PROJETO DE SAÚDE ÁFRICA

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Programa de Agentes Comunitários de Saúde e ou Saúde da Família de Angola Benguela Projeto de Implantação Fevereiro de 2009

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Programa de Agentes

Comunitários de Saúde e

ou Saúde da Família

de Angola

Benguela

Projeto de Implantação

Fevereiro de 2009

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

2

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3

JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 9

OBJETIVOS ........................................................................................................................ 12

METAS ................................................................................................................................ 13

DESAFIOS E INTERVENÇÕES ....................................................................................... 16

INSERÇÃO DO PROGRAMA NO SISTEMA DE SAÚDE ............................................. 26

EQUIPAMENTOS E INSUMOS NECESSÁRIOS ............................................................ 29

DESENVOLVIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS .................................................. 30

SISTEMA DE INFORMAÇÃO .......................................................................................... 35

AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO PROGRAMA ............................................... 38

CUSTOS .............................................................................................................................. 38

FINANCIAMENTO ............................................................................................................ 48

PARCERIAS ....................................................................................................................... 50

CONSULTOR QUE ELABOROU O PROJETO: .............................................................. 51

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

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INTRODUÇÃO

Vários países com perfil epidemiológico e demográfico semelhante ao de

Angola vêm implementando programas de agentes comunitários de saúde como

uma das estratégias para reestruturação da rede básica, privilegiando ações que

visam garantir informações e orientações sobre cuidados de saúde a grupos de

risco, para melhoria da qualidade de vida.

Desta forma, procuram:

Valorizar a família e seu espaço social;

Orientar a intervenção sobre os fatores de risco;

Desenvolver ações intersetoriais, através de parcerias;

Estimular o reconhecimento da saúde como um direito de

cidadania;

Organizar a comunidade para o efetivo exercício da

solidariedade.

Sua implantação deve ser conseqüência de uma decisão de reordenação

do modelo assistencial - de substituir as práticas tradicionais por uma nova

prática - que se inicia na atenção básica, onde os serviços de saúde criam

vínculo de responsabilização com a população.

Portanto esta é uma decisão política de mudança que compete aos

gestores públicos e que antecede qualquer etapa de operacionalização do

Programa.

A reorganização das práticas de atenção básica, pautada nessa estratégia,

deve observar os princípios básicos que orientam a proposta, ainda que sua

operacionalização possa apresentar variações necessárias para adaptações às

diferentes realidades locais e regionais.

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A estratégia do PACS (PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE

SAÚDE) tem em seu arcabouço teórico pelas experiências realizadas no BRASIL,

a realização de ações de promoção, prevenção e intervenção em saúde de

acordo com protocolos específicos, realizadas por cidadãos da comunidade em

que reside.

Há que se ressaltar que a presença de pessoas selecionadas da

comunidade, treinada e capacitada para a realização de atividades em saúde, de

acordo com os pressupostos teóricos da OMS Organização Mundial de Saúde, “

Saúde não é apenas a ausência de doença mas é o total bem estar

biopsicosocial”.

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) existe no Brasil

desde o início dos anos 90, foi instituído e regulamentado em 1997.

O PACS, e orientado pela assistência ambulatorial e domiciliar, no Brasil

atualmente ele é compreendido como estratégia transitória para o Programa de

Saúde da Família (PSF).

O Programa foi inspirado em experiências de prevenção de doenças

por meio de informações e de orientações sobre cuidados de saúde. Propõe uma

reorganização dos serviços de saúde e na integração de ações entre os diversos

profissionais da rede de assistência, com o objetivo de uma ligação efetiva entre a

comunidade e as unidades de saúde.

A ação do PACS se dá por meio dos Agentes Comunitários de

Saúde (ACS), pessoas escolhidas da própria comunidade, para atuarem junto a

população daquela região.

Dependendo da realidade local o ACS poderá atender entre 400 e

750 pessoas, e desenvolverá atividades de prevenção de doenças, promoção da

saúde através de ações educativas individuais e coletivas, e assistência

dependendo da formação do mesmo, nos domicílios e na comunidade, sob a

supervisão de um profissional competente para tal.

Outra questão a ser enfatiza na proposta do PACS é a necessidade da

presença de um enfermeiro coordenador e responsável pelo PACS e a

necessidade eminente de uma referência médica em uma unidade básica de

saúde que não necessariamente exclusivo do programa.

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A atuação dos agentes comunitários cada equipe do PACS tem de seis a

dez ACS (Agente Comunitário de Saúde) este número varia de acordo com o

tamanho do grupo sob a responsabilidade da equipe, numa proporção média de

um agente para 575 pessoas acompanhadas que detalharemos a seguir.

Funcionando adequadamente, as unidades básicas do programa são

capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade,

prestando um atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando

internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população.

A proposta dos Agentes Comunitários de Saúde na essência se assemelha

com os Promotores de Saúde, existentes anteriormente em Angola, porém, difere-

se na ação, pois se sugere que o ACS, seja um agente de mudanças na forma de

pensar saúde. Cabe ressaltar que o Programa de Agentes de Saúde não deve ser

tomado como a solução dos problemas de Saúde de Angola.

O sistema de saúde de Angola apresenta carências, de estruturas de

serviços de saúde, de organização de rede, de carência de técnicos

especializados, carências de profissionais médicos, enfermeiros e outros técnicos

da saúde. Tal carência pode ser justificada pelo período de conflitos internos que

se encerrou a aproximadamente cinco anos.

O quadro epidemiológico do país preocupa as autoridades locais, Ongs,

OMS e outros órgãos institucionais ligados a saúde, pois observou-se

profissionais de saúde ligados as mais diversas organizações realizando ações

com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de Angola.

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Princípios Básicos:

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde orienta-se a partir de

princípios fundamentais para a promoção da saúde e da qualidade de vida:

universalização, gratuidade, descentralização, integralidade e participação da

comunidade.

Esta estratégia será estruturada a partir das Unidades Básicas de Saúde

(Postos e Centros de Saúde), com trabalho em equipe multiprofissional que

assumirá a responsabilização por uma determinada população a ela vinculada,

onde serão desenvolvidas ações de promoção da saúde, de prevenção,

tratamento e reabilitação de agravos.

Atuará com base nas seguintes diretrizes:

Caráter substitutivo: Não significa a criação de novas estruturas de

serviços, exceto em áreas desprovidas, e sim a substituição das práticas

convencionais de assistência por um novo processo de trabalho, cujo eixo

está centrado na vigilância à saúde;

Integralidade e Hierarquização: A intervenção dos agentes de saúde está

inserida no primeiro nível de ações e serviços do sistema local de saúde,

denominado atenção básica. Deve estar vinculada à rede de serviços de

forma que se garanta atenção integral aos indivíduos e famílias e seja

assegurada a referência e contra-referência para os diversos níveis do

sistema, sempre que for requerido maior complexidade tecnológica para a

resolução de situações ou problemas identificados na atenção básica.

Territorialização e adscrição da clientela: trabalha com território de

abrangência definido e o agente de saúde é responsável pelo

cadastramento e acompanhamento da população adscrita a esta área.

Recomenda-se que cada agente de saúde seja responsável pelo

acompanhamento de, no máximo, 1000 pessoas.

Equipe multiprofissional: A equipe dos postos e centros de saúde, as

quais o agente comunitário de saúde estará vinculado, será composta por

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profissionais de saúde de diversas áreas de formação, atuando de forma

integrada.

As ações do PACS se dão por meio dos Agentes Comunitários de Saúde

(ACS), pessoas escolhidas da própria comunidade, para atuarem junto a

população daquela região. Dependendo da realidade local o ACS poderá

atender entre 750 e 1000 pessoas, e desenvolverá atividades de prevenção de

doenças, promoção da saúde através de ações educativas individuais e coletivas,

e assistência dependendo da formação do mesmo, nos domicílios e na

comunidade, sob a supervisão de um profissional competente para tal.

Dentre as ações desenvolvidas pelo ACS, destaca-se:

Visitar no mínimo uma vez por mês cada família da comunidade;

Identificar situação de risco e encaminhar aos setores responsáveis;

Pesar e medir mensalmente as crianças menores de dois anos e registrar a

informação em documento específico;

Incentivar o aleitamento materno;

Acompanhar a vacinação periódica das crianças por meio de documento

específico (caso exista);

Orientar a família sobre o uso de soro de reidratação oral para prevenir

diarréias e desidratação em crianças;

Identificar as gestantes e encaminha-las ao pré-natal;

Orientar sobre métodos de planejamento familiar;orientar sobre a

prevenção da AIDS e DSTs;

Orientar a família sobre prevenção e cuidados em situação de endemias;

Monitorar dermatoses e parasitoses em crianças;

Realizar ações educativas para prevenção do câncer cérvico-uterino e de

mama;

Realizar ações educativas referente ao climatério;

Realizar atividades de educação nutricional nas famílias e na comunidade;

Realizar atividades de educação em saúde bucal na família, com ênfase no

grupo infantil;

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Supervisionar eventuais componentes da família em tratamento domiciliar

e dos pacientes com tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e

outras doenças crônicas;

Realizar atividades de prevenção e promoção da saúde do idoso;

Identificar portadores de deficiência psicofísica com orientação aos

familiares para apoio necessário no próprio domicílio.

Outras ações a serem pactuadas com os gestores local e/ou MINSA.

