Poemidia Sem ilustracoes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES - CHLA DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - COS CURSO DE JORNALISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC POEMÍDIA * (L)im(GU)agem Por um espaço poético em Mídia Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Comunicação Social - COS, Em Jornalismo. Durante o segundo Semestre de 1995. Orientado pelo Professor Amilton Gláucio de Oliveira Aluno: Luis Claudio Lima Castello Branco Maceió – Alagoas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES - CHLA

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - COS

CURSO DE JORNALISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

POEMÍDIA * (L)im(GU)agemPor um espaço poético em Mídia

Trabalho de Conclusão de Curso, do

Curso de Comunicação Social - COS,

Em Jornalismo. Durante o segundo

Semestre de 1995. Orientado pelo

Professor Amilton Gláucio de Oliveira

Aluno: Luis Claudio Lima Castello Branco

Maceió – Alagoas

À força que a vontade tem.

“Quem avança às cegas demonstra estar seduzido pelo êxito.Conhece o progresso, mas não a retirada. Isso provoca

exaustão. O importante neste caso é Ter sempre em mente anecessidade de manter uma atitude conscienciosa e firme. Sóassim é possível libertar-se de impulsos cegos que são sempre

prejudiciais.”(I ching: hex.46).

ÍNDICE

I * Apresentação introdutória 06

II * Começo de um labirinto no meio de um caminho 10

III * O labirinto nas fronteiras do silêncio 22

IV * Considerações labirínticas às ciências 28

V * (L)IM(GU)AGEM – resíduo minimalista da forma verborréica43

VI * Ponto final 53

VII * Citações 56

VIII * Bibliografia 59

I

“Desde criança nunca fui como outros foram

Nem meus olhos nunca viram

o que outros viram.

Já que minhas paixões não têm

a mesma origem,

Não vêm da mesma fonte

as dores que me afligem”...

(E. A. Poe – Folhetim – 28/07/85)

APRESENTAÇÃO INTRODUTÓRIA

A

PRE

SENTA INTRO

AÇÃO DUTÓRIA

APRESENTA INTRODU

AÇÃO RIA

SE AÇÃO IN DUTÓRIA

INTRODUTÓRIA

A

A

APRESENTAÇÃO .

“Pobre sim pobre pobre pobre

a mais pobre das províncias

mas sinta esta brisa.”

(Issa – Séc.XVIII).

1................ INTRO-DIZ-ÇÃO.

Considerando a mente humana, seu raciocínio, suaslinguagens, mergulhamos num vértice oblíquo, num abismo plenoaos pés, aos e com os passos, dentro de um labirinto onde arealidade transborda toda e qualquer parede ‘óbvia’ que alógica venha ter. Isto é, que resida na lógica absoluta; asrelações e a lógica, cada relação tem sua própria lógica, eexistem muitas lógicas para uma única e pessoal relação(grupal, regional, etc.).

O POEMÍDIA Não é um mestrado, nem doutorado, nem PHD,etc.; é um Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, somente. Semmaior aprofundamento – pois trata-se de um início, e não deum fim. – A intenção é não parar por aqui, é diante toda vidapossível, entre amarras prosseguir. É o trabalho de um Homemque acredita na ‘poesia’ e faz dela sua própria vida.

“Conhecer, é não ser

aquilo que se conhece”.

(P. Valery).

2...................INTRO-ME-SSÃO

No campo das comunicações, do jornalismo objetivíssimo,imperceptível a sentimentos inferiores, mora a poesiasingular das informações. Esta poesia é a totalização daRevolução Visual que sofreu o Séc. XX, aplicada aos Mídias:para a visualidade, sensibilidade é a essência de qualquerlinguagem. Ela está aí, podemos tocá-las com os sentimentos,com os sentidos plenos.

No POEMÍDIA tocaremos levemente em detalhes, sem nosrotularmos a qualquer escola científica. Acreditamossobretudo na poesia, no abismo e no labirinto da poesia. Estepoeta pode estar enganado sobre a sua relação direta com aMídia, mas está disposto a encarar tão delicada relação.

“Só se pode pensar e escrever sentado (G. Flaubert).

- Eis que te apanho, niilista ! Permanecer sentado -

é precisamente o pecado contra o Espírito Santo.

Somente os pensamentos que nos ocorrem ao

caminharmos têm valor”. (F. Nietzsche: C.I. pp 44)

3...............................INTRO-VER-TIDO

Na busca de si-mesmo, os homens, “sozinhos, depois deacabar com a ilusão de não está sozinho, não somos já osúnicos que já estamos sozinhos” (R. Craumal – Valise deCronópio – pp 83). Buscar o si-mesmo não é isolar-se, nem éegoísmo, é sentir-se um indivíduo, com sentimentos, sentidosplenos de necessidades, medos, fobias, vícios, manias,fantasias e sonhos... conhecer-se, liberar o instintoselvagem (preso em um labirinto como o Minotauro). É

permitir-se perambular pela vida livremente consciente de si-mesmo.

Como numa sala de aula: os que sentam à frente, no meioe atrás; limites pessoais. O tempo de todos não é o mesmo,nos milímetros da vida, o espaço, a chegada, a forma. Oslimites nos ares de todos, de tudo, por todos os lados; nossotempo comum exige seus próprios horários, há tempo e espaçopara tudo e para nada... A perda de tempo é uma permissãopessoal, o tempo é de cada um, saber administrar melhor opróprio tempo é conhecer melhor a si-mesmo: na luta pela vida!

Cada qual tem seu tempo, dentro de gerações alternadas ede limites reais, palpáveis, a relação de nossas vidas,sonhos e pensamentos...

Maceió, 30/11/1995 * Lutello Lima

II

CRISE ??? Q?U??AN???TAS????...

10.......................Começo de um labirinto no meio de um caminho

Ê tão delicada palavra, sílaba, movimento, este de tocaras teclas dessa máquina. É delicado, sim, pelo valor dospensamentos que antecede a relação: o começo do labirinto nomeio do caminho. O labirinto é a percepção e a ação dosentimento e da cultura, da vida e da morte, do viver e estar

perdido, perdido... e é também se Ter diversos caminhos, arotina, a loucura, tudo na vida, todas as relações sãolabirintos, e saber caminhar no labirinto da vida, nocotidiano, é buscar em si-mesmo nas relações; às vezes nofundo do poço e outras vezes em dimensões cósmicas, viajar-sem-sequer-sair-do-lugar ou ali mesmo, onde está, seenraizar... Um labirinto de ‘N’ dimensões, “...com caminhos eespaços topológicos, com paredes transparentes, espelhos deconsciência e portas giratórias, onde a realidade se encarna,se somatiza e sangra; ou se faz evanescente, se enrarece e setorna vazia. Um labirinto onde outros seres humanos, anjos edemônios, potestades pavorosas e criaturas de doçurainfinita; lugares onde você é recebido como âmnio paradisíacoe zonas de extermínio, onde seu corpo é despedaçado” (R. Toro– Projeto Minotauro – pp 34).

O mundo é de ação, é evolução, um girar permanente, tudoa girar; o universo não pára, há uma vida dentro de todovácuo/vazio que separa os mundos, e o mais incrível é orespeito que tem um por todos e todos por um; todos os astroscada um na sua, cada um tem seu traçado e seu tempo, seucaminho, e em cada tempo um novo mundo. O Humano, filho deGaia, vive numa eterna evolução, uma revolução atrás daoutra. Um animal limitado, sonhador, construtor, trabalhador,etc. limitado o seu pensamento e a sua realidade exterior:

“Se você falar aos terraplanenses acerca de umreino que está EM CIMA, a única coisa que vão pensarserá o Norte. ‘Para cima, não para o Norte !’ repetirá,gesticulando em vão, frustado com o fato de só seapontar para o Norte. É inútil; os terraplanenses nãotêm meios de compreender a noção de EM CIMA. (...) Osterraplanenses jogam uma língua-jogo diferente da sua.Você está jogando de três dimensões, e eles apenas emduas. Quando semelhante mudança ocorre em línguas-jogos,se altera o sentido do vocabulário. Sua noção de EM CIMAse torna um pouco diferente das deles. Winttgensteindizia haver incontáveis línguas-jogos, como os modosvariados de se tocar um tambor ou de se pintar, de secantar ou de se dançar. E é difícil dançar uma valsa de

Strauss com alguém que insiste em dançar num compasso dedois tempos” (J. Powell – Tao dos Símbolos – pp 162).

