Resposta a acusão - Alex
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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral
Élida MendanhaRoberto Mattos
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DEDIREITO DA 7º VARA CRIMINAL DA COMARCA DEGOIÂNIA - ESTADO DE GOIÁS
Ação Penal nº 2012/005.697-59Autor: Ministério Público EstadualRéu: João Neto José da Silva Frederico José da Silva
Frederico José da Silva,
brasileiro, solteiro, CPF:258.369.147-00, filho
de Benedito José da Silva Paiva e a Carlota
Maria da Silva, nascido aos 10 de outubro de
1991, residente e domiciliado na Rua Gomes de
Freitas, nº 15, Setor dos Funcionários e JOÃO
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NETO JOSÉ DA SILVA, brasileiro, mecânico,
solteiro, CPF:258.369.147-01, irmão do primeiro
indiciado e residente no mesmo endereço, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
por meio de seus bastantes procuradores (doc
1), os advogados devidamente constituídos, como
consta em procuração em anexo, requerer a Vossa
Excelência, com base nos artigos 396-A e 397,
ambos do Código de Processo Penal Brasileiro, a
RESPOSTA A ACUSAÇÃO
I – DOS FATOS
A denuncia apresentada pelo
Ministério Público em 09 de abril de 2012
descreve os fatos com dados fornecidos apenas
pela vitima e suas testemunhas desconsiderando
as declarações dos denunciados sendo portanto
tendenciosa e fugindo do dever legal do órgão
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de ser o guardião da justiça (art. 127 da CF) e
assumindo o papel de ADVOGADO DE ACUSAÇÃO ao
incluir em sua denúncia a versão de uma única
parte e desconsiderando todas as declarações da
outra parte, o que nos obriga a descrever os
fatos como realmente aconteceram.
“Art. 127. O Ministério Público éinstituição permanente, essencial àfunção jurisdicional do Estado,incumbindo-lhe a defesa da ordemjurídica, do regime democrático e dosinteresses sociais e individuaisindisponíveis.”
Naquela noite a suposta
vítima, o Sr. Rodolfo Rodrigues, não fez apenas
uma investida a Sra. MARIA CECÍLIA MAGALHÃES, e
sim várias tentativas de assédio. Após a
primeira tentativa de assédio, quando Rodolfo
se aproximou de Maria segurando sua cabeça
tentou beijá-la a força e falou algumas
palavras na tentativa de conquistá-la, a mesma
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repudiou a investida de Rodolfo e falou que
tinha namorado e que ele tinha apenas ido ao
banheiro, após a chegada de Frederico (seu
namorado) o Rodolfo voltou assediar a Sra.
Maria dizendo que ela merecia coisa melhor que
esse “babaca”. Nesse momento Frederico interviu
na relação mandando mesmo “ficar na sua” e
resolveram se distanciar do rapaz, que já
estava embriagado, se deslocando para longe do
Sr. Rodolfo.
Não satisfeito a suposta
vítima foi atrás do grupo formado pela Sra.
Maria, seu namorado Frederico e seu “cunhado”
João Neto encontrando-os cerca de 20 minutos
após o primeiro desentendimento e continuou com
sua conduta inconveniente ofendendo o casal de
namorados, dizendo “HEI, SUA PERIGUETE, LARGA
ESSE BUNDÃO E VEM TER PRAZER DE VERDADE COMIGO”
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e nesse momento apalpou a Sra. Maria em suas
nádegas, nesse momento Frederico puxou sua
namorada para o lado, ficou frente a frente com
Rodolfo e disse para ele ir embora e que não
estava a fim de briga, que não queria estragar
a noite, quando foi empurrado pela suposta
vitima seguidas vezes gritando “você é um
bundão”, “não merece essa piranha”, “vou te
quebrar a cara”. Nesse momento João Neto
interviu TENTANDO SEGURAR Rodolfo que tentou
desferir um soco em João Neto que APENAS
REVIDOU imediatamente, iniciando-se assim a
luta corporal entre os dois quando então
Frederico se juntou a luta, quando então
chegaram os policiais que conduziram os dois
irmãos a 8º Delegacia de Policia Civil da
Comarca de Goiânia – GO.
