Representações Racializadas de Negros nos Museus: o que se diz e o que se ensina

15
Representações Racializadas de Negros nos Museus: o que se diz e o que se ensina LISANDRA MARIA RODRIGUES MACHADO 1 MARIA ANGÉLICA ZUBARAN 2 No presente estudo, propomos uma breve análise cultural da exposição da sala denominada Período Escravista, que integra a exposição de longa duração do Museu Julio de Castilhos, inaugurada no ano de 2003. Nosso objetivo é mapear as estratégias de representação mais recorrentes sobre o negro nessa exposição e o potencial pedagógico dessas representações. Quais os significados que estão sendo privilegiados e quais os silenciados sobre o negro nessa exposição? O que se ensina sobre o negro, a partir dos discursos e representações em exposição na sala Período Escravista? Essas são questões centrais que queremos contemplar nessa análise. Para se ter uma perspectiva mais crítica sobre os museus é preciso, como afirmou com propriedade o museólogo Mário Chagas (2006), aceitar a obviedade de que os museus são lugares de memória e de esquecimento, assim como são lugares de poder e de silêncios. Nesta direção, consideramos fundamental lembrar que "os museus não são inocentes", que não somente dizem coisas sobre o passado, mas que naturalizam formas de ver o mundo, que legitimam, hierarquizam e ordenam culturas e identidades. Neste sentido, pode-se dizer que o museu é um espaço político de disputas de representação, começando pelas representações atribuídas aos objetos pelos próprios técnicos desses espaços culturais, pelos participantes ou não das comunidades onde se encontram inseridos, pelos patrocinadores das exposições e ainda pelos demais públicos que visitam essas instituições. Assim, os museus tanto podem atuar hierarquizando culturas e identidades, quanto contribuindo para colocar em circulação representações alternativas sobre diferentes grupos sociais, étnico-raciais e culturais, sobre suas memórias, histórias e culturas. O próprio conceito de museu tem passado por profundas mudanças, de acordo com os diferentes contextos históricos e sócio-políticos. Neste 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da Universidade Luterana do Brasil. E-mail: [email protected] 2 Ph.D. em História, State University of New York. Professora do Curso de História e do Mestrado em Educação da ULBRA, Porto Alegre/RS, Brasil. Diretora do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. E- mail: [email protected]

Transcript of Representações Racializadas de Negros nos Museus: o que se diz e o que se ensina

Representações Racializadas de Negros nos Museus: o que se diz e o

que se ensina

LISANDRA MARIA RODRIGUES MACHADO1

MARIA ANGÉLICA ZUBARAN2

No presente estudo, propomos uma breve análise cultural da exposição da sala

denominada Período Escravista, que integra a exposição de longa duração do Museu

Julio de Castilhos, inaugurada no ano de 2003. Nosso objetivo é mapear as estratégias

de representação mais recorrentes sobre o negro nessa exposição e o potencial

pedagógico dessas representações. Quais os significados que estão sendo privilegiados e

quais os silenciados sobre o negro nessa exposição? O que se ensina sobre o negro, a

partir dos discursos e representações em exposição na sala Período Escravista? Essas

são questões centrais que queremos contemplar nessa análise.

Para se ter uma perspectiva mais crítica sobre os museus é preciso, como

afirmou com propriedade o museólogo Mário Chagas (2006), aceitar a obviedade de

que os museus são lugares de memória e de esquecimento, assim como são lugares de

poder e de silêncios. Nesta direção, consideramos fundamental lembrar que "os museus

não são inocentes", que não somente dizem coisas sobre o passado, mas que naturalizam

formas de ver o mundo, que legitimam, hierarquizam e ordenam culturas e identidades.

Neste sentido, pode-se dizer que o museu é um espaço político de disputas de

representação, começando pelas representações atribuídas aos objetos pelos próprios

técnicos desses espaços culturais, pelos participantes ou não das comunidades onde se

encontram inseridos, pelos patrocinadores das exposições e ainda pelos demais públicos

que visitam essas instituições. Assim, os museus tanto podem atuar hierarquizando

culturas e identidades, quanto contribuindo para colocar em circulação representações

alternativas sobre diferentes grupos sociais, étnico-raciais e culturais, sobre suas

memórias, histórias e culturas. O próprio conceito de museu tem passado por profundas

mudanças, de acordo com os diferentes contextos históricos e sócio-políticos. Neste

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da Universidade Luterana do

Brasil. E-mail: [email protected]

2 Ph.D. em História, State University of New York. Professora do Curso de História e do Mestrado em

Educação da ULBRA, Porto Alegre/RS, Brasil. Diretora do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. E-

mail: [email protected]

sentido, discutiremos brevemente alguns marcadores das mudanças mais relevantes na

trajetória dos museus. Também examinaremos os principais estudos que tratam das

representações do negro em museus brasileiros, com destaque para os argumentos que

contribuem para a análise aqui empreendida.

