Taiane Martins Arend
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS
Taiane Martins Arend
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS MICROPARTICULADOS A
PARTIR DA BLENDA EUDRAGIT®
L100 E GOMA GELANA PARA
LIBERAÇÃO ORAL DO CETOPROFENO
Santa Maria, RS
2017
Taiane Martins Arend
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS MICROPARTICULADOS A PARTIR DA
BLENDA EUDRAGIT® L100 E GOMA GELANA PARA LIBERAÇÃO ORAL DO
CETOPROFENO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas, Área
de Concentração em Desenvolvimento e
Avaliação de Produtos Farmacêuticos, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,
RS), como requisito para obtenção do título de
Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Orientadora: Profª. Drª. Letícia Cruz
Co-orientadora: Profª. Drª. Cristiane de Bona da Silva
Santa Maria, RS
2017
© 2017
Todos os direitos autorais reservados a Taiane Martins Arend. A reprodução de partes ou do
todo deste trabalho só poderá ser feita mediante a citação da fonte.
E-mail: [email protected]
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, por acreditar sempre em mim. Especialmente aos meus
pais por todo apoio, amor e dedicação. À minha irmã por seu amor e compreensão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela vida, por guiar meus caminhos e me conceder saúde e força para seguir em frente.
Aos meus pais, Giselda e Vanderli, e a minha irmã, Taís, por acreditarem em mim, por me dar todo o apoio
necessário nos momentos difíceis, por compartilharem comigo as alegrias, por todo amor e carinho. À minha avó
Silvia “In Memorian”, pelo amor e por todo o apoio e incentivo.
Ao meu noivo, Ericson, pelo incentivo e paciência durante esta jornada, pelo carinho nos momentos difíceis.
À minha orientadora Profª Drª Letícia Cruz que, mesmo sem me conhecer, me concedeu a oportunidade, pela
confiança, por todos os ensinamentos que me fizeram crescer como profissional e pessoa, pela paciência e
amizade. És uma verdadeira mãe para nós!
Às minhas amigas Melise, Michele, Bruna por entenderem a minha ausência, pelo apoio, por estarem sempre
presentes nos momentos bons e ruins, pelas conversas, risadas e conselhos.
À Profª Drª Cristiane de Bona da Silva pela disponibilidade de me co-orientar e empréstimo do equipamento
Spray Dryer. Ao Prof.º Paulo Vitor Farago e à Jessica Mendes Nadal, da UEPG pela parceria e realização das
análises de raios-X, IVTF e análises térmicas. Ao Profº Drº Sydney Hartz Alves por todo apoio e incentivo.
À minha querida IC, Fernanda, que me ajudou desde o início das atividades no laboratório, é estudiosa,
inteligente e sempre disposta a ajudar. Tua ajuda durante o mestrado foi essencial para que eu concluísse essa
caminhada. A companhia durante os longos experimentos, risadas e conversas e muitas músicas cantadas
tornaram a jornada mais fácil.
Agradeço também à Carolis, Laurita, Estevan, Lú, Juli, Char pela paciência, ensinamentos, ajuda nos
experimentos e por estarem sempre dispostos a ajudar. Vocês são ímpares meus queridos!
Aos colegas e amigos do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica Marcela, Milena, Maria, Natháli, Marila,
Cristina, Felipe, Luan, Renata, Allanna, Verônica, Alessandra, Mailine, Flabio, Tainara, Patrícia, Victória, Luis
Eduardo, Daniela, Gabriele, Gabriela, Camila, Verciane, Carina, agradeço o carinho com que me receberam no
laboratório, a amizade, parceria, ajuda, descontração, mates e conversas. Aos colegas do Laboratório de Controle
de Qualidade de Medicamentos e Farmacotécnica pelo coleguismo, auxílio e conversas. À Rosa e Rose pelas
ajudas e conversas.
À Universidade Federal de Santa Maria e ao programa de Pós-Graduação em ciências Farmacêuticas pela
oportunidade.
À CAPES pelo suporte financeiro.
Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho e deram apoio ao longo
desses 2 anos e meio, muito obrigada.
RESUMO
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS MICROPARTICULADOS A PARTIR DA
BLENDA EUDRAGIT® L100 E GOMA GELANA PARA LIBERAÇÃO ORAL DE
CETOPROFENO
AUTORA: Taiane Martins Arend
ORIENTADORA: Letícia Cruz
CO-ORIENTADORA: Cristiane de Bona da Silva
O cetoprofeno é um anti-inflamatório não-esteróide com propriedades analgésicas e
antipiréticas. Porém, este fármaco apresenta curta meia-vida, e causa efeitos adversos no trato
gastrointestinal limitando sua aplicação no campo farmacêutico. Dessa forma, os sistemas
microparticulados tornam-se uma alternativa para contornar esses problemas. Neste trabalho
foram desenvolvidas micropartículas poliméricas contendo cetoprofeno a partir de três
proporções (1:1, 2:1 e 1:2) da blenda Eudragit®
L100 e goma gelana, através da técnica de
secagem por aspersão. As três formulações foram obtidas com rendimento variando entre
28% e 47%, com teor de cetoprofeno próximo de 100%. O tamanho médio de partícula variou
entre 7,8 μm e 11 μm com estreita distribuição de tamanho e formato esférico. O Índice de
Carr e Fator de Hausner indicaram baixa fluidez. As micropartículas com maior proporção de
Eudragit®
L100 apresentaram melhor perfil de gastrorresistência. Em pH 1,2, 12% do
cetoprofeno foi liberado em 120 min, enquanto que em meio intestinal simulado a formulação
foi capaz de prolongar a liberação do fármaco. A modelagem matemática mostrou que a
liberação do fármaco seguiu cinética de primeira ordem e se deu por transporte anômalo.
Estas micropartículas sofreram compressão direta. Os comprimidos microparticulados
apresentaram pesos médios aceitáveis, teor de fármaco e uniformidade de conteúdo próximo a
100%, dureza e espessura adequados. Os estudos in vitro mostraram que a gastrorresistência
foi mantida, pois não mais que 7% do fármaco foi liberado durante 120 min em pH 1,2
enquanto que em pH 6,8 a liberação do fármaco foi prolongada por 180 min seguindo cinética
de primeira ordem e liberação por transporte anômalo. Em vista disso, pode-se concluir que as
formulações contendo cetoprofeno são sistemas promissores para administração oral e
controle de liberação deste fármaco.
Palavras-chave: Anti-inflamatório. Micropartículas. Polímeros. Comprimidos. Via oral.
ABSTRACT
DEVELOPMENT OF MICROPARTICULATE SYSTEMS FROM BLEND
EUDRAGIT® L100 E GELLAN GUM INTENDED FOR KETOPROFEN ORAL
RELEASE
AUTHOR: TAIANE MARTINS AREND
ADVISOR: LETÍCIA CRUZ
CO-ADVISOR: CRISTIANE DE BONA DA SILVA
Ketoprofen is a non-steroidal anti-inflammatory drug with analgesic and antipyretic
properties. However, this drug has a short half-life, and causes adverse effects on the
gastrointestinal tract by limiting its application in the pharmaceutical field. This way,
microparticulate systems become an alternative to overcome these problems. In this study,
polymer microparticles containing ketoprofen were prepared from three proportions (1:1, 2:1
and 1:2) of the Eudragit® L100 blend and gellan gum by spray-drying technique. Three
formulations were obtained in yield ranging from 28% to 47%, with a ketoprofen content of
close to 100%. The mean particle size ranged from 7.8 μm to 11 μm with narrow size
distribution and spherical shape. The Carner Index and Hausner's Factor indicated low
fluidity. Microparticles with highest proportion of Eudragit® L100 presented a better
gastroresistance profile. At pH 1.2, 12% of ketoprofen was released in 120 min, whereas in
simulated intestinal medium the formulation was able to prolong the release of the drug.
Mathematical modeling showed that the release of this drug followed first-order kinetics and
occurred by anomalous transport. These microparticles suffered direct compression.
Microparticulate tablets had acceptable mean weights, drug content and content uniformity
close to 100%, suitable hardness and thickness. In vitro studies showed that gastroresistance
was maintained because no more than 7% of the drug was released for 120 min at pH 1.2
while at pH 6.8 the drug release was prolonged for 180 min following first order kinetics and
release by anomalous transport. In view of this, it can be concluded that formulations
containing ketoprofen are promising systems for oral administration and release control of
this drug.
Key words: Anti-inflammatory. Microparticles. Polymers. Tablets. Oral use.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Estrutura química do cetoprofeno ....................................................................... 18 Figura 2 – Modelos de estrutura das micropartículas ........................................................... 20
Figura 3 – Esquema do fluxo do ar de secagem e foto de um secador por aspersão ............ 22 Figura 4 – Estrutura da goma gelana .................................................................................... 27 Figura 5 – Estrutura química do Eudragit
® L100 ................................................................. 29
Figura 6 – Espectro do cetoprofeno ...................................................................................... 46 Figura 7 – Representação gráfica da curva analítica padrão para a determinação do
cetoprofeno obtida por espectrofotometria (λ = 254 nm), em água .................... 47
Figura 8 – Aspecto macroscópico das micropartículas contendo cetoprofeno a partir da
blenda Eudragit® L100 e goma gelana ................................................................ 49
Figura 9 – Distribuição de diâmetro das micropartículas de Eudragit® L100 e goma
gelana em diferentes proporções, contendo ou não cetoprofeno, obtidos
através de difração a laser: 2A: MPs branca; 2B: MPs T1, T2 e T3; 2C: 2A +
2B ........................................................................................................................ 52 Figura 10 – Imagens das micropartículas contendo cetoprofeno, obtidas através de
microscópio óptico (aumento 40 vezes): A: T1; B: T2 e C: T3 .......................... 53 Figura 11 – Aspectos morfológicos do cetoprofeno puro (A), goma gelana (B) e do
Eudragit® L100 (C) por MEV, aumento de 500 X .............................................. 54
Figura 12 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das micropartículas T1 (A), T2
(C) e T3 (E) com CET e das micropartículas T1B (B), T2B (D) e T3B (F)
sem fármaco ........................................................................................................ 56 Figura 13 – Difratograma das micropartículas com fármaco (T1, T2 e T3), sem fármaco
(T1B, T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit® L100 (EUD L100) e
goma gelana (GG) ............................................................................................... 57 Figura 14 – Espectros IVTF das micropartículas com fármaco (T1, T2 e T3), sem
fármaco (T1B, T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit®
L100 (EUD
L100) e goma gelana (GG) .................................................................................. 58 Figura 15 – Bandas características do cetoprofeno ................................................................ 59
Figura 16 – Termogramas obtidos por DSC das micropartículas com fármaco (T1, T2 e
T3), sem fármaco (T1B, T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit® L100
(EUD L100) e goma gelana (GG) ....................................................................... 61
Figura 17 – Curvas de TGA das misturas físicas, micropartículas com e sem fármaco ........ 63 Figura 18 – Perfil de dissolução das micropartículas contendo cetoprofeno e do fármaco
livre ...................................................................................................................... 65 Figura 19 – Perfil de gastrorresistência das micropartículas contendo cetoprofeno e do
fármaco puro ....................................................................................................... 68 Figura 20 – Aspecto macroscópico dos comprimidos contendo cetoprofeno associado às
micropartículas .................................................................................................... 69
Figura 21 – Perfil de liberação do cetoprofeno a partir dos comprimidos contendo
micropartículas T2 ............................................................................................... 70
Figura 22 – Perfil de liberação das micropartículas T2 vs comprimidos contendo
cetoprofeno microencapsulado ............................................................................ 72
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição quali-quantitativa das micropartículas contendo cetoprofeno ........ 36 Tabela 2 – Classificação entre fluxo e Índice de Carr .......................................................... 41 Tabela 3 – Análise de precisão .............................................................................................. 47
Tabela 4 – Caracterização das micropartículas contendo cetoprofeno logo após a
preparação ........................................................................................................... 49 Tabela 5 – Tamanho e distribuição granulométrica (n=3) .................................................... 51 Tabela 6 – Valores de densidade bruta e de compactação e indicadores de fluxo ................ 64 Tabela 7 – Parâmetros derivados da modelagem matemática do perfil de liberação do
cetoprofeno a partir das micropartículas ............................................................. 66 Tabela 8 – Parâmetros derivados da modelagem matemática do perfil de liberação do
cetoprofeno a partir dos comprimidos ................................................................. 71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AINE Anti-inflamatório não esteróide
COX Cicloxigenase
CV Coeficiente de variação
D4,3 Diâmetro médio de volume
DP Desvio padrão
DPR Desvio padrão relativo
DSC Calorimetria exploratória diferencial
EE Eficiência de encapsulação
FH Fator de Hausner
FTIR Espectroscopia de infravermelho por Transformada de Fourier
IC Índice de Carr
MEV Microscopia eletrônica de varredura
MP Micropartícula polimérica
MSC Critério de seleção do modelo
PVP Polivinilpirrolidona
TG Termogravimetria
TGI Trato gastrointestinal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 16 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 16
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 18 3.1 CETOPROFENO ....................................................................................................... 18 3.2 MICROPARTÍCULAS POLIMÉRICAS COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO
DE FÁRMACOS ....................................................................................................... 20
3.3 SECAGEM POR ASPERSÃO .................................................................................. 22 3.4 POLÍMEROS – BLENDAS POLIMÉRICAS ........................................................... 25
3.4.1 Goma gelana ............................................................................................................. 27
3.4.2 Eudragit® L100......................................................................................................... 28
3.5 COMPRIMIDOS OBTIDOS ATRAVÉS DE SISTEMAS
MICROPARTICULADOS ........................................................................................ 30
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 34
4.1 MATERIAL ............................................................................................................... 34 4.1.1 Matérias-primas ....................................................................................................... 34
4.1.2 Solventes e outros materiais .................................................................................... 34 4.1.3 Equipamentos ........................................................................................................... 34 4.2 MÉTODOS ................................................................................................................ 35
4.2.1 Preparação dos sistemas microparticulados ......................................................... 35
4.2.2 Validação do método analítico para quantificação do cetoprofeno presente
nas micropartículas .................................................................................................. 36 4.2.3 Caracterização das micropartículas poliméricas .................................................. 37
4.2.3.1 Rendimento das micropartículas ............................................................................... 37 4.2.3.2 Determinação do teor de cetoprofeno e eficiência de encapsulação ........................ 37 4.2.3.3 Determinação do tamanho de partículas e distribuição granulométrica .................. 38 4.2.3.4 Avaliação da morfologia das micropartículas .......................................................... 38
4.2.3.5 Calorimetria exploratória diferencial ....................................................................... 39 4.2.3.6 Termogravimetria ...................................................................................................... 39 4.2.3.7 Difração de Raios-X .................................................................................................. 39 4.2.3.8 Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (IVTF) ................... 39 4.2.3.9 Determinação das densidades bruta e de compactação ............................................ 40
4.2.3.10 Avaliação do fluxo ..................................................................................................... 40 4.2.4 Estudos de liberação in vitro ................................................................................... 41
4.2.5 PREPARAÇÃO dos comprimidos contendo cetoprofeno associado às
micropartículas ........................................................................................................ 43
4.2.5.1 Caracterização tecnológica dos comprimidos obtidos .............................................. 43 4.2.5.2 Estudo de liberação in vitro do cetoprofeno a partir dos comprimidos .................... 44 4.2.6 Análise estatística ..................................................................................................... 44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 46 5.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO PARA QUANTIFICAÇÃO DE
CETOPROFENO PRESENTE NAS MICROPARTÍCULAS .................................. 46
5.2 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS MICROPARTÍCULAS
POLIMÉRICAS CONTENDO CETOPROFENO .................................................... 48
5.3 LIBERAÇÃO IN VITRO DO CETOPROFENO A PARTIR DAS MPS .................. 65
5.4 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPRIMIDOS CONTENDO
CETOPROFENO ASSOCIADO ÀS MICROPARTÍCULAS .................................. 68 5.5 ESTUDO DE LIBERAÇÃO IN VITRO DO CETOPROFENO A PARTIR DOS
COMPRIMIDOS MICROPARTICULADOS ........................................................... 70
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 75
13
1 INTRODUÇÃO
O cetoprofeno é um anti-inflamatório não-esteróide que apresenta propriedades anti-
inflamatórias, analgésicas e antipiréticas, sendo utilizado no tratamento de dores e doenças
reumatoides, como artrite e osteoartrite (CHAN et al., 2015; MORETTI et al., 2001; NAGAI
et al., 2015; PERONTSIS et al., 2016; RUTYNA et al., 2011; SWEETMAN, 2009). A ação
principal do cetoprofeno consiste na inibição não seletiva das isoformas I e II da enzima
cicloxigenase, que promove a inflamação (HASHIM; KHAN, 2011; KACZMAREK, 2012;
VANE; BOTTING, 1998). Por possuir uma rápida absorção no trato gastrointestinal e
apresentar meia vida curta (2-3 h), é necessário ser administrado de 3 a 4 vezes ao dia para
manter seus níveis plasmáticos. Dessa forma, poderá provocar náuseas, vômitos, úlceras e
hemorragias, bem como irritar a mucosa gastrointestinal (ARIDA; AL-TABAKHA, 2007;
AZOUZ et al., 2016; BAZZO; LEMOS-SENNA; PIRES, 2009; SWEETMAN, 2009; YU et
al., 2010). Para reduzir os efeitos adversos gastrointestinais do cetoprofeno, diminuir a
frequência de dose e aumentar a adesão do paciente ao tratamento, é relevante o
desenvolvimento de novas formas farmacêuticas para sua administração (CUI et al., 2005;
MAESTRELLI et al., 2015; ZHENG; POLLI, 2010).