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Ademais o Ministério Público
se mostra tendencioso ao relatar “...uma dessas
lhe chamou mais atenção, com o seu “abada”
customizado, ficando visível as suas partes
sensuais, logo, sem hesitar Rodolfo aproximou e
a apalpou...”, tentando visivelmente atribuir
culpa a Sra. Maria pelos atos inconvenientes e
criminosos da suposta vítima, uma vez que o
“abadá” de Maria não continha nada de diferente
dos demais, apenas era customizado, pratica
comum entre as mulheres que frequentam esses
eventos, e que as vestes de Maria nem sequer
foram citadas no inquérito policial, sendo
acrescentado pelo Promotor de justiça pela sua
fértil imaginação.
E como prova de que a
vestimenta da Sra. Maria não expunha suas
partes sensuais como afirma o Ministério
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Público anexamos fotos da verdadeira vítima
dessa história (Maria), prova material de que
Maria não contribuiu em nada para ser tratada
como uma “mulher qualquer” (doc 2 e 3) provando
que o verdadeiro culpado dos acontecimentos na
noite do show é o Sr. Rodolfo, e as ações dos
irmãos denunciados foram única e exclusivamente
com o objetivo DE DEFENDER A INTEGRIDADE
FÍSICA DA SRA. MARIA CECÍLIA MAGALHÃES.
Anexamos também fotos
públicas do evento que mostram várias jovens
trajando vestes mais sumárias que a de Maria
(doc 4 a 8), o que constata que o Sr. Rodolfo
está alegando que fatos inverídicos o levaram a
sua própria torpeza na tentativa de justificar
seus atos inadequados.
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Aproveito a ocasião para
solicitar que Vossa Eminencia encaminhe os
autos para o Ministério Público para que o
mesmo averigue os fatos, uma vez que o menor
Rodolfo Rodrigues, devidamente qualificado na
fl 32, supostamente cometeu o crime de Estupro
(art. 213 do CP)
“Art. 213. Constranger alguém,mediante violência ou grave ameaça, ater conjunção carnal ou a praticar oupermitir que com ele se pratique outroato libidinoso”
Como vimos o Ministério
Público esta agindo de forma tendenciosa
favorecendo os acusadores:
1- Por não considerar os depoimentos dos
acusados
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2- Por acrescentar que as vestes da Sra. Maria
eram provocantes e foram o motivo do assédio do
Sr. Rodolfo.
3- Por tentar justificar as atitudes do Sr.
Rodolfo pela ingestão de bebida alcoólica
II – PRELIMINARES
Como provado pelos fatos
acontecidos na madrugada do dia 13 de março do
ano de 2012 os denunciados agiram em legítima
defesa de terceiros, amparado no art. 25 do
código penal:
“Art. 25 - Entende-se em legítimadefesa quem, usando moderadamente dosmeios necessários, repele injustaagressão, atual ou iminente, a direitoseu ou de outrem.”
Os atos do Sr. Rodolfo,
segurando e tentando beijá-la a força num
primeiro momento, e após os denunciados se
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afastarem do local, ele fazer nova tentativa,
ofendendo a honra da senhora, apalpá-la em suas
nádegas, empurrar o Sr. Frederico várias vezes,
ofendendo sua honra e o ameaçando foram os
motivos que levaram seu irmão (João Neto) a
intervir e somente revidar quando Rodolfo
tentou desferir-lhe um soco.
É notório o cumprimento de
todos os requisitos para enquadramento no art.
25 do Código Penal, INJUSTA AGRESSÃO, USO
MODERADO DA FORÇA, CONSCIÊNCIA E VONTADE.
Concorda com nossa opinião o
MM Desembargador Ribeiro dos Santos da 15º
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, relator da Apelação
Criminal com Revisão nº 01.195.260.3/8-00 na
qual o Ministério Público apelou da decisão do
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Juiz de 1º instância que concedeu sentença
absolutória com fulcro no art.23, II do CP.
Acompanharam a decisão do relator os MM
Desembargadores Pedro Gacliardi e Roberto
Mortari, decidindo por unanimidade manter a
sentença absolutória de 1º instância. A seguir
relato o acordão:
“Lesão Corporal Leve – Violênciadoméstica – Réu que lesionou a vítimacom martelo – Materialidade comprovadapelos laudos de lesão corporal ecomplementar – Autoria bem delineadanos autos – Alegada atitude cometida emdefesa, pois a vítima tencionava lesá-lo com faca – Prova satisfatória daexcludente de legítima defesadecorrente do encontro da acajuntamento com o martelo, no local dosfatos, aliado à prova oral colhida –Absolvição mantida – Recursoimprovido.”
