Uma proposta de indicadores para a cadeia de suprimentos verde da indústria de petróleo e gás

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UMA PROPOSTA DE INDICADORES PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS IARA TAMMELA - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF RAMON BAPTISTA NARCIZO - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF CLAUDIO CABRAL FEIJÓ - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Resumo: A BUSCA POR PROCESSOS, TECNOLOGIAS E OPERAÇÕES AMBIENTALMENTE MAIS SUSTENTÁVEIS É UM OBJETIVO A SER ATINGIDO ESPECIALMENTE PELAS EMPRESAS DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS. A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE, COM FOCO EM OPERAÇÕES AMBIENTALMEENTE SUSTENTÁVEIS, É UM FATOR DIFERENCIAL PARA EMPRESAS NA BUSCA POR COMPETITIVIDADE. O OBJETIVO DESTE ARTIGO É APRESENTAR UM CONJUNTO DE INDICADORES QUE POSSIBILITEM ÀS EMPRESAS DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL AVALIAREM SEUS PROCESSOS E ATIVIDADES LOGÍSTICAS COM O INTUITO DE ESTAREM MAIS PRÓXIMAS DA SUSTENTABILIDADE. PARA TAL, FOI FEITO UM MAPEAMENTO DAS ATIVIDADES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO SETOR. A PARTIR DESSE MAPEAMENTO, E DA PROPOSIÇÃO DE CONSTRUÇÃO DE UM MODELO PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS DESSA INDÚSTRIA, CHEGA-SE A PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE INDICADORES DE PERFORMANCE “VERDES”. Palavras-chaves: CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE; INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS; INDICADORES DE DESEMPENHO. Área: 1 - GESTÃO DA PRODUÇÃO Sub-Área: 1.3 - LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO

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UMA PROPOSTA DE INDICADORES PARA A

CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE DA INDÚSTRIA

DE PETRÓLEO E GÁS

IARA TAMMELA - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

RAMON BAPTISTA NARCIZO - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

CLAUDIO CABRAL FEIJÓ - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Resumo: A BUSCA POR PROCESSOS, TECNOLOGIAS E OPERAÇÕES

AMBIENTALMENTE MAIS SUSTENTÁVEIS É UM OBJETIVO A SER

ATINGIDO ESPECIALMENTE PELAS EMPRESAS DO SETOR DE

PETRÓLEO E GÁS. A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE,

COM FOCO EM OPERAÇÕES AMBIENTALMEENTE SUSTENTÁVEIS, É

UM FATOR DIFERENCIAL PARA EMPRESAS NA BUSCA POR

COMPETITIVIDADE. O OBJETIVO DESTE ARTIGO É APRESENTAR UM

CONJUNTO DE INDICADORES QUE POSSIBILITEM ÀS EMPRESAS DO

SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL AVALIAREM SEUS PROCESSOS

E ATIVIDADES LOGÍSTICAS COM O INTUITO DE ESTAREM MAIS

PRÓXIMAS DA SUSTENTABILIDADE. PARA TAL, FOI FEITO UM

MAPEAMENTO DAS ATIVIDADES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO

SETOR. A PARTIR DESSE MAPEAMENTO, E DA PROPOSIÇÃO DE

CONSTRUÇÃO DE UM MODELO PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS

DESSA INDÚSTRIA, CHEGA-SE A PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE

INDICADORES DE PERFORMANCE “VERDES”.

Palavras-chaves: CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE; INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E

GÁS; INDICADORES DE DESEMPENHO.

Área: 1 - GESTÃO DA PRODUÇÃO

Sub-Área: 1.3 - LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E

DISTRIBUIÇÃO

XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos

Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012

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A PROPOSAL OF INDICATORS FOR THE OIL & GAS

INDUSTRY GREEN SUPPLY CHAIN

Abstract: FOR THE COMPANIES, THE SEARCH FOR PROCESSES,

TECHNOLOGIES AND OPERATIONS ENVIRONMENTALLY SUSTAINABLE

IS A GOAL TO BE REACHED, MAINLY IN OIL AND GAS INDUSTRY. THE

GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT ALSO DIRECTED TOWARDS

OPERATIONS SUSTAINABILITY IS A DIFFERENTIATING FACTOR FOR

COMPANIES SEEKING FOR COMPETITIVENESS. THE AIM OF THIS

PAPER IS TO PRESENT A SET OF INDICATORS TO THE COMPANIES TO

EVALUATE THEIR PROCESSES AND LOGISTICS ACTIVITIES IN ORDER

TO BE CLOSER TO SUSTAINABILITY. THUS, A FRAMEWORK OF GREEN

SUPPLY CHAIN ACTIVITIES IS PROPOSED. IT IS INTENDED, FROM THIS

FRAMEWORK AND THE CONSTRUCTION OF A SUPPLY CHAIN MODEL

FOR THIS INDUSTRY, A PROPOSAL FOR THE SET OF “GREEN”

PERFORMANCE INDICATORS.