Uma coisa é o que se observa, outra coisa é aparticularidade do sentimento que se tem a observar; nasensibilidade de ser observador é onde reside a distinção doobservável. O observável é a plenitude dos sentimentos, aaura circunscrita do paraíso ao inferno e do inferno aoparaíso, evoluindo, uma busca marcada humanamente através delinguagens. A hora é de agir, e sempre. O observável é aconsciência e a inconsciência cósmica, a evolução. Há muitaciência oculta nos caminhos das comunicações, dasintercomunicações, das reflexões, dos si-mesmos... “Nosúltimos dois séculos, a revolução industrial criou novas epoderosas linguagens analógicas: a foto, o cinema, a TV, ossistemas de transmissão e gravação sonoras. Estaria o lobodireito*(em termos gerais, a arte está mais para o lobodireito, a ciência mais para o lobo esquerdo do cérebro) compossibilidades de ganhar novos impulsos em seudesenvolvimento ? Então, depois de uma era industrial, de umaera atômica, de uma era pós-industrial, poderíamos entrar emuma era poética ?... Como você imagina que poderia ser umaera poética ?” (D. Pignatari – o que é comunicação poética –pp 53).

Tudo é mutável diante a percepção, tudo, e diante aexistência tudo é nada. O nada é um sujeito que aparecedespercebido quando tudo parece tão claro. Esse sujeitodespercebido é parte absoluta da poesia em tudo e em todos,nas imagens nas impressões, nos códigos, nos pensamentos, nosinstantes, nas linguagens, no obscuro, nos mistérios, nossonhos e nos vácuos, um sujeito vivo, que existedespercebido, somos tudo e nada, tudo, tudo, tudo... tudo érealidade, tudo é real, tudo é possível, é passível, ‘opossível que se faz na hora ou o milagre que demora’; a maiorrelação que há em tudo é nada. O despercebido nem sempre estádespercebido, ou nunca, entre os limites interiores eexteriores de si-mesmo, nas relações rotineiras dos universose de todas as ações percebidas nessa rotina, dissolvidas como tempo, o dia a dia por causa dos inconscientes, o percebido

nos limites do esquecimento... O despercebido é um vício, esua causa é o excesso de informações. De modo subliminar, osMídias buscam seus feedback, quase sempre de mododesperceptível.

A palpitação aflita do animal ‘acuado no fundo dopoço’ diante o próximo passo, um instante de profundaintrospecção, profunda-profunda. O medo de tudo, portodos os lados: o labirinto. A comunicação-de-si narepresentação ao Universo, no Universo, a existência.Ser ou não ser. Perdido, perdido;

A palpitação aflita do animal ‘acuado no fundo dopoço’ diante o próximo passo, um instante de profundaintrospecção, profunda... o medo de quase tudo, portodos os lados: o labirinto... a comunicação-de-si narepresentação ao Universo, no Universo, a existência.Ser. A hora é de encontra-se;

A palpitação ainda aflita, do animal ‘achado nofundo do poço’, disposto a caminhar, um instante deprofunda introspecção... alguns medos, e por todos oslados: o labirinto... Sua apresentação ao Universo, noUniverso, do Universo na existência. Ser. É hora deencontrar-se;

A palpitação do animal no ‘fundo do poço’, numinstante de introspecção, silêncio... poucos medos,corpo ‘de pé’, sentidos ligados, os passos, olabirinto... Eis o Universo ! Ser.

Caminhar pelo labirinto é a realidade, pois o labirintoé toda relação de existência; encontrar a si-mesmo é aessência (combustível) para o dia a dia. As intercomunicaçõesmateriais/carnais ou transcendentais/espirituais da rotina(perâmbulo) no labirinto da existência, como num rio, numcaminho... “Caminho perdido na serra/ caminho de pedra, ondenão vai ninguém/ só sei que hoje tenho em mim/ um caminho depedra no peito também.../ Hoje sozinho não sei para onde vou/é o caminho que vai me levando ô ô...” (L. Gonzaga – Caminhode Pedra ). O caminho é um labirinto, suas realidades, suas

aplicações: a Teoria do Percebido como Método, caminhar pelolabirinto sem referenciais absolutos, isto é, há umpermanente elo entre o indivíduo e a sociedade, há sempre o‘Tá tudo bem’, o ‘Let it be’, dos conformados, dosconiventes, dos continuistas, dos comodistas, doscomplacentes, de rabos presos...

Eis que não há um absoluto no Tao ou na Cruz, há sim,tamanha confusão. A tradição, a cultura, o vizinho... Eis queo absoluto é o contínuo da vida. Os teóricos, pesquisadores,constróem uma literatura tão vasta sobre as comunicações,sobre a própria ciência (de modo geral), cias e cias, ismos eismos, teorias, numa vastidão repleta de tudo e nada. Umacruz: ser ou não ser. O tao: luz e escuridão... Símbolos,estandartes que atravessam séculos... uns criam e outrostantos...

A poesia não tem um sentido único, não é apenas aquiloque se vê, que se sente. A poesia moderna é uma poesia livre,mas ainda está presa à literatura, à lingüística, àsemiótica; queremos ressaltar que as comunicações evoluíram,a linguagem é imagem, som, toque, sentido... hoje, alinguagem é realidade, pois, depois de tanto sonho, de tantabusca, com tanta cultura, o que temos é um Jornalismoabsoluto: a Comunicação. O poético é a sensibilidade decomunicação, o quanto mais conciso, o quanto mais harmônico econciso, quanto mais a favor do tempo, o breve e instantâneoraciocínio.

“A metade do homem é sua língua; seu coração é aoutra metade. Todo o resto nada mais é que carne eosso.” (pensamento árabe).

Todos os Mídias mendigam nossa atenção permanente, portodos os lados, por todos os sentidos, não tem para onde ir,para onde olhar, há sempre uma comunicação, um símbolo, umpedaço de cano, uma pastilha... insinuando o consumo, ondefor, num mercado altamente competitivo. A urbanidade éconcreta; pela velocidade das coisas, dos acontecimentos, dasimagens, da flor-da-pele, é concreta, essa velocidade decomunicação, a essência do movimento de todos os Meios e

Veículos, de Massa ou não, num mercado onde o objetivo éseduzir e persuadir. – no cenário, ao fundo, a realidade. –Sim, a realidade com suas zis verdades, cada qual em seuindivíduo, a sociedade batendo em sua porta: - ô decasa ?!... “Than-than-than-thaannnnnn”. – Facilmenteobservamos o avanço e o impacto da Revolução Visual doSéc.XX, em nossas relações. O poder é do mundo humano,civilizado, urbano, que tem na Comunicação de Massa seubastão de equilíbrio, de magia, sua varinha de condão.

