en
este caso la energética. Además se promueven una serie de actuaciones que podríamos denominar
"ecológicas", con lo que las relaciones con la política medioambiental también es clara.
Las actuaciones a financiar por e! programa se dividen en tres grandes bloques:
1.- Explotación de recursos energéticos locales.
2.- Utilización racional de la energía en las PYMEs.
3.- Promoción de un mejor uso dei potencial energético.
I DOCE no L 305 de 31. 10.86
430
Dentro dei primer apartado se incluirían todas las intervenciones en proyectos de energías
renovables y en pequenos yacimientos de turba y lignito. Las energías renovables que se potencian son
la solar, tanto térmica como fotovoltaica, la eólica, biomasa, geotérmica y la minihidraúlica.
En e! apartado de mejor utilización de la energía las actuaciones se encaminan hacia el ahorro
energético y la sustitución dei petroleo. Se han financiado proyectos de aislamiento, aprovechamiento de
calores residuales, cambias de equipas, sustitución de productos petrolíferos por gas natural, carbón o
energías renovables.
Por último, dentro de la promoción se preveían estudios, asesoramiento a las empresas y
campanas de información y publicidad.
Para todas estas actuaciones la Comunidad destinaba 393 millones de ecus, algo más de
50.000 millones de pesetas. De éstos 105 han servido para financiar el programa espano!, lo que representa
el 26.71%. El sistema de intervención ha sido el de cofinanciación. El VALOREN subvenciona hasta el
55% dei gasto público, salvo en el caso de estudios, en el que este porcentage se puede elevar hasta
el 70%, teniendo en cuenta que estos estudios no pueden suponer más dei 5% de los gastos dei programa.
Una parte de los 393 millones presupuestados, 278 exactamente, se incorporaron a los Marco
Comunitarios de Apoyo aprobados tras la Reforma. Se convertían así en un apoyo financiero importante
para el subeje de Energía, dentro del eje de Infraestructuras de apoyo a las actividades económicas.
En lo que se refiere a los territorios que se podían acoger a las ayudas, hubo que definir
unos criterios, ya que e! programa es anterior ai establecimiento de los objetivos de política regional. Estos
criterios fueron el de la dificil situación económica, sin cuantificar, la pertenencia a Estados miembros
con una mala situación energética o territorios insulares donde el costo de la energía es superior.
Con estos criterios las zonas beneficiarias fueron: Córcega y los Departamentos de
Ultramar franceses, Irlanda, Portugal, Irlanda dei Norte, e! Mezzogiorno italiano, toda Grecia
menos la región de Atenas y gran parte de Espana. Basicamente vienen a coincidir con lo que después
se definieron como regiones dei objetivo n°1.
PAIS AYUDAFEDER %
ESPANA 105 26.73
FRANCIA 15 3.81
GRECIA 50 12.72
IRLANDA 24.8 6.31
ITALIA 125 31.82
PORTUGAL 65 16.54
REINO UNIDO 8 2.03
TOTAL 392.8 100.00
El reparto por Estados, como se aprecia en el cuadro, favorece especialmente a Espana e Italia,
como era de esperar. Entre los dos absorben más del 50% dei programa. Menor es la participación
de Portugal y Grecia, y muy escasa la de los otros dos estados que se benefician del programa.
Los resultados obtenidos de la puesta en marcha del programa se pueden considerar como
satisfactorios, como veremos en el capítulo dedicado a las actuaciones en Andalucía. V ALOREN ha sido
el precursor de otras intervenciones comunitarias en el tema de la energía. Habría que destacar en
este sentido la aparición en 1989 dei programa THERMIE', para el fomento de las tecnologías energéticas.
Posterior es la iniciativa comunitaria REGEN, de la que después hablaremos, destinada a apoyar algunos
2 Reg1amento 2008/89
431
grandes proyectos de redes de gasificación. El último en aparecer ha sido el SA VE, que quizás sea el
que más se asemeja al VALOREN.
EL PROGRAMA DE INTERVENCIÓN VALOREN-ESPANA
Siguiendo las disposiciones del reglamento comunitario, Espafía presentá el 30 de Abril de 1987
su programa de intervención que venía a desarrollar el V ALOREN en nuestro país tras un acuerdo con
la Comisión, se aprobó el conocido como PIVE a finales do Octubre de 1987'.
El programa afecta a más de 400.000 Km2 y una población próxima a los 25 millones, algo
más del 65% de la población espfíola. Todas las comunidades autónomas recibirían ayudas
excepto Baleares y La Rioja. En los casos de Aragón, Cantabria, Catalufía, Madrid, Navarra y
el País Vasco, sólo parte de su territorio se puede beneficiar.
Para la asignación a título indicativo de los recursos del programa entre las diversas
comunidades se hizo un estudio de las necesidades energéticas y del grado de desarrollo regional.
Se establecieron dos indicadores para el reparto de los fondos. El primero fue el indicador de
potencial energético endógeno. Éste se obtenia en función de tres variables, los recursos
energéticos locales, el potencial ahorro energético en las PYMEs y las necesidades de electrificación rural.
Con las ponderaciones obtenidas se repartian el 40% de las inversiones dei PIVe. El segundo indicador
contemplaba el grado de desarrollo regional, medido por los parámetros tradicionales (tasa de paro,
renta per cápita, volumen de población ... ). Este criterio sirvió para repartir el restante 60%.
Los resultados son los que aparecen en el gráfico. Como se puede observar, Andalucía fue la que
salió más beneficiada, con una inversión prevista de más de 50.000 millones de pts. En un segundo plano
estarían las comunidades de Asturias, Canarias, Castilla-León y Galicia, todas ellas con presupuestos
por encima de los 10.000 millones.
Estas previsiones como se verá más adelante contrastan bastante con las inversiones reales.
Si se han mantenido más o menos las cifras de subvenciones FEDER, puesto que ya era un dinero
comprometido por la Comunidad. La falta de inversiones no es más que otro indicador de la
escasa preocupación que se está dando en estos momentos por buscar fórmulas energéticas nuevas.
La estabilidad de los precios del petróleo ha frenado en parte este interés.
ACTUACIONES DEL V ALOREN EN ANDALUCÍA
La primera de las repercusiones de este programa en nuestra Comunidad ha sido el animar a
que se lleven a cabo una serie de proyectos en el campo de las energías renovables, proyectos que
han encontrado una importante ayuda.
En total se han aprobado 126 proyectos, con una inversión superior a los veinticuatro mil
millones de pesetas, muy por debajo de los 50.000 que preveía el PIVE para Andalucía. En este sentido
hay que decir que el programa no ha dado todos los frutos que se esperaban.
Si además tenemos en cuenta que gran parte de las inversiones se han realizado por las
administraciones públicas, las repercusionos no han sido tan grandes. A pesar de todo el balance se puede
3 Decisión de la Comisión de 22 de Octubre de 1987. DOCE no L 30 de 2. 2. 88.
432
considerar positivo. La cuantía de las subvenciones dei FEDER ha sido superior a los cuatro mil millones,
algo menos también de lo quo se recogia en el PIVE. Con esto nos convertimos en la región
que más dinero dei V ALOREN ha recibido, casi el 30% dei total para Espafía. Esta cantidad por exemplo
es superior a la que ha recibido Irlanda, y sólo la mitad de la asignada a Portugal.
PROGRAMA DE INTERVENCIÓN VALOREN ESPANA. INVERSION Y AYUDA FEDER POR SECTORES Y COMUNIDADES AUTONOMAS.
EXPLOTACIÓN UTILIZACIÓN PROMOCIÓN INVERSIÓN AYUDA RECURSOS RACIONAL DE POTENCIAL TOTAL FEDER
ENERGETICOS LA ENERGIA ENERGETICO ANDALUCIA 34822.0 15918 215.1 50955.1 4538.6 ARAGON 2933.0 1464 102.5 4499.5 427.8 ASTURIAS 5840.0 6923 115.4 12878.4 1384.0 CANARIAS 10309.5 1464 63.2 11836.7 1901.1 CANTABRIA 3279.5 2351 55.5 5686.0 527.4 CASTILLA-LEON 5992.0 7901 149.4 14042.4 1115.1 CASTILLA-LA MANCHA 4919.0 3584 123.6 8626.6 853.3 CATALUNA 1639.0 6134 217.3 7990.3 596.7 COMUNIDAD VALENCIANA 1998.0 2149 157.9 4304.9 455.8 EXTREMADURA 2938.5 1910 124.4 4972.9 535.0 GALICIA 5515.0 10311 123.1 15949.1 1555.9 MADRID 394.0 1585 207.0 2186.0 229.7 MURCIA 1324.0 2199 106.6 3629.6 317.8 NAVARRA 1558.0 729 103.1 2390.1 261.1 PAIS VASCO 852.5 8275 113.3 9240.8 595.0 TOTAL 84314.0 72897.0 1977.4 159188.4 15294.3 FUENTE: BALANCE CC.EE 86/87 ANDALUCIA
En cuanto ai tamafío do los proyectos hay que decir que la mayoría son pequenos, con
inversiones inferiores a los cincuenta millones. Sin embargo, se da una cierta concentración de
las inversiones, ya que los tres proyectos más importantes centralizan más dei 50% de las inversiones, y
en uno sólo se invertirán casi 8000 millones.
Las administraciones que han contribuído en mayor grado ai desarrollo dei V ALOREN
en Andalucía han sido el Instituto para la Diversificación y el Ahorro Energético y la Secretaria General
de Energía y Recursos Minerales de la Administración Central, la Dirección General de Industria
y Energía y el Instituto de Fomento de Andalucía en lo que se refiere ai administración regional, y
las Diputaciones Provinciales por otro lado. Las empresas como decía antes no han participado todo lo
que se esperaba, hay que destacar la presencia de la Compafiía Sevillana de Electricidad como impulsora
de importantes proyectos.
Las actuaciones se han centrado en cuatro sectores fundamentalmente, el de la energía eólica,
la solar fotovoltaica, la minihidraúlica y la obtenida de biomasa de resíduos sólidos urbanos.
Las inversiones en el campo de la energía solar fotovoltaica se han destinado principalmente a
la electrificación rural y ai alumbrado público de pequenos pueblos. Tienen gran interés ya que son de las
pocas actuaciones que se están llevando a cabo en este sector que tanto potencial tiene en una región
tan rica en horas de sol. El V ALOREN ha contribuído a financiar actuaciones ya puestas en marcha por
la Junta de Andalucía, como los Planes de Electrificación Rural de 1987 y 1988.
Los proyectos eólicos se han concentrado en una de las áreas de la península con mayores recursos,
Tarifa. En total se están instalando cinco parques eólicos, con una potencia instalada que oscila entre los 20 Mw
dei Parque Eólico dei Sur y los 600 Kw dei parque instalado por el Ayuntamiento de Tarifa. Andalucía
ha recibido una subvención de unos 900 millones para estos proyectos, la mitad de los destinados a
este concepto en Espafía, el resto se han destinado a proyectos en Canarias y Galicia. Por lo tanto nos
encontramos ante un foco de gran interés para la evaluación de esta energía alternativa.
433
A la construcción y mejora de 16 minicentrales hidraúlicas se han dedicado más de cuatro mil
millones. El problema principal que han tenido estas centrales ha sido la caída de los caudales y de
las reservas hídricas de los embalses donde se han instalado, por lo que las previsiones sobre la producción
eléctrica no se han cumplido. Los proyectos se han concentrado en las sierras de Huelva, Jaen y Granada,
donde se encuentran las principales presas y las cabeceras de la mayoría de los rios de la región.
En el capítulo de la energía obtenida de los resíduos urbanos, nos encontramos con el proyecto
más importante, y que sin embargo vive un futuro incierto. La Comunidad ha aprobado una subvención de·
más de 8000 millones para la construcción de una planta de incineración de resíduos sólidos urbanos en
la Bahía de Cádiz. Este proyecto está siendo muy cuestionado, por lo que no se sabe si se llevará a cabo.
Un apartado que ha generado bastante actividad ha sido el de la mejora de rendimientos
energéticos. Basicamente se han desarrollado proyectos tendentes a mejorar los rendimientos de
las instalaciones de alumbrado público.
También se han desarrollado diversas acciones de sustitución de productos petrolíferos por gas
o energías renovables, en muchos casos mediante el cambio de equipos.
Todos estos aspectos se pueden ver en el cuadro que recoge e! reparto de inversiones
y subvenciones por sectores.
ACTUACIONES EN ANDALUCIA No INVERSION SUBV.
PROY TOTAL FEDER SOLAR TERMICA ST 6 126188 14900 SOLAR FOTOVOLTAICA SG 26 1233169 609234 EOLICA EO 9 5522790 894120 MINIHIDRAULICA MH 16 4339923 536477 BIOMASA FORESTAL BF 2 346238 27043 BIOMASA RESIDUOS SOL. URB. BR 5 8081300 1248350 BIOMASA BIODEGRADABLE BB o o o GEOTERMIA GE 1 84349 14451 LIGNITOS LI 1 216890 43378 SUBTOTAL E. RENOVABLES 66 19950847 3387954 AISLAMIENTO AI 1 8682 552 MEJORA DE RENDIMIENTO MR 14 2566928 435412 CAMBIO DE EQUIPOS CE 9 394695 29419 CAMBIO DE CALDERAS CC I 70000 5740 SUSTITUCION A GAS SG 6 308843 13847 SUSTITUCION A CARBON se o o o SUSTITUCION CON RENOVABLES SR 10 406530 19596 COGENERACION c o 1 soo 250 APROV. CALOR RESIDUAL CR 4 62901 4855 SUBT. UTIL. RACIONAL ENERGIA 46 3819079 509672 ESTUDIOS Y SONDEOS ES 8 185000 93890 ASESORAMIENTO AS 5 82754 41377 CAMPANAS, CURSOS, SEMINARIOS PR 1 16799 3450 SUBTOTAL PROMOCION 14 284553 138717 TOTAL 126 24054479 4036343 FUENTE: ELABORACION PR OPIA A PARTIR DE DA TOS FACILITADOS POR EL IDAE.
Otro do los aspectos interesantes de analizar es e! reparto de las inversiones por províncias.
Hasta el momento presente las inversiones con cargo a los Fondos Estructurales se han repartido con
ciertos criterios objetivos entre las distintas Comunidades Autónomas. Pero una vez en el árnbito regional,
no hay mecanismos ni criterios objetivos para asignar estos recursos por províncias o comarcas,
desapareciendo así todo intento de equidad territorial. Resultado de ésto es la concentración de algunas
acciones en determinados espacios, y no me estoy refiriendo a los programas operativos para ciertas
comarcas, que logicamente si tienen que concentrar sus actuaciones en ellas, sino a programas y proyectos
434
que en principio pueden beneficiar a toda la región.
En el caso del V ALOREN este aspecto está más acentuado. Las subvenciones del programa
en Andalucía se han concentrado en una sóla província, Cádiz, que ha recibido más del 60%. También
es cierto, que las repercusiones de muchos de los proyectos sobrepasan el 'âmbito del lugar donde se
desarrollan. Todo esto se puede ver en el gráfico adjunto, en el que se recoge el reparto de subvenciones
por províncias.
70
60
50
40
30
20
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o "" N "" "" 'C: :.a .o "O <I) o "" E "" "O c:
u .... "" =< o .... u CJ
CONCLUSIONES
A destacar en primer lugar la importancia que ha tenido este programa como dinamizador de
la actividad entorno a las energías alternativas y el ahorro energético. En un país con una gran dependencia
energética y en el que el debate sobre estas cuestiones está bastante marginado, conviene que se den
oportunidades como la que ha supuesto la aplicación del VALOREN.
Un aspecto importante es también los recursos financieros que hemos recibido. En una
región tan pobre las subvenciones siempre son recibidas.
Entre las repercusiones sectoriales y territoriales destacaría el que gracias al V ALOREN se va
a consolidar un complejo eólico de gran envergadura en Tarifa, que vendrá a ser para la energía eólica
lo que el Campo de Tabernas para la solar.
Como aspecto negativo queda el comprobar que una vez más las expectativas de inversión
no se han cumplido. El nivel de subvenciones se han mantenido, pero éstas no han sido capaz de provocar
más inversiones. Este hecho se viene repitiendo en la puesta en marcha de casi todos los programas,
sobre todo en las regionos menos desarrolladas, donde la iniciativa siempre es menor.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
DESPLAZAMIENTOS DIARIOS EN LA ISLA DE GRAN CANARIA: PASOS PREVIOS PARA LA DETERMINACION DE LAS AREAS DE INFLUENCIA
Introducción
Ma DEL CARMEN GINÉS DE LA NUEZ JOSÉ ANGEL BARRA AZNAR
La solución de problemas con magnitudes regionales debe realizarse después de un minucioso
análisis de todos los elementos que en ella intervienen. El estudio de las áreas de influencia es un tema
de suma importancia dentro de un programa de actuación en la Ordenación del Territorio, y
la organización y planificación del territorio está en estrecha relación con la inversión en transportes e
infraestructuras, de tal manera que, éstas condicionan la localización de actividades industriales y
la adecuada inversión de las mismas favorecen la movilidad de bienes y servicios.
En un programa de actuación como es el Plan Insular de Ordenación' debe encontrarse una clara
política de mejora de las infraestructuras viarias, sobre todo si tenemos en cuenta que en Canarias la red
de carreteras es el único medio de comunicación y transporte interior.
La red de carreteras, los aforos de la misma y una encuesta sobre movilidad de vehículos son
los elementos que hemos utilizado para intentar acercamos a un estudio previo sobre las áreas de
influencia de la isla de Gran Canaria.
La isla tiene una superficie reducida 1.533 Km2 (menos que algunos de los municipios
peninsulares), pero este territorio fragmentado tiene una elevada densidad de población: 454 Hab/Km2,
características climáticas y orográficas que condicionan e! poblamiento, de tal manera que existe una clara
disimetría entre las fachadas de barlovento y sotavento', y ausencia casi generalizada de asentamientos en
las partes altas de la isla, de ello se infiere que la densidad de población es aún más elevada.
Estas características demográficas y de! poblamiento junto con la centralización de funciones en
el área metropolitana de Las Palmas, que además es centro turístico y receptor de emigrantes procedentes
de las islas de Lanzarote y Fuerteventura (con las que comparte la provincia) terminan de configurar
un panorama insular en e! que su capital destaca dentro de la jerarquía urbana mientras que se produce un
gran salto con los municipios de rango inmediatamente inferior.
Fuentes
Las variables que nos han permitido realizar una aproximación al estudio de los desplazamientos
diarios en 1 a is la de Gran Canaria han sido dos: una encuesta sobre movilidad de vehículos y el mapa de
aforos de M.O.P. U. La encuesta fue realizada por la empresa ERGO Consultores y encargada por
el Cabildo Insular de Gran Canaria para los estudios previ os a la elaboración de! Avance de! Plan Insular
de Ordenación. Esta encuesta aporta los flujos horarios de vehículos automóviles de segunda categoria en
la red viar·ia de la isla de Gran Canaria, especificando los motivos de desplazamiento de sus ocupantes y la
frecuencia de los mismos; los puntos de muestreo fueron nueve, agrupados más tarde en seis grandes zonas
I. La realización del Avance del Plan Insular de Ordenación se llevó a cabo en la Oficina Insular de Planeamiento bajo la dirección de D. Damián Quero Castanys y D. Eduardo Leira Sánchez con la colaboración de numerosos especialistas y consultores. 2. La desimetría de las fachadas están en relación con los vientos dominantes en las Islas Canarias: los alisios.
436
(Las Palmas, Telde, Norte, Centro, Sur y Sureste), y realizados en un intervalo horario que aporte el
mayor número de circunstancias de movilidad posibles (07 .00-21.00 h). La encuesta fue realizada
entre ell5 y el 24 de noviembre de 1989 y el mapa de aforos de M.O.P.U. es dei mismo afio.
Características de la red de carreteras
El desarrollo dei viario insular está marcado por la existencia de carreteras como único medio de
comunicación interior. La densa red de barrancos y las pronunciadas pendientes son obstáculos orográficos
que continuamente salva la red de carreteras, de aquí el trazado sinuoso de las mismas.
La calidad y categoría de las carreteras de la isla no son uniformes, debido a la desigual
inversión. En Gran Canaria, la red de carreteras ha sido financiada por el Cabildo Insular, mientras que,
el Estado ha intervenido en actuaciones más de tipo urbano e interurbano. La red de carreteras es compleja
y en líneas generales, tiene forma "semirradial", y un complicado entramado en el interior de la isla.
Partiendo de la capital salen las principales vias de comunicación: una, la C-81 O, hacia
el Noroeste de la isla atravesando las capitales municipales de Gáldar y Guía3
, carretera con tráfico
muy intenso desde que sale de la ciudad (26.000 vehículos), y con trazado y salida poco apropiados para
el gran número de vehículos que circula por ella, utilizando practicamente la calle Guanarteme como
eje de conexión a esta comarca!; otra, la C-8 I I recorre un total de 60 Kms hasta llegar a Artenara atraviesa
Santa Brígida, San Mateo y Tejeda y recoge el intenso tráfico de los municípios dei centro de la isla
(23.500 vehículos); una tercera vía, la autovía o autopista dei Sur comunica la capital con el Sureste y Sur
de la isla, que es la que mayor tráfico soporta (69.000 vehículos en su salida de Ia ciudad); y por último,
la antigua carretera dei Norte C-813, que se bifurca antes de penetrar en la ciudad Ia C-200 hacia el Puerto
y la C-813 por las Rehoyas, y recorre de Este a Oeste el norte de la isla.
La accesibilidad y comunicación en las distintas comarcas insulares es desigual, en razón a
la diferente categoría, entramado y calidad de la red de carreteras. Las comarcas dei Sureste y Sur, en
sus sectores litorales son las que se ven más favorecidas por la red de carTeteras disponiendo de una
autovía y autopista con numerosas conexiones a las mismas. La comarca dei Noroeste está comunicada
a través de una carretera de buen firme, relativamente reciente pero que no es suficiente para soportar
e! tráfico, por lo que colas y atascos ya son frecuentes a cualquier hora. En cambio, en las comarcas
dei Centro y Suroeste, que han estado alejadas tradicionalmente de las grandes inversiones en
la agricultura y e! turismo, la red de carreteras es bastante deficiente, de pésima calidad, tortuosa y
complicada, colaborando en alejarlas aún más de los lugares centrales y de decisión.
Desplazamientos de vehículos
a - La autovía-autopista dei sur CGC- l_l. Esta vía tiene su origen en la Avenida Marítima dei Sur
que atraviesa la ciudad de Norte a Sur recorriendo la plataforma costera dei cuaternario. La autovía
continúa su desarrollo hasta el Aeropuerto de Gando (hoy Gran Canaria) situado a 17 Kms de la ciudad,
que es donde desaparece y comienza la Autopista que, en 1989 llegaba hasta el km 49, donde enlazaba
con la C-812 habiendo realizado anteriormente un recorrido paralelo a la autopista comunicando
el continuo poblamiento de la Plataforma dei Este (Carrizal, Vecindario, Doctoral).
------------3. Los topónimos en itálico se refieren a las capitales :nunicipales.
437
Por la GC-1 circula un número considerable de vehículos (Gráfico I). En la sal ida de Las Palmas
de Gran Canaria e! aforo sefiala 69.300 vehículos, de los que 32.000 lo hacen en direción sur. Estos aforos
van disminuyendo paulatinamenta hacia e! sur debido, a la localización, por un lado, dei centro
de distribución y comercialización de alimentos frescos y congelados de primera necesidad y consumo
diario: MERCALASPALMAS; y por otro, de los asentamientos, primero Jinámar, barrio de edificaciones
en bloque y escasos equipamientos que sirve de dormitorio a los trabajadores de los municipios de Telde y
Las Palmas de G.C. y que comparte con ellos su municipalidad; y después Telde, municipio con una
activa economía gracias a! asentamiento en su término dei polígono industrial dei Goro y de numerosas
empresas, comercio e industrias dei sector dei mueble, así como de naves de almacén, empaquetado y
envasado de industrias ubicadas en otras comarcas.
Grafico I - Mapa de aforos de la Red de Carreteras de Gran Canaria, 1989
Agaete
San Nicolas de Tolentino
Las Palmas de Gran Canaria
Numero de vehiculos aforados Fuente: M.O.P.U.- 1989
>4o.ooo 111 20.000 - 40.000 -
I 0.000- 20.000 -
5.000- 10.000
3.000 - 5.000
1.000- 3.000
< 1.000
438
La dismunución de aforos hacia el Sur continúa de forma escalonada. Una vez que nos
adentramos en la autopista GC-1, el aforo seiiala 30.763 vehículos repartidos homogéneamente en
ambos sentidos. Antes de finlizar los 26 Km de recorrido de la autopista, el número de vehículos aforados
ha aumentado sensiblemente (37.900) debido, por una parte, a la localización junto a la autopista
dei Polígono Industrial de Arinaga, y por otra, al flujo de desplazamientos hacia la zona turística dei sur,
desplazamientos que provienen mayoritariamente de los asentamientos de la Plataforma dei Este. Por este
motivo los aforos merman considerablemente después de Maspalomas y Puerto Rico, centros donde
predominan exclusivamente las urbanizaciones de carácter turístico.
Esta disminución de aforos que se produce de norte a sur en la autovía-autopista GC-1
no es tan lineal. Las numerosas incorporaciones a la vía aportan aforos muy importantes: 13.200 vehículos
en la incorporación de Jinámar y 24.600 en la de Telde. O sea, que e! trasvase de vehículos entre
las carreteras secundarias y la autovía-autopista es continuo. La movilidad es muy intensa debido a
la fuerte atracción que ejerce, por un lado, Telde y su entorno, por otro, e! aeropuerto de Gando que es
uno de los más importantes de la red nacional, y por último, los desplazamientos que se producen en
los asentamientos dei Este hacia Telde, Las Palmas y e! sector terciario de la zona turística dei Sur,
sin olvidar los importantes movimientos internos. En esta plataforma se sitúan grandes extensiones
de cultivos de exportación (tomates, flores, esquejes ... ), almacenes de grandes empresas,
importantes superfícies comerciales y dos polígonos industriales: E! Goro y Arinaga.
b. La carretera dei norte (C-81 0). Siguiendo con este sistema semirradial de la red de carreteras,
por e! Norte se desarrolla con dirección E-0 y seguiendo la Costa de Lairaga, la C-810, que hace.un
recorrido paralelo ai mar por la plataforma de abrasión marina, más tarde penetra hacia e! interior y salva
grandes barrancos, dejando ai margen la "isla baja" dei Noroeste hasta llegar a Agaete y a partir de aquí
hasta San Nicolás de Tolentino transcurre a media ladera de un potente acantilado, paralelamente ai mar.
Los aforos de esta carretera comarca! desde su inicio en la ciudad de Las Palmas hasta e! final
dei trayecto en San Nicolás de Tolentino, disminuyen considerabelmente: de 26.500 vehículos a 3.200,
pero lo hace de forma paulatina.
Después de la desviación hacia Arucas por la nueva carretera se produce e! primer descenso
(18.800 vehículos), y los aforos continúan descendiendo hasta los 12.800 vehículos después de dejar atrás
los pequenos asentamientos dei litoral y las carreteras comarcales y secundarias, que unen la costa con
los municípios de las medianías.
Los aforos se incrementan sensiblemente en torno a la cabecera comarca! dei Noroeste (Gáldar)
y Santa Ma de Guía: 17.400 vehículos debido a que estos dos centros urbanos son los más significativos de
esta comarca resultado de un importante desarrollo agrícola tradicional que hoy está perdiendo superfície y
peso económico en favor de otras actividades.
De los 15.600 vehículos aforados en la salida de Gáldar tan sólo 4.200 se aforan en Agaete y
3.200 en San Nicolás de Tolentino en razón a1 débil potencial económico y turístico y a una accidentada
topografía que los aleja, aún más de los centros de decisión insular.
Las características de esta carretera, y de las comarcas que las recorre se van a modificar en
breve. En la actualidad, está en ejecución la vía de penetración a Las Palmas de G.C. por el norte.
En teoría, mejorará la circulación de la ciudad y hará más fluido el tráfico que va dei noroeste al sur de
la is la por su paso por la capital. También existen dos propuestas recogidas en el Avance dei Plan Insular
de Ordenación: la primera es la variante Guía-Gáldar-Agaete que eleminará gran parte de su esquivo
recorrido y estaría en consonancia con el proyecto de dotar al Puerto de Agaete una terminal de viajeros
para el tráfico marítimo interinsular entre las islas de Gran Canaria y Tenerife. La segunda de
439
estas propuestas, la circunvalación tangencial entre Jinámar y Tinoca evitará el paso de la circulación dei
norte al sur por Las Palmas. Es incomprensible que una ciudad que supera los 350.000 habitantes, cón
una marcada polarización de todo tipo de funciones, un puerto com importantes movimientos y unos
problemas ancestrales de tráfico acusados por el paso forzoso de toda la circulación periférica por el
centro de la ciudad, no cuente actualmente con una vía de circunvalación.
c- La antigua carretera dei norte (C-813). Esta carretera comarcal comunicaba la ciudad
de Las Palmas de Gran Canaria con los municípios dei Norte y Centro de la isla. Función, que desde
la apertura y mejora de la C-810, se ha visto mermada y en la actualidad es m~s una vía de comunicación
secundaria con estos municípios y una calle que conecta los barrios con la capital.
El tráfico que soporta desde el inicio de su trazado hasta la bifurcación con la carrtera C-817
(que comunica con Teror, Valleseco y Tejeda) es bastante considerable, oscila entre los 39.880 y 25.200
vehículos. Ya en las proximidades a Arucas el aforo es sensiblemente inferior (17 .200 vehículos) y
después de esta ciudad continuando con el recorrido de la carretera que atraviesa más tarde Firgas y Moya,
los aforos en ningún momento sobrepasan los 6.000 vehículos.
El contínuo poblamiento acompafía esta carretera desde sus comienzos en la ciudad
de Las Palmas hasta Guía donde finaliza. La cuantía de los desplazamientos es copiosa, pero éstos
no podemos entenderlo como si de flujos entre dos nucleos se tratara, ya que como antes hemos
mencionado, el primer tramo de esta vía une barrios con la capital haciendo funciones de viario urbano,
mientras que e! segundo tramo salva acusadas pendientes y profundos barrancos, y comunica municípios
de la vertiente noroccidental de la isla.
Desplazamientos de viajeros por carretera
La encuesta realizada en carretera, es el segundo de los elementos que elegimos para atender e!
estudio de la movilidad geográfica de la isla. E! análisis do estos datos determinará la cuantía de
los desplazamientos internos y los motivos de los mismos. Casa, Trabajo, Estudio, Turismo, Compras
y Otros son por este orden, las motivaciones de los desplazamientos (En los cuadros I, II, III están sefíalas
como 1, 2, 3, 4, 5, 6).
E! 39,1% de los 212.146, la población estimada que se desplaza, lo hace con destino al área
de Las Palmas mientras que otro 30% lo hace a Telde, Norte y Sur. Los porcentajes se mantienen similares
si observamos los puntos de origen de los desplazamientos y los movimientos intrazonales. E! Sureste
y Centro son las áreas menos dinámicas tanto por e! origen y destino de sus desplazamientos, como por
los internos.
Los movimientos más relevantes tienen como punto de origen y destino Las Palmas, significan
más de una tercera parte dei total de los desplazamientos en ambos casos. Las Palmas cumple una
doble faceta, lugar de destino de los desplazamientos y centro emisor de población que se traslada a
otros lugares de la isla.
Resulta significativo observar los flujos entre las distintas zonas teniendo en cuenta e! motivo
por e! que lo hacen. Analizando los datos globales, los mayores traslados diarios se producen por
dos motivos: trabajo y casa, este ultimo es algo confuso porque los desplazamientos no se especifican
si son de ida o vuelta, así cualquiera que haya respondido "casa" puede ser que provenga del trabajo o
de cualquier otra actividad. Un tercio dei total de los flujos se producen por motivos de trabajo y tienen
centro de origen y destino Las Palmas en razón a la captación de funciones de esta urbe. Los activos
de Telde, Sur y también Las Palmas son los que se desplazan con mayor frecuencia de sus lugares de
440
CdiO" dld ua ro . ncren e os espJazamientos msu ares
ORIGEN MOTIVOS DE DESPLAZAMIENTO
I 2 3 4 5 6 TOTAL
NORTE 6.604 !0.49! 1.7!0 2.748 1.207 7.!74 29.394
LP. 27.698 27.060 1.829 6.908 2.378 !4.420 80.293
TELDE 7.682 !2.473 !.290 2.794 2.331 9.597 36.167
CENTRO 1.9!7 3.809 418 844 609 2.796 10.393
SURESTE 2.516 6.475 245 880 907 1.911 12.934
SUR 15.769 12.044 667 6.772 1.774 4.889 41.915
TOTAL 61.646 72.352 6.159 20.946 9.206 40.787 211096
Fuente: Encuesta de movilidad, ERGOS, 1989
C d II ua ro . Destmo d I d e os espJazamientos msu ares.
DESTINO MOTIVOS DE DESPLAZAMIENTO
1 2 3 4 5 6 TOTAL
NORTE 15.434 7.643 668 2.967 745 5.141 32.598
LP. 19.625 27.763 3.514 6.939 4.378 20.307 82.526
TELDE 10.666 10.934 613 2.109 1.522 6.542 32.386
CENTRO 4.544 2.198 480 1.560 407 1.991 11.180
SURESTE 4.807 3.597 322 491 455 1.885 11.557
SUR 6.570 20.217 562 6.880 1.700 4.992 40.921
TOTAL 61.646 72.352 6.159 20.946 9.207 40.858 211168
Fuente: Encuesta de movilidad, ERGOS, 1989
C d III ua ro . Desplazmmentos mtrazona es.
MOTIVO ZONAS DE INTRADESPLAZAMIENTOS
NORTE LP. TELDE CENTRO S.E. SUR TOTAL
I 1.361 5.125 2.005 365 33 2.122 11.011
2 1.043 6.813 2.717 310 118 5.362 16.363
3 133 669 419 83 12 250 1.566
4 280 1.325 799 161 33 3.723 6.321
5 181 1.194 858 174 115 544 3.66
6 730 4.730 3.050 318 51 1.602 10.481
TOTAL 3.728 19.856 9.848 1.411 362 13.603 48.808
Fuente: Encuesta de movilidad, ERGOS, 1989
residencia para asistir a! trabajo. Los desplazamientos por motivos de trabajo suponen más de una tercera
parte de los desplazamientos totales. Las Palmas y e! Sur son los puntos de destino preferidos, mientras
que tan sólo un 3% de los mismos se produce con destino ai Centro. Por otra parte, e! 33,5% de los
desplazamientos intrazonales se realizan por motivos de trabajo de los que más de las cuatro quintas partes
se producen en las zonas de Las Palmas, Telde y Sur. Estos datos no hacen sino confirmar una realidad,
que Las Palmas y su entorno absorven una multitud de funciones que repercute en los movimientos
alternantes en la isla centralizando gran parte de los mismos. Telde y Sur son comarcas dinâmicas,
la primera más comercial e industrial y la segunda turística.
Los flujos generados por el estudio son poco relevantes, sólo el 3% se desplaza por esta causa.
De las 6.159 personas que se trasladan por motivos de estudio, el 57% lo hace hacia Las Palmas,
consecuencia de la concentración de la función educativa. Provienen del Norte, Telde y Las Palmas, que
son las áreas más dinâmicas (entre lastres desplazan el 78,4%).
En Gran Canaria la oferta de estudios se concreta en Centro Privados y Públicos de Ensefíanza
Primaria, Bachillerato y Formación Profesional, Escuelas de Diplomatura (A.T.S., Formación
de! Profesorado, Turismo ... ), Academias especializadas y recientemente, la Universidad que hasta 1989
441
sólo contaba con Universidad Politécnica y Colegio Universitario, dependiente de la Universidad
de La Laguna. La mayor parte de los centros privados dedicados a la ensefíanza obligatoria, los estudios
de diplomatura, una amplia oferla de especialidades de Formación Profesional y todos los estudios
universitarios se concentran en el área de Las Palmas.
Los resultados de la encuesta indican que el 9% de los flujos globales diarios se realizan
por 'motivos de ocio o turismo. Las Palmas, Sur, Norte y Telde son, por este orden las áreas
preferentemente visitadas (33%, 32,8%, 14,1 o/o y 10% respectivamente). Pero son de estas mismas zonas, y
con valores similares de las que se trasladan un mayor número de visitantes.
El fenómeno turístico se inicia en el Sur de Gran Canaria a partir de los afíos sesenta.
El continuo incremento de urbanizaciones e infraestructuras turísticas desplaza, desde entonces, el interés
hacia este área. Las Palmas, capital insular y aglutinadora de actividades recreativas, Telde por
la presencia de playas en su litoral y la fachada noroccidental por su calidad paisajística, comparten con
el Sur los tlujos generados por las actividades dei ocio.
Conclusiones
Si el objectivo inicial de esta comunicación era determinar las posibles áreas de influencia en
el marco insular, tendremos que concluir afirmando un gran espacio que absorbe buena parte de
los desplazamientos y movimientos que se generan en Gran Canaria: Las Palmas de Gran Canaria.
La estructura centralizada dei viario insular, e! desarrollo dei Puerto, la proximidad a centros
industriales, la concentración de funciones han contribuído, entre otros, a reforzar esta jerarquía en
e! territorio insular. Pero no sólo Las Palmas y su entorno ejercen influencia sobre otros espacios. Telde y
la zona turística dei Sur han demonstrado tener una impronta relevante. Si invertimos el processo seguido
hasta ahora, observamos que los tlujos que provienen de cualquier punto de la isla, tanto de vehículos
aforados en las carreteras como de personas que muestran sus preferencias a través de la encuesta,
se incrementan considerablemente conforme se produce la proximidad a Las Palmas. Globalmente,
estos desplazamientos son inferiores con respecto a las zonas de Telde y Sur pero no pueden desdefiarse
ya que demuestran la existencia de otras áreas, secundarias, de influencia.
E! siguiente paso que tenemos que dar, es delimitar el territorio donde cada una de estas áreas
ejerce su influencia. Trabajo que requiere e! estudio de otras variables y parámetros que nos
permitan precisar las áreas de dependencia e influencia de cada una de ellas, sefialando también
las carencias y necesidades de estos espacios diferenciados para intentar, dentro de otro marco,
un desarrollo equilibrado.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA ASIMETRIA INTRA TERRITORIAL DE EXTREMADURA: LAS DISPARIDADES SOCIO-ECONOMICAS INTERMUNICIPALES
1. Introducción.
JULIÁN MORA ALISEDA *
MONTSERRAT ALBERCA-GARCIA ADAMEz** Departamento de Geografía. Universidad de Extremadura * Asociación Interprofesional de Ordenación dei Territorio (FUNDICOT)**
Es sobradamente conocido que Extremadura ocupa el último puesto, en el ránking de
las regiones espafiolas, en casi todos los indicadores sociales y económicos frecuentemente usados para
detectar las desigualdades espaciales. Ahora bien, también parece claro que esta región no es en
modo alguno homogénea en sus características físicas y/o socioeconómicas y que, por tanto, también
presenta importantes desequilíbrios territoriales en su interior, mayores aún que los que sufre con respecto
a otras regiones espaíi.olas (MORA ALISEDA, 1989).
2. Técnica empleada
Para comprobar de forma rigurosa las desigualdades socio-económicas intrarregionales
en Extremadura hemos recurrido a la utilización de complejas técnicas estadísticas como el
Análisis Factorial en Componentes Principales. Previamente se confeccionó una Matriz de Información
Geográfica compuesta de dos partes:
1) las Unidades de Análisis Territorial (U.A.T.), conformadas por las entidades espaciales
más pequenas con significación administrativa, es decir, por los términos municipales, por lo que resultó
un total de 380 U. A. T. (218 términos municipales de Cáceres y 162 de Badajoz).
2) los atributos o variables, con sus respectivos valores. En casi todos los casos, con
la intención de evitar los errores estadísticos que pudieran derivarse, dada la heterogeneidad de las U.A.T.,
se han expresado los valores de los atributos en cifras relativas (porcentajes o tantos por mil).
Las numerosas variables seleccionadas para el presente trabajo, un total de 21 O, se pueden
agrupar en seis grandes bloques, en función de sus características. De tal modo que tenemos variables de
tipo natural, económicas, evolución y estructura demográfica, equipamientos e infraestructuras, nível
de vida y evolución de estructuras agrarias'.
Con la aplicación de la técnica factorial se obtuvieron un total de 15 factores, todos bipolares',
cuya denominación e importancia se describen a continuación muy someramente.
El Factor 1 denominado Demográfico, tiene una aportación dei 15,5 por 100 sobre la varianza.
Afecta con scores positivos a la mitad de los municípios, los más dinámicos desde este punto de vista, y
de forma negativa a la otra mitad, los más regresivos.
I No nos vamos a extender en una enumeración prolija de todas y cada una de las variables porque razones de espacio así lo aconsejan. 2 E! hecho de que un factor sea bipolar significa que todas las variables obtienen puntuación en é!, unas de forma positiva y otras negativa.
444
El segundo factor CF2), también bipolar, explica e! 15 por 100 de la varianza total. Teniendo en
cuenta que las variables que alcanzan una puntuación considerable en este factor hacen referencia a
toda una serie de características ecológicas lo hemos designado factor físico-natural. En este factor
los municípios con limitaciones físicas (pendientes, altitudes, etc.), de montafia y riveros,
adquieren puntuaciones positivas, mientras que el resto- vegas y penillanura- sonde signo negativo.
El Factor 3 (F3), unipolar, explica el 12,4 por I 00 de la varianza y aparece integrado por
una serie de variables inherentes las ciudades, por ello hemos considerado que debíamos llamarlo
factor de desarrollo económico o funciones urbanas. Aquí alcanzan una alta puntuación aquellas
unidades territoriales que se caracterizan por poseer una alta población (con respecto ai
desierto circundante), con una notable proporción de empleos en e! sector terciario y con buena asistencia
sanitaria a nível de médicos especialistas.
El resto de los factores, doce en total, tienen una contribución mucho más reducida que los
anteriores. Por orden de importancia, según su aportación proporcional a la varianza, quedan como siguen:
E! Factor 7 (F7 ), tiene una aportación a la explicación de la varianza de un 6,5 por I 00. Por
las características de las variables que exponemos a continuación vamos a denominar!e
Factor de Especialización sectorial, ya que implica que los municípios que adquieren altas puntuaciones
poseen una alta proporción de empleos en los sectores industrial y de servicios, especialmente en
el comercio minorista.
E! Factor I O (F JO), explica e! 5,6% de la varianza total. Dadas las variables de tipo físico-natural
que lo conforman lo llamaremos Factor climático de peni!lanura y vegas.
El Factor 5 (F5), aparta un 5,5% a la varianza, le bautizamos con el nombre de
Factor de evolución de la estructura agraria.
El Factor 14 (FJ4), lo componen especialmente tres variables y su contribución a la varianza
es dei 5,5%. En este factor alcanzan un alto peso aquellos municípios que tienen o han disfrutado
hasta muy recientemente de algún tipo de obras de infraestructura importante (embalses,
centrales nucleares, etc.), razón por la cual vamos a denominaria factor de soporte infraestructural.
AI Factor 6 (F6), lo llamamos dominio dei olivar. La varianza explicada es dei orden dei
5,4 por I 00.
El Factor I I (F 11 ) cuya aportación a Ia explicación de la varianza es dei 5,2 por IOO,
circunscrito a las cuencas sedimentarias lo hemos denominado factor de aprovechamiento
agrario intensivo.
El Factor 4 (F4), con una contribución a la varianza dei 4,8 por 100, vamos a llamarlo
factor de innovación ganadera, debido a lo significativo de las variables que lo integran.
El Factor 8 (F8), de subsidio agrario, explica e! 4,4 por I 00 de la varianza.
El Factor 12 (F12), de Emigración-Retorno,contribuye a la varianza con una porcentaje dei 3,8.
E! Factor 13 (F13), que a porta e! 3,5 por I 00 de explicación a la varianza, lo hemos titulado
Factor de cambio de actividad.
El Factor 9 (F9), de declive económico, también aparta a la explicación de la varianza dei
3,5 por 100.
445
El Factor 15 (F15) con una contribución dei 3,5 por 100 sobre el total de la varianza, hemos
convenido en llamarlo factor de explotación directa, y afecta indistintamente a los términos municipales
de montafía, penillanura y cuencas sedimentarias, sin regadío.
Una de las aportaciones de nuestro estudio consiste en el hecho de haber contado con todos
los factores resultantes dei Análisis Factorial. Hasta ahora, en los demás trabajos consultados,
los investigadores se habían centrado sólo en aquellos factores, los tres o cuatro primeros, por lo general,
que mayor proporción de la varianza explicaban, prescidiendo dei resto.
En nuestro caso, no se ha postergado ningún factor, ya que por pequena que sea su participación
porcentual en la varianza, es un hecho incocuso que sin su contribución una parte de la compleja realidad
que pretendemos analizar, y que queda simplificada en los factores, quedaría sin explicar.
Obviamente, el fin último que deseábamos conseguir era precisamente la obtención de
un indicador objetivo de desarrollo para cada uno de los 380 municípios que integran la región extremeiia,
que nos permitiera establecer un ránking socio-económico de los mismos, que hiciera posible detectar
las grandes disparidades intraterritoriales existentes en un espacio atrasado, comparativamente con
otros espaiioles y europeos.
3. Nível de Desarrollo Municipal.
Para establecer una jerarquía dei nível de desarrollo o subdesarrollo de las distintas unidades
territoriales (U.A.T.) se procedió a hallar la puntuaciones medias de los quince factores en todos
los municípios, con objeto de establecer un Indice Ponderado de Desarrollo.