Esse estudo desenvolve-se a partir dos pressupostos teóricos dos Estudos

Culturais, na perspectiva de que as representações culturais contidas na linguagem não

apenas "falam sobre", mas constituem as coisas sobre as quais falam. De acordo com a

abordagem construcionista do sociólogo Stuart Hall (2000), as coisas não possuem um

significado intrínseco, essencial, mas construímos o significado delas utilizando-nos de

sistemas de representação e classificação. Para Hall, a importância das palavras,

expressões, convenções, vêm dos significados que elas produzem e fazem circular na

cultura. Trata-se, portanto, de investigar o poder instituidor das representações sobre o

negro nos museus e seus possíveis ensinamentos.

Um breve olhar sobre o conceito de museu

A criação dos primeiros museus públicos e também das primeiras políticas de

proteção ao patrimônio está vinculada à apreensão de bens do clero e da nobreza

durante a Revolução Francesa e à sua transferência para a nação no final do século

XVIII. Letícia Julião (2006) destaca que neste contexto, importantes museus foram

criados na Europa para formar o cidadão através do conhecimento do passado e conferir

um sentido de nação através da legitimação simbólica dos Estados Nacionais

emergentes. Os museus passaram a exercer importante papel na construção de

identidades nacionais, elegendo e legitimando a cultura e a história de determinados

grupos e excluindo e sub-representando outros. Esse modelo de museu celebratório das

identidades nacionais e de seus patrimônios materiais proliferou em várias partes do

mundo.

No Brasil, a criação do Museu Real (atual Museu Nacional) em 1818,

reproduziu o modelo europeu e desempenhou o papel de comemorar a nação emergente

durante o processo de Independência no início do século XIX. Mário Chagas (2006)

menciona o empenho dos intelectuais brasileiros na construção ritual e simbólica de

museus que fixassem uma memória nacional e regional. Durante o século XX, esses

museus tradicionais mantiveram-se como espaços destinados a reverenciar uma

determinada memória e uma determinada história que sacralizava grandes indivíduos e

seus patrimônios materiais.

Regina Abreu (2005) ao pensar a construção da alteridade nos museus, coloca

que até os anos 60, nos museus etnográficos, internacionais e nacionais, a tônica era o

colecionismo e o estudo de grupos exóticos radicalmente diferentes dos ocidentais.

Nesta fase, os museus etnográficos brasileiros, enaltecendo a fábula das três raças

formadoras da identidade nacional, coletaram e exibiram objetos dos grupos afro-

brasileiros (ABREU, 2005, p. 110). Lília Moritz Schwarcz, ao analisar a questão racial

nos museus etnográficos nacionais, no final do século XIX, apontou que, herdeiros de

uma forma específica de classificação, eles “delimitaram o atraso ou reafirmaram a

inferioridade da miscigenação e das raças formadoras da nação, com base em uma

pirâmide humana concebida em moldes evolucionistas” (SCHWARCZ, 1993, p. 94).

Nesses museus índios e negros foram classificados como inferiores aos europeus e

representados como exóticos.

Já os museus consagrados à chamada cultura popular, oriundos de movimentos

de folcloristas, entre eles, o Museu de Folclore Edison Carneiro, “configuraram esforços

no sentido da objetificação de alteridades próximas, relativas aos grupos socioculturais

diversos no contexto brasileiro” (ABREU, 2005, p. 111). De acordo com Abreu, estes

museus direcionaram sua ação para a construção da alteridade próxima, sem visar à

auto-representação dos grupos envolvidos. Para a autora: “O Museu era, sobretudo, um

lugar onde antropólogos, museólogos e demais profissionais teciam representações

sobre o outro” (ABREU, 2005, p. 111). Ela argumenta que foi com a criação do Museu

do Índio, idealizado e fundado por Darcy Ribeiro nos anos 70, que se abriu um caminho

para a os Museus representarem identidades específicas, alterando a relação do museu

com a construção da alteridade.

De outro lado, não podemos deixar de considerar que foi no contexto da década

de 1970, com o movimento da chamada Nova Museologia, que se configurou uma

renovação museal, em que os museus foram paulatinamente deixando de lado as

grandes sínteses nacionais e regionais e passaram a construir narrativas que

contemplassem à diversidade de outras culturas. Na contemporaneidade, os museus

buscam superar a ideia de narrar uma memória única e apostam na pluralidade de

memórias e identidades.