Um mundo onde a visualidade é a linguagem de todo mundo,inúmeras formas de se dizer, inúmeros canais, toda atroposfera e a estratosfera bombardeadas pelas comunicações.Um mundo que é pura evolução, um mundo humano-extremo-humano,a concretude humana nos limiares do universo sem fim, nabusca de independência e de conhecimento, de liberdade, nodomínio de si-mesmo. A poesia se mantém ao lado de todo essepoder. O poder da visualidade, do modo de dizer, comunicar. Alinguagem-imagem atua na sociedade essências múltiplas,injetando-as mente a dentro; à si-mesmo o si-mesmo-coletivo:o arquétipo. As situações pessoais no processo evolutivo:alguém diz algo através de um Meio a Quem, a possibilidade dalinguagem, da coisa, do tempo e do espaço, Quem ou Alguém sãorelações no labirinto da existência. O quê ? Como ? Quando ?Onde ?... A realidade e o sonho, uma comunhão necessária acada um. Um Homem numa corda-bamba, travessia ao ínfimoinstante da morte, o poço é fundo, há o labirinto do vento, obaile com o vento, a corda, a queda, o fundo ou o pico, ocume, a travessia... “... intoxicados pelo movimentoesquecemos os riscos, quando o mundo gira, e alguém cai. – Aqueda é tão alta, meu Deus... – Entorpecidos pelo choque, sóficamos olhando enquanto eles caem, ficando cada vez menores,sumindo de nossas memórias, até não serem mais visíveis. Nosreunimos em cemitérios, tensos e calados, tentando ouvir oimpacto, o barulho de uma pedra contra um poço escuro,tentando medir sua profundidade, tentando medir o quantocairemos. O impacto não vem, o momento passa, o mundo gira enós vamos embora, continuando com nossas vidinhas...” (A.Moore – Monstro do Pântano).

A maior característica do Séc. XX é a Revolução dasImagens. As comunicações avançaram, de tal modo que avirtualidade (imaginária) e a realidade (concreta) se fundemenvoltos à poesia, pois é chegado um devido momento que nãose sabe mais se é real ou se é irreal o mundo em que se vive;a realidade virtual, essa coisa de não ser e ser, frutos deum imaginário bastante evoluído, a sensação de ser e nãoser... Por tantas dúvidas é que julgamos, voltados para aquestão do observador, uma tarefa dificultosa tentar‘sintetizar’ o que existe e o que pode vir a existir nasrelações da poesia e dos Meios de Comunicação de Massa, nolabirinto da vida.

“O que diz respeito ao pinheiro,

Aprenda do pinheiro;

O que diz respeito ao bambu,

Aprenda do bambu.” (M. Bashô)

A sensibilidade poética encontrada por nós nos MCM é aprópria realidade de sua existência. A poesia e a poética davulgaridade, por exemplo: passando por uma banca-de-revistas,entre tantas revistas, jornais, livros de bolso, adesivos,sorvete, etc., uma revista que tinha em sua capa umamontagem, onde a cabeça de um Presidente da República estavasobre um belo corpo feminino, trajado com um finíssimobeibedol. Abrimos a revista, e lá estavam outras fotos(montagens) o mesmo estilo: jogadores de futebol, personagense personalidades da vida real; só zombaria, chamava todo-mundo de ‘bicha’. Isso é Comunicação, a Comunicação Poéticada Vulgaridade.

Outros exemplos: a poética do “quem quer dinheiro” oDomingo inteiro; a poética da virtualidade do Cid Moreira dara seguinte notícia: “Povo brasileiro, morri, boa noite”...“Pensando nas relações entre poesia e linguagem, entre paixãopoesia e linguagem, formulei a coisa de que a poesia seriauma manifestação, sobretudo, da paixão pela linguagem, porcausa do próprio caráter substantivo da poesia. Um poema nãoé como um conto, não é como um romance. Um conto, um romance

são transparentes, deixam o olhar passar até o sentido, napoesia não. O olhar não passa, o olhar pára nas palavras.”(P. Leminski – Poesia e paixão da linguagem – pp 285). Apoesia, persistimos lembrar, depende da observação, doobservador e do observado. Para que haja poesia é preciso quehaja sensibilidade, por todos os lados do observável.

“Crisântemos florescem

Junto ao monte de estrume:

Uma só paisagem.” ( Issa – Séc. XVIII)

O mundo moderno é da imagem, uma continuação global, uma“aldeia global”, onde as línguas se fundem por todos oslados, o tempo todo; o poeta vive no mundo que todos vivem,mas entre tantos a poesia lhes é particular, peculiar, “e apoesia está em todo lugar, como diz osvald de Andrade emuitos outros... ela tá aí, posso ver seu corpo ‘envolto comóleo e pregos’ (assim o é para Gregory Corso) ou dançante efluída OU GEOMÉTRICA Ou perpassando sem definições,acontecendo...” (Pavas). Mundo feito de criações, é umacriação por um princípio qualquer, o mundo, tudo o que aHistória tem para contar. As realidades do tempo, das Eras,das gerações, em nós, em mim e em você, indivíduos, que temvó e vô, filhos, tios... amigos...

III

“Campo de pouso do desejo,

o avião gira a hélice com seu vento,

e eu, olhar acoplado, vôo atento”.

(Safo. Folhetim (FSP) 09/03/85)

22.........................O labirinto nas fronteiras dosilêncio

Toda arte é poesia, pelo fato de que há sensibilidadesobre o trabalho do Homem, foi construída; primeiro no si-mesmo do construtor, depois a arte, as técnicas adquiridas.Mesmo nessa nossa Era Eletrônica, a arte de Massa tem em si apoesia expressa em seus fios e ondas, cabos e raios, ou nosaparatos da Mídia; há arte porque mesmo sendo extensões, otrabalho é humano. Toda consciência possível de uma máquina,por maior que seja sua independência, são membros(tentáculos) de nossa inteligência. Somos por naturezaartistas, podemos, apenas com nosso corpo, defrontados àsnecessidades, construir novos membros, novos mundos. Nossacapacidade criadora revela nossos engenhos construtores, umarelação de necessidades, mergulhada num labirinto de nós-mesmos, entre caminhos sem limites absolutos, ares semvolume, comprimido ao solo entre ilhas; através do intuito,sobre a linha do destino. Sempre há de surgir uma luz: umaidéia iluminada, dentro das possibilidades do movimento, naação. “A palavra ‘poeta’ vem do grego ‘poietes = aquele quefaz’. Faz o quê ? Faz linguagem. E aqui está a fonteprincipal do mistério”. (Décio Pignatari - O Que ÉComunicação Poética - pp. 08).

Observar é ser decodificador, pois tudo que se passa navida é comunicação. O Homem associa, compara, distingue,reflete, age, Ele dá às possibilidades novas possibilidades,Ele cria e recria sua própria natureza, toda a Terra, seulindo quintal. Nos fazemos donos absolutos de Gaia, no barcoda evolução. Evoluímos, somos sombras do passado, luzes quetrouxemos, temos um mundo lotado de conhecimentos, masrepleto de babaquices !

Isso porque o poeta em sua busca deixou seus rastros,essências múltiplas que dão à eternidade seu perfume depoesia. Em nosso modo de observação, já vivemos a EraPoética, essa freqüência híbrida de linguagens, que deságuano porão da realidade. Entre caminhos, labirintos, ondas,

luzes, imagens, limiares, memórias, silêncios, invenções,sons, palavras, evolução, fatos... nossa realidade estampadana cara da gente, nos olhos, no tato, nos sonhos, nos corpos,nos cheiros, nas harmonias, no inimaginável, no mágico...

A poesia é a linguagem lapidada, trabalhada aos seusmínimos detalhes, enriquecida pelo conhecimento do poeta;poesia é dança, é peça, é intuição, sonho, letras e palavras,são moléculas, imagens, sons... a poesia é comunicação: umacoisa no Jornalismo é a fofoca do fo-foca (quase mentiras) dodia-a-dia, falar dos outros sem poder expressar ossentimentos das causas, das relações, o dizer sem refletir ouniverso das influências do fato dito, isto é, o fato é o queestá por cima, aparentemente o motivo, porém tudo queconverge para o que está por baixo (dos panos), asinfluências deste fato, pelo seu grande número de fatosisolados é desviado da informação. A razão disso é o poder; ojogo de interesses recíprocos facilmente perceptível nasrelações ascendentes (dirigidas ao topo da pirâmide social),que força o óbvio ao incompreensível, numa lógicaevolucionista cheia de mistérios. A civilização, urbana,transforma a quietude em parafernália, um labirinto numamontanha: em Serra Pelada, por exemplo, o que era montanhavirou cratera.

“Tudo corre

suavemente

até que vem uma onda”.

