Observações Doutrinárias

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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 10ª REGIÃO PROFESSOR LAURO ESCOBAR Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 1 AULA 02 DAS PESSOAS JURÍDICAS (arts. 40 a 69; 75 e 78, CC) Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: Pessoas Jurídicas: constituição; extinção; domicílio; sociedades de fato, grupos despersonalizados, associações; sociedades, fundações; desconsideração da personalidade jurídica; responsabilidade. Subitens: Das Pessoas Jurídicas. Conceito. Classificação: Pessoa Jurídica de Direito Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. Início da Personificação e Término de sua existência legal. Registro e Representação. Domicílio. Responsabilidade. Grupos não personificados. Abuso e Desconsideração da Personalidade Jurídica. INTRODUÇÃO O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução histórica-social. CONCEITO De forma técnica pessoa jurídica pode ser definida como a união pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Como pode ser sujeito de relações jurídicas, possui personalidade jurídica. E esta é distinta da personalidade dos membros que a compõe. Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas jurídicas, tais como: pessoa moral, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia, “ente de existência ideal”, etc.. Na realidade tais expressões não foram adotadas pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo “importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se pensar que pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto, prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas

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AULA 02

DAS PESSOAS JURÍDICAS (arts. 40 a 69; 75 e 78, CC)

���Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: Pessoas

Jurídicas: constituição; extinção; domicílio; sociedades de fato, grupos despersonalizados, associações; sociedades, fundações; desconsideração da personalidade jurídica; responsabilidade.

Subitens: Das Pessoas Jurídicas. Conceito. Classificação: Pessoa Jurídica de Direito Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. Início da Personificação e Término de sua existência legal. Registro e Representação. Domicílio. Responsabilidade. Grupos não personificados. Abuso e Desconsideração da Personalidade Jurídica.

INTRODUÇÃO

O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução histórica-social.

CONCEITO

De forma técnica pessoa jurídica pode ser definida como a união pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Como pode ser sujeito de relações jurídicas, possui personalidade jurídica. E esta é distinta da personalidade dos membros que a compõe.

Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas jurídicas, tais como: pessoa moral, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia, “ente de existência ideal”, etc.. Na realidade tais expressões não foram adotadas pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo “importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se pensar que pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto, prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas

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questões pelos examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a matéria, mas desconhecia a expressão.

As pessoas jurídicas também têm direito à personalidade (identificação, liberdade para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária, usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa mortis, ou seja, por testamento).

É interessante acrescentar que os dispositivos relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber, por força do art. 52, CC. E é por isso que uma pessoa jurídica tem direito ao nome, à marca, à imagem, à propriedade, ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois tem patrimônio, reputação, bom nome, etc. Assim, no campo do Direito Civil, a pessoa jurídica pode ser vítima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, direito de acionar o Poder Judiciário para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça.

NATUREZA JURÍDICA

Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da Ficção; b) Teorias da Realidade.

Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos deixar de lado a análise das inúmeras teorias sobre natureza da pessoa jurídica e nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas e exames.

Direto ao Ponto: de todas as teorias, a que melhor se adapta ao nosso ordenamento jurídico, sendo adotada pelos mais renomados doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa) é a Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato (e não como uma mera abstração). O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que se unem na busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência de personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe.

São pressupostos de existência da pessoa jurídica:

a) Vontade humana criadora. Trata-se da affectio societatis, ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma sociedade.

b) Obediência aos requisitos impostos pela lei para sua formação. As pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela própria lei.

c) Licitude de sua finalidade, ou seja, deve ter objeto lícito abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos.

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REPRESENTAÇÃO

Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa física ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Pelo art. 47, CC, todos os atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá cumpri-los. Mas se o representante extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros (exceto se foi beneficiada com a prática do ato, quando então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício auferido). A doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteúdo da sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa.

1. Pessoas jurídicas de direito público interno são representadas (art. 12, I e II do Código de Processo Civil):

a) União, Estados, Distrito Federal e Territórios: por seus Procuradores.

b) Municípios: por seu Prefeito ou Procurador.

2. Demais pessoas jurídicas (art. 12, VI, CPC): em regra é a pessoa indicada em seu ato constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por seus diretores. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência colegiada), as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral na administração o Juiz deverá nomear um administrador provisório (art. 49, CC).

Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos poderes para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da pessoa jurídica (mandante).

���Não confundir ��� Mandatário X Preposto.

Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatória trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas e devidamente autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça do Trabalho.

CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS:

A) Quanto à Nacionalidade Elas podem ser consideradas como nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulação e subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à nacionalidade dos membros que a compõe e à origem do controle financeiro.

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Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a sede de sua administração (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade Estrangeira não poderá funcionar no País sem autorização do Poder Executivo e ficará sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados (arts. 1.134 a 1.141, CC).

B) Quanto à Estrutura Interna

1) Universitas Personarum – nelas, o que é importante é o conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Ex.: as sociedades (de uma forma geral) e as associações.

2) Universitas Bonorum – nelas, o que é importante é o patrimônio personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O objetivo é o bem-estar da sociedade. Ex.: fundações. O objeto e o patrimônio das fundações são seus elementos essenciais.

C) Quanto às Funções e Capacidade Podem ser divididas em pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC). Este é o item mais importante, pois é o que tem maior incidência em concursos. Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. A seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa.

I. DIREITO PÚBLICO

A) Interno (art. 41, CC) 1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal,

Territórios e Municípios. 2) Administração Indireta: autarquias, associações e demais

entidades criadas por lei (fundações públicas).

B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas pelo direito internacional público.

II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC)

A) Universitas Personarum

1) Sociedades: a) Simples. b) Empresária.

2) Associações, partidos políticos e organizações religiosas.

3) Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI).

B) Universitas bonorum

1) Fundações particulares

I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

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O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) território; e c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em dado território, politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade.

I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO

Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá, Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de facilitar o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - Food and Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um concurso: A Santa Sé é: ...? Ora, a Santa Sé é considerada como um País autônomo. É o Estado do Vaticano, a cúpula governativa da Igreja Católica. Portanto, a resposta considerada como correta foi: “pessoa jurídica de direito público externo”.

I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO

São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na Constituição Federal de 1988.

A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC) São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios legalmente constituídos.

Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as demais entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia dos entes da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em outras palavras: a própria Constituição Federal).

A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território.

Observação. República Federativa do Brasil e União são termos usados para significar os mesmos entes; há uma identidade entre eles. No entanto a doutrina costuma afirmar que a expressão República Federativa do Brasil é usada no plano externo, para identificar o Brasil perante os outros países. Neste caso seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional). Já a expressão União é usada no plano interno (pessoa jurídica

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de direito público interno). No Direito Constitucional aprendemos que na Federação há um laço de unidade entre as diversas coletividades federadas, de modo a mostrá-las, em suas relações internacionais, como um Estado Único. Lembrem-se de que entre os entes da Federação (ex: a União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma coordenação harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Há assim um só Estado soberano/federal (a União) e Estados-membros/federados, sendo que ambos são titulares do poder para produzir o Direito (ou seja, possuem competência legislativa).

Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais.

Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm interesses e economia próprios.

Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em relação a ele a natureza jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típica dos Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa (mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composto por Deputados Distritais eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados) Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão em municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1o, CF/88, pois ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter mantido a nossa tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é a capital da União”.

Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de centro político à União, mas não pode ser considerada como um Município, juridicamente falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas” Sul e Norte e a área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei Orgânica do Distrito Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais aglomerações urbanas situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões Administrativas. Embora o Decreto nº 19.040/98 tenha proibido a expressão, ainda se costuma usar o termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Guará, etc.).

Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). Para o Direito Civil ele será considerado como sendo uma pessoa

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jurídica de direito público interno, pois há previsão expressa no art. 41, inciso II, CC. Alguns autores classificam os territórios como “autarquias territoriais” dando a entender que seriam pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta.

Podemos dizer que o Brasil, nos termos da Constituição Federal de 1988, possui:

a) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos mandatos do Chefe do Poder Executivo).

b) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados, Distrito Federal, Municípios).

c) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo).

���CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema Presidencialista. Além disso (doutrina), possui como Regime de Governo o Estado Democrático e de Direito.

B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. São eles: a) Autarquias. b) Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de caráter público criadas por lei. Vejamos cada um destes itens:

A) AUTARQUIAS

São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade administrativa típica, com capacidade de auto-administração. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo. Elas são criadas por lei específica, possuindo atribuições estatais específicas, destinadas à realização de obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde, educação, etc. (exclui-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu; não há necessidade de registro. Seus atos são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir judicialmente uma revisão em sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), USP

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(Universidade de São Paulo), CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Imprensa Oficial do Estado, etc.

Observação: algumas autarquias como o BACEN são consideradas “autarquias de regime especial”, posto que o legislador conferiu a elas maior autonomia perante o Poder Executivo em comparação com as demais.

B) ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS

A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o disposto no art. 241 da Constituição Federal. A lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando-lhes a forma de uma associação, podendo ser de direito público ou de direito privado. Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio público se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de protocolo de intenções.

C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Fundação é uma instituição típica do direito privado. Para a sua criação destina-se um acervo de bens particulares para a realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade. No entanto, ultimamente, o Poder Público também tem instituído fundações para a execução de algumas atividades sociais. Estas fundações públicas se assemelham, então, às fundações particulares. No entanto elas se diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir de um ato de um particular e com patrimônio deste, a fundação pública é criada mediante autorização de lei específica, a partir de um patrimônio público. Ex.: FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Nacional da Saúde, etc.

Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional n° 19/98 (art. 37, XIX) reforçou esta posição.

Assim, para os civilistas de uma forma geral a fundação é uma pessoa jurídica de direito público interno, apesar de não haver previsão expressa neste sentido.

Observação: segundo a doutrina, na expressão “demais entidades de caráter público” também estariam incluídas as Agências Reguladoras (que possuem natureza de autarquia federal especial), incumbidas de normatizar e fiscalizar a prestação de certos serviços de grande interesse público. Ex.: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), etc.

II. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

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A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos particulares em geral. A doutrina costuma usar a expressão “Corporação” para designar o gênero, tendo como divisão (art. 44, CC): associações (a doutrina engloba neste item os sindicatos, pois eles têm natureza de associação civil), sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.

1. FUNDAÇÕES PARTICULARES

A doutrina costuma usar a seguinte expressão: as fundações são universalidades de bens (resultam da afetação de um patrimônio e não da união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade.

Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou jurídica, a serviço de um fim lícito e especial, com alcance social pretendido por seu instituidor, e em atenção ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio, criando a fundação para atingir objetivo não econômico. A partir de sua criação, o patrimônio da fundação não pertence mais ao patrimônio da pessoa que a criou, uma vez que passa a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação Roberto Marinho não pode ser confundida com a Rede Globo de Televisão.

O próprio instituidor poderá administrar a fundação (forma direta) ou encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). De acordo com o art. 62, parágrafo único do CC terão sempre fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Outros exemplos: Fundação São Paulo (mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton Senna, etc. São criadas a partir de uma escritura pública (inter vivos) ou de um testamento (causa mortis). Portanto elas não podem ser criadas por instrumento particular ou privado. Para a sua criação pressupõem-se:

• Dotação de bens livres – o instituidor destina determinados bens que comporá o patrimônio da fundação, que deve ser apto a produzir rendas ou serviços que possibilitem alcançar os objetivos visados, sob pena de frustrá-los.

• Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. Em regra o seu objetivo é imutável. No entanto é possível a reforma dos estatutos, desde que: seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; não contrarie ou desvirtue o seu fim; seja aprovada pelo órgão do Ministério Público (caso este a denegue, poderá o Juiz supri-la, a requerimento do interessado).

• Especificação dos fins – como vimos, eles devem ser sempre religiosos, morais, culturais ou de assistência.

• Previsão do modo de administrá-la – embora seja interessante que a fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não é essencial para sua existência.

Nascimento

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As fundações surgem com o registro de seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Características

• seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados) e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser aplicado na própria fundação.

• o fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por ordem judicial.

• os estatutos são suas leis básicas. • os administradores devem prestar contas ao Ministério Público.

Supervisão das Fundações

As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público estadual (art. 66, §2°, CC). A doutrina entende que não há esta fiscalização do Ministério Público em relação às fundações públicas.

��� Atenção ��� O art. 66, §1°, CC prevê que se a fundação funcionar no Distrito Federal caberá o encargo ao Ministério Público Federal. No entanto este dispositivo foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade deste parágrafo, posto que se a fundação funcionar no DF, a competência para fiscalização é do Ministério Público do Distrito Federal e Territorial (MPDFT). Ressalva-se, no entanto, segundo a decisão do STF, a atribuição do Ministério Público federal para velar pelas fundações federais de direito público (ADIN n° 2.794-8).

Término

Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação. No entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para esse funcionamento. Por outro lado as fundações serão extintas se (art. 69, CC): a) tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação visando sua extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua existência.

Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado, por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes.

2. PARTIDOS POLÍTICOS

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Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas jurídicas de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95).

3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força (ou forças) sobrenatural, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo preceitos éticos. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixou bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado, tendo também natureza de associação civil. É vedado ao poder público negar-lhe o reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu funcionamento.

Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do STJ: “Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil”.

4. ASSOCIAÇÕES

As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim comum). O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os demais associados; não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas (art. 53 e seu parágrafo único, CC), de forma diferente das sociedades, onde há este vínculo. No entanto é possível a existência de uma categoria de associados com vantagens especiais (art. 55, CC). O ato constitutivo é o seu estatuto que deve conter os requisitos do art. 54, CC. O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá proporcionar lucro aos associados. As associações podem ser civis, religiosas, pias (de caridade), morais, educacionais, científicas ou literárias e de utilidade pública. O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associações, estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; c) as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado; e, e) as entidades associativas, quando

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expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

A associação deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. E com o registro passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que não se confunde com a de seus membros. A associação pode ser de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: ABIA →→→ Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, etc.).

5. SOCIEDADES

Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Vimos que o atual Código Civil deixou bem claro que a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade. As sociedades podem ser divididas em:

a) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades comerciais) são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda mercantil). Segundo o art. 982, CC, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis).

b) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades civis) também visa fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não mercantil. Em regra são constituídas por profissionais de uma mesma área, ou por prestadores de serviços técnicos. Ex.: um escritório de advocacia, uma sociedade imobiliária, uma clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Observação: para se saber se uma sociedade é simples ou empresária, basta considerar o objeto desta sociedade, a natureza das operações habituais e suas atividades econômicas. Atualmente vêm-se utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de objeto) para melhor distinguir a sociedade simples da empresária. Ou seja, a classificação se dá em função do exercício da atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos fatores de produção (capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa e o empresário será quem a exerce.

��� Atenção ��� A empresa pública e a sociedade de economia mista, apesar de fazerem parte da administração indireta e terem capital público, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado. São regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art. 173, CF/88), mas com as cautelas do direito público (ex.: sujeitam-se ao controle do Estado →→→ administrativo, financeiro e jurisdicional). Podem perseguir fins não lucrativos, como também atividades lucrativas (produção e comercialização de bens ou prestação de serviços de natureza econômica). As empresas públicas e as sociedades de

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economia mista fazem parte da administração indireta do Estado, mas isso não quer dizer que sejam pessoas jurídicas de direito público.

Empresas Públicas

São pessoas jurídicas integrantes da administração indireta, mas de direito privado, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou a prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A, etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc.

Sociedades de Economia Mista

São pessoas jurídicas integrantes da administração indireta, mas também de direito privado, instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades econômicas ou serviços de interesse coletivo, sendo que sua forma é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a conjugação de capital público e privado, as ações com direito a voto (controle acionário) devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, etc.

6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

A Lei n° 12.441/2011 inseriu no rol das pessoas jurídicas, também a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI).

Até então nosso ordenamento não permitia a formação de uma empresa com apenas um sócio, a não ser em casos excepcionais. O empresário individual era considerado como pessoa natural (e não jurídica). Seu patrimônio pessoal confundia-se com o utilizado no próprio empreendimento, o que era considerado como uma temeridade, pois no caso de execução por dívidas geradas pela empresa, os bens pessoais do empresário seriam vendidos para cobrir o passivo da empresa. A nova lei corrigiu esta distorção.

No que se refere à organização, a EIRELI é constituída por uma única pessoa como titular da integralidade do capital social, sendo que o valor deste não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País. Assim, estabelecem-se limites para esta opção de pessoa jurídica, deixando de fora os empresários de menor porte.

Quanto ao Nome Empresarial, que identifica o empreendedor nas realizações empresariais e contratuais, ele poderá adotar o próprio nome ou sua abreviação, bem como um nome distinto da pessoa natural. No entanto o nome adotado deverá conter como sinal distintivo a expressão “EIRELI” após a firma ou denominação adotada. Exemplos: José João EIRELI; ou J.J. EIRELI, ou J.J. Comercial EIRELI; ou ainda Alfa Comercial EIRELI. A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade, o que a diferencia das

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demais sociedades, uma vez que nestas os sócios podem ter outro empreendimento sem qualquer problema.

Esta espécie de empresa também pode resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. Assim, se uma sociedade limitada deixar de possuir pluralidade de sócios, ela poderá ser transformada em uma EIRELI. Anteriormente esta situação implicava numa verdadeira corrida contra o tempo do sócio remanescente, pois ele era obrigado a procurar um novo sócio no prazo de 180 dias (sob pena de ver sua sociedade extinta caso permanecesse na condição de apenas um sócio).

Aplicam-se à EIRELI, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas, inclusive a desconsideração da personalidade jurídica, que falaremos mais adiante. A V Jornada de Direito Civil do STJ aprovou Enunciado n° 469 explicando a natureza jurídica da EIRELI: "A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado". Portanto, ela é uma pessoa jurídica constituída por apenas uma pessoa, tendo natureza especial, bem como tratamento específico no novo art. 980-A, CC.

DISTINÇÕES

Associação X Sociedade

Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única.

Distinções: Associação →→→ não há fim lucrativo (ou de dividir resultados, embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade →→→ visa fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.

Associação X Fundação

Semelhanças: em ambas há a união de várias pessoas, com acervo de bens, não havendo finalidade lucrativa.

Distinções: Associação →→→ a) patrimônio é constituído pelos associados, sendo um meio para atingir os seus objetivos (instrumental); b) finalidades são próprias (dos associados), podendo ser alteradas; c) deliberações livres. Fundação →→→ a) patrimônio provém do instituidor, sendo seu elemento essencial (juntamente com o objetivo, a finalidade da fundação), já o elemento “pessoa” fica num segundo plano; b) finalidades são alheias (do instituidor) e imutáveis; c) deliberações delimitadas pelo instituidor e fiscalizadas pelo Ministério Público. Conclusão: os objetivos da associação são alcançados pelo esforço das pessoas (associados); já o das fundações é alcançado pelo uso de seu patrimônio.

INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA

Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (o nascimento com vida...), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um ato jurídico

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ou uma norma. No entanto há diferenças entre elas quanto a forma de constituição:

1) Pessoas Jurídicas de Direito Público →→→ sua existência se dá em razão da lei e do ato administrativo, bem como de fatos históricos, previsão constitucional, tratados internacionais, etc. São regidas pelo Direito Público. Um País surge quando afirma sua existência em face dos outros. Os Estados-membros têm o reconhecimento de sua existência quando instituídos na própria Constituição Federal deste País. Já os Municípios, peculiaridade de nosso regime federativo, também têm sua autonomia assegurada pela Constituição, tendo seu início no provimento que os criou (são regidas pelas Constituições estaduais e pelas Leis Orgânicas). As autarquias e demais pessoas jurídicas de direito público são criadas e organizadas por leis, que estabelecem todas as condições para o exercício de seus direitos e obrigações. Assim elas nascem com a própria lei.

2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado →→→ o fato que lhes dá origem é a vontade humana convergente (affectio societatis). Sua criação possui duas fases: a elaboração dos atos constitutivos e o seu respectivo registro.

• Ato Constitutivo A pessoa jurídica se constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis (em relação às fundações) e por ato jurídico bilateral ou plurilateral (em relação às sociedades e as associações). Regra: a) Associações (sem fim lucrativo): estatuto. b) Sociedade (finalidade lucrativa): contrato social. Algumas sociedades civis dependem de prévia autorização do governo (ex.: instituições financeiras, estabelecimentos de seguro, consórcios, universidades, sociedades estrangeiras, bolsa de valores, etc. – confiram o art. 21, inciso XII, CF/88).

• Registro Público Para que a pessoa jurídica exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar. Regra: a) sociedades empresárias no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial); b) demais pessoas jurídicas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. E, além disso, quaisquer alterações supervenientes também deverão ser averbadas neste registro. Vejamos isso melhor:

REGISTRO

Como vimos, somente com o registro a pessoa jurídica adquire a personalidade. Tal registro se dá no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 1.150, CC). No entanto uma sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei n° 8.934/94), sendo competente para tais atos as Juntas Comerciais. Segundo o art. 46, CC o registro deve conter os seguintes elementos: a) a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social (quando houver); b) o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores; c) forma de administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial; d) possibilidade e modo de reforma do estatuto social; e) previsão da responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais; f) condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio.

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Uma pessoa jurídica começa a existir no momento em que é efetuado o seu registro, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, obtendo capacidade patrimonial, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com a personalidade de seus membros. Vejamos o que dispõe o art. 45, CC: “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.

��� Atenção ���

• Personalidade da pessoa natural: nascimento com vida. O registro possui apenas efeito declaratório, pois quando ele é feito, a condição de pessoa já havia sido adquirida. O registro apenas declara uma situação pré-existente: o nascimento com vida.

• Personalidade da pessoa Jurídica: registro. O registro neste caso possui efeito constitutivo; é com ele a pessoa jurídica “nasce” ou se constitui juridicamente.

DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS

A pessoa jurídica também tem domicílio (art. 75, CC), que é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. Vejamos as situações legais:

• União →→→ Distrito Federal.

• Estados e Territórios →→→ suas respectivas Capitais.

• Municípios →→→ o lugar onde funciona a Administração Municipal (a sede municipal).