Keyword: GREEN SUPPLY CHAIN; OIL & GAS INDUSTRY; PERFORMANCE

INDICATORS.

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1. Introdução

A indústria de petróleo e gás apresenta grande relevância no cenário econômico atual,

principalmente por ser uma das principais fontes energéticas mundiais e seus derivados serem

utilizados em diversos segmentos industriais. É uma das atividades econômicas no Brasil com

maior importância e maior projeção de crescimento.

Segundo a Agência Nacional de Petróleo (AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO,

2012), o Brasil hoje conta com uma reserva 14 bilhões de barris de petróleo, e 435 milhões de

metros cúbicos de gás, sendo que 93% das reservas de petróleo e 84% das reservas de gás

estão submersas.

Entre 2001 e 2010 a produção de petróleo no Brasil aumentou 60%. Com o salto, o

país passou da 18ª para a 13ª posição no ranking dos países produtores de petróleo. A extração

de petróleo no país passou de 1,34 milhão de barris por dia para 2,14 milhões. O Brasil é o

15º país no ranking das maiores reservas provadas de petróleo em 2010. (INDICADOR

BRASIL, 2011).

Tanto para consumo interno como exportação, a indústria de petróleo e gás é um

segmento de importante para a matriz energética nacional. Uma das características desse

complexo setor industrial é a necessidade de uma enorme rede logística para operacionalizar

todas as suas atividades, desde a perfuração de um reservatório até a distribuição eficiente dos

produtos acabados aos consumidores.

Entretanto, essas atividades logísticas podem causar impactos ambientais

significativos. Com a crescente conscientização ambiental por parte da sociedade, o setor

produtivo é pressionado tanto por legislações, mercado consumidor e acionistas, para reduzir

os impactos ambientais decorrentes de suas atividades.

Anualmente, de uma produção mundial de bilhões de toneladas de petróleo, milhões

delas contaminam o meio ambiente. Dados estatísticos indicam que para cada mil barris de

petróleo produzido, um é despejado no meio ambiente (INTERNATIONAL TANKER

OWNERS POLLUTION FEDERATION, 2010).

Com o crescimento da preocupação ambiental nas últimas décadas, houve um aumento

do reconhecimento das questões ambientais aliadas ao desenvolvimento industrial juntamente

com os processos operacionais da cadeia de suprimentos e assim, a iniciativa da cadeia de

suprimentos verde. (SHEU; CHOU e HU, 2005). De acordo com Sarkis (2003), o número de

organizações que estão integrando práticas ambientalmente sustentáveis ao seu planejamento

estratégico e operações diárias vêm aumentando ao longo do tempo. Inúmeras iniciativas,

voluntárias ou mandatórias por diversas regulamentações, estão sendo adotadas pelas

empresas na busca de tornarem suas práticas mais benignas ao meio ambiente, e

consequentemente manterem ou ampliarem sua vantagem competitiva.

Tendo em vista esse contexto, surge o conceito de “logística verde”, que segundo

Donato (2008), visa à minimização dos impactos ambientais causados pelas atividades

logísticas, que no caso da indústria de petróleo e gás, são de vital importância devido à

proporção dos danos causados por acidentes ambientais.

O objetivo deste artigo é construir um conjunto de critérios (indicadores) que

possibilitem as empresas do setor avaliar seus processos e atividades logísticas com o intuito

de se tornarem suas atividades mais sustentáveis, agregando valor a toda cadeia. Para melhor

explicitar algumas das características relacionadas à cadeia de petróleo e gás e a cadeia de

suprimentos verde será feita uma revisão bibliográfica acerca do assunto. A metodologia

considerou as seguintes atividades: a) construção de um modelo conceitual da cadeia logística

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de petróleo e gás a partir do referencial teórico; b) revisão bibliográfica dos conceitos de

cadeia de suprimentos verde; c) construção de um modelo conceitual da cadeia de

suprimentos verde para a indústria de petróleo e gás a partir do referencial teórico;e d)

construção dos indicadores de performance “verdes” para a cadeia logística da indústria de

petróleo e gás.

Cabe ressaltar que a presente pesquisa faz parte de um estudo maior que aborda a

construção de indicadores de performance para a cadeia de suprimento verde específicos para

a cadeia de petróleo e gás. Esse artigo pretende apresentar os resultados iniciais do estudo. A

validação e implantação dos indicadores em empresas ainda estão em fase de

desenvolvimento.

2. Logística do Petróleo e Gás

Os processos organizacionais geralmente são constituídos de uma série de atividades

que visam a agregar valor ao produto final ou serviço por elas oferecido. Logo, uma cadeia de

valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as

relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até a fase da distribuição final

(PORTER, 1989).