Também a emergência dos chamados novos movimentos sociais no cenário

político brasileiro do final da década de 1970 e suas políticas de identidade, levaram

diferentes grupos sociais, étnicos e culturais a reivindicarem o direito as suas memórias

e a buscarem institucionalizá-las no espaço público. Esse é o contexto do surgimento

dos chamados museus étnicos, tais como: o Museu Kuahí dos Povos Indígenas do

Oiapoque, em Macapá (AP), Museu Indígena, em Coroa Vermelha (BA), Museu

Magüta dos Índios Ticuna em Benjamin Constant (AM), Museu Afro-Brasileiro-

MAFRO em Salvador (BA), Museu Afro-Brasil, em São Paulo (SP), Museu Afro-

Brasileiro (SE), Museu do Negro (RJ), Museu 13 de Maio em Santa Maria (RS) e

Museu do Percurso do Negro, em Porto Alegre (RS). Esses museus sinalizam um

importante deslocamento na forma dos museus construírem a história e a cultura dos

povos indígenas e dos afrodescendentes, uma vez que indígenas e negros deixam de ser

representados pelo Outro e passam a ser os produtores de suas próprias representações.

Representações Racializadas em Museus Brasileiros

O tema das representações sobre o negro nos museus brasileiros tem sido objeto

de estudo de historiadores, antropólogos e museólogos. Entre os historiadores,

destacam-se os trabalhos de Myriam Sepúlveda dos Santos (2004), (2005) e Marcelo

Nascimento Bernardo da Cunha (2008). No segundo grupo, destacam-se os trabalhos do

antropólogo e museólogo Raul Lody (2005) e da antropóloga Ana Cristina Mandarino

(2010). Esses estudos têm como foco analítico as articulações entre as memórias, a

história e a cultura dos afro-brasileiros e as instituições museológicas brasileiras.

De início, pode-se observar que a maior parte dos estudos que articulam a

temática étnico-racial às instituições museológicas no Brasil foi produzida

recentemente, o que marca a emergência desse campo de estudos nessa última década,

entre os anos de 2004 e 2010. Porém, como destaca a antropóloga Ana Cristina

Mandarino (2010), ainda são escassos os trabalhos sobre a inserção do negro em

instituições de preservação da memória cultural. Em seu artigo dedicado à imagem dos

negros nos museus, a autora problematiza o espaço frequentemente destinado aos

negros nas coleções museais, bem como o papel educativo dos museus e aponta

algumas recorrências no que se refere à história e à produção material dos negros nos

espaços museológicos, dentre as quais destaca: a visão homogeneizada do continente

africano, a limitação ao caráter religioso das produções negras e a ênfase no exotismo

fetichista.

Já a historiadora Myrian Sepúlveda dos Santos (2004) (2005) afirma que a

memória não pode ser reduzida a um patrimônio comum a todos, entendimento que

impulsionou diferentes grupos a buscarem a construção de suas próprias memórias e

representações nos museus. Nesse sentido, Santos indica que em todo o mundo

emergiram movimentos em defesa das identidades de minorias e grupos sociais que

foram excluídos ou tratados de forma subordinada no processo civilizador ocidental. De

acordo com a autora, temos em vigor atualmente no Brasil uma política cultural que

fortalece a pluralidade de expressões culturais e regionais em substituição a uma política

que pretendia consolidar uma identidade única e homogênea. Nos trabalhos que produz

sobre o tema, a historiadora volta seu olhar para alguns museus de inspiração afro-

brasileira e também para os chamados museus tradicionais do país, a fim de identificar

quais significados são lembrados e quais são esquecidos sobre a população negra a

partir das estratégias representacionais em operação nas exposições dessas instituições.

Santos identifica três principais estratégias de representação do negro em instituições

museológicas dedicadas à memória e à cultura dos afro-brasileiros: “a ênfase em obras

de artes de artistas negros, o resgate da importância de objetos de origem africana e a

desvalorização de objetos e imagens do tempo da escravidão” (SANTOS, 2004, p. 4).

No que se refere aos museus tradicionais, a autora apresenta duas principais estratégias

de representação sobre o negro: “o silêncio quase absoluto sobre a participação positiva

do negro na constituição da nação e a lembrança do período em que ele foi amarrado ao

tronco, espancado, dominado e humilhado pelo homem branco (SANTOS, 2004, p. 4).

Santos reafirma a necessidade de se problematizar as representações e ensinamentos que

são postos em circulação sobre o negro em museus uma vez que, tanto em museus

tradicionais, quanto naqueles adeptos às novas propostas representacionais, estão

presentes narrativas de memórias e identidades que exaltam certos grupos e que

silenciam outros.