E! Indice Ponderado de Desarrollo (I.P.D.) utilizado por nosotros es e! más adecuado para
averiguar e! valor medio de una distribución cuyos valores tienen diferente significado e importancia
de cara ai resultado final. El I.P.D. se ha calculado teniendo en cuenta la importancia de todos y cada uno
los factores considerados, es decir, su valor para cada município depende de la puntuación que éste alcance
en cada factor y dei porcentaje de explicación de este último:
(F 1) X (15,5) + (F2 ) X (15)+ (F3) X (12,5)+ ... +(F 15) X (3,5) I. P.D.= --------------------
15,5 + 15 + 12,5 + ... + 3,5
El resultado dei I.P.D. para cada uno de los municípios extremefíos, ordenados de forma
descendente, queda dei siguiente modo (Cuadro):
446
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
l 15 BADAJOZ 1,889 2 37 CACERES 1,559 3 148 PLASENCIA 1,079 4 158 ZAFRA 0,95 5 83 MERIDA 0,927 6 131 NAVALMORAL 0,822 7 180 TALAYUELA 0,75 8 104 JARAIZ 0,682 9 153 VILLANUEVA SERENA 0,637
10 128 MORALEJA 0,62 11 67 CORIA 0,606 12 155 VILLARRENA 0,592 13 129 MORCILLO 0,59 14 195 TRUJILLO 0,56 15 44 DONBENITO 0,534 16 110 LOSARVERA 0,521 17 130 NAVACONCEJO 0,503 18 89 GUIJO GALISTEO 0,483 19 11 ALMENDRALEJO 0,471 20 47 CARCABOSO 0,456 21 105 JARANDILLA 0,455 22 111 RENA 0,441 23 182 TORIL 0,439 24 49 CASAR CACERES 0,437 25 76 GALISTEO 0,436 26 121 MIAJADAS 0,398 27 19 ALMARAZ 0,393 28 137 VALDECABALLEROS 0,385 29 127 MONTEHERMOSO 0,382 30 13 ALDEACENTENERA 0,374 31 35 CABEZUELA VALLE 0,362 32 216 ZARZA GRANADILLA 0,346 33 116 MALPARTIDA PLASENCIA 0,337 34 85 MONESTERIO 0,336 35 8 ALCANTARA 0,329 36 198 VALDEFUENTES 0,321 37 14 AZUAGA 0,316 38 121 SANTA AMALIA 0,315 39 91 GUIJO SANTA BARBARA 0,311 40 133 TORREMEGIAS 0,304 41 46 CARBAJO 0,304 42 80 MEDELLIN 0,3 43 101 HUELAGA 0,299 44 45 CANAVERAL 0,286 45 16 ALDEHUELA JERTE 0,282 46 58 CASATEJADA 0,275 47 181 TEJEDA TIETAR 0,267 48 111 MADRIGAL VERA 0,264 49 149 VILLAFRANCA BARROS 0,251 50 132 TORREMAYOR 0,248 51 151 PORTEZUELO 0,245 52 l ACEDERA 0,238 53 103 PUEBLA CALZADA 0,234 54 24 BANOS 0,232 55 88 MONTIJO 0,231 56 128 TALA VERA REAL 0,228 57 99 HOLGUERA 0,227 58 183 TORNA VACAS 0,224 59 !55 RIO LOBOS 0,224
447
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
60 123 SANTOS DE MAIMONA 0,218 61 72 LOBON 0,208 62 72 ELIAS 0,206 63 196 VALDASTILLAS 0,206 64 119 SAN VICENTE ALCANTARA 0,206 65 212 VILLANUEVA VERA 0,205 66 203 VALENCIA ALCANTARA 0,199 67 205 VALVERDE FRESNO 0,197 68 114 MAJADAS TIETAR 0,196 69 159 ZAHINOS 0,189 70 70 JEREZ CABALLEROS 0,189 71 60 GUARENA 0,184 72 14 ALDEANUEVA VERA 0,181 73 74 LLERENA 0,176 74 18 ALISEDA 0,175 75 113 MADRONERA 0,166 76 144 PESGA 0,164 77 202 VALDEOBISPO 0,163 78 80 GARGANTILLA 0,161 79 36 CASTUERA 0,151 80 37 CODOSERA 0,149 81 8 ALCONERA 0,144 82 95 OLIVENZA 0,141 83 162 SALORINO 0,138 84 94 HERRERAALCANTARA 0,135 85 214 VILLAR PLASENCIA 0,133 86 lO ALCUESCAR 0,132 87 84 GATA 0,132 88 179 TALAVERUELA 0,127 89 184 TORNO 0,123 90 52 FUENTE CANTOS 0,12 91 107 JERTE 0,119 92 124 MOHEDAS 0,117 93 96 HERVAS 0,117 94 68 CUACOS 0,115 95 65 COLLADO 0,115 96 50 FREGENAL SIERRA 0,113 97 91 NAVALVILLAR PELA 0,112 98 186 TORRECILLAS TIESA 0,112 99 21 ARROYOLUZ 0,111 100 15 ALDEANUEVA CAMINO 0,108 101 161 ZARZA ALANGE 0,107 102 125 MONROY 0,106 103 64 CILLEROS 0,105 104 132 NAVALVILLAR IBOR 0,103 105 32 BROZAS 0,094 106 59 CASILLAS CORIA 0,093 107 44 CANAMERO 0,09 108 115 ROCASIERRA 0,089 109 63 HERRERA DUQE 0,088 110 I ABADIA 0,085 111 118 SAN PEDRO MERIDA 0,083 112 77 GARCIAZ 0,082 113 189 TORREJONCILLO 0,08 114 137 PALO MERO 0,079 115 22 ARROYOMOLINOS VERA 0,078 116 117 SALVATIERRA BARROS 0,077 117 53 CASAS DON GOMEZ 0,077 118 190 TORREJON RUBI O 0,074
448
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA 119 174 SEGURA TORO 0,073 120 197 VALDECANAS TAJO 0,073 121 110 REINA 0,072 122 109 LOGROSAN 0,066 123 45 ENTRIMBAJO 0,064 124 206 VIANDAR VERA 0,064 125 138 VALDETORRES 0,063 126 40 CORTE DE PELEAS 0,061 127 117 MAR CHAGAZ 0,059 128 156 VILLARREY 0,058 129 43 CAMPO LUGAR 0,058 130 204 VALVERDE VERA 0,051 131 113 RIBERA FRESNO 0,05 132 48 CARRASCALEJO 0,047 133 95 HERRERUELA 0,045 134 6 ALBUQUEl~QUE 0,043 135 25 BARRADO 0,042 136 103 JARAICEJO 0,042 137 160 ZALAMEA SERENA 0,041 138 78 GARGANTA 0,04 139 157 ROBLEDILLO VERA 0,037 140 115 MALPARTIDA CACERES 0,035 141 165 SANTA ANA 0,03 142 12 ARROYO SERVAN 0,03 143 54 FUENTE MAESTRE 0,026 144 90 NAVASANTIAGO 0,024 145 7 ALCONCHEL 0,024 146 134 NAVEZUELAS 0,017 147 136 USAGRE 0,015 148 12 ALDEA DEL CANO 0,015 149 112 MADRIGALEJO 0,015 150 9 ALJUCEN 0,014 151 38 CORDOBILLA LA CARA 0,013 152 51 CASARES HURDES 0,013 153 5 ALBUERA 0,013 154 50 CASAR PALOMERO 0,01 155 34 CABEZABELLOSA 0,01 156 126 SOLANA BARROS 8,855E-3 157 143 VALVERDE LEGANES 8,087E-3 158 126 MONTACHEZ 7,929E-3 159 193 TORREORGAZ 7,925E-3 160 100 HOYOS 7,741E-3 161 69 HORNACHOS 7,231E-3 162 6 AHIGAL 6,954E-3 163 167 SANTA CRUZ PANIAGUA 6,531E-3 164 60 CASTANAR IBOR 3,199E-3 165 27 CALZADILLA BARROS 2,421 E-3 166 67 HIGUERA REAL 2,156E-3 167 215 VILLASBUENAS GATA 1,509E-3 168 23 ARROYOMOLINOS MONTACHEZ 8,810E-4 169 164 SAN MARTIN TREVEJO 6,410E-4 170 105 PUEBLA O BANDO 2,712E-5 171 168 SANTA MARTA MAGASCA -2,138E-4 172 42 CHELES -2,444E-3 173 151 VILLAGONZALO -3,755E-3 174 2 ACEUCHAL -4,531E-3 175 22 BURGUILLOS CERRO -4,919E-3 176 39 CADALSO -6,760E-3 177 154 VILLANUEVA FRESNO -7,942E-3
449
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
178 83 GARVIN -2,884E-2 179 84 MIRANDILLA -0,018 180 86 GRANJA -0,018 181 86 MONTEMOLIN -0,020 182 71 LAPA -0,021 183 109 QUINTANA SERENA -0,022 184 146 VALLE SERENA -0,023 185 116 SALVALEON -0,023 186 154 REBOLLAR -0,025 187 119 MEMBRIO -0,026 188 79 GARGANTA OLLA -0,026 189 102 PUEBLA ALCOCER -0,029 190 188 TORRE SANTA MARIA -0,031 191 55 FUENTES LEON -0,031 192 122 SANTA MARTA -0,035 193 98 PALO MAS -0,035 194 107 PUEBLA MAESTRE -0,035 195 191 TORREMENGA -0,036 196 16 BARCARROTA -0,036 197 54 CASAS CASTANAR -0,037 198 26 CALERALEON -0,040 199 102 IBAHERNANDO -0,041 200 23 CABEZABUEY -0,042 201 29 BERZOCANA -0,044 202 21 BODONAL DE LA SIERRA -0,045 203 148 VALLE SANTA ANA -0,046 204 127 TALARRUBIAS -0,046 205 47 ESPAGOSA SERENA -0,046 206 159 ROBLEDOLLANO -0,047 207 51 FUENLABRADA MONTES -0,047 208 106 PUEBLASANCHOPEREZ -0,050 209 58 GARROVILLA -0,053 210 147 PIORNAL -0,055 211 81 MEDINA TORRES -0,057 212 49 FERIA -0,058 213 141 VALENCIA VENTOSO -0,058 214 133 NAVAS MADRONO -0,059 215 64 HIGUERA SERENA -0,059 216 146 PINOFRANQUEADO -0,061 217 29 CAMPILLO -0,063 218 31 CARMONITA -0,064 219 82 MENGABRIL -0,064 220 210 VILLAMIEL -0,065 221 82 GARROVILLAS -0,069 222 187 TORRE DON MIGUEL -0,070 223 219 ZORITA -0,072 224 176 SERREJON -0,075 225 140 PERALEDA MATA -0,076 226 27 BENQUERENCIA -0,078 227 25 CALAMONTE -0,082 228 20 ALMOHARIN -0,082 229 172 SANTIBANEZ BAJO -0,085 230 69 CUMBRE -0,086 231 56 GARBAYUELA -0,087 232 68 HINOJOSA VALLE -0,088 233 4 ALANGE -0,089 234 81 GARGUERA -0,089 235 123 MIRABEL -0,090 236 138 PASARON -0,090
450
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
237 87 MONTERRUBIO SERENA -0,090 238 177 SIERRA FUENTES -0,091 239 150 PORTAJE -0,093 240 5 ACEITUNA -0,093 241 175 SERRADILLA -0,095 242 152 VILLALBA BARROS -0,096 243 124 SEGURALEON -0,097 244 93 OLIVA FRONTERA -0,097 245 89 MORERA -0,103 246 73 L LERA -0,103 247 88 GUIJO CORIAS -0,106 248 28 CAMPANARIO -0,107 249 135 NUNOMORAL -0,108 250 4 ACEHUCHE -0,112 251 33 CASAS DON PEDRO -0,114 252 87 GUADALUPE -0,117 253 76 MAGUILLA -0,119 254 2 ABERTURA -0,120 255 135 TRUJILLANOS -0,121 256 55 CASAS MONTE -0,122 257 217 ZARZA MONTANCHEZ -0,125 258 94 OLIVAMERIDA -0,130 259 178 TALA VAN -0,130 260 144 VALVERDE LLERENA -0,133 261 136 OLIVA PLASENCIA -0,134 262 24 CABEZAVACA -0,134 263 70 DELEITOSA -0,135 264 46 ESPARRAGALEJO -0,137 265 152 POZUELO ZARZON -0,137 266 170 SANTIAGO CAMPO -0,137 267 112 RETAMAL -0,138 268 71 DESCARGAMARIA -0,138 269 218 ZARZAMAYOR -0,141 270 173 SAUCEDILLA -0,142 271 194 TORREQUEMADA -0,154 272 104 PUEBLA REINA -0,156 273 61 CECLAVIN -0,157 274 79 MANCHITA -0,158 275 145 PIEDRAS ALBAS -0,159 276 3 AHILLONES -0,160 277 17 ALIA -0,160 278 142 PERALES PUERTO -0,160 279 169 SANTIAGO ALCANTARA -0,161 280 125 SIRUELA -0,168 281 142 VALVERDE BURGUILLOS -0,168 282 118 MATA ALCANTARA -0,168 283 99 PARRA -0,169 284 66 HIGUERA VARGAS -0,169 285 39 CORONADA -0,172 286 160 ROMANGORDO -0,172 287 36 CABRERO -0,172 288 120 SANCTI -SPIRITUS -0,173 289 75 MAGA CELA -0,174 290 59 GRANJA TORREHERMOSA -0,174 291 209 VILLAMESIAS -0,174 292 97 ORELLANA VIEJA -0,178 293 38 CACHORRILLA -0,179 294 30 BOHONAL DE IBOR -0,181 295 108 PUEBLA PRIOR -0,184
451
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
296 200 VALDELACASA TAJO -0,194 297 207 VILLACAMPO -0,195 298 201 VALDEMORALES -0,202 299 10 ALMENDRAL -0,205 300 9 ALCOLLARIN -0,209 301 192 TORREMOCHA -0,212 302 42 CAMPILLO DELEITOSA -0,213 303 158 ROBLEDILLO TRUJILLO -0,217 304 185 TORRECILLA ANGELES -0,218 305 13 ATALAYA -0,218 306 92 HERGUIJUELA -0,218 307 17 BATERNO -0,218 308 40 CALZADILLA -0,220 309 93 HERNAN-PEREZ -0,222 310 41 CRISTINA -0,223 311 171 SANTIBANEZ ALTO -0,223 312 139 VALENCIA TORRES -0,227 313 18 BENQUERENCIA SERENA -0,227 314 211 VILLANUEVA SIERRA -0,230 315 65 HIGUERA LLERENA -0,231 316 26 BELVIS MONROY -0,233 317 73 ESCURIAL -0,233 318 41 CAMINOMORISCO -0,234 319 145 VALVER MERIDA -0,237 320 7 ALBALA -0,238 321 62 CEDILLO -0,241 322 19 BERLANGA -0,242 323 141 PERALEDA SAN ROMAN -0,246 324 75 FRESNEDOSO IBOR -0,246 325 208 VILLAREY -0,253 326 213 VILLAR PEDROSO -0,253 327 33 CABANAS CASTILLO -0,254 328 63 CE REZO -0,259 329 77 MALCOCINADO -0,262 330 62 HELECHOSA MONTES -0,268 331 43 DON ALVARO -0,269 332 92 NOGALES -0,270 333 166 SANTA CRUZ SIERRA -0,273 334 3 A CEBO -0,274 335 149 PLASENZUELA -0,280 336 98 HINOJAL -0,286 337 11 ALDEA DE TRUJILLO -0,286 338 129 TALIGA -0,289 339 61 HABA -0,302 340 34 CASAS REINA -0,305 341 134 TRASIERRA -0,310 342 139 PEDROSO ACIM -0,317 343 56 CASAS MILLAN -0,320 344 101 PERALEDA ZAUCEJO -0,324 345 150 VILLAGARCIA -0,329 346 57 CASAS MIRAVETE -0,329 347 199 VALDEHUNCAR -0,332 348 20 BIENVENIDA -0,332 349 48 ESPAGOLARES -0,333 350 130 TAMUREJO -0,347 351 53 FUENTEARCO -0,349 352 131 TORRE MIGUEL SESMERO -0,353 353 163 SALVATIERRA -0,354 354 100 PENALSORDO -0,357
452
No MUNICIPIO (U.A.T.) I.P.D. EXTREMADURA
355 157 VILLARTA MONTES -0,364 356 114 RISCO -0,368 357 153 PUERTO SANTA CRUZ -0,368 358 162 ZARZA-CAPILLA -0,373 359 106 JARILLA -0,374 360 122 MILLANES -0,374 361 57 GARLITOS -0,378 362 97 HIGUERA -0,395 363 35 CASTILBLANCO -0,396 364 140 VALENCIA MONBUEY -0,406 365 78 MALPARTIDA SERENA -0,420 366 66 CONQUISTA SIERRA -0,428 367 143 PESCUEZA -0,433 368 85 GORDO -0,445 369 96 ORELLA SIERRA -0,447 370 52 CASAS DON ANTONIO -0,450 371 CARRASCALEJO, EL -0,456 372 90 GUIJO GRANADILLA -0,467 373 31 BOTIJA -0,476 374 156 ROBLEDILLO GATA -0,481 375 147 VALLE MATAMOROS -0,483 376 108 LADRILLAR -0,520 377 120 MESAS IBOR -0,571 378 161 RUANES -0,590 379 28 BERROCALEJO -0,592 380 30 CAPILLA -0,691
4. Conclusiones
De la observación de ese ránking se infiere hasta qué punto en una economía de base agraria
como la extremefía, los factores naturales tienen una enorme influencia, condicionando sobremanera los
tipos de aprovechamiento dei territorio. De tal manera, que allí donde los condicionantes son mayores,
como las áreas de montafía- salvo las que tienen valles regables' - y de penillanura - que aunque figure
como zona sin limitaciones físicas (pendientes, altitud, etc.) sin embargo presenta unos suelos estériles que
impiden tanto su puesta en riego como la obtención de buenos rendimientos en los cultivos -, imponen su
tiranía obligando a un aprovechamiento del pastizal (mediante la explotación extensiva de la ganadería
ovina, en zonas desarboladas, porcina, en superfícies de dehesa, y bovina, en ambas, mientras que
el caprino se extendería por la montafía y los riveros) y dei sector forestal (pinar y eucaliptal en
la montafía, con fines madereros, y alcornocal y encinar en la penillanura, para la producción de corcho
y carbón) (GURRIA et ai., 1989). Los municípios asentados sobre estas zonas con limitaciones a
la producción son los que oc\]pan, generalmente, las últimos posiciones en la jerarquía dei desarrollo
establecida en e! I.P.D. para Extremadura.
Sin embargo, en las zonas sedimentarias - tanto de regadío como de secano -, no existen
limitaciones impuestas por e! marco fisiográfico a las actividades agrarias, puesto que ai ser áreas llanas,
de baja altitud (inferior a 300 mts.), con una climatología favorable y unos suelos profundos y fértiles
(aluviales y terciarios), gozan de un aprovechamiento intensivo dei espacio (MORA ALISEDA, 1990).
Es aquí, por lo general, donde se ubican los núcleos más desarrollados, normalmente con las características
urbanas más acentuadas.
3 Como algunos municípios de las comarcas de V alie dei Jerte, La Vera, etc.
453
Esta circunstancia de la potencialidad natural de cado uno de los términos municipales va
a desempenar un papel fundamental en todos los procesos de índole socio-económica
(grado de urbanización, tasa de actividad, especialización funcional, etc.). Quiere ello decir que el grado
de desarrollo de cada núcleo estará en relación con su menor o mayor carácter rural, su dinamismo
demográfico, sus limitaciones naturales, su grado de equipamiento, su dotación de infraestructuras, etc.
(MORA ALISEDA, 1991).
BIBLIOGRAFIA
GURRIA GASCON, J. L. et al. (1989): Los desequilibrios entre la población y los recursos en una región fronteriza: Extremadura. Un problema secular y permanente. Workshop Desenvolvimento de Regiões Fronteiriças. Universidade da Beira Interior. Covilhã (Portugal), pp. 11-27.
MORA ALISEDA, J. (1989): Extremadura como modelo de región desfavorecida. Bases para su desarrollo. XV Reunión de Estudios Regionales. Asociación Espafíola de Ciencia Regional. Murcia, pp. 369-380.
MORA ALISEDA, J. (1990): Poblamiento y Media Físico-Natural en Extremadura. Aplicación de la Técnica Factorial. Revista de Estudios Agro-Sociales, Núm. 153. Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación. Madrid, pp. 219-240.
MORA ALISEDA, J. ( 1991 ): Extremadura como modelo de región desfavorecida: Estructura territorial y desarrollo regional. Tesis Doctoral (Inédita). UNEX, Cáceres, 4 tomos.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA ACTUAL PLANIFICACIÓN SECTORIAL Y TERRITORIAL EN ANDALUCÍA
1. INTRODUCCIÓN
JOSE MANUEL JURADO ALMONTE Profesor Asociado de Análisis Geográfico Regional. Sevilla ANTONIO GARCIA GOMEZ Doctorando en Análisis Geográfico Regional. Sevilla
Es nuestro objetivo concretar con obligada brevedad las principales Políticas sectoriales y
territoriales vigentes en la actualidad en Andalucía, así como delimitar aquellos espacios municipales
y comarcales sobre los que se han actuado. Dicho análisis se puede realizar a dos niveles:
· Actuaciones territoriales procedentes de dos escalas básicas: Administración Central y
Autonómica. Se obvia la escala Comunitaria por falta de espacio.
· Diferenciación de las actuaciones entre aquellas que son de tipo general, para un desarrollo
integral dei territorio, y aquellas que inciden más de forma sectorial aunque sobre la base de un territorio
concreto.
Dado el amplio conjunto de intervenciones territoriales, se ha procedido a una breve valoración
de las mismas, centrándonos en aquellos Planes y Programas territoriales con mayor impacto territorial,
referentes a la agricultura, industria y servicios, infraestructuras básicas, equipamientos comunitarios,
urbanismo, medio ambiente y ordenación dei territorio.
2. COMPETENCIAS AUTONOMICAS Y EL NUEVO PLAN ANDALUZ DE DESARROLLO ECONOMICO.
En primer lugar, cabe sefíalar que Andalucía, en base a su Estatuto de Autonomía !e ha sido
transferidos desde la Administración Central, la totalidad de las competencias en numerosas materias entre
los afíos 1979 y 1981. A partir de estas fechas se organiza una nueva Administración dividida
en Consejerías y Direcciones, a semejanza ai aparato estatal y lo que es más importante, un cuerpo
legislativo que desarrolla y regula las competencias y funciones en la planificación territorial y sectorial.
Se pretende a través de este desarrollo legislativo adecuar e! modelo de desarrollo de forma autónoma a
las necesidades reales, los recursos disponibles y a la problemática existente en esta región.
La realización de los Planes Económicos es posibilitado por la Constitución Espafiola
(art. 148.1) y el Estatuto de Autonomía (art. 18.1.1 °, 30.5 y 71). Además se convierte eu un instrumento
obligatorio en la Ley de Fondo de Compensación Interterritorial (artículo 8°) y para la elaboración de
los Planes de Desarrollo Regional (P.D.R.), que posibilitan un acceso a las ayudas comunitarias y,
muy especialmente, a las dei Fondo Europeo de Desarrollo Regional (F.E.D.E.R.).
El Plan Económico Regional, en su conjunto, se convierte en el documento de mayor
importancia, con carácter orientativo para la todos los poderes públicos actuantes en la Comunidad
Autonóma. "Se considera la planificación como un instrumento idóneo para resolver los problemas
estructurales de la economía andaluza. E! Plan constituye un instrumento que da coherencia a las distintas
456
actuaciones de la Administración autonómica en el marco de una estrategia global de acción. Concensuado
desde la Administración y el Gobierno andaluz con los agentes económicos y sociales de la región y con la
aprobación dei Parlamento, tendrá una plasmación concreta anual en los distintos presupuestos de la Junta
y sus Organismos Autónomos cada afio de vigencia dei Plan".
A través de el se intenta orientar y propiciar las líneas de actuación sectorial y territorial,
a través de estrategias generales orientativas a largo plazo o a actuaciones concretas (programas y medidas
de aplicación) con especificación de la obra, ámbito y financiación. Para cada sector, se plantean unos
objetivos y estrategias generales de actuación, recursos y programación financiera e instrumentos
de intervención.
Caducados ya los Planes de Urgencia para Andalucía (PUE), en la etapa preautonómica, el
Plan Económico Andaluz (IPEA) (1984-86) y el Programa Andaluz de Desarrollo Regional, PADE I
(1987-90), en la actualidad se halla vigente el Plan Andaluz de Desarrollo Económico, PADE II
(1991-92). No interrumpiéndose este proceso de planificación dadas las especiales características de los
problemas socioeconómicos y territoriales de Andalucía. En el P ADE 91-93 "se recogen las grandes
opciones estratégicas dei desarrollo regional y la política económica y social dei Gobierno andaluz para
los próximos anos".
El amplio conjunto de objetivos que establece el PADE II se pueden adecuar a cuatro categorías,
sin carácter jerárquico, que establecen numerosas interconexiones:
· Objetivos orientados a la articulación dei tejido productivo y dei territorio.
· Objetivos dirigidos a la revalorización de los factores de producción y fomento de la actividad
económica.
· Objetivos con incidencia en el Medio Ambiente y Equilibrio Territorial.
· Objetivos de carácter social y cultural.
Todos ellos quedan vinculados a dos metas generales propuestas en el PADE II: el crecimiento
sostenible y equilibrado y la mejora de vida y la distribución de la riqueza.
3. PLANIFICACIÓN EN LA ESTRUCTURA AGRARIA
Hablemos en primer lugar y siguiendo el criterio inicial, de las actuaciones y planes sectoriales
de la Administración Central.
- Plan de Ordenación y Mejora de las Explotaciones Ganaderas Extensivas. Se inicia
en 1984 desde el Ministerio de Agricultura. Sus objetivos son paliar los efectos de la crisis de la ganadería
extensiva en amplias zonas de la región y e! apoyo a la modernización de las explotaciones.
- Plan de Reestructuración dei Vifiedo. Contempla subvenciones para e! abandono de los
vifíedos marginales, programas para mejorar la calidad de los productos, reestructuración de
las explotaciones y promueve la industrialización y comercialización de este sector. A las comarcas
prioritarias se les ha favorecido con la aprobación de las Denominaciones de Origen (Montilla-Moriles;
Jerez-Sanlúcar; El Condado de Huelva y Málaga).
- Planes de Transformación de grandes zonas de interés general, dei Ministerio de
Agricultura, dei 3 de Marzo de 1984. Se trata de Planes territoriales de desarrollo económico
(Zonas Regables de Interés Nacional) para la puesta en regadío y transformar el sistema productivo
en las áreas de secano de amplias superfícies que necesitan el apoyo presupuestario público proveniente de
la Comunidad o dei Ministerio de Agricultura.
457
En cuanto a las actuaciones específicas de la Consejería de Agricultura y Pesca de la Junta
de Andalucía, si bien ha asumido gran parte de los instrumentos anteriormente sefíalados, destacan como
propios los siguientes Planes y Programas:
- Red Andaluza de Experimentación Agraria. Su objetivo es difundir al sector agrario las
investigaciones y programas tecnológicos existentes.
- Planes Comarcales de Mejora de la Ley de Reforma Agraria, aprobadas por la Junta
de Andalucía el 3 de julio de 1984. Son planes de desarrollo integral y establecen la programación de las
inversiones, tratamiento o aprovechamiento a realizar con carácter forzoso en una explotación
agropecuaria o forestal, a fin de conseguir el adecuado ejercicio de la explotación agraria y que el
suelo rústico produzca los benefícios económicos y sociales que demande su función social. Se definen las
prioridades territoriales, donde a través de las inversiones se establecen planes de desarrollo integraL Se
han declarado desde 1984, en sucesivos decretos, las comarcas de Antequera, Montefrío, Medina Sidonia,
Osuna-Estepa, Campina de Cádiz, Condado de Huelva, Vega de Sevilla y Vega de Córdoba.
- Planes de Modernización dei Regadío. Sus objetivos son aumentar la superfície regable y
controlar los recursos hídricos y racionalizar los usos dei suelo agrícola de áreas que poseen regadíos
tradicionales.
4. POLITICAS DE PLANIFICACIÓN Y PROMOCIÓN EN LA INDUSTRIA Y LOS SERVI CIOS
Según el Plan Andaluz de Desarrollo Económico 91-93, la potenciación dei SECTOR
INDUSTRIAL constituye la necesidad más imperiosa de la región. Se opta en el PADE II por una
economía industrial ya que "posee una mayor potencial para generar efectos modernizadores en
el conjunto dei sistema productivo andaluz". El objetivo básico es lograr una mayor grado de desarrollo
industrial por medio de una potenciación y diversificación de la estructura productiva industrial.
Desde la Junta de Andalucía se han creado nuevos organismos, a los que se unen los
dependientes de la Administración Central y que no fueron transferidos. Entre los primeros se encuentran
el IPIA (3 de marzo de 1983) para la producción y promoción industrial, SOPREA (1983), para la
financiación y participación de empresas y COPASA para e! fomento de la exportación. Se ha asumido
la gestión de sus funciones (convenios de cooperación) en el ámbito autonómico para el CDTI, SODIAN
e IMPI.
Las actuaciones y funciones dei IPIA y SOPREA fueron tomadas por el Instituto de Fomento
de Andalucía (I.F.A) desde su creación (ley 3/1987 de 13 de abril), desapareciendo los primeros. Tiene
como principal objetivo la dinamización de la economía regional y la mejora dei nível competitividad,
a través principalmente de instrumentos financieros y de asistencia a la gestión y formación empresarial.
Las formas de actuación se pueden desglosar entre Planes de Actuación y Acciones de Fomento.
A .su vez, los Planes de Actuación se dividen en sectoriales y territoriales.
En cada Plan se hace un diagnóstico de la problemática existente en todo el recorrido de
la cadena productiva y un conjunto de alternativas y soluciones de cara a la dinamización de
tales industrias. El papel dei IFA es sobre todo de agente dinamizador, asesor, inversor y subvencionador,
siendo indispensable tambien la participación activa de los principales agentes implicados en el sector.
Los Planes sectoriales acometidos son los siguientes:
- Marroquinería de Ubrique
- Mármol de Macael
-Sector corchero de la Sierra de Huelva y Cádiz
458
- Cerâmica industrial de Bailén
- Apicultura de Hornachuelos
- Mueble de Granada y Sanlúcar de Barrameda
-Conservas de pescado de Cádiz y Huelva
- Industria auxiliar naval de la Bahía de Cádiz.
- Artesanía de Granada
- Industria auxiliar de la agricultura en el poniente de Almería
- Talco de Somontín
- Industrialización dei Pifíón de la Costa de Huelva
Los Planes territoriales pretenden el desarrollo integral de una zona bien delimitada de cara a la
potenciación y aprovechamiento de sus recursos endógenos: naturales y humanos. Se aborda estos planes
desde la órbita de conocer lo existente y sus posibilidades de explotación de cara ai desarrollo y equilíbrio
natural de la comarca. No es coincidencia que la mayoría de estos planes se establezcan en Parques
Naturales dentro de la Red de Espacios Naturales Protegidos.
Se trata de un conjunto de propuestas generales y acciones concretas que deben llevarse a cabo
con prioridad a corto o medio plazo, y que contribuyen a dinamizar la actividad económica dei
área delimitada. Para ello, se establecen un conjunto de subvenciones y créditos blandos que tienen
como principales agentes al I.F.A., La Consejería de Economía y Hacienda a través de las Z.O.P.R.E.s,
la D. G. de Cooperativas, la D.G. de Turismo y los empresarios a título Individual.
Los Planes iniciados hasta el momento son los siguientes:
- Sierra de Grazalema
- Sierra de Cazorla, Segura y Las Villas
- Sierra Sur de Sevilla
- Sierra de Huelva
- Campo de Gibraltar
Las Acciones de Fomento, son parecidas a las primeras, aunque intervienen en sectores
de forma muy puntual y rápida ejecución. Las acciones emprendjdas son:
- Comercialización de la castafía de Huelva.
- Conservas dei Estrecho.
- Almadraba de Isla Cristina.
- Mueble Andaluz (comarca de Granada).
Hablemos ahora, y siguiendo el criterio inicial, de las actuaciones y planes sectoriales en este
campo de la Administración Central.
- En el marco de los Planes de Desarrollo de los afíos sesenta, ya derogados se aprobó desde
la Administración Central la Ley de industrias preferentes (Ley 15211963, de 2 de diciembre y
Decreto 2853/l964, de 8 de septiembre). En Andalucía han sido de aplicación los siguientes instrumentos
creados en este marco legal y que desparecerán con la entrada de las G.A.E.I.A.s:
· Polos de Promoción y Desarrollo Industrial: Huelva, Sevilla, Granada y Córdoba.
· Zona de preferente localización industrial agraria: la totalidad de Andalucía.
· Zona de preferente localización industrial minera: Cuenca minera de Huelva y Sevilla.
·Zonas de Protección Artesana para las províncias de Almería y Jaén.
- El siguiente instrumento que apareció ya en el proyecto dei IV Plan de Desarrollo
para Andalucía fue el Gran Area de Expansión Industrial de Andalucía (G.A.E.I.A.) (R.D. 2662/l976
de 30 de octubre y R.D. 1117/77) y las Zonas de Urgente lndustrialización (Z.U.R.) que se enmarca en
459
la Ley de 26 de julio de 1984 sobre Reconversión e Industrialización, pero derogada en diciembre de 1987,
en Andalucía se estableció, con carácter de urgencia, para la Bahía de Cádiz (R.D. 189/85 de 16 de enero).
- Un último instrumento es el Plan de Fomento de la Artesanía dei Ministerio de Industria
(Decreto 519176, de 26 de febrero). Con este Plan de desarrollo económico se regula y potencia a través de
diversas subvenciones la actividad artesana. Se contempla la figura de declaración de "Zona de
Protección Artesana", acogiendose a la Ley de Industrias de ln te rés Preferente. Es vigente en
la actualidad para las províncias de Jaén y Almería.
También le han sido transferidas a la Junta múltiples competencias en materia
de TRANSPORTES.
Los distintos Planes en materia de transportes han contribuído a contrarestar en parte el déficit
estructural que poseía Andalucía. Destacan en ello los Planes Territoriales de Carreteras (1987 -1990
y 1992-1999) y el Plan Estratégico Ferroviario (1987-2000) de la Junta de Andalucía.
Al anterior Plan se une el Plan General de Carreteras (1991-1998) de la Administración
Central (MOPU) de cara a la mejora del acondicionamiento, mantenimiento y construcción de autovías en
la Red de Interés General (2.500 kilómetros de carreteras).
También existen estrategias y programas de intervención variadas en cuanto a la red portuaria,
la red de aeropuertos, las infraestructuras energéticas, infraestructura hidraúlica y redes de
telecomunicaciones por ambas administraciones.
En cuanto al TURISMO destacan los estudios de promoción y desarrollo dei Laboratorio de
Planificación Turística que cubren casi todo el litoral, y donde la Junta aporta infraestructuras en
coordinación con otras figuras de incentivación regional: ZOPRE, IF A, FEDER, etc. Se tratan de
los Planes de Promoción Turísticos dei Litoral de la Costa occidental y oriental de Huelva,
costa noroccidental y suroccidental de Cádiz, Campo de Gibraltar, Costa del Sol de Málaga, Rincón de
la Victoria-Salobrefía, Almería-Cabo de Gata y costa oriental de Almería.
En el conjunto de estos planes se persiguen solucionar problemas urbanísticos, promocionar las
iniciativas turísticas y proteger y compatibilizar la actividad turística con las políticas conservacionistas
dei litoral y la protección de los recursos productivos tradicionales (pesca, agricultura etc.).
A estos Planes se les podría unir los Planes de Promoción Turística de Ciudades Interiores
para atender dos deseados acontecimientos: la EXPO 92 en Sevilla y Sierra Nevada 95 en Granada.
También existe una concentración de actuaciones en el sector turístico hacia la promoción del
turismo rural, como una de las principales opciones de impusar el desarrollo de estas áreas
tradicionalmente más marginales, de montafía, con grandes valores ecológicos. Se desarrollan así
los Programas de Desarrollo Integrado de Turismo Rural (PRODINTUR) en Andalucía. A través de
ellos se pretende potenciar este sector como motor de la actividad económica, jugando también directa
o indirectamente en el desarrollo de variados recursos económicos endógenos.
A esta política de incentivación turística regional se le une la procedente dei nível central. Nos
referimos a la Ley de Centros y Zonas de Interés Turístico (Z.C.I.T.N), áun no derogada, del antiguo
Ministerio de Información y Turismo (19711963 de 28 de diciembre). Su fin es fomentar y ordenar las
actividades turísticas mediante la concesión de especiales benefícios a las actuaciones sectoriales que
460
se localicen en aquellas áreas declaradas de "Interés Turístico Nacional".
Por otra parte, y tambien desde la Administración Central, por e! Real Decreto l 07711977,
de 28 de marzo se aprobaron los Territorios de Preferente Uso Turístico dei Ministerio de Comercio y
Turismo. Con esta figura se pretende racionalizar el crecimiento de la oferta turística en áreas
con especiales problemas en materia turística.
5. PLANIFICACIÓN DE LOS EQUIPAMIENTOS COMUNITARIOS.
En cuanto a los Planes Provinciales de Obras y Servidos (P.P.O.S), de carácter anual y para
toda la província, constituyen una de las características competencias provinciales (Diputaciones) y son
susceptibles de ser, a la vez, un adecuado instrumento de inversión pública y de acción territorial. Se tratan
de programas sectoriales de servicios y equipamiento en general (abastecimiento de agua y luz, sanidad,
educación, cultura, servicios sociales, obras, etc.), que afectan a unos ámbitos territoriales concretos a
la escala local o comarca!. Acciones que tienden a concentrarse en aquellos espacios más necesitados en la
mejora de sus infraestructuras rurales, a través de la declaración por parte de las Diputaciones de
las Comarcas de Acción Especial.
Dada la importancia social y territorial de los EQUIPAMIENTOS SANITARIOS, nuestra
Comunidad tambien emprendió la planificación y programación de la red de equipamientos sanitarios.
Para ello, cuenta con plenas competencias, habiémdose aprobádo la Ley dei Servido Andaluz de Salud
(Ley 8/1986, de 6 de mayo de la Consejería de Salud y Consumo) y e! Mapa de Atención Primaria
de Andalucía, donde se delimitan las Zonas Básicas de Salud (Orden de 13 de junio de 1986). Con
este Mapa y desde e! punto de vista territrorial, se establece un modelo territorial sobre e! cual se organiza
y jerarquiza todas las instalaciones y servicios sanitarios. Para hallar los ámbitos territoriales se siguen,
salvo alguunas excepciones, los criterios jerárquicos de la Propuesta de Comarcalización (1983) y
e! Sistema de Ciudades (1986) de la Junta de Andalucía.
AI igual que e! anterior, los EQUIPAMIENTOS EDUCATIVOS se desarrollan a partir de una
planificación de las actuaciones, de cara a distribuir estos servi cios de forma jerárquica en todo e! territorio
andaluz. Se configura así e! Mapa Escolar de Andalucía, de carácter anual, donde se evalua e! estado actual
de las dotaciones, su distribución, las tasas de escolarización a nivel comarca! y las inversiones a realizar.
Otros planes dentro dei campo de la educación son los Programas de educación compensatoria
en ámbitos rurales, el Plan Guía de Instalaciones Deportivas, el Sistema Bibliotecario de Andalucía,
la Ley de Museos y la Ley de Archivos.
6. URBANISMO. ORDENACIÓN DEL TERRITORIO Y MEDIO AMBIENTE
En materia de URBANISMO, nuestra Comunidad posee competencias exclusivas en materia de
urbanismo (Reales Decretos de 13/211979 y 8/6/1984 ). Los principales objetivos trazados desde un
principio desde la Dirección General de Urbanismo son incrementar la cobertura dei planeamiento
a un número de municípios cada vez mayor, potenciar las Normas Subsidiarias como alternativas a
las delimitaciones dei suelo urbano y adaptar los Planes Generales redactados conforme a la Ley de 1956 a
la Nueva Ley dei Suelo de 1976.
Otras actuaciones urbanísticas son los programas de inversiones en suelo público y las
actuaciones en materia de Vivienda. Estas últimas se diferencian en programas, variables en
461
cortos periodos de tiempo y extensibles a la totalidad de la Comunidad, entre Programas de Viviendas de
Protección Oficial VPO), Viviendas de Promoción Pública (VPP) y Rehabilitación de Viviendas.
En cuanto al MEDIO AMBIENTE, es necesario dividir las actuaciones existentes en tres tipos
de iniciativas de tipo sectorial, pero con una incidencia directa sobre el territorio y donde concurren
diversas políticas intersectoriales:
A) Las iniciativas de la Agencia de Medio Ambiente, que asume las competencias anteriores
del ICONA (Ley 6/1984 de 12 de junio de 1984) y de la Ley de Espacios Naturales Protegidos (Ley del
2 de Mayo de 1975) del Ministerio de Agricultura. Esta Ley será corroborada en Andalucía por
la aprobación de la Ley 211989 de 18 Julio de 1989 (B.O.E. n° 60 del 27 de julio de 1989) del Inventario
de Espacios Naturales Protegidos de Andalucía. Con ella "se pretende regular la protección selectiva de
aquellos espacios naturales que por sus características generales o específicas sean merecedoras de una
clasificación especial". Es finalidad de esta Ley, "aprobar el inventario de Espacios Naturales objeto de
protección especial, el establecimiento de medidas adicionales, así como de gestión y desarrollo
socioeconómico que sean compatibles con aquellas (Artículo 1°). Esta Ley es complementaria de
la Nacional, afectando ahora al 17% dei territorio regional. En su desarrollo preve la elaboración de los
Planes Rectores de Uso y Gestión y los Planes de Desarrollo Integral de cada uno de los Parques
Naturales. Se establecen cuatro clase de espacios: Reserva Integral, Parque Nacional, Paraje Natural y
Parque Natural. A raíz de esta Ley y la tranferencia de competencias (1984 ), progresi vamente se irán
aprobando diferentes Espacios Naturales Protegidos.
En este conjunto de espacios protegidos, destaca el Parque Nacional de Doõana que inicia su
régimen jurídico por la Ley dei 28 de diciembre de 1979 y tiene como fruto el consiguiente Plan Director
de Coordinación (P.D.T.C.) (Decreto 204/1984 de 17 de julio de 1984).
La Ley de Conservación de los Espacios Naturales y de la Flora y Fauna Silvestre, de rango
estatal, servirá de marco global a las iniciativas autonómicas en materia ambiental.
B) E! conjunto de actuaciones dei Instituto Andaluz de Reforma Agraria (I.A.R.A.) se centran
en dos amplios planes generales de tipo sectorial en materia de repoblación de las masas forestales y de
Incha contra la desertización de Andalucía. Dentro de la Ley 25/1982 sobre Agricultura de Montaõa
se establecen los Programas de Promoción y Ordenación en Zonas de Agricultura de Montaõa
(PROPOM).
Por el Acuerdo de 7/02/89 se aprueba e! Plan Forestal Andaluz (BOJA n° 17). Se convierte en
un instrumento de planificación a largo plazo (1990-1050) decisivo en lo que conciernen a la política
agraria y otros usos productivos y por su protección dei medio natural. Supone la intervención sobre
un 53% de la superficie de Andalucía, desarrollados a través de los Planes de Ordenación de
los Recursos Naturales. Engloba un amplio conjunto de programas y subprogramas de Incha contra
la erosión y la desertización, conservación de espacios de gran valor natural, restauración y repoblación de
especies y formaciones dei bosque mediterráneo, manejo y conversión del matorral degradado hacia masas
arboladas, eliminación progresiva de la agricultura marginal en favor dei aprovechamiento forestal,
inversiones en la compra de propiedades forestales privadas, etc .. El Plan establece unas áreas prioritarias,
que supondrá una notable transformación de sus estructuras productivas, territoriales y sus condiciones
medioambientales. Estas áreas se concentran en el sureste andaluz, la totalidad de la provincia de Granada
a excepción de la Vega, la Sierra Morena, Cazorla, Segura, Quesada y Magina en Jaén, las sierras litorales
y serranía de Ronda en Málaga, la Sierra, el Andévalo y la Costa Oriental en Huelva.
462
C) Las actuaciones de la entonces Consejería de Política Territorial, por la elaboración dei
Catálogo de espacios y bienes naturales protegidos de cada una de las ocho províncias dentro dei
programa de Planes Especiales de Protección dei Medio Físico (P.E.P.M.F.). Se trataba de recoger
aquellos espacios catalogados por sus altos valores naturalísiticos y objeto de tratamiento como suelo
no urbanizable atendiendo a la normativa urbanística de la Ley dei Suelo de 1976. Las áreas seleccionadas
coinciden con frecuencia con las recogidas en otros planes (Ley Inventario de los Espacios Naturales
Protegidos de Andalucía) y programas de similares características.
El Estatuto de Autonomía establece en su artículo 13.1° y 3° la competencia exclusiva en
materia de POLITICA Y ORDENACION TERRITORIAL Y URBANISMO. Para ello, se aprobó
la Ley 311983 de 1 de junio de Organización Territorial de la Comunidad Autónoma de Andalucía.
Como principales instrumentos de ordenación territorial de la Comunidad Autónoma andaluza,
destacan;
- Las Directrices regionales de Política Territorial. Se trata de un documento donde se disefia
el modelo territorial a medio y largo plazo de nuestra Comunidad. En el se establecen las proyecciones
demográficas y se toman la Propuesta de Comarcalización (1983) y el Sistema de Ciudades (1986)
como criterios para territorializar los diferentes planes sectoriales de la Junta y se asume las prioridades y
objetivos de los Planes de Protección dei Medio Físico.
-Las Directrices dei Litoral (Decreto 118/1990 de 17 de abril). "Documento marco para
las políticas sectoriales y el planeamiento urbanístico que sobre el se efectúe".
- Como principales Planes Sectoriales se inician y ejecutan progresivamente el Plan General
de Carreteras, el Plan Estratégico Ferroviario y los P.E.P.M.F.
- El P.D.T.C. de Dofiana, los Avances de Ordenación dei Litoral y Estudios de Ordenación
dei Litoral.
- El Plan Director Territorial de Coordinación de Dofiana (P.D.T.C.).
En la actualidad, la política territorial cuenta con un marco general, además de! PADE 91-93,
a través de las Bases para la Ordenación dei Territorio de Andalucía ( 1990). Incorpora e! amplio bagaje
en política territorial anterior. En las Bases se definen "los objetivos, las estrategias de intervención y las
principales actuaciones para la consecución de un modelo territorial que propicie un desarrollo económico
equilibrado y autosostenido a medio y largo plazo". Se plantea una orientación indicativa de los principales
aspectos territoriales y sectoriales para una correcta vertebración e integración dei territorio andaluz.
"Se trata de] primer documento de la política autonómica que reune las propuestas planificadoras a
escala regional, ya que recogen e integran diversas iniciativas de p,lanificación económica y sectorial,
influyen en las nuevas formulaciones de las políticas sectoriales con incidencia territorial regional
y proporcionan un imprescindible referente territorial general para el correcto despliegue dei
Plan de Desarrollo Regional (P.D.R.) y, a la vez, un conjunto de referencias espaciales concretas, para
determinar áreas de desarrollo integral, o identificar elementos territoriales que puedan convertirse
en Programas operativos" de cara a la Política Regional Comunitaria.
7. OTROS INSTRUMENTOS DE PROMOCIÓN ECONOMICA
Derogadas las GAEIAs y ante la entrada de Espana en la Comunidad Europea, se establece a
marchas forzadas y con urgencia, a fines de 1985, una nueva Ley de Incentivos Regionales para
la corrección de desequilibrios económicos interterritoriales (Ley 50/1985 dei 27 de diciembre;
463
B.O.E. no 3 de 3 de Enero de 1986). La Ley define los incentivos regionales como "las ayudas financieras
para fomentar la actividad empresarial hacia determinadas zonas, con objeto de reducir las diferencias
económicas territoriales, distribuyendo más equilibràdamente el desarrollo económico y reforzando
el potencial endógeno regional" (P.A.D.E., 1986).
Con este nuevo sistema se crean tres tipos de áreas en razón a la problemática que presentan:
las Zonas de Promoción Económica, las Zonas lndustriales en declive y las Zonas Especiales.
Ello conducirá a que por el R.D. 652/1988 de 24 de junio (B.O.E. n° 154 de 28 de junio)
la totalidad de Andalucía sea incluída como Zona de Promoción Económica (Z.O.P.R.E), al valorarse la
situación económica y social de Andalucía como zona desfavorecida en el contexto nacional y europeo,
con menor nivel de desarrollo.
Desde su creación se ha convertido en el principal instrumento utilizado por la política
territorial, el PADE 91-94, para el desarrollo regional, a través del cual se han canalizado las subvenciones
empresariales en Andalucía.
Ello significa que los proyectos de inversión pueden alcanzar hasta un máximo de un 50%
de subvención de la inversión inicial. Este límite máximo sólo se aplicará a un coniunto de municípios
prioritarios que vienen a coincidir básicamente con las cabeceras comarcales (centros básicos)
del Sistema de Ciudades de Andalucía. Su incidencia ha sido desigual concentrándose en las actuales
áreas más dinâmicas.
Los sectores promocionables son aquellos considerados estratégicos para el desarrollo endógeno
regional: sólo se exige que las actividades objeto de subvención estén incluídas en un Plan Regional, como
lo es el PADE 91-94. No obstante, se encuadran preferentemente en el sector industrial agroa1imenatrio,
industrias extractivas y de transformación, servicios de apoyo industrial y comercial, sector hotelero,
mejoras de equipamientos y urbanización e investigación y desarrollo.
Otra medida de carácter regional son la creación de las Zonas de Acción Especial (Z.A.E.)
(BOJA no 8 de 2 de febrero de 1988); extendiéndose su aprobación para las comarcas de la franja pirítica
de Huelva y para la comarca de Linares y La Carolina en Jaén. Con este instrumento se pretenden
desarrollar dos comarcas en declive por su elevada especialización en el sector minero, necesitadas de una
reconversión generalizada de sus estructuras productivas. Para ello y mediante incentivos se intenta
diversificar la economía e industrias de las zonas fomentando la expansión con ventajas comparativas y
mejorando la infraestructura y estructuras de distribución.
Otros instrumentos que aparecen en 1990, auspiciados desde la Junta de Andalucía son las
actuàciones previstas en los Parques Tecnológicos de Sevilla (Cartuja 93) y Málaga, a lo que se une
los Planes Estratégicos para las aglomeraciones urbanas de Sevilla, Málaga, Cádiz, Granada y Jerez.
9. CONCLUSIONES
Desde pasadas décadas, se inicia en el conjunto de Espana un proceso de planificación, que
si bien ha variado en su filosofía y modo de actuación, sí que es cierto que prosigue en la actualidad.
Se trata de un amplio conjunto de intervenciones públicas destinadas a convertirse en motor de desarrollo e
impulsor de una deseada iniciativa privada posterior a través de una infraestructura material de base y un
regímen jurídico de subvenciones e incentivos a la inversión, especialmente importantes para el desarrollo
económico y social de determinados âmbitos territoriales andaluces. No olvidemos que estamos ante una
de las regiones con menores niveles de desarrollo de Espana y, más aún, dentro de la Comunidad Europea.
464
Ante la debilidad histórica dei tejido industrial, su alta dependencia dei sector primario y la debilidad y
estrangulamientos infraestructurales, son muchas las intervenciones públicas a realizar. Ello, al objeto de
paliar el atraso estructural y crear unas condiciones favorables que atraiga la inversión interior
y extranjera.
En la reciente política territorial aparecen nuevos agentes e instrumentos, atendiendo a
los niveles de la Administración:
· Se completa la transferencia de la mayor parte de competencias desde el Gobierno Central a la
Junta de Andalucía, y entre ellas se encuentra la posibilidad de realizar su planificación económica y
organización territorial.
· La política regional a través de sus Fondos Estructurales y Programas Operativos tras la
adhesión a la Comunidad Europea.
· La todavía importante Administración Central a través de sus presupuestos generales, el reparto
dei Fondo de Compensación Interregional, la realización y aprobación de los Planes Regionales y
la planificación de aquellos sectores estratégicos en los que se reserva su actuación.
· El creciente protagonismo adquirido por los entes locales (Ayuntamientos) para planificar su
desarrollo económico a través de los planes urbanísticos y programas de atracción a la inversión.
En lo concerniente a la política territorial desde Andalucía se ha experimentado un progreso
continuo. En la década anterior se aprueban múltiples planes y programas sectoriales territoriales:
la Propuesta de Comarcalización (1983), el Sistema de Ciudades (1986), los Planes de Protección
dei Medio Físico (1986), el Plan General de Carreteras (1986), el Plan Estratégico Ferroviario,
las Directrices dei Litoral (1990), el PDTC de Doíiana, los planes sanitarios y educativos,
se generaliza e! planeamiento urbanístico municipal (Normas Subsidiarias), las Z.O.P.R.E.S,
el Plan Forestal, las Comarcas de Reforma Agraria, los planes de promoción turísticos en zonas
litorales y rurales, transformación y modernización de los regadíos, distintos planes de promoción
económica sectorial o territorial, los espacios naturales protegidos, etc. Todos ellos con una
clara repercusión en la Ordenación dei Territorio.
En la actualidad, las principales acciones de carácter regional vigentes en la Comunidad
Autónoma andaluza son:
· La Ley de Incentivos Regionales, con Andalucía como Zona de Promoción Económica.
· Los Fondos Estructurales de la Comunidad Europea.
· La Ley de Agricultura de Montaíia.
· Los Planes de Transformación y Mejora de Zonas Regables.
· Los Planes de Actuación territorial y sectorial.
· La Ley de Reforma Agraria.
Y como dos documentos básicos que engloban este conjunto tenemos las Bases de Ordenación
dei Territorio y el nuevo Plan Andaluz de Desarrollo Económico.
Obviando una utópica homogeneización de las inversiones públicas, éstas se concentran, en
primer lugar, en las actuales áreas dinâmicas andaluzas que se extienden por las capitales de Sevilla
(Expo 92 y Cartuja 93), Málaga (Parque Tecnológico), Bahía de Cádiz, Granada, el eje Linares-Bailén y
el Campo de Gibraltar, y en general aunque en menor medida, en todos los âmbitos litorales. En
segundo lugar, existe una relativa concentración en las zonas de montafia a través de instrumentos como
los Parques Naturales, el Plan Forestal, la promoción dei turismo rural y el fomento de planes
territoriales y de fomento que aprovechan los recursos endógenos. Por contra, apareceu
465
especialmente desasistidas en la planificación territorial extensas áreas rurales de las campinas de Sevilla,
Córdoba y Málaga, y la comarca de Los Pedroches (Córdoba) y también lo es los ámbitos urbanos de
Huelva, Córdoba, Jerez y Jaén.
Desde las estrategias públicas (PADE) se piensa que es necesario esta concentración. Por
un lado, para aprovechar la estructura territorial ya existente en las áreas mas dinámicas y así
optimizar mejor las inversiones y, por otro, para atender el atraso estructural de áreas marginales
montafíosas, tradicionalmente muy desasistidas. A partir de Ias áreas litorales y urbanas y de los
centros básicos dei sistema urbano andaluz, el crecimiento económico encontraría condiciones
más favorables para su expansión.
En suma, desde la intervención pública se intenta encauzar y potenciar el desarrollo económico y
contrarestar las inevitables disparidades territoriales y desigualdades sociales que produce la economía
de mercado.
BIBLIOGRAFIA
Planes y estudios regionales:
· Bases para la Ordenación dei Territorio de Andalucía ( 1990) · Sistema de Ciudades de Andalucía ( 1990) • Plan Director Territorial de Coordinación de Do nana ( 1989) · Plan General de CmTeteras para Andalucía ( 1987) · Plan Estratégico Ferroviario de Andalucía ( 1988) · Directrices Regiona1es dei Litoral (1990) · lncidencia Territorial de las intervenciones sectoriales ( 1986) · Plan Fores tal Andaluz ( 1989) ·Mapa Escolar de Andalucía (varios anos) · Programa Andaluz de Desarrollo Económico, 1987-1990 · Plan Andaluz de Desarrollo Económico, 1991-94 • PRODINTUR de Anda1ucía (varios anos) · Programa de DesaiTollo Regional de Andalucía, 1989-1993 · Informe dei Medi o Ambiente (anos 88, 89 y 90) · Mapa de Atención Primaria de salud en Andalucía ( 1989) · Manual de Incentivos a la inversión en Andalucía ( 1989) · Andalucía en las Comunidades Europeas. Libro Blanco ( 1987) • La Política Regional en Europa ( 1989) · Andalucía en las Comunidades Europeas. Balance 1988 · P1an de Actuación de las Si erras de Cazorla y Segura ( 1990) · Plan de Actuación de la Si erra de Huelva ( 1990) · P1an de Actuación de las A! pu jarras ( 1990) · P1an de Actuación de la Si erra Surde Sevilla ( 1990). · Plan de Actuación de la Sierra de Grazalema (1990) · Plan de Actuación dei Campo de Gibraltar ( 1990)
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA ORDENACIÓN DEL TERRITORIO EN ANDALUCIA
JESÚS ARIAS ABELLÁN Ins. Desarrollo Regional. Univ. Granada
La ordenación dei territorio adolece, como concepto, de una falta de precisión que sin duda
obedece a que nos encontramos ante una expresión acunada a partir de las importaciones de "regional
développement", "regional planning" y "aménagement du territoire"'. Admitiendo la equiparación de
ambos conceptos, hoy dia parece claro que los contenidos asignados a ambas expresiones se dirigen
con más claridad a conseguir objetivos de ocupación equilibrada dei espacio, expresada en términos de
protección, conservación y calidad de vida, pasando a un segundo lugar las metas desarrollistas'.
En este nuevo concepto teórico a la ordenación dei territorio se le plantea un fuerte reto: aunar
en un mismo proyecto la articulación territorial, el desarrollo y la protección dei medio. Reto que resulta
tan atractivo en la teoría, como utópico en la práctica. Pero no debemos renunciar en ningún caso
ai referente utópico.
1. ANTECEDENTES Y REALIZACIONES SECTORIALES.
El Estatuto de Autonomía de Andalucía recoge en su artículo 13.8 las competencias exclusivas
en materia de Ordenación dei Territorio, de acuerdo con lo dispuesto en el artículo 148.3 de
la Constitución Espanola. Esta asunción de competencias es concordante con lo establecido en la
Carta Europea de Ordenación dei Territorio en 1983, donde se contempla el nível regional como el
marco adecuado para la ordenación dei territorio.
Sin embargo, esta concordancia, en cuanto ai ámbito territorial, que existe entre la Carta Europea
y la Constitución Espafíola, no lo es anto en lo referente a los contenidos que se le asignan, pues
mientras que en la primera la ordenación dei territorio se concibe como una práctica política globalizadora
sobre el territorio, la Constitución Espafíola la concibe como "un medio para priorizar las líneas básicas
de equipamiento e infraestructuras dentro de las comunidades autónomas'.
No obstante esta "minimización constitucional" de la ordenación dei territorio, en Andalucía
se ha planteado una política que intenta superar tan restringida visión.
Hasta el momento en que se producen las transferencias de competencias en esta materia,
Andalucía carecía de una política ordenadora dei territorio. Si se exceptúan la política de Polos
de Desarrollo y los Planes sectoriales dei colonización y puesta en regadío, que se abordan básicamente en
la década de los sesenta, el resto de las actuaciones tenían una escasa o nula incidencia en la organización
territorial.
A partir de los anos 80 la situación cambia ai producirse en la Comunidad Autónoma un
importante desarrollo legislativo que, directa o indirectamente, tiende a una política de ordenación
'.Propuesta de conclusión dei II Congreso Internacional de Ordenación dei Territorio. Valencia, junio de 1991. 2.Véase a este respecto RIDRUEJO, J. A. "Ordenación territorial: de la teoria a la práctica", en Curso de Ordenación del Territorio. Madrid, 1983. Págs. 98-99. 3. SAENZ DE BURUAGA, G. "Ordenación territorial y proceso autonómico", en Curso Superior de Ordenación del Territorio. Col. Arquitectos de Madrid, 1983. Pág. 37.
468
territorial, llevada a cabo tanto a nivel regional como municipal. En este último sentido hay que destacar el
importante esfuerzo llevado a cabo para dotar a los municípios andaluces de algunas figuras
de planeamiento urbanístico previstas en la ley dei suelo.
Con carácter general, de afección a todo el territorio, se van a abordar en este período una
serie de trabajos y realizaciones de diverso tipo, como son:
- Ley de Organización Territorial de la Comunidad Autónoma.
- Directrices Regionales de Política Territorial.
- Ley de Instrumentos de Ordenación dei Territorio.
- Propuesta de Comarcalización.
- Sistema de Ciudades de Andalucía.
- Planes Provinciales de Protección dei Medio Físico.
- Directrices Regionales dei Litoral.
- Plan General de Carreteras.
- Bases de Ordenacion dei Litoral.
Este heterogéneo conjunto ha tenido como principal virtualidad, la de constituir una importante
síntesis informativa de la realidad territorial andaluza, ai tiempo que ha adolecido de un dispar valor
normativo. Disparidad que se mueve entre la importante influencia territorial dei Plan General
de Carreteras, norma sobre Ia que volveremos, e! carácter preventivo de los Planes Provinciales
de Protección dei Medio Físico, que han actuado como diques ante ciertos excesos en el planeamiento
urbanístico, y la casi nula operatividad dei resto de los programas, excepción hecha dei Sistema
de Ciudades y las Bases para Ia Ordenación dei Territorio.
E! Sistema de Ciudades, que surge de Ia propuesta de comarcalización, va a definir, partiendo de
un esquema de jerarquía y centralidad, un sistema de centros que configuran una serie de ámbitos
territoriales de base funcional. Andalucía queda en é! configurada con un gran centro regional (Sevilla),
diez centros subregionales (las capitales provinciales, más Jerez de la Frontera y Algeciras),
veinticuatro centros intermedios y ciento veintisiete centros básicos (mapa I).
