PARTICIPAÇÃO E TERCEIRO SETOR GESTÃO INTEGRADA PARA RECUPERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS...

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* Avenida Nossa Senhora do Sabará, 5312 – Escritório 8 - CEP 04447-011 - São Paulo - SP - BRASIL Tel.: (011) 5613-2330 - Fax: (011) 5613-2329 I SEMINÁRIO NACIONAL PAISAGEM E PARTICIPAÇÃO: Práticas no Espaço Livre Público 18 e 19 DE OUTUBRO DE 2007 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo www.fau.usp.br/paisagemeparticipacao PARTICIPAÇÃO E TERCEIRO SETOR GESTÃO INTEGRADA PARA RECUPERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM ESPAÇOS DE INTERESSE SÓCIOAMBIENTAL Admilson Clayton Barbosa* Biólogo Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected] João Milton de Souza* Técnico de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. joã[email protected] André Luiz Pacheco* Técnico de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected] Sebastião D. D. Lopes* Gerente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. sebastiã[email protected] Carlos Eduardo Guimarães do Nascimento* Analista de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected] Wesley Fernandes Bastos* Técnico em Comunicação Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected] Edson Fernando Escames* Analista de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected] RESUMO O programa tem como objetivo a formação de cordões ciliares, a educação ambiental e a integração da comunidade. Atualmente contempla o “Espaço Verde Mar Paulista”, “Balneário São Francisco” e “Várzea do Ribeirão Alvarenga”, áreas situadas às margens do reservatório Billings. O diferencial se configura pela efetiva participação da população de órgãos governamentais e não governamentais, no planejamento, concepção e na forma de mutirões e reuniões

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* Avenida Nossa Senhora do Sabará, 5312 – Escritório 8 - CEP 04447-011 - São Paulo - SP - BRASIL Tel.: (011) 5613-2330 - Fax: (011) 5613-2329

I SEMINÁRIO NACIONAL PAISAGEM E PARTICIPAÇÃO: Práticas no Espaço Livre Público

18 e 19 DE OUTUBRO DE 2007 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Universidade de São Paulo www.fau.usp.br/paisagemeparticipacao

PARTICIPAÇÃO E TERCEIRO SETOR

GESTÃO INTEGRADA PARA RECUPERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM ESPAÇOS DE INTERESSE SÓCIOAMBIENTAL

Admilson Clayton Barbosa* Biólogo Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected]

João Milton de Souza* Técnico de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. joã[email protected]

André Luiz Pacheco* Técnico de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected]

Sebastião D. D. Lopes* Gerente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. sebastiã[email protected]

Carlos Eduardo Guimarães do Nascimento* Analista de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected]

Wesley Fernandes Bastos* Técnico em Comunicação Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected]

Edson Fernando Escames* Analista de Meio Ambiente Departamento de Gestão Ambiental Diretoria de Geração EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. [email protected]

RESUMO O programa tem como objetivo a formação de cordões ciliares, a educação ambiental e a integração da comunidade. Atualmente contempla o “Espaço Verde Mar Paulista”, “Balneário São Francisco” e “Várzea do Ribeirão Alvarenga”, áreas situadas às margens do reservatório Billings. O diferencial se configura pela efetiva participação da população de órgãos governamentais e não governamentais, no planejamento, concepção e na forma de mutirões e reuniões

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periódicas, onde é avaliada e planejada a implantação. É uma gestão que possibilita, por meio da inserção sócio-ambiental, a revitalização e conservação dessas áreas, segundo preceitos de desenvolvimento sustentável. PALAVRAS-CHAVE Inserção sócioambiental, recuperação de áreas degradadas e Reservatório Billings. 1.0 - INTRODUÇÃO O reservatório Billings foi formado a partir de 1926 e representa o maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. Sua área de inundação tem um perímetro de, aproximadamente, 711 km e um volume de aproximadamente, 1,2 bilhões de metros cúbicos de água. Situa-se na porção sul da RMSP, compreendendo os municípios de São Paulo, Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Os reservatórios constituídos em Regiões Metropolitanas possuem suas bacias de drenagem extremamente fragilizadas pela forma de uso e ocupação do solo. O reservatório Billings, em específico, ao longo das décadas de 80 e 90, com o crescimento urbano acelerado na RMSP, teve sua bacia adensada a altas taxas, em um ambiente propiciado pela especulação imobiliária clandestina em que a violação à legislação de uso e ocupação do solo foi promovida em ato contínuo, e de forma exacerbada com a remoção de parte da cobertura vegetal, sem infra-estrutura de saneamento e com a fixação de uma população mais desfavorecida em loteamentos com lotes de 125 m2 quando não em favelas ao longo de córregos e à beira do reservatório.