• Demais Pessoas Jurídicas →→→ o lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade domiciliar da pessoa jurídica, desde que tenha estabelecimentos em lugares diferentes (ex.: filiais, agências, escritórios de representação, etc. – art. 75, §1°, CC). Finalmente estabelece o art. 75, §2°, CC que se “a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder”.

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS

A responsabilidade civil a pessoa jurídica pode ser de natureza contratual ou extracontratual.

No âmbito da responsabilidade contratual as pessoas jurídicas são responsáveis por seus atos. Ou seja, elas respondem pelos danos decorrentes de suas condutas. Se assumiram determinada obrigação, se

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assinaram determinado contrato, devem cumpri-lo da forma como foi estipulado. Se a obrigação ajustada não for cumprida o devedor responde por perdas e danos (além dos juros, correção monetária e honorários advocatícios). É o que determina a regra geral do art. 389, CC. Portanto, na responsabilidade assumida por meio de uma obrigação contratual, as pessoas jurídicas devem responder com seus bens por esse inadimplemento (não cumprimento) contratual.

Já no campo da responsabilidade extracontratual (ou aquiliana) vigora a regra geral do neminem laedere (ou seja, a ninguém se deve lesar). Reprime-se a prática dos atos ilícitos em geral, impondo a obrigação de reparação de eventuais danos. Ela tem fundamento nos arts. 186 e 187 combinados com o art. 927, CC.

Mas há uma leve nuance entre a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado. Vejamos:

A) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Neste caso existem duas formas de responsabilidade:

1) Por ato próprio neste caso a responsabilidade é direta e subjetiva. Isto porque a pessoa jurídica responde pelos atos de seus órgãos (os diretores e os administradores estão apenas cumprindo as determinações das suas assembleias).

2) Por ato de terceiro neste caso a responsabilidade é indireta e objetiva. Determina o Código Civil que as pessoas jurídicas de direito privado são civilmente responsáveis pelos atos danosos praticados por seus empregados, serviçais ou prepostos (representantes) no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele (art. 932, III, CC). Por tal motivo trata-se de responsabilidade indireta. Ou seja, a pessoa jurídica irá responder por uma conduta praticada por terceiro (seu empregado), mas que, em razão de um vínculo com a pessoa jurídica, gera a responsabilidade desta. Acrescenta o art. 933, CC que esta responsabilidade independe de culpa. Portanto a mesma é considerada como sendo do tipo objetiva. Observem que neste caso a pessoa jurídica nada fez de irregular; quem agiu de forma errônea foi o empregado. Mas mesmo assim ela responde por este ato. Este tipo de responsabilidade também é solidária, pois a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica, como do agente causador do prejuízo. Ex.: O motorista de caminhão de uma empresa, embriagado, atropela e mata um pedestre; a família da vítima pode ingressar com ação judicial de responsabilidade civil somente contra a empresa, somente contra o motorista, ou contra ambos, posto que tanto a empresa, como o motorista são responsáveis solidários. Se preferir ingressar com a ação somente contra a empresa, esta terá o direito de regresso contra o empregado.

B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

A partir de 1946 a responsabilidade passou a ser prevista na própria Constituição da República, principalmente em virtude da criação dos chamados direitos individuais de segunda geração. Com base no princípio da igualdade de todos perante a lei (todos têm encargos equitativamente distribuídos), não

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seria justo que, para benefício de toda uma coletividade, somente uma pessoa sofresse os ônus. Inicia-se, então a chamada Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado. A pessoa lesada apenas deve provar que houve uma conduta por parte do Estado, que ela sofreu um dano e que houve um nexo de causalidade entre a conduta e o dano.

Vigora atualmente a Teoria do Risco Administrativo. Nela o Estado responde objetivamente, porém não em qualquer hipótese. Permite-se que a responsabilidade do Estado seja afastada em situações onde consiga provar a culpa exclusiva da vítima (no caso de culpa concorrente apenas se atenua sua responsabilidade, diminuindo o valor da indenização), o caso fortuito ou a força maior, a ausência de nexo causal, etc.

Atualmente no Brasil as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias) têm responsabilidade civil:

• pelos danos que seus agentes (sentido amplo), nessas qualidades, causarem a terceiros (art. 37, §6º, CF/88 e art. 43, CC). Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva, isto é, a responsabilidade existe independentemente de culpa do funcionário. Há que se provar a conduta (positiva ou negativa), a lesão (dano patrimonial ou moral) e o nexo causal (a lesão foi causada pela conduta). Não se analisa eventual culpa. Provados aqueles elementos (conduta, dano e nexo), o Estado deve indenizar. Lembrando que quando se fala “culpa”, devemos entender seu sentido amplo, abrangendo tanto a culpa em sentido estrito (o agente praticou uma conduta, mas não teve a intenção da ocorrência de um resultado específico, porém este acabou acontecendo por imprudência, negligência ou imperícia do agente) como o dolo (o agente teve a intenção de praticar a conduta, desejando ou assumindo o risco pelos resultados advindos de sua conduta). Também não se indaga da licitude ou ilicitude da conduta administrativa. Ou seja, às vezes, mesmo agindo licitamente o Estado pode ser obrigado a indenizar um particular. Ex.: quando o Estado realiza uma obra que em tese irá beneficiar a muitas pessoas, pode causar prejuízo a uma pessoa em especial. A obra realizada é lícita. Mas se causar prejuízo a um particular (ex.: seu imóvel foi desvalorizado com a obra), ele deve ser indenizado.

Os mesmos dispositivos citados (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC) autorizam ao Poder Público o chamado direito de regresso contra o causador do dano, se houver culpa ou dolo de sua parte. Assim, o Estado responde de forma objetiva (ou seja, independentemente de culpa). Mas se o Estado for condenado e ficar provada a culpa ou o dolo do funcionário, o Estado poderá acionar regressivamente o seu agente. Logo, a responsabilidade do funcionário é do tipo subjetiva, pois deve estar comprovada a sua culpa em sentido amplo (que abrange o dolo ou a culpa em sentido estrito) no evento.

• por atos de terceiros e por fenômenos da natureza. Neste caso, a responsabilidade é somente subjetiva. Ou seja, deve-se provar a culpa da Administração (ex.: casos de enchentes ou depredações por movimentos populares, já previstos pela administração). Trata-se de uma exceção à regra

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de que o Estado responde sempre de forma objetiva. Como vimos, nem sempre, pois há casos em que pode responder de forma subjetiva.

Observações

01) Uma parcela da doutrina entende que na hipótese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua responsabilidade dependeria de demonstração de culpa da sua parte. Seria então mais um caso de responsabilidade subjetiva do Estado. Lembrando que mesmo neste caso, havendo culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida.

02) A pessoa jurídica também pode ser penalmente responsável, na hipótese de crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88 e art. 3° da Lei n° 9.605/98).

EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

A existência da pessoa jurídica (em relação às sociedades e às associações) termina:

• pela dissolução deliberada de seus membros (extinção convencional), por unanimidade e mediante distrato. Distrato é a rescisão de um contrato. Pode ser amigável ou judicial. É ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Assim, se a minoria desejar a continuidade da sociedade, impossível será sua dissolução amigável (haverá então uma sentença judicial), a menos que o contrato contenha cláusula que preveja a extinção por maioria simples. No entanto, se a minoria tentar extinguir a pessoa jurídica, não conseguirá.

• morte de seus membros (extinção natural). • quando a lei assim determinar. • pelo decurso do prazo, se constituída por prazo determinado. • dissolução por decisão judicial.

���É importante notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo, tem-se o fim da entidade; porém, se houver bens em seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual ainda subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Assim, mesmo dissolvida uma pessoa jurídica, ela ainda pode subsistir, mantendo a personalidade para fins de liquidação. Encerrada a liquidação, aí sim, promove-se o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no respectivo registro (art. 51, CC).

Destino do patrimônio na dissolução

Tratando-se de uma sociedade (finalidade lucrativa), cada sócio terá direito ao seu quinhão; o remanescente do patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros.

Tratando-se de uma associação (sem finalidade lucrativa), seus bens serão destinados: conforme o previsto nos estatutos; se não houver previsão,

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serão destinados a estabelecimento municipal, estadual ou federal que possua finalidades semelhantes aos seus.

GRUPOS DESPERSONALIZADOS

Como vimos, as sociedades, as associações, as fundações, etc., possuem personalidade jurídica. Mas nem todo grupo que objetiva um determinado fim é dotado de personalidade jurídica. Os grupos despersonalizados (ou com personificação anômala) constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e bens, sem personalidade jurídica, que geralmente se formam independentemente da vontade de seus membros. No entanto, apesar de não terem personalidade, possuem capacidade processual isto é, capacidade para postular em juízo (ou seja, ser autor ou réu em uma ação judicial). Citamos como exemplos principais:

• Sociedades em Comum (sociedades de fato ou irregulares) são sociedades empresárias que não estão juridicamente constituídas, não possuindo, portanto, personalidade jurídica. Para alguns doutrinadores, sociedades de fato e sociedade irregulares são a mesma coisa. Outros, contudo, as distinguem: as sociedades de fato não possuem ato constitutivo (estatuto ou contrato social), enquanto que as sociedades irregulares possuem os atos constitutivos, porém os mesmos não foram registrados. Elas não podem requerer falência de outras empresas e nem requerer a sua recuperação judicial. Além disso, não possuem responsabilidade própria. Na realidade, há responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios pelas obrigações da sociedade. Isto porque nelas os credores da sociedade são credores dos sócios, não havendo autonomia da pessoa jurídica. Estão previstas nos arts. 986 a 990, CC.

• Massa Falida decretando-se a falência de uma sociedade, a pessoa perde o direito à administração e à disposição do patrimônio, sendo que os as coisas e os direitos são arrecadados; a reunião desses bens recebe o nome de massa falida. O administrador judicial da falência a representa ativa e passivamente (ou seja, pode ser autor ou réu de uma ação judicial).

• Espólio é o conjunto de direitos e obrigações ou uma simples massa patrimonial deixada pelo de cujus; é a herança, propriamente dita. O inventariante prestará compromisso legal e irá representar ativa e passivamente, em juízo ou fora dele os interesses do espólio.

• Herança Jacente e Vacante é o conjunto de bens deixados pelo falecido, enquanto não entregue a um sucessor devidamente habilitado.

Ocorre a herança jacente se, não havendo testamento, o de cujus não deixar herdeiros, ou deixando, eles renunciam, ficando sob a guarda e administração de um curador nomeado pelo Juiz. Aguarda-se... ninguém apareceu... Os bens da herança jacente são então declarados vacantes. Decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Estado (em sentido amplo).

��� Condomínio Especial (condomínio em edificações) trata-se de uma questão controvertida. Ainda há autores que o consideram como ente

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despersonalizado. No concurso como eu faço? Penso que seguindo a tendência do Direito devemos considerá-lo como tendo personalidade jurídica. Inicialmente porque hoje em dia um condomínio é obrigado a ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Além disso, no condomínio também há uma affectio societatis (lembram-se desta expressão falada no início deste ponto?), havendo aptidão à titularidade de direitos e deveres, podendo adquirir imóveis, materiais para construção, conservação e administração do edifício em seu nome. Finalmente devemos acrescentar que o Enunciado n° 90, alterado pelo 246 da I e III Jornadas de Direito Civil do STJ, realizadas pelo Conselho da Justiça Federal, orienta que: “Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício nas relações jurídicas”. Lembrando que cabe a representação do condomínio (ativa e passiva) ao síndico ou administrador (que pode ser uma pessoa física ou jurídica).

