O papel da mulher na idade média

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1. INTRODUÇÃO O grupo escolheu para a realização desse trabalho, o papel da mulher na sociedade medieval, especificamente entre os séculos X e XV, movidos pelo desafio de mostrar a construção do feminino e sua imagem por meio de diferentes caminhos. Dentre as diversas possibilidades escolhemos trabalhar com as muitas faces femininas no medievo, entre elas, as duas mulheres de Adão: Lilith e Eva, a representação no amor idealizado, na prostituição, no casamento e os rituais e simbologias que as afetavam. Esse é um material recheado de informações como lutas de classes, a idealização da mulher e como a mesma era vista pela sociedade e igreja. Seja pelo tratamento que recebiam ou no modo que deveriam agir, fosse no privado ou em sociedade; em tudo a mulher era considerada naturalmente “inferior”. Para a sociedade a primeira virtude a ser ensinada a uma dama deveria ser a obediência, fazendo uso das mulheres bíblicas demonstrava-se que a desobediência só causava mal as pessoas, tudo isso tinha por finalidade impedir a independência feminina. Sobre a prostituição, levamos em conta como a igreja idealizava o sexo, nos perguntamos como eram vistas as prostitutas perante a sociedade, como elas deveriam ser tratadas e também analisamos o funcionamento dos bordeis e descobrimos quem eram seus frequentadores. Sendo assim, tentaremos nesse trabalho abordar de forma

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1. INTRODUÇÃO

O grupo escolheu para a realização desse trabalho, o

papel da mulher na sociedade medieval, especificamente

entre os séculos X e XV, movidos pelo desafio de mostrar a

construção do feminino e sua imagem por meio de diferentes

caminhos.

Dentre as diversas possibilidades escolhemos trabalhar

com as muitas faces femininas no medievo, entre elas, as

duas mulheres de Adão: Lilith e Eva, a representação no

amor idealizado, na prostituição, no casamento e os rituais

e simbologias que as afetavam. Esse é um material recheado

de informações como lutas de classes, a idealização da

mulher e como a mesma era vista pela sociedade e igreja.

Seja pelo tratamento que recebiam ou no modo que

deveriam agir, fosse no privado ou em sociedade; em tudo a

mulher era considerada naturalmente “inferior”. Para a

sociedade a primeira virtude a ser ensinada a uma dama

deveria ser a obediência, fazendo uso das mulheres bíblicas

demonstrava-se que a desobediência só causava mal as

pessoas, tudo isso tinha por finalidade impedir a

independência feminina. Sobre a prostituição, levamos em

conta como a igreja idealizava o sexo, nos perguntamos como

eram vistas as prostitutas perante a sociedade, como elas

deveriam ser tratadas e também analisamos o funcionamento

dos bordeis e descobrimos quem eram seus frequentadores.

Sendo assim, tentaremos nesse trabalho abordar de forma

clara como que se deu a criação da imagem da mulher de

diferentes níveis sociais na sociedade medieval.

2. PROBLEMATIZAÇÃO

No imaginário social a prostituição é vista como

profissão mais antiga, a partir disso é possível

estabelecer uma relação entre esse ofício e a idade média?

Prevalece a marginalização por causa do pensamento

religioso?

Entre amor e regras matrimoniais o que é possível

deduzir? O que prevalece? É o interesse familiar? De terra?

Ou é o amor?

Quais são as convenções e regras do amor? Como as

relações amorosas resistiriam a essas convenções?

É possível falar em submissão feminina?

Como que o imaginário atual trabalha o medieval? Como as

mulheres são representadas? Elas aparecem ou são somente

figurantes?

Com base nesses questionamentos, nosso grupo se propõe a

realizar uma análise da condição feminina durante este

período tão longo chamado de idade Média, falaremos sobre a

construção da imagem feminina tomando por base a figura das

duas mulheres de Adão e as mulheres dos contos de fada,

tentaremos levantar os motivos que levaram os cineastas da

atualidade a repensarem essas historias e como a

prostituição, a profissão mais antiga do mundo que se tem

noticia foi uma importante aliada da igreja na tarefa de

manter a sanidade dos homens.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO

“A alma de uma mulher e a alma de uma porca são

quase o mesmo, ou seja, não valem grande coisa.” (Arnaud

Laufre)

“Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-

lo.” (Bernard de Molas)

“Quem bate numa mulher com uma almofada, pensa aleijá-la e

não lhe faz nada”.(Provérbio da época)

Na Idade Média, a maior parte dos conceitos e ideias

eram elaborados pelos Escolásticos. Tudo que temos

referente às mulheres nessa época foram criados por eles,

homens da Igreja. A mulher para eles era um ser aproximado

da carne e dos sentidos, porque os religiosos se apoiavam

no Pecado Original de Eva, para ligá-la à corporeidade e

inferiorizá-la. Isso porque, conforme o texto bíblico, Eva

foi criada da costela de Adão, sendo, por isso, dominada

pelos sentidos e os desejos da carne. Devido a essa visão,

acreditava-se que ela foi criada coma única função de

procriar. A principal preocupação no início da Idade Média

era mantê-las virgens, e afastar o clero das mesmas, que

eram consideradas demoníacas e a figura da tentação.

Consequentemente a isso, as mulheres eram vistas como a

disseminadora do mal. Na heresia, ao contrário das normas

da Igreja, existia espaço para a pregação ao sexo feminino.

Em uma das doutrinas hereges, as mulheres poderiam se

tornar “perfeitas”, um grau superior nesta doutrina. Ao que

tudo indica, esta mulher “perfeita” poderia prestar os

mesmos serviços espirituais que um homem, tendo os mesmos

direitos e o mesmo apoio que eles gozavam. Outra questão

que levava a marginalidade feminina era a prostituição. A

prostituição resolvia o problema dos jovens. A difusão da

prostituição em meio urbano diminui a turbulência

característica desse grupo. O recurso aos “casarões

noturnos” diminuiu a possibilidade de estupros e violências

generalizadas cometidas jovens. Resolvia também o problema

da homossexualidade masculina.  A prostituição servia ainda

de remédio às fraquezas dos clérigos diante dos prazeres da

carne pública, o meretrício, mais que tolerado, foi

estimulado. Entretanto as “marcadoras do prazer” jamais

foram bem vistas. Pelo contrário, era preciso afastá-las

das “pessoas de bem”. Essa questão é discutida mais adiante

no trabalho.

A sociedade medieval (machista e guerreira) nutriu o

desprezo pelas mulheres. As diferenças sociais foram sempre

muito fortes quanto às diferenças de sexo. Podemos pegar

como exemplo, um nobre do século XIII, chamado Filipe de

Nevara, que indica cuidados necessários na educação de suas

filhas. Para ele, a primeira virtude que deveriam aprender

era a obediência – acreditavam-se que as mulheres nasciam

para ser obedientes. Outras virtudes deveriam ser

ensinadas, como exemplo, impedir de serem faladeiras,

ousadas e ambiciosas. Para ele, não precisavam ler e

escrever, porque corresponderiam aos rodeios e galanteios

dos homens. Por esses e outros motivos, não é possível

alinhar em um mesmo plano as condessas e castelãs com

servas e camponesas, ricas e burguesas com artesãs,

domésticas ou escravas. A estrutura familiar e da casa

lembravam uma monarquia, cuja dama, esposa do senhor, se

comporta como o marido em relação a seus dependentes,

tiranizando doméstica, e em condição de sogra,

menosprezando sua nora. Todas as mulheres na época eram

donas de casa, embora, em muitas das vezes, foram forçadas

pelas dificuldades e o tempo a desempenhar o papel ao lado

do marido, ou sem ele, nas diversas atividades fora do lar,

participando assim, de atividades econômicas.