Considerando as atribuições citadas acima, a rotina do ACS, envolve as

seguintes tarefas:

Cadastramento/diagnóstico - é a primeira etapa do trabalho junto à

comunidade. Consiste em registrar em uma ficha especifica (SIAB),

informações sobre cada membro da família assistida a respeito das

variáveis que influenciam a qualidade da saúde.

Mapeamento:- esta fase consiste no registro de um mapa da localização de

residências das áreas de risco para a comunidade, assim como nos pontos

de referência no dia da comunidade, com o objetivo de facilitar o

planejamento e desenvolvimento do trabalho do agente.

Identificação de microáreas de risco:- uma vez realizado o mapeamento, o

ACS identifica setores no território da comunidade que representa áreas de

risco.

Realização de visitas domiciliares:- este é o principal instrumento de

trabalho do ACS. Consiste de, no mínimo, uma visita mensal para cada

família residente na área de atuação do agente.

Ações coletivas:- com vistas a mobilizar a comunidade o ACS promove

reuniões e encontro com grupos diferenciados - gestantes, mães, pais,

adolescentes, idosos, grupos de situações de risco ou de portadores de

doenças comuns - incentiva as famílias nas discussões de assuntos

pertinentes a sua saúde.

Ações intersetoriais:- além de ações específicas na área de saúde, o

agente poderá atuar em outras áreas como:

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Educação - identificação de crianças em idade escolar que não estão

freqüentando a sala de aula.

Cidadania/direitos humanos - ações humanitárias e solidárias que possam

colaborar de forma positiva na melhoria da qualidade de vida.

JUSTIFICATIVA

O governo e a sociedade civil de Angola têm desenvolvido esforços no

sentido de reconstruir o país, sua infra-estrutura e rede de serviços destruídos por

anos de prolongado conflito.

O quadro sanitário do país tem se constituído em um dos maiores entraves

para o desenvolvimento econômico e social. Um país assolado por índices de

mortalidade infantil e materna situados entre os piores do planeta, pela malária,

tuberculose, tripanossomíase, cólera, ITS/SIDA e outras doenças infecciosas e

transmissíveis, com alta taxa de fecundidade e de mortalidade geral e baixa

expectativa média de vida.

Esse grave quadro requer, no contexto de paz e prosperidade desejadas,

para que não haja o comprometimento do futuro da nação, a adoção de um

conjunto de iniciativas em vários campos. Nesse contexto, destacam-se as

medidas específicas na área da saúde, em particular as que envolvem ações

básicas de saúde, de alta eficiência e eficácia, relação custo/benefício e impacto

social, na medida em que são capazes de contribuir na qualificação dos

indicadores de saúde, na geração de renda e empregos e na melhoria da

qualidade de vida e do meio ambiente.

A fragilidade do sistema de saúde se expressa claramente pela carência de

recursos humanos, em particular profissionais de formação universitária, quadro

que não será revertido em curto prazo.

A concentração desses escassos profissionais na rede hospitalar, aliados à

fuga em massa para a Província de Luanda em decorrência da guerra, fez com

que a rede básica de serviços de saúde, que deveria ser responsável pela

resolução de considerável parte da demanda por serviços de saúde, encontre-se

em situação de enorme fragilidade, sobrecarregando os serviços hospitalares,

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incapaz de intervir junto à comunidade para a realização de ações de promoção,

prevenção e proteção à saúde, indispensáveis para a melhoria do quadro

sanitário e epidemiológico.

As estruturas assistenciais mantêm, em geral, uma baixa relação custo-

benefício seja pelas práticas que utilizam, pela falta de mecanismos gerenciais

mais adequados às novas relações de trabalho, gestão e financiamento na saúde

ou pela precariedade de investimentos nas estruturas físicas, na atualização dos

equipamentos e no aprimoramento dos recursos humanos.

O reconhecimento da crise desse modelo suscita a necessidade

emergencial de uma nova estratégia estruturante, contemplando a incorporação

de recursos humanos e tecnologias contextualizadas nas novas práticas

assistenciais propostas. Torna-se, portanto, fundamental intervir na reorientação

do modelo de atenção à saúde adotando-se estratégias que permitam valorizar e

ampliar a acessibilidade da população e a resolutividade dos serviços de atenção

básica em saúde.

É nesse contexto que se insere a presente proposta de implantação do

Programa de Agentes Comunitários de Saúde em Angola, denominação

provisória que não se confunde com a iniciativa dos promotores da saúde,

anteriormente existente.

O programa de Agentes Comunitários de Saúde ora proposto, está inserido

em um contexto de decisão política e institucional de fortalecimento da Atenção

Básica no sistema angolano de saúde.

Em outros países tem sido considerado como estratégia estruturante de

sistemas locais de saúde, provocando um importante movimento de reordenação

do modelo de atenção vigente. Imprime uma nova dinâmica na forma de

organização dos serviços e ações de saúde, possibilitando maior racionalidade na

utilização dos níveis de maior complexidade assistencial e produz resultados

favoráveis nos indicadores de saúde da população assistida.

O princípio operacional do Programa de Agentes Comunitários de Saúde é

a adscrição de clientela, estabelecendo um vínculo das unidades básicas de

saúde com a população, o que tem possibilitado o resgate da relação de

compromisso e de co-responsabilidade entre profissionais de saúde e utentes dos

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serviços. Isso tem se constituído como grande diferenciador do modelo tradicional

de prestação de serviços de saúde.

A implementação desse modelo precisa, entretanto, ser sustentada por um

processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais e

pela capacidade de produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e

de qualidade de vida.

Isso exige a disponibilização das condições adequadas e necessárias para

superação dos problemas e enfrentamento dos desafios encontrados até agora.

Essas condições devem permitir:

I) a implantação do Programa nos grandes aglomerados urbanos;

II) a implantação em regiões com altos índices de mortalidade pela

doenças prevalentes.

III) a elevação da resolutividade das equipes através da incorporação

de recursos humanos qualificados e de tecnologia adequada no

campo da infra-estrutura e da gestão dos serviços; e

IV) a incorporação de instrumentos e metodologias que permitam o

acompanhamento e avaliação permanentes.

O projeto será financiado pelo Governo Federal de Angola, com apoio de

instituições de cooperação internacional, com implantação progressiva,

Na primeira etapa, prevê-se a implantação do programa na Províncias:

Benguela, onde destaca-se a própria cidade de benguela, e demais cidades

perfazendo um total da população de aproximadamente 2 milhões de habitantes.

o Benguela ; (Benguela 710.041 habitantes)

o

Este documento expressa o planejamento da primeira fase de implantação

do Programa de Agentes Comunitários de Saúde em Angola.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

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OBJETIVOS

GERAL:

Contribuir para a melhoria da situação de saúde da população

angolana, especialmente os grupos mais expostos a riscos de doenças e danos à

saúde, por meio do fortalecimento e reorganização da Atenção Básica à Saúde no

país, mediante a implantação de Programa de Agentes Comunitário de Saúde.

ESPECÍFICOS:

1. Contribuir para a redução da morbi-mortalidade materno-infantil por meio da

incorporação de agentes comunitários de saúde;

2. Intensificar as iniciativas de ampliação do acesso da população aos serviços

de saúde, mediante a reorganização de unidades básicas de saúde;

3. Realizar atividades de vigilância epidemiológica, nutricional e ambiental que

visem o controle de doenças infecciosas e carências e contribuam para

redução de riscos ambientais, o combate a fome e a pobreza;

4. Desenvolver ações visando a redução da ocorrência das doenças infecciosas

de maior prevalência na população angolana (malária, tuberculose, cólera,

tripanossomíase, filaríase, parasitoses intestinais, ITS/SIDA, etc.)

5. Contribuir para viabilizar a integralidade da assistência à saúde com a

organização de sistema de referência e contra-referência;

6. Promover articulação de uma rede comunitária de apoio e proteção às

gestantes, parturientes, puérperas e recém nascidos visando reduzir a morbi-

mortalidade materno-infantil;

7. Implantar um processo de monitoramento que permita verificar mudanças no

sistema de saúde e impacto na situação da população angolana;

8. Melhorar e disponibilizar as informações de saúde relacionadas à Atenção

Básica.

9. Propiciar a formação de técnicos de saúde com o a finalidade de atuar

ativamente nas demandas locais de saúde

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METAS

a) De implantação:

Implantar o programa de agente comunitário de saúde para cobertura de

100% da população de Benguela, estimada em 710.041 mil habitantes, e

demais cidades, da Província de Benguela;

Selecionar e contratar 2000 agentes comunitários de saúde, 05 agentes

administrativos e 100 enfermeiras licenciadas para atuarem diretamente

no Programa;

Garantir a contratação de 1 equipe de coordenação do Programa,

composta por 1 Coordenador do Projeto, 3 médicos, 3 enfermeiros

licenciados, uma psicóloga, uma assistente social, um nutricionista,

administrador e 1 oficial administrativo para gestão, supervisão e

coordenação do programa;

Capacitar 100% dos Agentes de Saúde, nos três módulos previstos para o

Programa, totalizando 560 horas de curso.

Capacitar 100% dos trabalhadores da saúde direta e indiretamente

envolvido com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde que atuam

nos municípios onde será implantado o Programa;

Sensibilizar por meio de seminários específicos as equipes gestoras da

área da saúde da Província de Bengo e das Seções de Saúde diretamente

correspondentes aos municípios onde será implantado o Programa;

Sensibilizar por meio de seminários específicos as autoridades da

Administração Municipal e lideranças comunitárias dos municípios onde

será implantado o Programa;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

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Implantar sistema de informação, avaliação e monitoramento em 100% da

área de abrangência do Programa.