A tecnologia de microencapsulação tem sido amplamente estudada na área
farmacêutica, pois além de possuir inúmeras vantagens, é capaz de contornar problemas
associados com as formas farmacêuticas convencionais, como comprimidos e cápsulas (LI;
ROUAUD; PONCELET, 2008; RESTANI et al., 2010). Nesse contexto, as micropartículas
poliméricas têm sido muito estudadas para promover uma liberação controlada de fármacos,
além de permitir uma diminuição dos efeitos adversos e um aumento na biodisponibilidade
(FREIBERG; ZHU, 2004; LI; ROUAUD; PONCELET, 2008; TRAN, BENOITA, VENIER-
JULIENNEA, 2011; VARDE; PACK, 2004). As micropartículas são sistemas que se
apresentam como partículas sólidas, geralmente esféricas, e com tamanho micrométrico (1 a
1000 μm). No entanto, o mais comum é encontrar sistemas com diâmetro médio entre 1 e 100
μm (BURGESS; HICKEY, 2007; FIGUEIREDO, 2010; PEREIRA et al., 2006; SILVA,
2003). Dependendo da sua estrutura, as micropartículas poliméricas podem ser divididas em
microesferas e microcápsulas. Microesferas são sistemas matriciais nos quais o fármaco
encontra-se uniformemente dissolvido ou disperso na matriz polimérica. Já as microcápsulas
são sistemas do tipo reservatório nos quais o fármaco está revestido por uma camada
polimérica de espessura variável (PEREIRA et al., 2006; SILVA, 2003; SILVA-JÚNIOR,
2005; 2008; SUAVE et al., 2006).
14
Várias técnicas podem ser utilizadas para a microencapsulação de fármacos
(PERUMAL, 2001; SOOTTITANTAWAT et al., 2003; NG et al., 2010; LIU, 2011; ZHENG
et al., 2011), mas o método de obtenção de micropartículas por secagem por aspersão, é uma
das técnicas mais exploradas no meio acadêmico e na indústria farmacêutica (PATEL;
PATEL; CHAKRABORTY, 2014). Diferentes materiais poliméricos podem ser empregados
na obtenção de sistemas microparticulados (OLIVEIRA; LIMA, 2006). Dentre as
propriedades desejadas deve-se levar em consideração a estabilidade e as características de
liberação do polímero (CHUA; KIM; LEE, 2016, OLIVEIRA et al., 2015; VENKATESAN;
MANAVALAN; VALLIAPPAN, 2009). Atualmente, as misturas de polímeros (blendas) com
diferentes propriedades têm sido consideradas como estratégias promissoras para obtenção de
um produto com propriedades diferenciadas (SUKLA; TIWARI, 2012). Nesse contexto,
destaca-se um trabalho do nosso grupo de pesquisa que obteve micropartículas
gastrorresistentes e de liberação controlada pela combinação entre Eudragit® S100 e Pullulan
(VELASQUEZ et al., 2014).
Micropartículas têm sido mais estudadas para liberação oral de fármacos. Esta via é a
mais prevalente na terapêutica e a preferida pelos pacientes pela simplicidade na
administração. Entretanto, a forma farmacêutica mais usual de ser administrada por esta via é
o comprimido (AULTON, 2005; JOSHI; CHAUDHARY; TEOTIA, 2013; VARDE, PACK,
2004; VARUM et al., 2008). Comprimidos microparticulados tem sido alvo de muitas
pesquisas, pois apresentam vantagens frente aos sistemas convencionais, tais como precisão
de dose, conservação, e, sobretudo, simplicidade na produção, além de serem adequados para
o controle da liberação de fármacos (CHOURASIA; JAIN, 2003; PRISTA, 2011).
Considerando o que foi exposto, o presente trabalho baseou-se no desenvolvimento de
sistemas microparticulados a partir de uma blenda inédita para liberação oral de cetoprofeno.
Para tanto, micropartículas de Eudragit®
L100 e goma gelana foram preparadas através da
técnica de secagem por aspersão. O Eudragit®
L100 é um polímero gastrorresistente que se
dissolve em ambientes com pH acima de 6,0. Por sua vez, a goma gelana é um polissacarídeo
de origem biotecnológica usada como espessante de formulações. Nesse sentido, a
combinação de ambos os polímeros poderia levar a obtenção de sistemas microparticulados
com propriedades diferenciadas. Posteriormente, visou-se a produção de comprimidos a fim
de propor uma forma farmacêutica final. Cabe ressaltar que até o momento não foram
encontrados relatos sobre a combinação destes dois polímeros para obtenção de sistemas
microparticulados.
16
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Preparar e caracterizar sistemas e comprimidos microparticulados contendo
cetoprofeno a partir da blenda Eudragit® L100 e Goma gelana com posterior avaliação in vitro
em meio intestinal e gástrico simulados.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Preparar micropartículas de Eudragit® L100 e Goma gelana contendo cetoprofeno
pela técnica de secagem por aspersão;
Caracterizar as micropartículas quanto ao rendimento, teor de fármaco, eficiência
de encapsulamento, tamanho de partícula, distribuição de tamanho de partícula,
morfologia, densidade e fluxo;
Avaliar a cinética de liberação in vitro do cetoprofeno a partir das micropatículas
em fluido intestinal simulado;
Avaliar in vitro a gastrorresistência das formulações em fluido gástrico simulado;
Preparar comprimidos por compressão direta das micropartículas;
Caracterizar os comprimidos quanto ao peso médio, dureza, espessura, teor de
fármaco e uniformidade de conteúdo;
Avaliar, in vitro, a cinética de liberação do cetoprofeno a partir dos comprimidos
microparticulados em meio intestinal simulado;
Avaliar, in vitro, a gastrorresistência dos comprimidos em fluido gátrico simulado.
18
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 CETOPROFENO
O cetoprofeno (Figura 1) surgiu em 1967, sintetizado no Rhône-Poulenc Laboratories
(França), atual Sanofi, apenas três anos após o seu protótipo ibuprofeno. Seu uso foi aprovado
a partir de 1973 na Europa e 1986 nos Estados Unidos (CAILLETEAU, 1988; RAINSFORD,
1988).
Figura 1 – Estrutura química do cetoprofeno
Fonte: Próprio autor.
O cetoprofeno (2-(3-benzoilfenil) propiônico), é um anti-inflamatório não-esteróide
(AINE) (TAKARA et al., 2017; LAHOUD et al., 2016; BELKACEM; SALEM; ALKHATIB,
2015) da classe das benzofenonas, derivado do ácido arilpropiônico, com propriedades anti-
inflamatórias, analgésicas e antipiréticas, sendo utilizado em desordens crônicas, tais como
espondilite, osteoartrite e artrite reumatóide (CERCIELLO et al., 2015; SHOHIN et al., 2011;
KHAN et al., 2010; PALMIERI et al., 2002), bem como no tratamento de outros estados
dolorosos de origem não-reumatóide (SOUZA; OLIVEIRA, 2012) .
Estudos também revelaram que o cetoprofeno pode ser usado no tratamento do
reumatismo, mielite, distúrbios musculoesqueléticos e na dor pós-operatório (PERONTSIS et
al., 2016, SPOFFORD et al., 2009). Além disso, tem proporcionado benefícios terapêuticos
na prevenção de vários tipos de câncer (SEUANES et al., 2015).
O cetoprofeno é um ácido fraco que se apresenta como um pó cristalino, branco ou
esbranquiçado, inodoro e não higroscópico. Sua temperatura de fusão é entre 94 e 97 ºC e o
seu pKa é de 4,6. Possui massa molar de 254,28 g/mol e fórmula molecular de C16H14O3. É
solúvel em etanol, diclorometano, acetona, mas praticamente insolúvel em água a 20 °C e em
pH ácido, sendo dependente do pH do meio. Logo, sua solubilidade aumenta gradativamente
com o aumento do pH (BAZZO, 2008; ANVISA, 2010; SHENG et al., 2006).
19
De acordo com o sistema de classificação biofarmacêutica é considerado um fármaco
de classe II, por apresentar baixa solubilidade em água e alta permeabilidade (SHENG et al.,
2006; SHOHIN et al., 2011), com uma biodisponibilidade oral elevada de 90% (SHOHIN et
al., 2011).
Com relação à farmacocinética, o cetoprofeno é rapidamente absorvido pela via oral,
com pico plasmático entre 0,5-2 horas, apresenta alta ligação às proteínas plasmáticas (99%) e
é eliminado pela urina (FRANÇA; KOROLKOVAS, 2006).
A atividade terapêutica do cetoprofeno está baseada na inibição da conversão do ácido
araquidônico pelas isoformas I e II da enzima cicloxigenase (COX), o que leva a inibição da
síntese das prostaglandinas, mediadoras da inflamação (KANTOR, 1986; GALICO et al.,
2014; HASHIM; KHAN, 2011). A enzima COX-1 está envolvida na homeostase dos tecidos,
sendo responsável pela produção de prostaglandinas que estão envolvidas na citoproteção
gástrica. Já a COX-2, quando ativada é induzida nas células inflamatórias, sendo responsável
pela produção dos mediadores da inflamação. Sendo assim, pode-se dizer que a ação anti-
inflamatória está ligada à inibição da COX-2, e os efeitos que afetam o trato gastrointestinal
estão relacionados à COX-1 (KUMMER; COELHO, 2002; MIZUSHIMA, 2010; TURINI;
DUBOIS, 2002).
Alguns estudos sugerem que um microambiente inflamatório pode facilitar o
surgimento de um câncer visto que, a COX está mais presente nessa situação (LIU et al.,
2014). Dessa forma, os AINEs, como o cetoprofeno, podem contribuir para controlar a
progressão de um tumor já que são potentes inibidores dessa enzima presente nessa doença
(SAKEENA et al., 2010; PINARDI; SIERRALTA; MIRANDA, 2001).
Devido à curta meia vida e o rápido decaimento da concentração plasmática, o
cetoprofeno requer administração frequente para manter concentrações plasmáticas
terapêuticas, podendo acarretar em baixa adesão do paciente ao tratamento (AZOUZ et al.,
2016; SWEETMAN, 2009; PREZOTTI, 2013). Seu uso prolongado e/ou regular poderá
causar um grande número de efeitos adversos, principalmente os relacionados com
complicações gastrointestinais como úlcera gástrica ou hemorrágica e também irritações na
mucosa gastrointestinal já que esse fármaco inibe a COX- I, que é a isoenzima responsável
pela produção de prostaglandinas citoprotetoras (DEL GAUDIO et al., 2009; ZHENG;
POLLI, 2010).
Para contornar essas desvantagens e assim melhorar o esquema posológico, aumentar
a adesão do paciente ao tratamento e reduzir a toxicidade gástrica do CET é relevante
desenvolver uma formulação alternativa, como os sistemas microparticulados, para sua
administração oral (MAESTRELLI et al., 2015).
20
3.2 MICROPARTÍCULAS POLIMÉRICAS COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE
FÁRMACOS
Nos últimos tempos, diferentes tecnologias têm sido desenvolvidas para sistemas de
liberação de fármacos. Esses sistemas são alvo de várias pesquisas por apresentarem
vantagens importantes quando comparados às formas farmacêuticas convencionais
(ALENCASTRE et al., 2006; CERCIELLO et al., 2015; KAMANDA et al., 2002; LÉVI;
OKYAR, 2011; STIGLIANI et al., 2013; STORPIRTIS et al., 2009). Um exemplo destes
novos sistemas são as micropartículas. As micropartículas poliméricas (Figura 2)
correspondem a pequenas partículas sólidas que apresentam, geralmente, diâmetros médios
entre 1 e 100 μm (FIGUEIREDO, 2010; KISSEL et al., 2006; LIRA et al., 2009; PEREIRA et
al., 2006; SILVA et al., 2003). As microesferas são caracterizadas como sistemas matriciais
nos quais o fármaco se encontra disperso uniformemente no material polimérico. Por sua vez,
as microcápsulas são formadas por sistemas reservatórios, nos quais é possível identificar um
ou mais microdomínios, que podem ser sólidos ou líquidos e de espessura variável (KUMAR,
2000; PEREIRA, 2006; RAM et al., 2010; SILVA, 2003; SILVA-JÚNIOR, 2005; 2008;
SUAVE et al., 2006).
Figura 2 – Modelos de estrutura das micropartículas
Fonte: Adaptado de BIRNBAUM, BRANNON-PEPPAS, 2003.
Dentre as principais vantagens dos sistemas microparticulados está o direcionamento
da ação de fármacos a sítios específicos produzindo um melhor efeito terapêutico, a
possibilidade de modificar, controlar ou sustentar a liberação do fármaco no organismo,
incluindo a modulação do processo de dissolução, bem como a redução da toxicidade e o
21
aumento da adesão do paciente ao tratamento (EVANGELISTA, 2006; MORAIS, 2011;
RESTANI et al., 2010).