A oitava Câmara Civil da
Comarca de Uruguaiana – RS, através de seu
relator Des. Luiz Felipe Brasil Santos também
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segue no mesmo sentido julgando procedente
pedido de excludente de ilicitude amparada na
instituição da legítima defesa em caso de lesão
corporal pela simples dúvida de quem iniciou
as agressões, vejamos o teor do voto do relator
e a ementa:
“Embora a materialidade estejacomprovada, conforme comunicação deocorrência (fls. 03-04) e auto de examede corpo de delito (fl. 21), pelo quese extrai da prova oral há, no mínimo,razoável dúvida quanto à iniciativa dasagressões e, consequentemente, quanto àexcludente da legítima defesa. ““APELAÇÃO CÍVEL. ECA, ATO INFRACIONAL.LESÃO CORPORAL. LEGÍTIMA DEFESA.MATERIALIDADE E AUTORIA.Autoria e materialidade comprovadas,porém plausível a tese da legítimadefesa. Persistente a dúvida,impositiva a improcedência darepresentação. DERAM PROVIMENTO.UNÂNIME. (Apelação Cível Nº70044561983, Oitava Câmara Cível,Tribunal de Justiça do RS, Relator:Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em27/10/2011)”
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Se a simples dúvida de quem
iniciou o conflito já foi motivo suficiente
para se satisfazer a condição de legítima
defesa, não há como negar que esse requisito
está amplamente satisfeito no caso em tela, uma
vez que a própria vítima confessou que iniciou
o conflito.
Deve-se também levar em conta
a vida pregressa de ambos os irmãos que não
possuem nenhum tipo de registro de ilícitos
penais ou civis, não constando contra eles nem
registro nos sistemas de proteção ao crédito,
levam vida socialmente ativa e são altamente
considerado pela sociedade em que vivem
conforme será amplamente provado em momento
oportuno pelas testemunhas arroladas pela
defesa.
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Apesar da origem humilde da
família dos irmãos, ambos tem conduta exemplar
sendo que José Neto é mecânico conceituado em
uma oficina situada próxima a sua residência,
tendo vários diplomas de cursos de mecânica
realizado em instituições idôneas como Sesi,
Senac, VW do Brasil, GM do Brasil entre outras,
comprovado com cópias em anexo, completou o
ensino médio e tem planos para cursar
Engenharia mecânica. Frederico cursa atualmente
o 3º ano do 2º grau e ajuda o pai na sua
mercearia situada na garagem da residência
familiar.
A posse do “soco inglês” se
justifica devido ao Frederico ser vítima
sucessiva de bulling na escola em que estuda
devido ao seu porte físico, possui 1,82 metros
de altura e pesa apenas 58 Kg, sua magreza
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causa constantes motivos para que seus colegas
façam brincadeiras de mau gosto, inclusive com
agressões físicas constantes por um grupo de
alunos comumente chamados de “populares”, e
para se defender adquiriu tal instrumento, não
para agredir seus agressores, mas para evitar
que seja agredido e humilhado na frente de seus
amigos.
Tal situação já foi relatada
à diretoria da escola, conforme documento em
anexo (doc 9), e a situação foi resolvida
apenas dentro dos limites do prédio escolar,
contudo na saída das aulas ou nos arredores da
instituição de ensino a situação piorou de tal
forma que foi necessário se dirigir até a
delegacia de polícia civil do bairro na
tentativa de solução para as agressões
sofridas, onde registrou boletim de ocorrência
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policial. (doc 10), pois nesse dia Frederico
foi duramente agredido, sofrendo lesões
corporais comprovadas por laudo pericial. (doc
11)
Diante da inércia e
incapacidade do poder público em proteger a
integridade física e moral de Frederico o mesmo
resolveu adquirir tal artefato para que as
atividades ilícitas contra ele tivessem fim,
sem contudo saber que tal objeto é de uso
proibido, pois vários de seus colegas, que
também estão na mesma situação que ele, possuem
tal artefato e declaram ter resolvido seus
problemas.