Ainda segundo Porter (1989), estas atividades podem ser divididas em: 1) atividades

de apoio: infra-estrutura, gerência de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e

aquisição; e 2) atividades primárias: logística, operações, marketing, vendas e serviços.

Sendo assim, a logística pode ser considerada como parte fundamental da cadeia de

valor. As atividades que compõem o processo logístico são: serviço ao cliente, previsão de

vendas, comunicação de distribuição, controle de estoque, manuseio de materiais,

processamento de pedidos, peças de reposição, serviços de suporte, seleção do local da planta

e armazenagem (análise de localização), compras, embalagem, manuseio de mercadorias

devolvidas, recuperação e descarte de sucata, transporte, armazenagem e estocagem

(BALLOU, 2001).

Para Christopher (2002), a logística é o processo de gerenciar de maneira estratégica a

aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos

de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a

poder maximizar lucros presentes e futuros através do atendimento dos pedidos a custos

baixos.

A logística também pode ser definida como o processo de planejamento,

implementação e, controle de procedimentos eficiente, com transporte e armazenamento de

bens e serviços eficaz, e informações relacionadas desde o local de origem até o ponto de

consumo, com a finalidade de atender às exigências dos clientes. Esta definição inclui

movimentos inbound (cadeia de fornecimento), outbound (cadeia de distribuição), internos e

externos (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2010). É o

bom planejamento do sistema logístico que proporciona o valor para o cliente.

Para a indústria de petróleo e gás, segundo Donato (2012), as principais atividades

logísticas são: suprimento, armazenamento, transporte, manutenção, inspeção, abastecimento

e distribuição. As atividades produtivas na indústria de petróleo e gás se dividem em

atividades onshore (em terra) e atividades offshore (no mar). Para Cardoso (2004), as

principais atividades são a distribuição de derivados de petróleo, transporte (os diferentes

modais) e armazenagem, além da tecnologia de informação. Ambos os autores destacaram os

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impactos ambientais das atividades logísticas e a importância da gestão das mesmas para

reduzir e/ou evitar possíveis danos ao meio ambiente.

Kimura (2005) também descreveu que em cada etapa da cadeia petrolífera a logística é

um elemento essencial. Tanto na exploração e produção, escoamento do produto até as

refinarias, como as localizações da refinaria em relação ao mercado consumidor e ao campo

produtor.

Para estudar a cadeia logística da indústria de petróleo e gás podemos dividi-la em três

segmentos (BARROS; TAMMELA e CRUZ, 2010; DONATO, 2012; KIMURA, 2005):

1) O Upstream é o conjunto de todas as atividades de exploração e produção (E&P)

que são basicamente: prospecção, perfuração, produção e o transporte do óleo e gás extraídos,

completação e elevação. Pode ser realizado em reservas terrestres (onshore) ou em reservas

submarinas (offshore). Nessa parte, a atividade logística envolve o apoio, suporte e

fornecimento de serviços e materiais necessários à prospecção e extração de petróleo e gás,

bem como o transporte.

2) O Midstream envolve as atividades de refino até a obtenção dos derivados, ou seja,

o processamento de petróleo e gás. Essa etapa compreende basicamente o refino. Os

derivados do petróleo e gás são muitos, dentre eles os principais são, benzina, nafta, gasolina,

querosene, óleo diesel, óleos lubrificantes, asfalto, piche, coque, parafina, GLP (gás liquefeito

de petróleo) e GNV (gás natural veicular). Nessa parte a logística envolve o apoio, suporte e

fornecimento de utilidades à produção dos derivados de petróleo necessários ao seu refino.

Kimura (2005) acrescentou nessa fase as atividades de transporte e a importação e exportação

de gás natural, petróleo e seus derivados, além da atividade de refino.

3) O Downstream contempla a distribuição e revenda dos derivados para o mercado

consumidor. É a etapa que se ocupa das tarefas logísticas de armazenagem e distribuição

necessária para transportar os produtos da indústria do petróleo e gás desde as refinarias até os

pontos de distribuição e consumo. Muitas vezes o Midstream é incorporado também ao

Downstream para o estudo da cadeia de valor de petróleo e gás por causa das atividades de

transporte, importação e exportação (KIMURA, 2005).

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FIGURA 1 – Cadeia de valor de petróleo e gás e suas atividades logísticas. Adaptado de BARROS; TAMMELA

e CRUZ, 2010.

