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Curso de Pedagogia Artigo original
UM ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 1° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA ESCOLA JULIUS
PETER PAUL KATZ DE BRASILÂNDIA DE MINAS. A STUDY ON LEARNING AND WRITING LEARNING DIFFICULTIES OF STUDENTS IN THE FIRST YEAR OF FUNDAMENTAL EDUCATION, FROM JULIUS PETER PAUL KATZ SCHOOL OF BRASILÂNDIA DE
MINAS.
Ilma Aparecida Lino Rodrigues1, Kênia Gomes Barbosa1, Ana Paula Rocha2
1 Acadêmica do Curso de pedagogia 2 Professora do Curso de pedagogia
Resumo
Fala-se em grande proporção sobre a importância dos estudos acerca das dificuldades de aprendizagem para o sucesso do ensino nos dias de hoje. Sabe-se que a finalidade principal da escola é formar alunos capazes de exercer a sua cidadania, compreendendo com clareza as realidades sociais e nelas intervindo,
efetivamente. Para tanto, coloca-se como fundamental a construção de um processo de aprendizagem que possibilite ao aluno ser um agente transformador da realidade que o cerca. Nessa perspectiva, o professor deve utilizar diversos recursos para a introdução e para a permanência do aluno no campo do conhecimento.
Dessa forma, ele pode aproveitar as diversas referências acerca do ensino a fim de estabelecer um diálogo maior entre a realidade do aluno e o mundo, diminuindo a dimensão das dificuldades de aprendizagem. Dessa forma, é importante destacar a interdisciplinaridade como um instrumento na percepção e diagnóstico de tais
dificuldades. Através do trabalho e de seu desenvolvimento são destacados diversos aspectos, desde aspectos cognitivos e emocionais a aspectos pedagógicos e sociais. O trabalho se justifica num primeiro momento por se inserir na necessidade de práticas pedagógicas que promovam a inclusão de alunos que
possam ter dificuldades no que se refere à aprendizagem. Além disso, o referencial teórico aqui desenvolvido possibilita ao graduando uma aproximação com a realidade escolar, ampliando sua visão acerca da prática pedagógica. Outro fator que deve ser levado em consideração é o que se refere às dificuldades de
aprendizagem, que devem ser consideradas um fator de extrema relevância no aprendizado.
Palavras- chave: Aprendizagem; dificuldades de aprendizagem; leitura; escrita.
Abstract There is a great deal of talk about the importance of studies on learning difficulties for the success of teaching
today. It is known that the main purpose of the school is to train students capable of exercising their citizenship, critically understanding the social realities and effectively intervening in them. Therefore, it is essential to build a learning process that allows the student to be a transforming agent of the reality that surrounds him. In this
perspective, the teacher must use several resources for the introduction and the permanence of the student in the field of knowledge. Thus, he can take advantage of the various references about teaching in order to establish a greater dialogue between the student's reality and the world, reducing the dimension of learning
difficulties. Thus, it is important to highlight interdisciplinary as an instrument in the perception and diagnosis of such difficulties. Through work and its development, several aspects are highlighted: From cognitive and emotional aspects to pedagogical and social aspects. The work is justified at first because it is inserted in the
need for pedagogical practices that promote the inclusion of students who may have difficulties with regard to learning. In addition, the theoretical framework developed here enables the undergraduate student to get closer to the school reality, expanding their view of pedagogical practice. Another factor that must be taken
into account is that related to learning difficulties, which must be considered an extremely relevant factor in learning. Keywords: Leaming; leaming difficulties: reading writing.
Contato: [email protected], [email protected], [email protected]
Como citar esse artigo:
RODRIGUES, Ilma Aparecida Lino; BARBOSA, Kênia Gomes; ROCHA, Ana
Paula de Araújo. UM ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 1° ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL, DA ESCOLA JULIUS PETER PAUL KATZ DE
BRASILÂNDIA DE MINAS. Anais do 2° Simpo sio de TCC, das faculdades
FINOM e Tecsoma. 2020; 444-455
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Introdução
A dificuldade de aprendizagem vem sendo um problema bastante debatido e preo-
cupante, suas causas podem estar relacionadas a fatores exteriores ao indivíduo ou ine-
rentes a ele, decorrendo de situações adversas à aprendizagem como o déficit sensorial,
abandono escolar, baixa condição socioeconômica, problemas cognitivos e neurológicos.
