ROTEIRO 1 doc crimes de perigo comum1

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DIREITO PENAL IV DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA DOS CRIMES DE PERIGO COMUM ART. 250 A 359 - H PROFª KENIA CARINA J.S.A. NOGUEIRA Keniacarinaprofessora@gma il.com ROTEIRO 1

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DIREITO PENAL IVDOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICADOS CRIMES DE PERIGO COMUM

ART. 250 A 359 - HPROFª KENIA CARINA J.S.A.

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ROTEIRO 1

BEM JURÍDICO TUTELADO• INCOLUMIDADE PÚBLICA• Nos ensina Cleber Masson que INCOLUMIDADE é o estado de preservação ou segurança de pessoas ou de coisas em relação a possíveis eventos. (MASSON, Cleber p. 221)

CRIMES DE PERIGO COMUM• CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA:

– DOS CRIMES DE PERIGO COMUM ART. 250 A 259

– DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS ART. 260 A 266

– DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ART. 267 A 285

• O legislador quando tipificou crimes contra a INCOLUMIDADE PÚBLICA visou tutelar condutas atentatórias à vida, à integridade física, ao patrimônio e à segurança de uma número indeterminados de pessoas, daí ser crime de perigo comum.

Dos crimes de perigo comum

• PERIGO - probabilidade de dano, de regra, o crime se consuma com a mera exposição a perigo de dano.

• COMUM- indeterminação de alvo.• PERIGO COMUM – exposição a perigo de um número indeterminado de pessoas.

TÍTULO VIII – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE

PÚBLICA• CAPÍTULO I – DOS CRIMES DE PERIGO COMUM –

ART. 250 A 259– INCÊNDIO – ART. 250– EXPLOSÃO – ART. 251– USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE – ART. 252– FABRICO OU FORNECIMENTO, AQUISIÇÃO, POSSE OU TRANSPORTE DE EXPLOSIVO OU GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE ART. 253

– INUNDAÇÃO – ART. 254– PERIGO DE INUNDAÇÃO – ART. 255– DESABAMENTO OU DESMORONAMENTO ART. 256– SUBTRAÇÃO, OCULTAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE MATERIAL DE SALVAMENTO ART. 257

– FORMAS QUALIFICADAS DOS CRIMES DE PERIGO COMUM ART. 258

– DIFUSÃO DE DOENÇA OU PRAGA ART. 259

INCÊNDIO• Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

• Identifique no dispositivo acima o preceito primário e o preceito secundário.

• Prec. Primário – caput• Prec. Secundário - pena

ELEMENTOS DO TIPO PENAL• Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

• ELEMENTO OBJETIVO:– Causar incêndio (no sentido de fazer com que ocorra o incêndio). É o verbo o núcleo do tipo penal, é a parte objetiva da conduta.

• ELEMENTO SUBJETIVO: – Dolo ou culpa (§2º)

• Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

• INCÊNDIO – é o fogo perigoso, potencialmente lesivo à vida, integridade física ou patrimônio de um número indeterminado de pessoas.

• É crime de perigo concreto ou abstrato?– Trata-se de crime de perigo concreto. O perigo deverá ser efetivamente demonstrado, provado.

Segundo Cleber Masson, indispensável prova da efetiva ocorrência da situação perigosa. STJ (HC 10.371/SE)

• Não há crime de incêndio se o fogo não teve potencialidade para expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de um indeterminado número de pessoas... TJMG, processo 1.0024.02.625897-0/001

• TJRS, Ap.Crim. 70019303304, 4ª Cam. Crim. Rel. Gaspar Marques Batista, j. 28/06/2007