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (art. 50, CC)

Como vimos, a pessoa jurídica é uma ficção legal, sendo sujeito de direitos e obrigações, tendo existência independente dos membros que a compõem (princípio da autonomia). Pessoa jurídica é uma coisa... Pessoas físicas que integram a pessoa jurídica é outra coisa. Há uma separação patrimonial entre os bens da pessoa jurídica e os bens dos sócios e administradores. Desta forma, a pessoa jurídica somente responde pelos débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual dos sócios que a compõe.

Devido a essa exclusão de responsabilidade dos sócios, que vigorava de forma plena em nosso Direito, a pessoa jurídica, por vezes, se desviava de seus princípios e finalidades, cometendo abusos, fraudes e desonestidades (evidente que se trata de uma minoria; não vamos aqui generalizar), provocando uma reação na doutrina e na jurisprudência. Em alguns casos a pessoa jurídica servia apenas como um escudo ou um manto protetor de distorções e fraudes levadas a efeito pelas pessoas físicas. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da desconsideração da pessoa jurídica. Desconsiderar significa ignorar ou não levar em conta a distinção criada pela ficção legal entre os dois patrimônios. Com isso, são alcançados os bens das pessoas físicas que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para a prática de atos ilícitos ou abusivos.

No Brasil, inicialmente, tratava-se apenas de uma doutrina. Com o tempo a teoria foi ganhando força e os juízes começaram a aplicá-la como uma questão de justiça, de equidade, coibindo assim os abusos e enriquecimentos sem causa (princípios que vedam o abuso de direito e da fraude contra credores). Foi se formando uma sólida jurisprudência. O passo seguinte foi a previsão do instituto em lei. O estatuto legal pioneiro no Brasil sobre o tema foi o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90 – CDC), ainda em vigor, nos seguintes termos:

Art. 28: “O Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos

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ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica causada por má administração” (...) §5º: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. Existem outras leis que também tratam do assunto.

A seguir o instituto foi se espalhando por todo o Direito brasileiro, como na Lei Antitruste (Lei n° 8.884/94, art. 18); Lei do Meio Ambiente (Lei n° 9.605/98, art. 4°) e acabou chegando ao Código Civil de forma expressa:

Art. 50, CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.

Como se trata de uma doutrina que teve início no Direito anglo-saxão (Inglaterra e EUA) é comum a utilização de expressões inglesas: disregard of the legal entity (desconsideração da pessoa jurídica) ou disregard doctrine (doutrina da desconsideração), ou piercing the corporate veil (perfurando ou rasgando o véu da corporação) ou lifting the corporate veil (levantando ou desvelando o véu da corporação).

Tal instituto permite ao Juiz (somente a ele e não a uma autoridade administrativa), de forma fundamentada, ignorar os efeitos da personificação da sociedade, para atingir e vincular também as responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros. Os sócios e administradores serão então incluídos no polo passivo do processo, respondendo com seus bens particulares nos negócios jurídicos praticados em nome da pessoa jurídica pelos danos causados a terceiros.

Uma pessoa lesada por uma empresa pode ser ressarcida por meio das próprias pessoas que constituíram a empresa. Neste caso específico e determinado, o Juiz não leva em consideração a pessoa jurídica (daí o termo “desconsideração da pessoa jurídica”), decidindo como se a própria pessoa física tivesse realizado o negócio. No entanto, o Juiz deve agir com cautela ao decidir pela desconsideração. Deve examinar cada caso em particular, se foram preenchidos todos os requisitos legais para decretação da medida.

Como se trata de medida excepcional, tem-se entendido que a desconsideração da personalidade jurídica somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na prática do ato irregular, após a observância dos parâmetros exigidos pela lei.

��� Atenção ��� A desconsideração da personalidade jurídica não acarreta a extinção da pessoa jurídica. E também não significa que a personalidade será anulada; ela apenas será ineficaz quanto a certos e determinados atos estabelecidos pelo Juiz.

Observações Doutrinárias

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01) Fala-se em Teoria Menor e Teoria Maior da desconsideração. A Teoria Menor (também chamada de objetiva) é aquela em que se dispensa um raciocínio mais cuidadoso para a incidência do instituto. Tem seu âmbito de aplicação restrito ao Direito Ambiental (art. 4° da Lei n° 9.605/1998) e Direito do Consumidor (art. 28, §5°, da Lei n° 8.078/1990) Pela Teoria Maior (subjetiva) é necessário maior apuro e precisão na constatação dos requisitos legais. Não é em qualquer hipótese que a desconsideração se aplica; ela somente ocorrerá em casos especiais previstos na lei e de forma fundamentada, se o juiz, usando seu livre convencimento, entender que houve fraude ou abuso de direito. Foi a teoria adotada pelo Código Civil.

02) Fala-se em desconsideração inversa, como modalidade autônoma, quando se vincula o patrimônio da pessoa jurídica, para responsabilizá-la por uma obrigação contraída pelo sócio. Exemplo: uma pessoa muito rica transfere todos os seus bens para uma pessoa jurídica da qual possui o controle absoluto. Assim, embora tecnicamente não seja proprietário dos bens, continua a desfrutar de todos eles. E se a pessoa física contrair uma dívida, em tese, o credor não pode executar tais bens, pois eles não são dela, mas sim da pessoa jurídica. O devedor assim procede para lesar a pessoa de quem pediu o dinheiro emprestado ou para livrar os bens de uma futura partilha em uma separação judicial. Por meio da “desconsideração inversa” se desconsidera a pessoa jurídica, para que esta responda com o seu patrimônio perante terceiros, pelas dívidas contraídas pela pessoa física.

03) As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso de personalidade jurídica. A desconsideração da personalidade não atinge seus associados, mas seus dirigentes, que a representam na forma dos estatutos.

04) Como uma evolução da desconsideração da personalidade jurídica tem-se adotado a Teoria da Sucessão de Empresas, pela qual, nos casos em que ficar patente a ocorrência de fraude poderá o magistrado estender as responsabilidades de uma empresa para outra (denominadas empresa sucedida e sucessora, respectivamente). Outra questão diz respeito à hipótese em que uma Pessoa Jurídica é controlada (direta ou indiretamente) por outra. Desconsidera-se uma, para atingir a outra. Mas há casos de difícil solução por não se saber bem que é a controladora. E mais. Às vezes uma pessoa jurídica age no País com pouco ou nenhum patrimônio e está totalmente em mãos de uma empresa escritural estrangeira (as chamadas off shores), praticando irregularidades. É um caso de difícil solução, cabendo ao Juiz avaliar este aspecto e onerar o patrimônio do verdadeiro responsável pelo fato, sempre que um prejuízo injusto for ocasionado a terceiros.

RESUMO DA AULA

CONCEITO Pessoa Jurídica (moral ou coletiva) é a união de pessoas naturais (físicas) ou

de patrimônios, com o objetivo de atingir certos fins, reconhecida como entidade com aptidões de direitos e obrigações. Possui personalidade jurídica distinta da dos membros que a compõe. Corrente majoritária →→→ Teoria da Realidade Técnica.

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Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL A) Pessoas Jurídicas de Direito Público

1. Externo (art. 42, CC) →→→ Regulamentadas pelo Direito Internacional – Ex.: outros países soberanos, Santa Sé, uniões aduaneiras (MERCOSUL) E organismos internacionais (ONU, OEA). 2. Interno (art. 41, CC) →→→ O Estado. a) Administração Direta ou Centralizada →→→ União, Estados Membros, Distrito Federal, Territórios e Municípios.

b) Administração Indireta ou Descentralizada →→→ autarquias, associações públicas (Lei n° 11.107/05) e demais entidades de caráter público criadas por lei (fundações públicas). Abrange as agências reguladoras (autarquias especiais).

B) Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC) 1. Espécies a) Fundações Particulares: universalidades de bens personificados em atenção ao fim que lhes dá unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura pública ou testamento. Dotação de bens livres que passam a ser inalienáveis e especificação dos objetivos.

b) Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03).

c) Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03).

d) Associações: união de pessoas, sem finalidade lucrativa.

e) Sociedades: simples ou empresárias →→→ ambas visam finalidade lucrativa; no entanto a diferença está no seu objeto: exercício (ou não) de atividade mercantil. Palavras chaves: organização e atividade. Espécies: nome coletivo, comandita simples, conta de participação, limitada, sociedade anônima (esta será sempre empresária) e comandita por ações. Obs.: empresas públicas e sociedades de economia mista são consideradas como pessoas jurídicas de direito privado.

f) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI - Lei n° 12.441/11).

2. Início a) Ato Constitutivo: ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis (fundações) ou ato jurídico bilateral ou plurilateral (associações e sociedades). b) Registro Público: inscrição dos contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar. Requisitos →→→ art. 46, CC.

3. Domicílio: sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. a) Direito Público: art. 75, incisos I, II e III, CC. b) Direito Privado – Diretoria e Administração: art. 75, inciso IV, CC. c) Pluralidade Domiciliar: art. 75, §1°, CC. d) Foro de Eleição: escolhido no contrato.

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4. Término: dissolução deliberada de seus membros; hipóteses em que a lei determina; decurso de prazo (quando for constituída por prazo); dissolução judicial.

5. Grupos Despersonalizados: conjunto de direitos e obrigações, pessoas e bens, sem personalidade jurídica e com capacidade processual (representação) →→→ sociedades em comum (sociedade de fato ou irregulares), massa falida, espólio, etc.

RESPONSABILIDADE 1. Responsabilidade Contratual: tanto as pessoas jurídicas de direito público

como as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato firmado, respondendo com seus bens pelo eventual descumprimento de cláusulas contratuais (art. 389, CC). Obs.: ambas também possuem responsabilidade penal (atividade lesiva ao meio ambiente: art. 3° da Lei n° 9.605/98) 2. Responsabilidade Extracontratual:

a) Pessoa Jurídica de Direito Privado. Regra →→→ possui responsabilidade indireta, ou seja, a pessoa jurídica deve reparar o dano causado pelo seu representante que agiu de forma contrária ao direito. Além disso, a responsabilidade é solidária, pois em razão do vínculo entre a pessoa jurídica e seus funcionários, a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica como do agente causador do dano. Não há presunção de culpa (in eligendo ou in vigilando): arts. 931, 932, III, 933.

b) Pessoa Jurídica de Direito Público. Regra →→→ responsabilidade objetiva. Deve indenizar todos os danos que seus funcionários, nessa qualidade, por atos comissivos, causem aos direitos de particulares. O Estado, como regra, responde independentemente de culpa (em sentido amplo), tendo direito a ação de regresso contra o funcionário causador do dano, se provada a culpa deste. Art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC. Teoria do risco administrativo: permite-se que a responsabilidade seja afastada em algumas hipóteses (ex.: ausência de nexo de causalidade entre a conduta e o dano, culpa exclusiva da vítima, etc.).