Segundo Donato (2012), as atividades das redes logísticas para a indústria de petróleo

e gás também podem ser divididas em cadeias logísticas de apoio, suporte e utilidades. As

atividades de apoio logístico onshore e offshore são compostas por operações ligadas às

atividades de obtenção de materiais tais como: gestão de estoques, aquisição (materiais e

serviços), recebimento de materiais, movimentação de materiais e transporte de materiais

(inbound e outbound). As atividades de suporte logístico offshore e onshore são essenciais

para o andamento da indústria de petróleo e gás, tais como a disponibilização de: serviço de

bordo (alojamento), equipamentos de transporte de pessoas, equipamentos para estimulação

de poços, equipamentos para reboque de plataformas e equipamentos para prontidão para

casos de resgate e combate a incêndio. As atividades de utilidades logísticas offshore e

onshore que são os procedimentos e técnicas para atender às demais necessidades das cadeias

estão divididos entre os serviços de disponibilização de: água (potável e de serviço),

combustível, rede, destinação de efluentes e resíduos, gestão do patrimônio e manutenção.

Baseado nos autores acima, podemos dizer que a cadeia de petróleo e gás pode ser

dividida entre as fases de Upstream, Midstream e Downstream. Para a pesquisa vamos

considerar as atividades da cadeia de valor logística de petróleo as seguintes (CARDOSO,

2004; DONATO, 2012; BARROS; TAMMELA e CRUZ, 2010; KIMURA, 2005):

exploração, produção, transporte do óleo e gás extraídos, refino, suprimento, armazenamento,

transporte (diferentes modais), abastecimento (aquisição de materiais), distribuição, gestão

dos estoques, manutenção, inspeção e atividades de apoio e suporte a todas as atividades

logísticas. O modelo conceitual da cadeia de valor da logística de petróleo e gás pode ser visto

na figura 1 abaixo.

Essa cadeia conceitual da indústria de petróleo e gás juntamente com os conceitos da

cadeia de suprimentos verde, a seguir, vai servir de base para a criação da cadeia de

suprimentos verde para a cadeia de petróleo e gás. A construção desse modelo conceitual é

importante, pois vai dar o suporte teórico necessário para a elaboração dos indicadores de

performance “verdes” para a referida cadeia.

3. A Cadeia de Suprimentos Verde

O impacto ambiental das atividades de negócios tem se tornado um assunto importante

nos últimos anos devido ao crescimento da consciência do público em relação à conservação

ambiental e a introdução de legislações ambientais e regulamentações pelos países (LAU,

2011). Por isso, as empresas têm revisto e repensado suas práticas logísticas de modo a serem

mais eficientes energeticamente e mais responsáveis ambientalmente. A indústria de petróleo

e gás, como todas as demais, também gera impactos ambientais. De acordo com Donato

(2008), os principais fatores que aumentam os impactos ambientais de sistemas logísticos são:

1) a crescente queima de combustíveis fósseis pelos diversos sistemas de transporte; 2)

vazamento de cargas potencialmente tóxicas nos meios de transporte; e 3) contaminação por

sistemas de armazenagem de produtos potencialmente tóxicos. O autor definiu a logística

verde como o conjunto de operações logísticas que visam reduzir o impacto ambiental das

atividades logísticas de uma empresa.

As iniciativas da cadeia de suprimentos verde nas áreas de aquisição, manufatura,

distribuição e reciclagem têm se tornado uma grande tendência pelas empresas (LAU, 2011).

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Dessa forma, a cadeia de suprimentos verde vem se concretizando como um grande desafio à

gestão da cadeia de suprimentos em todo o mundo.

Segundo Beamon (1999, p.336, tradução nossa), a cadeia de suprimentos tradicional

pode ser definida como: “um processo de manufatura integrado onde matérias-primas são

manufaturadas até se tornarem produtos finais e então, enviados para os consumidores (via

distribuição, varejo, ou ambos)”. A autora citou ainda que o projeto, modelagem e análise de

uma cadeia de suprimentos tradicional tem primeiramente focado na otimização da aquisição

de matérias-primas dos fornecedores e a distribuição dos produtos aos consumidores. A

cadeia de suprimentos verde seria uma extensão da cadeia de suprimentos tradicional,

considerando a totalidade dos efeitos imediatos e eventuais ao meio ambiente de todos os

produtos e processos. Essa cadeia conteria todos os elementos da cadeia tradicional além da

reciclagem de produtos e embalagem, reuso, e/ou operações de remanufatura.

O Reverse Logistics Executive Council (2010 apud LAU, 2011) refere-se à logística

verde como uma tentativa de medir e minimizar o impacto ecológico das atividades logísticas.

Incluem a aquisição/compra verde, a gestão de material e manufatura verde, a distribuição e

marketing verde, bem como a logística reversa (HERVANI; HELMS; SARKIS, 2005 apud

LAU, 2011). O objetivo geral é reduzir o impacto no meio ambiente, diminuir o custo de

produção, e melhorar o valor do produto. A gestão efetiva das atividades da logística verde

não afeta apenas a performance operacional e econômica da organização como também

aumenta a sua competitividade a longo tempo (LAU, 2011).