(Lutello Lima - Arquivo)

A evolução é uma busca sem limites, e no mundo tudo é‘fato normal’. O Homem já está no espaço com suas aeronavesmetálicas, carregadas de estandartes (bandeiras), símbolos ecódigos, na imensidão do espaço sem fim do Universo, tudo apartir da imaginação humana, com suas prisões e ilhasexóticas, com seus infernos e paraísos: nos limiares -consciência versus intuição - na História de si-mesmo. OHomem marcado em seu tempo, por toda e possível comunicaçãoque foi e é capaz de criar: a sincronização; o signo, o

significado e o significante ( é, o que é e o que sente). Olabirinto, as fronteiras onde o silêncio implora aoVvrruuuuuuumMM da civilidade.

“Com espelho de mil faces

captei ainda seu olhar,

quando sua boca estava fechada:

para que seu olho me falasse.

E ele me falou”.

(F. Nietzsche - Arquivo).

Silêncio !... Quando falamos em silêncio não temos apretensão de que tudo surdo ou mudo fique, pelo contrário,sentimos no mundo um excesso de ruídos, e o silêncio a quenos referimos é buscar transformar tantos ruídos em poesia, édar harmonia para eles de forma que possamos sobreviver semsermos agredidos por tamanha turbulência civilizatória. “Hojeo discurso pereceu entre as coisas sem vida da terra, e ascoisas vivas dizem pouquíssimo a bem poucos. Podem as avesrealejar suave algaravia e os macacos gritar; os cavalos arelinchar e os porcos fazer, como você se lembra, oink oink.Porém, desse modo, pedaços de pedra retumbam ao recuar de umaonda, e trovões cortam o ar em tempestades de relâmpago. Aesses ruídos eu chamo de silêncio”. (Annie Dillard - O Taodos Símbolos - pp.22). Vamos ainda um pouco mais próximo anossa realidade: Vid’urbana. O trânsito muito louco, asneuroses, as loucuras, drogas, trabalhos, famílias... tudoinfluenciável pelas comunicações, pelas intercomunicações,pela educação. “O homem se apodera da natureza transformando-a. O homem também sonha com um trabalho mágico que transformea natureza, sonha com a capacidade de mudar os objetos e dar-lhes nova forma por meios mágicos. Trata-se de um equivalentena imaginação àquilo que o trabalho significa na realidade. Ohomem é, por princípio, um mágico”. (Ernest Ficher - ANecessidade da Arte - pp.21). Para se rever um quadro caóticoé necessário se ter um poder poético. As tvs, as rádios, osoutdoors, cinemas, cartazes, panfletos, revistas, jornais,

todo esse poder voltado para a estrutura social a querepresenta. Educar a ‘Lei do Respeito Recíproco’; aqui damosum primeiro passo para o encontro do silêncio: o respeito asi-mesmo. O homem é cria de sua própria cultura, então, comopode distanciar-se do ato criador ? Pois, tudo o que vemos éum tremendo jogo de influências, praticado pelos políticos domundo-a-fora, do mundo-a-dentro. “IMAGINAÇÃO AO PODER”, dizuma pichação em um muro francês; ‘sensibilidade ao poder’,diríamos. Mas não é sobre esse assunto, aprofundando, quequeremos nos apegar. Nossa questão é a Poesia e a Mídia.Sabemos que no Universo tudo está atrelado a tudo de algummodo, porque algo é parte do mundo.

“A vista é o mais perfeito e mais agradável de todos ossentidos. Ela nos traz um número infinitamente maior deidéias, ela conversa com seus objetos a uma maior distância eage por mais tempo do que os outros, sem que essa ação aesgote ou a canse... A vista pode ser considerada como umaespécie de tato mais delicado e mais extenso, que se derramasobre uma infinidade de corpos, abraça as mais vastas figurase atinge algumas das partes mais longínquas do Universo”.(Addson - O Prazer de Ver “do livro “Invenção daLiberdade/Jean Starobinski” - pp.237). O prazer de ver; oprazer de sentir; de ouvir... “Alguém estava tirando água e aminha professora pôs minha mão debaixo da bica. Quando a águafria caiu em uma de minhas mãos, ela soletrou a palavra‘água’; de início de forma lenta, depois rapidamente. Eufiquei parada, com minha atenção fixada no movimento de seusdedos. De repente senti uma vaga consciência, como secomeçasse a me aperceber de algo esquecido, e de alguma formao mistério da linguagem me foi sendo desvendado. Eu sabiaentão que á-g-u-a significava a coisa refrescante emaravilhosa que corria pela minha mão. Aquela palavra vivadespertou minha alma, deu-lhe luz, esperança, alegria:liberou-a”. (Helen Keller - ‘do livro “O Poder dosLimites/György Doczi” - pp.29).

O labirinto é, no senti que descreveremos, a maiormetáfora da realidade. “A verdade é uma só, mas existe pelomenos duas: a sua e a do outro” (Confúcio - arquivo). Eis uma

primeira barreira encontrada no tempo: as relações. Há uminsondável movimento entre os arquétipos mais distintos. Umtrânsito de energias transcendentes que lança o nada contratudo, que faz da verdade fatos isolados, onde o Homem reinacom a própria mente, através de códigos por ela construídos:as comunicações. Tais códigos são linguagens, e como disse F.Nietzsche, que o Homem é uma corda sobre o abismo, e queatravessá-la é conquistar a essência do ‘super-homem’, aessência da transmutação. “A grandeza do homem é ser ele umaponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ser eleuma passagem e um termo”. (F. Nietzsche - Assim FalouZaratustra - pp.11). O mais difícil em um labirinto, é saberonde está o fim. O fim, sabemos, é nunca; na casa que residea eternidade, o nunca e o nada. Mas há outro dia e isso étudo.

IV

“Quando o pálido e tranqüilo verão chegar ao fim eeles estiverem encharcados de amor como esponjas,vão-se transformando novamente em animais, maus einfantis, disformes com grandes barrigas e peitoscaídos, com braços úmidos que agarram como polvosviscosos, e seus corpos ficam destroçados e débeis,até morrer”. (B. Brecht - Baal).

28............................Considerações Labirínticasàs Ciências

Conhecemos nossa postura diante esta excelentíssimaacademia; sabemos da seriedade de se fazer ciências por aqui,e por mais que pareça, não queremos desmerece-la, sobrenenhum pretexto, desde que persistimos a chegar onde

chegamos. Imaginamos o quanto é distinto a realidade poética(da poesia) da realidade científica (mesmo quando o seu temaé a poesia): uma questão de realidades.

“O barco está pronto; voga aqui,

além, talvez para o grande nada.

Quem desejará, porém, embarcar

Para esse ‘talvez’ ?”.

(? - Arquivo)

Desde o início traçamos um tumultuado e condensadoabismo de palavras, nosso intuito é apresentar esselabirinto, enclausurado entre paredes do tempo que vivemos: opoeta (artista) diante a realidade. Sua capacidade de navegarmantendo-se o mais distante possível de paradas prolongadas,alguns portos, algumas praias, toalhas e companhias, suavida-rio, os lagos, mares e oceanos, montanhas, com destino asobreviver com seu barquinho repleto de amor a tudo que faz.Eis um poeta nas portas das comunicações. Eis que ele desce esobe os rios a favor e contra as correntezas, e decidiu ir,encarar as situações, chegar onde tiver que chegar. E lávamos, nós, com ele, desaguar num ponto final qualquer...

“Escondidos atrás das grandes montanhas do sudoeste daChina, o país Dong vive isolado do mundo há 13 séculos. Seussorridentes habitantes desconhecem o dinheiro, não sabem oque é uma prisão e cultivam as tradições da antiguidadechinesa. Apesar dos trabalhos rudes nos campos de arroz e doclima difícil, eles passam a vida cantando. Esse povo semlíngua escrita tem cantos para o namoro, para saudar os maisvelhos, espantar os maus espíritos e até para a embriaguez.Essas rimas e ritmos contam a vida e a memória dos Dongs”.(Yann Layma - da revista Marie Claire/24/març.93 - pp.29).

