Os Aspectos Quantitativos e Qualitativos dos Principais modelos de Tomada de Decisão Empresarial
-
Upload
independent -
Category
Documents
-
view
0 -
download
0
Transcript of Os Aspectos Quantitativos e Qualitativos dos Principais modelos de Tomada de Decisão Empresarial
ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB CURSO DE MBA EXECUTIVO EMPRESARIAL EM ADMINISTRAÇÃO,
FINANÇAS E NEGÓCIOS
THIAGO DA SILVA NUNES CORREIA
OS ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DOS PRINCIPAIS MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO EMPRESARIAL
VILA VELHA (ES)
2013
THIAGO DA SILVA NUNES CORREIA
OS ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DOS PRINCIPAIS MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO EMPRESARIAL
Monografia apresentada ao curso de MBA empresarial em administração, finanças e negócios da Escola Superior Aberta do Brasil como requisito para a obtenção do título de MBA em administração, finanças e negócios, sob orientação da professora Mestre em administração Beatriz Christo Gobbi
VILA VELHA (ES)
2013
THIAGO DA SILVA NUNES CORREIA
OS ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DOS PRINCIPAIS MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO EMPRESARIAL
Monografia aprovada em de de 2013
Banca examinadora
_________________________________
_________________________________
_________________________________
VILA VELHA (ES)
2013
Esse é o enigma que o homem contemporâneo precisa decifrar: Decidir entre a permanência e transitoriedade, o curto e o longo prazo, o essencial e o acidental, o planejado e o imprevisto. (PEREIRA e FONSECA, 2009)
RESUMO
A tomada de decisões é um processo inerente às atividades de qualquer organização, dependendo dele o seu sucesso ou o seu fracasso. Diante das pressões de um mundo cada vez mais competitivo e globalizado a teoria da decisão fornece subsídios para decisões mais acertadas. No presente trabalho propõe-se descrever os principais modelos de tomada de decisão empresarial utilizados atualmente, compreendendo a sistemática do processo decisório moderno e levantando as nuances psicológicas intervenientes nos mesmos. A pesquisa realizada foi exploratório – descritiva com dados extraídos do referencial teórico sob a forma de conceitos e teorias, a análise dos dados confrontando os aspectos quantitativos e qualitativos mostrou que embora o processo de decisão tenha uma estrutura racional, os vieses cognitivos aparecem como fronteira delimitando a decisão às preferências e subjetividades psicológicas do tomador de decisões.
Palavras-chave: Decisão. Modelos. Aspectos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................. 8
1.1 TEMA............................................................................................................8
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................8
1.3 OBJETIVO GERAL .......................................................................................9
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................9
1.5 JUSTIFICATIVA............................................................................................9
1.6 METODOLOGIA .........................................................................................10
2 a sistemática do processo decisório moderno.......................... 11
2.1 ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE DECISÃO....................................13
2.2 A INTUIÇÃO NO PROCESSO DECISÓRIO...............................................22
2.3 A IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES....................................................23
3 os principais modelos de tomada decisão empresarial ............ 25
3.1 MÉTODOS MULTICRITÉRIO .....................................................................27
3.1.1 Electre (elimination et choix traduisant la réalité), prométée
(preference ranking organization method for enrichment evaluation),
método da análise hierárquica ( analytic hierarchy process ), método
macbeth ( measuring atractiveness by a categorical based evaluation
technique). ........................................................................................................27
3.1.2 Teoria da utilidade multiatributo ( multiattributive utility theory)..29
3.1.3 Análise verbal das decisões .............................................................29
3.2 MÉTODOS QUALITATIVOS.......................................................................30
3.2.1 Brainstorming ....................................................................................30
3.2.2 Diagramas de influência....................................................................30
3.2.3 Diagramas causais ............................................................................31
3.2.4 Espinha de peixe................................................................................32
3.2.5 Mapas cognitivos...............................................................................32
3.2.6 Método Delphi ....................................................................................33
3.2.7 Tabelas de estratégias ......................................................................33
3.3 MÉTODOS QUANTITATIVOS ....................................................................35
3.3.1 Arvore da decisão..............................................................................35
3.3.2 Critérios financeiros ..........................................................................36
3.3.3 Matriz de decisão...............................................................................37
3.3.4 Teorema de Bayes .............................................................................37
3.3.5 Simulação...........................................................................................38
3.4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E O APOIO A DECISÃO...........................39
4 as nuances psicológicas intervenientes no processo de decisão
empresarial ......................................................................................... 42
4.1 DESVIOS COGNITIVOS.............................................................................53
5 considerações .............................................................................. 57
6 Conclusão..................................................................................... 60
7 Referencias................................................................................... 61
8
1 INTRODUÇÃO
A tomada de decisões é um processo inerente às atividades de qualquer
organização, dependendo dele o seu sucesso ou o seu fracasso. Diante das
pressões de um mundo cada vez mais competitivo e globalizado a teoria da decisão
fornece subsídios para decisões mais acertadas.
1.1 TEMA
Os aspectos qualitativos e quantitativos dos principais modelos de tomada de
decisão empresarial.
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
A delimitação do tema se dará em torno do seguinte problema de pesquisa: Em
quais circunstâncias os aspectos qualitativos superam os aspectos quantitativos no
processo de tomada de decisões nas empresas?
Os pressupostos teóricos conceituais amadurecidos durante todo o tempo antes do
inicio do desenvolvimento deste trabalho e a vivencia do autor em observar a
maneira como as decisões são tomadas em empresas onde trabalhou, ofereceram
como hipótese: Os aspectos qualitativos predominam no processo de tomada de
decisão moderno.
Dentre as variáveis identificadas relacionadas com o problema em questão,
destacam-se: Estruturas do processo decisório, modelos de tomada de decisão,
aspectos psicológicos e aspectos quantitativos.
9
1.3 OBJETIVO GERAL
Levantar as circunstâncias em que os aspectos qualitativos superam os aspectos
quantitativos no processo de tomada de decisões nas empresas.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Descrever os principais modelos de decisão empresarial utilizados
atualmente.
• Mensurar/levantar as nuances psicológicas do processo de decisão na
organização empresarial.
• Conhecer os modelos de tomada de decisão mais utilizados atualmente nas
organizações.
1.5 JUSTIFICATIVA
O ato de decidir abrange a escolha de pelo menos um curso de ação para que
objetivos sejam alcançados, geralmente este ato envolve os aspectos racionais de
relações de ganho versus perda e maximização de lucros versus redução de gastos
e os aspectos subjetivos relacionados ao tomador de decisão passam
despercebidos, o estudo abrangente das decisões considerando: Decisões em
grupo, decisões éticas, a maneira como se sucede a alocação dos direitos de
decisão na empresa, implicações do organograma empresarial e da cultura
organizacional na tomada de decisões, a forma de consideração dos stakeholders,
as dimensões da emoção onde residem: sentimento de incompetência, necessidades
do ego, desejo de poder e cobiça e limitações cognitivas do tomador de decisões
contribuirão para que os decisões sejam tomadas de forma consciente e possuam
sua implementação assegurada eficientemente.
10
1.6 METODOLOGIA
A pesquisa será do tipo Exploratório – descritiva, planeja-se levantar as estruturas do
processo decisório e as interferências subjetivas pertencentes à dimensão
psicológica do tomador de decisões, por meio de dados que serão extraídos do
referencial teórico sob a forma de conceitos e teorias. Quanto à análise de dados,
será feita confrontando-se aspectos quantitativos e qualitativos das teorias e
conceitos atuais sobre o processo de decisão empresarial moderno.
11
2 A SISTEMÁTICA DO PROCESSO DECISÓRIO MODERNO
O pano de fundo no qual o processo decisório moderno está inserido, foi preparado
pelos trabalhos de Hebert Simon 1950, Prêmio Nobel, que abordou a racionalidade
limitada, onde as decisões estão restritas ao contexto em que estão inseridas e as
percepções de quem decide, o que impede o alcance de uma solução ótima nos
sistemas de decisão; e Kahneman 2002, Prêmio Nobel, que com a colaboração de
Tversky estudou o comportamento humano nas decisões sob a condição de risco,
concluindo que existem vieses baseados em preferências inconscientes que
conduzem a erros de julgamento.(YU, et. al.,2011).
A teoria da racionalidade limitada foi o ponto de cisão entre duas abordagens do
processo decisório, a abordagem clássica que prescrevia atitudes, comportamentos
e modelos quantitativos para que o decisor chegasse a uma solução ótima e a
abordagem descritiva que encara o processo decisório, limitado ao consenso entre
gestores, ao tempo disponível para ação, ao grau de risco ou incerteza das variáveis
envolvidas e etc., o que possibilita apenas a consecução de uma decisão satisfatória.
Os inter-relacionamentos entre a teoria clássica e os modelos baseados na teoria da
racionalidade limitada constam na figura a seguir:
12
Figura 1: Impacto das heurísticas e dos vieses no processo decisório racional
Fonte: Yu et. al.(2011, p. 54)
Temos ainda segundo Yu et. al. (2011) que as decisões devem ser tratadas por uma
abordagem prescritiva, descritiva e integrada no processo decisório moderno.
Conforme a figura, a raiz, ou base é como as pessoas deveriam se comportar
segundo a lógica matemática, as prescrições baseadas na observação representada
pelo tronco trás robustez ao processo decisório e as folhas simbolizam as decisões
propriamente ditas.