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – disregard of the legal entity. Art. 50, CC →→→ Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Também está prevista em outras leis (ex.: Lei n° 8.078/90 – CDC, art. 28 e §5°).

BIBLIOGRAFIA-BASE

Para a elaboração desta aula, foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.

GOMES, Orlando – Direito Civil. Ed Forense.

GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva

MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil – Ed. Saraiva.

NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Ed. Revista dos Tribunais.

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PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Ed. Forense.

RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Ed. Saraiva.

SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Ed. Freitas Bastos.

SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico – Ed. Forense.

EXERCÍCIOS

As questões adiante seguem o padrão da CESPE/UnB, julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TRE/ES – Analista Judiciário – 2011) Com relação à existência legal e à extinção das pessoas jurídicas, julgue o item a seguir.

a) As pessoas jurídicas de direito privado passam a existir legalmente a partir da formalização do estatuto ou do contrato social, conforme a espécie a ser criada.

b) Nem todos os direitos de personalidade se aplicam às pessoas jurídicas.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. A existência legal da personalidade jurídica da pessoa jurídica é obtida a partir da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC e art. 119 da Lei n° 6.015/73).

b) Certo. No tocante às pessoas jurídicas, realmente nem todos os direitos da personalidade lhes são aplicados, reservando apenas “o que couber”, conforme o disposto no art. 52, CC.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2011) De acordo com a sistemática adotada pelo Código Civil, a personalidade da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Por outro lado, no que tange às pessoas jurídicas de direito privado, em especial as sociedades, a personalidade tem início com a formalização de seus atos constitutivos, mediante a assinatura do contrato social pelos seus sócios ou fundadores.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC).

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará – 2008) No que concerne ao direito de empresa, julgue o item abaixo.

a) As sociedades simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional, voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades podem ou não ter personalidade jurídica.

COMENTÁRIOS:

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a) Errado. A sociedade simples não realiza atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Esta característica é somente da sociedade empresária. A sociedade simples é a formada por pessoas que exercem profissão intelectual (gênero), de natureza científica, literária ou artística (espécies), mesmo se contar com auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Defensor Público da União) A respeito das pessoas jurídicas, julgue o item abaixo.

a) A desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade é permitida nos casos em que há desvio de seu objetivo social, independentemente da verificação de abuso da personalidade jurídica, da intenção de fraudar a lei ou de causar prejuízos à própria sociedade ou a terceiros. Por isso, depois de despersonalizada a sociedade, os bens particulares dos sócios e dos administradores respondem pela dívida da pessoa jurídica.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. A desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50, CC é uma exceção em nosso Direito. Por isso é necessária a prova do abuso da personalidade jurídica ou da intenção de fraudar a lei ou de causar prejuízos à própria sociedade ou a terceiros.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – questão adaptada pelo professor) Em relação às pessoas jurídicas, julgue os itens subsequentes.

a) A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, como regra, independe de registro, bastando a aprovação de seu contrato social pelo Poder Executivo.

b) Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.

c) O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

d) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social ou, alternativamente, por contribuição equivalente que consista em prestação de serviços.

e) O Direito Civil estende às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, no que couber, havendo possibilidade de, inclusive, sofrer dano moral.

f) As sociedades simples são aquelas que têm por objeto o exercício de atividades econômicas organizadas para a produção ou circulação de bens ou de serviços próprias de empresário.

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COMENTÁRIOS:

a) Errado. Uma sociedade adquire a personalidade com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (arts. 45 e 967, CC).

b) Certo. Prevê o art. 966, CC que é considerado empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Mas o seu parágrafo único determina que não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

c) Certo. É o que prevê o art. 978, CC.

d) Errado. O art. 1.052, CC não menciona a possibilidade alternativa.

e) Certo. O art. 52, CC prevê que se aplica às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade. A Súmula 227 do STJ prevê que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

f) Errado. Nos termos do art. 982, CC “salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais”.

QUESTÃO 06 (Questão da CESPE, mas adaptada pelo professor) Em relação as autarquias, julgue os itens subsequentes:

a) Desenvolvem atividades típicas do Estado sendo criadas para a realização de serviços descentralizados da entidade instituidora, especialmente aquelas que requeiram para seu melhor funcionamento gestão financeira e administrativa própria.

b) Não são subordinadas hierarquicamente à entidade que as criou, sendo apenas a ela vinculadas, sujeitando-se, porém, ao chamado controle finalístico.

c) Podem desempenhar atividades educacionais e previdenciárias a elas outorgadas pela entidade instituidora.

d) Integram a chamada administração pública centralizada, ao contrário das empresas públicas e as sociedades de economia mista que fazem parte da Administração Centralizada.

e) A lei instituidora não pode conferir privilégios a algumas autarquias em detrimento de outras; todas possuem o mesmo grau de autonomia.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. As autarquias fazem parte da administração indireta, com autonomia para o desempenho de serviço público descentralizado; como regra somente são destinadas a ela atividades típicas da administração.

b) Certo. As autarquias possuem autonomia administrativa; não há uma hierarquia em relação às entidades que as criaram (não há subordinação entre elas, mas simples vinculação), porém há um controle político, exercido nos limites da lei (controle finalístico).

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c) Certo. Tais atividades são de interesse público, ao contrário das atividades industriais ou econômicas.

d) Errado. Todas as entidades mencionadas pertencem à Administração Indireta ou Descentralizada, acrescentando-se, nesta relação, as Fundações Públicas.

e) Errado. A lei instituidora pode conferir a determinadas autarquias privilégios específicos e maior autonomia comparativamente com as demais autarquias, hipótese das chamadas autarquias de regime especial (ex: BACEN).

QUESTÃO 07 (Questão da CESPE, mas adaptada pelo professor) A respeito das fundações públicas, julgue os itens subsequentes.

a) Como regra, são instituídas para a prestação de serviços atípicos do Estado, mas sempre de interesse coletivo, como assistência educacional, saúde, cultura, pesquisa, etc.

b) Podem ser pessoas jurídicas de direito público e de direito privado.

c) Suas áreas de atuação devem estar definidas por lei complementar.

d) Constituem uma universalidade de bens personalizada, destinada a um fim específico.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. Prescreve o art. 62, parágrafo único, CC que uma fundação (de direito público ou privado) somente poderá ser constituída para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

b) Certo. As de direito público estariam previstas no art. 41, V, CC (demais entidades de caráter público) e no Decreto-Lei 200/67. As de direito privado estão previstas no art. 44, III, CC.

c) Certo. É o que determina o art. 37, XIX, CF/88.

d) Certo. A fundação é uma universalidade de bens (segundo a doutrina: universitas bonorum). Elas resultam da afetação de um patrimônio (e não da união de indivíduos), personificados em atenção fim que lhe dá unidade. Em outras palavras: na fundação o que é importante é o seu patrimônio, destinado a uma determinada finalidade que lhe dá unidade.

QUESTÃO 08 (CESPE UnB – TRT/ES – Analista Judiciário – 2009) Julgue o item a seguir.

a) Nas associações, não há direitos e obrigações recíprocos entre os associados.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. O parágrafo único do art. 53 do Código Civil dispõe que “não há direitos e obrigações recíprocos entre os associados”. Assim, em uma associação, a relação obrigacional se dá de modo vertical entre associação e associado, e não entre os associados.

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QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – Tribunal de Contas da União – Auditor de Controle Externo – 2011) Julgue os itens seguintes, a respeito da disciplina do direito civil.

a) A personalidade civil da pessoa natural começa com a concepção, pois, desde esse momento, já começa a formação de um novo ser, sendo o nascimento com vida mera confirmação da situação jurídica preexistente. Nesse sentido, o Código Civil adota, a respeito da personalidade, a teoria concepcionista.

b) O nome é a designação que distingue a pessoa das demais e a individualiza no seio da sociedade. O Código Civil brasileiro tutela o nome, em razão do seu aspecto público, mas não o sobrenome, que se refere à ancestralidade, aspecto irrelevante para o direito.

c) A sede jurídica de uma pessoa é denominada domicílio, entendendo-se como tal o lugar onde a pessoa pode ser encontrada para responder por suas obrigações. Juridicamente, domicílio equivale a residência, morada ou habitação.

d) O início da existência legal da pessoa jurídica de direito privado se dá com a formalização do seu ato constitutivo, que pode ser tanto a celebração do contrato social, no caso das sociedades, quanto a lavratura do estatuto, no caso das associações.

e) O que caracteriza a fundação é a sua finalidade, que não pode ser econômica, mas religiosa, moral, cultural, assistencial, desportiva ou recreativa. Nesse sentido, o patrimônio é dispensável para a constituição de uma fundação.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Embora haja opiniões divergentes, o Brasil adotou a teoria natalista, uma vez que a personalidade civil tem início com o nascimento com vida. No entanto o rigor da norma foi quebrado, pois o mesmo dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde sua concepção.

b) Errado. Os arts. 17 e 18, CC protegem o nome da pessoa. E o art. 16, CC estabelece que o nome compreende o prenome e o sobrenome. Portanto nossa lei, evidentemente, protege também o sobrenome. Aliás, o art. 19, CC protege até o pseudônimo para atividades lícitas.

c) Errado. Enquanto a residência é uma situação de fato (lugar em que a pessoa se estabelece habitualmente, com a intenção de permanecer), domicílio é um conceito jurídico, sendo a sede da pessoa (natural ou jurídica), onde se presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos.

d) Errado. Estabelece o art. 45, CC que começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

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e) Errado. As fundações são universalidades de bens, pois resultam da afetação de um patrimônio (e não da união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade. Para a sua criação é essencial a dotação de bens livres.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – TRT/21ª – Analista Judiciário – 2011) Em relação às pessoas jurídicas e domicílio, julgue os itens subsequentes.

a) Embora a pessoa jurídica fixe no estatuto o seu domicílio, este não é imutável.

b) A partir de uma interpretação teleológica do art. 50 do Código Civil de 2002, a jurisprudência tem entendido ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo seu sócio controlador.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. Estabelece o art. 75, CC que “quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: (...) IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos”. E o §1° deste artigo estabelece que tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

b) Certo. Questão doutrinária. Fala-se em desconsideração inversa, quando se vincula o patrimônio da pessoa jurídica, para responsabilizá-la por uma obrigação contraída pelo sócio. Ex.: uma pessoa muito rica transfere todos os seus bens para uma Pessoa Jurídica da qual possui o controle absoluto. Assim, embora tecnicamente não seja proprietário dos bens, continua a desfrutar de todos eles. E se a pessoa física contrair uma dívida, em tese, o credor não pode executar tais bens, pois eles não são dela, mas sim da pessoa jurídica. O devedor assim procede para lesar a pessoa de quem pediu o dinheiro emprestado ou para livrar os bens de uma futura partilha em uma separação judicial. Por meio da “desconsideração inversa” se desconsidera a pessoa jurídica, para que a mesma responda com o seu patrimônio perante terceiros, pelas dívidas contraídas pela pessoa física.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – Analista Processual – Ministério Público do Estado do Piauí – 2012) Julgue o item que se segue, relativo a pessoas jurídicas.

a) Todo grupo social constituído para a consecução de uma finalidade comum é dotado de personalidade, como a massa falida, por exemplo, que é representada pelo síndico.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Nem todo grupo que objetiva um determinado fim é dotado de personalidade jurídica. Os grupos despersonalizados constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e bens, sem personalidade jurídica. No entanto, apesar de não terem personalidade, possuem capacidade para postular em juízo (capacidade postulatória). A massa falida é um destes

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exemplos. No entanto, quem atualmente a representa é o administrador judicial (e não mais o síndico).