Nesse contexto, as micropartículas poliméricas têm sido frequentemente pesquisadas
no campo farmacêutico com o objetivo de aumentar a eficácia terapêutica e contornar
diversos problemas associados às formas farmacêuticas convencionais (CRUZ, 2009;
VARDE; PARK, 2004). Os sistemas microparticulados permitem o fracionamento da dose,
bem como, uma distribuição mais uniforme e rápida no trato gastrintestinal e uma menor
variação na biodisponibilidade reduzindo o risco de irritação causada por acúmulo localizado
de fármacos irritantes às mucosas do TGI (FREIBERG; ZHU, 2004; KHAN et al., 2010;
KULKARNI; MANGOND; MUTALIK, 2011; KURKURI; AMINABHAVI, 2004;
MAESTRELLI et al., 2008; MAITI et al., 2011; PALMIERI et al., 2000; ZERBINI, 2010;
ZHANG; ALSARRA; NEAU, 2002).
Diversos materiais poliméricos biocompatíveis/biodegradáveis podem ser utilizados
na preparação de micropartículas, os quais proporcionam uma melhor performance na
administração do fármaco, com uma toxicidade reduzida por poderem se degradar em
substâncias não-tóxicas (CAMPARDELLI; OLEANDRO; REVERSHON, 2016; DUARTE et
al., 2006; GOODFRIEND et al., 2016; KISSEL et al., 2006; GARAY; POCHEVILLE;
MADARIAGA, 2010; OLIVEIRA; LIMA, 2006).
As micropartículas em sua forma final apresentam-se como um pó que pode ser
facilmente convertido em formas farmacêuticas sólidas e de dosagem unitária, como os
comprimidos, tornando-se sistemas passíveis de administração por via oral. Esta via é
considerada a mais estudada e vantajosa por ser mais econômica e segura na administração de
fármacos, sendo também a via de administração de maior adesão do paciente (YUN et al.,
2013).
A literatura apresenta relatos de diversas técnicas de preparação de micropartículas,
possibilitando uma adequação às características físico-químicas dos diferentes fármacos
(OBEIDAT, 2009). Dentre os principais métodos propostos, podem ser citados a
emulsificação-evaporação de solvente (KARAL-YILMAZ et al. 2011), a separação de fases
ou coacervação (EL-BAGORY et al., 2007) e a secagem por aspersão (HUH et al., 2010).
Dentre estas técnicas que podem ser utilizadas para a microencapsulação de fármacos
(PERUMAL, 2001; SOOTTITANTAWAT et al., 2003; NG et al., 2010; LIU, 2011; ZHENG,
2011), destaca-se a secagem por aspersão por ser rápida, simples, reprodutível, de baixo
custo, facilmente transponível para a escala industrial, além de ser pouco dependente das
características de solubilidade do fármaco e do polímero (GHARSALLAOUI et al., 2007;
SILVA et al., 2003).
22
3.3 SECAGEM POR ASPERSÃO
A técnica de secagem por aspersão é a mais amplamente utilizada pelas indústrias
farmacêuticas desde a década de 1940 para desidratação de líquidos e conversão em produto
sólido (PARIHARI, 2009; JIN; CHEN, 2011; PATEL; PATEL; CHAKRABORTY, 2014).
Resumidamente, o processo pode ser descrito como o bombeamento da amostra líquida
contendo a substância ativa que se deseja encapsular e o material que faz a encapsulação
(polímero) até o atomizador (etapa I) a partir do qual o líquido é aspergido até a câmera de
secagem e entra em contato com um gás pressurizado, produzindo gotas (etapa II) a partir das
quais ocorre a rápida evaporação do solvente, que transforma as gotículas aspergidas em
partículas sólidas (etapas III e IV). As partículas são recolhidas em um separador onde o ar sai
do equipamento por um lado do ciclone, enquanto o produto final (o pó) sai pelo outro lado e
pode ser recolhido em um recipiente coletor acoplado ao equipamento (ÂNGELO, 2012;
LINS, 2010). A Figura 3 mostra o equipamento e o esquema de funcionamento do secador
por aspersão.
Figura 3 – Esquema do fluxo do ar de secagem e foto de um secador por aspersão
Fonte: Lannes e Medeiros, 2003 (A); Próprio autor (B)
É um método que se destaca por oferecer diversas vantagens frente aos demais
métodos de obtenção de micropartículas, principalmente por sua simplicidade e flexibilidade,
podendo ser aplicado a uma variedade de produtos farmacêuticos (ÇELIK; WENDEL, 2005;
ESPOSITO et al., 2002; SOSNIK; SEREMETA, 2015).
O processo de secagem por aspersão ocorre em uma única etapa, é passível de
transposição de escala, sendo possível a produção de poucos gramas ou de toneladas do
A B
23
produto, dependendo do tamanho do equipamento utilizado, proporciona um controle sobre as
características das partículas obtidas e é de baixo custo. Além disso, é uma tecnologia que
não necessita de solventes orgânicos, apresenta boa reprodutibilidade e é aplicável a
substâncias sensíveis ao pH e ao calor, justificando, assim, sua preferência em relação às
demais técnicas (ANISH et al., 2014; CRUZ et al., 2010a; ESTEVINHO; RAMOSA;
ROCHA, 2015; MORAIS, 2011; ONEDA e RÉ, 2003; RAIZADAY et al., 2015; SOSNIK;
SEREMETA, 2015; WANG et al., 2009).
A técnica de secagem por aspersão vem sendo utilizada com êxito para
microencapsular diferentes substâncias, possibilitando a encapsulação tanto de fármacos
hidrofílicos, como também de lipofílicos, estabilização de materiais sensíveis, bem como a
secagem de materiais termossensíveis (AMERI; MAA, 2006; CHAN; TAN; HENG, 2008;
GHARSALLAOUI et al., 2007; OLIVEIRA; FATIBELLO-FILHO, 2009; RATTES;
OLIVEIRA, 2007).
Para Liu e colaboradores (2015), a tecnologia de secagem por aspersão permite a
produção de micropartículas homogêneas com uma ampla variedade de aplicações, incluindo
além da liberação controlada, o encapsulamento e adsorção seletiva. Além disso, a secagem
por aspersão é um método de transformação com grande potencial inerente para produzir
partículas de fármaco puro (TSHWEU et al., 2014).
Em relação à liberação controlada, ESPOSITO e colaboradores (2002) desenvolveram
micropartículas contendo vitamina C pela técnica de secagem por aspersão. Eudragit® L100,
RS100 e RL100 foram usados, e foram obtidas micropartículas com diâmetros entre 4 a 20
μm, que apresentaram uma liberação sustentada e entérica da vitamina C.
AL-SHDEFAT e colaboradores (2016) desenvolveram micropartículas de Eudragit
contendo citrato de sildenafil ou Glicirizina em três diferentes proporções (0,5:1, 1:1 e 2:1)
através da técnica de secagem por aspersão. Entre as seis amostras diferentes (F1, F2, F3, F4,
F5 e F6), as micropartículas à base de Glicirizina (F2) e Eudragit (F4) tiveram um tamanho
médio de partícula de 2,56 μm e 2,94 μm e elevados valores de eficiência de 73,06% e
67,52%, respectivamente. Os estudos de libertação in vitro apresentaram resultados
significativos, demonstrando que as micropartículas de Glicirizina e Eudragit foram capazes
de liberar uma porcentagem mais elevada de fármaco em comparação com o citrato de
sildenafil puro.
Pelo fato da técnica de secagem por aspersão envolver muitos parâmetros, torna-se
importante otimizar as condições do processo como temperatura, vazão do ar, diâmetro do
bico atomizador, fluxo de alimentação, dentre outros (GUTERRES; BECK; POHLMANN,
2009). Alterando-se as condições de operação do equipamento é possível modificar as
24
características finais do produto obtido. Sendo assim, propriedades como tamanho de
partícula, morfologia, umidade, porosidade, distribuição granulométrica e densidade podem
ser alteradas e controladas ao modificar alguns parâmetros da técnica (BIRCHAL et al., 2005;
RAFFIN et al., 2006; SOSNIK; SEREMETA, 2015; STEFANESCU, 2010). Cabe lembrar
que o rendimento de todo processo de secagem, é influenciado pela concentração da amostra a
ser seca, do ponto de ebulição do solvente utilizado, do aspirador, entre outros (JENSEN et
al., 2010).
Em estudo conduzido por Braga e Oliveira (2007), foram avaliadas as condições do
processo de secagem por aspersão, como temperatura de entrada de ar, diâmetro do bico
aspersor e fluxo de ar, para incorporação do cetoprofeno em uma matriz de quitosana para
liberação controlada do fármaco. Os resultados indicaram a obtenção partículas esféricas com
superfície lisa e compacta, sendo que a melhores condições do processo foi de 100 °C para a
temperatura de entrada, 1mm de diâmetro do bico aspersor e 49,2 m3/h (BRAGA; OLIVEIRA
2007).
Moretti e colaboradores (2001) desenvolveram micropartículas entéricas com acetato
butirato de celulose e ftalato de hidroxipropilmetilcelulose contendo cetoprofeno através do
processo de secagem por aspersão. O rendimento das micropartículas variou de 30-40% e a
eficiência de encapsulação ficou entre 80-99%. Apesar deste fármaco apresentar natureza
ácida, eles conseguiram uma liberação controlada do ativo a um pH ácido.
Gonçalves e colaboradores (2017) microencapsularam a vitamina A com goma arábica
através da técnica de secagem por aspersão. Foram avaliadas cinco concentrações de goma
arábica (2, 5, 10, 15 e 20% (p/v), sendo que a quantidade de vitamina A era de 2% (p/v) para
todas. Foi avaliado também o efeito do óleo de coco nas micropartículas com e sem vitamina
A. O rendimento das micropartículas com óleo de coco (com e sem vitamina A) variou de
13,6 a 28,6%, enquanto para as micropartículas contendo apenas goma arábica foi de cerca de
70%. O tamanho da micropartículas de todas as formulações ficou entre 3,47 e 10,4 μm. As
análises de microscopia eletrônica de varredura mostraram que as micropartículas
apresentaram forma esférica e superfícies rugosas. Os estudos de liberação in vitro da
vitamina A foram realizados e validados espectrofotometricamente, mostrando que somente
as micropartículas com 15 e 20% (p/v) de goma arábica foram capazes de proteger e
estabilizar completamente a vitamina A.
Na indústria farmacêutica, a técnica de secagem por aspersão vem sendo muito
empregada para aumentar a biodisponibilidade e a taxa de dissolução de substâncias pouco
solúveis. Isto ocorre devido à secagem ser muito rápida, pois produz materiais micronizados
amorfos, fazendo com que as micropartículas tenham uma área superficial maior e com isso
25
resultam em melhores taxas de dissolução e uma maior biodisponibilidade para fármacos
pouco solúveis (HEALY et al., 2008; PIGNATA, 2016).
Geralmente, o processo de secagem resulta em partículas com uniformidade de
tamanho e boa eficiência de encapsulação. Dentre os polímeros mais usados no setor
farmacêutico, destacam-se a goma gelana, os polímeros derivados do ácido acrílico e
polímeros derivados do ácido metacrílico (VILLANOVA; ORÉFICE; CUNHA, 2010).
3.4 POLÍMEROS – BLENDAS POLIMÉRICAS
No setor farmacêutico, os materiais poliméricos, apresentam várias aplicações, dentre
as quais destaca-se o poder de influenciar a cinética de liberação do principio ativo. Os
polímeros podem ser de origem natural ou sintética, sendo que estes últimos podem ser
adaptados através de modificações em suas estruturas químicas para obtenção de materiais
com propriedades desejadas (CHAMPION, KATARE e MITRAGOTRI, 2007; LU; CHEN,
2004; VILLANOVA; ORÉFICE; CUNHA, 2010).
Atualmente, existem vários materiais poliméricos que são utilizados para preparar
sistemas microparticulados. Dentre as propriedades desejadas, dos materiais empregados para
a produção de micropartículas, estão a facilidade de manipulação durante o preparo, não ser
reativo com a substância ativa, bem como também, protegê-la da luz, umidade, oxigênio e pH
fisiológico. O polímero ainda deve possuir baixa higroscopicidade, para evitar a aglomeração,
ser solúvel no solvente utilizado, e também ser biodegradável, biocompátivel e atóxico. Ainda
sim, o material encapsulante tem que possuir propriedades para a liberação do fármaco, caso
se queira uma administração por via oral (CHUA et al., 2016; OLIVEIRA; REIS; MANO,
2015; PARIZE, 2009; RAM; SING; SHIVAKUMAR, 2010; SUAVE et al., 2006).
Os polímeros de origem natural, como por exemplo, os polissacarídeos, têm sido
frequentemente utilizados pela indústria farmacêutica para o desenvolvimento de sistemas de
liberação de fármacos. Isso ocorre, pois tais polímeros apresentam interessantes vantagens
frente aos sintéticos, como por exemplo, apresentam custo relativamente baixo, são atóxicos,
ou seja, próprios para o consumo humano, são biodegradáveis e sustentáveis (ALVAREZ-
LORENZO, 2013; BANERJEE et al., 2012; KULKARNI; MANGOND; MUTALIK, 2011;
SINHA; KUMRIA, 2001; MATRICARDI et al., 2013).
Outra classe notável de polímeros é a dos derivados do ácido metacrílico, que são
polímeros de origem sintética e que possuem várias finalidades na indústria de medicamentos.
Eles são comercializados como Eudragit®
e se apresentam, de acordo com sua solubilidade,
nos subtipos como RS, LS, S e L sendo considerados materiais pH dependentes. Estes
26
polímeros possuem características peculiares, pois são muito solúveis no meio alcalino do
fluido intestinal e insolúveis em fluido gástrico, sendo capazes de atuar como moduladores na
liberação de fármacos (DITTGEN et al., 1997; FREIRE et al., 2006; KIBBE, 2000).
Misturas de polímeros (blendas) vêm sendo desenvolvidas como uma abordagem
racional e com o objetivo de alterar as propriedades dos polímeros isolados evitando os
elevados custos envolvidos na síntese e caracterização de novos compostos. Além disso, a
utilização de blendas poliméricas tem sido considerada uma estratégia promissora, pois se
obtêm materiais com propósitos terapêuticos específicos apresentando a vantagem de
controlar a liberação de fármacos (BAJPAI et al., 2008; CARBINATTO et al., 2012;
MENEGUIN; CURY; EVANGELISTA, 2014; PREZOTTI; CURY; EVANGELISTA, 2014;
RINALDI et al., 2009; SOARES et al., 2013; SUKLA; TIWARI, 2012; VELASQUEZ et al.,
2014). Uma blenda polimérica é definida como uma mistura de polímeros com o objetivo de
se obter um material com características diferenciadas, mas mantendo as vantagens de cada
polímero (ROBESON, 2007).
A preparação de um sistema microparticulado combinando gastrorresistência e
liberação controlada pode ser obtida pela formação de blendas poliméricas. Um exemplo
desta aplicação é o trabalho de Velasquez e colaboradores (2014), no qual micropartículas de
pullulan e Eudragit® S100 contendo risedronato foram preparadas em três diferentes
proporções (MP2:1, MP1:1 e MP1:2) pela técnica de secagem por aspersão. As
micropartículas apresentaram rendimentos entre 31 e 42%, eficiências de encapsulamento
próxima de 100%, umidade inferior a 11% e tamanho de partícula variando entre 2,9 e 4,8
µm. Os estudos in vitro de gastrorresistência mostraram que as micropartículas MP1: 2 foram
capazes de proteger melhor o fármaco no meio gástrico.