Nessa direção, também Marcelo Bernardo Nascimento da Cunha (2008)

argumenta que as exposições museais produzem modos de rememoração e, ao mesmo

tempo, formas de esquecimento. O autor afirma que nas instituições museais “o enfoque

em determinados traços, elementos ou sinais projetam sombras e zonas fora de foco, ou

seja, (...) a todo o momento são realizadas escolhas e opções em torno do que será

protegido, ressaltado e patrimonializado” (CUNHA, 2008, p. 8). Cunha toma os museus

como espaços privilegiados de lutas de representações e de jogos de poder. No que

concerne às manifestações culturais de origem africana, o autor aponta a representação

exótica como a mais recorrente nos museus, juntamente com a abordagem turística,

folclórica, e não raro mercantilizada, e identifica um „elenco básico de discursos‟ sobre

o negro: o trabalho negro como escravo e os castigos, suplícios e torturas; a religião e o

destaque ao sincretismo religioso; e à homogeneização das diferentes manifestações

culturais afro-brasileiras, comumente apresentadas a partir de um viés folclórico. Assim,

para além da simples presença de elementos relativos aos negros nos museus, é

importante refletirmos, em que medida esses elementos possibilitam mudanças nos

repertórios representacionais mais recorrentes e em que medida contribuem para o

reconhecimento e a valorização da História e da Cultura dos afro-brasileiros.

O antropólogo e museólogo Raul Lody (2005), traça um panorama da cultura

material e imaterial africana e afro-brasileira nos museus e observa que muitos dos

objetos que integram as coleções museais resultam de apreensões policiais de repressão

às práticas culturais africanas e afrodescendentes, situações que eram recorrentes no

país desde o final do período escravista. O autor analisa objetos da cultura negra

presentes no Museu Afro-Brasileiro de Laranjeiras, em Sergipe, no Museu do Ilê Axé

Opô Afonjá, na Bahia, Museu do Estado de Pernambuco, Museu do Homem do

Nordeste, em Pernambuco, Museu Paraense Emílio Goeldi, Museu Théo Brandão, em

Alagoas, Museu Arthur Ramos, no Ceará, Museu Câmara Cascudo, no Rio Grande do

Norte, Museu do Folclore Edison Carneiro, no Rio de Janeiro, Museu Carlos Costa

Pinto, na Bahia, Museu Nacional e Museu de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Também

são analisados Institutos e Casas de Cultura que abrigam coleções de inspiração africana

ou afro-brasileira, além de espaços de memória não convencionais. O autor considera

que o conceito de museu se amplia para além dos museus convencionais e identifica

valor e expressão museológica nos espaços das comidas de rua, na Feira do Mercado de

São Joaquim, em Salvador, na natureza ritualizada, na referência à religiosidade de

inspiração africana da “presença” do Bará no Mercado Público de Porto Alegre, RS. O

estudo de Lody destaca, sobretudo, as referências culturais negras ligadas às religiões de

matriz africana e afro-brasileira.

A importância da análise dos significados que são postos em circulação sobre o

negro nas instituições museais é recorrente em todos esses trabalhos, assim como, a

noção de que as práticas museológicas estão relacionadas às dinâmicas sociais e

históricas vigentes. Nesse sentido, convém considerarmos alguns aspectos da

historicidade do Museu Julio de Castilhos e das suas práticas expositivas para

examinarmos a construção das representações e ensinamentos sobre o negro.

O Museu Julio de Castilhos (MJC) está instalado em um prédio de fachada

imponente, na Rua Duque de Caxias, número 1231, no centro da cidade de Porto

Alegre, capital do Rio Grande do Sul. O prédio foi moradia de Julio de Castilhos, ex-

presidente da província do Rio Grande do Sul e líder do Partido Republicano

Riograndense. Em 1903, ano da morte de Julio de Castilhos, o presidente da província

Borges de Medeiros, através do decreto-lei nº 589, criou o Museu do Estado, com

acervo originado, em grande parte, da Exposição Agropecuária realizada nos pavilhões

do Parque da Redenção dois anos antes. Em 1905, a antiga residência de Julio de

Castilhos foi adquirida pelo Governo Estadual, para ser sede do então Museu do Estado,

que passou a chamar-se Museu Julio de Castilhos, através do decreto nº 1140 de 1907,

em homenagem ao líder político.

Dentre os muitos trabalhos produzidos sobre o Museu Julio de Castilhos,

destacamos alguns estudos que nos ajudam a compreender a sua trajetória histórica:

Letícia Borges Nedel (1999), Marlise M. Giovanaz e Luís Armando Peretti (2003) e

Andréa Reis da Silveira (2011). A dissertação de mestrado da historiadora Letícia

Borges Nedel (1999), salienta a relação entre o MJC e a construção de uma memória

regional e oficial do estado. A autora argumenta que a partir do discurso regionalista

dos anos 50, a instituição alterou sua atuação e adotou uma tipologia histórica:

Neste contexto, o Museu privilegiou a identificação das 'origens' históricas do

'caráter regional' e, em sua ação como agente cultural, objetivou a construção

de uma herança folclórica definida como patrimônio da nacionalidade e

mecanismo de preservação da identidade gaúcha, através da transmissão de um

passado comum (NEDEL, 1999, p. 08).