Realizar a adscrição da área através da Territorialização.

Definir a abrangência do território através das áreas e dos Distritos

Sanitários.

Criação e confecção do material teórico dos Agentes de Saúde, que

também subsidiará a supervisão.

Criação dos instrumentos de cadastramento e acompanhamento dos

Agentes nas microáreas.

Criação de instrumentos e/ou protocolos que subsidie as ações dos

Agentes e dos supervisores.

Criação de instrumentos de informação que sistematize os dados de

morbimortalidade da área de abrangência dos Agentes: Indicadores de

Saúde.

Criação de fluxo, rotina de ação dos Agentes.

b) De impacto:

Reduzir o coeficiente de mortalidade infantil;

Reduzir o coeficiente de mortalidade materna;

Em relação à morbidade em crianças:

Reduzir a morbidade por malária, doenças diarréicas, respiratórias,

parasitoses intestinais e a desnutrição/carências nutricionais;

Ampliar a cobertura vacinal;

Ampliar o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e o misto

até os dois anos de vida;

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Diminuir as internações por malária, distúrbios metabólicos e

respiratórios;

Garantir 100% de concentração de visitas domiciliares diárias para

recém-nascidos durante a primeira semana de vida;

Em relação à morbidade na mulher:

Reduzir a morbidade por malária, doenças diarréicas, tuberculose,

tripanossomíase, desnutrição/carências nutricionais;

Reduzir as complicações e intercorrências referentes à gestação, ao

parto e ao puerpério;

Ampliar o número de partos institucionais;

Garantir 100% de concentração de visitas domiciliares diárias para

puérperas durante a primeira semana de vida;

Ampliar a cobertura vacinal em gestantes;

Reduzir a taxa de abandono de aleitamento materno exclusivo antes

do sexto mês e o misto antes dos dois anos de vida;

Diminuir a carga de morbidade e mortalidade por enfermidades

transmissíveis (malária, tuberculose, cólera, IST/SIDA, tripanossomíase) e

controlar as enfermidades não transmissíveis (hipertensão arterial e

diabetes, cancro cérvico-uterino, mama e de próstata);

Acompanhar 100% dos tratamentos de tuberculose;

Identificar 100% dos comunicantes de utentes portadores de tuberculose;

Garantir a identificação de casos de diarréia e a distribuição de hipoclorito

e sais de re-hidratação oral em 100% dos domicílios;

Garantir acesso aos meios diagnósticos e tratamento para 100% dos

utentes beneficiados pelo Programa;

Garantir que no decorrer dos três primeiros anos, seja possível a atuação

assistencial do Agente em algumas áreas, tais como; Tuberculose e

Málaria.

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DESAFIOS E INTERVENÇÕES

DENOMINAÇÃO

Propõe-se inicialmente como denominação do Programa “Agentes

Comunitários de Saúde”, “Agentes Angolanos de Saúde”, ou “Agentes de

Vigilância em Saúde”.

Considera-se importante que a definição de sua marca o identifique

enquanto um programa novo e diferenciado das experiências anteriores, levando-

se em consideração que:

“Os agentes comunitários de saúde constituídos pelos Promotores de Saúde, Activistas, Terapeutas Tradicionais, são elementos da comunidade sem vínculo administrativo com o MINSA que oferecem algumas horas de seu tempo para colaborar com a resolução de problemas de saúde de sua comunidade” Plano de Desenvolvimento dos Recursos Humanos 1997-2007 pg. 12.

ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Propõe-se que este Programa venha a ter abrangência nacional, com um

processo gradativo de implantação. Na primeira fase serão tomados como

critérios para escolha da(s) área(s) de abrangências iniciais:

Perfil epidemiológico, social e econômico;

Existência de rede de postos e centros de saúde que propicie retaguarda

ao Programa;

Existência de maternidade e unidade hospitalar de referência para o

Programa;

Visibilidade e capacidade de se tornar referência positiva para outras

localidades;

Disponibilidade de informações epidemiológicas e de oferta de serviços;

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PARÂMETROS QUANTITATIVOS

Considerando-se a realidade local, alta densidade demográfica, a

composição familiar (de 7 a 9 pessoas/família, população jovem e com alta taxa

de fecundidade) e as precárias condições de saúde e meio ambiente, propõe-se

que as equipes devam ser constituídas a partir dos seguintes parâmetros:

1 agente de saúde para cada 140 famílias (1.000 pessoas)

1 supervisor (licenciado em enfermagem: Enfermeiro) para cada 20

agentes de saúde

1 agente administrativo para cada Posto ou Centro de Saúde.

Os parâmetros para programação de recursos humanos necessários para

a implantação do programa em outras províncias deverão ser redimensionados de

acordo com a realidade sócio-econômica, densidade demográfica e as

dificuldades de acesso e transporte em cada região.

PRIORIDADES

1. Saúde da Criança

2. Saúde da Mulher

3. Saúde do Idoso

4. Saúde Bucal

5. Vigilância das doenças infecciosas e carências de maior prevalência

6. Vigilância ambiental

ATRIBUIÇÕES DO AGENTE DE SAÚDE

O Programa está centrado na atuação de agentes de saúde na

comunidade, supervisionados por um profissional de enfermagem, vinculados a

uma unidade básica de saúde. A atividade do agente é desenvolvida mediante

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visitas domiciliares, ações de vigilância em saúde, reuniões educativas e

mobilização social e comunitária.

Dentre as ações desenvolvidas pelo ACS, destaca-se:

Visitar no mínimo uma vez por mês cada família da comunidade;

Identificar situação de risco e encaminhar aos setores responsáveis;

Pesar e medir mensalmente as crianças menores de dois anos e registrar a

informação em documento específico;

Incentivar o aleitamento materno;

Acompanhar a vacinação periódica das crianças por meio de documento

específico (caso exista);

Orientar a família sobre o uso de soro de re-hidratação oral para prevenir

diarréias e desidratação em crianças;

Identificar as gestantes e encaminhá-las ao pré-natal;

Orientar sobre métodos de planejamento familiar; orientar sobre a

prevenção da AIDS e DSTs;

Orientar a família sobre prevenção e cuidados em situação de endemias;

Monitorar dermatoses e parasitoses em crianças;

Realizar ações educativas para prevenção do câncer cérvico-uterino e de

mama;

Realizar ações educativas referente ao climatério;

Realizar atividades de educação nutricional nas famílias e na comunidade;

Realizar atividades de educação em saúde bucal na família, com ênfase no

grupo infantil;

Supervisionar eventuais componentes da família em tratamento domiciliar

e dos pacientes com tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e

outras doenças crônicas;

Realizar atividades de prevenção e promoção da saúde do idoso;

Identificar portadores de deficiência psicofísica com orientação aos

familiares para apoio necessário no próprio domicílio.

Outras ações a serem pactuadas com os gestores local e/ou MINSA.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

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Considerando as atribuições citadas acima, a rotina do ACS, envolve as

seguintes tarefas:

Cadastramento/diagnóstico - é a primeira etapa do trabalho junto à

comunidade. Consiste em registrar em uma ficha especifica (SIAB),

informações sobre cada membro da família assistida a respeito das

variáveis que influenciam a qualidade da saúde.

Mapeamento:- esta fase consiste no registro de um mapa da localização de

residências das áreas de risco para a comunidade, assim como nos pontos

de referência no dia da comunidade, com o objetivo de facilitar o

planejamento e desenvolvimento do trabalho do agente.

Identificação de micro áreas de risco:- uma vez realizado o mapeamento, o

ACS identifica setores no território da comunidade que representa áreas de

risco.

Realização de visitas domiciliares:- este é o principal instrumento de

trabalho do ACS. Consiste de, no mínimo, uma visita mensal para cada

família residente na área de atuação do agente.

Ações coletivas:- com vistas a mobilizar a comunidade o ACS promove

reuniões e encontro com grupos diferenciados - gestantes, mães, pais,

adolescentes, idosos, grupos de situações de risco ou de portadores de

doenças comuns - incentiva as famílias nas discussões de assuntos

pertinentes a sua saúde.

Ações intersetoriais:- além de ações específicas na área de saúde, o

agente poderá atuar em outras áreas como:

Educação - identificação de crianças em idade escolar que não estão

freqüentando a sala de aula.