Cruz e colaboradores (2009) utilizaram uma blenda composta por Eudragit®
S100 e
hidroxipropilmetilcelulose (Methocel®
F4M ou Methocel® K100LV), para desenvolver
micropartículas com alendronato de sódio, através da técnica de secagem por aspersão. As
micropartículas apresentaram forma esférica colapsada e superfície lisa, eficiência de
encapsulamento de 85 e 82% e diâmetros médios de 11,7 e 8,4 μm, respectivamente. Estudos
de dissolução in vitro, demonstraram boa gastrorresistência das formulações em pH 1,2. Em
pH 6,8, a liberação do fármaco a partir das micropartículas foi retardada.
Outro exemplo é o estudo de Cruz e colaboradores (2010b) que também
desenvolveram micropartículas constituídas pela blenda Eudragit®
S100 e Methocel® K15M
contendo o alendronato de sódio pela técnica de secagem por aspersão. As micropartículas
apresentaram eficiência de encapsulamento próxima de 80% e diâmetro das partículas de 13,8
27
μm. Nos estudos in vitro foi possível observar que em pH 6,8, as micropartículas
foram capazes de prolongar a liberação do alendronato de sódio durante 12 h. Como
conclusão do trabalho, observou-se que as micropartículas são excelentes carreadores para
alendronato de sódio uma vez que foram capazes de manter o efeito antirreabsortivo do
fármaco e reduzir a sua toxicidade gastrointestinal.
3.4.1 Goma gelana
A goma gelana (CAGGIONI et al., 2007; JURADO, 2000; JURADO, 2009; VALLI;
MISKIEL, 2001) foi obtida pela empresa Kelco em 1978 (KANEKO; KANG, 1979;
MORRIS; NISHINARI; RINAUDO, 2012) e atualmente é um polímero muito estudado no
desenvolvimento de sistemas de liberação de fármacos (DAWALBAJE; DHUPPE;
MITKARE, 2012).
A goma gelana é um exopolissacarídeo hidrofílico, linear, aniônico, obtido através do
processo de fermentação aeróbia pela bactéria Sphingomonas elodea, e solúvel em água.
Possui unidades repetidas dos monossacarídeos 1,3 β-D-glicose, 1,4 β-D-ácidoglucurônico,
1,4 β-D-glicose, 1,4 α-L-ramnose. Resumidamente, esse polissacarídeo é constituído por
unidades de Glicose, ácido glucurônico e raminose que estão presentes em relação molar
2:1:1, o que pode ser observado na Figura 4 (DOLAN et al., 2016; MOXON; SMITH, 2016;
OSMALEK; FROELICH; TASAREK, 2014; PRAJAPATI et al., 2013; SONJE; MAHAJAN,
2016).
Figura 4 – Estrutura da goma gelana
Fonte: MAO; TANG; SWANSON, 2000.
28
A goma gelana é um polímero mucoadesivo (NARKAR; SHER; PAWAR, 2010),
sendo capaz de desenvolver sistemas bioadesivos para a liberação controlada de fármacos
(BABU et al., 2010; NARKAR; SHER; PAWAR, 2010; ONOFRE; WANG;
MAUROMOUSTAKOS, 2009) pellets (BAUTZOVÁ et al., 2012), micro e nanopartículas
(NAYAK; PAL; DAS, 2013). Além disso, tem sido estudados pelas mais variadas vias como
oftálmica, ocular, vaginal, retal, nasal e principalmente oral (HÄGERSTRÖM; PAULSSON;
EDSMAN, 2000; OSMALEK; FROELICH; SYLWIA, 2014).
Maiti e colaboradores (2011) avaliaram a utilização do cátion trivalente Al3+
no
desenvolvimento de micropartículas de goma gelana para a liberação de glipzida e obtiveram
uma efetiva redução das taxas de liberação do fármaco em meio ácido.
Osmalek e colaboradores (2014) observaram que a goma gelana funcionou como
desintegrante para comprimidos de liberação imediata, assim como foi promissora como
excipiente para formação de comprimidos matriciais para liberação sustentada, ou seja,
atuando diretamente na cinética de liberação de fármacos em que foi possível observar uma
efetiva redução das taxas de liberação do fármaco em meio ácido.
3.4.2 Eudragit® L100
Para o desenvolvimento de sistemas microparticulados, a utilização de polímeros de
origem sintética, tais como os polimetacrilatos, tem sido amplamente explorada pela indústria
farmacêutica para o desenvolvimento de sistemas orais. Algumas dessas matrizes poliméricas
acrílicas são também conhecidas como polímeros entéricos, comercialmente atendem por
Eudragit®
, são pouco solúveis em pH muito baixo, como o suco gástrico. Dessa forma, esses
polímeros oferecem vantagens e podem melhorar a dissolução, absorção e biodisponibilidade
do fármaco de interesse. Apresentam-se como diversos subtipos e com características de
solubilidade diferentes, como o L, S, LS e RS (BAZZO et al., 2013; CHOI et al., 2011; de
OLIVEIRA et al., 2009; GARBACZ, et al., 2009; HUANG, et al., 2007; KIBBE, 2000;
LOPES, 2000; ZHANG et al., 2011).
Particularmente, o Eudragit®
L100 (dissolução em pH > 6,0) (Figura 5), se encaixa
perfeitamente nesse contexto, porém existem poucos trabalhos científicos publicados sobre
seu uso. Especificamente, não há relatos sobre a utilização desse polímero com enfoque na
obtenção de micropartículas para administração oral e liberação controlada do cetoprofeno.
29
Figura 5 – Estrutura química do Eudragit® L100
Fonte: Próprio autor.
O copolímero aniônico Eudragit®
L100 é um polímero entérico e produto de
copolimerização do ácido metacrílico e do metacrilato de metila. Sua solubilidade é
justamente dependente do pH por estar associada aos grupos de ácido metacrílico na cadeia,
os quais possuem em sua estrutura grupos hidroxila e carboxila, bem como também, o grupo
éster (de OLIVEIRA et al., 2009; ROWE, SHESKEY e OWEN, 2006).
Esses metacrilatos sofrem protonação em pH alcalino (pH > 7) resultando em uma
mudança na conformação da cadeia, ou seja, ocorre um estiramento, pois existe uma repulsão
entre o grupo protonado e o grupo éster, também presente nesse tipo de molécula. Sendo
assim, o Eudragit® L100 começa a se dissolver devido à ionização do grupo carboxílico
permitindo a penetração do solvente. Já em meio ácido (pH < 2) os grupos metacrilato não
sofrem ionização apresentando uma conformação fechada, devido à alta atração
intermolecular entre os grupos hidroxila e carboxila do polímero, que causam a diminuição da
porosidade e consequentemente da permeabilidade do solvente fazendo com que ocorra a
precipitação do polímero (de LIMA, 2010; DE OLIVEIRA et al., 2009).
Esse mecanismo acaba garantindo uma proteção do fármaco em pH baixo já que
ocorre a formação de agregados do polímeros em meio ácido, tornando esse polímero um
excelente candidato para encapsulação de ativos. Dessa forma, esse copolímero pode ser
usado como um carreador de fármacos, nos casos em que a liberação do fármaco em meio
ácido deve ser evitada por problemas de estabilidade ou irritação da mucosa gastrointestinal
(de LIMA, 2010).
O Eudragit®
L100 apresenta-se como uma substância sólida, em forma de pó branco
com um ligeiro odor característico. Com relação à solubilidade em solventes seletivos, o
Eudragit®
L100 pode se dissolver em metanol, etanol, em misturas aquosas com álcool
isopropílico ou acetona e em soluções aquosas de hidróxido de sódio. Nestes casos,
30
apresentam-se como soluções claras, transparentes e se transformam em filmes com a
evaporação do solvente (ROWE et al., 2012).
Nadal e colaboradores (2016) prepararam micropartículas de Eudragit® L100 contendo
ácido ferúlico pela técnica de secagem por aspersão. As micropartículas obtidas foram
caracterizadas em termos de eficiência de encapsulamento, tamanho e morfologia. Os
resultados indicaram uma excelente eficiência de encapsulamento, próxima de 100%. As
análises de microscopia eletrônica de varredura mostraram que as micropartículas
apresentaram forma esférica e superfície lisa com um diâmetro médio entre 2 e 3 μm. Nos
estudos de liberação in vitro as micropartículas contendo ácido ferúlico demonstraram uma
capacidade em liberar mais lentamente o fármaco do que ele puro. A formulação escolhida
demonstrou maior citoprotecção in vitro, potencial anti-inflamatório e também melhorou o
efeito anti-plaquetário in vivo.
Rizi e colaboradores (2011) utilizaram o Eudragit® L100, para desenvolver
micropartículas contendo hidrocortisona, para tratar dermatite atópica, pelo método de
secagem por aspersão. Foi avaliada a liberação do fármaco a partir dos lotes de
micropartículas para determinar o grau de liberação em resposta ao pH e os mecanismos de
liberação do fármaco. As formulações tiveram boa estabilidade, mas não foi possível
controlar a liberação.
3.5 COMPRIMIDOS OBTIDOS ATRAVÉS DE SISTEMAS MICROPARTICULADOS
A via oral é uma das mais estudadas para a liberação de fármacos a partir de
micropartículas, bem como também, é a mais comumente utilizada para a administração de
medicamentos, pois apresenta várias vantagens: maior adesão do paciente ao tratamento;
esquema terapêutico mais simples; posologia flexível; maior segurança ao paciente em caso
de intoxicação; relativamente mais econômica e de fácil administração.
Embora micropartículas sejam uma alternativa promissora para administração oral de
fármacos, elas são raramente utilizadas como forma farmacêutica final. Dessa forma, o
desenvolvimento de uma formulação final é necessária.
As formas farmacêuticas orais podem ser líquidas (soluções, emulsões) ou sólidas
(comprimidos e cápsulas). Dentre as formas farmacêuticas sólidas que podem ser
administradas por esta via, os comprimidos são os mais comercializados e mais bem aceitos
pelos pacientes. As principais razões pelas quais os comprimidos são os mais utilizados são:
precisão de dose, facilidade de produção, conveniência da administração, melhor estabilidade
31
do fármaco e formulação do que outras formas de dosagem (ANGIOLUCCI et al., 2012;
AULTON, 2005; CHOURASIA; JAIN, 2003; ISHA et al., 2012; JOSHI; CHAUDHARY;
TEOTIA, 2013; PINTO, 2010; PRISTA, 2011; WENING; BREITKREUTZ, 2011).
Os comprimidos podem ser dose única, os monolíticos, em que ocorre a liberação do
fármaco a partir de uma unidade, ou ainda, os de múltiplas doses, formados por múltiplas
unidades em que a liberação do ativo ocorre em sub-unidades. Estes podem ser granulados,
péletes, mini-comprimidos ou micropartículas (PEZZINI; SILVA; FERRAZ, 2007).
Comprimidos são constituídos por um ou mais princípios ativos e por um conjunto de
outras substâncias, os excipientes que possuem diferentes intenções em uma formulação, tais
como, auxiliar na preparação diluindo o produto ou aglutinando suas partículas, facilitar a
desagregação do comprimido, evitar a adesão do pó facilitando seu escoamento, fornecer
estabilidade física, química e microbiológica ao produto, bem como manter a efetividade do
produto durante o armazenamento e uso (VILLANOVA, SÁ, 2009; FERREIRA;
VILLANOVA, 2006). Sendo assim, os excipientes são capazes de contornar problemas
existentes na formulação, tornando adequada a forma farmacêutica compactada. Desta forma,
existe inúmeros tipos de comprimidos e adjuvantes, variando a maneira pela qual se insere
nos diferentes tipos (ANSEL et al., 2007; AULTON, 2005; PRISTA, 2011).
Os comprimidos podem ser preparados por três métodos diferentes: compressão direta,
granulação via seca e granulação via úmida (AULTON, 2005). A compressão direta é o mais
utilizado pelas indústrias, pois é um processo com menos etapas, mais simples, mais rápido e
com menores custos quando comparado com os outros. Além disso, não precisa da adição de
água propiciando uma estabilidade maior ao produto final (AULTON, 2005; GOHEL;
JOGANI, 2005; VILLANOVA, AYRES; ORÉFICE, 2011). No entanto, a compressão de
micropartículas se torna desafiadora, pois não pode permitir que as partículas sofram
modificações, como ruptura ou deformação com consequente alteração da liberação do
fármaco (TORRADO; AUGSBURGER, 1994).
Os comprimidos microparticulados têm sido alvo de pesquisas, pois são sistemas
adequados para controlar a liberação oral de fármacos, além de apresentar vantagens frente
aos sistemas convencionais. Eles são capazes de proporcionar uma distribuição mais uniforme
do fármaco no trato gastrointestinal evitando, dessa forma, o risco de toxicidade e uma menor
variação na biodisponibilidade (CHOURASIA; JAIN, 2004).
Tung e colaboradores (2017) mascararam o sabor amargo da azitromicina,
incorporando as micropartículas em comprimidos dispersíveis. O mascaramento do sabor foi
realizado por revestimento da azitromicina com Eudragit®
L100, utilizando as técnicas de
32
secagem por aspersão e evaporação de solvente. As micropartículas apresentaram distribuição
de tamanho entre 45-212 μm e foram capazes de mascarar significativamente o sabor amargo
do fármaco. Através da espectroscopia de infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)
foi provado que o mascaramento do sabor proporcionado pelas micropartículas resulta da
interação intermolecular do grupo amina do fármaco com o grupo carbonila do Eudragit®
L100. Os comprimidos contendo as micropartículas foram preparados pela técnica de
compressão direta com diferentes excipientes. O tempo de desintegração com o Avicel® foi
menor do que com manitol e a lactose. Nos estudos in vitro foi descrita uma liberação lenta
devido ao tamanho maior das partículas após a compressão. A partir de estudos in vivo em
coelhos foi observado o aumento da biodisponibilidade da azitromicina quando comparada
com o produto comercial Zithromax®.
Abruzzo e colaboradores (2015) prepararam comprimidos mucoadesivos a partir de
micropartículas de quitosana/gelatina em diferentes proporções, contendo cloridrato de
propranolol, pela técnica de secagem por aspersão. As micropartículas apresentaram uma
morfologia diferente com base nas diferentes proporções de quitosana-gelatina. Em particular,
as micropartículas com um excesso de quitosana mostraram superfície rugosa, formato
esférico, enquanto que as micropartículas com mais gelatina, apresentaram uma superfície lisa
e uma forma colapsada irregular. Os comprimidos com um excesso de quitosana apresentaram
as melhores propriedades mucoadesivas e permitiram a permeação da maior quantidade de
fármaco entre todas as formulações. Os estudos de liberação in vitro indicaram que os
comprimidos com maior quantidade de gelatina tiveram uma liberação mais controlada,
permitindo que apenas 35% do fármaco fossem liberados em 60 min, tendo um valor de n
próximo a 1, indicando que a liberação do fármaco foi por transporte anômalo, apresentando
um comportamento não- Fickiano.
Ferreira e colaboradores (2015) prepararam comprimidos por compressão direta a
partir de micropartículas de Eudragit® S100 contendo alendronato de sódio, pela técnica de
secagem por aspersão. As micropartículas foram obtidas com um rendimento de 43,19 ±
1,13%, eficiência de encapsulação de 87,75 ± 0,31% e com uma distribuição estreita de
tamanho (SPAN de 1,43). Foram preparados comprimidos com três diluentes diferentes:
pullulan, celulose microcristalina e lactose. Eles foram avaliados quanto à dureza, peso
médio, espessura e uniformidade de conteúdo. Através dos estudos de liberação in vitro foi
possível observar que apenas o pullulan foi capaz de manter a gastrorresistência e as
propriedades de liberação das micropartículas. Sendo assim, o pullulan foi considerado um
excipiente vantajoso para a preparação de comprimidos microparticulados.