A autodefesa é permitida em
várias situações da vida cotidiana dos cidadãos
de bem tanto no código civil (retenção de
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bagagem do hospede inadimplente) como no código
penal (excludentes de ilicitude), e são
previstas pelo Estado porque o mesmo não pode
ser onipresente, e em muitos casos o lapso
temporal para a procura protetiva do direito
pessoal pelo poder público pode extingui-lo de
imediato. Marcio Alves Pinheiro em seu artigo,
“ A Aututela como meio legal de defesa de
direitos”, define bem a situação dos casos em
que o Estado não consegue de forma prática
garantir a segurança de populares, situação
fática do problema de Frederico.
“No entanto, o Estado não possui osatributos divinos da onipotência,onipresença e onisciência. Tendo emvista que não são atributos humanos, esendo o Estado uma entidade formada depessoas humanas e patrimônioespecífico, é impossível, faticamente,que o Estado possa garantir tudo atodos.”
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O mesmo autor destaca a
emergência como requisito essencial à
utilização da autotutela pelos cidadãos,
requisito plenamente satisfeito no caso em
discussão.
“A emergencialidade é o outro lado damoeda da excepcionalidade. Sendo medidaemergencial, cabe à Autotutela garantirdireitos, seja pela força física, moralou econômica, na exata medida em que oEstado não tem como saber sobre futurosatos das pessoas. Destarte, todo ato deAutotutela é emergencial, e visasalvaguardar um direito que podeperecer e causar grave dano, de difícilreparação. .. o Estado está permitindoque o indivíduo salve direito superioràquele que está sendo exercido.”
Não podemos esquecer que os
denunciados também fizeram uso de bebida
alcoólica durante a realização do show e que,
se aceita justificativa apresentada pelo Sr.
Rodolfo que a realização de seus atos
impróprios foi causada pela embriaguez, deve-se
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ser utilizado o mesmo critério em relação aos
denunciados, justificando também seus atos.
Dessa maneira pedimos que o
EE Juiz ABSOLVA SUMARIAMENTE os Srs. João Neto
José da Silva com fulcro no art. 23, II do CP
combinado com o art. 397, I do CPP.
“Art. 23 - Não há crime quando o agentepratica o fatoII - em legítima defesaParágrafo único - O agente, em qualquerdas hipóteses deste artigo, responderápelo excesso doloso ou culposo.Art. 397. Após o cumprimento do idisposto no art. 396-A, e parágrafos,deste Código, o juiz deverá absolversumariamente o acusado quando verificarI - a existência manifesta de causaexcludente da ilicitude do fato;”
Da mesma maneira pedimos a
absolvição de Frederico José da Silva com
fulcro no art. 23, II do CP combinado com o
art. 397, II do CPP.
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“Art. 397, II - a existência manifestade causa excludente da culpabilidade doagente, salvo inimputabilidade;”
Pois como ensina Damásio E.
de Jesus:
“A aplicação da teoria da
inexigilibilidade de conduta diversa
como causa supra legal de exclusão da
culpabilidade encontra apoio na
integração da lei penal. Vimos que o
Direito Penal positivo possui lacunas.
Havendo omissão legislativa no conjunto
das normas penais não incriminadoras, e
não havendo o obstáculo do principio de
reserva legal, a falha pode ser suprida
pelos processos determinados pelo
artigo 4º da LICC: a analogia, os
costumes, e os princípios gerais de
direito. Se o caso é de inexigibilidade
de conduta diversa e não encontrando o
juiz norma a respeito no direito
positivo, pode lançar mão da analogia
para absolver o agente.”
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III – DO MÉRITO
Caso o MM Juiz não absolva
sumariamente os denunciados devemos salientar
que os mesmos agiram sob violenta emoção e em
razão de injusta provocação da suposta vitima
devido aos fatos ocorridos e não tinham nenhuma
intenção de causar lesões corporais da suposta
vítima.
Os irmãos agindo sobre
influência das provocações realizadas por
Rodolfo, buscaram apenas findar os insultos e
humilhações causadas por ele e apenas revidaram
a tentativa de agressão feita por ele.
O Código Penal brasileiro
distingue as ações dolosas das culposas em
vários crimes, e entre eles está o de lesão
corporal, prevista no § 6º do art. 129.
