Resposta a acusão - Alex

33
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINAL FILHOS DA PUC Alex Amaral Élida Mendanha Roberto Mattos EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 7º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - ESTADO DE GOIÁS Ação Penal nº 2012/005.697-59 Autor: Ministério Público Estadual Réu: João Neto José da Silva Frederico José da Silva Frederico José da Silva, brasileiro, solteiro, CPF:258.369.147-00, filho de Benedito José da Silva Paiva e a Carlota Maria da Silva, nascido aos 10 de outubro de 1991, residente e domiciliado na Rua Gomes de Freitas, nº 15, Setor dos Funcionários e JOÃO

Transcript of Resposta a acusão - Alex

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DEDIREITO DA 7º VARA CRIMINAL DA COMARCA DEGOIÂNIA - ESTADO DE GOIÁS

Ação Penal nº 2012/005.697-59Autor: Ministério Público EstadualRéu: João Neto José da Silva Frederico José da Silva

Frederico José da Silva,

brasileiro, solteiro, CPF:258.369.147-00, filho

de Benedito José da Silva Paiva e a Carlota

Maria da Silva, nascido aos 10 de outubro de

1991, residente e domiciliado na Rua Gomes de

Freitas, nº 15, Setor dos Funcionários e JOÃO

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

NETO JOSÉ DA SILVA, brasileiro, mecânico,

solteiro, CPF:258.369.147-01, irmão do primeiro

indiciado e residente no mesmo endereço, vem

respeitosamente à presença de Vossa Excelência,

por meio de seus bastantes procuradores (doc

1), os advogados devidamente constituídos, como

consta em procuração em anexo, requerer a Vossa

Excelência, com base nos artigos 396-A e 397,

ambos do Código de Processo Penal Brasileiro, a

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

I – DOS FATOS

A denuncia apresentada pelo

Ministério Público em 09 de abril de 2012

descreve os fatos com dados fornecidos apenas

pela vitima e suas testemunhas desconsiderando

as declarações dos denunciados sendo portanto

tendenciosa e fugindo do dever legal do órgão

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

de ser o guardião da justiça (art. 127 da CF) e

assumindo o papel de ADVOGADO DE ACUSAÇÃO ao

incluir em sua denúncia a versão de uma única

parte e desconsiderando todas as declarações da

outra parte, o que nos obriga a descrever os

fatos como realmente aconteceram.

“Art. 127. O Ministério Público éinstituição permanente, essencial àfunção jurisdicional do Estado,incumbindo-lhe a defesa da ordemjurídica, do regime democrático e dosinteresses sociais e individuaisindisponíveis.”

Naquela noite a suposta

vítima, o Sr. Rodolfo Rodrigues, não fez apenas

uma investida a Sra. MARIA CECÍLIA MAGALHÃES, e

sim várias tentativas de assédio. Após a

primeira tentativa de assédio, quando Rodolfo

se aproximou de Maria segurando sua cabeça

tentou beijá-la a força e falou algumas

palavras na tentativa de conquistá-la, a mesma

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

repudiou a investida de Rodolfo e falou que

tinha namorado e que ele tinha apenas ido ao

banheiro, após a chegada de Frederico (seu

namorado) o Rodolfo voltou assediar a Sra.

Maria dizendo que ela merecia coisa melhor que

esse “babaca”. Nesse momento Frederico interviu

na relação mandando mesmo “ficar na sua” e

resolveram se distanciar do rapaz, que já

estava embriagado, se deslocando para longe do

Sr. Rodolfo.

Não satisfeito a suposta

vítima foi atrás do grupo formado pela Sra.

Maria, seu namorado Frederico e seu “cunhado”

João Neto encontrando-os cerca de 20 minutos

após o primeiro desentendimento e continuou com

sua conduta inconveniente ofendendo o casal de

namorados, dizendo “HEI, SUA PERIGUETE, LARGA

ESSE BUNDÃO E VEM TER PRAZER DE VERDADE COMIGO”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

e nesse momento apalpou a Sra. Maria em suas

nádegas, nesse momento Frederico puxou sua

namorada para o lado, ficou frente a frente com

Rodolfo e disse para ele ir embora e que não

estava a fim de briga, que não queria estragar

a noite, quando foi empurrado pela suposta

vitima seguidas vezes gritando “você é um

bundão”, “não merece essa piranha”, “vou te

quebrar a cara”. Nesse momento João Neto

interviu TENTANDO SEGURAR Rodolfo que tentou

desferir um soco em João Neto que APENAS

REVIDOU imediatamente, iniciando-se assim a

luta corporal entre os dois quando então

Frederico se juntou a luta, quando então

chegaram os policiais que conduziram os dois

irmãos a 8º Delegacia de Policia Civil da

Comarca de Goiânia – GO.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Ademais o Ministério Público

