O Mal Exorcizado: cura divina entre os neopentecostais da Igreja Internacional da Graça de Deus...
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O Mal Exorcizado: cura divina entre os neopentecostais da Igreja Internacional da Graça de DeusEXORCISED EVIL: DIVINE CURE AMONGNEOPETENCOSTALS OF THE INTERNATIONAL CHURCH OF THE GRACE OF GOD
Resumo A procura de cura mágico-religiosa para males físicos ou emocionais – in-
cluindo, em certos casos, a prática do exorcismo – é parte integrante de diversas re-
ligiões que compõem o acervo cultural da sociedade brasileira e tem se ampliado con-
sideravelmente nos últimos anos, sobretudo entre as denominações neopentecostais.
Apoiado em pesquisa realizada nos cultos de um grupo neopentecostal da Igreja In-
ternacional da Graça de Deus, em Ribeirão Preto (SP), este trabalho examina como tal
denominação organiza suas práticas de cura e solução de problemas imediatos de seus
fiéis. Os dados coletados em entrevistas com os fiéis, e mediante a observação parti-
cipante nos cultos, mostram como rituais de cura, associados ao exorcismo, possuem
a marca da exterioridade e são impregnados de emocionalismo religioso, que chega ao
limite da catarse. Essa postura contrapõe-se à idéia de cura divina, presente entre os
protestantes históricos, cuja doutrina é claramente racional e ética.
Palavras-chave CURA DIVINA – EXORCISMO – NEOPENTECOSTAIS – IGREJA INTER-
NACIONAL DA GRAÇA DE DEUS.
Abstract The search for a magical religious cure of physical or mental disorders,
which includes, in certain cases, the practice of exorcism, is an integral part of some
religions that compose the Brazilian’s cultural heritage and it has considerably ex-
panded in the last few years, particularly among neopentecostal denominations.
Based on a study conducted during the services of a neopentecostal group of the In-
ternational Church of the Grace of God’ in Ribeirão Preto (SP, Brazil) this work eva-
luates how such denomination organizes its cure practices as well as those applied in
the solution of their followers’ immediate problems. The data collected through in-
terviews with followers and through participant observation during services show
how cure rituals associated with exorcism present the mark of exteriority and are im-
pregnated with religious emotionalism that reaches the limits of a catharsis. This at-
titude opposes the idea of divine cure present among historical protestants whose
doctrine is clearly rational and ethical.
Keywords DIVINE CURE – EXORCISM – NEOPENTECOSTALS – INTERNATIONAL
CHURCH OF THE GRACE OF GOD.
ANA KEILA PINEZIFaculdades COC, Brasil
GERALDO ROMANELLIUniversidade de São Paulo
(USP, Brasil)[email protected]
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INTRODUÇÃO
urante o período colonial, ocorre, na sociedade brasileira,
o contato entre a cultura do colonizador português e as
das várias etnias indígenas e africanas. A riqueza da diver-
sidade cultural enfrenta o etnocídio1 exercido pelo colo-
nizador, cuja prática objetiva a eliminação das manifesta-
ções simbólicas dos dominados e a construção de uma
homogeneidade cultural, de modo a facilitar a empresa
colonizadora. Apesar dos esforços do colonizador, a prá-
tica etnocidária não consegue eliminar completamente as criações cultu-
rais dos povos dominados, entre as quais incluem-se suas expressões re-
ligiosas. Se a pluralidade de credos molda, inicialmente, a cultura brasi-
leira, dando origem a um sincretismo religioso, o catolicismo, entroniza-
do como crença oficial, constitui-se como religião hegemônica.2
Após a independência do País, a separação entre Igreja e Estado
contribui para o processo de secularização3 e para a redução da hegemo-
nia do catolicismo, diminuindo a segregação em que se encontram os cul-
tos afro-brasileiros. Além disso, propicia a gradual penetração do protes-
tantismo no Brasil, particularmente por meio de missões norte-america-
nas, e também da atuação de imigrantes europeus, e cria condições para
o estabelecimento de um mercado religioso livre.4 Com as missões pro-
venientes dos Estados Unidos, chegam, já no século xix, as primeiras
igrejas filiadas ao protestantismo histórico, entre elas, a Igreja Presbite-
riana do Brasil, que se instala no Rio de Janeiro, em 1859, as Igrejas Ba-
tista e Metodista, além da Igreja Luterana, que aporta no País com a vinda
de imigrantes alemães.5
No início do século xx, ocorre o que Freston6 designa como pri-
meira onda da criação institucional de denominações pentecostais, com
a instalação da Congregação Cristã no Brasil, em São Paulo, em 1910, e
da Assembléia de Deus, em Belém do Pará, na década seguinte.7 A partir
dos anos 1950, dá-se a segunda onda de expansão do pentecostalismo,
com o surgimento da Igreja do Evangelho Quadrangular, da Igreja Nova
Vida, da Igreja Pentecostal Deus é Amor e Brasil para Cristo. A terceira
onda registra-se na década de 1970,8 com a emergência do movimento
neopentecostal, representado pela Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Internacional da Graça de Deus, Deus é Amor, Renascer em Cris-
to e Casa da Bênção.