“A estrada é longa,

não tenha medo,

minhas palavras te embalam,

no ritmo dos meus passos.

Quando você crescer,

Cantará e conhecerá a beleza das montanhas”.

(Yann Layma - da revista Marie Claire/24/març.93 -pp.29)

A Cultura nos é imposta até que criamos postura paraimpor-nos diante o exigido. Saber que existem culturasdistintas, de experiência, que persistem, mantêm-se fiéis aosseus poderes, e criam-se entre arquétipos do insondávelmistério de suas realidades. O país Dong parece estar muitodistante de nós, o conhecemos nos limites de fotos e textos,que nos foram apresentados. - Será lá o paraíso ? - Um lugaronde, para seus nativos, “os cantos têm um poderverdadeiramente mágico”, entre vilarejos. E entre bons e maustempos há canto para tudo, “para adoçar a voz e torná-la maismelodiosa, as crianças sugam o néctar das flores silvestres”.O canto, a sensibilidade da fala, a poesia no maior e maisinfluente Meio de Comunicação, através da reverberação damensagem, do canto com a palavra da natureza cultural dosindivíduos de determinada região, a cultura inteiriça de seusMeios e Mensagens... Poemídia não sonha que o ocidente setransforme num ambiente como o dos Dongs, mas deseja que apoesia se faça a vida entre seus Mídias.

Há bem pouco tempo, houve uma campanha contraprivatizações de companhias, federais e estaduais, deenergia. Havia um jingle que dizia mais ou menos assim: “táachando ruim ?... se privatizar vai ficar pior !”. (slogan dacampanha). Pois bem, esta campanha foi dirigida para Tv,Rádio e Outdoor, comunicações de massa. E não muito distanteíamos, de um ponto a outro da cidade, que lá estava alguémagindo inconscientemente (principalmente crianças), cantandotal jingle, como se fosse uma canção intimamente familiar.Aqui é onde mora o verbo da reverberação; na informaçãoplanejada. No planejamento criativo das bases inter-relacionais é que sangra o corte dado em si. O que reverbera.

É o seguinte: há a influência inconsciente do indivíduo,em classes inteiras, que são, automaticamente, vícios delinguagem. A influência de uma informação é tamanha, porém,sua brevidade, sua objetividade, seu modo de dizer, é quefará do fato algo duradouro ou instantâneo. A maior dasnotícias jornalísticas ‘entram por um ouvido e saem poroutro’ de seus decodificadores/receptores, pelo aspecto poucocativante de suas realidades (e sempre se mostra a partebandida da realidade, pelo fato que deve sempre chocar),assim o mundo deixa de construir, por causa de umacomunicação linear (aparentemente), num jogo de infinitaafirmações. Acontece, então, que outras programações(novelas, propagandas, notas, fotos, música) - estamossituando o Jornalismo, também, na Mídia em geral -influenciam bem mais o público-alvo; e é onde entram em cenaos sucessos da reverberação: o ‘eco’ da informação na mentedo público-alvo.

“Não sei que armas os homens

usarão na terceira guerra,

mas na quarta será pau e pedra”.

(Albert Einstein - arquivo).

Para C. G. Jung, a procura de si-mesmo, um “processo deindividualização”, é “uma aventura que dura toda vida”. Opoeta se permite invadir o si-mesmo, se aprofunda nasentranhas de seu labirinto (“A imagem do labirinto é umametáfora apropriada para representar nossa existência povoadade dúvidas e caminhos desconhecidos”. (Rolando Toro - ProjetoMinotauro - pp.11)), para doar à humanidade sua dignasensibilidade; seus sentidos e sentimentos voltados para,através de alguma linguagem, representar o raciocínio sígnicode ícones, índices e sinais (símbolos). Isto é, em qualquerforma de linguagem o poeta pode, com seu potencial criativo,representar através de signo(s).

Na concepção ‘lingüística’ de Saussure: “o elo que une osignificado ao significante é arbitrário, ou antes, pois queentendemos por signo o total resultante da associação de um

significante com um significado, podemos dizer maissimplesmente: o signo lingüístico é arbitrário”. (Dicionárioda Comunicação - Pasquim - pp.427). Pois é no arbítrio que opoeta traduz ‘idéia’ e ‘coisas’, é quando ele se expressa,quando o conteúdo se transforma em realidade. “Charles Morrisfaz uma esclarecedora distinção entre os signos. Um signo-para conduz a alguma coisa, a uma ação, a um objetotransverbal ou extraverbal, que está fora dele. É o signo daprosa, moeda corrente que usamos automaticamente todos osdias. Mas quando você foge desse automatismo, quando vocêcomeça a ver, sentir, ouvir, pensar, apalpar as palavras,então as palavras começam a se transformar em signo-de.Fazendo um trocadilho, o signo-de pára nele mesmo, é signo dealguma coisa - quer ser essa coisa sem poder sê-lo. Ele tendea ser um ícone, uma figura. É o signo da poesia (...) Osigno-para é um signo por contigüidade, enquanto o signo-de éum signo por similaridade”. (Décio Pignatari - O Que ÉComunicação Poética - pp.09). Na Semiótica poética, continuaDécio Pignatari, “Dois são os processos de organização ouassociação das coisas: por contigüidade (proximidade) e porsimilaridade (semelhança). Esses dois processos formam doiseixos: um é o eixo de seleção (por similaridade), chamadoparadigma ou eixo paradigmático; o outro é o eixo dacombinação (por contigüidade), chamado sintagma ou eixosintagmático”. Para sair desse labirinto de incontáveisportas, iremos até o lingüista Jakobson, ainda com aspalavras do Pignatari: “Duas são as chamadas figuras deretórica que predominam nessa estruturação: a metonímia e ametáfora (...) Metonímia - toma parte pelo todo/prevalece nosintagma. Metáfora - relação de semelhança entre duas coisasdesignadas pela palavra ou conjunto de palavras/prevalece noparadigma.(...) Metáfora é uma semelhança de significados, aparanomásia é uma semelhança de significantes”.(DécioPignatari - O Que É Comunicação Poética - pp.09).

O poeta é um artista de mil engenhos, a concepção de‘poesia’ é muita antiga, quando voltamos sua imagem apenaspara as palavras. A poesia está na sensibilidade - não noscansamos de dizer - de observação; tanto do Emissor ouReceptor (ambos poetas), como dos Meios (a relação do poeta

com seus aparatos, às vezes a própria voz ou ação do poeta).Sobre toda linguagem está viva a poesia pela capacidade quetem o poeta de manipulação à linguagem.

“Uma lata existe para conter algo,

mas quando o poeta diz: lata,

pode estar querendo dizer o incontível.

Uma meta existe para ser um alvo,

mas quando o poeta diz: meta,

pode estar querendo dizer o inatingível...”.

(Gilberto Gil - Metáfora)

Tentamos, ao ‘máximo’ que nos foi possível, fugir deexemplos analisados no quotidiano, por haver nas Mídias umnúmero elevadíssimo de argumentos onde a poesia já é parteessencial. Principalmente na família TITULAR, onde acondensação e a objetividade se fundem numa mensagemsintética; e nas imagens, que é quando a fusão se faz maisnítida, mais forte, mais poética. A principal função do poetaem Mídia, é a própria necessidade poética dela. No livro“contracomunicação”, se propõe que nas universidades decomunicação haja um Núcleo de Programação Criativa (NPC), queseria derivado da fusão do Núcleo Informacional (de naturezateórica) e do Núcleo Formacional (de natureza prática); esseNPC propõe a Universidade como um corpo vivo: moléculas,núcleo, célula, chegando à “Célula de Tradução Intersemiótica(tradução de um sistema de signos para outro: do sistemasonoro para o sistema visual, por exemplo)”. (Décio Pignatari- O que É Contracomunicação - pp.43).