Os homens possuíam todos os direitos possíveis,

enquanto a mulher não possuía nenhum, sendo assim,

menosprezada. A mulher nobre devia fidelidade ao marido.

Descumprindo, estava à mercê da pena de morte, enquanto o

homem possuía uma liberdade sexual incontestável. Os homens

que possuíam condições de manter concubinas quase não se

preocupavam com sua esposa e as repressões da Igreja.

Consequentemente surgiam bastardos que não possuíam direito

a herança, mas possuíam o mesmo vinculo com os filhos

legítimos.

A mulher nobre, voltada a interesses servindo de laço

entre famílias, era garantia de amizade entre beligerantes

reconciliados. O cavaleiro oferecia sua filha ou irmã a um

senhor para concluir aliança entre as famílias. Quando o

nobre morria, a viúva era entregue a um homem capaz de

proteger a sua terra. O sentimentalismo na época quase não

existia, a filha poderia se casar com o assassino de seu

pai, que a relação não mudaria. Por pouca personalidade que

a mulher nobre possuía, só exercia autoridade sobre outras

mulheres, se fossem do povo ou a pequena nobreza.

Constantemente, enquanto o homem não estava a governar o

castelo, ela tomava posse do lugar do mesmo. As camponesas

trabalhavam muito, cuidavam das crianças, fiavam a lã,

teciam e ajudavam a cultivar as terras. As mulheres com um

nível social mais alto tinham uma rotina igualmente

atribuída, pois administravam a família quando seus maridos

estavam fora em luta contra os vizinhos ou em cruzadas à

Terra Santa. Atendimento aos doentes, educação das crianças

também eram tarefas femininas, assim como atribuída a

Igreja.

A mulher guerreira inspirava simpatia à sociedade,

onde a moral militar era o símbolo do maior de todos os

valores morais. Nesse período o lugar da mulher na Igreja

apresentou algumas diferenças daquele ocupado pelo homem,

mas este foi um lugar iminente, que simboliza, por outro

lado, (techo que tirei. Devida a pobreza relativa a vida

senhorial, a mulher não se sobressaia nas artes de agradar,

e nem mesmo em atividades femininas, a não ser a de dona de

casa. Elas bebiam e comiam com os homens. Quando chegava

visita em casa, a filha servia bebida e até mesmo ajudava a

dar banho no hóspede. Tratada como subalterna na Idade

Média por causa de sua fraqueza física, ela tinha de ser um

pouco viril, pois agia e pensava como o homem. Essa

virilidade, voltada com desejos femininos, faz com que

surgisse o amor cortês, a partir do surgimento do amor da

guerra. Relacionada ao duelo, ao sacrifício, toda a

glorificação guerreira. Muitas mulheres queriam seguir esse

ramo na época, mas poucas foram boas em se mostrarem

capazes. Mesmo tendo um posto de guerreira, elas eram

humilhadas e menosprezadas porque a sociedade acreditava

que somente os homens estavam destinados a tais condições.

A fecundidade era considerada como um mal necessário.

Ela é considerada o responsável pelo pecado original, e

também pelas formas da tentação diabólica. O papel da

mulher nessa época nos movimentos heréticos ou para-

heréticos, é sinal de sua insatisfação. Primeiro por não

ser útil como o homem no que diz respeito ao trabalho. Na

classe superior, as mulheres possuíam posições mais nobres

não deixando de desenvolver atividades econômicas; são elas

as operárias têxteis dos senhores e acompanhantes. As

grandes damas tiveram uma vida luxuosa. A virgem é uma

mulher bela e feminina, modelo de beleza divina, seguindo

os modelos de cristo e sua mãe. O casamento combatia a

homossexualidade, que era considerado o pior pecado sexual,

que era visado apenas ao prazer e não a procriação.

Qualquer que fosse a classe social da pessoa no século XI,

o casamento era um ritual eclesiástico. Obrigado apenas a

partir do século XVI.

As filhas eram excluídas de sucessão, quando

contraiam matrimônio recebiam um dote, constituído de bens

que seriam administrados pelo marido. As mulheres não

tinham muitas opções: ou se casavam ou iam para o convento.

Contudo, o convento era para uma minoria de alta classe que

pagavam taxas bastante caras para se tornarem freiras.

Deveriam saber bordar e fiar. Se a jovem fosse pobre,

precisaria para saber sobreviver, e se nobre, para conhecer

tais atividades para administrar o serviço de seus

empregados domésticos. Em outras palavras, eram ensinadas e

deveriam ser preparadas para serem as rainhas do lar. A

linhagem beneficiava apenas componentes do sexo masculino,

e a herança só era passada para o primogênito, isso como

forma de evitar a divisão dos bens da família. Quando a

mulher se casava passava a fazer parte da família do

esposo. Nessa nova família, quando viúva, não tinha direito

à herança.

Seguramente, na concepção dos religiosos, o marido que

amasse excessivamente sua esposa era visto como

adúltero. Não deveria usá-la como se fosse uma prostituta.

A mulher não podia tratar o marido como se ele fosse seu

amante. Por intermédio do casamento, o corpo da mulher

passava a pertencer ao seu esposo. Mas a alma dela deveria

sempre permanecer na posse de Deus. Aos homens, pais ou

maridos cabia o direito de castigá-las como uma criança, um

doméstico, um escravo.  Este desdém revela ao mesmo tempo

desconfiança e temor. Os homens receavam o adultério por

parte da esposa. Temiam que lhes oferecessem certos filtros

mágicos que os levassem a impotência, esterilidade, esta,

que assustava os homens. Como os homens temiam as mulheres,

as mesmas tinha um quarto separado na casa. Depois do

jantar os mesmos iam aos seus aposentos e ali tinham as

suas relações sexuais. Esses quartos não eram considerados

um local de divertimento, era mais uma solitária, porque

ali, ficavam sozinhas. Essas mulheres tinham uma divisão

equilibrada entre o trabalho e a oração. Era no quarto que

faziam o artesanato, que eram de suas mãos que saíam todos

os enfeites do corpo e os tecidos ornamentados que

decoravam o quarto, a sala, a capela.

Podemos notar a participação das mulheres em

diferentes situações e condições dependendo da sua condição

e grupo social a que pertenciam. Contudo, havia pontos em

comum que as identificam, principalmente nos traços

familiares, sendo mães, esposas, filhas e/ou viúvas. Essa

parte feminina da família constitui um Estado no Estado,

escapando as ordens e o poder de qualquer outro, salvo do

chefe da casa. Submetidas e espancadas, elas não deixam de

conservar o poder que tem na família, que as reflexões

humanas consolidam em parte.