FIGURA 1 - Vista parcial do reservatório Billings no seu enchimento, Barragem de Pedreira, década de 40

2.0 - APRESENTAÇÃO A EMAE enfrenta diversos problemas nas suas áreas patrimoniais como ocupações clandestinas, despejo de lixo, entulho, esgoto, animais mortos, etc. As regiões mais críticas são as margens do reservatório Billings, que foi utilizado predominantemente para geração de energia ao longo de 7 (sete) décadas e atualmente está destinado prioritariamente para abastecimento público.

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A bacia do reservatório Billings é alvo de forte pressão de uso e ocupação do solo dos mais diversos tipos. Em 2000, tinha uma população em torno de 863.004 habitantes, destes, 161.115 vivendo em favelas (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA, 2006).

FIGURA 2 - Bairro Cantinho do Céu, Ribeirão Cocaia, 2003 Ao longo dos tempos, junto às desembocaduras dos afluentes desse reservatório, foram formados grandes bolsões de assoreamentos advindos do modelo caótico de ocupação da sua bacia de captação. Parte das margens e desses bolsões, em geral de fundo de vale, foram transformadas em terrenos a partir de um barramento, ou uma travessia, ou o próprio assoreamento. A exposição dessas áreas a pressão por diversos usos desenfreados e inadequados requer constantes fiscalizações e conseqüentes demandas legais. Este intenso processo de pressão e degradação das áreas lindeiras ao reservatório, levou a EMAE a buscar o aprimoramento da gestão sóciopatrimonial e ambiental, criando um novo formato de gerenciamento dessas áreas: o programa “GESTÃO INTEGRADA PARA RECUPERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM ESPAÇOS DE INTERESSE SÓCIOAMBIENTAL” possibilita a conservação do manancial, a recuperação e integração de áreas à comunidade ribeirinha, a convergência de interesses e a parceria com órgãos governamentais e não governamentais. O programa surgiu como modelo complementar às práticas de gestão patrimonial e, atualmente, contempla o “Espaço Verde Mar Paulista”, o “Balneário São Francisco” e a “Várzea do Ribeirão Alvarenga”, áreas situadas às margens do reservatório Billings. A consecução dos projetos se dá pela efetiva participação das partes interessadas, no planejamento, concepção e na forma de mutirões e reuniões periódicas, onde a implantação é avaliada e planejada. Trata-se de gestão integrada e consistente, visando a revitalização e conservação dessas áreas, segundo os preceitos de desenvolvimento sustentável. Em 2001 foi iniciada a recuperação do “Espaço Verde Mar Paulista”. O projeto visava à recuperação ambiental de área degradada e sua reintegração urbana, criando condições para que o terreno tivesse um uso social, além de resgatar o uso original do espaço como área verde conservada e voltada ao lazer da comunidade do entorno. Para isso, intensificaram-se os trabalhos de sensibilização dos moradores, para que eles estabelecessem um vínculo com o local.

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FIGURA 3 - “Espaço Verde Mar Paulista” antes das intervenções, 2000

FIGURA 4 - Inserção sócioambiental no “Espaço Verde Mar Paulista”, 2001

A experiência adquirida no projeto “Espaço Verde Mar Paulista” propiciou, em 2003, o início de outro trabalho em uma comunidade próxima, o “Balneário São Francisco”. Da mesma forma que o anterior, esse novo projeto se propunha à recuperação da área, no entanto, procurou-se aprimorar o trabalho, buscando uma participação ainda mais efetiva da comunidade. Estabeleceu-se uma parceria na qual a EMAE idealizou a concepção do trabalho, bem como articulou a integração com os demais parceiros, promovendo reuniões, fornecendo parte dos materiais para a realização das obras e participando ativamente de todas as mobilizações com a comunidade. À Subprefeitura de Cidade Ademar, da Prefeitura de São Paulo, envolvida no processo, coube o fornecimento de materiais e mão de obra. A comunidade participou do projeto, de forma ativa e atuante, desde a sua concepção, planejamento e na execução de todas as fases de implantação, formulando propostas, comparecendo às reuniões, incentivando parceiros e vizinhos e, principalmente, participando das mobilizações que efetivamente fizeram o projeto acontecer.

