Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo - Jornalismo Empresarial Estudo de caso Natura
-
Upload
independent -
Category
Documents
-
view
3 -
download
0
Transcript of Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo - Jornalismo Empresarial Estudo de caso Natura
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
Jacqueline Oliveira da Rosa
JORNALISMO EMPRESARIAL
Estudo de Caso: A Revista Natura
São Leopoldo
2008
1
Jacqueline Oliveira da Rosa
JORNALISMO EMPRESARIAL
Estudo de Caso: A Revista Natura
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.
Orientador: Prof. Dr. Miro Bacin
São Leopoldo
2008
2
Jacqueline Oliveira da Rosa
JORNALISMO EMPRESARIAL
Estudo de Caso: A Revista Natura
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.
Aprovado com distinção em 1º de julho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Prof. MS. Lauro Antônio Lacerda d’Ávila
Prof. Paulo Richard Ziegler
Prof. Dr. Miro Luiz dos Santos Bacin
3
Dedico este trabalho aos meus pais, Maria e Liberato (in memorian),
que me ensinaram a lutar por tudo aquilo que eu desejasse.
Sem vocês nada teria sentido.
4
AGRADECIMENTOS
Após tantas pesquisas, análises, noites mal dormidas, trabalho braçal e intelectual
empregados neste Trabalho de Conclusão de Curso sinto-me na obrigação de
agradecer àqueles que estiveram ao meu lado durante esta jornada. Agradeço
primeiramente aos meus pais. Foram eles os primeiros a acreditar no meu potencial,
independente de qualquer divergência de pensamento que tivéssemos. Agradeço ao
meu pai, Liberato, mesmo ele não estando mais ao meu lado, pelo orgulho que
sempre sentiu de mim, fazendo-me sentir a filha mais amada do mundo. Agradeço a
minha mãe, Maria, pela força de vontade em continuar ao meu lado, me apoiando.
Agradeço aos meus verdadeiros amigos pelo companheirismo, amizade, parceria,
incentivo, conselhos, coragem e alegria. A todos os colegas que passaram pela
minha vida profissional, o meu obrigada pelas lições aprendidas. À Universidade,
agradeço pela oportunidade de refletir e, principalmente, descobrir que o Jornalismo
é a profissão certa para mim. Agradeço muito o apoio e amor de todos aqueles que
convivem comigo e que fazem parte da minha vida, pois sem eles eu não teria
chegado até aqui. Agradeço também ao professor Doutor Miro, que me orientou com
paciência e serenidade durante a realização deste trabalho. Por fim, agradeço a mim
mesma. Por minha paciência, persistência, ânimo, tolerância, iniciativa e coragem de
seguir em frente mesmo diante das adversidades.
5
RESUMO
O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo analisar como o conteúdo
jornalístico da Revista Natura é construído para que esta exerça o papel de principal
ferramenta de comunicação entre a Natura Cosméticos e seus públicos prioritários
levando a eles as mensagens importantes para a empresa. A análise aconteceu
através da observação e descrição do conteúdo informativo de onze exemplares da
Revista Natura publicados em 2007, nos quais foram destacadas as características
textuais, a linguagem utilizada e as imagens fotográficas. Para que tais
características fossem analisadas foram levados em consideração os seguintes
pontos: as mensagens que a Natura emite, as peculiaridades do Jornalismo de
Revista e as definições de Comunicação Empresarial. Com base nas constatações
adquiridas com a análise e no referencial teórico utilizado, o trabalho de pesquisa
possibilitou descobrir que a Revista Natura atinge o objetivo inicialmente proposto
pela empresa.
Palavras-chave: Jornalismo de Revista. Comunicação Empresarial. Revista Natura.
Natura Cosméticos.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Capa do Vitrine do ano de 2004. ...............................................................32
Figura 2: Produtos ambientados.. .............................................................................34
Figura 3: Reportagem do Ciclo 05/2007....................................................................35
Figura 4: Pílulas de informação.................................................................................37
Figura 5: Capa da Revista Natura Ciclo 01/2007.. ....................................................42
Figura 6: Capa da revista do Ciclo 03/2007.. ............................................................43
Figura 7: Capa Revista Natura Ciclo 06/2007.. .........................................................44
Figura 8: Capa Revista Natura Ciclo 4.. ....................................................................45
Figura 9: Capa Revista Natura Ciclo 05/2007.. .........................................................46
Figura 10: Páginas 2 e 3 da revista do Ciclo 05/2007.. .............................................47
Figura 11: Página 5 da revista do Ciclo 05/2007.......................................................48
Figura 12: Capa e contracapa da Revista Natura Ciclo 06/2007...............................49
Figura 13: Capa da Revista Natura Ciclo 07/2007.. ..................................................50
Figura 14: Capa Revista Ciclo 08/2007. ....................................................................51
Figura 15: Segunda Capa da Revista do Ciclo 08/2007............................................52
Figura 16: Capa e contracapa da Revista Natura Ciclo 10/2007...............................53
Figura 17: Capa Revista Ciclo 12/2007. ....................................................................54
Figura 18: Capa Revista Natura Ciclo 13/2007. ........................................................55
Figura 19: Capa da Revista Natura Ciclo 14/2007. ...................................................56
Figura 20: Foto da reportagem da revista do Ciclo 01/2007.. ...................................60
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL................................................................ 12
2.1 A EMPRESA .............................................................................................. 12
2.2.1 Classificação das organizações .......................................................... 13
2.2 A COMUNICAÇÃO NA EMPRESA ............................................................ 14
2.3 PÚBLICOS ................................................................................................. 16
2.4 OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS ................................ 18
3. O JORNALISMO DE REVISTA ................................................................... 21
3.1 CONCEITO DE JORNALISMO DE REVISTA ............................................ 21
3.1.1 A reportagem ......................................................................................... 23
3.2 O JORNALISMO DE REVISTA NO BRASIL .............................................. 25
3.2.1 Segmentação ......................................................................................... 26
4 CONHECENDO A NATURA COSMÉTICOS................................................ 28
4.1 NATURA COSMÉTICOS: DO INÍCIO AOS DIAS ATUAIS......................... 28
4.2 OS PRINCIPAIS CONCEITOS E A COMUNICAÇÃO................................ 30
5 A REVISTA NATURA ................................................................................... 32
5.1 O SURGIMENTO ....................................................................................... 32
5.2 O FORMATO.............................................................................................. 34
5.3 PRODUÇÃO............................................................................................... 38
6 ANÁLISE DO MATERIAL............................................................................. 40
6.1 METODOLOGIA......................................................................................... 40
6.2 ANÁLISE GERAL ....................................................................................... 41
6.2.1 Capa........................................................................................................ 41
6.2.2 Produtos................................................................................................. 57
6.2.3 Reportagens .......................................................................................... 58
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 76
REFERÊNCIAS................................................................................................ 82
APÊNDICE A - Questionário enviado à Natura Cosméticos ............................ 84
APÊNDICE B - Questionário enviado à Editoria Trip ....................................... 85
ANEXO A – Release de divulgação da Revista Natura.................................... 86
ANEXO B – Razão, Crenças e Visão da Natura .............................................. 88
8
ANEXO C – Exemplo de Índice da revista do Ciclo 01/2007............................ 89
ANEXO D – Exemplo de Editorial da revista do Ciclo 03/2007 ........................ 90
ANEXO E – Reportagem Viva a Vida, Ciclo 01/2007....................................... 91
ANEXO F – Reportagem Ekos Guaraná, Ciclo 01/2007 .................................. 92
ANEXO G – Reportagem Momento de Virada, Ciclo 01/2007 ......................... 94
ANEXO H – Reportagem O melhor de cada um, Ciclo 03/2007 ...................... 97
ANEXO I – Reportagem De Bem com a Vida, Ciclo 03/2007......................... 101
ANEXO J – Reportagem Cuidados Especiais, Ciclo 04/2007 ........................ 103
ANEXO L – Reportagem Próxima Etapa, Ciclo 04/2007................................ 107
ANEXO M – Reportagem À Flor da Pele, Ciclo 05/2007................................ 109
ANEXO N – Reportagem Leveza Tecnológica, Ciclo 05/2007....................... 112
ANEXO O – Reportagem Mães de Hoje, Ciclo 06/2007 ................................ 114
ANEXO P – Reportagem O Diário de Matheus, Ciclo 06/2007 ...................... 119
ANEXO Q – Reportagem A Boa Moda, Ciclo 07/2007................................... 122
ANEXO R – Reportagem Da Passarela para a rua, Ciclo 07/2007 ................ 126
ANEXO S – Reportagem Amor com Humor, Ciclo 08/2007........................... 128
ANEXO T – Reportagem Irresistível Perfume, Ciclo 08/2007 ........................ 130
ANEXO U – Rep. Tão Importante quanto cuidar é cuidar-se, Ciclo 10/2007 . 132
ANEXO V – Reportagem Evolução à Flor da Pele, Ciclo 12/2007 ................. 134
ANEXO X – Reportagem O mínimo que é o máximo, Ciclo 13/2007 ............. 135
ANEXO Z – Reportagem Da Natureza para Você, Ciclo 14/2007.................. 137
9
1 INTRODUÇÃO
A consolidação da Comunicação Empresarial como importante estratégia de
negócio dentro das organizações e a forma como o Jornalismo tem se inserido no
mundo corporativo foram os principais fatores motivadores desta pesquisa. Muito já
se estudou a respeito de house organs, assessoria de imprensa e comunicação
interna. Porém, ao me deparar com a Revista Natura e observá-la com mais
atenção, pude perceber que tinha em mãos uma nova ferramenta, diferente de tudo
o que havia no mercado no sentido de comunicação feita por empresas. Ao
comparar a publicação com outras similares no mercado, descobri que na verdade
não havia material similar. Este diferencial somado a minha experiência de pouco
mais de um ano na Assessoria de Imprensa da Natura Cosméticos na Região Sul,
através da Agência de Comunicação Comunicasul, contribuíram para que este
trabalho se desenvolvesse.
Além de associar dois temas que aprecio – Comunicação Empresarial e
Jornalismo de Revista –, a análise em profundidade do conteúdo editorial da Revista
Natura foi uma oportunidade de conhecer melhor, sob outro ângulo, a empresa para
a qual prestei assessoria. Além disso, também sou uma consumidora dos
cosméticos da Natura.
Na ocasião do lançamento da Revista Natura, em março de 2006, o release
de divulgação continha a seguinte frase: “[...] Conteúdo, jornalismo, reflexão e
serviços, sem deixar de mostrar a cada edição 100% do portfólio de cerca de 600
produtos da empresa, inclusive lançamentos e promoções”. Para a Natura, a revista
se tornou, desde então, o principal meio de comunicação com seus públicos. Ao ler
a Revista, percebi que ela prendia a minha atenção não somente pelos produtos,
mas também pelo formato sob o qual era apresentada. Observando todos os outros
canais de comunicação da empresa com seus revendedores e consumidores,
constatei que as mensagens tinham uma unidade de pensamento e ideais.
Através destas constatações iniciais, o presente trabalho foi desenvolvido. O
objetivo deste trabalho de pesquisa, portanto, foi perceber, por meio de análise e
observação da publicação, como o conteúdo jornalístico da revista é construído para
que a publicação seja, de fato, uma ferramenta estratégica de comunicação com os
consumidores e consultores.
10
Para tal objetivo, foi realizada uma análise qualitativa de onze exemplares da
revista, publicados durante o ano de 2007. A análise contempla, prioritariamente, as
capas e as reportagens publicadas neste período, porém o modo como os produtos
aparecem na revista também é analisado rapidamente. Os aspectos analisados
foram o modo de construção do texto, a linguagem utilizada, as palavras utilizadas,
as fotografias e a relação de todos estes elementos com os produtos lançados na
ocasião. Esta relação se mostrou importante à medida que, apesar de a revista
apresentar texto jornalístico, ela continua sendo também um catálogo de vendas.
Estruturalmente, a pesquisa está dividida, além dos capítulos convencionais
(introdução e conclusão), em cinco partes. O capítulo dois oferece um panorama
geral a respeito do que é a Comunicação Empresarial e como ela acontece dentro
da empresa. Os principais autores citados nesta primeira parte foram Roger Cahen,
Cleusa Cesca, Waldir Gutierrez Fortes e Francisco Gaudêncio Torquato do Rego.
O terceiro capítulo é dedicado ao Jornalismo de Revista. Neste capítulo o
objetivo é mostrar as características do jornalismo feito para o veículo revista, bem
como suas diferenças em relação ao jornalismo diário, por exemplo. O capítulo
também aborda as características da reportagem como formato de texto principal em
revista e traça um sucinto panorama do surgimento do jornalismo de revista no
Brasil. Por fim, o capítulo trata sobre a segmentação de público. Para tanto, os
principais autores referenciados foram Marília Scalzo, Sérgio Vilas Boas e Maria
Celeste Mira.
No quarto capítulo, o objetivo é apresentar a Natura Cosméticos. Esta parte
do trabalho traz um panorama da empresa desde sua fundação até os dias atuais.
Também são apresentados o modelo de negócio da organização e suas principais
filosofias e conceitos utilizados na comunicação.
A Revista Natura, objeto deste trabalho de pesquisa é o tema do quinto
capítulo. Nele, é apresentado o surgimento da revista, seu projeto gráfico e também
é contado como acontece a produção das pautas.
O sexto capítulo, por fim, apresenta a metodologia utilizada para a realização
da análise e oferece uma observação detalhada e descritiva das capas, capítulos de
produto e reportagens ou notas informativas que apareceram nas onze revistas
analisadas. Este detalhamento se mostrou fundamental para que os
questionamentos inicialmente apontados fossem respondidos.
11
As relações estabelecidas entre a Comunicação Empresarial, o Jornalismo de
Revista e a Revista Natura pela presente pesquisa, respaldadas pelos
conhecimentos de autores especializados, reforçam a importância do
questionamento a respeito do que as empresas estão fazendo para se comunicar
com seus públicos num cenário cada vez mais competitivo. Além disso, a existência
de uma revista deste tipo demonstra que o mercado de trabalho para nós,
comunicadores, vem se diversificando graças a projetos pioneiros como o realizado
pela Natura Cosméticos.
12
2 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
Para entendermos como funciona a comunicação de uma empresa e,
conseqüentemente, os canais utilizados por ela para interagir com seus públicos, é
preciso que entendamos o que é uma empresa e qual o seu papel na sociedade. O
capítulo a seguir traz estas definições e apresenta suas classificações. A seguir,
apresenta a Comunicação Empresarial, os tipos de públicos existentes e os canais
de comunicação que podem ser utilizados pelas organizações.
2.1 A empresa
Além de ser definida como uma unidade sócio-econômica que produz bens de
consumo ou de serviço, uma empresa tem papel sócio-cultural que compreende,
entre outros, a geração de empregos, incentivo ao desenvolvimento de ciência e
tecnologia e elaboração e melhoria de processos e de estratégias (PIMENTA, 2002).
Sendo assim, sua existência está vinculada ao progresso da comunidade onde está
inserida. Essa participação permite observar que as empresas, mesmo que
indiretamente, influem no comportamento das pessoas. Através de sua atividade,
seja produzindo bens de consumo ou serviços, elas induzem ao consumo, criam
novas demandas, padrões estéticos e de comportamento.
As empresas são organizações sociais. Esse termo denota diversas
modalidades de agrupamentos de pessoas que se associam para trabalhar,
desempenhar funções e atingir objetivos comuns para satisfazer alguma
necessidade da sociedade, esclarece Kunsch (2002).
Ainda para a mesma autora:
As organizações precisam ser vistas como unidades multidisciplinares, e não fragmentadas em setores. O mesmo vale para a comunicação organizacional, que tem de ser vista numa perspectiva integrada. (KUNSCH, 2002, p. 28)
13
2.1.1 Classificação das organizações
Segundo Kunsch (2002), as organizações podem ser classificadas de
diversas maneiras. Pode-se designá-las em função do tamanho, observando o
número de pessoas, volume de atividades, faturamento e demais informações
econômicas; ou segundo o tipo de atividades que desenvolvem como produtoras de
bens de consumo ou produtos para terceiros ou ainda, prestadoras de serviços.
Além dessas classificações, ainda é possível considerar o seu raio de atuação e
também a forma de propriedade – forma mais tradicional de classificação –, que
pode ser pública, privada ou sem fins lucrativos.
Levando em consideração essas classificações e características estruturais,
constata-se que, para a comunicação ocorrer eficazmente, é necessário conhecer
completamente a natureza da organização: seus objetivos, seu produto, seus
serviços e, principalmente, sua visão e missão. É necessário, também, considerar
que as organizações estão vinculadas ao ambiente no qual vivem, inseridas em
diferentes aspectos culturais, sociais, econômicos e etc. Por esse motivo, sofrem
interferências em sua vida organizacional (KUNSCH, 2002).