• TJMG, processo 1.0686.02. 054609-5/3/5/2005

• PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE INCÊNDIO. ART. 250, §1º, II, 'a', DO CÓDIGO PENAL. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA. REJEIÇÃO. ABSOLVIÇÃO. INCABÍVEL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE DANO. IMPOSSIBILIDADE. SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL. ART. 44, DO CPB. COMPETÊNCIA DO JUIZ SENTENCIANTE. CONFISSÃO. MÍNIMO LEGAL. SÚMULA 231/STJ. CONFISSÃO E DELAÇÃO PREMIADA. INSTITUTOS DIFERENTES. IMPOSSÍVEL APLICAÇÃO ANALÓGICA. LIMITES LEGAIS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.1)Impossível a absolvição do acusado quando os elementos de prova trazidos aos autos são suficientes para comprovar a existência de perigo à incolumidade pública e ao patrimônio de outrem.2)A conduta de atear fogo em cômodo de casa habitada e cercado de objetos inflamáveis demonstra que o acusado agiu com determinação em seu propósito de criar o risco de incêndio capaz de colocar em perigo a vida, a integridade física e o patrimônio das vítimas, bem como da comunidade vizinha, agindo, assim, dolosamente.3)Inviável a desclassificação do crime de incêndio em casa habitada para o crime de dano, pois na hipótese as provas dos autos demonstram que o fogo provocado dolosamente pelo réu acarretou uma situação de perigo a um número indeterminado de pessoas, uma vez que o imóvel incendiado estava situado em área residencial, sendo o fogo contido pela vítima, constando do laudo pericial que o fogo atingiu grandes proporções.4)Estando a pena-base fixada no mínimo legal, não há como ser reduzida, em razão de circunstância atenuante conforme súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça.Recurso conhecido e improvido. (20100510112008APR, Relator ALFEU MACHADO, 2ª Turma Criminal, julgado em 07/04/2011, DJ 13/04/2011 p. 227)

• APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE INCÊNDIO EM CASA HABITADA. ARTIGO 250, § 1º, INCISO II, ALÍNEA "A", DO CÓDIGO PENAL. CONDENAÇÃO. RECURSO DE APELAÇÃO PEDINDO A ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE OU POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. DOLO DE PERIGO COMUM. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Inviável a absolvição do crime de incêndio, a pretexto de que o réu não agia imbuído do dolo de perigo comum, quando todas as provas dos autos, incluindo a confissão do próprio réu, mostram que este pôs fogo na cama do casal, que ficava no andar térreo da casa, no momento em que toda a família havia se refugiado no andar superior, sendo objetivamente previsível que o fogo poderia se espalhar e atingir toda a casa, colocando em perigo a vida de quantos lá estavam.2. Na hipótese, as provas dos autos demonstram que o fogo provocado dolosamente pelo réu acarretou uma situação de perigo a um número indeterminado de pessoas, uma vez que o imóvel incendiado estava situado em área residencial, sendo certo que o fogo chegou a queimar inteiramente a cama da vítima. 3. Recurso conhecido e não provido para manter a sentença que condenou o réu nas sanções do artigo 250, § 1º, inciso II, alínea "a", do Código Penal, à pena de 04 (quatro) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, em regime inicial fechado, e 20 (vinte) dias-multa, no valor unitário mínimo.(20090910026892APR, Relator ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2ª Turma Criminal, julgado em 24/03/2011, DJ 07/04/2011 p. 201)

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

• CRIME COMUM (com relação ao sujeito ativo como ao passivo)

• DOLOSO OU CULPOSO• COMISSIVO OU OMISSIVO*• DE PERIGO CONCRETO• DE FORMA LIVRE• MONO OU UNISUBJETIVO• PLURISUBSISTENTE• NÃO TRANSEUNTE

*INCÊNDIO OMISSIVO• É admissível o delito de incêndio por omissão.

• Como exemplifica Luiz Regis Prado é o que ocorre na hipótese de o agente deixar de apagar o fogo que ele próprio, por acidente, provocou, quando podia fazê-lo sem risco pessoal

• (garante por ingerência)

SUJEITOS• SUJEITO ATIVO:

– qualquer pessoa, daí ser crime comum

• SUJEITO PASSIVO: – É a coletividade, aqueles que têm sua vida, integridade pessoal ou patrimônio lesados ou expostos a perigo de lesão pelo incêndio.

OBJETO MATERIAL E BEM JURÍDICO PROTEGIDO

• BEM JURÍDICO PROTEGIDO?– Está do Título VIII do índice do Código Penal – incolumidade pública, é a segurança de todos os membros da sociedade, que tem sua vida, integridade física e patrimonial expostas a lesão ou ameaça de lesão.