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FIGURA 5 - Mutirão com a comunidade do “Balneário São Francisco” e parceiros para construção de pista para caminhada, 2004

FIGURA 6 - Curso de jardinagem com a comunidade do “Balneário São Francisco”, 2005 Em 2004, deu-se início a outro trabalho, com princípios semelhantes ao do “Balneário São Francisco”: o da “Várzea do Ribeirão Alvarenga”. Em uma área de, aproximadamente, 40 hectares, a parceria estabelecida entre a EMAE, comunidade e Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo implantou a recuperação do local. A proposta de transformação da área de várzea em um parque tinha o objetivo de resgatar o local para a comunidade, incentivando usos ambientalmente adequados, principalmente espaços de lazer. Dessa forma, a metodologia de intervenção contemplou a participação da comunidade desde a definição do projeto, implantação e conservação.

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FIGURA 7 - Reunião de planejamento e avaliação com a comunidade da “Várzea do Ribeirão Alvarenga” e parceiros, 2004

FIGURA 8 - Evento sóciocultural, na “Várzea do Ribeirão Alvarenga”, promovido pela comunidade local, EMAE e parceiros, 2005

3.0 - DESCRIÇÃO DOS OBJETIVOS O objetivo principal do programa é a recuperação ambiental das áreas degradadas nas margens do reservatório Billings, sua conservação e reintegração ao contexto onde estão inseridas, criando condições para que o terreno tenha um uso social, transformando o espaço em área verde conservada e voltada ao lazer da comunidade do entorno. A estratégia é de intensificação e sensibilização dos moradores, de maneira que se estabeleça uma verdadeira relação de afeto com o local. Os objetivos específicos são: sensibilizar e capacitar a comunidade através da educação ambiental e ações sócio-ambientais; implantar pistas de caminhada, parques infantis e equipamentos de ginástica; recuperar e conservar as áreas degradadas; envolver a comunidade local e fomentar a recuperação de áreas degradadas; efetuar repovoamento vegetal junto aos principais cursos d’água; adequar áreas de lazer para uso da comunidade; implantar um cinturão verde para integração com área urbanizada; conservar a função de filtro biológico natural das várzeas para amortecer a poluição difusa; promover a sustentabilidade ambiental por meio do estímulo para a conservação após a implantação da infra-estrutura nas áreas de intervenção; trabalhar de forma integrada com órgãos públicos, sociedades amigos de bairros e iniciativa privada; fortalecer a gestão patrimonial; atuar em

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consonância com a legislação ambiental e transformar o local numa oportunidade de melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. 4.0 – METODOLOGIA Intervenções que se baseiam na constante parceria da comunidade, órgãos governamentais e não governamentais e iniciativa privada, para a definição do projeto, formação de bosques de vegetação nativa, implantação e manutenção de equipamentos de lazer e contemplação, limpeza e conservação do local. O princípio do trabalho é baseado na contraposição ao assistencialismo e paternalismo, ou seja, busca-se o empoderamento da comunidade por meio de sua capacitação e ativa participação durante todo o processo, além da criação da cultura de manutenção daquilo que foi conquistado. Tudo, a partir de uma avaliação prévia das condições do terreno, para recuperação e reintegração urbana do local, bem como ações de médio e longo prazos para resgate do uso adequado do espaço como área verde preservada e voltado ao lazer da comunidade. O público alvo são as comunidades que habitam no entorno das áreas de intervenção, ou seja, aquelas degradadas nas margens do reservatório Billings. Com a efetivação do programa, o local é gradualmente restabelecido, também em sua função ecológica, como suporte da vida silvestre, principalmente para avifauna, proteção do solo, regularização da vazão dos cursos d’água e na redução do assoreamento dos cursos d’água e do reservatório, retirada de gás carbono (CO2)da atmosfera, entre outros não menos importante. (Galli et al. 1996). Todas as ações representaram um grande benefício à região e propiciaram o resgatar da auto-estima dos moradores em relação ao seu bairro, a margem e ao reservatório. 5.0 – ABRANGÊNCIA Esse trabalho tem repercussão em toda a Sub-Bacia Billings e, também, na Sub-Bacia Guarapiranga, ambas confrontantes entre si e divisor de águas, inseridas nos limites da porção sul da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. 6.0 - RECURSOS ENVOLVIDOS Os recursos da EMAE se traduzem na concepção, diagnóstico e integração das partes interessadas, na disponibilidade do terreno para a implantação das melhorias, bem como nesses projetos, assumiu custos relativos aos plantios de espécies arbóreos e sua respectiva manutenção, à limpeza e conservação do terreno, à implementação da pista de caminhada e aquisição de vários equipamentos para atividades físicas. Além disso, foram efetuadas algumas despesas com a realização de eventos sócioambientais e sócioculturais, oficinas de jardinagem e doação de mudas, bem como o apoio a eventos organizados pela comunidade. As despesas envolvidas com a realização dessas intervenções, atividades e apoios, desde 2001 até julho de 2006, totalizaram, aproximadamente, R$ 396.000,00 (trezentos e noventa e seis mil reais) até julho de 2006, excluindo-se o valor do terreno. No Balneário São Francisco e na Várzea do Alvarenga, a abertura para a participação público privada e a inserção da comunidade na implantação dos projetos, promoveu uma sensível redução dos custos de investimento efetuados pela EMAE.