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Vejamos o que Damásio E. de
Jesus tem a nos ensinar dobre culpa consciente
e inconciente:
“Na culpa inconsciente o resultado nãoé previsto pelo agente, emboraprevisível. É a culpa comum, que semanifesta pela improcedência,negligência ou imperícia. Na culpaconsciente o resultado é previsto pelosujeito, que espera levianamente quenão ocorra ou que possa evita-lo. Étambém chamada culpa com previsão.Vimos que a previsão é elemento dodolo, mas que, excepcionalmente, podeintegrar a culpa. A exceção está naculpa consciente. Ex. Numa caçada, osujeito percebe que um animal seencontra nas proximidades de seucompanheiro. Percebe que, atirando nacaça, poderá acertar o companheiro.Confia, porém em sua pontaria,acreditando que não virá mata-lo. Atirae mata o companheiro. Não responde prohomicídio doloso, mas sim por homicídioculposo. Note-se que o agente previu oresultado, mas levianamente acreditouque não ocorresse. A culpa conscientese diferencia do dolo eventual. Neste,o agente tolera a produção doresultado, o evento lhe é indiferente,tanto faz que ocorra ou não. Ele assumeo resco de produzí-lo. Na culpa
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consciente, ao contrário, o agente nãoquer o resultado, não assume o risconem ele lhe é tolerável ou indiferente.O evento lhe é representado (previsto),mas confia em sua não produção.”
Fica claro, diante dos fatos
apresentados que João Neto e Frederico não
previram que seus atos fossem causar a lesão
permanente do olho direito de Rodolfo.
Diante do exposto peço a
desclassificação da denúncia e consequente
tipificação no crime previsto no art. 129, § 6º
do Código Penal.
Nos causa estranheza o fato
de que desde o procedimento policial se declara
que a vítima tinha perdido a totalidade da
visão do olho direito sem qualquer prova
material, no mesmo embalo o MP também afirma
tal fato baseado apenas em um atestado médico
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particular presente como prova nas folhas 62/68
deste processo.
Desta maneira solicitamos
respeitosamente ao MM Juiz que conceda uma
perícia médica no olho direito do Sr. Rodolfo
para que se possa comprovar a real lesão
sofrida por ele com fulcro no art.158 do CPC.
“Art. 158. Quando a infração deixarvestígios, será indispensável o examede corpo de delito, direto ou indireto,não podendo supri-lo a confissão doacusado.”
Diante dos fatos ocorridos no
referido show, é necessário separar a conduta
dos denunciados, uma vez que João Neto José da
Silva, agiu em legitima defesa de seu irmão e
cunhada na tentativa de fazer cessar as
agressões de Rodolfo, e lembrar que a suposta
vitima tentou agredi-lo ante, dando inicio a
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briga. Este denunciado não portava nenhum tipo
de utensilio e defendeu seus familiares na
proporção exata das agressões não tendo por
objetivo causar lesões em Rodolfo, sendo
portanto beneficiário da causa de diminuição de
pena constante do art. 129, § 4º.
Enquanto que Frederico também
defendeu a honra de sua namorada, a integridade
física dela além de sua própria honra estando
emocionalmente afetado pela injusta provocação
da vítima, também tendo direito a ser
beneficiado pela diminuição proposta no pela
norma legal
“Art. 129, § 4° Se o agente comete ocrime impelido por motivo de relevantevalor social ou moral ou sob o domíniode violenta emoção, logo em seguida ainjusta provocação da vítima, o juizpode reduzir a pena de um sexto a umterço.”
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Além disso Frederico possuía
menos de 21 anos completos na época do fato
tendo direito às atenuantes do art 65, I, e
ambos, cometeram o crime por motivo de
relevante valor moral e em nenhum momento
alegaram que não cometeram as agressões, muito
pelo contrário, em todos os seus depoimentos
relataram que realmente lutaram com Rodolfo e
sua defesa se limita a justificação de seus
atos e não de negativa de autoria, estando
incluídos no teor do art. 65, III, alíneas “a”
e “d”
“Art. 65 - São circunstâncias quesempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte eum), na data do fato, ou maior de 70(setenta) anos, na data da sentença;III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo derelevante valor social ou moral;d) confessado espontaneamente, perantea autoridade, a autoria do crime;”
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Fato relevante a ser
observado durante o julgamento é a
personalidade de ambos os denunciados, cujo
perfil já foi descrito nesse processo
anteriormente e só nos cabe relembrar nesse
momento.