se mostra tendencioso ao relatar “...uma dessas

lhe chamou mais atenção, com o seu “abada”

customizado, ficando visível as suas partes

sensuais, logo, sem hesitar Rodolfo aproximou e

a apalpou...”, tentando visivelmente atribuir

culpa a Sra. Maria pelos atos inconvenientes e

criminosos da suposta vítima, uma vez que o

“abadá” de Maria não continha nada de diferente

dos demais, apenas era customizado, pratica

comum entre as mulheres que frequentam esses

eventos, e que as vestes de Maria nem sequer

foram citadas no inquérito policial, sendo

acrescentado pelo Promotor de justiça pela sua

fértil imaginação.

E como prova de que a

vestimenta da Sra. Maria não expunha suas

partes sensuais como afirma o Ministério

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Público anexamos fotos da verdadeira vítima

dessa história (Maria), prova material de que

Maria não contribuiu em nada para ser tratada

como uma “mulher qualquer” (doc 2 e 3) provando

que o verdadeiro culpado dos acontecimentos na

noite do show é o Sr. Rodolfo, e as ações dos

irmãos denunciados foram única e exclusivamente

com o objetivo DE DEFENDER A INTEGRIDADE

FÍSICA DA SRA. MARIA CECÍLIA MAGALHÃES.

Anexamos também fotos

públicas do evento que mostram várias jovens

trajando vestes mais sumárias que a de Maria

(doc 4 a 8), o que constata que o Sr. Rodolfo

está alegando que fatos inverídicos o levaram a

sua própria torpeza na tentativa de justificar

seus atos inadequados.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Aproveito a ocasião para

solicitar que Vossa Eminencia encaminhe os

autos para o Ministério Público para que o

mesmo averigue os fatos, uma vez que o menor

Rodolfo Rodrigues, devidamente qualificado na

fl 32, supostamente cometeu o crime de Estupro

(art. 213 do CP)

“Art. 213.  Constranger alguém,mediante violência ou grave ameaça, ater conjunção carnal ou a praticar oupermitir que com ele se pratique outroato libidinoso”

Como vimos o Ministério

Público esta agindo de forma tendenciosa

favorecendo os acusadores:

1- Por não considerar os depoimentos dos

acusados

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

2- Por acrescentar que as vestes da Sra. Maria

eram provocantes e foram o motivo do assédio do

Sr. Rodolfo.

3- Por tentar justificar as atitudes do Sr.

Rodolfo pela ingestão de bebida alcoólica

II – PRELIMINARES

Como provado pelos fatos

acontecidos na madrugada do dia 13 de março do

ano de 2012 os denunciados agiram em legítima

defesa de terceiros, amparado no art. 25 do

código penal:

“Art. 25 - Entende-se em legítimadefesa quem, usando moderadamente dosmeios necessários, repele injustaagressão, atual ou iminente, a direitoseu ou de outrem.”

Os atos do Sr. Rodolfo,

segurando e tentando beijá-la a força num

primeiro momento, e após os denunciados se

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

afastarem do local, ele fazer nova tentativa,

ofendendo a honra da senhora, apalpá-la em suas

nádegas, empurrar o Sr. Frederico várias vezes,

ofendendo sua honra e o ameaçando foram os

motivos que levaram seu irmão (João Neto) a

intervir e somente revidar quando Rodolfo

tentou desferir-lhe um soco.

É notório o cumprimento de

todos os requisitos para enquadramento no art.

25 do Código Penal, INJUSTA AGRESSÃO, USO

MODERADO DA FORÇA, CONSCIÊNCIA E VONTADE.

Concorda com nossa opinião o

MM Desembargador Ribeiro dos Santos da 15º

Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo, relator da Apelação

Criminal com Revisão nº 01.195.260.3/8-00 na

qual o Ministério Público apelou da decisão do

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Juiz de 1º instância que concedeu sentença

absolutória com fulcro no art.23, II do CP.