Mapa I - SISTEMA DE CIUDADES
límite ámbito subregional límite âmbito intermedio límite tímbito básico
e capital regional e centro subregional e centro intermedio o centro básico
469
Esta nueva división territorial, que surge "como una necesidad derivada de la práctica
administrativa de planificación y programación de inversiones ... por necesidades de gestión publica" "
es decir, con un carácter instrumental, se ha convertido en el pilar básico de la política de ordenación
dei territorio de la Junta de Andalucía. Con ella se rompe el viejo equilíbrio territorial andaluz, asentado
sobre una bipolaridad, Sevilla-Granada, que dibujaba dos ámbitos subregionales complementarios,
bien definidos: Andalucía Occidental y Andalucía Oriental, mientras que se respeta la vieja configuración
comarca! de base histórico-natural.
2. LAS BASES PARA LA ORDENACIÓN DELTERRITORIO.
En marzo de 1990 se aprueba por el Consejo de Gobierno de la Junta de Andalucía este
documento que pretende integrar toda la normativa anterior y crear un cuerpo básico coherente
de ordenación territorial. En é! se definen:
- los objetivos, estrategias y principales actuaciones necesarias para la consecución de un
modelo territorial que propicie el desarrollo económico.
-e! modelo territorial para la región.
La consecución de los fines planteados se va a realizar siguiendo un proceso que parte de un
diagnóstico sobre la caracterización espacial de la comunidad. Tomando como referencia criterios de
diferenciación territorial y económica se concluye en una zonificación para la promoción económica que
se dibuja en tres áreas (mapa 2):
- Areas dinámicas: que incluye e! conjunto de las aglomeraciones urbanas formadas en torno a
las capitales provinciales y la práctica totalidad de la franja litoral, con las funciones propias de
estos ámbitos.
- Areas estancadas: que se corresponden básicamente con las campinas dei Guadalquivir y las
depresiones béticas, con funciones de producción, transformación y comercialización de productos
agrarios.
- Areas marginales que coinciden con los ámbitos de montafía, con una economía de base
agrícola tradicional-marginal.
A partir de la caracterización socioeconómica de estas áreas y utilizando como instrumento para
la asignación de recursos públicos, según programas sectoriales, e! Sistema de Ciudades, se establecen
dos niveles de actuación para la consecución de los fines de desarrollo económico:
definición de políticas para el desarrollo local según e! nível jerárquico en el Sistema
de Ciudades, que se expresa en e! establecimiento de un catalogo de dotaciones de infraestructuras locales.
- definición de políticas de uso de los recursos naturales como factor de desarrollo, que se
expresa en términos de gestión ambiental y promoción dei turismo rural en las áreas marginales, de
diversificación productiva y reforma de las estructuras agrarias en las áreas estancadas y de resolución
de conflictos de uso dei suelo, promoción de complejos agroindustriales, ordenación dei uso turístico y
acuicultura en las áreas dinámicas.
4.Alocución dei Consejero de Política TeiTitorial de la Junta de Andalucía, J. MONTANER ROSELLO, en la presentación dei Sistema de Ciudades de Andalucía. 1986.
470
Mapa 2 - ZONIFICACIÓN DE ANDALUCÍA
Mapa 3
Areas dinámicas
Areas estancadas
Areas marginadas
Densidad - 1991
< 50 hab./Km2 50 - 99 hab./Km2 > l 00 hab./Km2
Se dibuja así una realidad territorial para Andalucía en donde:
- la capital regional, los centros subregionales y la franja litoral se constituyen en los auténticos
motores de la dinámica económica, ai ser consideradas las ciudades como auténticos polos de desarrollo
que propician no sólo su dinamismo interno, sino también e! de la región. Nos situamos así en e! seno de
la teoría de los centros o polos de crecimiento, si bien adaptada a la nueva situación actual, en donde los
viejos polos industriales son sustituidos hoy por los parques científicos y las ciudades tecnológicas,
privilegiando la atracción y difusión de actividades de alta tecnología a las que se considera como
"incubadoras" dei crecimiento. Cartuja 93 en Sevilla y e! Parque Tecnológico de Málaga son un
buen ejemplo de esta actuación en Andalucía.
471
- la Andalucía marginal, a la que se le asigna un papel de reserva de los valores naturalísticos
y/o paisajísticos (de ahí que las políticas sectoriales asignadas sean básicamente de gestión
medioambiental) y de lugar de esparcimiento de la población de las áreas dinámicas (promoción dei
turismo rural).
Entre ambas, tanto económica como territorialmente, la Andalucía estancada terminará
inclinándose hacia uno de los otros dos ámbitos, previsiblemente hacia el marginal, en función de
la priorización de las políticas sectoriales y, sobre todo, de las actuaciones en infraestructuras de
comunicación y transporte.
3. LA ARTICULACIÓN TERRITORIAL.
Es un lugar común el papel que juegan las infraestructuras como determinantes dei desarrollo
regional y de la articulación dei territorio; dentro de ellas quizá sean las de comunicaciones las que
jueguen el papel preponderante. Si la red de asentamientos urbanos es el principal elemento de
la articulación territorial, las comunicaciones, en especial la red de carreteras y ferrocarril, son
el otro polo basico de dicha articulación. Ya hemos analizado el Sistema de Ciudades; veamos ahora
las comunicaciones.
Se trata de infraestructuras que, en su trazado actual, están condicionadas, en primer lugar por
la configuración dei relieve: las barreras montafíosas que aislan Andalucía de la Meseta (Sierra Morena)
y la franja costera dei interior (la Penibetica) son elementos que nos explican tanto la configuración de
la red histórica como la adopción de algunas decisiones actuales. En segundo lugar estan condicionadas
por la política que inspirá su trazado básico: la integración regional en e! conjunto nacional y la adaptación
ai esquema radial de la red principal. No había, por tanto, una idea de vertebración interna sino de
accesibilidad extrarregional.
3.1. La red de carreteras.
La red de carreteras de Andalucía ha sufrido una evolución lenta a lo largo de su historia que
se ha dinamizado fuertemente en la década de los ochenta. La situación ai principio de esta década era,
en sus ejes principales, la que se recoge en e! mapa n° 4. En é! aparece claramente reflejada una
estructura en sentido zonal que aprovecha las bandas Banas dei relieve: carretera N-IV, Madrid-Cádiz,
eje básico de la red, que conecta el sector occidental de Andalucía con el centro peninsular siguiendo e!
valle dei Guadalquivir, y la N340, carretera litoral que conectaba con Levante y que en e! programa
de Autopistas Nacionales se disefíaba como via rápida que cerraba la gran autopista dei Mediterráneo
desde la frontera francesa hasta Cádiz; en e! plan REDIA sólo se contemplaba ya e! tramo Málaga-Cádiz y
finalmente sólo se construyó e! tramo Málaga-Algeciras.
Completaban esta red básica los ejes meridianos N-323, Bailén-Motril, y N-331,
Córdoba-Málaga, con lo cual quedaban conectadas todas las capitales andaluzas, excepto Almería,
con la N-IV. No se contemplaba como eje básico la carretera que discurría por e! surco intrabético,
la N-342, ya que la función de conexión con Levante quedaría cubierta con el eje costero.
Se trataba de una red que, dentro de sus carencias, cumplía con la misión de conectar
la mayor parte de Andalucía con e! exterior, fundamentalmente con Madrid, y que en menor medida
articulaba internamente la región.
En 1984 se produce el traspaso de competencias en esta materia a la Comunidad Autónoma y
se redacta e! Avance dei Plan Viario para Andalucía. En él se va a plantear como prioritaria la articulación
472
Mapa 4- RED VIARIA ANDALUZA 1980
L---. ...... . ~)~/ / Baza
- Ejes principales
Mapa 5 - RED DE AUTOVIAS E INTENSIDAD DE TRAFICO 1992
AUTOVIAS MEDIA OlARIA DE VEHICULOS > 15.000
Red actual --- 5.000 - 15.000 Red propuesta 2.000 - 5 .000
1.000 - 2.000 < 1.000
interna del territorio andaluz con el fin de conseguir la máxima homogeneidad territorial, en términos de
accesibilidad, entre las diferentes áreas de la región. No se plantea, por tanto, el trazado de la red a partir
de demandas de tráfico, ni de nivel de utilización. En este contexto se consideran ejes prioritarios:
el eje central norte, N-334 (Sevilla-Priego de Córdoba-Guadix) y el eje central sur, N-342
(Jerez-Cartagena), que se acompafíarían de los ejes meridianos Sevilla-Málaga por Ronda y
Almería-Guadix-Granada. Se trataba de conectar los ámbitos territoriales no cubiertos por la red básica
nacional, siguiendo criterios de equidad territorial y no de eficacia económica.
A partir de 1986, con la entrada de Espana en la CEE se produce un replanteamiento que
se plasma en el Plan General de Carreteras de 1987, en el que se vuelve a la filosofía de la primada de
473
las conexiones extrarregionales, para conseguir la integración de las áreas económicas dinámicas
de Andalucía en los flujos comunitarios, polarizados sobre Sevilla como centro regional, en detrimento de
una integración territorial interna, base de un desarrollo endógeno.
Como se observa en el mapa n° 5, se consideran absolutamente prioritarias, tanto en la red
de interés nacional como en la autonómica, la construcción de dos grandes vias rápidas (autovias) que
conecten, via Madrid, Sevilla y el área dinámica dellitoral atlántico (Cádiz-Huelva) con el centro europeo
(N-IV) y con el dinámico arco mediterráneo a través de la Autovía del 92'. Esta última se conecta
con Málaga, centro subregional del litoral mediterráneo, para facilitar los flujos turísticos. El plan
se completa con la conexión de la autopista del mediterráneo con la franja litoral oriental, Almería, para
permitir la fácil salida de los productos de la potente agricultura extratemprana. No se contempla,
a este nivel, la articulación meridiana entre Córdoba-Málaga (N-331) ni la Bailén-Granada-Motril (N-323)
que permitirían conectar las zonas del interior mas densamente pobladas con el área dinámica litoral,
al no ser prioritaria su realización en el marco de la política de integración hacia el exterior.
Queda así cumplida para Andalucía la estrategia definida en el Plan de Desarrollo Regional
Espana 89-93, basada en crear las condiciones para explotar las ventajas comparativas (turismo y
agricultura extratemprana), así como la autonómica de propiciar el desarrollo regional a partir de
la innovación científico-tecnológica focalizada en dos "ciudades-polo", Sevilla (Cartuja 93) y Málaga
(Parque Tecnológico) para conseguir el máximo de eficacia. Los "efectos difusores positivos" de estos
dos centros harán el resto.
Mapa 6 - RED DE FERROCARRILES - 1992
3.2. La red de ferrocarriles.
via única via única electrificada A .V. E.
Adolece de los mismos problemas que la red de carreteras, tanto en los condicionamientos
físicos, como en lo referido a su participación en el plan radial diseiíado para el conjunto del territorio
s. Sobre e! papel de la A-92 véase: MARQUEZ GUERRERO, C. "Política regional europea y desarrollo regional en Andalucía: e! caso de las infraestructuras de transporte por carretera", en Estudios Regionales, 29 ( 1991 ), págs. 81-114.
474
nacional. A ello hay que unir el que por su origen, ligado basicamente a las explotaciones mineras,
presenta trazados cuya unica funcionalidad es dar salida a las materias primas hasta los puertos marítimos.
No hay, por tanto, en su trazado ni la pretensión de articular el territorio ni la de posibilitar el transporte
de viajeros, función afíadida esta última. En la situación de la red actual se hacen patentes estos
condicionamientos físicos e históricos.
Así, el eje principal, Madrid-Linares-Sevilla-Cádiz, que cumple una función de articulación
con el exterior, se inscribe en el esquema radial del trazado nacional y sigue el valle del Guadalquivir.
El resto de los ejes discurren en sentido meridiano, conectando los centros mineros con los puertos
marítimos: Linares-Guadix-Almería y Pefíarroya-Córdoba-Málaga. La crisis de las explotaciones mineras
ha provocado un cambio de funciones en estas vias, que han pasado a. desempenar la función de
conectar Almería y Málaga con el eje principal Madrid-Sevilla.
Por último, el eje Sevilla-Málaga-Granada, que conectaba con Levante, ha perdido
esa funcionalidad al cerrarse dicha conexión a partir de Guadix, por ser económicamente deficitaria, con
lo que Andalucía ha quedado desconcectada por via férrea del arco mediterráneo.
En este contexto, si se quiere que el ferrocarril sea un elemento de articulación territorial, como
se define en las Bases de Ordenación del Territorio, las actuaciones han de dirigirse a:
- Potenciación dei eje transversal Sevilla-Málaga-Granada.
- Creación dei eje litoral Almería-Cádiz.
- Potenciación de los ejes Linares-Aimería y Córdoba-Málaga.
Sin embargo, la única actuación que se ha acometido ha sido la creación de la línea
de alta velocidad (AVE) Madrid-Sevilla, expresión de la política basada en la primada de la articulación
extrarregional, para conseguir la integración de Andalucía, y en particular dei triángulo
Cádiz Sevilla Málaga, en la estrategia de desarrollo de las comunidades periférícas de la CEE.
4. CONCLUSIONES.
Este breve análisis efectuado sobre la política de ordenación dei territorio en Andalucía nos pone
de manifiesto que:
- La política de ordenación dei territorio se enfoca en e! seno de una estrategia de desarrollo
regional.
-Este desarrollo se disefía en e! marco de un modelo polarizado que tiene como centro Sevilla y,
secundariamente, Málaga. Con ello se afirma la capitalidad política y económica de Sevilla, rompiendo
la vieja bipolaridad Sevilla-Granada.
- Este modelo no se plantea en el seno de una filosofía de desarrollo endógeno sino exógeno, de
integración hacia afuera, donde los criterios de eficacia priman sobre los de equidad, en el marco de
los modelos de desarrollo para regiones periféricas de la CEE.
- La política de infraestructuras es subsidiaria de esta orientación general, por lo que todos lo
esfuerzos se han dirigido a la creación de vias rápidas, AVE y Autovías N-IV y A92, focalizadas
en Sevilla.
- Esta orientación general reafirma una división territorial de Andalucía donde el área dinámica
Cádiz-Sevilla-Málaga asume todo el protagonismo, quedando en un lugar subsidiaria y en gran parte
marginal el resto del territorio.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
APROXIMACIÓN PROPEDEÚTICA AL EQUIPO EDUCATIVO DE LA COMUNIDAD AUTÓNOMA DE ANDALUCÍA (ESPANA)
1. JUSTIFICACIÓN.
JESUS VENTURA FERNANDEZ Univ. de Sevilla (Andalucía, Espafía)
Si bien por Política Regional debemos entender e! conjunto de medidas encaminadas a inducir e!
desarrollo (esencialmente la industrialización) en espacios periféricos - o si se prefiere dependientes -,
esta corriente de la Economía Política está muy relacionada con la planificación a distintas escalas
(infrarregionales sobre todo), de modo que de la conjunción de ambos enfoques resulta la llamada
Política de Desarrollo Regional (AURIOLES MARTIN, 1989). Además todo ello se traduce, en
su vertiente programática, en una planificación sectorial de las distintas actividades, factores y recursos.
Y es ahí donde entroncamos e! análisis dei sector educativo dentro de las diferentes Políticas Regionales
(también llamadas, en e! sentido amplio que aquí empleamos, territoriales), como un elemento esencial
para e! Desarrollo Regional, en este caso andaluz; Comunidad Autónoma espafíola donde los lastres
y carencias en e! tema son todavía graves y muy condicionantes. De hecho, la superación de estos
déficits tradicionales (elevadas tasas de analfabetismo, reducidos niveles de instrucción,
fuga de los mejores "cerebros", ... ), constituye un objetivo a alcanzar por e! Gobierno Regional según
nuestro propio Estatuto de Autonomía ( 1981 ), y como tal ha figurado siempre en los distintos planes o
programas de desarrollo que se han venido sucediendo en los últimos anos en Andalucia.
Una idea de la importancia que los servicios educativos tienen dentro de las tareas a ejecutar por
la Junta de Andalucía (Gobierno Autónomo con plenas competencias en la materia desde enero-febrero
de 1983 Real Decreto 393511982, de 29 de diciembre - ), la obtenemos si observamos e! peso de
los presupuestos de la Consejeria de Educación y Ciencia dentro dei total andaluz previsto para 1992: casi
e! 25% de los gastos (382.312 millones de pts.), participación que se ha venido manteniendo en los últimos
tiempos y que só lo es equiparable a la destinada ai otro sector social básico, e! sanitario (BOP A num. 114 ).
Todo ello lo comprendemos mejor si tenemos en cuenta que el volumen asistencial se eleva
a 1.692.435 alumnos para la ensenanza no universitaria (Preescolar, Básica y Media sobre todo),
distribuídos desigualmente entre centros públicos - mayoritarios con más dei 76% de la matrícula -
y privados - muchos de ellos en régimen de concierto económico con la Administración -; y supera
los 160.000 estudiantes en la ensenanza universitaria, repartidos hasta e! momento en 5 universidades
públicas de diferente tamafío, y que oscilan entre la de Sevilla con más de 55.000 alumnos y la de Cádiz
con menos de 13.000 (D. G. DE PLANIFICACIÓN Y CENTROS, 1990).
2. ANALISIS TERRITORIAL DE LOS SERVI CIOS EDUCATIVOS EN ANDALUCIA.
La breve comunicación que aquí necesariamente se presenta deriva de estudios más profundos
encaminados a la realización de una Tesis Doctoral dedicada a los servicios educativos y culturales
en Andalucía, y donde el análisis de estos equipamientos - o fase propedeútica - tendrá, como es lógico,
un peso importante. Algunos avances, muy suscintos, son los que recogemos a continuación. Para ello nos
apoyaremos en tres representaciones cartográficas.
476
En primer lugar disponemos dei mapa I en el que se ha plasmado, a escala municipal, lo que
hemos llamado índice asistencial de la oferta básica o coeficiente entre los alumnos que cursaban
Educación Preescolar y EGB - básica obligatoria - durante el curso 89/90 y la población municipal de
hecho en 1986 (según el Padrón de dicha fecha). Lo que en definitiva nos está dando la porporción de
población asistida en esos dos primeros niveles, y que estará muy relacionada con la estructura por edades
de cada muncipio. Así, es normal que aparezcan con tonalidades más oscuras (valores por consiguiente
más elevados) municípios del Bajo Guadalquivir Ctriángulo Huelva-Sevilla-Cádiz) y del
litoral mediterráneo andaluz, donde por su carácter económico más dinámico la población es más joven,
mientras que en espacios serranos y sobre todo en la zona oriental de Andalucía- en los que la emigración
ha incidido durante décadas y la población se encuentra muy envejecida -, los porcentajes son menores.
No obstante podemos llamar la atención sobre la Serrania de Ronda - en el postpaís de
la Costa del Sol occidental -, donde creemos no sólo influyen factores demográficos, sino que
se confirman carencias asistenciales que ya detectamos en otro momento (VENTURA FERNANDEZ,
1990), cuando pusimos en relación, también a escala municipal, el número de plazas en Preescolar, EGB
y Educación Especial (para disminuidos) en el curso 87/88 con la población de 1986. Comentar también
que aunque en este coeficiente hemos tenido en cuenta a los alumnos de la ensefíanza tanto pública
como privada, se ha afíadido a la cartografía la indicación de los municípios que ofrecen centros
de iniciativa particular, observando cómo éste es un fenómeno que afecta a los ámbitos más urbanizados
o con ciudades de tamafío medio, independientemente de su dinámica económica actual.
En e! mapa II se representa la tasa de matriculación en Ensefíanzas Medias (Bachillerato
y Formación Profesional) durante e! referido curso 89/90 en cada ámbito básico o funcional, delimitación
territorial de escala intermedia propuesta por la Junta de Andalucia en 1983 y que no ha llegado
a consolidarse como jurisdicción administrativa (JUNTA DE ANDALUCÍA, 1986), sino sólo como
espacios para la planificación sectorial o presentación estadística. En cualquier caso este indicador
porcentual deriva de dividir e! total de matrículas, tanto públicas como privadas, entre la población de cada
comarca en las edades afectadas (de 14 a 17 afíos). En realidad esta tasa conjunta está algo hinchada ai
no tener en cuenta a la cohorte de 18 afíos que cursa e! último afio de la Formación Profesional de Segundo
Grado (en e! que e! alumnado es, no obstante, muy minoritario), y sin embargo presenta valores inferiores
a la media espafíola, aunque se haya pasado de alrededor dei 50% en 1983 a más dei 80% en la actualidad.
Mucho más preocupante es la concentración espacial de la matrícula en un número reducido de
comarcas, coincidentes con los ámbitos más dinámicos económica y demográficamente:
áreas metropolitanas y espacios litorales de diverso tipo (agricultura intensiva, desarrollo turístico, ... ),
si bien en los últimos afíos se han venido afíadiendo algunos territorios adyacentes, entre los que destaca la
constitución de una dorsal de penetración norte-sur entre las províncias de Córdoba y Málaga que
rompe con la tradicional tendencia latitudinal de la difusión tecnológica y cultural en Andalucía. Como
vemos las Ensefíanzas Medias, con todo lo que ello conlleva de selección social, siguen siendo sobre todo
un fenómeno urbano (por ello los porcentajes de población asistida no son aun menores), que marca
diferencias importantes con e! mundo rural y que se convierte en un indicador más dei proceso
de polarización que afecta al territorio andaluz en las últimas décadas y que determina la convivencia
a escasa distancia de situaciones socio-económicas avanzadas con diversas formas de subdesarrollo.
Por último e1 mapa III recoge la localización e importacia asistencial de la ensefíanza
universitaria en Andalucía. Este tipo de formación, que podemos asimilar con el nível superior de
MAPA I - INDICE ASSISTENCIAL DE LA OFERTA BASICA ( EDUCACIÓN PREESCOLAR Y E.G.B. )
SEVILLA
Alumnos
Poblacion Municipal 1986
N
$
C:=J < 0,1
C:=J O, 1 - 0,2
"'"··"'"'"'·''''' 0,2 - 0,3
> 0,3
o 20 40Km e Municipios con oferla privada
Fte.: Mapa Escolar de Andalucía, curso 89/90 y elaboración propia
:!:i _,
MAPA II - TASA DE MATRICULACIÓN EN E.E.M.M. POR AMBITOS BASICOS - CURSO 89/90
N SEVILLA
$
Ftc.: Mapa Escolar de Andalucía, curso 89/90 y claboración propia
<65% 65-75% 75-85% >85%
O 20 40Km
.,. _, 00
MAPA III - DISTRIBUCIÓN Y VOLUMEN DE LA MATRICULA DE LA ENSENANZA UNIVERSITARIA EN ANDALUCIA
SEVILLA
~ O IOKm ' '
Ftc.: Mapa Escolar de Andalucia, curso 89/90 y claboración propia O IOKm
N
$
_ FACULTADES Y E.T.S.
0 ESCUELAS UNIVERSITARIAS
CENTROS ADSCRITOS
O 20 40Km
::0 'D
480
la Educación en Espana (aunque hay algunos estudios superiores no universitarios), se caracteriza en
el Estado Espafíol por su sostenimiento hasta el momento abrumadoramente público, apareciendo hoy por
hoy 5 organizaciones de este tipo en nuestra región, con ámbito de actuación provincial o supraprovincial
según los casos (recordemos que en la C.A. de Andalucía perduran 8 de estas delimitaciones de origen
centralizador y decimonónico). Las universidades andaluzas y sus distritos correspondientes son éstas:
Cádiz (província de igual nombre); Córdoba (idem); Granada (Almeria, Granada y Jaén); Málaga (idem); y
Sevilla (Huelva y Sevilla).
No obstante, y a raiz del desarrollo de la recientemente aprobada Ley sobre ordenación del
sistema universitario en Andalucía, el Gobierno Regional pretende descentralizar estos servicios
(marcados por la autonomia en su gestión según recoge la propia Constitución Espafíola de 1978), creando
universidades en la províncias que todavía carecen de ellas (Almeria, Huelva y Jaén), en un proceso que
no terminamos de ver claro dadas las necesidades de "economia de escala" propias de la docencia e
investigación superior. Otra cosa seria la desconcentración del equipamiento, o, mejor, la creación de
nuevos centros en localizaciones favorables en función de la demanda social-laboral de los diversos
estudios. En cualquier caso en el mapa tenemos la incidencia espacial de estas ensefíanzas distinguiendo
entre matrículas en Facultades y Escuelas Técnicas Superiores (estás últimas sólo 5 y al ser en cada caso
únicas con ámbito de influencia cuando menos regional) - que ofrecen titulaciones de Segundo y Tercer
Ciclo -, Escuelas Universitarias - sólo Primer Ciclo -, y Centros Adscritos, de origen privado pero
sometidos a la tutela universitaria y que sólo ofertan estudios de Primer Ciclo.
Finalmente decir que la fuente esencial de la que hemos obtenido gran parte de los datos
posteriormente tratados y analizados por nosotros, ha sido el Mapa Escolar de Andalucía, especialmente su
sexta edición, dedicada al curso 89/90. Se trata ésta de la principal publicación estadística sobre Educación
en Andalucía, que cuenta como vemos con una cierta tradición y que, publicado en la actualidad por
la Dirección General de Planificación y Centros de la Consejeria de Educación y Ciencia de la Junta
de Andalucía siguiendo recomendaciones de la OCDE, pretende hacer un seguimiento anual de los avances
y carencias en materia educativa en Andalucía.
3. A MODO DE CONCLUSIÓN.
Creemos que, dada la intrínseca relación existente entre un correcto aprovechamiento de
los recursos humanos y las posibilidades de Desarrollo Regional, se hace cada vez más imprescindible
una ajustada planificación educativa inserta dentro de la programación economica general, en la que se
atienda tanto a las necesidades y derechos formativos del cuerpo social como a las demandas laborales de
instrucción adecuada, y que, en todo caso, promueva a la Educación como uno de los puntos centrales de
la vida regional. En esa línea los estudios que aquí avanzamos formarían parte de un amplio aparato
analítico capaz de conducir a un acertado diagnóstico de situación del que emanen propuestas concretas de
intervención en las que el territorio, con toda su complejidad y variedad, sea un elemento esencial a
tener en cuenta.
4. BIBLIOGRAFIA Y FUENTES.
AURIOLES MARTIN, J.: Claves actuales de la economía andaluza. Granada, Ed. Librería Agora, 1989, 256 pgs. CONSTITUCION Espafíola (BOE, 29-XII-78). D. G. DE PLANIFICACION Y CENTROS: Mapa Escolar de Andalucía. curso 89/90. D .G. DE PLANIFICACION Y CENTROS: Cuadernos de Administración Educativa. Sevilla, Consejería de Educación y
Ciencia, 1990, 3 volúmenes.
481
ESTATUTO de Autonomía para Andalucía (BOE, 11-I-82). JUNTA DE ANDALUCÍA: Sistema de Ciudades. Andalucía. Sevilla, Junta de Andalucía, 1986, 2 tomos de 91 y 266 pgs. JUNTA DE ANDALUCÍA: Datos estadísticos básicos de la Población andaluza- Padrón 1986 -. Sevilla, Consejería
de Fomento y Trabajo, 1989, 343 pgs. PROYECTO DE LEY de Presupuesto de la Comunidad Autónoma.de Andalucía para 1992 (BOPA num. 115 de
2 de noviembre de 1991). REAL DECRETO 393511982, de 29 de diciembre, sobre Traspaso de Funciones Y Servicios de la Administración dei
Estado a la Comunidad Autónoma de Andalucía en materia de Educación (BOE, 22-I-83; BOJA, 25-II-83). VENTURA FERNANDEZ, J.: "Política y equipamiento educativo en Andalucía, incluido en "Infraestructuras y
equipamientos: e! sector terciario y la ordenación territorial en Andalucía". Geografía de Andalucía, tomo VII (direc. y coord. G. CANO). Cádiz, Ed. Tartessos, 1990, pgs. 395-423.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ACESSIBILIDADE E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ESTUDO DA SITUAÇÃO NO CONCELHO DE COIMBRA
PAULA MARGARIDO Instituto de Estudos Geográficos Universidade de Coimbra
A acessibilidade dos Serviços de Saúde, em sentido lato, é a conversão das necessidades,
determinadas pelos técnicos de saúde ou sentidas pela população, em procura expressa, isto é, em
utilização da oferta. Por um lado, temos as necessidades e, por outro, a oferta de cuidados (tipo,
quantidade, preço, qualidade e local). A acessibilidade geográfica aos serviços de saúde é, assim,
um factor relevante na análise dos indicadores de saúde e no estado de saúde da população.
A dotação de serviços de saúde deve pautar-se pelas características (sexo, grupos de idade,
condições socio-económicas, por exemplo) e pelas necessidades da população e, ainda, pela capacidade
física (transportes públicos de acordo com o horário de funcionamento dos serviços) de converter as
necessidades cuidados de saúde sentidas em necessidades expressas (cobertura, suficiência e adequação).
1. ACESSIBILIDADE GEOGRÁFICA
Considerámos como acessibilidade geográfica dos Serviços de Saúde a facilidade de atingir
a sede do concelho (cidade de Coimbra, local de concentração dos Serviços de Saúde) com a utilização de
transportes públicos diários. Contámos, para isso, o número das carreiras (transportes públicos em geral:
rodoviários e ferroviários) diárias e o tempo médio de percurso entre os lugares considerados (sedes de
freguesias) e o centro de atracção. A acessibilidade foi medida relativamente a um ponto médio (Largo da
Portagem) embora alguns dos Serviços de Saúde que analisamos se encontrem afastados desta área central.
São exemplo deste facto, os Hospitais Centrais e Centros de Saúde que, embora localizados afastados do
casco antigo da cidade, têm ligações frequentes e rápidas com o Largo da Portagem, que funciona como
polo de atracção. Assim, tivemos em conta apenas a frequência de transportes públicos (ftp) e o tempo de
transporte público (ttp) de cada sede de freguesia ao centro da cidade (Largo da Portagem). Considerando
estes dois factores foram definidas as seguintes tipologias de acessibilidade: 1-) óptima (ftp = >200
carreiras e ttp < = 10 minutos); 2-) boa (ftp = >200 carreiras e ttp entre I I e 25 minutos); 3-) média
(ftp de 70 a 50 carreiras e ttp de 26 a 30 minutos); 4-) má (ftp < 49 carreiras e ttp > 3 I minutos).
Em síntese, a área administrativa do concelho poder-se-á dividir em três áreas segundo a
frequência dos transportes e a distância-tempo entre os lugares considerados e o centro da cidade
(Largo da Portagem) e, ainda, atendendo às características morfo-funcionais desses espaços, são elas:
1-) urbanas consolidada; 2-) periurbanas de crescimento recente e dormitório; 3-) periurbanas com marcas
de ruralidade (fig. 1 ).
484
Fig. 1 - Caracterização Morfo-Funcional do Concelho de Coimbra
Área urbana consolidada
Área periurbana de crescimento recente
D Área periurbana dormitório
D Área rural com fenómeno de periurbanização
Cernache Almalaguês
Torres do Mondego
Escala Gráfica
o 2 3
N
t 4 5Km
485
O acesso geográfico, na área urbana, aos Centros. de Saúde, Extensões do Centro de Saúde e
Hospitais é bom, quer em frequência de transportes, quer em distância tempo. Verificamos, no entanto, que
a localização dos Hospitais Centrais (da Universidade e do Centro Hospitalar de Coimbra) não é na área
urbana consolidada, referida anteriormente, pois o Hospital da Universidade está instalado na freguesia
de Sto. António dos Olivais, e o do Centro Hospitalar de Coimbra na freguesia de São Martinho do Bispo.
Assim, as áreas com maior acessibilidade geográfica ao Hospital da Universidade de Coimbra são as que,
geográficamente, lhe estão mais próximas, localizadas na freguesia da Sé Nova e Sto. António dos Olivais,
fundamentalmente. Relativamente ao Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra, os lugares que
lhe são mais acessíveis são os que se localizam nas freguesias de São Martinho do Bispo e Sta. Clara.
Os médicos especialistas que exercem a sua actividade em consultório têm uma localização
específica, relacionada com a área de maior acessibilidade geográfica - maior frequência de transportes
públicos- ou com a complementaridade funcional, próximo do Hospital da Universidade (cfr. fig. 6).
Assim, em termos ele boa acessibilidade geográfica pode destacar-se a localização dos médicos
especialistas em consultórios privados, da Extensão da Avenida Sá da Bandeira e os Centros de Saúde
de Celas e Fernão Magalhães.
As freguesias mais afastadas do casco antigo têm características que variam consoante a
tipologia das áreas. Nas ·áreas periurbanas dormitórios e rurais nos limites Norte, Sul e Oeste elo concelho,
o acesso geográfico é dificultado porque o número de carreiras diárias de transportes públicos é baixa e,
ainda, os percursos, que se convertem em distância-tempo superior a trinta minutos, são os mais elevados
do concelho. Os dois factores associados (baixo número ele ligações diárias e percursos longos)
determinam, em algumas áreas, baixas ou más acessibilidades; incluem-se neste grupo freguesias como:
Botão, Arzila, Ameai, Vil de Matos, Antuzede, Cernache, Lamarosa, São João do Campo, São Martinho
ele Árvore, Torre de Vilela, Torres do Mondego e Castelo Viegas.
Em suma: a acessibilidade geográfica dos Serviços ele Saúde é o resultado da distância-tempo
relacionada com a frequência de transportes públicos e ainda a adequação dos horários e a localização elos
serviços de saúde.
2. OS RECURSOS DE SAÚDE
2.1. LOCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Em virtude das características urbanas deste espaço, a oferta de serviços de saúde é diversificada
e distribuída de acordo com a concentração da população.
Encontramos, no concelho, serviços de saúde públicos - Primários e Secundários e serviços
privados, fundamentalmente Secundários com carácter mais curativo do que preventivo.
Em 1988, os recursos de saúde públicos distribuíam-se por toda a área concelhia, embora, como
pode observar-se na figura 2, existisse uma concentração dos Serviços Públicos Secundários na área
urbana. Os Serviços Públicos Primários organizam-se em dois níveis: 1-) Centros de Saúde; 2-) Extensões
486
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Serviços de Saúde Públicos
Centro de Saúde
Fig. 2 - Localização dos Serviços de Saúde Públicos - 1988 Concelho de Coimbra
Extensões dos Centros de Saúde
Hospital da Universidade
Hospital Geral (C.H.C.)
Instituto Português de Oncologia (D.C.)
Hospital Especial (Sobral Cid)
Maternidade
dos Centros de Saúde.
N
t Escala Gráfica
o 2 3 4 5Km
No concelho de Coimbra existia um Centro de Saúde, localizado na malha urbana
e 23 Extensões do Centro de Saúde, distribuídos por toda a área concelhia.
Nos últimos anos ocorreu uma significativa evolução dos Cuidados de Saúde. Assim, entre 1988
e 1992, foi principalmente ao nível da oferta de Cuidados de Saúde Primários que se registaram as
grandes alterações. Em 1992, contavam-se seis Centros de Saúde (fig .3) e vinte e três Extensões
dos Centros de Saúde, mantendo-se o mesmo número de Hospitais: Hospital Central, Hospital
da Universidade de Coimbra, Hospital Especializado Sobral Cid, duas ~aterniCÍades, Hospital Pediátrico,
Instituto Português de Oncologia e Hospital Militar Regional.
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Serviços de Saúde Públicos
Centro de Saúde
Fig. 3 - Localização dos Serviços de Saúde Públicos - 1992 Concelho de Coimbra
Extensões dos Centros de Saúde
Hospital da Universidade
Hospital Geral (C.H.C.)
Instituto Português de Oncologia (D.C.)
Hospital Especializado (Sobral Cid)
Maternidade
487
N
t Escala Gráfica
o 2 3 4 5 Km
A cobertura do concelho por unidades de Cuidados de Saúde Primários tem como objectivo
responder às necessidades básicas de saúde, principalmente no campo da educação para a saúde,
a prevenção da doença e a promoção da saúde.
O Hospital da Universidade de Coimbra, implantado em 1986 num novo espaço, veio responder
às necessidades da população do concelho e da área de influência daquela unidade de saúde. Em virtude de
ser um Hospital Central tem uma área de atracção que ultrapassa, até, o nível do distrito (alguns concelhos
dos distritos de Viseu, da Guarda, Castelo Branco, Leiria), quer ao nível da consulta externa e
internamentos quer no serviço de urgência, como verificaremos oportunamente.
488
A ampliação das instalações e a melhoria das condições da acessibilidade geográfica ao novo
Hospital da Universidade possibilitaram uma utilização mais intensa dos serviços, traduzida
quer no número de consultas externas e urgência quer nos exames de radiologia e análises clínicas, que
duplicaram, entre 1985 e 1990, como adiante veremos.
2.2. CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA
2.1.CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS PÚBLICOS
Os Cuidados de Saúde Primários são oferecidos essencialmente em Centros ele Saúde e
Extensões, por equipas constituídas por médicos, enfermeiros, administrativos e outros técnicos ele saúde.
Existem algumas diferenças na localização, organização e horário ele atendimento entre
os Centros e Exténsões ele Saúde, conferindo aos primeiros uma melhor qualidade elos serviços. em geral.
Os Centros ele Saúde localizam-se nos lugares ele maior acessibilidade geral ou seja, nas sedes ele concelho
ou nos centros urbanos. Têm uma oferta mais diversificada ao nível dos Cuidados de Saúde Primários
como, por exemplo, a vacinação. As Extensões, que se localizam com maior proximidade ela clientela
potencialmente utilizadora, têm na maior parte elos casos uma estreita ligação com o espaço rural.
Assim. o Centro ele Saúde, enquanto unidade funcional que coordena e super-intende, é
um conjunto ele que faz parte a Extensão do Centro de Saúde. Só em casos muito pontuais e excepcionais
a Extensão oferece melhor qualidade ele serviços, quer ao nível do pessoal prestador quer nas condições
das instalações e horário ele atendimento.
Os médicos que exercem aqui a sua actividade têm uma formação específica em Clínica Geral.
Existe ainda uma unidade (Extensão de Sá da Bandeira) com especialistas hospitalares: Cardiologia,
Estomatologia, Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia e Neurologia.
Ao contrário do que ficou dito anteriormente, relativamente à localização das Extensões,
as Extensões de Sá da Bandeira e a dos Olivais estão implantadas na área urbana do concelho, usufruindo
ele uma boa acessibilidade geográfica, em termos de transportes públicos.
Associando este facto à existência ele especialiclacles hospitalares, compreendemos, então,
os motivos porque a Extensão de Sá da Bandeira tem uma área ele atracção mais larga, ultrapassando
largamente os limites da área de influência administrativa.
No entanto, sabe-se que a tendência é para aquelas especialidades hospitalares deixarem de
existir ao nível elos Cuidados de Saúde Primários.
Referimos, anteriormente, a evolução que se tem feito sentir nos Cuidados de Saúde Primários,
com a abertura de cinco novos Centros de Saúde nos quatro últimos anos. Quatro Centros de Saúde
iniciaram a sua actividade em 1989, proporcionando uma melhoria na acessibilidade aos Centros ele Saúde.
Assim, a população das freguesias envolventes à malha urbana consoliclacla, passou a dispôr de
uma maior capacidade de resposta elos serviços de saúde. Os novos Centros de Saúde substituíram,
em alguns casos numa fase temporária, as Extensões elos Centros de Saúde. São exemplo disso o Centro
ele Saúde Fernão de Magalhães e Santa Clara. Os Centros ele Saúde de São Martinho do Bispo e
Norton ele Matos estão localizados próximo da antiga Extensão do Centro de Saúde, mas em edifício novo.
A abertura destas unidades e a definição das áreas de influência (fig. 4) dos Centros de Saúde,
ao mesmo tempo que proporcionam, para a maioria, um acesso mais facilitado (quer geográfica quer
na capacidade de concretização elos actos médicos), para outros apresentam uma dificuldade acrescida
porque, em muitos casos, perdem a ligação com o médico elo Centro ou Extensão onde anteriormente
estavam inscritos e onde, agora, não pertencem. Por este facto, talvez, encontramos utilizadores de Centros
ou Extensões que residem fora da respectiva área administrativa de influência.
Áreas de Intluência dos C. S. de:
1++1 Fernão de Magalhães
S. Martinho do Bispo
~ Celas
[[[[ll] Santa Clara
D Norton de Matos
~ Eiras
® Centro de Saúde
Fig. 4- Área de Intluência dos centros de Saúde- 1992 Concelho de Coimbra
489
N
t Escala Gráfica
o 2 3 4 5Km
A figura 4 dá-nos conta do retalhamento do concelho em função dos seis Centros de Saúde que
existiam em 1992.
Nestes Centros de Saúde (à excepção do Centro de Saúde de Eiras) a relação médico, enfermeiro
e administrativo, por pessoa inscrita não tem a mesma proporcionalidade; por exemplo em 1990,
com grande destaque, aparecia o Centro de Saúde de Celas onde se contavam 545 utentes inscritos
por médico, 943 inscritos por enfermeiro e 1.105 inscritos por administrativo. Os Centros
de Saúde Fernão de Magalhães e Sta. Clara, tinham quase o dobro de utentes inscritos por médico (920 e
1.000, respectivamente). O Centro de Saúde com mais utentes inscritos por médico era o Norton de Matos
(1.225).
490
Em virtude dos desequilíbrios existentes na oferta de recursos humanos em 1990, a oportunidade
de conseguir uma consulta ou um acto de enfermagem ou até a cortesia e afabilidade dos administrativos,
era potencialmente maior nos locais onde a relação utentes por prestadores era menor.
Como já foi referido anteriormente, nos últimos anos verificou-se uma preocupação de
redistribuir os recursos de saúde (abertura de novas unidades e afectação de prestadores de saúde) tornando
os serviços mais acessíveis. É exemplo deste facto a criação do Centro de Saúde de Eiras, no local
onde existia anteriormente uma Extensão de Centro de Saúde· Fernão de Magalhães. A Extensão de Eiras
pertencia ao Centro de Saúde Fernão de Magalhães. Assim, este Centro de Saúde subdivide a área
de influência dos serviços que prestava em duas áreas, com sede no Centro de Saúde Fernão de Magalhães
e Eiras. A abertura deste Centro proporciona a criação de novas Extensões: Torre de Vilela, Brasfemes e
São Martinho de Árvore; as duas primeiras pertencem ao Centro de Saúde de Eiras e a terceira ao Centro
de Saúde Fernão de Magalhães.
2.2.2. CUIDADOS DE SAÚDE SECUNDÁRIOS
No concelho de Coimbra a oferta dos serviços de saúde é diversificada, correspondendo às
características que lhe conferem atracção regional. Desta forma, as unidades de saúde - públicas
e privadas - ao nível dos cuidados secundários não respondem somente às necessidades da população
residente do concelho, antes têm razão de existir pela complementaridade funcional (hospitais,
médicos especialistas, laboratórios e farmácias) e capacidade de polarização regional. Por exemplo,
o Hospital Geral e a Maternidade Bissaya Barreto têm uma área de influência de cerca de
500 mil habitantes e o Hospital Pediátrico de 2 milhõés de habitantes; (unidades que congregam
os esforços no sentido de potenciar os serviços de saúde, integrando o Centro Hospitalar de Coimbra).
Em 1990, a proveniência geográfica dos utentes do Hospital da Universidade de Coimbra era:
1-) em internamento 25,9% do concelho de Coimbra, 27,2% da restante área do distrito e 46,9% para além
do distrito, abrangendo todo o país; 2-) na consulta externa 36,5% dos utentes tinham residência
no concelho, 29% nos outros concelhos do distrito de Coimbra e 34,5% do resto do país; 3-) no serviço
de urgência a população que utilizou reside próximo, sendo 61,8% do concelho de Coimbra,
22,3% da restante área do distrito e 15,9% dos restantes distritos do país.
Segundo informação fornecida pelo Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde, no
ano 1992, relativamente às unidades de saúde com internamento, públicas e privadas, no concelho
de Coimbra existem 3.308 camas, sendo 3.127 do sector público e 181 do sector privado; ou seja, as camas
existentes em 1992 são quase exclusivamente públicas. Também o número de médicos é
consideravelmente superior nas instituições públicas (1.507 médicos) quando comparados com as privadas
(113) o que seria de esperar, em conformidade com a grande diferença que existe no número de camas.
No entanto, importa avaliar a relação que se estabelece entre médicos e o número de camas;
é consideravelmente superior em duas unidades de saúde privadas, quando comparada com as públicas,
onde o valor médio mais elevado é no Centro Hospitalar de Coimbra (0,7 médicos por cama). Talvez a
explicação deste facto resulte de parte dos médicos privados exercerem a sua actividade exclusivamente
em ambulatório, o que altera a ratio calculada.
491
2.2.2.1. PÚBLICOS
Como já foi referido anteriormente, existem no concelho duas estruturas hospitalares: o
Centro Hospitalar de Coimbra, que integra o Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil, a
Maternidade Bissaya Barreto e o Hospital Pediátrico de Coimbra; e os Hospitais da Universidade
de Coimbra que congregam o Hospital da Universidade de Coimbra e a Maternidade Daniel de Matos.
Nas cinco unidades de saúde referidas, contam-se 5.257 pessoas ao serviço, sendo 1.264 médicos
(63% do sexo masculino), 1.807 enfermeiros (29% do sexo masculino) e 81 Técnicos Superiores de Saúde
(33% do sexo masculino).
Existem ainda outros recursos humanos distribuídos pelos serviços que existem no Hospital
Psiquiátrico do Sobral Cid e no Instituto Português de Oncologia. São ambos serviços que respondem à
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças específicas, como doenças do foro psiquiátrico e cancro.
As estruturas de saúde têm tendencialmente evoluído no sentido de proporcionar melhor
prestação de serviços. A necessidade de aumentar a capacidade de intervenção das unidades hospitalares
perante situações de doença da cidade, do distrito e da região, determinam que ocorram melhoramentos
na prestação dos cuidados, ao nível da qualidade e também da quantidade (cobrindo um maior número
de população). Assim, nos últimos cinco anos, verificaram-se significativas alterações nos indicadores:
1-) número de camas; 2-) doentes tratados por cama; 3-) demora média; 4-) percentagem de ocupação;
5-) número de consultas externas; 6-) urgência; 7-) exames complementares de diagnóstico (radiologia e
análises clínicas).
A evolução do Centro Hospitalar de Coimbra, por exemplo, no que respeita à lotação, sofreu um
aumento de 677 camas para 739, entre 1985 e 1990. A evolução do Hospital da Universidade de Coimbra,
foi superior: entre 1985 e 1990 aumentou a lotação de 1.163 para 1.656 unidades.
Refiram-se, ainda, os valores registados no Hospital da Universidade de Coimbra com
significativos aumentos: 1-) nas consultas externas (172.068 em 1985, 247.609 em 1990);
2-) nas urgências (72.182 em 1985, 111.792 em 1990); 3-) exames auxiliares de diagnóstico (por exemplo,
análises clínicas em 1985 foram 998.289 e em 1990 2.451.0 19). Simultaneamente, e como resultado de
diferentes formas de organização e intervenção, verifica-se a diminuição da demora média, com evidencia
para os valores referentes ao Hospital Pediátrico (7.36 dias e 3.96 respectivamente
em 1985 e 1990).Em virtude de os Hospitais da Universidade de Coimbra apresentarem os indicadores
com uma dinâmica resultante da alteração de toda a estrutura morfo-funcional, e porque esta unidade é
a mais importante em toda a região centro e uma das mais importantes do país, pareceu-nos curial fazer
uma análise mais detalhada de alguns indicadores. Verifica-se, então, que existe nesta unidade de saúde
uma grande diversidade de serviços, correspondendo a especializações e sub-especializações no campo
científico da medicina.
Dos 42.340 doentes admitidos em internamento no ano de 1990, 43% (18.447) eram
provenientes dos serviços de urgência, com destaque para a Cardiologia, Infeciosas, Medicina I, II, e III,
Neonatologia, Neurotraumatologia, Obstetrícia, Ortotraumatologia e U.C.l.C.
A demora média depende também dos serviços, variando entre os 39,76 dias e os 2,46 dias
nos serviços de Ortopedia 5 e Litotricia, respectivamente.O movimento geral de internamento do Hospital
da Universidade é caracterizado por uma demora média de 10,94 dias e uma taxa de ocupação (77%)
ligeiramente inferior à taxa "aceitável" (80 a 85%). Em 1990, o movimento anual foi de 42.340 doentes
admitidos e a lotação era de 1.656 camas.
492
Não obstante o crescimento e desenvolvimento que se tem processado nesta nova unidade, as
listas de espera, são, ainda, uma realidade apresentada aos utilizadores como uma barreira ao acesso.
Em 1992 os serviços com maior número de inscritos em lista de espera são: Oftalmologia, Estomatologia,
Ginecologia, Ortopedia triagem, Otorrino e Cirurgia Vascular. Alguns destes serviços são, talvez pelo seu
carácter de prevenção, mais vocacionados para funcionarem a montante dos serviços Hospitalares. São
exemplo deste facto os serviços de Oftalmologia, Estomatologia e Ginecologia que, pelo seu
carácter específico de continuidade e frequência e, também, pelos resultados positivos que se podem obter
com a intervenção precoce, ser oferecidos igualmente ao nível dos Cuidados de Saúde Primários
tornando-os, assim, mais acessíveis. Refiro-me, concretamente, às consultas que não requerem
intervenções complicadas, como por exemplo, o tratamento de cáries nos Centros de Saúde.
Refiram-se, ainda, indicadores relativos ao ano de 1990 nos serviços com internamento
do· Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra: 1-) a demora média foi de 12.09 dias e variou
entre os 4.96 e os 18.72 dias, correspondendo aos serviços de U.C.I.C. e Orto-Traumatologia;
2-) os doentes saídos por cama correspondiam, em média, a 24.98, com o valor mais elevado (83,06)
no serviço de Otorrino; 3-) o serviço com maior lotação era o de Orto-Traumatologia, com 69 camas;
4-) a taxa de ocupação situava-se nos parâmetros do "aceitável" (80.53%) registando-se, em
alguns serviços, valores superiores à média, com destaque para a Medicina (86.34% ), Cirurgia (84.95% ),
Urologia (87,73%), Pneumologia (84,39%) e Nefrologia (109,1%).
No Hospital Pediátrico e na Maternidade Bissaya Barreto os valores da demora média são
mais baixos (3,96 e 4,59 dias respectivamente) e a relação de doentes saídos por cama é de 51.92 e 47. I 5.
O Hospital Geral e o Pediátrico apresentavam em 199 I um número elevado de utentes em lista de espera,
destacando-se os serviços de Otorrino, Urologia, Oftalmologia e a Ortopedia (internamento)
no Hospital Geral (12 a 24 meses). No Hospital Pediátrico o serviço com mais tempo em listas de espera
é o serviço da Cirurgia Geral (5 a I 2 meses). Na consulta externa destaca-se a Neurologia e a Ortopedia,
no Hospital Pediátrico, com tempos de espera elevados (6 meses). São várias as causas que poderão estar
na origem destes atrasos, sobressaindo a falta de instalações adequadas e ainda de equipamentos de
pessoal médico e de enfermagem.
2.2.2.2. PRIVADOS
Foram já referidas as unidades privadas de saúde com internamento
No concelho de Coimbra, prestam serviços privados em internamento 113 médicos especialistas
em clínicas privadas, com uma lotação total de 181 camas.
O impacto destes serviços no estado de saúde da população é reduzido pela escassez
dos recursos humanos e meios técnicos de diagnóstico e terapêutica de que dispõem aquelas unidades
de saúde. Na maioria destas unidades de saúde realizam-se consultas e intervenções cirúrgicas que
não requerem a utilização de tecnologia de ponta ou equipas de especialistas.
Os utilizadores destes serviços são, essencialmente, da área urbana e correspondem à população
com maior poder económico que seguem um percurso de utilização de serviços privados (do consultório
do especialista à clínica privada onde o mesmo médico continua o processo clínico do utente).
2.2.2.2.1 CONSULTÓRIOS PRIVADOS
Foi feito um levantamento funcional na área urbana em 1992, com o objectivo de conhecer a
distribuição e existência das unidades privadas ligadas à prestação de cuidados de saúde, tais como:
493
médicos especialistas, farmácias e laboratórios de análises e radiologia.
As figuras 5 e 6 oferecem-nos a imagem da proliferação dos médicos em consultórios privados e
da espacialização, por complementaridade funcional, das farmácias e laboratórios. Era na Avenida Sá
da Bandeira que, até há seis anos atrás, se verificava uma concentração maior de médicos especialistas,
como consequência talvez da proximidade do Hospital da Universidade, com a anterior localização, junto
da Universidade.
LOCALIZAÇÃO DAS FARMÁCIAS, LABORATÓRIOS DE ANÁLISES E RADIOLOGIA EM COIMBRA Fig.- 5
N~
O 100 200m
494
LOCALIZAÇÃO DOS MÉDICOS ESPECIALISTAS EM CONSULTÓRIO PRIVADO EM COIMBRA Fig.- 6
I 2 3 4 5 6 7 8 9 10 a 13 62 *Hospital
O 100 200m
Número de Médicos
495
Em 1990, encontrámos um número elevado de médicos a trabalhar em consultórios privados
próximo do novo Hospital da Universidade O Largo de Celas concentrava 59 especialistas;
as Ruas António José de Almeida, Nicolau Chanterene e Alameda Calouste Gulbenkian, são artérias que
atraíram, nos últimos anos, os médicos para aí localizarem a sua actividade privada.
Na área baixa da cidade - Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz, Praça 8 de Maio, Ruas
da Sofia e Simões de Castro, por força da inércia ou por ter uma boa acessibilidade geral, ainda
permaneciam alguns consultórios médicos.