• OBJETO MATERIAL– Segundo Guilherme de Souza Nucci é a substância ou objeto incendiado.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA• CONSUMAÇÃO com a configuração da situação de perigo, quando o incêndio provocado pelo agente vem, efetivamente, expor a perigo a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem.

• Admite-se tentativa• Portanto é um crime plurisubsistente.

MAJORANTE• § 1º - As penas aumentam-se de um terço:• I - se o crime é cometido com intuito de obter

vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;• II - se o incêndio é:• a) em casa habitada ou destinada a habitação;• b) em edifício público ou destinado a uso público

ou a obra de assistência social ou de cultura;• c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de

transporte coletivo;• d) em estação ferroviária ou aeródromo;• e) em estaleiro, fábrica ou oficina;• f) em depósito de explosivo, combustível ou

inflamável;• g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;• h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

• Incêndio culposo• § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

NÃO há delito se o incêndio atinge coisa pertencente ao próprio agente e não dá lugar a situação de perigo comum.

Incêndio em imóvel afastado da cidade

• Se o imóvel sobre o qual se dirigiu a conduta incendiária do agente ficar em local afastado de outras construções e pessoas, o fato poderá configura o delito de dano (art. 163 CP) se com o incêndio não houve criação de perigo comum.

• Sendo o incêndio praticado para destruir patrimônio de determinada pessoa obtendo o agente o seu desígnio, sem comprovação de perigo concreto comum, impoe-se a desclassificação para dano qualificado pelo emprego de fogo.

• TJMG processo 1.0016.00.014680-9/00 rel. Jane Silva, público. 17/5/2005.

Incêndio com a finalidade de causar a morte da

vítima• Segundo Greco, configura concurso de crimes, deverá o agente responde pelo crime de homicídio qualificado (art. 121, §2º, III), tentado ou consumado e, também, pelo crime de incêndio do art. 250, se o fogo por ele produzido expos a vida, integridade física ou o patrimônio de um número indeterminado de pessoas

• Nos ensinamentos de Luiz Regis Prado, se o fim do sujeito ativo é matar ou ofender a integridade física ou a saúde de pessoa determinada, responde pelo delito de homicídio qualificado (art. 121 §2º, III) ou de lesão corporal (art. 129), consumado ou tentado, em concurso formal com o delito do art. 250

INCÊNDIO E ESTELIONATO PARA RECEBIMENTO DO SEGURO• Embora exista controvérsia, Greco entende que haverá concurso de crimes entre art. 250 caput e art. 171, §2º V do CP.

• Luiz Regis Prado entendo que em ocorrendo perigo comum, não há que se falar em fraude, mas sim em incêndio qualificado, que absorve este.

• Desnecessário para o aperfeiçoamento da majorante que o sujeito ativo receba o proveito de ordem financeira.

• Sem prova do perigo comum, elemento integrante do delito de incêndio definido no art. 250 do CP, viável é a desclassificação do fato descrito para estelionato, na modalidade do art. 171, §2º, inv. V do CP, se o réu destruiu, com fogo, coisa própria, visando a receber o valor do seguro

• TJRS. Ap. crim. 695030494 de 1995• O que distingue o crime de incêndio do estelionato previsto no art. 171 §2º, V do CP é o perigo comum indiferente a este tipo penal (TJRJ ap. 1993.050.00843)

Incêndio provocado por motivação política

• Lei de Segurança Nacional - Lei 7170/83 | Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983

• Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências

• Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.

• Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. • Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal

grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.

Incêndio e crime ambiental

• LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.• Mensagem de veto Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

• Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

•         Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

•         Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

• A diferença fundamental reside no fato de que, no delito ambiental, o bem jurídico tutelado é o meio ambiente, já na infração penal do art. 250 o bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, almejando por meio do tipo penal evitar que seja exposta a perigo a vida, integridade física ou patrimônio de outrem.

• Ação penal– Pública incondicionada

• COMPETÊNCIA– Se doloso justiça comum, se culposo Juizado especial

EXPLOSÃO• Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.• § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:

• Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.• Aumento de pena• § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.