Olugu; Wong e Shaharoun (2011) descreveram que a cadeia de suprimentos verde

vem sendo definida de diversas formas e termos, tais como: ciclo de cadeia de suprimentos

fechado, cadeia de suprimentos sustentável, cadeia de suprimentos ambiental, cadeia de

suprimentos ética, cadeia de suprimentos socialmente responsável etc. Independentemente dos

termos e definições, o foco reside no meio ambiente. Os referidos autores definem a cadeia de

suprimentos verde como as atividades de compras e aquisições verdes, manufatura verde e

gestão de materiais, distribuição verde e marketing e logística reversa.

Ainda de acordo com Lau (2011), numa perspectiva mais ampla, a logística verde

pode ser entendida como parte da gestão da cadeia de suprimentos verde (Green Supply Chain

Management - GSCM) que tem como objetivo a integração do pensamento ambiental à gestão

da cadeia de suprimentos. As atividades envolvidas incluem o desenvolvimento de produto,

seleção de fornecedor e material, transporte inbound, processos de manufatura, redução de

resíduos, embalagem de produto, distribuição e entrega aos consumidores, e o retorno do

produto no fim da vida para reciclagem e reuso.

Zhu; Sarkis e Lai (2008) apresentaram que a GSCM surgiu como uma ferramenta

efetiva de gestão e filosofia para as organizações de manufatura mais pró-ativas e que querem

se tornar líderes. O escopo de implementação das práticas de GSCM abrange da

aquisição/compras verde ao gerenciamento integrado do ciclo de vida da cadeia de

suprimentos fluindo do fornecedor através do fabricante, consumidor, e fechando o ciclo com

a logística reversa. De acordo ainda com o autor, existem várias definições para cadeia de

suprimentos verde e estas dependem do conceito da cadeia de suprimentos, do limite da

GSCM e dos diferentes objetivos abordados.

Existem vários benefícios da GSCM em todas as atividades logísticas. O uso de

materiais amigáveis ao meio ambiente na produção ou de partes recicladas na manufatura, não

reduz apenas os efeitos adversos no meio-ambiente como também dimimui os custos de

manufatura. O uso de materiais de embalagem verdes ou reciclados junto com designs

melhorados de produtos ajudam na redução de custos e desperdícios na embalagem. No

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transporte, a consolidação de ordens e a otimização de programação e rotas diminuem a

frequência da distribuição e o consumo de combustíveis. A aquisição/compra, embalagem e

transporte representam as maiores funções logísticas de upstream e downstream numa cadeia

de suprimentos (LAU, 2011).

Sarkis (2003) ressaltou que quando uma organização planeja suas estratégias focando

práticas ambientalmente sustentáveis, essas decisões são geralmente mais estratégicas e mais

complexas, pois geram uma série de implicações para a gestão interna e externa das empresas,

principalmente nas relações externas entre empresas da cadeia de suprimentos e a

coordenação de todos os elos dessa cadeia.

Sheu, Chou e Hu (2005) também descreveram que a integração dos fluxos logísticos

numa cadeia de suprimentos verde é ainda um fator crítico, pois é difícil a coordenação das

atividades de todos os membros incluindo os canais de distribuição logísticos orientados ao

produto e os correspondentes canais logísticos reversos. Essa dificuldade deve-se aos

diferentes objetivos operacionais entre os membros da cadeia. Os autores destacaram que a

integração dos fluxos logísticos é vital para o gerenciamento da cadeia de suprimentos verde.

Um fator outro fator importante para a gestão da cadeia de suprimentos verde é o ciclo

de vida do produto: 1) a fase de introdução do produto – investimento em P&D e em design

voltado para a sustentabilidade; 2) a fase de crescimento – planejamento da capacidade de

produção e dos canais logísticos focando a sustentabilidade; 3) as fases de maturidade e

declínio – melhoria dos processos e uma logística reversa eficiente (SARKIS, 2003).

Assim, as atividades da gestão da logística verde podem ser resumidas em (SARKIS,

2003; LAU, 2011; ZHU; SARKIS e LAI, 2008; OLUGU; WONG e SHAHAROUN, 2011;

DONATO, 2008):

Aquisição/Compras Verde: compras e gestão de materiais tanto recicláveis ou

reusáveis, ou que foram reciclados; seleção de fornecedores que tenham certificação ISO

14000; questões com relação sobre terceirização de processos ou componentes.

Produção Verde: os processos de produção podem influenciar a cadeia de suprimentos

verde de várias formas: a capacidade dos processos em usar certos materiais; capacidade de

integrar componentes remanufaturados ou reusáveis no sistema; processos que são projetados

para a prevenção de resíduos; a capacidade de melhoria e inovação dos processos na busca da

sustentabilidade; capacidade de introdução de novas tecnologias e novos processos

produtivos.