Acompanharam a decisão do relator os MM

Desembargadores Pedro Gacliardi e Roberto

Mortari, decidindo por unanimidade manter a

sentença absolutória de 1º instância. A seguir

relato o acordão:

“Lesão Corporal Leve – Violênciadoméstica – Réu que lesionou a vítimacom martelo – Materialidade comprovadapelos laudos de lesão corporal ecomplementar – Autoria bem delineadanos autos – Alegada atitude cometida emdefesa, pois a vítima tencionava lesá-lo com faca – Prova satisfatória daexcludente de legítima defesadecorrente do encontro da acajuntamento com o martelo, no local dosfatos, aliado à prova oral colhida –Absolvição mantida – Recursoimprovido.”

A oitava Câmara Civil da

Comarca de Uruguaiana – RS, através de seu

relator Des. Luiz Felipe Brasil Santos também

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

segue no mesmo sentido julgando procedente

pedido de excludente de ilicitude amparada na

instituição da legítima defesa em caso de lesão

corporal pela simples dúvida de quem iniciou

as agressões, vejamos o teor do voto do relator

e a ementa:

“Embora a materialidade estejacomprovada, conforme comunicação deocorrência (fls. 03-04) e auto de examede corpo de delito (fl. 21), pelo quese extrai da prova oral há, no mínimo,razoável dúvida quanto à iniciativa dasagressões e, consequentemente, quanto àexcludente da legítima defesa. ““APELAÇÃO CÍVEL. ECA, ATO INFRACIONAL.LESÃO CORPORAL. LEGÍTIMA DEFESA.MATERIALIDADE E AUTORIA.Autoria e materialidade comprovadas,porém plausível a tese da legítimadefesa. Persistente a dúvida,impositiva a improcedência darepresentação. DERAM PROVIMENTO.UNÂNIME. (Apelação Cível Nº70044561983, Oitava Câmara Cível,Tribunal de Justiça do RS, Relator:Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em27/10/2011)”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Se a simples dúvida de quem

iniciou o conflito já foi motivo suficiente

para se satisfazer a condição de legítima

defesa, não há como negar que esse requisito

está amplamente satisfeito no caso em tela, uma

vez que a própria vítima confessou que iniciou

o conflito.

Deve-se também levar em conta

a vida pregressa de ambos os irmãos que não

possuem nenhum tipo de registro de ilícitos

penais ou civis, não constando contra eles nem

registro nos sistemas de proteção ao crédito,

levam vida socialmente ativa e são altamente

considerado pela sociedade em que vivem

conforme será amplamente provado em momento

oportuno pelas testemunhas arroladas pela

defesa.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Apesar da origem humilde da

família dos irmãos, ambos tem conduta exemplar

sendo que José Neto é mecânico conceituado em

uma oficina situada próxima a sua residência,

tendo vários diplomas de cursos de mecânica

realizado em instituições idôneas como Sesi,

Senac, VW do Brasil, GM do Brasil entre outras,

comprovado com cópias em anexo, completou o

ensino médio e tem planos para cursar

Engenharia mecânica. Frederico cursa atualmente

o 3º ano do 2º grau e ajuda o pai na sua

mercearia situada na garagem da residência

familiar.

A posse do “soco inglês” se

justifica devido ao Frederico ser vítima

sucessiva de bulling na escola em que estuda

devido ao seu porte físico, possui 1,82 metros

de altura e pesa apenas 58 Kg, sua magreza

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

causa constantes motivos para que seus colegas

façam brincadeiras de mau gosto, inclusive com

agressões físicas constantes por um grupo de

alunos comumente chamados de “populares”, e

para se defender adquiriu tal instrumento, não

para agredir seus agressores, mas para evitar

que seja agredido e humilhado na frente de seus

amigos.

Tal situação já foi relatada

à diretoria da escola, conforme documento em

anexo (doc 9), e a situação foi resolvida

apenas dentro dos limites do prédio escolar,

contudo na saída das aulas ou nos arredores da

instituição de ensino a situação piorou de tal

forma que foi necessário se dirigir até a

delegacia de polícia civil do bairro na

tentativa de solução para as agressões

sofridas, onde registrou boletim de ocorrência

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

policial. (doc 10), pois nesse dia Frederico

foi duramente agredido, sofrendo lesões

corporais comprovadas por laudo pericial. (doc

11)

Diante da inércia e

incapacidade do poder público em proteger a

integridade física e moral de Frederico o mesmo

resolveu adquirir tal artefato para que as

atividades ilícitas contra ele tivessem fim,

sem contudo saber que tal objeto é de uso

proibido, pois vários de seus colegas, que

também estão na mesma situação que ele, possuem

tal artefato e declaram ter resolvido seus

problemas.