• Modalidade culposa• § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

• Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

• PRECEITO PRIMÁRIO E PRECEITO SECUNDÁRIO• ELEMENTO SUBJETIVO• ELEMENTO OBJETIVO OU NÚCLEO DO TIPO PENAL• BEM JURÍDICO PROTEGIDO• OBJETO MATERIAL

– Engenho de dinamite ou substância análogas.

• A lei tipifica não só a figura típica da explosão, mas também, o arremesso ou a simples colocação de engenho ou substância análogas.

• EXPLOSÃO – ato ou efeito de rebentar, com violência, estrondo e deslocamento de ar

• ARREMESSO – lançamento a distância, manual ou mecânico

• COLOCAÇÃO de engenho de dinamite ou colocação de substância de efeitos análogos.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA• Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos

• Verifica-se na parte final a utilização da chamada interpretação analógica

• “Crime de explosão – Inocorrência – Lançamento de artefato usado em festas juninas no interior de um salão, repleto de  pessoas – Impacto que não se coaduna, por inexpressivo, ao tipo penal inscrito no art. 251”  (TJSC – AC 21510 – Rel. Aloysio de Almeida Gonçalves – JC 

• 54/425).“Comete o delito de explosão, previsto no art. 251 do CP aquele que enterra no chão bombas de dinamite, expondo a perigo evidente de vida, a integridade física e o patrimônio de outrem” (TJSP – AC – Rel. Thomaz Carvalhal – RT 393/243).

• “Substância de efeitos análogos aos da dinamite – Inteligência do art. 251, § 3º, do CP – A similitude de substância à dinamite se apura no tocante aos efeitos do material explosivo, isto é, sua força ou efeitos produzidos quando de sua explosão” (TACRIM-SP – Rev. 203118/8 – Rel. Marrey Neto – RJDTACRIM 12/221).

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

• CRIME COMUM no que diz respeito ao sujeito passivo/ativo

• DOLOSO OU CULPOSO• COMISSIVO ou OMISSIVO (omissão imprópria)

• DE PERIGO CONCRETO– Necessita-se da comprovação do perigo para que o delito se aperfeiçoe.

• MONO OU UNISUBJETIVO• PLURISUBSISTENTE• NÃO TRANSEUNTE

CONSUMAÇÃO/TENTATIVA• O delito se consuma quando, efetivamente, a explosão, o arremesso ou a simples colocação de engenho ou de substância de efeitos análogos trouxer perigo para a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem

• Admite-se tentativa

• “Para que a infração do art. 251 do CP se consubstancie não é preciso que a explosão se constate, bastando a perspectiva do perigo para a vida, a integridade física, ou mesmo o patrimônio de outrem, sendo que, se do delito de perigo comum, doloso ou culposo, resulta morte, a infração assume o caráter qualificado” (TACRIM-SP –  AC 585961/0 – Rel. Roberto de Almeida – RJDTACRIM 5/82).

MODALIDADE PRIVILEGIADA• § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:

• Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

• Explosivos com menor potencial ofensivo, como a pólvora.

• “Se a substância utilizada pelo agente não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos, e desde que seja de eficácia explosiva menor, como a pólvora, o crime configurado não será descrito no caput do art. 251, mas o previsto no seu § 1º (TJMG, Processo n.º 1.0702.03.093288-4/001[1], Rel. Paulo Cezar Dias, pub. 1/2/2005).

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

• § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.

MODALIDADE CULPOSA• § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

• Ocorre quando a explosão resulta de inobservância do dever de cuidado objetivo, ou seja, desatenção do agente.

• OBS. A modalidade culposa restringe-se somente à hipótese de explosão, não abarcando o mero arremesso ou colocação de artefato explosivo

FORMA QUALIFICADA• Formas qualificadas de crime de perigo comum

• Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

EXPLOSÃO PROVOCADA POR MOTIVAÇÃO POLÍTICA

• Art. 20 da lei de segurança nacional, lei 7170/83

PESCA MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE EXPLOSIVOS

• LEI DE CRIMES AMBIENTAIS ART. 9605/98•   Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

•         I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

•         II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

•         Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

HOMICÍDIO PRATICADO COM O EMPREGO DE EXPLOSIVO

• Haverá concurso de crimes somente na hipótese em que a utilização de explosivo na prática de homicídio trouxer perigo para a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.