34
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 MATERIAL
4.1.1 Matérias-primas
Celulose microcristalina 102 (Microcel® 102) – Blanver (Brasil);
Cetoprofeno – Henrifarma Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda. (Brasil);
Cloreto de potássio – Dinâmica (Brasil);
Dióxido de silício coloidal – Cabot Corporation (Estados Unidos);
Eudragit® L100 – Evonik (Alemanha);
Estearato de magnésio – Henrifarma (Brasil);
Fosfato de potássio monobásico – Exodo (Brasil);
Goma gelana – CP Kelco (Brasil);
Hidróxido de sódio – Vetec (Brasil);
Polivinilpirrolidona (PVP K-30) – Delaware (Brasil).
4.1.2 Solventes e outros materiais
Cubetas de quartzo;
Membrana hidrofílica (nylon; 0,45 μm; Sartorius-EUA; diâmetro de 13 mm ou 47
mm);
Metanol UV/HPLC – Dinâmica Química Contemporânea Ltda (Brasil);
Papel filtro qualitativo, gramatura: 80 g/m2; espessura: 205 μm – J Prolab (São
José dos Pinhais, Brasil).
Outros solventes/reagentes apresentaram grau analítico e foram empregados como
recebidos.
4.1.3 Equipamentos
Agitador magnético – Tecnal TE-0851;
Agitador mecânico – IKA®
RW 20 digital;
Balança analítica – Shimadzu AUY220;
35
Calorímetro STA 6000 Perkin Elmer, Waltham;
Capela para exaustão de gases – Lucadema;
Difratômetro de raios X – Shimadzu XRD-6000;
Dissolutor – Pharma Test - 63512;
Durômetro – Pharma Test – PTB 211;
Espectrofotômetro – Shimadzu Corporation UV1800;
Equipamento IR Prestige-21 Shimadzu;
Máquina de comprimir excêntrica – Neuberger;
MasterSizer®
3000 E – Malvern;
Metalizador IC-50 Ion Coater Shimadzu.
Microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo Tescan, modelo Mira
3, Brno;
Paquímetro – Somet;
Potenciômetro – pH 21 pH/mV meter - Hanna Instruments;
Secador por aspersão - LM MSD 1.0 – LabMac do Brasil LTDA;
Ultrassom – ALT Sonic Clean 3PA;
Volúmetro de compactação – Pharma Test, modelo PT-TD.
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Preparação dos sistemas microparticulados
As micropartículas foram preparadas pela técnica de secagem por aspersão, utilizando
três diferentes proporções dos polímeros Eudragit®
L100 e goma gelana (1:1, 1,5:1 e 0,5:1).
Previamente, uma dispersão alcalina de Eudragit® L100 foi preparada por meio de agitação
magnética do polímero em 200 mL de NaOH 0,05 M. No passo seguinte, a goma gelana foi
adicionada à dispersão de Eudragit® L100 sob agitação mecânica durante 5 min. A mistura foi
mantida a 4 °C durante 24 h. Em seguida, o cetoprofeno foi dissolvido na dispersão dos
polímeros sob agitação magnética durante 5 min. As formulações foram preparadas de
acordo com a composição descrita na Tabela 1. A mistura foi seca no secador por aspersão
sob as seguintes condições:
- temperatura de entrada de ar: 120 °C
- temperatura de saída de ar: 80 °C ± 1,29
36
- fluxo de ar de atomização: 40 NL/h
- pressão de atomização de ar: 3,0 kgf / cm2
- bico aspersor: 1,2 mm
Cabe ressaltar que apenas a temperatura de entrada de ar foi otimizada. As partículas
foram coletadas a partir do ciclone com auxílio de um pincel e armazenadas em frascos de
plástico com parede dupla em dessecador.
Micropartículas brancas foram obtidas nas mesmas condições, excluindo o
cetoprofeno. Todas as preparações obtidas foram armazenadas a temperatura ambiente, em
recipientes hermeticamente fechados, ao abrigo da luz, no interior de dessecador a vácuo.
Tabela 1 – Composição quali-quantitativa das micropartículas contendo cetoprofeno
Formulação
Eudragit L100®
(g)
Goma Gelana
(g)
Cetoprofeno
(g)
T1 1,0 1,0 0,5
T2 1,5 0,5 0,5
T3 0,5 1,5 0,5
4.2.2 Validação do método analítico para quantificação do cetoprofeno presente nas
micropartículas
A validação foi realizada segundo os parâmetros preconizados pela International
Conference on Harmonisation (ICH, 2005) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA, 2017): especificidade, linearidade e precisão.
Para a linearidade, foram preparadas três soluções de referência contendo 0,5 mg/mL
de cetoprofeno em NaOH 0,05 M, em três dias diferentes. A partir destas soluções, foram
preparadas três curvas analíticas constituídas pelas concentrações de 2,5, 5, 10, 15, 20 e 25
µg/mL, nos três dias diferentes, e os dados foram avaliados através da regressão linear pelo
método dos mínimos quadrados (n=3).
Para a especificidade, cerca de 29 mg de micropartículas brancas, de cada uma das três
formulações, foram exatamente pesadas e transferidas para balões volumétricos de 50,0 mL.
Em seguida, adicionou-se NaOH 0,05 M e o balão volumétrico permaneceu no ultrassom por
30 min, tendo seu volume aferido com NaOH 0,05 M. Após, a amostra foi filtrada e 5 mL
37
desse filtrado foram diluídos em balão volumétrico de 25 mL com água deionizada. Espectros
de varredura entre 300 e 900 nm foram então obtidos em espectrofotômetro usando água
como branco.
Quanto à precisão do método, avaliou-se a repetibilidade (intra-dia; n=6) e a precisão
intermediária (inter-dias; n=6). Assim, foram preparadas seis diluições em NaOH 0,05 M a
partir de uma mesma amostra de micropartículas contendo cetoprofeno, na concentração
teórica de 172, 4 mg/g, sob as mesmas condições, no mesmo dia (intra-dia) e no outro dia
consecutivo (inter-dia). Os resultados foram expressos através do coeficiente de variação
percentual (CV%) intra-dia, bem como também inter-dia.
4.2.3 Caracterização das micropartículas poliméricas
Cada formulação foi avaliada, logo após a preparação, em triplicata de lote, através da
determinação dos seguintes parâmetros: rendimento, teor e eficiência de encapsulação,
tamanho e distribuição granulométrica e morfologia.
4.2.3.1 Rendimento das micropartículas
O rendimento das formulações foi calculado pela razão entre a massa de
micropartículas obtida e o somatório das massas das matérias-primas de cada formulação,
excluindo-se a água, conforme a Equação 1.
R(%) =
x 100 Equação (1)
4.2.3.2 Determinação do teor de cetoprofeno e eficiência de encapsulação
O experimento consistiu em pesar uma massa exata de micropartículas, equivalente a
29 mg. Esse material foi transferido para balão volumétrico de 50 mL, ao qual foi adicionado
NaOH 0,05 M, permanecendo em ultrassom por 30 min. Após, o balão volumétrico foi
completado com NaOH 0,05 M para ajuste do seu volume final. Na sequência, a amostra foi
filtrada e 5 mL desse filtrado foram dluídos em balão volumétrico de 25 mL com água
38
deionizada. A absorbância das soluções resultantes foi determinada em espectrofotômetro a
254 nm, usando água para zerar o equipamento. A eficiência de encapsulação (EE %) foi
calculada a partir da diferença entre a massa de fármaco inicialmente adicionado em cada
formulação e a massa presente nas formulações, conforme demonstrado na Equação 2.
EE
Equação (2)
4.2.3.3 Determinação do tamanho de partículas e distribuição granulométrica
O diâmetro médio e a distribuição de tamanho de partícula foram determinados por
difratometria a laser, utilizando o equipamento Mastersizer 3000 E®, após dispersão adequada
das amostras em 250 mL de etanol. O diâmetro médio baseado no volume (d4,3) foi utilizado
como parâmetro para a distribuição de tamanho das partículas. Medidas do diâmetro de
partículas correspondentes a 10 %, 50 % e 90 % da distribuição acumulada (d0,1, d0,5 e d0,9,
respectivamente) também foram realizadas. Por meio dessas medidas foi determinado o
SPAN, definido como uma medida da dispersão granulométrica, o qual relaciona os valores
encontrados do diâmetro das partículas correspondentes a 10 %, 50 % e 90 % da distribuição
acumulada para uma amostra (Equação 3):
Equação (3)
4.2.3.4 Avaliação da morfologia das micropartículas
A análise morfológica foi realizada por microscopia eletrônica de varredura (MEV),
do cetoprofeno, goma gelana, Eudragit®
L100 e das micropartículas T1, T2 e T3 contendo
cetoprofeno (0,5%). As amostras foram submetidas à metalização com ouro em metalizador
IC-50 Ion Coater (SHIMADZU, Quioto, Japão). Para obtenção das microfotografias foi
empregada voltagem de aceleração de 15 kV e software específico (Electron Optical Design).
39
A morfologia também foi observada através de microscópio óptico (Olympus
PMPBK-3), empregando aumento de 40 vezes, após distribuir as micropartículas em uma
lâmina. Uma câmera digital foi utilizada para fotografar a imagem obtida através da objetiva.
4.2.3.5 Calorimetria exploratória diferencial
A Calorimetria exploratória diferencial (DSC –Differential Scanning Calorimetry), foi
realizada com o objetivo de verificar possíveis alterações na temperatura de transição dos
constituintes após o processo de obtenção das micropartículas. Foram obtidas as curvas de
DSC do fármaco puro, dos polímeros, das micropartículas com e sem o cetoprofeno.
As amostras foram colocadas em célula calorimétrica de alumina. O instrumento STA
6000 (Perkin Elmer, Waltham, MA, Estados Unidos) foi calibrado usando índio (In; P.F.=
156,6ºC; ∆Hfusão = 28,54 J/g) como padrão. As amostras foram aquecidas a uma taxa
constante de 10 ºC/min, de 20 a 300 °C, sob fluxo de nitrogênio (50 mL/min) constante.
4.2.3.6 Termogravimetria
A análise termogravimétrica foi realizada no mesmo equipamento, STA 6000 (Perkin
Elmer, Waltham, MA, Estados Unidos), utilizando célula calorimétrica de alumina, onde as
amostras foram aquecidas a uma taxa constante de 10 ºC/min, de 20 a 600 °C, sob fluxo de
nitrogênio (50 mL/min) constante.
4.2.3.7 Difração de Raios-X
Os difratogramas foram obtidos a partir do difratômetro de raios X Shimadzu XRD-
6000, scan de 2 º/min e 2 de 5º a 80º, radiação Kα de cobre (=1.5418 Å), corrente de 40
mA e voltagem de 40 kV, para a observação de possíveis picos indicativos de cristalinidade.
As análises foram realizadas para o cetoprofeno, Eudragit® L100, Goma Gelana e
micropartículas com e sem o fármaco (T1, T2 e T3).
4.2.3.8 Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (IVTF)
Foram preparadas pastilhas de brometo de potássio (KBr), empregando 4 mg de cada
amostra e 196 mg de KBr grau espectroscópico (2%, m/m) e submetidas à análise no
40
equipamento IR Prestige-21 (SHIMADZU, Quito, Japão), na faixa de 4000-400 cm-1
, com
resolução de 4 1/cm e 32 scan/min. Os espectros obtidos das micropartículas com o fármaco
foram avaliados frente aos espectros do fármaco puro, Eudragit® L100, goma gelana e da
formulação branca referente.
4.2.3.9 Determinação das densidades bruta e de compactação
A densidade bruta foi determinada através de amostras de 1 g de micropartículas, das três
formulações em triplicata, as quais foram transferidas cada uma para uma proveta de 10 mL e
o volume inicial (vo) ocupado pelos pós foi registrado. A densidade de compactação foi
definida utilizando o volúmetro de compactação (Pharma Test, modelo PT-TD), até que o
volume permanecesse constante após sucessivas compactações, não variando mais que 1 mL
entre uma leitura e outra. As leituras dos volumes foram realizadas antes do teste (Vo) e ao
final de 10 (V10), 500 (V500) e 1250 (V1250) compactações. As densidades bruta e de
compactação foram estabelecidas conforme as equações 4 e 5.
Equação (4)
Equação (5)
Onde: m = massa da amostra (g)
4.2.3.10 Avaliação do fluxo
As propriedades de fluxo dos pós microparticulados foram avaliadas através do
cálculo do Índice de Carr (IC) (Equação 6) e do Fator de Hausner (FH) (Equação 7) a partir
dos valores de densidade bruta e de compactação.
Equação (6)
41
Logo abaixo segue a tabela 2 com a classificação dos tipos de fluxo estipulados
conforme descrito por Aulton (2005):
Tabela 2 – Classificação entre fluxo e Índice de Carr
Fluxo Índice de Carr (%)
Excelente 5 – 12
Bom 12 – 18
Razoável 18 – 21
Ruim/ fluido 21 – 25
Ruim/ coesivo 25 – 32
Muito ruim 32 – 38
Extremamente ruim > 40
Em 1967, Hausner definiu um segundo índice semelhante ao de Carr. Valores menores
que 1,25 indicam que o pó apresenta boa fluidez, enquanto valores menores que 1,25 indicam
que a fluidez do pó é pobre (AULTON, 2005).
Equação (7)
4.2.4 Estudos de liberação in vitro
Os ensaios de liberação in vitro foram realizados com as três formulações de
micropartículas contendo o fármaco e com o cetoprofeno puro. Estes foram devidamente
pesados para obtenção de uma massa exata correspondendo a 54 mg de cetoprofeno e
acondicionados em cápsulas de gelatina incolor nº 0. Foram empregados, como meios de
dissolução, soluções com diferentes valores de pH, simulando a variação que ocorre ao longo
do trato gastrintestinal e garantindo-se, assim, as condições sink. Para tanto, foi empregado o
aparato 1 (cesta) do dissolutor de cubas Pharma Test – 63512, mantendo a temperatura do
sistema em 37 ± 0,5 °C, sob agitação a 100 rpm por um período total de 6 h para dissolução e
2 h para avaliação da gastrorresistência. Para o ensaio de dissolução, o meio utilizado foi
tampão fosfato pH 6,8 (691 mL de KH2PO4 0,2 M e 309 mL NaOH 0,2 M) e para a
42
gastrorresistência o meio utilizado foi HCl 0,1 M pH = 1,2 (225 mL KCl 0,2 M e 382,5 mL
HCl 0,2 M) em volume de 900 mL para ambos os meios. Em intervalos de tempo pré-
estabelecidos, alíquotas de 3 mL foram coletadas, com a reposição do meio em igual volume,
e quantificadas em espectrofotômetro Shimadzu Corporation UV1800 em 254 nm. Utilizando
uma curva de calibração de fármaco calculou-se a percentagem de cetoprofeno liberada para o
meio em função do tempo. Todo o procedimento foi realizado em triplicata.
Para este experimento foi preparada uma solução-mãe de cetoprofeno em NaOH 0,05
M (0,5 mg/mL). A partir desta, uma curva analítica (2,5 a 25 µg/mL) foi preparada e diluída
em meio de liberação, para o experimento de dissolução, e em metanol, para o experimento de
gastrorresistência.
Os resultados obtidos nesse estudo foram analisados em um gráfico relacionando o
percentual de fármaco liberado em função do tempo.