Figura 2: Teorias e abordagens em decisões
Fonte: Yu et. al. (2009, p.55).
13
Considerando o processo de decisão estruturado como um sistema que recebe
inputs e produz outputs, sempre estarão presentes os chamados atores da tomada
de decisão: tomador de decisão, agente ou facilitador de decisão e o analista da
decisão. Os quais podem participar somente na estruturação do problema, enfoque
prescritivo, ou também na decisão em si, o que caracteriza um enfoque descritivo
(GOMES, 2007).
Os atores do processo decisório devem exercer controle sobre as variáveis do
sistema de modo a obter as saídas desejáveis, a saber: Variáveis econômico-
financeiras, comportamento humano – motivação e personalidade; Variáveis sociais -
valores éticos e grupos de referência; e as variáveis políticas – interesses de grupos
e particulares que talvez seja a mais representativa nas organizações conforme YU,
et. al. (2011, p.15):
[...] As decisões em organizações também precisam incorporar uma abordagem política que identifique a existência de jogos de poder dentro das empresas, determinando fatores de opinião, aliados, oponentes, autoridades, desejos de status, controle ou disseminação da informação, hierarquia ou função, ou qualquer mecanismo que possa colocar um individuo ou grupo em vantagem em relação a outro. [...] Os tomadores de decisão, por isso, estariam mais preocupados com a procura de opções que provocassem uma acomodação dos diversos interesses no interior da organização do que propriamente com a procura de uma solução satisfatória para algum problema (YU, et. al., 2011, p.15).
2.1 ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE DECISÃO
Após a apresentação da abordagem prescritiva e descritiva que perfazem as bases
teóricas do processo de decisão e da definição dos atores com seus papéis neste
processo, segue-se para a estruturação do sistema de decisão onde se observa uma
convergência nas subdivisões adotadas pelos autores consultados.
14
Percebe-se em Gomes (2007) que o processo de decisão pode ser dividido em três
etapas: Estruturação do problema, Análise da decisão e síntese da decisão. Cada
qual compreendendo riscos, alternativas e critérios. Ressalta-se que a intuição, a
cultura organizacional, a importância, a velocidade requerida para a decisão e a
individualidade do decisor tem grande relevância.
Segundo ele quando se decidi, faz-se à escolha de ao menos uma dentre as
alternativas candidatas a resolução de um problema, o que está relacionado ao grau
de alinhamento do tomador de decisão em relação à cultura organizacional, tanto
quanto, aos seus aspectos psicológicos que possuem como principais dimensões a
velocidade exigida e o grau de importância da decisão (GOMES, 2007).
Na etapa de estruturação do problema deve-se ter certeza de que se está tentando
resolver o problema real, evitar as armadilhas psicológicas, obter informações
relevantes sobre o problema, identificar o que realmente importa na decisão,
considerar os comprometimentos de natureza moral e ética, gerar um conjunto de
alternativas viáveis, listar os objetivos da tomada de decisões, explicitar critérios para
cada objetivo e especificar as consequências de cada alternativa com relação aos
critérios.
Gomes (2007) cita como exemplo o objetivo maximizar a importância social do
projeto, que pode ser desmembrado nos critérios: Atendimento às necessidades
mais urgentes da população carente e promoção da mobilidade social.
Na fase de análise do problema adotam-se métodos de decisão para ordenação,
seleção, classificação e descrição das alternativas pertinentes. Também se efetua a
análise de sensibilidade, onde se busca introduzir pequenas modificações nas
variáveis e parâmetros que compõem a estrutura da decisão, verificando-se a
resposta do sistema de decisões.
15
Durante a síntese da decisão deve-se fomentar a produção de recomendações
objetivas para a implementação de cada uma das alternativas escolhidas.
Na mesma linha de raciocínio, no entanto mais analiticamente Yu et. al. (2011)
propõem a estruturação descrita no quadro 1 onde também estão associados os
possíveis vieses cognitivos que podem ocorrer em cada etapa:
Quadro 1: Impacto das heurísticas e dos vieses no processo decisório racional.
Fonte: Yu et. al. (2011, p.82)
A definição do problema é a etapa mais importante da estruturação do processo
decisório, pois as outras etapas estarão intrinsecamente ligadas a ela. Neste sentido
a percepção das origens do problema ajuda no seu enquadramento, para Pereira e
Fonseca (2009) o problema de decisão surge quando o mundo real por nos
percebido não está de acordo com os nossos desejos e nossas aspirações conforme
ilustrado abaixo:
16
Figura 3: Conceito de problema
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.14).
Para Stein (2010) os estágios da tomada de decisões compreendem o aparecimento
de circunstâncias que exigem uma decisão, um traçado de alternativas e a escolha
de uma delas. Ele ressalta a aplicação da matemática pós Newtoniana, a qual
formou a base para as conquistas das tecnologias modernas, para a quantificação de
questões nas áreas da política, psicologia, economia e negócios, Culminando com o
aparecimento da teoria dos jogos no século XX. O seu sistema decisório baseia-se
em recompensas que podem ser avaliadas matematicamente, as quais podem ter o
caráter financeiro e emocional, fazendo-se necessário a estruturação de um sistema
de recompensas, um vetor das recompensas como chamariam os matemáticos. A
quantificação desse vetor, embora baseada em análises matemáticas, é subjetiva e
depende dos valores do tomador de decisões. Segundo ele para que uma decisão
tenha chances de sucesso, é preciso que se formule um número finito de alternativas
que possuam exequibilidade, e nesse sentido ele faz uma tricotomia ao assumir um
conjunto de três possibilidades como o mínimo para as alternativas de decisão:
Progressiva, conservadora e centrista - alternativa meio -termo sinalizando que
existe um contrabanceamento das escolhas meio-termo em relação aos extremos na
medida em que as recompensas podem estar divididas entre essas partes. Ressalta
ainda, que existem alternativas que não podem ser parametrizadas, ou seja, não se
pode associar a elas um padrão de medida quanto a um único parâmetro –
17
Financeiro, emocional, ético, etc. – quando então devem ser elucidados os aspetos
que mais contribuem para o sucesso ou o fracasso da decisão.
Considerando ainda o sistema de decisão de Stein (2010), Quando as alternativas
para solução de um processo decisório estão imersas em incertezas a probabilidade
entra em questão. Pois por definição ela representa a chance de um evento aleatório
acontecer, sua escala vai de 0% evento impossível à 100% evento certo. Ele orienta
a se pensar a probabilidade de uma forma mais pragmática e qualitativa – Provável,
possível e improvável – Mas não devemos esquecer de que o tamanho da
recompensa está diretamente ligado ao risco ou incerteza associada aos eventos.
Observa que pela teoria das probabilidades, se dois eventos são independentes a
probabilidades deles acontecerem simultaneamente, é igual ao produto das
probabilidades de cada um ocorrer separadamente, e sempre é menor do que a
chance dos eventos em separado. Assim quando temos um evento improvável, é
impossível de o mesmo acontecer simultaneamente com outro evento, ao passo que
a probabilidade de se ocorrer simultaneamente dois eventos prováveis é um evento
possível.
Tratando também das incertezas do processo decisório Gomes, C. e Gomes, L.
(2012) sugerem a construção de cenários alternativos e passíveis de realização para
a simulação das alternativas adotadas para a resolução do problema de decisão,
pois isso permiti um controle sobre a imprevisibilidade do futuro. Destacam como
Stein que embora as incertezas contribuam para erros de percepção, elas estão
geralmente associadas aos maiores riscos e ganhos como podemos observar:
Figura 4: Contexto da tomada de decisão
Fonte: Yu et. al.(2011, p.57).
18
Stein (2010) ainda destaca 4 grandes critérios ou modelos sobre os quais uma
decisão deve ser tomada: Admissibilidade – No qual as alternativas são ordenadas
pelo valor de recompensa que podem proporcionar; Critério Minimax – baseado na
teoria dos jogos de Neumann e Morgerstern, tem correlação com a avaliação de
riscos, pois se seleciona as alternativas que minimizem os riscos máximos; Critério
de Bayes – Baseado no teorema de Bayes, ele mede o valor esperado matemático, a
recompensa média no longo prazo para alternativas com resultado incerto; O Critério
Maxmax – Utilizado para seleção da alternativa que maximiza a recompensa
independente do risco envolvido, trás o melhor desempenho; Ele também ressalta
que a aquisição e o uso de informação confiável pode alterar o resultado da tomada
de decisões, dado que modifica o sistema de recompensas a ela relacionado.
Também prescreve que quando temos grupos em jogo, a decisão geralmente deve
satisfazer a interesses de jogos de poder e deve-se buscar um ponto de equilíbrio
entre os grupos intervenientes utilizando-se as coalizões para se maximizar as
recompensas e guiar a seleção de alternativas.
Um modelo de decisão que pode ser encontrado em Jhon Douglas White (1975,
apud GOMES L.; GOMES C., 2012, p.39) condensa-se a escolha de alternativas
pela fórmula:
V ( ) ( ) ( )( )∑= iiji savspa ,. θ
V é o valor da função de utilidade aplicada à alternativa ia , também definido como a
utilidade de ia .
S é o conjunto de possíveis eventos, onde js ∈S.