1 CLASTRES, 1982.2 PRANDI, 1997.3 WEBER, 1999.4 PIERUCCI, 1999.5 MENDONÇA, 1990.6 FRESTON, 1996.7 Idem, 1994.8 Idem, 1996.
DDDD
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A Igreja Internacional da Graça de Deus,
comumente denominada Igreja da Graça, é uma
dissidência da Igreja Universal do Reino de Deus
e foi criada em 1980, no Rio de Janeiro, por Ro-
mildo Ribeiro Soares. Conta com 700 templos,
concentrados no sudeste do País, e com outros
no exterior, mais exatamente no Uruguai e em
Portugal.9
O número de evangélicos – categoria que
inclui protestantes históricos, pentecostais e ne-
opentecostais – tem crescido constantemente. O
censo de 1980 totaliza 7.885.846 evangélicos10 no
Brasil, divididos em 4.022.343 protestantes histó-
ricos e 3.863.503 pentecostais. Em 1991, os
evangélicos perfazem 12.517.97711 – 4.338.311
das igrejas históricas e 8.179.666 pentecostais – e,
em 2000, atingem a cifra de 26.184.942.12 Os da-
dos dos censos de 1980 e de 1991 não especifi-
cam a quantidade de pentecostais e de neopente-
costais, nem fornecem indicadores acerca do nú-
mero de fiéis das várias denominações; já o censo
de 2000 registra apenas o número de evangélicos.
Todavia, a comparação entre os dados de 1980 e
de 1991 indica que a expansão de evangélicos é
desigual, uma vez que o aumento dos protestan-
tes históricos é menor do que o das outras
denominações.13
O crescimento das igrejas pentecostais e
neopentecostais ocorre em uma sociedade pauta-
da por imensa desigualdade social, em que a po-
pulação pobre enfrenta inúmeros problemas,
como salários reduzidos, desemprego, doença,
falta de segurança, dificuldade de acesso a servi-
ços de saúde e à educação. Nesse quadro de es-
cassez, a adesão às denominações neopentecos-
tais pode ser, em parte, tributada às soluções prá-
ticas e imediatas para problemas do cotidiano e
também à modalidade dos cultos, com forte teor
emocional, nos quais a participação dos fiéis co-
loca-os em relação direta com a divindade.
O recurso ao universo mágico-religioso em
busca da cura divina – incluindo, em certos casos,
a prática do exorcismo – tem sido parte integran-
te de diversas religiões que compõem o acervo
cultural do País, como as afro-brasileiras, o espi-
ritismo kardecista, as pentecostais e as neopente-
costais, bem como a vertente carismática da Igre-
ja Católica.14
A busca da cura mágico-religiosa para ma-
les físicos ou emocionais vem se ampliando, em
parte graças à precariedade dos serviços públicos
de saúde, que não conseguem atender, de modo
satisfatório, às demandas da população de baixa
renda. Ao lado da dificuldade da população em
ter acesso a esses serviços, a medicina oficial passa
a concorrer mais intensamente com uma multi-
plicidade de sistemas de cura, como os da medi-
cina alternativa e os de cunho mágico-religioso.15
De fato, a redução da hegemonia da medicina
pode aproximar-se daquela registrada no catoli-
cismo e que abre caminho para a ampliação das
religiões voltadas à oferta de serviços de cura di-
vina, que constituem parte essencial dos cultos
das denominações neopentecostais.