Os perfis de liberação in vitro do cetoprofeno, puro ou a partir das micropartículas,
foram analisados através de modelagem matemática, utilizando o software Scientist 2.0
(MicroMath®, USA), empregando as equações de primeira ordem monoexponencial (equação
8) e biexponencial (equação 9), bem como o modelo de Korsmeyer-Peppas (equação 10).
C= C0 .e-k.t
Equação (8)
C= C0. [ A.e-α.t
+ B. e-β.t
] Equação (9)
𝑓𝑡 = 𝑎 × 𝑡𝑛 Equação (10)
Onde, C é a concentração no tempo t, C0 é a concentração inicial do fármaco, k, α e β
são as constantes de velocidade de liberação, ft é a fração de fármaco liberada no tempo t
(horas), “a” é a constante que incorpora características estruturais e geométricas do sistema
de liberação e “n” é o expoente que indica o mecanismo de liberação do fármaco.
43
4.2.5 PREPARAÇÃO dos comprimidos contendo cetoprofeno associado às
micropartículas
Foram produzidos 3 lotes contendo 20 comprimidos com peso médio de 350 mg. Para
tanto, as micropartículas, em quantidade equivalente a 50 mg de fármaco por comprimido,
foram misturadas aos seguintes excipientes: estearato de magnésio (lubrificante; 1,0% p/p),
polivinilpirrolidona (aglutinante; 15% p/p), dióxido de silício coloidal (deslizante; 0,5% p/p) e
celulose microcristalina (diluente; qsp 350 mg). Após misturar os pós em um gral de vidro,
durante 10 min, a mistura foi submetida à compressão direta em máquina excêntrica
(Neuberger Press), com punção de 13 mm, em modo manual. Também foram produzidos
comprimidos de cetoprofeno, por compressão direta, utilizando-se os mesmos excipientes dos
comprimidos microparticulados, sem a presença das micropartículas, para fins comparativos.
4.2.5.1 Caracterização tecnológica dos comprimidos obtidos
Os comprimidos desenvolvidos foram caracterizados em relação ao peso médio,
dureza, espessura, teor e uniformidade de conteúdo. A análise do peso médio dos
comprimidos foi realizada através da média aritmética do peso de 20 comprimidos. A dureza
e a espessura foram determinadas através da análise de 10 comprimidos, com auxílio de um
durômetro (Pharma Test) para a dureza e um paquímetro para a espessura. O teor de
cetoprofeno nos comprimidos foi determinado espectrofotometricamente, após a extração do
fármaco com NaOH 0,05 M, utilizando a metodologia citada no item 4.2.3.2. A técnica
consistiu em triturar cinco comprimidos e pesar 350 mg do pó em balão volumétrico de 50
mL, adicionar hidróxido de sódio 0,05 M e levar ao agitador magnético por 30 min. O balão
foi então completado com NaOH 0,05 M para ajuste do volume final. Em seguida, uma
alíquota foi colocada em um balão volumétrico de 50 mL, juntamente com água deionizada, e
submetida ao ultrassom por 45 min. Depois de completado o volume do balão volumétrico
com água deionizada (concentração teórica de 1,0 μg/mL), a amostra foi analisada
espectrofotometricamente em 254 nm. Cabe salientar que foi realizado teste de otimização da
extração de cetoprofeno, a partir do triturado, avaliando-se diferentes tempos de ultrassom,
sendo a metodologia acima a mais adequada. A uniformidade de conteúdo consistiu em
verificar se a quantidade do ativo está uniforme em unidades individuais de um lote (n=3).
Cada comprimido foi triturado num gral de vidro e transferido para balão volumétrico de 50
mL, utilizando a mesma técnica do item 4.2.3.2.
44
4.2.5.2 Estudo de liberação in vitro do cetoprofeno a partir dos comprimidos
Os estudos para avaliação do perfil de liberação in vitro foram procedidos após a
otimização do método de preparo dos comprimidos. Os comprimidos de 350 mg foram
previamente preparados e armazenados em dessecador até que o ensaio iniciasse. Os mesmos
foram avaliados em dissolutor, sob as condições empregadas para avaliação das
micropartículas (item 4.2.4).
4.2.6 Análise estatística
Os resultados foram tratados estatisticamente pela análise de variância (ANOVA),
seguida por comparações múltiplas pelo método de Tukey e o nível de significância adotado
foi 5%. Resultados onde o valor de p apresenta valores maiores que 0,05, indica que não
houve diferença significativa nos tratamentos empregados.
46
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO PARA QUANTIFICAÇÃO DE
CETOPROFENO PRESENTE NAS MICROPARTÍCULAS
O principal objetivo de se validar um método analítico é garantir que este é seguro,
reprodutível e que os resultados obtidos com a sua execução são confiáveis (GONZÁLEZ;
HERRADOR, 2007; TAVERNIERS; DE LOOSE; VAN BOCKSTAELE, 2004).
A quantificação do cetoprofeno nas micropartículas foi realizada por espectroscopia
no ultravioleta, a 254 nm, comprimento de onda determinado, previamente, por varredura
(Figura 6).
Figura 6 – Espectro do cetoprofeno
Considerando as três curvas analíticas elaboradas para a determinação quantitativa do
cetoprofeno por espectrofotometria, o estudo mostrou linearidade adequada na faixa de
concentração de 2,5 a 25 μg/mL, com um valor de coeficiente de correlação (r) médio igual a
0,9997, estando de acordo com os parâmetros estabelecidos pela ANVISA. Estes resultados
foram confirmados pela análise estatística que indicou uma regressão linear significativa
(ANOVA, p<0,05). A Figura 7 ilustra a curva analítica média obtida para quantificação do
fármaco em água, apresentando a equação da reta e o valor do r médio encontrado.
47
Figura 7 – Representação gráfica da curva analítica padrão para a determinação do
cetoprofeno obtida por espectrofotometria (λ = 254 nm), em água
Os resultados de repetibilidade (precisão intra-dia) e de precisão intermediária
(precisão inter-dias), expressos em termos de desvio padrão e de coeficiente de variação, estão
apresentados na Tabela 3. Para ambos os estudos, os valores de CV, foram inferiores a 5%,
respectivamente, demonstrando a repetibilidade e a precisão intermediária do método
analítico empregado (ANVISA, 2017). Vale ressaltar que para as análises de precisão foi
escolhida a formulação T2.
Tabela 3 – Análise de precisão
Amostra
Teor (%) ± DP*
CV** (%)
Dia 1 (n=6)
94,65 ± 0,18 0,19
Dia 2 (n=6)
94,76 ± 0,24 0,25
Inter-dias (n=12)
94,71 ± 0,08
0,08
*DP = desvio padrão; **CV = coeficiente de variação
Para que um método seja considerado específico, ele deve ser capaz de quantificar
exatamente o fármaco sem que ocorra interferência de outros componentes da formulação,
bem como de impurezas (ANVISA, 2017; GIL, 2010; ICH, 2005; STORPIRTIS et al., 2011).
0,158 ± 0,005
0,295 ± 0,006
0,591 ± 0,006
0,914 ± 0,008
1,219 ± 0,004
1,528 ± 0,002
y = 0,0613x - 0,0073 r = 0,9997
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0 5 10 15 20 25 30
Ab
sorb
ânci
a
Cetoprofeno (µg/mL)
0,914 ± 0,008
0,591 ± 0,006
1,219 ± 0,004
1,528 ± 0,002
0,295 ± 0,006
0,158 ± 0,005
48
Nesse trabalho, a especificidade foi determinada pela análise das absorbâncias das
micropartículas das três formulações preparadas sem o fármaco em comparação com os
espectros obtidos para as micropartículas que contém o cetoprofeno. As análises mostraram
que não há absorção relevante das micropartículas brancas no comprimento de onda de
análise, demonstrando a especificidade do método.
5.2 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS MICROPARTÍCULAS POLIMÉRICAS
CONTENDO CETOPROFENO
As micropartículas contendo cetoprofeno, a partir da blenda Eudragit®
L100 e goma
gelana, que compõem os sistemas microparticulados T1, T2 e T3 foram obtidas com êxito
pelo método de secagem por aspersão obtendo-se, assim, micropartículas poliméricas de
172,4 mg/g de cetoprofeno. Cabe lembrar que previamente à secagem das amostras, água foi
circulada pelo equipamento para estabilizar a temperatura.
Após a secagem, as micropartículas apresentaram um aspecto macroscópico de pós
finos, coloração branca tendendo ao bege, dependendo da concentração de goma gelana na
formulação, como mostra a Figura 8. Desta forma, a formulação T2 que contém a menor
quantidade de goma gelana, apresentou coloração quase branca, enquanto que a formulação
T3 que apresenta a maior quantidade do polissacarídeo, se mostrou mais amarelada. Fato
semelhante foi observado no estudo de Velasquez e colaboradores (2014), onde foi observado
que as amostras que continham maior concentração do polissacarídeo Pullulan eram mais
amareladas.
49
Figura 8 – Aspecto macroscópico das micropartículas contendo cetoprofeno a partir da
blenda Eudragit® L100 e goma gelana
Nas Tabelas 4 e 5 são mostrados os resultados da caracterização das micropartículas.
Tabela 4 – Caracterização das micropartículas contendo cetoprofeno logo após a preparação
T1 T2 T3
RENDIMENTO (%)
27 ± 3 47 ± 3 35 ± 1
EE (%)
98,98 ± 2,57 99,01 ± 2,82 99,13 ± 3,02
TEOR (mg/g)
170,64 ± 1,29 170,69 ± 2,08 170,90 ± 1,94
* Média ± DP (n=3)
O rendimento do processo de secagem por aspersão variou de 27 a 47% e a presença
do fármaco não influenciou este parâmetro, visto que para as micropartículas brancas o
rendimento variou de 25 a 45%. Valores semelhantes de rendimento, de 31 a 42%, foram
encontrados por Velasquez e colaboradores (2014) para micropartículas de Eudragit® S100 e
Pullulan preparadas no mesmo equipamento.
Esses valores de rendimento obtidos são considerados aceitáveis a partir do método
empregado e podem ser justificados pela adesão do pó na câmara de secagem, ou ainda,
50
devido a baixa eficiência do ciclone na coleta de partículas mais finas (BITTNER et al., 1998;
GOULA, 2003; RATTES; OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA; BOTT; SOUZA, 2006; SOUZA;
OLIVEIRA, 2006). De acordo com a literatura, micropartículas obtidas pela técnica de
secagem por aspersão, geralmente possuem rendimento entre 30 e 50% em escala laboratorial
(BITTNER et al., 1998; BRUSCHI et al., 2003).
As micropartículas elaboradas com menor quantidade de goma apresentaram o maior
rendimento, pois uma menor quantidade do polissacarídeo ficou aderida às paredes da câmara
de secagem havendo, dessa forma, menos perdas durante o processo. De acordo com
Bilancetti e colaboradores (2010), os parâmetros utilizados no processo influenciam
diretamente no rendimento, tamanho, e disposição das partículas. Já para Gonçalves e
colaboradores (2016), o principal parâmetro que irá influenciar no rendimento do processo
será a temperatura de entrada. Em seu mais recente estudo, Gonçalves e colaboradores
(2017), utilizaram uma temperatura de entrada relativamente alta (150 °C), fazendo com que
suas micropartículas de goma arábica e óleo de coco contendo vitmina A, tivessem
rendimentos muito baixos de 13,6 e 28,6% devido a perdas por adesão nas paredes do
equipamento. Por outro lado, no estudo de Estevinho e colaboradores (2016), foi empregada
uma temperatura de entrada mais baixa (120 °C) para secagem de quitosana e alginato de
sódio contendo vitaminas C e B12 e observou-se a deposição de partículas no cilindro e/ou na
parede do ciclone do secador por aspersão, resultando em baixos rendimentos do produto.
Com relação à eficiência de encapsulação, a quantificação espectrofotométrica
demonstrou valores muito próximos de 100%, indicando uma perda mínima de cetoprofeno.
Já o doseamento foi realizado em triplicata, frente a método analítico previamente validado na
faixa de 2,5 - 25 µg/mL (r = 0,999), obtendo-se teores de cetoprofeno próximos de 172,4
mg/g (valor teórico).
É importante considerar a relação entre fármaco e polímero, pois estes podem
influenciar os valores de EE (MAGHSOODI, 2009). Todas as formulações preparadas pelo
método de secagem por aspersão apresentaram valores adequados de EE%, conforme o
esperado pela técnica. Os valores de EE% para as micropartículas das formulações foram
próximos 99%, e não apresentaram diferença estatística significativa entre si (p > 0,05).
Das e colaboradores (2016) desenvolveram microesferas de etilcelulose e Eudragit®
RL100 contendo cetoprofeno pelo método de evaporação de solvente e obtiveram valores de
eficiência de encapsulação próximos a 90%. Prezotti e colaboradores (2014), ao elaborar
grânulos mucoadesivos de goma gelana-pectina contendo cetoprofeno pelo processo de
51
geleificação ionotrópica, verificaram valores de eficiência de encapsulação variando entre
52,22 a 88,78%.
Também foi avaliado o tamanho (tabela 5) e a distribuição de tamanho das partículas
das três amostras (figura 8) através do cálculo do índice SPAN, que representa a amplitude da
distribuição de tamanho de partícula (KAWADKAR; CHAUHAN, 2012).
Tabela 5 – Tamanho e distribuição granulométrica (n=3)
FORMULAÇÃO
T1
T2 T3
D (4,3) (µm)
11,0 ± 2,6
7,8 ± 0,2
8,6 ± 0,2
d (v, 10%) (µm)
2,3 ± 0,3 1,7 ± 0,3 2,0 ± 0,2
d (v, 50%) (µm)
8,3 ± 1,8 5,5 ± 0,9 6,3 ± 0,1
d (v, 90%) (µm)
16,6 ± 1,4 14,3 ± 1,5 15,6 ± 0,4
SPAN
1,9 ± 0,1 1,9 ± 0,1 2,1 ± 0,1
A distribuição do tamanho de partícula de um fármaco influencia várias características
físico-químicas, tais como: taxa de dissolução, biodisponibilidade, uniformidade de conteúdo,
estabilidade, bem como as propriedades de fluxo (AGUIAR et al., 2017; ANSEL;
POPOVICH; ALLEN, 2007). É possível observar que os valores de diâmetro médio
encontrados para as formulações T1, T2 e T3 são muito semelhantes entre si. Como pode ser
observado na tabela 5, as análises de difração a laser mostraram que o tamanho variou de 7,8
a 11 µm, estando de acordo com os tamanhos de micropartículas obtidos em outros estudos,
através do mesmo método de preparação (AGUIAR et al., 2017; BECK-BROICHSITTER;
STREHLOW; KISSEL, 2015; GONÇALVES; ESTEVINHO; ROCHA, 2017). Esta faixa de
tamanho é compatível com a técnica de secagem por aspersão. O Span próximo de 2 indica
uma homogeneidade no tamanho das partículas e está adequado para pós microparticulados
cujo objetivo é a administração oral.
Na figura 9 estão apresentados os gráficos de distribuição granulométrica das
partículas obtidas. Como pode ser observado, ao acrescentar o fármaco nas micropartículas,
foi possível perceber um alinhamento nos gráficos, indicando uma homogeneidade no
tamanho das partículas.
