SISTEMAS DE ILPF NO BIOMA MATA ATLÂNTICA - Senar

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SISTEMAS DE ILPF NO BIOMA MATA ATLÂNTICA Parte I José Ricardo Macedo Pezzopane

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SISTEMAS DE ILPF NO BIOMA MATA ATLÂNTICAParte I

José Ricardo Macedo Pezzopane

SISTEMAS DE ILPF NO BIOMA MATA ATLÂNTICA

Introdução/Contextualização;

Conceitos e definições;

Benefícios no uso de sistemas integrados;

Arranjos regionais de sistemas ILPF – adoção dos sistemas nos biomas – Mata Atlântica;

Trabalhos com sistemas integrados na Embrapa Pecuária Sudeste. Fotos: José R. Pezzopane

INTRODUÇÃO / CONTEXTUALIZAÇÃO

27% do PIB; 42,5% das exportações; 17 milhões de empregos;

Líder na produção e exportação de café, açúcar, etanol a partir da cana-de-açúcar e suco de laranja;

Também está em primeiro lugar das vendas externas de complexo de soja (farelo; óleo e grão), carne bovina, carne de frango;

É destaque na produção de milho, arroz, suínos e pescados.

Sistema em monocultivo x História

Setor agropecuário (Brasil)

ALGUMAS ESTATÍSTICAS SOBRE O SETOR PECUÁRIO

A área total de pastagem nativas e cultivadas gira em torno de 172 milhões de ha (70 % da área agricultável). (Censo Agropecuário 2006 – IBGE);

A alimentação de 90 % do gado de corte é baseada exclusivamente em pastagens;

As áreas de pastagens oferecem maior produção e alimentação animal a baixo custo;

Variação entre primeiro e segundo produtor e exportador de carne bovina.

Fotos: José R. Pezzopane

ESTIMATIVA DE ÁREA DE PASTAGENS NO BRASIL EM MILHÕES DE HECTARES

Região Anos

1970 1985 1995 2006

Norte 4,43 20,88 24,39 32,63

Nordeste 27,87 35,15 32,08 32,65

Centro-Oeste 55,4 55,48 62,76 56,84

Sudeste 44,74 42,49 37,78 32,07

Sul 21,61 21,43 20,7 18,14

Total 154,13 179,19 177,71 172,33

Cultivadas 29,70 74,1 105,0 ~120,0

IBGE, 2006.

DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS – PRINCIPAL PROBLEMA AMBIENTAL DA PECUÁRIA NACIONAL

Adaptado de Nicodemo et al, 2006.

Foto: Maria Luiza NicodemoFoto: Maria Luiza Nicodemo

DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS – PRINCIPAL PROBLEMA AMBIENTAL DA PECUÁRIA NACIONAL

Adaptado de Nicodemo et al, 2006.

Foto: Maria Luiza Nicodemo Foto: Maria Luiza Nicodemo

DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS - VÁRIAS DEFINIÇÕES

“Área com acentuada diminuição da produtividade agrícola ideal (diminuição da capacidade de suporte ideal), podendo ou não ter perdido a capacidade de manter produtividade biológica (acumular biomassa) significativa.” Dias Filho (2007)

Mitigação dos efeitos e redução dos gases de efeito estufa (GEE);

Conservação da biodiversidade;

Provisionamento de serviços ambientais;

Redução da poluição/contaminação do ambiente e do homem;

Conservação e melhoria da qualidade do solo e da água;

Manejo integrado de pragas;

Valorização dos sistemas tradicionais de manejo dos recursos;

Redução da pressão antrópica na ocupação e uso de ecossistemas;

Adequação às novas exigências do mercado.

Sistema agrícola sustentável: tecnicamente eficiente, ambientalmente adequado, economicamente viável e socialmente aceito.

Os agroecossistemas do século XXI devem ser capazes de, ao mesmo tempo, maximizar a quantidade de produtos agrícolas de elevada qualidade e conservar os recursos do sistema. O desenvolvimento agrícola sustentável depende:

Balbino et al, 2011.

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Definição: ILPF é uma estratégia que a produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, e busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica.