4. ANALISE DOCUMENTAL: A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM FEMININA EM

LILITH E EVA

O Homem foi criado no sexto dia da criação, o que nós

denominamos de sexta feira, considerado a joia da coroa da

criação, a imagem e semelhança de Deus, mas ele não foi o

único ser criado naquela tarde. Em Gênesis 1:27 lemos: “E

criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou;

homem e mulher os criou.  ACF”1 esse é um dos versículos1 Trecho retirado da Biblia Sagrada tradução de João Ferreira de Almeida Corrigida e Revisada Fiel

mais contraditórios da bíblia judaico-cristã, ele nos leva

a pensar: por que há uma menção a mulher nesse versículo se

Eva só foi formada no capitulo 2?

Uma das explicações seria a que Adão era andrógeno,

mas ela não vem ao caso, à outra explicação, a que nós

utilizaremos é que Eva não foi a primeira mulher criada por

Deus. Depois de estender a mão provavelmente sobre as

terras do Monte Moriá, e misturar essa poeira fina contendo

terra, das quatro partes do mundo e borrifar com a água de

todos os rios existentes, Jeová pega essa massa de “epher,

dam, marah (pó, sangue e bile)”2 e forma o primeiro homem,

Deus começa a formar de uma mistura menos pura contendo

fezes e outras imundices a primeira mulher: Lilith, ela

começa a nascer quase no por do sol da sexta feira e é o

ultimo ser formado completamente, contendo um corpo e uma

alma, depois dela são criados os demônios que ficaram

inacabados, sendo composto apenas por uma alma porque o sol

entrou e teve inicio o Sabah, o dia sagrado dos judeus, por

isso eles ficam sem um corpo.

Lilith era tida como insubordinada e rebelde por Adão,

a primeira mulher era descrita como “cheia de sangue”, ou

seja, ela adorava o ato sexual sem pudor, mas não gostava

de ficar por baixo e sempre questionava ao homem o porque

dela ter que ser submissa a eles se os dois eram formados

do mesmo elemento, o barro. Lendo o livro “Eva e os Padres”

encontramos a seguinte passagem: “[...] Alegria é o que faz

2 SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 13

o esposo na esposa. Apenas ele, ativo, senhor do jogo.”3

Por ser considerado o mandante na hora da relação sexual,

Adão não aceitava ficar por baixo e em uma das brigas com

Lilith ela espera ele cair no sono e foge do paraíso indo

em direção à morada dos demônios no mar Vermelho.

Adão reclama para Deus que sua mulher fugiu e o

Criador envia anjos para buscarem a rebelde. Ela se recusa

a voltar e é castigada por Jeová que a transforma

definitivamente em um demônio e lhe dá a promessa: todos os

seus filhos morrerão. Por causa disso, Lilith coloca sua

vingança contra Deus em pratica e passa a vagar pelo mundo

matando crianças, atormentando mulheres gravidas e

seduzindo homens sozinhos, seu corpo é descrito como:

“Em certos textos Lilith vem descrita como o

principal demônio feminino, com um corpo

prorompente de sensualidade, olhos fulgurantes,

braços brancos cobiçantes; a boca e a vagina vibram

como ventosas macias emanando vertiginosos perfumes

do prazer.”4

Inúmeras são as descrições de Lilith, além da

transcrita a cima, era conhecida também como o “vento do

sudoeste”, um vento que soprava quente e perturbador, vindo

do fundo do deserto da Arábia.

Seus ataques noturnos aos homens eram terríveis e

malévolos, algumas vitimas descreveram que ficaram3 DUBY, Georges. Eva e os Padres. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Pp 404 SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 47

sufocados com o peso dela e que foram obrigados a olhar

diretamente em seus olhos, ninguém conseguia escapar por

forças próprias dos ataques de Lilith, a única forma de se

proteger das garras do demônio era pronunciando

encantamentos. Quando a vitima acordava, seu despertar era

sempre penoso, uma tristeza profunda e um enorme cansaço se

instalava nos pobres homens que caiam em suas garras. Ela

era “Lil” o incubo e suas vitimas se tornavam “Lilit” o

súcubo. O Incubo era um demônio masculino que mantinha

relações sexuais com uma mulher enquanto ela estava

dormindo, enquanto ela estava sendo seduzida, ele sugava

sua energia vital, mas normalmente as vitimas não morriam,

apenas acordavam sentindo muito cansaço, sua versão

feminina é o Súcubo. Segundo pesquisas, o Incubo era

considerado alguém que está a cima de outra pessoa, por

isso na frase a cima citada Lilith se transforma em “Lil”

porque ela é mais que suas vitimas, o termo Sucubo que

também deriva do latim significa prostituta e também pode

adotar o sentido de sub (prefixo) “por baixo” + cubo, um

sentido de “eu me deito”.

Á primeira mulher de Adão também é atribuída à

qualidade de vampiro, na Babilônia ela era conhecida assim

porque seus íncubos eram responsáveis por sugar os fluidos

vitais dos homens, a forma de ataque desses demônios era

por meio de sonho, onde ela aparecia de forma atraente,

seduzindo o homem com seu magnetismo e se alimentando do

prazer gerado na pessoa enquanto eles faziam sexo no sonho.

Um fato interessante é que muitas mulheres na terra de

Canaã no Oriente Médio eram fiéis ao meretrício porque

prestavam serviços a Lilith e outros demônios femininos,

mas essas mulheres não ficavam com o dinheiro não, elas iam

até o templo e entregavam tudo para os sacerdotes/

sacerdotisas, pouco tempo depois, provavelmente quando os

judeus se estabeleceram na região a pratica foi abolida. Em

uma sociedade fortemente influenciada pela religião, todas

as prostitutas eram consideradas servas de Lilith ou Lilu.

Os ataques de Lilith eram tidos como os responsáveis

por provocar fenômenos nervosos de origem histérica ou

outras doenças, mas não apenas isso, se um homem tivesse

uma amante também era considerada obra desse demônio

feminino.

O Mito de “Lilith se estrutura como arquétipo e

símbolo das proibições colocadas ao desejo sobre as

quais vão se agregar influencias religiosas de

culto e psicológicas, transformando-a em verdadeiro

tabu.”5

Esse mito não aparece apenas na mitologia bíblica,

podemos encontra-la entre as tradições Sumério-Acadiana,

Egípcia e Greco-Romana, além de estar presente no

imaginário da Idade Média como a figura da bruxa.