Já Marlise Giovanaz (2003) e Luis Armando Peretti destacam o MJC como um

espaço constituidor da memória regional gaúcha durante seu primeiro cinqüentenário,

entre os anos de 1903 e 1954, e seu papel na salvaguarda e produção de uma memória

regional. Em trabalho recente elaborado sobre o MJC, Andréa Reis da Silveira (2011)

analisa os discursos, representações e práticas museológicas que tiveram lugar no

Museu entre os anos de 1960 e 1980. A autora argumenta que as narrativas construídas

no MJC estão articuladas aos perfis de seus diretores e às orientações políticas

predominantes nos contextos históricos locais e nacionais do período analisado. A

autora aponta que:

As representações das memórias sociais conduzidas nos objetos incorporados e

apresentados expositivamente no Museu Julio de Castilhos, estavam marcadas

pela forma centralizadora, autoritária e excludente legitimada na sociedade

local e brasileira (SILVEIRA, 2011, p. 56).

Assim, de acordo com a autora, as representações identitárias em pauta no MJC

neste período tiveram como foco os membros de um mesmo grupo social,

representativo das elites do estado e excluíram as memórias de grupos minoritários,

dentre os quais os negros, com a exceção da exposição de objetos vinculados à

escravidão.

Representações Racializadas do Negro na Sala Período Escravistai

A arquiteta Ceres Storchi (2002) ao estudar as exposições museais aponta que

elas envolvem a construção de narrativas artísticas, históricas, sociopolíticas,

antropológicas e científicas. Nesse sentido, os dados sobre a equipe que planejou,

executou e patrocinou a exposição de longa duração do Museu Julio de Castilhos

inaugurada em 2003 são fundamentais para o entendimento das narrativas construídas

nessa exposição. Recentemente, técnicos do MJC informaram-nos que as interlocuções

sobre a exposição de 2003, que até hoje ocupa a sala Período Escravista, tiveram início

ainda na década de 1990. Entretanto, infelizmente, a ficha técnica da exposição não foi

localizada. Esta exposição está composta pelas salas Julio de Castilhos, Período

Escravista, Revolução Farroupilha, Missioneira e Indígena, que juntas constroem uma

síntese unificada da História oficial do Rio Grande do Sul.

A sala denominada Período Escravista está localizada em um espaço de

circulação entre outras duas salas e dá acesso ao pátio do museu. Nesta sala, uma

expografia anterior, exibia somente objetos de tortura da época da escravidão, os

mesmos que se mantêm, ainda hoje, em exposição, porém agora fazendo parte da

expografia inaugurada em 2003. O título selecionado para essa sala remete ao estigma da

escravidão frequentemente utilizado para marcar as experiências dos negros nesse período

da História do Brasil que integra o já referido “elenco básico de discursos referente à

memória afro-brasileira” apontado por Marcelo Cunha. Neste sentido, vale refletirmos

sobre quais os significados que estão sendo construídos e privilegiados através das

representações mais recorrentes que são postas em circulação nessa exposição.

Na perspectiva de Stuart Hall (1997), as representações racializadas do negro

são construídas com base em estereótipos étnico-raciais do negro que atuam a partir de

uma ótica binária e que fixam como 'naturais' características culturalmente construídas

sobre esses sujeitos. A naturalização dessas representações estereotipadas que circulam

sobre o negro na cultura dificulta o questionamento e a problematização do status de

inferioridade atribuído à cultura e às identidades negras e contribui para o

fortalecimento de identidades hegemônicas.

A seguir analisaremos a exposição Período Escravista, que está organizada em

três nichos expositivos, sendo que um deles apresenta duas faces. Esses nichos são

compostos por imagens, textos escritos e objetos. Cada um dos nichos exibe em sua

base uma palavra que referencia a temática ali abordada, a saber: Liberdade,

Escravatura, Objetos e Abolição.

Na direção apontada por Stuart Hall, destacamos algumas estratégias de

representação racializadas do negro em operação na exposição Período Escravista. Uma

das estratégias de representação racializada do negro na exposição é apresentá-lo como

um Outro genérico, homogêneo, sempre escravo, representado através do olhar do

branco, tanto na iconografia dos viajantes europeus, especificamente, Jean Baptiste

Debret e Johann Moritz Rugendas, como no anúncio do escravo fugido publicado na

imprensa local. É importante mencionar que o texto que se refere à imagem do anúncio

de fuga do escravo, produz um deslocamento da representação do negro, de vítima

passiva da violência escravista, para a representação de protagonista, que resiste e reage

ao sistema escravista. No entanto, se mantém uma visão dicotômica que limita o

comportamento do escravo, à acomodação ou à resistência, sem considerar as várias

formas de negociação construídas pelos negros, escravos e libertos, com seus senhores e

demais sujeitos da sociedade local, por melhores condições de vida e de trabalho.