( )jsP É a probabilidade associada ao evento js .
( )ii sa ,θ É consequência da alternativa ia para o evento js .
v é o valor de ( )ii sa ,θ .
19
Neste modelo estão implícitos dois paradigmas numa espécie de relação de trade-
off. Procura-se maximizar a utilidade, que é uma medida da satisfação, trazida pela
decisão enquanto paralelamente tenta-se minimizar o risco ponderando-se os
ganhos e perdas intervenientes. (Gomes, 2007).
Entretanto, tanto esse modelo quanto o descrito em Stein (2010) procura a solução
que proporciona maior recompensa (utilidade máxima). Verifica-se, no entanto, que
os mesmos não contemplam as características da racionalidade limitada que são as
condições de contorno para as soluções do processo decisório moderno, propostas
por Simon, a qual segundo Yu et. al. (2011) possui os pilares abaixo discriminados:
Figura 5: Pilares de processos da racionalidade limitada.
Fonte: Yu et. al. (2011, p. 61).
Harvard Business Review (2008) focou seu modelo de decisão de maneira a produzir
efetividade na implementação de decisões tomadas, pois indica que as decisões
podem se perder dentro da organização em gargalos do tipo: Global x local, matriz x
unidade de negócios, função x função e parceiros internos x parceiros externos. A
partir do trabalho de um grupo de consultores propõe-se a técnica denominada
RAPID para que os processos de decisão estejam alinhados com o que agrega valor
para a empresa. Nessa técnica o grupo de decisão é dividido em classes que tem as
funções de Recomendar – Pessoas responsáveis por apresentar uma proposta,
20
input ou dados; Acordar – Pessoas que tem o poder de veto sobre recomendações;
Dar input – São pessoas consultadas sobre a decisão; Decidir – Pessoas que
tomam a decisão e tem a responsabilidade final sobre o fato; Promover a execução
- Grupo de pessoas responsável por implementar a decisão.
Para ela as tipologias adotadas na estrutura organizacional, para que as metas e
objetivos sejam alcançados, interferem no fluxo de informações através das
subdivisões, o que tem interferência direta no processo de tomada de decisões
causando problemas como: Desmotivação de membros, decisões lentas e
inadequadas, conflitos e falta de coordenação, elevação dos custos e capacidade
deficiente de agir sobre novas oportunidades ou a mudanças externas.
As formas mais adotadas para estruturação organizacional, através das quais passa
o fluxo de informações temos: simples – adotadas em pequenas empresas tem base
de comunicação informal a base da comunicação possui flexibilidade e as ações são
rápidas; a burocrática – Possui padronização das responsabilidades, regras de
trabalho e canais de comunicação, os fluxos de informação sofrem interferência do
nível hierárquico mais alto até o nível operacional; a ad-hocrática – Composta por
especialistas alocados em unidades funcionais, possui fluxo de trabalho horizontal
com poder decisório uniformemente distribuído entre os gerentes propiciando a união
de todos num único esforço para a solução dos problemas; a divisional – Existe uma
sede que gerencia o negócio, porém concede autonomia para as divisões tomarem
suas próprias decisões; e a estrutura de redes – que compartilha informações e
recursos com parceiros e fornecedores para consecução dos objetivos. (YU, et
al.,2011).
O planejamento estratégico também tem influencia na efetividade da implementação
das decisões, ao passo que realizado anualmente direcionado as unidades de
negócios da empresa não é adequado, pois a decisão em regra é em tempo e lugar
onde os problemas precisam ser solucionados, levando-se a serem tomadas fora do
planejamento estratégico. O que produz um processo de orçamentação e
21
planejamento de investimentos de capital para cada unidade de negócio destoante
do planejamento real. As decisões precisam estar focadas em temas específicos por
meio de um processo de retroalimentação, abrangendo a empresa como um todo e
procurando ser o mais abrangente possível, abordando o maior número de assuntos.
Questões críticas devem ser inseridas no processo de planejamento a qualquer
momento à medida que mudem condições de mercado e concorrência acarretando
um orçamento e um plano de investimento continuamente integrado a questões
relevantes para a empresa. Dado que o planejamento estratégico afeta a
organização como um todo, é preciso que não exista um gap entre o planejamento e
a tomada de decisões dos gestores (HARVARD BUSINESS REVIEW, 2008).
Na mesma linha de raciocínio para Yu, et al.(2011) existe um encadeamento entre a
decisão e seus desdobramentos em planos de ação, que aumenta quando passamos
do nível estratégico ao tático-operacional. Podendo acontecer de a decisão inicial ser
mudada durante a implementação de suas ações, pois os valores, a política e a
cultura da organização aparecerão como condições de fronteira para a solução do
processo de decisão.
22
2.2 A INTUIÇÃO NO PROCESSO DECISÓRIO
A decisão como um processo sistêmico e integrado abrange o ser humano, sua
forma como dispõe sobre a própria vida, possui aspectos lógicos, biológicos,
psicológicos, mágicos, paradoxais e contextuais e depende da informação a qual
desempenha papel fundamental na sociedade contemporânea moderna, visto que o
homem sempre buscou atenuar a incerteza das suas decisões até mesmo
encontrando relações de causa e efeito em fenômenos naturais como: chuva, vento,
sol e a lua. Neste período a racionalidade do homem passou pelo ’mágico’ quando
suas percepções estavam carregadas de crenças e rituais. A racionalidade moderna
baseada no método científico trouxe uma tricotomia para o homem – corpo, mente e
razão – mas a mesma está limitada pelo contexto social e pela capacidade crítica do
homem refletir sobre si mesmo. Após a revolução industrial, a racionalidade
desprovida de concepções éticas, fez uma avaliação da utilidade das consequências
no alcance dos objetivos e conclui-se que a intuição ganhou destaque no processo
decisório moderno visto ser impossível a análise de todas as alternativas e
consequências de um problema, devido as características psicológicas do decisor
como: motivação, critérios base, seus comportamentos com relação a cultura
organizacional, sua inteligência emocional, sua forma de lidar com o risco e a
incerteza e a sua criatividade, que permeiam preponderantemente o sistema de
decisão (PEREIRA E FONSECA, 2009).
Intuitivamente escolheremos as alternativas menos arriscadas e com mais chance de
viabilidade da implementação decisória, condicionado aos atributos do decisor, ou
seja, sua condição de autonomia e poder conforme se pode verificar na figura
abaixo:
23
Figura 6: Risco nas decisões
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.54).
Yu, et al.(2011) destaca que a intuição é utilizada de forma natural no dia a dia das
instituições porque pensar analiticamente exige muito tempo e esforço, então a
analise acaba sendo utilizada para suportar a intuição.
2.3 A IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES
A era da informação trouxe impactos para o corpo gerencial impulsionando o
desenvolvimento de fatores que contribuem para a sua atuação em redes: O
desenvolvimento da confiança entre pessoas, o abandono de paradigmas que
condicionam os comportamentos, a transparência nas regras do jogo e métodos
eficientes para processamento das informações. No processo decisório as
informações são o insumo mais importante, porque o mesmo é uma função da
informação e velocidade exigida, inserido no contexto em que os atores da decisão
atuarão. Atualmente centenas de trilhões de bytes por dia na internet com
características conotativas e denotativas, torna-se difícil a estabilização da
percepção, como se verifica na figura abaixo. (PEREIRA e FONSECA, 2009).
24
Figura 7: A informação no mundo contemporâneo
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.27)
Após a descrição da importância da intuição e as implicações das qualidades das
informações num sistema de decisão, serão postos em pauta os principais modelos
de utilizados para apoio as decisões.
25
3 OS PRINCIPAIS MODELOS DE TOMADA DECISÃO EMPRESARIAL
Os modelos de decisão inicialmente eram baseados na programação matemática ou
pesquisa operacional, desenvolvida durante a segunda guerra visando otimizar
custos e maximizar lucros através de uma única função objetivo e um conjunto de
restrições como condições de contorno do problema. Entretanto o decisor utilizava
vários critérios para diferentes alternativas, o que fez com que se tentasse a
atribuição de pesos tanto a alternativas quanto aos critérios, sendo algo subjetivo.
Desenvolveu-se então a consciência de que não haveria uma solução ótima para um
sistema de decisões, mas uma solução que fosse satisfatória entre diferentes pontos
de vista. Neste período o método da árvore de decisão aliado a esperança
matemática foi amplamente empregado e apenas a partir da década de 60 é que
foram surgindo os métodos multicritério que avaliavam os problemas não pela
relação benefício/custo, mas pela relação custo/efetividade. Utilizados para
selecionar, ordenar, classificar ou descrever as alternativas através das quais a
decisão será tomada, são métodos são baseados em heurísticas e podem ser
utilizados tanto antes quanto durante a implementação da decisão com o objetivo de
avaliá-la. A escolha do método a ser utilizado depende: da natureza do problema a
ser resolvido – seleção, ordenação, classificação, descrição; da forma de
levantamento e compilação dos dados; da estrutura de relacionamento entre os
objetivos do problema; do tipo de comunicação que se espera entre o analista e
tomador de decisão (GOMES, 2007).