RITUAL DE CURA ENTRE OS NEOPENTE-COSTAIS: O MUNDO REMAGICIZADO
As igrejas do protestantismo histórico, en-
tre elas, a Presbiteriana, a Batista, a Metodista e a
Luterana, fundam-se em uma doutrina claramen-
te racional, expressa em sua liturgia ritual e fun-
damentada numa rotinização das práticas e dos
discursos. Já as denominações pentecostais valo-
rizam o carisma como elemento estruturador do
culto e a postura exterior dos fiéis, sobretudo no
que se refere ao tipo de indumentária e a sinais
corporais, como o uso de cabelo longo para as
mulheres e de cabelo curto e barba raspada para
os homens, que constituem recursos simbólicos
para traduzir uma identidade religiosa.
Os neopentecostais, por sua vez, dispen-
sam essas representações em torno do corpo e
suas práticas incluem a guerra espiritual contra o9 MARIANO, 1999.10 IBGE, 1983.11 Idem, 1996.12 Idem, 2002.13 PRANDI, 1997; PIERUCCI, 1999.
14 PRANDI, 1997.15 MONTERO, 1985.
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mal, expressa na cura divina pelo exorcismo, o
transe, a subjetividade individual concretizada em
surtos emocionais e a prática da glossolalia, sinal
do batismo pelo Espírito Santo. A relação com o
sagrado funda-se numa troca mediada pela fé, por
meio da qual o fiel oferece bens materiais para re-
ceber bênçãos divinas. Desse modo, a teologia da
prosperidade é elemento nuclear da doutrina e
constitui característica significativa, sobretudo
para a população pobre, que utiliza o corpo dou-
trinário a fim de enfrentar e resolver problemas
do cotidiano, desde questões financeiras ou fami-
liares até problemas de recuperação da saúde físi-
ca ou mental.
Alguns elementos referentes à doutrinação
dos neopentecostais os diferenciam e distanciam
do pentecostalismo clássico, como sintetiza
Mendonça:
Hoje, o pentecostalismo clássico não di-
fere tanto do protestantismo, a não ser na
sua insistência na repetição da experiência
do Pentecostes que o protestantismo re-
cusa. O pentecostalismo posterior, cuja
explosão e expansão se deu nos anos 50,
enfatizou a cura divina, o que o afastou
ainda mais do protestantismo. Os poste-
riores movimentos, que têm recebido o
nome genérico de neopentecostalismo,
representam uma ruptura final com o
protestantismo. Qualquer observador
atento e conhecedor do protestantismo
sabe que nesses movimentos a Bíblia foi
relegada a espaço secundário, o “livre exa-
me” cedeu lugar ao uso mágico da mesma
e assim por diante. Surgiram práticas má-
gicas, objetos com poderes especializa-
dos, correntes espirituais e mesmo alguns
deuses estranhos ao cristianismo como,
por exemplo, o “deus da corda”, ou do
“nó”, especializado em amarrar ou neutra-
lizar os poderes malignos (os demônios).16
Ao lado dessas diferenças, pentecostalismo
e neopentecostalismo têm em comum o fato de
incorporar elementos do catolicismo popular,17 o
que confere a ambos uma dimensão sincrética,
traço presente na constituição de algumas religi-
ões brasileiras desde o período colonial.
Considerando as peculiaridades das diver-
sas igrejas neopentecostais, o foco deste trabalho
está posto na Igreja da Graça, sobretudo nos ri-
tuais de cura e exorcismo. Para analisá-los, pro-
cedeu-se a uma pesquisa nos cultos de uma igreja
desse grupo neopentecostal, em Ribeirão Preto,
no Estado de São Paulo. A cidade conta com
504.923 habitantes, dos quais 67.774 evangélicos
correspondem a 13,42% da população.18 Os da-
dos do IBGE registram apenas o total de evangé-
licos na cidade, inviabilizando a comparação com
o número de fiéis das diversas denominações.
Os cultos e rituais específicos foram obser-
vados de acordo com os pressupostos da antro-
pologia, mediante observação participante numa
igreja situada próximo ao centro da cidade e que
congrega aproximadamente 1.200 adeptos, como
também por meio de entrevistas com os fiéis. A
observação foi feita desde o segundo semestre de
2000 até o primeiro semestre de 2002 nessa igre-
ja, considerada, na cidade, a catedral da fé. Com
base na observação, as impressões, os aconteci-
mentos, os pequenos incidentes e o tom do com-
portamento19 foram registrados no diário de cam-
po, assim como trechos da fala do pastor, que
também concordou em ser entrevistado. O exer-
cício da observação resulta não em mera des-
crição, mas, como postula Geertz,20 em uma des-
crição densa da realidade, levando em conta as
teias de significado presentes nas relações sociais
desse grupo religioso.