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7.0 - FASE DE IMPLEMENTAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA O PROGRAMA O programa está na fase de adensamento vegetal, com a continuação de plantios de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, manutenção dos equipamentos instalados, roçagem e fortalecimento do trabalho de parceria com a comunidade, com órgãos públicos e iniciativa privada, buscando um número crescente de pessoas para participarem dos eventos sócioambientais e sócioculturais, nos mutirões e reuniões, compartilhando responsabilidades e custos. 8.0 - PARCERIAS ESTABELECIDAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA As parcerias desenvolvem seus papéis em cada região especifica. No “Espaço Verde Mar Paulista”, os moradores locais foram organizados através da SAMPA - Sociedade Amigos do Balneário Mar Paulista entidade que teve a responsabilidade de buscar novos parceiros; a Associação de Moradores do Núcleo Habitacional Pedra sobre Pedra recolhe os materiais para reciclagem e geração de renda e; o Movimento Paulista de Luta por Moradia mantém compromisso de efetuar a limpeza do espaço, realizando coletas periódicas de lixo. No “Balneário São Francisco”, a Associação Ação Feminina, a Associação Beneficente Balneário São Francisco, a Associação do Parque Santa Amélia e Balneário São Francisco e a Comissão de Moradores do Balneário São Francisco, participaram do planejamento e concepção e, agora, ajudam na manutenção e fiscalização do Espaço; a Subprefeitura da Cidade Ademar, da Prefeitura de São Paulo participou da concepção e contribui com serviços e manutenção e; o comércio local contribui com materiais de manutenção. Na “Várzea do Alvarenga”, as Associações Amigos de Bairros (Adquirentes de lotes do Jardim das Orquídeas, Moradores do Jardim das Orquídeas, Comissão de Moradores do Laura, Campestre, Jardim Ana Falleti, Jardim Laura, Jardim das Orquídeas, João de Barro, Las Palmas, Bandeirantes, Parque Florestal, Parque das Garças, Parque Ideal, Novo Horizonte, Serro Azul, União das Vilas e Vila União) participaram do planejamento e concepção, agora, ajudam na manutenção e fiscalização do Espaço; a Prefeitura de São Bernardo do Campo contribui com materiais e serviços além de ter participado do planejamento e concepção e agora, ajuda na manutenção e fiscalização; o comércio local e empresas privadas da região contribuem com materiais e serviços. 9.0 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 9.1 Mutirões de limpeza das margens do reservatório A EMAE fornece alguns materiais necessários (sacos de lixo e luvas) e a comunidade local voluntariamente, realiza a atividade. No primeiro mutirão, no “Espaço Verde Mar Paulista”, realizado em março de 2001, foram retiradas, aproximadamente, duas toneladas de resíduos diversos. Todos os que puderam ser encaminhados para reciclagem foram destinados à Associação Pedra sobre Pedra. 9.2 Mutirões para implantação de pista para caminhada Os mutirões ocorreram periodicamente (quinzenalmente), utilizando inicialmente pedrisco fino e alvenaria para delimitar a pista, sendo aprimorado com o uso de pedrisco reciclado e trocos de eucalipto para delimitar a pista.