Esses são problemas enfrentados pelos professores e alunos do ensino fundamental
de muitas escolas, por meio dessa pesquisa procurou-se demonstrar os problemas que
podem ocasionar essas dificuldades de aprendizagem, suas principais causas, as metodo-
logias que podem ser trabalhadas para minimizar esse problema, evidenciando também a
importância da participação da família no acompanhamento escolar.
Perceber as dificuldades de aprendizagem e atuar de forma apropriada sobre elas é
uma forma de fazer acontecer a aprendizagem significativa. Fazer com que o aluno consiga
superar esse problema, muitas vezes causados por déficits cognitivos, físicos e, ou afetivo,
representa a investigação, a finalidade, de muitos dos profissionais que acreditam no cons-
truir, nas superações que o processo educativo pode proporcionar.
Cabe ao educador diagnosticar o tipo de problema que o aluno está enfrentando, o
que muitas vezes não é tarefa simples, portanto quando um professor perceber que alguma
coisa não está dentro da normalidade com um aluno, ou seja, que o aluno não está tendo
um bom rendimento, ao invés de achar que o aluno é incapaz de aprender, é preciso pro-
curar conhecer as causas dessa dificuldade.
O número de alunos que sentem dificuldades em aprender tem aumentado conside-
ravelmente. O que levam muitos deles a perderem o interesse pela escola, criando um
clima de insegurança e a perda da autoestima. A proposta desse trabalho é identificar,
apresentar e analisar os motivos e as implicações que levam esses alunos a sentirem difi-
culdades em assimilar os conteúdos trabalhados em sala de aula e também obter dados
significativos, sobre as crianças com dificuldade de aprendizagem e identificar o que está
ocasionando a dificuldade e o que pode ser feito para tentar resolver esses problemas.
De acordo com Parreira (1998), as dificuldades de aprendizagem se corresponde m
a alguns fatores que envolvem, dificuldades acadêmicas (cálculos aritmético, escrita e lei-
tura); transtornos da linguagem (articulação, expressão e recepção); transtornos das habi-
lidades motoras ou transtorno de desenvolvimentos não específicos. Tais dificuldades po-
dem aparecer concomitantemente com outros como:
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(...) transtorno por déficit de atenção e hiperatividade – TDAH, outros transtornos da fala (gagueira, fala confusa), mutismo eletivo (dificuldade insuperável para falar com pessoas estranhas ou em outros ambientes que não seja sua casa), e deficiência
mental (leve, moderada e grave). Destaca-se a necessidade de avaliação em sepa-rado para cada um desses transtornos, pois são vistos como dificuldades diferentes que se sobrepõe. As dificuldades de aprendizagem não são vistas como resultados
de outros transtornos, mas uns transtornos específicos que pode aparecer associ-ado a outros. (PARREIRA, 1998, p.86).
Garcia (apud PARREIRA, 1998) o termo dificuldades de aprendizagem se refere a
um grupo heterogêneo de transtornos que se manifesta por dificuldades significativas na
aquisição e uso da escuta, fala leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemático. Se-
gundo a autora, tais transtornos são intrínsecos ao indivíduo. Diante desses aspectos, Par-
reira (1998, p. 86), destaca que:
Em um enfoque multidisciplinar, a dificuldade de aprendizagem é estudada dentro
de uma visão biopsicossocial e apoia em várias abordagens teóricas para sua explicação.
Dentre elas podem ser destacados os pressupostos de Piaget (1978), que traz o conceito
de esquemas e de adaptação através dos processos de assimilação e acomodação, os
conceitos sócio interacionistas de Vygostsky (1988), principalmente suas noções de desen-
volvimento potencial e zona do desenvolvimento proximal e a noção de aprendizagem ocor-
rem quando há interferência em alguns desses fatores, acarretando defasagens no desem-
penho escolar do aluno.
Segundo a autora, a criança com dificuldades de aprendizagem, além de apresentar
sinais de riscos para adaptação na vida futura, também vive uma situação de estresse psi-
cossocial, que, segundo ela, acaba dificultando seu enfrentamento com as situações do
cotidiano. Dessa maneira, o fracasso acaba dando espaço a formas de comportamento
desadaptado, podendo instalar um padrão desordenado de funcionamento psicológico, ca-
racterizado por problemas na área afetivo social. As falhas de adaptação durante os anos
escolares, tais como problemas no desempenho escolar, comportamentos antissociais e
relacionamentos inadequados com os companheiros, também têm sido apontadas como
preditivas para desordens psicológicas na fase adulta (PARREIRA, 1998).