Nessas circunstâncias, o trabalho etnográ-
fico de observação participante dos cultos, acom-
panhado de entrevistas com os fiéis, foi funda-
mental para investigar o modo como essa igreja
neopentecostal organiza suas práticas, no interior
de um mercado religioso competitivo, e de que
maneira oferece seus serviços a crentes, antes de
tudo, carentes de bens materiais e, sobretudo, de
soluções simbólicas para os inúmeros problemas
16 MENDONÇA, 2000, p. 96.17 Idem, 1997.
18 IBGE, 2002.19 MALINOWSKI, 1984.20 GEERTZ, 1978.
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que enfrentam no dia-a-dia. Para efetuar uma
análise comparativa, os dados acerca desse grupo
são confrontados com os de um grupo protes-
tante histórico, da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Nos cultos observados na Igreja da Graça,
constata-se a exterioridade como um traço mar-
cante dos rituais de cura. A religião, qualquer que
seja, por sua própria natureza, oscila entre dois
pólos: o da vontade interior e o da representação
exterior.21 Partindo dessa idéia, pode-se pensar o
protestantismo histórico em comparação com o
neopentecostalismo. O protestantismo traz, no
seu âmago, uma crítica severa à representação ex-
terior, ou seja, critica os rituais, por tornarem-se
potencialmente esvaziados de seu sentido e, con-
seqüentemente, serem práticas que nada acres-
centam à religiosidade interior. Ao longo do tem-
po, o protestantismo acabou por dicotomizar
vontade interior e representação exterior. Opon-
do-se violentamente aos ritos, como se fossem
uma formalidade vazia de significados, ele afirma-
se como a religião verdadeira, porque bane os ri-
tuais em defesa da religião interior. No entanto,
essa postura protestante não atesta o fim dos ri-
tuais. Nem poderia, “pois é um erro supor que
pode haver religião que seja completamente inte-
rior, sem regras, sem liturgia, sem sinais exterio-
res de estados internos”.22
Se o protestantismo colocou sob suspeita
os antigos rituais, acabou por criar outros. O
anti-ritualismo protestante refere-se, na verdade,
a determinadas formas ritualísticas realizadas, pri-
meiramente, sob o comando dos doutores da Lei
na história de Israel e, posteriormente, pela Igreja
Católica. Diante desse quadro, o pentecostalismo
e, depois, o neopentecostalismo mostram-se
contrários ao protestantismo histórico. Há um
resgate dos rituais pelo pentecostalismo e pelo
neopentecostalismo por meio da inserção do que
pode ser denominado de emocionalismo religio-
so, que chega ao limite da catarse. A manifestação
de uma religiosidade emocional “bem poderia
acompanhar o esvaziamento simbólico do uni-
verso moderno, e constituir, ao mesmo tempo,
uma forma de adaptação dos grupos religiosos a
este novo dado cultural”.23 O emocionalismo
presente na experiência religiosa corresponderia
“às tendências culturais da modernidade avança-
da, centralizada sobre o direito do indivíduo à
subjetividade, inclusive em matéria de religião”.24
Formadas especialmente por fiéis das cama-
das populares, o que não exclui a presença de seg-
mentos das camadas médias, as igrejas neopente-
costais constituem um fenômeno religioso, em
razão de seu crescimento acelerado, em número
de templos e de adeptos, e de sua doutrina volta-
da à solução dos problemas do presente imediato.
Essas igrejas desafiam as que fazem parte do pro-
testantismo histórico, cuja expansão é bastante
modesta e vinculada sobretudo à transmissão da
tradição de geração em geração. Uma doutrina
claramente racional e ética dos protestantes his-
tóricos choca-se com a quebra do tradicionalis-
mo neopentecostal, no sentido de adentrar a mo-
dernidade25 e estabelecer uma relação clientelísti-
ca com os adeptos. Com o oferecimento da so-
lução dos problemas cotidianos como um
produto advindo da teologia da saúde e prosperi-
dade, o neopentecostalismo transforma o fiel em
cliente.