EXERCÍCIOS DE BANCAS VARIADAS

01) (ESAF – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – Analista de Comércio Exterior – 2012) Sobre as pessoas jurídicas, assinale a opção CORRETA.

a) são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, cabendo ao poder público conceder ou negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. b) são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas, as fundações e os partidos políticos. c) são pessoas jurídicas de direito privado, entre outras, as sociedades civis, religiosas, científicas, literárias e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional. d) as pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. e) prescreve em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

Comentários:

A letra “a” está errada, pois, nos termos do art. 44, §1°, CC, é vedado ao poder público negar o reconhecimento e/ou registro dos atos constitutivos e necessários ao funcionamento das organizações religiosas. A letra “b” está errada, pois os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, V, CC) e não de direito público interno. Além disso, poderia haver polêmica quanto à fundação, pois o examinador foi genérico. A letra “c” está errada, pois as pessoas regidas pelo direito internacional não são pessoas jurídicas de direito privado, mas sim pessoas jurídicas de direito público externo (art. 42, CC). A letra “d” está correta nos exatos termos do art. 40, CC. Finalmente a letra “e” está errada, pois o examinador usou a palavra prescreve, quando o correto seria afirmar “decai”, nos termos do art. 45, parágrafo único, CC. Gabarito: “D”.

02) (ESAF – Fiscal de Rendas - Prefeitura do Rio de Janeiro ISS/RJ – 2010) Assinale a opção CORRETA.

a) o registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.

b) a capacidade de fato ou de exercício é inerente a todo o ser humano, já que é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

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c) as pessoas com mais de 70 anos são consideradas relativamente incapazes, pois a lei presume que elas não têm o necessário discernimento para praticar os atos da vida civil.

d) o recém-nascido, por não poder exercer pessoalmente os atos da vida civil, não pode ter direitos e obrigações de qualquer espécie.

e) os funcionários públicos consideram-se domiciliados no lugar onde exercem suas funções, mesmo que periódicas ou temporárias.

Comentários:

É o que prevê o art. 46, III, CC. As demais alternativas são recordações a aula anterior. Vejamos. A letra “b” está errada, pois a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações é a capacidade de direito (e não de fato ou exercício). A letra “c” está errada, pois a idade avançada não limita a capacidade. A letra “d” está errada, pois o recém-nascido, embora não tenha capacidade de exercício, possui capacidade de direito e, portanto, possui direitos e obrigações na esfera civil. A letra “e” está errada, pois o servidor público considera-se domiciliado no lugar em que exerce permanentemente suas funções (art. 76, parágrafo único, CC). Gabarito: “A”.

03) (MAGISTRATURA DE SÃO PAULO – CONCURSO 171) A ideia de personalidade exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim sendo, face ao direito positivo:

a) apenas o ser humano é dotado de personalidade.

b) todos os seres humanos e os entes morais (associações, sociedades e fundações) são dotados de personalidade.

c) apenas o ser humano com capacidade plena é dotado de personalidade.

d) o espólio, a massa falida e a herança jacente também são dotados de personalidade.

Comentários:

Todas as pessoas naturais (seres humanos, inclusive os absolutamente incapazes, pois basta nascer com vida) e as pessoas jurídicas (associações, sociedades, fundações, etc.) são dotadas de personalidade. Observem que o examinador usou a expressão “entes morais” como sinônimo de pessoas jurídicas. O art. 1° do CC prevê que toda pessoa (incluem-se as pessoas naturais e as jurídicas) é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Além disso, o art. 52, CC prescreve que aplica-se à pessoa jurídica, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Por esta razão as alternativas “a” e “c” estão erradas. A letra “a” porque afirma que somente o ser humano é dotado de personalidade. Já a letra “c” é pior, pois afirma que apenas o ser humano com capacidade plena é dotado de personalidade. Ora, mesmo os absolutamente incapazes possuem personalidade e até mesmo capacidade de direito. O que lhes falta é a capacidade de exercitar os seus direitos. A letra “d” também está errada. O espólio (que é a reunião dos bens deixados por uma pessoa que faleceu), a massa falida (que é a reunião dos bens que sobraram do falido) e a herança jacente e vacante (quando uma pessoa falece sem

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deixar herdeiros, os bens são arrecadados e não aparecendo herdeiro passam ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições ou ao domínio da União quando situados em território federal), são chamados de grupos despersonalizados, exatamente por não terem personalidade jurídica. Gabarito: “B”.

04) (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) Quanto aos direitos da personalidade:

a) aplicam-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas de direito público.

b) em nenhuma hipótese se aplicam às pessoas jurídicas.

c) aplicam-se no que couber às pessoas jurídicas.

d) é aplicável indistintamente às pessoas naturais e jurídicas.

e) aplicam-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas constituídas na modalidade de associações ou fundações.

Comentários:

Fundamento jurídico: arts. 1° e 52 do Código Civil. Gabarito: “C”.

05) (CESPE - OAB/SP – 2008) O conceito de pessoa jurídica pode ser entendido como o conjunto de pessoas ou de bens arrecadados que adquire personalidade jurídica própria por uma ficção legal. Entre as teorias que procuram justificar a existência da pessoa jurídica, a adotada no Código Civil de 2002 é a Teoria:

a) da realidade objetiva ou orgânica. b) da realidade técnica. c) da ficção. d) negativista.

Comentários:

Existem diversas teorias que tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa jurídica. A corrente majoritária acolheu a Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato e não como uma mera abstração. Por isso é reconhecida pelo Estado, com personalidade própria, distinta da de seus membros. Gabarito: “B”.

06) (FCC – TRF/1a Região – Técnico Administrativo – 2006) De acordo com o Código Civil brasileiro, as autarquias, os partidos políticos e a União, são, respectivamente, pessoas jurídicas de direito:

a) público interno, público interno e público externo. b) privado, público interno e público interno. c) público interno, privado e público interno. d) privado, público interno e público externo. e) público interno, privado e público externo.

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Comentários:

Segundo o Código Civil as pessoas jurídicas podem ser de direito público (interno ou externo) e de direito privado. O art. 41, CC enumera as pessoas jurídicas de direito público interno: a) União; b) Estados-membros, Distrito Federal e Territórios; c) Municípios; d) as autarquias, inclusive as associações públicas (Lei n° 11.107/05); e) as demais entidades de caráter público criadas por lei (que são as fundações públicas). Já o art. 44, CC enumera as pessoas jurídicas de direito privado: a) associações; b) sociedades (empresárias ou simples); c) fundações (particulares); d) organizações religiosas; (Lei n° 10.825/03); e) partidos políticos (Lei n° 10.825/03). Portanto, respondendo objetivamente a questão: autarquias →→→ direito público interno (embora de administração indireta); partidos políticos →→→ direito privado; União →→→ direito público interno (administração direta). Gabarito: “C”.

07) São pessoas jurídicas de direito público: a) União, Estados-membros, Municípios e Empresa Pública. b) União, Estados-membros, Municípios e Sociedades de Economia Mista. c) União, Estados-membros, Municípios Distrito Federal e Territórios. d) União, Estados-membros, Municípios, Autarquias e Empresas Públicas. e) União, Estados Membros, Fundações, Autarquias e Sociedades Civis sem finalidade lucrativa.

Comentários:

Notem que essa alternativa está correta, mas refere-se apenas às pessoas jurídicas de direito público de administração direta. Lembrem-se que as autarquias, as associações Públicas e as fundações públicas (que são entidades de caráter público, instituídas por lei) também são de direito público, porém de administração indireta. Recordando: a União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais. Já o Distrito Federal é a capital da União, sendo equiparado a um Estado federado por ser sede da União, tendo administração, autoridade e leis próprias atinentes aos serviços locais. Também os Municípios legalmente constituídos, pois, têm interesses e economia peculiares. Por último os Territórios, que embora não existam no momento, podem ser criados a qualquer tempo, desde que haja Lei Complementar autorizando (art. 18, §2°, CF/88). Já quanto às empresas públicas e as sociedades de economia mista (alternativas “a”, “b” e “d”) não há dúvida alguma de que são pessoas jurídicas de direito privado; realizam atividade econômica. Finalmente pode-se afirma que não existem mais as ‘sociedades civis sem finalidade lucrativa’ (letra “e”). Se for sociedade, já está implícito que ela é com finalidade lucrativa; visa o lucro. As associações é que não têm essa finalidade lucrativa. Mas seja uma sociedade (simples ou empresária), seja uma associação, ambas são de direito privado (art. 44, CC). Gabarito: “C”.

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08) Assinale a alternativa que pode não corresponder a uma pessoa jurídica de direito público interno:

a) as Autarquias. b) os Municípios. c) as Associações. d) a União. e) as Fundações Públicas.

Comentários:

As associações, conforme o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de direito privado. No entanto, notem que o atual art. 41, inciso IV, CC, faz menção às “associações públicas” (inserida no CC pela Lei n° 11.107/05). O teste foi capcioso, pois só menciona o termo “associação”, não dizendo expressamente se era particular ou pública. Portanto devemos analisar a demais alternativas. Quanto às letras “a”, “b” e “d” (Autarquias, Município e União) não há dúvida alguma de que são pessoas jurídicas de direito público (elas estão arroladas no art. 41, CC). Já a letra “e” é que poderia complicar um pouco. Trata-se de mais uma “pegadinha”. Pois da leitura do art. 44, CC, nota-se que as fundações são pessoas jurídicas de direito privado. No entanto, existem também as fundações públicas. Estas estão inseridas como pessoas jurídicas de direito público, no tópico “demais entidades de caráter público criadas por lei”, mencionado no art. 41, inciso V, CC. Assim, embora não haja uma previsão expressa no texto legal, está subentendido que pode haver fundação pública. Por isso, esta alternativa também deve ser excluída. Assim, por exclusão, ficamos com a letra “c”. Gabarito: “C”.

09) (FCC – TRT/3a Região/MG – Analista Judiciário – 2005) São pessoas jurídicas de direito privado:

a) as sociedades de economia mista e as autarquias. b) as empresas públicas e os municípios. c) as fundações e o Distrito Federal. d) os partidos políticos e as organizações religiosas e) o condomínio edilício e as associações.

Comentários:

Notem que os partidos políticos e as organizações religiosas foram inseridas no art. 44, CC, como pessoas jurídicas de direito privado por força da Lei n° 10.825/03. A letra “a” está errada por causa das autarquias e a letra “b” por causa dos Municípios. Podemos dizer que nas letras “c” e “e” há uma ‘pegadinha’. A letra “c” se refere às fundações. Sabemos que elas podem ser particulares ou públicas (neste caso não há uma previsão expressa do Código; ela está subentendida na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”). Como a questão pede que se assinale as pessoas jurídicas de direito privado e também se admite a forma pública para elas, a alternativa acabou ficando errada. O mesmo ocorre com as associações que atualmente podem ter a forma pública (art. 41, IV, CC – inseridas pela Lei n° 11.107/05)

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ou particular (art. 44, I, CC). Lembrando que condomínio edilício é o condomínio de apartamentos. Gabarito: “D”.