As unidades de realização de exames de diagnóstico, pela complementaridade funcional,
escolhem preferencialmente localizações próximas de Hospitais, Centros de Saúde e médicos privados.
3. UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Os dados que apresentamos em seguida são referentes à recolha que efectuámos nas unidades de
alojamento do concelho de Coimbra, em 1990. A amostra corresponde a 1 566 unidades de alojamento
e 5 239 pessoas. A amostra corresponde a uma estratificação por freguesia e, dentro desta área
administrativa, à selecção de números aleatórios, que correspondiam à numeração das quadrículas, sobre
a carta de 1/2000 e 1115000, respectivamente em áreas urbanas e rurais.
Nos seis meses que antecederam as entrevistas, a taxa de utilização dos Serviços de Saúde,
Públicos e Privados (à excepção dos Hospitalares) foi cerca de 62%. Os serviços mais utilizados foram os
das Extensões dos Centros de Saúde (23, 2% ), seguidos dos Centros de Saúde (15, 6% ). A percentagem de
utilização do médico privado, no concelho de Coimbra, é elevado (14%) e muito semelhante, embora
inferior, à taxa de utilização dos Centros de Saúde. O médico convencionado foi menos utilizado, embora
com um valor que deve ser considerado (9, 2%).
Preocupámo-nos em fazer uma análise que tivesse em conta não só a utilização relativamente
local de consulta mas, ainda, a relação da utilização com a oferta de equipamentos, ao nível de Cuidados
de Saúde Primários, disponíveis nas áreas de residência (desagregado ao nível de freguesia). Verificámos,
então, que a maior percentagem de utilização de cuidados de Saúde é nas freguesias onde se localizam
Extensões dos Centros de Saúde (39, I%), seguida de áreas onde existem, para além das Extensões, Centros
de Saúde (33,4%). Decerto a proximidade, convertida em termos de uma boa acessibilidade física, é uma
variável importante a reter. Não podemos também esquecer as características da população.
3.1. LOCAL DA ÚLTIMA CONSULTA
Independentemente do intervalo de tempo entre a última consulta e a realização da entrevista,
preocupámo-nos em saber o local onde esta tinha sido realizada
Foi às Extensões dos Centros de Saúde que a população amostra (36,2%) recorreu mais,
em termos de última consulta. O Centro de Saúde também foi utilizado (21, 9%) com um valor percentual
superior ao verificado no médico privado (16,9%), no médico convencionado (13, 6%) e
no hospital (11 %).
Se é certo que este é o comportamento para o total de amostra (5239), os valores atrás
mencionados variam consoante a proximidade de oferta de serviços públicos, que foram considerados
anteriormente (Centros de Saúde e Extensões).
Verificámos que a percentagem de utilização dos serviços de saúde (local de última consulta)
tem valores significativamente diferentes segundo a localização da oferta de unidades de saúde,
relativamente à área de residência (p < 0.001). Dividimos as áreas de residência de população utilizadora
496
em 3 grupos: 1-) freguesias com Centro de Saúde; 2-) freguesias com Extensão de Centro de Saúde;
3-) freguesias sem Centro ou Extensão de Saúde.
Os valores mais elevados correspondem à população que reside em locais com Extensão, e
a utiliza (61 ,2% ). A população que reside em áreas sem oferta de Cuidados de Saúde Primários (C.S.P),
coincidente com áreas rurais e periurbanas, utiliza as Extensões (51%) que, embora não se localizem
nessas freguesias, estão mais próximas (distância-tempo) do que os Centros de Saúde, localizados
preferencialmente na área urbana.
Percentualmente, quem utiliza mais os Centros de Saúde (34,9%) é a população que reside
em freguesias onde estes serviços se localizam.
As maiores percentagens de utilização do médico privado (21,4%), convencionado (18,5%) e
hospital (13,20%) correspondem, ainda, às freguesias com Centro de Saúde próximo (dentro da freguesia).
Em suma, quem utilizou mais os serviços (relativamente à última consulta) foi a população das
áreas urbanas consolidadas e de crescimento recente. Por um lado, e nesses espaços geográficos que se
localizam os Serviços de Saúde mais diferenciados (Hospitais, Médicos Especialistas, Centros de Saúde),
por outro lado, as características da população (rendimento, escolaridade, etc.,) propiciam um
maior acesso.
Assim, cerca de 48% da população da amostra reside em locais com Centro de Saúde, embora
a utilização do Centro não tenha valores muito elevados (34,9%). Se compararmos este último valor
com o somatório do médico privado, do convencionado e do hospital (53, lo/o), a população residente
no concelho de Coimbra, em áreas com características urbanas teve, relativamente à última consulta, uma
escolha preferencial, em termos mais curativos (Cuidados de Saúde Secundários) do que preventivos
(Cuidados de Saúde Primários).
Este facto não é verdadeiro em outra áreas geográficas (freguesias sem Extensão ou sem Centro
de Saúde e Extensão), nas quais a tipologia de oferta de serviços é menos diversificada e, em alguns casos
mesmo, não existem Serviços de Saúde. Nestas áreas de residência, a população procurou e utilizou
os Cuidados de Saúde Primários (Extensões) com valores inferiores a 50%.
As diferenças de utilização dos Serviços de Saúde entre os sexos não são grandes, mas é
curioso verificar que a utilização do Centro de Saúde, Extensão e médico privado tem valores
superiores no sexo feminino (22,9%; 36,8%; 17,2% respectivamente) quando comparados com os
da população masculina (20,7% e 35,5%; 16,5% respectivamente). Refira-se que a utilização do
médico convencionado e do hospital pelo sexo masculino é percentualmente superior (15,1% e 12,3%
respectivamente) quando comparada com a do feminino (12,4% e I 0,7)
Considerando o total da população que respondeu (5.177), verificámos, ainda que a proporção de
indivíduos que recorrem aos serviços de saúde varia significativamente com os grupos de idade
(p < 0.001). O local prestador de serviços de saúde mais utilizado na última consulta foi a Extensão.
Fazendo a análise de cada tipologia de serviços por grupos de idade verificámos que
quem procura mais o Centro de Saúde é a população infanti (0-4) e a de 64 e mais anos. Relativamente a
este último grupo, observa-se que o valor percentual da população com idade entre 65-74 anos é superior
(28,9%) a população com 75 e mais anos (27,9%). Embora a diferença não seja muito grande, é talvez o
resultado de uma maior mobilidade e, por isso, uma maior percentagem de utilização.
O que descrevemos no parágrafo anterior é válido na utilização das Extensões. Quem as
utiliza mais são as crianças (35,9%) dos O aos 4 anos e a população com mais de 45 anos, com
relevância para os mais idosos, (a partir dos 65 anos) onde se registam valores muito elevados (42,6%).
497
O médico privado tem uma taxa de utilização com um padrão bem diferente do descrito
anteriormente. À excepção da população infantil, onde se registam valores elevados (21,2%), com um
ligeiro aumento na faixa dos 15-24 e dos 25-44, os valores são consideravelmente diferentes daqueles que
observámos para os Centros e Extensões. É nos grupos de idades a partir dos 65 anos que se registam
taxas de utilização mais baixas.
O mesmo acontece com o médico convencionado, onde os valores de utilização mais altos
coincidem com população em idade activa.
Ao Hospital acorre uma população diversificada em termos de idade. Registam-se, contudo,
dois grupos (25-45 e 75 anos) pela sua relevância. O primeiro, por corresponder à população feminina em
idade fértil e, ainda, aos que, possivelmente, sofreram acidentes de trabalho e de viação e, por isso, tem
taxa de utilização elevada ( 12,8% ); o segundo grupo é ele população idosa com procura de serviços
hospitalares ao nível, principalmente, ele consulta externa e internamento (13,5% ).
A relação entre o local de consulta e a distribuição etária varia heterogeneamente quer na
população elo sexo feminino (p < 0.00 I) quer na elo sexo masculino (p < 0.00 I). Ressalta que este
último grupo utiliza menos os serviços públicos, à excepção elo Hospital, e utiliza mais os serviços
elo médico privado (em alguns grupos ele idade). Observa-se, contudo, no grupo de idade dos O aos 4 anos,
que a taxa ele utilização do Centro de Saúde e Extensões é maior nas crianças elo sexo masculino (30,6 e
39,8 respectivamente) do que nas de sexo feminino (24,8% e 32, I% respectivamente).
As diferenças ao nível elo médico privado, convencionado e Hospital verifica-se serem maiores,
principalmente a partir elos 45 anos, com valores percentuais sempre superiores no sexo masculino.
Talvez a razão que esteja na origem deste facto se prenda com a impossibilidade de utilização
dos Cuidados de Saúde Primários pela população activa elo sexo masculino, em virtude dos horários
de atendimento destes serviços.
Ainda referente ao sexo masculino, as taxas mais elevadas de utilização elo Hospital verificam-se
no grupos etários dos 5 aos 14 anos (16,5%), 25 aos 44 (13,1%) e 75 e mais anos (14,3%). A qualidade da
oferta dos serviços do Hospital Pediátrico poderá induzir a procura e, por isso, ser uma das razões
fundamentais para o entendimento da taxa de utilização da população elo primeiro grupo de idade.
No grupo dos 25 aos 44 anos o valor percentual relaciona-se, talvez, com acidentes de trabalho e outros.
Esta não é ele certo, a razão que leva 14,3% da população com mais de 75 anos a utilizar o Hospital.
A tipologia dos cuidados de saúde e a boa qualidade ao nível do internamento e da consulta externa estão,
de certo modo, na base da explicação, que já anteriormente foi referida.
EM SÍNTESE: A relação entre os "out-puts", ou seja, os cuidados efectivamente prestados em
dada situação ou grupos de situações, e os "out-comes", entendidos estes como as consequências
efectivamente resultantes dos "out-puts" numa ou diversas situações, eleve ser conhecida e entendida
como a eficácia dos Serviços de Saúde. Esta traduz o impacto dos Cuidados de Saúde prestados sobre
o estado de saúde das populações ou dos indivíduos a que foram prestados. A distribuição, o tipo
e organização dos Serviços de Saúde e, ainda a acessibilidade geográfica são factores que associados
a outros como: idade, sexo, rendimento, têm grande efeito sobre a utilização.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
ASPECTOS TERRITORIALES DE LA PLANIFICACIÓN SANITARIA: LAS AREAS DE INFLUENCIA HOSPITALARES.
ENRIQUE LOPEZ LARA Universidad de Sevilla
1. Consideraciones previas: concepto y praxis de la planificación sanitaria.
Con esta comunicación se trata de informar acerca de algunas de las potencialidades de los
métodos y técnicas dei Análisis Geográfico Regional aplicados ai campo de la planificación de la salud,
tomándose como marco de referencia territorial la Comunidad Autónoma de Andalucía'.
El sector sanitario es un sector complejo y en continua punta de lanza en los programas
económicos sociales y políticos que rigen las distintas sociedades. No en balde la salud está considerada
como una de las premisas básicas dei bienestar. Sin embargo, consume cada vez más renta en
las sociedades desarrolladas, sin que exista un aumento paralelo de su nivel. Desde un punto de
vista social, la salud está considerada como uno de los valores fundamentales dei individuo, llegándose
incluso a argumentar que "la salud no tiene precio". Pero sí que lo tiene y, como se ha sefíalado,
cada vez mayor, suscitándose polémicas acerca de su gestión y funcionamiento'.
Es por ello, entre otras cuestiones, por lo que la planificación sanitaria está adquiriendo cada vez
mayor relevancia, en e! sentido de que a través de ésta se pueden minimizar costes, maximizar
rendimientos y prever e! funcionamiento dei sistema a corto- medio y largo plazo'.
Cierto es que este proceso de planificación está directamente condicionado por e! concepto y
la praxis de salud que se quiera institucionalizar. En este sentido, parece adecuada la nueva visión que se
ha tomado en Espana sobre este sector a raíz de la promulgación en 1986 de la "Ley General de Sanidad"
(L.G.S., 1986) que, aparte de aciertos y errares, ha de valorarse positivamente entanto en cuanto considera
que la salud es un bien común y no individual que debe ser guardado y promocionado por el Estado.
La salud, pues, en Espana, tras la L.G.S., se ha institucionalizado como bien común (derecho y
deber de todos y cada uno de los ciudadanos), con una concepción global y comunitaria. Es un
hecho evidente que hasta la fecha las prestaciones sanitarias se han presentado inadecuadas para con
las necesidades de cada época, sufriendo un continuo proceso de acumulación de disfuncionalidades
(económicas, jurídicas, administrativas, sociales y territoriales), que han ido lacrando negativamente e!
nivel de salud de la sociedad (presentándose diferencial en e! tiempo y en e! espacio). En suma, el sistema
normativo existente y su práctica dejaron como herencia una clara inadecuación de las estructuras
sanitarias a las necesidades de la época actual.
Los ejercicios y ejemplos que contemplan esta comunicación han sido tomados de la tesis doctoral "Salud y territorio en Andalucia: Geografia Médica y Asistencial en Andalucía" (LOPEZ LARA, 1992). 2. El último de los grandes debates suscitados ai repecto en Espana es el polémico Informe de la "Comisión de Análisis y Evaluación dei Sistema Nacional de Salud", comúnmente conocido con el nombre de "Informe Abril". En éste se completa la posibilidad de "liberalizar" (privatizar) en parte el sector, siendo fuertemente contestado, especialmente, por diversos agentes sociales. 3. Sirva para lo que se desea argumentar la definición de SHAEFER (1975) sobre el concepto de planificación sanitaria: "Un proceso metódico consistente en definir un problema por análisis, para satisfacer las demandas y necesidades no satisfechas que constituyen el problema, fijar unos fines realistas y posibles, determinar el orden de prioridades, inventariar los recursos necesarios, conseguir y proyectar las acciones administrativas, considerando las diversas estrategias de intervención posibles para resolver los problemas".
500
En este encuadre hay que situar e! estado de la salud de Andalucía, víctima propiciatoria de
los desfases y declives de Ia práctica sanitaria (asimétrica en cuanto su distribución) de la Espana
contemporánea.
2. Métodos y técnicas. Las Areas de Influencia Hospitalarias.
Los métodos y técnicas aplicables en la planificación de Ia salud desde una perspectiva territorial
son múltiples. En gran medida, dependen en su puesta en marcha de Ia veracidad y fiabilidad de Ias fuentes
estadísticas'.
En primera instancia, es necesario diferenciar la asistencia especializada (hospitalaria)
de la primaria. Esta diferenciación se debe fundamentalmente a un cambio sustancial en e! concepto y
la praxis de la salud (curación de Ias enfermedades, labor asistencial en e! escalón superior o especializado
y prevención y promoción de la salud, principal función dei escalón primaria, primera puerta de entrada
ai sistema sanitario). Ahora bien, no necesariamente comporta un cambio de escala, ya que
en una de ellas coinciden: e! escalón o nível comarca!. E! nível regional y subregional se adecuan a
Ia asistencia hospitalaria y e! local y subcomarcal a la atención primaria.
periódica.
De tal manera, algunos de los problemas territoriales que se presentan en cada nível, son:
a.- E! nível hospitalario: la asistencia prima (curación).
Determinación de "Areas de Influencia 1-Iospitalarias".
2.- Soluciones a la problemática de los Iímites.
3.- Visión y caracterización conjunta dei Mapa de Salud, etc ...
b.- E! nível primaria: la atención prima (prevención y promoción).
I.- El Mapa de Atención Primaria. Concreción de los Centros y áreas de influencia de base
2.- Medida dei grado de adecuación dei sistema de movilidad de la población a la primera Iínea
asistencial. Problemáticas de accesibilidad.
3.- Caracterización epidemiológica, sacio-económica y sanitaria de las unidades de atención.
4.- El escenario urbano: problemáticas locacionales e intersectoriales, etc ...
Esbozamos brevemente a continuación algunas consideraciones acerca de la determinación y
detección de Ias Areas de Influencia Hospitalarias. Estas se presentan como piezas fundamentales
en las elaboraciones estratégicas de la salud, en Ia detección de las potencialidades de los servicios e
infraestructuras existentes o por construir. La cúspide dei sistema asistencial es el hospital. Este constituye
el elemento máximo de la sanidad espafiola y e! que consume mayor renta, así como el más sobreutilizado
(incluso por enfermos que no necesitan de esta asistencia especializada: de ahí, listas de espera, colapsos
en su funcionamiento, exceso de medicalización, etc ... ).
Sin duda, la planificación del sector salud necesita de referencias económicas y territoriales
de esta cúspide de la asistencia. La territorialización, es decir, la referencia geográfica, epidemiológica,
demográfica y económica de los hospitales es necesaria para la concreción de la malla hospitalaria
(en gran parte solapable con la malla que forma el sistema de ciudades).
4. En este sentido, es necesario insistir en la necesidad de producción estadística fiable y operativa. La constitución dei I.E.A. (Instituto de Estadística de Andalucía) puede y debe ser una magnífica oportunidad para acometer una auténtica reforma de la producción estadística de Andalucía que, con e! traspaso de competencias, ha perdido más que ganado.
501
La detección de la realidad de las infraestructuras hospitalarias existentes es de difícil
realización. Falta, cuestión de primera necesidad, una informatización dei servicio, que en gran parte
es uno de los objetivos fundamentales de las distintas ·administraciones (autonómicas y estatal) que
se encargan dei sector (CONSEJERIA DE SALUD, 1986). No obstante, es aprovechable el Libro de Altas
e Ingresos Hospitalarios que institucional y normativamente debe de existir en todos los hospitales.
En estos quedan recogidas distintas variables y características de todos los movimientos que se registran en
cada uno de los hospitales. A través de la informatización y el tratamiento estadístico de esta información
se puede llegar a la detección, en diversos cortes cronológicos - que pueden llegar a dar una imagen
en evolución -, de las áreas de influencias, el nivel de saturación (tasas de frecuentación hospitalarias),
nivel de gastos (tanto en medicamentos como en personal), etc ...
En el mapa no 1 queda reflejado el área de influencia de diversos hospitales de Andalucía:
concretamente, el Hospital Clínico Universitario de Sevilla, el Hospital San Cecilio de Granada y
el Hospital San Juan de Dios de Málaga - ubicados en capitales de provincia -, más los hospitales
comarcales de Pozoblanco (H. Valle de los Pedroches), de Cabra (H. Infanta Margarita), de Linares
(H. San Agustín) y Algeciras (H. Punta Europa).
Para cada uno de ellos (todos comarcales, menos los de Sevilla, Granada y Málaga) se demarca
un área de influencia, con distintas intensidades (frecuentación) en los municípios que engloban,
en relación directa con la distancia, la accesibilidad y la situación socio-económica, fundamentalmente
(LOPEZ LARA, 1991 ).
De esta forma, sumando las áreas de influencia de cada uno de los hospitales existentes en una
comarca, província, región y/o país, se puede llegar a confeccionar el mapa de frecuentación hospitalaria,
primer instrumento para detectar demandas y necesidades no satisfechas de la población. Asimismo,
ofrece mayores potencialidades, caso de la visualización de las áreas con solapes de influencia o áreas
de vacío en la atracción, así como, desde la vertiente epidemiológica, la detección dei perfil patológico
de las distintas áreas. Este perfil, en cortes sincrónicas evolutivos, es un arma fundamental para establecer
controles y evaluaciones continuadas de la salud de la población.
Hasta ahora se ha hecho referencia a la vertiente asistencial de la planificación sanitaria.
Queda otro campo, que si bien hasta la fecha ha sido escasamente tratado, por no decir marginado, es
de vital importancia a la hora de la consecución de un nivel de salud óptimo de la población. Se trata,
indudablemente, de la interrelación salud/medio-ambiente. Tal y como se recoge en la Carta Europea de
Salud y Medio-Ambiente (MOPU, 1989), los factores ambientales son de vital importancia en
la determinación de los niveles de salud, bajo el presupuesto "prevenires mejor que curar".
Las actuaciones que se recogen en la citada Carta Europea de Salud y Medio-Ambiente,
a diferentes niveles (local, regional, nacional e internacional) suponen un indudable campo de acción
para los trabajos, estudios y elaboraciones de la Ciencia Regional, a saber, entre otros:
- avanzar hacia un desarrollo, una planificación y una renovación de las ciudades,
- suministros de agua potable seguros y adecuados, conjuntamente con una eliminación
higiénica de los resíduos para todas las comunidades urbanas y rurales,
- el impacto en el medio ambiente y en la salud de:
a.- las diferentes opciones de energia,
b.- el transporte, especialmente el transporte por carretera,
c.- las prácticas agrícolas, incluyendo el uso de los fertilizantes y los pesticidas, y la
eliminación de los resíduos.
MAPA 1 - TASA FRECUENTACIÓN Y AREA DE INFLUENCIA POR CENTROS HOSPITALARIOS (ALTAS I 1000 hab.)
SEYILLA
>45%o
15-45%,
o o-15%,
H. PUNTi\ DE EUROPA ALGECIRAS o
' 20 40Km
u. o N
503
En definitiva, se abre un amplio campo con el estudio (análisis-diagnóstico-propuestas)
dei impacto ambiental en la salud (epidemiología ambiental, toxicología laboral y ambiental, tecnología,
control y vigilancia de la calidad ambiental, control de puntos críticos, gestión de Espacios Naturales,
etc ... ).
La planificación sanitaria a medio-largo plazo va a estar condicionada por el control de
los impactos ambientales. Hacia un análisis de éstos, haciendo inflexión en los aspectos territoriales,
deben de estar dirigidas las aportaciones de la Geografía de la Salud.
3. Consideraciones finales.
Se han apuntado algunas de las potencialidades que el análisis territorial puede aportar a
la planificación sanitaria, tento en su vertiente médi~o-asistencial como en la sacio-ambiental.
La necesidade de referencias estadísticas solventes está en la base de todos los análisis
apuntados. Se ha hecho inflexión en la necesidad de adecuar la demanda real (no sólo la sentida) con
los gastos/oferta disponible, cada vez más escasa en las economías periféricas y desarticuladas, como
es la andaluza. La variable renta aparece hoy día como la premisa fundamental en el funcionamiento
dei sistema sanitario. De ahí que la planificación sanitaria haya de adecuarse a unos cuadros y programas
económicos muy definidos que comportan un racionamiento y una maximización de los gastos. Sin olvidar
que los objetivos sociales que suelen ser atacables y conseguibles a medio y largo plazo - están a
la cabeza y son el Talón de Aquiles de los males que aquejan a la sanidad espanola, en general, y a
la andaluza, en particular.
En este sentido, se ha de hacer un mayor esfuerzo en los programas que promocionan la mejora
dei medio ambiente, cuestión de indudable repercusión en la salud de la población. Los programas
tendentes a la evaluación de la salud ambiental, sin duda, se abren como un amplio campo de trabajo y
estudio de todos los dedicados a la Geografía de la Salud.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
POLÍTICAS TERRITORIALES, REALIDAD REGIONAL Y PERSPECTIVAS DE INTERVENCIÓN EN LA REGIÓN FRONTERIZA DE CASTILLA Y LEÓN CON PORTUGAL
INTRODUCCIÓN
JUAN IGNACIO PLAZA GUTIÉRREZ JOSÉ MANUEL LLORENTE PINTO Departamento de Geografía Universidad de Salamanca
La región fronteriza castellano-leonesa con Portugal se extiende a lo largo y ancho de 10. 653'4
km2, integrando las comarcas occidentales de Zamora y Salamanca (Sanabria, Aliste, Sayago;
Ciudad Rodrigo y Vitigudino), lindantes con los concelhos fronterizos de los distritos portugueses
de Bragança, Vila Real y Guarda. Dentro de los matices diferenciales que pueden distinguirse en este
conjunto transfronterizo, todo él se integra sin embargo en un ámbito territorial más amplio
(Região Norte/Transmontana portuguesa y Comunidad Autónoma de Castilla y León espafíola)
caracterizado por su escaso dinamismo socioeconómico.
Por otra parte, esta región transfronteriza se inserta además en una realidad territorial, como es
todo e! espacio fronterizo hispano-portugués, que dista mucho de alcanzar los más fluídos niveles
dinámicos de relación, permeabilidad y comportamiento socioeconómico que definen a otras regiones
fronterizas de Espana (como las comarcas pirenaicas hispano-francesas, donde la existencia de
una "Comunidad de Trabajo" regional es ya una realidad cada vez más sólida) y dei interior de
la Europa Comunitaria.
1. BREVE PERFIL DE LA REGIÓN TRANSFRONTERIZA
La realidad territorial de este espacio fronterizo encierra en su organización un conjunto de
elementos y recursos - potencialidades - de mayor o menor grado de diversificación, cuya explotación
ha alcanzado distinta consideración e intensidad; bien sea por la presencia de ciertos factores limitantes
- estrangulamientos - bien porque han sido objeto, sin embargo, de una actuación más decidida y
concreta que los ha valorado y realzado. Tales aspectos, a los que seguidamente haremos un somero
repaso, son los que, por un lado, han proporcionado una imagen estereotipada de comarcas con
un notable grado de depresión socioeconómica, y, por otro, han servido como referencia en la intervención
y aplicación de diferentes actuaciones de desarrollo y planificación, abriendo al mismo tiempo
nuevas perspectivas en este mismo sentido.
A este respecto, es indudable que son precisamente esos elementos más considerados como
estrangulamientos los que en una primera valoración resultan más evidentes en este tipo de espacios,
diluyéndose más las potencialidades que presentan los misnos.
A) FACTORES LIMITANTES MÁS SIGNIFICATIVOS.- Inicialmente, la misma situación
geográfica dei espacio transfronterizo constituye un primer estrangulamiento de importancia, por cuanto
le define como un área alejada de los más importantes centros de decisión de sus respectivos espacios
regionales y nacionales (Porto, Lisboa, Valladolid o Madrid). Por otra parte, la regresión demográfica de
estas comarcas fronterizas arroja un balance pobre y negativo de sus recursos humanos, además cada vez
506
más envejecidos: despoblación, emigración y envejecimiento son sus principales manifestaciones.
Pese a todo, sí parecen apuntarse ciertos contrastes a ambos lados de la raya, con un
comportamiento regresivo más retardado en el lado portugués, un menor grado de envejecimiento y
menor despoblación.
El problema demográfico se define como el de más difícil solución y el que compromete más el
futuro de estas comarcas transfronterizas, bloqueando gran parte de otras posibles potencialidades y
alternativas.
Asimismo tampoco el potencial ecológico de las comarcas beiro-trasosmontanas y de las
penillanuras occidentales castellano-leonesas es muy favorable, sobre todo en lo que respecta a la calidad
de los suelos así como a su accidentada topografía en algunos sectores. En cuarto lugar hay que senalar las
deficiencias que presentan las estructuras agrarias, ya que en una zona donde las condiciones naturales
no permiten explotaciones nuy intensivas, en general el tamano medio de las mismas es bastante reducido,
a lo que habría que anadir problemas relacionados con el escaso dinamismo del mercado de la tierra y
la importancia que en algunas comarcas alcanza la propiedad pública o semipública.
Igualmente, la actividad agraria presenta una escasa diversificación, existiendo
pocas alternativas de cultivos. Por lo que se refiere a los recursos forestales, también aquí se evidencian
serios problemas estructurales y de gestión relacionados en un caso con la pertenencia y los
aprovechamientos tradicionales del monte, y, en otros casos, con los incendios forestales y sus
consiguientes impactos. Estos últimos son precisamente, en más de una ocasión, transfronterizos, por lo
que una autentica cooperación y gestión transfronterizas son aquí más necesarias.
La misma estructura productiva de la región "rayana" 'evidencia un reducidísimo grado de
diversificación, con un exceso de peso dei sector primario y escasa o nula orientación hacia otros sectores
alternativos o más dinámicos, a excepción de pequenas y puntuales concentraciones en la zona norte de
la Beira portuguesa (Covilhã-Fundão-Castelo Branco). La explotación hidroeléctrica de la frontera,
por otra parte, pese ai potencial que encierra alcanza muy poca repercusion en la zona.
La estructura territorial, sin embargo, se muestra más como estrangulamiento en las comarcas
occidentales de Castilla y León que en el lado portugués. En aquéllas, se revela un modelo de organización
territorial más desarticulado donde apenas hay centros de nivel superior (nivel III), con la práctica
excepción de Ciudad Rodrigo, y donde existe una marcada macrocefalia de la capital provincial. Dei lado
portugués, sin embargo, no existen grandes núcleos como las capitales de provincia en Espana, pero si
hay una distribución más equilibrada con núcleos que pudieran tipificarse como cabeceras comarcales
o subcomarcales y otros centros próximos a esta categoria. De cualquier manera, las deficiencias ligadas a
esta estructura territorial se traducen en un sistema de relaciones establecido entre un escaso volumen
de población, núcleos relativamente reducidos, con ausencia de una estructura y una red comercial y
empresarial adecuadas. Finalmente, las tradicionales carencias de infraestructuras han constituído uno
de los principales "bloqueos", si no el más importante, de las comarcas fronterizas. Red de comunicaciones
deficiente, escasez de pasos fronterizos que hicieran más permeable la "raya" así como dotación de
equipamientos y servicios básicos han sido la traducción más evidente de este estrangulamiento.
B) PRINCIPALES POTENCIALIDADES- La misma "realidad natural" que caracteriza este
territorio transfronterizo, muestra una clara aptitud del mismo para su posible vinculación como espacio
orientado a proporcionar productos de calidad agrícolas y ganaderos, toda vez que en estas comarcas
convergen sistemas de explotación extensivos, metodos y técnicas poco contaminantes, respetuosos con las
condiciones medioambientales, etc.
507
AI mismo tiempo, existen extensas areas en estas comarcas que por sus condiciones ecológicas
·presentan una aceptable potencialidad forestal y además diversificada bien dedicadas a maderas de calidad
(nogales, castanos, etc) o bien a otro tipo de destinos (choperas, pinares, alcornocales, etc.).
Son precisamente, por otra parte, muchas de estas áreas con ocupación forestal dominante las que guardan
una estrecha relación con valores ambientales y de calidad paisajística bastante elevados, lo que
les convierte en zonas con un importante potencia recreativo.
En relación con esta última consideración o con los paisajes y las formas de ocupación rural en
estas comarcas, se perfila una alternativa cada vez más viable, pero aún carente de organización
e infraestructura, que realce estos valores: el "turismo rural" y el "turismo verde". De igual manera,
el potencial hidroeléctrico todavia presenta perspectivas de ampliación, más aliá de la explotación que de
este recurso se ha hecho hasta el momento, si bien modificando sus repercusiones económicas, tal y como
se apuntó con anterioridad. Por último, aunque en general la red de comunicaciones no presenta grandes
ventajas, sin embargo hay que considerar como un factor de desarrollo positivo el mismo trazado y
localización en la zona de uno de los ejes más importantes de comunicación entre Espana y Portugal
(N-620 e IP-5), que puede servir como vía de dinamización económica de la zona y de captación y
canalización de ciertos flujos, sobre todo comerciales.
2. BALANCE DE LAS POLÍTICAS TERRITORIALES DESARROLLADAS Y PESPECTIV AS DE INTERVENCIÓN TRANSFRONTERIZA.
El efecto de la integración europea de Espana y Portugal ha traído una mayor implicación y
participación de la política regional comunitaria en la ordenación de estas comarcas transfronterizas.
Y ello hasta el punto de que de ser en gran medida un espacio socioeconómicamente más distante dei resto
de las regiones, puede pasar a convertirse, según ciertas zonas, en espacio de relación entre los centros
más dinámicos a ambos lados de la frontera (especialmente ello es más notorio en zonas como el SW
de Galicia y NW de Portugal, el espacio transfronterizo en torno a la N-620 y a la IP-5 o e! mismo sector
que gravita entre Badajoz y Lisboa).
A) BALANCE DE LAS POLÍTICAS Y ACTUACIONES TERRITORIALES
DESARROLLADAS HASTA EL MOMENTO EN LA REGIÓN TRANSFRONTERIZA DE
CASTILLA Y LEÓN CON PORTUGAL- Si bien a veces es difícil establecer límites diferenciadores
entre intervenciones centradas sobre elementos estructurantes dei territorio y actuaciones más propiamente
"regionales", esto es, con una perspectiva más globalizadora e integral, las políticas y actuaciones
territoriales desarrolladas sobre este espacio transfronterizo - a las que haremos referencia - pueden
diferenciarse según tales criterios.
- Así, un primer conjunto de variadas acciones de desarrollo llevadas a cabo sobre esta zona
responden ai primero de los tipos antes senalados. Son programaciones sectoriales de muy distinta
naturaleza y alcance. La actuación de carácter público más común y permanente ha sido la canalizada
a través dei Sistema de Planes Provinciales de Obras y Servidos. Centrada fundamentalmente en
la dotación y mejora de la red de infraestructuras de comunicaciones así como sobre la extensión de
servicios y equipamientos mínimos (abastecimiento, alcantarillado, pavimentación, ... ), ha captado
la mayor parte de las inversiones. Unidos a ella, los Planes de Acción Especial se revelaron como un
subprograma de especial interés en las comarcas dei oeste salmantino-zamorano hacia el que se
canalizaron la mayor parte de las actuaciones de Planes Provinciales, intentando a través dei mismo crear
una estructura territorial (definición de cabeceras de comarcas y de núcleos de servicios) que propiciara un
especial desarrollo socioeconómico de la zona. Comenzando los primeros (Planes Prov.) hacia finales de
508
los afíos 50 - principias de los 60, e integrándose desde 1970 a ellos los Planes de Comarcas de Acción
Especial, a mediados de los 80, este Programa de Cooperación Local (formulación que recoge
ambas actuaciones) suponía una inversión anual para Salamanca y Zamora de 2.154 millones de pts., y
en éllas Diputaciones Provinciales han sido la institución más directamente implicada.
- El desarrollo agrario de las comarcas dei oeste salmantino-zamorano ha centrado la actuación
de un segundo tipo de intervenciones más recientes que las anteriores. Por un lado, e! Plan de Ordenación
de Explotaciones, aplicado a las comarcas zamoranas de Aliste y Sayago y a gran parte del oeste
salmantino, persigue un claro carácter de mejora estructural, si bien pretende igualmente elevar e! nivel
socioeconómico de la zona. Las principales acciones de desarrollo en que se concreta e! P.O.E.
comprenden medidas económicas (capitalización de la empresa agraria, Plan de Obras y Mejoras
territoriales, ... ) y medidas sociales. A título de ejemplo, e! P.O.E. aplicado desde 1985 a los 58 municipios
de las comarcas zamoranas de Aliste y Sayago suponía una inversión total de 10.000 millones de pts.,
para 106 ~olicitudes de acogida en los 2 primeros afíos de vigencia dei Plan.
También centrado en e! desarrollo agrario, pero con una proyección más amplia en sus
planteamientos y finalidades nos encontramos con la Política Socioestructural de Z.A.M. y zonas
equiparables. Se trata de una acción común, con responsabilidades - pues - compartidas por las diferentes
Administraciones, también de una actuación de desarrollo integrado y donde se plantea además la
directa implicación de la población de las Z.A.M. En la región fronteriza zamorano-salmantina
existen 3 zonas delimitadas: Sanabria-Aliste, Sierra Salmantina y Arribes dei Duero, suponiendo
entre ellas algo más de una quinta parte de la superficie de ambas provincias. Dos son las principales
líneas de actuación de esta política: una, de carácter sectorial, viene referida a las ayudas conocidas como
lndemnizaciones Compensatorias de Montafía, mientras que la otra, de carácter más integral, se materializa
en los PROPROM.
Junto a estas dos formas fundamentales de actuación, apareceu intervenciones orientadas
también ai desarrollo agrario de la zona fronteriza pero de perspectiva aún más sectorial y de
menor acogida. Tal es e! caso, por ejemplo, dei Programa Nacional de Ordenación y Mejora de
las Explotaciones Ganaderas Extensivas, cuya finalidad se centra en enmarcar las actuaciones tendentes
ai asentamiento y mejora de la ganaderia extensiva en estas áreas con recursos infrautilizados y conseguir
una mayor eficacia productiva de las explotaciones para tratar de elevar su rentabilidad. De menor impacto
resultó la aplicación y puesta en marcha dei Programa de Reincorporación de Jóvenes a la actividad
agraria, promovido por el M.A.P.A., dirigido a la población rural de menos de 35 afíos y gestionado
a través de las Oficinas Comarcales Agrarias para aquellos jóvenes que deseen poner en marcha
una explotación o mejorar la propia empresa familiar.
- En tercer lugar, ha sido también muy desigual el alcance de las actuaciones públicas
encaminadas ai fomento de la industrialización. Las dos figuras de planificación territorial en que estos
intentos se han materializado son las Sociedades de Desarrollo Industrial (SODI), - SODICAL en
el caso de nuestra región -, y la declaración de Gran Area de Expansión Industrial (GAEI). Respecto
las primeras, ninguna de las empresas acogidas a esta figura se localiza en la zona fronteriza
salmantino zamorana. Por lo que se refiere a la GAEI de Castilla y León, no puede precisarse por falta de
datos el impacto en e! área estrictamente fronteriza, si bien los proyectos de inversión que se han acogido
tienen una mayor envergadura en las dos provincias que en e! caso de la iniciativa anterior, centrándose
el peso de la inversión en la industria agroalimentaria.
- Finalmente no habria que dejar de lado tampoco la distinta incidencia alcanzada por otras
formas de intervención o planificación que, si bien han sido concebidas de forma tambiéh sectorial pero a
509
una mayor escala (regional y nacional), sin embargo han encontrado desigual respuesta en- esta zona
fronteriza. Entre éstas cabria citar, por su mayor interés, las previsiones hechas por el Plan Regional
de Carreteras y el Plan Nacional, entre las que se puede destacar la insistencia puesta sobre ejes como el
del Duero (N -122), de muy reciente mejora en la zona sur de la comarca de Aliste, el arreglo y reforma de
la antigua N-525 (Zamora-Galicia), ahora N-631, o el de mayor alcance, la N-620 en Salamanca, con
perspectivas de desdoblamiento en un próximo futuro. Junto a estos ejes, han sido igualmente notables las
mejoras de la red secundaria en ambas províncias. Para el período 1990-93, el total de inversiones
previstas en carreteras en estas comarcas alcanza poco más de 4.000 millones de pts.
La valoración general en que brevemente pueden concretarse este conjunto de actuaciones
más sectoriales hasta ahora enunciadas apunta a distintas consideraciones. Por un lado, se han traducido en
transformaciones puntuales, sobre todo en el campo de las infraestructuras, de las redes de saneamiento, ... ,
como mejoras más visibles y donde tal vez ha sido más efectivo el esfuerzo. Pero, por otra parte, frente a
este aspecto, se aprecia un efecto muy limitado de estas actuaciones en una transformación estructural
relativamente profunda, ya que no existe una mejora sustancial ni desde una perspectiva socioeconómica
ni una modificación de las mismas tendencias demográficas. Asimismo, la falta de coordinación entre las
distintas actuaciones desarrolladas así como en la periodización temporal de las mismas ha desembocado
en una gran dispersión de estas intervenciones, lo que se ha traducido en que los municípios fronterizos
salmantino-zamoranos se definan de múltiples formas según la convergencia en ellas de distintos planes y
programas. En último término, tal vez el efecto más perverso de este tipo de actuaciones sea la tendencia
que pueden generar en estas comarcas hacia el fomento de un particular tipo de economia "subsidiada".
- Frente a todo este conjunto de "políticas" más sectoriales, se perfilan dos formas de
intervención más significadas y de mayor impacto e inversión en la región fronteriza, definidas por un
carácter más integral y propiamente transfronterizo, tanto en lo que respecta a su misma formulación como
a las propuestas y programas concretos de actuación.
La primera de ellas es el Programa Operativo de Desarrollo de las Regiones Fronterizas
de Espana y Portugal para el quinquenio 1989-1993, aunque en la actualidad se están desarrollando los
estudios preparatorios de la segunda fase, extensible al quinquenio 1994-1998. Es el más conocido cono
INTERREG o Programa Transfronterizo hispano-portugués, cuya finalidad general estriba en facilitar
la cohesión económica y social de las regiones fronterizas hispano-lusas ante el reto del mercado único
de 1993. Los cuatro grandes capítulos de actuaciones territorialcs contempladas en el mismo se centran en
las infraestructuras de comunicaciones, en la protección del medio ambiente, en la promoción de turismo y
en la dotaéión de suelo industrial y terciario. De desigual importancia en su efectividad, la inversión en
la província de Salamanca ha sido mayor en la 1 a fase que en la de Zamora, con un monto total para las dos
províncias de 13.252 millones de pts. En su 1 a fase y a pesar de su carácter integral, su aplicación ha sido
más sectorial, ya que la mayor parte de las inversiones se ha destinado a la mejora de la red de carreteras,
con un 67% del total de la inversión. Dentro de este Programa se contempla a su vez el Subprograma
Transfronterizo Local, que recoge las obras y proyectos de interés y competencia locales que completan
las grandes obras de las Administraciones Central y Autonómica.
Por su parte, en 1990 la Comisión Europea dio luz verde a la Operación Integrada
de Desarrollo de las províncias de Salamanca y Zamora. El objetivo general se centra en invertir
la tendencia regresiva de ambas províncias y para ello se establecen tres grarides conjuntos de estrategias
u objetivos específicos: uno, de carácter macroeconómico, pretende incrementar los niveles de empleo y
renta en las dos províncias; un segundo, de índole territorial, trata de conseguir ~a inserción plena del área
en el espacio económico regional y la articulación interna del modelo territorial y, por fin, un tercer
5!0
objetivo "medioambiental", que también incluye la conservación, rehabilitación y reutilización dei
patrimonio histórico-artístico y monumental. La inversión para el quinquenio 89-93 asciende a un total
de 171.101 millones de pts. para las dos províncias. Los da tos son suficientemente elocuentes como para
realzar el mayor impacto que ha tenido este Programa Operativo en comparación con el Programa
Transfronterizo. Además, en relación también con este último Programa, la O.I.D. tiene un carácter
más integral: en este caso las inversiones en carreteras sólo han supuesto el 24% de la inversion total;
aún así es éste el capítulo más importante del coste total.
B) HACIA UNA DEFINICIÓN DE FUTURAS LINEAS DE ACTUACIÓN REGIONAL EN
EL ESPACIO FRONTERIZO SALMANTINO-ZAMORANO- Por lo que se refiere a las perspectivas
de intervención a partir de 1992, es evidente que el Programa Transfronterizo hispano-portugués
abre ahora su segunda fase (1994-98). En ella se atiende, por lo menos en su formulación inicial, hacia
una mayor diversificación de las actuaciones de desarrollo dentro de su programación. Por otra parte,
esta segunda fase intenta rebasar la misma raya fronteriza en la planificación de gran parte de las
actuaciones propuestas. Es quizá este uno de los aspectos en los que es más importante insistir, toda vez
que lo deseable es lograr una autentica gestión conpartida, que estas actuaciones alcancen un verdadero
carácter transfronterizo.
Bien pueden servir estas consideraciones para esbozar una conclusión que sefíale, a nuestro
entender, la dirección que ha de tomar a partir de los afíos 90 la política territorial a desarrollar en la región
fronteriza. Así, por un lado, parece necesario establecer inicialmente una mayor coordinación, que creemos
que hasta ahora no ha existido, en las acciones de desarrollo que se hayan de realizar, a fin de evitar,
entre otros efectos, los excesivos solapamientos que pueden darse (varios programas actuando sobre
un mismo aspecto), y que terminan por desorientar a la población respecto a la eficacia de esas acciones,
así como evitar igualmente una dispersión de recursos económicos y alcanzar una mejor y más racional
distribución de los mismos. En este sentido, no creemos necesaria la fornulación y creación de nuevos
Programas Operativos o Planes de Intervención, ya que los ya creados han sentado las bases institucionales
de actuación de forma más que suficiente, y adecuado los canales y órganos de gestión necesarios.
Igualmente, parece preciso dar un carácter más integral a dichas intervenciones, intentando
reducir la política de actuaciones más puntuales que hasta e! momento parece que se ha venido
desarrollando y que han presentado generalmente unos efectos inducidos sobre otros sectores
muy limitados. Finalnente, y muy en relación con lo anterior, si bien hasta ahora las actuaciones realizadas
sobre la reforma y mejora de la red viaria, abastecimiento a los pueblos de la zona, dotación de redes
de saneamiento, etc. han sido los efectos territoriales más visibles e inicialmente necesarios, parece preciso
que los esfuerzos a partir de este momento se centren en alentar e incentivar la misma dinámica productiva
de la región, aumentando la rentabilidad productiva de las actividades económicas y tratando de lograr
un reequilíbrio entre las mismas, de manera que se mitigue el excesivo peso que alcanza el sector primaria,
ya que es éste, por otra parte, e! campo de actuación donde más deficiencias y retraso parecen existir.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
POLÍTICA DE COOPERACIÓN GALICIA-NORTE DE PORTUGAL EN EL AMBITO DE LA CEE
MARIA LUISA PÉREZ IGLESIAS RAMÓN G. ROMANÍ BARRIENTOS Universidad de Santiago
E1 desarrollo regional ha adquirido en los últimos tiempos un especial interés por parte de las
organizaciones internacionales y ha sido e! Consejo de Europa e! que ha auspiciado e! Convenio-marco
europeo (1980) para la cooperación transfronteriza de las colectividades o autoridades territoriales.
Dentro de este contexto, la Comunidad Europea cuenta con programas específicos cuya finalidad
primordial es la de corregir los desequilíbrios que afectan a distintas regiones dei ámbito comunitario.
Entre ellos, el programa lnterreg tiene como objetivo preparar las regiones fronterizas para la realización
dei gran mercado único, mediante una cooperación más intensa entre regiones situadas a ambos lados
de una frontera nacional. La creciente preocupación por e! aspecto regional se puso de manifiesto
en Maastricht, en donde los Jefes de Estado y de Gobierno de los países miembros dieron luz verde a
la creación de un Comité de Regiones que asumirá la representación de los intereses regionales y locales
en e! foro comunitario. Todo parece conducir a considerar las fronteras más como un indicador de
la diversidad cultural e idiomática que como un obstáculo a los intercambios, según palabras de S.M.
el Rey en la inauguración de la Comisión de Trabajo de los Pirineos en 1987.
La adhesión de Espana y Portugal a la CEE ha supuesto nuevas perspectivas en sus relaciones y
una prueba es que a las experiencias europeas de cooperación, en marcha ya desde hace afíos, se suma
en 1991 la creación de la Comunidad de Trabajo Galicia-Región Norte de Portugal, fruto de las
conversaciones que desde 1985 vienen manteniendo la Xunta de Galicia y la Comisión de Coordinación de
la Región Norte de Portugal. Las perspectivas de futuro son positivas puesto que se trata de dos ámbitos
periféricos que se caracterizan por la complementariedad de sus estructuras sociales y económicas
(RIBEIRO DOS SANTOS, M. F. y RODRIGUEZ SEIXO, F. J., 1989).
Las experiencias en territorio europeo
Aunque la cooperación más aliá de las fronteras tiene ya una larga tradición en Europa, ha sido
en las dos últimas décadas cuando alcanza su máximo apogeo en e! seno dei Consejo de Europa y de
la Comunidad Europea. Dichas relaciones, según Ch. Ricq, pueden establecerse a nível de
un diálogo vertical, entre las regiones y las instituciones europeas - Consejo de Europa o CEE o de un
diálogo horizontal - directamente dos o más regiones (RICQ, Ch., 1989). La principal dificultad con la que
se han encontrado las regiones fronterizas para establecer estos contactos ha sido la ausencia de un
instrumento específico que permita ir más aliá de los limites impuestos a las autoridades territoriales por el
derecho nacional. El deseo de solventar este obstáculo legal, llevó a la elaboración en 1980 y en el seno dei
Consejo de Europa de un Convenio-marco europeo con el fin de poner las bases jurídicas comunes sobre
las cuales se pueda fundar la cooperación transfronteriza, optando por un sistema flexible que permita
512
acoger estructuras diversas y resolver diferentes problemas. Dicho Convenio-marco ha sido ratificado
por Portugal (1 0-l-89) y por Espana (24-8-90).
El diálogo entre las regiones, al que se le atribuye un importante papel en la futura unificación
europea, se fundamenta en diferentes razones tales como la proximidad geográfica, las similitudes
culturales y los intereses económicos. Esta diversidad de motivaciones es la que ha dado lugar a la
aparición de organizaciones interregionales con dimensiones y características variadas, si bien en la base
de todas ellas existe una cierta homogeneidad ya sea de orden geográfico, económico o político. En
el Arco Alpino se han desarrollado tres Comunidades de Trabajo entre 1973 y 1982: la de
los Alpes centrales (ARGE-ALP), Alpes orientales (ALPEN-ADRIA) y Alpes occidentales (COTRAO).
En fechas más recientes dichas comunidades intentaban crear un Consejo de las regiones alpinas, con el
fin de reagrupar a las tres organizaciones y disponer de un instrumento político de promoción y desarrollo
de este amplio espacio geográfico en todas sus facetas. La cooperación transfronteriza se ha desarrollado
también ampliamente en la Europa dei noroeste, al amparo de la Asociación de las Regiones Fronterizas
Europeas (ARFE), creada en 1971 con el fin principal de mejorar la cooperación en favor de los habitantes
de dichas regiones. Destacan en este âmbito geográfico, entre otras, la Comunidad de Trabajo
Euregio Mosa-Rhin, a la que más adelante nos referiremos como ejemplo de este tipo de cooperación
transfronteriza. Otras de creación más reciente, como la de los Pirineos (1982) y la dei Jura (1985),
también han logrado ya realizaciones específicas en este campo.
Tanto el Consejo de Europa como la CEE muestran una serie de puntos de convergencia en sus
recomendaciones para e! desarrollo de las regiones fronterizas. Se invita a los Estados miembros a elaborar
programas de desarrollo común entre zonas próximas a las fronteras, particularmente los relativos a
inversiones en infraestructuras económicas y sociales y protección dei medio ambiente. En e! plano de los
trabajos ya en marcha se centran éstos fundamentalmente en cuatro tipos de acciones. Las circunstancias
de un menor desarrollo o de una necesaria reconversión de las regiones transfronterizas justifica e! que
uno de dichos puntos comunes sea el de la formación profesionai y promoción dei empieo. En el campo
de la formación profesional existen programas de creación de centros de formación sobre todo tecnológica,
y ya están también en funcjonamiento sistemas informatizados sobre oferta y demanda de empleo a
ambos lados de las fronteras, destacando la experiencia piloto franco-alemana que la Comisión de la CEE
considera de posible aplicación en todas sus fronteras internas. El turismo es otra de las acciones
regionales transfronterizas, cuyo objetivo es el de desarrollar las potencialidades regionales en esta materia
mediante la creación de infraestructuras de comunicaciones y albergues, establecimiento de rutas turísticas
y creación de organismos para la animación turística (LINAZASORO, J. L., 1988). Realizaciones de
este tipo las han emprendido organizaciones interregionales como las dei Mosa-Rhin, Ems-Dollar
e Irlanda-Irlanda dei Norte. Asimismo, la creación de estructuras de ayuda como la promoción de
transferencia de tecnología, la creación de bancos de datos, la asistencia técnica o la realización
de estudios sectoriales intentan llevarse a cabo en regiones afectadas tanto por e! declive industrial como
por un desarrollo industrial deficiente. Por último, la protección dei medio ambiente preocupa mucho en
una época de graves impactos de la acción humana sobre el entorno. Este aspecto constituye un factor
cada .vez más importante a la hora de tomar decisiones sobre localización industrial, desarrollo dei turismo
y vías de comunicación.
513
El ejemplo de la Euregio Mosa-Rhin ilustrará más detalladamente las experiencias europeas de
cooperación transfronteriza'. Es una Comunidad de Trabajo integrada por regiones de tres países
(Alemania, Países Bajos y Bélgica) y en la que viven 3,5 millones de habitantes sobre un territorio
de 10.745 Km2. Se constituyó en 1976 sin personalidad jurídica, hasta que en 1991 se transforma en
una fundación de derecho holandés. El órgano director de esta institución lo forman 12 miembros:
los presidentes de las cuatro regiones (província holandesa de Limburgo, província belga de Limburgo,
província de Lieja y la región de Aachen alemana) y ocho miembros nombrados por los servicios
administrativos de las mismas. El órgano de gobierno marca las líneas directrices y decide todas las
actuaciones de la Euregio Mosa-Rhin, ayudándose en lo referente a la ejecución dei programa lnterreg por
una comisión de control compuesta por representantes de la CEE y de diferentes organismos económicos
nacionales y regionales de los Estados. Para la puesta en marcha de los programas existen unos centros de
contacto que se encargan de la elaboración de los informes relativos ai procedimiento, ai estado de
los trabajos y a la situación flnanciera de los diferentes proyectos. La experiencia de más de 15 anos
ha consolidado esta organización, en la que ya se han constituído grupos de trabajo en el ámbito
de la cultura, e! deporte, la juventud, el orden público y la seguridad, la protección dei medio ambiente y
la formación, en los que participan más de 400 personas en perfecta colaboración.
La Euregio Mosa-Rhin está dentro dei objetivo 2 y 5b dei programa Interreg de la CEE relativo a
las regiones industriales en declive, ya que se trata de una región tradicionalmente minera que en los
anos sesenta y setenta sufrió un cierre masivo de sus minas, que ha marcado esta región elevando
de forma notable los niveles de paro. Por ello en la distribución de medias económicos se contemplan
los capítulos de formación y mercado de empleo, transferencia de tecnología e innovación, investigación y
organización de proyectos.