Se para os fiéis da Igreja da Graça o ritual de
cura, associado ao exorcismo, traz a marca da ex-
terioridade, para os presbiterianos a interioridade
é o seu traço marcante, no que se refere à idéia de
cura divina. Aliás, é bom lembrar que, entre os
protestantes históricos, a cura é vista de forma
bastante diferenciada dos neopentecostais. Entre
os primeiros, não pode haver ninguém com dom
especial de cura intermediando a relação dos ho-
mens com Deus, com exceção de Jesus Cristo,
mas todos os fiéis podem pedir a cura a Deus. Po-
rém, a idéia de que a vontade de Deus está acima
de qualquer desejo humano acaba por enfraque-
21 DOUGLAS, 1976.22 Ibid., p. 80.
23 HERVIEU-LÉGER, 1997, p. 42.24 Ibid., p. 42.25 STEIL (2000) esclarece que a modernidade concretizou-se de modocontraditório nas sociedades latino-americanas. De um lado, o projetomoderno não conseguiu estender o bem-estar social ao conjunto dapopulação; de outro lado, a modernidade reordenou o campo religioso,em que diferentes formas de religiosidade convivem.
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cer a esperança de cura por meio da intervenção
divina. Assim, entre o grupo presbiteriano, não
há um ritual relacionado especificamente à cura e
a “liturgia é meramente formal e, na prática indi-
vidual da visitação aos enfermos, a oração nunca
significa um pedido de cura, mas expressa conso-
lo e, às vezes, até introduz boa preparação para a
morte”.26
Para os presbiterianos, o Mal é conseqüên-
cia do desvio do indivíduo em relação às coisas e
atitudes consideradas como padrão no universo
religioso. Portanto, a responsabilidade do pecado
é do indivíduo, embora haja a parcela de culpa
dos demônios que o tentam para desviar-se. O
mal, então, entre os protestantes históricos, está
na interioridade do sujeito e cabe a ele arrepen-
der-se, purificar-se e reconciliar-se com Deus.
Especificamente no grupo neopentecostal
aqui estudado, pelo fato de o Mal ser exterior ao
indivíduo, tanto as suas atitudes quanto as cir-
cunstâncias desagradáveis pelas quais ele passa –
entre elas, a doença – são de responsabilidade dos
espíritos malignos. Para esse grupo, há demônios
responsáveis especificamente pela enfermidade,
assim como existem os que respondem pelos
problemas de ordem financeira ou familiar, entre
outros, e os que se apossam do corpo e da vida
das pessoas. O sintoma de possessão por espíri-
tos malignos está ligado a problemas constantes,
que afetam o corpo dos fiéis, seus relacionamen-
tos ou a sua vida profissional. O exorcismo é o
primeiro passo para o fiel libertar-se dos seus
problemas e o pastor inicia os rituais de cura per-
guntando quem se encontra doente.
A observação dos cultos aponta que a maio-
ria das pessoas que se manifestam, descrevendo suas
doenças, é do gênero feminino. O pastor comen-
ta cada manifestação e coloca em dúvida, com
ironia e desprezo, o poder da medicina tradicio-
nal e de outras religiões que também têm forte
relação com a magia. Em especial as práticas po-
pulares de cura, como a benzedura, e os rituais do
candomblé e da umbanda são intensamente criti-
cados. Os fiéis que declaram estar doentes são
chamados à frente do templo pelo pastor. Nesse
momento, uma música apocalíptica, retumbante
e assustadora começa a ser ouvida por todos. O
pastor inicia, então, a sua oração, carregada de
emoção. O grito está sempre presente nessa ora-
ção de “libertação”. Enquanto isso, o volume da
música vai aumentando. A oração não é dirigida
somente a Deus, a fim de pedir sua intervenção
na vida das pessoas doentes, mas também aos
“demônios”, responsáveis pelas doenças.
Geralmente, o pastor dirige-se a eles como
“demônios de enfermidade”, mas sempre faz alu-
são às figuras do repertório dos cultos afro-bra-
sileiros, como Exu Tranca-Rua, Pombagira, Maria
Padilha e Exu Caveira.27 Dessa forma, o grupo ne-
opentecostal demarca a fronteira com as religiões
afro-brasileiras, estabelecendo, no plano simbóli-
co, o seu inimigo no mercado religioso e colo-
cando-se como capaz de liquidar o mal. O pastor
“conversa” com os demônios e manda, com vee-
mência, eles saírem da vida daquelas pessoas. Ao
mesmo tempo, obreiros e obreiras as seguram.