A mulher é considerada um ser perigoso, seus

componentes eróticos sexuais são tidos como satânicos por

isso os homens tinham o direito e o dever de serem

superiores as mulheres. Se utilizando da bíblia como

5 SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 58

justificativa, os eclesiásticos argumentavam que o sexo

feminino era biblicamente condenado por causa do pecado,

para eles as mulheres não poderiam pensar nada de bom, seus

pensamentos eram sempre malvados e ao ver uma mulher chorar

era necessário ter cautela, pois as lagrimas poderia

enganar os homens. “Nunca, como nesta época a mulher teve

que pagar um preço tão trágico pelo ódio masculino à força

instintiva.” 6

Uma das justificativas usada por esses religiosos era

a que se não existissem as iniquidades das mulheres, mesmo

que ainda existisse a bruxaria, o mundo estaria a salvo de

inumeráveis perigos, no período da inquisição temos um

retorno a imagem de Eva na hora de preparar os processos

inquisitórios contra a sensualidade feminina, pois ela foi

a responsável por liberar o pecado original, a ideia que o

pecado de uma mulher começou a matar as almas, foi

amplamente divulgada na idade média por meio dos sermões,

além do fato de que durante os cortejos fúnebres, eram as

pessoas do sexo feminino que iam na frente do corpo, por

serem consideradas as culpadas pela entrada da morte no

mundo.

Um inimigo brando e oculto com concupiscência carnal

insaciável, se morássemos na idade média provavelmente

escutaríamos essa definição em algum momento de nossa vida,

a ordem era ser cuidadoso, por conta desse excesso no

6SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 111

desejo sexual, muitas mulheres se entregaram ao diabo como

sinal de adoração.

Segundo as tradições medievais as bruxas tinham o

costume de cavalgar a noite a mando da deusa latina Diana,

que segundo Burckhardt, “a Diana latina era chamada também

Erodiade, a mortal adversaria de João Batista”7. A bruxa

nesse período era representada de duas maneiras: ou ela era

velha ou era jovem, e as duas versões derivam de deusas

Gregas.

Segundo pesquisas a bruxa velha, feia, sozinha que

soltava gargalhadas horrendas e de estremecer pode derivar

de Hécate, que com o fim do matriarcado grego se torna a

senhora dos ritos e da magia negra. Já a bruxa jovem,

bonita, sensual, a “víbora” da fantasia moderna que faz uso

de feitiços para seduzir pode derivar de Circe, filha de

Hécate. Além de voar na tradicional vassoura, elas podiam

voar em porcos, cabras e cavalos.

É preciso chamar atenção para o fato de que a bruxa só

se tornará uma criatura do sexo feminino, possuidora de um

corpo e de uma alma no período da inquisição, durante os

séculos XIII e XIV, a bruxa vivia escondida, ninguém podia

vê-la embora muitas pessoas afirmassem conhecer seus

trabalhos. As mulheres condenadas pelo tribunal do santo

oficio sob acusação de praticar a bruxaria e se entregar

para ser consagrada ao demônio normalmente era proveniente

das classes mais humildes da sociedade.7 SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 115.

Durante os interrogatórios do processo inquisitorial,

os padres perguntavam se Deus havia permitido que elas

praticassem a bruxaria, pode parecer meio contraditório o

todo poderoso liberar algo desse tipo, mas existia a crença

que a bruxa era necessária para provar que o mal, o pecado

e a queda são reais. A pergunta era feita porque elas de

alguma maneira tinham um “não impedimento” da parte do

criador para atuar, ele “liberava” as praticas para

demonstrar a presença do diabo em nosso mundo e a obrigação

de combatê-lo a qualquer custo, mesmo que para obter a

confissão de suas seguidoras fosse necessário fazer uso da

tortura. O diabo era e ainda é considerada a sombra de

Deus, sinônimo de tentação, luxuria e do mal.

Assim como Lilith foi considerada a culpada por muitos

males que afligiam a sociedade Sumério-acadiana, egípcia e

greco-romana, as bruxas foram as grandes responsáveis pelos

males na era medieval entre eles as mortes acidentais, a

impotência sexual masculina e a frigidez feminina, o terror

coletivo das bruxas se espalhou segundo E. Jones por causa

do medo dos homens de não conseguirem consumar o ato

sexual. Eles não conseguiam entender porque as mulheres

podiam manter varias relações sexuais consecutivas sem

brochar, para eles isso só poderia ser obra do diabo, o

apetite sexual das mulheres era considerado algo terrível,

segundo DAVIS em seu livro “Culturas do Povo” quando o

ventre de uma mulher não era muito bem alimentado pelas

relações sexuais ele podia sair a vagar pelo corpo dessa

mulher e dominar sua fala e até mesmo a razão. As bruxas

com intuito de se sentirem satisfeitas mantinham relações

sexuais com o demônio e posteriormente davam a luz a

diabos. Como já foi dito anteriormente, os homens tinham

muito medo das bruxas porque elas tinham poder de controlar

o sexo, Sicuteri nos apresenta um relato encontrado no

Malleus Maleficarium que diz o seguinte:

“os homens, neste ato, sofrem mais bruxarias que as

mulheres... as vezes o membro ereto pode esvaziar

(...) Quando a vara não se move de nenhum modo, e

nunca ouve uma relação é sinal de frigidez. Ao

contrario, quando se move e tem ereção mas não se

pode concluir o ato, é sinal de bruxaria.”

(SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de

Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 118.)

O remédio encontrado pela igreja para livrar os fiéis

desses males foi dizer que a sexualidade só poderia ser

usada para fins de reprodução e nunca como fonte de prazer,

caso contrario, as bruxas poderiam obrigar os homens a

fazerem sexo com elas. Tidas como as responsáveis pela

esterilidade do sexo masculino se quisessem também poderia

ser a fonte de cura desse problema, elas podiam curar isso

enquanto o homem dormia, mas que fique bem claro se ele

fosse vitima da ira de uma bruxa e se tornasse estéril por

conta disso, a infecundidade seria para sempre.

Quando uma mulher se tornava bruxa, ela precisava selar

um pacto com Satã e muitos autores defendem que o ponto

principal da ligação da feiticeira com o diabo era a

relação sexual, por isso elas eram chamadas de prostitutas

do diabo. Normalmente o acordo era selado com sangue

menstrual, mas se isso não fosse possível, poderia utilizar

o sangue de uma incisão feito no braço. Mas até agora só

falei de bruxas, pactos e a onde entra Lilith nessa

historia? O diabo, dono e senhor das bruxas, o principal

parceiro dessas mulheres seria o animus de Lilith, ou seja,

ele era a personificação dela.

As seguidoras de Satã se encontravam em um ritual que

evocava o dia sabático hebraico, esses rituais recebiam o

nome de Sabá, uma noite em que as bruxas podiam libertar

todo o seu furor sexual, nesse ritual noturno todo o ódio a

Adão e ao deus punitivo era liberado. Alguns estudiosos

levantaram a hipótese de que esses encontros podiam ser

algum tipo de reunião dos heréticos perseguidos pela

igreja. Os locais do Sabá eram variados, podiam acontecer

tanto em igrejas sacrossantas, ruinas de casas abandonadas,

currais quanto em campos abertos.

Um dos motivos do ódio às bruxas é que a sua figura

monta um símbolo claramente “sexual e lascivo. Os unguentos

utilizados nos sabas, o cavalo em que elas cavalgavam, o

voo, o bastão levam-nos a pensar no frenesi sexual: a

ereção, o esfregar os genitais, as posições animais do

coito, o voar como símbolo do êxtase, do orgasmo...” 8

Nos anexos será possível encontrar o relato de um sabá

em Valpurga na Alemanha, retirado das paginas 125 a 128 do

livro “Lilith a Lua negra” de Roberto Sicurdi.