1- Nenhum dos dois possui antecedentes
criminais nem civis
2- Seus nomes nunca constaram sequer dos
serviços de proteção ao crédito
3- Excelentes filhos, ambos trabalham, João
Neto é mecânico conceituado com vários cursos
de especialização, Frederico estuda e ainda
ajuda o pai na mercearia.
Tais personalidades serão
devidamente comprovadas durante o julgamento
através das testemunhas arroladas pela defesa,
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além disso os denunciados se incluem em vários
critérios das Circunstâncias que atenuam a
pena, e IMPORTANTISSÍMO salientar que ambos os
denunciados não estão inclusos em nenhuma das
circunstâncias que agravam a pena.
Desta maneira solicitamos a
substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos conforme art. 44 do CP,
pois atendem a todos os requisitos do referido
artigo.
“Art. 44. As penas restritivas dedireitos são autônomas e substituem asprivativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa deliberdade não superior a quatro anos eo crime não for cometido com violênciaou grave ameaça à pessoa ou, qualquerque seja a pena aplicada, se o crimefor culposo; II - o réu não for reincidente em crimedoloso; III - a culpabilidade, os antecedentes,a conduta social e a personalidade docondenado, bem como os motivos e as
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circunstâncias indicarem que essasubstituição seja suficiente.”
IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, vem
requerer à Vossa Excelência
1- Absolvição sumária de João Neto José da
Silva com fulcro no art 23, II do CP combinado
com art. 397, I do CPC
2- Absolvição sumária de Frederico José da
Silva com fulcro no art 23, II do CP combinado
com art. 397, II do CPC
3- Desclassificação da tipificação imputada
pela denúncia ao Sr. João Neto José da Silva
passando do art. 129, caput para o art. 129, §
6º (modalidade culposa)
4- Desclassificação da tipificação imputada
pela denúncia ao Sr. Frederico José da Silva
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passando do art. 129, § 1º, III caput para o
art. 129, § 6º (modalidade culposa)
5- Perícia médica no olho direito de Rodolfo
conforme art. 158 do CPP
6- Inclusão de João Neto José da Silva nas
circunstâncias atenuantes de pena conforme art.
65, III, alíneas “a” e “d”
7- Inclusão de Frederico José da Silva nas
circunstâncias atenuantes de pena conforme art.
65, I e III, alíneas “a” e “d”
8- Seja aplicado a diminuição de pena em 1/3
conforme o disposto no art. 129, § 4º para
ambos os denunciantes.
9- Substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos conforme art.44 do
CP.
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Termos em que
Pede deferimento
Goiânia 17 de abril de 2012
_____________________________ROBERTO CLAUDIO DIAS MATTOS OAB 11.223 / GO
Rol das testemunhas:
1- MARIA CECÍLIA MAGALHÃES, brasileira,
solteira, professora de Inglês, CPF n°
252444555-44, , residente e domiciliada na Rua
Santos Dumont, n.º 153, Setor Negrão de Lima,
Goiânia – GO.
2- JOANA DE SOUSA, brasileira, casada,
Diretora Escolar, CPF nº 151325897-21,
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residente e domiciliada na Rua A, nº60, Setor
Leste Vila Nova, Goiânia-Go.
3- BRUNO CESÁR DE ALMEIDA, brasileiro,
solteiro, estagiário, CPF nº 258369741-21,
residente e domiciliado na Rua 292, nº 51,
Setor Universitário, Goiânia-Go.
4- ALICE CARVALHO, brasileira, casada,
professora, CPF nº 498.089.332-72, residente e
domiciliada na Rua 3, nº 345, Setor Central,
Goiânia – GO
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DOCUMENTOS ANEXADOS
Documento 1 > Procuração para os advogados
Documentos 2 e 3 > Fotos de Maria Cecília Guimarães ressaltando suas vestes
Documentos 4 a 8 > Fotos públicas de várias mulheres presentes no show “Villa Mix”
Documento 9 > Ata de reunião escolar em que foidiscutido o problema do bulling sofrido por Frederico
Documento 10 > Boletim de ocorrência policial acerca de agressões sofridas por Frederico
Documento 11 > Perícia médica de lesões corporais sofridas por Frederico