Cidadania/direitos humanos - ações humanitárias e solidárias que possam

colaborar de forma positiva na melhoria da qualidade de vida.

a) Saúde da mulher

Identificar precocemente as gestantes;

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realizar o acompanhamento mensal de gestantes, verificando a

realização do pré-natal, estado nutricional e situação vacinal;

apoiar as parturientes facilitando seu acesso ao parto institucional;

atuar como elemento de ligação entre as parturientes e veículos para

transporte na ocasião do parto;

desenvolver articulação de sua ação com a das parteiras tradicionais;

realizar ações de mobilização comunitária para proteção e apoio às

parturientes, puérperas e recém-natos;

desenvolver visitas domiciliares diárias durante a primeira semana após

o parto e apoiar nos cuidados à puérpera e ao RN;

desenvolver ações educativas para o planejamento familiar;

estimular a adoção de práticas sexuais seguras e preventivas na

população sexualmente ativa e realizar distribuição gratuita de

preservativos;

estimular o acesso a exames ginecológicos especialmente para

identificação de ITS/SIDA;

desenvolver ações de prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino;

b) Saúde da criança

desenvolver visitas domiciliares diárias durante a primeira semana de

vida e apoiar a mãe nos cuidados gerais e específicos com o RN;

desenvolver ações e realizar o acompanhamento mensal do

crescimento e desenvolvimento, estado nutricional e situação vacinal

das crianças;

identificar crianças de baixo e encaminhá-las para o serviço de saúde;

incentivar o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e parcial até o

2º ano de vida;

identificar situações e problemas com aleitamento materno e

encaminhar a mãe e o bebê para o serviço de saúde;

distribuir e estimular o uso de sais de re-hidratação oral para crianças

com diarréia;

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identificar e promover o tratamento das parasitoses intestinais e

doenças respiratórias com base em protocolos de cuidado;

c) Saúde do idoso

desenvolver ações de prevenção, controle e realizar o

acompanhamento mensal dos idosos portadores de hipertensão,

diabetes e outras enfermidades crônico-degenerativas;

identificar idosos portadores de enfermidades crônico-degenerativas

sem acompanhamento médico e encaminhá-los para o serviço de

saúde;

desenvolver visitas domiciliares mensais para controle e apoio aos

idosos, com o objetivo de identificar situações e problemas e

encaminhar os idosos para o serviço de saúde;

identificar e referenciar para os serviços de referência casos de

desnutrição e outras carências nutricionais;

estimular e envolver os idosos em atividades físicas realizadas na

própria comunidade.

d) Saúde Bucal

desenvolver ações de prevenção individual e coletiva em saúde bucal

por meio de atividades educativas,

distribuir e realizar aplicação tópica de flúor, escovação supervisionada,

aplicação de evidenciador de placas bacterianas em crianças e

adolescentes nas escolas;

identificar utentes com lesões em cavidade oral e encaminhá-los para

serviço de estomatologia;

e) Vigilância em saúde

identificar utentes sintomáticos respiratórios e coletar material para

baciloscopia;

realizar o tratamento supervisionado dos portadores de tuberculose;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

22

realizar busca ativa de comunicantes e utentes que abandonam o

tratamento de tuberculose;

identificar casos suspeitos de malária e coletar material para a

realização de exame de gota espessa;

realizar o tratamento de malária conforme protocolo de cuidados;

distribuir e orienta o uso de mosquiteiros impregnados;

identificar, encaminhar e acompanhar os casos suspeitos de filaríase e

tripanossomíase, desenvolvendo ações de prevenção;

distribuir hipoclorito de cálcio e orientar os cuidados para prevenção do

cólera e outras doenças diarréicas;

distribuir e estimular o uso de sais de re-hidratação oral para utentes

com diarréia;

identificar e orientar o encaminhamento de casos suspeitos de cólera

para serviços de referência;

estimular a adoção de práticas sexuais seguras e preventivas na

população sexualmente ativa e realizar distribuição gratuita de

preservativos para prevenção de ITS/SIDA;

participar do sistema de doenças de notificação compulsória e da

investigação de óbitos maternos e infantis na sua área de abrangência;

orientar as famílias em relação a medidas de promoção, prevenção e

controle de outras doenças infecciosas;

identificar e referenciar para os serviços de referência casos de

desnutrição e outras carências nutricionais;

realizar ações de prevenção e controle da hipertensão e diabetes.

realizar orientação quanto a anemia falciforme, encaminhar os

suspeitos ao serviço de referência e acompanhar os portadores;

identificar, encaminhar e apoiar mulheres e crianças vítimas de

violência.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

23

e) Saúde ambiental

desenvolver diagnóstico de saúde ambiental, identificando problemas

que afetam a saúde, tais como lixo, abastecimento de água, destino de

esgoto, águas servidas e presença de vetores;

realizar ações em parceria com a comunidade e instituições

governamentais visando a resolução dos problemas;

mobilizar a comunidade para apoiar a realização de mutirões para

retirada do lixo e criadouro de vetores das casas e entorno (áreas

comuns, terrenos públicos e baldios);

realizar ações de educação popular e campanhas sobre a necessidade

de acondicionamento e destinação adequada do lixo na prevenção de

doenças, controle de vetores e roedores;

estimular a realização de parcerias e cooperativas comunitárias para a

implantação de sistema de coleta seletiva de lixo;

PERFIL DO AGENTE DE SAÚDE

O Agente de Saúde é uma pessoa da própria comunidade, que vive vida

igual a de seus vizinhos, mas que será preparado para orientar as famílias a

cuidarem de sua própria saúde e também da saúde da comunidade. Ele age em

sintonia com a unidade de saúde mais próxima. É um trabalhador que faz parte

da equipe de saúde local. Atende os moradores de cada casa em todas as

questões relacionadas com a saúde: identifica problemas, orienta, encaminha, e

acompanha a realização dos procedimentos necessários à proteção, a promoção,

a recuperação/reabilitação da saúde das pessoas daquela comunidade.

Para ser agente de saúde é preciso conhecer muito bem a comunidade em

que viver ter espírito de liderança e de solidariedade e preencher os seguintes

requisitos:

idade mínima de 20 anos;

escolaridade mínima correspondente à 8ª classe;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

24

residir na comunidade há pelo menos dois anos;

ter disponibilidade de tempo integral (8 horas diárias) para

exercer suas atividades.

Deverão ser desenvolvidas atividades de formação escolar que garantam a

ampliação do nível de escolaridade dos agentes comunitários. Nas localidades

onde não haja candidatos em número suficiente com o nível de escolaridade

exigido, poderão ser contratados candidatos com nível de escolaridade inferior à

8ª classe, mediante a matrícula e compromisso de dar continuidade à formação

escolar.

CONTRATAÇÃO DOS AGENTES DE SAÚDE

O agente de saúde terá um contrato de trabalho e receberá uma

remuneração mensal. Os recursos para efetuar o pagamento proverão de

recursos orçamentários do MINSA.

Uma das diretrizes operacionais do Programa é o estímulo à participação

social. O agente comunitário de saúde é o principal elo entre os serviços de saúde

e a comunidade. Ele reside na área onde trabalha, é um membro atuante daquela

comunidade, possuindo com ela, portanto, um compromisso social.

Diante da especificidade da sua atuação, reconhece-se a necessidade de

formas de contratação que resguardem sua identidade e seu relacionamento

estreito com a comunidade.

Diante disso, o Ministério da Saúde deverá garantir recursos financeiros

para que as Províncias possam promover a seleção e contratação dos agentes de

saúde.

A contratação poderá ser realizada como carreira específica do Estado ou

por empresa especializada em prestação de serviços de saúde, sob gestão da

província ou da administração municipal.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

25

CRITÉRIOS DE ESCOLHA:

A escolha dos agentes devem se dar mediante realização de seleção

pública e/ou processo seletivo, entre os moradores de cada área em que o

programa será implementado.

Não se exige dos candidatos conhecimentos técnicos prévios na área de

saúde. Após ser aprovado na seleção, ele receberá o treinamento específico

necessário.

Qualquer pessoa que se enquadre no perfil adequado pode se candidatar

ao posto e, então, se submeterá a uma prova escrita e a uma entrevista. Nessas

provas, o candidato será avaliado por sua experiência e por sua participação em

ações comunitárias.

No processo de seleção também são classificados suplentes que serão

convocados se o número de famílias a ser atendido for maior que o previsto, ou

se for preciso substituir um agente de saúde.

CRITÉRIOS DE REMUNERAÇÃO:

Salário correspondente a U$ 150,00 por mês

CONTRATAÇÃO DE ENFERMEIROS LICENCIADOS E DA EQUIPE

GESTORA DO PROGRAMA

Dada à inexistência de pessoal suficiente no mercado de trabalho

angolano, pretende-se promover a contratação de profissionais de nível superior

em outros países, pelo período máximo de 02 anos (renováveis por mais 02),

tempo necessário para a formação de recursos humanos em quantidade e

qualidade suficientes no próprio país.

Também serão selecionados profissionais de nível superior do país para

treiná-lo, capacitá-lo para o desenvolvimento do projeto a posteriori, para que o

País possa ter uma autonomia de gestão do projeto daqui alguns anos.

Estes profissionais também deverão estabelecer contrato de trabalho, com

remuneração mensal, com recursos oriundos do MINSA. Sugere-se a contratação

de empresa especializada em prestação de serviços de saúde.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

26

O MINSA deverá estabelecer, em parceria com instituições nacionais e

internacionais, estratégia para ampliar o número de enfermeiras licenciadas

formadas anualmente, permitindo que no prazo de 4 anos as profissionais

formadas em Angola possam garantir e dar sustentabilidade à expansão do

Programa para as demais províncias.

INSERÇÃO DO PROGRAMA NO SISTEMA DE SAÚDE

ATENÇÃO PRIMÁRIA

A proposta é garantir atenção primária para a população residente nos

municípios-alvo do Programa.

O trabalho na comunidade dos 710 agentes de saúde terá como

retaguarda a rede de centros de saúde e postos de saúde, que vão desenvolver

ações de atenção primária para as famílias cadastradas e acompanhadas pelos

agentes de saúde.