Assim como a sociedade mudou ao longo dos anos, com a globalização e a
tecnologia, também os seus interesses foram alterados. As empresas precisam estar
sintonizadas com essas alterações. Marlene Regina Marchiori, em seu texto
Comunicação é Cultura. Cultura é Comunicação1, reforça:
A organização está mudando. Está mudando em razão da necessidade de poder ser mais competitiva, mais pró-ativa, tendendo a um maior nível de comunicação informal do que formal, em função da necessidade das pessoas interagirem, sentirem-se mais próximas umas das outras. (MARCHIORI, 1999)
Ainda sobre as mudanças nas empresas e nos públicos, Marilene Lopes
explica:
As empresas se sofisticaram administrativa e tecnologicamente. Enquanto isso, os consumidores e a opinião pública também evoluíram, tornando-se mais seletivos e exigindo esclarecimentos sobre tudo o que, direta ou indiretamente, diga-lhes respeito. (LOPES, 2000, p. 04)
1 Disponível em http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/culturaorganizacional/0067.htm, acesso em 09 de dezembro de 2007.
14
2.2 A Comunicação na Empresa
Para acompanhar a evolução da sociedade e do mercado, a comunicação
torna-se estratégia de sobrevivência para qualquer empresa que preza a opinião de
seu público prioritário. A comunicação é tão importante para a sobrevivência de uma
empresa quanto seus resultados financeiros. Isto porque, quando tratada seriamente
como uma ferramenta estratégica, a comunicação empresarial é um investimento
que, como qualquer outro, tem por objetivo o lucro. Paulo Nassar e Rubens
Figueiredo completam:
A comunicação empresarial se utiliza de muitas linguagens, que não têm necessariamente como objetivo imediato o processo de vendas. Mas que não deixam, por isso, de ser ferramentas fundamentais do marketing da empresa. Dentre essas linguagens estão a das relações públicas, a de imprensa e a de atendimento direto ao consumidor. As ações dessas áreas de comunicação empresarial, se não são diretamente mensuráveis num balanço contábil, podem significar, no mínimo, a simpatia da sociedade, a fidelidade dos consumidores, um bom relacionamento com trabalhadores, governos e sindicatos. (NASSAR e FIGUEIREDO, 2004, p. 12)
Portanto, uma empresa que estabelece comunicação eficaz com seus
públicos converterá essa eficácia em resultados reais para o seu negócio. É
importante, portanto, conhecer o conceito e o funcionamento da comunicação
empresarial, bem como suas ferramentas.
A respeito do termo Comunicação Empresarial, Roger Cahen define:
Comunicação Empresarial é uma atividade sistêmica, de caráter estratégico, ligada aos mais altos escalões da empresa e que tem por objetivos: criar – onde ainda não existir ou for neutra - , manter – onde já existir - , ou, ainda, mudar para favorável – onde for negativa – a imagem da empresa junto a seus públicos prioritários. (CAHEN, 1990, p. 23)
Essa definição dá a noção do quanto a comunicação empresarial é uma
atividade permanente. Ela é uma estratégia constante e deve fazer parte das
políticas da organização. Para Edson Vaz Musa, presidente da Rhodia na década de
1980, período em que a empresa foi pioneira na criação de um plano de
15
comunicação social, “a comunicação não é útil, é indispensável; não é despesa, é
investimento; é um processo permanente” (NORI e VALENTE, 1990, p. 161).
Pimenta (2002, p. 99) complementa afirmando que “suas atividades devem
estar articuladas com o planejamento estratégico da empresa”. Isto significa dizer
que, estando alinhada com o plano estratégico da organização, a comunicação
traçará suas atividades de acordo com os objetivos principais deste plano. A
comunicação empresarial não é, ou não deveria ser, uma atividade paliativa ou
simplesmente reativa. Ela é uma ferramenta de marketing e de construção de
imagem. Não é o bastante uma empresa, apenas em suas reuniões de diretoria ou
diante de seus clientes mais importantes, reforçar verbalmente suas crenças e
missões. É preciso comunicar que suas atitudes são coerentes com seu discurso.
Comunicar de forma que o maior número possível de pessoas possa compreender.
“Atitudes são o que os públicos percebem de forma quase subliminar – as atividades
eles podem ver”, afirma Cahen (1990, p. 41). Nassar e Figueiredo (2004) ainda
complementam afirmando que a imagem institucional de uma organização é um ser
vivo, dinâmico. Ela pode estar intocável hoje, mas o amanhã depende das ações do
hoje. Em razão disso é necessário que as empresas mantenham uma comunicação
competente em todos os lados do negócio. Para Nassar e Figueiredo (2004) esta
competência deve estar presente tanto na propaganda, quanto na qualidade dos
produtos, como na sua relação com as comunidades e com o meio-ambiente.
A comunicação empresarial será feita através dos canais de comunicação
interna e externa que a empresa definir utilizar. Quando eficaz, ela também poderá
ser de utilidade pública a partir do momento que utiliza seus canais para informar e
instruir seus públicos prioritários acerca de temas importantes na sociedade. Essa
utilidade, por si só, já contribui para a construção e manutenção de uma imagem
positiva da empresa. Segundo Pimenta (2002), a construção da imagem é um
somatório da imagem do produto com a imagem da relação da empresa com o seu
consumidor.
Para diversos autores, a imagem é o maior patrimônio de uma organização.
Dorothy Doty esclarece:
O nome e a reputação da empresa e dos produtos são o maior patrimônio da sua companhia, pois todas as vendas são influenciadas pela imagem que construiu. [...] tudo que está ligado a
16
uma empresa e a seus produtos ou serviços contribui para a imagem, inclusive as pessoas. (DOTY, 1995, p. 294)
2.3 Públicos
Públicos são os destinatários da comunicação da empresa. Para Cesca
(1995), a formação do público necessita da existência de uma controvérsia, grupos
organizados de pessoas para discussão, predomínio da crítica e reflexão, a procura
de uma atividade similar para chegar a uma opinião coletiva. Ou seja, o público deve
ter semelhanças e diferenças que intensifiquem a habilidade crítica dos indivíduos
sem que eles percam a capacidade de compartilhar experiências alheias. Portanto, o
público é um agrupamento espontâneo no qual o indivíduo não perde a faculdade
crítica e o autocontrole (CESCA, 1995). Cândido Teobaldo de Souza Andrade
também considera a racionalidade e a controvérsia na formação dos públicos:
[...] a característica fundamental do agrupamento público é exatamente a predominância das considerações racionais em relação às emoções, em face de controvérsias em discussão. (ANDRADE, 1975, p. 35)
Uma das definições de público é encontrada no Webster’s New Collegiate
Dictionary, na qual é considerado o termo em latim publicus (after pubes, adult).
Nessa definição, aparece “o significado de idade adulta para conceituar o termo
público, o que quer dizer que o público é constituído de pessoas que alcançaram a
maturidade”, afirma Andrade (1975, p. 35).
Segundo Cesca (1995, p. 20) pode-se dividir os públicos entre interno,
externo e misto, onde:
• interno: formado por aqueles que atuam no âmbito da empresa. Ex.:
funcionários. A comunicação com esse tipo de público busca
intermediar sua integração à empresa através das informações;
• externo: formado por aqueles que não atuam no âmbito da empresa,
mas têm algum tipo de ligação com ela. Ex.: escolas, imprensa,
comunidade;
17
• misto: formado por aqueles que não atuam no âmbito da empresa, mas
têm ligações com ela. Ex.: revendedores, fornecedores, acionistas.
Esse tipo de público origina repercussões financeiras na organização.
No caso da Natura, suas consultoras (denominação utilizada pela empresa
para designar as revendedoras) atuam não somente como revendedoras, mas
também como canais de ligação entre a empresa e seus clientes. Segundo Cesca
(1995), portanto, as consultoras fazem parte de um público classificado como misto.
Conforme Waldir Gutierrez Fortes as consultoras têm ainda outra importância:
Se a organização for abandonada pelos seus canais de distribuição, o empreendimento será depreciado, originando um péssimo cenário de Marketing. (FORTES, 2003, p. 210)
A comunicação eficaz entre a empresa e seus públicos interno e misto terá
reflexos perante o público externo, que deve ser plenamente informado para
perceber as modificações ocorridas, avalia Fortes (2003). No caso da Revista Natura
e de seu conteúdo identificado como jornalístico, objetivo deste estudo, a
comunicação é feita simultaneamente para as consultoras e para os clientes da
empresa.
O consumidor é um público muito importante para uma organização privada
que tem seu negócio fundamentado na comercialização de produtos. Ele é parte
fundamental no processo de crescimento da empresa e observa não somente a
qualidade dos produtos, mas também as boas práticas da empresa. Fortes (2003)
observa que o consumidor procura saber se a organização está associada a causas
justas e se revela responsabilidade social para com os problemas da sociedade.
Isso significa dizer que, atualmente, não é suficiente oferecer um bom produto e,
conseqüentemente, planejar uma boa estratégia de marketing publicitário para
comercializá-lo. Além disso, as empresas precisam estar verdadeiramente
comprometidas com causas ecológicas, sociais e de crescimento da comunidade na
qual estão inseridas. Tão importante quanto praticar tais ações, salienta Fortes
(2003), é comunicar essas práticas aos públicos interessados.
18
2.4 Os canais de comunicação nas empresas
As organizações processam suas informações através de diferentes meios ou
veículos que podem ser orais, escritos, pictográficos, escrito-pictográficos,
simbólicos, audiovisuais e telemáticos. Kunsch (2002, p. 87) apresenta os meios
disponíveis com base nas classificações de Charles Redfield (apud Kunsch, 2002):
• Meios orais: podem ser divididos em diretos e indiretos. Os diretos são:
conversa, diálogo, entrevistas, reuniões, palestras, encontros com o
presidente face a face; os indiretos: telefone, rádios, auto-falantes etc.
• Meios escritos: dizem respeito a todo material informativo impresso, a
saber: instruções e ordens, cartas, circulares, quadro de avisos,
volantes, panfletos, boletins, manuais, jornais e revistas.
• Meios pictográficos: são representados por mapas, diagramas,
fotografias, desenhos, entre outros.
• Meios escrito-pictográficos: se valem da palavra escrita e da ilustração.
• Meios simbólicos: insígnias, bandeiras, luzes, flâmulas, sirenes, sinos e
outros sinais que se classificam tanto como visuais quanto auditivos.
• Meios audiovisuais: são os vídeos institucionais, telejornais, televisão
corporativa, clipes eletrônicos, documentários, etc.
A respeito de publicações empresariais, que são classificadas como meios
escritos ou, ainda, escrito-pictográficos, Francisco Gaudêncio Torquato do Rego
elucida:
As publicações empresariais se propõem a combater o desconhecimento a respeito da empresa e a promover a integração entre os públicos ligados a ela, ao mesmo tempo em que pretendem projetar a empresa para internamente assegurar a boa produtividade e externamente conseguir aumentar as vendas e, conseqüentemente, os lucros. (REGO, 1986, p. 119)
19
Ou seja, um veículo empresarial pode ser ao mesmo tempo jornalístico e de
marketing institucional2, funcionando como mais uma estratégia de negócio. Fortes
(2003) recomenda que cada público ou segmento de público tenha publicações
específicas, mas existem aquelas destinadas a públicos variados. Sobre essas
publicações, Fortes (2003) esclarece:
[...] são admitidas publicações que se estendam por interesses variados, embora sejam superficiais e funcionem mais a título de percepção de imagem do que como um veículo aprontado para a transmissão de informações precisas e completas, mesmo que limitadas. (FORTES, 2003, p. 262)
Entretanto, existem casos de comunicação simultânea para diferentes
públicos. O objeto deste trabalho de pesquisa, a Revista Natura, é um deles. Ela é
um canal de comunicação que traz assuntos de interesse tanto de seu público
interno quanto de seu público externo. A publicação será apresentada adiante.
No que diz respeito aos assuntos tratados em publicações empresariais, o
que se observa normalmente é que as pautas são construídas considerando temas
cotidianos dos públicos e também condizentes com o negócio da empresa. Isto
permite que, ao mesmo tempo, a publicação informe, do ponto de vista jornalístico, e
transmita as mensagens chaves da empresa, do ponto de vista de construção de
imagem. Para Rego (1984), é preciso observar que a audiência das empresas é
heterogênea. E completa:
Mas a heterogeneidade da audiência, a diversificação de interesses, o anonimato em relação à fonte comunicadora permitem que a audiência empresarial se assemelhe à audiência de massa. (REGO, 1984, p. 40)
Levando em consideração esta característica, o jornalismo empresarial deve
ser norteado pela política empresarial da organização sem perder a natureza
jornalística. Um dos meios existentes para alcançar esse objetivo é a comunicação
dirigida, conforme Fortes (2003).
2 Entendemos por Marketing Institucional a modalidade de marketing que cuida de todos os aspectos relacionados à imagem da instituição. Mais voltado para o share of mind (fixação da marca na memória) do que para o market share (participação da marca no mercado), seu objetivo imediato não é a venda, e sim a criação de uma atitude favorável, nos diversos segmentos do público, em relação à empresa ou qualquer outro tipo de organização, segundo Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (2001, p. 469).
20
Através da comunicação dirigida, as organizações podem levar informações
específicas a públicos segmentados. Conforme a visão de Fortes (2003, p. 239),
“comunicação dirigida é a forma através da qual se estabelece uma comunicação
direcionada a um determinado público ou segmento de público”. Cesca (1995)
complementa afirmando que essa comunicação é limitada, orientada e freqüente, ou
seja, direcionada a um número de pessoas homogêneas e conhecidas. A
comunicação dirigida tem alcance reduzido em comparação aos meios massivos,
entretanto é eficaz no que diz respeito à qualidade de informação e abrangência
segmentada, além de ser menos dispendiosa (CESCA, 1995). São quatro os tipos
de comunicação dirigida: escrita, oral, auxiliar audiovisual e aproximativa. O tipo
escrita será o foco neste momento, para que seja possível relacioná-lo ao veículo
revista.
A comunicação escrita é eficiente, pois permite o registro permanente e o
aprofundamento das questões relevantes (CESCA, 1995). As revistas são canais
eficazes de comunicação dirigida, pois trazem o fator da personificação e da
identidade em sua essência. Revistas estabelecem relações com o leitor. Essas
relações auxiliam a transmissão eficaz das mensagens de uma organização. Uma
revista de empresa traz não somente matérias que interessam à organização, mas
principalmente, traz ao leitor as filosofias e crenças daquela instituição. Desde a
linguagem utilizada, o tipo de letra, imagens, diagramação até a abordagem dos
assuntos, tudo está relacionado aos valores da empresa. Segundo Fortes (2003, p.
261), uma publicação “tem a finalidade de transmitir informações aos públicos das
empresas e o objetivo de angariar uma opinião pública favorável”. Nesse caso
podemos nos referir às publicações mistas, que buscam atingir, simultaneamente os
públicos interno e externo.
Para Rego (1986, p. 131), “algumas publicações assumem a feição de
‘veículo de utilidade ou de prestação de serviços’. [...] As matérias nem sempre se
relacionam à empresa. O conteúdo tende para a neutralidade.” Essas características
constituem uma estratégia de comunicação diferenciada, na qual a organização opta
por chegar até seu público-alvo (interno e externo) através desse formato de
jornalismo empresarial.
21
3 O JORNALISMO DE REVISTA
Para entendermos e identificarmos as características do objeto deste trabalho
de pesquisa, a Revista Natura, é necessário elucidarmos alguns conceitos acerca do
tema Jornalismo de Revista. O capítulo que se segue pretende mostrar as
diferenças entre o jornalismo feito em revistas em comparação aos jornais diários,
bem como as características da reportagem, tipo de texto mais utilizado no veículo
revista. A segmentação de mercado e no Jornalismo é exemplificada neste capítulo,
inserindo-a no contexto da Natura e de sua revista. A história do Jornalismo de
Revista no Brasil também será brevemente demonstrada.
3.1 Conceito de Jornalismo de Revista
Uma revista diferencia-se de um jornal diário principalmente pelo estilo
textual. Enquanto o jornal apresenta notícias com o lide clássico contendo as
perguntas básicas do jornalismo – O Que? Quando? Quem? Por quê? Onde?
Como? – a revista se permite ir além dessas informações, aprofundando e
oferecendo diferentes panoramas a respeito de um fato.
Para Vilas Boas (1996), as revistas exigem de seus profissionais textos
elegantes e sedutores. Essa exigência se explica pelo fato de que as revistas
apresentam textos mais elaborados, tratando com profundidade, como já dito,
assuntos expostos de forma superficial pelo jornalismo diário tornando necessário
que o texto seja informativo e interessante ao mesmo tempo. Ainda para Vilas Boas
(1996), no jornalismo de revista, ao qual ele chama de estilo magazine, há a
conciliação entre as técnicas jornalística e literária. Essa linguagem diferenciada
permite que as revistas sejam meios versáteis de informação, como afirma Scalzo
(2006, p. 11) quando diz que “uma revista é um veículo de comunicação, um
produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura
de jornalismo e entretenimento”.
Scalzo (2006) ainda cita o editor espanhol Juan Caño, quando este define
“revista” como uma história de amor com o leitor. Ao estabelecer relação com o
leitor, a revista une grupos de pessoas e estabelece identidades. Diante disso,
Scalzo (2006) reforça que quem define o que é uma revista, antes de tudo, é o seu
22
leitor. Isso explica a segmentação desse veículo, havendo revistas para homens,
mulheres, jovens e velhos. A revista permite que haja essa segmentação, pois é o
público-alvo da publicação que definirá sua linha editorial. Mesmo que os jornais
possuam cadernos de cultura e variedades que se aproximam do estilo magazine e
tem seu público definido, para os jornais os assuntos tratados nesses cadernos
ainda são menos importantes se comparados a outros fatos do cotidiano, presentes
nas editorias principais e diárias. Essa é mais uma característica que reforça o
formato revista quando se fala em veículo especializado e segmentado. Em relação
à Revista Natura, objeto deste trabalho de pesquisa, ela segue um tipo diferente de
segmentação, pois, ao invés de se dirigir apenas a mulheres, homens ou
adolescentes, por exemplo, a revista é dirigida a todos os clientes. O interesse
comum desse público é, além das novidades em produtos da empresa, por temas
como qualidade de vida, comportamento, saúde e beleza.