Quando tocados pelos obreiros, os fiéis, em ge-
ral, começam a se retorcer, gritar e cair ao chão,
demonstrando que realmente estão possessos.
Água abençoada é borrifada pelo pastor sobre
aqueles que se mostram possuídos.
Depois do ápice dessa “guerra espiritual”,
em que os gritos se intensificam e a catarse acon-
tece, após a expulsão dos demônios, a música se
modifica: é tranqüila, calma e alimenta a sensação
de alívio. Os que estavam no chão levantam-se e
voltam para os seus lugares. Essas pessoas não
são vistas como perigosas, nem como estranhas.
Elas voltam aos seus lugares e tudo continua
como antes do ritual. O pastor oferece, então,
algo mágico, possibilitando a cura de doenças que
eventualmente ocorram. Saquinhos com sabão
em pó abençoado, pasta de figo, água e óleo são
oferecidos aos fiéis como “remédio divino” para
qualquer doença. A magia é materializada ou os
26 MENDONÇA, 1992, p. 50.
27 SANCHIS afirma o seguinte: “O mundo dos espíritos é tornadopresente nos cultos dramáticos de ‘libertação’ e ‘expulsão’. Não setrata, aliás, de espíritos quaisquer, mas daqueles bem conhecidos dosfiéis candomblecistas ou umbandistas: os exus e pombagiras, transfor-mados em demônios e chamados a manifestar-se, para serem humilha-dos e destituídos” (1997, p. 125).
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elementos materiais são magicizados, deixando
de ser comuns para tornar-se mediadores do pro-
cesso de cura, o que distancia ainda mais o neo-
pentecostalismo do protestantismo histórico.
No ritual de exorcismo e cura, pode-se
apreender a importância do pastor como uma es-
pécie de sacerdote-mágico, com status privilegiado,
exatamente porque, em situações “em que as pes-
soas passaram a descrer na racionalidade das
instituições e na eficácia da religião, a magia assu-
me a função de fonte de todo conhecimento e da
conseqüente eficácia”.28 Com freqüência, as pes-
soas que se achavam doentes e depois curadas
testemunham para toda a congregação. Uma se-
nhora, certa vez, disse que a ferida de sua perna
havia sumido depois de usar o sabão em pó aben-
çoado, sinalizando o local onde antes havia a fe-
rida.
Certamente a eficácia da ação simbólica
não está sendo aqui colocada em dúvida, pois o
poder dos símbolos opera mudanças – no nível
da psicologia individual e no da vida social29 –,
que se complementam e reforçam o poder da efi-
cácia simbólica.30 O ritual é, por excelência, uma
prática social em que os atos simbólicos são ex-
pressos e legitimados, pois “não somente nos aju-
da a selecionar experiências para concentrar a
atenção. Também é criativo quanto ao nível de
desempenho. Pois um símbolo exterior pode
misteriosamente ajudar a coordenação do cére-
bro e do corpo”.31
ENTRE O CORPO E A ALMA, ENTRE A TERRA E O CÉU
A importância do ritual de cura nos cultos
provoca, ainda, outra questão: a da velha dialética
entre corpo e alma. O oferecimento de soluções
para os problemas do tempo presente, entre esse
grupo de neopentecostais, vincula-se ao valor
dado à cura do corpo. Ao contrário, os protes-
tantes históricos têm como centralidade em sua
doutrina a salvação da alma. Para eles, o corpo,
como receptáculo da alma, deve ser cuidado; mas
é temporário e, por isso, deve-se dar maior aten-
ção à alma, que guarda um caráter de eternidade.
A corporeidade, entre o grupo presbiteriano,
possui um valor relativizado somente pela pre-
sença da alma e, no caso dos conversos, do Espí-
rito Santo. Cuidar do corpo significa, para os
presbiterianos, respeitá-lo como templo do Espí-
rito Santo.
O corpo está relacionado ao futuro celestial,
e não ao presente aqui na Terra. Esse futuro, para
os neopentecostais, é visto como distante e a sua
representação é incapaz de produzir completa-
mente um alento para o sofrimento dos fiéis no
tempo presente. Enquanto suportar a dor e o so-
frimento, para os presbiterianos, significa saber
aceitar a vontade de Deus, compreender os seus
desígnios e fortalecer a alma, para o grupo da
Igreja da Graça, o estado de sofrimento e dor
guarda relação direta com os ataques do mundo
dos espíritos malignos. Portanto, vencer esse es-
tado significa ganhar a guerra espiritual entre o
Bem e o Mal. Analisando o tema da cura nos mo-
vimentos cristãos de renovação religiosa – em
particular naqueles associados a correntes caris-
máticas –, Augé e Herzlich demonstram que,
nesses movimentos, a salvação não está mais liga-
da à espera de vida plena em outro mundo,32 mas
que a busca da cura abarca outros aspectos da re-
alização do sujeito, condizente com a cultura mo-
derna de valorização do indivíduo.