10) (ESAF – Procurador do Banco Central – 2005) São pessoas jurídicas de direito público interno:

a) as fundações e as associações. b) somente a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. c) as empresas públicas e as sociedades de economia mista. d) as autarquias e as associações públicas. e) os partidos políticos e as autarquias.

Comentários:

Segundo o art. 41, CC, são pessoas jurídicas de direito público interno: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias, associações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei (que são as fundações públicas). Cuidado, pois a Lei n° 11.107/05 inseriu as associações públicas como nova modalidade de pessoa jurídica de direito público. Vejam como o examinador, de uma forma geral, gosta de ‘novidades’. A mencionada lei, que havia entrado em vigor naqueles dias, já foi exigida em um concurso. A letra “a” está errada, pois as fundações (de uma forma geral) e as associações (também de uma forma geral) são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, CC). A letra “b” está errada, pois embora as pessoas nela mencionadas sejam de direito público, não são apenas elas que estão no rol do art. 41, CC (a expressão “somente” está errada). A letra “c” está errada, pois embora não haja previsão expressa do Código neste sentido, não há dúvida alguma (aliás, trata-se de um caso raro de unanimidade na doutrina e na jurisprudência) de que as empresas públicas e as sociedades de economia mista sejam de direito privado. Apesar de terem capital público, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado; são regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art. 173, §19, CF/88), mas com as cautelas do direito público. Finalmente a letra “e” também está errada, pois embora as autarquias sejam de direito público, os partidos políticos são de direito privado (art. 44, CC, alterado pela Lei n° 10.825/03, que inseriu também as organizações religiosas como sendo de direito privado). Gabarito: “D”.

11) (ESAF – Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – 2006) As associações públicas são:

a) pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta. b) empresas públicas. c) autarquias federais especiais. d) agências reguladoras. e) pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta.

Comentários:

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Pelo nosso Código Civil as associações públicas são pessoas de direito publico interno (art. 41, inciso IV). E a doutrina as classifica como sendo de administração indireta. Gabarito: “A”.

12) (FCC – Procurador do Estado de Amazonas – 2006) A criação e funcionamento das organizações religiosas:

a) são livres; entretanto é permitido ao Poder Público negar reconhecimento dos seus atos constitutivos, permanecendo, neste caso, como entidades de fato.

b) dependem de autorização do Poder Público, que poderá negar-lhes reconhecimento se entender nocivas ou perigosas.

c) são livres, sendo vedado ao Poder Público negar-lhes reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

d) dependem de aprovação do Ministério Público para terem seus atos constitutivos registrados.

e) dependem do reconhecimento do Poder Público como entidades filantrópicas ou assistenciais.

Comentários:

A Lei n° 10.825/03 alterou o Código Civil, incluindo as organizações religiosas como pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, IV, CC). Já o §1° deste dispositivo determina que “são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”. Gabarito: “C”.

13) (FCC – Agente Fiscal de Renda – ICMS/SP – 2006) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes:

a) seu domicílio será considerado somente o lugar onde funcionar a respectiva diretoria. b) considerar-se-á seu domicílio, apenas, a Capital Federal. c) não possui domicílio. d) seu domicílio será considerado, apenas, o lugar onde funcionar o principal estabelecimento. e) cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

Comentários:

Em geral, o domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funciona sua respectiva diretoria e administração, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. No entanto o art. 75, §1°, CC prevê que tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade de domiciliar da pessoa jurídica, desde que ela tenha diversos estabelecimentos, como por exemplo, as agências, os escritórios de representação, etc. Gabarito: “E”.

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14) (FCC – Agente Fiscal de Renda – ICMS/SP – 2006) Considere as afirmações abaixo sobre as pessoas jurídicas:

I. Têm personalidade jurídica pública as autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

II. Constituída uma fundação por negócio entre vivos, se o instituidor não lhe transferir a propriedade dos bens dotados, serão registrados em nome da fundação por mandado judicial.

III. Constituem-se as associações particulares pela união de pessoas físicas ou jurídicas, que se organizam para fins não econômicos.

IV. Dissolvida a pessoa jurídica, promover-se-á o cancelamento de sua inscrição no registro onde estiver inscrita.

V. Salvo disposição em contrária no estatuto, a qualidade de associado é transmitida aos seus herdeiros, no momento da abertura da sucessão.

Está CORRETO o que se afirma apenas em:

a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) IV e V.

Comentários:

Estão corretas apenas o que se afirma nas alternativas II e III. Vamos analisar uma a uma. A afirmativa I está errada. As autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista fazem parte da administração indireta do Estado, mais isso não quer dizer que todas sejam pessoas jurídicas de direito público. As autarquias realmente são de direito público, mas as empresas públicas e sociedades de economia mista são de direito privado. Há uma unanimidade da doutrina quanto a isso. A afirmativa II está correta. O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os bens dotados; se não o fizer os bens serão registrados em nome dela por ordem judicial (art. 64, CC). Lembrem-se que a fundação pode ser criada a partir de uma escritura (negócio entre vivos ou inter vivos) ou por um testamento (causa mortis). A afirmativa III também está correta. As associações particulares se constituem pela união de pessoas, que se organizam para fins não econômicos (art. 53, CC). A única dúvida que poderia ocorrer é que a questão fala pessoas físicas ou jurídicas. O Código Civil fala apenas em pessoas, de uma forma genérica. Desta forma, nada impede que se admita interpretar esta expressão em um sentido mais amplo, englobando não só as pessoas físicas como as jurídicas. Nada impede que diversas pessoas jurídicas criem uma associação, com finalidade não econômica, mas com o objetivo de melhor representar seus interesses de classe. Costumo citar, entre outros, o exemplo da “ABIA”, que é a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, formada, portanto, por pessoas jurídicas. A afirmação IV está incorreta. A extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo; qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade. Porém, se houver

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dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Assim, mesmo dissolvida ela ainda continua a funcionar para os fins de liquidação. Somente quando encerrada a liquidação, ocorre o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Finalmente a afirmação V também está errada. Aliás, o que a lei prevê é exatamente o contrário. O art. 56, CC estabelece que a qualidade de associado é intransmissível, salvo se o estatuto dispuser de forma diversa. Gabarito: “C”.

15) (OAB – Exame Unificado – 2009) A sociedade simples difere, essencialmente, da sociedade empresária porque:

a) aquela não exerce atividade própria de empresário sujeito a registro, ao contrário do que ocorre nesta.

b) aquela não exerce atividade econômica nem visa ao lucro, ao contrário desta.

c) naquela, a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária, enquanto nesta, é sempre limitada.

d) aquela deve constituir-se apenas sob as normas que lhe são próprias, enquanto esta pode constituir-se utilizando-se de diversos tipos.

Comentários:

Segundo o art. 982, CC, salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria do empresário sujeito a registro e simples as demais. Gabarito: “A”.

16) (ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil – 2009) Na criação de fundação há duas fases:

a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, podendo revestir-se da forma particular, e a do registro público.

b) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, pois requer instrumento particular ou testamento, e a do assento no registro competente.

c) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, e a da aprovação do Poder Executivo Federal.

d) a da elaboração do estatuto por ato inter vivos (instrumento público ou particular), sem necessidade de conter a dotação especial, e a do registro.

e) a do ato constitutivo, que só pode dar-se por meio de escritura pública ou testamento, e a do registro.

Comentários:

Para se criar uma fundação, é necessário que o seu instituidor o faça por escritura pública ou testamento (art. 62, CC). Este é o seu ato constitutivo. Depois, como se trata de uma pessoa jurídica de direito privado, deve o ato constitutivo ser inscrito no seu respectivo registro (art. 45, CC). As letras “a”, “b” e “d” estão erradas, pois mencionam a forma ou instrumento particular

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(deve ser público). A letra “c” está errada, pois não há interferência do Poder Executivo para criação da fundação. Gabarito: “E”.

17) (FCC – Magistratura do Trabalho – 20 Região/SE – 2012) Analise as afirmações abaixo.

I. Sem exceções, os direitos da personalidade são intransmissíveis.

II. As pessoas jurídicas não são abrangidas pela proteção dos direitos da personalidade.

III. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

IV. As organizações religiosas são consideradas pessoas jurídicas de direito privado.

Estão CORRETAS as afirmações

a) I, II, III e IV.

b) I, III e IV, apenas.

c) II, III e IV, apenas.

d) II e IV, apenas.

e) III e IV, apenas.

Comentários:

O item I está errado, pois vimos na aula passada que o art. 11, CC dispôs que com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. O item II está errado, pois prevê o art. 52, CC que se aplica às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. O item III está correto, pois é exatamente isso o que estabelece o art. 42, CC. O item IV está correto nos termos do art. 44, IV, CC. Gabarito: “E”.

18) (ESAF – Auditor-Fiscal do Trabalho – 2010) Assinale a opção INCORRETA.

a) as pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado são regidas, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelo Código Civil, salvo disposição em contrário.

b) a existência civil das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

c) nos atos judiciais e extrajudiciais, as pessoas jurídicas serão representadas, ativa e passivamente, por quem os respectivos estatutos designarem, porém, não havendo designação estatutária, serão representadas pelos seus prepostos.

d) as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros,

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ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

e) a constituição das pessoas jurídicas de direito privado pode ser anulada, por defeito do ato respectivo, dentro do prazo decadencial de 3 anos, contado a partir da data da publicação de sua inscrição no registro.

Comentários:

Como regra, as pessoas jurídicas são representadas, nos atos judiciais e extrajudiciais pela pessoa indicada em seu ato constitutivo. Na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. A previsão da representação da pessoa jurídica se extrai de forma indireta, dos arts. 46, V e 47, CC e de forma expressa do art. 12, incisos I e II (pessoas jurídicas de direito público) e inciso VI (pessoas jurídicas de direito privado) do Código de Processo Civil. Portanto, está errado afirmar que a representação se dá pelo preposto. A alternativa “a” está correta, pois é o que prescreve expressamente o parágrafo único do art. 41, CC. A letra “b” está correta nos termos do art. 45, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 43, CC. E a letra “e” está correta nos termos do parágrafo único do art. 45, CC. Gabarito: “C”.

19) (Fundação Getúlio Vargas – Advogado – Banco do Estado de Santa Catarina) No que diz respeito às pessoas jurídicas, assinale a afirmativa CORRETA.

a) as pessoas jurídicas não têm existência distinta das dos seus membros.

b) os sócios, individualmente, têm legitimidade para defender os interesses da sociedade, em nome próprio, contra terceiros.

c) serão representadas em juízo apenas ativamente, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.

d) serão representadas em juízo apenas passivamente, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.

e) a teoria da desconsideração da pessoa jurídica é aplicável em caso de abuso na utilização da entidade para prejudicar terceiros ou fraudar a lei.