Uma revista, além de preencher vazios informativos deixados pelas
coberturas dos jornais, como sugere Vilas Boas (1996), estabelece uma relação
direta com seu grupo de leitores. Conforme afirma Scalzo (2006, p. 14), “enquanto o
jornal ocupa o espaço público, do cidadão, [...] a revista entra no espaço privado, na
intimidade, na casa dos leitores”. Ainda para Scalzo (2006, p. 15), “a revista tem foco
no leitor – conhece seu rosto, fala com ele diretamente. Trata-o por ‘você’”.
Um exemplo dessa singularidade de tratamento é a fórmula instituída por
Helen Brown, editora da revista Cosmopolitan3 que é citada por Bocchini (2003):
A fórmula de Helen Brown consiste em fazer um texto falando apenas com “você”, com uma única mulher. Ela disse que em seu texto nunca fala com duas, ou quatro ou quarenta mulheres, fala apenas com uma. E falando com apenas uma, está falando com milhões. (BOCCHINI, 2003, pág. 03)
A intimidade com o leitor e a segmentação são características do veículo
revista. A Revista Natura, por exemplo, “fala” com sua consumidora estabelecendo
uma conversa íntima e pessoal através de suas reportagens. Faz parte da filosofia
da empresa respeitar a característica individual de cada mulher, reforçando o
conceito criado por eles de Mulher Bonita de Verdade, sobre o qual falaremos mais
adiante.
3 Revista norte-americana que tem a Revista Nova como sua versão brasileira.
23
Uma revista, além de ser um meio de comunicação, é um registro de uma
época e de um segmento da sociedade. Ela trata de fatos atuais considerando os
anseios e estilos de vida de seu público-alvo. Por esse motivo, sua linguagem,
formato e apresentação das matérias diferencia-se tanto de outros meios e, ainda
hoje, é um veículo apreciado pelos leitores (SCALZO, 2006). Nas páginas de suas
revistas preferidas, eles encontram não somente esclarecimentos sobre os assuntos
que lhe interessam, mas principalmente, identificam-se e enxergam pensamentos e
sentimentos semelhantes aos seus.
No que diz respeito ao texto, em revista sua função é maior do que
simplesmente noticiar um fato. Sua característica básica é a interpretação. Segundo
Vilas Boas (1996, p. 77), “o jornalismo interpretativo é o esforço de determinar o
sentido de um fato por meio da rede de forças que atuam nele”. Através da
interpretação, a informação pode ser transmitida sem a opinião do jornalista. Como
diz Vilas Boas (1996, p. 77), “interpretar é dar a informação sem opinar, expondo ao
leitor o quadro completo de uma situação atual”. Por estas características textuais e
estruturais do veículo, o tipo de texto que ganha mais destaque em revistas é a
reportagem.
3.1.1 A reportagem
Para Pedro Celso Campos, no texto intitulado O que é reportagem4,
“reportagem não é uma notícia grande. Certamente é uma grande notícia porque
sem um fato importante, um grande fato, não se tem reportagem de interesse para o
leitor”. Vilas Boas (1996, p. 78) complementa afirmando que “a boa reportagem é
aquela que consegue apresentar a notícia em profundidade, com objetividade e
padrão ético”.
O aprofundamento de um fato importante e que o jornal diário não pode
oferecer ao leitor devido à rapidez dos acontecimentos e ao espaço reduzido, a
revista oferece através da reportagem com o diferencial da contextualização. Uma
reportagem precisa se justificar para ser lida. Por ser um texto maior, ela necessita
4 Disponível em http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/Reportagem%20Contextualizada.htm, acesso em 09 de
dezembro de 2007.
24
de atrativos que outros gêneros não precisam, para prender a atenção do leitor,
segundo Scalzo (2006).
Pensando nisso, para Scalzo (2006) as fotografias e imagens são pontos
importantes de diferenciação da revista para outros meios de comunicação. A autora
afirma que “em qualquer situação, uma boa imagem será sempre importante – e é
ela o primeiro elemento que prenderá a atenção do leitor” (SCALZO, 2006, p. 63). As
imagens e a identidade visual da publicação são importantes identificadores de seu
reconhecimento junto ao seu público-alvo e complementam o sentido de uma boa
reportagem de revista. No jornalismo de revista a fotografia é parte integrante da
reportagem e deve ser igualmente valorizada. Nos materiais da Natura, as imagens
são tão importantes para o conteúdo jornalístico quanto para o mercadológico, de
produto. Nas fotografias e ilustrações da Revista Natura, desde a capa, é possível
identificar muitas das mensagens reforçadas pela empresa.
A reportagem permite a apuração, interpretação e exposição de todos os
lados de um acontecimento. Com a reportagem, também é possível prever as
tendências do futuro. É ela que nos fornece o entendimento acerca dos temas
atuais. O jornalismo de revista não existe somente para informar, mas também para
entreter através do prazer da leitura. O leitor de revista não espera receber apenas a
informação, mas sim recebê-la de forma prazerosa. E as reportagens, por sua vez,
devem atender esse desejo. Como comenta Pedro Celso Campos continuando a
definição sobre reportagem:
Ela não pode ater-se apenas ao relato factual porque não pode ser um relatório frio, como um processo judicial ou um inquérito policial, nos quais há muitos dados mas não há reportagem, pois não está presente ali a arte de escrever, não há um estilo, uma interpretação jornalística dos fatos. Pelo menos não há um sentido para os fatos, uma contextualização, uma humanização do relato. (CAMPOS, O que é Reportagem5)
No mundo das revistas, conforme Scalzo (2006), tudo pode ser tratado como
reportagem, de aborto a cosméticos, seguindo-se sempre os procedimentos básicos
do bom jornalismo. A humanização do relato, como citou Campos, é a grande
diferença desse tipo de texto. Mais do que interpretar ou narrar, uma reportagem
dialoga com o leitor. Na Revista Natura, as reportagens buscam comprovar através
5 Texto disponível na internet (passim).
25
de personagens reais, o discurso mercadológico e filosófico da empresa perante seu
público. Desde a linguagem utilizada até as imagens e diagramação são pensadas
de acordo com a filosofia da organização, detalhes que serão tratados mais adiante
no capítulo que apresenta a Natura Cosméticos.
3.2 O jornalismo de Revista no Brasil
A primeira revista brasileira aparece em Salvador, na Bahia, no ano de 1812 e
se chamava As Variedades ou Ensaios de Literatura. Editada pelo tipógrafo e livreiro
português Manoel Antonio da Silva Serva, a revista, como todas as outras de sua
época, tinha jeito de livro. Scalzo (2006) elucida o propósito da revista:
Publicar discursos sobre costumes e virtudes morais e sociais, algumas novelas de escolhido gosto e moral, extratos de história antiga e moderna, nacional ou estrangeira, resumos de viagens, pedaços de autores clássicos portugueses – quer em prosa, quer em verso – cuja leitura tenda a formar gosto e pureza na linguagem, algumas anedotas e artigos que tenham relação com os estudos científicos propriamente ditos e que possam habilitar os leitores a fazer-lhes sentir a importância das novas descobertas filosóficas. (SCALZO, 2006, p. 27).
As primeiras revistas brasileiras não se preocupavam em refletir sobre a
sociedade, eram publicações não noticiosas e eruditas. Havia, aliás, pouca
preocupação com a notícia na imprensa daquela época. Os fatos eram noticiados
muitos dias após terem ocorrido, como o grito de D. Pedro às margens do Ipiranga,
que demorou treze dias para ser notícia nas páginas do jornal carioca O Espelho (A
Revista no Brasil, 2000, p. 18).
Em 1827, nasce a primeira revista brasileira especializada, O Propagador das
Ciências Médicas, órgão da Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Neste mesmo
ano surge também a pioneira entre as revistas femininas nacionais: Espelho
Diamantino.
A era das revistas de variedades começa em 1849, com o lançamento de A
Marmota na Corte, que abusa das ilustrações, textos mais curtos e humor. A
fotografia, elemento fundamental em qualquer revista atual, aparece pela primeira
vez na revista Sua Semana Ilustrada, em 1864, com cenas de batalhas da Guerra
26
do Paraguai. Entretanto, a Revista da Semana, lançada em 1900, é a pioneira na
utilização sistemática de fotos, especializando-se em fazer reconstituições de crimes
em estúdios fotográficos (SCALZO, 2006).
Muitas outras publicações foram lançadas e para diversos públicos nesse
período, mas, o marco na história do jornalismo de revista brasileiro foi o lançamento
de O Cruzeiro em 1928. Criada pelo empresário e jornalista Assis Chateaubriand, a
revista revoluciona diversos aspectos da imprensa nacional, dando destaque às
grandes reportagens e ao fotojornalismo. Manchete, da editora Bloch, surge em
1952 também dando destaque para o design e a fotografia. Em 1966 é lançada
Realidade, considerada uma das mais conceituadas revistas brasileiras de todos os
tempos, afirma Scalzo (2006, p. 31). Depois de Realidade, a Editora Abril lançou
Veja em 1968, que é hoje a revista mais vendida e mais lida do Brasil, com picos de
tiragem de até 1,7 milhão de exemplares semanais (SCALZO, 2006).
3.2.1 Segmentação
O jornalismo de revista é marcado fortemente pela segmentação. Entretanto,
muitas revistas ainda tratam de assuntos gerais, com a revista Veja – que é hoje a
mais vendida no país. De acordo com Mira (2001), para uma revista ser considerada
como segmentada, sua tiragem deve ser inferior a 100 mil.
As revistas são meios eficientes de atingir públicos específicos. As empresas,
por sua vez, precisam identificar estes públicos, segmentando o mercado e
identificando seus potenciais consumidores. Segmentação de mercado é, portanto,
todo o processo de dividir mercados em grupos de consumidores potenciais com
necessidades ou características semelhantes e que provavelmente terão
comportamentos de compra semelhantes (WEINSTEIN, 1995).
Quando se fala em jornalismo segmentado, os conceitos apresentados não
estão distantes do conceito de segmentação de mercado. O jornalismo segmentado
tem como alvo um grupo de leitores específico. A pesquisadora Mira (2001) divide a
segmentação em:
O primeiro vai desde a “imitação do estrangeiro” no século XIX até a globalização propriamente dita. O segundo vai da “revista da família” à (pseudo ou verdadeira) “revista personalizada”. Quanto a esse último (o eixo da segmentação), três discussões teóricas se
27
entrelaçam: gênero, geração e classe social. Contudo, por ser muito importante no meio revista, a questão do gênero atravessou quase todo o trabalho, exceto em Realidade e Veja. (MIRA, 2001, p. 9)
Para Scalzo (2006) os tipos mais comuns de segmentação são os por gênero,
idade, geográfica (cidade ou região) e por tema. Partindo destas divisões, é possível
ainda segmentar a segmentação. Um dos exemplos citados por Scalzo (2006) são
as revistas para pais. É possível fazer revistas para pais de bebês, pais de bebês
gêmeos, para mães etc. Dentro de um grupo de leitores existem outros grupos cada
vez menores e mais individualizados. A segmentação reafirma a proximidade que a
revista tem com o leitor.
Empresas de cosméticos, como é o caso da Natura, trabalham com base na
identificação de seu segmento de atuação. O público consumidor de produtos de
beleza ainda é, em sua maioria, feminino. As principais empresas de cosméticos do
país investem na busca pela comunicação adequada com esse público, a fim de
conquistar sua preferência de consumo. Entretanto, baseiam suas estratégicas
basicamente na publicidade. A Avon, por exemplo, possui um catálogo de vendas no
qual seus produtos são expostos e também chega até seus consumidores através
da venda direta, ou seja, através de revendedoras. Porém, o catálogo desta
empresa não oferece conteúdo informativo no formato jornalístico. Nesse ponto é
que a Revista Natura busca se diferenciar das outras. Aproveitando o fato de que o
consumidor da empresa pode ser identificado através de suas preferências
semelhantes, a Natura vislumbrou no seu catálogo uma ferramenta estratégica de
comunicação da empresa com seu cliente e força de vendas (consultoras), segundo
informações do material divulgado pela empresa à imprensa em março de 2006.
A Revista Natura, através de suas reportagens, busca encontrar o caminho da
identificação com seu público. Nelas, as consumidoras e também as consultoras
(revendedoras) se encontram com histórias de pessoas comuns como elas. Pessoas
reais, diferentes daquelas encontradas em muitas revistas femininas, nas quais a
mulher é idealizada e estereotipada. Essa linha editorial está alinhada com o
posicionamento estratégico da marca e também com a política de atuação da
empresa.
28
4 CONHECENDO A NATURA COSMÉTICOS
Para entendermos os objetivos comunicacionais da empresa e assim
podermos analisar os meios que ela utiliza para atingi-los, é importante
conhecermos sua história e sua natureza. Este capítulo destina-se a apresentar a
Natura Cosméticos e suas principais filosofias e políticas empresariais.
4.1 Natura Cosméticos: do início aos dias atuais
Fundada em 1969 por Antonio Luiz da Cunha Seabra, atual co-presidente do
Conselho de Administração da empresa, a Natura era formada por uma loja e um
laboratório em São Paulo. Em 1980 já possuía 200 funcionários e 2 mil consultoras,
números que somente nessa década cresceram 35 vezes.
Com 38 anos de atuação, é uma das principais empresas de cosméticos do
país. Tem sede em Cajamar, no estado de São Paulo e possui unidades
administrativas, industriais e comerciais em outras localidades, como Minas Gerais,
Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.
Também possui operações na Argentina, Chile, México, Peru e França. Ao todo, são
mais de cinco mil colaboradores. É uma empresa de capital aberto desde 2004, com
ações no Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Nos últimos quatro
anos, a empresa dobrou de tamanho e assumiu a liderança do setor no Brasil.
Esse crescimento significativo e com resultados arrojados reflete o
desempenho geral do negócio e uma cultura e conjunto de crenças focados no ser
humano e na sua relação consigo e com o mundo, segundo Yara Rezende, no artigo
Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento na Natura Cosméticos: Ser Virtual
e o Saber Real.6 Sua razão de ser e suas crenças são baseadas na importância das
relações, no compromisso com a verdade, o aperfeiçoamento contínuo, o estímulo à
diversidade, a valorização da beleza sem estereótipos ou manipulações e a empresa
como promotora do enriquecimento social. O Relatório Anual da empresa do ano de
2006 complementa:
6 Disponível em http://dici.ibict.br/archive/00000630/, acesso em 16 de agosto de 2007.
29
[...] A empresa, organismo vivo, é um dinâmico conjunto de relações. Seu valor e longevidade estão ligados à sua capacidade de contribuir para a evolução da sociedade e seu desenvolvimento sustentável. (RELATÓRIO ANUAL NATURA, 2006, p. 15)
Para a Natura, desenvolvimento sustentável significa realizar seus negócios
baseada num modelo de gestão responsável que, ao mesmo tempo em que
promove o crescimento econômico e a perpetuação da empresa, reconhece o
impacto ambiental e social que causa e leva isso em conta nas decisões cotidianas
dos negócios. Cada vez mais, na concepção da empresa, as decisões estratégicas
dos negócios e as práticas cotidianas devem gerar inclusão social e proteção
ambiental.
A comercialização dos produtos é feita através da venda direta desde o ano
de 1974. Segundo a definição na home page da Associação Brasileira de Empresas
de Vendas Diretas (ABEVD), “a venda direta é um sistema de comercialização de
bens de consumo e serviços diferenciado, baseado no contato pessoal, entre
vendedores e compradores, fora de um estabelecimento comercial fixo” 7. A força de
vendas da Natura é composta por mais de 719 mil revendedores, denominados
consultores e consultoras, segundo dados comunicados à imprensa, em fevereiro de
2008.
O setor de vendas diretas no país movimentou, em 2007, mais de R$ 16
bilhões, crescendo 11,7% em relação ao ano anterior. O Brasil ocupa o 5º lugar no
ranking mundial do setor, atrás de Alemanha, Coréia, Japão e Estados Unidos.
Dentro desse contexto de mercado, o crescimento da Natura em 2007 se justifica.
Em 2007 a receita bruta da empresa foi de R$ 4,3 bilhões, o que representa um
crescimento de 10,6% em relação a 2006.
A Natura foi pioneira, entre os fabricantes brasileiros de bens de consumo de
uso contínuo, na venda de produtos com refil, iniciada em 1983. Além disso,
pesquisas contínuas são empreendidas para novos métodos industriais de
fabricação de produtos menos agressivos ao meio ambiente. Além de pesquisas
internas, a Natura apóia Universidades, através do programa denominado Natura
Campus.
7 www.abved.org.br, acesso em 10 de janeiro de 2008.
30
A preocupação com o meio-ambiente está presente em todas as mensagens
da organização. Em 2006 foi implantado um sistema de mapeamento de emissões,
a fim de identificar oportunidades de redução de gases em toda a cadeia de
produção com o objetivo de se tornar “carbono neutro” em 2008. Também no ano de
2006 a Natura lançou uma linha de maquiagem pioneira no mercado de cosméticos.