Ainda outra representação sobre o corpo
pode ser analisada. Entre os presbiterianos, o cor-
po, desvalorizado pelo seu caráter mortal em
contraposição à alma imortal, é também o meio
pelo qual o pecado se manifesta. Por definição, o
corpo ou a carne consiste, para os protestantes
históricos, em algo ruim e sujeito ao pecado. So-
mente uma alma purificada mostra-se capaz de
tornar o corpo bom, produtor de atos que agra-
dem a divindade. Não por acaso há regras tácitas,
e mesmo explícitas, de como o fiel deve lidar, por
exemplo, com a sua sexualidade.28 MENDONÇA, 1992, p. 5.29 DOUGLAS, 1976.30 LÉVI-STRAUSS, 1970.31 DOUGLAS, 1976, p. 81. 32 AUGÉ, M. & HERZLICH, C. apud HERVIEU-LÉGER, 1997.
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Já para os neopentecostais, por meio do
corpo é que se experimentam os prazeres. Claro
que há padrões acerca deles, mas que parecem
bem mais flexíveis do que os dos protestantes
históricos. Depois da purificação ritual feita pelo
exorcismo, “O corpo então se torna um lugar
privilegiado, o ponto de encontro entre o ho-
mem e o transcendente, seja esse sagrado ‘bom’
ou ‘mau’”.33 Assim, o repúdio ao corpo não está
presente entre os neopentecostais. No entanto, o
prazer que pode ser vivenciado pelo corpo sujei-
ta-se a restrições claras, que proíbem o homosse-
xualismo, a prostituição, a utilização de drogas,
inclusive o uso de cigarro, e o excesso de bebidas
alcoólicas. Aliás, para esse grupo, é pelo corpo
que a alma experimenta os prazeres. É aqui, na
Terra, que o que incomoda o corpo deve ser “ex-
pulso”, a fim de o fiel usufruir o que é prazeroso.
A dicotomia entre corpo e alma, fortemen-
te marcada na doutrina do protestantismo ascé-
tico, é substituída, entre os neopentecostais, por
uma complementaridade que anseia o bem-estar
e uma vida presente que lhes dê acesso a uma si-
tuação melhor. Nas representações dos neopen-
tecostais, um corpo doente é igual a uma alma
perturbada pelos espíritos malignos, ao passo
que, para os presbiterianos, um corpo doente é
diferente de uma alma doente. Uma alma plena
de Deus suporta um corpo doente. A doença é
uma provação de Deus e passar por ela, de forma
a aceitar a vontade divina, significa ser vencedor,
mesmo não havendo cura, mesmo ocorrendo a
morte.
Pode-se ilustrar aqui, com o fragmento de
um culto do grupo da Igreja da Graça, as ques-
tões até aqui abordadas. No momento ritual de
cura, o pastor diz que fará uma “oração forte” e
irá ungir o fiel com óleo. Depois, lê um trecho da
Bíblia sobre Davi e a unção que este recebera do
profeta Samuel, vindo de Deus. Ao contar a his-
tória de Davi e Golias, e da luta de Davi contra o
leão, o pastor faz uma relação do texto bíblico
com a vida dos fiéis, ao afirmar:
E Deus pensou: Opa, esse aí [Davi] é um
vaso bom, ele não tem medo, ele tem fu-
turo, ele não é um derrotado! Deus não
trouxe você aqui para entrar e sair da mes-
ma forma. Ele quer curar, libertar das
drogas, para dar prosperidade. [...] Por
isso que a consulta, o remédio não está
funcionando, porque o problema não é
material, é espiritual, é um espírito de en-
fermidade.34
O pastor continua: “O meu corpo tem
cura, meu marido tem jeito, a minha casa tem jei-
to [...]. Para Ele tudo tem jeito. Se a dor é no es-
tômago, eu posso colocar minha mão sobre ele e
dizer: ‘Satanás, sai agora, eu não admito mais vi-
ver com essa dor!’”. Em seguida, pergunta:
“Quem foi ao médico?”. Uma senhora manifes-
ta-se, dizendo ter problema de coluna. O pastor
toma novamente a palavra: “O que o médico dis-
se? Inflamação? Qual o nome que deram lá? Hé-
rnia de disco? É isso que o médico vai falar! Mas
Jesus olhou para aquela mulher que estava encur-
vada e disse: ‘Espírito de enfermidade’. [...] Bas-
tou uma ordem de Jesus e o Diabo foi embora”.35
Depois disso, o pastor manda que todos fi-
quem em pé para o momento da oração, cujo
teor é o seguinte:
Sai, em nome de Jesus, doença que a me-
dicina chama de faringe, traquéia, [sic.]