52
Figura 9 – Distribuição de diâmetro das micropartículas de Eudragit® L100 e goma gelana
em diferentes proporções, contendo ou não cetoprofeno, obtidos através de
difração a laser: 2A: MPs branca; 2B: MPs T1, T2 e T3; 2C: 2A + 2B
Mps branca T1 MPs branca T2 MPs branca T3
MPs T1 MPs T2 MPs T3
A figura 10 mostra as imagens das três formulações de micropartículas, obtida através
de microscópio óptico. As imagens da microscopia ótica mostraram partículas com formato
esférico para os três sistemas, o que é compatível com outros estudos que mostram o
desenvolvimento de partículas por secagem por aspersão (AGUIAR et al., 2017).
2A
2B
2C
T1
BR
T2
T3
T2Br T3Br
T1Br
53
Figura 10 – Imagens das micropartículas contendo cetoprofeno, obtidas através de
microscópio óptico (aumento 40 vezes): A: T1; B: T2 e C: T3
A MEV é muito utilizada por apresentar alta resolução e forma tridimensional das
imagens geradas. Ela permite identificar a morfologia de amostras sólidas (CHIENG;
RADES; AALTONEN, 2011), além de ser utilizada para analisar o tamanho de partícula de
um fármaco e outras características (LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001; AULTON,
2005, GAUMET et al., 2008).
Os resultados obtidos por MEV para o cetoprofeno e para os polímeros Eudragit®
L100 e goma gelana estão indicados na Figura 11. Foi observado que o fármaco (Figura 11A)
se apresentou como cristais de forma irregular, o que está em conformidade com os estudos
de Yadav e colaboradores (2013). Já a goma gelana (Figura 11B) apresenta uma estrutura
irregular, como observado também por Prezotti e colaboradores (2014).
A
B
C
54
A análise morfológica das partículas de Eudragit® L100 (Figura 11C) revelou uma
conformação fechada esférica devido à alta atração intermolecular entre os grupos hidróxido e
carboxila do polímero, que causam à diminuição da porosidade. Santos (2013) também
comprovou a existência de partículas esféricas de Eudragit® L100.
Figura 11 – Aspectos morfológicos do cetoprofeno puro (A), goma gelana (B) e do Eudragit®
L100 (C) por MEV, aumento de 500 X
As imagens obtidas por MEV para as micropartículas com e sem o fármaco estão
indicadas na Figura 12. As imagens mostraram que todas as amostras apresentaram superfície
A
C
B
55
lisa com uma forma esférica colapsada. Essa morfologia colabada das partículas é
característica do processo de secagem por aspersão, visto que o líquido passa pelo atomizador
rapidamente gerando gotas com uma arquitetura fixa, refletindo na estrutura das partículas
secas e ocas formadas. Essa morfologia foi observada em outros estudos que empregaram o
mesmo método de preparação (ALVIM et al., 2016; CESCHAN et al., 2016; CRUZ et al.,
2010a; KLEIN et al., 2015). Interessante também relatar que não foram observados cristais de
cetoprofeno aderidos à superfície dessas partículas o que também foi relatado por Lins (2012).
Além disso, com o aumento da concentração de goma gelana, observou-se que as
micropatículas apresentaram morfologia mais colapsadas.
56
Figura 12 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das micropartículas T1 (A), T2 (C) e
T3 (E) com CET e das micropartículas T1B (B), T2B (D) e T3B (F) sem fármaco
Através da técnica de difração de raios X é possível identificar alterações na estrutura
dos cristais do fármaco e estas podem gerar mudanças na biodisponibilidade e estabilidade do
mesmo (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2007). A principal aplicação da difração de raios X
refere-se à identificação de compostos cristalinos, pois a difração só ocorre em amostras
E
D C
F
A B
57
cristalinas, já que amostras amorfas não promovem difração (ALBERS et al., 2002). Os perfis
obtidos a partir das análises de difração de raios X estão ilustrados na Figura 13.
Figura 13 – Difratograma das micropartículas com fármaco (T1, T2 e T3), sem fármaco (T1B,
T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit® L100 (EUD L100) e goma gelana
(GG)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
T3
T2
T1
T3 B
T2 B
T1 B
GG
CETO
EUD L100
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
O cetoprofeno é um sólido cristalino, que no difratograma apresenta seus picos
característicos. Neste estudo foram tomados como referência os picos mais estreitos que se
referem a regiões cristalinas com maior intensidade relativa para o fármaco puro: 2θ = 6.30o,
14.36°, 18.53° e 22.88°. Já o Eudragit® L100 apresentou um difratograma com pico mais
alargado, indicando um comportamento mais amorfo. As micropartículas produzidas não
apresentaram os picos relativos ao cetoprofeno, o que indica a dispersão do fármaco na matriz
polimérica, sugerindo que o processo usado para a microencapsulação influenciou na
cristalinidade do fármaco, ou seja, o mesmo sofreu amorfização, condizendo com os
resultados obtidos por calorimetria exploratória diferencial e microscopia eletrônica de
varredura. Este fenômeno pode ser atribuído à secagem por aspersão, técnica que
frequentemente produz compostos amorfos devido ao rápido processo de secagem, o que
impede a organização de uma estrutura cristalina (ASADA et al., 2004). O mesmo
comportamento foi observado por Nadal (2016) e outros autores, envolvendo o uso de
polímeros e subsequentemente a secagem por aspersão (SHU, et al., 2006).
58
Além disso, foi verificado que os difratogramas das micropartículas, preparadas na
presença e na ausência do fármaco, indicaram perfis semelhantes aos obtidos para os
polímeros de partida.
Souza e Oliveira (2012) observaram que a cristalinidade do cetoprofeno puro pode ser
facilmente verificada pelo seu padrão de raios X e que os resultados da técnica para as
micropartículas com cetoprofeno mostraram uma diminuição dos picos cristalinos, indicando
uma fraca interação entre o fármaco e o polímero corroborando com os dados observados no
presente estudo.
Foram obtidos os espectros de infravermelho do fármaco, dos polímeros e das
micropartículas contendo ou não o fármaco (Figura 14) com o objetivo de estudar a
ocorrência de possíveis interações fármaco-polímero ou possíveis alterações químicas dos
componentes das micropartículas após o processo de produção.
Figura 14 – Espectros IVTF das micropartículas com fármaco (T1, T2 e T3), sem fármaco
(T1B, T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit® L100 (EUD L100) e goma
gelana (GG)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
T3
T2
T1
T3 B
T2 B
T1 B
GG
CETO
EUD L100
Tra
nsm
itâ
ncia
(u
.a.)
Número de onda (cm-1)
Para o espectro do cetoprofeno foi possível detectar vários picos bem peculiares.
Bandas características em 1698 e 1655 cm-1
referentes às deformações axiais de C=O
59
carboxílica e cetônica, respectivamente. Um pico largo foi identificado entre 2700 e 3300
cm-1
devido à deformação axial do grupamento –OH que faz ligações de hidrogênio. Já as
bandas acima de 3000 cm-1
podem ser atribuídas à deformação axial de ligações C–H. Os
picos em 1445, 1575 e 1598, cm-1
são referentes às ligações C=C dos anéis aromáticos. Outra
banda bem característica desse ativo é a de 1228 cm-1
relativa à deformação angular no plano
da ligação C–OH. A Figura 15 destaca os principais grupos funcionais evidenciados nos
espectros de infravermelho.
No espectro da goma gelana foi verificada uma banda em 3624 cm-1
que é atribuída a
hidroxilas do anel da glicopiranose, que formam ligações de hidrogênio. As bandas em 1162
cm-1
e uma perto de 1030 cm-1
correspondem, respectivamente, à deformação axial de
ligações C–O etérea e hidroxílica. Um pico em 2933 cm-1
é relativo à deformação axial de
grupos –CH2. Já as bandas em 1611 e em 1469 cm-1
ocorrem devido à presença de ânions
carboxilato (COO-).
Figura 15 – Bandas características do cetoprofeno
O Eudragit® L100 é um copolímero aniônico à base de ácido metacrílico metacrilato
de metila formado por grupos de ácido metil metacrilato (de OLIVEIRA et al., 2009). A
presença simultânea de grupos carboxílicos e ésteres no copolímero torna o sinal um pouco mais
complexo do que quando comparado com moléculas que apresentam apenas um destes devido à
possibilidade de interações desses grupos dentro e fora da cadeia. O espectro desse copolímero é
caracterizado por uma banda em 3500 cm-1
que é atribuída à forma livre do ácido carboxílico,
enquanto as bandas em 3000 e 1736 cm-1
são relativas de CHx e de éster carboxílico,
respectivamente. Já as bandas 1195 e 1165 cm-1
são referentes a ligações CO de éster
carboxílico e de ácido nessa ordem.
60
Os espectros das micropartículas contendo cetoprofeno (T1 e T2) apresentaram picos
intensos em 1698 e 1655 cm-1
, característicos do cetoprofeno, enquanto estes estavam
ausentes nos espectros das micropartículas sem o fármaco (T1B e T2B), o que era esperado.
A calorimetria exploratória diferencial é uma das análises térmicas mais utilizadas na
área farmacêutica para avaliar a estabilidade térmica e oxidativa de fármacos (BERNAL et al.,
2002; DUNCAN; MIKE, 2006). Essa técnica consiste em medir o fluxo de calor entre uma
amostra e um material de referência em função da temperatura ou fluxo de calor. Este teste
fornece informações de temperaturas dos eventos endotérmicos ou exotérmicos que
ocorreram durante a análise da amostra (ANVISA, 2010).
A curva de DSC da goma gelana mostrou um pico endotérmico entre 70 e 140°C,
correspondente à evaporação de água e um pico exotérmico entre 240 e 260 °C, que pode ser
atribuídos à degradação do polímero, ambos muito semelhantes aos encontrados por VERMA
et al. (2012).
A curva de DSC do Eudragit® L100 mostrou eventos endotérmicos em 125 e 225 ºC,
atribuídos à ruptura de ligações intramoleculares, com eliminação da água para a formação do
anidrido (LIN; YU, 1999). Em 150 e 250 °C foi observado eventos exotérmicos que podem
ser atribuídos à degradação do copolímero.
Os termogramas do cetoprofeno, do Eudragit® L100, da goma gelana e das
micropartículas, obtidos por DSC, estão mostrados na Figura 16. Para o fármaco, foi
observado um único evento térmico de fusão em 110,5 °C, resultado condizente com o
especificado na literatura para esse fármaco (TIŢA et al., 2011). O evento de fusão típico do
cetoprofeno não foi observado nas curvas de DSC das micropartículas, corroborando os
resultados de difração de raios-X e os dados observados por Maestrelli e colaboradores
(2015). Este comportamento térmico sugere que ocorreu uma amorfização do fármaco.
61
Figura 16 – Termogramas obtidos por DSC das micropartículas com fármaco (T1, T2 e T3),
sem fármaco (T1B, T2B e T3B), cetoprofeno (CETO), Eudragit® L100 (EUD
L100) e goma gelana (GG)
0 50 100 150 200 250 300
EUD L100
GG
CETO
T1
T1B
T2
T2B
T3
Temperatura (ºC)
Flu
xo d
e c
alo
r (u
.a.)
endo
T3B
A análise termogravimétrica avalia a variação de massa da amostra em função da
temperatura ou tempo de aquecimento (ZAYED; FAHMEY; HAWASH, 2005; BRASIL,
2010). Dessa maneira, curvas TG podem oferecer condições experimentais que poderiam
degradar um polímero, bem como averiguar se a amostra foi capaz de absorver ou perder água
(BROWN, 2001; DA SILVA; DE PAOLA; DE ROSÁRIO, 2007).
Na Figura 17 são apresentadas as curvas de variação de massa em função da
temperatura obtidas para o cetoprofeno, para os polímeros de partida e para as micropartículas
T1, T2 e T3 com e sem o fármaco. Em ambas as curvas das micropartículas (com e sem
fármaco) os eventos térmicos são basicamente semelhantes.
O cetoprofeno apresentou apenas um evento de perda de massa, na região entre 250 °C
e 340 °C, sendo esta atribuída à decomposição térmica do fármaco. Cabe ressaltar que estudos
de Tiţa e colaboradores (2011) e Prezotti (2013) encontraram valores próximos aos
observados nesse estudo.
A curva TG da goma gelana apresentou dois eventos de perda de massa discreta nas
faixas de temperatura compreendida entre 50 e 90 °C, bem como também entre 240 e 290 °C.
62
Para o polímero aniônico Eudragit® L100, foi observado três eventos discretos de perda de
massa. Os eventos ocorreram nas regiões entre 50 e 90 °C, 200 e 240 °C, 400 e 460 °C.
Ao analisar as curvas TG é possível observar que todas as micropartículas, com e sem
fármaco, apresentaram um primeiro evento de discreta perda de massa entre 50 e 100 °C, o
que pode ser atribuído à perda de umidade por evaporação durante o processo de
aquecimento. É possível observar também a decomposição térmica em um segundo evento
principal de perda de massa, entre 200 e 520 °C.
Ribeiro (2016) também usou a técnica de TG para conhecer o comportamento térmico
de micropartículas contendo cetoprofeno. A influência do revestimento de triacetato de
celulose (TAC) nas propriedades térmicas das partículas de goma gelana foi estudada. Após a
análise dos resultados, foi possível concluir que as curvas de TG deste trabalho não
apresentaram nenhum pico que pode ser atribuído a algum evento térmico relacionado à
possível incompatibilidade entre TAC, goma gelana e cetoprofeno.
63
Figura 17 – Curvas de TGA das misturas físicas, micropartículas com e sem fármaco
0 100 200 300 400 500 600
0
20
40
60
80
100
Temperatura (ºC)
EUD L 100
CETO
GGP
erda
de
mas
sa (%
)
0 100 200 300 400 500 600
20
40
60
80
100
T1 B
T2 B
T3 B
Per
da d
e m
assa
(%)
Temperatura (ºC)
0 100 200 300 400 500 600
20
40
60
80
100
T1
T2
T3
Temperatura (ºC)
Per
da d
e m
assa
(%)
64
As densidades bruta e de compactação foram aferidas para que as propriedades de
fluxo, que são expressas em termos de Índice de Carr e Fator de Hausner, pudessem ser
determinadas. Os resultados apresentados na Tabela 6 mostraram que as micropartículas
apresentaram valores elevados de Índice de Carr e Fator de Hausner, indicando propriedades
de fluxo pobres, o que sugere a necessidade de adição de um promotor de fluxo para
preparação de comprimidos. IC superior a 20% e FH maior que 1,25 são indicativos de fluxo
pobres. Este resultado pode ser explicado pelo tamanho reduzido e propriedades coesivas das
micropartículas.
Tabela 6 – Valores de densidade bruta e de compactação e indicadores de fluxo
Micropartículas
T1 T2 T3
Densidade bruta
(g/mL)
0,29 ± 0,1 0,25 ± 0,1 0,34 ± 0,1
Densidade de
compactação (g/mL)
0,45 ± 0,1 0,43 ± 0,1 0,55 ± 0,1
Índice de Carr (%)
40,3 ± 2,4 40,3 ± 2,8 37,8 ± 5,4
Fator de Hausner
1,5 ± 0,1 1,6 ± 0,1 1,5 ± 0,1
Média ± DP (n=3)
Velasquez e colaboradores (2014) também avaliaram as propriedades de fluxo de
micropartículas de Eudragit® S100 e pullulan, contendo risedronato, obtidas através da
técnica de secagem por aspersão, e obtiveram resultados semelhantes aos encontrados nesse
estudo.