Cada Centro de Saúde e/ou Posto de Saúde atenderá cerca de 65.000

pessoas. Considerando uma média de 9 (nove) pessoas por família, cada Centro

irá dar retaguarda para 9.100 famílias, ou seja, será referência para as famílias de

65 agentes de saúde, visto que cada agente será responsável por 140 famílias ou

1.000 pessoas sob sua responsabilidade.

Se tomarmos que cada enfermeiro será responsável entre 20 e 30 agentes

de saúde, teremos 03 três novos enfermeiros em cada Unidade.

As ações de atenção primária estarão voltadas para a saúde das crianças,

mulheres e adultos. A atenção ao adulto dará ênfase na prevenção e controle das

doenças de maior prevalência, tais como tuberculose, malária e ITS/SIDA.

O Centro de Saúde será também referência para realização de partos

normais e para pronto atendimento de pacientes com problemas de saúde,

através do banco de urgências.

As ações de atenção primária serão executadas pelas equipes de

enfermagem e o atendimento das intercorrências clínicas será feito pelo

profissional médico.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

27

Na atenção à criança, os Centros de Saúde vão realizar Vacinação Básica,

Controle e Recuperação da Desnutrição Infantil, controle das doenças diarréicas,

inclusive realizando re-hidratação endovenosa nos casos em que a Terapia de

re-hidratação Oral não for suficiente, e ações de prevenção e controle das

doenças respiratórias agudas. Embora o trabalho de Educação em Saúde vá ser

realizado pelos agentes de saúde, os enfermeiros dos Centros de Saúde deverão

realizar ações educativas de cuidados com os as mães de recém nascidos e

crianças menores de 5 anos com objetivo de reforçar as orientações dos agentes

de saúde.

Na Atenção à Saúde da Mulher os centros de saúde vão realizar ações de

assistência pré-natal e ao puérperio, realizar os partos normais, ações de

planejamento familiar, realizar exames ginecológicos de mulheres em idade

sexualmente ativa para diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente

transmissíveis e coleta de material para Papanicolau, ações educativas para

reforçar a necessidade de aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida.

Na atenção aos adultos, a prioridade será a prevenção, controle da

malária, da tuberculose, ITS/SIDA, leptospirose e de outras doenças infecciosas

prevalentes na comunidade, além do controle de hipertensão e diabetes.

O Centro de Saúde devem contar com um laboratório, que deverá ser

ampliado, reformado e reequipado para transformar-se no Laboratório de Análise

Clínicas de Referência (concentrando os recursos humanos e materiais hoje

dispersos nas unidades) para toda a população coberta pelo Programa de

Agentes Comunitários de Saúde; já os Postos de Saúde contarão com postos de

coleta e sistema de transporte de material biológico para o Laboratório e retorno

dos exames.

Os Postos de Saúde vão realizar ações de atenção primária voltadas para

as famílias acompanhadas pelos agentes, em unidades mais próximas de suas

moradias, com as equipes trabalhando de forma integrada com os agentes de

saúde.

As equipes vão trabalhar de forma interdisciplinar e integral, com

abordagem familiar, sendo que a equipe composta por 1 (um) enfermeiros, será

responsável por cerca de 2.900 famílias e 20.300 pessoas, e responderão pela

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

28

coordenação do trabalho de cerca de 20 agentes de saúde.

O atendimento oferecido a estas famílias, orientado pelo trabalho cotidiano

dos agentes, será feito mediante o acolhimento de todos os utentes que

procurarem os Postos de saúde e as equipes serão responsáveis pela saúde das

mesmas.

AÇÕES NOS POSTOS DE SAÚDE:

Saúde da Criança: realizar vacinação básica, pesar e medir as crianças

menores de um ano para acompanhar o crescimento e desenvolvimento, e

inclusive fazer a suplementação alimentar conforme protocolo pré-definido,

identificar casos de diarréia que não respondem ao TRO e encaminhá-los para o

Centro de Saúde de referência.

Saúde da Mulher: assistência pré-natal de baixo risco e coleta de sangue

para exames laboratoriais; planejamento familiar, com distribuição de

preservativos e pílulas anticoncepcionais, e encaminhamento para o Centro de

Saúde de casos que exigem acompanhamento médico, como por exemplo,

mulheres hipertensas, realização de exames ginecológicos e coleta para

Papanicolau.

Controle da Hipertensão Arterial, diabetes e doenças infecciosas de maior

prevalência: aferição de pressão arterial, coleta de sangue para diagnóstico de

glicemia capilar, coleta de gota espessa para diagnósticos de malária, coleta de

sangue para exames laboratoriais para diagnóstico, coleta de escarro em

sintomáticos respiratórios encaminhados pelos agentes de saúde, dispensação de

medicamentos para malária, tuberculose, TRO e doenças respiratórias, conforme

protocolo.

A área física do posto de saúde deverá ser adequada para realizar as

ações acima descritas, e deverá contar com espaço para desenvolver ações

educativas com grupos, e também ter um local para permanência dos agentes

quando não estiver realizando trabalho na comunidade, pois caberá a eles

planejar e realizar ações educativas em grupos, consolidar e registrar informações

sobre as famílias adscritas e repassar para os enfermeiros básicos as

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

29

informações que exijam ação específica dos mesmos.

REFERÊNCIA ESPECIALIZADA E HOSPITALAR

Deverá ser estabelecida formalmente a referência para atenção

especializada e hospitalar. A unidade hospitalar definida para assumir este papel

deverá ser trabalhada com vistas a precisar o fluxo de referência entre os centros

de saúde e este serviço. Serão definidos os mecanismos de encaminhamento, os

processos de agendamento de procedimentos eletivos, de referência para

internação hospitalar e para atendimento de emergência.

A unidade hospitalar de referência deverá realizar atenção ao parto nos

casos de gestante de alto risco e nos partos cesáreos, realizar os procedimentos

cirúrgicos necessários para a população alvo, além de desenvolver internações

clínicas de crianças e adultos.

Com esta proposta pretende-se sair da centralidade da atenção no

hospital, onde este serviço é muitas vezes a única porta de entrada. A falta de

integração dos serviços em rede é elemento importante e responsável pela falta

de racionalização no uso dos recursos assistenciais disponíveis e pela baixa

resolutividade, produzindo multiplicidade e repetição de intervenções sobre um

mesmo problema de saúde.

EQUIPAMENTOS E INSUMOS NECESSÁRIOS

Roupa (colete ou avental e boné);

Crachá de identificação;

Prancheta e fichas do sistema de informação;

Balança para pesar crianças em suas casas;

Relógio de pulso com segundos (para verificar freqüências

respiratórias e cardíaca);

Termômetro;

Fita métrica;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

30

Maleta para transporte destes materiais;

Caneta;

Aparelho de pressão (tensiômetro);

Material para coleta de escarro para baciloscopia;

Material para coleta de gota espessa;

Bicicleta.

Outros .

Obs: Todos os insumos necessários para a atuação do agente de saúde deverão

ser garantidos pela unidade de saúde ao qual estiver vinculado.

DESENVOLVIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS

O Projeto prevê a criação de um Grupo com representantes das

instituições formadoras envolvidas com Formação Permanente dos Profissionais

de Saúde (Escola Técnica Profissional de Saúde; Escolas Técnica Provincial e

Institutos Médios de Saúde) e profissionais de Recursos Humanos da Direção de

Recursos Humanos do MINSA e da Direção Provincial de Saúde para a

construção curricular.

A realização dos Cursos deverá poderá estar vinculada às escolas técnicas

profissionalizantes em Saúde, reforçado em seu staff por docentes com formação

pedagógica e docentes com experiência em trabalho comunitário.

Porém, não havendo possibilidade a formação dos agentes que se dará

através de 03 três módulos, 01 introdutório e 02 continuados ocorrerá da seguinte

forma;

Primeiro módulo introdutório com 120 horas será ministrado pelo

enfermeiro responsável pelo Distrito Sanitário, ou seja, 30 agentes.

O segundo e o terceiro módulo serão especifico das áreas de atuação do

agente, a ser definido a posteriori, onde serão 220 horas teóricas e 200 horas de

dispersão em cada módulo, totalizando 840 horas de curso de formação em

ambos os módulos.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

31

Ressalta-se que os dois módulos da educação continuada, será ministrada

por técnicos brasileiros e/ou angolanos de acordo com a disponibilidade técnica.

O grupo contará com o apoio da consultoria brasileira para construir o

currículo de formação do Agente de Saúde, que constituem o núcleo formador

dos Agentes.

Os conteúdos curriculares deverão ter um caráter de prevenção e

tratamento das enfermidades mais prevalentes, além de um forte componente de

educação e promoção da saúde. Deverão adotar novas abordagens pedagógicas

e de mobilização comunitária. Os conteúdos clínicos deverão estar de acordo com

os protocolos estabelecidos pelo MINSA, revistos e adequados ao contexto

epidemiológico dos locais onde será desenvolvido o Projeto.