• EMENTA: DIREITO PENAL - DELITO DE EXPLOSÃO CULPOSA. ART. 251, § 3º, DO CÓDIGO PENAL. INEXISTÊNCIA DE EXPLOSÃO DE ENGENHO EXPLOSIVO. DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3º, DO CÓDIGO PENAL) - RÉUS SÓCIOS DE SOCIEDADE FABRICANTE DE ARTEFATOS PIROTÉCNICOS. ABSOLVIÇÃO PELO HOMICÍDIO. AUSÊNCIA DE PROVA DA EFETIVA PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE - MANTIDA A CONDENAÇÃO (PELO HOMICÍDIO) DE DOIS PREPOSTOS QUE AGIRAM COM CULPA, DANDO CAUSA À EXPLOSÃO - ABSOLVIÇÃO DE UM DELES PELO CRIME DESCRITO NO ART. 253 DO CÓDIGO PENAL. DESCONHECIMENTO DA AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO À SUA EMPREGADORA - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DE UM DOS RÉUS EM RELAÇÃO A UM DOS CRIMES - PRESCRIÇÃO RETROATIVA COM BASE NA PENA IN CONCRETO. I - É preciso distinguir a mera substância explosiva, como a pólvora, do engenho ou artefato explosivo, que é o fruto da técnica ou de arte e feito com aquela. Se a explosão culposa que causa a morte da vítima não é causada por engenho explosivo, mas por mal acondicionamento de pólvora, a hipótese não é a da conduta prevista no § 3º do art. 251 do Código Penal, mas a prevista no § 3º do art. 121 do mesmo estatuto. II - Havendo séria dúvida quanto à efetiva participação de dois dos réus na sociedade mercantil fabricante de artefatos pirotécnicos, ainda que constem eles como os únicos sócios, no contrato social; e não havendo provas que revelem qualquer nexo de causalidade entre ações suas e a explosão que causou a morte de um empregado, impõe-se que sejam absolvidos, em consagração ao in dubio pro reo. III - Se dois outros prepostos, todavia, agem com imperícia e negligência na manipulação de substâncias explosivas utilizadas na empresa, causando, por isso, a morte do colega, impõe-se-lhes a pena prevista no art. 121, § 3º, do Código Penal. IV - Havendo dúvida de que um deles, todavia, conhecesse a circunstância de a empresa ser desenvolvida sem autorização especial do Exército Brasileiro, deve ser absolvido da acusação da prática do delitoprevisto no art. 253 do Código Penal. V - O transcurso, in albis, do prazo prescricional, entre as datas do fato e do recebimento da denúncia, bem como entre esta última e a data da publicação da sentença, impõe que se declare extinta a punibilidade de um dos réus em relação a um dos crimes, por extinção da respectiva pretensão punitiva.

• APELAÇÃO CRIMINAL N° 1.0372.03.005907-8/001 - COMARCA DE LAGOA DA PRATA - 1º APELANTE(S): OSVALDO CANDIDO DA SILVA - 2º APELANTE(S): ADRIANO FERREIRA GUIMARÃES - 3º APELANTE(S): ANDRÉ FURTADO DE OLIVEIRA, AMANCIO RODRIGUES DO COUTO - APELADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. ADILSON LAMOUNIER

• Uso de gás tóxico ou asfixiante• Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:

• Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

• Modalidade Culposa• Parágrafo único - Se o crime é culposo:• Pena - detenção, de três meses a um ano.

• PRECEITO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO• ELEMENTO OBJETIVO OU NÚCLEO DO TIPO PENAL

• ELEMENTO SUBJETIVO• BEM JURÍDICO TUTELADO

• O agente expõe a perigo de vida, a integridade pessoal ou o patrimônio de indiscriminado número de pessoas.