Os métodos fazem parte do arcabouço prescritivo dos sistemas de decisão,
aparecem para a orientação de como se chegar a soluções ótimas, Yu, et al.(2011)
listou e classificou os principais métodos utilizados no processo de tomada de
decisão, conforme descrito na figura abaixo:
26
Figura 8: Exemplos de técnicas ou softwares para apoiar a tomada de decisão.
Fonte: YU et al. (2011, p. 59)
Na sequência será feito a tentativa de descrição dos principais métodos relacionados
na figura acima, os mesmos constam no referencial bibiográfico. Reparou-se durante
a pesquisa que alguns desses métodos possuem uma formulação matemática um
tanto complexa enquanto outros parecem ser mais compreensíveis e com uma
aplicabilidade mais direta.
27
3.1 MÉTODOS MULTICRITÉRIO
Atualmente o sistema de decisão é pautado em métodos multicritério que servem
para selecionar, ordenar, classificar e descrever detalhadamente as alternativas
sobre as quais se tomará a decisão. Em problemas mal estruturados nos quais estão
presentes critérios conflitantes, restrições sem definição, critérios não quantificáveis
matematicamente, mas quantificáveis somente por meio de escalas verbais,
cardinais ou ordinais, esse enfoque multicritério surge para apoiar as decisões
complexas fornecendo cursos de ação ou recomendações ao decisor (GOMES L.;
GOMES C., 2012).
Para Yu, et al.(2012) esses métodos são procedimentos que formam a base da
análise prescritiva e estão agrupados segundo a funcionalidade que exercem: no
enquadramento do problema, na identificação de objetivos, para a concepção de
alternativas, para a estimativa da incerteza e previsão das consequências.
3.1.1 Electre (Elimination et choix traduisant la réalité), Prométée (Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluation), Método da análise hierárquica ( Analytic Hierarchy Process ), Método MacBeth ( Measuring Atractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique)
Os métodos Electre, Promété, AHP, Macbeth são os mais utilizados para a
implementação de rotinas computacionais em sistemas de apoio a decisão (SAD),
pois são apropriados para a modelagem do problema, fase principal nos em tomadas
de decisões estruturadas (YU, et al., 2011).
No método da análise hierárquica também conhecido como AHP, estrutura-se uma
hierarquia de critérios a partir de um objetivo a ser satisfeito em nível superior,
comparam-se entre si as diferentes perspectivas que conduzem a solução do
28
problema, por meio de uma escala de valores que varia de 0 a 10, conhecida como
escala fundamental de Saaty, chega-se a uma ponderação dos critérios, Por
conseguinte se distribuir as alternativas hierarquicamente em relação a cada critério
utilizando-se a mesma escala, o que implica na obtenção da prioridade relativa ou
importância de alternativa. Esse processo deve ser repetido até que haja um
consenso entre as perspectivas dos decisores (GOMES, 2007).
Os métodos Electre e Prométée tem as mesmas linhas gerais do método AHP, no
entanto permitem que algumas alternativas não tenham a característica de
comparabilidade ou transitividade cedendo lugar à comparabilidade parcial onde os
conceitos que seguem exercem papel fundamental ao mudar o sistema de
conferencias: Indiferença – Ausência de razões claras que justifiquem a preferência
entre duas ações; Preferência ampla – Existência de razão que justifiquem a
preferência entre duas ações; Presunção de preferência - Existência de razão que
permita a preferência fraca entre duas ações não importando se ela é extremamente
fraca; Preferência forte – existência de razão que justifique a preferência forte entre
duas ações; Superação – existência de razões que permitam a presunção de
preferência entre duas ações estando acima da preferência forte ou fraca ou da
indiferença. Ressalta-se que no método Prométée a incomparabilidade entre
alternativas é o que produz uma relação de ordenação (YU, et al., 2011).
O método Macbeth tem como principal diferença daqueles escritos acima, a não
utilização de uma escala numérica para medir o grau de preferência entre as
alternativas, o mesmo faz uso de uma escala nominal que é convertida em escala
numérica para avaliação, o que o sujeita a julgamentos qualitativos (GOMES, 2007).
29
3.1.2 Teoria da utilidade multiatributo (Multiattributive Utility Theory)
Também conhecido por MAUT, é um método que possui uma fundamentação
teórica, não sendo somente pautado na heurística, entendendo-se por utilidade a
propriedade de trazer vantagem ou benefícios. A mesma foi lançada em Theory of
games and economic Behaviour, por John Von Neumann e Oskar Morgenstern.
Atualmente a utilidade é medida por meio de uma função matemática chamada:
função multiatributo que é atribuída a cada característica fazendo com que tenham
as propriedades de ordenabilidade e transitividade. No Maut os critérios se
compensam ao passo que no Electre, Prométée, Macbeth e AHP existe uma
importância relativa entre critérios. (GOMES, 2007).
3.1.3 Análise verbal das decisões
Este método considera que os fatos mais importantes para a resolução de um
problema podem ser descritos de forma verbal conforme destacado por Gomes
(2007, p.51):
Sua aplicação compreende a elaboração de regras mediante um exaustivo processo de entrevistas e desenvolvimento lógico, nos quais se pretende definir claramente as preferências do tomador de decisão, identificando cada etapa do processo de resolução do problema. [...] Deve-se formular e repetir uma mesma pergunta tantas vezes quanto for necessário, até que as respostas possam concatenar uma regra única de decisão.
Na análise verbal das decisões a comparação entre duas alternativas é feita
fundamentando-se numa lista estabelecida pelo tomador de decisões e o processo
de levantamento de informações e análise é assistido por especialistas para aumento
de confiabilidade.
30
3.2 MÉTODOS QUALITATIVOS
Os métodos qualitativos formam a base descritiva da tomada de decisões, pois no
dia a dia empresarial sua aplicação é mais usual e prática devido ao fato de não
requererem desenvolvimentos matemáticos complexos.
3.2.1 Brainstorming
Técnica utilizada para a geração de ideias ou alternativas para melhor conhecimento
e solução de um problema. Geralmente Conduzido por um coordenador, pode ser
estruturado – quando as pessoas propõem suas ideias por meio de uma rodada
onde todos participam, ou não estruturado – onde cabe ao coordenador criar uma
atmosfera de descontração que incite os membros a participarem revelando suas
concepções em relação ao problema (GOMES L.; GOMES C., 2012).
3.2.2 Diagramas de influência
Os diagramas de influência são uma representação gráfica do problema, um
instrumento que permite avaliação quantitativa das alternativas considerando-se as
suas conexões com os objetivos. Neles são utilizados símbolos para representação
dos elementos da decisão: consequências, eventos e as relações de influência,
abaixo segue ilustração do diagrama de influência na decisão de uma empresa
ferroviária (YU et al., 2011).
31
Figura 9: Diagrama de influência na decisão sobre uso de madeira em empresa ferroviária.
Fonte: YU et al., 2011, p.184.
3.2.3 Diagramas causais
Utilizado em ambientes com elevada complexidade dinâmica, onde existem relações
de causalidade entre as nossas ações, produzindo efeito nas ações de outras
pessoas ou outros grupos que ao tomarem suas ações modificam o meio ambiente
que por sua vez acarretará interferências no cenário de decisão inicial num processo
de feedback dinâmico. Logo por meio dos diagramas causais é possível se mapear
relações e interações entre a estrutura de um sistema conforme exemplificação
abaixo (YU et al., 2011).
32
Figura 10: Exemplo de aplicação do diagrama causal
Fonte: YU et al., 2011, p.213
3.2.4 Espinha de peixe
Técnica aplicada a um problema com o objetivo de visualizar suas causas e agrupá-
las em fatores-chave, é necessário a presença de pelo menos um especialista no
grupo, segundo Gomes L. e Gomes C.(2012) deve-se seguir as seguintes etapas:
Definição do tema, Sessão de brainstorm, definição do diagrama, listagem das
causas obtidas com perguntas chave – o que, onde, quando, quem, por que; criação
do diagrama causa-efeito, verificação das causas principais, obtenção do consenso
do grupo, determinação da frequência relativa das diferentes causas e encerramento
da sessão.
3.2.5 Mapas cognitivos
Mapas cognitivos são uma técnica que utiliza representação gráfica para representar
sentimentos, valores, inter-relacionamentos e atitudes baseado na psicologia. Inicia-
se com uma seção entre o analista e o decisor para definição de conceito – meio,
conceito – fim e as influências entre eles. Sua aplicação no processo decisório ocorre
pelo conjunto de ações potenciais, perfazendo as oportunidades de escolhas ou
alternativas, em associação com os pontos de vista fundamentais do decisor,
relacionando-se as consequências ou resultados que são influenciados por aquelas
33
escolhas, ou seja, o ponto de vista fundamental representa os aspectos que são
consequência principal segundo os objetivos dos decisores (GOMES L.; GOMES C.
2012).
3.2.6 Método Delphi
É um método de previsão qualitativa baseado em princípios intuitivos e interativos,
por meio de questionários com a pergunta: “Qual a probabilidade de que o evento X
venha ocorrer e quando?”. Coletam-se dados que serão analisados estatisticamente
e comunicados ao grupo de especialistas, os quais serão convidados a reverem suas
posições ou acrescentarem novos argumentos que as suportem. Turnos de
revezamento se sucederão até que se chegue próximo a um consenso, tem-se por
características principais: anonimato dos participantes, interação com realimentação
controlada e análise estatística das respostas do grupo (GOMES L.; GOMES C.,
2012).