“O artista digita uma equação. A partir daí, ocomputador faz literalmente milhões de cálculos evai desenhando os fractais, imagens cuja riqueza dedetalhes só perde para a própria realidade”. (LúciaHelena de Oliveira - Revista Superinteressante ano08, n.10 - pp.23).

A principal razão de nossa busca poética, é mostrar aversatilidade das intercomunicações existentes na Mídia.Digamos que a criatividade aplicada a produção, para melhoradequação da linguagem, devido a seriedade da informaçãojornalística (necessária ao fato), as universidades deComunicação, com graduação em Jornalismo, deixam de trabalhara criatividade no modo de dizer o que deva ser dito. Porexemplo: Os vereadores de uma determinada cidade aprovaramuma lei que autoriza, após às 22 horas, os “showmícios” (comofesta popular) em qualquer bairro, desde que seja‘previamente’ avisado à prefeitura. Terá nessas horas orepórter, familiares (crianças e velhos, trabalhadores edoentes) na vizinhança, que venham se incomodar ? A reflexãosocial deve partir dos Meios; a força que a comunicação tem éplena e, mundialmente é proibido qualquer ruído após às 22horas. Existe uma Lei que não acoberta tamanha estupidez: aLei Mundial do Silêncio.

Consideramos uma ofensa, quando na praça, na época de‘politicagem’(o vale-tudo Democrático do Brasil), um trioelétrico toca até raiar o dia, quase todos os dias, desegunda a segunda, no silêncio da noite, as mesmas músicas,trioeletrizantes, rasgando os ares tranqüilos do sono leve.Quando também os políticos, aos berros, cospem entre suaspalavras... palavra, eis o produto principal do Repórter,Jornalista, Homem de Comunicação, delas suas idéias,sentimentos, conhecimento, suas relações cósmicas/ambientais.É humana, extremamente humana. Segundo Edgar Morin, “Asegunda industrialização, que passa a ser industrialização doespírito, e a segunda colonização que passa dizer respeito àalma progridem no decorrer do séc. XX... Essas novasmercadorias são as mais humanas de todas, pois vendem avarejo os ectoplasmas de humanidade, os amores e os medosromanceados, os fatos variados do coração e da alma”. (EdgarMorin - C.M. séc.XX/ Neurose - pp.13).

Os Mídias são novos ‘Meios de Arte’, uma indústria desonhos e realidades, um ‘tabuleiro da baiana’ global, numaaldeia, também global, num labirinto poético. Sabemos queeste projeto é um caminho, uma busca de si-mesmo num

labirinto de nós, a liberdade de deixar ser o que quer queseja. O livre pensar, do quimérico pensar o mundo em volta desi; a meta é a sobrevivência. Somos necessários para nós-mesmo, entre retinas-vestígios, criamos todo aparato decomunicações, onde transmutações agem no âmago periférico doutópico social e da realidade de fato, isto é, o sonho é oendereço de todo mundo.

“Ser Humano é estar em diálogo; e enquanto para nós écômodo pensar e conversar em nossa língua nativa,compartilhar de pontos de vista de uma teoria, ou, em nossocoração, adorar uma divindade comum, , semelhante diálogo nospõe prisioneiros, a enfeitiçar-nos como Deus ciumento. Emuito freqüentemente, nosso Deus é um Demônio do nossopróximo, igualmente enfeitiçado. Um dos grandes problemas danossa época, então, é que freqüente vezes o nosso diálogo, edessa forma, a nossa humanidade, se desarranjam devido àaparente exclusividade mútua dessas estruturas do pensar,desses espectros que nos compelem a imaginar, a pensar, afalar e a nos comportar de modo determinado”. (James Powell -O Tao dos Símbolos - pp.16).

Entre parágrafos, as emoções levadas até a ponta dosdedos, numa soma de códigos da consciência porejante, pelospêlos poros plenos desaguariam em nós: e pra quê poesia ?Isso mais parece brincadeira... “No entanto, na poesia, naoração e na meditação encontramos a língua a se abrir a novosdomínios, elevando nosso diálogo do nível de mera comunicaçãode fatos muitas vezes conflitantes até a harmonia de umacomunicação profunda”. (James Powell - O Tao dos Símbolos -pp.16).

Um canto sobre um canto, o encanto, é o sopro sobre asuperfície de um porto qualquer, um vento soprado a tôa, uminvento para nós, que soa por soar sua necessidade deexpressar-se; voa entre as ondas de seu tempo, rastejando, noagora. Um canto sobre o cais. O Homem é um eterno ponto departida, um viajante sem limites, e transa sobre-si um cantodivino, sua mente seu triunfo, sua aura companheira. - Oprofundo indefinido fim dos céus, estrelas, caminhos,

estradas, avenidas, praças e esquinas, o bonde, o trânsito,praias e florestas, banheiros, sexo e tecnologia... o limiteestá em nada, no vácuo de quase tudo, entre, sob, sub, by,glub, glub, glu, sobre, ante, pleno... - Nada de tudo épresença do absoluto porque nada é em vão; tudo que sejatudo, diante o Universo é nada, é o mundo entre tudo-nós:nossos limites no labirinto das relações...

“Flutuam as vagas

na lagoa:

estiu deste mundo”

(Matsuo Bashô - Arquivo)

E eis que nos deparamos em um labirinto, e é a vida, asrelações e as consciências, o fato de poder rolar uns nósentre nós: onde ? Como ? Por quê ? Quem o quê ? Quando ?...São caminhos, e o destino é a meta total. Tudo é nó, é ponto,é horizonte, é real... Tudo em nós e nos outros são nós emnós-mesmos, às vezes laços entre-si; uns cantam no encanto doque são capazes, na própria harmonia da existência, rumo aofuturo bem próximo.

“Só isso ? Não. Não nos limitamos somente a banir dasgaiolas das rimas o fetiche ‘femina’, nem a rechaçar para amontanha a tropa olímpica de deuses. Queremos libertar apoesia do presídio canoro das formas acadêmicas, darelasticidade e amplitude aos processos técnicos, para que aidéia se transubstancie, sintética e livre na carne fresca doverbo, sem deixá-la antes, no leito do procusto dos tratadosde versificação. Queremos exprimir nossa mais livreespontaneidade dentro da mais espontânea liberdade. Ser, comosomos, sinceros, sem artificialismo, sem contorcionismo, semescolas. Sonorizar no ritmo original e profundo tudo quereboe nas nossas almas de sino, carrilhonando as aleluias denossas íntimas páscoas, dobrando a angústia de nossos lutos”.(Menotti del Picchia - em Vanguarda Européia ao ModernismoBrasileiro - Gilberto Teles - pp.291).

“AINDA SÍLABAS

baba a boba

baba o bobo

baba a baba

baba-se então”.

Cada Homem é um mundo. A linguagem é o Meio deComunicação dessa afirmação. O labirinto e o real. Assimsendo, o Homem escravo da linguagem, e por isso mesmo, alémdo bom e do mau, do bem e do mal, do mais e do menos, é que asociedade criou as Leis, seus labirinto, seus códigos, suaética etc & tal; com a certeza de que a verdade ‘é uma eternadúvida do real’. O Homem é um bicho distinto, em-si, oindivíduo. Viajante dos mundos da infinita imaginação, entreos córregos dos labirintos, entre as amarras e os nós denossos laços do dia a dia, na quebra de elos, safados esagrados, na criação do anonimato, seguindo livre, crédulo daprópria razão, tendo o quotidiano como palco dastransformações, pelo objeto da existência, a exemplo deFernão Campelo Gaivota e tantos outros (humanos e mitos) emuito mais; no circo da vida das civilizações: aspossibilidades.

“E.U. Hein ?!!..

Ronald Reagan

Pato Donald ou

Tio Patinhas,

São todos parentes

Do Patacôncio

E do Peninha”.