65
5.3 LIBERAÇÃO IN VITRO DO CETOPROFENO A PARTIR DAS MPS
Os ensaios de liberação in vitro foram conduzidos tanto para o fármaco puro, bem
como para os sistemas microparticulados T1, T2 e T3. O estudo de liberação do cetoprofeno a
partir das micropartículas foi analisado simulando os fluidos gástrico e intestinal, conduzido
por 2 e 6 horas, respectivamente, a uma temperatura de 37 ± 0,5°C. O método analítico
empregado no estudo mostrou-se específico, uma vez que os meios de liberação (tampão
fosfato pH 6,8 e HCl 0,1 mol/L pH 1,2) não interferiram na quantificação do cetoprofeno.
Além disso, foi linear na faixa de concentração de 2,5 a 30 µg/mL (ANOVA, p<0,05), com
coeficiente de correlação > 0,99 para ambos meios e equação y = 0,0566x + 0,0072, para o
pH 6,8, e y = 0,054x + 0,054, para o pH 1,2, obtidas a partir de 3 curvas analíticas.
Os perfis de liberação do cetoprofeno a partir das micropartículas T1, T2 e T3, em
solução de tampão fosfato pH 6,8 estão representados na Figura 18 e foram conduzidos por 6
horas.
Figura 18 – Perfil de dissolução das micropartículas contendo cetoprofeno e do fármaco livre
Em tampão fosfato pH 6,8, houve diferença significativa (p < 0,05) entre os perfis de
liberação do fármaco a partir das micropartículas T2 e do fármaco puro. Em relação à
avaliação do fármaco puro uma liberação de 99 ± 3% foi obtida em 15 min. A liberação do
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6
Ce
top
rofe
no
lib
era
do
(%
)
TEMPO (h)
Formulação T2
Fármaco livre
Formulação T1
Formulação T3
66
cetoprofeno a partir das micropartículas T1 e T3 foi extremamente rápida com uma liberação
de 90,97 ± 3,60% e de 87,15 ± 3,07% do fármaco após um período de 0,5 h, respectivamente.
Por outro lado, menores taxas de liberação do fármaco e um prolongamento da
liberação foram observados para as micropartículas T2, as quais apresentam uma maior
proporção de Eudragit®
L100 em sua composição. Dessa forma, esses resultados
demonstraram que apenas o sistema microparticulado T2 foi efetivo em promover uma taxa
de dissolução mais lenta do que a do fármaco puro. Essa formulação foi capaz de controlar a
liberação por 2,5 h. Após esse período de tempo, o perfil de dissolução atingiu um platô.
Para entender o perfil de dissolução, os dados foram ajustados a equações mono e
biexponenciais, as quais correspondem à cinética de primeira ordem com uma e duas fases,
respectivamente. Foram comparados alguns parâmetros como o coeficiente de correlação e o
critério de seleção do modelo (MSC) mostrados na Tabela 7. A partir destes resultados pode-
se inferir que a liberação do cetoprofeno a partir das micropartículas é melhor descrita pela
equação monoexponencial (Equação 8) indicando que esta ocorreu em uma etapa, sem efeito
burst. Neste caso, a liberação do fármaco seguiu a cinética de primeira ordem.
Tabela 7 – Parâmetros derivados da modelagem matemática do perfil de liberação do
cetoprofeno a partir das micropartículas
Modelos/Parâmetros T1 T2 T3
Monoexponencial
k (h-1
) 2,80 ± 0,36 1,07 ± 0,29 2,95 ± 0,96
r 0,9527 0,9851 0,9745
MSC
2,19 2,90 2,76
Biexponencial
α (h-1
) 3,01 ± 4,81 0,65 ± 1,23 9,29 ± 7,68
β (h-1
) 2,84 ± 4,86 0,65 ± 1,23 9,29 ± 7,79
A 0,67 ± 734,37 -2441 ± 4245,33 -16248 ± 1243,15
B 0,40 ± 734,41 24,42 ± 4245,35 16249 ±1243,17
r 0,9527 0,9891 0,9986
MSC
1,84 3,29 5,24
Korsmeyer-Peppas
r 0,8835 0,9743 0,9204
a 87,63 ± 0,12 58,46 ± 0,19 81,88 ± 0,08
n 0,28 ± 0,18 0,75 ± 0,14 0,26 ± 0,09
67
Os dados também foram ajustados ao modelo de Korsmeyer – Peppas (Lei da
Potência), um modelo simples que relaciona a liberação do fármaco com o tempo, para
investigar o mecanismo de liberação do cetoprofeno a partir dos sistemas microparticulados.
Para sistemas de liberação esféricos, o expoente de liberação (n) que caracteriza o mecanismo,
apresenta duas interpretações físico-químicas distintas. Quando n possuir um valor inferior a
0,43, a liberação da substância é controlada por difusão (mecanismo de transporte Fickiano).
Para valor de n superior a 0,85, indica que a liberação é controlada pelo inchamento (ou
erosão) do polímero (transporte de caso II). Valores de n entre 0,43 e 0,85 estão relacionados
com a sobreposição de ambos os fenômenos, denominado de transporte anômalo ou
mecanismo de transporte não-Fickiano (RITGER; PEPPAS, 1987).
Assim, através dos valores obtidos para n, é possível concluir que a liberação do
cetoprofeno a partir das micropartículas T1 e T3 se dá por difusão, enquanto que a dissolução
do cetoprofeno associado às micropartículas T2 é regida por transporte anômalo.
Recentemente, Ribeiro (2016) também desenvolveu micropartículas de goma gelana
contendo cetoprofeno, porém utilizaram filmes de acetato de celulose para revestimento. As
micropartículas apresentaram liberação controlada em relação ao fármaco livre, visto que em
tampão fosfato pH 6,8, 80% do fármaco foi liberado a partir das micropartículas em 10 h de
experimento. De acordo com o estudo cinético, o mecanismo de liberação do cetoprofeno
seguiu uma difusão com mecanismo complexo.
Boni e colaboradores (2016) também estudaram a liberação do cetoprofeno, a partir de
micropartículas de goma gelana, produzidas através da técnica geleificação ionotrópica. Os
resultados mostraram que em 4 h de experimento 100 % do fármaco incorporado foi liberado.
O processo de liberação foi conduzido por um mecanismo complexo que envolveu a erosão e
o inchamento da matriz ou a difusão não Fickiana, corroborando, assim, com o resultado
encontrado no presente estudo.
A fim de avaliar a gastrorresistência das micropartículas, as formulações foram
submetidas ao ensaio de dissolução em meio HCl 0,1 M, pH 1,2. Os resultados podem ser
observados na figura 19.
Em 2 h de experimento, os sistemas microparticulados T1 e T3 não foram capazes de
promover gastrorresistência, pois 40,21 e 55,77% do cetoprofeno foram liberados,
respectivamente. Já a formulação T2, que possui uma maior concentração de Eudragit® L100,
exibiu uma menor e constante taxa de liberação durante todo o ensaio em meio ácido,
conferindo proteção ao fármaco frente a este ambiente. Não mais que 12% do cetoprofeno foi
liberado em 2 h de experimento, apresentando uma diferença significativa (p< 0,05) quando
comparada com as outras formulações.
68
Ribeiro (2016) também apresentou resultados satisfatórios em relação à
gastrorresistência das micropartículas desenvolvidas a partir de goma gelana contendo
cetoprofeno e revestidas por acetato de celulose. Em 2 h de experimento, apenas 8,9 ± 1,59%
do fármaco foram liberados em meio ácido (pH 1,2).
Figura 19 – Perfil de gastrorresistência das micropartículas contendo cetoprofeno e do
fármaco puro
Tempo (h)
5.4 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPRIMIDOS CONTENDO
CETOPROFENO ASSOCIADO ÀS MICROPARTÍCULAS
Devido ao melhor desempenho nos ensaios de dissolução e gastrorresistência, a
formulação T2 foi selecionada para o desenvolvimento de comprimidos. As micropartículas
T2 foram compactadas inicialmente usando apenas celulose microcristalina como diluente.
Porém, os comprimidos obtidos apresentaram elevada variação de peso e dureza baixa. Isso
pode ser devido ao fluxo ruim das micropartículas, bem como baixa coesividade da mistura.
Dessa forma, foi acrescentada à formulação excipientes como dióxido de silício coloidal,
estearato de magnésio e polivinilpirrolidona (PVP) para melhorar o fluxo e a coesão das
micropartículas. É importante ressaltar que outras formulações foram testadas nos estudos de
pré-formulação, até que fosse definida a composição final (item 4.3). Um exemplo foi a
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Formulação T1
Formulação T2
Formulação T3
Fármaco livreCet
opro
feno l
iber
ado (
%)
69
concentração de PVP, que abaixo de 15% resultou em comprimidos com dureza inferior a 3
kgf.
Após o preparo, os comprimidos foram caracterizados quanto ao peso médio, dureza,
espessura, teor e uniformidade de conteúdo. A figura 20 mostra o aspecto macroscópico dos
comprimidos preparados.
Figura 20 – Aspecto macroscópico dos comprimidos contendo cetoprofeno associado às
micropartículas
O peso médio dos comprimidos foi de 358,5 mg. Segundo a Farmacopeia Brasileira
(5ª ed., 2010) a variação de peso médio aceitável para comprimidos com mais de 250 mg é de
5%. Desta forma, os comprimidos com peso médio teórico de 350 mg podem variar de 332,5
a 367,5 mg, sendo assim a formulação apresenta o peso médio dentro do especificado pela
Farmacopeia Brasileira.
A dureza indica a resistência de um comprimido à quebra sob pressão radial. A
formulação desenvolvida apresentou dureza de 30 N (3,0 kgf).
Quanto ao teor, os comprimidos apresentaram 98,50 ± 0,66% de cetoprofeno, estando
dentro dos limites estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira (5ª ed., 2010) que são de 98,5 a
101%. Já em relação a uniformidade de conteúdo dos comprimidos, o valor obtido de 99,33%
ficou bem próximo a 100%. Estes resultados encontrados demonstram que o processo de
compressão foi adequado.
Desai (2007) preparou comprimidos contendo diclofenaco de sódio associado à
micropartículas de amilose e pectina. Os comprimidos foram preparados por compressão
direta das micropartículas, utilizando excipientes. A celulose microcristalina e a lactose foram
adicionadas à formulação como diluentes, estearato de magnésio como lubrificante e
polivinilpirrolidona como aglutinante. Foi avaliado o teor dos comprimidos para as diferentes
formulações, sendo que o teor de fármaco variou entre 95,4 e 98,3%. A espessura dos
70
comprimidos também foi averiguada e ficaram próximas a 4 mm, um pouco maior que a
encontrada nesse trabalho.
5.5 ESTUDO DE LIBERAÇÃO IN VITRO DO CETOPROFENO A PARTIR DOS
COMPRIMIDOS MICROPARTICULADOS
É importante salientar que foi preparada uma curva analítica com concentrações de 2,5
a 30 µg/mL, com uma equação y = 0,0668x + 0,0266 e um r = 0,999 satisfatórios (p > 0,05).
Os comprimidos microparticulados foram primeiramente avaliados quanto a sua
dissolução em fluido intestinal simulado. No ensaio de dissolução em pH 6,8, a liberação do
cetoprofeno ocorreu em 2 h de ensaio, sendo que após esse período de tempo, o perfil de
dissolução atingiu um platô. Esse perfil de liberação foi bem semelhante ao observado para as
micropartículas T2. Sendo assim, pode-se inferir que as micropartículas não foram rompidas
e/ou deformadas após a compactação.
Os perfis de liberação do cetoprofeno a partir dos comprimidos contendo
micropartículas T2 são apresentados na Figura 21.
Figura 21 – Perfil de liberação do cetoprofeno a partir dos comprimidos contendo
micropartículas T2
Quanto à modelagem matemática dos dados, o modelo que melhor descreveu o
comportamento da liberação do fármaco foi o monoexponencial (Equação 8), pois apresentou
maiores valores para o coeficiente de correlação (r) e MSC (Tabela 8).
71
De acordo com o modelo de Korsmeyer-Peppas e conforme o valor de n obtido para
os comprimidos, o cetoprofeno foi liberado por transporte anômalo. Os resultados da
modelagem matemática dos dados de liberação dos comprimidos estão de acordo com o que
foi observado para as micropartículas T2 antes da compactação. Em ambos os casos a
liberação seguiu uma cinética de primeira ordem com uma fase de liberação, devido ao
mecanismo de transporte anômalo. Isto reforça a hipótese de que as micropartículas se
mantém intactas após a compressão.
Tabela 8 – Parâmetros derivados da modelagem matemática do perfil de liberação do
cetoprofeno a partir dos comprimidos
Modelos/Parâmetros Valores
Monoexponencial
k (h-1
) 1,55 ± 0,66
r 0,9925
MSC
4,01
Biexponencial
α (h-1
) 1,68 ± 0,90
β (h-1
) 1,52 ± 0,90
A 0,55 ± 1100,87
B 0,48 ± 1100,83
r 0,9926
MSC
3,69
Korsmeyer-Peppas
r 0,9766
a 67,34 ± 11,17
n 0,47 ± 0,18
A gastrorresistência dos comprimidos foi avaliada em fluido gástrico simulado (pH
1,2). Em 120 min, apenas 5,91% de cetoprofeno foi liberado a partir dos comprimidos (Figura
22). Dessa forma, foi possível inferir que, ao transformar as micropartículas em comprimidos
a proteção ao fármaco frente ao ambiente ácido foi melhorada. Embora seja pequena a
72
quantidade de fármaco liberada, este resultado está adequado e de acordo com as
especificações da Farmacopeia americana, a qual estabelece que uma formulação para ser
considerada gastrorresistente não deve liberar mais do que 10% de fármaco em 2 h de
experimento.
Figura 22 – Perfil de liberação das micropartículas T2 vs comprimidos contendo cetoprofeno
microencapsulado
0
5
10
15
0 0,5 1 1,5 2
Ce
top
rofe
no
lib
era
do
(%
)
TEMPO (h)
CP
MPs T2
74
6 CONCLUSÃO
Micropartículas contendo cetoprofeno, formuladas a partir da combinação inédita de
Eudragit®
L100 e goma gelana, foram obtidas com sucesso pelo método de secagem por
aspersão.
As micropartículas da formulação T2 foram utilizadas para a validação do método
espectrofotométrico que foi simples e eficiente para a determinação quantitativa do
cetoprofeno em micropartículas poliméricas. Valores elevados de eficiência de encapsulação
foram obtidos para os três sistemas microparticulados.
Através das análises de microscopia óptica e eletrônica de varredura foi possível
confirmar a morfologia esférica das micropartículas após o processo de secagem por aspersão.
Os ensaios efetuados por difração de raios-X e de calorimetria exploratória diferencial
demonstraram que o processo de microencapsulação conduziu à amorfização do fármaco. Os
espectros obtidos por espectroscopia na região do infravermelho indicaram ausência de
interações entre o fármaco e os polímeros.
O sistema microparticulado T2 apresentou o melhor perfil de liberação em meio
gástrico e intestinal simulados e por isso foi o escolhido para a preparação dos comprimidos
que também apresentaram propriedades tecnológicas apropriadas.
Os estudos de liberação in vitro, mostraram que os comprimidos apresentaram perfil
de liberação semelhante ao das micropartículas e foram capazes de melhorar a
gastrorresistência da formulação final.
Dessa forma, os comprimidos microparticulados de Eudragit® L100 e goma gelana
podem ser considerados uma plataforma promissora para a liberação do cetoprofeno no
tratamento de doenças inflamatórias, principalmente aquelas de caráter crônico que exigem a
administração frequente do fármaco.
75
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