I - Curso de Capacitação de 2.000 agentes de saúde para 50 turmas de 40

agentes. A carga horária, metodologia e conteúdo serão discutidos e definidos a

posteriori, o que segue abaixo é apenas um exemplo das ações nesta área:

Módulo I: O papel do Agente de Saúde no Território

1. Papel do Agente e do Instrutor /Supervisor

2. Cadastramento das famílias adscritas

3. Sistema de Informação da Atenção Básica

4. Territorialização

5. Diagnóstico Comunitário

Módulo II: Abordagens pedagógicas e metodologias participativas de trabalho e

pesquisa comunitária

1. Pedagogia da problematização

2. Educação e comunicação em saúde

3. Rede de educação popular em saúde

4. Promoção da saúde e desenvolvimento comunitário

5. Metodologias participativas de trabalho comunitário

6. Metodologias de investigação comunitária

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

32

Módulo III Prevenção e controle de doenças infecto contagiosas prevalentes:

1. Prevenção e controle de Malária

2. Prevenção e controle de Tripanossomíase

3. Prevenção e controle de Febre Tifóide

4. Prevenção e controle de Hepatites

5. Prevenção e controle de Meningite

6. Prevenção e controle de Cólera e outras doenças diarréicas

7. Prevenção e controle de Tuberculose

8. Prevenção e controle de Hanseníase

9. Prevenção e controle de ITS/SIDA

Módulo IV

1. Metodologia do AIDI para Doenças Prevalentes na Infância adaptada para

uso do agente de saúde

2. Sexualidade, saúde reprodutiva e contracepção

3. Prevenção de câncer de mama e cérvico-uterino

4. Prevenção e identificação precoce de Hipertensão e Diabetes

5. Promoção da saúde oral, prevenção e detecção precoce de cáries

6. Organização do sistema de saúde e referência para níveis especializados

Módulo V - Educação e mobilização comunitária para melhoria do saneamento

básico:

1. O lixo como problema para a saúde e estratégias de destinação

2. A água contaminada como problema de saúde e as estratégias para o

consumo de água potável

3. O esgoto como problema de saúde e a construção adequada de latrinas e

fossas sépticas

4. Os vetores, roedores e animais hospedeiros como transmissores de

doenças e estratégias para o seu controle

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

33

5. Problematização do combate a malária e demais doenças ligadas a

contaminação ambiental

O primeiro bloco de conteúdos, composto pelos Módulos I e II, tem como

objetivos:

O desenvolvimento de metodologias pedagógicas problematizadoras da

realidade, que revolucionam o conceito de educação tradicional, na qual

os conteúdos são transmitidos como se os alunos/utentes fossem

recipientes vazios. A problematização pressupõe um processo educativo

amplo de dupla mão, no qual o educador é ao mesmo tempo educando e

vice versa. Dentro dessa concepção de educação como prática de

libertação e transformação da realidade, a educação em saúde é um

espaço privilegiado de trocas onde o processo de conscientização da

população sobre as limitações das práticas correntes, bem como de seu

impacto negativo sobre a saúde individual, coletiva e ambiental, poderá

dar curso a novas práticas no espaço político do cotidiano das famílias

locais. A educação popular em saúde constitui hoje uma ampla rede de

educadores que vivenciam e reflete sobre os processos de mudança nas

práticas sociais de saúde, exercício de direitos e construção de cidadania

ativa, onde a busca de soluções é tecida no cotidiano das comunidades.

Para isso é fundamental o papel dos agentes de saúde, que atuam no

processo de mobilização para que a população se conscientize da

dimensão coletiva e política dos problemas que enfrenta e busque

alternativas de associação e luta para a sua solução.

O cadastramento das famílias, o uso de técnicas de estimativa rápida, o

contato com as lideranças locais, o conhecimento dos equipamentos

sociais e das barreiras ao acesso são fundamentais para a elaboração do

diagnóstico de saúde e meio ambiente, composto pelos diagnósticos

demográfico, sócio econômico e cultural, epidemiológico, de infra-estrutura

e meio ambiente.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

34

O segundo Bloco de conteúdos, composto pelos módulos III, IV e V tem

como objetivos:

Abordagem das doenças mais comuns na infância por meio do AIDI, que é

uma metodologia desenvolvida pela OMS que integra ações de promoção,

prevenção e tratamento e orienta condutas com ênfase nos fatores de risco

e participação da família nos cuidados com as crianças. Em Angola a

ênfase deve ser dada às doenças diarréicas e respiratórias agudas, além

das imuno-preveníveis, como sarampo, poliomelite, tétano neonatal, dentre

outras.

Capacitação para o desenvolvimento de ações de prevenção e controle

das doenças infecto-contagiosas mais prevalentes, tais como Malária,

Tuberculose, tripanossomíase, hepatite, meningite, febre tifóide, ITS/SIDA,

na população sexualmente ativa tem por objetivo melhorar o nível de

conhecimentos dos profissionais sobre a transmissão, prevenção e

tratamento destas patologias.

Breve discussão sobre a organização do sistema de saúde e a

necessidade do estabelecimento das referências e contra-referências para

a garantia da integralidade das ações, bem como a prevenção e

identificação precoce de doenças crônico-degenerativas e da cavidade

oral, além de uma abordagem da sexualidade, reprodução, escolha e

distribuição/ prescrição de métodos contraceptivos.

Problematização da conservação e dos cuidados com o meio ambiente e

seu impacto na saúde. Identificação de vetores e hospedeiros que

propiciam a transmissão de doenças infecto-contagiosas e meios de

preveni-las. Mobilização comunitária para construção de estratégias

coletivas de enfrentamento e fortalecimento da organização social para

reivindicação de direitos de cidadania.

Materiais Didáticos:

Os materiais didáticos necessários serão elaborados a partir de

adaptações de materiais existentes no Brasil (Programa de Agentes Comunitários

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

35

de Saúde) e em Angola (Cursos de Formação de Enfermeiros), acrescidos de

compra de livros que compõem uma bibliografia básica para leitura dos alunos a

serem disponibilizados em biblioteca pública.

A compra dos livros referentes à bibliografia básica, bem como a

reprodução do material didático correrão por conta do projeto.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO

O sistema de informação será constituído a partir das informações

provenientes do processo de cadastramento das famílias:

características das pessoas;

características dos domicílios;

condições ambientais;

utilização de serviços;

outras informações.

Os resultados das atividades realizadas pelos agentes de saúde serão

avaliados periodicamente, durante reuniões promovidas pelo instrutor-supervisor,

ocasião em que receberão também novas orientações. A principal fonte de

Informação para essas avaliações periódicas será o Sistema de Informação de

Atenção à Saúde (SIAS). Esse sistema será idealizado para agregar os dados e

processar as informações sobre a população visitada, produzindo relatórios que

possibilitem às equipes dos postos e centros de saúde, gestores municipais e

provinciais o acompanhamento e a avaliação contínua das atividades

desenvolvidas.

Os relatórios do SIAS permitirão: conhecer a realidade sócio-sanitária da

população acompanhada; avaliar a adequação dos serviços de saúde oferecidos

e readequá-los, sempre que necessário; e melhorar a qualidade dos serviços de

saúde.

a) Informações e variáveis do SIAS mais relevantes:

Acompanhamento de grupos de risco

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

36

crianças menores de 5 anos;

gestantes e puérperas;

hipertensos e diabéticos;

portadores de doenças infecciosas de maior prevalência

(tuberculose, lepra, malária, tripanossomíase, cólera, IST/SIDA,

filaríase, parasitoses intestinais);

pessoas com doenças carenciais e nutricionais;

pessoas com anemia falciforme;

b) Registro de atividades, procedimentos e notificações:

produção de serviços

cobertura vacinal

notificação de agravos

notificação de nascimentos e óbitos

c) Indicadores

Cobertura do programa;

Proporção de visitas domiciliares realizadas nas famílias

acompanhadas;

Proporção de pessoas cadastradas também atendidas no sistema

privado;

Proporção de gestantes com pré-natal iniciado no 1º trimestre;

Proporção de criança de 0 a 11 meses com vacina em dia;

Proporção de criança < de 5 anos que tiveram diarréia e usaram

TRO;

Proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer;

Taxa de mortalidade infantil;

Taxa de mortalidade materna;

Proporção de hipertensos na população coberta;

Proporção de diabéticos na população coberta;

Proporção de pessoas com tuberculose na população coberta;

Proporção de pessoas com lepra na população coberta;

Proporção de acidente vascular cerebral na população coberta;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

37

Proporção de malária na população coberta

Proporção de tripanossomíase na população coberta

Proporção de filaríase na população coberta

Proporção de anemias carências

Proporção de anemia falciforme

Proporção de parasitoses intestinais

Proporção crianças com aleitamento materno exclusivo em menores

de 6 meses.

d) Marcadores

Doença hipertensiva específica da gravidez (forma grave);

RN com peso < 2.500g;

Doença hemolítica perinatal;

Hospitalizações em < 5 anos por doença respiratória aguda;

Hospitalizações em < 5 anos por diarréia;

Lepra com grau de incapacidade II e III;

Gravidez em < 15 anos;

Hospitalizações por complicações do diabetes;

Óbitos em < 5 anos por diarréia;

Óbitos em < 5 anos por DRA;

Óbitos de mulheres de 10 a 49 anos;

Óbitos de adolescentes (10 a 19 anos) como conseqüência de violência.

Óbitos por malária

Óbitos por tuberculose

Resistência ao tratamento por tuberculose e malária

Óbitos por cólera

Óbitos por ITS/SIDA

Óbitos por doenças ictéricas

Óbitos por doenças hemorrágicas

Citologia oncótica NIC III;

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

38

AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO PROGRAMA

Trata-se de uma metodologia de gestão interna ou autogestão dos

processos de melhoria contínua da qualidade desenvolvida especificamente para

o Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola.