La ya larga trayectoria de colaboración transfronteriza de la Euregio Mosa-Rhin se refleja en sus
elaborados programas. Nos referiremos brevemente a los proyectos operacionales 1991-1993, todo un
modelo de minuciosidad, especialmente a dos aspectos: a la aportación financiera y a la distribución de
los presupuestos. Los créditos oficiales suponen la casi totalidad de las aportaciones financieras (93,4% ),
participando de una forma muy equilibrada la CEE a través de lnterreg (47% dei total) y los Estados
miembros (46,4%), contribuyendo en este último caso en mayor proporción los poderes centrales (29,4%)
que las regiones fronterizas ( 17% ). La financiación no oficial es muy escasa (2.848.995 ecus para un total
de 43.182.370). Los créditos se distribuyen entre siete programas, destacando de forma notable las
inversiones en medio ambiente, puesto que en dicha región concurren circunstancias especialmente
agresivas debido a su carácter industrial y a las altas densidades demográficas. Le siguen en importancia
las inversiones en ocio y turismo, la formación y mercado dei empleo y la creación de redes, intercambio
de informaciones y comunicaciones.
La Comunidad de Trabajo Galicia-Región Norte de Portugal
Hasta hace muy poco la cooperación transfronteriza entre Espana y Portugal se realizaba a nivel
de Estado, impregnada por la indiferencia, cuando no por el receio, condicionando la intensidad de
I Nuestro agradecimiento a A. UHODA por e! aporte de documentación sobre la Euregio Mosa-Rhin.
514
nuestras relaciones de vecindad (PEREZ GONZALEZ, M. y otros, 1986). A pesar de la existencia de
tratados de amistad y cooperación como e! de 1977, no será hasta la adhesión de Espana y Portugal a
la Comunidad Europea cuando se intensifiquen los intentos de aproximación, ahora a nível transfronterizo
(RICQ, Ch. y SILVA SANTOS, P. da, 1989). Las dificultades para la constitución de un marco
institucional, por fin resueltas en 1991, debieran haberse eliminado mucho antes con lo cual e! nível
de cooperación se hallaría más próximo al de otras experiencias europeas.
La creación de la Comunidad de Trabajo, en la fecha arriba indicada, es la culminación de una
serie de contactos previos entre la Xunta de Galicia y la Comisión de Coordinación de la Región Norte
de Portugal (en adelante CCRN de Portugal), anteriores incluso a la firma dei Tratado de Adhesión
de Espana y Portugal a la Comunidad Europea. A mediados de 1985 y con la finalidad de elaborar
un Programa Transfronterizo de Desarrollo Regional para beneficiarse de las ayudas y préstamos de
la CEE, se mantuvieron una serie de reuniones que concluyeron en mayo de 1986 en una declaración
conjunta de ambos interlocutores en donde se recoge el compromiso de su decidido empeno en profundizar
en los contactos ya iniciados, tanto institucionales como técnicos, para un más amplio acercamiento entre
las dos regiones y mejor conocimiento de sus problemas.
La voluntad de cooperación continuá acentuándose en las siguientes reuniones, especialmente en
las "II Jornadas Técnicas Galicia y la Región Norte de Portugal ante 1992", celebradas en Santiago
en diciembre de 1990 (las I Jornadas se habían celebrado en 1988), en las que participaron especialistas en
materia de cooperación transfronteriza, agentes económicos y sociales e instituciones de ambas regiones.
Destacan aquí sobre todo las conclusiones de los Grupos de Trabajo, articulados en siete áreas
de cooperación. Por fin, e! 31 de octubre de 1991 firmaban en Oporto e! Presidente de la Xunta de Galicia
y el de la CCRN de Portugal e! Acuerdo Constitutivo de Ia Comunidad de Trabajo Galicia-Región Norte
de Portugal, comunidad de hecho puesto que carece de personalidad jurídica propia.
E! modelo organizativo de esta Comunidad de Trabajo sigue los esquemas de otras experiencias
transfronterizas europeas. E! Consejo está integrado por las delegaciones oficiales de la Comunidad
Autónoma de Galicia y de la CCRN de Portugal, entre los que figurarán representantes de
las colectividades subregionales fronterizas y los Coordinadores de las Comisiones Sectoriales.
A invitación dei Presidente podrán participar como invitados personalidades nacionales y europeas
así como representantes de los agentes socioeconómicos, universidades y centros de investigación.
También se puede recabar e! asesoramiento de expertos. Cada uno de los Presidentes de las
regiones miembro nombrarán un Coordinador general para la cooperación transfronteriza, y ambos,
asistidos por funcionarias y técnicos, presidirán conjuntamente e! Comité de coordinación de
la Comunidad de Trabajo, que velará por la actuación coordinada de las Comisiones Sectoriales, Secretaría
y e! seguimiento de las acciones programadas. En la disposición transitaria se crean dos comisiones
ad hoc, una para estudiar e! impacto dei Mercado Unico Europeo en Galicia-Región Norte de Portugal y
otra para e! seguimiento operativo Interreg. En e1 texto dei Acuerdo constitutivo de la Comunidad
de Trabajo se perfilan asimismo las materias a las que se prestará especial atención por las comisiones
sectoriales, que son las relativas a! desarrollo económico y a! desarrollo rural, transporte, comunicaciones,
turismo, cultura, educación e innovación, agricultura y ganadería, medio ambiente y ordenación
dei territorio.
En las "II Jornadas Técnicas Galicia y la Región Norte de Portugal ante 1992" celebradas
en 1990 - por lo tanto con anterioridad a la firma de dicho Acuerdo, se expusieron las conclusiones de una
serie de Grupos de Trabajo a los que se les había encomendado e! estudio de proyectos de cooperación con
515
una visión integradora. En el área empresarial se pone de manifiesto la preocupación por las estrategias
a seguir por las empresas ante las posibles consecuencias desfavorables del Mercado Unico, inquietud que
se habia constatado ya en el Acuerdo-marco de colaboración entre la Confederación de Empresarios
de Galicia y la Asociación Industrial Portuense firmado en Santiago en octubre de 1988. Este agente
económico proponía una colaboración en proyectos de intercambio de información (sobre
legislación fiscal, mercantil, líneas de ayuda y subvenciones), promoción de encuentros sectoriales
(en diferentes áreas como la textil y la confección, construcción, madera, industria alimentaria),
organización de Ferias y Exposiciones y sobre todo la cooperación en el ámbito de la formación
profesional (realización de cursos de formación, de reconversión profesional, prácticas en empresas
de ambas regiones, cooperación con la Universidad).
El Grupo de Trabajo de turismo centró sus informes en la rentabilización de los recursos
turísticos de ambas regiones, proponiendo una serie de acciones como las de promover una Feria
de Turismo, divulgar los "caminos portugueses de Santiago", potenciar el eje religioso
Santiago-Pontevedra-Braga-Fátima, establecer una ruta turística y elaborar programas de formación
profesional específica en este sector.
En el ámbito universitario y tecnológico se propuso la constitución de un Consejo Coordinador
de las Universidades del Norte de Portugal y de Galicia para favorecer el conocimiento recíproco y
establecer programas interuniversitarios y con las empresas. Asimismo, la creación de una base de datos
con la oferta educacional, científica y tecnológica de las Universidades y otros centros científicos,
la realización de Cursos de Verano, intercambios científicos y el desarrollo de servicios avanzados de
telecomunicación.
En el área cultural y de comunicaciones se pretende fomentar los intercambios en el
campo cultural y de la comunicación social con la creación de una Asociación de acción cultural
luso-galaica con personalidad y autonomía para recibir y gestionar los fondos económicos, que podría
convertirse en una fundación u otra forma jurídica equivalente. Dicha asociación podrá estar integrada
por entidades públicas y privadas.
El Grupo de Trabajo sobre experiencias locales de cooperación considerá algunas áreas
limítrofes (valle del Limia, Mino, Alto Támega-Orense) adecuadas para algunos proyectos, entre ellos la
realización de un inventario del patrimonio turístico monumental en la franja fronteriza, animación de
las comunidades locales en las áreas de termalismo, turismo rural y cooperación empresarial, y
la extensión dei Parque Nacional de Peneda Xerés ai otro lado de la frontera para su mejor preservación.
En el área de agricultura las conclusiones se centraron, en primer lugar, en la propuesta de un
proyecto de carácter general para la revitalización del mundo rural de las zonas transfronterizas, previo
el estudio de los respectivos niveles de desarrollo. Las restantes propuestas, de tipo sectorial,
se interesaron por la cooperación en el ámbito de la viticultura (en sus vertentes de investigación y
desarrollo experimental), la revitalización de los recursos forestales (problema de los incendios,
repoblación forestal e incorporación dei valor anadido a los productos forestales) y por la evaluación
dei impacto de las políticas agrícolas en las áreas de montana. También se trató de los espacios naturales,
orientándose las recomendaciones más específicas hacia la creación de un área protegida en el Bajo Mino
y la de la Serra do Xerés en la zona gallega. Por último, la cualificación profesional es otro de los aspectos
pendientes en ambas regiones fronterizas. Por ello, el Grupo de Trabajo de! área de formación profesional
incidió en la necesidad de colaborar en este tema, a través de los organismos responsables de la educación
y técnico-profesional.
516
ORGANIGRAMA COMUNIDAD TRABAJO GALICIA- REGIÓN NORTE DE PORTUGAL
CONSEJO
GRUPO DEANALISIS YREFLEXION PRESIDENDIA ES1RATEGICA
~-----------~ OBSERVATORIO INTERREG
I I COORDINADOR I I COORDINADOR I GENERAL DE GENERAL NORTE I GALICIA
ACOMPANAMIENTO INTERREG I
I REPRESENTANTES DE LAS I I COMISIONES TEMATICAS I I I I I -------- -------
AMBIENTE FORMACION CULTURAY ORDENACION AGRICULTURA Y RECURSOS
CIENCIAY DESARROLLO TURISMO Y PESCA NA TU RALES
TECNOLOGIA LOCAL
COMITE COORDINADOR
SECRETARIADO
ADMINISTRACIÓN REGIONALY
LOCAL
FUENTE: CONSELLERIA DE ECONOMIA Y FACENDA, XUNTA DE O ALICIA
Sobre la base de los Grupos de Trabajo que presentaron las conclusiones que acabamos de
mencionar a las II Jornadas Técnicas se perfilaron, con pocos cambias, las actuales Comisiones Temáticas
de la Comunidad de Trabajo, que tienen previsto presentar proyectos a! programa Interreg durante 1992.
Por e! momento se desconoce la cuantía de participación de los diferentes organismos oficiales y privados
en la financiación de dichos proyectos. Por otra parte, la próxima firma de un nuevo Tratado bilateral
entre Espana y Portugal dará carácter oficial a la Comunidad de Trabajo recientemente creada y a otras
en vías de constitución a lo largo de la frontera hispano-portuguesa.
Para terminar, resaltaremos que la pobreza de relaciones entre Espana y Portugal empieza a
experimentar cambias, impulsados por e! nuevo contexto de la Europa Comunitaria. Es opinión
generalizada considerar que la integración europea requiere la cooperación transfronteriza, ya que
probablemente sea allí donde se dejen sentir más las repercusiones de la supresión de las fronteras internas
comunitarias. Galicia y la Región Norte de Portugal inician ahora una nueva relación que si las ayudas
económicas no faltan podrían alcanzar e! nivel de desarrollo de otras experiencias europeas.
BIBLIOGRAFIA
BERNAD, M. ( 1989): La institucionalización de la cooperación transfronterizà interregional en e! âmbito europeo. En: I Xornadas Técnicas "Galicia e a Rexión Norte de Portugal ante 1992", Santiago de Compostela, 89-95.
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MOLTKE, K. (1987): Handbuch für den grenzüberschreitenden Umweltschutz in der EUREG/0 Maas-Rhein .. Dortmund, ILS.
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517
PEREZ GONZALEZ, M.; PUEYO LOSA, J.; MARTINEZ PUNAL, A. (1986): Cooperación transfronteriza y relaciones luso-galaicas con especial referencia a la política cultural: Bases jurídico-internacionales para su institucionalización. Separata de: Bol. da Facultade de Direito da Universidade de Coimbra. Vol. 51(1985), 3-90.
RIBEIRO DOS SANTOS, M. F. y RODRIGUEZ SEIXO, F. J. (I989): Galicia e a Rexión Norte de Portugal como espacio económico. En: I Xornadas Técnicas "Galicia e a Rexión Norte de Portugal ante 1992", Santiago de Compostela, 101-125.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EVALUACIÓN E IMPACTOS DE LAS POLITICAS TERRITORIALES EN AREAS FRONTERIZAS
1. INTRODUCCIÓN:
Ma JESÚS VIDAL DOMINGUEZ JULIO VINUESA ANGULO Profesores Titulares en Geografía Humana Universidad Autónoma de Madrid
El ámbito estudiado es una zona "de borde" del Area Metropolitana de Madrid, definida por la
confluencia de la carretera Madrid-Toledo (N-401) con el límite de las Comunidades Autónomas
de Madrid y Castilla-La Mancha.
Los muhicipios-tipo seleccionados' fueron Torrejón de Calzada por la Comunidad de Madrid
y Yuncos, en la província de Toledo, por Castilla-La Mancha, ambos caracterizados por una ocupación
de suelo reciente y un dinamismo socioeconómico de cierta magnitud. (Figura 1.)
Forman parte de la región natural denominada "La Sagra", se localizan en la periféria provincial,
pero lindando con el Distrito Sur Metropolitano, uno de los sectores de mayor concentración industrial de
la Comunidad Autónoma de Madrid. Este área se ha ido extendiendo gradualmente por el oeste y sur
hacia la província de Toledo, de la que incluso se integra en ella, entre Ciempozuelos y Aranjuez, '
e! município toledano de Sesefía.
La polémica se activó cuando a finales del mes de abril de 1991, el Presidente de la Comunidad
Autónoma de Madrid, acusaba a la Junta de Castilla-La Mancha, beneficiada por los incentivos estatales
y europeos, por su calificación de región deprimida, de incurrir en técnicas de "dumping" para
atraer industrias a su territorio que de otro modo tendrían su sede en Madrid. Hay que tener en cuenta que
la política de incentivos de la Administración Central exluye a las Comunidades de Madrid y Catalufía.
Además se denuncia que la instalación en la misma frontera de empresas perjudica
el reequilíbrio territorial, no sólo de Madrid, sino lo que era más grave en Castilla-La Mancha, a!
no favorecer e! desarrollo de polos industriales en suelo más apropiado y preparado para ello y con unas
localizaciones más favorables para un mejor equilíbrio espacial. Aun así, el Gobierno castellano-manchego
prepara una nueva disposición legal para incrementar los incentivos para aquellas empresas que se instalen
en la región y cuya inversión no supere los 100 millones de pesetas.
Una de las posibles soluciones que se barajan es la creación, entre ambas comunidades, de una
compafíía mixta dedicada a la promoción industrial y turística que minimice e1 efecto frontera. Ya que
el despegue económico al final de la década de los ochenta se caracteriza por un fenómeno de
relocalización de industrias en suelo industrial lo más barato posible y lo más cercano a Madrid.
Otro aspecto importante para fomentar el conflicto fronterizo es la mayor flexibilidad en materia
urbanística por parte de las autoridades municipales y de la propia Comunidad Castellano-Manchega, por
I. Parte de la información y los resultados presentados se han obtenido dei estudio: "E! Proceso Reciente de Ocupación dei sue! o en un "área de borde" ", elaborado para la Consejería de Política Territorial, Dirección General de Sue! o de la Comunidad Autónoma de Madrid, por los mismos autores de la comunicación.
521
lo que crea tensiones sobre el territorio de índole especulativa, por los supuestos benefícios que se esperan
obtener con la recalificación de los suelos abandonados por los agricultores. Ello contribuye no poco a
la generación de espectativas generalizadas de recalificación sobre suelo rústico, encareciendo el mercado
de suelo.
2. EVALUACIÓN DEL PAPEL DE LAS INSTITUCIONES NACIONALES Y REGIONALES: POLITICAS DE ACTUA.CION.
Vamos a referimos al papel que desempenan las instituciones como dinamizadoras dei proceso
de desarrollo económico, sobre todo de caracter industrial. Para ello se efectuó un estudio de las políticas
que habian desarrollado entre 1989-90, ampliando el estudio hasta el momento actual. El hecho de que los
ámbitos de estudio pertenezcan a distintas Comunidades permite, tal como se planeó desde un principio en
el estudio, observar más claramente los efectos de las distintas políticas de localización industrial.
2.1. COMUNIDAD DE MADRID.
La Comunidad Autónoma de Madrid desde 1986 hasta 1992 está llevando a cabo una política
industrial a través de planes y programas de innovación sectorial para las PYMEs, de difusión tecnológica,
de formación y cualificación sectoriales, de oferta de suelo para relocalizaciones y nuevos asentamientos
industriales, así como políticas de ordenación industrial del territorio que abarcan muchas acciones y
entre ellas la promoción de nuevos equipamientos industriales en los grandes municípios dei Sur y
corredor del Henares, pero no referida a la concesión de subvenciones o ayudas financieras a las empresas
que se localicen en su espacio como en otras Comunidades Autónomas. Superada la Política de las ZUR,
en la actualidad las ayudas financieras están dirigidas a los siguientes programas:
- Modernización Tecnológica e industrial de las Pymes.
-Subvenciones para l+D.
- Nuevas iniciativas empresariales para Pymes que inicien su actividad en 1990 y generen
puestos de trabajo.
- Proyectos Generadores de Empleo Femenino y constitución de Empresas por Mujeres.
Se trata de ayudas muy específicas, poco cuantiosas y que no diferencian el territoro. En otras
palabras, no cabe conceder a estos programas de ayudas a las empresas más que una mínima significación
en relación con la localización industrial en la zona de estudio.
Por otra parte la Comunidad de Madrid puso en marcha el denominado "Plan Sur", una vez
aprobado por la Asamblea de Madrid en 1988, que afecta a municípios de la Primera y de la Segunda
Corona Metropolitana (Alcorcón, Leganés, Getafe, Móstoles, Fuenlabrada, Parla y Pinto), con unos tejidos
urbanos de reciente formación, marcados por graves desequilibrios territoriales, con un modelo de
industrialización en declive, cuyo objetivo es alterar esta dinámica. Se trata de gobernar el territorio,
definiendo las formas de intervención'.
Además el Gobierno regional ha desarrollado en el ámbito de su política industrial una serie de
objetivos sobre el territorio orientados entre otros hacia:
- Creación de nuevos espacios para localización industrial, lo que ha generado una oferta de
suelo que supera las 3.000 Ha. y de ellas el 40% dei total se situan en el Sur Metropolitano de Madrid.
2. AA.VV. (1988): "El Sur también existe", ALFOZ, no 56 número monográfico sobre el Plan Sur.
522
- Rehabilitación de áreas industriales.
- Relocalización de Plantas Industriales.
En estos momentos se están produciendo dos tendencias de relocalización, de un lado, el traslado
desde Madrid capital hacia los municípios de la segunda corona metropolitana, y de otro, los traslados de
los principales polígonos industriales del Sur hacia los municípios donde existen nuevas promociones
de naves y parques industriales. Muchos de estos polígonos se situan dentro de la propia región sobre
un suelo que mayoritariamente gestionan las empresas públicas ARPEGIO e IMADE.' Entre los objetivos
de 1992 en política industrial regional destacan:
- Creación de nuevas áreas industriales priorizando los proyectos de Arroyo Culebro y Cerro
Cantuefio.
- Ejecución de las actuaciones dei Programa de Rehabilitación Industrial.
- Apoyo a los traslados y relocalizaciones industriales.
El Plan Sur, como programa que articula un amplio conjunto de inversiones y acciones para
un área muy determinada, y las Política industriales regionales no contemplan directamente a
los municípios objeto de estudio, aún cua11do obviamente por razones de proximidad tiene una
fuerte incidencia sobre ellos.
2.2 JUNTA DE COMUNIDADES DE CASTILLA-LA MANCHA
Muy distinta es la política seguida desde la Consejería de Industria y Turismo
de Castilla-La Mancha. La región en su conjunto y en particular la Província de Toledo disfruta dei
régimen de incentivos regionales aplicables según la normativa vigente para Zonas de Promoción
Económica de Tipo L (Ley 50/1985 y Real Decreto 1 535/1987).
Según esta normativa son susceptibles de obtener los incentivos (subvenciones a fondo perdido
de hasta un 50% de la inversión) todos aquellos proyectos de inversión, que no estando realizados en
el momento de solicitar la ayuda, supongan la creación, ampliación, modernización y traslado de empresas
desde el exterior de zonas promocionables.
La inversiones deberán materializarse en alguno de los sectores siguientes: industrias
agroalimentarias, industrias extractoras y transformadoras, servicios de apoyo industrial, establecimientos
de alojamiento hostelero.
Son subvencionables las inversiones en activos fijos, nuevos o de primer uso, recuperables,
realizados dentro de los siguientes conceptos: adquisición de los terrenos necesarios para la implantación
dei proyecto, traídas y acometidas de servicios, urbanización y obras exteriores adecuadas a las
necesidades dei proyecto, obra civil, bienes de equipo, trabajos de planificación, ingeniería de proyecto
y dirección facultativa de los trabajos, otras inversiones en activos fijos materiaJes, investigación y
desarrollo, gastos de desmontaje, traslado y montaje de instalaciones, en los proyectos de traslado de
empresas ya existentes.
Los requisitos exigidos a los proyectos para poder acogerse a estos incentivos son:
- Ser viables desde el punto de vista técnico, económico y financiem. Autofinanciarse al menos
un 30% de la inversión aprobada. No haber iniciado la inversión aprobada. Generar nuevos puestos de
trabajo, salvo en la modernización que deberán mantener el nivel de empléo. Superar los 15.000.000 Ptas.
para los proyectos de creación y ampliación de empresas.
Documento "Pacto por la Industria", P.S.O.E., Marzo de 1992.
523
La aplicación de esta normativa en los tres últimos anos en la província de Toledo, según datos
facilitados por la Delegación Provincial de la Consejería de Industria y Turismo, ha supuesto concesiones
de una subvención media entorno al 19% para los proyectos entre 15.000.000 y 1.000.000.000. y dei 33%
para las inversiones mayores.
Los datos relativos a las empresas subvencionadas (Cuadro I) han sido facilitados por
la Dirección General de Incentivos Económicos Regionales dei Ministerio de Economía y Hacienda, y
reflejan una inversión total de más de siete mil cien millones en Illescas frente a los doscientos setenta
y uno de Yuncos.
Se observa como en las grandes empresas la subvención puede convertirse en un factor decisivo
de localización. Concretamente ese parece ser el caso de Construcciones Aeronáuticas S.A. (CASA), que
prefirió pagar el suelo en una urbanización de uso mixto de alto nivel, aún cuando se le ofrecía
gratuitamente en algunos municípios de la província de Madrid, incluso más cerca de su sede de Getafe,
ya que la subvención recibida supera varias veces el coste de los terrenos.
Además de la política de incentivos regionales existen también unas ayudas dirigidas a
las pequenas y medianas empresas (Orden de 23 de Septiembre de 1988, por las que se establecen
incentivos a la iriversión en las pequenas y medianas empresas, y Orden de 16 de Marzo de 1990,
modificando la anterior), cuando la inversión esté entre los tres y los veinte millones de pesetas.
Las condiciones de concesión son similares a las de la Ley de Incentivos Regionales si bien en este caso la
subvención no puede superar el 35% de la inversión.
La media de las subvenciones concedidas en los tres últimos anos oscila en torno al 22,5
por ciento.
Cuadro 1 - Empresas subvencionadas en los Municípios estudiados de Toledo d 1989 1990 urante y
SECTOR INVERSION EMPLEOS MUNICIPIO enMILLONES
Mater. de Construc. 75 21 ILLESCAS Maquinaria 50 10 ILLESCAS Maquinaria 193 44 ILLESCAS Menaje 1587 77 ILLESCAS Productos dietéticas 34 4 ILLESCAS Sillas 27 25 ILLESCAS CASA 3738 100 ILLESCAS Radiodifusión 1608 185 ILLESCAS Lejía 219 25 ILLESCAS Tallado Vidrio 57 19 ILLESCAS Mueb1es 26 11 ILLESCAS Muebles 271 30 YUNCOS
7885 551
En los últimos anos se han abierto vía_s de ayuda que consisten en la concesión de créditos
blandos, mediante Convenios de la Junta de Comunidades con entidades financieras regionales y
la subvención de hasta tres puntos dei interés y un máximo dei 20% de la inversión.
creciente.
3. IMPACTOS EN LA ESTRUCTURA ECONOMICA Y URBANA DE LOS MUNICIPIOS.
Las actividades industriales y de almacenaje tienen en estos municípios una importancia
La dependencia que el desarrollo de estos municípios tiene dei área metropolitana de Madrid es
524
una realidad mucho más patente en Torrejón de la Calzada que en Yuncos, y en ello influyen razones de
proximidad física y de mayor autosuficiencia económica, pero también tiene consecuencias muy notables
su adscripción a distintas Administraciones Autonómicas.
En el caso de la localización de actividades industriales, la percepción de las distancias o
la accesibilidad es menos precisa, y las diferencias pueden quedar ensombrecidas en la práctica por la
incidencia de otros factores, relacionados generalmente con las características físicas del medio en
un mercado comarcal de oferta reducida y poco flexible.
En el caso de Illescas, y en mayor medida en el resto de los municípios toledanos, la distancia
al aglomerado metropolitano se ve multiplicada por un coeficiente de carácter psico-social difícil de
ponderar. El prefijo telefónico de Madrid o el distrito postal de la província parece que tienen
un efecto positivo de accesibilidad con respecto al resto de Espafía, especialmente para las províncias
más <l:lejadas. Se trata de una economía externa que tiene especial virtualidad para las industrias que han
de mantener intercambios con empresas de otros ámbitos regionales.
En otro orden de cosas, al no tener el territorio unas aptitudes destacables para la actividad
agraria o para la segunda residencia, las perspectivas que apuntan a su consolidación como soportes de
la expansión residencial e industrial de los municípios del sur metropolitano no van a encontrar obstáculo
alguno para ello, al ser la residencia permanente y la actividad industrial los usos con los que
mayor rentabilidad puede obtenerse del suelo.
Respecto al desarrollo económico Yuncos tiene una economía más autónoma. La actividad
industrial del mueble tiene allí una cierta tradición y ello, junto con su carácter de centro comarcal,
ha mantenido una base económica, que ha ido sustituyendo al sector primario sin aumentar apenas
las dependencias exteriores.
Al margen de las urbanizaciones ilegales, fundamentalmente de vivienda secundaria, el resto de
la ocupación del suelo, tanto para vivienda como para industria, ha tenido un carácter eminentemente
local.
En Torrejón de la Calzada, tal como hemos visto, la situación es totalmente distint~. Se parte de
una base económica casi exclusivamente agraria y se van produciendo en los últimos anos una serie de
instalaciones tanto industriales como residenciales que están siempre justificadas por una demanda
exógena. En todo caso, las transformaciones físicas producidas por la construcción de las viviendas y
de las naves industriales van por delante de las transformaciones socio-económicas.
La expansión del Sur Metropolitano utiliza el territorio de este município para ofrecer unos
productos inmobiliarios, que en el caso de las viviendas tratan de dar respuesta a unas demandas
más exigentes, que busca unas mejores condiciones urbanísticas y residenciales. En el caso
del suelo industrial pretende atender a empresas con escasa entidad financiera, que no pueden pagar
los precios de Parla o de Getafe.
Se ha podido constatar como la iniciativa privada trata de rentabilizar para sí las mejoras de
equipamiento, de accesibilidad y, en suma, de centralidad que promete el Plan Sur, que junto con
la autovía se ven como los principales motores de la aceleración urbanística que empiezan a vivir
estos pueblos.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA RED DE COMUNICA ClONES Y LA ARTICULACIÓN TRANSFRONTERIZA: ZAMORA/TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO
JOSÉ CORTIZO AL V AREZ ANTONIO MA YA FRADES. Departamento de Geografía. Universidad de León.
La red de comunicaciones interfronterizas entre Zamora (Espana) y Tras-Os-Montes e
Alto Douro (Portugal) se caracteriza por su debilidad, que contrasta con el elevado número de conexiones
que cada una de ellas mantiene con sus espacios administrativos limítrofes. En consecuencia, puede
definirse la "raya", en este sector, como una frontera de baja permeabilidad. La configuración de esa red
tiene su explicación en varias cuestiones, algunas de ellas de escala local y otras que rebasan el ámbito
provincial, regional y nacional.
El espacio analizado ocupa una posición excéntrica en relación a los centros de desarrollo
más dinámicos de los respectivos países. En el caso de Espana, la dinámica económica ha generado
la acentuación de los desequilíbrios territoriales, configurando dos áreas claras de crecimiento expansivo
(eje del Ebro y eje del Mediterráneo), frente a un amplio espacio en recesión, dentro del cual se incluyen
las províncias limítrofes con Portugal como una de las áreas más desfavorecidas. En el caso de Portugal
ocurre algo similar pues los focos de desarrollo están en la fachada marítima, destacando las áreas de
influencia de Lisboa y de Oporto, y algunos enclaves en el interior. De hecho, la "raya fronteriza"
hispano-portuguesa es, a otra escala, una de las zonas más deprimidas ("bolsa de pobreza") de
la Comunidad Europea.
Además de lo anterior, ambas áreas se caracterizan por el escaso peso específico de sus núcleos
urbanos en el contexto regional y nacional, así como por la ausencia de centros industriales capaces de
impulsar un crecimiento económico autosostenido, lo cual ha provocado que hayan sido áreas tradicionales
de emigración.
La pérdida de población es un fenómeno mucho más acentuado en la província de Zamora,
cuya capital se ha mantenido principalmente como un centro de servicios; de esta situación habría que
exceptuar al núcleo de Benavente, cuya localización como encrucijada de caminos y la reestructuración de
la red viaria le están abocando a convertirse en un auténtico polo de crecimiento a escala provincial y
con posibles efectos difusores hacia las zonas próximas. En la región de Trás-Os-Montes e Alto Douro, la
articulación territorial es mayor y presenta, aunque alejadas también de la frontera, un área que concentra
cierto desarrollo económico extendida de norte a sur entre Chaves y Lamego, principalmente en el sector
meridional, sobre los núcleos de Lamego, Peso da Regua y Vila Real; además, apareceu determinados
enclaves de proyección comarcal y localizados cerca de la frontera: Mirandela, Bragança y Murça.
Dentro de la débil industrialización, hay que resaltar algunas industrias transformadoras
de materias primas agrarias (vinos, fábricas azucareras, harinas y piensos compuestos, entre otras).
No obstante, éstas son actividades con escasos efectos multiplicadores y alejadas espacialmente de la
"raya", por lo cualla base económica del área fronteriza sigue siendo la actividad agraria pero con distinta
orientación económica que el resto de las áreas, con gran peso del autoconsumo y basada en una estructura
de pequenas explotaciones y minifundios. A pesar de ello, las perspectivas no tienen por qué ser sombrías
526
pues, aunque los rendimientos son bajos, el área fronteriza puede apostar por una producción de calidad y
con denominación de origen: vinos, carnes y derivados lácteos, fundamentalmente.
Esa falta de desarrollo propio y el excesivo peso dei sector agrario no han favorecido los
intercambios comerciales a gran escala ya que sendas zonas fronterizas mantienen una similar orientación
preferente hacia el autoconsumo. Todo ello, en consecuencia, justifica la ausencia de una amplia red
de vías de comunicación y el escaso servicio aduanero prestado por alguno de los pasos fronterizos.
Por consiguiente, sobre este espacio coexisten cuatro condiciones que influyen en la
baja permeabilidad de la frontera: la escasa potencialidad económica de la raya, la débil funcionalidad de
los pasos fronterizos, la existencia de unas barreras físicas que han actuado como tales, en el contexto de
la propia atonía económica y el factor político que introduce un efecto de bloqueo.
Este bloqueo, según el cual una serie de vías se aproxima a la frontera sin llegar a atravesarla,
es patente a lo largo de toda ella pues, salvo en contados casos que adquieren cierta relevancia regional, un
elevado número de núcleos de población próximos entre sí pero separados por la frontera carece
de comunicación o es deficiente, a pesar de que en la mayor parte de los casos las condiciones físicas
no son desfavorables.
El mencionado efecto de bloqueo se manifiesta tanto en e! ferrocarril como en la red
de carreteras; en el primer caso existen tres líneas que llegan hasta Chaves, Bragança y Duas Igrejas,
en Portugal, sin continuidad en e! lado espano!, a pesar de la escasa distancia a la frontera y a alguna de
las líneas espafiolas. En la red de carreteras e! fenómeno está más extendido a lo largo de todo e! espacio
fronterizo, por lo que los ejemplos son múltiples, entre los que podemos citar, de norte a sur, los
de La Tejera-Paramio, Rihonor de Castilla-Rio de Onor, Riomanzanas-Gradramil, Latedo-Paradinha Velha
y Pinilla de Fermoselle-Sendím. (Ver mapa).
N
t
I. Zamora 2. Benavente 3. Bragança 4. Chaves 5. Vila Real 6. Toro 7. Murça
RED DE COMUNICACIONES TRANSFRONTERIZAS.
TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO I ZAMORA
8. Peso da Régua 9. Puebla de Sanabria I O. Alcaílices 11. Bermillo de Sayago 12. Miranda do Douro 13. Torre de Moncorvo 14. Vila Pouca de Aguiar
· .... ·············· ...... . ····· ...... .
Frontera -----Límite de provincia ......... .
y distritos
Red de interés I Car~cter principal . -transfronterizo . secundano --Ferrocarrtl _____ .
Aduanas * Puntos "sin capilaridad" *
\/'1 .. ··
o 20 40 Km '-------''------'
527
En este sentido, hay que poner de manifiesto el contraste que supone la falta de capilaridad de
la frontera a escala local frente a la existencia de vías de comunicación y tráficos en función de espacios
externos al área a que hacemos referencia. Esto es así porque la red de comunicaciones sirve sobre todo
para enlazar la zona septentrional portuguesa, en particular Oporto, con las las áreas más dinámicas
del centro y norte de Espafía y del resto de Europa.
En consecuencia, para esta red, el área fronteriza se comporta más bien como zona de paso y
las vias de comunicación apenas si tienen repercusiones sobre el desarrollo local de Zamora y
Tras-Os-Montes e Alto Douro, aunque, sin duda, también sirve como canal para los intercambios de
la escasa producción local para el mercado, pues, como ya hemos comentado, ésta resulta de la aplicación
de sistemas de explotación tradicionales.
En última instancia, el escaso desarrollo económico de las áreas fronterizas referidas
ha provocado que éstas se vuelquen, lógicamente, hacia los centros dinámicos próximos (Valladolid y
Salamanca, en el caso de Zamora y Oporto en el caso de Tras-Os-Montes e Alto Douro), lo cual
ha motivado, a su vez, que ambas zonas vivan mutuamente de espaldas.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
O PAPEL DA REDE URBANA NA DINAMIZAÇÃO DAS REGIÕES FRONTEIRIÇAS: EXEMPLO DE TRÁS-OS-MONTES
L INTRODUÇÃO
ALINA ESTEVES JORGE SILVA Colaboradores do CEDRU
Pretendemos aqui avaliar a importância da rede urbana da área abrangida pelo Programa
Operacional de Desenvolvimento das Regiões Fronteiriças Trás-os-Montes/Zamora na dinamização desta
região, na medida em que, os aglomerados populacionais constituem pontos estruturantes da malha que
cobre o território, sendo a partir deles que irradiam as actividades humanas.
A área em estudo, constituida pelas NUTs III de Alto Trás-os-Montes e do Douro, insere-se
na Região Norte., a qual possui grandes diferenças em termos de rede urbana. A região em estudo
apresenta uma rede de aglomerados pouco densa, estando algumas áreas francamente pouco conectadas.
Pode ser considerada como uma rede de carácter periférico, pois os núcleos de maior poder estruturante
localizam-se na área litoral da Região Norte.
2. METODOLOGIA
Tomando como base a população residente nas sedes concelhias, pretende-se, numa primeira
análise, estudar o comportamento demográfico que estas assumem, face às funções administrativas que lhe
são inerentes, podendo ou não, estruturar um território concelhio, e por vezes, supra-concelhio.
Segue-se-lhe uma comparação com a rede urbana constituida pelos aglomerados populacionais de
dimensão superior ou igual a mil habitantes, com o objectivo de verificar, se por vezes existem sedes
de concelho que não exercem um efeito de atracção demográfica sobre o seu território, suspeitando-se
assim, do seu poder estruturante, substituído por aglomerados de igual ou superior dimensão demográfica.
Os marcos temporais adoptados são 1960 e 1981, já que resumem as transformações
demográficas mais importantes, e com reflexos significativos no território.
Numa segunda análise, recorre-se a um levantamento funcional elaborado para 1992, que
juntamente com a hierarquia populacional obtida, serve para qualificar a rede dos aglomerados
populacionais.
2.1. HIERARQUIA POPULACIONAL
Em 1960, temos no topo da hierarquia, segundo a população, as cidades de Chaves e Vila Real,
respectivamente, com 13156 e 10263 habitantes. No segundo escalão, e numa posição não muito distante
das primeiras, surgem Bragança e Lamego, respectivamente com, 8075 e 7210 habitantes.
Peso da Régua e Miranda do Douro, com contingentes populacionais da ordem dos
5 mil habitantes, formam o terceiro escalão. No penúltimo escalão, surgem Mirandela com 3842 habitantes
e Vila Nova de Foz Côa com 3433 habitantes. Finalmente, no quinto e último escalão incluem-se todas as
restantes sedes concelhias.
530
Após duas décadas de transformações demográficas profundas, a hierarquia dos núcleos
populacionais alterou-se significativamente.
Com efeito, em 1981, no topo da hierarquia populacional das sedes de concelho (Fig. 1), temos
Bragança com 14181 habitantes e Vila Real com 12860 habitantes. Embora ambas registem acréscimos
em relação a 1960, aquele foi muito mais significativo em Bragança (75.6% contra 25.3% em Vila Real).
Esta evolução explica-se,. em grande medida, pelo facto destes aglomerados possuirem uma série
de departamentos da administração central e local, para além de actividades terciárias (bancos, seguros
consultórios de profissões liberais, gabinetes de estudos e contabilidade, comércio por grosso e a retalho),
que exercem uma atracção residencial sobre a população, ligada directa ou indirectamente à agricultura, e
que procurou elevar o seu nível de vida.
I .- ...... "' \_.'" \
Fig 1- POPULAÇÃO DAS S~DES CONCELHI::\S EM 1981 E TAXA DE VARIAÇAO DAPOPULAÇAO DAS SEDES CONCELHIAS 1960/81
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o 10 20Km
o
HABITANTES
14,181
5,710
420
[40,0; 75,6] [O, O; 40,0[ [-40,0; 0,0[ [-70,9; -40,0[
Chaves perde a sua supremacia, tendo sofrido uma quebra de 12.8% na sua população, passando
agora para o segundo escalão, com aproximadamente 11500 habitantes.
Lamego, apesar de registar um aumento populacional da ordem dos 21.8%, desce de posição,
passando a ocupar o terceiro escalão.
No quarto escalão temos Peso da Régua e Mirandela com aproximadamente 5700 habitantes.
Se o primeiro aglomerado apenas cresceu ligeiramente, tanto em termos percentuais (4.8%), como em
termos absolutos (em 21 anos o ganho não alcançou 300 habitantes), já o segundo registou um aumento
muito significativo correspondente a quase 1900 pessoas (48.6%). Tanto este aglomerado
como Peso da Régua, constituindo sedes de concelho que se articulam entre os núcleos de maior dimensão,
531
possuem uma localização estratégica em relação a eixos rodoviários de carácter nacional- EN 15, no caso
de Mirandela, e EN 2, no caso de Peso da Régua.
No quinto escalão incluem-se de novo todas as pequenas sedes concelhias não mencionadas,
entre as quais não faz sentido estabelecer mais diferenciações hierárquicas.
É de salientar ainda, a existência de vários núcleos populacionais com mais de mil habitantes,
por duas razões. A primeira prende-se com a localização de alguns destes aglomerados em torno de sedes
concelhias importantes, por manterem relações privilegiadas com as mesmas, ao nível das actividades
económicas. A segunda razão relaciona-se com o facto de vários destes aglomerados possuírem
quantitativos populacionais superiores a algumas sedes concelhias, tanto em 1960, como em 1981,
por razões de maior dinamismo económico.
2.2. HIERARQUIA FUNCIONAL
Admitindo que as posições relativas dos aglomerados não se alteraram entre 1981 e 1992, vamos
comparar a hierarquia anterior, obtida para a primeira data, com a ordenação funcional conseguida
para 1992. O levantamento funcional abrangeu diversos temas, que vão desde os serviços de apoio à
colectividade, passando pelos de apoio à actividade produtiva, tendo sido realizado para todos os núcleos
populacionais com duas ou mais unidades funcionais ou funções.
Em termos de funções centrais, os primeiros lugares da ordenação são semelhantes aos da
hierarquia populacional, surgindo Vila Real e Bragança no topo com 31 funções (Fig. 2). Estas
duas cidades, sendo capitais distritais, constituem desde longa data núcleos centralizadores de serviços
da função pública e locais preferenciais na localização de filiais de empresas, de estabelecimentos
de ensino médio e superior, e de outras instituições.
Fig. 2 - Funções Centrais em 1992
35
30
25
20
15
10
5
o ~~~n~n~nnnnnnnnn 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
532
No entanto, quanto à hierarquia segundo as unidades funcionais, algo de diferente nos surge.
Vila Real encontra-se no primeiro lugar claramente destacado do segundo aglomerado mais importante,
que é Bragança (Fig. 3). Chaves surge em todas as ordenações no segundo escalão, pois é um ponto
muito importante na ligação a Espanha, facto este que arrasta consigo a proliferação de funções variadas.
Mirandela encontra-se bastante bem favorecida em termos funcionais, comparativamente à sua posição
em termos populacionais (terceiro escalão nas unidades funcionais e segundo escalão quanto ao número
de funções), pois constitui o ponto de apoio de um eixo estruturador que se estende de Vila Real
a Bragança. Lamego e Peso da Régua, surgem sempre no mesmo escalão hierárquico, respectivamente no
terceiro e quarto, sendo parte integrante do principal eixo populacional, rodoviário, e económico,
estruturante de toda a área em estudo - o eixo Lamego-Peso da Régua - Vila Real. Torre de Moncorvo
e Macedo de Cavaleiros estão também muito bem colocados, pois se em termos populacionais
não se destacam do escalão que engloba a maioria das sedes concelhias, em termos de unidades funcionais
e das funções, situam-se no quarto escalão.
Fig. 3- Unidades Funcionais em 1992
180
160
140
120
100
80
60
40
o uuuu~~~~~~~~~~DDDDDDDDDoooooooooooooo 20
6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos assim, uma rede urbana bem hierarquizada, principalmente nos lugares cimeiros, e que é
nitidamente comandada por Vila Real, e secundarizada por Bragança, o que demonstra, a marca indelével
da administração pública na rede de aglomerados populacionais do interior do país. Surge na
terceira posição, Chaves que apresentando alguma decadência populacional, consegue, no entanto,
manter-se ao nível dos primeiros. Destacam-se também Lamego, Mirandela, e ainda Peso da Régua
(este último com ligeiro afastamento em relação aos dois outros aglomerados).
Estes seis aglomerados populacionais constituem uma rede conectada, que se apoia no
eixo Peso da Régua-Vila Real (de Sul para Norte), o que se subdivide em dois eixos, um para Norte, em
direcção a Chaves, e outro para Nordeste, em direcção a Bragança, apoiado ainda em Mirandela.
533
Vila Real assume a posição de pivot, quer nas ligações entre os principais aglomerados da região,
quer na ligação à Área Metropolitana do Porto. O seu papel como núcleo dinamizador de toda esta região
de fronteira revela-se, assim, crucial.
A área Sudeste da região não possui qualquer centro de grande importância, estando fora da área
de influência da rede urbana referida.
O futuro desta região, em termos de rede urbana, passa necessariamente pelo traçado de
novos eixos rodoviários Itinerários Principais), na medida em que, a presença de vias de comunicação que
permitem uma rápida circulação, poderão conduzir a duas situações distintas.
Por um lado, permitir o crescimento populacional e económico de alguns aglomerados
mais próximos dos locais de acesso a estas vias. É então de esperar, um reforço do eixo Vila Real-Lamego,
e do seu prolongamento para Bragança, com um acentuar, do já importante pivot estruturador de Vila Real,
que a médio prazo, ficará com ligação por auto-estrada e IP, ao litoral, e com IP, a Bragança.
Por outro lado, poderá acentuar a desertificação de algumas áreas, como por exemplo, a
área Sudeste da Região. Esta não sendo estruturada por nenhum aglomerado populacional importante,
acompanhada pela construção de IP, a longo prazo, e pelo encerramento de algumas linhas de caminho
de ferro, sem a criação de meios de transporte alternativos, poderá ver a sua população reduzida,
pois outras aglomerações, fora da área em estudo, com uma massa crítica superior à de Bragança,
exercerão um forte poder atractivo sobre a sua população. No entanto, é de salientar, o papel que poderá
ser assumido por Torre de Moncorvo, se devidamente equipado, visto ser o aglomerado que apresenta
melhores condições para se tornar no pólo organizador desta área, reforçando o seu papel de núcleo
dinamizador.
A evolução dos aglomerados está também dependente do surgimento de algumas actividades,
directa ou indirectamente dinamizadoras da vida económica e social dos mesmos, como por exemplo,
estabelecimentos de ensino superior e médio, escolas com ensino profissional e técnico-profissional,
visto que, podem ajudar a fixar população e arrastam consigo a criação de outros serviços de apoio
(estabelecimentos de comércio alimentar, de material escolar, de vestuário, calçado, etc.).
Um outro factor a ter em conta é o papel, mais ou menos, activo das associações de municípios,
que ao acordarem na criação de infra-estruturas de uma forma integrada, contribuem para o reforço
da conexão e da articulação dos aglomerados, na medida em que, são gerados fluxos populacionais,
económicos e de informação entre diferentes lugares da mesma rede.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
DESCRIÇÃO DE UMA METODOLOGIA SINTÉTICA PARA A DETECÇÃO DOS DESEQUILÍBRIOS INTER-REGIONAIS EM ÁREAS TRANSFONTEIRIÇAS
JOÃO PAULO MARTINS FARINHA SERAFIM COSTA Universidade Nova de Lisboa
É facilmente constatado que uma linha artificial, como é uma fronteira, é muitas vezes só por si
inibidora do desenvolvimento económico e social das regiões por ela dividida.
Na realidade actual, em que se tende e dentro de um enquadramento comunitário, para o
abatimento das fronteiras, o que permitirá uma maior aproximação entre as regiões fronteiriças, julgamos
ser premente encontrar metodologias que satisfaçam as necessidades de coordenação e harmonização
das políticas de desenvolvimento.
No entanto, convém sublinhar que para além de qualquer metodologia, é imprescindível que todo
o processo seja antecedido de um conjunto de directrizes acordadas, que resultarão do diálogo entre as
partes intervenientes. Neste contexto, e numa primeira fase, é importante executar a análise dos espaços
de intervenção; identificação dos estrangulamentos e potencialidades; elaboração das estratégias
e objectivos; bem como, a adopção das medidas e acções a implementar.
É tendo em conta os vários aspectos apresentados, que propomos uma metodologia sintética,
mas apropriada a uma abordagem inicial, que só por si não dispensa um diagnóstico mais profundo,
a elaborar em fase posterior.
Numa segunda fase, proceder-se-á à articulação dos dois disgnósticos regionais, retirando daí as
acções comuns a empreender.
No seguimento do que foi apresentado, procedemos à selecção de alguns indicadores, que
permitirão identificar provisoriamente os desequilíbrios mais significativos existentes entre as duas áreas
em análise. Foram seleccionadas as seguintes variáveis:
Densidade Populacional;
-Valor Acrescentado Bruto por sector de actividade;
-População Activa por sector de actividade;
-Taxa de Actividade;
-Taxa de Desemprego;
-Índice de Especialização Produtiva;
-Quociente de Localização;
-Distância Sócio-Económica.
A análise de toda esta informação proposta, permitirá a visualização superficial e expedita das
discrepâncias sociais e económicas, existentes entre as regiões em causa.
Escolhemos para ilustrar a metodologia proposta o distrito de Beja (Portugal), e a província
de Huelva (Espanha), que são regiões onde os mais importantes indicadores sócio-económicos apresentam
valores abaixo das médias nacionais.
O distrito de Beja apresenta uma densidade populacional claramente inferior à província
de Huelva, situando-se ambas abaixo das respectivas médias nacionais.
536
O valor acrescentado bruto no distrito de Beja, é gerado maioritariamente pelos
sectores primário e terciário, ao passo que em Huelva, predominam os sectores secundário e terciário.
Estes indicadores ilustram bem as diferenças existentes entre os tecidos produtivos das duas regiões,
nomeadamente no sector industrial.
Nas duas regiões, existem percentagens significativas da população a exercer a profissão
no sector primário, assumindo os serviços posição destacada, se bem que de forma diferenciada, no
distrito de Beja, deve-se ao grande número de postos de trabalho gerados pelo sector público, na província
de Huelva, é o turismo que assume significado relevante.
A taxa de actividade, nas duas regiões, é inferior às médias nacionais, registando-se igualmente
elevadas taxas de desemprego, que se apresentam como consequência de um atraso estrutural em relação
aos respectivos países.
A importância do recurso à leitura de índices de especialização, é evidente quando se mostra
necessária a análise da estrutura produtiva de ambas as regiões. Assim, as duas regiões apresentam
para este indicador valores distintos, no caso de Beja(+/- 34.26) e Huelva (+/- 17.59). Destes valores
resulta, que é Huelva, a região que apresenta um tecido produtivo mais equilibrado, logo, menos permeável
às oscilações da conjuntura internacional.
A análise dos quocientes de localização referentes ao valor acrescentado bruto, permitem retirar
conclusões semelhantes às acima referidas. Constata-se que assumem importância superior à média
das restantes regiões do país os seguintes sectores no distrito de Beja: agricultura, silvicultura e pesca;
construção e obras públicas; comércio por grosso e a retalho; serviços. Na província de Huelva
destacam-se: agricultura, silvicultura e pesca; indústrias extractivas; electricidade, gás e água; construção
e obras públicas. Quando enquadradas a nível nacional, as duas regiões apresentam situações diferentes,
em relação ao indicador de distância sócio-económica. O distrito de Beja apresenta uma distância superior
ao distrito de Lisboa (I ,095 II), que a província de Huelva face à capital espanhola, assim, os
afastamentos maiores existem no lado português.
Estes resultados vêm mais uma vez reforçar a ideia transmitida ao longo desta análise, de que
os desequilíbrios são maiores no distrito de Beja, relativamente à província de Huelva.
A questão das regiões fronteiriças deve ser tomada na perspectiva de uma interacção nos
vários domínios regionais (económico, social e cultural). Nesta postura, o aproveitamento dos
recursos comuns devem constituir-se como prioridade.
Neste caso particular, a urgência de encantar medidas de gestão integrada de toda a bacia
hidrográfica do Guadiana, são maiores, tendo em conta a importante reserva de minerais básicos
aí existentes, classificada como a maior província metalogenética de toda a Comunidade Europeia, estamos
a falar da Faixa Piritosa Ibérica que atravessa estas duas regiões.
Logicamente que para além do aproveitamento integrado dos recursos naturais comuns, devem
ser seleccionados domínios em que a cooperação se deve sentir, de forma a ultrapassar carências comuns.
Em suma, julgamos que a metodologia apresentada, permite visualizar duma forma imediatista
os desequilíbrios regionais, isto sem ambicionar uma visão aprofundada das relações inter-regionais, mas
apostando fundamentalmente numa simplificação que permita uma análise sintética e consequente
diagnóstico.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
POLÍTICAS REGIONAIS E LOCAIS DO FORDISMO AO PÓS-FORDISMO
I. INTRODUÇÃO
PAULA BORDALO LEMA Departamento de Geografia e Planeamento Regional Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa
Nos anos dourados do pós-guerra as políticas tendentes à redução das disparidades regionais
incentivam a mobilidade dos factores de produção que se reflectia num aproveitamento selectivo dos
recursos regionais e locais decidido do exterior. Não tomavam em consideração aspectos endógenos do
desenvolvimento: a escala regional e local era prejudicada pela prioridade atribuída ao crescimento
económico e aos processos centrífugos do desenvolvimento.
A partir dos anos 70, fase recessiva do ciclo actual, são notórias as limitações das políticas
regionais tradicionais e as debilidades do modelo fordista. Há então a certeza de que o desenvolvimento
regional e local é mais uma questão de utilização de recursos do que de criação de riqueza. A estratégia do
desenvolvimento regional e local está agora mais relacionada com as especializações flexíveis,
fundamentais para o processo de reestruturação dos anos 80 e 90.
2. O FORDISMO
2.1. A organização do espaço
No período entre o final da 2a Guerra Mundial e os anos 70, correspondente à fase ascendente do
ciclo económico, o desenvolvimento incidia prioritariamente nos grandes centros urbano-industriais onde a
tecnologia moderna se exercia em grandes unidades beneficiando de economias internas (de escala) e
de economias externas (de aglomeração). A mobilidade dos factores de produção capital, trabalho
e tecnologia- era um importante vector de acumulação e nestas condições estava privilegiada a actividade
da grande empresa dotada de forte organização hierárquica vertical. Utilizando a segmentação da
produção, aliada a uma estratégia multinacional e multi-regional, exercia uma forte influência na divisão
social e espacial do trabalho, especializando-se as regiões em diferente segmentos do mesmo ramo. É a
disjunção social e espacial do trabalho: a concepção, investigação e desenvolvimento persistem na sede da
empresa localizada nas áreas centrais onde se decide a estratégia multi-regional e multinacional;
a produção qualificada, requerendo uma mão de obra especializada, permanece nas áreas de tradição
industrial; a execução e montagem desqualificadas, não requerendo nenhuma qualificação, ocupavam
a mão de obra das áreas rurais e, em consequência, estancou-se o êxodo rural dos países industrializados.
A dispersão dos segmentos do ramo proporcionou uma vasta difusão do emprego industrial e o
contraste entre áreas agrícolas e industriais esbate-se; em termos da qualificação da mão de obra
os contrastes regionais acentuam-se, tanto mais que os serviços de apoio à indústria se incrementam
exclusivamente na sede da empresa.