• Se o agente visasse expor a perigo pessoa determinada, poderia configura o delito do Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

• Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

• Desde que a conduta não resulte perigo comum

MEIOS UTILIZADOS• GÁS TÓXICO – é o gás venenoso• ASFIXIANTE – é o gás de natureza sufocante, impede a vítima de respirar

• Observa Noronha “não é necessário que o gás seja mortal: basta expor a perigo a vida ou integridade física de pessoa...”

• O gás lacrimogêneo é considerado tóxico e asfixiante

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

• CRIME COMUM• DOLOSO OU CULPOSO• COMISSIVO OU OMISSIVO (omissão imprópria)

• DE PERIGO CONCRETO• DE FORMA VINCULADA haja vista que o tipo penal aponta a sua prática mediante utilização de gás tóxico ou asfixiante

• UNI OU MONOSUBJETIVO• PLURISUBSISTENTE

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA• O delito se consuma quando, após a utilização do gás tóxico ou asfixiante, houver a efetiva exposição de perigo para a vida, a integridade pessoal ou o patrimônio de outrem, tendo em vista cuidar-se de crime de perigo concreto.

• Admite tentativa

• Modalidade Culposa• Parágrafo único - Se o crime é culposo:

• Pena - detenção, de três meses a um ano.

• Decorre da inobservância do cuidado objetivo devido.

• FORMA QUALIFICADA – art. 258

• Luiz Regis Prado - o art. 252 do CP foi tacitamente derrogado pelo art. 54 da lei de crimes ambientais lei 9605/98, no que concerne a exposição a perigo da vida ou integridade física.

• Rogério Greco nada fala sobre o assunto.

• Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante

• Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:

• Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

• PRECEITO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO• ELEMENTO OBJETIVO OU NÚCLEO DO TIPO PENAL

• ELEMENTO SUBJETIVO• BEM JURÍDICO TUTELADO

• Fabricar – produzir, criar• Fornecer – entregar a alguém onerosa ou gratuitamente

• Adquirir – comprar ou obter onerosa ou gratuitamente

• Possuir – ter a posse, guardar, estar a sua disposição

• Transportar – no sentido de conduzir, levar de um lugar para outro

• Trata-se de um tipo misto alternativo– A prática de mais de uma conduta do tipo no mesmo contexto fático importará em uma infração única.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

• CRIME COMUM• COMISSIVO OU OMISSIVO (omissão imprópria)

• DE PERIGO ABSTRATO (POSIÇÃO MAJORITÁRIA) / DE PERIGO CONCRETO (posição minoritária R. Greco)

• DE FORMA LIVRE• UNISUBJETIVO• PLURISSUBSISTENTE• NÃO TRANSEUNTE

REVOGAÇÃO PARCIAL• Rogério Greco entende pela revogação parcial do art. 253 do CP, no que diz respeito especificamente aos núcleos fabricar e possuir substância ou engenho explosivo, devendo ser aplicado, nesse caso, o inc. III, parágrafo único do art. 16 da lei 10826/03.

• Inundação• Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa.

• Perigo de inundação• Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação:

• Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

OFICINA DE EXERCÍCIOS• 01 -

FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária 

• Mário, revoltado com os sucessivos defeitos de seu velho carro, levou-o até um lugar ermo e desabitado e ateou fogo no veículo, destruindo-o. Mário

•  a) cometeu o crime de incêndio culposo.•  b) cometeu o crime de incêndio, em seu tipo

fundamental.•  c) cometeu o crime de incêndio, em seu tipo

qualificado.•  d) não cometeu crime de incêndio, porque era o

proprietário da coisa incendiada.•  e) não cometeu crime de incêndio, porque tratando-se

de local ermo e desabitado, o fato não ocasionou perigo comum e concreto.

• 02 - CESPE - 2010 - MPE-SE - Promotor de Justiça • Assinale a opção correta acerca dos crimes de perigo

comum.•  a) Tratando-se de crime de explosão, se a substância

utilizada não for dinamite ou explosivo de efeitos análogos, o agente será menos severamente punido.

•  b) No que concerne a crime de incêndio, a intenção de obter vantagem pecuniária com a conduta constitui fato não punível, pois pertence à fase de cogitação do crime e não pode, assim, ser punida.