Diante dessa perspectiva, FERNANDEZ (2001, p. 89), afirma que “a maioria das
crianças (e certos adolescentes e adultos) que apresenta dificuldades para reconhecerem-
se autores de sua produção, seja ela um texto escrito, uma história relatada, um desenho,
um exercício de matemática”. De acordo com a autora, as pessoas não confiam em sua
capacidade pensante para a produção de algum efeito. Dessa maneira as intervenções
educacionais mais necessárias são aquelas dirigidas a devolver o sujeito algo de reconhe-
cimento de sua autoria.
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Já os denominados distúrbios de aprendizagem referem-se a disfunções neurológi-
cas. Centro nervoso ou pequenos grupos de neurônios não acompanham o ritmo normal
das outras áreas, e o comportamento que controlavam se torna incompleto ou ausente.
Na tentativa de esclarecer relações no que se diz respeito do afetivo no aprendizado,
vê que um bom ajustamento afetivo é condição necessária, embora não suficiente, ao pleno
desenvolvimento de crianças e adolescentes, Para MARTINELLI, algumas pesquisas têm
demonstrado o seguinte:
(...) uma criança que vive em um ambiente familiar equilibrado e que lhe oferece
condições mínimas de experimentar e expressar suas emoções tem chances de lidar com maior segurança e tranquilidade com seus sentimentos e pode, dessa maneira, trabalha com seus sucessos e fracassos de forma mais adequada. (...)
Não podemos deixar de considerar que uma criança ou adolescente que se vê di-ante da eminência de fracasso tende a busca uma maneira de compensar a frustra-ção vivida, podendo nesse caso partir para comportamentos agressivos, fuga da
situação frustrante por meio da dispersão, problema de comportamento de apatia, descaso em relação aos estudos, afastamento do convívio social, comportamentos esses causado por um processo de desmotivação generalizada. (MARTINELLI,
apud PARRREIRA, 1998, p115).
Para a autora citada, propiciar um ambiente favorável a aprendizagem em que seja
trabalhada a autoestima, a confiança, o respeito mútuo, a valorização do aluno, sem es-
quecer da importância de um ambiente escolar desafiador, devem ser algumas das situa-
ções que devem ser pensadas e avaliadas pelos educadores. Assim sendo a alegria pode
ser uma arma importante na prevenção e no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem.
Este trabalho tem como objetivo geral analisar as dificuldades no ensino e aprendi-
zagem. E tem como objetivos específicos, detectar que tipo de dificuldade de aprendizagem
que os alunos encontram, compreender quais os problemas que essas dificuldades podem
ocasionar, saber a quantidade de alunos que apresentam problemas no aprendizado, de-
tectarem os fatores que contribuem para as dificuldades de aprendizagem e rever estraté-
gias para tentar minimizar essas dificuldades.
Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico baseada nas concepções de vá-
rios autores da área, e por meio de uma pesquisa de campo com todos os professores do
ensino Fundamental I, da referida escola, com o objetivo de verificar o pensamento de cada
um deles acerca do tema proposto.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e investigativa baseada na vivência e na atuação
dos professores do ensino fundamental I da Escola Municipal Julius Peter Paul Katz de
Brasilândia de Minas, a princípio a pesquisa teve em caráter original, mas devido ao
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momento vivenciado a pandemia do vírus, seguimos com pesquisas bibliográficas,
pesquisas em revistas, site e artigos para fins do artigo apresentado.
O objetivo deste é analisar, refletir sobre as dificuldades de aprendizagem em leitura
e escritas dos alunos e apresentar possíveis soluções ao problema.
Para a pesquisa em questão, utilizei a abordagem qualitativa que segundo Severino
(2002), exige do pesquisador reflexão pessoal autônoma, criativa e rigorosa. O investigador
envolve-se de forma que o objeto a ser investigado passe a fazer parte da sua vida. A ideia
de pesquisa qualitativa na visão de Minayo (2007) complementa o que Severino afirma.
Para ela, este tipo de pesquisa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das
aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos
é entendido como parte da realidade social, pois as pessoas se diferenciam pela maneira
de agir, pensar e interpretar suas ações a partir da realidade vivida e partilhada com os
semelhantes. A abordagem qualitativa se aprofunda no mundo dos significados e precisa
ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado ao mesmo tempo, pelos textos lidos
e pelos valores e crenças que possui resultado das experiências vivenciadas. Dentro das
ideologias que norteiam os pensamentos dos autores citados anteriormente é impossível
realizar uma pesquisa mantendo-se neutra.