(Lutello Lima - Arquivo)

Não que haja qualquer comparação a quem que seja; hásim, um ensejo de buscar o caminho que flui no destino. Umarelação pessoal entre o pensamento e a observação, o valor do

pensamento de uma cabeça, o que ela imagina, os babados querolam: outros foram e os passos forma outros. Tantos são. Alinguagem poética é a realidade entre o umbigo e o Universo,as reflexões do silêncio profundo na correnteza do rio-vida,o conhecido entre nós, uma troca onde o beneficiado é tudo:um conceito. As fronteiras do labirinto no eixo de equilíbriodo bípede existencial na presença do real no agora.

Há sempre um ponto limítrofe nas relações entre humanos:a comunicação; o sentir entre amarras enraizadas, o movimentosobre o misterioso interestrelar vazio do Universo. Eu evocê, um nó, nós e o mundi-a-fora, na realidade daexistência, entranhados num quotidiano rotineiro de relações.A emoção de cada instante que se possa viver, abraçados com aconsciência transmutacional do acaso, que é nada na realidadedos fatos, é, portanto, a realidade de si-mesmo (?)

“ALGUMAS ARQUITETURAS

tapa na cara dagente

gente na cara datapa

Caran agente da tapa

tapa na gente dacara

gente na tapada cara

gente na tapada cara

na tapada cara gente”.

O método aqui apresentado, chamamos de Caminho apercorrer. Trata-se de uma monografia de conteúdo poético, delinguagem poética, uma aplicação poética sobre a poesiaquotidiana. “Uma teoria de construções arriscadas, porémadaptadas a seu tempo”. (inclusão do professor orientadordeste trabalho (TCC) - Amilton Gláucio de Oliveira).Liberdade não é meter a mão nas nádegas do guarda; inventar acada momento um modo de ação, é. O Barroco e o Rococó sãoexemplos vivos. Na Música, outro exemplo, a reverberaçãoinconsciente da melodia induz facilmente o sujeito a agir, a

liberdade que a música tem é código, todo código écomunicação, - Não desejamos que todo Jornalismo sejapoético, que fique claro, os estilos de jornalismo queencontramos em nossa Mídia, hoje, são absolutamentememoráveis. - e á comunicação a realidade destas minhaspalavras, o fato é a palavra, eu, pequenino, conversando coma própria cabeça, falo livremente na fala de nossa línguaescrita.

Um dia ganhei de um tio uma pequena lembrança, dessasque a gente coloca na parede, de madeira, ele a viu numabanca de revistas pendurada, riu e riu, riu muito, que nãoresistiu a compra e a trouxe: “AMANHÃ EU FAÇO”, tinha escritonela, apenas... Quando ponho meus dedos sobre as teclas destamáquina que escrevo, cada letra é um ponto de energia, juntoa idéia que tenho, diante ao que se passa em minha cabeça deprego, com a presença da consciência dessa terceira pessoa,outra existência: Você, eis, tu (quem lê).

“PRÉÂNGULOS1° pagrárafo

PerambulosRotineiros...Cachaças rubrasSecas de amor...Fumaça líricaD’outros invernos.

2° pafóragraRotineirosPerâmbulos...Triscam-se em ternosToques típicos...Sem pavorSem penumbras.

3° paráfograPerâmbulosPerâmbulos...Ternos nos invernosDe rubras penumbras...Típico ?... Lírica ?...

Amos ?... Pavor ?...4° parágrafo

RotineirosRotineiros...”

(Lutello Lima - Arquivo)O que se passa com a humanidade ? Agora que a tecnologia

se expressa como fonte de maturidade e precisão ! O que háentre as linhas que dividem a Terra ? Esses limites deLínguas, culturas, matérias-primas. O que mais espera umcervo de Deus, que atravessa uma rua na certeza de que , nooutro lado, na outra calçada, não será ali seu pontofinal ?... Prosseguir, cantando para os males espantar:atravessá-la é a razão; chegar lá é a glória; continuarcaminhando é a vida...

V

“Entender é parede.

Procure ser uma árvore”

(Manuel de Barros - em um panfleto)

43............................... (L)IM(GU)AGEM,resíduo minimalista da forma verborréica

Em meio a todo um processo cultural, o Boi-Bumbá(ressuscitado), como exemplo, no ‘Bumba-Meu-Boi’, podeperfeitamente representar o título como rótulo, como alegoriae como, e como, até mesmo, o enredo; sua representação é aessência de sua existência ao solo do ‘zabumba’; de todo omovimento (cultural) tanto pela parte de quem faz, como pelaparte de quem o assiste. O nosso amigo Bumbá é o centro das

atenções e o próprio Bumba-Meu-Boi, ele é, nada mais, nadamenos, que o todo, uma parte e nada. É a superficialidadeconcreta da existência de uma cultura relacionada a um“signo” simbolicamente eterno (enquanto durar sua aldeia).Alegoricamente: um Homem, um fantasma que pula, gira, cai...morre; dá vida a uma matéria visualmente morta e rejuvenesce,entre risos e aplausos, seu ego e a vida dos que o assistem.É a imagem que se tem de algo em um fragmento de segundos,imaginários, o resumo centralizado do acontecimento a ser ounão informado... se por acaso abrires um jornal,e neleencontrar uma foto de uma multidão direcionada a um pontocomum, e debaixo desta foto outra foto traça o perfil do Boi-Bumbá. Isso significa que o enredo (texto) abaixo, a cima ouao lado é relacionado ao Bumba-Meu-Boi. - E se por acaso sóhouvesse uma foto e essa fosse a da multidão, a percepçãoseria a mesma ?

A linguagem pode ser toda concreta e perfeitamente ditasem a escrita, porém nunca sem o pensamento. Como pode ser otodo concreto, só que com a escrita e, nunca sem, opensamento (informacional), mas mais automático; ou sem oconcreto, esbaldando-se em linhas e letras e colunas (ou não)e nunca sem a forma adequada das normas, técnicas, métodos...linguagens onde a textura é quase que idêntica às outras...

Ciberneticamente falando é o mundo informáticoexplodindo. Com essa dosagem de concretude, quase que umoverdose ‘intra-ser-lular’ na cabeça da gente: o tempo écurto, o caminho é torto e barulhento, as coisas passam emuma velocidade estupenda, não se pode parar. Os outdoors, oscartazes, os jornais, as revistas, os programas, os poetas, atelevisão, o cinema... todos esgüelam-se em gritos fortes erápidos, de ágeis captos, como os raios do sol nos avisandoque chegou um novo dia. “Muitas vezes já se disse que acivilização contemporânea era a civilização da imagem, queera o que ela tinha de mais específico em relação a outraspassadas. O termo contraditório, para descrever o novouniverso da comunicação é tão somente uma imagem do futuro,pois repousa num substrato técnico: gravador, máquina deouvir, máquina de falar que se encontra ainda em processo de

desenvolvimento, seja industrial, seja técnico, e cujasconseqüências sociais efetivas não se fizeram ainda sentir”.(Abraham Moles - O Cartaz - pp.15).

A Comunicação de Massa impressa não pode parar agora,tem que correr cabeça a cabeça, palmo a palmo, olho no olhocom a sensibilidade de informar na ponta dos dedos,fortalecida pela imagem. Taí o berro, o sumo da informação, avelocidade da comunicação em dizeres rápidos, onde osinformados não são obrigados a ler toda matéria que não sejade seu interesse. Basta ler superficialmente, a famíliaTITULAR, e ter em partes (uma parte) a informação a seulado, e mergulhar nela quando estas forem de seu totalinteresse.

“a cabana de ervas secas

(o mundo tudo muda)

vira casa de bonecas”

(Matsuo Bashô - Arquivo)

Desde a invenção da máquina fotográfica (imagens), omundo tomou um novo rumo em relação ao conhecimento, aoinstante do fato, ao fato vivo de que a memória érepresentável, ao estímulo de percepção óptico... A magia derepresentar um momento em formas decifravelmente vivas, reaise com a precisão exata do momento, o sonho que até então sóera possível por intermédio de espelho ou poça d’água, avisibilidade do próprio ser, por volta de 1888, GeorgeEastmam, bancário, quem fabricou a primeira câmara portátil,sua Kodak n° 1. “Lamento que esta invenção maravilhosa sótenha chegado tão tarde”, dizia o pintor Delacroix.