No que se refere à representação do negro na iconografia de viajantes europeus,

como refere Maria Angélica Zubaran (1999), é fundamental uma leitura crítica do olhar

europeu sobre o Outro nativo, para desconstruir o testemunho eurocêntrico desse olhar

imperial. De acordo com a autora:

(...) trata-se de compreender de que modo as representações dos europeus

ocidentais construíram os habitantes do mundo não-europeu para os leitores

metropolitanos e desta forma contribuir para a descolonização do

conhecimento sobre o “outro” (ZUBARAN, 1999, p. 19).

A seleção das obras Navio Negreiro e Desembarque de Escravos no Cais do

Valongo do viajante e artista alemão Johann Moritz Rugendas, abaixo reproduzidas,

Gabriel C

astello Costa – T

écnico do Museu Julio de C

astilhos

Nicho Liberdade Nicho Escravatura

Gabriel C

astello Costa – T

écnico do Museu Julio de C

astilhos

Nicho Objetos

Gabriel C

astello Costa – T

écnico do Museu Julio de C

astilhos

Nicho Abolição

Gabriel C

astello Costa – T

écnico do Museu Julio de C

astilhos

parece marcar o início do processo escravista no Brasil, visto a partir do tráfico

transatlântico de escravos da África para o Brasil. Essa abordagem tem sido muito

criticada pelos historiadores africanistas e estudiosos da História Afro-brasileira, pois

desconsidera a História e a cultura dos africanos no período anterior ao tráfico de

escravos.

É como se a África e os africanos não possuíssem História, uma representação

que foi disseminada na modernidade e amplamente difundida nas palavras do filósofo

Hegel:

O negro representa, como já foi dito, o homem natural, selvagem e indomável.

Devemos nos livrar de toda reverência, de toda moralidade e de tudo o que

chamamos de sentimento, para realmente compreendê-lo. Neles, nada evoca a

idéia de caráter humano. (...) Entre os negros, os sentimentos morais são

totalmente fracos – ou, para ser mais exato, inexistentes. (...) Com isso,

deixamos a África. Não vamos abordá-la posteriormente, pois ela não faz parte

da história mundial; não tem nenhum movimento ou desenvolvimento para

mostrar. (HEGEL,1995, p. 84-88).

As obras O Colar de Ferro e Aplicação do Castigo do Açoite de Jean Baptiste

Debret, viajante francês, pintor oficial da Corte, que permaneceu no Brasil durante 15

anos, a partir de 1831, representam a aplicação pública e exemplar de castigos para

subjugar e disciplinar o escravo. No contexto da exposição, essas duas obras de Debret,

reproduzidas a seguir, contribuem para reforçar a representação do escravo como vítima

da violência escravista.

Obra Navio Negreiro: Negros no Porão

Nicho Liberdade

Obra Desembarque de Escravos no Cais do Valongo

Nicho Liberdade

Obra O Colar de Ferro

Nicho Objetos

Obra Aplicação do Castigo do Açoite

Nicho Objetos

A historiadora da arte Valéria Lima (2007) analisa criticamente a versão

construída por este artista a respeito dos castigos aplicados aos escravos. Para a autora,

Debret parece justificar a aplicação dos castigos previstos na legislação escravista:

Assim, parece que a crítica de Debret se dirige mais ao caráter não-legal dos

castigos aplicados pelo feitor do que às punições propriamente ditas. (...) Nas

cenas do pelourinho e do tronco, as punições estão previstas na legislação, o

que desqualifica qualquer reprovação de fundo humanitário (LIMA, 2007, p.

167-168).

Essa estratégia de representação racializada do negro como vítima da violência

escravista, é reforçada através da exibição de objetos de castigo, tais como Gargalheiras,

Vira-Mundos e Libambos, que são exibidos em cada um dos três módulos da exposição.

Aqui não estamos colocando em questão a inegável violência da escravidão, mas

questionando que a representação do escravo vítima seja uma das abordagens

predominantes sobre o escravo no período escravista. Também os textos que aparecem

nos três nichos não questionam as punições, apenas as apresentam, parecendo

naturalizá-las e legitimá-las.

A terceira estratégia de representação racializada do negro na exposição é o

silenciamento sobre as experiências e os saberes negros, sobre sua história e práticas

culturais. Silencia-se sobre os quilombos que existiram no Brasil desde o início do

sistema escravista e que constituíram alternativas bem sucedidas de rompimento com a

escravidão, além de revelarem a capacidade de escravos e libertos se organizarem e

conviverem com relativa autonomia dentro do sistema escravista. Neste sentido, cabe

questionarmos porque os vários saberes cotidianos de escravos e libertos nos seus

ofícios, nas artes plásticas, nos cultos religiosos, na música, nas festas e celebrações, na

forma de se vestirem, de falarem e de sepultarem os seus mortos estão sendo

negligenciados?