A organização vertical fordista levou a que os processos produtivos se alargassem à
escala mundial e que as escolhas das localizações específicas se decidissem a esta escala. Ao mesmo
tempo, desestruturou os tecidos regionais e locais como espaços de integração capitalista, industrial,
538
técnica e social. Se até então a actividade industrial incentivava às escalas regional e local, um ambiente
de complementariedades, relações entre indústria e serviços, difusão do saber-fazer e de uma
cultura técnica, à medida que progride a especialização em segmentos do ramo, as relações horizontais
esbatem-se, os tecidos produtivos regionais e locais quebram-se e reduzem-se a bacias de mão de obra.
No cenário da internacionalização da produção e da DIT alargada a vários espaços, é forte
a concorrência entre localizações alternativas consoante as vantagens comparativas que oferecem.
A instabilidade das regiões periféricas é grande porque se situam entre duas situações opostas- a das áreas
mais dinâmicas pelas suas vantagens de inserção nos novos sistemas de informação, controlo económico e
político, por um lado, a das novas áreas industriais (NPI) com vantagens comparativas em termos
de baixo nível de organização do trabalho e do valor salarial, por outro.
Como nos países industrializados aumentaram as resistências do trabalho à intensificação
estimulada pela linha de montagem da produção em massa, da parte do capital foi decidida
a desconcentração percursora de medidas mais drásticas (Neofordismo): nas áreas centrais a produção
foi automatizada e aumentaram de importância os quadros de qualificação superior, técnicos
e profissionais, particularmente perto das grandes metrópoles que continuavam a atrair as sedes das
empresas ao lado dos serviços de competência internacional; a automatização crescente desvalorizou
ainda mais a mão de obra especializada, levando a um desinvestimento e ao acentuar do declínio
das velhas áreas industriais; as actividades mais banais e exigentes em qualificação foram deslocadas
para as periferias mundiais onde a mão de obra é menos organizada e os salários mais baixos
(Fordismo Periférico). A relocalização do emprego industrial à escala mundial tem agora maior velocidade
do que a sua difusão à escala nacional: o emprego progride nos Novos Países Industrializados, enquanto
a Europa e a América do Norte são marcados pelos sintomas do fim de um ciclo de expansão,
a desindustrialização. É a crise do Fordismo Central.
2.2. O papel das políticas regionais
A internacionalização e o alargamento concomitante da esfera de acção do Estado, para
fazer face aos estrangulamentos criados, intervêm fortemente em matéria de política regional. Foi activada
a desconcentração industrial a partir das grandes metrópoles como meio de garantir, ao mesmo tempo, a
industrialização rural e o estancamento das migrações campo-cidade, o crescimento de base industrial e
a recuperação do espaço urbano para incremento das actividades terciárias de apoio. Pensava-se que estas
políticas permitiam conciliar o crescimento com o desenvolvimento, em função de três processos:
economias internas (de escala) e externas (de aglomeração) nos polos ou centros de crescimento
urbano-industriais; o desenvolvimento como processo centrífugo; a capacidade de intervenção do Estado
incentivando e coordenando os investimentos públicos e privados no espaço e suas transferências para as
áreas menos desenvolvidas.
De facto, verificou-se aumento da capacidade de acumulação e da competitividade nacional e,
ao mesmo tempo, a extensão do emprego nas áreas rurais. Tiraram vantagem desta política regional
sobretudo as regiões centrais a partir das quais se deslocavam ou exportavam os estrangulamentos
sectoriais de forte impacte espacial; enquanto as regiões periféricas eram obrigadas a um ajuste ou a
uma situação crítica, nas regiões centrais era possível preparar a tempo o impacto da reestruturação
mundial, o planeamento da expansão da cidade e da melhoria da qualidade de vida, a deslocação de
actividades poluentes e a introdução de políticas contra a congestão do meio ambiente. E assim se poderia
prolongar um modelo de crescimento baseado no carácter ilimitado dos mercados e dos recursos.
539
A escala regional e local era preterida face à prioridade atribuída ao crescimento económico e
aos processos centrífugos de desenvolvimento. Sujeita aos requesitos da estrutura mundial hegemónica
sofria a delapidação dos recursos: sobre-utilização dos recursos naturais e do meio físico e sub-utilização
da capacidade empresarial e das instituições públicas; acentuamento dos desequilíbrios no mercado
de trabalho em consequência do aproveitamento selectivo dos estratos da mão de obra mais jovem e
menos móvel em trabalhos de feição rotineira; até mesmo as tranferências de capital e de tecnologia
não se coadunavam necessariamente com os interesses das comunidades territoriais. Não eram tomadas
em conta a identidade regional e a capacidade de decisão à escala regional e local face ao controlo
do exterior; as características qualitativas do mercado de trabalho, as especificidades dos territórios e as
suas possibilidades de desenvolvimento diversificado e auto-sustentado.
O balanço das políticas regionais é positivo em termos quantitativos. As disparidades regionais
avaliadas em função de alguns indicadores - emprego, investimento, grau de industrialização,
produto regional, rendimento por habitante - podem ter diminuído mas em termos qualitativos estruturais
- autonomia, iniciativa, tecnologia, qualificação do trabalho os contrastes aumentaram às escalas global,
regional e local.
A progressiva integração do espaço coincide com um acentuar do desenvolvimento desigual
orientado para as necessidades das regiões centrais. Aumenta o contraste centro-periferia pelas
trocas desequilibradas de bens e serviços.
3. AS FLEXIBILIDADES
3.1. Reorganização territorial
A gestão centralizada e o controlo hierárquico só se manifestaram eficazes enquanto as
condições externas se mantiveram estáveis. Na década de 70 são as pequenas e médias empresas que
denotam maior estabilidade nesta fase de baixo crescimento e de mudança estrutural.
Há formas alternativas e mais flexíveis de organização da produção, do trabalho, da sociedade e
do território. A produção que até agora utilizava até à exaustão os recursos passa a depender
fundamentalmente das solicitações da clientela adversa à massificação. A diversidade de bens de consumo
exige novos bens de equipamento e inovações sucessivas. Assim, se a produção e o consumo continuam
ainda a depender de actividades de transformação, a matriz do emprego altera-se: progride nos serviços de
apoio e a interdependência da indústria e do terciário é crescente. A pequena empresa representa agora
forma de organização mais adequada; a sua especialização e autonomia são possíveis graças à divisão do
trabalho e fortalecimento de complementariedades. O êxito depende dos fluxos entre elas, da rede, do
sistema. Por isso, a ideia de descontinuidade "sector industrial"-"sector terciário" cede lugar ao
conceito de "sistema industrial" alargado a um complexo de actividades muito diversificadas e
com objectivos comuns. São características deste sistema a não especialização e não parcelização
de tarefas, a inexistência de um ciclo produtivo e de tempos pré-fixados; a grande importância dada à
autonomia e qualificação do trabalho obtida através da aprendizagem prática realizada ao longo de uma
carreira profissional hierarquizada. O processo produtivo baseia-se em protótipos tendo em vista
pequenas séries. A rejeição de componentes defeituosos é feita gradualmente estando assim dispensados
os stocks e o teste final de qualidade; os engarrafamentos não existem e a produção responde rapidamente
à procura (sistemajust intime).
A esta nova forma de organização do trabalho dotada de grandes flexibilidades corresponde um
tipo específico de desenvolvimento territorial: proximidade e comunicação rápida entre empresas
540
num sistema de quasi-integração vertical em que a especialização das unidades produtivas, a qualificação e
hierarquização de tarefas são dinamizadas por intensas relações horizontais e verticais. Aglomeram-se
pequenas e médias empresas que desenvolvem actividades diversificadas e complementares com
objectivos comuns em função de um ramo (a metalomecânica, a confecção, o calçado ou os vidros)
realizando toda a fileira produtiva: umas empresas especializam-se em novas ideias e protótipos, algumas
desenvolvem as suas aplicações e outras ocupam-se da transformação ou da distribuição do produto final.
Esta fase reflecte-se em mudanças à escala mundial na geografia da indústria com destaque
para aquela que é bem o símbolo do sistema global contemporâneo - a indústria electrónica. O Estado,
o capital financeiro e os profissionais altamente qualificados são os principais agentes do grande desafio
na inovação de uma indústria que é hoje à escala mundial prioritária, a ponto de se inverter a tendência que
predominou nos anos 60: acelera-se agora a sua deslocação e especialização para os países
mais avançados, sinal de reindustrialização. O contraste centro-periferia à escala mundial acentua-se,
à escala regional e local ele dissolve-se. Decaem as mono-especializações e desenvolvem-se os complexos
regionais e locais onde tem lugar a reintegração espacial das diferentes fases de produção desde a
concepção até à distribuição; mercados de trabalho diversificados e flexíveis são o ambiente propiciador
das sinergias regionais e locais.
3.2. Desenvolvimento local - novos desafios
As disparidades regionais modificam-se sem cessar segundo um ritmo cíclico. Se o desencadear
ele um ciclo se traduz numa polarização cumulativa, indutora ele divergências espaciais (década ele 50),
a maturidade do processo ele concentração do capital/desconcentração ela produção segrega uma tendência
para a convergência (década de 60). Evidenciam-se agora novos dinamismos indicadores ele um novo ciclo
(década ele 90). "Se até agora se têm reconhecido exemplos de tendências para o acentuamento
das desigualdades e outros que ilustram a tese oposta, a da convergência, há evidências actuais que
nos colocam perante uma terceira tese- a ela inversão total elas tendências" (A YDALOT, Ph., 1984). Nos
países mais desenvolvidos, enquanto muitas regiões industriais entram em crise, emergem novos espaços
industriais.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Na política tradicional, em plena fase expansiva
elo ciclo económico, era ao sector público central que competia a primordial função de assegurar as
condições para o investimento nas áreas mais desfavorecidas. A atenção sobre os desequilíbrios
inter-regionais, em especial o contraste cidade-campo, era prioritário e prevalecia sobre as preocupações
quanto às desigualdades intra-regionais. As autarquias tinham um papel indirecto e restrito no
desenvolvimento local, dependente das solicitações elo exterior: reservavam-se à acção sobre o
campo social em sectores ela saúde, educação, habitação e infraestruturas adequadas. Na ausência do
efeito motor do crescimento económico, na fase recessiva mais recente, o cenário mundial muda e
modifica-se o modo de actuação elos agentes nacionais de planeamento. Aumenta a mobilidade das
pessoas, ela informação e do capital mas ressaltam os factores imóveis ligados à actividade localizada
- o trabalho, a iniciativa, a inovação, o saber-fazer. As políticas espaciais passam a considerar menos os
factores móveis que tendem à homogeneização e mais aos factores imóveis que são, ele facto, estratégicos.
Os polos e centros de crescimento perdem a razão de ser; quebra-se a confiança na difusão espacial e nos
financiamentos públicos; é alertada a atenção sobre os recursos e a capacidade das instituições públicas
e privadas, ela esfera económica, social e cultural, para resolverem estrangulamentos regionais e locais.
541
No planeamento há duas preocupações:
subvenções à reestruturação das áreas com deficiências estruturais mediante a regionalização das políticas
com objectivos de qualificação, fomento de novos empregos estáveis e adaptados às novas condições,
incremento de cooperação entre empresas e instituições vocacionadas para o desenvolvimento regional;
descentralização política e administrativa e incentivos à inovação na escala regional e local tendentes a um
eficaz desenvolvimento face à concorrência mutável e acrescida, em sintonia com a revelação de
flexibilidade dos sistemas regionais e locais, sua capacidade de adaptação à recessão e às necessidades de
mudança. À medida que ganha importância a actividade difusa da indústria e dos serviços prepondera
a política regional descentralizada. Com a descentralização, os territórios dispõem de meios para incentivar
o seu desenvolvimento. Nestas condições, qual o papel do planeamento central: apoiar as regiões que
enfrentam problemas de reconversão? ou as regiões periféricas onde as desvantagens são ainda grandes?
Para avaliar estas questões é preciso ter em conta dois aspectos actuais: por um lado, as possibilidades de
transferências de capitais por acção do Estado são mais reduzidas do que no período de crescimento;
por outro lado, a descentralização significa a possibilidade dos territórios desenvolverem acções
coroadas de êxito e aplicarem os resultados no próprio ambiente local porque a decisão regional e local
alargou-se no âmbito económico com influência sobre o financiamento do sistema produtivo,
a mobilização dos rendimentos e da inovação.
São as experiências realizadas sobre uma base territorial local que primeiro ilustram um
novo paradigma: não há um modelo de desenvolvimento único, dependendo a mobilização de recursos das
específicas condições históricas, económicas, sociais, culturais, políticas, institucionais e ecológicas.
Este desenvolvimento auto-sustentado é uma reacção ao impacto da fase de expansão económica
nas regiões periféricas com exploração desequilibrada de recursos naturais e humanos. O paradigma actual
tem em conta a capacidade inovadora e a diminuição dos riscos de dependência face às crises da economia
mundial. Desta vez, o maior benefício deverá caber às regiões periféricas onde seja possível
uma mobilização endógena de recursos.
NOTA FINAL
A expansão do Fordismo criou condições para subordinar o desenvolvimento regional
à dependência externa, sem ter em conta as necessidades territoriais e o aproveitamento sustentado
dos recursos. Já na década de 70 autores como FRIEDMANN e WEA VER ( 1979) se insurgem contra seus
efeitos, defendendo a necessidade de devolver à comunidade regional e local maior poder de intervenção e
maior capacidade de planear estratégias de desenvolvimento. A política regional segundo o paradigma
"top-down center-outward" tornou-se inoperante prevalecendo, ao invés, uma política incentivadora
do desenvolvimento endógeno "bottom-up periphery-inward" (STOHR, 1978). Em matéria de política
regional há um desvio da eoria da localização da empresa para a teoria do desenvolvimento dos ambientes
locais. E de novo se destaca "o sistema incessante, em alteração permanente, de processos territoriais
que criam e recriam a anatomia geográfica do capitalismo industrial" (SCOTT, A. J. & STORPER, M.,
Eds, 1986).
542
BIBLIOGRAFIA
A YDALOT, Ph. (Ed), 1984. Crise et Espace. Paris: Economica. BECATTINI, G. (Ed), 1989. Modelli Loca/i di Sviluppo. Bologna: II Mulino. COFFEY, POLESE, 1984. Local development: conceptual base and policy implications. Regional Studies, 19(2). FRIEDMANN, J., WEA VER, C., 1979. Territory and Function: the evolution of regional plamzing. London: E. Arnold. OBERHAUSER, A., M., 1990. Social and Spatial Patterns under Fordism and Flexible Accumulation. Antipode,
22(3), 211-232. SCOTT, J. A., STORPER, M. (Eds), 1986. Production, Work, Territory. Winchester, MA: Unwin. SCHONBERGER, E., 1988. From Fordism to Flexible Accumulation: technology, competitive strategies and international
location. Society and Space, 6(3), 245-262. STÓHR, W. B., 1978. Center-Down-and-Outward Development versus Preiphery-up-and-!nward Development:
a conzparison oftwo paradigms. Vienna: I.I.U.R.S. University of Economics. VÁSQUEZ BARQUERO, A., 1991. Desarrolo local y acumulación flexible. Ensenãnzas teóricas de la historia y la politica.
Estudios Territoriales, 53, 135-152.
PRODUÇÃO- SOCIEDADE- TERRITÓRIO
FORDISMO POST-FORDISMO
PROCESSO DE PRODUÇÃO
Produção em massa e em cadeia
Produção uniformizada e estandardizada
Grandes stocks e inventário
Testes de qualidade à-posteriori
Estrangulamentos
Produção em função dos recursos
Integração vertical e horizontal
Controlo salarial para redução dos custos
Pequenas séries
Protótipos e variedade de tipos de produtos de acordo com a mudança de mercados
Não há stocks
Sistema just -in-time
Produção em função da procura
Integração quasi-vertical
Sub-contratação
Aprendizagem pela experiência
Planeamento
PROCESSO DE TRABALHO
Especialização. Parcelização de tarefas
em tempo cronometrado
Organização vertical
Diminuição da responsabilidade do
operário
Pagamento à peça
Falta de treino
Falta de segurança
Tarefas múltiplas. Não demarcação
de tarefas
Organização mais horizontal
Enfase na responsabilidade
Pagamento personalizado
Bónus
Treino
Segurança para os trabalhadores
permanentes/temporários
543
544
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
Divisão espacial do trabalho
Especialização funcional
(centralização/desconcentração)
Segmentação dos mercados de trabalho e
sua homogeneização interna
Hierarquia de competências
Relocalização para as regiões periféricas do
(mão de obra mais barata e menos
organizada)
Aglomeração espacial
Proximidade de empresas em
quasi-integração vertical
Diversificação dos mercados de trabalho
Dispersão espacial da produção- divisão
trabalho entre concepção e execução à
escala global
Reintegração espacial da produção- concentração
das diferentes fases de produção em complexos
regionais e locais
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EL DESARROLLO LOCAL O ENDOGENO: SU APLICACIÓN EN UNA COMARCA.
ESPERANZA CARO DE LA BARRERA MARTÍN Departamento de Geografía Humana Universidad de Sevilla
El desarrollo local como estrategia de política rural
Si la descentralización administrativa y productiva constituye uno de los rasgos principales
dei proceso de cambio profundo de las sociedades europeas, la promoción y la gestion dei desarrollo local
o endógeno constituye uno de los retos mayores dei futuro europeo.
En este sentido la Comisión de las Comunidades Europeas ha intentado aplicar el desarrollo
local o endógeno como una estrategia para ayudar a determinadas áreas rurales, - en concreto esta
comunicación hara referencia a una comarca de montana media ubicada en el centro geográfico
de Andalucía.
En su acepción más amplia el desarrollo local o endógeno es aquél que se consigue a partir de
Ia movilización o potenciación de los propios recursos financieros, ambientales y humanos de un territorio
determinado. Dicha movilizacion se produce como una solución alternativa a los problemas de desarrollo
suscitados en determinados territorios dei entorno comunitario.
Ha sido a partir de la Reforma de los Fondos Estructurales (FEDER, FSE y FEOGA) en 1988,
cuando se ha reforzado la acción para favorecer y apoyar los objetivos de desarrollo local, dentro
dei ambito de la política regional, materializada a través de los Marcos Comunitarios de Apoyo y, cuyo
último fín consiste en establecer las condiciones, que permitan correguir los desequilíbrios territoriales
entre un centro industrializado y una periferia rural, dando lugar a una mayor cohesión económica y social.
Asi pues, la orientación actual de la Comisión consiste en primar aquellos sectores que son
totalmente coherentes con la promoción y el reforzamiento dei desarrollo local. Tales aspectos son:
Creación de infraestructuras económicas.
- Promoción y apoyo a la pequena y mediana empresa.
- Difusión de la innovación y la tecnología.
- Movilización dei potencial de desarrollo endógeno.
Para llevar a cabo dicha movilización la Comisión ha seguido dos criterios fundamentales:
a) Presencia de "animadores" cuyo papel consiste en garantizar una estrecha vinculación entre
los agentes económicos (empresas) y el ambiente que les rodea (servicios públicos, mercados, innovación
tecnológica ... )
b) Elaboración de medidas destinadas a aumentar las posibilidades de éxito de las inversiones y
la creación de empleo.
La Comisión entiende, por un lado, que existen más posiblidades para un territorio de lograr
e! desarrollo apoyándose en sus propios recursos y son precisamente los responsables locales, los que
estan mejor situados para definir las necesidades y para movilizar las fuerzas vivas de dicho espacio.
Y por otro lado, que para ayudar eficazmente a las regiones más debiles, hay que considerar sus problemas
como un único conjunto, es decir, formular una estrategia desde una perspectiva global e integradora y
aplicaria durante un cierto número de anos.
546
Por lo que se refiere a la Comunidad Autónoma andaluza es necesario prestar gran atención
a desarrollo dei potencial endógeno, dada la existencia de numerosos territorios, que por su situación
geografica, estructura productiva y cualificación profesional de la mano de obra, difícilmente pueden
establecer una estrategia de desarrollo, que no se base en la mejor explotación de sus propios recursos.
Dicha estrategia deberá llevarse a cabo mediente acciones de formación o recualificación de los recursos
humanos existentes y la construcción de infraestructuras de dimensiones reducidas y de utilización
múltiple.
EI desarrollo rural inteqrado: Iniciativa "Leader"
Como complemento a los programas de desarrollo rural ya existentes, la Comisión de la C.E.
en 1991 decidió adoptar una iniciativa demostrativa denominada LEADER (Relaciones entre actividades
de desarrollo de la economía rural). El objetivo de este programa, que se desarrollará entre 1991 y 1993
es ayudar a grupos de acción local ya existentes o de nueva creación, que llevan a cabo planes
de desarrollo rural integral en sus propias zonas. Con la iniciativa LEADER se pretende crear una red de
Grupos de Acción Local, dentro de la cual se produzcan intercambios de información y experiencias y,
tratando de que las soluciones que se apliquen sirvan de modelo para el resto de las zonas rurales europeas.
Estos grupos deben de trabajar con efectivos que oscilen entre los 5.000 y 100.000 habitantes, situados
en las regiones objetivos I y Sb.
En definitiva, con este programa se pretende potenciar todas las actividades económicas posibles
a desarrollar en un <Írea rural y para ello se subvencionan las siguientes medidas:
*Medidas de Desarrollo rural propiamente dicho:
- Asistencia técnica (estudios de empresas, de mercados, asesoramiento, gestión de
innovaciones).
- Formación Profesional y ayudas a la contratación.
-Turismo rural.
- Pequenas empresas, artesanía y servicios locales.
- Valoración y comercialización in situ de la producción agraria, forestal y pesquera local.
*Medidas relativas a los grupos: creación, equipamiento informatico y telemático, asistencia
técnica. Sin sobrepasar el I 0% dei total de la iniciativa.
*Medidas que contribuyan ai buen funcionamiento de la Red.
La forma de intervención que se utilizara en esta iniciativa será la de las subvenciones globales
integradas a un organismo competente designado por el Estado miembro. Este organismo en Espana es
el Instituto de Reforma y Desarrollo Agrario (IRYDA) y tiene como función com·dinar la utilización de
la subvención por parte de los grupos locales de desarrollo rural.
A finales de 1991, nuestro país presento a la CE ciento ocho programas, correspondientes a la
iniciativa "Leader", de los que cincuenta y dos, aprobados en principio, representaban el 28% de
los autorizados en toda la CE. Ello suponia un montante de inversión comunitaria para Espana
de 16.000 millones de pesetas, de los que 2.938 correspondían a Andalucía. En esta Comunidad Autónoma
547
las comarcas autorizadas para la puesta en marcha de esto programas "Leader" son Sierra de Cádiz,
Pio Tinto, Serranía de Ronda, La Loma de Jáen, Sierra Morena de Córdoba, Subbético de Córdoba,
Sierra Norte y Sierra Sur de Sevilla y la Axarquía-Alpujarras. Todas ellas se constituyen como áreas
de montafía, que debido a sus condicionamientos físicos (altitud, clima, duración de la vegetación),
presentan unas difíciles condiciones de producción y de vida para sus habitantes, a la vez que
quedaron marginadas dei proceso de desarrollo económico, característico de las zonas llanas durante
la década de los sesenta. En tales condiciones, está plenamente justificada, la aplicación sobre ellas
dei programa "Leader", como medida de política global, que permita coodinar los esfuerzos entre
los diferentes sectores económicos, y revitalizar e! tejido socio-productivo.
El "Leader" dei Subbético de Córdoba
La comarca Subbética cordobesa, situada en el S.E de la província, en pleno centro geográfico
de Andalucía, abarca una superfície de 159.190 Has. y alberga a unos 113.000 habitantes, distribuídos
de forma irregular en los catorce municípios que forman la Mancomunidad de la Subbética cordobesa:
Almedinilla, Benamejí, Cabra, Carcabuey, Dofía Mencía, Encinas Reales, Fuente Tójar, Iznajar, Lucena,
Luque, Palenciana, Priego de Córdoba, Rute y Zuheros.
Dentro de esta comarca existe un espacio natural correspondiente a un sector de las
Cordilleras Béticas, comprendido entre las Sierras de Cabra, de Pute y de Horconera, que dada su
gran riqueza ecológica y paisajística, fue declarado en 1988 por la Junta de Andalucía- a través de
la Agencia de Medio Ambiente- Parque Natural de las Sierras Subbéticas de Córdoba, con una superfície
de 31.568 Has. distribuídas de forma irregular entre ocho municípios de la Mancomunidad: Cabra,
Carcabuey, Dona Mencía, Iznajar, Luque, Priego de Córdoba, Rute y Zuheros. Son precisamente estos
municípios los que integran el ámbito geográfico sobre el que se aplica el programa.
Para gestionar el "Leader" de las Subbéticas se ha creado una Agencia de Desarrollo,
"Iniciativas Subbéticas S.A.", promovida por un grupo de instituciones tanto públicas como privadas.
Esta Agencia aplicará una estrategia de desarrollo que, conjugando la promoción socioeconómica y
la conservación dei medio ambiente permita buscar alternativas generadoras de empleo y, desarrollar
metodologías e instrumentos tendentes a aprovechar de manera más eficiente los recursos disponibles de
la zona. Los objetivos específicos dei programa son los siguientes:
- Establecer un sistema apropiado de planificación, ejecución y control para aumentar la eficacia
económica empresarial tanto de unidades individuales como asociativas.
-Contribuir ai establecimiento de pequenas empresas.
- Asegurar el apoyo de los servicios públicos a estas iniciativas empresariales.
- Desarrollar metodologías de formación y capacitación en el medio rural.
- Adaptar la formación integral a los problemas y necesidades concretas dei trabajador y
productor rural.
- Crear empleo productivo y reducir el subempleo en el sector rural.
548
Financiación de! "Leader" de las Subbéticas.
Millones (pts) %
Coste Total 886,860 100
Subvención C.E. 339.430 38
Admon. Autonómica 172,120 19
Admón. Local 4!,600 5
Sector Privado 333,710 38
Fuente: Iniciativas Subbéticas, S.A
Inversiones seaún sectores
Millones (pts) %
Turismo Rural 503,880 56,8
Apoyo Técnico 47,710 5,3
F.P. y empleo 71,240 8,1
PYME 19,760 2,2
Agroindustria 200,590 22,6
Gestión Grupo 43,680 5,0
Fuente: Idem
El Turismo Rural motor de desarrollo de la Subbética
Uno de los recursos mas importantes de la zona y que además ha recibido dei programa
comunitario el mayor volumen de inversión es el turismo rural, actividad que se considera como una de las
potencialidades de la economia andaluza en general, y dei Subbético cordobés en particular, dado
su patrimonio ecológico y paisajístico.
Tras la declaración dei Parque Natural de las Sierras Subbéticas, la administración autonómica
decidió la elaboración de su correspondiente Plan de Ordenación de los Recursos Naturales (PORN)' que
establecía las directrices básicas de la estrategia de desarrollo y la normativa a seguir en dicho espacio
protegido. Estas directrices serian, posteriormente desarrolladas por el Plan Rector de Uso y Gestión
(PRUG) y el Plan de Desarrollo Integral (PDI)'.
Así pues, el área de estudio, ya antes de ser objeto de un programa "Leader" atrajo la atención de
los agentes planificadores, gracias a sus características socioeconómicas y naturales. Tras ser declarado
Parque Natural y reconocido su potencial turístico, uno de los ocho Programas de Desarrollo Integrado
dei Turismo Rural (PRODINTUR)', elaborados por la Junta de Andalucía en 1988, fue el de
las Subbéticas. La Administración autonómica con dichos programas pretendia:
- Conocer mejor la demanda turística en el espacio rural.
- Desarrollar la oferta, tanto en volumen como en calidad.
Organizar la oferta, tanto en volumen como en calidad.
- Fomentar un turismo descentralizado y apoyado en inversiones individuales (especialmente
turismo en las mismas explotaciones agrarias".
1• Figura recogida en la Ley Nacional 4/1989 de 27 de Marzo, de Conservación de los Espacios Naturales y de la Fauna y Flora Silvestre. 2. E! PRUG y e! PDI aparecen en la Ley andaluza 2/1989 de 18 de Julio, de Inventario de Espacios Naturales Protegidos de Andalucía. 3. Los PRODINTUR afectaron a los siguientes espacios: Sierra Norte de Sevilla, Sierra de Aracena (Huelva), Grazalema (Cádiz, Málaga), Axarquía (Málaga), Subbético de Córdoba, La Alpujarra (Almería, Granada) y Parque de Cazorla, Segura y Las Villas (Jaén). Gran parte de estos espacios geográficos se corresponden con las comarcas andaluzas autorizadas por la CE para la aplicación de los "Leader". 4. La Subbética cordobesa está integrada en la Red Andaluza de Alojamientos Rurales (RAAR), asociación compuesta por propietarios de casas y cm·tijos en zonas rurales, o entidades locales que gestionan su alquiler en e! ambito local.
549
A nuestro modo de entender, estas diversas formas de turismo rural, vinculadas a la agricultura
estan en total consonancia con las medidas planteadas por la reforma de la Política Agraria Comunitaria', y
pue'den constituir un medio de aprovechar mejor la actividad básica de las explotaciones agrarias, tanto
desde el punto de vista de la diversificación de las actividades (complemento de renta y mantenimiento de
la población sobre e! terreno), como en relación con la función de gestoras dei espacio y dei paisaje que
corresponde a estas explotaciones.
El turismo rural por su efecto impulsor de la actividad económica y de revalorización
dei potencial de desarrollo local y endógeno; por su función aglutinadora y coordinadora de los sectores
económicos, infraestructuras y servicios y por la destacada intervención que pued~ desempenar en
la preservación de! patrimonio rural, es un instrumento valioso para servir como nueva fuente de rentas
para famílias agrarias ubicadas en áreas deprimidas que cuenten con un mínimo de condiciones para ello.
Dicha actividad al igual que sucede en otros países europeos como Francia o Italia
puede contribuir a revitalizar el tejido económico y social y mantener a la población rural en su lugar de
origen. Sin embargo su desarrollo no debe basarse únicamente en la oferta de alojamientos por el contrario,
deben fomentarse numerosas actividades que contribuyan a la consolidación de un producto turístico.
Las características que deben definir al turismo rural, a nuestro modo de ver, serian las siguientes:
- Respeto al medio ambiente.
- Localización preferente en los núcleos de población existentes o en sus proximidades.
- Debe ser limitado, disperso y no polarizado en áreas reducidas.
- Un turismo recreativo, activo e integrado con el entorno.
- Mantener y conservar las zonas rurales en sus aspectos naturales, etnológicos, artísticos,
arquitectónicos, culturales, etc.
-No alterar las actividades agrarias tradicionales.
- Ser capaz de generar y concertar alrededor suyo infraestructuras, servicios y medidas de apoyo
que también sean útiles a la población local.
Conclusiones
- Importancia del desarrollo local o endógeno, como instrumento de política regional aplicado a
un área rural, caracterizado por un enfoque integrado, en contraposición a los enfoques sectoriales
tradicionales y, cuyo objetivo es potenciar una comarca económicamente deprimida, a partir de sus propios
recursos físicos y humanos.
- Destacado papel de! turismo rural, e! cual puede llegar a convertirse en uno de los motores
fundamentales para la reactivación económica de un determinado territorio, donde las tradicionales
actividades agropecuarias son incapaces de sostener al total de la población, de manera que se plantea
como una posible alternativa para mejorar la renta agraria.
BIBLIOGRAFIA
- CEE (1988): El Futuro del mundo rural. Oficina de Publicaciones oficiales de las Comunidades Europeas, Luxemburgo, 71 pgs.
- CEE ( 1990): Marco Comunitario de Apoyo 1989-93 para el dasarrollo y el ajuste estructural de las regiones menos desarrolladas (objetivo n°l) Espana. Idem, 104 pgs.
- CEE (1990): Nuevas políticas estructurales de la Comunidad Europea. Serie Documentos Europeos. Idem, 15 pgs.
reglamento (CEE) número 4256/88 del Consejo de 19 de Diciembre de 1988, relativo a1 FEOGA, sección Orientación.
550
- CEE (1991): La Comunidad Europea y e! desarrollo rural. Serie Documentos. Idem, 9 pgs. - CURZI, V. (1987): "El desarrollo local y la política regional de la CEE" en SIAR-85 Industrialización en Areas Rurales.
MOPUITUR, Madrid, pags 177-190. - GAMIZ LOPEZ, A. (1991): "Reflexiones sobre la agricultura andaluza en la Reforma de la PAC". Boletín Economico
de Andalucía, n°l2, Consejería de Economía y Hacienda de la J.A. Sevilla, Pags 61-68. -JUNTA DE ANDALUCIA (1988): Programa de Desarrollo Integrado dei Turismo Rural en Andalucía, (PRODINTUR
SUBBETICA). Documento interno fotocopiado. Dirección General de Turismo, Sevilla, 118 Pgs. -OCDE (1990): Nuevas tendencias en Política Rural. MOPU-ITUR, Madrid, !50 pags. - RUIZ A VILES, P. y otros ( 1992): Seminario sobre Agricultura, Turismo y Desarrollo Rural. Fuente Obejuna. CIDA,
Córdoba. - SAUVIN, P. (1988): "Desarrollo endógeno de las zonas de montafía Pays-d'Enhant (Suiza)". Agricultura y Sociedad n.0 46,
Enero-Marzo, Madrid, pags. 191-225.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PERSPECTIVAS PARA O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO EM PALMELA. BREVE ABORDAGEM DE ALGUNS PROBLEMAS ENCONTRADOS
E FORMAS DE INTERVENÇÃO
CARLOS ALBERTO GOMES MARIA ISABEL LICO MARIA DO ROSÁRIO MORENO Faculdade de Ciências e Tecnologia- U.N.L. Curso de Pós-Graduação em Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental na perspectiva das Comunidades
O processo político de reacção à situação de crise estrutural da Península de Setúbal, passando
por diferentes formas de intervenção, nomeadamente no contexto de uma Operação Integrada
de Desenvolvimento, não exclui a necessidade de questionar e perspectivar alguns aspectos da
realidade existente e de formas de intervenção preconizadas.
Consideramos que esta discussão deverá ser feita na óptica de que a preparação
do Desenvolvimento Regional deve apoiar-se num correcto Ordenamento do Território, pressupondo a
articulação entre realidades à mesma escala e entre essas e outras a diferentes escalas de análise.
No caso particular de Palmela (figura I), a sua inserção na Península de Setúbal suscita questões
de particular interesse em torno dos domínios das actividades agro-pecuárias e industriais (sem excluir
outras), no contexto das opções de desenvolvimento para o território português e para a Área
Metropolitana de Lisboa e no âmbito da adesão portuguesa à C.E.E .. Assim, pretende-se apresentar
algumas dessas questões e perspectivar soluções, numa tentativa de contribuir para uma necessária
discussão permanente.
N 2_ j i Rio Tejo r .... ...... ·· .. ( LISBOA ..
D
~ ~ ~ ~ Concelho de
~ Palmela
[[[I] Península de Setúbal
Sotóbal~~ t o 10 20 Km
Fig.!
552
Numa perspectiva de análise de mudança, as alterações que têm ocorrido com maior
ou menor aceleração na P.S., incluindo o Concelho de Palmela, são resultado de uma situação de crise que
num passado recente abalou a região e que se tentou colmatar através da implementação de uma Operação
Integrada de Desenvolvimento. Esta última visava, entre outros objectivos, a diminuição dos riscos que
tinham levado a uma excessiva dependência do exterior de algumas das principais unidades industriais,
apostando numa diversificação de acções de modo a privilegiar, dentro de um contexto de integração,
três factores fundamentais: Tecnologia-Sociedade-Economia. Tal perspectiva apelava a conceitos de
planeamento integrado na óptica de um desenvolvimento-tipo harmonioso, não esquecendo a necessidade
do aproveitamento dos recursos endógenos, garantindo um equilíbrio de exploração de potencialidades e
contemplando, a longo prazo, a hipótese de a região não ficar excessivamente dependente em termos do
tipo de indústria e de mercado. Esta expectativa baseava-se no pressuposto de que os três principais
vectores actuariam numa perspectiva estruturante e determinariam sub-acções que seriam resultantes
da ideia inicial. As condicionantes locais, bem como a herança que iria partilhar o quotidiano da OID,
às quais se juntavam as directivas comunitárias sobre ordenamento do território e planeamento ambiental,
eram mais que suficientes para poder dispôr de princípios de trabalho sólidos.
Pela análise de alguns relatórios sobre resultados da execução da OID, constatou-se que
só alguns dos objectivos da mesma foram alcançados e muitos deles apenas parcialmente, já que
sempre houve alguma contradição entre a consideração da base endógena de desenvolvimento e
a principal orientação estratégica assumida para o desenvolvimento da Península de Setúbal. Esta é
principalmente protagonizada pelo Governo Central, negociando o investimento nacional/estrangeiro, e é
enquadrada na sua perspectiva própria do desenvolvimento da Área Metropolitana de Lisboa, deixando
à margem alguns interesses particulares de carácter regional ou local.
No caso do concelho de Palmela, o facto de ele ser cada vez menos periférico aos processos de
expansão metropolitana e industrialização poderá deixar adivinhar a importância que futuramente terão
as áreas industriais do nó de Coina e do eixo Palmela-Pinhal Novo nos contextos municipal e regional.
Refira-se aqui a importância que a estrutura empresarial do Parque Industrial das Carrascas
poderia assumir, se um conjunto variado de condições fossem criadas (inovação, complementaridade,
mercados diversificados, gestão moderna e eficiente, especialização e formação da mão-de-obra, criação
de infraestruturas de apoio eficientes ... ). Feito um estudo com o objectivo de caracteriza~ as unidades
industriais ali implantadas e tendo por base um inquérito que incidia, entre outros, sobre aspectos
relacionados com a estratégia e actividades do estabelecimento, o emprego, a produção e os
fluxos financeiros, a inovação em produtos, materiais, processos e gestão, actividades ligadas
à investigação e ao desenvolvimento tecnológico, circuitos de comercialização e destino da produção,
características da mão-de-obra, fontes de financiamento e infraestruturas de apoio, sobressaíram
alguns aspectos de particular interesse.
O aumento crescente da acessibilidade, proporcionada por um conjunto de iniciativas
do Plano Rodoviário Nacional e da construção do novo troço de caminho-de-ferro Pinhal Novo-Praga!,
conduzirá a vantagens locacionais para o concelho e potenciará uma maior atractividade do mesmo.
Palmela surge-nos então como um concelho em transformação rápida, de essencialmente rural a industrial,
embora mantendo potencialidades agrícolas.
A adequação das potencialidades no domínio da produção material, bem como a criação de
políticas que visem um aproveitamento racional e ordenado dos recursos naturais, devem constituir
prioridades absoluta, sob pena de se perspectivar a delapidação e degradação dos recursos/ambiente.
Pensamos, assim, que o planeamento da ocupação e organização do território terá de ter em conta
553
as actividades económicas, as necessidades básicas e, com maior acuidade, as actividades de tempos livres.
Em face do exposto, convém referir brevemente que as condicionantes externas europeias
do desenvolvimento provável para Palmela também terão de ser tidas em consideração ao esboçar
uma proposta de ordenamento para a área em estudo.
Segundo um estudo elaborado por RPD (1991) esboçam-se dois cenários alternativos
de organização futura do espaço europeu ("especialização/concentração" e "cadeias e zonas"). Pensamos,
no entanto, que a situação particular do desenvolvimento português face à restante Europa dos 12
não nos poderá colocar forçosa e linearmente num ou noutro cenário. No caso específico de Palmela
ocorrerá uma pressão considerável, quer tendo em conta a sua inserção na Área Metropolitana de Lisboa ·'
(onde certamente se verificará um crescimento sob a forma de uma suburbanização polarizada pela capital
e secundariamente por Setúbal e orientada pelos eixos de maior acessibilidade) quer através da localização
da "nova ponte sobre o Tejo", qualquer que seja o seu traçado.
Na sua contribuição para o Ordenamento do Território, o ordenamento do espaço rural
de Palmela tem de se enquadrar nas condições existentes, aproveitando as positivas, ao mesmo tempo que
implicará a necessidade de um investimento multidirigido com efeitos multiplicadores para optimizar o
aproveitamento dos recursos existentes e contrariar os elementos e factores obstantes ao desenvolvimento.
A posição estratégica do concelho, atrás salientada, tem contribuído para uma intensificação
agro-pecuária mais ou menos recente, induzida pela proximidade dos mercados e/ou dos agentes
interactivos com o sistema produtivo a montante e jusante deste.
Assim, as medidas de extensificação inerentes à nova PAC deverão ter um alcance
bastante circunscrito, já que é possível ampliar o potencial produtivo auto-sustentável do sector
agro-pecuário, apesar da fraca qualidade dos solos na maior parte do concelho.
Contudo, os principais obstáculos detectados no sector giram em torno da falta
de infra-estruturas, falta de qualificação dos recursos humanos e das externalidades negativas da produção
agro-pecuária.
No concelho existem, por um lado, as grandes herdades, viabilizadoras de uma utilização
agro-pecuária extensiva em consonância com objectivos de protecção ambiental. Por outro lado,
o minifúndio, em grande parte courelas envolventes como herança de antigos aforamentos, traz maiores e
mais diversificados problemas pois inclui pequenos agricultores e criadores de animais, pluriactivos,
de baixo nível sacio-económico e cultural, sem qualificação para actividades alternativas, com tradição
produtiva de policultura intensiva em espécies sujeitas a profunda crise mais ou menos recente
(vinha, culturas horto-industriais, forragens, porcos).
Um dos problemas é a inviabilidade económica de muitas das explorações, o que alicerça a
permanência de baixas condições de vida.
Outro problema tem a ver com a intensa poluição orgânica causada pelas múltiplas explorações
suinícolas, disseminadas por grande parte do concelho (em particular a oriental), induzidas pela tradição de
fornecimento de animais para a indústria de carne do concelho vizinho do Montijo. Tem havido
simultaneamente contaminação de várias ·linhas de água e desaproveitamento do potencial energético
obtenível com um tratamento apropriado dos efluentes.
Alguns aspectos permitem apontar certas configurações para o concelho de Palmela:
1) O desaparecimento previsível de pequenas empresas em diferentes sectores, sem vantagens
particulares para competir no espaço económico europeu, a par de incentivos à concentração produtiva,
incluirá o caso da agro-pecuária e, em particular, da suinicultura e fará diminuir (tem feito) a dispersão de
pequenos produtores.
554
2) A substituição das gerações, jogando com a expansão em Palmela do tecido suburbano ou
rurbano de dependência de Lisboa e Setúbal, substituirá formas de uso do solo, em associação com a
subida do nível socio-cultural da população crescentemente alógena.
Por estes motivos, por exemplo, o condicionamento ao uso do solo, nomeadamente no âmbito
do PDM, deveria fazer parte de um sistema articulado de intervenções, no intuito de lhe dar coerência e de
dar sentido à tendência atrás esboçada. Essas intervenções supõem uma articulação como aquela que
propomos (figura 2) como estratégia para um ordenamento do território.
De acordo com a figura 2, podemos afirmar que, para o caso de Palmela, os factores motores
ou indutores do desenvolvimento sustentado, pela sua potenciação de atractividade para as diferentes
actividades, são os seguintes:
-Formação de recursos humanos (Formação Profissional e I&D);
- Aposta na obtenção de quantidades apreciáveis de energia solar, eólica, biógena, com
aproveitamento integrado;
-Dotação de infra-estruturas viárias, informáticas e telemáticas;
- Aplicação dos recursos humanos, essencilamente no desenvolvimento e articulação dos
três eixos anteriores, já que a força de atracção de um ambiente favorável como o que se potencia
ultrapassa carências mais particulares das actividades atraídas.
Fig. 2 - Articulação estratégica proposta para o Ordenamento do Território
,----------.---------------~fCo~re;,a:~tn~iz~~a~çf~lo~p~o~l~íti~c~o-~a~d~tn~ii~li.~st~ra~ti~v~al----------------------------------------------
Ensino Formação Sensibilização Consciencialização Co-responsabilização Politização
Equipamentos ,----1 públicos
Serviços
555
BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL E REFERÊNCIAS
C.E.D.R.U. (1987) - Península de Setúbal - Operação Integrada de Desenvolvimento, Estudo Preparatório, Relatórios da primeira e segunda fases, S.E.P.D.R., M.P.A.T.
OA; HP; SISMET ( 1987) - Plano Integrado de Desenvolvimento para o Distrito de Setúbal, Associação de Municípios do Distrito de Setúbal, Vols. I a VI
RPD (1991) - Perspectives européennes. A la recherche d' options pour une politique de I' aménagement du territoire européen, Service Gouvernemental de I' Aménagement du Territoire, La Haye.
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
PROCESSO DE ELABORAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DE PDM'S EM DOIS MUNICÍPIOS DO PAÍS.
INTRODUÇÃO
JOSÉ DA CRUZ LOPES Instituto Politécnico de Viana do Castelo
MARIA DA CONCEIÇÃO VIANA PLURAL Planeamento Urbano, Regional e de Transportes, Lda
O Plano Director Municipal tem como principal filosofia a concepção de um modelo de
ordenamento territorial que enquadre todas as acções de desenvolvimento municipal. Estas acções deverão
ser canalizadas para a melhoria do papel específico do município no quadro do desenvolvimento local
e regional, devendo espelhar uma coerência geográfica, ou seja, serem um produto da geografia humana
do município, ao expressarem e, fundamentalmente, compatibilizarem as especificidades biofísicas face
às pressões e tendências evolutivas das componentes política, económica, social e urbanística de cada
município. É sobre a forma e o conteúdo que apresentam os Planos Directores de dois municípios do país
-Viana do Castelo e Vila Nova da Barquinha-, que consiste a abordagem apresentada neste documento.
O território concelhio de Viana do Castelo localiza-se no litoral do Alto Minho, faz parte da
sub-região Minho-Lima, unidade espacial que se integra na Região Norte de Portugal continental. As
coordenadas geográficas que enquadram este concelho são sensivelmente os paralelos de 41 o 37' e 41 o 48'
Norte e os semi-meridianos de 8° 38'20" e 8° 52'30" Oeste. O território de Vila Nova da Barquinha
encontra-se inserido na sub-região do Médio Tejo, a qual faz parte da Região de Lisboa e Vale do Tejo. A
sua localização absoluta é dada pelos paralelos de 39° 26' e 39° 31' Norte e os semi-meridianos de 8° 20' e
8° 28' Oeste (Fig. l ). A dimensão territorial dos concelhos de Viana do Castelo e Vila Nova da Barquinha
é, respectivamente, de 319,31 Km2 e de 48,94 Km2.
As razões da escolha destes municípios tem a ver com a diferente configuração e expressão dos
seus Planos Directores Municipais (PDM' s). Para o caso de Viana, pelo facto de o seu PDM ter sido
elaborado pela equipa técnica do seu município e já ter sido aprovado, e o PDM de V.N. da Barquinha
se encontrar em fase final de execução e a equipa que o executa ser exterior ao município.
A figura de Plano Director Municipal foi introduzida pela lei no 7917, de 25 de Outubro, mas é
o D.L. no 208/82 e legislação complementar que definem o seu quadro regulamentar. Este Decreto foi
posteri·ormente revogado pelo D.L. n° 69/90, de 2 de Março (que disciplina o regime jurídico
dos Planos Municipais de Ordenamento do Território), o qual estipula uma tipologia de planos municipais
que engloba as actuais figuras de PDM, de Plano de Urbanização e de Plano de Pormenor. Segundo este
diploma "o Plano Director Municipal estabelece uma estrutura espacial para o território do município,
a classificação dos solos e os índices urbanísticos, tendo em conta os objectivos de desenvolvimento,
a distribuição racional das actividades económicas, as carências habitacionais, os equipamentos, a rede
de transportes e comunicações e as infraestruturas" (n° 2 do Art0 9°).
558
Fig. I - Localização dos municípios
Vila Nova da Barquinha
Viana do Castelo
ANÁLISE ESTRUTURAL DOS PLANOS
O 40 Km
Uma primeira questão que se coloca é o contexto temporal de decisão e execução destes Planos.
O PDM-VC teve inicialmente um processo de decisão e de elaboração em 27 de Novembro de 1984,
fundamentado nos termos do D.L n° 208/82. Mas só em Maio de 1988 foi constituída a equipa responsável
pela sua realização, a qual era formada por técnicos da própria câmara. Este compasso de espera motivou
que o seu processo de elaboração ainda decorresse aquando da saída de nova legislação (D.L. no 69/90).
Este facto impôs novas orientações de conteúdo e de propostas, de que resultou o actual instrumento de
planeamento territorial. No caso do Plano Director Municipal de Vila Nova da Barquinha (PDM-VNB) o
seu processo de execução iniciou-se com a adjudicação à PLURAL Planeamento Regional, Urbano e
de Transportes, Lda., em I de Outubro de 1990, estando presentemente em execução a versão final,
dependente da apreciação, por parte das entidades competentes, da REN e da RAN, elementos
fundamentais na definição do "modelo" de ordenamento concelhio.
Reflectindo estes diferentes contextos, as metodologias e estruturas de apresentação
destes Planos traduzem diferentes expressões. Os documentos que constituem o PDM-VC correspondem,
em larga medida, ao estipulado no Art0 11 (constituição do PDM) do D.L no 208/82. A versão final
do PDM- VNB espelhará unicamente a estrutura e o conteúdo requeridos pela actual legislação
(Quadros I, II e III).
559
Quadro I - Elementos integrantes do PDM de Viana do Castelo
I. Carta de Enquadramento* .. indica a área do município e a sua inserção na região
Vol. I 2. Carta de Ordenamento* .. traduz a proposta do Plano
3. Regulamento** .. disposições normativas relativas ao uso, ocupação e
transformação do solo
Vol. II Carta do Existente* .. formada por ortofotomapas à escala I/I O 000 ( 1978/79)
Vol. III Carta de Condicionantes* .. trata dos espaços sujeitos a condicionamento leaal
Vol.IV Carta da RAN* .. enaloba os espaços com crrande aptidão aarícola
Vol. V Carta da REN* .. inventaria os espaços com grande importância ecológica
Vol. VI Carta dos Espaços Naturais* .. indica os espaços bióticos sujeitos a um ordenamento e
gestão específicos
Vol. VII Carta Geológica* .. inventaria os recursos minerais
Vol. VIII Carta do Património Cultural .. inventaria os sítios, conjuntos e estruturas edificadas com
e Arqueológico e Construído* valor cultural
Vol.IX Carta de Equipamentos* .. inventaria os equipamentos sociais existentes e propostos
Vol. X Carta de infraestruturas e .. traduz as redes de abastecimento de água, esgotos e de
saneamento básico resíduos sólidos
Vol.XI Carta do Cadastro das Áreas .. inventaria as áreas ardidas e sujeitas a incêndios
Percorridas por Incêndios*
Vol. XII Estudos Complementares*':' .. trata dos estudos referentes à caracterização física, demográfica
e sacio-económica
':' Peças desenhadas * * Peças escritas
Quadro II -Elementos integrantes do PDM de Vila Nova da Barquinha
PEÇAS ESCRITAS PEÇAS DESENHADAS
A - ELEMENTOS Regulamento Planta de Ordenamento
FUNDAMENTAIS Planta Actualizada de Condicionantes
B - ELEMENTOS Relatório Planta de Enquadramento
COMPLEMENTARES
I -Introdução e
Enquadramento
ESTUDOS II - População e
Economia
DE III - Caracterização
C - ELEMENTOS Biofísica Planta da Situação Existente
ANEXOS CARACTERIZAÇÃO IV - Rede Urbana
V - Habitação e
Equipamentos
Colectivos
VI - Rede Viária e
Transportes
VII - Infraestruturas
560
Quadro III - Equipas dos Planos e Comissões Técnicas de Acompanhamento
EQUIPAS DOS PLANOS POR ÁREAS DE FORMAÇÃO (no de técnicos)
VIANA DO CASTELO VILA NOVA DA BARQUINHA
.. Engenharia (2) .. EnKenharia (2)
.. Engenharia do Ambiente (1) .. Arquitectura (3)
.. Arquitectura (6) .. Arquitectura Paisaaista (l)
.. Planeamento (l) .. Economia (l)
.. Economia (l) .. Geoarafia (3)
.. Arqueoloaia (l)
.. Geologia, em acessoria (l)
COMISSÃO TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO
VIANA DO CASTELO VILA NOVA DA BARQUINHA
Comissão de Coordenação da Região Comissão de Coordenação de Lisboa e Vale do
Norte (CCRN); Direcção Geral de Tejo (CCRLVT); DGOT; JAE; Estado Maior da
Ordenamento do Te1Titório (DGOT); Força Aérea (EMFA); Estado Maior do Exército
Junta Autónoma das Estradas (JAE); (EME); Direcção Regional de Agricultura de Ribatejo
Direcção Regional de Agricultura de e Oeste (DRARO); Direcção Geral dos Recursos
Entre-Douro-e-Minho (DRAEDM) Naturais (DGRN); Direcção Geral de Florestas (DGF)
Uma análise sobre os temas e conteúdos do PDM de Viana do Castelo diz-nos que as
componentes biofísicas são as que motivaram maior ênfase e atenção (Fig. 2, 3, 4), sendo de notar que,
para além da RAN e da REN, estruturas essenciais e obrigatórias do Plano, ele inclui outras como a
dos Espaços Naturais (indo de encontro a preocupações de maior significado em termos de aptidões
e vocações da área concelhia) e, por isso, de caracterização e avaliação do solo, de acordo com
o estipulado no Art0 28° (uso dominante do solo) do DL n° 69/90, bem como a das
áreas Percorridas por Incêndios, a denotar um comportamento de actualização e ajustamento com a
mais recente legislação produzida sobre este assunto (Fig. 4 e 5). Estas decisões têm de ser vistas à luz de
uma actuação mais correcta, porque consentânia com a realidade, e inovadora em termos de expressão
no PDM e no quadro do ordenamento territorial do país. Relativamente às estruturas e componentes
humanas, isto está fundamentalmente privilegiado nos volumes I, VIII, IX e X, transparecendo dar
cabal cumprimento ao que é indicado no Art0 9° do DL n° 69/90.