•  c) Não se pune o incêndio culposo, a menos que o sujeito ativo possua o dever legal de evitar o perigo.

•  d) Para que o crime de incêndio se consume, é necessário que haja ao menos lesão corporal leve em uma das vítimas.

•  e) O crime de inundação é punido mesmo que a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem não sejam expostos a perigo.

• 03 - MPE-SC - 2010 - MPE-SC - Promotor de Justiça -• I - Causar incêndio expondo a perigo o patrimônio de outrem, é tipo

penal classificado como crime de perigo abstrato.II - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais é crime formal.III - A imunidade penal relativa prevista no art. 181, inciso I, do Código Penal, que isenta de pena quem comete crime contra o patrimônio em prejuízo do cônjuge, na constância da sociedade conjugal, se estende a terceiros, inclusive estranhos à família.IV - O crime de violação de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa do autor é crime que se processa por ação penal privada.V - A reparação do dano, antes da sentença irrecorrível, extingue a punibilidade do crime de peculato culposo.

•  a) Apenas os itens I, II e V estão corretos.•  b) Apenas os itens II, III e V estão corretos.•  c) Apenas os itens II, III, IV e V estão corretos.•  d) Apenas os itens I e IV estão corretos.•  e) Apenas os itens II e V estão corretos.

• 04 -CESPE - 2008 - ABIN - Agente de Inteligência

• Letícia, mediante arremesso de dinamite, expôs a perigo a vida e a integridade física de passageiros de uma aeronave. Nessa situação, Letícia deve responder por crime de explosão, que admite a modalidade culposa.

• 05 - CESPE - 2008 - ABIN - Agente de Inteligência

• Flávia arremessou projétil em ônibus destinado ao transporte público, enquanto o ônibus estava em movimento e com passageiros em seu interior. Nessa situação, a conduta de Flávia somente será considerada crime se tiver resultado em lesão corporal ou morte; caso contrário, será considerada apenas ilícito civil.

• 06 - PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polícia

• Relativamente ao tipo objetivo, pode-se afirmar que o crime de incêndio (“art. 250: Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”) é considerado: 

•  a) de perigo abstrato.•  b) de perigo concreto.•  c) de perigo presumido.•  d) de alto risco.•  e) de baixo risco.

• 07 - FCC - 2008 - MPE-PE - Promotor de Justiça • Sobre o crime de perigo de inundação, previsto no Código Penal, é correto afirmar:

•  a) O elemento subjetivo é tanto o dolo quanto a culpa em sentido estrito.

•  b) Só se consuma com a efetiva inundação.•  c) Trata-se de crime de perigo concreto, exigindo a causação de risco para a incolumidade pública.

•  d) Sujeito ativo do delito é apenas o proprietário do imóvel em que se encontra o obstáculo ou a obra destinada a impedir inundação.

•  e) Para sua caracterização basta a ocorrência de perigo eventual.

GABARITO• 01 – e• 02 – a• 03 – e (I - ERRADO: O crime do art. 250 do CP é claro que se trata de crime de perigo concreto na

medida em que deve expor a perigo a vida, a integrida de física ou o patrimônio de outrem.IncêndioArt. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.II - CORRETA: O CRIME DO ART. 273 É FORMAL OU DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA. III - ERRADA: A IMUNIDADE PREVISTA NESTE ARTIGO NÃO SE ESTENDE A TERCEIROS QUE TENHA EVENTUALMENTE PARTICIPADO DO CRIME.IV - ERRADA: SE HOUVER INTUITO DE LUCRO, CAI NA HIPÓTESE DOS §§1º E 2º DO ART. 184 DO CP EM QUE A AÇÃO É PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.V - CORRETA: É A HIPÓTESE DO ART. 312, §3º, CP.ART. 312. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.)

• 04 certo (Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos:

• Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.• Modalidade culposa• § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de

detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano.)• 05 – errado (O simples arremesso do projétil já configura crime, aumentando-se a pena se resulta

lesão corporal ou morte.•  • Arremesso de projétil• Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por

terra, por água ou pelo ar:• Pena - detenção, de um a seis meses. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de

seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.)• 06 - b • 07 - c