3.2.7 Tabelas de estratégias
A tabela de estratégias tem sua utilidade na organização e classificação das ideias
geradas nas seções do brainstorming, por meio dela é possível se identificar áreas
ou caminhos de decisão agrupando ideias do mesmo tipo. Abaixo segue exemplo
retirado do livro de YU et al. (2011), sobre o problema de congestionamento em
elevadores:
34
Figura 11: Tabela de estratégia para o problema de congestionamento de elevadores
Fonte: Yu et al.(2011, p.183)
35
3.3 MÉTODOS QUANTITATIVOS
Os métodos quantitativos formam o conjunto de procedimentos da base prescritiva,
embora não garantam o sucesso do decisor, aumentam suas chances de
alcançarem a melhor escolha com as informações que detiverem naquele momento
(YU, et al., 2011).
3.3.1 Arvore da decisão
Técnica utilizada quando um evento depende de outro evento anterior com uma
probabilidade de ocorrência, a qual depende da combinação entre experiência e
julgamento do gerente, possuindo grande caráter subjetivo, cada nó representa o
momento em que se deve tomar uma decisão conforme exemplo de aplicação da
para remodelagem de um projeto abaixo descrito:
Figura 12: Aplicação da árvore de decisão na remodelagem de um projeto.
Fonte: Harvard business school, 2007, p.33
36
3.3.2 Critérios financeiros
Em condições de certeza, decisões relacionadas à parte financeira podem ser feitas
baseadas no método do ponto de equilíbrio e no método do valor presente líquido
(VPL). Como ponto de equilíbrio entende-se o nível de atividade a partir do qual o
negócio se torna rentável ou no mínimo os custos somados aos variáveis se igualam
as receitas. Logo o ponto de equilíbrio é utilizado para a obtenção de quanto se
produzir.Com o VPL pode-se decidir entre alternativas de investimentos com fluxos
de caixa diferentes, pois as entradas e saídas de dinheiro são avaliadas todas no
momento presente após serem descontadas a uma taxa de oportunidade que é
fixada a partir a taxa que o mercado oferece se o dinheiro fosse aplicado em outro
investimento. Segue um exemplo adaptado de Yu, et al., (2011): Entre as
alternativas: receber R$ 1000,00 hoje ou receber R$ 600,00 dentro de um ano
somado a R$ 600,00 dentro de 2 anos considerando-se uma taxa de oportunidade
de 10%, temos:
VP = ( )rVF
+1
VP – Valor presente
VF – Valor futuro
r - Taxa de oportunidade
Descontando as parcelas de R$ 600,00 para o instante atual:
VP = ( ) ( )( )1,011,01
600
1,01
600
+++
+= 1.041,32
Logo, considerando-se a taxa de oportunidade de 10%, é mais vantajoso aguardar
para receber os R$ 600,00 em duas vezes.
37
3.3.3 Matriz de decisão
A matriz de decisão é utilizada para a escolha de uma dentre várias alternativas
através da atribuição de pesos para a priorização de critérios. Segundo Gomes L. e
Gomes C.(2012) as pessoas que irão aplicá-la devem ter total conhecimento do
problema e seguir as etapas: definição do tema, definição do coordenador e
assessor, escolha dos pesos e critérios, construção da matriz decisória, obtenção
dos resultados da matriz, avaliação dos peritos, conclusões e encerramentos.
3.3.4 Teorema de Bayes
Tomando A1, A2, A3, ..., An eventos mutuamente excludentes constituindo uma
partição do espaço amostral S e B um evento qualquer de S. como ilustrado abaixo:
Figura 13: Representação do diagrama de Venn do espaço amostral de probabilidade.
Fonte: Bekman e Neto, 2009, p.12.
38
A probabilidade de ocorrência de um evento Ak, sabendo-se que o evento B ocorreu
é dada por: ( ) ( ) ( )
( ) ( )∑=
=n
i
ii
kkk
ABPAP
ABPAPBAP
1
/.
/./
Essa expressão acima é a definição matemática do teorema de Bayes, sua
importância surge quando se considera P(Ai) representando um estado inicial de
informação que está condicionado à ocorrência do evento B que alterará o
conhecimento acerca das probabilidades Ak resultando nos valores de ( )BAP k /
conforme a expressão acima (BEKMAN e NETO, 2009).
3.3.5 Simulação
A simulação é uma ferramenta de apoio à decisão que permiti a compreensão de
cenários futuros por meio de modelos matemáticos ou protótipos que podem ser:
estocásticos,quando ao menos uma variável apresenta aleatoriedade, ou
determinísticos. O objetivo principal é medir o desempenho, a eficiência ou outros
parâmetros do sistema em estudo, sendo que o método mais conhecido atualmente
é o método de Monte Carlos, o qual é aplicado: em determinação de estoques sob
incerteza de demanda, dimensionamento de equipamentos de linha de produção e
análise de riscos em investimentos (YU et al., 2011).
Para Gomes L. e Gomes C.(2012) a simulação deve seguir as seguintes etapas:
definição do problema – identificando restrições e especificações do modelo;
elaboração de um esboço do modelo, coleta de dados e informações relacionados ao
objetivo do modelo, validação dos dados, implementação do modelo em um software
de simulação, validação e verificação do modelo, planejamento e execução de
experimentos, análise de resultados e elaboração de relatórios e documentação.
39
3.4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E O APOIO A DECISÃO
O principal papel dos sistemas de informação é garantir a competitividade das
organizações em ambientes de negócios dinâmicos e globalizados, nos quais eles
processam e analisam dados transformando-os em informações e também podem
sugerir ações e tomar determinadas decisões de acordo com parâmetros definidos
pela empresa (YU et al., 2011).
Segundo Gomes L. e Gomes C.(2012) todos esses sistemas por melhores que sejam
estão sujeitos a falhas que devem ser identificadas e corrigidas, pois a chave do
sucesso desses sistemas está ligada a tecnologia da informação que por meio de
normas e procedimentos técnicos os protegerá e lhes dará a robustez necessária.
Na figura abaixo estão descritos os principais sistemas de informações utilizados
atualmente, bem como suas relações com os diferentes níveis hierárquicos e as
diferentes áreas empresariais:
40
Figura 14: Sistemas de informação, níveis hierárquicos e funções organizacionais.
Fonte: Yu et al.(2011, p.227).
Os sistemas de apoio à decisão estão baseados em análise e consolidação de
dados, ferramentas chamadas de business inteligence (BI) dentre as quais estão o
OLAP (on – line analytical processing) que estratifica uma massa enorme de dados,
e o datamining (mineração de dados) que emprega rotinas para identificar padrões
nas massas de dados (YU et al., 2011).
Para Gomes L. e Gomes C.(2012) os sistemas de apoio à decisão constituem-se de
três subsistemas: banco de dados – agrupam todas as informações disponíveis;
banco de modelos – compreendem os modelos gerenciais para simulações, cálculos
e resoluções de problemas matemáticos, e as interfaces de comunicação com
41
componentes de hardware e software conforme esta explicitado na figura abaixo, a
qual mostra o funcionamento geral dos SADs.
Figura 15: Funcionamento dos SADs baseados em análise de dados.
Fonte: Yu, et al. (2011, p.231).
42
4 AS NUANCES PSICOLÓGICAS INTERVENIENTES NO PROCESSO DE DECISÃO EMPRESARIAL
O processo de decisão embora embasado com as recomendações da esfera
prescritiva estará sempre envolto pelos fatores psicológicos que são características
humanas dos decisores. Na coleção Harvard Business Review (2008) foram
destacados vários aspectos psicológicos que entremeiam uma decisão dentre os
quais descrevemos: geralmente os gestores confiam no conhecimento adquirido em
gerações passadas ou até mesmo em evidências de especialistas que basearam seu
pensamento em considerações de expertos sobre o assunto, no entanto muitas
vezes não existe aplicabilidade na organização, recomenda-se que sejam realizados
testes para medir-se o grau de adequação a culturas empresariais distintas. Na
mesma linha de raciocínio quando em busca de evidências para fundamentar sua
decisão os gestores não percebem as dificuldades com relação à falta ou ao excesso
das mesmas, visto que o excesso torna a escolha das alternativas nebulosa e a
insuficiência de evidências boas leva a uma decisão com aplicabilidade inadequada
direcionando a empresa a prática de negócios que não condizem com a realidade.
Os gestores se enganam a si mesmos quando ignoraram o que é contra suas
crenças e ideologias acreditando naquilo que esperam ver, o que acarreta: os efeitos
colaterais superarem a cura quando o lado negativo dos efeitos de uma decisão não
é avaliado de uma perspectiva mais ampla; as histórias sempre serem mais
persuasivas quando os gestores constroem seu conhecimento a partir de casos
passados sem levantar os aspectos quantitativos e qualitativos de tais evidências; o
benchmarking produzir evidências para boas decisões sem a atenção do gestor para
não copiar o que está mais visível ou práticas menos importantes, deixando realçar
tanto as vantagens quanto as desvantagens de cada alternativa e esquecendo-se
que possuem riscos que precisam ser mapeados; o gestor não ter a consciência do
seu estado psicológico ou mais especificamente consciência da posição em que se
43
encontra, vencedor ou perdedor, não percebendo então a influência que esse estado
exerce nos fatos que ele lembra relacionado a um evento presente (HARVARD
BUSINESS REVIEW, 2008).