8 SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1985. Pp 123 - 124.

Mas passemos a falar de Eva, a segunda mulher do

primeiro homem, aquela que foi enganada por um cobra que

falava. Segundo relato do Gênesis, Deus fez com que Adão

caísse em um profundo sono, e retirou um pedaço de sua

costela, com esse pedaço Deus forma a primeira mulher a

aparecer na bíblia, a segunda na vida de Adão. Esperava-se

que dessa vez ele fosse obediente.

Falamos um pouco mais a cima que o sabá era o momento

de maior prazer sexual das bruxas, e para a maioria dos

comentadores da idade média, um fato em relação à queda era

quase unanimidade, ela foi provocada pelo apetite do

prazer, nos monastérios do século IX o pecado era associado

à figura da mulher e o famoso fruto proibido, que é

comumente associado a uma maçã era apresentado como sendo o

Sexo.

Agostinho diz que o pecado cometido por Eva, não foi

inconsciente, ela o fez sabendo que era pecado, que não

poderia provar daquele fruto, ela era a única que não

poderia escapar da punição dizendo que tinha se esquecido

da ordem de Deus, porque falou para a cobra antes de comer

que ela não deveria fazer isso. Nessa historia o pecado irá

operar em 3 tempos: “a serpente aconselha o prazer, a

sensualidade do corpo animal [o feminino que existe em nós]

obedece, e a razão consente”. Analisando essa frase podemos

concluir que a cobra apenas desempenha o papel de sugestão,

se quisesse a mulher poderia recusar a tentação e ir embora

sem pecar, mas como ela era formada por uma parte animal

desejosa que tinha o dom de dominar sobre a razão, aliada a

uma enorme curiosidade a queda acontece, quem sabe se Eva

não tivesse tido a curiosidade de olhar a arvore, se ela

tivesse se mantido afastada do proibido nós não

estivéssemos morando ainda hoje no Éden.

Para os intelectuais da idade média, a mulher era

considerada mais simples, menos astuta por isso a cobra

falou com Eva e não com Adão, segundo eles o homem seria

muito esperto para acreditar que uma cobra fosse capaz de

falar e não teria cometido o pecado. Podemos fazer a

seguinte pergunta: se ele era tão esperto então porque

pegou o fruto oferecido por Eva e provou?

Para Pedro Abelardo (sim, o Abelardo de Heloisa) Adão

aceita o fruto por amar a mulher, com medo de magoa-la ao

recusar o que lhe era oferecido ele acaba pecando, amar de

mais esse seria o grande erro do homem. Sem falar que Eva,

assim como a grande maioria das mulheres era enganosa, sem

dizer uma só palavra, apenas com o ato de estender a mão

foi capaz de obrigar Adão a obedecer a sua voz.

Deixemos o relato da queda um pouco de lado, e

retomemos um assunto que já foi abordado a cima, mas que

necessita ser retomado: a imagem da mulher na sociedade

medieval. Por ser considerada a portadora do mal, ela

necessita de uma ala especial no livro “Decretum” de

Burchard, essa era uma obra indispensável ferramenta de

purificação espiritual, fazendo uso das perguntas contidas

nele o padre era capaz de descobrir os pecados de suas

ovelhas, conseguia descobrir se alguma mulher estava

praticando a bruxaria, se estava cometendo adultério ou até

mesmo se cometeu algum tipo de assassinato (aborto,

infanticídio, usar erva para fazer seu marido perder o

apetite sexual). Com as respostas em mão o padre utilizava

outro livro chamado “Penitencial” para prescrever a pena

para punir as faltas cometidas.

A mulher era descrita pelos eclesiásticos como:

feiticeiras, enganosas, dissimuladas, vingativas,

inclinadas ao adultério, ao homicídio, ao assassínio, entre

outras características más. Para eles nada de bom poderia

sair de uma mulher. Por conta de sua natureza carnal elas

eram levadas a pecar de outra maneira, muitas vezes seus

pecados estavam ligados a relações sexuais, quando o

assunto era sexual ou envolvia a magia, as mulheres

reinavam absolutas no campo da culpabilidade. Um dos

culpados do desregramento feminino era sua fisiologia “como

qualquer médico do século XVI sabia, o sexo feminino era

formado por humores frios e úmidos (o masculino era quente

e seco) e frialdade e umidade indicavam um temperamento

instável, enganoso e falso.”9

Ao longo dos séculos, este refrão: elas pactuam com

o demônio, são todas rabugentas, impossíveis, seu

corpo, como o da quimera, é um braseiro

inextinguível. A maldição vem de longe, da criação

do mundo. (DUBY, Georges. Eva e os Padres. São

Paulo: Companhia das Letras, 2001. Pp 41)9 DAVIS, Natalie Zemon. “A mulher por cima”. IN: Culturas do Povo. Sociedade e cultura no inicio da França Moderna. Trad. Port. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1990. Pp 107

Quando Adão sai do torpor em que estava envolvido,

descobre que a mulher é oriunda dele e por isso lhe é

semelhante, possuindo razão e espirito, mas por ter sido

retirada de sua costela, por ser apenas uma pequena parte

dele, ela deve –lhe ser submissa. Essa submissão da mulher

ao homem era explicada por Agostinho com base no relato

bíblico da criação, segundo ele a mulher foi criada para

ser uma auxiliar do homem, e não superior a ele, sua

natureza carnaval incontrolável a colocava em uma condição

de inferioridade em relação aos homens, segundo a crença,

embora fossem formados de uma parte carnaval e outra

espiritual, eles ao contrario das mulheres conseguiam

domina-la, ou seja, a natureza carnaval era subordinada a

espiritual. Alguns filósofos defendia a ideia de que o

homem amava mais a Deus que a mulher.

Religiosos utilizavam o texto de Gênesis para

reforçar a convicção de que a mulher auxiliar foi colocada

junto ao homem apenas para ser “conhecida”, ou seja, na

concepção da época ela não tinha nenhuma outra função além

de ser fecundada, chegando até a ser comparada com um

pedaço de terra em que se planta uma semente. Esse

pensamento justificava a pergunta: Por que Adão precisava

de uma mulher? A resposta era: porque Jeová Deus queria que

a humanidade crescesse e se multiplicasse.

Mas outras perguntas também são levantadas tipo: “Por

que pergunta-se Robert, Deus não formou a mulher do limo da

terra[...]”10 com base no estudo da vida de Lilith,

poderíamos dizer que o motivo era simples, a primeira

tentativa com esse material não se saiu muito bem, ela era

insolente, rebelde e muito “fogosa”. Mas para Robert essa

não era a resposta, ele continua o texto da seguinte

maneira: “pra que se serviu de uma porção do corpo do homem

senão para mostrar que a caritas, o laço da união monogâmica,

deve ser indissolúvel?”11

Para manter um homem e uma mulher unidos era necessário

que tivesse amor, não aquele amor carnal (esse deveria ser

contido), mas sim aquele amor espiritual. Essa ideia de que

o amor normalmente tinha lugar no seio do matrimonio foi

muito propagada nas ultimas décadas do século XII.