A autodefesa é permitida em

várias situações da vida cotidiana dos cidadãos

de bem tanto no código civil (retenção de

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

bagagem do hospede inadimplente) como no código

penal (excludentes de ilicitude), e são

previstas pelo Estado porque o mesmo não pode

ser onipresente, e em muitos casos o lapso

temporal para a procura protetiva do direito

pessoal pelo poder público pode extingui-lo de

imediato. Marcio Alves Pinheiro em seu artigo,

“ A Aututela como meio legal de defesa de

direitos”, define bem a situação dos casos em

que o Estado não consegue de forma prática

garantir a segurança de populares, situação

fática do problema de Frederico.

“No entanto, o Estado não possui osatributos divinos da onipotência,onipresença e onisciência. Tendo emvista que não são atributos humanos, esendo o Estado uma entidade formada depessoas humanas e patrimônioespecífico, é impossível, faticamente,que o Estado possa garantir tudo atodos.”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

O mesmo autor destaca a

emergência como requisito essencial à

utilização da autotutela pelos cidadãos,

requisito plenamente satisfeito no caso em

discussão.

“A emergencialidade é o outro lado damoeda da excepcionalidade. Sendo medidaemergencial, cabe à Autotutela garantirdireitos, seja pela força física, moralou econômica, na exata medida em que oEstado não tem como saber sobre futurosatos das pessoas. Destarte, todo ato deAutotutela é emergencial, e visasalvaguardar um direito que podeperecer e causar grave dano, de difícilreparação. .. o Estado está permitindoque o indivíduo salve direito superioràquele que está sendo exercido.”

Não podemos esquecer que os

denunciados também fizeram uso de bebida

alcoólica durante a realização do show e que,

se aceita justificativa apresentada pelo Sr.

Rodolfo que a realização de seus atos

impróprios foi causada pela embriaguez, deve-se

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

ser utilizado o mesmo critério em relação aos

denunciados, justificando também seus atos.

Dessa maneira pedimos que o

EE Juiz ABSOLVA SUMARIAMENTE os Srs. João Neto

José da Silva com fulcro no art. 23, II do CP

combinado com o art. 397, I do CPP.

“Art. 23 - Não há crime quando o agentepratica o fatoII - em legítima defesaParágrafo único - O agente, em qualquerdas hipóteses deste artigo, responderápelo excesso doloso ou culposo.Art. 397.  Após o cumprimento do idisposto no art. 396-A, e parágrafos,deste Código, o juiz deverá absolversumariamente o acusado quando verificarI - a existência manifesta de causaexcludente da ilicitude do fato;”

Da mesma maneira pedimos a

absolvição de Frederico José da Silva com

fulcro no art. 23, II do CP combinado com o

art. 397, II do CPP.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

“Art. 397, II - a existência manifestade causa excludente da culpabilidade doagente, salvo inimputabilidade;”

Pois como ensina Damásio E.

de Jesus:

“A aplicação da teoria da

inexigilibilidade de conduta diversa

como causa supra legal de exclusão da

culpabilidade encontra apoio na

integração da lei penal. Vimos que o

Direito Penal positivo possui lacunas.

Havendo omissão legislativa no conjunto

das normas penais não incriminadoras, e

não havendo o obstáculo do principio de

reserva legal, a falha pode ser suprida

pelos processos determinados pelo

artigo 4º da LICC: a analogia, os

costumes, e os princípios gerais de

direito. Se o caso é de inexigibilidade

de conduta diversa e não encontrando o

juiz norma a respeito no direito

positivo, pode lançar mão da analogia

para absolver o agente.”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

III – DO MÉRITO

Caso o MM Juiz não absolva

sumariamente os denunciados devemos salientar

que os mesmos agiram sob violenta emoção e em

razão de injusta provocação da suposta vitima

devido aos fatos ocorridos e não tinham nenhuma

intenção de causar lesões corporais da suposta

vítima.

Os irmãos agindo sobre

influência das provocações realizadas por

Rodolfo, buscaram apenas findar os insultos e

humilhações causadas por ele e apenas revidaram

a tentativa de agressão feita por ele.