Também o último nicho, que aborda a abolição, silencia sobre o papel ativo das

lideranças negras no movimento abolicionista e nomeia apenas a princesa Isabel e Julio

de Castilhos. Poderíamos perguntar: e as vozes de José do Patrocínio, André Rebouças,

Luis Gama, Carlos Gomes, onde estão? E o papel das irmandades negras da Nossa

Senhora do Rosário cujos membros, escravos e libertos, contribuíram para a compra de

alforrias de seus irmãos? E as contribuições das muitas mulheres negras que com seus

trabalhos cotidianos conseguiram comprar a alforria de seus filhos? Onde estão? Essas

são as memórias negras que, subterrâneas durante muitos anos, estão a reivindicar

espaço nos museus e em outras instituições culturais.

O que se ensina sobre o negro na sala Período Escravista?

Em primeiro lugar gostaríamos de destacar que entre as contribuições mais

importantes dos Estudos Culturais para o estudo da cultura negra situa-se a ampliação do

conceito de pedagogia. De acordo com Costa, Silveira e Sommer (2003):

A educação se dá em diferentes espaços do mundo contemporâneo, sendo a

escola apenas um deles. Quer dizer, somos também educados por imagens,

filmes, textos escritos, pela propaganda, pelas charges, pelos jornais e pela

televisão, seja onde for que estes artefatos se exponham” (COSTA, SILVEIRA

E SOMMER, 2003, p. 57).

Neste estudo interessa-nos, particularmente, pensar o que o museu ensina sobre

o negro e quais são as suas pedagogias. Iniciamos essa reflexão com o conceito de

Pedagogias da Racialização elaborado por Gládis Elise Pereira da Silva Kaecher (2010).

A autora argumenta que há uma pedagogia da racialização em funcionamento na sociedade

brasileira, que ensina que o pertencimento racial está relacionado a questões fenotípicas, a

características físicas que demarcam a raça/cor das pessoas. Essa demarcação, a partir de

características físicas, atua naturalizando o processo de pertencimento étnico-racial e a cor

da pele passa a ser vista como fator determinante da pertença racial. A partir desse

entendimento a identidade racial se estabeleceria de uma maneira fixa e essencialista.

Kaercher salienta o aspecto político das pedagogias da racialização "que são, em última

instância, embates de e por poder: o poder de se representar, de ocupar a centralidade das

narrativas e de dizer sobre e para o outro” (KAERCHER, 2010, p. 91).

De um lado, a exposição constrói a representação de um negro genérico, sem

diferenças entre si, homogêneo, como foi estabelecido pela mentalidade colonialista

européia. De outro lado, a exposição hierarquiza a cultura e ensina que os saberes da

experiência negra não são importantes, as manifestações artísticas e culturais negras são

negadas e silenciadas. Onde estão os muitos pintores, escultores, músicos e escritores

negros? Francisco Antônio Lisboa, o Aleijadinho, os Mestres Valentim e Ataíde, o

músico da corte imperial Padre Maurício Nunes Garcia, os escritores Cruz e Souza,

Machado de Assis, Lima Barreto e Carolina Maria de Jesus? Onde estão?

A exposição Período Escravista encerra as narrativas sobre o negro com a

abolição da escravidão, congelando a história e a cultura negra naquele momento

histórico. O negro é convertido em um vestígio do passado. O módulo sobre a abolição

ensina, ainda, que a liberdade negra resultou de um ato da princesa, uma versão

romântica, há muito tempo contestada pela historiografia brasileira.

Considerações Finais

Nesta análise pretendeu-se desconstruir as representações racializadas do Outro

negro, questioná-las e desnaturalizá-las, buscando reconhecer nos relatos museais suas

tramas e seus silêncios, problematizando a noção de que as representações expostas nos

museus são verdades inquestionáveis. Se entendermos os relatos museais como

construções discursivas, então poderemos renová-los, democratizá-los, torná-los mais

inclusivos e mais plurais. Neste sentido, vale destacar o importante movimento que o

Museu Julio de Castilhos vem desenvolvendo desde o ano de 2011, no sentido de

agregar novas possibilidades de leitura à exposição Período Escravista. A historiadora

Jane Rocha de Mattos (2012), integrante do núcleo técnico do MJC, detalha essas novas

experiências:

Iniciamos uma série de debates, de reuniões abertas, sob o título Museus e

Africanidades, com o objetivo de uma interlocução mais profícua com a

comunidade envolvendo o movimento negro e a academia. Os debates deram-

se em torno da representação dos afrodescendentes em museus e da própria

missão e o caráter do Museu Julio de Castilhos, que é um museu histórico do

RS (MATTOS, 2012).