Distribuição e Transporte Verde: as redes de operações de distribuição e transporte

têm características importantes que podem influenciar a cadeia de suprimentos verde:

localização dos pontos de distribuição e vendas; modais de transporte; sistemas de controle;

políticas just-in-time; influências das estratégias tanto na logística direta quanto reversa.

Armazenagem Verde: segurança na armazenagem dos diversos produtos de forma a

evitar poluição e riscos ao meio ambiente; otimização de espaço para armazenagem dos

produtos; e redução do consumo de energia.

Logística Reversa: redução de materiais e energia; reciclagem de materiais;

remanufatura; reuso; descarte.

Embalagem Verde: a embalagem tem uma forte relação com os outros componentes

do ciclo de vida operacional. As características da embalagem como tamanho, forma e

materiais têm um impacto na distribuição, pois afeta as características de transporte dos bens,

bem como o gasto de materiais e consumo de combustível/energia.

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Marketing Verde: melhoria das relações com os consumidores e o público em geral;

retorno dos produtos e materiais consumidos ou no fim do ciclo de vida para reciclagem e/ou

reuso.

3.1. A cadeia de suprimentos verde para a indústria de petróleo e gás

A cadeia de suprimentos verde vem ser um aliado às atividades da cadeia de

petróleo e gás na medida em que se mostra mais responsável com o meio ambiente com a

implementação de processos produtivos mais adequados, transporte mais eficiente,

distribuição verde, compra de fornecedores certificados, armazenagem sustentável e a

logística reversa. Segundo Donato (2012), os impactos das operações logísticas da indústria

de petróleo e gás são mais visíveis durante os transportes, pois todas as matérias-primas,

insumos e produtos finais precisam ser deslocados dos centros de exploração/perfuração

(onshore e offshore) e produção para as áreas de refino, armazenagem e distribuição até o

consumidor final.

A Figura 2 sugere uma estrutura de cadeia de suprimentos verde para a cadeia de

petróleo e gás. Uma cadeia de suprimentos logística de petróleo e gás possui vários

envolvidos desde a prospecção nos campos produtores à distribuição aos consumidores finais.

Todos têm um papel importante na redução do impacto ambiental e no fomento da GSCM.

Comparando com a Figura 1, apresentada anteriormente, a Figura 2 inclui o fluxo reverso

(logística reversa) com o retorno de materiais para reciclagem, remanufatura, reuso e correto

descarte, além da redução de consumo de materiais e energia. Além disso, são incluídos a

produção verde, a distribuição e transporte verde, a armazenagem verde, e indiretamente as

atividades de aquisição e compras verde, embalagem verde e marketing verde.

FIGURA 2 – Cadeia de valor de petróleo e gás e suas atividades logísticas.

No Upstream existem os produtores de matéria-prima e fornecedores de

equipamentos. Dentro da ótica das atividades verdes, estabelecer formas de operações mais

limpas, com menos impacto ambiental, com seleção criteriosa e reutilização de materiais, bem

como o controle de emissão de poluentes e busca por eficiência energética.

No Midstream, percebe-se a necessidade de repensar as formas de produção e refino,

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com redesenho de processos e operações mais verdes e mais ambientalmente sustentáveis

além do controle dos refugos e restos de produção que possam agredir o meio-ambiente.

No Downstream o papel do transporte e da armazenagem se torna fundamental na

busca por alternativas mais verdes e otimizadas na busca da sustentabilidade dos recursos e do

meio-ambiente.

O transporte entre as diferentes etapas desde a produção até o mercado consumidor

deve ser revisto em busca da otimização das cargas, das rotas e combustíveis, bem como a

seleção do melhor modal de modo a minimizar o seu impacto na cadeia de valor verde, devido

ao seu papel tanto paras as operações logísticas quanto para o impacto ambiental. Tanto

Donato (2008, 2012) quanto Cardoso (2004) ressaltaram o papel do transporte e seus

diferentes modais nos impactos ambientais.

Outro fator importante para cadeia de suprimentos verde é o relacionamento com os

fornecedores. Os fornecedores deverão estar em sintonia com os objetivos da cadeia com o

foco na sustentabilidade e na redução de impactos ambientais. Os fornecedores deverão ser

selecionados buscando uma maior integração com os elos da cadeia.

O modelo conceitual da cadeia de suprimentos verde para a cadeia de petróleo e gás

mostra as relações entre as diferentes atividades e operações e como estas podem interagir e

cooperar entre si na busca de soluções ambientalmente sustentáveis. Essa cadeia conceitual e

essas relações entre suas atividades vão servir como suporte para a construção dos indicadores

de medição de performance para a cadeia de suprimentos verde da indústria de petróleo e gás.