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9.3 Plantio de espécies arbóreas nativas de Mata Atlântica Nardelli & Nascimento (1999) afirmam que “o planejamento da recuperação ambiental precisa estar voltado para a totalidade das relações físicas, biológicas, sociais, econômicas e culturais, na qual está inserida”. De acordo com Nardelli et al (2000), com o aumento da degradação, aumenta-se, também, a probabilidade de ocorrência de inundações e doenças de veiculação hídrica, gerando impactos sociais e ambientais e os prejuízos advindos provocam as reclamações e denúncias que, devidamente organizadas, geram pressões ambientais. Uma das estratégias adotadas para a recuperação ambiental e reintegração urbana foi a introdução de espécies arbóreas, nativas de Mata Atlântica, formando bosques, com o objetivo da melhoria do aspecto paisagístico e valorização do espaço, devido à beleza cênica e o conforto psicológico proporcionado pela flora. Outro objetivo da introdução dessas espécies é o restabelecimento das funções ecológicas do espaço, permitindo uma redução do escoamento superficial das águas e melhoria na sua infiltração, recarregando o lençol freático e criando condições de suporte à vida silvestre. Para as atividades de plantio buscou-se respeitar critérios importantes como a vocação do local, declividade do terreno e suas curvas de nível, espaçamento entre espécies, diversidade de espécies nativas e distribuição das espécies e dos grupos ecológicos em pioneiras, secundárias e clímaxes (Kageyama, 2003), além do tratamento das covas, utilizando calcário dolomítico para correção de pH, terra vegetal, composto orgânico e fertilizante (Botelho et al. 2001). Como o solo do local apresentava-se, em alguns pontos, fortemente compactado pela ação antrópica, foi feita uma descompactação sem utilização de máquinas. Após a realização dos plantios houve a necessidade de realizar uma série de intervenções que foram de extrema relevância, como cita Botelho et al, 2001 e Galvão & Medeiros 2002, e que se encontram descritas abaixo: a) Coroamento das mudas b) Adubação / Fertilização das Mudas c) Controle de Pragas d) Poda de Formação / Tutoramento das Mudas e) Roçagem de vegetação diversa 9.4 Eventos sócio-culturais 9.4.2 Atividades da “Semana da Água da EMAE” Como forma de valorização das áreas, a EMAE realiza todos os anos parte das atividades da “Semana da Água” nos locais, de forma a fortalecer os seus vínculos com as comunidades e dessas com os espaços. 9.4.3 Oficinas de jardinagem

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Essas oficinas têm como objetivo introduzir, através de conceitos de jardinagem, noções sobre conservação ambiental e revitalização de ambientes, tendo sido destinadas à comunidade em geral. Em momentos específicos, essas oficinas foram destinadas a professores da rede pública de ensino, quando se procurou trabalhar a integração de todas as disciplinas na revitalização do espaço escolar. Em todas as oficinas foram abordadas informações sobre técnicas de plantio, podas, preparação de solos, controle de pragas, estética, paisagismo, seleção de espécies e outras informações úteis. 9.4.4 Doação de mudas Como ação complementar às oficinas de jardinagem, a EMAE vem adotando a doação de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, de hortaliças e de essências medicinais. 9.4.5 Missas campais Desde 2002, no “Espaço Verde Mar Paulista”, e desde 2005, na “Várzea do Ribeirão Alvarenga” em parceria com as paróquias locais e líderes de associações dos Bairros, a EMAE cede o terreno para a realização de missas campais. Além disso, patrocina iluminação do local, cede barco e confecciona material para divulgação. 10.0 - RESULTADOS No “Espaço Verde Mar Paulista”, até o momento, já foram implantados 700m de pista para caminhadas, foi realizado plantio de, aproximadamente, 1.700 mudas de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, foram realizados eventos sócioambientais e sócioculturais, com o objetivo de resgatar os vínculos entre comunidade e o Espaço, diversas atividades anuais em comemoração à “Semana da Água da EMAE”, oficinas de jardinagem destinadas à comunidade e a professores da rede pública de ensino da região, doação, a moradores e escolas da região, de mais de 1.500 mudas de espécies arbóreas e de essências medicinais. No “Balneário São Francisco”, até o momento, já foram realizados 13 mutirões, 10 reuniões, foram implantados 1.100m de pista para caminhadas, 03 playgrounds, 01 conjunto de equipamentos para ginástica, 07 bancos, 01 lixeira, foi realizado plantio de, aproximadamente, 150 mudas de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, oficina de jardinagem destinada à comunidade, foram realizados eventos sócioambientais e sócioculturais, com o objetivo de resgatar os vínculos entre comunidade e o Espaço. Na “Várzea do Alvarenga”, até o momento, já foram realizados 31 mutirões, 23 reuniões, foram implantados 1.600m de pista para caminhadas, 04 playgrounds, 02 conjunto de equipamentos para ginástica, 20 bancos, 08 lixeira, foram construídas 04 pontes, foram recolhidos, aproximadamente, 2.000 toneladas de entulho, foi realizado plantio de, aproximadamente, 300 mudas de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, foram realizados eventos sócioambientais e sócioculturais, com o objetivo de resgatar os vínculos entre comunidade e o Espaço. Além disso, a EMAE apóia e patrocina a realização de Missas campais anuais, organizadas pelas paróquias locais e mutirões regulares de limpeza das margens do reservatório. 11.0 – CONCLUSÕES O “Espaço Verde Mar Paulista” foi o projeto piloto e nos possibilitou analisar a correlação entre ações e mudanças nos dando condições de aprimoramento em outras áreas.