Toda decisão é governada pela face existencial do decisor – condições físicas,
intelectuais, emocionais, e o estado de completude da pirâmide de Maslow porque a
face técnica pode ser desenvolvida com treinamento ao passo que a outra é
imprevisível e até mesmo incontrolável, pois existem sentimentos como medo de
perda e medo do novo gerando um impasse entre prazer e sofrimento, neste sentido
Rubin (1985, apud PEREIRA e FONSECA, 2009, p.45) concebeu os “bloqueadores
das decisões” como processos subliminares que nos levam a adiar ou escapar a
decisão, cita-se alguns: Procrastinação – postergação por medo de mudança ou
das suas consequências; Alienação – adoção de postura neutra como autodefesa;
Resignação – simpatia pela mediocridade; Dificuldade em estabelecimento de
prioridades – propiciado pela multiplicidade de alternativas; Baixa autoestima –
interfere na escolha das alternativas por se acreditar que não haverá capacidade de
implementação; Auto idealização – projetaremos as decisões de acordo com
nossas perspectivas; Dependência emocional – em situações de conflito podem
dominar o processo de decisão; Perfeccionismo – não ariscam no possível e ficam
esperando condições perfeitas e ideais que não existem; Otimismo ingênuo –
esperança de as coisas melhorarem por si só ou com pouca intervenção, troca da
realidade por um sonho; Medo – proporcionado pela incapacidade biopsicossocial de
se conhecer todas as alternativas, gera estática e angústia; Ideologias e
referenciais teóricos muito rígidos – limitação da visão do tomador de decisão por
paradigmas, pela cultura organizacional ou a pressões institucionais a que está
submetido; Focalização da perspectiva – o decisor só enxergará as opções que
estejam alinhadas com suas motivações e interesses. (Pereira e Fonseca, 2009).
Seguem na figura abaixo as condições físicas, intelectuais, emocionais,
hierarquicamente organizadas na pirâmide de Maslow e representando o estado de
completude do tomador de decisões:
44
Figura 16: As necessidades existenciais humanas
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.21).
Para Pereira e Fonseca (2009) na tomada de decisão estão presentes sistemas
conceituais que compreendem nossos valores individuais de competências, os quais
usamos para entender o mundo e avaliar causas e alternativas, e os valores de
avaliação que são a base do nosso julgamentos e sofrem influência de opiniões e
dos meios de comunicação. Somado a isso existe o grau de incerteza e o nível de
risco existente em relação às consequências da decisão, o primeiro é inerente à
prática gerencial, pois a impossibilidade de conhecimento ou controle de todas as
variáveis que pertencem ao problema gera a incerteza, o que não se confunde com
insegurança que é subjetivo e depende das características emocionais e existenciais
do tomador de decisão. Já o grau de risco está ligado à possibilidade de as
alternativas escolhidas não alcançarem os resultados esperados.
45
Os bloqueadores de Rubin e os sistemas conceituais somados as incertezas e aos
riscos no processo de decisão levam a racionalidade limitada a qual está relacionada
aos fatores inerentes aos participantes: capacidade cognitiva finita, valores e
motivações não alinhados com os da organização e conhecimentos parciais sobre o
problema em questão acarretando-se que as decisões não são otimizadas, mas
apenas satisfatórias (SIMON, 1982 apud GOMES, 2007, p.15).
A influência da cultura organizacional nos agentes que compreendem o sistema de
apoio a decisão, é inevitável:
“[...] O decisor fará suas atribuições de pesos para critérios influenciado por seus valores pessoais, que determinarão as suas preferências. A cultura do decisor é determinada por suas ideias inatas, aprendidas, comportamentos observados, crenças, características da sociedade onde vive [...]”. (GOMES, L.; GOMES, C., 2012, p.11)
Não raro, o atributo fundamental da decisão a ser tomada tem implicações éticas.
Nestes casos deve-se fazer um juízo sobre os efeitos extremos da decisão em
relação às esferas que a envolvem: capital e finanças, stakeholders, pessoas
diretamente relacionadas e interessadas no resultado do negócio, e a comunidade
de um modo geral incluindo os efeitos ambientais, tendo-se como certeza de que não
existe uma decisão certa, cada gestor agirá diferente ante as situações semelhantes
(HARVARD BUSINESS SCHOOL, 2007).
Para a análise de questões éticas Pereira e Fonseca (2009) recomenda utilizar-se ao
máximo nossa percepção contemplativa, conforme observado na figura abaixo, o
mundo moderno pautado em uma cultura pragmática vem cada vez mais
substituindo os elementos dessa percepção por elementos que produzem resultados
mais diretos o que dificulta a abordagem de problemas ligados a ética
organizacional.
46
Figura 17: Elementos que caracterizam as trilhas práticas e contemplativas da percepção.
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.19).
A alocação dos direitos de decisão tem efeito direto sobre a rentabilidade do negócio,
pois quanto mais eles estiverem distribuídos nas caixas do organograma empresarial
de nível mais baixo, ou seja, as que possuem custos mínimos, mais desempenho e
eficiência haverá nos processos de decisão e consequentemente na fluidez das
atividades das empresas. No entanto os gestores invariavelmente motivados por
suas metas pessoais, o que nem sempre condizem com as metas da empresa,
podem utilizar-se dos seus direitos de decisão para a autopromoção (HARVARD
BUSINESS SCHOOL, 2007).
Outro fator que limita a racionalidade no processo decisório é o tempo, visto que na
atualidade onde o tempo para se tomar decisões na maioria das vezes é de alguns
minutos, agarra-se a primeira alternativa viável e tenta-se de qualquer maneira
implementá-la para se mostrar competência. Essa pressão faz com que os decisores
caiam em armadilhas cognitivas de custos irrecuperáveis uma vez que devido ao
medo de aparentar fraqueza, decisões obtidas por meio de atalhos não serão
interrompidas como explica Nutt (2004 apud HARVARD BUSINESS SCHOOL, 2007,
p.55):
47
“[...] As necessidades do ego, o desejo ardente por poder e cobiça podem tentar [...] os que tomam decisões a apresentar uma ideia que convenha a si próprio [...] e depois mover-se rapidamente, afim de obter apoio para essa ideia.”
O homem diferente de Deus que é onipresente e dos animais guiados pelo instinto
está inserido na linha do tempo tendo no passado sua história, no presente suas
decisões e ações e no futuro seus desejos. As pressões para decisões quase que
instantâneas nas instituições modernas fazem com que essa tricotomia da linha do
tempo seja quebrada, colocando o decisor num estado de angústia e perplexidade o
que aumenta as chances de produção de decisões equivocadas, conforme ilustrado
na figura abaixo (PEREIRA e FONSECA, 2009).
Figura 18: Linha do tempo
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.33).
Outra interferência no processo decisório vem do filtro de informações adotado pelos
gerentes no seu dia a dia, fato esse até necessário devido a grande gama de
informações que eles recebem, porém por controlarem o fluxo de informações que
chegam a sua mente, devem ser revistos. Como exemplo de Pfeiffer que conduziu o
crescimento da Compaq até que em um período de turbulência ele possuía duas
listas: A lista nº 1 que dizia sim senhor para qualquer estratégia que adotasse e a
48
lista nº 2 que o alertava a examinar melhor os planos da Gateway e da Dell. Ele
abandonou tudo que não confirmasse o que acreditava ser verdade, aceitando o
apoio dos colaboradores da lista nº 1, Sendo esta verdade baseada em seus filtros
contextuais, sociais e de autoconhecimento, os quais foram propostos por Bennis
consultor da Harvard Business School. Para ele “[A falta de] Autoconhecimento é a
causa mais comum, cotidiana, de fracassos de liderança”. Ele ainda sugere que os
líderes busquem avaliar o espectro mais completo de informações e opiniões para
fundamentar seu processo de decisão (HARVARD BUSINESS SCHOOL, 2007).
A busca de informações para autoconhecimento se relaciona ao poder da informação
na sociedade contemporânea e sua influência nos processos decisórios, pois toda
decisão proporciona mudanças e toda mudança é fruto de decisões que encerram
ricas oportunidades de aprendizado. Neste sentido a tomada de decisão é um
processo interdisciplinar e multifacetado dependente do espaço, órgãos públicos,
instituições e família, do tempo e das circunstâncias. Pela figura abaixo ilustra um
range do tédio absoluto, onde a ausência de informações propicia a atuação
completa dos filtros de Bennis, ao caos que provoca inércia no decisor pelo excesso
de informações aliado a sua capacidade limitada em processá-las. A situação
desejável para a prevenção dos filtros de Bennis está na parte central do range
(PEREIRA e FONSECA, 2009).
49
Figura 19: Informação e redundância
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p. 37).
Com relação ao autoconhecimento Pereira e Fonseca(2009) destacam que no
processo de tomada de decisão os seres humanos devem conhecer e controlar os
dualismos: Emoção versus razão, risco versus recompensa e empatia versus
vingança uma vez que o equilíbrio de nossas partes primitivas do cérebro, as quais
compreendem nossos instintos, e as partes modernas as quais constantemente
estamos desenvolvendo, é a chave para uma decisão acertada. Segundo esses
autores estudos apontam que a dopamina – substância reguladora do prazer –
regula a busca por recompensas ao passo que medo e aversão ao risco são um
instinto primitivo que precisam ser ponderados para que as decisões estejam na
mesma direção.