A linha Natura Diversa é produzida com o uso sustentável de ingredientes da
biodiversidade brasileira e inovação na utilização de refis.
Nos anos 90, a Natura desenvolveu uma série de iniciativas que representam
a forma como entende o papel da empresa na sociedade. Entre elas, destaca-se o
programa Crer Para Ver, realizado desde 1995 em parceria com a Fundação Abrinq.
Seu objetivo é financiar projetos que contribuam para a melhoria da qualidade da
educação pública, tanto para crianças quanto para jovens e adultos, segundo
informações da página da Natura na internet8.
4.2 Os principais conceitos e a comunicação
A comunicação da Natura, seja via imprensa ou publicidade, está de acordo
com os princípios da organização. Para elucidar tais princípios, a empresa
conceituou alguns deles. O conceito Bem Estar Bem, que é “a relação harmoniosa
do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o mundo do qual faz parte”
(RELATÓRIO ANUAL NATURA 2006, p. 41), está atrelado à razão de ser da
empresa. A disseminação desse conceito é realizada através das consultoras e
consultores Natura. Segundo a empresa, são eles o seu principal elo com o
consumidor.
Outro importante conceito criado pela empresa, em 1992, é o de Mulher
Bonita de Verdade. Ele expressa a idéia de que a beleza feminina não depende de
idade, mas de auto-estima e deve estar livre de estereótipos. Essa idéia norteia toda
a comunicação da Natura com seus consumidores, especialmente as mulheres. Em
1996, consumidoras protagonizaram, pela primeira vez no mercado, anúncios da
linha anti-sinais Chronos. Desde então, homens e mulheres “reais” protagonizam as
campanhas da marca. Todas as mensagens, bem como os canais de comunicação
utilizados pela empresa para se comunicar com a força de vendas, funcionários e
8 www.natura.net, acesso em 12 de março de 2008.
31
consumidores, estão de acordo com os conceitos Bem Estar Bem e Mulher Bonita
de Verdade.
Sendo assim, naturalmente o principal instrumento de apoio às vendas dos
consultores também será confeccionado tendo como bases esses princípios e
filosofias. É por esse motivo que o catálogo de produtos utilizado até então, o Vitrine,
por si só, passou a não contemplar mais as estratégias de comunicação da
empresa. Para otimizar este instrumento é que, em 2006, a Natura lança a Revista
Natura.
32
5 A REVISTA NATURA
O capítulo a seguir destina-se à apresentação da Revista Natura. Antes de
apresentar a análise do conteúdo informativo da publicação, é importante
conhecermos sua origem, objetivos, bem como sua estrutura e como ela é
confeccionada.
5.1 O surgimento
Até o ano de 2006, a Natura possuía um catálogo chamado Vitrine (figura 1),
no qual os produtos de seu portfólio eram expostos sem os preços, apenas para
visualização dos clientes. Para acompanhar o Vitrine, os consumidores recebiam
das consultoras um folheto que se chamava Ser Natura Consumidor. Nesse folheto
constavam os preços, informações sobre os benefícios dos produtos e sobre os
lançamentos.
Figura 1: Capa do Vitrine do ano de 2004. Fonte: Natura (2008).
33
O lançamento da Revista Natura, em março de 2006, marca a expansão da
utilização do instrumento de vendas como propagador das crenças e valores da
empresa. Com tiragem superior a dois milhões de exemplares e distribuição
nacional, a nova revista passou a ter conteúdo editorial, o principal diferencial em
relação a outras publicações do tipo. São reportagens que trazem o posicionamento
da marca Natura e seus valores através de pautas sobre beleza, cosméticos,
reciclagem, voluntariado, sustentabilidade e outros temas relacionados às
mensagens-chave da empresa. Marcela Carvalho9, Analista de Comunicação da
Natura Cosméticos, explica:
A Revista Natura é a principal ferramenta de comunicação e vendas utilizada pelos (as) Consultores (as) no momento da apresentação e abordagem dos consumidores. É um material editorial que, além de apresentar todos os produtos do portfólio com fotos e descritivos, reflete as crenças e valores da Natura por meio da divulgação do conceito de cada linha, do conteúdo editorial e da própria concepção do material – que é produzido em papel reciclado. Além de ser uma ferramenta de vendas, o material é um meio de relacionamento e aproximação da Natura com seus públicos.
A publicação, atualmente, tem número médio de 160 páginas, podendo variar
dependendo do período do ano e da proximidade de datas comemorativas. Esse
número era superior nas primeiras edições, chegando a 218 páginas em alguns
ciclos. O conteúdo editorial é composto por reportagens sobre comportamento e por
pílulas, que, segundo Marcela Carvalho10, são notas inseridas nos capítulos,
relacionadas aos produtos. Segundo Marcela, a proposta da revista baseou-se na
intenção de que o material fosse mais do que um catálogo. “Nossa intenção era que
a Revista conseguisse agregar as crenças e visão de mundo da Natura”,
complementa.
A periodicidade da revista é de 21 dias, período denominado de ciclos pela
Natura. A revista foi idealizada e é editada em parceria com a Editora Trip, de São
Paulo, que atua no segmento há 22 anos e também edita as revistas Trip, TPM, Gol
Linhas Aéreas Inteligentes, entre outras.
9 Analista de Comunicação da Natura Cosméticos. Entrevista concedida a esta pesquisadora em 11 de março de 2008 por e-mail. 10 Entrevista concedida a esta pesquisadora (passim).
34
5.2 O formato
A Revista Natura tem o aspecto de uma revista de variedades. Sua
composição é de, em média, 55% de papel reciclato, sendo que a capa tem
gramatura superior às das páginas internas. O papel couchè é utilizado apenas na
parte do catálogo que demonstra as linhas de maquiagem, anti-sinais e nas
promoções da marca. A dimensão da revista é de 165mm de largura por 230mm de
altura.
É uma publicação que prima pela qualidade de impressão, layout e imagens.
As fotografias recebem grande destaque, seja quando são de personagens ou dos
produtos da empresa. Essa característica aproxima ainda mais o catálogo de
publicações segmentadas de variedades, principalmente aquelas voltadas ao
público feminino.
As fotos de produtos sempre são ambientadas, ou seja, produzidas junto a
elementos da natureza, substâncias ou ativos que estejam em sua composição ou
ilustrações que condigam com o tipo de produto (figura 2).
Figura 2: Produtos ambientados. Fonte: Natura (2007).
35
Quando as fotos são de personagens das reportagens, ou seja, os
consumidores reais, elas buscam aproxima-los da consumidora e da consultora que
lerão a revista. São fotos bem produzidas, naturais, que retratam as pessoas em
momentos cotidianos de suas vidas. Estas fotografias são parte importante das
matérias da revista, bem como do anúncio de alguns produtos, que ficam mais
interessantes com uma figura humana como complemento (figura 3).
Figura 3: Reportagem do ciclo 05/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 05/2007 (2007, p. 12).
36
Nas edições analisadas para este trabalho de pesquisa, é possível notar que
até meados de 2007 as revistas possuíam a seguinte estrutura básica:
• Capa;
• Anúncio;
• Índice de reportagens;
• Índice de produtos;
• Editorial (sempre na página 8);
• Expediente e cartas de leitores;
• Reportagem principal;
• Produtos;
• Reportagem secundária;
• Produtos e promoções.
Esta estrutura sofreu algumas alterações que serão analisadas e discutidas
no próximo capítulo, porém, resumidamente é possível notar que esta divisão, com
partes que podem ser consideradas espécies de “editorias”, torna a revista um canal
de comunicação da empresa com seu cliente. Além das reportagens, com
entrevistas e fotos, a revista possui notas informativas (as pílulas) dispostas entre os
produtos. São dicas de saúde, bem-estar, comportamento e beleza, que sutilmente
ou não, estão relacionadas com os produtos e que sempre são relacionadas às
mensagens-chave da empresa (figura 4).
38
Quanto aos produtos, eles são basicamente divididos da seguinte forma
dentro da publicação:
• Natura Ekos (é uma linha de cuidados pessoais produzida com ativos
da biodiversidade brasileira. São hidratantes, shampoos e sabonetes
com maracujá, castanha, pitanga e outros ativos);
• Natura tododia (linha de desodorantes, hidratantes e sabonetes);
• Natura Erva Doce (linha de produtos produzidos com erva doce);
• Natura Fotoequilíbrio (linha de proteção solar);
• Natura mamãe e bebê (linha de produtos para bebês);
• Natura Criança (linha infantil de shampoos e sabonetes);
• Perfumaria Natura;
• Natura Plant (linha de shampoo);
• Cuidados para o cabelo (tratamentos anti-queda);
• Crer para ver (são agendas, camisetas, canecas, sacolas e outros itens
que têm o valor de sua venda revertido para projetos sociais);
• Natura Chronos (tratamento anti-sinais);
• Natura Diversa (maquiagem);
• Natura Faces (maquiagem);
• Natura Faces.zip (maquiagem);
• Natura Aquarela (maquiagem);
• Natura Única (maquiagem);
• Empório Natura (acessórios);
• Promoções (os produtos em promoção do ciclo).
5.3 Produção
A Revista Natura é produzida por uma equipe formada por profissionais da
Editora Trip e da Natura Cosméticos. São mais de trinta profissionais formando uma
redação na sede da Editora Trip e que trabalham exclusivamente na produção da
publicação. São designers e produtores formados em desenho industrial, artes
gráficas, publicidade e propaganda, relações públicas, administração de empresas e
39
jornalismo. Para completar a equipe, oito colaboradores da Natura, integrantes do
Núcleo de Materiais Impressos da empresa, também participam da produção.
As pautas são discutidas e decididas entre essa equipe, levando em
consideração o produto lançado no ciclo em questão. Isto porque a matéria principal
estará relacionada ao conceito e à proposta de valor do lançamento. Sem perder o
caráter informativo, as matérias trazem informações relacionadas aos produtos. Esta
relação, porém, é mais evidente nas revistas produzidas a partir de maio de 2007.
As alterações ocorridas na Revista estarão descritas detalhadamente na análise do
material, que será apresentada no próximo capítulo desta pesquisa.
Segundo Ana Paula Franzoia11, Diretora de Redação do núcleo da Revista
Natura na Editora Trip, a rotina de produção da revista é intensa. Como a
periodicidade é de 21 dias, a revista é realizada em aproximadamente três semanas.
A primeira semana é dedicada à definição de pauta e à pré-produção; a segunda
semana à realização das fotos, produção e diagramação dos textos e a terceira
semana é dedicada à finalização gráfica do material e também ao reinício dessa
rotina para que a próxima revista já seja iniciada. A edição é finalizada pela Editora
Trip e submetida à equipe da Natura, responsável por aprovar o material.
Quanto ao projeto editorial, sua concepção foi realizada em conjunto. Marcela
Carvalho12 esclarece:
A Revista como ela é hoje foi criada pela Natura em parceria com a editora Trip, baseada na linguagem e ambiente de produto de cada linha. Desde 2006 investimos neste formato de Revista, com reportagens e informações para difundir o que acreditamos para nossas consultoras e consultores. No entanto, vale dizer que o projeto gráfico da Revista evolui constantemente.
11 Diretora de Redação da Editora Trip. Entrevista concedida a esta pesquisadora em 02 de abril de 2008 por e-mail. 12 Entrevista concedida à pesquisadora (passim).
40
6 ANÁLISE DO MATERIAL
Embora Mira (2001) afirme que uma revista de tiragem superior a 100 mil
exemplares não pode ser considerada segmentada, a Revista Natura circula entre
um público segmentado. Formado pelos consultores e consumidores da marca, este
público é composto por diferentes tipos de pessoas, porém com interesse comum:
consumir os produtos da Natura. É sabido que a publicação aqui analisada não é
uma revista de formato clássico. Ela é um catálogo com conteúdo jornalístico.
Entretanto, o fato de ser um instrumento de vendas da organização não diminui a
importância que esse projeto tem em termos de inovação e pioneirismo.
Para justificar a realização da presente pesquisa e identificar a maneira como
a Revista Natura foi concebida e como ela vem sendo produzida, levando em
consideração os fatores citados acima, é necessário analisarmos seu conteúdo. O
capítulo que segue mostra a metodologia de análise utilizada e também as
observações realizadas.
6.1 Metodologia
Para que o objetivo de analisar o conteúdo jornalístico da publicação fosse
contemplado, se fez necessária a análise de sua totalidade. Portanto, a observação
do material foi dividida da seguinte forma:
• Capas;
• Produtos e pílulas (notas);
• Reportagens.
A partir desta divisão, foram analisados e descritos os elementos gráficos e
textuais de cada seção, dando maior ênfase às reportagens, pois elas são o foco
principal desta análise. As reportagens completas serão anexadas ao final do
trabalho.
A amostragem foi de onze revistas do ano de 2007. O critério aplicado para a
escolha das revistas foi sua disponibilidade e seus temas. As observações foram
realizadas considerando as características comunicacionais da Natura Cosméticos,
assim como as referências teóricas já mencionadas na presente pesquisa.
41
Além da análise qualitativa do material impresso, foram entrevistadas Marcela
Carvalho, Analista de Comunicação da Natura e Ana Paula Franzoia, Diretora de
Redação da Revista Natura na Editora Trip. A profissional entrevistada na empresa
foi identificada através do expediente das revistas e de indicações da agência de
assessoria de imprensa que presta serviços para a Natura no Sul do país. No caso
da editora Trip, a fonte foi indicada pela Natura Cosméticos, através de Marcela
Carvalho. As entrevistas contribuíram para a identificação de algumas das
estratégias utilizadas pela empresa através da Revista. A íntegra das perguntas
realizadas se encontra nos anexos deste trabalho.
6.2 Análise geral
A Revista Natura sofreu alterações em seu projeto gráfico ao longo do tempo.
Basicamente, todas as edições tratam de assuntos relacionados às crenças e
valores da empresa. Desde a diagramação até o texto jornalístico, todos os
elementos do material são confeccionados considerando o alinhamento com as
filosofias comunicacionais da marca, sem deixar de estabelecer ligações com os
lançamentos de produto.
A revista é composta por capa, anúncio do principal produto da edição,
índices, cartas de leitores, informações de contato e de expediente (quem faz a
revista), reportagem principal, portfólio de produtos, notas informativas (pílulas) e
promoções.
6.2.1 Capa
As capas da Revista Natura seguem um padrão. O logotipo da Revista é igual
para todas as edições e o logotipo da Natura também vem impresso na capa, em
locais variados. As cores podem variar, conforme os tons utilizados em cada edição.
Os elementos que se repetem, como o logotipo, trazem identidade ao material. Para
Scalzo (2006, p. 64), o estilo de capa deve ser uma marca registrada da publicação.
A autora afirma ainda que uma revista que tem sua personalidade visual bem
construída poderia arriscar retirar seu logotipo da capa e mesmo assim seria
reconhecida por seus leitores (SCALZO, 2006).
42
As fotos são bem produzidas e remetem sempre às mensagens-chave da
Natura: bem estar bem, mulher bonita de verdade, importância das relações, etc.
Mesmo quando a capa é composta apenas por produtos, o tratamento da foto
sugere leveza e sofisticação e traduz uma idéia de acessibilidade universal daquele
produto. As imagens aproximam o consumidor-leitor da sensação que aquele
produto pretende transmitir. Para uma publicação cujo objetivo não é a veiculação
de notícias factuais, a imagem é muito importante e deve se harmonizar com os
demais elementos. Scalzo (2006) esclarece:
A chamada principal e a imagem da capa devem se complementar, passando uma mensagem coesa e coerente. Por melhor que seja a imagem escolhida, o fundo da capa (seja fotografia ou não) não pode atrapalhar a legibilidade da chamada. (SCALZO, 2006, p. 63)
Na revista do ciclo 01 do ano de 2007 (01/2007), a foto da capa sugere
felicidade e celebração. A manchete remete à matéria principal e ao pé da página
existe uma chamada para os lançamentos de uma linha de produtos (figura 5):
Figura 5: Capa da Revista Natura Ciclo 01/2007. Fonte: Revista Natura (2007).
43
Esta capa é um prenúncio do conteúdo interno da Revista. Algumas revistas
do ano de 2007 seguem uma linguagem que se assemelha muito à utilizada em
revistas femininas de variedades. Suas capas contem relações sutis com os
lançamentos do ciclo. Sua aparência é mais humanizada, trazendo consumidores
como protagonistas das fotografias de capa ao invés de embalagens de produtos.
Nota-se claramente que a Revista evita o visual “catálogo de vendas”.
Assim podemos perceber nas capas a seguir:
Figura 6: Capa da revista do ciclo 03/2007. Fonte: Revista Natura (2007).
44
Figura 7: Capa Revista Natura Ciclo 06/2007. Fonte: Revista Natura (2007).
O ciclo 04/2007 (figura 8) traz uma capa com uma foto do recipiente de
Chronos Spilol, creme anti-sinais lançamento da Natura naquela ocasião. A foto é
trabalhada em conjunto com uma imagem da planta da qual o ativo spilol é extraído,
o jambu. A manchete principal chama atenção do leitor para o tema tratado na
edição: Cuidar. Este tema está ligado ao objetivo do lançamento do ciclo. Todos os
produtos da Natura têm uma história que os envolve. A linha Chronos de anti-sinais,
por exemplo, é identificada pela empresa como “a primeira linha a combater os
45
estereótipos e os padrões de beleza” (REVISTA NATURA CICLO 04/2007, p. 125).