4. Conjunto de indicadores para medida de performance para a Cadeia de Suprimentos

Verde da indústria de petróleo e gás

Olugu; Wong e Shaharoun (2011) afirmaram que muitas empresas têm falhado na

gestão da cadeia de suprimentos verde devido à dificuldade de desenvolver medidas de

performance e indicadores que reflitam a real e completa integração entre os elos e as suas

performances na cadeia. Existe uma necessidade de estabelecer indicadores e métricas

adequados para a medida de performance da cadeia de suprimentos verde das indústrias.

El Saadany; Jaber e Bonney (2011) também descreveram que é um desafio o

desenvolvimento de indicadores de performance para medir o quão verde é cada função da

cadeia de suprimentos e que é uma questão de pesquisa importante. Os autores colocaram que

ainda não existe uma abordagem integrada ou um mecanismo que meça, controle e melhore

os aspectos ambientais de uma cadeia de suprimentos como um todo.

Xue (2010) citou que os indicadores de avaliação de performance da cadeia de

suprimentos tradicional são usados geralmente para avaliar os benefícios econômicos da

cadeia de suprimentos. Com a introdução da GSCM, o uso dos indicadores tradicionais não

refletiria o impacto ambiental das atividades logísticas. Assim sendo, existe a necessidade de

criar indicadores que reflitam o impacto das operações e atividades logísticas no meio

ambiente.

Baseando na cadeia de suprimentos verde para a indústria de petróleo apresentada

acima e em alguns indicadores de performance apresentados por Lau (2011); Olugu; Wong e

Shaharoun (2011); El Saadany; Jaber e Bonney (2011); Xue (2010); Hervani; Helm e Sarkis

(2005) para a cadeia de suprimentos verde, sugerimos um conjunto de indicadores que

possibilitem às empresas do setor avaliar seus processos e atividades logísticas com o intuito

de se tornarem ambientalmente sustentáveis. O conjunto de indicadores está descrito na

Tabela 1 abaixo.

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TABELA 1 - indicadores para medida de performance da cadeia de petróleo e gás verde.

Indicadores de Gestão Ambiental Interna:

- comprometimento dos gestores seniores à GSCM;

- suporte dos gerentes de nível médio à GSCM;

- cooperação inter-funcional para melhoria do meio-

ambiente;

- gerenciamento da qualidade total ambiental;

- existência de sistemas de gerenciamento ambientais;

- certificação ISO 14000;

- programas de auditorias internas;

- freqüência de acidentes ambientais;

- situação ambiental da empresa;

- redução de emissões de poluentes (ar, resíduos,

despejos sólidos etc.);

- redução de consumo de materiais

perigosos/tóxicos/poluentes;

- diminuição da multa de acidentes ambientais;

- recuperação dos investimentos na melhoria dos

processos e operações visando o meio-ambiente ;

- integração dos fluxos logísticos.

Produção Verde:

- percentual de materiais recicláveis/reusáveis

(volume ou peso) usados na produção;

- total de energia consumida;

- total de material consumido (água, fluidos,

perfurantes, aço etc.);

- massa total de produtos produzidos;

- percentuais de produtos recuperados em volume ou

peso;

- total de emissões e resíduos tóxicos ou nocivos

gerados;

- total de sucatas geradas;

- impacto dos processos de recuperação e

remanufatura sobre a composição de estoques,

planejamento e programação da produção;

- razão entre recursos virgens e reciclados usados na

manufatura;

Logística Reversa:

- taxa de produtos reciclados;

- taxa de retorno de produtos;

- taxa de retorno de materiais;

- percentual dos materiais usados (volume ou peso)

como input à manufatura;

- fração das embalagens ou contêineres reciclados;

- percentual dos produtos incinerados ou descartados;

- taxa de produtos e materiais reutilizáveis;

- taxa de produtos e materiais remanufaturados;

- eco-eficiência: adicionar mais valor aos processos

com menos uso de recursos e menos poluição;

- número e localização das facilidades de

coleta/recuperação de materiais e/ou produtos.

Aquisição/Compra Verde:

- aquisição/compra de matérias-primas favoráveis ao

meio-ambiente (materiais reciclados, reusáveis,

remanufaturados etc);

- substituição de matérias-primas prejudiciais ao meio-

ambiente por outros mais amigáveis;

- fornecedores que tenham metas estipuladas e

critérios claros com relação ao meio-ambiente;

- fornecedores que trabalhem em observância com as

regulações internacionais no meio ambiente;

- cooperação com fornecedores para objetivos

ambientais;

- certificação ISSO 14000 para os fornecedores;

- diminuição do custo de compra dos materiais.

Armazenagem Verde:

- políticas de controle de inventário (lotes e estoque de

segurança) tanto para as matérias-primas quanto para

os materiais reciclados, remanufaturados e reusáveis;

- diminuição dos níveis de inventário tanto para as

matérias-primas quanto para os materiais reciclados,

remanufaturados e reusáveis;

- consumo de energia;

- segurança na armazenagem dos diversos produtos.