Mas saindo dessa questão do amor e retomando a questão

da queda, descobrimos que o segundo pecado cometido pela

mulher foi querer sair da posição de inferioridade, mais

uma vez, primeiro com Lilith, agora com Eva encontramos

como erro a vontade de ser igual ao homem e comandar os

animais junto com ele. A mulher depois de um certo tempo

deixa de ser acusada de ter comido o fruto por orgulho,

para ser acusada de querer prevalecer sobre ele. Sua

punição foi dada por Deus no âmbito espiritual e não

carnal, o “dará a luz na dor”, nesse caso os filhos não são

apenas as crianças de carne e osso, mas também as boas

obras, a dor seria o esforço para se abster daquilo que a

vontade da carne inclinava.10 DUBY, Georges. Eva e os Padres. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Pp 50 - 5111 Idem ao 9.

Eva não é punida sozinha, o homem também foi punido,

porque masculino e feminino são igualmente culpados nessa

historia, a mulher por oferecer o fruto e o homem porque

aceitou. Se Eva não fosse curiosa e não tivesse se afastado

da disciplina, reinaria junto com Adão , como associada,

desfrutando da liberdade.

Por ter pecado, todas as mulheres foram punidas, sendo

obrigadas a viver debaixo do jugo de seus maridos, vendo a

sua condição piorar com o casamento já que a influencia do

esposo era mais abrangente que a do pai sobre a filha. E no

fim, a origem de toda a transgressão da lei divina está no

sexo.

4.1. O casamento e o amor na idade média

O amor

Eu te amo! Quer casar comigo? Você é um sonho...

Frases como estas é o que todas queremos ouvir algum dia,

este romance que nos faz sonhar acordadas, ter vontade de

comer doce e ver um filme romântico, isto é, este amor

idealizado foi um conceito europeu criado na idade média

para enaltecer o amor no fim do século XI.

Este amor cortês, na verdade, eram era um código de

comportamento amoroso em que os praticantes – cavaleiros –

podiam demonstrar para a corte que o valor pessoal não se

fundamentava apenas no sangue ou nas proezas militares, mas

podia ser identificado no comportamento social: a

cortesia. Esta cortesia fazia uma inversão de papéis, onde

o cavaleiro caí em uma submissão absoluta à dama.Ela se

torna a senhora, a suserana, ele o vassalo.

  O  amor cortês trata da relação entre um homem e uma

mulher: onde a mulher é uma dama, que também significa que

ela é casada e, o homem é um celibatário, que se interessa

por ela.

Em suma, o amor cortês, erotiza, mas idealiza,

submete, mas enobrece, aprimora, mas fragiliza; é um

turbilhão de emoções resultadas dos mais contraditórios

ideais que proclamam uma autonomia de sentimentos em

relação aos ditados pela igreja, família e, acima de tudo,

a sociedade a fim de se conservar o individuo como ser

pensante e que determina seus sentimentos, suas idéias

empreendendo uma velada crítica aos padrões repressores de

seu tempo. Uma revolução imaginária.

4.1.2. Tristão e Isolda

Tristão é um cavaleiro, órfão e entregue aos cuidados do seu

tio Marc, rei da Cornualha,uma província Britânica que o

transformou num cavaleiro da távola Redonda.Numa das suas

batalhas, após ter vencido o gigante Morholt, Tristão ficou

gravemente ferido e só a rainha da Irlanda, uma grande inimiga de

seu tio que tinha o dom da cura,o podia salvar. Antes de se

dirigir ao castelo da Rainha, Tristão disfarçou-se de músico,

tomou o nome de Tãotris e tornou-se professor de música da

princesa Isolda, a Loura. Tristão, já curado, matou um cruel

dragão, em Weisefort, na Irlanda, e voltou para o castelo de seu

tio Marc, a quem descreveu a beleza de Isolda com a qual o jovem

tinha ficado impressionado. Para acabar com a inimizade entre os

dois reinos Marc mandou Tristão ao Reino da Irlanda pedir a mão

de Isolda em casamento. A Rainha da Irlanda concordou, mandou

organizar um banquete e preparar uma poção do amor para Marc e

Isolda. Porém por engano o copo com a poção do amor que

estava destinado a Marc foi parar às mãos de Tristão, e logo que

os dois beberam a respectiva poção apaixonaram-se perdidamente um

pelo outro. Apesar do sucedido o casamento de Isolda e Marc

prosseguiu, mas Tristão e Isolda não conseguiam controlar o

desejo de estar juntos e começaram a encontrar-se

secretamente.Passado algum tempo foram descobertos e Tristão foi

expulso do Reino.Tristão foi para França, onde se casou com uma

outra jovem também chamada Isolda.A jovem, que era conhecida como

Isolda, a das Mãos Brancas, nunca conseguiu ver retribuído o amor

que sentia por Tristão e este nunca consumou o casamento, dado

que continuava fiel ao seu primeiro amor.Por conseguinte noutra

batalha ficou gravemente ferido e mandou chamar a sua

amada Isolda, a Loura, que também tinha o Dom da cura para lhe

curar. A mulher de Tristão, Isolda, a das mãos brancas, com

ciúmes enganou Tristão dizendo-lhe que a outra não viria, já que

estava morta. Tristão não suportou a perda e morreu de desgosto.

Quando Isolda, a Loura, chegou para curar Tristão encontrou-o sem

vida e abraçada ao corpo deste morreu também. Foram enterrados

lado a lado e diz a lenda que das sepulturas nasceram duas

árvores que cresceram entrelaçadas para que nunca fossem

separadas.

4.2.O casamento

O casamento na idade média, por mais que seja um ponto

de partida para costumes usados até hoje, é bem diferente

de como o conhecemos hoje, o casamento pelo amor, afim da

constituição de uma família não era o objetivo principal no

medievo, mas sim um contrato entre famílias para assegurar

uma estabilidade financeira. Em um tempo em que a igreja

dominava tudo que dizia respeito à sociedade o casamento

também era dominado pela classe eclesiástica.

Segundo a igreja o amor que deveria existir era o amor

ao próximo, o casamento era uma instituição que servia

apenas para a produção da espécie e uma união de riquezas.

A sociedade medieval foi marcada por uma superioridade

masculina e submissão feminina, no casamento não era

diferente, já que ao se casar a mulher só trocava de tutor,

passava a ser responsabilidade de seu marido sendo ele, o

responsável por ela ao invés de seu pai. Os casamentos eram

cuidadosamente escolhidos pelos pais dos noivos,

preferencialmente dentro da própria família se abastada,

para que os bens do clã não fossem dispersos. O principal

interesse dos casamentos aristocráticos era a manutenção da

linhagem. A mulher deveria ser fértil ou poderia ser

repudiada pelo marido e devolvida.

Contudo, o casamento também era diferenciado de acordo

com a camada social dos noivos, nas classes mais baixas, o

casamento era realizado mais tarde divido às condições

precárias de vida, tanto da noiva nos quanto do noivo.