A vingança pode levar o decisor a desperdiçar ganhos pela oportunidade de punir um
oponente, por outro lado a empatia com relação a determinadas pessoas pode levar
a decisões que não as melhores para a empresa como colocar em cargo de gerência
uma pessoa com menos competência. Pesquisas recentes em neurociência
mostraram que a nossa parte emotiva sempre estará sob a consciência, é preciso
50
desenvolver-se o autoconhecimento para identificação dos contextos e das causas
que provocam excitação e temor, o que propiciará o uso mais inteligente da intuição.
Neste sentido o processo de decisão deve ser visto de maneira abrangente,
considerando-se seus aspectos lógicos e psicológicos (HARVARD BUSINESS
SCHOOL, 2008):
Figura 20: Dimensões sistêmicas da decisão
Fonte: Pereira e Fonseca (2009, p.14).
Podemos pensar nosso cérebro como subdividido em três partes que evoluíram do
centro, parte mais velha, para a parte moderna mais externa. É com a síntese da
interação entre essas partes que tomamos nossas decisões:
[...] Em cima da espinha dorsal – o centro do cérebro – situam-se as estruturas mais primitivas, as que compartilhamos com os répteis e peixes, e que controlam as funções básicas de sobrevivência, como respiração e a fome. Embrulhadas ao redor destas encontra-se o antigo sistema límbico, que compartilhamos com os cachorros e outros mamíferos. Contendo o tálamo, a amígdala e o hipocampo, essa é a sede das emoções básicas como medo, agressividade e satisfação. Essa é parte do cérebro que permite que seu cão pareça tão feliz quando você chega em casa e o peixinho não dê a mínima bola. Envolvendo essas estruturas mais velhas está o moderno córtex, a massa cinzenta dobrada que todos reconhecemos como sendo o cérebro humano. Os cachorros, chimpanzés e outros mamíferos têm córtices, mas o nosso
51
cresceu a um tamanho enorme. O córtex administra todos os tipos de processos mais elevados do cérebro, como a audição e a visão. Os lóbulos frontais e, em particular, o córtex pré-frontal (na frente dos lóbulos frontais) são as partes que nos tornam humanos. São os centros da personalidade, da argumentação e dos pensamentos abstratos. Frequentemente, o córtex pré-frontal é denominado a parte “executiva” do cérebro porque, na formação de objetivos e planejamento, leva em consideração os inputs ao longo de todo cérebro. (HARVARD BUSINESS REVIEW, 2008, p.139)
A razão defensiva que aparece quando líderes tentam esconder ou encobrir falhas
para proteger grupos dentro de uma organização pode ser uma barreira à obtenção
de informações para o processo de tomada de decisões. Pensamentos instintivos
são naturais do ser humano e devem ser controlados com modelo de decisão
estruturado para que não dominem a forma de pensar dos gerentes, da mesma
maneira que nos fazem sentir medo e fugir de situações de risco. Para isso John S.
Hammond, Ralph L. Keeney e Howard Raiffa (HARVARD BUSINESS SCHOOL,
2007, p.94) apontam oito passos para controlar os instintos: definir o problema certo,
especificar os objetivos, gerar alternativas imaginativas, avaliar as consequências,
ponderar concessões e recompensas, identificar as áreas de incerteza, determinar o
grau de tolerância ao risco e preparar uma sequência para que as decisões de hoje
tornem mais fáceis as decisões futuras.
Não basta apenas que uma boa decisão seja tomada, também é necessário que o
desencadeamento das ações que compõem a decisão seja levado a cabo, o que
requer o conhecimento da cultura organizacional, um feedback contínuo entre as
pessoas envolvidas ou alcançadas pela decisão para que a empresa decida executá-
la. Os diálogos e as reuniões devem ser conduzidos buscando respostas sinceras,
aceitando verdades desagradáveis, envolvendo uma ampla gama de parceiros e no
final ter um curso de ação definido. Se não for feito desta forma, as pessoas
adotarão uma linha de argumentação que tenderá a confirmar a posição da liderança
e só revelarão a verdadeira opinião aos seus colegas nos corredores da empresa. Ao
final das reuniões todos precisam saber o que farão e quando farão; As informações
52
precisam estar disseminadas entre todos do grupo, as perspectivas pessoais devem
ser filtradas e os objetivos reafirmados (HARVARD BUSINESS REVIEW, 2008).
Como testes do processo de decisão, sugere-se que haja comunicação, que seja
explicado a algum colega o porquê de chegarmos até ali ou de termos escolhido uma
alternativa em detrimento da outra, pois o excesso de confiança em intuição e
emoções pode levar a uma subestimação de riscos relacionados a eventos com
baixa probabilidade de ocorrer. Faz-se necessário o envolvimento de outras pessoas
no processo decisório porque a decisão será implementada, logo um grupo precisa
comprar essa ideia, ou seja, o processo deve ser participativo. Recomenda-se que:
sejam destacados os critérios mais críticos ligados as nossas esperanças de longo
prazo; considere-se o lado positivo para não nos prendermos somente em avaliações
de danos; seja testada nossa decisão no futuro projetando por meio de cenários,
como serão seus desdobramentos; a decisão seja subdividida em uma série de
decisões menores com feedback contínuo; mantenha-se a decisão em aberto o
maior tempo possível, pois informações novas podem aparecer e mudar todo o
cenário (HARVARD BUSINESS SCHOOL, 2007).
53
4.1 DESVIOS COGNITIVOS
Os desvios cognitivos são armadilhas ou erros sistemáticos em que a nossa forma
de pensar pode nos fazer cair quando estivermos conjeturando no processo
decisório. Embora o processo de tomada de decisão seja pensado racionalmente,
ele sempre será influenciado por vieses emocionais e limitado por erros de
percepção (KAHNEMAN, 2009 apud YU, et. al., 2011, p.8).
Dentre os fatores que mais contribuem para a atuação desses desvios cognitivos
está o tempo limitado na medida em que durante a tomada de decisões instantâneas
as energias estarão direcionadas para as partes racionais do problema fazendo com
que sejam produzidas decisões automáticas em conjunto com implementações
automática como se pode verificar abaixo:
Figura 21: Criticidade do tempo na tomada de decisão.
Fonte: Yu, et al. (2011, p. 125).
54
Entendendo-se por heurística a forma de pensar que nos aproxima da solução de
determinado problema, quinze anos após a teoria da racionalidade limitada de
Simon, pesquisas identificaram 13 desvios cognitivos que influenciam a forma de
julgamento dos gerentes, os mesmos estão agrupados em forma de heurísticas:
Heurística da disponibilidade, heurística da representatividade, heurística da
ancoragem e heurística dos ajustes. Segue abaixo uma descrição dessas heurísticas
como uma adaptação da tabela de Harvard Business school (2007, p.102 a 103):
• Desvios que emanam da heurística da disponibilidade:
Facilidade de lembrança – aqui se julga que os eventos mais fáceis de lembrar
tenham uma frequência maior do que aqueles mais difíceis de lembrar.
Recuperabilidade – relaciona-se à forma como guardamos a informação na
memória e ao seu processo de busca que geralmente é tendencioso e passa por
filtros quando tentamos recuperá-la.
Associação pressuposta – Refere-se à superestimação da probabilidade de dois
eventos ocorrerem concomitantemente, baseados em associações similares
lembradas pela experiência pessoal.
• Desvios que emanam da heurística da representatividade:
Insensibilidade aos índices básicos – Tendência de ignorar os índices básicos ao
avaliarem a probabilidade de eventos quando impactadas por eventos recentes.
Insensibilidade ao tamanho da amostra – A falha em avaliar o tamanho da
amostra ao obter resultados específicos por meio da média.
Interpretação errônea da chance – Espera-se que uma sequência oriunda de um
processo randômico seja aleatória mesmo quando a sequência é curta, o que é
estatisticamente inválido.
55
Regressão a média – É a predisposição a ignorar o fato de que eventos extremos
tendem a média e geralmente não permanecem no mesmo patamar.
A falácia da conjunção – Dentro de um conjunto de eventos superestima-se a
probabilidade de ocorrência simultânea de dois eventos dado a falta de
conhecimento ou dificuldades do problema, gerando-se alternativas simplistas.
• Desvios que emanam da ancoragem e ajuste:
Ajuste inadequado da âncora – A concepção dos nossos valores atuais está
baseada em um ponto inicial, um valor passado ou uma informação disponível que
demarcam o ponto inicial para a análise que subsidiará a nossa tomada de decisão.
Excesso de confiança – Em problemas que apresentam grande dificuldade as
pessoas apresentam excesso de confiança na infalibilidade de seus julgamentos.
A Armadilha da confirmação – Geralmente busca-se informação confirmatória para
o que se acredita ser verdade preterindo-se da evidência negatória.
A observação do passado e maldição do conhecimento – Ao se verificar se um
evento ocorreu ou não no passado, tende-se a aumentar a importância do que seria
previsto no resultado correto.