em nome de Jesus, pegue esse mal e aban-
done o corpo dessa pessoa agora. Traba-
lho de macumbaria sai em nome de Jesus.
[...] Sai, sai, em nome de Jesus. Diga: “Es-
tou livre de todo o mal. O milagre me
pertence, eu creio nessa vitória em nome
do Deus pai, do Deus filho e do Deus Es-
pírito Santo”.36
O ato simbólico e a explicação para o fra-
casso do tratamento médico tendo em vista a
cura do corpo estão aqui presentes para que os fiéis
encontrem uma maneira de expressar suas dores
e sofrimentos por meio da catarse, que lhes con-
33 CAMPOS, 1996, p. 101.
34 Conforme registro efetuado pelos autores deste artigo, durante oculto.35 Idem.36 Idem.
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cede alívio das tensões e a conseqüente sensação
de bem-estar. A matéria e o efêmero são ampla-
mente valorizados. Expulso o mal, palmas, gestos
e cantos fazem parte da finalização do ritual. É o
corpo em movimento, atestando que está solto
para usufruir o bem-estar, a libertação do sofri-
mento, ao menos naquele espaço temporal da
igreja.
CONSIDERAÇÕES FINAISCom base neste trabalho etnográfico,
pode-se considerar que as práticas do grupo da
Igreja da Graça apresentam-se como uma pro-
posta religiosa bastante eficaz, que possibilita aos
fiéis de diferentes segmentos sociais da popula-
ção enfrentar adversidades do cotidiano e encon-
trar respostas práticas – inclusive referentes a
questões financeiras – e simbólicas. No entanto,
é importante deixar claro que a opção religiosa
por essa igreja não está calcada somente na reso-
lução de problemas de ordem econômica. A dou-
trina da Igreja da Graça cria condições para os fi-
éis estabelecerem uma relação sensível com a es-
fera de um sagrado mágico e encontrarem signi-
ficado para as vicissitudes cotidianas cujas causas
independem da vontade do indivíduo, pois são
exteriores a ele. Pela mediação do pastor, nos cul-
tos de cura e exorcismo, os fiéis estão certos de
ter acesso ao sagrado e que o mal, fruto de forças
espirituais exteriores a eles, pode ser expulso de
seus corpos.
Se a Igreja da Graça, em um processo de
sincretismo – comum a outras religiões da socie-
dade brasileira –, incorpora algumas característi-
cas do catolicismo popular, ocorre o inverso com
as religiões afro-brasileiras, com as quais ela entra
em confronto, atribuindo-lhes um potencial pro-
fundamente negativo, no plano da prática religiosa.
Essa desqualificação pretende colocar a Igreja da
Graça em um plano de superioridade diante dos
cultos de raízes africanas, investindo-a da capaci-
dade divina de exorcizar o Mal e de oferecer a
seus fiéis a eliminação de seus problemas para que
eles vivam melhor aqui e agora. Desse modo, o
grupo da Igreja da Graça desloca para o presente
concreto do cotidiano a idéia de uma vida plena
no futuro celestial, em contraposição à forte re-
presentação de futuro no céu, considerada como
perspectiva de vida melhor do que a existência
mundana, que nutre as expectativas do grupo
presbiteriano.
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Dados dos autores
ANA KEILA PINEZIDoutora pelo Programa de Pós-Graduação emPsicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo (USP).
GERALDO ROMANELLIProfessor assistente doutor da Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/
Universidade de São Paulo (USP).
Recebimento artigo: 18/fev./03
Consultoria: 14/abr./03 a 30/jun./03
Aprovado: 22/jul./03
Pesquisa realizada com apoio da Fapesp.
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