Na pesquisa bibliográfica existe uma interlocução constante entre o pesquisador e o
texto. Este trabalho ativo de leitura e reflexão é que nos possibilitou produzir conhecimento
a respeito de um assunto pelo qual tínhamos muitas interrogações. Muitos destes
questionamentos puderam ser esclarecidos nesta investigação. Outros suscitaram novos
questionamentos, que certamente poderiam se constituir em novos objetos de pesquisa.
Assim sendo, minha fonte de dados foi obtida através de pesquisa bibliográfica com a
consulta em livros, revistas, sites, artigos, enfim, em diversos estilos de bibliografia que
dizem respeito à temática das dificuldades de aprendizagem na primeira série do ensino
fundamental.
É válido destacar que a pesquisa teve um caráter teórico. O fato de ser considerada
teórica se deve, de acordo com Minayo (2007), aos conhecimentos construídos
cientificamente sobre o tema em questão, por outros estudiosos antes de nós e que nos
servem de fonte atualmente. Neste caso, os estudos realizados por Piaget, Vygotsky e
Ferreiro nos ajudaram na compreensão da temática escolhida.
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Resultados
Com a realização deste trabalho, constatamos o quanto é complexa a rede de fatores
que interferem no processo de aprendizagem. Dentre eles estão os que se relacionam a
ausência de uma prática pedagógica adequada, a atenção ao desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social, aos problemas familiares, a omissão de situações estimuladoras, ao con-
vívio em ambiente onde não são valorizadas as práticas de leitura e escrita. Quando as
crianças provêm de comunidades pouco letradas, em que têm poucas oportunidades de
presenciar atos de leitura e escrita com pessoas mais experientes, é comum terem mais
dificuldades no processo de alfabetização. São inúmeras as queixas apresentadas que
comprometem o processo de construção do conhecimento. As dificuldades surgem quando
o aluno não consegue avançar apenas com a intervenção do professor e com os conheci-
mentos prévios que possui. Muitas vezes, é necessário realizar uma análise sobre a reali-
dade interna e externa que envolve a criança. Os aspectos cognitivos, afetivos e sociais
são de grande relevância para detectar as causas das dificuldades. Partimos do pressu-
posto de que as instituições que contam com a ajuda do psicopedagogo se tornam mais
fáceis realizar um trabalho de prevenção e até mesmo de intervenção quando for o caso.
Existem situações, no entanto, mais severas em que somente o olhar e a escuta de outro
profissional não é suficiente. Nestes casos, o mais conveniente é encaminhar a criança
para o profissional competente para realizar avaliação diagnóstica e providenciar o trata-
mento em tempo hábil. Podemos constatar segundo Bossa (2002), que a intervenção psi-
copedagógico, no contexto brasileiro, começa a se constituir com certa consistência por
volta da década de 80. Haja vista que, é a partir desse momento que verificamos a implan-
tação de serviços psicopedagógicos. Nos anos 70, entretanto, diferentes administrações
educacionais do Estado deram início a serviços de apoio aos centros educacionais públi-
cos, na sua maioria de caráter setorial e multiprofissional. Tratava-se de estruturas forma-
das por profissionais diversos: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e médicos. Tais
profissionais atendiam as diversas escolas situadas em um setor, o que significava que o
serviço não era parte integrante de uma escola, mas que distribuía seus horários e seus
recursos, quase sempre reduzidos, entre as diversas instituições que lhe correspondiam.
Atualmente, a caracterização usada sobre a intervenção psicopedagógico inclui uma ampla
variedade de conceitos e tarefas, exercidas por profissionais formados em diferentes áreas
disciplinares. Segundo Sole (2001) há dois enfoques gerais de intervenção: o modelo clí-
nico ou assistencial e o modelo preventivo ou educacional. O primeiro dá ênfase aos as-
pectos psicológicos. Todavia o segundo, modelo preventivo ou educacional, dá especial
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atenção à vertente educacional do trabalho psicopedagógico, tendo como objetivo prevenir
as dificuldades de aprendizagem para evitar o fracasso escolar. É por isso que se considera
imprescindível a atuação do psicopedagogo na instituição escolar. Para Sole (2001), o tra-
balho de intervenção psicopedagógico é um recurso especializado a serviço das instituições
escolares com pais, alunos e professores. A identificação precoce das crianças com pro-
blemas de aprendizagem é menos dispendiosa do que ter no fim da escolaridade primária
um percentual.
O papel do diagnóstico precoce justifica-se no início da aprendizagem e não no fim.
A psicopedagogia escolar não pode mais continuar a ser um hospital no fim da estrada.