CARACTERÍSTICAS DE SUSTENTABILIDADE DA ILPF

Tecnicamente eficiente, considerando o ambiente no qual se encontra apropriedade e utilizando manejos e insumos adequados e de acordo com asrecomendações oficiais;

Economicamente viável, pela melhor utilização dos recursos e uso da terra,diversificação e maior estabilidade das receitas e diminuição dos riscos;

Socialmente aceitável, por ser aplicável a qualquer tamanho de propriedade,aumentar e distribuir melhor a renda no campo e aumentar a competitividade doagronegócio brasileiro; e

Ambientalmente adequado, por preconizar a utilização de práticasconservacionistas e de melhor uso da terra.

VANTAGENS

Otimização de recursos e

rentabilidade por área

Conservação ambiental por meio

de práticas adequadas de

manejo

Diversificação de atividades para minimizar riscos

Aumento de produtividade

(sombra + conforto animal)

IMPORTANTE: Manejo de animais+pastagem/cultivo+árvores

SISTEMAS DE INTEGRADOS NA ESTRATÉGIA DE ILPF INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (AGROPASTORIL): Sistema que integra os componentes: lavoura e

pecuária, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área, em um mesmo ano agrícola ou por múltiplosanos.

INTEGRAÇÃO PECUÁRIA-FLORESTA (SILVIPASTORIL): Sistema que integra os componentes: pecuária e florestaem consórcio.

INTEGRAÇÃO LAVOURA-FLORESTA (SILVIAGRÍCOLA): Sistema que integra os componentes: floresta e lavoura,pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícola (anuais ou perenes). O componente lavourapode ser utilizado na fase inicial de implantação do componente florestal ou em ciclos durante odesenvolvimento do sistema.

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (AGROSSILVIPASTORIL): Sistema que integra os componentes:lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área. O componente lavourapode ser utilizado na fase inicial de implantação do componente florestal ou em ciclos durante odesenvolvimento do sistema.

CONTEXTO SOCIOECONÔMICO AMBIENTAL DOS AGROECOSSISTEMAS

Balbino et al, 2011.

BENEFÍCIOS NO USO DE SISTEMA INTEGRADOS

Busca da sinergia entre os componentes do sistema.

A adoção da ILPF nos diferentes biomas esta condicionada as características ambientais e econômicas características das regiões:

Solos favoráveis para produção de grão, com boa drenagem e aptos a mecanização; Infraestrutura para produção e armazenamento da produção; Acesso ao crédito para investimentos na produção; Domínio da tecnologia para a produção de grãos e pecuária; Acesso a mercado para compra de insumos e comercialização da produção; Acesso a assistência técnica e possibilidade de arrendamento da terra ou parceria com produtores

tradicionais de grãos; Aspectos climáticos e edáficos.

Os arranjos disponíveis dos sistemas ILPF são tantos quantos forem a criatividade humana (João Kluthcouski)

ARRANJOS REGIONAIS DE SISTEMAS ILPF – ADOÇÃO DOS SISTEMAS NOS BIOMAS – MATA ATLÂNTICA

DESENHO DE SISTEMAS SILVIPASTORISObjetivos do empreendimento: necessidades (quebra-vento, alimento..) + mercado

Espécies vegetais: árvores e forrageiras

Distribuição espacial dos elementos e densidade de plantio

Forma de implantação

Manejo dos componentes do sistema

Alvarez et al (2014) e INMET

Alvarez et al (2014) e INMET

Alvarez et al (2014) e INMET

Dados do PROBIO, 2010, adaptados por Balbino et al, 2011

Dados do PROBIO, 2010, adaptados por Balbino et al, 2011

NO BIOMA MATA ATLÂNTICA, DIVIDIDO EM TRÊS REGIÕES (SUL, SUDESTE E NORDESTE) EXISTE BASTANTE COMPLEXIDADE DE SISTEMAS

SUL

Predominam extensas áreas em rotação, com forrageiras de invernoque servem tanto para a palhada como para a alimentação animal(SPD com possibilidade de introdução do componente arbóreo);

Na década de 1980, sistemas de criação de gado como componentesecundário do sistema em plantios florestais convencionais;

Na década de 1990, foram desenvolvidos estudos para introdução docomponente arbóreo nas pastagens.