Embalagem Verde:

- uso de materiais amistosos ao meio-ambiente na

embalagem;

- uso de materiais amigáveis ao meio-ambiente no

design das embalagems;

- uso de tecnologias limpas na embalagem;

- uso de materias reciclados na embalagem comprados

externamente;

- recolhimento de resíduos de materiais de embalagem

dos consumidores para reciclagem;

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Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012

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Transporte Verde:

- otimização da eficiência através do usos de veículos

energeticamente eficientes;

- otimização do processo de distribuição através de um

melhor roteamento e programação de entrega;

- uso de entrega integrada (consolidada) para reduzir o

transporte;

- uso de tecnologia ambientalmente favorável no

transporte;

- gerenciamento de o fluxo direto e reverso de

materiais para reduzir o transporte.

Eco-Design (produto):

- projeto de produtos visando à redução de consumo

de material/energia;

- projeto de produtos visando o reuso, reciclagem,

reaproveitamento de materiais e componentes;

- projeto de produtos para evitar ou reduzir o uso de

produtos nocivos e/ou seus processos de manufatura

- promover qualidade dos produtos;

- melhorar a linha de produtos.

Marketing:

- cooperação com os clientes para o eco-design;

- cooperação com os clientes para a produção mais

limpa;

- cooperação com os clientes para a embalagem verde;

- procedimentos de coleta e sistemas de incentivo aos

clientes para operações de recuperação e logística

reversa;

- certificação e critérios de seleção das empresas

fornecedoras para os consumidores.

A pesquisa apresentada faz parte de um estudo maior que aborda a construção de

indicadores de performance para a cadeia de suprimento verde específicos para a cadeia de

petróleo e gás. Com o propósito de estudar, identificar e definir os indicadores será realizada

uma investigação com base nas considerações teóricas com a aplicação de questionários

estruturados através de um projeto-piloto. Os indicadores acima serão transformados num

questionário estruturado, a ser aplicado em algumas empresas na forma de um projeto-piloto

para sua validação e em seguida aplicação num universo maior de empresas. Em seguida,

serão feitas as análises e conclusões dos resultados encontrados.

Cabe ressaltar que o conjunto de indicadores apresentados, com certeza ainda podem

ser melhorados e complementados com outros indicadores. Entretanto, acreditamos que os

indicadores apresentados possam ser úteis para avaliar a performance da cadeia de

suprimentos verde para as empresas do setor de petróleo e gás. Além de ajudar as mesmas a

refletirem sobre os seus processos e operações dentro da perspectiva “verde”.

5. Conclusões

O objetivo deste artigo foi construir e apresentar um conjunto de indicadores que

possam ajudar as empresas do setor de petróleo a gás a medirem o quão ambientalmente

sustentáveis são as suas operações e atividades logísticas dentro da perspectiva da cadeia de

suprimentos verde. As atividades logísticas são vitais componentes da cadeia de petróleo e

gás e essas atividades podem gerar prejuízos através dos impactos ambientais causados, sendo

a cadeia de suprimentos verde uma alternativa para a minimização dos impactos dessas

operações ao meio ambiente.

O conjunto de indicadores apresentados é o início de um estudo mais profundo com o

intuito de acompanhar e monitorar as atividades logísticas do setor de petróleo e gás. Em

linhas gerais, o sistema de medição através desses indicadores pode proporcionar à

organização uma visão abrangente das suas atividades e operações visando à sustentabilidade

e incorporando o fator meio ambiente, e assim, melhorando sua imagem e a sua

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Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012

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competitividade. Principalmente, no Brasil, com a descoberta de novas reservas e o início da

exploração do pré-sal.

Para o sucesso da cadeia de suprimentos verde, não só para a cadeia de petróleo e gás,

nota-se a importância da integração de todos os elos da cadeia desde os fornecedores e até os

consumidores para a melhoria dos processos e redução dos impactos ao meio ambiente. Além

disso, as atividades logísticas, principalmente o transporte, devem ser analisadas para a

tomada de medidas que levem a adequação da cadeia de valor a um novo paradigma – a

cadeia de valor verde, onde a questão ambiental é um fator diferencial de mercado.

Podemos dizer que dentro desta nova perspectiva existe a possibilidade de surgimento

de novas oportunidades de negócios e que estudos mais detalhados e abrangentes que partam

da necessidade de se repensar não só a logística, mas todas as atividades constituintes da

cadeia de valor como formas de se obter fonte de vantagem competitiva sustentável à medida

que agrega valor a toda cadeia a partir da questão ambiental, são necessários.

Para estudos futuros sugerimos a aplicação desses indicadores em empresas do setor

de petróleo e gás, bem como um estudo mais profundo do impacto das relações entre os

participantes da cadeia na consolidação da cadeia de suprimentos verde, pois o grau das

interações entre os elos da cadeia pode vir a ser um fator crítico para as atividades e operações

“verdes”.

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