Esta ciência que possui um caráter multidisciplinar precisa ser edificada numa perspectiva
preventiva das dificuldades de aprendizagem. Fonseca (1995) afirma que quinze por cento
das crianças precisam de apoio no início da escolaridade e nestes casos se a intervenção
tardar, o percentual duplica e o insucesso escolar será a tendência normal. A escola não
pode limitar-se a metodologia na preparação dos mais dotados e na segregação dos menos
dotados. As instituições de ensino não podem ser seletivas. A função destas é garantir as
mesmas condições de aprendizagem a todas as crianças, os futuros cidadãos. Somente
estimulando a investigação psicopedagógico e apoiando projetos de formação universitária
se poderá evitar o insucesso escolar. Os nossos políticos precisam ser informados dos
riscos que o fracasso escolar traz para os projetos coletivos. Um povo analfabeto não
constrói nada coletivamente. A delinquência não pode continuar sendo a porta de saída do
insucesso escolar. Aos atendimentos domiciliares e as clínicas de luxo só chegam os mais
favorecidos. Com isto, a maior parte das crianças que necessitam de um acompanhamento
educacional, ou mesmo de um trabalho psicopedagógico, não são atendidas. Com relação
à formação dos professores, é evidente que tal formação não pode continuar nas mãos de
uma universidade passiva e conformista, centrada em professores desatualizados e
normalmente sem experiência pedagógica com crianças. A formação científica
interdisciplinar também deve ocupar um lugar prioritário na formação dos professores.
Discussão
Para que a aprendizagem aconteça são necessários alguns fatores primordiais como
o desenvolvimento cerebral, o psíquico, o social, o cognitivo e o afetivo. Por isso, se torna
importante as vivências, as relações na sociedade, os sentimentos e a cultura que perten-
cemos, pois a sociedade impõe aos sujeitos o seu desenvolvimento progressivo, e a esti-
mulação da aprendizagem e do conhecimento.
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Segundo Gómez e Téran (2009), a aprendizagem depende de cada pessoa, é algo
interno, mas acaba se constituindo a partir da interação entre os sujeitos, e ocorre ao longo
da vida. No cérebro das pessoas ocorrem períodos que são fundamentais para desenvolver
alguns estímulos, períodos estes sensíveis a estimulação ambiental, necessário para que
ocorram mudanças. Esses períodos são chamados de janela de oportunidades (Gómez e
Téran, 2009), onde a criança com três anos de idade assume o seu controle emocional, por
volta de quatro anos começa a desenvolver o raciocínio lógico e matemático, aos seis anos
desenvolve o vocabulário e as habilidades motoras, e finalmente com dez anos aprimora a
linguagem e desperta o interesse pela música.
Vale ressaltar que, para o alcance da aprendizagem, é importante respeitar que cada
indivíduo aprende de uma maneira singular, dependendo da estrutura cerebral e afetiva de
cada um.
Para Gómez e Téran (2009), o homem já nasce inserido em uma sociedade organi-
zada, com normas e uma história. A relação entre as pessoas permite que ocorram algumas
manifestações simbólicas como a linguagem e o pensamento. Por meio desta relação entre
o sujeito e o mundo, a aprendizagem continua ocorrendo, fazendo disso uma atividade fun-
cional, com sentido e organização.
Conclusão:
Com este trabalho conclui que a criança com dificuldade de aprendizagem precisa
de mais apoio, mais atenção e observação do professor quem vai mediar à aprendizagem
e as interações com outros colegas. Não basta apenas estar à frente, na sala de aula,
falando e fazendo com que os alunos engulam as informações e não possam debater e
expor as suas opiniões, ansiedades e dúvidas. O verdadeiro professor é aquele que motiva
o aluno a procurar informações e ser pesquisador em constante aprendizagem.
A criança que vive num ambiente estimulador vai construindo prazerosamente seu
conhecimento do mundo. Quando a escrita faz parte de seu universo cultural também
constrói conhecimento sobre a escrita e a leitura. Ler é conhecer. Quando mais tarde ela
aprender a ler a palavra, já enriquecida por tantas leituras anteriores, apropria-se de mais
um instrumento de conhecimentos do mundo.
Algumas questões pedagógicas de aspectos muito relevantes, especialmente no que
diz respeito à maneira como se entende as relações entre: desenvolvimento e
aprendizagem; a importância da relação interpessoal nesse processo; a relação entre
cultura e educação; o papel da ação educativa ajustada às situações de aprendizagem; e
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finalmente, às características básicas da atividade de construção dos esquemas mentais
elaborada pelos alunos em todos os diferentes estágios de sua escolaridade devem ser
levadas em consideração.