Ainda na continuidade desta análise se deve fazer menção à relação entre o suporte cartográfico
adoptado e a escala de análise. Sobre esta questão o PDM-VC foi produzido com base na mais recente
cartografia existente à escala 111 O 000, o que possibilitou que, com estas cartas, se descesse a um certo
grau de pormenor das variáveis tratadas, e evidentes na definição dos zonamentos e na delimitação
de classes de usos e espaços. De facto a consistência destes planos está no seu grau de aproximação
à realidade existente. Por outro lado, há que referir que o facto de os intervenientes na sua elaboração
serem os técnicos da autarquia, possibilitou "jogar" com as experiências adquiridas e com o
próprio conhecimento de algumas variáveis tratadas ao nível do PDM.
o
Concelho de Viana do Castelo Fig. 2 - Superfícies altimétricas
5 Km
Fig. 4 - Coberto vegetal
11 Coberto arbóreo
S/ coberto florestal
9±±J>400m ~<400m
N
o ~
Fig. 3 - Rede Hidrográfica
N
4
Fig. 5- Reserva Agrícola Nacional
-RAN o 5Km
N
~·
J. .!. l
561
5Km
562
Fig. 6 - Áreas de "transformação" do solo
.. ..li:·~
:: ·.
Urbano- residencial
Industrial ou p/Comércio
de Expansão
;;. ,\ . . ·: •: ...
o
N
~ 5 Km
Esta tradução formal da realidade concreta do município de Viana do Castelo contou ainda com
uma actuação vantajosa, que foi a incorporação de uma metodologia que privilegiou visitas de campo,
mormente quando havia áreas-problema e áreas com uma deficiente informação. Assim, e de acordo com
a instrução do Plano, ele não é só função das aptidões/vocações do solo mas também prevê a definição
de áreas de "transformação" do solo para servir o processo estruturante de desenvolvimento social e
económico do município (Fig. 6). O primeiro diploma é claro nesta intenção, na medida em que
considerava ser um dos objectivos do PDM "o fomento das actividades, das infraestruturas e
dos equipamentos". Mas essa transformação do solo, ao nível do PDM-VC, indicia os interesses
e "pressões das componentes socio-política, económica e urbanística, como tentativa de "compatibilizar as
diversas intervenções sectoriais". Daí que o processo de elaboração do Plano necessitasse, na la fase, da
definição desta integração, não prevista no D.L. n° 208/82, mas em diplomas específicos posteriores, pelo
que se constituiu uma Comissão de Acompanhamento, ao abrigo do D.Reg. n°91/82 (que define o processo
de elaboração dos PDM' s), e posteriormente designada por Comissão Técnica de Acompanhamento.
Tornando presente que a estrutura temática do PDM de Vila Nova da Barquinha ainda não está
completamente definida, dependente ainda da apreciação de algumas entidades intervenientes neste
processo, apresentam-se sumariamente os conteúdos das plantas (preliminares) de Condicionantes e
de Ordenamento. Assim, um concelho de reduzidas dimensões vê contemplado no seu território um
certo número de condicionantes (Fig. 7): biofísicos, infraestruturas, património e instalações militares e
aeroporto (Polígono Militar de Tancos). Os condicionantes biofísicos decorrem basicamente da Reserva
Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e do Domínio Público Hídrico. As infraestruturas
563
englobam as zonas "non aedificandi" e outras protecções (caminho de ferro, todo o tipo de estradas,
condutas adutoras, emissários de esgotos, linhas eléctricas de alta tensão e aterro intermunicipal). No
património são contemplados dois monumentos nacionais e um imóvel de interesse público. As instalações
militares e aeroporto impõem um importante conjunto de servidões decorrentes da Base Aérea no 3 e outras
instalações (Escola Prática de Engenharia, Base-Escola de Tropas Páraquedistas e outras instalações).
Tendo como suporte estruturante estes condicionalismos e partindo dos objectivos de
desenvolvimento, elaborou-se uma proposta de ordenamento municipal, tendo sido delimitadas
"as classes de espaços em função do uso dominante e estabelecidas unidades operativas de planeamento
e gestão" (segundo o no 3 do Art0 10). O "modelo de ordenamento preconizado para Vila Nova
da Barquinha, é assim definido, com o zonamento do espaço e determinado pela existência e distribuição
dos espaços-canais (infraestruturas: rede viária e saneamento básico). No seu conjunto, definem-se os
espaços agrícolas, florestais e naturais, as áreas urbanizadas e urbanizáveis, as áreas afectas a instalações
militares, o aeroporto e o aterro sanitário intermunicipal. Espacialmente, a estrutura do território proposta
apresenta a configuração representada na Figura 8, não estando ainda contemplada a
futura "área industrial", que se espera vir a implantar-se a poente do concelho.
Fig. 7 - Planta Actualizada de Condicionantes ( Preliminar)
Condicionantes Biofísicos
~ Reserva Agrícola Nacional
rnm Reserva Ecológica Nacional
Domínio Público Hídrico
Zonas "non aedificandi" e outras Protecções a Infraestruturas
-- Caminho de Ferro
= Estradas- IP's e IC's
-- Estradas Municipais
~Aterro Sanitário lntermunicipal
Património
O Monumento Nacional
Instalações Militares e Aeroportos
tf::~:.".] Polígono de Tancos
C=:J Zona la Servidão
f:-:-:-:-:1 Zona 2a Servidão
(/') Fábricas de Explosivos-Pirotecnias
564
Fig. 8- Planta de Ordenamento (preliminar)
Limite do concelho
Zonas
[[[[[J] Agrícolas
D Florestais
IIIIIIm Naturais
D Urbanizadas
D Urbanizáveis
Afectas a instalações militares
-Aeroporto
- Aterro sanitário intermunicipal
Infraestruturas ( Espaços~Canais )
Rede Vitiria
Saneamento
Estradas nacionais (IP's c IC's)
Estradas municipais
Caminho de ferro
- - -. Condutas adutoras
................ Emissários de esgotos
Energia eléctrica
- - - Linhas de alta tensão
Esta definição territorial dos usos do solo teve, como base, cartografia à escala 1125 000.
No entanto, em alguns casos, nas análises e definições em fases anteriores, desceu-se ao nível de
pormenor necessário, nomeadamente, às escalas 115 000 e 1/10 000 na delimitação das áreas urbanizadas
e urbanizáveis.
Em termos globais e estruturantes, pretende-se que o ordenamento do território proposto,
estabelecendo a correcta localização das várias actividades que exigem suporte territorial, crie e mantenha
a paisagem biologicamente equilibrada, ao mesmo tempo que concorra para a promoção do
desenvolvimento económico e social integrado. Para tal, deverá retirar-se o máximo proveito
da proximidade e facilidade de acesso a Lisboa, promovendo-se a criação de condições necessárias
à fixação e atracção de população, tendo o turismo, como um dos principais vectores potenciadores
de desenvolvimento.
O PDM-VNB será concluído logo que sejam emitidos os pareceres finais relativos à REN e
à RAN, vindo a cumprir o limite temporal definido pela Administração Central (Dezembro de 1992),
a partir do qual serão penalizados todos os concelhos que não o concluírem (PDM), incidindo as sanções,
nomeadamente, ao nível das expropriações, da celebração de contratos programa e do auxílio financeiro
do Estado.
CONCLUSÃO
Esta abordagem não pretendeu ser exaustiva nem demasiadamente aprofundada, mas antes
globalizante e selectiva. Muitos outros aspectos poderiam ter sido afectados à nossa análise, facto que
não cabe no âmbito deste tipo de acção. Foi nossa intenção registar que a realidade dos PDM' s
565
em Portugal pode ser variada, função do contexto temporal em que decorreu o seu processo, mas também
do seu contexto geográfico e das metodologias que enformam estes planos.
No que diz respeito a este último aspec(o, a versão final do PDM-VC formaliza de certa forma
a participação dos munícipes, através dos seus orgãos próprios. Neste sentido, este Plano contou desde
o início com algumas respostas e, na fase terminal extensiva ao inquérito público, com muitos contributos
correspondentes a aspirações veiculadas por orgãos autárquicos, o que motivou pequenas reformulações
e algumas correcções, em geral, de pormenor.
Por sua vez, o PDM- VNB, elaborado num cenário temporal/legislativo, geográfico
e metodológico distinto, com uma equipa técnica do exterior, mostrou como pode ser possível e
enriquecedor um trabalho deste tipo e onde o diálogo Equipa Técnica/Câmara Municipal se pode
estabelecer da melhor forma, no qual a participação das Juntas de Freguesia foi muito importante.
Oportunamente se realizará, também, o inquérito público e esperkmos que venha reforçar o que
foi afirmado e valorizar o trabalho realizado.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
LA ORGANIZACIÓN TERRITORIAL POLÍTICO-ADMINISTRATIVA EN EL INTERIOR DE LAS COMUNIDADES AUTÓNOMAS, EN ESPANA: 1980-92.
EMILIO ARROYO LOPEZ Universidad de Granada
La Constitución Espafíola de 1978 disefía un modelo autonomista plural, abierto, pero
no una obligatoriedad de establecimiento de Comunidades Autónomas en todos los territorios dei Estado:
" ... reconoce y garantiza el derecho a la autonomía ... " (Art. 2); "El Estado se organiza
territorialmente en municípios, en províncias y en las Comunidades Autónomas que se constituyan"
(Art. 137); " ... podrán constituirse en Comunidades Autónomas ... " (Art. 143).
Son, por lo tanto, entidades territoriales de carácter obligatorio los municípios y las províncias.
No así las Comunidades Autónomas conforme ai texto constitucional. Tampoco lo son las agrupaciones
de municípios inferiores a la província, o las islas, pero se reconocen como posibles, junto con entidades
aún inferiores ai município. Se llevaron a la Constitución "los entes que se consideraron más importantes,
pero sin cerrar con ello el paso a la creación de otros cuando lo aconsejasen las circunstancias históricas
o las exigencias organizativas" (LOPEZ TRIGAL, 1981, pág. 55).
La Constitución Espanola de 1978, los Estatutos de las CCAA y las demarcaciones autonómicas y provinciales
Dos previsiones territoriales, pues, alternativas o complementarias, emanan de la Constitución:
a) El mantenimiento de la estructura territorial heredada, con posibilidad de agrupaciones
microrregionales infraprovinciales (comarcas, áreas metropolitanas, mancomunidades, etc.)
b) La creación de entes territoriales autónomos supraprovinciales o uniprovinciales
(Comunidades Autónomas).
Pero se dificulta la desarticulación dei mapa territorial provincial. Porque los términos
municipales son alterables por la legislación de las propias Comunidades Autónomas que se constituyan,
pero los limites provinciales só lo podrán ser alterados por ·las Cortes Generales, y además mediante Ley
Orgánica (con el quorum que ello implica); es decir, que una entidad territorial inferior a la Comunidad
Autónoma, como es la província, no puede .ser alterada en el desarrollo legislativo autonómico,
sino solamamente por la propias Cortes dei Estado directamente, o a través del Estatuto de Autonomía
(Ley Orgánica delllamado "paquete constitucional" dei Estado).
Consecuencia directa de todo lo dicho es que, pese a las desarticu1aciones territoria1es heredadas
del sistema provincial, los Estatutos de Autonomía se hubieron de elaborar sobre la base dei respeto a
los límites provinciales; es decir, mediante el agrupamiento de províncias. Ello ocurrió igualmente para
las Comunidades constituídas directamente por la vía "especial" de las Disposiciones Transitarias Primera
y Segunda (Catalufía, País Vasco y Galicia), conforme al procedimiento del Art. 151, o directamente
por este último (Andalucía), como para las Comunidades constituídas por las vías "ordinaria" (Art. 143)
o "excepcional" (Art. 144), prevista ésta para casos como Ceuta y Melilla, ampliada luego a Madrid y
a otras províncias.
568
Por eso las províncias están siempre comprendidas en la definición que cada uno de los Estatutos
hacen de los límites territoriales de las Comunidades Autónomas; en unos casos directamente, en otros
denominándolas "territorios históricos", en otros hablando de los "municípios (o "las comarcas")
integrados (as) en las províncias", en Navarra (uniprovincial) "merindades históricas" o incluso,
en Baleares y Canarias, "islas", que al fin y al cabo se integran en una o en dos províncias.
Pero la herencia de desajustes provocó la inclusión, en varios casos, de alusiones a la ampliación
hipotética de sus propios territorios. (Vid. LOPEZ TRIGAL, 1984):
a) En unos casos alusiones relativas a províncias enteras: La propia Constitución (Transitaria
Cuarta) hace previsiones de la integración de Navarra en la Comunidad Vasca, lo que tuvo su reflejo
hasta ahora no desarrollado en los Estatutos de las dos Comunidades.
El Estatuto de Castilla y León hace previsiones similares sobre La Rioja y Cantabria, en cuyos
estatutos hay también (como en e! de Asturias) alusiones a relaciones especiales de vecindad; o
sobre Segovia (sin nombrarla), que acabaría iritegrándose a posteriori en la Comunidad Autónoma
Castellano-Leonesa por una Ley Orgánica, acogiéndose a la vía excepcional dei Art. 144 y mediante
una reforma del propio Estatuto.
b) En otros casos, la alusión se hace sobre territorios enclavados, como ocurrió con
e! Estatuto Vasco, con alusiones no explícitas a Trucios y Trevifío, municípios burgaleses enclavados en
la província de Alava; o como sucede en e! Estatuto de La Rioja respecto de enclaves pertenecientes
a! município burgalés de Miranda de Ebro; o en e! de Aragón respecto de un município perteneciente
a Navarra y otros municípios limítrofes no citados, incluídos en la província de Valencia. Caso especial
sería el de Ceuta y Melilla, aludidos en e! Estatuto de Andalucía, así como Gibraltar, previsión implícita
mediante los términos "territorios históricos no integrados en otra Comunidad ... una vez que
dichos territorios hayan vuelto a la soberanía espafíola" ·,
Otros territorios enclavados no se mencionan en los Estatutos, pero existen y continúan en
igual situación (BARRENECHEA, E., 1983; cit. LOPEZ TRIGAL, L., 1984) como enquistamientos
territoriales pendientes de resolver. Pasados nueve afíos desde que finalizó el proceso estatutario (a falta
sólo de cerrar los casos de Ceuta y Melilla), va siendo ya tiempo de revisar los Estatutos, tanto a efectos
de la ampliación de competencias previstas en la norma constitucional, como para adecuar lo mejor posible
la Ley a la realidad territorial.
En este aspecto, la reforma dei Sen·ado debería de hacer de esa alta institución dei Estado uno
de los instrumentos claves para el diálogo institucional entre las Comunidades Autónomas (hoy no lo es en
absoluto), tal y como, de una forma exclusivamente epigramática, figura en la Constitución.
Las formas de agrupamiento supramunicipal en los Estatutos de las CCAA
Abierta por la Constitución la posibilidad de una ordenación ·regional interior de las
Comunidades Autónomas, los diferentes Estatutos han contemplado distintas formas de agrupamiento
supramunicipal institucionalizado, aparte de las propias Províncias.
Algunos juristas, aún en 1985, opinaban que las comarcas han sido el gran descubrimiento
(o "redescubrimiento") de! nuevo régimen local espano!: " ... existe en todos los Estatutos una nota común
que confirma el difícil encaje de la província en el Estado de las Autonomías: los Estatutos otorgan a
la província una posición secundaria en e! marco de su organización local .... E !lo se manifiesta en el
énfasis dado al município y en la previsión de la existencia de cormarcas y otras entidades
supramunicipales e inffaprovinciales". (GARCIA ESCUDERO MARQUEZ, P. y PENDES GARCIA, B.,
1985, pp. 138-141).
569
En realidad, dos planteamientos políticos opuestos, adoptados más o menos explícitamente por
unas u otras formaciones políticas espafiolas durante el proceso estatutario según sus propias
circunstancias políticas en cada momento, se han venido presentando ante esta cuestión:
a) Por una parte, la de quienes abundan en el criterio racionalizador, considerando las formas
supramunicipales de organización territorial como un buen método para la superación de la dificultad
de muchos de los municípios actuales para una prestación eficaz de los servicios. Para algunos de los
defensores de la esta posición, a la división provincial de 1833 " ... se achaca ... el hecho de haber roto las
comarcas y el propio sentimiento regional dei pueblo, y si ahora se quiere sacar adelante ese sentimiento
regional habrá que potenciar la estructura comarca! o similar" (LOPEZ TRIGAL, L., 1984, pág. 10).
b) Por otra parte, la de quienes relacionan los planteamientos dei principio federalista a niveles
comarcales con el simple contentamiento de las apetencias de poder de los políticos locales en el seno
de las formaciones políticas.
La primera posición fué, al parecer, la predominante en la elaboración de los Estatutos
de Autonomía a este respecto. No obstante, ya en la elaboración de los Estatutos se produjeron tensiones y
reajustes a la hora de la aprobación de este aspecto por las Cortes Generales, en relación con el tratamiento
dado a las Províncias. La Ley Orgánica de Armonización dei Proceso Autonómico (L.O.A.P.A.) y
su espíritu incidieron notablemente en ese momento dei proceso en el sentido indicado.
La segunda posición, al parecer, ha pesado en algunos casos a la hora dei desarrollo estatutario
de la norma inicial, produciéndose en algunas Comunidades Autónomas un fenómeno de paralización
o relentización dei proceso, a lo que puede haber contribuído el planteamiento dei Gobierno Central y
su mayoría parlamentaria ante los intentos de otras Comunidades Autónomas para desmantelar
la estructura provincial sustituyéndola por la comarca!.
Por todo ello, desde un punto de vista geográfico, cuando se habla de tipologías de modelos
autonómicos en la Espana de la Constitución de 1978, se puede hacer una clasificación que no es aquélla
de las "autonomías dei 151" y "las dei 143 ó 144"; una clasificación que nisiquiera es aquélla con visos
geopolíticos establecida por muchos juristas, la de las "autonomías pluriprovincia1es" y "uniprovinciales".
Hay un punto de vista geopolítico, aquél punto de vista en que el elemento diferenciador
considerado es el grado de nueva articulación territorial dei mapa político-administrativo nacional
desarrollado por las Comunidades Autónomas, el grado de desarrollo alcanzado por las distintas C.C.A.A.
en el cumplimiento de la posibilidad abierta por la Constituciôn en cuanto a la ordenación regional
interior, el grado de implantación efectiva de una nueva entidad local supramunicipal estable y
con autonÓmía y personalidad jurídica propia, como es. "la comarca".
Podemos disefiar, según este criterio, tres tipos de modelos estatutarios:
I) Estatutos donde la ordenación territorial comarca! se define como obligatoria:
" ... la Comunidad Autónoma ... se organiza territorialmente en municípios y comarcas", o " ... por Ley de
su Parlamento la C.A., estructurará su organización territorial en municípios y comarcas". Así ocurre
en los Estatutos de Catalufia, Galicia, Valencia, Asturias, La Rioja y Murcia; es decir, en CC.AA.
"dei 151" y "dei 143", en CC.AA. "pluriprovinciales y uniprovinciales".
II) Estatutos donde la ordenación territorial comarca! se hace potestativa: " por Ley de
la C.A., ... (ésta) podrá organizarse territorialmente en comarcas". Así aparece el tema en los Estatutos
de Andalucía, Aragón, País Vasco: en ellos se precisa siempre " ... dentro de la misma província", pero
aparece como una previsión general para todo el territorio. Aparece también así en los Estatutos
de Castilla-La Mancha, Cantabria, Castilla-León y Extremadura: en ellos la previsión no se hace general
para todo el territorio, sino más bien como algo que podrán hacer aisladamente y por iniciativa propia los
570
municípios que así lo deseen, si bien dentro de una previsión legislativa procedimental que se establecerá
legislativamente por la C.A. En el Estatuto de la C.A. de Madrid, el tema figura igual que en los últimos
anteriores, pero no se menciona el término "comarca", sino "mancomunidades" voluntarias
de municípios", para la prestación de servicios puntuales.
Es obvio que aparcen en el grupo Autonomías "del 151", "del 143" y "del 144", además de
pluriprovinciales y uniprovinciales.
III) Estatutos donde no se hace mención de "las comarcas", pero donde, en
aparente contradicción, se da por sentada una división supramunicipal e infraprovincial de hecho:
Navarra, C.A. que formalmente no tiene "Estatuto", sino una Ley Orgánica "de Reintegración y
Amejoramiento del Régimen Foral", se organiza en los municípios de "sus cinco Merindades históricas"
(no se di c e qué figura políticoterritorial y/o administrativa sea la "merindad", ni se le atribuyen órganos
ni competencias).
Canarias, donde se fortalece la institución de los siete "Cabildos Insulares" concretos, dejando a
las dos províncias solamente como órganos de la administración periférica dei Estado (y finalmente
como entidades "representativas de los intereses gene;ales de su circunscripción").
Baleares, donde a semejanza de Canarias, se crean tres "Consejos Insulares" concretos y
ocurre igual con la província única preexistente.
En este último grupo hay dos CC.AA. uniprovinciales y una pluriprovincial y no hay ninguna
"del151", pero paradógicamente se da en dos de ellas (de dos y una províncias) un avance en el desarrollo
de la nueva organización territorial mucho mayor que en ninguna otra C.A. en sus Estatutos.
Una sola diferenciación en cuanto a organización territorial se produce entre las CC.AA.
"dei 151" y las restantes, pero no en función de las capacidades competenciales conferidas por
el pertinente artículo de la Constitución, sino simplemente en furÍción de un giro político registrado en los
partidos políticos mayoritarios de ámbito nacional entre 1980 y 1981: el proyecto de Ley de Armonización
dei Proceso Autonómico (L.O.A.P.A.), luego declarado inconstitucional en su mayor parte (sentencia
dei T.C. en Agosto de 1983), está en el origen de una diferenciación entre los Estatutos "dei 151"
(aprobados antes de la LOAPA), excepto Andalucía (aprobado después de la LOAPA), y los demás.
Una sola diferenciación genérica en cuanto a organización territorial e intraprovincial
se produce, también, entre las CC.AA. "uniprovinciales~' y "pluriprovinciales", y ello por razones obvias:
se trata de la sí o no alusión estatutaria a la obligatoriedad de que las comarcas u otras agrupaciones de
municípios se formen "dentro de la misma província" y, caso contrario, lo hayan de hacer "oidas"
o "con el consentimiento de" las respectivas Diputaciones Provinciales.
La comarca, en distintos grados de previsión, como hemos constatado, sigue siendo un proyecto
casi unánime en los Estatutos de cualquier tipo. Pero la província, nuevamente (yo diría que
casi definitivamente a partir de la LOAP A), impone su realidad política frente a los proyectos iniciales
estatutarios de nuevas articulaciones supramunicipales, ya desde los propios Estatutos aprobados
con posterioridad al verano de 1981.
A partir de ese momento, los Estatutos de las Comunidades Autónomas uniprovinciales
de Asturias, La Rioja y Madrid, así como la Ley Orgánica de Navarra, adjudican las competencias de
las Diputaciones Provinciales a sus respectivas CC.AA. Por la Ley dei Proceso Autonómica (LPA),
sustitutoria de la LOAPA y aprobada en Octubre de 1983, ocurre igual con las CC.AA. de Cantabria,
Murcia y Baleares; todo ello fué ratificado por la Ley de Bases de Régimen Local (LBRL) aprobada
en Abril de 1985.
571
Esta generalizada pecualiaridad de las Comun.idades Autónomas uniprovinciales a partir
de 1983, denunciada por algún jurista como verdadera desaparición de la província como "agrupación de
municípios", contrasta vivamente con el estado de la cuestión en el caso de las CC.AA. pluriprovinciales.
El espíritu de la LOAPA es, entre otras cosas, consecuencia de la reacción de los partidos
políticos de ámbito nacional UCD y PSOE en 1981, a partir de la aprobación por el Parlament
de Catalunya de la Ley 6/1980 de 17 de Diciembre, que pretendió transferir las Diputaciones Provinciales
a la Generalitat. La sentencia dei T.C. que desautorizó esa ley catalana (Julio de 1981), denominada por
algunos juristas "sentencia de las Diputaciones", es la base dei tratamiento dado a esa cuestión en
los Estatutos de las CC.AA. pluriprovinciales a partir dei propio Estatuto de An~alucía (Diciembre 1981),
de modo que permanentemente se salvaguarda la existencia de las Diputaciones Provinciales y
sus competencias, si bien se arbitran procedimnientos de "cooperación" y "coordinación".
La Ley de 4 de Octubre de 1983 de la C.A. de Valencia, que atribuye competencias de
las Diputaciones Provinciales al Gobierno autónomo fué también recurrida ante el Tribunal Constitucional,
y su sentencia no se produjo hasta el 27 de Febrero de 1987, en el sentido que ya entonces había sido
ratificado por la Ley dei Proceso Autonómico (LPA. Octubre 1983) y por la L.B.R.L. (Abril 1985), que
tiene como consecuencia fundamental en el aspecto territorial la permanencia de la província como ámbito
político-territorial infraautonómico y supra-municipal con personalidad política y autonomía, además de
como agrupación de municípios, en el ámbito de las CC.AA. pluriprovinciales.
Ello, además, supone de hecho en las CC.AA. pluriprovinciales un freno para la articulación
infraprovincial y supramunicipal en comarcas, puesto que supondría una multiplicación quizás excesiva de
las Administraciones Públicas sobre un mismo territorio. Paradógicamente, el mismo espiritu ha calado
también en las CC.AA. "uniprovinciales".
Las formas de agrupamiento supramunicipal en el desarrollo legislativo de los Estatutos de Ias CCAA
EI desarrollo legislativo estatutario en el aspecto de la organización territorial interna, dentro dei
ámbito de cada C.A., ha resultado, después de la aprobación de la L.P.A. (14 Octubre 1983)
considerablemente homogéneo, pero ahora en el sentido inverso ai registrado en el proceso estatutario:
lo general (c a si unànime) es el abandono de los proyectos comarcalizadores generalizados para todo
el territorio de cada Comunidad Autónoma.
Varios acontecimientos políticos hacen de 1983 un afio clave en la orientación (o reorientación)
de la política autonómica espafíola: a) La estabilidad política alcanzada mediante la mayoría absoluta
parlamentaria dei PSOE en Octubre de 1982; b) el logro dei c i erre definitivo dei "mapa autonómico"
(excepto Ceuta y Melilla) a finales de Febrero de 1983, con los estatutos de Madrid, Exremadura
y Castilla León (no ajeno a esa nueva mayoría); c) la sentencia sobre la LOAPA (Agosto de 1983);
y d) la consiguiente L.P.A. (14 Octubre 1983).
El resultado final observable es:
I) De las seis CC.AA. que incluían la previsión comarca! en sus Estatutos como imperativa,
solamente Catalufía ha realizado un mapa comarca! y lo está desarrollando. Asturias ha aprobado una Ley
de comarcalización que convierte el precepto en optativo y sin definición de mapa comarca!. Murcia ha
hecho igual, pero no en una Ley sobre comarcalización, sino en la Ley autonómica sobre
el Régimen Local. La Rioja hace potestativas, no ya las comarcas, sino simplemente las Mancomunidades
Municipales. El resto tienen el tema pendiente nueve o más afíos después de la aprobación de
los respectivos Estatutos.
572
II) De las siete CC.AA. que preveían las comarcas en su organización territorial según
sus Estatutos, si bien como algo optativo para la propia Comunidad Autónoma, solamente Andalucía
ha aprobado una Ley sobre la comarcalización, elaborando un documento interno denominado
"Andalucía. Sistema de Ciudades", pero no lo ha intentado aplicar como "mapa comarca!' que implique
la constitución de "Entes Locales". Castilla-León hizo un estudio de comarcalización, pero sin desarrollo
legislativo. El resto, incluidas las dos mencionadas, ha desarrollado normas sobre las Mancomunidades
Municipales y las ha potenciado mediante política de subvenciones, o no ha desarrollado
absolutamente nada.
III) De las cuatro CC.AA. que no preveían organización territorial comarca! (Madrid preveía
Mancomunidades, Navarra Merindades), son solamente las comunidades insulares las que, ya desde
sus propios Estatutos, nacen con una vertebración territorial infraprovincial y supramunicipal:
los 7 Cabildos de Canarias y los 3 Consejos Insulares de Baleares, que sustituyen a las respectivas
Diputaciones Provinciales, con lo que en ellas la nueva estructuración territorial es tan consistente
(o incluso más en cuanto a uninimidad política y jurídica en su asimilación) que la de la única Comunidad
Autónoma con nueva vertebración territorial, Catalufía.
Bibliografía citada:
GARCIA ESCUDERO MARQUEZ, P. y PENDES GARCIA, B., (1985): El nuevo Régimen Local Espano!; Praxis, Barcelona.
LOPEZ TRIGAL, L. (1981): "La formación dei Mapa Autonómico de Espana" XXI Congreso Europeo de Ciencia Regional, Barcelona, R.S.A.-A.E.C.R., C.E.C.A., Madrid (pp. 53-62).
LOPEZ TRIGAL, L. ( 1984 ): "Límites, sedes y entidades territoriales en los Estatutos de Autonomía"; X Reunión de Estudios Regionales, A.E.C.R., León (14 p).
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
AS RELAÇÕES ENTRE O PODER LOCAL E A ADMINISTRAÇÃO CENTRAL NUM PERÍODO DE MAIORIA ABSOLUTA DE UM SÓ PARTIDO:
O CASO DO XI GOVERNO CONSTITUCIONAL (1987-1991)
CARLOS NUNES SILVA Centro pe Estudos Geográficos-Faculdade de Letras de Lisboa. Bolseiro do I.N.I.C.
1. O propósito da pesquisa cujos resultados apresentamos neste texto foi o de verificar se existe
uma prática mais centralizadora por parte da administração central nas suas relações com o poder local,
quando o Governo dispõe do apoio de um só partido com maioria absoluta na Assembleia da República.
Tomamos como hipótese de trabalho que a correlação de forças nos órgãos de soberania e a sua orientação
ideológica condicionam, pela sua produção legislativa e política financeira, a capacidade de intervenção
do poder local na organização do território. Utilizamos como quadro teórico de referência o
"modelo de Rhodes" desenvolvido para o estudo das relações entre diferentes níveis políticos
e administrativos (RHODES, 1981 ), perspectivando-as como relações de interdependência nas quais
se jogam recursos (constitucionais, legais, políticos e financeiros, entre outros) e em que os agentes
utilizam diferentes estratégias (colaboração, pressão, confronto, ruptura). Para compararmos
períodos diferentes nas relações entre o poder local e a administração central procuramos medir ou
pelo menos estimar o peso relativo do poder local no conjunto do sistema político e administrativo do País.
SHARPE (1988), entre outros, defende que a importância do poder local deve ser medida em termos de
competências, pessoal ao serviço, despesas e resultados materiais das suas acções. Alguns destes
indicadores são de difícil operacionalização e daí que a medida mais utilizada seja a percentagem da
despesa pública efectuada pelo poder local. Mas mesmo este índice não é consensual porque, por exemplo,
o aumento da despesa pode ser devido apenas a um aumento da ineficiência do poder local ou, o inverso,
um município eficiente pode aumentar a prestação de serviços diminuindo a despesa. Apesar destas e de
outras reservas que se podem colocar a este critério, ele serve como indicador numa primeira aproximação.
Mas por todas estas razões é também necessário considerar a repartição de poderes entre a administração
central e o poder local porque níveis idênticos de despesa podem resultar de graus de autonomia distintos.
2. Um primeiro indicador da importância relativa do poder local no sistema político e
administrativo e da sua capacidade de intervenção no território são as atribuições das autarquias locais.
Como estão definidas pelo princípio da generalidade não sofreram modificações neste período. Mas
o Governo introduziu alterações no decreto-lei 100/84, no âmbito da "reforma de fundo" do poder local
prometida pelo primeiro-ministro no Verão de 1990, a mais importante das quais era criar executivos
municipais maioritários, desiderato que parcialmente conseguiu dando mais poderes ao presidente
da câmara, facto que o PSD assumiu no debate parlamentar, ao referir que se viu obrigado a, dentro do
quadro constitucional, ir de encontro aos princípios subjacentes àquela proposta; a segunda alteração foi
a fixação de novos limites ao número de vereadores em regime de permanência. Em termos de
responsabilidades efectivas a questão principal foi a transferência de novas competências sem os meios
financeiros adequados pois na prática não houve redução de poderes do município se se exceptuar o caso
574
dos hipermercados e da plantação de eucaliptos, com a sujeição do licenciamento a uma autorização prévia
do Governo. Este propôs a transferênci& de novas responsabilidades na instalação de tribunais, em relação
às estradas nacionais a desclassificar, no domínio da habitação social, no sector da educação (pagamento
ao pessoal não docente dos estabelecimentos de educação pré-escolar, do ensino primário e do
ciclo preparatório tv, bem como a respectiva gestão; construção, apetrechamento, manutenção e gestão
de estabelecimentos do 2° e 3° ciclos do ensino básico e secundário, escolas profissionais e residências de
estudantes) e procurou responsabilizar ainda mais as autarquias locais pelo combate ao insucesso escolar
levando-as a aumentar os apoios materiais aos alunos sem que para tal tivesse providenciado os meios
financeiros adicionais. Para além das propostas explícitas de transferência de novas competências que
referimos, o Governo teve uma prática lesiva em certos sectores. Na habitação, através da reformulação
dos institutos centrais ligados ao sector, deixou ao município o encargo de resolver uma parte substancial
do problema de habitação dos insolventes e da recuperação dos imóveis degradados, sem providenciar os
meios suficientes. Estreitamente associado à questão do exercício das competências autárquicas está
o regime da tutela. As propostas do Governo neste domínio pautaram-se por uma orientação centralista que
mereceu a oposição da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).
Importa também reter a aprovação da lei quadro da regionalização, por unanimidade,
na Assembleia da República cumprindo-se, assim, a primeira fase da regionalização do continente, o que
nenhum Governo conseguira atingir. Também significativa foi a aprovação do diploma de criação
das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, facto que foi considerado positivo por todos os partidos,
embora com um modelo institucional que só parcialmente acolheu as propostas do PS e ainda menos
as do PCP.
No domínio da administração urbanística a revisão da legislação, com a publicação
do decreto-lei 69/90 (planos municipais de ordenamento do território), rectificou alguns dos aspectos
negativos mas manteve elementos centralizadores, como o processo de ratificação que continua
excessivamente burocratizado. O código das expropriações aprovado consagrou princípios que
vão dificultar ainda mais a acção dos municípios na aquisição de solo.
Um outro indicador da importância do poder local é o emprego autárquico. Verificou-se um
acréscimo do número de trabalhadores, o que traduz um aumento da estrutura técnica e administrativa
municipal e, por esse facto, um acréscimo do grau de descentralização, no pressuposto que a um número
maior de trabalhadores corresponde um leque maior de tarefas.
Mas o vector dominante nas relações entre o poder local e a administração central é a
questão dos recursos financeiros. Deles depende a capacidade efectiva de intervenção do município
no território. A introdução do sistema de transferências não consignadas em 1979 marcou uma viragem em
matéria de autonomia financeira embora a prática dos contratos-programa, acentuada depois de 1987,
tenha reduzido a importância relativa das receitas não consignadas. A defesa de princípios que atribuem
um maior peso às receitas próprias não teve ainda repercussões significativas mas poderá penalizar os
municípios de menor potencial fiscal. Como o objectivo prioritário do Governo foi o de controlar o nível
da despesa pública, a forma de o fazer no caso da despesa municipal foi através do mecanismo
das transferências orçamentais. O argumento, uma vez mais, foi o de conformar a acção dos municípios
com a do Governo. E sem dúvida que a não aplicação integral da lei de finanças locais quanto ao montante
global do fundo de equilíbrio financeiro (fef), por subavaliação do imposto sobre o valor acrescentado, foi
a medida mais gravosa. Isto fez com que alguns municípios tivessem um decréscimo do fef em
termos reais. Todavia, apenas em 1988 o aumento percentual do fef global foi inferior à taxa de inflação.
Este corte do fef para ser compensado exigia um aumento acentuado dos recursos próprios o que
575
agravaria a aquisição dos serviços públicos prestados pela autarquia, na maioria dos casos
de carácter social e por isso subsidiados. Daí que, face aos custos políticos de uma tal opção, o corte do fef
se tenha traduzido efectivamente por uma redução da capacidade de intervenção de uma parte significativa
dos municípios. Outra prática lesiva foram as isenções sem a correspondente compensação, como nos
casos da sisa e contribuição autárquica. Por outro lado, as verbas transferidas para cobrir os encargos
com novas competências na área escolar (pessoal não docente nos estabelecimentos de ensino pré-primário
e do ciclo preparatório tv) não tiveram em conta a situação não generalizada de carência e mesmo
de ruptura nalguns municípios. No orçamento do Estado para 1991 o Governo procurou alterar os critérios
de distribuição do fef, privilegiando os municípios do interior em detrimento dos do litoral, ao que
a ANMP se opôs. A movimentação realizada por esta levou o Governo a recuar na sua proposta.
A participação do município na despesa pública que decresceu de 1980 até 1985 iniciou uma
recuperação lenta e gradual a partir de 1986. Por outro lado, a variação anual das receitas municipais
foi superior à taxa de inflação, o que não se verificou, por exemplo, nos Governos de coligação, do
bloco central e no 3° da aliança democrática.
3. Este período ficou marcado pela consolidação das organizações das autarquias, a Associação
Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional das Freguesias (ANAFRE).
Os protestos isolados foram substituídos por actuações concertadas de reivindicação, nos
V e VI Congressos da ANMP em 1988 e 1990 e no II da ANAFRE em 1990. O V congresso da ANMP
traduziu-se numa contestação quase unânime da política do Governo sobre o poder local reclamando
do Governo o cumprimento integral da lei de finanças locais. As conclusões destes congressos e
o abaixo-assinado ao Presidente da República solicitando a declaração de inconstitucionalidade
por omissão da não instituição das regiões administrativas foram dois momentos significativos
da estratégia de pressão exercida pela organização representativa dos municípios que utilizou
de forma eficaz, nesta relação de interdependência, recursos políticos (a influência dos autarcas do PSD
no partido do Governo e dos restantes nos partidos da oposição) para inviabilizar algumas das alterações
pretendidas pelo Governo. Em contraponto a esta pressão concertada sobre o Governo surgiram, com
uma frequência até aí não habitual, críticas à não actuação dos municípios ou a intervenções negativas
como no caso da poluição do Tejo. Também frequente passou a ser a atribuição aos municípios do ónus
pela não realização de tarefas cuja competência ou pertence ao Governo ou se situa na cada vez maior
zona cinzenta a que a utilização de esquemas casuísticos do financiamento tem colocado o poder local.
4. Em conclusão, a análise empírica destes vectores estruturantes das relações entre o poder local
e o poder central - atribuições e competências, tutela, meios financeiros, recursos humanos - revelou uma
situação de continuidade com as práticas dos Governos constitucionais anteriores, de coligação,
minoritários de um só partido ou até alguns de iniciativa presidencial. Ou seja, uma prática de
não cumprimento integral da lei de finanças locais, com argumentos formalmente diferentes mas que
têm na base a política macroeconómica do Governo, nomeadamente a contenção do défice do
sector público e da inflação, tendo em consideração a futura participação de Portugal na união económica
e monetária. A isto acresce a prática de transferência de novas responsabilidades sem os meios financeiros
suficientes, um exercício da tutela administrativa que nem sempre soube evitar a suspeita de lhe
estar subjacente motivações partidárias e, no caso da administração urbanística, a perpetuação de formas
de tutela técnica no mínimo não consensuais, a par da retenção de poderes essenciais de
alguns instrumentos dessa política, como a declaração de utilidade pública das expropriações.
576
Algumas das propostas avançadas pelo XI Governo reflectem posições que o PSD vem
defendendo há muitos anos, nalguns casos desde o seu projecto de Constituição apresentado em 1975 e que
só o facto de não ter tido o apoio dos seus parceiros, nos vários Governos de que fez parte ou em sede
de revisão constitucional, o impediu de concretizar.
Em síntese, comparando com Governos anteriores, o de maioria absoluta:
a) -não cumpriu integralmente a lei de finanças locais, como nenhum Governo a cumpriu;
b) - transferiu novas competências sem os meios financeiros necessários, como os Governos
anteriores;
c)- subavaliou o montante do fef a transferir, na linha da prática habitual;
d) - decretou insenções em impostos municipais sem a correspondente compensação, o que foi
também uma prática dos Governos anteriores;
e)- o emprego municipal cresceu, como em anos anteriores;
f) - à excepção de 1988, o valor do fef cresceu em termos reais, o que já não se verificava
desde 1980;
g)- o aumento das receitas municipais foi sempre superior à taxa de inflação, o que
não se verificou no Governo do bloco central, por exemplo.
Em suma, a relação entre o poder local e a administração central durante XI Governo teve um
carácter mais descentralizador do que nos anteriores Governos, naquilo que resultou directamente da
situação económica e financeira do País e dos apoios resultantes da integração na Comunidade Europeia:
crescimento real das receitas municipais e do fef e aumento da percentagem de participação dos
municípios na despesa da administração pública; mas caracterizou-se por uma prática de continuidade
nos aspectos negativos: não cumprimento da lei de finanças locais quanto ao montante devido do fef,
isenções sem compensação e transferência de novas competências sem os meios financeiros
correspondentes. Disso mesmo nos dão conta as tomadas de posição da ANMP. Comparando a lista de
reivindicações dos vários Congressos da ANMP conclui-se que as mesmas diferem, o que sugere uma
postura da administração central para com o poder local que revela alguma independência dos programas
partidários, sobretudo naquilo que decorre da política macroeconómica.
Mas se o traço dominante é a continuação das práticas dos Governos anteriores, a conjuntura
económica mais favorável, os fluxos financeiros provenientes da Comunidade Europeia e a estabilidade
e coesão políticas do apoio parlamentar de que o XI Governo disfrutou permitem-nos admitir que teria
sido possível cumprir pela primeira vez a lei de finanças locais e aumentar muito mais a percentagem
de participação do poder local na despesa pública aproximando-nos da média europeia, transferir as
novas competências com os adequados meios financeiros e transferir outras competências que o Estado,
num processo de redução do seu envolvimento na economia e na sociedade, se demitiu de exercer
por inteiro, como no caso da habitação social.
Por outro lado, apesar da conjuntura favorável, ficaram por resolver questões decisivas para o
reforço da capacidade de intervenção do poder local no território, como o aumento das competências
·e meios financeiros das freguesias e a consagração do regime de permanência dos seus membros, a criação
de empresas municipais e intermunicipais e o reforço de poderes em matéria de política de solos.
Assim, a experiência portuguesa após 197 4 sugere que a existência de um Governo com apoio de
uma maioria absoluta de um só partido não se traduziu globalmente numa actuação mais gravosa para o
poder local do que a de Governos sem essa maioria, embora a conjuntura económica e financeira
tivesse sido muito diferente, mais favorável, do que a que os Governos anteriores disfrutaram. E se
577
a tendência dominante foi a continuidade das práticas anteriores não há dúvida que as principais
transformações descentralizadoras ocorreram quando a coesão política foi menor nas instâncias centrais
do Estado.
BIBLIOGRAFIA
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PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
A POPULAÇÃO PORTUGUESA NO FINAL DO SÉCULO XX -QUE POLÍTICAS DEMO-ESPACIAIS PARA O TERRITÓRIO NACIONAL
1 -Introdução
FERNANDA DELGADO CRA VIDÃO. Geógrafa. Instituto de Estudos Geográficos- Universidade de Coimbra.
Portugal tem apresentado nos últimos 30 anos uma dinâmica demográfica geradora de profundas
mudanças. Estas levaram este país a passar de um território considerado como uma das reservas
demográficas europeias, para uma área onde algumas das questões populacionais, que mais preocupam
os países desenvolvidos, também já se instalaram.
Os diferentes contextos demográficos existentes na Europa Comunitária, e onde Portugal
se insere, convidam-nos a fazer algumas reflexões, já que se colocam ou podem vir a colocar-se
a curto prazo, graves problemas cujos efeitos nas estruturas sociais, económicas e espaciais devem
ser reflectidos e discutidos.
Incidiremos particularmente no caso português. Como se sabe Portugal tem assistido,
nos últimos anos, a uma evolução demográfica que progressivamente vai gerando rupturas com algumas
das estruturas tradicionais.
Segundo os dados preliminares do Censo de 1991 a população residente em Portugal aumentou,
entre 1981 e 1991, de 9 833 014 indivíduos para 9 853 022, isto é mais 20 008- logo um acréscimo
de 0,2%. Em Portugal Continental o aumento foi também muito pouco significativo: mais 0,3%.
Analisando, ainda que de uma forma breve os resultados disponíveis relativos ao
último recenseamento, e confrontando-os com os dados referentes a 1981, verifica-se que para além do
fraco acréscimo populacional este continua a apresentar importantes assimetrias quando analisado
regionalmente. A Região Norte aumenta 1 ,2%; a Região Centro perde 2,4% dos seus habitantes; Lisboa
e Vale do Tejo ganha 1,4%; o Alentejo continua a perder população: em 1991 tem menos 6,4% que no
início da década de oitenta. Apenas a Região do Algarve parece evidenciar ao nível das grandes regiões
do país, alguma dinâmica já que aumenta 5, I%. Acrescente-se que a Região Autónoma dos Açores também
perde população: -2,8% e a Madeira regista um acréscimo pouco significativo: 0,1 %.
Em relação à estrutura do povoamento e à distribuição da população por lugares parecem
acentuar-se as características já registadas em censos anteriores, (cfr, J. GASPAR e ai., 1987)'
Nas quatro regiões em análise 38,5% da população reside em lugares com mais de 10 000
habitantes, que se distribuem por 74 centros urbanos em que 82,4% se situam no litoral. Os lugares cuja
dimensão varia entre 2000 e 10 000 indivíduos rel>resentam apenas 14,4% da população analisada. Isto
significa, que à semelhança do que se registava em 81, a população portuguesa continua a residir ou em
lugares de pequena dimensão pois 4 7, I% habita em centros populacionais com menos de 2000 habitantes
ou em núcleos cuja população ultrapassa os 10 000 indivíduos, 38,5%.
se dispõe da população por lugares da Região Norte cuja população presente é de 3 397 630 indivíduos, isto é, 36,5% do total do continente. Por isso, a análise apenas contempla as Regiões Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
580
Esta evolução decorre de factores vários e que quase sempre se entrecruzam. Por um lado
da moblidade que se opera ao nível do território e por outro, particularmente importante nos últimos anos,
do movimento natural da população, e neste, nas profundas alterações que se têm observado
nos comportamentos das diversas variáveis demográficas.
2- A dinâmica espacial e temporal da evolução recente da população no território continental
Tal como evidenciavam os últimos censos da população (cfr. J. GASPAR, 1983; F. CRAVIDÃO
e M. MATOS, 1990) verificam-se grandes disparidades em relação à distribuição da população
em Portugal. Deste facto decorre que o crescimento demográfico, quando analisado regionalmente, tem
de ser explicado não só pelo movimento natural da população, particularmente importante neste final
do século XX, mas também com as dinâmicas observadas na(s) mobilidade(s) espaciais da população.
Terminado o ciclo europeu, que de algum modo foi o grande motor das alterações verificadas
nas últimas décadas, hoje a mobilidade interna adquire novos ou renovados significados e pode ajudar
a perceber as disparidades espaciais que se verificam no território nacional (Figs. 1 e 2). ·
Mas paralelamente assiste-se a alterações importantes nas variáveis que directa
ou indirectamente afectam o crescimento natural da população portuguesa.
De uma forma resumida a evolução recente de algumas dessas variáveis processou-se
do seguinte modo:.
- a taxa de natalidade em Portugal apresenta um sistemático declíneo:
1960- 24,13%o
1970- 19,96%o
1981- l6,22%o
1990- 11 ,89%o
- a taxa de fecundidade regista também uma queda sistemática:
1960- 95,0%o
1970- 81,5%o
1980 - 64,5%o
1990- 47,0%o
- a taxa de mortalidade continua também a baixar:
1960- 10,72%o
1970 - 1 0,29%o
1980- 9,6%o
1990- 10,4%o (este aumento deve ser explicado pelo aumento do envelhecimento)
- a esperança de vida, pelo contrário, tem apresentado um acréscimo acentuado:
1960 - 62,7 anos
1970 - 67,5 anos
1980-72,9 anos
1990-74,4 anos
-actualmente o valor da relação de substituição já não permite a substituição de gerações (1,5).
- alterações nas estruturas familiares reflectidas, por exemplo, na diminuição progressiva
da dimensão das famílias e no número cada vez maior de famílias monoparentais.
581
Fig. 1- EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO, EM PORTUGAL CONTINENTAL, POR CONCELHOS 197011981- (%).
%
D -51 to -20
~ -20 to -5
[§;l -5 to O
~ O to 5
~ 5 to 20
• 20 to 135
o
Fonte: CRAVIDÃO, FERNANDA e SANTOS, NORBERTO, 1992
582
Fig. 2 - EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO, EM PORTUGAL CONTINENTAL, POR CONCELHOS 198111991 - (% ).
%
D -51 to -20
~ -20 to -5
~ -5 to O
~ O to 5
~ 5 to 20
• 20 to 135
o
Fonte: CRAVIDÃO, FERNANDA e SANTOS, NORBERTO, 1992
583
Fig. 3- SALDO MIGRATÓRIO, EM PORTUGAL CONTINENTAL 1982/1991.
SM 82-91
• -134329 to- 10000
-10000 to -2000
-2000 to -1000
D -999 to O
~ O to 999
~ 1000 to 1999
~ 2000 to 9999
• 10000 to 126701
o
Fonte: CRAVIDÃO, FERNANDA e SANTOS, NORBERTO, 1992
584
Evolução das percentagens de jovens, adultos e idosos, entre 1900 e 1990 e pirâmide etária em Portugal no ano de 1990
1990
1950 ··-1900
0% 20% 40% 60% 80% 100%
s <l.l bJ)
"" E <l.l (.) '-< <l.l o.
População com menos de 15 anos População entre os 15 e os 59 anos População com 60 e mais anos
% 6 5 4 3 2 o o
% 2 3 4 5 6
FONTE: Recenseamentos da População e Dados Preliminares do Xll0 Recenseamento, INE
Evolução do Índice de dependência, da dependência de jovens e de idosos entre 1900 e 1990
80
. 60
40
20
o o o 0\ ......
Índ. de dependência Depend.dejovens Depend. de idosos
----- ---------
Anos
o lf) 0\
--
00 0\
o 0\ 0\
IND. DEPENDÊNCIA- Relação percentual entre indivíduos com menos de 15 e com 65 ou mais anos pelos indivíduos com idades entre 15 e 64 anos.
DEPEND. JOVENS- Relação percentual entre indivíduos com menos de 15 anos e indivíduos com idades entre 15 e 64 anos.
DEPEND. IDOSOS - Relação percentual entre indivíduos com mais de 64 anos e indivíduos com idades entre 15 e 64 anos.
FONTE: Recenseamentos da População e Dados Preliminares do XIIo Rcenseamento, INE.
Evolução da Fecundidade entre 1900 e 1990 e da Esperança de vida entre 1940 e 1989
160 80 .... 140 70 o"' o.~ 120 60 "'<!) 100 50 o ..c: ..c:-
80 40 -:::> tr::S
60 30 <UO '"00 40 20 o o z- 20 10
o o o - o o o o o o - o o - N ("<") 'i" "' 'O r- 00 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ 0\ - - - - -
Anos
-----{}----- Fecundidade --111111--- Esperança de vida
Fecundidade (taxa)- Número de nascimentos por mil mulheres em idade de procriar (entre os 15 e 49 anos).
_....._ ..ci ro
..<:: o o o
s <!) on
..:s! ·a .... <!)
0..
Esperança de vida - Tempo médio de existência.
FONTE: Estatísticas Demográficas, Anuário Estatístico, Portugal 50 Anos (INE) e Statistiques Demographiques 1991 (EUROSTAT).
40 35
30 25
20 15 10
5 o
o o 0\ -
Evolução das Taxas de Natalidade e Mortalidade entre 1900 e 1990
----....... .............
.........._ __ _
Anos
-~~------
-00 0\ -
----- Taxa de Natalidade - - - - Taxa de Mortalidade
Taxa de Natalidade- Número de nascimentos por 1000 habitantes durante um ano. Taxa de Mortalidade- Número de óbitos por 1000 habitantes durante um ano.
FONTE: Estatísticas Demográficas, Anuário Demográfico e Anuário Estatístico (INE).
'2 '"O ·;;; <!)
'"O ro Ü" c ro .... <!)
o. "' ~ '-'
"' o c <t:
o 0\ 0\ -
585
Em 1930 a dimensão média da família em Portugal era de 4,1; em 1960 de 3,8; em 1981 de 3,4 e
segundo os dados preliminares de 1991 situa-se em 3,1 indivíduos. A esta evolução não é alheia o
aumento da taxa de divorcialidade que concorre, também,para a diminuição do número de nascimentos.
Estes são alguns dos fenómenos cuja evolução recente permite explicar as alterações
na dinâmica da população. Por outro lado as assimetrias que se registam no território, em relação
à distribuição de algumas destas variáveis, mortalidade, esperança de vida, por exemplo, tem de
ser encontrada em múltiplos elementos explicativos uns de carácter nacional, outros cuja explicação
reside em factores regionais.
Condicionantes múltiplas permitem encontrar algumas explicações para as mudanças registadas.