SUDESTE

Predominam áreas com SPD onde espécies forrageiras fornecempalhada. (Brachiaria e Panicum);

A partir da década de 1970, ocorrem numerosas pesquisas emsistemas de integração silvicultura e pecuária (Silvipastoril)principalmente em áreas de reflorestamento com eucaliptos na regiãodo Vale do Rio Doce;

SUDESTE

Posteriormente (década 90) buscou-se implantação de sistemaagrossilvipastoris visando efeito sinérgico entre os componentes dosistema (Região Zona Mata Mineira, regiões declivosas);

Na Embrapa Milho e Sorgo foi feita uma proposta de rotação em ILP(Alvarenga et al., 2007) com a divisão de áreas em quatro glebasadotando-se a sucessão soja – milho – sorgo – pastagem, sendo quenos cultivos de lavouras ocorria a semeadura simultânea do capimpara aproveitamento da forragem na entressafra.

NORDESTE

Predominam sistemas de Integração pecuária floresta temporários oupermanentes com fruteiras (pomares irrigados ou não) com grandes epequenos ruminantes, além de sistemas com a leguminosa gliricidia(região dos Tabuleiros Costeiros) .

TRABALHOS COM SISTEMAS INTEGRADOS NA EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE

SÃO CARLOS – CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

0

50

100

150

200

250

300

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Ch

uva

, mm

Tem

pe

ratu

ra,

ºC

Pre Tmax

Tmin Tmed

-40

-20

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160

180

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

INÍCIO

2006 – Integração lavoura Pecuária

2007/2008 – Sistema Silvipastoril e Silviagrícola

2009 – Unidades demonstrativas

2011 – Integração Lavoura Pecuária Floresta

Unidades demonstrativas

Conhecimento técnico-científico

Desempenho produtivo animal e vegetal

Microclima

Fertilidade do solo

Carbono e Emissão de gases de efeito estufa

Desempenho econômico.

Conduzido um processo de renovação de pastagem por 3 safras consecutivas, 2005/06, 2006/07 e 2007/08 (considerando o período de novembro a outubro como safra), respectivamente, ano 1, ano 2 e ano 3, no qual se utilizou aproximadamente 1/3 da área para o cultivo de milho (Zea mays L.) var. BRS 2020 (híbrido duplo) na primeira safra e sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) var. BRS 610 (híbrido) nas safras subsequentes.

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

Fotos: Alberto C. Bernardi

Fotos: Alberto C. Bernardi

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2006 2007 2008

Pro

du

çã

o (

ton

)

área (ha)

produção (ton)

7,4 ha 6,0 ha 7,5 ha

Milho

24,3 ton/ha

Sorgo

19,5 ton/ha

Sorgo

20,5 ton/ha

100

200

300

400

2006 2007 2008

Peso

do

s a

nim

ais

(kg

)

Peso vivo inicial (kg)

Peso vivo final (kg)

Sal proteinado,pasto melhor qualidade

Relação volumoso: concentrado: 50:50 (base da matéria seca):

2006 =10,4% PB, 72,8% NDT, 3,7% E.E., 0,37% Ca e 0,19% de P.MS ingerida = 9,0 kg/animal/diaDieta: 50% silagem milho, 17% grão de milho moído, 8,6% farelo de soja e 29,8% polpa de citros peletizada + mistura mineral

2007 =11,3% PB, 75,3% NDT, 6,8% E.E., 0,40% de Ca e 0,29% de P.MS ingerida = 8,1 kg/animal/diaDieta: 49,5% silagem sorgo, 36,6% grão de milho moído, e 18,6% caroço algodão, 0,47% uréia, 0,43% calcário + mistura mineral.

2008 =12% PB, 67,5%NDT, 5,5 % E.E., 0,37% Ca e 0,19%P.MS ingerida = 9,5 kg/animal/diaDieta: 48% silagem sorgo, 36,9% grão de milho moído, 18,6% caroço algodão, 0,65% ureia + mistura mineral.

Foto: Alberto C. Bernardi

CONFINAMENTO

0

100

200

300

400

500

2006 2007 2008

Peso

an

imais

(kg

)

Peso vivo inicial (kg)

Peso vivo final (kg)

N=18

Dias=92

N=30

Dias=93

N=28

Dias=64

1356 g/dia 1188 g/dia 1030 g/dia

Ganho peso diário

MUITO OBRIGADO!

José Ricardo Macedo Pezzopane