Logo que a imagem chega aos olhos pidões ebisbilhoteiros do mundo imaginário do subconsciente, como numfichário, procuramos a identificação, caso esta aparênciasnão esteja claramente composta de respostas antigas de umpassado que se vive, há uma rejeição inconscienteinconseqüente devido a um passado que não voltará, mas é vivon uma ausência/presença, o passado é o presente em vida e a

vida é um presente dependente de um passado. Porém o momentosão imagens de um passado não muito longe do segundo que sevive agora; a imagem do agora é imagem que já está passandopela imagem que já vem surgindo; a imagem que já vem surgindoé o perigo de não saber, o medo, o susto, o escuro, omistério, o não conhecido pelo que já se passou, é o choqueentre a vida e a morte, a sorte de que a aparência estejacravada no passado, no fichário de imagens que captamos todosos dias, armazenadas em nosso subconsciente ordenadamentesegundo normas sociológicas de grupos sociológicos... ismos emais ismos, cias e mais cias, que impregnam a sociedadehumana de mentiras, de vidas anti-humanas irracionais, feitopeças de uma máquina que gira em volta do dinheiro, em tornodo poder doentio de liderar, do lógico pelo anti-lógico, doviver pelo vegetar, do peso enorme que significa nosso corpo,visivelmente identificável, que representa nossa imagem, porum súbito sopro de um vento inventado que interpassa entre asbrechas, o corpo carente de liberdade e sedento...

Com o aumento do número de notícias, os jornais sentirama necessidade de diminuir o seu texto, limpá-lo; “Não háespaço para textos, só para títulos. Textítulos, textículos”.(Décio Pignatari - O que é Contracomunicação - pp. 17). Oestrondoso avanço da tecnologia, no rumo e a prumo de umalógica prática, donde os esforços resumam-se, é lógico que oque seja mais prático tome frente nessa frente de avanço queavança inescrupulosamente rápida direcionando-se àsvelocidades das técnicas: pensar, criar, olhar, ouvir, ler,decifrar, todas as técnicas propendem e tendenciam-se a seresumir ao sumo do que seja a fulgura da figura a serapresentada. “Quando o Homem primitivo começou a fazer aspinturas rupestres, não sabia que, além de perpetuar suamemória, estava ao mesmo tempo inaugurando a escrita eencerrando a pré-história”. (autor desconhecido).

De um simples papel, as imagens for se transformando emséries teletransportáveis, levando assim a irrenegável tarefade informações e conhecimento gerais ao ‘público’. É ocasamento do transistor com a imagem em série. Atransformação do sonho em miragem, da vida em documento, do

real em irreal e vice-versa. É muito mais fácil para nósacreditarmos em seres invisíveis quando temos ao lado, porexemplo, um rádio ligado; há esperança de eseres. Ou asolidão acaba, ou nos dá uma saudade que nos sobe dos pés acabeça feito uma chama, que a pessoa ausente, presenteestará.

As mais belas faces, os mais belos corpos, as mais belasvozes, as mais belas cores em forma de gente; eles fazemídolos e jogam na cara da gente, pegam gente e transformam emimagem. Imagens que somos, imagens que ficam e perpetuam-senas mentes dos fãs, eternos fãs é o que nós somos, sempre aprocura do ídolo. Que nos dê vida.

Tento as vezes imaginar a força da Comunicação de Massa,e não consigo, graças a intimidade que tenho com essa‘muralha de informações e persuasão’. Nasci e vivo dentrodela, como num casulo vive o bicho da sêda. Os anos 60 foramos primeiros grandes passos em relação à Comunicação deMassa no Brasil e no Mundo, veio com a juventude, na quebrade barreiras, até então intransponíveis; as rádios, astelevisões, os livros, os jornais, com a ajuda do cérebrohumano, evoluindo. Uma coisa facilmente perceptível é que aspalavras vão sumindo em quantidade e aumentando em tamanho,buscando sempre a visualidade; tanto a oral em relação àquantidade, como a escrita em relação à quantidade e aotamanho. Os textos vão-se resumindo em sumos, suprasumos,imagens em/de informações, isto é, olhe atentamente as fotose os títulos (próxima página). Vemos três propagandas, sendouma de 1946, outra de 1962 e outra de 1987: uma ascendênciachocante, da linguagem a imagem, dizer. E vemos na próximapágina 4 jornais (sendo um deles de outra empresa).Relacionadamente tanto na imprensa quanto na publicidade,nota-se que a imagem vai ganhando espaço, os títulos vãoganhando força de mensagem, e ostexto somem que completamentedas primeiras páginas ou das boas paredes; na propaganda deCyclone, por exemplo, acredito que o produto seja o biquíni,ou a piscina ou a escada da piscina, o azulejo... ele dependedo público-alvo. No jornal O Nacional, se distinguetotalmente do jornal Folha da manhã, O Nacional trabalha mais

a visualidade, a linguagem-imagem, com o acoplamento dainformática na gráfica, na televisão, na rádio, no cinema, napublicidade... a tendência da linguagem é resumir-se, é fazerdo fato um aviso, do produto um rótulo, do rótulo à imagem. Aescrita tem que ter imagem. Nela usamos nossa maisconcentrada reflexão, criamos imagens. (Infelizmente asimagens anexas a este projeto, que compunham com o texto (Comalinhamento Blocado) harmina absoluta, visto que o trabalhofoi datilografado em uma máquina Olivetti Linea 98 emontagens com imagens e fotos e poesias,...)

Na Comunicação de Massa, encontramos poesia em jornais,em revistas, panfletos, programações visuais e sonoras, atéem bulas de remédio, elas ganham forma, são fontes, gritam,cantam, vivem... A poética é a linguagem, quer seja impressaou expressa, quer seja presente, passado ou futuro, comunica.

VI

“Canoeiro cansado de remar

vou é assoviar

chamando os ventos”

(Jorge Cooper - Já Era Tempo)

53...........................Ponto Final

Termino onde começo, começo onde termino...

Amarras entre conchavos entre combinações entreacomodações entre expectativas entre negociações entrecomplacências entre fraudes entre conivências entrecorrupções entre o exarcebado, entre e feche a porta ! Rápido! Antes que invadam a poesia que ainda resta...

Tão se abrindo, é ?!... podem rir, riam, riam... é umrio que se passa pela sua vida, oh senhores do conhecimento edas verdades absolutas... Riam, matem-se de rir, rir é bom,faz bem... o rio passa, e nenhuma de todas as batalhas forame nem são vencidas: ninguém sabe qual é a do futuro !Ninguém. Rir é arte, riam...

A poesia não morre graças a um bando de sujeitos que sesujeitam a fazer suas orações à velha-mãe-poesia; a poesia éa mãe de tudo. E o pai também. Ela é o poeta. Poesia époesia, o poeta está vivo, prestes a mergulhar em mais umabismo, sem medo, no labirinto de nós.

Todos são poetas, poetas que fazem poesias narcíseas; oluxo, obviamente, a boa vida que o ocidente oferece às boasovelhas... e tome silêncio para as consciências !

É mais ou menos assim que me sinto diante da estruturaacadêmica que tudo aqui está representando. Esta explicação,no instante que o possível já se foi dito, e tudo que seespera é o terrível silêncio... os medos e as realidades, ahora de dar um passa, um esforço qualquer para sair doabismo...

VII

“Por que muitas plantas fazem frutos gostosos ? O frutoé o preço que elas pagam ao animal pelo transporte da semente

(José Lutzemberg - Guia Corpo-a-corpo)

CITAÇÕES

(Nesse testo para Internet as citações foram encaixadas,entre parênteses, após a última aspa.

VIII

“O VELHO TANQUE

UMA RÃ MERGULHA

DENTRO DE SI.”

(M. Bashô - O Gosto Solitário do Orvalho)

BIBLIOGRAFIA

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