Comentários:

Trata-se do art. 50, CC. A letra “a” está errada, pois a desconsideração da pessoa jurídica é a exceção. Ainda vigora a regra de que as pessoas jurídicas possuem existência distinta da de seus membros. A letra “b” está errada, pois os sócios não têm legitimidade individual para defender os interesses da pessoa jurídica. A representação da pessoa jurídica deve ser feita por uma pessoa física, que irá exteriorizar a sua vontade. Em regra essa pessoa é a indicada no próprio ato constitutivo da pessoa jurídica; na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. As letras “c” e “d” estão erradas, pois a representação judicial ou extrajudicial se dá ativa e passivamente. Gabarito: “E”.

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20) (VUNESP – Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – 2011) Para ser reconhecida a desconsideração da personalidade jurídica, no Código Civil, é necessário:

a) abuso da pessoa jurídica, mediante sua utilização por dolo do titular da empresa, caracterizado pela má administração. b) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. c) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade e pela confusão patrimonial. d) negligência dos administradores, mesmo quando não exerçam o cargo de diretores, caracterizando-se no desvio de finalidade.

Comentários:

Trata-se da letra fria da lei (art. 50, CC). A desconsideração será cabível sempre que houver abuso da personalidade jurídica, quando esta se caracterizar exatamente pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. O juiz não pode decidir sem ser provocado (ex officio). Lembrando que o Ministério Público pode requerer a desconsideração quando lhe couber intervir. A desconsideração não pode ser genérica, mas sim para atingir os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações, alcançando bens de administradores ou sócios da pessoa jurídica. Gabarito: “B”.

21) (FCC – Defensor Público/RS – 2011) Assinale a alternativa que contém a afirmação correta em relação ao assunto indicado. Pessoas jurídicas de direito privado, seu processo de personificação e desconsideração de sua personalidade jurídica.

a) não se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade. b) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, sendo exigível, em regra, autorização estatal para a sua criação e personificação. c) nos termos do Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica exige a comprovação do abuso da personalidade jurídica, sendo prescindível, nesses casos, a demonstração de insolvência da pessoa jurídica. d) é cabível a desconsideração da personalidade jurídica "inversa", visando a alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. e) a teoria da desconsideração da personalidade jurídica não alcança as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos.

Comentários:

Questão com certa carga doutrinária. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 52, CC, que se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, no que couber. A letra “b” está errada, pois esta exigência é a título excepcional, nos termos do art. 45, CC. A letra “d” está errada, pois pela teoria da “desconsideração inversa” se desconsidera a pessoa jurídica, para que esta responda com o seu patrimônio (e não com os bens do sócio, como

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na alternativa) perante terceiros. Finalmente a letra “e” está errada, pois entende a doutrina que a desconsideração também atinge pessoas jurídicas sem finalidade lucrativa. A alternativa correta é a letra “c” nos termos do art. 50, CC. Gabarito: “C”.

22) (ESAF – Analista Jurídico – Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará – 2006) Para que uma fundação particular adquira personalidade jurídica será preciso:

a) elaboração de seu estatuto pelo instituidor ou por aquele a quem ele cometer a aplicação do patrimônio. b) aprovação do seu estatuto pelo Ministério Público. c) dotação e aprovação da autoridade competente com recurso ao juiz. d) dotação e registro do seu estatuto. e) dotação, elaboração e aprovação dos estatutos, e registro.

Comentários:

A alternativa “e” é a resposta correta e mais completa. Segundo o art. 62, CC, para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. O instituidor deve elaborar os estatutos ou designar alguém que o faça, sendo depois encaminhados ao Ministério Público para aprovação. A seguir a fundação será registrada. A propósito, para deixar a resposta completa devemos indicar também a leitura dos arts. 1.199 a 1.204 do Código de Processo Civil. Gabarito: “E”.

23) (ESAF – Auditor do Tribunal de Contas do Estado de Goiás – 2007) Assinale a opção abaixo que representa uma afirmação correta, consoante o ordenamento jurídico pátrio.

a) a morte presumida da pessoa natural não poderá ser declarada, sem que ocorra a decretação de ausência.

b) o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica dar-se-á a partir do início da sua dissolução, não sendo necessário aguardar o encerramento da liquidação.

c) o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, não se sujeita aos prazos decadenciais ou prescricionais.

d) um sócio de uma sociedade limitada não poderá ceder suas quotas a outro sócio, se não houver previsão expressa no contrato de constituição da sociedade.

e) é decadencial o direito de anular as decisões tomadas por órgão de administração coletiva de pessoa jurídica, quando eivadas de simulação.

Comentários:

Nos termos do art. 48, CC: “Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato

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constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude”. A letra “a” está errada, pois o art. 7°, CC estabelece duas hipóteses em que pode ser declarada a morte presumida da pessoa natural sem que ocorra a decretação de ausência. A letra “b” está errada, pois o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica somente ocorrerá após o término da liquidação, nos termos do art. 51, §3°, CC. A letra “c” está errada, pois o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, sujeita-se, sim, a prazos decadenciais. Segundo o art. 45, parágrafo único do CC, decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. A letra “d” não faz parte de nosso edital, no entanto a mesma está errada, pois prevê o art. 1.057, CC que na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Gabarito: “E”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS

CESPE/UnB – Certo ou Errado

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TRE/ES - Analista Judiciário - 2011) Com relação à existência legal e à extinção das pessoas jurídicas, julgue o item a seguir.

a) As pessoas jurídicas de direito privado passam a existir legalmente a partir da formalização do estatuto ou do contrato social, conforme a espécie a ser criada.

b) Nem todos os direitos de personalidade se aplicam às pessoas jurídicas.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2011) De acordo com a sistemática adotada pelo Código Civil, a personalidade da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Por outro lado, no que tange às pessoas jurídicas de direito privado, em especial as sociedades, a personalidade tem início com a formalização de seus atos constitutivos, mediante a assinatura do contrato social pelos seus sócios ou fundadores.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará - 2008) No que concerne ao direito de empresa, julgue o item abaixo.

a) As sociedades simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional, voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades podem ou não ter personalidade jurídica.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Defensor Público da União) A respeito das pessoas jurídicas, julgue o item abaixo.

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a) A desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade é permitida nos casos em que há desvio de seu objetivo social, independentemente da verificação de abuso da personalidade jurídica, da intenção de fraudar a lei ou de causar prejuízos à própria sociedade ou a terceiros. Por isso, depois de despersonalizada a sociedade, os bens particulares dos sócios e dos administradores respondem pela dívida da pessoa jurídica.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – questão adaptada pelo professor) Em relação às pessoas jurídicas, julgue os itens subsequentes.

a) A sociedade adquire personalidade jurídica no momento da celebração do contrato social.

b) Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.

c) O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

d) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social ou, alternativamente, por contribuição equivalente que consista em prestação de serviços.

e) O Direito Civil estende às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, no que couber, havendo possibilidade de, inclusive, sofrer dano moral.

f) As sociedades simples são aquelas que têm por objeto o exercício de atividades econômicas organizadas para a produção ou circulação de bens ou de serviços próprias de empresário.

QUESTÃO 06 (questão adaptada pelo professor) Em relação as autarquias, julgue os itens subsequentes:

a) Desenvolvem atividades típicas do Estado sendo criadas para a realização de serviços descentralizados da entidade instituidora, especialmente aquelas que requeiram para seu melhor funcionamento gestão financeira e administrativa própria.

b) Não são subordinadas hierarquicamente à entidade que as criou, sendo apenas a ela vinculadas, sujeitando-se, porém, ao chamado controle finalístico.

c) Podem desempenhar atividades educacionais e previdenciárias a elas outorgadas pela entidade instituidora.

d) Integram a chamada administração pública centralizada, ao contrário das empresas públicas e as sociedades de economia mista que fazem parte da Administração Centralizada.

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e) A lei instituidora não pode conferir privilégios a algumas autarquias em detrimento de outras; todas possuem o mesmo grau de autonomia.

QUESTÃO 07 (questão adaptada pelo professor) A respeito das fundações públicas, julgue os itens subsequentes.

a) Como regra, são instituídas para a prestação de serviços atípicos do Estado, mas sempre de interesse coletivo, como assistência educacional, saúde, cultura, pesquisa, etc.

b) Podem ser pessoas jurídicas de direito público e de direito privado.

c) Suas áreas de atuação devem estar definidas por lei complementar.

d) Constituem uma universalidade de bens personalizada, destinada a um fim específico.

QUESTÃO 08 (CESPE UnB – Analista TRT/ES – 2009) Julgue o item a seguir.

a) Nas associações, não há direitos e obrigações recíprocos entre os associados.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – Tribunal de Contas da União – Auditor de Controle Externo – 2011) Julgue os itens seguintes, a respeito da disciplina do direito civil.

a) A personalidade civil da pessoa natural começa com a concepção, pois, desde esse momento, já começa a formação de um novo ser, sendo o nascimento com vida mera confirmação da situação jurídica preexistente. Nesse sentido, o Código Civil adota, a respeito da personalidade, a teoria concepcionista.

b) O nome é a designação que distingue a pessoa das demais e a individualiza no seio da sociedade. O Código Civil brasileiro tutela o nome, em razão do seu aspecto público, mas não o sobrenome, que se refere à ancestralidade, aspecto irrelevante para o direito.

c) A sede jurídica de uma pessoa é denominada domicílio, entendendo-se como tal o lugar onde a pessoa pode ser encontrada para responder por suas obrigações. Juridicamente, domicílio equivale a residência, morada ou habitação.

d) O início da existência legal da pessoa jurídica de direito privado se dá com a formalização do seu ato constitutivo, que pode ser tanto a celebração do contrato social, no caso das sociedades, quanto a lavratura do estatuto, no caso das associações.

e) O que caracteriza a fundação é a sua finalidade, que não pode ser econômica, mas religiosa, moral, cultural, assistencial, desportiva ou recreativa. Nesse sentido, o patrimônio é dispensável para a constituição de uma fundação.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – TRT/21ª - Analista Judiciário - 2011) Em relação às pessoas jurídicas e domicílio, julgue os itens subsequentes.

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a) Embora a pessoa jurídica fixe no estatuto o seu domicílio, este não é imutável.

b) A partir de uma interpretação teleológica do art. 50 do Código Civil de 2002, a jurisprudência tem entendido ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo seu sócio controlador.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – Analista Processual – Ministério Público do Estado do Piauí – 2012) Julgue o item que se segue, relativo a pessoas jurídicas.

a) Todo grupo social constituído para a consecução de uma finalidade comum é dotado de personalidade, como a massa falida, por exemplo, que é representada pelo síndico.

GABARITO “SECO” TESTES CESPE/UnB

Questão 01 a) Errado b) Certo

Questão 02 a) Errado

Questão 03 a) Errado

Questão 04 a) Errado

Questão 05 a) Errado b) Certo c) Certo d) Errado

e) Certo f) Errado

Questão 06 a) Certo b) Certo c) Certo d) Errado e) Errado

Questão 07 a) Certo b) Certo c) Certo d) Certo

Questão 08 a) Certo

Questão 09 a) Errado b) Errado c) Errado d) Errado e) Errado

Questão 10 a) Certo b) Certo

Questão 11 a) Errado