Esta definição se estende pelas mensagens que a empresa busca transmitir nessa
edição da revista. E o início de tudo são as capas.
Figura 8: Capa Revista Natura Ciclo 4. Fonte: Revista Natura (2007).
Outra capa significativa para a análise é a produzida no ciclo 05/2007 (figura
9). Destacando bem o produto que é lançado no ciclo, o hidratante Brumas de Leite,
a capa traz a manchete sobre a reportagem principal: A Natureza e os sentidos.
46
Nessa revista são explorados os sentidos e as sensações. Brumas de Leite é um
hidratante produzido através da nanotecnologia13, que possui textura leve e fluida.
Essa leveza se estende pelas páginas que se seguem. Elas trazem fotos do produto
em meio a natureza e também uma poesia falando sobre os sentidos.
Figura 9: Capa Revista Natura Ciclo 05/2007. Fonte: Revista Natura (2007).
13 A nanotecnologia está associada a diversas áreas (como a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais) de pesquisa e produção na escala nano (escala atômica). O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos (os tijolos básicos da natureza). Fonte: Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Nanotecnologia, acessado em 16 de março de 2008.
47
Figura 10: Páginas 2 e 3 da revista do ciclo 05/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 05/2007 (2007, pg. 2 - 3).
48
Figura 11: Página 5 da revista do ciclo 05/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 05/2007 (2007, p. 05).
Aproveitando o Dia das Mães, a revista do ciclo 06/2007 tem capa dupla
(figura 12). O que seria a contracapa torna-se uma nova capa, diferente da oficial.
Esta nova capa traz a foto de uma mãe adornada por desenhos feitos pelo seu filho.
Quando abrimos a revista, conhecemos as opções de presentes para a data. Na
49
capa oficial a foto é de uma mãe com seu bebê. As cores são suaves e as
manchetes estão alinhadas uma abaixo da outra, recebendo igual destaque.
Figura 12: capa e contracapa da Revista Natura ciclo 06/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 06/2007
(2007).
O ciclo 07/2007 (figura 13) traz uma capa que destaca a participação da
Natura na 22ª edição da São Paulo Fashion Week, tradicional evento de moda do
país que aconteceu em janeiro daquele ano. A capa traz a fotografia dos produtos
lançados na linha de maquiagem Natura Diversa. São cores quentes e que se
harmonizam. A manchete é única e anuncia a reportagem principal, sobre moda e
mulheres bonitas de verdade (um dos conceitos criados pela empresa).
50
Figura 13: Capa da Revista Natura Ciclo 07/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 07/2007 (2007).
A revista do ciclo 08/2007 já começa a apresentar mudanças desde a capa,
que é composta pelos lançamentos de perfumaria da época (figura 14). Não há
referências de reportagens na capa e os destaques são apenas relacionados a
produtos. A qualidade e sofisticação continuam as mesmas, porém o foco nos
produtos se torna mais óbvio. Esta é uma mudança evidente a partir deste ciclo.
51
Segundo Marcela Carvalho14, todo o projeto gráfico da revista vem sofrendo
alterações desde o início. As primeiras edições traziam uma relação mais filosófica
com os produtos. Com o passar do tempo, a equipe decidiu trabalhar com conteúdos
mais práticos estabelecendo uma relação mais evidente com as linhas de produto.
Figura 14: Capa Revista Ciclo 08/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 08/2007 (2007).
Assim como a revista do ciclo 06, esta também traz duas capas. A segunda
capa diz respeito às opções de presentes para o Dia dos Namorados, data que
coincidiu com o ciclo naquele ano. A imagem desta capa (figura 15) mostra um casal
14 Entrevista concedida a esta pesquisadora (passim).
52
em clima de romantismo. Os kits sugeridos para presente são expostos nas páginas
internas.
Figura 15: Segunda Capa da Revista do ciclo 08/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 08/2007 (2007).
Estas mudanças já são completamente observadas na capa da revista do
ciclo 10/2007 (figura 16). Circulando em período próximo ao Dia dos Pais, a revista
lança novos produtos de uma linha masculina (Natura Homem) e traz a fotografia de
um homem barbeando-se no espelho. É um publicitário de 38 anos, de aparência
jovem e viril. Abaixo da foto, existe uma barra cinza na qual estão contidos os
destaques do ciclo: os lançamentos e as opções de presentes para os pais. Esta
barra também apareceu na revista do ciclo anterior. Esta capa foi produzida com
53
papel couchè ao invés de reciclato. A contracapa (figura 16), a exemplo dos ciclos
06 e 08, traz uma fotografia de um pai com sua filha. Tem as mesmas características
da capa principal, dando destaque, porém, às opções de presentes para os pais. É
possível notar que algumas edições têm propostas de capa parecidas, mas que não
necessariamente formam um padrão irredutível.
Figura 16: Capa e contracapa da Revista Natura Ciclo 10/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 10/2007
(2007).
Seguindo este novo modelo, a revista do ciclo 12/2007 (figura 17) traz na
capa uma consumidora aplicando um produto na região dos olhos. Abaixo podemos
ver um pote do lançamento do ciclo, o anti-sinais Chronos Firmador. A chamada da
capa é para esse lançamento.
54
Figura 17: Capa Revista Ciclo 12/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 12/2007 (2007).
O ciclo 13/2007 (figura 18) traz uma capa em tons pastéis com uma ilustração
ao invés de fotografia. As cores rosa e branco são as predominantes e o destaque
fica para o batom. O lançamento desse ciclo é o batom faces.zip e todos os
elementos da capa remetem para este lançamento. O papel utilizado nesta capa,
assim como no ciclo 10, é o couchè. Esse papel dá um aspecto mais sofisticado ao
material.
55
Figura 18: Capa Revista Natura Ciclo 13/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 13/2007 (2007).
O lançamento do desodorante colônia Frescor de Castanha é o destaque da
capa da edição do ciclo 14/2007. Na foto, o frasco do produto aparece junto a uma
castanha e a frase principal da capa é uma chamada para este novo produto.
Continua seguindo a estratégia adotada a partir do ciclo 08.
57
6.2.2 Produtos
A grande diferença da Revista Natura em relação ao catálogo anterior, o
Vitrine, é o tipo de papel utilizado e a forma como os produtos aparecem nas
páginas. O papel reciclato, utilizado na Revista Natura, confere uma textura mais
rústica ao material. Isto não atrapalhou a sofisticação da exposição dos produtos da
marca e, mais do que não atrapalhar, vai ao encontro das políticas de
sustentabilidade da empresa, nas quais é essencial a redução da utilização de
papel. Além disso, através de suas próprias práticas, a Natura acredita que incentiva
seus consumidores a ampliarem a consciência a respeito das questões ambientais.
Em Vitrine as páginas eram quase todas de fundo branco, com fotos em estilo
publicitário. Eram páginas mais coloridas, com mais produtos fotografados juntos. A
Revista Natura traz uma disposição mais limpa. Os produtos ganham destaque, mas
geralmente aparecem em fotografias ambientadas e suaves. O novo tamanho da
revista também auxilia na visualização dos produtos. O catálogo Vitrine tinha a
mesma altura, mas largura menor do que a Revista Natura. Isto significa menos
espaço para visualização dos produtos. Todas as seções de produtos ficaram mais
legíveis e bonitas após a modificação do projeto editorial do catálogo. Para uma
empresa de cosméticos, que prega o bem-estar-bem, é essencial que seus materiais
de comunicação com o cliente estejam alinhados com esta proposta.
Entretanto, ao compararmos o conteúdo de vendas da Revista Natura com
outros catálogos semelhantes existentes no mercado, poderemos ver que as
diferenças são poucas, já que o objetivo final é o mesmo: a venda. Cada empresa
possui sua estratégia para atrair o seu cliente. A Natura aposta fortemente no apelo
ecológico e no respeito à individualidade de cada consumidor. Estas são mensagens
muito presentes nas páginas nas quais os produtos estão expostos.
Os produtos estão divididos por seções ou capítulos como já explicitados no
quinto capítulo deste trabalho de pesquisa. Na abertura de cada capítulo de produto
há um texto explicativo sobre os objetivos e conceitos da linha que será
apresentada. Neste texto, a empresa reforça seus valores e visões e os aproxima
dos consumidores. Não há alterações significativas de uma revista para outra em
relação à disposição de produtos e suas descrições, mas as revistas distribuídas
para a região Nordeste são diferentes, em relação a valores de produto, das
58
distribuídas ao restante do país. Esta diferenciação acontece por questões sócio-
econômicas.
É importante saber que todos os produtos da marca são produzidos dentro da
política de gestão responsável da empresa. São produtos que utilizam da
biodiversidade brasileira de forma sustentável, que geram emprego e renda para
comunidades locais e que incentivam o uso de materiais recicláveis. Ou seja, os
valores da marca e da empresa estão empregados também no seu produto,
constatação importante quando analisamos as mensagens transmitidas pela
empresa.
Uma das novidades implantadas quando da modificação do catálogo, em
2006, foi a inserção das pílulas, denominação dada pela Natura para as notas
informativas que estão distribuídas nos capítulos de produto. São informações sobre
assuntos variados e que podem ser relativas aos produtos ou não. Estes textos são
diferentes a cada ciclo e são mais um espaço no qual a empresa pode reforçar seu
discurso mercadológico, de marca e institucional. Como o objetivo deste trabalho de
pesquisa é a análise aprofundada do conteúdo jornalístico da Revista Natura através
das reportagens principais da publicação, não haverá aprofundamento na análise do
conteúdo das pílulas.
Segundo Marcela Carvalho15, a Natura Cosméticos aplica pesquisas de
satisfação com seus consultores a respeito da Revista Natura e os resultados
obtidos são satisfatórios. Infelizmente, a empresa não disponibiliza os dados da
referida pesquisa.
6.2.3 Reportagens
As matérias da Revista Natura são parte fundamental da análise do conteúdo
da publicação. As reportagens principais, logo no início da revista, apresentam o
tema do ciclo em questão. Como já dito anteriormente, o projeto da revista vem
sofrendo constantes atualizações. Por este motivo, perceberemos alterações
importantes ao longo das revistas analisadas.
A reportagem principal da revista do ciclo 01/2007 traz o assunto celebração.
A matéria Viva a Vida tem quatro páginas sendo que três são ocupadas com fotos.
15 Entrevista concedida a esta pesquisadora (passim).
59
Cinco pessoas foram entrevistadas nesta reportagem e falam sobre o que significa,
para cada uma delas, celebrar a vida. Todo o texto reforça a importância das
relações entre as pessoas e da valorização dos pequenos momentos vividos, como
forma de celebração da vida. Estas mensagens vão ao encontro das filosofias da
empresa e de toda sua comunicação com seus públicos. Além disso, o tema da
reportagem está, ainda que sutilmente, ligado ao lançamento do ciclo, que são os
novos produtos da linha Ekos Guaraná. Este ativo brasileiro, natural do Amazonas, é
conhecido por ter propriedades energéticas e estimulantes. Na revista, logo após o
capítulo da Linha Ekos, existe uma reportagem sobre o guaraná. Nela, entre outras
histórias, é explicado que na cidade de Maués, interior do Amazonas, é celebrada a
Festa do Guaraná, em homenagem ao fruto, que é fonte de renda dos moradores da
região. Através destas duas pautas, podemos perceber a ligação da celebração com
o ativo guaraná. Dando ao produto um conceito de celebração, energia e vitalidade,
a Natura busca despertar no cliente-leitor a sensação de estar celebrando a vida
através da experiência da utilização do produto.
É importante também citar a existência de editorial nesta revista. Publicado
antes da reportagem, ele solidifica o tema do ciclo e introduz as idéias que serão
abordadas. Ele não fala sobre o conteúdo da revista, mas sim aborda
conceitualmente o tema principal, que é a celebração da vida em todos os
momentos.
As fotos utilizadas na matéria seguem os padrões já comentados a respeito
das imagens publicadas pela Natura. Elas complementam a sensação que o texto
busca transmitir. É sabido que as fotografias são muito importantes na construção
de uma reportagem no formato revista. Elas são as responsáveis pelo primeiro
impacto causado no leitor. Para Scalzo (2006, p. 69), “[...] fotos provocam reações
emocionais, convidam a mergulhar num assunto, a entrar numa matéria. Por isso,
ter fotos boas em mãos é fundamental”.
60
Figura 20: foto da reportagem da revista do ciclo 01/2007. Fonte: Revista Natura Ciclo 01/2007 (2007,
p. 13).
61
No caso da Revista Natura, é possível perceber que as fotografias têm esse
efeito não somente no conteúdo jornalístico e informativo, mas também no
mercadológico. Boas fotos nas seções de venda de produtos sempre têm chance de
causar mais desejo no consumidor do que fotos pouco atraentes.
Esta revista ainda traz uma terceira reportagem. Conta três histórias de
pessoas que, a partir de acontecimentos que mudaram suas vidas, encontraram
uma oportunidade nova de aprendizagem. A primeira história é a de Maria das
Dores Santos Oliveira, de 46 anos, que após 30 anos concluiu o Ensino
Fundamental. O outro caso mostra a mudança na vida de Ricardo Reis, 25 anos,
após tornar-se pai pela primeira vez. Por fim, a terceira entrevistada é Maria
Bertozzi, 65 anos, que após a morte do marido não se deixou abater e recomeçou a
estudar e aproveitar as boas coisas da vida.
O ciclo 03/2007 traz um editorial falando sobre o melhor que cada um tem
para dar ao outro. Nele, a empresa deixa claro que para ajudar ao outro, devemos
estar bem conosco mesmos. Isto envolve auto-estima e cuidados pessoais.
Sendo assim, a reportagem principal – O melhor de cada um – começa com
um lead falando sobre voluntariado e oferece dados de uma pesquisa do Ibope
sobre o tema. No lead já é possível identificar os termos típicos utilizados pela
Natura. Por exemplo: “[...] mas há dados que não podem ser contabilizados, como a
sensação de bem-estar que sentimos quando nossas ações fazem bem a alguém,
por exemplo” (REVISTA NATURA CICLO 03/2007, p. 11).
Esta reportagem possui oito páginas. Todas as páginas possuem fotos. São
os personagens da matéria retratados nos ambientes nos quais trabalham como
voluntários. São fotos coloridas, outra característica recorrente na Revista. O texto é
rico em detalhes, de fácil leitura e traz informações estimulantes sobre o tema. Além
do caráter informativo, a forma como a história é contada sempre traz elementos das
mensagens da empresa. Esse cuidado é sempre observado e seu resultado é um
conteúdo sutil e eficaz no sentido de transmitir com unidade as filosofias da Natura.
Utilizando termos como bem-estar, beleza, auto-estima, vaidade, a reportagem se
comunica com o cliente-leitor da marca, reforçando seus conceitos e valores.
Assim é possível notar no seguinte trecho, que fala sobre o projeto Novos
Olhares, da Natura, que ministra oficinas de maquiagem em hospitais: “[...] ‘Esse
trabalho ajuda a levantar a auto-estima dessas mulheres. Elas se alegram e ficam
62
felizes com o carinho. O resultado é emocionante’, conta Márcia” (REVISTA
NATURA CICLO 03/2007, p. 15). Este relato, dado pela funcionária da Natura que
participa do projeto, evidencia a forte ligação dos conceitos da marca e da filosofia
da empresa às suas mensagens comunicacionais. A reportagem conta a história de
voluntariado de quatro personagens. Uma dentista do Rio Grande do Sul, um
músico, uma promotora16 Natura e uma psicóloga, todos de São Paulo.
A dentista Adriana Aguzzoli coordena o Projeto Adote o Sorriso de uma
Criança, em Caxias do Sul (RS) desde janeiro de 2006. A entrevista realizada com
ela evidencia os conceitos de beleza, auto-estima e bem-estar, que são muito
importantes na comunicação e nas práticas da empresa. Isto pode ser observado no
trecho abaixo:
Gosto de me pintar, de me arrumar. Mas foi a partir da prática do voluntariado, dessa relação próxima com o outro, que percebi onde se encontra a verdadeira beleza. Ela é subjetiva, se manifesta por meio de um conjunto de ações. Agora, quando me olho, percebo que fico mais bonita nos momentos em que me sinto bem comigo mesma, quando pratico o bem. (REVISTA NATURA CICLO 03/2007, p. 12).
A entrevista realizada com o músico Victor Moraes segue a mesma linha. Ele
participa de uma ONG que ministra aulas de música erudita e popular há 10 anos.
Nessa organização, o próprio Victor foi um aluno. Após um tempo, passou a dar
aulas para crianças e é o que fazia até o momento desta entrevista. Seu relato
demonstra a satisfação em ver o aprendizado e crescimento dos alunos e também
sua determinação. Evidencia questões sobre as relações humanas, novamente o
bem-estar e o desenvolvimento do ser humano.
A terceira entrevistada é uma Promotora Natura que participa do projeto
Novos Olhares, criado pela Natura. Márcia Piratelo coordena voluntariamente, há
cinco anos, um grupo que uma vez por semana visita um hospital da cidade de
Santo André, na Grande São Paulo. Este relato é o mais vinculado aos princípios da
empresa. Naturalmente isto se deve ao projeto ser da própria empresa. As palavras
mais usadas no texto são: beleza, auto-estima, bonitas, bem-estar bem.