O Código Penal brasileiro

distingue as ações dolosas das culposas em

vários crimes, e entre eles está o de lesão

corporal, prevista no § 6º do art. 129.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Vejamos o que Damásio E. de

Jesus tem a nos ensinar dobre culpa consciente

e inconciente:

“Na culpa inconsciente o resultado nãoé previsto pelo agente, emboraprevisível. É a culpa comum, que semanifesta pela improcedência,negligência ou imperícia. Na culpaconsciente o resultado é previsto pelosujeito, que espera levianamente quenão ocorra ou que possa evita-lo. Étambém chamada culpa com previsão.Vimos que a previsão é elemento dodolo, mas que, excepcionalmente, podeintegrar a culpa. A exceção está naculpa consciente. Ex. Numa caçada, osujeito percebe que um animal seencontra nas proximidades de seucompanheiro. Percebe que, atirando nacaça, poderá acertar o companheiro.Confia, porém em sua pontaria,acreditando que não virá mata-lo. Atirae mata o companheiro. Não responde prohomicídio doloso, mas sim por homicídioculposo. Note-se que o agente previu oresultado, mas levianamente acreditouque não ocorresse. A culpa conscientese diferencia do dolo eventual. Neste,o agente tolera a produção doresultado, o evento lhe é indiferente,tanto faz que ocorra ou não. Ele assumeo resco de produzí-lo. Na culpa

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

consciente, ao contrário, o agente nãoquer o resultado, não assume o risconem ele lhe é tolerável ou indiferente.O evento lhe é representado (previsto),mas confia em sua não produção.”

Fica claro, diante dos fatos

apresentados que João Neto e Frederico não

previram que seus atos fossem causar a lesão

permanente do olho direito de Rodolfo.

Diante do exposto peço a

desclassificação da denúncia e consequente

tipificação no crime previsto no art. 129, § 6º

do Código Penal.

Nos causa estranheza o fato

de que desde o procedimento policial se declara

que a vítima tinha perdido a totalidade da

visão do olho direito sem qualquer prova

material, no mesmo embalo o MP também afirma

tal fato baseado apenas em um atestado médico

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

particular presente como prova nas folhas 62/68

deste processo.

Desta maneira solicitamos

respeitosamente ao MM Juiz que conceda uma

perícia médica no olho direito do Sr. Rodolfo

para que se possa comprovar a real lesão

sofrida por ele com fulcro no art.158 do CPC.

“Art. 158.  Quando a infração deixarvestígios, será indispensável o examede corpo de delito, direto ou indireto,não podendo supri-lo a confissão doacusado.”

Diante dos fatos ocorridos no

referido show, é necessário separar a conduta

dos denunciados, uma vez que João Neto José da

Silva, agiu em legitima defesa de seu irmão e

cunhada na tentativa de fazer cessar as

agressões de Rodolfo, e lembrar que a suposta

vitima tentou agredi-lo ante, dando inicio a

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

briga. Este denunciado não portava nenhum tipo

de utensilio e defendeu seus familiares na

proporção exata das agressões não tendo por

objetivo causar lesões em Rodolfo, sendo

portanto beneficiário da causa de diminuição de

pena constante do art. 129, § 4º.

Enquanto que Frederico também

defendeu a honra de sua namorada, a integridade

física dela além de sua própria honra estando

emocionalmente afetado pela injusta provocação

da vítima, também tendo direito a ser

beneficiado pela diminuição proposta no pela

norma legal

“Art. 129, § 4° Se o agente comete ocrime impelido por motivo de relevantevalor social ou moral ou sob o domíniode violenta emoção, logo em seguida ainjusta provocação da vítima, o juizpode reduzir a pena de um sexto a umterço.”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Além disso Frederico possuía

menos de 21 anos completos na época do fato

tendo direito às atenuantes do art 65, I, e

ambos, cometeram o crime por motivo de

relevante valor moral e em nenhum momento

alegaram que não cometeram as agressões, muito

pelo contrário, em todos os seus depoimentos

relataram que realmente lutaram com Rodolfo e

sua defesa se limita a justificação de seus

atos e não de negativa de autoria, estando

incluídos no teor do art. 65, III, alíneas “a”

e “d”

“Art. 65 - São circunstâncias quesempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte eum), na data do fato, ou maior de 70(setenta) anos, na data da sentença;III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo derelevante valor social ou moral;d) confessado espontaneamente, perantea autoridade, a autoria do crime;”

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Fato relevante a ser

observado durante o julgamento é a

personalidade de ambos os denunciados, cujo

perfil já foi descrito nesse processo

anteriormente e só nos cabe relembrar nesse

momento.