Esse diálogo que a direção e o núcleo técnico do Museu Julio de Castilhos têm

mantido com as lideranças afro-brasileiras e com os acadêmicos dedicados ao tema da

História e da Cultura Afro-Brasileira é fundamental para que narrativas e representações

alternativas sobre o negro nos museus possam ser construídas contemplando as

múltiplas e ricas experiências negras na diáspora atlântica. A partir dessa perspectiva, os

museus poderão construir outros cenários e contar outras histórias, de culturas e

identidades plurais.

REFERÊNCIAS

ABREU, Regina. Museus etnográficos e práticas de colecionismo: antropofagia dos

sentidos. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. nº 31, 2005, p.100-125.

CHAGAS, Mário. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de

Mário de Andrade. Chapecó: Argos, 2006.

COSTA, Marisa Vorraber; SILVEIRA, Rosa. Maria Hessel; SOMMER, Luis Henrique.

Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação. Campinas: nº

23, p. 36-61, maio/jun./jul./ago 2003.

CUNHA, Marcelo Nascimento Bernardo. Museus e Exposições e suas Representações

sobre o Negro no Brasil. V Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no

Brasil. Salvador, 2008.

HALL, Stuart (Ed). Representation. Cultural Representations and Signifying Practices.

London/Thousand Oaks/ New Delhi: Sage, 1997

______. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu (org. e trad.).

Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p.

103-133.

HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Filosofia da História. Brasília: Ed. UnB, 1995.

JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a História do Museu. In: Caderno de Diretrizes

Museológicas. Brasília: MinC/IPHAN/DEMU, Belo Horizonte: Secretaria de Estado de

Cultura/Superintendência de Museus, 2006, p. 19-31.

KAERCHER, Gládis Elise Pereira da Silva. Pedagogias da Racialização ou dos modos

como se aprende a "ter" raça e/ou cor. In: BUJES, Maria Isabel Edelweiss; BONIN, Iara

(Org.). Pedagogias sem Fronteiras. Canoas: Ulbra, 2010.

LIMA, Valéria. J.B. Debret, Historiador e Pintor: A Viagem Pitoresca e Histórica ao

Brasil (1816-1839). Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

LODY, Raul. O Negro no Museu Brasileiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

MANDARINO, Ana Cristina de S. As imagens dos negros: dos museus à sala de aula.

In: PINHEIRO, Aurea da Paz, PELEGRINI, Sandra C. A. (Org.) Tempo, Memória e

Patrimônio Cultural. Teresina: EDUFPI, 2010.

MATTOS, Jane Rocha de. Informações [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por

<[email protected]>. em 23 out. 2012.

NEDEL, Letícia Borges. Paisagens da Província: o regionalismo sul-rio-grandense e o

Museu Julio de Castilhos nos anos 1950. Dissertação (Mestrado em História). Instituto

Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

1999.

PERETTI, Luis Armando; GIOVANAZ, Marlise. Museu como lócus de produção

regional: o caso do Museu Julio de Castilhos. Revista de Iniciação Científica da

ULBRA, Canoas, v.1, n. 2, p. 159-168, 2003. Canoas: Ed. ULBRA. 2003.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Entre o tronco e os Atabaques: a representação do

negro nos Museus Brasileiros. Colóquio Internacional Projeto UNESCO: 50 anos

depois. Salvador, 2004.

______. Canibalismo da memória: o negro nos museus brasileiros. Revista do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museus. Brasília: Ministério da Cultura, nº.

31, 2005, p. 36-55.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão

racial no Brasil de 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SILVEIRA, Andréa Reis da. O Museu Julio de Castilhos no Período 1960-1980:

acervos, discursos, representações e práticas através de uma exposição museológica.

2011. 197f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Patrimônio Cultural) –

Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,

2011.

STORCHI, Ceres. O espaço das exposições: o espetáculo da cultura nos museus.

Ciências & Letras, Porto Alegre: Fapa, n. 31, p. 117-126, jan./jun. 2002.

ZUBARAN, Maria Angélica. O Eurocentrismo do Testemunho: relatos de viagem no

Rio Grande do Sul do século XIX. In: Revista Anos 90, Programa de Pós-Graduação em

História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, n. 12, 1999, p.

17-33.

i A análise aqui esboçada está sendo desenvolvida e aprofundada na dissertação intitulada Representações

Racializadas Sobre o Negro nos Museus do Rio Grande do Sul: Pedagogias Culturais e Identidades de

Lisandra Maria Rodrigues Machado, sob orientação da Prof. Drª. Maria Angélica Zubaran, no Programa

de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da Universidade Luterana do Brasil.