16 As Promotoras são funcionárias que possuem vínculo empregatício com a empresa. Elas coordenam as equipes de vendas formadas pelas Consultoras. Fonte: Natura, www.natura.net, acesso em 23 de abril de 2008.
63
O quarto e último caso relatado pela reportagem trata de uma psicóloga que é
voluntária em uma casa de apoio para mulheres que sofrem violência doméstica ou
outros tipos de problemas familiares. Neide Nicoletti Benedicto conta que este
trabalho significa uma troca constante de experiências que ajuda as participantes a
resolverem seus problemas. Ela também diz que as voluntárias representam um
exemplo em todos os aspectos, inclusive no cuidado com a beleza, para as
mulheres que freqüentam a casa.
Cada história contada traz, ainda, o depoimento de uma ou mais pessoas
beneficiadas por estes voluntários. Além disso, é importante salientar que as
histórias dizem respeito ao trabalho voltado para crianças e mulheres. A respeito das
fotografias, elas são grandes complementos do texto. Transmitem em imagens o
que as palavras comunicaram. São fotos das personagens nos locais nos quais
praticam as atividades relatadas.
É notável que a construção da pauta, primeiramente, e do texto leva muito em
consideração que o resultado final vá ao encontro de todas as mensagens
exaustivamente emitidas pela Natura em todos os seus canais de comunicação.
Mesmo que o tema esteja distante dos produtos vendidos pela marca, os conceitos
explorados pela reportagem através dos relatos das personagens estão de acordo
com tudo o que a empresa sempre comunica.
A revista do ciclo 03/2007 ainda traz uma segunda reportagem. Na página
140, logo após o capítulo que exibe os produtos da linha anti-sinais Chronos, a
matéria apresentada tem o título De bem com a vida. É uma entrevista com a
dramaturga Marta Góes a respeito de sua relação com a idade, a carreira e a
beleza. É uma reportagem bem construída, que conta a trajetória da dramaturga,
bem como traz fotos desta trajetória. Não é por acaso que a reportagem é
identificada como matéria chronos. A vinculação com o produto, neste caso, se dá
através desta classificação e não explicitamente, mas ela acontece.
A linha Chronos é uma linha de tratamento contra rugas, embora a Natura
utilize muito pouco esta palavra e prefira utilizar linhas de expressão. O site17 da
empresa traz a seguinte definição para esta linha:
17 http://www2.natura.net/Web/Br/Inst/About/src/index.asp?about=produtos, acesso em 26 de abril de 2008.
64
A linha Chronos oferece uma gama completa de opções para tratamento da pele do rosto, desenvolvidas para mulheres com mais de 30 anos. Chronos afirma a beleza das mulheres em todos os estágios de suas vidas e alinha tecnologia para tratamento da pele com a rejeição de estereótipos sobre beleza. Esta linha inclui uma variedade de produtos de limpeza, tonificação e hidratação da pele, além de produtos anti-sinais, divididos em categorias para mulheres de 30 a 45, 45 a 60 e 60 anos ou mais. (SITE NATURA COSMÉTICOS).
Sabendo isso, é possível perceber que contar a história de uma mulher de 53
anos, bem-sucedida, realizada e bonita está completamente alinhado ao conceito da
linha de produtos em questão. A relação de bem-estar consigo mesmo, em qualquer
idade, é o fio condutor desta reportagem.
O ciclo 04/2007 traz um editorial falando sobre o ato de cuidar atrelado ao
cotidiano da mulher, público-alvo da revista. O editorial reforça as posições da
empresa a respeito das relações humanas e introduz o assunto da reportagem
principal.
Com o título Cuidados Especiais, a reportagem principal tem oito páginas com
texto e duas fotos de cada entrevistado. Visualmente ela segue o mesmo estilo das
anteriores. Quanto ao estilo textual, também preserva a preocupação com a
linguagem utilizada, para que ela transmita as mensagens que a empresa pretende.
São três casos distintos de pessoas e seus modos diferentes de cuidar do outro.
Um casal moderno com um bebê de oito meses é a primeira história contada.
Ana Tereza Fuzzo, economista, e James Allen, cientista político, são a síntese do
casal contemporâneo que divide as tarefas e cuida em conjunto da casa, dos filhos e
da vida da família. Ambos relatam que escolheram profissões que tem como alicerce
o cuidado com as pessoas. Um diferencial evidenciado pela Natura nesta matéria é
o fato de que o pai, neste caso, é quem passa a maior parte do dia com o bebê.
O segundo caso mostra a história de uma executiva de 50 anos, sem filhos,
que desempenha muitas responsabilidades de mãe na vida de sobrinhos e de um
irmão. Também fica evidente a intenção de mostrar sua felicidade no trabalho.
Marice Correa Lima é gerente administrativa de uma entidade internacional sindical.
Segundo ela, seu trabalho também está voltado ao bem-estar dos trabalhadores.
Novamente é possível notar, neste ponto da matéria, algumas das principais
65
mensagens da empresa: combate a estereótipos (nem toda mulher precisa ter filhos
para ser feliz); bem-estar; cuidado com as relações.
A terceira entrevistada é uma psicopedagoga que trabalha com crianças que
têm dificuldade de aprendizado. Sua profissão é uma forma de cuidado. Para Neusa
de Faria Gomes, cuidar “é tentar aprender e fazer, de modo a causar satisfação,
bem-estar e aprovação, tanto àquele que está sendo cuidado quanto a si próprio”
(REVISTA NATURA CICLO 04/2007, p. 17).
Esta reportagem não traz relação direta e nominal com o produto que é
lançado neste ciclo, o Chronos Spilol FPS 15 (um creme da linha anti-sinais).
Entretanto, o tema tratado na reportagem é relacionado com o conceito de cuidado e
tratamento da linha. A relação aqui ainda é sutil. Ela é presente através da forma
como os entrevistados se expressam. Por exemplo, a palavra bem-estar novamente
está presente na reportagem, assim como nas matérias de ciclos anteriores já
analisadas.
Este ciclo também apresenta uma segunda reportagem logo após o capítulo
da linha Chronos. Identificada como reportagem chronos, a matéria chama-se
Próxima Etapa. Ainda seguindo o assunto condutor do ciclo, cuidar, a matéria fala
sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea e também apresenta um
retrospecto da participação da mulher no mercado de trabalho ao longo do tempo. É
uma matéria informativa, que não tem personagens. Para sustentar e dar
credibilidade às informações do texto, uma fonte especializada foi consultada. A
reportagem traz fotos em todas suas quatro páginas. As imagens contam a história
junto com o texto.
Mesmo neste estilo de reportagem, na qual o caráter informativo é mais
presente do que o narrativo, é possível perceber sua relação com o todo da revista e
com o produto lançado. As últimas frases da matéria são uma síntese da opinião da
Natura: “A hora é de cuidar do outro, sem deixar de cuidar de si mesma e se deixar
ser cuidada também” (REVISTA NATURA CICLO 04/2007, p. 143).
O ciclo 05/2007 apresenta um editorial que fala sobre os dois temas centrais
da revista: os sentidos e o lançamento do produto Brumas de Leite, da linha Ekos.
Na reportagem principal de título À flor da pele, a abertura consiste em uma
contextualização do que a matéria pretende dizer. Trata da importância de prestar
atenção aos estímulos oferecidos pelo mundo, através dos nossos cinco sentidos.
66
Sendo assim, cinco pessoas são entrevistadas. Cada uma foi vinculada a um
sentido. Em relação à visão, a gerente de marketing Danielle Andreazzi afirma que
quando passou por um momento de estresse profissional, a melhor forma que
encontrou para contornar a situação foi parar e olhar o mundo ao seu redor. A foto
da entrevistada ocupa uma página inteira e o texto constando o seu depoimento,
tem um parágrafo de sete linhas. Nesta reportagem, as fotos ganham grande
destaque e complementam o sentido das palavras escritas. A própria reportagem é
uma ligação com um de nossos sentidos: a visão.
Na terceira página vemos uma foto de meia página na qual aparece uma
menina com um incenso na mão e sua mãe ao lado. O texto abaixo da foto explica
que elas estão ligadas ao olfato. Através dos cheiros, Patty Scótodo e sua filha têm
seu principal momento juntas logo no início do dia. Através deste depoimento, ficam
reforçadas as relações entre mães e filhos.
O quarto entrevistado, Eduardo Paulo Lima, designer e professor de Artes,
fala sobre o paladar. A foto é de página inteira, no mesmo estilo que a primeira
entrevistada, e o texto é impresso sobre a foto. Trata-se de um parágrafo de oito
linhas. Nele, a fonte fala de seu gosto pela culinária e da importância de apreciar a
comida com calma, fazendo uma crítica a comidas rápidas e restaurantes a quilo.
Este trecho da reportagem, ao mesmo tempo em que é coerente com a proposta
inicial da matéria, é também coerente com as mensagens que a Natura busca
transmitir. Uma delas é, certamente, a importância de termos um tempo para
cuidarmos de nós mesmos e apreciarmos as boas coisas da vida.
A quinta entrevistada, a funcionária pública Camila Guido, fala sobre como a
música a auxilia a perceber melhor as coisas. Seu relato está relacionado com a
audição. Além da música, Camila pratica natação. Enquanto pratica o esporte, ela se
concentra nos sons embaixo da água. A página traz uma foto da entrevistada
colocando um disco de vinil no toca-discos.
Por fim, a última parte da reportagem fala sobre o tato. O relato da publicitária
Luciana Leal Bastos refere-se ao contato físico com as pessoas. A entrevistada
conta que gosta de sentir a energia dos outros e de se aproximar através do toque,
de um abraço ou beijo. A foto que ilustra esta página mostra Luciana abraçando uma
pessoa e sorrindo.
67
Esta reportagem reúne muitas mensagens-chave para a Natura. Não somente
a questão das sensações e das relações do cliente com os seus semelhantes e
consigo mesmo, mas também a abordagem dos cinco sentidos. No tipo de produto
que a Natura faz, os aromas, cheiros, a sensação do toque e a visão são
constantemente estimulados. Constatando isto, a relação da reportagem principal
com o lançamento de produto do ciclo fica mais evidente quando lemos a
reportagem feita sobre ele, na página 40 da revista.
Aparecendo logo após o capítulo dos produtos da linha Ekos, a reportagem
Leveza Tecnológica conta como o novo hidratante foi fabricado, qual tecnologia foi
utilizada, os resultados obtidos e ainda informa que foi produzido de forma
sustentável. A matéria é didática, mas de linguagem leve e de fácil entendimento. O
texto principal ocupa uma página que também recebe uma foto vazada da segunda
página na qual aparecem as três versões de Brumas de Leite: Andiroba, Castanha e
Maracujá. Nas duas páginas seguintes, o destaque é dado aos ativos. É explicada a
origem de cada um deles, bem como a maneira como podem ser utilizados.
O ciclo 06/2007 que coincide com o mês das mães do ano de 2007 traz um
editorial falando sobre as mães modernas. São as mulheres que precisam conciliar a
vida de mãe com a vida profissional, entre outras questões. Além de anunciar este
assunto e conecta-lo à reportagem central, o editorial também anuncia o que o leitor-
cliente encontrará nas páginas da revista como um todo.
Mães de Hoje é o título da reportagem principal. As duas primeiras páginas da
matéria são ocupadas, visualmente, por uma foto da primeira entrevistada com seu
filho adotivo. No texto, a matéria tem o título e um lead. Após esta introdução, já
começam a narrativa das entrevistas. Uma observação importante em relação a esta
reportagem é que cada parte dela foi escrita por um jornalista diferente.
Provavelmente pelo fato de que são quatro histórias que ganharam bom espaço na
revista, já que a matéria tem oito páginas e os entrevistados são de diferentes
regiões.
O primeiro caso é o da psicóloga Magali Leite, que adotou um menino de
onze meses que estava internado no hospital onde ela trabalha. Magali é uma
mulher que foi mãe aos 42 anos de uma criança que, na época, tinha problemas de
saúde. Além disso, a psicóloga optou por não engravidar. Este caso abre a matéria
mostrando a diversidade de tipos de mães que existem.
68
A segunda entrevistada é a argentina Jelena Nadinic que é funcionária da
Natura em Buenos Aires, Argentina. Jelena tem três filhos de diferentes idades e
conta como foi a experiência de te-los em momentos diferentes de sua vida. Além
disso, a mãe também conta como consegue conciliar a maternidade com a vida
profissional. Esta parte da reportagem evidencia também a boa relação da
entrevistada com seus filhos e reforça novamente uma das mensagens-chave da
empresa. Em relação à fotografia, a mãe e os três filhos são retratados em momento
de descontração e a foto ocupa duas páginas. A foto, além da legenda habitual, traz
uma frase de Jelena entre aspas, com fonte em tamanho maior do que a utilizada no
texto, para dar destaque. Este mesmo modelo é seguido nas quatro próximas
páginas.
A próxima história é a de uma jornalista chilena mãe de gêmeos. Lorena
Penjean é chefe de duas equipes de roteiristas de televisão e diz que nunca pensou
em deixar de trabalhar por causa dos meninos. Seu relaxamento está no trabalho,
pois lá ela se sente estimulada e alegre e estas sensações ela leva para dentro de
sua casa. A foto que complementa este texto ocupa duas páginas e mostra Lorena e
seus dois filhos.
A última entrevistada é a aposentada Onides Marques de 77 anos. Sua
história mostra um outro lado da maternidade. Onides teve seis filhos, que criou
sozinha após divorciar-se aos 38 anos, atitude avançada para a época. Participa
ativamente da educação dos netos e criou um deles, Caio, que também foi ouvido
pela repórter. Dona Onides fecha a matéria mostrando que uma mãe precisa ser
versátil. Ela se adaptou às exigências de cada época para cuidar dos filhos e para
ajudar a cuidar dos netos. Além disso, é uma mulher ativa e independente, provando
que a terceira idade não impede ninguém de continuar vivendo bem. Esta relação de
aceitação da idade, encarando-a como vivência e experiência é muito discutida pela
Natura.
Como todo o ciclo fala sobre mães, a segunda reportagem da revista aparece
logo após o capítulo da linha Mamãe e Bebê. Com o título O Diário de Matheus, a
matéria reproduz partes do diário escrito pela mãe de Matheus, a jornalista Kátia
Treviso. A diferença deste diário é que ele foi escrito a partir do ponto de vista do
bebê. As duas páginas que se seguem mostram trechos do diário, com textos que
69
contextualizam a situação e fotos ao estilo Polaroid. As páginas da matéria foram
diagramadas como se fossem folhas de um caderno pautado.
Esta matéria mostra a relação da mãe com o bebê desde quando ele ainda
está no útero. Esta relação, justamente, é o principal conceito da linha de produtos
Mamãe e Bebê, que é um dos destaques do ciclo.
Por ser alusivo ao Dia das Mães e não ter um lançamento específico, mas
sim bastante foco nas sugestões de presentes para a data, as reportagens do ciclo
06 falaram sobre mães e filhos, mas sempre levando em consideração as
mensagens importantes para a empresa: importância das relações, bem-estar,
respeito às diferenças, entre outras.
No ciclo 07/2007, além do lançamento da linha de maquiagem Natura
Diversa, a revista dá destaque para o São Paulo Fashion Week, evento de moda
que acontece periodicamente na capital paulista e que tem a Natura como um de
seus patrocinadores. Na edição comentada pela revista, o evento evidenciou a moda
sustentável. O editorial apresenta a essência da revista do ciclo 07, citando o
lançamento da marca como parte do movimento geral de preocupação com o meio
ambiente já que os produtos oferecem refil e são produzidos com ativos naturais.
Além de mencionar os novos produtos, o editorial apresenta a matéria principal e a
matéria Diversa, contextualizando-as dentro dos conceitos sempre reforçados pela
marca: mulher bonita de verdade, bem-estar, sustentabilidade, entre outros.
A reportagem principal do ciclo tem oito páginas ilustradas com fotos dos
desfiles do São Paulo Fashion Week e de peças de roupas expostas no evento.
Com o título A Boa Moda a matéria começa com um lead que explica que o mundo
da moda também está se preocupando com o meio ambiente e com questões
sociais. A segunda página contem uma foto na qual aparece um cartaz informando
que o evento foi Carbon Free, ou seja, houve neutralização das emissões de dióxido
de carbono através do plantio de árvores. O texto propriamente dito começa na
terceira página da reportagem. Nele são explicadas as iniciativas que vem sendo
tomadas por grifes e estilistas em busca de um novo comportamento nesta indústria.
Duas estilistas são entrevistadas nesta primeira etapa do texto. Uma delas conta
que utiliza tecidos com fibras naturais, enquanto a outra neutraliza as emissões de
dióxido de carbono geradas pela operação da loja de sua grife, em um shopping de
São Paulo. O detalhamento da neutralização do carbono é informado logo em
70
seguida, oferecendo uma explicação sobre as conseqüências das emissões de
carbono. Neste mesmo parágrafo, a matéria fala sobre a neutralização do carbono
no São Paulo Fashion Week e também sobre a exposição de roupas
ecologicamente sustentáveis, realizada nos corredores do local do evento.