1- Nenhum dos dois possui antecedentes

criminais nem civis

2- Seus nomes nunca constaram sequer dos

serviços de proteção ao crédito

3- Excelentes filhos, ambos trabalham, João

Neto é mecânico conceituado com vários cursos

de especialização, Frederico estuda e ainda

ajuda o pai na mercearia.

Tais personalidades serão

devidamente comprovadas durante o julgamento

através das testemunhas arroladas pela defesa,

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

além disso os denunciados se incluem em vários

critérios das Circunstâncias que atenuam a

pena, e IMPORTANTISSÍMO salientar que ambos os

denunciados não estão inclusos em nenhuma das

circunstâncias que agravam a pena.

Desta maneira solicitamos a

substituição da pena privativa de liberdade por

restritivas de direitos conforme art. 44 do CP,

pois atendem a todos os requisitos do referido

artigo.

“Art. 44. As penas restritivas dedireitos são autônomas e substituem asprivativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa deliberdade não superior a quatro anos eo crime não for cometido com violênciaou grave ameaça à pessoa ou, qualquerque seja a pena aplicada, se o crimefor culposo; II - o réu não for reincidente em crimedoloso; III - a culpabilidade, os antecedentes,a conduta social e a personalidade docondenado, bem como os motivos e as

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

circunstâncias indicarem que essasubstituição seja suficiente.”

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, vem

requerer à Vossa Excelência

1- Absolvição sumária de João Neto José da

Silva com fulcro no art 23, II do CP combinado

com art. 397, I do CPC

2- Absolvição sumária de Frederico José da

Silva com fulcro no art 23, II do CP combinado

com art. 397, II do CPC

3- Desclassificação da tipificação imputada

pela denúncia ao Sr. João Neto José da Silva

passando do art. 129, caput para o art. 129, §

6º (modalidade culposa)

4- Desclassificação da tipificação imputada

pela denúncia ao Sr. Frederico José da Silva

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

passando do art. 129, § 1º, III caput para o

art. 129, § 6º (modalidade culposa)

5- Perícia médica no olho direito de Rodolfo

conforme art. 158 do CPP

6- Inclusão de João Neto José da Silva nas

circunstâncias atenuantes de pena conforme art.

65, III, alíneas “a” e “d”

7- Inclusão de Frederico José da Silva nas

circunstâncias atenuantes de pena conforme art.

65, I e III, alíneas “a” e “d”

8- Seja aplicado a diminuição de pena em 1/3

conforme o disposto no art. 129, § 4º para

ambos os denunciantes.

9- Substituição da pena privativa de liberdade

por restritiva de direitos conforme art.44 do

CP.

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

Termos em que

Pede deferimento

Goiânia 17 de abril de 2012

_____________________________ROBERTO CLAUDIO DIAS MATTOS OAB 11.223 / GO

Rol das testemunhas:

1- MARIA CECÍLIA MAGALHÃES, brasileira,

solteira, professora de Inglês, CPF n°

252444555-44, , residente e domiciliada na Rua

Santos Dumont, n.º 153, Setor Negrão de Lima,

Goiânia – GO.

2- JOANA DE SOUSA, brasileira, casada,

Diretora Escolar, CPF nº 151325897-21,

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

residente e domiciliada na Rua A, nº60, Setor

Leste Vila Nova, Goiânia-Go.

3- BRUNO CESÁR DE ALMEIDA, brasileiro,

solteiro, estagiário, CPF nº 258369741-21,

residente e domiciliado na Rua 292, nº 51,

Setor Universitário, Goiânia-Go.

4- ALICE CARVALHO, brasileira, casada,

professora, CPF nº 498.089.332-72, residente e

domiciliada na Rua 3, nº 345, Setor Central,

Goiânia – GO

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA CRIMINALFILHOS DA PUCAlex Amaral

Élida MendanhaRoberto Mattos

DOCUMENTOS ANEXADOS

Documento 1 > Procuração para os advogados

Documentos 2 e 3 > Fotos de Maria Cecília Guimarães ressaltando suas vestes

Documentos 4 a 8 > Fotos públicas de várias mulheres presentes no show “Villa Mix”

Documento 9 > Ata de reunião escolar em que foidiscutido o problema do bulling sofrido por Frederico

Documento 10 > Boletim de ocorrência policial acerca de agressões sofridas por Frederico

Documento 11 > Perícia médica de lesões corporais sofridas por Frederico