Os eixos centrais da proposta são: o estabelecimento dos parâmetros de

qualidade para a estratégia, a avaliação como instrumento de gestão e tomada de

decisão e o compromisso com a qualidade na atenção à saúde. Neste sentido

serão elaborados quatro instrumentos de auto-avaliação, baseados em padrões

de qualidade e dirigidos a atores específicos:

gestor municipal e/ou distrital da saúde;

coordenação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde;

profissionais de nível superior, médio e básico que atuam na

atenção básica;

agentes comunitários de saúde.

Esses instrumentos possibilitam a identificação dos estágios de

implantação, desenvolvimento e qualidade da estratégia em seus diferentes

pontos, desde a gestão até as práticas de saúde das equipes junto à população.

A partir desse conhecimento os gestores, coordenadores e profissionais poderão

elaborar planos de intervenção e propor ações para melhoria da qualidade.

OPERACIONALIZAÇÃO DO PROJETO

A Implantação do Projeto de Agentes Comunitários de Saúde em

Benguela, seguira um cronograma de implantação de 3 anos, a partir da data de

início do mesmo detalhado a seguir.

Serão contratados 2.000 agentes e 70 enfermeiros de saúde assim

distribuídos:

100 Distritos de Saúde com 20 agentes.

200 Áreas de Saúde com 10 agentes.

2.000 microáreas de saúde.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

39

Primeiro ano:

Serão contratados 700 agentes de saúde, assim distribuídos:

35 Distritos de Saúde com 20 agentes.

70 Áreas de Saúde com 10 agentes.

700 microáreas de saúde.

População coberta 700.000 habitantes.

Segundo ano:

Serão contratados 700 agentes de saúde, assim distribuídos:

35 Distritos de Saúde com 20 agentes.

70 Áreas de Saúde com 10 agentes.

700 micro áreas de saúde.

População coberta 700.000 habitantes.

Terceiro ano:

Serão contratados 600 agentes de saúde, assim distribuídos:

30 Distritos de Saúde com 20 agentes.

60 Áreas de Saúde com 10 agentes.

600 micro áreas de saúde.

População coberta 600.000 habitantes.

Entenda-se por Distrito Sanitário, uma determinada região de saúde com

aproximadamente 20.000 pessoas, entenda-se por área de abrangência a

divisão de um distrito em duas partes com aproximadamente 10.000

pessoas.

E micro área a população atendida por cada agente de saúde,

aproximadamente 1000 pessoas.

Esta divisão será importante para o monitoramento e acompanhamento do

perfil de coberturas e perfis epidemiológicos.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

40

CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA

A Província de Benguela fica situada na parte Centro-Sul do País,

limita-se á Norte pela Província do Kuanza Sul, á Sul pelas Províncias do

Lubango, e Namibe, a Leste pela Província do Huambo, a oeste pelo Oceano

Atlântico. A sua área geográfica é de 39.826,83 KM2, clima tropical úmido com

duas estações. A sua divisão administrativa é de 9 Municípios e 38 comunas, cuja

população é estimada em 1.928.140 habitantes das quais 385.628 crianças dos 0-

5 anos de idade, 904.298 crianças dos 5-16 anos de idade e 424.191 mulheres de

idade fértil.

O patrão nosológico (doenças) é comum como outras partes de Angola, no

qual as principais causas de morbimortalidade são por ordem de importância:

Malária, Doenças Diarréias Agudas (DDA), Doenças Respiratórias Agudas (DRA),

entre outras, tais como: Anemia,Má-Nutrição Colórica-Prote

A Província de Benguela, tal como em todo País o surto da Cólera em toda

extensão da província continua a ser um grande problema para a Saúde na

comunidade, comprometendo o desenvolvimento socioeconômico da Província.

Apesar dos esforços coordenados entre O Governo e os parceiros, para

implementação da atual estratégias para o seu controle, a situação

epidemiológica mantêm-se latente em função das dificuldades encontradas no

terreno mantendo-se como preocupação em toda extensão da Província, onde

persiste o risco de transmissão da doença.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

41

Bocoio

CubalGandaBaia Farta

Lobito

Chongoroi

Balombo

Kaimbambo

Benguela

0 50 100 150 200 Kilometers

N

EW

S

Figura 1. Província de Benguela

DENSIDADE POPULACIONAL POR MUNICÍPIO

Bocoio

CubalGandaBaia Farta

Lobito

Chongoroi

Balombo

Kaimbambo

Benguela

Hab/km2

14 - 15

16 - 22

23 - 36

37 - 57

58 - 338

0 50 100 150 200 Kilometers

N

EW

S

densidade

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

42

Pelas informações contidas na tabela acima, informados pela Diretoria

Provincial de Saúde, o município de Benguela possui 01 Hospital, 10 Centros de

Saúde e 20 Postos de Saúde, embora não tenha sido possível levantar os dados

de recursos Humanos, o muncípio de Benguela, assim como a maioria dos

municípios de Angola possui poucos médicos, a grande maioria dos postos e

centros de saúde não possue médicos.

O gráfico acima demonstra qual a densidade demografica, em função da

capacidade instalada dos diversos muncicípios, especificamente no muncípio de

Benguela nota-se que o numero de pessoas atendidas pelas unidades não é

Rede Sanitária Pública da Província de Benguela em

funcionamento em Junho 2006

MUNICIPIO HP HG CSE HM CS PS TOTAL

BAIA FARTA 2 3 12 17

BALOMBO 1 2 5 8

BENGUELA 1 2 10 20 33

BOCOIO 1 8 9

CAIMBAMBO 1 23 24

CHONGOROI 1 12 13

CUBAL 1 11 12

GANDA 1 2 14 17

LOBITO 1 1 7 12 21

TOTAL 2 1 2 8 24 117 154

Relação entre rede sanitária pública, população e superfície

MUNICIPIO

POPULA-

ÇÃO

DENSID

(hab/km2) HP/HM CS PS US

raio teórico

cada US

SUPERF

(km2)

BAIA FARTA 93,212 14 46,606 31,071 7,768 5,483 11 6,744

BALOMBO 85,838 33 85,838 42,919 17,168 10,730 10 2,636

BENGUELA 710,041 338 710,041 71,004 35,502 22,905 5 2,100

BOCOIO 82,784 15 82,784 10,348 9,198 14 5,613

CAIMBAMBO 106,830 33 106,830 4,645 4,451 7 3,285

CHONGOROI 145,527 22 145,527 12,127 11,194 13 6,633

CUBAL 171,499 36 171,499 15,591 14,292 11 4,795

GANDA 275,049 57 275,049 137,525 19,646 16,179 9 4,817

LOBITO 1,052,355 328 526,177 150,336 87,696 50,112 7 3,204

TOTAL 2,723,136 68 247,558 113,464 23,275 17,915 9 39,827

habitantes por

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

43

muito elevada, porém as que são atendidas pelo hospital é a maior densidade da

Província.

A P R ESET A ÇÃ O GR A F IC A D E C ON SULT A S D E P R É-N A T A L E GR A VID A S IM UN IZ A D A S

30.442

15.710

5.335

6.615

2.194

6.968

4.828

888

3.150

4.017

3.511

1.3761.431

4.324

2.455

12.115

9.393

3.713

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

BenguelaLobito

B.Farta

Balombo

Bocoio

Caimbambo

Cubal

Ganda

Chongorói

C ON SULT A S D E P R É N A T A L

GR A VID A S IM UN IZ A D A S

APRSENTAÇÃO GRAFICA DE PARTOS INSTITUCIONAIS

4 14

0 0 0 010 2

0 0

5 3 9

16 19 6

8 3 1

2 4 712 3

17

2 5 5 2 5 6

8 0 4 0 2 4 7

18 4

4 . 5 124 . 6 4 0

3 3 13 5 3

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

Be ngue l a Lobi t o B . Fa r t a Ba l ombo Boc oi o Ca i mba mbo Cuba l Ga nda Chongor ói

CESARIANAS

NADOS VIVOS

NADOS MORTOS

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

44

Pelas informaçoes contiudas na tabela acima nota-se que os

dados de mortalidade infantil, estão próximos de 79 crianças por mil

nascidos vivos.

Outro fato que merece destaque é forma pela qual estas crianças

nascem, é possível inferir de que o baixo indíce de partos cesárianos deve-

se talvés pela falta de médicos e que a maioria dos partos são realizados

por profissionais de enfermagem e ou parteiras.

Os dados aciam citados demonstram a carência de servicos de apoio

diagnóstico.

Principais serviços de apoio por município

MUNICIPIO RADIOLOGIA LABORATÓRIO TRANSPORTE DOENTES MORTUÓRIO

BAIA FARTA 0 3 0 2

BALOMBO 1 2 1 1

BENGUELA 1 6 1 1

BOCOIO 0 2 0 1

CAIMBAMBO 0 1 1 1

CHONGOROI 0 1 1 1

CUBAL 0 2 1 1

GANDA 0 1 0 1

LOBITO 3 17 4 2

TOTAL 5 35 9 11

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

45

A oferta de serviços de saúde de Benguela não se limita ao sistema

público gerido pela DPS. O Hospital Provincial de Benguela tem de facto funções

de hospital de nível Nacional e o Hospital Regional de Lobito competências

comparáveis a um hospital Provincial. Ambos hospitais estão divididos em

estruturas mais ou menos especializadas, fisicamente separadas entre si.