Se por um lado, o casamento entre nobres era realizado

em castelos e recheados de comidas e mordomias, por outro o

casamento entre camponeses eram realizados na casa da noiva

e a festa era muito simples. Uma diferença positiva entre a

camponesa e a nobre (a partir de uma visão romântica pelo

modo que conhecemos o casamento) é que o casamento por amor

era permitido, já que ambos os noivos já viviam em

condições de extrema pobreza.

Com isto podemos constatar que a relação da mulher com

sua própria vontade é nula, o seu expressar proibido e sua

liberdade simplesmente não existe.

4.2.1.Hierarquização: a fonte de todos os

problemas

Ao analisarmos a trajetória feminina ao longo da idade

média podemos perceber sua submissão ao homem, devido,

principalmente, ao direito divino tanto “martelado” pela a

igreja, contudo, outro tipo de diferença social pode ser

percebido, uma diferença entre as próprias mulheres.

O casamento é diferente entre a camponesa e a nobre, o

amor também. Suas vidas são dirigidas por motivos

diferentes e este ponto é o que caracteriza todo o nosso

trabalho, se por um lado a nobre não tem que se preocupar

com nada além de satisfazer seu marido, a camponesa, além

disso, deve se preocupar em não morrer de fome.

Este constante medo faz com que toda a sua vida seja

regida pela motivação de viver e não deixar, junto com o

marido, que seus filhos/ filhas morram.

Esta questão pode ser percebida quando lemos os contos

de fadas, não os contados aos nossos filhos, os que são

escritos, produzidos pela Disney ou outro tipo de mascara.

4.3. CONTOS

Na tradição oral, as histórias compiladas não eram

destinadas ao público infantil e sim aos adultos.

O Romantismo trouxe ao mundo um sentido mais humanitário.

Assim, a violência presente nos contos de Charles Perrault,

cede lugar a um humanismo, onde se destaca o sentido do

maravilhoso da vida. Perpassam pelas histórias, de forma

suave, duas temáticas em especial: a solidariedade e o amor

ao próximo. A despeito dos aspectos negativos que continuam

presentes nessas histórias, o que predomina, sempre são a

esperança e a confiança na vida. É possível observar essa

diferença, confrontando-se os finais da história de

Chapeuzinho Vermelho em Perrault, que termina com o lobo

devorando a menina e a avó, e em Grimm, onde o caçador abre

a barriga do lobo, deixando que as duas fiquem vivas e

felizes enquanto o lobo morria com a barriga cheia de

pedras que o caçador ali colocou.

4.3.1. OS VERDADEIROS CONTOS

A GAROTA DA CAPA VERMELHA ( CHAPEUZINHO VERMELHO)

Quando falamos na visão que a sociedade tem sobre as

mulheres podemos associar este tema ao conto da garota da

capa vermelha. Até a parte que a chapeuzinho é enganada

pelo lobo e chega atrasada na casa da vovó é tudo igual.

Uma vez lá, ela descobre que o lobo fez ensopado da velha.

Pior: Ele exige que a chapeuzinho deguste com ele da

refeição. Chapeuzinho, no entanto sabe que é a próxima do

cardápio.

Para tentar fugir, faz um Streep tease para o lobo, a

fim de distraí-lo. A estratégia não dá certo e ela também

vai parar na barriga do lobo. Ah, nessa versão não aparece

caçador nenhum. Não há final feliz, a menos que você seja o

lobo, que encheu a barriga e ainda assistiu ao showzinho de

uma Chapeuzinho.

João e Maria

Se levarmos em consideração a questão da diferença

social e os meios precários em que os plebeus vivem na

idade média podem relacionar este tema ao João e Maria. Eis

aqui a história:

A dupla de crianças não se perdeu na floresta

acidentalmente. Eles foram abandonados lá pelo seu pai.

Também não encontraram uma casa feita de doces, e sim, uma

casa repleta de riquezas. Não era uma bruxa má a dona da

casa, e sim, um casal de demônios.

Daí pra frente a história fica mais ou menos parecida com o

popular: João e Maria são pegos, escravizados por um tempo

até estarem no ponto para serem comidos com cebolas.

No dia D, o demônio “macho”, sai para buscar uns temperos,

enquanto a fêmea começa a cozinha-los. João finge não

conseguir se ajeitar na panela, e Maria pede que a

“demônia” lhes mostre como fazer. Ela, muito tonta, entra

na panela e se deita, mostrando como esperava que o João

fizesse. Nessa hora, os irmãozinhos lhe dão um golpe na

garganta e a matam, acendendo o fogo e fugindo, levando o

máximo de riquezas que conseguem como souvenir.

4.4. A PROSTITUIÇÃO VISTA PELA IGREJA

A Idade Média foi um período marcado pelo domínio da

Igreja Católica em todos os aspectos sejam eles civis,

religiosos, culturais e morais. Em relação ao aspecto moral

até mesmo a sexualidade tinham suas normas eclesiásticas.

A Igreja Católica especificava que atos sexuais as

pessoas poderiam se permitir, e os locais que o sexo

poderia ser praticado. A sexualidade no âmbito religioso

era voltada a reprodução da espécie e não para satisfação

dos prazeres carnais, com isso na prática do sexo, onde seu

único objetivo era a procriação, a mulher não poderia

demonstrar prazer e homem deveria estar sempre sobre a

mulher, para demonstrar submissão por parte da mulher, era

o que a igreja impunha e o homem esperava.

Com vários dogmas e imposições a Igreja Católica

deixava claro que era proibido o marido demonstrar amor

excessivo a sua esposa, pois se o fizesse o homem seria

considerado adúltero, e além do mais não deveria usar sua

esposa como se fosse uma prostituta e caberia a mulher não

tratar seu marido como se fosse seu amante. Através do

casamento a igreja impunha que o corpo da mulher passava a

pertencer ao seu esposo, mas a alma dela deveria sempre

permanecer na posse de Deus.

Mesmo com todas as imposições eclesiásticas, havia

homens que praticavam ato sexual fora do matrimônio e eles

buscavam satisfazer os prazeres sexuais com mulheres que

ofereciam seu corpo em troca de alimentos e dinheiro, essas

mulheres recebiam o nome de prostitutas.

4.5. A prostituição na Idade Média

As prostitutas também eram chamadas de cortesã,

meretriz, mulher-dama e integravam o espaço urbano da idade

média, tendo seu ápice durante os séculos XII ao XV. Era

comum a presença de uma “boa casa”, “bordel”, como era

conhecido os prostíbulos em todas as cidades.