- De natureza económica: estas levam frequentemente a optar por ter filhos cada vez mais tarde
o que pode gerar situações de inviabilização. Tem aqui particular importância a questão do
parque habitacional já que existem grandes limitações quer na aquisição de habitação própria quer no
mercado de arrendamento;
586
- De natureza social: um dos fenómenos mais importantes e que se entrecruza com os de
natureza económica relaciona-se com o acesso da mulher ao mundo do trabalho em que os novos padrões
de consumo e bem-estar, a valorização profissional a que não é alheio o processso de terciarização
em curso, são factores condicionantes ao aumento da natalidade;
-De natureza religiosa: a subvalorização progressiva de certos tabus de carácter religioso joga
também um papel importante, nomeadamente nas gerações mais novas; além disso a difusão de métodos
anticoncepcionais aliados à educação sexual são factores que podem condicionar a fecundidade;
- De natureza cultural: novos comportamentos onde a importância do lazer e dos tempos livres
são entendidos como incompatíveis com a possibilidade de descendência.
Além disso a melhoria generalizada dos cuidados de higiene e de saúde explicam em
grande parte, por um lado, o aumento da esperança de vida e por outro a diminuição da mortalidade
nomeadamente infantil. Paradoxalmente os países onde as populações mais cedo atingiram níveis
de desenvolvimento mais elevados debatem-se, hoje, com o seu próprio envelhecimento, o que para alguns
autores será "ser o preço a pagar pelos ritmos e condições económicas, sociais e culturais oferecidas
pela Idade Moderna e, de forma particular, pela Revolução Industrial "
Como se referiu, Portugal considerado durante algum tempo como uma reserva demográfica
europeia, tem, nos últimos anos, manifestado uma evolução que o colocam muito próximo dos valores
registados pelos países da Comunidade. Fenómenos como a terciarizacão da população activa, o acesso
da mulher a novas estruturas de emprego, a competitividade que se instalou na progressão de carreiras,
a mobilidade profissional cada vez mais diversificada e paralelamente as novas formas que a mobilidade
espacial vem adquirindo, colocam a Portugal, e principalmente ao território continental, um conjunto
de questões cuja resposta nem sempre é fácil.
Terminado que foi o ciclo europeu e posteriormente a entrada de Portugal na Comunidade
Europeia, o acentuar da internacionalização da economia, cóntribuiu para acentuar algumas das "velhas"
questões espaciais portuguesas.
A litoralização do território acentua-se em todos os sectores da sociedade portuguesa:
do comércio à indústria, dos serviços às actividades culturais, do poder político ao poder económico,
o litoral português é a área de convergência. Ainda que os novos traçados rodoviários possam vir
a funcionar como redes que permitam contrariar essa tendência, a nova geografia da rede viária nacional
vai ter uma função fundamental e estruturante na(s) economia(s) do território nacional. E por isso
pode também criar, ou acentuar, "bolsas" de periferismo ao longo do país.
Tendo em atenção os pressupostos anteriores, isto é, as características da actual demografia
portuguesa e as "velhas" questões das assimetrias de desenvolvimento observadas no território nacional,
parece-nos pertinente colocar algumas reflexões a propósito das políticas demo-espaciais que devem
ser desenvolvidas em Portugal Continental na entrada para o século XXI.
As estratégias devem ser articuladas, por um lado com medidas de carácter demográfico e
por outro com acções que promovam simultaneamente o bem estar das populações. Isto é, a promoção de
uma política natalista deve ser sustentada por medidas de carácter económico, social, cultural e estas
ligadas ao ordenamento do território. Não é possível levar a bom termo um conjunto de acções sem ter em
consideração o território onde se vão desenvolver e a população a que se destinam. Há que ter em atenção
a importância que em termos sociais, económicos e políticos os idosos vão progressivamente assumindo.
Promover uma política natalista pode não ser difícil o que não é fácil é torná-la um êxito. É
de resto neste sentido que se inserem medidas de carácter social e que pressupõem o incremento
da natalidade. Recorde-se por exemplo o abono de família, as subsídios de nascimento, casamento
587
e aleitação ou o acréscimo, ainda que insuficiente, de estruturas de apoio - creches e estabelecimentos
de ensino pré-primário. Porém, a realidade tem mostrado a sua ineficácia, quer pelos baixos montantes
quer, sobretudo, pelas alterações de comportamento e valores das gerações mais novas.
É certo que existem hipóteses clássicas de renovar as gerações impedindo a diminuição
progressiva da população. A mobilidade é uma das mais invocadas. Porém, a entrada de população jovem
só é possível de países extra-europeus - médio e próximo oriente ou Norte de África, por exemplo -
outras religiões, outras áreas culturais -, o que pode gerar em alguns casos ou agravar em outros,
problemas de xenofobia numa Europa cada vez mais cinzenta.
Por isso Portugal deverá tentar minorar os problemas de carácter demográfico dentro das
suas fronteiras.
Qualquer que seja o governo no poder é necessário, como já se referiu, que as estratégias
sejam articuladas com políticas de desenvolvimento harmónico do território. Algumas dessas medidas
devem passar por:
1- Medidas de carácter social e que se situam no âmbito das prestações familiares - abono de
família, subsídio de casamento e outros.
Medidas que promovam a qualidade de vida da população não activa nomeadamente com
reformas dignas e com um acesso melhorado ao sistema de saúde. Não sei se em alguns segmentos
da população não é preferível alargar a idade de reforma do que manter inactivos indivíduos ainda capazes.
Por outro lado a promoção da qualidade de vida dos idosos ser um contributo importante em
diversos subsectores da actividade económica portuguesa. Por exemplo, a prática de actividades turísticas
na época baixa pode minorar uma das mais graves questões do turismo em Portugal - a sazonalidade
2- Medidas relacionadas com o sistema e com a estrutura do ensino. Uma das razões
mais invocadas para a diminuição da natalidade é o "preço" que actualmente custa a uma família
proporcionar a um filho a possibilidade de este poder usufruir de um curso médio ou superior.
Neste sentido, há que desenvolver uma política de ensino que simultaneamente promova e desenvolva
os diferentes níveis de ensino oficial e valorize socialmente os seus responsáveis.
3- É necessário, principalmente fora das áreas tradicionais litoral -, promover a criação de
cursos médios Uulgo que o número de escolas superiores é já suficiente) que possam concorrer para
o desenvolvimento dos recursos endógenos de cada região mas
4- é também necessário que nesses centros urbanos - de pequena e média dimensões -
sejam dotados de um conjunto de infraestruturas que permitam que as populações mais jovens se fixem
e sobretudo promovam a qualidade de vida e o bem estar.
5- Deve haver uma aposta no desenvolvimento dos centros de média dimensão - quase sempre
situados externamente aos principais eixos de desenvolvimento - dotando-os de serviços de saúde capazes
de responder rápida e eficazmente às populações locais. Implementação de uma rede de escolas
pré-primárias já que a cobertura nacional está longe de responder às necessidades embora com a natalidade
em declíneo, serviços financeiros, telecomunicações, redes viárias que melhorem os acesso aos itinerários
principais e complementares.
6- Mas uma estratégia que tenha como objectivo minorar o decréscimo da natalidade tem
necessariamente de passar por uma política habitacional que permita aos jovens por um lado o acesso a
um verdadeiro crédito para aquisição de habitação, ou possibilitar o arrendamento a preços com
alguma razoabilidade
Como se sabe, este é de resto um grave problema que leva muitos jovens casais a adiar a decisão
de terem filhos o que frequentemente funciona como nunca virem a ter descendência.
588
Em resumo é necessário um conjunto de acções que de uma forma indirecta complementem
e viabilizem algumas das medidas propostas, não esquecendo todavia que esta é uma questão que abrange
o mundo desenvolvido e portanto poderá corresponder a um momento de crise da civilização ocidental
ou mesmo ao terminar de um ciclo onde a Europa tem dominado.
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VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
EJES DE DESARROLLO Y POLÍTICA REGIONAL
INTRODUCCIÓN
JOSE LUIS SANCHEZ HERNANDEZ Becario de Investigación del Gobiemo Vasco Departamento de Geografía Universidad de Salamanca
Esta comunicación pretende poner de manifiesto la relación entre lo que se entiende por
«eje de desarrollo» y las más recientes tendencias de política regional. Con este objetivo como guía
esencial, se parte de un somero análisis inicial acerca de la diversidad estructural del eje de desarrollo. Ello
permite, en un segundo apartado, abordar el objetivo de esta comunicación desde una perspectiva teórica:
los elementos del eje de desarrollo están directamente relacionados con las modernas intervenciones en
política regional, que en los últimos afíos ya no se concibe en forma de acciones aisladas, sino que
pretende primar la coherencia sectorial y territorial entre las políticas de diferentes regiones. El
tercer apartado pretende demostrar esto mediante la exposición de algunas de las intervenciones públicas
orientadas a la promoción de las regiones englobadas dentro del contexto atlántico europeo, lo que
los autores franceses denominan "Are Atlantique" y los espafíoles "Eje Atlántico".
I. LOS ELEMENTOS DEL EJE DE DESARROLLO
La actual popularidad del término «eje de desarrollo» puede hacer pensar que su acufíación
ha sido reciente. Nada más lejos de la realidad. Ya en la temprana fecha de 1963 Pottier hablaba del
«axe de développement» como cadena de aglomeraciones urbano-industriales que concentran lo esencial
de la actividad económica de las regiones a las que afecta. John Friedmann también se aproximó a una
definición similar en torno a esas mismas fechas (Sáenz de Buruaga, 1990b). Tras un fugaz paso por los
textos de algunos planes de desarrollo económico el término cayó en desuso hasta fechas recientes.
Sin embargo, de unos afíos a esta parte, se detecta una clara tendencia hacia la definición de la dinámica
espacial del crecimiento económico en términos de ejes de desarrollo, tanto a escala continental como
nacional y regional.
En general se aplica el término «eje de desarrollo» a una entidad económica y territorial
de morfología longitudinal vertebrada por una o varias vías de transporte paralelas jalonadas por una
serie de núcleos urbano-industriales que interaccionan entre si y con el espacio circundante gracias a
la capacidad de proyección que les otorgan las citadas vías: los distintos autores que se han ocupado
del tema vienen a coincidir en definiciones similares a ésta.
El problema surge cuando se trata de buscar en la literatura al uso reflexiones que trasciendan
lo descriptivo y profundicen en los rasgos estructurales y en las funciones de los ejes de desarrollo
comó articuladores del territorio y como corredores que concentran la actividad económica. Tan sólo se
encuentran referencias genéricas acerca del beneficioso papel de la accesibilidad inherente a las vías
de transporte como factor que favorece la progresiva implantación de establecimientos industriales y
la ampliación de las áreas de influencia urbana.
590
Así pues, es preciso profundizar en la definición antes ofrecida para, a partir de ella,
intentar determinar los componentes esenciales en la configuración del eje de desarrollo.
El primer elemento lo componen las vías de transporte. Estas constituyen la plasmación
geográfica más evidente de la realidad del eje, puesto que le confieren continuidad en su recorrido y
sirven como soporte para los densos flujos de bienes y personas que se desplazan por él.
Esos flujos de bienes y personas proceden de las ciudades, segundo elemento del eje
de desarrollo, según se deduce de la anterior definición. Ahora bien, hay que hacer una precisión.
En principio, toda carretera o vía férrea enlaza diversas ciudades, sin que por ello se pueda hablar de eje de
desarrollo. El término solamente se aplica con propiedad cuando se trata de ciudades de cierto tamafío, que
normalmente albergan una potencial industrial relevante en su contexto territorial. Por lo tanto, la industria
se convierte en protagonista dei eje de desarrollo, al actuar como motor dei desarrollo urbano y posibilitar
la formación de un corredor diferenciado dei entorno por su elevada concentración de establecimientos
industriales. En este sentido, las ciudades participan en el eje de desarrollo como núcleos industriales en
los que las empresas aprovechan todas las ventajas de las economías de aglomeración. Obviamente, las
ciudades industriales son puntos desde los que emana una elevada demanda de transporte, _que requiere
vias de cierta capacidad para verse satisfecha, de modo que se alimenta la continuada mejora de
las condiciones de las vías de transporte que unen a estas ciudades y se progresa en la diferenciación
respecto al resto dei territorio.
La inclusión de la industria como integrante fundamental dei eje de desarrollo conduce
lógicamente hacia el tercer y último elemento. La actividad industrial no surge al azar sobre el espacio,
sino que adopta sus decisiones de localización en función de una serie de factores locacionales.
Por lo tanto, la concentración de actividad industrial a lo largo dei eje de desarrollo debe responder a una
dotación de factores particularmente rica, que se convierte en un tema de estudio relevante si se quiere
comprender la génesis y consolidación de un eje de desarrollo.
Por lo tanto, vías de transporte de cierta capacidad, núcleos urbano-industriales significativos y
variedad de factores de localización son los tres pilares sobre los que se asienta el concepto de eje
de desarrollo como realidad económico territorial diferenciada dentro de su espacio circundante.
Se trasciende así la simplicidad estructural de las definiciones al uso' para dotar al concepto de una
mayor profundidad que contribuye a explicar la importancia que los ejes tienen en la organización espacial
de la actividad económica.
II. EJES DE DESARROLLO Y POLÍTICA REGIONAL
Si se admite que la política regional ha intervenido en las unidades espaciales que en
cada momento histórico dei desarrollo económico ejercían mayor protagonismo - bien por su dinamismo
o por su retraso - hay que convenir que el eje de desarrollo es una unidad económico-espacial cualificada
para convertirse en objeto de política regional, toda vez que su carácter suprarregional' se acopla
perfectamente al nuevo contexto internacional caracterizado por la disolución de las regiones económicas
tradicionales y su integración en ámbitos más amplias.
1. Evidentemente, la definición más completa y compleja es la que ofrece Pottier (1963). Otras aproximaciones más simples pueden hallarse en Méndez (1983), Sola (1985), Precedo (1989) y Sáenz de Buruaga (1990a y 1990b). 2.Y en muchas ocasiones supranacional. Sáenz de Buruaga (1990a) insiste en el eje de desarrollo como entidad que rompe las fronteras política y administrativas.
591
En efecto, la primera política regional actúa sobre puntos muy concretos del espacio: donde
se detecta un problema se interviene de forma quirúrgica, mediante una actuación destinada a solventar
sus manifestaciones más evidentes. Los polos de desarrollo constituyen el mejor ejemplo de este tipo
de política descontextualizada, donde se aplican las mismas recetas para todas las regiones.
La limitada eficacia de este tipo de política regional condujo a la ampliación de la escala
espacial de actuación. Las áreas de expansión industrial y las zonas de descongestión o de preferente
localización se perfilan como opciones de política regional más territorializadas, que tratan de extender
a una región los benefícios anteriormente privativos de unos pocos puntos. Sin embargo, los
hipotéticos efectos favorables de estas medidas quedaron en buena parte truncados por su coincidencia
temporal con la crisis económica de la segunda mitad de los setenta.
A partir de este momento, la reestructuración del sistema económico mundial y el progresivo
desplazamiento de los centros de gravedad de la economía mundial y europea, junto con el avance de las
telecomunicaciones y los transportes y la consiguiente contracción del espacio y del tiempo pareceu ser
los factores que marcan el cambio de rumbo en la política regional, marcada ahora por e! signo de la
interdependencia'.
En este nuevo contexto, el eje de desarrollo, e! viejo concepto de Pottier, aparece como adecuado
para articular las acciones de política regional. No en vano, es después de 1975 cuando el uso de
este término adquiere un renovado vigor, debido a dos razones fundamentales.
En primer lugar, el ej e de desarrollo tiene una clara vocación suprarregional. Las regiones
no pueden entenderse ya como retazos inconexos del espacio, sino que pertenecen a conjuntos económicos
y geográficos superiores, con cierto grado de homogeneidad en sus tendencias globales. Las fuerzas
económicas actuales no actúan ya a escala uni-regional, sino que generan procesos de amplio alcance que
afectan por lo común a extensos conjuntos espaciales: la marcada tendencia a la alineación del crecimiento
económico a lo largo de las principales vías de comunicación nacionales o continentales está perfilando
una estructura espacial de la economía europea constituída por una serie de corredores expansivos
que ignoran las divisiones administrativas, objeto espacial tradicional de la política regional. Por lo tanto,
la polftica regional está adaptando sus estrategias a estas nuevas realidades espaciales y económicas,
como se verá en el siguiente apartado. El eje de desarrollo se está convirtiendo en nueva unidad espacial de
intervención para la política regional.
En segundo lugar, la riqueza estructural dei eje de desarrollo lo convierte en un instrumento
idóneo para esa nueva política regional. Las intervenciones tradicionales en esta materia se han centrado
entres terrenos fundamentales. El primero es la mejora de infraestructuras viarias como base material para
superar el atraso o los problemas de saturación. E! segundo, la concesión de determinados incentivos para
la localización industrial. Y el tercero la adecuación de la oferta de factores de localización industrial a los
mínimos exigidos por la industria moderna. Estos tres terrenos coinciden con los elementos del eje
de desarrollo, de forma que éste se convierte en lo que Atienza (1989) denomina «estrategia de desarrollo
regional» orientada ai equilíbrio interterritorial. En efecto, si se toma conciencia de que la promoción de
las regiones problemáticas' debe efectuarse teniendo en cuenta su contexto suprarregional, y se plantea el
objetivo final de acercar su situación a la de las regiones interesadas por los ejes más dinámicos, habrá que
aceptar que las medidas arbitradas para ello guarden una cohesión interna que contemple la indivisibilidad
3.La interdependencia pasa por ser una de las características fundamentales dei mundo posterior a 1975. 4. Entre éstas, los sucesivos informes dei FEDER destacan a las regiones menos desarrolladas y las regiones industrializadas en declive.
592
de los tres componentes fundamentales del eje de desarrollo. Las infraestructuras viarias son inútiles
si no existe un potencial industrial capaz de aprovechar la accesibilidad que ofrecen, mientras que
la promoción industrial no acompafiada de una mejora de las comunicaciones puede verse frustrada por
el incremento de los costes de transporte.
De esta forma, el eje de desarrollo no se limita a ser un instrumento conceptual con el que
intepretar los procesos económicos en el espacio, sino que se torna operativo y capaz de guiar las
actuaciones de política regional. Las iniciativas registradas en la «euro-región atlántica» (Atienza, 1989)
pueden corroborar este discurso teórico.
III. INICIATIVAS DE POLÍTICA REGIONAL EN EL EJE ATLÁNTICO
El ámbito atlántico europeo, desde Irlanda, Escocia y Picardía hasta Lisboa, padece una
situación de creciente perifericidad respecto al eje más dinámico del continente, que se extiende entre
el Gran Londres y Lombardía a través de los Países Bajos, el Oeste y el Sur de Alemania y Suiza,
con ramificaciones hacia Paris, el valle del Ródano y el Mediterráneo espano! (IKEI, 1987; Atienza, 1989;
Castillo, 1990).
Llorens (1987) ofrece una definición algo más precisa de este ámbito atlántico
(el "Eje Atlántico" o "Arco Atlántico"), que estaría compuesto por las siguientes regiones: Ile de France,
Centre, Poitou-Charentes, Aquitaine, País Vasco, Navarra, Rioja, Cantabria, Asturias y Castilla y León,
a las que debería afiadirse Galicia y todo Portugal, al menos.
Si bien la heterogeneidad de este conjunto de regiones es evidente desde varios puntos de vista,
su rasgo común más definido es el ya aludido de la perifericidad no solamente geográfica, sino también
económica. Sus economías atraviesan dificultades desde 1975 y las tendencias generales dei crecimiento
económico continental apuntan a un refuerzo de su marginalidad ante la consolidación de! eje central
antes definido.
Ante esta situación ha surgido una pléyade de iniciativas cuyo objetivo es contrarrestar e! peso
de Centroeuropa y del Mediterráneo, y cuya principal característica es la coordinación entre las regiones
afectadas. Se actúa con visión de Eje Atlántico, convertido en una unidad de intervención de política
regional en la que se actúa desde la perspectiva de! concepto de «eje de desarrollo». A continuación
se enumeran, sin ánimo de exhaustividad, algunas de las iniciativas emprendidas para superar
los problemas del Eje Atlántico.
la.- Ya en 1988 se creó en Santiago de Compostela la "Comisión de la Cornisa Cantábrica
de Transportes y Comunicaciones", formada por representantes de los gobiernos regionales de Galicia,
Asturias, Cantabria y País Vasco, con el objetivo de conseguir la construcción de un corredor viario
entre La Corufia e Irún, compuesto por una autovía y una vía férrea de alta velocidad y ancho europeo.
2a.- En 1989 se constituye en Burdeos la «Association Autoroute Nord-Sud Atlantique», que
agrupa a los gobiernos regionales y a buen número de Cámaras de Comercio de las regiones atlánticas,
cem participación de las antes resefiadas y de otras situadas en los países nórdicos, Bélgica, Holanda,
Reino Unido y Alemania. Su objetivo fundamental es la construcción de una gran autopista que enlace
toda la fachada atlántica europea desde Noruega hasta Lisboa y Algeciras, 3.500 km. en total, de los que
están construidos unos 2.000.
3a.- Desde otra perspectiva, la CEE, en su Programa a Medio Plazo de Infraestructuras
de Transporte, ha considerado prioritario el enlace ferroviario y por carretera desde Irún hasta Faro,
a través de Burgos, Coimbra y Lisboa (Izquierdo, 1988).
4a.- Las administraciones espafiola y portuguesa, en sus planes de carreteras, están construyendo
o van a construir una serie de autovías en sus regiones atlánticas: la IP-5 portuguesa comunica A v e iro
593
con la frontera de Espana en Fuentes de Ofioro, donde enlazará: con la futura autovía de Castilla, que
ya une Burgos con Tordesillas. Así mismo está previsto desenclavar Galicia mediante un programa
de autovías que la conectan con la Meseta a través de Astorga y Benavente.
5a.- En el verano de 1989 las regiones atlánticas formaron un grupo de presión para atraer
inversión industrial del exterior, primando la cooperación sobre la habitual competencia en este tipo
de operacioes.
6a.- La cooperación transfronteriza entre estas regiones ha alcanzado unos niveles muy
satisfactorios. Destacan los múltiples acuerdos firmados entre el País Vasco y Aquitania, en materias como
la investigación científica, la protección medioambiental y la coordinación de sus políticas
de infraestructuras portuarias. El Programa Transfronterizo Hispano-Portugués es otro prueba de este
talante integrador.
7a.- Profundizando en la cooperación transfronteriza, destaca la idea lanzada desde la Cámara
de Comercio de Bayona (Francia), que propone la articulación dei corredor San Sebastián-Irún-Bayona
como una gran aglomeración urbana (cerca de 500.000 habitantes) gracias a su importante base industrial y
terciaria y a sus excelentes comunicaciones internas. Según e! presidente de esta Cámara de Comercio, esta
aglomeración podría jugar un papel relevante en la red urbana del sudoeste europeo y constituiría
un eslabón relevante en el Eje Atlántico, máxime se se tiene en cuenta su proximidad y fácil acceso
a Burdeos y a! Gran Bilbao, con los que podría formar el embrión de un auténtico eje de desarrollo en
el occidente europeo.
8a.- Se han celebrado congresos y jornadas de estudio sobre el Eje Atlántico en Santiago
de Compostela y San Sebastián, y está prevista una reunión sobre la carretera internacional E-80
en Aveiro. De otra parte, durante el próximo verano tendrán lugar sendas cursos de verano en
las universidades de Oviedo y dei País Vasco y en la Universidad Internacional Menéndez Pelayo, que
llevan por título "El Eje Atlántico", con e! objetivo de profundizar en el conocimiento de esta región
como paso previa a la intervención directa sobre ella.
Puede comprobarse que el nivel de integración sectorial y territorial de las iniciativas de
promoción dei Eje Atlántico es realmente notable. Si bien hasta ahora la atención se ha centrado en
el problema de las deficiencias en la dotación de infraestructuras viarias, no debe despreciarse la iniciativa
de la aglomeración San Sebastián-Bayona como ejemplo de actuación claramente orientada a la génesis
de un eje de desarrollo de cierta entidad.
BIBLIOGRAFIA
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CASTILLO HERMOSA, Jaime dei (1990): Cambio económico y cambio espacial. Perspectivas desde el Eje Atlántico. Gobierno Vasco. Vitoria.
I.K.E.I. (1987): El País Vasco y Navarra en la Europa de las regiones. San Sebastián. IZQUIERDO, Rafael (1988): "La financiación de las infraestructuras de transporte". I.C.E. no 659. Madrid, pp. 55-73. MENDEZ, Ricardo (1983): "La red de transportes y los procesos de difusión espacial de la industria en Espana".
VI Coloquio de Geoqrafía. Asociación de Geógrafos Espafíoles. Palma de Mallorca, pp. 579-586. POTTIER, P. (1963): "Axes de communication et théorie de developpement". Revue Economique n° 14, pp. 70-128. PRECEDO LEDO, Andrés (1989): Teoría geográfica de la localización industrial. Universidad de Santiago. Santiago
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Economía Regional de Castilla Y León. Junta de Castilla y León. Valladolid, pp. 17-25. SOLA ARRESE, E. (1985): "El eje Norte-Sur de Navarra". X Reunión de Estudios Regionales vol. 2. Junta
de Castilla y León. Valladolid, pp. 793-799.
O Tema
VI COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992- ACTAS
MOBILIDADE E TRANSPORTE: EFEITOS E AGENTES DA TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO
MARIA DE LURDES ALVES DOS SANTOS Faculdade de Arquitectura do Pmto
Das transformações nos espaços, tradicionalmente considerados urbanos e rurais, têm resultado
novos tipos de mobilidade e outras necessidades de transporte.
Nesta comunicação, procuraremos identificar alguns dos efeitos que a evolução das
características socio-económicas e do uso do solo, em áreas rurais industrializadas, têm produzido
na definição dos hábitos e motivos que estão na base dos actuais padrões de mobilidade quotidiana.
Pretende-se caracterizar a mobilidade e as novas necessidades de transporte, que emergem das
características locativas do binómio residência/emprego e, também, discutir o papel da acessibilidade,
quer como um dos factores de origem e reforço destes padrões de localização, quer como agente
de desenvolvimento e transformação do espaço.
A singularidade dos movimentos casa/trabalho em áreas rurais industrializadas
O tema foi analisado no concelho de Águeda, que pertence a uma área com elevado ritmo de
transformação recente' e, por isso, permite apreender algumas alterações significativas nos padrões
de mobilidade e também o ajuste das soluções de transporte às novas necessidades de deslocação.
O processo de industrialização, embora apoiado no tecido rural subjacente, provocou
importantes alterações no modo de vida, na organização do trabalho e, na mobilidade da população.
No cenário anterior, com características essencialmente rurais e uma certa dispersão
do povoamento, a sede de concelho polarizava a interacção entre os lugares, assumindo-se como
destino privilegiado para quase todos os movimentos.
Na situação actual, caracterizada por uma indústria difusa, surgiram novas necessidades de
deslocação, originadas pela separação espacial dos lugares de residência e de trabalho.
A par da acessibilidade ao centro urbano, que se mantém pertinente, é necessário considerar
também, não só, o acesso a outros polos de destino, como as características dos novos movimentos e
da população que se desloca.
Merecem particular destaque os movimentos casa/trabalho que, por serem agora de maior raio,
supõem a utilização de um meio de transporte.
Trata-se de movimentos pendulares diários apoiados em dois pontos fixos: o local de residência
e o local de trabalho. A casa, como ponto que marca o início e o fim de todos as deslocações é o principal
foco do movimento. O local de trabalho constitui o segundo polo de referência e permite definir a sua
direcção e amplitude. Assim, a distribuição dos locais de residência (povoamento) e do emprego estão na
base da definição dos trajectos e da intensidade dos fluxos, ou seja, dos padrões espaciais da mobilidade.
1. Passou de uma situação ainda claramente rural em 1950 para um concelho industrializado em 1970, segundo Pires, Ob. citada na bibliografia.
596
A singularidade dos movimentos casa/trabalho em áreas rurais industrializadas
assenta fundamentalmente em duas características: o seu recente aparecimento, uma vez que
são contemporâneos da transformação do processo produtivo e o caracter cruzado do movimento,
que deriva da dupla dispersão da residência e do emprego.
A juventude dos movimentos estabelece a primeira diferença em relação às áreas urbanas.
Nestas, o raio dos movimentos casa /trabalho foi aumentando com o progresso dos transportes, cuja rede,
nuns casos, orientou o crescimento da cidade e, noutros, evoluiu a reboque das necessidades criadas
pela sua expansão.
Na área em análise, a necessidade da deslocação para o trabalho é contemporânea de um
grande desenvolvimento dos meios de transporte rodoviários, muito flexíveis e ao alcance de uma grande
parte da população, o que originou a sua rápida difusão. Primeiro, generalizou-se o uso da bicicleta,
facilitado pela platitude de uma grande parte do concelho, pela economia de custo e manutenção e, até,
pela sua produção local. Mais tarde, a bicicleta deu lugar à motorizada, quer como meio de transporte
mais utilizado, quer na produção industrial. A difusão do automóvel é bastante mais recente e, como
veremos adiante, embora não seja o meio de transporte mais utilizado para efectuar movimentos
pendulares para o trabalho, regista um grau de utilização apreciável.
Por seu lado, a difusão simultânea de origens e destinos dá lugar a movimentos cruzados com
múltiplas direcções, dificultando a identificação das características dos fluxos, o que não acontece
nas área urbanas, onde é comum a dispersão das origens como resultado do fenómeno de suburbanização,
mas são restritas as áreas de destino, o que permite definir corredores de movimento e avaliar a intensidade
dos fluxos.
Podemos, portanto concluir, que as características do movimento casa/trabalho, variam
em função da área considerada e, naturalmente, o levantamento das carências e soluções de transporte
preconizadas para as áreas urbanas, que têm sido objecto de múltiplos estudos, não se adaptam
às necessidades e às características das áreas em análise.
Procurámos então, a partir do estudo de um caso concreto, averiguar, por um lado, até que ponto
os movimentos casa/trabalho desenham padrões completamente anárquicos, ou se é possível identificar
algumas direcções e circuitos preferenciais e, por outro, verificar, a partir do levantamento das
soluções individuais de transporte, se existem possibilidades e vantagens num sistema alternativo.
Análise do caso de Águeda: Um concelho rural industrializado.
Águeda é um concelho que se caracteriza por várias assimetrias.
Morfologia
A morfologia do terreno (fig. 1) apresenta uma nítida dualidade entre· a parte montanhosa a leste
e a área ribeirinha, aplanada, a oeste.
Povoamento
O povoamento (fig. 2) segue de perto o mesmo contraste. Baseia-se fundamentalmente
em pequenos lugares, mas enquanto na área ribeirinha eles formam uma mancha mais ou menos densa e,
por vezes, contínua, na área serrana os lugares são também pequenos, mas claramente definidos e
afastados entre si.
O I 2Km ..___.___.
Fig. 2
Fig. I HIPSOMETRIA E DIVISÃO ADMINISTRATIVA
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO EM 1981 POR LUGARES ., N<--
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' 09 \ OI Agadão II Macieira de Alcôba '\, . , 02 Aguada de Baixo I2 Macinhata do Vouga '\: J 03-'}guada de Cima 13 Ois da Ribeira • , 04 Agueda I4 Préstimo '-.... _ / 05 Barrô I5 Recardães 06 Beiazaima do Chão I6 Segadãe_s 07 Castanheira do Vouoa 17 Travasso 08 Espinhei c 18 Trofa 09 Fermenteios iÕ ~~~~~oa do Vouga I O Lamas do Vouga
ca .... 2818
.... 732
.... I
E«~ O I Km
597
598
Estas formas do povoamento são herdadas da situação rural anterior, mas a evolução recente
aponta para o seu reforço. Entre 1960 e 1981 o número de isolados quase triplicou2
• Na serra os lugares
diminuíram em tamanho e em número e o povoamento tornou-se mais esparso. Pelo contrário, na área da
ribeira, observa-se um crescimento da população, mesmo nos lugares que em 1960 tinham menos de 100
habitantes. Esta tendência tem contribuído para a sua difusão em mancha a partir dos núcleos anteriores.
População activa e transformações recentes do processo produtivo
A distribuição e composição da população activa reflecte também a mesma assimetria:
menor número de activos e a agricultura como actividade principal na área serrana; elevado número
de activos e a indústria como actividade predominante nas freguesias ribeirinhas, incluindo Águeda, que
apesar do maior desenvolvimento do terciário, apresenta o secundário como sector claramente dominante
(mais de metade da população activa).
Este indicador, somado ao facto de 2/3 do emprego e do valor total do produto se referirem
à indústria', permitem dizer que se trata de um concelho industrial. Porém, considerando
outros indicadores, como o número de famílias que possuem exploração agrícola (2/3 segundo
Reis e Pires)' e as próprias características da paisagem conferem-lhe um caracter rural.
Podemos dizer que indústria e agricultura coabitam nesta área numa estreita relação de
complementaridade. A indústria tem criado emprego e a sua dispersão espacial permite a fixação
do povoamento e o exercício da dupla actividade. A pequena agricultura tem-se transformado
numa actividade complementar, mas é um importante factor de equilíbrio de todo o processo e tem
contribuído para a fixação da mão de obra, na medida em que facilita o acesso à habitação própria.
A localização do emprego industrial
Como se pode observar na fig. 3, o emprego está praticamente confinado às áreas ribeirinhas e
o mapa evidencia ainda a grande dispersão do emprego e a heterogeneidade das concentrações industriais.
Exceptuando Águeda', os maiores polos de emprego e, também, as maiores unidades industriais
distribuem-se ao longo das principais vias: E.N. 1 e E.N. 230 e, também, nalgumas áreas próximas destes
eixos e/ou adjacentes à sede de concelho. A par destas concentrações industriais coexistem outras,
mais pequenas, (menos de 500 operários) que aparecem na maior parte dos lugares da área industrializada
e são responsáveis pela pulverização do emprego.
Este padrão de localização do emprego está, de um modo geral, em sintonia, quer com a
distribuição da população activa no sector secundário, quer com o povoamento, o que pode significa_r uma
certa proximidade entre a casa e o emprego. Como veremos adiante, a proximidade é relativa e,
frequentemente, não exclui a necessidade de usar um transporte para a deslocação casa/trabalho. Mas,
é justamente a possibilidade de recorrer a um meio de transporte, mesmo precário como a motorizada,
que suporta e dá consistência a esta mistura espacial de actividades. Não deixa de ser curioso notar, que
tendo sido o transporte um dos factores a contribuir para a especialização e separação espacial
das actividades, possa ser aqui o garante da mistura.
Passou de 314 em 1960 para 909 em 1981. 3. Reis, Ob. citada na bibliografia. 4. Pires, Ob. citada na bibliografia. 5. Os dados referentes à localização das empresas na sede de concelho, COITespondem frequentemente a um endereço postal, ou à sede administrativa da empresa, e não à unidade produtiva que, de facto, gera os fluxos de trabalhadores.
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LEGENDA
Trabalhadores
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A rede viária
599
Fig. 3 LOCALIZAÇÃO DO EMPREGO NA INDÚSTRIA
(' ............... o .. .
\. ·--· .. a·· ..... o :• ·. \.. '·: ... ·.:::.\. ...
\ ' I
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'-------' O !Km
A rede viária é a peça que faz com que todo o sistema se anime através do movimento. Além de
elo de ligação entre vários pontos do espaço, o caminho, ou a estrada são frequentemente o único factor
que ordena a dispersão do povoamento e. desempenham um papel importante no ordenamento
do espaço rural.
A rede apresenta uma forma radial (fig. 4) polarizada pela sede de concelho, é bastante
heterogénea quanto ao traçado e largura das vias e é mais densa na área industrial do que na serra. A
heterogeneidade da rede está patente na existência de estradas com e sem alcatrão e na variação da largura
do piso. De facto, ao longo da mesma via, podem encontrar-se vários estrangulamentos, provocados por
pontes estreitas e atravessamento de povoações, onde a estrada se transforma em rua e se aperta.
Grande parte destas características são vestígios de uma rede que se foi construindo e crescendo
num contexto rural e apenas tem sofrido algumas transformações para receber o automóvel e o camião.
600
N+---
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LEGENDA
Largura do piso em metros
NÃO ALCATROADO ------- <4 ............. 4-5
ALCATROADO
--3-4 --4.1-5 -5.1-7
>7 • • • • • Projectada
A oferta de transporte
Fig. 4 REDE VIÁRIA
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A oferta de transporte no concelho de Águeda está a cargo de duas empresas públicas:
A Rodoviária Nacional (R.N.) e o caminho de ferro (C.P.).
A rede de carreiras efectuadas pela R.N. tem uma forma radial (Fig. 5) centrada pela sede
de concelho, onde têm origem, destino ou passagem obrigatória todas as carreiras.
A frequência e os horários do transporte rodoviário servem essencialmente as deslocações
ao centro urbano, a julgar pelo maior volume de chegadas em relação ao de partidas e pelos horários
em que elas se efectuam. A oferta caracteriza-se por uma fraca especialização funcional que
tenta concentrar no mesmo serviço a resposta a vários tipos de deslocação.
O caminho de ferro atravessa uma parte importante da área ribeirinha do concelho e, permitiu
desde cedo (1911 ), o estabelecimento de relações fáceis e directas, não só entre Águeda e cidades
Legenda
1 Á_gueda - Anadia 2 Agueda -yagos 3 Aveiro- Agu~da- Tondela 4 ~elazaima - Agueda - Pedaçães 5 !J.gueda - Pontinha 6 Agueda - ~ever Vouga 7 Agadão - Agueda 8 Çoimbra - Agueda - Porto 9 Agueda - Maçoida
10 ~gueda- Quinta da Gala (0. Bairro) 11 !J.gueda- Anadia (por Barrô) 12 !J.gueda- Urgueira 13 !J.gueda- Aveiro (por Oiã) 14 !J.gueda- !J.veiro 15 !J.gueda - Agueda 16 Agueda- !J.lbergaria (por Arrancada) 17 Agadão - Agueda (por Boialvo) 18 Fermentelos- O. Bairro
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importantes, como Aveiro e Viseu, mas também entre todos os lugares atravessados pela linha.
Estas ligações de curto e médio raio, conferem-lhe características de transporte sub-urbano, que se ajustam
ao povoamento denso, mas disperso por vários lugares ao longo da linha, que o próprio comboio originou
e tem vindo a fixar ao longo dos anos.
A oferta é mista, composta simultaneamente por autocarros e automotora e caracteriza-se
por quinze carreiras diárias, que circulam entre as seis e trinta e as zero horas, o que constitui uma oferta
de transporte superior a qualquer dos percursos servidos pela R.N.
Em ambos os casos a oferta serve essencialmente as ligações à sede de concelho. Ora se, como
já vimos, o emprego criado pela indústria se dispersa por uma área mais vasta, teremos de concluir,
que esta oferta de transporte não se adapta às características dos movimentos para o trabalho industrial.
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Padrões de movimento casa/trabalho
A partir de uma listagem, que nos foi facultada pela Direcção Regional de Segurança Social
de Aveiro, foi possível fazer o levantamento das origens dos trabalhadores, cujos destinos são as empresas
sediadas em Águeda.
Com a cartografia destes movimentos pretendeu-se, não só definir os vários padrões espaciais
da mobilidade casa/trabalho, como identificar eventuais analogias entre eles e, ainda, direcções, sentidos
e circuitos preferenciais desses movimentos, de modo a compreender as necessidades de deslocação
dos trabalhadores, ou seja, a procura real de transporte.
Para tornar possível a cartografia dos dados e a posterior análise, as 771 empresas industriais
foram agrupadas em dezoito polos de destino, tendo por base a sua proximidade relativa6
• Posteriormente,
com base nalgumas afinidades locativas formaram-se quatro grupos.
1° grupo
O primeiro corresponde às concentrações industriais junto aos principais eixos viários; E.N.l
e E.N.230. (fig. 6)'
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Na definição de proximidade utilizaram-se critérios de distância (2 a 4 Km), de aglomeração e de uma certa continuidade espacial, como por exemplo a localização junto a uma via. 7. Cada grupo é constituído por vários polos de destino, aqui apresentamos apenas um cartograma, como exemplo de cada conjunto.
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Dos 16 203 trabalhadores que se movimentam, 45% (7 296) dirigem-se para os principais
eixos viários. A percentagem de trabalhadores locais é reduzida, o que parece estar relacionado com
o efeito de eixo criado por estas vias, que ao atrair muita indústria foram repulsivas para a residência e,
por isso, são as que mais se aproximam das características de zona industrial. De qualquer modo,
verifica-se, quase como regra geral, que os percursos casa/trabalho são normalmente curtos, uma vez que
a maioria dos trabalhadores provêm de lugares mais ou menos próximos (2 a 6 Km).
Digno de nota é o fluxo de atravessamento da cidade em direcção a estes destinos. São 1 244
trabalhadores, o que representa 17% do movimento total deste grupo.
2° grupo
O segundo grupo (fig. 7) reúne os polos de destino, cuja característica comum é a
sua localização no meio de lugares com uma certa densidade de população residente e
ligeiramente afastadas da E.N. 1 (2 a 5 Km). Como seria de esperar, a percentagem de trabalhadores locais
aumenta em relação ao grupo anterior (31% a 38% ), mas/ nas localidades vizinhas, que têm origem
os maiores fluxos mantendo-se, portanto, a característica de viagens de curto raio.
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604
O volume de atravessamento é forte para os destinos mais próximos do centro urbano, mas
diminui quando a localização é mais excêntrica.
3° grupo
O terceiro conjunto (fig. 8) inclui cinco pequenas áreas industriais adjacentes ao primeiro e
ao segundo grupos.
Fig. 8 MOBILIDADE PARA:
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É formado por pequenas concentrações industriais que atraem um reduzido número
de trabalhadores (entre 186 e 526). Heterógeneas em relação à percentagem de trabalhadores locais
(15% a 55%), os movimentos são igualmente curtos.
4° grupo
O quarto grupo é composto por duas áreas periféricas (fig. 9), quer em relação à sede
de concelho, quer em relação aos principais eixos viários.
Em qualquer caso deste grupo, destaca-se o facto de mais de metade dos trabalhadores
(56% e 69%) não precisarem de transporte para ir trabalhar, por residirem no lugar onde se localiza
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. 1 Fig. 9 MOBILIDADE PARA: ( .
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N° de Trabalhadores
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Em resumo, a análise dos cartogramas da mobilidade revela:
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605
A existência de um fluxo considerável de atravessamento diário da cidade, que se dirige
para outros destinos8
•
- As viagens casa/trabalho são relativamente curtas, porque grande parte dos trabalhadores
reside no mesmo lugar da empresa, ou em lugares próximos.
- Os principais polos de emprego localizam-se ao longo dos principais eixos viários, ou em áreas
densamente povoadas na sua imediata proximidade.
- A indústria de Águeda atrai importantes fluxos de trabalhadores dos concelhos vizinhos.
O volume total de atravessamento é de 1917 trabalhadores, o que representa 12% do movimento total considerado.
606
O Transporte
Finalmente inventariámos, a partir de um inquérito directo9
, as soluções individuais de transporte
a que os trabalhadores têm de recorrer, face à desadaptação entre as características da oferta de transporte
público e as deste tipo de procura.
Opções modais de transporte
O inquérito revela que os transportes mais utilizados são os veículos de duas rodas (52%), com
destaque para a motorizada, que constitui a opção de 38% dos inquiridos. O automóvel não é tão vulgar,
naturalmente por razões económicas, embora atinja um expressivo valor de 20%. O transporte público é
pouco utilizado; apenas 8%, o que o situa ao mesmo nível do volume de trabalhadores que viajam
no transporte da empresa.
Digno de nota é o número de trabalhadores que vão a pé para o trabalho (12%), o que
parece estar relacionado com percursos muito curtos mas, nalguns casos, revela também a inexistência
de qualquer meio de transporte disponível.
A permuta regular de boleia não é muito frequente, mas o recurso a esta solução é vulgar
entre aqueles que não têm acesso a um transporte individual e denuncia, simultaneamente, carência
e dependência em relação ao transporte.
Transporte segundo a origem destino
Tal como em relação a outros indicadores, a comparação entre as distâncias percorridas e
a opção modal de transporte não permite definir regras ou tendências muito claras, mas apenas
algumas regularidades:
- Os percursos mais curtos são feitos a pé ou então são utilizados veículos de duas rodas,
enquanto nas viagens mais longas se utiliza muitas vezes o automóvel. Porém, também é vulgar
a utilização do automóvel em viagens curtas e, o recurso à bicicleta e motorizada, para viagens
relativamente mais longas, o que deve estar relacionado com as características económicas
e socioprofissionais da população que se desloca.
O transporte público continua a manter baixos índices de utilização. A empresa "Manufacturas
Santos"'o é uma excepção a esta regra que merece ser analisada. Em conjunto com a R.N., e a partir
da adaptação de carreiras já existentes, e.sta empresa encontrou um modo dos seus trabalhadores poderem
utilizar o transporte público nas deslocações casa/trabalho. A mudança de localização" levou-a a ter
que garantir, ou subsidiar o transporte dos seus operários. Os que dispunham de um transporte individual,
provavelmente optaram pelo subsídio, mas um número ainda significativo utiliza as carreiras da R.N.
A opção pelo transporte público, neste caso, torna clara a sensibilidade dos trabalhadores
ao custo do transporte e mostra, também, a importância dos percursos directos e dos horários compatíveis
cumpridos com um certo rigor, o que revela ainda uma outra sensibilidade, desta vez, ao tempo de viagem.
Foram lançados 1 500 inquéritos em 14 empresas localizadas nas diferentes áreas industriais do concelho, aos quais responderam 847 trabalhadores. 10. Actualmente localiza-se no Raso da Alagoa, junto à E. N. 1. 11. Localizava-se em Assequins.
607
O transporte da empresa segundo a origem dos trabalhadores, ganha alguma expressão no
caso da empresa "Victor Angelo", localizada em Travassô, junto à E.N. 230. Dificuldades em contratar
mão de obra nas áreas mais próximas, levou a empresa a recrutar trabalhadores em lugares distantes e,
simultaneamente a providenciar o seu transporte. Pratica-se um sistema semicolectivo, composto
por carrinhas da empresa, normalmente conduzidas por um dos funcionários.
Para o trabalhador, o transporte pode funcionar como um complemento de salário, uma vez que
não tem de o custear e, para a empresa é um modo de assegurar a mão de obra e o cumprimento
dos horários.
Em suma, talvez se possa dizer, que o custo e o tempo são as características do transporte a
que os trabalhadores são mais sensíveis e, daí, que qualquer alternativa ao transporte privado individual
só funciona, quando responde, com vantagem, a estes dois requesitos.
Notas finais
Para concluir importa sistematizar algumas ideias fundamentais apreendidas com este trabalho.
- Primeiro, o aumento da mobilidade e a alteração das características da procura têm origem
nas transformações recentes do processo productivo e não encontram resposta adequada por parte da oferta
de transporte existente. Esta desarticulação cria a necessidade de recurso a soluções individuais e, talvez
a possibilidade de dispor de um meio de transporte, mesmo precário como a motorizada, seja a base
que serve de suporte à mistura espacial do emprego e do povoamento.
- Segundo, face às características dos movimentos em análise: relativamente curtos~ duplamente
dispersos, e em que se observa uma grande sensibilidade ao tempo e ao custo, é difícil imaginar
uma alternativa ao transporte individual. Porém, tendo em conta as soluções de transporte colectivo
e semi-colectivo detectadas no inquérito, é possível admitir que, após estudos de pormenor sobre
as características da procura, fosse possível organizar um sistema de transporte orientado para
os movimentos pendulares casa/trabalho. Em todo o caso, para se tornar eficaz deveria, à partida,
obedecer a duas condições:
-Aproximar-se das características de um transporte por encomenda.
- Ser organizado a partir dos transportes públicos existentes, isto é, do tradicional autocarro
e comboio adaptados e revalorizados.
- Terceiro, pode dizer-se que, se o transporte é um dos factores que faz parte das estratégias
espaciais dos trabalhadores, começa também a ter uma certa importância na deliniação de incentivos
para fixar a mão de obra por parte das empresas que, em situação de maior concorrência, poderiam,
através do transporte, controlar grupos de mão de obra, ou mesmo, bacias de emprego.
E, finalmente, a questão que se pode discutir em áreas industrializadas deste tipo, é o papel que
um sistema coordenado de transporte poderia desempenhar na gestão do território e, mais especificamente,
na organização do povoamento, no crescimento e expansão dos lugares e na localização do emprego. Se
a rede viária é, por vezes o único factor que ordena a dispersão, é possível admitir, que uma rede
de transporte adaptada às caraterísticas da procura pudesse desempenhar uma função semelhante.
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Bibliografia
CHESNAIS, M.- Transports et espace Francais, Masson, col. Geographie, Paris, 1981. COELHO, CELESTE; SANTOS, M.LURDES- O vale do Vouga e a dinâmica das áreas que atravessa, em revista Linha
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des Transports, Raport de de recherche I.R.T. No 53, Arcueil, 1981.
ÍNDICE POR AUTOR
ALBERCA-GARCIA ADAMEZ, Montserrat 443 LOPEZ LARA, Enrique 499 ARAÚJO, Manuel 217 LÓPEZ DE LOS MOZOS GONZÁLEZ, Angeles 115 ARGEL, David 87 MALHEIROS, Jorge Macaísta 193 ARIAS ABELLÁN, Jesús 483 MARGARIDO, Paula 475 ARMENGOL MARTÍN, Matilde 123 MARQUES, Helder 211 ARROYO LOPEZ, Emílio 567 MARQUES, Helena Guerreiro 87 BARRA AZNAR, José Angel 435 MARQUES, Teresa Sá 345 BERTRAND, J. R. 245 MARTÍN GOMEZ, Cristina 225 BOURA, Isabel 409 MARTÍN JIMÉNES, Ma Isabel 267 BRANDÃO, Jorge Manuel Bastos 63 MARTINS, Luís 211 CAETANO, Lucília 373 MARTINS, Rui Miguel Abrantes 395 CALADO, Helena 57,299 MATOS, Fátima Loureiro de 105 CALDEIRA, Maria José Boavida 193 MA Y A FRADES, Antonio 525 CAMPESINO FERNÁNDEZ, Antonio-José 149 MIRANDA BONILLA, José 429 CARO DE LA BARRERA MARTÍN, Esperanza 545 MORA ALISEDA, Julián 443 CARVALHO, Anabela 367 MORENO, Luís 253 CASTELLANO AL V AREZ, Juan Carlos 175 MORENO, Maria do Rosário 551 CHUECA, M. Carmen 283 OLIVEIRA, Prof. Doutor Pereira de l CORTIZO AL V AREZ, José 525 ORTEGA ALBA, Francisco 237 COSTA, Eduarda Marques da 193 PACHECO, Elsa Maria Teixeira 3 COSTA, José Eduardo 35 PARRENO CASTELLANO, Juan Manuel 237 COSTA, Nuno Marques da 421 P AZO LABRADOR, Alberto José 275 COSTA, Serafim 535 PEDROSA, Fantina Tedim 311 CRA VIDÃO, Fernanda Delgado 579 PENA TORREDEDÍA, Silvia 237 DE LORENZO ROMERO, Amparo 231 PEREIRA, Teresa Magalhães 35 DE TORRES LUNA, M. P. 245 PEREZ FARINA, Ma Luisa 13 DELGADO AGUIAR, Gerardo 123, 141 PÉREZ ALBERT!, A. 245 DUARTE, Gentil Sousa 357 PÉREZ IGLESIAS, María Luisa 511 DURAN VILLA, Francisco R. 13 PÉREZ MESA, Domingo Santiago 237 ESPEJO MARÍN, Cayetano 115 PINA, Maria Helena Mesquita 323 ESTEVES, Alina 529 PIRES, Iva 421 FARINHA, João Paulo Martins 535 PLAZA GUTIÉRREZ, Juan Ignacio 505 FERNANDES, José Alberto Rio 47 PORTEIRO, João 57 FERNÁNDEZ ABEL, Severino 305 REMOALDO, Paula Cristina A. 385 FERNÁNDEZ SALINAS, Víctor 175 RIBEIRO, Maria Helena Mendes 333 FRUTOS, Luísa Maria 283 RODRIGEZ MARTINEZ, Francisco 21 GAMA, António 95 RODRÍGEZ LESTEGÁS, Francisco 203 GARCIA GOMEZ, Antonio 455 RODRIGUEZ GONZALEZ, Roman 81 GARCÍA P AZOS, Fernando 135,305 ROMANÍ BARRIENTOS, Ramón G. 511 GARCÍA VIDAL, Pedro 129 SALGUEIRO, Teresa Barata 39 GINÉS DE LA NUEZ, Ma del Carmen 435 SANCHEZ HERNANDEZ, Jose Luis 589 GOMES, Carlos Alberto 551 SANTOS SOLLA, José Manuel 275 GONZÁLEZ MORALES, Alejandro 123,225 SANTOS, Maria de Lurdes Alves dos 595 HENRIQUES, Eduardo Brito 193 SANTOS, Norberto 95 HERNANDEZ BORGE, Julio 291 SERRA, Nuno 95 HORTELANO MÍNGUEZ, Luis Alfonso 185 SILVA PÉREZ, Rocío 259 JACINTO, Rui 409 SILVA, Carlos Nunes 573 JIMÉNES OLIVENCIA, Yolanda 21 SILVA, Jorge 529 JURADO ALMONTE, Jose Manuel 455 SILVA, Rosa Fernanda Moreira da 319 LEMA, Paula Bordalo 537 SOLANS, Manuela 283 LICO, Maria Isabel 551 VALE, Mário 367,421 LIMA, Manuela 299 VENTURA FERNANDEZ, Jesús 467 LLORENTE PINTO, José Manuel 505 VIANA, Maria da Conceição 557 LOIS GONZÁLEZ ,R. C. 245 VIDAL DOMINGUEZ, Ma Jesús 519 LOPES, José da Cruz 557 VINUESA ANGULO, Julio 519
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