Para Hammond, Keeney e Raiffa (1998, Apud Harvard Business School, 2008) O
cérebro humano pode minar o processo de decisão com armadilhas psicológicas ao
alimentarem nossos preconceitos e superstições: Armadilha da vinculação –
concessão de maior peso as primeiras informações que recebemos; Armadilha do
status quo – manutenção da situação atual frente a novas alternativas; Armadilha
dos custos a fundo perdidos – perpetuação dos erros passados; Armadilha da
evidência confirmatória – busca por informações que sustentem uma preferência
56
do tomador de decisões; Armadilha do enquadramento – erro na identificação e
delimitação do problema; Armadilha da confiança efetiva – sobre-estimação das
previsões; Armadilha da prudência – redução da probabilidade de acontecimentos
incertos e a Armadilha da revocação que é a imputação excessiva de valor a
acontecimentos recentes.
Harvard business review (2008) aborda ainda o conceito de consciência confinada
(bounded awareness) caracterizando um desvio cognitivo que impede as pessoas de
enxergarem, procurarem, usarem ou compartilharem informações relevantes e
aparentemente perceptíveis, esse fenômeno ocorre quando os executivos deixam de
buscar informações importantes relacionadas à tomada de decisão, não usam essas
informações por desconhecer sua importância e não compartilham seu conhecimento
com pessoas da organização limitando o conhecimento da mesma em questões
relevantes. Destaca-se ainda que erros irrecuperáveis ocorram quando numa
decisão de risco as informações relevantes não são procuradas nem compartilhadas,
fato que acarreta maior atuação dos desvios cognitivos durante o processo decisório.
Para a ampliação da consciência no processo decisório devem ser adotadas como
práticas a revisão das informações utilizando – se perguntas “e se a nossa estratégia
estiver errada? como saberemos?”, porque se obtendo a perspectiva de pessoas de
fora, procurando-se informações que eliminem a ausência de evidências
contraditórias e enriqueçam detalhes em contextos mais importantes, a informação
poderá ser utilizada para contextualizar o problema dentro da organização e
possibilitar a busca de solução interna primeiramente, Compartilhando-se essa
informação por meio de reuniões e designando um subordinado para coletá-las de
muitas fontes sem as interferências que a hierarquia proporciona, ou seja, limitando-
se a atuação dos desvios cognitivos pela na raiz da organização.
57
5 CONSIDERAÇÕES
A partir da analise do referencial teórico foi obtido a estrutura de decisão de Stein
(2010) que faz uma tricotomia ao assumir um conjunto de três possibilidades como o
mínimo para as alternativas de decisão: Progressiva, conservadora e centrista e
orienta a se pensar a probabilidade de uma forma mais pragmática e qualitativa:
provável, possível e improvável.
Outra estrutura de decisão encontrada foi a de Jhon Douglas White (1975), o mesmo
condensa a escolha de alternativas a fórmula: V ( ) ( ) ( )( )∑= iiji savspa ,. θ
procurando a solução que proporciona maior recompensa (utilidade máxima).
O processo de decisão de Gomes (2007) é dividido em três etapas: Estruturação do
problema, Análise da decisão e síntese da decisão, cada qual compreendendo
riscos, alternativas e critérios.
A estruturação da decisão de YU et al. (2011) é mais analítica e compreende as
etapas: definição do problema, geração de alternativas, determinação de objetivos,
tratamento das informações, avaliação das alternativas, implementação da decisão,
avaliação do resultado e tratamento das decisões em série.
Harvard Business Review (2008) destaca uma estrutura em que as decisões podem
se perder dentro da organização em gargalos do tipo: Global x local, matriz x unidade
de negócios, função x função e parceiros internos x parceiros externos, e propõe a
técnica de um grupo de consultores denominada RAPID para que os processos de
decisão estejam alinhados com o que agrega valor para a empresa.
58
A intuição ganha destaque no processo decisório em Pereira e Fonseca (2009)
devido à impossibilidade da análise de todas as alternativas e consequências de um
problema, fato associado às características psicológicas do decisor como: motivação,
critérios base, seus comportamentos com relação à cultura organizacional, sua
inteligência emocional, sua forma de lidar com o risco e incerteza e a sua
criatividade, propriedades que permeiam preponderantemente o sistema de decisão
e fazem com que os insights sejam um caminho natural para a solução de problemas
decisórios, pois, além disso, as informações que são o insumo mais importante para
subsidiar as decisões são função da velocidade e do contexto em que os atores da
decisão atuarão, contextos estes atualmente extremamente dinâmicos exigindo
decisões quase que instantâneas.
Verificou – se que o pano de fundo no qual o processo decisório moderno repousa
está marcado pela racionalidade limitada, fazendo com que as decisões estejam
restritas ao contexto em que estão inseridas e as percepções de quem decide, não
se podendo chegar a uma solução ótima, mas apenas satisfatória, fato este
comprovado nos trabalhos de Simon (1950) e Kahneman (2002) com a colaboração
de Tversky.
Os principais métodos de apoio à decisão foram levantados e agrupados em
métodos multicritério baseados em heurísticas: Electre, MacBeth, Promethee;
Métodos qualitativos: Espinha de peixe, método Delphi, diagramas causais e etc. e
os métodos de ênfase quantitativa que são aplicados em cenários de certeza e de
incerteza: Arvore de decisões, Matriz de decisão, Teorema de Bayes e etc.
Abordaram-se também os sistemas de apoio à decisão e sua funcionalidade por
meio do business inteligence, os quais efetuam o tratamento dos dados obtidos de
determinado processo da empresa e geram relatórios, análise e até mesmo
mineração de massas de dados (datamining) para a obtenção de padrões que
podem apoiar as decisões dos gestores.
59
Quanto às nuances psicológicas, foram descritos os principais desvios cognitivos que
surgiram baseados na teoria da racionalidade limitada: facilidade de lembrança,
recuperabilidade, associação pressuposta, insensibilidade aos índices básicos,
insensibilidade ao tamanho da amostra, interpretação errônea da chance, regressão
a média, falácia da conjunção, ajuste inadequado da âncora, excesso de confiança,
armadilha da confirmação , observação do passado e a maldição do conhecimento.
Constatou-se que esses desvios sempre farão parte do processo de tomada de
decisões, pois estão ligados à forma de percepção do tomador de decisões, logo
sem um autoconhecimento de si mesmo o decisor terá a racionalidade circunscrita
por esses desvios. Os outros modos em que as nuances psicológicas despontaram
foram: Através dos filtros de percepção de Bennis, na inobservância de que efeitos
colaterais podem superar a cura, na interferência que os níveis de satisfação da
pirâmide de Maslow podem trazer para o posicionamento psicológico do decisor, na
limitação do decisor por meio de paradigmas que focalizam suas motivações e
interesses e no fenômeno da consciência confirmada que impede ou bloqueia a
busca por novas informações.
60
6 CONCLUSÃO
A pesquisa cumpriu o seu papel na medida em que alcançou os objetivos propostos
e trouxe o embasamento necessário para responder a problemática levantada sobre
o tema aspectos qualitativos e quantitativos dos principais modelos de tomada de
decisão empresarial. As nuances psicológicas intervenientes no processo de decisão
empresarial despontaram de vários modos associados à forma de percepção
humana da realidade e suas limitações. Como resultado deste estudo a hipótese que
norteou a pesquisa: Os aspectos qualitativos predominam no processo de tomada de
decisão moderno, pode ser confirmada. Os principais modelos que apoiam a tomada
de decisão foram descritos em seus aspectos qualitativos e quantitativos, sendo que
mesmo em modelos qualitativos a atribuição de pesos ou prioridade depende das
motivações, interesses e alinhamento do decisor em relação à organização. A
sistemática do processo decisório moderno está pautada na estruturação e definição
do problema, geração de alternativas e métodos ou modelos para classificação,
ordenação e seleção das mesmas, não sendo puramente racional mas envolta de
subjetividade condicionada as preferências individuais de cada decisor.
61
7 REFERENCIAS
BEKMAN, Otto Ruprecht; COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Análise estatística
da decisão. 2ª Ed. Ampliada. Rio de Janeiro: Edgard Blucher, 2009.
BRETAS PEREIRA, Maria José Lara De; FONCECA, João Gabriel Marques. Faces
da decisão: Abordagem sistêmica do processo decisório. Rio de Janeiro: LTC,
2009. (Série gestão estratégica).
GOMES, Luiz Flavio Autran Monteiro. Teoria da decisão. Rio de Janeiro: Cengage
Learning, 2007. (Coleção debates em administração).
GOMES, Carlos Francisco Simões; GOMES; Luiz Flávio Autran Monteiro. Tomada
De Decisão Gerencial – Enfoque Multicriterio. 4ª Ed. Rio de Janeiro, 2012.
HARVARD BUSINESS SCHOOL. Tomando As Melhores Decisões. Tradução
Myriam Silvia De Bulhões. São Paulo: Campus, 2007 (Série Gestão Orientada Para
Resultados).
HARVARD BUSINESS REVIEW. Decisões Mais Inteligentes. : Tradução Tom
Venetianer. Campus, 2008 (Série HBR Compacta).
YU, Abraham Sin Oih, et. al. Tomada De Decisão Nas Organizações. Rio de
Janeiro: Saraiva, 2011.
STEIN, James; A teoria Da Decisão – Como Os Princípios Matemáticos Podem
Ajudá-lo A Tomar As Decisões Certas. Rio De Janeiro: Campus, 2010.