A terceira página é dedicada ao bem-estar social. Dois parágrafos falam
sobre a possibilidade de estilistas contratarem cooperativas de artesãos, que juntos
e organizados, podem produzir com qualidade e preços competitivos. A matéria cita
como exemplos a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha, a
Coopa-Roca, no Rio de Janeiro e a grife ECOW, que utiliza o trabalho de
bordadeiras de Minas Gerais. Esta página traz uma foto de mãos tricotando com a
favela da Rocinha ao fundo.
Em seguida, ainda na mesma matéria, são fornecidas informações sobre as
movimentações a respeito do tema em outros eventos de moda que acontecem no
mundo. Estas informações são importantes, pois situam o leitor a respeito do que
está acontecendo mundialmente, provando que o assunto explorado pelo São Paulo
Fashion Week está de acordo com a atualidade. Toda a questão da sustentabilidade
e de modos de produção que agridam menos o ambiente é muito discutida já há
algum tempo. As empresas estão a cada dia se preocupando mais com estas
questões. A matéria busca informar que com a indústria da moda não é diferente. É
uma forma de valorizar o que muitas pessoas talvez achem supérfluo: moda,
estética, vaidade. Até o momento, a reportagem transmite esta sensação de que não
é preciso abdicar do estilo e da moda para contribuir com a preservação do planeta.
Dando continuidade à matéria, as duas últimas páginas são visivelmente
ligadas aos produtos bem como às filosofias da marca. Primeiro as repórteres
falaram sobre os padrões de beleza e a questão da anorexia. Foram citados os
casos de eventos de moda que fizeram exigências a fim de inibir a participação de
meninas muito magras. Na mesma página, um box com foto apresenta a linha
Diversa, lançamento do ciclo, com foto dos produtos. Neste box, o leitor conhece os
ativos utilizados na fabricação da maquiagem e as ações que eles provocam durante
o uso. Além disso, informa que quase toda a linha possui refil, o que ocasiona uma
diminuição na fabricação e no descarte de embalagens no meio ambiente.
No fechamento, esta reportagem traz um dos conceitos mais importantes
criados pela Natura – o da mulher bonita de verdade. Na edição outono/inverno do
71
São Paulo Fashion Week de 2007 a marca Huis Clos realizou, em parceria com a
Natura, seu desfile com mulheres “reais”. Eram mulheres do cotidiano, que não eram
modelos. A Natura já utiliza consumidoras nas campanhas publicitárias de seus
produtos, então esse desfile reforçou esta postura, além de dar visibilidade à marca.
Inserir este fato na reportagem, também reforça as mensagens da empresa,
tornando-as visíveis para os clientes-leitores da revista.
A revista do ciclo 07/2007 possui uma segunda reportagem que aparece na
abertura do capítulo de produtos Natura Diversa. Da Passarela Para a Rua é uma
matéria que fala sobre a possibilidade de adaptar os modelos, muitas vezes
inusitados, de roupas apresentadas nas passarelas para que sejam usados no dia-a-
dia. Esta reportagem também cita a participação da empresa no São Paulo Fashion
Week através do maquiador oficial da marca, Marcos Costa e também a parceria no
desfile da Huis Clos. As mulheres que desfilaram para esta grife, estão na matéria
dando depoimentos e vestindo as roupas da passarela. O texto principal das páginas
nas quais aparecem as entrevistadas é dedicado às dicas de maquiagem de Marcos
Costa. Esta reportagem pode ser considerada uma extensão da reportagem
principal, que foi analisada anteriormente, já que aborda assuntos que se
complementam.
O ciclo 08/2007 é um marco de mudanças no projeto editorial da Revista
Natura. A partir desta edição, os editoriais são abolidos. O índice, no qual são
listados os destaques da revista, aparecerá pela última vez neste ciclo, sendo
retirado nos próximos. O ciclo 08 também inova com a seção O que tem dentro. Ela
aparece sempre antes ou após a reportagem principal e os temas são relacionados
ao lançamento do ciclo. A relação com os produtos se torna mais óbvia, menos
subjetiva a partir deste ciclo. Na seção O que tem dentro do ciclo 08/2007 o texto
fala sobre os lançamentos de perfumaria da linha Natura Humor. São pequenos
textos e fotos dos produtos com explicações a respeito de seus conceitos, matéria-
prima de fabricação e design.
A reportagem principal desta edição fala sobre o humor nas relações. Quatro
páginas contam a história de quatro casais através de seus depoimentos a respeito
de como vivem a relação com humor. Cada página é dedicada a um casal. A
diagramação desta reportagem é muito leve, dando destaque para as fotos e o que
elas transmitem. A fonte utilizada nos textos dá uma sensação de que as palavras
72
foram rabiscadas pelos próprios entrevistados. Está é uma reportagem
prioritariamente visual, sem muitos textos e com depoimentos curtos. É importante
lembrar que esta revista circulou próxima ao dia dos namorados, portanto o tema da
matéria se justifica também por esta proximidade com a data.
Combinando com o lançamento do ciclo – produtos de perfumaria –, a
segunda reportagem da revista é sobre o perfume. O texto de Irresistível Perfume é
bastante rico em informações históricas, bem como sobre as essências existentes.
Ainda fala sobre os perfumes preferidos dos brasileiros e oferece dicas quanto ao
prazo de validade dos produtos. A matéria tem fotos com legendas que
complementam informações introduzidas no texto principal.
As mudanças percebidas no ciclo 08/2007, quanto às reportagens, são
significativas em relação principalmente aos temas escolhidos e ao tamanho das
matérias. Em comparação com as reportagens analisadas até o momento, as duas
publicadas na edição do ciclo 08 são mais sucintas, sintéticas e relacionadas com os
lançamentos da ocasião.
A revista do ciclo 10/2007, que circulou próximo ao Dia dos Pais, traz
lançamentos na linha Natura Homem e uma reportagem sobre o fato de que,
historicamente, os homens cuidam mais do que está ao seu redor do que de si
mesmos. A matéria Tão importante quanto cuidar é cuidar-se tem cinco páginas,
com fotos de alguns homens em situações variadas. Eles não são as personagens
da reportagem, pois ela tem apenas uma fonte que é um psicanalista. É um texto
informativo, no qual os depoimentos do especialista procuram oferecer um
entendimento a respeito do comportamento masculino em relação a este assunto.
A metade da última página da reportagem é dedicada a falar sobre os
lançamentos da linha masculina. Com uma foto pequena e um texto, a Natura busca
apresentar a praticidade e tecnologia dos produtos, incluindo estatísticas de hábitos
de consumo masculino. Em resumo, esta reportagem, embora enxuta e sem
personagens, ainda nos permite identificar as mensagens da Natura, como a
importância do bem-estar próprio e das pessoas ao redor. A seção O que tem dentro
do ciclo 10, inserida logo após a reportagem principal, apresenta os lançamentos do
ciclo. É uma explicação a mais a respeito das propriedades e características dos
produtos. A revista do ciclo 10 não tem uma segunda reportagem.
73
No ciclo 12/2007 o foco é totalmente para o lançamento de um produto da
linha Chronos. A seção O que tem dentro abre a revista e fala sobre a nova
formulação e os resultados do produto. A reportagem principal – Evolução à flor da
pele – é dedicada à linha Chronos e possui quatro páginas. No início do texto, o
destaque fica para o conceito da mulher bonita de verdade. É contado como o
conceito surgiu, introduzindo a apresentação da evolução da linha Chronos, assim
como seus principais produtos. Ao pé das duas páginas nas quais estão o texto, foi
inserida uma linha do tempo mostrando a evolução dos produtos através das
inovações tecnológicas aplicadas a sua produção, desde o surgimento da linha em
1986 até o ano de 2007. A matéria ainda conta com um box na parte superior direita
da última página, dedicado ao lançamento do ciclo, o novo anti-sinais da linha
Chronos.
De um modo geral, esta matéria apresenta muitas mensagens importantes
para a empresa. Embora a reportagem não seja comportamental, mas sim voltada à
apresentação de um produto, no texto é possível ver diversas palavras-chave que
nos remetem às filosofias da Natura. Mulher bonita de verdade, bem-estar,
sustentabilidade, redução do impacto ambiental e refil são alguns dos termos que
aparecem no texto. Esta reportagem apresenta claramente uma mudança em
relação às demais analisadas até então. Principalmente no que diz respeito à
construção do texto. Embora continue sendo uma matéria informativa, ela não
apresenta fontes e o tema é pura e simplesmente a história da linha Chronos. Ao
contrário de outras edições, nas quais as pautas envolviam experiências de
pessoas, esta revista teve seu foco no produto. A revista do ciclo 12/2007, a
exemplo da analisada anteriormente, também não tem uma segunda reportagem.
No ciclo 13/2007 foram lançados novos batons da linha Faces, que é uma
linha voltada a mulheres jovens e versáteis. A reportagem principal abre a revista e
tem cinco páginas. O mínimo que é o máximo é uma matéria que dá ênfase ao novo
produto da marca e aos seus diferenciais em relação a outros produtos existentes no
mercado. A principal característica deste novo batom é que sua embalagem é menor
do que as habituais embalagens deste tipo de produto, sem que o produto em si
tenha o tamanho reduzido. Além da praticidade, a embalagem menor contribui para
a redução do impacto ambiental. Na matéria foi trabalhada a idéia do básico. Quatro
mulheres falaram sobre o que é básico nas suas vidas. Cada uma delas teve uma
74
página de destaque, com fotos e texto. No texto, o que se percebe é que o destaque
ficou por conta das relações humanas e das experiências vividas. As quatro
entrevistadas falaram sobre momentos e pessoas importantes nas suas vidas. Nas
fotos, o que se vê são mulheres sorridentes, cada uma utilizando uma cor diferente
do novo batom.
De um modo geral, esta matéria representa o espírito jovem e prático da linha
Natura Faces e do lançamento do ciclo, o batom Faces.zip. É uma reportagem de
fácil leitura, diretamente ligada ao produto, mas sem deixar de lado o fator humano.
Continua reforçando os conceitos e crenças da Natura, no que diz respeito às
relações com o outro e consigo mesmo, bem como com os cuidados pessoais.
Embora esta matéria tenha fontes, ela continua seguindo a tendência verificada a
partir do ciclo 08, no qual a relação do conteúdo com as linhas de produto se torna
mais direta. Logo que a reportagem acaba, a seção O que tem dentro aparece na
revista. Ela apresenta os novos batons e, de certa forma, complementa a matéria
anterior.
A revista do ciclo 14/2007 tem como destaque o lançamento do produto
Frescor de Castanha, um desodorante colônia da linha Ekos. A seção O que tem
dentro abre a revista, mostrando o produto e enfatizando seu modo de produção
sustentável.
A reportagem principal tem quatro páginas, sendo que as duas primeiras são
dedicadas a uma foto que abre a matéria, acompanhada do título – Da Natureza
para Você – e da linha de apoio.
A reportagem se dedica a contar a rotina de extração da castanha da
natureza sem que esta prática agrida o meio ambiente. Este trabalho é feito pela
Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru – Comaru –, no
interior do Amapá, que vende parte do óleo extraído dos frutos para a Natura
Cosméticos. A matéria tem um entrevistado, da parte da Comaru, e possui fotos que
mostram o processo de colheita da castanha. O texto é informativo, simples e
rápido. São utilizadas apenas duas colunas para a explicação de como a castanha é
colhida para que depois seja transformada em um ativo utilizado nos produtos.
Mesmo neste espaço reduzido é possível notar o cuidado que a empresa tem ao
trabalhar as pautas. Este cuidado acontece para que sejam preservadas as
mensagens principais que a Natura pretende sempre transmitir à sociedade, como
75
desenvolvimento sustentável, respeito à natureza, desenvolvimento humano além do
bem-estar-bem. Esta revista, a exemplo das quatro anteriores, possui apenas uma
reportagem.
76
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a leitura, observação e descrição dos elementos principais da revista
considerados nesta análise é possível perceber que, mesmo com as modificações
sofridas ao longo do tempo, em essência a publicação manteve-se alinhada com a
proposta inicial. Proposta esta que era a de ser uma ferramenta de comunicação da
Natura Cosméticos com seus consultores e consumidores.
Seguindo princípios básicos da linguagem de revista, os quais foram
observados através das conclusões dos autores referenciados no terceiro capítulo
deste trabalho, a Revista Natura apresenta diferencial já em suas capas. Conforme o
observado nos exemplares analisados, as capas são bem elaboradas e
diagramadas para que, através de sua forma, transmitam as mensagens
pretendidas. A Revista tem uma identidade. Ela pode ser facilmente reconhecida
pelos leitores/clientes, pois sua identidade visual segue um padrão.
Retomando o pensamento de Scalzo (2006), que afirma que as revistas
estabelecem relações com o leitor, a Revista Natura, em suas reportagens,
apresenta personagens que na maioria das vezes são consumidores. Isto, por si só,
já estabelece uma relação de proximidade com o leitor, que é um potencial
consumidor. Mesmo que a matéria não seja focada no produto que é lançado no
ciclo, a forma como ela é construída tem o objetivo de transmitir ao leitor o conceito
daquele lançamento e o modo como este conceito é essencial a sua vida. Neste
ponto, ao relacionar informação com produto, a empresa atinge dois objetivos: a
comunicação e o interesse pelo produto.
A principal característica presente em todos os exemplares analisados é a
existência de muitas palavras-chave durante o texto. Consideremos palavras-chave
aquelas utilizadas pela empresa ao descrever sua missão, seus valores e sua visão.
Desta forma, todos os textos analisados, inclusive as pílulas – notas inseridas dentro
dos capítulos de produtos – são repletos de expressões como: bem-estar; estar
bem; importância e qualidade das relações; desenvolvimento sustentável, etc.
Pensando na Revista como um veículo empresarial, é possível observar que
é um projeto bem-sucedido. A união de conteúdo editorial e jornalístico ao catálogo
de vendas, garante que aquele que manusear a revista esteja entrando em contato
com as mensagens que a Natura procura transmitir. Mesmo que a pessoa não leia
77
as reportagens inteiramente, em algum momento ela terá contato com as palavras
ali escritas, seja através das matérias ou até mesmo das pílulas. Em último caso, as
fotografias fazem o papel de comunicadoras das idéias da organização.
Sabe-se que as imagens são elementos importantes em revistas. Elas
funcionam como uma extensão do texto, além de atrair a atenção do leitor. Em se
tratando da Revista Natura, não é diferente. A preocupação com a estética e com a
sensação que uma fotografia pode transmitir é visivelmente presente nas imagens
utilizadas pela empresa em relação ao alinhamento com as crenças e valores da
Natura. Sobre esta característica, Marcela Carvalho18 confirma que “todas as fotos
publicadas pela Natura seguem as diretrizes de linguagem da marca. Temos um
grande trabalho de construção da nossa linguagem, com base nas nossas crenças e
valores”.
Embora os exemplares analisados confirmem o discurso da empresa em
relação ao objetivo do lançamento da publicação, algumas alterações no projeto
gráfico, observadas ao longo do tempo, comprometem o caráter jornalístico que as
reportagens tinham até meados de 2007. O ciclo 08/2007 marca o início de uma
fase na qual a revista passou a publicar matérias mais sucintas, com menos
questões comportamentais e subjetivas. Estas deram lugar a uma relação mais
óbvia das reportagens com os produtos lançados no ciclo. A respeito desta
observação, Marcela Carvalho19 esclarece:
No início “pesamos a mão” em um conteúdo editorial que tinha uma relação mais “filosófica” com os produtos que estávamos trabalhando no ciclo. Por exemplo, quando lançamos novos produtos de maracujá, trabalhamos uma pauta sobre equilíbrio. Ou seja, a relação não era tão óbvia se você consultar o material do ciclo. Depois desta fase começamos a trabalhar com conteúdos mais práticos e com relação mais direta com nossas linhas de produtos. São variações de um mesmo tema: formas diferentes de olhar o conteúdo.
Marcela Carvalho20 ainda ressalta que a redução do número de páginas
também foi um fator determinante para as mudanças editoriais da publicação. E
complementa:
18 Entrevista concedida à pesquisadora (passim). 19
Entrevista concedida à pesquisadora (passim). 20 Entrevista concedida à pesquisadora (passim).
78
A tendência é uma redução no número de páginas a fim de consumir menos papel e reduzir nosso impacto ambiental. Isso se reflete no material de modo geral: menos conteúdo editorial e menos espaço para apresentação dos produtos.
Além da questão ambiental, a redução no número de páginas da revista,
segundo Marcela Carvalho21, aconteceu também por solicitação dos consultores.
Segundo pesquisas realizadas pela empresa, foi identificado que revistas com
muitas páginas podem acabar dificultando o manuseio do material.
A recepção não foi o objeto de pesquisa deste trabalho, porém, a Natura
afirma que realiza pesquisas anuais de recepção em relação ao conteúdo da Revista
Natura. A respeito de tais pesquisas, Marcela Carvalho22 salienta que a avaliação do
material é bastante positiva. Os resultados não puderam ser inseridos neste trabalho
por se tratarem de informação confidencial, não disponibilizada pela empresa.
Entretanto, a Analista de Comunicação23 da empresa revela:
De modo geral as consultoras afirmam que a revista ficou mais fácil de ser manuseada e mais leve. O conteúdo anterior, embora fosse bastante rico, não era por inteiro contemplado uma vez que grande parte dos nossos consumidores finais ficam pouco tempo com a revista em mãos.