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Com a criação de Espaços que pudessem ser utilizados pelas comunidades para a realização de atividades de lazer e cultura, constata-se que a área já não mais é usada como depósito de lixo. Isso foi possível graças às inúmeras intervenções que consistiram de mutirões de limpeza, plantios de mudas, implantação de pistas para caminhada e de aparelhos de ginástica, além de inúmeros eventos que foram, aos poucos, incentivando a comunidade a utilizar, conservar e preservar o local. Sua melhoria se reverte em benefícios para a EMAE. Os agentes que têm interface com o tema vislumbram a prática como uma alternativa de dinamização das relações entre Estado, Município, Sociedade Civil Organizada e iniciativa privada, visando ao desenvolvimento integral da qualidade de vida das populações e à preservação ambiental de uma grande região produtora de água para usos múltiplos e carente de áreas verdes contínuas. A participação da população gera redução de custos, torna a gestão mais consistente e possibilita, por meio da inserção sócioambiental, a revitalização e conservação de áreas, segundo os preceitos de desenvolvimento sustentável. 12.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) BOTELHO, S. A. et al. Implantação de Florestas de Proteção, Lavras, UFLA - FAEPE,

2001. (2) BRANDÃO, Carlos R. (org.). Pesquisa Participante, São Paulo, Editora Brasiliense, 1986,

6ª edição. (3) DIEGUES, Antonio C. O Mito Moderno da Natureza Intocada, São Paulo, HUCITEC,

1998. (4) GALVÃO, A. P. M., MEDEIROS, A. C. de SOUZA, Restauração da Mata Atlântica em

Áreas de sua Primitiva Ocorrência Natural, Colombo (PR), Ed. Embrapa Florestas, 2002. (5) JACOBI, Pedro. Cidade e Meio Ambiente: percepções e práticas em São Paulo, São

Paulo, ANNABLUME, 1999. (6) KAGEYAMA, P. Y. et all (orgs). Restauração Ecológicas de Ecossistemas Florestais,

Piracicaba, Ed. FEPAF. 2003. (7) MACEDO, Renato L. G. Percepção e Conscientização Ambientais, Lavras, UFLA -

FAEPE, 2000. (8) NARDELLI, A. M. B., NASCIMENTO, A.R. O planejamento na Recuperação ambiental.

Revista Ação Ambiental. Universidade Federal de Viçosa. nº 10,199. p 13-15. (9) NARDELLI, A. M. B., NASCIMENTO, A. R., TOMÉ, M.D.V. Abordagem Sistêmica

Aplicada à Compreensão da Dinâmica de Degradação Ambiental – Um Estudo de Caso, On line em http://www.cemac-ufla.com.br/ - Anais de trabalhos voluntários 2003. p. 02.

(10) PORTO-GONÇALVES, Carlos W. Os (Des)Caminhos do Meio Ambiente, São Paulo,

Contexto, 1989. (11) SANTOS, Milton. Metrópole Corporativa Fragmentada: o caso de São Paulo, São

Paulo, Nobel – Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

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12.1 Anais de Congressos (1) BARBOSA, A. C., NASCIMENTO, C. E. G., Espaço Verde Mar Paulista: Experiência de Gestão Integrada na Recuperação de Área Urbana. In: Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico, 2004, Recife, 2004. (2) BASTOS, W. F., LOPES, S. D. D., Gestão Integrada para Recuperação e Transformação de Áreas Degradadas em Espaços de Interesse Sócioambiental. In: II Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico, 2006, Florianópolis, 2006.