Um observador do século XV estimou uma média de cinco

a seis mil prostitutas em Paris em uma população de 200 mil

pessoas. O cronista Jacques de Vitry, do século XII pintou um

quadro vivido das prostitutas parisienses de sua época:

As prostitutas estavam em toda parte nas ruas ebairros da cidade tentando arrastar clérigos

passantes á forçam para dentro de seus bordéis. Se os clérigos se recusassem a entrar elas imediatamente lhes gritavam pelas costas: “sodomita”! Num mesmo único edifício, poderia haveruma escola no andar de cima e um bordel no andar debaixo. Enquanto os mestres ensinavam a seus pupilosna parte de cima, as prostitutas batiam boca uma com as outras e com seus cafetões; na outra parte os eruditos discutiam sobre assuntos eruditos. (pag.121 Sexo, Desvio e Danação: As minorias na Idade Mediam / Jeffrey Richards)

As mulheres buscaram a prostituição por vários motivos

como pobreza, inclinação natural, estrupo, passado familiar

perturbado violento ou incestuoso sendo que 15% dessas

mulheres buscavam essa profissão por vontade própria. Os

medievais consideravam a pureza da mulher como elemento

necessário para realização do casamento com isso as

mulheres eram tachadas de “puras” ou “públicas” as públicas

eram as prostitutas.

A prostituição era comum e é um dos ofícios ilícitos

mais antigos do mundo, a igreja repudiava esse oficio

colocando-o como um pecado, mas o admitia para evitar a

desordem. Assim a prostituição era vista como um “mal

necessário” uma necessidade social que manteria

principalmente os jovens afastados e desestimulados de

praticar o estrupo contra jovens honestas e longe da

homossexualidade que era comum na época.

A mulher prostituta era mal vista pela sociedade,

apontada e criticada na rua, mas os mesmos homens livres,

cavaleiros, artesões, servos que as censuravam eram os

mesmos que iam a procura delas para descarregarem seus

prazeres mundanos e logo após voltavam para suas casas e

mulheres levando seu “amor paternalista” além de várias

doenças veneras.

No livro do o historiador Jacques Rossiaud, A

Prostituição na Idade Média, existiam quatro níveis de

prostituição na França da Idade Média elas eram as casas

públicas, os banhos, os bordéis particulares e as

meretrizes autônomas.

4.5.1. Os Bordéis da Idade Média Regras e Imposições

Muitas foram às tentativas de se restringir a

prostituição, como não surtiu efeito nos meados do século

XIV e XV houve a institucionalização da prostituição e

criação dos bordéis. Esses bordéis eram uma espécie de

hotel, nele tinham o Abade que era uma espécie de gerente

que coordenava seu funcionamento, as moças que ali ficavam

tinham obrigação de pagar o quarto e a alimentação ao

Abade, cada moça pagava o valor de 6 dinheiros por dia pelo

quarto.

Em cada bordel a forma de tratar as prostitutas

variava, em alguns elas viviam enclausuradas, dormiam e se

alimentavam no interior das casas em outros tinham a

autorização para saírem aos domingos. Para aquelas moças

que apenas trabalhavam no bordel era imposto para que elas

não praticassem seu oficio em nenhum outro lugar que não

fosse os bordéis identificados e para que não criassem seu

próprio comércio em casa elas tinham que deixar os bordéis

até as onze da noite horário que eles eram obrigados a

fechar.

Era possível obter lucros com a manutenção desses

bordéis, seus proventos eram postos em uma arca e

recolhidos todo inicio de mês pelas autoridades, as mesma

efetuava o pagamento dos funcionários do bordel e davam as

prostitutas o que era respectivamente sua parte. Os homens

que eram responsáveis por recolher os proventos dos bordéis

também seguiam normas não podendo assim deitar-se com as

prostitutas para não perderem seus cargos chegando até

mesmo a ser presos. E mesmo com todas essas regras impostas

era inútil o esforço das instituições, pois a prostituição

seguia por toda parte.

4.5.2. Vestuário

Mesmo sendo um oficio institucionalizado com fim de

manter a ordem pública e lucro, as meretrizes nunca foram

bem vistas tudo era controlado para que elas se mantessem

afastadas das “pessoas de bem”.

A Igreja e a sociedade procurava lidar com o problema

da prostituição através de uma contenção muito cuidadosa.

As prostitutas em sua vez eram tratadas com os mesmos

princípios que se tratavam os leprosos, elas deveriam der

distinguidas na sociedade com uma marca distintiva, além do

mais tinham que ser segregadas.

Devido a esse fato as prostitutas tinham que usar uma

marca para se diferenciar das “damas boas e nobres”. Assim

era ordenado que elas não usassem roupa adornada com peles

e forrada de seda ou qualquer material rico. Elas deveriam

usar capuz de pano listrado e vestes simples, essas regras

foram reavaliadas em 1832 e em 1437 quando o capuz

prescrito passou a ter que ser vermelho.

4.5.3. Decadência

Com o tempo à vida das prostitutas tomavam rumos

diferentes, além disso, a idade dessas mulheres indicavam

as etapas da vida pelas quais elas haviam passado assim em

torno dos 17 aos 20 anos elas trabalhavam nas ruas e casas

de banhos vendendo-se nestes locais para seus

frequentadores. Por volta dos 28 anos algumas dessas

mulheres tornavam-se abadessas nos bordéis, a maioria delas

ia para os conventos ao qual dedicavam o seu arrependimento

jejuando e orando e a minoria conseguia ser desposada e

retornava a sociedade.

Esses casamentos em sua grande parte ocorriam por

intermédio da igreja, o papa Inocêncio III incentivou que

todos os verdadeiros cristãos deveriam ajudar a recuperar

as prostitutas e até mesmo oferecia remissão dos pecados

aos que se casasse com essas mulheres.

Com a revolução Puritana em meados do século XVI,

começou a exercer bastante influencia na sociedade tanto a

moral na politica e o bom senso, a também o decreto de

Orléans alegando que era proibido o funcionamento dos

bordéis, com isso muitas casas foram fechadas, e a razão

para o fechamento dessas casas eram à propagação de pestes

e doenças veneras, a politica regressiva dos reis da França

e os fatores demográficos sendo passando a ser considerado

como um ato de clandestinidade pela Igreja Católica.

5. Possibilidades de pesquisa

É claro que tudo muda com o passar do tempo e a evolução

das sociedades, mas por meio desta pesquisa, em nossas

confusões em meio à riqueza de temas a serem abordados

percebemos que apesar de tal riqueza poderíamos ter como

possibilidade de pesquisa os ecos que esta sociedade tão

especifica e sucinta nos permite pensar a nossa sociedade

atual e como no contemporâneo as mulheres se comportam com

a submissão ao masculino ( agora denominado machismo) e aos

costumes impostos por uma sociedade que apesar de ter uma

estrutura diferente, tem sua formação e raiz no passado.

6. Conclusão

Chegamos ao final desse trabalho, esperando ter conseguido

trazer à tona um início de análise sobre a relação da

mulher com a sociedade medieval. Sabemos que vários pontos

não foram citados, hipóteses não foram levantadas e

assuntos abordados de formas superficiais. Conclui-se que a

mulher sempre foi vista aos olhos da Igreja como uma

pecadora, sendo comparada a Eva, ou seja, uma pecadora que

devera sempre ser oprimida devido sua escolha, levando em

consideração essa crença a Igreja deixava a mulher em

condição submissa perante aos clérigos e também a sociedade

masculina. Podemos dizer que mesmo sendo consideradas como

um objeto de prazer e luxuria a mulheres “públicas”

ganharam um espaço na sociedade tendo em conta que elas

colaboraram para a manutenção da sanidade da população.