Diante de tais revelações, as modificações substanciais observadas no
conteúdo, principalmente informativo, das revistas se confirmam e, até certo ponto,
se justificam. Ana Paula Franzoia24 afirma que o núcleo responsável pela produção
da Revista Natura na Editora Trip recebe cerca de vinte correspondências mensais
de leitores da revista. É um número razoável para uma publicação que circula
apenas entre consultores e leitores/clientes. Mesmo que o número de exemplares
distribuídos nacionalmente ultrapasse a casa dos dois milhões e que, conforme as
declarações da Natura, o material acabe não permanecendo muito tempo com os
clientes, a freqüência de recebimento destas correspondências mostra que a revista
é lida. Portanto, o formato escolhido para realizar uma comunicação casada com a
21
Entrevista concedida à pesquisadora (passim). 22 Entrevista concedida à pesquisadora (passim). 23 Entrevista concedida à pesquisadora (passim). 24 Entrevista concedida à pesquisadora (passim).
79
venda alcançou sucesso e continua alcançando, independentemente das alterações
ocorridas no projeto editorial.
A respeito destas modificações, é possível considerar como mais
significativas a supressão da segunda reportagem na revista, do editorial e do índice
de reportagens. A segunda matéria aparecia geralmente após um capítulo de
produto e sutilmente ligada a ele. Ela apresentava novas informações, que não
necessariamente se relacionavam com o produto lançado no ciclo. Isto conferia
destaque a outras linhas de produto da marca. O desaparecimento desta segunda
reportagem da publicação representou uma perda de conteúdo editorial. Como
movimento conseqüente, os editoriais e índices desaparecem em seguida.
Como já visto nas análises realizadas neste trabalho de pesquisa a respeito
do conteúdo editorial das revistas, foi a partir do Ciclo 08/2007 que estes conteúdos
foram suprimidos. Para completar estas mudanças, a revista deste ciclo ainda traz
uma nova seção chamada O que tem Dentro. A seção trata exclusivamente a
respeito do lançamento do ciclo. Não é uma reportagem, mas sim uma espécie de
anúncio.
Outro elemento que passou por alterações e que é relevante na análise
conjuntural da revista é a capa. Embora todas sigam um padrão visual, das onze
revistas analisadas apenas cinco traziam fotografias de seres humanos na capa. As
demais estampavam os produtos lançados no ciclo. Isto nos permite perceber que
as capas acompanharam as alterações sofridas no conteúdo interno.
Embora todas estas alterações signifiquem, de certa forma, uma diminuição
considerável do conteúdo que originou a realização desta pesquisa, é importante
salientar que mesmo no formato atual, a linguagem utilizada para a produção das
pautas permanece respeitando e reforçando as mensagens que a Natura busca
transmitir. Mesmo quando a reportagem fala sobre um produto, é possível notar o
cuidado em preservar as mensagens-chave da empresa. E, mais do que isso, a
reportagem contem as características jornalísticas necessárias para que seja
considerada como tal. Resgatando os pensamentos de Campos no texto O que é
reportagem25, uma reportagem não é composta somente de relatos factuais, porém
sem um grande fato não pode haver reportagem. O grande fato, no caso da Natura,
25 Texto disponível na internet (passim).
80
é o lançamento de seus produtos. Desta forma, a empresa decidiu tratar destes
lançamentos de forma contextualizada e informativa, através das reportagens.
Ao concluir esta análise, fica evidente que a Revista Natura, enquanto veículo
de comunicação da empresa com seus públicos é um projeto que tem alcançado
seus objetivos iniciais. Objetivos estes que consistiam em transformar a revista em
um meio de propagar as crenças e valores da organização, além de ser o
instrumento de trabalho de sua força de vendas. A construção dos textos e das
pautas, bem como do projeto gráfico e editorial da publicação seguiram uma
linguagem padrão utilizada pela empresa em todas as suas formas de se comunicar.
Esta unidade na forma de comunicar suas mensagens, tem garantido o êxito deste
formato de catálogo entre o público-alvo da Natura. Após dois anos do seu
lançamento, a Revista Natura continua sofrendo constantes alterações, mas
permanece como um exemplo importante de ferramenta estratégica de comunicação
empresarial.
Ao realizar este trabalho de pesquisa e análise acerca da publicação
empresarial da Natura Cosméticos, a presente monografia acredita que importantes
contribuições foram dadas ao entendimento da Comunicação Empresarial, bem
como das diferentes formas de manifestação do Jornalismo. Somando-se a isto, a
combinação dos conhecimentos práticos da pesquisadora a respeito da Natura
Cosméticos e de sua revista – adquiridos através da atividade de assessoria de
imprensa – com os argumentos dos autores especialistas das áreas estudadas,
garantiu a construção de um panorama até então não existente sobre o objeto de
pesquisa desta monografia.
A exploração de assuntos recorrentes em monografias – o Jornalismo de
Revista e a Comunicação Empresarial – vistos sob um novo ângulo e aplicados a
um objeto de pesquisa diferente do usual, conferiram à presente monografia um
ineditismo que poderá contribuir com pesquisas futuras no ramo da Comunicação
Empresarial e de áreas correlacionadas. Este estudo de caso deixa, portanto, em
aberto possibilidades de novas análises a respeito do tema, já que o próprio objeto
de pesquisa está em constante transformação.
Esta monografia, por fim, se justifica ao apresentar uma discussão inovadora
a respeito de uma forma não menos importante de fazer Jornalismo – o Jornalismo
Empresarial. Por isso, a crescente importância que as organizações privadas têm
81
conquistado no mundo contemporâneo, exige dos profissionais de Comunicação
cada vez mais entendimento a respeito do tema.
82
REFERÊNCIAS
A revista no Brasil. São Paulo: Abril Coleções, 2000. ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Para entender relações públicas. São Paulo: Loyola, 2001. ______. Psico-sociologia das Relações Públicas. Petrópolis: Vozes, 1975. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE VENDAS DIRETAS. Disponível em <http://www.abevd.org.br/htdocs/index.php?secao=biblioteca&pagina=artigos>. Acesso em 10 de out. de 2007. BOAS, Sérgio Vilas. O Estilo Magazine: o texto em revista. São Paulo: Summus, 1996. BOCCHINI, Maria Otília. Ana Maria e Viva: aspectos do modelo de jornalismo de revistas femininas populares da Editora Abril. In: I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Brasília, 2003. CAMPOS, Pedro Celso. O que é reportagem. Disponível em <http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/Reportagem%20Contextualizada.htm>. Acesso em 09 de dez. de 2007. CAHEN, Roger. Tudo o que seus gurus não lhe contaram sobre comunicação empresarial. São Paulo: Best Seller, 1990. CESCA, Cleusa Gertrudes Gimenes. Comunicação dirigida escrita na empresa: teoria e prática. São Paulo: Summus, 1995. COIMBRA, Oswaldo. O Texto da Reportagem Impressa: um curso sobre sua estrutura. São Paulo: Ática, 1993. DOTY, Dorothy I. Divulgação Jornalística & Relações Públicas. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1995. FAYARD, Pierre. O jogo da interação: informação e comunicação em estratégia. Caxias do Sul: EDUCS, 2000. FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações Públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. 2ª. edição revista e ampliada. São Paulo: Summus, 2003. ______. Relações públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. São Paulo: Summus, 2003. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2002.
83
LOPES, Marilene. Quem tem medo de ser notícia? Da Informação à Notícia – a mídia formando ou “deformando” uma imagem. São Paulo: Makron Books, 2000. MARCHIORI, Marlene Regina. Comunicação é Cultura. Cultura é Comunicação. Disponível em: <http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/culturaorganizacional/0067.htm>. Acesso em 09 de dez. de 2007. MIRA, Maria Celeste. O leitor e a banca de revistas: a segmentação da cultura no século XX. São Paulo: Olho d’água/Fapesp, 2001. NASSAR, Paulo; FIGUEIREDO, Rubens. O que é comunicação empresarial. São Paulo: Brasiliense, 1995. – (Coleção primeiros passos; 297). NANOTECNOLOGIA. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Nanotecnologia>. Acesso em 16 de mar. de 2008. NATURA. Disponível em <http://www.natura.net>. Acesso em 12 de out. de 2007. NATURA. Relatório Anual Natura 2006. In: Natura. Disponível em <http://www2.natura.net/Web/Br/ForYou/resp_corporativa_2006/ra/index.asp>. Acesso em 12 de ago. de 2007. NATURA. Relatório Anual Natura 2007. In: Natura. Disponível em <http://natura.infoinvest.com.br/ptb/s-15-ptb.html>. Acesso em 12 de abr. de 2007. NORI, Walter; VALENTE, Célia. Portas Abertas. São Paulo: Best Seller, 1990. PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação Empresarial: conceitos e técnicas para administradores. Campinas, SP: Alínea, 2002. RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de Comunicação. 2ª Edição revista e atualizada. São Paulo: Campus, 2002. REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Comunicação empresarial, comunicação institucional: conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus, 1986. ______ . Jornalismo Empresarial. São Paulo: Summus, 1984. REZENDE, Yara. Natura Cosméticos: Quando é virtuoso ser virtual. Disponível em <http://dici.ibict.br/archive/00000630/>. Acesso em 16 de ago. de 2007. SANTANA, Gustavo Saldanha. Do impresso ao ciberespaço. Disponível em <http://www.rpalternativo.ufma.br/monos/gustavosantana-doimpressoaociberespaco.pdf>. Acesso em 20 de ago. de 2007. SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. São Paulo: Contexto, 2006. WEINSTEIN, Art. Segmentação de mercado. São Paulo: Atlas, 1995.
84
APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO ENVIADO À NATURA
Questão 1 O que é a Revista Natura? Questão 2 Porque a Natura resolveu inserir reportagens na revista? Questão 3 Quem escolhe as pautas? Questão 4 Quantas pessoas trabalham na confecção da revista? Questão 5 Como foi criado o projeto editorial da revista? Questão 6 Há algum tipo de pesquisa com consumidoras e consultores sobre a revista? Questão 7 As análises das revistas de 2007 até o momento, permitem observar que o número de páginas vem diminuindo, além de que no início de 2007 a Revista possuía editorial e índice de matérias e atualmente não. É notável também que não há mais uma reportagem no meio da revista, como havia nas edições de 2007 até o ciclo 08. Esta mudança faz parte de alguma estratégia diferente da inicial? Porque reduziram o conteúdo editorial? Questão 8 A respeito da mudança na revista, tornando as matérias com uma relação mais óbvia com os produtos, você não acha que é fugir um pouco da proposta inicial da revista? Questão 9 Porque o Editorial foi retirado também? Questão 10 Existe um critério quanto às fotografias escolhidas para a revista? Elas seguem um padrão? Qual a importância das imagens para a Natura? Questão 11 Com qual papel a revista é impressa e qual o formato? Questão 12 Existe algum resultado de pesquisa de satisfação sobre a revista que possa ser consultado?
85
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ENVIADO À EDITORA TRIP
Questão 1 Qual a rotina de produção e quanto tempo a revista leva para ficar pronta? Questão 2 Os profissionais que trabalham na produção da revista são todos jornalistas? Questão 3 Quem sugere os cases das matérias? Questão 4 Como acontecem as discussões/definições de pauta? Questão 5 E as pílulas dentro dos capítulos de produto são pautadas junto com as reportagens? Questão 6 Há um limite de caracteres para as matérias? Questão 7 Os fotógrafos são contratados pela Trip ou pela Natura? Questão 8 Quem dá a aprovação final da reportagem? Questão 9 Vocês têm algum arquivo com as matérias já produzidas? E das revistas prontas? Questão 10 Vocês recebem muitos e-mails de leitores para a seção "Cartas"? Uma média de quantas por mês (ou ciclo)? Questão 11 Em termos de preços, as revistas são diferentes nas diversas regiões do País. O conteúdo editorial sofre alguma mudança também?
86
ANEXO A – Release de divulgação da Revista Natura
Natura lança revista com 2,3 milhões de exemplares em parceria com a Trip Editora
Publicação será ferramenta de diálogo da empresa com consultoras e público consumidor
A Revista Natura chega para ser uma ferramenta estratégica de comunicação da empresa com suas promotoras e consultoras (519 mil) e consumidores da marca. A primeira edição terá tiragem inicial de 2,3 milhões de exemplares e a periodicidade será de 21 dias, acompanhando os ciclos de vendas da empresa. A publicação de 212 páginas terá sempre um tema central e pretende comunicar, por meio de matérias, entrevistas, serviços e produtos da marca, as principais crenças e valores da empresa. Ou seja, terá a missão de substituir o antigo catálogo da Natura, o Vitrine, que exibia apenas produtos e preços. A nova revista leva conteúdo para as consultoras, mostrando como os valores da Natura estão presentes no dia-a-dia de cada uma e consumidoras da marca. Conteúdo, jornalismo, reflexão e serviços, sem deixar de mostrar a cada edição 100% do portfólio de cerca de 600 produtos da empresa, inclusive lançamentos e promoções. A Natura, que já havia tido uma bem-sucedida experiência anterior com uma revista segmentada, resolveu investir em um veículo que atingisse um público maior, com o objetivo não apenas de oferecer seus produtos de forma inovadora, mas também visando exercer seu compromisso de agente de transformação social. “Com a Revista Natura, além de comunicar nossos produtos e serviços, buscamos levar nosso posicionamento de marca. Teremos a chance de partilhar nossas crenças e valores com um número cada vez maior de pessoas no Brasil e países em que estamos presentes, falando de beleza, cosméticos, reciclagem, uso sustentável dos recursos naturais, entre outros temas relacionados ao universo Natura. E o sucesso de nossa missão será proporcional à adesão às causas que abraçamos”, afirma Pedro Villares, Diretor de Marketing da América Latina. O primeiro número, que será lançado em 29 de março, tem como foco o Dia das Mães e como tema central a relação de amor incondicional entre mães e filhos. A matéria principal tratará da tendência atual dos partos humanizados e mostrará como essa ação melhora e aprofunda o vínculo entre a mãe e seu bebê. Para a realização do projeto, a Natura realizou uma concorrência e escolheu a Trip Editora, que há vinte anos vem trabalhando com comunicação para públicos e comunidades especiais e já publica para a empresa a revista NaturaMov. As equipes da Trip e da Natura há mais de um ano se dedicam à elaboração do projeto editorial que pretende traduzir todos os atributos de uma das mais respeitadas marcas do Brasil. “Estamos trabalhando com o objetivo de fazer com que a Revista Natura não seja apenas uma vitrine para mostrar produtos, mas que se transforme no reflexo da identidade da marca e de tudo o que a empresa sente e pensa”, diz Paulo Lima, Editor e Diretor da Trip Editora.
87
CONTINUAÇÃO ANEXO A
Natura A Natura registrou em 2005 uma receita bruta da ordem de R$ 3,24 bilhões, o que representou um crescimento de 27,7% em relação ao ano anterior. No momento, a Natura conta com um quadro de cerca de 3.400 colaboradores e 483 mil Consultoras no Brasil. Outras 36 mil Consultoras atuam no Chile, Argentina e Peru. Na Bolívia, a marca está presente por intermédio de parceria com um distribuidor. As operações de venda direta no México foram iniciadas em agosto do ano passado. Na França, a Casa Natura foi inaugurada em abril de 2005. Localizada em Paris, é a primeira loja mundial da empresa.
Trip Editora No ano em que completa 20 anos no mercado editorial e na área de comunicação, a Trip Editora vem se consolidando como uma das maiores intérpretes dos códigos de comportamento e comunicação de públicos específicos do Brasil. Hoje, a editora publica cerca de 7,2 milhões de exemplares impressos por ano (número que não inclui a tiragem da Revista Natura) distribuídos entre os 10 títulos que edita: Trip, Tpm, Daslu, Homem Daslu, MIT Revista (Mitsubishi), Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Private Brokers Coelho da Fonseca, Notícias da Gente (AmBev), Trevisan e NaturaMov>. O faturamento da empresa em 2005 foi de R$ 26 milhões e a previsão de crescimento para 2006 é de 30%.
88
ANEXO B – Razão de Ser, Crenças e Visão da Natura
Razão de Ser Nossa Razão de Ser é criar e comercializar produtos e serviços que promovam o bem-estar/estar bem. bem-estar é a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo. estar bem é a relação empática, bem-sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte, com o todo. Crenças A vida é um encadeamento de relações. Nada no universo existe por si só. Tudo é interdependente. Acreditamos que a percepção da importância das relações é o fundamento da grande revolução humana na valorização da paz, da solidariedade e da vida em todas as suas manifestações. A busca permanente do aperfeiçoamento é o que promove o desenvolvimento dos indivíduos, das organizações e da sociedade. O compromisso com a verdade é o caminho para a qualidade das relações. Quanto maior a diversidade das partes, maior a riqueza e a vitalidade do todo. A busca da beleza, legítimo anseio de todo ser humano, deve estar liberta de preconceitos e manipulações. A empresa, organismo vivo, é um dinâmico conjunto de relações. Seu valor e sua longevidade estão ligados à sua capacidade de contribuir para a evolução da sociedade e seu desenvolvimento sustentável.
Visão A Natura, por seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, identificada com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo melhor através da melhor relação consigo mesmas, com o outro, com a natureza da qual fazem parte, com o todo.