Observamos que este processo ocorre de maneira diferente em crianças com
dificuldades de aprendizagem, onde o seu desenvolvimento cognitivo e intelectual sofre
alterações devido a algumas dificuldades que podem ter diversas causas.
Essas dificuldades quando não são tratadas adequadamente podem comprometer a
vida escolar da criança. A família é essencial no sentido de identificar o que está
ocasionando a dificuldade, principalmente os pais, pois os mesmos podem e devem ajudar
o professor a auxiliar o aluno, juntamente com um profissional, o psicopedagogo, que irão
procurar estratégias que possam direcionar o aluno para uma aprendizagem eficaz e de
qualidade.
O psicopedagogo, profissional preparado, tem o papel de direcionar o professor e a
família para uma postura de ajuda. Procurando identificar a melhor forma de solucionar o
problema e procurando criar estratégias que irão ajudar o aluno a se posicionar de uma
forma positiva perante a aprendizagem. A criança com dificuldade, precisa se sentir segura
no ambiente em que ocorre a aprendizagem, pois assim ela terá uma maior confiança em
se expressar, o aluno precisa de atividades que sejam de seu interesse, assim o professor
deve propor tarefas que sejam interessantes e adaptadas as suas capacidades, são
importantes também que as atividades sejam feitas de forma cooperativa permitindo uma
interação social possibilitando que seus colegas o ajudem a entender melhor a tarefa e
despertar algum interesse em relação a ela, pois quando um aluno consegue desenvolver
bem uma tarefa e recebe o reconhecimento do seu trabalho abre-se um novo caminho para
uma maior dedicação por que quando um aluno percebe que o professor confia nele, as
chances de desenvolvimento aumenta.
Enfim, o aluno não é uma atabua rasa, mas um ser que já vem com experiências e
conhecimentos obtidos do seu convívio familiar onde desenvolve suas primeiras
experiências sociais e que podem ser acrescidos com as informações de outros alunos.
Não cabe somente ao professor ficar em sala de aula, à frente, em um patamar maior, como
se fosse o detentor de todo o saber, mas como um mediador e facilitador de uma
aprendizagem que favoreça a todos, e ser, principalmente, um observador para saber
identificar aqueles que precisam de mais atenção, de um acompanhamento especifico. Um
verdadeiro docente é o que se entrega a profissão, com amor e dedicação para que a nossa
educação possa se transformar e for vista como algo positivo e saudável para as nossas
crianças.
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Este trabalho abordou as dificuldades de aprendizagem durante a alfabetização, bem
como as causas do fracasso escolar e algumas das práticas utilizadas pelos professores e
psicopedagogos com o intuito de facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita na primeira
série do ensino fundamental. Nossa intenção, neste trabalho de pesquisa, foi a de contribuir
com a discussão sobre as dificuldades de aprendizagem, apresentando algumas das
possibilidades de contribuição da psicopedagoga. Desta forma, este trabalho bibliográfico
se constitui no início de um estudo que não possui respostas simples, visto que, os
fenômenos complexos são difíceis de explicar. Entretanto ressaltamos aqui a importância
do comprometimento profissional, da busca pela continuidade de estudos bem como de
metodologias alternativas de trabalho para que possamos obter melhorias significativas no
processo educacional. Essas melhorias, certamente devem também considerar o trabalho
em sala de aula em especial com as possíveis dificuldades de aprendizagem dos alunos.
O tema que escolhemos para estudo é bastante amplo e com certeza, vários pontos
poderiam ainda ser abordados.
Ao finalizar este estudo, é preciso ressaltar o seu caráter exploratório. Espera-se,
conduto, que tenha contribuído para a percepção de alguns aspectos relativos às
dificuldades de aprendizagem. Apesar de não ter a pretensão de inovar, nem apresentar
soluções definitivas para o tratamento da questão, acreditamos que este trabalho poderá
proporcionar, ainda que minimamente, um ponto de partida para novos estudos, novas
descobertas, para uma visão mais crítica da pedagogia e de seu papel no universo escolar.
Dessa forma, o estudo aqui empreendido constitui apenas um entre muitos possíveis.
Sendo assim, espera-se que o leitor possa enriquecer a proposta apresentada, uma vez
que esta analise apresenta muitas limitações próprias de toda atividades de um
pesquisador iniciante, mas aberto a sugestões e novos aprendizados.
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