Igualmente, existem cerca de 230 unidades sanitárias privadas com

pouca ligação com a DPS e que, não formando um sistema coerente, podem

assumir grande importância na prestação de serviços naqueles municípios

(fundamentalmente Benguela e Lobito) onde aquelas se concentram. O sistema

privado não lucrativo, geralmente de gestão religiosa, é também importante nas

zonas rurais. Por exemplo, o único hospital com capacidade cirúrgica fora dos

centros urbanos é o Hospital Diocesano da Nossa Sra. da Paz, no Cubal.

As unidades de sede municipal, independentemente das prestações e

dos recursos disponíveis, são catalogadas como hospitais municipais. Aparece

também a figura do Hospital Comunal do Dombe Grande.

Estimativa de custos por município e por tipo de US.

MUNICIPIO HG HM CSE CS PS TOTAL %

BAIA FARTA 1 695 625,00 264 200,00 161 360,00 2 121 185,00 11,8%

BALOMBO 1 308 750,00 13 400,00 79 200,00 1 401 350,00 7,8%

BENGUELA 521 290,00 874 950,00 320 480,00 1 716 720,00 9,6%

BOCOIO 1 110 000,00 178 800,00 1 288 800,00 7,2%

CAIMBAMBO 78 125,00 41 000,00 119 125,00 0,7%

CHONGOROI 2 181 000,00 10 000,00 2 191 000,00 12,2%

CUBAL 193 750,00 48 320,00 242 070,00 1,3%

GANDA 1 572 000,00 150 300,00 111 200,00 1 833 500,00 10,2%

LOBITO 6 686 400,00 138 600,00 198 160,00 7 023 160,00 39,2%

TOTAL 6 686 400,00 8 139 250,00 521 290,00 1 441 450,00 1 148 520,00 17 936 910,00 100%

CUSTOS POR TIPO DE US POR MUNICIPIO (US$)

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

46

A Província de Benguela, mantem-se nominalmente as Secções

Municipais de Saúde com a responsabilidade de manter a cadeia municipal de

frio, tratar as estatísticas, etc. Em geral, estas SMS estão inseridas na US de

sede municipal, e partilham recursos com a mesma.

O financiamento dos serviços de saúde apresenta também algumas

especificidades. Todos os hospitais municipais recebem uma atribuição de fundos

do OGE, sendo consideradas Órgãos Dependentes do Governo Provincial. Ainda,

muitas US praticam a comparticipação dos utilizadores no financiamento das

despesas. 1

CUSTOS

O cálculo dos custos do projeto deverá ser feito de acordo com os preços

de mercado praticados em Angola.

É necessário estabelecer os recursos necessários para a implantação da

primeira etapa do programa com duração de três anos, em relação ao custeio

(contratação e desenvolvimento de recursos humanos e insumos), além de

recursos de investimento (aquisição de equipamentos e materiais permanentes, )

Contratação de Pessoal:

o 2.000 agentes comunitários de saúde;

o 70 enfermeiras licenciadas;

o 10 oficiais administrativos;

o 01 Coordenador do projeto

o 05 enfermeiro para coordenação do programa em cada município;

1 As informações, gráficos, tabelas e dados epidemiológicos existentes, foram repassados pela Diretoria

Provincial de Saúde.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

47

o 5 médico para coordenação dos projetos de saúde em cada

município;

o 3 psicólogo;

o 2 assistente social;

o 2 nutricionista

o 1 gestor administrativo e 3 oficiais administrativos;

o Consultores internacionais;.

Capacitação e Educação Permanente, conforme atividades listadas

anteriormente;

Transporte, alimentação e hospedagem de consultores;

Insumos e material de consumo:

o Material utilizado pelos agentes de saúde (descritos anteriormente);

o Papelaria e material de escritório;

o Material de limpeza;

o Combustível para veículos e geradores;

As despesas com moradia dos técnicos brasileiros e dos consultores

internacionais estará incluso no projeto. Os profissionais oriundos de outros

países deverão ser instalados em apartamentos ou casas mobiliadas (no mínimo

12), de preferências em locais de fácil acesso, ou como alternativas fixam-los em

hotéis.

Os custos referentes aos medicamentos básicos, preservativos, insumos

de laboratório e material de enfermagem correrão por responsabilidade do MINSA

e do Governo Provincial. As demais despesas de custeio poderão ser executadas

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

48

por empresa contratada para o devido fim, mediante contrato de prestação de

serviços sob gerenciamento da Província.

Investimentos

Aquisição de equipamentos e material permanente para:

o Agentes de saúde (conforme listado anteriormente);

Aquisição de 3 veículos para supervisão;

As despesas de investimento poderão ser executadas diretamente pelo

MINSA e/ou governo provincial ou por empresa contratada para a

implantação do Programa.

O custo anual do projeto, incluindo os recursos de investimento para sua

implantação é de U$ , cujo detalhamento é apresentado a seguir:

FINANCIAMENTO

Para que o Programa de Agentes Comunitários de Saúde possa alcançar a

necessária sustentabilidade deverá ser implementado como uma prioridade do

Governo de Angola, expressa na alocação permanente de recursos

orçamentários para a implantação e o seu custeio.

A garantia de financiamento para a Atenção Básica à Saúde é uma das

principais medidas a ser tomada pelo Ministério da Saúde de Angola a fim de criar

condições para a reorganização da rede de ações de saúde. Recursos deverão

ser destinados exclusivamente para ações básicas de saúde, independentemente

de sua natureza, sejam de prevenção, promoção ou recuperação. Podem ser

utilizados tanto para o custeio de despesas correntes, como para a aquisição de

materiais permanentes ou a realização de obras de construção ou reforma de

unidades de saúde.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

49

A moeda de financiamento do projeto será o Dólar norte-americano. O

Governo de Angola garantirá a alocação de recursos orçamentários à Província .

Ao adotar essa política de incentivos, o Ministério da Saúde afirma o

estímulo à ampliação sistemática e progressiva da cobertura populacional.

Entretanto, dada a realidade econômica do país e a significativa soma de

recursos necessária para o enfrentamento dos principais problemas médico-

sanitários torna-se necessário o estabelecimento de cooperação com instituições

de fomento de âmbito internacional que possam dar viabilidade à implantação do

Programa. Assim serão agregados recursos a serem destinados, principalmente,

para a melhoria e ampliação da infra-estrutura da rede básica, aquisição de

equipamentos, veículos e o estabelecimento de sistema de comunicação, além

da capacitação e educação permanente das novas equipes e gestores que serão

formadas e atuarão no Programa.

A implementação do Projeto irá requerer a incorporação e aplicação de

algumas medidas legais, a exemplo de portarias ministeriais, resoluções, atos do

Poder Legislativo e Executivo nos diversos níveis de governo.

Os recursos referentes à administração do Projeto serão executados

pelo MINSA. Estão previstos na administração os gastos relativos a:

incorporação e aplicação de novas técnicas gerenciais;

supervisão regular das ações, particularmente, as executadas

descentralizadamente;

montagem e manutenção de grupo de gerenciamento do Projeto,

provendo infra-estrutura física e de pessoal para operacionalização das

atividades legais e administrativas junto ao Ministério da Saúde, a

Direção Provincial e à Administração Municipal;

consultoria, assessoria técnica e operacional aos executores finais;

documentação, comunicação e informação dos produtos e resultados

das ações financiadas pelo Projeto;

financiamento de estudos e pesquisas específicos para o fortalecimento

e facilitação da execução dos componentes; e.

monitoramento e avaliação durante o período de execução do Projeto.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

50

PARCERIAS

Para a implementação do Programa serão estabelecidas parcerias que,

aliadas às atualmente existentes proporcionarão o suporte técnico, científico e

operacional necessário a execução das ações, conforme apresentado a seguir:

a) com instituições de ensino superior - Faculdades de Medicina, Escolas

de Enfermagem, Institutos Médios, Escolas Técnicas e outras

instituições formadoras de recursos humanos para a saúde, que facilitem

o processo de formação e capacitação das equipes de agentes

comunitários de saúde;

b) com agências governamentais e não governamentais, para cooperação

técnica, protocolos e outros instrumentos de suporte à execução, tais

como Ordem dos Médicos, igrejas, associações comunitárias e

classistas, entre outros; e

c) com a comunidade científica e executores de outros programas ou

projetos de forma a aprimorar os mecanismos capazes de ampliar

campos de atuação, promover pesquisas, gerar produtos e agilizar

processos, entre outras.

A participação de profissionais qualificados, como consultores internos e

externos no processo de implementação deste Projeto é de fundamental

importância, na medida que possibilita o aprofundamento de conceitos, a

diversidade de abordagens metodológicas, estudos de casos, reorientação de

práticas e outros. Para tanto, serão estimuladas articulações intersetoriais com

organismos nacionais e internacionais, a exemplo da OMS, UNICEF, PNUD,

FAO, UNESCO, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde do Brasil,

universidades e outras instituições brasileiras com acúmulo de experiências na

implementação desse tipo de programa, dentre outros.

Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Angola

51

CONSULTORES QUE ELABORARAM O PROJETO:

o missão (novembro de 2007):

Edson Roberto Vieira de Souza

Edison Keiji Yamamoto

Meredith Correia Barcelos

Akiko Matsumoto

Os consultores desenvolveram o presente projeto a convite do Ministério da

Saúde de Angola.

Luanda, 04 de dezembro de 2007.